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Numero do processo: 10830.720152/2015-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jul 11 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-001.021
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência nos termos do voto-vista da conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz. Vencidos o relator, Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra e Pedro Sousa Bispo, que negaram provimento ao recurso. Sustentou pela recorrente a Dra. Maria Luiza Favaret C. Garcia de Souza, OAB/RJ 75.949
(Assinado com certificado digital)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator.
(Assinado com certificado digital)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Redatora designada.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência nos termos do votovista da conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz. Vencidos o relator, Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra e Pedro Sousa Bispo, que negaram provimento ao recurso. Sustentou pela recorrente a Dra. Maria Luiza Favaret C. Garcia de Souza, OAB/RJ 75.949 (Assinado com certificado digital) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente em exercício e relator. (Assinado com certificado digital) Thais De Laurentiis Galkowicz Redatora designada. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Por bem relatar os atos e fatos processuais, adoto o relatório da decisão recorrida, vazado nos seguintes termos: O contribuinte em epígrafe foi alvo de fiscalização que teve seu início com o Mandado de Procedimento Fiscal nº 08.1.90.002013015450 e o Termo de Intimação Fiscal de 23/04/2013. Os períodos de apuração compreendidos nesse procedimento eram de 01/2010 a 12/2010. Com base nessa fiscalização foram lavrados Autos de Infração de Cofins e RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .7 20 15 2/ 20 15 -0 6 Fl. 3820DF CARF MF Processo nº 10830.720152/201506 Resolução nº 3402001.021 S3C4T2 Fl. 112 2 de PIS (fls. 2 a 22). O Termo de Verificação e Constatação Fiscal motivando os lançamentos se encontra às fls. 3.295 a 3.336. Durante a fiscalização foi solicitado ao contribuinte documentação fiscal e contábil, além de esclarecimentos, a seguir destacados: contrato social e alterações; arquivos digitais dos Livros Diário e Razão; relação dos serviços realizados, produtos comercializados e insumos utilizados; arquivo digital da escrituração fiscal; informação sobre consultas fiscais e ações judiciais; memórias das bases de cálculo das contribuições; relação das retenções na fonte; relação de imóveis e de veículos; esclarecimentos sobre as receitas que foram ou não tributadas; memórias dos rateios entre as receitas cumulativas e nãocumulativas; identificação das vinculações das despesas e custos para com as receitas cumulativas e nãocumulativas; descrição detalhada das atividades e serviços desempenhados para cada receita realizada; justificativa sobre a conta recuperação de custos consórcios; balancetes; planilha com a relação dos serviços dos fornecimentos, montagem e instalação de equipamentos nos faturamentos dos consórcios; explicações sobre as etapas das atividades desenvolvidas; individualização das receitas para cada consórcio; demonstração das contas denominadas recuperação dos custos de serviços; esclarecimentos sobre valores diferidos; apresentação dos reembolsos dos consórcios; apresentação das medições de todos os serviços executados e suprimentos fornecidos; classificação dos serviços prestados ou emprestados; apresentação dos valores mensais dos serviços relativos a projetos; esclarecimentos e comprovação efetiva de determinados recebimentos de valores; apresentação de cópias de faturas com esclarecimentos; entre outros. Encontramse juntados a esses autos: estatutos/contrato sociais (fls. 25 a 32, 205 a 218); recibos de entrega de arquivos digitais; respostas de intimações; notas de débito (fls. 129 a 132); planilhas com as apurações do PIS e da Cofins (fls. 219 a 235); débitos constantes nas DCTFs (fl. 236); planilhas de análises de dados (fl. 237); demonstrativos da conta recuperação de custos – consórcios (fls. 238 a 240); contratos com a Petrobrás (fls. 241 a 308, 822 a 865, 981 a 1.022, 1.029 a 1.114, 1.791 a 2.941); notas fiscais de prestação de serviços e relatórios de medição (fls. 310 a 377, 1.115 a 1.286); memórias de apuração das contribuições (fls. 378 a 379); contrato de constituição de consórcio e planilhas de medição (fls. 380 a 388); planilhas de medição com descrição do item, valor, EAP, período, acumulado e saldo contratual (fls. 389 a 572); contrato com a REFAP (fls. 573 a 821); contrato com a Skanska (fls. 866 a 873); contratos, medições e registros de serviços (fls. 874 a 966); contrato com a Odebrecht (fls. 967 a 980); memória de cálculo de medição (fls. 1.023 a 1.028); contrato de consórcio com a Camargo Corrêa e com a Norberto Odebrecht (fls. 1.287 a 1.435); contrato de empreitada da ampliação industrial (fls. 1.436 a 1.738); contrato Fosfértil (fls. 1.739 a 1.790); entre outros. É feito um histórico detalhado da ação fiscal no Termo de Verificação e Constatação Fiscal nas fls. 3.296 a 3.306. Constam tópicos específicos também sobre as recuperações de custos e de diferimentos, conceitos e conclusões sobre os serviços prestados pelos consórcios, assim como ocorrências relativas a consórcios específicos. Fl. 3821DF CARF MF Processo nº 10830.720152/201506 Resolução nº 3402001.021 S3C4T2 Fl. 113 3 De acordo com a fiscalização, o contribuinte estaria incorretamente tributando parte das receitas pela cumulatividade, quando o correto seria pela nãocumulatividade, assim como não estaria ainda oferecendo a tributação de determinados valores compreendidos como receitas (recuperação de custos com serviços e diferimentos). Essas receitas seriam provenientes de serviços envolvendo outras áreas de engenharia que não a de construção civil (essa sujeita ao regime da cumulatividade). As planilhas com os demonstrativos apurados pela fiscalização estão às fls. 3.328 a 3.396 – resumo das bases de cálculo das contribuições, receitas não cumulativas, faturamento e apuração das contribuições, medições e notas fiscais emitidas, etc. (de acordo com cada consórcio). A ciência dos Autos de Infração foi dada ao contribuinte em 20/01/2015 (fl. 3.337). A impugnação foi apresentada em 19/02/2015, às fls. 3.343 a 3.369 (praticamente a mesma impugnação se encontra também às fls. 3.504 a 3.530 – ou seja, foi feita uma para a Cofins, e outra para o PIS), onde em síntese o contribuinte faz as seguintes alegações: QUE a fiscalização entendeu que a contribuição deveria ser recolhida a alíquota de 7,6%, e não a 3% da Cofins (1,65% e não 0,65% do PIS) como entendia o contribuinte. No entanto, na apuração que originou esses Autos de Infração não foram deduzidos os créditos do regime nãocumulativo, o que configuraria crime de excesso de exação, definido no art. 316 do Código Penal. QUE há nulidade da autuação pelo fato da fiscalização ao entender que algumas receitas dos contratos não decorrerem de obras de construção civil, não identificar quais seriam tais receitas, limitandose a listar valores. Cita o art. 142 do Código Tributário. QUE o conceito de construção civil possuía uma grande controvérsia no tocante ao inciso XX, do art. 10, da Lei nº 10.833/03, com as mais diversas Soluções de Consulta. A definição desse conceito não pode se aquela que as partes estipularam em um contrato ou que conste em orçamentos e medições. Cita o Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 10/14. Diz que quaisquer benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo constituem construção civil. QUE da análise dos contratos (cita os mesmos às fls. 3.348 a 3.349) se constataria estarmos diante de construção de edificações, ou seja, obras de construção civil. QUE a jurisprudência do STJ determinou a competência dos municípios para o lançamento de ISS no regime de recursos repetitivos. Entende que não se podem cindir os serviços que configuram a obra, ou seja, não é possível dividir a construção civil em atividades diferentes. Aduz que a construção civil só aflora quanto tomadas todas as atividades em conjunto em função da finalidade comum. QUE no tocante à Instrução Normativa RFB nº 971/09, todos os serviços dos contratos alcançados pela autuação se enquadram em pelo menos um dos itens do art. 322 da referida instrução. De outro lado, diz que o conceito de construção civil da legislação Fl. 3822DF CARF MF Processo nº 10830.720152/201506 Resolução nº 3402001.021 S3C4T2 Fl. 114 4 previdenciária não precisa coincidir com o inciso XX, do art. 10, da Lei nº 10.833/03. Cita a Solução de Divergência da Cosit nº 11/2014. QUE sobre o inciso XX, do art. 10, da Lei nº 10.833/03, deve se destacar a expressão “decorrentes de”, no sentido de que o regime cumulativo não se aplica apenas as receitas de obras de construção civil, mas também de suas receitas decorrentes. QUE não pode haver tributação de itens que não constituem receita, ou seja, o ressarcimento feito ao impugnante pelos consórcios. Tal ressarcimento seria de custos incorridos pela mesma na execução dos serviços que compunham a atividade de tais consórcios. Cita a Instrução Normativa nº 1.199/2011 e a NIC 18. Não haveria receita auferida nesses reembolsos. Diz que tal cobrança constituiria bis in idem. QUE sobre a inobservância da nãocumulatividade, novamente veio comentar que não foram deduzidos os créditos por esse regime. A fiscalização teria dito que o contribuinte deixou de apresentar planilha com memória de cálculo dos créditos admissíveis vinculados às receitas legalmente caracterizadas e enquadradas na não cumulatividade. Sobre isso entende que a fiscalização teria o dever de computar tais créditos, e que se os seus funcionários se tivessem sido informados de que parte das receitas seriam tratadas pelo regime não cumulativo, poderiam a título de colaboração indicar os valores desses créditos. Nesse sentido preparou a relação que segue os ANEXOS I e II de sua defesa. QUE ocorreram “erros materiais” nos contratos com a Petrobrás relativos à HDT REVAP de números 0800.002965607.2 e 0800.0029655.07.2 devido a serem integralmente tributados pelo regime nãocumulativo devido ao fato de não ter apresentado o detalhamento dos serviços medidos. No entanto, diz ter respondido ao Termo de Intimação nº 17 (ANEXO IV de sua defesa) onde teria apresentado tais relatórios de medição que possuía. Argumenta que se entendido os procedimentos de fiscalização ao cliente Petrobrás teria sido possível obter a totalidade dos valores das referidas medições, solicitando a intimação dessa para fins de apresentar as folhas de registro dos serviços. Cita, ainda o contrato de número 0800.0037911.07.2 que estaria sujeito ao regime cumulativo, e que entende ter sido indevidamente tributado. Por fim, conclui que o Auto de Infração está eivado de nulidade por inobservância do art. 142, do CTN. Quanto ao mérito, a aplicação da alíquota do regime nãocumulativo para as receitas decorrentes de construção civil: a) estariam em manifesta inobservância do conceito de construção civil estabelecido no Ato Declaratório Interpretativo RFB nº10/14; b) conflitariam com a jurisprudência do STJ, resultante de acórdão proferido no regime dos recursos repetitivos; c) não observaria o que realmente preceitua o inciso XX, do art. 10, da Lei nº 10.833/03; d) incluiria na base de cálculo valores que não constituem receitas, mas recebimento de quantias de que era credor; e) não teriam procedido às deduções de créditos do regime nãocumulativo; f) e haveriam erros materiais na determinação das bases de cálculo Fl. 3823DF CARF MF Processo nº 10830.720152/201506 Resolução nº 3402001.021 S3C4T2 Fl. 115 5 adotadas na autuação. Solicita assim que seja anulado e tornado sem efeito o Auto de Infração, julgandose improcedente a ação fiscal. Requer, ainda, que seja intimada a Petrobrás para que a mesma apresente as folhas de registros de serviços relacionadas aos relatórios de medição apresentados pela impugnante durante a fiscalização, relativos aos contratos do HDT REVAP, de números 0800.002965607.2 e 0800.0029655.07.2, pertinentes ao ano de 2010, conforme ANEXO V de sua defesa. E, complementando, requer a realização de perícia contábil para determinar o valor dos créditos a que teria direito pelo regime da não cumulatividade, e também para comprovar que estão sendo tributados valores que não constituem receita. Seus quesitos estariam indicados no Anexo III de sua defesa. Esse processo foi objeto da Sessão de Julgamento realizada em 16/07/2015, e através da Resolução nº 10.000782, entendeuse que o mesmo deveria retornar para a DRF jurisdicionante, em diligência, para esclarecer especificamente os seguintes aspectos: a) verificação se o contribuinte faria jus aos créditos no regime nãocumulativo referidos nos ANEXOS I e II da defesa apresentada; b) análise da alegação de erros materiais em alguns contratos específicos considerados dentro do regime nãocumulativo. Após a realização dessa diligência deveria ser cientificado o contribuinte da realização da mesma. A fiscalização em atendimento ao que lhe fora solicitado intimou o contribuinte às fls. 3.674 a 3.676 a esclarecer e promover a apuração da totalidade dos créditos admissíveis vinculados às receitas não cumulativas (Itens 1 e 2), assim como para os contratos citados com erros materiais apresentar se a relação de notas fiscais constantes do termo seriam pela sistemática cumulativa ou nãocumulativa, visto que as fichas de registros de serviços não tinham sido apresentadas (Item 3). O contribuinte respondeu o Termo de Intimação da Diligência às fls. 3.681 a 3.683, dizendo que não teria como responder os itens 1 e 2 da Intimação. Quanto ao Item 3 o contribuinte diz entender que todas as receitas do Consórcio Camargo Correa Promon – MPE seriam decorrentes de contratos de construção civil, sujeitas assim ao regime cumulativo do PIS e da Cofins. A fiscalização então elaborou o Registro de Procedimento Fiscal correspondente à Diligência nº 08.104.00.2015004199 onde apresenta o resultado das apurações realizadas (fls. 3.699 a 3.711). Ao contribuinte foi, então, dada ciência do resultado da diligência reabrindo o prazo de 30 dias para se manifestar caso entendesse necessário (fls. 3.712 a 3.716). O impugnante apresentou às fls. 3.720 a 3.723 sua manifestação sobre a diligência realizada. Em tal peça a PROMON reforça novamente que os valores das autuações se incluiriam dentro do conceito de construção civil, dizendo, dessa feita, que não se haveria de cogitar de créditos visto estar submetido ao regime cumulativo. Diz que o Auto de Infração é omisso em dizer as atividades do regime nãocumulativo. Afirma que somente poderia Fl. 3824DF CARF MF Processo nº 10830.720152/201506 Resolução nº 3402001.021 S3C4T2 Fl. 116 6 responder às indagações dos consórcios de que fosse líder. Sobre os contratos 800.002.9656.07.2 e 800.002.9655.07.2 diz não estar em posse das Folhas de Registros de Serviços com as necessárias medições, e que tais documentos se encontrariam com a PETROBRÁS. Quanto ao contrato 0800.0037911.07.2 a fiscalização teria reconhecido o erro material. Comenta também que não caberia à fiscalização responder aos quesitos que apresentou, sendo que de acordo com o art. 20, do Decreto nº 70.235/72, a indicação do perito da Fazenda caberia ao Auditor Fiscal do Tesouro Nacional. A DRJ Porto Alegre, em 28/04/2016, julgou a impugnação parcialmente procedente (fls. 3740/3758), cancelando a exigência em relação a pequenos erros materiais no contrato nº 0800.0037911.07.2, conforme quadro à fl. 17 da decisão a quo. Não resignada com a r. decisão, a autuada interpôs recurso voluntário (fls. 3772/3802) no qual alega, em síntese: 1 Que a perícia requerida na peça impugnatória não poderia ser feita pelo agente fiscal autuante, devendo ser "designado outro auditor, com abordagem e avaliação independente". Alega que ao não ser atendido esse pleito bem como por não ter sido apreciado o pedido para que a Petrobrás fosse oficiada para que fornecesse as folhas de registro de serviços relacionados a relatórios de medição de dois contratos, foi cerceado seu direito de defesa, pelo que postula em preliminar a decretação de nulidade da r. decisão para "que outra seja proferida após a realização de prova pericial e oficiada a Petrobrás"; 2 Repisa o argumento de que o fiscal autuante não identificou as receitas que não estariam alcançadas no conceito de obras de construção civil a que alude o inciso XX, do art. 10 da Lei 10.833/2003, as quais estariam sujeitas a PIS/COFINS no regime não cumulativo. Dessa premissa conclui que o lançamento seria nulo por não ter bem delimitado a matéria tributável, nos termos do art. 142, do CTN; 3 Discorre sobre o sentido da expressão "construção civil", alegando que haviam soluções de consultas contraditórias acerca do que não estaria albergado naquele conceito, o que daria azo à apuração com base no regime cumulativo. Procura demonstrar, nos 8 contratos que cita de forma sintética, que seu objeto é a construção de edificações e de benfeitorias agregadas ao solo ou ao subsolo, "ou seja, claramente obras de construção civil". Em seu entender, montagem "entra no conceito de construção civil"; 4 Refuta a r. decisão quando essa afirmou que é preciso diferenciar os conceitos de obra de construção civil e de serviço de construção civil, alegando que não há distinção entre elas, e que, cita como exemplo, mesmo treinamento quando decorrente de realização de obras também seria construção civil para fins de incidência cumulativa das litigadas contribuições; 5 Traz à colação escólio jurisprudencial do STJ no sentido de arrimar seu entendimento de que "o contrato de construção civil é o que os civilistas chamam de contrato de fim", sendo que o que o caracterizaria seria a finalidade comum das atividades do prestador de serviço, o que, a seu juízo, não teria sido apreendido pelo fiscal nem pela decisão recorrida. Conclui, no ponto, que na Fl. 3825DF CARF MF Processo nº 10830.720152/201506 Resolução nº 3402001.021 S3C4T2 Fl. 117 7 construção civil o relevante é a obra "para onde direcionamse todos os esforços e trabalhos...sendo certo que a obra deve ser vista como uma unidade, uma universalidade", daí que não podem ser cindidos os serviços que a caracterizam, o que se aplicaria, obrigatoriamente, "também a PIS e COFINS". Afirma que no mesmo rumo caminham as decisões dos tribunais administrativos, pugnando a aplicação do § 2º do art. 62 do RICARF, uma vez que no REsp 1.117.121 o STJ decidiu em recurso repetitivo que a obra de construção civil "para onde direcionamse todos os esforços ..."; 6 Averba que a expressão "decorrente", inserta no texto do inciso XX, do art. 10 da Lei 10.833/03, com a redação da Lei 13.043/14, a leva concluir que "o regime cumulativo se aplica não apenas a receitas de obras de construção civil, mas a qualquer receita decorrente de tais obras", ao contrário da tese fiscal de que só algumas receitas de cada contrato seriam obras de construção civil. Enfim, entende que todas receitas decorrentes dos contratos analisados estão "no regime cumulativo, qualquer que seja a sua natureza"; 7 Na sequência, alega que uma vez cobrada as contribuições no sistema não cumulativo, devem ser deduzidos os créditos a que faria jus, e que as inúmeras intimações feitas pela fiscalização "resultaram de sua incapacidade de identificar receitas da recorrente não resultantes de obras de construção civil". Confronta a decisão recorrida que asseverou que a recorrente teve mais de uma oportunidade de apontar os créditos que entende ter direito mas não o fez, repisando o dito em sede de impugnação no sentido de que a fiscalização ao longo de todo procedimento jamais lhe informou a que estava se referindo quando falava em construção civil. Ademais, afirma que isso não autorizava o agente fiscal a deixar de computar os créditos, "pois dispunha de meios de fazêlo", uma vez que os mesmos constariam de livros e documentos fiscais a que o autuante "tinha e teve acesso". Acresce, o já dito em sede de impugnação, que se seus funcionários houvessem sido informados de quais receitas a serem tratadas pelo regime nãocumulativo "poderiam, a título de colaboração, indicar créditos, por mais que estivessem convictos acerca da aplicação do regime cumulativo às operações sob exame"; 8 Alega que os valores de ressarcimento a ela feitos por consórcios que ela participava não tem natureza jurídica de receitas, pelo que não podem ser incluídos na base imponível das indigitadas contribuições. Referese ao art. 3º da IN RFB 1.199/11, que determina a forma de apropriação das receitas, custos e despesas de pessoas jurídicas participantes de consórcio, para demonstrar que "na medida que cada parte vai desempenhando atividades inerentes ao consórcio, em contrapartida ao que vai sendo gasto ela efetua uma cobrança contra o consórcio, de tal forma que tal custo lhe seja transferido", sendo que o consórcio ao efetuar tal reembolso registra em sua contabilidade o respectivo custo e absorve o encargo econômico correspondente. Assim, consigna que "não há, entre as consorciadas e o consórcio, qualquer relação de prestação de serviço e não há receita auferida em tais reembolsos, sendo sua finalidade instrumental para que os custos incorridos na execução das atividades dos consórcios sejam alocados na escrituração contábil dos mesmos, atendendo ao disposto na IN RFB 1199/11". Conclui que tributar tais valores constitui bis in idem; Fl. 3826DF CARF MF Processo nº 10830.720152/201506 Resolução nº 3402001.021 S3C4T2 Fl. 118 8 9 Por fim, repisa seus argumentos expendidos em impugnação acerca do que chama erros materiais no contratos relativos à HDT REVAP, de números 0800.0029656.07.2 e 0800.0029655.07.2, uma vez que em relação ao contrato 0800.0037911.07.2 com a PETROBRÁS, a decisão recorrida reconheceu o erro. O processo veio a julgamento deste Colegiado na sessão de 27 de junho de 2017, oportunidade em que o Relator, apresentou voto negando provimento ao recurso voluntário. Divergindo, trouxe votovista com o conteúdo abaixo destacado, tendo sido acompanhada pela maioria dos i. conselheiros. É o relatório. Resolução Com a devida vênia, ouso divergir do ilustre Relator, tanto no que tange à questão do conceito de obra de construção civil para fins de aferição do regime de tributação da Contribuição ao PIS e da COFINS, como na questão da tributação dos valores que foram classificados pela Fiscalização como "reembolso de despesas", pelas razões que passo a expor. 