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Numero do processo: 15563.000166/2010-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Aug 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
RECURSO VOLUNTÁRIO. PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO. INTEMPESTIVIDADE.
O prazo para apresentação de recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), é de trinta dias a contar da ciência da decisão de primeira instância; recurso apresentado após o prazo estabelecido, dele não se toma conhecimento, visto que a decisão já se tornou definitiva.
Numero da decisão: 2202-004.606
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o recurso, por intempestividade.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rosy Adriane da Silva Dias - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: ROSY ADRIANE DA SILVA DIAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007 RECURSO VOLUNTÁRIO. PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. O prazo para apresentação de recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), é de trinta dias a contar da ciência da decisão de primeira instância; recurso apresentado após o prazo estabelecido, dele não se toma conhecimento, visto que a decisão já se tornou definitiva.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o recurso, por intempestividade. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson.
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PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. O prazo para apresentação de recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), é de trinta dias a contar da ciência da decisão de primeira instância; recurso apresentado após o prazo estabelecido, dele não se toma conhecimento, visto que a decisão já se tornou definitiva. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o recurso, por intempestividade. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 56 3. 00 01 66 /2 01 0- 16 Fl. 195DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão nº 0427.617, proferido pela 3a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo GrandeMS (DRJ/CGE), que julgou parcialmente procedente o lançamento, mantendo a cobrança parcial do crédito tributário. Pela clareza, reproduzo o relatório do acórdão recorrido, na parte anterior à decisão da DRJ/CGE: Trata o presente processo de Auto de Infração (folhas 112 a 124) lavrado pela AuditoraFiscal da Receita Federal do Brasil Penha Bastos Monçôres Matos em razão de trabalho de fiscalização referente aos exercício 2007 que apurou um crédito tributário de R$ 85.728,83 atualizado até 31/05/2010 onde foram verificadas as seguintes infrações: Omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada no valor de R$ 150.556,00. No termo de verificação fiscal (f. 112 a 117) consta que: Em 11/12/2008, a contribuinte foi intimada (f. 6/8) a apresentar extratos bancários de conta corrente e de aplicações financeiras de todas as contas mantidas por ela e por seus dependentes junto a instituições financeiras no Brasil e exterior referentes ao exercício 2007. Atendeu à intimação e apresentou extratos relativos a 3 contas no Banco do Brasil e duas do Unibanco e extrato referente a aplicação em renda fixa no Banco do Brasil conforme abaixo: Banco Código Agência Conta Brasil 001 35963 2890607 Brasil 001 35963 2890608 Brasil 001 0751X 16306 Unibanco 409 530 4901712 Unibanco 409 530 5600131 (poupança) A AuditoraFiscal efetuou a conciliação das contas e elaborou planilha relacionando os valores creditados/depositados nas referidas contas e intimou o contribuinte para justificálos. O contribuinte recebeu a intimação em 10/07/2009. Em 10/08/2009 a interessada apresentou resposta com várias alegações. A AuditoraFiscal, após análise dos documentos apresentados e das alegações do contribuinte, foram acatadas várias alegações, porém, foram identificados trinta e seis depósitos de origem não comprovada que estão listados no termo de verificação fiscal (f. 116 a 117). Em sua impugnação de folhas 132 a 140, a interessada, em apertada síntese, alega que: Fl. 196DF CARF MF Processo nº 15563.000166/201016 Acórdão n.º 2202004.606 S2C2T2 Fl. 196 3 A impugnante vivia entre duas cidades: Brasília, por conta de exercer cargo parlamentar e Rio de Janeiro, onde mantinha sua residência, o que trouxe diversas mudanças práticas no cotidiano da peticionaria. Com sua vida estabelecida no Rio de Janeiro, a impugnante transferia valores recebidos do Banco do Brasil em Brasília para a agência do mesmo banco no Rio de Janeiro e para a agência do Unibanco. Esta movimentação era, em sua grande maioria, realizada através de saques em dinheiro, cujo numerário era transportado pessoalmente pela peticionaria para o Rio de Janeiro que pagava algumas contas em dinheiro e realizava depósitos para cobrir saldo negativo ou para pagamento de contas futuras. Por este motivo, não há uniformidade entre os saques e os depósitos. Alguns depósitos são oriundos do caixa pessoal; Em relação ao crédito de RS 50.000,00, comprovase a origem do crédito efetuado na conta 16306 na data de 08/08/2006, através de cópia do resgate realizado na conta 2690608 e transferido na mesma data (documento em anexo). Os depósitos efetuados por RUTE CAMARGO BORGES RIBEIRO eram destinados ao Projeto Nova Esperança, situado em BELFORD ROXO. Houve o repasse dos valores recebidos pela impugnante para a entidade noticiada. Demonstrouse através de declaração a origem do depósito efetuado por Edenil Cotrim de Moraes e creditado no dia 19/12/2006 no valor de R$ 7.500,00 que era destinado ao pagamento de parte dos brinquedos adquiridos para serem distribuídos a crianças de creches comunitárias. A impugnação (fls. 132/140) foi julgada parcialmente procedente pela DRJ/CGE, que acatou a alegação da recorrente em relação a dois depósitos no valor de R$ 10.000,00, efetuados na conta 16306, originários de resgate do fundo BB RENDA FIXA LP 150mil nos valores de 10.000,00 em 12/09/2006, e 24.000,00, comprovados pelo extrato da conta 269.0608. Reduzindo a infração, conforme tabela abaixo: DE PARA Imposto a pagar 41.402,90 35.902,90 Multa 75% 31.052,18 26.927,18 Juros Conforme Legislação Conforme legislação A decisão da DRJ/CGE teve a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2007 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Fl. 197DF CARF MF 4 Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Os depósitos devem ser justificados individualizadamente, não sendo possível acatar a justificativa genérica. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A contribuinte foi cientificada do Acórdão da DRJ/CGE em 09/04/2012 (e fls. 193). Inconformada com a decisão, apresentou Recurso Voluntário em 10/05/2012 (efls. 168/175), repisando os argumentos da impugnação, apresenta recibos, a acrescenta que a decisão a quo foi calcada em suposições. Por fim solicita, reforma da decisão recorrida e cancelamento do crédito fiscal. É o relatório. Voto Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, Relatora Tempestividade Analisando a tempestividade da peça recursal, verifico que a ciência ao contribuinte do acórdão da DRJ/CGE se deu em 09/04/2012 (segundafeira), por via postal (AR fls. 193). O recorrente teria até o dia 09/05/2012 (quartafeira) para apresentar o Recurso Voluntário, nos termos dos artigos 5º e 33 do Decreto nº 70.235/72: Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. [...] Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Oportuno lembrar que a expressão "prazos contínuos" significa contagem em dias corridos, sem interrupção nos sábados, domingos e feriados. E o prazo recursal de que trata o art. 33 acima transcrito começa a fluir no primeiro dia útil subsequente à intimação do contribuinte. No caso dos autos, o Recurso Voluntário foi apresentado em 10/05/2012. Diante disso, e nos termos da Súmula Carf nº 9: "É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do Fl. 198DF CARF MF Processo nº 15563.000166/201016 Acórdão n.º 2202004.606 S2C2T2 Fl. 197 5 recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário.", o Recurso é intempestivo, o que prejudica sua admissibilidade. Conclusão Pelo exposto, voto por não conhecer do recurso, por intempestividade. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias. Fl. 199DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13830.720081/2010-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010
IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. EMPRESA PRODUTORA E EXPORTADORA. ÔNUS PROBATÓRIO.
Para o legítimo exercício do direito ao ressarcimento de PIS e Cofins decorrente do crédito presumido do IPI de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363/1996, deve a contribuinte comprovar minimamente se tratar de empresa, cumulativamente, produtora e exportadora de mercadorias nacionais, incumbindo a prova dessa situação jurídica à própria interessada, inteligência que decorre do inciso I do art. 373 do Código de Processo Civil e do art. 36 da Lei nº 9.784/1999, sob pena de não reconhecimento do direito ao crédito vindicado.
Numero da decisão: 3401-005.146
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva, (Suplente convocado em substituição ao conselheiro Robson José Bayerl), André Henrique Lemos, Lazaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. EMPRESA PRODUTORA E EXPORTADORA. ÔNUS PROBATÓRIO. Para o legítimo exercício do direito ao ressarcimento de PIS e Cofins decorrente do crédito presumido do IPI de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363/1996, deve a contribuinte comprovar minimamente se tratar de empresa, cumulativamente, produtora e exportadora de mercadorias nacionais, incumbindo a prova dessa situação jurídica à própria interessada, inteligência que decorre do inciso I do art. 373 do Código de Processo Civil e do art. 36 da Lei nº 9.784/1999, sob pena de não reconhecimento do direito ao crédito vindicado.
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CRÉDITO PRESUMIDO. EMPRESA PRODUTORA E EXPORTADORA. ÔNUS PROBATÓRIO. Para o legítimo exercício do direito ao ressarcimento de PIS e Cofins decorrente do crédito presumido do IPI de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363/1996, deve a contribuinte comprovar minimamente se tratar de empresa, cumulativamente, produtora e exportadora de mercadorias nacionais, incumbindo a prova dessa situação jurídica à própria interessada, inteligência que decorre do inciso I do art. 373 do Código de Processo Civil e do art. 36 da Lei nº 9.784/1999, sob pena de não reconhecimento do direito ao crédito vindicado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva, (Suplente convocado em substituição ao AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 72 00 81 /2 01 0- 17 Fl. 197DF CARF MF Processo nº 13830.720081/201017 Acórdão n.º 3401005.146 S3C4T1 Fl. 626 2 conselheiro Robson José Bayerl), André Henrique Lemos, Lazaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). Relatório 1. Tratase do despacho decisório que indeferiu pedido de ressarcimento de IPIcrédito presumido, previsto nas Leis nº 9.363/1996 e 10.276/2001, por entender a autoridade fiscal não ser possível se afirmar que a contribuinte realiza atividade de industrialização dos produtos (madeira) por ela adquiridos e posteriormente exportados, especificamente quanto aos procedimentos de beneficiamento e acondicionamento ou reacondicionamento da madeira. Nos termos da decisão recorrida, a apreciação e julgamento do presente litígio é realizada "(...) em conjunto com outros processos, agrupados como um lote, o qual fundamentase pelas mesmas razões, seja no indeferimento do pleito da manifestante, seja pelo teor de sua manifestação de inconformidade", composto pelos seguintes processos, todos pautados para a presente sessão de julgamento": PROCESSO ADMINISTRATIVO PERÍODO DE APURAÇÃO 13830.720073/201071 01/04/2008 a 30/06/2008 13830.720074/201015 01/10/2008 a 31/12/2008 13830.720075/201060 01/01/2009 a 31/03/2009 13830.720077/201059 01/04/2009 a 30/06/2009 13830.720079/201048 01/10/2009 a 31/12/2009 13830.720081/201017* 01/04/2010 a 30/06/2010 2. Cumpre esclarecer que, do indeferimento do ressarcimento pleiteado no Processo Administrativo nº 13830.720081/201017 (*), resultou a Representação DRF/MRA/SAORT nº 012/2011, que culminou na lavratura de auto de infração com a finalidade de formalizar exigência de multa isolada por compensação indevida, nos termos do art. 74 da Lei 9.430/96, com redação dada pelo art. 62 da Lei nº 12.249/2010, em discussão no Processo nº 13830.722126/201179, igualmente pautado para a presente sessão de julgamento. 3. A contribuinte, no caso epigrafado em apreço, apresentou manifestação de inconformidade na qual argumentou, em síntese, que: (i) é empresa industrial do ramo madeireira cuja atividade principal, segundo seu contrato social, é o "(...) comercio atacadista importação e exportação de madeiras em geral, bruta e beneficiada e de materiais de construção, indústria de beneficiamento de madeiras com processos de secagem, classificação, padronização, aplainamento, embalagem, acondicionamento; transporte Fl. 198DF CARF MF Processo nº 13830.720081/201017 Acórdão n.º 3401005.146 S3C4T1 Fl. 627 3 rodoviário de cargas em geral"; (ii) no ano de 2008, apresentou consulta à Receita Federal acerca do crédito presumido de IPI, na qual, em que pese ter descrito se tratar de empresa comercial com base no texto constante no Contrato Social contemporâneo ao seu protocolo, já exercia, de fato, a atividade industrial, pela prática consistente na atividade de beneficiamento das madeiras, processo por meio "(...) do qual se efetuava classificação e a embalagem, pois as madeiras eram adquiridas em estado bruto e vendidas secas, aparadas, cortadas transversalmente e ou longitudinalmente, padronizadas, pintadas e classificadas por tamanho e embaladas". Neste sentido, uma vez que a atividade efetivamente exercida se encontrava em desacordo com o objeto social descrito no Contrato Social, e para sanar tal discrepância, em 2008 foi realizada a alteração contratual para adequar o objeto descrito à atividade sempre exercida, em cuja oportunidade solicitou à CETESB/SP Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, órgão público vinculado à Secretaria do Meio ambiente do Governo do Estado de São Paulo, as Licenças Prévia e de Instalação e Licenças de Operação que, após verificação e inspeção do local da fábrica, foram concedidas "(...) com base nas informações apresentadas pelo interessado", com validade para "(...) a produção média anual de 5.400 m3 de madeira serrada e enfardada, utilizando, para tanto, as áreas, processos e os equipamentos descritos no Memorial de Caracterização do Empreendimento apresentado"; (iii) o beneficiamento ocorre pelo processamento da madeira por meio da secagem, cortes, remoção de aparas e pintura, enquanto que o acondicionamento pela aposição das embalagens, onde as madeiras são separadas por lotes e embaladas em filmes plásticos e fitas de PVC ou de aço. Assim, as mercadorias exportadas passam por um processo industrial ao passo em que promove a transformação das mercadorias (matérias primas), por meio do processo de secagem, classificação, cortes e reparos e embalagem, o que se adequa ao requisito da Lei; (iv) não se concebe que as disposições e conceitos fixados pelo regulamento de IPI (Decreto nº 4.544/2002 e, atualmente, o Decreto nº 7.212/2010), sejam ignorados em face de mero Parecer Normativo editado em 1970 e que não pode ser aplicado a fatos ocorridos em 2004; (v) no caso de não homologação, seja suspensa a exigibilidade dos débitos confessados por intermédio do PER/DCOMP; (vi) a correção dos créditos pleiteados pela taxa Selic. 4. Não obstante, no Processo nº 13830.722126/201179, requer a contribuinte, complementarmente, o reconhecimento da suspensão da exigência do crédito tributário lançado no auto de infração nele debatido até o ulterior trânsito em julgado do Processo nº 13830.720081/201017, pois dele decorrente, encontrandose ambos pautados para a presente sessão de julgamento. 5. Em 29/08/2014, a 3ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento no Porto Alegre (RS) proferiu o Acórdão DRJ nº 1051.580, situado às fls. 85 a 101, de relatoria do AuditorFiscal Fernando Lopes Pauletti, que entendeu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 INDUSTRIALIZAÇÃO. BENEFICIAMENTO. ACONDICIONAMENTO OU REACONDICIONAMENTO. O corte para padronização de tamanho do produto, mesmo que para encomenda, bem como a sua secagem, natural ou Fl. 199DF CARF MF Processo nº 13830.720081/201017 Acórdão n.º 3401005.146 S3C4T1 Fl. 628 4 em estufas, e proteção, quando desacompanhado de alteração nas suas características originais, não se inclui no conceito de beneficiamento. O acondicionamento ou reacondicionamento, para que caracterize industrialização, necessita alterar a apresentação do produto, não se enquadrando no conceito a embalagem para fins de transporte. AQUISIÇÃO DE MERCADORIA PRONTA, COM O FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO Somente ensejam direito ao benefício as aquisições de insumos, conceituados como tal pela legislação do IPI. A aquisição de produtos acabados, que não sofrem qualquer etapa de industrialização no estabelecimento industrial exportador, não dá direito ao Crédito Presumido. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. As normas e determinações previstas na legislação tributária presumemse revestidas do caráter de legalidade, contando com validade e eficácia. Não cabe à esfera administrativa questionálas ou negarlhes aplicação, mas, tãosomente velar pelo seu fiel cumprimento. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. É incabível, por falta de previsão legal, a incidência de atualização monetária ou de juros Selic sobre o ressarcimento de créditos de IPI. ÔNUS DA PROVA. Ao peticionário cumpre a instrução dos autos e o ônus da prova de suas alegações, respaldado nos respectivos documentos fiscais e contábeis. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido 6. A contribuinte, intimada da decisão em 07/10/2014 pela abertura dos arquivos correspondentes no link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC), por meio da opção "Consulta Comunicados/Intimações", em conformidade com o termo de ciência situado à fl. 105, interpôs, em 06/11/2014, em conformidade com o termo de solicitação de juntada, situado à fl. 107, recurso voluntário, situado às fls. 108 a 129 no qual reiterou as razões de sua impugnação. Fl. 200DF CARF MF Processo nº 13830.720081/201017 Acórdão n.º 3401005.146 S3C4T1 Fl. 629 5 É o Relatório. Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Relator 7. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 8. A vexata quæstio a ser apreciada se refere à divergência de entendimento quanto à ocorrência ou não de industrialização, pela contribuinte, quanto aos produtos (madeira) por ela adquiridos e posteriormente exportados, especificamente quanto aos procedimentos de beneficiamento e acondicionamento ou reacondicionamento da madeira. Recortase, da decisão recorrida, por pertinente, o seguinte arrazoado: (...) O Regulamento do IPI (Decreto nº 7.212, de 2010) dispõe, em seu art. 3º, que produto industrializado é o resultante de qualquer operação nele definida como industrialização, mesmo que incompleta, parcial ou intermediária. Conforme artigo 4º do mencionado ato legal, industrialização é a operação que modifica a natureza, altera o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoa para consumo, sendo irrelevante, para esse enquadramento, o meio utilizado para a produção da mercadoria e a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados. (...) Segundo o inciso II do art. 4º do Ripi, a operação de beneficiamento é aquela que modifica, aperfeiçoa ou altera o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto. Situações relacionadas com a apresentada pela manifestante foram analisadas pela Coordenação do Sistema de Tributação, que se pronunciou por meio dos Pareceres Normativos CST nº 300/1970, 642/1971 e 436/1985, afirmando, em síntese, que o simples corte do material para redução de tamanho, sendo mantidas todas as características e formas originais, não se caracteriza como industrialização por beneficiamento. PN CST 300/70 “Corte de chapas de ferro, aço ou vidro, para simples redução de tamanho, em forma retangular ou quadrada, sem modificação da espessura. Não se caracteriza como beneficiamento.” PN CST 642/71 “Não é industrialização o corte de chapas de eucatex, sob diversos moldes, seguido de aplicação em revestimento interno de veículos (...). Isto, entretanto, se as chapas referidas forem Fl. 201DF CARF MF Processo nº 13830.720081/201017 Acórdão n.º 3401005.146 S3C4T1 Fl. 630 6 simplesmente cortadas, sem serem submetidas a qualquer processo que vise à sua transformação, beneficiamento ou aperfeiçoamento, de qualquer forma.” PN CST 436/85 “Não se inclui no conceito de beneficiamento, à luz da legislação do IPI, a simples redução de tamanho, por corte e/ou serragem de produto (folha, telha, placa, etc. de madeira, ferro, aço, plástico, vidro e outros) que mantenha todas as suas características originais, mesmo para atender a encomenda ou pedido dos adquirentes. (...) Eis que, na hipótese, estaria ocorrendo somente uma ação mecânica com a mera finalidade de reduzir o comprimento do produto” (...). Continuando na análise da suposta industrialização, pela manifestante, da madeira a ser posteriormente exportada, o relatório, bem como as fotos trazidas aos autos pela fiscalização, são claros no sentido de que os procedimentos realizados pela empresa limitamse a adequar a madeira recebida a tamanho, proteção e acondicionamento com vistas à remessa para o destinatário, inclusive no exterior. A argumentação trazida pela manifestante não foi suficiente para afastar a convicção manifestada na decisão da DRF de que os procedimentos eventualmente submetidos à madeira a ser exportada não se caracterizam como industrialização e, conseqüentemente, não faz ela jus ao crédito pretendido" (seleção e grifos nossos). 9. Adicionase, a este respeito, que a recorrente realizou consulta à Receita Federal, em 19/02/2008, acerca do crédito presumido de IPI, tratada no Processo nº 13830.000238/200870, na qual e declarou como exportadora de produtos adquiridos de terceiros, sem industrializálos. 10. Em que pese a ulterior alteração do contrato social da recorrente para passar a incluir em seu contrato social a atividade de industrialização, e em que pese, ainda, a afirmação de que se tratava de estabelecimento industrial de fato à época, recortase o seguinte trecho da consulta fiscal redigida pela contribuinte, especificamente a respeito de sua atuação empresarial: Fl. 202DF CARF MF Processo nº 13830.720081/201017 Acórdão n.º 3401005.146 S3C4T1 Fl. 631 7 11. Em igual sentido, a licença ambiental para corte, serragem e enfardamento de madeira foi feita apenas em 2008 e, recordese, concedida "(...) com base nas informações apresentadas pelo interessado" (g.n.), como recorda a própria contribuinte em sua manifestação de inconformidade e em seu recurso voluntário. 12. Assim, até 20/12/2008, data em que recebe a título provisório a licença em referência, simplesmente inexistem elementos que sustentem a alegação da contribuinte de que empreendia atividade de industrialização. Na verdade, até esta data, "(...) não apenas não estava autorizada a operar na industrialização da madeira, como nenhum outro elemento por ela trazido foi capaz de modificar este entendimento". 13. E, ainda que se admitisse a existência da atividade de industrialização, a inexistência de controle de estoques não permitiria segregar, entre os produtos adquiridos, aqueles que foram submetidos à industrialização, aqueles que foram exportados e aqueles simplesmente destinados ao mercado interno. Como bem aponta a decisão recorrida, a própria contribuinte informa que "(...) parte da madeira era enviada para secagem em estufas por terceiros". 14. Entendemos que somente as MP, PI e ME que tenham sofrido incidência do PIS e da Cofins poderiam ser incluídos no cálculo do benefício com o objetivo de ressarcimento das contribuições incidentes sobre tais materiais utilizados "no processo produtivo", i.e., aquele conjunto de ações do qual resulta a produção da empresa exportadora, o que implica a cumulação de dois requisitos inexoráveis à empresa: tratarse de produtora e exportadora de mercadorias nacionais. 15. Neste sentido, ademais, a decisão recorrida: Fl. 203DF CARF MF Processo nº 13830.720081/201017 Acórdão n.º 3401005.146 S3C4T1 Fl. 632 8 "Notese que são dois requisitos cumulativos para se alcançar o benefício: produzir e exportar. No presente caso, o que se tem, é que as mercadorias, adquiridas de terceiros e exportadas, não foram submetidas pela exportadora a qualquer processo de industrialização, razão pela qual não podem ser incluídas no montante das exportações utilizadas para o cálculo que determinará o percentual das aquisições que comporá a base de cálculo do benefício. (...) o artigo 1º da Lei nº 9.363/96 prevê que a empresa produtora e exportadora fará jus a crédito presumido do IPI como ressarcimento das contribuições para o PIS e Cofins, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem, para utilização no processo produtivo. Assim, entre os insumos não se incluem os produtos que, sem qualquer industrialização efetuada pelo adquirente, são revendidos no mercado interno ou são exportados para o exterior, porquanto não se conformam em matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem submetidos a qualquer processo de industrialização. Não havendo um controle sobre o estoque e sua aplicação, não se pode afirmar que os produtos adquiridos pela manifestante foram, de fato industrializados e destinados à exportação. E esta é mais uma razão que, ainda que se considerasse a industrialização caracterizada, seria fator impeditivo de reconhecimento do crédito pretendido. Mais uma vez deve ser destacado que, em se tratando de um benefício postulado pela manifestante, cabe a ela demonstrar inequivocamente a sua certeza e liquidez. Não sendo possível, não há como reconhecer o crédito." (seleção e grifos nossos). 16. Tal constatação decorre da leitura do art. 1º da Lei nº 9.363/1996: Lei nº 9.363/1996 Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs 7, de 7 de setembro de 1970; 8, de 3 de dezembro de 1970; e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. 17. Concluise, desta feita, que não restaram sequer minimamente comprovados, por parte da contribuinte recorrente, os fatos alegados constitutivos de seu direito, nos termos do quanto preceituado pelo art. 36 da Lei nº 9.784/1999. Fl. 204DF CARF MF Processo nº 13830.720081/201017 Acórdão n.º 3401005.146 S3C4T1 Fl. 633 9 18. Assim, com base nestes fundamentos, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário interposto, em virtude de carência probatória. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Fl. 205DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.723595/2016-57
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Aug 24 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 2002-000.031
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a unidade preparadora informe se os valores objeto dos presentes autos foram lançados e parcelados no processo indicado às fls. 12 e seguintes. Confirme ainda o total de parcelas, quantas já foram pagas, quantas ainda faltam pagar, relatando ainda demais detalhes que entender relevantes sobre a questão. A seguir, cientifique-se o contribuinte para, querendo, manifestar-se no prazo de 30 dias, e retornem-se os autos ao Carf para prosseguimento do feito.
(Assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(Assinado digitalmente)
Fábia Marcília Ferreira Campêlo - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni, Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: FABIA MARCILIA FERREIRA CAMPELO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a unidade preparadora informe se os valores objeto dos presentes autos foram lançados e parcelados no processo indicado às fls. 12 e seguintes. Confirme ainda o total de parcelas, quantas já foram pagas, quantas ainda faltam pagar, relatando ainda demais detalhes que entender relevantes sobre a questão. A seguir, cientifique se o contribuinte para, querendo, manifestarse no prazo de 30 dias1, e retornemse os autos ao Carf para prosseguimento do feito. (ASSINADO DIGITALMENTE) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (ASSINADO DIGITALMENTE) Fábia Marcília Ferreira Campêlo Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni, Virgílio Cansino Gil. 1 Art. 35, parágrafo único do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 15 16 .7 23 59 5/ 20 16 -5 7 Fl. 47DF CARF MF Processo nº 11516.723595/201657 Resolução nº 2002000.031 S2C0T2 Fl. 3 2 Relatório Lançamento Tratase de notificação de lançamento de IRPF2 nos seguintes valores (fl. 6): Rubrica Valor em reais Imposto 2.087,83 Multa 417,56 Juros 848,70 Total à época 3.354,09 As bases do lançamento foram: Natureza Valor Descrição dos fatos Compensação Indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte 3.052,78 A contribuinte é a única sócia da fonte pagadora Thiessen Indústria e Comércio, detentora de 100% do capital social. Do montante do IRRF retido de 6.058,92, houve o recolhimento apenas de 2.157,77, relativo ao IRRF dos empregados. O valor do IRRF não foi declarado em DCTF. De acordo com o Decreto 3.000/99, art. 723 são solidariamente responsáveis com o sujeito passivo os sócios/administradores, pelos créditos decorrentes do não recolhimento do imposto descontado na fonte (fl. 7). Pressupostos de admissibilidade da impugnação A impugnação preenche os pressupostos de admissibilidade no que tange à representação processual (fls. 2 e 3) e tempestividade, haja vista que a contribuinte tomou ciência do lançamento no dia 22/11/2016 (fl. 10) e protocolou sua peça no dia 06/12/2016 (fl. 2), dentro do prazo de 30 dias3 portanto. Impugnação Em sua impugnação (fl. 2), em síntese, a contribuinte alega que: quando a notificação de lançamento foi emitida em 14/11/2016, o imposto que fora retido pela pessoa jurídica já havia sido parcelado conforme processo 11516.722.908/16 50, recibo 00005347287 de 11/10/2016 Requer prioridade na análise da impugnação de acordo com o Art. 69A, I da Lei 9.784/1999. Documentos impugnação Após a impugnação constam os seguintes documentos: 2 Imposto de Renda Pessoa Física 3 Art. 15 do Decreto 70.235/72 Fl. 48DF CARF MF Processo nº 11516.723595/201657 Resolução nº 2002000.031 S2C0T2 Fl. 4 3 documento de identidade e CPF (fl. 3); lançamento (fl. 5 e ss); histórico de operações (fl. 11); recibo da confirmação da negociação do pedido de parcelamento (fl. 12); comunicado de deferimento de parcelamento (fl. 13); demonstrativo de consolidação para pagamento parcelado (fl. 14 e ss); Decisão de 1ª instância A DRJ4 julgou a impugnação improcedente (fl. 20 e ss). A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício:2013 COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. FALTA DE COMPROVAÇÃO DA RETENÇÃO E DO RECOLHIMENTO. Mantémse a glosa quando não restar comprovado nos autos que houve a efetiva retenção e recolhimento do IRRF compensado na declaração de ajuste de proprietário, sócio, administrador ou cônjuge de sócio da fonte pagadora em questão. A DRJ destaca que o lançamento teve origem no recolhimento apenas parcial do IRRF informado em Dirf pela empresa fonte pagadora, da qual a contribuinte é sócia/proprietária. Para o restante do valor não foi apresentado comprovante de recolhimento. No mais, em caso de inadimplência o parcelamento é automaticamente cancelado. Como no caso concreto não foram carreadas aos autos quaisquer provas de quitação dos débitos, a DRJ manteve o lançamento, em razão do vínculo direto e inexorável da contribuinte com a fonte pagadora e a ausência de provas quanto ao pagamento do parcelamento. Pressupostos de admissibilidade do recurso voluntário O recurso voluntário preenche os pressupostos de admissibilidade no que tange à representação processual (fls. 33 e 41) e tempestividade, haja vista que a contribuinte tomou ciência do acórdão de impugnação no dia 06/09/2017 (fl. 29) e protocolou sua peça no dia 02/10/2017 (fl. 32), dentro do prazo de 30 dias5 portanto. Recurso voluntário Em seu recurso voluntário (fls. 32 e ss), em síntese, a contribuinte alega que: no dia 11/10/2016 a empresa Thiesen solicitou e obteve o deferimento de parcelamento do IRRF; 4 Delegacia da Receita Federal de Julgamento 5 art. 33 do Decreto 70.235, de 6 de março de 1972. Fl. 49DF CARF MF Processo nº 11516.723595/201657 Resolução nº 2002000.031 S2C0T2 Fl. 5 4 em 22/11/2016 a contribuinte foi notificada a recolher o IRRF glosado por falta de recolhimento da empresa; o parcelamento só é deferido com o pagamento da primeira parcela; todas as parcelas até a última vencida em 31/08/2017 foram pagas rigorosamente em dia; não imaginou que o julgador não tivesse acesso ao sistema da Receita Federal que pudesse comprovar que os pagamentos estavam sendo efetuados; não tinha como anexar os comprovantes já que estava em julgamento; a contribuinte teve os valores retidos na fonte pela empresa e esta, neste momento já recolheu através do parcelamento o montante de 6.004,58, bem superior ao valor retido naquele ano de 3.673,59; apresenta recibo, deferimento e Darf que comprovam que o parcelamento foi solicitado antes da notificação de lançamento, motivo pelo qual não caberia mais a glosa; apresenta também todos os comprovantes de pagamentos DARFs como o parcelamento está rigorosamente em dia. Assim requer o acolhimento do recurso, a desconsideração da glosa, a restituição do valor de 964,95 corrigido e o cancelamento do débito fiscal. Documentos do recurso voluntário Após o recurso voluntário constam os seguintes documentos: recibo da confirmação da negociação do pedido de parcelamento (fl. 34); comunicado de deferimento do parcelamento (fl. 35). demonstrativo de consolidação para pagamento parcelado (fl.36 e ss); lista de Darfs (fl. 40); documento de identidade do contribuinte (fl. 41) Voto Conselheira Fábia Marcília Ferreira Campêlo Relatora Prioridade processual Em consulta ao sistema informatizado de processos, verifico que os presentes autos já estão previamente marcados como prioritários em razão do Estatuto do Idoso. Assim, considerando que o pedido da contribuinte já está antecipadamente atendido, não há o que analisar quanto a esta questão. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 11516.723595/201657 Resolução nº 2002000.031 S2C0T2 Fl. 6 5 Admissibilidade O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade no que tange à representação processual e tempestividade, conforme acima demonstrado, portanto dele conheço. Mérito A fiscalização identificou que, no anocalendário de 2012, a fonte pagadora Thiessen reteve 6.058,92 mas só recolheu 2.157,77 (fl. 7), restando portanto um saldo de 3.901,15 não recolhido. De acordo com o demonstrativo de fls. 14 e 15, os valores de IRRF parcelados pela empresa referentes a 2012 totalizaram exatamente esse valor. Pelos documentos que constam dos autos, o parcelamento alegado pela parte tem 23 parcelas (fl. 12), sendo que a primeira venceu em 11/10/2016 (fl. 40). Dessa forma, a última parcela vence em agosto de 2018, mês que vem. Diante disso, entendo que é necessário saber qual a situação atual deste parcelamento para que o processo possa ser julgado, motivo pelo qual fazse necessária a diligência. Conclusão Ante o exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que a unidade preparadora informe se os valores objeto dos presentes autos foram lançados e parcelados no processo indicado às fls. 12 e seguintes. Confirme ainda o total de parcelas, quantas já foram pagas e quantas ainda faltam pagar, relatando demais detalhes que entender relevantes sobre a questão. A seguir, cientifiquese o contribuinte para, querendo, manifestarse no prazo de 30 dias6, e retornemse os autos ao Carf para prosseguimento do feito. (Assinado digitalmente) Fábia Marcília Ferreira Campêlo 6 Art. 35, parágrafo único do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. Fl. 51DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10320.721286/2015-96
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2010 a 31/12/2010
CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. INSUMOS ORIGINÁRIOS DA ZFM. REQUISITOS OBRIGATÓRIOS.
A manutenção do crédito de que trata o art. 6º, § 1º, do DecretoLei nº 1.435/75 é aplicável desde que: a) o produto tenha sido elaborado com matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional; b) o produto tenha sido adquirido de estabelecimento industrial localizado na Amazônia Ocidental e cujo projeto (PPB) tenha sido aprovado pelo Conselho de administração da SUFRAMA; e c) o produto seja empregado pelo industrial adquirente como matéria prima, produto intermediário ou material de embalagem, na industrialização de produtos sujeitos ao IPI.
CRÉDITOS RELATIVOS ÀS AQUISIÇÕES DE INSUMOS ISENTOS. AMAZÔNIA OCIDENTAL. GLOSAS
O princípio da não cumulatividade do IPI é implementado pelo sistema de compensação do débito ocorrido na saída de produtos do estabelecimento do contribuinte com o crédito relativo ao imposto que fora cobrado na operação anterior referente à entrada de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem. Não havendo exação de IPI nas aquisições desses insumos, por serem eles isentos, não há valor algum a ser creditado.
Devem ser mantidas as glosas relativas aos produtos adquiridos pela contribuinte que não foram produzidos com matérias-primas agrícolas e extrativas vegetais regionais, nos termos do art. 6º do Decreto-Lei nº 1.435/75, mas com produtos industrializados.
Não há previsão legal para a apropriação de crédito pela contribuinte em relação ao produto adquirido com a isenção de que trata o art. 9º do Decreto-lei nº 288/1967.
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVA. TRÂNSITO EM JULGADO.FILIADOS DA ASSOCIAÇÃO AUTORA PERTENCENTE A OUTRA JURISDIÇÃO. EXTENSÃO DA COISA JULGADA PARA ALÉM DOS LIMITES TERRITORIAIS DO JUÍZO PROLATOR. IMPOSSIBILIDADE.
O art. 2º-A da Lei nº 9.494, de 1997, ao modificar o art. 16 da Lei nº 7.347, de 1985, trouxe a tempestiva limitação geográfica para o provimento judicial, estabelecendo sua força apenas no território do órgão prolator. O fato de o Mandado de Segurança Coletivo ter sido impetrado antes da referida mudança legislativa não tem o condão de mudar os limites territoriais da coisa julgada em sede desta demanda coletiva, isso porque a inovação legal é meramente declaratória, uma vez que os limites da decisão estão diretamente ligados à competência jurisdicional, que já era definida pela Constituição.
O MSC, por determinação constitucional, tem aplicação restrita aos atos de competência da autoridade impetrada, salvo expressa ressalva judicial em sentido contrário.
MULTA DE OFÍCIO. INEFICÁCIA NORMATIVA DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS. PREVISÃO EM LEI. EXIGÊNCIA.
É cabível a exigência de penalidade, nos casos em que não se discute o direito ao crédito de IPI oriundo de insumos isentos, pois a empresa possui decisão judicial sobre o assunto. Os valores objeto de discussão abrangem exclusivamente o aproveitamento indevido de créditos por erro na alíquota de cálculo, prescrita pelo art. 569 do RIPI/2010, com espeque no art. 80 da Lei 4.502/64, com redação dada pelo art. 13 da Lei 11.448, de 15/06/2007, assunto em relação ao qual inexiste jurisprudência administrativa.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULAS CARF NºS 04 E 05.
Não sendo o caso de depósito do montante integral, os juros de mora incidem sobre o crédito tributário não pago até o seu vencimento, nele incluso a multa de ofício. Aplica-se ao crédito tributário decorrente da multa de ofício o mesmo regime jurídico previsto para a cobrança e atualização monetária do crédito tributário decorrente do tributo.
