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Numero do processo: 15983.001249/2009-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR COOPERADOS. INTERMEDIAÇÃODE COOPERATIVA DE TRABALHO. DECISÃO DO PLENÁRIO DOSUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO (RE) N° 598.838/SP. INCONSTITUCIONALIDADE.
A decisão definitiva de mérito no RE n° 598.838/SP, proferida pelo STF na sistemática da repercussão geral, declarando a inconstitucionalidade da contribuição da empresa - prevista no inciso IV do art. 22 da Lei n° 8.212, de 1991 - sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviço, relativamente a serviços que lhe sejam prestados por cooperadores, por intermédio de cooperativas de trabalho, deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Numero da decisão: 2201-003.376
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos em dar provimento ao recurso voluntário.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, DIONE JESABEL WASILEWSKI, MARCELO MILTON DA SILVA RISSO, CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA e RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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INTERMEDIAÇÃODE COOPERATIVA DE TRABALHO. DECISÃO DO PLENÁRIO DOSUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO (RE) N° 598.838/SP. INCONSTITUCIONALIDADE. A decisão definitiva de mérito no RE n° 598.838/SP, proferida pelo STF na sistemática da repercussão geral, declarando a inconstitucionalidade da contribuição da empresa prevista no inciso IV do art. 22 da Lei n° 8.212, de 1991 sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviço, relativamente a serviços que lhe sejam prestados por cooperadores, por intermédio de cooperativas de trabalho, deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos em dar provimento ao recurso voluntário. Carlos Henrique de Oliveira Presidente Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, DIONE JESABEL WASILEWSKI, MARCELO MILTON DA SILVA RISSO, CARLOS ALBERTO DO AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 3. 00 12 49 /2 00 9- 30 Fl. 116DF CARF MF Processo nº 15983.001249/200930 Acórdão n.º 2201003.376 S2C2T1 Fl. 138 2 AMARAL AZEREDO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA e RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão nº 0533.122, da 9ª Turma da DRJ Campinas (fls.74/79), que julgou improcedente a impugnação apresentada. O lançamento referese ao descumprimento de obrigação acessória de apresentar a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP com todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias. A recorrente não declarou em GFIP os pagamentos realizados a prestadores de serviço sem vínculo empregatício por intermédio da cooperativa de trabalho UNIMED. Cientificado do inteiro teor da decisão de primeira instância em 17/06/2011 (fl. 81), o sujeito passivo interpôs Recurso Voluntário, tempestivamente, em 12/07/2011 (fl. 82/92), alegando, em síntese, que a autuação é uma obrigação acessória do objeto discutido no AI 37.243.2190 Processo 15983.001248/200995, pendente de julgamento perante essa 2a Seção. Como consequência, constatase a ilegitimidade da exigência da multa, porquanto não está o recorrente sujeito à contribuição social sobre os pagamentos efetuados à UNIMED, razão pela qual deve ser dado provimento ao presente recurso, com o cancelamento da exigência. É o relatório. Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Reflexo do julgamento da obrigação principal Em face do julgamento de lançamento por descumprimento da obrigação principal, consubstanciado através do Processo 15983.001248/200995, em que esta Turma, por unanimidade, decidiu por declarar a improcedência do lançamento, outra solução não pode ser adotada, senão, também, a declaração de improcedência do lançamento por descumprimento de obrigação acessória, nos termos adiante esposados. Fl. 117DF CARF MF Processo nº 15983.001249/200930 Acórdão n.º 2201003.376 S2C2T1 Fl. 139 3 Inconstitucionalidade da contribuição lançada Nos termos das razões recursais, deve ser reconhecida a impossibilidade de se tributar os valores relativos às faturas emitidas pela cooperativa que prestou serviços à autuada. É que em sessão plenária realizada em 23/04/2014, com decisão definitiva em 25/02/2015, o STF, ao decidir sobre o RE n. 595.838, declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei n.° 8.212/1991, o qual foi utilizado para ensejar o lançamento. Em sessão do STF realizada no dia 23/4/2014, o plenário da Corte, no julgamento do RE n° 595.838/SP, com repercussão geral reconhecida, da relatoria do Ministro Dias Toffoli, reconheceu a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei n° 8.212, de 1991, acrescentado pela Lei n° 9.876, de 26 de novembro de 1999. Eis a sua ementa: Recurso extraordinário. Tributário. Contribuição Previdenciária. Artigo 22, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com a redação dada pela Lei n° 9.876/99. Sujeição passiva. Empresas tomadoras de serviços. Prestação de serviços de cooperados por meio de cooperativas de Trabalho. Base de cálculo. Valor Bruto da nota fiscal ou fatura. Tributação do faturamento. Bis in idem. Nova fonte de custeio. Artigo 195, § 4°, CF. 1. O fato gerador que origina a obrigação de recolher a contribuição previdenciária, na forma do art. 22, inciso IV da Lei n° 8.212/91, na redação da Lei 9.876/99, não se origina nas remunerações pagas ou creditadas ao cooperado, mas na relação contratual estabelecida entre a pessoa jurídica da cooperativa e a do contratante de seus serviços. 2. A empresa tomadora dos serviços não opera como fonte somente para fins de retenção. A empresa ou entidade a ela equiparada é o próprio sujeito passivo da relação tributária, logo, típico "contribuinte " da contribuição. 3. Os pagamentos efetuados por terceiros às cooperativas de trabalho, em face de serviços prestados por seus cooperados, não se confundem com os valores efetivamente pagos ou creditados aos cooperados. 4. O art. 22, IV da Lei n° 8.212/91, com a redação da Lei n° 9.876/99, ao instituir contribuição previdenciária incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura, extrapolou a norma do art. 195, inciso I, a, da Constituição, descaracterizando a contribuição hipoteticamente incidente sobre os rendimentos do trabalho dos cooperados, tributando o faturamento da cooperativa, com evidente bis in idem. Representa, assim, nova fonte de custeio, a qual somente poderia ser instituída por lei complementar, com base no art. 195, § 4° com a remissão feita ao art. 154,1, da Constituição. Fl. 118DF CARF MF Processo nº 15983.001249/200930 Acórdão n.º 2201003.376 S2C2T1 Fl. 140 4 5. Recurso extraordinário provido para declarar a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei n° 8.212/91, com a redação dada pela Lei n° 9.876/99. (grifei) Em 18/12/2014, ao apreciar os embargos de declaração interpostos pela União este RE n° 595.838/SP, a Corte rejeitou o pedido de modulação de efeitos da decisão que declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei n° 8.212, de 1991. Por fim, o RE n° 595.838/SP transitou em julgado em 9/3/2015. Diante desse contexto fático, o § 2° do art. 62 do Anexo II do Regimento Internodeste Conselho (RICARF), aprovado pela Portaria MF n° 343, de 9 de junho de 2015, assim estabelece: Art. 62 (...) § 2° As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei n° 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Como se vê, o dispositivo de lei que justificava o lançamento de oficio foi considerado em descompasso com o texto constitucional, em decisão definitiva de mérito proferida pelo STF, na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil, devendo o entendimento ser reproduzido no âmbito deste Conselho. Logo, afastado o fundamento jurídico que sustenta a autuação, assiste razão à recorrente, devendo ser declarada a improcedência do crédito tributário ". Conclusão Diante de todo o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 119DF CARF MF Processo nº 15983.001249/200930 Acórdão n.º 2201003.376 S2C2T1 Fl. 141 5 Fl. 120DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.723471/2011-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008, 2009
CUSTO DE AQUISIÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Não tendo o contribuinte demonstrado como chegou ao custo de aquisição que entende correto, é procedente a ação fiscal que atualiza, nos termos da legislação de regência, o valor em questão a partir do custo de aquisição registrado na operação de compra.
MULTA AGRAVADA. IMPOSSIBILIDADE.
Na falta de resposta a item específico da intimação fiscal, tendo o contribuinte apresentado outros elementos que permitam a aferição do tributo devido, é incabível o agravamento da multa de ofício.
Numero da decisão: 2201-003.522
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o agravamento da multa de ofício
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Ano-calendário: 2006, 2007, 2008, 2009 CUSTO DE AQUISIÇÃO. COMPROVAÇÃO. Não tendo o contribuinte demonstrado como chegou ao custo de aquisição que entende correto, é procedente a ação fiscal que atualiza, nos termos da legislação de regência, o valor em questão a partir do custo de aquisição registrado na operação de compra. MULTA AGRAVADA. IMPOSSIBILIDADE. Na falta de resposta a item específico da intimação fiscal, tendo o contribuinte apresentado outros elementos que permitam a aferição do tributo devido, é incabível o agravamento da multa de ofício.
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COMPROVAÇÃO. Não tendo o contribuinte demonstrado como chegou ao custo de aquisição que entende correto, é procedente a ação fiscal que atualiza, nos termos da legislação de regência, o valor em questão a partir do custo de aquisição registrado na operação de compra. MULTA AGRAVADA. IMPOSSIBILIDADE. Na falta de resposta a item específico da intimação fiscal, tendo o contribuinte apresentado outros elementos que permitam a aferição do tributo devido, é incabível o agravamento da multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o agravamento da multa de ofício. Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. EDITADO EM: 31/03/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 05 30 .7 23 47 1/ 20 11 -1 6 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária março de 2017 março de 2017 IRPF - GANHO DE CAPITAL IRPF - GANHO DE CAPITAL LORECI JOSÉ COMPARIM LORECI JOSÉ COMPARIM FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL AA Fl. 707DF CARF MF 2 Relatório O presente processo trata de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, fl. 50 a 67, pelo qual a Autoridade Administrativa lançou crédito tributário consolidado conforme resumo abaixo, fl. 49: CRÉDITO TRIBUTÁRIO LANÇADO Imposto 372.329,26 Juros de Mora (calculado até 06/2011) 120.899,98 Multa Proporcional (225%) 837.740,90 TOTAL 1.330.970,14 Analisando as informações contidas na Descrição dos Fatos, fl. 51/52, bem assim no Relatório Fiscal de fl. 298/312, constata-se que a Ação Fiscal objetivou apurar o IRPF incidente sobre o ganho de capital verificado na venda do imóvel rural Fazenda Sete Belo. Atesta a Fiscalização que o contribuinte, regulamente intimado, apresentou, em 28 de fevereiro de 2009, contrato particular de compra e venda da Fazenda Sete Belo, acompanhado da respectiva escritura, bem assim da relação de valores pertinentes à operação creditados em sua conta corrente nos anos de 2006 a 2009. fl. 299. Ressalta a Autoridade Fiscal que o contribuinte não atendeu à intimação para apresentação do Demonstrativo de apuração do ganho de capital decorrente da alienação em tela, fl. 299. Afirma o Auditor-Fiscal que, em atendimento a nova intimação, o sujeito passivo comprovou seu estado civil no período fiscalizado e a atualização de seu endereço no Cadastro de Pessoas Físicas, fl. 299/300. A auditoria realizada constatou que a operação de alienação ocorreu em 2002, cujo pagamento envolveu assunção de dívidas e parcelas indexadas ao preço de mercado da saca de soja, que se estenderam até o ano de 2009. Após discorrer sobre os aspectos considerados para definição de custo de aquisição e preço de alienação para fins de apuração do IR, bem assim sobre sua imputação aos condôminos, o Auditor afirmou que "o presente lançamento teve a multa de ofício correspondente majorada nos termos do § 2º do art. 44 da Lei 9.430/96, em razão do fiscalizado ter deixado de apresentar o Demonstrativo de Apuração de Ganho de Capital requisitado durante o presente procedimento fiscal", fl. 312 Ademais a Autoridade Fiscal entendeu por bem qualificar a multa nos termos do § 1º do mesmo diploma por entender que "a ausência de apresentação dos demonstrativos de apuração de ganho de capital retardou/dificultou o conhecimento dos fatos geradores correspondentes por parte do Fisco Federal", fl. 312. Ciente do lançamento, tempestivamente, o contribuinte formalizou a impugnação de fl. 550/556, na qual pugnou pela improcedência total do lançamento, apresentando suas razões e fundamentos legais nos seguintes tópicos (em negrito), abaixo dos quais apresento as conclusões aprovadas por unanimidade pela 3ª Turma de Julgamento da DRJ Salvador/BA (Acórdão de fl. 593/596 : - Da improcedência do Auto de Infração - Do equívoco na imputação da base de cálculo do tributo lançado. Fl. 708DF CARF MF Processo nº 10530.723471/2011-16 Acórdão n.º 2201-003.522 S2-C2T1 Fl. 708 3 (...) O valor atualizado da aquisição considerado no lançamento fiscal, no montante de R$ 38.503,99, foi apurado mediante a divisão do valor original da aquisição, no montante de Cz$ 5.500.168,00 (cinco milhões quinhentos mil e cento e sessenta oito cruzados), constante na Certidão do Cartório de Registro de Imóveis do 2º Ofício de Barreiras/Ba, em 21 de julho de 1988, às fls. 320, pelo índice de 142,8467, previsto no Anexo Único – Tabela de Atualização do Custo de Bens e Direitos da Instrução Normativa SRF nº 84, de 2001. Portanto, verifica-se que a autoridade lançadora procedeu a correção do valor de aquisição em conformidade com legislação aplicável. - Da Impossibilidade de aplicação de multa de ofício em dobro. Inexistência de elementos que justifiquem tão absurda penalidade. Quanto à qualificação da multa, nos termos do art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430, de 1996, a falta de apresentação do demonstrativo de apuração do ganho de capital na declaração de rendimento, quando desacompanhada de outros indícios que demonstrem a intenção do contribuinte em retardar/dificultar o conhecimento do fato gerador pelo Fisco, não comprova sua conduta dolosa. Portanto, descabida a qualificação da multa de ofício. Já quanto ao agravamento da multa, nos termos do art. 44, § 2º, da Lei nº 9.430, de 1996, este é devido em razão da falta de atendimento por parte do fiscalizado para que apresentasse esclarecimento, qual seja, a forma com que este tinha apurado o ganho de capital. Mesmo em sua impugnação, o contribuinte permaneceu sem apresentar o demonstrativo do referido ganho. Ressalte-se que tanto a multa quanto o agravamento desta independem de conduta dolosa por parte do contribuinte, conforme previsto no art. 136 do CTN. Firme em suas conclusões, a DRJ considerou parcialmente procedente a Impugnação para manter o imposto lançado, reduzindo a multa de 225 para 112,5%. Ressaltou o Julgador de 1ª Instância que deveria ser alocado ao débito o DARF recolhido pelo contribuinte em 30/11/2009. Ciente de tal Decisão em 29 de dezembro de 2011, fl. 598, o contribuinte formalizou, tempestivamente, o Recurso Voluntário de fl. 599 a 610, no qual apresentou suas considerações nos mesmos termos já expressos em 1ª Instância. Submetido ao Colegiado de 2ª Instância, a 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara, da 2ª Seção de Julgamento deste CARF entendeu por bem dar provimento ao Recurso Voluntário. Suscitando questão de Ordem Pública, reconheceu estar o lançamento fulminado pela decadência, manifestando o entendimento de que, no caso do imposto de renda incidente sobre ganho de capital, o fato gerador ocorre na data da alienação, diferindo-se apenas o pagamento do tributo nos casos de alienação a prazo, fl. 619/623. Após ciência do Acórdão, a Procuradoria da Fazenda Nacional impetrou o Recurso Especial de fl. 628/634, no qual, em síntese, defendeu que o fato gerador do IR incidente sobre o ganho de capital ocorre na data da alienação, se esta for à vista, ou na data do recebimento das parcelas se for a prazo. Fl. 709DF CARF MF 4 Em fl. 658/660, constata-se a decisão pelo seguimento do Recurso Especial, tendo o contribuinte, após cientificado, apresentado as contra-razões de fl. 663/669, pelo qual, naturalmente, sustentou a necessidade de manutenção da decisão recorrida. Debruçada sobre o tema, a Câmara Superior de Recursos Fiscais exarou o Acórdão de fl. 672/690, por maioria de voto, deu provimento ao Recurso Especial, nos termos abaixo, determinando o retorno dos autos à instância recorrida para análise dos demais argumentos do Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte: Nas vendas a prazo o fato gerador do Imposto de Renda se realiza com o efetivo pagamento da parcela acordada pelas partes, devendo este ser o momento para contagem do prazo decadencial. Havendo comprovação nos autos da ocorrência do pagamento do imposto, ainda que parcial, deve-se aplicar o art. 150, §4º do CTN, tomando-se como termo inicial para o prazo decadencial a data da ocorrência dos fatos geradores. É o relatório necessário Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Por ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. O contribuinte apresenta seus argumentos segregados em dois tópicos independentes entre si, os quais serão analisados abaixo: I - Da Improcedência do Auto de Infração - Do Equívoco na Imputação da Base de Cálculo do Tributo Lançado. Alega o contribuinte que, embora a Fiscalização tenha atribuído a cada condômino parcela relativa ao ganho de capital equivalente às participações efetivas, ao apurar o valor de aquisição/custo do imóvel desconsiderou as regras impostas pelo Decreto 3000/99 (RIR/99). Para tanto, cita e destaca os excertos abaixo, fl. 601/602: Art. 128. O custo dos bens ou direitos adquiridos, a partir de 1º de janeiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995, será o valor de aquisição (Lei nº 8.383, de 1991, art. 96, § 4º, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 22, inciso I). (...) § 9º Para os bens ou direitos adquiridos até 31 de dezembro de 1995, o custo de aquisição poderá ser corrigido até essa data, observada a legislação aplicável no período, não se lhe aplicando qualquer correção após essa data (Lei nº 9.249, de 1995, arts. 17 e 30). (...) Art. 136. Em relação aos imóveis rurais adquiridos a partir de 1º de janeiro de 1997, para fins de apuração de ganho de capital, considera-se custo de aquisição e valor da venda do imóvel rural o Valor da Terra Nua - VTN, constante do Documento de Informação e Apuração do ITR - DIAT, observado o disposto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996, Fl. 710DF CARF MF Processo nº 10530.723471/2011-16 Acórdão n.º 2201-003.522 S2-C2T1 Fl. 709 5 respectivamente, nos anos da ocorrência de sua aquisição e de sua alienação (Lei nº 9.393, de 1996, art. 19). Parágrafo único. Na apuração de ganho de capital correspondente a imóvel rural adquirido anteriormente à data a que se refere este artigo, será considerado custo de aquisição o valor constante da escritura pública, observado o disposto no § 9º do art. 128 (Lei nº 9.393, de 1996, art. 19, parágrafo único). Continua seus argumentos afirmando que, desde a aquisição da terra, em 21 de julho de 1988, até 31 de dezembro de 1995, promoveu a correção do valor de aquisição da fazenda, passando, a partir daí, a não mais corrigi-lo, declarando seu quinhão de 14,5% da propriedade no valor de R$ 296.659,35, até a baixa do seu patrimônio em face da escritura de venda, em 2007. Assim, reafirma seu entendimento de equívoco do lançamento ao considerar como custo de aquisição o valor de R$ 38.503,99, quando a fiscalização deveria ter considerado R$ 296.659,35. Sustenta que é improcedente a afirmação da DRJ quanto a não apresentação de memória de cálculo que demonstrasse tal atualização, já que tal valor fora lançado na DIRPF 1995, período já acobertado pela decadência, não mais suscetível de exame de sua procedência por parte do Fisco Federal, que não exigiu em período próprio tal planilha e não mais poderia fazê-lo em razão da decadência. Por fim, alega que somente após tal ajuste a fiscalização poderia aplicar o percentual de redução sobre o ganho de capital apurado de que trata o art. 18 da Lei 7.713/88, que no seu caso, tendo o imóvel sido adquirido em 1988, importaria em redução de 5%. Restringe-se, portando, a presente questão na identificação da correção ou não do procedimento da Fiscalização ao apurar, de ofício, o custo de aquisição do imóvel em tela para fins de apuração do ganho de capital, desconsiderando o valor declarado pelo contribuinte. Aparentemente, o contribuinte confunde a decadência do direito da Fazenda Publica para constituir o crédito tributário pelo lançamento, cujo prazo está sempre relacionado ao fato gerador do tributo, com algumas peculiaridades em relação ao início de sua contagem, relacionando tal instituto a valores lançados em declaração apresentada. Ora, não se espera que o Fisco acompanhe, ano a ano, tudo que o contribuinte informa em sua declaração de rendimentos, sem que se vislumbre, como pano de fundo, a verificação da ocorrência do fato gerador de uma obrigação tributária que dê ensejo a uma atuação fiscal com vistas à constituição do crédito tributário pelo lançamento. Ocorrido o fato gerador, começa a fluir o prazo para que a Fazenda Pública exerça seu direito. Até que este reste extinto, é obrigação do contribuinte manter em ordem a documentação que possa ter reflexo na apuração do tributo devido, em particular neste caso, em que o contribuinte objetiva a redução da base de cálculo a partir de atualizações que entendeu devidas. Fl. 711DF CARF MF 6 Como se vê no próprio texto regulamentar citado na peça recursal (§ 9º do art. 128 do RIR), a atualização do bens adquiridos até 31 de dezembro de 1995 deveria observar a legislação aplicável no período. Objetivando regulamentar a matéria, a Instrução Normativa SRF nº 84, de 11 de outubro de 2001, consolidou a apuração e a tributação de ganhos de capital nas alienações de bens e direitos adquiridos por pessoas físicas e definiu em seu art. 7º: Art. 5º Considera-se custo dos bens ou direitos o valor de aquisição expresso em reais. Art. 6º O custo de aquisição dos bens e direitos adquiridos ou as parcelas pagas até 31 de dezembro de 1991, avaliados pelo valor de mercado para essa data e informados na Declaração de Ajuste Anual do exercício de 1992, ano-calendário de 1991, de acordo com o art. 96 da Lei No 8.383, de 1991, é esse valor, atualizado até 1o de janeiro de 1996. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput na hipótese de contribuinte desobrigado de apresentar a declaração do exercício de 1992, ano-calendário de 1991, e seguintes. Art. 7º No caso de bens ou direitos adquiridos ou de parcelas pagas até 31 de dezembro de 1991, não avaliados a valor de mercado, e dos bens e direitos adquiridos ou das parcelas pagas entre 1o de janeiro de 1992 e 31 de dezembro de 1995, o custo corresponde ao valor de aquisição ou das parcelas pagas até 31 de dezembro de 1995, atualizado mediante a utilização da Tabela de Atualização do Custo de Bens e Direitos, constante no Anexo Único. Assim, como o contribuinte não demonstrou os critérios utilizados para a suposta atualização de sua propriedade e considerando, ainda, que tal valor poderia ser alterado em razão de benfeitorias realizadas no decorrer dos anos, entendo acertada a decisão de DRJ que julgou procedente a Ação Fiscal que utilizou, para a atualização do bem, a tabela para este fim desenvolvida anexada à IN SRF 84/2011. Em fl. 308 fica evidente a utilização do índice previsto na anexo da IN 84/2001 para definição do valor de aquisição corrigido. Ademais, os cálculos expostos em fl. 319 não deixam dúvidas de que foi considerada a redução de 5% prevista no art. 18 da Lei 7.713/88. Desta forma, com as informações disponíveis, não há retoques a serem feitos na Decisão de 1ª Instância, pelo quê nego provimento ao Recurso Voluntário nesta parte. II - Da Impossibilidade da Aplicação da Multa Agravada. Inexistência de Elementos que Justifiquem a Penalidade. Sobre o tema, conforme já expresso no Relatório da presente Decisão, constata-se que a fiscalização aplicou a majoração da multa prevista no § 2º do art. 44 da Lei 9430/96 e também a qualificação prevista no § 1º do mesmo diploma legal, tudo por não ter o contribuinte apresentado o Demonstrativo de Apuração de Capital requisitado. Vejamos o que diz a lei 9430/96: Fl. 712DF CARF MF Processo nº 10530.723471/2011-16 Acórdão n.º 2201-003.522 S2-C2T1 Fl. 710 7 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I - de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II - de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I - prestar esclarecimentos;(...) Quando da análise da Impugnação, a Autoridade Julgadora de 1ª Instância entendeu inaplicável a qualificação prevista no § 1º do art. 44 da Lei 9.430, por considerar que a falta de apresentação do demonstrativo de apuração do capital na declaração de rendimentos, quando desacompanhada de outros indícios que demonstrem a intenção do contribuinte em retardar ou dificultar o conhecimento do fato gerador, não comprova a conduta dolosa. Por outro lado, entendeu a valorosa Turma de Julgamento que o agravamento da multa, nos termos do art. 44, § 2º, da Lei nº 9.430, de 1996, seria devido em razão da falta de atendimento por parte do fiscalizado para que demonstrasse a forma com que este tinha apurado o ganho de capital, o que, mesmo em sede de impugnação, não foi feito. Não me parece que a conduta do contribuinte durante o procedimento fiscal justifique o agravamento da penalidade. Afinal, o contribuinte não deixou de prestar os esclarecimentos solicitados, inclusive apresentado farta documentação que foi utilizada pela fiscalização para apuração do tributo devido. O que se deu foi a não apresentação de um item especifico solicitado mediante intimação, o Demonstrativo de Apuração do Ganho de Capital. Ocorre que a omissão do contribuinte já se manifestava neste sentido na própria Declaração de Rendimentos, o que, decerto, contribuiu para a inclusão do contribuinte em programa de fiscalização. Desta forma, não tendo o contribuinte apurado o Ganho de Capital em uma operação qualquer, a Fiscalização, no exercício do suas atribuições, constitui o crédito tributário com a aplicação da multa relativa ao lançamento de ofício. Assim, entendo que, neste caso, a penalidade pela não apuração do Ganho de Capital seria a multa de 75 % prevista no inciso I do art. 44 da lei 9430/96, sendo possível apenas sua majoração se o contribuinte não tivesse apresentado qualquer esclarecimentos que pudesse subsidiar o lançamento de ofício a ser levado a termo pela Autoridade Fiscal. Fl. 713DF CARF MF 8 Portando, dou provimento ao Recurso Voluntário para excluir o agravamento penalidade, devendo-se manter exclusivamente a multa no percentual de 75% previsto no inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96. Conclusão Por tudo que consta nos autos, bem assim nas razões e fundamentos legais acima expostos, dou parcial provimento ao Recurso Voluntário para excluir o agravamento da multa de ofício. Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator Fl. 714DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13887.720139/2014-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2012
DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA. EFETIVO PAGAMENTO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE.
