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Numero do processo: 10805.722535/2011-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PIS. ÔNUS DA PROVA. Não comprovado pelo contribuinte a legitimidade do direito creditório pleiteado, apesar da oportunidade que lhe foi dada mediante diligência realizada, não é possível deferir-lhe o pleito.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-004.620
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
EDITADO EM: 07/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005, 2006, 2007 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PIS. ÔNUS DA PROVA. Não comprovado pelo contribuinte a legitimidade do direito creditório pleiteado, apesar da oportunidade que lhe foi dada mediante diligência realizada, não é possível deferirlhe o pleito. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. EDITADO EM: 07/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 72 25 35 /2 01 1- 94 Fl. 10458DF CARF MF 2 Relatório A Recorrente apresentou os Pedidos de Restituição e Declarações de Compensação carreados às fls. 0270, resumidamente relacionados às fls. 9.665, nos quais requer a restituição e/ou compensação de débitos com supostos créditos de Pis. Os créditos são oriundos de pagamentos indevidos ou a maior de PIS nos períodos de apuração de junho a outubro e dezembro de 2005, setembro e dezembro de 2006 e fevereiro de 2007, onde se constatou que os DACON´s, na apuração dos valores devidos pela incidência nãocumulativa, foram assim retificados: a) redução dos débitos, pela transferência de parte da Receita da Revenda de Mercadorias, originalmente tributada a 1,65%, para Receitas Isentas, não alcançadas pela Incidência da Contribuição, com Suspensão ou Sujeitas a Alíquota Zero (art.28 da Medida Provisória n° 252, de 15.06.2005, Decreto n° 5.467, de 15.06.2005, art.28 da Lei n° 11.196, de 21.11.2005, Decreto n° 5.602, de 06.12.2005 e art.1°, § 3°, inciso I da Lei n° 10.833, de 29.12.2003); b) aumento dos créditos relativos às Despesas de Aluguéis de Prédios Locados de Pessoa Jurídica, em decorrência do aumento de tais despesas, conforme art.3°, inciso IV, da Lei n° 10.833, de 29.12.2003; c) redução dos créditos relativos à compra de bens para revenda (1,65%), bens que passam a ser considerados a Alíquotas Diferenciadas (1,00%). d) no caso da contribuição de dezembro de 2006, parte do direito creditório originouse, também, de pagamento a maior anterior. Através do despacho decisório de fls. 9.6569.665, a fiscalização houve por bem reconhecer parcialmente o direito creditório apurado pela Recorrente e homologar parcialmente os pedidos de compensação. Resumidamente, os créditos reconhecidos pela fiscalização dizem respeito as despesas de aluguéis de prédios (item b) e bens para revenda (item c), mantendose, integralmente a glosa em relação ao item "a", com base nos seguintes fundamentos: Foi solicitado ao interessado (fls.25872588) que fornecesse cópias das notas fiscais relacionadas no QUADRO III AMOSTRA DAS NOTAS FISCAIS DAS VENDAS SUJEITAS A ALÍQUOTA 0%. (...) A amostra, composta de notas fiscais escolhidas de forma aleatória, com o auxílio de tabela de números aleatórios, foi elaborada com a finalidade de se comprovar a veracidade estatística das notas fiscais de vendas sujeitas a alíquota zero componentes das listas fornecidas pela Via Varejo S/A. Mencionese que, dos 85 documentos solicitados no quadro III, o contribuinte apresentou 446 cópias de notas fiscais (fls.26132623), mas apenas uma única cópia referese às listadas no quadro acima (n° 572.255, emitida em 27.02.2006, de fls.2613), ainda assim sem comprovação, em seu corpo, de que a venda estivesse sujeita à alíquota zero. Das notas apresentadas, algumas informam códigos da TIPI não contemplados com alíquota zero do PIS e COFINS (fls.26152623). Também foram apresentados cupons fiscais que, além de difícil leitura, não mostram elementos probatórios da isenção fiscal (fls.27572759). Fl. 10459DF CARF MF Processo nº 10805.722535/201194 Acórdão n.º 3302004.620 S3C3T2 Fl. 3 3 Obviamente, a análise da amostra das notas fiscais apresentada não prova que as vendas listadas estejam contempladas com os benefícios do Programa de Inclusão Digital. Desta forma, não é possível reconhecer, ainda que menor que o solicitado, o direito creditório demonstrado no QUADRO II acima, proveniente da transferência de parte da Receita da Revenda de Mercadorias, originalmente tributada a 1,65%, para Receitas Isentas, não alcançadas pela Incidência da Contribuição, com Suspensão ou Sujeitas a Alíquota Zero (art.28 da Medida Provisória n° 252, de 15.06.2005, Decreto n° 5.467, de 15.06.2005, art.28 da Lei n° 11.196, de 21.11.2005, Decreto n° 5.602, de 06.12.2005 e art.1°, § 3°, inciso I da Lei n° 10.833, de 29.12.2003). Intimada do despacho decisório, a Recorrente apresentou manifestação de inconformidade (fls. 9.7149.725), alegando, em síntese que: (i) não se pode admitir que o direito creditório seja glosado por mera presunção de sua inexistência; e subsidiariamente (ii) que sejam baixados aos autos em diligência para que a autoridade fiscal realize a análise por amostragem com base nas 446 NF´s apresentadas pela Recorrente. Em 10 de março de 2015, por determinação do i. Julgadores de piso (fls.10.335), o processo foi convertido em diligência para que a "a autoridade administrativa procedendo as diligências que entender necessárias e usando as técnicas de sua livre escolha, informe quais dentre as 476 notas fiscais apresentadas pela manifestante tratam de venda a varejo de componentes ligados ao Programa de Inclusão Digital, cujas alíquotas do Pis ficam reduzidas a 0 (zero), informando também, o respectivo valor da contribuição a ser deduzido do débito apurado inicialmente". O resultado da diligência propôs a ratificação do despacho decisão com base nas seguintes alegações (fls.10.35110.352): Relacionamos as 446 notas fiscais em planilha de fl. 10.34410.350,chegando se ao seguinte resultado: 1) 125 (cento e vinte e cinco) notas fiscais, com a descrição do produto apresentada de forma abreviada o que dificulta a identificação do produto, além de não constar no corpo da nota fiscal campo para informação da TIPI. Sendo assim, é difícil afirmar que aquele produto esteja incluído no Programa de Inclusão Digital. Conforme a listagem apresentada pelo interessado de fl. 3.0619639, os produtos estariam incluídos no referido Programa. 2) 19 (Dezenove) notas fiscais, apresentadas com as mesmas características do item 1, não estariam incluídos no Programa, com base na listagem anteriormente referida e apresentada pelo interessado. Também, com base na Legislação do Programa de Inclusão Digital, conforme Quadro I, elaborado pelo AFRFB (fl. 9.658), os produtos não estariam incluídos no referido Programa; 3) 03 (três) cupons fiscais foram desconsiderados por estarem totalmente ilegíveis (fl. 2.7572.2759); 4) 299 (Duzentas e noventa e nove) notas fiscais (67% do total) não foram encontradas na listagem referida no item 1. Diante da análise efetuada, no universo de 446 notas fiscais, não há condições de concluir se os produtos vendidos estão incluídos no Programa de Inclusão Digital. Fl. 10460DF CARF MF 4 Ato contínuo, foi proferido o acórdão de fls. 10.35910.363 que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, conforme se verifica na ementa abaixo: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005, 2006, 2007 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. VERIFICAÇÃO POR AMOSTRAGEM. Se a empresa não apresenta as notas fiscais selecionadas para verificação por amostragem, o crédito não deve ser reconhecido. Intimada da decisão em 07.12.2015 (fls.10.366), a Recorrente interpôs recurso voluntário em 06.01.2016 (fls. 10.36910.381), reproduzindo os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Walker Araujo Relator I Tempestividade A Recorrente foi intimada da decisão de piso em 07.12.2015 (fls.10.366) e protocolou Recurso Voluntário em 06.01.2016 (fls. 10.36910.381), dentro do prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 33, do Decreto 70.235/721. Desta forma, considerando que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II Questões de Mérito Conforme tecido no relatório acima, a Recorrente visa o reconhecimento de direito creditório de PIS, sob o argumento de que parte da Receita da Revenda de Mercadorias, originalmente tributada a 1,65%, são receitas isentas, não alcançadas pela Incidência da Contribuição, nos termos do artigo 28 da Medida Provisória n° 252, de 15.06.2005, Decreto n° 5.467, de 15.06.2005, artigo 28 da Lei n° 11.196, de 21.11.2005, Decreto n° 5.602, de 06.12.2005 e artigo 1°, § 3°, inciso I da Lei n° 10.833, de 29.12.2003. Referidos preceitos normativos dispõem sobre os benefícios do denominado "Programa de Inclusão Social" que reduziu a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS para alguns produtos relacionados a tecnologia digital. Inicialmente, a MP 252/2005 (vigente entre 16.06.2005/21.11.2005), previu a aplicação do benefício aos produtos classificados nos códigos 8471.50.10; 8471.60.53 e 8471.60.72, conforme consta do artigo 28 da referida MP: Art. 28. Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre a receita bruta de venda, a varejo, de unidades de processamento digital classificadas no código 8471.50.10 da Tabela de Incidência do IPI TIPI. 1 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 10461DF CARF MF Processo nº 10805.722535/201194 Acórdão n.º 3302004.620 S3C3T2 Fl. 4 5 § 1o A redução de alíquotas de que trata o caput alcança as receitas de vendas de unidades de entrada classificadas nos códigos 8471.60.52 (teclado) e 8471.60.53 (exclusivamente mouse), e a unidade de saída por vídeo classificada no código 8471.60.72 (monitor), todos da TIPI, quando vendidas juntamente com a unidade de processamento digital. § 2o Os produtos de que trata este artigo devem atender aos termos e condições estabelecidos em regulamento, inclusive quanto ao valor e especificações técnicas. A partir da data de 22.11.2005, foi instituída a Lei nº 11.196/2005 que ampliou o rol de produtos que seriam beneficiados com aplicação da alíquota zero, a saber: Art. 28. Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta de venda a varejo: I de unidades de processamento digital classificadas no código 8471.50.10 da Tabela de Incidência do IPI TIPI; II de máquinas automáticas para processamento de dados, digitais, portáteis, de peso inferior a 3,5Kg (três quilos e meio), com tela (écran) de área superior a 140cm2 (cento e quarenta centímetros quadrados), classificadas nos códigos 8471.30.12, 8471.30.19 ou 8471.30.90 da Tipi; III de máquinas automáticas de processamento de dados, apresentadas sob a forma de sistemas, do código 8471.49 da Tipi, contendo exclusivamente 1 (uma) unidade de processamento digital, 1 (uma) unidade de saída por vídeo (monitor), 1 (um) teclado (unidade de entrada), 1 (um) mouse (unidade de entrada), classificados, respectivamente, nos códigos 8471.50.10, 8471.60.7, 8471.60.52 e 8471.60.53 da Tipi; IV de teclado (unidade de entrada) e de mouse (unidade de entrada) classificados, respectivamente, nos códigos 8471.60.52 e 8471.60.53 da Tipi, quando acompanharem a unidade de processamento digital classificada no código 8471.50.10 da Tipi. § 1º Os produtos de que trata este artigo atenderão aos termos e condições estabelecidos em regulamento, inclusive quanto ao valor e especificações técnicas. § 2º O disposto neste artigo aplicase também às aquisições realizadas por pessoas jurídicas de direito privado ou por órgãos e entidades da Administração Pública Federal, Estadual ou Municipal e do Distrito Federal, direta ou indireta, às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público e às demais organizações sob o controle direto ou indireto da União, dos Estados, dos Municípios ou do Distrito Federal. § 3º O disposto no caput deste artigo aplicase igualmente nas vendas efetuadas às sociedades de arrendamento mercantil leasing. Paralelamente a instituição das referidas normas, foram veiculados os Decretos nºs 5.467/2005; 5.602/2005; e 6.023/2007 impondo a observância de requisitos para fruição dos benefícios, o quais destaco: (i) limites quantitativos para comercialização dos produtos; (ii) limites geográficos para usufruir do benefício, aplicável somente aos bens produzido no País, conforme PPB estabelecido com os órgãos competentes; e (iii) que a nota fiscal dos produtos comercializados seja devidamente preenchida, principalmente com a expressão "Produto fabricado conforme processo produtivo básico". Fl. 10462DF CARF MF 6 Observada a legislação mencionada, resta analisar se o contribuinte faz jus ao benefício almejado. Inicialmente, destacase que a Recorrente procedeu a retificação dos DACON´s e apurou crédito passivo de restituição (vide planilhas de fls.3.0619.639), considerando, para tanto, a comercialização de produtos beneficiados pelo denominado "Programa de Inclusão Digital" e, supostamente lastreado por documentos hábeis à comprovar da origem do crédito. Intimada à fornecer e comprovar a origem dos créditos através de Notas Fiscais selecionadas pela fiscalização, já que a análise seria realizada por amostragem, a Recorrente deixou que cumprir tal intimação e, de forma totalmente diversa trouxe aos autos outras Notas Fiscais para tentar demonstrar seu direito. A fiscalização, por sua vez, analisou referidos documentos e concluiu que os mesmos não se prestam à comprovar o direito almejado pela Recorrente, conforme se destaca o trecho do despacho decisório abaixo: Das notas apresentadas, algumas informam códigos da TIPI não contemplados com alíquota zero do PIS e COFINS (fls.26152623). Também foram apresentados cupons fiscais que, além de difícil leitura, não mostram elementos probatórios da isenção fiscal (fls.27572759). Deste modo, não se pode afirmar que a fiscalização tenha glosado o crédito da Recorrente simplesmente pelo fato dela ter deixado de juntar as 85 Notas Fiscais solicitadas pela autoridade fiscal. Houve no presente caso, a devida análise dos documentos juntados pela Recorrente, contudo, tais documentos foram insuficientes para demonstrar o direito e a origem do crédito. Inclusive, a insuficiência de prova documental foi atestado na diligência realizada nos autos, onde, analisados novamente todo o suporte documental carreado pela Recorrente, restou confirmado que as Notas Fiscais não se prestam à comprovar o direito do contribuinte, na medida em que referidos documentos não foram devidamente preenchidos. Compulsandose os autos, não vejo que a glosa realizada pela autoridade fiscal mereça reparos, na medida em que os documentos colacionadas pela Recorrente não se prestam a comprovar ser pretenso direito. Isto porque, as Notas Fiscais carreadas autos não foram devidamente preenchidas, onde restou ausente a descrição correta do produto, código NCM, e principalmente a expressão "Produto fabricado conforme processo produtivo básico", conforme determinado nas legislações anteriormente citadas. Ausente estas informações e, não preenchido os requisitos básicos para fruição do benefício previsto em lei, resta correta a decisão da autoridade fiscal que glosou os créditos apurados pela Recorrente. Vale registrar, que em se tratando de ressarcimento ou compensação, o contribuinte possui o ônus de provar seu direito aos créditos apurados. Nesse sentido: "Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 31/07/2009 a 30/09/2009 VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever Fl. 10463DF CARF MF Processo nº 10805.722535/201194 Acórdão n.º 3302004.620 S3C3T2 Fl. 5 7 de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. (...)" (Processo n.º 11516.721501/201443. Sessão 23/02/2016. Relator Rosaldo Trevisan. Acórdão n.º 3401003.096 grifei) Neste cenário, entendo que a glosa deve ser mantida na forma inicialmente instaurada. III Conclusão Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. É como voto (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator Fl. 10464DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12689.000418/93-13
Turma: Primeira Câmara
Seção: Terceiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Mon Apr 12 00:00:00 UTC 1999
Ementa: ANISTIA — MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA -
I - A Lei que concede anistia limitada, na forma do art. 181, inciso II, do Código Tributário Nacional não está autorizada a distinguir diversamente as multa lançada de oficio por descumprimento de obrigação acessória das multas por descumprimento das obrigações principais.
II - A norma de anistia veiculada pela Lei n° 8.696/93 concedeu
anistia parcial às penalidades e não aos atos infringidos, deixando de ser relevante a origem da penalidade.
III — O principio da isonomia deve ser entendido de modo a tratar
igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida direta de suas desigualdades e não inversamente.
Numero da decisão: CSRF/03-03.016
Decisão: ACORDAM os Membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Nome do relator: Nilton Luiz Bartoli
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MINISTÉRIO DA FAZENDAa CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA TURMA -4ocesso n° :12689.000418/93-13 Recurso n° : RP/301 -0.542 Matéria : INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA Recorrente : FAZENDA NACIONAL Recorrida : i a CÂMARA DO 3° CONSELHO DE CONTRIBUINTES Sujeito Passivo : COPENE PETROQUíMICA DO NORDESTE S/A Sessão de : 12 DE ABRIL DE 1999 Acórdão n° : CSRF/03-03.016 ANISTIA — MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA - I - A Lei que concede anistia limitada, na forma do art. 181, inciso II, do Código Tributário Nacional não está autorizada a distinguir diversamente as multa lançada de oficio por descumprimento de obrigação acessória das multas por descumprimento das obrigações principais. II - A norma de anistia veiculada pela Lei n° 8.696/93 concedeu anistia parcial às penalidades e não aos atos infringidos, deixando de ser relevante a origem da penalidade. III — O principio da isonomia deve ser entendido de modo a tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida direta de suas desigualdades e não inversamente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto pela FAZENDA NACIONAL. ACORDAM os Membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. E,DTSON PERRA RODRIGUES .--PRESIDEN, E --- IZ BA1/170LI RELATOR FORMALIZADO EM: Participaram, ainda, do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS ALBERTO GONÇALVES NUNES, MOACYR ELOY DE MEDEIROS, HENRIQUE PRADO MEGDA, UBALDO CAMPELLO NETO e JOÃO HOLANDA COSTA. Processo n° : 12689.000418/93-13 Acórdão n° : CSRF/03-03.016 Recurso n° : RP/301-0.542 Recorrente : FAZENDA NACIONAL RELATÓRIO Trata-se de Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, com base no art. 30, inciso I, do Regimento Interno (atual art. 32, inciso I do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda n° 55, de 16 de Março de 1998), contra v. acórdão da Egrégia Primeira Câmara deste Terceiro Conselho, que, em suma, por maioria de votos, deu provimento a Recurso Voluntário interposto por contribuinte, cuja ementa é a seguinte: ANISTIA — Multa por descumprimento de obrigações acessórias — Medida Provisória n.° 329/93 — a Anistia alcança as multas "Ex officio" por descumprimento das obrigações principais e acessórias, pois a Medida Provisória não fez exceção em seu texto, cuja interpretação está revigorada pelo art. 111 do CTN. Caso contrário, atentar-se-ia contra o principio constitucional da isonomia. Verifica-se que a Recorrida foi autuada em Ato de Revisão Aduaneira, de 21.06.93, uma vez que a importação de mercadorias através das D.I's n os 000786, 500825, 500866, 500947 registradas respectivamente em 20.05.92, 04.08.92, 12.08.92 e 02.09.92, foi promovida sem a apresentação, no prazo regulamentar de 40 dias (Portaria DECEX n° 15/91), das respectivas Guias de Importação, tendo infringido o art.526, inciso II, do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n° 91.030/85. A Recorrida/Importadora apresentou tempestiva impugnação (fls. 34), alegando que realmente realizou as_importações e deixou de apresentar as Guias de Importação e concordando com a penalidade e usufruindo do beneficio da Medida - Provisória n° 329, de 25.06.93, recolheu o valor da penalidade com redução de 75%. 2 Processo n° : 12689.000418/93-13 Acórdão n° : CSRF/03-03.016 Apesar de, num primeiro momento, a SRF/Alfândega/PSA-BA, ter entendido tempestivo o pagamento e aplicável o benefício concedido pela Medida Provisória n° 329/93, de redução de 75% da multa, em decisão proferida pelo SASIT, foi entendido que a MP n° 329/93 refere-se a falta de recolhimentos de tributos ou contribuições e não multa administrativa prevista no art. 526, inciso II do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n° 91.030, de 05.03.85, decorrente do não cumprimento de obrigação acessória, indeferindo o pleito da ora Recorrida. Tendo tomado ciência da decisão, em 18.08.93, a ora Recorrida apresentou tempestivo Recurso Voluntário (fls. 37/40), em 16/09/93, ratificando o alegado em sua impugnação, articulando o seguinte: (i) que o pagamento de todos os tributos relativos às importações de mercadorias foi efetuado no vencimento, não havendo inadimplência quanto a obrigação tributária principal; (ii) que o crédito tributário (penalidade) foi integralmente pago, dentro do prazo de 15 dias da notificação, com a redução de 75%, conforme disposto no art.2°, parágrafo 1 0 , item "a" da Lei n° 8.696/93, (originária da MP 329/93 reeditada pela MP 335/93); (iii)que entende inaceitável o indeferimento da redução uma vez que a decisão estaria dividindo os contribuintes em duas classes distintas: a primeira, dos contribuintes que não efetuam o pagamento dos tributos e a lei beneficia com a redução de multa, e, a segunda, daqueles que recolhem o imposto no prazo legal e por um simples lapso não atendem um quesito estatístico, estes a lei não beneficia. Diante desses argumentos devidamente apreciados pela Eg. Primeira Câmara deste Terceiro Conselho de Contribuintes, em voto do Eminente Conselheiro Isalberto Zavão Lima, que foi acolhido por maioria de votos, com voto vencido da Eminente Conselheira Maria de Fátima Pessoa de Melo Cartaxo, cujo voto de divergência não foi declarado. 3 Processo n° :12689.000418/93-13 Acórdão n° : CSRF/03-03.016 O Recurso Especial da D. Procuradoria da Fazenda Nacional, visa a reapreciação da aplicação da anistia concedida pela MP 329/93, alegando que a multa aplicada decorre de uma infringência administrativa prevista no art. 526 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n° 91.030/85, e não pela falta de recolhimento de tributos ou contribuições a que se destinou o beneficio da Medida Provisória, estando correta a interpretação dada pela Alfândega do Porto de Salvador. Intimada, a Interessada apresentou Contra-Rrazões de Recurso Especial (fls. 59/62), em 03/06/97, alegando em suma os mesmos argumentos de seu recurso voluntário. É o Relatório. 4 4.> Processo n° :12689.000418/93-13 Acórdão n° : CSRF/03-03.016 VOTO CONSELHEIRO NILTON LUIZ BARTOLI - RELATOR Trata-se, como visto de Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, ainda que o voto vencido não tenha dado qualquer fundamento ao pleito recursal. Baseia-se a D. Procuradoria na decisão de primeira instância proferida pela Alfândega do Porto de Salvador, que diga-se de passagem foi reformada pelo v. acórdão, sendo que, tenho entendimento convicto que tal referência não suprime as exigências Regimentais do Recurso Especial previsto no art. 32, inciso I, do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda n° 55, de 16 de Março de 1998, pela interpretação integrativa do processo administrativo que se impõe. Entendo que o Recurso Especial que tenha como fundamento de propositura decisão não unânime, necessita inexoravelmente ater-se nas razões de fato e de direito manifestadas pelo voto vencido, no próprio processo. Tal principio advém do instituto Embargos Infringentes do Código de Processo Civil. A natureza dos Embargos Infringentes é lastreada no fato de que se houve uma divergência, ou seja, se houve um voto vencido, haveria a possibilidade de que a posição dos outros membros do Tribunal, que não participaram do julgamento, pudesse inverter a decisão quanto ao ponto divergente. É o primorismo pelo direito levado ao extremo, dando à parte no devido processo legal, a possibilidade de o colegiado vir a confirmar sua posição. 5 Processo n° :12689.000418/93-13 Acórdão n° : CSRF/03-03.016 Tal princípio adotado pelos órgão de julgamento da administração, com outras denominações, também visa garantir que a matéria vencida possa ser objeto de julgamento por um número maior de Conselheiros, ou por instância superior, que possa entender na forma do voto vencido. Ora, se inexistem nas razões de voto vencido a matéria recursal, ou se inexistem as manifestação de qualquer razão, como poderia ser ele fundamento do Recurso Especial, bastante para fazer com que a instância Superior invertesse a decisão sob amparo do que não é vencido e sim unânime? A tolerância à técnica, há muito vem sendo admitida por esta Câmara Superior de Recurso, por força da interpretação do art. 30, inciso I, c/c o art. 31, § 2°, ambos do Regimento Interno do Terceiro Conselho de Contribuintes, ao se presumir que o voto vencido seja declarado, o que por vezes não ocorre. Mas certo é que tal fato deva ser objeto de reflexão por parte dos Eminentes Conselheiros, a fim de que o Recurso Especial, seja utilizado de forma a cumprir seu fim idealizado, principalmente a partir da nova redação do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda n° 55, de 16 de Março de 1998, pelo qual tornou-se que o recurso demonstre, fundamentalmente, a contrariedade à lei ou à evidência da prova, o que de fato não se verifica neste caso. Ocorre que no caso em questão, apesar da ausência da manifestação do voto vencido e da fundamentação da contrariedade, face à bipolaridade da discussão, ou seja, se o favor legal veiculado inicialmente pela Medida Provisória 329/93 e posteriormente pela Lei n° 8.696/93, art. 2°, parágrafo 1°, alínea "a", é aplicável ou não a todos os créditos tributários independentemente de sua origem, é plausível a admissibilidade do Recurso, inclusive, para que seja pacificada a aplicação dessa anistia, no âmbito deste Terceiro Conselho. Para que adentremos à análise do fato descrito na autuação a fim averiguarmos se é ou não aplicável o art. 2°, parágrafo 1°, alínea "a" da Lei n° 8.696/93, 6 Processo n° :12689.000418/93-13 Acórdão n° : CSRF/03-03.016 é necessário, antes, entendermos qual é o conteúdo de tal norma e como se manifesta no Direito como instituto. O referido art. 2° estabelece que "será concedida redução da multa aplicada em lançamento de ofício ao contribuinte que efetuar o pagamento integral do crédito tributário". Nota-se, indiscutivelmente, que a União concedeu o benefício da redução da multa para o pagamento integral do crédito tributário. A tal redução ou exclusão dá-se o nome de anistia, conforme capitulado no Código Tributário Nacional, art. 180, e "abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando aos casos que o Código enumera, que diga-se de passagem não são aplicáveis ao caso. A anistia como tal, pode ser concedida em caráter geral ou limitadamente (art. 181, do CTN), às seguintes situações que o próprio Código enumera: Art. 181... II — limitadamente: a) às infrações da legislação relativa à determinado tributo; b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza; c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares; d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa; Foi exatamente com base na alínea "d" do inciso I do art. 181 do Código Tributário Nacional que se fundou a Lei n° 8.696/93, que delimitou no prazo o pagamento da obrigação tributária para fruição da anistia (parcial). Doutro lado, da análise das alíneas do inciso II, do art. 181 acima, depreende-se que a norma Complementar não autoriza à norma que institui a anisti a 7 Processo n° : 12689.000418/93-13 Acórdão n° : CSRF/03-03.016 distinguir as penalidades segundo suas naturezas ou segundo as condições específicas em se desenrolou o pagamento do tributo principal. Note-se que a penalidade por descumprimento de obrigação acessória poderia estar inserida em lançamento de ofício, no qual a autoridade autuante tivesse lançado o crédito tributário principal e seus acréscimos legais, e que, também alcançada pela anistia, em nada seria diversa da multa em tela. Pois é, que o legislador visou desconstituir (parcialmente) a penalidade pecuniária, independentemente das circunstâncias do lançamento, vez que ultrapassada as disposições do art. 180 do Código Tributário Nacional. A doutrina debruçou-se sobre o instituto da anistia, tendo assim, concluído o Professor Paulo de Barros Carvalho (in, Curso de Direito Tributário, 7a edição, Ed. Saraiva, S. Paulo, 1995): Anistia fiscal é o perdão da falta cometida pelo infrator de deveres tributários e também quer dizer o perdão da penalidade a ele imposta por ter infringido mandamento legal." ... "Voltando-se para apagar o ilícito tributário ou a penalidade infringida ao autor da ilicitude, o instituto da anistia traz em si indiscutível caráter retroativo, pois alcança fatos que se copuseram antes do termo inicial da lei que introduz no ordenamento. Apresenta grande similitude com a remissão, mas com ela não se confunde. Ao remitir, o legislador tributário perdoa o débito do tributo, abrindo mão do seu direito subjetivo de percebê-lo; ao anistiar, todavia, a desculpa recai sobre o ato da infração ou sobre a penalidade que lhe foi aplicada. Ambas retroagem, operando em relações jurídicas já constituídas, porém de índoles diversas: a remissão, em vínculos obrigacionais de natureza estritamente tributária; a anistia, igualmente em liames de obrigações, mas de cunho sancionatório. Com efeito, diante das fontes levantadas, é possível distinguir o instituto da anistia dos demais institutos de direito, para então aplica-la ao caso em concreto, ou seja, não há que se confundir a anistia com qualquer outro instituto de direito, pois é exclusiva para perdoar a infração cometida ou a penalidade culminada pela infração. No caso da Lei n° 8.696/93, verificamos estar diante de uma anistia limitada, que estabelece a condição de pagamento integral do tributo devido em prazo estabelecido, para que haja a concessão. Foi exatamente reduzindo a penalidade relativa 8 Processo n° :12689.000418/93-13 Acórdão n° : CSRF/03-03.016 a infração que o Estado visou incentivar os contribuintes para que quitassem seus débitos para com a Fazenda. Mas ao fazê-lo, não excluiu os lançamentos tributários relativos às penalidades por descumprimento de deveres acessórios. Da análise do art. 181 do CTN podemos dizer que, "a priore", a anistia é geral e só não a será se o legislador ao concedê-la especificar como, em que grau, ou por que motivos a limitará. Fato este que, decididamente não ocorreu para que se pudesse fazer distinção de penalidade pecuniária oriunda de lançamento de ofício conjunta ou isoladamente da obrigação tributária principal. De plano, então, não se poderia aventar que somente a multa como acessório da obrigação tributária inadimplida estivesse abrangida pela norma. Do que se depura dos autos, a Interessada cumpre as condições e limites impostos pela norma de anistia, vez que pagou os créditos tributário relativos à relação jurídica, o que já o havia feito quando do desembaraço das mercadorias e, da mesma forma, cumpre a exigência de pagamento no prazo estabelecido, pois o fez no decorrer da quinzena, com estatuído. Em relação aos impedimentos elencados nos parágrafos 2° e 3° do art. 2° da Lei, ou seja, aos outros limites estabelecidos pela norma redutora, descabe a análise mais profunda, vez que o v. acórdão já os dessecou exaustivamente. Por fim há que se ressaltar que a Interessada não pode ser tratada com menor prestígio que outro contribuinte que deixou de pagar sua obrigação tributária principal, uma vez que tal por ela já foi cumprido. Revigora-se o princípio da igualdade ou isonomia, o qual revela que devem ser tratados igualmente os iguais, e, desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. E não como quer a Recorrente, que a Interessada seja tratada desigualmente na desmedida de suas desigualdades. Ora, a Interessada cumpre integralmente os requisitos legais para usufruir da anistia. 9 Processo n° : 12689.000418/93-13 Acórdão e : CSRF/03-03.016 Diante do exposto, entendo ser a r. decisão colegiada acertada, pelo que julgo improcedente o Recurso Especial. Sala das Sessões, Brasília, 12 de abril de 1999. NIN1LTI 10 Page 1 _0000200.PDF Page 1 _0000300.PDF Page 1 _0000400.PDF Page 1 _0000500.PDF Page 1 _0000600.PDF Page 1 _0000700.PDF Page 1 _0000800.PDF Page 1 _0000900.PDF Page 1 _0001000.PDF Page 1
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Numero do processo: 10314.728807/2014-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012
MANDADO DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO DO CRÉDITO
Não suspende a exigibilidade do crédito a discussão judicial de matéria diversa da veiculada no auto de infração.
AGROINDÚSTRIA. ENQUADRAMENTO.
A partir de setembro de 2010, considera-se industrialização, para fins de enquadramento do produtor rural pessoa jurídica como agroindústria, a atividade de beneficiamento, quando constituir parte da atividade econômica principal ou fase do processo produtivo.
QUINZE PRIMEIROS DIAS DO AFASTAMENTO POR AUXÍLIO-DOENÇA. AUXÍLIO-ACIDENTE, AVISO-PRÉVIO INDENIZADO,
Diante da moldura constitucional e em razão da amplitude conceitual e legislativa dos conceitos de remuneração e salário-de-contribuição, nos quinze primeiros dias de afastamento do empregado por auxílio-doença ou auxílio-acidente (art. 60, § 3°, da Lei 8.213, de1991), temos típicas hipóteses de interrupção do contrato de trabalho, razão pela qual, a despeito de inexistir prestação de serviço, há remuneração e, havendo remuneração paga, devida ou creditada, há incidência de contribuições previdenciárias.
RECURSOS REPETITIVOS. SISTEMÁTICA DO ART. 543 DO CPC ANTIGO OU DOS ARTS. 1.036 A 1.041 DO NOVO CPC. VINCULAÇÃO. ART. 62-A DO RICARF. DECISÕES NÃO TRANSITADAS EM JULGADO.
O STJ, no REsp 1.230.957, julgado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil (recurso repetitivo), estabeleceu a não incidência de contribuição previdenciária sobre a remuneração (i) nos 15 dias anteriores à concessão de auxílio-doença, (ii) do terço constitucional de férias indenizadas ou gozadas; e (iii) do aviso prévio indenizado.
Todavia, a vinculação de Conselheiro ao quanto decidido na sistemática dos recursos repetitivos somente ocorre quanto às decisões definitivas de mérito (art. 62-A, do RICARF), o que somente ocorre com o trânsito em julgado das decisões. Em sentido semelhante, são os argumentos contidos na Nota/PGFN/CRJ/N° 640/2014.
Numero da decisão: 2301-005.128
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado: (a) por unanimidade de votos, conhecer o recurso voluntário; (b) pelo voto de qualidade, manter o lançamento referente às Verbas auxílio-doença, acidente do trabalho e aviso prévio indenizado; vencidos os conselheiros Fabio Piovesan Bozza, Alexandre Evaristo Pinto, Wesley Rocha e Thiago Duca Amoni, que davam provimento ao recurso voluntário, nestas questões; (c) em relação às demais matérias, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
Fez sustentação oral o Dr. Cláudio Tessari, OAB/RS 37.993.
JOÃO BELLINI JÚNIOR Presidente e Relator.
EDITADO EM: 19/09/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Fabio Piovesan Bozza, João Maurício Vital, Alexandre Evaristo Pinto, Denny Medeiros Silveira, Wesley Rocha (suplente convocado), Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e João Bellini Júnior (Presidente).
Nome do relator: JOAO BELLINI JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012 MANDADO DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO DO CRÉDITO Não suspende a exigibilidade do crédito a discussão judicial de matéria diversa da veiculada no auto de infração. AGROINDÚSTRIA. ENQUADRAMENTO. A partir de setembro de 2010, considera-se industrialização, para fins de enquadramento do produtor rural pessoa jurídica como agroindústria, a atividade de beneficiamento, quando constituir parte da atividade econômica principal ou fase do processo produtivo. QUINZE PRIMEIROS DIAS DO AFASTAMENTO POR AUXÍLIO-DOENÇA. AUXÍLIO-ACIDENTE, AVISO-PRÉVIO INDENIZADO, Diante da moldura constitucional e em razão da amplitude conceitual e legislativa dos conceitos de remuneração e salário-de-contribuição, nos quinze primeiros dias de afastamento do empregado por auxílio-doença ou auxílio-acidente (art. 60, § 3°, da Lei 8.213, de1991), temos típicas hipóteses de interrupção do contrato de trabalho, razão pela qual, a despeito de inexistir prestação de serviço, há remuneração e, havendo remuneração paga, devida ou creditada, há incidência de contribuições previdenciárias. RECURSOS REPETITIVOS. SISTEMÁTICA DO ART. 543 DO CPC ANTIGO OU DOS ARTS. 1.036 A 1.041 DO NOVO CPC. VINCULAÇÃO. ART. 62-A DO RICARF. DECISÕES NÃO TRANSITADAS EM JULGADO. O STJ, no REsp 1.230.957, julgado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil (recurso repetitivo), estabeleceu a não incidência de contribuição previdenciária sobre a remuneração (i) nos 15 dias anteriores à concessão de auxílio-doença, (ii) do terço constitucional de férias indenizadas ou gozadas; e (iii) do aviso prévio indenizado. Todavia, a vinculação de Conselheiro ao quanto decidido na sistemática dos recursos repetitivos somente ocorre quanto às decisões definitivas de mérito (art. 62-A, do RICARF), o que somente ocorre com o trânsito em julgado das decisões. Em sentido semelhante, são os argumentos contidos na Nota/PGFN/CRJ/N° 640/2014.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado: (a) por unanimidade de votos, conhecer o recurso voluntário; (b) pelo voto de qualidade, manter o lançamento referente às Verbas auxílio-doença, acidente do trabalho e aviso prévio indenizado; vencidos os conselheiros Fabio Piovesan Bozza, Alexandre Evaristo Pinto, Wesley Rocha e Thiago Duca Amoni, que davam provimento ao recurso voluntário, nestas questões; (c) em relação às demais matérias, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Fez sustentação oral o Dr. Cláudio Tessari, OAB/RS 37.993. JOÃO BELLINI JÚNIOR Presidente e Relator. EDITADO EM: 19/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Fabio Piovesan Bozza, João Maurício Vital, Alexandre Evaristo Pinto, Denny Medeiros Silveira, Wesley Rocha (suplente convocado), Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e João Bellini Júnior (Presidente).