1. Obra de construção civil Com relação ao conceito de obra de construção civil, não foi levado em consideração pela Fiscalização, tampouco pelo Relator em seu voto, a recente Solução de Consulta Disit/SRRF 4.008/2016, in verbis: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – CofinsAlcance do conceito de obras de construção civil, para efeito de aplicação da sistemática de apuração cumulativa da Cofins, PREVISTA NA LEI Nº9.718, DE 1998, nos termos do inciso XX do CAPUT DO art. 10 da Lei nº10.833, de 2003.Conforme entendimento assente da CoordenaçãoGeral de Tributação, a atividade de construção civil deve ser considerada sob um ponto de vista abrangente, tendo o ramo econômico como gênero, permitindose a inclusão das atividades auxiliares e complementares às obras propriamente ditas, em razão da enorme diversidade de atividades e funcionalidades atreladas às modernas construções humanas sobre o solo.Destarte, o contrato de fornecimento de bens e serviços para implantação de infraestrutura elétrica de parque eólico, inclusive do respectivo sistema de transmissão e comunicação associado, com execução mediante o regime de empreitada por preço global, pode, em tese, subsumirse ao conceito de execução por administração, empreitada ou subempreitada de obras de construção civil previsto no inciso XX do caput do art. 10 da Lei nº10.833, de 2003, já que, em princípio, se enquadra na definição de obras e serviços auxiliares e complementares da construção civil, exemplificados no Ato Declaratório Normativo Cosit nº30, de 1999, desde que observadas todas as condições requeridas pela Solução de Divergência Cosit nº11, de 2014.Por conseguinte, se atendidas as citadas exigências, as receitas decorrentes de tais contratos podem sujeitarse à apuração cumulativa da Cofins, de que trata a Lei nº9.718, de 1998, sob a alíquota de 3% (três por cento).SOLUÇÃO DE CONSULTA Fl. 3827DF CARF MF Processo nº 10830.720152/201506 Resolução nº 3402001.021 S3C4T2 Fl. 119 9 VINCULADA À SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA COSIT Nº11, DE 27 DE AGOSTO DE 2014.Dispositivos Legais: Lei nº10.833, de 2003, art. 10, caput, inciso XX; Lei nº9.718, de 1998; Ato Declaratório Normativo Cosit nº30, de 1999; Ato Declaratório Interpretativo RFB nº10, de 2014.Assunto: Contribuição para o PIS/PasepAlcance do conceito de obras de construção civil, para efeito de aplicação da sistemática de apuração cumulativa da Contribuição para o pis/pasep, PREVISTA NA LEI Nº9.718, DE 1998, nos termos do inciso XX do CAPUT DO art. 10 COMBINADO COM O INCISO V DO CAPUT DO ART. 15 da Lei nº10.833, de 2003.Conforme entendimento assente da CoordenaçãoGeral de Tributação, a atividade de construção civil deve ser considerada sob um ponto de vista abrangente, tendo o ramo econômico como gênero, permitindose a inclusão das atividades auxiliares e complementares às obras propriamente ditas, em razão da enorme diversidade de atividades e funcionalidades atreladas às modernas construções humanas sobre o solo.Destarte, o contrato de fornecimento de bens e serviços para implantação de infraestrutura elétrica de parque eólico, inclusive do respectivo sistema de transmissão e comunicação associado, com execução mediante o regime de empreitada por preço global, pode, em tese, subsumirse ao conceito de execução por administração, empreitada ou subempreitada de obras de construção civil previsto no inciso XX do caput do art. 10 da Lei nº10.833, de 2003, já que, em princípio, se enquadra na definição de obras e serviços auxiliares e complementares da construção civil, exemplificados no Ato Declaratório Normativo Cosit nº30, de 1999, desde que observadas todas as condições requeridas pela Solução de Divergência Cosit nº11, de 2014.Por conseguinte, se atendidas as citadas exigências, as receitas decorrentes de tais contratos podem sujeitarse à apuração cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep, de que trata a Lei nº9.718, de 1998, sob a alíquota de 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento).SOLUÇÃO DE CONSULTA VINCULADA À SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA COSIT Nº11, DE 27 DE AGOSTO DE 2014.Dispositivos Legais: Lei nº10.833, de 2003, arts. 10, caput, inciso XX, e 15, caput, inciso V; Lei nº9 Este ato normativo, promovendo a interpretação do conceito de obra de construção civil, utilizase do Decreto nº 7.708/2012, que ao instituir a Nomenclatura Brasileira de Serviços (NBS), denominou a atividade, em sua Seção I, de ‘Serviços de Construção’; bem como da LC nº 116/2003, que ao legislar sobre as atividades sujeitas ao Imposto sobre Serviços (ISS), escreveu no item 7.02 do seu Anexo Único a abrangência atribuída ao mencionado ramo econômico, sendo que a aplicação desta última lei foi rechaçada pelo Relator em seu voto. A matéria é de fato difícil, não só pela falta de uma precisão jurídica dos termos sob análise, mas também pela complexidade e variedade de atividades que envolvem o setor da construção civil. O caso ora sob apreço é exemplo disso, à medida que um dos itens objeto do lançamento tributário são serviços relativos a montagens eletromecânicas (e.g. instalação de cabos, hidráulica, painéis de energia, tubulação de incêndio para aprovação do corpo de bombeiros, centrais térmicas, gás, etc), que a depender da obra a que estão relacionadas podem efetivamente constituir uma atividade complementar da construção civil. Por essa razão este Conselho tem optado por converter o julgamento desta espécie de processo diligência, para que seja elaborado laudo técnico a respeito dos serviços objetos da fiscalização à luz dos atos normativos recentemente expedidos pela Receita Federal, Fl. 3828DF CARF MF Processo nº 10830.720152/201506 Resolução nº 3402001.021 S3C4T2 Fl. 120 10 vale dizer, do Decreto nº 7.708/2012 e da LC 116//2003. Afinal, assim é possível com mais segurança jurídica analisar a questão e promover um julgamento pautado maior respaldo técnico, sempre tendo em vista a verdade material. Foi nesse sentido inclusive que julgou este mesmo Colegiado, por unanimidade de votos, no Processo n. 13502.720096/201510, de relatoria da Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, em maio de 2017. Também a 2ª Turma, da 1ª Câmara desta Seção de julgamento assim decidiu, no Processo n. 12898.000039/201039. 2. Reembolsos Fato que também é relevante na defesa diz respeito a tributação de itens que não constituiriam receita: os ressarcimentos feitos pelos consórcios. O CARF possui entendimento de que o consórcio, constituído com base nos artigos 278 e 279 da Lei das S.A., não detém personalidade jurídica. Ademais, a Instrução Normativa n. 1199/2001 disciplina a escrituração das operações praticadas pelos consórcios, tendo justamente isto em vista, e levando ao entendimento que a escrituração dos valores transacionados entre consórcio e consorciada seria meramente instrumental, portanto incapaz de caracterizar nova receita por parte do consorciado. Assim, de fato causa espécie eventual tentativa de tributação de valores repassados do Consórcio à Consorciada (Recorrente), uma vez que não há prestação de serviço de uma para com a outra, pelo o que não haveria que se falar em reembolso/ressarcimento de custos. Entretanto, os elementos constantes nos autos não são suficientes para ter segurança acerca da situação aventada pela Recorrente, sendo necessária a demonstração contábil de que os valores oriundos do consórcio são pagamentos de créditos da Recorrente escriturados no ativo, na conformidade dos contratos que regem a relação entre a Recorrente e os consórcios de que faz parte, e nos moldes da Instrução Normativa n. 1.199/2001. Outrossim, é necessária a certeza sobre o fato desses valores terem sido anteriormente sujeitos à cobrança das Contribuições, quando do auferimento da receita pelo Consórcio, o que acarretaria no bis in idem alegado pela Recorrente. 3. Proposta de diligência Portanto, proponho a conversão do julgamento em diligência para solicitar à fiscalização de origem que: a) requisite Laudo Técnico, por profissional habilitado ou credenciado pela RFB, para descrição pormenorizada das atividades exercidas pela recorrente para cumprimento de cada contrato de serviços objeto da presente autuação, classificandoas tanto em relação à Nomenclatura Brasileira de Serviços (NBS), instituída pelo Decreto nº 7.708/2012, como em relação à Discriminação de Obras e Serviços de Construção Civil, constante no Anexo VII da Instrução Normativa RFB 971/2009, e/ou à Classificação Nacional de Atividades Econômicas ¬ CNAE, inclusive, se for o caso, sendo possível, segregando as receitas advindas da execução de "obras da construção civil", nelas inclusas as "obras e serviços auxiliares e complementares da construção civil", das demais atividades em relação a um mesmo contrato; Fl. 3829DF CARF MF Processo nº 10830.720152/201506 Resolução nº 3402001.021 S3C4T2 Fl. 121 11 b) manifestese em Relatório Conclusivo acerca da descrição das atividades e das suas classificações na NBS ou IN RFB 971/CNAE constantes no Laudo Técnico, da relevância dos serviços dentro do escopo de execução das obras de construção civil objeto de consórcio e da sua eventual potencialidade para alterar, ainda que parcialmente, o enquadramento da contribuinte no regime não cumulativo das contribuições do PIS/Pasep e Cofins, bem como acrescentando outras informações que entender relevantes à solução da lide. c) verifique se os valores que compõe o item IV do Auto de Infração de acordo com o que dispõe a Instrução Normativa RFB n. 1199/11, os contratos de consórcio em questão e demais regras fiscais e contábeis pertinentes , constituem ressarcimentos feitos com recursos da própria Recorrente (conforme fls 3793 a 1798), apresentando também relatório conclusivo sobre esse ponto; d) ainda com relação ao item IV do Auto de Infração, certifique se foram anteriormente tributados pela Contribuição ao PIS e pela COFINS enquanto receitas do Consórcio de que se originaram, também por meio do relatório conclusivo delineado no item (c) acima; e) cientifique a Recorrente dessa resolução, do laudo técnico e do relatório conclusivo, concedendolhe o prazo de 30 (trinta) dias para manifestação, nos termos do art. 35 do Decreto nº 7.574/2011; f) por fim, após decorrido o prazo de manifestação da interessada, devolva os autos a este Colegiado para prosseguimento. É como voto. Thais De Laurentiis Galkowicz Fl. 3830DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.904948/2012-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do Fato Gerador: 13/08/2004
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DCTF RETIFICADORA. PRAZO. NÃO COMPROVADO.
Verifica-se no presente caso que o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, pelo que deve ser indeferida a compensação realizada.
Não deve ser admitida a apresentação de DCTF retificadora após decorrido o prazo de 5 (cinco) anos contados do fato gerador.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.508
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DIREITO DE CREDITO. Recorrente O. G. SISTEMAS DE EXAUSTÃO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do Fato Gerador: 13/08/2004 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DCTF RETIFICADORA. PRAZO. NÃO COMPROVADO. Verificase no presente caso que o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, pelo que deve ser indeferida a compensação realizada. Não deve ser admitida a apresentação de DCTF retificadora após decorrido o prazo de 5 (cinco) anos contados do fato gerador. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Relatório Trata o presente processo de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada em PER/DCOMP pela contribuinte acima qualificada, sob o fundamento de que, a partir das características do DARF descrito no PerDcomp, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 49 48 /2 01 2- 61 Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10865.904948/201261 Acórdão n.º 3301003.508 S3C3T1 Fl. 3 2 utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PerDcomp. Inconformada com a não homologação de sua compensação, interpôs a contribuinte manifestação de inconformidade, conforme relatado na decisão recorrida, alegando que após análise efetuada junto a seus arquivos verificou que pediu restituição para o período em discussão e solicitou futura compensação, na qual a empresa se beneficia de tributação monofásica de alguns produtos que comercializa, daí a origem do crédito. Por não ter feito a retificação da DCTF, houve o indeferimento. Solicita que seja feita a retificação na DCTF, uma vez que não há tempo hábil nem permitido para devida retificação, pois assim se fará um ato de justiça. Requerendo, ainda, a reavaliação do Despacho Decisório. Ao analisar o caso, a DRJ entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 06043.962. O fundamento adotado, em síntese, foi a necessidade de comprovação pelo contribuinte do direito creditório pretendido. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, através do qual alega, resumidamente: (i) que o crédito pleiteado decorre do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%); (ii) que o indébito em questão estaria comprovado por meio da documentação acostada em seu recurso voluntário (faz pedido alternativo de diligência, caso se entenda necessário); (iii) que a verdade material deve prevalecer sobre a verdade formal. Requer, então, que o recurso seja provido, a fim de reformar a r. decisão de primeira instância, culminando com o reconhecimento do direito creditório e a consequente homologação das compensações vinculadas. Posteriormente, o contribuinte protocolizou nova petição aos autos, através da qual requereu a juntada de notas fiscais, no intuito de comprovar o seu direito creditório. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.443, de 27 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 10865.905013/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.443): "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10865.904948/201261 Acórdão n.º 3301003.508 S3C3T1 Fl. 4 3 Conforme relatado acima, a compensação apresentada pelo contribuinte fora indeferida por ausência de comprovação do crédito pleiteado. Os fundamentos do voto proferido pela DRJ consta da transcrição a seguir: No processo de restituição, de ressarcimento ou de compensação, é o contribuinte quem toma a iniciativa de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, mediante a apresentação do PerDcomp. No Processo Civil, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC, art. 333). No Processo Administrativo Fiscal não há uma regra própria, por isso utilizase a existente no CPC. Por essa razão, cabe ao contribuinte provar a existência do crédito pretendido. A existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). Pelo princípio da Indisponibilidade do Interesse Público e pela vinculação da função pública, é inadmissível que a RFB aceite a extinção do tributo por compensação com crédito que não seja comprovadamente certo nem possa ser quantificado. Esse entendimento aplicase também à restituição. Se o Darf indicado como crédito foi utilizado para pagamento de um tributo declarado pelo próprio contribuinte, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta. Assim, para modificar o fundamento desse ato administrativo, cabe ao recorrente demonstrar erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Se não o fizer, o motivo do indeferimento permanece. Feitas estas considerações, passemos ao exame da manifestação de inconformidade. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS 5 ANOS DO FATO GERADOR A DCTF retificada após a ciência do despacho decisório não constitui prova nem tem nenhuma força de convencimento e só pode ser considerada como argumento de impugnação, não produzindo efeitos quando reduz débitos que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização (Instrução Normativa RFB 1.110/2010, art. 9º, § 2o, I, c). A declaração apresentada presumese verdadeira em relação ao declarante (CC, art. 131 e CPC, art. 368). A DCTF válida, oportunamente transmitida, faz prova do valor do débito contra o sujeito passivo e em favor do fisco. Entretanto, essa presunção é relativa, admitindose prova em contrário. No caso, o contribuinte não comprova o erro ou a falsidade da declaração entregue. Limitase a informar que se beneficia de tributação monofásica de “alguns produtos” que comercializa, mas não informa quais são os produtos. Além disso, não apresenta nenhum documento fiscal ou contábil que confirme seus argumentos. Ademais, o prazo estabelecido pela legislação para o direito de constituir o crédito tributário é o mesmo para que o contribuinte proceda Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10865.904948/201261 Acórdão n.º 3301003.508 S3C3T1 Fl. 5 4 à retificação da respectiva declaração apresentada. Esse entendimento foi adotado pelo Parecer Cosit nº 48, de 7 de julho de 1999, que trata da declaração de rendimentos, mas que se aplica por analogia à presente situação: “Dos comandos legais citados, temos que extinguese no prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da declaração de rendimentos ou da data em que se tornar definitiva a decisão que anulou, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário. Assim, da mesma forma que a Fazenda Pública submetese a um prazo final para rever de ofício seu lançamento ou para constituir o crédito tributário, o contribuinte deve igualmente dispor de um termo para que sejam corrigidos eventuais erros cometidos quando da elaboração de sua declaração de rendimentos.” (grifouse) O Conselho de Contribuintes (atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF) também já se pronunciou nesse sentido: “DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES E TRIBUTOS FEDERAIS DCTF RETIFICAÇÃO PRELIMINAR DE DECADÊNCIA Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o direito de o contribuinte proceder à retificação das DCTF trimestrais extinguese após 5 (cinco) anos contados da data da ocorrência dos correspondentes fatos geradores, como analogamente ao Fisco seria vedado o direito de proceder à sua revisão. IRPJ e CSLL COMPENSAÇÃO. INDEFERIMENTO A compensação de tributos em face de seu alegado pagamento a maior condicionase à demonstração efetiva da ocorrência do pagamento em excesso, mediante documentação hábil (1º CC; 8ª Câmara; processo 13707.001451/0087; Acórdão nº 10808913; data da sessão: 23/06/2006). (grifouse) Diante disso, verificase que já decaíra o direito de o contribuinte proceder à retificação da DCTF. APURAÇÃO DO TRIBUTO A apuração do PIS e da Cofins é consolidada no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon). O valor apurado no demonstrativo apresentado antes da ciência do Despacho Decisório, não evidencia a existência de pagamento indevido ou a maior. As verificações efetuadas nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e nos autos desse processo confirmam os fatos relatados e podem ser assim consolidadas: (...). Em face do exposto, voto por julgar IMPROCEDENTE a manifestação de inconformidade, para não reconhecer o direito creditório postulado e não homologar as compensações em litígio. Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10865.904948/201261 Acórdão n.º 3301003.508 S3C3T1 Fl. 6 5 Concordo com os termos da decisão recorrida, a qual entendo não merecer reparos. Como é cediço, é do contribuinte o ônus da prova do seu direito creditório. Tanto que este, em seu recurso voluntário, reconhece a ausência de comprovação do seu direito creditório nas fases anteriores do presente processo. Pleiteia, contudo, que a documentação apresentada quando do Recurso Voluntário seja levada em consideração por este Conselho, seja para fins de reconhecimento do crédito pleiteado, seja para fins de, ao menos, determinar diligência para fins de confirmação do direito requerido. Alega, para tanto, que a verdade material deve prevalecer sobre a verdade formal. É importante que se esclareça, em princípio, que esta turma julgadora tem, em determinadas situações, admitido a análise de documentos anexados pelo contribuinte a destempo, desde que aptas a comprovar o direito alegado, em atenção ao princípio da verdade material. Entendo, contudo, que não deve ser esta a conduta a ser adotada neste caso concreto. Isso porque, consoante bem assinalou a decisão recorrida, o contribuinte apresentou DCOMP indicando um suposto crédito oriundo de DARF já integralmente utilizado para fins de quitação de outro débito do contribuinte. Logo, não havia como se admitir a compensação apresentada, por ausência de direito creditório. Em sua manifestação de inconformidade, o contribuinte limitouse a alegar que o seu direito creditório decorreria do recolhimento indevido realizado em razão de tributação monofásica de alguns produtos que comercializa, e que o indeferimento teria se dado em razão da ausência de retificação da DCTF, uma vez que não havia tempo hábil para proceder à devida retificação. Neste ponto, entendeu corretamente a decisão recorrida no sentido de que não se deve admitir DCTF retificadora fora do prazo legal de 5 (cinco) anos contados do fato gerador. Verificase no caso concreto aqui analisado que o período que o contribuinte pretende retificar reportase ao 2º semestre de 2005, ao passo que a primeira manifestação de que haveria informação incorreta na referida DCTF outrora apresentada reportase a setembro de 2012, quando o contribuinte apresentou a sua manifestação de inconformidade, já comunicando a impossibilidade de apresentação da DCTF retificadora. Sendo assim, não havia mais tempo hábil para se admitir a retificação da DCTF pretendida pelo contribuinte, ou mesmo para se reanalisar as informações ali transmitidas pelo próprio contribuinte. Nesse sentido, inclusive, trazse à colação decisões deste Conselho, proferidas à unanimidade de votos: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 30/09/2003 COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. INTEMPESTIVIDADE. AUSÊNCIA DE PROVA. Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10865.904948/201261 Acórdão n.º 3301003.508 S3C3T1 Fl. 7 6 É ineficaz a DCTF retificadora transmitida após o decurso do prazo de 5 anos contados do fato gerador ou da entrega da declaração para fins de comprovação de pagamento indevido passível de compensação. O prazo para constituição do crédito tributário deve ser o mesmo para o Fisco e para o contribuinte. Também ineficaz a DCTF retificadora se desacompanhada de documentação comprobatória hábil e idônea que comprove a existência e a disponibilidade do crédito reclamado. (Acórdão n. 3802001.464). *** Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 31/05/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO NÃO COMPROVADO Compete àquele quem pleiteia o direito o ônus de sua comprovação, devendo ser indeferido pedido de compensação que se baseia em mera alegação de crédito sem que faça prova de sua liquidez e certeza. DCTF. RETIFICAÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. Por aplicação do parágrafo único do art 149 do CTN, as novas informações trazidas em DCTF retificadora somente produzem efeito se a retificação ocorrer dentro do prazo de cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador. Recurso Voluntário negado. (Acórdão n. 3202000.862). É importante que se tenha em mente que o direito não socorre aos que dormem. Nesse contexto, da mesma forma que a Fazenda possui prazos para fiscalizar o contribuinte, este possui prazos para retificar as suas declarações, no intuito de constituir direito creditório que entende fazer jus. A observância de tais prazos legais, inclusive, precisam ser observadas em benefício da sociedade como um todo, em prol da segurança jurídica. É importante que se esclareça que não se está aqui dispondo que a verdade material não deve prevalecer sobre a verdade formal. Contudo, a aplicação do princípio da verdade material possui limites que precisam ser observados, a exemplo dos prazos decadencial e prescricional, os quais devem ser observados sem distinção, às vezes a favor, às vezes contra o contribuinte/Fisco. E, uma vez encerrado o prazo legal para retificação da DCTF, resta forçoso reconhecer que a documentação apresentada pelo contribuinte em seu Recurso Voluntário não o socorre em seu pleito. Ainda que tivesse o contribuinte direito ao crédito pleiteado em razão do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%), não poderia o contribuinte pleitear tal crédito ad eternum. Existe um marco temporal que precisa ser observado e a apresentação de documentos comprobatórios quando já decorrido tal prazo não deve ser considerada. Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10865.904948/201261 Acórdão n.º 3301003.508 S3C3T1 Fl. 8 7 É a mesma situação que ocorre quando um crédito tributário resta fulminado pela decadência. Ainda que a Receita Federal tenha provas cabais de que determinado montante é devido, não pode exigilo após o decurso do prazo quinquenal previsto na legislação. Diante das razões acima expostas, entendo que deverá ser negado provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo a decisão recorrida em sua integralidade, por seus próprios fundamentos." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, em razão do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%), não se admitindo a DCTF retificadora e a documentação comprobatória apresentados a destempo. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 144DF CARF MF
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Numero do processo: 19991.000080/2010-96
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jun 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006
Ementa:
CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUÇÃO DE CAFÉ. EXERCÍCIO CUMULATIVO DAS ATIVIDADES DO §6º DO ARTIGO 8º DA LEI Nº 10.925/2004.