É dedutível da base de cálculo do imposto de renda os valores efetiva e comprovadamente pagos a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de acordo homologado judicialmente. A falta de comprovação da efetiva transferência financeira de importâncias pagas a título de pensão alimentícia, suportada pelo Recorrente, torna ilegítima sua dedutibilidade.
Numero da decisão: 2201-003.536
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro José Alfredo Duarte Filho que dava provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
EDITADO EM: 05/05/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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PENSÃO ALIMENTÍCIA. EFETIVO PAGAMENTO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. É dedutível da base de cálculo do imposto de renda os valores efetiva e comprovadamente pagos a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de acordo homologado judicialmente. A falta de comprovação da efetiva transferência financeira de importâncias pagas a título de pensão alimentícia, suportada pelo Recorrente, torna ilegítima sua dedutibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro José Alfredo Duarte Filho que dava provimento. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator. EDITADO EM: 05/05/2017 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 7. 72 01 39 /2 01 4- 09 Fl. 74DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão da DRJRJ que julgou improcedente a Impugnação e manteve o crédito tributário lançado através da Notificação de Lançamento nº 2013/038790064533858 (fls. 19/26) que alterou o resultado da Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física (DIRPF) do exercício 2013, anocalendário 2012, do Recorrente, passando de “imposto a restituir” no valor de R$ 6.423,59 para “imposto suplementar a exigir” no valor de R$ 1.132,94, com multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento); e juros de mora. O lançamento é decorrente das seguintes condutas: Dedução indevida com previdência privada, no valor tributável de R$ 3.085,58 (fls. 20). Dedução indevida com dependente, no valor tributável de R$ 1.974,72 (fls. 21). Dedução indevida de pensão alimentícia judicial por deixar de apresentar documentos que comprovassem o efetivo pagamento, no valor tributável de R$ 5.000,00 (fls. 22). Dedução indevida de despesas médicas de dependente, no valor tributável de R$ 9.178,42 (fls. 23). O Recorrente apresentou Impugnação tempestiva (fls. 02/03), concordando com as glosas relativas às despesas médicas, de previdência social e com dependente, porém, requerendo o cancelamento da glosa de pensão alimentícia. A Impugnação foi julgada totalmente improcedente para manter a glosa verificada no trabalho fiscal, conforme assim ementado pela DRJRJ: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2012 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. DEDUÇÕES. DEPENDENTES. DESPESAS MÉDICAS. PREVIDÊNCIA PRIVADA. Tendo o Recorrente concordado com as glosas, tais matérias se tornam não impugnadas encontrandose fora do presente litígio. DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. Somente é dedutível a pensão cujo efetivo pagamento tenha sido comprovado com documentação hábil e possua prova de que estaria obrigado ao pagamento da pensão, no respectivo anocalendário, por meio de acordo ou ordem judicial. Impugnação Improcedente. Outros Valores Controlados. Cientificado da decisão de primeira instância em 16/12/2014 (fls. 53), o Recorrente interpôs tempestivamente, em 15/01/2015, Recurso Voluntário (fls. 54/55), Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13887.720139/201409 Acórdão n.º 2201003.536 S2C2T1 Fl. 70 3 reafirmando a legitimidade da dedução relativa a pagamento de pensão alimentícia. Ao final, requer o acolhimento e provimento ao recurso. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. A legislação do imposto de renda, mais especificamente o Regulamento do Imposto de Renda (Dec. nº 3.000/99, Art. 77) e a Lei nº 9.250/95, Art. 4º, inciso II, determina que o direito às deduções realizadas diretamente na base de cálculo deste imposto está condicionado a requisitos e limitações expressamente previstos e nas formas previstas. Assim, a mencionada legislação permite a dedução de pensão alimentícia judicial da base de cálculo do IRPF, conforme abaixo: Art.78. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida a importância paga a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso II). De acordo com o artigo supramencionado, o direito à dedução de valores pagos a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família está condicionado à comprovação de dois requisitos: 1) existência de decisão judicial, acordo homologado judicialmente ou escritura pública que obrigue o Recorrente a pagar pensão, e 2) ocorrência do pagamento. Colocadas as premissas materiais, cumpre justificar legalmente o trabalho de fiscalização. A mesma legislação do IR, conjuntamente com o Decreto nº 5.844/43 (Art. 11, § 3º) – que trata da cobrança e fiscalização do imposto – dispõem que todas as deduções informadas pelos Recorrentes em suas Declarações de Ajuste Anual são sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora, conforme abaixo: Decreto nº 3.000/99 Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). Decreto nº 5.844/43 Art. 11 Poderão ser deduzidas, em cada cédula, as despesas referidas neste capítulo, necessárias à percepção dos rendimentos. (...) Fl. 76DF CARF MF 4 § 3° Todas as deduções estarão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. Temse, assim, que a legislação transcrita confere à autoridade fiscal – que age no intuito de defender o interesse público (“arrecadação tributária”) –, o poder de exigir, para análise da dedução de despesas com pensão alimentícia, outros documentos além de recibos, declarações particulares e a própria DIRPF, que busquem comprovar o efetivo pagamento da pensão e, principalmente, o efetivo desembolso dos valores declarados como despesa a esse título, que demonstrem ter o Recorrente sofrido o ônus econômico das quantias que pretender ver deduzidas. Isso porque recibos e declarações particulares, além da própria DIRPF não fazem prova única e definitiva da efetiva ocorrência dos pagamentos informados na declaração do Recorrente. Os dados informados nestes documentos não constituem verdade absoluta, ante a sua fragilidade em comprovar a realidade. Quanto aos recibos e declarações, devese distinguir sua força como prova de quitação entre as partes contratantes matéria disciplinada pelo Código Civil da força probatória que estes possuem perante o fisco, questão que se sujeita às normas de direito público que regem a relação tributária. No caso ora analisado, o Recorrente não logrou comprovar a efetiva transferência financeira de importâncias que alega ter pago a título de pensão alimentícia para sua excônjuge. Não logrou ter suportado o ônus financeiro que justifica a dedutibilidade fiscal dessa despesa. Cabe aqui esclarecer, novamente, que a prova dos pagamentos de pensão alimentícia não se faz pela mera apresentação de documentos confeccionados por particulares, como é o caso fls. 07, até mesmo, da própria DIRPF confeccionada pelo Recorrente, que informa ter pago a pensão. Por sua vez, nem mesmo o Termo de Audiência de Separação Consensual, juntado às fls. 64, juntado ao Recurso Voluntário que realmente comprova a obrigação alimentar nos termos da petição inicial juntada às fls. 12/17 possui força probatória capaz de demonstrar que houve transferência patrimonial do Recorrente para sua excônjuge, a título de pagamento de pensão alimentícia. Ocorre que a petição do acordo de separação mencionado acima diz em sua cláusula IX que o pagamento do valor da pensão alimentícia deve se dar através de depósito na conta corrente da ex cônjuge, contudo, não há nos autos prova de tais depósitos. Por mais que a decisão da DRJ tenha indicado apenas a falta da homologação judicial, que foi apresentado posteriormente pelo contribuinte, ocorre que na ementa e na própria autuação restou consignado que deveria ocorrer a comprovação da homologação judicial e o efetivo pagamento da pensão para fazer jus à dedutibilidade. Dessa forma, entendo que, a despeito dos documentos juntados, estes foram insuficientes para comprovar: i) a efetiva transferência financeira de valores do Recorrente para sua excônjuge, a título de pagamento de pensão alimentícia; ii) a assunção do ônus do pagamento da pensão pelo Recorrente. Isto posto, deve ser mantida a decisão de primeira instância que confirmou a glosa do valor de pensão alimentícia. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 13887.720139/201409 Acórdão n.º 2201003.536 S2C2T1 Fl. 71 5 Conclusão Diante do exposto, com fundamento na legislação competente e nas disposições acima mencionadas, voto por conhecer e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para manter a decisão de primeira instância. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator Fl. 78DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.721910/2012-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA.
É incabível o lançamento embasado em presunções não autorizadas em lei e que não esteja firmado em provas materiais.
IRPF. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA.
Para que a multa de 150% seja aplicada, exige-se que o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude. Desta forma, se a fiscalização não demonstrou, nos autos, que a ação do contribuinte teve o propósito deliberado de impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, utilizando-se de recursos que caracterizam evidente intuito de fraude, não cabe a aplicação da multa qualificada.
A simples omissão na DIRPF de rendimentos supostamente isentos não é elemento caracterizador, por si só, do evidente intuito doloso, autorizador da imposição da multa qualificada.
PRELIMINAR. NULIDADE POR VÍCIO FORMAL. INOCORRÊNCIA.
Incabível a argüição de nulidade do procedimento fiscal quando este atender as formalidades legais e for efetuado por servidor competente.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.
Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa.
DECADÊNCIA. FATO GERADOR DO IRPF. DESCLASSIFICAÇÃO DE RENDIMENTOS.
O fato gerador do imposto sobre os rendimentos sujeitos ao ajuste anual somente aperfeiçoa-se no momento em que se completa o período de apuração dos rendimentos e deduções: 31 de dezembro de cada ano-calendário.
IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. FORMALIDADES.
Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, poderá ser distribuída, sem incidência de imposto, parcela de lucros ou dividendos excedentes, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo lucro presumido.
Numero da decisão: 2201-003.521
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício e quanto ao recurso voluntário, rejeitar as preliminares de nulidade e cerceamento de defesa para, no mérito, negar-lhe provimento.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 07/05/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Marcelo Milton da Silva Risso, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA. É incabível o lançamento embasado em presunções não autorizadas em lei e que não esteja firmado em provas materiais. IRPF. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA. Para que a multa de 150% seja aplicada, exigese que o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude. Desta forma, se a fiscalização não demonstrou, nos autos, que a ação do contribuinte teve o propósito deliberado de impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, utilizandose de recursos que caracterizam evidente intuito de fraude, não cabe a aplicação da multa qualificada. A simples omissão na DIRPF de rendimentos supostamente isentos não é elemento caracterizador, por si só, do evidente intuito doloso, autorizador da imposição da multa qualificada. PRELIMINAR. NULIDADE POR VÍCIO FORMAL. INOCORRÊNCIA. Incabível a argüição de nulidade do procedimento fiscal quando este atender as formalidades legais e for efetuado por servidor competente. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa. DECADÊNCIA. FATO GERADOR DO IRPF. DESCLASSIFICAÇÃO DE RENDIMENTOS. O fato gerador do imposto sobre os rendimentos sujeitos ao ajuste anual somente aperfeiçoase no momento em que se completa o período de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 19 10 /2 01 2- 08 Fl. 1322DF CARF MF 2 apuração dos rendimentos e deduções: 31 de dezembro de cada ano calendário. IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. FORMALIDADES. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, poderá ser distribuída, sem incidência de imposto, parcela de lucros ou dividendos excedentes, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo lucro presumido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício e quanto ao recurso voluntário, rejeitar as preliminares de nulidade e cerceamento de defesa para, no mérito, negarlhe provimento. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 07/05/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Marcelo Milton da Silva Risso, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho. Relatório Tratamse de Recurso Voluntário e Recurso de Ofício contra decisão primeira instância que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: O contribuinte acima identificado insurgese contra Auto de Infração de fls. 1.068/1.072 (numeração digital), acompanhado dos Demonstrativos de fls. 1.073/1.075 e do Termo de Verificação Fiscal de fls. 1.045/1.067, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário 2007, por meio do qual foi Fl. 1323DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 3 3 apurado crédito tributário conforme demonstrativo abaixo (em Reais): Imposto de Renda Pessoa Física Suplementar 1.404.222,30 Multa de Ofício de 150%(passível de redução) 2.106.333,45 Juros de Mora (cálculo válido até 31/08/2012) 620.385,41 Multa exigida isoladamente de 50%(passível de redução) 13.487,40 Valor do Crédito Tributário Apurado 4.144.428,56 1.1. Conforme a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 1.070/1.072), a exigência decorreu das seguintes infrações à legislação tributária: 1.1.1. Omissão de Rendimentos Recebidos de Pessoas Físicas Sujeitos a CarnêLeão Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto (R$) Multa (%) 31/12/2007 100.000,00 150 Enquadramento legal: Arts. 1º, 2º, 3º e §§, e 8º, da Lei nº 7.713/88; arts. 1º a 4º, da Lei nº 8.134/90; arts. 55, 106, 109 e 111, do RIR/99; art. 1º da Lei nº 11.482/07. 1.1.2. Rendimentos Atribuídos a Sócios de Empresas. Rendimentos Excedentes ao Lucro Presumido/Arbitrado Pagos a Sócio ou Acionista Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto (R$) Multa (%) 31/05/2007 33.244,77 150 30/06/2007 40.280,00 150 31/07/2007 84.000,00 150 31/08/2007 4.161.423,61 150 30/09/2007 30.000,00 150 31/10/2007 43.607,00 150 31/12/2007 635.150,91 150 Enquadramento legal: art. 1º da Lei nº 11.482/07; art. 663 do RIR/99. 1.1.3. Multas Isolada – Falta de Recolhimento do IRPF Devido a Título de CarnêLeão Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto (R$) Multa (%) 31/12/2007 13.487,40 50 Enquadramento Legal: art. 8º da Lei nº 7.713/88 c/c arts. 43 e 44, inciso II, alínea “a”, da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/07. 1.2. Durante realização do procedimento fiscalizatório, restou constatado que a empresa MCA Consultoria, Projetos e Fiscalização Ltda, CNPJ n.º 56.465.842/000173 (a partir de Fl. 1324DF CARF MF 4 01/07/2007 com a nova razão social de Biotech Services Consultoria e Projetos Ltda), da qual o autuado era sócio no exercício fiscalizado, optou pelo regime de tributação com base no lucro presumido no ano calendário de 2007. Portanto, poderia distribuir o valor da base de cálculo (lucro presumido), diminuída de todos os impostos e contribuições a que estivesse sujeita a pessoa jurídica, sem incidência de imposto de renda, ao seu sócio/autuado. Poderia, também, distribuir valor maior que o lucro presumido, sem incidência de imposto de renda, desde que demonstrado via escrituração contábil, feita de acordo com as leis comerciais, ser o lucro contábil efetivo maior do que o lucro presumido. De acordo com o citado Termo de Verificação Fiscal, considerando a informação contida na DIPJ do anocalendário de 2007 de que a escrituração era contábil, ao solicitar do autuado os livros contábeis os quais a empresa estava obrigada a escriturar, verificouse que os mesmos não estavam de acordo com as exigências legais, isto é, não foram submetidos à autenticação no órgão competente, no caso, Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou no Cartório de Títulos e Documentos (art. 71 da Lei n.º 3.470/58, §2º do artigo 5º do Decreto – Lei n.º 486/69 e art. 258 do RIR/99). Desta forma, a escrituração apresentada não foi considerada e portanto, os lucros que ultrapassaram o valor do lucro presumido deduzido o imposto correspondente, estão sujeitos à incidência do imposto na fonte, mediante aplicação da tabela progressiva e considerados rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual. Constatouse que a participação societária do autuado equivale ao percentual de 99% e o valor recebido a título de lucro distribuído declarado foi de R$ 1.100.300,62. Considerando que lhe caberia R$ 737.194,61 a título de lucro isento, o valor excedente sujeito a tabela progressiva apurado foi de R$ 363.106,01, que foi somado ao valor de R$ 4.664.600,28, de lucro distribuído mas omitido. Procedeuse ao lançamento de ofício com fundamentos nos artigos 55, XIX e 663, ambos do RIR/99, artigo 3º, parágrafo 4º, da Lei n.º 7.713/88 e artigo 51 da IN SRF n.º 11/96. 1.3. Elaborouse Análise da Evolução Patrimonial Mensal, não sendo constatado acréscimo patrimonial a descoberto. 1.4. Informa ainda a autoridade fiscal que procedeu à formalização de representação fiscal para fins penais, tendo em vista a identificação de situação que, em tese, configura crime definido no inciso I do art. 1º e inciso I do art. 2º, da Lei nº 8.137/90. 2. Cientificado por via postal da exigência tributária, na data de 25/09/2012, conforme AR de fls. 1.077, o contribuinte apresenta sua impugnação de fls. 1.090/1.127, por intermédio de procuradores qualificados em fls. 1.081, juntamente com os documentos de fls.1.164/1.195, onde, em resumo, informa o seguinte: Fl. 1325DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 4 5 Preliminares 2.1. Baseado em meras presunções o Sr. Fiscal desconsiderou toda a documentação apresentada e classificou os pagamentos como rendimentos omitidos, aplicando severas sanções e tratando de forma fraudulenta toda a origem dos rendimentos do impugnante, não existindo nos autos uma única comprovação dos fatos que ensejaram a conclusão do auditor, devendo ser declarado nulo o auto de infração em decorrência de evidente vício formal que o contamina. 2.2. Preliminarmente, o impugnante afirma que o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário relativo aos fatos geradores anteriores a 24 de setembro de 2007, encontra se prejudicado devido à ocorrência da decadência, com fundamento no § 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional, conforme decisão do Superior Tribuna de Justiça que menciona. Mérito 2.3. Em atendimento às intimações realizadas, o ora impugnante esclareceu à fiscalização que os lucros distribuídos no exercício de 2007 totalizavam R$ 5.764.900,90, conforme documentação apresentada, embora informados pelo valor de R$ 1.100.300,62 em sua declaração de ajuste. No entanto, a fiscalização concluiu que todos os documentos apresentados (Notas Fiscais, livros, extratos bancários e todos os demais documentos solicitados) não se revestiam de formalidades legais e, por essa razão, foram sumariamente desconsiderados, sem que se promovesse uma análise das distribuições auferidas da pessoa jurídica da qual o impugnante era sócio. O Sr. Fiscal (i) contatou distribuições por parte da pessoa jurídica para a pessoa física devidamente respaldadas por informes de rendimentos (ainda que retificado), (ii) desclassificou os livros da pessoa jurídica por não terem sido registrados na época própria e, (iii) por presunção, concluiu que houve fraude pela pessoa física, aplicandolhe todas as sanções tributárias em seu maior grau de severidade. A despeito de longa argumentação do auto de infração, este decorre em sua quase totalidade de três movimentações realizadas entre a pessoa jurídica e a pessoa física, as quais, o impugnante pretendeu considerar como “distribuição de lucros” e o Sr. Auditor as desclassificou pelo fato de entender que a escrita contábil não era regular. Esses rendimentos foram assim classificados pelo Sr. Auditor: # R$ 363.106,01 decorrentes de excesso tributável, eis que declarou uma distribuição de R$ 1.000.300,62 quando somente poderia distribuir R$ 737.194,61; Fl. 1326DF CARF MF 6 # R$ 4.664.600,00 decorrente de uma transferência de R$ 4.136.408,61 em agosto de 2007 e R$ 528.191,67, decorrente de duas outras transferências realizadas em dezembro de 2007. Essa conclusão baseouse em um único fato, qual seja: os livros fiscais de 2007 foram registrados somente em 2009, quando o impugnante já se encontrava sob fiscalização. Nenhuma outra justificativa foi apresentada, assim como nenhum lançamento contábil irregular foi apontado pelo Sr. Auditor. Reiteradas vezes o impugnante atendeu às Intimações Fiscais e apresentou vasta documentação e esclarecimentos sobre as origens dos recursos, tendo apresentado, dentre outros, Livros Diários (fls. 625/852), Notas Fiscais emitidas no período (fls. 853/927) e comprovantes de pagamentos de todos os tributos relativos às receitas da MCA (fls. 928/997). Além desses documentos, a empresa promoveu a retificação do informe de rendimentos e de sua DIPJ do período, como lhe permite a lei, para fim de adequála à distribuição pretendida, prestando essas informações ao Sr. Auditor. Com todos os elementos necessários e pertinentes – emissão de documentos fiscais, movimentação financeira e livros contábeis – tinha o Sr. Auditor plena condições de aferir a veracidade das informações prestadas, mas preferiu escudarse no único e exclusivo argumento de que os livros foram escriturados e registrados tardiamente e, portanto, não se prestavam a fazer prova dos resultados da empresa. 2.4. Há inconsistência nos fundamentos do auto de infração para a desclassificação da escrituração do contribuinte, pois ao contrário do quer fazer crer o Sr. Auditor, a legislação comercial não estabelece prazo para a escrituração e registro, e o fato de tais livros terem sido escriturados posteriormente, além de não os invalidar, jamais poderá ser considerado como presunção de fraude do impugnante. Na realidade dos fatos, todos os equívocos e erros de forma que geraram a fiscalização decorreram do fato que em abril de 2007 a empresa MCA mudou de escritório responsável pela sua contabilidade, sendo que os livros de 2006 ainda não se encontravam escriturados, e a dificuldade em obter a documentação , pelo novo escritório levou a um atraso na escrituração também dos exercícios posteriores. Assim é que durante esse período, a contabilidade foi feita com base em números provisórios, nas receitas e despesas informadas e na movimentação financeira do exercício, sem que a nova responsável contábil tivesse acesso a saldos anteriores das contas contábeis. Todos os impostos da pessoa jurídica foram apurados dessa forma até que finalmente os novos contadores da empresa puderam fazer os lançamentos contábeis corretos, e, constando que houve uma distribuição de lucros não informada na DIPJ da empresa, efetuar a correspondente retificação (fls. 508/520). 