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SUSPENSÃO DO CRÉDITO Não suspende a exigibilidade do crédito a discussão judicial de matéria diversa da veiculada no auto de infração. AGROINDÚSTRIA. ENQUADRAMENTO. A partir de setembro de 2010, considerase industrialização, para fins de enquadramento do produtor rural pessoa jurídica como agroindústria, a atividade de beneficiamento, quando constituir parte da atividade econômica principal ou fase do processo produtivo. QUINZE PRIMEIROS DIAS DO AFASTAMENTO POR AUXÍLIO DOENÇA. AUXÍLIOACIDENTE, AVISOPRÉVIO INDENIZADO, Diante da moldura constitucional e em razão da amplitude conceitual e legislativa dos conceitos de remuneração e saláriodecontribuição, nos quinze primeiros dias de afastamento do empregado por auxíliodoença ou auxílioacidente (art. 60, § 3°, da Lei 8.213, de1991), temos típicas hipóteses de interrupção do contrato de trabalho, razão pela qual, a despeito de inexistir prestação de serviço, há remuneração e, havendo remuneração paga, devida ou creditada, há incidência de contribuições previdenciárias. RECURSOS REPETITIVOS. SISTEMÁTICA DO ART. 543 DO CPC ANTIGO OU DOS ARTS. 1.036 A 1.041 DO NOVO CPC. VINCULAÇÃO. ART. 62A DO RICARF. DECISÕES NÃO TRANSITADAS EM JULGADO. O STJ, no REsp 1.230.957, julgado na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil (recurso repetitivo), estabeleceu a não incidência de contribuição previdenciária sobre a remuneração (i) nos 15 dias anteriores à concessão de auxíliodoença, (ii) do terço constitucional de férias indenizadas ou gozadas; e (iii) do aviso prévio indenizado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 72 88 07 /2 01 4- 34 Fl. 561DF CARF MF 2 Todavia, a vinculação de Conselheiro ao quanto decidido na sistemática dos recursos repetitivos somente ocorre quanto às decisões definitivas de mérito (art. 62A, do RICARF), o que somente ocorre com o trânsito em julgado das decisões. Em sentido semelhante, são os argumentos contidos na Nota/PGFN/CRJ/N° 640/2014. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado: (a) por unanimidade de votos, conhecer o recurso voluntário; (b) pelo voto de qualidade, manter o lançamento referente às Verbas “auxíliodoença”, “acidente do trabalho” e “aviso prévio indenizado”; vencidos os conselheiros Fabio Piovesan Bozza, Alexandre Evaristo Pinto, Wesley Rocha e Thiago Duca Amoni, que davam provimento ao recurso voluntário, nestas questões; (c) em relação às demais matérias, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Fez sustentação oral o Dr. Cláudio Tessari, OAB/RS 37.993. JOÃO BELLINI JÚNIOR – Presidente e Relator. EDITADO EM: 19/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Fabio Piovesan Bozza, João Maurício Vital, Alexandre Evaristo Pinto, Denny Medeiros Silveira, Wesley Rocha (suplente convocado), Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e João Bellini Júnior (Presidente). Relatório Tratase de recurso voluntário em face do Acórdão 09057.711, exarado pela 5ª Turma da DRJ em Juiz de Fora (efls. 462 a 485). O auto de infração, Debcad nº 51.033.8968, é referente às contribuições previdenciárias relativas à parte dos Terceiros/Outras Entidades, decorrentes das remunerações pagas aos segurados empregados através das folhas de pagamentos. Reproduzo do relatório da decisão recorrida: A autoridade lançadora descreve a atividade da empresa, bem como seu processo operacional e após a descrição informa que: e) Portanto, além da produção rural realizada pela empresa, a mesma pratica beneficiamento industrial de sua produção rural própria e da produção rural adquirida de terceiros, abrangendo atividades de análise e seleção das frutas, lavagem, limpeza e descontaminação; assim como, também ocorre a industrialização rudimentar através dos processos de armazenamento em câmaras especiais de resfriamento e das atividades de embalagem em linha de produção. O setor onde são executadas as atividades industriais de embalagem é chamado de "PACKINGHOUSE". Fl. 562DF CARF MF Processo nº 10314.728807/201434 Acórdão n.º 2301005.128 S2C3T1 Fl. 3 3 Cita o enquadramento da agropecuária como agroindústria cuja base legal encontra respaldo no art. 165, parágrafo 1° da IN 971/2009. Informa que a constituição dos créditos constantes deste processo, referemse a contribuições previdenciárias não declaradas em GFIP e não recolhidas à Previdência Social, relativas à parte dos terceiros/outras entidades, decorrentes de remunerações pagas aos segurados empregados através das folhas de pagamentos da empresa. A autoridade lançadora informa que a empresa enquadrase como Agroindústria ligada principalmente à atividade de cultivo, beneficiamento, industrialização rudimentar e comercialização de maças e outras frutas de pomares próprios e /ou de terceiros, nos mercados interno e externo. Informa ainda que: Anteriormente ao início desta fiscalização, o contribuinte já havia declarado em GFIP informações dos valores pagos aos segurados empregados, assim como, da parte retida e descontada das remunerações dos mesmos. Ocorre que durante a fiscalização foram identificadas situações em que a empresa deixou de declarar contribuições previdenciárias destinadas aos Terceiros/Outras Entidades, razão pela qual efetuamos o lançamento dos respectivos créditos previdenciários. A seguir descrevemos as situações que ensejaram a constituição destes créditos previdenciários: b.1) Através do Levantamento " F1 Remunerações dos Empregados Setor Industrial Vacaria ", foram lançadas contribuições destinadas ao Sesi, Senai e Sebrae, sobre as remunerações dos empregados que não pertenciam à área rural, em razão de que tais contribuições não haviam sido declaradas pela empresa, visto que a mesma não se enquadrava espontaneamente como Agroindústria, conforme Anexo 1 deste Relatório Fiscal, contendo planilha elaborada pela própria empresa, denominada de "Demonstrativo de Composição das Remunerações Pagas aos Segurados da Filial de Vacaria nos Anos de 2010 e 2011". Ressaltese que o sujeito passivo já havia declarado em Gfip tais remunerações, com FPAS 604 e código terceiros 0003, utilizando alíquota de terceiros equivalente a 2,7% (Salário Educação + Incra), razão pela qual está sendo lançada e constituída a diferença de 3,1% (Sesi /Senai / Sebrae ), para se chegar à contribuição total de 5,8% destinada aos terceiros/outras entidades. b.2) Através do Levantamento " F2 Remuneração RAIS superior à GFIP " , foram lançadas contribuições destinadas aos Terceiros/Outras Entidades, decorrentes de remuneração excedente à declarada em Gfip, identificada nas informações constantes da Rais transmitida pela empresa, conforme demonstrado no Anexo 2 deste Relatório Fiscal Fl. 563DF CARF MF 4 b.3) Através do Levantamento " F3 Proventos sem Incidência " , foram lançadas as contribuições previdenciárias decorrentes de remunerações pagas aos empregados, a título de "Dias de Acidente de Trabalho cód. 26", "Dias Auxílio Doença cód. 28" e "Aviso Prévio Indenizado cód. 100", sem que no processamento das folhas de pagamento, as mesmas sofressem incidência das contribuições previdenciárias destinadas aos Terceiros / Outras Entidades. Em anexo ao processo administrativo fiscal foram anexadas as folhas de pagamentos, em que se visualiza que tais rubricas não sofreram a incidência das contribuições previdenciárias. Informa que as bases de cálculos foram retiradas das folhas de pagamentos, Rais e dos demonstrativos elaborados e apresentados pelo contribuinte no decorrer da fiscalização. A contribuinte foi cientificada do auto de infração em 07/01/2015 pessoalmente e apresentou impugnação em 03/02/2015 com as seguintes alegações: Contextualiza o auto de acordo com o relatório fiscal e alega no item 1.5 da impugnação que apesar de não constar, de modo expresso, no item 5 do aludido Relatório Fiscal (das Observações finais), a matéria, objeto desse processo administrativo, está compreendida no âmbito do Mandado de Segurança (MS) n° 1999.71.00.0212805, no qual foram proferidas decisões judiciais favoráveis à impugnante, lhe concedendo a segurança para suspender o recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre a receita bruta da comercialização da sua produção rural (patronal e GILRAT) inclusive, da contribuição destinada ao SENAR, previstas no art.25,I e II, §1° da Lei n°8.870/94, em razão de ter restado ali definido a Impugnante como um "produtor rural pessoa Jurídica", na qualidade de "empregador rural constituído sob a forma de sociedade empresária". Alega que a fiscalização ao enquadrála como agroindústria além de aumentar a tributação previdenciária incidentes sobre as receitas oriundas da produção rural cobra também contribuições destinadas a terceiros, que incidiriam sobre a sua folha de pagamento. Alega que a autoridade lançadora através de uma análise pouco acurada do contexto operacional da empresa resolveu enquadrá la como agroindústria, o que não condiz com a atividade por ela desenvolvida e que para contextualização das alegações devese salientar que a impugnante tem como atividade principal o cultivo e a comercialização de maças, tanto por ela produzida como a adquirida de terceiros e, não, os subprodutos (transformações) originados a partir dela, como, por exemplo, geléias, sucos, etc. Cita os art.3° e 4° do Decreto 7.212/2010 que define o conceito de industrialização, para efeitos de incidência do IPI e diz que nenhuma das hipóteses elencadas amoldamse ao caso presente uma vez que: '...pela singela razão de que o que foi cultivado, colhido e vendido foi, simplesmente, maçã. Seria caracterizada como Fl. 564DF CARF MF Processo nº 10314.728807/201434 Acórdão n.º 2301005.128 S2C3T1 Fl. 4 5 industrialização, no dizer do RIPI, a operação que exercida sobre o produto "in natura" importasse na obtenção de espécie nova, o que não é o caso." Cita ainda, o art.8° da mesma norma e alega que à luz do referido regulamento, somente será considerado estabelecimento industrial: "...aquele que, cumulativamente, realizar operação de transformação ou beneficiamento e desde que resulte daí, a obtenção de produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento." Cita o Decreto n°6.006/2006 também do IPI e conclui dizendo que a maça, de acordo com as normas vigentes para o IPI, é produto não tributado e que desta forma não resta dúvida de que é improcedente a pretensão fiscal de enquadrar a impugnante como uma "agroindústria" sob o argumento de a mesma realizar operação de industrialização ao selecionar e préclassificar as frutas e armazenálas em "câmaras refrigeradas de atmosfera dinâmica", alega ainda que de acordo com o mesmo decreto as frutas refrigeradas classificamse nas mesmas posições das frutas frescas correspondentes e continua: "...ou seja, a própria legislação tributária de regência determina que o acondicionamento das frutas, no caso, das maçãs, em câmaras refrigeradas, como ocorre no sistema produtivo da Impugnante, não retira a sua condição "in natura", de modo que não caracteriza qualquer tipo de processo de industrialização." Cita o Parecer Normativo CST n°880/71 onde diz que não caracteriza como industrialização operações praticadas sobre produtos rurais, desde que não modificada a sua condição "in natura" e classificado, referido produto, como não tributado na tabela do IPI. Cita solução de consulta n°85 de 21/08/2009 da SRRF da 4a Região e diz que: "...os conceitos de industrialização e de estabelecimento industrial devem ser analisados, mediante uma interpretação sistemática da legislação tributária de regência notadamente, pelo fato de a Lei n. 8.212/91, o Decreto n. 3.048/99 e a INRFB n. 971/2009, que dispõem sobre normas gerais de tributação previdência e outras, não abrangerem, de maneira definitiva, tais conceitos. Esse é o caso, por exemplo, da "industrialização" e do "estabelecimento industrial", cujas definições devem ser buscadas na legislação atinente ao IPI, pelas quais se verifica que a Impugnante não está ali compreendida. Cita o art.2°, inc I e V da lei 8.023/90, que define atividade rural e alega que o maior ou menor nível de tecnologia adotado no Fl. 565DF CARF MF 6 desenvolvimento da atividade rural não altera a essência, haja vista, que a natureza da atividade continua a mesma, ainda que o produtor rural se valha de procedimentos, empregue técnicos e/ou utilize equipamentos e/ou maquinado nesse processo. Alega que: No caso da Impugnante, tal situação é ainda mais notória, pois as técnicas e/ou equipamentos que utiliza em seu processo produtivo, como, por exemplo, os processos de lavagem e de tratamento para descontaminação das frutas, seu armazenamento em câmaras refrigeradas e acondicionamento das frutas em caixas de papelão, em nada alteram a composição e as características do produto in natura, não se tratando, pois, de atividade industrial, ou seja, a Impugnante cultiva maçãs e comercializa maçãs. Tais aspectos devem ser observados, para, com isso, não se afastar a realidade operacional da Impugnante e de mercado, simplesmente, para fins de lavratura de autos de infração, ainda mais quando tal realidade resta amparada pela legislação tributária de regência e pela jurisprudência administrativa. Como se verifica, ainda que, para o cultivo e a comercialização de maçãs, a Impugnante faça uso desses procedimentos e/ou equipamentos, mostrase ausente o traço fundamental que caracteriza a industrialização, nos termos do art. 4o do RIPI/2010, antes transcrito, qual seja, a modificação da natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, no caso, maçãs. Alega que a administração, quando enquadrou a empresa como agroindústria, deveria ter demonstrado uma única situação, se a impugnante comercializa um produto diferente daqueles que cultiva ou adquire de terceiros, isto é, se os transforma em outro diferente do in natura (maças). Esta situação, conforme alega a impugnante, não fica demonstrada nos autos o que possibilita dizer que as técnicas e/ou os equipamentos utilizados pela impugnante, que para fiscalização alcança o conceito de industrialização, são insuficientes para enquadrála como agroindústria. Para fundamentar tais alegações, cita o Acórdão n°1621148 de 23/04/2009 da DRF/SP e alega que: "...o enquadramento da Impugnante como "Agroindústria", pela Administração Tributária Federal, busca sujeitar o contribuinte ao disposto no art. 22A, I e II, § 5o, da Lei n° 8.212/91, e, não mais, ao preceituado no art. 25, I e II, § 1o, da Lei n° 8.870/1994, que, além de aumentar a sua carga tributária, a título de contribuições previdenciárias e as destinadas a terceiros, poderia eventualmente limitar os efeitos das decisões judiciais proferidas em favor da Impugnante no âmbito do Mandado de Segurança (MS) n° 1999.71.00.0212805, porém tal situação não há como prosperar. Fl. 566DF CARF MF Processo nº 10314.728807/201434 Acórdão n.º 2301005.128 S2C3T1 Fl. 5 7 Com o pretendido enquadramento da Impugnante como "Agroindústria", esta passaria a apurar e recolher as contribuições previdenciárias patronal (alíquota de 2,5%), GIIL RAT (alíquota de 0,1%) e destinada ao SENAR (alíquota de 0,25%) sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural adquirida de terceiros, além da já incidente sobre a produção rural própria. Outro efeito desse enquadramento para a Impugnante é que ela passaria a apurar as contribuições destinadas aos terceiros, no caso, SESI, SENAI e SEBRAE, às alíquotas de 1%, 1,5% e 0,6%, respectivamente, objeto de cobrança do Auto de Infração (DEBCAD) n. 51.033.8968, vinculado ao Processo Administrativo Fiscal n. 10314728.807/201434 sem prejuízo das contribuições destinadas ao Salário Educação (FNDE) e INCRA, estas últimas, às alíquotas de 2,5% e 0,2%, respectivamente, todas incidentes sobre a sua folha de salários, observada, no que couber, a segregação entre a parte rural e a alegada parte industrial. Do mandado de Segurança Em 20/08/99, a Impugnante impetrou o Mandado de Segurança n. 1999.71.00.0212805, contra ato do então Diretor Estadual de Arrecadação e Fiscalização do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, através do qual questiona a exigibilidade da contribuição sobre o valor da comercialização da produção rural e da destinada ao SENAR incisos I e II e § 1o, do art. 25 da Lei n.8.870/94 (Doc. 4). No referido mandamus, a ora Impugnante obteve decisão liminar, proferida no dia 06/09/99, que lhe assegurou o direito de não recolher as contribuições previdenciárias antes referidas (patronal, GIILRAT e SENAR). E, em 03/07/00, a ação mandamental em apreço restou julgada parcialmente procedente, para "determinar à impetrada que se abstenha de exigir da impetrante o recolhimento da contribuição previdenciária prevista nos incisos I e II do art. 25 da Lei n° 8.870/94, face ao reconhecimento incidental de sua inconstitucionalidade, tornando definitiva a liminar de fls. 48". A sentença deixou de acolher parte do pedido formulado pela Impetrante, mantendo apenas a exigência da contribuição previdenciária destinada ao SENAR (prevista no art. 25, § 1o, da Lei n. 8.870/94), conforme esclareceu o DD. Julgador em face de embargos de declaração (Doc. 5). Dessa decisão, ambas as partes apelaram ao col. Tribunal Regional Federal da 4a Região (Apelação em Mandado de Segurança n° 1999.71.00.0212805), tendo este, pela sua 1a Turma, em julgamento realizado no dia 05/05/04, suscitado a "arguição de inconstitucionalidade, para apreciação pela Corte Especial do Tribunal", daquele artigo 25, incisos I e II e parágrafo 1o, da Lei n° 8.870/94 (Doe. 6). Fl. 567DF CARF MF 8 Na sessão ordinária do dia 19/10/2006, a Corte Especial do TRF da 4a Região, por maioria de votos, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 25, caput, incisos I e II e parágrafo 1°, da Lei n. 8.870/94 Como decorrência do acolhimento, pela Corte Especial do TRF da 4a Região, da arguição de inconstitucionalidade suprarreferida, no dia 29/08/2007, a Egrégia 1a Turma daquele Tribunal, por unanimidade de votos, negou provimento à apelação do INSS e à remessa oficial e deu provimento à apelação da Impetrante, para reconhecer indevida a contribuição incidente sobre a comercialização de seus produtos rurais prevista nos incisos I e II e parágrafo 1o do artigo 25 da Lei n° 8.870/1994. (Doe. 7) Inconformada com tal decisão, em 28/09/2007, a União (Fazenda Nacional) interpôs Recurso Extraordinário para o Supremo Tribunal Federal (RE n. 573.7063), estando, referido feito, aguardando julgamento até a presente data. Conclui com as seguintes alegações: a) Como inicialmente houve o deferimento de liminar em favor da Impetrante, ora Impugnante, para desonerála do recolhimento das contribuições previdenciárias previstas no art. 25 da Lei n. 8.870/94, a qual compreendia tanto a Patronal (alíquota de 2,5%) e a GIILRAT (alíquota de 0,1%) como a destinada ao SENAR (alíquota de 0,25%), temse que a sentença proferida pelo Juízo de 1o grau, em relação à parte que dispunha sobre a manutenção da exigibilidade da contribuição destinada ao SENAR, restou sem efeito, em face do reconhecimento da Inconstitucionalidade do art. 25, I e II, § 1o, da Lei n. 8.870/94 e do não provimento à apelação interposta pela União Federal (Fazenda Nacional). b) Que a decisão liminar voltou a repercutir (fazer efeito) sobre a Impetrante, aqui Impugnante, para o fim de desonerála do recolhimento das aludidas contribuições previdenciárias incidentes sobre a receita bruta da comercialização da sua produção rural, previstas no art. 25, I e II, § 1o da Lei n°8.870/94. c) Que, durante o trâmite do referido processo, restou perfectibilizado o enquadramento da Impugnante como produtor rural pessoa jurídica, na qualidade de "empregador rural constituído sob a forma de sociedade empresária" e, não, como "Agroindústria", notadamente em face dos dispositivos legais compreendidos pela lide (art. 25, I e II, § 1o da Lei n° 8.870/94), que, por sua vez, em nenhuma etapa do aludido processo, foram combatidos pela União Federal (Fazenda Nacional), quanto à natureza da atividade desenvolvida pela Impugnante. d) Como se verifica, uma vez que ditos dispositivos legais não se referem à "Agroindústria", resta que a qualidade de "empregador rural constituído sob a forma de sociedade empresária" atribuída e/ou conferida à Impugnante já foi balizada pelo próprio Poder Judiciário, situação essa que não pode ser modificada na esfera administrativa, como pretende a Administração Tributária Federal, ainda mais quando as Fl. 568DF CARF MF Processo nº 10314.728807/201434 Acórdão n.º 2301005.128 S2C3T1 Fl. 6 9 técnicas, processos e/ou equipamento utilizados no seu sistema produtivo, tidos erroneamente pelos Auditores Fiscais como meios de industrialização, são exatamente os mesmos, desde o ajuizamento do Mandado de Segurança em comento, o que ocorreu em 20/08/1999. e) Todos os fatos geradores das contribuições previdenciárias aqui compreendidas e pertinentes à Impugnante, notadamente no período compreendido entre jan/2010 a dez/2011, ocorreram sob os efeitos do MS n° 1999.71.00.0212805, que impedem, por conseguinte, a Administração Tributária Federal de enquadrála como "Agroindústria", com fundamento no § 1o do art. 165 da INRFB n° 971/2009. E continua: Destacase, ainda, a imperiosa observância do art.100 do Código Tributário Nacional (CTN), pelo qual são consideradas normas complementares das leis "as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas", a exceção de real modificação da atividade da empresa, o que, como já referido, nunca ocorreu, haja vista que ela continua simplesmente cultivando, colhendo e comercializando a fruta maçã (in natura). Assim, considerando a circunstância fática e jurídica de que a Impugnante possui como Código e Descrição da Atividade Econômica Principal o de n. 01.334.07 Cultivo de maça como se pode comprovar através do seu Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral no CNPJ, não poderia a Administração Tributária Federal, de forma válida, equiparála à "Agroindústria", entendendo haver beneficiamento, sem tal equiparação afrontar, diretamente, as decisões judiciais proferidas em favor da Impugnante, nos autos do Mandado de Segurança (MS) n° 1999.71.00.0212805, ora em trâmite perante o STF, o que, por conseguinte, afasta a incidência das contribuições previdenciárias destinadas ao SENAI, SESI e SEBRAE. Da indevida exigência das contribuições previdenciárias destinadas a terceiros Salário Educação (FNDE), Incra, Senai, Sesi e Sebrae A impugnante alega que a autoridade lançadora apontou pequenas diferenças entre as bases salariais informadas na GFIP e RAIS da empresa, relativas à filial de Vacaria /RS nas competências 09 e 10/2010 e que a RAIS Relação Anual de Informações Sociais se traduz basicamente em: "...um instrumento de coleta de dados para a Administração Pública Federal, por meio da qual, a partir das informações repassadas pelas fontes empregadoras do país, ela obtém dados atinentes às necessidades de controle da atividade trabalhista no País, lhe permitindo, assim, a elaboração de estatísticas do trabalho" (grifei) Fl. 569DF CARF MF 10 Alega que a relação apresenta dados de forma individualizada de cada valor que foi pago ao empregado, o que não ocorre com a GFIP, na qual determinadas informações são apresentadas de modo consolidado. Alega que usar as informações constantes da RAIS para fins de fiscalização previdenciária requer uma demonstração clara e precisa dos métodos e/ou procedimentos utilizados pela autoridade lançadora para amparar as diferenças bem como possibilitar a análise e defesa da impugnante sobre a alegada infração tributária. E continua: No entanto, os Auditores Fiscais não fizeram constar tais informações no auto de infração em referência, apresentando, tão somente, as diferenças de modo consolidado e, não, analítico. Para fundamentar suas alegações cita o art.9°, combinado com o art.12 do Decreto 70.235/73 e completa dizendo que de acordo com tais dispositivos os auditores deveriam ter detalhado a suposta infração cometida pelo impugnante, ao invés de, simplesmente lançar um valor consolidado, sem qualquer esclarecimento passível de ser utilizado pela impugnante, notadamente, para verificar (buscar) a alegada diferença, haja vista que os dados constantes da GFIP e da RAIS não podem ser confrontados, em face do modo como tais informações são ali preenchidas. Alega que foi feita separação entre folhas de salários dos funcionários das áreas rural, administrativa e industrial e que nesta segregação deveriam constar a aludida diferença verificada entre GFIP e RAIS, de modo que esclarecesse quais remunerações estariam sujeitas às alíquotas de 2,7% (Salário Educação e INCRA), 3,1% (SENAI, SESI, SEBRAE) ou 5,8% (Salário Educação, INCRA, SENAI, SESI, SEBRAE). E continua: Com isso, se quer dizer que o "Relatório Fiscal", ao relatar que "foram lançadas contribuições destinadas aos terceiros/Outras Entidades, decorrentes de remuneração excedente à declarada em GFIP, identificada nas informações constantes da RAIS transmitida pela empresa", não trouxe informações seguras e detalhadas, que possibilitassem, à Impugnante, a identificação, de modo claro e preciso, da suposta infração, bem como a apresentação do contraditório em relação a esse ponto, o que implica na anulação desse lançamento, por cerceamento de defesa. Sobre as verbas de caráter indenizatório decorrentes de "Acidente de Trabalho", "auxiliodoença e "aviso Prévio Indenizado" Alega que de acordo com a IN 1.238/12 as contribuições previdenciárias destinadas à terceiros tem, como base de cálculo, a remuneração paga ao trabalhador, a título de contraprestação pelo serviço prestado. Conceitua salário, remuneração e valores de natureza indenizatória. Fl. 570DF CARF MF Processo nº 10314.728807/201434 Acórdão n.º 2301005.128 S2C3T1 Fl. 7 11 Alega que os valores pagos pela empresa como auxílio acidente, auxilio doença e aviso prévio indenizado não possuem natureza jurídica de salário ou remuneração, razão pela qual não podem se submeter à incidência das aludidas contribuições. Disserta sobre a natureza e os fundamentos legais do auxílio doença e completa dizendo que: Em suma, o artigo 60, parágrafo 3o, da Lei n°8.213/91 estabelece que o auxíliodoença é devido ao segurado empregado a partir do décimo sexto dia do afastamento do trabalho, atribuindo, à empresa, a responsabilidade pelo pagamento do salário integral no período alusivo aos quinze primeiros dias dessa inatividade. Assim, considerando que, em razão de enfermidade ou acidente de trabalho, o trabalhador fica impedido de exercer sua atividade laboral, mas, ainda assim, recebe da empresa verba equivalente ao valor do seu salário, forçoso concluir que sobre essa parcela não pode haver recolhimento da contribuição previdenciária, haja vista que, nos primeiros 15 dias (e durante todo o tempo em que o empregado estiver afastado do trabalho), não há, efetivamente, prestação de serviço. E conclui dizendo: O pagamento feito ao empregado nos primeiros quinze dias de afastamento do trabalho, anteriores ao início do benefício de auxíliodoença, assim como o auxílioacidente, este com fundamento no art. 86 da Lei n. 8.213/911, possuem natureza indenizatória, porquanto representam verbas decorrentes da inatividade imposta ao empregado por motivos alheios à sua vontade e de seu empregador, não se inserindo, portanto, no conceito de salário. Alega que no caso do aviso prévio indenizado não é diferente, uma vez que o pagamento desta verba rescisória referese a falta de comunicação prévia por parte do empregador de rescindir o contrato de trabalho, ou seja, um dever de reparação imposto ao empregador por ele deixar de comunicar com antecedência sua intenção. Cita julgado do Tribunal Superior do Trabalho que reconhece a natureza indenizatório deste tipo de aviso. Cita ainda estudos de renomados mestres do direito tributário, que contextualiza o aviso prévio indenizado como verba indenizatória sem caráter remuneratório portanto sem incidência de contribuição previdenciária. Cita também julgado do Superior Tribunal de Justiça que segundo ele já pacificou o entendimento no mesmo sentido e completa dizendo: Lei n. 8.213/91: "Art. 86. O auxílioacidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem Fl. 571DF CARF MF 12 seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. (...)" Ademais, afora a natureza indenizatória das aludidas verbas (encargos sociais), antes referidas, devese destacar uma incongruência atinente aos procedimentos utilizados pelos Auditores Fiscais, para fins de lançamento dos créditos tributários aqui combatidos, especialmente, quanto às parcelas referentes ao "AuxílioAcidente", "AuxílioDoença" e ao "Aviso Prévio Indenizado. A impugnante continua dizendo que, como consta do relatório fiscal, as verbas ora analisadas constam das folhas de pagamento sem incidência de contribuição previdenciária e que a autoridade lançadora incluiu as folhas de pagamento no processo para que se pudesse verificar tal situação e que após analisar tais rubricas, em particular as 26 (dias de acidente de trabalho) e 28 (dias de auxilio doença), alega que as mesmas referemse a eventos não remuneratórios, pois referemse ao pagamento do 16° dia em diante e que a responsabilidade pelo pagamento de tais verbas passa a ser da Receita Federal do Brasil (RFB). Como ilustração e amparo aos argumentos acima incluiu as folhas de pagamento de Seule Teresinha Siqueira dos Reis e Vilmar Machado referente ao período 01/09/2010 a 30/09/2010 onde consta no cabeçalho 002 Agropecuária Schio Ltda. Alega que em relação a estas folhas não há base oponível de incidência das contribuições destinadas a terceiros uma vez que os valores de remuneração estão zerados pois os segurados estavam sob o amparo do auxílio acidente e doença e que devido a isto Tal levantamento era impossível, haja vista que não houve o pagamento de qualquer provento aos empregados enquadrados naqueles códigos. Quanto ao aviso prévio indenizado, informa que tais verbas foram sujeitas a tributação da contribuição previdenciária e cita como exemplo a folha de pagamento do mesmo período e filial do segurado Jorge Olívio Veiga da Silva e conclui dizendo que no caso deste funcionário o aviso prévio indenizado foi base de cálculo da contribuição previdenciária. E que: Como se percebe, a referência "N" vinculada ao "Aviso Prévio Indenizado" decorre de um equívoco, quanto à parametrização das informações constantes do sistema que "roda" a folha de salários da Impugnante, o que, em nenhuma hipótese, retira um fato incontestável, qual seja, que tal parcela, quando paga pela Impugnante, é sujeita à tributação previdenciária. Tal situação, caso fosse objeto de uma análise mais acurada, por parte dos Auditores Fiscais, teria sido facilmente identificada, não se transformando, assim, em mais uma incongruência quanto aos métodos e/ou procedimentos utilizados por aqueles, para fins de lançamento dos créditos tributários compreendidos nesse auto de infração Fl. 572DF CARF MF Processo nº 10314.728807/201434 Acórdão n.º 2301005.128 S2C3T1 Fl. 8 13 E conclui este tópico da impugnação pedindo a anulação do crédito tributário constante do auto ora analisado. Das multas de ofício indevidamente lançadas Em relação a multa de ofício, alega que a impugnante não pode ser enquadrada como agroindústria primeiro, em face da natureza das atividades rurais por ela desenvolvidas, e segundo, por estar amparada por medida judicial, que lhe confere e/ou a define como produtor rural pessoa jurídica, na qualidade de "empregador rural constituído sob a forma de sociedade empresária", de modo que o campo de incidência atinente às aludidas contribuições, objeto do auto de infração aqui combatido, não alcança a Impugnante. Alega que há norma vedativa da constituição do crédito com multa de ofício, cita o art.63 da lei 9430/96 e diz que tal dispositivo impede o lançamento de multa de ofício quando o contribuinte está sob amparo de medida judicial além de conceder a ele o direito de recolher o tributo ou contribuição no prazo de 30 (trinta) dias após a conclusão do processo, sem incidência de qualquer multa (inclusive de mora), em caso da procedência da contribuição. Cita Acórdão 40203257/2008 da CSRF neste sentido e conclui: Como se vê, os Auditores Fiscais infringiram o art. 63 da Lei n° 9.430/96, ao impor, desde logo, as multas de ofício, em virtude do alegado não recolhimento das exações tributárias constantes dos autos de infração, ora impugnado, em total desconsideração aos efeitos emanados, em favor da impugnante, pelas decisões judiciais proferidas no âmbito do Mandado de Segurança n°199.71.00.0212805. Diante da situação fática concreta, é evidente que, se, inesperadamente, os lançamentos não forem anulados conforme instado nos itens retro, devese, pelos menos, excluir as multas de ofício indevidamente lançadas. A DRJ julgou a impugnação parcialmente procedente, e seu acórdão recebeu as seguintes ementas (efls. 462): Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 ENQUADRAMENTO. AGROINDÚSTRIA Considerase industrialização, para fins de enquadramento do produtor rural pessoa jurídica como agroindústria, a atividade de beneficiamento, quando constituir parte da atividade econômica principal ou fase do processo produtivo MANDADO DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO DO CRÉDITO Não suspende a exigibilidade do crédito a discussão judicial de dispositivo diverso do da fundamentação do auto de infração Fl. 573DF CARF MF 14 MULTA DE OFÍCIO È cabível multa de ofício em lançamento sem exigibilidade suspensa AVISO PRÉVIO INDENIZADO. AUXÍLIO DOENÇA. AUXÍLIO ACIDENTE São base de cálculo de contribuição previdenciária o aviso prévio indenizado, os 15 primeiros dias de afastamento por motivo de doença ou acidente. RAIS. INFORMAÇÃO NÃO DISPONÍVEL. BASE DE CONSULTA Os dados constantes da RAIS são enviados pelo empregador, não cabendo alegação de cerceamento de defesa por não conhecimento do ali contido. A ciência dessa decisão ocorreu em 19/08/2015 (efl. 515). Em 18/09/2015, foi apresentado recurso voluntário (efls. 512 a 540), na qual são reiterados os argumentos da impugnação, e, ainda, alegado que: (a) o conceito de industrialização constante do Regulamento do IPI (Decreto n. 7.212/2010), bem como o da legislação esparsa correlata, deve ser considerado, para efeitos de seu enquadramento como "produtor rural pessoa jurídica", visto que fazer uso, tão somente, da legislação previdenciária (IN RFB 971/2009, com as alterações introduzidas pela IN RFB n. 1.071/2010), de modo isolado, para analisar o presente caso, desvirtua o conceito e o alcance das definições constantes nessas normas, quanto à caracterização das atividades e/ou procedimentos ali abordados como industrialização, ou não. Uma vez realizada uma interpretação sistemática dessas normas, conjuntamente com as decisões judiciais proferidas, em favor da Recorrente, no âmbito do MS n. 1999.71.00.021280 5, verificase que ela não pode ser enquadrada como "Agroindústria"; (b) os membros da 5ª Turma da DRJ/JFA distorceram os limites e/ou contornos estabelecidos pelos próprios Auditores Fiscais, no tocante aos Autos de Infração lavrados contra a empresa, em especial, quantos aos efeitos e/ou ao alcance das decisões proferidas no âmbito do MS n. 1999.71.00.0212805, de modo que, ao final, restassem afastados os efeitos das aludidas decisões e, com isso, se tornasse possível retirar o sobrestamento que recaia sobre a totalidade dos créditos tributários lançados, objeto daqueles autos de infração, situação essa, inclusive, vedada pelo CARF; (c) para enquadrar a empresa como "Agroindústria" as decisões judiciais, deveriam ter perdido a sua eficácia, o que, como se verifica, não foi o caso. Foram feitos os seguintes pedidos: (a) o cancelamento dos créditos tributários remanescentes; (b) alternativamente, a suspensão da exigibilidade dos Autos de Infração quanto aos créditos tributários remanescentes, até que seja proferida decisão com trânsito em julgado nos autos da ação mandamental, processo número 1999.71.00.0212805, considerando, para tanto, as razões expostas nessa peça recursal; (c) reunir o presente Processo Administrativo Fiscal ao de n. 10314728.806/201490, em razão de ambos compreenderem matérias e/ou questões que lhe são comuns. É o relatório. Voto Fl. 574DF CARF MF Processo nº 10314.728807/201434 Acórdão n.º 2301005.128 S2C3T1 Fl. 9 15 Conselheiro Relator João Bellini Júnior DO RECURSO VOLUNTÁRIO QUESTÃO PREJUDICIAL: DOS EFEITOS DO MANDADO DE SEGURANÇA 1999.71.00.0212805 O recorrente defende que todos os fatos geradores das contribuições previdenciárias em questão, períodos de apuração de jan/2010 a dez/2011, ocorreram sob os efeitos do MS n° 1999.71.00.0212805, que impede a Administração Tributária Federal de enquadrála como "Agroindústria" com fundamento no § 1º do art. 165 da IN RFB n° 971/2009. Nesse mandado de segurança (inicial às efls. 649 a 671), são formulados os seguintes pedidos: V DO PEDIDO Face ao exposto, a Impetrante requer, mui respeitosamente, se digne V.Exa.: a) concederlhe medida liminar para afastar a aplicação dos incisos I e II e § 1º do artigo 25 da Lei nº 8.870/94, desobrigandoa do recolhimento da contribuição de 2,7% sobre o valor da comercialização de sua produção rural; b) determinar a notificação da Autoridade Coatora para que preste as informações de lei; e, c) por fim, concederlhe a Segurança, para definitivar o pedido liminar, em virtude da inconstitucionalidade dos incisos I e II e § 1º do artigo 25 da Lei n2 8.870/94. Diferentemente do que aduz a recorrente, não é matéria litigiosa no MS n° 1999.71.00.0212805 a sua qualificação, ou não, como empregador rural pessoa jurídica, ou como agroindústria. Até porque, à época, não havia seu enquadramento como agroindústria, que somente ocorreu, como relatado, a partir de setembro de 2010. Assim, o objeto do Mandado de Segurança 1999.71.00.0212805 é afastar a aplicação dos incisos I e II e § 1º do artigo 25 da Lei nº 8.870, de 1994, em face de sua inconstitucionalidade. São sujeitos passivos da contribuição social prevista no referido dispositivo legal os empregadores, pessoas jurídicas, que se dediquem à produção rural; tal contribuição é devida em substituição à prevista nos incisos I e II do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Já os lançamentos em questão tratam de hipótese bastante diversa: a constituição de créditos tributários devidos por agroindústria (e não por empregador rural pessoa jurídica); a base legal do lançamento é a Lei 8.212, de 1991, art. 22A, com a redação dada pela Lei 10.256, de 2001 (efl. 554 – Fundamentos Legais do Débito). Ou seja, não há coincidência entre o referido mandado de segurança e os autos de infração nem quanto a qualificação do sujeito passivo nem em relação a base legal. Fl. 575DF CARF MF 16 Decorrentemente, não há falar de qualquer efeito do Mandado de Segurança 1999.71.00.0212805 nos presentes lançamentos; assim, por exemplo, não há renúncia à instância administrativa e o processo deve ter seu curso normal, sem qualquer sustação. DA QUALIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO COMO AGROINDÚSTRIA – PERÍODOS POSTERIORES A AGOSTO DE 2010 Antes de adentrar no exame da questão, lembro que a decisão recorrida, dando parcial provimento à impugnação, assentou que a recorrente não ostentava a qualidade de agroindústria até agosto de 2010, antes que IN RFB nº 1071, de setembro de 2010 surtisse efeitos. Por esse motivo, o acórdão guerreado cancelou o seu enquadramento nesse período e retificou o lançamento, em decisão não sujeita a recurso de ofício. No tangente aos períodos restantes, ou seja, posteriores a agosto de 2010, a recorrente alega: (a) não ser agroindústria, por realizar tão somente o cultivo e a comercialização de maças, tanto por ela produzida como a adquirida de terceiros; não produz ou comercializa os subprodutos da fruta como, por exemplo, geléias, sucos, etc.; (b) os conceitos de industrialização e de estabelecimento industrial devem ser obtidos mediante interpretação sistemática da legislação tributária, pelo fato de a Lei n. 8.212, de 1991, o Decreto 3.048, de 1999 e a IN RFB 971, de 2009, não abrangerem, de maneira definitiva, tais conceitos, que devem ser buscados na legislação atinente (b.1) ao IPI, notadamente arts. 3°, 4° e 8º do Decreto 7.212, de 2010 (Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados), Decreto n° 6.006, de 2006, Parecer Normativo CST n° 880, de 1971 e Solução de Consulta n° 85 de 2009 da SRRF da 4ª RF e (b.2) ao ITR, art.2°, I e V, da lei 8.023, de 1990 (c) improcede a pretensão fiscal de lhe enquadrar agroindústria por realizar operação de industrialização em face dos processos de lavagem e de tratamento para descontaminação das frutas, seu armazenamento em câmaras refrigeradas e acondicionamento em caixas de papelão, o que em nada alteram a composição e as características do produto in natura; os efeitos do MS n° 1999.71.00.0212805 impedem a Administração Tributária Federal de enquadrála como "Agroindústria", com fundamento no § 1º do art. 165 da IN RFB n° 971, de 2009; (d) como não ocorreu modificação de sua atividade, está amparada pelo art. 100 do CTN, pelo qual são consideradas normas complementares "as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas". Não lhe assiste razão. Por primeiro, como já examinado no item anterior, o MS n° 1999.71.00.0212805 não produz qualquer efeito sobre os lançamentos em questão, não existindo qualquer provocação ou decisão em seu bojo nem quanto a qualificação da recorrente (agroindústria ou empregador rural pessoa jurídica) nem em relação à legislação que ampara a constituição do tributo (Lei 8.212, de 1991, art. 22A, com a redação dada pela Lei 10.256, de 2001). Passemos a verificar as atividades da recorrente. De acordo com o relatório fiscal, seu processos operacional consiste em: a) Suportar a produção rural dos pequenos produtores, acompanhando o preparo, plantio (formação dos pomares), controle de pragas, colheita, etc. b) Após receber as frutas oriundas dos pomares, as mesmas são encaminhadas para a unidade de beneficiamento, onde fazse Fl. 576DF CARF MF Processo nº 10314.728807/201434 Acórdão n.