Para ser considerada produtora dos produtos classificados no código 09.01 da NCM e possuir o direito de se apropriar de crédito presumido de que o artigo 8º da Lei nº 10.925/2004, a contribuinte deve exercer cumulativamente as atividades padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Direito Creditório Reconhecido em Parte.
Numero da decisão: 3302-004.266
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para conceder o crédito reconhecido no Relatório de Diligência Fiscal.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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(SPRESS CAFÉ IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 Ementa: CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUÇÃO DE CAFÉ. EXERCÍCIO CUMULATIVO DAS ATIVIDADES DO §6º DO ARTIGO 8º DA LEI Nº 10.925/2004. Para ser considerada produtora dos produtos classificados no código 09.01 da NCM e possuir o direito de se apropriar de crédito presumido de que o artigo 8º da Lei nº 10.925/2004, a contribuinte deve exercer cumulativamente as atividades padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados. Recurso Voluntário Provido em Parte. Direito Creditório Reconhecido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para conceder o crédito reconhecido no Relatório de Diligência Fiscal. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 99 1. 00 00 80 /2 01 0- 96 Fl. 520DF CARF MF Processo nº 19991.000080/201096 Acórdão n.º 3302004.266 S3C3T2 Fl. 521 2 (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Tratase de pedido de ressarcimento de créditos de Cofins nãocumulativos do 4º trimestre de 2006, vinculados às receitas de exportação. As glosas empreendidas pela fiscalização foram relativas a aquisições de bens para revenda de pessoas jurídicas declaradas inaptas pela RFB, de acordo com os artigos 39 e 45 da IN RFB nº 1.005/2010 e de crédito presumido de que trata o artigo 8º da Lei nº 10.925/2004, em razão de não ter sido considerada produtora de café, nos termos do §6º do referido artigo. Em manifestação de inconformidade, a recorrente alegou que efetuou os pagamentos aos fornecedores declarados inaptos, que as mercadorias compuseram seu estoque, mediante notas fiscais de remessa para armazém geral e nota fiscal de retorno, que as mercadorias foram exportadas conforme notas fiscais informadas. Em relação aos fornecedores EXPORT DO BRASIL LTDA e J.B. BARONI, reitera que efetuou as operações com referidos fornecedores e que eventual descumprimento de obrigações fiscais por parte dos mesmos não pode servir de fundamento à glosa das operações com a recorrente. Complementa, alegando equivocado o entendimento da fiscalização em vincular a possibilidade de crédito à existência efetiva de pagamento das contribuições pelos fornecedores. Concernente à glosa por não ter sido considerada produtora, a recorrente alegou que é produtora de acordo com o artigo 4º do Decreto nº 4.544/2002 (RIPI/2002), ainda que industrialize por encomenda de terceiros, por ser equipada a industrial pela legislação do IPI. A DRJ, por seu turno, proferiu o Acórdão nº 0937.099, considerando a manifestação procedente em parte, nos termos da seguinte ementa: PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO, COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. No âmbito especifico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório é ônus do qual deve se desincumbir. CRÉDITO DE BENS PARA REVENDA, ADQUIRIDOS DE INAPTAS E OMISSAS CONTUMAZES. Fl. 521DF CARF MF Processo nº 19991.000080/201096 Acórdão n.º 3302004.266 S3C3T2 Fl. 522 3 Na qualidade de terceiro interessado, há que se reconhecer tão somente o direito credit6rio dos valores de Pis/Cofins não cumulativos relativos ante os quais a contribuinte comprovou o pagamento do prep respectivo e o recebimento dos bens, direitos ou mercadorias, de sorte a que se visse livre da inidoneidade das respectivas notas fiscais de aquisição. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIA Para fazer jus ao crédito presumido agroindústria, na espécie, mister que a pessoa jurídica produza o café que revende, considerandose como produção o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Em recurso voluntário, a recorrente reiterou a efetividade das operações ocorridas com os fornecedores CERRADO EXPORT DO BRASIL LTDA e J.B.BARONI, únicos fornecedores inaptos cujas glosas de aquisições foram mantidas pela DRJ, afirmando que a declaração de inaptidão da CERRADO ocorreu apenas em 01/03/2010, mais de quatro anos após as operações e que a J.B.BARONI possui cadastro ativo e nunca foi declarada inapta, conforme tela do CNPJ juntada. Concernente ao crédito presumido de que trata o artigo 8º da Lei nº 10.925/2004, reprisou as alegações realizadas na manifestação de inconformidade. Na sessão de 29/01/2014, o julgamento foi convertido em diligência, para que a recorrente pudesse comprovar seu processo produtivo, elucidando como é realizado este processo produtivo, definindo as fases (recebimento do café/moagem/torra/etc) e todo o procedimento ao qual se submete o grão de café; quem é que faz este processo produtivo, clareando a informação do que é feito em seus próprios estabelecimentos e o que é terceirizado, apresentado, se o caso, provas deste procedimento de industrialização em seus estabelecimentos; comprovar documentalmente o procedimento de envio para industrialização por encomenda, bem como que realiza a venda de produto industrializado. Em resposta, a autoridade fiscal concluiu que a o processo produtivo previsto no §6º do artigo 8º da Lei nº 10.925/2004 foi cumprido, mas por outra pessoa jurídica, a saber um armazém geral local e não pela recorrente, que apenas efetuou a encomenda da industrialização. Porém, reconheceu o direito creditório de R$ 251,23, decorrentes de despesas de armazenagem e fretes sobre vendas e bens do ativo imobilizado. Em manifestação, a recorrente reiterou que todas as atividades previstas no §6º do artigo 8º ad Lei nº 10.925/2004 ocorreram, ainda que parte por encomenda, o que não retira a condição de produtora da recorrente, de acordo com a legislação do IPI. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Fl. 522DF CARF MF Processo nº 19991.000080/201096 Acórdão n.º 3302004.266 S3C3T2 Fl. 523 4 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Destacase, inicialmente, que, embora a fiscalização tenha abrangido os pedidos de ressarcimento de PIS/Pasep e Cofins, do 1º ao 4º trimestres de 2006, este processo trata apenas do pedido de ressarcimento de Cofins referente ao 4º trimestre de 2006. Assim, a primeira questão do litígio que se referia à glosa de aquisições de empresas declaradas inaptas se tornou inexistente neste processo, já que as glosas que permaneceram após a decisão recorrida restringiramse aos fornecedores de café CERRADO EXPORT e JB BARONI, e se referiram a notas emitidas nos dois primeiros trimestres de 2006, conforme quadro abaixo: Mês Fornecedor Valor Data TED fevereiro/2006 CERRADO 70.000,00 23/02/2006 março/2006 CERRADO 28.500,00 28/03/2006 março/2006 CERRADO 98.000,00 24/03/2006 abril/2006 CERRADO 72.500,00 24/04/2006 maio/2006 CERRADO 45.900,00 15/05/2006 junho/2006 J B BARONI 22.145,00 29/06/2006 Destarte, a única matéria em litígio remanescente referese à possibilidade de se terceirizar parte das atividades previstas no revogado §6º do artigo 8º da Lei nº 10.925/2004, mantendose o direito ao crédito presumido. A diligência requerida pela antiga composição desta turma se destinava a comprovar se houve a operação de industrialização por encomenda, fato que restou inequívoco no Parecer Fiscal de efls. 463/467, que concluiu que o café sofreu todo o processo previsto no §6º do artigo 8º em industrialização por encomenda na empresa Internacional Armazéns Gerais Ltda, devendo ser considerado insumos pela recorrente, porém, sem direito ao crédito presumido, por não exercer ela própria as atividades descritas no referido §6º. Tal situação foi confirmada pela recorrente, que, entretanto, pugna pelo reconhecimento ao direito creditório, uma vez que a exigência fiscal não tem amparo legal. A lide, como visto, se restringe à matéria de direito, especificamente a interpretação do §6º e do caput do artigo 8º da Lei nº 10.925/2004, abaixo transcrito com a redação vigente à época dos fatos: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, Fl. 523DF CARF MF Processo nº 19991.000080/201096 Acórdão n.º 3302004.266 S3C3T2 Fl. 524 5 classificadas nos Capítulos 2 a 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 01.03, 01.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 09.01, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. [...] § 6o Para os efeitos do caput deste artigo, considerase produção, em relação aos produtos classificados no código 09.01 da NCM, o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (Revogado pela Medida Provisória nº 545, de 2011) (Revogado pela Lei nº 12.599, de 2012). O caput do artigo 8º estipula que as empresas que produzam as referidas mercadorias podem tomar o crédito presumido e seu §6º estabelece que produção é o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial, atividades estas que não foram realizadas pela recorrente, mas por terceiro, mediante industrialização por encomenda. Entendo que tais créditos presumidos são benefícios fiscais, configurando exclusão do crédito tributário, que, nos termos do artigo 1111 do CTN, demanda interpretação literal. No caso, o §6º não deixa dúvidas quanto à pessoa jurídica ser produtora, no sentido de exercer cumulativamente aquelas atividades, o que não ocorreu, já que restou incontroversa a realização destas atividades por outra empresa. Neste sentido, o Acórdão nº 3301002.894, de seguinte ementa: CRÉDITO PRESUMIDO. CONDIÇÕES. CEREALISTA. CAFÉ. Para ser considerada cerealista e fazer jus ao crédito presumido calculado sobre o valor dos bens utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, a contribuinte deve exercer as atividades de secar (até 21/11/2005), limpar, padronizar, armazenar e comercializar café. O excerto do voto condutor do acórdão acima esclarece: 1 Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; Fl. 524DF CARF MF Processo nº 19991.000080/201096 Acórdão n.º 3302004.266 S3C3T2 Fl. 525 6 “Para ser considerada cerealista, e fazer jus ao crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda (com as ressalvas da lei), a contribuinte (e não terceiros) deveria exercer cumulativamente as atividades de secar (até 21/11/2005), limpar, padronizar, armazenar e comercializar café. Se a contribuinte terceiriza tais serviços, e existem provas nesse sentido no auto de infração, não se pode mais considerála como cerealista. Como bem dito no acórdão recorrido, não se trata de vedar a possibilidade de terceirização. Esse é um direito que assiste ao empresário. Contudo, tratandose de benefício fiscal, é evidente que a norma pode estabelecer requisitos que devem ser cumpridos e dentre eles está o de que a contribuinte deve exercer, por si própria, e de modo cumulativo, todas as atividades anteriormente listadas. Ao terceirizar, a contribuinte simplesmente está deixando de exercer de modo cumulativo todas as atividades previstas na norma. Como conseqüência, deixa de fazer jus ao crédito presumido calculado sobre o valor dos bens utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda.” O conceito de produção aqui em litígio não pode ser extraído da legislação do IPI, uma vez que o §6º do artigo 8º da Lei nº 10.925/2004 expressamente o aborda. Assim, não procedem as alegações da recorrente. Diante do exposto, voto para dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório de R$ 251,23, decorrentes de despesas de armazenagem e fretes sobre vendas e bens do ativo imobilizado, reconhecido em diligência. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 525DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10875.904100/2014-85
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jul 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
Créditos de PIS e Cofins Não Cumulativos. Exclusão do Líquido. Impossibilidade.
Os valores de créditos de PIS e de Cofins não cumulativos não podem ser excluídos do lucro líquido na apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL.
Numero da decisão: 1301-002.470
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Amélia Wakako Morishita Yamamoto.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005 Créditos de PIS e Cofins Não Cumulativos. Exclusão do Líquido. Impossibilidade. Os valores de créditos de PIS e de Cofins não cumulativos não podem ser excluídos do lucro líquido na apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL.
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Exclusão do Líquido. Impossibilidade. Os valores de créditos de PIS e de Cofins não cumulativos não podem ser excluídos do lucro líquido na apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Amélia Wakako Morishita Yamamoto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 90 41 00 /2 01 4- 85 Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10875.904100/201485 Acórdão n.º 1301002.470 S1C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso interposto por AÇOS GROTH LIMITADA, pessoa jurídica de direito privado já qualificada nos autos, contra acórdão da DRJ que negou provimento à manifestação de inconformidade apresentada contra despacho denegatório do pedido de restituição formalizado pela recorrente. Por meio de Perdcomp, a recorrente havia pleiteado, perante a repartição fiscal de seu domicílio, restituição de valores pagos indevidamente, a título de IRPJ, ao argumento de que, na base de cálculo do tributo, teriam sido incluídos créditos de PIS e de Cofins não cumulativos, oriundos de aquisições de bens e serviços. Indeferido o pedido, foi apresentada manifestação de inconformidade, à qual a DRJ negou provimento, fundada no fato de que não haveria norma legal permitindo excluíremse, da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, os créditos de PIS e de Cofins, calculados sobre custos e despesas. Portanto, em face da ausência de autorização legal, impossível, segundo o acórdão recorrido, excluir na DIPJ tais valores (créditos de PIS e Cofins), reduzindo o lucro tributável. Não resignada, a contribuinte apresentou recurso alegando, em síntese, os seguintes pontos: a) A incidência de IRPJ e de CSLL sobre os créditos de PIS e de Cofins não cumulativos desrespeita o princípio da neutralidade tributária, além de implicar a tributação de valores que se caracterizam como subvenção de investimento. b) A finalidade dos "créditos" de PIS e Cofins é tão somente "servir de moeda de pagamento" dos débitos desses tributos. c) O Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 3/2007 manda registrar contabilmente tais "créditos" como ativo fiscal, mas ressalta que a contrapartida não pode ser feita em conta de receita. A contrapartida, diz a recorrente, só pode ser em conta de redução do custo do bem ou de redução de despesa. Em qualquer hipótese, todavia, o registro contábil da contrapartida repercute aumentando a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. d) Diz a recorrente que, de acordo com o § 10, do art. 3º, da Lei nº 10.833/2003, o montante dos créditos apurados não constitui receita bruta da pessoa jurídica, servindo apenas para dedução do valor devido. Entretanto, se tais créditos forem contabilizados como redução de custo ou de despesa, haverá impacto sobre o lucro, que é a diferença entre o total da receita e o total de custos e despesas. e) Por último, afirmou que os créditos de PIS e de Cofins revestiriam a natureza jurídica de subvenção de investimento, e, por essa razão, não estariam sujeitos à incidência do IRPJ e da CSLL. Tratase de valores cedidos pelo Poder Público ao contribuinte, caracterizandose como transferência de capital. Com esses fundamentos, pugnou pelo acolhimento do recurso. É o relatório. Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10875.904100/201485 Acórdão n.º 1301002.470 S1C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 1301002.445, de 18/05/2017, proferido no julgamento do processo 10875.901196/201349, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 1301002.445): Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. Impossibilidade de excluir créditos de PIS e de Cofins do lucro tributável O § 10 do art. 3º da Lei nº 10.833/2003, que instituiu o regime não cumulativo para a Cofins, diz que o valor dos créditos apurados na forma daquele artigo não constitui receita bruta. A regra se aplica também ao PIS, por força do disposto no art. 15, inciso II, da mesma lei. Assim está redigido o § 10 do art. 3º, acima referido: § 10. O valor dos créditos apurados de acordo com este artigo não constitui receita bruta da pessoa jurídica, servindo somente para dedução do valor devido da contribuição. O dispositivo é um dos parágrafos do art. 3º da Lei nº 10.833, artigo esse que trata especifica e exclusivamente da Cofins não cumulativa. Daí se pode inferir que o dispositivo tem alcance restrito, aplicandose apenas à Cofins e, por força do art. 15, inciso II, também ao PIS não cumulativo. O objetivo legal é claramente impedir que PIS e Cofins, na sistemática não cumulativa, viessem a incidir sobre os valores dos próprios créditos, mitigando, pela dupla incidência, a não cumulatividade que a lei pretendeu assegurar. Assim sendo, quer se caminhe pela trilha da interpretação lógica (interação do dispositivo com outros dispositivos da mesma lei) ou da interpretação teleológica (considerando os fins que a lei pretende alcançar), a conclusão a que se chega é a mesma: o dispositivo, cingindose ao PIS e à Cofins, não irradia qualquer efeito sobre o IRPJ e a CSLL. É equivocado, portanto, afirmar que os créditos de PIS e de Cofins não cumulativos não podem interferir na apuração do lucro tributável, seja reduzindo custo ou reduzindo despesa. Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10875.904100/201485 Acórdão n.º 1301002.470 S1C3T1 Fl. 5 4 Daí porque não se admite excluir do lucro líquido, quando da apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, os valores dos créditos de PIS e de Cofins. Fiel a essa linha de raciocínio está a orientação emanada da Receita Federal por meio do Ato Declaratório Interpretativo nº 3/2007: Art. 1º O valor dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), apurados no regime nãocumulativo não constitui: I receita bruta da pessoa jurídica, servindo somente para dedução do valor devido das referidas contribuições; II hipótese de exclusão do lucro líquido, para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). (g.n.) Frisese que o E. Superior Tribunal de Justiça não discrepa desse entendimento. Ao contrário, a jurisprudência é firme no sentido da impossibilidade de excluir do lucro líquido o valor dos créditos de PIS e Cofins não cumulativos, como se pode constatar da ementa abaixo transcrita. PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO. ENUNCIADO Nº 3 DO STJ. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. IRPJ E CSLL. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DOS CRÉDITOS DE PIS/COFINS DO REGIME NÃO CUMULATIVO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. SÚMULA Nº 568 DO STJ. 1. Ambas as Turmas da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça já se manifestaram no sentido da impossibilidade de exclusão dos créditos escriturais apurados pelos contribuintes no regime não cumulativo do PIS e da COFINS da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Nesse sentido: AgRg no REsp 1.447.382/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 12/06/2014; AgRg no REsp 1.181.156/PR, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 21/02/2013. 2. Agravo interno não provido. (AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 913.315 SP) (g.n.) Subvenção Os créditos de PIS e de Cofins não cumulativos não têm natureza jurídica de subvenção, nem a ela se equiparam para qualquer fim ou efeito. De acordo com o § 3º do art. 12 da Lei nº 4.320/1964, que estatui normas de Direito Financeiro, subvenções são transferências feitas pelo Poder Público em favor de entidades públicas ou privadas, destinadas a cobrir despesas de custeio. Este é o texto legal: Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10875.904100/201485 Acórdão n.º 1301002.470 S1C3T1 Fl. 6 5 § 3º Consideramse subvenções, para os efeitos desta lei, as transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas, distinguindose como: I subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa; II subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril. (g.n.) A Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), por sua vez, exige, para que o Poder Público possa realizar repasses a título de subvenção, que haja lei específica autorizando as concessão do benefício. Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais. § 1º O disposto no caput aplicase a toda a administração indireta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e o Banco Central do Brasil. § 2º Compreendese incluída a concessão de empréstimos, financiamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorrogações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a participação em constituição ou aumento de capital. (g.n.) As subvenções, como deixam ver os dispositivos legais transcritos, exigem lei prévia que, além de autorizar a concessão, defina as condições e os requisitos a serem cumpridos pela entidade beneficiária. Não existe subvenção geral e incondicional, e tampouco desvinculada do interesse público. Os créditos de PIS e de Cofins não cumulativos não se encaixam nessa moldura. Têm direito ao "crédito" todas as pessoas jurídicas que apurem o IRPJ pelo lucro real, independentemente de qualquer condição ou requisito, sendo desnecessária qualquer lei específica ou ato administrativo para concessão do direito. No obstante, ainda que o crédito de PIS e de Cofins não cumulativos pudesse ser enquadrado como um tipo de subvenção, como quer a recorrente, não haveria isenção. É que a isenção de IRPJ e CSLL só alcançam as chamadas subvenções para investimento, ou seja, aquelas que, a teor do art. 443 do Regulamento do Imposto de Renda, se destinam a implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10875.904100/201485 Acórdão n.º 1301002.470 S1C3T1 Fl. 7 6 Portanto, também sob esse prisma, não assiste razão à recorrente. Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer do recurso, para, no mérito, negarlhe provimento. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 147DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10508.720150/2014-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
SIGILO BANCÁRIO. EXAME DE EXTRATOS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.