Recurso de Oficio Negado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-005.292
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, em negar provimento ao Recurso Voluntário da seguinte forma: (a) por maioria de votos, quanto ao argumento de alteração do critério jurídico (item 4 do voto do Relator). Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado), que davam provimento neste ponto nos termos da Declaração de Voto lida em sessão pelo Conselheiro Diego Diniz Ribeiro. A Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, com base nos mesmos fundamentos trazidos na declaração de voto, votou pela anulação da decisão da DRJ; (b) pelo voto de qualidade (b.1) quanto a garantia do crédito pelo art. 95, III, do RIPI/2010 (item 5 do voto do Relator); (b.2) quanto ao Mandado de Segurança Coletivo (MSC) nº 91.0047783-4 (item 6 do voto do Relator); (b.3) quanto a dispensa multa de ofício com base no art. 76, II, "a" da Lei nº 4.502/64 (item 11 do voto do Relator); e (b.4) quanto a não incidência dos juros de mora sobre multa de ofício (item 12 do voto do Relator). Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) que davam provimento nestes pontos. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro apresentou declaração de voto quanto ao item (b.2), lida em sessão. Este foi a continuação do julgamento iniciado em abril de 2018 no qual acordaram os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz, Rodrigo Mineiro Fernandes e Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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MANUTENÇÃO. INSUMOS ORIGINÁRIOS DA ZFM. REQUISITOS OBRIGATÓRIOS. A manutenção do crédito de que trata o art. 6º, § 1º, do DecretoLei nº 1.435/75 é aplicável desde que: a) o produto tenha sido elaborado com matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional; b) o produto tenha sido adquirido de estabelecimento industrial localizado na Amazônia Ocidental e cujo projeto (PPB) tenha sido aprovado pelo Conselho de administração da SUFRAMA; e c) o produto seja empregado pelo industrial adquirente como matéria prima, produto intermediário ou material de embalagem, na industrialização de produtos sujeitos ao IPI. CRÉDITOS RELATIVOS ÀS AQUISIÇÕES DE INSUMOS ISENTOS. AMAZÔNIA OCIDENTAL. GLOSAS O princípio da não cumulatividade do IPI é implementado pelo sistema de compensação do débito ocorrido na saída de produtos do estabelecimento do contribuinte com o crédito relativo ao imposto que fora cobrado na operação anterior referente à entrada de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem. Não havendo exação de IPI nas aquisições desses insumos, por serem eles isentos, não há valor algum a ser creditado. Devem ser mantidas as glosas relativas aos produtos adquiridos pela contribuinte que não foram produzidos com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais regionais, nos termos do art. 6º do DecretoLei nº 1.435/75, mas com produtos industrializados. Não há previsão legal para a apropriação de crédito pela contribuinte em relação ao produto adquirido com a isenção de que trata o art. 9º do Decreto lei nº 288/1967. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 0. 72 12 86 /2 01 5- 96 Fl. 4695DF CARF MF 2 MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVA. TRÂNSITO EM JULGADO.FILIADOS DA ASSOCIAÇÃO AUTORA PERTENCENTE A OUTRA JURISDIÇÃO. EXTENSÃO DA COISA JULGADA PARA ALÉM DOS LIMITES TERRITORIAIS DO JUÍZO PROLATOR. IMPOSSIBILIDADE. O art. 2ºA da Lei nº 9.494, de 1997, ao modificar o art. 16 da Lei nº 7.347, de 1985, trouxe a tempestiva limitação geográfica para o provimento judicial, estabelecendo sua força apenas no território do órgão prolator. O fato de o Mandado de Segurança Coletivo ter sido impetrado antes da referida mudança legislativa não tem o condão de mudar os limites territoriais da coisa julgada em sede desta demanda coletiva, isso porque a inovação legal é meramente declaratória, uma vez que os limites da decisão estão diretamente ligados à competência jurisdicional, que já era definida pela Constituição. O MSC, por determinação constitucional, tem aplicação restrita aos atos de competência da autoridade impetrada, salvo expressa ressalva judicial em sentido contrário. MULTA DE OFÍCIO. INEFICÁCIA NORMATIVA DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS. PREVISÃO EM LEI. EXIGÊNCIA. É cabível a exigência de penalidade, nos casos em que não se discute o direito ao crédito de IPI oriundo de insumos isentos, pois a empresa possui decisão judicial sobre o assunto. Os valores objeto de discussão abrangem exclusivamente o aproveitamento indevido de créditos por erro na alíquota de cálculo, prescrita pelo art. 569 do RIPI/2010, com espeque no art. 80 da Lei 4.502/64, com redação dada pelo art. 13 da Lei 11.448, de 15/06/2007, assunto em relação ao qual inexiste jurisprudência administrativa. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULAS CARF NºS 04 E 05. Não sendo o caso de depósito do montante integral, os juros de mora incidem sobre o crédito tributário não pago até o seu vencimento, nele incluso a multa de ofício. Aplicase ao crédito tributário decorrente da multa de ofício o mesmo regime jurídico previsto para a cobrança e atualização monetária do crédito tributário decorrente do tributo. Recurso de Oficio Negado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, em negar provimento ao Recurso Voluntário da seguinte forma: (a) por maioria de votos, quanto ao argumento de alteração do critério jurídico (item 4 do voto do Relator). Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado), que davam provimento neste ponto nos termos da Declaração de Voto lida em sessão pelo Conselheiro Diego Diniz Ribeiro. A Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, com base nos mesmos fundamentos trazidos na declaração de voto, votou pela anulação da decisão da DRJ; (b) pelo voto de qualidade (b.1) quanto a garantia do crédito pelo art. 95, III, do RIPI/2010 (item 5 do voto do Relator); (b.2) quanto ao Mandado de Segurança Coletivo (MSC) nº 91.00477834 (item 6 do voto do Relator); (b.3) quanto a dispensa multa de ofício com base no art. 76, II, "a" da Lei nº 4.502/64 (item 11 do voto do Relator); e (b.4) quanto a não incidência dos juros de Fl. 4696DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.696 3 mora sobre multa de ofício (item 12 do voto do Relator). Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) que davam provimento nestes pontos. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro apresentou declaração de voto quanto ao item (b.2), lida em sessão. Este foi a continuação do julgamento iniciado em abril de 2018 no qual acordaram os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz, Rodrigo Mineiro Fernandes e Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado). Relatório Trata o presente processo de Auto de Infração (fls. 2/8), e seus anexos (fls. 9/27), lavrado contra a empresa COMPANHIA MARANHENSE DE REFRIGERANTES, para exigência do crédito tributário no montante de R$ 53.881.182,29, sendo R$ 24.765.043,26 de IPI, R$ 18.573.782,463 de Multa de Ofício (75%) e R$ 10.542.356,57 de Juros de Mora. Segundo a descrição dos fatos, a autuação decorreu da verificação de que a Recorrente deixou de apurar, lançar, escriturar e recolher valores de IPI como resultado da utilização de créditos indevidos (NCM 2106.90.10 oriundo da Zona Franca de Manaus), combinado com a redução imprópria do Imposto (IPI) nas vendas saídas de produtos próprios (NCM 2202.10.00). Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito (trechos considerados relevantes): "(...) Do documento intitulado “HISTÓRICO, DESCRIÇÃO DOS FATOS E FUNDAMENTAÇÃO NORMATIVA DA AÇÃO FISCAL E DA AUTUAÇÃO” [fls. 09/27], parte integrante e indissociável do auto de infração, se extrai, em síntese que: ó a análise indica irregular aproveitamento de parte dos créditos, atinentes aos produtos isentos código TIPI 2106.90.10 [extratos concentrados] adquiridos da Recofarma [situada na Zona Franca de Manaus], utilizados como insumos na linha de produção da CMR; ó o aproveitamento de tais créditos viola o princípio da não cumulatividade, haja vista que, inexistindo montante cobrado na Fl. 4697DF CARF MF 4 operação anterior não há o que ser compensado na etapa posterior, nos termos da CF, do CTN, do RIPI e da jurisprudência do STF; ó “extrapolar ao creditamento de valores de IPI na empresa adquirente sobre produtos ISENTOS da ZFM (...) seria indulgência na contramão do incentivo à mesma ZFM. Estimularia empresas a se instalar fora da ZFM para adquirir produtos lá fabricados, e assim fruir de crédito FICTO de IPI. Encorajarseia, a contrario senso, a expansão industrial exatamente fora dos limites da ZFM, e, paradoxalmente, às expensas da própria ZFM. Panorama de verdadeiro “Contra Incentivo” ou “Desincentivo” Fiscal, por assim dizer”. “Admitida a aplicação do que se demonstrou (...), resulta aviltada a CF, e abalada a finalidade que almejou o Constituinte para a área da ZFM no Art. 40 do ADCT”; ó a CMR adota “dois pesos e duas medidas” quando apura seu créditos e débitos do IPI, apurando os primeiros sob a sistemática “ad valoren” (que amplia seus créditos) e os últimos sob a sistemática de “tributação por quantidade” (minorando seus débitos); ó a apuração de débitos, pela CMR, a partir de Unidades de Medida, quantidades especificadas por cada produto, afronta a CF e o CTN, que a estabelecem com base no valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria, matéria sobre a qual ainda não se pronunciou o STF, no RE 602917 RG/RS, em sede de Repercussão Geral: (...). (...) Na seqüência partindose do RAIPI da EFD da CMR e do Detalhamento Mensal da Apuração [a seguir reproduzidos] e, pautandose pelas considerações retro mencionadas, cuidou o AFRFB autuante de identificar, por meio de planilhas, os créditos indevidos [originários das notas fiscais de saída dos Concentrados (NCM 2106.90.10) da Recofarma; Apurar os Créditos considerados Legítimos (denominados Créditos Efetivamente Atribuíveis); Apurar os Débitos pela Sistemática Ad Valorem (27% sobre o valor da operação); Apurar os Débitos Efetivamente Atribuíveis e, por fim, Reconstituir a Escrita Fiscal considerandose os Créditos e os Débitos apurados conforme entendimento da Autoridade Fiscal. Tudo isso conforme as planilhas a seguir reproduzidas: (...) Assim, foi lavrado o presente auto de infração para exigência dos valores atinentes à coluna SALDO DEVIDO A RECOLHER, tendo sido indeferidos os PERDCOMPs atinentes ao período fiscalizado. A ciência do auto de infração se deu por via postal, em 15/04/2015 [AR fls. 1883/1884]. Contra a exigência apresentou a autuada, em 13/05/2015, a IMPUGNAÇÃO de fls. 4211/4259, por intermédio da qual: Fl. 4698DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.697 5 ◙ relata que a autuação se deu no intuito de: (...). ◙ acrescenta que no Termo de Verificação Fiscal a Autoridade Fiscal concluiu que: (...) ◙ alega quanto aos fatos antes relatados, no que diz respeito ao crédito glosado, que: ● a Autoridade Fiscal “reconhece que os concentrados fabricados pela RECOFARMA estavam amparados pela isenção prevista no art. 95, III, do RIPI/10”, mas, a seu ver, “a IMPUGNANTE não poderia aproveitar o crédito de IPI relativo à aquisição dos concentrados isentos porque o princípio da não cumulatividade condicionaria o direito de crédito ao pagamento do imposto na etapa anterior”; ● havendo o reconhecimento de que os concentrados adquiridos fazem jus à isenção de que trata o art. 95, III, do RIPI/10, deveria ter sido reconhecido o direito ao respectivo crédito do IPI, uma vez que, nessa hipótese a legislação assegura expressamente tal direito ao adquirente, na forma do art. 237, do RIPI/10; ● o direito ao crédito, no caso presente, decorre de expressa disposição legal, estando o mesmo elencado no rol dos créditos incentivados e não dos créditos básicos [estes, sim, decorrentes do princípio da nãocumulatividade]; ● “em suma, a IMPUGNANTE faz jus ao crédito de IPI, visto que, como expressamente reconhecido pela AUTORIDADE, os concentrados adquiridos pela IMPUGNANTE estão amparados pela isenção de que trata o art. 95, III, do RIPI/10”. ● os concentrados adquiridos são beneficiados pelas isenções do art. 81, II do RIPI/2010 [cuja matriz legal é art. 9º do DL nº 288/67] e do art. 95, III, do RIPI/2010 [matriz legal: art. 6º do DL nº 1.435/75], por serem elaborados na Zona Franca de Manaus e, também, na segunda hipótese, com matériaprima agrícola por estabelecimento localizado na Amazônia Ocidental; ● ainda que superados os argumentos retro, o direito de crédito persistiria em face da coisa julgada no Mandado de Segurança Coletivo [MSC] nº 91.00477834, concedido de forma ampla e irrestrita, impetrado em defesa do direito constitucional comum aos associados da AFBCC [Associação Brasileira dos Fabricantes de Coca Cola no Brasil, da qual a autuada é integrante] ao crédito decorrente das aquisições do concentrado código TIPI 2106.90, com isenção, junto a fornecedor situado na Zona Franca de Manaus, utilizado como matériaprima na industrialização de refrigerantes, cuja saída se dá com tributação; Fl. 4699DF CARF MF 6 ● recentes decisões monocráticas transitadas em julgado proferidas no âmbito do STJ [RESP 1.117.887SP e 1.295.383 BA] garantiram a aplicação da coisa julgada formada no MSC 91.00477834 a associados da AFBCC localizados em qualquer ponto do território nacional, invocando como razão de decidir o acórdão proferido no Resp 1.243.887PR, julgado na sistemática de recursos repetitivos, no qual o STJ “decidiu que a limitação prevista no art. 2ºA da Lei nº 9.494, de 10.09.1997, introduzido pela MP nº 1.7981/99, somente é aplicável às ações coletivas ajuizadas após a sua entrada em vigor, ou seja, ajuizadas após 11.02.1999”; ● assim, da mesma forma que o STJ aplicou automaticamente o entendimento vinculatório do REsp 1.243.887PR a outras associadas da AFBCC situadas em Ribeirão Preto e São Paulo, também deve aplicálo a autoridade administrativa ao presente caso, nos termos do art. 62A do Regimento Interno do CARF; ● acrescenta que, caso superados os argumentos anteriores, e, considerando que o concentrado adquirido da Recofarma também é isento com base no art. 69, II, do RIPI/02 e no art. 81, II, do RIPI/2010 [base legal no art. 9º do DL 288/67], conforme indicado nas notas fiscais [DOC 13], continuaria tendo direito aos créditos do IPI relativos à aquisição de insumos isentos oriundos da Zona Franca de Manaus e utilizados na fabricação de produtos (refrigerantes) sujeitos ao IPI, uma vez que “se mantém firme o entendimento do STF, manifestado no RE nº 212.484RS, de que o adquirente tem direito ao crédito de IPI na aquisição de insumos de industrial situado na Zona Franca de Manaus”; ● menciona que a questão específica do creditamento decorrente da aquisição de insumos isentos provenientes da Zona Franca de Manaus está sendo tratada nos RE 566.819RS, 590.809RS e 592.891SP, e até o seu julgamento permanece hígido o entendimento do RE 212.484RS; ● pondera que, da mesma forma continua válida a decisão do CARF proferida no Acórdão CSRF nº 0202.357, de 24.07.2006, que seguiu o entendimento firmado no RE 212.484RS; ● manifesta, ainda, seu entendimento no sentido de que “com a edição do art. 11 da Lei nº 9.779/99, passou a existir o direito ao crédito do imposto, na medida em que a interpretação do referido dispositivo é no sentido de que a aquisição de qualquer matériaprima, produto intermediário e material de embalagem utilizados na industrialização dá direito ao crédito do respectivo imposto sem condicionar tal direito ao pagamento do IPI na operação anterior”; ● alega que as notas fiscais emitidas pela Recofarma indicam se tratarem os concentrados, de produtos amparados pela isenção prevista no art. 82, III, do RIPI/2002 e no art. 95, III, do RIPI/10, isenção esta que outorga ao adquirente o direito de crédito, na forma dos arts. 175 e 237 dos RIPI 2002 e 2010, respectivamente; e, argumenta, que se tratando de documentos idôneos e dotados de validade legal e fiscal (uma vez que Fl. 4700DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.698 7 atendem a todos os requisitos formais exigidos) garantem ao adquirente de boafé o direito de manutenção do crédito; ● cita o enunciado da Súmula nº 509, do STJ, no sentido de que “É lícito ao comerciante de boafé aproveitar os créditos de ICMS decorrentes de nota fiscal posteriormente declarada inidônea, quando demonstrada a veracidade da compra e venda” e ressalta que, consoante tal “jurisprudência o creditamento com base nos fundamentos de notas fiscais idôneas é ato lícito, pois não configura qualquer infração capaz de impedilo”; ◙ quanto ao modelo de tributação utilizado para apuração dos débitos na saída do produto industrializado [refrigerantes]: ● destaca que “a AUTORIDADE concluiu que a IMPUGNANTE não poderia ter calculado o IPI devido na saída dos seus produtos com base em alíquota ad rem (por quantidade), porque, na entrada dos insumos adquiridos da RECOFARMA, teria apurado crédito de IPI com base em alíquota ad valorem e, pois, teria utilizado "’dois pesos e duas medidas’"; ● pondera, a propósito, que “não há qualquer correlação ou obrigação de uniformidade entre os regimes utilizados por pessoas jurídicas diversas: a RECOFARMA e a IMPUGNANTE”; ● menciona que a Lei nº 11.727/2008 introduziu os arts 58A e seguintes na Lei nº 10.833/2009 [que instituiu o Regime Especial de Tributação de Bebidas Frias – REFRI], regulamentados pelo Decreto nº 6.707/2008, que estabelecem para o optante pelo regime especial [fato incontroverso nos autos relativamente à IMPUGNANTE] a sistemática de tributação ad rem (IPI apurado em função do valorbase, expresso em reais ou reais por litro, discriminado por tipo de produto e por marca comercial e definido a partir do preço de referência); veda o creditamento apenas nas hipóteses de pagamento do IPI em razão de responsabilidade tributária, portanto, a contrario sensu, em todas as demais hipóteses, inclusive a discutida nos autos, é permitido o creditamento; não há dispositivo que limite esse crédito aos casos em que a entrada do insumo também ocorre pela sistemática ad rem, devendo, portanto, ser preservado o direito de crédito do IPI independentemente do regime de tributação escolhido (geral: ad valorem ou especial: ad rem); ● citando o art. 28 do Decreto nº 6.707/2008 pondera que a opção pelo regime especial alcança todos os estabelecimentos da pessoa jurídica e abrange todos os produtos por ela fabricados, independentemente da forma de tributação utilizada pela empresa fornecedora dos insumos adquiridos utilizados no processo produtivo, sendo, portanto, ilegal a forma de cálculo implementada no auto de infração ao considerar a apuração do IPI mediante aplicação de alíquota ad valorem; Fl. 4701DF CARF MF 8 ● menciona que o concentrado adquirido da Recofarma classificase na posição 2106.90.10 – Ex 01, da TIPI, não estando, portanto, sujeita ao regime especial; ● conclui que está correta a forma de tributação utilizada seja na apuração dos créditos seja dos débitos, uma vez que “a IMPUGNANTE somente pode registrar o crédito de IPI decorrente da aquisição de insumos isentos da RECOFARMA com base na alíquota ad valorem, porque é o regime que a RECOFARMA está sujeita, bem como a IMPUGNANTE também está vinculada ao regime de alíquota ad rem na saída de seus produtos, uma vez que realizou tal opção, sendo, portanto, regimes totalmente independentes”; ● acrescenta, ainda em conclusão, que na hipótese de ser mantida a glosa dos créditos do IPI decorrentes das aquisições da Recofarma deve ser automaticamente cancelada a diferença de imposto apurada em razão da aplicação da alíquota ad valorem na saída de seus produtos, haja vista que, cairia por terra toda a argumentação do auto de que há dois sistemas incompatíveis, passando a existir somente um regime de saída, o ad rem (por quantidade); ◙ sobre o argumento da Autoridade Fiscal no sentido de que “a sistemática de tributação instituída pela Lei n° 7.789/89 seria inconstitucional, na medida em que teria alterado a base de cálculo do imposto por lei ordinária, o que violaria o art. 146 da CF/88” pondera que são “irrelevantes, porque toda lei é constitucional até que seja julgada inconstitucional, e, pois produz os seus regulares efeitos,estando a autoridade administrativa vinculada ao cumprimento da norma” e, acrescenta, que “a discussão sobre a constitucionalidade, ou não, da lei, como reconhecido pela própria AUTORIDADE, será decidida pelo STF na repercussão geral objeto do RE n° 602.917/RS e, não cabe, pois, tal discussão na esfera administrativa” e que “o CARF já editou a Súmula n° 02 que determina que ‘o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária’” ◙ alega a impossibilidade de exigência de multa sobre o débito do IPI apurado em razão da glosa dos créditos, nos termos do art. 76, II, a, da Lei nº 4.502/64, sob o argumento de que a jurisprudência administrativa vigente à época dos fatos geradores objeto da autuação [Acórdão CSRF nº 0202357, de 24/07/2006 e, Acórdão CARF nº 220200142, de 03/06/2009] “reconhecia o direito ao crédito do IPI relativo à aquisição de insumos isentos (com benefício da isenção subjetiva regional) utilizados na fabricação de produtos sujeitos ao IPI, em observância ao entendimento Plenário do STF”; ◙ menciona, também, a impossibilidade de exigência de multa, juros de mora e correção monetária sobre o débito do IPI apurado em razão do regime tributário da Impugnante [ad rem] adotado por previsão expressa em lei [art. 58A da Lei nº 10.833/2003], em face do disposto no art. 100, parágrafo único, do CTN, que “estabelece que a observância de atos normativos e práticas reiteradamente observadas pelas autoridades Fl. 4702DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.699 9 administrativas tem o condão de excluir a cobrança de multa, juros de mora e correção monetária”; ◙ da mesma forma pugna pela improcedência da exigência de juros sobre a multa de ofício exigida, citando, para embasar seu entendimento, o art. 16, parágrafo único, do DL 2323/87 (embora disponha que os juros de mora não incidem sobre o valor da multa de mora, é aplicável à multa de ofício, haja vista que ambas têm natureza punitiva nos termos do entendimento pacífico do STJ); o art. 61, da Lei nº 9.430/96 (que também não prevê a possibilidade de cobrança de juros na forma pretendida); e, ainda, acórdãos do CARF no sentido da sua tese; ◙ sobre a apuração relativa ao mês de outubro, alega: que por mero equívoco, ao transmitir eletronicamente o RAIPI constou zero nos campos de crédito e débito, mas que, nos livros fiscais registrou corretamente os referidos valores, que correspondem efetivamente às operações de entradas e saídas [DOC 18], neles constando créditos no total de R$ 2.072.792,79 (dos quais R$ 1.758.394,55 referemse a aquisições de concentrados da RECOFARMA, conforme notas fiscais respectivas, DOC 19); quanto ao débito, além da irregularidade na utilização da alíquota ad valorem, também equivocouse a Fiscalização na indicação da base de cálculo de R$ 29.916.769,14, uma vez que tal valor referese ao total registrado na ECD [DOC 20], que contempla débitos de todas as filiais; o valor correto da base de cálculo a ser considerado deveria ter sido R$ 6.022.846,78, conforme se verifica dos livros fiscais para os CFOP 5.401 e 6.401; o valor correto do saldo devedor apurado é R$ 313.076,65, com base na tributação ad rem (CFOP 5401/6401); conclui que “devem ser considerados os valores dos créditos e débitos apurados nos livros fiscais da IMPUGNANTE, em anexo, devendo ser desconsiderado o equívoco incorrido pela IMPUGNANTE ao transmitir o seu RAIPI, bem como o valor indicado pela AUTORIDADE como débito do período”; ◙ requer, ao final, seja cancelado o auto de infração e extinto o crédito tributário correspondente. Nestes termos, vieram os autos a esta DRJ para julgamento. Os argumentos aduzidos pelo sujeito passivo, no entanto, foram parcialmente acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2010 a 31/12/2010 INSUMOS ISENTOS ORIUNDOS DA ZONA FRANCA DE MANAUS. MANUTENÇÃO DO CRÉDITO. Fl. 4703DF CARF MF 10 IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. Somente são passíveis de aproveitamento na escrita fiscal os créditos do IPI concernentes a insumos onerados pela imposto na operação de aquisição. O princípio da não cumulatividade do IPI é implementado pelo sistema de compensação do débito ocorrido na saída de produtos tributados do estabelecimento contribuinte com o crédito relativo ao imposto cobrado nas operações anteriores, referentes às entradas oneradas de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem (MP, PI,e ME) a serem utilizados no processo industrial do adquirente. Não tendo havido IPI cobrado nessas operações anteriores de aquisição, porquanto isentas, não haverá valor algum a ser creditado pelo adquirente. CRÉDITOS. PRODUTOS ISENTOS ADQUIRIDOS DA AMAZÔNIA OCIDENTAL. ART. 6º DO DL 1.435/75 [Art. 82 II c/c Art. 175, DO RIPI/2002]. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITOS. GLOSA. PROCEDÊNCIA. São insuscetíveis de apropriação na escrita fiscal do adquirente os créditos concernentes a produtos isentos adquiridos para emprego no seu processo industrial, elaborados por estabelecimentos industriais localizados na Amazônia Ocidental cujos projetos tenham sido aprovados pelo Conselho de Administração da SUFRAMA, sem a utilização de matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais, exclusive as de origem pecuária, de produção regional. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. TRÂNSITO EM JULGADO. FILIADOS DA ASSOCIAÇÃO AUTORA PERTENCENTES A OUTRA JURISDIÇÃO. EXTENSÃO DA COISA JULGADA PARA ALÉM DOS LIMITES TERRITORIAIS DO JUÍZO PROLATOR. IMPOSSIBILIDADE. Em face da limitação territorial restrita à jurisdição do órgão prolator da coisa julgada em sede de demanda coletiva, imposta pelo art. 2ºA da Lei nº 9.494/97, incluído pela MP 2.18035/01, a decisão judicial tem efeitos apenas em relação aos associados domiciliados naquela jurisdição. O fato de o Mandado de Segurança Coletivo ter sido impetrado antes da referida mudança legislativa não tem o condão de mudar os limites territoriais da decisão, porque a inovação legal é meramente declaratória, haja vista que os limites da decisão estão diretamente ligados à competência jurisdicional, que já era definida pela Constituição. DÉBITOS INCIDENTES NA SAÍDA DE BEBIDAS FRIAS. OPÇÃO PELO REGIME ESPECIAL DE TRIBUTAÇÃO. FORMA DE APURAÇÃO. O IPI devido na saída de bebidas “frias” se dá, para os optantes pelo Regime Especial de Tributação de Bebidas Frias REFRI, mediante cálculo por alíquotas específicas expressas em reais ou Fl. 4704DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.700 11 reais por litro, conforme discriminado por tipo de produto e por marca comercial e definido a partir do preço de referência. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2010 a 31/12/2010 EFICÁCIA NORMATIVA DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS. INEXISTÊNCIA DE LEI. PENALIDADES E JUROS DE MORA. EXIGÊNCIA. Não há de se falar em aplicação do disposto no art. 76 da Lei nº 4.502/64 c/c o art. 100,II e parágrafo único, do CTN, para a exclusão de penalidades e juros de mora, pela inexistência de lei que atribua eficácia normativa às decisões administrativas em processos nos quais um terceiro não seja parte. Ainda mais se o entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais que foi seguido pelo contribuinte já não prevalece, sobretudo quando está em discussão no âmbito do Poder Judiciário e o próprio CARF já não mais o adota. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Regularmente notificado do julgado em 15/06/2016 (AR Correios à fl. 4.528), a Recorrente apresentou seu recurso voluntário em 13/07/2016 (fl. 4.530), reiterando os argumentos expendidos na Impugnação, resumidamente, com as seguinte razões: Fl. 4705DF CARF MF 12 Pelo todo exposto, solicita que seja dado provimento ao presente recurso voluntário para reformar a decisão recorrida e cancelar integralmente o auto de infração. A DRJ em Juiz de Fora (MG), por ter exonerado crédito superior ao limite de alçada, em conformidade com o disposto no art. 34 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, combinado com estabelecido na e Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008, de ofício recorreu da referida decisão. O presente processo foi pautado para julgamento do dia 25/07/2017, quando a Recorrente informou que protocolou em 18/07/2017, a PETIÇÃO de fls. 4.646/4.651 (arquivos não pagináveis), informando da existência de fato novo que poderia alterar o resultado do julgamento do presente processo. Diante destas circunstâncias, para evitar qualquer prejuízo ao contraditório e à ampla defesa no presente processo, o processo foi retirado de pauta para ser aberto prazo de 30 (trinta) dias para que a Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) se manifestasse sobre os fatos novos. A PGFN, protocolou a Petição de fls. 6.655/4.660, concluindo, em resumo, que a Recorrente não trouxe aos autos qualquer fato novo que pudesse, legitimamente, influenciar o julgamento da demanda, a União Federal (Fazenda Nacional) requerendo que o processo seja reincluído em pauta para imediato julgamento. Em 17/04/2018, já com o processo em pauta para julgamento, a Recorrente apresentou uma Petição adicional ao Recurso (fls. 4.673/4.688), juntando documentos (arquivos não pagináveis), informando que, "(...) Pela leitura do Relatório Fiscal, constatase que foi negado o direito ao crédito de IPI quanto à isenção do art. 9° do DL nº 288/67, sob o motivo de que a norma isentiva prevista no referido dispositivo não outorgaria crédito ao adquirente, em razão do princípio da nãocumulatividade do IPI". Elabora a transcrição de trechos do respectivo Relatório Fiscal (docs. fls. 4.671/4.694). Ressalta que em sua Impugnação informou que há coisa julgada formada no Mandado de Segurança Coletivo (MSC) n° 91.00477834, que assegurou à Recorrente o direito ao crédito de IPI decorrente da aquisição de insumos isentos oriundos da Zona Franca de Manaus referente à isenção do art. 9° do DL nº 288/67. Que a decisão da DRJ/JFA, deixou de aplicar a coisa julgada coletiva formada no MSC n° 91.00477834, sob o fundamento de que não seria aplicável ao presente caso, porque teria sido impetrado apenas contra o Delegado da Receita Federal do Brasil no Rio de Janeiro e somente produziria efeitos no âmbito do órgão prolator da decisão, nos termos do que foi decidido na Reclamação (Rcl) nº 7.778. No entanto, alega que há fato superveniente e recente que tornou incontroversa a aplicação da referida coisa julgada coletiva à Recorrente e, pois, esta deve ser observada pelo Colegiado. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator. 1) Admissibilidade dos Recursos Fl. 4706DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.701 13 O recurso voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. O recurso de ofício trata de matéria da competência deste Colegiado e foi interposto na forma da legislação de regência, logo, também deve ser conhecido. 2) Da apreciação do Recurso de Ofício O Recurso de Ofício foi interposto em razão do contido no art. 34, I, do Decreto nº 70.235/1972, com a alteração da Lei nº 9.532/1997, em razão de o crédito exonerado ser superior ao limite de alçada fixado no art. 1º da Portaria do MF nº 3/2008, alterada pela Portaria MF nº 63, de 09/02/2017. Conforme extrato elaborado pela DRJ em sua conclusão à fl. 4.523, o valor do crédito tributário lançado neste processo foi de R$ 24.765.043,26; o valor mantido é de R$ 8.318.730,89 e o valor exonerado foi de R$ 16.446.312,37. A matéria objeto do recurso de ofício diz respeito à exoneração da parcela do crédito tributário lançado atinente a Apuração dos Débitos do IPI, que segundo constatou a Fiscalização, a Recorrente adotou a tributação por quantidade para apurar o IPI na saída de seus produtos, situação que entendeu irregular, "(...) haja vista que, ao apurar seus créditos o fez com base em alíquota ad valorem, valendose pois de “dois pesos e duas medidas”. O Fisco entendeu que, da mesma forma que na apuração dos créditos, caberia a apuração dos débitos utilizandose a sistemática ad valorem, mediante aplicação da alíquota de 27% sobre o valor das operações de saída. Vejase trecho do Relatório Fiscal: "(...) Dos dados neles expostos aquilatase o grau importante de amplificação dos valores obtidos com a tributação 'Ad Valorem'. Objetivamente o faz a CMR na apuração do IPI na Entrada e na Saída é: ( i) Na Entrada usa tributação 'Ad Valorem', que gera mais créditos que na outra hipótese, mas, ( ii) Na Saída aplica a forma Por Quantidade, que gera menos débitos que na hipótese alternativa". "(...) Como visto (Fundamentação Normativa), as aquisições da CMR à Recofarma não lhe podem servir ao aproveitamento de Créditos. No Quadro infra tabulamse as Notas Fiscais de Saída (em anexo) que a Recofarma emitiu ao fornecer Concentrados (NCM 2106.90.10) à CMR. "(...) O RAIPI deve, então, ser ajustado, como demonstra o Quadro abaixo, substituindo Débitos pelas Saídas, oriundos de Alíquotas Por Quantidade, por Débitos de Alíquota 'Ad Valorem'". Por outro lado a Recorrente argumenta que não há qualquer correlação ou obrigação de uniformidade entre os regimes utilizados por pessoas jurídicas diversas: a RECOFARMA e a Recorrente, uma vez que a Lei nº 11.727/2008, introduziu os arts. 58A e seguintes na Lei nº 10.833/2003, que instituiu o Regime Especial de Tributação de Bebidas Frias (REFRI), regulamentado pelo Decreto nº 6.707/2008, que estabelece para o optante pelo Fl. 4707DF CARF MF 14 regime especial (fato incontroverso nos autos relativamente à Recorrente) a sistemática de tributação ad rem (IPI apurado em função do valorbase, expresso em reais ou reais por litro, discriminado por tipo de produto e por marca comercial e definido a partir do preço de referência); veda o creditamento apenas nas hipóteses de pagamento do IPI em razão de responsabilidade tributária, portanto, a contrario sensu, em todas as demais hipóteses, inclusive a discutida nos autos, é permitido o creditamento; não há dispositivo que limite esse crédito aos casos em que a entrada do insumo também ocorre pela sistemática ad rem, devendo, portanto, ser preservado o direito de crédito do IPI independentemente do regime de tributação escolhido (geral: ad valorem ou especial: ad rem); Reitera que, segundo o art. 28 do Decreto nº 6.707/2008 a opção pelo regime especial alcança todos os estabelecimentos da pessoa jurídica e abrange todos os produtos por ela fabricados . Dentro deste contexto, entendo correta o entendimento exposto na decisão de piso, que deve ser restabelecido o regime de apuração adotado pela Recorrente. Para tanto, subscrevo as considerações tecidas na referida decisão recorrida, adotandoas como razão de decidir, forte no § 1º do art. 50 da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, passando as mesmas a fazer parte integrante desse voto: "(...) Com as alterações da Lei nº 10.833/2003 promovidas pelas Leis nº 11.727/2008 e 11.827/2008 [conversão da MP 436/2008] e, as bebidas “frias” [códigos 21.06.90.10 Ex 02, 22.01, 22.02 exceto os Ex 01 e Ex 02 do código 22.02.90.00, e, 22.03, da TIPI] passaram a ser tributadas de duas formas, conforme a escolha do sujeito passivo: a) se houver opção pelo regime especial de tributação, o IPI será calculado por alíquotas específicas expressas em reais ou reais por litro, conforme discriminado por tipo de produto e por marca comercial e definido a partir do preço de referência; b) se não houver tal opção, o IPI será calculado a partir das alíquotas “ad valorem” previstas na TIPI. O regime de apuração do IPI das bebidas não prejudica o direito ao crédito do imposto, observadas as normas gerais do RIPI. Ante o exposto e considerandose ser fato incontroverso que a CMR é optante pelo Regime Especial de Tributação de Bebidas Frias– o REFRI desde 01/01/2009 [conforme consta da linha 290 da tela de consulta anexada à fls. 1872 dos autos, não encontra respaldo legal a sistemática de apuração do IPI adotada pelo AFRFB autuante, pautada na aplicação da alíquota “ad valorem” de 27% sobre o valor da operação na saída". Posto isto, devese, portanto, ser restabelecido o regime de apuração adotado pela Recorrente, uma vez que pautado em normas vigentes à época da ocorrência dos fatos e até a presente data, resultando no restabelecimento dos valores dos débitos apurados pelo sujeito passivo nas saídas do estabelecimento industrial. Portanto, voto para negar provimento ao Recurso de Ofício. 3) Da apreciação do Recurso Voluntário (Auto de Infração) e Petição adicional Decorre a autuação que a Recorrente deixou de apurar, lançar, escriturar e recolher valores de IPI em resultado da utilização de créditos indevidos (produto NCM 2106.90.10 oriundo da Zona Franca de Manaus), combinada com a redução imprópria do Fl. 4708DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.702 15 Imposto (IPI) nas vendas saídas de produtos próprios (NCM 2202.10.00). Os valores foram apurados face Diligência Fiscal elaborado para verificação de Pedido de Ressarcimento de IPI (Processo nº 10.320721.450/201484) que reúne os seguintes PER/DCOMP's: 10212.14974.251111.1.1.019026, 11514.70233.220211.1.1.013182 e 40714.46851.310811.1.1.016168, adstritos aos três trimestres finais de 2010. Com isto, a fiscalização glosou os créditos de IPI, que foram aproveitados pela RECORRENTE no período de abril de 2010 a dezembro de 2010, relativos à aquisição do produto denominado de "concentrado", oriundos da Zona Franca de Manaus (ZFM), insumo este que é utilizados na fabricação de refrigerantes sujeitos ao IPI, e exigir o imposto que deixara de ser recolhido em razão desse aproveitamento. Exigiu também diferenças de imposto referentes ao mês de outubro de 2010, em razão de equívocos apurados na transmissão dos documentos fiscais. 