º 2301005.128 S2C3T1 Fl. 10 17 uma préclassificação e seleção das mesmas, sendo posteriormente armazenadas em câmaras refrigeradas com sistema de atmosfera dinâmica, ou seja, com baixo nível de oxigênio e isenta de etileno. c) No período de vendas das frutas, as mesmas são retiradas das câmaras refrigeradas, retornando ao setor de beneficiamento, onde fazse os processos de lavagem e de tratamento para descontaminação e limpeza. Finalizando, dáse o processo de embalagem das frutas em caixas de papelão ou sacos plásticos lacrados. A recorrente não nega a existência desse processo produtivo. Como ressaltou a decisão recorrida, o processo descrito está em consonância com as informações contidas em vídeos e informações sítio eletrônico da recorrente (http://www.agroschio.agr.br/), no qual é demonstrado também o processo de lavagem das frutas bem como seu resfriamento e embalagem: A definição de agroindústria, para efeitos de incidência das contribuições previdenciárias, se encontra no art. 165, I, “2”, III e §1º, da Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil (RFB) nº 971, de 2009: Art. 165. Considerase: I produtor rural, a pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que desenvolve, em área urbana ou rural, a atividade agropecuária, pesqueira ou silvicultural, bem como a extração de produtos primários, vegetais ou animais, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, sendo: (...) b) produtor rural pessoa jurídica: (...) 2. a agroindústria que desenvolve as atividades de produção rural e de industrialização da produção rural própria ou da produção rural própria e da adquirida de terceiros, observado o disposto no inciso IV do § 2ºdo art. 175 e no § 3º deste artigo; (...) III beneficiamento, a primeira modificação ou o preparo dos produtos de origem animal ou vegetal, realizado diretamente pelo próprio produtor rural pessoa física e desde que não esteja sujeito à incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), por processos simples ou sofisticados, para posterior venda ou industrialização, sem lhes retirar a característica original, assim compreendidos, dentre outros, os processos de lavagem, limpeza, descaroçamento, pilagem, descascamento, debulhação, secagem, socagem e lenhamento; Fl. 577DF CARF MF 18 IV industrialização rudimentar, o processo de transformação do produto rural, realizado pelo produtor rural pessoa física ou pessoa jurídica, alterandolhe as características originais, tais como a pasteurização, o resfriamento, a fermentação, a embalagem, o carvoejamento, o cozimento, a destilação, a moagem, a torrefação, a cristalização, a fundição, dentre outros similares; (...) § 1º Considerase industrialização, para fins de enquadramento do produtor rural pessoa jurídica como agroindústria, a atividade de beneficiamento, quando constituir parte da atividade econômica principal ou fase do processo produtivo, e concorrer, nessa condição, em regime de conexão funcional, para a consecução do objeto da sociedade. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1071, de 15 de setembro de 2010) (Grifouse.) Como se observa da legislação, para o enquadramento como agroindústria, basta que o produtor rural pessoa jurídica pratique o beneficiamento, conceituado como a primeira modificação ou o preparo dos produtos de origem animal ou vegetal, realizado diretamente pelo próprio produtor rural e desde que não esteja sujeito à incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), por processos simples ou sofisticados, para posterior venda ou industrialização, sem lhes retirar a característica original, assim compreendidos, dentre outros, os processos de lavagem, limpeza. É fato incontroverso que a recorrente pratica tanto o beneficiamento quanto a industrialização rudimentar, definidos pelo citado ato normativo. Ressaltase que para haver o enquadramento da atividade como beneficiamento é necessário que tal atividade não esteja sujeita à incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI); assim, diferentemente do que defende, a fato da recorrente não estar sujeita às normas do IPI é condição para que seja enquadrada como agroindústria pela atividade do beneficiamento – tal fato não a exclui do conceito de industrialização, como pretende. Ressalto que, mesmo que a recorrente não praticasse o beneficiamento, sua atividade de industrialização rudimentar, concretizada pelas operações de embalagem e resfriamento são suficientes para a caracterização da atividade industrial e, como decorrência, sua caracterização como agroindústria. Toda a legislação citada pela recorrente é (a) específica de outros tributos (IPI, ITR), não se aplicando para fins da incidência de contribuições previdenciárias, e, ainda, caso superado essa limitação, (b) anacrônica, dizendo respeito à situação jurídica anterior da estabelecida pela Instrução Normativa RFB nº 1071, de 15 de setembro de 2010, que definiu o beneficiamento como suficiente para o enquadramento como agroindústria do produtor rural pessoa jurídica. Assim, a legislação em apreço não influi em sua caracterização como agroindústria. Verbas “auxíliodoença”, “acidente do trabalho” e “aviso prévio indenizado” A irresignada aduz serem indenizatórias as verbas “acidente do trabalho”, “auxíliodoença” e “aviso prévio indenizado”, razão pela qual não incidiriam, sobre elas, contribuições previdenciárias. Fl. 578DF CARF MF Processo nº 10314.728807/201434 Acórdão n.º 2301005.128 S2C3T1 Fl. 11 19 Não lhe assiste razão. Em relação ao auxíliodoença, já assentou a CSRF que “os valores decorrentes da obrigação legal de pagar o salário devido ao empregado nos primeiros 15 dias de afastamento por doença (também denominado de auxíliodoença ou salárioenfermidade), decorrem de interrupção do contrato de trabalho, mantida sua característica de verba salarial, assim passível de sofrer a incidência das contribuições previdenciárias, patronal e a cargo do empregado”: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011 (..) COMPENSAÇÃO. PRIMEIROS 15 DIAS DE AUXÍLIO DOENÇA. INCIDÊNCIA. Os valores decorrentes da obrigação legal de pagar o salário devido ao empregado nos primeiros 15 dias de afastamento por doença (também denominado de auxíliodoença ou salário enfermidade), decorrem de interrupção do contrato de trabalho, mantida sua característica de verba salarial, assim passível de sofrer a incidência das contribuições previdenciárias, patronal e a cargo do empregado. Assim, também aqui não há que se falar em direto creditório oriundo dos recolhimentos efetuados a partir de base de cálculo contemplando tais valores, visto que também devidos. (Acórdão: 9202004.352, Data da Sessão: 23/08/2016: Heitor de Souza Lima Junior Redator designado) Quanto às demais verbas ditas “indenizatórias”, acidente do trabalho e aviso prévio indenizado, adoto como razões de decidir, mutatis mutandis, os argumentos do Conselheiro André Luís Mársico Lombardi em seu voto no Acórdão 2401003.943: Alega a recorrente que houve a inclusão de verbas de natureza indenizatória, como os adicionais de horas extra, noturno, de periculosidade, de insalubridade, as férias, o terço constitucional de férias (adicional), o saláriomaternidade, afastamento acidente e doença, avisoprévio indenizado. Para o enfrentamento da questão relativa à incidência ou não de contribuição previdenciária sobre os valores pagos nos quinze primeiros dias de afastamento do empregado por auxíliodoença ou auxílioacidente, assim como sobre o saláriomaternidade, as férias, o adicional de férias, as horas extras, os adicionais noturno, de insalubridade e de periculosidade, bem como sobre o avisoprévio indenizado, entre outras, como afirma a recorrente, é preciso investigar sobre os limites de incidência das contribuições previdenciárias. Vejamos. A base de cálculo das contribuições previdenciárias está definida no art. 28 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, que estabelece o conceito de saláriodecontribuição e discrimina as Fl. 579DF CARF MF 20 verbas que sofrem ou não a incidência da contribuição previdenciária. Em que pese os limites estabelecidos para a análise da inconstitucionalidade de lei no âmbito administrativo (Súmula CARF n° 2 e art. 62 do RICARF), não se pode dizer que o art. 28 tenha extrapolado os lindes normativos definidos pela Constituição Federal. Com efeito, conforme já observamos em nossa dissertação de mestrado, "o art. 195, I, a, da CF, estipula os limites constitucionais do fato gerador das contribuições previdenciárias da empresa, determinando que incidam sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados". (A importância da execução de ofício das contribuições previdenciárias no processo do trabalho. 2012. Dissertação (Mestrado em Direito), USP, São Paulo, p. 54. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2138/ tde05122012162954/ptbr.phpest. Acesso em 19/06/2014) No que se refere à contribuição dos segurados, a Constituição "não faz qualquer menção aos seus contornos básicos (art. 195, II), exceto quando estipula no § 11 do art. 201 que os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. De tal referência extraise apenas o elemento da base de cálculo".(Idem p. 57.) Assim, podese concluir que, fora destes limites da base imponível do tributo "folha de salários", "demais rendimentos" e "ganhos habituais", sendo que este último não deixa de ser "rendimento", "a lei não pode estabelecer a incidência, salvo mediante a instituição de nova fonte de custeio por lei complementar, conforme determinação do art. 195, § 4º, da CF". (Idem p. 68.) E, dentro dos mencionados parâmetros constitucionais, a Lei n° 8.212/1991, em seu art. 11, delimitou a base de cálculo da contribuição das empresas, a qual incide sobre a "remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço" (parágrafo único, alínea a) e dos trabalhadores, que, por sua vez, incide, sobre o seu "saláriodecontribuição" (parágrafo único, alínea b). Portanto, temos que adentrar na análise da lei previdenciária para definir o conceito de "remuneração" e de "saláriode contribuição". Entendemos que remuneração "pode ainda abarcar os conceitos de vencimento, soldo, subsídios, prólabore, honorários ou qualquer outra espécie de retribuição que "remunere" (Ibidem p. 69 e seguintes.), de sorte a englobar, nos limites da Lei n° 8.212/91, não só a contraprestação (trabalho efetivamente prestado) e a disponibilidade (tempo à disposição"), como também outras obrigações decorrentes da relação de trabalho, inclusive as interrupções remuneradas do contrato de trabalho e outras conquistas sociais. Quanto ao conceito de saláriodecontribuição para empregados e avulsos, a Lei n° 8.212/91 foi generosa em termos extensivos, Fl. 580DF CARF MF Processo nº 10314.728807/201434 Acórdão n.º 2301005.128 S2C3T1 Fl. 12 21 definindoo como a remuneração auferida, "assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho" (art. 28 da Lei n° 8.212/91). Notese que a Lei não falou em "contraprestação" (uma prestação por outra), mas sim em "retribuição", ressoando a crítica da doutrina trabalhista quanto à definição de salário contida no art. 457 da CLT, que faz uso da expressão "contraprestação" ao invés de "retribuição". Daí Alice Monteiro de Barros afirmar que: preferimos conceituar o salário como a retribuição devida e paga diretamente pelo empregador ao empregado, de forma habitual, não só pelos serviços prestados, mas pelo fato de se encontrar à disposição daquele, por força do contrato de trabalho. Como o contrato é sinalagmático no conjunto e não prestação por prestação, essa sua característica justifica o pagamento do salário nos casos de afastamento do empregado por férias, descanso semanal, intervalos remunerados, enfim, nas hipóteses de interrupção do contrato. (Curso de direito do trabalho. 7ª ed., São Paulo: LTr, 2011, p. 591) Assim, verificase que, quanto ao segurado empregado e avulso, o conceito legal estabelecido é amplo, de forma a abarcar todo e qualquer título que sirva para retribuir a prestação de serviços. Todavia, é preciso ressaltar que a base de cálculo é apurada mediante o cotejamento dos conceitos supradescritos com as regras de inclusão, exclusão e os limites descritos nos parágrafos do mesmo artigo. Todas essas regras valem também para a formação da base de cálculo da contribuição das empresas, que é a "remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço" (parágrafo único, alínea a, do art. 11 da Lei n° 8.212/1991, bem como art. 22, I e II, da mesma lei). Assim, tanto nos quinze primeiros dias de afastamento do empregado por auxíliodoença ou auxílioacidente (art. 60, § 3°, da Lei n° 8.213/91), como no saláriomaternidade (art. 28, § 2°, da Lei n° 8.212/91) e nas férias (art. 7°, XVII, da CF, e art. 129 da CLT), bem como sobre o avisoprévio indenizado (art. 487 e seguintes da CLT), temos típicas hipóteses de interrupção do contrato de trabalho, razão pela qual, a despeito de inexistir prestação de serviço, há remuneração e, havendo remuneração paga, devida ou creditada, há incidência de contribuições previdenciárias. O caráter remuneratório dos adicionais de férias (art. 7°, XVII, da CF), de horas extras (art. 7°, XVI, da CF), noturno (art. 7°, IX, da CF), de insalubridade (art. 7°, XXIII, da CF) e de periculosidade (art. 7°, XXIII, da CF), é inequívoco, pois tratam se de conquistas sociais que nada mais representam senão uma retribuição legal pelo trabalho, de sorte que não haveria razão para se negar o seu caráter remuneratório. Notese que não se desconhece a recente decisão do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp 1.230.957, na Fl. 581DF CARF MF 22 sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil (recurso repetitivo), que estabeleceu a não incidência de contribuição previdenciária sobre a remuneração (i) nos 15 dias anteriores à concessão de auxíliodoença, (ii) do terço constitucional de férias indenizadas ou gozadas; e (iii) do aviso prévio indenizado. Ocorre que este relator opta por manter o seu entendimento quanto à base imponível do saláriode contribuição, tendo em vista não estar ainda vinculado ao decisório, posto que não se trata de decisão definitiva de mérito (art. 62A, do RICARF). Em sentido semelhante, são os argumentos contidos na Nota/PGFN/CRJ/N° 640/2014, cuja ementa é: Art. 19 da Lei nº 10.522/2002. Pareceres PGFN/CRJ nº 492/2010; PGFN/CRJ nº 492/2011; PGFN/CDA nº 2025/2011; PGFN/CRJ/CDA nº 396/2013. Portaria PGFN nº 294/2010. Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2014. Recurso Especial nº 1.230.957/RS. Recurso representativo de controvérsia. Processo submetido à sistemática do artigo 543C do CPC Nota Explicativa para delimitação da matéria decidida e esclarecimentos acerca da aplicação do julgado. Nãoinclusão do tema em lista de dispensa de contestar e recorrer. Sendo assim, entendo que o lançamento deve ser mantido quanto às rubricas contestadas pela recorrente. Ressalto que os erros apontados pelo recorrente em sua impugnação já restaram corrigidos pelo acórdão recorrido, sendo canceladas as parcelas que já haviam composto a base de cálculo das contribuições previdenciárias. DO LEVANTAMENTO F2 RAIS SUPERIOR A GFIP PA 09/2010 E 10/2010 A recorrente alegou que a autoridade lançadora apontou pequenas diferenças entre as bases salariais informadas na Gfip e Rais, relativas à filial de Vacaria/RS, nas competências 09 e 10/2010, e que usar as informações constantes da Rais para fins de fiscalização previdenciária requer uma demonstração clara e precisa dos métodos e/ou procedimentos utilizados pela autoridade lançadora para amparar as diferenças bem como possibilitar a análise e defesa sobre a alegada infração tributária; não constou tais informações no auto de infração, existindo, tão somente, as diferenças de modo consolidado e, não, analítico. Não lhe assiste razão. Durante o procedimento fiscal, a contribuinte foi intimada a explicar a diferença apurada, que serviu de base de cálculo para o lançamento (efls. 188 a 190); como resposta (efl. 192), aduziu não ter acesso aos valores totais da Relação Anual de Informações Sociais (Rais): "Com relação as diferenças apuradas a massa salariais declaradas entre RAIS e GFIP das competências acima a empresa não tem acesso aos valores totais da RAIS somente a RFB, ficando com isto prejudicado a justificativa para tal diferença." Fl. 582DF CARF MF Processo nº 10314.728807/201434 Acórdão n.º 2301005.128 S2C3T1 Fl. 13 23 Entretanto, a Rais é documento preenchido pelos contribuintes para fornecimento o Ministério do Trabalho e Emprego, conforme se demonstra à leitura de seu manual de preenchimento do ano de 2014: 1. Introdução Todo estabelecimento deve fornecer ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), as informações referentes a cada um de seus empregados, de acordo com o Decreto n° 76.900, de 23 de dezembro de 1975.(Grifouse.) Decreto 76.900/75 Art 1° Fica instituída a Relação Anual de Informações Sociais RAIS, a ser preenchida pelas empresas, contendo elementos destinados a suprir as necessidades de controle, estatística e informações das entidades governamentais da área social. (Grifouse.) Assim, é descabida a alegação de cerceamento do direito de defesa e é da recorrente o ônus de justificar a diferença entre o que foi declarado pela recorrente na Rais e na Gfip. Não se desincumbido de comprovar a inexistência fática da diferença lançada, deve ser mantido o lançamento. DA MULTA DE OFÍCIO Não existindo a alegada concomitância entre a ação judicial e a matéria veiculada no presente processo, a multa de ofício deve ser mantida, uma vez que restou caracterizada a falta de pagamento do tributo nesses períodos, o que configura sua hipótese de incidência, face ao disposto no art. 35A da Lei 8.212, de 1991, com a remissão ao art. 44, I, da Lei 9.430, de 1996: Lei 8.212, de 1991: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Lei 9.430, de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 583DF CARF MF 24 Conclusão Pelo exposto, voto, portanto, por CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO e lhe NEGAR PROVIMENTO. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Relator Fl. 584DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.911028/2010-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2002 a 30/04/2002
ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO.
O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrante, portanto, do conceito de receita bruta.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.528
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes e José Renato Pereira de Deus.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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PIS/COFINS. INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES. Recorrente SANPLAST INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PLÁSTICOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2002 a 30/04/2002 ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO. O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrante, portanto, do conceito de receita bruta. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes e José Renato Pereira de Deus. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Restituição/Declaração de Compensação (PERDCOMP) eletrônico por meio da qual a contribuinte objetivava quitar débitos tributários/solicitar restituição de valor utilizandose de créditos de PIS, que teria sido indevidamente recolhido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 91 10 28 /2 01 0- 11 Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10980.911028/201011 Acórdão n.º 3302004.528 S3C3T2 Fl. 3 2 A justificativa apresentada pela autoridade fiscal para não homologar a compensação/indeferir o pedido de restituição foi que o DARF discriminado na PERDCOMP havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte. Cientificada sobre o teor do despacho decisório, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega que o pedido de compensação/restituição referese a créditos decorrentes de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela instância de origem, nos termos do Acórdão 06040.419. Irresignada a contribuinte interpôs recurso voluntário, o que motivou a subida dos autos a este Conselho. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.500, de 25 de julho de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.900996/201183, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.500) 1: "Em que pese as razões arroladas pela ilustre Relatora, peço licença para divergir dos fundamentos e do resultado dado ao presente o processo administrativo. Conforme relatado anteriormente, alega a Recorrente que os créditos são decorrentes de pagamentos a maior da Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Cita e pede aplicação dos RE´s 240.7852/MS e 574.706. Para dirimir a controvérsia sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS e, afastar a aplicação da decisão proferida pela Suprema Corte ao presente caso, empresto e adoto como fundamento as razões de decidir da i. Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, nos autos do processo administrativo nº 10283.902818/201235 (acórdão 3302004.158): 1 Deixo de transcrever o voto vencido, que pode ser facilmente consultado no Acórdão paradigma, mantendo apenas o entendimento predominante da Turma expresso no voto vencedor. Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10980.911028/201011 Acórdão n.º 3302004.528 S3C3T2 Fl. 4 3 A controvérsia cingese sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. A situação que permeia os tribunais na atualidade é de dois posicionamentos conflitantes quanto à inclusão ou não do tributo na base de cálculo do PIS e da COFINS. O Superior Tribunal de Justiça no REsp 1144469/PR, em sistema de recursos repetitivos assim decidiu: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, §2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto sobre imposto, Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10980.911028/201011 Acórdão n.º 3302004.528 S3C3T2 Fl. 5 4 salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e §1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMSST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da não cumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendo se à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula n. 258/TFR: "Incluise na Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10980.911028/201011 Acórdão n.º 3302004.528 S3C3T2 Fl. 6 5 base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS inclui se na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃO APLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.158 35, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". Fl. 52DF CARF MF Processo nº 10980.911028/201011 Acórdão n.º 3302004.528 S3C3T2 Fl. 7 6 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (REsp 1144469/PR; Relator: Napoleão Nunes Maia Filho; Relator para o acórdão: Mauro Campbell Maques) (grifos não constam no original) Já o Supremo Tribunal Federal, no RE 574.706RG/PR, julgou, no dia 15.03.2017, no sentido de que: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen Lúcia (Presidente), apreciando o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins". Vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Nesta assentada o Ministro Dias Toffoli aditou seu voto. Plenário, 15.3.2017. (grifos não constam do original) No âmbito do regimento interno deste Egrégio Tribunal Administrativo, existe previsão normativa em seu artigo 62, anexo II, sobre a obrigatoriedade de se observar os precedentes em sistema de repetitivos e/ou repercussão geral na análise dos casos: RICARF Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente, no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese Fl. 53DF CARF MF Processo nº 10980.911028/201011 Acórdão n.º 3302004.528 S3C3T2 Fl. 8 7 observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. Em razão da obrigatoriedade por parte do conselheiro em aplicar o RICARF, acima exposto, os argumentos da Recorrente de desnecessidade de previsão legal para a exclusão do ICMS por respeito ao princípio da capacidade contributiva e da impossibilidade de considerar o ICMS como parte integrante do faturamento ficam, desde já, encontramse fundamentados com a aplicação do precedente obrigatório. Portanto, em conformidade com o REsp 1.144.469/PR, que firmou para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", é negado provimento ao recurso voluntário. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o litígio resumese ao direito a créditos decorrente de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 54DF CARF MF
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Numero do processo: 16561.720076/2011-09
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL 60. AJUSTE. IN/SRF 243/2002. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA.
Descabe a arguição de ilegalidade da IN SRF nº 243/2002, cuja metodologia busca proporcionalizar o preço parâmetro ao bem importado aplicado na produção. Assim, a margem de lucro não é calculada sobre a diferença entre o preço líquido de venda do produto final e o valor agregado no País, mas sobre a participação do insumo importado no preço de venda do produto final, o que viabiliza a apuração do preço parâmetro do bem importado com maior exatidão, em consonância ao objetivo do método PRL 60 e à finalidade do controle dos preços de transferência.
Numero da decisão: 9101-002.935
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Daniele Souto Rodrigues Amadio (relatora), Luís Flávio Neto e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. O conselheiro Gerson Macedo Guerra acompanhou a relatora pelas conclusões. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício e Redator Designado
(assinado digitalmente)
Daniele Souto Rodrigues Amadio - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL 60. AJUSTE. IN/SRF 243/2002. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. Descabe a arguição de ilegalidade da IN SRF nº 243/2002, cuja metodologia busca proporcionalizar o preço parâmetro ao bem importado aplicado na produção. Assim, a margem de lucro não é calculada sobre a diferença entre o preço líquido de venda do produto final e o valor agregado no País, mas sobre a participação do insumo importado no preço de venda do produto final, o que viabiliza a apuração do preço parâmetro do bem importado com maior exatidão, em consonância ao objetivo do método PRL 60 e à finalidade do controle dos preços de transferência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Daniele Souto Rodrigues Amadio (relatora), Luís Flávio Neto e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. O conselheiro Gerson Macedo Guerra acompanhou a relatora pelas conclusões. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício e Redator Designado (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 76 /2 01 1- 09 Fl. 2256DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.257 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela contribuinte em face do Acórdão nº 1302001.167, em que se discutia, na temática de preços de transferência, a ilegalidade da IN SRF 243/2002. A 2ª Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção de Julgamento negou provimento ao recurso, assim ementando os termos da decisão: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. IN SRF 243/02. MÉTODO PRL. LEGALIDADE. A proporcionalização determinada pelos incisos do § 11 do art. 12 da IN SRF 243/02 se constitui em uma interpretacã̧o que atende aos critérios da: a) razoabilidade, pois é mais conforme com o espírito de uma norma (art. 18, II, da Lei 9.430/96) que visa o controle de preços de transferência na importação, garantindo um tratamento isonômico de contribuintes que se encontrem na mesma situação; b) adequação, pois não cabia ao legislador pormenorizar, em texto de lei, o método de cálculo do preço parâmetro, bastando que desse contornos legais, os quais são observados pela IN 243/02; e c) necessidade, pois retificou a equivocada interpretacã̧o dada pela IN SRF 32/01, tornando efetivo o método PRL. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Tratandose da mesma situacã̧o fática e do mesmo conjunto probatório, a decisão prolatada no lanca̧mento do IRPJ e ́aplicável, mutatis mutandis, ao lanca̧mento da CSLL.”nb Do voto condutor, quanto à matéria IN SRF 243/2002 x Lei, foi dito, em síntese, que: (i) As fórmulas, seja a porventura trazida pelo contribuinte, sejam as previstas em atos normativos editados pela Receita Federal (Instruções Normativas nºs 113/2000; 32/2001; e 243/2002), representam expressões matemáticas do exercício interpretativo feito pelo aplicador da lei, às disposições do art. 18 da Lei nº 9.430/96; (ii) Vejamos, então, o disposto em cada um dos atos antes referenciados relativamente ao caso em debate (art. 18 da Lei nº 9.430/96 e art. 12 da Instrução Normativa nº 243/2002): Lei nº 9.430/96 Fl. 2257DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.258 3 Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: I Método dos Preços Independentes Comparados PIC: definido como a média aritmética dos preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, apurados no mercado brasileiro ou de outros países, em operações de compra e venda, em condições de pagamento semelhantes; II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) de margem de lucro de vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda; d) da margem de lucro de: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.0134, de 1999) 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.0134, de 1999) 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.0134, de 1999) d) da margem de lucro de: (Redação dada pela Lei nº 9.959, de 2000) 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; (Redação dada pela Lei nº 9.959, de 2000) 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. (Redação dada pela Lei nº 9.959, de 2000) III Método do Custo de Produção mais Lucro CPL: definido como o custo médio de produção de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, no país onde tiverem sido originariamente produzidos, acrescido dos impostos e taxas cobrados pelo referido país na exportação e de margem de lucro de vinte por cento, calculada sobre o custo apurado. § 1º As médias aritméticas dos preços de que tratam os incisos I e II e o custo médio de produção de que trata o inciso III serão calculados considerando os preços praticados e os custos incorridos durante todo o período de apuração da base de cálculo do imposto de renda a que se referirem os custos, despesas ou encargos. Fl. 2258DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.259 4 § 2º Para efeito do disposto no inciso I, somente serão consideradas as operações de compra e venda praticadas entre compradores e vendedores não vinculados. § 3º Para efeito do disposto no inciso II, somente serão considerados os preços praticados pela empresa com compradores não vinculados. § 4º Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado, observado o disposto no parágrafo subseqüente. § 5º Se os valores apurados segundo os métodos mencionados neste artigo forem superiores ao de aquisição, constante dos respectivos documentos, a dedutibilidade fica limitada ao montante deste último. § 6º Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. § 7º A parcela dos custos que exceder ao valor determinado de conformidade com este artigo deverá ser adicionada ao lucro líquido, para determinação do lucro real. § 8º A dedutibilidade dos encargos de depreciação ou amortização dos bens e direitos fica limitada, em cada período de apuração, ao montante calculado com base no preço determinado na forma deste artigo. § 9º O disposto neste artigo não se aplica aos casos de royalties e assistência técnica, científica, administrativa ou assemelhada, os quais permanecem subordinados às condições de dedutibilidade constantes da legislação vigente. IN SRF nº 243/2002 Art. 12. A determinação do custo de bens, serviços ou direitos, adquiridos no exterior, dedutível da determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, poderá, também, ser efetuada pelo método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), definido como a média aritmética ponderada dos preços de revenda dos bens, serviços ou direitos, diminuídos: I dos descontos incondicionais concedidos; II dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; III das comissões e corretagens pagas; IV de margem de lucro de: a) vinte por cento, na hipótese de revenda de bens, serviços ou direitos; b) sessenta por cento, na hipótese de bens, serviços ou direitos importados aplicados na produção. § 1º Os preços de revenda, a serem considerados, serão os praticados pela própria empresa importadora, em operações de venda a varejo e no atacado, com compradores, pessoas físicas ou jurídicas, que não sejam a ela vinculados. § 2º Os preços médios de aquisição e revenda serão ponderados em função das quantidades negociadas. Fl. 2259DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.260 5 § 3º Na determinação da média ponderada dos preços, serão computados os valores e as quantidades relativos aos estoques existentes no início do período de apuração. § 4º Para efeito desse método, a média aritmética ponderada do preço será determinada computandose as operações de revenda praticadas desde a data da aquisição até a data do encerramento do período de apuração. § 5º Se as operações consideradas para determinação do preço médio contiverem vendas à vista e a prazo, os preços relativos a estas últimas deverão ser escoimados dos juros neles incluídos, calculados à taxa praticada pela própria empresa, quando comprovada a sua aplicação em todas as vendas a prazo, durante o prazo concedido para o pagamento. § 6º Na hipótese do § 5º, não sendo comprovada a aplicação consistente de uma taxa, o ajuste será efetuado com base na taxa: I referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), para títulos federais, proporcionalizada para o intervalo, quando comprador e vendedor forem domiciliados no Brasil; II Libor, para depósitos em dólares americanos pelo prazo de seis meses, acrescida de três por cento anuais a título de spread, proporcionalizada para o intervalo, quando uma das partes for domiciliada no exterior. § 7º Para efeito deste artigo, serão considerados como: I incondicionais, os descontos concedidos que não dependam de eventos futuros, ou seja, os que forem concedidos no ato de cada revenda e constar da respectiva nota fiscal; II impostos, contribuições e outros encargos cobrados pelo Poder Público, incidentes sobre vendas, aqueles integrantes do preço, tais como ICMS, ISS, PIS/Pasep e Cofins; III comissões e corretagens, os valores pagos e os que constituírem obrigação a pagar, a esse título, relativamente às vendas dos bens, serviços ou direitos objeto de análise. § 8º A margem de lucro a que se refere a alínea "a" do inciso IV do caput será aplicada sobre o preço de revenda, constante da nota fiscal, excluídos, exclusivamente, os descontos incondicionais concedidos. § 9º O método do Preço de Revenda menos Lucro mediante a utilização da margem de lucro de vinte por cento somente será aplicado nas hipóteses em que, no País, não haja agregação de valor ao custo dos bens, serviços ou direitos importados, configurando, assim, simples processo de revenda dos mesmos bens, serviços ou direitos importados. § 10. O método de que trata a alínea "b" do inciso IV do caput será utilizado na hipótese de bens, serviços ou direitos importados aplicados à produção. § 11. Na hipótese do § 10, o preço parâmetro dos bens, serviços ou direitos importados será apurado excluindose o valor Fl. 2260DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.261 6 agregado no País e a margem de lucro de sessenta por cento, conforme metodologia a seguir: I preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido: a relação percentual entre o valor do bem, serviço ou direito importado e o custo total do bem produzido, calculada em conformidade com a planilha de custos da empresa; III participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido: a aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme o inciso II, sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com o inciso I; IV margem de lucro: a aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a " participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado de acordo com o inciso III; V preço parâmetro: a diferença entre o valor da " participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado conforme o inciso III, e a margem de lucro de sessenta por cento, calculada de acordo com o inciso IV. (iii) As regras de preços de transferência, introduzidas no ordenamento jurídico por meio da já citada Lei nº 9.430, de 1996, objetivam impedir que, por meio de artifícios, rendas que deveriam permanecer no país sejam transferidas para o exterior; (iv) O que a legislação de preços de transferência objetiva, portanto, é identificar, por meio de métodos matemáticos, o custo (no caso da importação) efetivo de determinado bem, serviço ou direito, caso a operação não seja realizada com pessoa vinculada ou com pessoa situada em país ou dependência com tributação favorecida ou cuja legislação interna oponha sigilo à divulgação de informações referentes à sua constituição societária ou titularidade; (v) Em elevada sintetização, a formação de preços consiste em um processo de acumulação de custos, acrescida de uma margem de lucro. Admitida uma liberdade terminológica, isto é, abandonando o rigor dos conceitos próprios da teoria econômica, podese afirmar que o preço praticado por determinada unidade produtiva resulta da soma dos custos totais incorridos no processo produtivo, incluídos aí a remuneração dos fatores de produção (valor agregado), acrescidos de uma margem de lucro; (vi) Não resta dúvida de que a Instrução Normativa 243/2002 revela interpretação distinta da que foi feita a que lhe antecedeu (Instrução Normativa nº 32, de 2001), mas isso não autoriza a conclusão de que a interpretação anterior estava em conformidade com a lei e a atual representou inovação. Ao contrário, a interpretação trazida pela Instrução Normativa SRF nº 243, de 2002, é a que melhor traduz os comandos estampados Fl. 2261DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.262 7 no art. 18 da Lei nº 9.430/96, vez que revela com maior precisão o objetivo almejado pelo referido diploma legal; (vii) Por fim, a proporcionalização é questão de ordem puramente matemática e não jurídica, que empresta maior exatidão na determinação do preço parâmetro. Tratandose de comparação de custos, resta evidente que não se pode confrontar o custo do insumo com o custo total do produto. A proporcionalização produz a exclusão, in totum do valor agregado, permitindo, assim a explicitação mais adequada do preço parâmetro. A Presidente da Terceira Câmara da Primeira Seção do CARF, em face do Resp., interposto pela contribuinte, fez o exame de admissibilidade às fls. 2240/2242 do e processo, exarando, em síntese, a seguinte decisão: (i) A única divergência jurisprudencial alegada referese ao ponto da decisão recorrida que considerou legais as disposições da IN 243/02 acerca do cálculo do método PRL60, apresentando os seguintes paradigmas: 1º Acórdão Paradigma Acórdão nº 1202000.835 Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2004 Ementa: AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO DA MATÉRIA. A propositura de ação judicial, com o mesmo objeto do processo administrativo, implica na desistência de discutir essa matéria na esfera administrativa. Aplicação da Súmula CARF nº 1. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. DEFINITIVIDADE. Considerase definitiva, na esfera administrativa, matéria não expressamente contestada. CÁLCULO DO PREÇO PARÂMETRO. MÉTODO PRL60 PREVISTO EM INSTRUÇÃO NORMATIVA. INAPLICABILIDADE. A função da instrução normativa é de interpretar o dispositivo legal, encontrandose diretamente subordinada ao texto nele contido, não podendo inovar para exigir tributos não previstos em lei. Somente a lei pode estabelecer a incidência ou majoração de tributos. A IN SRF nº 243, de 2002, trouxe inovações na forma do cálculo do preço parâmetro segundo o método PRL60%, ao criar variáveis na composição da fórmula que a lei não previu, concorrendo para a apuração de valores que excederam ao valor do preço parâmetro estabelecido pelo texto legal, o que se conclui pela ilegalidade da respectiva forma de cálculo. 