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Numero do processo: 13061.720039/2011-35
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2007
INTEMPESTIVIDADE. PRAZO RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO DE RECURSO VOLUNTÁRIO.
O prazo para interposição de Recurso Voluntário é de trinta dias a contar da ciência da decisão recorrida.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 2202-003.106
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, por intempestividade.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio De Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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PRAZO RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. O prazo para interposição de Recurso Voluntário é de trinta dias a contar da ciência da decisão recorrida. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, por intempestividade. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio De Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 06 1. 72 00 39 /2 01 1- 35 Fl. 84DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 18/03/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBO SA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 13061.720039/201135, em face do acórdão nº 1037.330, julgado pela 4ª. Turma da Delegacia Regional de Julgamento em Porto Alegre (DRJ/POA), na sessão de julgamento de 14 de março de 2012, no qual os membros daquele colegiado entenderam julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia Regional de Julgamento de origem, que assim relatou os fatos: Trata o presente processo de impugnação a notificação de lançamento de fls. 08 a 12, na qual é exigido imposto de renda pessoa físicasuplementar (cod Darf 2904) no valor de R$234,69 acrescido de multa de ofício e de juros de mora e imposto de renda pessoa física (cod Darf 0211) no valor de R$2.615,66 acrescido de multa e juros de mora, relativo ao anocalendário 2007, em decorrência de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica em ação trabalhista e compensação indevida de imposto de renda retido na fonte. Discordando da notificação o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 02. Suas alegações estão, em síntese, a seguir descritos. 1. Não houve omissão de rendimentos pois foi recebido apenas o valor declarado. 2. Sobre o imposto de renda retido, se houve erro foi por parte do Hospital Santa Lucia que não lhe forneceu o comprovante de rendimentos. 3. Em nenhum momento teve intenção de sonegar tributo. Todavia, a 4ª. Turma da Delegacia Regional de Julgamento em Porto Alegre entendeu pela improcedência da impugnação apresentada pelo contribuinte. Colaciono a ementa do referido julgado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário:2007 RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS AÇÃO TRABALHISTA. O rendimento tributável é o valor bruto (valor líquido recebido + imposto retido na fonte+INSS do reclamante) deduzidas as despesas com ação judicial necessárias ao recebimento dos rendimentos. RESPONSABILIDADE. RENDIMENTOS SUJEITOS AO AJUSTE ANUAL. A responsabilidade pelas informações Fl. 85DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 18/03/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBO SA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO Processo nº 13061.720039/201135 Acórdão n.º 2202003.106 S2C2T2 Fl. 85 3 prestadas na declaração de ajuste anual é do declarante, independentemente de erro ou falta do comprovante de rendimentos fornecido pela fonte pagadora. IMPOSTO RETIDO NA FONTE. O imposto pago ou retido na fonte, correspondente a rendimentos incluídos na base de cálculo, será deduzido do imposto progressivo para fins de determinação do saldo do imposto a pagar ou a ser restituído, na declaração de rendimentos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado com a improcedência da impugnação, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário à fl. 76, onde são reiterados os argumentos já lançados na impugnação, requerendo que a multa aplicada seja imputada à empresa Hospital Santa Lúcia. É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator. O recurso voluntário de fl. 76 foi apresentado em 23/04/2012, conforme se verifica pelo Extrato do Processo de fls. 77. No presente caso, a ciência se deu por via postal comprovada por aviso de recebimento –AR com data de 21/03/2012, conforme fl. 74. O despacho de encaminhamento de fl. 78 informa que o recurso voluntários pelo contribuinte é intempestivo. Assim, considerandose que o contribuinte tomou ciência do resultado do acórdão ora recorrido em 21/03/2012 (quartafeira), iniciase o prazo recursal em 22/03/2012 (quintafeira), tendo por término 20/04/2012 (sextafeira). Não sendo feriado em nenhuma das datas referidas, temse que o recurso voluntário apresentado em 23/04/2012 é intempestivo e, portanto, não deve ser conhecido. Os artigos 5° e 33 do Decreto 70.235, de 1972 estabelecem as regras para contagem do prazo de interposição do recurso voluntário: Art. 5° Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia de início e incluindo se o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. ... Fl. 86DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 18/03/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBO SA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO 4 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Ante o exposto, voto por não conhecer do recurso voluntário por intempestivo. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator. Fl. 87DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 18/03/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBO SA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO
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Numero do processo: 16561.720009/2011-86
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jan 08 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2202-000.618
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os Membros da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Fizeram sustentação oral: pelo contribuinte, o advogado RICARDO LACAZ MARTINS, OAB /SP nº 113.694 e, pela Fazenda Nacional, RODRIGO DE MACEDO E BURGOS (Procurador da Fazenda Nacional).
Assinado digitalmente
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente e Relator
Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os Membros da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Fizeram sustentação oral: pelo contribuinte, o advogado RICARDO LACAZ MARTINS, OAB /SP nº 113.694 e, pela Fazenda Nacional, RODRIGO DE MACEDO E BURGOS (Procurador da Fazenda Nacional). Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente e Relator Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 65 61 .7 20 00 9/ 20 11 -8 6 Fl. 2285DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.286 2 RELATÓRIO Foi lavrado Auto de Infração (fls. 1.027 a 1.035) contra a contribuinte COSTA CRUZEIROS AGÊNCIA MARÍTIMA E TURISMO LTDA., CNPJ 61.450.292/000159, relativo ao Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), referente aos anoscalendário 2007 e 2008, por meio do qual lhe é exigido crédito tributário no montante de R$ 128.897.840,32 (CENTO E VINTE E OITO MILHÕES, OITOCENTOS E NOVENTA E SETE MIL, OITOCENTOS E QUARENTA REAIS E TRINTA E DOIS CENTAVOS), dos quais R$ 60.243.186,98 correspondem ao imposto, R$ 45.182.390,26 à multa de ofício no percentual de 75%, e R$ 23.472.263,08 aos juros de mora, calculados até 10/2011. O lançamento foi referente à infração "Imposto de renda na fonte sobre renda e proventos de qualquer natureza de residentes ou domiciliados no exterior", por inobservância da legislação tributária pelos pagamentos efetuados ao exterior, sem a retenção do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), em virtude de contratação de prestação de serviços de caráter geral. Também foram lavrados Autos de Infração relativos ao PIS Importação e à COFINSImportação, os quais se encontram no presente processo e totalizam os seguintes créditos tributários: PISImportação: R$ 6.807.482,47, incluídos multa e juros de mora até 10/2011 (fls. 1.037 a 1.047); COFINSImportação: R$ 31.355.676,75, incluídos multa e juros de mora até 10/2011 (fls. 1.048 a 1.058). Da autuação Conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal (fls. 994 a 1.026), o procedimento autorizado pelo Mandado de Procedimento Fiscal MPF nº 08.1.85.002010002668 teve como escopo a verificação da correta apuração da Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio Público incidente na Importação de Produtos Estrangeiros ou Serviços PIS/PASEPImportação, da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços no Exterior COFINSImportação e do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF sobre remessas ao exterior, no período compreendido entre 01/2007 e 12/2008. No decorrer da ação fiscal, a Fiscalização constatou que a Contribuinte efetuou diversas remessas para o exterior, conforme planilha de fl. 35. Em seu relatório, a autoridade fiscal dividiu as remessas, para efeito de tributação, em dois tipos: a) Remessas cuja natureza da operação é descrita nos Fl. 2286DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.287 3 contratos de câmbio como "Serv. Div. Serviços Turísticos"; b) Remessas cuja natureza da operação é descrita nos contratos de câmbio como "Transp Fretamento Marítimo"; tendo afirmado o seguinte: a) Remessas cuja natureza da operação é descrita nos contratos de câmbio como "Serv. Div. Serviços Turísticos": Tais remessas estão contabilizadas como REMESSAS PACOTES INTERNACIONAIS e ICO C. CROCIERE PAGTO DE INTERCOMPANY, conforme cópias do Livro Razão, constando no histórico de que se tratam de remessas referentes a cruzeiros internacionais. Essas remessas são relativas a venda de pacotes turísticos de cruzeiros marítimos realizados no exterior, a bordo dos navios da COSTA CROCIERE SPA, descontadas da comissão do agente, que é a fiscalizada. Por se tratar de empresa domiciliada no exterior, a COSTA CROCIERE SPA recebia as receitas das vendas de seus cruzeiros em moeda estrangeira, por meio de remessas em que a fiscalizada figurava como remetente, sendo tais rendimentos oriundos da prestação de serviços de turismo. Essas remessas foram objeto do presente lançamento de ofício em relação ao IRRF, mas não foram tributadas quanto ao PISImportação e à COFINSImportação. b) Remessas cuja natureza da operação é descrita nos contratos de câmbio como "Transp Fretamento Marítimo": Essas remessas tiveram como beneficiária a empresa COSTA CROCIERE SPA e tiveram como base os contratos firmados entre essa empresa e a fiscalizada e com terceiros nos quais a fiscalizada aparece como representante legal da COSTA CROCIERE. Tais contratos são denominados "Contrato de Reserva e Bloqueio de Cabinas de Navios de Passageiros" e têm como objeto a reserva e o bloqueio de cabines de navios de passageiros para a realização de cruzeiros turísticos. Foi verificado pela análise das cláusulas contratuais que a empresa COSTA CROCIERE SPA também presta serviços de acomodação, entretenimento e alimentação aos passageiros dos cruzeiros marítimos, sendo responsável também pela folha de pagamento da tripulação dos navios e de terceiros contratados. A COSTA CROCIERE SPA assume a obrigação de colocar o navio à disposição da fiscalizada e prestar os serviços citados, os quais são vendidos aos consumidores finais pela COSTA CRUZEIROS como "pacotes turísticos". Essa prestação de serviços prepondera nos contratos firmados, pois o viajante ao adquirir os "pacotes turísticos" é atraído pelos serviços de acomodações de luxo, alimentação e lazer, prestados pela COSTA CROCIERE SPA e não simplesmente pelo deslocamento marítimo entre o local de embarque e desembarque. Tais serviços são prestados na costa brasileira, conforme consta nas cláusulas contratuais referentes ao itinerário. Fl. 2287DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.288 4 Essa questão já foi enfrentada pelo Judiciário conforme consta nos autos do Mandado de Segurança n° 2009.61.00.0267987, impetrado por COSTA CRUZEIROS AGENCIA MARÍTIMA E TURISMO LTDA, no qual ela pede a concessão de ordem para não recolher o PISImportação e a COFINSImportação nos pagamentos, à Costa Crociere S.p.A. dos "Contratos de reserva de navio de passageiros" (afretamentos) acordados entre as empresas. O pedido foi julgado improcedente e a segurança denegada pelo Juiz da 8ª Vara da Justiça Federal em São Paulo, conforme sentença às fls.151/165. A par das demais obrigações que porventura estejam incluídas no contrato, existe uma preponderância no objeto com natureza de prestação de serviços, como os descritos no contrato firmado pela fiscalizada com a empresa COSTA CROCIERE SPA, a título de acomodação, entretenimento e alimentação dos passageiros, não sendo possível separar os valores contratuais relativos àqueles serviços. Por se tratarem de remessas cujo beneficiário está sediado na Itália, devese observar a Convenção BrasilItália destinada a evitar a dupla tributação. Pela leitura da Convenção, os rendimentos oriundos da prestação de serviços de turismo não se encontra expressamente mencionados no texto legal para evitar a dupla tributação, o que significa que os valores percebidos pela empresa no exterior a título de pacotes turísticos, por sua natureza, não estão enquadrados na dispensa de retenção de imposto de renda, ou seja, não está expressamente dito que somente serão tributados no Estado sede da empresa (exterior). O artigo 22 da Convenção é conclusivo quando afirma "Os rendimentos de um residente de um Estado Contratante não expressamente mencionados nos Artigos precedentes da presente Convenção são tributáveis em ambos os Estados Contratantes." Assim, por serem preponderantemente contratos de prestação de serviços, ocorre a incidência do PIS/PASEPImportação e da COFINSImportação sobre o valor global pago ou remetido ao exterior embasado nos aludidos "Contratos de Reserva e Bloqueio de Cabinas de Navios de Passageiros", ficando sujeita ainda à incidência do IRRF, com base no art. 685, inc. II, alínea a, do Decreto n° 3000, de 1999, à alíquota de 25 (vinte e cinco) por cento sobre as remessas a título de prestação de serviços em caráter geral. A base de cálculo relativa ao IRRF foi reajustada de acordo com o artigo 725 do RIR/99 e o valor líquido da remessa em reais foi obtido a partir da aplicação da taxa de câmbio determinada na Instrução Normativa IN 41/99 e no artigo 3º da Lei nº 10.305/2001. BC reajustada = Valor líquido remetido / (1 25/100) Os valores apurados encontramse na tabela de fls. 1.015 a 1.017. Da impugnação Em 31/10/2011, a Contribuinte foi cientificada por meio de seu procurador (fl. 1.028), tendo apresentado impugnação em 30/11/2011, por intermédio de seus advogados (fls. 1.061 a 1.132). Fl. 2288DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.289 5 Da decisão de primeira instância A 9ª Turma da DRJ/SP1, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a impugnação, cujo Acórdão nº 1638.341 foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2007, 2008 REMESSAS AO EXTERIOR. DISPENSA DE RETENÇÃO. INCISO VIII DO ARTIGO 690 DO DECRETO N.º 3000, DE 1999. INAPLICABILIDADE. A dispensa de retenção do IRRF, aludida no inciso VIII do art. 690 do Decreto n.º 3.000, de 1999, quanto às remessas destinadas ao exterior, está dirigida apenas às remessas realizadas por pessoa física, é dizer, pessoa natural. Não pode pessoa jurídica valer se desse dispositivo normativo para afastar a incidência desse imposto para remessas realizadas nos exercícios em tela. REMESSAS AO EXTERIOR. ARTIGO 22 DO DECRETO N.º 85.985, DE 1981. APLICABILIDADE. As remessas destinadas a pessoa física ou jurídica residente no exterior, em contrapartida pela venda de pacotes turísticos de cruzeiros marítimos, estão sujeitos à incidência na fonte, à alíquota de 25%, tal como determina a alínea “a” do inciso II do art. 685 do Decreto n.º 3.000, de 1999, por conta da aplicação do art. 22 da Convenção entre Brasil e Itália, destinada a evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal em matéria de imposto sobre a renda, promulgada pelo Decreto n.º 85.985, de 1981, que estabelece que os rendimentos de residente de um Estado contratante não expressamente mencionado nos artigos da convenção são tributáveis em ambos os Estados contratantes. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2007, 2008 SERVIÇO DE CRUZEIRO MARÍTIMO. SERVIÇO PRESTADO NO TERRITÓRIO NACIONAL. INCIDÊNCIA DE PISIMPORTAÇÃO. É alcançado pela definição estabelecida pela Lei n.º 10.865, de 2004, o serviço de cruzeiro marítimo oferecido, no território nacional, por empresa estrangeira. Tratase de serviço executado no País, que provém do exterior, é dizer, é prestado por pessoa jurídica residente ou domiciliada no exterior. A remuneração desse serviço sofre incidência de PIS Importação, cujo fato gerador se dá pela ocorrência do pagamento, o crédito, a entrega, o emprego ou a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação pelo serviço prestado. PISIMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ISS. Na importação de serviços, para fins de apuração da base de cálculo do PISImportação, considerase o imposto sobre serviço de qualquer Fl. 2289DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.290 6 natureza, em observância ao disposto na Instrução Normativa n.º 572, de 2005, da então Secretaria da Receita Federal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Exercício: 2007, 2008 SERVIÇO DE CRUZEIRO MARÍTIMO. SERVIÇO PRESTADO NO TERRITÓRIO NACIONAL. INCIDÊNCIA DE COFINS IMPORTAÇÃO. É alcançado pela definição estabelecida pela Lei n.º 10.865, de 2004, o serviço de cruzeiro marítimo oferecido, no território nacional, por empresa estrangeira. Tratase de serviço executado no País, que provém do exterior, é dizer, é prestado por pessoa jurídica residente ou domiciliada no exterior. A remuneração desse serviço sofre incidência de COFINS Importação, cujo fato gerador se dá pela ocorrência do pagamento, o crédito, a entrega, o emprego ou a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação pelo serviço prestado. COFINSIMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ISS. Na importação de serviços, para fins de apuração da base de cálculo da COFINSImportação, considerase o imposto sobre serviço de qualquer natureza, em observância ao disposto na Instrução Normativa n.º 572, de 2005, da então Secretaria da Receita Federal. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Exercício: 2007, 2008 FASE LITIGIOSA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. APRESENTAÇÃO DE PROVAS. Durante a fase litigiosa do processo administrativo fiscal, a apresentação de provas é definida pelo disposto no parágrafo 4º do art. 16 do Decreto n.º 70.235, de 1972 e alterações posteriores. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Do Recurso de Ofício A decisão de primeira instância exonerou os créditos tributários relativos às remessas ao exterior referentes aos contratos em que a Contribuinte consta como representante legal da empresa estrangeira Costa Crociere S.p.A. Em relação ao Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), foram exonerados R$ 2.421.875,59 de imposto e R$ 1.816.406,69 de multa de ofício. Tendo em vista que o crédito tributário exonerado foi superior ao limite de alçada previsto na Portaria MF nº 03/2008, foi submetido à apreciação do CARF o recurso de ofício. Fl. 2290DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.291 7 Do Recurso Voluntário Cientificada da decisão em 17/07/2012, por via postal (fls. 1.631 e 1.632), a Contribuinte interpôs recurso voluntário em 16/08/2012, por meio de seus advogados (fls. 1.633 a 1.736), no qual alega, em síntese: A) Remessas relativas a cruzeiros internacionais 1 Nãoincidência do IRRF sobre remessas ao exterior destinadas à cobertura de gastos pessoais de pessoas físicas O artigo 690, VIII, do RIR/99, estabelece que não integra o escopo de incidência do IRRF as remessas feitas para a cobertura de gastos pessoais de pessoas físicas no exterior, inclusive quando em viagens de turismo, o que abrange as remessas realizadas pela Recorrente, sob a égide do Contrato de Representação. A Recorrente agiu como mera agente de pagamento do turista, tendo efetuado por sua conta e ordem, o pagamento de despesas deste, no exterior, em favor do prestador de serviços ali estabelecido. As remessas realizadas por agência de viagem (empresas que desempenham atividade análoga à sua) são destinadas à cobertura de despesas de pessoas físicas no exterior, e já faziam jus à não incidência, mesmo antes da edição das novas regras (art. 60 da Lei nº 12.249/2010 e IN nº 1.119/2011), confirmando a aplicação do artigo 690 do RIR/99 à época dos fatos geradores ora autuados. Portanto, tais remessas devem ser abrangidas pela regra de não incidência veiculada no artigo 690, inciso VIII, do RIR/99, razão pela qual deve ser cancelado o Lançamento naquela parte. 2 Argumentos subsidiários 2.1 Ilegitimidade passiva da Recorrente a Recorrente não possui legitimidade para figurar no polo passivo da cobrança veiculada pelo Auto de Infração, pois atuou como mera representante da Costa Crociere ao efetuar a remessa de valores ao exterior. 2.2. NãoIncidência do IRRF sobre remessas ao exterior destinadas ao pagamento de despesas terrestres relacionadas com pacotes turísticos O inciso XIV do art. 690 do RIR/99, interpretado segundo o artigo 111 do CTN, afasta a incidência do IRRF nas remessas destinadas ao exterior para pagamento de despesas terrestres relacionadas com pacotes turísticos. A menção a despesas terrestres são relativas aos eventos cujos resultados se verificam no exterior (conhecidas no jargão das empresas de turismo como "parte terrestre"), não devendo ser confundida como uma oposição entre "terrestre" e "marítimo". Fl. 2291DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.292 8 2.3 Isenção do IRRF sobre remessas ao exterior destinadas a empresas de navegação marítima Ainda que se entendesse o não reconhecimento da nãoincidência do IRRF para as remessas relativas a cruzeiros internacionais, não haveria tributação, por força do artigo 85 da Lei nº 9.430/96, que isenta daquele tributo os rendimentos pagos a empresas de navegação marítima por nãoresidentes. O parágrafo único do artigo 85 da Lei nº 9.430/96 estabelece, como requisitos à isenção do IRRF, um elemento subjetivo (os beneficiários da isenção serem companhias aéreas e marítimas) e outro objetivo (o país em que os beneficiários da isenção estão sediados não tributar rendimentos auferidos por companhias aéreas e marítimas residentes no Brasil, em razão de lei interna ou de acordo internacional). Nesse caso, a Costa Crociere é uma empresa que explora a navegação marítima e a Itália, onde ela está sediada, não tributa os rendimentos auferidos por companhias marítimas residentes no Brasil que exercem atividade de navegação marítima. Estando presentes os dois requisitos previstos pelo parágrafo único do artigo 85 da Lei n° 9.430/96, devem ser considerados isentos os rendimentos pagos pela Recorrente, uma vez que destinados a empresa marítima situada em país (Itália) que não tributa os rendimentos de empresas brasileiras que exerçam a mesma atividade. 2.4 Aplicação do Tratado BrasilItália O artigo 8º do Tratado BrasilItália dispõe que "lucros provenientes da exploração, no tráfego internacional, de navios" só serão tributáveis no Estado da sede de direção efetiva da empresa que realizar a atividade. Ao contrário do que pretende a decisão recorrida, o acordo Brasil Itália não estabelece hierarquia entre as atividades exercidas com o uso do navio, apenas exige, de forma objetiva, que o navio seja explorado economicamente em atividade que implique transporte, pressuposto implícito em qualquer cruzeiro marítimo. Subsidiariamente, caso não se entenda aplicável o art. 8º, nas remessas para cruzeiros marítimos realizados no exterior não se aplica o artigo 22, suscitado pela Fiscalização e pela decisão da DRJ, relativo a "rendimentos não expressamente mencionados" no acordo, mas sim o artigo 7º, o qual trata da tributação dos lucros das empresas em geral. O artigo 7º do acordo de bitributação dispõe que, a não ser que disposto diferentemente em outro dispositivo do acordo, os "lucros de uma empresa" serão apenas tributáveis pelo Estado em que se situar sua residência. Fl. 2292DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.293 9 O termo "lucros", quando usado nesse artigo e em qualquer outro lugar na Convenção, tem um significado amplo, incluindo todos os rendimentos derivados da condução de um negócio. 2.5 Subsidiariamente: Aplicação da alíquota de IRRF de 15% Artigo 85 da Lei 9.430/96. Há regra específica para as empresas de navegação marítima não residentes, que limita o IRRF a 15%, conforme dispõe o artigo 85 da Lei nº 9.430/96, a qual prevalece sobre qualquer legislação de caráter geral, mesmo quando a lei geral seja superveniente à lei especial. B) Remessas relativas a afretamentos de embarcações cruzeiros no Brasil 3. Concomitância com o Mandado de Segurança impetrado pela Recorrente A decisão recorrida concordou com os argumentos da impugnação, tendo concluído não haver concomitância entre o recurso e o Mandado de Segurança nº 2009.61.00.0267987, seja quanto ao IRRF seja quanto ao PIS/COFINSImportação. 4 Objeto dos contratos de reserva e bloqueio de cabinas de navios de passageiros Os contratos de reserva e bloqueio de cabinas de navios de passageiros são firmados entre a Recorrente (Contratante) e a Costa Crociere (Contratada), tendo por objeto a reserva e bloqueio de cabinas de navios de passageiros para a realização de cruzeiros turísticos em datas e períodos predeterminados, mediante uma remuneração global fixa, calculada em função do custo diário de cada cruzeiro, variável por itinerário. Durante o período do bloqueio das cabinas, a Costa Crociere (Contratada) obrigase a manter o navio disponível para a utilização acordada e a Recorrente (Contratante) promove a comercialização dos "pacotes" turísticos de hotelaria marítima, auferindo em nome próprio as receitas das vendas dos bilhetes e assumindo integralmente os riscos decorrentes da obrigação de pagar a remuneração global fixa à Contratada, seja qual for o resultado das vendas ao público. 5 Contrato de afretamento turístico O afretamento convive com a prestação de serviços. Logo, não o desnatura o fato de a tripulação, cedida pelo fretador, desempenhar atividades a bordo, em favor dos passageiros. Como visto, é natural, nos afretamentos "por tempo", e "por viagem", a colocação da tripulação à disposição do afretador, para que realize as atividades por estes ditadas. Fl. 2293DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.294 10 A possibilidade de se dar o afretamento de embarcações para a exploração de atividades de cruzeiros marítimos já foi expressamente reconhecida pelo Poder Executivo, conforme artigos 37 e 39 do Decreto nº 7.381/10. É possível que uma embarcação estrangeira seja contratada para a realização de cruzeiros marítimos, envolvendo um conjunto de serviços e, ainda assim, ela será objeto de afretamento. 6 A qualificação dos contratos Recorrente/Costa Crociere 6.1 Questionamentos da DRJ quanto à natureza dos contratos entre a Recorrente e a Costa Crociere O item 9.9 da decisão recorrida afirma que as cláusulas 1.3 a 1.6 do contrato de afretamento estabeleceriam uma série de obrigações da Costa Crociere para com os passageiros, afastando assim a natureza jurídica de contrato de afretamento celebrado com a Recorrente. As cláusulas mencionadas pela decisão para descaracterizar a natureza dos contratos como de Afretamento, na verdade demonstram a quase exclusiva responsabilidade da Recorrente perante os passageiros e até mesmo perante as autoridades competentes, reforçando a natureza de afretamento dos contratos entre ela e a Costa Crociere. 6.2 Confusão da DRJ acerca da natureza de afretamento ou de transporte Relativamente aos cruzeiros internacionais, a decisão alega que não seria aplicável o artigo 8º do Tratado Brasil Itália, pois este somente se aplicaria aos contratos de transportes e os contratos em análise teriam natureza diversa. Analisando os contratos entre as mesmas partes, mas que contratavam cruzeiro nacional, a decisão afirma que não se aplica o inciso I do artigo 691 do RIR, pois referidos contratos não são de afretamento, mas são "contrato de adesão, que trata de transporte marítimo de passageiros e sua bagagem". Tal afirmativa da DRJ revela a adoção de "dois pesos e duas medidas" para a aferição de grandezas iguais, porquanto os contratos em questão, sejam relativos a cruzeiros nacionais, sejam relativos a cruzeiros internacionais, possuem a mesma natureza jurídica, diferindo apenas quanto ao itinerário. Não se pode assim atribuir a eles naturezas jurídicas diversas conforme seja mais conveniente ao Fisco. Caso os referidos contratos sejam de transportes, deverseia aplicar o Tratado BrasilItália para os contratos relativos a cruzeiros internacionais. 6.3 O parecer do Ilustre Professor Luiz Olavo Baptista Fl. 2294DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.295 11 Segundo o parecerista, os contratos em questão são contratos complexos, de afretamento de um bem móvel com destinação específica, que não podem ser confundidos com simples contratos de prestação de serviços. Analisando as características gerais dos contratos de afretamento em comparação com os contratos especificamente em questão, o parecer liquida quaisquer dúvidas remanescentes quanto à natureza de afretamento de referidos contratos, bem como quanto à autonomia destes para com os contratos celebrados entre a Recorrente e os passageiros. 6.4 Conclusão acerca da natureza dos contratos Podese concluir que os contratos celebrados entre a Recorrente e a Costa Crociere possuem natureza de afretamento, independentemente de a eles estarem associadas obrigações de fazer. Esse entendimento já foi adotado pelo Primeiro Conselho de Contribuintes, com relação a contratos da própria Costa Crociere, firmados com a Recorrente (Acórdão n° 10418.892), quando foram examinadas operações idênticas às aqui abordadas, não restando, naquela ocasião, dúvidas de que se estava diante de afretamentos. 7 Aplicandose o critério da "Prevalência", confirmase a natureza dos afretamentos contratados pela Recorrente Se fosse o caso de se utilizar a lógica da "preponderância", como defende a Fiscalização, não haveria dúvidas quanto a se concluir que prevalecem, nos contratos entre a Recorrente a Costa Crociere, as prestações relacionadas intrinsecamente ligadas ao afretamento, tais como navegação, cessão do uso de cabines, cessão do uso de áreas comuns, alimentação, limpeza, abastecimento e manutenção. 8 IRRF 8.1 Alíquota zero Fincada a premissa de que os contratos entre a Recorrente e a Costa Crociere possuem natureza de afretamento nada obstante envolverem a prestação de serviços deve ser rechaçada a incidência do IRRF em virtude do artigo 691, I, do RIR/99. 8.2 Subsidiariamente: isenção do IRRF sobre remessas ao exterior destinadas a empresas de navegação marítima Como já visto, o parágrafo único do artigo 85 da Lei nº 9.430/96 estabelece, como requisitos à isenção do IRRF, um elemento subjetivo, e outro objetivo. O elemento subjetivo já foi devidamente evidenciado no tópico 2.3, acima. Ali foram ofertadas as provas de que a Costa Crociere é uma empresa que explora a navegação marítima. Fl. 2295DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.296 12 No que se refere ao elemento objetivo (a nãotributação de empresas residentes no Brasil que explorem a navegação marítima), a Itália não tributa os rendimentos auferidos por companhias fretadoras nãoresidentes, nos termos da Circular n° 47, de 02/11/2005 ("Circolare dei 02/11/2005 n. 47") Doc. 06 da Impugnação. 8.3 Subsidiariamente: aplicação do Tratado BrasilItália Diferentemente do tópico anterior, referente a cruzeiros marítimos realizados no exterior, não deve ser discutida a aplicação do artigo 8º do Acordo de Bitributação entre o Brasil e a Itália, visto que as operações em comento na hipótese de afretamento apenas se realizam na costa brasileira, não sendo, portanto, um "tráfego internacional" no sentido que o acordo prevê. Entretanto, essa circunstância em nada afeta a conseqüência tributária da questão, pois o artigo 7º continua a se aplicar, tendo em vista que, independentemente de onde o navio é operado, o afretamento e atividades correlatas são prestados e devidos à receptora Costa Crociere. 8.4 Subsidiariamente: aplicação da alíquota de IRRF de 15% Conforme já demonstrado no item 2.5, devese, ao menos, proceder à redução do montante autuado sobre as remessas relativas a cruzeiros internacionais, em razão da aplicação da alíquota de IRRF de 15%, no lugar da alíquota de 25%, em virtude do artigo 85 da Lei nº 9.430/96. Tal argumento é reforçado em função da vigência da Lei n° 10.332/01, a qual incluiu, na Lei n° 10.168/00, o artigo 2°A, que reduziu para 15%, a partir de 1º de janeiro de 2002, a alíquota do IRRF para os serviços de assistência administrativa e semelhantes. 