4) Do alegado alteração do critério jurídico pela decisão recorrida Em seu Recurso Voluntário (à fls. 4.533, tópico 2 Dos fatos), a Recorrente informa que a Delegacia da Receita Federal do Brasil em São Luis (MA) lavrou o presente AUTO para: "(...) (i) glosar os créditos de IPI, aproveitados pela RECORRENTE no período de abril de 2010 a dezembro de2010, relativos à aquisição de concentrados isentos,oriundos da Zona Franca de Manaus e elaborados com base em matériaprima agrícola adquirida de produtor situado na Amazônia Ocidental, utilizados na fabricação de refrigerantes sujeitos ao IPI, e exigir o imposto que supostamente deixara de ser recolhido em razão desse aproveitamento; (ii) exigir diferenças de débitos de IPI em razão de a RECORRENTE ter utilizado, na saída dos refrigerantes, alíquota ad rem e não a alíquota ad valorem; e (iii) exigir diferenças de imposto referentes ao mês de outubro de 2010, em razão de supostos equívocos na transmissão dos documentos fiscais". E prossegue em seu recurso afirmando que a decisão reconhece que os "concentrados" mencionados, são beneficiados por duas isenções, constantes das respectivas notas fiscais (fl. 4.535): (i) do art. 69, II, do Decreto n° 4.544, de 26.12.2002 (RIPI/02) e art. 81, II, do RIPI/10, que têm base legal no art. 9º do DL n° 288, de 28.02.1967, por serem produzidos na Zona Franca de Manaus; e (ii) do art. 82, III, do RIPI/02 e do art. 95, III, do RIPI/10, que têm base legal no art. 6º do DL n° 1.435/75, pois, além de serem produzidos na Zona Franca de Manaus, são também elaborados com base em matériaprima agrícola adquirida de produtor situado na Amazônia Ocidental e utilizados na fabricação de refrigerantes sujeitos ao IPI. Com base nisso, argumenta que a decisão de piso, inovou na fundamentação jurídica do Auto de Infração, porque entendeu que não teriam sido cumpridos os requisitos do Fl. 4709DF CARF MF 16 art. 95, III, do RIPI/2010, isenção essa não questionada nos autos. Dessa forma, o lançamento deve ser cancelado, porque a DECISÃO inovou a sua fundamentação jurídica, afastando a isenção não questionada, autônoma e suficiente, por si só, para o reconhecimento do direito ao crédito de IPI aproveitado pela Recorrente, qual seja, o art. 95, III, do RIPI/10, que tem base legal no art. 6º do DL n° 1.435/75. Entendo que não assiste razão à Recorrente. Explico: Primeiramente, porque não está correto o argumento da Recorrente no sentido de que o Fisco teria reconhecido que os concentrados fabricados pela RECOFARMA estavam amparados pela isenção prevista no art. 95, III, do RIPI/10 e, sendo assim, deveria ter reconhecido o direito ao respectivo crédito do IPI, haja vista que nessa hipótese a legislação (regulamentada no art. 237 do RIPI/2010), assegura expressamente tal direito ao adquirente do produto isento, por se tratar de crédito incentivado. No respectivo Auto de Infração, verificase no "enquadramento legal" (fl. 4), dentre outros, o enquadramento no Decreto 7.210/2010, infração ao art. 95, III; art. 190, II; art. 225 e art. 415, II). No mesmo sentido, pode ser constatado no Relatório Fiscal denominado de HISTÓRICO, DESCRIÇÃO DOS FATOS E FUNDAMENTAÇÃO NORMATIVA DA AÇÃO FISCAL E DA AUTUAÇÃO, às fl. 9/26: Vejase: (Grifei) "(...) A análise indica irregular aproveitamento de parte dos Créditos que invoca a CMR: aqueles levantados sobre o valor de produtos ISENTOS adquiridos da Recofarma (empresa da Zona Franca de Manaus/ZFM), insumos da linha de produção da CMR. Diz o infra Art. 95, III, Decreto 7.212/10, que esses produtos são ISENTOS, e, por sua venda, a Recofarma não sofre débito do IPI que seria devido à luz da TIPI" : “Art. 95. São isentos do imposto: (...) III os produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos industriais localizados na Amazônia Ocidental, cujos projetos tenham sido aprovados pelo Conselho de Administração da SUFRAMA, excetuados o fumo do Capítulo 24 e as bebidas alcoólicas, das Posições 22.03 a 22.06, dos Códigos 2208.20.00 a 2208.70.00 e 2208.90.00 (exceto o Ex 01) da TIPI.” Neste sentido, as Notas Fiscais da Recofarma não destacam IPI, e anotam, como reza o Decreto 7.212/10 (Art. 415, II, infra), que os produtos nelas contemplados são ISENTOS. Inobstante, ditas Notas sofreram registros manuscritos no campo reservado ao valor do IPI. (...)". Consta do seu Recurso Voluntário, tópico 3.1 (fl. 4.335), onde a Recorrente afirma que os concentrados adquiridos são beneficiados pelas isenções do art. 81, II do RIPI/2010 (cuja matriz legal é art. 9º do DL nº 288/67) e do art. 95, III, do RIPI/2010 (matriz legal: art. 6º do DL nº 1.435/75), por serem elaborados na Zona Franca de Manaus e, também, na segunda hipótese, com matériaprima agrícola por estabelecimento localizado na Amazônia Ocidental. Já a decisão recorrida, desta forma tratou a questão das notas fiscais de saída do concentrado emitidas pela fornecedora Recofarma: Fl. 4710DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.703 17 "(...) Notese que a própria Impugnante no item 4.2 da peça de defesa atesta que os concentrados por ela adquiridos “são beneficiados por duas isenções”: (...) Da mesma forma, as notas fiscais de saída do concentrado emitidas pela fornecedora Recofarma (fls. 4136/4181 de 04 a 08/2010 e 1698/1773 de 09 a 12/2010), indicam ambas hipóteses de isenção, quais sejam, art. 69,II e 82,III, do RIPI/2002 e, 81,II e 95,III, do RIPI/2010. Desse modo, ao apontar como fundamento para o indeferimento do crédito relativo a tais aquisições o princípio da nãocumulatividade, notase que a Autoridade Fiscal elegeu a hipótese de isenção de que tratam os artigos 69,II e 81,II, dos RIPI’s 2002 e 2010, respectivamente, cuja matriz legal é o art. 9º do DL 288/67. Notese que, nesta hipótese de saída com isenção não há previsão legal de geração de crédito do IPI, como se devido fosse, para o industrial adquirente do produto que o utilize como insumo no processo produtivo. No entanto, como em sua defesa a autuada alega tratarse da hipótese de isenção de que cuidam os artigos 82, III e 95, III, dos RIPI’s 2002 e 2010, respectivamente, cuja matriz legal é o art. 6º do DL nº 1.435/75, a presente análise, no que diz respeito ao crédito, se dará sob os dois enfoques. (Grifei) Portanto, não há que se falar que houve inovação na fundamentação jurídica do Auto de Infração por parte da decisão a quo, porque a DRJ entendeu que não teriam sido cumpridos os requisitos do art. 95, III, do RIPI/2010, isenção essa questionada tanto pelo Fisco no Auto de Infração, como também pela Recorrente quando de sua Impugnação, conforme pode ser verificado no item 4.2, à fl. 4.216. E, foi por esse motivo que a DRJ analisou o recurso sob os dois enfoques (dos artigos 82, III e 95, III, dos RIPI’s 2002 e 2010). Portanto, afasto a alegação de que houve alteração do critério jurídico adotada pela decisão recorrida. 5) Do alegado benefício previsto no art. 95, III, do RIPI/2010 Com relação à isenção de que trata o art. 9º do Decretolei nº 288/1967, não há previsão legal para o aproveitamento do crédito em relação ao produto adquirido com tal isenção, como bem esclareceu a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, no Voto Condutor do Acórdão nº 3402002.933, de 24/02/2016 (4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária), que, nestes termos difiniu: "(...) A legislação do IPI traz duas situações distintas sobre o direito ao crédito de IPI relativo a produtos da região amazônica, quais sejam: (i) o artigo 9º do Decreto lei n. 288/67, regulado pelo artigo 69, incisos I e II do RIPI/2002, que concede a isenção porém não traz previsão expressa para o aproveitamento do crédito presumido; (ii) o artigo 6º do Decreto n. 1.435/75, regulado pelo artigo 82, inciso III do RIPI/2002, o qual expressamente estabelece o direito ao aproveitamento do crédito de IPI “calculado como se devido fosse” (sob condição de cumprimento de seus requisitos, como discutido no tópico acima). (...)". Fl. 4711DF CARF MF 18 Pois bem. Quanto ao direito ao crédito de que trata o art. 6°, § 1°, do Decreto lei n° 1.435, de 1975. Entendo que a Recorrente não tem direito ao crédito isento por força da disposição expressa do dispositivo acima. Por outro giro, aduz a Recorrente que teria direito ao crédito de IPI decorrente da aquisição dos "concentrados" isentos fabricados pela RECOFARMA, pelas seguintes razões: a) a SUFRAMA tem competência exclusiva para aprovar o projeto industrial de fabricação do concentrado para fruição do beneficio do art. 6º do DL n° 1.435/75 e assim fez ao editar a Resolução do CAS n° 298/2007 e, pois, o Fisco não tem competência para invalidar tal beneficio; b) a Resolução do CAS n° 298/2007, acima mencionada, é ato administrativo que tem presunção de legalidade, legitimidade e veracidade, que somente pode ser revogado após o devido processo legal; c) a interpretação da SUFRAMA quanto ao alcance do art. 6o do DL n° 1.435/75 é lógica e coadunase com o próprio significado do termo "matériaprima" constante do § Iº do art. 6º do DL n° 1.435/75, que compreende no seu conceito "produto industrializado com matériaprima agrícola regional"; e d)o CARF não tem competência para declarar a ilegalidade de ato infralegal da SUFRAMA". Alega em seu recurso que ela tem o direito ao crédito relativo à aquisição de insumos isentos ("concentrado", para bebidas não alcoólicas da empresa RECOFARMA), que seriam elaborados com base em matériasprimas agrícolas de produtor situado na Amazônia Ocidental, e estariam isentos do IPI, conforme fundamentação no art. 95, III, Decreto nº 7.212/10 (RIPI/2010), sob o entendimento de que, "(...) é inquestionável que os concentrados produzidos pela RECOFARMA e adquiridos pela RECORRENTE foram expressa e especificamente contemplados com o beneficio do art. 6º do DL n° 1.435/75 e, pois, geram direito ao crédito de IPI, visto que não é razoável, em um Estado Democrático de Direito de um lado, (i) admitir que o contribuinte beneficiário de isenção onerosa (que exige e exigiu contrapartida), outorgada por órgão competente por lei, no caso a SUFRAMA, realize, traga investimentos para o desenvolvimento da Zona Franca de Manaus e da Amazônia Ocidental e cumpra o respectivo PPB; (ii) de outro lado, aceitar que aquele mesmo contribuinte seja, posteriormente, surpreendido com entendimento ulterior de outro órgão público, integrante da mesma Administração Pública Federal, no caso a RFB, no sentido da não concessão de tal beneficio oneroso, de forma retroativa, sem o devido processo legal, contrariando ato administrativo que tem presunção de legalidade, legitimidade e veracidade; e (iii) por fim, que esse desentendimento entre Órgãos Públicos atinja terceiros de boafé naquela relação jurídica, os quais acabam por arcar com um custo exorbitante decorrente da glosa do crédito de IPI, o que caracteriza nítido desrespeito aos princípios da segurança jurídica e da confiança legitima aos atos administrativos. Pois bem. Com efeito, o art. 6º, §§ 1º e 2º, do Decreto Lei n° 1.435, de 1975 e art. 237 do RIPI/2010, determinam que os produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, por estabelecimentos localizados na Amazônia Ocidental, cujos projetos tenham sido aprovados pela SUFRAMA, são isentos de IPI para o respectivo fabricante e geram crédito de IPI para o adquirente. Vejase: "Art 6o Ficam isentos do Imposto sobre Produtos Industrializados os produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção Fl. 4712DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.704 19 regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos localizados na área definida pelo § 4o do art. 1º do Decretolei n° 291, de 28 de fevereiro de 1967. § 1º. Os produtos a que se refere o "caput" deste artigo gerarão crédito do Imposto sobre Produtos Industrializados, calculado como se devido fosse, sempre que empregados como matériasprimas, produtos intermediários ou materiais de embalagem, na industrialização, em qualquer ponto do território nacional, de produtos efetivamente sujeitos ao pagamento do referido imposto. § 2o Os incentivos fiscais previstos neste artigo aplicamse, exclusivamente, aos produtos elaborados por estabelecimentos industriais cujos projetos tenham sido aprovados pela SUFRAMA" (Grifouse). Art. 237. Os estabelecimentos industriais poderão creditarse do valor do imposto calculado, como se devido fosse, sobre os produtos adquiridos com a isenção doinciso III do art. 95, desde que para emprego como matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, na industrialização de produtos sujeitos ao imposto(DecretoLei nº 1.435, de 1975, art. 6º, § 1º). Da leitura dos dispositivos normativos acima, são vislumbradas duas condições cumulativas para a isenção do produto industrializado na Zona Franca de Manaus, adquirido e utilizado como insumo em produtos onerados pelo imposto (IPI) em processo industrial em qualquer ponto do território nacional: (i) a utilização de matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos localizados na Amazônia Ocidental (área definida pelo § 4° do art. 1° do Decreto lei n° 291, de 1967 ) e, (ii) a aprovação pelo Conselho de Administração da SUFRAMA (CAS), de projetos da empresa produtora do insumo passível de isenção nas vendas para o território nacional. Verificase, também, que o benefício isencional sob análise, é devido a estabelecimentos industriais localizados na Amazônia Ocidental (§ 4° do art. 1° do Decretolei n° 291, de 28 de fevereiro de 1967). Não se trata de isenção subjetiva e sim de um benefício regional visando o desenvolvimento urbano da região Norte do território nacional, concessão fiscal esta em consonância com o parágrafo único do artigo 176 do Código Tributário Nacional (CTN), assim redigido: Art. 176. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em condições a ela peculiares. Assim, ao se examinar o caput do artigo 6° do Decretolei n° 1.435/75, não deixa qualquer dúvida que estamos frente a uma isenção objetiva, uma isenção em virtude da coisa, em razão do produto, quando estatui, expressamente, que estão isentos "os produtos elaborados com matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária". Neste contexto, vejamos o que preceitua o Regulamento do IPI RIPI/2010, em seu art. 95, III. “Art. 95. São isentos do imposto: I (...) III os produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos Fl. 4713DF CARF MF 20 industriais localizados na Amazônia Ocidental, cujos projetos tenham sido aprovados pelo Conselho de Administração da SUFRAMA, excetuados o fumo do Capítulo 24 e as bebidas alcoólicas, das Posições 22.03 a 22.06, dos Códigos 2208.20.00 a 2208.70.00 e 2208.90.00 (exceto o Ex 01) da TIPI (DecretoLei nº 1.435, de 1975, art. 6º, e DecretoLei no1.593, de 1977, art. 34). No caso, a controvérsia gira em torno da interpretação da Lei, mais especificamente, quanto à abrangência do vocábulo "regional", contido no art. 6º, do Decreto Lei nº 1.435/75. Repisase que é certo que o objetivo do Decreto Lei nº 1.435/75, foi o de fomentar a expansão econômica da região com menor desenvolvimento econômico do país e de propiciar a ocupação dessa região, ou seja: "medidas de estímulo ao desenvolvimento da agropecuária e da agroindústria, voltadas para o abastecimento local e para a utilização de matériasprimas regionais". Ressaltase que a defesa entende que esse vocábulo "regional" tem o significado e interpretação que já teria sido chancelada pela própria SUFRAMA. Neste sentido, a Recorrente acosta aos autos a Resolução SUFRAMA n° 298, de 11.12.2007 e o Parecer Técnico de projeto n° 224/2007SPR/CGPRI/COAPI (atos administrativos citados pela Recorrente em seu recurso), que reconheceu ao fornecedor (processo produtivo da RECOFARMA), do concentrado para bebidas não alcoólicas, o direito à isenção do art. 6º do Decreto Lei nº 1.435/75, condicionado a uma série de requisitos, entre os quais, "a utilização de matéria prima regional na fabricação do produto, no mínimo conforme termos do projeto aprovado." Com a edição da Resolução CAS n° 298, de 2007, baixada com base no Parecer Técnico de Projeto n° 224/2007, houve aprovação de projeto nos termos do art. 95, III, do RIPI/2010, para o creditamento do imposto como se devido fosse. No entender da Recorrente o referido Parecer Técnico n° 224/2007, parte integrante da Resolução do CAS n° 298/2007, a SUFRAMA, era suficiente e bastante para a aprovação do projeto para fruição do beneficio do art. 6º do DL n° 1.435/75, a utilização de açúcar e/ou álcool e/ou extrato de guaraná e/ou corante de caramelo na produção do concentrado produzidos a partir de cana de açúcar e de semente de guaraná, adquiridas de produtores localizados na Amazônia Ocidental. Como informado pela Recorrente, é cediço que o Decreto Lei n° 1.435, de 1975, regulamentado pelo Decreto n° 7.139/2010 (art. 4º, I, c), outorgou à SUFRAMA a competência exclusiva para aprovar os projetos de empresas (PPB), que objetivem usufruir dos benefícios fiscais previstos no art. 6° do DL n° 1.435/1975, bem como para estabelecer normas, exigências, limitações e condições para aprovação dos referidos projetos, consoante o art. 176 do CTN. Decreto n° 7.139/2010, Anexo I: "Art. 4º Ao Conselho de Administração da SUFRAMA compete: I aprovar: (...) c) os projetos de empresas que objetivem usufruir dos benefícios fiscais previstos no art. 1º e no art. 9º do DecretoLei n° 288, de 1967, e no art. 6° do DecretoLei n° 1.435, de 16 de dezembro de 1975, e estabelecer normas, exigências, limitações e condições para aprovação, fiscalização e acompanhamento dos referidos projetos; e (...)" Fl. 4714DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.705 21 Resolução do CAS n° 202/2006: "Art. 1º Os incentivos fiscais administrados pela SUFRAMA, concedidos a projetos industriais que objetivem a industrialização de produtos na Zona Franca de Manaus (ZFM), são os seguintes: (...) No entanto, existem outras condições a serem consideradas conjuntamente na elaboração dos concentrados de refrigerantes a empresa RECOFARMA, que como já de conhecimento, não utiliza matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exceto sementes de guaraná na composição do concentrado de guaraná, condição essencial para fruição do beneficio fiscal previsto no dispositivo legal em questão. Portanto, não resta dúvidas quanto as competências da SUFRAMA. Por outro lado, se compete à SUFRAMA administrar os incentivos relativos à Zona Franca de Manaus e à Amazônia Ocidental, cabe à Receita Federal do Brasil (RFB), órgão da Administração Fazendária, a fiscalização do IPI Imposto sobre Produtos Industrializados, conforme o estabelecido no art. 91 da Lei nº 4.502/64 e nos arts. 505 e 507 do RIPI/2010. Desse modo, ao contrário do alegado, não há impedimento algum para que a fiscalização e os órgãos administrativos de julgamento fazendários, no âmbito do processo administrativo de determinação e exigência de créditos tributários, interpretem o alcance do vocábulo "regional" contido no art. 6º do Decreto Lei nº 1.435/75, uma vez que a Resolução CAS nº 298/2007, não se pronunciou a respeito disso. A Recorrente alega ainda que "(...) o que há, na verdade, é divergência de interpretação entre a SUFRAMA e a decisão quanto ao alcance do art. 6º do DL n° 1.435/75, o que caracteriza um conflito de interpretação entre dois entes públicos: a SUFRAMA e a DECISÃO. De fato, (i) para a SUFRAMA, podese utilizar indiretamente matériaprima agrícola regional na fabricação dos concentrados para fruição do beneficio do art. 6º do DL n° 1.435/75, já, (ii) para a DECISÃO, a fruição do referido beneficio está condicionada à utilização direta de matériaprima agrícola regional na fabricação dos concentrados". A fiscalização não desconsiderou, nem questionou, a competência da SUFRAMA para aprovar projetos de empresas que desejem usufruir dos benefícios fiscais de instituídos pelo DL nº 1.435, de 1975. Também não desconsiderou os atos dela emanados, que gozam de presunção de legitimidade, veracidade e legalidade, e permanecem válidos para os fins a que se destinam. Quanto aos Atos expedidos pela SUFRAMA e suas posições referidas no recurso, para melhor esclarecimentos sobre essa matéria, me filio as considerações feitas no voto do Acórdão nº 3402002.993, de 26/04/2016, de relatoria do Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que faço algumas adaptações ao caso presente. Analisando o conteúdo da Resolução CAS nº 298/2007, verificase que em momento algum a SUFRAMA concedeu a isenção à Recorrente, não havendo que se falar em isenção concedida em caráter individual mediante Despacho, conforme preceitua o art. 179 do CTN. O que a Resolução CAS nº 298/2007 fez, foi aprovar o projeto industrial de atualização da RECOFARMA, com base no Parecer Técnico de Projeto nº 224/2007, para a produção de concentrado para bebidas não alcoólicas, com a finalidade de gozo dos incentivos previstos nos arts. 7º e 8º do DL nº 288/67 e no art. 6º do DL nº 1.435/75. Fl. 4715DF CARF MF 22 Portanto, o objeto dessa Resolução não foi o reconhecimento do direito subjetivo às isenções mencionadas. O Conselho de Administração da SUFRAMA (CAS) reconheceu apenas que a empresa cumpriu os requisitos formais que a habilitam a se instalar na região para usufruir daquelas isenções, mas isso de forma alguma significa que existe um despacho administrativo que reconheceu o direito subjetivo à isenção dos produtos. Notese que a análise da ZFM no mencionado Parecer Técnico atentase à importância econômica quanto aos investimentos proposto pela empresa seu processo produtivo básico, os benefícios sociais aos trabalhadores, assim como análise dos propostos reinvestimentos de lucros na região. Ou seja, sua análise, decorrente de lei, é quanto ao aspecto do potencial de geração de renda e emprego da Zona Franca, dotandoa “de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância, a que se encontram, os centros consumidores de seus produtos” (art. 1º do DL 288/1967). Assim, a Resolução da SUFRAMA nada mais significa do que um ato administrativo complexo, lastreado em Parecer Técnico, que aprova um projeto industrial. Desta forma, desde já afastase a competência daquela autarquia para conceder ou não incentivos ficais, ou mesmo fiscalizar sua escorreita aplicação, pois estes decorrem de lei, e muito menos interpretar sua aplicação ou interpretar a legislação fiscal, na qual se inserem os incentivos fiscais latu sensu, matéria reservada à Administração Tributária. O texto da Resolução CAS nº 298/2007, desautoriza a alegação da recorrente no sentido de que se trata de uma isenção individual concedida por despacho, conforme definido no art. 179 do CTN. A SUFRAMA não reconheceu a priori o direito subjetivo à isenção, pois esse direito depende de uma conduta futura da requerente, consistente no cumprimento de requisitos legais, os quais não poderiam ser aferidos pelo CAS no momento da emissão da Resolução. Assim, afastase a competência daquela autarquia para conceder ou não incentivos ficais, ou mesmo fiscalizar sua escorreita aplicação, pois estes decorrem de lei, e muito menos interpretar sua aplicação ou interpretar a legislação fiscal, na qual se inserem os incentivos fiscais latu sensu, matéria reservada à Administração Tributária. No âmbito do IPI, a competência da Secretaria da Receita Federal encontra se prevista no art. 91 da Lei nº 4.502/64, combinado com o art. 2º da Lei nº 11.457/2007. E, no que se refere a competência da fiscalização do IPI, veja o que reproduz os arts. 505 e 506, do RIPI atual (Decreto nº 7.212. de 2010) grifouse: Art. 505. A fiscalização do imposto compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil (Lei nº 5.172, de 1966, arts. 142, 194 e 196, Lei nº 4.502, de 1964, art. 91,e Lei no11.457, de 2007, art. 2o). Parágrafo único. A execução das atividades de fiscalização compete às unidades centrais, da referida Secretaria, e, nos limites de suas jurisdições, às suas unidades regionais e às demais unidades, de conformidade com as instruções expedidas pela mesma Secretaria. Art. 506. A fiscalização será exercida sobre todas as pessoas, naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, que estiverem obrigadas ao cumprimento de disposições da legislação do imposto, bem como as que gozarem de imunidade condicionada ou de isenção (Lei nº 5.172, de 1966, arts. 142 e 194, parágrafo único, e Lei nº 4.502, de 1964, art. 94). Fl. 4716DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.706 23 Retornando a questão do direito ao crédito, verificase que no Decreto Lei nº 1.435/75 o vocábulo "regional" só foi empregado uma única vez no art. 6º. Esse mesmo artigo 6º, remete o leitor à área definida no § 4º do art.1º do Decreto Lei nº 291/67. Art. 1º. (....). § 4º Para os fins deste Decretolei a Amazônia Ocidental é constituída pela área abrangida pelos Estados do Amazonas, Acre e Territórios de Rondônia e Roraima. E mais, tendo em vista que se trata de isenção, deve incidir o comando do art. 111, II, do CTN, que determina que as normas sobre isenção devem ser interpretadas de forma literal (grifo nosso). Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; Portanto, se o produto adquirido pela Recorrente não é aquele cuja natureza específica está contemplado na norma isencional (art. 6° do Decreto lei n° 1.435/75), não há como pretender se creditar do imposto (IPI), como se devido fosse. Portanto, os produtos adquiridos da RECORFARMA, não faziam jus à isenção do artigo 6º do DL n° 1.435/75. 6) Da coisa Julgada Mandado de Segurança Coletivo (MSC) nº 91.00477834. A recorrente alega que se superadas os argumentos anteriores, sustenta que tem direito aos créditos de IPI em questão, isto porque a coisa julgada formada no MSC n° 91.00477834, assegurou aos associados da Associação dos Fabricantes Brasileiros de Coca Cola (AFBCC) o direito de se creditar do IPI relativo à aquisição de insumo isento (por norma de isenção subjetiva regional para o produto "concentrados"), adquirido de fornecedor situado na Zona Franca de Manaus (ZFM), utilizado na industrialização dos seus refrigerantes sujeitos ao IPI, uma vez que os seguintes fatos são incontroversos: (i) que a RECORRENTE é integrante da Associação AFBCC; (ii) que em 14/08/1991, com fundamento no art. 5º, LXX, da Constituição Federal de 1988, a AFBCC impetrou o MSC n° 91.00477834, objetivando que os seus associados não fossem compelidos a estornar o crédito do IPI, incidente sobre as aquisições de matéria prima isenta (concentrado), de fornecedor situado na Zona Franca de Manaus, e utilizada na industrialização dos seus produtos (refrigerantes), cuja saída é sujeita ao IPI; (iii) que o entendimento da DECISÃO recorrida também conflita com o do Superior Tribunal de Justiça (STJ), visto que o referido Tribunal já examinou e aplicou a coisa julgada formada no MSC n° 91.00477834, em decisões definitivas e posteriores à Reclamação nº 7.778SP, à fabricantes de CocaCola localizados em Ribeirão Preto e na Bahia, ou seja, fora da competência do órgão prolator da sentença; (iv) que o referido MSC foi impetrado contra todos os Delegados que tinham jurisdição sobre os associados da AFBCC, e (v) que o entendimento plenário e pacífico do STF é no sentido de que a autoridade tem a função apenas de prestar informações e que a parte no MSC é a União Fl. 4717DF CARF MF 24 Federal, e, pois, a respectiva coisa julgada obriga a União Federal, produzindo efeitos em todo o território nacional, independentemente, da autoridade indicada como coatora, conforme decisões do STJ citadas no recurso. Em sua Petição complementar de 17/04/2018 (fls. 4.673/4.688), alega que há fato superveniente e recente que tornou incontroversa a aplicação da referida coisa julgada coletiva à Recorrente e que, pois, esta deve ser observada pelo Colegiado. Como se vê, a Recorrente pondera que recentes decisões monocráticas transitadas em julgado proferidas no âmbito do STJ (REsp nº 1.117.887SP e 1.295.383BA) relativos a outras associadas da AFBCC localizadas em Ribeirão Preto e Salvador, garantiram a aplicação da coisa julgada formada no mencionado MSC a associados da AFBCC localizados em qualquer ponto do território nacional, invocando como razão de decidir o acórdão proferido no RESP 1.243.887PR, julgado, segundo alega, na sistemática de recurso repetitivo, no âmbito do qual o STJ “decidiu que a limitação prevista no art. 2ºA da Lei nº 9.494, de 10.09.1997, introduzido pela MP nº 1.7981/99, somente é aplicável às ações coletivas ajuizadas após a sua entrada em vigor, ou seja, ajuizadas após 11.02.1999”, devendo, portanto, da mesma forma, a autoridade administrativa aplicálo ao presente caso, nos termos do art. 62 do Regimento Interno do CARF. Por outro lado, a decisão recorrida concluiu que a Recorrente não faria jus ao crédito de IPI com base na coisa julgada formada no referido MSC, pois não estaria domiciliada na jurisdição do órgão prolator da sentença, em face da limitação territorial prevista no art. 2A da Lei n° 9.494/97, tendo utilizado como razão de decidir a Rcl n° 7.778 SP, de interesse de outra associada da AFBCC. Preliminarmente, tornase importante para o deslinde desta questão, a reprodução do trecho referente ao pedido do MSC (causa de pedir): "6. DO PEDIDO 6.1. Por todo o exposto, a IMPETRANTE requer: a) o deferimento, inaudita altera pars, de MEDIDA LIMINAR, para os seus ASSOCIADOS não serem compelidos a estornar o crédito do IPI, incidente sobre as aquisições de matéria prima isenta a fornecedor situado no Zona Franca de Manaus (concentrado código 2106.90 da TIPI) (RIPI,art. 45, XXI), utilizada na industrialização dos seus produtos (refrigerantes código 2202.90, da TIPI)), cuja saída é sujeita ao IPI) dandose ciência aos Delegados da Receita Federal com jurisdição sobre os ASSOCIADOS". b) a notificação do IMPETRADO, para que preste informações sobre prazo legal, a intimação da UNIÃO FEDERAL e que seja ouvido o Ministério Público; e c) ao final, a concessão deste mandado de segurança nos termos do item 6.1.a), supra, confirmandose a liminar então já deferida." (grifo do original). A decisão a quo, considerou que a autuada não está amparada pelo Mandado de Segurança Coletivo (MSC) nº 91.00477834, uma vez que encontrase sediada em São Luis, no Estado do Maranhão, fora da competência territorial do Tribunal da 2ª Região, que abrange os Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, conforme decisão do TRF da 2ª Região, proferida no Agravo de Instrumento n° 2004.02.01.0132984, que tem como agravante a União Federal e como agravado a Associação dos Fabricantes Brasileiros de Cocacola, que apresenta a seguinte ementa: Fl. 4718DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.707 25 PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. TUTELA COLETIVA. COISA JULGADA. ABRANGÊNCIA RESTRITA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL DO JULGADO. COMPETÊNCIA. I A eficácia da coisa julgada, embora erga omnes, fica restrita aos associados da impetrante domiciliados no âmbito da competência territorial do órgão prolator, consoante disposto no art. 16 da Lei n° 7.347/85, na redação da Lei n° 9.494/97, qual seja, este TRF 2ª Região, e apenas no Estado do Rio de Janeiro. II Agravo provido. Importa ressaltar, em contraposição à jurisprudência juntado pela Recorrente, que no julgamento da Reclamação nº 7.778SP, interposta junto ao STF pela Recorrente a que se refere o REsp Nº 1.117.887SP acerca da mesma matéria (efeitos territoriais da decisão transitada em julgado no MSC nº 91.00477834), o Relator Ministro Gilmar Mendes (Data de Julgamento: 08/06/2011), assim se pronunciou na Decisão cujo teor, na parte que interessa, a seguir se transcreve: "Tratase de reclamação constitucional, com pedido liminar, ajuizada pela Companhia de Bebidas Ipiranga contra atos praticados por diversas autoridades federais do Município de Ribeirão PretoSP, as quais teriam descumprido a autoridade da decisão proferida por esta Suprema Corte no julgamento do Agravo de Instrumento 252.801, Rel. Min. Marco Aurélio, decisão monocrática, DJ. 19.11.1999, em que se firmou o direito de creditamento de IPI relativo a aquisições de matériasprimas isentas (concentrado para refrigerante) oriundas de estabelecimentos localizados na Zona Franca de Manaus. "(...). No entanto, por ter sido esta ação impetrada em face do Delegado da Receita Federal no Rio de Janeiro, seus efeitos se restringem aos associados estabelecidos no território de competência daquela autoridade administrativa. A decisão proferida no referido agravo de instrumento não beneficia o associado ora reclamante. Este se situa no Município de Ribeirão PretoSP, que tem, como competente para fiscalizar, seu respectivo Delegado da Receita Federal. (...)" (Grifei) Ou seja, o Acórdão do TRF 2 ª Região teve seus efeitos suspensos por medida liminar concedida pelo então Relator Ministro Cesar Peluso, a qual foi posteriormente redistribuída ao Ministro Gilmar Mendes, que negou seguimento à referida Reclamação, sob o fundamento de que esta não seria cabível. No que concerne à aplicabilidade do art. 2A da Lei nº 9.494/1997 ao mandado de segurança coletivo em questão, destacase o seguinte excerto da referida decisão: "(...) Registrese, ainda, que o fato de o MSC nº 91.00477834 ter sido impetrado antes da mudança legislativa não tem o condão de mudar os limites territoriais da coisa julgada em sede desta demanda coletiva, isso porque a inovação legal é meramente declaratória, uma vez que os limites da decisão estão diretamente ligados à competência jurisdicional, que já era definida pela Constituição. Ademais, o trânsito em julgado da decisão proferida na ação coletiva ocorreu já sob a égide do art. 2ºA da Lei nº 9.494/1997.(...)" (Grifei) Fl. 4719DF CARF MF 26 Verificase que o autor (estabelecido no município de Ribeirão Preto SP), quando se refere à coisa julgada, pressupõe que sua empresa tenha sido alcançada pela decisão imposta nos autos do Agravo de Instrumento nº 252.801, cuja origem é o Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834. No entanto, por ter sido esta ação impetrada em face do Delegado da Receita Federal no Rio de Janeiro (RJ), seus efeitos se restringem aos associados estabelecidos no território de competência daquela autoridade administrativa. E o art. 2ºA da Lei nº 9.494, de 1997, aduz expressamente que “a sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados, abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator”. Muito embora a defesa tentou desqualificar a decisão proferida na referida Reclamação, sob o argumento de que teria sido negado seguimento, pois não havia decisão do STF a ser preservada. No entanto, entendo que não há qualquer descumprimento à decisão daquela Corte. Com relação aplicabilidade do Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834, esta matéria restou muito bem esclarecida pela Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, no Voto Vencedor do Acórdão nº 3402004.828, de 29/01/2018 (PAF nº 15173.720004/201679), desde mesmo Colegiado (4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária), que, reproduzo na sequência alguns de seus principais trechos: "(...) Dessa forma passase à análise da prejudicial relativa à aplicação dos efeitos da coisa julgada no Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834, partindose dos conceitos básicos, mas essenciais, de mandado de segurança. O mandado de segurança, individual ou coletivo, é remédio constitucional assegurado, como garantia fundamental, no art. 5º, LXIX e LXX da Constituição Federal (CF): LXIX Concederseá mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. LXX O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. [Negritei] Diante da ausência de especificação diversa no texto constitucional, ou em lei ordinária, também o mandado de segurança coletivo é instrumento para reparar ou fazer cessar ato comissivo ou omissivo inquinado de ilegalidade ou abuso de poder de responsabilidade de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de função pública. (...) Dessa forma, seja qual for a modalidade de mandado de segurança, ele será a via adequada para reparar somente os atos comissivos ou omissivos no âmbito da competência da autoridade impetrada, não se prestando a corrigir outros atos da pessoa jurídica à qual pertence essa autoridade. Em nada altera isso o fato de a pessoa jurídica (no caso, a União Federal), ter de suportar os efeitos de ordem patrimonial na correção do ato impugnado, ser intimada do feito ou ter a faculdade de recorrer. Fl. 4720DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.708 27 O mandado de segurança tratase de um remédio constitucional cuja essência está, portanto, definida na própria Constituição Federal, no sentido de ser um instituto que visa reparar ilegalidade ou abuso de poder no que se refere a ato de responsabilidade de autoridade pública ou a ela equiparada. Assim, tendo sido identificados pela impetrante, por ocasião da impetração do mandamus, o ato coator e a autoridade coatora, é contra eles que se dirige a segurança definitiva concedida ao final do processo. Quanto às alegações da recorrente (item 4.2.8 do recurso voluntário, acima transcrito), os julgados mencionados não possuem efeito vinculante para a Administração Pública e nem demonstram a uniformização da jurisprudência do STF e do STF quanto ao fato de que a segurança concedida no mandado de segurança destinase aos atos praticados ou a serem praticados pela autoridade impetrada, não obstante, como dito, será a pessoa jurídica que acabará suportando os efeitos patrimoniais da reparação do ato coator, mas tão somente no que se refere a ato de competência da autoridade impetrada. Tratase de limitação subjetiva constitucional para o mandado de segurança, seja ele individual ou coletivo. Assim, independentemente da questão acerca da abrangência da sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo, referida no art. 2A da Lei 9.494/1997, entendo que a segurança concedida em mandado de segurança, inclusive o coletivo e preventivo, tem seus efeitos restritos aos atos de competência da autoridade impetrada, salvo, obviamente, expressa ressalva judicial em sentido contrário. (Grifei) Com efeito, no presente caso, tratase de mandado de segurança coletivo preventivo impetrado em face do Delegado da Receita Federal no Rio de Janeiro, de forma que não se poderia estender seus efeitos para atos praticados (ou a serem praticados) por outras autoridades federais. Quisessem a impetrante (AFBCC) ou a ora recorrente efeitos tão amplos para a decisão definitiva do processo judicial, aplicáveis a todas as autoridades públicas da Receita Federal, deveriam ter se socorrido das vias ordinárias em ação movida contra a pessoa jurídica da União Federal". (...). Posto isto, considerando o voto exposto em que adoto os seus fundamentos, entendo que a Recorrente não foi alcançada pela decisão proferida nos autos do Mandado de Segurança Coletivo (MSC) nº 91.00477834, em face da limitação territorial restrita à jurisdição do órgão prolator da decisão, imposta pelo art. 2ºA, da Lei nº 9.494/97, incluído pela MP 2.18035/01. A decisão judicial proferida no referido MSC tem efeitos apenas em relação aos associados da ABFCC domiciliados no Estado do Rio de Janeiro, uma vez que a decisão judicial foi prolatada pela Justiça Federal daquele Estado, portanto, não alcança a jurisdição da Recorrente, pertencente ao Estado do Maranhão. Assim, diante da ausência de autorização legal ou judicial nesse sentido, a Recorrente não faz jus ao creditamento na aquisição de produtos isentos com fulcro no art. 9º do Decretolei nº 288/1967. 