2º Acórdão Paradigma Acórdão nº 1101000.864 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. LEI. NORMAS COMPLEMENTARES. As normas postas pelo executivo para operacionalizar ou interpretar lei devem estar dentro do que a lei Fl. 2262DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.263 8 propõe ser com ela compatível. FÓRMULAS PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PRL60%. LEI Nº 9430. IN SRF Nº 243. A IN SRF Nº 32, de 2001, propõe fórmula idêntica a posta pela lei nº 9.430, de 1996. A IN SRF nº 243 de 2002, desborda da lei, pois utiliza fórmula diferente da prevista na lei, inclusive mencionando variáveis não cogitadas pela lei. LANÇAMENTO. IN SRF Nº 243. Os ajustes feitos com base na fórmula estabelecida na IN SRF nº 243, de 2002, que sejam maiores do que o determinado pela fórmula prevista na lei, não tem base legal e devem ser cancelados (ii) Com relação a esse ponto, a divergência jurisprudencial é patente, pois se constata do simples cotejo das ementas, razão pela qual deve ter seguimento o recurso especial neste ponto. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, Relatora O recurso é tempestivo e, em conformidade com o despacho de juízo de admissibilidade de fls. 2240/2242, merece ser conhecido, valendo destacar que a única matéria em causa diz respeito à alegação de ilegalidade da IN 243/2002, quanto ao método de cálculo do PRL 60. A ementa do acórdão recorrido bem demonstra as razões pelas quais o Relator negou provimento ao recurso do contribuinte: PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. IN SRF 243/02. MÉTODO PRL. LEGALIDADE. A proporcionalização determinada pelos incisos do § 11 do art. 12 da IN SRF 243/02 se constitui em uma interpretacã̧o que atende aos critérios da: a) razoabilidade, pois é mais conforme com o espírito de uma norma (art. 18, II, da Lei 9.430/96) que visa o controle de preços de transferência na importação, garantindo um tratamento isonômico de contribuintes que se encontrem na mesma situação; b) adequação, pois não cabia ao legislador pormenorizar, em texto de lei, o método de cálculo do preço parâmetro, bastando que desse contornos legais, os quais são observados pela IN 243/02; e c) necessidade, pois retificou a equivocada interpretacã̧o dada pela IN SRF 32/01, tornando efetivo o método PRL. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Tratandose da mesma situacã̧o fática e do mesmo conjunto probatório, a decisão prolatada no lanca̧mento do IRPJ e ́aplicável, mutatis mutandis, ao lanca̧mento da CSLL. Tratandose, pois, de discussão a propósito da ilegalidade da IN SRF 243/2002 no que tange à aplicação do método PRL60, tomo a liberdade de reproduzir excertos do voto por mim exarado no processo 16561.720037/201101, onde, em sede de Recurso Especial do contribuinte, a mesma matéria foi por mim examinada. Fl. 2263DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.264 9 “Pois bem. As afirmações feitas no voto condutor do acórdão recorrido, de que a matéria em causa seria de ordem puramente matemática e não jurídica, e que a alteração da lei teria sido apenas para “reduzir a litigiosidade que a matéria suscitava”, data máxima vênia, não se sustenta. Em primeiro lugar, não obstante a questão envolva uma fórmula matemática, é sim matéria de ordem eminentemente jurídica, eis que a fórmula em questão está reduzida em um texto de lei, cuja interpretação, obviamente, deve ser feita segundo as boas regras de hermenêutica vigentes em nosso ordenamento e ordenadas pelo direito. E, tendo em conta tratarse de matéria tributária, a Constituição e o CTN predicam, necessariamente, a lei como objeto de interpretação, não admitindo, na construção do objeto de tributação, o emprego da analogia (CTN, Art. 107. “A legislação tributária será interpretada conforme o disposto neste capítulo”; § 1º “O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei”). Ora, a leitura do artigo 18 da Lei 9.430/1996, em sua redação original, de modo algum, pode conduzir à formula matemática na IN 243/2002 na aplicação do método PRL60, senão à fórmula da IN SRF 32/2001. Ainda que se possa alegar que a interpretação literal feita pelas IN SRF 113/2000 e IN SRF 32/2001, em determinadas situações, possa levar a um pequeno ajuste ou a ajuste nenhum, isso não significa que, via IN, o Poder Executivo, ao largo da Lei, venha a corrigir o defeito nela contido, sob pena de violação ao princípio da legalidade. E, mesmo sob a perspectiva puramente matemática, vejase o estudo do Professor Vladimir Belitsky, do Instituto de Matemática e Estatística da USP, anexado aos autos do processo, em que examina a matéria, comparando as três formulas existentes para cálculo do PRL60 com a fórmula verbalizada na Lei 9.430/1996, quais sejam: (i) A fórmula da Lei 9.430/96, segundo interpretada pela IN 113/2000 e pela IN 32/2001, ambas já revogadas; (ii) A fórmula introduzida pela IN 243/2002; (iii) A fórmula hipotética apresentada pela PGFN em suas defesas, apurada a partir de uma suposta interpretação gramatical da Lei 9.430/1996. Dessa análise, o Professor extrai a seguinte conclusão: (i) Todas as fórmulas são diferentes entre si; e (ii) A fórmula da IN 243/02 difere das outras duas não exclusivamente pela sua estrutura, mas também pelo conjunto dos parâmetros envolvidos. Especificamente, a fórmula da IN 243/02 envolve o VDBI (isto é, valor declarado do bem importado), enquanto que nem a fórmula da Lei 9.430/96, tampouco a fórmula hipotética, envolvem o VDBI em suas estruturas. A propósito, vale destacar as seguintes passagens do estudo do Professor Vladimir Belitsky: “Constatação 3. A IN não pode seguir como uma direta interpretação da Lei 9.430/96: é inevitável o acréscimo de alguns postulados, pressupostos ou comandos à lei para que desta possa ser derivada a IN 243. Do ponto de vista da lógica matemática esta constatação é a consequência da combinação de dois fatos já provados acima: de Fl. 2264DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.265 10 um lado, sabemos (cf. Constatação 2) que a fórmula da IN 243 é diferente da Lei 9.430/96, de outro lado, sabemos (cf. Constatação 1 e sua demonstração) que cada fórmula é expressão algébrica, única e fiel do respectivo normativo. Logo, nenhum dos normativos pode ser derivado de outro”. “3. Quesito. A Procuradoria da Fazenda Nacional argumenta que a fórmula da Lei 9.430 é plurívoca e sugere que a IN 243 apenas decorre de uma das interpretações possíveis da Lei 9.430. Do ponto de vista da matemática, é possível afirmar que a IN 243 apenas interpreta a Lei 9.430?. É possível deduzir a fórmula da IN 243 dos comandos contidos na Lei 9.430? Conforme já afirmamos na Constatação 3, não é verdade que a IN 243 é uma interpretação possível da Lei 9.430. Em sua defesa, a Fazenda Nacional emprega a fórmula em situações hipotéticas e dessas situações extrai conclusões genéricas. Essas conclusões são incorretas do ponto de vista matemático”. Ou seja, mesmo sob a óptica puramente matemática, prova o eminente Professor do Instituto de Matemática e Estatística da USP, Ph.D em Matemática Aplicada pelo Instituto Tecnológico de Israel, que a IN SRF 243/2002, no cálculo do método PRL60 era flagrantemente ilegal, bem como que a Lei 9.430/1996, em sua redação original, não comportava variadas interpretações de fórmulas matemáticas. A doutrina, citando por todos Luís Eduardo Schoueri1, também aponta, sob perspectiva unicamente do direito, o desacerto na malfadada IN SRF 243/2002: 7.8.2.2. A diferença pode ser explicada pelos seguintes motivos: Cálculo da ‘margem de lucro’: a divergência dos resultados da Lei n. 9.959/00 e da IN n. 243/02 decorre, em parte, porque a Lei, ao prescrever a fórmula de cálculo ‘margem de lucro’, determina que o percentual de 60% incida sobre o valor integral do preço líquido de venda do produto diminuído do valor agregado no país. Já a Instrução Normativa, para o cálculo da mesma ‘margem de lucro’, determina que o percentual de 60% seja calculado apenas sobre a parcela do preço líquido de venda do produto referente à participação dos bens, serviços ou direitos importados. Atua assim a IN n. 243/02 de forma inovadora e em flagrante excesso à Lei. ‘Cálculo do preço parâmetro’: a expressão ‘preço parâmetro’ é utilizada na legislação dos preços de transferência para denominar o preço obtido através do cálculo de um dos métodos prescritos e com o qual se deverá comparar o preço efetivamente praticado entre as partes relacionadas, na transação denominada ‘controlada’. O ‘preço parâmetro’ é obtido de forma diversa na Lei n. 9.959/00 e na IN n. 243/02. Enquanto na Lei o limite do preço é estabelecido tomandose por base a totalidade do preço líquido de venda, a Instrução Normativa pretende que o limite seja estabelecido a partir, apenas, do percentual da parcela dos insumos importados no preço líquido de venda, o que claramente acaba por restringir o resultado almejado pelo legislador. 1 Preços de Transferência no Direito Tributário Brasileiro. São Paulo: Dialética, 2006, p. 169. Fl. 2265DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.266 11 Em segundo lugar, também não tem nenhum cabimento a afirmação de que a MP 478/2009 (posteriormente substituída pela MP 563/2012, convertida na Lei 12.715/2012) fora editada apenas para “reduzir a litigiosidade que a matéria tem suscitado”, como se lei interpretativa fosse, bastando que se leia a Exposição de Motivos preparada pelo ministério da Fazenda e subscrita por Luis Inácio Adams, então Advogado Geral da União: 20. No tocante às regras de preços de transferência a atual legislação, em grande parte baseada em Instrução Normativa expedida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, vem sofrendo crescentes questionamentos na esfera administrativa, razão pela qual se faz necessária a adoção de medidas voltadas a propiciar maior eficácia ao controle de preços de transferência, tendo em vista a importância da matéria para a proteção da base tributária brasileira. 20.1. Visando instituir, em dispositivo legal, essas medidas que hoje constam apenas em Instrução Normativa, propõese a alteração da redação do art. 18 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com intuito de reduzir a litigiosidade que a matéria tem suscitado, garantindo maior eficácia aos controles de preços de transferência. (...) 20.3. Nesse sentido, o art. 9º altera o art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, de forma a instituir, em dispositivo com força de lei, a metodologia de cálculo que permitirá às pessoas jurídicas sujeitas aos controles de preços de transferência e ao Fisco reconstituírem, com maior precisão, o valor pelo qual o bem, direito ou serviço importado de pessoas vinculadas, aplicados ou não à produção, teriam sido comercializados em condições de livre concorrência, tanto no caso de revenda quanto para as situações em que haja agregação de valor. (Grifamos) Alberto Xavier2, em sua obra sobre direito tributário internacional, confirma a finalidade da MP 478/2009: Muitas das disposições introduzidas pela Medida Provisória nº 478/09 já constavam da Instrução Normativa n. 243/02, mas foram convertidas em disposições legais com o evidente intuito de afastar discussões acerca da sua legalidade. O objetivo do Poder Executivo, como bem revela a exposição de motivos da MP 478/2009, a toda evidência, foi predicar na Lei, quanto à metodologia do PRL60, o que estava apenas predicado na malfadada ilegal IN 243/2002, e é justamente nesse contexto que se deve ter em mente o pretendido “intuito de reduzir a litigiosidade que a matéria tem suscitado”. 2Direito Tributário Internacional do Brasil. Rio de Janeiro, Forense, 2010, p. 321. Fl. 2266DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.267 12 Aliás, fosse a questão mera interpretação de texto, o Poder Executivo poderia ter se valido de Lei interpretativa, tantas vezes usadas para eliminar litígios variados em matéria tributária. Certamente se a matéria foi veiculada por Lei sem o caráter de lei interpretativa é porque o legislador legislador racional que é, na linguagem de Tércio Sampaio Ferraz , sabia que as medidas que iria implementar implicariam modificação no ordenamento legal então vigente. E vejase que o legislador, no cumprimento desse mister, fez muito mais do levar à Lei a fórmula da ilegal IN SRF 243/2002. Isto é, ao trazer para a lei tais regras, consciente do total absurdo da manutenção da margem de 60% na formula que estava dando foros de juridicidade, o legislador atribuiu diferentes margens de lucro por setores mais adequadas às variáveis que na lei implementou para a busca do preço parâmetro para cálculo do ajuste de preços de preferência”. Por tudo isso, dou provimento ao recurso. É como voto. (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio Fl. 2267DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.268 13 Voto Vencedor Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão, Redator Designado Analisando os fatos constantes dos autos, e as razões pelas quais a I. Conselheira Relatora decidiu por dar provimento ao recurso do contribuinte, ouso discordar dos seus fundamentos e das conclusões, pelas razões que seguem adiante. A matéria posta à apreciação desta Câmara Superior referese à legalidade ou não das disposições contidas na Instrução Normativa SRF nº 243/2002, no que se refere, mais especificamente, ao denominado método PRL 60. Na realidade, o cálculo proposto pela IN SRF nº 243/2002, veio corrigir uma imprecisão metodológica no cálculo anteriormente previsto na Instrução Normativa que a antecedeu (IN SRF nº 32/2001, que teve curta vigência), que, porém, não a invalidava do ponto de vista legal. Vejase, para comprovação do afirmado, a tabela abaixo: INS. ESTRANG. INS. NACIONAL VALOR TOTAL PREÇO DE REVENDA (1) 100 Desc. incond. concedidos (2) 5 Imp. e contr. s/ vendas (2) 30 Com. e corretagens (2) 0 PREÇO LÍQ. REVENDA [(1) – (2)] = (3) 65 Valor dos insumos (4) 60 30 90 (Pr. líq. revenda – ins. nac.) [(3) – (4)] = (5) 35 Margem de lucro [60% x (5)] = (6) 21 PREÇO PARÂMETRO [(3) (6)] = (7) 44 Nesse primeiro cálculo, o preço líquido de revenda, de R$ 65,00 que obviamente abrange tanto o insumo estrangeiro quanto o insumo nacional , é deduzido do valor de custo do insumo nacional (R$ 30,00), resultando em R$ 35,00, sobre o qual se calcula a margem de lucro de 60%, encontrandose R$ 21,00. Após isso, o preço parâmetro do insumo estrangeiro é apurado pela dedução dessa margem de lucro, de R$ 21,00, do preço líquido de revenda de R$ 65,00 que obviamente abrange tanto o insumo estrangeiro quanto o nacional , resultando em R$ 44,00. Ou seja, incluiuse, indevidamente, o preço líquido de revenda do insumo nacional, tanto para efeito de se calcular a margem de lucro de 60% (esta, tomandose como base o preço líquido de revenda de R$ 65,00 que obviamente abrange tanto o insumo estrangeiro quanto o nacional com a dedução do valor de custo do insumo nacional, de R$ 30,00), quanto, posteriormente, para se calcular o preço parâmetro do insumo estrangeiro (este, tomandose como base aquele mesmo preço líquido de revenda, de R$ 65,00 que obviamente abrange tanto o insumo estrangeiro quanto o nacional com a dedução da margem de lucro, de R$ 21,00). Vejase, agora, esta outra tabela, também construída a partir dos mesmos dados: Fl. 2268DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.269 14 INS. ESTRANG. INS. NACIONAL VALOR TOTAL PREÇO DE REVENDA (1) 66,66666667 33,33333333 100 Desc. incond. concedidos (2) 3,333333333 1,666666667 5 Imp. e contr. s/ vendas (2) 20 10 30 Com. e corretagens (2) 0 0 0 PREÇO LÍQ. REVENDA [(1) – (2)] = (3) 43,33333333 21,66666667 65 Valor dos insumos (4) 60 30 90 Percentuais dos insumos (5)% 66,66666667 33,33333333 100 Margem de lucro [60% x (3)] = (6) 26 PREÇO PARÂMETRO [(3) – (6)] = (7) 17,33333333 Com a proporcionalização devidamente procedida pela IN SRF nº 243, de 2002, temse que, tanto a margem de lucro de 60%, quando o preço parâmetro que se referem, ambos, ao insumo estrangeiro , estão calculados sobre o valor de R$ 43,33, que é o preço líquido de revenda, de R$ 65,00 que obviamente abrange tanto o insumo estrangeiro quanto o nacional , devidamente escoimado do preço líquido de revenda do insumo nacional, de R$ 21,67, em tamanho destacado na tabela. Outro não foi o objetivo da Lei, ao dispor que a margem de lucro de 60% é “calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção” (grifei). Ora, o “valor agregado no País” corresponde, iniludivelmente, em última análise, à participação do insumo nacional na formação do preço de revenda. Afinal de contas, o que interessa, na realidade, é o valor efetivo do bem importado, obtido por meio do expurgo de todos os acréscimos a ele imputados no País. Vejase que a metodologia do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), universalmente utilizada, indica que se deve ter como base o preço de revenda do bem importado, para se calcular o preço parâmetro, pois é a margem de lucro (de operações entre partes não relacionadas) que é tida como parâmetro para servir de comparação, mas se houver outros custos ou riscos (que corresponde ao valor agregado), isto deve ser considerado devidamente e segregado. Portanto, quando o bem importado sofre agregação de valor, transformandose num outro produto, o valor agregado deve ser diminuído ou deduzido do valor de venda do produto para se encontrar o valor de venda individual do bem importado, sobre o qual se aplica uma margem de lucro para se encontrar o valor que se deseja comparar com o custo do bem importado, conforme estipula a metodologia da IN 243/2002 que, porém, usa margens fixas ao invés de usar margens de lucro comparadas, como é caso do Manual da OCDE. Esta metodologia é corroborada no Manual de Preços de Transferência para Países em Desenvolvimento da ONU que, inclusive, traz especificamente a metodologia brasileira, com as margens fixas para o PRL.3 De lembrar que, embora o Brasil não seja membro da OCDE, é membro da ONU. Vejase que, se os outros custos não forem devidamente isolados no cálculo do preço parâmetro, podese chegar a números absurdos (e esta segregação é feita por meio da proporcionalização do custo). Ora, como vimos acima, valor agregado é aquilo que, mensurado economicamente, é adicionado a um bem existente (custo adicionado). O método de Preço de 3 A metodologia brasileira de margens fixas para o método PLR está às paginas 359 a 366 (Cap. 10.1), do Manual de Preços de Transferência para Países em Desenvolvimento da ONU, disponível em http://www.un.org/esa/ffd/documents/UN_Manual_TransferPricing.pdf. Fl. 2269DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.270 15 Revenda menos Lucro (PRL) deve ter como base o preço de revenda do bem importado pois é a margem de lucro que é tida como parâmetro para servir de comparação. Se o bem importado teve valor agregado no país transformandoo num outro produto, tal valor deve ser diminuído ou deduzido do valor de venda do produto, para se encontrar o valor de venda individual do bem importado, o que é feito pela proporcionalização de sua participação no custo do bem, sobre o qual se aplica uma margem de lucro (no caso definida em lei ordinária) para se encontrar o valor que se deseja comparar com o custo do bem importado. Pelo exposto até aqui, todos os argumentos da recorrente para inquinar de ilegalidade a IN SRF 243/2002 não se sustentaram sob uma análise interpretativa. Mas há mais argumentos. Pela lógica dos Preços de Transferência, o Método de Preço de Revenda menos Lucro (PRL) deve ter por base o preço de revenda do bem importado, o qual sofreu agregação de valor no país, para então, sobre este preço de revenda expurgado do valor agregado no país, aplicarse a margem de preço de revenda legal de 60% para se encontrar o preço parâmetro do custo do bem importado. Corrigindo a distorção inicialmente implementada com a edição da IN 32/2001, a metodologia veiculada no § 11 do art. 12 da IN SRF nº 243/2002 não mais determinou a incidência da margem de lucro de 60% sobre o preço líquido de venda do produto acabado, mas sobre a parcela desse valor que corresponde ao bem importado, i.e., a chamada “participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido”, o que viabiliza a apuração do preçoparâmetro do bem importado com maior exatidão, em consonância com o objetivo do método PRL 60 e a finalidade do controle dos preços de transferência. Ou seja, o método de Preço de Revenda menos Lucro deve ter como base o preço de revenda do bem importado, pois é a margem de lucro que é tida como parâmetro para servir de comparação. Portanto, quando o bem importado sofre agregação de valor, transformandoo num outro produto, o valor agregado deve ser diminuído ou deduzido do valor de venda do produto para se encontrar o valor de venda individual do bem importado, sobre o qual se aplica uma margem de lucro (no caso definida em lei ordinária) para se encontrar o valor que se deseja comparar com o custo do bem importado. Insta observar, ainda, que as interpretações sistemática, lógica e finalística, aqui empregadas, prevalecem sobre eventuais interpretações gramatical e histórica que se pretenda empreender, com o fito de inquinar de ilegal a IN SRF nº 243/2002. Por fim, cumpre mencionar que o Tribunal Regional Federal da Terceira Região possui o mesmo entendimento, desde 2011, conforme Apelação Cível nº 0028594 62.2005.4.03.6100/SP, de 2 de outubro de 2014, que menciona diversos outros precedentes no mesmo sentido: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. LEIS 9.430/1996 E 9.959/2000. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 243/2002. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO DE PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO PRL 60. PREÇO PARÂMETRO. VALOR AGREGADO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO E IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA. LEGALIDADE. AGRAVO RETIDO. FALTA DE REITERAÇÃO. 1. Não se conhece do agravo retido, não reiterado na forma do artigo 523, CPC. Fl. 2270DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.271 16 2. A IN 243/2002 foi editada na vigência da Lei 9.959/2000, que alterou a redação da Lei 9.430/1996, para distinguir a hipótese de revenda do próprio direito ou bem, tratada no item 2, da hipótese de revenda de direito ou bem com valor agregado em razão de processo produtivo realizado no país, tratada no item 1, ambos da alínea d do inciso II do artigo 18 da lei. 3. O cálculo do preço de transferência, pelo Método de Preço de Revenda menos Lucro PRL, no caso de direitos, bens ou serviços, oriundos do exterior e adquiridos de pessoa jurídica vinculada, passou, na vigência da Lei 9.959/2000, a considerar a margem de lucro de 60% "sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção" (artigo 18, II, "d", 1). 4. A adoção, na técnica legal, do critério do valor agregado objetivou conferir adequada eficácia ao modelo de controle de preços de transferência, em cumprimento às obrigações assumidas pelo Brasil na Convenção Modelo da OCDE, evitando distorções e, particularmente, redução da carga fiscal diante da insuficiência das normas originariamente contidas na Lei 9.430/1996 e refletidas na IN/SRF 32/2001. 5. Com efeito, o cálculo do preço de transferência a partir da margem de lucro sobre o preço de revenda é eficaz, no atingimento da finalidade legal e convencional, quando se trate de importação de bens, direitos ou serviços finais para revenda interna, não, porém, no caso de importação de matériasprimas, insumos, bens, serviços ou direitos que não são objeto de revenda direta, mas são incorporados em processo produtivo de industrialização, resultando em distintos bens, direitos ou serviços, agregando valor ao produto final, com participações variáveis na formação do preço de revenda, que devem ser apuradas para que seja alcançado corretamente o preço de transferência, de que trata a legislação federal. 6. Assim, a IN 243/2002, ao tratar, nos §§ 10 e 11 do artigo 12, do Método do Preço de Revenda Menos Lucro , para bens, serviços ou direitos importados aplicados à produção, com exclusão do valor agregado e da margem de lucro de 60%, para tanto com a apuração da participação de tais bens, serviços ou direitos no custo e preço de revenda do produto final industrializado no país, não inovou nem violou o artigo 18, II, d, item 1, da Lei 9.430/1996 com a redação dada pela Lei 9.959/2000. 7. Contrariamente ao postulado na inicial, o que se verificou foi a necessária e adequada explicitação, pela instrução normativa impugnada, do conteúdo legal para permitir a sua aplicação, considerando que o conceito legal de valor agregado, conducente ao conceito normativo de preço parâmetro, leva à necessidade de apurar a sua formação por decomposição dos respectivos fatores, abrangendo bens, serviços e direitos importados, sujeitos à análise do valor da respectiva participação proporcional ou ponderada no preço final do produto. Fl. 2271DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.272 17 8. O artigo 18, II, da Lei 9.430/1996, alterada pela Lei 9.959/2000, prevê que o preço de transferência, no caso de bens e direitos importados para a aplicação no processo produtivo, calculado pelo método de preço de revenda menos lucros PRL 60, é a média aritmética dos preços de revenda de bens ou direitos, apurada mediante a exclusão dos descontos incondicionados, tributos, comissões, corretagens e margem de lucro de 60%, esta calculada sobre o preço de revenda depois de deduzidos os custos de produção citados e ainda o valor agregado calculado a partir do valor de participação proporcional de cada bem, serviço ou direito importado na formação do preço final, conforme previsto em lei e detalhado na instrução normativa. 9. O preço de transferência, assim apurado e não de outra forma como pretendido neste feito, é que pode ser deduzido na determinação do lucro real para efeito de cálculo do IRPJ/CSL. Há que se considerar, assim, a ponderação ou participação dos bens, serviços ou direitos, importados da empresa vinculada, no preço final do produto acabado, conforme planilha de custos de produção, mas sem deixar de considerar os preços livres do mercado concorrencial, ou seja os praticados para produtos idênticos ou similares entre empresas independentes. A aplicação do método de cálculo com base no valor do bem, serviço ou direito em si, sujeito à livre fixação de preço entre as partes vinculadas, geraria distorção no valor agregado, majorando indevidamente o custo de produção a ser deduzido na determinação do lucro real e, portanto, reduzindo ilegalmente a base de cálculo do IRPJ/CSL. 10. Para dar eficácia ao método de cálculo do preço de revenda menos lucro, previsto na Lei 9.430/1996 alterada pela Lei 9.959/2000, é que foi editada a IN/SRF 243/2002, em substituição à IN/SRF 32/2001, não se tratando, pois, de ato normativo inovador ou ilegal, mas de explicitação de regras concretas para a execução do conteúdo normativo abstrato e genérico da lei, prejudicando, pois, a alegação de violação ao princípio da legalidade. 11. Precedentes. Ainda, em recentíssima decisão, aquele mesmo Tribunal Regional Federal da Terceira Região expendeu o seguinte entendimento (Agravo Legal em Apelação Cível nº 002983651.2008.4.03.6100/SP, de 18 de março de 2016, publicado em 31 de março de 2016): 1. O Preço de Transferência, em suma, é o valor definido para registrar as operações de venda ou transferência de bens, serviços ou propriedade intangível entre partes vinculadas, cujo controle é obtido mediante a comparação com preços praticados pelo mercado, por partes individuadas, em negócios semelhantes. Esse processo, do qual o Brasil adotou as regras, deriva das disposições da Convenção Modelo Fiscal da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e pretende, dentre outros aspectos, consolidar a tributação igualitária das operações entre as empresas vinculadas, impedindo a manipulação de transações a fim de diminuir os encargos fiscais e, por consequência, preservando as Fl. 2272DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.273 18 operações similares praticadas pelas empresas independentes e a concorrência, inibindo a perda de receitas pelo Fisco. Encontrase abrigado na Lei nº 9.430/1996 e denominase Arm's length principle (Princípio da Neutralidade ou do Preço sem Interferência ou, ainda, Princípio dos Preços Independentes Comparados). No caso de empresas vinculadas, objetiva coibir tanto a dupla tributação como a ocorrência de evasão fiscal, determinandose uma margem de lucro sobre o valor do preço líquido de revenda da mercadoria ou insumo importado. 2. A sistemática prevista pela Lei nº 9.430/96, posteriormente modificada pela Lei nº 9.959/2000, e as INs/SRF nºs. 32/2001 e 243/2002, busca, em última análise, corrigir distorção em relação à margem de lucro, a qual, segundo o ordenamento jurídico modificado, resultaria da aplicação do percentual de 60% sobre os preços de venda do bem produzido. Com a modificação introduzida, passouse a considerar, para a apuração do preço parâmetro, a participação dos bens, serviços ou direitos importados aplicados na produção, tanto no preço de venda do produto, quanto no custo total do bem acabado, já com valor agregado no país, o qual, juntamente com a margem de lucro de 60%, são eliminados na apuração do preço parâmetro, segundo a metodologia prevista no art. 12, §§ 10, e 11 e seus incisos, da mencionada IN/SRF nº 243/2002, a qual regulamentou a Lei nº 9.430/1996, com a redação veiculada pela Lei nº 9.959/2000. 3. O cálculo do preço de transferência, pelo Método de Preço de Revenda menos Lucro PRL passou, na vigência da Lei nº 9.959/2000, a considerar a margem de lucro de 60% "sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção" (artigo 18, II, "d", 1). A adoção, na técnica legal, do critério do valor agregado objetivou conferir adequada eficácia ao modelo de controle de preços de transferência, em cumprimento às obrigações internacionais assumidas pelo Brasil na Convenção Modelo da OCDE, evitando distorções e, particularmente, redução da carga fiscal diante da insuficiência das normas originariamente contidas na Lei nº 9.430/1996 e refletidas na IN/SRF nº 32/2001. 4. Com efeito, o cálculo do preço de transferência a partir da margem de lucro sobre o preço de revenda é eficaz no sentido de atingir a finalidade legal nos casos de importação para revenda interna, não, porém, no caso de importação de insumos que não são objeto de revenda direta, mas são incorporados em processo produtivo de industrialização, resultando em distintos bens, direitos ou serviços, agregando valor ao produto final, com participações variáveis na formação do preço de revenda, que devem ser apuradas para que seja alcançado corretamente o preço de transferência, de que trata a legislação federal. 5. Assim, nesse aspecto, a IN nº 243/2002 não violou o artigo 18, II, "d", item 1, da Lei nº 9.430/1996, com a redação dada pela Lei nº 9.959/2000, ao tratar, nos §§ 10 e 11 do artigo 12, do Método do Preço de Revenda Menos Lucro, para bens, serviços ou direitos importados aplicados à produção, com exclusão do Fl. 2273DF CARF MF Processo nº 16561.720076/201109 Acórdão n.º 9101002.935 CSRFT1 Fl. 2.274 19 valor agregado e da margem de lucro de 60%, para tanto com a apuração da participação de tais bens, serviços ou direitos no custo e preço de revenda do produto final industrializado no país. O conceito legal de valor agregado, que conduz ao conceito normativo de preço parâmetro, leva à necessidade de apurar a sua formação por decomposição dos respectivos fatores, abrangendo bens, serviços e direitos importados, sujeitos à análise do valor da respectiva participação proporcional ou ponderada no preço final do bem. O art. 18, II, da supracitada legislação prevê que o preço de transferência, no caso de bens e direitos importados para a aplicação no processo produtivo, calculado pelo método de preço de revenda menos lucros PRL 60, é a média aritmética dos preços de revenda de bens ou direitos, apurada mediante a exclusão dos descontos incondicionados, tributos, comissões, corretagens e margem de lucro de 60%, esta calculada sobre o preço de revenda depois de deduzidos os custos de produção citados e ainda o valor agregado calculado a partir do valor de participação proporcional de cada bem, serviço ou direito importado na formação do preço final, conforme previsto em lei e detalhado na instrução normativa. O preço de transferência assim apurado é que pode ser deduzido na determinação do lucro real para efeito de cálculo do IRPJ/CSL. Há que se considerar, assim, a ponderação ou participação dos bens, serviços ou direitos, importados da empresa vinculada, no preço final do produto acabado, conforme planilha de custos de produção, mas sem deixar de considerar os preços livres do mercado, praticados para produtos idênticos ou similares entre empresas independentes. 6. A aplicação do método de cálculo com base no valor do bem, serviço ou direito em si, sujeito à livre fixação de preço entre as partes vinculadas, geraria distorção no valor agregado, majorando indevidamente o custo de produção a ser deduzido na determinação do lucro real e, portanto, reduzindo ilegalmente a base de cálculo do IRPJ/CSL. Para dar eficácia ao método de cálculo do preço de revenda menos lucro, previsto na Lei nº 9.430/1996 alterada pela Lei nº 9.959/2000, é que foi editada a IN/SRF nº 243/2002, em substituição à IN/SRF 32/2001, não se tratando, pois, de ato normativo inovador ou ilegal, mas de explicitação de regras concretas para a execução do conteúdo normativo abstrato e genérico da lei, prejudicando, pois, a alegação de violação ao princípio da legalidade. Pelo exposto, discordo da I. Conselheira Relatora, e voto no sentido de negar provimento ao recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Fl. 2274DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10768.012562/88-10
Turma: Primeira Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 1994
Numero da decisão: CSRF/01-00.072
Decisão: RESOLVEM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
Nome do relator: Afonso Celso Mattos Lourenço
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score : 1.0
Numero do processo: 11516.722275/2013-37
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010
SUBVENÇÃO. INVESTIMENTO. VINCULAÇÃO. SINCRONIA.
Os recursos fornecidos pela Administração Pública às pessoas jurídicas somente são classificados como subvenção para investimento se houver vinculação e sincronia entre o fornecimento dos recursos e a aquisição de bens e direitos referentes à implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado.
SUBVENÇÃO. INVESTIMENTO. REALIZAÇÃO.
Os valores correspondentes ao benefício fiscal de isenção ou redução de ICMS que não possuam vinculação com a aplicação específica dos recursos em bens ou direitos referentes à implantação ou expansão de empreendimento econômico não se caracterizam como subvenção para investimento, devendo ser computados na determinação do lucro real.
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. AUTO ORGANIZAÇÃO.
A desqualificação de planejamento em que há auto organização societária procede se o motivo não for predominantemente fiscal, ainda que determinado negócio jurídico vise a redução da carga tributária, conquanto que se apóie em razões de ordem empresarial, destituídas de abuso de direito.
LANÇAMENTO REFLEXO.
Inexistindo fatos novos a serem apreciados, estende-se ao lançamento reflexo os efeitos da decisão prolatada no lançamento matriz.
MULTA QUALIFICADA.
Uma única fundamentação genérica para todos os itens do Termo de Verificação Fiscal e para um Auto de Infração com varias infrações, não serve para ensejar a qualificação da multa de ofício prevista no artigo 44 da Lei 9.430/96, para 150%, eis que as infração constantes nos autos são relativas a matérias distintas, sendo que cada uma trata de diversos atos praticados pela Recorrente sem cronologia ou ligação. Para imputar multa qualificada, a fiscalização deve provar individualmente, por infração, a pratica dos conceitos previstos nos artigos 71, 72 73 da Lei 4.502/64, eis que é medida extrema, aplicada apenas em hipóteses específicas, quando terminantemente comprovada e fundamentada.
A constatação de planejamento tributário por si só, não enseja a qualificação da multa de ofício para 150%, uma vez não caracterizada especificamente a intenção dolosa, o conluio e a ocorrência de simulação.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. DEMONSTRAÇÃO.
Uma única fundamentação genérica para todos os itens do Termo de Verificação Fiscal e para um Auto de Infração com varias infrações, não serve para ensejar a responsabilização do sócio da empresa nos termos do inciso III do artigo 135 do CTN, eis que as infração constantes nos autos são relativas a matérias distintas, sendo que cada uma trata de diversos atos praticados pela Recorrente sem cronologia ou ligação. Para imputar responsabilidade solidária, a fiscalização deve provar individualmente, por infração, a pratica de atos com excesso, eis que é medida extrema, aplicada apenas em hipóteses específicas, quando terminantemente comprovada e fundamentada.
Numero da decisão: 1402-002.520
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e dar parcial provimento ao recurso voluntário da pessoa jurídica autuada para excluir o coobrigado da relação jurídico-tributária, cancelar integralmente a exigência referente ao item 005 do Auto de Infração, cancelar a exigência do PIS e da Cofins referente aos itens 004 e 006 do Auto de Infração; e reduzir a multa de ofício ao percentual de 75%.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei, e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008, 2009, 2010 SUBVENÇÃO. INVESTIMENTO. VINCULAÇÃO. SINCRONIA. Os recursos fornecidos pela Administração Pública às pessoas jurídicas somente são classificados como subvenção para investimento se houver vinculação e sincronia entre o fornecimento dos recursos e a aquisição de bens e direitos referentes à implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. SUBVENÇÃO. INVESTIMENTO. REALIZAÇÃO. Os valores correspondentes ao benefício fiscal de isenção ou redução de ICMS que não possuam vinculação com a aplicação específica dos recursos em bens ou direitos referentes à implantação ou expansão de empreendimento econômico não se caracterizam como subvenção para investimento, devendo ser computados na determinação do lucro real. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. AUTO ORGANIZAÇÃO. A desqualificação de planejamento em que há auto organização societária procede se o motivo não for predominantemente fiscal, ainda que determinado negócio jurídico vise a redução da carga tributária, conquanto que se apóie em razões de ordem empresarial, destituídas de abuso de direito. LANÇAMENTO REFLEXO. Inexistindo fatos novos a serem apreciados, estende-se ao lançamento reflexo os efeitos da decisão prolatada no lançamento matriz. MULTA QUALIFICADA. Uma única fundamentação genérica para todos os itens do Termo de Verificação Fiscal e para um Auto de Infração com varias infrações, não serve para ensejar a qualificação da multa de ofício prevista no artigo 44 da Lei 9.430/96, para 150%, eis que as infração constantes nos autos são relativas a matérias distintas, sendo que cada uma trata de diversos atos praticados pela Recorrente sem cronologia ou ligação. Para imputar multa qualificada, a fiscalização deve provar individualmente, por infração, a pratica dos conceitos previstos nos artigos 71, 72 73 da Lei 4.502/64, eis que é medida extrema, aplicada apenas em hipóteses específicas, quando terminantemente comprovada e fundamentada. A constatação de planejamento tributário por si só, não enseja a qualificação da multa de ofício para 150%, uma vez não caracterizada especificamente a intenção dolosa, o conluio e a ocorrência de simulação. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. DEMONSTRAÇÃO. Uma única fundamentação genérica para todos os itens do Termo de Verificação Fiscal e para um Auto de Infração com varias infrações, não serve para ensejar a responsabilização do sócio da empresa nos termos do inciso III do artigo 135 do CTN, eis que as infração constantes nos autos são relativas a matérias distintas, sendo que cada uma trata de diversos atos praticados pela Recorrente sem cronologia ou ligação. Para imputar responsabilidade solidária, a fiscalização deve provar individualmente, por infração, a pratica de atos com excesso, eis que é medida extrema, aplicada apenas em hipóteses específicas, quando terminantemente comprovada e fundamentada.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e dar parcial provimento ao recurso voluntário da pessoa jurídica autuada para excluir o coobrigado da relação jurídico-tributária, cancelar integralmente a exigência referente ao item 005 do Auto de Infração, cancelar a exigência do PIS e da Cofins referente aos itens 004 e 006 do Auto de Infração; e reduzir a multa de ofício ao percentual de 75%. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei, e Leonardo de Andrade Couto.