2.5. A lei é claríssima em estabelecer como regra a não incidência do Imposto de Renda sobre os lucros distribuídos Fl. 1327DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 5 7 pelas sociedades aos seus sócios e acionistas, independentemente do regime de apuração por ela adotado e, na mesma linha, os artigos 51 da Instrução Normativa nº 51/96 e 39, inciso XXIX, do RIR/99. Embora as IN 11/96 e IN 93/97 estabeleceram que a comprovação dos resultados deveria se dar por verificação da escrita desde que observadas as formalidades determinadas pela legislação comercial, não existe qualquer previsão legal de que a escrituração tardia seja considerada fato impeditivo para a apuração dos resultados. Dessa forma, cabe ao auditor aplicar a legislação de forma sistemática, ou seja, levar em consideração o efetivo resultado da empresa apurado em conformidade com sua escrita contábil, mas nunca simplesmente considerar como inexistente a contabilidade pelo único fato de terem os livros sido registrados tardiamente. Assim procedendo, o Sr. Auditor não apenas aplicou de maneira incorreta a legislação regente da matéria, como também se afastou do entendimento da jurisprudência administrativa, conforme Acórdãos que colaciona. 2.6. Demonstra, ainda, a correta apuração e imposto, devidamente referendadas em parecer pericial contábil, elaborado por perito contador devidamente habilitado (doc. 3), pelo qual se constata detalhadamente a regularidade da apuração dos resultados da empresa e da conseqüente distribuição dos lucros ao sócio Romeu Pinto Júnior. Por esse trabalho pode se concluir que o valor de R$ 5.127.706,20 pago ao impugnante teve origem em legítima distribuição de lucros, dos quais R$ 4.372.086,46 referemse a lucros acumulados de exercícios anteriores e R$ 3.572.505,78 de resultados auferidos no exercício de 2007. Tudo isso demonstra, de maneira inquestionável, que os rendimentos tributados pelo sr. Auditor não deveriam sêlo, na exata medida em que consubstanciam em legítima distribuição de lucros. 2.7. Em relação à tributação como renda do recebimento do empréstimo efetuado a Francisco das Chagas Parente Aguiar, que não teve o desembolso nem o recebimento comprovados, entende equivocada a linha de raciocínio desenvolvida pelo Sr. Auditor, eis que “ a prova do recebimento do empréstimo não se faz exclusivamente pelo crédito em conta do impugnante. Tal recebimento poderia muito bem ser realizado em espécie, uma vez que o impugnante tinha disponibilidade em moeda corrente para tanto. Ademais, poderia ter ocorrido em inúmeras parcelas e formas ao longo do exercício e não por um único crédito em conta do impugnante nesse exato valor.” Também aponta falta de lógica no raciocínio fiscal, aduzindo que: Fl. 1328DF CARF MF 8 1. se o empréstimo não tivesse sido pago, deveria ser considerado como perdão de dívida e portanto receita tributável para o beneficiário e não para o impugnante ou; 2. se o empréstimo tivesse sido pago, o recebimento de dívida não caracteriza receita tributável para o impugnante. Conclui afirmando que a única possibilidade de se apurar infração, no caso, seria se esse valor tivesse sido utilizado para justificar variação, patrimonial a descoberto, o que não ocorreu, como consigna a fiscalização em fls. 1.058, restando completamente inviável e descabido considerarse como receita tributável do contribuinte o fato de o Sr. Auditor entender como não demonstrado o recebimento da quitação do referido empréstimo. 2.8. O Auto é ainda passível de reforma em relação à multa aplicada, que, além de confiscatória, foi exacerbada sem que o Sr. Auditor tenha colhido um único elemento sequer a demonstrar o intuito fraudulento do impugnante, operandose uma verdadeira presunção de dolo, de encontro ao entendimento já consolidado no CARF através da Súmula nº 14, versada nos seguintes termos: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receitas ou rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Afirma que toda a movimentação foi feita às claras e sua origem está devidamente documentada nos livros, que sequer foram analisados, e nos registros constantes dos autos, de modo que: i) a pena é incompatível com a descrição dos fatos apresentada no Auto; ii) a multa é confiscatória; e iii) não houve por parte do sujeito passivo intuito de fraude. Assim, deve ser provida a defesa, para reduzir ou excluir a multa aplicada. 2.9. Não obstante o parecer pericial já acostado aos autos e a documentação apresentada pelo contribuinte, requer seja determinada a realização de perícia técnica contábil para se certificar dos fatos, nos termos do artigo 16, inciso IV, do Decreto 70235/72. Também registra o impugnante sua convicção no sentido de que os documentos que compõem os autos e o parecer já demonstram a existência de lucro a ser distribuído suficiente para tornar insubsistente o auto de infração, mas a despeito desses aspectos, requer a produção de prova pericial com o objetivo de elucidar os quesitos ao final apontados, indicando ainda como seu assistente técnico o contador adiante qualificado, bem como a juntada de novos documentos que no desenvolvimento da perícia se mostrem necessários. Do pedido Fl. 1329DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 6 9 Requer seja decretada a nulidade do Auto de Infração pelas razões preliminares apontadas, ou quanto ao mérito seja julgada improcedente a autuação, isentandose o Impugnante de qualquer penalidade, ou quando menos seja convertido o julgamento em diligência, para o fim de determinar a apreciação da contabilidade apresentada pela empresa originária dos lucros distribuídos ao impetrante, além de se colher as demais provas necessárias. Protesta ainda pela produção de todo gênero de prova admitida em direito, notadamente a juntada de novos documentos, comprobatórios dos fatos alegados, a expedição de ofícios, oitiva de testemunha entre outras, sem prejuízo da realização da prova pericial já justificada cujos quesitos adiante são apresentados acompanhados da indicação de seu assistente técnico. ASSISTENTE TÉCNICO DO IMPUGNANTE Sigeshi Miura, inscrito no CRCSP 069982/O1 Rua Carlos Francisco de Paula, 35 – Parque Jabaquara CEP 04358010 – São Paulo – SP Email: ssmiura@uol.com.br Fone: 50313812 QUESITOS DO IMPUGNANTE 1. Queira o Sr. I. Perito identificar e esclarecer o objeto principal discutido nos presentes autos. 2. Pedese ao Sr. I. Perito analisar os demonstrativos contábeis da empresa MCA Consultoria, Projetos e Fiscalização Ltda relativo aos anos de 2005, 2006 e 2007, apontando o seu lucro anual e a formação de Reserva de Lucros. 3. Pedese ao Sr. Perito informar se todas as receitas da empresa no período estão lastreadas em prestação de serviços devidamente suportadas por Notas Fiscais. 4. Pedese ao Sr. Perito informar se a movimentação financeira da empresa encontrase compatível com seus registros contábeis. 5. Pedese ao Sr. I. Perito informar se a empresa MCA era uma empresa rentável acima da média. 6. Pedese ao Sr. Perito responder se a empresa MCA Consultoria necessitava de investimentos fixo ou somente de capital de giro. 7. Se não necessitava de investimento fixo e tendo uma rentabilidade boa nos seus negócios favorecia a formação de reserva de lucros? 8. Pedese ao Sr. Perito informar se os lucros distribuídos pela MCA Consultoria no ano de 2007 aos seus sócios no importe de R$ 5.127.706,20 e R$ 80.059,00, tiveram suas origens no lucro do ano e também da reserva de lucros. Fl. 1330DF CARF MF 10 É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de São Paulo I (SP) julgou procedente em parte a impugnação, restando mantida parcialmente a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 PRELIMINAR. NULIDADE POR VÍCIO FORMAL. INOCORRÊNCIA. Incabível a argüição de nulidade do procedimento fiscal quando este atender as formalidades legais e for efetuado por servidor competente. Estando o enquadramento legal e a descrição dos fatos aptos a permitir a identificação da infração imputada ao sujeito passivo, não há que se falar em nulidade do lançamento por cerceamento de defesa. O cerceamento do direito de defesa não prevalece quando todos os valores utilizados na autuação se originam de documentos e demonstrativos constantes nos autos do processo. PRELIMINAR. DECADÊNCIA. Preliminar que se afasta tendo em vista que, tratandose de lançamento ex officio, a regra aplicável na contagem do prazo decadencial é a estatuída pelo art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, iniciandose o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. LUCROS DISTRIBUÍDOS. DISTRIBUIÇÃO EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. Somente pode ser distribuído, com isenção do imposto de renda, valor maior que o lucro presumido do período quando se comprovar que o lucro contábil excedeu o presumido, mediante levantamento dos demonstrativos contábeis com observância da legislação comercial. LUCRO REAL. ESCRITURAÇÃO DO LIVRO DIÁRIO. REGISTRO POSTERIOR AO MOVIMENTO DAS OPERAÇÕES. Para fins de apuração do lucro real, poderá ser aceita, pelos órgãos da Receita Federal do Brasil, a escrituração do livro Diário, autenticado em data posterior ao movimento das operações nele lançadas, desde que o registro e autenticação tenham sido promovidos até a data prevista para a entrega tempestiva da declaração de rendimentos do correspondente exercício financeiro. PROCEDIMENTO FISCAL INICIO PERDA DA ESPONTANEIDADE RETIFICAÇÃO DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS Fl. 1331DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 7 11 Excluise a espontaneidade do contribuinte, e de terceiros envolvidos no fato gerador, mesmo que não expressamente intimados, após o inicio do procedimento fiscal. Imprestável como prova da origem dos valores dos lucros distribuídos valores informados apenas em declaração retificadora entregue após o início da ação fiscal (art. 7° do Decreto n° 70.235, de 1972). OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA. É incabível o lançamento embasado em presunções não autorizadas em lei e que não esteja firmado em provas materiais. PEDIDO DE PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. É desnecessária a perícia que objetiva responder a questões que não dependem de conhecimento técnico especializado não dominado pela autoridade julgadora. JUNTADA DE DOCUMENTOS. PROVA TESTEMUNHAL. É incabível o pedido genérico de provar o alegado por todos os meios admitidos em direito, inclusive a juntada de documentos e produção de prova testemunhal, tendo em vista as normas que disciplinam o Processo Administrativo Fiscal. IRPF MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA JUSTIFICATIVA Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser minuciosamente justificada e comprovada nos autos. Além disso, para que a multa de 150% seja aplicada, exigese que o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude. Desta forma, se a fiscalização não demonstrou, nos autos, que a ação do contribuinte teve o propósito deliberado de impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, utilizandose de recursos que caracterizam evidente intuito de fraude, não cabe a aplicação da multa qualificada. Não se justifica a qualificação da multa, quando não comprovado nos autos o evidente intuito de fraude e materialização do ilícito Documento apresentado ao Fisco quando este pode verificar seu acerto, não constitui fraude nem justifica a aplicação de multa qualificada. A simples omissão na DIRPF de rendimentos supostamente isentos não é elemento caracterizador, por si só, do evidente intuito doloso, autorizador da imposição da multa qualificada. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustentou, em síntese: Fl. 1332DF CARF MF 12 a) o cerceamento de defesa, em razão da falta e apreciação dos registros contábeis pela autoridade julgadora; b) ao desprovimento de qualquer fundamentação fática ou outro elemento que pudesse amparar as razões da autuação baseado em meras suposições de omissão de receitas, sem qualquer verificação da origem de tais receitas; c) os créditos lançados anteriormente a 24 de setembro de 2007 encontramse fulminados pela decadência, devendo, portanto, ser excluídos de plano da autuação; d) a não incidência do imposto de renda sobre os lucros distribuídos pelas sociedades aos seus sócios e acionistas, independentemente do regime de apuração por ela adotado; e) a inexistência de previsão de que a escrituração tardia dos livros é considerada como fato impeditivo para a apuração dos resultados, e muito menos há essa previsão na legislação de regência da matéria.; f) que houve a demonstração pelo contribuinte de que a empresa, a despeito de ter apresentado um informe de rendimentos para o exercício de 2007 de R$ 1.100.300,62 a título de distribuição de lucros, havia, na verdade, distribuído R$ 5.027.706,29; g) o valor de R$ 5.127.706,20 pago ao recorrente teve origem em legítima distribuição de lucros, dos quais R$ 4.372.086,46 referemse a lucros acumulados de exercícios anteriores e R$ 3.572.505,78 de resultados auferidos no exercício de 2007; h ) a empresa tinha lucros suficientes para a distribuição e assim corretamente os distribuiu, quando das transferências de suas contas correntes para as contas correntes do recorrente; i) a imposição de multa qualificada é exacerbada e não houve um único elemento sequer a demonstrar o intuito fraudulento do recorrente. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz 1. Do Recurso de ofício Foi interposto recurso de ofício ao CARF, em razão do valor exonerado de R$ 1.094.154,12: R$ 27.500,00 de imposto suplementar R$ 13.487,40 de multa isolada R$ 1.053.166,72 de multa qualificada Fl. 1333DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 8 13 Cabe salientar que, por meio da Portaria n.º 63 do Ministério da Fazenda, houve o aumento do limite de alçada do recurso de ofício para R$ 2,5 milhões. Considerando a aplicação do Enunciado de Súmula CARF n.º 103, o qual dispõe que, para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância; não conheço do recurso de ofício, pois a exoneração do crédito foi em valor inferior ao limite atual. 2. Do Recurso voluntário Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. 2.1. Do cerceamento do direito de defesa O recorrente assevera que, a despeito de ter ele apresentado toda a documentação contábil da empresa da qual era sócio e que embasou a distribuição de lucros para a pessoa física, a escrituração da empresa não foi considerada porque o auditor fiscal entendeu que os registros dos livros contábeis, após o início do processo fiscal (que foi instaurado apenas contra a pessoa física), eram completamente imprestáveis para a análise. Argumenta o contribuinte que, em sua defesa, procurou incansavelmente demonstrar que a contabilidade era fidedigna, uma vez que estava coerente com toda a movimentação financeira da empresa, bem como da emissão dos documentos fiscais respectivos, de forma que poderia apresentar dados confiáveis para o procedimento fiscal. Ademais, alega o recorrente que não constitui motivo para desclassificação da contabilidade o atraso na autenticação do livro diário, ou mesmo a sua ausência, caso a autoridade tenha outros meios de aferir os resultados da empresa. Não obstante o alegado, não se vislumbra a ocorrência do cerceamento do direito de defesa, tendo em vista que foi oportunizada ao contribuinte a apresentação de todas as provas que pudessem corroborar as suas alegações. A valoração da prova feita na decisão recorrida, ao considerar as informações contidas nos livros contábeis como imprestáveis, em razão do descumprimento de formalidades legais (registro tardio e assinatura por pessoa inabilitada) não esbarra em cerceamento de defesa. O julgador apreciou as provas apresentadas e, por têlas apreciado, identificou as falhas e ausência de substância probatória para o fim que se prestam. Assim, afasto a preliminar argüida. 2.2. Da inexistência de nulidade do auto de infração Dispõe o contribuinte que não existe no processo uma única comprovação dos fatos que ensejaram a conclusão do Sr. auditor, sendo o auto de infração baseado em meras presunções e suposições, o que não pode subsistir, em razão de evidente vício formal que o contamina. Fl. 1334DF CARF MF 14 Ao contrário do alegado, as provas juntadas aos autos (livros contábeis) são documentos embasadores do posicionamento adotado na decisão vergastada, de modo que há nos autos elementos suficientes à desconsideração dos livros apresentados. Dessa forma, não se tratam de meras presunções ou suposições, mas de uma situação fática incontroversa nos autos (registro tardio dos livros e assinatura por pessoa inabilitada). Ressaltase, assim, que o auto de infração contém os substratos necessários e suficientes para o atendimento do art. 10 do Decreto 70.235/72, não ensejando declaração de nulidade. 2.3. Da inexistência da decadência Aduz o recorrente que não é correto o entendimento exarado pelo julgador de que "ainda que se entendesse que o IRPF é tributo sujeito a lançamento por homologação, a teor do §4º do art. 150 do CTN, a contagem do prazo de decadência do direitodever do Fisco em realizar o lançamento iniciase em 31/12/2007", o que afastaria a decadência do exercício de 2007. Cabe elucidar que o fato gerador do imposto sobre os rendimentos sujeitos ao ajuste anual somente aperfeiçoase no momento em que se completa o período de apuração dos rendimentos e deduções: 31 de dezembro de cada anocalendário, mesmo estando o contribuinte obrigado a sofrer retenção do imposto de renda na fonte pagadora ao longo do anocalendário, à medida que recebe rendimentos tributáveis, ou ao recolhimento mensal do tributo, quando sujeitos ao CarnêLeão. Desse modo, como bem salientou a decisão recorrida, ainda que se entendesse que o IRPF é tributo sujeito a lançamento por homologação, a teor do § 4º do art. 150 do CTN, e a contagem do prazo de decadência do direitodever do Fisco em realizar o lançamento se iniciasse em 31/12/2007, terseia, no caso em tela, que a decadência para o ano calendário de 2007 não teria ocorrido, uma vez que a ciência do Auto de Infração se deu em 25/09/2012 e a decadência ocorreria em 31/12/2012. 2.4. Do mérito Conforme narrado, a infração remanescente foi a n.º 002 (rendimentos excedentes ao lucro presumido/arbitrado pagos a sócio ou acionista). O contribuinte dispõe sobre a não incidência do imposto de renda sobre os lucros distribuídos pelas sociedades aos seus sócios e acionistas, independentemente do regime de apuração por elas adotado. Além disso salienta que a escrituração foi realizada após o exercício financeiro tratado, em razão da mudança que ocorreu na contabilidade da empresa, cabendo ao auditor levar em consideração o efetivo resultado da empresa apurado em conformidade com sua escrita contábil, e não simplesmente considerar como inexistente a contabilidade. Também aduz o recorrente que o único problema apresentado na contabilidade da empresa foi a demora no registro dos livros de 2006 e 2007, não ocorrendo qualquer das hipóteses descritas no art. 47 da Lei 8.981/95. Fl. 1335DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 9 15 Destacase que foram apresentados à fiscalização os seguintes documentos: a) extratos bancários (fls. 106/170) b) declaração de inexistência de outras contas de sua titularidade (fls. 171/172); c) extratos de cartões de crédito (fls. 173/209); d) extratos das contas da MCA (fls. 257/274); e) informes de rendimentos (fls. 217/219); f) comprovantes de dívidas e ônus reais e documento de propriedade do veículo Jaguar (fls. 220/234); g) despesas médicas e outras (fls. 242/251); h) documentos societários da MCABiotech (fls. 275/323); i) documentação societária da empresa Trianon (fls. 324/395); j) comprovante de concessão do empréstimo feito a Francisco das Chagas Parente Aguiar (fls. 235/237); k) livros diários (fls. 625/852); l) notas fiscais emitidas no período (fls. 853/927); m) comprovantes de pagamentos de todos os tributos relativos às receitas da MCA (fls. 928 a 997). Foi realizada a retificação da DIPJ e se demonstrou que, a despeito de ter apresentado um informe de rendimentos para o exercício de 2007 de R$ 1.100.300,62 a título de distribuição de lucros, havia, na verdade, distribuído R$ 5.027.706,29. Considera o recorrente, assim, que foram então apresentados todos os elementos necessários e pertinentes para a aferição da veracidade das informações prestadas, mas, ainda assim a fiscalização desclassificou a distribuição de lucros do exercício e considerou os valores recebidos pelo recorrente como rendimentos tributáveis. Observase que o valor de R$ 5.127.706,20 pago ao recorrente teve origem em legítima distribuição de lucros, dos quais R$ 4.372.086,46 referemse a lucros acumulados de exercícios anteriores e R$ 3.572.505,78 de resultados auferidos no exercício de 2007. No que diz respeito à infração capitulada como omissão de rendimentos recebidos a título de lucro distribuído excedentes ao lucro presumido, temos que a Lei nº 9.249, de 1995 trouxe a seguinte disposição: Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior.(grifei) Fl. 1336DF CARF MF 16 Destacase que o dispositivo legal regente da matéria não estabelece limites à distribuição do lucro, podendo ser todo ele distribuído. Mas, como um favor legal, existem condições para a isenção. No caso, é preciso que se conheça o lucro da pessoa jurídica, para se saber quanto poderia ser distribuído à pessoa física, na condição de isento. Se a empresa apura o lucro de forma presumida, a existência da parcela excedente deve ser efetivamente demonstrada. Certamente, para a realização de controle da administração se impõe a observância estrita da apuração do lucro da pessoa jurídica que distribui os dividendos na forma da legislação contábil e comercial, para cujos efeitos na seara tributária, é imprescindível a existência do Livro Diário, escriturado e registrado em época devida. Mostrase razoável que seja demonstrado o efetivo lucro, no caso, e que essa demonstração deva se revestir de formalidades a fim de possibilitar controles e inibir evasão. Cabe esclarecer que os livros diários não foram aceitos pelas seguintes razões, fl. 1229: Além de constatado que a escrituração contábil mostrouse intempestiva e não pode lograr alcançar os efeitos que pretende o impugnante, outro fator determinante a afastar tal exame foi o fato de os livros a serem registrados terem sido assinados por pessoa não habilitada a tanto, já que o ora impugnante não mais era sócio da pessoa jurídica MCA quando assinou os livros. (...). De fato, comprovado nos autos que desde 01/09/2007 o ora impugnante não mais era sócio da empresa MCA, sucedida pela Biotech na mesma data, não poderia ter assinado o livro diário registrado em 14/12/2009, quando já o responsável legal pela pessoa jurídica era o Sr. Francisco Saviano Neto. (...). Assim, por mais esta razão, os Livros Diário Geral dos anos calendário de 2006 e 2007 elaborados e apresentados pela MCA e assinados pelo fiscalizado ora impugnante, em 2009, não têm valor legal, não podendo produzir efeitos. Aqui, portanto, não se trata de mera formalidade, mas de condição lógica que possibilite que a tributação vislumbrada pela lei se dê na forma escorreita, atingindose os objetivos do dispositivo legal, que tem por escopo não reduzir carga tributária, mas deslocar o momento da tributação, para o que são necessários controles estritos, na forma da lei aplicável. Além disso, salienta o recorrente a existência de contradição dos fundamentos da decisão recorrida, considerando o seguinte: 1. Há, nos autos, elementos suficientes para demonstrar as alegações do impugnante, tornando, inclusive, desnecessária a realização de uma perícia; 2. Negamse a analisar esses documentos amparados em aspectos formais (registro tardio JUCESP). Não se identifica a contradição apontada, o julgador é livre na apreciação e valoração das provas. Fl. 1337DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 10 17 Assim, considerando as provas apresentadas suficientes ao deslinde da controvérsia, não se impõe a necessidade de realização de perícia. Diante do exposto, não conheço do recurso de ofício e nego provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 1338DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002068/2009-06
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
Caracterizam omissão de rendimentos, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Numero da decisão: 2201-003.513
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte, o Dr. Pedro Raposo Jaguaribe , OAB/DF 42.473, que se comprometeu a apresentar a procuração no prazo de 15 dias da sessão de julgamento, conforme prerrogativa do Estatuto da OAB.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 11/04/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Marcelo Milton da Silva Risso, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho (Suplente).