6.1) Dos fatos novos apresentados pela Recorrente A Recorrente informou nos autos que protocolou em 18/07/2017, a PETIÇÃO das fls. 4.646/4.651 (arquivos não pagináveis) e Petição complementar de 17/04/2018 (fls. 4.673/4.688), informando da existência de fato novo que poderia alterar o resultado do julgamento do presente processo. Fl. 4721DF CARF MF 28 Afirma que a tese firmada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 612.043/PR, na sistemática da repercussão geral, traria consequências no presente processo. No seu entendimento, “o Plenário do STF estabeleceu que as limitações trazidas pelo art. 2ºA da Lei nº 9.494/97 são aplicáveis apenas para as ações coletivas, de rito ordinário, estando excluído, portanto, o mandado de segurança coletivo e, pois, este procedimento não está sujeito à qualquer limitação territorial” (grifos do original). Em suma, a Recorrente sustenta que houve um “fato novo” consubstanciado no julgamento do RE nº 612.043/PR pelo eg. STF, no qual se teria estabelecido a tese de que as limitações trazidas pelo art. 2ºA da Lei nº 9494/97 seriam aplicáveis “apenas” para as ações coletivas de rito ordinário, excluindose, de tais restrições legais, o mandado de segurança coletivo. Com isso, a Recorrente alega que “restam prejudicadas quaisquer alegações feitas pela Procuradoria da Fazenda Nacional objetivando limitar o alcance da referida decisão e, por essa razão, a não aplicação da coisa julgada coletiva ao presente caso importaria em nítida ofensa ao art. 62 do Regimento Interno deste CARF”. Esse tema encontrase bem analisado pela Procuradoria da Fazenda Nacional em sua petição acostadas aos autos às fls. 4.655/4.660. A seguir transcrevo os principais trechos, os quais me filio como fundamentos para o deslinde desta questão: Vejase: "(...) No caso analisado pelo STF, o relator Ministro Marco Aurélio (voto vencedor) destacou que a então recorrente (Associação dos Servidores da Justiça Federal no Paraná – ASSERJUSPAR) questionou a constitucionalidade do art. 2ºA, sobretudo o seu parágrafo único, da Lei nº 9494/97, no que toca à exigência da juntada da documentação comprobatória da filiação do associado até a propositura da demanda para fins de cumprimento da sentença coletiva que lhe tinha sido favorável". "(...) Pelos trechos acima destacados do voto vencedor, concluise que o tribunal JAMAIS limitou os efeitos da tese fixada às ações “unicamente” de rito ordinário, como utopicamente deseja fazer crer a Recorrente". Por honestidade intelectual, o único trecho do voto do Relator que, distantemente, abordou o assunto, NÃO direcionou a limitação territorial do art. 2ºA da Lei 9494/97 “apenas” às ações de rito ordinário, verbis: A problemática da eficácia territorial do pronunciamento judicial é resolvida a partir da jurisdição do órgão julgador, isso em se tratando de ação plúrima submetida ao rito ordinário. Esse mesmo enfoque seria observado se ajuizada a ação, diretamente, pelos próprios beneficiários do direito, não havendo tratamento diverso atuando a associação como representante. Ora, se a ação que originou o recurso extraordinário julgado pelo STF tramitou pelo rito ordinário, em respeito ao efeito devolutivo recursal, seria inimaginável que o STF excluísse de outros ritos (“nãoordinários”) a tese fixada pelo Tribunal. Aliás, presumese a constitucionalidade da norma (art. 2ºA da Lei 9494/97); e não o contrário. Após essas breves explicações, cabe a seguinte indagação: qual a influência da tese fixada no RE nº 612.043/PR para o caso concreto? NENHUMA! De fato, o STF declarou a constitucionalidade do art. 2ºA da Lei 9494/97 no que tange à eficácia subjetiva da coisa julgada em ação coletiva, isto é, sequer julgou a eficácia territorial nele prevista, razão pela qual está correto o acórdão recorrido ao interpretar que Fl. 4722DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.709 29 os efeitos da referida ação coletiva não poderiam abranger representados que estivem fora do âmbito espacial do órgão prolator da respectiva decisão. Repitase: a discussão travada no STF não tem qualquer ponto de convergência com o caso concreto porque o acórdão recorrido não deixou de aplicar os efeitos do MSC nº 91.00477834 em razão da pertinência subjetiva da Recorrente, mas, sim, pela restrição territorial que encarcera os efeitos da coisa julgada coletiva aos associados da AFBCC domiciliados no estado do Rio de Janeiro, âmbito da competência territorial do órgão prolator da decisão, nos termos do art. 2ºA da Lei 949497. (...)" Desta forma, pelos mesmos motivos, o RE nº 612.043/PR não é “fato novo”, pois o direito controvertido julgado pelo STF restrição subjetiva, declarada constitucional, em nada se correlaciona com o direito debatido no caso em apreço restrição territorial prevista no art. 2ºA da Lei 9494/97, tema que sequer foi apreciado pelo STF no RE nº 612.043/PR. 7) Do Benefício previsto no art. 81, II, do RIPI/2010. Argumenta a Recorrente que, "(...) Ainda que superados os argumentos desenvolvidos nos itens anteriores, a RECORRENTE continuaria tendo direito aos créditos de IPI relativos à aquisição de insumos isentos oriundos da Zona Franca de Manaus e utilizados na fabricação de produtos (refrigerantes) sujeitos ao IPI". Conforme também se verifica das notas fiscais, o concentrado adquirido pela RECORRENTE da RECOFARMA também é isento, com fulcro no art. 81, II, do RIPI/10, que tem base legal no art. 9º do DL n° 288/67, porque oriundo da Zona Franca de Manaus e utilizado na fabricação de produtos (refrigerantes) sujeitos ao IPI; isenção também concedida pela Resolução do CAS n° 298/2007. Com efeito, o STF, em sessão plenária, no julgamento do RE n° 212.484RS, firmou o entendimento de que é assegurado ao adquirente do concentrado isento oriundo de fornecedor situado na Zona Franca de Manaus e utilizado na fabricação de refrigerantes cuja saida é sujeita ao IPI, o direito ao crédito do IPI relativo à sua aquisição". Afirma que esse entendimento foi mantido pelo STF mesmo após os julgamentos dos REs n°s 353.657 e n° 370.682, em que se discutiu a questão do direito a créditos relativos à aquisição de insumos sujeitos à alíquota zero ou nãotributados. A Recorrente acrescenta que, caso superados os argumentos anteriores, e, considerando que o concentrado adquirido da RECOFARMA também é isento com base no art. 81, II, do RIPI/2010 base legal no art. 9º do Decreto Lei nº 288/67, conforme indicado nas notas fiscais, continuaria tendo direito aos créditos do IPI relativos à aquisição de insumos isentos oriundos da Zona Franca de Manaus e utilizados na fabricação de produtos (refrigerantes) sujeitos ao IPI, uma vez que “se mantém firme o entendimento do STF, manifestado no RE nº 212.484RS, de que o adquirente tem direito ao crédito de IPI na aquisição de insumos de industrial situado na Zona Franca de Manaus”. Menciona que a questão específica do creditamento decorrente da aquisição de insumos isentos provenientes da Zona Franca de Manaus está sendo tratada nos RE 566.819RS, 590.809RS e 592.891SP, e até o seu julgamento permanece hígido o entendimento do RE 212.484RS. Fl. 4723DF CARF MF 30 Inicialmente se faz necessário transcrever o teor do art. 9º do Decreto Lei n° 288, de 1967: "Art. 9º Estão isentas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) todas as mercadorias produzidas na Zona Franca de Manaus, quer se destinem ao seu consumo interno, quer à comercialização em qualquer ponto do Território Nacional." Notese que a própria Recorrente em sua peça de defesa afirma que os "concentrados" por ela adquiridos “são beneficiados por duas isenções”. Compulsando os autos, verificase que as notas fiscais de saída do "concentrado" emitidas pela fornecedora RECOFARMA (fls. 4.136/4.181, período de 04 a 08/2010 e fls. 1.698/1.773, período de 09 a 12/2010), indicam ambas hipóteses de isenção, quais sejam, art. 69,II e 82,III, do RIPI/2002 e, 81,II e 95,III, do RIPI/2010. A legislação tributária brasileira não permite a apropriação de crédito de IPI na aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem não tributados ou isentos ou tributados à alíquota zero aplicados na industrialização. É sabido que o IPI regese pelo princípio da nãocumulatividade, previsto constitucionalmente no art. 153, § 3º, II, da Carta Magna de 1988, normatizado por disposições constantes do art. 49 do Código Tributário Nacional (CTN Lei nº 5.172, de 1966) e exercido por meio de uma sistemática de apuração denominada “sistema de créditos”, regulada por lei ordinária (o art. 25 da Lei nº 4.502, de 1964) e disciplinada pelo Regulamento do IPI (RIPI/2010). Assim, a fiscalização ao apontar como fundamento para o indeferimento do crédito (nos PER/DCOMP) relativo a tais aquisições, sustentouse no princípio da não cumulatividade, e elegeu a hipótese de isenção de que tratam os artigos 69,II e 81,II, dos RIPI’s 2002 e 2010, respectivamente, cuja matriz legal é o art. 9º do Decreto Lei nº 288/67. Notese que, nesta hipótese de saída com isenção não há previsão legal de geração de crédito do IPI, como se devido fosse, para o industrial adquirente do produto que o utilize como insumo no processo produtivo. Desse modo, a análise da pertinência, ou não, da escrituração do crédito nesta hipótese somente poderá se dar sob o enfoque da não cumulatividade. Assim, se nada foi pago de imposto pelo industrial na aquisição, não haverá o que diminuir, deduzir ou abater do imposto a ser pago na saída do produto final. Em seu recurso a Recorrente alega ainda que o STF, em sessão plenária, no julgamento do RE n° 212.484RS, matéria idêntica a essa (reproduz trecho do voto), já concluiu que o adquirente de insumos isentos oriundos da Zona Franca de Manaus (portanto, com o beneficio da isenção subjetiva regional) e aplicados na industrialização de produtos sujeitos ao IPI tem direito ao crédito do imposto calculado com base na alíquota prevista para o próprio insumo, em face do principio da nãocumulatividade, em razão da sua auto aplicabilidade. E prossegue afirmando que em 29.09.2010, no julgamento do RE n° 566.819 RS, o STF, em sessão plenária, diferenciou a hipótese de isenção subjetiva regional de IPI da isenção objetiva, para fins de reconhecimento do respectivo crédito de IPI. Que nesse julgamento restou (i) decidido pelo Plenário do STF que o contribuinte não tinha direito ao crédito de IPI relativo à aquisição de insumos isentos mas (ii) esclarecido que não se estava discutindo a hipótese relativa à aquisição de insumos isentos oriundos da Zona Franca de Manaus (isenção subjetiva), mas apenas caso de isenção objetiva. Fl. 4724DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.710 31 E prossegue afirmando que tanto é assim que o Plenário do STF, em 22.10.2010, nos autos do RE n° 592.891SP, reconheceu a existência de repercussão geral da questão especifica concernente ao direito ao crédito de IPI relativo à aquisição de insumos beneficiados por isenção subjetiva, ou seja, oriundos de fornecedor situado na Zona Franca de Manaus: "REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 592.891 1. No presente recurso extraordinário, interposto com fundamento no art. 102, III, a, da Constituição Federal, a União aponta violação ao art. 153, § 3", II, pelo acórdão recorrido, o qual reconheceu o direito ao creditamento de IPI na entrada de insumos provenientes da Zona Franca de Manaus" Entende que à invocação previsão constitucional de incentivos regionais constante do art. 43, § Io, II, e § 2°, III, não justifica exceção ao regime da nãocumulatividade, que, no entendimento desta Corte, não daria direito ao creditamento de IPI que não tenha sido suportado na entrada. 2. A questão é relevante na medida em que o acórdão recorrido estabeleceu uma cláusula de exceção à orientação geral firmada por esta Corte quanto à nãocumulatividade do IPI, o que precisa ser objeto de análise para que não restem dúvidas quanto ao seu alcance. Relevante, ainda, porque a questão extrapola os interesses subjetivos da causa. 3.Assim, manifestome pela existência de repercussão geral da questão constitucional." (DJe de 25.11.2010) Grifei No entanto, a Recorrente alega que tem direito ao crédito de IPI em questão e que deve ser observado o entendimento do STF firmado no RE n° 212.484RS. Entendo que a Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não beneficia a recorrente, pois com no julgamento do RE nº 566.819 (RS), o STF reformou seu entendimento quanto ao direito de crédito do IPI na aquisição de insumos isentos. No que se refere o RE 212.484 (RS), diferentemente do alegado pela defesa, não foi confirmado, mas, sim, alterado, por julgado posterior, transitado em julgado em 04/12/2014, o RE nº 566.819 (RS), que negou o direito de crédito do IPI na aquisição de insumo isento. Já o RE 592.891 (SP), que trata especificamente do direito de crédito nas aquisições da Zona Franca de Manaus, não afeta, neste momento, o direito de creditamento na hipótese analisada, uma vez que não ampara, porque ainda não julgado o mérito nos moldes do art. 543B, do CPC, o alegado direito de crédito relativamente a aquisições de insumos isentos originários da Zona Franca de Manaus. Por outro lado, com o reconhecimento da repercussão geral no citado RE 592.891 (SP), a questão do direito ao crédito por aquisições isentas da ZFM, se encontra pendente de julgamento pelo STF, o que retira o caráter de definitividade do RE 212.484, impedindo este colegiado de aplicar o art. 62, § 2º do RICARF, para estender aquela interpretação ao caso concreto. Fl. 4725DF CARF MF 32 Como pontuado pela Recorrente em seu recurso, em 25.05.2016, o Plenário do STF iniciou o julgamento do referido RE n° 592.891 (SP), e muito embora alguns Ministros proferiram seus votos, o mesmo ainda se encontra aguardando julgamento de mérito no STF. Além do mais, vale ressaltar que o STF mudou a interpretação do RE 212.484 (RS), ao julgar os RE nº 353.657 e 370.682, e ao contrário do que afirma a Recorrente, ser inequívoco que o IPI relativo à aquisição de insumos isento dá direito a crédito, o STF já pacificou o entendimento no sentido de que não há direito ao crédito nos casos de aquisição de insumos não onerados pelo IPI, incluída a isenção, como se constata pela citação a seguir: 27/08/2015 PLENÁRIO REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO nº 398.365 RIO GRANDE DO SUL RELATOR :MIN. GILMAR MENDES RECTE.(S) :UNIÃO PROC.(A/S)(ES) :PROCURADORGERAL DA FAZENDA NACIONAL RECDO.(A/S) :MÓVEIS BENTEC LTDA ADV.(A/S) :CAROLINA FAGUNDES LEITÃO E OUTRO(A/S) Recurso extraordinário. Repercussão geral. 2. Tributário. Aquisição de insumos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero. 3. Creditamento de IPI. Impossibilidade. 4. Os princípios da não cumulatividade e da seletividade, previstos no art. 153, § 3º, I e II, da Constituição Federal, não asseguram direito de crédito presumido de IPI para o contribuinte adquirente de insumos não tributados ou sujeitos à alíquota zero. Precedentes. 5. Recurso não provido. Reafirmação de jurisprudência. Decisão: O Tribunal, por maioria, reputou constitucional a questão, vencido o Ministro Marco Aurélio. Não se manifestou a Ministra Rosa Weber. Impedido o Ministro Roberto Barroso. No mérito, por maioria, reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria, vencido o Ministro Marco Aurélio. Não se manifestou a Ministra Rosa Weber. Impedido o Ministro Roberto Barroso. Ministro GILMAR MENDES Relator E, relativamente às aquisições de insumos tributados à alíquota zero, merece ser mencionada ainda, a Súmula CARF n° 18: “A aquisição de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem tributados à alíquota zero não gera crédito de IPI.” Valhome ainda de entendimentos corroborados por diversas decisões da 3ª Turma da CSRF, a exemplo dos acórdãos unânimes abaixo transcritos: C.9303001.612 3ª Turma CSRF Relator(a)HENRIQUE PINHEIRO TORRES Data da Sessão: 30/08/2011 EMENTA: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/03/1991 a 31/08/1997 IPI. Glosa de Créditos Básicos. Aquisições de Insumos Isentos. O sistema de compensação de débitos e créditos do IPI é decorrente do princípio constitucional da não cumulatividade; tratandose de instituto de direito público, deve o seu exercício Fl. 4726DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.711 33 darse nos estritos ditames da lei. Não há direito a crédito referente à aquisição de insumos isentos. AC. 9303001.617 3ª Turma CSRF. Relator JULIO CESAR ALVES RAMOS. Data da Sessão 30/08/2011 EMENTA: IPI.CRÉDITOS. INSUMOS ISENTOS. Não há direito de crédito de IPI em relação a produtos adquiridos sem o efetivo gravame do imposto, seja a título de isenção, redução a zero da alíquota ou não tributação, desde que a CF e o CTN apenas o admitem quando haja imposto pago ou devido nas operações anteriores. No caso dos autos, a fase anterior foi completamente desonerada em virtude da isenção. Portanto, na esteira de raciocínio adotado, afasto a possibilidade de aproveitamento na escrita fiscal de créditos de IPI referentes às aquisições de insumos isentos. A matéria sobre crédito de produtos isentos foi tratada com maestria no voto do Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, no Acórdão nº CSRF nº 0203.029, da Segunda Turma da CSRF, a quem peço licença para adotar seus fundamentos para este voto, nos termos do art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784, de 1999. "A solução da primeira questão cingese em determinar se os estabelecimentos contribuintes de IPI têm direito ao ressarcimento de créditos desse tributo referente à aquisição de matéria prima isenta. A controvérsia tem como "pano de fundo" a interpretação do principio constitucional da não cumulatividade do imposto. A não cumulatividade do IPI nada mais é do que o direito de os contribuintes abaterem do imposto devido nas saídas dos produtos do estabelecimento industrial o valor do IPI que incidira na operação anterior, isto é, o direito de compensar o imposto que lhe foi cobrado na aquisição dos insumos (matéria prima, produto intermediário e material de embalagem) com o devido referente aos fatos geradores decorrentes das saídas de produtos tributados de seu estabelecimento. (...) A lógica da não cumulatividade do IPI, prevista no art. 49 do CTN, e reproduzida no art. 81 do RIPI/82, posteriormente no art.146 do Decreto nº 2.637/1998, é, pois, compensar do imposto a ser pago na operação de saída do produto tributado do estabelecimento industrial ou equiparado o valor do IPI que fora cobrado relativamente aos produtos nele entrados (na operação anterior). Todavia, até o advento da Lei nº 9.779/99, se os produtos fabricados saíssem não tributados (Produto NT), tributados à alíquota zero, ou gozando de isenção do imposto, como não haveria débito nas saídas, conseqüentemente, não se poderia utilizar os créditos básicos referentes aos insumos, vez não existir imposto a ser compensado. O princípio da não cumulatividade só se justifica nos casos em que haja débitos e créditos a serem compensados mutuamente. Essa é a regra trazida pelo artigo 25 da Lei 4.502/64, reproduzida pelo art. 82, inc. I do RIPI/82 e, posteriormente, pelo art. 147, inc. I do RIPI/1998 c/c art. 174, Inc. I, alínea "a" do Decreto 2.637/1998, a seguir transcrito: (...) Não se alegue que essa sistemática de imposto contra imposto vai de encontro ao princípio da não cumulatividade, pois este não assegura a equalização da carga tributária ao longo da cadeia produtiva, tampouco confere o direito ao crédito Fl. 4727DF CARF MF 34 relativo às entradas (operações anteriores) quando estas não são oneradas pelo tributo em virtude de alíquota neutra (zero), isenção ou não ser o produto tributado pelo IPI. Na verdade, o texto constitucional garante tão somente o direito à compensação do imposto devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores, sem guardar qualquer proporção entre o exigido entre as diversas fases do processo produtivo. Assim, com o devido respeito aos que entendem o contrário, o fato de insumos agraciados com isenção comporem a base de cálculo de um produto tributado à alíquota positiva não confere ao estabelecimento industrial o direito a crédito a eles referente, como se onerados fossem. Repisese que a diferenciação generalizada de alíquotas do IPI adotada no Brasil gera a desproporção da carga tributária entre as várias cadeias do processo produtivo, hora se concentrando nos insumos hora se deslocando para o produto elaborado, e o principio da não cumulatividade não tem o escopo de anular essa desproporção, até porque a variação de alíquotas decorre de mandamento constitucional, a seletividade em função da essencialidade. Desta forma, a impossibilidade de utilização de créditos relativos a esses produtos tributados não constitui, absolutamente, afronta ou restrição ao princípio da não cumulatividade do IPI ou a qualquer outro dispositivo constitucional." Como se vê, o conteúdo desse voto traz uma minuciosa explanação teórica sobre os sistemas adotados em nossa legislação. Como é cediço, o crédito escritural de IPI não é crédito presumido em que são supostas incidências do imposto em cadeias anteriores e estipulada uma alíquota média para compensação do gravame. Aliás, é a própria Constituição Federal, no parágrafo 6º do artigo 150, que impõe a existência de lei específica, com exclusiva regulamentação, para que se concedam créditos ou redução da base de cálculo. Por todas essas razões expostas, além da falta de previsão legal ou judicial e com base na a Súmula CARF n° 18, não é possível que seja admitido crédito de IPI que não tenha sido pago na aquisição dos insumos. 8) Da aplicação do art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999 Alega a Recorrente que teria direito ao crédito uma vez que, "(...) Essa questão foi, inclusive, levantada no julgamento da proposta de súmula vinculante n° 26, no qual se pretendeu editar verbete consolidando o entendimento de que o contribuinte não teria direito ao crédito de IPI decorrente da aquisição de insumos acobertados pela isenção objetiva,ocasião em que o Ministro MARCO AURÉLIO pontuou que o STF, quando analisou o direito ao crédito de IPI no RE n° 566.819RS (caso em que não se discute a isenção decorrente da localização na Zona Franca de Manaus) não examinou o alcance do art. 11 da Lei n° 9.779/99 e, pois, para os períodos posteriores à sua edição, em principio, estaria resguardado o direito ao crédito em razão da presunção de constitucionalidade deste dispositivo". O art. 11 da Lei nº 9.779/99, abaixo transcrito, não pode auxiliar a Recorrente, eis que a isenção a que se refere o dispositivo diz respeito ao "produto" industrializado que sai do estabelecimento ("aplicados na industrialização, inclusive de produto isento"), e não aos insumos adquiridos ("aquisição de matéria prima, produto intermediário e material de embalagem"). Vejase: Fl. 4728DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.712 35 Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestre calendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. (Grifei) Assim, também não merece guarida o argumento de que “com a edição do art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, passou a existir o direito ao crédito do IPI, na medida em que a interpretação do referido dispositivo é no sentido de que a aquisição de qualquer matéria prima, produto intermediário e material de embalagem utilizados na industrialização dá direito ao crédito do respectivo imposto sem condicionar tal direito ao pagamento do IPI na operação anterior”. Ao meu sentir, por força do art. 153, §3º, inciso II, da Constituição Federal “o IPI será não cumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores”. Implicando a nãocumulatividade a compensação do que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores, mostrase imprescindível a incidência do imposto na entrada gerando ônus tributário. Do contrário, não há de se falar em cumulatividade e, portanto, em direito de crédito para evitála. Tornase evidente que quando a Lei nº 9.779/99 fala em “saldo credor do IPI acumulado em cada trimestrecalendário” está implícita a sistemática de apuração do imposto, na qual, à luz da legislação do IPI, somente os “insumos” sujeitos a uma onerosidade efetiva do imposto têm o condão de gerar acumulação escritural de saldo credor legítimo ao final do trimestre, passível de utilização via ressarcimento/compensação. Por fim, o art. 11 da Lei nº 9.779/99 trata apenas da possibilidade de restituição ou de compensação de saldo credor de IPI acumulado no trimestrecalendário que o contribuinte não puder compensar com o imposto devido na saída de seus produtos, nada tendo a ver com a glosa de créditos sobre produtos adquiridos com isenção da Amazônia Ocidental, prevista em norma específica. 9) Da idoneidade das Notas Fiscais emitidas pela RECOFARMA e Boa Fé da Recorrente. Aduz a Recorrente que "(...) o crédito de IPI deveria ser reconhecido conforme referência expressa contida nas notas fiscais emitidas pela RECOFARMA, no sentido de que os concentrados são amparados também pela isenção prevista no art. 95, III, RIPI/10". Acrescenta que essa isenção outorga crédito de IPI ao respectivo adquirente do insumo isento, nos termos do art. 237 do RIPI/10 e, com efeito do art. 62 da Lei n° 4.502, de 30.11.1964. Em outras palavras quer dizer que, uma vez que consta de notas fiscais idôneas emitidas pela RECOFARMA a referência expressa à isenção do art. 6º do DL n° 1.435/75, base legal do art. 95, III, do RIPI/10, bem como a natureza do produto, a RECORRENTE, adquirente de boafé, tem direito ao crédito do IPI isento e, ao lançar e Fl. 4729DF CARF MF 36 utilizar esse crédito, não pratica qualquer infração, consoante referida legislação e jurisprudência repetitiva e, pois, vinculatória para Administração, nos termos do art. 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF. Pois bem. Como já dito, estes autos, trata de duas normas de incentivo fiscal e uma condição para fruição daqueles. A primeira norma estatui a isenção para produtos industrializados que sejam elaborados com matériaprima agrícola de produção regional, por estabelecimento situados na Amazônia Ocidental. A segunda é a que estatui o creditamento ficto em relação àquela isenção já retratada em tópico anterior. E a terceira, por fim, estabelece uma condição fática, qual seja, que o gozo dos incentivos só compreende os estabelecimentos fiscais cujos projetos industriais tenham sido aprovados pela SUFRAMA. Portanto, restando provado à exaustão que os produtos objeto da glosa não se subsumem à hipótese do art 6º do DL 1.435/75, pois não se tratam de matériasprimas, escorreita a glosa, sendo incontroverso que a RECOFARMA não cumpriu nem o PPB e nem o requisito de aplicar matériasprimas agrícolas e/ou extrativa vegetal de produção regional. Também não há que se falar em boafé da autuada “por atos praticados por terceiros”. A recorrente alegou que agira de boafé, pois tomara o crédito com base em notas fiscais idôneas, emitidas por seu fornecedor regularmente instalado na Zona Franca, tendo direito aos créditos fictos aproveitados. Tal alegação não merece guarida, pois as notas fiscais que deram suporte ao crédito consignaram dois dispositivos legais que contemplam isenções diferentes. Um deles não dá direito ao crédito ficto por inexistência de expressa disposição legal (art. 69, II, do RIPI/2002 e 81, II, do RIPI/2010). E o outro dispositivo foi utilizado indevidamente, pois houve descumprimento do PPB e falta de aplicação de matériaprima vegetal de origem regional (art. 82, III, do RIPI/2002 e 95,III, do RIPI/2010). Por fim, não se trata de caso de notas fiscais inidôneas para eventual aplicação do entendimento do STJ no Recurso Especial nº 1.148.444. Ademais, a boa fé da recorrente é irrelevante no presente processo, no qual não houve a exigência de multa de ofício qualificada ou agravada, mas a mera exigência de saldos devedores de IPI e seus consectários legais, decorrentes de reconstituição da escrita fiscal da contribuinte em face da não comprovação, a seu cargo, do atendimento aos requisitos veiculados pela legislação tributária para a fruição dos créditos registrados em seus livros fiscais. 10) Da Exigência de Multa, Juros de mora e correção parágrafo único do art. 100 do CTN. Alega a Recorrente que, "(...) Assim, ao utilizar o crédito de IPI decorrente da aquisição de insumos isentos oriundos da Zona Franca de Manaus e elaborados com matériaprima adquirida de produtos situado na Amazônia Ocidental, a RECORRENTE agiu de acordo com a Resolução do CAS n° 298/2007, integrada pelo Parecer Técnico n° 224/2007. Vêse, pois, que devem ser excluídos a multa, os juros moratórios e a correção monetária exigidos, sob pena de ofensa ao art. 100, parágrafo único, do CTN". Não assiste razão à Recorrente. Observase que, quanto às citadas normas da SUFRAMA (Resolução CAS nº 298/2007, integrada pelo Parecer Técnico nº 224/2007), as mesmas não se enquadram na prescrição contida no art. 76, II, "a" da Lei nº 4.502/64, pois não foram proferidas no âmbito do processo administrativo fiscal de determinação e exigência de créditos tributários. Fl. 4730DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.713 37 Analisando o conteúdo da citada Resolução CAS nº 298/2007, verificase que em momento algum a SUFRAMA concedeu a isenção à Recorrente, não havendo que se falar em isenção concedida em caráter individual mediante Despacho, conforme preceitua o art. 179 do CTN. O que a Resolução CAS nº 298/2007 fez foi aprovar o projeto industrial de atualização da RECOFARMA, com base no Parecer Técnico de Projeto nº 224/2007, para a produção de concentrado para bebidas não alcoólicas, com a finalidade de gozo dos incentivos previstos nos arts. 7º e 8º do DL nº 288/67 e no art. 6º do DL nº 1.435/75. 11) Dispensa multa de ofício base no art. 76, II, “a” da Lei nº 4.502/64 Restou consignado em seu recurso que , "(...) o fato de o art. 76, II, "a", da Lei n° 4.502/64 ter sido reproduzido nos regulamentos de IPI (no art. 486, II, "a", do RIPI/02 e no art. 567, II, "a", do RIPI/10) já é suficiente, por si só, para que tal regra seja observada por este CARF, porque o art. 26A do Decreto n° 70.235/72 e o art. 62 do Regimento Interno deste CARF determinam a vinculação deste Tribunal às previsões em Decreto". Em suma, a defesa alegou que o art. 97, VI, do CTN autoriza a lei a estabelecer hipóteses de dispensa ou de redução de penalidades, o que legitimaria sua pretensão em aplicar o art. 76, II, "a" da Lei nº 4.502/64. Que o CARF está obrigado a observar as regras previstas em Decreto, por força do disposto no art. 26A do Decreto n° 70.235/72 e no art. 62 do Regimento Interno do CARF. Especificamente em relação às aquisições de insumos isentos oriundos da Zona Franca de Manaus, a CSRF tem entendimento no sentido de reconhecer o crédito de IPI ao adquirente desses insumos desde 11.11.2002. Alega que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) teria reconhecido o direito ao crédito de IPI relativo à aquisição de insumos isentos (com benefício da isenção subjetiva), utilizados na fabricação de produtos sujeitos ao IPI, em observância ao entendimento Plenário do STF no julgamento do RE 212.484/RS e que assim não caberia a aplicação de penalidade (multa de ofício), nos termos do art. 76, II, “a”, da Lei nº 4.502/1964, que dispõe: “Art . 76. Não serão aplicadas penalidades: II enquanto prevalecer o entendimento, aos que tiverem agido ou pago o imposto: a) de acordo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, seja ou não parte o interessado; ...” E que a SUFRAMA teria competência para aprovar projeto industrial para fruição da isenção prevista no art. 6º do DL n° 1.435/75, classificar o produto beneficiado pela isenção e autorizar o crédito do respectivo imposto, nos termos do Decreto n° 7.139/2010 c/c a Resolução do CAS n° 202/2006 e portanto, também não caberia a aplicação da penalidade. Pois bem. Ocorre que posteriormente à edição da Lei nº 4.502/1964, foi editado o Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 1966), recepcionado como Lei Complementar pela Constituição Federal de 1988, que assim dispôs no seu art. 100, incs. I e II e parágrafo único: Fl. 4731DF CARF MF 38 Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; ... Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Ou seja, a partir da vigência do CTN, a exclusão de penalidades com fundamento em decisões do CARF, sem que o contribuinte seja parte nos processos específicos, só é possível caso exista lei atribuindo eficácia normativa às referidas decisões, o que, até o presente momento, não existe. Nesse sentido, vale também relembrar que o Parecer Normativo Cosit nº 23/2013, já pacificou a questão ao esclarecer que os acórdãos do CARF não constituem normas complementares da legislação tributária, porquanto não possuem caráter normativo nem vinculante. Nada obstante, essa é a multa prescrita pelo art. 569 do RIPI/2010, com espeque no art. 80 da Lei 4.502/64, com redação dada pelo art. 13 da Lei 11.448, de 15/06/2007, vazada nos seguintes termos: Art. 80. A falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto lançado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido. A meu juízo, o artigo 76 da Lei 4.502, foi derrogado pela nova redação do art. 80 da mesma Lei, de redação de 2007. Por todo o acima exposto, carece de fundamento a argumentação que visa afastar a aplicação de penalidade, devendo ser mantida a exigência de multa de ofício. 12) Dos juros de mora sobre multa de ofício Alega a Recorrente em seus recurso que "seria totalmente descabida a incidência de juros sobre a multa de oficio lançada contra a RECORRENTE, porque implicaria numa indireta majoração da própria penalidade e não se pode falar em mora na exigência de multa". Essa matéria é recorrente neste Colegiado, sendo minha posição conhecida no sentido de sua pertinência. Nesse ponto, adoto o entendimento inserto no Acórdão 9303002.399, da 3ª Turma da CSRF, julgado em 15/03/2013. Repiso o voto do relator, Henrique Pinheiro Torres, vazado nos seguintes termos, o qual adoto como fundamento de decidir. A obrigação tributária principal, como é de conhecimento de todos, surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto o Fl. 4732DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.714 39 pagamento do tributo ou de penalidade pecuniária, e extinguese com o crédito dela decorrente. Essa é a dicção do § 1º do 1art. 113 do CTN. Ao seu turno o art. 139 do CTN dispõe que o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Do cotejo desses dispositivos legais, concluise, sem qualquer margem à dúvida, que o crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária, visto que ambos constituem a obrigação tributária, a qual tem a mesma natureza do crédito a ela correspondente. Um é a imagem, absolutamente, simétrica do outro, apenas invertida, como ocorre no reflexo do espelho. Olhandose do ponto de vista do credor (pólo ativo da relação jurídica tributária, verseá o crédito tributário; se se transmutar para o pólo oposto, que se verá será, justamente, o inverso, uma obrigação. Daí o art. 139 do CTN declarar expressamente que um tem a mesma natureza do outro. Assim, como o crédito tributário correspondente à obrigação tributária e esta é constituída de tributo e de penalidade pecuniária, a conclusão lógica, e a única possível, é que a penalidade é crédito tributário. Estabelecidas essas premissas, o próximo passo é verificar o tratamento dispensado pela Legislação às hipóteses em que o crédito não é liquidado na data de vencimento. Primeiramente, temse a norma geral estabelecida no Código Tributário Nacional, mais precisamente no caput do 3art. 161, o qual dispõe que, o crédito não integralmente pago no vencimento será acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta. Essa norma geral, por si só, já seria suficiente para assegurar a incidência de juros moratórios sobre multa não paga no prazo de vencimento, pois disciplina especificamente o tratamento a ser dado ao crédito não liquidado no tempo estabelecido pela legislação tributária, mas o legislador ordinário, para não deixar margem à interpretação que discrepasse desse entendimento, foi preciso ao estabelecer que o crédito decorrente de penalidades que não forem pagos no respectivo vencimento estarão sujeitos à incidência de juros de mora. Essa previsão consta, expressamente, do art. 43 da Lei 9.430/1996, que se transcreve linhas abaixo. Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Fl. 4733DF CARF MF 40 Da leitura do dispositivo acima transcrito, concluise, facilmente, sem necessidade de se recorrer a Hermes ou a uma Pitonisa, que o crédito tributário, relativo à penalidade pecuniária, constituído de ofício, não pago no respectivo vencimento, fica sujeito à incidência de juros moratórios, calculados à taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento Em síntese, temse que o crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, fica sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento Para eliminar quaisquer dúvidas que ainda restassem, o Superior Tribunal de Justiça já pacificou o entendimento sobre a matéria, conforme AgRg no REsp 1.335.688PR, julgado em 04/12/2012: EMENTA:PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. Embora o caso paradigmático tratasse de exação de tributo estadual, asseverou o Ministro relator do Agravo: Nos termos da jurisprudência pacífica do STJ, o crédito tributário compreende a multa pecuniária, o que legitima a incidência de juros moratórios sobre a totalidade da dívida. Logo, carece de fundamento a argumentação que visa afastar a aplicação de penalidade, devendo ser mantida a exigência de multa de ofício, conforme enquadramento legal feito no auto de infração, a saber, o art. 80, caput, da Lei 4.502/1964, com a redação dada pela Lei nº 9.430, de 1996, art. 45. Concluindo, não devese, portanto, reconhecer a vigência do art. 76, II, “b”, da Lei nº 4.502/64 e sua aplicação no caso concreto. Assim, voto no sentido de que devem ser mantidos os juros de mora sobre a multa de ofício. 13) Dispositivo Fl. 4734DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.715 41 Com base nos fundamentos acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso de Oficio e ao Recurso Voluntário, mantendose integralmente a decisão recorrida. É como voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 4735DF CARF MF 42 Declaração de Voto Conselheiro Diego Diniz Ribeiro 1. Diante da questão aqui bem relatada pelo ilustre Conselheiro Waldir Navarro Bezerra e, ainda, ante a complexidade do tema debatido, entendi por bem requerer vista dos autos para uma análise mais detida do tema em julgamento. Em verdade, aludida análise irá se debruçar sobre dois pontos particularmente desenvolvidos pela recorrente em suas razões recursais, o que passo a fazer a seguir. I. Da alegação de alteração de critério jurídico pela decisão recorrida 2. Neste tópico em particular, a recorrente se insurge contra ao que chama de alteração de critério jurídico do lançamento, a qual teria sido indevidamente promovida pela r. decisão recorrida. Para ser fiel ao fundamento desenvolvido pelo recorrente, transcrevo aqui alguns trechos das suas razões recursais: (...). (...). Fl. 4736DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.716 43 (...). 