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6321098 #
Numero do processo: 16327.003896/2003-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 03 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1998, 1999 PRODUTOS IMPORTADOS PRONTOS PARA REVENDA. MÉTODO PRL. AQUISIÇÃO E REVENDA EM PERÍODOS DIFERENTES. Na aquisição de um produto para revenda, este fica registrado em conta de Ativo (estoque) pelo seu custo original, estando eventual excesso de custo, calculado com base em dados relativos ao período de aquisição, já agregado a esse valor, e será adicionado ao resultado no período da revenda.
Numero da decisão: 1401-001.572
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto - Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregorio, Fernando Luiz Gomes de Souza, Aurora Tomazini de Carvalho e Antonio Bezerra Neto.
Nome do relator: Relator

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.003896/2003­97  Acórdão n.º 1401­001.572  S1­C4T1  Fl. 68          2 Relatório  Trata­se de  recurso voluntário contra o Acórdão nº 6.451, da 10ª Turma da  Delegacia da Receita Federal de Julgamento em SÃO PAULO­SP.  Adoto  e  transcrevo  em  parte,  no  que  é  essencial  para  a  lide,  o  relatório  constante na decisão de primeira instância e da 7a Câmara do então 1o CC:  DA AUTUAÇÃO  Conforme  Termo  de  Verificação  Final  de  fls.  1237  a  1426,  a  fiscalização empreendida junto à empresa acima identificada teve  por  finalidade  a  verificação  da  correta  apuração  dos  preços  de  transferência  nos  anos­calendário  de  1997  a  1999.  Destaca  a  fiscalização que o ano­calendário de 1997 foi objeto do processo  n°  16327.003792/2002­00,  e  que  a  presente  ação  fiscal  é  final,  desenvolvida para os anos­calendário de 1998 e 1999.  2.  Na ação fiscal foram verificados:  a)  se  a  dedutibilidade  do  custo  dos  bens  importados  em  operações  praticadas  pela  contribuinte  com  pessoas  jurídicas  residentes ou domiciliadas no exterior,  consideradas vinculadas,  foi efetuada em conformidade com os artigos 18 e 23 da Lei n°  9.430/96, combinados com os dispositivos da IN SRF n° 38/97;  b)  se  a  determinação  das  receitas  de  vendas  nas  exportações,  auferidas  nas  operações  com  pessoa  vinculada,  foi  efetuada  conforme  o  disposto  nos  artigos  19  e  23  da  Lei  n°  9.430/96,  combinados com os dispositivos da IN SRF n° 38/97.  DOS FATOS  3.  A  Auditora  Fiscal  relata,  às  fls.  1238  a  1244,  os  fatos  relacionados à ação fiscal.  DAS OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO    4. A fiscalização expõe, às fls. 1245 a 1340, os aspectos fáticos e  jurídicos  relativos  às  operações  de  importação  efetuadas  pela  contribuinte.  (...)        Fl. 4049DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.003896/2003­97  Acórdão n.º 1401­001.572  S1­C4T1  Fl. 69          3 DO  VALOR  TOTAL  DO  AJUSTE  A  SER  EFETUADO  Ano­calendário de 1998  Operações de importação  Método PRL  Importação e revenda em 1998 ....................................  R$   154.772,76  Importação em 1997 e revenda em 1998 .....................  R$    94.424,56  Método PIC  Importação e ajuste em 1998.......................................   R$  1.028.189,80  Importação em 1997 e ajuste em 1998........................   R$   150.467,72  TOTAL (operações de importação)  R$  1.427.854,84    Operações de exportação  Método CAP  Mercadorias exportadas em 1998 ................................  R$  5.238.522,66  TOTAL (operações de exportação)  R$  5.238.522,66      Ano­calendário de 1999    Operações de importação  Método PRL  Importação em 1998 e revenda em 1999 .....................  R$    12.180,40  Importação e revenda em 1999....................................   R$  0,00  Método PIC  Importação em 1998 e ajuste em 1999........................   R$    47.747,76  Importação e ajuste em 1999 *......................................  JR$__________0,00  TOTAL (operações de importação) R$    59.928,16    Operações de exportação  Método CAP  Mercadorias exportadas em 1999 ................................  R$  8.041.322,29  TOTAL (operações de exportação) R$  8.041.322,29    (*)  OBS:  a  Auditora  Fiscal  não  faz  qualquer  referência  às  matérias­primas  e  outros  insumos importados em 1999 e contabilizados como custo nesse mesmo ano.    91. Em face do exposto, foram efetuados os seguintes lançamentos, relativas ac anos­ calendário de 1998 e 1999:    Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ)  Auto de Infração: fls. 1427 a 1432  Funda mento legal  artigos 18 e 19 Lei n° 9.430/96; e artigos 240 e 241 do RIR/99  Crédito  Tributário  R$ 9.352.583,44  (nove milhões,  trezentos  e  cinqüenta  e  dois mil,  quinhentos  e  oitenta  e  três  reais, e quarenta e quatro centavos),  referente a  "Imposto",  "Juros de Mora"  (cálculo até 28/11/2003) e "Multa proporcional" (75%)  Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL)  Auto de Infração: fls. 1433 a 1437  Funda mento legal  artigo 2o, e §§, da Lei n° 7.689/88; artigo 19 da Lei n° 9.249/95; artigo 1o da Lei  n°  9.316/96;  artigo  28  da  Lei  n°  9.430/96;  e  artigo  6o  da  MP  n°  1.858/99  e  Fl. 4050DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.003896/2003­97  Acórdão n.º 1401­001.572  S1­C4T1  Fl. 70          4 reedições  Crédito  Tributário  R$ 3.781.110,76  (três milhões,  setecentos  e  oitenta  e  um mil,  cento  e  dez  reais,  e  setenta  e  seis  centavos),  referente  a  "Contribuição",  "Juros  de  Mora"  (cálculo  até  28/11/2003) e "Multa proporcional"(75%)    Crédito Tributário Total  R$ 13.133.694,20  (treze  milhões,  cento  e  trinta  e  três  mil,  seiscentos  e  noventa  e  quatro  reais,  e  vinte  centavos)     DA IMPUGNAÇÃO    92.  Cientificada  dos  lançamentos  em  15  de  dezembro  de  2003  (fls.  1430  e  1436),  a  empresa  interessada,  por  meio  de  seus  advogados,  regularmente  constituídos  (fls.  1515  a  1529),  apresentou, em 14 de janeiro de 2004, a impugnação de fls. 1444  a 1512 (referente ao IRPJ e à CSLL), alegando, em síntese:  I ­ DOS FATOS  93.  A  impugnante  está  sendo  compelida  ao  recolhimento  de  IRPJ e CSLL supostamente devidos, como se houvesse ajustes a  serem  efetuados  às  respectivas  bases  de  cálculo,  nos  anos­ calendário de 1998 e 1999, em virtude da sistemática de controle  de  preços  de  transferência,  instituída  pela  Lei  n°  9.430/96,  e  regulamentada, à época, pela IN SRF n° 38/97.  94.  Tendo como atividade preponderante a comercialização e a  industrialização  de  equipamentos  e  acessórios  fotográficos,  a  impugnante  importa  diversos  produtos,  para  utilizá­los  como  insumo,  ou  mesmo  revenda  no  Brasil.  Um  de  seus  principais  fornecedores  é  a  Eastman  Kodak  Company,  empresa  a  ela  vinculada, localizada nos estados unidos da América.  95.  Segura de que seus custos de importação de bens destinados  à  revenda  e  aplicados  à  produção,  adquiridos  de  pessoa  vinculada,  correspondem  aos  praticados  em  situação  de  concorrência  plena  de  mercado,  a  impugnante  absteve­se  de  efetuar quaisquer ajustes às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL.  96.  Paralelamente, e seguindo a mesma convicção, adotou igual  procedimento  em  relação  às  suas  receitas  de  exportação  destinadas a pessoas vinculadas.  97.  No entanto, a Auditora Fiscal alega, com base no artigo 39,  §  único,  da  IN  SRF  n°  38/97,  que,  seguindo  os  parâmetros  de  preços  eleitos  ("eleitos  aleatoriamente"),  a  impugnante  teria  ajustes de preços a efetuar.  98.  Para  a  lavratura  dos  Autos  de  Infração  partiu­se  da  esdrúxula  premissa  de  que  a  ausência  de  controle  de  preços  de  transferência  (o  que  não  é  uma  verdade  absoluta)  gera,  como  Fl. 4051DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.003896/2003­97  Acórdão n.º 1401­001.572  S1­C4T1  Fl. 71          5 conseqüência necessária, ajustes às bases de cálculo do IRPJ e da  CSLL.  99.  É cediço que a legislação de preços de transferência inverteu o ônus da  prova, ou seja, é o contribuinte quem tem a responsabilidade original de demonstrar  que os preços nas operações praticadas com pessoas vinculadas são adequados.  100.  De toda sorte, não o tendo feito, segue­se nova inversão: o Fisco tem o  dever/poder de demonstrar que esses preços são (ou não) adequados para, em sendo  negativa a resposta, lançar.  101.  A prerrogativa do Fisco para aplicar um dos métodos de comparação de  preços,  lançando  o  tributo,  só  é  juridicamente  válida  se  observadas  as  mesmas  orientações para a comprovação de preços atribuídas aos contribuintes.  102.  O artigo 4o da  IN SRF n° 38/97 permite ao contribuinte  a  adoção do  método  de  comparação  de  preços  que  lhe  seja  mais  favorável,  o  que,  obrigatoriamente, deveria ser também observado pela Auditora Fiscal, porque sujeita  às mesmas regras previstas na lei e em sua regulamentação.  A  fiscalização  decidiu  adotar  o  PIC,  para  os  bens  aplicados  à  produção;  o  PRL, para os bens destinados à revenda; e o CAP, para as receitas de exportação.  (...)  A determinação dos ajustes de preços com base no método PR  131. No caso específico do PRL, a quantificação dos preços praticados pela  impugnante,  e,  conseqüentemente,  do  ajuste  às  bases  de  cálculo  do  IRPJ  e  da  CSLL, foi efetuada em manifesta oposição ao que determina a legislação fiscal.  132. Ao iniciar os procedimentos para verificação dos preços de transferência  para os anos­calendário de 1998 e 1999, a Auditora Fiscal primeiro constatou que  parte dos bens importados em 1997 não foram revendidos no mesmo período, mas  sim em 1998.  133. Passou, então, à verificação da existência de ajustes a efetuar às bases  de  cálculo  do  IRPJ  e  da  CSLL,  seguindo  um  procedimento  tão  simples  quanto  equivocado:  resgatou  a  média  aritmética  unitária  do  preço  de  importação  em  1997,  o  chamado preço praticado;  comparou o preço praticado com o parâmetro de preço então calculado com  base nos preços de revenda também em 1997;  o virtual excesso de custo unitário apurado foi multiplicado pelas quantidades  de bens que permaneciam em estoque em dezembro de 1997.  (...)  Mas,  não  só  para  a  apuração  do  preço  praticado,  o  procedimento  adotado  péla  Auditora  Fiscal  para  tributar  os  saldos  de  estoque  de  1997  em  1998  foi  equivocado.  O fato de ter adotado como ponto de partida para a determinação do preço  parâmetro as revendas de 1997 merece ser repudiado.  Se estamos falando de um potencial excesso de custo para uma mercadoria  vendida  em  1998,  o  preço  de  revenda  a  ser  utilizado  como  parâmetro  deve,  Fl. 4052DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.003896/2003­97  Acórdão n.º 1401­001.572  S1­C4T1  Fl. 72          6 também,  ser  o  de  1998,  ou,  melhor  dizendo,  o  preço  parâmetro  deve,  obrigatoriamente,  ser  concomitante  ao  do  período  em  que  o  custo  dos  bens  importados impactou o resultado do período de apuração das bases de cálculo do  IRPJ e da CSLL.  Se  tomarmos  como  base  um  preço  de  revenda  do  ano  imediatamente  anterior, estaríamos partindo da premissa  (equivocada) de que o preço efetivo de  venda  daquela  mercadoria  em  1998  foi  o  mesmo  da  de  1997,  o  que  não  é  minimamente razoável.  A Auditora Fiscal distorceu o preço parâmetro porque adotou, como preço de  venda  de  uma  mercadoria  revendida  em  1998,  a  lucratividade  média  do  ano  anterior.  Esse  mesmo  critério  equivocado  foi  estendido  a  fim  de  tributar  o  virtual  excesso de custo em estoque do ano de 1998 para o ano de 1999.  O vício essencial que acarreta nulidade  147. Erros na determinação do montante devido (e mesmo se devido), como  retro identificados, acarretam a nulidade dos Autos de Infração. Assim diz a doutrina  unânime e a jurisprudência do Conselho de Contribuintes.  A  DRJ,  por  unanimidade  de  votos,  considerou  procedente  em  PARTE  o  lançamento, RECORRENDO DE OFÍCIO da parte cancelada, nos termos da ementa abaixo:  Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica ­ IRPJ  Ano­calendário: 1998, 1999  Ementa: AUTOS DE INFRAÇÃO. NULIDADE.  Eventuais  equívocos  na  determinação  do montante  devido  não  acarretam  a  nulidade dos Autos de Infração, mas apenas a alteração do lançamento.  DOS MÉTODOS DE APURAÇÃO DOS PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA  E DOS EVENTUAIS AJUSTES  Não  sendo  indicado  o método  de  apuração  dos  preços  de  transferência,  os  Auditores  Fiscais  encarregados  da  verificação  poderão  determiná­los  com  base  em  outros  documentos  de  que  dispuser,  aplicando  um  dos  métodos  previstos na legislação.  PRODUTOS  IMPORTADOS  PRONTOS  PARA  REVENDA.  MÉTODO  PRL. CORREÇÃO DE CÁLCULOS.  Constatado equívoco no cálculo dos ajustes, o qual não acarreta a nulidade do  lançamento, corrige­se a falha, e exonera­se parte da exigência.  PRODUTOS  IMPORTADOS  PRONTOS  PARA  REVENDA.  MÉTODO  PRL. AQUISIÇÃO E REVENDA EM PERÍODOS DIFERENTES.  Na aquisição de um produto para  revenda,  este  fica  registrado em conta de  Ativo  (estoque)  pelo  seu  custo  original,  estando  eventual  excesso  de  custo,  calculado com base em dados relativos ao período de aquisição, já agregado a  esse valor, e será adicionado ao resultado no período da revenda.  MATÉRIAS­PRIMAS  E  OUTROS  INSUMOS.  MÉTODO  PIC.  EXIGÊNCIA DE SIMILARIDADE.  Fl. 4053DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.003896/2003­97  Acórdão n.º 1401­001.572  S1­C4T1  Fl. 73          7 Na  apuração  de  ajustes  efetuados  pelo  método  PIC  (Preços  Independentes  Comparados),  apura­se  o  preço  parâmetro  com  base  nos  preços  de  bens,  idênticos ou similares, adquiridos de terceiros independentes. Não se tratando  de bens idênticos, e não logrando a fiscalização comprovar a similaridade dos  bens comparados, exonera­se a exigência.  OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO. MÉTODO CAP.  Não  logrando  a  contribuinte  comprovar  estar  dispensada  da  apuração  dos  preços  de  transferência,  mantém­se  a  exigência,  calculada  nos  termos  da  legislação vigente.  Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido ­CSLL  Ano­calendário: 1998, 1999  Ementa: DECORRÊNCIA.  O  decidido  quanto  ao  Imposto  de  Renda  Pessoa  Jurídica  aplica­se  à  tributação dele decorrente.  Especificamente  em  relação  à  importação  de  mercadorias  em  determinado  ano­ calendário  para  revenda  somente  em  outro,  a  DRJ mantém  a  metodologia  de  cálculo  sugerido  pela  fiscalização por entender, às fls. 1941, que o custo de uma mercadoria está relacionado à sua aquisição,  e não à sua revenda.  O Recurso de ofício tratou apenas do crédito tributário constituído pelo método PIC que  foi  exonerado.  Em  relação  aos  demais  pontos,  recorreu  a  Recorrente  a  este  CARF  ratificando  os  argumentos já suscitados em sede de impugnação.  O processo foi mais uma vez baixado em diligência pela então 7a Câmara do então 1o  CC,  apenas  para  averiguação  das  condições  necessárias  para  a  dispensa  de  controles  ligados  à  exportação,  retornando  em  sentido  favorável  à  Recorrente,  motivo  pelo  qual  também  foi  dado  provimento nesta parte.  A 7a Câmara, do então, 1o Conselho de Contribuintes, Negou provimento a  aos Recursos de Ofício e Voluntário, sendo o seguinte resultado formalizado:  "ACORDAM  os  Membros  da  Sétima  Câmara  do  Primeiro  Conselho  de  Contribuintes,  por  unanimidade  de  votos,  REJEITAR  as  preliminares  de  nulidade  e  por  maioria de votos, DAR provimento aos recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que  passam  a  integrar  o  presente  julgado.  Vencidos  os  Conselheiros Marcos  Vinicius  Neder  de  Lima  e  Albertina  Silva  Santos  de  Lima,  que  negavam  provimento  com  relação  à  inaplicabilidade  do método  PRL  pela  fiscalização  sem  demonstração  da  impossibilidade  de  aplicação do método PIC".  O referido Acórdão foi assim ementado:  ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA ­IRPJ  Anos­calendário: 1998 e 1999  AUTOS DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Os fatos apontados pela  recorrente não determinam nulidade dos Autos de Infração, mormente  aqueles ligados a conversão de moeda, quando a falha apontada já fora  corrigida na decisão recorrida.  Fl. 4054DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.003896/2003­97  Acórdão n.º 1401­001.572  S1­C4T1  Fl. 74          8 DOS MÉTODOS DE APURAÇÃO DOS PREÇOS DE  TRANSFERÊNCIA E DOS EVENTUAIS AJUSTES. Mesmo quando  a fiscalizada não aponta o método de apuração dos preços de  transferência, os auditores fiscais encarregados da verificação deverão  utilizar o método mais favorável ao contribuinte ou demonstrar a  impossibilidade de aplicação de outros métodos passíveis de utilização  nas operações praticadas.  MATÉRIAS­PRIMAS E OUTROS INSUMOS.MÉTODO PIC.  EXIGÊNCIA DE SIMILARIDADE. Na apuração de ajustes efetuados  pelo método PIC (Preços Independentes Comparados), apura­se o  preço parâmetro com base nos preços de bens, idênticos ou similares,  adquiridos de terceiros independentes. Não se tratando de bens  idênticos,, e não logrando a fiscalização comprovar a similaridades dos  bens comparados, correta a decisão que exonerou as exigências.  OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO. Comprovado em diligência fiscal  que a recorrente fazia jus à salvaguarda em função dos resultados  obtidos nas exportações, cancelam­se as exigências derivadas Assunto:  Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica ­IRPJ de ajustes de preços  de transferência na exportação.    O Fazenda Nacional ingressou com recurso especial à CSRF obtendo sucesso  na  reversão  da  matéria  relacionada  aos  ajustes  feitos  pelo  fiscal  em  relação  à  ausência  de  controle de preços de transferência, na importação, por parte do contribuinte. No caso, o fiscal  valeu­se  do  método  PRL  com  relação  aos  produtos  importados  para  revenda  nos  anos­ calendário  de  1997  e  1998,  mesmo  que  esse  não  tenha  sido  considerado  o  método  mais  favorável ao Contribuinte.  Dessa  feita, o processo retornou para o enfrentamento de matéria de mérito  que ficou prejudicada com o provimento que se deu na 7a Câmara, qual seja, o tratamento a ser  dado aos excessos de custo de importações, contidos em bens que permaneçam no estoque ao  final do ano­calendário.  É o relatório.  Fl. 4055DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.003896/2003­97  Acórdão n.º 1401­001.572  S1­C4T1  Fl. 75          9 Voto             Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator  O recurso voluntário preenche os requisitos de admissibilidade.  Conforme relatado, o presente processo já foi julgado na 7a Câmara do então,  1o Conselho de Contribuintes, com o seguinte resultado assim formalizado:  "ACORDAM  os  Membros  da  Sétima  Câmara  do  Primeiro  Conselho  de  Contribuintes,  por  unanimidade  de  votos,  REJEITAR  as  preliminares  de  nulidade  e  por  maioria de votos, DAR provimento aos recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que  passam  a  integrar  o  presente  julgado.  Vencidos  os  Conselheiros Marcos  Vinicius  Neder  de  Lima  e  Albertina  Silva  Santos  de  Lima,  que  negavam  provimento  com  relação  à  inaplicabilidade  do método  PRL  pela  fiscalização  sem  demonstração  da  impossibilidade  de  aplicação do método PIC".  O referido Acórdão foi assim ementado:  ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA ­IRPJ  Anos­calendário: 1998 e 1999  AUTOS DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Os fatos apontados pela  recorrente não determinam nulidade dos Autos de Infração, mormente  aqueles ligados a conversão de moeda, quando a falha apontada já fora  corrigida na decisão recorrida.  DOS MÉTODOS DE APURAÇÃO DOS PREÇOS DE  TRANSFERÊNCIA E DOS EVENTUAIS AJUSTES. Mesmo quando  a fiscalizada não aponta o método de apuração dos preços de  transferência, os auditores fiscais encarregados da verificação deverão  utilizar o método mais favorável ao contribuinte ou demonstrar a  impossibilidade de aplicação de outros métodos passíveis de utilização  nas operações praticadas.  MATÉRIAS­PRIMAS E OUTROS DJSUMOS..MÉTODO PIC.  EXIGÊNCIA DE SIMILARIDADE. Na apuração de ajustes efetuados  pelo método PIC (Preços Independentes Comparados), apura­se o  preço parâmetro com base nos preços de bens, idênticos ou similares,  adquiridos de terceiros independentes. Não se tratando de bens  idênticos,, e não logrando a fiscalização comprovar a similaridades dos  bens comparados, correta a decisão que exonerou as exigências.  OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO. Comprovado em diligência fiscal  que a recorrente fazia jus à salvaguarda em função dos resultados  obtidos nas exportações, cancelam­se as exigências derivadas Assunto:  Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica ­IRPJ de ajustes de preços  de transferência na exportação.  Fl. 4056DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.003896/2003­97  Acórdão n.º 1401­001.572  S1­C4T1  Fl. 76          10   O Fazenda Nacional ingressou com recurso especial à CSRF obtendo sucesso  na  reversão  da  matéria  relacionada  aos  ajustes  feitos  pelo  fiscal  em  relação  à  ausência  de  controle de preços de transferência, na importação, por parte do contribuinte. No caso, o fiscal  valeu­se  do  método  PRL  com  relação  aos  produtos  importados  para  revenda  nos  anos­ calendário  de  1997  e  1998,  mesmo  que  esse  não  tenha  sido  considerado  o  método  mais  favorável ao Contribuinte.  Dessa  feita, o processo retornou para o enfrentamento de matéria de mérito  que ficou prejudicada com o provimento que se deu na Câmara baixa, qual seja, o tratamento a  ser dado aos excessos de custo de importações, contidos em bens que permaneçam no estoque  ao final do ano­calendário.  Eis o teor do Acórdão da CSRF que fez menção a esse respeito:  Considerando que o acórdão recorrido, por ter decidido pela inaplicabilidade  do método PRL, não apreciou as alegações veiculadas no recurso voluntário (itens  78 a 134), quanto a supostas impropriedades na determinação dos ajustes por aquele  método, não se pode nesta CSRF, sob pena de supressão de instância, adentrar em  tal mérito.  Nessa mesmo passo,  a Câmara  baixa que  deu  provimento  ao  recurso  nessa  matéria, assim sinalizou quanto a prejudicialidade na ocasião do julgamento dessa matéria:  Nessa  ordem  de  juízo  é  desnecessário  analisar  as  questões  ligadas  ao  tratamento a ser dado aos excessos de custos nas importações, contidos em bens que  permaneçam no estoque ao final do ano­calendário.    Em  primeiro  lugar,  quero  esclarecer  que  o  Acórdão  da  CSRF  comete  pequeno equívoco ao  referenciar os  parágrafos 78  a 102,  cujo  título  é:  “A determinação dos  Ajustes  de  Preços  com  base  no  Método  PRL  ­  Taxa  de  Câmbio  das  Mercadorias  Importadas em 1997 e Revendidas em 1998”  É que tal matéria já foi enfrentada sendo matéria de recurso de ofício que foi  ratificada pela Câmara Baixa, e também de recurso voluntário na medida em que a Recorrente  também  pleiteou  a  extensão  dos  efeitos  desses  ajustes  feitos  pela  DRJ,  no  sentido  de  ter  maculado  totalmente o  lançamento. Nesse ponto,  a Câmara baixa  também  tratou da matéria,  rejeitando a preliminar de nulidade argüida e afastando a decadência, nos referidos parágrafos  (78 a 102).  Eis os termos desse enfrentamento pela Câmara baixa:  Também  afasto  a  alegada  nulidade  parcial  dos  Autos  de  Infração  por  ter  a  fiscalização, na diligência fiscal determinada pela Delegacia de Julgamento, refeito  os  cálculos  em  função  da  adoção  de  nova  taxa  de  câmbio,  o  que  se  constitui,  segundo a recorrente em inovação jurídica do lançamento quando já decorrido  o prazo decadencial;  De fato a fiscalização reconheceu que as operações de conversão dos preços  de  importação em dólar para moeda nacional não  foram feitas adequadamente. Os  Fl. 4057DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.003896/2003­97  Acórdão n.º 1401­001.572  S1­C4T1  Fl. 77          11 cálculos  foram  então  refeitos  e  apresentadas  novas  planilhas  de  resultados,  diminuindo os valores originalmente exigidos.  § 1° No caso de bens classificáveis no ativo permanente e que tenham gerado  quotas de depreciação, amortização ou exaustão, no ano­calendário da importação, o  valor do excesso de preço de aquisição na importação deverá ser creditado na conta  de  ativo  em  cujas  quotas  tenham  sido  debitadas,  em  contrapartida  à  conta  de  resultados acumulados a que se refere o caput.  § 2° Caso a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e  da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, o valor do excesso  apurado  em  cada  período  de  apuração  somente  por  ocasião  da  realização  por  alienação  ou  baixa  a  qualquer  título  do  bem,  direito ou  serviço  adquirido,  o  valor  total do excesso apurado no período de aquisição deverá ser excluído do patrimônio  líquido,  para  fins  de  determinação  da  base  de  cálculo  dos  juros  sobre  o  capital  próprio, de que trata o art. 9° da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995, alterada  pela Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996.  § 3° Na hipótese do § 2o, a pessoa jurídica deverá registrar o valor  total do  excesso  de  preço  de  aquisição  em  subconta  própria  que  registre  o  valor  do  bem,  serviço ou direito adquirido no exterior.  Claro  que  podem  ocorrer  nulidades  no  processo  administrativo  diferentes  daqueles listadas no art. 59 do Decreto n° 70.235/72, mas não é o caso dos autos. A  alteração do valor das exigências em decorrência da reparação do erro na conversão  de moeda, não comportou juízo de valor por parte da fiscalização quanto à origem  da matéria tributável. A conversão de moeda estrangeira para moeda nacional se faz  por índices de cotação, cujo acréscimo ou decréscimo no montante original é mero  ajuste por variações cambiais.  Portanto, não há que se enfrentar aqui novamente a questão da preliminar de  nulidade  e decadência,  conforme  levantado  da Tribuna  pelo  patrono  em  sede de  sustentação  oral    MÉRITO ­ excessos de custo de importações  Em apertada síntese, assim se defende a Recorrente nessa matéria:  O  fato de  ter adotado como ponto de partida para  a determinação do preço  parâmetro  as  revendas  de  ano  anterior  ao  da  utilização  do  preço  parâmetro  merece  ser  repudiado.  Como  se  trata  de  um  potencial  excesso  de  custo  para  uma  mercadoria  vendida  em  1998,  o  preço  de  revenda  a  ser  utilizado  como  parâmetro  deve,  segundo  ela,  também,  ser  o  de  1998,  ou, melhor  dizendo,  o  preço  parâmetro  deve,  obrigatoriamente,  ser  concomitante  ao  do  período  em  que  o  custo  dos  bens  importados  impactou  o  resultado  do  período de apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL.  Se  for  tomado  como  base  um  preço  de  revenda  do  ano  imediatamente  anterior, estar­se­ia partindo da premissa equivocada de que o preço efetivo de venda daquela  mercadoria em 1998 foi o mesmo da de 1997, o que não é minimamente razoável.  Fl. 4058DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.003896/2003­97  Acórdão n.º 1401­001.572  S1­C4T1  Fl. 78          12 Dessa  forma,  a  Auditora  Fiscal  teria  distorcido  o  preço  parâmetro  porque  adotou, como preço de venda de uma mercadoria revendida em 1998, a lucratividade média do  ano anterior.  . Essa questão foi  inclusive objeto de diligência por parte da DRJ,  tendo os  autos do presente processo retornados à fiscalização, e a Auditora Fiscal esclareceu e manteve  seu procedimento originariamente adotado.  A esse respeito, a DRJ assim manteve o lançamento:  343. Quanto à apuração dos preços parâmetros  relativos a 1998 (importação  em 1997 e revenda em 1998); e dos relativos a 1999 (importação em 1998 e revenda  em 1999), está correto a entendimento da fiscalização.  344. Ao adquirir um produto para  revenda, este  fica  registrado em conta de  Ativo  (estoque)  pelo  seu  custo  original  (princípio  contábil  do Registro  pelo Valor  Original, artigo 7o, da Resolução CFC n° 750/93, e artigo 235 do RIR/94), estando  eventual  excesso  de  custo,  calculado  com  base  em  dados  (revenda)  relativos  ao  período  de  aquisição,  já  agregado  a  esse  valor.  Custo  (ou  excesso  de  custo)  relaciona­se com período de aquisição, e não ao período de revenda.  345. O excesso de custo, em estoque, há que ser excluído (adição no LALUR)  quando da apuração do resultado do exercício em que o produto for vendido.  346. A partir da Lei n° 10.637/2002, o  tratamento a ser dado ao excesso de  custo não é mais fiscal (por meio de adição no LALUR), mas sim contábil. Dispõe o  artigo 45, e seu inciso I, da citada lei que:  (Lei n° 10.637/2002)    "Art.  45. Nos  casos  de  apuração  de  excesso  de  custo  de  aquisição  de  bens,  direitos  e  serviços,  importados  de  empresas  vinculadas  e  que  sejam  considerados  indedutíveis  na  determinação  do  lucro  real  e  da  base  de  cálculo  da  contribuição  social sobre o lucro líquido, apurados na forma do art. 18 da Lei n° 9.430, de 27 de  dezembro de 1996, a pessoa jurídica deverá ajustar o excesso de custo, determinado  por  um  dos  métodos  previstos  na  legislação,  no  encerramento  do  período  de  apuração,  contabilmente,  por meio  de  lançamento  a  débito  de  conta  de  resultados  acumulados e a crédito de:  I  ­  conta  do  ativo  onde  foi  contabilizada  a  aquisição  dos  bens,  direitos  ou  serviços  e  que  permanecerem  ali  registrados  ao  final  do  período  de  apuração:  ou  347. Apesar da Lei n° 10.637/2002 não ser aplicável ao caso (autuação relativa aos  anos­calendário de 1998 e 1999),  ela  reforça o entendimento de que o excesso de  custo  de  determinado  produto  faz  parte  do  Ativo  da  empresa  (estoque)  desde  o  momento de sua aquisição.  348. Assim, há que se aceitar os cálculos realizados pela fiscalização(...)    O que se vê,  a DRJ muito  acertadamente deixou bem claro que o  custo  ou  excesso de custo dos produtos importados se relaciona à período de aquisição (importação) e  não  a  período  da  revenda,  como  entende  a  Recorrente;  então  eventual  excesso  deve  ser  considerado  como  parte  do  estoque  inicial  do  exercício  seguinte  para  efeito  de  apuração  do  preço parâmetro do exercício seguinte, como de fato ocorreu.  Fl. 4059DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.003896/2003­97  Acórdão n.º 1401­001.572  S1­C4T1  Fl. 79          13 Vejamos o dispositivo infralegal em comento:  Instrução Normativa nº 38, de 30 de abril de 1998:  Art. 12. A determinação do custo de bens, serviços e direitos, adquiridos no  exterior, dedutível da determinação do lucro real, poderá, também, ser efetuada pelo  método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), definido como a média aritmética  dos  preços  de  revenda  dos  bens,  serviços  ou  direitos,  diminuídos:  (Redação  dada  pela IN SRF n º 113/00, de 19/12/2000) (Vide art. 3 º da IN SRF n º 113/00 )  I – dos descontos incondicionais concedidos; (Redação dada pela IN SRF n º  113/00, de 19/12/2000) (Vide art. 3 º da IN SRF n º113/00 )  II – dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; (Redação dada  pela IN SRF n º 113/00, de 19/12/2000) (Vide art. 3 º da IN SRF n º 113/00 )  III  ­  das  comissões  e  corretagens  pagas;  (Redação  dada  pela  IN  SRF  n  º  113/00, de 19/12/2000) (Vide art. 3 º da IN SRF n º 113/00 )  IV  ­  de  margem  de  lucro  de:  (Redação  dada  pela  IN  SRF  n  º  113/00,  de  19/12/2000) (Vide art. 3 º da IN SRF n º 113/00 )  1.  vinte por cento, na hipótese de revenda de bens; (Incluído pela IN SRF  nº 113/00, de 19/12/2000) (Vide art. 3 º da IN SRF n º 113/00 )  2.  sessenta  por  cento,  na  hipótese  de  bens  importados  aplicados  na  produção. (Incluído pela IN SRF nº 113/00, de 19/12/2000) (Vide art. 3 º da IN SRF  n º113/00 )  §  1º  Os  preços  de  revenda,  a  serem  considerados,  serão  os  praticados  pela  própria  empresa  importadora,  em  operações  de  venda  a  varejo  e  no  atacado,  com  compradores, pessoas físicas ou jurídicas, que não sejam a ela vinculados.  §  2º Os  preços médios  de  aquisição  e  revenda  serão ponderados  em  função  das quantidades negociadas.  § 3º Na determinação da média ponderada dos preços,  serão computados os  valores  e  as  quantidades  relativos  aos  estoques  existentes  no  início  do  período  de  apuração.  §  4º  Para  efeito  desse método,  a média  aritmética  ponderada  do  preço  será  determinada computando­se as operações de revenda praticadas desde a data da  aquisição até a data do encerramento do período de apuração. (destaquei)  Como se vê, é o que se extrai também da interpretação do art. 12 da Instrução  Normativa  n°  38/97  (Método  do  Preço  de Revenda menos  Lucro  ­  PRL)  que  dispõe  que  a  determinação  do  custo  das  mercadorias  importadas  será  efetuada  pela  média  aritmética  dos  preço de revenda dos bens, com as diminuições ali relacionadas.  O  seu  parágrafo  4º,  desse mesmo  artigo,  determina  que  a média  aritmética  ponderada do preço será determinada computando­se as operações de revenda praticadas desde  a data da aquisição até a data de encerramento do período de apuração.  Assim,  para  as  operações  de  importação,  em um determinado período  base  apuramos um preço praticado (média ponderada) e um preço parâmetro. E o preço praticado  utilizado é o do período de apuração onde ocorre a aquisição (importação) e não a revenda. A  Fl. 4060DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.003896/2003­97  Acórdão n.º 1401­001.572  S1­C4T1  Fl. 80          14 referida fórmula não trata de fazer uma ligação a nível de "DNA" a ponto de vincular o cálculo  do  preço  parâmetro  somente  ao  momento  efetivo  da  revenda  daquele  insumo  importado  específico  em  que  se  lhe  agregou  algo.  Se  o  preço  médio  praticado  do  produto,  em  um  determinado período,  for maior que o seu preço parâmetro,  fica caracterizado um excesso de  custo, conforme o determinado na legislação de Preço de Transferência. E o excesso de custo  foi acertadamente tratado pela fiscalização ao considerar no ano seguinte como estoque inicial  o estoque final do ano anterior, para fins de cálculo da média ponderada.   Por todo o exposto, afasto a decadência e nego provimento ao recurso.  (assinado digitalmente)  Antonio Bezerra Neto                                    Fl. 4061DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO

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Numero do processo: 13855.000332/2009-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 03 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF Período de apuração: 07/04/2004 a 31/10/2007 REMISSÃO. MP Nº 449/2008. CONDIÇÕES. NÃO ATENDIMENTO. Uma das condições para o benefício da remissão de débitos concedida pela MP nº 449, de 2008, era a de que os débitos, em 31/12/2007 deveriam estar vencidos há mais de cinco anos. Não atendida a condição incabível cogitar de remissão. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INFORMAÇÕES FORNECIDAS POR INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. FALTA DE RECOLHIMENTO. Informada à Administração Tributária a falta de retenção/recolhimento da CPMF, correta formalização da exigência, com os acréscimos legais (juros e multas), contra o sujeito passivo na sua qualidade de responsável supletivo pela obrigação. Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-002.886
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e negar provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim - Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Ausente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1927; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C4T2  Fl. 130          1 129  S3­C4T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  13855.000332/2009­21  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  3402­002.886  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  28 de janeiro de 2016  Matéria  CPMF ­ Auto de Infração   Recorrente  LOURENÇO BARBOZA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  PROVISÓRIA  SOBRE  MOVIMENTAÇÃO  OU  TRANSMISSÃO  DE  VALORES  E  DE  CRÉDITOS  E  DIREITOS  DE  NATUREZA  FINANCEIRA ­ CPMF  Período de apuração: 07/04/2004 a 31/10/2007  REMISSÃO. MP Nº 449/2008. CONDIÇÕES. NÃO ATENDIMENTO.  Uma das condições para o benefício da  remissão de débitos concedida pela  MP nº 449, de 2008, era a de que os débitos, em 31/12/2007 deveriam estar  vencidos há mais de cinco anos. Não atendida a condição incabível cogitar de  remissão.  LANÇAMENTO  DE  OFÍCIO.  INFORMAÇÕES  FORNECIDAS  POR  INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. FALTA DE RECOLHIMENTO.  Informada  à  Administração  Tributária  a  falta  de  retenção/recolhimento  da  CPMF, correta formalização da exigência, com os acréscimos legais (juros e  multas),  contra  o  sujeito  passivo  na  sua  qualidade de  responsável  supletivo  pela obrigação.  Recurso Voluntário Negado      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer  do  recurso voluntário  e negar provimento, nos  termos do  relatório  e do voto que  integram o  presente julgado.    (assinado digitalmente)  Antônio Carlos Atulim ­ Presidente.     (assinado digitalmente)     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 00 03 32 /2 00 9- 21 Fl. 130DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/02/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA   2 Waldir Navarro Bezerra ­ Relator.  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  seguintes  Conselheiros:  Antônio  Carlos  Atulim  (Presidente),  Jorge  Olmiro  Lock  Freire,  Carlos  Augusto  Daniel  Neto,  Maria  Aparecida Martins  de  Paula,  Diego Diniz  Ribeiro,  Thais  de  Laurentiis  Galkowicz  e Waldir  Navarro Bezerra. Ausente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro.  Relatório  Trata­se de recurso voluntário interposto contra decisão da 3ª Turma da DRJ  em Brasília – DF (fls. 100/103 do processo eletrônico), que, por unanimidade de votos, julgou  improcedente  a  impugnação  apresentada  pela  Recorrente,  cujo  crédito  tributário  provém  da  lavratura  do  Auto  de  Infração  relativo  à  Contribuição  Provisória  sobre  Movimentação  ou  Transmissão de Valores e Créditos e Direitos de Natureza Financeira – CPMF (fls. 02/49). O  feito é relativo a fatos geradores ocorridos de abril de 2004 a outubro de 2007.  Por bem descrever os  fatos,  adoto o  relatório objeto da decisão  recorrida, a  seguir transcrito na sua integralidade:  Contra o contribuinte identificado no preâmbulo foi lavrado pela  DRF/Franca­SP  o  auto  de  infração  às  fls.  01/48,  formalizando  lançamento  de  ofício  de  crédito  tributário  proveniente  da  falta  de  recolhimento  de  CPMF  nos  períodos  de  apuração  de  07/04/2004  a  31/10/2007,  incluindo  juros  de  mora  e  multa  proporcional de 75%, totalizando R$ 2.726,15.  De  acordo  com  a  descrição  dos  fatos,  a  CPMF  devida  pelo  contribuinte  no  mencionado  período  não  foi  retida  pela  instituição  financeira  em  razão  de  medida  judicial  posteriormente  revogada,  e,  após  a  revogação,  não  havendo  saldo suficiente na conta corrente para que fossem efetuados os  débitos,  o  banco  remeteu  à  repartição  fazendária  a  listagem  prevista  no  inciso  IV  do  art.  24  da  IN  SRF  nº.  450,  de  2004,  discriminando  os  valores  devidos,  que  estão  sendo  exigidos  de  ofício com juros de mora e penalidade respectiva.  O  contribuinte  foi  cientificado  da  exigência  por  via  postal  em  20/02/2009  (imagem  à  fl.  57),  e,  irresignado  com  a  acusação  fiscal, apresentou em 11/03/2009 a impugnação acostada às fls.  59 e seguintes, da qual se extrai a síntese exposta a seguir:  a) que na condição de associado da entidade, foi beneficiário de  medida  liminar  em  ação  de  mandado  de  segurança  impetrado  pelo SINDICATO DOS TRABALHADORES NA INDÚSTRIA DE  ENERGIA  ELÉTRICA  DE  CAMPINAS,  em  razão  da  qual  as  instituições  financeiras  suspenderam  a  cobrança  da  CPMF,  tendo  sido  a  decisão  posteriormente  reformada  pelo  STF/3ª  Região, levando a RFB a instaurar procedimento de fiscalização  do qual resultou o presente auto de infração;   b) todavia, em vista do montante do crédito exigido ser inferior  a R$ 10.000,00, deve ser cancelado levando em conta a remissão  concedida pelo art.  14 da Medida Provisória nº.  449, de 2008,  cuja redação reproduz; e  Fl. 131DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/02/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 13855.000332/2009­21  Acórdão n.º 3402­002.886  S3­C4T2  Fl. 131          3  c) acaso superada essa prejudicial de mérito, que se considere  que o impugnante não deixou de recolher a CPMF por decisão  voluntária, com intuito de sonegação, razão porque não há que  se cogitar da aplicação da multa de ofício de 75%,  imposta no  auto  de  infração,  exigindo­se  apenas  os  juros  de mora, mesmo  porque  a  retenção  e  recolhimento  são  de  responsabilidade  da  instituição  financeira,  que  deve  responder  pela  penalidade  que  porventura houver.  Os  argumentos  aduzidos  pelo  sujeito  passivo,  no  entanto,  não  foram  acolhidos  pela  primeira  instância  de  julgamento  administrativo  fiscal,  conforme  ementa  do  Acórdão abaixo transcrito:   ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  PROVISÓRIA  SOBRE  MOVIMENTAÇÃO  OU  TRANSMISSÃO  DE  VALORES  E  DE  CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF  Período de apuração: 07/04/2004 a 31/10/2007   REMISSÃO. IMPOSSIBILIDADE.  É  inaplicável  o  benefício  da  remissão  autorizada  pela Medida  Provisória  nº.  449,  de  2008,  aos  débitos  relativos  a  fatos  geradores  cujos  vencimentos  ocorreram  posteriormente  à  data  de 31/12/2002.  MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO.  Na  ausência  de  recolhimento  espontâneo  pelo  sujeito  passivo,  cabe a constituição do crédito tributário mediante lançamento de  ofício, com a respectiva penalidade prevista em lei.  Impugnação Improcedente   Crédito Tributário Mantido  Cientificado da  referida  decisão  em 13/09/2013  (fl.  105),  o  interessado,  em  30/09/2013  (fl.  107),  apresentou  o  recurso  voluntário  de  fls.  107/114,  com  as  alegações  resumidas abaixo:  a)  que  foi  beneficiário  de medida  liminar  obtida  em  ação  de Mandado  de  Segurança Coletivo  impetrado  por  sindicato  representativo  de  sua  categoria  profissional  que  determinou  que  as  instituições  financeiras  suspendessem  a  retenção  da  CPMF  nas  movimentações  financeiras  dos  representados.  A  liminar  foi  confirmada  em  decisão  de  primeiro grau. A decisão foi reformada pelo TRF da 3ª Região no julgamento do Recurso de  Apelação  interposto  pela  União  Federal,  após  o  que  as  instituições  bancárias  retomaram  a  retenção da CPMF nas movimentações financeiras, inclusive as praticadas pelo Recorrente;  b)  diante  disto,  preliminarmente,  que  seja  declarada  a  remissão/anistia  do  lançamento  de  ofício  objeto  desta  impugnação,  declarando­se  a  inexigibilidade  do  crédito  tributário, vez que o valor é inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), de acordo com o artigo 14  da Medida Provisória 449, de 03/12/ 2008;  c) alternativamente, seja excluída a multa de ofício de 75% (setenta e cinco  por cento), vez que não se verifica a presença do elemento subjetivo intencional de sonegação;  Fl. 132DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/02/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA   4 Diante  do  exposto,  estando  plenamente  demonstrada  a  insubsistência  e  improcedência do lançamento, requer que seja conhecido e provido este Recurso Voluntário.  É o relatório.  Voto             Conselheiro Waldir Navarro Bezerra  Admissibilidade do recurso  A recorrente foi cientificada da referida decisão em 13/09/2013 (fl. 105). Em  30/09/2013  (fl.  107),  apresentou  o  recurso  voluntário  de  fls.  107/114,  portanto  tempestivo  e  preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido.   Ressalte­se que o recorrente não nega a sua condição de contribuinte de fato  da CPMF, e nem poderia fazê­lo, a teor da clara determinação nesse sentido do artigo 4° da Lei  n°  9.311,  de  24  de  outubro  de  1996.  Quanto  à  responsabilização  pelo  recolhimento  da  contribuição nos casos em que não tenha havido a sua retenção, sejam quais tenham sido seus  motivos, pode ser ela identificada na leitura no § 3° do artigo 5° da Lei n° 9.311, de 1996, ou  seja, é do contribuinte, em caráter supletivo.  Preliminar de remissão dos débitos  Alega o recorrente, preliminarmente, que o crédito tributário lançado no Auto  de Infração, foi anistiado/remitido, em face da edição da Medida Provisória n° 449, de 03 de  dezembro de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, que concedeu anistia aos débitos de  contribuintes até o limite de R$ 10.000,00 (dez mil reais).  Assim, de forma direta, passa­se a analisar o que quedou­se estabelecido no  art. 14 da citada Lei em relação aos valores anistiados:  Lei nº 11.941, de 2009   Art.  14.  Ficam  remitidos  os  débitos  com  a  Fazenda  Nacional,  inclusive  aqueles  com  exigibilidade  suspensa  que,  em  31  de  dezembro de 2007, estejam vencidos há 5 (cinco) anos ou mais  e cujo valor total consolidado, nessa mesma data, seja igual ou  inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).  § 1º O limite previsto no caput deste artigo deve ser considerado  por sujeito passivo e, separadamente, em relação:  I – aos débitos inscritos em Dívida Ativa da União, no âmbito da  Procuradoria  Geral  da  Fazenda  Nacional,  decorrentes  das  contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo  único  do  art.  11  da  Lei  nº  8.212,  de  24  de  julho  de  1991,  das  contribuições  instituídas  a  título  de  substituição  e  das  contribuições  devidas  a  terceiros,  assim  entendidas  outras  entidades e fundos;   II – aos demais débitos inscritos em Dívida Ativa da União, no  âmbito da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional;  Fl. 133DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/02/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 13855.000332/2009­21  Acórdão n.º 3402­002.886  S3­C4T2  Fl. 132          5 III – aos débitos decorrentes das contribuições sociais previstas  nas  alíneas  a,  b  e  c  do  parágrafo  único  do  art.  11  da  Lei  nº  8.212,  de  24  de  julho  de  1991,  das  contribuições  instituídas  a  título  de  substituição  e  das  contribuições  devidas  a  terceiros,  assim entendidas outras entidades e  fundos, administrados pela  Secretaria da Receita Federal do Brasil; e   IV  –  aos  demais  débitos  administrados  pela  Secretaria  da  Receita Federal do Brasil.  (...) ...(grifou­se).  Como se vê, uma das condições para que o débito  seja anistiado é que, em  31/12/2007 esteja vencido há mais de cinco anos, situação que não se configura no caso sob  exame no qual os créditos mais antigos datam de 04/2004.  Não resta dúvida que a remissão prevista beneficia exclusivamente os débitos  vencidos até 31/12/2002,  isto é, cinco anos anteriores (ou mais) a 31/12/2007, o que não é o  caso do presente auto, que alcança fatos geradores cujos vencimentos ocorreram a partir de  07/04/2004.  Portanto, a situação em tela não se amolda à hipótese de remissão prevista na  Medida Provisória nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009.  Rejeito, assim, pelo fundamento acima, a preliminar suscitada.  Da multa de ofício aplicada (de 75%)  O recorrente aduz em seu recurso, que somente deixou de recolher a CPMF  em virtude de decisão judicial, inicialmente por força de medida liminar e depois em razão de  decisão de mérito, proferida pela 7ª Vara Cível Federal de São Paulo (SP). Portanto, não houve  qualquer  intenção  em  fraudar,  frustrar  o  sonegar  o  recolhimento  do  tributo,  vez  que  imediatamente após a reforma da decisão de primeiro grau, as instituições financeiras voltaram  a descontar normalmente e a recolher a CPMF aos cofres da Fazenda Nacional.  Nestas circunstâncias, não tendo havido a prática de qualquer ato voluntário  do recorrente que pudesse ser considerado como fraude ou sonegação, não há que se cogitar na  aplicação da multa de ofício de 75%, imposta no Auto de Infração.  Em relação à multa de ofício aplicada e os  juros de mora, estão prevista na  própria Lei que instituiu a CPMF (artigo 13 e 14, da Lei n° 9.311/96) e devem ser mantidos.  Veja­se:  Art. 13. A contribuição não paga nos prazos previstos nesta Lei  será acrescida de:  I ­  juros equivalentes à  taxa referencial do Sistema Especial de  Liquidação e Custódia ­ SELIC, para títulos federais, acumulada  mensalmente,  calculados  a  partir  do  primeiro  dia  do  mês  subseqüente ao do vencimento da obrigação até o último dia do  mês  anterior  ao  do  pagamento  e  de  um  por  cento  no  mês  do  pagamento;  Fl. 134DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/02/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA   6 II ­ multa de mora aplicada na forma do disposto no inciso II do  art. 84 da Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995.  Art.14.  Nos  casos  de  lançamento  de  ofício,  aplicar­se­á  o  disposto  nos  arts.  44,  47  e  61  da  Lei  nº  9.430,  de  27  de  dezembro de 1996 (grifou­se).  A  Instrução  Normativa  SRF  nº  89,  de  2000,  assumindo  o  instituto  da  responsabilidade  supletiva  do  contribuinte  pela  CPMF  não  retida  pela  instituição  bancária,  reafirmou  o  dever  do  lançamento  da  contribuição,  acrescida  de multa  de  ofício  e  juros  de  mora, contra a própria contribuinte caso a CPMF não seja retida, mesmo nas situações em que  a falta de retenção tenha se justificado por força de medida judicial posteriormente levantada:  Instrução Normativa nº 89, de 2000:  Art.  3º  A  não  retenção  da  contribuição,  nas  hipóteses  estabelecidas nesta Instrução Normativa sujeita o contribuinte a  lançamento de ofício.  Parágrafo  único. Na hipótese  deste  artigo,  a  contribuição  será  acrescida de:  I – juros de mora, determinados de conformidade com o inciso I  do § 2º do art.2º (juros equivalente à taxa SELIC)   II – multa de lançamento de ofício, de 75% a 225%, conforme o  caso.  Assim,  não  tendo  havido  retenção  da  CPMF  por  parte  das  instituições  financeiras, deve o Fisco exigir do contribuinte, devedor principal e responsável supletivo por  dívida própria, a satisfação do crédito tributário.   Ainda quanto à pretensão de exclusão da multa de ofício, há que se observar  primeiramente o que determina o mandamento expresso no art. 63, § 2º., da Lei nº. 9.430, de  1996, verbis:  Art. 63 (...).  §  2º  A  interposição  da  ação  judicial  favorecida  com  a medida  liminar  interrompe  a  incidência  da  multa  de  mora,  desde  a  concessão  da  medida  judicial,  até  30  dias  após  a  data  da  publicação da  decisão  judicial  que  considerar  devido  o  tributo  ou contribuição.  Do  dispositivo  acima,  interpretando­se  literalmente,  resta  claro  que  não  haveria  incidência  sequer  de  multa  de  mora  se  o  sujeito  passivo  houvesse  efetuado  o  recolhimento da obrigação que se encontrava com a exigibilidade suspensa em até trinta dias  após a publicação da decisão judicial que considerou devida a contribuição.  No caso sob exame, entendo que corretamente, a fiscalização enquadrou­o no  art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430/96:  Art. 44. Nos  casos de  lançamento de ofício,  serão aplicadas as  seguintes multas:  (Redação  dada  pela  Lei  nº  11.488,  de  15  de  junho de 2007).  I  ­  de  75%  (setenta  e  cinco  por  cento)  sobre  a  totalidade  ou  diferença  de  imposto  ou  contribuição  nos  casos  de  falta  de  Fl. 135DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/02/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 13855.000332/2009­21  Acórdão n.º 3402­002.886  S3­C4T2  Fl. 133          7 pagamento  ou  recolhimento,  de  falta  de  declaração  e  nos  de  declaração inexata; (grifou­se).  Ainda no que respeita à imposição da multa de ofício, cumpre esclarecer que  a responsabilidade por infrações da legislação tributária possui caráter objetivo, independendo  da  intenção do sujeito passivo. Em outras palavras, basta para caracterizá­la a prática do  ato  que  infringe  a norma  tributária,  sendo  irrelevantes os motivos que  eventualmente possam  ter contribuído para tal conduta. Trata­se de princípio consagrado no próprio CTN, cujo art.  136 dispõe:  Lei nº 5.172, de 1966 (CTN)  Art.  136.  Salvo  disposição  de  lei  em  contrário,  a  responsabilidade  por  infrações  da  legislação  tributária  independe  da  intenção  do  agente  ou  do  responsável  e  da  efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.  No caso destes autos, a multa de ofício foi lançada como penalidade porque o  recorrente,  na  qualidade  de  responsável  suplente  pelo  adimplemento  da  CPMF,  deixou  de  efetuar o pagamento da obrigação.     Conclusão  Diante das considerações e fundamentos acima expostos, voto no sentido de  conhecer do recurso voluntário, para rejeitar as preliminares e no mérito negar provimento ao  recurso, mantendo integralmente o decidido pela DRJ em Brasília.        (assinado digitalmente)  Waldir Navarro Bezerra – Relator                                      Fl. 136DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/02/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA

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Numero do processo: 10830.001045/99-78
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1992 CIÊNCIA MEDIANTE EDITAL DOS ATOS E TERMOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PERÍODO ANTERIOR AO ADVENTO DA LEI 11.196/05. NECESSIDADE CUMULATIVA DE TENTATIVA DE INTIMAÇÃO PESSOAL E VIA POSTAL. Antes da alteração do art. 23 do Decreto nº 70.235/72, promovida pela Lei nº 11.196/05, a ciência mediante edital dos atos e termos do processo administrativo fiscal demandava a anterior realização cumulativa de tentativas de intimação pessoal e via postal. RETENÇÃO INDEVIDA DE IR SOBRE VERBAS DE PDV ANTES DO ADVENTO DA LC 118/2005. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. PRAZO DECENAL. DECISÃO DO STJ NO RESP 1.002.932 SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC. Em conformidade com a decisão do STJ no REsp nº 1.002.932, proferida em sede de recurso repetitivo, no caso de retenções indevidas de imposto de renda sobre verbas percebidas a título de adesão a Programa de Demissão Voluntária, ocorridas antes do advento da LC nº 118/2005, o prazo para o contribuinte pleitear a restituição do indébito deve observar a contagem de dez anos a partir da ocorrência do fato gerador (tese dos “cinco mais cinco”). Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.933
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo - Presidente Ronnie Soares Anderson - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2068; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C4T2  Fl. 78          1  77  S2­C4T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10830.001045/99­78  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2402­004.933  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  28 de janeiro de 2016  Matéria  IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Recorrente  MARIA DE FÁTIMA ORDONEZ  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Ano­calendário: 1992  CIÊNCIA MEDIANTE EDITAL DOS ATOS E TERMOS DO PROCESSO  ADMINISTRATIVO FISCAL. PERÍODO ANTERIOR AO ADVENTO DA  LEI  11.196/05.  NECESSIDADE  CUMULATIVA  DE  TENTATIVA  DE  INTIMAÇÃO PESSOAL E VIA POSTAL.  Antes da alteração do art. 23 do Decreto nº 70.235/72, promovida pela Lei nº  11.196/05,  a  ciência  mediante  edital  dos  atos  e  termos  do  processo  administrativo  fiscal  demandava  a  anterior  realização  cumulativa  de  tentativas de intimação pessoal e via postal.   RETENÇÃO  INDEVIDA DE  IR SOBRE VERBAS DE PDV ANTES DO  ADVENTO DA LC 118/2005. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. CONTAGEM  DO PRAZO DECADENCIAL. PRAZO DECENAL. DECISÃO DO STJ NO  RESP 1.002.932 SOB O RITO DO ART. 543­C DO CPC.  Em conformidade com a decisão do STJ no REsp nº 1.002.932, proferida em  sede  de  recurso  repetitivo,  no  caso  de  retenções  indevidas  de  imposto  de  renda  sobre  verbas  percebidas  a  título  de  adesão  a  Programa  de Demissão  Voluntária,  ocorridas  antes  do  advento  da  LC  nº  118/2005,  o  prazo  para  o  contribuinte  pleitear  a  restituição  do  indébito  deve  observar  a  contagem  de  dez anos a partir da ocorrência do fato gerador (tese dos “cinco mais cinco”).  Recurso Voluntário Provido.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 10 45 /9 9- 78 Fl. 86DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO     2    Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  dar  provimento ao recurso voluntário.      Ronaldo de Lima Macedo ­ Presidente      Ronnie Soares Anderson ­ Relator    Participaram  do  presente  julgamento  os  Conselheiros:  Ronaldo  de  Lima  Macedo,  Kleber  Ferreira  de  Araújo,  Lourenço  Ferreira  do  Prado,  Ronnie  Soares  Anderson,  Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.  Fl. 87DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10830.001045/99­78  Acórdão n.º 2402­004.933  S2­C4T2  Fl. 79          3    Relatório  Trata­se  de  recurso  voluntário  interposto  contra  acórdão  da  Delegacia  da  Receita  Federal  de  Julgamento  em  Campinas  (SP)  ­  DRJ/CPS,  que  indeferiu  pedido  de  retificação  de  declaração,  cumulado  com  restituição  de  imposto  de  renda  incidente  sobre  pagamentos  feitos  a  título de Programa de Demissão Voluntária  (PDV)  relativo  ao  exercício  1993.  A controvérsia foi bem descrita no relatório da decisão a quo:  Apreciando  o  pleito,  a DRF/Campinas/sp  proferiu  o  despacho  decisório  n.°  10830/GD/0158/2000  em  11/01/2000,  indeferindo  o  pedido,  com  base  no  Ato  Declaratório  n.°  96,  de  26/11/99,  que  dispõe  ser  de  5  (cinco)  anos  o  prazo  decadencial para requerer restituição de imposto de renda retido na fonte em razão  de PDV — Programa de Demissão Voluntária.  Inconformada  com  a  solução  dada  à  sua  solicitação,  a  contribuinte  interpôs  impugnação  tempestiva,  de  fls.  15  [fls.  24/38],  argumentando,  em  síntese,  o  seguinte:  a) Em 31/12/98, a SRF editou a IN n.° 165 e em 07/01/99 o Ato Declaratório  n.°  003,  que  dispõem  sobre  a  demissão  voluntária,  tendo  o  Secretário  da  Receita  Federal convocado a  imprensa para orientar os contribuintes participantes de PDV  no ano de 1998 que fizessem o pedido de restituição do imposto de renda através da  entrega da declaração do exercício de 1999;  b)  A  mesma  autoridade  fiscal  esclareceu,  também,  que  para  os  exercícios  anteriores,  seria  necessário  retificar  a  declaração  do  exercício  em  que  tivesse  ocorrido a participação em PDV;  c) O despacho decisório que indeferiu a solicitação de restituição do imposto  afirma  que  o  direito  estaria  decaído,  em  função  de  ter  expirado  o  prazo  para  o  pedido;  d)  Entretanto,  se  tivesse  entrado  com  retificadora  antes  dos  normativos  retrocitados,  a  mesma  seria  indeferida,  pois  o  reconhecimento  da  isenção  só  foi  aprovado em 31/12/98;  e)  Solicita  revisão  do  assunto,  pois  em  exercícios  anteriores,  as  declarações  retificadoras apresentadas foram indeferidas.  A  instância  de  primeiro  grau  indeferiu  a  solicitação  em  19/5/2000  (fls.  20/22),  considerando,  com  base  no  Ato  Declaratório  nº  96,  de  26  de  novembro  de  1999,  decaído o prazo de cinco anos para  a  formulação de pedido de  restituição atinentes a verbas  auferidas no contexto de adesão a Programa de Demissão Voluntária.  Houve  tentativa  de  ciência  postal  do  acórdão  prolatado  (fls.  38/39),  a  qual  restou  sem  resultado,  acarretando  a  lavratura  do  Edital  nº  10830/052/2000  (fl.  41).  Transcorrido o prazo para a interposição de recurso voluntário, o processo foi arquivado (fls.  42/43).  Fl. 88DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO     4  Em 11/9/2008,  procurador  do  contribuinte  compulsou  os  autos  do  processo  (fl.  44),  do  que  decorreu  a  interposição  no  dia  30/3/2009  do  recurso  voluntário  ora  em  apreciação, o qual veicula, em resumo, as seguintes razões (fls. 50/74):  ­ é nula a ciência editalícia realizada, pois não esgotadas as possibilidades de  intimação;  ­ são inválidas as prescrições do Ato Declaratório nº 96/1999, de acordo com  as observações que tece e "convicções hauridas da jurisprudência";  ­ é aplicável "prazo de dez anos definido pelo STJ".  Demanda,  ao  final,  o  reconhecimento  do  seu  direito  ao  imposto  de  renda  indevidamente cobrado sobre indenização recebida no âmbito de PDV.  É o relatório.  Fl. 89DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10830.001045/99­78  Acórdão n.º 2402­004.933  S2­C4T2  Fl. 80          5    Voto             Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator  Mister  analisar  de  plano  a  tempestividade  do  recurso  interposto,  tendo  em  vista que o acórdão objurgado foi exarado em 19/5/2000 e a inconformidade recursal ventilada  tão somente em 30/3/2009.  No ano calendário 2000, época  em que se deram as  intimações  sob  foco, o  art.  23  do  Decreto  nº  70.235,  de  6  de  março  de  1972,  vigia  com  a  seguinte  redação,  aqui  reproduzida no que relevante para o caso abordado:  Art. 23. Far­se­á a intimação:  I ­pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão  preparador,  na  repartição  ou  fora  dela,  provada  com  a  assinatura  do  sujeito  passivo,  seu mandatário  ou  preposto,  ou,  no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar;  II ­por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via,  com  prova  de  recebimento  no  domicílio  tributário  eleito  pelo  sujeito passivo;  III  ­  por  edital,  quando  resultarem  improfícuos  os  meios  referidos nos incisos I e II.  (...) (grifei)  Ou  seja,  necessária  era  que  fossem  esgotadas  as  tentativas  de  intimação  pessoal  e  via  postal  para  que  pudesse  a  ciência  dos  atos  do  processo  ser  feita  por  edital.  Tratavam­se  de  requisitos  cumulativos,  e  não  alternativos,  como  vigorou  após  o  advento  da  novel redação desse dispositivo legal, levada a efeito pela Lei nº 11.196, de 21 de novembro de  2005.  Da  leitura  dos  autos,  pode  ser  constatado  que  foi  realizada  tentativa  de  ciência  da  decisão  da  DRJ/CPS  apenas  por  via  postal  (fls.  39/40),  não  tendo  sido  realizada  qualquer diligência para fins realizar a ciência pessoal da interessada.  Observe­se que a correspondência em questão, endereçada ao domicílio fiscal  da  contribuinte  (fls.  6  e  39),  retornou  após  três  tentativas  de  entrega  naquele  local  (em  30/6/2000,  3/7/2000  e  4/7/2000),  com  o  registro  "Ausente"  sendo  aposto  no  final.  Posteriormente,  dada  a  sua  não  retirada  por  parte  da  destinatária  na  agência  postal,  foi  a  correspondência devolvida ao emitente ­ DRF/Campinas, em 28/7/2000.  Inexistindo evidência de que a contribuinte residia em outro lugar à ocasião,  deveria ter a repartição de origem procurado realizar a ciência pessoal da decisão em comento;  não  o  fazendo,  descumpriu  os  termos  do  inciso  III  do  art.  23  do  Decreto  nº  70.235/72,  ao  buscar efetivar, na sequência, essa ciência mediante a afixação do Edital nº 10830/052/2000.   Fl. 90DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO     6  Deve  ser  assim  reconhecida como nula essa  intimação via  edital,  e  acatado  como  tempestivo o  recurso voluntário  interposto, o qual,  atendendo aos demais  requisitos de  admissibilidade, merece conhecimento.  No pertinente à decadência, frise­se que o prazo para a extinção do direito do  sujeito passivo pleitear a restituição de tributo indevidamente pago, sujeito ao lançamento por  homologação,  é  matéria  que  foi  objeto  de  apreciação  por  parte  da  1ª  Seção  do  Superior  Tribunal de Justiça (STJ), no REsp nº 1.002.932. Julgado em 25/11/2009, em sede de recurso  repetitivo  (art.  543­C  do  Código  de  Processo  Civil),  o  respectivo  acórdão  traz  a  seguinte  ementa, parcialmente transcrita:  PROCESSUAL  CIVIL.  RECURSO  ESPECIAL  REPRESENTATIVO  DE  CONTROVÉRSIA.  ART.  543­C,  DO  CPC.  TRIBUTÁRIO.  AUXÍLIO  CONDUÇÃO.  IMPOSTO  DE  RENDA.  TRIBUTO  SUJEITO  A  LANÇAMENTO  POR  HOMOLOGAÇÃO.  PRESCRIÇÃO.  TERMO  INICIAL.  PAGAMENTO  INDEVIDO.  ARTIGO  4º,  DA  LC  118/2005.  DETERMINAÇÃO  DE  APLICAÇÃO  RETROATIVA.  DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE  DIFUSO. CORTE ESPECIAL. RESERVA DE PLENÁRIO.   1. O princípio da irretroatividade impõe a aplicação da LC 118,  de 9 de fevereiro de 2005, aos pagamentos indevidos realizados  após a sua vigência e não às ações propostas posteriormente ao  referido  diploma  legal,  posto  norma  referente  à  extinção  da  obrigação e não ao aspecto processual da ação correspectiva.   2.  O  advento  da  LC  118/05  e  suas  conseqüências  sobre  a  prescrição, do ponto de vista prático, implica dever a mesma ser  contada  da  seguinte  forma:  relativamente  aos  pagamentos  efetuados a partir da sua vigência (que ocorreu em 09.06.05), o  prazo para a repetição do indébito é de cinco a contar da data  do  pagamento;  e  relativamente  aos  pagamentos  anteriores,  a  prescrição  obedece  ao  regime  previsto  no  sistema  anterior,  limitada,  porém,  ao  prazo  máximo  de  cinco  anos  a  contar  da  vigência da lei nova.   3. Isto porque a Corte Especial declarou a inconstitucionalidade  da  expressão  "observado,  quanto  ao  art.  3º,  o  disposto  no  art.  106,  I,  da  Lei  nº  5.172,  de  25  de  outubro  de  1966  ­  Código  Tributário Nacional", constante do artigo 4º, segunda parte, da  Lei Complementar 118/2005 (AI nos ERESP 644736/PE, Relator  Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 06.06.2007)  4. Deveras,  a  norma  inserta  no  artigo  3º,  da  lei  complementar  em  tela,  indubitavelmente,  cria  direito  novo,  não  configurando  lei  meramente  interpretativa,  cuja  retroação  é  permitida,  consoante apregoa doutrina abalizada:  (...)  5. Consectariamente, em se  tratando de pagamentos  indevidos  efetuados  antes  da  entrada  em  vigor  da  LC  118/05  (09.06.2005), o prazo prescricional para o contribuinte pleitear  a  restituição  do  indébito,  nos  casos  dos  tributos  sujeitos  a  lançamento  por  homologação,  continua  observando  a  cognominada tese dos cinco mais cinco, desde que, na data da  Fl. 91DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10830.001045/99­78  Acórdão n.º 2402­004.933  S2­C4T2  Fl. 81          7  vigência da novel lei complementar, sobejem, no máximo, cinco  anos da contagem do lapso temporal (regra que se coaduna com  o disposto no artigo 2.028, do Código Civil de 2002, segundo o  qual: "Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por  este Código,  e  se,  na  data  de  sua  entrada  em  vigor,  já  houver  transcorrido  mais  da  metade  do  tempo  estabelecido  na  lei  revogada." ).   6.  Desta  sorte,  ocorrido  o  pagamento  antecipado  do  tributo  após a vigência da aludida norma jurídica, o dies a quo do prazo  prescricional  para  a  repetição/compensação  é  a  data  do  recolhimento indevido.   7.  In  casu,  insurge­se  o  recorrente  contra  a  prescrição  qüinqüenal  determinada  pelo  Tribunal  a  quo,  pleiteando  a  reforma  da  decisão  para  que  seja  determinada  a  prescrição  decenal,  sendo  certo  que  não  houve  menção,  nas  instância  ordinárias,  acerca  da  data  em  que  se  efetivaram  os  recolhimentos  indevidos,  mercê  de  a  propositura  da  ação  ter  ocorrido em 27.11.2002, razão pela qual forçoso concluir que os  recolhimentos  indevidos  ocorreram  antes  do  advento  da  LC  118/2005, por  isso que a  tese aplicável é a que  considera os 5  anos  de  decadência  da  homologação  para  a  constituição  do  crédito  tributário  acrescidos  de  mais  5  anos  referentes  à  prescrição da ação.   8.  Impende  salientar  que,  conquanto  as  instâncias  ordinárias  não  tenham  mencionado  expressamente  as  datas  em  que  ocorreram  os  pagamentos  indevidos,  é  certo  que  os  mesmos  foram  efetuados  sob  a  égide  da  LC  70/91,  uma  vez  que  a  Lei  9.430/96,  vigente  a  partir  de  31/03/1997,  revogou  a  isenção  concedida  pelo  art.  6º,  II,  da  referida  lei  complementar  às  sociedades  civis  de  prestação  de  serviços,  tornando  legítimo  o  pagamento da COFINS.   9.  Recurso  especial  provido,  nos  termos  da  fundamentação  expendida. Acórdão submetido ao regime do art. 543­C do CPC  e da Resolução STJ 08/2008.  A  tese  jurídica  firmada  no  precedente  em  questão  é  de  observância  obrigatória para este Colegiado, por força do § 2º do art. 62 do Regimento Interno do CARF  (RICARF  ­  Portaria  MF  nº  343,  de  9  de  junho  de  2015).  Note­se  que  a  jurisprudência  da  Câmara  Superior  de  Recursos  Fiscais  também  vem  reiteradamente  se  pronunciando  nesse  sentido,  havendo  consolidado  seu  entendimento  no  julgamento  realizado  em  8/12/2014  pelo  Tribunal Pleno, do Acórdão nº 9900­000.910, do qual aqui se reproduz a respectiva ementa:  IRPF  ­  VERBAS  INDENIZATÓRIAS  ­  PROGRAMA  DE  INCENTIVO  À  APOSENTADORIA  ­  RESTITUIÇÃO  ­ DECADÊNCIA.   O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos  Fiscais CARF, através de alteração promovida pela Portaria do  Ministro  da Fazenda  n.º  586,  de  21.12.2010  (Publicada  no  em  22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que  “As  decisões  definitivas  de  mérito,  proferidas  pelo  Supremo  Fl. 92DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO     8  Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria  infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543­B e  543­C  da  Lei  nº  5.869,  de  11  de  janeiro  de  1973,  Código  de  Processo Civil, deverão ser  reproduzidas pelos conselheiros no  julgamento  dos  recursos  no  âmbito  do  CARF”  (Art.62­A  do  anexo II).   O  STJ,  em  acórdão  submetido  ao  regime  do  artigo  543­C,  do  CPC definiu que para os recolhimentos indevidos que ocorreram  antes  do  advento  da  LC  118/2005  o  prazo  para  o  contribuinte  pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos  a  lançamento  por  homologação,  deve  observar  a  denominada  tese dos “cinco mais cinco”.(RESP nº 1.002.932).  Recurso extraordinário negado.  No caso concreto, merece realce que o litígio versa sobre a retenção indevida  de  imposto  de  renda  retido  na  fonte  sobre  verbas  percebidas  em  julho  de  1992,  consoante  documentos de fls. 10/11.  Como  cediço,  a  retenção  do  imposto  de  renda  na  fonte  é  técnica  de  arrecadação pela qual se transfere a terceiro vinculado ao fato gerador da obrigação tributária a  responsabilidade  de  arrecadar,  antecipadamente,  o  referido  tributo  em nome do  contribuinte.  Não  obstante  a  retenção  ter  sido  efetuada  por  terceiro,  ela  se  traduz  para  fins  legais  em  pagamento  realizado  pelo  próprio  sujeito  passivo,  tanto  que  a  ele  aproveita,  podendo  ser  compensado na declaração de ajuste.  Sendo  assim,  consubstanciam­se  em  antecipações  de  pagamentos,  aperfeiçoando­se o  fato gerador do  tributo em 31 de dezembro do  respectivo ano­calendário,  quando se pode apurar eventual existência de pagamento indevido ou a maior.   Havendo  sido  feitos  os  recolhimentos  em  julho  de 1992,  o  fato  gerador  do  IRPF perfez­se em 31/12/1992, fazendo jus a contribuinte ao direito de pleitear restituição até  31/12/2002,  nos  termos  das  decisões  de  referência.  Como  ela  ingressou  com  seu  pedido  de  restituição em 10/2/1999, inexiste decadência a ser decretada no particular.  Por fim, quanto aos rendimentos percebidos, ressalte­se que a administração  tributária em momento algum questionou tratarem­se eles de verbas recebidas no contexto de  adesão  a  Programa  de  Demissão  Voluntário  ­  PDV  instituído  pelo  ex­empregador  da  recorrente, a IBM Brasil ­ Inds. Máq. Servs. Ltda., CNPJ nº 33.372.251/0062­78, tomando tal  ponto  como  incontroverso,  e  baseando  suas  objeções  ao  pleito  de  restituição  na  suposta  decadência desse direito, com supedâneo nos preceitos do inciso II do Ato Declaratório SRF nº  96/1999.   Note­se  que  esse  Ato  versa  justamente  sobre  o  prazo  para  restituição  de  imposto de renda  retido na fonte  sobre verbas  indenizatórias a  título de incentivo à adesão a  PDV ­ vide decisões de fls. 11/12. Oportuno, também, transcrever a ementa da decisão a quo,  que reconhece tal natureza às verbas sob litígio:  PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. DECADÊNCIA.  Extingue­se em cinco anos, contados da data do recolhimento, o  prazo para pedido de restituição de imposto de renda retido na  fonte em razão de PDV.  Fl. 93DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10830.001045/99­78  Acórdão n.º 2402­004.933  S2­C4T2  Fl. 82          9  Destarte, inexiste controvérsia quanto ao fato de que os valores sob a rubrica  "IND. ESPONTÂNEA 24,360,745.50" (valor em cruzeiros) do Termo de Rescisão de Contrato  de Trabalho" (fl. 11) possuem natureza indenizatória, porquanto pagos em razão da adesão da  contribuinte ao PDV instituído pela pessoa jurídica empregadora.  Verificado  assim  não  ter  decaído  o  prazo  para  o  recorrente  postular  a  restituição dos valores retidos, deve ser recalculado o ajuste do imposto de renda,  levando­se  em  consideração  o montante  retido  na  fonte  sobre  as  verbas  indenizatórias  no  valor  de Cr$  24.360.745,50, para fins de apurar o correspondente novo saldo a restituir do tributo.  Ante  o  exposto,  voto  no  sentido  de  DAR  PROVIMENTO  ao  recurso  voluntário.    Ronnie Soares Anderson.                              Fl. 94DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO

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Numero do processo: 15540.720291/2011-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Mar 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 ACORDOS E CONVENÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO. DETERMINAÇÃO DE NÃO INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Em razão do princípio da estrita legalidade tributária, os acordos e convenções trabalhistas não podem contrariar a lei determinando a não incidência tributária sobre benefícios por eles previstos. AJUDA DE CUSTO PARA COMPRA DE UNIFORMES. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. Não incidem contribuições sobre a verba paga a título de ajuda de custo para compra de uniformes, haja vista que no caso sob apreciação trata-se de vestimenta obrigatória, caracterizando-se a parcela como necessária para execução dos serviços. INDENIZAÇÃO POR HORA REFEIÇÃO. SUPRESSÃO DO INTERVALO INTRAJORNADA POR PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO FIXADA EM CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. ART. 71§, 4.º DA CLT. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. A supressão do trabalho intrajornada é medida excepcional que, quando autorizada pelo Poder Judiciário, enseja o pagamento da remuneração do empregado com os acréscimos previstos em Lei e Convenção Coletiva, de modo que os valores pagos a este título visam retribuir o trabalho prestado em horário de descanso, sendo portanto integrantes da base de cálculo das contribuições sociais. Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.027
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para exclusão da base de cálculo a verba intitulada de "ajuda de custo/uniformes". Ronaldo de Lima Macedo - Presidente Kleber Ferreira de Araújo - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2187; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C4T2  Fl. 511          1  510  S2­C4T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  15540.720291/2011­87  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2402­005.027  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  17 de fevereiro de 2016  Matéria  CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS  Recorrente  VIACAO NOSSA SENHORA DO AMPARO LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008  ACORDOS  E  CONVENÇÕES  COLETIVAS  DE  TRABALHO.  DETERMINAÇÃO  DE  NÃO  INCIDÊNCIA  TRIBUTÁRIA.  IMPOSSIBILIDADE.  Em  razão  do  princípio  da  estrita  legalidade  tributária,  os  acordos  e  convenções  trabalhistas  não  podem  contrariar  a  lei  determinando  a  não  incidência tributária sobre benefícios por eles previstos.  AJUDA  DE  CUSTO  PARA  COMPRA  DE  UNIFORMES.  NÃO  INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES.  Não incidem contribuições sobre a verba paga a título de ajuda de custo para  compra  de  uniformes,  haja  vista  que  no  caso  sob  apreciação  trata­se  de  vestimenta  obrigatória,  caracterizando­se  a  parcela  como  necessária  para  execução dos serviços.  INDENIZAÇÃO POR HORA REFEIÇÃO. SUPRESSÃO DO INTERVALO  INTRAJORNADA  POR  PAGAMENTO  DE  REMUNERAÇÃO  FIXADA  EM CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. ART. 71§, 4.º DA CLT.  INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES.  A  supressão  do  trabalho  intrajornada  é  medida  excepcional  que,  quando  autorizada  pelo  Poder  Judiciário,  enseja  o  pagamento  da  remuneração  do  empregado  com  os  acréscimos  previstos  em  Lei  e Convenção Coletiva,  de  modo que os valores  pagos  a este  título visam  retribuir  o  trabalho prestado  em  horário  de  descanso,  sendo  portanto  integrantes  da  base  de  cálculo  das  contribuições sociais.  Recurso Voluntário Provido em Parte.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 54 0. 72 02 91 /2 01 1- 87 Fl. 511DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO     2  ACORDAM  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  dar  provimento parcial ao recurso voluntário, para exclusão da base de cálculo a verba intitulada de  "ajuda de custo/uniformes".    Ronaldo de Lima Macedo ­ Presidente    Kleber Ferreira de Araújo ­ Relator    Participaram  do  presente  julgamento  os  Conselheiros  Ronaldo  de  Lima  Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie  Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.  Fl. 512DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 15540.720291/2011­87  Acórdão n.º 2402­005.027  S2­C4T2  Fl. 512          3    Relatório  Trata­se de recurso  interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão n.º 12­ 48.402 de lavra da 10.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ  no Rio de Janeiro I (RJ), que julgou improcedente a impugnação apresentada para desconstituir  os seguintes Autos de Infração ­ AI:  a)  AI  n.º  37.263.432­0:  contribuições  patronais  para  a  Seguridade  Social,  inclusive  aquela  destinada  ao  financiamento  dos  benefícios  concedidos  em  razão  do  grau  de  incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT;  e  b) AI n.º 37.263.438­9: contribuições destinada a outras entidades ou fundos  (terceiros).  Segundo o relatório fiscal os fatos geradores contemplados nos lançamentos  foram  pagamentos  a  segurados  empregados  a  título  de  auxílio  para  aquisição  de  uniformes,  além de compensação pelo fracionamento e variação do intervalo alimentar, conforme previsão  em convenção coletiva de trabalho.  A  base  de  cálculo  foi  obtida mediante  verificação  da  folha  de  pagamento,  sendo que tais valores não foram declarados na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia  do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social ­ GFIP. Foi acostado demonstrativo  da apuração da base de cálculo.  A empresa ofertou  impugnação, cujas  razões não  foram acatadas pela DRJ,  que manteve integralmente o lançamento.  Na decisão mencionou­se que, malgrado os valores referentes a vestuário não  integrem  o  salário­de­contribuição,  o  pagamento  a  título  de  ressarcimento  de  despesas  para  aquisição de uniformes deve ser tributado pois assume nítida feição salarial, uma vez que pago  aos  empregados  em  valor  fixo  e  desvinculado  de  qualquer  necessidade  de  comprovação  das  despesas.  Em relação aos pagamentos em razão de supressão do intervalo intrajornada,  a DRJ concluiu que devem sofrer  incidência de  contribuições,  haja vista que  inexiste norma  excluindo  tais  parcelas  do  conceito  de  salário­de­contribuição.  Foi  colacionado  julgado  do  Tribunal Superior do Trabalho ­ TST, tratando essa verba como se fora horas extraordinárias.  Por  fim,  ressaltou­se  que  as  normas  coletivas  de  trabalho  não  são  hábeis  a  alterar  os  ditames  da  legislação  previdenciária,  assim,  mesmo  havendo  disposição  de  convenção coletiva atribuindo a determinada parcela o caráter indenizatório, a verba deve ser  tributada se a lei tratá­la de forma diversa.  Fl. 513DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO     4    Inconformada  com  a  decisão,  a  empresa  interpôs  recurso,  no  qual,  em  apertada síntese, trouxe à discussão os pontos abaixo.  A  verba  denominada  "uniformes"  não  é  fato  gerador  de  contribuições  previdenciárias.  Há  convenção  coletiva  de  trabalho  desvinculando  a  parcela  do  conceito  de  remuneração.  Cita o inciso I do art. 28 da Lei n.º 8.212/1991 para justificar a possibilidade  de delimitação do conceito de salário­de­contribuição por convenção coletiva.  Argumenta que o § 2.º  do art. 458 da CLT é enfático ao afastar a natureza  salarial das parcelas relacionadas a vestuário.  Volta a enfatizar que as convenções coletivas de trabalho tem status de norma  jurídica, sendo que as regras por elas previstas juntam­se às leis para normatizar as relação de  emprego.  A verba "uniforme", afirma, é paga não pelo trabalho, mas para execução dos  serviços, o que lhe retira a natureza de salário. Mesmo que a verba seja paga em pecúnia, não  há  alteração  na  sua  natureza  jurídica,  posto  que  a  CLT  não  veda  esta  modalidade  de  pagamento.  Discorre  acerca  do  princípio  da  legalidade  para  concluir  que  não  pode  ser  punido por uma conduta que não seja contrária ao ordenamento.  Afirma que se não há o motivo para o lançamento, este ato administrativo é  nulo de pleno direito, nos termos da alínea "d" do art. 2.º da Lei n.º 4.717/1965 (Lei da Ação  Popular).  Também  em  relação  à  verba  "indenização  de  intervalo  suprimido"  a  convenção coletiva fixa o seu caráter remuneratório.  Ressalta  que  o  fracionamento  e  a  indenização  do  repouso  intrajornada  foi  benéfica a todas as partes, sendo, inclusive, objeto de aprovação do Ministério do Trabalho e  Emprego, mediante a Portaria n.º 42/2007.  Sua exclusão do salário­de­contribuição pode ser enquadrada na  alínea "m"  do  item V do § 9.º do art. 214 do Regulamento da Previdência Social  ­ RPS, aprovado pelo  Decreto n.º 3.048/1999.  Cita  que  a  caracterização  do  pagamento  do  intervalo  intrajornada  como  indenização é matéria pacificada no TST, além de mencionar diversos julgados do CARF que  no seu entender caminham neste sentido.  Ao final, requereu a declaração de improcedência dos AI.  É o relatório.  Fl. 514DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 15540.720291/2011­87  Acórdão n.º 2402­005.027  S2­C4T2  Fl. 513          5    Voto             Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator  Admissibilidade  O  recurso  merece  conhecimento,  posto  que  preenche  os  requisitos  de  tempestividade e legitimidade.  Convenções  Coletivas  de  Trabalho  impossibilidade  de  derrogarem  a  legislação  previdenciária  A empresa menciona o inciso I do art. 28 da Lei n.º 8.212/1991 para justificar  a possibilidade das convenções coletivas de  trabalho de delimitar o campo de  incidência das  contribuições sociais. Vamos ler o dispositivo:  Art. 28. Entende­se por salário­de­contribuição:   I  ­  para  o  empregado  e  trabalhador  avulso:  a  remuneração  auferida  em uma ou mais  empresas,  assim  entendida  a  totalidade  dos  rendimentos  pagos,  devidos  ou  creditados  a  qualquer  título,  durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja  a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma  de utilidades  e os adiantamentos decorrentes de  reajuste  salarial,  quer  pelos  serviços  efetivamente  prestados,  quer  pelo  tempo  à  disposição  do  empregador  ou  tomador  de  serviços  nos  termos  da  lei  ou do  contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de  trabalho ou sentença normativa;   Essa  tese  não  se  sustenta.  A  interpretação  que  podemos  extrair  desse  dispositivo é que a totalidade dos rendimentos pagos aos trabalhadores como forma de retribuir  o  trabalho  compõe  a  base  de  cálculo  das  contribuições,  inclusive  o  pagamento  feito  em  contraprestação  ao  tempo  que  o  obreiro  fica  à  disposição  do  seu  patrão,  sem  trabalhar  efetivamente.  Em relação a esse período que não é efetivamente trabalhado, mas em que o  trabalhador de se mantém de sobreaviso, o legislador fez a ressalva que essa obrigação poderia  decorrer da lei, do contrato ou de norma coletiva de trabalho.  Vê­se que a citação a acordo ou convenção coletiva está vinculada apenas a  possibilidade  de  que  estes  instrumentos  criem  normas  para  delimitar  o  tempo  em  que  o  trabalhador  deva  ficar  à  disposição  da  empresa,  jamais  no  sentido  de  definir  o  que  seja  remuneração para fins da tributação previdenciária.  Por isso não cabe a interpretação de que o acordo/convenção coletiva possa  determinar  se  uma  parcela  se  submete  ou  não  há  incidência  de  contribuições,  posto  que  em  consonância  com o princípio  tributário da  reserva  legal,  apenas a  lei  em  sentido estrito pode  criar ou afastar hipótese de incidência tributária.  Fl. 515DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO     6  Como bem asseverou o julgador monocrático, o fato da disponibilização das  parcelas em questão estar previsto em norma coletiva de trabalho não altera sua natureza frente  as  normas  tributárias.  É  certo  que  as  convenções  coletivas  de  trabalho  são  de  observância  obrigatória  para  as  partes,  todavia,  não  estão  acima  da  legislação  de  custeio  da  Seguridade  Social.   Repetindo,  em  razão  do  princípio  da  estrita  legalidade  tributária,  nosso  ordenamento não admite que acordos entre patrões e empregados venham afastar a incidência  tributária sobre fatos que se amoldam às disposições legais.  Ajuda de custo para despesas com uniformes  Não  tenho  dúvida  de  que  a  verba  paga  aos  empregados  para  fazer  jus  à  despesas com a aquisição de uniformes não se subsume ao conceito de salário­de­contribuição.  Ora,  se  o  legislador  exclui  o  item  vestuário  do  campo  de  incidência  das  contribuições,  as  parcelas pagas, mesmo que em dinheiro, para esse fim devem ter o mesmo tratamento. É essa a  inteligência da alínea "r" do § 9.º do art. 28 da Lei n.º 8.212/1991.   Os  pagamentos  efetuados  a  este  título  se  deram  por  força  de  convenção  coletiva de trabalho, na qual fora estabelecido que o fornecimento de uniforme necessário ao  trabalho  dar­se­ia  por  meio  de  mecanismo  de  indenização  dos  funcionários,  firmando­se  naquele  instrumento de  que  a  ajuda de  custo  assim acordada não possuiria natureza  salarial,  não  se  incorporando ao  salário para  todos  os  fins. É o que  se vê Cláusula 22 da Convenção  Coletiva de Trabalho:  CLÁUSULA  22  ­  As  empresas  concederão  aos  motoristas,  cobradores, fiscais e despachantes, que tenham mais de 15 dias em  cada mês, e a título de ajuda de custo para aquisição de uniformes,  o  valor  quadrimestral  de  R$  55,00  (cinquenta  e  cinco  reais),  contado o quadrimestre a partir de 01/04/2008.  § ÚNICO  ­ A ajuda de custo ora ajustada não possuirá natureza  salarial,  não  se  incorporando ao  salário para qualquer  efeito, na  forma do artigo 458, parágrafo 2.º, da CLT.  Verifico que os argumentos do sujeito passivo são consistentes, uma vez que  de fato essa verba é utilizada para compra de uniformes, os quais são de uso obrigatório pelos  empregados  em  serviços  de  transporte  urbano  de  passageiros  nos  termos  do  Decreto  n.º  3.893/81 que Regulamenta o Transporte Rodoviário  Intermunicipal de Passageiros no Estado  do Rio de Janeiro. Assim a verba assume feição não salarial, haja vista que direcionada para  suprir o trabalhador do fardamento necessário ao exercício laboral.  Outra questão que merece o nosso destaque é que não se está diante de mera  norma de regulamento empresarial, mas de convenção firmada entre sindicatos, a qual somente  poderia dar margens  a questionamentos quanto  à possível ocorrência de  fraude,  caso o  fisco  demonstrasse que a verba foi utilizada para outra finalidade ou mesmo que o seu valor  fosse  incompatível com o custo dos uniformes. Isso não encontrei no relatório fiscal.  Sobre o assunto, também já se manifestou este Conselho em caso idêntico, no  qual também era concedida a funcionários ajuda de custo para uniformes. O julgamento restou  assim ementado (Acórdão 2403­001.727):  ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008  Fl. 516DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 15540.720291/2011­87  Acórdão n.º 2402­005.027  S2­C4T2  Fl. 514          7  UNIFORME  Não  integra  o  salário  de  contribuição  o  valor  correspondente  a  vestuário  fornecido  ao  empregado  e  utilizados  no  local  do  trabalho  para  prestação  dos  respectivos  serviços  Recurso Voluntário Provido em Parte   Essa mesma linha foi adotada em julgamento realizado em 15/05/2014, onde,  por unanimidade afastou­se a tributação sobre esta verba (Acórdão 2401­003.542).  Feitas  essa  considerações,  concluo  pela  não  incidência  das  contribuições  previdenciárias sobre a parcela em questão.  Pagamentos pela supressão do intervalo  O fundamento adotado pelo fisco para tributar essa rubrica foi o fato do art.  28,  §9.º  da  Lei  8.212/1991  não  possuir  previsão  expressa  para  a  não  incidência  de  contribuições  previdenciárias  sobre  os  valores  pagos  a  título  de  supressão  do  intervalo  alimentar.  A empresa apresenta decisões  judiciais e administrativas que  reconhecem o  caráter indenizatório da parcela, assim, por não possuir feição remuneratória, esse pagamento  não poderia ser considerada fato gerador de contribuições sociais.  O direito do empregado de ser compensado pela não concessão pela empresa  do intervalo intrajornada encontra­se garantido na CLT, nos seguintes termos:  Art.  71 Em qualquer  trabalho  contínuo,  cuja  duração  exceda de  6  (seis)  horas,  é  obrigatória  a  concessão  de  um  intervalo  para  repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e,  salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá  exceder de 2 (duas) horas.  (...)  § 4º Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste  artigo, não  for concedido pelo empregador, este  ficará obrigado a  remunerar  o  período  correspondente  com  um  acréscimo  de  no  mínimo 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da remuneração da  hora normal de trabalho.  Observe  que  a  dicção  do  §  4.º  acima  não  deixa  dúvida  que  se  trata  de  remuneração, a qual recebe o mesmo tratamento da hora extra, ganhando o incremento de 50%  sobre a hora normal.   É cediço que a hora extraordinária, por se enquadrar no conceito de salário­ de­contribuição,  conforme  inciso  I  do  art.  28  da  Lei  n.º  8.212/1991,  sofre  a  incidência  previdenciária. Assim, a mesma conclusão se deve ter acerca dos valores pagos por supressão  do descanso intrajornada.  Esse  posicionamento  encontra  guarida  na  jurisprudência  do  TST,  de  onde  extraí a seguinte súmula:  Súmula nº 437 do TST   Fl. 517DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO     8  INTERVALO  INTRAJORNADA  PARA  REPOUSO  E  ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão  das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da  SBDI­1) ­ Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012   I  ­  Após  a  edição  da  Lei  nº  8.923/94,  a  não­concessão  ou  a  concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso  e  alimentação,  a  empregados  urbanos  e  rurais,  implica  o  pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele  suprimido,  com  acréscimo  de,  no  mínimo,  50%  sobre  o  valor  da  remuneração  da  hora  normal  de  trabalho  (art.  71  da  CLT),  sem  prejuízo  do  cômputo  da  efetiva  jornada  de  labor  para  efeito  de  remuneração.   II  ­  É  inválida  cláusula  de  acordo  ou  convenção  coletiva  de  trabalho  contemplando  a  supressão  ou  redução  do  intervalo  intrajornada  porque  este  constitui  medida  de  higiene,  saúde  e  segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art.  71  da  CLT  e  art.  7º,  XXII,  da  CF/1988),  infenso  à  negociação  coletiva.   III ­ Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da  CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de  1994,  quando  não  concedido  ou  reduzido  pelo  empregador  o  intervalo  mínimo  intrajornada  para  repouso  e  alimentação,  repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais.  IV  ­  Ultrapassada  habitualmente  a  jornada  de  seis  horas  de  trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma  hora,  obrigando  o  empregador  a  remunerar  o  período  para  descanso  e  alimentação  não  usufruído  como  extra,  acrescido  do  respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da  CLT.   Também  na  jurisprudência  desse  tribunal  são  várias  as  decisões  com  esse  mesmo entendimento, das quais posso citar os acórdãos n.º 2403­002.922 e n.º 2401­003.542.  Assim, não deve ser  acatado o  argumento  recursal  quanto  à exclusão dessa  parcela da base de cálculo   Conclusão  Voto  por  conhecer  do  recurso  e  lhe  dar  provimento  parcial  para  que  seja  excluída da apuração a verba "ajuda de custo ­ uniformes".   Kleber Ferreira de Araújo.                              Fl. 518DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO

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6308092 #
Numero do processo: 13982.000102/2004-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Mar 11 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2102-000.083
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento deste recurso até que transite em julgado o acórdão do Recurso Extraordinário nº 614.406, nos termos do artigo 62A, do Anexo II, do RICARF. Assinado digitalmente. Jose Raimundo Tosta Santos, Presidente na data da formalização. Assinado digitalmente. Rubens Maurício Carvalho – Relator. EDITADO EM: 23/01/2014 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Giovanni Christian Nunes Campos (Presidente), Rubens Mauricio Carvalho, Núbia Matos Moura, Atilio Pitarelli, Roberta De Azeredo Ferreira Pagetti, Carlos André Rodrigues Pereira Lima.
Nome do relator: Não se aplica

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/01/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 23/01/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 28/01/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13982.000102/2004­01  Resolução nº  2102­000.083  S2­C1T2  Fl. 11          2  Em consulta ao “Demonstrativo das Infrações” (fl. 73), tem­se que a autuação  deu­se em razão da infração a seguir discriminada:  OMISSÃO  DE  RENDIMENTOS  RECEBIDOS  DE  PESSOA  JURÍDICA  OU  FÍSICA,  DECORRENTES  DE  TRABALHO  COM VÍNCULO EMPREGATÍCIO.   FORAM  CONSIDERADOS  OS  SEGUINTES  RENDIMENTOS:  R$  167.472,03  –  PROCESSO  TRABALHISTA  2785/98  (JCJ  CHAPECÓ/SC)  R$  59.677,06  –  PROCESSO  TRABALHISTA  463/91  (JCJ  CHAPECÓ/SC)  TUDO CONFORME  INFORMAÇÕES CONTIDAS NA DIRF  N.  1010100­02654  (BANCO MERIDIONAL) E  AUTOS DOS  PROCESSOS  Tendo  em  vista  a  infração  descrita  acima,  a  autoridade  lançadora  alterou  o  valor dos rendimentos tributáveis recebidos de pessoas jurídicas para R$ 227.149,09 e o  valor do imposto de renda retido na fonte para R$ 51.778,42.  Registro que o crédito tributário decorrente de omissão de rendimentos tem na  sua base de cálculo rendimentos recebidos acumuladamente.  Em razão das determinações no voto a seguir, este relato é o suficiente.  Voto  Conselheiro Rubens Maurício Carvalho.  O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele  conheço.  Na  forma  do  art.  62A,  caput  e  §  1º  do Anexo  II,  do RICARF,  sempre  que  a  controvérsia tributária seja admitida no rito da repercussão geral (art. 543B do CPC), deverão  as Turmas de  Julgamento do CARF sobrestar o  julgamento de matéria  idêntica nos  recursos  administrativos, aguardando a decisão definitiva da Suprema Corte.  Daí, no âmbito das Turmas de Julgamento da Primeira e Segunda Câmaras da  Segunda  Seção  do  CARF,  a  controvérsia  sobre  a  tributação  dos  rendimentos  recebidos  acumuladamente  deve  ter  o  julgamento  administrativo  sobrestado,  pois  o  STF  reconheceu  a  repercussão geral na matéria, como se vê abaixo (informação extraída do site www.stf.jus.br):  Tema 368 Incidência do imposto de renda de pessoa física sobre  rendimentos  percebidos  acumuladamente.  –  RE  614.406  –  Relatora a Min. Ellen Grace.  O  presente  caso  trata  de  rendimentos  recebidos  acumuladamente,  sendo  certo  que  o  recurso  voluntário  versa  sobre  a  matéria  do  Tema  228  e  deve  ter  seu  julgamento  sobrestado, na forma do art. 62, caput e § 1º, do Anexo II, do RICARF.  Fl. 239DF CARF MF Impresso em 11/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/01/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 23/01/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 28/01/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13982.000102/2004­01  Resolução nº  2102­000.083  S2­C1T2  Fl. 12          3  Ante o exposto, voto no sentido de SOBRESTAR o julgamento do recurso.  Assinado digitalmente.   Rubens Maurício Carvalho ­ Relator  Fl. 240DF CARF MF Impresso em 11/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/01/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 23/01/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 28/01/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S

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6255721 #
Numero do processo: 10830.007796/2010-92
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jan 22 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2202-000.624
Decisão: RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o processo em diligência. Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente Paulo Maurício Pinheiro Monteiro - Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, Márcio Henrique Sales Parada, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Martin da Silva Gesto, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado) e Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente convocado).
Nome do relator: Não se aplica

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decisao_txt : RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o processo em diligência. Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente Paulo Maurício Pinheiro Monteiro - Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, Márcio Henrique Sales Parada, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Martin da Silva Gesto, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado) e Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente convocado).