Válida é a prova consistente em informações bancárias requisitadas em absoluta observância das normas de regência e ao amparo da lei, sendo desnecessária prévia autorização judicial.
Havendo procedimento de ofício instaurado, a prestação, por parte das instituições financeiras, de informações solicitadas pelos órgãos fiscais tributários do Ministério da Fazenda, não constitui quebra do sigilo bancário, mas tão-somente sua transferência para o Fisco.
ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária
PRELIMINAR. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRODUÇÃO DE PROVAS. PEDIDO DE DILIGÊNCIA E PERÍCIA. INEXISTÊNCIA.
Pelos elementos constantes dos autos, fica sem fundamento a alegação de cerceamento do direito de defesa, na medida em que o processo em análise, até o presente momento, caracterizou-se pelo cumprimento de todas as fases e prazos processuais dispostos no Processo Administrativo Fiscal e o interessado, ciente infrações que lastrearam a presente ação fiscal, teve, tanto na fase de autuação, regida pelo princípio inquisitório, quanto na interposição da impugnação, que inaugurou a fase do contraditório, amplo direito ao exercício do contraditório e da ampla defesa, tendo oportunidade de carrear aos autos elementos/comprovantes no sentido de tentar ilidir, parcial ou totalmente, a tributação em análise. Comprovado, ainda, que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento enquanto ato administrativo.
É prerrogativa da Autoridade Julgadora indeferir a realização de diligências ou perícias, quando considerá-las prescindíveis ou impraticáveis, podendo indeferir o pedido de produção de provas, sem acarretar nulidade.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS.
Para os fatos geradores ocorridos a partir do ano-calendário 1997, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem revelam-se insuficientes para comprovar os fatos alegados.
MULTA. ART. 112 DO CTN.
O art. 112 do CTN somente se aplica quando houver dúvida quanto à capitulação legal do fato; ou à natureza ou às circunstâncias materiais do fato; ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; ou à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; ou, ainda, à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.
MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SUMULA CARF Nº 02.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-003.838
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2012 SIGILO BANCÁRIO. EXAME DE EXTRATOS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. Válida é a prova consistente em informações bancárias requisitadas em absoluta observância das normas de regência e ao amparo da lei, sendo desnecessária prévia autorização judicial. Havendo procedimento de ofício instaurado, a prestação, por parte das instituições financeiras, de informações solicitadas pelos órgãos fiscais tributários do Ministério da Fazenda, não constitui quebra do sigilo bancário, mas tão-somente sua transferência para o Fisco. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária PRELIMINAR. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRODUÇÃO DE PROVAS. PEDIDO DE DILIGÊNCIA E PERÍCIA. INEXISTÊNCIA. Pelos elementos constantes dos autos, fica sem fundamento a alegação de cerceamento do direito de defesa, na medida em que o processo em análise, até o presente momento, caracterizou-se pelo cumprimento de todas as fases e prazos processuais dispostos no Processo Administrativo Fiscal e o interessado, ciente infrações que lastrearam a presente ação fiscal, teve, tanto na fase de autuação, regida pelo princípio inquisitório, quanto na interposição da impugnação, que inaugurou a fase do contraditório, amplo direito ao exercício do contraditório e da ampla defesa, tendo oportunidade de carrear aos autos elementos/comprovantes no sentido de tentar ilidir, parcial ou totalmente, a tributação em análise. Comprovado, ainda, que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento enquanto ato administrativo. É prerrogativa da Autoridade Julgadora indeferir a realização de diligências ou perícias, quando considerá-las prescindíveis ou impraticáveis, podendo indeferir o pedido de produção de provas, sem acarretar nulidade. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir do ano-calendário 1997, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem revelam-se insuficientes para comprovar os fatos alegados. MULTA. ART. 112 DO CTN. O art. 112 do CTN somente se aplica quando houver dúvida quanto à capitulação legal do fato; ou à natureza ou às circunstâncias materiais do fato; ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; ou à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; ou, ainda, à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SUMULA CARF Nº 02. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2159; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 354 1 353 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10508.720150/201490 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.838 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 09 de maio de 2017 Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Recorrente ALBINO MACEDO ALVES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2012 SIGILO BANCÁRIO. EXAME DE EXTRATOS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. Válida é a prova consistente em informações bancárias requisitadas em absoluta observância das normas de regência e ao amparo da lei, sendo desnecessária prévia autorização judicial. Havendo procedimento de ofício instaurado, a prestação, por parte das instituições financeiras, de informações solicitadas pelos órgãos fiscais tributários do Ministério da Fazenda, não constitui quebra do sigilo bancário, mas tãosomente sua transferência para o Fisco. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária PRELIMINAR. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRODUÇÃO DE PROVAS. PEDIDO DE DILIGÊNCIA E PERÍCIA. INEXISTÊNCIA. Pelos elementos constantes dos autos, fica sem fundamento a alegação de cerceamento do direito de defesa, na medida em que o processo em análise, até o presente momento, caracterizouse pelo cumprimento de todas as fases e prazos processuais dispostos no Processo Administrativo Fiscal e o interessado, ciente infrações que lastrearam a presente ação fiscal, teve, tanto na fase de autuação, regida pelo princípio inquisitório, quanto na interposição da impugnação, que inaugurou a fase do contraditório, amplo direito ao exercício do contraditório e da ampla defesa, tendo oportunidade de carrear aos autos elementos/comprovantes no sentido de tentar ilidir, parcial ou totalmente, a tributação em análise. Comprovado, ainda, que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 50 8. 72 01 50 /2 01 4- 90 Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10508.720150/201490 Acórdão n.º 2202003.838 S2C2T2 Fl. 355 2 apontadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento enquanto ato administrativo. É prerrogativa da Autoridade Julgadora indeferir a realização de diligências ou perícias, quando considerálas prescindíveis ou impraticáveis, podendo indeferir o pedido de produção de provas, sem acarretar nulidade. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir do anocalendário 1997, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem revelamse insuficientes para comprovar os fatos alegados. MULTA. ART. 112 DO CTN. O art. 112 do CTN somente se aplica quando houver dúvida quanto à capitulação legal do fato; ou à natureza ou às circunstâncias materiais do fato; ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; ou à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; ou, ainda, à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SUMULA CARF Nº 02. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 355DF CARF MF Processo nº 10508.720150/201490 Acórdão n.º 2202003.838 S2C2T2 Fl. 356 3 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10508.720150/201490, em face do acórdão nº 1663.469, julgado pela 19ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo (DRJ/SPO) no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem que assim os relatou: Contra o sujeito passivo acima identificado foi lavrado o auto de infração de fl.143/149, em 07/04/2014, relativo ao imposto sobre a renda das pessoas físicas do exercício 2011, anocalendário 2010, no qual se exige imposto sujeito à multa de ofício, no valor de R$ 1.572.299,08, além dos acréscimos legais previstos na legislação de regência, totalizando crédito tributário de R$ 3.177.301,98 (demonstrativo à fl.142). De acordo com o Relatório de Verificação Fiscal de fl.150/151, a ação fiscal foi realizada em cumprimento ao Mandado de Procedimento Fiscal – MPF nº 0510500/00058/2013, e teve início em 20/05/2013, quando o contribuinte tomou ciência (fl.14) do Termo de Início do Procedimento Fiscal de fl.13. O lançamento de ofício foi formalizado em decorrência da apuração de omissão de rendimentos da pessoa física, no valor de R$ 5.717.451,20, corresponde ao montante dos valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas junto a instituições financeiras, dos quais o fiscalizado, regularmente intimado, deixou de comprovar a origem dos recursos, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, nos termos do art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Cientificado do lançamento na data de 15/04/2014 (fl.239), o contribuinte impugnou a exigência em 08/05/2014, por intermédio do instrumento de fl.154/233, assinado por procurador regularmente constituído (procuração à fl.234). A impugnação se baseou em razões de direito e de fato, que foram assim sintetizadas : Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10508.720150/201490 Acórdão n.º 2202003.838 S2C2T2 Fl. 357 4 a) inconstitucionalidade material dos meios de prova utilizados pela fiscalização para obtenção dos indícios quanto à ocorrência do fato gerador do imposto sobre a renda da pessoa física; b) impossibilidade de tributação por presunção da ocorrência do fato gerador fora da previsão legal do art. 150, § 7º, da Constituição Federal de 1988; c) insuficiência dos depósitos bancários como indício da ocorrência do fato gerador do IRPF; d) impossibilidade de consideração da totalidade dos ingressos em conta bancária como acréscimo patrimonial para efeito da verificação da ocorrência do fato gerador e mensuração de sua respectiva base de cálculo; e) ocorrência indevida do arbitramento da base de cálculo do IRPF (art. 148 do Código Tributário Nacional – CTN; f) violação aos princípios da tipicidade cerrada e da verdade material; g) violação ao princípio da razoabilidade; h) quanto à aplicação da penalidade pecuniária, inexistência de qualquer elemento subjetivo (dolo ou culpa em sentido estrito) na conduta do contribuinte em supostamente não efetuar recolhimentos do IRPF; i) caráter confiscatório, irrazoável e desproporcional da aplicação da sanção de 3/4 – 75% – do valor tributo devido. A DRJ de origem entendeu pela improcedência da impugnação apresentada pelo contribuinte. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário às fls. 270/347, reiterando as alegações expostas em impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Preliminares 1. Sigilo bancário Alega a Recorrente que a Fiscalização violou a sua garantia constitucional de inviolabilidade da vida privada, no curso da ação fiscal, ao providenciar a quebra do sigilo bancário do Impugnante, haja vista que somente o Poder Judiciário teria competência para determinar a quebra do sigilo bancário. Fl. 357DF CARF MF Processo nº 10508.720150/201490 Acórdão n.º 2202003.838 S2C2T2 Fl. 358 5 Ocorre que o Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu na sessão de 24.02.2016 o julgamento conjunto de cinco processos (ADIs 2397 2386, 2389, 2390, 2397 e 2406) que questionavam dispositivos da Lei Complementar nº 105/2001, que permitem à Receita Federal receber dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial. No referido julgado, por maioria de votos prevaleceu o entendimento de que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição Federal. Além disso, o CARF não possui competência para analisar e decidir sobre matéria constitucional, conforme súmula vigente, de utilização obrigatória, conforme Regimento Interno deste Conselho: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Por tais razões, rejeitase a preliminar suscitada pelo contribuinte. 2. Alegações de inconstitucionalidade Conforme acima mencionado, nos termos da Súmula CARF nº 02,o CARF não possui competência para analisar e decidir sobre matéria constitucional, conforme súmula vigente, de utilização obrigatória, conforme Regimento Interno deste Conselho. Por tais razões, rejeitase a preliminar suscitada pelo contribuinte. Portanto, rejeitamse as preliminares de nulidade suscitadas quanto a violação de princípios constitucionais. 3. Nulidade por indeferimento de perícia Pelos elementos constantes dos autos, fica sem fundamento a alegação de cerceamento do direito de defesa, na medida em que o processo em análise, até o presente momento, caracterizouse pelo cumprimento de todas as fases e prazos processuais dispostos no Processo Administrativo Fiscal e o interessado, ciente infrações que lastrearam a presente ação fiscal, teve, tanto na fase de autuação, regida pelo princípio inquisitório, quanto na interposição da impugnação, que inaugurou a fase do contraditório, amplo direito ao exercício do contraditório e da ampla defesa, tendo oportunidade de carrear aos autos elementos/comprovantes no sentido de tentar ilidir, parcial ou totalmente, a tributação em análise. Salientase que é prerrogativa da Autoridade Julgadora indeferir a realização de diligências ou perícias, quando considerálas prescindíveis ou impraticáveis. Assim, pode ser indeferido o pedido de produção de provas, sem acarretar nulidade. Comprovado, ainda, que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento enquanto ato administrativo. Por tais razões, rejeitase a preliminar de nulidade. Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10508.720150/201490 Acórdão n.º 2202003.838 S2C2T2 Fl. 359 6 Mérito 4. Omissão de rendimentos por depósitos bancários de origem não comprovada A exigência fiscal em exame decorre de expressa previsão legal, pela qual existe uma presunção em favor do Fisco, que fica dispensado de provar o fato que originou a omissão de rendimentos, cabendo ao contribuinte elidir a imputação, comprovando a origem dos recursos. Estabelece o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 que: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: 1 os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12.000,00 (doze mil Reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$80.000,00 (oitenta mil Reais). § 4° Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. Conforme previsão do art. 42 da Lei nº 9.430/96, é necessário comprovar individualizadamente a origem dos recursos, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis. Tratase, portanto, de ônus exclusivo do contribuinte, a quem cabe comprovar, de maneira inequívoca, a origem dos valores que transitaram por sua conta bancária, não sendo bastante alegações e indícios de prova. Para a DRJ de origem os documentos anexados em impugnação não foram totalmente suficientes para provar de maneira inequívoca os valores que circularam em conta Fl. 359DF CARF MF Processo nº 10508.720150/201490 Acórdão n.º 2202003.838 S2C2T2 Fl. 360 7 bancária do contribuinte já foram tributados, a exceção dos já excluídos do lançamento pela DRJ. Assim, persistiu sem comprovação de origem dos depósitos. Portanto, não sendo provado o fato constitutivo do direito alegado pelo contribuinte, com fundamento no artigo 373 do CPC/2015 e artigo 36 da Lei n° 9.784/99, devese manter sem reparos o acórdão recorrido. Ocorre que temos que no processo administrativo fiscal, tal qual no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, in casu, do contribuinte ora recorrente. Neste sentido, prevê a Lei n° 9.784/99 em seu art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. Por tais razões, compreendo que não merece provimento o recurso do contribuinte quanto a esta matéria. 5. Exclusão da multa de ofício Requer o contribuinte a não aplicação de multa de ofício, em percentual de 75%, por força do art. 112, incisos II e III, do CTN. O pedido da defesa se baseia na alegação de que o contribuinte não teria incorrido em dolo ou culpa (em sentido estrito), e que, nesse caso, deveria ser aplicado o disposto no art. 112, incisos II e III, do Código Tributário Nacional (CTN), os quais, em conjunto, determinam que, no caso de dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato; à natureza ou extensão dos seus efeitos; à autoria; imputabilidade; ou punibilidade, a lei tributária que define infrações ou lhe comine penalidade deve ser interpretada de maneira mais favorável ao acusado (fls. 214/221). A DRJ assim se manifestou: "A omissão de rendimentos implica na declaração inexata dos rendimentos auferidos, circunstância que se constitui em fato gerador da obrigação tributária principal, em relação à penalidade pecuniária, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. A par do fato de a responsabilidade por infrações da legislação tributária independer da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato (art. 136 do Código Tributário Nacional CTN), o lançamento é atividade administrativa vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional (art. 142, parágrafo único do CTN), não estando ao arbítrio da autoridade lançadora (ou julgadora, por extensão) negar eficácia à lei, deixando de aplicar a penalidade prevista nos casos da circunstância fática apurada na espécie. Em relação ao princípio estabelecido no art. 112, incisos II e III, do CTN, faço a objeção de que, no tocante à penalidade pecuniária, o lançamento objeto destes autos já considerou a aplicação mais benéfica ao contribuinte, que é aquela prevista no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de Fl. 360DF CARF MF Processo nº 10508.720150/201490 Acórdão n.º 2202003.838 S2C2T2 Fl. 361 8 1996, isto é, multa no percentual de 75% do imposto que deixou de ser recolhido, que ainda é passível da redução prevista no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, com a redação dada pelo art. 28 da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Encerrando esse tópico, ressalvo que o lançamento não imputou dolo ao contribuinte; caso contrário, o percentual da multa aplicado seria de 150%, conforme previsto no parágrafo 1º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, o que não ocorreu". Entendo que não merecem reparos o acórdão da DRJ também quanto a este argumento. No presente caso, ainda que não estejam, ao meu entendimento, caracterizados no presente caso, o dolo, a fraude ou a simulação, tanto que a multa aplicada não foi a qualificada, ciente o contribuinte de que a omissão de rendimentos realizada lhe deixaria sujeito a autuação fiscal. Verificase que não se trata de caso típico de dúvida quanto à capitulação legal do fato; ou à natureza ou às circunstâncias materiais do fato; ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; ou à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; ou, ainda, à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Há, no presente caso, duas teses jurídicas distintas: a do contribuinte e a da fiscalização. Portanto, por si só, não procede o argumento para afastar a multa por força do art. 112 do CTN. 6. Multa caráter confiscatório alegação de inconstitucionalidade Quanto a alegação da recorrente de que a multa aplicada seria inconstitucional, por força do princípio da vedação de confisco, deixo de analisála pois este Conselho não possui competência para ser pronunciar a respeito, nos termos da Súmula CARF nº 02: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.". Conclusão. Ante o exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 361DF CARF MF Processo nº 10508.720150/201490 Acórdão n.º 2202003.838 S2C2T2 Fl. 362 9 Fl. 362DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.723735/2010-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/09/2007 a 30/11/2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
Para o correto cumprimento da decisão, os embargos de declaração devem ser acolhidos para que se faça constar no acórdão o período de ocorrência dos fatos geradores omitidos em GFIP.
ERRO MATERIAL. CORREÇÃO. NOVO ACÓRDÃO.
Corrige-se por acórdão erros materiais nos campos: assunto e período de apuração.
DARF-SIMPLES.
É incabível o aproveitamento de valores recolhidos através de DARF - SIMPLES para o abatimento de crédito por descumprimento de obrigação acessória.
Embargos Acolhidos
Numero da decisão: 2301-005.019
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos opostos e dar-lhe provimento nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Andrea Brose Adolfo
Presidente Substituta
(assinado digitalmente)
Julio Cesar Vieira Gomes
Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: ANDREA BROSE ADOLFO, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, FABIO PIOVESAN BOZZA, JORGE HENRIQUE BACKES, ALEXANDRE EVARISTO PINTO e FERNANDA MELO LEAL.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/09/2007 a 30/11/2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Para o correto cumprimento da decisão, os embargos de declaração devem ser acolhidos para que se faça constar no acórdão o período de ocorrência dos fatos geradores omitidos em GFIP. ERRO MATERIAL. CORREÇÃO. NOVO ACÓRDÃO. Corrige-se por acórdão erros materiais nos campos: assunto e período de apuração. DARF-SIMPLES. É incabível o aproveitamento de valores recolhidos através de DARF - SIMPLES para o abatimento de crédito por descumprimento de obrigação acessória. Embargos Acolhidos
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos opostos e dar-lhe provimento nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo Presidente Substituta (assinado digitalmente) Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: ANDREA BROSE ADOLFO, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, FABIO PIOVESAN BOZZA, JORGE HENRIQUE BACKES, ALEXANDRE EVARISTO PINTO e FERNANDA MELO LEAL.