3. Para verificar se de fato as razões aduzidas pela recorrente fazem sentido, mister se faz voltar ao Auto de Infração, mais precisamente ao documento chamado "histórico, descrição dos fatos e fundamentação normativa da ação fiscal e da autuação", acostado aos autos as fls. 09/27. Em tal documento a fiscalização relata os motivos da autuação, o que faz nos seguintes termos: (...). A análise indica irregular aproveitamento de parte dos Créditos que invoca a CMR: aqueles levantados sobre o valor de produtos ISENTOS adquiridos da Recofarma (empresa da Zona Franca de Manaus/ZFM), insumos da linha de produção da CMR. Diz o infra Art. 95, III, Decreto 7.212/10, que esses produtos são ISENTOS, e, por sua venda, a Recofarma não sofre débito do IPI que seria devido à luz da TIPI. (...). Neste sentido, as Notas Fiscais da Recofarma não destacam IPI, e anotam, como reza o Decreto 7.212/10 (Art. 415, II, infra), que os produtos nelas contemplados são ISENTOS. Inobstante, ditas Notas sofreram registros manuscritos no campo reservado ao valor do IPI. (...). 1. Constituição Federal (CF) A impropriedade do levantamento de créditos pela CMR sobre tais produtos ISENTOS decorre, em última instância, da CF, que assim dispõe sobre o IPI (Art. 153, IV, e §3º, II): (...). É inequívoco: a compensação do IPI devido na operação dáse contra o montante cobrado nas anteriores. É óbvio, então, que nula a cobrança de IPI na operação anterior, issubsiste valor contra o qual efetuar compensação na operação posterior. E é esse o caso em espécie, senão vejamos. Na saída dos Concentrados, TIPI 2106.90.10 (insumos nos refrigerantes da CMR) a Recofarma sobre eles não apura IPI, por isentos que são. Fica afastada a compensação de débitos Fl. 4737DF CARF MF 44 apurados na operação seguinte (venda de refrigerantes pela CMR), com créditos da operação prévia, que nem sequer existem! Afinal, a venda de Concentrados não sujeitou a Recofarma ao IPI. Admitir o contrário é subverter a Norma Constitucional. Admitir legislação dissonante é ceitar e agir à margem da constitucionalidade. Admitir dispositivo, anterior à vigência da CF, que autorize o contrário, é violar o sistema jurídico pátrio, atacando o Poder Constituinte Originário e sua Obra finalística, que revoga o que lhe é incompatível. (...). 2. Código Tributário Nacional (CTN) Em fina sintonia com o sistema jurídicoconstitucional a Norma Geral do Direito Tributário dispõe: (...). Indiscutível que o CTN condiciona a nãocumulatividade à diferença entre o valor do IPI levantado nas saídas, cotejado com o IPI pago nas entradas no estabelecimento. Donde inatacável que: se não incidiu IPI na entrada dos produtos (como é o caso tratado) não há valor do IPI de que lançar mão para compensar com o IPI apurado nas saídas de produtos do mesmo estabelecimento. 3. Decreto 7.212/10 RIPI Da mesma forma ressoa o Decreto 7.212/10, fazendo eco ao CTN, e este, à CF: (...). 4. Acórdãos do Supremo Tribunal Federal Lides judiciais em torno do direito creditório, como o desejado pela CMR, têm gerado no STF decisões sucessivas afinadas ao espírito Constitucional da nãocumulatividade do IPI, dando pela ausência do direito a crédito nas aquisições isentas, como se elencam abaixo. (...) (grifos constantes no original). 4. Da leitura do aludido relatório fiscal é possível concluir que a autuação encontrase pautada em um único fundamento: as aquisições de produtos desonerados impediria a tomada de crédito de IPI por conflitar com o disposto no art. 153, IV e §3º, inciso II da CF, bem como ao prescrito no art. 49 do CTN e art. 225 do RIPI/2010, além de também se contrapor aos precedentes do STF que negam o aproveitamento do crédito em operações desoneradas de IPI. Importante registrar que ao fundamentar a exigência com base na desoneração da operação em análise, assim aduz a fiscalização: (...). A análise indica irregular aproveitamento de parte dos Créditos que invoca a CMR: aqueles levantados sobre o valor de produtos Fl. 4738DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.717 45 ISENTOS adquiridos da Recofarma (empresa da Zona Franca de Manaus/ZFM), insumos da linha de produção da CMR. Diz o infra Art. 95, III, Decreto 7.212/10, que esses produtos são ISENTOS, e, por sua venda, a Recofarma não sofre débito do IPI que seria devido à luz da TIPI. (...). (grifos nossos) 5. Percebese, pois, que a autuação afirma, textualmente, que as aquisições perpetradas pela recorrente seriam objeto da isenção prevista no art. 95, inciso III do RIPI/2010 e que, por tratarse de uma operação desonerada, nos termos do já citados arts. 153, IV e §3º, inciso II da CF, 49 do CTN e 225 do RIPI/2010, não dariam direito ao crédito de IPI. 6. Todavia, o que a fiscalização ignora é que neste tipo de isenção não cabe tal discussão, já que o creditamento é devido por configurar um incentivo fiscal, exatamente como prescreve o art. 237 do mesmo RIPI/2010, in verbis: Art. 237. Os estabelecimentos industriais poderão creditarse do valor do imposto calculado, como se devido fosse, sobre os produtos adquiridos com a isenção do inciso III do art. 95, desde que para emprego como matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, na industrialização de produtos sujeitos ao imposto. 7. Assim, para desnaturar tal creditamento, a fiscalização teria dois caminhos a percorrer: (i) demonstrar que a recorrente, na qualidade de adquirente do produto desonerado, não teria atendido os requisitos legais estampados no art. 237 do RIPI/2010; ou (ii) provar que a vendedora do produto isento situada na ZFM (Recofarma) não teria atendido os requisitos do art. 6o do Decreto 1.435/75. 8. Assim, o primeiro caminho possível para a fiscalização seria no sentido de demonstrar que os bens adquiridos pala recorrente em tais operações não foram empregados como matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem na industrialização de produtos sujeitos ao IPI, o que, conforme se depreende da leitura do TVF, não aconteceu no caso em concreto. Ao contrário, a própria fiscalização exige do contribuinte uma diferença de IPI na saída, uma vez que, segundo sua acusação, a recorrente estaria se valendo do que chamou de "dois pesos e duas medidas", já que tomaria o crédito aqui contestado mediante apuração "ad valorem", mas daria saída tributada mediante apuração "ad rem". É exatamente este o teor da manifestação fiscal de fl. 17: (...). Dos dados neles expostos aquilatase o grau importante de amplificação dos valores obtidos com a tributação 'Ad Valorem'. Objetivamente o faz a CMR na apuração do IPI na Entrada e na Saída é: ( i) Na Entrada usa tributação 'Ad Valorem', que gera mais créditos que na outra hipótese, mas, ( ii) Na Saída aplica a forma Por Quantidade, que gera menos débitos que na hipótese alternativa. (...) (grifos constantes no original). Fl. 4739DF CARF MF 46 9. Em suma, em momento algum a fiscalização tratou do disposto no sobredito art. 237 do RIPI/2010. Em outros termos, não há uma única linha sequer no citado relatório fiscal no sentido de afirmar que a recorrida (adquirente do produto isento) não teria cumprido a exigência estampada em tal prescritivo legal. 10. Não obstante, outra forma possível de promover a glosa deste crédito (art. 95, inciso III do RIPI/2010), seria desabonando a conduta do vendedor do produto desonerado (empresa Recofarma) por não atender o disposto no art. 6o do Decreto 1.435/75, que assim dispõe: Art 6º Ficam isentos do Imposto sobre Produtos Industrializados os produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos localizados na área definida pelo § 4º do art. 1º do Decretolei nº 291, de 28 de fevereiro de 1967. § 1º Os produtos a que se refere o "caput" deste artigo gerarão crédito do Imposto sobre Produtos Industrializados, calculado como se devido fosse, sempre que empregados como matérias primas, produtos intermediários ou materiais de embalagem, na industrialização, em qualquer ponto do território nacional, de produtos efetivamente sujeitos ao pagamento do referido imposto. 11. Acontece que, como se observa do citado TVF, em momento algum a fiscalização afirmou e, consequentemente, provou que a vendedora dos produtos isentos (Recofarma) deixou de empregar matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais da Amazônia Ocidental. Em verdade, tal fundamento só foi trazido pela DRJ, conforme se observa do seguinte trecho da decisão recorrida: (...). Como exposto em item precedente deste voto, em sua defesa a autuada alega estarem os concentrados adquiridos da Recofarma beneficiados pela hipótese de isenção de que cuidam os artigos 82,III e 95,III, dos RIPI’s 2002 e 2010, respectivamente, cuja matriz legal é o art. 6º do DL nº 1.435/75, por serem elaborados com matériaprima agrícola, por estabelecimento localizado na Amazônia Ocidental. Tais produtos, embora isentos, teriam o direito de crédito do IPI garantido ao adquirente em face do disposto nos arts. 175 e 237 dos RIPI 2002 e 2010, respectivamente. (...). Porém, três condições cumulativas deverão ser atendidos pelo fornecedor na elaboração do produto: i) que o estabelecimento industrial fornecedor do produto se localize na Amazônia Ocidental; ii) que os projetos de produção tenham sido aprovados pelo Conselho de Administração da SUFRAMA; iii) que o produto seja elaborado com matériaprima agrícola e extrativa vegetal de produção regional. Registrese que a autuada limitouse em sua defesa a alegar que os concentrados adquiridos da Recofarma são beneficiados pela hipótese de isenção de que cuidam os artigos 82,III e 95,III, dos RIPI’s 2002 e 2010, por serem elaborados com matériaprima Fl. 4740DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.718 47 agrícola por estabelecimento localizado na Amazônia Ocidental sem no entanto trazer aos autos qualquer elemento que evidenciasse o cumprimento de tais condições. Nesse ponto cumpre destacar, por oportuno, a existência de procedimentos de fiscalização realizados anteriormente e submetidos à apreciação desta DRJ e também do CARF, nos quais a própria CMR figura como interessada e o litígio travado envolve exatamente o direito de apropriação do crédito do IPI como se devido fosse relativamente às aquisições do concentrado fornecido pela Recofarma com isenção. Citamse, como exemplo, os processos nº 10183.721209/201396 [atualmente aguardando julgamento de Recurso Voluntário, pelo CARF] e 10320.000824/201009 [recentemente julgado pelo CARF, em sessão realizada em 09/12/2015], nos quais o entendimento, tanto da DRJ quanto do CARF foi pela manutenção das glosas dos créditos atinentes às aquisições do concentrado da Recofarma pela falta de cumprimento da condição de elaboração do referido produto – o concentrado – com matériaprima agrícola e extrativa vegetal de produção regional. Do Termo de Verificação Fiscal lavrado no processo nº 10183.721209/201396 – no qual foi fiscalizado o período de 08/2007 a 03/2012, estabelecimento 06.272.199/001327 da CMR – se colacionam os seguintes excertos, na parte que interessa: (...). Do julgamento da impugnação interposta pela CMR no mencionado processo resultou o Acórdão nº 0944678, de 21/06/2013, desta DRJ/JFA, que concluiu pela procedência da glosa dos créditos advindos das aquisições dos concentrados da Recofarma, sob o fundamento de descumprimento, pela fornecedora – a Recofarma – da condição de elaboração do produto – o concentrado, utilizado pela CMR como matéria prima na elaboração dos refrigerantes – com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais, de produção regional, uma vez que a Recofarma utiliza como matériaprima na sua elaboração produtos industrializados [o açúcar e o álcool, adquiridos de produtores da Amazônia Ocidental]. No mesmo sentido foi o entendimento do CARF por ocasião do julgamento do processo 10320.000824/201009 – que tem por sujeito passivo a matriz da CMR e cujo período fiscalizado foi de 01/2004 a 12/2005 –, consubstanciado no Acórdão CARF nº 330202.918, de 09/12/2015, no sentido de que “os insumos adquiridos com isenção pela recorrente não atendem os requisitos para o gozo da isenção instituída no art. 6º do Decretolei 1.435/1975 (base legal do art. 82, III, do RIPI/2002), por essa razão, não faz jus à apropriação dos créditos sobre aquisição de tais insumos”, uma vez que “não há nos autos qualquer prova de que a fornecedora Recofarma tenha utilizado na fabricação do Fl. 4741DF CARF MF 48 insumo vendido com isenção para recorrente matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional”. (...). (grifos nosso). 12. Da leitura de tais excertos da decisão guerreada, é possível observar que, em momento algum, a instância a quo indica fundamentos e provas veiculados neste processo administrativo, sempre se socorrendo a outros processos, decisões e acórdãos. E a decisão recorrida não faz menção a fundamentos e provas para tais tópicos neste processo administrativo porque eles inexistem. 13. Percebese, portanto, que neste processo administrativo, a fiscalização pautou sua autuação apenas quanto a impossibilidade de creditamento de IPI em operações desoneradas com o tributo, na linha do que fora decidido pelo STF no RE n. 590.809RS. Olvidouse, entretanto, que neste caso específico haveria mais um fundamento a ser obrigatoriamente debatido para que pudesse sustentar o efeito prático da glosa perpetrada, qual seja, o cumprimento dos requisitos do art. 237 do RIPI ou do art. 6o do Decreto 1.435/75, questão esta que não foi em momento algum suscitada na autuação. Como visto, tal "fundamentação" só foi trazida pela decisão da DRJ, o que se deu mediante a menção de outros processos administrativos existentes em face da recorrente, inclusive com transcrição de parte de outros TVF's. Aliás, a transposição de outros TVF's no voto da DRJ em muito se assemelha ao uso de prova emprestada, o que só reforça a sua injuridicidade, já que a atividade da instância de piso é de julgamento, cabendo o ônus probatório a ser cumprido pela fiscalização. 14. Patente está, portanto, a notória alteração de critério jurídico neste caso em concreto, o que implica ofensa ao disposto no art. 146 do CTN, bem como em claro desrespeito ao substantive due process já que tal prática impede que a recorrente promova a sua substancial defesa no caso decidendo. Aliás, em caso análogo ao aqui tratado, assim decidiu este Tribunal administrativo, por unanimidade de votos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 10/01/2005 a 31/05/2008 MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. COISA JULGADA. EFICÁCIA. A coisa julgada formada em mandado de segurança coletivo só alcança os substituídos domiciliados no âmbito territorial do órgão judiciário que proferiu a decisão. DECISÕES DO STF. APLICABILIDADE. À luz do art. 62A do RICARF, o RE 212.484 tornouse inaplicável no âmbito do CARF desde a decretação da repercussão geral no RE 592.891. CRÉDITOS. ZONA FRANCA DE MANAUS. Não existe amparo legal para a tomada de créditos fictos de IPI em relação a insumos adquiridos com a isenção prevista no art. 9º do DecretoLei nº 288/67. CRÉDITOS. AMAZÔNIA OCIDENTAL. Fl. 4742DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.719 49 Comprovado que o fornecedor dos insumos estava amparado por Resolução emitida pelo Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus para gozar da isenção prevista no art. 6º do DecretoLei nº 1.435/75, reverte se a glosa de créditos efetuada no adquirente dos insumos a partir da data daquela Resolução. Recurso voluntário provido em parte. 15. Em seu voto, o Relator do caso, Conselheiro Antonio Carlos Atulim, assim esclarece: (...). Sendo assim, uma decisão proferida por um órgão colegiado com a relevância do Conselho de Administração da SUFRAMA, não pode ser alterada e nem ter seus termos estendidos por interpretação de quem quer que seja. Somente ao CAS, no âmbito de sua competência, caberia fixar em suas próprias resoluções o significado do vocábulo "regional" contido no art. 6º do DecretoLei nº 1.435/75. Sendo assim, há que se concordar com a decisão recorrida e com a Procuradoria da Fazenda Nacional, no sentido de que a recorrente só passou a gozar do direito estabelecido no art. 6º, § 1º, do DecretoLei nº 1.435/75 (art. 175 do RIPI/2002) a partir de 11 de dezembro de 2007, quando foi aprovada a Resolução CAS nº 298/2007 (fls. 1455/1456). Entretanto, não se pode concordar nem com a DRJ e nem com a Procuradoria da Fazenda Nacional, quando argumentam que mesmo a partir de dezembro de 2007 o contribuinte não poderia tomar o crédito ficto, em razão do concentrado sabor cola não ser produzido com matériasprimas de produção regional. A uma porque esse motivo não foi levantado pela fiscalização no termo de verificação fiscal como fato determinante da autuação. A duas, porque não se sabe de onde a DRJ tirou a informação de que o concentrado sabor cola não leva nenhum insumo de produção regional em sua elaboração. Não existe no processo nada, absolutamente nada que comprove que o concentrado sabor cola não leve em sua formulação algum insumo de produção regional. E a três, porque no Parecer Técnico de Projeto nº 224/2007 (fls. 1446/1453) está escrito com todas as letras que o concentrado para refrigerante sabor cola é elaborado com açúcar cristal produzido na Agropecuária Jayoro, localizada no município de Presidente Figueiredo AM e que o açúcar mascavo é produzido por produtores rurais do interior do Estado do Amazonas. Fl. 4743DF CARF MF 50 Assim, há que se reconhecer ao contribuinte o direito aos créditos fíctos do IPI em relação às notas fiscais emitidas pela RECOFARMA a partir de 11/12/2007. (...) (grifos nosso). 16. No mesmo diapasão foi o entendimento desta Turma julgadora que, em sua antiga composição, assim decidiu (acórdão n. 3402003.067): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2006 LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. ATO ADMINISTRATIVO VINCULADO. TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. IMPOSSIBILIDADE. A desconformidade entre o fato real e o fato descrito na norma individual e concreta (ato de lançamento) é causa de decretação da improcedência do lançamento pelo mérito, com base na teoria dos motivos determinantes. É ilegal a manutenção do lançamento fiscal por fundamento diverso daquele que foi originalmente invocado, uma vez que sendo o lançamento tributário um ato administrativo enquadrado na classe dos atos vinculados, os motivos invocados originalmente são vinculantes para a Administração. Recurso de ofício negado. (g.n.). 17. Em voto vencedor, assim prescreveu o Redator designado, Conselheiro Antonio Carlos Atulim: (...). Em sede de julgamento administrativo não há como trocar o fundamento "o crédito é indevido porque os insumos estão sujeitos à alíquota zero", pelo fundamento "o crédito é indevido porque o fabricante dos concentrados não cumpriu os requisitos do art. 82, III, do RIPI/2002". Desse modo, são totalmente impertinentes as duas diligências solicitadas pela antiga Turma 3302, pois visaram a obtenção de provas com o objetivo claro de tentar manter a autuação por fundamento diverso do originalmente invocado. Sendo manifestamente improcedente o auto de infração, foi correto o seu cancelamento pela DRJ, mas pelos fundamentos acima declinados. E com tais fundamentos, acompanho a ilustre relatora Thais De Laurentiis Galkowicz pelas conclusões para negar provimento ao recurso de ofício. (...) (grifos constantes no original). 18. Com base em tais razões, encaminho meu voto para dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte. Fl. 4744DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.720 51 II. Dos reflexos da coisa julgada existente no Mandado de Segurança coletivo autuado sob o n. 91.00477834 para o caso decidendo 19. Não obstante a fundamentação alhures ser suficiente para afastar a presente exigência fiscal, também resolvi debruçarme acerca de outra questão desenvolvida pela recorrente em suas razões recursais (fls. 4.531/4.595), bem como da petição acostada como documento nãopaginável (termo de análise de fl. 4.650). Tratase, em suma, de analisar os reflexos da coisa julgada formada no mandamus coletivo autuado sob o 91.00477834 para o caso em apreço, sem olvidar do precedente Pretoriano firmado no RE n. 612.043/PR, afetado por repercussão geral. É o que se passa a fazer a seguir. 20. Primeiramente, insta delimitar os contornos da referida ação mandamental. Nesse sentido, convém registrar que tal demanda foi impetrada pela Associação dos Fabricantes Brasileiros de Cocacola (AFBCC), na qualidade de substituta processual dos seus associados, tendo como parte impetrada a União e como autoridade coatora o Delegado da Receita Federal do Rio de Janeiro, haja vista que a aludida Associação tinha domicílio na cidade do Rio de Janeiro. 21. Em suma, a AFBCC almejava com a citada ação que seus associados pudessem aproveitar créditos de IPI na hipótese de aquisição de concentrados registrados na TIPI na posição 2106.90 oriundos da Zona Franca de Manaus e sujeitos à isenção, sempre que tal concentrado fosse empregado na fabricação dos seus produtos (refrigerantes posição 2202.90 da TIP). É o que se observa da conjugação dos itens "a" e "c" do pedido veiculado no referido mandamus: 22. Em 02 de dezembro de 1999 a referida ação transitou em julgado em favor da AFBCC, mediante decisão do Supremo Tribunal Federal (AI 252.801/RJ) que, por intermédio de decisão monocrática do Ministro Marco Aurélio, negou seguimento ao recurso Fl. 4745DF CARF MF 52 extraordinário interposto pelo Fazenda Nacional e manteve a decisão da instância a quo que admitia o creditamento vindicado. 23. Acontece que, interpretando o teor da decisão lá veiculada, a fiscalização tem defendido a tese de que referida decisão coletiva teria seus efeitos limitados aos associados da AFBCC que se encontrassem dentro do âmbito da jurisdição do órgão prolator da decisão em questão, i.e., a Seção Judiciária do Rio de Janeiro. Aduz, ainda, que tal tese teria sido vaticinada pela decisão proferida pelo STF no âmbito da reclamação constitucional promovida pela AFBCC (Reclamação n. 7.7781/SP) e que restou assim ementada: Agravo regimental em reclamação. 2. Ação coletiva. Coisa julgada. Limite territorial restrito à jurisdição do órgão prolator. Art. 16 da Lei n. 7.347/1985. 3. Mandado de segurança coletivo ajuizado antes da modificação da norma. Irrelevância. Trânsito em julgado posterior e eficácia declaratória da norma. 4. Decisão monocrática que nega seguimento a agravo de instrumento. Art. 544, § 4º, II, b, do CPC. Não ocorrência de efeito substitutivo em relação ao acórdão recorrido, para fins de atribuição de efeitos erga omnes, em âmbito nacional, à decisão proferida em sede de ação coletiva, sob pena de desvirtuamento da lei que impõe limitação territorial. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (grifos nosso). 24. O relator do caso no STF, Ministro Gilmar Mendes Ferreira, assim esclarece em seu voto: Ocorre que o art. 2ºA da Lei 9.494 aduz expressamente que "a sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados, abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator". Assim, o limite da territorialidade pretende demarcar a área de produção dos efeitos da sentença, tomando em consideração o território dentro do qual o juiz tem competência para processamento e julgamento dos feitos. (g.n.). 23. As imprecisões técnicas do sobredito julgado Pretoriano já foram muito bem expostas pela Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz em votos proferidos neste Tribunal (v.g., acórdão n. 3402003.067), bem como em preciso trabalho doutrinário1, cujas considerações coaduno integralmente. Não obstante, a questão é que aludida decisão do STF na Reclamação n. 7.7781/SP gera o debate quanto à limitação do âmbito territorial da eficácia da decisão proferida no mandamus autuado sob o n. 91.00477834. Assim, resta saber se tal discussão é superada com o advento da decisão proferida pelo mesmo STF no âmbito do recurso extraordinário n. 612.043/PR, afetado por repercussão geral, i.e., com efeito vinculante. Para obter alguma conclusão a respeito, mister se faz delimitar o contexto fático da demanda julgada pelo STF, a qual foi bem retrata pelo Relator do caso, Ministro Marco Aurélio, nos seguintes termos: (...). 1 GALKOWICZ, Thais de Laurentiis. "Coisa julgada em mandado de segurança coletivo sobre matéria tributária estudo de caso". "In" "Processo Tributário Analítico" (vol. III). CONRADO, Paulo César (org.). São Paulo: Noeses, 2016. pp. 87110. Fl. 4746DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.721 53 Cumpre assentar as balizas subjetivas e objetivas do caso concreto visando a delimitação da controvérsia submetida ao crivo do Supremo. Determinada Associação propôs ação coletiva, sob o rito ordinário, contra a União, objetivando a repetição de valores descontados a título de imposto de renda de servidores, incidente sobre férias não usufruídas por necessidade do serviço. Com a procedência do pleito no processo de conhecimento e o subsequente trânsito em julgado, foi deflagrado, pela Associação, o início da fase de cumprimento de sentença. Nesta, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região veio a assentar, em sede de agravo, a necessidade de a peça primeira da execução vir instruída com documentação comprobatória de filiação do associado em momento anterior ou até o dia do ajuizamento da ação de conhecimento, observado o disposto no artigo 2ºA, parágrafo único, da Lei nº 9.494/1997, incluído pela Medida Provisória nº 2.18035/2001. Desprovidos declaratórios, sobreveio extraordinário, interposto com alegada base na alínea “a” do permissivo constitucional, no qual se alega contrariedade aos artigos 1º, 5º, inciso XXI, da Lei Maior, além da inconstitucionalidade do artigo 2ºA, parágrafo único, da Lei nº 9.494/1997. (...). Consoante consignado quando da admissão da repercussão geral da matéria, cumpre definir o momento adequado de exigirse a comprovação de filiação daqueles representados pela Associação, para fins de execução de sentença proferida em ação coletiva. (...) (g.n.). 24. Da delimitação fática do julgado em apreço é possível observar que a questão decidida pelo Supremo Tribunal Federal era uma só: definir o momento temporal oportuno para que alguém se vinculasse a uma associação civil exitosa em uma ação coletiva ordinária e, com isso, para que pudesse fruir dos efeitos da procedência desta ação. É por isso, inclusive, que o Relator deste caso afirma que o mesmo estaria refinando2 o anterior precedente Pretoriano retratado pelo RE n. 573.232/SC3, também julgado sob repercussão geral. 2 "E esse refinamento/aperfeiçoamento citado é absolutamente válido em um modelo sério de precedentes. E isso porque, uma decisão judicial, ainda que proferida pelo STF, não tem o condão de já nascer com a chancela de precedente. Esse “status” é adquirido em concreto, na medida em que aquela determinada decisão e sua “ratio deciendi” são convocadas para resolver casos semelhantes mediante o emprego de uma analogia axiológico problemática. Acontece que, ao realizar essa comparação analógica, é possível que o juiz do novo caso a ser decidido perceba que o caso precedente, embora se aproxime do caso decidendo, não responde, por si só, novas questões postas pelo novo caso, o que demandará uma expansão – não ruptura – do precedente. Nessa oportunidade, o juiz do caso decidendo poderá convocar o caso precedente, mas também ficará encarregado de atualizálo a partir das questões relevantes e inauguralmente postas pelo novo caso a ser decidido. 'Em outras palavras, jamais o precedente será anunciado e forma completa e única. É a partir das distinções, das ampliações e das reduções que os precedentes são dinamicamente refinados pelo Judiciário (sempre a partir das contribuições de todos os sujeitos processuais), à luz de novas situações e contextos, a fim de se delimitar a abrangência da norma extraída do precedente. Se, de um lado, é verdade que o precedente originário estabelece o Fl. 4747DF CARF MF 54 25. Analisando mais detidamente o RE n. 573.232/SC, observase que o STF delimitou ser indispensável a prévia e específica autorização dos associados para o ajuizamento de ações propostas por associações civis e que envolvam os interesses dos seus associados, uma vez que estarseia diante de hipótese de representação processual, de modo que seria insuficiente a simples previsão genérica em estatuto autorizando a via judicial. Por sua vez, partindo da premissa fixada no RE n. 573.232/SC, o STF assentou no RE n. 612.043/PR o entendimento que tal autorização deveria ser externada antes do ajuizamento da demanda, sob pena daquela associado posteriormente integrado à Associação não fruir da decisão por ela obtida. É o que deixa claro o teor da tese aprovada pelo STF no julgamento do RE n. 610.043/PR, in verbis: A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de interesses dos associados, somente alcança os filiados, residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento. 26. A menção ao uso da expressão "de rito ordinário" não foi aqui empregada com o sentido almejado pela recorrente, o que fica claro dos debates travados entre os Ministros do STF que participaram da sessão de julgamento, em especial quando se contrasta o voto do Ministro Relator com o voto do Ministro Ricardo Lewandowski. A discussão travada e que ensejou no emprego da expressão sobredita foi no sentido de excluir as ações civis públicas do entendimento que estava sendo ali firmado pelo STF, uma vez que, segundo o STF, nessas demandas não se trataria de hipótese de representação processual, mas sim de substituição processual. Tal minúcia é muito bem trabalhada por João Pereira Monteiro Neto, em pertinente artigo doutrinário4. 27. E nem poderia ser diferente, já que o caso julgado pelo STF era de ação coletiva ordinária, o que limita a amplitude cognitiva do Tribunal para aquela situação fática específica. Daí, inclusive, o STF julgar constitucional o art. 2oA da lei n. 9.494/97 para este específico tipo de ação (coletiva ordinária). Por outro giro verbal, a questão da (in)constitucionalidade do art. 2oA da lei n. 9.494/97 em relação a outras ações coletivas (dentre elas o mandado de segurança coletivo) permanece em aberta. primeiro material jurisprudencial (não se ignora o texto legal e a doutrina) sobre o qual se debruçarão os intérpretes dos casos subsequentes, com o passar do tempo, uma linha de precedentes se formará a partir daquele primeiro precedente, confirmandoo, especificandoo e conferindolhe estabilidade, e a técnica da distinção (distinguishing) desempenha uma importante função no amadurecimento dos precedentes e, porque, também não, dos padrões decisórios e do direito jurisprudencial como um todo.' (HORTA, André Frederico. NUNES, Dierle. “Aplicação de precedentes e ‘distinguishing’ no CPC/2015: uma breve introdução”.)." (RIBEIRO, Diego Diniz."Coisa julgada, direito judicial e ação rescisória." "Iin"" Processo tributário analítico." (vol. II). CONRADO, Paulo César (org.). 2ª. ed. São Paulo: Noeses, 2016.). 3 REPRESENTAÇÃO – ASSOCIADOS – ARTIGO 5º, INCISO XXI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALCANCE. O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República encerra representação específica, não alcançando previsão genérica do estatuto da associação a revelar a defesa dos interesses dos associados. TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL – ASSOCIAÇÃO – BENEFICIÁRIOS. As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação proposta por associação, é definida pela representação no processo de conhecimento, presente a autorização expressa dos associados e a lista destes juntada à inicial. (RE 573232, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2014, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe182 DIVULG 18092014 PUBLIC 19092014 EMENT VOL0274301 PP00001). 4 Disponível em: http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI262001,71043Representacao+sui+generis+coletiva. Acessado em 11/05/2018. Fl. 4748DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.722 55 28. Diante deste quadro, penso que o debate travado no RE n. 612.043/PR não muda a discussão que se deve ter no presente caso, qual seja, se a decisão proferida no mandado de segurança n. 91.00477834 está ou não limitada territorialmente ao jurisdicionado do Rio de Janeiro, Seção Judiciária da autoridade coatora indicada no aludido mandamus. 29. Nesse sentido, como já afirmei anteriormente no presente voto, adiro integralmente as razões externadas pela Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz no acórdão n. 3402003.067, motivo pelo qual utilizo tais fundamentos como razões de decidir, nos exatos termos do art. 50, § 1o da lei 9.784/99. Este é o teor do citado voto que aqui emprego como fundamento: (...). Efetivamente, o julgamento da Reclamação n. 7.7781/SP recaiu em uma vala comum” a qual não pertence, culminando em decisão totalmente dissociada do direito processual aplicável aos mandados de segurança coletivos de matéria tributária, bem como do caso concreto levado à apreciação do STF, e que agora merece uma análise mais cuidadosa deste Conselho. Neste sentido, vale salientar que, em consulta sobre o andamento processual da Reclamação n. 7.778 (apresentada por Companhia de Bebidas Ipiranga, associada que fora substituída pela AFBCC no Mandado de segurança Coletivo n. 91.00477834) no sítio eletrônico do STF, constatase que foram opostos embargos de declaração ainda pendentes de julgamento. Assim, a decisão ainda não é final. Dito isto, passo à demonstração dos sucessivos equívocos que são cometidos ao se afastar a autoridade da coisa julgada formada no Mandado de segurança Coletivo n. 91.00477834 dos membros da AFBCC. 1.1. Mandado de segurança coletivo como meio de tutela de direitos individuais homogêneos em contraposição aos instrumentos de tutela dos interesses transindividuais em juízo Desde já adianto que a confusão iniciada no julgamento da Reclamação n. 7.7781, que vem reverberando nos julgamentos do CARF, consiste em tratar o mandado de segurança coletivo (regulado pela Lei do Mandado de Segurança) como se fosse uma ação coletiva que visa provimento jurisdicional acerca de direitos transindividuais (ou coletivos em sentido lato). Tal confusão tornase especialmente grave pois acarreta na indevida aplicação das regras que disciplinam a coisa julgada formada nas ações coletivas aos mandados de segurança coletivos sobre matéria tributária, o que não se coaduna com o direito que cada uma desses instrumentos processuais visa tutelar, tampouco com a disciplina jurídica expressamente posta pelo ordenamento pátrio para cada uma dessas ações. O problema processual é de fato delicado, merecendo detida explanação. Fl. 4749DF CARF MF 56 1.1.1. Dos diferentes direitos tutelado nas Ações Coletivas e nos Mandados de Segurança Coletivos, acarretando em diferentes regimes jurídicos aplicáveis Não se deve confundir “direito coletivo” (= gênero do qual fazem partes as espécies direito coletivo em sentido estrito e direito difuso) com “defesa coletiva de direitos”(= defesa por meio de ações coletivas de direito individual homogêneo). 2 A mais abalizada doutrina sobre a matéria aponta que foi com o advento do Código de Defesa do Consumidor que insurgiu o errôneo e problemático tratamento dos direitos “individuais homogêneos” como espécie dos “direitos coletivos ou difusos", acarretando na utilização equivocada de instrumentos processuais específicos para uma ou outra situação.3 Tal equívoco, de aplicação de regime jurídico incorreto ao mandados de segurança coletivo, como já aventado alhures, é exatamente o que aconteceu no julgamento da Reclamação n. 7.7781. Simplificando a classificação pincelada acima, temos que os direitos coletivos são direitos sem titular individualmente determinado e materialmente indivisíveis (e.g. meio ambiente, direito do consumidor, patrimônio histórico, cultural, etc). Os direitos individuais e homogêneos são totalmente distintos. Sobre sua conceituação, peço licença para fazer uso das palavras de Teori Zavaski, 4 que sintetiza o espinhoso assunto de forma didática: A expressão ‘direito individuais homogêneos’ foi cunhada, em nosso direito positivo, pelo Código de Defesa do Consumidor – CDC (Lei 8.078/90), para designar um conjunto de direitos subjetivos ‘de origem comum’ (art. 81, parágrafo único, III), que em razão de sua homogeneidade, podem ser tutelados por 'ações coletivas’ (...). Não se trata, já se viu, de um novo direito material, mas simplesmente de uma nova expressão para classificar certos direitos subjetivo individuais, aqueles mesmo aos quis se refere o CPC no art. 46, ou seja, direitos que 'derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito' (inciso II) ou que tenham entre si relação de afinidade' por um ponto comum de fato ou de direito'. (...) Tratase de direitos originados da incidência de um mesmo conjunto normativo sobre uma situação fática idêntica ou assemelhada. (grifei) O mesmo jurista, destaca então que o sistema processual brasileiro separou o tratamento desses direitos (direitos coletivos x direitos individuais homogêneos) e traçou dois subsistemas distintos: i) o subsistema dos instrumentos de tutela dos direitos coletivos (ações civis públicas e ação popular), ii) subsistema processual dos instrumentos para tutelar coletivamente os direitos subjetivos individuais homogêneos (ações civis coletivas, nas quais se inclui o mandado de segurança coletivo). 5 Sendo diferentes os regimes jurídicos citados acima, igualmente diversa é a forma com que o direito processual trata a coisa julgada formada em ação de tutela de direito coletivo da coisa julgada formada em ação coletiva de Fl. 4750DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.723 57 tutela de direito individual, como pormenorizadamente destacado no tópico abaixo: 1.1.2. Da impropriedade de aplicação das normas relativas à coisa julgada das ações coletivas ao Mandado de segurança Coletivo sobre matéria tributária Nas ações coletivas (instrumentos de tutela dos direitos coletivos) de modo geral (ação civil pública e ação popular), os colegitimados ativos da ação (Ministério Público, associações, etc) não são os titulares de interesses coletivos (direitos difusos ou direitos coletivos em sentido estrito). Os titulares destes direitos são, isto sim, as pessoas, determinados grupos sociais, ou a sociedade como um todo, que compartilham esses direitos. Os primeiros substituem os segundos ao apresentarem as ações judiciais, conforme previsão legal. Vêse que os interesses em jogo nestas ações excedem o âmbito estritamente pessoal, porém não caracterizam propriamente o interesse público. 