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizam omissão de rendimentos, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte, o Dr. Pedro Raposo Jaguaribe , OAB/DF 42.473, que se comprometeu a apresentar a procuração no prazo de 15 dias da sessão de julgamento, conforme prerrogativa do Estatuto da OAB. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 11/04/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 20 68 /2 00 9- 06 Fl. 741DF CARF MF 2 Jesabel Wasilewski, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Marcelo Milton da Silva Risso, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho (Suplente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Contra o contribuinte em questão foi lavrado o auto de infração (fls. 412/417) com o lançamento de imposto de renda relativo ao anocalendário 2006 de R$ 1.761.790,20, de multa de ofício de R$ 1.321.342,65 e de juros de mora calculados até 29/05/2009 de R$ 416.134,84. A presente ação fiscal contra o contribuinte foi iniciada, em 18/03/2008, com a ciência do Termo de Início de Fiscalização de fls. 05, em que o contribuinte foi intimado a apresentar extratos bancários de suas contas correntes, informes de rendimentos e a comprovar a origem dos recursos depositados nas contas bancárias. Como o contribuinte não atendeu integralmente às intimações encaminhadas, foram encaminhadas Requisições de Movimentação Financeira às instituições em que o contribuinte mantém contas correntes, para apresentação dos extratos bancários (fls. 105/107). De posse dos extratos bancários foi elaborada planilha com a individualização dos créditos (fls. 146/155) e encaminhada ao contribuinte com intimação para comprovação de origem (fl. 145). O Termo de Intimação Fiscal foi recebido pelo contribuinte em 19/12/2008, conforme AR de fls. 156. Conforme relatado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 396/398), apresentadas as justificativas pelo contribuinte, foi considerada comprovada a origem dos créditos referentes a recebimentos de créditos de operações em Bolsa, provenientes das corretoras Novinvest e Laeta e transferências de contas de investimentos do próprio contribuinte no Banco Cruzeiro do Sul. Em relação aos créditos efetuados pelas empresas Cingular Fomento Mercantil Ltda e Royster Serviços S/A não foram aceitas as alegações de tomadas de empréstimos por falta de apresentação de documentação hábil comprobatória. Assim, a ação fiscal é encerrada com a lavratura do auto de infração, tendo em vista que foi apurada a seguinte infração à legislação tributária: Omissão de Rendimentos Caracterizada por Depósitos Bancários sem Origem Comprovada. Omissão de rendimentos provenientes de valores creditados em conta de depósito ou de Fl. 742DF CARF MF Processo nº 19515.002068/200906 Acórdão n.º 2201003.513 S2C2T1 Fl. 3 3 investimento, mantida em instituição financeira, cuja origem dos recursos utilizados nestas operações não foi comprovada mediante documentação hábil e idônea, conforme descrição dos valores tributáveis e respectivas datas dos fatos geradores, no citado auto de infração, e sob o seguinte fundamento legal: artigo 42 da Lei 9.430/96; artigo 4° da Lei 9.481/97; artigo 21 da Lei 9.532/97. O contribuinte toma ciência do auto de infração 16/06/2009, e, inconformado com o lançamento, apresenta impugnação, em 07/07/2009 de fls. 421/445, em que alega, em síntese, que: 1. cumpre ressaltar que comprovou através das justificativas apresentadas grande parte dos valores levantados pela fiscalização. Conforme relatório resumido com base no Auto de Infração o próprio contador das empresas (doc.02) ressalta as comprovações referente aos créditos levantados pela fiscalização comprovados nas justificativas entregues ao FISCO; 2. a fiscalização não examinou detidamente os extratos das corretoras em confronto com a declaração de imposto de renda do contribuinte e seus extratos bancários; 3. contribuinte que atua em bolsa de valores, pode apresentar perdas ou ganhos, e o "prejuízo" de um período pode ser compensado no período seguinte, para fins de tributação; 4. valores tributados em um mês devem ser considerados como renda tributada, no mês seguinte, mormente no caso do contribuinte que atua como corretor de valores e trabalha com o mercado de capitais; 5. a se considerar os cálculos e metodologia da fiscalização, a cada operação em bolsa é como se o dinheiro, depois de voltar para a conta corrente do aplicador, desaparecesse, e a sua reaplicação, quando volta novamente da Corretora para a conta corrente de pessoa física do aplicador, é considerada novo ganho em sua totalidade; 6. a fiscalização, no caso de aplicações em bolsa, teria necessariamente de levantar um demonstrativo de cada aplicação, o valor originário aplicado, o ganho auferido, a tributação na fonte, e o demonstrativo de ganhos de capital do contribuinte; 7. a fiscalização seguiu o caminho fácil da tributação de todos os créditos em conta corrente do contribuinte, como se tudo fosse receita nova, levantando valores absolutamente irreais; 8. embora comprovadas a origem dos créditos, em se tratando de pessoa física não necessitariam de escrituração; 9. não pode a fiscalização entender que por falta de escrituração ou comprovação de origem toda a movimentação bancária trata se de rendimento; Fl. 743DF CARF MF 4 10. é extensa a jurisprudência que se manifesta no sentido de não considerar os débitos de imposto de renda que tenham por • base a renda presumida através de arbitramento sobre os valores de extratos ou de comprovantes bancários; 11. pensa de maneira diferente a Receita Federal que tendo em vista o art. 42 da Lei n° 9.430/96 estabeleceu a presunção juris tantum de caracterização de omissão de receita ou de rendimento ou depósito bancário em relação ao qual o contribuinte não comprove a origem dos recursos através de documentação hábil e idônea; 12. sucede que as pessoas físicas estio desobrigadas de escrituração contábil, o que por si só gera um complicador para o contribuinte, que geralmente faz a sua declaração levando em consideração as correspondentes informações anuais de renda fornecidas pelas instituições bancárias; 13. neste contexto cabe aqui destacar mais uma vez que algumas operadoras e corretoras das quais operava o Impugnante na Bolsa não forneceram qualquer documento hábil para comprovação junto a fiscalização, e o Impugnante não conseguiu localizar os depósitos do período autuado devido ao grande numero de operações que realizou na mesma época; 14. o único erro do contribuinte foi não possuir contabilidade, o que a lei desobriga, e quanto à omissão de rendimentos alegada pelo FISCO explicará a seguir; 15. a movimentação bancária não corporifica fato gerador do Imposto de Renda. Para usar • uma linguagem econômica, depósito bancário é estoque e não fluxo, e não sendo fluxo não tipifica renda. Juridicamente, só o fluxo tem a conotação de acréscimo patrimonial; 16. consoante a Súmula n° 182, do extinto Tribunal Federal de Recursos — TFR, restou averbado ser ilegítimo o lançamento arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários; 17. a presunção legal estabelecida pelo art. 42 da Lei 9.430/96 colide com as diretrizes do processo de criação das presunções legais, pois a experiência haurida com os casos anteriores evidenciou que entre esses dois fatos não havia nexo causal, vale dizer, constatou se não haver liame absoluto entre o depósito bancário e o rendimento omitido; 18. a despeito do artigo 42 da Lei n° 9.430/96 criar a figura da presunção legal de rendimentos omitidos para os depósitos cuja origem não for comprovada, tal regra não pode se sobrepor as regras de superior hierarquia quais sejam as do art. 142 do Código Tributário Nacional; 19. autoridade administrativa, e só ela, tem o poder/ dever de verificar a ocorrência do fato gerador. Assim, o mero depósito bancário não é atividade constituinte do fato gerador, não traduz disponibilidade econômica ou jurídica de renda; 20. não se discute a ilegalidade ou inconstitucionalidade da norma da Lei n° 9.430/96, porém se trata de procedimento de Fl. 744DF CARF MF Processo nº 19515.002068/200906 Acórdão n.º 2201003.513 S2C2T1 Fl. 4 5 interpretação das normas jurídicas, no caso, interpretação sistemática da legislação, tendo em vista que as normas de hierarquia inferior submetemse ao comando das normas de maior hierarquia, no caso, a Lei n° 9.430/96, não colidindo com a norma Complementar à Constituição (CTN); 21. o art.42 da Lei n° 9.430/96, pelas razões acima expostas, não é aplicável ao caso, porque, bate de frente com o art. 142 do Código Tributário Nacional; 22. exaustivamente já foi explicado ao FISCO que sendo operador da bolsa de valores o Impugnante além de trabalho com o dinheiro de terceiros tem o mesmo valor de dinheiro seu entrando e saindo da contacorrente diversas vezes; 23. o fato de ter o contribuinte depósitos em sua contacorrente bancária poderia ad argumentandum dar ensejo à apuração pelo fisco, mas o que não se pode admitir é que tal fato, por si só, seja bastante para constituir o crédito tributário, por se presumir tratarse de rendimentos sem a efetiva comprovação; 24. o depósito bancário, mesmo após o advento da Lei n° 9.430/96, não constituise, por si só, fato gerador da aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza, pois é necessária a prova cabal e robusta de que ele foi utilizado como renda consumida; 25. sendo o acréscimo patrimonial o fato gerador do Imposto de Renda, certo é Que nem todo o ingresso financeiro implicará a sua incidência. Temse que analisar a natureza de cada ingresso para verificar se realmente se trata de renda ou proventos novos, que configurem efetivamente acréscimo patrimonial. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (SP) julgou improcedente a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme se extrai da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Após 1° de janeiro de 1997, com a entrada em vigor da Lei 9.430 de 1996, consideramse rendimentos omitidos, autorizando o lançamento do imposto correspondente, os depósitos junto a instituições financeiras, quando o contribuinte, regularmente intimado, não logra comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SALDOS MENSAIS PARA COMPROVAÇÃO DE ORIGEM NOS MESES SUBSEQÜENTES. Fl. 745DF CARF MF 6 Na tributação da omissão de rendimentos ou receitas caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, os depósitos de um mês não servem para comprovar a origem de depósitos havidos em meses subseqüentes. EMPRÉSTIMOS COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. A alegação de empréstimos contraídos para comprovação de origem de depósitos bancários deve vir acompanhada de provas inequívocas da efetiva transferência do numerário do credor para o devedor. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustenta, em síntese, que: a) foi entregue à fiscalização todos os extratos bancários e documentos comprobatórios da origem e dos fatos jurídicos relativos ao recebimento dos valores tidos como omitidos, num arcabouço probatório de mais de 200 folhas, mas a DRJ manteve o lançamento ao argumento de que o contribuinte não comprovou com documentos hábeis e idôneos a origem dos recursos utilizados; b) como pessoa física, não está obrigada a manter escrituração contábil, ainda que simplificada das operações; c) há diversos depósitos cujo histórico reporta a origem dos recursos como sendo provenientes das empresas Royster serviços S/A e Cingular Fomento Mercantil Ltda de propriedade do contribuinte ora fiscalizado; d) não pode a fiscalização deixar de reconhecer a origem dos depósitos das empresas pertencentes ao próprio contribuinte fiscalizado; e) deve ser baixado o processo em diligência para serem saneadas as incorreções apontadas pelo contribuinte. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, pois presentes os requisitos de admissibilidade. Conforme narrado, tratase de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada. Acerca do presente lançamento, o acórdão recorrido assim concluiu: Fl. 746DF CARF MF Processo nº 19515.002068/200906 Acórdão n.º 2201003.513 S2C2T1 Fl. 5 7 É, portanto, função do Fisco, comprovar o crédito dos valores em contas de depósito ou de investimento, examinar a correspondente declaração de rendimentos e intimar o titular da conta bancária a apresentar os documentos, informações, esclarecimentos, com vista à verificação da ocorrência de omissão de rendimentos. Por outro lado, a comprovação da origem dos recursos utilizados nessas operações cabe exclusivamente ao contribuinte. Essa comprovação, nos termos do disposto legal examinado, deve ser efetuada com a apresentação de documentação hábil e idônea que permita identificar a fonte do crédito, o valor, a data e, principalmente, que deixe clara a natureza de tais depósitos. Há necessidade de se estabelecer uma relação biunívoca entre cada crédito em conta e a origem que se deseja comprovar, com coincidências de data e valor, não cabendo a “comprovação” feita de forma genérica com indicação de uma receita ou rendimento em um determinado documento a comprovar vários créditos em conta. É de se ver, como já analisado acima, que o ônus desta prova recai exclusivamente sobre o contribuinte, não bastando, para tal mister, a simples apresentação de justificativas trazidas na peça impugnatória, mas, também, que estas sejam amparadas por provas hábeis, idôneas e robustas. Esse ônus independe de qualquer exigência legal de escrituração, no caso das pessoas físicas, como tenta direcionar o impugnante as suas argumentações. Como o impugnante não juntou aos autos qualquer documento hábil que tivesse o condão de comprovar os empréstimos citados e, tampouco, comprovou a efetiva transferência de numerário entre o credor e devedor, a presunção paira incólume. Não obstante as ponderações do mencionado acórdão sobre a comprovação dos empréstimos, inclusive sobre a necessidade de se estabelecer uma relação individualizada entre cada crédito em conta e a origem que se deseja comprovar, com coincidências de data e valor e demais documentos correlatos; o recorrente, em sede de recurso voluntário, apenas reiterou alguns argumentos dispostos em sua impugnação e não efetuou a juntada de provas que pudesse dar suporte as suas alegações e atender, dialeticamente, ao exigido. Assim, mesmo sendo entregue alguns documentos à fiscalização, não houve comprovação individualizada da origem dos depósitos, de modo que não restou afastada a presunção da omissão de rendimentos. Salientase que, mesmo se tratando de pessoa física, fazse necessária a apresentação dos esclarecimentos e provas solicitados para o fim da comprovação da origem dos depósitos, pois, pela própria natureza da exigência, não há como admitir prova genérica. Fl. 747DF CARF MF 8 Além disso, a alegação do recorrente sobre a comprovação da origem dos depósitos das empresas pertencente ao próprio contribuinte também não merece guarida, tendo em vista a ausência de documentação que dê suporte ao exposto, bem como em razão do fato de o patrimônio da empresa não se confundir com o patrimônio do sócio. Com relação à solicitação da conversão do julgamento em diligência, insta destacar que foi oportunizada ao contribuinte a juntada da documentação necessária à demonstração dos seus argumentos, de modo que não há necessidade de conversão em diligência, pois presentes as informações necessárias ao deslinde da controvérsia. Nesse contexto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 748DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14098.000111/2010-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
LANÇAMENTO. DESCRIÇÃO DOS FATOS GERADORES. QUANTIFICAÇÃO DA BASE TRIBUTÁVEL. FUNDAMENTOS LEGAIS DO DÉBITO. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
O fisco, ao narrar os fatos geradores e as circunstâncias de sua ocorrência, a base tributável e a fundamentação legal do lançamento, fornece ao sujeito passivo todos os elementos necessários ao exercício do seu direito de defesa, não havendo o que se falar em prejuízo a esse direito ou falta de motivação do ato, mormente quando os termos da impugnação permitem concluir que houve a prefeita compreensão do lançamento pelo autuado.
Numero da decisão: 2201-003.421
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, DIONE JESABEL WASILEWSKI, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARCELO MILTON DA SILVA RISSO, CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA e RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Carlos Henrique de Oliveira - Presidente Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, DIONE JESABEL WASILEWSKI, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARCELO MILTON DA SILVA RISSO, CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA e RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM.
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DESCRIÇÃO DOS FATOS GERADORES. QUANTIFICAÇÃO DA BASE TRIBUTÁVEL. FUNDAMENTOS LEGAIS DO DÉBITO. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. O fisco, ao narrar os fatos geradores e as circunstâncias de sua ocorrência, a base tributável e a fundamentação legal do lançamento, fornece ao sujeito passivo todos os elementos necessários ao exercício do seu direito de defesa, não havendo o que se falar em prejuízo a esse direito ou falta de motivação do ato, mormente quando os termos da impugnação permitem concluir que houve a prefeita compreensão do lançamento pelo autuado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Carlos Henrique de Oliveira Presidente Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, DIONE JESABEL WASILEWSKI, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARCELO AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 09 8. 00 01 11 /2 01 0- 79 Fl. 159DF CARF MF Processo nº 14098.000111/201079 Acórdão n.º 2201003.421 S2C2T1 Fl. 160 2 MILTON DA SILVA RISSO, CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA e RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão nº 1450.837 7a Turma da DRJ/RPO, que julgou improcedente a impugnação. O lançamento em questão referese a contribuições sociais devidas correspondentes à referentes à parte dos segurados incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais, não descontadas pela empresa e não declaradas em Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, relativas ao período de 01 a 12/2007, tudo conforme o Relatório Fiscal – RF e anexos que compõem o AIOP, no montante de R$ 64.435,24 (sessenta e quatro mil, quatrocentos e trinta e cinco reais e vinte e quatro centavos), consolidado em 17/06/2010. Informa o Relatório Fiscal que os fatos geradores da contribuições aqui cobradas estão detalhados no anexo Relatório de Lançamentos RL, identificando os levantamentos utilizados. Registra ainda o Relatório Fiscal que as GFIP consideradas pela fiscalização foram as últimas transmitidas pela autuada antes do início do procedimento fiscal, que todos os recolhimentos efetuados em GPS, código 2100, assim como os créditos oriundos de LDC – Lançamento de Débito Confessado foram devidamente considerados e aproveitados aos débitos originados pelas informações declaradas em GFIP e os saldos remanescentes foram aproveitados aos débitos constituídos pelos lançamentos relativos aos levantamentos GS e NE, dos quais os recolhimentos efetuados em 31/01/2008 em GPS – competência 03/2007, foram transferidos para as competências 04 e 05/2007, para um melhor aproveitamento do crédito. Relaciona a documentação apresentada pela empresa e que serviu de base para o presente lançamento, entre elas, as folhas de pagamento de 01 a 12/2007, GPS e GFIP de 01/2006 a 12/2007, Livros Diários e Razão 2006 e 2007 e Livros de Entradas, Saídas e Apuração de ICMS 2006 e 2007. O crédito tributário lançado encontrase fundamentado na legislação constante no Fundamentos Legais do Débito FLD. Aduz ainda acerca da formalização de Representação Fiscal para Fins Penais – RFFP, em virtude de ter o sujeito passivo, em tese, incorrido no crime de sonegação de contribuições previdenciárias. Apresentada impugnação ao lançamento, a decisão de primeira instância (fls.96/100) restou ementada nos termos abaixo: CUSTEIO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DOS SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. A empresa é obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados empregados e contribuintes individuais a seu serviço e recolher o produto arrecadado. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 14098.000111/201079 Acórdão n.º 2201003.421 S2C2T1 Fl. 161 3 Cientificado do acórdão de primeira instância em 17/07/2014 (fl.102), o sujeito passivo apresentou Recurso Voluntário (fls.103/105) por via postal, tempestivamente, em 18/08/2014, alegando, em síntese, que: A decisão deve ser inteiramente reformada tendo em vista que o lançamento não foi claramente fundamentado. Os fatos geradores não foram apresentados e explicitados pela fiscalização, além de não ter sido indicadas as contas contábeis e os livros que serviram de apoio para a apuração da base de cálculo das contribuições previdenciárias lançadas sobre os pagamentos a contribuintes individuais e relativas às contribuições cobradas incidentes sobre a comercialização e aquisição de produção rural. Reitera os argumentos apresentados na impugnação, alegando que a autuação dever ser cancelada por estar eivada de vícios insanáveis de legalidade e de forma. Por fim, requer o acolhimento e provimento do presente recurso para o fim de que seja cancelado o débito fiscal reclamado. É o relatório. Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Da Alegação de Nulidade do Lançamento A insurgência da recorrente fundase exclusivamente em atacar os aspectos formais do lançamento. No seu entendimento, não houve a devida fundamentação. Os fatos geradores não foram apresentados e explicitados de forma adequada, além de não ter sido indicadas as contas e os livros contábeis que serviram de apoio para a apuração da base de cálculo das contribuições previdenciárias lançadas sobre os pagamentos a contribuintes individuais e relativas às contribuições cobradas incidentes sobre a comercialização e aquisição de produção rural. Tais fatos, no seu entendimento, acarretam cerceamento ao direito de defesa, eivando o lançamento de vício insanável que levaria a sua nulidade. Essas questões, já apresentadas por ocasião da impugnação, são renovadas em sede recursal. Tais argumentos foram rechaçados com propriedade pela decisão de piso, nos termos seguintes: Os valores lançados através do levantamento GS, referemse a fatos geradores informados em GFIP entregue em 15/04/2009 e, posteriormente, substituída pela empresa, com a entrega de nova GFIP. A identificação de que a GFIP considerada foi a entregue nesta data está no Relatório de Lançamentos – RL, mês a mês, onde a fiscalização aponta que ali obteve os valores Fl. 161DF CARF MF Processo nº 14098.000111/201079 Acórdão n.º 2201003.421 S2C2T1 Fl. 162 4 que serviram de base para os montantes cobrados sob este levantamento. Em consulta aos sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil – RFB, sistema GFIP Web, temse que os segurados empregados informados nesta GFIP não se encontram informados na GFIP considerada pela fiscalização durante a ação fiscal, qual seja, a última entregue antes do início do procedimento fiscalizatório. Assim, em todos os meses de 2007, a empresa informou na GFIP de 15/04/2009 uma relação de empregados que não se encontram informados na GFIP válida. Por isso, a identificação do levantamento GS, como sendo de remunerações de segurados empregados declarados em GFIP substituída. Todas as informações relativas às GFIP foram produzidas pela própria empresa, portanto, são de seu domínio esses fatos, o que descarta a alegação de cerceamento de defesa. Já com relação ao levantamento NE, os valores aqui considerados estão demonstrados no Anexo I ao Termo de Intimação Fiscal TIF nº 1, de 16/03/2010, de fls. 37 e 38, e que a própria empresa, em resposta ao referido TIF, às fls. 44 a 46, reconhece a divergência encontrada pela fiscalização entre a folha de pagamento e a GFIP, e dispõe que tal fato ocorreu por desatenção do departamento de processamento da folha de pagamento. Ou seja, a própria empresa reconhece a incorreção verificada pela fiscalização, demonstrada no Anexo I, e cobrada através do levantamento NE, não cabendo, novamente, se falar em cerceamento de defesa da impugnante. Em continuidade, aduz ainda a impugnante que não houve a indicação do objeto dos serviços prestados pelos contribuintes individuais e, que na relação das bases de cálculo informadas no RL, constam Notas Fiscais de Pessoas Jurídicas, incompatíveis com serviços prestados por pessoas físicas. Não merecem prosperar tais argumentações. A fiscalização informou no item 5 do RF quais os documentos examinados que subsidiaram a ação fiscal e o presente lançamento, indicando as folhas de pagamento de 01 a 12/2007, GPS e GFIP de 01/2006 a 12/2007, Livros Diários e Razão 2006 e 2007 e Livros de Entradas, Saídas e Apuração de ICMS 2006 e 2007. Estão indicados no RF os Livros contábeis utilizados no lançamento, além das folhas de pagamento, GFIP e GPS e há a indicação das contas contábeis onde se constatou os serviços prestados por contribuintes individuais, na planilha Anexo II do TIF nº 1, datado de 16/03/2010. Além disso, analisandose o Relatório de Lançamentos – RL e as planilhas que fizeram parte do TIF nº 01, verificase a identificação dos segurados contribuintes individuais, referências ao serviço prestado em diversos casos, e/ou referências à numeração do documento que embasou a cobrança, valores de base de cálculo, não vislumbra este julgador qualquer óbice à defesa da autuada. Assim, estão Fl. 162DF CARF MF Processo nº 14098.000111/201079 Acórdão n.º 2201003.421 S2C2T1 Fl. 163 5 suficientemente identificados os fatos geradores que motivaram o presente AIOP relativamente aos contribuintes individuais. Registrese ainda que a resposta da empresa ao TIF nº 1, às fls. 44 a 46, informa que os contribuintes individuais que lhe prestaram serviços, constantes na relação fornecida pela fiscalização no Anexo II ao TIF e que embasam o presente AIOP, não foram incluídos em GFIP e folha de pagamento, por se tratarem de valores pequenos e que foram pagos pelo escritório administrativo localizado no MT, e que, por erro de procedimento, essas informações não foram repassadas ao escritório do Rio de Janeiro. Portanto, a própria empresa assume que os serviços foram efetivamente prestados e nenhuma razão existe para que se declare improcedente os respectivos lançamentos. Também a alegação genérica da impugnação de que existiriam Notas Fiscais de Serviço de pessoas jurídicas na relação das bases de cálculo apresentadas pela fiscalização no RL, não se mostra adequada, já que analisando as informações contidas no referido anexo, este julgador não identificou a qual serviço prestado aqui lançado se referiu a defendente, não se constata o afirmado pela empresa, nem ela traz elementos que comprovem suas alegações. Por fim, a disposição da impugnante de que a fiscalização não identificou se a alíquota utilizada para determinação das contribuições aqui lançadas relativamente aos contribuintes individuais foi a mínima ou se os descontos foram apurados em alguma documentação, também não prospera, Primeiro, porque a alíquota que a empresa deveria ter retido das remunerações dos contribuintes individuais a seus serviços é única no montante de 11%, e, segundo, porque o anexo Fundamentos Legais do Débito FLD informa toda a legislação que embasa essa cobrança, inclusive sobre a alíquota a ser aplicada, não cabendo se acatar a alegação da impugnante. Incabível, assim, a alegação de que estamos diante de lançamentos maculados por vício insanável em decorrência de cerceamento de defesa da impugnante. Não há qualquer dúvida nos autos que os lançamentos efetuados foram devidamente motivados, de forma clara e com fatos geradores explicitados conforme disposto acima, não cabendo se acatar o requerido pela empresa, que, em função de cerceamento do seu direito de defesa, se declare a improcedência dos AIOP que compõem este processo. A recorrente não contra argumentou nenhum aspecto abordado na decisão de primeira instância, limitandose a renovar as alegações esposadas na peça defensiva. Fl. 163DF CARF MF Processo nº 14098.000111/201079 Acórdão n.º 2201003.421 S2C2T1 Fl. 164 6 Asseverou que a Autoridade Fiscal não se desvencilhou do ônus de provar a ocorrência do fato gerador, por esse motivo o lançamento estaria irremediavelmente marcado com a pecha da nulidade. No entender da recorrente, a nulidade seria também uma decorrência da falta de motivação do ato administrativo de lançamento. A princípio cabe verificar se o presente lançamento foi confeccionado em consonância com o art. 142 do CTN, in verbis: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Do dispositivo transcrito verificase que um dos requisitos indispensáveis ao lançamento é a verificação da ocorrência do fato gerador. De fato, se o fisco não se desincumbir do ônus de demonstrar que efetivamente a hipótese de incidência tributária se concretizou no mundo fático, o lançamento é imprestável. Todavia, não é essa situação que os autos revelam. O relato da auditoria aponta que os fatos geradores das contribuições lançadas foram as remunerações pagas ou creditadas a segurados empregados a contribuintes individuais, reconhecendo a própria recorrente que tais valores não foram pagos. A comprovação do pagamento das referidas parcelas foi obtida com esteio na documentação fornecida pela notificada no decorrer da auditoria, mormente as folhas de pagamento e os registros contábeis. Nesse sentido, vejo que o Auto de Infração e seus anexos demonstram a contento a situação fática que deu ensejo à exigência fiscal, inclusive os elementos que foram analisados para se identificar a ocorrência dos fatos geradores. Não é exaustivo salientar que as bases de cálculo se encontram bem explicitadas no Relatório de Lançamentos. As alíquotas podem ser visualizadas sem dificuldades pela leitura do Discriminativo Analítico o Débito DAD. O Relatório Fundamentos Legais do Débito traz a discriminação, por período, da base legal utilizada para constituição do crédito previdenciário, além de que no próprio corpo do relatório fiscal houve menção aos dispositivos que levaram a auditoria a concluir pela concretização da hipótese de incidência tributária. Por outro lado, o sujeito passivo, embora alegue o defeito no lançamento, não especifica qual o ponto que, por não ter a clareza e precisão suficientes, veio a acarretar prejuízo ao seu direito de defesa. Assim, não enxergo motivo para que se anule o Auto de Infração sob julgamento, posto que os requisitos formais e a motivação apresentadas foram suficientes para Fl. 164DF CARF MF Processo nº 14098.000111/201079 Acórdão n.º 2201003.421 S2C2T1 Fl. 165 7 que o sujeito passivo exercesse o seu direito de defesa com amplitude, nem mereça reforma a decisão de primeira instância. Conclusão Diante de todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 165DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.726141/2014-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2201-000.247
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do Relator
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Trata o presente da Notificação de Lançamento nº 2013/207922308802980, fl. 26 a 30, originária de procedimento efetuado em sede de antecipação Malha Fiscal em que a Autoridade Administrativa identificou infrações à legislação tributária que levaram à seguinte alteração na Declaração apresentada pelo recorrente: a) glosa de IRRF de R$ 3.621,72 incidente sobre os rendimentos recebidos de DESIGN & ARTE - TECNOLOGIA EM SERVIÇOS DIGITAIS LTDA - EPP, CNPJ 08.987.540/0001-12, por não ter o contribuinte comprovado, por meio de documentação hábil, o efetivo ônus do tributo. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .7 26 14 1/ 20 14 -4 1 RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .7 26 14 1/ 20 14 -4 1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária março de 2017 RICARDO FORTUNADO ZEGANIN RICARDO FORTUNADO ZEGANIN FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. julgamento em diligência nos termos do voto do Relator. julgamento em diligência nos termos do voto do Relator. Fl. 69DF CARF MF Processo nº 10830.726141/2014-41 Resolução nº 2201-000.247 S2-C2T1 Fl. 70 2 Inconformado com o lançamento, o contribuinte apresentou a impugnação de fl. 2, na qual alegou que o valor glosado consta do extrato fornecido pela fonte pagadora, fl. 3, emitido em nome de Anna de Lourdes Ansetti Zeganin. No julgamento em 1ª instância, a Delegacia da Recita Federal de Julgamento em Salvador/BA considerou improcedente a impugnação, por entender que o extrato apresentado não supria a exigência da legislação para fins de comprovação do imposto retido, por não ter sido emitido pela fonte pagadora do rendimento, mas sim pela imobiliária que administra o contrato de locação. Ciente do Acórdão da DRJ em 18 de dezembro de 2014, por meio do recebimento de cópia do processo solicitada em fl. 42, tempestivamente, o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fl. 53, no qual afirma que o IRRF em questão seria decorrente de contrato de aluguel de imóvel de propriedade conjunta com sua esposa. Junta o contrato de locação (fl. 55) e alega que não o apresentou antes por entender que apenas o comprovante apresentado seria suficiente, por já tê-lo apresentado em exercícios anteriores. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azerdo Embora não conste dos autos, tendo em vista que o recorrente incluiu como dependente a titular dos rendimentos de aluguel em comento, entendo dispensável a comprovação da propriedade conjunta do imóvel alugado. Analisando o Contrato de Locação apresentado, nota-se que o valor da locação seria pago mediante boleto bancário em favor da Administradora Tempus Imóveis. Contudo, não foram apresentados tais documentos ou a comprovação de que o ônus do tributo tenha sido suportado pelo recorrente. Assim, considerando que não há nos sistemas da RFB informações em DIRF que pudessem corroborar o documento juntado em fl. 3, tampouco existem recolhimentos compatíveis com os valores supostamente retidos, voto pela conversão do julgamento em diligência para que a unidade responsável pela administração do tributo adote as seguintes ações: a) Intimar a Administradora Tempus Imóveis para apresentar cópias dos boletos bancários mensais relativos ao aluguel de que trata o contrato de fl. 55, pagos no ano de 2012, em que fiquem demonstrado o valor bruto de cada mensalidade, o valor do IRRF e o valor líquido efetivamente pago pela locatária. Ademais, a Administradora deverá comprovar o depósito em favor da locadora do imóvel, já descontada a taxa de administração e o eventual valor do IRRF; b) Intimar a empresa DESIGN & ARTE - TECNOLOGIA EM SERVIÇOS DIGITAIS LTDA - EPP, CNPJ 08.987.540/0001-12, para apresentar os boletos de quitação do aluguel de que trata o contrato de fl 55 (para toda a vigência do contrato), bem assim para comprovar a declaração do valores em questão em DIRF e o recolhimento dos respectivos IRRF. Fl. 70DF CARF MF Processo nº 10830.726141/2014-41 Resolução nº 2201-000.247 S2-C2T1 Fl. 71 3 Juntados aos autos os documentos acima, o processo deverá retornar a este Conselho para prosseguimento do julgamento, com a ressalva de que, caso a Administradora Tempus Imóveis apresente toda a documentação solicitada e a empresa DESIGN & ARTE - TECNOLOGIA EM SERVIÇOS DIGITAIS LTDA - EPP, CNPJ 08.987.540/0001-12 não demonstre o efetivo recolhimento do tributo retido, cópia do presente deverá ser encaminhada à projeção de Programação para avaliação se a materialidade tributária envolvida justifica a inclusão do contribuinte em Programa de Fiscalização. É como voto. Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator Fl. 71DF CARF MF
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Numero do processo: 18050.000995/2008-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE INOCORRÊNCIA.