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Para o correto cumprimento da decisão, os embargos de declaração devem ser acolhidos para que se faça constar no acórdão o período de ocorrência dos fatos geradores omitidos em GFIP. ERRO MATERIAL. CORREÇÃO. NOVO ACÓRDÃO. Corrigese por acórdão erros materiais nos campos: assunto e período de apuração. DARFSIMPLES. É incabível o aproveitamento de valores recolhidos através de DARF SIMPLES para o abatimento de crédito por descumprimento de obrigação acessória. Embargos Acolhidos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 37 35 /2 01 0- 69 Fl. 337DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos opostos e darlhe provimento nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo Presidente Substituta (assinado digitalmente) Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: ANDREA BROSE ADOLFO, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, FABIO PIOVESAN BOZZA, JORGE HENRIQUE BACKES, ALEXANDRE EVARISTO PINTO e FERNANDA MELO LEAL. Fl. 338DF CARF MF Processo nº 11080.723735/201069 Acórdão n.º 2301005.019 S2C3T1 Fl. 338 3 Relatório Tratamse de embargos opostos pelo Delegado da Receita Federal do Brasil em Porto Alegre RS com fundamento no artigo 65 do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015. Conforme sintetizado pelo despacho que os admitiu integralmente, são apontadas contradições e omissões: 1. Que trata de Auto de Infração de Obrigação Acessória – multa – DEBCAD nº 37.266.6663, mas a ementa faz referência a Contribuições Sociais Previdenciárias; 2. O período de apuração menciona tão somente 01/09/2007 a 30/11/2008, enquanto que a apuração se refere ao período de 09/2007 a 06/2008 e 08/2008 a 11/2008. 3. Consta da ementa que a Recorrente deseja o abatimento do crédito do lançamento fiscal em razão de ter realizado, dentro do SIMPLES NACIONAL, o que não se mostra possível em face das disposições da Instrução Normativa nº 900, DOU de 21/12/2008. Contudo, nos processos relativos aos 5 lançamentos correlatos, os quais tratam das contribuições previdenciárias apuradas – patronal e de terceiros (contribuições estas base de cálculo da multa por descumprimento de obrigação acessória), a turma, apreciando idênticos pedidos cujos julgamentos se deram em conjunto com o presente processo, decidiu diferentemente (Ementa Ac. 2301003.811/PAF nº 11080.723733/2010 70). 4. No relatório do voto condutor inicia dizendo que se trata de crédito tributário referente às contribuições da empresa destinadas a Outras Entidades e Fundos (SalárioEducação, INCRA, SENAI, SESI e SEBRAE), os chamados Terceiros. Porém, de acordo com os documentos dos autos do processo administrativo fiscal, tratase de lançamento de multa por descumprimento de obrigação acessória. 5. Quanto a conclusão, ela alude apenas ao cálculo da multa – penalidade por descumprimento de obrigação acessória de que, efetivamente, trata o presente processo, para que seja aplicado o artigo 32A, I da Lei 8.212/91, se lhe for o mais benéfico, conforme determina o artigo 106, II, C do CTN. É o Relatório. Fl. 339DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator De fato, assiste em parte razão ao embargante. Foi julgado pelo acórdão embargado tão somente a multa pela omissão de fatos geradores em GFIP. Dessa forma, melhor indicação em ementa seria constar no campo Assunto: "Obrigações Acessórias". Quanto ao período a que se refere a autuação, o acórdão fez constar a data de: "Data do fato gerador: 01/09/2007", o que poderia ser aceito caso fizesse constar no relatório o período de ocorrência dos fatos geradores omitidos em GFIP: 09/2007 a 06/2008 e 08/2008 a 11/2008, o que não fez. Assim, entendo que há uma omissão que merece ser suprida pelos embargos. Também assiste razão ao embargante quando indica o erro no relatório discriminando de forma equivocada a origem do crédito tributário: Tratase de crédito tributário referente às contribuições da empresa destinadas a Outras Entidades e Fundos (Salário Educação, INCRA, SENAI, SESI e SEBRAE), incidentes sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a segurados empregados. Somente foi possível conhecer a partir do acórdão que se tratava de descumprimento de obrigação acessória quando já no voto examina a retroatividade benigna e ao final na conclusão: Diante do acima exposto, como o presente recurso voluntário atende os pressupostos de admissibilidade, dele conheço, para no mérito DARLHE PROVIMENTO PARCIAL para que seja aplicado o artigo 32A, I da Lei 8.212/91, se lhe for o mais benéfico, conforme determina o artigo 106, II, C do CTN. Dessa forma, o relatório deve ser corrigido pela substituição do primeiro parágrafo pelo texto que constou do acórdão de impugnação: Tratase de autuação por infringência ao disposto no artigo 32, inciso IV e parágrafo 5º da Lei nº 8.212/1991, acrescentado pela Lei nº 9.528/1997, combinado com o artigo 225, inciso IV e §4° do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/1999, em razão da apresentação pela empresa autuada de Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP’s) com dados não correspondentes aos fatos geradores das contribuições previdenciárias, no período de 09/2007 a 06/2008 e 08/2008 a 11/2008. Em relação a parte que nega a possibilidade de dedução das contribuições arrecadadas por DARF Simples Nacional, entendo que não houve contradição em razão de decisão em outro sentido quando do julgamento dos processos de obrigações principais. Primeiro porque a origem desses créditos é o pagamento de obrigações principais e não há Fl. 340DF CARF MF Processo nº 11080.723735/201069 Acórdão n.º 2301005.019 S2C3T1 Fl. 339 5 possibilidade de recolhimento na sistemática do SIMPLES de multas por descumprimento de obrigação acessória; segundo, as deduções nos processos de obrigações principais já estariam esgotadas não havendo saldo para dedução nesse processo em exame. Assim, nessa parte o acórdão embargado não merece reparos. Por fim, uma vez que o provimento foi apenas em relação a retroatividade benigna o acórdão embargado, acertadamente, não fez constar na conclusão as supostas deduções dos recolhimentos através de DARF. A decisão foi pelo provimento parcial para que fosse aplicado o artigo 32A, I da Lei 8.212/91. Por tudo, voto por conhecer em parte dos embargos opostos para, na parte conhecida, acolhêlos. É como voto. (assinado digitalmente) Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 341DF CARF MF 6 Fl. 342DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001073/2010-56
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009
PIS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. RECEITA OPERACIONAL. CONCOMITÂNCIA.
A propositura pelo contribuinte de ação judicial por qualquer modalidade processual com o mesmo objeto do processo administrativo, impede o conhecimento do recurso administrativo. Súmula CARF nº 1.
MULTA DE OFÍCIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
Constatando-se a existência de concomitância com o processo judicial e a concessão de liminar antes do início da ação fiscal, exclui-se a aplicação da multa de ofício.
Numero da decisão: 9303-004.641
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram e, no mérito, acordam, em negar-lhe provimento, vencido o conselheiro Demes Brito (relator), que lhe deu provimento com retorno dos autos à turma a quo. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: DEMES BRITO
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BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. RECEITA OPERACIONAL. CONCOMITÂNCIA. A propositura pelo contribuinte de ação judicial por qualquer modalidade processual com o mesmo objeto do processo administrativo, impede o conhecimento do recurso administrativo. Súmula CARF nº 1. MULTA DE OFÍCIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Constatandose a existência de concomitância com o processo judicial e a concessão de liminar antes do início da ação fiscal, excluise a aplicação da multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram e, no mérito, acordam, em negarlhe provimento, vencido o conselheiro Demes Brito (relator), que lhe deu provimento com retorno dos autos à turma a quo. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Demes Brito Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 10 73 /2 01 0- 56 Fl. 553DF CARF MF Processo nº 16327.001073/201056 Acórdão n.º 9303004.641 CSRFT3 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no art. 67 e §§ do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº256/09, contra ao acórdão nº 3402002.788, proferido pela 4º Câmara/2º Turma Ordinária do Conselho Administrativo de Recurso Fiscais, que decidiu não conhecer do recurso na parte em que existe concomitância com o processo judicial (inclusão das receitas operacionais no faturamento da instituição financeira) e, na parte conhecida, por dar provimento parcial para excluir a multa de ofício com base no art. 63, § 1º da Lei nº 9.430/96. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: "Trata se de auto de infração com ciência pessoal do contribuinte em 13/08/2010, lavrado para exigir o crédito tributário relativo ao PIS, multa de ofício e juros de mora, em razão da falta de recolhimento da contribuição no período compreendido entre maio de 2009 e dezembro de 2009. Segundo o Termo de Verificação fiscal, o contribuinte ajuizou o mandado de segurança nº 2001.61.00.0315880 por meio do qual requereu a concessão de liminar para não recolher o PIS com base na Lei nº 9.718/98. A sentença foi proferida e após uma sucessão de embargos de declaração, o dispositivo da sentença assegurou ao contribuinte o afastamento do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 e o direito de recolher o PIS com alíquota de 0,65% sobre o faturamento, assim entendido como sendo a receita bruta da venda de mercadorias e serviços, de acordo com o art. 1º da MP 2.15835, a partir de janeiro de 2000. A apelação da União foi negada. Em seguida a União interpôs os recursos especial e extraordinário. O TRF da 3ª Região suspendeu o recurso especial e julgou extinto o recurso extraordinário nos termos do art. 543B, § 3º do CPC." O Acórdão restou assim ementado: Fl. 554DF CARF MF Processo nº 16327.001073/201056 Acórdão n.º 9303004.641 CSRFT3 Fl. 4 3 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2009 PIS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. RECEITA OPERACIONAL. CONCOMITÂNCIA. A propositura pelo contribuinte de ação judicial por qualquer modalidade processual com o mesmo objeto do processo administrativo, impede o conhecimento do recurso administrativo. Súmula CARF nº 1. MULTA DE OFÍCIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Constatandose a existência de concomitância com o processo judicial e a concessão de liminar antes do início da ação fiscal, excluise a multa de ofício. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. É legítima a cobrança de juros de mora com base na variação da taxa Selic. Súmula CARF nº 4. Recurso voluntário provido em parte". Não conformada com tal decisão, a Fazenda Nacional interpõe o presente Recurso, sustentando que não se pode reconhecer a concomitância em decorrência de um simples ato processual, que sobrestou a ação judicial, mas que não analisa o mérito da questão ali discutida. Pois, quando se analisa o objeto das ações, a própria turma reconhece que não há concomitância. Por fim, requer que seja conhecido e provido o presente recurso, retornandose os autos para julgamento em primeira instância. Para comprovar o dissenso jurisprudencial, foi apontado como paradigma, o Acórdão nºs 3202001.476. Transcrevo parte que interessa do despacho de admissibilidade, fls. 504/506: "A Fazenda suscitou divergência em razão da exclusão de multa de ofício e do reconhecimento de concomitância, em relação ao PIS, entre o presente processo administrativo e o mandado de segurança (MS nº 2001.61.00.0315880) impetrado pelo contribuinte, em virtude de sobrestamento realizado pelo TRF, no julgamento de recurso na citada ação. Para comprovar o dissenso foi colacionado, como paradigma, o Acórdão nº 3202001.476, cujo inteiro teor da ementa foi transcrita no recurso. Vejamos a sua ementa, transcrita na parte de interesse a este exame: CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CABIMENTO. Fl. 555DF CARF MF Processo nº 16327.001073/201056 Acórdão n.º 9303004.641 CSRFT3 Fl. 5 4 A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Presentes os pressupostos legais, deve a autoridade fiscal efetuar o lançamento de ofício, mesmo nas hipóteses em que o contribuinte alega estar o crédito tributário com sua exigibilidade suspensa, quando esta, de fato, não se verifica. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CABIMENTO. Cabível o lançamento da multa de ofício quando inexiste a concessão de medida liminar em mandado de segurança, bem como quando o crédito tributário constituído de ofício não é abrangido pela decisão judicial. Recurso Voluntário negado. Na decisão recorrida, a Turma julgadora, apesar de entender que não há semelhança entre os objetos desse processo administrativo e da ação judicial da contribuinte, com relação ao PIS, sentiuse obrigada a reconhecer a concomitância, em virtude do sobrestamento realizado pelo TRF, excluindo a multa de ofício e não conhecendo do restante do recurso. Por sua vez, o paradigma citado, em situação idêntica, em que também houve o sobrestamento, firma entendimento diverso, no sentido de que não havia concomitância com o processo administrativo e julgou o recurso, fazendo incidir a multa de ofício. Com essas considerações, entendo ter sido comprovada a divergência jurisprudencial apontada". Em seguida, o Presidente da Câmara admitiu o Recurso, fls. 505. Devidamente cientificada, a Contribuinte apresentou contrarrazões, fls. 514/536, requerendo o não conhecimento do Recurso, e no mérito seja negado provimento. É o relatório Voto Vencido Conselheiro Demes Brito, Relator. O Recurso foi tempestivamente apresentado e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Antes de analisar a questões do Recurso, cabe apresentar algumas considerações relevantes para compreensão do correto deslinde da controvérsia. Para melhor esclarecer, transcrevo o Temo de Verificação de Infração ( Parte integrante do auto de infração MPF nº 081662009005297, fls. 184): Fl. 556DF CARF MF Processo nº 16327.001073/201056 Acórdão n.º 9303004.641 CSRFT3 Fl. 6 5 Conforme relato dos fatos acima o contribuinte impetrou o Mandado de Segurança nº 2001.61.00.0315880 pleiteando que lhe seja reconhecido o direito de não se sujeitar ao recolhimento do PIS nos moldes preconizados pelos Decretos 2.445/88 e 2.449/88 e pelas Leis nº 9.715/98, 9.718/98 e 10.637/02 que ampliaram a base de cálculo deste de faturamento para receita bruta bem como elevaram a sua alíquota. Em decisão datada de 17.12.2001 o M M . Juízo a quo entendeu julgar a ação parcialmente procedente, para afastar a exigência da contribuição para o PIS nos moldes da Lei n º 9.718/98. A União Federal interpôs Recurso de Apelação cujo provimento foi negado, o que ensejou a interposição de Recurso Especial e Recurso Extraordinário, pendentes de apreciação. O conceito de faturamento para fins de cálculo do PIS está presente no art. 1º da Lei nº 10.637/02, in verbis: Art. 1 A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 1 Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. Serviço, no caso das instituições financeiras, abarcam as receitas advindas da cobrança de tarifas (serviços bancários) e das operações bancárias (intermediação financeira). A natureza jurídica dos serviços de intermediação financeira não é diferente da natureza jurídica dos demais serviços bancários colocados pelas instituições a disposição de seus clientes. Assim, se de um lado as receitas auferidas pelos serviços bancários tais como fornecimento de cheques, extratos etc são provenientes de pagamentos efetuados pelos clientes, por outro lado as receitas proveniente da intermediação financeira são, em última análise, decorrentes das mesma transações e correspondem ao "spread" auferido pela instituição no conjunto de das operações bancárias. Este é o entendimento da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional manifestado no Parecer PGFN/CAT/N9 2773/2007. No item "4" do Parecer é reproduzida a posição da SRF sobre o conceito de faturamento (receita bruta) no caso das instituições financeiras, a saber: "A declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998 não tem o condão de modificar a realidade de que para as instituições financeiras e as seguradoras a base de cálculo da COFINS e do PIS continua sendo a receita bruta da pessoa jurídica, com as exclusões contidas nos §§ 5º e 6º do mesmo art. 3º, sem abarcar todavia, as receitas não operacionais, eis que o art. 29 e o caput do art. 3º não foram declarados inconstitucionais." "Temse, então, que a natureza das receitas decorrentes das atividades do setor financeiro e de seguros pode ser classificada como serviços para fins tributários, estando sujeita à incidência das contribuições em causa, na forma dos arts. 2º, 3º caput e nos §§ 5º e 6ºdo mesmo artigo, exceto no que diz respeito ao "plus" contido no § lº do art. 39 da Lei nº 9.718, de 1998, considerado inconstitucional por meio do Recurso Extraordinário 357.9509/RS e dos demais recursos que foram julgados na mesma assentada." Tal entendimento está presente no pedido formulado pela União Federal através da Procuradoria da Fazenda Nacional no âmbito do processo nº 1999.61.00.0092821, do mesmo contribuinte, que versa sobra a base de cálculo da Fl. 557DF CARF MF Processo nº 16327.001073/201056 Acórdão n.º 9303004.641 CSRFT3 Fl. 7 6 contribuição para a COFINS, e que veio a ser acolhido pelo Egrégio Tribunal Federal da 3º Região. a)impetrante não requereu, em momento algum, provimento judicial que os desobrigassem de recolher COFINS sobre suas receitas financeiras decorrentes de suas atividades operacionais como instituição financeira, e que o Poder Judiciário, através do E. STJ não contemplou a impetrante na presente demanda com provimento judicial nesse sentido, sendo ainda que não pode a decisão judicial definitiva dar mais do que foi pedido pelo autor da demanda, sob pena de a mesma se reputar "extra petita", vício que lhe macularia a validade; b) o acórdão do STF foi prolatado no mesmo e exato sentido da decisão plenária do STF proferida no julgamento dos Res 346.084/PR, 357.950/Rs, e 358.273/Rs e 390.840/MG, em que se declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3g da Lei 9.718/98, sendo que o Pleno do STF entendeu naquele julgamento que por "faturamento" deverseá compreender as receitas decorrentes do exercício das atividades operacionais típicas desempenhadas pelo contribuinte; c) relativamente às instituições financeiras e a elas equiparadas, a COFINS deve incidir sobre a receita bruta (faturamento) decorrente de suas atividades fins, operacionais, típicas, devendose afastar, dada a inconstitucionalidade do referido § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, tão somente a imposição das exações em comento sobre as suas receitas nãooperacionais; d) relativamente às instituições financeiras e a elas equiparadas a base de cálculo da COFINS possui contornos próprios, portanto as receitas decorrentes de suas atividades típicas, operacionais, não decorrem somente da venda de mercadoria ou prestação de serviços no sentido estrito, mas sim, de toda uma gama de operações e atividades financeiras ou equiparadas, tanto que mereceram disposições expressas para a composição da base imponíveis nos §§ 5? e 6g, do art. 3g, da Lei 9.718/98; e) mesmo que o entendimento do Pleno do STF acerca do conceito de faturamento é restritivo para venda de mercadoria e/ou serviços, e não como receita operacional típica do contribuinte, ainda assim, o acórdão do STJ proferido nos autos e que decidiu a questão sub judice na mesma linha da Suprema Corte não aproveita a impetrante no sentido de desobrigála de recolher COFINS sobre suas receitas financeiras uma vez que as atividades típicas das instituições financeiras e assemelhadas devem ser consideradas como serviços financeiros, de forma que, também, por este motivo, as receitas daí advindas incluemse no conceito de faturamento. O M M . Juízo ò quo acolheu o pedido da Fazenda Nacional, nos seguintes termos,verbis: a) não há coisa julgada amparando a pretensão de que o sentido o julgamento dos autos excluiria todas as receitas financeiras e equivalentes das instituições financeiras e equiparadas em situações como a presente. Inexistindo situação assegurada pela coisa julgada, a matéria remanesce sujeita à apreciação jurisdicional para dar destinação aos depósitos judiciais realizados. Por fim, em decisão abrangente do mesmo TRF/3º Região na apreciação do Agravo de Instrumento nº 1067 de 22/06/2009, relativamente à natureza das receitas das instituições financeiras e sua tributação pelo PIS E COFINS, em que pese à circunstância da inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98: Fl. 558DF CARF MF Processo nº 16327.001073/201056 Acórdão n.