6 Em função destas características, na tutela coletiva (instrumentos de tutela dos direitos coletivos) é necessário que a imutabilidade da sentença proferida pelo Poder Judiciário ultrapasse os limites das partes que compuseram o processo, ou seja, a coisa julgada nas ações coletiva é erga omnes ou ultra partes (e.g. artigo 103 do CDC).7 Afinal, o direito é de uma determinada coletividade, devendo a toda ela surtir efeito a decisão. Neste contexto é que se insere o art. 16 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 (Lei da Ação Civil Pública), cuja redação original segue transcrita a seguir: Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, exceto se a ação for julgada improcedente por deficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendose de nova prova (grifei) Este dispositivo, contudo, teve sua redação alterada pela Lei n. 9.494/1997 passando a ter a seguinte forma: Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendose de nova prova. (grifei) Além de modificar a redação do artigo 16 da Lei da Ação Civil Pública, a Lei n. 9.494/1997 trouxe nova regra às ações coletivas, em seu artigo 2ºA – que é o fundamento da decisão do STF na Reclamação n. 77781, e, portanto, o cerne da presente controvérsia , in verbis: Art. 2oA. A sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados, abrangerá apenas os substituídos Fl. 4751DF CARF MF 58 que tenham, na data da propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator. (grifei) Constatase de pronto que este dispositivo veio disciplinar o "problema”relativo ao efeito erga omnes das sentenças prolatadas em ações para tutela de interesses coletivos (ação popular e ação civil pública), nas quais a eficácia subjetiva da coisa julgada não se limita às partes que compõe o processo, diferentemente do que ocorre com as ações individuais. Recordese que a ação civil pública também pode ser promovida por entidades associativas, porém, quando transitada em julgado, a coisa julgada material ali formada possuía efeitos erga omnes antes da alteração promovida pelo artigo 2ºA da Lei n. 9.494/97, acima transcrito. Com a nova redação, o efeito erga omnes ficou restrito aos substituídos localizados na jurisdição territorial em que foi prolatada a decisão. Diante destes dispositivos, o STF, ao se deparar com a Reclamação n. 7.7781, a qual, recordese, foi apresentada por um dos membros da Associação que impetrou o mandamus, uma vez que fora autuado pela Receita Federal de Ribeirão Preto mesmo possuindo a coisa julgada formada no MSC n. 91.00477834, aplicouos ao caso, decretando ser impossível a utilização da autoridade da coisa julgada pela empresa reclamante, por estar fora da competência territorial do órgão prolator da decisão. Perguntase: está correto tal entendimento? Entendo que não. Por dois motivos, tratados nos itens seguintes. 1.1.2.1. O MSC n. 91.00477834 cuida de direito individual homogêneo, específico e restrito aos membros da AFBCC, que vem sendo requerido pelas partes do processo, e não por terceiros Como esclarecido nos itens anteriores, não se deve pensar que os mandados de segurança coletivo são invariavelmente manejados para tutelar direitos coletivos (transindividuais). Não. Em regra, os mandados de segurança coletivos são utilizados processualmente para resguardar direito líquido e certo individual homogêneo de um grupo, com base no artigo 5º, inciso LXX da Constituição. 8 Em matéria tributária tal situação é hialina, uma vez que os temas tributários poucas vezes serão enquadrados nos direitos coletivos em sentido estrito, e simplesmente não se enquadram entre os direitos difusos jamais, como observa Cleide Previtalli Cais: 9 Por sua própria natureza, caracterizados pela indivisibilidade, indeterminação de indivíduos e indisponibilidade, os direitos difusos jamais compreenderão temas tributários, marcados pela divisibilidade, identificação do titular e disponibilidade, uma vez que são dotados de cunho eminentemente patrimonial. Desse modo, quando estamos diante de mandado de segurança coletivo sobre matéria tributária, normalmente encontraremos um conjunto de indivíduos (pessoas físicas ou jurídicas), que, por meio de associação, levam ao Poder Judiciário questões Fl. 4752DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.724 59 fiscais que lhe são comuns em razão de suas atividades, exatamente como ocorreu no MSC n. 91.00477834. Ou seja, os contribuintes, buscam a tutela coletiva de seus direitos (e não tutela de direito coletivo), 10 que são individuais homogêneos e, por isso, o direito processual permite que sejam resolvidos pelo Poder Judiciário em uma única ação, o mandado de segurança coletivo. Nesse sentido a Lei do Mandado de Segurança (Lei n. 12.016/2009), que não era vigente quando sobreveio a sentença do MSC n. 91.00477834, mas que nada mais fez do que esclarecer os procedimentos que vinham sendo adotados pelos jurisdicionados, pela doutrina e pela jurisprudência, já que a antiga Lei do MS (Lei n. 1.533/1951) não disciplinava o mandado de segurança coletivo, estabelece que: Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser: I coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica; II individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. (grifei) Notase que o artigo 22, que trata da coisa julgada no mandado de segurança coletivo, dispõe que a imutabilidade da sentença abarca todos os substituídos pela associação impetrante. Tal regra se dirige às duas hipóteses de MSC do artigo 21: aquele que resguarda direitos coletivos, e aquele que resguarda direitos individuais homogêneos. Ocorre que os direitos individuais homogêneos, conforme exposto no item 1.1.1., nada mais são do que os direitos individuais que estamos acostumados, cuja disciplina consta do CPC. A única diferença é que, por terem origem comum, podem ser resolvidos numa só ação coletiva, como o MSC. Assim, o Fl. 4753DF CARF MF 60 manejo do MSC para tutela dos direitos individuais homogêneos não pretende, em momento algum, qualquer expansão dos efeitos da decisão para terceiros (ultra partes). Nestes tipos de MSC os membros da associação são por ela substituídos, mas os direitos ali pleiteados são próprios dos seus membros (artigo 6º do CPC).11 Por essas razões, não se poderia nem mesmo cogitar da aplicação do regime jurídico das ações que tutelam direitos coletivos para o presente caso (artigo 2ºA da Lei n. 9.494/1997). Afinal no mandado de segurança coletivo, que visa tutelar direitos individuais homogêneos, a coisa julgada formada necessariamente se restringe aos membros do grupo ou categoria substituídos pela impetrante (legitimado ativo da ação). Pela letra do artigo 22, é evidente que "a coisa julgada, uma vez formada, restrinjase aos membros do grupo ou categoria substituídos pela impetrante; por definição, os direitos daquela tipologia pertencem a pessoas determinadas ou determináveis."12 Ou seja, não é necessária a preocupação em se reduzir eventual efeito erga omnes do julgamento, pois ele simplesmente não existe nestes casos. Não se confunde tal situação, com direitos coletivos, de maior amplitude e que possuem destinatário indeterminados, aos quais sim aplicável a regra do artigo 2ºA da Lei n. 9.494/1997, em instrumentos como a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meioambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, como claramente coloca a Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985. A permissão judicial para a escrituração de crédito de IPI decorrente de aquisição de insumos provenientes da Zona Franca de Manaus é o direito individual homogêneo pleiteado pela AFBCC em nome de seus membros, que só a eles se aplica, nos termos do artigo 22 da Lei 12.016/2009. A decisão que formou a coisa julgada no MSC n. 91.00477834 tem, portanto, força de lei entre as partes, vale dizer, entre a União e os membros da AFBCC, que foram por ela representados. In casu, o Contribuinte, por estar legalmente representada pela AFBCC para a impetração do MSC n. 91.00477834, transitado em julgado em favor da Impetrante, está abarcado pela coisa julgada. Lembrese que não se trata de empresa terceira, que não fez parte da ação, e que procura indevidamente se beneficiar de suposto "efeitos erga omnes, em âmbito nacional, à decisão proferida em sede de ação coletiva” (Reclamação n. 7.7781), como precipitadamente considerou o STF. Mesmo porque não há efeito erga omnes nesse caso, como amplamente tratado acima. Desse modo, a questão do efeito erga omnes, e sua consequente restrição pelo artigo 2ºA da Lei n. 9.494/1997, é totalmente alheia aos mandados de segurança coletivos sobre matéria tributária em que se discutem direitos individuais homogêneos, restringindose tão somente às ações nas quais são tutelados direitos coletivos (transindividuais), que nem de perto tangenciam o MSC n. 91.00477834. Fl. 4754DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.725 61 1.1.2.2. Mesmo que o MSC n. 91.00477834 tivesse por escopo tutelar direito transindividual, o artigo 2ºA da Lei n. 9.494/1997 não se aplica aos mandados de segurança coletivos Cumpre ainda assinalar que, mesmo se não tivessem sido despendidas todas as linhas acima para comprovar que a Recorrida está legitimamente abarcado pela coisa julgada formada no MSC n. 91.00477834 (mandado de segurança coletivo sobre matéria tributária, para tutela de direito individual homogêneo e cuja sentença não acarreta em efeitos erga omnes, tanto pela dicção da lei como pelo pedido do writ, formulado estritamente para beneficiar os membros da AFBCC, de modo que o artigo 2ºA da Lei n. 9.494/1997 é totalmente estranho à questão), ainda assim restaria equivocado o entendimento constante da Reclamação n. 7.7781. Efetivamente, também nos casos em que o mandado de segurança coletivo é utilizado para tutelar direitos coletivos em sentido estrito (artigo 21, parágrafo único, inciso I da Lei n. 12.016/2009) o que não é o caso, repitase, não é válida a aplicação do artigo 2ºA da Lei n. 9.494/1997, de modo a restringir a coisa julgada aos “substituídos que tenham, na data da propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator". É o que ensina a doutrina do Direito Processual Tributário, da qual destaco a lição de James Marins: 13 "A Lei n. 12.016/2009 – acertadamente – estabeleceu a eficácia da coisa julgada diferente do mandado de segurança coletivo em relação às demais ações coletivas, conforme se depreende da redação dada ao artigo 22, caput, do referido diploma legal." (grifei) Cássio Scarpinella Bueno, 14 ao abordar especificamente o tema, leciona que mesmo anteriormente à publicação da nova lei do mandado de segurança (Lei n. 12.016/2009), tanto a doutrina como a jurisprudência eram uníssonas sobre a inaplicabilidade do artigo 2ºA da Lei n. 9.494/1997 ao mandado de segurança coletivo, in verbis: Sobre regras restritivas, cabe lembrar do caput do art. 2ºA da Lei n. 9.494/1997, fruto da Medida Provisória n. 2.18035/2001, segundo a qual "a sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados, abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator". O dispositivo, já ensinavam doutrina e jurisprudência, não deveria ser aplicado no mandado de segurança coletivo. O silêncio da nova lei, no particular, deve ser entendido como consciente (e correto) afastamento daquela disciplina. Para estar sujeito à coisa julgada que se forma no mandado de Fl. 4755DF CARF MF 62 segurança coletivo, basta que o indivíduo tenha sido devidamente substituído pelo impetrante, sendo indiferente, para tanto, o momento em que se verificou o elo associativo, que, de resto, pode até não existir tendo em conta as exigências feitas pela Lei n. 12.016/2009 e, superiormente, pela Constituição Federal, para reconhecer àqueles entes legitimidade ativa para agir em juízo. (grifei). Ratificando este entendimento, peço vênia para mais uma vez fazer uso das lições de Teori Zavaski: 15 No mandado de segurança coletivo a eficácia subjetiva está, portanto vinculada à representatividade do impetrante, sem limites de natureza territorial. É diferente o que ocorre nas ações coletivas em geral, em que há também o limite territorial estabelecido no art. 2ºA e seu parágrafo da Lei n. 9.494/1997. (...) Não há como justificar a aplicação destes limites e exigências restritivas ao mandado de segurança coletivo, que, como garantia constitucional fundamental que é, deve ter sua eficácia potencializada em grau máximo. As eventuais limitações que possa merecer, que não decorram expressa ou implicitamente da própria Constituição, supõem fundamento razoável e previsão específica em lei. Não se concebendo razão plausível da extensão da exigência do mandado de segurança coletivo, nem havendo menção expressa nesse sentido no art. 2ºA, é de se entender que suas disposições não lhe são aplicáveis. (grifei) Portanto, ainda que este Colegiado entendesse que o direito tutelado no MSC 91.00477834 é direito coletivo, e não direito individual homogêneo, por se tratar de instrumento processual com disciplina jurídica própria, além de possuir status de garantia constitucional, não pode prevalecer o entendimento de que se aplicaria a limitação territorial do artigo 2ºA da Lei n. 9.494/1997. Por essa razão, muito embora o Contribuinte esteja fora da competência territorial do órgão prolator da decisão (Rio de Janeiro), não se pode afastar a coisa julgada ali formada em relação a eles. 1.3. Da questão da autoridade coatora Cumpre, por fim, analisar o argumento da Recorrente no sentido de que a AFBCC teria elencado autoridade coatora no MSC n. 91.00477834 (Delegado da Receita Federal do Rio de Janeiro) que não abrange a autoridade que teve a competência para o lançamento tributário em questão, vale dizer, o Delegado da Receita Federal do Distrito Federal (local de Domicílio do Contribuinte, associada à AFBCC). Desta feita, legítima seria a lavratura do auto de infração. Pois bem. Ressalto que na petição inicial do MSC n. 91.00477834 há tópico dedicado exclusivamente a questão da utilização do mandado de segurança coletivo. Ali está ressaltado pela Impetrante (AFBCC) que, no momento da propositura do writ não havia lei disciplinando este remédio constitucional em seu caráter coletivo, mas tão somente o mando de segurança Fl. 4756DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.726 63 individual (Lei n. 1.533/1951). Ademais, resta esclarecido que o objetivo da AFBCC foi insurgirse, em nome de seus membros, contra eminente ato coator de qualquer um dos delegados da receita federal do domicílio de qualquer dos associados, uma vez que o objeto da ação é um tributo federal (IPI) recolhido pelas empresas associada espalhadas pelo Brasil. Inclusive, no pedido do mandamus, a Impetrante requer que seja dada ciência da decisão aos Delegados da Receita Federal com jurisdição sobre os Associados. Tudo isso de acordo com o fato de que a União Federal que é a legitimada passiva da ação, e o foro do Rio de Janeiro foi escolhido, colocandose o Delegado da Receita Federal do Rio de Janeiro como autoridade coatora, tão somente porque ali estava situada a Associação, substituta processual dos seus associados. Não poderia ter andado melhor, em termos processuais, a AFBCC. Inclusive, nas decisões judiciais que integram o processo nunca foi contestada a exatidão do procedimento adotado pela AFBCC. Seja em primeira, seja em segunda instância, o processo correu normalmente, sem que os magistrados apontassem qualquer problema formal no writ. A autoridade coatora, devemos lembrar, é mero representante funcional do poder público que presta informações e determina a competência para a impetração do mandado de segurança. Destarte, a autoridade coatora não se confunde com a parte do Mandado de Segurança, como ensina Rodolfo Mancuso. 16 Autoridade, para fins de mandado de segurança, é o agente público investido de poder de decisão e, certa escala hierárquica, que, nessa qualidade: praticou a omissão; ordenou e/ou executou o ato guerreado. Como bem se sabe, a coisa julgada tem força de lei entre as partes que compuseram a lide. Assim, a coisa julgada oriunda da sentença do mandado de segurança coletivo atingirá a Impetrante (resvalando no direito daqueles que substitui artigo 22 da Lei n, 12.016) e a Impetrada, que é, como visto nos trechos acima destacados, a pessoa jurídica de direito público que compõe o polo passivo, e não a autoridade coatora, como pretende a Fazenda Nacional. No âmbito da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o Ministro Teori Albino Zavascki, proferiu julgamento categórico sobre o tema, afiançando que: Parte passiva no mandado de segurança é a pessoa jurídica de direito público a que se vincula a autoridade apontada como coatora. Os efeitos da sentença se operam em relação à pessoa jurídica de direito público, e não à autoridade” (STJ, REsp 750693/GO, DJ 5.9.2005, p. 308) (grifei) Não foi de outra forma que o Supremo Tribunal Federal, por julgamento unânime do seu plenário, enfrentou a questão, como Fl. 4757DF CARF MF 64 podemos constatar da ementa da decisão proferida no Ag. Reg. em Mandado de Segurança 26.662/DF: EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE SEGURANÇA. LITISPENDÊNCIA. PLURARIDADE DE IMPETRADOS. MESMA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO NO PÓLO PASSIVO DAS AÇÕES. IDENTIDADE DE PEDIDOS QUANTO À MATÉRIA SUSCEPTÍVEL DE EXAME PELA VIA MANDAMENTAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. A existência de diferentes impetrados não afasta a identidade de partes se as autoridades são vinculadas a uma mesma pessoa jurídica de direito público. 2. Há litispendência, e não continência, se a diferença entre os objetos das ações mandamentais é matéria insusceptível de exame por meio de mandado de segurança. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. Nesta oportunidade, para avaliar problema específico de litispendência entre ações, o Ministro Relator do caso, Ayres Britto, consignou que: Muito bem. Feita a radiografia das ações, verificase a identidade de partes, pois o impetrante é o mesmo e a União está no polo passivo, com legitimidade para recorrer e contraarrazoar. Isso porque as autoridades coatoras são vinculadas à mesma pessoa jurídica de direito público, que é a verdadeira parte, não cabendo a elas senão o dever de prestar informações. No mesmo sentido destacase ainda o voto do Ministro Cesar Peluso no julgamento do Ag. Reg. no Agravo de Instrumento n. 431.2644 E a razão óbvia era e é porque parte passiva legítima ad causam, no mandado de segurança, não é nem pode ser a autoridade a que, nos termos da lei, se requisitam as informações, enquanto suposto autor da omissão ou do ato impugnado, senão a pessoa jurídica a cujos quadros pertença, na condição de única destinatária dos efeitos jurídicos da sentença mandamental. (...). Transpostas essas premissas à espécie, vêse logo que não pode reputarse parte passiva legítima na ação de mandado de segurança, a autoridade a que se atribui a prática do ato supostamente lesivo a direito líquido e certo, pela razão brevíssima de que não é destinatário teórico dos efeitos da sentença definitiva. Portanto, os efeitos da sentença, bem como a sua imutabilidade (coisa julgada) do Mandado de Segurança Coletivo n. 91.00477834, que visava garantir direito individual homogêneo, abrangem a União e os membros da AFBCC, e não o Delegado da Receita Federal deste ou daquele estado e os membros da AFBCC. Ademais, o Delegado da Receita Federal do Rio de Janeiro foi devidamente listado pela AFBCC como autoridade coatora, uma vez que neste estado encontravase situada a Associação, que substituía seus membros, com a finalidade de prestar informações, como destacado acima. Cumpriuse o artigo 2º da Lei n. 1533/1951, a lei do mandado de segurança Fl. 4758DF CARF MF Processo nº 10320.721286/201596 Acórdão n.º 3402005.292 S3C4T2 Fl. 4.727 65 então vigente, que em seu artigo 2º colocava: "considerarseá federal a autoridade coatora se as conseqüências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela união federal ou pelas entidades autárquicas federais." Não se pode deixar de notar que, caso prevalecesse o argumento levantado pela Fazenda Nacional, ou o entendimento do STF exposto na Reclamação n. 7.7781, concluiríamos que inexiste a possibilidade de utilização do mandado de segurança coletivo para questões de tributação federal, o que certamente não é verdade, e corrobora a carência de lógica da alegação da Autoridade Fiscal. E pior, caso prevalecesse tal argumento da Fazenda Nacional, forçosamente estaríamos afastando a autoridade da coisa julgada que paira entre a União e os membros da AFBCC, sem qualquer razão jurídica para tanto, incidindo assim tanto em desrespeito à Constituição (artigo 5º, inciso XXXVI, Constituição) quanto à lei. (...). 30. Assim, também com base em tais fundamentos, dou provimento ao recurso voluntário do contribuinte. 31. É como voto. Diego Diniz Ribeiro. Fl. 4759DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16692.720481/2014-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1402-000.656
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Ailton Neves da Silva, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei, Paulo Mateus Ciccone.
Relatório
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Ailton Neves da Silva, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei, Paulo Mateus Ciccone. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 66 92 .7 20 48 1/ 20 14 -7 6 Fl. 6277DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.277 2 Relatório Tratase de julgamento de Recurso Voluntário interposto face v. acórdão da DRJ que julgou parcialmente procedente a manifestação de inconformidade. Resumo dos fatos: Trata o presente processo de tratamento Manual do PER/DCOMP nº 31113.54214.250314.1.7.026827 (fls.523), retificador do PER/DCOMP nº 13636.31143.280211.1.3.025003, através do qual o contribuinte pretendia ter reconhecido o direito creditório no valor original total de R$ 112.789.796,94, que atualizado, na data da transmissão do PER/DCOMP, perfaria o total de R$ 114.887.687,16. O suposto direito creditório teve como origem o Saldo Negativo de IRPJ do ano calendário de 2010, conforme consta às fls. 524. Ainda no PER/DCOMP o contribuinte informou que a composição do Saldo Negativo: Imposto de Renda Pago no Exterior R$ 134.872.706,29 IRPJ pago na Fonte R$ 4.360.704,02 Estimativas Compensadas com Saldo de Períodos anteriores R$ 137.331.604,02 O procedimento fiscal que analisou o direito creditório às fls. 729/745, conclui por não reconhecêlo, ao fundamento de que algumas das parcelas informadas pelo contribuinte para formação do credito não foram confirmadas. Apesar de a autoridade fiscal informar ao contribuinte que após a notificação para apresentação da documentação solicitada com objetivo de comprovar o direito pleiteado, não ser possível a retificação do valor do crédito declarado no PER, foi considerado no escopo do trabalho o valor de R$ 129.438.495,16 e não o valor informado no PER/DCOMP, de R$ 114.887.687,16. 125. A composição informada pelo contribuinte foi de : Fl. 6278DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.278 3 O Despacho Decisório glosou as estimativas compensadas, as estimativas pagas, e o IR pago no exterior. Registrese que no PER/DCOMP o contribuinte não informou as estimativas pagas, mesmo porque naquele momento não haviam sido pagas e nem mesmo declaradas em DCTF. As estimativas pagas em atraso referemse aos meses de janeiro, março, maio, junho e julho e só foram recolhidas em 2014. O litígio ora analisado, portanto, fica restrito aos valores glosados pela autoridade fiscal na formação do saldo negativo de IRPJ, no anocalendário de 2010, quais sejam: as estimativas compensadas, no valor de R$ 137.331.604,02, as estimativas pagas, no valor de R$ 42.715.904,00 e o imposto de renda pago no exterior, no valor de R$ 256.743.976,25. O v. acórdão Recorrido, decidiu o seguinte: Em relação as estimativas não pagas e liquidadas por meio de compensação com saldos anteriores, a DRJ decidiu manter a glosa das estimativas objeto de compensação não homologada, no total de R$ 137.331.604,02, retirar tal valor da composição do saldo negativo do Imposto de Renda do anocalendário de 2010, diante da permanência da situação de falta de certeza e liquidez. Em relação as estimativas pagas e que não foram informadas no PER/DCOMP em análise neste processo, a DRJ cancelou a glosa das estimativas dos meses de janeiro, março, maio, junho e julho no importe de R$ 42.715.904,00 e acrescentou ressalve que se for o caso tais valores podem compor o saldo negativo de IRPJ. Sendo assim, o acórdão recorrido manteve a glosa das estimativas não pagas e liquidadas por meio de compensação, bem como entendeu que o referido valor de R$ 137.331.604,02 não poderia compor o saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2010 que a Recorrente pretende compensar. Em relação ao lucro apurado no exterior, a DRJ entendeu que o Imposto de Renda pago no exterior não poderia ser computado no saldo negativo porque não teria sido Fl. 6279DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.279 4 possível verificar, devido a falta de tradução juramentada, que as empresas que efetivamente pagaram o IR no exterior são pessoas jurídicas ligadas à Recorrente, bem como se a adição de lucros disponibilizados no exterior no valor de R$ 1.058.387.655,37, indicado na DIPJ, incluiu os resultados de tais empresas, por não ter sido apresentado pela auditoria independente a escrituração contábil e fiscal da empresa para confirmar a veracidade das informações em língua nacional. Inconformada, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário repisando os argumentos da manifestação de inconformidade, acostando Laudo Técnico de Natureza Complementar elaborado pela KPMG (Laudo Complementar) com todas as traduções em língua nacional anexas ao Laudo, que comprova a ligação entre a empresa autuada e as controladas que pagaram o IR no exterior, com a devida inclusão dos lucros de tais controladas na no valor de R$ 1.058.387.655,37. (fls. 1745/3897). Em seguida apresentou petição, denominada como Recurso Voluntário Complementar com novos documentos para corroborar e provar a regularidade do respectivo crédito comentado na composição do saldo negativo. (fls. 3979/6270). Relatório: A matéria dos autos trata de Declarações de Compensação Eletrônica (PERDCOMP – fls. 523/602), abaixo relacionadas, relativas ao crédito de Saldo Negativo de IRPJ (Anocalendário 2010), apurado pela empresa incorporada COMPANHIA DE BEBIDAS DAS AMÉRICAS – AMBEV CNPJ 02.808.708/000107. As Declarações de Compensação estão indicadas no fl. 1601 do v. acórdão recorrido. A Autoridade Tributária responsável pelo exame da compensação decidiu não homologálas, uma vez que algumas das parcelas que compunham a formação do saldo negativo não puderam ser comprovadas, conforme Despacho Decisório às fls. 729/748. A ciência do Despacho Decisório ocorreu em 12/01/2015, conforme consta às fls.819. Inconformado, o contribuinte ofereceu manifestação de inconformidade em 11/02/2015, juntada aos autos às fls.822 e seguintes. Os fatos que motivaram o não reconhecimento do crédito pleiteado e a não homologação das compensações foram consubstanciados no Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 729/748, cujo teor é relatado a seguir: 1. Com o objetivo de verificar a certeza e liquidez do crédito pleiteado no PER/DCOMP nº 31113.54214.250314.1.7.026827, no valor total original de R$ 112.789.796,94, a título de Saldo credor de IRPJ, cujas parcelas foram assim informadas: Parcela do Saldo Credor Valor IR pago no exterior R$ 134.872.706,29 IRRF Imp. Retido na Fonte R$4.360.704,02 Estimativas compensadas com saldo de períodos anteriores R$ 137.331.604,05 Após solicitações e intimações a Recorrente apresentou os seguintes documentos para a fiscalização: · Cópia da Procuração (fls. 61/65); · Cópia dos documentos dos procuradores (fls. 66/67); Fl. 6280DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.280 5 · Cópia da Ficha 09 da DIPJ/2011 (fls. 70/71); · Cópia do recibo de retificação da DIPJ/2011 (fl. 72); · Cópia da documentação comprobatória referente aos valores de imposto pago no exterior, acompanhada de registros de consularização e de traduções efetuadas por tradutor oficial juramentado (fls. 73/446); · Planilhas contendo a relação dos valores de imposto pago no exterior (fls. 447/452); · Demonstrações Financeiras das empresas controladas (fls. 453/489). 3. Posteriormente, apresentou ainda: · Documentação retificando os valores do imposto pago no exterior efetivamente · compensados, constantes dos quadros demonstrativos originalmente apresentados na resposta à intimação (fls. 493/495); · Demonstrativo da estrutura societária da empresa (fls. 505/513). De acordo com a Resposta à Intimação de fls. 54/60, o interessado expõe que os lucros auferidos no exterior seriam provenientes das empresas controladas QUINSA S/A, LABATT APS e Ambev International, assim compostos (valores em Reais): Quinsa S/A R$ 266.999.687,35 Labatt Aps R$ 785.853.609,65 Ambev International R$ 5.534.358,37 TOTAL R$ 1.058.387.655,37 Expõe, ainda, que, em dezembro/2010 a Ambev detinha 100% de participação direta na empresa Ambev International (localizada nas Ilhas Cayman) e 89,92% na Labatt Aps (localizada na Dinamarca). Já com relação à Quinsa S/A (localizada em Luxemburgo), a Ambev teria detido participação societária de 42,43% até o mês de agosto/2010 e, a partir de setembro/2010, a Quinsa S/A teria passado a ser controlada indiretamente pela Ambev, já que a Labatt APS passaria a exercer o seu controle direto, nos seguintes percentuais de participação: De setembro a novembro/2010 – participação da Labatt Aps de 99,81% na Quinsa S/A; Em dezembro/2010 – participação da Labatt APS de 99,99% na Quinsa S/A. Detalhou também que os pagamentos do imposto no exterior teriam sido efetuados conforme especificado abaixo: Recolhimentos Quinsa S/A(R$) Labatt APS (R$) Pagamentos de IR no Exterior 53.274.240,02 215.261.402,36 Retenções de IR no Exterior 9.653.668,44 9.645.542,83 IR retido sobre dividendos 9.892.158,65 0,0 IR compensado 20.367.788,76 33.484.968,82 TOTAL 93.187.855,86 258.391.914,01 De acordo com a Resposta à Intimação (fls. 54/60), verificouse que o interessado apresentou DIPJ 2011 retificadora (fl. 72), em virtude de ter constatado que havia deixado de inserir, na base de cálculo do IRPJ, valores de receita auferida no exterior, procedendo desse modo, à inclusão de Fl. 6281DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.281 6 tais receitas na apuração do lucro real, bem como, entre outras correções, acrescentou a dedução dos respectivos valores do imposto pago no exterior, na apuração do IRPJ devido. Com isso, o interessado alega que o valor do Saldo Negativo, inicialmente pleiteado no PERDCOMP em R$ 112.789.796,94 (fl. 524), foi aumentado para R$ 129.438.495,16 (fls.58 e 614). Desse modo, solicitou também o aumento do valor do crédito pleiteado, para R$ 129.438.495,16, bem assim a autorização para a retificação do PERDCOMP com demonstrativo de crédito (PERDCOMP nº 31113.54214.250314.1.7.02 6827). Em função dessas retificações, e da conseqüente divergência entre as informações da DIPJ e do PERDCOMP, a análise do presente crédito foi excluída do fluxo eletrônico no Sistema de Controle de Créditos – SCC, passandose, ao tratamento manual do respectivo PERDCOMP e das DCOMP a ele associadas. Na análise efetuada sobre as informações e documentos apresentados pelo contribuinte, a autoridade tributária de pronto indeferiu o pedido de retificação do PERDCOMP, efetuado pelo contribuinte após a intimação para a apresentação de documentação comprobatória, por expressa vedação insculpido no parágrafo único, do art. 88, da Instrução Normativa (IN) RFB nº 1.300, de 20/11/2012. A autoridade trouxe então a colento a legislação de regência da matéria: art.170, do Código Tributário Nacional, artigo 74 da Lei nº 9.430/96 após as alterações promovidas pela Lei nº 10.637/02 em seu artigo 49 , além da Instrução Normativa, RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012. Informa também a existência de Autos de infração relativos ao período em análise, que não implicam em alteração do crédito de saldo negativo, ora analisado. 13. A autoridade fiscal passou então a análise propriamente dita do crédito, apontando que o valor apresentado na DIPJ/2011 (Fichas 09, 11 e 12 – fls. 606/614) e na DCTF (fls. 620/631), como sendo de Saldo Negativo de IRPJ alegado pelo contribuinte seria de R$ 129.438.495,16, assim composto: Fl. 6282DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.282 7 Em relação ao Imposto Retido na Fonte, no valor de r$ 4.360.704,02 foi totalmente reconhecido em sede de . Despacho Decisório. O v. acórdão recorrido também relata o reconhecimento da seguinte forma: DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE 14. De acordo com o extrato do Sistema de Controle de Créditos (SCC – fl. 633), o valor total de R$ 4.360.704,02, deduzido do IRPJ devido, a título de Imposto de Renda Retido na Fonte, foi totalmente confirmado. Em relação as estimativas compensadas o v. acórdão recorrido relatou o seguinte: DAS ESTIMATIVAS COMPENSADAS 15. Os valores de estimativas de IRPJ compensadas, no total de R$ 137.331.604,05, estão discriminados no extrato do SCC às fls. 634 (2ª parte). No entanto, constatouse que todas as compensações ali elencadas foram nãohomologadas, conforme abaixo detalhado: DAS ESTIMATIVAS DE IRPJ PAGAS 16. Verificouse que no preenchimento do PERDCOMP com demonstrativo de crédito (PERDCOMP nº 31113.54214.250314.1.7.026827 – fls. 523/530) o interessado não informou a existência de pagamentos de estimativa de IRPJ. Constatouse, não obstante, que foram efetuados pagamentos de IRPJestimativa referentes ao anocalendário 2010, nas datas de 31/01/2014 e 31/03/2014, referentes aos períodos de apuração de janeiro, março, maio, junho e julho de 2010, perfazendo o total de R$ 42.715.904,00 (considerando os valores do principal), conforme extratos do sistema Fiscalização Eletrônica – FISCEL, às fls. 726/728. Esses pagamentos, efetuados em 2014, não foram considerados por não terem sido tratados pelo sistema de Fiscalização Eletrônica FISCEL. Contudo, a fiscalização esclareceu, que ainda que fosse confirmado o valor total desses pagamentos, o resultado da presente análise do crédito de Saldo Negativo de IRPJ não seria alterado. DO IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR 17. A autoridade fiscal esclarece que em conformidade com a Lei nº 9.249/95, vige o princípio da universalidade no que diz respeito à tributação dos rendimentos, ganhos de capital e lucros das pessoas jurídicas. Assim a partir de 1º de janeiro de 1996, os lucros, rendimentos ou ganhos de capital Fl. 6283DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.283 8 auferidos por pessoa jurídica no exterior passaram a estar sujeitos à incidência do imposto de renda no Brasil. 18. Para melhor elucidar sua análise transcreve trechos do disposto nos artigos 394 e 395 do RIR/99 (Decreto 3.000, de 26/03/1999), e nos artigos 1º, 6º, 14, 15 e 16 da IN SRF nº 213/2002, que regularam a matéria. 19. Segundo o contribuinte o valor de Imposto de renda pago no exterior foi assim composto: 20. E na DIPJ/2011 (Ficha 34 – Participações no Exterior, fls.615/619), informou seguinte estrutura de participação societária: 21. Segundo a fiscalização, entretanto, os valores de impostos pagos no exterior, não foram pagos pelas controladas Quinsa S/A e Labatt APS, mas por controladas destas, direta ou indiretamente, através de uma estrutura de participações societárias intensamente ramificada. 22. Com relação a Quinsa S/A, verificase, conforme planilha de fls. 450/452, que os aduzidos valores de imposto no exterior teriam sido pagos/compensados pelas empresas Cervecería Y Maltería Quilmes (Argentina), Cervecería Boliviana Nacional S.A. (Bolívia) e Cervecería Paraguaya S.A. (Paraguai), além de retenções na fonte, efetuadas por esta última, em função da distribuição de dividendos às suas supostas controladoras diretas Linthal Spain e FNC. 23. A ramificação informada pela autoridade fiscal foi observada no diagrama apresentado pelo contribuinte às fls. 513, que detalha a estrutura da participação societária, envolvendo as empresas acima mencionadas. Observase que não consta dos autos a efetiva Fl. 6284DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.284 9 comprovação, através de documentação idônea, inclusive mediante a apresentação de registros contábeis e demonstrações financeiras, da alegada interligação existente entre todas essas empresas, no que toca às participações societárias. 24. Continua a autoridade fiscal a esclarecer que a AMBEV não demonstrou documentalmente a relação existente entre as empresas ligadas às suas controladas, para assim compor o seu saldo negativo do ano calendário de 2010 com o imposto pago por elas no exterior, bem como não há quaisquer demonstrações financeiras nos autos do processo a elas referentes. Cita a IN SRF 213/2002 que estabelece que “as demonstrações financeiras levantadas pelas filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, que embasarem as demonstrações financeiras em Reais, no Brasil, deverão ser mantidas em boa guarda, à disposição da Secretaria da Receita Federal, até o transcurso do prazo de decadência do direito da Fazenda Nacional de constituir crédito tributário com base nessas demonstrações” (art. 6º, § 5º) devendo, tais demonstrações, serem transcritas ou copiadas no Livro Diário da pessoa jurídica no Brasil (art.6º, § 6º). 25. Corroborando com seu raciocínio invoca o parágrafo 4º do art. 395 do RIR/99 (Decreto 3.000/99), que determina que, para efeito de compensação do imposto, com relação aos lucros, a pessoa jurídica deverá apresentar as demonstrações financeiras correspondentes. 26. Às fls. 468/489, informa que o interessado apresentou apenas as demonstrações financeiras da empresa Quinsa S/A, que seria controlada diretamente pela Ambev. Mesmo escritas em idioma estrangeiro, é possível notar que não consta a identificação das alegadas controladas, diretas e indiretas, da Quinsa S/A e também não constam as demonstrações financeiras efetuadas por tais controladas, de modo a comprovar as participações descritas na árvore societária delineada às fls. 513. 27. E prossegue: conforme art. 1º, § 6º da IN SRF 213/2002: “Os resultados auferidos por intermédio de outra pessoa jurídica, na qual a filial, sucursal, controlada ou coligada, no exterior, mantenha qualquer tipo de participação societária, ainda que indiretamente, serão consolidados no balanço da filial, sucursal, controlada ou coligada para efeito de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL da beneficiária no Brasil”. 28. Relativamente a Labatt APS, observase, de acordo com a planilha de fls. 447/449, que os pagamentos/compensações de imposto no exterior teriam sido efetuados pela sua controlada direta Labatt Brewing (Canadá) e também pelas suas supostas controladas indiretas Cervecería Y Maltería Quilmes (Argentina), Cervecería Paraguaya S/A (Paraguai) e FNC S/A (Uruguai), estas três últimas em função da transferência do controle da Quinsa S/A a Labatt APS, que teria ocorrido a partir de setembro de 2010, o que colocaria as participações empresariais da Quinsa S/A (fls. 513) abaixo da estrutura societária da Labatt APS. 29. Consta ainda, às fls. 453/467, a demonstração financeira da empresa Labatt APS, que seria controlada diretamente pela Ambev. Apesar de transcrita em idioma estrangeiro, é possível notar o registro Fl. 6285DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.285 10 da participação da Labatt APS, de 100% na empresa Labatt Brewing Company Limited (“Labatt Canada”), e de 92,95% na Quilmes International Bermudas Ltda. (fls.466). No entanto, informa a fiscalização, que do mesmo modo, não constam as demais demonstrações financeiras das controladas diretas e indiretas da Labatt APS, de modo a comprovar as reais participações existentes na sua estrutura societária, evidenciando inclusive que os lucros correspondentes compuseram o resultado do exercício. 