Não há nulidade sem prejuízo para a parte, quanto mais se houve no processo administrativo tributário total garantia ao contraditório e ampla defesa.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE INOCORRÊNCIA.
Não se verifica alteração de fundamentação legal em ato pelo qual a Administração Tributária, devidamente motivada e com indicação da fundamentação legal, corrige omissão em ato administrativo prolatado.
ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. APLICAÇÃO INTEGRAL DE SEUS RESULTADOS OPERACIONAIS EM SEUS OBJETIVOS.
A prestação dos serviços de saúde, por parte de uma entidade que tem por objetivo a prestação assistencial da saúde, pode ser realizada para órgão público encarregado de promoção da saúde e integrante do Sistema Único de Saúde, SUS. É ônus do Fisco comprovar que um serviço foi prestado mediante cessão de mão-de-obra.
ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. PROMOÇÃO ASSISTENCIAL DE SAÚDE.
A prestação de serviços de saúde integrante dos programas de Saúde da Família e Controle de Doenças Endêmicas e Epidemiológicas, por meio do SUS caracteriza a prestação assistencial da saúde.
ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. ENTIDADE EM DÉBITO COM A SEGURIDADE SOCIAL.
Mero inadimplemento, pontual e de baixo valor, não caracteriza o débito ensejador do cancelamento da isenção previsto no artigo 55 da Lei de Custeio, quanto mais quando se comprova a falta de repasse de verbas por órgão integrante do SUS.
ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. PROIBIÇÃO DE CONCESSÃO DE VANTAGENS PARA DIRETORES E INSTITUIDORES.
A mera contratação de pessoa jurídica que tenha em seu contrato social, sócio que possua cargo na entidade portadora de isenção, não caracteriza a percepção de vantagem por parte desse diretor. Necessidade de comprovação por parte do Fisco, ao menos indiciariamente, da percepção da vantagem obtida.
Numero da decisão: 2201-003.473
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade por cerceamento do direito de defesa e por alteração na fundamentação legal do ato cancelatório. No mérito, também por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para determinar o restabelecimento do direito à isenção das contribuições previdenciárias a partir de 02/2000.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Relator.
EDITADO EM: 29/03/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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NULIDADE INOCORRÊNCIA. Não há nulidade sem prejuízo para a parte, quanto mais se houve no processo administrativo tributário total garantia ao contraditório e ampla defesa. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE INOCORRÊNCIA. Não se verifica alteração de fundamentação legal em ato pelo qual a Administração Tributária, devidamente motivada e com indicação da fundamentação legal, corrige omissão em ato administrativo prolatado. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. APLICAÇÃO INTEGRAL DE SEUS RESULTADOS OPERACIONAIS EM SEUS OBJETIVOS. A prestação dos serviços de saúde, por parte de uma entidade que tem por objetivo a prestação assistencial da saúde, pode ser realizada para órgão público encarregado de promoção da saúde e integrante do Sistema Único de Saúde, SUS. É ônus do Fisco comprovar que um serviço foi prestado mediante cessão de mãodeobra. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. PROMOÇÃO ASSISTENCIAL DE SAÚDE. A prestação de serviços de saúde integrante dos programas de Saúde da Família e Controle de Doenças Endêmicas e Epidemiológicas, por meio do SUS caracteriza a prestação assistencial da saúde. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. ENTIDADE EM DÉBITO COM A SEGURIDADE SOCIAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 05 0. 00 09 95 /2 00 8- 44 Fl. 1170DF CARF MF 2 Mero inadimplemento, pontual e de baixo valor, não caracteriza o débito ensejador do cancelamento da isenção previsto no artigo 55 da Lei de Custeio, quanto mais quando se comprova a falta de repasse de verbas por órgão integrante do SUS. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. PROIBIÇÃO DE CONCESSÃO DE VANTAGENS PARA DIRETORES E INSTITUIDORES. A mera contratação de pessoa jurídica que tenha em seu contrato social, sócio que possua cargo na entidade portadora de isenção, não caracteriza a percepção de vantagem por parte desse diretor. Necessidade de comprovação por parte do Fisco, ao menos indiciariamente, da percepção da vantagem obtida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade por cerceamento do direito de defesa e por alteração na fundamentação legal do ato cancelatório. No mérito, também por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para determinar o restabelecimento do direito à isenção das contribuições previdenciárias a partir de 02/2000. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Relator. EDITADO EM: 29/03/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de recurso contra ato cancelatório que determinou a suspensão da isenção de entidade beneficente por descumprimento dos requisitos legais para fruição do benefício constitucional. O procedimento fiscal foi instaurado por meio de Mandado de Procedimento Fiscal, MPF nº 09.404.751F00, do qual o contribuinte teve ciência pessoal em 01 de junho de 2007 (efls 256). Fl. 1171DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.171 3 O contribuinte foi pessoalmente cientificado da informação fiscal (fls. 02) que propôs o cancelamento da isenção, a partir da competência 02 de 2000, em 19 de dezembro de 2007, conforme se verifica às folhas 31. Em 14 de janeiro de 2008, a entidade protocolizou defesa, rebatendo os pontos da informação fiscal que pugnava pelo cancelamento da isenção tributária. Como decorrência, foi emitido em 17 de julho de 2012, Despacho Decisório nº 215/2008, de 26 de junho de 2008, pelo Serviço de Orientação e Análise Tributária da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Salvador, determinando a emissão de Ato Cancelatório nº 001/2008 suspendendo o gozo do benefício da isenção tributária a partir de 01 de maio de 2000. Consta do Ato Cancelatório: "ATO CANCELATÓRIO DE ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS N.° 0001/2008 DRF/SDR 1 . DADOS DA ENTIDADE NOME DA ENTIDADE: REAL SOCIEDADE ESPANHOLA DE BENEFICÊNCIA CNPJ: 15.113.103/000135 TELEFONE : 32641999 ENDEREÇO: Avenida Sete de Setembro, 4161 CEP 40140.100 BAIRRO: Barra MUNICÍPIO: SALVADOR UF: BA 2. DECLARAÇÃO DE CANCELAMENTO DECLARO CANCELADA, com base no disposto no § 8 o , artigo 206, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 6 de maio de 1999, a partir de 01/05/2000, a isenção das contribuições de que tratam os artigos 22 e 23 da Lei n.° 8.212, de 24 de julho de 1991, concedida à entidade Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, acima identificada, por infração ao(s) Parágrafo 6o , do artigo 55 da Lei n° 8.212, de 1991, combinado com o artigo 206§§ 12 e 13 do Decreto n° 3048/99 RPS, pelos motivos especificados em Informação Fiscal de 18/12/2007, com ciência em 19/12/2007 e Despacho Decisório n° 215/2008 DRF/SDR, anexo. Local e data: Salvador, 26 de junho de 2008." O procedimento fiscal autorizado pelo MPF supra identificado, embasador do cancelamento da isenção, também resultou na constituição de crédito tributário no valor originário de R$ 675.583,87, DEBCAD 37.056.9113, consolidado em 19/12/2007, relativo às contribuições descontadas dos segurados empregados e contribuintes individuais e não recolhidas pelo sujeito passivo, tudo consoante o Relatório Fiscal constante das folhas 192. A autoridade lançadora na mencionada Informação Fiscal, após discorrer sobre a legislação aplicável às entidades beneficentes, apresenta em conclusão os fatos que culminaram na perda da isenção (fls. 29): Fl. 1172DF CARF MF 4 8 DA CONCLUSÃO 8.1 Essa informação relatou fatos que evidenciam o descumprimento dos requisitos legais exigidos para a manutenção da isenção, conforme disposto no art. 55, da Lei 8.212/91, regulamentado pelo art. 206, §8°, I do RPS. 8.2 Constatado pela fiscalização da Receita Federal do Brasil que a pessoa jurídica beneficente não atende aos requisitos do artigo 55, da Lei 8.212/91, regulamentado pelo RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, será emitida a qualquer tempo, Informação Fiscal na qual serão relatados os fatos que ensejariam a perda da isenção. 8.3 Conforme relatado e documentado, verificase que a Real Sociedade Espanhola de Beneficência Hospital Espanhol não atendeu, cumulativamente, a todos os requisitos do art. 55 da Lei 8.212/91, mais precisamente, os incisos III, IV e V. 8.4 Os pontos relevantes anotados neste relatório foram: 8.4.1 Os contratos de cessão de mãodeobra firmados com a Prefeitura Municipal de Salvador descumprem os incisos III e V, do artigo 55, da Lei 8.212/91, conforme se pode aferir do entendimento do Parecer da Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social 3.272/2004, aprovado pelo Ministro, com força vinculante. O mês da primeira contratação foi 02/2002; 8.4.2 Foram constatados pagamentos para empresas que possuem no quadro societário diretores da entidade, caracterizando vantagem indevida e configurando descumprimento ao inciso IV, do artigo 55, da Lei 8.212/91. O primeiro pagamento detectado pela fiscalização foi realizado em 01/2004. 8.4.3 A Real Sociedade Espanhola de Beneficência mantevese em débito em relação aos tributos previdenciários declarados na Guia de Recolhimentodo FGTS e Informação à Previdência Social GFIP, durante vários meses do período da ação fiscal, configurando descumprimento do disposto no §12, do artigo 206, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99. Atualmente a empresa está em débito devidamente constituído por meio de declaração em GFIP em diversas competências, sendo a primeira delas em 02/2000, conforme demonstrado no item 4.7.2. 8.5 Diante do exposto, postulase O CANCELAMENTO DA ISENÇÃO, a partir de 02/2002, por descumprimento do item 7.4.1, a partir de 01/2004, pela infração relatado no item 7.4.2 e a partir de 02/2000 pelo descumprimento apontado no item 7.4.3." (negritei e sublinhei) O contribuinte teve ciência do ato cancelatório por via postal, em 18 de novembro de 2008, conforme se verifica no AR acostado às folhas 498. Fl. 1173DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.172 5 Inconformado, apresentou tempestivamente, em 15 de dezembro de 2008, recurso voluntário (fls .502), pelo qual reitera os motivos de sua defesa contra a informação fiscal. Porém, em 13 de maio de 2009 (AR fls 684), por meio de ofício de folhas 683, a entidade é cientificada da emissão de novo ato cancelatório, de mesmo número, embasado no mesmo despacho decisório. Vejamos: "SEORT/DRF/SDR(Isenção Previdenciária) 05/05/2009 À REAL SOCIEDADE ESPANHOLA DE BENEFICÊNCIA Av. Sete de Setembro, 4161BarraSalvador/BA CEP 40140100 REF: Ato Cancelatório de Isenção Previdenciária n° 0001/2008 Estamos encaminhando Ato Cancelatório de Isenção Previdenciária desta Entidade, que. deverá substituir o anteriormente enviado, na oportunidade em que reratificamos o cancelamento da isenção, a partir de 01/05/2000, por infringência ao § 6o do artigo 55 da Lei n° 8212/91 e incisos III e IV, do mesmo artigo e Lei, conforme Despacho Decisório n° 215/2008, já enviado à Contribuinte. Informamos que esta reaberto o prazo para interposição de recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de trinta dias, contados da ciência desta." Irresignado, o contribuinte apresenta, em 04/06/2009, tempestivamente portanto, novo recurso (fls 686), onde, em síntese, alega: · nulidade do processo administrativo em face da incorreta fundamentação legal do ato cancelatório de 2007; · nulidade pela impossibilidade de retificação da base legal, posto que já o exercício da defesa pelo contribuinte, e não pode agora, com o processo em segunda instância, a Administração almejar a correção da nulidade; · nulidade por falta de informações e documentos suficientes para exercício da ampla defesa, posto que não se informa que o ato retifica o ato anterior, não há indicação de processo administrativo ao qual se encontra vinculado, nem contém os documentos necessário para o exercício da ampla defesa; · no mérito, reitera os argumentos recursais já apresentados na defesa da informação fiscal. Fl. 1174DF CARF MF 6 Em 08 de setembro de 2011, por meio de despacho de folhas 887, o Serviço de Controle de Julgamento, SECOJ/CARF, determina o retorno dos autos à DRF Salvador para que se verifique, por meio de diligência, as determinações constantes do Decreto nº 7.237/10. Em 29 de setembro de 2013, a entidade peticiona reiterando os pedidos constantes do Voluntário e em face da edição da Medida Provisória 446/08, com posterior rejeição da mesma pela Câmara dos Deputados, sem a edição do decreto legislativo que dispusesse sobre os efeitos da norma provisória, e considerando o posicionamento da AGU sobre o tema, todos os certificados que embasam as isenções foram convalidados e portanto, o presente processo administrativo perdeu seu objeto devendo ser revogado o ato cancelatório que aqui se discute. Cumprindo a diligência determinada por este Conselho Administrativo, em 05 de agosto de 2014, o Serviço de Fiscalização da DRF Salvador produz o relatório de diligência, acostado às folhas 979, que conclui que o fato da entidade ter prestado serviços mediante cessão de mãodeobra para a Prefeitura de Salvador e das vantagens percebidas pelos diretores da Entidade, houve o descumprimento do artigo 29, incisos I e II, da Lei nº 12.101/09. Cientificado, pessoalmente, do relatório de diligência em 06 de agosto de 2014 (fls 987), o Contribuinte, em 02 de setembro de 2014, apresenta suas contrarrazões, entre as quais, reiteras os efeitos da MP 446/08 e no mérito, suas razões recursais. Por sorteio eletrônico, em razão do término do mandato do Conselheiro Carlos Alberto Mess Stringari, o processo foi a mim distribuído. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA O recurso é tempestivo. Passo a apreciálo na ordem de suas alegações. DA NULIDADE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DA INCORRETA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DO ATO ANTERIOR Como consta do Relatório, o cancelamento da isenção que aqui se aprecia se origina de Informação Fiscal lavrada em 18 de dezembro de 2007 (fls 02/31). Devidamente impugnada, restou apreciada pela Despacho Decisório nº 215/2008 (fls. 482), que apresenta a seguinte conclusão (fls. 496): "DECISÃO Por tudo o que se relatou; Considerando tudo o mais que consta dos autos; Julgo PROCEDENTE a Informação Fiscal, e decido: Fl. 1175DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.173 7 a) Rejeitar as alegações suscitadas na Defesa da entidade, na forma da fundamentação aqui constante, julgando procedente a Informação Fiscal. b) Determinar a emissão do Ato Cancelatório da Isenção, a partir de 01/05/2000, por descumprimento do parágrafo 6o do artigo 55, da Lei n° 8212/91 (débito) e, subsidiariamente, a partir de 01/02/2002 por descumprimento inciso III do artigo 55 da Lei n" 8212/91 (cessão de mão de obra) e, ainda, a partir de 01/01/2004 por descumprimento do inciso IV do artigo 55 da mesma lei acima(concessão de vantagens para sócios)." (destaquei) O cumprimento de tal decisão se dá com a expedição do Ato Cancelatório de Isenção de nº 0001/2008 DRF/SDR (fls. 497), datado de 26 de junho de 2008, que novamente reproduzimos, no ponto que nos interessa: "DECLARO CANCELADA, com base no disposto no § 8 o , artigo 206, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 6 de maio de 1999, a partir de 01/05/2000, a isenção das contribuições de que tratam os artigos 22 e 23 da Lei n.° 8.212, de 24 de julho de 1991, concedida à entidade Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, acima identificada, por infração ao(s) Parágrafo 6o , do artigo 55 da Lei n° 8.212, de 1991, combinado com o artigo 206§§ 12 e 13 do Decreto n° 3048/99 RPS, pelos motivos especificados em Informação Fiscal de 18/12/2007, com ciência em 19/12/2007 e Despacho Decisório n° 215/2008 DRF/SDR, anexo." (negritei e sublinhei) Porém, em maio de 2009, a Delegacia da Receita Federal em Salvador encaminha outro Ato Cancelatório de Isenção, de mesmo número. O ofício de encaminhamento tem o seguinte teor (fls. 683): "REF: Ato Cancelatório de Isenção Previdenciária n° 0001/2008 Estamos encaminhando Ato Cancelatório de Isenção Previdenciária desta Entidade, que deverá substituir o anteriormente enviado, na oportunidade em que reratificamos o cancelamento da isenção, a partir de 01/05/2000, por infringência ao § 6o do artigo 55 da Lei n° 8212/91 e incisos III e IV, do mesmo artigo e Lei, conforme Despacho Decisório n° 215/2008, já enviado à Contribuinte. Informamos que esta reaberto o prazo para interposição de recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de trinta dias, contados da ciência desta." (destaquei) O novo ato cancelatório está assim redigido (fls 685): "DECLARO CANCELADA, com base no disposto no § 8 o , artigo 206, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 6 de maio de 1999, a partir Fl. 1176DF CARF MF 8 de 01/05/2000, a isenção das contribuições de que tratam os artigos 22 e 23 da Lei n.° 8.212, de 24 de julho de 1991, concedida à entidade Real Sociedade Espanhola de Beneficência, acima identificada, por infração ao(s) Parágrafo 6 o , do artigo 55 da Lei n° 8.212, de 1991, combinado com o artigo 206§§ 12 e 13 do Decreto n° 3048/99 RPS e incisos III e IV do artigo 55 da Lei n° 8212/91, pelos motivos especificados em Informação Fiscal de 18/12/2007, com ciência em 19/12/2007 e Despacho Decisório n° 215/2008 DRF/SDR, anexo. Local e data: Salvador, 05 de maio de 2009." (destaquei) É sobre esses fatos que se insurge a recorrente alegando (fls 687): "Inicialmente cumpre discorrer acerca do ato cancelatório expedido em 2007, uma vez que a própria autoridade autuante assumiu, de ofício, que houve erro no enquadramento legal, ou seja, os fatos narrados não correspondem à motivação jurídica alegada e por esse motivo o ato foi retificado. Com efeito, todo ato administrativo, além da obrigação de possuir fundamentação legal, sob pena de violar o princípio da legalidade e o da motivação do ato administrativo, celebrados pelo art. 37, caput, e inciso I, do art. 150, ambos da Constituição Federal de 1988; deve possuir uma fundamentação correta, ou seja, pautada no ordenamento jurídico que efetivamente incida sobre o ato praticado. A omissão desta fundamentação, ou qualquer equívoco cometido em seu embasamento legal, não permite ao administrado a prática da uma ampla defesa administrativa de seus direitos, também constitucionalmente garantida (inciso LV, art. 5o, CF/88), uma vez que jamais saberá com certeza a razão pela qual está sendo praticado tal ato administrativo contra ele. (...) DA IMPOSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DA BASE LEGAL Conforme já noticiado, em que pese inexistir informações no ato cancelatório de n°. 0001/2008, tudo faz crer que se trata de ato retificador do cancelamento ao qual a recorrente teve ciência em 2007. Frisese, que ao tomar ciência do ato anterior a ora recorrente apresentou defesa, tomou ciência da decisão de primeira instância e já apresentou Recurso Voluntário, conforme protocolos em anexo Com efeito, a Secretaria da Receita Federal reconheceu de ofício que a descrição dos fatos não correspondia ao enquadramento legal contido no ato anterior, qual seja a base legal dos incisos III e IV do art. 55 da lei 8.212/91. Dessa forma, não pode agora, já na 2° instância administrativa, almejar a correção da nulidade que permeia todo o processo. Fl. 1177DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.174 9 Quando a descrição do ato não corresponde à figura típica apontada, padece o mesmo de nulidade insanável, fundamento suficiente, para, por si só, justificar a nulidade de todo o processo administrativo" Não vejo a nulidade apontada. Explico. Como mencionado, todo ato da Administração Pública deve estar motivado e fundamentado, ou veja, o impulso legal determina o agir da Administração Pública e pauta suas decisões. Tanto assim o é que a Lei nº 9.784, que regula o processo administrativo, explicita: "Art. 2oA Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I atuação conforme a lei e o Direito; (...) VII indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; (...)" (negritei) Por seu turno, o Decreto nº 70.235/72, que versa sobre o processo administrativo tributário, determina que: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo." Ora, não verifico falta de motivação nem de fundamentação do ato administrativo combatido, vez que há, no ato emanado, as razões e amparo legal de sua edição. Também não observo nem a Recorrente demonstra, nulidade por cerceamento de defesa, posto que em seu recurso, com alegações bem fundamentadas e acompanhadas de provas, todos os pontos da imputação fiscal foram abordados, demonstrando compreensão das razões fiscais e exprimindo os motivos da discordância. Importa realçar que também não há como faz crer a Recorrente alteração da base legal da imputação fiscal, ou seja, dos motivos ensejadores do ato cancelatório da isenção que aqui se discute. Demonstro. Fl. 1178DF CARF MF 10 O ato cancelatório decorre de determinação do despacho decisório que apreciou as razões da Fiscalização, constantes da informação fiscal, e da insurgência da Entidade contra a suspensão do gozo da isenção tributária da Recorrente. Tal despacho é claro em fundamentar suas razões. Às folhas 496, encontramos a decisão, transcrita linhas acima, fundamentada no descumprimento dos requisitos do artigo 55, dispostos no § 6º, e nos incisos II e IV. O Ato Cancelatório emitido em agosto de 2008, e acima transcrito, é expresso em remeter a motivação ao Despacho Decisório nº 215/2008. Textualmente, encontramos às folhas 497, a explicação: "pelos motivos especificados em Informação Fiscal de 18/12/2007, com ciência em 19/12/2007 e Despacho Decisório n° 215/2008 DRF/SDR, anexo." Não obstante, em maio de 2009, a Administração resolve reratificar o Ato Cancelatório nº 215/2008, porém sem alterar sua fundamentação, como se observa do cotejamento que se apresentará abaixo: AC nº 215 de jun/2008 AC nº 215 de mai/2009 Fundamento Legal por infração ao(s) Parágrafo 6o , do artigo 55 da Lei n° 8.212, de 1991, combinado com o artigo 206§§ 12 e 13 do Decreto n° 3048/99 RPS, por infração ao(s) Parágrafo 6 o , do artigo 55 da Lei n° 8.212, de 1991, combinado com o artigo 206§§ 12 e 13 do Decreto n° 3048/99 RPS e incisos III e IV do artigo 55 da Lei n° 8212/91 Motivação pelos motivos especificados em Informação Fiscal de 18/12/2007, com ciência em 19/12/2007 e Despacho Decisório n° 215/2008 DRF/SDR, anexo pelos motivos especificados em Informação Fiscal de 18/12/2007, com ciência em 19/12/2007 e Despacho Decisório n° 215/2008 DRF/SDR, anexo. Não se constata alteração de base legal do ato cancelatório. Não há inovação no preceito jurídico inobservado pelo Recorrente, e ensejador do ato cancelatório. O que se observa, no máximo, seria uma omissão somente no ato cancelatório da remissão legal do dispositivo descumprido. Porém, como bem ressaltado no ato vergastado, os preceitos legais descumpridos constam não só da informação fiscal como também do despacho decisório como o próprio nome indica, as razões de decidir da Administração Tributária além das remissões ao Regulamento da Previdência Social, que, por óbvio, explicitam as razões da Lei de Custeio da Previdência Social. Tal equívoco não é ensejador de nulidade. Tal afirmação encontra supedâneo no próprio Decreto nº 70.235/72, que explicita: Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio." (destaquei) Mister ressaltar que não existe, como consta do recurso (fls 691), falta de informações ou documentos que permitam o exercício da defesa do Contribuinte em sua plenitude. Como acima mencionado, a informação fiscal combatida é clara e precisa em apresentar suas razões, comprovandoas, por meio de documentos acostados em seus anexo à Fl. 1179DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.175 11 peça produzida pelo Fisco. Tais características de clareza e fundamentação são encontradas também no despacho decisório combatido, o que permitiu e facilitou a defesa da Entidade Por todo o exposto, rejeito as preliminares de nulidade arguidas. DIREITO ADQUIRIDO INAPLICABILIDADE DA LEI Nº 8.212/91. Passando a tratar do mérito, a Recorrente alega ter direito adquirido à isenção, não se aplicando os preceitos da Lei nº 8.212/91. São seus argumentos (fls. 692): "A REAL SOCIEDADE ESPANHOLA DE BENEFICÊNCIA é uma instituição centenária, e como constatado na própria informação fiscal reconhecida de utilidade pública federal por Decreto de 19 de outubro de 1965 e detentora do certificado de filantropia desde 03 de maio de 1966 Nesse passo, não se deve olvidar que a própria Lei 8.212/91 ressalvou o direito adquirido das entidades que já gozavam do benefício da isenção sob as regras do regime anterior. Diz o §1°, do artigo 55, da Lei Federal n° 8.212/91 § 1° Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trata este artigo será requerida ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despachar o pedido. Nesse sentido, é mister trazer à colação os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. (...)" A decisão de piso tratou do tema com acerto. Vejamos (fls 488): Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento liminar da ADIN n° 20285, manifestou que para fins da imunidade prevista no artigo 195, § 7o da Constituição Federal, as entidades beneficentes de assistência social deverão atender ao artigo 55 da Lei n° 8212/91, em sua redação original, afastando as modificações previstas na Lei n° 9732/98. Abaixo citamos o trecho da referida decisão: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 20285 Decisão IMUNIDADE ENTIDADES BENEFICENTES VÍCIO DE FORMA E DE FUNDO MITIGAÇÃO DO PRECEITO CONSTITUCIONAL REGEDOR DA MATÉRIA LIMINAR DEFERIDA SOB CONDIÇÃO: REFERENDO DO PLENÁRIO (...) Tudo recomenda , assim, que sejam mantidos, até a decisão final desta ação direta de inconstitucionalidade, Fl. 1180DF CARF MF 12 os parâmetros da Lei n° 8212/91, na redação primitiva... (grifamos) (...) Também, no acórdão do julgamento do RE n° 4288151, cujo relator foi o ministro Sepúlveda Pertence, foi deixado claro que o artigo 55 da Lei n° 8212/91 é constitucional. Abaixo reproduzimos a Ementa do Acórdão desse julgamento: RE 428815 A g R / A M AMAZONAS AG.REG NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): M i n . SEPÚLVEDA PERTENCE Julgamento: 07/06/2005 Órgão Julgador: Primeira Turma Publicação: DJ 24062005 j Ementa EMENTA: I. Imunidade tributária: entidade filantrópica: CF, arts. 146, II e 195, §7o : delimitação dos âmbitos da matéria reservada, no ponto, à intermediação da lei complementar e da lei ordinária ( A D 1 M C 1802, 27.8.1 WS, Pertence, DJ I3.2.2004;RE 93.770, 17.3.81, Soares Munoz, RTJ 102/304). A Constituição reduz a reserva de lei complementar da regra constitucional ao que diga respeito "aos lindes da imunidade", à demarcação do objeto material da vedação constitucional de tributar; mas remete à lei ordinária "as normas sobre a constituição e o funcionamento da entidade educacional ou assistencial imune". II. Imunidade tributária: entidade declarada de fins filantrópicos e de utilidade pública: Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos: exigência de renovação periódica (L. 8.212, de 1991, art. 55). Sendo o Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos mero reconhecimento, pelo Poder Público,do preenchimento das condições de constituição e funcionamento, que devem ser atendidas para que a entidade receba o beneficio constitucional, não ofende os arts. 146, II, c 195, § 7o , da Constituição Federal a exigência de emissão e renovação periódicaprevista no art. 55, II, da Lei 8.212/91." Fazemos referência, também, ao Parecer n° 2901/2002, da Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social, que muito bem esclarece a questão do "direito adquirido" na seara da isenção das contribuições sociais, deixando claro que a expressão aposta no § 1° do artigo 55 da Lei n° 8212/91, refere se tão somente à não necessidade de solicitar isenção, para aquelas entidades que já eram isentas em função da Lei n° 3.577/59. Abaixo reproduzimos trechos do referido Parecer: (...) Assim sendo, conforme explicitado acima, as entidades isentas das contribuições sociais previstas nos arts. 22/23 da Lei n° 8212/91, necessitam, sim, atender aos requisitos previstos no art 55 dá mesma lei, mesmo aquelas que já eram isentas antes da edição da referida lei, tendo em vista, as manifestações nessa Fl. 1181DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.176 13 direção dos Tribunais Superiores já citadas e o entendimento do Parecer CJ n° 2901/02, já referido, cujos trechos acima citamos, não podendo prosperar a alegação da defendente de que a referida lei lhe é inaplicável. " (destaquei) Importante ressaltar que a decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Salvador, em especial nos trechos acima transcritos, conta com minha total concordância, não só em sua motivação quanto também na fundamentação apresentada. Do exposto e por entender que não há direito adquirido frente aos requisitos dispostos pela Lei de Custeio para o gozo da isenção prevista no artigo 195 da Carta da República, nego o provimento ao recuso nessa parte. INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 55, DA LEI ORDINÁRIA N° 8.212/91 LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL AO PODER DE TRIBUTAR NECESSIDADE DE LEI COMPLEMENTAR Após tecer considerações sobre as imunidades tributárias e os preceitos constitucionais afetos ao tema, a Recorrente esposando a tese que as imunidades são limitações ao poder de tributar e portanto dependem de lei complementar que as regule alega inconstitucionalidade do artigo 