9 PIS/COFINS Importação 9.1 Alíquota Zero Foram autuadas remessas realizadas pela Recorrente entre os anos de 2007 e 2008, sobre contratos de afretamento de embarcações, as quais se beneficiavam da alíquota zero de PIS/COFINSimportação, prevista no artigo 8º, § 14, da Lei n° 10.865/04, posto que era inexistente, à época, o § 17 que viria a restabelecer a incidência aos patamares normais, somente a partir de 1º/05/2008. 9.2 Subsidiariamente: descabimento do reajustamento da base de cálculo do IRRF para fins de incidência do PIS/COFINSImportação Mesmo que se admitisse a cobrança das contribuições após maio de 2008, não poderia prevalecer o cálculo efetuado pela autoridade fiscal, pois ela inovou no cálculo das contribuições, tentando trazer para o âmbito do PIS/COFINSimportação a mesma sistemática de reajustamento de base de cálculo que impera no cálculo do IRRF, não havendo, porém, base legal para tanto. Fl. 2296DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.297 13 9.3 Subsidiariamente: impossibilidade de inclusão do ISS na base de cálculo do PIS/COFINSimportação Ainda que os argumentos anteriores não fossem acolhidos, o que se admite apenas a título argumentativo, deve ser cancelada, ao menos em parte, a exigência relativa a PIS/COFINSimportação, em razão da indevida inclusão do ISS na sua base de cálculo. Deve ser revista e reduzida a base de cálculo do auto de infração, no que se refere ao PIS/COFINSimportação, pelos seguintes motivos: (i) não incide o ISS sobre os contratos em questão, por serem complexos, e, portanto, não serem enquadráveis em nenhum item da lista do ISS; (ii) a autoridade fiscal não comprovou qualquer montante pago pela Recorrente a título de ISS sobre os referidos contratos; e (iii) não há previsão legal para a inclusão, na base de cálculo dos PIS/COFINSimportação, de ISS presumido ou fictício. 10 Subsidiariamente: Ilegitimidade passiva em relação ao IRRF e PIS/COFINSImportação A decisão recorrida deve ser louvada por ter reconhecido que a Recorrente não estaria obrigada a efetuar o recolhimento do IRRF e do PIS/COFINSimportação relativos aos contratos de afretamento celebrados pela Costa Crociere com terceiras empresas brasileiras, nos quais a atuação da Recorrente restringese ao papel de representante legal da Costa Crociere. Conforme se afirma no item 2.1, o reconhecimento da ilegitimidade passiva da Recorrente deve ser estendido aos casos de contratação de cruzeiros internacionais, nos quais a Recorrente atuou como mera representante legal da Costa Crociere perante os passageiros contratantes. De acordo com o artigo 721 do RIR/99, a regra é a irresponsabilidade do procurador do nãoresidente sobre as remessas relativas a montantes recebidos em nome do representado, salvo nos casos de aluguéis de imóveis, e quando a fonte não tiver conhecimento de que o titular do rendimento é residente no exterior. No caso dos contratos mencionados, não consistia o objeto da avença na disponibilização de imóveis, e os contratantes terceiros não tinham qualquer dúvida da condição de nãoresidente da Costa Crociere, uma vez que firmaram os contratos diretamente com aquela. Como o fato gerador do IRRF é o crédito, assim entendido como o surgimento do direito ao rendimento, por parte do nãoresidente, no caso dos contratos de afretamento celebrados entre a Costa Crociere e terceiros, o fato gerador ocorre antes mesmo da intervenção da Recorrente, o que reforça a percepção de que ela não é o contribuinte do imposto. Idêntica conclusão deve ser aplicada para as exigências relativas ao PIS/COFINSimportação, pois o aspecto material da regra matriz de incidência desses tributos consiste na importação de bens ou serviços. Dessa forma, no caso Fl. 2297DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.298 14 de serviços provenientes do exterior, o contribuinte é o contratante desses serviços. 10.2 Remessas cuja vinculação aos contratos não ficou clara à DRJ A decisão recorrida não cancelou o Auto de Infração relativamente a todas as remessas decorrentes da atuação da Recorrente como representante legal da Costa Crociere, sob a alegação de que as remessas possuem valores diferentes dos mencionados nos respectivos contratos. Porém, os valores contratados são meramente estimados e podem variar, para mais ou para menos, conforme critérios contratualmente estabelecidos. Assim, passase à demonstração de referida vinculação, após a qual restará patente a necessidade de se cancelar o Auto de Infração. 10.2.1 Doc. 08 contrato com a Scania Administradora de Consórcios Ltda. A aparente ausência de vinculação alegada na decisão decorreria do fato de que o valor previsto no contrato de afretamento, de US$ 2.120.329,00 é muito maior do que o montante objeto do Contrato de Câmbio anexo (Doc. 01), de US$ 17.148,29. A despeito da transferência ter se dado em valor menor que o previsto no contrato de afretamento, o Contrato de Câmbio é claro ao mencionar, no item "outras informações", que o montante por ele transferido se deve a pagamento de frete do navio Costa Fortuna em virtude de contrato de afretamento firmado entre a Scania Administradora de Consórcios Ltda e a Costa Crociere S.p.A, no qual a Recorrente atuou como representante legal, exatamente conforme prevê o contrato de afretamento em questão. O contrato de Câmbio ainda menciona referirse à Fatura ("Invoice") n° 677, a qual segue anexa (Doc. 02). A suposta divergência resultou da necessidade de pagamento de complemento pelas contratantes à Costa Crociere, conforme previam as cláusulas 8 e 13 dos respectivos contratos de afretamento, pois o valor previsto no contrato engloba as taxas portuárias e gorjetas devidas por passageiro ocupante no navio, sendo natural que, caso o número de passageiros extrapole o previsto, seja necessário que a contratante complemente o montante previsto inicialmente no contrato. Por outro lado, caso o número efetivo de passageiros seja menor que o previsto, o montante devido pela contratante será menor que o estimado no contrato. 10.2.2 Doc. 11 da Impugnação contrato com a Net Serviços de Comunicação S/A A aparente ausência de vinculação alegada na decisão decorreria do fato de que o valor previsto contratualmente de US$ 578.517,60 é maior do que o montante objeto da do Contrato de Câmbio anexo (Doc. 03), US$ 561.233,60. Fl. 2298DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.299 15 A despeito da transferência ter se dado em valor menor que o previsto no contrato de afretamento, o Contrato de Câmbio é claro ao mencionar, no item "outras informações", que o montante por ele transferido se deve a pagamento de frete do navio Costa Victoria em virtude de contrato de afretamento firmado entre a Net Serviços de Comunicação S/A e a Costa Crociere S.p.A, no qual a Recorrente atuou como representante legal, exatamente conforme prevê o contrato de afretamento em questão. O contrato de Câmbio ainda menciona referirse ao número da "Invoice" n° 677, a qual segue anexa (Doc. 04), porém sendo de data anterior ao Contrato de Câmbio, esta Invoice possui o mesmo valor do contrato de afretamento e não o valor efetivamente transferido, constante do Contrato de Câmbio. a suposta divergência resultou da necessidade de pagamento de complemento pelas contratantes à Costa Crociere, conforme previam as cláusulas 8 e 13 dos respectivos contratos de afretamento. 10.2.3 Doc. 12 da Impugnação contrato com a Pra Eventos Ltda. A divergência existente quanto ao contrato firmado com a Pra Eventos Ltda. é porque a DRJ não se atentou para o fato de que o valor previsto no contrato de afretamento em questão fora composto por 4 transferências, das quais apenas uma não foi reconhecida pela decisão. Somandose os valores reconhecidos pela decisão (US$ 96.750,00 + US$ 96.750,00 + R$ 210.549,24), com o montante cuja vinculação não foi reconhecida pela decisão (US$ 451.500,00) chegase exatamente ao valor previsto no contrato de afretamento respectivo, de US$ 855.549,24. Por isso, o Contrato de Câmbio (Doc. 05) se remete à Invoice n° 807 (Doc. 06), o que demonstra a vinculação da transferência em tela com o contrato de afretamento. Vale esclarecer que o Contrato de Câmbio contem um erro material na menção da Invoice, pois menciona a inexistente Invoice n° 8072, quando quis mencionar a Invoice n° 807, porém, esse erro de digitação não pode afastar a vinculação do Contrato de Câmbio com o contrato de afretamento em questão, pois há outros elementos suficientes à comprovação desse vínculo, quais sejam, a descrição, no item "outras especificações", de que o contrato de câmbio referese a contrato de afretamento entre a Pra Eventos Ltda e a Costa Crociere, que consta a Recorrente como representante legal da Costa Crociere e tem como navio pretendido o Costa Victoria. Tratase dos mesmos termos presentes no contrato de afretamento. Ademais, o Contrato de Câmbio que traz a transferência de USD 210.549,24 (Doc. 07) relativa a este mesmo contrato de afretamento, faz menção à mesma Invoice, dessa vez corretamente mencionada sob o n° 807. 10.2.4 Doc. 13 contrato com a Lowell Cosméticos do Brasil Ltda. Fl. 2299DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.300 16 A suposta divergência resultou da necessidade de pagamento de complemento pelas contratantes à Costa Crociere, conforme previam as cláusulas 8 e 13 dos respectivos contratos de afretamento. O Contrato de Câmbio (Doc. 08) referese a uma Invoice própria (Doc. 09), emitida justamente em caráter complementar ao valor inicialmente estimado no contrato de afretamento, enquanto o Contrato de Câmbio ora anexo como Doc. 10 e sua respectiva Invoice (Doc. 11) possuem o valor integral do contrato de afretamento em questão. O item "outras especificações" presente nos Contratos de Câmbio deixa clara sua relação com o contrato de afretamento indicado, mencionando as partes, o navio e o representantes legal envolvidos; todos idênticos aos termos do contrato de afretamento. 10.2.5 Doc. 15 da Impugnação contrato com a Amizade Empreendimentos e Participações Ltda. O pagamento dos 1.540.966,64 dólares previstos no contrato foi feito por meio de quatro transferências que totalizam exatamente o montante previsto contratualmente. Os quatro contratos de câmbio (Docs. 11 a 14) relativos a cada uma das 4 transferências em questão, fazem remissão à mesma Invoice de número 1944 (Doc. 15), a qual possui o valor equivalente ao total previsto no contrato sob análise, de US$ 1.540.966,64. Além disso, os referidos contratos de câmbio mencionam no item denominado "outras especificações" qual o navio pretendido pela contratante, qual a Fatura/Invoice relativa àquela transferência e quais as partes envolvidas (contratada, contratante e representante legal), sendo todos estes importantes elementos idênticos aos constantes no contrato de afretamento em questão. Essencial esclarecer que, a despeito da identidade de valores, a remessa efetuada em virtude do contrato de afretamento n° 14 nada tem a ver com as 4 remessas oriundas do contrato de câmbio de n° 15 objeto deste tópico. Aquele foi corporificado por um só contrato de câmbio, anexo (Doc. 16) e guarda relação com a Invoice n° 269. 10.3 Conclusão acerca do item 10 Ainda que não se reconheça a vinculação das remessas em questão com os contratos de afretamento apresentados, ficou demonstrado que os contratos de Câmbio que corporificam essas remessas, todos registrados no SISBACEN, mencionam em seu corpo que referidas remessas decorrem de contrato de afretamento celebrado entre a Costa Crociere e um terceiro residente no Brasil, no qual a Recorrente atuou como representante legal da Costa Crociere, não podendo essas remessas serem objeto da cobrança de IRRF e PIS/COFINS Importação. Fl. 2300DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.301 17 11 Subsidiariamente aplicação da interpretação mais favorável ao contribuinte Afirmouse, ainda, que não seria possível segregar, dentre as remessas efetuadas, os montantes que seriam relativos à prestação de serviços, e aqueles que diriam respeito aos demais objetos dos contratos. Assim, o total das remessas deveria ser ligado à prestação preponderante nas atividades desempenhadas pela Costa Crociere, ou seja, a prestação de serviços. Não se pode cogitar a adoção deste raciocínio, pois viola o artigo 112, inciso I, do CTN, ao interpretar a legislação tributária da maneira mais gravosa ao contribuinte, havendo dúvida quanto à capitulação legal dos fatos. 12 Pedido de Diligência Artigo 85, Parágrafo Único, da Lei n° 9.430/96 Para a eventualidade de os Srs. Julgadores nutrirem qualquer eventual dúvida a respeito da configuração do elemento objetivo requerido para a aplicação do artigo 85, parágrafo único, da Lei n° 9.430/96, qual seja, a prática italiana consistente em não cobrar o imposto de renda de empresas residentes no Brasil que explorem atividade de navegação marítima, a Recorrente roga pela determinação de realização de diligência. Ao final, requer que seja provido o recurso para se cancelar integralmente o Auto de Infração, além de solicitar que todas as intimações e notificações a serem feitas, relativamente às decisões proferidas neste processo, sejam encaminhadas aos seus procuradores, bem como sejam enviadas cópias à Recorrente, no endereço constante dos autos. Das contrarrazões ao Recurso Voluntário e das razões ao Recurso de Ofício, apresentadas pela PFN A Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN) apresentou contrarrazões ao Recurso Voluntário e razões ao Recurso de Ofício (fls. 1.835 a 1.863), com as seguintes alegações, em resumo: I. Dos fatos Sintetiza os fatos relacionados com a lide. II. Do Direito 1. Remessas referentes a cruzeiros marítimos a serem prestados no exterior Ao contrário do que entende a Recorrente, as hipóteses dos incisos VIII e XIV, do artigo 690 do RIR/99, não tratam de nãoincidência, mas de dispensa de retenção. A incidência existe, nos termos do art. 97, alínea "a", do DL 5.844/43, a responsabilidade pela retenção e recolhimento é da fonte pagadora ou remetente, como dispõem os arts. 100 e 101, porém a legislação dispensa a fonte da obrigação de efetuar a retenção. Tratase, portanto, de dispensa do cumprimento de obrigação tributária acessória, o que enseja a interpretação literal tratada no art. 111, III, do Fl. 2301DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.302 18 CTN, o que leva à conclusão de que o caso dos autos não se subsume nem ao inciso VIII e tampouco ao inciso XIV. Não se cuida de remessas destinadas à “cobertura de gastos pessoais de pessoas físicas em viagens de turismo”, pois essa cobertura não se confunde com a própria contratação da viagem de turismo. Ainda que se admitisse a remessa feita por pessoa jurídica, há que se refletir sobre o uso da particular expressão “cobertura de gastos pessoais, no exterior”. Tal expressão evidencia que, sobretudo, o destinatário das remessas deve ser a pessoa física situada no exterior, buscando conferir um caráter não comercial à remessa, no intuito de que a pessoa física destinatária use os recursos como lhe aprouver, na cobertura de seus gastos no exterior. Os contratos firmados entre a autuada e a Costa Crociere também distinguem o cruzeiro marítimo das excursões terrestres que poderão ser oferecidas ao longo da viagem (carta partida, parte II, cláusula 4.2 e anexo A, item C.7). Portanto, não procede a alegação da autuada que o legislador, ao se referir a "despesas terrestres", quisesse se referir também à parte marítima dos pacotes turísticos. Quanto ao artigo 85, parágrafo único, da Lei 9.430/96, ele se refere exclusivamente aos rendimentos recebidos por companhias de navegação aérea e marítima domiciliadas em países que não tributam tais rendimentos. Contudo, não são todas e quaisquer receitas das companhias de navegação que são abrangidas pela norma, mas apenas aquelas afeitas ao seu objeto, qual seja, o transporte marítimo ou aéreo, de cargas ou passageiros. Não existe nenhuma prova concreta de que a Itália não tribute os rendimentos das empresas de turismo náutico brasileiras (ou de que ela considera o lucro de tais empresas como proveniente do tráfego internacional de navios). Não há como acolher a argumentação da Recorrente de que seja aplicável o artigo 8º do Tratado BrasilItália, pois a expressão "tráfego internacional" não abrange a prestação de serviços turísticos, ainda que dentro de um navio. Sobre a alegada aplicação do artigo 7º do Tratado BrasilItália, visando a afastar a incidência do IRRF, é forçoso reconhecer que, à luz da legislação pátria, os valores recebidos pelas empresas estrangeiras pertencem à categoria "receita" e não "lucro". Nesse caso, deve incidir a tributação sobre os rendimentos remetidos, por fonte situada no Brasil, a pessoa física ou jurídica residente no exterior (art. 685 do RIR/99), e não sobre lucro, seja ele real, operacional, bruto, ou qualquer que seja. Em virtude da ausência de menção expressa ao termo "receita" ou a qualquer outro termo que abranja os valores pagos a pessoas jurídicas estrangeiras para prestações de serviços ou pela contraprestação de aluguéis no país do contratante, devese aplicar o disposto no artigo 22 do Tratado, que trata Fl. 2302DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.303 19 de "outros rendimentos", sendo tributáveis os rendimentos no Brasil, onde está situada a fonte pagadora. Ainda que não se entenda o rendimento em apreço enquadrável no artigo 22 da Convenção, há que se considerar, subsidiariamente, as disposições do protocolo adicional ao tratado, parte integrante do Tratado. Como forma de preservar a tributação na fonte desses rendimentos e, ao mesmo tempo, não romper a estrutura do modelo da OCDE, o Brasil buscou como solução incorporar, por meio do protocolo adicional, os rendimentos de serviços técnicos no artigo 12 (royalties), cujo parágrafo 2º permite a tributação no país da fonte. No presente caso, tratase de serviço técnico, marcado pelos conhecimentos específicos e pela autonomia técnica dos responsáveis pela condução dos navios. Desse modo, ainda que não se considere o presente rendimento enquadrável no artigo 22 da Convenção, como “outros rendimentos”, ele deve pelo menos ser considerado abrangido pelo artigo 12 da Convenção, por força do disposto no item 5 do protocolo adicional ao tratado, devendo o rendimento remetido ficar sujeito à tributação pela alíquota máxima de 15% (alínea b do parágrafo 2 do artigo 12). 2. Remessas a título de "afretamentos" de embarcações Das cláusulas do "contrato de reserva e bloqueio de cabines de navio de passageiros (carta partida)", vêse que a execução de quase todas as atividades a serem desenvolvidas a bordo pertencem à parte que cede o bem (contratada) a participação da contratante praticamente se limita a realizar os pagamentos ajustados e viabilizar a prestação dos serviços pela contratada (fornecer a listagem dos passageiros, assegurar que estejam portando os documentos necessários etc). Estão sob encargo da contratada (Costa Crociere S.p.A, empresa italiana) o fornecimento e gerenciamento das acomodações, do entretenimento a bordo e da alimentação dos clientes da contratante; a designação e remuneração dos tripulantes; além de lhe ser expressamente permitido prestar outros serviços aos passageiros, cobrandoos à parte. Ou seja, a contratada não apenas "cede" o navio, como também executa ela própria o objeto principal do cruzeiro marítimo. Resta evidente que se trata da importação de serviços turísticos, prestados no Brasil por pessoa jurídica estrangeira, e portanto sujeitos à incidência de PIS/COFINSimportação (arts. 1° e 3° da Lei 10.865/04) e de IRRF (art. 7° da Lei 9.779/99). Tais contratos, de forma alguma, podem ser considerados afretamentos, pois extrapolam em muito a natureza desta modalidade contratual. Ainda que se admita, no afretamento por tempo ou por viagem, que a embarcação venha armada e tripulada, isto não implica admitir que sob a roupagem do Fl. 2303DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.304 20 afretamento esteja abrangido todo e qualquer serviço prestado a bordo de embarcações. O que se tem visto, atualmente, é que a redução a zero da alíquota no afretamento e aluguel de embarcações, com o fim de estimular e facilitar o transporte marítimo, tem levado alguns contribuintes a buscar uma universalização do conceito de afretamento, de modo a abranger tudo quanto ocorra em território marítimo. Assim, petrolíferas não contratam mais serviços de perfuração ou de pesquisa sísmica do solo marítimo e empresas de turismo não vendem cruzeiros marítimos. Todas essas atividades, sobre as quais normalmente incide PIS, COFINS (seja prestada por residente no exterior ou não) e IRRF (quando prestada por residente no exterior) têm sido substituídas pelo afretamento de embarcação, livre dos tributos referidos. Uma breve análise dos contratos denominados "afretamentos" mostra que a finalidade perseguida pela parte contratante não é dispor da embarcação, mas sim usufruir dos resultados dos serviços que supostamente lhe são conexos. Ou seja, os serviços prestados pela tripulação, admitidos lateralmente num verdadeiro contrato de afretamento, passam a se sobrepor à própria disponibilidade da embarcação. A prevalência da prestação de serviços sobre o suposto aluguel do navio também foi detectada pelo magistrado de primeira instância que julgou o Mandado de Segurança 2009.61.00.0267987, desfavoravelmente à autuada. Os contratos analisados naquela oportunidade em nada diferem dos que instruem o presente processo. Portanto, não deve prevalecer o pleito da recorrente no sentido de que se considere as remessas realizadas a título de "afretamento" como incursas nos artigos 691, I, do RIR/99 (IRRF) e 8°, § 14, da Lei 10.865/04 (PIS/COFINS). Em relação ao suposto reajustamento indevido da base de cálculo do PIS/COFINS, valendose de regras pertinentes ao cálculo da base do IRRF, não se verifica sua ocorrência, pois a autoridade fiscal seguiu as orientações normativas da Receita Federal, feitas especificamente para cada espécie tributária, não havendo que se falar no uso indevido de regras do IRRF para o cálculo do PIS/COFINS. 3 Remessas para pagamento de cruzeiros contratados por terceiras empresas nacionais, valendose da autuada como representante legal da Costa Crociere S.p.A. A DRJ acolheu a tese de que há contratos celebrados diretamente entre a empresa italiana e terceiras empresas brasileiras, que efetuaram o pagamento à recorrente para que esta encaminhasse os valores àquela, tendo a Recorrente agido como mero representante legal, não estando obrigada a efetuar o recolhimento do IRRF ou do PIS/COFINS importação. Fl. 2304DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.305 21 Com relação aos contratos ajustados por empresas nacionais diretamente com a Costa Crociere S.p.A., mediante intervenção da autuada na condição de representante legal, também se aplica o disposto na seção anterior no que se refere à sua natureza: tratase de prestação de serviços e não de afretamento. Segundo os contratos firmados entre Costa Crociere S.p.A. e as empresas nacionais, a primeira autoriza, já no ato da contratação, a cessão do crédito decorrente do contrato à autuada. É o que consta da cláusula 9 dos referidos contratos. Ou seja, concomitantemente à assinatura do contrato, a contratada autoriza que o crédito a ela devido pela contratante seja pago à sua representante legal, em nome próprio, e não em benefício da contratada (ela desde já declara à contratante ceder o crédito do contrato à autuada). Dessa forma, verificase que o recebimento, pela autuada, se dá em nome próprio. Ela não recebe o pagamento em nome de Costa Crociere, pois os créditos lhe foram cedidos concomitantemente à assinatura dos contratos. O valor pago pela contratante à autuada não configura rendimento de pessoa jurídica estrangeira, senão rendimento da própria autuada, que recebeu, por cessão, o direito relativo àqueles créditos. Observase também que o rendimento da Costa Crociere S.p.A. só se verifica quando a autuada remete, total ou parcialmente (descontada eventual comissão), os valores referentes aos créditos que lhe haviam sido cedidos. Nesse momento é que surge o fato gerador da obrigação tributária acessória de reter o tributo. As empresas nacionais que contrataram os serviços da Costa Crociere S.p.A. não lhe remeteram, creditaram ou pagaram nenhum rendimento. A elas foi possibilitado se desincumbir de sua obrigação contratual efetuando pagamento a terceiro, pessoa jurídica domiciliada no país, que recebeu, concomitantemente ao surgimento da obrigação, o direito sobre os créditos decorrentes dela. Devese, portanto, dar provimento ao recurso de ofício em relação ao IRRF e PIS/COFINS lançados sobre os contratos firmados entre Costa Crociere S.p.A. e empresas nacionais, intermediados pela autuada na condição de representante legal. Ao final, a PFN requer que seja negado provimento ao recurso voluntário e dado provimento ao recurso de ofício, mantendose o lançamento fiscal. Petições da Recorrente Em 1º/03/2013, a Recorrente apresentou petição (fls. 1.987 a 1.992), na qual retifica alguns equívocos que cometera na referenciação dos documentos anexados, assim como requer a juntada do doc. 17 (Invoice nº 269), que não fora apresentado junto com o recurso voluntário, por impossibilidade de obtenção junto aos contratantes, naquele momento. Fl. 2305DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.306 22 Em 21/01/2014, a Recorrente requereu a juntada do Parecer Jurídico elaborado pelo Doutor Ricardo Mariz de Oliveira (fls. 1.995 a 2.166). Em 24/02/2014, a Recorrente requereu a juntada de resposta do Fisco italiano, decorrente de consulta feita pela Confederação Italiana de Armadores, sobre a tributação dos rendimentos de companhias de navegação marítima brasileiras que forneçam seu serviços na Itália (fls. 2.169 a 2.180). A Recorrente defende que a prova apresentada não está maculada pela preclusão, pelas seguintes razões: (i) negativa da autoridade fiscal em oficiar a autoridade fiscal italiana; (ii) a posterior e contraditória alegação da PFN de que tal documento seria essencial para comprovação das alegações da Recorrente; (iii) a inviabilidade de produção da prova diretamente pela Requerente, tendo sido necessária a mobilização da Confederação Italiana de Armadores. Em 05/08/2014, a Recorrente apresentou nova petição (fls. 2.183 a 2.220), na qual requereu a juntada do Parecer da PGFN/CAT nº 2.263/2013, alegando que tal parecer reconheceu que as remessas ao exterior relativas à prestação de serviços técnicos ou assistência técnica sem transferência de tecnologia não são tributadas de acordo com o artigo 21 da Convenção Modelo da OCDE (art. 22 do Tratado Brasil Itália), mas sim em conformidade com seu artigo 7º, o que determina a tributação de tais pagamentos apenas no país de residência do prestador do serviço. Manifestação da PFN Cientificado dos documentos adicionais apresentados pela Recorrente após as contrarrazões, a PFN apresentou manifestação (fls. 2.224 a 2.233), com os seguintes argumentos, em resumo: O Parecer PGFN/CAT n.º 2.363/2013, de fato, concluiu ser equivocada a restrição da expressão “Lucro” referida no artigo 7º dos tratados, que visava adequála ao conceito interno de Lucro, aproximandoo ao nosso Lucro Real, entendendo que as remessas ao exterior decorrentes de contratos de prestação de assistência técnica e de serviços técnicos sem transferência de tecnologia melhor se enquadram no artigo 7º (“Lucros das Empresas”) do que nos arts. 21 ou 22 (“Rendimentos não Expressamente Mencionados”). O Parecer, contudo, não impede que seja aplicado aos rendimentos provenientes da prestação de assistência técnica e serviços técnicos, o tratamento dispensado aos royalties, nas transações referentes a países cujos tratados assim o preveja em seus protocolos adicionais, ficando o rendimento remetido sujeito à tributação pela alíquota máxima de 15%, conforme já exposto nas contrarrazões. Em relação à manifestação do Fisco italiano, ela tampouco afeta o presente lançamento, pois, como mencionado nas contrarrazões, os contratos sobre os quais versa a autuação não se configuram como contratos de transporte, propriamente ditos. Tratase da prestação de serviços turísticos, o que afasta a subsunção do caso à norma do art. 85 da Lei 9.430/96. Fl. 2306DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.307 23 Cumpre, ainda, fazer algumas observações sobre a resposta à consulta apresentada. O objeto da consulta, e bem assim aquilo que a autoridade fiscal se preocupou em responder objetivamente, era a possível incidência do art. 25, § 4º do Decreto Presidencial n.