30. Com relação a Labatt Brewing (controlada direta da Labatt APS, conforme aponta o balanço à fls. 466), foram apresentados os documentos relativos ao imposto pago no exterior, devidamente consularizados e acompanhados de tradução efetuada por tradutor oficial juramentado (fls. 73/103). Contudo, relativamente à participação da Ambev na Labatt APS, observase que também não foi apresentada qualquer demonstração financeira comprobatória de tal participação (essa informação consta apenas na DIPJ/2011 – Ficha 34 – fls. 617), bem assim não foram apresentados registros contábeis comprovando a escrituração do lucro auferido no exterior pela Ambev (conforme solicitado no item 3 do TIF fls. 4). Verificouse ainda que, nos documentos de fls. 73/103, correspondentes ao imposto pago pela Labatt Brewing (controlada direta da Labatt APS e indireta da Ambev), não consta o reconhecimento do órgão arrecadador, na forma do § 2º do art. 395 do RIR/99 (Decreto 3.000/99), que dispõe que, para fins de compensação, o documento relativo ao imposto de renda incidente no exterior deverá ser reconhecido pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto (conforme solicitado no item 1 do TIF fls. 4). 31. Por fim, cumpre também ressaltar que, nos termos do art. 14, § 6º da IN SRF 213/2002, a controlada no exterior, para efeitos de compensação do imposto pago no exterior com o imposto de renda devido no Brasil, deverá consolidar os tributos pagos correspondentes a lucros, rendimentos ou ganhos de capital auferidos por meio de outras pessoas jurídicas nas quais tenha participação societária, o que não foi feito pela interessada. 32. O trabalho fiscal concluiu então que o interessado não logrou comprovar a legitimidade da dedução, efetuada na apuração do IRPJ – Ano Calendário 2010/Exercício 2011, a título de imposto pago no exterior, concluindose pela inexistência de crédito relativo ao Saldo Negativo de IRPJ do anocalendário 2010, conforme seguir descrito: Fl. 6286DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.286 11 33. Não sendo reconhecido qualquer direito creditório, não foram homologadas as compensações pleiteadas. 34. Às fls. 820 consta a ciência do Despacho Decisório em 13/01/2015. Em seguida a Recorrente ofereceu manifestação de inconformidade de fls. , a qual julgada parcialmente procedente pela DRJ. É o relatório. Fl. 6287DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.287 12 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator Recurso Voluntário: O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria de competência desta Corte Administrativa e preenche todos os demais requisitos de admissibilidade previstos em lei, portanto, dele tomo conhecimento. Inicialmente, entendo ser importante analisar a decisão relativa a glosa dos valores a título de lucro no exterior e a sua conseqüente exclusão da composição do saldo negativo do IRPJ. Basicamente, a DRJ manteve a glosa e a exclusão do respectivo valor do saldo negativo de IRPJ por entender que devido a falta de tradução juramentada não seria possível verificar que as empresa que efetivamente pagaram o Imposto de Renda no exterior são pessoas jurídicas ligadas à Recorrente, bem como que se a adição dos lucros disponibilizados no exterior no valor de R$ 1.058.387.655,37 incluiu os resultados de tais empresas. Vejamos a parte do v. acórdão que decidiu determinada matéria: 155. O litígio que se apresenta neste item foi a desconsideração pela autoridade fiscal, do valor do imposto de renda pago no exterior pelo fato de não ter se convencido de que as empresas que efetivamente pagaram o imposto no exterior tratavamse de pessoas ligadas a recorrente. 156. O valor declarado pela contribuinte como pago no exterior em PER/DCOMP foi de R$ 134.872.706,29 (fls.524), posteriormente, após alguns esclarecimentos do contribuinte e da análise da DCTF (fls. 620/631), da DIPJ (fls 09,11 e 12 fls. 606/614) e do PER/DCOMP (fls. 523/530), a autoridade fiscal incumbida de verificar a liquidez e certeza do crédito pleiteado, entendeu que o valor de imposto de renda pago no exterior perfazia o montante de R$ 256.743.976,25. Assim, o crédito pleiteado em PER/DCOMP no valor original de R$ 112.789.796,94, passou para o valor de R$ 129.438.495,16 (fls. 733), conforme planilha abaixo: Fl. 6288DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.288 13 157. Cabe transcrever para melhor compreensão da matéria, tendo em vista as condições para utilização dos valores retidos no exterior a título de imposto de renda, o disposto no art. 395 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3000 de 1999), por nele restarem consolidados os requisitos para que o Imposto de Renda retido no exterior possa ser compensado com o imposto de renda devido no Brasil, conforme previsão do art 26 da Lei 9.249 de 1995: [...]De forma mais sucinta, identificamse as seguintes condições: 1 computação no lucro real da receita auferida no exterior; 2 observância do limite do imposto incidente no Brasil na compensação do imposto sobre as referidas receitas; 3 comprovação do recolhimento em documento reconhecido pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que o imposto for devido. 158. A autoridade fiscal responsável pela verificação da liquidez e certeza do crédito pleiteado glosou a utilização da compensação do imposto pago no exterior, pelo fato de terem sido pagos por controladas diretas e indiretas de suas controladas Quinsa S/A e Labatt APS, e não ter sido comprovado pela requerente a condição de que essas empresas são pessoas ligadas à AMBEV no Brasil. Assim o imposto utilizado para compensação (dedução) com o imposto devido no Brasil foi pago pelas seguintes empresas: Supostamente ligadas à Quinsa S/A: · Cervecería Y Maltería Quilmes (Argentina), · Cervecería Boliviana Nacional S.A. (Bolívia) · Cervecería Paraguaya S.A. (Paraguai), além de retenções na fonte, efetuadas por esta última, em função da distribuição de dividendos às suas supostas controladoras diretas Linthal Spain e FNC. Fl. 6289DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.289 14 Supostamente ligadas à Labatt APS: · Labatt Brewing (Canadá) · Cervecería Y Maltería Quilmes (Argentina) · Cervecería Paraguaya S/A (Paraguai) e · FNC S/A (Uruguai) 159. A glosa do valor de R$ 256.743.976,25 foi baseada no fato de que, apesar das alegações sobre as participações societárias, não foi apresentada pelo contribuinte documentação idônea, inclusive os registros contábeis e as demonstrações financeiras sobre a alegada interligação existente entre todas as empresas envolvidas, no tocante às participações societárias. 160. O contribuinte no esforço de demonstrar a ligação entre as empresas que efetivamente pagaram o imposto de renda e as controladas da AMBEV, bem como a ligação entre a AMBEV e as controladas Quinsa e Labatt APS anexou aos autos Laudo elaborado pela KPMG às fls. 991 e seguintes do processo. 161. A auditoria independente, de plano, concentrouse em comprovar a relação entre as empresas envolvidas. Para tanto reitera que a AMBEV apresentou o diagrama que detalha a estrutura das participações societárias envolvendo as suas entidades no exterior que tiveram os respectivos lucros tributados no Brasil, como se o diagrama tivesse força probante suficiente para comprovar a complexa rede de participações. 162. Neste quesito a KPMG não inovou, apresentando os quadros de 7 a 14, reafirmando a participação de uma empresa em outra, os valores pagos de impostos no exterior, o valor dos lucros auferidos no exterior oferecidos à tributação no Brasil. 163. Cita que a comprovação das informações contidas nos quadros acima, acerca da interligação entre as empresas envolvidas, consta nas demonstrações financeiras apresentadas nos anexos de IV a X, bem como nas demonstrações financeiras da AMBEV, no anexo I. 164. Ocorre, que todas as demonstrações financeiras apresentadas nos anexos de IV a X, de fls. 1231 a 1547, foram apresentadas em língua estrangeira. DOS DOCUMENTOS REDIGIDOS EM IDIOMA ESTRANGEIRO Cumpre destacar que, para terem sua validade reconhecida, documentos em língua estrangeira devem preencher os requisitos do art. 224 do Código Civil de 2002, dos arts. 156 e 157 do Código de Processo Civil, dos arts. 129 e 148, da Lei nº 6.015/1973, e do art. 18 do Decreto n° 13.609/1943, a seguir transcritos, com amparo no art.13 da Constituição Federal: [...]À luz dos diplomas legais retromencionados, inferese que a legislação impõe uma série de condições para que documentos e, mais especificamente no caso em comento, provas documentais redigidas em idioma estrangeiro, tenham validade no Brasil e em repartições da Fl. 6290DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.290 15 União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios ou em qualquer instância, juízo ou tribunal. No caso em tela, com relação aos documentos de fls. 1231 a 1547 a impugnante, como já citado, não apresentou a tradução para a língua portuguesa. Nesse sentido, reportamonos a Acórdão proferido pelo Conselho de Contribuintes, cuja ementa trazemos a seguir: [...]165. Sendo assim, resta prejudicada a análise da documentação, não sendo possível conferir as alegações do contribuinte, no que se concerne ao valor dos lucros disponibilizados no exterior e adicionado na DIPJ ao lucro líquido. 166. Em relação às demonstrações financeiras da AMBEV (Anexo I – fls.1037 a 1209), podemos destacar algumas inconsistências com a DIPJ apresentada: · A Receita líquida de Venda de Bens e Serviços na Demonstração do Resultado (fls. 1041) é de R$ 12.742.183.000,00, na DIPJ foi declarado o valor total de Receitas líquidas, no montante de R$ 14.765.681.185,69 (Linha 16 da Ficha 06 A da DIPJ/2011 – fls.604); · O Lucro Bruto no Demonstrativo é de R$ 7.377.446.000,00 (fls. 1041), na DIPJ foi declarado o valor de R$ 9.277.828.804,75 (Linha 18 da Ficha 06 A da DIPJ/2011 – fls.604). · O Lucro Líquido antes dos tributos CSSL e IRPJ na DIPJ foi declarado no valor de R$ 6.808.868.571,31 (Ficha 06A Linha 69 fls. 605) e no Balanço às fls. 1074 foi de R$ 8.269.467.000,00. 167. Além dessas inconsistências, ocorre que no material apresentado pelo contribuinte não é possível nos certificarmos que o valor de lucros disponibilizados no exterior, calculados pelo MEP, é realmente o valor de R$ 1.058.387.000,00 apresentado na DIPJ, mesmo com a suposta confirmação através de planilhas e quadros de que este teria sido este o valor disponibilizado de lucros pelas suas controladas no exterior. 168. Apesar de o material acostado aos autos ser bastante elaborado, e ter analisado todas as considerações e argumentos feitos pela autoridade fiscal, na fundamentação das glosas efetuadas em alguns dos valores utilizados na formação do saldo negativo do IRPJ, não foi apresentado pela auditoria independente a escrituração contábil e fiscal da empresa, forma inequívoca de verificarmos a veracidade das informações prestadas. [...]Da leitura do v. acórdão recorrido, a DRJ decidiu manter o r. Despacho Decisório de não reconhecimento do crédito, devido a falta de tradução juramentada dos documentos que a Recorrente juntou em sede de manifestação de inconformidade, o que acabou impedindo a analise das demonstrações financeiras das empresas controladas indiretas que pagaram o Imposto de Renda no Exterior, impossibilitando de se verificar dois pontos: 1 demonstrar a ligação entre as empresas controladas que pagaram o Imposto de Renda, com as controladas (Quinsa e Labatt APS) da AMBEV. Fl. 6291DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.291 16 2 se a adição de lucros disponibilizados no exterior no valor de R$ 1.058.387.655,37 incluiu os resultados de tais empresas controladas pela Quinsa e Labatt APS, que são controladas pela Recorrente Ambev. Tendo em vista a fundamentação do v. acórdão recorrido para não reconhecer o crédito a título de imposto de renda pago no exterior que compõe o saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2010 em análise neste processo, a Recorrente, por sua vez, trouxe aos autos em sede de Recurso Voluntário os documentos que segundo o v. acórdão faltaram para comprovar o direito creditório alegado. A Recorrente trouxe aos autos uma enorme quantidade de documentos para comprovar o seu direito, dentre os quais, a Demonstração Financeira da Labatt de 31/12/2010 (juntada com a manifestação de inconformidade as fls. 1230/1245 e no Recurso Voluntário às fls. 4327/4342 com tradução juramentada), a Demonstração Financeira da FNC (juntada com a manifestação de inconformidade fls. 1279/1318 e com o Recurso Voluntário Às fls. 4427/2266, com tradução juramentada às fls. 4.467/4497), o Balanço Patrimonial da CMQ de 31/08/2010 (juntado na manifestação de inconformidade às fls. 1453/1475 e no Recurso Voluntário às fls. 4719/4741, com tradução juramentada às fls. 4742/4792). Com base nas declarações financeiras e as respectivas traduções juramentadas, a KPMG constato no Laudo Complementar a participação indireta da Recorrente nas empresas que pagaram o Imposto de Renda no exterior, bem como que os respectivos lucros que compuseram a adição dos lucros auferidos no exterior no valor de R$ 1.058.387.655,37, estão assim compostos: 1 R$ 266.999,687,00 resultado consolidado na Quinsa até 31.08.2010, data em que foi contribuída para a Labatt e liquidada;e 2 R$ 785.853.610,00 resultado cosolidado na Labatt em 31.12.2010, incluindo o resultado auferido entre 01.09.2010 e 31.12.2010 das empresas antes detidas por meio da Qinsa; Além disso, com base nas demonstrações financeiras anexas ao Laudo Complementar, a KPMG constatou as participações societárias diretas e indiretas da Recorrente, em 31.12.2010, conforme pode se verificar no item 4.5 e Quadro 13 do Laudo Complementar. Ademais, no Quadro 11 (referente ao item 4.3) do Laudo Complementar, consta que de acordo com as informações obtidas em 31.08.2010, com a desconsideração da contribuição da Quinsa à Labatt e posterior liquidação, a KPMG constatou as participações societárias indiretas da Ambev nas empresas que pagaram o Imposto de Renda. E com base nas demonstrações financeiras de 31.08.2010 (Anexos XI), a KPMG constatou que a parcela de R$ 266.999.687,00 leva em conta o resultado de todas as empresas controladas indiretamente pela Quinsa até aquela data, incluindo as empresas que pagaram o IR no exterior. (referente ao item 5.1 e Quadro 14). Também com base nas demonstrações financeiras com tradução juramentada e auditadas, a Labatt (Anexo IV) e memória de cálculo da equivalência patrimonial considerada em referida demonstração financeira (Anexos XII e XII.a a XII.c), a KPMG constatou que a parcela de R$ 785.853.610,00 do lucro da Labatt considera: Fl. 6292DF CARF MF Processo nº 16692.720481/201476 Resolução nº 1402000.656 S1C4T2 Fl. 6.292 17 1 o resultado consolidado da Labatt de R$ 537.107.239,00, que incluiu, por equivalência patrimonial, o resultado das demais empresas controladas indiretamente pela Recorrente à época, inclusive as empresas que pagaram o Imposto de Renda; 2 o valor do imposto de renda pago ou retido no exterior em nome de referidas controladas, no montante de R$ 248.746.371,00. Assim, o Laudo Complementar da KPMG concluiu nos itens (v) a (vi) do Capítulo VIII do Laudo Complementar que é possível verificar por meio dos documentos apresentados nos autos que os resultados auferidos pelas empresas que efetivamente pagaram o Imposto de Renda no exterior foram oferecidos à tributação no Brasil. Da mesma forma, a KPMG constatou a validade dos comprovantes de pagamento do Imposto de Renda no exterior pela Labatt Canadá (Capítulo VII e item vii das Conclusões), que havia sido contestada pela D. Fiscalização, mas não foi questionada no v. acórdão recorrido. Sendo assim, voto por converter o julgamento em diligência, para que os autos retornem para a Unidade de Origem e o Auditor Fiscal: 1 Verifique se restou comprovado nos autos, inclusive com as demonstrações financeiras e as respectivas traduções juramentadas, o vínculo societário e o percentual de participação relativo a cada empresa controlada indiretamente que reteve o Imposto de Renda no exterior, com as empresas controladas diretamente pela Recorrente (Quinsa e Labatt APS). 2 se a adição de lucros disponibilizados no exterior no valor de R$ 1.058.387.655,37, indicado na DIPJ, incluiu os resultados de tais empresas, conforme atestam os dois Laudos da KPMG, o inicial e o complementar. 3 caso seja necessário intime a Recorrente para apresentar a escrituração fiscal e contábil a dar suporte às declarações feitas na DIPJ e confirmar a veracidade das informações em língua nacional. 4 verificar se a compensação ocorreu dentro do limite previsto nos termos do § 1º do artigo 395 do RIR/99, individualizados por empresa no exterior; 5 elabore relatório circunstânciado e em seguida intime a Recorrente a se manifestar sobre resultado da diligência, abrindo prazo de 30 dias para o exercício do contraditório, retornando o processo à turma para decisão. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Fl. 6293DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.912292/2012-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jul 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
RESTITUIÇÃO. REQUISITO.
O direito à restituição pressupõe a existência de créditos líquidos e certos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública (art. 170 do CTN).
Numero da decisão: 3201-003.820
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso. Acompanharam o relator pelas conclusões os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 RESTITUIÇÃO. REQUISITO. O direito à restituição pressupõe a existência de créditos líquidos e certos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública (art. 170 do CTN). Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso. Acompanharam o relator pelas conclusões os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório METROBENS AUTOMÓVEIS LTDA. apresentou pedido eletrônico de restituição de crédito da contribuição (Cofins/PIS), pedido esse que restou indeferido pela repartição de origem em razão do fato de que o pagamento informado pelo pleiteante já havia sido utilizado para quitação de outros débitos de sua titularidade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 91 22 92 /2 01 2- 34 Fl. 53DF CARF MF Processo nº 10980.912292/201234 Acórdão n.º 3201003.820 S3C2T1 Fl. 3 2 Cientificado, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade e requereu a reavaliação do despacho decisório, alegando, aqui apresentado de forma sucinta, o seguinte: a) o direito creditório pleiteado se refere a pagamento a maior da contribuição (PIS/Cofins) decorrente da inclusão indevida do ICMS em sua base de cálculo; b) a contribuição (PIS/Cofins) incide sobre o faturamento mensal que corresponde à receita bruta da venda de mercadorias e/ou serviços; c) a Lei nº 9.718/1998 extrapolou a previsão constitucional, instituindo as contribuições sobre a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente do tipo de atividade exercida e/ou da classificação contábil adotada, enquanto que o art. 195, I, "b", da Constituição Federal previa a instituição de contribuições sociais somente sobre o faturamento, o que não abrange o valor pago a título de ICMS, visto que tal valor constitui ônus fiscal e não faturamento. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento, por meio do acórdão nº 02 065.665, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, diante da não comprovação do crédito pleiteado. Irresignado, o contribuinte interpôs, no prazo legal, Recurso Voluntário, repisando os mesmos argumentos de defesa, destacando a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição (PIS/Cofins), conforme decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal proferida no dia 8 de outubro de 2014, nos autos do Recurso Extraordinário (RE) nº 240.7852/MG, que também reconheceu a repercussão geral da matéria no julgamento do RE nº 574.706. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão 3201003.778, de 20/06/2018, proferido no julgamento do processo 10980.912250/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201003.778): O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A Recorrente apresentou PER/DCOMP por meio do qual requereu a restituição da Cofins apurada em novembro de 2006. Indeferido o pleito ao argumento de que o crédito vindicado estava integralmente utilizado para quitação de débitos do próprio contribuinte, Fl. 54DF CARF MF Processo nº 10980.912292/201234 Acórdão n.º 3201003.820 S3C2T1 Fl. 4 3 a Recorrente apresentou manifestação de inconformidade, por meio da qual alegou, com fundamento em decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal STF, que o direito à restituição decorre do fato do pagamento a maior do PIS/Cofins, em face da inclusão, nas suas respectivas bases de cálculos, do ICMS estadual, argumento repetido no recurso voluntário, ora apreciado. A Recorrente, contudo, não se atentou para o fato – devidamente explicitado no acórdão recorrido – de que a razão para o indeferimento do pedido repousou na utilização integral do crédito para pagamento de débito da mesma contribuição. Noutras palavras, a Recorrente sequer apresentou, antes ou após a ciência do Despacho Decisório (na verdade, nada falou a respeito em suas defesas), DCTF retificadora para permitir a liberação do valor requerido, se fosse o caso, e a sua restituição em pecúnia ou a sua compensação com outros tributos. Ainda que eventualmente seja procedente o argumento que embasa o pedido (isso não significa que concordemos com a tese), a Administração Tributária não podia e não pode restituir valor já alocado para quitação de um tributo. Quem deve fazêlo é o próprio contribuinte, de ordinário antes de apresentar o pedido eletrônico de restituição. É como, aliás, entende a própria RFB, como indica o Parecer Normativo Cosit nº 2, de 28 de agosto de 2015: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. O procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido Fl. 55DF CARF MF Processo nº 10980.912292/201234 Acórdão n.º 3201003.820 S3C2T1 Fl. 5 4 objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. A não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010, não impede que o crédito informado em PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios. O valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Retificada a DCTF e sendo intempestiva a manifestação de inconformidade, a análise do pedido de revisão de ofício do PER/DCOMP compete à autoridade administrativa de jurisdição do sujeito passivo, observadas as restrições do Parecer Normativo nº 8, de 3 de setembro de 2014, itens 46 a 53. Dispositivos Legais. arts. 147, 150, 165 170 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN); arts. 348 e 353 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil (CPC); art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984; art. 18 da MP nº 2.18949, de 23 de agosto de 2001; arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010; Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012; Parecer Normativo RFB nº 8, de 3 de setembro de 2014. eprocesso 11170.720001/201442 Portanto, para que haja a possibilidade de restituição, o crédito respectivo deve estar liberado, mediante a entrega de DCTF retificadora, exceto quanto às hipóteses de impedimento à sua apresentação, não verificadas, aliás, no caso ora em exame, como, por exemplo, quando o saldo a pagar já tenha sido enviado à Procuradoria da Fazenda Nacional PFN para inscrição em Dívida Ativa. Não cabe, ademais, à RFB fazer a retificação de ofício. Como consignado nos fundamentos do referido PN, "enquanto não retificada a DCTF, o débito ali espontaneamente confessado é devido, logo, valor utilizado para quitálo não se constitui formalmente em indébito, sem que a recorrente promova a prévia retificação da declaração. (Acórdão nº 1302001.571, Rel. Cons. Alberto Pinto Souza Júnior, 25 de novembro de 2014)". A situação aqui enfrentada é, como se percebe, diferente da que comumente se vê no Contencioso Administrativo, em que o interessado costuma apresentar DCTF retificadora, mas não apresenta, na manifestação de inconformidade, documentos contábeis/fiscais Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10980.912292/201234 Acórdão n.º 3201003.820 S3C2T1 Fl. 6 5 comprovando o erro cometido na original, ou os apresenta neste recurso, mas o só fato de a DCTF retificadora ter sido apresentada após a ciência do Despacho Decisório leva a DRJ a manter, por esse só motivo, o indeferimento do pedido de restituição. Não tendo sido apresentada DCTF retificadora, o crédito reclamado continua vinculado ao pagamento confessado na DCTF enviada à RFB, de modo que, nesse contexto, não há como restituílo. Contudo, não foi este o entendimento dos demais integrantes da Turma, que, muito embora também negando provimento ao recurso, fizeramno ao argumento de que não haveria provas do direito reclamado pela Recorrente (apenas apresentou planilha discriminando os valores pleiteados, mas nenhum documento fiscal ou contábil). Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário. Destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à Cofins, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à Contribuição para o PIS. Importa registrar, ainda, que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 57DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.900889/2011-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 1997
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA.
Estabelece-se como tacitamente homologada a compensação objeto de pedido de compensação convertido em declaração de compensação que não seja objeto de despacho decisório proferido no prazo de cinco anos, contado da data do protocolo do pedido, considerando-se pendente de decisão administrativa a Declaração de Compensação, o Pedido de Restituição ou o Pedido de Ressarcimento em relação ao qual ainda não tenha sido intimado o sujeito passivo do despacho decisório proferido pela Autoridade competente para decidir sobre a compensação, a restituição ou o ressarcimento. Havendo despacho decisório antes de ultrapassado o lapso temporal da decadência, não há que se falar em homologação tácita.
COMPENSAÇÃO. RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO.
As quantias recolhidas a título de tributo administrados pela RFB, na hipótese de pagamento indevido ou a maior, são restituíveis ou compensáveis. Todavia, não se caracteriza como pagamento indevido o recolhimento de estimativa mensal efetuado no exato valor do débito apurado na DIRPJ.
Numero da decisão: 1401-002.437
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, negar provimento ao recurso nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga e Luiz Rodrigo De Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 1997 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. Estabelece-se como tacitamente homologada a compensação objeto de pedido de compensação convertido em declaração de compensação que não seja objeto de despacho decisório proferido no prazo de cinco anos, contado da data do protocolo do pedido, considerando-se pendente de decisão administrativa a Declaração de Compensação, o Pedido de Restituição ou o Pedido de Ressarcimento em relação ao qual ainda não tenha sido intimado o sujeito passivo do despacho decisório proferido pela Autoridade competente para decidir sobre a compensação, a restituição ou o ressarcimento. Havendo despacho decisório antes de ultrapassado o lapso temporal da decadência, não há que se falar em homologação tácita. COMPENSAÇÃO. RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO. As quantias recolhidas a título de tributo administrados pela RFB, na hipótese de pagamento indevido ou a maior, são restituíveis ou compensáveis. Todavia, não se caracteriza como pagamento indevido o recolhimento de estimativa mensal efetuado no exato valor do débito apurado na DIRPJ.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1986; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 2 1 11 SS11CC44TT11 MMIINNIISSTTÉÉRRIIOO DDAA FFAAZZEENNDDAA CCOONNSSEELLHHOO AADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVOO DDEE RREECCUURRSSOOSS FFIISSCCAAIISS PPRRIIMMEEIIRRAA SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO PPrroocceessssoo nnºº 10680.900889/201130 RReeccuurrssoo nnºº 1 Voluntário AAccóórrddããoo nnºº 1401002.437 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária SSeessssããoo ddee 13 de abril de 2018 MMaattéérriiaa CSLL RReeccoorrrreennttee GARAN PARTICIPACOES LTDA RReeccoorrrriiddaa FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1997 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. Estabelecese como tacitamente homologada a compensação objeto de pedido de compensação convertido em declaração de compensação que não seja objeto de despacho decisório proferido no prazo de cinco anos, contado da data do protocolo do pedido, considerandose pendente de decisão administrativa a Declaração de Compensação, o Pedido de Restituição ou o Pedido de Ressarcimento em relação ao qual ainda não tenha sido intimado o sujeito passivo do despacho decisório proferido pela Autoridade competente para decidir sobre a compensação, a restituição ou o ressarcimento. Havendo despacho decisório antes de ultrapassado o lapso temporal da decadência, não há que se falar em homologação tácita. COMPENSAÇÃO. RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO. As quantias recolhidas a título de tributo administrados pela RFB, na hipótese de pagamento indevido ou a maior, são restituíveis ou compensáveis. Todavia, não se caracteriza como pagamento indevido o recolhimento de estimativa mensal efetuado no exato valor do débito apurado na DIRPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, negar provimento ao recurso nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 90 08 89 /2 01 1- 30 Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10680.900889/201130 Acórdão n.º 1401002.437 S1C4T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga e Luiz Rodrigo De Oliveira Barbosa. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de acórdão proferido pela 2ª Turma da DRJ/BHE que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e manteve o despacho decisório. O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório emitido eletronicamente referente a PER/DCOMP. A Declaração de Compensação foi gerada pelo programa PER/DCOMP transmitida com o objetivo de ter reconhecido o direito creditório, correspondente a CSLL, recolhido em 24/04/2001 e de compensar o(s) débito(s) discriminado(s) no referido PER/DCOMP. De acordo com o Despacho Decisório a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresenta manifestação de inconformidade, alegando o que se segue: Com vistas a evitar a decadência de seu crédito, apresentou, em 19/05/2005, pedido de restituição, para que não perdesse o direito a sua utilização e durante o prazo de cinco anos a Fazenda Pública não se manifestou a respeito do pedido de restituição, ocorrendo, desta forma, a sua homologação em 19/05/2010. Na data de 24/04/2001, recolheu indevidamente valores a título de CSLL relativos ao anocalendário de 1997. Neste contexto, em 2007, enviou DCOMP (retificada posteriormente), utilizando o crédito de CSLL, para quitar débitos. Ao final requereu a reforma do despacho decisório recorrido para que seja julgada a manifestação de inconformidade procedente, declarando a insubsistência da cobrança do débito constante na Declaração de Compensação não homologada. Após reconhecida a inexistência de decadência em relação ao pedido de restituição protocolado pelo contribuinte, quanto ao mérito, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, considerando as quantias recolhidas a título de tributo administrados Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10680.900889/201130 Acórdão n.º 1401002.437 S1C4T1 Fl. 4 3 pela RFB, na hipótese de pagamento indevido ou a maior, são restituíveis ou compensáveis. Todavia, não se caracteriza como pagamento indevido o recolhimento de estimativa mensal efetuado no exato valor do débito apurado na DIRPJ. Inconformada apresentou Recurso Voluntário com vistas a obter a reforma do julgado para o reconhecimento do seu saldo creditório de CSLL. É o relatório do essencial. Tabela do plano Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.433, de 13.04.2018, proferida no julgamento do Processo nº 10680.907763/201196, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. O processo paradigma analisou a possibilidade de utilização de crédito relativo a pagamento indevido de CSLL estimativa mensal, referente ao período de apuração de setembro/1997, para compensação com débitos do contribuinte. O presente processo tratase de pedido de compensação de crédito relativo a pagamento indevido de CSLL estimativa mensal, do período de apuração de setembro/1997, com débitos do contribuinte. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.433): "O recurso é tempestivo e apresentam os demais requisitos de admissibilidade, por isso, dele conheço. O Acórdão DRJ entendeu que não houve, em relação ao pedido de restituição original, a homologação tácita do direito creditório nele envolvido, como sustenta a Impugnante. Isso porque não existe para o pedido de restituição nenhum prazo legal para a homologação do correspondente crédito, por parte da Fazenda Pública. O que se tem, no § 5º, do art. 74, da Lei nº 9.430, de 1996 (com redação da Lei n° 10.833, de 2003), é que: “o prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação”. Ou seja, a lei prevê prazo de homologação para a compensação, e não para o crédito objeto de pedido de restituição. Vale lembrar, nesse sentido, que somente a lei é quem pode determinar prazo limite para que o interessado (seja contribuinte ou fisco) aja, por si só, no sentido de constituir o seu direito. E, como já se viu, o que há é o prazo legal para que o sujeito passivo exerça o seu direito de pleitear restituição de suposto crédito (art. 168, do CTN), mas não para que a fazenda o homologue expressamente. Entretanto, como contraponto disso, a lei impôs à Fazenda Pública o prazo de 5 (cinco) anos para homologar, ou não, Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10680.900889/201130 Acórdão n.º 1401002.437 S1C4T1 Fl. 5 4 expressamente a compensação declarada pelo sujeito passivo. Ocorreu, então, que o contribuinte, valendose do mesmo crédito que suponha possuir, enviou, 2007, DCOMP, para quitar débitos. Logo, o prazo de homologação dessa compensação contra a Fazenda Pública teve início em 2007; e o termo final seria em 2012. Portanto, em data posterior à do despacho decisório. Preliminar homologação tácita. A princípio, esclareço que, no que diz respeito possibilidade da ocorrência de homologação tácita de Declaração de Compensação protocolizada em 30/03/2001, portanto anterior a Lei 10.833/03, adoto os fundamentos de precedente recente da 3a. Turma da CSRF, no sentido de que nos pedidos de compensação pendentes de apreciação pela Autoridade Administrativa, convertidos em declarações de compensação, por força da Lei nº 10.637/2002, a ciência da decisão que não homologa a compensação deve ser efetuada antes do prazo de cinco anos, a contar da data da entrega da declaração de compensação. De maneira que, tendo transcorrido este prazo, homologase tacitamente a compensação declarada, sendo definitivamente extintos os débitos tributários ali contemplados, independentemente da existência ou suficiência dos direitos creditórios. Referido Acórdão n. 9303003.900, proferido em 19/05/2016, restou assim ementado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/1999 EMENTA: DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. Estabelecese como tacitamente homologada a compensação objeto de pedido de compensação convertido em declaração de compensação que não seja objeto de despacho decisório proferido no prazo de cinco anos, contado da data do protocolo do pedido, considerandose pendente de decisão administrativa a Declaração de Compensação, o Pedido de Restituição ou o Pedido de Ressarcimento em relação ao qual ainda não tenha sido intimado o sujeito passivo do despacho decisório proferido pela Autoridade competente para decidir sobre a compensação, a restituição ou o ressarcimento. Recurso Especial do Procurador Negado. Contudo, no caso em questão, os requisitos para reconhecimento da homologação tácita, não encontramse preenchidos, pois conforme descrito minuciosamente conforme relatado. Mérito. Quanto ao mérito, o acórdão DRJ restou fundamentado na inexistência de crédito recolhido indevidamente ou a maior a ser compensado. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10680.900889/201130 Acórdão n.º 1401002.437 S1C4T1 Fl. 6 5 Na sua manifestação de inconformidade, o contribuinte alega, genericamente, que o seu crédito originouse de um pagamento a maior realizado em 24/04/2001, referente à CSLL (cód. 2484), cujo período de apuração era 01/09/1997. Por sua vez, a Declaração de Compensação aqui analisada indica, como origem do crédito, pagamento indevido ou a maior, discriminando DARF utilizado no recolhimento de estimativa Como se verifica, os recolhimentos foram efetuados exatamente nos valores dos débitos apurados (o suposto crédito postulado no presente processo referese ao período de apuração 01/09/1997). Portanto, não se caracterizou a existência de pagamento indevido ou a maior. Inexiste, pois, direito creditório a ser reconhecido para o contribuinte, como pagamento indevido ou maior, uma vez que o pagamento da estimativa foi exatamente igual ao débito apurado. Durante o recurso voluntário, afirma que encerrou o ano de 1997 com prejuízo, contudo ser oferecer maiores elementos em relação esse processo. Por isso, nego provimento ao Recurso. É como voto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 83DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.728151/2016-62
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Ano-calendário: 2013, 2014, 2015
COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE.
O sujeito passivo não pode utilizar créditos cedidos por terceiros na compensação de contribuições previdenciárias por expressa vedação normativa.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INCERTO. IMPOSSIBILIDADE.
A compensação tributária somente é admitida para crédito imbuído dos atributos de certeza e liquidez, sendo indevida quando a certeza do crédito utilizado ainda não estiver seguramente estabelecida.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO NÃO DEMONSTRADO. GLOSA
Procedente a glosa, quando o recorrente não demonstra, de forma detalhada, a origem do crédito líquido e certo que pretendeu compensar, aí incluídos a sua natureza, valor e período.
COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. AUSÊNCIA DE TRANSITO EM JULGADO. IMPOSSIBILIDADE.