55 e de seus incisos e parágrafos. Quanto a tais argumentos, importante recordar que a autoridade administrativa não devese manifestar sobre a constitucionalidade de leis, posto que não cabe aos Órgãos Julgadores do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF afastar a aplicação da legislação tributária em vigor, nos termos do art. 62 do seu Regimento Interno (Portaria MF nº 343, de 2015), a saber: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. É nesse sentido a Súmula CARF nº 2: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Não é outro o balizado pronunciamento do professor Hugo de Brito Machado (Temas de Direito Tributário, Vol. I, Editora Revista dos Tribunais: São Paulo, 1994, p. 134) sobre a matéria: (...) Não pode a autoridade administrativa deixar de aplicar uma lei ante o argumento de ser ela inconstitucional. Se não cumprila sujeitase à pena de responsabilidade, artigo 142, parágrafo único, do CTN. Há o inconformado de provocar o Judiciário, ou pedir a repetição do indébito, tratandose de inconstitucionalidade já declarada." Do exposto, deixo de apreciar as alegações de inconstitucionalidade dos incisos, parágrafos e do próprio artigo 55 da Lei nº 8.212/91 em razão da incompetência ínsita ao julgador administrativo em face do império da Lei sobre o agir da Administração Pública Fl. 1182DF CARF MF 14 Segue a Recorrente em seu objetivo de, no mérito, afastar o ato cancelatório. Para tanto alega que a decisão do STF na ADIN 2028 afastou a eficácia do inciso III do artigo 55 da Lei nº 8.212/91, e que tal decisão demonstra cabalmente o equívoco na interpretação que a RFB dá ao inciso V do artigo 55 da Lei de Custeio. Após discorrer longamente sobre a melhor interpretação a ser dada aos incisos III e V do artigo 55 da Lei nº 8.212/91, a peça recursal passa demonstrar que os contratos de prestação de serviços do Programa de Saúde da Família e do Combate a Doenças Epidemiológicas são atuações complementares ao Sistema Único de Saúde. Tece também considerações sobre os contratos celebrados com entes públicos, gestores do SUS e a sistemática constitucional da isenção para as entidades assistenciais da Saúde, em especial do Programa Saúde da Família e de combate às endemias. Destaco os seguinte pontos de seus argumentos (fls 741): "Assim, resta claro que a entidade goza de isenção fiscal decorrente da atuação, como entidade filantrópica sem fins lucrativos, nas atividades Programa Saúde da Família e Programa de Vigilância Epidemiológica, objeto de contrato com o Município do Salvador, enquanto gestor destes programas. Alegam os Auditores que os benefícios que a entidade filantrópica possui foram repassados ao Município. Contudo, essa assertiva não é verdadeira. Aliás a informação fiscal não demonstra, nem traz qualquer comprovação dessa afirmação Nesse passo, vale ressaltar, que a entidade enfrenta problemas junto ao Município porque aquele ente federado aduz expressamente que a entidade não repassou o benefício ao preço ofertado na licitação. O fato é que no particular, a afirmação dos fiscais é vazia de conteúdo e de comprovação. Não pode a fiscalização simplesmente fazer a afirmação de que o benefício foi repassado ao Município no preço sem trazer qualquer comprovação de tal circunstância Por fim, vale ressaltar que os contratos celebrados com o Município não podem se caracterizados como simples cessão de mão de obra, como se percebe da simples leitura de seus objetos e das obrigações da Contratada. Observasse que não há qualquer razão jurídica para que os fiscais enquadrem os referidos contratos em uma simples cessão de mão de obra, na medida em que as obrigações contratuais são muitos mais abrangentes, envolvendo a gestão dos serviços, locação de imóveis, treinamento, seleção, aquisição de material de disponibilização de toda uma estrutura para o desenvolvimento das atividades dos programas de saúde. Ressaltese que no caso em discussão, os contratos havidos com o Município de Salvador, além de não se caracterizarem como cessão de mãodeobra, mas sim uma verdadeira prestação de serviços, ainda têm como objetivo a realização de atividades de saúde em prol da população. Fl. 1183DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.177 15 Qual a distinção dessas atividades com o atendimento de saúde prestado através do SUS, quando credencia entidades beneficentes ?Apenas o local da atividade ? E se o local foi um imóvel alugado pela própria Instituição ? É evidente que as situações são idênticas. Ao firmar contrato com o Município para realização de ações de saúde, o que a Contestante promoveu foi a ampliação das suas ações necessitando, para tanto, de aumento do seu corpo funcional. Feitas as considerações que demonstram a inexistência de proibição de realização de atividades por parte das entidades beneficentes, cumpre agora seja abordado o parecer 3272/04. Além da tendência nefasta de um parecer elaborado para se chegar a um fim, e não tendo este como uma conseqüência de um estudo lógico de determinada matéria, ele se apresenta titubeante ao carecer de embasamento legal, concluir contra a lei e não indicar critérios objetivos Dizse titubeante na medida em que afirma no corpo do parecer 3272/04 que uma entidade não pode ceder mãodeobra se tal atividade não estiver prevista no estatuto. Logo em seguida, contudo, afirma que mesmo que haja tal previsão, não poderia a atividade ser realizada pela entidade, salvo se pontual (De onde surgiu esta disposição ?) Em seu item 25 o Parecer afirma que o STF, no julgamento da ADI 20285 reconheceu que a entidade não tem limitação de atividade. Porém, inova, mais uma vez sem respaldo legal, ao afirmar que as atividades extras não "podem assumir proporções, nem formas, que desvirtuem a própria natureza da entidade de assistência social." Assim perguntase, qual o critério do desvirtuamento" ( destaquei) Sobre o tema, assim consta da Informação Fiscal (fls. 6): 4.2 Contrato de Cessão de MãodeObra 4.2.1 O Hospital Espanhol foi contratado no ano de 2002 pela Prefeitura Municipal de Salvador para prestar serviço para os Programas Saúde da Família (PSF) e Combate a Doenças Endêmicas e Epidemiológicas. Para tanto, o Hospital contratou empregados para serem alocados nestes projetos, caracterizando verdadeira cessão de mão de obra. 4.2.2 A contratação foi efetuada a partir processos licitatórios da Prefeitura de Salvador. Para prestação de serviços no projeto de Combate a Doenças Endêmicas e Epidemiológicas foi firmado contrato de número 002/2002, constando sucessivos aditivos. Para a prestação de serviço no Programa Saúde da Família foi firmado contrato de número 034/2002, com sucessivos termos aditivos. Os contratos e seus aditivos constam em anexo (Anexo II) Fl. 1184DF CARF MF 16 4.2.3 Neste relatório, efetuaremos uma detalhada análise acerca da ilicitude desta contratação e da impossibilidade de uma entidade filantrópica prestar serviços desta natureza. Vejamos: 4.3 Natureza Jurídica da Contratação 4.3.1 O contrato, sem qualquer dúvida, se trata de cessão de mão de obra. Vejamos a definição legal deste conceito, trazida pelo artigo 31, §3°, da Lei 8.212/91: (...) 4.3.2 Fabío Zambitte Imbrahim detalha o conceito de cessão de mãode obra, com propriedade (Leituras Complementares de Previdenciário. Editora JusPodivm; pag. 119): "O locatio operarum é contratação que visa a obtenção de mão deobra por parte do contratante. Obviamente, como é inaceitável considerar uma pessoa objeto de um contrato, o verdadeiro objeto é a força de trabalho desta pessoa. Assim, um contrato de cessão de mãodeobra é aquele em que o fim desejado pelo contratante é a obtenção desta mãodeobra (força de trabalho) para realizar algum mister. Percebase, desde já, que aí reside a diferença fundamental entre empreitada e cessão de mãode obra. No primeiro, a mãodeobra é mero meio para atingir a obra ou tarefa desejada pelo contratante. Já na cessão, a mãodeobra é a própria razão de existência da contratação. Veja que não se trata de mera intermediação de mãodeobra, mas sim da realização de serviços contínuos que requerem a permanente disponibilidade de pessoal para a empresa contratante. A continuidade temporal da atividade desempenhada é que traz como conseqüência a relevância da mãodeobra nesta contratação." 4.3.3 No caso em questão, a Prefeitura Municipal de Salvador efetuou processo licitatório para contratação da força de trabalho gerenciada por empresa terceirizada. 4.3.4 Ressaltese que os serviços eram contínuos, vez que o prazo de duração dos contratos era de um ano, prorrogável por iguais períodos (Doenças Endêmicas), e de dois anos, prorrogável por iguais períodos (PSF). O contrato teve inicio em 2002, tendo sido prorrogado diversas vezes por meio de termos aditivos, estando os dois contratos vigentes até o período final da ação fiscal. 4.3.5 Salientese ainda que é indiscutível que os serviços eram realizados na dependências da contratante (Prefeitura) ou na localidade por ela indicada. O item 5.1.12 do contrato das Doenças endêmicas e o item XXX do contrato do PSF especificam que: Contrato Doenças Endêmicas, item 5.1.12 "Manter os seus empregados, quando da execução dos serviços, tanto nas dependências da CONTRATANTE, quanto em trabalho Fl. 1185DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.178 17 de campo, devidamente identificados e uniformizados, fornecendo fardamento adequado". Contrato Saúde da Família (PSF), item 5.1.4 "Locar imóveis de característica específica ao atendimento do PSF, conforme descrito no Anexo I e seus complementos, nos locais e regiões indicadas pela CONTRATANTE." 4.3.6 Assim, fica patente a natureza de cessão de mãodeobra, pois o caso concreto, sem qualquer esforço hermenêutico, se molda à definição trazida pelo texto legal. Ademais, os serviços eram executados em campo, conforme definido pela Prefeitura Municipal de Salvador. 4.3.7 Por fim, com intuito de deixar ainda mais evidente a natureza do contrato em análise, observamos que os mencionados contratos prevêem a contratação de equipes médicas e administrativas, aluguéis de veículos, motoristas e diversos outros cargos não relacionados à área de saúde. Como a Real Sociedade de Beneficência Espanhola não tem experiência na cessão de mãodeobra, subcontratou a empresa "Organização Bahia Serviço de Limpeza e Locação de Mãode Obra Ltda." para auxiliar na administração dos referidos contratos. O contrato com a referida empresa consta em anexo (Anexo III)." A questão da prestação de serviços mediante cessão de mãodeobra é tormentosa e fulcral para o deslinde da questão que agora se analisa, no tocante ao cumprimento dos requisitos legais para a fruição da isenção, muito em razão da vedação da prestação de serviços mediante cessão de mãodeobra constante do Parecer 3.272/2004 da Consultoria Jurídica do MPS, aprovado pelo Ministro da Previdência Social. Logo, necessário que enfrentemos o conceito de cessão de mãodeobra para que possamos verificar se houve a vedada prestação de pela Recorrente. Para que um serviço seja prestado mediante cessão de mãodeobra é necessário, antes de mais nada, que esse serviço esteja contemplado no rol exaustivo contido no artigo 219 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.098/99, em face de expressa determinação do § 4º do artigo 31 da Lei nº 8.212/91. Consta do inciso XXIV do § 2º do artigo 219 o serviço de saúde. Porém, além de constar do mencionado rol regulamentar, o serviço deve ser prestado mediante cessão de mãodeobra. Mister, portanto que esmiucemos os demais termos legais, mais notadamente a definição de cessão de mãodeobra, nos aspectos do local da prestação desses serviços, da disponibilização de trabalhadores e na exigência da continuidade dessa prestação. Como explicitado na Instrução Normativa SRP nº 03 de 2005, vigente à época da fiscalização, conceito mantido na vigente IN RFB nº 971/09, por disponibilização de trabalhadores entendese a efetiva cessão dos empregados da empresa contratada para a contratante, nas dependências desta ou onde ela indicar, deixando de ter a prestadora de serviços a força do labor dos seus trabalhadores cedidos. Tal conceituação, que à primeira vista Fl. 1186DF CARF MF 18 parece tautológica, permite – quando bem entendida – que se afira a efetiva cessão de mãode obra, uma vez que a empresa contratada quando cede seus trabalhadores com eles não pode contar para a realização de qualquer outra tarefa, exceto aquela estabelecida com seu contratante, na qual mediante cessão de mãodeobra prestará o serviço avençado. Enfrentemos agora a questão da continuidade dos serviços prestados por meio de cessão de mãodeobra. Por expressa disposição da Instrução Normativa SRP nº 03/05, no parágrafo 2º do artigo 143, a continuidade da prestação dos serviços não deve ser entendida como um tempo, ou ainda uma freqüência da efetiva contratação da prestadora de serviços e sim deve ser aferida quanto à necessidade da contratante, ou seja, se a utilidade daquele serviço prestado pela contratada se repetirá para a tomadora do serviço de modo contínuo, de modo perene, mesmo que com amplo intervalo de tempo entre os eventos que demandem a prestação de serviço. Com exemplo se entende melhor: a prestação de um serviço de manutenção de uma máquina ou um equipamento é uma necessidade contínua de uma empresa que possua tal máquina ou equipamento, sob pena de não poder utilizar o seu bem por falha na manutenção deste. Agora, a periodicidade dessa manutenção depende do tipo de equipamento, de seu uso, de sua condição de uso, de sua idade, etc. Logo, se realizada com disponibilização de pessoal, e nas dependências da contratante ou onde ela indicar, a prestação de serviços de manutenção será mediante cessão de mãodeobra, e, portanto, deverá sofrer a antecipação tributária previdenciária instituída pela Lei nº 9.711, de 1998. Assentemos. Ocorre prestação de serviços mediante cessão de mãodeobra quando os serviços sob análise constam do rol taxativo elencado no parágrafo 2º do artigo 219 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, e a prestadora disponibiliza seus trabalhadores (deixando de com eles contar para outras tarefas que não as contratadas no caso em análise), para prestar serviços que sejam de necessidade contínua da tomadora, nas dependências dela, ou em local por ela indicado. Por todo o dito, podemos inferir que os serviços são prestados mediante cessão de mãodeobra, e portanto, deverão sofrer a retenção de 11% sobre os valores a eles referentes, constantes da nota fiscal, fatura ou recibo, nos termos do artigo 31 da Lei nº 8.212, de 1991, quando a contratada perde, por ter efetivamente cedido, a capacidade de contar com os trabalhadores que – naquele momento contratualmente previsto – estiverem laborando na consecução do desiderato do contrato firmado com a tomadora dos seus serviços. Por todo o dito, podemos afirmar que há prestação de serviços mediante cessão de mãodeobra, nos termos da legislação tributária previdenciária quando comprovadamente o tomador de serviços contrata uma empresa prestadora de serviços para realizar um serviço que seja necessidade permanente desse contratante para realizálos no local de interesse desse tomador, sem que o prestador de serviços possa, por força contratual, realizar o objeto da contratação da maneira que melhor lhe aprouver, ou seja, que ele prestador possa gerenciar o uso de sua força laboral, e ressalto com tintas fortes não pode gerenciar sua força de trabalho porque por expressa disposição contratual cedeu sua mãodeobra. Analisemos o caso concreto à luz dos conceitos. Os serviços contratados serviços de saúde constam da lista exaustiva do Regulamento da Previdência. Esses serviços são prestados em local definido pelo contratante, no caso, a Prefeitura de Salvador, por meio de sua Secretária competente. É necessidade permanente da Secretaria de Saúde da Prefeitura prestar os serviços de saúde. Requisitos preenchidos. Fl. 1187DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.179 19 Por fim, resta verificar se a prestação de serviços se dá mediante a efetiva disponibilização dos trabalhadores da Recorrente, no caso prestadora, para a Contratante no caso a Prefeitura. Para tanto, como dito acima, mister perquirir as disposições contratuais atinentes, ou seja, verificar se a prestação de controle de doenças epidemiológicas e da saúde da família se dá por meio de efetiva disponibilização de pessoas, ou seja, se cabe ao município a determinação do que fazer e quando fazer, ou se essas questões do que e do quando fazer cabem ao prestador, no caso a Recorrente, que efetivamente, nessa última hipótese, não disponibilizaria seus funcionários, ao reverso, teria sobre eles plena gestão, posto que não haveria a cessão desses. A leitura atenda dos documentos constantes do Anexo II da Informação Fiscal, anexo que contém os contratos relativos à cessão de mãodeobra, nos permitiu encontrar às folhas 121, a seguinte cláusula no contrato de prestação de serviços nº 034/2002, que tem por objeto a contratação dos serviços relacionados ao Programa de Agentes Comunitários de Saúde e ao Programa de Saúde da Família. "2.1 Na prestação dos serviços referidos na Cláusula anterior a CONTRATADA obedecerá, rigorosamente, às especificações estabelecidas nos documentos que integram o Edital de Concorrência SEAD n.° 009/2001 e as condições indicadas em sua proposta de preços, datada de 16/01/2002, que são considerados como partes integrantes de^te Contrato como se nele estivessem transcritos. A mesma cláusula se repete no contrato nº 02/2002, cujo objeto é " a prestação de serviços de apoio e operacionalização das ações de combate a doenças endêmicas e epidemiológicas de acordo com o descritivo no anexo I", às folhas 127. Não se observou, em todo anexo II da informação fiscal, num total de 80 páginas, nenhum documento relativo a como se desenvolveria a prestação dos serviços de saúde, ou seja, qual serviço deveria ser efetivamente prestado (o que fazer) e como deveria ser prestado (quando fazer). Com isso não soube a Autoridade Fiscal se desincumbir do ônus probatório de suas acusações. Não se pode afirmar que a prestação de serviços de saúde se deu mediante cessão de mãodeobra, posto que a contratada, poderia não ter cedido seus funcionários, bastante para tanto, por exemplo, que o contrato previsse que o atendimento às famílias fosse realizado no bairro x no mês y num total de tantos atendimentos por equipe. Tal cláusula hipotética demonstra de forma cabal que não houve disponibilização dos trabalhadores da prestadora de serviço pois essa poderia organizar a sua mãodeobra como preferisse, desde que cumprisse o atendimento mínimo contratualmente exigido para aquele bairro naquele mês. Um simples exemplo espanca qualquer dúvida. Do exposto, não se pode concordar pelos documentos acostados à Informação Fiscal que houve efetiva cessão de mãodeobra nos casos em comento. Ao reverso, o que se observa é a entidade prestando serviço a um ente público, serviço esse totalmente voltado às suas atividades existenciais, no caso a promoção assistencial da saúde, quanto mais considerandose que no caso em apreço os serviços eram Fl. 1188DF CARF MF 20 prestados para o Município de Salvador, no âmbito das políticas de promoção da saúde pelo Sistema Único de Saúde. Irrelevante, para o caso em apreço, que a Recorrente tenha contratado trabalhadores para cumprir os contratos firmados e que esses contratos tenham sido prorrogados ao longo do tempo. Eventuais desvios praticados nesses contratos só poderiam ser analisados se comprovados pela Fiscalização. Não se pode presumir que houve qualquer vantagem indevida em contratação de prestação de serviços de promoção à Saúde, por um ente público, integrante do SUS, serviços esses de combate à doenças endêmicas e epidemiológicas e do Programa de Saúde da Família. Irrelevante também para efeito do descumprimento dos ditames da Lei de Custeio, diante das conclusões acima, a contratação da Organização Bahia para o auxílio na prestação dos serviços de saúde aos quais a Recorrente se obrigou contratualmente. Forçoso, portanto, reconhecer que os contratos firmados não tem o condão de demonstrar o descumprimento dos incisos III e V do artigo 55 da Lei nº 8.212/91, uma vez que não pode afirmar que houve desvio de recursos obtidos da finalidade precípua da entidade que é a promoção da saúde aos desassistidos, quanto mais quando tais ações foram realizadas por meio das promoções do Sistema Único de Saúde Recurso provido nessa parte. SUPOSTO DÉBITO COM INSS DIVERSIDADE ENTRE VALOR DECLARADO NA GFIP E O RECOLHIMENTO Consta da Informação Fiscal (fls 23): 4.7.2 A Real Sociedade Espanhola de Beneficência mantevese em débito em relação aos tributos previdenciários declarados na Guia de Recolhimento do FGTS e Informação à Previdência Social GFIP, durante vários meses do período da ação fiscal. Os constantes atrasos nos pagamentos relativos aos contratos com a Prefeitura Municipal de Salvador, conforme já explicado, ocasionaram a impossibilidade do cumprimento regular do pagamento das contribuições previdenciárias, na data de seu vencimento. A tabela abaixo exemplifica competências cujas Guias da Previdência Social foram pagas em valor inferior aos declarados em GFIP: Fl. 1189DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.180 21 Em sua defesa, alega a Recorrente (fls. 806): "No particular, a Entidade não tinha ciência até a data que foi notificada da Informação Fiscal de que havia suposta divergência entre algumas pouquíssimas declarações da GFIP e os recolhimentos identificados pela Receita. Nesse passo é bom ressaltar que a entidade possui Certidão Negativa de Débitos em vigor emitida pela própria Receita Federal. (doe. Anexo) Em verdade, não há qualquer débito, nem muito menos ato voluntário de deixar de recolher os valores eventualmente equivocados, o que há é erro material de preenchimento de formulários eletrônicos ou outras falhas acessórias." (sublinhei e negritei) Muito embora o critério objetivo da norma como posto, não vejo motivo suficiente para o cancelamento da isenção das contribuições sociais com base nos débitos apontados pela Fiscalização. Tratamse de valores de pequena monta, desproporcionais para uma entidade com mais de 600 segurados, que como dito pela Fiscalização, acresceu esse quadro em mais de 3000 trabalhadores em razão dos contratos de prestação de serviços firmados com o Município de Salvador, órgão público encarregado de repasse de verbas oficiais oriundas do SUS. Mister recordar que tal situação é apontada inclusive pela própria Autoridade Fiscal, como se observa no trecho transcrito acima, retirado da Informação Fiscal. Entendo que a situação dos débitos constatados se originam do descumprimento dos deveres do próprio Estado, por meio de Unidade Federativa, que por vezes podem depender de repasses de verbas federais. Recurso voluntário provido nessa parte. Fl. 1190DF CARF MF 22 DA AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE NA CONTRATAÇÃO EVENTUAL DE EMPRESAS QUE TENHAM COM SÓCIOS INTEGRANTES DA INSTITUIÇÃO Constam do Recurso as seguintes alegações sobre o tema (fls 814): "Aduzem os i. Auditores que foram identificados pagamentos de contratos a empresas que tem entre seus sócios dirigentes da entidade. Entendem os i. Auditores que tal situação caracteriza vantagem indevida à associados. A inteligência da norma realizada pelos i. Fiscais, data vênia é absolutamente inconsistente, e conflita com princípios basilares de interpretação jurídica. Não há qualquer ilegalidade na contratação eventual de empresas que tenham entre seus sócios algum dirigente. Primeiro porque, impedir ou criar obstáculos para que qualquer empresa ofereça seus serviços e produtos seria violação do princípio da livre iniciativa e da liberdade de profissão. Segundo porque a personalidade jurídica da empresa não se confunde com a personalidade de seus sócios, sendo sujeitos distintos. Nesse sentido o seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça: (...) Terceiro os valores encontrados são irrelevantes considerando se o faturamento da entidade, o que demonstra claramente que a condição de dirigente não teve qualquer influência na decisão de contratação, mas sim o melhor preço apresentado. Do contrário se perceberia uma prática contumaz de contratação, o que não ocorreu. O faturamento médio no período apurado no período da fiscalização foi de quase R$ 800.000.000 ( oitocentos milhões de reais). Os valores dos contratos mencionados pela fiscalização são de R$ 800.000,00 em seu total. Ou seja, o percentual de contratos em relação à receita da instituição é a apenas 0,1 %, o que, por si só demonstra que não há qualquer prática contumaz e deliberada de favorecimento. Quarto, não há qualquer comprovação e sequer alegação de que os preços praticados nos referidos contratos eram excessivos ou não estavam de acordo com os praticados no mercado. Quinto, os dirigentes mencionados não tinham poderes para decidir contratações, tarefa reservada ao Presidente da Entidade. Sexto, o Sr Roberto Cal de Almeida sequer era membro da Diretoria no período indicado na Informação Fiscal. Aduzem os i. Fiscais que os irrisórios valores, se considerado o faturamento da entidade, decorrentes dos contratos de prestação Fl. 1191DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.181 23 de serviços e fornecimento mencionados devem ser considerados benefícios à associado. Tal entendimento não tem qualquer amparo jurídico e já foi examinado em precedentes da própria Consultoria Jurídica, como se vê, do Parecer que se segue, que, em face de sua pertinência e propriedade ora se transcreve na íntegra: (...)" (negritei) A imputação fiscal ocorreu nos seguintes termos (fls.21): "4.6.1 A auditoria constatou haver pagamento por parte da Real Sociedade Espanhola de Beneficência para empresa que possuem em seu quadro societário diretores da entidade beneficente, em evidente descumprimento do inciso II, do artigo 55, da Lei 8.212/91. Vejamos: Art. 55, Lei 8.212/91 IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; 4.6.2 A contratação de empresas que contenham diretores da entidade como sócios constitui, indubitavelmente, uma espécie de vantagem. 4.6.3 A auditoria fiscal constatou as seguintes contratações, por meio da comparação do cadastro das empresas pertencentes aos diretores do Hospital com a Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte e o Razão Contábil da Real Sociedade Espanhola de Beneficência: 4.6.4 Notese que as empresas relacionadas contratadas pela Real Sociedade Espanhola de Beneficência em período em que os seus sócios exerciam os respectivos mandatos de Diretores da entidade beneficente. O cadastro das empresas contratadas, Fl. 1192DF CARF MF 24 constando os sócios encontrase em anexo (Anexo V). Os valores extraídos da contabilidade (Livro Razão) e da DIRF também foram anexados a este relatório(Anexo VI). (...)" (negritei) Novamente vejo razão à Recorrente. Explico. A Lei nº 8.212/91 em seu artigo 55, inciso IV, veda que a entidade no gozo da isenção remunere, de qualquer forma, inclusive por meio de vantagens ou benefícios, seus dirigentes ou instituidores. Uma interpretação teleológica, assim entendida aquela que busca a finalidade da norma, a "ratio legis", nos permite afirmar que a Lei de Custeio da Previdência Social vedou que a entidade portadora de uma vantagem tributária relevante e ensejadora de uma diminuição de seus custos e portanto, potencialmente majoradora de seus resultados usase esse resultado em prol de seus instituidores ou dirigentes. Logo, para essa norma produza o resultado esperado devese ter patente que houve uma vantagem ou benefício para os gestores ou fundadores da entidade. Não observo tal comprovação no caso concreto. O Fisco assevera que a mera contratação das empresas desses gestores constitui uma vantagem. Não se pode concordar de maneira alguma com tal presunção. A uma, ao se recordar que a prestação de serviços ou comercialização de mercadorias com a entidade só poderá resultar em vantagem para o contratado se o preço avençado para a prestação do serviço ou a compra da mercadoria estiver acima do valor de mercado ou no mínimo ajustado a esse, ainda com a necessária verificação do resultado operacional do negócio realizado pela contratada. A duas, porque como cediço, o ônus da comprovação do alegado, posto que a imputação fiscal ensejará necessariamente uma obrigação tributária principal, nascendo o direito de crédito, é do Fisco. Dito de maneira diversa, cabe ao Auditor Fiscal comprovar suas alegações por meio de provas. Impende realçar que a comprovação da alegada vantagem do dirigente pela contratação de sua empresa para a prestação de serviços ou comercialização, poderia ser realizada com mera prova indiciária, como por exemplo a demonstração da ausência de simples cotação de preços por parte da Recorrente, ou ainda, da verificação dos preços médios praticados no mercado, ou ainda de alguma vantagem contratual atípica firmada entre a Recorrente e a empresa do dirigente. Nada foi acostado aos autos. Novamente não soube o Fisco se desvencilhar do ônus probatório. Recurso provido também nessa parte. Fl. 1193DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.182 25 CONCLUSÃO Diante do exposto e com base nos fundamentos apresentados, voto por conhecer do Recurso e rejeitar a preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa e por alteração na fundamentação legal do ato cancelatório; e no mérito, por dar provimento ao recurso, para determinar o restabelecimento do direito à isenção das contribuições previdenciárias a partir de 02/2000. assinado digitalmente CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Relator Fl. 1194DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.727704/2014-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
DEDUÇÃO DE DESPESAS COM SAÚDE. RECIBOS DE PAGAMENTO. PRESUNÇÃO RELATIVA. PAGAMENTO EM DINHEIRO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.