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1380; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C2T2  Fl. 5.954          1 5.953  S2­C2T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10830.007796/2010­92  Recurso nº  999.999Voluntário  Resolução nº  2202­000.624  –  2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária  Data  10 de dezembro de 2015  Assunto  CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Recorrente  SOCIEDADE CAMPINEIRA DE EDUCAÇÃO E INSTRUÇÃO  Recorrida  FAZENDA NACIONAL        RESOLVEM  os  membros  do  Colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  converter o processo em diligência.    Marco Aurélio de Oliveira Barbosa ­ Presidente     Paulo Maurício Pinheiro Monteiro ­ Relator      Participaram  do  presente  julgamento,  os  Conselheiros  Marco  Aurélio  de  Oliveira Barbosa, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, Márcio Henrique  Sales  Parada,  Junia  Roberta  Gouveia  Sampaio, Martin  da  Silva Gesto,  José  Alfredo Duarte  Filho (Suplente convocado) e Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente convocado).       RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .0 07 79 6/ 20 10 -9 2 Fl. 5954DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AUR ELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10830.007796/2010­92  Resolução nº  2202­000.624  S2­C2T2  Fl. 5.955          2       RELATÓRIO    Trata­se  de  Recurso  Voluntário  interposto  pela  Recorrente  contra  Acórdão  nº  05­40.505­9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas ­  SP que julgou procedente o Auto de Infração de Obrigação Principal – AIOP nº. 37.273.110­4  (parte Empresa).  O  crédito  tributário  se  refere  à  contribuições  previdenciárias  devidas  pela  empresa  destinadas  ao  Financiamento  dos  Benefícios  Concedidos  em  Razão  do  Grau  de  Incidência  de  Incapacidade  Laborativa  Decorrentes  dos  Riscos  Ambientais  do  Trabalho — GILRAT, inclusive o adicional em face da exposição dos empresados a agentes nocivos, e ao  FPAS — Fundo de Previdência e Assistência Sociais, incidentes sobre a remuneração paga aos  segurados,  bem  como  o  pagamento  efetivado  a  Cooperativa  de  Trabalho,  no  período  de  06/2006 a 12/2007.  O Relatório Fiscal destaca o fundamento do procedimento fiscal ensejador da  autuação  lavrada, que foi a expedição do Ato Cancelatório de  reconhecimento de  isenção de  contribuições sociais:  2 — A isenção das contribuições de que trata os artigos 22 e 23 da Lei  8.212 de 24/07/91 concedida a Sociedade Campineira de Educação e  Instrução,  CNPJ:  46.020.301/0001­88  foi  cancelada  a  partir  de  01/01/1994 por não atender aos requisitos constantes nos Incisos IV e  V  do  artigo  55  da  Lei  8.212  de  24/07/91,  conforme  ATO  CANCELATÓRIO  DE  RECONHECIMENTO  DE  ISENÇÃO  DE  CONTRIBUIÇÕES  SOCIAIS  n°  21.424.1/003/2004,  datado  de  10/11/2004  e  mantido  em  última  instância  administrativa  pelo  •  Conselho de Recursos da Previdência Social — Acórdão número 240  de  28/03/2006,  razão  pela  qual  o  presente  crédito  está  sendo  constituído.    Nesta sentido, o Relatório Fiscal  informa que a Recorrente informou em GFIP  inadequadamente o código referente à entidade isenta de contribuições sociais previdenciárias:  3 — O contribuinte  informou as Guias de Recolhimento ao Fundo de  Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social —  GFIP  com  o  código  do  FPAS  639.  Entretanto  conforme  o  ATO  CANCELATÓRIO  DE  RECONHECIMENTO  DE  ISENÇÃO  DE  CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS citado no  item 2, o mesmo não  faz jus à  isenção  da  parcela  patronal  da  contribuição  previdenciária  sendo,  portanto,  inadequada  a  utilização  do  referido  código  do  FPAS.  Ao  Fl. 5955DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AUR ELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10830.007796/2010­92  Resolução nº  2202­000.624  S2­C2T2  Fl. 5.956          3 utilizar o código de FPAS 639 na GFIP o contribuinte teve a intenção  de  iludir  a  autoridade  fazendária  com  conduta  sistemática  durante  o  período  fiscalizado, uma vez que o sistema deixa de calcular  referida  cota patronal de contribuição previdenciária constante dos incisos, I e  II  do  art.  22  da  Lei  8212/91  que  ensejou  a  lavratura  do  Auto  de  Infração de Obrigações Acessórias ­ AIOA n° 37.273.109­0, código de  fundamentação legal 68.    O Relatório Fiscal apresenta os fatos geradores da autuação fiscal:  8 1 ­ As remunerações pagas, devidas ou creditadas aos trabalhadores  Contribuintes  Individuais,  código  categoria  13  no  período  abrangido  pelas competências 06/2006 a 12/2007, apuradas com base nos valores  informados  na  GFIP  no  código  inadequado  lançadas  sob  código  de  levantamento "CI" e discriminadas no Relatório de Lançamentos ­ RL;  8.2  —  As  remunerações  pagas,  devidas  ou  creditadas  aos  trabalhadores empregados, código categoria 01 no período abrangido  pelas competências 06/2006 a 13/2007, apuradas com base nos valores  informados  na  GFIP  no  código  inadequado  lançadas  sob  código  de  levantamento "FP" e discriminadas no Relatório de Lançamentos ­ RI,;  8.3 ­ As remunerações pagas, devidas ou creditadas aos trabalhadores  empregados,  código  categoria  01  no  período  abrangido  pelas  competências  06/2006  a  13/2007,  apuradas  com  base  nos  valores  informados na GFIP no código  inadequado com indicação no campo  de  ocorrência  4  ou  8  (exposição  a  agentes  nocivos —  aposentadoria  especial 25 anos de trabalho —conforme previsto no Manual da GFIP)  lançados  ADICIONAL  RAT  sob  código  de  levantamento  "FR"  e  discriminadas no Relatório de Lançamentos ­ RL;  Obs:  As  bases  de  cálculo  empregada  na  apuração  das  contribuições  devidas  nos  Itens  8.1,  8.2  e  8.3 acima  foram o  total  da  remuneração  informada  em  GFIP  código  inadequado  FPAS  639  (ANEXO  II).  Os  valores  das  contribuições  lançadas  também  encontram­se  discriminados, por competência, no anexo Discriminativo do Débito —  DD.  8.4 — Os valores  relativos ao pagamento dos  serviços que  lhe  foram  prestados  por  cooperados,  por  intermédio  das  cooperativas  de  trabalho:  a)  UNIMED  CAMPINAS,  CNPJ  46.124.624/0001­11,  no  período  de  06/2006  a  12/2007  e  b)  COOPNET,  CNPJ  07.797.188/0001­90, n o período 05/2007 a 07/2007, cuja contribuição  previdenciária está prevista no inciso IV do artigo 22 da Lei 8.212/91,  lançados  ANEXO  I;sob  o  código  de  levantamento  "CO"  e  discriminados no     Em relação ao cálculo dos acréscimos legais, informa o Relatório Fiscal que foi  efetivado  o  recálculo  das  multas  considerando­se  a  lei  11.941/2009  e  aplicando­se  a  mais  benéfica ao contribuinte, conforme o Quadro Comparativo de Multas:  Fl. 5956DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AUR ELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10830.007796/2010­92  Resolução nº  2202­000.624  S2­C2T2  Fl. 5.957          4 12­  Relativamente  às  multas  aplicadas,  considerando  a  edição  da  Medida  Provisória  449,  de  3  de  dezembro  de  2008,  posteriormente  convertida na Lei 11.941, de 27 de maio de 2009, que provocou efeitos  tributários a todos os fatos geradores ocorridos imediatamente após a  sua vigência.  13.  Considerando  ainda,  o  Código  Tributário  Nacional  ­  CTN  que  prevê,  em  seu  artigo  106,  inciso  II,  "c",  que  a  lei  se  aplica  a  fato  pretérito  quando  lhe  comine  penalidade menos  severa  que  a  prevista  na lei vigente ao tempo da sua prática.  14. Para as competências 06/2006 a 13/2007 foram utilizadas a multa  "ANTERIOR"  e  o  débito  das  competências  foram  lavradas  considerando­se a multa de mora de 24% calculada sobre o montante  da  contribuição  previdenciária  devida  (levantamentos  CI,  CO,  FP  e  FR),  somada  com  o  Auto  de  Infração  de  Obrigações  Acessórias  —  AIOA, de Código de Fundamentação Legal 68 conforme relatórios em  anexo: "SAFIS — COMPARAÇAO MULTAS" e ANEXO III    O período objeto do auto de infração, conforme os Relatórios Discriminativos  de Débito ­ DD, é de 06/2006 a 12/2007.  O contribuinte teve ciência das Autuações em 15.06.2010, conforme os autos.  A Recorrente apresentou Impugnação tempestiva, na qual alega em síntese,  conforme o apresentado resumidamente no Relatório da decisão de primeira instância:  A autuada apresentou  impugnação, em 14/07/2010, onde, elabora um  relato das atividades desenvolvidas pela SCEI e informa que:  ­  É  reconhecida  como  de  utilidade  pública  Federal,  Estadual  e  Municipal;  ­ Possui direito adquirido de isenção das contribuições previdenciárias  patronais, conforme MS 9476, transitado em julgado;  ­ Não distribui renda ou parcela de seu patrimônio, a título de lucro ou  participação  no  seu  resultado,  mantém  sua  escrituração  contábil  dentro das formalidades legais e, portanto, faz jus à imunidade de que  trata o §7°, artigo 195 da Constituição federal de 1988;  ­  Ajuizou  Ação  Declaratória  n°  1999.61.05.009516­7  para  afastar  a  aplicação  do  artigo  55  da  Lei  8.212/1991,  nas  redações  dadas  pelas  Leis 9.429/96, 9.732/98, 9.528/97 e MP 2.187­13, sem sentença final;  Em sub­título específico, assegura que é detentora do direito adquirido  da  isenção  desde  a  outorga  pela  Lei  3.577,  de  04/07/1959,  e,  desde  então, cumpre as determinações legais posteriores, além do que lhe foi  reconhecido tal direito nos autos do Mandado de Segurança n° 9.476,  do que anexa.  Entende que, por  se  tratar de desoneração de  tributos, o § 7°, artigo  195 da CF/1988 deveria ter sido regulamentado por lei complementar,  como determina o inciso II, artigo 146 da mesma Constituição e nesse  Fl. 5957DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AUR ELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10830.007796/2010­92  Resolução nº  2202­000.624  S2­C2T2  Fl. 5.958          5 sentido,  até  que  se  edite  outra  lei  complementar,  as  entidades  beneficentes devem atender ao disposto no artigo 14 do CTN.  Para  fazer  valer  tal  entendimento  cita  a  Medida  Cautelar  n°  1999.61.05.006397­0  e  Ação  Ordinária  1999.61.05.009516­7,  que  interpôs  no  intuito  de  não  observar  a  alteração  trazida  pela  Lei  9.732/98  à  Lei  8.212/91,  ainda,  cita  a  Ação  Ordinária  2006.61.05.010163­0  que  impetrou  para  anular  as  NFLD  n°  35.774.663­5  e  35.775.351­8,  tendo  .  sido  o  Agravo  de  Instrumento,  contra  a  decisão  que  lhe  negara  a  tutela  antecipada,  recebido  com  efeito suspensivo. Esta Ação carece de decisão definitiva.  Ainda,  a  Ação  Ordinária  n°  0006688­25.2010.4.03.6105,  deferiu  a  antecipação  dos  efeitos  da  tutela  jurisdicional,  em  18/05/2010,  para  suspender a exigibilidade da NFLD 35.847.699­2.  Esclarece  que  a  autoridade  fiscal  não  indicou  que  a  SCEI  tivesse  descumprido  tanto  o  artigo  14  do  CTN,  como  o  artigo  55  da  Lei  8.212/91  e,  portanto,  esta  exigência  não  possui  qualquer  respaldo  legal, razão pela qual o Auto de Infração deve ser cancelado.  Afirma que: obteve, em 1975, sob a égide da Lei 3.577, de 04 de julho  de  1959,  o  Certificado  de  Entidade  de  Fins  Filantrópicos,  que  não  requer  renovação,  atestando  que  a  entidades  faz  jus  à  isenção  de  contribuição patronal.  Infere que, por não existir o fato gerador do tributo, é indevida multa  de mora aplicada.  Por outro lado, em extensa dissertação, impugna a imposição dos juros  com base na taxa do SELIC, por ter natureza remuneratória e não de  mora.  Entende que a aplicação dos juros com base no referido Sistema consis  cidade contributiva.te  em verdadeiro  confisco  e ofensa aos princípios  da legalidade e capa    A  Recorrida  analisou  a  autuação  e  a  impugnação,  julgando  procedente  a  autuação, nos termos do Acórdão nº 05­40.505­9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do  Brasil de Julgamento em Campinas ­ SP, conforme Ementa a seguir:  ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS   Período de apuração: 01/06/2006 a 31/12/2007   OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. REMUNERAÇÃO A SEGURADOS. GRAU  DE INCIDÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORATIVA.  A  empresa  é  obrigada  a  recolher  as  contribuições  sociais  incidentes  sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título  ­  inclusive  sobre  salário  utilidade  ­,  aos  segurados  empregados,  na  forma da Lei.  DIREITO ADQUIRIDO À MANUTENÇÃO DE REGIME  JURÍDICO.  INEXISTÊNCIA  Inexiste direito adquirido  em  regime  jurídico, motivo  Fl. 5958DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AUR ELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10830.007796/2010­92  Resolução nº  2202­000.624  S2­C2T2  Fl. 5.959          6 pelo qual não há razão para se falar em direito à imunidade por prazo  indeterminado.  ACRÉSCIMOS LEGAIS.  As  contribuições  sociais,  não  recolhidas  em  épocas  próprias,  estão  sujeitas. à multa de mora e aos juros equivalentes à taxa do SELIC.  APLICAÇÃO  DA  MULTA  A  multa  aplicada  no  momento  do  lançamento atende ao primado da retroatividade benigna.  Impugnação Improcedente   Crédito Tributário Mantido  Acórdão   145"  Sessão  da  9"  Turma  de  Julgamento  da  DRJ  em  Campinas  Acordam  os membros  da  9"  Turma  de  Julgamento,  por  unanimidade  votos,  considerar  IMPROCEDENTE  a  impugnação  apresentada  e  MANTER O CRÉDITO TRIBUTÁRIO ora exigido, por meio do Auto de  Infração n° 37.273.110­4, conforme voto da relatora.  Intime­se para pagamento do crédito mantido no prazo de 30 dias da  ciência,  salvo  interposição  de  recurso  voluntário  ao  Conselho  Administrativo de Recursos Fiscais — CARF, em igual prazo, conforme  facultado pelo art. 33 do Decreto n.° 70.235, de 6 de março de 1972,  alterado pelo art.  1 2 da Lei n.° 8.748, de 9 de dezembro de 1993, e  pelo art. 32 da Lei 10.522, de 19 de julho de 2002.  Destaque­se  que  ao  presente  Auto  de  Infração  foram  juntados  por  apensação  os  processos  n°  10830.007797/2010­37  (DEBCAD  n°  37.273112­0) e n° 10830.007795/2010­48 (DEBCAD n° 37.273.109­0).    Inconformada  com  a  decisão  de  1ª  instância,  a  Recorrente  apresentou  Recursos Voluntários, às fls. 2965 a 2973, no Volume XII, combatendo a decisão de primeira  instância e reiterando os argumentos deduzidos em sede de Impugnação, em apertada síntese:    ­ Em sede Preliminar:    (i)  da  nulidade  da  decisão  recorrida  por  deixar  de  apreciar  os  fundamentos aduzidos na Impugnação.  A  decisão  recorrida  padece  de  nulidade,  quer  por  ter  deixado  de  apreciar  todos  os  fundamentos  que  embasam  a  pretensão  da  recorrente,  quer  por  incorrer  em  manifesta  incoerência,  de  um  lado  reconhecendo  expressamente  ter  deixado  de  apreciar  atividade  desenvolvida pela entidade junto à comunidade campineira, e de outro,  concluindo que a recorrente não teria cumprido os requisitos do art. 55  da  Lei  8212/91,  para  o  que  imprescindível  seria  a  apreciação  da  atividade desempenhada pela entidade junto à comunidade local  Fl. 5959DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AUR ELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10830.007796/2010­92  Resolução nº  2202­000.624  S2­C2T2  Fl. 5.960          7 A  invalidade  também  se  verifica,  na  medida  em  que  a  decisão  desconsiderou  a  existência  de  reconhecimento  judicial  em  favor  da  recorrente quanto ao direito de usufruir da  imunidade veiculada pelo  art.  195, §7 1 da CF,  independente da observância do art.  55 da Lei  8212/91.    (ii) Cerceamento do direito de defesa  A r. decisão recorrida afirma, em vários trechos, não ser pertinente a  análise,  nestes  autos,  do  atendimento  pela  recorrente  aos  requisitos  para gozo da imunidade a que alude o § 70 do art. 195 CF — instituto  que  foi  tomado  pelo  julgador  de  primeira  instância  como  se  isenção  fosse ­ porque essa questão teria sido abordada pelo acórdão 240, de  25/03/2006,  que  referendou  decisão  cancelatória  da  isenção  da  entidade.  (...) Mas, indo além, a r. decisão afirma que a recorrente não atenderia  aos requisitos a que alude o art. 195 § 7 0 da CF. Ao afirmar à pág. 10  que  a  recorrente  "distribuiu  parcela  de  seu  patrimônio,  na  forma  de  gratificação ao Secretário Estatutário Monsenhor José Machado Couto  (Inc.  1,  do  art.  14),  não  comprovou  a  aplicação  integral  de  seus  recursos na manutenção dos  seus objetivos  institucionais  (inc.  II, art.  14) e a escrituração contábil apresentou falhas (inc. III, art. 14) o que  motivou  a  emissão  de  Representação  Administrativa  ao  Conselho  Federal de Contabilidade".    Do Mérito    (iii)  a  inconstitucionalidade  e  ilegalidade  da  exigência  de  juros  equivalentes à taxa SELIC.  De fato, o pedido subsidiário deduzido pela recorrente, de exclusão do  crédito relativo a SELIC, uma vez que  tal exigência ofende o Código  Tributário  Nacional,  tem  como  fundamento  não  só  a  inconstitucionaldiade,  mas  também  a  ilegalidade  por  ofensa  à  lei  complementa.  Dai  a  nulidade  da  r.  decisão  recorrida  por  violar  o  direto  à  ampla  defesa e ao devido processo legal (arts. 5 1 LIV e LV CF, 21 "caput" e  parágrafo  único  VII  e  48  da  Lei  9784/99  e  art.  59  II  do  Decreto  70235/72), o dever de motivar (art. 50 da Lei 9784/99) e, ainda, ao art.  31  do  Decreto  70235/72,  na  redação  conferida  pela  Lei  8748/93,  devendo, por isso, ser anulado para que outro seja proferido à luz do  pedido deduzido pela recorrente.    (iv) Descumprimento da coisa julgada   (iv.1)  A  invocação  dos  fundamentos  que  serviram  à  concessão  da  antecipação  da  tutela  nos  autos  da  AO  0006688­25.2010.4.03.6105  Fl. 5960DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AUR ELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10830.007796/2010­92  Resolução nº  2202­000.624  S2­C2T2  Fl. 5.961          8 não  pode  ser  tida,  sob  nenhum  aspecto,  como  protelatória,  tal  como  afirmado pela r. decisão às fls. 2969.  Ao  referir­se  a  essa  ação,  cuja  cópia,  aliás,  juntou  aos  autos,  a  recorrente  deixou  claro  que  se  cuida  de  ação  anulatória  da  NFLD  35.847.699­2. Em que pese o fato de tal NFLD exigir, tal como ora se  exige,  o  recolhimento  de  contribuição  à  cota  patronal,  da  qual  a  recorrente é imune, a recorrente não fez entre os dois  feitos qualquer  paralelo, apenas invocou precedente no qual o Judiciário reconheceu o  valor das atividades benemerentes que desenvolve.  (iv.2) O mesmo se dá com a remissão feita pela recorrente às decisões  judiciais nos autos da AO 2006.61.05.01063­0 que foram invocadas em  reforço  às  provas  produzidas,  demonstrando  o  atendimentos  aos  requisitos para o gozo da desoneração veiculada pelo art. 195 § 7° CF.  Nesse feito, aliás, foi proferida, após a impugnação apresentada nestes  autos,  sentença,  julgando  procedente  a  ação  e  condenando  a  União  Federal  em  litigância  de  má­fé,  em  clara  demonstração  de  que  a  omissão  da  Administração  em  controlar  a  legalidade  de  seus  atos  importa em graves danos para todas a sociedade.  (iv.3) Ainda da mesma natureza foi a menção à decisão proferida nos  autos  da  AO  1999.61.05.009516­7,  reconhecendo  que  a  recorrente  atende aos requisitos para o gozo da desoneração constitucional, não  obstante cobre pelos serviços educacionais que presta.  (iv.4) Já a decisão transitada em julgado nos autos do MS 9476/DF foi  sim,  violada  pela  expedição  da  NFLD  ora  atacada  e  pelo  v.acórdão  recorrido.  A  decisão  proferida  nestes  autos,  alcançada  pela  coisa  julgada, reconheceu o direito adquirido da impetrante à isenção objeto  da Lei 3577/59, independentemente do preenchimentos da observância  do  art.  55  da  Lei  8212/91  que,  aliás,  não  cuida  de  isenção  e  sim,  procura  regulamentar  imunidade,  matéria  reservada  à  lei  complementar, nos termos do art. 146 III CF.    (v) Do direito da Recorrente ao gozo da imunidade do art. 195, § 7o da  CF.  Embora  o  dispositivo  utilize  o  termo  "isenção"  ao  indicar  que  as  entidades  beneficentes  de  assistência  social  são  desoneradas  de  contribuição  para  a  seguridade  social,  por  se  tratar  de  desoneração  veiculada pelo próprio texto constitucional, a sua natureza jurídica é  de  verdadeira  imunidade  (...)Convém  salientar  que  esse  magistério  doutrinário  reflete­se  na  própria  jurisprudência  constitucional  do  Supremo Tribunal Federal,  que  já  identificou  na  cláusula  inscrita  no  art. 195, § 7°, da Carta Política, a existência de uma típica garantia de  imunidade  estabelecida  em  favor  das  entidades  beneficentes  de  assistência social (RTJ 137/965, Rei. Min. MOREIRA ALVES).  Sendo a uma limitação ao poder de tributar, a "lei" a que faz menção a  parte final do § 7o, ou seja, a que pode estabelecer as exigências para o  gozo  do  beneficio,  há  ser  a  lei  complementar,  por  força  do  que  estabelece o art. 146 II da CF, verbis:  Fl. 5961DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AUR ELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10830.007796/2010­92  Resolução nº  2202­000.624  S2­C2T2  Fl. 5.962          9 (...)Assim,  até  que  sobrevenha  lei  complementar  instituindo  outras  condições para o gozo da  imunidade prevista no art. 195 § 7 da CF,  tais  dispositivos  do  CTN  elencam  as  únicas  que  as  entidades  beneficentes  de  assistência  social  devem  preencher  para  gozar  da  desoneração em tela, representando verdadeiras balizas a que se deve  ater o legislador ordinário.    (vi) A entidade atendeu não só ao art. 14 CTN, bem como o art. 55 da  Lei 8212/91   (a)  a  entidade  é  reconhecida  como  de  utilidade  pública  federal,  estadual  e  municipal:  Decreto  Federal  de  27  de  maio  de  1992  (DO  28.05.92  publicado  no  Diário  Oficial  da  União,  de  28  de  maio  de  1992),  Decreto  Estadual  40.685,  de  06  de  setembro  de  1962,  e  Lei  municipal n° 6801, de 04 de dezembro de 1991.(does 04 a 06) ­ art. 55  Ida Lei 8212/91;     (b)  desde  1971,  a  impugnante  sempre  obteve  Certificado  de  Filantropia,  hoje denominado Certificado de Entidade Beneficente de  Assistência Social ­ art. 55 II da Lei 8212/91­(doc.07);   (c)  promoveu,  no  período  fiscalizado,  assistência  social  beneficente,  inclusive educacional ou de saúde, a menores, idosos, excepcionais ou  pessoas  carentes  (redação original do  art.  55  III  da  Lei  8212/91,  em  vigor  por  força  da  liminar  concedida  nos  autos  da  ADI  20285).  As  autoridades  previdenciárias  jamais  questionaram  que  o  Hospital  Maternidade "Celso Pierro" ­ HCMP presta relevantes serviços sociais  para toda a região do Estado de São Paulo e ainda, para a região do  sul do Estado de Minas Gerais, disponibilizando atendimento médico,  de  ótima  qualidade,  ao  SUS,  e  quv  >  xíospital  mantido  pela  impugnante,  é  uma  entidade  beneficente  de  assistência  social,  que  supre  as  deficiências  do  Estado  no  cumprimento  do  seu  dever  constitucional  de  fornecer  à  população  serviços médicos  de  primeira  necessidade. Tampouco questionaram que essa  também é a  realidade  da PUC­Campinas, outra entidade mantida pela impugnante, dedicada  ao  ensino  de  graduação  e  pós­graduação,  nas  mais  diversas  áreas,  contando  com  10  cursos  de  Mestrado/Doutorado  e  22  cursos  de  especialização, e ainda, faculdade voltada para a terceira idade.   (d) não remunerou seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou  benfeitores,  como,  tampouco,  lhes  concedeu  quaisquer  vantagens  ou  benefícios ­ art. 55 IV da Lei 8212/91 e art. 14 I do CTN (art. 5o §§ Io  e  2o  dos  estatutos),  independente  do  fato,  apontado  pela  autoridade  fiscal, de ter sido paga gratificação a diretor do Colégio Pio XII, pela  sua  atuação  profissional,  na  ocasião  de  sua  aposentadoria,  o  que,  conforme  a  própria  jurisprudência  administrativa  e  judicial,  não  constitui obstáculo ao gozo da isenção.   (e)  aplicou,  integralmente,  eventual  resultado  operacional  na  manutenção  de  desenvolvimento  de  seus  objetivos  institucionais  apresentando, anualmente ao órgão do INSS, relatório circunstanciado  de suas atividades (art. 55 V da Lei 8212/91 e art. 14II CTN);   Fl. 5962DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AUR ELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10830.007796/2010­92  Resolução nº  2202­000.624  S2­C2T2  Fl. 5.963          10 (f)  manteve  escrituração  de  suas  receitas  e  despesas  em  livros  revestidos  de  formalidades  capazes  de  assegurar  sua  exatidão,  tal  como  exigido  pelo  art.  14  III  CTN,  cuidando,  ainda,  de  divulgar  publicamente  seus  resultados,  fato  reconhecido  pela  própria  administração, à época. Outrossim, a impugnante apresentou ao INSS  relatório circunstanciado de suas atividades, dando­lhe a conhecer os  serviços caritativos que desenvolveu no período.        Posteriormente, os autos foram enviados ao Conselho, para análise e decisão.    É o Relatório.    Fl. 5963DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AUR ELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10830.007796/2010­92  Resolução nº  2202­000.624  S2­C2T2  Fl. 5.964          11   VOTO    Conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro , Relator     PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE  O Recurso é tempestivo, conforme informação colhida dos autos.    DO PROCEDIMENTO FISCAL  O  crédito  tributário  se  refere  à  contribuições  previdenciárias  devidas  pela  empresa  destinadas  ao  Financiamento  dos  Benefícios  Concedidos  em  Razão  do  Grau  de  Incidência  de  Incapacidade  Laborativa  Decorrentes  dos  Riscos  Ambientais  do  Trabalho — GILRAT, inclusive o adicional em face da exposição dos empresados a agentes nocivos, e ao  FPAS — Fundo de Previdência e Assistência Sociais, incidentes sobre a remuneração paga aos  segurados,  bem  como  o  pagamento  efetivado  a  Cooperativa  de  Trabalho,  no  período  de  06/2006 a 12/2007.  O Relatório Fiscal destaca o fundamento do procedimento fiscal ensejador da  autuação  lavrada, que foi a expedição do Ato Cancelatório de  reconhecimento de  isenção de  contribuições sociais:  2 — A isenção das contribuições de que trata os artigos 22 e 23 da Lei  8.212 de 24/07/91 concedida a Sociedade Campineira de Educação e  Instrução,  CNPJ:  46.020.301/0001­88  foi  cancelada  a  partir  de  01/01/1994 por não atender aos requisitos constantes nos Incisos IV e  V  do  artigo  55  da  Lei  8.212  de  24/07/91,  conforme  ATO  CANCELATÓRIO  DE  RECONHECIMENTO  DE  ISENÇÃO  DE  CONTRIBUIÇÕES  SOCIAIS  n°  21.424.1/003/2004,  datado  de  10/11/2004  e  mantido  em  última  instância  administrativa  pelo  •  Conselho de Recursos da Previdência Social — Acórdão número 240  de  28/03/2006,  razão  pela  qual  o  presente  crédito  está  sendo  constituído.  O período objeto do auto de infração, conforme os Relatórios Discriminativos  de Débito ­ DD, é de 06/2006 a 12/2007.  O contribuinte teve ciência das Autuações em 15.06.2010, conforme os autos.  De  início,  é  importante  se  observar  do  Relatório  Fiscal  que  o  Auto  de  Infração  lavrado  NÃO  TEVE  como  fundamento  a  lavratura  para  se  prevenir  a  decadência, nos termos do art. 86, do decreto 7.574/2011:  Fl. 5964DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AUR ELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10830.007796/2010­92  Resolução nº  2202­000.624  S2­C2T2  Fl. 5.965          12 Art.86.O  lançamento para prevenir a decadência deverá  ser  efetuado  nos casos em que existir a concessão de medida  liminar em mandado  de  segurança  ou  de  concessão  de  medida  liminar  ou  de  tutela  antecipada, em outras espécies de ação judicial (Lei no 5.172, de 1966­ Código Tributário Nacional, arts. 142, parágrafo único, e 151, incisos  IV e V; Lei no 9.430, de 1996, art. 63, com a redação dada pela Medida  Provisória no 2.158­35, de 2001, art. 70). §1oO lançamento de que trata o caput deve ser regularmente notificado  ao  sujeito  passivo  com  o  esclarecimento  de  que  a  exigibilidade  do  crédito  tributário  permanece  suspensa,  em  face  da  medida  liminar  concedida  (Lei  nº  5.172,  de  1966­Código  Tributário  Nacional,  arts.  145 e 151; Decreto no 70.235, de 1972, art. 7o).  §2oO  lançamento  para  prevenir  a  decadência  deve  seguir  seu  curso  normal,  com a prática dos atos administrativos que  lhe  são próprios,  exceto  quanto  aos  atos  executórios,  que  aguardarão  a  sentença  judicial,  ou,  se  for  o  caso,  a  perda  da  eficácia  da  medida  liminar  concedida.    Afastada a hipótese de lavratura dos Autos de Infração em função de prevenção  da decadência, continuemos.    Observa­se  que  no  fundamento  em  que  baseou  o  procedimento  fiscal  aparece  nos autos controvérsias judiciais a respeito:  Senão, vejamos.  Em relação aos efeitos da expedição do Ato Cancelatório de Reconhecimento de  Isenção De Contribuições Sociais n° 21.424.1/003/2004.  No  presente  processo  administrativo,  bem  como  no  processo  10830.727646/2012­61,  constam  informações  de  medidas  judiciais  que  discutes  tal  matéria  acerca do Ato Cancelatório de Reconhecimento de Isenção De Contribuições Sociais:  (a)  O  Mandado  de  Segurança  impetrado  no  STJ,  MS  n°  9476/DF  (2003/0237.201­2),  na  qual  se  reconhece  o  direito  da  impetrante  à  manutenção  do  CEBAS,  anulando­se  o  Ato  Cancelatório  de  Reconhecimento  de  Isenção  De  Contribuições  Sociais  n°  21.424.1/003/2004;  (b)  No  processo  10830.727646/2012­61  às  fls.  1984  da  Impugnação,  tem­se  referência  ao  Agravo  de  Instrumento  ­  AI  n°  2011.03.00.024928­9  tirado  do  AO  n°  0008864­40.2011.403.6105,  impetrado  no  TRF  da  3a  Região,  na  qual  se  discute  a  exigência  de  contribuição  previdenciária  incidente  sobre  remunerações  pagas  a  autônomos,  onde  a  Recorrente  informa  que  se  reconheceu  judicialmente  a  "imprestabilidade"  dos  fundamentos  do  Ato  Cancelatório de Reconhecimento de Isenção De Contribuições Sociais  n°  21.424.1/003/2004,  além  de  lhe  garantir  o  direito  adquirido  ao  Fl. 5965DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AUR ELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10830.007796/2010­92  Resolução nº  2202­000.624  S2­C2T2  Fl. 5.966          13 certificado  de  entidade  filantrópica  sem  prazo  determinado  com  a  isenção da cota patronal.  Ou seja, a partir do trânsito em julgado e os efeitos no processo administrativo  fiscal do MS n° 9476/DF (2003/0237.201­2) e do AI n° 2011.03.00.024928­9 tirado do AO n°  0008864­40.2011.403.6105,  é  que  se  poderá  determinar,  em  sede  Preliminar,  se  incorre  em  nulidade  (total  ou  parcial,  formal  ou  material),  ou  não,  esta  segunda  fundamentação  do  procedimento fiscal que resultou na lavratura dos Autos de Infração.  Em  consulta  ao  AI  n°  2011.03.00.024928­9  tirado  do  AO  n°  0008864­ 40.2011.403.6105),  ao  site  do  TRF  da  3a  Região  (http://web.trf3.jus.br/consultas/Internet/ConsultaProcessual/Processo?NumeroProcesso=20110 3000249289),  em  05.12.2015,  constata­se  que,  em  02.10.2004,  a  Sociedade  Campineira  de  Educação e Instrução apresentou contrarrazões ao Recurso Especial da Fazenda Nacional.  Em  consulta  ao  MS  n°  9476/DF  (2003/0237.201­2),  ao  site  do  STJ  (https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo= 200302372012&totalR),  em 05.12.2015,  constata­se  que  a  última movimentação  ocorreu  em  16.04.2010 com a certidão de objeto e pé.      DA NECESSIDADE DE DILIGÊNCIA FISCAL     Desta forma, afastada a hipótese de lavratura dos Autos de Infração em função  de prevenção da decadência, como prejudicial ao julgamento dos Autos de Infração tem­se, por  óbvio,  que  se  observar  os  seguintes  trânsito  em  julgado  e  os  efeitos  neste  processo  administrativo fiscal: (i) da Ação Popular n° 0003421­40.2011.4.02.5102 ­ 1a Vara Federal de  Niterói RJ ­ (2011.51.02.003421­7); (ii) do MS n° 9476/DF (2003/0237.201­2), impetrado no  STJ;  e  (iii)  do  AI  n°  2011.03.00.024928­9  tirado  do  AO  n°  0008864­40.2011.403.6105,  impetrado no TRF da 3a Região.    Fl. 5966DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AUR ELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10830.007796/2010­92  Resolução nº  2202­000.624  S2­C2T2  Fl. 5.967          14   CONCLUSÃO     CONVERTER o presente processo em DILIGÊNCIA para que a Unidade da  Receita Federal do Brasil de jurisdição do contribuinte informe (sendo que, após a conclusão  das  Diligências  requeridas,  a  Unidade  da  Receita  Federal  do  Brasil  deverá  intimar  o  contribuinte acerca do resultado das Diligências, abrindo o prazo de 30 dias para Manifestação  com vistas ao contraditório e à ampla defesa):    (i)  o  trânsito  em  julgado da Ação Popular n° 0003421­40.2011.4.02.5102  ­ 1a  Vara Federal de Niterói RJ ­ (2011.51.02.003421­7);  (ii)  quais  os  efeitos nos Autos de  Infração  lavrados do  trânsito  em  julgado da  Ação  Popular  n°  0003421­40.2011.4.02.5102  ­  1a  Vara  Federal  de  Niterói  RJ  ­  (2011.51.02.003421­7);  (iii) o trânsito em julgado do MS n° 9476/DF (2003/0237.201­2), impetrado no  STJ;  (iv) quais os efeitos nos Autos de  Infração  lavrados do  trânsito em julgado do  MS n° 9476/DF (2003/0237.201­2);  (v)  o  trânsito  em  julgado  do  AI  n°  2011.03.00.024928­9  tirado  do  AO  n°  0008864­40.2011.403.6105, impetrado no TRF da 3a Região;  (vi) quais os efeitos nos Autos de Infração lavrados do trânsito em julgado do AI  n° 2011.03.00.024928­9 tirado do AO n° 0008864­40.2011.403.6105;  (vii)  conclusivamente  se,  em  função  do  resultado  das  diligências  elencadas  acima,  a  Recorrente  possui  direito  à  isenção  de  contribuições  sociais  previdenciárias  no  período 01/2008 a 12/2008;  (viii)  se  há  processo  judicial  na  qual  a  Recorrente  seja  parte,  por  qualquer  modalidade processual, com o mesmo objeto do presente processo administrativo­tributário.      É como voto.    Paulo Maurício Pinheiro Monteiro     Fl. 5967DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 30/12/2015 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AUR ELIO DE OLIVEIRA BARBOSA

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Numero do processo: 15540.000048/2009-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Sep 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/09/2006 a 31/12/2006 PRECLUSÃO ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA EM RELAÇÃO À MATÉRIA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO EM RELAÇÃO A ESSA MATÉRIA. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32-A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32-A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’ do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. CORRESPONSABILIDADE DOS REPRESENTANTES LEGAIS. EFEITOS RETROATIVOS.Comarevogaçãodoartigo13daLei8.620/93peloartigo79,incisoVII,da Lei 11.941/09, o “Relatório de Representantes Legais (REPLEG)” tem a finalidade de apenas identificar os representantes legais da empresa e o respectivo período de gestão sem, por si só, atribuirlhes responsabilidade solidáriaousubsidiáriapelocréditoconstituído. Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2302-003.676
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo os lançamentos constantes Das contribuições previdenciárias, já que o contribuinte foi excluído do SIMPLES, com decisão transitada em julgado administrativamente, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Liége Lacroix Thomasi - Presidente Luciana Matos Pereira Barbosa- Relatora EDITADO EM: 09/09/2015 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Graziela Parisotto, Andre Luiz Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leonardo Henrique Pires Lopes e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA

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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/09/2006 a 31/12/2006 PRECLUSÃO ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA EM RELAÇÃO À MATÉRIA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO EM RELAÇÃO A ESSA MATÉRIA. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32-A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32-A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’ do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. CORRESPONSABILIDADE DOS REPRESENTANTES LEGAIS. EFEITOS RETROATIVOS.Comarevogaçãodoartigo13daLei8.620/93peloartigo79,incisoVII,da Lei 11.941/09, o “Relatório de Representantes Legais (REPLEG)” tem a finalidade de apenas identificar os representantes legais da empresa e o respectivo período de gestão sem, por si só, atribuirlhes responsabilidade solidáriaousubsidiáriapelocréditoconstituído. Recurso Voluntário Negado.

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo os lançamentos constantes Das contribuições previdenciárias, já que o contribuinte foi excluído do SIMPLES, com decisão transitada em julgado administrativamente, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Liége Lacroix Thomasi - Presidente Luciana Matos Pereira Barbosa- Relatora EDITADO EM: 09/09/2015 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Graziela Parisotto, Andre Luiz Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leonardo Henrique Pires Lopes e Luciana Matos Pereira Barbosa.