º 9303004.641 CSRFT3 Fl. 8 7 À luz dos inúmeros julgamentos havido no E. STF pela inconstitucionalidade do § l 5 do art. 35 da Lei 9.718/98, fica claro que restam incólumes os demais dispositivos da Lei 9.718/98, em especial o § 4 9 , 5 9 e 6 9 do mesmo art. 3^ que tratam da composição das receitas, exclusões e deduções da base de cálculo do PIS e da COFINS no caso dos contribuintes enquadrados como instituições financeiras. Dessa forma, não resta nenhuma dúvida de que a base de cálculo do PIS é abrangida pela totalidade das receitas operacionais das instituições financeiras. Assim, esta autoridade tributária não concorda com o procedimento adotado pelo contribuinte de calcular o PIS devido sobre a base de cálculo constituída unicamente pelas receitas escrituradas na conta COSIF n 9 7.1.7, impondose recalcular as bases de cálculo tributáveis apurada com base no Anexo I da IN 247/2002, conforme demonstrativos entregues pela própria instituição financeira a esta fiscalização sob intimação, relativamente aos períodos de apuração maio /2009 a dezembro/2009 não declarados em DCTF, conforme "Planilha de Apuração do PIS" em anexo (fls. ), que passa a fazer parte integrante e indissociável do presente Termo. Assim, concluímos que o contribuinte teve afastada a sua espontaneidade em relação ao PIS dos períodos de apuração maio/2009 a dezembro/2009 a partir de 14.12.2009, data em que o contribuinte tomou ciência do Termo de Início da Ação Fiscal. Diante disto, as DCTF retificadoras apresentadas em 15.03.2010 não produzem efeitos fiscais somente no que se refere ao PIS dos períodos maio/09 a dezembro/09. Assim, por força da exclusão de sua espontaneidade, fica a instituição financeira sujeita ao lançamento de ofício dos valores apurados nos períodos maio/2009 a dezembro/2009 com a aplicação da multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) prevista no art. 86, § l 9 , da Lei n 9 7.450/85; art. 2 9 da Lei n 9 7.683/88; e art. 44, inciso I, da Lei n 9 9.430/96 com a redação dada pelo art. 14 da Lei n 9 11.488/07, a seguir resumidos: Nada obstante, a Câmara a quo decidiu não conhecer do recurso na parte em que existe concomitância com o processo judicial (inclusão das receitas operacionais no faturamento da instituição financeira) e, na parte conhecida, por dar provimento parcial para excluir a multa de ofício com base no art. 63, § 1º da Lei nº 9.430/96. Com efeito, a Câmara baixa, apesar de entender que não havia semelhança entre os objetos do presente processo e ação judicial em relação ao PIS, entendeu em razão do sobrestamento do feito pelo TRF, reconhecer a concomitância. Destacase fragmentos do voto da decisão recorrida: "embora não tendo sido suscitada de forma explícita na inicial do mandado de segurança, a questão da incidência do PIS sobre as receitas operacionais da instituição financeira, acabou aflorando no recurso de apelação da União, tendo sido a tese fazendária repelida pelo Acórdão do TRF da 3ª Região, o que a meu ver torna Fl. 559DF CARF MF Processo nº 16327.001073/201056 Acórdão n.º 9303004.641 CSRFT3 Fl. 9 8 inequívoca a existência de concomitância entre o mandado de segurança e este processo administrativo". O referido recurso extraordinário foi sobrestado pelo vicepresidente o TRF 3ª Região, com base na repercussão geral decretada pelo STF no RE nº 609.096". Em que pese o entendimento da turma a quo em declarar a concomitância, com fundamento do sobrestamento do feito pelo TRF, por outro lado, não deixou de atestar os limites do alcance do provimento judicial, que não há concomitância. Vejamos: “o objeto do mandado de segurança impetrado consistiu na concessão de segurança para que a instituição financeira recolhesse o PIS com base na Lei Complementar nº 7/70, ou seja, sobre 5% do Imposto de Renda devido, sem se submeter ao art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, bem como o direito de compensar o indébito recolhido com base na legislação superveniente.” Aduziu, ainda, que “em momento algum na inicial foi requerido ao Judiciário que as receitas financeiras e as demais receitas operacionais “a segurança foi concedida em parte para que a contribuição fosse apurada com alíquota de 0,65% incidente sobre a receita bruta da venda de mercadorias e/ou serviços, o que não resolve o problema deste processo porque cada uma das partes atribui conteúdo diferente à expressão ‘receita proveniente da venda de bens e serviços’.” Como visto, patente e flagrante que o provimento judicial não enfrentou o mérito da discussão deste feito. Não discutiu naquela via judicial o alcance das receitas financeiras, em nenhum momento falou sobre a exclusão da receita bruta operacional do faturamento. Portanto, não há o que se falar em concomitância ou efeitos da coisa julgada, considerandose que a decisão judicial limitouse a afastar a aplicação do §1º, art. 3º, da Lei 9.718/98, em consonância com a jurisprudência do STF, que afastou o alargamento da base de cálculo e fixou o conceito de “receita bruta” como correspondente à soma das receitas decorrentes do exercício das atividades típicas empresariais. Neste sentido, a Súmula nº 01 do CARF, dispõe que: “Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial”. Deste modo, o teor da Súmula 01 do CARF, preconiza que inexistindo identidade entre o objeto da demanda judicial alargamento da base de cálculo Pis/Cofins, e o Fl. 560DF CARF MF Processo nº 16327.001073/201056 Acórdão n.º 9303004.641 CSRFT3 Fl. 10 9 presente processo administrativo receita financeira, não há que falar em concomitância. Considerando que tratam de matérias diversas. Contudo, é de se recordar que a própria repercussão geral afetada sobre a temática das receitas financeiras, não foi objeto de decisões no Judiciário ou no STF que, à época, afastaram tãosomente o alargamento da base de cálculo proposta pelo §1º, art. 3º, da Lei 9.718/98. Quanto a ação judicial relativa a COFINS, ter sido sobrestada em virtude do RE 609.096/RS, que trata da delimitação das receitas financeiras das instituições financeiras, não significa que as ações tenham necessariamente o mesmo objeto. Isso pode ser observado pelo fato de, mesmo sendo idênticas, a ação relativa ao PIS não ter sido sobrestada. Portanto, o acórdão recorrido não poderia ter declarado a concomitância em virtude de um incidente processual, que sobrestou a demanda,todavia, se furtou analisar o mérito ali discutido. Diante do exposto, voto no sentido de determinar o retorno dos autos ao Colegiado julgador a quo, para que sejam apreciados questões não conhecidas do Recurso Voluntário. É como voto é como penso. (assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 561DF CARF MF Processo nº 16327.001073/201056 Acórdão n.º 9303004.641 CSRFT3 Fl. 11 10 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Redator designado. Com todo respeito ao voto do ilustre relator, mas discordo de suas conclusões quanto ao mérito do presente julgamento. São duas as matérias recolocadas em discussão pelo recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional. A primeira referese a ocorrência ou não de concomitância do presente processo com o mandado de segurança nº 2001.61.00.0315880. A segunda refere se a dispensa da multa de ofício pelo acórdão recorrido. Quanto à concomitância temos que observar o que dispõe a Súmula CARF nº 1, que assim determina: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Inicialmente cabe observar o que foi objeto do pedido no mandado de segurança nº 2001.61.00.0315880. Conforme consta da efl. 47, transcrevo abaixo o requerimento constante da ação judicial proposta pelo contribuinte: (...) Requerem, ainda, que processado o presente mandado de segurança, requisitadas as informações e ouvido o D. Ministério Público, sejalhes concedida a segurança definitiva, nos termos da Lei n° 1.533/51, para o fim de, afastadas as alterações introduzidas pela Lei 9718/98, assegurar seu direito líquido e certo de só se sujeitar ao recolhimento da contribuição ao PIS, relativamente aos meses de competência de janeiro/2000 e subseqüentes, na forma prevista pela LC n° 7/70, vale dizer, calculada à alíquota de 5% sobre o valor do imposto de renda devido, bem como em conseqüência de proceder à compensação dos montantes pagos a maior a título de contribuição ao PIS no período de janeiro/2000 a outubro/2001, conforme documentos comprobatórios anexos (doc. 06), nos termos dos artigos 170 do CTN, 66 da Lei n° 8383/91 e 74 da Lei n° 9430/96, assegurado à d. autoridade impetrada o mais amplo poder de fiscalização quanto à exatidão das importâncias pagas/compensadas. (...) Fl. 562DF CARF MF Processo nº 16327.001073/201056 Acórdão n.º 9303004.641 CSRFT3 Fl. 12 11 Ressaltese que o pedido do contribuinte é para não recolher o PIS sobre qualquer receita, mas sobre 5% do valor do Imposto de Renda devido. Como o auto de infração apurou o PIS sobre as receitas financeiras do contribuinte entendendo elas como receitas operacionais típicas das instituições financeiras, não resta dúvida que a matéria objeto do lançamento foi colocada sob apreciação do Poder Judiciário, havendo concomitância no que se refere à tributação sobre qualquer tipo de receita. Pareceme claro que o conceito de receita, ou melhor, o alcance da abrangência do disposto no art. 3º da Lei nº 9.718/98, se nele estariam incluídas ou não as receitas financeiras das instituições financeiras, não seria objeto do referido mandado de segurança, sendo no caso possível sua apreciação na esfera administrativa. Ocorre, como bem concluiu o acórdão recorrido, que o próprio judiciário entendeu por sobrestar o curso do processo judicial para aguardar o julgamento do RE nº 609.096, o qual trata especificamente a questão da incidência ou não das receitas financeiras das instituições financeiras na base de cálculo do PIS e da Cofins e seu julgamento será efetuado em repercussão geral. Portanto, entendo que não há outro caminho a ser seguido se não reconhecer a concomitância do presente processo com a ação judicial no mandado de segurança nº 2001.61.00.0315880. Quanto à exclusão da multa de ofício entendo também correta a decisão recorrida, em face do reconhecimento da existência da ação judicial promovida antes do início da ação fiscal. Transcrevo abaixo os fundamentos do acórdão recorrido: DO (NÃO) CABIMENTO DA MULTA DE OFÍCIO Considerando que o mandado de segurança se processou com a concessão de medida liminar em 17/12/2001 e que a ação fiscal teve início em 14/12/2009 (fl. 07), é evidente a existência de cláusula suspensiva da exigibilidade do crédito tributário antes do início da ação fiscal, fato que autoriza a exclusão da multa de ofício, a teor do art. 63, § 1º da Lei nº 9.430/96. Não se olvide ainda, que na época em que o contribuinte foi notificado do lançamento (13/08/2010) já estava em pleno vigor o dispositivo da sentença de fl. 87, que determinava a apuração da contribuição com base no faturamento, com a acepção que lhe deu a Juíza Consuelo Yoshida do TRF da 3ª Região. O que significa que a base de cálculo era o faturamento na sua acepção tradicional, ou seja, sem adição de outras receitas operacionais (financeiras) ou não operacionais. Se a teor do art. 151, IV do CTN a mera concessão de liminar já suspende a exigibilidade do crédito tributário, com muito mais autoridade a sentença que confirmou aquela liminar manteve em pleno vigor a cláusula suspensiva da Fl. 563DF CARF MF Processo nº 16327.001073/201056 Acórdão n.º 9303004.641 CSRFT3 Fl. 13 12 exigibilidade do crédito tributário. A sentença sem dúvida alguma "é mais" do que uma liminar. E em direito, geralmente, quem pode o mais, pode o menos. Portanto, deve ser excluída deste lançamento a multa de ofício com base no art. 63, § 1º da Lei nº 9.430/96. (...) Portanto, nos termos do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/99, adoto integralmente os fundamentos do acórdão recorrido, para negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 564DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10711.722954/2011-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jun 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 26/12/2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. JULGAMENTO EXTRA PETITA.EMENTA.PRELIMINAR DE NULIDADE NÃO SUSCITADA.
Caracteriza-se como extra petita a decisão que julga pedido não formulado no recurso.
Comprovado o julgamento de preliminar de nulidade não suscitada no recurso, deve ser reformado o acórdão embargado para adequar a ementa do julgado.
Numero da decisão: 3302-004.281
Decisão: Embargos Acolhidos em Parte
Crédito Tributário Mantido
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos de declaração para rerratificar o acórdão embargado.
[assinado digitalmente]
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
[assinado digitalmente]
Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR
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decisao_txt : Embargos Acolhidos em Parte Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos de declaração para rerratificar o acórdão embargado. [assinado digitalmente] Ricardo Paulo Rosa - Presidente. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
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COMEX Embargante KUEHNE+NAGEL SERVICOS LOGISTICOS LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 26/12/2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. JULGAMENTO EXTRA PETITA.EMENTA.PRELIMINAR DE NULIDADE NÃO SUSCITADA. Caracterizase como extra petita a decisão que julga pedido não formulado no recurso. Comprovado o julgamento de preliminar de nulidade não suscitada no recurso, deve ser reformado o acórdão embargado para adequar a ementa do julgado. Embargos Acolhidos em Parte Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos de declaração para rerratificar o acórdão embargado. [assinado digitalmente] Ricardo Paulo Rosa Presidente. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 72 29 54 /2 01 1- 75 Fl. 251DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Tratamse de Embargos de Declaração opostos pela Recorrente com o objetivo de sanar supostas omissões no Acórdão nº 3803006.942, de 18 de março de 2015, que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário interposto perante este E. Conselho, com base nos fundamentos resumidos na ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 26/12/2008 PRELIMINAR DE NULIDADE FORMAL DO AUTO DE INFRAÇÃO.SUSPOSTA AUSÊNCIA DE DESCRIÇÃO CLARA DOS FATOS E DE ENQUADRAMENTO LEGAL. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA.(sic). O auto de infração atende suficientemente aos requisitos previstos nos incisos III e IV do artigo 10 do Decreto 70.235/1972. Inferese ampla descrição dos fatos apontados pela fiscalização, bem como a minuciosa indicação dos dispositivos legais e normativos inerentes ao caso, inclusive, com específica menção do fundamento legal para a aplicação da multa ante o descumprimento de obrigação acessória. Cerceamento de defesa inexistente. COMÉRCIO INTERNACIONAL MARÍTIMO. REGRAS DE CONTROLE ADUANEIRO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE VEÍCULO OU CARGA TRANSPORTADA, OU SOBRE OPERAÇÃO QUE EXECUTAR. Obrigatoriedade de prestação de informações à Receita Federal do Brasil tanto pelo transportador quanto pelo agente de cargas em decorrência do caput e § 1º do artigo 37 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003. Advento do Controle Aduaneiro Informatizado, que moderniza os procedimentos fiscalizatórios, mediante lei específica Art.64 da Lei 10.833/2003. Norma cogente. Definição das formas de prestar as informações disciplinadas pela IN RFB 800 de 27 de dezembro de 2007, com efeitos a partir de 31 de março de 2008 (art. 52). Prazos para a prestação de informações, na forma do artigo 22 da IN RFB 800/2007 somente entrariam em vigor em 1º de janeiro de 2009, na forma do caput do art. 50 IN RFB 800/2007, posteriormente alterado pela IN RFB 899/2009, que prorrogou os prazos para 1º de abril de 2009. Expressa previsão de regra provisória, na forma do § único do art. 50 da IN RFB 800/2007), a ser observado durante o tempo de vacância do art. 22 da mesma Instrução Normativa. Fl. 252DF CARF MF Processo nº 10711.722954/201175 Acórdão n.º 3302004.281 S3C3T2 Fl. 132 3 Incidência de multa pelo descumprimento de obrigação acessória, na forma do art. 37 c/c o art. 107, ambos do Decreto lei 37/1966, com redação dada pela Lei 10.833/2003. Cientificada do referido acórdão, tempestivamente, apresentou embargos de declaração, em que alegou vícios de omissão em relação às seguintes matérias trazidas em sede recursal: 1) contradição e obscuridade em relação ao início do despacho aduaneiro; 2) omissão e obscuridade quanto à aplicabilidade do §3º do art. 612 do Regulamento Aduaneiro; e 3) erro de fato quanto à suposta alegação de nulidade formal. O Despacho de Admissibilidade reconheceu parcialmente os embargos de declaração opostos, apenas em relação ao julgamento extra petita referente à nulidade formal do auto de infração. É o relatório. Voto Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Relatora: Dos requisitos de admissibilidade Uma vez cumpridos os requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento dos presentes embargos de declaração, para análise do alegado erro de fato. Do alegado erro de fato Assiste razão à recorrente, visto que se observa que o acórdão embargado tratou, na ementa, de uma preliminar de nulidade formal do auto de infração, não suscitada no recurso voluntário, portanto não submetida ao colegiado. Observese que por força do artigo 14 do Decreto nº 70.235, de 1972, principal norma que trata do Processo Administrativo Fiscal – PAF, no âmbito federal, a impugnação tempestiva instaura o litígio na via administrativa, ensejando por consequência a tramitação do processo na via contenciosa administrativa, cuja decisão pelos órgãos que integram o contencioso observará as regras do artigo 31 do referido ato legal: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pelo art. 1.º da Lei n.º 8.748/1993)(grifei). Fl. 253DF CARF MF 4 Notese que as matérias postas em litígio estão emolduradas pela impugnação apresentada, ex vi do art. 17 Decreto nº 70.235, de 1972, portanto à exceção das questões de ordem pública, os órgãos colegiados que integram a estrutura do contencioso decidem as matérias submetidas a julgamento. No caso em apreço, restou constatado que houve o julgamento de matéria não submetida ao colegiado, visto que não suscitada pelo recorrente em sua peça recursal, houve portanto o julgamento extra petita, que na dicção da doutrina especializada, consiste na decisão proferida fora dos pedidos ou autor. Pontua 1Daniel Amorim que segundo o artigo 460 do CPC, o juiz não pode conceder diferente ou a mais do que for pedido pelo autor. Tratase do princípio da congruência, também conhecido como princípio da correlação ou adstrição. Na mesma linha de raciocínio decidiu a CSRF, no acórdão nº 9303003.394, de 25/01/2016, a seguir ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004 JULGAMENTO EXTRA PETITA. VEDAÇÃO. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. CONCEITO. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO DA PROVA. Incabível o julgamento extra petita segundo a legislação que rege os processos administrativos fiscais, uma vez que cumpre ao contribuinte instruir a peça impugnatória com todos os documentos em que se fundamentar e que comprovem as alegações de defesa, considerandose como não impugnada a parte do lançamento não expressamente contestada. Destacase a seguir os seguintes excertos do voto: A decisão administrativa que decide fora dos limites do pedido formulado pelo contribuinte não satisfaz o disposto nos art. 128 e 460 do Código de Processo Civil, Lei nº 5.869/73, que se aplicam subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, nos termos abaixo transcritos: Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendolhe defeso conhecer de questões não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Nesse sentido, a ementa do acórdão embargado, passa a ter a seguinte redação, com a exclusão da preliminar de nulidade não suscitada no recurso voluntário: 1 Neves, Daniel Amorim Assumpção, Manual de Direito Processual Civil, 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, pág.516. Fl. 254DF CARF MF Processo nº 10711.722954/201175 Acórdão n.º 3302004.281 S3C3T2 Fl. 133 5 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 26/12/2008 COMÉRCIO INTERNACIONAL MARÍTIMO. REGRAS DE CONTROLE ADUANEIRO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE VEÍCULO OU CARGA TRANSPORTADA, OU SOBRE OPERAÇÃO QUE EXECUTAR. Obrigatoriedade de prestação de informações à Receita Federal do Brasil tanto pelo transportador quanto pelo agente de cargas em decorrência do caput e § 1º do artigo 37 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003. Advento do Controle Aduaneiro Informatizado, que moderniza os procedimentos fiscalizatórios, mediante lei específica Art.64 da Lei 10.833/2003. Norma cogente. Definição das formas de prestar as informações disciplinadas pela IN RFB 800 de 27 de dezembro de 2007, com efeitos a partir de 31 de março de 2008 (art. 52). Prazos para a prestação de informações, na forma do artigo 22 da IN RFB 800/2007 somente entrariam em vigor em 1º de janeiro de 2009, na forma do caput do art. 50 IN RFB 800/2007, posteriormente alterado pela IN RFB 899/2009, que prorrogou os prazos para 1º de abril de 2009. Expressa previsão de regra provisória, na forma do § único do art. 50 da IN RFB 800/2007), a ser observado durante o tempo de vacância do art. 22 da mesma Instrução Normativa. Incidência de multa pelo descumprimento de obrigação acessória, na forma do art. 37 c/c o art. 107, ambos do Decreto lei 37/1966, com redação dada pela Lei 10.833/2003. Assim, por todo o exposto, voto pelo acolhimento parcial dos embargos de declaração opostos pelo embargante, para rerratificar o acórdão embargado, excluindo da ementa a preliminar de nulidade formal do auto de infração, como acima destacado. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Relatora Fl. 255DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.902722/2011-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário:2005
PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL.
No regime não-cumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, b, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003.
CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE.