Os recibos de pagamento firmados por profissionais de saúde têm presunção relativa de veracidade. Preenchidos os requisitos legais para a sua validade, só poderão ser afastados por motivo plenamente justificado pela autoridade lançadora.
O sujeito passivo tem a faculdade de pagar os profissionais de saúde em espécie e apresentar os recibos como comprovante de pagamento. No caso, exigência de prova adicional revela-se de fácil produção, mormente considerando que os valores adimplidos estão em valores acima do mercado e a despesa com saúde representa percentual bastante representativo em relação aos rendimentos declarados pelo sujeito passivo.
Numero da decisão: 2201-003.398
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, DIONE JESABEL WASILEWSKI, MARCELO MILTON DA SILVA RISSO, CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA e RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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RECIBOS DE PAGAMENTO. PRESUNÇÃO RELATIVA. PAGAMENTO EM DINHEIRO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Os recibos de pagamento firmados por profissionais de saúde têm presunção relativa de veracidade. Preenchidos os requisitos legais para a sua validade, só poderão ser afastados por motivo plenamente justificado pela autoridade lançadora. O sujeito passivo tem a faculdade de pagar os profissionais de saúde em espécie e apresentar os recibos como comprovante de pagamento. No caso, exigência de prova adicional revelase de fácil produção, mormente considerando que os valores adimplidos estão em valores acima do mercado e a despesa com saúde representa percentual bastante representativo em relação aos rendimentos declarados pelo sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Carlos Henrique de Oliveira Presidente Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, DIONE JESABEL WASILEWSKI, MARCELO MILTON DA SILVA RISSO, CARLOS ALBERTO DO AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 77 04 /2 01 4- 18 Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10830.727704/201418 Acórdão n.º 2201003.398 S2C2T1 Fl. 115 2 AMARAL AZEREDO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA e RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra a decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte ofertada em face da lavratura de Notificação de Lançamento de IRPF, que é objeto do presente processo. Os aspectos principais do lançamento estão bem delineados no relatório da decisão de primeira instância, nos seguintes termos: Tratase de impugnação à notificação de lançamento (fls. 3/8) relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, correspondente ao anocalendário de 2012, para exigência de imposto suplementar, no valor de R$10.909,14, acrescido de multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. O crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada dedução indevida de despesas médicas, no valor de R$40.300,00, por falta de efetivo comprovante de pagamento das despesas médicas a Thaís Marcondes, Juliana Roberta Vicentin Rossato, Ana Paula Juliani Colobiale, Aline Vilarinho Montezi e Sara Joveliano Villar Boock. O contribuinte foi regularmente intimado para comprovar o efetivo pagamento pelos serviços prestados, mas não se manifestou. Na impugnação apresentada, à fl. 2 o contribuinte alega que apresentou os recibos conforme a legislação, no entanto o fiscal não aceitou tais documentos, mesmo tendo todos os profissionais médicos declarado tal atendimento. Solicita que seja revista a notificação inicial e todos os documentos apresentados, uma vez que a legislação solicita “o recibo/nota fiscal ou o pagamento”, ou seja, um ou outro e não os dois como solicitado.Informa que alguns pagamentos foram realizados em dinheiro. A DRJ julgou improcedente a impugnação do contribuinte sob o argumento principal de que o recibo, por si só, não comprova o desembolso efetivo do valor nele contido, cabendo ao impugnante comproválo através de outros meios, como: comprovante de transferência bancária e saques, o que não foi feito pelo contribuinte, ensejando a improcedência do pleito. Cientificado do acórdão de primeira instância em 18/05/2015, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, tempestivamente, em 03/06/2015, alegando, em síntese, que: Não há necessidade de apresentar mais documentos, uma vez que foram apresentados recibos e que estes, por si só, conforme previsto em lei, são suficientes para a comprovação do alegado; foram apresentadas declarações confirmando o serviço prestado, porém a Receita Federal não os julgou suficientes para a comprovação de repasse dos valores previstos nos recibos. Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10830.727704/201418 Acórdão n.º 2201003.398 S2C2T1 Fl. 116 3 Os fiscais agem de maneira reprovável, violando direitos fundamentais previstos na Constituição Federal, conforme trecho do recurso abaixo transcrito, in verbis: A atividade da fiscalização encontra uma série de limitações de ordem comportamental, constantes na Constituição Federal, nos artigos 5º, 34 e 180, cito algumas condutas IRREGULARES do fisco: Invadir o estabelecimento ou tomar posse dos bens do contribuinte, ameaçar ou intimar. Em alguns procedimentos a fiscalização chega abrindo arquivos, gavetas, etc. e intimidando. É completamente ilegal e inconstitucional tal atitude, pois fere o direito à Liberdade e à Dignidade, exceto através de mandado judicial. O empresário ou contador devem recepcionar o fiscal em uma sala, receber o termo de fiscalização, combinar as visitas e não permitir que a fiscalização, combinar as visitas e não permitir que a fiscalização em forma de abuso de poder e infringindo a Constituição mexa em qualquer local Empreender ou formular torturas de ordem moral para obter informações. (...) Requer, por fim, o cancelamento da intimação e o arquivamento da malha fiscal referente ao processo. É o relatório. Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Das Ações Imputadas aos Fiscais Federais O contribuinte ventilou diversas ações reprováveis praticadas por agentes da fiscalização federal, porém tais argumentos não merecem apreço aprofundado no pleito em tela, uma vez que se tratam de argumentos vazios e não guardam relação alguma com os pedidos formulados pelo recorrente. Vale ressaltar, também, que tais acusações não foram apreciadas na primeira instância. Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10830.727704/201418 Acórdão n.º 2201003.398 S2C2T1 Fl. 117 4 No sentido da legalidade das ações dos agentes públicos, aduz o artigo 37, caput da Constituição Federal: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (grifei) O artigo supramencionado rege os atos da administração pública e consequentemente os de seus agentes. Todo ato administrativo goza da presunção de legalidade, não podendo ser anulado por simples acusações ventiladas ao acaso sem comprovação alguma. Ainda no sentido da legalidade das ações do fisco, preceitua o parágrafo único do artigo 142 do CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. (grifei.) O artigo acima transcrito é claro quanto aos limites impostos aos agentes no ato da fiscalização, no sentido de poderem apenas verificar os fatos e documentos para a constatação da ocorrência, ou não, do fato gerador, assim como verificar a ocorrência de alguma infração, não sendo admissível interpretação diversa da legalidade de todas as ações do fisco. Cumpre salientar, ainda, que, as acusações feitas pelo contribuinte constituem crimes graves, cabendo à esfera jurisdicional penal, após avaliação dos fatos e provas, julgar os acusados. Devido às considerações anteriormente elencadas, abstenhome de proferir qualquer decisão em relação a esse ponto. Das Deduções de Despesas Médicas A lide gira em torno da insuficiência dos meios probatórios utilizados para comprovar a dedução feita pelo impugnante. Nesse sentido aduz o artigo 80, §1º, III do Decreto 3.000/99: Art.80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10830.727704/201418 Acórdão n.º 2201003.398 S2C2T1 Fl. 118 5 § 1º O disposto neste artigo I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento;(grifei) Uma leitura superficial do texto acima citado pode levar ao entendimento equivocado de que bastam os requisitos do inciso III, do artigo 80, §1º do Decreto 3.000/99, para a comprovação do pagamento alegado. Para se extrair o sentido correto do texto normativo, fazse necessária a leitura de outro artigo também do Decreto 3.000/99, no caso o artigo 73, que preceitua, in litteris: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. (grifei) O artigo supramencionado é claro ao atribuir à autoridade lançadora o poder de valorar as provas, sempre de acordo com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, preceitos esses norteadores do ordenamento jurídico com um todo. Os mandamentos jurídicos anteriores completamse e chegam a uma conclusão lógica de que: os requisitos previstos no artigo 80, §1°, III são necessários em qualquer comprovação de dedução, enquanto o artigo 73 deverá ser aplicado de acordo com cada caso a juízo da autoridade lançadora. O pleito em apreço é ensejador da aplicação do artigo 73 do Decreto 3.000/99, uma vez que o valor deduzido a título de despesas médicas equivale a mais de 30% dos rendimentos tributáveis do contribuinte. Entendo que a requisição do fisco encontrase em completo acordo com o sentido do texto legal e plenamente pautado na proporcionalidade e razoabilidade. Vale ressaltar que, a prova solicitada pela autoridade fiscalizadora é de fácil produção; uma sequência de extratos bancários, que coincidisse com a data dos recibos e valores aproximados, seria capaz de demonstrar os saques ou transferências feitos para os pagamentos aludidos nos recibos. Assim, entendo que a representatividade das quantias envolvidas em seu conjunto, justificam a exigência de prova da efetiva transferência dos recursos para a posse dos Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10830.727704/201418 Acórdão n.º 2201003.398 S2C2T1 Fl. 119 6 profissionais de saúde envolvidos, não tendo o contribuinte logrado êxito em produzir prova nesse sentido. Conclusão Diante de todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 119DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.720699/2011-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 05 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jan 27 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF)
Exercício: 2010
VALORES RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA.
Os valores recebidos da empresa da qual o contribuinte é sócio, desde que haja registros da possibilidade de distribuição de lucros, estes devem ser considerados como prova, devendo ser afastada a exigência fiscal relacionada ao excesso de distribuição de lucros.
EMPRÉSTIMO NÃO COMPROVADO. MÚTUO.
Para que o contrato de mútuo esteja comprovado o mesmo deve estar acompanhado de provas hábeis e robustas que permitam estabelecer uma relação biunívoca entre créditos e débitos.
GANHO DE CAPITAL.
A apuração do ganho de capital deve ser feita através de programa próprio. A caracterização do negócio deve seguir a lógica jurídica da transmissão da propriedade conforme indicado nos contratos/escrituras assinados. A apuração do custo de aquisição obedece a sistemática da legislação que trata da matéria.
TAXA SELIC.
Os débitos decorrentes dos tributos não pagos nos prazos previstos pela legislação específica são acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC.
Numero da decisão: 2201-005.770
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a exigência fiscal relacionada ao excesso de distribuição de lucros.
(documento assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Douglas Kakazu Kushiyama - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Francisco Nogueira Guarita, Douglas Kakazu Kushiyama, Débora Fófano Dos Santos, Sávio Salomão de Almeida Nóbrega, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: DOUGLAS KAKAZU KUSHIYAMA
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Os valores recebidos da empresa da qual o contribuinte é sócio, desde que haja registros da possibilidade de distribuição de lucros, estes devem ser considerados como prova, devendo ser afastada a exigência fiscal relacionada ao excesso de distribuição de lucros. EMPRÉSTIMO NÃO COMPROVADO. MÚTUO. Para que o contrato de mútuo esteja comprovado o mesmo deve estar acompanhado de provas hábeis e robustas que permitam estabelecer uma relação biunívoca entre créditos e débitos. GANHO DE CAPITAL. A apuração do ganho de capital deve ser feita através de programa próprio. A caracterização do negócio deve seguir a lógica jurídica da transmissão da propriedade conforme indicado nos contratos/escrituras assinados. A apuração do custo de aquisição obedece a sistemática da legislação que trata da matéria. TAXA SELIC. Os débitos decorrentes dos tributos não pagos nos prazos previstos pela legislação específica são acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a exigência fiscal relacionada ao excesso de distribuição de lucros. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente (documento assinado digitalmente) Douglas Kakazu Kushiyama - Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 06 99 /2 01 1- 03 Fl. 572DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2201-005.770 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11516.720699/2011-03 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Francisco Nogueira Guarita, Douglas Kakazu Kushiyama, Débora Fófano Dos Santos, Sávio Salomão de Almeida Nóbrega, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Relatório Trata-se de Recurso Voluntário de fls. 528/556, interposto da decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento - DRJ, de fls. 503/517, a qual julgou procedente em parte, o lançamento decorrente da falta de pagamento do Imposto de Renda da Pessoa Física exercício 2010. Peço vênia para transcrever o relatório produzido na decisão recorrida: O sujeito passivo insurge-se contra o lançamento de fls. 401 e seguintes, emitido em 24/05/2011, relativo ao imposto sobre a renda das pessoas físicas, que verificou o seguinte: 0001 – OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DO TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS. Omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, decorrentes do trabalho sem vínculo empregatício, pelo exercício da função de síndico do Condomínio Águas Claras Residence, CNPJ 10.249.403/000122 (...). 0002 – RENDIMENTOS RECEBIDOS POR SÓCIOS DE EMPRESAS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS A TÍTULO DE LUCRO DISTRIBUÍDO (REAL, PRESUMIDO OU ARBITRADO) EXCEDENTE AO ESCRITURADO. Rendimentos pagos ao autuado na condição de sócio da pessoa jurídica Silva Filho Engenharia e Consultoria Ltda., a qual adotou o regime de tributação com base no Lucro Presumido. O rendimento ora submetido à tributação não pode ser considerado lucro distribuído, e isento de tributação do Imposto de Renda Pessoa Física, pois excedente ao valor escriturado, (...). 0003 – GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS. OMISSÃO/APURAÇÃO INCORRETA DE GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS ADQUIRIDOS EM REAIS. Omissão/apuração incorreta de ganhos de capital auferidos na alienação de uma casa localizada na Rua Stuttgart nº64, em Florianópolis/SC, (...). Os valores lançados correspondem ao ano-calendário de 2009 constituindo-se em crédito tributário no montante de R$ 136.404,11 dos quais R$ 72.228,64 corresponderam a imposto, R$ 54.171,49 a multa proporcional e R$ 10.003,98 a juros de mora. A ação fiscal originou-se do Mandado de Procedimento Fiscal – Fiscalização nº 0920100 2010 01235 3, para verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte no período. O presente lançamento de ofício decorreu da apuração, em procedimento fiscal, das infrações à legislação tributária, conforme discriminado pela autoridade lançadora às fls.392 e seguintes. Sem prejuízo da sua leitura integral, destaca-se: (fls.396 ):.“2.1.3 – (...) No desenvolvimento do trabalho fiscal, constatou-se que a movimentação financeira do contribuinte, no ano 2009, mostrou-se incompatível com os rendimentos declarados, havendo necessidade de verificação detalhada dos valores que o contribuinte recebeu em suas contas bancárias. (...) o montante de R$821.077,00 originou-se de recursos da pessoa jurídica da qual o contribuinte é sócio,(...) Fl. 573DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2201-005.770 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11516.720699/2011-03 O contribuinte informou a origem de todos os valores creditados em suas contas bancárias, com as devidas comprovações, que foram aceitas (fls.20 a 24). (...) Com relação aos valores recebidos da pessoa jurídica Silva Filho Engenharia e Consultoria Ltda, pretendeu o contribuinte caracterizá-los, na totalidade, como lucros distribuídos, e assim considera-los isentos de tributação. No entanto, não há como acolher a pretensão do contribuinte, em relação a todos os valores por ele recebidos, como adiante se verá. (...) Examinados os documentos, verifica-se que a Declaração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, somente apresentada após a ciência da intimação ao interessado, informa a distribuição de lucros ao fiscalizado, no valor de R$272.475,15. Os rendimentos distribuídos a título de lucros, para que sejam isentos de tributação, precisam atender aos requisitos legais, conforme disposto no art.10, da Lei nº 9.249, de 1995 e explicitado no art.51 da IN SRF nº 11, de 1996. De acordo com o §2º do art.51, abaixo reproduzido, é possível distribuir lucros aos sócios, alcançados pela isenção, além dos valores apurados como lucro presumido, desde que a empresa mantenha escrituração contábil capaz de demonstra que o lucro efetivo foi superior ao lucro presumido: (...) (...) Considerando a determinação legal, que permite a distribuição de lucros com isenção do Imposto de Renda Pessoa física, até o montante do lucro efetivamente apurado na contabilidade, foi efetuado o levantamento do Lucro Líquido do exercício, no final do ano 2009 (...) cujo resultado é R$446.634,10. O lucro apurado no Demonstrativo do Resultado do Exercício consta deduzido dos valores distribuição ao sócio Orlando, foi adicionado, ao valor do Lucro Líquido, as quantias a ele já distribuídas no ano (R$272,475,15), concluindo-se que o contribuinte poderia receber da empresa, a título de lucros considerados isentos (....) o valor de R$719.109,25. O contribuinte recebeu valores da empresa (...) que somaram R$821.077,00, restando evidente que o contribuinte não recebeu apenas recursos a título de distribuição de lucros da empresa. Sem dúvida, os recursos tem por origem a empresa, mas não podem ser tratados como isentos de tributação, pois não se tratam de lucros distribuídos. Uma análise superficial sugere que a empresa não ofereceu à tributação a totalidade de seu faturamento, porém, somente uma auditoria na empresa seria capaz de apurar se tal infração efetivamente ocorreu. (obs do relator: R$821.077,00 – R$719.109,25 = R$101.967,75) A análise da movimentação bancária do contribuinte e das justificativas por ele apresentadas, apontou, ainda, que teria ele recebido R$70.000,00 em 18/08/2009, a título de empréstimos, da empresa Gamborgi, Bruno & Camisão Associados (fl.22). O contribuinte foi intimado a comprovar a transação, inclusive a devolução do valor do mútuo (Intimação 109/2011), e respondeu que o pagamento do valor emprestado foi descontado dos honorários que originaram a nota fiscal nº 0382 (fls.294 a 296). Diante dos argumentos apresentados, e dos documentos, não há como caracterizar que a natureza dos R$70.000,00 recebidos é empréstimo. A nota fiscal 0382 foi emitida em 01/10/2009 (fl.58), demonstrando que a conclusão do serviços ocorreu pouco tempo depois da concessão do alegado empréstimo, tendo tal recurso, certamente a natureza de adiantamento, ou de pagamento inicial do serviço contratado. Pelo exposto, trata-se de faturamento da empresa, que foi depositado diretamente na conta do sócio Orlando, portanto, deve ser somado aos R$821.077,00 (...) (obs do relator: R$101.967,75 + R$70.000,00 = R$171.967,75 (Lançamento 0002)). (grifos do relator) (fl.394): “As verificações realizadas pela autoridade lançadora apontaram a infração relacionada com a omissão de rendimentos tributáveis caracterizados como ganhos de capital, auferidos na venda de uma casa localizada na rua Stuttgat nº 64, no Baixo Fl. 574DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2201-005.770 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11516.720699/2011-03 Córrego Grande, nesta cidade de Florianópolis. O imóvel foi vendido pelo valor de R$600.000,00, cujo pagamento se deu da seguinte forma: R$30.000,00 no ato da venda (13/01/2009), R$70.000,00 em 04/02/2009, R$200.000,00 recebidos 02/03/2009, diretamente da CEF, em virtude de financiamento contraído pelos compradores, e R$300.000,00 representados por um apartamento, nº 304, localizado no Edifício Residencial Orlando Odílio Koerich, em Florianópolis (fls.68 a 73). Constava na Declaração de Ajuste do contribuinte, no ano da venda, que o custo de aquisição da casa foi de R$300.000,00 (fl.12). O contribuinte foi intimado a comprovar o valor declarado, mas afirmou que não possui os documentos solicitados (fl.286). Assim, esta autoridade fiscalizadora examinou as Declarações apresentadas à época da construção, e verificou o histórico adiante relatado. No exercício 2001, o contribuinte informou em sua Declaração de Bens, da Declaração de Ajuste (...) a construção da casa (...), nos termos a seguir transcritos: “Conclusão de casa de alvenaria em terreno localizado na rua Stuttgart, nº 64, Loteamento Jardim Germânia, 100% executada com recursos saque FGTS R$23.000,00, financiamento R$40.000,00 próprio R$45.000,00. 31/12/99 – R$ 103.000,00 31/12/2000 – R$ 108.000,00 A informação contida na Declaração de Bens da Declaração de Ajuste do exercício 2001 confirma o que o contribuinte afirmou em resposta à Intimação nº 064/2011, que iniciou a construção da casa no ano de 1999, e concluiu em 2000, passando a residir na referida casa a partir de agosto de 2000 (fl.286). Até o exercício 2005, o contribuinte manteve, em sua Declaração de Ajuste, o custo de aquisição de R$108.000,00, alterando-o, na Declaração do referido exercício 2005, para o valor de R$250.000,00 sem mencionar quais investimentos teriam sido realizados no imóvel (fl.04). No exercício seguinte (2006), o contribuinte novamente promoveu alteração no valor do bem, para a quantia de R$300.000,00 também sem qualquer notícia sobre o motivo da alteração feita (fl.07). O custo informado na Declaração de Ajuste do exercício 2001 pode ser aceito, pois informado nos anos da efetiva construção, inclusive com esclarecimento sobre a origem dos recursos aplicados. No entanto, a alteração efetuada na Declaração de Ajuste do exercício 2005 não merece o mesmo tratamento, pois não há conexão, muito menos comprovação, entre o valor acrescido ao custo do bem e os dispêndios que teriam sido realizados, ademais, o contribuinte não possuía, no ano 2004, recursos para suportar o investimento que alega ter feito (fl.03 a 05). É de se salientar que, no ano 2004, o contribuinte declarou que recebeu rendimentos tributáveis, isentos e tributados exclusivamente na fonte, no valor líquido de R$54.580,00, no entanto, informou variação patrimonial na quantia de R$167.000,00, caracterizados por investimentos na casa, no valor de R$142.000,00 e a compra de um automóvel, na quantia de R$25.000,00. Assim, resta demonstrada a impossibilidade de o contribuinte haver aplicado o montante de R$142.000,00, naquele ano, na casa localizada na rua Stuttgart, nº64. No mesmo sentido, constata-se que no exercício 2006 o contribuinte declarou rendimentos líquidos no valor de R$45.631,67, não havendo recursos para suportar o alegado dispêndio, de R$50.000,00 na casa (fls.06 a 08). Registre-se, ainda, que no mesmo ano o contribuinte declarou que vendeu seu automóvel e adquiriu outro, acarretando-lhe o desembolso de R$3.000,00. Considerando que na matrícula do terreno (fl.382), onde posteriormente foi construída a casa, consta que o interessado o adquiriu em 16/04/98, pela quantia de R$10.500,00 foi o referido valor acrescido ao custo de construção, para fins de determinação do custo de aquisição. Para a correta apuração do imposto devido a título de ganho de capital, esta autoridade lançadora usou o programa do ganho de capital do ano 2009, conforme demonstrativo anexo ao processo (fls.384 a 386), concluindo assim que, aplicadas as reduções previstas pelo tempo decorrido entre a aquisição do bem a a venda, em 13/01/2009, o ganho foi reduzido para o valor de R$272.220,00. Em etapa seguinte do cálculo, foi reduzido o ganho proporcional à parcela paga para a aquisição de outro imóvel, que alcançou a quantia de R$300.000,00, restando a Fl. 575DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2201-005.770 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11516.720699/2011-03 tributar o valor de R$136.110,00. Assim, o imposto de renda sobre o ganho de capital a ser exigido de ofício é de R$ 20.416,49.” (grifos do relator) A Representação Fiscal Para Fins Penais de nº 11516.720700/201191 está apensada aos autos. O contribuinte reconheceu a procedência do lançamento 0001 que totaliza o valor omitido de R$16.440,00 (x 27,5% = R$4.521,00). Apresentou a guia de fl.442 que foi aceita pelo órgão de origem (fl.495) para ser apropriada como pagamento (fl.494). Da Impugnação O contribuinte foi intimado e impugnou às fls. 414 e seguintes, o auto de infração, e fazendo, em síntese, através das alegações a seguir descritas. 