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INVESTIMENTO. VINCULAÇÃO. SINCRONIA. Os recursos fornecidos pela Administração Pública às pessoas jurídicas somente são classificados como subvenção para investimento se houver vinculação e sincronia entre o fornecimento dos recursos e a aquisição de bens e direitos referentes à implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. SUBVENÇÃO. INVESTIMENTO. REALIZAÇÃO. Os valores correspondentes ao benefício fiscal de isenção ou redução de ICMS que não possuam vinculação com a aplicação específica dos recursos em bens ou direitos referentes à implantação ou expansão de empreendimento econômico não se caracterizam como subvenção para investimento, devendo ser computados na determinação do lucro real. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. AUTO ORGANIZAÇÃO. A desqualificação de planejamento em que há auto organização societária procede se o motivo não for predominantemente fiscal, ainda que determinado negócio jurídico vise a redução da carga tributária, conquanto que se apóie em razões de ordem empresarial, destituídas de abuso de direito. LANÇAMENTO REFLEXO. Inexistindo fatos novos a serem apreciados, estendese ao lançamento reflexo os efeitos da decisão prolatada no lançamento matriz. MULTA QUALIFICADA. Uma única fundamentação genérica para todos os itens do Termo de Verificação Fiscal e para um Auto de Infração com varias infrações, não serve para ensejar a qualificação da multa de ofício prevista no artigo 44 da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 22 75 /2 01 3- 37 Fl. 2977DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.978 2 Lei 9.430/96, para 150%, eis que as infração constantes nos autos são relativas a matérias distintas, sendo que cada uma trata de diversos atos praticados pela Recorrente sem cronologia ou ligação. Para imputar multa qualificada, a fiscalização deve provar individualmente, por infração, a pratica dos conceitos previstos nos artigos 71, 72 73 da Lei 4.502/64, eis que é medida extrema, aplicada apenas em hipóteses específicas, quando terminantemente comprovada e fundamentada. A constatação de planejamento tributário por si só, não enseja a qualificação da multa de ofício para 150%, uma vez não caracterizada especificamente a intenção dolosa, o conluio e a ocorrência de simulação. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. DEMONSTRAÇÃO. Uma única fundamentação genérica para todos os itens do Termo de Verificação Fiscal e para um Auto de Infração com varias infrações, não serve para ensejar a responsabilização do sócio da empresa nos termos do inciso III do artigo 135 do CTN, eis que as infração constantes nos autos são relativas a matérias distintas, sendo que cada uma trata de diversos atos praticados pela Recorrente sem cronologia ou ligação. Para imputar responsabilidade solidária, a fiscalização deve provar individualmente, por infração, a pratica de atos com excesso, eis que é medida extrema, aplicada apenas em hipóteses específicas, quando terminantemente comprovada e fundamentada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e dar parcial provimento ao recurso voluntário da pessoa jurídica autuada para excluir o coobrigado da relação jurídicotributária, cancelar integralmente a exigência referente ao item 005 do Auto de Infração, cancelar a exigência do PIS e da Cofins referente aos itens 004 e 006 do Auto de Infração; e reduzir a multa de ofício ao percentual de 75%. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei, e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 2978DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.979 3 Fl. 2979DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.980 4 Relatório Tratase de julgamento de Recurso de Ofício e de Recurso Voluntário, interpostos face v. acórdão da DRJ que julgou parcialmente improcedente o Auto de Infração. O Auto de Infração trata das seguintes acusações: Imposto de Renda Pessoa Jurídica: 1) omissão de receitas de vendas e serviços; Simulação de fragmentação de empresa e transferência do lucro da atividade para empresa sujeita à regime fiscal menos oneroso (lucro presumido). Tópico 7 do TVF. A fiscalização consignou no TVF (tópico 7) que o uso da Corfio como sociedade empresária distinta da Eletrocal gerou vultosa vantagem fiscal, da ordem de R$ 20,7 milhões, sendo R$ 11,6 milhões de IRPJ, R$ 3,8 milhões de CSLL e R$ 5,2 milhões de PIS/Pasep e Cofins. Acrescentou outras evidências em reforço de que houve simulação no processo de fragmentação da Eletrocal e da Corfio (fls. 1067/74) para, ao final, concluir que: Ora, qual é a razão de existirem “duas empresas” com o mesmo objeto social, com a mesma direção administrativa, sob o mesmo controle, reconhecidas numa única marca de renome nacional em seu segmento (CORFIO) e cujos processos produtivos são complementares e indissociáveis? Uma delas tem uma lucratividade espantosa, da ordem de 57% de sua receita bruta. A outra, invariavelmente apura prejuízos fiscais. Pois a causa real e predominante do planejamento ora desnudado, não se pode negar, é o vultoso montante de tributos federais que deixaram de ser recolhidos. Se considerados apenas os três anos abarcados por este procedimento fiscal, o valor chega a quase R$ 21 milhões (vide subtópico 7.3). Houve recomposição do lucro real da Eletrocal com a inclusão do resultado da Corfio na base de cálculo do IRPJ e da CSLL, deduzindo se o que fora recolhido como lucro presumido desta última. O recálculo abrangeu os anoscalendário de 2008 a 2010 (fls. 1074/5). Quanto aos débitos de PIS/Pasep e de Cofins, em que a apuração da Corfio deuse pelo regime cumulativo e a da Eletrocal pelo não cumulativo, a fiscalização: i) glosou os créditos de PIS/Pasep e de Cofins descontados pela Eletrocal e decorrentes das entradas provenientes da Corfio; ii) descontou os créditos que a Corfio faria jus no regime não cumulativo de apuração de PIS/Pasep e de Cofins, e, iii) deduziu os valores de PIS/Pasep e de Cofins declarados pela Corfio em DCTF, apurando débitos de PIS/Pasep e Cofins descritos na tabela de fls. 1077. Fl. 2980DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.981 5 Pelos motivos expostos no tópico 12 do TVF, também figuram no pólo passivo desta infração, na qualidade de responsáveis solidários, o sócio controlador e administrador CÍCERO FERRONI FIGUEIREDO (artigo 135 do CTN) e a CORFIO INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MATERIAIS ELÉTRICOS LTDA. (artigo124 do CTN) Foi aplicada multa qualificada de 150%. 2) glosa de custos, despesas operacionais e/ou encargos não dedutíveis; Consultoria prestada ao sócio controlador e cujas despesas foram atribuídas à empresa Autuada. Itens 3 3.2 e 5 do TVF. Foi registrado na Dirf da Eletrocal, assessoria financeira prestada por Gália Consultoria Empresarial Ltda., enquanto esta (a consultoria) informou ter sido responsável pela assessoria financeira prestada ao sócio comprador (Cícero) na aquisição de 100% de participação do Grupo Eletrocal. No tópico 12 do TVF, também figura no pólo passivo desta infração, na qualidade de responsável solidário nos termos do artigo 135, inciso III do CTN, o sócio controlador e administrador CÍCERO FERRONI FIGUEIREDO. Foi aplicado multa qualificada de 150%. 3) glosa de despesas financeiras e/ou variações monetárias passivas não dedutíveis: Empréstimo contraído por empresa veículo (sociedade aparente) para aquisição de participação societária e cujos encargos foram posteriormente transferidos para a própria investida por meio de incorporação às avessas. Itens 3 e 4 do TVF. No tópico 12 do TVF, também figura no pólo passivo na qualidade de responsável solidário, o sócio controlador e administrador CÍCERO FERRONI FIGUEIREDO. Foi aplicado multa qualificada de 150%. 5) subvenções recebidas do poder público, que refletiram em restituição de capital ao sócio com uso de empresa veículo (sociedade aparente). Tópicos 3 e 6 do TVF: Subvenções recebidas do poder público inobservância dos requisitos legais. Aumento de capital efetivado com a subvenção e subsequente redução, com restituição de capital ao sócio, mediante emprego de empresa veículo (sociedade aparente). No tópico 12 do TVF, foi indicado como responsável solidário o sócio controlador e administrador CÍCERO FERRONI FIGUEIREDO. Também imputou multa qualificada no importe de 150%. Para as infrações 2, 3 e 5, o TVF descreveu os seguintes acontecimentos: Fl. 2981DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.982 6 Consta do TVF que o lucro real apurado pela contribuinte nos períodos fiscalizados, relacionados na tabela 1, foi sensibilizado negativamente pela exclusão de importâncias oriundas de subvenções recebidas do Estado do Mato Grosso do Sul e do resultado de equivalência patrimonial da sociedade empresária controlada Corfio Indústria e Comércio de Materiais Elétricos Ltda. (doravante, Corfio), nos montantes de R$ 114.623.630,28 e R$ 50.881.449,17, respectivamente. A fiscalização considerou a dedução daquelas importâncias como infração à legislação tributária. Além disso, segundo registra o TVF, a contribuinte e o senhor Cícero Ferroni Figueiredo (doravante Cícero), seu sócio controlador e administrador, executaram planejamento tributário ilícito e abusivo com a utilização da sociedade empresária fictícia Arpino Empreendimentos Participações Ltda. (doravante, Arpino). O TVF descreve que a contribuinte e seus sócios promoveram operações que refletiram na constituição do crédito tributário. A primeira delas foi alterar a natureza jurídica, de sociedade por ações para sociedade empresária limitada, em 11/3/2008. Posteriormente, em 15/4/2008, o sócio James César Sperotto (doravante, James) alienou sua participação na contribuinte para Arpino que havia sido constituída pouco antes dos fatos. Alienou, também, pequena participação que detinha na Corfio. O capital da contribuinte passou a pertencer a Cícero e a Arpino, na proporção de 50% para cada um (fl. 453). A Arpino teve curta duração, pois fora constituída em fevereiro/2008 e extinta em outubro/2008, quando ocorrera sua incorporação pela sua controlada Eletrocal, em operação de incorporação às avessas. Sob o entendimento de que existiu planejamento tributário abusivo a fiscalização listou operações societárias praticadas pela Arpino, as quais considerou destituídas de propósito de negócio lícito. Cada um dos tópicos abaixo está descrito com minudência no TVF. i) aquisição de participação societária de 50% da Eletrocal, adquirida de James por R$ 46.552.419,00 enquanto que o patrimônio líquido era de R$ 129.165.235,24, o que gerou deságio de R$ 18.030.198,62 na Arpino, fundamentado em “outras razões econômicas”, além de distribuição de dividendos desproporcional à participação no capital, sendo R$ 40.000.000,00 para James e R$ 2.086.000,00 para Cícero; ii) registro na Declaração de Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (Dirf) da Eletrocal de assessoria financeira prestada por Gália Consultoria Empresarial Ltda., enquanto esta informara ter sido responsável pela assessoria financeira prestada ao sócio comprador na aquisição de 100% de participação do Grupo Eletrocal; iii) após contrair empréstimo junto ao Banco do Brasil S.A, cujo produto destinouse, em sua maioria, à aquisição das quotas da Eletrocal, a Arpino passou a receber lucros antecipados da Eletrocal para resgatar amortizações mensais de R$ 579.710,00 do empréstimo, única despesa lançada nos registros contábeis da Arpino; iv) no período de maio a outubro/2008 a Arpino recebera lucros antecipados de R$ 5,04 milhões que foram registrados no passivo como adiantamento de terceiros, enquanto que pelas regras do art. 388, § 1º do RIR/1999 deveriam ter sido contabilizados como diminuição de patrimônio líquido do investimento; Fl. 2982DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.983 7 v) por conta da incorporação às avessas a Eletrocal, além de contabilizar redução de R$ 60.255.861,00 em seu capital social teve seu controle assumido por Cícero; vi) a Arpino foi uma sociedade fictícia que nada empreendeu e prestou se a encobrir a atuação de Cícero e figurar como empresa veículo do empréstimo bancário integralmente utilizado para aquisição da participação societária na Eletrocal. Infrações 4) subvenções para custeio não computadas na determinação do lucro operacional e 6) subvenções para custeio indevidamente excluídas na apuração do lucro real, tópico 8 (fls. 36/45) do TVF de fls. 1043/1096 dos autos. O v. acórdão recorrido, relatou de forma resumida os seguintes fatos: O tópico 8 do TVF trata das subvenções correntes para custeio, recebidas pela Eletrocal, que não foram incluídas no lucro operacional e indevidamente excluídas na apuração do lucro real. Segundo consta do TVF (fl. 1078) no período sob fiscalização a Eletrocal recebera R$ 114.623.630,28 em subvenções do Programa de Fomento à Industrialização, ao Trabalho, ao Emprego e à Renda, instituído pela Lei Complementar n. 93/2001 do Estado do Mato Grosso do Sul, que foram excluídas do lucro real sob a justificativa de que seriam subvenções para investimento. A fiscalização glosou tais lançamentos sob o fundamento de que se trata de subvenção para custeio e por considerar que ocorre subvenção para investimento “quando os recursos são efetiva e especificamente aplicados, pelo beneficiário, na implantação ou na expansão do empreendimento econômico projetado” (fl. 1078/1086). O mesmo entendimento foi aplicado no âmbito do PIS/Pasep e da Cofins. Nos termos do relato da fiscalização objetivamente podese afirmar que o MSEMPREENDEDOR não cumpre requisito essencial ao enquadramento de subvenção para investimento, qual seja: efetiva e específica vinculação do produto da subvenção com o projeto de implantação ou expansão do empreendimento econômico planejado pelo beneficiário (vide subtópico 8.2 deste TVF). Até porque a ELETROCAL esteve obrigada a recolher ao Fundo Estadual de Apoio à Industrialização (FAI/MS) o valor correspondente a 2,5% do montante fruído no período de apuração do ICMS. Ou seja, o próprio programa determinava a destinação de parte dos recursos dele decorrentes para fim diverso do projeto econômico aprovado. Acrescentando informações do próprio TVF (fls.40/41 do TVF), os incentivos foram considerados com de custeio, com base nas seguintes constatações da fiscalização: Fl. 2983DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.984 8 O benefício esteve previsto na Lei Complementar nº 93/2001 do Estado do Mato Grosso do Sul (fls. 743 a 755), regulamentada pelo Decreto nº 10.604/2001 (fls. 756 a 761). Consiste, basicamente, na redução do ICMS devido pelo beneficiário 94. Nos termos da referida Lei, em especial seu art. 2º, o programa MS EMPREENDEDOR é instrumento de política fiscal ou de fomento à industrialização do Estado do Mato Grosso do Sul e à circulação de bens econômicos em seu território. Mas como dito alhures, os objetivos governamentais expostos nos incisos do art. 2º da Lei Complementar nº 93/2001 não são mais do que normas programáticas que pretendem conferir alguma legitimidade à renúncia fiscal assumida pelo Estado. O verdadeiro pano de fundo do benefício reside na Guerra Fiscal. Não por outro motivo que o Termo de Acordo firmado entre o Estado do Mato Grosso Sul e a ELETROCAL previa que esta deveria faturar através da unidade de Novas Andradina/MS parcelas cada vez maiores de seus produtos, ainda que o acabamento final tivesse sido efetuado em outro Estado. (Vide Cláusula Primeira, inciso III, do Termo de Acordo firmado entre ELETROCAL e o Estado do Mato Grosso do Sul (fl. 763)). Objetivamente podese afirmar que o MSEMPREENDEDOR não cumpre requisito essencial ao enquadramento de subvenção para investimento, qual seja: efetiva e específica vinculação do produto da subvenção com o projeto de implantação ou expansão do empreendimento econômico planejado pelo beneficiário (vide subtópico 8.2 deste TVF). Até porque a ELETROCAL esteve obrigada a recolher ao Fundo Estadual de Apoio à Industrialização (FAI/MS)96 o valor correspondente a 2,5% do montante fruído no período de apuração do ICMS (Vide Cláusula Primeira, inciso VII, alínea “c” do Termo de Acordo firmado entre ELETROCAL e o Estado do Mato Grosso do Sul (fl. 764)). . Ou seja, o próprio programa determinava a destinação de parte dos recursos dele decorrentes para fim diverso do projeto econômico aprovado. (96 Art. 25 da LC nº 93/2001 (fl. 751): “Fica criado o Fundo Estadual de Apoio à Industrialização FAI/MS, em substituição ao Fundo de Desenvolvimento Industrial do Estado FDI, criado pela regra do art. 6º da Lei nº 1.239, de 18 de dezembro de 1991”. Art. 27 da LC nº 93/2001 (fl. 753): “A empresa de natureza industrial, beneficiária de benefício ou incentivo vinculado ao ICMS, deve recolher ao FAI/MS (art. 25) o valor correspondente a 2% (dois por cento) do montante fruído no período de apuração do imposto”.) Porém, a mais evidente constatação de que os benefícios pela ELETROCAL não foram aplicados na implantação ou expansão de suas atividades no Mato Grosso do Sul decorre do descompasso entre: (i) o valor auferido como subvenção (mais de R$ 114 milhões); e (ii) a evolução, no mesmo período (2008 a 2010), do ativo imobilizado da filial estabelecida naquele Estado, na cidade de Nova Andradina (CNPJ 83.060.012/000481), que passou de R$ 4,803 milhões em 31/12/2007 para R$ 8,603 milhões em 31/12/2010. (Informação obtida das repostas ao item INI.7 do TIAF (fls. 4 e 5) e ao item 3.1 do TIF nº 3 (fl. 16), que encontramse juntadas às fls. 780 a 783.) Por meio da Tabela 27 percebese que, mesmo se desconsideradas as depreciações e amortizações, a “ampliação” do empreendimento econômico da filial sulmatogrossense da ELETROCAL (ou seja, a incorporação de novos ativos ao imobilizado daquela unidade) nos ACs 2008, 2009 e 2010 representou apenas 5,43% das subvenções recebidas naquele período. (Total das imobilizações na filial sulmato Fl. 2984DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.985 9 grossense nos ACs 2008, 2009 e 2010: R$ 6.225.009,77. Total das subvenções recebidas nos ACs 2008, 2009 e 2010: R$ 114.623.630,26. Então: R$ 6.225.009,77 ÷ R$ 114.623.630,26 = 5,43%.) [...] Tabela demonstrando o acima descrito. Pois os números aqui expostos permitem indagar: afinal, onde está a “expansão do empreendimento econômico” da ELETROCAL no Mato Grosso do Sul? A empresa recebeu mais de R$ 114milhões em subvenções (redução do ICMS) entre 2008 e 2010 e, no mesmo período, investiu apenas R$ 6,2 milhões na unidade beneficiária do programa MSEMPREENDEDOR. E não seria de esperar algo diferente, pois o Termo de Acordo firmado com o Estado do Mato Grosso do Sul previu um volume de investimentos que se pode dizer até simbólico face às desonerações concedidas. Senão vejase: o investimento inicial previsto em agosto/2002, quando da concessão do benefício, era de R$ 4.467.000,00 (Vide Cláusula Primeira, inciso I, alínea “a” do Termo de Acordo firmado entre ELETROCAL e o Estado do Mato Grosso do Sul constante as fls. 762 e 763) em setembro/2005 a ELETROCAL comprometeuse a investir mais R$ 4.760.000,00 em obras civis, máquinas e equipamentos na unidade de Nova Andradina/MS (Vide alínea “a” dos considerandos do 2º Termo Aditivo ao Termo de Acordo (fl. 771)). Por outro lado, os benefícios/subvenções foram vertiginosamente maiores. 8.5 Inclusão no lucro operacional / glosa das exclusões relativas às subvenções na apuração do lucro real. De acordo com a Lei nº 4.506/1964, art. 44, IV, as subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público, integram a receita bruta operacional do beneficiário. E por todo o exposto neste tópico 8, concluise que as subvenções recebidas do Estado do Mato Grosso do Sul pela fiscalizada são subvenções para CUSTEIO e, portanto, devem ser consideradas na determinação do lucro operacional, bem como não podem ser excluídas na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Para tanto, devese observar que no período de apuração de 01/01 a 31/10/2008102 a fiscalizada simplesmente não reconheceu as subvenções no resultado contábil. Então, para este período as subvenções correntes para custeio deve ser incluídas no seu lucro operacional. Os valores podem ser verificados nos lançamentos contábeis da fl. 1.039; mais precisamente o saldo da conta patrimonial “2320103000001 SUBVENCAO MS” em 31/10/2008, que é R$ 33.246.555,82. No período de apuração subsequente, ou seja, de 01/11/2008 a 31/12/2008, a fiscalizada também reconheceu as subvenções referente a novembro e dezembro/2008 na conta patrimonial “2320103000001 SUBVENCAO MS”, cujo saldo atingiu então R$ 38.688.517,21 (fl. 1.039). Somente quando do encerramento do AC 2008 é que considerou toda subvenção recebida ao longo daquele ano no seu resultado contábil (vide fl. 1.040); concomitantemente, procedeu à respectiva exclusão no LALUR (vide fl. 265)103. Isto posto, procedese à: ∙ inclusão das subvenções correntes para custeio no lucro operacional do período de apuração compreendido entre 01/01/2008 e 31/10/2008102, no valor de R$ 33.246.555,82; Fl. 2985DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.986 10 ∙ glosa da exclusão de R$ 38.688.517,21 computada no LALUR (fl. 265)103 para o período de apuração de 01/11/2008 a 31/12/2008, observado que neste período devem também ser deduzidos o IRPJ e a CSLL ora lançados no período de apuração imediatamente anterior por conta das subvenções, a fim de não se incorrer em dupla tributação do mesmo fato imponível (vide demonstrativos que constam dos Autos de Infração de IRPJ e CSLL às fls. 1.145 e 1.146 e à fl. 1.175, respectivamente); ∙ glosa da exclusão de R$ 29.892.196,28 computada no LALUR para o AC 2009 (fl. 307); e ∙ glosa da exclusão de R$ 46.042.916,79 computada no LALUR para o AC 2010 (fl. 335). CSLL: i) subvenções para custeio não computadas na determinação do lucro operacional; ii) subvenções recebidas do poder público que refletiram em restituição de capital ao sócio com uso de empresa veículo (sociedade aparente); iii) glosa de custos, despesas operacionais e/ou encargos não dedutíveis; iv) simulação de fragmentação de empresa; v) glosa de subvenções para custeio que foram excluídas da base de cálculo da CSLL; PIS/Pasep e Cofins: i) insuficiência de recolhimento da contribuição no regime não cumulativo, relativo a infração 1 do IRPJ, com responsabilidade solidária do sócio administrador e multa qualificada item 7 do TVF, consistente na simulação de fragmentação de empresa, resultando na combinação das alíquotas diferenciadas para os débitos gerados no regime cumulativo e no aproveitamento de créditos no regime nãocumulativo ; ii) omissão de receita operacional decorrente de subvenção para custeio, relativas as infrações 4 e 6 do IRPJ item 8.6 (fls. 43/45) do TVF; iii) glosa de créditos descontados indevidamente. Os créditos indevidamente descontados pela Recorrente são oriundos do aproveitamento dos saldos remanescentes de meses anteriores, saldos estes que deixaram de existir por conta das infrações apuradas no procedimento fiscal e/ou foram utilizados de ofício em períodos anteriores, relativos aos itens 7 e 8 do TVF. (cumpre ressaltar que para esta infração 3 do PIS/COFINS, o credito relativo ao item 8 não tem multa qualificada, conforme item 10 do TVF). Em relação ao restante dos fatos relativos a acusação fiscal, temos os seguintes pontos, conforme resumidamente descrito no v. acórdão recorrido, que se baseou no TVF. O tópico 10 cuida do detalhamento dos débitos de PIS/Pasep e Cofins decorrentes das infrações descritas nos tópicos 7 e 8. O TVF traz registro minudente dos procedimentos efetuados pela fiscalização para apurar os valores de PIS/Pasep e Cofins descritos nas tabelas 29 e 30, que foram objeto de lançamento (fls. 1089/1090). A fiscalização consignou no tópico 11 que os saldos negativos de IRPJ e CSLL apurados pela contribuinte não foram deduzidos das importâncias lançadas em virtude de serem objeto de Pedido de Restituição (PER), ao mesmo tempo em que relacionou o número do PER correspondente a cada um dos períodos (fl. 1091). Imputouse responsabilidade solidária em desfavor de Cícero Ferroni Figueiredo, com base no art. 135, III, do Código Tributário Nacional Fl. 2986DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.987 11 (CTN), em vista de que à época das infrações ele detinha amplos poderes de gerência sobre a Arpino, a Corfio e a Eletrocal, conforme descrito no tópico 12.2. A imputação de responsabilidade abrangeu os tributos descritos nas tabelas 31 e 32 (fls. 1091/1094). Também imputouse responsabilidade solidária em desfavor de Corfio Indústria e Comércio de Materiais Elétricos Ltda. pelo fato de que ela e a Eletrocal formavam um único grupo econômico de fato, em que praticamente toda receita da Corfio proveio de serviços de industrialização por encomenda prestados à Eletrocal, conforme descrição no tópico 12.3. A imputação de responsabilidade abrangeu os tributos descritos nas tabelas 33 e 34 (fls. 1095/6). Na parte do lançamento descrita nos tópicos 4, 5, 6 e 7 do TVF a fiscalização impôs multa qualificada e para cada um dos tópicos relatou a tipificação e o dolo existente. O tópico 10 cuida dos débitos de PIS/Pasep e Cofins decorrentes das infrações descritas nos tópicos 7 e 8. Na parte do lançamento que incidiu sobre diferenças de IRPJ e CSLL, descritas no tópico 8 e sobre o PIS/Pasep e Cofins lançados em face dos créditos indevidamente descontados no período pelo aproveitamento de saldos remanescentes, descrito no tópico 10, foi lançada multa de ofício de 75%. (infração do AI do PIS/COFINS). Sob o entendimento de que ocorreram fatos que, em tese configurariam crime contra a ordem tributária, lavrouse representação fiscal para fins penais, autuada sob n. 11516.722276/201381apensada a estes autos (fl. 1283). Em face de que a soma dos créditos tributários lançados ultrapassa R$ 2.000.000,00 e 30% do patrimônio conhecido da contribuinte formalizouse processo de arrolamento de bens e direitos para acompanhamento do patrimônio do sujeito passivo, autuado sob n. 11516.722277/201326. Semelhante providência fora adotada em relação a Cícero Ferroni Figueiredo, sócio controlador e administrador da Eletrocal e em relação a Corfio Indústria e Comércio de Materiais Elétricos Ltda., haja vista a responsabilidade solidária instituída em seu desfavor; processos autuados sob n. 11516.722278/201371 e 11516.722279/201315, respectivamente. Devidamente cientificada do lançamento, a interessada apresentou impugnação. A DRJ considerou a impugnação procedente em parte, apenas para afastar a acusação de planejamento tributário abusivo, relativo à segregação de atividades a fim de manter parte das receitas do grupo econômico sujeitas ao regime do lucro presumido, prevista na infração 1 do Auto de Infração do IRPJ, CSLL, PIS/COFINS (excluindo a responsabilidade do sócio diretor), item 7 do TVF e apenas para corrigir o valor da base de cálculo de R$ 61.758.533,10 para R$ 60.255.860,47, relativa a infração 5 do AI, consubstanciada na apuração de outros resultados não operacionais, decorrentes de subvenções recebidas do poder público para as quais não houve observância dos requisitos legais, em razão do aumento de capital efetivado com a subvenção e subseqüente redução, com restituição de capital ao sócio, Fl. 2987DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.988 12 mediante emprego de empresa veículo (sociedade aparente), porém em relação ao mérito nada mudou. Contra tal decisão, foi interposto Recurso de Ofício pela E. DRJ, assim como Recurso Voluntário pela autuada, juntamente com o responsável solidário Cicero. A Corfio, não apresentou recurso pois a infração na qual era relacionada foi cancelada pela instância "a quo". Após o oferecimento de razões pela PFN, o Chefe da SACAT da DRF/JOAÇABA, por meio do despacho de fl. 2507, encaminhou, com fundamento no art. 32 do Decreto nº 70.235/1972, os autos a esta DRJ/RIBEIRÃO PRETO, a fim de que fosse apreciada a possível ocorrência de erros de cálculo na apuração dos créditos tributários mantidos e exonerados, equívocos esses discriminados na mensagem eletrônica juntada às fls. 2503/2505 e nas planilhas relacionadas no arquivo de fl. 2506. Diante do requerimento do Fisco, a DRJ reexaminou as exonerações calculadas no acórdão 1448.757, proferindo o acórdão 1456.636 (fls. 2508 e seguintes, do e processo). O referido acórdão procedeu aos ajustes pertinentes, em conformidade com as planilhas de fls. 2506, encaminhadas pela fiscalização. A decisão, que não revolveu os fundamentos de direito/mérito da decisão anterior, mas apenas refez alguns cálculos (erro material), contou com o seguinte dispositivo: “Em face do exposto, VOTO pela procedência do requerimento (fl. 2507) da autoridade incumbida da execução do acórdão, a fim de que sejam corrigidas as inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e a erros de cálculo constantes do Acórdão nº 1448.757 (fls. 2262 2296), remanescendo exigíveis os créditos tributários indicados nos demonstrativos acima apresentados. Feitas essas correções, mantém se, quanto às demais questões, o conteúdo do Acórdão nº 1448.757 (fls. 22622296), que julgou procedente em parte a impugnação apresentada”. Intimada do referido acórdão de revisão, a recorrente a ele não se opôs, apenas interpôs novamente Recurso Voluntário reiterando os pedidos e argumentos do Recurso Voluntário anterior (fls. 25872647). Apontou, contudo, que os sistemas da RFB (“extrato do processo”) não haviam incorporado as alterações de cálculo promovidas pelo acórdão 1456.636, de modo que os DARFs que acompanharam a intimação não refletiam os novos valores devidos. Depois de algumas idas e vindas, foram finalmente providenciadas pelas autoridades do Fisco e da DRJ todas as correções de cálculo necessárias (cf. extrato do processo de fl. 2873 e despacho de fl. 2938), sem que tenha sido emanado nenhum outro acórdão de mérito além dos citados 1448.757 e 1456.636, com o que concordou também a contribuinte (fls. 29282931). Finalizadas tais providências, veio o processo à Procuradoria da Fazenda Nacional, para manifestação. Fl. 2988DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.989 13 Diante do relatado, não tendo sido alterados os fundamentos de fato e de direito em que se funda a controvérsia, a PGFN apenas reiterou as razões pelas quais pede que seja negado provimento ao Recurso Voluntário, bem como que seja dado provimento do Recurso de Ofício. É o relatório. Fl. 2989DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.990 14 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator Recurso de Ofício: Nesta infração 1 do Auto de Infração, descrita no item 7 do TVF, a Recorrente é acusada de simulação decorrente da fragmentação da empresa, eis que criou a Corfio com regime tributário mais vantajoso, pelo lucro presumido, para carrear receitas/lucro da atividade, tributáveis pelo regime de lucro real, para a empresa com regime fiscal menos oneroso, no intuito de reduzir a sua tributação. Segundo a fiscalização, basicamente o planejamento tributário ora em analise teve o objetivo de transferir o lucro da atividade da Recorrente (Eletrocal) para a Corfio. Para tanto, receitas, custos e despesas foram contabilmente ajustados entre a Corfio e Eletrocal de forma que a Recorrente (tributada com base no lucro real) ficasse com prejuízos fiscais, ao passo que aquela (tributada com base no lucro presumido) fosse altamente lucrativa. A DRJ cancelou tal infração, devido ao fato de entender o seguinte: A fiscalização descreve no tópico 7.4 do TVF alguns itens que denunciariam o caráter simulatório decorrente da criação da Corfio, que foram rechaçados pela impugnante sob a alegação de tratarse de reorganização societária lícita que não encontra vedação no sistema legal. Tenho comigo que o fato de ter sido criada outra sociedade empresária beneficiou o grupo em face da tributação benéfica que passou a incidir sobre o resultado da Corfio, que optara pela sistemática do lucro presumido. Entretanto, considero que caberia à fiscalização comprovar práticas de simulação ou de fraude, como o superfaturamento ou confusão patrimonial, para que fosse possível desconsiderar os negócios entre as sociedades empresárias e, ao final, buscar a tributação condizente com a realidade. Fl. 2990DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.991 15 Do que consta dos autos verificase que efetivamente foi criada outra sociedade empresária, a Corfio; que ela passou a operar em planta industrial distinta, prestando serviços de industrialização para a impugnante e que partilhou com esta a direção geral e a administração financeira. No caso presente, vislumbro como hipóteses, em que se poderia falar de planejamento tributário ilícito, a prática de preços superfaturados pela Corfio, de modo a gerar despesa na impugnante, ou a inexistência física da Corfio, de modo a caracterizar confusão patrimonial. No segundo caso, ficou caracterizado que a Corfio têm existência de fato e de direito. Relativamente à alegada liberalidade nas transações comerciais entre a Corfio e a impugnante, o que existe é uma alusão à prática de preço único por tonelada de material produzido, independentemente da complexidade do processo produtivo. Não ficou demonstrado que a prestação de serviços está caracterizada por superfaturamento. Ao tratar dos limites ao poder de o Fisco desqualificar e requalificar o ato o professor Marco Aurélio Greco (in Planejamento Tributário, 2ª ed., 2008, Dialética, pág. 202 e seguintes) sintetiza a questão que deve ser enfrentada nestes autos quando indaga se a faculdade de o Fisco desqualificar o negócio privado é absoluta, se pode ser exercida em qualquer caso, se está submetida a condições e quais seriam os limites à sua aplicação. ...o exercício da liberdade deve decorrer de circunstâncias ou eventos ligados à conveniência pessoal, a interesses de ordem familiar, a questões de natureza econômica ou ligadas ao desenvolvimento da empresa, ao seu aprimoramento ou à melhoria de sua eficiência etc. Sempre que assim for, o direito estará sendo utilizado na finalidade que lhe é própria e sem qualquer abuso. Portanto, nestes casos, não cabe a desqualificação com a inibição dos efeitos fiscais (sob a alegação de abuso). Segundo ele, sempre que a auto organização apoiarse em causas reais e o motivo não for predominantemente fiscal não haverá reparos a serem feitos à atividade do contribuinte, descabendo ao Fisco oporse a ela, devendo aceitar os efeitos jurídicos dos negócios realizados. Ainda que determinado negócio jurídico vise a redução da carga tributária, mas se apóie em motivo empresarial, o direito de auto organização terá sido utilizado a contento, sem possibilidade de o Fisco oporse, cabendo a ele o ônus de provar que a finalidade foi predominantemente fiscal. Embora reconheça a existência de planejamento tributário do qual decorreu redução de imposto, não o considero causa apta a ensejar a imposição tributária respectiva, haja vista que a reorganização sob comento encontrase no âmbito do poder de gestão dos administradores cujo objetivo é o de maximizar o retorno do capital investido. Se a companhia tem dois caminhos a tomar e um deles implica pagamento menor de tributos, pareceme que não compete à administração tributária imiscuirse na gestão da sociedade, definindo o que deve ou não ser feito. Portanto, na parte do auto de infração que trata da simulação de fragmentação da sociedade empresária, voto no sentido de considerar procedente a impugnação e afastar o respectivo crédito tributário. Fl. 2991DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.992 16 Como se vê, os julgadores da DRJ analisaram o conteúdo probatório carreados aos autos em sede de impugnação, que demonstra que a empresa Corfio existe desde agosto de 2004, com endereço diferente, situada a mais de quatro quilômetros da empresa Recorrente. (docs. 7 e 8 da impugnação) Também constam nos autos, fotos mostrando a estrutura, o processo produtivo e a segregação da Corfio. (docs. 8 e 9 da impugnação). Ademais, de acordo com os documentos da impugnação, as empresas possuem estrutura autônoma, funcionamento independente, empregados próprios, contabilidade segregada, conforme pode se verificar do RAIS, cartão CNPJ, resumo da folha, alvarás de funcionamento, entre outros documentos. (docs. 10 ao 12 da impugnação). Corroborando com as provas acima, constatouse também que ao passar dos anos a Corfio ampliou muito seus ativos, conforme pode se verificar no documento 14 da impugnação. Ou seja, constam nos autos que não se trata de constituição de sociedade meramente formal, mas sim uma efetiva organização estruturada que utiliza recursos do grupo econômico. Quanto a alegação da fiscalização de que o objeto social da Corfio é praticamente o mesmo, também entendo que tal acusação não se coaduna com as provas dos autos, conforme documentos 15 ao 18 da impugnação, onde pode se verificar a relação de produtos diferenciada entre as empresas, as notas fiscais que demonstram as entradas, saídas e o processo industrial diverso da Recorrente. Por fim, cumpre ressaltar que diferentemente da Corfio que apenas industrializa, a Recorrente também vende mercadorias, conforme pode se verificar no CFOP da Corfio. (doc. 17 da impugnação.) Sendo assim, face documentos e fatos constantes nos autos, entendo que a decisão relativa a este item 1 do Auto de Infração foi a mais adequada e por tal motivo deve ser mantida. Pelo exposto e por tudo que consta nos autos, nego provimento ao Recurso de Ofício. Recurso Voluntário: O Recurso Voluntário é tempestivo, preenche todos os requisitos legais, trata de matéria de competência deste Colegiado e não contraria Súmula ou regra do Regimento deste E. CARF/MF, motivo pelo qual, deve ser admitido. Da motivação do ato administrativo de lançamento ser contraditória: Fl. 2992DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.993 17 A Recorrente alega que os fundamentos da autuação são contraditórios eis que o Agente Fiscal, em uma acusação1 afirma que a subvenção seria de investimento e, posteriormente, em outra acusação, alega que a mesma subvenção seria de custeio, incorrendo em contradição em sua motivação. De fato, a Fiscalização não aponta expressamente que a subvenção recebida nos anoscalendário de 2006 e 2007 são para custeio. O Auditor Fiscal, informa que a Recorrente escriturou a subvenção como sendo de investimento e utilizou de artifícios para dissimular a distribuição de tais valores, recebidos nos anoscalendário 2006 e 2007, ao sócio Cicero, mediante aumento e redução de capital no momento em que incorporou a empresa Arpino, contrariando a legislação do IRPJ e CSLL, incorrendo na hipótese de incidência de tais impostos que deixou de pagar. Posteriormente, mais a frente, em outra infração, a Fiscalização desqualifica a subvenção fundamentada na mesma legislação, recebida nos anoscalendário de 2008, 2009 e 2010, escriturada como de investimento pelo Recorrente e a classifica como sendo de custeio. Vejam que, na primeira infração a Fiscalização não entra na discussão se as subvenções recebidas nos anoscalendário de 2006 e 2007 são ou não de custeio ou investimento, mas apenas imputa a irregularidade tributária de que a Recorrente teria desrespeitado a legislação, os artigos 443 e 545 do RIR/99 (que tratam de subvenção de investimento), para distribuição das subvenções para os sócios, o que ensejaria a incidência do IRPJ e da CSLL. Já na segunda, para as subvenções recebidas no anoscalendário de 2008, 2009 e 2010 o Agente Fiscal analisa e a classifica como sendo de custeio. Assim, como as subvenções recebidas em todos os anoscalendário de 2006 até 2010 são regulamentadas pela mesma legislação estadual, verifico uma possível incongruência na acusação, sendo que na primeira infração o Agente Fiscal não contesta a classificação da Recorrente de que seriam de investimento, inclusive, indica que teria desrespeitado as regras do artigo 443 do RIR/00 que trata de subvenção para investimento. Devido a tal fato, na hipótese de as subvenções recebidas serem classificadas como sendo de custeio por este E. Colegiado, será necessário verificar se a Recorrente contrario de fato o artigo 443 do RIR/99, ou outro dispositivo do regulamento do imposto de renda, conforme apontado na acusação da infração 5 do Auto de Infração. Na hipótese de ser decidido que a subvenção é de custeio, tal entendimento deverá afetar a infração 5 do Auto de Infração, que foi escriturada pela Recorrente e tratada pelo Agente Fiscal como sendo de investimento. Por outro lado, se restar decido que as subvenções são de investimento, então deveremos analisar se a Recorrente contrario o artigo 443 do RIR/99 ao distribuílas aos sócios. Desta forma, entendo ser necessário primeiro analisarmos as alegações relativas a classificação das subvenções serem ou não de custeio, objeto das infrações 4 e 6, para depois julgarmos a preliminar que irá afetar a infração 5 do Auto de Infração. 