A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.306
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques dOliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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TOMADA DE CRÉDITOS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. Recorrente CIAASA MERCANTIL DE VEÍCULOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário:2005 PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL. No regime nãocumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 90 27 22 /2 01 1- 59 Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10120.902722/201159 Acórdão n.º 3301003.306 S3C3T1 Fl. 3 2 Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d’Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Ressarcimento PER, formulado através do programa PER/Dcomp, por intermédio do qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de PIS/Pasep NãoCumulativo – Mercado Interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado. A origem do direito creditório alegado seria o saldo credor acumulado em razão da aquisição de produtos monofásicos (veículos novos). A Recorrente tem como atividade comercial a compra e venda, no atacado e varejo, de veículos novos e peças em geral, relacionadas na Lei nº 10.485/02. A Lei nº 10.485/02, no art. 3º, § 2º, I e II, prescreve que os produtos nela relacionados têm as alíquotas de PIS e COFINS reduzidas a 0% relativamente à receita bruta auferida por comerciantes atacadistas e varejistas. A Recorrente alega que com a edição das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, os produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 compõem a sua receita bruta para efeito de apuração de PIS e COFINS sob o regime da nãocumulatividade e que a manutenção dos créditos decorrentes da aquisição desses produtos tem como fundamento legal o art. 17 da Lei n° 11.033/2004 e o pedido de ressarcimento em espécie tem como fundamento legal o art. 16 da Lei n° 11.116/2005. Assim, com esse entendimento, os créditos de PIS/Pasep nãoCumulativo, objeto do ressarcimento deste processo fiscal pela Recorrente, têm origem exclusiva na aplicação direta das alíquotas previstas nas leis 10.637/02 (PIS) e 10.833/03 (COFINS), que introduziram a nova sistemática do regime da nãocumulatividade para ambas as Contribuições, sobre o valor de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), pois a alíquota da Contribuição nas saídas subsequentes desses produtos foi reduzida a 0%. Então, a controvérsia nestes autos é o direito ao creditamento, no regime não cumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), ou seja, crédito com origem nas aquisições de produtos com incidência monofásica. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 03050.922. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que há vedação legal e normativa para o aproveitamento do crédito das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, nas vendas submetidas à incidência monofásica. Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10120.902722/201159 Acórdão n.º 3301003.306 S3C3T1 Fl. 4 3 Tanto na manifestação de inconformidade, quanto em seu recurso voluntário, a Recorrente tece longo arrazoado para justificar o seu direito ao creditamento, para tanto interpreta a legislação federal e o princípio constitucional da nãocumulatividade. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.248, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.902719/201135, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.248): O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Não há direito ao creditamento, no regime nãocumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), conforme se justifica a seguir. Os art. 1o e 3o da Lei n° 10.485/2002 prescrevem: Art. 1o.As pessoas jurídicas fabricantes e as importadoras de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto no 4.070, de 28 de dezembro de 2001, relativamente à receita bruta decorrente da venda desses produtos, ficam sujeitas ao pagamento da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, às alíquotas de 2% (dois por cento) e 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Art. 3o As pessoas jurídicas fabricantes e os importadores, relativamente às vendas dos produtos relacionados nos Anexos I e II desta Lei, ficam sujeitos à incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS às alíquotas de: II 2,3% (dois inteiros e três décimos por cento) e 10,8% (dez inteiros e oito décimos por cento), respectivamente, nas vendas para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10120.902722/201159 Acórdão n.º 3301003.306 S3C3T1 Fl. 5 4 § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Assim, para os veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI e dos produtos relacionados nos Anexos I e II, a cobrança da COFINS terá incidência monofásica, com alíquotas diferenciadas para as pessoas jurídicas fabricantes e importadoras. O regime monofásico concentra a cobrança do tributo em uma etapa da cadeia produtiva, desonerando a etapa seguinte. E ainda, a referida lei reduziu a zero as alíquotas da COFINS incidentes sobre as receitas auferidas pelos comerciantes atacadistas ou varejistas com a venda desses mesmos produtos. O regime monofásico impõe que o fabricante ou importador dos produtos (monofásicos) recolham o PIS/COFINS em uma alíquota diferenciada e majorada, bem como a fixação de alíquota zero de PIS/COFINS sobre a receita auferida com a venda dos mesmos pelos demais participantes da cadeia produtiva (distribuidores, atacadistas e varejistas). Então, não se cogita do sistema de compensação entre créditos e débitos. Deste modo, a Lei nº 10.485/02 fixou a tributação devida ao PIS e à COFINS no início da cadeia produtiva, fabricantes e/ou importadores de veículos automotores e autopeças, estabelecendo alíquota mais elevada nesta etapa de comercialização, desonerando a fase em que se integram as concessionárias, mediante atribuição de alíquota zero, nos termos dos seus artigos 2º, § 2º, II; 3º, § 2º, I e II; e 5º, parágrafo único, esses dispositivos não foram revogadas pela Lei nº 10.833/03. A incidência monofásica das contribuições discutidas incorre na inviabilidade lógica e econômica do reconhecimento de crédito recuperável pelos comerciantes varejistas e atacadistas, pois inexistente cadeia tributária após a venda destinada ao consumidor final, razão pela qual o art. 17 da Lei nº 11.033/04, afigurase incompatível com este caso. Ademais, não há crédito em relação aos veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da TIPI e aos produtos relacionados nos Anexos I e II da Lei nº 10.485/2002 adquiridos para revenda, por vedação expressa dos art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.833/2003, verbis: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (...) b) no § 1º do art. 2º desta Lei; Art. 2º Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art.1º, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10120.902722/201159 Acórdão n.º 3301003.306 S3C3T1 Fl. 6 5 § 1º Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) III no art. 1º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) IV no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) Logo, pela redação dos dispositivos supracitados, é expressamente vedado descontar créditos calculados em relação aos veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da TIPI e aos produtos relacionados nos Anexos I e II da Lei nº 10.485, de 2002, adquiridos para revenda. Alega a Recorrente que teria direito ao creditamento com base no art. 17 da Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Esse dispositivo não se aplica ao caso em comento, pelas seguintes razões: 1 Referese a “manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados” nas operações de vendas com isenção, alíquota zero ou nãoincidência da COFINS, ou seja, tratase de créditos legalmente autorizados da COFINS (neste caso o crédito está proibido); 2 É regra geral que coexiste com vedação ao creditamento por norma específica e 3 Não revoga expressa ou tacitamente o inciso I, alínea “b”, do art. 3º da Lei nº 10.833/03. Por fim, quanto a argumentos de inconstitucionalidade da vedação ao creditamento, por afronta ao princípio da nãocumulatividade, saliento que sobre esta matéria o CARF não pode se pronunciar, de acordo com a Súmula nº 2 (O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária). Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10120.902722/201159 Acórdão n.º 3301003.306 S3C3T1 Fl. 7 6 na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos) aplicase tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 146DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16306.000047/2007-53
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1201-000.257
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Cezar Fernandes de Aguiar - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Gustavo Guimarães da Fonseca, José Carlos de Assis Guimarães e José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: PAULO CEZAR FERNANDES DE AGUIAR
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida – Presidente (assinado digitalmente) Paulo Cezar Fernandes de Aguiar Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Gustavo Guimarães da Fonseca, José Carlos de Assis Guimarães e José Roberto Adelino da Silva. Relatório. Os fatos iniciais do processo estão sintetizados no relatório da decisão de primeira instância (fls. 885 a 890): Trata o presente processo de PERDCOMPs, por meio dos quais a contribuinte pretendeu solicitar a compensação do valor relativo a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido paga a maior no decorrer do anocalendário de 2003, para emprego nas compensações com tributos próprios. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 06 .0 00 04 7/ 20 07 -5 3 Fl. 1730DF CARF MF Processo nº 16306.000047/200753 Resolução nº 1201000.257 S1C2T1 Fl. 3 2 O seu pedido foi indeferido, conforme se constata do Despacho Decisório de fls. 129/140, cujas razões de indeferimento são as seguintes: O valor informado na Linha 41 (CSLL Mensal Paga por Estimativa) da Ficha 17 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido foi objeto de glosa no tocante aos valores compensados por intermédio dos PERDCOMPs não homologados entregues anteriormente ao advento do art. 17 da Lei nº 10.833 de 29 de dezembro de 2003, que passou a considerar a declaração de compensação como meio constitutivo de confissão de divida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente confessados. As receitas relativas as operações SWAP e o valor de despesa com Juros sobre Capital Próprio superior ao comprovado foram acrescidos à base de cálculo da CSLL devida, tendo resultado CSLL a pagar no montante de R$ 4.157.704.90. positivo. A empresa tomou ciência do indeferimento em 18/02/2009 (fl. 141verso), sendo que foi apresentada manifestação de inconformidade (fls. 149/156) encaminhada pelo Órgão Preparador, conforme despacho de fl. 861. As alegações trazidas à colação são as abaixo resumidas: Após examinar os pedidos supra, a Delegacia da Receita Federal em São Paulo deixou de homologar os compensações aos seguintes fundamentos: • as estimativas dos meses de janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho de 2003 foram compensadas com créditos de períodos anteriores; entretanto, referidos pedidos de compensação não foram homologados, sendo que, somente o crédito referente ao PERDCOMP n.° 38045.39387.271507.1.7.039320, no valor de R$ 2.813.050,12 foi considerado; • os rendimentos decorrentes de operações de renda variável (swap) auferidos pela Requerente não integraram o lucro real, alterando a base de cálculo da CSLL e o tributo devido ao final do período; • a Requerente declarou uma despesa de R$ 1.100.000.000,00 a título de JCP, mas não preencheu a Ficha 50A Rendimentos de Dirigentes, Sócios ou Titular na DIPJ 2004; assim de forma indireta, mediante as retenções de IR, concluiuse que o real valor de tal despesa foi de R$ 1.052.140.385,53; e • ao refazerse a apuração da CSLL, computando a receita de swap não declarada, bem como a diferença entre a despesa de JCP informada em DIPJ e a efetivamente incorrida, temse uma base de cálculo da ordem de R$ 665.373.279,29 e, conseqüentemente, o valor do tributo devido seria de RS 59.883.595,13; Ora, no anocalendário de 2003. a Requerente recolheu R$ 85.156.070,56 a título de estimativa de CSLL e sofreu retenções no valor de R$ 244.719,13 (órgãos públicos). Tendo apurado CSLL no valor de R$ 24.189.739.59, restoulhe um saldo credor de R$ 61.211.050,10. Fl. 1731DF CARF MF Processo nº 16306.000047/200753 Resolução nº 1201000.257 S1C2T1 Fl. 4 3 No anocalendário de 2003, a Requerente sofreu retenções de CSLL por órgãos públicos no valor de R$ 244.719,13 (cf. DIPJ. Ficha 17. linha 44, doc. nº 06). Tais retenções, que podem ser facilmente comprovadas pelo relatório de retenções de órgão públicos (doc. nº 07), sequer foram consideradas pela autoridade fiscal ao proferir o despacho decisório. Isto é, no cômputo da CSLL devida no anocalendário de 2003, não se deduziu o valor da contribuição retida por órgãos públicos. A Requerente recolheu ainda R$ 85.156 070,56 a título de estimativa mensal de CSLL, sendo que R$ 52.912.840,11 foram pagos por meio de DARF e RS 32.243.230,45 foram compensados com créditos de períodos anteriores, conforme consta das DCTFs relativas ao ano calendário de 2003 (doc. n° 8). Os recolhimentos feitos por meio de DARF são incontroversos, vez que a própria Receita Federal os reconhece (p. 5 do despacho decisório, doc. nº 03). Com relação aos R$ 32.243.230,45, compensados com créditos de períodos anteriores, por sua vez, aduz o Fisco que as compensações não foram homologadas, razão pela qual tais valores não podem ser computados na apuração do saldo negativo de CSLL referente ao ano calendário de 2003. Ocorre que as referidas estimativas foram regularmente compensadas com créditos de IRPJ e CSLL, referentes aos anoscalendário de 2001 e 2002, como demonstram o Processo Administrativo nº 11610.006901/200302 e os pedidos de compensação de números 19372.43935.14080.31303.2530, 09846.41165.14080.31303.0585 (retificado pelo 38045.39387.271207.1.7.039320) e 41537.59384.14080.31302.7212. O PER/DCOMP nº 19372.43935.14080.31303.2530 está sendo discutido nos autos do Processo Administrativo nº 11610.006901/2003 02, cujo crédito, apesar de não ter sido integralmente homologado pela Receita Federal, pende de julgamento no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, como comprovam os documentos em anexo (doc. n° 09). Contra o despacho decisório que não homologou o pedido de compensação n° 09846.41165.14080.31303.0585, retificado pelo 38045.39387.271207.1.7.039320 (Processo Administrativo nº 10880.903214/200629), foi apresentada a manifestação de inconformidade, ainda não analisada pelo Fisco (doc. nº 10). O crédito relativo ao PER/DCOMP n.º 41537.59384.14080.31302.72 12 (Processo Administrativo n° 13807.003136/200470) não foi homologado e, igualmente, a manifestação de inconformidade correspondente pende de análise perante a Receita Federal (doc. nº 11). Nesse quadro, caso seja reconhecida, nos autos dos Processos Administrativos ne 11610.006901/200302, 10880.903214/200629 e 13807.003136/200470, a totalidade do direito creditício, a Fl. 1732DF CARF MF Processo nº 16306.000047/200753 Resolução nº 1201000.257 S1C2T1 Fl. 5 4 conseqüência lógica será o cômputo dos valores relativos às estimativas de janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho de 2003 na apuração do saldo negativo de CSLL do ano em questão. De outro lado, na remota hipótese de o crédito discutido nos referidos processos administrativos não ser homologado, a sua cobrança será feita nos referidos autos e, igualmente, o valor deverá ser computado na apuração do saldo negativo. Isto é, qualquer que seja a decisão proferida nos referidas processos administrativos que, frisese, ainda pendem de análise as estimativas de janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho de 2003 comporão o saldo negativo de CSLL referente ao anocalendário de 2003. Portanto, as estimativas compensadas com crédito de períodos anteriores, no valor de R$ 32.243.230,45, somadas aos R$ 52.912.840.11, pagos por meio de DARF, perfazem R$ 85.156.070 56. Questiona, ainda, o Fisco a base de cálculo apurada pela Requerente, sustentando que as receitas decorrentes de operações de swap não foram declaradas, bem como que se deduziram, da base de cálculo da CSLL, JCP em valor superior ao efetivamente distribuído. Diante disso, a base de cálculo da CSLL no ano calendário de 2003 seria de R$ 665.373.279.29. e não de R$ 268.774.884,34, conforme registrado na DIPJ (Ficha 17, Linha 36, doc. nº 06). Os rendimentos decorrentes de aplicações financeiras de renda variável (swap), de acordo com o manual de preenchimento da DIPJ, devem ser informados na Linha 21 "Ganhos Auferidos no Mercado de Renda Variável – exceto DayTrade", da Ficha 6A. No entanto, a Requerente declarou tais ganhos na Linha 24 "Outras Receitas Financeiras", junto com os rendimentos de operações financeiras de renda fixa, juros incidentes sobre impostos a recuperar e demais receitas financeiras. Ora, tratase de mero erro de preenchimento, que não causou qualquer dano à Administração e tampouco alterou a base de cálculo da CSLL. Com relação às deduções de Juros sobre o Capital Próprio, afirma o Fisco que a Requerente deixou de declarar na Ficha 50A "Rendimentos de dirigentes, Sócios ou Titular" da DIPJ 2004 os valores dos juros pagos, bem como os dados de seus beneficiários. Diante da ausência de tais informações, a autoridade fiscal buscou de forma indireta estabelecer, por meio do imposto retido na fonte, os reais valores da despesa com juros incorrida pela Requerente. Assim, tendo em vista que a Requerente declarou em DCTF o recolhimento de R$ 113.820.077,79 a título de imposto de renda retido na fonte sobre distribuição de JCP a residentes no exterior (código de receita 9453) e que este valor representa 15% dos juros distribuídos, concluiu o Fisco que o montante efetivamente remetido a sócios no exterior seria de R$ 758.800.518,60. Fl. 1733DF CARF MF Processo nº 16306.000047/200753 Resolução nº 1201000.257 S1C2T1 Fl. 6 5 A Requerente declarou em DIRF retenção de imposto de renda no valor de R$ 43.983.680,92, incidentes sobre R$ 293.339.866,93 distribuidos a título de Juros sobre o Capital Próprio (código de receita 5706). Nesses termos, segundo a autoridade fiscal, a Requerente poderia deduzir da base de cálculo do imposto de renda R$ 1.052.140385.53 (R$ 758.800.518,60 + RS 293.339.866,93) e não R$ 1.100.000 000,00, como informado em DIPJ (Linha 35, Ficha 6A, doc. nº 06). Tal raciocínio, no entanto, está equivocado. Não se pode partir do imposto de renda retido para se chegar ao valor dos juros distribuídos, pois é a despesa que gera e retenção, e não o inverso. Mormente porque muitos beneficiários são imunes ou isentos, como prova o documento anexo (doc n.º 12), razão pela qual nem todos os juros distribuídos são efetivamente tributados. Ainda que não houvesse beneficiários imunes ou isentos o que se admite apenas para fins de argumentação a ausência de tributação poderia até ensejar autuação, mas, em hipótese alguma, invalidaria os Juros sobre o Capital Próprio distribuídos ou impediria a sua dedução. Ademais, a despesa de R$ 1.100.000.000,00 com juros no ano calendário de 2003 pode ser facilmente comprovada pelos documentos contábeis da Requerente, como demonstra o seu Livro Razão (doc. nº 13). Com relação ao nãopreenchimento da Ficha 50A da DIPJ 2004, cumpre rememorar que em tal campo devem ser informados os dados dos dirigentes, sócios ou titulares beneficiados com a distribuição de lucros pela sociedade. Entretanto, a Requerente possui ações pulverizadas na Bolsa de Valores, o que impossibilita a correta indicação de seus beneficiários. A ausência de informações na Ficha 50A da DIPJ 2004 – assim como ocorre com a declaração na Linha 26 e não na linha 21 da Ficha 6A dos rendimentos oriundos de operações de swap constitui mero erro material, que não elide a regularidade do documento fiscal e tampouco causa qualquer dano ao Erário. É cediço que o procedimento administrativo de análise da compensação fiscal não deve ficar adstrito à verdade formal, mas, ao contrário, deve buscar a verdade material, utilizandose de todos os meios possíveis para a elucidação da realidade dos fatos. É o que ensina JOSÉ SANTOS CARVALHO FILHO: "Pelo princípio da verdade material, o próprio administrador pode buscar as provas para chegar à sua conclusão e para que o processo administrativo sirva realmente para alcançar a verdade incontestável, e não apenas a que ressai de um procedimento meramente formal. (...) Apenas como exemplo prático, vejase a matéria de prova. No processo judicial, é às partes que compete a produção das provas que respaldem suas legações. O juiz apenas as aprecia como meio de chegar a seu convencimento. No processo administrativo, porém, o próprio administrador vai à busca de documentos, comparece a locais, inspeciona bens, colhe depoimentos, e ao final adota realmente todas Fl. 1734DF CARF MF Processo nº 16306.000047/200753 Resolução nº 1201000.257 S1C2T1 Fl. 7 6 as providências que possa conduzilo a uma conclusão baseado na verdade material ou real. É esse o exato sentido do princípio da verdade material." Corrobora o entendimento de que mero erro no preenchimento de documentos fiscais não altera a situação fática o Egrégio Conselho de Contribuintes, in verbis: "IRF DÉBITOS JÁ EXTINTOS Deve ser cancelado o crédito tributário em relação aos débitos já extintos pelo pagamento ou por compensação. IRF RECOLHIMENTOS TEMPESTIVOS DCTF INFORMAÇÕES EQUIVOCADAS A ocorrência de erro no preenchimento da DCTF, relativamente a tributo recolhido a seu devido lempo, não autoriza a exigência de multa de ofício isolada e de juros moratórios. Recurso de oficio negado" (6a Câmara, Primeiro Conselho de Contribuintes. Recurso nº 150.856, Acórdão n° 106 16078, grifamos) "ERRO NO PREENCHIMENTO DA DCTF. Devidamente comprovada a ocorrência de erro material no preenchimento da DCTF, que ensejou o lançamento de contribuição indevida, consoante prova acostada aos autos com o recurso voluntário, deve ser excluído do lançamento o valor indevido, em respeito ao princípio da verdade material. Recurso provido" (1ª Câmara, Segundo Conselho de Contribuintes, Recurso nº 139.579, Acórdão nº 20180934, grifamos) Portanto, demonstrada a regularidade da base de cálculo da CSLL apurada pela Requerente no anocalendário de 2003 e o valor da contribuição devida ao final do anocalendário (R$ 24.189.739,59), bem como as retenções sofridas no período (R$ 244.719,13) e as estimativas mensais recolhidas (R$ 85.156.070,56), conseqüência lógica será a apuração de saldo negativo no de R$ 61.211.050,10. É ver: SALDO NEGATIVO DE CSLL ANOCALENDÁRIO DE 2003 CSLL DEVIDA RS 24.189.739.59 CSLL RETIDO NA FONTE RS (244 719,13) ESTIMATIVAS RS 85.156.070,56 SALDO RS (61.211.050,10) Pelas razões acima, e face à demonstração inequívoca do direito postulado, não deve prosperar a rejeição fiscal ao crédito apresentado. A manifestação de inconformidade foi considerada improcedente, não sendo reconhecido o direito creditório Tal decisão está assim ementada: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL Ano calendário: 2003 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA. O crédito oferecido a compensação deve estar revestido de liquidez c certeza, conforme prevê a legislação de regência. SWAP. OFERECIMENTO DAS RECEITAS. Fl. 1735DF CARF MF Processo nº 16306.000047/200753 Resolução nº 1201000.257 S1C2T1 Fl. 8 7 A receita ou rendimento relativo a operações SWAP deve ser oferecido à tributação na respectiva DIPJ, para fins de apuração do lucro líquido. ESTIMATIVAS. COMPENSAÇÃO. Não podem ser consideradas as compensações cujo crédito não estão revestidos dos atributos de liquidez e certeza. GLOSA DE DESPESAS. JUROS COM CAPITAL PRÓPRIO. Recalculase a glosa da despesa com juros sobre capital próprio em razão de comprovação parcial por parte da manifestante, não restando, todavia, direito creditório a ser reconhecido. Em Recurso Voluntário, a contribuinte alegou: Quanto às estimativas compensadas: No anocalendário 2003, a Recorrente recolheu R$ 85.156.070.56 a título de estimativa mensal de CSLL, sendo que R$ 52.912.840,11 foram pagos por meio de DARF e R$ 32.243 230,45 foram compensados com créditos de períodos anteriores, conforme consta das DCTFs relativas ao anocalendário de 2003 (doc n° 8, da manifestação de inconformidade) e abaixo demonstrado: […]... caso seja reconhecida, nos autos dos Processos Administrativos n° 11610.006901/200302, 10880.903214/200629 e 13807.003.136/200470, a totalidade do direito creditício, a conseqüência lógica será o computo dos valores relativos às estimativas de janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho de 2003 na apuração do saldo negativo de CSLL do ano em questão. Ressaltese que, ainda que as estimativas que compuseram o saldo negativo de 2003 não tenham as suas compensações homologadas pela Receita Federal, tais estimativas deverão compor o saldo negativo, por impossibilidade de exigência por duas vezes do mesmo débito: a primeira na não homologação da compensação da estimativa de CSLL (culminando na inscrição do débito em dívida ativa e execução fiscal); e a segunda na redução do crédito de saldo negativo de CSLL relativo ao ano calendàrio 2003. Esse, inclusive, é o entendimento consolidado no âmbito da Receita Federal do Brasil mediante Solução do Consulta Interna n° 18, de 13 de outubro de 2006, à qual deve observância a autoridade fiscal (doc. 02). [...]Destarte, são regulares as estimativas mensais recolhidas, por meio de DARF (R$ 52.912.840,11), e compensadas, com crédito de períodos anteriores (R$ 32.243.230,45), pela Recorrente, no anocalendário 2003. no valor total de R$ 85.156.070,56. Relativamente às retenções por órgãos públicos: No anocalendário de 2003, a Recorrente sofreu retenções de CSLL por órgãos públicos no valor de R$ 244.719,13 (cf. DlPJ 2004, Ficha 17, Linha 44, doc. n.