1 – o contribuinte concorda com o lançamento do item 0001 (OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA). (do item 0002 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS A TÍTULO DE LUCRO DISTRIBUÍDO (REAL, PRESUMIDO OU ARBITRADO) EXCEDENTE AO ESCRITURADO) 2 – o contribuinte alega que a conta demonstrada pela fiscalização não está correta, pois não teria considerado que despesas da empresa teriam sido pagas por meio de sua conta; não se caracterizando tais depósitos como valores recebidos pelo contribuinte. 3 – a planilha indicada no item 8 da impugnação (fl.416) demonstraria o pagamento pelo contribuinte de um total de R$40.817,82 de impostos da pessoa jurídica. 4 – a planilha indicada no item 12 da impugnação (fl.418) demonstraria o pagamento pelo contribuinte de um total de R$98.477,74 de honorários devidos pela pessoa jurídica Silva Filho Engenharia e Consultoria para a empresa Ideal Engenharia Ltda. 5 – o empréstimo havido junto à empresa Gamborgi, Bruno & Camisão Associados (R$70.000,00) estaria devidamente demonstrado pela documentação juntada aos autos. Não caberia a fiscalização recusar a operação como descrita pelo contribuinte apenas em razão da proximidade da data. Cabendo-se subtrair o citado valor do total de R$821.770,00 provenientes da pessoa jurídica, para fins de apuração do excesso de distribuição tributado. (do item 0003 GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS. OMISSÃO/APURAÇÃO INCORRETA DE GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS ADQUIRIDOS EM REAIS.) 6 – em razão de ser o contribuinte casado em comunhão universal caberia reduzir o valor lançado em 50% ou mesmo cancelar seu lançamento; seria irrelevante o fato de seu cônjuge ter constado como seu dependente no ano-calendário. 7 – caberia ter havido a intimação do cônjuge para participar do processo de fiscalização. 8 – alega que a transação se caracterizaria como uma permuta com torna, sendo inaplicável o artigo 29, §4º da IN 84/2001 citado pela fiscalização (fls.283 e 284). A documentação juntada aos autos demonstraria se tratar de permuta com torna (fls.68 a 72). Não caberia a fiscalização desconsiderar apenas em parte o previsto no documento apresentado. A escritura de fls.74 a 79 possuiria “veracidade (...) apenas relativa” (item 387 da impugnação – fl.425). Cita o artigo 112 do CTN e conclui pelo cancelamento do Auto de infração nesta matéria. 9 – que a construção do imóvel sito à Rua Stuttgart, nº 64 se prolongou ao longo de anos, tendo sido concluída apenas em janeiro de 2006 (conforme ARO de fl.489). Cita legislação do município de Florianópolis e da SRP para fundamentar seu argumento. Alega que o valor total destinado a obra é aquele que constou no ARO e que a Fl. 576DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 2201-005.770 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11516.720699/2011-03 fundamentação da fiscalização no sentido de inexistirem recursos nos anos calendário de 2004 e 2005 careceriam de aprofundamento. 10 – Seria ilegal a cobrança dos juros moratórios e SELIC. 11 – junta doutrina e jurisprudência para fundamentar seus argumentos. Da Decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento Quando da apreciação do caso, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento julgou procedente a autuação, conforme ementa abaixo (fl. 503): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 OMISSÃO DE RENDIMENTO. RECEBIDO POR SÓCIO DE PESSOA JURÍDICA. Os rendimentos tributáveis recebidos pelo contribuinte estão sujeitos à incidência do imposto de renda, devendo ser oferecidos à tributação na Declaração de Ajuste Anual. O princípio contábil da entidade e a fungibilidade dos valores financeiros impossibilitam a caracterização dos pagamentos recíprocos entre o contribuinte e sua empresa. EMPRÉSTIMO NÃO COMPROVADO. MÚTUO. Para que o contrato de mútuo esteja comprovado o mesmo deve estar acompanhado de provas hábeis e robustas que permitam estabelecer uma relação biunívoca entre créditos e débitos. GANHO DE CAPITAL. A apuração do ganho de capital deve ser feita através de programa próprio. A caracterização do negócio deve seguir a lógica jurídica da transmissão da propriedade conforme indicado nos contratos/escrituras assinados. A apuração do custo de aquisição obedece a sistemática da IN nº 84 de 11/10/01 e da Lei nº 11.196/05. DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. EXTENSÃO. As decisões judiciais, a exceção daquelas proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade de normas legais, e as administrativas não têm caráter de norma geral, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência senão àquela objeto da decisão. TAXA SELIC. Os débitos decorrentes dos tributos não pagos nos prazos previstos pela legislação específica são acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Do Recurso Voluntário O Recorrente, devidamente intimado da decisão da DRJ em 23/12/2013 (fl. 521), apresentou o recurso voluntário de fls. 528/556, requer, praticamente repete os argumentos apresentados em sede de impugnação. Este recurso compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Douglas Kakazu Kushiyama, Relator. Fl. 577DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 2201-005.770 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11516.720699/2011-03 O presente recurso preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Da tributação do excesso de distribuição de lucros e a desconsideração dos lucros acumulados No caso, o recorrente alegou que 4. O nobre agente notificante identificou ter ocorrido excesso de distribuição de lucros da pessoa jurídica para o Recorrente, da qual é sócio majoritário, tributando a parcela que extrapolou o resultado apurado ao final do exercício de 2009, com base no art. 51, da IN 11/96: Art. 51. Não estão sujeitos ao imposto de renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. § 1° O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. § 2° No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, a parcela dos lucros ou dividendos que exceder o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica, também poderá ser distribuída sem a incidência do imposto, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado. § 3° A parcela dos rendimentos pagos ou creditados a sócio ou acionista ou ao titular da pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, a título de lucros ou dividendos distribuídos, ainda que por conta de período- base não encerrado, que exceder ao valor apurado com base na escrituração, será imputado aos lucros acumulados ou reservas de lucros de exercícios anteriores, ficando sujeita a incidência do imposto de renda calculado segundo o disposto na legislação específica, com acréscimos legais. § 4º Inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à tributação nos termos do art. 3°, 4 4°, da Lei n° 7.713, de 1988, com base na tabela proqressiva a que se refere o art. 3° da Lei n° 9.250, de 1995. § 5° A isenção de que trata o caput não abrange os valores pagos a outro título, tais como pro labore, aluguéis e serviços prestados. § 6° A isenção de que trata este artigo somente se aplica em relação aos lucros e dividendos distribuídos por conta de lucros apurados no encerramento de período-base ocorrido a partir do mês de janeiro de 1996. § 7º A distribuição de rendimentos a título de lucros ou dividendos, que não tenham sido apurados em balanço, sujeita-se à incidência do imposto de renda na forma prevista no § 4º. 5. Segundo o Termo de Verificação Fiscal (TVF), conforme consta na fl. 399, ao resultado apurado em 2009 de R$ 446.634,10, obtido no balanço patrimonial do Livro Razão juntado pelo fiscal (fl. 391), foi acrescido o valor de R$ 272.475,15, lançado como distribuição de lucros no exercício ao Recorrente (Razão de fls. 377/378), chegando-se ao montante de R$ 719.109,25 como lucro isento de IR passível de distribuição. Contrapondo-se este valor aos R$ 821.077,00, depositados pela empresa em sua conta corrente, o agente notificante chegou à parcela de R$ 101.967,75 como distribuição não isenta e sujeita à apuração de ajuste anual de IRPF. 6. Todavia, o procedimento utilizado desrespeitou o disposto no § 4º, acima citado e destacado, na medida em que não foi observado pela fiscalização que a pessoa jurídica possuía reserva de lucros acumulados, em 31/12/2009, no montante de R$ 620.094,86, Fl. 578DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 2201-005.770 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11516.720699/2011-03 conforme se verifica no PL registrado no Livro Razão, trazido pelo fiscal à fl. 390 do processo. 7. Assim, estes lucros acumulados devem ser somados ao lucro apurado em 31/12/2009 (R$ 446.634,10), totalizando R$ 1.066.728,96 como montante passível de distribuição, o qual é inferior ao valor de R$ 821.077,00 que a pessoa jurídica depositou na conta corrente do sócio, tratado pelo fiscal como cifra distribuída de fato ao Recorrente. 8. Não se está diante, portanto, de excesso de distribuição de lucros, sujeito à tributação pelo IR, visto que além do resultado do exercício de 2009 e dos valores distribuídos ao longo do ano, a pessoa jurídica dispunha de reserva de lucros acumulados mais que suficiente para suportar a totalidade dos depósitos feitos na conta corrente do Recorrente. 9. Deste modo, por erro essencial e violação à determinação contida no art. 51, § 4°, da IN 11/96, deve ser reformada a decisão recorrida e afastada a tributação de R$ 101.967,75, apontada pelo fiscal como parcela não isenta por exceder à quantia disponível para distribuição, levando-se em consideração apenas os resultados do exercício de 2009, sem a adição à reserva de lucros acumulados. Com relação ao excesso de distribuição de lucros, com razão ao recorrente, tendo em vista que, de acordo com o Livro Razão (fl. 390) a pessoa jurídica possuía reserva de lucros acumulados em 31/12/2009, no montante de R$ 620.094,86, que somado ao valor do lucro apurado em 31/12/2009, de R$ 446.634,10 (valor incontroverso nos presentes autos), chega-se ao um total de R$ 1.066.728,96 passível de distribuição, maior do que o valor de R$ 821.077,00 que foi distribuído ao recorrente e que a fiscalização entendeu ser passível de distribuição “apenas” R$ 719.109,25, o que resultou na diferença de R$ 101.967,75. Sendo assim, deve ser excluído da base de cálculo referente ao item 0002 que corresponde aos rendimentos recebidos por sócios de empresas omissão de rendimentos recebidos a título de lucro distribuído (Real, Presumido ou Arbitrado) excedente ao escriturado, o montante de R$ 101.967,75. Empréstimo Os depósitos bancários sem origem comprovada ou sem a devida comprovação configura presunção legal de omissão de rendimentos, nos termos do disposto no artigo 42 e parágrafos da Lei nº 9.430/96. Lei n° 9.430/1.996: "Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I — os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; Fl. 579DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 2201-005.770 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11516.720699/2011-03 II — no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12.000,00 (doze mil Reais), desde que o seu somatório, dentro do ano-calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil Reais). (art. 42, § 3°, II, da Lei n° 9.430/1996 c/c art. 4° da Lei n°9.481, de 13/08/1997). (...) § 5° Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. (Parágrafo acrescentado pela Lei 10.637, de 30.12.02 (DOU 31.12.02) Os arts. 1º a 3º, e §§, da Lei n° 7.713/1.988, dispõem sobre a tributação de rendimentos, nos seguintes termos: "Art. 1° Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9° a 14 desta Lei. § 1° Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. § 2° Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, considerando-se como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. § 3° Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. § 4° A tributação independe da denominarão dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o beneficio do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título." Por outro lado, o Processo Administrativo Tributário é do tipo que comporta a produção de provas iuris tantum, ou seja, a fim de ilidir a acusação, o contribuinte autuado deve produzir todos os elementos de prova possíveis a fim de comprovar tudo aquilo que alega, sob pena de tomar-se o que consta nos autos, como verdade absoluta para aquele processo. É da prática processual que o ônus da prova incumbe ao autor, sobre fato constitutivo de seu direito e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, nos termos do que dispõe o artigo 373, do Código de Processo Civil: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Fl. 580DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 2201-005.770 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11516.720699/2011-03 II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Logo tudo aquilo que foi alegado pelo Recorrente deveria vir acompanhado de prova a fim de demonstrar que os fatos ocorreram da forma como alegou. Ainda, o contribuinte pode apresentar provas que entender cabíveis, em regra, até a apresentação da defesa, nos termos do disposto no artigo 16 do Decreto nº 70.235/1972: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refira-se a fato ou a direito superveniente; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Em outros termos, a prova deve ser juntada até a impugnação salvo se demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, entre outros casos. Por outro lado, com relação ao valor de R$ 70.000,00 que o recorrente alega ter recebido a título de empréstimo da empresa Gamborgi, Bruno & Camisão Associados (fl. 22), deve ser mantido, posto que não se configura empréstimo, tampouco, mútuo a justificar a não incidência do Imposto de Renda, de modo que não há a comprovação do efetivo pagamento ou devolução do valor, que deveria ter sido feita com documentos hábeis e idôneos. Ganho de capital Com relação a este ponto do recurso, transcrevo o trecho da decisão recorrida que tratou do assunto e que valho-me como fundamento e razão de decidir: Da forma de aquisição/alienação dos imóveis. O contrato de compra e venda de imóvel “com permuta e torna” de fls.68 e seguintes informa como promitentes vendedores o contribuinte Sr. Orlando da Silva Filho e seu cônjuge Sra. Vanilde Laura da Silva; e como promitentes compradores o Sr. Helder Levy dos Santos e a Sra. Patrícia Bernardo de Figueiredo. O objeto da venda é o imóvel sito à Rua Stuttgart nº 64. A forma de pagamento é mediante a entrega de recursos próprios (R$30.000,00 e R$70.000,00); financiamento bancário (R$200.000,00) e entrega de outro imóvel no valor de R$300.000,00 (apartamento nº 304 do Edifício Residencial Orlando Odílio Koerich e vaga de garagem). Datado de 13/01/2009. ////////// A escritura Pública de Compra e Venda de fls.74 e seguintes informa a alienação (venda) de imóvel e tem como outorgante vendedora apenas a Sra. Patrícia Bernardo de Fl. 581DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art67 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art67 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art67 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art67 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art67 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art67 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art67 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii Fl. 11 do Acórdão n.º 2201-005.770 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11516.720699/2011-03 Figueiredo e outorgados compradores o contribuinte Sr. Orlando da Silva Filho e seu cônjuge Sra. Vanilde Laura da Silva. O objeto da venda é o imóvel sito a Av. Irineu Bornhausen nº 3.440, Edifício Residencial Orlando Odílio Koerich, apartamento nº 304 (e vaga de garagem). A forma de pagamento adotada foi o pagamento “em moeda corrente nacional” (fl.75) do valor total de R$300.000,00. Datado de 06/07/2009. ///////// A questão se resume a concluir, para fins de utilização do programa para apuração de ganho de capital, se o negócio realizado se trata de uma “permuta com recebimento de torna” ou se é uma “venda” seguida de aquisição de novo imóvel. Considerando-se que o Sr. Helder Levy dos Santos que consta do primeiro contrato não é proprietário do apartamento nº 304 citado no segundo contrato. Considerando-se a informação do R.2 de fl.76 que informa ser a alienante do apartamento nº 304, Sra. Patrícia Bernardo de Figueiredo, separada e que “declara não viver em regime de união estável”. Considerando-se que da leitura da matrícula do apartamento nº 304 (fls.76 e 77) verifica-se a transmissão direta a título de “venda” do apartamento nº 304 (e sua vaga) para o contribuinte e seu cônjuge, sem que seja feita referência ao Sr. Helder Levy dos Santos. Considerando-se as simulações que se faz nesta oportunidade: 1)fls.497 a 499 (“venda” com aquisição posterior de imóvel dentro do prazo de 180 dias) (igual ao demonstrativo de cálculo da fiscalização de fls. 384 a 386). 2)fls.500 a 502 (“permuta com recebimento de torna”) Considerando-se que escrituras públicas possuem valor probatório absoluto pelas manifestações de vontade que elas informam. Considerando-se que a fiscalização, apesar de se valer do valor de R$600.000,00 do primeiro contrato para o cálculo do valor da alienação do imóvel sito à Rua Stuttgart, nº64, procedeu a devida opção, nos termo do artigo nº 39 da Lei nº 11.196/2005 (isenção), de modo a caracterizar a destinação do valor de R$300.000,00 para fins de aquisição de um novo imóvel residencial no prazo de 180 dias (fls.498 (segunda tela) e 385). Não há como decidir em sentido diverso daquele já expresso pela fiscalização que caracterizou a operação como uma venda do imóvel sito à Rua Stuttgart, nº 64 no valor de R$600.000,00, com posterior destinação de parte do valor (R$300.000,00) para aquisição de novo imóvel residencial dentro do prazo de 180 dias (não se tributando ganho de capital deste valor). Do custo de aquisição. Considerando-se a manifestação feita/transcrita na impugnação no sentido de que (fl.427): “A casa localizada no endereço acima referenciado, foi por mim construída, após compra do terreno, com as obras iniciando em 1.999 e a casa concluída em 2.000” “Nos mudamos para a nova residência em agosto de 2.000” “o que ocorreu neste caso foi a conclusão da casa com mínimas condições de habitação, sendo que o restante das obras de muros, infraestruturas, calçadas, etc (benfeitorias necessárias) foram sendo realizadas aos poucos.” (grifei) Considerando-se a previsão do artigo 131 do RIR/99, ora transcrito: Fl. 582DF CARF MF Fl. 12 do Acórdão n.º 2201-005.770 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11516.720699/2011-03 “Art. 131. Não será atribuída qualquer atualização monetária ao custo dos bens e direitos adquiridos após 31 de dezembro de 1995 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 17, inciso II).” Considerando-se a previsão do art.17 da IN nº 84 de 11/10/01, aqui parcialmente transcrito: “Valores computáveis como custo Art. 17. Podem integrar o custo de aquisição, quando comprovados com documentação hábil e idônea e discriminados na Declaração de Ajuste Anual, no caso de: I – bens imóveis: a) os dispêndios com a construção, ampliação e reforma, desde que os projetos tenham sido aprovados pelos órgãos municipais competentes, e com pequenas obras, tais como pintura, reparos em azulejos, encanamentos, pisos, paredes; (...) d) os dispêndios pagos pelo proprietário do imóvel com a realização de obras públicas, tais como colocação de meio-fio, sarjetas, pavimentação de vias, instalação de redes de esgoto e de eletricidade que tenham beneficiado o imóvel. (...)” (grifou-se) Considerando a manifestação da fiscalização nos seguintes termos: (Termo de verificação fiscal) “Até o exercício 2005, o contribuinte manteve, em sua Declaração de Ajuste, o custo de aquisição de R$108.000,00, alterando-o, na Declaração do referido exercício 2005, para o valor de R$250.000,00 sem mencionar quais investimentos teriam sido realizados no imóvel (fl.04). No exercício seguinte (2006), o contribuinte novamente promoveu alteração no valor do bem, para a quantia de R$300.000,00 também sem qualquer notícia sobre o motivo da alteração feita (fl.07). O custo informado na Declaração de Ajuste do exercício 2001 pode ser aceito, pois informado nos anos da efetiva construção, inclusive com esclarecimento sobre a origem dos recursos aplicados. No entanto, a alteração efetuada na Declaração de Ajuste do exercício 2005 não merece o mesmo tratamento, pois não há conexão, muito menos comprovação, entre o valor acrescido ao custo do bem e os dispêndios que teriam sido realizados, ademais, o contribuinte não possuía, no ano 2004, recursos para suportar o investimento que alega ter feito (fl.03 a 05). É de se salientar que, no ano 2004, o contribuinte declarou que recebeu rendimentos tributáveis, isentos e tributados exclusivamente na fonte, no valor líquido de R$54.580,00, no entanto, informou variação patrimonial na quantia de R$167.000,00, caracterizados por investimentos na casa, no valor de R$142.000,00 e a compra de um automóvel, na quantia de R$25.000,00. Assim, resta demonstrada a impossibilidade de o contribuinte haver aplicado o montante de R$142.000,00, naquele ano, na casa localizada na rua Stuttgart, nº64. No mesmo sentido, constata-se que no exercício 2006 o contribuinte declarou rendimentos líquidos no valor de R$45.631,67, não havendo recursos para suportar o alegado dispêndio, de R$50.000,00 na casa (fls.06 a 08). Registre-se, ainda, que no mesmo ano o contribuinte declarou que vendeu seu automóvel e adquiriu outro, acarretando-lhe o desembolso de R$3.000,00.” (grifou-se) Considerando-se as DIRPF´s de fls.03 a 08 que confirmam a proporção dos valores citados acima; demonstrando-se a inexistência de recursos financeiros suficientes a justificar as benfeitorias informadas nos exercícios de 2005 e 2006. Considerando-se que o contribuinte não trouxe aos autos prova definitiva dos gastos havidos no imóvel de modo a demonstrar a efetiva aplicação de recursos no imóvel (benfeitorias) (notas fiscais, recibos, projetos aprovados, etc.). Considerando-se que, entre os dados da DIRPF EX2010 (apresentada pelo contribuinte) oriundos do programa de apuração do ganho de capital, verifica-se um custo de Fl. 583DF CARF MF Fl. 13 do Acórdão n.º 2201-005.770 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11516.720699/2011-03 aquisição de R$300.000,00, desacompanhado da especificação, mês a mês (competência por competência) da aplicação de recursos que alega ter efetuado. Considerando-se que a fiscalização já aceitou como complemento ao custo de aquisição do terreno (R$10.500,00) o valor de R$108.000,00, pois comprovada a origem dos recursos (conforme descrito à fl.384 e no termo de verificação fiscal). Considerando-se que a sistemática adotada pela legislação para apuração do ganho de capital não contempla a utilização das informações arbitradas/declaradas/englobadas para fins de cálculo do INSS devido (de fls.489 (ARO)), pois exige a demonstração, mês a mês, do efetivo desembolso financeiro para a realização das benfeitorias que o contribuinte informou em suas DIRPF´s (observar fls.498 e 501); de modo a se poder calcular o percentual de redução previsto no artigo 40 da Lei nº 11.196/2005 (FR1 e FR2). Não há como decidir em sentido diverso àquele já expresso pela fiscalização no Auto de Infração lançado. Sendo assim, não há reparos a serem feitos na decisão recorrida, de modo que deve ser negado provimento quanto a este ponto. Taxa Selic A taxa de juros Selic encontram previsão no art. 61, §3º da Lei nº 9.430/96, e vigoram até hoje: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento”. Aplicável, quanto a este ponto, o disposto na Súmula CARF nº 4: Súmula CARF nº 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). Sendo assim, nada prover com relação ao questionamento da aplicabilidade da taxa Selic. Conclusão Diante do exposto, conheço do recurso voluntário e dou-lhe parcial provimento para afastar a exigência fiscal relacionada ao excesso de distribuição de lucros. (documento assinado digitalmente) Douglas Kakazu Kushiyama Fl. 584DF CARF MF http://idg.carf.fazenda.gov.br/acesso-a-informacao/boletim-de-servicos-carf/portarias-do-mf-de-interesse-do-carf-2018/portarias-mf-277-sumulas-efeito-vinculantes.pdf Fl. 14 do Acórdão n.º 2201-005.770 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11516.720699/2011-03 Fl. 585DF CARF MF
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