º 600/73 aos contratos de voyage charter e time charter de navios de cruzeiro. A resposta foi negativa, não porque não há tributação sobre essas formas de contratação, mas porque elas não se subsumem ao fato hipotético desta norma específica, qual seja, o uso ou concessão de uso. Neste sentido, a menção, en passant, de que o artigo 8º da Convenção Modelo é aplicável ao aluguel de navios in charter, com o devido respeito aos esforços envidados pela recorrente, não transmite a devida convicção de que aquele país não tributaria os rendimentos auferidos por empresas brasileiras que exercem o mesmo tipo de atividade em território italiano. Mesmo que tal documento comprovasse a nãotributação pela Itália, ainda assim a tributação no Brasil seria devida, por não se tratar o caso da hipótese do art. 85 da Lei 9.430/96 (tratase de receita da venda de serviços turísticos, e não de navegação marítima). Sobre a norma do art. 8º da Convenção BrasilItália, é de se repetir tudo quanto já se disse nas contrarrazões. Em suma, pela legislação tributária brasileira não é dado confundir serviços de transporte com serviços turísticos. Logo, a hipótese dos autos não se subsume ao art. 8º da Convenção. Por fim, reitera a PFN os pedidos de desprovimento do Recurso Voluntário e provimento do Recurso de Ofício. Manifestação da Recorrente Em 27/07/2015, a Recorrente apresentou petição sobre a manifestação apresentada pela PFN, tendo exposto os seguintes argumentos, em um breve resumo (fls. 2.241 a 2.271): Em razão do Parecer PGFN/CAT nº 2.363/2013 e da própria manifestação da PFN nestes autos, tornouse incontroversa a inaplicabilidade do artigo 22 do Tratado BrasilItália ao caso concreto. Recentemente, a Coordenação Geral de Tributação da Receita Federal do Brasil emitiu a Solução de Consulta nº 153, de 17 de junho de 2015, afastando a obrigação de retenção do imposto sobre a renda, nos moldes do artigo 21 da Convenção Modelo da OCDE, em prol da aplicação do seu artigo 7º, cuja conclusão foi a mesma defendida pela Recorrente. A inclusão feita pelo item 5 do protocolo adicional deve ser entendida com ressalvas, pois não é toda e qualquer assistência técnica ou serviço técnico que poderá receber o tratamento do artigo 12. Fl. 2307DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.308 24 Os termos "prestação de assistência técnica" e "serviços técnicos" devem ser compreendidos dentro de um contexto de complementaridade ou instrumentalidade, ou seja, devem ser acessórios ao contrato de know how. Nesse caso, o Fisco procura enquadrar os contratos de afretamento de embarcações e os contratos de venda de cruzeiros internacionais no conceito de "serviços técnicos" mencionado no item 5 do protocolo adicional, porém esses serviços técnicos consistem em instrumentos ou meios de transmissão da tecnologia em que consiste o know how. Subsidiariamente, na remota hipótese da turma julgadora entender que é possível acolher o pedido da PFN, deve ser aplicado o artigo 12 do referido tratado, restando descartada a aplicação do artigo 22, limitandose a alíquota do imposto a 15%. Ao contrário do que entende a PFN, a resposta do Fisco italiano é clara ao afirmar que as companhias marítimas não residentes, que atuam em território italiano, não estão sujeitas à retenção disposta no artigo 25, § 4º, do Decreto Presidencial nº 600/73. A autoridade fiscal italiana reconhece que tais operações recebem o tratamento tributário contido no artigo 8º do Tratado BrasilItália. A Itália não exige a retenção na fonte das empresas marítimas não residentes, devendo, assim, ser reconhecida a isenção prevista no parágrafo único do artigo 85 da Lei nº 9.430/96. Ao final, renova todos os argumentos apresentados nos autos e pede o cancelamento do auto de infração, ou a sua redução, de forma subsidiária. Em 10/11/2015, a Recorrente peticiona fls. 2.275 a 2.283 requerendo a suspensão da incidência dos juros de mora sobre o crédito tributário ora discutido, até que seja julgado o Recurso Voluntário, sob o argumento de que a Administração Pública descumpriu o prazo de 360 dias prescrito pelo artigo 26 da Lei nº 11.457/07. Afirma que se trata de um fato superveniente, tendo em vista que tal omissão restou caracterizada a partir de 16/08/2013. É o relatório. VOTO Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Relator O presente recurso voluntário é tempestivo e reúne os demais pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Portanto, deve ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Fl. 2308DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.309 25 Conforme relatado, tratase de lançamentos fiscais contra a Contribuinte COSTA CRUZEIROS AGÊNCIA MARÍTIMA E TURISMO LTDA., relativos ao Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), PISImportação e COFINSImportação, referentes aos anoscalendário 2007 e 2008, por meio do qual lhe é exigido crédito tributário correspondente a imposto, contribuições sociais, multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora, calculados até 10/2011. Os lançamentos foram decorrentes da inobservância da legislação tributária pelos pagamentos efetuados ao exterior, sem a retenção do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e sem o pagamento do PISImportação e da COFINSImportação, em virtude de contratação de prestação de serviços de cruzeiros marítimos. Inicialmente, cabe analisar a competência desta Turma para julgar os Autos de Infração relativos ao PIS/COFINSimportação. Os artigos 3º e 4º do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, assim dispõem sobre as competências das 2ª e 3ª Seções de Julgamento: Art. 3º À 2ª (segunda) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: I Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF); II IRRF; III Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR); IV Contribuições Previdenciárias, inclusive as instituídas a título de substituição e as devidas a terceiros, definidas no art. 3º da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007; e V penalidades pelo descumprimento de obrigações acessórias pelas pessoas físicas e jurídicas, relativamente aos tributos de que trata este artigo. Art. 4º À 3ª (terceira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação referente a: I Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, inclusive quando incidentes na importação de bens e serviços; [...] (destaquei) Concluise, portanto, que o julgamento relativo aos lançamentos dos tributos PIS e COFINS são de competência da 3ª Seção de Julgamento, conforme art. 4º, I. Fl. 2309DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.310 26 Observase que a formalização do presente processo pela autoridade lançadora ocorreu sem obediência à Portaria RFB nº 666, de 24 de abril de 2008, que dispõe sobre a formalização de processos relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). Assim estabelece o seu artigo 1º: Art. 1º Serão objeto de um único processo administrativo: I as exigências de crédito tributário do mesmo sujeito passivo, formalizadas com base nos mesmos elementos de prova, referentes: a) ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e aos lançamentos dele decorrentes relativos à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), ao Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), à Contribuição para o PIS/Pasep ou à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); b) à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, que não sejam decorrentes do IRPJ; c) à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins devidas na importação de bens ou serviços; d) ao IRPJ e à CSLL; ou e) às Contribuições Previdenciárias da empresa, dos segurados e para outras entidades e fundos; ou (Redação dada pelo(a) Portaria RFB nº 2324, de 02 de dezembro de 2010) f) ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples); (Incluído(a) pelo(a) Portaria RFB nº 2324, de 02 de dezembro de 2010) II a suspensão de imunidade ou de isenção ou a não homologação de compensação e o lançamento de ofício de crédito tributário delas decorrentes; III as exigências de crédito tributário relativo a infrações apuradas no Simples que tiverem dado origem à exclusão do sujeito passivo dessa forma de pagamento simplificada, a exclusão do Simples e o lançamento de ofício de crédito tributário dela decorrente; IV os Pedidos de Restituição ou de Ressarcimento e as Declarações de Compensação (Dcomp) que tenham por base o mesmo crédito, ainda que apresentados em datas distintas; V as multas isoladas aplicadas em decorrência de compensação considerada não declarada. § 1º O disposto no inciso I aplicase inclusive na hipótese de inexistência de crédito tributário relativo a um ou mais tributos. § 2º Também deverão constar do processo administrativo a que se referem os incisos I, II e III as exigências Fl. 2310DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.311 27 relativas à aplicação de penalidade isolada em decorrência de mesma ação fiscal. § 3º Sendo apresentadas pelo sujeito passivo manifestação de inconformidade e impugnação, as peças serão juntadas aos processos de que tratam os incisos II e III. § 4º As DComp baseadas em crédito constante de pedido de restituição ou ressarcimento indeferido ou em compensação não homologada pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), apresentadas após o indeferimento ou não homologação, serão objeto de processos distintos daquele em que foi prolatada a decisão. § 5º Para efeito do disposto nos incisos II e III, havendo lançamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ou da Contribuição Previdenciária, estes deverão constituir processos distintos. Verificase, pois, que não há previsão de que integrem um único processo os lançamentos referentes a IRRF e a PIS/COFINS, mesmo que formalizados com base nos mesmos elementos de prova. E isso tem uma razão de ser. É justamente devido ao fato de que as competências para julgamento no CARF são distribuídas entre as Seções, por matéria. Ou seja, existe uma coerência entre o estabelecido na Portaria RFB nº 666/2008 e as competências estipuladas no Regimento Interno do CARF, visando exatamente economia e celeridade no fluxo processual. Dessa forma, o presente processo deve ser desdobrado em dois: um referente ao PIS e à COFINS, o qual deve ser encaminhado para a 3ª Seção de Julgamento e outro referente ao IRRF, de competência da 2ª Seção e cujos recursos serão julgados por esta Turma. Tendo em vista os princípios da eficiência e da economia processual e considerando o estado em que se encontra o processo, entendo que o presente julgamento deverá prosseguir em relação ao IRRF e, após a formalização do Acórdão ou Resolução, deverá a autoridade preparadora proceder ao desdobramento do processo com o devido encaminhamento à Terceira Seção da parte relativa a PIS/COFINS. IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE Em relação ao Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), entendo que inicialmente cabe analisar a questão das remessas cuja vinculação aos contratos não foi acatada pela decisão de primeira instância, em relação a qual a Recorrente apresentou os seguintes argumentos, segregados por contratante: Contrato com a Scania Administradora de Consórcios Ltda.: Alega a Recorrente que o montante objeto do contrato de câmbio, cuja remessa não foi acatada pela decisão da DRJ (US$ 17.148,29), foi referente à Fatura (Invoice) nº 677, que corresponde ao pagamento do complemento pelas Fl. 2311DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.312 28 contratantes à Costa Crociere, conforme previam as cláusulas 8 e 13 dos respectivos contratos de afretamento, no tocante às taxas portuárias e gorjetas dos passageiros excedentes ao previsto no contrato. Contrato com a Net Serviços de Comunicação S/A Defende a Recorrente que a aparente ausência de vinculação alegada na decisão decorreria do fato de que o valor previsto contratualmente de US$ 578.517,60 é maior do que o montante objeto da do Contrato de Câmbio (fls. 1.744 a 1.746), no valor de US$ 561.233,60, porém o Contrato de Câmbio é claro ao mencionar, no item "outras informações", que o montante por ele transferido se deve a pagamento de frete do navio "Costa Victoria" em virtude de contrato de afretamento firmado entre a Net Serviços de Comunicação S/A e a Costa Crociere S.p.A, no qual a Recorrente atuou como representante legal, exatamente conforme prevê o contrato de afretamento em questão. Afirma que a suposta divergência resultou da necessidade de pagamento de complemento pelas contratantes à Costa Crociere, conforme previam as cláusulas 8 e 13 dos respectivos contratos de afretamento. Contrato com a Pra Eventos Ltda. A Recorrente argumenta que a DRJ não se atentou para o fato de que o valor previsto no contrato de afretamento em questão fora composto por 4 (quatro) transferências, das quais apenas uma não foi reconhecida pela decisão. Afirma que ao se somar os valores reconhecidos pela decisão (US$ 96.750,00 + US$ 96.750,00 + R$ 210.549,24), com o montante cuja vinculação não foi reconhecida pela decisão (US$ 451.500,00), todos referentes à invoice nº 807, chegase exatamente ao valor previsto no contrato de afretamento respectivo, de US$ 855.549,24. Esclarece que o Contrato de Câmbio (fls. 1.751 a 1.755) contém um erro material na menção da invoice, pois menciona a inexistente invoice n° 8072, quando quis mencionar a invoice n° 807 (fl. 1.757). Contrato com a Lowell Cosméticos do Brasil Ltda. Argumenta a Contribuinte que o Contrato de Câmbio (fls. 1.764 a 1.768) referese a uma invoice própria (fl. 1.770), no valor de US$ 35.979,28, emitida justamente em caráter complementar ao valor inicialmente estimado no contrato de afretamento, enquanto o Contrato de Câmbio das fls. 1.772 a 1.775 e sua respectiva invoice (fl. 1.777) possuem o valor integral do contrato de afretamento em questão (US$ 547.857,00). Contrato com a Amizade Empreendimentos e Participações Ltda. A Recorrente alega que o pagamento dos 1.540.966,64 dólares previstos no contrato foi feito por meio de quatro transferências, conforme os contratos de câmbio (fls. 1.779 a 1.795), todos fazendo remissão à mesma invoice de número 1944, a qual possui o valor equivalente ao total previsto no contrato sob análise. Fl. 2312DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.313 29 Acrescenta que os referidos contratos de câmbio mencionam no item denominado "outras especificações" qual o navio pretendido pela contratante, qual a Fatura/Invoice relativa àquela transferência e quais as partes envolvidas (contratada, contratante e representante legal), sendo todos estes importantes elementos idênticos aos constantes no contrato de afretamento em questão. As remessas cuja vinculação aos contratos não foi acatada pela decisão de primeira instância e que estão sendo questionadas no presente recurso, estão relacionadas na tabela abaixo: Tabela I Relação das remessas questionadas no Recurso Voluntário Data da Remessa Valor Líquido da Remessa (em US$) Valor Líquido da Remessa (em R$) Empresa nacional contratante 02/04/2008 17.148,29 29.994,07 Scania Adm. de Consórcios Ltda. 20/03/2008 561.233,60 977.668,93 Net Serviços de Comunicação S/A 03/09/2007 451.500,00 892.931,55 Pra Eventos Ltda. 01/02/2007 547.857,00 1.168.524,20 Lowell Cosméticos do Brasil Ltda. 03/09/2007 35.979,28 71.156,22 Lowell Cosméticos do Brasil Ltda. 25/09/2007 600.000,00 1.119.900,00 Amizade Emp. e Participações Ltda. 02/10/2007 177.000,00 325.485,30 Amizade Emp. e Participações Ltda. 06/11/2007 333.000,00 581.418,00 Amizade Emp. e Participações Ltda. 20/03/2008 430.966,64 750.743,89 Amizade Emp. e Participações Ltda. Pela análise dos documentos acostados aos autos, mais especificamente os contratos de câmbio, os "contratos de reserva e bloqueio de cabinas de navio de passageiros" e as faturas (invoices), entendo que ainda restam dúvidas e o processo ainda não se encontra em condições de ter um julgamento justo. Como exemplo, cito a remessa de 06/11/2007, no valor de R$ 96.750,00, referente ao contrato firmado com a empresa nacional Pra Eventos Ltda., a qual a Recorrente alega ser referente à contratação do navio "Costa Victoria", cuja fatura (invoice) seria a de nº 807. A decisão da DRJ admite que essa remessa é relativa ao contrato de fl. 1.395, conforme tabela I da decisão (fl. 1.561), contrato esse alusivo ao navio "Costa Victoria". Contudo, a planilha de fl. 35 informa que tal remessa é referente à fatura nº 17320, enquanto o contrato de câmbio (fls. 290 a 292) faz referência à fatura nº 270 e ao navio "Costa Romântica". A Recorrente alega, ainda, que o contrato de câmbio (fls. 1.751 a 1.755) contém um erro material, pois menciona a fatura (invoice) nº 8072, que é inexistente, quando o correto seria a fatura nº 807, porém não é possível se chegar a uma conclusão com os documentos que constam dos autos. Diante dos fatos, para que não reste qualquer dúvida no julgamento, voto no sentido de convertêlo em diligência, para que sejam tomadas as seguintes providências pela repartição de origem: Fl. 2313DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.314 30 1 a autoridade preparadora faça o desdobramento do processo em dois: um referente ao PIS e à COFINS, o qual deve ser encaminhado para a 3ª Seção de Julgamento e outro referente ao IRRF, o qual terá prosseguimento em relação às providências abaixo; 2 a autoridade fiscal elabore relatório circunstanciado e conclusivo sobre as remessas relacionadas na tabela I, acima, vinculandoas com os respectivos "contratos de reserva e bloqueio de cabinas de navio de passageiros" e faturas (invoices), podendo realizar intimações e diligências junto às empresas nacionais contratantes, julgadas necessárias para formação de convencimento; 3 seja concedida vista à Recorrente para, querendo, se pronunciar, no prazo de 30 (trinta) dias. Após vencido esse prazo, os autos deverão retornar a esta Turma para inclusão em pauta de julgamento. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Relator Fl. 2314DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 16561.720009/201186 Resolução nº 2202000.618 S2C2T2 Fl. 2.315 31 Fl. 2315DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 12571.000167/2008-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007, 2008
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. CONTA CONJUNTA. FALTA DE INTIMAÇÃO DOS CO-TITULARES. SÚMULA CARF Nº 29.
Todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.
Numero da decisão: 2202-003.131
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso para declarar a nulidade do lançamento por vício material, vencido o Conselheiro EDUARDO DE OLIVEIRA, que declarou a nulidade por vício formal.
Assinado digitalmente
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente e Relator.
Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO, WILSON ANTÔNIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado) e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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CONTA CONJUNTA. FALTA DE INTIMAÇÃO DOS COTITULARES. SÚMULA CARF Nº 29. Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso para declarar a nulidade do lançamento por vício material, vencido o Conselheiro EDUARDO DE OLIVEIRA, que declarou a nulidade por vício formal. Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente e Relator. Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO, WILSON ANTÔNIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado) e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 57 1. 00 01 67 /2 00 8- 41 Fl. 533DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 2 Reproduzo o relatório do Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) DRJ/CTA, que sintetiza os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância. Da autuação Trata o presente lançamento de Auto de Infração lavrado contra o sujeito passivo acima identificado no valor total de R$ 545.554,88, sendo R$ 275.384,73 de IRPF, R$ 206.538,52 de multa de ofício de 75% e R$ 63.631,63 de juros de mora, calculados até 30/09/2008. Conforme a autuação, o valor acima decorre de procedimento de fiscalização relativo aos exercícios 2008, 2007, 2006 e 2005, relativos respectivamente aos anos calendário 2007, 2006, 2005 e 2004 tendo em vista a apuração de depósitos bancários de origem não comprovada em nome do autuado, o que caracteriza a presunção legal de omissão de rendimentos, tudo conforme as seguintes constatações, constantes da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal do Auto de Infração: A presente ação fiscal, decorrente da detecção de movimentação financeira incompatível com os rendimentos informados e da possibilidade de existência de ganhos de capital não informados, teve início em 15/05/2008, com lastro no Mandado de Procedimento Fiscal (MPFF) n° 09.1.04.002008002040 (fl 16), abrangendo o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) dos exercícios 2005, 2006, 2007 e 2008 (anoscalendário 2004, 2005, 2006 e 2007). A ciência do início da fiscalização deuse por meio do Termo de Início da Ação Fiscal nº 186/2008 (fls. 18 a 19), quando foram requeridos os extratos bancários de todas as contascorrentes, poupanças e investimentos, mantidos em nome do contribuinte, seu cônjuge (em caso de declaração conjunta) e seus dependentes, no Brasil e no exterior, referentes aos períodos sob fiscalização, em papel e em meio digital, gravados em CD ROM nãoregravável, assim como as escrituras de compra e venda, matrículas de registro de imóveis e/ou contratos de compra e venda do imóvel situado na Rua Jesuíno Marcondes, 2020 Batel Guarapuava/PR. Apresentados parcialmente os documentos e informações acima requisitados, restou desde logo afastada a hipótese de ocorrência da ganho de capital relativamente ao imóvel. Quanto aos extratos bancários, foi requisitada a emissão de Requisições de Informação sobre Movimentação Financeira —RMF's aos bancos: Banco do Brasil, Unibanco e Cooperativa de Crédito Rural Terceiro Planalto. Analisadas as informações prestadas pelos bancos, concluiuse pelo acolhimento da justificação da movimentação relativa ao Banco do Brasil, restando ser comprovada a origem dos recursos creditados no Unibanco e na Cooperativa de Crédito Rural Terceiro Planalto, para o que o fiscalizado foi intimado por meio do Termo de Intimação Fiscal n° 806/2008 (fis. 218 a 231): Em 14/08/2008, o contribuinte apresentou resposta ao Termo de Intimação Fiscal nº 806/2008 (fls. 257 a 259) apresentando apenas uma alegação de que os recursos financeiros evidenciados pela movimentação financeira em sua contacorrente decorrem de distribuição de lucros da empresa de sua propriedade. O contribuinte também não demonstrou a correspondência dos alegados recursos nos demonstrativos contábeis da empresa de sua propriedade. Dessa forma, foi reintimado o contribuinte através do Termo de Intimação Fiscal n° 806/2008 (fls. 260 a 264) para comprovação através de documentação hábil, idônea e coincidente em datas e valores da origem dos recursos utilizados nas suas operações financeiras, ressaltandose o fato de que a resposta ao Termo de Intimação Fl. 534DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 12571.000167/200841 Acórdão n.º 2202003.131 S2C2T2 Fl. 534 3 Fiscal n° 806/2008 não se configura em comprovação de origem dos recursos utilizados nas operações em pauta, se tratando de uma simples alegação de que os recursos são oriundos de distribuição de lucros da empresa de sua propriedade, sem a devida apresentação da correspondência nos demonstrativos contáveis desta empresa. Em resposta ao Termo de Intimação Fiscal n°806/2008 o contribuinte apresentou novamente simples alegações ( fls. 265 a 269), agora no sentido de que cabe ao fisco indicar quais os documentos de que necessita para a comprovação da licitude da origem dos recursos evidenciados na movimentação financeira de suas contas bancárias, tentando assim inverter o ônus da prova. Destarte, ante a não comprovação da origem dos valores depositados/creditados em sua conta corrente, restou configurada hipótese de incidência de tributação por presunção legal de omissão de rendimentos, conforme as determinações do art. 42 da Lei 9.430/1996 e art. 849 do RIR/1999. Para constituição do crédito tributário, portanto, foram consideradas como receitas omitidas os depósitos/créditos não comprovados pela contribuinte; consignados nas planilhas anexas ao presente auto de infração, num total de: Anocalendário Valor (R$) 2004 237.289,66 2005 264.890,00 2006 227.374,67 2007 286.169,93 Vale ressaltar que os valores depositados/creditados decorrentes de estornos, cheques devolvidos, reduções de saldo, resgates de aplicações financeiras, empréstimos e transferências entre contas de mesma titularidade não foram computados no levantamento dos rendimentos omitidos. O crédito tributário aqui constituído resultou da aplicação da tabela progressiva vigente nos exercícios 2005, 2006, 2007 e 2008 aos montantes acima discriminados, tomandose previamente o cuidado de conceder à (sic) contribuinte o desconto simplificado a que tinha direito por ter apresentado as Declarações do Imposto de Renda — Pessoa Física (DIRPF) neste modelo. O desconto concedido foi de R$ 6.860,00 no anocalendário 2002 e R$ 6.450,00 no anocalendário 2003, valores que correspondem à diferença entre os descontos simplificados já pleiteados pela fiscalizada nas referidas declarações (R$ 2.540,00 em 2002 e R$ 2.950,00 em 2003) e os limites definidos pela legislação (R$ 9.400,00 para os dois anos em questão). Regularmente cientificado do lançamento em 20/11/2008 pela via postal (AR à fl. 273), tempestivamente protocolou a impugnação de fls. 278 a 309, alegando, em síntese, que: PRELIMINARMENTE, o Auto de Infração seria nulo: a) pois a lavratura ocorreu fora do domicílio tributário do sujeito passivo, o que contraria o artigo 10, do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972; b) a lavratura se fundamenta em provas colhidas com quebra do sigilo bancário do sujeito passivo em desacordo com o que prevê a legislação sendo, portanto, procedimento ilegítimo que macula todo o procedimento; Fl. 535DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 4 c) sendo ilegítima a quebra do sigilo bancário, resta ilícita a prova dali decorrente, o que igualmente macula com nulidade o lançamento fiscal daí decorrente; d) além disso, o lançamento se baseia não na verdade real, mas em presunções, o que é vedado em matéria tributária; NO MÉRITO, seria indevida a exigência dos autos pois: a) a base de cálculo apurada pela Fiscalização estaria irregularmente ampliada pela consideração dentre os valores considerados como créditos sem origem comprovada, de valores relativos a transferência de valores entre contas correntes do mesmo titular, conforme indica a tabela inserida na impugnação; b) a tributação de valores creditados nas contas correntes bancárias do autuado não reflete efetivo acréscimo patrimonial em favor do sujeito passivo, esta sim a grandeza sobre a qual deve incidir a tributação do Imposto de Renda da Pessoa FísicaIRPF; c) os valores considerados pela Fiscalização como rendimentos tributáveis eram, em verdade, adiantamentos de distribuição de lucros da pessoa jurídica cuja cônjuge do autuado é titular e que, como tal, já teriam ali sofrido a incidência do Imposto de Renda da Pessoa JurídicaIRPJ; d) a multa de ofício aplicada no percentual de 75% do valor devido seria confiscatória; e) seria inconstitucional a exigência de juros de mora cobrados com base na taxa SELIC, a qual, por sua natureza, traria embutida indevida correção monetária. além dessas argumentações, seria necessária a produção de prova pericial como meio de demonstrar a irregularidade da exigência fiscal. É o relatório. A Quinta Turma da DRJ/CTA julgou, por unanimidade de votos, improcedente a impugnação, cuja decisão foi consubstanciada no Acórdão nº 0622.500, assim ementado: Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 NULIDADE. LOCAL DE LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO A lavratura do Auto de Infração fora do domicílio tributário do sujeito passivo não leva à nulidade do procedimentos por não ofender à disposição do artigo 10, do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972. NULIDADE. ILEGITIMIDADE DA PROVA Estando a quebra do sigilo bancário autorizada pela legislação de regência e também por decisão judicial, não há que se falar em obtenção de prova ilícita por alegada quebra do sigilo bancário do autuado. NULIDADE. UTILIZAÇÃO DE PRESUNÇÕES EM DIREITO TRIBUTÁRIO A apuração dos rendimentos tributáveis através de créditos de origem não comprovada em conta corrente do autuado em instituição financeira é mecanismo legalmente autorizado, bastando à autoridade lançadora demonstrar a ocorrência da hipótese legal de sua aplicação. Fl. 536DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 12571.000167/200841 Acórdão n.º 2202003.131 S2C2T2 Fl. 535 5 TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS INTERCONTAS A simples alegação de consideração de valores relativos a transferências intercontas de numerários sem a devida demonstração de sua efetiva ocorrência e consideração na base de cálculo utilizada pela Fiscalização no lançamento fiscal não afasta o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo. CONCEITO DE RENDA. TRIBUTAÇÃO INDEVIDA DOS DEPÓSITOS EM CONTA CORRENTE Apurado que a Fiscalização se utilizou regularmente da prerrogativa de apuração dos rendimentos tributáveis por meio da presunção legal constante do artigo 42 da Lei 9.430/1996, levandoos às respectivas Declarações de Ajuste Anual para apuração do Imposto de Renda da Pessoa Física, não há ofensa ao conceito constitucional de renda no lançamento fiscal. DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS Correto o lançamento fiscal que se fundamenta na presunção legal de que a existência de depósitos de origem não comprovada em conta corrente bancária do sujeito passivo pressupõe a ocorrência de omissão de rendimentos tributáveis pelo IRPF se demonstradas as hipóteses legais em que se aplica a presunção legal. CARÁTER CONFISCATÓRIO DA MULTA Não é confiscatória a multa exigida nos estritos limites do previsto em lei para o caso concreto, não sendo competência funcional do órgão julgador administrativo apreciar alegações de ilegalidade ou inconstitucionalidade da legislação vigente. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. LEGALIDADE. Legal a aplicação da taxa do Selic para fixação dos juros moratórios para recolhimento do crédito tributário em atraso. PROVA PERICIAL. PEDIDO NÃO FORMULADO Considerase não formulado o pedido de produção de prova pericial que não atenda aos requisitos do inciso IV, do artigo 16, do Decreto n° 70.235, de 1972. Lançamento Procedente Cientificado da decisão em 24 de junho de 2009, por via postal (A.R. à fl. 342), o contribuinte, por meio de procurador legalmente habilitado, interpôs recurso voluntário em 06 de julho de 2009 (fls. 343 a 379), no qual repisa os argumentos da impugnação, exceto em relação à solicitação de prova pericial, a qual não foi requerida no recurso voluntário. Em 15 de março de 2011, a Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF decidiu converter o julgamento em diligência, para a repartição de origem informar se houve intimação, em processo separado, da contribuinte Clara Leonídia Fonseca, acerca da origem da movimentação financeira havida na conta nº 058360 da Cooperativa de Crédito Rural Terceiro Planalto e na conta nº 111.8094, da agência 0258 do Unibanco, por serem contas conjuntas, assim como anexar as Declarações de Ajuste Anual (DAAs) daquela contribuinte (fls. 382 a 392). Fl. 537DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 6 Em cumprimento à diligência solicitada, a autoridade preparadora anexou as DAAs da contribuinte Clara Leonídia Fonseca dos exercícios 2004, 2005, 2006 e 2007 (fls. 409 a 420) e os termos de intimação efetuados (fls. 424 a 530). É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. O lançamento foi efetuado em virtude da infração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, em relação aos anos calendário 2004, 2005, 2006 e 2007, com base no art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos, determinando que estão sujeitos ao lançamento de ofício os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física, regularmente intimada, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. Em casos anteriores que envolviam a situação em apreço, este julgador havia votado no sentido de não analisar a questão da falta de intimação dos cotitulares das contas correntes conjuntas, quando não tivesse sido expressamente contestada pelo impugnante. No entanto, analisando a jurisprudência do CARF e melhor refletindo sobre a matéria, passei a entender que a ausência de intimação do cotitular durante a ação fiscal dá ensejo ao cancelamento do lançamento, quanto às contas conjuntas, ainda que não tenha sido suscitada pelo recorrente. É que a prévia intimação aos cotitulares de contas conjuntas constitui inafastável exigência de lei, por influenciar diretamente a base material da presunção legal. A intimação apenas de um titular fragiliza o lançamento, por ancorálo em presunção de não justificativa, por todos, da origem dos créditos bancários, sendo que a própria renda já é presumida. A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada é decorrente de uma presunção legal. Todavia, para que se valide essa presunção, o lançamento devese conformar aos moldes da lei. O caput do art. 42, da Lei n° 9.430/96, dispõe que a omissão de rendimentos se caracteriza quando o titular da conta, regularmente intimado, não comprova a origem dos recursos creditados. Logo, no caso de contacorrente conjunta, tornase imprescindível que todos os titulares sejam intimados a comprovar a origem dos depósitos. Nas contascorrentes mantidas em conjunto, presumese, obviamente, que os titulares possam dela se utilizar para crédito/depósito dos seus próprios rendimentos e a movimentação dos recursos financeiros pode ser feita por todos os titulares. Portanto, a responsabilidade pela comprovação da origem dos recursos, para efeito do disposto no artigo 42, da Lei nº 9.430/96, deve ser imputada a todos os titulares da contacorrente. Assim, a falta de intimação regular de um dos cotitulares da conta bancária acarreta a não subsunção da norma ao fato, afastandose a presunção legal, tendo em vista a falta de uma das condicionantes para sua aplicação. Fl. 538DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 12571.000167/200841 Acórdão n.º 2202003.131 S2C2T2 Fl. 536 7 No presente caso, o Recorrente afirmou que existiam valores depositados em sua conta corrente pessoa física que eram provenientes da movimentação financeira da empresa de propriedade de sua esposa, senhora Clara Leonídia Fonseca, assim como da antecipação dos lucros auferidos por ela. Verificase que todos os lançamentos se referem à conta nº 111.8094, da agência 0258, do Unibanco (fls. 236 a 249), a qual é conjunta, tendo como cotitular a sua esposa, Clara Leonídia Fonseca (fl. 204). Em atendimento à diligência solicitada pela Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, a repartição de origem anexou, às fls. 409 a 420, as Declarações de Ajuste Anuais (DAAs) da contribuinte Clara Leonídia Fonseca, referentes aos exercícios 2004, 2005, 2006 e 2007, (anoscalendário 2003, 2004, 2005 e 2006). Não foi anexada a declaração do exercício 2008 (anocalendário 2007). Também foram anexados os termos de intimação efetuados à contribuinte Clara Leonídia Fonseca (fls. 424 a 530). Embora a resposta da autoridade fiscal à diligência solicitada tenha sido no sentido de que a cotitular Clara Leonídia Fonseca foi intimada (fl. 422), o que se observa das intimações efetuadas (fls. 424/426; 506/508; 511/513; 516/517; 525/526) e do Relatório de Ação Fiscal (fls. 518/522) é que em nenhuma delas a contribuinte foi intimada a justificar a origem dos depósitos bancários. Dessa forma, a falta de intimação da cotitular da conta bancária, Clara Leonídia Fonseca, contraria o entendimento já consolidado na Súmula CARF nº 29, de caráter vinculante. Súmula CARF nº 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso, declarando a nulidade do lançamento por vício material. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 539DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 10983.720187/2010-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006
IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AUTUAÇÃO POR DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS COM PENSÃO ALIMENTÍCIA E DEPENDENTES. COMPROVAÇÃO IDÔNEA EM FASE RECURSAL. ADMITIDA EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DO FORMALISMO MODERADO.
Comprovada idoneamente, por documentos que atendem as exigências legais, ainda que em fase recursal, deve ser admitida os comprovantes apresentados a destempo, com fundamento no princípio do formalismo moderado, não subsistindo o lançamento quanto a este aspecto.
DEDUÇÃO COM DESPESAS DE ADOTANTE.
Conforme artigo 1626 do Código Civil de 2002, vigente à época dos fato gerador (2005), não há qualquer distinção entre pais adotivos ou biológicos devendo ser admitida a dedução prevista no artigo 35, inciso VI da Lei nº 9.250/95.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2202-003.160
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA- Presidente.