1 Acusação relativa a infração de aumento de capital para a incorporação da empresa Arpino. Fl. 2993DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.994 18 Das infrações 4 e 6 do Auto de Infração relativas a subvenções recebidas nos anoscalendário de 2008, 2009 e 2010: Em relação a estas infrações, relativas interpretação da Fiscalização de que as subvenções recebidas pela Recorrente, são na verdade subvenção para custeio, vejamos. Foi constatados e registrado no TVF (item 8), por meio de documentos, que as subvenções recebidas pela Recorrente não foram plenamente utilizadas em sua filial/unidade situada em Nova Andradina, do Estado do Mato Grosso do Sul. Vejamos a parte mais específica sobre tais pontos. O benefício esteve previsto na Lei Complementar nº 93/2001 do Estado do Mato Grosso do Sul (fls. 743 a 755), regulamentada pelo Decreto nº 10.604/2001 (fls. 756 a 761). Consiste, basicamente, na redução do ICMS devido pelo beneficiário 94. Nos termos da referida Lei, em especial seu art. 2º, o programa MS EMPREENDEDOR é instrumento de política fiscal ou de fomento à industrialização do Estado do Mato Grosso do Sul e à circulação de bens econômicos em seu território. Mas como dito alhures, os objetivos governamentais expostos nos incisos do art. 2º da Lei Complementar nº 93/2001 não são mais do que normas programáticas que pretendem conferir alguma legitimidade à renúncia fiscal assumida pelo Estado. O verdadeiro pano de fundo do benefício reside na Guerra Fiscal. Não por outro motivo que o Termo de Acordo firmado entre o Estado do Mato Grosso Sul e a ELETROCAL previa que esta deveria faturar através da unidade de Novas Andradina/MS parcelas cada vez maiores de seus produtos, ainda que o acabamento final tivesse sido efetuado em outro Estado. (Vide Cláusula Primeira, inciso III, do Termo de Acordo firmado entre ELETROCAL e o Estado do Mato Grosso do Sul (fl. 763)). Objetivamente podese afirmar que o MSEMPREENDEDOR não cumpre requisito essencial ao enquadramento de subvenção para investimento, qual seja: efetiva e específica vinculação do produto da subvenção com o projeto de implantação ou expansão do empreendimento econômico planejado pelo beneficiário (vide subtópico 8.2 deste TVF). Até porque a ELETROCAL esteve obrigada a recolher ao Fundo Estadual de Apoio à Industrialização (FAI/MS)96 o valor correspondente a 2,5% do montante fruído no período de apuração do ICMS (Vide Cláusula Primeira, inciso VII, alínea “c” do Termo de Acordo firmado entre ELETROCAL e o Estado do Mato Grosso do Sul (fl. 764)). . Ou seja, o próprio programa determinava a destinação de parte dos recursos dele decorrentes para fim diverso do projeto econômico aprovado. Porém, a mais evidente constatação de que os benefícios pela ELETROCAL não foram aplicados na implantação ou expansão de suas atividades no Mato Grosso do Sul decorre do descompasso entre: (i) o valor auferido como subvenção (mais de R$ 114 milhões); e (ii) a evolução, no mesmo período (2008 a 2010), do ativo imobilizado da filial estabelecida naquele Estado, na cidade de Nova Andradina (CNPJ 83.060.012/000481), que passou de R$ 4,803 milhões em 31/12/2007 para R$ 8,603 milhões em 31/12/2010. (Informação obtida Fl. 2994DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.995 19 das repostas ao item INI.7 do TIAF (fls. 4 e 5) e ao item 3.1 do TIF nº 3 (fl. 16), que encontramse juntadas às fls. 780 a 783.) Por meio da Tabela 27 percebese que, mesmo se desconsideradas as depreciações e amortizações, a “ampliação” do empreendimento econômico da filial sulmatogrossense da ELETROCAL (ou seja, a incorporação de novos ativos ao imobilizado daquela unidade) nos ACs 2008, 2009 e 2010 representou apenas 5,43% das subvenções recebidas naquele período. (Total das imobilizações na filial sulmato grossense nos ACs 2008, 2009 e 2010: R$ 6.225.009,77. Total das subvenções recebidas nos ACs 2008, 2009 e 2010: R$ 114.623.630,26. Então: R$ 6.225.009,77 ÷ R$ 114.623.630,26 = 5,43%.) [...] Tabela demonstrando o acima descrito. Pois os números aqui expostos permitem indagar: afinal, onde está a “expansão do empreendimento econômico” da ELETROCAL no Mato Grosso do Sul? A empresa recebeu mais de R$ 114milhões em subvenções (redução do ICMS) entre 2008 e 2010 e, no mesmo período, investiu apenas R$ 6,2 milhões na unidade beneficiária do programa MSEMPREENDEDOR. E não seria de esperar algo diferente, pois o Termo de Acordo firmado com o Estado do Mato Grosso do Sul previu um volume de investimentos que se pode dizer até simbólico face às desonerações concedidas. Senão vejase: o investimento inicial previsto em agosto/2002, quando da concessão do benefício, era de R$ 4.467.000,00 (Vide Cláusula Primeira, inciso I, alínea “a” do Termo de Acordo firmado entre ELETROCAL e o Estado do Mato Grosso do Sul constante as fls. 762 e 763) em setembro/2005 a ELETROCAL comprometeuse a investir mais R$ 4.760.000,00 em obras civis, máquinas e equipamentos na unidade de Nova Andradina/MS (Vide alínea “a” dos considerandos do 2º Termo Aditivo ao Termo de Acordo (fl. 771)). Por outro lado, os benefícios/subvenções foram vertiginosamente maiores. Como se verifica, restou comprovado nos autos, que os valores relativos as subvenções não foram aplicados/investidos na unidade situada no Estado que concedeu o benefício do ICMS, assim, conforme entendimento desta C. Turma, bem como do Parecer Normativo CST 112/78, entendo ser correta a interpretação da fiscalização de que as subvenções recebidas, são na verdade subvenções de custeio. Corroborando com este entendimento, vejamos a parte do Parecer Normativo que expõe o entendimento da Receita Federal, seguido por esta C. Turma, quando do julgamento de outros Recurso em tramite em processos que trataram da mesma matéria. 2. CONTEÚDO DAS SUBVENÇÕES [...] 2.5 – [...] SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO ou SUBVENÇÃO PARA OPERAÇÃO são expressões sinônimas. SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliála a fazer face ao seu conjunto de despesas. SUBVENÇÃO PARA OPERAÇÃO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliála nas suas operações, ou seja, na consecução de seus objetivos sociais. As operações da pessoa jurídica, realizadas para que alcance as suas finalidades sociais, provocam custos ou despesas, que, talvez por serem superiores Fl. 2995DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.996 20 às receitas por ela produzidas, requerem o auxílio de fora, representado pelas SUBVENÇÕES. O CUSTEIO representa, portanto, em termos monetários, o reflexo da operação desenvolvida pela empresa. Daí porque julgamos as expressões como sinônimas. [...] 2.11 – Umas das fontes para se pesquisar o adequado conceito de SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO é o Parecer Normativo CST nº 2/78 (DOU de 16.01.78). No item 5.1 do Parecer encontramos, por exemplo, menção de que a SUBVENÇÃO para INVESTIMENTO seria destinada à aplicação em bens ou direitos. Já o item 7, subentendese um confronto entre as SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO ou OPERAÇÃO e as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, tendo sido caracterizadas as primeiras pela não vinculação a aplicações específicas. Já o Parecer Normativo CST número 143/73 (DOU de 16.10.73) sempre que se refere a investimento complementao com a expressão em ativo fixo. Desses subsídios podemos inferir que SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliála, não nas suas despesas, mas sim, na aplicação específica em bens ou direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos. Essa concepção está inteiramente de acordo com o próprio § 2o. do art. 38 do D. L. 1.598/77. 2.12 – Observase que a SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO apresenta características bem marcantes, exigindo até mesmo perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta apenas o “animus” de subvencionar para investimento. Impõese, também, a efetiva e específica aplicação da subvenção, por parte do beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Por outro lado, a simples aplicação dos recursos decorrentes da subvenção em investimento não autoriza a sua classificação como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. [...] 7. CONCLUSÃO 7.1 – Ante o exposto, o tratamento a ser dado às SUBVENÇÕES recebidas por pessoas jurídicas, para fins de tributação do imposto de renda, a partir do exercício financeiro de 1978, face ao que dispõe o art. 67, item I, letra “b” do Decretolei nº 1.598/77, pode ser assim consolidado: I – As SUBVENÇÕES CORRENTES PARA CUSTEIO OU OPERAÇÃO integram o resultado operacional da pessoa jurídica; as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, o resultado nãooperacional; II – SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO são as que apresentam as seguintes características: a) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; b) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e Fl. 2996DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.997 21 c) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. III – As ISENÇÕES ou REDUÇÕES de impostos só se classificam como subvenções para investimento se presentes todas as características mencionadas no item anterior; IV – As SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, se registradas como reserva de capital não serão computadas na determinação do lucro real, desde que obedecidas as restrições para a utilização dessa reserva; [...] (negritos no original, os sublinhados são nossos). Assim como o parecer acima indicado, esta C. Turma Julgadora também entende que somente se tem uma subvenção para investimento quando os recursos são efetiva e especificamente aplicados pelo beneficiário, na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Caso contrario, quando a legislação que concede a subvenção/benefício não exige uma aplicação específica dos recursos, deve ser caracterizada como de custeio. Para complementar meu raciocínio, colaciono a ementa da Solução de Consulta Cosit 336, de 12 de dezembro de 2014, que demonstra o entendimento da Receita Federal, no mesmo sentido da jurisprudência desta C. Turma. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ BENEFÍCIO FISCAL DE ICMS. SUBVENÇÃO. BASE DE CÁLCULO. É inadmissível excluir da apuração do lucro real a subvenção recebida do Poder Público, em função de benefício fiscal de ICMS, quando os recursos puderem ser livremente movimentados pelo beneficiário, isto é, quando não houver obrigatoriedade de aplicação dos recursos na aquisição de bens ou direitos necessários à implantação ou expansão de empreendimento econômico (não é suficiente a realização dos propósitos almejados com a subvenção), inexistindo sincronia e vinculação entre a percepção da vantagem e a aplicação dos recursos. Nesse caso, a subvenção tornase tributável, compondo a base de cálculo do IRPJ. Dispositivos Legais: art. 38 do Decreto Lei nº 1.598, de 1977; arts. 18 da Lei nº 11.941, de 2009; art. 30 da Lei nº 12.973, de 2014; Lei do Estado do Ceará nº 10.367, de 1979; arts. 392 e 443 do Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99), Decreto do Estado do Ceará nº 29.183, de 2008, Parecer Normativo CST nº 112, de 1978; Solução de Divergência Cosit nº 15, de 2003. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL BENEFÍCIO FISCAL DE ICMS. SUBVENÇÃO. BASE DE CÁLCULO. É inadmissível excluir da apuração do lucro real a subvenção recebida do Poder Público, em função de benefício fiscal de ICMS, quando os recursos puderem ser livremente movimentados pelo beneficiário, isto é, quando não houver obrigatoriedade de aplicação dos recursos na aquisição de bens ou direitos necessários à implantação ou expansão de empreendimento econômico (não é suficiente a realização dos Fl. 2997DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.998 22 propósitos almejados com a subvenção), inexistindo sincronia e vinculação entre a percepção da vantagem e a aplicação dos recursos. Nesse caso, a subvenção tornase tributável, compondo a base de cálculo da CSLL. Dispositivos Legais: art. 38 do Decreto Lei nº 1.598, de 1977; arts. 18 da Lei nº 11.941, de 2009; art. 30 da Lei nº 12.973, de 2014; Lei do Estado do Ceará nº 10.367, de 1979; arts. 392 e 443 do Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99), Decreto do Estado do Ceará nº 29.183, de 2008, Parecer Normativo CST nº 112, de 1978; Solução de Divergência Cosit nº 15, de 2003. Dispositivos Legais: arts. 15 e 18 da Lei nº 11.941, de 2009; Lei do Estado do Ceará nº 10.367, de 1979; arts. 392 e 443 do Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99), Decreto do Estado do Ceará nº 29.183, de 2008, Parecer Normativo CST nº 112, de 1978; Solução de Divergência Cosit nº 15, de 2003; ADI SRF nº 22, de 2003. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS BENEFÍCIO FISCAL DE ICMS. SUBVENÇÃO. BASE DE CÁLCULO. Por falta de amparo legal para a sua exclusão, a subvenção recebida do Poder Público, em função de redução de ICMS, constitui receita tributável que deve integrar a base de cálculo da Cofins sujeita ao regime de apuração não cumulativa. Dispositivos Legais: art. 38 do Decreto Lei nº 1.598, de 1977; arts. 18 da Lei nº 11.941, de 2009; art. 30 da Lei nº 12.973, de 2014; Lei do Estado do Ceará nº 10.367, de 1979; arts. 392 e 443 do Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99), Decreto do Estado do Ceará nº 29.183, de 2008, Parecer Normativo CST nº 112, de 1978; Solução de Divergência Cosit nº 15, de 2003; arts. 1º e 6º da Lei nº 10.833, de 2003. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP BENEFÍCIO FISCAL DE ICMS. SUBVENÇÃO. BASE DE CÁLCULO. Por falta de amparo legal para a sua exclusão, a subvenção recebida do Poder Público, em função de redução de ICMS, constitui receita tributável que deve integrar a base de cálculo da Contribuição para o PIS sujeita ao regime de apuração não cumulativa. Dispositivos Legais: art. 38 do Decreto Lei nº 1.598, de 1977; arts. 18 da Lei nº 11.941, de 2009; art. 30 da Lei nº 12.973, de 2014; Lei do Estado do Ceará nº 10.367, de 1979; arts. 392 e 443 do Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99), Decreto do Estado do Ceará nº 29.183, de 2008, Parecer Normativo CST nº 112, de 1978; Solução de Divergência Cosit nº 15, de 2003; arts. 1º e 5º da Lei nº 10.637, de 2002. Esta linha de entendimento, também foi adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, onde analisou um processo de crédito premio de IPI, mas com o mesmo raciocínio até aqui aplicado, registrando a seguinte ementa: Fl. 2998DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 2.999 23 TRIBUTÁRIO. IPI. CRÉDITOPRÊMIO. DECRETOLEI N. 491/69. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E DA CSSL. ART. 392 DO DECRETO N. 3.000/99 (RIR) 1. Tendo em vista a natureza do créditoprêmio, voltado ao incremento da expansão da indústria nacional que se dedica à produção de produtos exportáveis, não pode ser comparado a subvenção de investimento. Embora prestese à expansão do setor industrial de exportação, não há qualquer vinculação do beneficiário à realização de algum tipo de investimento como os declinados na lei, que autorize a incidência do art. 443, do Decreto n. 3.000/99 (RIR). 2. Ao contrário, incide a disposição do art. 392 do RIR/99, que deita lastro na Lei N. 4.506, de 1964, art. 44, incisos IV e VIII, donde que não há autorização legal para excluir o créditoprêmio de IPI da base de cálculo do IRPJ e da CSSL, já que, no tocante a esta, a base de cálculo é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda (Lei n. 7.689/88: art. 2º). 3. Apelo da impetrante a que se nega provimento. Assim, como restou comprovado nos autos que as subvenções recebidas não foram efetivamente aplicadas na implantação ou expansão de suas atividades no Mato Grosso do Sul, inexistindo sincronia e vinculação entre a percepção da vantagem e a aplicação dos recursos, entendo que a melhor classificação para tais valores é a de custeio. Quanto as alegações relativas a ilegalidade do Parecer Normativo 112/78, esta C. Turma já posicionou entendimento no seguinte sentido, no julgamento do Recurso Voluntário, do processo 10166.727999/201411, onde o relator foi Conselheiro Caio Quintella: A figura das subvenções, que pode ser tida de maneira geral como um auxílio econômico prestado pelo Estado, é antiga no Direito nacional, presente já na Lei nº 4.320/64, que diferencia as subvenções sociais das econômicas, em relação à regulamentação das finanças públicas, assim como na Lei das S/A, quando esta trata do patrimônio líquido das companhias, determinando a classificação e registro como reserva de capital das subvenções de investimento percebidas nas contas das companhias. Ganhando pertinência tributária, mais especificamente para o Imposto de Renda, o DecretoLei nº 1.598/77, logo depois alterado pelo DecretoLei nº 1.730/79, previu a exclusão dos valores relativos às subvenções para investimento da apuração do lucro real, na condição de instrumento estatal financeiro de fomento econômico e de patrocínio do desenvolvimento da iniciativa privada. Tal matéria foi imediatamente regulada pelo Parecer Normativo CST nº 112/78. Muito posteriormente, tratando do Regime Tributário de Transição RTT, a Lei nº 11.941/2009 veio, mais uma vez, regular a exclusão de valores referentes as subvenções de investimento. Ambos normativos fundamentam o presente lançamento de ofício. Feita tal digressão introdutória, temos que a legislação tributária federal vigente contempla e distingue duas modalidades subvenção econômica, a de investimento e a de custeio. A primeira, como Fl. 2999DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.000 24 mencionado, pode ser objeto de exclusão do resultado tributável pelo IRPJ e pela CSLL devida pelos contribuintes, como tratado no art. 443 do RIR/99. A segunda tem igualmente tratamento específico, prevendo o art. 392 do mesmo compêndio a sua adição ao lucro operacional. Muito claro que fica que não se analisa aqui, em esfera federal, a validade de benefícios e subvenções estaduais per si, mas a sua natureza e a dos seus efeitos em relação ao contribuinte, para a devida verificação da efetiva subsunção ou não dos fatos e condutas ocorridas ao permissivo tributário de exclusão das bases de cálculo dos tributos federais. Nas presentes Autuações temse como base a constatação pela Fiscalização de que o regime especial concedido à Recorrente revela se mero benefício fiscal e, posteriormente, com sua declaração ex tunc de inconstitucionalidade pelo TJ/DF e edição de norma remitindo os débitos advindos desse evento, mais um favor tributário. [...] Tais constatações factuais são depois comparadas com o teor das normas federais que regulamentam a figura das subvenções de investimento como valores a serem excluídos da apuração das bases tributáveis do IRPJ e da CSLL, incluindo o PN CST 112/78, que fundamenta o lançamento, concluindo que os requisitos legais necessários para a sua exclusão não estão presentes. Aqui cabe registrar, brevemente, que existe forte debate sobre os limites normativos do mencionado Parecer Normativo e sua validade, ao passo que foi utilizado como elemento da base legal invocada pela Autoridade Fiscal,. É certo que o próprio art. 38, §2º, do DecretoLei nº 1.598/78 e, posteriormente, o art. 18 da Lei nº 11.941/2009, trouxeram em seu bojo redação que claramente transparece vinculação conceitual das subvenções lá tratadas à implementação ou à expansão de empreendimentos econômicos, possuindo tais normativos legítima força de Lei. Contudo, o PN CST nº 112/78, ao veicular a necessária regulamentação da norma contida no DecretoLei nº 1.598/78, teria, então, extrapolado, de maneira proibitiva, o gozo dessa prerrogativa dos contribuintes. Ainda que expressamente não se alega haver postura fazendária ultra legem, conclusão semelhante foi alcançada no julgamento do Acórdão nº 9101.002.393, de relatoria do I. Conselheiro André Mendes de Moura, da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, publicado em 20/10/2016: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2005, 2006, 2007, 2008 SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO A TÍTULO DE CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IRPJ. REQUISITOS. A União estabelece critérios próprios para dispor sobre a concessão de benefício aplicável ao IRPJ e à CSLL, tributos sob sua competência. A mera "intenção" do legislador estadual não é suficiente para caracterizar Fl. 3000DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.001 25 a subvenção recebida como subvenção para investimento, na acepção do §2º do artigo 38 do DecretoLei nº 1.598/1977, e não implica na fruição automática de benefício fiscal na esfera federal. A operação de subsunção às condições previstas no referido dispositivo legal não ocorre automaticamente. As subvenções para investimento que podem ser excluídas na determinação do lucro real são aquelas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. (...). Observase que, segundo interpretação do parecer, a subvenção para investimento estaria caracterizada quando, cumulativamente, (1) os recursos a serem transferidos seriam com o objetivo de auxiliar a pessoa jurídica não sem sua despesas, mas na aplicação específica em bens ou direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos; (2) seria exigida uma perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado; (3) não basta o "animus", mas também e efetiva e específica aplicação da subvenção nos investimentos previstos, e (4) mero registro contábil em conta própria de reserva de capital não é suficiente, por si só, para caracterizar a transferência como subvenção para investimento. Entendo que cabem observações sobre os itens (1) e (2). (...) Sobre o item (1), de fato não há que se considerar que tais recursos sejam empregados para auxiliar nas despesas do ente subvencionado. Devem ser aplicados em bens ou direitos visando a consecução da finalidade da subvenção para investimentos, qual seja, implantar ou expandir empreendimentos econômicos. Tal aplicação poderá estar refletida em diferentes ativos da empresa, como, por exemplo, estoques, ativo permanente, em proporções que dependerão do ramo de atividade do subvencionado, mas que deverão estar devidamente refletidos na contabilidade. Já em relação ao item (2), a necessidade de "perfeita sincronia" entre a intenção do subvencionador e a ação do subvencionado, merece uma ressalva, e se trata de conclusão que deve ser relativizada, interpretada numa acepção mais ampla. Isso porque, ao se falar na implantação de um novo investimento, naturalmente o subvencionado terá que aplicar recursos próprios para a construção do empreendimento. Apenas no futuro, a partir do momento em que o investimento gerar frutos, serão originadas as receitas, cuja parte será objeto de transferência para a empresa a título de subvenção. (destacamos) Assim, temos que o PN CST nº 112/78 não é normativo invalido, mas deve ser analisado, interpretado e, principalmente, aplicado à luz das delimitações legais sobre tema, sem que represente violação à legalidade ou ao direito conferido aos contribuintes, apenas obtendo se dessa norma infralegal aquilo que é lícito e típico de sua modalidade reguladora. Fl. 3001DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.002 26 Seguindo o raciocínio, insta ressaltar que a Receita Federal manifestouse por meio do PN CST nº 112/1978 para interpretar a regra disposta no art. 38 do DL nº 1.598/1977, matriz legal do art. 443 do RIR/1999, que trata da exclusão das subvenções para investimento na determinação do lucro real. Sendo assim, não verifico que o Parecer Normativo 112/78 utilizado como um dos fundamentos da interpretação do Agente Fiscal para glosa do crédito, tenha extrapolado ou acarretado qualquer ilegalidade no lançamento de ofício ou ele mesmo em si, seja ilegal. Ademais, apenas para deixar claro, mesmo que meu entendimento fosse contrário, a Sumular Carf número 02 não permite que o Conselheiro deste E. Tribunal afaste legislação por entendêla inconstitucional. Desta forma, esta correto o entendimento da Fiscalização ao desclassificar a subvenção de investimento e considerála como de custeio, tendo em vista que restou comprovado nos autos que o incentivo concedido pela Unidade da Federação não preenche os requisitos legais para contemplar a exclusão da base de cálculo do IPRJ, previsto na legislação federal. Em relação aos créditos glosados de PIS/COFINS, diferentemente do que entendeu a Fiscalização e a DRJ, esta C. Turma ao julgar tal matéria decidiu que os créditos incentivados de ICMS, concedidos pelos Estados a setores econômicos ou regiões em que haja interesse especial, não se encartam no conceito de “receita” para fins de incidência das contribuições destinadas ao PIS e à COFINS, pois não constitui entrada de recursos passíveis de registro em contas de resultado, não podendo ser assim considerado e, por conseguinte, não compõe a base de cálculo do PIS. Para não deixar dúvida, colaciono a ementa do v. acórdão proferido no processo 13971.722024/201491, de lavra do Conselheiro Fernando Brasil, onde seguindo a jurisprudência da Terceira Seção de Julgamento deste E. CARF/MF, deixou consignado que os créditos recebidos por meio de incentivo fiscal de ICMS, concedido por ente da Federação não se caracteriza como receita/faturamento para fins de incidência do PIS/COFINS. Anocalendário: 2012 NULIDADE. FORMA DE TRIBUTAÇÃO UTILIZADA NO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Controvérsia sobre a forma de tributação utilizada no lançamento diz respeito ao mérito da exigência, não havendo que se falar em nulidade do lançamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012 IRPJ. CSLL. SUBVENÇÃO. BENEFÍCIO FISCAL DE ICMS. Para restar caracterizada a subvenção para investimento as transferências devem ser concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. Contudo, descaracterizase Fl. 3002DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.003 27 como subvenção para investimento quando se constata que o valor do benefício fiscal, em único anocalendário, é absolutamente desproporcional aos investimentos comprometidos com o Estado durante todo o período de fruição de tal benefício. Nesse caso, subvenção é tida como de custeio e, como tal, tributada, compondo a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. IRPJ. APURAÇÃO COM BASE NA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. AUSÊNCIA DO LALUR. TRIBUTAÇÃO PELO LUCRO REAL. POSSIBILIDADE. Reiterada e incontroversa é a jurisprudência administrativa no sentido de que o arbitramento do lucro, em razão das consequências tributáveis a que conduz, é medida excepcional, somente aplicável quando no exame de escrita Fiscallização comprova que as falhas apontadas se constituem em fatos que, camuflando expressivos fatos tributáveis, indiscutivelmente, impedem a quantificação do resultado do exercício. A simples falta de escrituração do LALUR, sem demonstrar a ocorrência do efetivo prejuízo para o Fisco, não é suficiente para sustentar a desclassificação da escrituração contábil e o consequente arbitramento dos lucros. BASES DE CÁLCULO DO IRPJ E DA CSLL. DEDUÇÃO DE TRIBUTOS E JUROS EXIGIDOS DE OFÍCIO. EXCEÇÃO AO REGIME DE COMPETÊNCIA. DEDUTIBILIDADE APÓS CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. A dedução dos valores de tributos e juros exigidos de ofício não segue a regra geral do regime de competência, somente podendo ser efetivada na apuração do resultado referente ao período em que se operar a constituição definitiva do crédito tributário lançado. CONTRIBUIÇÃO AO PIS. COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO. IMPOSSIBILIDADE. Os créditos incentivados de ICMS, concedidos pelos Estados a setores econômicos ou regiões em que haja interesse especial, não se encartam no conceito de “receita” para fins de incidência das contribuições destinadas ao PIS e à COFINS, pois não constitui entrada de recursos passíveis de registro em contas de resultado, não podendo ser assim considerado e, por conseguinte, não compõe a base de cálculo do PIS. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. MULTA DE OFÍCIO PELA FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE TRIBUTO. MATERIALIDADES DISTINTAS. NOVA REDAÇÃO DADA PELA MP 351/2007. A partir do advento da MP 351/2007, convertida na Lei 11.488/2007, a multa isolada passa a incidir sobre o valor não recolhido da estimativa mensal independentemente do valor do tributo devido ao final do ano, cuja falta ou insuficiência, se apurada, estaria sujeita à incidência da multa de ofício. São duas materialidades distintas, uma referese ao ressarcimento ao Estado pela não entrada de recursos no tempo determinado e a outra pelo não oferecimento à tributação de valores que estariam sujeitos à mesma. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. Fl. 3003DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.004 28 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Provido em Parte. Assim, seguindo a jurisprudência acima indicada, entendo que a glosa do crédito relativo ao PIS/COFINS, deve ser cancelada. No mais, apenas para afastar qualquer dúvida ou equivoco que possa surgir e no intuito de evitar qualquer requerimento de nulidade deste v. acórdão, apesar de no final do Termo de Verificação Fiscal constar argumentos genéricos, relativos a responsabilidade solidária nos termos do artigo 135, inciso III do CTN, especificamente para as infrações 4 e 6 do Auto de Infração não foi imputada e fundamentada responsabilidade do sócio administrador, Sr. Cícero. Da mesma forma, não foi qualificada a multa de ofício para tais infrações 4 e 6 do Auto de Infração. Sendo assim, como para as infrações 4 e 6 do Auto de Infração não foi imputado responsabilidade solidária ao sócio Sr. Cícero e a da multa de ofício não foi qualificada, entendo que tais matérias não são objeto de discussão dos autos deste processo, bem como do lançamento de ofício. Em relação a infração 5 do Auto de Infração, descritas no tópicos 3 e 6 do TVF: Para esta infração 5, a fiscalização interpretou que o mesmo benefício estadual previsto nas infrações 4 e 6 do AI, seria subvenção para investimento. Assim, como a fiscalização interpretou que as subvenções regulamentadas pela mesma legislação são de custei nas infrações 4 e 6 (interpretação que este relator concorda) e para a infração 5 do AI interpretou como sendo de investimento, entendo que restou caracterizada uma certa incongruência na fundamentação do lançamento de ofício em relação a este ultimo item (infração 5). A Fiscalização aduz que a Recorrente recebeu subvenção do poder público, que refletiram em restituição de capital ao sócio com uso de empresa veículo (sociedade aparente), conforme tópicos 3 e 6 do TVF. Tal atitude da Recorrente não observou os requisitos legais, sendo que o aumento de capital efetivado com a subvenção e subsequente redução, com restituição de capital ao sócio, mediante emprego de empresa veículo, contrariou o determinado no artigo 443 do RIR/99, que regulamenta os requisitos da subvenção de investimento. Vejamos o que o TVF informou no item 6 sobre esta infração. Fl. 3004DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.005 29 Por meio da 2a. alteração contratual (fls. 467 e 468), de 13/10/2008, “os sócios” (ou seja, apenas CÍCERO FERRONI FIGUEIREDO) deliberaram por aumentar o capital social da ELETROCAL de R$ 53.300.000,00 para R$ 115.058.533,00, o que representou um incremento de R$ 61.758.533,00. Este se realizou mediante capitalização da “reserva pública para investimentos” (vide fl. 467 e lançamento transcrito na Tabela 9). [...] A fiscalizada foi questionada acerca da origem da mencionada “reserva pública para investimento” (item INI.11 do TIAF – fl. 5), ao que respondeu (fl. 684) tratarse de subvenções (redução do ICMS a pagar) recebidas do governo do Mato Grosso do Sul nos anos calendário 2006 e 2007. Até então, as subvenções sulmatogrossenses recebidas pela ELETROCAL nos ACs 2006 e 2007 eram mantidas em conta de reserva de capital e, como tal, não computadas no lucro real daqueles períodos. Tendo sido consideradas “subvenções para investimento” pela fiscalizada, tais valores só poderiam ser utilizados para absorver prejuízos ou serem incorporados ao capital social (RIR/1999, art. 443, I), o que de fato ocorreu na 2a. alteração contratual (fls. 467 e 468). Mas passados apenas três dias desse aumento de capital, ou seja, em 16/10/2008, foi formalizado o protocolo e justificação de incorporação da ARPINO por sua controlada ELETROCAL (vide subtópico 3.5). O item IV do protocolo (fls. 530 e 531) versou sobre a situação das sociedades em consequência da operação, concluindo que a incorporadora (ELETROCAL) teria uma redução do seu capital social, de R$ 115.058.533,00 para R$ 54.802.672,00. Ou seja, uma redução efetiva de R$ 60.255.861,00. Isso porque o patrimônio da incorporada (ARPINO), no valor de R$ 17.111.411,28, seria inferior ao valor do investimento (participação na incorporadora – ELETROCAL) registrado no ativo da ARPINO, qual seja, R$ 77.367.271,75. O laudo de avaliação está acostado às fls. 537 e 538. Figura 3 Detalhe do protocolo de incorporação da ARPINO pela ELETROCAL (fl. 530) Fl. 3005DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.006 30 Pois estas operações (aumento e redução de capital da ELETROCAL) representaram a outra parte do planejamento tributário abusivo engendrado por meio da ARPINO. Dessa feita, as operações foram estruturadas com o intuito de burlar vedação imposta pela legislação tributária quanto à distribuição das subvenções aos sócios. Eis as disposições expressas no art. 443, I, e no art. 545, §§ 1º e 2º do RIR/1999: [...] Percebase a peculiaridade dessas operações. No interregno de apenas três dias, o único sócio de fato da ELETROCAL deliberou por: (1º) aumentar o capital social em R$ 61.758.533,00, mediante capitalização de subvenções públicas; e (2º) logo após, reduzir o capital social em R$ 60.255.861,00 em razão de uma incorporação às avessas. E frisese que a “redução de capital” se deu por conta de um suposto déficit entre o patrimônio da incorporada (ARPINO) e o valor do investimento (participação na incorporadora ELETROCAL) – vide Figura 3. No entanto, o artifício não deve prosperar por dois motivos. A uma, porque a ARPINO não passou de uma sociedade aparente que atuou como interposta pessoa nas operações que resultaram na assunção do controle integral da ELETROCAL pelo sócio CÍCERO FERRONI FIGUEIREDO. E isso já foi demonstrado à exaustão nos tópicos 3 e 4 deste TVF. A duas, porque o ardil empregado para justificar a redução do capital da ELETROCAL (qual seja, diferença entre o patrimônio líquido da ARPINO e o investimento que esta ostentava na ELETROCAL) também foi forjado. Senão vejase: (i) Inicialmente devese lembrar que não existiu o “deságio” de R$ 18.030.198,62 na aquisição de 50% das quotas da ELETROCAL pela ARPINO. O valor dessa operação foi obliterado. Como visto no subtópico 3.1, parte do preço foi dissimulado por uma suposta distribuição desproporcional de lucros entre os então sócios, condição esta explicitamente assumida no negócio – vide cláusula 4.1.2 (i) do Contrato de Compra e Venda e Participação Societária (fl. 582), seu Anexo D (fls. 619 e 620) e a Ata de reunião (fls. 666 a 668). Notese que CÍCERO FERRONI FIGUEIREDO, o sócio “desfavorecido” na distribuição desproporcional de lucros, estava adquirindo (por meio da ARPINO) a outra metade da ELETROCAL de JAMES CESAR SPEROTTO, este o sócio “favorecido” na distribuição desproporcional de lucros. Não por coincidência, o montante de lucros que o sócio remanescente abriu em mão em favor daquele que se retirava, igual a R$ 18.957.000,0036, aproximouse muito dos R$ 18.030.198,62 contabilizados como “deságio”. O hipotético “deságio” perde ainda mais o sentido à vista da conclusão do laudo de avaliação econômico financeiro elaborado à época da transação: a ELETROCAL tinha capacidade de gerar resultados futuros (horizonte de 10 anos) no montante de R$ 241,79 milhões (fl. 635). (ii) O maior passivo da ARPINO incorporado pela ELETROCAL diz respeito ao empréstimo contraído para aquisição da participação societária. Tratase da CCB nº 407.200.477 (fls. 670 a 679). Neste ponto, cabe reiterar as conclusões já expostas nos tópicos 3 e 4 deste Fl. 3006DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.007 31 TVF: se as transações tivessem realizadas com lastro na verdade dos fatos, desconsiderandose a interposição da ARPINO, quem contrataria o empréstimo para aquisição de 50% da ELETROCAL seria CÍCERO FERRONI FIGUEIREDO (e não a ARPINO). Portanto, a incorporação do passivo decorrente da CCB nº 407.200.477 pela ELETROCAL37 não tem qualquer respaldo fático verdadeiro; afinal, o autêntico contratante daquela obrigação foi CÍCERO FERRONI FIGUEIREDO. (iii) Os lançamentos registrados pela ELETROCAL por ocasião da incorporação estão transcritos na Tabela 10 a seguir. A consequência dos fatos expostos nos itens (i) e (ii) acima tornamse evidentes à luz da escrituração contábil quando analisadas as contrapartidas ao registro da redução do capital social, ou seja, os lançamentos a crédito. Estes lançamentos (a crédito) representaram: (1º) um deságio que não existiu; e (2º) a transferência do passivo decorrente da CCB nº 407.200.477, na qual a ARPINO atuou como interposta pessoa de CÍCERO FERRONI FIGUEIREDO. Tabela 10 Lançamentos contábeis da ELETROCAL – incorporação da ARPINO [...] (iv) Por fim, o terceiro fato expresso nos lançamentos a crédito mostrados na Tabela 10 diz respeito a um ativo (direito) que ELETROCAL deteria em relação a ARPINO. São R$ 4.554.202,22 em dividendos adiantados entre maio e outubro/2008 (vide subtópico 3.4) e que foram estornados em razão da incorporação38. Pois se trata de mais uma impropriedade contábil, pois não foi observado o disposto no art. 388, § 1º, do RIR/1999. Os lucros ou dividendos distribuídos pela ELETROCAL deveriam ter sido registrados pela ARPINO como diminuição do valor de patrimônio líquido do investimento (ou seja, com lançamentos a crédito na conta “1310101000001 INVESTIMENTOS EM OUTRAS EMPRESAS”). No entanto, a medida que os lucros foram recebidos, a ARPINO os contabilizou em conta do Passivo Circulante, qual seja, “2110501000004 ADIANTAMENTO DE TERCEIROS” (vide Razão na Tabela 6). Consequentemente, o acervo líquido da ARPINO vertido para a ELETROCAL teve mais uma causa de subavaliação, pois no total do “Passivo Circulante” considerado no Laudo de Avaliação (vide fl. 538 e Tabela 11 a seguir) estava indevidamente incluído o saldo então existente na conta “2110501000004 ADIANTAMENTO DE TERCEIROS”. Tabela 11 – Saldos das contas do passivo circulante da ARPINO em 30/09/2008 (data base do Laudo de Avaliação) [...] A contabilidade da ELETROCAL, por sua vez, ratificou as incoerências registradas na ARPINO. Na Tabela 12 está transcrito o Razão da conta “2110701000001 DIVIDENDOS A DISTRIBUIR SOCIOS” da ELETROCAL durante o AC 2008. Neste verificase que somente as distribuições de lucros acertadas até a saída do sócio JAMES CESAR SPEROTTO, em abril/2008, foram registrados naquela conta. Após esse evento, foi contabilizada tão somente a destinação de parte dos lucros do AC 2008 (R$ 16.832.982,02), conforme deliberação dos sócios acostada à fl. 685. Portanto, todos os “lucros antecipados” à ARPINO entre maio e outubro/2008, no total de R$ 5.040.000,00, não foram contabilizadas pela ELETROCAL como tal, mas sim como um Fl. 3007DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.008 32 ativo que acabou sendo estornado quando da incorporação (vide lançamento na Tabela 10). Tabela 12 Razão da conta “2110701000001 DIVIDENDOS A DISTRIBUIRSOCIOS” da ELETROCAL [...] Então, resumidamente podese afirmar que como contrapartida às subvenções retiradas da ELETROCAL, o sócio CÍCERO FERRONI FIGUEIREDO “entregou” à empresa: (a) um passivo que, de fato, era do sócio (e não da empresa), a CCB nº 407.200.477; (b) um deságio forjado quando da aquisição dos outros 50% do seu capital social; e (c) o estorno de um suposto ativo, que na verdade eram lucros gerados pela empresa e que deveriam ter sido baixados no passivo por ocasião da distribuição à ARPINO. Os artifícios descritos neste tópico 6 tiveram um único propósito: dissimular a distribuição das subvenções recebidas pela ELETROCAL nos ACs 2006 e 2007 ao sócio, mediante redução do capital social, hipótese em que incide a obrigação de recolher, com relação à importância distribuída, o IRPJ e a CSLL que a empresa deixou de pagar. Da leitura das partes do TVF acima colacionadas, se extrai a visão de que a Fiscalização glosou tais créditos relativos a subvenções, como sendo para investimento, tanto é que a fundamenta nos artigos 443 e 545 do RIR/99. Entretanto, nos item 4 e 6 do Auto de Infração, classifica a subvenção fundamentada na mesma legislação como sendo de custeio, restando caracterizada uma incongruência no TVF e por conseqüência no lançamento de ofício cartularizado no Auto de Infração. Devido a tal fato, entendo ser necessário, até para que não ocorra cerceamento ao direito de defesa, e devido a motivação contraditória entre os itens do Auto de Infração, que a infração 5 seja cancelada devido a nulidade de sua fundamentação. Para corroborar meu raciocínio, apesar de tratar de lucro no exterior, situação muito parecida ocorreu no julgamento do Recurso Voluntário, do processo 16643.720021/201181, onde foi proferido o v. acórdão de lavra do Conselheiro Luiz Gonçalves, onde o Conselheiro Demetrius Macei, seguido do D. Presidente desta C. Turma, apresentaram entendimento por meio de declaração de voto registrando o seguinte: Tratase de auto de infração lavrado contra a empresa MARFRIG ALIMENTOS S/A, ("MARFRIG" "autuada") através do qual foi constituído crédito tributário relativo ao IRPJ e à CSLL, relativo aos períodos de apuração de 2006 e 2007. Fl. 3008DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.009 33 Mais detalhadamente, os tributos foram exigidos em razão de lucros auferidos pelas controladas diretas da autuada, as empresas TACUAREMBÓ e INALTER, com sede no Uruguai, bem como as empresas AB&P e QUICK FOODS ("QUICK"), com sede na Argentina. Especificamente em relação às empresas na Argentina, a fiscalização entendeu aplicável o Tratado para evitar a bitributação firmado entre o Brasil e a Argentina para deixar de lançar créditos de IRPJ em relação a AB&P, mantendo apenas a cobrança da CSLL pois, segundo a autoridade autuante, o tratado não teria alcance sobre esta contribuição social, considerando que, ao tempo da celebração do tratado, este tributo não havia sido criado. Partindo da premissa de que o entendimento desta turma é de que Tratados dessa natureza NÃO servem como norma de bloqueio para a cobrança, nem do IRPJ nem da CSLL entendimento que pessoalmente não me filio a rigor, se houvesse lançamento sob este fundamento, esta turma teria mantido a cobrança. Ocorre que, neste caso concreto, a fiscalização sequer chegou a lançar o IRPJ e este Conselho não tem competência de efetuar novo lançamento, apenas rever. Em relação à CSLL a situação é sui generis pois o lançamento se deu, mas com fundamento do não alcance do tratado em relação ao tributo em si, e não com o fundamento de que o Tratado (mesmo hipoteticamente mencionada a "CSLL" em seu texto) não seria eficaz para bloquear a cobrança em relação aos lucros provenientes do exterior e reconhecidos no Brasil. Diante disso, este Conselho a meu ver acertadamente revendo o fundamento do lançamento no caso concreto, resolveu cancelar a cobrança da CSLL pois o fato da contribuição não estar prevista expressamente no tratado se deu em virtude de que a lei que criou o tributo (Lei 7689/89) não existia ao momento da celebração do acordo internacional. Nesta linha de entendimento, sendo a CSLL tributo incidente sobre o lucro das empresas, o tratado passa a ser eficaz também em relação ao "novo" tributo. Esta tese se reforça na medida em que todos os tratados firmados posteriormente a 1989 contemplaram expressamente a CSLL em seus termos. Mas não é só. Vejase que para a outra empresa sediada na Argentina, denominada QUICK, a fiscalização não deu a mesma solução. Diferentemente da AB&P, a QUICK tratavase de controlada indireta da autuada, ao menos sob o aspecto formal, pois entre a autuada e aquela havia um empresa sediada no Estado norte americano de Delaware, denominada BLUE HORIZON LLC. ("BLUE"). Diante desse fato, ao examinar a estrutura societária dessas empresas a fiscalização entendeu que a empresa norte americana se tratava de entidade "translúcida", isto é, uma mera empresa de passagem, sem substância, cujo único objetivo seria de obter economia tributária. Fl. 3009DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.010 34 A consequência lógica desta postura da autoridade autuante foi considerar a QUICK controlada direta da autuada, lançando os lucros auferidos com base nessa mesma lógica. Diante desse cenário, este julgador, seguido pelo i. presidente da turma julgadora, entenderam que não houve a devida coerência da fiscalização ao deixar de aplicar o tratado BrasilArgentina para o caso da QUICK. Explico: Se os fundamentos para a autuação das demais empresas foram no sentido de que o tratado internacional mencionado serve sim como norma de bloqueio, a desconsideração da empresa BLUE e a visualização da ligação direta entre a MARFRIG (autuada) e a QUICK não poderia desconsiderar o mesmo tratado. Em outras palavras: Se a empresa norteamericana fosse considerada válida, apenas eventuais tratados ou regras brasileiras aplicáveis (compensação, por exemplo) entre o Brasil e os EUA (na relação MARFRIGBLUE) e de outro lado, entre os EUA e a Argentina (na relação BLUEQUICK) seriam aplicáveis. A contrario sensu, desconsiderada com foi a existência, para fins tributários, da empresa BLUE, é imperioso reconhecer a eficácia do tratado BrasilArgentina no caso concreto. Se o fisco entendeu que a relação entre a autuada e a empresa Argentina é direta, também deveria reconhecer o tratado existente entre os dois únicos países envolvidos, e não o fez. Repitase: o entendimento majoritário desta Turma é que o tratado BrasilArgentina não impediria em tese, em nenhuma das hipóteses desses autos, o lançamento. Mas é preciso reiterar também que o fundamento da autuação foi diametralmente oposto. Pois bem. Se o fundamento da autuação foi este, por uma questão de coerência e lógica, deveria ter sido reconhecido o mesmo bloqueio da tributação na relação (de fato) reconhecida e considerada pela mesma fiscalização, entre a empresa brasileira (autuada) e a Argentina, tal qual foi feito em relação à empresa AB&P no mesmo procedimento fiscalizatório. Diante do exposto, apresento a presente declaração para justificar o voto que proferi no sentido de seguir o entendimento da maioria dos integrantes da turma no caso concreto, porém, "pelas conclusões", aqui devidamente esclarecidas. Complementando o acima disposto, não me parece jurídico manter a exigência de créditos, quando a capitulação e fundamentação da autuação, são diametralmente contraditórias e não condizem com a documentação constante nos autos, caracterizandose em cerceamento ao direito de defesa da contribuinte. As subvenções tratadas nesta infração 5 do Auto de Infração, são de custeio. A fiscalização se equivocou ao interpretar a subvenção regulamentada pela mesma legislação Fl. 3010DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.011 35 de duas formas diferentes, ou seja, para duas infrações como sendo de custeio e para uma outra infração como sendo de investimento. Após o julgamento do recurso, chegouse a conclusão de que todas as subvenções tratadas nos autos são de custeio, sendo que os dispositivos apontados como infringidos pela Recorrente para fundamentar a infração 5 do AI, devem ser distintos. Assim, para o presente item, como restou decidido que as subvenções são de custeio e a fundamentação para a infração em epígrafe é de investimento, pautada pela inobservância dos requisitos legais nos termos do artigo 443 c.c. com o artigo 545 do RIR/99, entendo que para seguir uma lógica em relação as outras infrações, a acusação deste item 5 do Auto de Infração deve ser cancelada. Parte do Recurso de Ofício relativa a esta infração: Quanto ao valor que fora retificado pelo v. acórdão recorrido relativo a redução do capital de R$ 61.758.533,11 para R$ 60.255.860,47, como estou cancelando esta infração, por coerência e lógica, entendo que tal valor também deve ser excluído do lançamento. No que diz com a alegada inconsistência relativa à redução do capital, embora tenha havido distribuição de capital aos sócios, o valor que deve ser levado em conta é aquele que foi considerado distribuído ao sócio e não o relativo ao aumento de capital, conforme a dicção do art. 545 do RIR/1999. Assim, a base de cálculo correspondente deve ser reduzida, de R$ 61.758.533,11 para R$ 60.255.860,47, conforme alegou a impugnante. Desta forma nego provimento ao Recurso de Ofício, mantendo o v.acórdão recorrido em relação a esta parte. Da infração 2 relativa a despesas com consultoria: Nesta infração, a fiscalização glosa a despesa/custo não operacional e acusa a Recorrente de registrar na Dirf da Eletrocal, assessoria financeira prestada por Gália Consultoria Empresarial Ltda., enquanto esta (a consultoria) informou ter sido responsável pela assessoria financeira prestada ao sócio comprador (Cícero) na aquisição de 100% de participação do Grupo Eletrocal. Conforme muito bem explanado e documentado no item 3.2 e 5 do TVF, a infração realmente ocorreu. Fl. 3011DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.012 36 No item 3.2, a fiscalização retirou informação do site da Consultoria Galia Finace, onde constava a informação de que tinha prestado o serviço para o sócio, Sr. Cicero. (ver no item 3.2 a nota de roda pé 24). Assim, como o sócio Sr. Cícero foi quem adquiriu o serviço, não poderia deduzir tais despesas pela empresa Recorrente, mas sim do imposto relativo a pessoas física. Devido a tal fato, entendo que a infração esta devidamente comprovada e a glosa de tais créditos está correta, eis que não é despesa operacional da empresa e o gasto/pagamento não foi suportado por ela. Em relação a responsabilidade solidária do Sr. Cícero e da multa qualificada: A responsabilidade solidária foi imputada de forma genérica para todos os itens 4, 5, 6 e 7 do TVF e, por conseqüência, para as infrações constantes do Auto de Infração relativas a tais tópicos da acusação fiscal. Assim, entendo que quando a autuação invade a ceara da responsabilidade solidária, a fiscalização deve apresentar provas e argumentos específicos para cada infração cometida ao aplicar a responsabilidade solidária nos termos do artigo 135, inciso III do CTN. Não basta, após vastos argumentos para imputar várias infrações distintas a legislação tributária, aplicar a responsabilidade solidária ao sócio, ou a empresa, de forma genérica, repetindo os mesmos fundamentos utilizados nas acusações principais das infrações constantes nos itens 4, 5, 6 e 7 do TVF. Entendo que a fiscalização deve especificar cada ato, para cada infração cometida pela Recorrente, demonstrar de forma inequívoca e separadamente os atos praticados pelo suposto responsável solidário em cada acusação de infração a legislação tributária. Tal obrigação não foi feita no presente TVF. Ademais, a Recorrente tem totais condições de arcar com o crédito ora exigido, não sendo necessário incluir o sócio no pólo passivo da exigência tributária. Se necessário, isto podo ser feito em sede de Execução Fiscal quando constatado que a empresa não tem condições de arcar com a exigência fiscal ou em outra hipótese, como por exemplo, a empresa não é mais encontrada. Em relação a multa qualificada, entendo que o mesmo raciocínio utilizado acima para a responsabilidade solidária se aplica para a qualificação da multa de ofício. A qualificação da multa foi fundamentada de forma genérica para os itens 4, 5, 6, e 7 do TVF. Fl. 3012DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.013 37 Para esta infração, constam nos autos provas de que a Recorrente, por meio de seu sócio, praticou atos visando exclusivamente em reduzir a carga tributária por meio de despesa que não foram suportadas por ela e que não são da atividade operacional da empresa. Tais atos praticados pela Recorrente foram considerados como planejamento tributário, que segundo a fiscalização, ensejaria a qualificação da multa. Neste ponto, também divirjo da fiscalização, eis que entendo que não é todo planejamento tributário que enseja a qualificação da multa. Para fundamentar meu voto, me socorro de expressões utilizadas por alguns autores para tentar definir o tipo de ato praticado pela contribuinte. Temos basicamente e de forma resumida, elisão, evasão e elusão. A elisão poderia ser definida como as opções legítimas que o ordenamento apresenta ao contribuinte, já a elisão com abuso de direito, ou elusão, se restringiria aos casos em que o contribuinte, utilizandose de liberdades negociais, utiliza negócio jurídico legítimo e válido, mas com causa alheia àquela natural do negócio, com o intuito único de economia tributária. Já a chamada evasão se dá após a ocorrência do fato gerador, consistindo em sua ocultação “com o objetivo de não pagar o tributo devido de acordo com a lei, sem qualquer modificação na estrutura da obrigação ou na responsabilidade do contribuinte.[...] Compreende a sonegação, a simulação, o conluio e a fraude contra a lei, que consistem na falsificação de documentos fiscais, na prestação de informações falsas ou na inserção de elementos inexatos nos livros fiscais, com o objetivo de não pagar o tributo ou de pagar importância inferior à devida. No caso concreto, não há dúvidas de que a conduta praticada pelo contribuinte enquadrase no conceito de elisão abusiva (ou se preferir, elusão), uma vez que as provas indicam que todos os atos foram praticados antes da ocorrência do fato gerador, devidamente contabilizados e calcados em documentos formalmente corretos, e, nesse cenário, quer se enquadre tal conduta como abuso de direito (o que implica a requalificação dos fatos). Também não há que se falar em sonegação (art. 71 da Lei nº 4.502/64), uma vez que todos os atos foram devidamente declarados à Receita Federal, excluindose a possibilidade de ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais. Portanto, tratandose de planejamento tributário, ainda que abusivo, entendo não restar caracterizado o dolo apto a ensejar a qualificação da penalidade, mormente quando não há ocultação da prática e da intenção final dos negócios levados a efeito. Logo, ausentes elementos que permitam enquadrar a conduta da autuada nos conceitos de sonegação, fraude ou conluio (arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64), voto por reduzir a penalidade para 75%. Fl. 3013DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.014 38 Da infração 3, relativa a glosa de despesas financeiras e/ou variações monetárias passivas não dedutíveis, oriundas de empréstimo contraído por empresa veículo (sociedade aparente) Arpino para aquisição de participação societária e cujos encargos foram posteriormente transferidos para a própria investida Recorrente por meio de incorporação às avessas. Itens 3 e 4 do TVF. No tópico 12 do TVF, também figura no pólo passivo na qualidade de responsável solidário, o sócio controlador e administrador CÍCERO FERRONI FIGUEIREDO. (artigo 135, inciso III do CTN). Foi aplicado multa qualificada de 150%. Antes de adentrar ao mérito, reproduzo o histórico das operações societárias: 1) em janeiro/2008 Cícero Ferroni Figueiredo e Sílvia Furtado Andrade de Figueiredo constituíram a Arpino Empreendimentos e Participações Ltda. (fls. 512/525) 2) em março/2008 a natureza jurídica da Eletrocal era a de sociedade empresária limitada, com capital de R$ 53.300.000,00, tendo como sócios Cícero Ferroni Figueiredo e James César Sperotto (fls. 443/449); 3) em 15/abril/2008 os sócios da Eletrocal aprovaram a distribuição desproporcional de dividendos, sendo R$ 40.000.000,00 para James César Sperotto e R$ 2.086.000,00 para Cícero Ferroni Figueiredo (fl. 667), além de que James César Sperotto retirouse da Eletrocal, cedendo sua participação à Arpino (fls. 450/466); 4) em abril/2008 as disponibilidades da Arpino eram da ordem de R$ 47.300.000,00, correspondentes a R$ 7.300.000,00 decorrentes de integralização efetuada por Cícero Ferroni Figueiredo, além de R$ 40.000.000,00 oriundos de empréstimos contraído junto ao Banco do Brasil; 5) em abril/2008 a Arpino teria adquirido 50% das quotas da Eletrocal por R$ 46.552.419,00, com deságio de R$ 18.030.198,62, pois o patrimônio líquido da Eletrocal era de R$ 129.165.235,24 e 50% correspondiam a R$ 64.582.617,62 (R$64.582.617,62 – R$ 18.030.198,62 = R$ 46.552.419,00 – fl. 1048 do TVF); 6) em 13/outubro/2008 a Eletrocal elevou seu capital para R$ 115.058.533,00, sendo o aumento de R$ 61.758.533,00 oriundo da capitalização de reservas públicas para investimento (fls. 467/468); 7) em 30/outubro/2008 foi realizada assembléia dos sócios da Arpino que aprovou sua incorporação pela Eletrocal, indicou perita avaliadora e aprovou o laudo de avaliação (fls. 526/7); 8) em 30/outubro/2008 os sócios da Eletrocal aprovaram a incorporação da Arpino e reduziram R$ 60.255.861,00 (fls. 537/538) de seu capital, para R$ 54.802.672,00, em vista de que o patrimônio líquido da Arpino era de R$ 17.111.411,28, inferior ao valor do investimento (participação na sociedade), de R$ 77.367.271,75 registrado em seu ativo; extinguiramse as quotas da Arpino, com atribuição a Sílvia Furtado Andrade de Figueiredo de uma quota no valor de R$ 1,00 (fls. 469/474); Fl. 3014DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.015 39 9) em 7/abril/2010 a Eletrocal instalou uma filial na cidade de Nova Andradina, MS (fls. 475/483). Apenas para relembra os fatos que geraram a exigência, a empresa Arpino tomou um empréstimo no Banco do Brasil. Em seguida, a empresa Arpino foi incorporada pela Recorrente (incorporação as avessas). Tais despesas com o empréstimo bancário tomado pela Arpino para compra da participação do Sr. James foram deduzidas pela própria Recorrente Eletrocal. A Fiscalização por sua vez, entende que como a Arpino é empresa veiculo sem propósito negocial e que a operação praticada pela Recorrente incorreu em abuso de direito, glosou tais despesas relativas ao empréstimo por considerar que não poderiam ser deduzidas pela Recorrente. A Fiscalização entendeu também, que este empréstimo deveria ser feito pela pessoa física do Sr. Cíciro. Em relação a esta acusação, entendo que a fiscalização está com a razão, pois restou comprovado que a empresa Arpino, com duração efêmera, foi utilizada apenas para criar e transportar despesas não operacionais, as quais posteriormente foram deduzidas na Recorrente. Desta forma, entendo que a glosa de tais despesas devem ser mantidas. Em relação a responsabilidade solidária do Sr. Cícero e da multa qualificada: Para a responsabilidade solidária aplicada à esta infração do Auto de Infração, aplico o mesmo entendimento disposto neste voto para a infração 2 do Auto de Infração. A responsabilidade solidária foi imputada de forma genérica para todos os itens 4, 5, 6 e 7 do TVF e, por conseqüência, para as infrações constantes do Auto de Infração relativas a tais tópicos da acusação fiscal. Assim, entendo que quando a autuação invade a ceara da responsabilidade solidária, a fiscalização deve apresentar provas e argumentos específicos para cada infração cometida ao aplicar a responsabilidade solidária nos termos do artigo 135, inciso III do CTN. Não basta, após vastos argumentos para imputar várias infrações distintas a legislação tributária, aplicar a responsabilidade solidária ao sócio, ou a empresa, de forma genérica, repetindo os mesmos fundamentos utilizados nas acusações principais das infrações constantes nos itens 4, 5, 6 e 7 do TVF. Fl. 3015DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.016 40 Entendo que a fiscalização deve especificar cada ato, para cada infração cometida pela Recorrente, demonstrar de forma inequívoca e separadamente os atos praticados pelo suposto responsável solidário em cada acusação de infração a legislação tributária. Tal obrigação não foi feita no presente TVF. Ademais, a Recorrente tem totais condições de arcar com o crédito ora exigido, não sendo necessário incluir o sócio no pólo passivo da exigência tributária. Se necessário, isto podo ser feito em sede de Execução Fiscal quando constatado que a empresa não tem condições de arcar com a exigência fiscal ou em outra hipótese, como por exemplo, a empresa não é mais encontrada. Em relação a multa qualificada, entendo que o mesmo raciocínio utilizado acima para a responsabilidade solidária se aplica para a qualificação da multa de ofício. A qualificação da multa foi fundamentada de forma genérica para os itens 4, 5, 6, e 7 do TVF. Para esta infração, constam nos autos provas de que a Recorrente utilizou empresa veículo (empresa Arpino), com duração efêmera, visando exclusivamente em reduzir a carga tributária por meio de despesa que não foram suportadas por ela e que não são da atividade operacional da empresa. Tais atos praticados pela Recorrente foram considerados como planejamento tributário abusivo, que segundo a fiscalização, ensejaria a qualificação da multa. Neste ponto, também divirjo da fiscalização, eis que entendo que não é todo planejamento tributário que enseja a qualificação da multa, mesmo que abusivo. Para fundamentar meu voto, me socorro de expressões utilizadas por alguns autores para tentar definir o tipo de ato praticado pela contribuinte. Temos basicamente e de forma resumida, elisão, evasão e elusão. A elisão poderia ser definida como as opções legítimas que o ordenamento apresenta ao contribuinte, já a elisão com abuso de direito, ou elusão, se restringiria aos casos em que o contribuinte, utilizandose de liberdades negociais, utiliza negócio jurídico legítimo e válido, mas com causa alheia àquela natural do negócio, com o intuito único de economia tributária. Já a chamada evasão se dá após a ocorrência do fato gerador, consistindo em sua ocultação “com o objetivo de não pagar o tributo devido de acordo com a lei, sem qualquer modificação na estrutura da obrigação ou na responsabilidade do contribuinte.[...] Compreende a sonegação, a simulação, o conluio e a fraude contra a lei, atos que consistem na falsificação de documentos fiscais, na prestação de informações falsas ou na inserção de elementos inexatos nos livros fiscais, com o objetivo de não pagar o tributo ou de pagar importância inferior à devida. Fl. 3016DF CARF MF Processo nº 11516.722275/201337 Acórdão n.º 1402002.520 S1C4T2 Fl. 3.017 41 No caso concreto, não há dúvidas de que a conduta praticada pelo contribuinte enquadrase no conceito de elisão abusiva (ou se preferir, elusão), uma vez que as provas indicam que todos os atos foram praticados antes da ocorrência do fato gerador, devidamente contabilizados e calcados em documentos formalmente corretos, e, nesse cenário, quer se enquadre tal conduta como abuso de direito (o que implica a requalificação dos fatos). Também não há que se falar em sonegação (art. 71 da Lei nº 4.502/64), uma vez que todos os atos foram devidamente declarados à Receita Federal, excluindose a possibilidade de ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais. Portanto, tratandose de planejamento tributário, ainda que abusivo, entendo não restar caracterizado o dolo apto a ensejar a qualificação da penalidade, mormente quando não há ocultação da prática e da intenção final dos negócios levados a efeito. Logo, ausentes elementos que permitam enquadrar a conduta da autuada nos conceitos de sonegação, fraude ou conluio (arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64), voto por reduzir a penalidade para 75%. Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos nego provimento ao Recurso de Ofício e dou parcial provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Voto Relator. Fl. 3017DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001361/2006-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Data do fato gerador: 10/07/2001
DECADÊNCIA
A contagem do prazo decadencial para o lançamento de ofício do IRPJ observa o artigo 173, inciso I, do CTN. Termo iniciado no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado o lançamento.
PAGAMENTOS SEM CAUSA
Caracterizam-se como pagamentos sem causa, quaisquer pagamentos que não forem comprovadas por documentação hábil e idônea, o motivo ou a operação que lhe deu causa.
ALTERAÇÃO DE RAZÃO SOCIAL
Não se caracteriza sucessão nem incorporação a simples troca de razão social por parte da empresa.
Numero da decisão: 1302-002.338
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a decadência suscitada pelo interessado, e no mérito negar provimento ao recurso voluntário
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente-Substituta
(assinado digitalmente)
Rogério Aparecido Gil - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Júlio Lima Souza Martins (Suplente Convocado), Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente-Substituta).
Nome do relator: ROGERIO APARECIDO GIL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Data do fato gerador: 10/07/2001 DECADÊNCIA A contagem do prazo decadencial para o lançamento de ofício do IRPJ observa o artigo 173, inciso I, do CTN. Termo iniciado no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado o lançamento. PAGAMENTOS SEM CAUSA Caracterizam-se como pagamentos sem causa, quaisquer pagamentos que não forem comprovadas por documentação hábil e idônea, o motivo ou a operação que lhe deu causa. ALTERAÇÃO DE RAZÃO SOCIAL Não se caracteriza sucessão nem incorporação a simples troca de razão social por parte da empresa.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a decadência suscitada pelo interessado, e no mérito negar provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa - Presidente-Substituta (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Júlio Lima Souza Martins (Suplente Convocado), Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente-Substituta).