º 06, da manifestação de inconformidade). [...]No entanto, dos R$ 244.173,80 retidos por órgãos públicos a título de CSLL, por sua vez, somente R$ 217.877,78 foram considerados pelo Fisco no acórdão recorrido, ao argumento único de que a planilha juntada aos autos não foi acompanhada de documentação que respaldasse os valores lançados. Fl. 1736DF CARF MF Processo nº 16306.000047/200753 Resolução nº 1201000.257 S1C2T1 Fl. 9 8 Neste ponto, cumpre salientar que os órgãos públicos utilizam unicamente do sistema SIAFI programa de gerenciamento de contas da administração para pagamento dos fornecedores aos órgãos públicos. No momento imediato da inscrição de ordem de pagamento, o referido sistema já computa os valores retidos de tributos diversos, recebendo a Recorrente o valor líquido da operação Não terminam aí os deveres instrumentais dos funcionários públicos na manipulação dos pagamentos aos particulares Tais retenções deverão constar obrigatoriamente em DIRF, sob os códigos de receita próprios nos números 6147 e 6190. […]Para a melhor solução do caso, facilmente a RFB acessaria o sistema SIAFI e identificaria os pagamentos ocorridos para a Recorrente, bem como as informações sobre tributos retidos na fonte. Porém, deixa a cargo do contribuinte apresentar as referidas informações. Fato é que o SIAFI é de uso exclusivo dos entes públicos, constituindo um non sense a imposição de ato ao contribuinte visando ã apresentação de dados em poder do Fisco, aos quais o contribuinte sequer tem acesso Assim, sem que a autoridade traga aos autos fatos e provas robustas da inexistência da CSLL informado pela Recorrente em sua DIPJ, devem ser considerados os valores de CSLLorgãos públicos descritos na contabilidade desta, in casu R$ 244.173,80. Quanto à receitas de Swap: ... na manifestação de inconformidade, demonstrou a Recorrente que declarou, erroneamente, tais receitas na Linha 24 "Outras Receitas Financeiras” junto com os rendimentos de operações financeiras de renda fixa, juros incidentes sobre impostos a recuperar e demais receitas financeiras. Nesse contexto, o acórdão recorrido afirma que "seria aceito, em tese, o alegado erro de preenchimento da DIPJ", desde que a Recorrente apresentasse documentos que possibilitassem a verificação da efetiva tributação. Vista que o princípio da verdade material autoriza a juntada de novos documentos a qualquer tempo, a Recorrente colaciona as folhas do razão analítico, contendo todas as receitas financeiras auferidas em 2003, inclusive as de swap (doc. n° 03), bem como as memórias de cálculo da apropriação das receitas financeiras auferidas em 2003 (doc. n° 04), de forma a comprovar a tributação dos rendimentos de swap auferidos no anocalendário 2003. Para melhor visualização dos lançamentos contábeis, colacionamos os dados refletidos na DIPJ 2004 da Recorrente, em confronto com a documentação ora juntada. Ab initio, segue segmento da DIPJ: [Ficha 06A da DIPJ/2004] Por sua vez, a linha 24 da Ficha 06A (Demonstração do Resultado do Exercício) é formada pelos seguintes valores: TTEL DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO SOC (COMPARATIVO) PERÍODOS: Dezembro a Dezembro de 2003 e Novembro Descrição Acumul. Ano 41921119 JUROS OUTROS 146.088.218,92 41921121 JUROS EMPRESAS ASSOCIADAS 353.299,84 41921122 JUROS OUTRAS EMPRESAS 962,13 41921123 JURO IMP COMP/RECUP 11.695.687,27 41921190 JUROS DE OUTRAS ORIGENS 46.470.850,14 41921211 JUROS EMPRESAS ASSOCIADAS 9.238.655,25 41921218 JURO VL VINC Trr TES 583.497,63 41921219 JUROS OUTROS 27.054,09 41921222 JUROS OUTRAS EMPRESAS 6.858.250,78 41922000 DESCONTOS OBTIDOS 626.278,14 41923000 BONIFICACOES E PREMIOS 16.727.129,59 41924110 COMISSÕES Fl. 1737DF CARF MF Processo nº 16306.000047/200753 Resolução nº 1201000.257 S1C2T1 Fl. 10 9 EMPRESAS 320.277,67 41925100 CURTO PRAZO 332.067.002,09 Vêse que a rubrica "CURTO PRAZO" representa os rendimentos obtidos em contratos de swap. Os resgates nas citadas operações, sujeitas a ajustes de posições, consolidaram registros positivos para a Recorrente na ordem de R$ 3.873.026.010,06. Ao contrário, determinou perdas na ordem de R$ 3.531004371,67, que compensadas com os ganhos representam receitas no valor exato de R$ 332.067 002,09, valores estes inseridos na alínea outras receitas financeiras. Relativamente às despesas de Juros sobre o Capital Próprio: Nos presentes autos, o Fisco rejeitou parte da despesa de JCP em razão de incompatibilidade entre a DIPJ e a DIRF. Em fase de manifestação de inconformidade, a Recorrente salientou que as divergências argüidas pela fiscalização entre os documentos fiscais não autorizam a glosa da despesa, visto que aquelas se justificam pela impossibilidade de inclusão na DIRF de dados relativos aos beneficiários não residentes, conforme se depreende do § 8° do art. 17 da IN n° 03/2001, in verbis: […]Além disso, por não sofrerem a incidência do imposto na fonte, não constam na DIRF os rendimentos pagos aos acionistas imunes/isentos que atestaram tal condição ao Banco Real, instituição financeira responsável pela carteira de ações da Recorrente à época e pela intermediação do pagamento de JCP. Por essas razões, os valores constantes da DIRF não representam a integralidade dos pagamentos feitos a título de JCP. [...]Aduzidos os motivos legais e válidos para afastar a referida glosa parcial da despesa de JCP, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento trouxe nova fundamentação para tentar embasála, em que pese a inovação nos fundamentos constituir nulidade por vício material insanável. Concluiu a autoridade de julgamento pela necessidade de individualização dos acionistas da empresa, nos termos do art. 9o da Lei n° 9.249/95, para fins de dedução da despesa com juros sobre o capital próprio) pagos. Ora, a individualização dos acionistas da Recorrente é impossível, pois as suas ações estão pulverizadas na bolsa, e o controle das transações cabe tãosomente ao banco custodiante. No entanto, isso não retira o caráter de despesa dos juros distribuídos no ano calendário 2003, cujo valor pode ser facilmente comprovado pelos documentos contábeis da Recorrente como demonstra o seu Livro Razão, doc. n° 13, da manifestação de inconformidade e doc. n° 05. do presente recurso , bem como pela publicação no Diário Oficial Empresarial (doc. n° 06). A publicidade dos atos de pagamento de JCP, bem como as informações contidas em declaração da custodiante, conduzem a uma irrefragável conclusão: regularidade da despesa de JCP. Ainda segundo o Fisco, haveria uma diferença entre o valor registrado como despesa de JCP pela empresa (R$ 1.100.000.000,00) e o efetivamente pago pelo Banco Real (R$ 1.099.982.081,72). Diante disso, glosouse a diferença entre o declarado em DIPJ e o informado pelo Banco Real (R$ 17.918,28), alterando, assim, a base de cálculo da CSLL. Fl. 1738DF CARF MF Processo nº 16306.000047/200753 Resolução nº 1201000.257 S1C2T1 Fl. 11 10 Ora. a diferença apontada pelo Fisco, da ordem de R$ 17 916,28. é irrisória e sequer traria efeitos contrários ao crédito pleiteado peta Recorrente. Fato é que não há dúvidas quanto à despesa de JCP de R$ 1.099.982.081,72, "tomandose como base as informações do banco custodiante. Ao final, requer sejam homologadas as compensações declaradas. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões às fls. 1.500 a 1.515, em que aduz: ... não há como desvincular o instituto da compensação à indispensável comprovação da liquidez e certeza do crédito tributário, ônus esse a cargo do contribuinte. […]Quanto à CSLL retida na fonte: ... os documentos trazidos pela contribuinte não lograram comprovar o direito alegado, visto não atenderem às exigências legais. Conforme se sabe, o documento exigido pela legislação para fins de comprovação da retenção na fonte, conforme modelo pertinente ao IRRF, analogicamente aplicável à CSLL retida, é o informe de rendimentos, segundo se deflui da simples leitura do art. 55 da Lei n ° 7.450/85, in verbis: […]Muito embora a recorrente apresente uma planilha, alegando que o total de contribuição social retida teria atingido o montante de R$ 244.173,80, não trouxe comprovação documental idônea a respaldar dita diferença, inviabilizandose a dedução nos moldes pleiteados. No que tange às operações de Swap: ... cabe ressaltar, quanto a esse ponto, que, ao passo que a Receita alega que os valores dos rendimentos relativos às operações de swap não teriam sido oferecidos à tributação, a recorrente assevera a ocorrência de mero erro de preenchimento da DIPJ, obtemperando que tais valores teriam sido declarados na linha 24 "Outras Receitas Financeiras", em vez de o terem sido na linha 21 "Ganhos auferidos no Mercado de Renda Variável, exceto Daytrade". Ocorre que, para que fosse reconhecido o suposto erro de preenchimento, sem prejuízos à comprovação da tribulação, conforme estatui a autoridade julgadora de primeira instância, a contribuinte, a quem cabe o ônus da prova, deveria ter apresentado, "além da composição da linha da DIPJ em que foi informada a receita, em linhas gerais: memórias de cálculo da apropriação das receitas, individualizadas por aplicação/rendimento e/ou por banco, das quais constem a data da aplicação, resgate e as regras da aplicação (bases de cálculo, juros, correção, tipo de IRRF), ou documentos equivalentes emitidos pelos bancos ou pessoas jurídicas retentora; comprovação da escrituração, com totalizações, por período de apuração, comprovação da inclusão das receitas na apuração do lucro líquido e na DIPJ; e demais documentos que dêem suporte à contabilização" (decisão da DRJ/SP1 – fl. 882). Relativamente às compensações não homologadas: ... a Solução de Consulta Interna nº 3, de 08 de janeiro de 2004, da COSIT, esclareceu, da mesma maneira, que somente as declarações de compensação entregues à Secretaria da Receita Federal a partir de 31/10/2003 (data de publicação da MP n.° 135, Fl. 1739DF CARF MF Processo nº 16306.000047/200753 Resolução nº 1201000.257 S1C2T1 Fl. 12 11 posteriormente convertida na Lei n.° 10.833/2003) constituemse confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente à exigência dos débitos indevidamente compensados. Quanto às despesas de Juros sobre o Capital Próprio: A fiscalização glosou parcialmente as despesas com juros sobre o capital próprio, no valor de R$ 47.859.614,47, partindo, para tanto, do Imposto de Renda Rendo na fonte informado em DCTF no código 9453 (Juros sobre o Capital Próprio Residentes no Exterior R$ 758.910.000,00) e informados em DIRF no código 5706 (Juros sobre o Capital próprio R$ 293.339 866,93). Muito embora a contribuinte se insurja contra a glosa, o fato é que o documento de fls. 829/830, por ela trazido aos autos, apenas informa, de maneira global, a composição dos valores do cálculo de juros sobre o capital próprio que teriam sido objeto de distribuição pela empresa no anocalendário em questão, malferindo o art 9o, da Lei n.° 9.249/95, o qual exige indicação individualizada, que, inclusive, permita a análise da regularidade de eventuais isenções. [...]Ausente tal exigência legal, que não se constitui em mera formalidade, mas verdadeiro fator constitutivo do direito alegado, cai por terra a argumentação da contribuinte, posto que carente de fomento jurídico. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Relator. O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, dele devendose conhecer. A Recorrente apurou um valor de R$ 61.211.050,10 de saldo negativo de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido no anocalendário 2003, que utilizou nas Dcomps que deram origem ao presente processo. Naquele ano, a CSLL apurada foi de R$ 24.189.739,59. As estimativas totalizaram R$ 85.156.070,56 assim compostas: R$ 52.912.840,11 pagos (Darf) e R$ 32.243.230,45 compensados com créditos de períodos anteriores. Foram deduzidos (CSLL retida na fonte), ainda, R$ 244.719,13, decorrente de retenções por órgãos públicos, diretamente na ficha 17, linha 44, da DIPJ/2004. Ocorre que essa CSLL retida não foi considerada para fins de dedução. Nesse ano, constatouse o não oferecimento à tributação das receitas relativas às operações de swap (R$ 348.738.780,48). As estimativas compensadas (processos nº 11610.006901/200302 e 13807.003136/200470), não foram aceitas uma vez que as Dcomps, não homologadas, têm data de protocolo anterior à edição da Lei nº 10.833/2003 que, por meio do seu artigo 17, deu nova redação ao § 6º do artigo 74 da Lei nº 9.430/1996, estabelecendo, a partir daí, que a declaração de compensação é instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. As compensações efetuadas nas Dcomps que compuseram o Fl. 1740DF CARF MF Processo nº 16306.000047/200753 Resolução nº 1201000.257 S1C2T1 Fl. 13 12 processo nº 10880.903214/200629 já foram consideradas para fins de apuração do saldo negativo. Também, para fins de apuração da CSLL no anocalendário em questão, foram glosadas parte das despesas de Juros sobre o Capital Próprio, considerandose somente R$ 1.052.140.385,53 e não os R$ 1.100.000.000,00 declarados. Esse valor menor foi obtido em face da Dirf apresentada pela Recorrente, considerandose o recolhimento de R$ 113.820.077,79 sob o código 9453 – IRRF JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO RESIDENTES NO EXTERIOR, o que representa pagamento de R$ 758.800.518,60 para sócios no exterior e mais R$ 293.339.866,93 pagos para outros 1.967.872 beneficiários. Efetuada nova apuração não incluídas as estimativas não homologadas e considerandose a glosa de retenção e de despesas, assim como as receitas omitidas, chegouse a um valor positivo de CSLL a pagar. Na decisão de primeira instância: a) foi revertida parte da glosa relativa à CSLL retida por órgãos públicos. Deferido o valor de R$ 217.877,78; b) o valor das despesas de JCP foi alterado em face de, na informação fornecida pelo Banco Real que operacionalizou esses pagamentos, existirem acionistas isentos sem contudo haver a comprovação de quem seriam essas pessoas jurídicas individualizadamente, com a razão de cada isenção, e haver, ainda, "acionistas não identificados", cujo CPF/CNPJ demonstrouse inválido. Essas despesas incomprovadas, a primeira, relativa a acionistas isentos, é de R$ 23.472.125,41, e a segunda, relativa a acionistas não identificados, é igual a R$ 24.163.559,71. Nessa decisão foi identificada, ainda, uma diferença de R$ 17.918,28 entre o valor lançado como despesa pela empresa na apuração do lucro líquido (R$ 1.100.000.000,00) e o valor efetivamente pago por meio do Banco Real (R$ 1.099.982.081,72) que não poderia ter sido levada a resultado, pois não foi paga ou creditada. Os três valores somados (R$ 23.472.125,41 + R$ 24.163.559,71 + R$ 17.918,28) resultam em R$ 47.653.603,40, menor que a glosa efetuada no Despacho Decisório. Muito embora isso, foi determinado, ainda, um saldo de contribuição a pagar no anocalendário 2003. Estimativas compensadas. A Recorrente alega que, caso seja reconhecida, nos autos dos Processos Administrativos n° 11610.006901/200302 e nº 13807.003136/200470, a totalidade do direito creditício, a conseqüência lógica será o cômputo dos valores relativos às estimativas de janeiro, fevereiro, abril, maio, junho, julho e agosto de 2003 na apuração do saldo negativo de CSLL do ano em questão. Ainda, mesmo que as estimativas que foram computadas para a apuração do saldo negativo de 2003 não tenham as suas compensações homologadas, elas deverão compor o saldo negativo, por impossibilidade de exigência por duas vezes do mesmo débito: a primeira Fl. 1741DF CARF MF Processo nº 16306.000047/200753 Resolução nº 1201000.257 S1C2T1 Fl. 14 13 na não homologação da compensação da estimativa de CSLL, com a respectiva cobrança, e a segunda na redução do crédito de saldo negativo de CSLL relativo ao anocalendário 2003. Argumenta que esse é o entendimento consolidado no âmbito da Receita Federal do Brasil, conforme Solução de Consulta Interna nº 18, de 13 de outubro de 2006. Retenções por órgãos públicos. Argumenta a Recorrente que dos R$ 244.173,80 retidos por órgãos públicos a título de CSLL, somente R$ 217.877,78 foram considerados para fins de dedução (decisão de primeira instância), sob o argumento de que a planilha juntada aos autos não estava acompanhada de documentação que respaldasse os valores lançados. Todavia, bastava que a RFB acessasse o sistema SIAFI para a comprovação dos referidos valores. Em que pese a recorrente não ter juntado todos os documentos pertinentes, tendose em vista os indícios de provas carreados aos autos e em homenagem ao princípio da verdade material, estes poderão ser ainda apresentados, havendo também a possibilidade de consulta a sistemas informatizados específicos, tendo em vista a confirmação das retenções efetuadas pelos órgãos públicos. Swap. Conforme se vê no Despacho Decisório, verificouse o não oferecimento à tributação das receitas relativas às operações de swap. Na decisão de primeira instância esse entendimento foi mantido. No Recurso Voluntário, é alegado que, em decorrência do princípio da verdade material, está autorizada a juntada de novos documentos a qualquer tempo, tendo sido colacionadas folhas do Razão Analítico que, segundo a Recorrente, contém todas as receitas financeiras auferidas em 2003, inclusive as de swap (doc. n° 03), bem como as memórias de cálculo da apropriação das receitas financeiras auferidas em 2003 (doc. nº 04), de forma a comprovar a tributação dos rendimentos de swap auferidos no anocalendário 2003. Também que, para melhor visualização dos lançamentos contábeis, estão colacionados os dados refletidos na DIPJ 2004, em confronto com a documentação juntada. Segue a Ficha 06A da DIPJ/2004 e a composição da linha 24 da Ficha 06A (Demonstração do Resultado do Exercício). Segundo a Recorrente, uma das rubricas (41925100 CURTO PRAZO), no valor de R$ 332.067.002,09, representa os rendimentos obtidos em contratos de swap. Explica que os resgates nas citadas operações, sujeitas a ajustes de posições, consolidaram registros positivos na ordem de R$ 3.873.026.010,06 e, ao contrário, foram determinadas perdas na ordem de R$ 3.531.004.371,67. Estas últimas, compensadas com os ganhos, resultam “no valor exato de R$ 332.067.002,09” (sic) inserido na alínea “Outras Receitas Financeiras”. Necessário, também, seja confirmada o total das receitas financeiras oferecidas à tributação, assim como, dentre estas, as obtidas em contratos de swap. Juros sobre o Capital Próprio. Fl. 1742DF CARF MF Processo nº 16306.000047/200753 Resolução nº 1201000.257 S1C2T1 Fl. 15 14 Foi rejeitada, de início, parte da despesa de JCP em razão de incompatibilidade entre a DIPJ e a DIRF. Na manifestação de inconformidade, a Recorrente salientou que as divergências entre essas declarações não autorizam a glosa da despesa, uma vez que há a impossibilidade de inclusão na DIRF de dados relativos aos beneficiários não residentes (IN n° 03/2001, artigo 17, § 8º). Além disso, os valores constantes da DIRF não representam a integralidade dos pagamentos feitos a título de JCP. Não constam ali os rendimentos pagos aos acionistas imunes/isentos, conforme comprovação feita junto ao Banco Real, instituição financeira responsável pela carteira de ações da Recorrente à época e pela intermediação do pagamento de JCP. No Recurso Voluntário foi aduzido que, na decisão de primeira instância, houve inovação para o embasamento da glosa das despesas de JCP, o que se constitui em nulidade por vício material insanável. Concluiuse ali que haveria a necessidade de individualização dos acionistas da empresa, nos termos do art. 9º da Lei n° 9.249195, para fins de dedução da despesa com juros sobre o capital próprio pagos. Argumentou a Recorrente que a individualização dos acionistas é impossível, pois as suas ações estão pulverizadas na bolsa, e o controle das transações cabe tãosomente ao banco custodiante, mas que esse fato não retira o caráter de despesa dos juros distribuídos no anocalendário 2003, cujo valor pode ser facilmente comprovado pelos documentos contábeis como demonstra o seu Livro Razão, doc. n° 13, da manifestação de inconformidade e doc. nº 05, do presente recurso, bem como pela publicação no Diário Oficial Empresarial (doc. nº 06). Argumentou ainda que a diferença entre o valor registrado como despesa de JCP pela empresa (R$ 1.100.000.000,00) e o efetivamente pago pelo Banco Real (R$ 1.099.982.081,72) é irrisória, não trazendo efeitos contrários ao crédito pleiteado pela Recorrente. No que tange a esse ponto, também há a necessidade de confirmação quanto ao correto valor das despesas relativas a JCP. Conclusão. Em face de todo o exposto, voto no sentido da conversão do presente julgamento em diligência, para que a unidade de origem proceda à verificação: a) por meio de acesso ao sistema SIAFI, da totalidade da Contribuição Social retida por órgãos públicos no anocalendário 2003, comparando os dados coletados com os fornecidos pela Recorrente; b) às receitas financeiras auferidas pela Recorrente em 2003, com base nos documentos anexados ao Recurso Voluntário, de forma a determinar se as receitas de swap auferidas no anocalendário 2003 foram oferecidas à tributação e, em caso positivo, o valor total destas. As mencionadas "folhas do razão analítico receitas financeiras auferidas em 2003, inclusive as de swap doc n° 03", encontramse às fls. 935 a 1.484. As "memórias de Fl. 1743DF CARF MF Processo nº 16306.000047/200753 Resolução nº 1201000.257 S1C2T1 Fl. 16 15 cálculo da apropriação das receitas financeiras auferidas em 2003 – doc nº 04" foram juntadas em "CD" ao processo físico (fl. 1.486); c) relativamente ao correto valor das despesas de JCP em 2003, pela análise dos documentos contábeis da Recorrente (Livro Razão, doc. n° 13 da manifestação de inconformidade e doc. nº 05 do recurso fls. 1.488 a 1.490) e publicação no Diário Oficial Empresarial, doc. nº 06 (fls. 1.492 a 1.495), considerando também para fins dessa averiguação, os valores recebidos pelos contribuintes isentos/imunes (verificando a identificação individualizada e a prova do direito à isenção/imunidade), e ainda, dentre os relacionados, os que constam com a inscrição inválida junto ao CPF/CNPJ. A título de informação, no processo relativo à Dcomp cujo crédito é decorrente de saldo negativo de IRPJ do mesmo período (nº 16306.000046/200717), houve petição da Recorrente, protocolada em 22 de junho de 2015, pela qual faz a entrega de relação individualizada dos acionistas que receberam JCP no ano calendário 2003. Para fins desta diligência, a Recorrente e outras pessoas físicas e jurídicas que tenham relação com os fatos deste processo poderão ser intimadas a fornecer os dados necessários e os documentos comprobatórios, que não constem dos presentes autos, inclusive em meio digital, a critério da autoridade de fiscalização. As conclusões deverão constar de termo circunstanciado elaborado pela fiscalização, em que será efetuada a apuração da CSLL para o período conforme novos dados que porventura forem objeto de comprovação durante os trabalhos de diligência, intimandose a Recorrente para que, querendo, se manifeste num prazo de trinta dias. Decorrido esse prazo, com ou sem a manifestação da Recorrente, os autos devem retornar para julgamento. (assinado digitalmente) Paulo Cezar Fernandes de Aguiar Fl. 1744DF CARF MF
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