(Assinado digitalmente)
JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO, WILSON ANTÔNIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado) e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA.";
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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Recorrente ITAMAR PACHECO CANHADA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006 IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AUTUAÇÃO POR DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS COM PENSÃO ALIMENTÍCIA E DEPENDENTES. COMPROVAÇÃO IDÔNEA EM FASE RECURSAL. ADMITIDA EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DO FORMALISMO MODERADO. Comprovada idoneamente, por documentos que atendem as exigências legais, ainda que em fase recursal, deve ser admitida os comprovantes apresentados a destempo, com fundamento no princípio do formalismo moderado, não subsistindo o lançamento quanto a este aspecto. DEDUÇÃO COM DESPESAS DE ADOTANTE. Conforme artigo 1626 do Código Civil de 2002, vigente à época dos fato gerador (2005), não há qualquer distinção entre pais adotivos ou biológicos devendo ser admitida a dedução prevista no artigo 35, inciso VI da Lei nº 9.250/95. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 3. 72 01 87 /2 01 0- 89 Fl. 155DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARCO AURELIO D E OLIVEIRA BARBOSA 2 (Assinado digitalmente) JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO, WILSON ANTÔNIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado) e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA."; Relatório Transcrevo, a seguir, o relatório elaborado pela Delegacia Reginal de Julgamento DRJMG: "Contra o contribuinte acima identificado foi lavrada a Notificação de Lançamento nº 006/609451491774127, expedida em 29/04/2010, referente a imposto sobre a renda de pessoa física, exercício 2006, anocalendário 2005, código 2904, formalizando a exigência de imposto suplementar no valor de R$8.557,45 e seus consectários legais, com juros de mora calculados até 30/04/2010, fls. 62 a 69. No demonstrativo de apuração do imposto devido, fls. 68, o imposto suplementar de R$8.557,45 se refere à soma das parcelas R$8.529,44 (saldo do imposto a pagar apurado após alterações) e R$28,01 (imposto já restituído). O lançamento decorreu da apuração das seguintes infrações, em razão da falta de comprovação, por falta de atendimento ao Termo de Intimação Fiscal. a) Dedução indevida de previdência privada e fapi, no valor de R$10.310,52. b) Dedução indevida com dependentes, no valor de R$7.020,00, em relação às seguintes pessoas físicas: Ana Carolina Pedromonico Canhada (23/07/2003), Juliana Cristhina Pedromonico Werner (22/06/1986), Rodrigo Pedromonico Werner (22/09/1996),Amelia Davila Iturriet (14/03/1924) e Maura Regina Pedromonico (22/07/1965). c) Dedução indevida com despesa de instrução, no valor de R$2.198,00. d) Dedução indevida de despesas médicas, no valor de R$1.395,85. Fl. 156DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARCO AURELIO D E OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10983.720187/201089 Acórdão n.º 2202003.160 S2C2T2 Fl. 10 3 e) Dedução indevida de pensão alimentícia judicial, no valor de R$13.600,00. Cientificado da notificação em 07/05/2010, fls. 70, o contribuinte apresentou impugnação em 19/05/2010, fls. 2 a 4, acompanhada de documentos, contestando o lançamento. Alega que atendeu ao Termo de Intimação Fiscal nº 116/2009, com resposta a esclarecer os fatos de forma minuciosa, fls. 15 a 16. Pontua que elaborou declaração retificadora, em 04/08/2009, e apurou imposto a restituir no valor de R$964,76, sendo que em 30/04/2010 recebeu a notificação de lançamento em discussão. Sustenta que no processo judicial nº 023.07.1221258 foi reconhecido e anulado o vínculo de união estável entre o autuado e Maura Regina Pedromonico, além de ter sido estabelecida a pensão alimentícia à Ana Carolina Pedromonico Canhada, filha do casal. Argumenta que Rodrigo Pedromonico Werner e Juliana Pedromonico Werner são filhos de Maura Regina Pedromonico e estavam sob a guarda dela, razão pela qual entende que faz jus à dedução com dependentes. Assinala que é filho adotivo de Amélia D’Avila Iturriet, conforme escritura de fls. 38 a 43. Pondera que a dedução de previdência privada se refere à contribuição efetuada à Fundação Elos e se prova por meio do informe de rendimentos, fls. 14. Defende que a despesa com instrução foi realizada com sua filha, Ana Carolina Pedromonico Canhada, bem como salienta que as despesas médicas e pensão alimentícia judicial estão discriminados no informe de rendimentos, fls. 14. A Delegacia Regional de Julgamento julgou parcialmente procedente a Impugnação, conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006 CONTRIBUIÇÃO À PREVIDÊNCIA PRIVADA. DEDUÇÃO. Na declaração de ajuste anual pode ser deduzida do total dos rendimentos recebidos a soma dos valores mensais relativos a contribuições a entidades de previdência privada, desde que o ônus tenha sido do próprio contribuinte, em benefício deste ou de seu dependente. DEPENDENTES. FILHA. COMPANHEIRA. ENTEADOS. ADOTANTE. Podem ser considerados dependentes a filha, até 21 anos de idade, e a companheira, desde que haja vida em comum por mais de cinco anos, ou por período menor se da união resultou filho. Para fins tributários, a dedução com dependentes em relação a enteados demanda a apresentação do termo de guarda dos filhos em Fl. 157DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARCO AURELIO D E OLIVEIRA BARBOSA 4 nome da mãe, em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. A legislação tributária não previu que poderiam ser considerados como dependentes os adotantes. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS RECEBIDOS PELO DEPENDENTE. Os rendimentos tributáveis recebidos pelos dependentes devem ser somados aos rendimentos do contribuinte para efeito de tributação na declaração. DESPESAS COM INSTRUÇÃO. COLÔNIA DE FÉRIAS. MATERIAL PEDAGÓGICO. REEMBOLSO. A despesa com instrução não contempla o pagamento de colônia de férias e nem material pedagógico e, além disso, não se admite a dedução de valores que foram reembolsados pela fonte pagadora do autuado. DESPESAS MÉDICAS. BENEFICIÁRIOS. Deve ser mantida a glosa de despesas médicas quando o comprovante dos gastos não discrimina os beneficiários dos serviços prestados. PENSÃO ALIMENTÍCIA. SENTENÇA OU ACORDO JUDICIAL. Na ausência da apresentação de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente em relação às importâncias pagas a título de pensão alimentícia, deve ser mantida a glosa apurada pelo fisco Cientificado, o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário, no qual alega, preliminarmente, que reconhece o equívoco cometido por ele no que diz respeito ao tópico Rendimentos Tributáveis Recebidos por Dependente ao deixar de computar o valor de R$ 7.074,47, bem como a procedênciada glosa de R$ 4.896,00 referente aos gastos com instrução, uma vez que perdeu parte dos documentos que serviriam de suporte a dedução pretendida. Quanto ao mérito, alega, resumidamente, que: a) Em relação a dedução da pensão alimentícia judicial, contesta a decisão da DRJ que entendeu que o documento de fls. 14 não seria suficiente para permitir a referida dedução utilizando como suporte a Súmula CARF nº 98. Como complemento à documentação constante dos autos, faz a juntada, em fase recursal, dos seguintes documentos: a.1) do acordo judicial devidamente homologado pelo juízo da 2ª Vara de família da Comarca de Curitiba/PR (fls. 124/125); a.2) termo de audiência de Separação Judicial Consensual (fls. 127); a.3) Ofício nº1226/1992 onde consta a intimação para pagamento da pensão judicial, inclusive com a indicação de valor e conta bancária para depósito; (fls. 128) a.4) Ofício 868/1993 onde consta a intimação para que a fonte pagadora realize os descontos em folha do valor referente a pensão alimentícia;(fls. 129) a.5) Ofício nº 0596/2007 intimando a fonte pagadora a descontar em folha o valor da pensão alimentícia no montante de 02 (dois) salários mínimos;(fls. 130) b) Em relação a dedução da dependente Amélia Osmídia D'áviala Itturriet (mãe adotiva do Recorrente), afirma que não há qualquer distinção entre pais biológicos e adotivos. Sendo assim, há que se admitir a dedução conforme previsto no artigo 35, inciso VI da Lei nº 9.250/95. Como complemento à documentação constante dos autos, faz a juntada, em fase recursal, dos seguintes documentos: Fl. 158DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARCO AURELIO D E OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10983.720187/201089 Acórdão n.º 2202003.160 S2C2T2 Fl. 11 5 b.1) Declaração registrada em cartório do pai biológico do Recorrente, datada de 10/03/1960, na qual confia ao Sr. Alfredo Iturriet Filho e sua esposa Sra. Amélia Osmídia Iturriet o seu filho menor de idade ITAMAR PACHECO CANHADA (fls. 133/134); b.2) Certidão de óbito do Sr. Alfredo Irrurriet Filho, datada de 13/01/2006, na qual foi feita expressa menção ao filho ITAMAR PACHECO CANHADA (fls.138); b.3) Certidão de óbito da Sra. Amélia Osmídia de Avila Itturriet, datada de 09/09/2011, na qual foi feita expressa menção ao filho ITAMAR PACHECO CANHADA (fls. 139); c) Em relação a dedução dos dependentes Juliana Cristhina Pedromônico Werner e Rodrigo Pedromônico Werner (enteados do recorrente), alegou que ela se encontra expressamente prevista no art. 35, III, da Lei nº 9.250/95 que garante a dedução das despesas do enteado ou enteada, até 21 anos. Para comprovar a idade dos enteados a época do fato gerador, bem como que eles estavam sob a guarda da genitora e companheira do recorrente, faz a juntada, em fase recursal, dos seguintes documentos: c.1) Carteira de identidade de ambos (enteado e enteada) (fls 144) c.2) Cópia autenticada do acordo de "divórcio consensual" (sic) emitida pela 2ª vara de família da Comarca de Curitiba, na qual está consignado que a guarda dos enteados ficaria sob a responsabilidade da genitora. (142/143) É o relatório Voto Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio, Relatora Fl. 159DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARCO AURELIO D E OLIVEIRA BARBOSA 6 O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Conforme se verifica pelo voto da decisão proferida pela DRJ, a manutenção da maioria das glosas se deu em razão de deficiência documental. Em relação a dedução da pensão alimentícia paga Tania Regina Porcelis Dias, a DRJ considerou indevida em virtude de o Impugnante, ora Recorrente, não ter juntado ao processo cópia da sentença judicial ou acordo homologado judicialmente relativa as pensões alimentícias declaradas e deduzidas. Em fase recursal o Recorrente procura suprir a deficidência apontada mediante a juntada dos seguintes documentos: a) do acordo judicial devidamente homologado pelo juízo da 2ª Vara de família da Comarca de Curitiba/PR (fls. 124/125); b) termo de audiência de Separação Judicial Consensual (fls. 127); c) Ofício nº1226/1992 onde consta a intimação para pagamento da pensão judicial, inclusive com a indicação de valor e conta bancária para depósito; (fls. 128) d) Ofício 868/1993 onde consta a intimação para que a fonte pagadora realize os descontos em folha do valor referente a pensão alimentícia;(fls. 129) e) Ofício nº 0596/2007 intimando a fonte pagadora a descontar em folha o valor da pensão alimentícia no montante de 02 (dois) salários mínimos;(fls. 130) O artigo 16 § 4º do Decreto 70.235/72 determina que "a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Todavia, esse Conselho, em razão do princípio do formalismo moderado que se aplica aos processos administrativos, têm admitido a juntada de provas em fase recursal como se verifica pelas ementas abaixo transcritas: "IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AUTUAÇÃO POR DEDUÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO RETIDO NA FONTE. COMPROVAÇÃO IDÔNEA EM FASE RECURSAL. ADMITIDA EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DO FORMALISMO MODERADO. Comprovada idoneamente, por demonstrativos de pagamentos de rendimentos, a retenção de imposto na fonte, ainda que em fase recursal, são de se admitir os comprovantes apresentados a destempo, com fundamento no princípio do formalismo moderado, não subsistindo o lançamento quanto aeste aspecto. Recurso provido" (Ac 2802001.637, 2ª Turma Especial, 2ª Seção, Sessão 18/04/2012) "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. O art. 16 do Decreto n. 70.235/72 deve ser interpretado com temperamento em decorrência dos demais princípios que informam o processo administrativo fiscal, especialmente instrumentalidade das formas e formalismo moderado. O controle da legalidade do ato de lançamento e busca da “verdade material” alçada como princípio pela jurisprudência dessa Corte impõem flexibilidade na interpretação de regras relativas à instrução da causa, tanto no tocante à iniciativa Fl. 160DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARCO AURELIO D E OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10983.720187/201089 Acórdão n.º 2202003.160 S2C2T2 Fl. 12 7 quanto ao momento da produção da prova. Recurso voluntário provido para anular decisão de primeira instância." (Ac 1102000.859, 1ª Câmara/2ª Turma Ordinária, 1ª Seção, Sessão 09/04/2013) "PEDIDO DE RESTITUIÇÃO / DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRECLUSÃO. APRESENTAÇÃO DE NOVAS PROVAS NO RECURSO VOLUNTÁRIO. POSSIBILIDADE. O art. 16 do Decreto n. 70.235/72, que determina que a prova documental deva ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de se fazêlo em outro momento processual, deve ser interpretado com temperamento em decorrência dos demais princípios que informam o processo administrativo fiscal, tais como o formalismo moderado e a busca da “verdade material”. A apresentação de provas após a decisão de primeira instância, no caso, é resultado da marcha natural do processo, pois, não tendo a decisão de piso considerado suficientes os documentos apresentados pelo contribuinte para a comprovação do seu direito creditório, trouxe ele novas provas, em sede de recurso, para reforçar o seu direito". (Ac 1102001.148, 1ª Câmara/2ª Turma Ordinária, 1ª Seção, Sessão 29/04/2014) Sendo assim, considero devidamente comprovada a despesa de pensão alimentícia paga em benefício de Tânia Regina Porcellis Dias, motivo pelo qual deverá ser cancelada a glosa de R$ 13.600,00 a ela relativa. Da mesma forma, em relação as despesas com os enteados Juliana Cristhina Pedromonico Werner e Rodrigo Pedromônico Werner, entendeu a DRJ que não seria suficiente a petição inicial da Ação de Dissolução de Sociedade de fato e partilha de bens, pois seria fundamental a apresentação do termo de guarda dos filhos em nome da mãe. Em razão de deficiência documental apontada pela DRJ o Recorrente requer a juntada, em fase recursal, dos seguintes documentos: a) Carteira de identidade de ambos (enteado e enteada) (fls 144) b) Cópia autenticada do acordo de "divórcio consensual" (sic) emitida pela 2ª vara de família da Comarca de Curitiba, na qual está consignado que a guarda dos enteados ficaria sob a responsabilidade da genitora. (142/143) Conforme já exposto, esse Conselho tem admitido as juntada de provas em fase recursal. Sendo assim, entendo restar devidamente comprovada a guarda dos enteados, devendo, assim, ser cancelada a glosa no valor de R$ 2.808,00 relativa a despesa com esses dependentes. Em relação a dedução das depesas médicas a DRJ entendeu que, em que pese o informe de rendimentos fornecido pela ELETROSUL mencionar o montante de R$ 1.395,85 como consultas hospitalares esse não poderia ser acatado como despesa dedutível"em virtude de não se demonstrar quais são os benefíciários de tais gastos. Entendo que assiste razão ao Recorrente. Isso porque, conforme disposto na Solução de Consulta Interna nº 23 da Coordenação Geral de Tributação COSIT, de 30/08/2013, na hipótese de o comprovante de pagamento do serviço médico prestado ter sido Fl. 161DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARCO AURELIO D E OLIVEIRA BARBOSA 8 emitido em nome do contribuinte sem especificação do benefíciário do serviço, podese presumir que esse foi o próprio contribuinte. Confirase: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF DESPESAS MÉDICAS. IDENTIFICAÇÃO DO BENEFICIÁRIO. São dedutíveis, da base de cálculo do IRPF, as despesas médicas realizadas pelo contribuinte, referentes ao próprio tratamento e de seus dependentes,desde que especificadas e comprovadas mediante documentação hábil e idônea. Na hipótese de o comprovante de pagamento do serviço médico prestado ter sido emitido em nome do contribuinte sem a especificação do beneficiário do serviço, podese presumir que esse foi o próprio contribuinte, exceto quando, a juízo da autoridade fiscal, forem constatados razoáveis indícios de irregularidades. No caso de o serviço médico ter sido prestado a dependente do contribuinte, sem a especificação do beneficiário do serviço no comprovante, essa informação poderá ser prestada por outros meios de prova, inclusive por declaração do profissional ou da empresa emissora do referido documento comprobatório. Dispositivos Legais: Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil (CPC), art. 332; Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, art. 8º, inciso II, alínea “a” e § 2º, e Decreto nº 3.000, de 26 de dezembro de 1999 (RIR/1999), art. 80, § 1º, incisos II e III. Ademais, como ressaltou o Recorrente, a DMED Declaração de Serviços Médicos e de Saúde e as exigências de especificação do benefíciário, só foi instituída em 22/12/2009. Posterior, portanto, ao exercício fiscal glosado (2006). Em face do exposto, considero indevida a manutenção da glosa de R$ 1.395,85 relativa a despesas médicas. Finalmente, em relação a dedução das despesas com a mãe adotiva, a DRJ entendeu que não seria possível, pois a cédula de identidade do autuado (fls. 5) indica os nomes dos pais biológicos. Além disso, entendeu que a Lei nº 9.250/95 somente autorizou a dedução das despesas com os pais, não fazendo qualquer menção aos adotantes. Por fim, alegou que o Código Civil de 1916, em seu artigo 378, previa que os direitos e deveres do parentesco natural não se extinguiam pela adoção e que não havia prova nos autos de que a escritura juntada às fls. 41 a 43 tenha sido averbada no registro civil das pessoas naturais. Todavia, tais alegações não merecem prosperar. Em primeiro lugar, não há qualquer razão para que a Lei nº 9.250/95 fizesse menção aos adotantes, uma vez que estes são, para todos os efeitos jurídicos, pais. A Constituição Federal de 1988 afirma, categoricamente, em seu art. 227, §6º que "os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação". (grifamos) Em relação ao artigo 378 do Código Civil é importante ressaltar que, à época do fato gerador (2005), já estava em vigor o Código Civil de 2002 o qual previa, em seu artigo 1626, que "a adoção atribui a situação de filho ao adotado, desligandoo de qualquer vínculo com os pais ou parentes consaguíneos, salvo quanto aos impedimentos para casamento". (grifamos). Além disso, a documentação comprobatória trazidas aos autos não deixa dúvida Fl. 162DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARCO AURELIO D E OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10983.720187/201089 Acórdão n.º 2202003.160 S2C2T2 Fl. 13 9 quanto a adoção, motivo pelo qual deve ser admitida a dedução prevista no artigo 35, VI da Lei nº 9.250/95. Em face do exposto, dou provimento ao Recurso Voluntário. É meu voto (Assinado digitalmente) Junia Roberta Gouveia Sampaio Fl. 163DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARCO AURELIO D E OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 19515.000443/2006-22
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jan 08 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2202-000.613
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os Membros da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Fez sustentação oral pelo Contribuinte o advogado Cleber Renato de Oliveira, OAB/SP 250.115.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Relator
Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA.
Relatório
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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RESOLVEM os Membros da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Fez sustentação oral pelo Contribuinte o advogado Cleber Renato de Oliveira, OAB/SP 250.115. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA. Relatório Reproduzo o relatório do acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza (CE) DRJ/FOR, que sintetiza os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 00 44 3/ 20 06 -2 2 Fl. 1940DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.941 2 Contra o contribuinte, identificado nos autos, foi lavrado Auto de Infração, fls. 1458/1475, para formalização e cobrança do crédito tributário, referente aos anoscalendário 2000, 2001 e 2002, no valor de R$ 1.158.722,21, incluídos multa de oficio e juros de mora. As infrações apuradas pela Fiscalização e relatadas na Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(is), fls. 1470/1475, foram omissão de rendimentos de trabalho sem vinculo empregatício recebidos de pessoas físicas, omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada e falta de recolhimento do imposto de renda pessoa física a titulo de carnêleão, tudo conforme Termo de Verificação Fiscal, fls. 1440/1457. Os dispositivos legais infringidos e a penalidade aplicável encontram se discriminados as fls. 1468 e 1472/1473 e 1475. Inconformado com a exigência, da qual tomou ciência em 24/03/2006, fls. 1480, o contribuinte apresentou impugnação, em 25/04/2006, fls. 1486/1516, com as alegações a seguir resumidas: Preliminares. 1) cerceamento do direito de defesa: obstrução às vistas do processo. O contribuinte argúi que teve seu direito de defesa cerceado, uma vez que recebeu o Auto de Infração no dia 24/03/2006 e ao se dirigir à repartição para ter vista do processo somente a conseguiu no dia 20/04/2006 após inúmeras idas e vindas à repartição a partir do dia 28/03/2006. Informa que até solicitou a lavratura de um Boletim de Ocorrência (BO n° 2.296/2006) para resguardar seus direitos. Aduz que tendo em vista a demora do órgão público em fornecer a cópia do processo, ficou com apenas cinco dias antes da data limite para elaborar sua impugnação. Assim, solicita devolução do prazo para que possa utilizar efetivamente o seu direito de vista ao processo e direito de preparar sua defesa durante o tempo que lhe é garantido pelas normas do processo administrativo. 2) inobservância das determinações do MPF. A defesa alega que o lançamento é nulo, pois o auditorfiscal, após iniciado o procedimento fiscal, sugeriu "trocar o foco da operação de "rendimentos recebidos de pessoa física" para "a movimentação financeira", sendo a sugestão acatada pela chefia. Argumenta, ainda, que: (i) o feito contraria as características especificas do MPF que não podem ser alteradas no curso da ação fiscal pela autoridade autuante sob pena de nulidade, pois referidas autoridades não possuem competência para empreender ação de programação; (ii) a Portaria SRF 3007, de 2001, é norma procedimental e em seu texto não existe previsão legal para mudança de objeto de fiscalização; e (iii) só tomou conhecimento da modificação do objeto do MPF ao ler o Relatório de Ação Fiscal, que conseguiu a partir da cópia do processo, cuja ciência desse documento não lhe foi dada, consistindo uma informação nova e relevante por ter alterado a perspectiva dos procedimentos fiscais. Assim, devido à modificação do objeto do MPF sem o preparo do órgão competente, sem o Fl. 1941DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.942 3 encerramento do MPF original e sem a abertura, com ciência, do MPF Complementar ou de novo MPF, o lançamento é nulo. 3) decadência do anocalendário 2000. O contribuinte defende que o imposto de renda pessoa física é um imposto que tem seu fato gerador apurado mensalmente, devendo o prazo decadencial desse imposto ser contado mensalmente. Assim, após janeiro de 2006, a autoridade lançadora não mais poderia lançar o imposto de renda pessoa física referente aos períodos de janeiro a dezembro do anocalendário de 2000. Como a ciência do lançamento se deu em 24/03/2006, o mesmo encontrase já alcançado pelo instituto da decadência. Mérito. 1) depósito bancário não se identifica com o conceito de renda. O contribuinte trouxe as seguintes alegações: a) a autoridade fiscal adotou como premissa o conceito de que os depósitos bancários são, por si sós, receitas tributáveis do contribuinte; b) a legislação não obriga aos contribuintes pessoas físicas manterem escrituração de seus rendimentos e despesas. Dessa forma não se encontra obrigado a identificar os lançamentos ocorridos nas contas mantidas junto a instituições financeiras; c) os valores creditados em contas bancárias não se identificam necessariamente com o conceito de renda, pois podem não ser causa de acréscimo patrimonial ou não caracterizar consumo relacionados ao contribuinte titular da contacorrente, sendo preciso que fique demonstrado que os créditos representem rendimentos que ainda não tenham sido tributados; d) constatado o indicio de que os valores creditados poderiam ser juridicamente presumidos como omissão de receita, caberia à fiscalização aprofundarse no exame da prova, a fim de obter elementos identificadores e confirmadores da omissão no âmbito do patrimônio do contribuinte (sinais exteriores de riqueza) ou no âmbito dos gastos (renda consumida). A autoridade fiscal pautou somente na presunção relativa, deixando de proceder qualquer outra atividade fiscal tendente a obter a verdade material dos indícios presumidos; e) a autoridade fiscal não observou o que determina o § 3° do artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, uma vez que não intimou o contribuinte a esclarecer, individualizadamente, os depósitos bancários. O auditor faz mera referencia, vaga e não individualizada, aos lançamentos que intimou o contribuinte para justificar. As intimações foram genéricas e em nenhum dos termos a autoridade fiscal não apontou individualizadamente os depósitos e ingressos bancários de cuja origem se pretendia comprovar. 2) desconsideração do valor recebido pela venda de imóvel. Fl. 1942DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.943 4 A prova da alienação de um imóvel é o registro da transação no Registro de Imóveis. A defesa alega que o contribuinte apresentou ao Fisco certidão que demonstra a alienação do bem em questão, pelo valor de R$ 400.000,00, em 28/05/2001. Assim, tal valor deve ser computado como ingresso hábil para justificar e integrar os saldes da movimentação financeira do ano de 2001. Argumenta que comprovada a origem do valor recebido, pode efetuar depósitos em valores parciais a partir de 28/05/2001, data em que a transação com o imóvel foi realizada. Portanto, o valor de R$ 400.000,00 deve ser computado como recurso na movimentação financeira a partir do dia 28/05/2001. 3) erro na apuração mensal dos valores considerados na infração Depósito Bancário de Origem Não Comprovada. No Termo de Verificação Fiscal consta os critérios de apuração e os argumentos utilizados pela autoridade fiscal para determinação do valor do imposto devido pelo contribuinte. Ocorre que a informação do Fisco quanto aos depósitos no Banco ABN Amro Real S/A está equivocada, porquanto a página indicada no Termo de Verificação Fiscal — fls. 1271 — não é a correta, uma vez que os depósitos encontramse relacionados na página 1272, o que gerou uma diferença no valor de R$ 1.533,66. Assim, impugnase os valores constantes do documento 085/2006, tomado como base para, após as deduções consideradas, redundar na tabela "doc. 097/2006", efetivamente utilizada no lançamento de oficio para quantificar a infração Depósito Bancário de Origem Não Comprovada. 4) consideração indevida de créditos relativos a "operação de Desconto" (empréstimo). No documento identificado como doc. 082/2006 (fls. 1353/1357) consta em diversos lançamentos a rubrica "operação de desconto", que, no jargão bancário, significa a operação pela qual o banco empresta valores ao correntista. Em razão do exíguo prazo para uma defesa eficaz, impugnamse valores computados como "operação de desconto", pelo fato de que os mesmos referemse a empréstimos bancários do qual o contribuinte lançou mão durante os anos fiscalizados. Pedido. O contribuinte, ao final, requer que: 1) seja reconhecido o cerceamento do direito de defesa e, por conseguinte, seja anulado o Auto de Infração, ou, ao menos, que seja devolvido integralmente o prazo subtraído ao contribuinte, tendo em vista que a cópia do auto só alcançou o contribuinte no dia 20/04/2006, exatamente cinco dias antes do término do prazo de manifestação do contribuinte; 2) seja declarada a ilegitimidade do ato que alterou o objeto da fiscalização sem a ciência do contribuinte, o que suscitará o reconhecimento da nulidade do lançamento; Fl. 1943DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.944 5 3) seja reconhecida e declarada a decadência integral dos períodos de apuração mensais do ano de 2000, declarandose a nulidade da constituição do crédito tributário; Caso não sejam acolhidas as preliminares acima, requer ainda o contribuinte: 1) seja declarado como improcedente o lançamento de oficio decorrentes da infração Depósito Bancário de Origem não Comprovada, uma vez que créditos bancários, não podem sem outros suportes probatórios, serem conceituados como receita tributável; 2) seja computado como recurso legitimo, a ser computado na movimentação financeira do contribuinte, a partir de 28/05/2001, o valor de R$ 400.000,00, auferido com a venda de imóvel; 3) seja desconsiderada a tabela doc. 097/2006, a qual tem por fonte a tabela 085/2006, pleiteandose que seja considerada como matriz a tabela doc. 083/2006, a qual ajustada pelas deduções da tabela 085/2006, chegase aos valores que, em tese, seriam indicativos de eventuais depósitos com origem a comprovar; 4) seja desconsiderado nos valores computados na tabela doc. 082/2006 todos os lançamentos que contenham a rubrica "operação de desconto". Cumpre, ainda, observar que, em reforço às suas alegações, o contribuinte citou em sua impugnação decisões administrativas. Em razão de o contribuinte, em sua impugnação, solicitar devolução do prazo para se utilizar do seu direito de vistas ao processo, uma vez que somente conseguiu ter em mãos o processo para vistas cinco dias antes da data limite para entregar tempestivamente seu arrazoado, o presente processo retornou em diligência A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo para que fosse reaberto o prazo de trinta dias, a contar da ciência de intimação ao contribuinte, para o mesmo apresentar, se achasse conveniente, suas contrarazões ao lançamento (fls. 1.551/1.554). O contribuinte tomou ciência da intimação em 13/08/2010, AR às fls. 1.557 e, em 13/09/2010, apresentou aditamento à sua impugnação, fls. 1.567/1653, a seguir parcialmente transcrito: I DOS FATOS (o contribuinte descreveu minuciosamente os fatos) II— PRELIMINARES DE NULIDADE II.1 — MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL O auto de infração em tela foi lavrado em Mandado de Procedimento Fiscal ineficaz, porque já extinto pelo decurso de seu prazo de validade. Os atos administrativos hão que ser praticados por pessoa investida da competência para praticálos, sob pena de nulidade e, em conseqüência, de não produzirem efeitos entre as partes. (...) (...), para que o auto de infração seja válido, é condição inafastável que tenha sido lavrado por agente fiscal que esteja, naquele momento, investido de poder para tanto. Fl. 1944DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.945 6 A Portaria SRF n° 3007, de 26112001, (...), e estabeleceu normas para a execução dos procedimentos de fiscalização, dispondo, em seu artigo 2°, que (...)O MPF é, pois, prérequisito para a instauração de qualquer procedimento fiscal (com as exceções especificadas no artigo 11 da Portaria SRF no 3007/2001), constituindo o instrumento pelo qual o Auditor Fiscal é investido da competência administrativa para realizar uma ação fiscal concreta, relativa a um determinado sujeito passivo. A referida Portaria SRF n°3007/2001 estabelece ainda: (...) Ora, no caso em epígrafe, o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF F) de no 08.1.90.002004004751 tinha o prazo de validade até 1407 2004; foram realizadas 11 prorrogações cujas datas de vencimento foram, respectivamente, (...). As mencionadas prorrogações: a) não foram comunicadas ao impugnante que, portanto, não tomou ciência, tampouco recebeu o Demonstrativo de Emissão e Prorrogação dos respectivos Mandados de Procedimentos Fiscais — MPF; b) foram efetuadas após a data de vencimento dos MPF anteriores. Posteriormente, em 24 de março de 2006 (data da ciência do auto de infração), o impugnante foi surpreendido com a lavratura do presente auto de infração fiscal. O auto de infração, lavrado foi assinado pelo mesmo AFRF indicado para a execução dos trabalhos iniciais de fiscalização, ou seja, Aristides Borges Carvalho. Como a autoridade fiscal deixou de atender ao disposto no artigo 13, § 2° da Portaria SRF n° 3007, de 2001 e, estando o MPF extinto pelo decurso de prazo, o Mandado originalmente emitido não mais surtia efeitos, e a competência