É vedada a compensação de créditos reconhecidos judicialmente antes do transito em julgado da ação.
Numero da decisão: 2402-006.510
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em indeferir o requerimento de diligência suscitado da tribuna e em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Gregorio Rechmann Junior, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Denny Medeiros da Silveira e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
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CRÉDITOS DE TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE. O sujeito passivo não pode utilizar créditos cedidos por terceiros na compensação de contribuições previdenciárias por expressa vedação normativa. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INCERTO. IMPOSSIBILIDADE. A compensação tributária somente é admitida para crédito imbuído dos atributos de certeza e liquidez, sendo indevida quando a certeza do crédito utilizado ainda não estiver seguramente estabelecida. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO NÃO DEMONSTRADO. GLOSA Procedente a glosa, quando o recorrente não demonstra, de forma detalhada, a origem do crédito líquido e certo que pretendeu compensar, aí incluídos a sua natureza, valor e período. COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. AUSÊNCIA DE TRANSITO EM JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. É vedada a compensação de créditos reconhecidos judicialmente antes do transito em julgado da ação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em indeferir o requerimento de diligência suscitado da tribuna e em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 81 51 /2 01 6- 62 Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10166.728151/201662 Acórdão n.º 2402006.510 S2C4T2 Fl. 94 2 (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Gregorio Rechmann Junior, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Denny Medeiros da Silveira e Renata Toratti Cassini. Relatório Cuida o presente de Recurso Voluntário em face do Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, que considerou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo sujeito passivo. Contra a contribuinte foi lavrado Despacho Decisório em 18.01.2017, para cobrança de débitos indevidamente compensados no período de 01/2013 a 10/2015, no valor original e principal de R$ 10.187.288,82 (total). Durante o procedimento fiscal, embora intimada, a contribuinte não teria apresentado resposta que tendesse à comprovação dos créditos utilizados nas compensações. Regularmente intimada, apresentou Manifestação de Inconformidade, que foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil DRJ às fls. 59//69. Em seu Recurso Voluntário às fls. 75/90 aduz em síntese: Que há a comprovação da existência da decisão judicial transitada em julgado no processo nº 94.00493690, da 24ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro – RJ, direitos esses havidos de Servport Serviços Marítimos e Portuários Ltda, nos termos de escritura pública anexada. Que o processo nº 003850162.2008.4.01.3400, que tramitou na 14ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, que conferiu a não incidência da contribuição previdenciária referente a férias, 15 primeiros dias de auxíliodoença e auxílioacidente, saláriomaternidade e o prazo decadencial, transitou em julgado. Que ainda que não houve os processos em nome do Requerente, o mesmo faria jus aos créditos, ao passo que o STJ, em 24/02/2011, submeteu ao rito do art. 1.036 do CPC (recursos repetitivos) o REsp nº 1.230.957/RS, que versa sobre a incidência de contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de aviso prévio indenizado, terço constitucional de férias, auxíliodoença pago nos primeiros quinze dias, saláriomaternidade e salário paternidade. É o relatório. Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator Fl. 94DF CARF MF Processo nº 10166.728151/201662 Acórdão n.º 2402006.510 S2C4T2 Fl. 95 3 A contribuinte tomou ciência do acórdão recorrido em 22.06.2017 e apresentou tempestivamente seu Recurso Voluntário em 12.07.2017. Preenchidos os demais requisitos, dele passo a conhecer. O recurso apresentado versa praticamente sobre a existência de direito a crédito reconhecido judicialmente, seja em ação por ele proposta, seja por terceiros. Cumpre destacar de início, antes mesmo da análise dos provimentos judiciais, que não há nos autos a comprovação da existência de qualquer crédito utilizado pelo recorrente nos encontros de contas nas GFIP. Em outras palavras, ainda que eventualmente haja provimento judicial favorável ao contribuinte que lhe garanta a não incidência da contribuição previdenciária sobre determinada verba, não há demonstração e comprovação de quanto e quando recolheu a exação sobre tal verba, tampouco que houvera o seu pagamento/creditamento em sua folha. Notese ainda que não há sequer o detalhamento acerca dos créditos que alega possuir. Vale dizer: não apontou, para cada compensação, qual(is) o(s) crédito(s) que estaria(m) sendo utilizado(s). Qual, quando e quanto foi a verba paga ou creditada, cuja contribuição previdenciária teria sido recolhida e que teria sido afastada judicialmente a incidência ? Aliás, nada respondeu à autoridade fiscal. Todavia, passo à análise dos processos judiciais em nome do recorrente, suas fases e provimentos, após consultas ao sítio de TRF1. 002039523.2006.4.01.3400: Referese à incidência da contribuição sobre o valor pago ao empregado nos 15 primeiros dias de afastamento por motivo de saúde. Não há transito em julgado, eis que os autos encontramse suspenso ao aguardo do julgamento de recurso repetitivo. 003529853.2012.4.01.3400: Referese à incidência sobre os valores pagos a título de horas extras e adicionais noturno, de periculosidade, de insalubridade e de transferência. Não há transito em julgado, posto que o autos encontramse concluso para relatório e voto. 003850162.2008.4.01.3400: Referese à incidência da contribuição sobre o valor pago ao empregado nos 15 primeiros dias de afastamento por motivo de saúde. Trânsito em julgado em 27.03.2017. Pois bem. No que diz respeito às duas primeiras ações acima, não há maiores considerações a serem feitas. A ausência do trânsito em julgado afasta qualquer pretensão quanto à utilização dos possíveis créditos decorrentes do julgado, a teor do artigo 170A do CTN . Já no que toca à terceira, foi consignado pelo próprio magistrado que o encontro de contas darseia apenas e tão somente após o transito em julgado da ação, que sobreveio apenas em 27.03.2017. Confirase: Fl. 95DF CARF MF Processo nº 10166.728151/201662 Acórdão n.º 2402006.510 S2C4T2 Fl. 96 4 O encontro de contas se fará após o trânsito em julgado, uma vez que a demanda restou ajuizada já sob a égide do art. 170A do CTN (REsp nº 1.164.452/MG); sob o crivo do Fisco, atendida a legislação vigente à época da compensação, conforme entendimento do STJ (AgRgEREsp nº 546.128/RJ), apenas com parcelas vencidas e vincendas de contribuições previdenciárias (INSS) devidas pelas impetrantes, haja vista a limitação contida no parágrafo único do art. 26 da Lei nº 11.457/2007, que afirma inaplicável o art. 74 da Lei nº 9.430/96 às contribuições previstas no art. 11, parágrafo único, “a”, “b” e “c”, da Lei nº 8.212/91. Nesse sentido, ainda que o recorrente não tivesse sido capaz de ao menos detalhar as compensações promovidas, percebese que os encontros de contas de deram no período de 2013 a 2015, conforme se extrai da data de envios das GFIP, onde foram declaradas as compensações. Com efeito, melhor sorte não lhe cabe, na medida em que as compensações teriam sido realizadas ao arrepio do artigo 170A do CTN. Prosseguindo na análise relativa aos processos apontados como de origem dos créditos, notadamente com relação àquele em nome de Servport Serviços Marítimos e Portuários Ltda, cumpre destacar que a legislação tributária, quando o assunto é compensação, há muito não a admite com créditos apurados por terceiros. O artigo 89 da Lei 8212/91, matriz legal para o tema, estabelece que as contribuições previdenciárias somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Por sua vez, o artigo 56 da Instrução Normativa 1300/2012 era claro ao restringir a compensação àquele devedor que apurasse crédito contra a União. Confirase: Art. 56. O sujeito passivo que apurar crédito relativo às contribuições previdenciárias previstas nas alíneas “a” a “d” do inciso I do parágrafo único do art. 1º, passível de restituição ou de reembolso, poderá utilizálo na compensação de contribuições previdenciárias correspondentes a períodos subsequentes. (destaquei) Na mesma linha, ao tratar das compensações fazendárias, o artigo 74 da Lei 9.430/96, em sua alínea "a" do inciso II do § 12 do artigo, veda expressamente a compensação com créditos de terceiros. Vejamos: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. Fl. 96DF CARF MF Processo nº 10166.728151/201662 Acórdão n.º 2402006.510 S2C4T2 Fl. 97 5 (...) § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: (...) II em que o crédito: a) seja de terceiros Por fim, quanto ao suscitado julgamento do REsp nº 1.230.957/RS, em que pese ter se dado sob a sistemática de recurso repetitivo, quando então a 1ª seção do STJ teria assentado que o terço constitucional de férias, aviso prévio indenizado e o valor pago no 15 primeiros dias de afastamento por motivo de doença deteriam natureza indenizatória, importante frisar que referida decisão carece de definitividade naquela Corte, eis que os autos foram suspensos em 06.08.2015 em função de parte da matéria ter sido submetida ao STF, com repercussão geral já reconhecida nos autos do RE 593.068/SC 1. Da tribuna, o patrono requereu fossem os autos baixados em diligência para que a unidade de origem se certificasse acerca do transito em julgado das ações aqui mencionadas. Penso que as consultas realizadas por este Relator, acima resumidas, dispensam a diligência requerida. Ante o exposto, CONHEÇO do recurso apresentado, INDEFIRO o pleito de diligência para, no mérito, NEGARLHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti 1 RE 593.068/SC ainda se encontra em julgamento no STF (autos devolvidos em 28.11.2017 para julgamento Saiu com vistas para o Min. Gilmar Mendes). Fl. 97DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13808.006108/2001-51
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Sep 02 00:00:00 UTC 2010
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Ano-calendário: 1997
Ementa: MULTA REGULAMENTAR. ARQUIVOS MAGNÉTICOS. O lançamento da multa relativa ao descumprimento do prazo fixado para apresentação dos arquivos magnéticos, cuja incidência é diária, é regido pela
legislação vigente no período em que se configurar a mora.
Lançamento Procedente.
Numero da decisão: 1301-000.397
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª câmara / 1ª turma ordinária da primeira
SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário
Nome do relator: Ricardo Luiz Leal de Melo
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ARQUIVOS MAGNÉTICOS. O lançamento da multa relativa ao descumprimento do prazo fixado para apresentação dos arquivos magnéticos, cuja incidência é diária, é regido pela legislação vigente no período em que se configurar a mora. Lançamento Procedente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3' câmara / 1u turma ordinária da primeira SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário JLJJ etv.4 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Leonardo de Andrade Couto, Valmir Sandri, Waldir Veiga Rocha, Ricardo Luiz Leal de Melo, Paulo Jackson da Silva Lucas e Guilherme Polastri Gomes da Silva. Relatório INDÚSTRIA DE MALHAS ALCATEX LTDA., já qualificada nestes autos, inconformada com o Acórdão if 8.285, de 11 de novembro de 2005, da 3' Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no São Paulo/SP, recorre voluntariamente a este Colegiado, objetivando a refOrma do referido julgado. Contra a referida empresa foi lavrado, em 11/12/2001, o auto de inflação de fls. 18 a 20, para lançamento de Multa Regulamentar no montante de R$ 273.270,38, com fundamento nos artigos 265, 266 e 980, inciso III, do Decreto n° 3.000/1999 (RIR/1999), em razão da falta de entrega de arquivo magnético. No Termo de Verificação Fiscal de fls. 15 a 17, foram consignados os seguintes fatos: 1 - a empresa foi intimada em 28/05/2001 e re-intimada em 18/06/2001 (fls. 03 e 04), para apresentação de arquivo magnético contendo informações relativas a Notas Fiscais de Entradas e Saidas de Mercadorias, Fornecedores e Clientes, Contabilidade e Controle e Registro de Inventário, de acordo com as especificações técnicas constantes do manual aprovado pela Portaria COFIS n° 13/1995 e na forma da Instrução Normativa n° 68/1995; 2 - a empresa não apresentou os arquivos, justificando, em declaração datada de 24/09/2001 (fls. 06 e 07), que não puderam ser recuperados, tendo sido constatado que os dados da contabilidade de 1997 não constavam mais da fita (Fita DAT) e que não houve possibilidade, na operação de restauração do backup, de abrir os arquivos para gerar os solicitados na intimação (fl. 10); 3 - considera-se o atraso na entrega dos arquivos solicitados a partir de 09 de julho de 2001, para fins de aplicação da multa estipulada no inciso III do artigo 72 da Medida Provisória n° 2.158-34, ou seja, 155 (cento e cinqüenta e cinco) dias; 4 - calculado o valor da multa, resultaria em 3,1% da receita bruta (0,02% x 155), mas, considerando o limite estipulado no dispositivo legal citado, a multa corresponderá a 1% da Receita Bruta, definida no artigo 279 do R1R/1994 e informada nas linhas 05 e 06 da Ficha 3 da declaração de rendimentos (fl. 13): Valores em R$ Rec. Venda Mercado Interno de Prod Fabric, Própria 26.762.132,42 Receita de Exportação Não Incentivada de Produtos 564,905,71 Base de Cálculo para cobrança da multa 27,327.038,13 Valor da multa (1%) 273.270,38 Houve a apresentação de impugnação (fls, 26 a 28), em 27/12/2001, por intermédio de representante legal (fls. 29 a 38), onde a contribuinte alegou, ern síntese, que, diante da falta de apresentação dos arquivos magnéticos solicitados pelo Fisco, ficou sujeita 2 Process() n° 13808 006108/2001-51 S1-C3T1 Acórdão n ° 1301-00.397 Fl 2 aplicação da penalidade prevista no artigo 12 da Lei n° 8.218/1991 e no artigo 980 do R1R11999. No seu entender, pelo fato de que a infração, relativa ao ano de 1997, foi gerada no dia 09/07/2001, não caberia a aplicação da multa regulamentar prevista na MP n'2.158-34, de 27/07/2001, que alterou a redação do artigo 12 da Lei n°8.218/1991. No intuito de respaldar sua tese, menciona os artigos 144 e 106 do Código Tributário Nacional e o artigo 5', inciso XL, da Constituição Federal. A 3' Turma da DIU em são Paulo/SP analisou a impugnação apresentada pela contribuinte e, por via do Acórdão n° 8,285, de 11 de novembro de 2005 (fls. 47/50), considerou procedente o lançamento corn a seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Ano-calendário: 1997 Ementa: MULTA REGULAMENTAR. ARQUIVOS MAGNÉTICOS. O lançamento da multa relativa ao descumprimento do prazo fixado para apresentação dos arquivos magnéticos, cuja incidência é diária, é regido pela legislação vigente no período em que se configurar a mora. LançamentoProcedente. Ciente da decisão de primeira instância ern 30/11/2007, conforme Aviso de Recebimento à if 51 verso, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 27/12/2007 conforme carimbo de recepção à folha 65. No recurso interposto (fls. 65/74), a recorrente reitera, mais ou menos com as mesmas palavras, os argumentos trazidos em sede de impugnação. o Relatório. Voto Conselheiro RICARDO LUTZ LEAL DE MELO, Relator O recurso é tempestivo e dele conheço. Fad l notar que se esta diante de caso clássico de conflito de normas no tempo. Porém de simples solução. Ou seja, a partir do momento em que ocorreu a mora (09 de julho de 2001) até a data em que houve alteração do ordenamento juridic° (27 de julho de 2001) aplica-se a norma antiga. Assim, desde 28 de julho de 2001, inclusive, não resta dúvida que a norma nova produziu efeitos. Sendo assim, parece-me irrepreensível trecho abaixo transcrito da decisão administrativa de primeira instância: 3 la RICARDO/ E MELO - Relator "In cant, a partir de 10/07/2001 ocorreu a incidência diária da multa de R$ 139,10 (que seria limitada a 30 dias), num total de 18 dias, contados ate 27/07/2001, resultando no montante de R$ 2.503,80. A partir do 19° dia, passou a incidir a multa prevista na nova lei, ou seja, 0,02% da receita bruta ao dia, limitado a 1%. Do 19° ao 155' dia, conta-se 137, que multiplicado poi 0,02% resulta em 2,74%. Somado o valor correspondente a 1% da receita bruta (R$ 271270,38) ao valor calculado nos moldes previstos na legislação anterior, obviamente resultaria em montante superior ao permitido pela lei, razão pela qual o limite do segundo período deve prevalecer.," Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Sala das Sessões, em 02 de setembro de 2010.02 de setembro de 2010 4
score : 1.0
Numero do processo: 11330.001032/2007-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Aug 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 31/12/2001 a 31/12/2004
Ementa:
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PAGAMENTO ANTECIPADO. ART. 150, § 4º. SÚMULA.
"Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração." (Súmula CARF nº 99)
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. BENEFÍCIOS E UTILIDADES. GANHOS EVENTUAIS. NÃO INCIDÊNCIA.
Configuram-se salário-de-contribuição, nos termos do art. 28, I, entre outros, os ganhos habituais sobre a forma de utilidades. Em sentido oposto, os benefícios e as utilidades percebidas de forma eventual não compõem a base de cálculo do tributo.
Numero da decisão: 2202-004.593
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em reconhecer a decadência até a competência 06/2002, e, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo todos os valores referentes às despesas médicas, bem como para manter o lançamento referente aos gastos com educação no valor de R$ 3.623,00. Vencidos a conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, que negou provimento ao recurso, e o conselheiro Martin da Silva Gesto, que lhe deu provimento integral. Votou pelas conclusões o conselheiro Ronnie Soares Anderson.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dilson Jatahy Fonseca Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 31/12/2001 a 31/12/2004 Ementa: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PAGAMENTO ANTECIPADO. ART. 150, § 4º. SÚMULA. "Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração." (Súmula CARF nº 99) CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. BENEFÍCIOS E UTILIDADES. GANHOS EVENTUAIS. NÃO INCIDÊNCIA. Configuram-se salário-de-contribuição, nos termos do art. 28, I, entre outros, os ganhos habituais sobre a forma de utilidades. Em sentido oposto, os benefícios e as utilidades percebidas de forma eventual não compõem a base de cálculo do tributo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em reconhecer a decadência até a competência 06/2002, e, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo todos os valores referentes às despesas médicas, bem como para manter o lançamento referente aos gastos com educação no valor de R$ 3.623,00. Vencidos a conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, que negou provimento ao recurso, e o conselheiro Martin da Silva Gesto, que lhe deu provimento integral. Votou pelas conclusões o conselheiro Ronnie Soares Anderson. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson.
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PAGAMENTO ANTECIPADO. ART. 150, § 4º. SÚMULA. "Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração." (Súmula CARF nº 99) CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. BENEFÍCIOS E UTILIDADES. GANHOS EVENTUAIS. NÃO INCIDÊNCIA. Configuramse saláriodecontribuição, nos termos do art. 28, I, entre outros, os ganhos habituais sobre a forma de utilidades. Em sentido oposto, os benefícios e as utilidades percebidas de forma eventual não compõem a base de cálculo do tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em reconhecer a decadência até a competência 06/2002, e, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo todos os valores referentes às despesas médicas, bem como para manter o lançamento referente aos gastos com educação no valor de R$ 3.623,00. Vencidos a conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, que negou provimento ao recurso, e o conselheiro Martin da Silva Gesto, que lhe deu provimento integral. Votou pelas conclusões o conselheiro Ronnie Soares Anderson. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 33 0. 00 10 32 /2 00 7- 91 Fl. 417DF CARF MF Processo nº 11330.001032/200791 Acórdão n.º 2202004.593 S2C2T2 Fl. 418 2 (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor da Contribuinte para constituir crédito tributário referente a Contribuições Sociais Previdenciárias. Tendo a DRJ negado provimento à Impugnação, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário. Este e.CARF, em primeira análise, converteu o julgamento em diligência. Realizada esta, retornam os autos para continuidade do julgamento. Feito o breve resumo da lide, passo ao relatório pormenorizado dos autos. Em 25/07/2007 foi formalizado o auto de infração DEBCAD nº 37.067.5410 (fls. 2/19), para constituir crédito tributário de Contribuições Sociais Previdenciárias referente ao período de 12/2001 a 12/2004. Conforme o Relatório Fiscal (fls. 23/28), "1 Os valores constantes da NFLD supracitada referemse a contribuições previdenciárias devidas à Seguridade Social, correspondentes a parte da empresa, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho RAT e as destinadas a terceiros SALÁRIO EDUCAÇÃO, INCRA, SESC E SEBRAE, relativas a ganhos habituais dos segurados empregados sob a forma de utilidades salário indireto." fl. 23 (...) "7 A empresa apresenta em sua contabilidade pagamento de salário utilidade na forma de despesas com Curso de MBA Executivo, Seminários, Congressos Fórum e Despesas Médicas não cobertas pelo plano de saúde dos empregados. 8 Tais benefícios não estão previstos em acordo coletivo de trabalho, não há plano de educação formalizado e não são Fl. 418DF CARF MF Processo nº 11330.001032/200791 Acórdão n.º 2202004.593 S2C2T2 Fl. 419 3 extensivos à totalidade dos empregados e dirigentes da empresa." fl. 24 (...) "11. O lançamento das contribuições previdenciárias integram os seguintes levantamentos: COD Descrição Período de Lançamento CPE Cursos pagos pela empresa 12/2001, 02/2002 a 08/2002, 09/2003; 01/2004, 03/2004 a 06/2006, 08/2004, 11/2004 e 12/2004 DM Despesas médicas 04/2004 e 11/2004 " fl. 25; Intimada pessoalmente em 25/07/2007 (fl. 2), a Contribuinte apresentou Impugnação em 24/08/2007 (fls. 34/45 e docs. anexos fls. 46/330). Chegando à DRJ, foi proferido o acórdão nº 1216.879, de 31/10/2007 (fls. 334/342), que negou provimento à defesa do Contribuinte e restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 31/12/2001 a 31/12/2004 CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO EDUCAÇÃO (CURSOS). DESPESAS MÉDICAS. Deixam de integrar o saláriodecontribuição o valor relativo a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, como também despesas médicas pagas pela empresa, se disponível à totalidade dos empregados e dirigentes, ex vi art. 28, § 9°, alíneas "q" e "t" da Lei n° 8.212/91 c/c. art. 214, § 90, XVI e XIX do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. Lançamento Procedente Intimada em 22/01/2008 (fl. 344), a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 20/02/2008 (fls. 345/357), argumentando, em síntese: · Que os ganhos identificados pela autoridade lançadora não são habituais, mas sim esporádicos; · Que os dispêndios com auxílioeducação não podem compor a base de cálculo vez que não são salário in natura, não são retribuição pelo trabalho e não integram a remuneração do empregado; · Que os cursos eram contratados e pagos pelo empregador, não tendo os empregados qualquer ingerência na contratação ou escolha, nem mesmo na participação nos mesmos. Mais, que não houve reembolso, e os Fl. 419DF CARF MF Processo nº 11330.001032/200791 Acórdão n.º 2202004.593 S2C2T2 Fl. 420 4 pagamentos eram feitos diretamente pela Contribuinte para a prestadora do curso, sem tramitar pela conta do empregado; e · Que o mesmo se aplica às despesas médicas, mormente quando se constata que foram observadas apenas dois episódios, não podendo ser configurada a habitualidade. Em 14/07/2008 os presentes autos foram apensados ao processo nº 37213.000525/200815 (fl. 361). Em 20/02/2017 foi apensado ao processo nº 11330.001036/200770 (fl. 364). Em 05/07/2017 este CARF proferiu a Resolução nº 2202000.785 (fls. 401/404), que determinou a realização de diligência para que fosse verificada a ocorrência de pagamento de contribuições previdências no período do lançamento e que fosse aberto prazo para a Contribuinte se pronunciar. Em resposta, a autoridade diligenciadora informou que: "8 Conforme consulta ao MP/RFB SISTEMA DE ARRECADAÇÂO DATAPREV/CCOR Consulta Conta Corrente, em anexo, fica confirmado o pagamento de contribuições previdenciárias por parte do contribuinte, anteriormente a data do lançamento constante deste processo, referente à contribuições declaradas em GFIP relativas as competências do lançamento efetuado" fl. 413. Intimada das informações fiscais em 22/11/2017 (fls. 410/411), a Contribuinte protocolou manifestação (fls. 407/408) ratificando a necessidade de reconhecer a decadência e insistindo nos seus argumentos para afastar o lançamento em si mesmo. É o relatório. Voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Decadência Diante da verossimilhança nas alegações da Contribuinte de que teria havido pagamentos antecipados e, consequentemente, que a decadência deveria ser apurada conforme a regra do art. 150, § 4º, do CTN, os autos foram baixados em diligência para que a autoridade fiscalizadora atestasse a ocorrência ou não dos pagamentos antecipados. Conforme o resultado da diligência (fl. 413), não restam dúvidas de que houve pagamento antecipado de Contribuições Sociais Previdenciárias. O CARF, por sua vez, já consolidou a seguinte posição: Fl. 420DF CARF MF Processo nº 11330.001032/200791 Acórdão n.º 2202004.593 S2C2T2 Fl. 421 5 Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Diante do exposto, uma vez que a Contribuinte foi intimada do lançamento em 25/07/2007 (fl. 2), é necessário reconhecer a decadência do período até a competência 06/2002, inclusive. Mérito Registrase que, como já foi reconhecida a decadência parcial, já não se encontram em julgamento os lançamentos em relação aos seguintes lançamento: Competência Segurado Valor 12/2001 Alexandre J. Lima R$ 480,00 02/2002 Giovanni Faria R$ 3.623,00 03/2002 Giovanni Faria R$ 3.623,00 04/2002 Giovanni Faria R$ 3.623,00 05/2002 Giovanni Faria R$ 3.623,00 06/2002 Giovanni Faria R$ 3.623,00 De qualquer sorte, argumenta a Contribuinte que os pagamentos identificados pela autoridade lançadora a título de auxílioeducação não podem compor a base de cálculo das contribuições previdenciárias tendo em vista que não se configuraram salário in natura, não eram retribuição pelo trabalho, não eram escolhidos pelo trabalhador, que não tinha escolha se não participar dos cursos e seminários indicados pela Contribuinte, que os recursos não circulavam pelas contas do trabalhador etc. Principalmente, que não eram habituais, mas apenas esporádicos. No mesmo sentido, argumenta que os pagamentos a título de despesas médicas não foram habituais; pelo contrário, ressalta que ocorreram em apenas duas oportunidades. O que é mais, que os pagamentos de despesas médicas não foram pelo trabalho, mas para o trabalho, para garantir que os trabalhadores pudessem comparecer ao local e prestar o serviço contratado. De seu lado, a autoridade lançadora configurou os valores sob a égide do art. 28, I, da Lei nº 8.212/1991, deixando claro que não se encaixavam nas hipóteses isentivas do §9º, "q" e "t" do mesmo artigo. Convém transcrever esse comando legal: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: Fl. 421DF CARF MF Processo nº 11330.001032/200791 Acórdão n.º 2202004.593 S2C2T2 Fl. 422 6 I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (...) t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) 1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) 2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor correspondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do saláriodecontribuição, o que for maior; Em outras palavras, entendeu que os valores deveriam ser incluídos na base de cálculo do tributo uma vez que não eram oferecidos a todos os funcionários e trabalhadores, exigência expressa da Lei, não sendo possível ampliar a hipótese de isenção. A DRJ acompanhou esse entendimento. Pois bem. Não há dúvidas quanto à existência de pagamentos a título de despesas educacionais e médicas, do quantum, nem com relação ao fato de que os gastos não foram extensivos a todos os trabalhadores da Contribuinte. A questão se limita apenas a definir se os Fl. 422DF CARF MF Processo nº 11330.001032/200791 Acórdão n.º 2202004.593 S2C2T2 Fl. 423 7 pagamentos a título de despesas médicas e de cursos pagos pela empresa e identificados pela autoridade lançadora compõem ou não o saláriodecontribuição. Das despesas médicas: Efetivamente, foi admitidamente oferecida assistência médica a trabalhadores. Conforme as provas de fls. 196/216, trataramse de (1) pagamento de internação de um dos dependentes de um dos funcionários e (2) de checkup em favor de outro funcionário. Se é verdade que a alínea "q", §9º, do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 exige que "cobertura" da "assistência prestada por serviço médico ou odontológico" "abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa", também é verdade que o caput estabelece que são considerados saláriodecontribuição "os ganhos habituais sob a forma de utilidades", senão vejamos: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) Não há dúvidas de que o parágrafo está contido pelo caput. Em outras palavras, para que seja necessário analisar se o caso concreto se encaixa na hipótese da alínea "q" do §9º, antes é necessário identificar que o caso é hipótese de incidência do tributo, a qual está descrita no caput. Ora, para que se possa falar em saláriodecontribuição é necessário que os "ganhos" "sob a forma de utilidades" sejam "habituais". Assim, não há dúvidas de que é hipótese de ganho habitual o fornecimento de plano de saúde ou assistência médica contínua. No mesmo sentido, o pagamento de aluguel de imóvel em favor de determinado empregado ou a oferta contínua de valealimentação. Nesses casos, há "ganhos habituais sob a forma de utilidades". Identificada a hipótese de incidência, então se observa se o caso do plano de saúde ou a assistência médica se encaixará na hipótese de isenção contida no §9º, "q", qual seja, que o ganho sob a forma de utilidade seja oferecido a todos os empregados e dirigentes. De outro lado, não havendo habitualidade, não há que se falar em incidência de contribuições previdenciárias. Em outras palavras, não podem ser considerados base de cálculo para o tributo os pagamentos efetuados e as despesas incorridas de forma eventual, pontual, sem qualquer constância ou reiteração. Ainda que assim não fosse, é importante registrar que esse mesmo art. 28, em seus § 9º, 'e', 7, estabelece a isenção sobre as importâncias recebidas a título de ganhos eventuais e desvinculados do salário. Esse entendimento é consubstanciado pela jurisprudência desse Conselho: Fl. 423DF CARF MF Processo nº 11330.001032/200791 Acórdão n.º 2202004.593 S2C2T2 Fl. 424 8 ABONOS EVENTUAIS. NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO. As importâncias pagas a título de abono foram se deram sem habitualidade o que revela a sua eventualidade e estavam desvinculadas do salário, não constituindo, por isso, base de cálculo das contribuições devidas à seguridade social. (acórdão CARF nº 2401004.986, de 08.08.2017) CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. ABONOS EVENTUAIS. NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO. As importâncias foram pagas sem habitualidade o que revela a sua eventualidade e estavam desvinculadas do salário, não constituindo, por isso, base de cálculo das contribuições devidas à seguridade social. (acórdão CARF nº 2402005.813, de 09.05.2017) CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. GRATIFICAÇÕES EVENTUAIS. NÃO INCIDÊNCIA. As gratificações eventuais representam ganhos eventuais podem ser pecúnia ou em utilidade, não sofrendo a incidência da contribuição previdenciária. Inteligência do art. 28 §9º, alínea "e", item 8, da Lei nº 8.212/91. (acórdão CARF nº 2202003.379, de 10.05.2016) EVENTUALIDADE. BÔNUS GERENCIAL. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. É eventual o pagamento efetuado pela empresa a título de bônus gerencial quando não caracterizado periodicidade ou habitualidade anual nos pagamentos. // No caso concreto, a ocorrência de três pagamentos mensais a título de bônus gerencial em um período de cinco anos evidencia a eventualidade de tais ganhos, razão pela qual não há que se falar de sua integração ao salário de contribuição e consequente incidência de contribuição previdenciária. (acórdão CARF nº 2403002.243, de 15/08/2013) Ora, é possível falar em habitualidade quando só foram identificadas duas ocorrências de pagamento da assistência médica? Não, mormente quando se observa que o campo de observação foi de mais de três anos (12/2001 a 12/2004). Portanto, não há que se discutir sobre possível abrandamento da hipótese isentiva quando se constata, na verdade, que sequer se trata de hipótese de incidência. Ainda que assim não fosse, há isenção quando se configura na hipótese de ganho eventual (art. 28, §9º, "e", 7, da Lei nº 8.212/1991). Nesse caminho, entendo que devem ser afastados esses valores da base de cálculo. Cursos pagos pela empresa: No caso dos cursos, é necessário observar individualmente os beneficiários identificados. Efetivamente, o nome dos segurados empregados que obtiveram o valor correspondente creditado consta no campo "OBSERVAÇÕES" do Relatório de Lançamentos, conforme o item 13 do Relatório da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (fl. 25). No Fl. 424DF CARF MF Processo nº 11330.001032/200791 Acórdão n.º 2202004.593 S2C2T2 Fl. 425 9 Relatório de Lançamentos (fl. 12/13), por sua vez, é possível identificar os seguintes segurados: Competência Segurado Valor 12/2001 Alexandre J. Lima R$ 480,00 02/2002 Giovanni Faria R$ 3.623,00 03/2002 Giovanni Faria R$ 3.623,00 04/2002 Giovanni Faria R$ 3.623,00 05/2002 Giovanni Faria R$ 3.623,00 06/2002 Giovanni Faria R$ 3.623,00 07/2002 Giovanni Faria R$ 3.623,00 08/2002 Marco Túlio Nascimento R$ 555,00 09/2003 Fabiana Perdigão e Ana Lucia Moreira R$ 360,00 01/2004 Felipe Teixeira R$ 500,00 03/2004 Felipe Teixeira, Luiz Carlos da Silva, Fabiana Perdigão, José Araújo e Ana Lucia Moreira R$ 3.068,00 04/2004 Marco Túlio e Felipe Teixeira R$ 4.651,00 05/2004 Daniella Gonçalves R$ 2.400,00 06/2004 Marco Túlio R$ 368,00 08/2004 Daniella Gonçalves e Antônio Luiz Gomes R$ 3.600,00 11/2004 Irene Junqueira e Daniella Gonçalves R$ 5.475,00 12/2004 Marco Túlio R$ 312,50 Percebese, efetivamente, que alguns nomes se repetem. Giovanni Faria aparece em seis competências seguidas. Já Marco Túlio aparece em quatro competências, saltando algumas entre elas. Felipe Teixeira e Daniella Gonçalves em três competências cada. Os demais aparecem apenas uma ou duas vezes. A Contribuinte, buscando esclarecer quais foram as despesas incorridas, esclareceu que pagou pelos seguintes cursos (fls. 350/351): Fl. 425DF CARF MF Processo nº 11330.001032/200791 Acórdão n.º 2202004.593 S2C2T2 Fl. 426 10 Empregado Duração do Curso Atividade 1) Alexandre J. Lima 6 (seis) dias Curso de matemática financeira 2) Giovani Faria 10 (dez) meses MBA Executivo 3) Marco Túlio Nascimento 3 (três) dias 22º Congresso Brasileiro de Radiodifusão 4) Ana Lúcia Moreira 1 (um) dia 1º Simpósio de Comunicação Integrada 5) Fabiana Perdigão 17 (dezessete) dias Curso sobre Novo Código Civil Módulo das Obrigações 6) Felipe Teixeira 1 (um) dia Treinamento A Retenção de 11% na Contratação de Pessoas Jurídicas e Físicas INSS 7) Felipe Teixeira e Luiz Carlos Cordeiro da Silva 1 (um) dia Treinamento Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais 8) Felipe Teixeira e Fabiana Perdigão 12 (doze) dias Treinamento Planejamento Tributário e Processo Fiscal 9) Felipe Teixeira e José Araújo 1 (um) dia Treinamento Legislação Previdenciária 10) Ana Lúcia Moreira 1 (um) dia Treinamento Encontro das melhores empresas para se trabalhar 11) Marco Túlio Nascimento 4 (quatro) dias Curso Evento voltado para o mercado de Broadcast 12) Felipe Teixeira 1 (um) dia Treinamento IRPJ/CSLL 13) Daniella Gonçalves 2 (dois) dias Treinamento Remuneração Variável 14) Daniella Gonçalves e Ana Lúcia Moreira 4 (quatro) dias 10º Congresso Mundial de Gestão de Rh 15) Antonio Luiz Gomes 4 (quatro) dias Curso Básico de Planejamento e Pesquisa Fl. 426DF CARF MF Processo nº 11330.001032/200791 Acórdão n.º 2202004.593 S2C2T2 Fl. 427 11 16) Irene Junqueira 7 (sete) dias Treinamento Gestão para Executivos 17) Daniella Gonçalves 5 (cinco) dias Treinamento Workshop: As 5 Dimensões de Gestão de Pessoas À exceção do MBA pago em favor de Giovani Faria, todas as demais despesas foram incorridas com eventos ou treinamentos pontuais. Não há que se falar em habitualidade do pagamento de educação em favor de Irene Junqueira, por exemplo, quando a empresa pagou uma única vez um workshop. Portanto, não se evidenciou em relação a todos os demais exceto Giovanni Faria reiteração que justifique considerar tais valor como "ganho habitual". Em outras palavras, tal como nas despesas médicas, não há que se falar em saláriodecontribuição em relação aos demais. Frisase que, in casu, os indivíduos eram empregados, enquadrandose na hipótese do art. 28, I, da Lei nº 8.212/1991, sendo necessário demonstrar a habitualidade do "ganho", quando na forma de utilidade. O mesmo não pode ser dito em relação ao MBA pago em favor de Giovani Faria. Nesse caso a autoridade lançadora identificou que a despesa ocorreu em 7 (sete) competências seguidas e com valor idêntico. Coerente, portanto, a explicação da Contribuinte de que se tratava de um MBA. Neste caso sim é possível identificar habitualidade, vez que não foi pontual, estendendose por quase um ano. Portanto, entendo que devem ser mantidos na base de cálculo apenas os valores referentes a Giovanni Faria. Dispositivo: Diante de tudo quanto exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a decadência até a competência 06/2002, bem como para manter o valor de R$ 3.623,00, referente aos gastos com educação. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Fl. 427DF CARF MF
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