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REMESSAS AO EXTERIOR. COMPROVAÇÃO. RETENÇÕES NA FONTE Recorrente VIVO PARTICIPAÇÕES S.A. (SUCESSORA DA TELESP CELULAR PARTICPAÇÕES S.A.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 10/07/2001 DECADÊNCIA A contagem do prazo decadencial para o lançamento de ofício do IRPJ observa o artigo 173, inciso I, do CTN. Termo iniciado no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado o lançamento. PAGAMENTOS SEM CAUSA Caracterizamse como pagamentos sem causa, quaisquer pagamentos que não forem comprovadas por documentação hábil e idônea, o motivo ou a operação que lhe deu causa. ALTERAÇÃO DE RAZÃO SOCIAL Não se caracteriza sucessão nem incorporação a simples troca de razão social por parte da empresa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a decadência suscitada pelo interessado, e no mérito negar provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa PresidenteSubstituta (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 13 61 /2 00 6- 03 Fl. 551DF CARF MF Processo nº 19515.001361/200603 Acórdão n.º 1302002.338 S1C3T2 Fl. 3 2 Rogério Aparecido Gil Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Júlio Lima Souza Martins (Suplente Convocado), Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Ester Marques Lins de Sousa (PresidenteSubstituta). Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto face ao Acórdão nº 1612.737 de 13 de março de 2007 da 5ª Turma da DRJ São Paulo I (DRJ/SPOI) que, por unanimidade de voto, considerou procedente o lançamento, mantendo o crédito tributário exigido, registrando se a seguinte ementa: DECADÊNCIA A contagem do prazo decadencial para o lançamento de ofício do IRPJ observa o artigo 173, inciso I, do CTN. Termo iniciado no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado o lançamento. PAGAMENTOS SEM CAUSA Caracterizamse como pagamentos sem causa, quaisquer pagamentos que não forem comprovadas por documentação hábil e idônea, o motivo ou a operação que lhe deu causa. ALTERAÇÃO DE RAZÃO SOCIAL Não se caracteriza sucessão nem incorporação a simples troca de razão social por parte da empresa. Lançamento Procedente A Fiscalização registrou os seguintes fatos destacados no Acórdão recorrido: Em cumprimento ao Mandado de Procedimento Fiscal MPF n° 08.1.90.002005011310 e prorrogações (fls.01 a 3), a Fiscalização apurou, no domicílio fiscal da contribuinte acima identificada, os seguintes fatos, conforme o Termo de Verificação Fiscal (fls. 68 a 71): 2 A empresa não logrou comprovar que as remessas efetuadas a Portugal Telecom Investimentos SGPS, no valor de R$11.584.976,25 através do Banco Espírito Santo de Investimentos, se referem a pagamentos de juros sobre capital próprio (JCP), pois a contribuinte apresentou documentos indicando valores e natureza de rendimentos que se contradizem, 3 Assim, a Carta CT DRI 0262/2006 da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia CBLC, aponta que os valores indicados se referem a JCP e dividendos pagos a Portugal Telecom (R$ 4. 289.856,18) elnbrug Investimentos e Serviços (R$ 7.295.120,07). 4 Já o aviso de lançamento do BES Securities do Brasil S/A CCVM mostra os mesmos valores, porém identificaos apenas como dividendos. 5 Finalmente, o informe do Banco Real ABN AMRO, informa outros valores pagos a título de JCP e sem identificar precisamente a quem seriam pagos Fl. 552DF CARF MF Processo nº 19515.001361/200603 Acórdão n.º 1302002.338 S1C3T2 Fl. 4 3 (fls. 55), limitandose a identificar, em dois registros, a CBLC como recebedora do numerário, valor esse diverso do declarado pela CBLC. 6 A fiscalização informa também que as informações diferem do que foi declarado na DIPJ/2001, anocalendário 2000, ficha 42A. Informa, também, que essas diferenças de informações não foram esclarecidas pela contabilidade da fiscalizada e o relatório fornecido pela empresa, que teria dado suporte aos valores declarados, não confere com os valores constantes na DIPJ/2001, nem com as informações do banco pagador. 7 Desse modo, esse pagamento não identificado claramente foi considerado pagamento sem causa, previsto no art.61, parágrafo Io, da Lei n° 8.971/95, transcrito no art.674 do RIR/99, parágrafo Io, que prevê a incidência de Imposto de Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, para pagamentos efetuados ou recursos entregues a sócios, terceiros, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a causa. O valor apurado será considerado rendimento líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto. 8 Assim, em 04/07/2006, foi efetuado o lançamento, através do Auto de Infração (fls. 74 e 75), no valor de R$ 16.299.437,75, já incluído a multa de ofício e juros de mora calculados ate 30/06/2006. 9 Inconformada com a autuação, a impugnante apresentou em 02/08/2006, competente impugnação (fls. 79 a 87), a seguir em síntese: 9.1 Alega que já decaiu o direito fazendário de lançar o IRF sobre as remessas ao exterior pois o fato gerador ocorreu em 31/12/2000 e o lançamento só foi efetuado em 04/07/2006, mais de 5 anos, portanto, da ocorrência do fato gerador. Cita o art.150 do Código Tributário Nacional CTN que embasaria sua tese 9.2 Alega que a fiscalização se contradiz ao afirmar que, embora demonstrada na contabilidade do sujeito passivo, há ocorrência de pagamentos debitados como despesas que não foram comprovadas documentalmente pois, se assim fosse, se os pagamentos não tivessem sido comprovados na contabilidade, não seria lícita a exigência fiscal, cuja existência não teria sido demonstrada. 9.3 Reclama que os pagamentos foram efetuados no bojo dos pagamentos totais de R$ 60.907.728,63 feitos a título de JCP em relação ao anocalendário de 2000, objetos inclusive de autuação no processo administrativo n° 19515.003489/200512. 9.4 Argumenta que o crédito de JCP aos acionistas está exaustivamente demonstrado, conforme se verifica no balanço patrimonial e principais demonstrativos publicados no Diário Oficial do Estado de São Paulo e ainda nas planilhas correlatas. 9.5 Alega que o pagamento a Portugal Telecom Investimentos SGPS S/A e a Inbrug Investimentos e Serviços Ltda não foi feito diretamente pela impugnante mas por meio da BES Securities, mera custodiante das ações, que atuou como agente da CBLC, custodiante final. 9.6 Alega que o valor não se encontra na ficha 42A da DIPJ pois foram informados pela impugnante como integrante do montante remetido a CBLC. Fl. 553DF CARF MF Processo nº 19515.001361/200603 Acórdão n.º 1302002.338 S1C3T2 Fl. 5 4 9.7 Acredita que os documentos fornecidos pela CBLC e pelo BES Securities, bem com a carta do Banco Real confirmam os valores repassados à CBLC e que foram destinados a Portugal Telecom e a Inbrug . 9.8 Investe também contra a imposição da multa de ofício pois se considera sucessora da Telesp Celular Participações S/A e, como sucessora, "herda" apenas as Obrigações tributárias da sucedida mas não as penalidades impostas. Como a distribuição de JCP foi feita pela então Telesp Celular em 2000, e a legislação tributária "...não inclui no texto legal as multas tributárias decorrentes de infrações praticada pelas empresas sucedidas se houver formalização do lançamento antes do ato de incorporação." (sic) (grifado e negritado no original às fls. 84), citando ainda o art 132 do CTN que confirmaria sua tese. 9.9 Requer prova pericial e contábil, nomeando perito e formulando os quesitos a serem trabalhados. 9.10 Por fim requer ajuntada posterior de documentos comprobatórios pois, dado o porte das empresas envolvidas, não foi possível reunir toda a documentação em tempo hábil. Requer também que o auto de infração seja declarado improcedente, extinguindose o crédito tributário lançado. 10 Em 25/08/2006 a contribuinte enviou correspondência trazendo a ata de assembléia geral extraordinária realizada em 22/02/206, que comprovaria que a Telesp Celular foi sucedida pela Vivo Participações; cópia do quadro 42A da DIPJ 2001/2000 que contemplaria dos pagamentos de JCP e dividendos efetuados por intermédio da CBLC as empresas Portugal Telecom e Inbrug e quadro demonstrativo dos valores creditados a título de dividendos e JCP (fls. 169 a 199). 11 Em 13/11/2006, a empresa enviou nova correspondência informando que, na data do envio do valor R$ 11.584.976,25 a Portugal Telecom, essa empresa já havia incorporado integralmente por fusão a Inbrug Investimentos e Serviços Ltda e, por esse motivo, os rendimentos foram creditados inteiramente a Portugal Telecom (fls. 206 a 222). 12 Em 04/12/2006, a empresa enviou nova correspondência explicando que a planilha formulada pela Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal (fls. 84), baseada em documento recolhido pela Fiscalização na empresa Vivo e juntado ao processo (fls. 83), não possui valor oficial, tendo sido produzido em 29/11, quando o ano ainda estava em curso e foi elaborado para o planejamento do caixa, não se preocupando a empresa com o valor discriminado para cada acionista, embora o valor total calculado dos juros esteja correto (R$ 60.907.728,63). Com esse esclarecimento adicional, entende demonstrar a ausência das divergências aventadas pela Fiscalização. Repete ainda a questão da incorporação da Inbrug pela Portugal Telecom. 13 Em 19/12/2006, em nova correspondência recebida, a empresa esclarece que a planilha a que se refere na correspondência de 04/12/2006 se refere à constante as fls 83 e 84 no processo administrativo n° 19515.003489/200512 (fls. 230 a 231) 14 Em todas as correspondências, reitera que entende comprovadas as alegações apresentadas, requerendo a improcedência do lançamento e extinção do crédito tributário. Recurso Voluntário Fl. 554DF CARF MF Processo nº 19515.001361/200603 Acórdão n.º 1302002.338 S1C3T2 Fl. 6 5 A Recorrente foi intimada, em 13/12/2007 (fl. 338) e interpôs Recurso Voluntário, em 11/01/2008 (fl. 339). Representação processual formalizada às fls. 282/317. Em suas razões, a Recorrente reapresenta os fatos e os fundamentos apresentados na impugnação, com base nos quais sustentou o pedido de cancelamento do auto de infração, por entender comprovado o alegado direito creditório. Diligência Nos termos da Resolução nº 165.027, de 30/07/2009, 1º TO, da 2ª C., do Primeiro Conselho de Contribuintes, concluiuse que este processo (19515.001361/200603) deve ser julgado, em conjunto com os processos 11610.001400/200321 e 19515.003489/200512. Verificase que, o Proc. 19515.003489/200512 está em julgamento nesta sessão (15/08/2017) e o Proc. 11610.001400/200321 não está em julgamento nesta sessão (referese a pagamento de JCP, ano calendário 2000). Não obstante, verificase que esta resolução não constitui óbice a este julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Rogério Aparecido Gil Relator Na forma relatada, o Recurso Voluntário é tempestivo e a Recorrente está devidamente representada. Conheço do Recurso. Preliminar CDRom com Informações Analíticas sobre Beneficiários e Valores Pagos de JCP. Dirfs de Instituições Financeiras que Intermediaram o Pagamento de JCP (Fontes Pagadoras) A recorrente apresentou pedido para retirada de pauta (fl. 1322) deste processo para que fossem requisitados os autos físicos do processo aberto, especificamente, para manter arquivados dois CDRom, nos quais estariam gravadas informações analíticas, prestadas por instituições que intermediaram as transações, por meio das quais seria possível identificar os nomes e das pessoas beneficiárias e respectivos dos valores pagos pela empresa a título de JCP. Enfatizou que, tais informações não teriam sido analisadas com profundidade pela Fiscalização e que seria fundamental para a demonstração de suas alegações a análise, no âmbito do CARF. Conforme certificado no Relatório Fiscal de fls.1278/1282, a DRJ converteu o julgamento em diligência fiscal, com o objetivo de esclarecer as alegações da Recorrente. Fl. 555DF CARF MF Processo nº 19515.001361/200603 Acórdão n.º 1302002.338 S1C3T2 Fl. 7 6 Conforme Termo Fiscal apresentado às fls. 998/1106, a Recorrente juntou o documento n° 07 (fl. 995), incluindo CDRom (fl. 1106) contendo informações fornecidas por instituição financeira, em arquivo texto, e planilha eletrônica contendo a relação analítica dos beneficiários de JCP. Devido à quantidade de dados, não foi possível anexálos ao eProcesso. Cadastrouse processo físico vinculado ao presente Processo n° 19.515.003489/200512, para manterse arquivado o CDRom contendo os seguintes arquivos magnéticos: Arquivos em texto e planilhas Excel: CD 02 Arquivo DIRF_1.TXT, Arquivo DIRF_2.TXT, Arquivo DlRF_3.TXT, Arquivo DIRF_4.TXT, Arquivo DIRF_5.TXT, Arquivo DIRF_parte1 .xlsm, Arquivo DIRF_parte2.xlsm, Arquivo DIRF_parte3.xlsm, Arquivo DIRF_parte4.xlsm, Arquivo DIRF_parte5.xlsm. Nesse sentido, com o intuito de verificar a imprescindibilidade da análise do conteúdo do CDRom, analisei os fundamentos do TVF e verifiquei que os lançamentos foram efetuados, essencialmente, pela falta de comprovação do recolhimento e omissão de declaração na DCTF do IRRF, correspondente à Receita de Juros sobre o Capital Próprio (cód. 5706). Verifiquei que, não obstante as deduções e compensações registradas em DIPJ, a Recorrente não confessou os débitos nas respectivas DCTF, nem mesmo formalizou a referida compensação, por meio do sistema PER/DCOMP. A Fiscalização também registrou a falta de comprovação de pagamento de antecipações por estimativa mensais de IRPJ e de CSLL. Nesse contexto, entendo, com a devida vênia, que os referidos dados analíticos sobre os nomes e valores dos beneficiários do pagamento de JCP; e as informações prestadas pelas instituições financeiras que intermediaram tal distribuição de resultados, não seriam imprescindíveis para a apreciação das razões de recurso. Pois, na forma realçada pela Recorrente os dados permitiriam identificar os beneficiários e os valores que teria pago a título de JCP, mas não comprovariam os recolhimentos e não supririam a falta de registros em DCTF e PER/DCOMP. Pelo exposto, entendo que os autos contemplam informações e documentos suficientes para a apreciação das razões de recurso voluntário, podendose dispensar a requisição do dados gravados em CDRom, mantidos no referido processo físico na DRF. Preliminar de Decadência O Acórdão recorrido registrou que, para a contagem do prazo decadencial, não seria aplicáveis as regras sobre lançamento por homologação previstas no artigo 150, § 4º, do CTN. Analisou que, para o lançamento de ofício do crédito tributário em questão, aplicase a regra prevista no inciso I, do art. 173, CTN, verbis: "Art. 1730 direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;" Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado Fl. 556DF CARF MF Processo nº 19515.001361/200603 Acórdão n.º 1302002.338 S1C3T2 Fl. 8 7 da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." A análise para essa conclusão baseouse nos seguintes aspectos: 20 O chamado lançamento por homologação não se destina a constituir crédito tributário algum, mas tãosomente a conferir legitimidade a um recebimento que já ocorreu. A natureza procedimental do lançamento, voltado por excelência ao controle da legalidade, pode culminar ora com um ato constitutivo da exigência fiscal (lançamento de ofício e por declaração), ora com um ato administrativo homologatório da atividade do contribuinte (lançamento por homologação) no sentido de proceder ao pagamento antecipado do tributo. Neste caso, a proporção paga do tributo (integral ou parcial), desde então, já estará extinta (CTN, art. 150, § 1º), e o efeito produzido pelo lançamento por homologação há de possuir o caráter extintivoconfirmatório, mas apenas sobre a razão efetivamente paga. 21 Com efeito, a homologação está, sem sombra de dúvida, vinculada à correção da conduta do contribuinte, considerado estritamente aquele fato determinado e imponível sobre o qual o sujeito passivo observa corretamente a incidência da norma tributária de regência, para dali extrair o tributo que é pago antecipadamente, sem o que, o que deve haver é a nãohomologação, ao cabo da atividade fiscalizatória, e o conseqüente lançamento de ofício , via de regra, nos termos dos incisos V ou VI do art. 149 do CTN, com vistas a constituir o crédito tributário ainda devido. 22 Sobre o instituto da homologação, leciona a ilustre Profa Maria Sylvia Zanella a Di Pietro (in Direito Administrativo 11 Edição Jurídico Atlas p. 213), in litteris: "Homologação é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública reconhece a legalidade de um ato jurídico. Ela se realiza sempre a posteriori e examina apenas o aspecto da legalidade, no que se distingue da aprovação. ". 23 Mediante a atividade fiscalizatória, ou a Fazenda Pública homologa a atividade do sujeito passivo, ou não a homologa e, nessa segunda hipótese, inicia a constituição do crédito tributário efetuando o lançamento que, obviamente, não será por homologação, mas de ofício. 24 Nos termos dos incisos V e VI do art. 149, do Código Tributário Nacional, este lançamento de ofício pode decorrer tanto da simples omissão ou inexatidão por parte da pessoa legalmente obrigada ao exercício da atividade a que se refere o art. 150, quanto em face de ação ou omissão do contribuinte, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária. 25 Cumpre notar que a lei não prevê a hipótese de se homologar o ilícito fiscal, neste caso configurado pela falta de apuração do tributo devido. De uma maneira simplista, porém correta, devese atentar para o fato de que o caput do artigo 150 comporta a hipótese de "lançamento por homologação", e não a hipótese de "lançamento por não homologação". No que concerne à atividade ilícita do sujeito passivo da obrigação tributária, o que pode extinguirse é o direito (poder) de a Fazenda Pública efetuar o lançamento, que será sempre de ofício, nestes casos, com vistas a constituir o crédito tributário que já deveria, inclusive, ter sido pago antecipadamente pelo contribuinte, na forma da lei. Fl. 557DF CARF MF Processo nº 19515.001361/200603 Acórdão n.º 1302002.338 S1C3T2 Fl. 9 8 26 Por conseqüência, a questão em pauta subsumese ao prazo previsto no inciso I do art. 173, do Código Tributário Nacional, visto que, justamente por ser contrária à legislação, a atividade do contribuinte, objeto da autuação, não pode ser homologada. A norma geral pertinente à decadência do direito de a Fazenda Pública constituir pelo lançamento o crédito tributário fundase no paradigma adotado pelo legislador, no sentido de que o prazo decadencial não deve ser contado a partir do momento em que já seria possível efetuar o lançamento mas, via de regra, a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Lançamento efetuado: 04/07/2006 Fato Gerador: 31/12/2000 (o correto é 10/07/2001) Decadência somente em: 31/12/2006 (o correto é 10/07/2006) 27 No caso que se nos apresenta, à data do lançamento efetuado 04/07/2006 não se encontrava decaído o crédito tributário exigido, eis que o prazo disponível para o fato gerador abrangido 31/12/2000, iniciouse em 1º de janeiro de 2002 (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento já poderia ter sido efetuado) e viria a se exaurir somente em 31 de dezembro de 2006. 28 Rejeitase pois a alegação da contribuinte nesse sentido. Verificase que, em realidade, não houve decadência, nem mesmo com base no art. 150, parágrafo quarto do CTN, pois consta dos autos que o fato gerador em questão deu se em 10/07/2001, e a intimação da recorrente, em 04/07/2006. Portanto, anteriormente ao prazo decadencial que ocorreria, em 10/07/2001. Nesse sentido, rejeitase a preliminar de decadência, com base nas disposições do art. 150, parágrafo quarto do CTN. Pedido de Diligência Ainda em preliminar, a Recorrente requereu a realização de diligência para produção de provas e juntada de novos documentos. O Acórdão recorrido registrou a seguinte análise: 30 O processo administrativo fiscal é normalizado pelo Decreto n° 70.235/1972 que em seu art. 16, III assim dispõe, in verbis: "Art. 16. A impugnação mencionará: III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pelo art. 1. °da Lei n. ° 8.748/1993) " "§ 4°. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; Fl. 558DF CARF MF Processo nº 19515.001361/200603 Acórdão n.º 1302002.338 S1C3T2 Fl. 10 9 b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. (Acrescido pelo art. 67 da Lei n."9.532/1997) § 5°. A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Acrescido pelo art. 67 da Lei n.°'9.532/1997)" 32 Conforme expressamente previsto no Decreto n° 70.235/1972, em seu artigo 16, § 4º, somente na ocorrência de algumas das hipóteses nele estabelecidas é que será possível deferir a juntada de provas documentais posteriormente ao prazo de apresentação da impugnação. 33 A impugnante trouxe os documentos que julgou necessários à instrução de sua peça defensória, não cabendo fazer pedido genérico para futura juntada de documentos, sem alinhavar a hipótese legal em que se funda tal pedido. 34 Portanto, neste momento processual, deve ser indeferido o pedido genericamente feito, uma vez não demonstradas a necessidade e a fundamentação legal pertinente. 35 A mesma trilha segue o pedido de diligências, conforme se infere dos dispositivos do Decreto n° 70.235/1972 que tratam da matéria: "Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendê las necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pelo art. 1° da Lei n°8.748/1993) " (grifei) "Art. 28. Na decisão em que for julgada questão preliminar, será também julgado o mérito, salvo quando incompatíveis, e dela constará o indeferimento fundamentado do pedido de diligência ou perícia, se for o caso. (Redação dada pelo art. 1. ° da Lei n. ° 8.748/1993)" A argumentação tecida já ensejaria o indeferimento do pedido de perícia da interessada, e o cumprimento parcial das disposições contidas no artigo 16, inciso IV e § 1º do Decreto n° 70.235/1972 , por parte da impugnante não tem o condão de criar a necessidade dessa perícia pois os fatos ocorreram no anocalendário de 2000 e a empresa é obrigada guardar em boa ordem os livros e documentos que ensejaram os lançamentos contábeis até a decadência do direito fazendário de efetuar o lançamento, conforme o art. art. 264 do RIR/99, abaixo reproduzido: "Art.264.A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que Fl. 559DF CARF MF Processo nº 19515.001361/200603 Acórdão n.º 1302002.338 S1C3T2 Fl. 11 10 modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (DecretoLei n2 486, de 1969, art. 4?)." 36 O art. 37 da Lei n° 9430/96 incorporou mais um parágrafo nesse artigo, reforçando a necessidade de conservação dos comprovantes dos lançamentos contábeis: "§ 3º Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios (Lei nº 9.430, de 1996, art. "37)". 37 Desse modo, a mera desculpa de falta de tempo hábil para apresentação de documento não constitui motivo suficiente para que seja acatado um pedido de diligência, devendo ser o mesmo rejeitado. Nesses termos, face à falta de indicação específica e fundamentada sobre o real objetivo do pedido de diligência, acompanho os fundamentos invocados pela DRJ para não acolher tal pedido. Alegação de Contradição A Requerente alegou que a fiscalização incorreu em contradição, ao considerar que não teria havido comprovação de pagamento de IRRF. Argumentou que, se não houvesse pagamento, faltaria o substrato fático a ensejar a tributação. Sobre essa alegação o Acórdão recorrido assim registrou: 40 Causa pasmo semelhante argumentação. Quer parecer que a impugnante não entendeu ou fingiu não entender o que está claramente informado no Termo de Verificação (fls. 68 a 71). A fiscalização relata a ocorrência de pagamentos escriturados como despesas, mas que não foram comprovados documentalmente que deveriam constar como tais, isto é, como despesas e, por esse motivo, foram considerados pagamentos sem causa, a teor do art. 674 do RIR/1999, citado pela auditora autuante, abaixo reproduzido, para maior clareza: "Art.674. Está sujeito à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais (Lei n8.981, de 1995, art. 61). §1A incidência prevista neste artigo aplicase, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa (Lei n2 8.981, de 1995, art. 61, §12). §2Considerase vencido o imposto no dia do pagamento da referida importância (Lei« 8.981, de 1995, art. 61, §2°). §30 rendimento será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o Fl. 560DF CARF MF Processo nº 19515.001361/200603 Acórdão n.º 1302002.338 S1C3T2 Fl. 12 11 qual recairá o imposto (Lei n8.981, de 1995, art. 61, §3*). " (grifouse) 41 Ora, a empresa pode efetuar remessas de numerário a quem bem entender, seja a que título for porém, para que esses pagamentos sejam passíveis de dedução, é necessário que sejam comprovados por documentos idôneos capazes de comprovar a despesa incorrida. 42 No presente caso, conforme se pode verificar através da documentação acostada, a contribuinte apresentou documentos tanto de instituições financeiras como de sua própria lavra, que se contradizem, conforme demonstrado pela fiscalização no Termo de Verificação Fiscal (fls. 68 a 71). Nem mesmo na impugnação, a empresa logrou comprovar o que alega, limitandose à apresentação de listagens, planilhas e demonstrativos que não trazem sequer a identificação de quem foi o responsável pela apresentação dos dados constantes nesses relatórios, além de reapresentar as cartas das instituições financeiras já apresentadas à fiscalização e que, justamente, evidenciaram que, as informações prestadas por essas sociedades, as constantes nas declarações prestadas pela contribuinte e as escrituradas, não se harmonizam nem quanto aos valores repassados, conforme se pode verificar na própria documentação e nem quanto a natureza dos pagamentos enviados pois, enquanto a CBLC declara que são JCP e dividendos, o BES Securities os identifica unicamente como dividendos e o Banco Real, ao listar dois pagamentos a CBLC, declara que são JCP (fls. 162 a 168). 43 Ressaltese que a própria empresa tem consciência da falta de informações uniformes pois, em correspondência datada de 04/12/2006 (fls. 226 a 227), declarou que deviam ser desconsideradas as informações, prestadas durante o procedimento fiscal, relativas às planilhas apresentadas, reconhecendo, por via indireta, que prestou informações errôneas ao Fisco Federal. Atentese, ainda, que essa "descoberta" só foi feita cinco meses depois do lançamento fiscal, quando ficou evidenciado que em face de informações contraditórias sobre um mesmo fato, necessariamente algumas delas têm que estar incorretas. 44 Mais ainda, a alegação que a informação foi prestada em 29/11 quando o ano fiscal ainda estava em curso e, por esse motivo, foi produzido para planejamento do caixa e não continham informações definitivas, não pode ser aceita. 45 A fiscalização se iniciou em 02/05/2005 (fls.05) e requereu informações relativas aos fatos ocorridos durante o anocalendário de 2001, cuja DIPJ foi apresentada em 2002. Ora, o ano fiscal que estava em curso durante o procedimento fiscal era de 2005, que não tinha relação com os fatos ocorridos em 2000 e 2001 , não servindo de desculpa para a apresentação das informações incorretas e demonstrando, de maneira cabal, a falta de escrituração correta por parte da empresa. 46 Por conseguinte, os pagamentos efetuados e declarados como despesa de JCP restam incomprovados, sendo, portanto, correto o procedimento fiscal. Por tais fatos e fundamentos, não vejo a alegada contradição entre a exigência de tributos, multa e juros, e a constatação quanto à falta de comprovação de pagamento de tais tributos. Também não caberia tal alegação preliminar. Multas. Recorrente Sucessora da Telesp Celular Participações S.A. A DRJ analisou a alegação da empresa de que seria sucessora da empresa Telesp Celular Participações S/A e, assim sendo, herdaria tão somente as obrigações tributárias Fl. 561DF CARF MF Processo nº 19515.001361/200603 Acórdão n.º 1302002.338 S1C3T2 Fl. 13 12 mas não "...as multa tributárias decorrentes de infrações praticadas pelas empresas sucedidas se houver formalização do lançamento antes do ato da incorporação." (sic) (fls. 84). Vejamos a análise registrada no Acórdão recorrido: 48 Provavelmente, (...) a empresa quis dizer após, onde está escrito antes (texto acima), porque todas as citações de decisões colacionadas na impugnação se referem a lançamentos efetuados após a incorporação (fls. 85). 49 De qualquer modo, não colheria razão em sua argumentação ainda que tivesse escrito corretamente pois (...), quer parecer que (...) a empresa não (...) observou a Ata da Assembléia Geral Extraordinária, realizada em 22 de fevereiro de 2006 (fls. 92 a 98) e que citou para justificar suas alegações. Incorporação de várias empresas 50 Nessa ata consta, no item (c), que a empresa Telesp Celular Participações S/A está incorporando várias empresas através da aprovação do Protocolo de Incorporação de Ações e de Incorporação de Sociedades e Instrumento de Justificação, celebrado em 04 de dezembro de 2005,. que estabeleceu os termos e as condições para a incorporação da totalidade das ações da Tele Centro Oeste Celular Participações S/A, da Tele Sudeste Celular Participações S/A, da Tele Leste Celular Participações S/A e da Celular Participações S/3 (fls. 94). 51 As empresas acima citadas, ao serem incorporadas, ou tornaramse subsidiarias da Telesp Celular Participações S/A ou foram extintas, cancelandose o seu CNPJ, deixando de existir como empresas autônomas. Alteração da Razão para Vivo Participações S.A. 52 Para o caso presente, a explicação encontrase mais adiante nessa mesma ata as fls. 98 , item (h), onde consta que, por maioria de votos dos presentes é aprovada "...a alteração da denominação da Companhia para VIVO Participações S/A. passando o artigo 1° do Estatuto Social a vigorar com a seguinte redação..." 53 Ora, como está claramente explicitado, a empresa Telesp Celular Participações S/A não foi nem incorporada nem sucedida, como tenta fazer acreditar o douto representante da empresa. Pura e simplesmente a empresa, por votação dos acionistas presentes à Assembléia Geral Extraordinária do dia 22/02/2007, decidiu alterar a sua denominação, ou seja sua razão social ou mais simplesmente ainda, seu nome, para Vivo Participações S/A, mantendo toda a sua estrutura e organização inalteradas, inclusive o CNPJ. 54 Assim, a empresa Telesp Celular Participações S/A continua existindo com o mesmo CNPJ e estrutura de funcionamento, mas agora se denomina VIVO Participações S/A e, dessa maneira, é responsável e responde por todos os tributos devidos com todos os acréscimos legais que lhe foram imputados durante o procedimento fiscal, tenham eles incorrido sob uma denominação ou outra. Nesse sentido, não vejo como afastar as multas da Recorrente. Conclusão Por todo o exposto, voto por não acolher a preliminar de decadência e no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário. Fl. 562DF CARF MF Processo nº 19515.001361/200603 Acórdão n.º 1302002.338 S1C3T2 Fl. 14 13 (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Fl. 563DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.003112/2004-26
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2003 a 31/03/2004
MULTA ISOLADA NO PATAMAR DE 75%. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. AUSÊNCIA DE FRAUDE E SONEGAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Nos termos do art. 18, caput § 2° da Lei n° 10.833/03, com a redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.051/04, a multa isolada sobre o valor de débito compensado indevidamente só se aplica na hipótese de infração com dolo, fraude, sonegação ou conluio, no percentual qualificado de 150% por cento.
No caso as declarações foram entregues antes de 22/11/2005, não houve comprovação de dolo, aplica-se a retroatividade benigna e cancela-se a multa aplicada no patamar de 75% em razão das alterações normativas trazidas pela lei nº11.051/04.
Numero da decisão: 9303-005.402
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: DEMES BRITO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2003 a 31/03/2004 MULTA ISOLADA NO PATAMAR DE 75%. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. AUSÊNCIA DE FRAUDE E SONEGAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Nos termos do art. 18, caput § 2° da Lei n° 10.833/03, com a redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.051/04, a multa isolada sobre o valor de débito compensado indevidamente só se aplica na hipótese de infração com dolo, fraude, sonegação ou conluio, no percentual qualificado de 150% por cento. No caso as declarações foram entregues antes de 22/11/2005, não houve comprovação de dolo, aplica-se a retroatividade benigna e cancela-se a multa aplicada no patamar de 75% em razão das alterações normativas trazidas pela lei nº11.051/04.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
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INDUSTRIAL H. CARLOS SCHNEIDER ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2003 a 31/03/2004 MULTA ISOLADA NO PATAMAR DE 75%. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. AUSÊNCIA DE FRAUDE E SONEGAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Nos termos do art. 18, caput § 2° da Lei n° 10.833/03, com a redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.051/04, a multa isolada sobre o valor de débito compensado indevidamente só se aplica na hipótese de infração com dolo, fraude, sonegação ou conluio, no percentual qualificado de 150% por cento. No caso as declarações foram entregues antes de 22/11/2005, não houve comprovação de dolo, aplicase a retroatividade benigna e cancelase a multa aplicada no patamar de 75% em razão das alterações normativas trazidas pela lei nº11.051/04. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 31 12 /2 00 4- 26 Fl. 734DF CARF MF Processo nº 10920.003112/200426 Acórdão n.º 9303005.402 CSRFT3 Fl. 735 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no artigo 5º, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a época sob o Regimento Interno do extinto Segundo Conselho de Contribuinte, contra acórdão nº 20311.148, proferido pela Terceira Câmara, que decidiu em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para cancelar sete Autos de Infração relativos à multa isolada no percentual de 75%, objetos dos Processos n°s 10920.003111/200481, 10920.003112/200426,10920.003113/200471, 10920.003114/200415, 10920.003115/2004 60, 10920.003116/200412 e 10920.003117/200459, mantendo o indeferimento das compensações pleiteadas. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: "Tratase das vinte nove Declarações de Compensação relacionadas às fls. 186/187, por meio das quais a requerente pretende compensar débitos próprios de diversas espécies tributárias, com crédito prêmio do IPI de terceiro, que lhe foi cedido pela empresa conforme a escritura pública de cessão de créditos datada de espécies tributárias, com crédito Fábrica de Artigos de Couro LTDA, conforme a escritura pública de cessão de créditos datada de 25/09/2002 (cópia às fls. 135/138). NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO COMPENSAÇÃO. REGRAS ESPECÍFICAS. CESSÃO DE DIREITO. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO NA SEARA TRIBUTÁRIA. Consoante o art. 170 do CTN a compensação em matéria tributária segue regras específicas, pelo que a cessão de direito, por meio da qual o titular cede créditos tributários que lhe foram reconhecidos na via judicial a terceiro, não permite a este utilizar tais créditos para compensar seus débitos. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DE TERCEIROS: PEDIDOS FORMULADOS APÓS 07/04/2000. IMPOSSIBILIDADE. A possibilidade de utilização de créditos oriundos de restituição ou ressarcimento para compensação com débitos de terceiros foi autorizada pelo art. 15 da IN SRF n° 21/97, tendo permanecido até 07/04/2000, data após a qual foi revogada pela IN SRF n° 41, publicada em 10/04/2000. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. MULTA ISOLADA NO PERCENTUAL DE 75%. IMPROCEDÊNCIA. CRÉDITOS DE TERCEIROS. DOLO NÃO CARACTERIZADO. LEI N° 11.051, DE 30/12/2004. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 735DF CARF MF Processo nº 10920.003112/200426 Acórdão n.º 9303005.402 CSRFT3 Fl. 736 3 Nos termos do art. 18, caput § 2° da Lei n° 10.833, de 29/12/2003, com a redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.051, de 29/12/2004, a multa isolada sobre o valor de débito compensado indevidamente só se aplica na hipótese de infração dolosa, no percentual qualificado de cento e cinqüenta por cento. Na situação em que os créditos empregados na compensação são oriundos de insumos de terceiros, têm origem em ação judicial e as declarações de compensação foram entregues antes de 22/11/2005, não tendo sido demonstrada pela fiscalização a existência de dolo, a multa no percentual básico de setenta e cinco por cento é inaplicável. Recurso provido em parte. Inconformada com tal decisão, a Fazenda Nacional interpôs o presente Recurso, sustentando que deve prevalecer a interpretação do art. 18, parágrafo 4º, da lei 10.833/2003, com redação dada pela lei nº 11.051/2004, no sentido de que subsiste a multa isolada nos casos de fraude, conluio e sonegação ou na hipótese do inciso II do parágrafo 12 do artigo 74 da lei nº 9.430/96, com alíquotas correspondentes do artigo 44 da lei 9.430/96. Para respaldar a dissonância jurisprudencial, a Fazenda Nacional aponta como paradigmas os acórdãos nº 20217.360 e nº 20400.776. Em seguida, por ter sido comprovada a divergência jurisprudencial, foi dado seguimento ao recurso, fls. 659. Contudo, a Contribuinte utilizandose da prerrogativa concedida pelo art. 1º da lei nº 11.941/2009, e, em atendimento ás condições estabelecidas pelo art. 13 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 06/2009, manifestouse pela desistência integral do recurso especial interposto, fls 715/717. A desistência integral do recurso especial interposto em relação ao processo principal (10920.001575/200453) para inclusão no parcelamento do art. 1° da Lei n° 11.941/2009, encontrase parcelado na referida lei, contudo, a Contribuinte manteve o seu recurso em relação às multas isoladas, processos apensados nºs10920.003111/200481, 10920.003112/2004726,10920.008113/200471, 10920.003114/200415, 10920.003115/2004 60, 10920.003116/200412, 10920.003117/200459, Apesar de estarem apensos, estão pendentes de decisão definitiva em razão de recurso especial interposto pela União perante a CSRF/CARF (fls.390 processo principal), fls. 729. É o relatório. Fl. 736DF CARF MF Processo nº 10920.003112/200426 Acórdão n.º 9303005.402 CSRFT3 Fl. 737 4 Voto Conselheiro Demes Brito Relator O Recurso foi tempestivamente apresentado e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A matéria divergente posta a esta E.Câmara Superior, diz respeito a aplicação ou não da multa isolada no patamar de 75% (setenta e cinco por cento) em compensações não homologadas. Com efeito, a decisão recorrida decidiu em cancelar a multa isolada no percentual de 75%, referente a compensações não homologadas, com fundamento de que o art. 18, caput e § 2° da Lei n° 10.833, de 29/12/2003, com a redação dada pelo art. 25 da Lei nº 11.051, de 29/12/2004, aplicandose somente sobre o valor do débito compensado indevidamente e na hipótese de infração dolosa, no percentual qualificado de cento e cinqüenta por cento. Considerando que, os créditos empregados na compensação são oriundos de insumos de terceiros, de origem em ação judicial e as declarações de compensação foram entregues antes de 22/11/2005, não tendo sido demonstrada pela fiscalização a existência de dolo, sendo a multa no percentual de setenta e cinco por cento inaplicável. Compulsando aos autos, verifico que a Fiscalização não logrou êxito em comprovar a existência de dolo praticado pela Contribuinte, ademais, as compensações realizadas teve como origem créditos transferidos pela cedente Artigos de Couro LTDA, essa, autora de Ação Ordinária Declaratória nº 89.00136224, transitada em julgada (04/06/96) a qual, foi julgada procedente permitindo a litigante o direito ao Crédito Prêmio do IPI. A multa contida no Auto de Infração, foi lançada com fundamento no art. 18 da Lei nº10.833/2003. Vejamos: “Art.18.O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória n 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarse à imposição de multa isolada em sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida e aplicarseá unicamente nas hipóteses de o crédito ou débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal, de o crédito ser de natureza não tributária, ou em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. § 1º Nas hipóteses de que trata o caput, aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6o a 11 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 2º A multa isolada a que se refere o caput é a prevista nos incisos I e II ou no § 2o do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso. § 3º Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se Fl. 737DF CARF MF Processo nº 10920.003112/200426 Acórdão n.º 9303005.402 CSRFT3 Fl. 738 5 refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente". In caso, bem decidiu a decisão recorrida, o art. 18 da Lei nº 10.833/2003, conversão oriunda da MP nº 135, publicada em 31/10/2003, foi introduzida em conjunto com o artigo 17 da primeira, este último alterando o art. 74 da lei nº 9.430/96, de modo a determinar que a declaração de compensação constitui confissão de dívida é instrumento suficiente para exigência dos débitos indevidamente compensados. Contudo, a referia lei tem eficácia apenas para as declarações de compensação entregues a partir de 31/10/2003, data de publicação da MP nº 135, de 30/10/2003, no caso em tela, a primeira declaração de compensação foi apresentada em 29/09/2003. Com efeito, em razão de alterações na legislação tributária, surge a lei 11.051/04, a qual em seu artigo 25, altera as disposições do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, que passou a determinar a aplicação da multa prevista por compensação não declarada somente nas hipóteses de fraude, sonegação ou conluio. O mesmo artigo 25, incluiu o § 2º e o § 4º, em que determinava a aplicação da penalidade do caput às situações em que a compensação não declarada fosse aplicada multa no percentual de 150%, previsto no art. 44, II da Lei nº 9.430/96. Vejamos: "Art. 25. Os arts. 10, 18, 51 e 58 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão da não homologação de compensação declarada pelo sujeito passivo nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. § 2o A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso II do caput ou no § 2º do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. § 4o A multa prevista no caput deste artigo também será aplicada quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996". Neste sentido, não assiste razão ao apelo Fazendário, com a nova redação do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, restou confirmada que a penalidade somente seria aplicada nas hipóteses do art. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64 no percentual de 150%. Nada obstante, o artigo 18 da lei 10.833/03, foi novamente alterado pelo artigo 117, da lei nº 11.196/051, que modificou o § 4º do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, 1 Art. 117. O art. 18 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação: (Vigência) "Art. 18. ........................................................................................ § 4o Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado, quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicandose os percentuais previstos: Fl. 738DF CARF MF Processo nº 10920.003112/200426 Acórdão n.º 9303005.402 CSRFT3 Fl. 739 6 passando a incluir as penalidades do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/96, o qual permitiu o lançamento da multa no patamar de 75% (setenta e cinco por cento), em síntese, nos pedidos de compensação considerados não declarados, a multa seria exigida, mesmo que não restasse configurada as hipótese previstas no artigos. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64. Dessa forma, em razão das alterações normativas, a penalidade por declaração de compensação não declarada, quando não restasse configurada as hipóteses dos art. 71 a 73 da Lei nº 4.502//64, passou a ser novamente exigível a partir de 14/10/05, conforme dispõe o artigo 132 da lei nº 11.196/052. Portanto, a exigência da multa isolada no patamar de 75% (setenta e cinco por cento) não deve prevalecer, se quer houve comprovação nos autos das hipóteses previstas nos artigos 71 a 73 da Lei nº 4.502/64, ademais, não contém nenhum indício de dolo referente as compensações efetuadas. Sem embargo, os efeitos de aplicação o art. 18 da Lei nº10.833/2003, teve eficácia apenas para as declarações de compensação entregues a partir de 31/10/2003, no presente caso, a primeira declaração de compensação foi apresentada em 29/09/2003, deste modo, penso que as penalidades transmitidas antes da data de 14/10/05, devem ser canceladas, em razão do retroatividade benigna, nos termos do artigo 106, II3, do Código Tributário Nacional CTN. Diante de tudo que foi exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Demes Brito I no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996; II no inciso II do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, nos casos de evidente intuito de fraude, definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis." 2 Art. 132. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: II desde 14 de outubro de 2005, em relação ao disposto: a) no art. 33 desta Lei, relativamente ao art. 15 da Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996; b) no art. 43 desta Lei, relativamente ao inciso XXVI do art. 10 e ao art. 15, ambos da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003; c) no art. 44 desta Lei, relativamente ao art. 40 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004; d) nos arts. 38 a 40, 41, 111, 116 e 117 desta Lei; 3 Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: II tratandose de ato não definitivamente julgado: Fl. 739DF CARF MF Processo nº 10920.003112/200426 Acórdão n.º 9303005.402 CSRFT3 Fl. 740 7 Fl. 740DF CARF MF
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Numero do processo: 10480.735686/2012-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/05/2011
VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO
O Ministro da Fazenda, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Portanto, se inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício.
Recurso de ofício não conhecido.
Numero da decisão: 3402-004.282
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
assinado digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 31/05/2011 VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO O Ministro da Fazenda, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Portanto, se inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício. Recurso de ofício não conhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1501; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 1.240 1 1.239 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.735686/201201 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 3402004.282 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 28 de junho de 2017 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente ESTALEIRO ATLANTICO SUL S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/05/2011 VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO O Ministro da Fazenda, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Portanto, se inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício. Recurso de ofício não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Presidente em exercício e relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 73 56 86 /2 01 2- 01 Fl. 1241DF CARF MF Processo nº 10480.735686/201201 Acórdão n.º 3402004.282 S3C4T2 Fl. 1.241 2 Versam os autos lançamento de multa isolada no montante de R$ 1.188.208,74 decorrente de indeferimento de pedido(s) de ressarcimento efetuado(s) por meio de PER/DCOMP, conforme disciplinado pelo § 15 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (introduzido pelo artigo 62 da Lei nº 12.249, de 2010: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) .............................................. § 15. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido. Impugnado o lançamento, a DRJ/RPO, Acórdão 1455.152 (fls. 1222/1224), julgou procedente a impugnação, canelando a exação. Ultrapassado o então valor de alçada, foi interposto o recurso de ofício em comento. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator. A decisão recorrida cancelou a exigência sob o fundamento da retroatividade benigna (CTN, art. 106, "a"), uma vez que o art. 56 da MP 656/2014, revogou a norma que arrimava o lançamento ao tempo de sua ciência. Vejase o que dispôs a norma inovadora: MEDIDA PROVISÓRIA Nº 656, DE 7 DE OUTUBRO DE 2014 Art. 56. Ficam revogados: I imediatamente, os arts. 44 a 53 da Lei nº 4.380, de 21 de agosto de 1964, o art. 28 da Lei nº 10.150, de 21 de dezembro de 2000, e os §§ 15 e 16 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; Contudo, o valor de alçada hoje vigente não daria margem ao presente recurso. Tendo em vista que o valor exonerado pela decisão a quo foi inferior (R$ 1.660.918,36) ao valor de alçada, o qual, consoante a Portaria MF 63, de 09/02/2017 (DOU 10/02/2017), foi estabelecido em R$ 2.500.000, o recurso não deve ser conhecido. Diante do exposto, não conheço do recurso de ofício. assinado digitalmente Fl. 1242DF CARF MF Processo nº 10480.735686/201201 Acórdão n.º 3402004.282 S3C4T2 Fl. 1.242 3 Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 1243DF CARF MF
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