administrativa especifica por ele atribuida ao Auditor Fiscal também não mais prevalecia. Não se diga que a competência do Auditor Fiscal é exclusivamente aquela que lhe é dada pela lei. A lei atribui, é verdade, a competência genérica para constituição do crédito tributário e, portanto lavratura de auto de infração, ao servidor ocupante do cargo de AFRF. E competência estabelecida no artigo 142 do Código Tributário Nacional. Todavia, existe a competência especifica, esta consubstanciada no MPF regularmente emitido pela autoridade responsável, pela qual a determinado Auditor Fiscal é atribuída a competência para efetuar determinados procedimentos em relação a um determinado sujeito passivo. O auto de infração lavrado, na ausência de MPF válido, é ato praticado por Auditor Fiscal que não detinha a competência administrativa especifica para fazêlo. Sendo este o caso concreto, uma vez que o MPF se extinguira pelo decurso de seu prazo de validade, o auto de infração lavrado contra o Recorrente é nulo de pleno direito, h. vista do disposto no artigo n° 59 do Decreto n° 70.235/72. Fl. 1945DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.946 7 II. 2 — REEXAME DE PERÍODO JÁ FISCALIZADO Estando extinto o MPF pelo transcurso do prazo estabelecido no inciso II do artigo 15 da Portaria n° 3.007, de 2001 (...) e, conseqüentemente, o procedimento de fiscalização aplicado ao contribuinte, somente sera possível novo exame mediante ordem escrita, conforme previsão contida no artigo n° 906, do RIR/99 (...), adiante transcrito: Portanto, extinto o MPFF, sem a ciência do contribuinte, e pela não substituição do AFRF responsável, extinta está a verificação fiscal iniciada sem novo MPF e, conseqüentemente a fiscalização reputase definitivamente encerrada. Seria admissível a continuidade se a administração emitisse novo MPFF e com novos AFRFB, fato não ocorrido assim, não cabe uma refiscalização, pois esta deve respeitar o que determina o artigo n° 906 do RIR/99, aprovado pelo Decreto n° 3000/99. Dessa forma, protesta o impugnante pela nulidade da ação fiscal, por desrespeito as determinações estabelecidas pelos Decretos n° 70.235 de 1972 (PAF) e 3.000/99 (RIR/99), e da Portaria SRF n° 3.007, de 2001 (atualmente Portaria SRFB n°11.371, de 2007). É farta a jurisprudência administrativa a respeito do tema em tela, a saber: (...) II.3 — VÍCIO FORMAL (...) Em seu Termo de Verificação Fiscal a autoridade fiscal autuante relata: (...) comuniquese a DIPAC deste DEFIC sobre despesas que não foram analisadas nesta fiscalização (...) Assim procedendo a autoridade fiscal autuante incorreu em erro de fato, ou erro material na quantificação da base de calculo dos tributos por desconsiderar deduções que influenciariam na redução da base de cálculo e, conseqüentemente, do montante devido, bem como, pela imputação de penalidade indevida, ou seja, aplicação de multa isolada em conjunto com multa de oficio (multa proporcional), incidentes sobre a mesma base de calculo. Estes erros não podem se transformar em fato gerador de obrigações tributárias, como deseja a mencionada autoridade. (...) (...) Os fatos mencionados neste subitem caracterizam erro de fato na elaboração do auto de infração no que e refere à determinação do quantum debateur (base de cálculo) e, conseqüentemente, do montante dos tributos lançados. Às fls. 1446 de seu Termo de Verificação Fiscal a autoridade fiscal autuante relata: "(...) Já que as informações trazidas pela DIRPF's retificadoras são aceitas, também são consideradas as despesas lançadas, fls. 1369, 1378 e 1386, porém destaquese que esses valores não foram objeto de análise, uma vez que não são o foco principal da operação movimentação financeira incompatível (...)"No item n° 4.7.10.4 e seus Fl. 1946DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.947 8 subitens a autoridade fiscal autuante analisa o depósito no valor de R$ 400.000,00, relativo à alienação de um apartamento do contribuinte. Após afirmar que na escritura podese confirmar a operação e o valor da transação, declara: "Contudo não é possível encontrar nenhum depósito no montante de R$ 400.000,00 ou valor aproximado, (...). Destarte, (...) o produto da venda não foi percebido pelas contas do contribuinte, assim não é possível reduzir esse montante de sua movimentação financeira". Por sua vez, o artigo 845, § 1° do RIR199 (...) dispõe: (...) Computado o valor da transação imobiliária como depósito sem origem, houve dupla tributação sobre a mencionada importância a primeira como ganho de capital na transação e a segunda como suposto depósito de origem não comprovada. Como o contribuinte prestou os esclarecimentos e apresentou a prova da alienação, a autoridade fiscal deveria investigar em detalhes a operação e não simplesmente desconsiderála. E farta a jurisprudência administrativa relativa à matéria, a saber: (. ..) A autoridade fiscal autuante relatou, ainda, em seu termo de Verificação Fiscal que o contribuinte poderia deduzir no livro caixa, a remuneração paga a terceiros, bem como, os encargos trabalhistas e previdenciários e as despesas de custeio pagas, necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora. A dedução em tela está prevista no artigo 75 do RIR199, porém, a autoridade fiscal resolveu inovar ao relatar no mencionado Termo: "(...); então encerrase essa auditoria sem análise das despesas alegadas. (...)". Eis, mais uma série de erros que, sem dúvida alguma, comprovam vicio de forma na apuração da base de cálculo do tributo. Cabe destacar, por pertinente, que erros na apuração da base de calculo do tributo não tem o condão de se transformar em fato gerador de tributos como deseja a autoridade fiscal autuante. (...) II.4 — DECADÊNCIA DO DIREITO DE LANÇAR Outro fato não levado em consideração pela autoridade fiscal autuante referese ao prazo decadencial para o lançamento por homologação previsto no artigo 150 da Lei n°5.172, de 25101996 (Código Tributário Nacional), pois as supostas movimentações financeiras que originaram o auto de infração fiscal foram realizadas no decorrer dos anos calendário 2000 a 2002, assim, em obediência ao § 4° do artigo 150 do CTN o lançamento tributário somente poderia alcançar fatos geradores ocorridos a partir de 24032001. II.4.1 — IRPF — LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO (. ..) Fl. 1947DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.948 9 II.4.2 — PRAZO DECADENCIAL DO LANÇAMENTO II.4.3 — JURISPRUDÊNCIA DO CONSELHO DE CONTRIBUINTES E DA CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS (...) é entendimento pacifico no âmbito do Conselho de Contribuintes que o IRPF é um tributo cujo lançamento se faz por homologação, e que seu prazo decadencial corresponde a 5 (cinco) anos, a contar da data da ocorrência do fato gerador. (...) II.4.4 — CONCLUSÕES SOBRE A DECADÊNCIA Com relação ao anteriormente exposto, podese concluir, sem sombra de dúvidas, que: 1°) Em relação ao imposto de renda das pessoas físicas, o pagamento é feito pelo sujeito passivo sem prévio exame da autoridade administrativa, inclusive o valor do saldo de imposto a pagar apurado na declaração de ajuste a que se refere o artigo n° 85 do RIR/99; 2°) por essa razão, o IRPF não se enquadra na modalidade de lançamento por declaração, como era antigamente, mas sim de lançamento por homologação. Essa posição é defendida, também por grandes juristas brasileiros, especialistas em Direito Tributário, tais como LUCIANO DA SILVA AMARO e outros, citados na presente impugnação; 3°) por ser imposto cujo lançamento é por homologação, não se aplica ao IRPF o prazo decadencial previsto no artigo n° 173, inciso I, do Código Tributário Nacional; 4° o prazo decadencial para impostos cujo lançamento se faz por homologação é de 5 (cinco) anos, contados da data da ocorrência do fato gerador, conforme preceitua o artigo n° 150, § 40, do Código Tributário Nacional; 5°) como o auto de infração foi lavrado em 17032006 (ciência ao contribuinte em 24032006), o direito de lançar crédito tributário já estaria caduco para o anocalendário de 2000, bem como, para os três primeiros meses do anocalendário de 2001. Argúi, portanto, o recorrente, preliminarmente, a decadência do direito de constituição do crédito tributário em relação ao período supra mencionado. II.5 — IRRETROATIVIDADE DAS LEIS O procedimento adotado pela autoridade fiscal, impondo ao contribuinte um auto de infração com base na sua movimentação bancária informada à Secretaria da Receita Federal por instituições financeiras, com fundamento no art. 11, § 2°, da Lei n° 9.311, de 24101996, que teve sua redação modificada pela Lei n° 10.174, de 09.01.2001 — está eivado de ilegalidades e deve, por essa razão, ser anulado. (...) (...). O que causa espécie, entretanto, é a Receita Federal querer utilizar essa permissão para constituir créditos tributários em períodos anteriores A entrada em vigor desses dispositivos legais, quando vigia Fl. 1948DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.949 10 a anterior redação do mesmo, que vedava taxativamente esse procedimento. Tratase aí de um caso de retroatividade da lei tributária, que é expressamente vedado pelo art. 5°, inciso XXXVI, e também pelo artigo 150, inciso III, alínea a, da Constituição Federal de 1988. (...) Destarte, o procedimento adotado pela Receita Federal não encontra suporte no arcabouço jurídico de nosso pais, já que aqui há vedação constitucional à irretroatividade das leis. (...) Incorreu em erro, portanto, a autoridade fiscal ao se estribar em procedimentos que seriam válidos para aplicação, somente, a fatos geradores ocorridos a partir de 01 de janeiro de 2002, com a finalidade de constituir pretenso crédito tributário relativo a fatos geradores ocorridos nos anoscalendário de 2000 e 2001. Para dar segurança jurídica ao contribuinte é que existe o principio da irretroatividade da lei tributária, conforme sobejamente demonstrado. Afigurase, portanto, A impugnante que o presente auto de infração está viciado em suas origens, já que fruto de um dispositivo legal aplicado irregularmente de forma retroativa, devendo, por essa razão, ser anulado, por incompatível com o ordenamento jurídico nacional. (...) II.6 — PROVA OBTIDA POR MEIO ILÍCITO O procedimento do Fisco Federal, ao se valer do cruzamento da CPMF para imaginar disponibilidade econômica incompatível com a renda declarada ou por intermédio dos extratos bancários do contribuinte obtidos junto As instituições financeiras, e dai concluir pela omissão de receita, caracteriza a produção da prova ilícita, que o Direito abomina. Deveras. A jurisprudência considera contaminadas todas as demais provas que tenham como ponto de partida prova ilícita ou prova obtida por meios inidôneos. (...) (...) Na hipótese vertente, guardada as devidas proporções, a questão é similar: a autoridade impetrada adota procedimento de intimar a instituição financeira a fornecer a movimentação bancária do impugnante violando a Constituição Federal e ignorando rígidos princípios que norteiam o sistema jurídico nacional. Logo sendo a prova ilícita, tudo o mais que dela se origina, ou decorra sera de todo imprestável (...) (...) A quebra do sigilo bancário somente poderia ocorrer por ordem judicial (a chamada reserva de jurisdição) devidamente fundamentada, e para fins de investigação criminal ou instrução em processo penal, Fl. 1949DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.950 11 mas desde que existam indícios suficientes, adrede comprovados, para autorizar o sacrifício de tão relevante garantia constitucional. (...). A Secretaria da Receita Federal do Brasil havia disponibilizado ao seu servidor toda a movimentação bancária do contribuinte. O impugnante foi intimado a justificar os depósitos constantes em relação fornecida pela SRFB à autoridade fiscal; assim, a intimação da autoridade fiscal para que o contribuinte fornecesse seus extratos teria o condão de procurar evitar a nulidade da autuação fiscal e possibilitar a elaboração do Termo de Embaraço, objetivando manter autuação fiscal decaída pelo prazo estabelecido no artigo 150, § 4° do CTN. Assim, entendemos ser inaceitável, injustificada e nula de pleno direito a quebra do sigilo bancário do impetrante por simples procedimento de requisição junto aos estabelecimentos bancários, quando não comprovada a existência de qualquer tipo de crime, ainda que o contribuinte tenha fornecido A. autoridade fiscal os extratos de suas contas bancárias. Cabe destacar, ainda, por ser pertinente à matéria que o artigo 6° da LC n°105, de 2001, foi regulamentado pelo Decreto n°3.724, de 2001 e, posteriormente, o Decreto n° 4.489, de 28112002. Esses Decretos regulam o fornecimento das informações periódicas a que se refere o artigo 5° da mencionada Lei Complementar; não obstante essa legislação e sua correspondente regulamentação, a matéria em exame não se sustenta, pois ofende aos incisos X e XII, do artigo 5° da Constituição Federal de 1988 que trata da garantia da intimidade e do sigilo de dados. (...) II.7 — CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA O auto de infração fiscal referese a procedimento de fiscalização do IRPF, relativo aos anoscalendário de 2000 a 2002, exercícios de 2001 a 2003, destinado inicialmente a verificar o cumprimento das obrigações tributárias por parte do contribuinte. (...) A 1ª Turma da DRJ/FORTALEZA/CE após a análise do questionamento sobre o cerceamento do direito de defesa, bem como, sobre trecho de impugnação que trata do assunto, através da Intimação n°1672/2010, declara: "É facultado apresentar "contra razões ao lançamento", nos termos da Diligência em anexo, (...). Na diligência anexa à Intimação n° 1672/2010, a autoridade fiscal relata, ainda: "(...). Assim, não pode ocorrer previamente à lavratura de atos ou termos, entre os quais se inclui o auto de Infração. (...)". Estes fatos, por si só, configuram cerceamento de direito de defesa e, ao contrário do que afirma a autoridade fiscal da 1ª Turma da DRJ/FOR, os fatos ocorreram após a lavratura do auto de infração fiscal e durante uma préimpugnação já que o contribuinte não Fl. 1950DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.951 12 dispunha de meios para realizála de maneira adequada. Tanto é verdade que através da ciência da Diligência n° 1.940 da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza/CE, foi devolvido o prazo para tomar vistas no processo e apresentar as "contra razões ao lançamento" no prazo de 30 dias, contados do recebimento da Intimação n° 1672/2010 da DERAT/SP (DICAT/EQCOB). Já na parte final da análise da préimpugnação do contribuinte (Fls. 1554) a autoridade fiscal da DRJ relata: " ... solicito que a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo — Derat — realize diligência, no sentido de reabrir o prazo de trinta dias, a contar da ciência de intimação ao contribuinte, para o mesmo apresentar, se achar conveniente, suas contrarazões ao lançamento". Por que reabrir o prazo para apresentar contrarrazões se não houve cerceamento do direito de defesa? 11.8 — INTERPRETAÇÃO BENIGNA Lembramos, por derradeiro, que a dúvida não pode beneficiar o fisco. Se não há resposta segura para inevitáveis indagações que surgem da análise das operações praticadas pelo contribuinte, é de se aplicar à norma inserida no artigo 112 do Código Tributário Nacional, assim redigido: (...) III — DO MÉRITO Embora seja certo que a eminente autoridade julgadora declarará nulo o presente auto de infração pelas razões de fato e de direito anteriormente expostas, ad argumentandum tantum, serão examinadas as que mostram a inexistência de qualquer fato gerador do tributo, cabível de imposição tributária pela autoridade fiscal. III. I — DEPÓSITOS BANCÁRIOS Cabe à fiscalização a efetiva prova de omissão de receitas, não sendo elemento bastante e suficiente para a configuração do ilícito o simples cotejo de declaração e/ou informações prestadas pelo contribuinte. Como é sabido a exigência fiscal do tributo não pode estar assentada unicamente em extratos ou comprovantes de depósitos bancários, porque estes por si só não constituem, na realidade, fato gerador do imposto de renda, porquanto não caracterizam disponibilidade econômica e jurídica de renda ao abrigo do que dispõe o artigo 43 da Lei n°5.172, de 1966 (...). Assim, é ilegítimo e nulo de pleno direito o lançamento com base em extratos e depósitos bancários, quando não demonstrada qualquer relação entre os valores depositados e supostas receitas auferidas e não declaradas. É farta a jurisprudência administrativa e judicial a respeito da matéria em tela (...) Assim, de acordo com a jurisprudência citada, é ilegítimo e nulo de pleno direito o lançamento com base em extratos e depósitos Fl. 1951DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.952 13 bancários, quando não demonstrada qualquer relação entre os valores depositados e supostas receitas auferidas e não declaradas. Em conseqüência, a própria administração tributária federal se viu obrigada a editar ato legal anulando processos e autuações tributárias baseadas exclusivamente em depósitos bancários, determinando inclusive o arquivamento de autos e execuções fiscais assim constituídas (Art. 9°, inciso VII do Decretolei n°2.471, de 1988). É verdade que, posteriormente, o Poder Executivo prolatou outro dispositivo legal sobre depósitos, o artigo 42 da lei n° 9.430, de 1996. Entretanto, o impugnante não vê motivos para que processos com base no artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996 venham a ter melhor sorte no Egrégio Conselho de Contribuintes que os processos instaurados com base no art. 6° da Lei n° 8.021 de 1990. Deveras, o Fisco continua não demonstrando, nos processos atuais, o nexo causal entre os depósitos e a renda omitida pelo contribuinte autuado, que foi o motivo determinante da anulação, pela própria administração federal, dos processos baseados no artigo 6° da Lei n° 8.021, de 1990, em virtude da forte oposição demonstrada pelo Conselho de Contribuintes. Tem certeza, portanto, a recorrente que o Egrégio Conselho, dada a solidez do seu entendimento formado em torno do art. 6° da Lei n° 8.021/90, adotará idêntica postura em relação ao atual art. 42 da Lei n° 9.430/96, uma vez que as razões que motivaram a rejeição ao primeiro diploma legal subsistem para que o segundo tenha igual tratamento. São dispositivos que encorajam a preguiça da autoridade fiscal, que se julga dispensada de qualquer trabalho visando provar a correlação entre o depósito e a renda omitida pelo contribuinte. No presente processo, a autoridade fiscal em nenhum momento conseguiu provar indubitavelmente a relação entre a movimentação financeira do contribuinte e renda por este percebida, que, conforme sobejamente demonstrado, é condição necessária para que prevaleça o crédito tributário por ela constituído. III.2 — JUSTIFICATIVAS DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS O contribuinte apresentou diversas razões para a sua movimentação bancária, porém, todas foram ignoradas pela autoridade fiscal, pois, não interessavam ao foco principal da operação. Estranho essa afirmação, contudo ela vem corroborada em diversas partes do texto do Termo de Verificação Fiscal a saber: "4.6.13. Já que as informações trazidas pela DIRPF's retificadoras são aceitas, também são consideradas as despesas lançadas, fls. 1369, 1378 e 1386, porém destaquese esses valores não foram objeto de análise, uma vez que não são o foco principal da operação movimentação financeira incompatível, no entanto, sugerese comunicar a DIPAC desta DEF1C sobre as despesas que não foram analisadas nesta fiscalização para que avalie o interesse e oportunidade de se determinar nova fiscalização especificamente sobre as despesas não comprovadas". Fl. 1952DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.953 14 No item n°4.7.10.4 e seus subitens a autoridade fiscal autuante analisa o depósito no valor de R$ 400.000,00 ou valor aproximado, nem em data próxima, nem em qualquer outra sob o período fiscalizado. Destarte, sem depósito equivalente à venda, fica irrefragável que o produto da venda não foi percebido pelas contas do contribuinte, assim não é possível reduzir esse montante de sua movimentação financeira". Ora, se o contribuinte recebe de seus clientes valores relativos às despesas com próteses dentárias, dentaduras, implantes e tantos outros gastos cujos valores representam receitas de terceiros é evidente que tais valores transitam por suas contas bancárias, porém, como a análise de tais fatos não interessava a autoridade fiscal ela simplesmente abandonou as justificativas por entender não serem o foco de seu trabalho. Estranho, muito estranho! III.3 — MULTA EXIGIDA ISOLADAMENTE (...) A aplicação de multa isolada em conjunto com a multa de oficio ou multa proporcional, não pode prosperar, pois, nessa hipótese, cumulada com a multa de oficio incidente sobre a falta ou insuficiência no recolhimento do tributo mensal (carnêleão), pois as bases de cálculo das penalidades são as mesmas, ou seja, as duas possuem a mesma base de cálculo, o que provoca erro na quantificação do valor devido e, conseqüentemente, vicio de forma na aplicação concomitante das referidas multas assim, a imputabilidade da multa genérica exclui as multas isoladas, sob pena de se impor dupla penalização sobre um mesmo fato gerador, não admitida pelo ordenamento jurídico nacional. (...) III.4 DENÚNCIA ESPONTÂNEA (...) A denúncia espontânea ficou configurada na própria autuação fiscal, pois, a autoridade tributária relatou em diversos itens de seu Termo de Verificação Fiscal que aceitou os valores apurados e declarados pelo impetrante nas DIRPF dos exercícios de 2001 a 2003. (...) IV DOS JUROS CALCULADOS PELA TAXA SELIC Não bastasse a impropriedade das exações impostas, sobre o tributo lançado foi acrescida à cobrança de exorbitantes juros, calculados pela taxa denominada SELIC. O artigo 161 do Código Tributário Nacional estipula que o crédito tributário não pago no vencimento será acrescido de juros de mora, calculados A taxa de 1% "se a lei não dispuser de modo diverso". Para esse fim, não se prestam os juros denominados SELIC. Primeiro, por inexistência de legislação que defina essa taxa. (...) Segundo, porque a taxa dita SEL1C é taxa remuneratória de capital e não pode ser exigida como juros de mora. (...) Por conseqüência, ainda que julgada pertinente a absurda exigência fiscal, o que se admite apenas para argumentar, os juros cobrados não poderiam superar o percentual de 1% ao mês. Fl. 1953DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.954 15 V ANEXOS (...) VI— REQUERIMENTO O recorrente, à vista de todo o exposto, com a devida vênia, solicita à eminente autoridade julgadora que declare a nulidade do presente auto de infração, em razão de todas as argumentações declinadas no presente recurso administrativo. Caso, entretanto, por absurdo, a decisão de V.Sas., seja pela validade do mesmo, o impugnante requer sejam feitas todas as correções apontadas no item III DO MÉRITO E IV TAXA SELIC da presente impugnação administrativa. O contribuinte, novamente, em reforço as alegações apresentadas no aditamento à impugnação, citou em sua impugnação doutrina de renomados juristas e decisões administrativas. É o relatório. A Primeira Turma da DRJ/FOR, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a impugnação, reduzindo a multa exigida isoladamente de 75% para 50%, cujo acórdão (fls. 1.797 a 1.836) foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2000, 2001 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2000, 2001, 2002 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL A partir da edição da Portaria SRF n° 3.007, de 2001, o MPF passou a ser prorrogado mediante registro eletrônico sem a necessidade de se dar ciência ao sujeito passivo sobre o fato. O conhecimento da prorrogação do MPF pelo contribuinte ocorre por iniciativa deste, mediante acesso página da SRF na "Internet", com a utilização do código de acesso do procedimento fiscal, ou quando da pratica de algum ato de oficio pela autoridade fiscal, oportunidade na qual é fornecido o Demonstrativo de Emissão e Prorrogação do MPF. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. LEI COMPLEMENTAR N° 105, DE 2001, E LEI N° 10.174, DE 2001. Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente a ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processo de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. Fl. 1954DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.955 16 QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. LEI COMPLEMENTAR N° 105/2001. REGULARIDADE. É legal o procedimento fiscal embasado em documentação obtida mediante quebra do sigilo bancário, quando efetuada com base e estrita obediência ao disposto na Lei Complementar n° 105 e Decreto n° 3.724, ambos de 2001. DECADÊNCIA. O lançamento de tributo é procedimento exclusivo da autoridade administrativa. Tratandose de lançamento de oficio o prazo de cinco anos para constituir o crédito tributário é contado do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Tratandose de tributação de fatos geradores que se completam em trinta e um de dezembro do anocalendário, coin apuração do imposto devido na declaração de ajuste anual, incabível cogitar em prazo decadencial contado do fato gerador mensal. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o inicio de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. MULTA DE OFÍCIO. A multa aplicável no lançamento de oficio prevista na legislação tributária é de 75%, por descumprimento à obrigação principal instituída em norma legal, e somente por disposição expressa de lei a autoridade administrativa poderia deixar de aplicála. CONCOMITÂNCIA ENTRE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA. Nada obsta que se aplique a multa de oficio e a multa isolada por se referirem a diferentes infrações cometidas. MULTA EXIGIDA ISOLADAMENTE. REDUÇÃO. Impõese reduzir a multa exigida isoladamente aplicada no percentual de 75%, para o percentual de 50%, em decorrência do principio da retroatividade benigna da lei tributária. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. A cobrança de débitos para com a Fazenda Nacional, após o vencimento, acrescidos de juros moratórios calculados com base na taxa referencial do Selic, decorre de expressa disposição legal. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. Fl. 1955DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.956 17 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2000, 2001, 2002 NULIDADE. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Se o autuado revela conhecer as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas de forma meticulosa, com impugnação que abrange questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. Estando os atos administrativos, consubstanciadores do lançamento, revestidos de suas formalidades essenciais, não se há que falar em nulidade do procedimento fiscal e cerceamento do direito de defesa. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido em Parte Cientificado pessoalmente da decisão de primeira instância em 21 de junho de 2011 (fl. 1.853), o contribuinte interpôs recurso voluntário em 15 de julho de 2011 (fls. 1.859 a 1.913), no qual reitera os argumentos da impugnação e acrescenta os seguintes: ao tomar ciência do acórdão da DRJ, constatou nos DARFs anexos a cobrança de juros sobre as multas (isolada e de ofício). Porém, tal exigência é ilícita e ilegal, pois não existe lei que a estabeleça; devem ser aplicadas as disposições contidas no art. 62A da Portaria MF nº 256/2009 (Regimento Interno do CARF) e o julgamento deve ser sobrestado, em razão da decisão proferida pelo STF no Recurso Extraordinário nº 389.808PR, sobre o afastamento do sigilo de dados; solicita a apresentação posterior de provas que se fizerem necessárias, pois depende do fornecimento de terceiros (instituições bancárias, justiça, contador e outros) e não foi possível coletar os documentos no exíguo prazo de 30 dias; requer a comunicação da data do julgamento para providenciar a sustentação oral junto à Câmara de julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Tratase de Auto de Infração que imputou ao contribuinte a infração de omissão de rendimentos caracterizado por depósitos bancários com origem não comprovada, cujo lançamento foi realizado com base no art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos, determinando que estão sujeitos ao lançamento de ofício os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, Fl. 1956DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.957 18 mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física, regularmente intimada, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. Inicialmente cabe analisar o pedido do recorrente para intimação dos patronos para sustentação oral na sessão de julgamento. Não há previsão legal para tal, porém o § 1º do art. 55 do Anexo II, do Regimento Interno do CARF (RICARF) dispõe que a pauta de julgamento deve ser publicada no Diário Oficial da União com dez dias de antecedência, bem como no sítio da internet do CARF, sendo perfeitamente possível ao patrono do autuado acompanhar tais publicações para, caso lhe aprouver, formular sustentação oral na sessão de julgamento. Em casos anteriores que envolviam a situação em apreço, este julgador havia votado no sentido de não analisar a questão da falta de intimação dos cotitulares das contas correntes conjuntas, quando não tivesse sido expressamente contestada pelo impugnante. No entanto, analisando a jurisprudência do CARF e melhor refletindo sobre a matéria, passei a entender que a ausência de intimação do cotitular durante a ação fiscal dá ensejo ao cancelamento do lançamento, quanto às contas conjuntas, ainda que não tenha sido suscitada pelo recorrente. É que a prévia intimação aos cotitulares de contas conjuntas constitui inafastável exigência de lei, por influenciar diretamente a base material da presunção legal. A intimação apenas de um titular fragiliza o lançamento, por ancorálo em presunção de não justificativa, por todos, da origem dos créditos bancários, sendo que a própria renda já é presumida. A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada é decorrente de uma presunção legal. Todavia, para que se valide essa presunção, o lançamento devese conformar aos moldes da lei. O caput do art. 42, da Lei n° 9.430/96, dispõe que a omissão de rendimentos se caracteriza quando o titular da conta, regularmente intimado, não comprova a origem dos recursos creditados. Logo, no caso de contacorrente conjunta, tornase imprescindível que todos os titulares sejam intimados a comprovar a origem dos depósitos. Nas contascorrentes mantidas em conjunto, presumese, obviamente, que os titulares possam dela se utilizar para crédito/depósito dos seus próprios rendimentos e a movimentação dos recursos financeiros pode ser feita por todos os titulares. Portanto, a responsabilidade pela comprovação da origem dos recursos, para efeito do disposto no artigo 42, da Lei nº 9.430/96, deve ser imputada a todos os titulares da contacorrente. No caso concreto, inferese, conforme documentos constantes nos autos, que haveria contas conjuntas. Porém, não há provas nos autos de que os cotitulares dessas contas foram intimados a prestar os esclarecimentos sobre a referida movimentação bancária. Diante dos fatos, tendo em vista a documentação acostada, bem como para que não reste qualquer dúvida no julgamento, entendo que o processo ainda não se encontra em condições de ter um julgamento justo, razão pela qual voto no sentido de ser convertido em diligência para que a repartição de origem adote as seguintes providências: 1) Informe as contascorrentes que são conjuntas; Fl. 1957DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.000443/200622 Resolução nº 2202000.613 S2C2T2 Fl. 1.958 19 2) anexe ao processo a prova de que os cotitulares das contas conjuntas foram regularmente intimados a comprovar a origem dos recursos objeto da autuação; 3) elabore uma planilha com os totais mensais dos depósitos/créditos, os quais foram objeto deste lançamento, referentes às contas conjuntas em que porventura não tenha ocorrido a regular intimação dos cotitulares; 4) dê vista ao Recorrente, com prazo de 30 (trinta) dias para, querendo, se pronunciar. Após vencido o prazo, os autos deverão retornar a esta Turma para inclusão em pauta de julgamento. É como voto. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 1958DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004160/2003-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999, 2000
NULIDADE. INEXISTÊNCIA. EXAME E LANÇAMENTO POR AUDITOR FISCAL. REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA. LEGALIDADE.
A fiscalização do imposto compete às repartições encarregadas do lançamento e, especialmente, aos Auditores-Fiscais. São atribuições dos ocupantes do cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo, constituir, mediante lançamento, o crédito tributário, assim entendido conforme descrito no artigo 142 do CTN, bem como executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica.
DILIGÊNCIAS OU PERÍCIAS. PAF.
A autoridade julgadora determinará de ofício ou a requerimento do interessado a realização de perícias ou diligências, quando entendê-las necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis. No âmbito da Secretaria da Receita Federal, o servidor competente para realização das perícias é o Auditor Fiscal. Decreto nº 70.235, de 1972, artigos 18 e 20.
APLICAÇÃO DE DISPOSITIVO LEGAL. CONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. O artigo 144 do CTN está em vigor e deve ser aplicado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2202-003.150
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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INEXISTÊNCIA. EXAME E LANÇAMENTO POR AUDITOR FISCAL. REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA. LEGALIDADE. A fiscalização do imposto compete às repartições encarregadas do lançamento e, especialmente, aos AuditoresFiscais. São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo, constituir, mediante lançamento, o crédito tributário, assim entendido conforme descrito no artigo 142 do CTN, bem como executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica. DILIGÊNCIAS OU PERÍCIAS. PAF. A autoridade julgadora determinará de ofício ou a requerimento do interessado a realização de perícias ou diligências, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis. No âmbito da Secretaria da Receita Federal, o servidor competente para realização das perícias é o Auditor Fiscal. Decreto nº 70.235, de 1972, artigos 18 e 20. APLICAÇÃO DE DISPOSITIVO LEGAL. CONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. O artigo 144 do CTN está em vigor e deve ser aplicado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 41 60 /2 00 3- 15 Fl. 161DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.004160/200315 Acórdão n.º 2202003.150 S2C2T2 Fl. 162 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Em desfavor do Contribuinte acima identificado foi lavrado Auto de Infração relativo ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, tocante aos anos calendário de 1998 e 1999, exercícios, respectivamente, de 1999 e 2000, sendolhe exigido o montante de R$ 63.192,02 a título de imposto, acrescido de multa proporcional, no percentual de 75%, e mais juros de mora, calculados pela taxa Selic. Da leitura dos autos observo que o procedimento fiscal teve início na pessoa de Antônio Borges da Silva, sogro do autuado, a partir da constatação de movimentação financeira incompatível com os rendimentos declarados à RFB. (Relatório fl. 08) Adiante, a Fiscalização colheu elementos que levaram á constatação de que a conta bancária era movimentada, na realidade, pelo Contribuinte Rene Guimarães Ney Junior, redirecionandose contra o mesmo. Durante o procedimento fiscal, após a intimação de terceiros, constatouse a aquisição de bens em valores incompatíveis com os rendimentos declarados à Receita Federal, no ano de 1998, conforme apuração efetuada na folha 105, integrante do Termo de Verificação Fiscal que descreve todo o procedimento. Além disso, apurouse que houve venda de bens no ano seguinte, em 1999, sem a correta apuração do ganho de capital e recolhimento do imposto correspondente, conforme demonstrativo de folha 107. Em resumo, o Auto de Infração que consta das folhas 112 e seguintes apurou duas infrações, a) acréscimo patrimonial a descoberto, onde verificouse excesso de aplicações de recursos sobre origens conhecidas e b)omissão de ganhos de capital da alienação de bens e direitos. Irresignado, o Contribuinte apresentou impugnação (fl. 119). Sua manifestação foi tratada pela DRJ II em São Paulo/SP. Expôs o Julgador a quo, em síntese: Fl. 162DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.004160/200315 Acórdão n.º 2202003.150 S2C2T2 Fl. 163 3 I quanto à ilegalidade do Auto de Infração por não ter sido lavrado por contador habilitado, é competente o Auditor Fiscal da Receita Federal para proceder à auditoria fiscal e formalizar o lançamento, conforme disposição legal; II quanto à irretroatividade da lei questionada, considerando que, à época da ocorrência do fato gerador, o tributo imputado tinha como base legal o Decreto n°. 1.041/94 que fora revogado pelo Decreto n°. 3000/99, atualmente em vigor, não sendo possível a imposição de imposto sem amparo legal, uma vez que, o vigente à época, fora revogado, deve se ressalvar que o artigo 144 do CTN, a seguir transcrito, dispõe expressamente que o lançamento se reporta à data da ocorrência do fato gerador, regendose pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada, não sendo caso de irretroatividade de lei; III restou comprovado que o contribuinte foi o verdadeiro responsável pelas transações que serviram de base para o lançamento, razão da imputação do auto como sujeito passivo da obrigação tributária. Quanto à impossibilidade da tributação incidir diretamente sobre o aumento patrimonial, há que esclarecer que o lançamento derivou da análise do demonstrativo de evolução patrimonial mensal, considerando os rendimentos declarados e os dispêndios realizados. Não há que se falar em bis in idem, tampouco em excesso de exação, mas de atuação conforme a lei, ou seja, observandose infração tributária, não restou à fiscalização opção, senão lavrar o competente auto de infração. Assim, deuse a decisão de 1ª instância, para considerar procedente o lançamento. Cientificado em 24/11/2008, conforme Aviso de Recebimento na folha 136, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 22/12/2008, postado no Correio, conforme envelope e consulta eletrônica na folha 147. Em sede de recurso, assim, em suma, repisa os argumentos da Impugnação, para manifestar sua inconformidade: a) o cálculo apresentado na autuação foi "simplista" e sem critério técnico. No caso presente, tratase de aferir imposto devido, através de exame de conta corrente supostamente movimentada pelo Recorrente, o que extrapola a competência do Auditor Fiscal, sendo necessária uma perícia contábil. Entende que deveria ter sido determinada uma perícia contábil, cita o Decreto nº 70.235, de 1972, e diz a que "à míngua de cálculo elaborado por contador habilitado, o ato de lançamento é nulo...". b) fala em irretroatividade da lei, fazendo distinção entre auto de infração e lançamento, e rebatendo a aplicação do artigo 144 do CTN, reputandoo inconstitucional. c) diz ainda que é "completamente esdrúxulo e sem nenhum cabimento querer imputar fato gerador a uma pessoa, mediante a conta corrente de outra". d) requer que seja determinada perícia contábil no auto de infração, para se demonstrar excesso de exação e recalculado o imposto apurado, indicando perito e quesitos. PEDE o provimento de seu recurso para julgar nula/improcedente a autuação fiscal, ou, alternativamente, seja recalculado o débito fiscal reclamado com base em laudo a ser elaborado pelo perito indicado por ele. É o relatório. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.004160/200315 Acórdão n.º 2202003.150 S2C2T2 Fl. 164 4 Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. Conheço do recurso, uma vez que tempestivo, conforme relatado, e com condições de admissibilidade. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a existente após a digitalização do processo, transformado em meio magnético. (formato .pdf) O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil é a autoridade administrativa competente para efetuar o lançamento do tributo, conforme a Lei nº 10.593, de 06 de dezembro de 2002, que estava em vigor quando foi efetuado este lançamento aqui em comento, sendo posteriormente modificada, mas sem que tenha se alterado, em momento algum, esta competência privativa. Não há outra autoridade com tal competência, no que diz respeito aos tributos e contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil, como é o caso do imposto sobre a renda da pessoa física. O artigo 142 do CTN descreve o lançamento como o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador, determinar a matéria tributável, calcular o tributo devido, identificar o sujeito passivo e aplicar a penalidade cabível. Através do lançamento, a autoridade (Auditor Fiscal) formaliza a existência e a liquidez do crédito tributário, notificandose o contribuinte para pagálo ou impugnálo. A formalização do crédito tributário, ou seja a representação documental de que o crédito existe em determinado montante, perante determinado contribuinte ciente de sua obrigação, pode se dar de diversas maneiras. Isso porque o lançamento segue o princípio documental e sua forma dependerá do regime de lançamento do tributo e das circunstâncias em que é apurado. Certo é que deve ser documentado e que seu instrumento terá de conter os elementos indispensáveis à identificação inequívoca da obrigação surgida. Os lançamentos normalmente são documentados através de Auto de Infração. É o que ensina Leandro Paulsen. (PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário....15. ed. Porto Alegre : Livraria do Advogado Editora, ESMAFE, 2013, pp. 1030, 1037, 1040) Assim, apurou a autoridade competente o crédito tributário, formalizando o lançamento mediante Auto de Infração que contém as exigências do artigo 142 do CTN e 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, possibilitando ao sujeito passivo conhecer a matéria fática e legal e exercer, dentro dos prazos, seu direito de defesa. Portanto, não encontro, nesse sentido, nenhuma nulidade do Auto de Infração combatido. Não verifico necessidade de perícia contábil, pois entendo que o lançamento foi efetuado, como já disse, por autoridade com competência legal. Quisesse o Recorrente, especificamente, demonstrar onde estão os erros que alega existirem, fazendo menção a excesso de exação, já teve oportunidade de fazêlo na Impugnação e no Recurso. Entretanto, pugna por uma perícia, que, se fosse determinada, recairia exatamente sobre um Auditor Fiscal da Receita Federal, como prescreve o artigo 20 do Decreto 70.235, de 1972. Fl. 164DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.004160/200315 Acórdão n.º 2202003.150 S2C2T2 Fl. 165 5 Vejase que um dos quesitos que enumera nada tem a ver com técnica contábil: "a conta corrente e respectivos extratos analisados são da titularidade do Recorrente?". Isso é análise e prova documental. Indefiro o pedido de realização de perícia, por entender que o lançamento está corretamente demonstrado no Auto de Infração e demais termos e, querendo, o Recorrente poderia têlo questionado, na devida forma. Bem, nesse ponto, importante ressaltar que não foi efetuado lançamento fiscal com base em depósitos bancários de origem não justificada, como descrito no artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996. A questão da movimentação financeira serviu de ponto de partida para a apuração fiscal, mas não embasou o lançamento contra o Recorrente. Assim, as alegações do recurso sobre autuação com base em contas correntes de terceiro não têm fundamento. Apurouse, conforme relatado, variação patrimonial a descoberto, porque o contribuinte declarou um rendimento de R$ 12.740,00 e adquiriu, no mesmo ano, três lotes, um veículo Pajero e um apartamento, conforme consta do Termo de Verificação Fiscal. A documentação de aquisição, em nome dele, não decorre do extrato bancário, mas dos compromissos de compravenda, escritura, documento de transferência de veículo e diversos termos colhidos junto a terceiros envolvidos nas transações, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal. Além disso, a apuração do ganho de capital quando da alienação de um desses lotes também não decorre de conta bancária, mas dos documentos acima citados. Quanto à "inexistência de fato gerador", também não encontro razão, uma vez que as infrações e enquadramentos legais estão devidamente descritos no Auto de Infração, descrevendose as razões da autuação e respectivos fatos geradores, conforme já especificado. O Recorrente fala ainda em "bis in idem". Tal instituto traz ideia distinta de bitributação e ocorre na situação de o mesmo fato jurídico ser tributado mais de uma vez pela mesma pessoa política. No caso, descreveuse dois fatos distintos. Um em 1998, quando o contribuinte adquiriu bens em valores superiores àqueles identificados como rendimentos tributáveis, não tributáveis ou isentos, comparandose a documentação de aquisição desses bens com sua declaração de rendimentos. Constatouse a infração capitulada como "omissão de rendimentos caracterizada por variação patrimonial a descoberto". Outro em 1999, quando o contribuinte vendeu um bem imóvel, em valor superior ao de compra, ensejando a apuração de ganho de capital na alienação de bem. Portanto, fatos geradores distintos, discriminados na autuação, com os devidos enquadramentos legais, que repito, se quisesse, o contribuinte poderia ter questionado expressamente, no mérito. Em relação à questão da aplicação da lei no tempo, entendo que tem razão o Julgador de 1ª instância. O lançamento foi efetuado em 2003, relativo a fatos geradores ocorridos em 1998 e 1999. Aplicase ao lançamento a lei em vigor na data da ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. É um caso de eficácia da lei, Fl. 165DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.004160/200315 Acórdão n.º 2202003.150 S2C2T2 Fl. 166 6 ou seja, capacidade de produzir efeitos, sem que tenha mais vigência. Não se trata de retroatividade/irretroatividade. Explica Misabel Abreu Machado Derzi que "a mesma lei que rege o fato é também a única apta a reger os efeitos que ele desencadeia ..." (O princípio da irretroatividade do Direito na Constituição e no Código Tributário Nacional, RDT nº 67, Malheiros, p. 250/251). Para a renomada Autora, aliás, o artigo 144 do CTN não ofende o princípio da irretroatividade. Mas desnecessário discutir aqui a constitucionalidade do dispositivo legal do CTN, quando a jurisprudência deste CARF já se consolidou em Súmula, de observância obrigatória: Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. CONCLUSÃO Assim, o auto de infração foi lavrado por autoridade competente e contém todos os elementos necessários para que o contribuinte pudesse exercer o seu direito de defesa, não se verificando nulidade. É incabível perícia contábil a ser realizada por perito indicado pelo Recorrente, tendente a "corrigir" genericamente apuração efetuada pelo Auditor Fiscal, cabendo ao Recorrente, em suas manifestações, ter identificado e apontado os supostos erros. Esta instância administrativa recursal não se manifesta sobre a inconstitucionalidade de lei tributária em vigor, como é o caso do artigo 144 do CTN. No caso, não houve autuação do contribuinte com base em conta bancária de terceiros, como menciona o recurso, estando os fatos geradores descritos no auto de infração, lastreados por documentos e depoimentos de compradores/vendedores. Ante tudo acima exposto e o que mais constam nos autos, VOTO por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 19515.003239/2008-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
PROVAS. JUNTADA. MOMENTO POSTERIOR AO INÍCIO DO JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
O momento de apresentação das provas está determinado nas normas que regem o processo administrativo fiscal, em especial no Decreto 70.235/72. Não há como acatar a juntada de provas após o início do julgamento.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. VIOLAÇÃO NÃO PROVADA.
Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento.
PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO. SÚMULA CARF Nº 1.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula CARF nº 1).
REMESSA AO FISCO POR AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. AUSÊNCIA DE ILICITUDE DA PROVA.
Eventual mácula da colheita da prova não pode ser deferida no processo administrativo fiscal, sob pena de a autoridade administrativa se sobrepor à ordem da autoridade judicial, a qual, constitucionalmente, tem o monopólio da condução do processo criminal e entendeu que a prova colhida no processo criminal poderia ser utilizada pelo Fisco.
PROVAS PRODUZIDAS A PARTIR DE LAUDO PERICIAL ELABORADO PELA POLÍCIA FEDERAL. DOCUMENTAÇÃO TRAZIDA DO EXTERIOR COM AUTORIZAÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL. POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO PELO FISCO.
Válidas as informações veiculadas em relatório da Secretaria da Receita Federal, decorrentes de Laudos Técnicos do Instituto Nacional de Criminalística - INC, elaborados a partir de arquivos em meio eletrônico e documentos trazidos do exterior com autorização da Justiça Federal.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996.
A presunção legal de omissão de rendimentos, prevista no art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários para os quais o titular de fato, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO.
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF nº 26).
JUROS - TAXA SELIC
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC - para títulos federais. (Súmula CARF nº 4).
Numero da decisão: 2202-003.058
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso na parte relativa à nulidade da decisão de primeira instância; na parte conhecida, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente e Relator.
Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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JUNTADA. MOMENTO POSTERIOR AO INÍCIO DO JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. O momento de apresentação das provas está determinado nas normas que regem o processo administrativo fiscal, em especial no Decreto 70.235/72. Não há como acatar a juntada de provas após o início do julgamento. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. VIOLAÇÃO NÃO PROVADA. Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento. PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO. SÚMULA CARF Nº 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula CARF nº 1). REMESSA AO FISCO POR AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. AUSÊNCIA DE ILICITUDE DA PROVA. Eventual mácula da colheita da prova não pode ser deferida no processo administrativo fiscal, sob pena de a autoridade administrativa se sobrepor à ordem da autoridade judicial, a qual, constitucionalmente, tem o monopólio da condução do processo criminal e entendeu que a prova colhida no processo criminal poderia ser utilizada pelo Fisco. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 32 39 /2 00 8- 25 Fl. 586DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 2 PROVAS PRODUZIDAS A PARTIR DE LAUDO PERICIAL ELABORADO PELA POLÍCIA FEDERAL. DOCUMENTAÇÃO TRAZIDA DO EXTERIOR COM AUTORIZAÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL. POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO PELO FISCO. Válidas as informações veiculadas em relatório da Secretaria da Receita Federal, decorrentes de Laudos Técnicos do Instituto Nacional de Criminalística INC, elaborados a partir de arquivos em meio eletrônico e documentos trazidos do exterior com autorização da Justiça Federal. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996. A presunção legal de omissão de rendimentos, prevista no art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários para os quais o titular de fato, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF nº 26). JUROS TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso na parte relativa à nulidade da decisão de primeira instância; na parte conhecida, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente e Relator. Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA. Relatório Fl. 587DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 586 3 Por bem sintetizar os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância, reproduzo o relatório do acórdão de impugnação formalizado pela Terceira Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de São Paulo II (DRJ/SP2). Em ação fiscal levada a efeito no contribuinte acima qualificado, foi lavrado o Auto de Infração de fls. 167/169, acompanhado dos demonstrativos de fls. 02 e 165/166, do Termo de Verificação Fiscal de fls. 159/164 e do Termo de Encerramento de fls. 170, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário 2003, por meio do qual foi apurado crédito tributário no montante de R$ 9.795.143,75 (nove milhões, setecentos e noventa e cinco mil, cento e quarenta e três reais e setenta e cinco centavos), sendo R$ 4.195.281,72 referentes ao imposto, R$ 3.146.461,29, à multa proporcional, e R$ 2.453.400,74, aos juros de mora (calculados até 30/06/2008). Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 168/169), o procedimento resultou na apuração da seguinte infração: Omissão de Rendimentos Caracterizada por Depósitos Bancários com Origem Não Comprovada. Enquadramento legal: art. 849 do RIR/99; art. 10 da Lei no 10.451/2002; art. 42 da Lei n° 9.430/96 e art. 58, § 5° e 6° da Lei n° 10.637/2002. O procedimento fiscal que resultou na constituição do crédito tributário acima referido encontrase relatado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 159/164). Cientificado da autuação em 31/07/2008 (fls. 171), o contribuinte protocolizou, em 27/08/2007, a impugnação de fls. 177/234 — volume 2, alegando, em resumo, o que segue: 1. requereu à autoridade autuante cópias do processo administrativo e da coletânea de documentos conhecida como "Dossier do Contribuinte", que deferiu a produção de cópias do processoadministrativo, calandose em relação as cópias do dossier; 2. instada a formalizar o indeferimento verbal quanto ao fornecimento de tais cópias, recusouse a fazêlo, o que demonstra arbítrio e cerceamento de defesa; 3. o material constante do dossier diz respeito, ou, ao menos, deveria dizer respeito apenas ao contribuinte fiscalizado, e, certamente, tais documentos comprovariam a origem e a forma irregular como a ação fiscal se desenvolveu, além de demonstrar cabalmente o desvio de finalidade; 4. certamente há no dossier algo que o contribuinte não deve tomar conhecimento; caso contrário, não haveria razão para indeferir o pedido de fornecimento de cópias; 5. o art. 2° da Lei n° 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública, , e o art. 13 do Decreto n° 2.134/97, que disciplina a categoria doso documentos públicos legalmente sigilosos e seu respectivo acesso, dão conta de que o administrador público não pode se negar a dar vista de documentos de interesse do administrado, como ocorreu no procedimento fiscal vertente; 6. seja em nome da limpidez (leiase: moralidade, impessoalidade, boafé, transparência) da atividade estatal, seja para garantia de direitos individuais, o Estado tem o dever da publicidade, sendo nulos de pleno direito os atos Fl. 588DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 4 administrativos decorrentes de decisões secretas ou implícitas, como ocorre no caso dos auto de infração ora impugnado; 7. o impugnante traz à colação jurisprudência administrativa e judicial sobre o assunto; 8. os dados de que se utilizou a Receita Federal do Brasil para a elaboração do lançamento não foram obtidos nem utilizados na forma prevista pela legislação de regência e nem, tampouco, em obediência aos termos do Tratado de Cooperação Jurídica em Matéria Penal (MLAT); 9. não há nos autos do processo administrativo em discussão, qualquer referência quanto à descrição da solicitação dos dados ou quanto à existência de autorização expressa do Estado requerido para sua utilização pela Receita Federal do Brasil, embora a Coordenadora Geral de Recuperação de Ativos da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça faça um alerta nesse sentido no item 3 do Oficio 2103/2005/DRCISNJMJ; 10. nos termos do artigo 5°, inciso LVI, da Constituição, são inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos, que consagra o principio da nulidade à prova cujo nascedouro padeça do mesmo vicio; 11. o laudo do INC — Instituto Nacional de Criminalistica, descreve determinadas operações mas não prova a efetiva realização das mesmas, devendo ser acompanhadas de outras diligências, na busca de provas de sua existência; 12. portanto, é absurda e tendenciosa a afirmação contida no Termo de Verificação Fiscal de que: o laudo traduz "evidências incontestáveis de que a titularidade da conta é de fato das pessoas físicas dos sócios..."; 13. ademais, a ação fiscal iniciouse mais de dois anos após a elaboração do laudo, não se permitindo ao contribuinte participar da elaboração dos quesitos, nomear assistente técnico, acompanhar a realização da perícia, enfim, não se permitiu à parte interessada o exercício do devido processo legal e do seu direito de defesa como garantida pela Constituição Federal; 14. a mídia magnética e o banco de dados a que faz menção o laudo jamais foram disponibilizados ao contribuinte, que se vê obrigado a aceitar a "prova" como se apresenta, e, pior, tem contra si lançada importância de tal valor a partir de tal prova; 15. nenhuma perícia grafotécnica foi efetuada pelos peritos da Policia Federal e, examinandose as respostas aos quesitos nitidamente "auto formulados", verificase que não há nenhuma demonstração cabal de que as operações tenham sido efetivamente realizadas; 16. a Receita Federal recebeu documentos, deu a eles o caráter de "evidências incontestáveis" e procedeu ao lançamento, furtandose a cumprir com seu dever legal de demonstração e comprovação de que aqueles valores constituiriam efetivamente, renda do impugnante, supostamente omitida à tributação; 17. se houve, de fato, omissão de receita, necessário e imprescindível a verificação do crescimento patrimonial do contribuinte, aferindo com legitimidade o fato gerador do tributo lançado; 18. o fisco entendeu como omissão de receita a somatória de todos os depósitos efetuados na conta Garter Trading S/A junto ao banco MTBCBC/Hudson United Bank de Nova York — NY/EUA, estabelecendo que o montante de R$ 15.271.743,73 representa a totalidade de rendimentos omitidos, constituindose, portanto, na base de cálculo para o lançamento; Fl. 589DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 587 5 19. ocorre que, por decisão judicial de 12 de junho de 2008, oriunda da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, o Juiz Fausto de Sanctis, entendeu que o impugnante exercia a função de cambista, remetendo para o exterior importâncias de terceiros, remunerandose (juntamente com o outro titular da conta corrente) A. razão de 0,7% sobre cada uma das operações, tendo sido processado criminalmente e condenado; 20. a conclusão judicial condenatória da conta de que as importâncias existentes nesta ou em outras contas de cambistas no exterior não são de propriedade dos titulares da conta, mas de clientes seus que a utilizaram como veiculo da evasão de divisas; 21. o que poderia remanescer como de propriedade dos titulares da conta dos autuados, seria, no dizer da conclusão judicial, o percentual de 0,7 % sobre aquilo que a agente fiscal entendeu como rendimentos omitidos (R$ 15.271.743,73), o que corresponderia a apenas R$ 106.902,22, sendo esta, portanto, a verdadeira base de cálculo para o lançamento; 22. não se pode ir além daquilo que a sentença judicial já tipificou como atividade e remuneração do contribuinte lançado, sob pena da Receita Federal extrapolar seus limites legais de competência e legalidade; 23. não se pode igualmente manterse o lançamento, sob o rótulo de que este em nada depende da decisão do Poder Judiciário, uma vez que as ações são absolutamente conexas e interdependentes entre si; 24. nulo, por conseqüência, o auto de infração diante da ausência de liquidez e certeza do lançamento; 25. o imposto de renda não incide sobre os depósitos bancários, mas sobre os acréscimos patrimoniais, sendo os depósitos indícios que permitem à fiscalização iniciar o processo de identificação dos suportes fáticos (acréscimos patrimoniais) não oferecidos tributação, no exercício do dever de prova que lhe é imposto pelos princípios da legalidade e da motivação e pelo art. 142 do CTN; 26. indícios de renda (depósitos bancários) não podem legitimamente ser transformados, nem pela lei tributária, nem pela Receita Federal, em acréscimos patrimoniais suscetíveis de tributação, sem que previamente se exerça o dever de prova e investigação que a norma de lançamento exige, o que, em nenhum momento, ocorreu; 27. renda só pode ser tributada se efetivamente corresponder a riqueza nova, sendo necessário, para tanto, o confronto entre todas as entradas e todas as saídas; 28. a jurisprudência, tanto administrativa quanto a judicial já demonstraram a improcedência dos lançamentos tomandose por base exclusivamente os depósitos bancários, como ocorreu no caso em debate; 29. na área judicial, consoante a Sumula n° 182, do extinto Tribunal Federal de Recursos — TFR, restou averbado ser ilegítimo o lançamento arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários; 30. se a premissa da fiscalização é de que os depósitos listados constituíramse em aumento patrimonial do impugnante, é preciso comprovar isto, pois o ônus da prova é de quem alega, como expressamente dispõem o artigo 36 da Lei n° 9.784/99 e o art. 9° do Decreto n° 70.235/72; Fl. 590DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 6 31. considerando que a finalidade precípua do processo administrativo tributário é a apuração da verdade material, temse que tal atividade deve ser estruturada segundo o principio inquisitório e não o principio dispositivo, não se admitindo a atribuição do ônus da prova ao contribuinte, com fundamento na presunção de legitimidade do lançamento; 32. a taxa SELIC é resultado das negociações dos títulos públicos e da variação dos seus valores de mercado, que são publicados diariamente, sendo uma taxa de referência calculada e divulgada unilateralmente pelo BACEN, que se utiliza, para tanto, da variação do custo do dinheiro e da flutuação desse custo no mercado financeiro; 33. reflete, pois, um autentico pagamento pelo uso de dinheiro alheio e possui natureza nitidamente remuneratória, não havendo nada que lhe confira caráter morat6rio, pois não guarda qualquer correlação lógica com a recomposição do patrimônio lesado, pela falta do tributo não pago, como se busca nos juros moratórios; 34. por isso, não permite sua utilização para qualquer outra finalidade que não seja remunerar o capital alheio, não se prestando para a indenização objetivada nos juros moratórios; 35. a Lei n° 9.065/95 não encontra fundamento no artigo 161, § 1º, do CTN, porque este dispositivo complementar autoriza a definição de outra taxa de juros, desde que contenha e reflita natureza moratória e não remunerat6ria; 36. o CTN é claro no sentido de que a Lei pode até fixar percentual superior a 1%, o que não autoriza a delegação dessa tarefa a órgão da administração federal (Banco Central do Brasil), parte interessada na cobrança do tributo e na oscilação do mercado em razão dos títulos de sua emissão; 37. o STJ, em decisão exarada no Recurso Especial n° 215.881/PR entendeu pela inaplicabilidade da SELIC; 38. isto posto, requer: i) o acolhimento das preliminares arguidas, declarando nulo o auto de infração; ii) o acolhimento integral das razões de mérito e a declaração de improcedência do auto de infração; iii) a notificação do impugnante, na pessoa de seu advogado e bastante procurador, da data e local da sessão de julgamento, para que possa assistir à sessão, entregar memoriais, sustentar oralmente, etc; iv) provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, inclusive a juntada posterior de documentos que, eventualmente, venha a obter especialmente por cópias de despachos e decisões judiciais já referidos nesta impugnação. A DRJ/SP2 julgou improcedente a impugnação, por unanimidade de votos, em decisão consubstanciada no acórdão nº 1735.722, da Terceira Turma, que foi assim ementado: Assunto : Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2003 NULIDADE DO LANÇAMENTO. Não restando comprovada a incompetência do autuante nem a ocorrência de preterição do direito de defesa, não há que se falar em nulidade do lançamento. CERCEAMENTO DE DEFESA. É de se rejeitar a alegação de cerceamento de defesa quando os fatos que ensejaram o lançamento se encontram corretamente descritos e tipificados no Auto de Infração e no Termo de Verificação Fiscal e estão presentes nos autos todos os elementos Fl. 591DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 588 7 necessários à elaboração da impugnação, tendo sido oferecida ao litigante, seja durante o curso da ação fiscal, seja na fase de impugnação, ampla oportunidade de se manifestar e de apresentar provas que elidissem a autuação. ILEGITIMIDADE DAS PROVAS. São legitimas as provas advindas do exterior, que foram objeto de laudo pericial pelo Instituto Nacional de Criminalística, da Policia Federal do Brasil, uma vez constatada a sua regular disponibilização ao Fisco Federal, mediante autorização judicial, o rigor na elaboração do referido laudo, a lisura dos peritos criminais do Departamento de Policia Federal envolvidos e a confiabilidade dos dados (pela total impossibilidade de eles sofrerem qualquer tipo de alteração). JUNTADA POSTERIOR DE PROVAS. A prova documental deve ser apresentada juntamente com a impugnação, não podendo o contribuinte apresentála em outro momento a menos que demonstre motivo de força maior, refirase a fato ou direito superveniente, ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. SUSTENTAÇÃO ORAL. Não há, no âmbito da legislação que cuida do processo administrativo fiscal, previsão para a realização de sustentação oral pela defesa em sessão de julgamento administrativo de primeira instância. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões administrativas, mesmo as proferidas por Conselhos de Contribuintes, e as judiciais, excetuandose as proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade das normas legais, não se constituem em normas complementares contidas no art. 100 do CTN e, por conseguinte, não vinculam as decisões desta instância julgadora, restringindose aos casos julgados e às partes inseridas no processo de que resultou a decisão. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A presunção legal de omissão de rendimentos autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. ÔNUS DA PROVA. O lançamento com base em presunção legal transfere o ônus da prova ao contribuinte em relação aos argumentos que tentem descaracterizar a movimentação bancária detectada. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. Os débitos, decorrentes de tributos, não pagos nos prazos previstos pela legislação especifica, são acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de um por cento no mês do pagamento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado da decisão, o contribuinte impetrou Mandado de Segurança contra o Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento II em São Paulo Processo nº 2010.61.00.0037455 22ª Vara Federal Cível de São Paulo (fls. 362 e 363), cuja decisão em Fl. 592DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 8 caráter liminar foi no sentido de determinar a suspensão do prazo para interposição do Recurso Ordinário ao Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, até o julgamento definitivo da matéria, que é a realização de novo julgamento, com a presença do impetrante na sessão. Em 13/05/2010, foi proferida sentença que denegou a segurança, cassando expressamente a liminar deferida (fls. 457 a 463), cuja publicação ocorreu em 19/05/2010 (fl. 468). O recurso de apelação foi recebido somente no efeito devolutivo (fls. 473 e 474). Em 19/05/2010, o contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 394 a 404), no qual faz as seguintes alegações, em resumo: O presente recurso é tempestivo, pois teve seu prazo suspenso por força de liminar proferida no Mandado de Segurança nº 2010.61.00.0037455 da 22ª Vara Federal de São Paulo, de 25/02/2010, restando, da suspensão do prazo para a interposição do presente recurso o prazo de 9 (nove) dias a contar da publicação da sentença de mérito que julgou improcedente o pedido que, até a presente data, não foi publicada. Cerceamento do direito de defesa: Admitindo a existência do chamado "dossier do contribuinte" alega o Acórdão recorrido que não existe a obrigatoriedade de ser dada ciência ao contribuinte, de conteúdo interno à fiscalização, posto que poderá conter informações prestadas por terceiros em relação ao contribuinte que está sendo fiscalizado, inclusive via denúncia, o que demonstra o caráter sigiloso e interno de tais documentos, porém não se pode subtrair do interessado documentos e fatos que lhe digam respeito, sejam eles quais forem; a alegação de que o Termo de Verificação Fiscal tem suficiência de dados para a elaboração da defesa é mero exercício intelectual do relator. Somente ao contribuinte cabe essa conclusão. Não cabe ao fisco dizer o quanto é suficiente para que o contribuinte possa defenderse; o Auto de Infração não se constitui apenas da demonstração do quantum debeatur e da estipulação do prazo para defendêlo. A forma, prescrita em lei, necessária ao correto lançamento, deve igualmente ser respeitada em toda a sua plenitude eis que, no dizer de Yhering (sic) a forma é irmã gêmea da liberdade. A inobservância da forma implica em grave atentado aos direitos e garantias individuais do contribuinte; não lhe foi dado o direito de se defender nem de verificar a totalidade dos documentos existentes contra si, nem antes nem depois do lançamento. Ilegitimidade das provas: Cita decisão do Primeiro Conselho de Contribuintes, que alega ser questão absolutamente idêntica, na qual concluiu pela exoneração da exação fiscal, pois considerou imprestável a prova produzida através de Laudo do INC. Sustentação oral: Pugna pela nulidade do julgamento da DRJ tendo em vista que não lhe foi dado o direito de acompanhar, passo a passo, o julgamento naquela instância. Transcreve decisão judicial da 4ª Vara Federal de São Paulo nesse sentido, relativa a outro contribuinte. Mérito: Fl. 593DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 589 9 Sentença proferida pelo Juiz Federal da 6ª Vara Criminal de São Paulo, transitada em julgado, tipificou o contribuinte como cambista; a conta corrente apontada como base de cálculo para o lançamento era utilizada para tal finalidade, ou seja, para remeter ao exterior dinheiro de terceiros; se a conta corrente apontada era utilizada para a atividade de "câmbio paralelo" e tal afirmação não pode mais ser discutida diante de sentença transitada em julgado, não há mais que se falar em autuar o Recorrente sobre a soma dos depósitos ali efetuados; a base de tributação deve ser a diferença entre as entradas e as saídas e não apenas as entradas; é dever da autoridade fiscal considerar para os fins de lançamento a sentença que apontou a conta corrente em referência com as características que lhe foram atribuídas; os ganhos do Recorrente, consoante a referida sentença transitada em julgado, foram apontados pelo próprio Juiz em 0,7%; transcreve a impugnação e ratifica todas as alegações nela contidas; Ao final, requer a reforma integral da decisão recorrida e a nulidade do lançamento. O processo foi colocado em pauta na sessão de 12/03/2015, quando, após a leitura do voto do relator, foi concedida vista ao Conselheiro Pedro Anan Júnior. Não houve sustentação oral. No dia 1º de abril de 2015, o contribuinte apresentou petição requerendo a juntada de documento extraído dos autos do Processo Judicial nº 2008.61.81.00813830, da 6ª Vara Criminal Federal Especializada em Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional e em Lavagem de Valores (fls. 481 a 584), sob o argumento de que se tratava de fato novo. É o relatório. Voto Conselheiro MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Relator Tendo em vista a decisão judicial que havia suspendido o prazo para o recurso voluntário, o presente recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, deve ser conhecido. PRELIMINARES Cerceamento do direito de defesa: Não assiste razão ao Recorrente ao alegar cerceamento do direito de defesa por não lhe ter sido dado conhecimento do dossiê do contribuinte. Fl. 594DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 10 Todas as informações relativas ao lançamento encontramse nos autos, propiciando ao Recorrente o amplo conhecimento do que lhe foi imputado. O Auto de Infração (fls. 165 a 179) e o Termo de Verificação Fiscal (fls. 247 a 252) descrevem com precisão a ação fiscal e os fatos que motivaram a autuação. A Fiscalização proporcionou pleno conhecimento da matéria fática, base de cálculo do imposto lançado e os dispositivos legais infringidos. Ou seja, o processo administrativo fiscal está acompanhado de todos os elementos de prova indispensáveis à comprovação das infrações tributárias e sempre estiveram à sua disposição durante todo o prazo dos recursos (Impugnação e Recurso Voluntário). Diferentemente do alegado pelo Recorrente, tais elementos evidenciam que o auto de infração em questão foi lavrado em conformidade com o disposto no artigo 142 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional (CTN) e no artigo 10 do Decreto nº 70.235/72, que regula o Processo Administrativo Fiscal, atendendo, portanto, todos os requisitos formais e materiais exigidos para a autuação. Outrossim, não se encontram presentes nos autos aspectos que implicassem nulidade do lançamento, como os dispostos nos artigos 59, 60 e 61 do referido Decreto. CTN Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Decreto 70.235/72 (PAF): Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de 30 (trinta) dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matricula. Quanto à necessidade do Recorrente de ter acesso ao dossiê do contribuinte, não existe obrigatoriedade de lhe ser dado ciência, pois se trata de um documento interno, de uso exclusivo da Fiscalização, que pode conter informações sigilosas, tais como informações relativas a outros contribuintes ou a identificação de possíveis denunciantes. A falta de ciência do Recorrente do seu conteúdo em nada prejudicou a sua defesa. Se em nenhum momento há referência ao referido "dossier do contribuinte" para embasar a lavratura do auto de infração, não há porque se falar em nulidade em face da ausência de entrega deste documento ao fiscalizado. Por todas essas razões, rejeitase a preliminar de nulidade do auto de infração por cerceamento de defesa. Ilegitimidade das provas: Fl. 595DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 590 11 Alega o Recorrente que as provas foram obtidas por meios ilícitos, pois não há nos autos qualquer referência quanto à descrição da solicitação dos dados ou quanto à existência de autorização expressa do Estado requerido para sua utilização pela Receita Federal do Brasil, assim como o laudo do INC Instituto Nacional de Criminalística apresenta diversas falhas que o torna imprestável. Entretanto, não procedem as alegações do Recorrente, uma vez que toda a documentação referente à conta bancária em exame e à empresa Garter Trading S/A foi obtida mediante autorização judicial, tanto da Justiça Federal do Paraná como da Justiça dos Estados Unidos da América (EUA), por meio de acordo de assistência judiciária firmado entre os dois países. À fl. 195 encontrase o Ofício nº 146/2004GJ, de 06/05/2004, do Juiz Federal Sergio Moro, da 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba/PR, que informa sobre a autorização para o compartilhamento desse material com a Receita Federal do Brasil (RFB), para instrução de suas atividades específicas. Ressaltese que as provas existentes foram resultado das investigações de remessas ilegais de divisas ao exterior, no âmbito do conhecido "Caso Banestado", no qual a empresa Beacon Hill Service Corporation (BHSC), com sede em Nova Iorque, Estados Unidos da América, foi identificada como uma maiores beneficiadas do esquema fraudulento. As mídias digitais das movimentações financeiras foram analisadas pelos Peritos Criminais Federais do Instituto Nacional de Criminalistica INC , órgão técnico do Departamento da Policia Federal, que elaboraram os Laudos de Exame Econômico Financeiros, como objetivo de trazer elementos de provas necessários a identificar os relacionamentos existentes e consolidar a movimentação financeira para cada conta examinada. Todos os dados obtidos, sejam em papel (dados cadastrais) como em meio digital (movimentação financeira) foram obtidos de forma lícita, mediante autorização judicial da Justiça Federal do Paraná e da Justiça dos Estados Unidos da América. Os dados da movimentação financeira da conta bancária mantida pela empresa Garter Trading S/A foram detalhados no laudo elaborado pelos peritos do INC da Polícia Federal, que possui força probante suficiente para sustentar o presente lançamento de ofício. Rejeito, portanto, essa preliminar. Nulidade do julgamento de primeira instância: Insiste o Recorrente na tese de nulidade do julgamento de primeira instância, posto que não foi dado o direito de acompanhar, passo a passo, o julgamento naquela instância, inclusive com sustentação oral. O contribuinte já havia impetrado Mandado de Segurança nesse sentido, cuja sentença denegou a segurança, cassando expressamente a liminar anteriormente deferida. O recurso de apelação foi recebido apenas no efeito devolutivo e encontrase pendente de julgamento. Tendo a discussão dessa matéria sido submetida à apreciação do Poder Judiciário, entendo que esta instância administrativa está impedida de examinála. É o caso de se aplicar a Súmula CARF nº 1: Fl. 596DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 12 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. O contribuinte não pode discutir a mesma matéria em processo judicial e administrativo. Em havendo coincidência de objetos nos dois processos, é de se afastar a competência dos órgãos administrativos para se pronunciarem sobre a questão. A propositura de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois da autuação, com o mesmo objeto, importa renúncia às instâncias administrativas, ou seja, desistência de eventual recurso interposto. Assim, não deve ser conhecido o recurso voluntário nesse ponto. Juntada de novos documentos Sustenta o Recorrente que a conta corrente apontada como base de cálculo para o lançamento era utilizada para remeter ao exterior dinheiro de terceiros, conforme reconhecido pela sentença proferida pelo Juiz Federal da 6ª Vara Criminal de São Paulo, transitada em julgado, que tipificou o contribuinte como cambista. Quando da leitura do meu voto na sessão de 12/03/2015, afirmei que não constavam dos autos a referida sentença. Porém, com a apresentação de novos documentos pelo Recorrente em 1º/04/2015, a referida sentença foi anexada aos autos. Assim, cumpre inicialmente analisar se é cabível a apresentação de novos documentos nessa fase processual. O Decreto 70.235/72, que regulamenta o processo administrativo fiscal, limita a apresentação posterior de provas, restringindoa aos casos previstos no § 4º do seu art. 16. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 597DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 591 13 § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Alega o Recorrente que se trata de fato novo, contudo a sentença foi proferida em 16/12/2008, bem anterior à interposição do recurso voluntário, que ocorreu em 19/05/2010. É verdade que a jurisprudência deste Conselho tem abrandado o rigor dessa regra, em casos excepcionais, em prestígio ao princípio da verdade material. No entanto, esse abrandamento tem seus limites. Não se pode admitir que novos documentos sejam apresentados após o início do julgamento, quando já proferido o voto do relator, que inclusive apontou a falta da documentação que agora se pretende acostar. Do contrário, teríamos uma desordem no andamento lógico do processo, prejudicando a sua conclusão. O processo é um caminhar para frente, consubstanciandose em uma sucessão de atos que devem ser ordenados por fases lógicas para que se não se transforme em uma querela interminável. Maria Teresa Martinez López e Marcela Cheffer Bianchini no artigo "Aspectos Polêmicos sobre o Momento de Apresentação da Prova no Processo Administrativo Fiscal Federal" esclarecem: [...] iv) O devido processo legal manifesta princípios outros além do da verdade material. O processo requer andamento, desenvolvimento, marcha e conclusão. A segurança e a observância das regras previamente estabelecidas para a solução das lides constituem valores igualmente relevantes no processo. E, neste contexto, o instituto da preclusão passa a ser figura indispensável ao devido processo legal, e Fl. 598DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 14 de modo algum se revela incompatível com o Estado de Direito ou com o direito de ampla defesa ou com a busca pela verdade material. v) O artigo 16 do PAF, em seu parágrafo 4º, estabelece limitações à atividade probatória do administrado ao determinar que a prova documental deve ser apresentada com a impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que restar demonstrada a impossibilidade de sua apresentação por motivo de força maior ou referirse a fato ou direito superveniente. (LÓPEZ, Maria Tereza Martinez; BIANCHINI, Marcela Cheffer. A Prova no processo tributário. São Paulo: Dialética, 2010, p. 50). Nos ensinamentos de Grinover e outros: O instituto da preclusão ligase ao princípio do impulso processual. Objetivamente entendida, a preclusão consiste em um fato impeditivo destinado a garantir o avanço progressivo da relação processual e a obstar ao seu recuo para as fases anteriores do procedimento. Subjetivamente, a preclusão representa a perda de uma faculdade ou de um poder ou direito processual [...] Politicamente justificase a preclusão em virtude do princípio pelo qual a passagem de um ato processual para outro supõe o encerramento do anterior, de tal forma que os atos já praticados permaneçam firmes e inatacáveis. Quanto mais rígido o procedimento como é o brasileiro, por desenvolverse através de fases claramente destinadas pela lei maior se torna a importância da preclusão. (GRINOVER, Ada Pellegrini e Outros. Teoria geral do processo.16ª ed. Malheiros: São Paulo, 2000, p. 327328. (grifos do original). Dessa forma, entendo que não deve ser acatado o pedido do Recorrente de juntada dos documentos de fls. 481 a 584, os quais não serão aqui considerados. MÉRITO O Recorrente defende que sentença proferida pelo Juiz Federal da 6ª Vara Criminal de São Paulo, transitada em julgado, tipificou o contribuinte como cambista e reconheceu que a conta corrente apontada como base de cálculo para o lançamento era utilizada para remeter ao exterior dinheiro de terceiros. O Recorrente argumenta que, se a conta corrente apontada era utilizada para a atividade de "câmbio paralelo", não se pode autuálo sobre a soma dos depósitos ali efetuados, mas apenas sobre a diferença entre as entradas e as saídas. Afirma que os ganhos do Recorrente, consoante a referida sentença transitada em julgado, foram apontados pelo próprio Juiz em 0,7%. Sustenta ainda o contribuinte que o imposto de renda não incide sobre os depósitos bancários, mas sobre os acréscimos patrimoniais e que a renda só pode ser tributada se efetivamente corresponder a riqueza nova, conforme já decidiu o extinto TFR Tribunal Federal de Recursos, que editou a Súmula nº 182, consolidando o entendimento que é ilegítimo o lançamento arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários. Ressaltese que a exigência fiscal em exame decorre de expressa previsão legal, pela qual existe uma presunção em favor do Fisco, que fica dispensado de provar o fato que originou a omissão de rendimentos, cabendo ao contribuinte elidir a imputação, comprovando a origem dos recursos. Constam dos autos diversos documentos que comprovam que os reais beneficiários dos recursos financeiros movimentados na conta nº 030100828, do MTBCBC Fl. 599DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 592 15 Hudson United Bank, em nome da empresa Garter Trading S/A, offshore sediada no Uruguai, eram os Srs. Davy Levy e Moise Khafifm, ora Recorrente. Dentre os documentos, destacamse: a) cópias dos passaportes dos titulares da conta (fls. 95 a 101); b) documentos relativos à abertura da referida conta corrente, contendo o nome e assinatura do contribuinte (fls. 61 a 93); c) procuração datada de 28/03/1994, por meio da qual o presidente da empresa Garter Trading S/A na ocasião confere ao Recorrente e outro poder de administração, disposição e alteração dos bens da sociedade (fls. 123 a 131); d) documento intitulado "Declaratória", datado de 18/10/2002, informando o Recorrente como um dos novos acionistas da empresa Garter Trading S.A (fls. 119 a 121); e) documento designado Certification of Beneficial Ownership, de 22/10/2002, do qual constam os nomes e assinaturas de Davy Levy e Moise Khafif, como beneficiários/proprietários da conta (fl. 193). Assim, restou claro pelas provas nos autos que o contribuinte e o outro procurador da empresa Sr. Davy Levy eram os reais beneficiários dos recursos financeiros movimentados na conta nº 030100828, do MTBCBCHudson United Bank, tendo se utilizado da empresa Garter Trading S/A, offshore sediada no Uruguai, apenas para remeter divisas para o exterior de forma ilícita e para se eximir do pagamento de tributos. A ocorrência do fato gerador foi devidamente demonstrada e o contribuinte, regularmente intimado para justificar a origem dos depósitos identificados, em nenhum momento, seja durante a ação fiscal, seja na fase litigiosa, apresentou qualquer argumento ou elemento de prova que justificasse a origem dos recursos creditados em suas contas bancárias, tendo se limitado a informar, por ocasião do recurso voluntário, que exercia a atividade de doleiro, reconhecida em sentença da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo. No entanto, não juntou aos autos nenhuma prova de suas alegações. Conforme previsão do art. 42 da Lei nº 9.430/96, é necessário comprovar individualizadamente a origem dos recursos, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis. Tratase, portanto, de ônus exclusivo do contribuinte, a quem cabe comprovar, de maneira inequívoca, a origem dos valores que transitaram por sua conta bancária, não sendo bastante alegações e indícios de prova. Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: 1 — os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; Fl. 600DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 16 II — no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12.000,00 (doze mil Reais), desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$80.000,00 (oitenta mil Reais). § 4° Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. A suposta atividade de doleiro e a alegada remuneração dela Recorrente não são suficientes para afastar a infração de omissão de rendimentos, devido à ausência de comprovação por meio de documentação hábil e idônea. Caso os depósitos na conta mantida no exterior eram decorrentes de operações de câmbio, nas quais o Recorrente era mero intermediário, caberia a ele demonstrar, de forma inequívoca, as datas e valores, além de identificar os reais beneficiários. O ônus da prova cabe ao contribuinte, consoante o disposto no art. 42 da Lei nº 9.430/96, e disso ele não se desincumbiu. Ainda que fosse acatada a nova prova juntada aos autos, ou seja, a sentença proferida pelo Juiz Federal da 6ª Vara Criminal de São Paulo (fls. 481 a 584), o que se faz apenas a título de argumentação, não caberia razão ao Recorrente, pois se observa pela leitura da referida sentença, que em nenhum momento se concluiu que o lucro obtido era de 0,7% sobre os depósitos efetuados, tampouco se vinculou os depósitos feitos na conta corrente objeto deste lançamento com os ganhos do contribuinte na sua atividade ilícita de "doleiro". O que existe na sentença é uma referência ao depoimento do sr. Davy Levy, sócio do fiscalizado, no qual ele afirma que o lucro era obtido através da diferença entre a compra e a venda, ficando em torno de 0,6% ou 0,7%, e eram relativos à conta Capri e não à conta Gartner, da qual trata o presente lançamento. Ademais, estes percentuais não restaram comprovados e não há nenhuma alusão a esses valores de lucro por parte do Juiz. Outrossim, as atividades ilícitas reconhecidas na sentença são relativas ao uso de diversas contas além da Gartner (no banco MTB), como a Capri (banco BNP) e a Kramer (Bank Tree BT), razão pela qual não existe uma vinculação de cada depósito feito na Gartner com o que foi decidido judicialmente. Para que se acatasse o argumento do contribuinte, seria necessário que ele vinculasse cada crédito na sua conta bancária como a sua atividade, indicando qual cliente seria o beneficiário e em que percentual, mas isso ele não conseguiu comprovar. Quanto à necessidade de o Fisco demonstrar o acréscimo patrimonial, conforme alegado pelo Recorrente, é de se aplicar o entendimento consolidado na Súmula CARF nº 26: “A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada”. Desse modo, deve ser mantida a infração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos com origem não identificada, pois o Recorrente não logrou comprovar a origem dos créditos em suas contas bancárias e considerados como rendimentos omitidos no Auto de Infração. Juros pela taxa SELIC: Fl. 601DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 593 17 Por fim, quanto à improcedência da aplicação da taxa Selic como juros de mora, também não lhe assiste razão, porquanto deve ser adotado o conteúdo da Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Ante o exposto, voto por NÃO CONHECER do recurso na parte relativa à nulidade da decisão de primeira instância; na parte conhecida, REJEITAR as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Relator Fl. 602DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 10580.720601/2009-59
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005
PRECLUSÃO. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA.
Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada, a teor do artigo 17 do Decreto nº 70.235, de 1972.
DECLARAÇÃO RETIFICADORA. REDUÇÃO DO IMPOSTO A PAGAR.
O contribuinte pode, antes de iniciado qualquer procedimento fiscal, retificar sua declaração de rendimentos. Essa declaração, entretanto, substitui integralmente a declaração original e será considerada pela autoridade administrativa no caso de procedimento de revisão de ofício.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. CRUZAMENTO DE INFORMAÇÕES DIRF E DIRPF.
A constatação da omissão de rendimentos a partir do cruzamento de informações entre a declaração apresentada pelo contribuinte e a declaração apresentada pela fonte pagadora (DIRF), autoriza o lançamento de ofício.
Verificando-se, entretanto, equívoco na DIRF, com patente inconsistência entre o número do CPF e o nome do contribuinte, deve ser realizada revisão no lançamento, na parte que se encontra com erro.
MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. LEI Nº 7.713/1988. SÚMULA CARF Nº 63. PROVA DOCUMENTAL
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2202-003.136
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir a omissão de rendimentos no valor de R$ 3.854,73.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005 PRECLUSÃO. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada, a teor do artigo 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. DECLARAÇÃO RETIFICADORA. REDUÇÃO DO IMPOSTO A PAGAR. O contribuinte pode, antes de iniciado qualquer procedimento fiscal, retificar sua declaração de rendimentos. Essa declaração, entretanto, substitui integralmente a declaração original e será considerada pela autoridade administrativa no caso de procedimento de revisão de ofício. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. CRUZAMENTO DE INFORMAÇÕES DIRF E DIRPF. A constatação da omissão de rendimentos a partir do cruzamento de informações entre a declaração apresentada pelo contribuinte e a declaração apresentada pela fonte pagadora (DIRF), autoriza o lançamento de ofício. Verificando-se, entretanto, equívoco na DIRF, com patente inconsistência entre o número do CPF e o nome do contribuinte, deve ser realizada revisão no lançamento, na parte que se encontra com erro. MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. LEI Nº 7.713/1988. SÚMULA CARF Nº 63. PROVA DOCUMENTAL Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir a omissão de rendimentos no valor de R$ 3.854,73. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
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MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada, a teor do artigo 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. DECLARAÇÃO RETIFICADORA. REDUÇÃO DO IMPOSTO A PAGAR. O contribuinte pode, antes de iniciado qualquer procedimento fiscal, retificar sua declaração de rendimentos. Essa declaração, entretanto, substitui integralmente a declaração original e será considerada pela autoridade administrativa no caso de procedimento de revisão de ofício. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. CRUZAMENTO DE INFORMAÇÕES DIRF E DIRPF. A constatação da omissão de rendimentos a partir do cruzamento de informações entre a declaração apresentada pelo contribuinte e a declaração apresentada pela fonte pagadora (DIRF), autoriza o lançamento de ofício. Verificandose, entretanto, equívoco na DIRF, com patente inconsistência entre o número do CPF e o nome do contribuinte, deve ser realizada revisão no lançamento, na parte que se encontra com erro. MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. LEI Nº 7.713/1988. SÚMULA CARF Nº 63. PROVA DOCUMENTAL Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 06 01 /2 00 9- 59 Fl. 80DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720601/200959 Acórdão n.º 2202003.136 S2C2T2 Fl. 81 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir a omissão de rendimentos no valor de R$ 3.854,73. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Em desfavor do contribuinte recorrente foi lavrada, em 25/02/2009, Notificação de Lançamento (fl. 06) de Imposto sobre a Renda de Pessoas Físicas, relativo ao exercício de 2005, anocalendário de 2004. Observase que no demonstrativo do crédito tributário existe o imposto de renda da pessoa física suplementar de R$ 1.604,04, com multa de ofício de 75%, no importe de R$ 1.203,03, e juros de mora, calculados pela taxa Selic. Verificase, das infrações apontadas, que a autoridade fiscal que procedeu à apuração e lançamento do crédito tributário, consignou, em suma, que constatou: 1 – Dedução Indevida de Pensão Alimentícia Judicial, no valor de R$ 14.337,88, uma vez que não foi comprovado o valor maior declarado, considerando a análise de Sentença Judicial que determinou o pagamento. Glosouse a diferença entre o declarado e o determinado na Sentença; 2 – Omissão de rendimentos do trabalho com vínculo/ sem vínculo empregatício, analisando as informações constantes nos sistemas da RFB e as informações prestadas pelo contribuinte. Identificase as fontes pagadoras Santa Casa de Misericórdia de Santo Antônio de Jesus; Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer e Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) do Estado da Bahia. Verifico que o contribuinte apresentou uma Declaração original, apondo as fontes pagadoras Santa Casa de Misericórdia e TCM, em 26/04/2005, e depois apresentou uma Declaração retificadora, em 26/09/2008, “zerando” os rendimentos tributáveis, sendo essa última o objeto da revisão pela Autoridade competente. Inconformado, o contribuinte apresentou Impugnação ao lançamento (fl. 02), onde afirma que submeteuse a cirurgia para retirada de “tumor maligno”, em abril de 2003, e Fl. 81DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720601/200959 Acórdão n.º 2202003.136 S2C2T2 Fl. 82 3 pleiteia o reconhecimento de isenção do imposto sobre a renda, por ser portador de “moléstia grave”, anexando “atestado médico devido” (fl. 4) Sua manifestação foi conhecida e tratada pela DRJ/SALVADOR/BA nos seguintes e resumidos termos (fl. 30): A isenção por moléstia grave é disciplinada no art. 6º, inciso XIV da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, alterado pela Lei nº 11.052, de 29 de dezembro de 2004... (...) O Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, art. 39, §§ 4º e 5º) dispõe ainda que: § 4º Para o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle (Lei nº 9.250, de 1995, art. 30 e § 1º). (...) O interessado não apresenta documento compatível com essa exigência. O atestado médico que agora traz aos autos à fl.4, embora reconheça o início da doença em 2003, não pode ser considerado laudo pericial oficial, pois nele não consta que o emitente estivesse no exercício de cargo que o autorizasse a se manifestar em caráter oficial em nome da instituição que indica. Não basta para essa caracterização apenas o timbre do órgão oficial no documento expedido, mas a própria manifestação oficial do serviço médico ali estabelecido. No documento apresentado não há qualquer indicação do cargo ou delegação de competência que autorize o profissional subscritor a representar o órgão em caráter oficial. Sem esses elementos, não há como se distinguir o relatório médico apresentado de um atestado particular, que seja emitido em um papel timbrado e disponível a qualquer profissional que preste serviços àquela unidade, mas que não detenha poderes de representála oficialmente. Por essas razões, voto pela improcedência da impugnação, mantendo o crédito tributário exigido, com os acréscimos legais pertinentes. (sublinhei) Cientificado dessa decisão de 1ª instância em 18/10/2001, conforme AR na folha 39, apresentou recurso voluntário em 31/10/2001, com protocolo na folha 35, com as seguintes razões, em resumo: No ajuste efetuado na sua declaração de rendimentos de 2005, constam “inexplicavelmente” rendimentos auferidos da Fundação Uberlandense do Turismo Esporte e Lazer, no importe de R$ 3.854,73; Fl. 82DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720601/200959 Acórdão n.º 2202003.136 S2C2T2 Fl. 83 4 As outras situações que constam do referido ajuste já foram devidamente impugnadas e o Acórdão recorrido as considerou improcedentes; Manifestase expressamente apenas contra o valor recebido da Fundação Uberlandense, acima citado, reputandoo “não verdadeiro”. Assim, requer que seja apurado tal valor junto “aos órgãos competentes” para que seja verificada a veracidade dos fatos Considerando que a Notificação de Lançamento citava "informações constantes dos sistemas da RFB" mas não anexara aos autos a documentação pertinente, e as alegações do contribuinte no recurso, foi expedida a Resolução nº 2801003304, pela Primeira Turma Especial da Segunda Seção deste CARF, no sentido de converter o julgamento em diligência, nos seguintes termos: a) que a repartição de origem anexe a fonte da informação (prova) na qual se baseou para efetuar o lançamento referente a omissão de rendimentos relativos a Fundação Uberlandense do Turismo Esporte e Lazer, CNPJ 20.260.121/000180, conforme descrito na Notificação de Lançamento. b) Dê ciência ao contribuinte do teor desta Resolução e do resultado da diligência, abrindolhe prazo para manifestação. Cumprida a diligência, retornam os autos para prosseguimento do julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. Primeiro, o Contribuinte apresentou uma declaração de rendimentos em 26/04/2005, cópia na folha 12, onde informou rendimentos tributáveis recebidos de Santa Casa de Misericórdia (R$ 9.000,00) e Tribunal de Contas dos Municípios (R$ 24.574,69). Informou ainda a dedução com pagamento de pensão alimentícia no valor de R$ 7.648,22. Posteriormente, em 26/09/2008, apresentou uma declaração retificadora a essa, com cópia na folha 16, onde informou três fontes. Além das duas acima descritas, incluiu Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer. Porém, informou todos os rendimentos tributáveis como "zero". Além disso, nessa 'retificadora', aumentou o valor da pensão alimentícia originalmente informado para R$ 21.710,28. Se na declaração original fora apurado um saldo de imposto a pagar de R$ 428,40, na retificadora passouse a um saldo de imposto a restituir de R$ 128,31. Fl. 83DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720601/200959 Acórdão n.º 2202003.136 S2C2T2 Fl. 84 5 Na Notificação de Lançamento, conforme relatado, a Fiscalização efetuou revisão de ofício considerando essa declaração retificadora, que enfim substituiu a original, integralmente. Assim, pela falta de comprovação do pagamento da pensão alimentícia no valor de R$ 21.710,28, houve glosa parcial, e pela não inclusão dos rendimentos tributáveis recebidos de pessoas jurídicas, houve o lançamento de ofício. Na impugnação, que consta de folha 02, o contribuinte não se manifesta expressamente em relação à pensão alimentícia nem especificamente em relação a nenhuma das fontes pagadoras consideradas. Outrossim, diz que possui moléstia definida como grave pela legislação (tumor maligno) e pede revisão da Notificação, incluindo "atestado médico devido". A DRJ, ao julgar a manifestação do interessado, concentrouse em tratar dos requisitos legais para reconhecimento de isenção do imposto pelos portadores de moléstia grave, pois essa foi a matéria posta em debate pelo Impugnante. Negou o reconhecimento ao direito de isenção, fundamentandose no atestado médico apresentado. Disse aquele Julgador (fl. 31): O atestado médico que agora traz aos autos à fl.4, embora reconheça o início da doença em 2003, não pode ser considerado laudo pericial oficial, pois nele não consta que o emitente estivesse no exercício de cargo que o autorizasse a se manifestar em caráter oficial em nome da instituição que indica. Não basta para essa caracterização apenas o timbre do órgão oficial no documento expedido, mas a própria manifestação oficial do serviço médico ali estabelecido. No documento apresentado não há qualquer indicação do cargo ou delegação de competência que autorize o profissional subscritor a representar o órgão em caráter oficial. Sem esses elementos, não há como se distinguir o relatório médico apresentado de um atestado particular, que seja emitido em um papel timbrado e disponível a qualquer profissional que preste serviços àquela unidade, mas que não detenha poderes de representála oficialmente.(sublinhei) Verificase que existem duas condições para que os rendimentos recebidos por portadores de moléstias graves definidas em lei sejam isentos do imposto sobre a renda: uma é ser a moléstia atestada em laudo emitido por serviço médico oficial da União, Estados, DF ou Municípios e outra é os rendimentos serem provenientes de aposentadoria ou reforma. Lei nº 7.713/1988 Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: ... XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Fl. 84DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720601/200959 Acórdão n.º 2202003.136 S2C2T2 Fl. 85 6 Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; É de ser observada também a Súmula CARF Nº 63, abaixo transcrita: “Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios”.(destaquei) O contribuinte apresentou o Atestado médico cuja cópia consta da folha 4, emitido por médico urologista, dando conta de que era portador de moléstia grave desde 04/2003. Entretanto, analisando o documento, entendo corretas as observações efetuadas pelo Julgador de 1ª instância, acima transcritas, e por isso o Contribuinte não atende aos requisitos para o reconhecimento da isenção. Em sede de recurso, o Interessado diz, na folha 35, que "inexplicavelmente" contam rendimentos auferidos de Fundação Uberlandense do Turismo e que foram "detectadas outras situações já devidamente impugnadas". E aí manifestase expressamente apenas em relação ao valor que teria sido pago por Fundação Uberlandense. O procedimento desenvolvese em fases, a fase litigiosa tem início com a apresentação da impugnação, por escrito, no órgão competente. Conforme já tratado, na Impugnação o Contribuinte questionou a isenção de seus rendimentos por ser portador de moléstia grave, mas essa questão foi bem analisada e devidamente fundamentada e entendo corretas as considerações feitas pelo Julgador a quo. No recurso, o contribuinte questiona expressamente apenas a inclusão de uma das fontes pagadoras, e por isso decidiuse pela conversão do julgamento em diligência. Portanto, para que o processo não tenha um desenvolvimento arbitrário e siga seu curso, com a finalidade imediata de solucionar o litígio concreto, é em relação a essa matéria especifica que devemos nos ater. A fonte de informações utilizada pela Autoridade Administrativa para efetuar o lançamento de ofício da infração de omissão de rendimentos foi a DIRF apresentada pelas fontes pagadoras, como informa na folha 51/52. O contribuinte questiona que nunca recebeu rendimentos de Fundação Uberlandense. O CPF do Recorrente, conforme consta dos autos é 018.000.35500. Na folha 51, observo que no extrato da DIRF apresentado por Fundação Uberlandense, consta esse número de CPF mas o nome de Gilson Nunes dos Santos. Fl. 85DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720601/200959 Acórdão n.º 2202003.136 S2C2T2 Fl. 86 7 Sendo essa a única prova utilizada pela Fiscalização para efetuar o lançamento, conforme informou, observo uma patente inconsistência e o lançamento não se mostra seguro, como deve ser. As demais fontes estão corretamente informadas, tinham sido apresentadas na declaração original pelo contribuinte e não são expressamente questionadas no recurso, como já explicado. Além disso, o contribuinte também nada traz para contradizer o lançamento de ofício que glosou em parte a pensão alimentícia declarada na "retificadora". CONCLUSÃO. Pelo exposto, VOTO por dar provimento parcial ao recurso apenas para excluir da Notificação de Lançamento a omissão de rendimentos relativa a Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer, CNPJ 20.260.121/000180, no valor de 3.854,73, mantendo as demais infrações lá apontadas. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 86DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 11077.720116/2011-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
DESPESAS MÉDICAS. NÃO DEPENDENTE. CÔNJUGE QUE APRESENTOU DECLARAÇÃO EM SEPARADO PELO MODELO SIMPLIFICADO.
As despesas com médicos e afins, dedutíveis na DIRPF, restringem-se aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Não são dedutíveis as despesas relativas ao cônjuge não informado como dependente e que apresentou declaração em separado optando pelo desconto simplificado.
DESPESAS MÉDICAS. AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS.
A aquisição de medicamentos, para ser deduzida a título de despesa médica na DIRPF, depende da condição específica de integrar a conta emitida pelo profissional da área médica ou estabelecimento hospitalar.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2202-003.082
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2010 DESPESAS MÉDICAS. NÃO DEPENDENTE. CÔNJUGE QUE APRESENTOU DECLARAÇÃO EM SEPARADO PELO MODELO SIMPLIFICADO. As despesas com médicos e afins, dedutíveis na DIRPF, restringem-se aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Não são dedutíveis as despesas relativas ao cônjuge não informado como dependente e que apresentou declaração em separado optando pelo desconto simplificado. DESPESAS MÉDICAS. AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS. A aquisição de medicamentos, para ser deduzida a título de despesa médica na DIRPF, depende da condição específica de integrar a conta emitida pelo profissional da área médica ou estabelecimento hospitalar. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
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NÃO DEPENDENTE. CÔNJUGE QUE APRESENTOU DECLARAÇÃO EM SEPARADO PELO MODELO SIMPLIFICADO. As despesas com médicos e afins, dedutíveis na DIRPF, restringemse aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Não são dedutíveis as despesas relativas ao cônjuge não informado como dependente e que apresentou declaração em separado optando pelo desconto simplificado. DESPESAS MÉDICAS. AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS. A aquisição de medicamentos, para ser deduzida a título de despesa médica na DIRPF, depende da condição específica de integrar a conta emitida pelo profissional da área médica ou estabelecimento hospitalar. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 7. 72 01 16 /2 01 1- 52 Fl. 107DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11077.720116/201152 Acórdão n.º 2202003.082 S2C2T2 Fl. 108 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Em desfavor do contribuinte acima identificado foi lavrada Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas, exercício de 2010, ano calendário de 2009, onde foi exigido o montante de R$ 5.582,19 a título de imposto, acrescido de multa de ofício proporcional, no percentual de 75%, e mais juros de mora calculados pela taxa Selic. Na "descrição dos fatos" narra a Autoridade Fiscal responsável pelo feito que procedeu à glosa de R$ 21.124,00 indevidamente deduzidos da base de cálculo do imposto a título de "despesas médicas", parte porque se referem a pagamento de medicamentos e parte porque se referem a tratamento do cônjuge que não figurou como dependente na declaração do interessado. Inconformado com o lançamento, o Contribuinte apresentou Impugnação onde alega que realmente são despesas do cônjuge mas que efetivamente pagouas, em virtude da beneficiária do tratamento não possuir renda suficiente. Ao julgar a manifestação do contribuinte, de forma sucinta, a DRJ em Porto Alegre/RS disse que as despesas não seriam dedutíveis "por se referir a tratamento de fertilização que não possui previsão legal" e por se referirem ao cônjuge, e também os pagamentos feitos à Repronaid Ltda, por referiremse a medicamentos, não seriam dedutíveis por "falta de previsão legal". Assim, reputouse improcedente a Impugnação apresentada. Cientificado dessa decisão em 26/03/2012 (AR na folha 34), o Contribuinte apresentou recurso voluntário em 11/04/2012 (protocolo na folha 35) onde em suma repisa as mesmas alegações da Impugnação, de que as despesas foram efetivamente pagas por ele e que se referem a tratamento de seu cônjuge. Entende que por serem casados em "regime de comunhão universal de bens" os gastos poderiam ser lançados em sua declaração. Apresenta uma série de comprovantes de despesas com médicos, exames e medicamentos. Em Sessão realizada em 11 de março de 2015, a Primeira Turma Especial da Segunda Seção do CARF decidiu pela conversão do julgamento em diligência para que fosse complementada a instrução processual, nos seguintes termos: Resolução nº 2801 000.351 – 1ª Turma Especial ... pela conversão do julgamento em diligência para que a Unidade de origem providencie a anexação de cópia da DIRPF/2010, do contribuinte Jorge Airton Braga Dorneles, que Fl. 108DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11077.720116/201152 Acórdão n.º 2202003.082 S2C2T2 Fl. 109 3 foi objeto de revisão de ofício, ensejando a discussão que consta destes autos, e do "dossiê de fiscalização", completo, especialmente dos documentos que levaram a Fiscalização à conclusão de que tratam os recibos/notas fiscais glosados de "tratamento de fertilidade" realizado na esposa do Recorrente. Foram, então, anexados os documentos de folhas 65 a 101 e o processo retornou para julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. Na Notificação de Lançamento, de folhas 7/8, verificase que foram glosadas duas “despesas médicas”, incluídas na DIRPF 2010 do Contribuinte em questão: a) Clínica Médica Dr. Nilo Frantz, no valor de R$ 14.950,00. As Notas Fiscais em questão estão nas folhas 87 a 92, emitidas pela Clínica Médica do Dr. Nilo Frantz, e b) Repronaid Brasil Medicamentos, no valor de R$ 6.174,00. A comprovação do pagamento está nas folhas 93 a 95. A motivação apresentada pela Fiscalização foi que a dedução com tratamento do cônjuge carece de previsão legal, já que a mesma não fora arrolada como dependente, e que a dedução com despesas com medicamentos não era possível por falta de previsão legal. Na Lei nº 9.250, de 1995, artigo 8º, consta que: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: Fl. 109DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11077.720116/201152 Acórdão n.º 2202003.082 S2C2T2 Fl. 110 4 I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; (grifei) III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; Bem, na parte que se refere à aquisição de medicamentos, não me parecem restar dúvidas sobre a impossibilidade de dedução. Observo que uma cópia de email que o próprio Recorrente anexou, juntamente com seu recurso (fl. 46), demonstra que a despesa no montante de R$ 6.174,00 pago à Repronaid Brasil Medicamentos referese a aquisição de medicação. É que algumas despesas, para serem deduzidas a título de “despesas médicas”, devem integrar a conta emitida pelo profissional ou estabelecimento hospitalar, como é o caso das incorridas com medicamentos. A comprovação apresentada pelo Recorrente para tais despesas, um documento de transferência eletrônica (DOC) e quatro cheques nominais, não atendem a essa condição específica, por isso a aquisição de medicamentos, no caso, não pode ser considerada como dedutível. Quanto a despesas com consultas médicas, na Clínica Nilo Frantz, a Fiscalização intimou o Contribuinte (Termo, fl. 96) a identificar a “real paciente”, uma vez que as Notas Fiscais estavam firmadas por médico ginecologista. Agora anexada na folha 99 consta uma resposta apresentada pelo Contribuinte a esse Termo de Intimação Fiscal dizendo que as despesas médicas informadas eram relativas a sua esposa, Zaida Moreira Dornelles, que em 2010 apresentou declaração em separado, pelo modelo simplificado (cópia da declaração na folha 21). Tanto na Impugnação, de folha 3, quanto no recurso, de folha 35, o Contribuinte afirma que as despesas “foram efetivamente pagas” por ele, já que seu cônjuge não tinha condições de suportálas, confirmando que foram despesas com tratamento do cônjuge. Bem, o dispositivo legal acima transcrito e grifado deixa claro que as despesas dedutíveis na declaração são aquelas relativas ao próprio declarante ou a seus dependentes. Entendase “dependentes” aqueles assim dispostos para fins tributários, conforme especificado no artigo 77 do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999. Fl. 110DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11077.720116/201152 Acórdão n.º 2202003.082 S2C2T2 Fl. 111 5 A inclusão de um cônjuge como dependente do outro ou a declaração em conjunto, assim como o modelo de declaração (simplificada ou completa) a ser apresentada, é uma opção do casal, como exposto nos artigos 8º e 795, do mesmo Regulamento. Fato é que o cônjuge do Recorrente apresentou, naquele exercício, declaração em separado, optando pelo desconto simplificado, que substitui todas as deduções legais a ela relativas. Sendo assim, suas despesas médicas não podem ser deduzidas na declaração do marido, ainda que este, como alega, tenha efetivamente suportadoas. Se quisessem apurar o imposto dessa forma, deveriam ter apresentado declaração em conjunto ou incluído a esposa como dependente do marido, somado os rendimentos de ambos e, aí sim, as despesas dela seriam dedutíveis na declaração dele. Em conclusão, as despesas com a Clínica do Dr. Nilo Frantz não são dedutíveis porque se referem á esposa do declarante, não indicada como dependente, que apresentou declaração em separado pelo modelo simplificado, e as despesas com a Repronaid Brasil Medicamentos não são dedutíveis porque conforme comprovantes apresentados referem se à aquisição de medicamentos que não integraram a conta emitida por profissional médico ou estabelecimento hospitalar. Pelo exposto, VOTO por negar provimento ao recurso, mantendo a exigência fiscal apurada na Notificação de Lançamento em debate. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 111DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 11516.005142/2009-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 01/01/2007
NULIDADE. INDEFERIMENTO DE PROVAS APÓS A APRESENTAÇÃO DA IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. A LEI QUE ESTABELECE O DEVIDO PROCESSO LEGAL PARA O PAF DETERMINA QUE TODAS AS PROVAS SEJAM APRESENTADAS JUNTO À IMPUGNAÇÃO, SALVO AS PRÓPRIAS EXCEÇÕES PREVISTA NA LEI. DEVIDO PROCESSO LEGAL. ATENDIMENTO. PRESCRIÇÃO INOCORRÊNCIA. LANÇAMENTO COMPLEMENTAR. BASE DE CÁLCULO DIFERENCIADA. LDC LANÇADA ANTERIORMENTE, ABATIDA COMO CRÉDITO DO CONTRIBUINTE. INOCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM. AO FISCO CABE O DIREITO DE EXIGIR TODA E QUALQUER DIFERENÇA VERIFICADA NO RECOLHIMENTO DOS TRIBUTOS, SALVO A OCORRÊNCIA DAS EXTINÇÕES E EXCLUSÕES LEGAIS.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2202-003.162
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. O Conselheiro WILSON ANTÔNIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado) apresentará declaração de voto.
(Assinado digitalmente).
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente
(Assinado digitalmente).
Eduardo de Oliveira. Relator
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: EDUARDO DE OLIVEIRA
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Recorrente LIGEYRINHO ALIMENTOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 01/01/2007 NULIDADE. INDEFERIMENTO DE PROVAS APÓS A APRESENTAÇÃO DA IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. A LEI QUE ESTABELECE O DEVIDO PROCESSO LEGAL PARA O PAF DETERMINA QUE TODAS AS PROVAS SEJAM APRESENTADAS JUNTO À IMPUGNAÇÃO, SALVO AS PRÓPRIAS EXCEÇÕES PREVISTA NA LEI. DEVIDO PROCESSO LEGAL. ATENDIMENTO. PRESCRIÇÃO INOCORRÊNCIA. LANÇAMENTO COMPLEMENTAR. BASE DE CÁLCULO DIFERENCIADA. LDC LANÇADA ANTERIORMENTE, ABATIDA COMO CRÉDITO DO CONTRIBUINTE. INOCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM. AO FISCO CABE O DIREITO DE EXIGIR TODA E QUALQUER DIFERENÇA VERIFICADA NO RECOLHIMENTO DOS TRIBUTOS, SALVO A OCORRÊNCIA DAS EXTINÇÕES E EXCLUSÕES LEGAIS. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. O Conselheiro WILSON ANTÔNIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado) apresentará declaração de voto. (Assinado digitalmente). Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 51 42 /2 00 9- 16 Fl. 1004DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.005142/200916 Acórdão n.º 2202003.162 S2C2T2 Fl. 1.005 2 (Assinado digitalmente). Eduardo de Oliveira. – Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Marcio Henrique Sales Parada. Fl. 1005DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.005142/200916 Acórdão n.º 2202003.162 S2C2T2 Fl. 1.006 3 Relatório O presente Processo Administrativo Fiscal – PAF encerra o Auto de Infração Obrigação Principal AIOP DEBCAD 37.237.2872, que objetiva o lançamento das contribuições sóciais previdenciárias, decorrente da remuneração paga devida ou creditada aos trabalhadores considerados empregados da recorrente – parte patronal e SAT, conforme Relatório Fiscal do Auto de Infração – REFISC, de fls. 46 a 65, com período de apuração de 01/1999 a 12/2006, conforme DD – Discriminativo do Débito, de fls. 04. O sujeito passivo foi cientificado da autuação, em 31/12/2009, conforme AR, de fls. 189. A defesa foi considerada intempestiva, fls. 190. O contribuinte apresentou sua defesa, em 03/02/2010, as fls. 191 a 198, acompanhada dos documentos, de fls. 199 a 203, Volume I, digitalizado, fls. 01 a 205. Verifiquei que o Volume I está duplicado, as fls. 206 a 410, da numeração digital. O Volume II está, as fls. 205 (repetida) a 402, sendo a numeração digitalizada, fls. 411 a 608. O Volume III está apresentado a partir, das fls. 403 a 600, manual ou 610 a 806, digital. Existe, ainda, um Volume IV, de fls. 601 a 653, manual ou 807 a 860, digital. Foi emitido o Termo de Revelia, fls. 640, datado, de 11/02/2010, recebido pelo contribuinte, em 22/02/2010, fls. 642. A empresa apresentou Recurso Administrativo, em 04/03/2010, fls. 643 a 650. O autos foram remetidos ao CARF, fls. 652. O CARF emitiu a Resolução nº 2401000.176, fls. 654 a 657, convertendo o julgamento em diligência para que os autos fossem remetidos a DRJ para julgamento em primeira instância. Existe, ainda, um novo Volume IV, de fls. 601 a 667, manual ou 869 a 944, digital, Onde consta, as fls. 663 a 677, a Informação Fiscal – IF relativa a diligência do CARF. Os autos foram remetidos a DRJ, despacho, de fls. 946, numeração digital. A DRJ baixou os autos em diligência pelo despacho, de fls. 947. Fl. 1006DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.005142/200916 Acórdão n.º 2202003.162 S2C2T2 Fl. 1.007 4 O contribuinte foi cientificado da Resolução do CARF e da Informação Fiscal – IF, conforme AR, de fls. 949. O contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, fls. 950 a 962, recebida, em 13/05/2013. Devolveuse os autos a DRJ/FNS, despacho, de fls. 963. O órgão julgador de primeiro grau emitiu o Acórdão Nº 0731.838 5ª, Turma DRJ/FNS, em 27/06/2013, fls. 964 a 986. No qual a impugnação foi considerada improcedente. O contribuinte tomou conhecimento desse decisório, em 17/07/2013, conforme AR, de fls. 989. Irresignado o contribuinte impetrou o Recurso Voluntário, petição de interposição, as fls. 991, recebido, em 14/08/2013, com razões recursais, as fls. 992 a 998, acompanhado do documentos, de fls. 999. Preliminar. · que a decisão recorrida é nula, uma vez que cerceou o direito de defesa da autuada, pois não deferiu as provas requeridas; · que todos os créditos até 31/12/2004 estão prescritos, tendo em vista a aplicação da SV/STF Nº 08/2008, haja vista que a notificação da autuação se deu em 31/12/2009; Mérito. · que o crédito cobrado nesta autuação foi objeto do LDC nº 37.000.6046, referente ao período de 01/1999 a 12/2006, devido a desconsideração pelo fisco da empresa Emerson César Henrique – ME, participante do SIMPLES, sendo que todas as rubricas que são base de cálculo das contribuições previdenciárias foram incluídas, no LDC, uma vez que esse se baseou nas folhas de pagamento, fls. 16 a 382, do processo 11516.003255/200715, bem como, fls. 267 a 401; 404 a 450; 455 a 599; 602 a 638, estando o LDC parcelado; · que tendo sido o débito imputado pelo fisco e parcelado esse valor nada mais deve o contribuinte em decorrência deste fato gerador; · que o artigo 840, do Código Civil determina que é lícita as partes transigirem para por fim ao litígio, sendo isso o que ocorreu no caso, não podendo o fisco fazer nova cobrança por fato idêntico, pois, assim, operase o bis in idem, cita decisão do CECSC, bem como do CRTE – CE, da Paraíba; · que a recorrente não pode ser responsabilizada pelas atividades exercidas pela empresa Emerson César Henrique – ME, não podendo Fl. 1007DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.005142/200916 Acórdão n.º 2202003.162 S2C2T2 Fl. 1.008 5 o fisco desconstituir a tal empresa e nem declarar inapto seu CNPJ, uma vez que os elementos da notificação fiscal, não permitem essa conclusão, não havendo comprovação de tratarse de empresa de fachada ou interposta, pelo simples fato de que documentos que comprovam a relação comercial das empresas não foram resgatados, restando clara a nulidade da autuação ou no mínimo sua insubsistência; · Dos pedidos e requerimentos: em preliminar a) provimento do recurso; b) reforma da decisão a quo; c) decretação da nulidade do acórdão guerreado por ofensa a ampla defesa; d) decretar a prescrição de todos os tributos e eventuais créditos anteriores a 31/12/2004, excluindose do crédito o período de 12/2003 a 12/2004; no mérito e) reconhecer a nulidade do auto de infração ou determinar seu cancelamento. A autoridade preparadora não se pronunciou quanto à tempestividade do recurso. Os autos subiram ao CARF, fls. 1.001. O sorteio e distribuição a esse conselheiro ocorreu, em 06/11/2014, Lote 03, conforme, fls. 1.002. É o Relatório. Fl. 1008DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.005142/200916 Acórdão n.º 2202003.162 S2C2T2 Fl. 1.009 6 Voto Conselheiro Eduardo de Oliveira. O recurso voluntário é tempestivo e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade ele merece ser apreciado. Retenção. O presente processo ficou retido e sua solução foi retardada em razão dos recentes acontecimentos que afetaram o normal funcionamento do CARF, situação, absolutamente, fora do alcance do presente conselheiro. Preliminares. Inexiste cerceamento de defesa em razão do indeferimento do pedido de produção de provas posteriormente, uma vez que na lei do PAF está previsto que as provas devem ser apresentadas pelo contribuinte impugnante, no momento da impugnação, precluindo seu direito de fazêlo em outra oportunidade, conforme transcrição abaixo, pois esse é o devido processo legal estabelecido para a matéria, salvo as exceções previstas na própria norma, mas que não foram noticiadas no presente caso. Art. 16. A impugnação mencionará: § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) O contribuinte foi cientificado do lançamento, em 31/12/2009, conforme AR, de fls. 189. O presente lançamento referese ao período de 12/2003 a 12/2006, incluindo 13º/2004; 13º/2005; 13º/2006. Ocorre que o Relatório Fiscal – REFISC noticia que o lançamento decorre da simulação “...que não tendo aderido diretamente ao SIMPLES, muito provavelmente por incorrer em hipóteses de vedação à opção que o impossibilitavam de fazêla, tornouse beneficiário deste esquema ilegal consubstanciado na simulação da empresa EMERSON CESAR HENRIQUE ME para a contratação e remuneração de motoristas e auxiliares por intermédio da mesma sem o recolhimento das contribuições previdenciárias a cargo da empresa e das contribuições sociais destinadas a terceiros incidentes sobre esta remuneração.” (destaquei). 10. Dispõe o Código Tributário Nacional, no art. 149, incisos IV, VII e VIII, que o lançamento de tributo pode ser revisto de ofício Fl. 1009DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.005142/200916 Acórdão n.º 2202003.162 S2C2T2 Fl. 1.010 7 pela autoridade administrativa quando se comprove a ocorrência de falsidade de qualquer informação estabelecida como de declaração obrigatória, quando se comprove ter o sujeito passivo agido com simulação ou ainda quando se consubstancie a necessidade de apreciação de fato não conhecido no momento do lançamento a ser revisado: (realcei). Lei n° 5.172 (Código Tributário Nacional), de 25/10/1966 "Art. 149. "O lançamento é efetuado e revisto de oficio pela autoridade administrativa nos seguintes casos:" "IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória;" "VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em beneficio daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;" "VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior;" (grifo do original). 14. Posteriormente ao encerramento da citada ação fiscal, já no segundo semestre de 2007, foi deflagrado o Procedimento de Fiscalização n° 09403294 da SRP tendo EMERSON CESAR HENRIQUE ME por investigada. O conjunto de informações e documentos obtidos nesta auditoria acerca da pretensa pessoa jurídica sob ação fiscal e da sua relação com a empresa que figura no pólo passivo do Auto de Infração a que se refere o presente Relatório, a LIGEYRINHO INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, tornou irrefutável a conclusão de que foi promovida uma simulação com o intuito de permitir a esta última fazer uso de benefícios fiscais que legalmente não lhe seriam aplicáveis e suprimir tributos por ela devidos, estando entre estes as contribuições sociais destinadas a terceiros ora lançadas. (negritei). Assim sendo, aplicase ao crédito para efeitos de decadência o artigo 173, I, da Lei 5.172/66, ou seja, a decadência contase pelo primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ser feito. Ao se retroagir cinco anos da data do lançamento o marco inicial da decadência darseia em 01/01/2004, como a competência 12/2003, só é exigível a partir de 02/01/2004, artigo 30, I, “b”, da Lei 8.212/91, na redação da Lei 9.876/99, não há decadência a ser reconhecida. Mérito. Verificase dos autos que o presente lançamento é complementar em relação as contribuições lançadas no LDC 37.000.6046, relativo ao período de apuração de 01/1999 a 12/2006, pois na LDC o lançamento se deu por aferição indireta arbitramento ante a ausência de informação referente a base de cálculo do tributo, conforme passagem do REFISC, que transcrevo. Fl. 1010DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.005142/200916 Acórdão n.º 2202003.162 S2C2T2 Fl. 1.011 8 13. Tendo em vista que o quadro de apenas um motorista declarado na documentação apresentada à fiscalização constituía mãodeobra obviamente insuficiente para a condução e a execução, de todas as atividades auxiliares envolvidas no uso do conjunto de veículo e transporte rodoviário de carga registrado em nome do sujeito passivo, através de Termo de Intimação para Apresentação de Documentos e Esclarecimentos TIAD emitido em 03/04/2007 (ver Doc. de fls. 73 a 77 do Processo AdministrativoFiscal DRF/FNS n° 11516.005142/200916: cópia do referido TIAD emitido) este foi instado a manifestarse naquela auditoria acerca desta discrepância encontrada, em relação à qual se silenciou, sem apresentar explicações, obrigando a fiscalização, para efeito de constituição do crédito tributário relativo às contribuições previdenciárias e para terceiras entidades incidentes sobre a remuneração dos segurados do Regime Geral de Previdência Social RGPS utilizados pela empresa na condução de sua frota de caminhões e tendo em vista a total falta de informações — naquele momento — que permitissem quantificar a verdadeira somatória de valores despendidos no pagamento destes trabalhadores, a fixar de forma indireta, por um determinado critério de aferição então adotado, as bases de cálculo dos tributos acima mencionados. O crédito constituído com base nesta sistemática montou o valor total de R$ 73.997,87 e foi consolidado em 20/04/2007 no LDC Lançamento de Débito Confessado n° 37.000.6046 (ver Doc. de fls. 78 a 154 do Processo AdministrativoFiscal DRF/FNS n° 11516.005142/200916: cópia da via institucional do referido documento de constituição de crédito tributário, conforme se encontra disposto no processo administrativofiscal a que pertence), atualmente em curso de regularização pela empresa através do parcelamento n° 603959903 efetivado em uma unidade local de atendimento da Secretaria da Receita Previdenciária — SRP à época do término daquele Procedimento de Fiscalização. (destaquei). No presente crédito a situação é outra, pois o agente lançador baseouse nas folhas de pagamento elaboradas pela empresa Emerson César Henrique – ME, das quais se obteve os salários dos trabalhadores e elaborouse a planilha, de fls. 164 a 174, deste processo. 22. Nas folhas de pagamento elaboradas em nome de EMERSON CESAR HENRIQUE ME e apresentadas no decorrer da auditoria realizada no segundo semestre de 2007 com base no Mandado de Procedimento Fiscal — MPF n° 09403249 da SRP encontramse registradas como remunerações devidas e creditadas a trabalhadores em relação aos meses de 12/2003 a 12/2006 os valores informados na tabela a seguir, que foram transcritos pela fiscalização para os Levantamentos "004 — BC TER S REM EMPREG SET TRANSP" e "005 — BC TER S REM ADMIN SET TRANSP" criados no programa de cálculo que apurou as contribuições lançadas no Auto de Infração em tela: Fl. 1011DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.005142/200916 Acórdão n.º 2202003.162 S2C2T2 Fl. 1.012 9 23. Os valores acima apresentados podem ser também observados na planilha discriminativa desta remuneração, individualizada por trabalhador, que foi elaborada pela fiscalização (ver Doc. de fls. 164 a 174 do Processo AdministrativoFiscal DRF/FNS n° 11516.005142/200916: a referida planilha elaborada) em resumo dos dados existentes nas mencionadas folhas de pagamento, cuja impressão em formulário contínuo se encontra juntada às fls. 185 a 357 do Processo AdministrativoFiscal DRF/FNS n° 11516.003255/200715, de Representação Administrativa para declaração de inaptidão da inscrição de EMERSON CÉSAR HENRIQUE ME no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica — CNPJ. Evidente, assim, que não há correspondência entre os valores lançados no LDC nº 37.000.6046 e no presente crédito AIOP 37.237.2872. Não fosse o que dito acima suficiente, basta comparar as bases de cálculo dos dois créditos no LDC para a competência 12/2003, a base de cálculo é de R$ 1.161,00, contudo no AIOP a base de cálculo para a competência 12/2003 é de R$ 8.550,33, conforme supramencionado. Desta forma, o lançamento do LDC e seu parcelamento em nada interfere no crédito complementar lançado, até porque o agente lançador deixa claro no REFISC do AIOP que o valor do LDC foi descontado, pois foi considerado como crédito no lançamento do AIOP, basta ler a transcrição abaixo. 26. Na apuração das contribuições lançadas foram considerados, a favor do sujeito passivo, para efeito de redução do crédito tributário calculado, a integralidade dos valores correspondentes às contribuições destinadas a terceiras entidades apuradas no LDC Lançamento de Débito Confessado n° 37.000.6046 mencionado nos parágrafos 3 e 13 do presente Relatório Fiscal, ao qual o Auto de Infração a que se refere este Relatório Fiscal visa a complementar: Todos os esclarecimentos acima deixam claro a inexistência de sobreposição de cobrança, ou seja, inexisti bis in idem, podendo o fisco exigir quaisquer diferenças verificadas enquanto não decaído o direito de lançamento, artigo 149 e seu incisos c/c o artigo 150 §§ 1º a 3º, da Lei 5.172/66. A questão relativa a declaração de inaptidão do CNPJ da empresa Emerson César Henrique – ME não cabe ser discutida nesses autos, pois aqui cuidase apenas do AIOP 37.237.2872 e a referida questão foi tratado em processo específico e próprio 11516.003255/200715, tendo sido emitido o Ato Declaratório Executivo nº 01/2008 da DRF – Florianópolis, observese o que diz o agente lançador. 5. Serviram de indicativos para a realização do novo Procedimento de Fiscalização junto ao sujeito passivo autuado, além das constatações efetuadas no decorrer da mencionada auditoria anterior realizada junto ao mesmo, as verificações feitas durante a fiscalização empreendida pela extinta Secretaria da Receita Previdenciária — SRP junto à suposta firma Fl. 1012DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.005142/200916 Acórdão n.º 2202003.162 S2C2T2 Fl. 1.013 10 individual EMERSON CESAR HENRIQUE ME, desenvolvida em cumprimento ao Mandado de Procedimento Fiscal — MPF n° 09403249, das quais resultou o Processo AdministrativoFiscal DRF/FNS n° 11516.003255/200715 composto por Representação Administrativa e elementos de prova que determinaram tanto o desenvolvimento desta nova auditoria da qual decorreu a lavratura do presente Auto de Infração quanto a expedição do Ato Declaratório Executivo n° 1/2008 da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Florianópolis, para decretar a inaptidão da inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de EMERSON CESAR HENRIQUE ME, por inexistência de fato (ver Docs. de fl. 182, 183 e 184 do Processo AdministrativoFiscal DRF/FNS n° 11516.005142/200916: respectivamente, cópia do ADE DRF/FNS n° 1/2008, cópia da publicação deste Ato no DOU de 07/01/2008 e cópia do despacho em que foi concedida a autorização para o reexame fiscal da empresa LIGEYRINHO INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA com base na Representação Fiscal e documentos que compõem o acima citado Processo AdministrativoFiscal DRF/FNS n° 11516.003255/200715). Assim com esses esclarecimentos rejeito todas as alegações suscitadas pela recorrente sejam elas em preliminar ou em mérito. CONCLUSÃO: Pelo exposto voto por conhecer do recurso, para no mérito negarlhe provimento. (Assinado digitalmente). Eduardo de Oliveira. Fl. 1013DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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