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI     2   ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar  provimento  ao  recurso  voluntário,  mantendo  os  lançamentos  constantes  Das  contribuições  previdenciárias,  já  que  o  contribuinte  foi  excluído  do  SIMPLES,  com  decisão  transitada  em  julgado administrativamente, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.    Liége Lacroix Thomasi ­ Presidente    Luciana Matos Pereira Barbosa­ Relatora    EDITADO EM: 09/09/2015    Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi  (Presidente de Turma), Graziela Parisotto, Andre Luiz Mársico Lombardi, Juliana Campos de  Carvalho Cruz, Leonardo Henrique Pires Lopes e Luciana Matos Pereira Barbosa.  Fl. 272DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15540.000048/2009­24  Acórdão n.º 2302­003.676  S2­C3T2  Fl. 3          3   Relatório  Período de apuração: 01/2004 a 06/2007  Data de lavratura do Auto de Infração: 18/02/2009.  Data de ciência do Auto de Infração: 18/02/2009.    Trata­se de Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa  de  1ª  Instância  proferida  pela  15ª  Turma  de  Julgamento  da  DRJ  do  Rio  de  Janeiro/RJ  que  julgou  improcedente  a  impugnação  oferecida  pelo  Recorrente,  e  manteve  o  lançamento  tributário em sua integralidade.  O  Auto  de  Infração  DBCAD  nº:  37.203.956­1,  lavrado  em  18/02/2009,  refere­se  a  lançamento de débito  referente à contribuição previdenciária a cargo da empresa,  destinada  à  Seguridade  Social,  correspondente  às  contribuições  abaixo  discriminadas,  incidentes  sobre  a  remuneração  de  segurados  empregados  e  segurados  contribuintes  individuais:  ­ a cargo da empresa, conforme disposto nos incisos I, III, do art. 22, da Lei  nº 8212/91;  ­ a cargo da empresa, para financiamento dos benefícios concedidos em razão  do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho,  conforme disposto na alínea “b”, inciso II, do artigo 22, da Lei nº 8.212/91  Por bem retratar os fatos ocorridos, passo a transcrever parte do Relatório que  integra o Acórdão nº 12­32.127/2010 proferido pela 15ª Turma da DRJ/RJ1, de fls. 227/234, o  qual também passo a adotar:  2. Inforrna o relatório fiscal que:  2.1.  O  lançamento  teve  como  justificativa  a  exclusão  do  contribuinte  do  regime  do  SIMPLES  FEDERAL.,  por  meio  do  Ato Declaratório Executivo DRF/NIT nº 27, de  03.03.2008, com situação excludente (evento 306 ­ ATIVIDADE  ECONÔMICA  VEDADA  ­  7830­2/00  FORNECIMENTO  E  GESTÃO DE MÃO­DE­OBRA PARA TERCEIROS), com efeitos  retroativos  a  01.02.2004.  A  exclusão  do  SIMPLES  FEDERAL  deu­se com base no art. 9°, XII, “c”, “Í” da lei 9.317/96.  2.2. Os fatos geradores foram obtidos nas folhas de pagamento e  informados  nas  GFIPS  do  contribuinte,  todavia,  tais  GFIPs  foram  elaboradas  com  a  informação  de  OPTANTE  DO  SIMPLES  FEDERAL,  motivo  pelo  qual  entende­se  que  as  contribuições  patronais  devidas  não  foram  declaradas  naquele  documento.  2.3. Anexa folhas de pagamento de empregados (fls. 69/ 1 15) e  GFIPS (fls. 116/183). '  Fl. 273DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI     4 3. IMPUGNAÇÃO  3.1. O contribuinte foi cientificado pessoalmente aos 18/02/2009  (fls.1), apresentando a defesa aos 20/03/2009, de fls. 187/190.  3.2. Alega a defendente  3.2.1.  A  exclusão  do  SIMPLES  FEDERAL  com  efeitos  retroativos afronta o princípio da segurança jurídica. Ademais, o  Ato Declaratório de Exclusão do SIMPLES FEDERAL foi objeto  de impugnação.  3.2.2.  Recolheu  as  contribuições  pelo  regime  do  SIMPLES  FEDERAL.  3.2.3. Requer a revisão da multa aplicada, por não ter agido de  má­fé.  4. DILIGÊNCIA  4.1. Em 13.11.2009 foi requisitada diligência fiscal (fls.197/198),  por meio da Resolução nº 277, nos seguintes termos:  1.  Trata­se  de  crédito  tributário  apurado  com  base  nas  contribuições  sociais  incidentes  sobre a  remuneração paga aos  segurados empregados, a título de premiação por meio de cartão  eletrônico (AI 37.203.956­1).  2.  O  lançamento  originou­se  do  fato  de  a  empresa  ter  sido  excluída do SIMPLES FEDERAL, por meio do Ato Declaratório  Executivo  DRF/NIT  no.  27,  de  03.03.2008,  com  efeitos  retroativos  a  01.02.2004,  conforme  informação  do  relatório  fiscal (fls. 65).  3.  Entretanto,  consta  dos  autos  (fls.  185)  a  informação  da  DRF/NIT  ­  Serviço  de Fiscalização  que  a  empresa  interessada  apresentou manifestação  de  inconformidade  contra  o  resultado  de SRS referente ao Ato Declaratório Executivo DRF/NIT no. 27,  de  03.03.2008,  o  que  em  tese,  posterga  os  efeitos  da  exclusão  para  a  data  da  decisão  definitiva  no  julgamento  daquela  manifestação de inconformidade.  4. A  empresa  interessada, por  sua vez,  defende­se  (fls.187/190)  alegando  que  atacou  o  Ato  Declaratório  Executivo  o  que  impossibilitaria o presente lançamento e o seu julgamento.  5.  Entretanto,  não  constam  dos  autos  o  Ato  Declaratório  Executivo  DRF/NIT  nº  27,  de  03.03.2008  e  a  manifestação  de  inconformidade, assim como qualquer informação acerca de seu  julgamento. Também não foi localizado no sistema COMPROT o  processo  instaurado  pela  apresentação  da  manifestação  de  inconformidade.  6.  Tais  documentos  e  informações  são  imprescindíveis  para  o  julgamento  do  presente  auto­de­infração,  pois  a  exclusão  do  SIMPLES FEDERAL é questão prejudicial.  7.Neste sentido é o art. 1°, inciso 111, parágrafo 3° da Portaria  RFB 666, de 24. 04.2008 (DOU 28.04.2008):  Fl. 274DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15540.000048/2009­24  Acórdão n.º 2302­003.676  S2­C3T2  Fl. 4          5 Art. 1º Serão objeto de um único processo administrativo:  III  ­  as  exigências  de  crédito  tributário  relativo  a  infrações  apuradas  no  Simples  que  tiverem  dado  origem  à  exclusão  do  sujeito  passivo  dessa  forma  de  pagamento  simplificada,  a  exclusão  do  Simples  e  o  lançamento  de  oficio  de  crédito  tributário dela decorrente;  §  3º  Sendo  apresentadas  pelo  sujeito  passivo  manifestação  de  inconformidade  e  impugnação,  as  peças  serão  juntadas  aos  processos de que tratam os incisos II eIII.  §  5º'  Para  efeito  do  disposto  nos  incisos  II  e  III,  havendo  lançamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ou  da  Contribuição  Previdenciária,  estes  deverão  constituir  processos distintos.  8.  Logo,  entendo  necessária  a  diligência  fiscal  para  que  a  DRF/NIT  anexe  aos  autos  os  seguintes  documentos  e  informações:  ­  cópia do Ato Declaratório Executivo DRF/NIT no. 27, de 03.  03.2008;  ­ cópia da manifestação de inconformidade apresentada contra o  resultado  de  SRS  referente  ao  Ato  Declaratório  Executivo  DRF/NI T no. 27, de 03.03.2008;  ­ informação do número COMPROT gerado pela protocolização  da manifestação de inconformidade;  ­  informação  acerca  da  fase  em  que  se  encontra  o  julgamento  administrativo da manifestação de  inconformidade, assim como  a informação do órgão em que o processo se encontra.  9.  Isto  posto,  encaminhem­se  os  autos  à  Delegacia  da  Receita  Federal do Brasil da Circunscrição do Rio de Janeiro (RJ), afim  de realizar diligência fiscal, com o fito de esclarecer a situação  atual  da  exclusão  da  empresa  do  SIMPLES  FEDERAL,  anexando aos autos os documentos  e  informações  relacionados  nos  itens  8.1  a  8.4,  remetendo­se  cópia  ao  contribuinte  das  diligências fiscais realizadas e documentos porventura anexados  aos  autos,  conforme  previsto  no  art.11  da  Portaria  RFB  n"  10.875,  de  16  de  agosto  de  2007,  concedendo­lhe,  conforme  dispõe art. 44, da Lei 9. 784/99, o prazo mínimo de 30 (dez) dias  para,  querendo,  manifestar­se  exclusivamente  sobre  a  informação  fiscal de diligência e as provas porventura  trazidas  aos autos. Após retornem­se os autos à Delegacia de Julgamento  competente para julgamento.  10. A comprovação de recebimento no endereço da empresa ou  de qualquer de  seus  sócios, ou,  frustrados  esses meios,  através  de  edital,  deverá  ser  acostada  aos  autos  do  presente  processo  administrativo,  antes  de  sua  devolução  à  Delegacia  de  Julgamento.  Alexandre Salgado Dourado Martins  Fl. 275DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI     6 Auditor­Fiscal da receita Federal do Brasil  Mat. 1.757.906  4.2. Em atendimento à diligência,  o agente  fiscal  informou por  meio  de  Relatório  de  Diligência  Fiscal  de  31.03.2010  (fls.  204/205) que não consta na Secretaria da  Receita Federal do Brasil qualquer registro que o sujeito passivo  tenha  entrado  com  manifestação  de  inconformidade  e/ou  impugnação contra o Ato Declaratório de Exclusão e que, uma  vez  intimado  expressamente  o  sujeito  passivo  acerca  da  diligência,  este  não  apresentou  qualquer  documento  que  comprovasse  a  manifestação  de  inconformidade  e/ou  impugnação ao Ato Declaratório de Exclusão. Conclui o agente  fiscal que o interessado NÃO entrou com interposição de SRS ­  Solicitação de Revisão da Vedação/Exclusão do SIMPLES.  4.3.  Em  sede  de  diligência  o  agente  fiscal  anexou  também  O  Termo  de  Intimação  Fiscal  (fls.  203),  onde  se  requisita  expressamente  ao  sujeito  passivo  a  apresentação  do  recibo  (protocolo)  original  e  cópia  da  entrega  da  Manifestação  de  Inconformidade  e/ou  Impugnação  contra  o  Ato  Declaratório  Executivo  DRF/N  IT  27,  de  03.03.2008.  Anexado  também  (fls.  206)  cópia  do  Ato  Declaratório  Executivo  DRF/N  IT  27,  de  03.03.2008.  4.4. Intimado o interessado (fl. 216), acerca da diligência fiscal,  aquele permaneceu inerte.  4.5. É o relatório.  Ainda inconformado com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, o ora  Recorrente  interpôs  Recurso  Voluntário  TEMPESTIVO  às  fls.  235/262,  respaldando  sua  inconformidade em argumentação desenvolvida nos termos a seguir expostos:  ­  Que  o  lançamento  tributário  ora  impugnado  está  eivado  de  nulidade  insanável, pois houve ausência de intimação do ADE – Ato Declaratório Executivo DRF/NIT  nº 27 , de 03/03/2008 ­ no processo de exclusão da Recorrente do SIMPLES FEDERAL, o que  acarreta contaminação do crédito tributário em questão, já que ele deriva unicamente do fato da  empresa recorrente ter sido defenestrada do referido sistema de tributação simplificado, razão  pela qual deve ser julgado improcedente;  ­  Que  na  hipótese  de  não  ser  acolhida  a  tese  de  nulidade  insanável  acima  desenvolvida, devem ser revistas as multas que integram o presente crédito tributário em face  da revogação do artigo 35 da Lei 8.212/95, de modo a aplicar a nova sistemática de sanções  naquilo  –  e  somente  naquilo  –  que  beneficiar  o  Recorrente,  haja  vista  a  regra  de  RETROATIVIDADE BENÉFICA prevista no artigo 106, inciso II, alínea “a” e “c”, do CTN;  ­ Por  fim, ainda na hipótese de não acolhimento da preliminar de nulidade,  que seja declarada a inexistência de responsabilidade dos sócios do Recorrente, pelos créditos  impugnados, determinando a conseqüente NÃO inclusão de seus nomes em Certidão de Dívida  Ativa  eventualmente  expedida,  isso  em  razão  dos  efeitos  retroativos  que  devem  ser  “emprestados” à revogação do artigo 13 da Lei nº 8.620/93.  Enfim,  repisa  alguns  dos  argumentos  expendidos  na  Instância  Regional  e  inova em outros que não foram colocados à apreciação daquela Instância a quo, para ao final  Fl. 276DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15540.000048/2009­24  Acórdão n.º 2302­003.676  S2­C3T2  Fl. 5          7 requer  o  acatamento  do  recurso  de modo  a  reformar  a  decisão  recorrida,  nos  termos  de  seu  requerimento às fls. 249.  Após,  sem  contrarrazões  da  Procuradoria  da Fazenda Nacional,  subiram  os  autos a este Eg. Conselho.  É o relatório.  Fl. 277DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI     8   Voto               Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa, Relatora  1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE  1.1. DA TEMPESTIVIDADE  O  Recorrente  foi  cientificado  da  r.  decisão  em  debate  no  dia  12/09/2012,  conforme  AR  juntado  às  fls.  110,  e  o  presente  Recurso  Voluntário  foi  apresentado,  TEMPESTIVAMENTE,  no  dia  28/09/2012,  razão  pela  qual  CONHEÇO DO  RECURSO  já  que presentes os requisitos de admissibilidade.  2. DAS PRELIMINARES   2.1 – DA PRECLUSÃO  Preliminarmente,  o  presente  recurso  deve  ser  conhecido  parcialmente  em  razão  da  incompetência  da  presente  Turma  em  anular  o  crédito  tributário  questionado  com  fundamento apenas na ilegalidade ou nulidade do ato de exclusão da Recorrente do SIMPLES  (Lei  n°  9.317/96  SIMPLES  e  a  partir  de  01/07/2007,  vigência  da  LC  n°  123/06  Simples Nacional).  O  ato  de  exclusão  e  sua  possível  anulação  deve  ser  apreciado  em  procedimento  próprio  e  diverso,  como  observado  pela  decisão  a  quo,  não  podendo  ser  rediscutido  dentro  do  procedimento  de  lançamento  de  contribuições  previdenciárias,  porque  conforme  o  art.  2º,  inciso  V,  do  Regimento  Interno  do  CARF/MF,  a  competência  para  processamento e julgamento de recursos que discutam propriamente essa matéria é da Primeira  Seção de Julgamento deste Conselho.   Tal  incompetência  para  apreciação  atrai,  inclusive,  os  efeitos  da  retroatividade  das  decisões  de  exclusão,  pois  são matérias  atinentes  às  suas  próprias  causas  originárias, inclusive em relação aos artigos 13 e 15 da Lei nº 9.317/96 e artigos 28 e 31 da LC  nº 123/06.  Com efeito, a matéria não contestada expressamente na fase impugnatória é  considerada  definitivamente  apreciada  na  esfera  administrativa,  nos  termos  do  artigo  17  do  Decreto nº 70.235/72 e alterações:  Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não   tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.   (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)  Além  disso,  como  já  mencionado,  o  contribuinte  não  apresentou,  na  fase  impugnatória, nenhuma manifestação de esclarecimentos, precluindo o direito de fazêlo nesse  momento processual, a teor do § 4º, art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972 e alterações:   Art. 16. A impugnação mencionará:   [...]   III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os   Fl. 278DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15540.000048/2009­24  Acórdão n.º 2302­003.676  S2­C3T2  Fl. 6          9 pontos de discordância e as razões e provas que possuir;   (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)   [...]   §  4º  A  prova  documental  será  apresentada  na  impugnação,  precluindo  o  direito  de  o  impugnante  fazêlo  em  outro  momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)    a)  fique  demonstrada  a  impossibilidade  de  sua  apresentação  oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)    b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei  9.532, de 1997)    c)  destinese  a  contrapor  fatos  ou  razões  posteriormente  trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)(destaques meus)   É  importante  ressaltar  que  a  preliminar  de  nulidade  alegada  não  pode  ser  apreciada agora, tanto em face da incompetência em relação à matéria que se pretende que se  adentre,  como  em  razão  da  preclusão  administrativa  ocorrida  em  relação  à  alegação  que  a  fundamenta (ausência de intimação).  Não há como superar os limites temporais estabelecidos pela lei, que devem  ser aplicados, indistintamente, a todos os administrados.   Noutro diapasão, ocorreu nos autos a preclusão administrativa em relação às  alegações sobre eventual nulidade insanável do presente lançamento tributário, decorrentes da  ciência  ou  não  do  PROCESSO DE  EXCLUSÃO DO  SIMPLES  FEDERAL,  também  pelos  seguintes fatos:  ­  O  Recorrido  foi  instado  a  se  manifestar  exatamente  sobre  a  diligência  realizada  em  razão  dessa  matéria  ­  Processo  de  Exclusão  do  SIMPLES  FEDERAL  –  determinada  pelo  órgão  julgador  de  1ª  Instância,  por  intermédio  da  Resolução  nº  277  de  13/11/2009, conforme Termo de Intimação Fiscal às Fls. 216, entretanto quedou­se inerte, e se  manteve silente  em  relação aos  fatos  apresentados,  não podendo  agora  ressuscitar a matéria,  que sequer  foi  oportunizada à análise e manifestação do Órgão Julgador de 1ª  Instância,  sob  pena deste Colegiado incorrer em supressão de instância, o que lhe é vedado.  Vencida as preliminares, passamos ao exame do mérito.  3. DO MÉRITO  Inicialmente cumpre consignar que os  fatos e/ou as matérias que não foram  contestados  expressamente,  tanto  em  sede  de  Impugnação  como  em  fase  de  Recurso  Voluntário,  são  considerados  verdadeiros,  restando  preclusa  eventual  arguição  em  sede  de  sustentação oral, nos termos da legislação que rege a matéria, razão pela qual não serão objeto  de apreciação por este Colegiado.  Impende­se  ainda  ratificar  que  qualquer  questão  de  fato  ou  de  direito,  estranhas  ao  presente  lançamento,  ou  não  oferecidas  à  apreciação  perante  o Órgão  Julgador  de1ª Instância, não serão objeto de apreciação por esta Corte de Julgamento Administrativa, em  face ao que dispõe o art. 17 do Decreto nº 70.235/72.  Fl. 279DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI     10 3.1. DAS MULTAS – RETROATIVIDADE BENÉFICA  As  normas  jurídicas  que  disciplinavam  a  cominação  de  penalidades  decorrentes da não  entrega de GFIP ou de  sua  entrega  contendo  incorreções  foram alteradas  pela  Lei  nº  11.941/2009,  produto  da  conversão  da  Medida  Provisória  nº  449/2008.  Tais  modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas  ao infrator que aquelas então derrogadas.  Nesse panorama, a supracitada Lei federal revogou os §§ 4º e 5º do art. 32 da  Lei nº 8.212/91, fazendo introduzir no bojo desse mesmo Diploma Legal o art. 32­A, ad litteris  et verbis:  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991  Art.  32­A  ­ O  contribuinte  que  deixar  de  apresentar  a  declaração  de  que  trata  o  inciso  IV  do  caput  do  art.  32  desta  Lei  no  prazo  fixado  ou  que  a  apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentá­la ou a  prestar  esclarecimentos  e  sujeitar­se­á  às  seguintes multas:  (Incluído  pela  Lei nº 11.941/2009).  I  –  de  R$  20,00  (vinte  reais)  para  cada  grupo  de  10  (dez)  informações  incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009).  II – de 2% (dois por cento) ao mês­calendário ou fração, incidentes sobre o  montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no  caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a  20% (vinte por cento), observado o disposto no §3º deste artigo.  (Incluído  pela  Lei nº 11.941/2009). (grifos nossos)  §1º Para efeito de aplicação da multa prevista no  inciso II do caput deste  artigo,  será  considerado  como  termo  inicial  o  dia  seguinte  ao  término  do  prazo  fixado  para  entrega  da  declaração  e  como  termo  final  a  data  da  efetiva  entrega  ou,  no  caso  de  não  apresentação,  a  data  da  lavratura  do  auto  de  infração  ou  da  notificação  de  lançamento.  (Incluído  pela  Lei  nº  11.941/2009).  §2º Observado  o  disposto  no  §3º  deste  artigo,  as multas  serão  reduzidas:  (Incluído pela Lei nº 11.941/2009).  I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo,mas antes  de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009).  II  –  a  75%  (setenta  e  cinco  por  cento),  se  houver  apresentação  da  declaração  no  prazo  fixado  em  intimação.(Incluído  pela  Lei  nº  11.941/2009).  §3  A  multa  mínima  a  ser  aplicada  será  de:  (Incluído  pela  Lei  nº  11.941/2009).  I – R$ 200,00  (duzentos  reais),  tratando­se de omissão de declaração sem  ocorrência  de  fatos  geradores  de  contribuição  previdenciária;  e  (Incluído  pela Lei nº 11.941/2009).  II  – R$ 500,00  (quinhentos  reais),  nos demais  casos.  (Incluído pela Lei nº  11.941/2009).  Fl. 280DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15540.000048/2009­24  Acórdão n.º 2302­003.676  S2­C3T2  Fl. 7          11 Originariamente, a conduta  infracional consistente em apresentar GFIP com  dados  não  correspondentes  aos  fatos  geradores  era  punível  com  pena  pecuniária  correspondente a cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada  aos valores previstos no parágrafo 4º do  art.  32  da Lei nº 8.212/91. A Medida Provisória nº  449/2009, convertida na Lei nº 11.941/2009, alterou a memória de cálculo da penalidade em  tela, passando a impor a multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações  incorretas ou omissas, mantendo inalterada a tipificação legal da conduta punível.  A multa acima delineada será aplicada ao infrator independentemente de este  ter promovido ou não o recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes, a teor  do  inciso  I  do  art.  32­A  acima  transcrito,  fato  que  demonstra  tratar­se  a  ora  discutida  imputação,  de  penalidade  administrativa  motivada,  unicamente,  pelo  descumprimento  de  obrigação instrumental acessória. Assim, a sua mera inobservância consubstancia em infração  e implica a imposição de penalidade pecuniária, em atenção às disposições estampadas no art.  113, §3º do CTN.  A Secretaria  da Receita  Federal  do Brasil  editou  a  IN RFB  nº  1.027/2010,  que assim dispôs em seu art. 4º:  Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 22/04/2010  Art.  4º  A  Instrução  Normativa  RFB  nº  971,  de  2009,  passa  a  vigorar  acrescida do art. 476­A:  No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos:  I  –  até  30  de  novembro  de  2008,  deverá  ser  aplicada  a  penalidade mais  benéfica conforme disposto na alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº  5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os  seguintes valores:  a)  somatório  das  multas  aplicadas  por  descumprimento  de  obrigação  principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação  anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de  obrigações  acessórias,  nos moldes  dos  §§  4º,  5º  e  6º  do  art.  32  da Lei  nº  8.212, de 1991,  em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e   b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35­A da Lei nº 8.212, de 1991,  acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009.  II ­ a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicam­se as multas previstas no  art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996.  §1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de  1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham  sido  aplicadas  isoladamente,  sem  a  imposição  de  penalidade  pecuniária  pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com  as  penalidades  previstas  no  art.  32­A  da  Lei  nº  8.212,  de  1991,  com  a  redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009.  §2º A comparação de que trata este artigo não será feita no caso de entrega  de GFIP com atraso, por se tratar de conduta para a qual não havia antes  penalidade prevista.  Fl. 281DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI     12 Óbvio  está  que  os  dispositivos  selecionados  encartados  na  IN  RFN  nº  1.027/2010 extravasaram o campo reservado pela CF/88 à atuação dos órgãos administrativos,  que  não  podem  ultrapassar  o  âmbito  da  norma  legal  que  rege  a  matéria  ora  em  relevo,  tampouco inovar o ordenamento jurídico.  Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, não  vislumbramos existir motivo para serem somadas as multas por descumprimento da obrigação  principal  e  com  aquelas  decorrentes  da  inobservância  de  obrigações  acessórias,  para,  em  seguida,  se  confrontar  tal  somatório  com  o  valor  da multa  calculada  segundo  a metodologia  descrita no art. 35­A da Lei nº 8.212/1991, para, só então, se apurar qual a pena administrativa  se revela mais benéfica ao infrator.  Entendo  que  o  exame  da  retroatividade  benigna  deve  se  adstringir  ao  confronto entre a penalidade imposta pelo descumprimento de obrigação acessória,  calculada  segundo  a  lei  vigente  à  data  de  ocorrência  dos  fatos  geradores  e  a  penalidade  pecuniária  prevista na novel legislação pelo descumprimento da mesma obrigação acessória, não havendo  que  se  imiscuir  com  a  multa  decorrente  de  lançamento  de  ofício  de  obrigação  tributária  principal  A análise da lei mais benéfica não pode superar  tais condições de contorno,  pois,  como  já  afirmado  alhures,  trata­se  de  obrigação  acessória  que  é  absolutamente  independente de qualquer obrigação principal.  Note­se que o princípio tempus regit actum somente será afastado quando a  lei nova cominar ao FATO PRETÉRITO, in casu, o descumprimento de determinada obrigação  acessória, penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.  Dessarte,  nos  termos  do  CTN,  para  fins  de  retroatividade  de  lei  nova,  é  incabível  a  comparação  entre  (a)  o  somatório  das  multas  aplicadas  por  descumprimento  de  obrigação  principal,  nos  moldes  do  art.  35  e  das  multas  aplicadas  pelo  descumprimento  de  obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32, ambos da Lei nº 8.212/991, em  sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (b) multa aplicada de ofício nos termos do art.  35­A da Lei nº 8.212/91, acrescido pela Lei nº 11.941/2009, inexistindo regra de hermenêutica  que nos autorize a extrair dos documentos normativos acima revisitados interpretação jurídica  que admita a comparação entre a multa derivada do somatório previsto na alínea ‘a’ do inciso I  do art. 476­A da IN RFB nº 971/2009 e o valor da penalidade prevista na alínea ‘b’ do inciso I  do mesmo dispositivo legislativo suso aludido, para fins de retroatividade de lei tributária mais  benéfica.  De outro lado, o art. 97 do CTN estatui que somente a lei formal pode dispor  sobre a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos e  tratar de hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou  redução de penalidades.  Mostra­se  flagrante que  a  alínea  ‘a’  do  inciso  I  do  art.  476­A da  Instrução  Normativa RFB nº 971/2009,  acrescentado pela  IN RFB nº 1.027/2010,  é  tendente  a  excluir  sem previsão de lei formal, penalidade pecuniária imposta pelo descumprimento de obrigação  acessória  nos  casos  em  que  a  multa  de  ofício,  aplicada  pelo  descumprimento  de  obrigação  principal,  for mais  benéfica  ao  infrator.  Tal  hipótese  não  se  enquadra,  de  forma  alguma,  na  situação de retroatividade benigna prevista pelo art. 106,  II, ‘c’ do CTN, pois emprega como  parâmetros de comparação penalidades de natureza jurídica diversa, uma pelo descumprimento  de obrigação principal e a outra, pelo de obrigação acessória.  Fl. 282DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15540.000048/2009­24  Acórdão n.º 2302­003.676  S2­C3T2  Fl. 8          13 Há que se  reconhecer que as penalidades acima apontadas são autônomas e  independentes  entre  si,  pois que a  aplicação de uma não afasta  a  incidência da outra  e vice­ versa.  Nesse contexto, não se trata de retroatividade da lei mais benéfica, mas, sim,  de  dispensa  de  penalidade  pecuniária  estabelecida  mediante  Instrução  Normativa,  favor  tributário que somente poderia emergir da lei formal, a teor do inciso VI, in fine, do art. 97 do  CTN.  É  mister  ainda  destacar  que  o  art.  35­A  da  Lei  nº  8.212/91,  incluído  pela  Medida  Provisória  nº  449/2008,  apenas  se  refere  ao  lançamento  de  ofício  das  contribuições  previdenciárias previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 dessa mesma  Lei, das contribuições instituídas a  título de substituição e das contribuições devidas a outras  entidades  e  fundos,  não  produzindo  qualquer  menção  às  penalidades  administrativas  decorrentes do descumprimento de obrigação acessória, assim como não o faz o remetido art.  44 da Lei nº 9.430/96.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991  Art.  35­A  ­  Nos  casos  de  lançamento  de  ofício  relativos  às  contribuições  referidas  no  art.  35  desta  Lei,  aplica­se  o  disposto  no  art.  44  da  Lei  no  9.430, de 27 de dezembro de 1996.  Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996  Art.  44  ­ Nos  casos de  lançamento de ofício,  serão aplicadas as  seguintes  multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)  I  de  75%  (setenta  e  cinco  por  cento)  sobre  a  totalidade  ou  diferença  de  imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento,  de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei  nº 11.488/2007);  II  de  50%  (cinquenta  por  cento),  exigida  isoladamente,  sobre  o  valor  do  pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)  a) na  forma do  art.  8o  da Lei  no  7.713,  de  22  de  dezembro  de  1988,  que  deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar  na  declaração  de  ajuste,  no  caso  de  pessoa  física;  (Incluída  pela  Lei  nº  11.488/2007)  b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha  sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição  social sobre o lucro líquido, no ano­calendário correspondente, no caso de  pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488/2007)  §1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será  duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de  novembro  de  1964,  independentemente  de  (Redação  dada  pela  Lei  nº  11.488/2007)  (...)  §2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o  deste  artigo  serão  aumentados  de  metade,  nos  casos  de  não  atendimento  Fl. 283DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI     14 pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada  pela Lei nº 11.488/2007)  I  prestar  esclarecimentos;  (Renumerado  da  alínea  "a",  pela  Lei  nº  11.488/2007)  II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei  nº 8.218, de 29 de agosto de 1991;  (Renumerado da alínea "b", com nova  redação pela Lei nº 11.488/2007)  III  apresentar  a  documentação  técnica  de  que  trata  o  art.  38  desta  Lei.  (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007)  §3º Aplicam­se às multas de que trata este artigo as reduções previstas no  art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383,  de 30 de dezembro de 1991.  §4º As disposições deste artigo aplicam­se, inclusive, aos contribuintes que  derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente  de qualquer incentivo ou benefício fiscal.  Assim,  em  virtude  da  total  independência  e  autonomia  entre  as  obrigações  tributárias principal e acessória, o preceito  inscrito no art. 35­A da Lei nº 8.212/91,  incluído  pela MP nº 449/2008, não projeta qualquer efeito sobre os Autos de Infração lavrados em razão  exclusiva de descumprimento de obrigação acessória associada às Guias de Recolhimento do  FGTS e Informações à Previdência Social.  Uma  vez  que  a  penalidade  pelo  descumprimento  de  obrigação  acessória  encontra­se  prevista  em  lei,  somente  o  Poder  Legislativo  dispõe  de  competência  para  dela  dispor.  A  legislação  complementar,  na  forma  de  Instrução  Normativa  emanada  do  Poder  Executivo, é pai pequeno no terreiro, não podendo dispor autonomamente de forma contrária a  diplomas normativos de mais graduada estatura na hierarquia do ordenamento jurídico, in casu,  a lei formal, e assim extrapolar os limites de sua competência concedendo anistia para exclusão  de  crédito  tributário,  em  flagrante  violação  às  disposições  insculpidas  no  §6º  do  art.  150  da  CF/88, o qual exige lei em sentido estrito.  Vislumbra­se inaplicável, portanto, a referida IN RFB nº 1.027/2010, por ser  flagrantemente  ilegal. Como demonstrado, é possível a aplicação da multa  isolada em GFIP,  mesmo  que  o  sujeito  passivo  haja  promovido,  tempestivamente,  o  exato  recolhimento  do  tributo correspondente, conforme assentado no art. 32­A da Lei nº 8.212/91.  Nesse  contexto,  afastada  por  ilegalidade  a norma  estatuída  pela  IN RFB  nº  1.027/2010, por  representar a novel  legislação encartada no art. 32­A da Lei nº 8.212/91 um  benefício ao contribuinte, verifica­se a incidência do preceito encartado na alínea ‘c’ do inciso  II  do  art.  106 do CTN, devendo  ser observada a  retroatividade benigna,  sempre que  a multa  decorrente da sistemática de cálculo realizada na forma prevista no art. 32­A da Lei nº 8.212/91  cominar  ao  Sujeito  Passivo  uma  penalidade  menos  severa  que  a  prevista  na  lei  vigente  ao  tempo da ocorrência da infração.  Assim, tratando­se o presente caso de hipótese de entrega de GFIP contendo  informações  incorretas  ou  com  omissão  de  informações,  deverá  ser  aplicada  a  penalidade  prevista  no  inciso  I  do  art.  32­A  da  Lei  nº  8.212/91,  se  e  somente  se  esta  se mostrar mais  benéfica ao Recorrente.  REVOGAÇÃO  DO  ARTIGO  13  LA  LEI  Nº  8.620/93  –  EFEITOS  RETROATIVOS  Fl. 284DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15540.000048/2009­24  Acórdão n.º 2302­003.676  S2­C3T2  Fl. 9          15 Quanto à essa alegação da indevida responsabilização dos sócios (diretores),  cabe  esclarecer  que  os  corresponsáveis  mencionados  pela  fiscalização  não  figuram  no  polo passivo do presente lançamento fiscal.  A relação de corresponsáveis, anexada pela fiscalização, tem como finalidade  identificar  as  pessoas  que  poderiam  ser  responsabilizadas  na  esfera  judicial,  caso  fosse  constatada  a  prática  de  atos  com infração  de leis  ou  estatuto,  conforme  determina  o Código  Tributário Nacional, e permitir que se cumpra o estabelecido no art. 2º, inciso I, § 5º, da Lei   6.830/1980, que dispõe:   Art.  2º.  Constitui  Dívida  Ativa  da  Fazenda  Pública  aquela  definida como tributária ou nãotributária na Lei nº 4.320, de 17  de  março  de  1964,  com  as  alterações  posteriores,  que  estatui normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos  orçamentos  e  balanços  da  União,  dos  Estados,  dos Municípios e do Distrito Federal.  (...)   § 5º O Termo de Inscrição de Dívida Ativa deverá conter:   I  o  nome  do  devedor,  dos  coresponsáveis  e  sempre  que  conhecido, o domicílio ou residência de um e de outros (g.n.);  Além  disso,  verificase  que  o  artigo  79,  inciso  VII,  da  Lei  11.941/2009  revogou  o  artigo  13  da  Lei  8.620/1993.  Com  isso,  após  essa  revogação  do  artigo  13,  o  denominado  “Relatório  de Representantes  Legais  (REPLEG),  acompanhada  do  Relatório  de  Vínculos, não pode mais ostentar em seu título qualquer expressão que venha mesma a apenas  insinuar uma corresponsabilidade das pessoas nela relacionadas. Segue transcrição:   Lei 8.620/1993:   Art. 13. O titular da firma individual e os sócios das empresas por cotas de  responsabilidade  limitada  respondem  solidariamente,  com  seus  bens  pessoais, pelos débitos junto à seguridade social.   Parágrafo  único.  Os  acionistas  controladores,  os  administradores,  os  gerentes  e os diretores  respondem solidariamente e  subsidiariamente, com  seus bens pessoais, quanto ao  inadimplemento das obrigações para com a  seguridade social, por dolo ou culpa.   A  relação  de  corresponsáveis  apenas  identifica  os  sócios  e  diretores  da  empresa e respectivo período de gestão sem, por si só, atribuir­lhes responsabilidade solidária  ou  subsidiária  pelo  crédito  constituído.  Não  é  conseqüência  do  aludido  documento  que  os  referidos representantes legais passem a constar no polo passivo da obrigação tributária.  O  Relatório  “REPLEG”  serve  apenas  como  subsídio  a  Procuradoria  da  Fazenda Nacional (PFN), caso haja necessidade de execução judicial do crédito previdenciário,  e sendo verificada a ocorrência das hipóteses legais para a responsabilização tributária prevista  no  Código  Tributário  Nacional  (CTN).  Assim,  tem­se  que  –  a  indicação  dos  representantes  legais é mero subsídio para, se necessário e cabível, o crédito previdenciário ser exigido dos  administradores exclusiva, solidária ou subsidiariamente com o contribuinte.  Fl. 285DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI     16 No  entanto,  nem  por  isso  os  representantes  legais  não  devam  constar  em  relação  preparada  pelo  Fisco.  É  da  analise  dos  contratos  sociais  e  estatuto  que  são  identificadosos  sócios  e  diretores  da  empresa,  dessa  relação  a PFN  poderá  indicar  eventuais  corresponsáveispelo  crédito,  conforme  dispõe  em  especial  o  artigo  135  da  Lei  5.172/1966  (Código Tributári  Nacional CTN):   Art.  135.  São  pessoalmente  responsáveis  pelos  créditos  correspondentes  a  obrigações  tributárias  resultantes  de  atos  praticados com excesso  de  poderes  ou infração  de lei, contrato  social ou estatutos:   I as pessoas referidas no artigo anterior;   II os mandatários, prepostos e empregados;   III  os  diretores,  gerentes  ou  representantes  de  pessoas  jurídicas  de  direito privado.  Portanto,  não  acato  essa  preliminar,  eis  que  a  finalidade  do  “Relatório  de  Representantes Legais REPLEG (Relação de Corresponsáveis)” é apenas identificar os sócios e  diretores da empresa, com seu respectivo período de gestão.  Diante desses fundamentos, em que pesem os argumentos apresentados pelo  Recorrente,  os  mesmos  não  podem  prosperar,  nem  tampouco  ser  acolhidos  para  anular  ou  reformar a decisão recorrida.  4. CONCLUSÃO:  Pelos  motivos  expendidos,  CONHEÇO  do  Recurso  Voluntário  para,  no  mérito,  NEGAR­LHE  PROVIMENTO,  mantendo  o  lançamento  das  contribuições  previdenciárias,  já  que  o  contribuinte  foi  excluído  do  SIMPLES,  com  decisão  transitada  em  julgado administrativamente.  É como voto.  Luciana Matos Pereira Barbosa.                              Fl. 286DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI

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Numero do processo: 10580.727236/2014-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2012 É legítima a exigência da multa de 75% quando do lançamento de ofício para constituição de créditos tributários do IPI. Recurso Voluntário Negado. Não há nulidade quando a autoridade fiscal, de forma suficiente, demonstra os motivos pelos quais lavrou o auto de infração e a adequada fundamentação legal do lançamento, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa que são assegurados ao sujeito passivo pela Constituição Federal, retratado nas alegações aduzidas na sua peça recursal.
Numero da decisão: 3301-002.898
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios - Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios - Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro.

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS     2 Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2012  É legítima a exigência da multa de 75% quando do lançamento de ofício para  constituição de créditos tributários do IPI.   Recurso Voluntário Negado.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento ao recurso voluntário, nos  termos do relatório e do voto que integram o presente  julgado.  (assinado digitalmente)  Andrada Márcio Canuto Natal ­ Presidente.   (assinado digitalmente)  Francisco José Barroso Rios ­ Relator.  Participaram  da  presente  sessão  de  julgamento  os  conselheiros  Andrada  Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo  Costa Marques  d'Oliveira, Maria  Eduarda Alencar  Câmara  Simões  e  Semíramis  de Oliveira  Duro.  Relatório  Trata­se de recurso voluntário interposto contra decisão da 8ª Turma da DRJ  Ribeirão  Preto  (e­fls.  96/101),  a  qual  julgou  procedente  o  auto  de  infração  lavrado  contra  o  sujeito passivo, nos termos do acórdão assim ementado:  ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL   Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2012   IPI. FALTA DE DECLARAÇÃO. DESCRIÇÃO SUCINTA DA INFRAÇÃO.  INEXISTÊNCIA  DE  VIOLAÇÃO  AOS  PRINCÍPIOS  CONSTITUCIONAIS  DE  DIREITO  DE  PETIÇÃO,  VEDAÇÃO  AO  JUÍZO  DE  EXCEÇÃO,  CONTRADITÓRIO,  AMPLA  DEFESA  E  DEVIDO  PROCESSO  LEGAL  ADMINISTRATIVO.   A constatação, pela Fiscalização, de infração flagrante, consistente na falta  de declaração em DCTF de valores apurados de  IPI pela  Interessada, e a  descrição dos fatos de maneira sucinta, à vista da clareza da irregularidade,  não  infringem  a  legislação  processual.  Garantido  o  direito  de  defesa,  o  contraditório  e  o  devido  processo  legal,  a  partir  da  apresentação  da  impugnação  de  lançamento,  não  há  que  se  falar  em  violação  de  direitos  fundamentais.   PROCESSO  ADMINISTRATIVO  FISCAL.  SUSPENSÃO  DA  EXIGIBILIDADE  E  GARANTIA  DE  INSTÂNCIA.  INEXISTÊNCIA  DE  LITÍGIO.   Reconhecendo a autoridade administrativa a suspensão da exigibilidade do  crédito tributário e não havendo exigência de garantia de instância, inexiste  litígio em relação à matéria impugnada.   Fl. 126DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 10580.727236/2014­71  Acórdão n.º 3301­002.898  S3­C3T1  Fl. 126          3 MULTA.  VALIDADE,  LIMITES  E  CONSTITUCIONALIDADE.  APRECIAÇÃO EM PROCESSO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE.   No processo administrativo  fiscal,  é  vedado afastar norma contida em  lei,  decreto ou regulamento, em razão de alegada inconstitucionalidade.   ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO   Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2012   IPI. FALTA DE DECLARAÇÃO. MULTA. REQUISITOS.   A  responsabilidade  por  infrações  da  legislação  tributária  independe  da  intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão  dos efeitos do ato (Art. 136 do CTN).   IPI.  VALORES  APURADOS  NA  ESCRITA  FISCAL.  FALTA  DE  DECLARAÇÃO. LANÇAMENTO.   Os  valores  de  imposto  apurados  pelo  contribuinte  e  não  declarados  em  DCTF devem ser objeto de lançamento, por meio de auto de infração, com  inclusão de multa de ofício e juros de mora.  Impugnação Improcedente  Crédito Tributário Mantido  A  lavratura  do  auto  de  infração  decorreu  dos  fatos  descritos  no  relatório  objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade:  1.   Trata­se de impugnação de lançamento (e­fls. 80 a 90) apresentada em  08  de  outubro  de  2014  contra  auto  de  infração  (e­fls.  2  a  9)  de  16  de  setembro de 2014, cientificado em 23 de setembro de 2014, que se referiu a  valores não declarados do IPI dos períodos de apuração de janeiro de 2011  a dezembro de 2012.   2.   De acordo com o auto de infração, "O Contribuinte deixou de declarar  em todo o período de 2011 e 2012 valores de IPI escriturados e enviados via  SPED, salvo no mês de fevereiro, cujo valor declarado foi deduzido do valor  escriturado."   3.   Na  impugnação,  a  Interessada  alegou,  inicialmente,  que,  na  constatação  de  violação  à  legislação  tributária,  a  Fiscalização  não  teria  especificado  os  fatos,  o  que  não  poderia  deixar  de  fazer,  e  teria  desconsiderado  o  reconhecimento  do  pedido  de  parcelamento  formalizado  pelo contribuinte. Dessa forma, a multa de ofício não poderia incidir sobre  o tributo cobrado, "sob pena de caracterizar verdadeiro confisco conforme  será analisado nesta impugnação de lançamento", não tendo havido dolo ou  má­fé,  que  seriam  pré­requisitos  para  a  imposição  da  "multa  sancionatória".   4.   A seguir, tratou do direito de defesa, mencionando o direito de petição,  a  vedação  ao  juízo  de  exceção,  o  devido  processo  legal  administrativo,  a  suspensão  da  exigibilidade  do  crédito  tributário,  a  multa  excessiva  e  desproporcional.  Citou  a  Súmula  Vinculante  n.  21  do  STF,  referiu­se  à  ausência de fraude e dolo e à decisão do STF na ADI n. 551/RJ.   5.   Por fim, requereu o seguinte:   a)  A  suspensão  da  exigibilidade  do  crédito  tributário  observando­se  as  intimações  pessoais,  devido  processo  administrativo  e  ampla  defesa  até  final  trânsito em julgado.   Fl. 127DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS     4 b)  A  nulidade  do  auto  de  lançamento  por  não  especificar  adequadamente  a  pretensão tributária dificultando a defesa administrativa.   c)  Afastamento  da  multa  aplicada  e  demais  sanções  tributárias  que  somente  poderá ocorrer após final trânsito em julgado do processo administrativo, uma  vez que, no prazo legal, foram atendidas as determinações do sujeito ativo com  promoção de todas as retificações exigidas.   d)  Seja  oportunizado  ainda,  ao  contribuinte,  o  Direito  de  produzir  provas  documentais, periciais, cálculos, planilhas e demais que ratifique os termos da  defesa.   POR  FIM,  REQUER  SEJA  RECEBIDA  A  PRESENTE  DEFESA  NOS  TERMOS  RETRO  PARA  SER  JULGADO  PROCEDENTE  COM  O  AFASTAMENTO DAS PENALIDADES IMPOSTAS.   Finalmente,  pede  pela  suspensão  da  exigibilidade  do  crédito  tributário  e  intimação  pessoal  do  representante  legal,  abaixo  assinado,  de  todos  os  atos  ulteriores deste processo até final trânsito em julgado.   A ciência da decisão que manteve a exigência formalizada contra a recorrente  ocorreu em 09/02/2015 (e­fls. 110). Inconformada, a mesma apresentou, em 03/03/2015 (e­fls.  111), o recurso voluntário de e­fls. 112/118, onde requer seja "anulado e/ou cancelado o débito  fiscal, ou, ainda, [...] seja revisada a multa aplicada e reduzida a percentual equilibrado de  20%", dada, essencialmente, à "vedação Constitucional de se aplicar penalidade e restrição de  Direitos  sem  oportunizar  ao  contribuinte  o  Direito  ao  Contraditório",  e  a  desproporcionalidade da multa de 75%, que seria confiscatória.  É o relatório.  Voto             Conselheiro Francisco José Barroso Rios  O  recurso  é  tempestivo  e merece  ser  conhecido por preencher os  requisitos  formais e materiais exigidos para sua aceitação.   O  recurso  da  interessada  abrange  duas  questões  em  essência:  "a  vedação  Constitucional  de  se  aplicar  penalidade  e  restrição  de  Direitos  sem  oportunizar  ao  contribuinte  o  Direito  ao  Contraditório",  bem  como  relacionada  à  desproporcionalidade  da  multa de 75%, que seria confiscatória, requerendo, nesse âmbito, sua redução para o percentual  de 20%.  Não assiste razão a recorrente.  Conforme razões já apresentadas na decisão recorrida, o lançamento é hígido,  não havendo nenhum vício que porventura pudesse ensejar na sua nulidade.   No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as hipóteses de nulidade estão  previstas  no  art.  59  do  Decreto  nº  70.235,  de  1972,  que  considera  nulos  os  atos  e  termos  lavrados  por  pessoa  incompetente  e  os  despachos  e  decisões  proferidos  por  autoridade  incompetente ou com preterição do direito de defesa.   É  importante  ressaltar que o direito processual  tem como regra o princípio  da instrumentalidade das formas, que traz como consequência, com respeito à nulidade do  processo, que somente àquela que sacrifica os  fins de  justiça do processo deve ser declarada  pela  autoridade  julgadora.  Com  efeito,  a  doutrina  pátria  é  pacífica  quando  entende  que  a  Fl. 128DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 10580.727236/2014­71  Acórdão n.º 3301­002.898  S3­C3T1  Fl. 127          5 nulidade  por  cerceamento  ao  direito  de  defesa  exige  seja  comprovado  o  efetivo  prejuízo  ao  exercício  desse direito  por  parte  do  sujeito  passivo.  Segundo o  princípio pas  de  nullité  sans  grief (que, literalmente, significa: não há nulidade sem prejuízo), não se declarará nulo nenhum  ato processual quando este não causar prejuízo à parte ou ao acusado. Tal princípio está assente  nos artigos 563 e 566 do Código de Processo Penal1. No âmbito do Código de Processo Civil,  dispõe o artigo 244 que,   Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de  nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro  modo, lhe alcançar a finalidade.  Ou  seja,  o  artigo  244  do CPC  retrata  a  própria  regra  basilar  que  norteia  o  princípio pas de nullité sans grief, aqui abordado.   Na exação formalizada contra o sujeito passivo, como já dito, não há nenhum  vício que possa ser causa de sua nulidade, como já ressaltado.  O contribuinte também se queixa da "aplicação imediata da penalidade". No  seu entender,  ao mesmo "deveria ser oportunizado [...] o direito de defesa e não a  imediata  restrição de direitos [...]".   O  argumento  trazido  pela  reclamante,  na  verdade,  confunde  requisitos  específicos do exercício do direito de defesa pelo contribuinte com o poder­dever de fiscalizar  do Estado.   É  verdade  que  a  atividade  fiscalizadora  envolve  atividade  de  natureza  inquisitória  que  comporta,  com  efeito,  muitas  vezes,  a  participação  ativa  do  fiscalizado  em  diferentes procedimentos voltados a obter as informações necessárias à constituição formal do  crédito tributário pelo lançamento. O juízo concernente à suficiência dos elementos necessários  à  lavratura  do  auto  de  infração  são  prerrogativas  da  autoridade  que  tem  competência  para  a  prática de aludido ato – ou seja, o AFRFB – não havendo nenhuma necessidade de prévia  anuência do sujeito passivo no que diz respeito a decisão nesse sentido – lavrar o auto.   Terminado o  trabalho  fiscal  e  lavrado  o  auto  de  infração,  aí  sim o  autuado  terá à sua disposição a descrição dos fatos e a fundamentação legal que motivaram o ato oficial  constitutivo do crédito tributário. Ciente do lançamento, poderá o contribuinte fazer pleno uso  –  como  agora  o  faz  –  dos  meios  legais  objeto  do  Processo  Administrativo  Fiscal  para  o  adequado exercício do seu direito ao contraditório e à ampla defesa.  Vê­se,  pois,  que  não  há  razões  legais  para  se  declarar  a  nulidade  do  lançamento por falta de prévia anuência do fiscalizado.   Quanto  às  supostas  inconstitucionalidades  alegadas,  é  vedado,  à  instância  administrativa  negar  a  aplicação  de  lei  que  entenda  inconstitucional,  assunto,  inclusive,  pacificado no  âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais,  nos  termos de  sua  Súmula  no  02,  segundo  a  qual  “O  CARF  não  é  competente  para  se  pronunciar  sobre  a  inconstitucionalidade de lei tributária”.                                                              1 Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.   Art.  566.  Não  será  declarada  a  nulidade  de  ato  processual  que  não  houver  influído  na  apuração  da  verdade  substancial ou na decisão da causa.     Fl. 129DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS     6 Como  se  sabe,  o  julgador  administrativo  está,  sim,  vinculado  à  legalidade  estrita, por força do disposto no artigo 116, III, da Lei no 8.112/90, preceito o qual se repete no  artigo 41, inciso IV, do Anexo II, do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de  Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09/06/2015.   Isso se diga especialmente quanto à aplicação da multa de 75% capitulada no  artigo 80, caput, da Lei nº 4.502/64, com a redação dada pelo artigo 13 da Lei nº 11.488/07.  Transcrevo o preceito em tela:  Art. 80. A falta de lançamento do valor,  total ou parcial, do imposto sobre  produtos  industrializados  na  respectiva  nota  fiscal  ou  a  falta  de  recolhimento do imposto lançado sujeitará o contribuinte à multa de ofício  de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do  imposto que deixou de ser  lançado ou recolhido.  Como já ressaltado, o lançamento foi motivado por valores não declarados do  IPI dos períodos de  apuração de  janeiro de 2011 a dezembro de 2012,  já que o  contribuinte  "deixou de declarar em todo o período de 2011 e 2012 valores de IPI escriturados e enviados  via SPED, salvo no mês de fevereiro, cujo valor declarado foi deduzido do valor escriturado"  (conforme auto de infração, e­fls. 3).   De fato, em análise dos Recibos de Entrega de Escrituração Fiscal Digital de  e­fls.  14/62,  no  âmbito  do  Sistema  Público  de  Escrituração  Digital  ­  SPED,  vê­se  que  o  lançamento foi baseado no saldo devedor do IPI declarado mensalmente. E o dispositivo legal  em  comento  contempla  a  exigência  da  multa  de  75%  quando  da  "falta  de  recolhimento  do  imposto lançado".  O lançamento do principal e da multa, portanto, estão alicerçados em norma  legal vigente, não havendo espaço para a  redução da multa de 75% para 20%, eis que esta  ­  multa  de mora  de  20%  ­  é  específica  para  os  casos  em  que  o  pagamento  é  feito  de  forma  espontânea, hipótese à qual não se subsume a realidade presente.  Da conclusão  Por  todo  o  exposto,  voto  para  negar  provimento  ao  recurso  voluntário  interposto pelo sujeito passivo.  Sala de Sessões, em 17 de março de 2016.  (assinado digitalmente)  Francisco José Barroso Rios ­ Relator                                Fl. 130DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS

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Numero do processo: 13603.724617/2011-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2008 a 31/07/2008 PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO PELA AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O inciso VI do artigo 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 vincula o creditamento em relação a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado - além de seu emprego para locação a terceiros - a seu uso “na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. Portanto, o legislador restringiu o creditamento da contribuição à aquisição de bens diretamente empregados na industrialização das mercadorias (ou na prestação de serviços), não sendo razoável admitir que seja passível do cômputo de créditos a aquisição irrestrita de bens necessários ao exercício das atividades da empresa como um todo. PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS COMO INSUMOS. CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. REALIDADE FÁTICA. SERVIÇOS ENQUADRADOS PARCIALMENTE COMO INSUMOS NOS TERMOS DO REGIME. DIREITO CREDITÓRIO RECONHECIDO EM PARTE. No regime de incidência não-cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637 de 2002 e 10.833 de 2003 (art. 3o, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. O escopo das mencionadas leis não se restringe à acepção de insumo tradicionalmente proclamada pela legislação do IPI e espelhada nas Instruções Normativas SRF nos 247/2002 (art. 66, § 5º) e 404/2004 (art. 8o, § 4º), sendo mais abrangente, posto que não há, nas Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, qualquer menção expressa à adoção do conceito de insumo destinado ao IPI, nem previsão limitativa à tomada de créditos relativos somente às matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem. Contudo, deve ser afastada a interpretação demasiadamente elástica e sem base legal de se dar ao conceito de insumo uma identidade com o de despesa dedutível prevista na legislação do imposto de renda, posto que a Lei, ao se referir expressamente à utilização do insumo na produção ou fabricação, não dá margem a que se considerem como insumos passíveis de creditamento despesas que não se relacionem diretamente ao processo fabril da empresa. Logo, há que se conferir ao conceito de insumo previsto pela legislação do PIS e da COFINS um sentido próprio, extraído da materialidade desses tributos e atento à sua conformação legal expressa: são insumos os bens e serviços utilizados (aplicados ou consumidos) diretamente no processo produtivo (fabril) ou na prestação de serviços da empresa, ainda que, no caso dos bens, não sofram alterações em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Realidade em que a empresa, fabricante de máquinas e equipamentos de grande porte, busca se creditar da contribuição em função de serviços com despacho aduaneiro, contabilidade geral, controle fiscal, contas a pagar e tesouraria, controle de ativo fixo, registro fiscal, faturamento, gestão tributária e societária, serviços de assessoria e expatriados, serviços os quais dizem respeito a atividades de caráter meramente administrativo, e que, por não estarem relacionados diretamente à atividade produtiva da interessada, não dão direito a creditamento. Diferentemente, poderão alicerçar creditamento os serviços relacionados ao controle de fluxo de produção e de estoque nas instalações fabris (sistema just in time), posto que esses são essenciais ao processo produtivo. PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES DECORRENTES DA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTO ACABADO ENTRE ESTABELECIMENTOS DA INTERESSADA, OU AINDA, PELOS FRETES DO TRANSPORTE DE MERCADORIAS DESTINADAS AO ATIVO IMOBILIZADO OU A USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. No regime da não-cumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS a possibilidade de creditamento em relação a despesas com frete e armazenagem de mercadorias é restrita aos casos de venda de bens adquiridos para revenda ou produzidos pelo sujeito passivo, e, ainda assim, quando o ônus for suportado pelo mesmo. Logo, por falta de previsão legal, é inadmissível o creditamento em face de fretes decorrentes da transferência de produto acabado entre estabelecimentos da interessada, ou ainda, pelos fretes do transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo. PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES PAGOS NA COMPRA DE INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. O regime da não-cumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS admite o creditamento calculado a partir de despesas com fretes pagos na compra de insumos adquiridos de pessoas jurídicas. PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR. AMPLITUDE LEGAL. A possibilidade de compensação ou de ressarcimento em espécie do saldo credor do PIS e da COFINS, antes restrita ao acúmulo de créditos decorrente da exportação de mercadorias ou de serviços para o exterior (sobre as quais não incidem as contribuições em tela), passou a alcançar todos os créditos apurados na forma do artigo 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como os créditos decorrentes da incidência das contribuições em tela sobre as importações - no caso de pessoas jurídicas sujeitas ao regime da não-cumulatividade - nas hipóteses albergadas pelo artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, dentre as quais se inclui a aquisição de bens para revenda (inciso I do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004). PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. SALDO CREDOR. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. TRIMESTRALIDADE DA APURAÇÃO. Poderá ser objeto de compensação ou de ressarcimento o saldo credor da Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS apurado na forma do art. 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como do art. 15 da Lei nº 10.865/2004, acumulado ao final de cada trimestre do ano-calendário, em virtude da manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS (artigo 17 da Lei nº 11.033/2004). Recurso ao qual se dá parcial provimento
Numero da decisão: 3301-002.809
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Valcir Gassen, que reconheciam o direito a creditamento também inerente aos fretes pelo transporte na transferência de produtos acabados entre estabelecimentos da interessada, bem como relativamente aos fretes pelo transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios - Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. André Garcia Leão Reis Valadares, OAB/MG nº 136.654.
Nome do relator: FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS

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AMPLITUDE DO DIREITO. REALIDADE FÁTICA. SERVIÇOS ENQUADRADOS PARCIALMENTE COMO INSUMOS NOS TERMOS DO REGIME. DIREITO CREDITÓRIO RECONHECIDO EM PARTE. No regime de incidência não-cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637 de 2002 e 10.833 de 2003 (art. 3o, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. O escopo das mencionadas leis não se restringe à acepção de insumo tradicionalmente proclamada pela legislação do IPI e espelhada nas Instruções Normativas SRF nos 247/2002 (art. 66, § 5º) e 404/2004 (art. 8o, § 4º), sendo mais abrangente, posto que não há, nas Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, qualquer menção expressa à adoção do conceito de insumo destinado ao IPI, nem previsão limitativa à tomada de créditos relativos somente às matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem. Contudo, deve ser afastada a interpretação demasiadamente elástica e sem base legal de se dar ao conceito de insumo uma identidade com o de despesa dedutível prevista na legislação do imposto de renda, posto que a Lei, ao se referir expressamente à utilização do insumo na produção ou fabricação, não dá margem a que se considerem como insumos passíveis de creditamento despesas que não se relacionem diretamente ao processo fabril da empresa. Logo, há que se conferir ao conceito de insumo previsto pela legislação do PIS e da COFINS um sentido próprio, extraído da materialidade desses tributos e atento à sua conformação legal expressa: são insumos os bens e serviços utilizados (aplicados ou consumidos) diretamente no processo produtivo (fabril) ou na prestação de serviços da empresa, ainda que, no caso dos bens, não sofram alterações em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Realidade em que a empresa, fabricante de máquinas e equipamentos de grande porte, busca se creditar da contribuição em função de serviços com despacho aduaneiro, contabilidade geral, controle fiscal, contas a pagar e tesouraria, controle de ativo fixo, registro fiscal, faturamento, gestão tributária e societária, serviços de assessoria e expatriados, serviços os quais dizem respeito a atividades de caráter meramente administrativo, e que, por não estarem relacionados diretamente à atividade produtiva da interessada, não dão direito a creditamento. Diferentemente, poderão alicerçar creditamento os serviços relacionados ao controle de fluxo de produção e de estoque nas instalações fabris (sistema just in time), posto que esses são essenciais ao processo produtivo. PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES DECORRENTES DA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTO ACABADO ENTRE ESTABELECIMENTOS DA INTERESSADA, OU AINDA, PELOS FRETES DO TRANSPORTE DE MERCADORIAS DESTINADAS AO ATIVO IMOBILIZADO OU A USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. No regime da não-cumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS a possibilidade de creditamento em relação a despesas com frete e armazenagem de mercadorias é restrita aos casos de venda de bens adquiridos para revenda ou produzidos pelo sujeito passivo, e, ainda assim, quando o ônus for suportado pelo mesmo. Logo, por falta de previsão legal, é inadmissível o creditamento em face de fretes decorrentes da transferência de produto acabado entre estabelecimentos da interessada, ou ainda, pelos fretes do transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo. PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES PAGOS NA COMPRA DE INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. O regime da não-cumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS admite o creditamento calculado a partir de despesas com fretes pagos na compra de insumos adquiridos de pessoas jurídicas. PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR. AMPLITUDE LEGAL. A possibilidade de compensação ou de ressarcimento em espécie do saldo credor do PIS e da COFINS, antes restrita ao acúmulo de créditos decorrente da exportação de mercadorias ou de serviços para o exterior (sobre as quais não incidem as contribuições em tela), passou a alcançar todos os créditos apurados na forma do artigo 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como os créditos decorrentes da incidência das contribuições em tela sobre as importações - no caso de pessoas jurídicas sujeitas ao regime da não-cumulatividade - nas hipóteses albergadas pelo artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, dentre as quais se inclui a aquisição de bens para revenda (inciso I do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004). PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. SALDO CREDOR. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. TRIMESTRALIDADE DA APURAÇÃO. Poderá ser objeto de compensação ou de ressarcimento o saldo credor da Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS apurado na forma do art. 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como do art. 15 da Lei nº 10.865/2004, acumulado ao final de cada trimestre do ano-calendário, em virtude da manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS (artigo 17 da Lei nº 11.033/2004). Recurso ao qual se dá parcial provimento

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          2 destinado  ao  IPI,  nem  previsão  limitativa  à  tomada  de  créditos  relativos  somente  às  matérias­primas,  produtos  intermediários  e  materiais  de  embalagem.   Contudo,  deve  ser  afastada  a  interpretação  demasiadamente  elástica  e  sem  base legal de se dar ao conceito de insumo uma identidade com o de despesa  dedutível prevista na legislação do imposto de renda, posto que a Lei, ao se  referir expressamente à utilização do insumo na produção ou fabricação, não  dá  margem  a  que  se  considerem  como  insumos  passíveis  de  creditamento  despesas que não se relacionem diretamente ao processo fabril da empresa.   Logo, há que se conferir  ao conceito de  insumo previsto pela  legislação do  PIS  e  da  COFINS  um  sentido  próprio,  extraído  da  materialidade  desses  tributos  e  atento  à  sua  conformação  legal  expressa:  são  insumos  os  bens  e  serviços  utilizados  (aplicados  ou  consumidos)  diretamente  no  processo  produtivo (fabril) ou na prestação de serviços da empresa, ainda que, no caso  dos  bens,  não  sofram  alterações  em  função  da  ação  diretamente  exercida  sobre o produto em fabricação.  Realidade  em  que  a  empresa,  fabricante  de  máquinas  e  equipamentos  de  grande porte,  busca  se  creditar da  contribuição  em  função  de  serviços  com  despacho  aduaneiro,  contabilidade  geral,  controle  fiscal,  contas  a  pagar  e  tesouraria,  controle  de  ativo  fixo,  registro  fiscal,  faturamento,  gestão  tributária e societária, serviços de assessoria e expatriados, serviços os quais  dizem respeito a atividades de caráter meramente administrativo, e que, por  não  estarem  relacionados  diretamente  à  atividade  produtiva  da  interessada,  não dão direito a creditamento.  Diferentemente,  poderão  alicerçar  creditamento  os  serviços  relacionados  ao  controle  de  fluxo  de  produção  e  de  estoque  nas  instalações  fabris  (sistema  just in time), posto que esses são essenciais ao processo produtivo.  PIS/PASEP.  REGIME  DA  NÃO­CUMULATIVIDADE.  DESCONTO  DE  CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES DECORRENTES  DA  TRANSFERÊNCIA  DE  PRODUTO  ACABADO  ENTRE  ESTABELECIMENTOS  DA  INTERESSADA,  OU  AINDA,  PELOS  FRETES  DO  TRANSPORTE  DE  MERCADORIAS  DESTINADAS  AO  ATIVO IMOBILIZADO OU A USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE.  No  regime  da  não­cumulatividade  do  PIS/PASEP  e  da  COFINS  a  possibilidade  de  creditamento  em  relação  a  despesas  com  frete  e  armazenagem de mercadorias é restrita aos casos de venda de bens adquiridos  para  revenda  ou  produzidos  pelo  sujeito  passivo,  e,  ainda  assim,  quando  o  ônus for suportado pelo mesmo.  Logo, por  falta de previsão  legal, é  inadmissível o creditamento em face de  fretes decorrentes da transferência de produto acabado entre estabelecimentos  da interessada, ou ainda, pelos fretes do transporte de mercadorias destinadas  ao ativo imobilizado ou a uso e consumo.  PIS/PASEP.  REGIME  DA  NÃO­CUMULATIVIDADE.  DESCONTO  DE  CRÉDITOS  CALCULADOS  EM  RELAÇÃO  A  FRETES  PAGOS  NA  COMPRA  DE  INSUMOS  ADQUIRIDOS  DE  PESSOA  JURÍDICA.  POSSIBILIDADE.  Fl. 3591DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          3 O  regime  da  não­cumulatividade  do  PIS/PASEP  e  da  COFINS  admite  o  creditamento calculado a partir de despesas com fretes pagos na compra de  insumos adquiridos de pessoas jurídicas.  PIS/PASEP. REGIME DA NÃO­CUMULATIVIDADE. COMPENSAÇÃO  OU RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR. AMPLITUDE LEGAL.  A  possibilidade  de  compensação  ou  de  ressarcimento  em  espécie  do  saldo  credor do PIS e da COFINS, antes restrita ao acúmulo de créditos decorrente  da exportação de mercadorias ou de serviços para o exterior (sobre as quais  não  incidem  as  contribuições  em  tela),  passou  a  alcançar  todos  os  créditos  apurados na forma do artigo 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem  como os créditos decorrentes da incidência das contribuições em tela sobre as  importações  ­  no  caso  de  pessoas  jurídicas  sujeitas  ao  regime  da  não­ cumulatividade  ­  nas  hipóteses  albergadas  pelo  artigo  15  da  Lei  nº  10.865/2004,  dentre  as  quais  se  inclui  a  aquisição  de  bens  para  revenda  (inciso I do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004).  PIS/PASEP. REGIME DA NÃO­CUMULATIVIDADE. SALDO CREDOR.  COMPENSAÇÃO  OU  RESSARCIMENTO.  TRIMESTRALIDADE  DA  APURAÇÃO.  Poderá  ser  objeto  de  compensação  ou  de  ressarcimento  o  saldo  credor  da  Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS apurado na forma do art.  3º  das Leis nos  10.637/2002 e 10.833/2003, bem como do art.  15 da Lei nº  10.865/2004,  acumulado  ao  final  de  cada  trimestre  do  ano­calendário,  em  virtude  da  manutenção,  pelo  vendedor,  dos  créditos  vinculados  a  vendas  efetuadas  com  suspensão,  isenção,  alíquota  zero  ou  não  incidência  da  Contribuição  para  o  PIS/PASEP  e  da  COFINS  (artigo  17  da  Lei  nº  11.033/2004).  Recurso ao qual se dá parcial provimento      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  maioria  de  votos,  em  dar  parcial  provimento  ao  recurso,  na  forma  do  relatório  e  do  voto  que  integram  o  presente  julgado.  Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara  Simões e Valcir Gassen, que reconheciam o direito a creditamento também inerente aos fretes  pelo  transporte  na  transferência  de  produtos  acabados  entre  estabelecimentos  da  interessada,  bem  como  relativamente  aos  fretes  pelo  transporte  de  mercadorias  destinadas  ao  ativo  imobilizado.  (assinado digitalmente)  Andrada Márcio Canuto Natal ­ Presidente.   (assinado digitalmente)  Francisco José Barroso Rios ­ Relator.  Participaram  da  presente  sessão  de  julgamento  os  conselheiros  Andrada  Márcio  Canuto Natal,  Francisco  José  Barroso  Rios,  José Henrique Mauri,  Luiz  Augusto  do  Fl. 3592DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          4 Couto  Chagas, Marcelo  Costa Marques  d'Oliveira, Maria  Eduarda Alencar  Câmara  Simões,  Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.  Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. André Garcia Leão Reis Valadares,  OAB/MG nº 136.654.  Relatório  Trata­se de recurso voluntário interposto contra decisão da 1a Turma da DRJ  Belo Horizonte (fls. 13603.724617/2011­38 do processo eletrônico), que, por unanimidade de  votos, julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade formalizada contra o não  reconhecimento  integral  do  direito  creditório  pleiteado  mediante  as  declarações  de  compensação objeto dos autos, conforme acórdão assim ementado:  ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP  Período de Apuração: 01/07/2008 a 31/07/2008  REGIME  NÃO­CUMULATIVO.  CRÉDITOS  DECORRENTES  DE  EXPORTAÇÃO. RESSARCIMENTO. COMPENSAÇÃO.   A contribuição não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de  exportação de mercadorias para o exterior. O reconhecimento de direito ao  ressarcimento  ou  à  compensação  demanda  a  comprovação,  pela  contribuinte,  da  existência  de  crédito  líquido  e  certo  contra  a  Fazenda  Pública.   REGIME NÃO­CUMULATIVO. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO.  Geram  créditos  os  dispêndios  realizados  com  bens  e  serviços  utilizados  como  insumos  na  prestação  de  serviços  e  na  produção  ou  fabricação  de  bens  ou  produtos  destinados  à  venda,  observadas  as  ressalvas  legais.  O  termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer  fator que  onere  a  atividade  econômica,  mas  tão­somente  como  aqueles  bens  ou  serviços  que  sejam  diretamente  empregados  na  produção  de  bens  ou  na  prestação de serviços.   REGIME  NÃO­CUMULATIVO.  CRÉDITOS.  DESPESAS  COM  TRANSPORTES.   As despesas efetuadas com fretes para transferência da matéria­prima ou do  produto  acabado  entre  estabelecimentos  da  mesma  pessoa  jurídica,  com  fretes de bens ou mercadorias não identificadas e com fretes de mercadorias  destinadas ao ativo imobilizado, não utilizadas diretamente na produção, ou  ao uso e consumo da pessoa jurídica, não geram direito ao creditamento.   REGIME NÃO­CUMULATIVO. CRÉDITOS. DESPESAS COM SEGUROS.  Desde que suportado pela pessoa jurídica compradora, o seguro pago pelo  transporte,  assim  como  o  frete,  integra  o  custo  de  aquisição  de  bens  ou  mercadorias adquiridas.   REGIME  NÃO­CUMULATIVO.  CRÉDITOS  SOBRE  IMPORTAÇÃO  VINCULADOS  A  RECEITA  DE  EXPORTAÇÃO.  RESSARCIMENTO.  COMPENSAÇÃO.   A possibilidade de compensação, ou de ressarcimento em espécie, do saldo  credor  apurado  em  decorrência  de  operações  de  importação,  autorizada  Fl. 3593DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          5 pelo  art.  16  da  Lei  nº  11.116,  de  2005,  alcança  tão­somente  os  créditos  previstos no art. 15 da Lei nº 10.865, de 2004.   REGIME NÃO­CUMULATIVO. DIREITO CREDITÓRIO. APURAÇÃO.   A  autoridade  competente  para  decidir  sobre  o  pedido  de  ressarcimento,  restituição  ou  compensação  de  créditos  poderá  condicionar  o  reconhecimento  do  direito  creditório  à  apresentação  de  documentos  comprobatórios  do  referido  direito,  sendo  que  somente  são  passíveis  de  compensação os créditos comprovadamente existentes, devendo estes gozar  de liquidez e certeza para serem utilizados.   Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte   Direito Creditório Reconhecido em Parte   O presente processo  diz  respeito  a declarações  de  compensação  – DCOMP  relativas  a  saldo  credor  de  PIS/PASEP  apurado  no  período  de  01/07/2008  a  31/07/2008,  no  valor  total  de R$  674.074,08,  em  conformidade  com  o  artigo  5º  da Lei  nº  10.637,  de  2002.  Desse  montante,  a  unidade  jurisdicionante  do  contribuinte  já  reconhecera  o  direito  sobre  a  parcela de R$ 580.523,32. Por  seu  turno, a DRJ recorrida entendeu que deverão ser  também  restabelecidos  os  créditos  apropriados  sobre  a  utilização  de  água  e  esgoto  das  filiais  “Contagem”  e  “Curitiba”,  bem  como os  créditos  relativos  aos  seguros  pagos  pelos  fretes  de  bens ou mercadorias adquiridas pela interessada.   Assim,  com  base  nos  cálculos  elaborados  posteriormente  pela  DRF  Contagem  em  conseqüência  da  decisão  da DRJ,  segundo  os  quais  a  quantia  adicional  a  ser  creditada  em  favor  do  sujeito  passivo  corresponde  a  R$  397,80  (ressalvado  o  desconto  de  alguma  parcela  outrora  compensada  evidenciada  em  alguns  processos  da  empresa  sobre  a  mesma matéria), tem­se que o montante em litígio corresponde a R$ 93.152,96.  Segue,  abaixo,  o  relato  dos  fatos  transcrito  da  decisão  recorrida,  o  qual  é  padrão em todos os processos da empresa sobre essa matéria:  Com o  intuito  de  verificar  a  apuração do  IPI,  bem  como o PIS  e  a  Cofins  da  pessoa  jurídica,  foi  emitido,  em  11/05/2011,  o  Mandado  de  Procedimento Fiscal – Fiscalização (MPF­F n.º: 06.1.10.00­2011­00427­3).  Em  decorrência,  a  autoridade  fiscal  lavrou  o  Termo  de  Início  de  Fiscalização,  intimando  o  sujeito  passivo  a  apresentar,  dentre  outros  elementos,  arquivos  digitais  referentes  aos  itens  4.3.1,  4.3.2,  4.3.3,  4.3.4,  4.9.1 e 4.9.5 do Anexo Único do Ato Declaratório SRF/Cofis nº 15, de 2001,  escrituração  contábil  digital,  nos  termos  da  Instrução  Normativa  RFB  nº  787,  de  2007,  relação  dos  produtos  fabricados  pelo  estabelecimento,  certidão de objeto  e pé de ações  judiciais  referentes ao  IPI, PIS e Cofins,  relação das contas contábeis  referentes a créditos, receitas e exclusões da  base de  cálculo do PIS  e da Cofins, memoriais de apuração das bases de  cálculo  utilizadas  no  preenchimento  dos Demonstrativos  de Apuração  das  Contribuições Sociais – Dacon ­ e demonstrativo dos fretes de compras de  bens utilizados como insumos.   De acordo com a fiscalização, a contribuinte admitiu a ocorrência de  erros no preenchimento dos Demonstrativos de Apuração de Contribuições  Sociais – Dacon. Sendo assim, os créditos foram apurados de acordo com os  memoriais  de  apuração  das  bases  de  cálculo  dos  Dacon  e  demais  documentos apresentados pela contribuinte a pedido da autoridade fiscal.  Fl. 3594DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          6 Em seguida, a autoridade fiscal elaborou demonstrativo das glosas de  créditos de PIS, conforme abaixo (valores em reais):    P.A.   3.1.  3.2.  3.3.  3.4.  3.5.  3.6.  3.7.  TOTAL  ME/FAT  MI   ME  jan/08  3,26  2.845,44  1.367,77  0,00  0,00  36,02  127.836,13  132.088,62  20,23%  105.371,64  26.716,98  fev/08  3,26  5.381,60  1.515,51  0,00  0,00  38,86  91.338,39  98.277,62  14,25%  84.274,71  14.002,91  mar/08  3,26  5.967,74  1.390,14  0,00  0,00  29,65  71.482,90  78.873,69  18,07%  64.623,36  14.250,33  abr/08  3,26  4.719,18  1.627,64  0,00  38,13  186,26  180.784,88  187.359,35  16,34%  156.741,83  30.617,52  mai/08  49,44  8.261,21  1.586,73  0,00  159,52  496,78  125.875,75  136.429,43  19,55%  109.752,61  26.676,82  jun/08  49,44  5.983,14  2.042,36  0,00  50,27  191,73  108.912,17  117.229,11  16,40%  98.001,10  19.228,01  jul/08  151,12  9.659,18  1.909,71  26,51  150,14  587,80  121.509,41  133.993,87  16,20%  112.289,14  21.704,73  ago/08  151,12  7.179,43  1.921,09  3,76  132,18  1.291,51  118.778,39  129.457,48  22,26%  100.645,30  28.812,18  set/08  168,13  3.074,82  1.883,11  6,96  217,27  1.647,18  104.600,83  111.598,30  24,00%  84.811,15  26.787,15  out/08  241,91  6.252,08  1.770,70  0,00  136,81  1.219,34  122.203,64  131.824,48  23,59%  100.727,26  31.097,22  nov/08  318,76  8.491,53  1.719,92  8,63  91,80  1.456,49  70.934,88  83.022,01  22,87%  64.032,81  18.989,20  dez/08  532,25  4.150,69  1.471,63  0,20  112,63  1.467,26  131.074,08  138.808,74  37,59%  86.634,00  52.174,74  jan/09  532,25  5.385,90  1.179,67  0,00  173,76  1.879,16  51.684,90  60.835,64  14,79%  51.837,44  8.998,20  fev/09  532,25  11.673,37  1.262,98  33,26  104,68  3.510,75  64.575,01  81.692,30  15,53%  69.008,40  12.683,90  mar/09  532,25  10.388,31  441,21  7,40  25,91  2.776,46  44.105,65  58.277,19  16,48%  48.672,38  9.604,81  abr/09  532,25  2.838,07  1.572,35  1.164,99  40,14  3.401,09  24.839,83  34.388,72  9,90%  30.983,35  3.405,37  mai/09  532,25  5.261,01  874,84  2.569,55  27,06  3.012,90  45.330,66  57.608,27  7,28%  53.414,17  4.194,10  jun/09  532,25  3.246,92  958,43  0,00  14,04  2.405,55  50.649,08  57.806,27  18,59%  47.059,37  10.746,90  jul/09  532,25  7.110,54  720,28  2.897,56  59,09  3.385,00  34.676,13  49.380,85  17,15%  40.912,30  8.468,55  ago/09  532,25  1.953,83  1.175,60  92,21  46,59  1.767,91  33.182,54  38.750,93  8,12%  35.604,80  3.146,13  set/09  532,25  5.565,34  445,25  1.389,50  25,96  4.099,24  17.784,73  29.842,27  14,27%  25.583,88  4.258,39  out/09  532,25  4.171,09  2.445,14  1.917,99  14,83  2.016,65  29.949,93  41.047,88  7,37%  38.023,58  3.024,30  nov/09  532,25  5.999,82  1.378,43  1.289,05  20,70  4.449,68  33.600,99  47.270,92  9,53%  42.765,50  4.505,42  dez/09  532,25  3.670,03  1.580,37  4.930,84  37,09  11.126,51  39.091,41  60.968,50  8,26%  55.933,91  5.034,59  jan/10  532,25  3.502,79  2.203,49  20,65  27,72  1.117,50  14.467,59  21.871,99  8,45%  20.023,98  1.848,01  fev/10  532,25  7.916,35  1.523,09  0,00  18,55  3.337,67  90.260,30  103.588,21  6,86%  96.482,90  7.105,31  mar/10  532,25  1.633,53  1.589,22  299,59  33,98  3.206,79  54.032,80  61.328,16  13,04%  53.333,25  7.994,91  abr/10  532,25  18.149,44  1.551,72  474,12  33,89  3.384,16  213.636,74  237.762,32  14,80%  202.585,29  35.177,03  mai/10  532,25  6.014,24  1.054,57  190,05  46,59  5.760,11  52.717,10  66.314,91  7,27%  61.493,82  4.821,09  jun/10  532,25  8.552,18  1.487,26  72,44  41,18  2.397,81  93.602,34  106.685,46  11,08%  94.864,71  11.820,75  jul/10  532,25  8.892,22  1.229,17  3.311,98  44,16  6.016,23  64.426,44  84.452,45  13,12%  73.372,29  11.080,16  ago/10  532,25  10.200,72  1.366,51  2.038,99  41,63  1.732,96  37.199,94  53.113,00  10,40%  47.589,25  5.523,75  set/10  532,25  7.053,10  1.284,13  5.068,86  61,18  5.531,16  43.200,69  62.731,37  7,76%  57.863,42  4.867,95  LEGENDA:   P.A. PERÍODO DE APURAÇÃO;  3.1. AQUISIÇÕES DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO;   3.2. AQUISIÇÕES DE SERVIÇOS NÃO UTILIZADOS DIRETAMENTE NA PRODUÇÃO;   3.3. AQUISIÇÕES DE ÁGUA E ESGOTO NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO;   Fl. 3595DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          7 3.4. AQUISIÇÕES DE FRETES RELATIVOS A TRANSPORTE DE PRODUTOS FINAIS ENTRE ESTABELECIMENTOS;   3.5. AQUISIÇÕES DE FRETES RELATIVOS A TRANSPORTE DE BENS PARA USO, CONSUMO OU IMOBILIZADO;   3.6. AQUISIÇÕES DE SEGUROS PARA FRETES;   3.7. AQUISIÇÕES DE FRETES RELATIVOS A MERCADORIAS NÃO IDENTIFICADAS.   MI. MERCADO INTERNO   ME. MERCADO EXTERNO  ME/FAT. RELAÇÃO PERCENTUAL MERCADO EXTERNO/FATURAMENTO   Como resultado,  foram obtidos os valores dos créditos vinculados ao  mercado  externo,  sendo  que,  a  fim  de  se  apurar  os  saldos  passíveis  de  ressarcimento ou de compensação antecipada, a autoridade  fiscal executou  alguns ajustes.   O primeiro  deles,  segundo  ela,  deriva  do  fato  de  que,  em  virtude  do  art.  16  da  Lei  nº  11.116,  de  2005,  apenas  os  créditos  de  importação  elencados  no  art.  15  da  Lei  nº  10.865,  de  2004,  são  passíveis  de  ressarcimento  ou  compensação.  Durante  a  auditoria,  constatou­se  que  a  contribuinte  importou,  para  fins  de  revenda,  diversas  máquinas  e  veículos  classificados  nos  códigos  84.29,  8432.40.00,  8433.20,  8433.30.00,  8433.40.00,  8433.5,  87.01  e  87.04  da  Nomenclatura  Comum  do Mercosul,  previstos no art. 17 da Lei nº 10.865, de 2004, enquanto que os créditos de  PIS/Cofins  foram  submetidos  indevidamente  ao  rateio  proporcional  entre  mercado externo e interno. Assim, apurou a fiscalização o crédito mensal a  ser  reclassificado  como  não  ressarcível.  Já  o  segundo  ajuste  diz  respeito,  conforme  a  fiscalização,  à  possibilidade  de  compensação,  antes  do  encerramento do trimestre, de créditos de importação vinculados à receita de  exportação. Aduz que, apesar do art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005, permitir o  ressarcimento  dos  créditos  de  importação,  a  compensação  antecipada  possibilitada  pelo  art.  42  da  Instrução  Normativa  RFB  nº  900,  de  2008,  menciona  apenas  aqueles  créditos  oriundos  de  aquisições  no  mercado  interno.  Por  créditos  de  importação,  entende  aqueles  do  art.  15  da  Lei  nº  10.865, de 2004, inclusive aquisição de máquinas e equipamentos destinados  ao  ativo  imobilizado.  Refere­se  ao  caput  do  art.  34  desta  Instrução  Normativa e conclui que o contribuinte não observou o regramento exposto  no preenchimento das PER/Dcomp, de modo que elabora demonstrativos que  indicam quais créditos devem ser reposicionados no último mês do trimestre  para fins de pedido de ressarcimento.  Assim,  após  efetuados  os  ajustes,  prossegue  a  fiscalização,  a  contribuinte teria direito ao ressarcimento dos valores de Cofins e de PIS nos  valores  que  demonstra.  Afirma  a  autoridade  fiscal  que  a  reapuração  dos  saldos  de  PIS  e  Cofins  não  altera  os  valores  passíveis  de  ressarcimento  indicados, porém, o saldo credor total, ou montante disponível após a última  PER/Dcomp  para  desconto  das  contribuições  a  recolher,  é  de  R$  9.048.196,92,  de  PIS  e  de  R$  12.349.027,24,  de  Cofins,  respectivamente.  Esclarece que não foram apurados valores a recolher no período auditado.  Por  fim,  calcula  os  créditos  passíveis  de  ressarcimento,  elabora  demonstrativos  e  sugere  o  deferimento  parcial  dos  diversos  pedidos  de  ressarcimento  e  compensações  efetuados,  de  acordo  com  os  valores  que  indica no Termo de Verificação Fiscal.   As  glosas  efetuadas  bem  como  as  justificativas  estão  detalhadas  no  Termo de Verificação Fiscal e no demonstrativo “Glosas de Compensações e  Ressarcimento” para as contribuições PIS/Cofins elaborado pela autoridade  fiscal.  Fl. 3596DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          8 Diante desses fatos, a DRF/Contagem emitiu Despacho Decisório, em  27/12/2011, por meio do qual foi parcialmente homologada a Dcomp. Como  resultado foi reconhecido o crédito no valor de R$ 594.742,57.  Como base  legal  são  citados,  entre  outros,  os  seguintes  dispositivos:  Lei nº 10.637, de 2002; Lei nº 10.833, de 2003; Instrução Normativa RFB nº  600, de 2005 e Instrução Normativa RFB nº 900, de 2008.  Cientificada  em  27/02/2012,  a  contribuinte  apresentou,  em  28/03/2012,  a  manifestação  de  inconformidade  às  fls.  69  a  101  e  155,  acompanhada dos documentos às fls. 102 a 154 e 156 a 1369, alegando, em  síntese, que:  ­ A matéria objeto de recurso não foi submetida à apreciação judicial,  com o que se atende ao disposto no art. 16, inciso V, do Decreto nº 70.235,  de 1972;  ­ As três supostas irregularidades apontadas pela fiscalização fizeram  com  que  os  créditos  de  PIS/Cofins  fossem  recalculados  mensalmente.  Obtidos  os  novos  valores  passíveis  de  ressarcimento  e  compensação,  as  compensações  foram  homologadas  até  esse  limite,  indeferindo,  integral  ou  parcialmente, aqueles que o superaram;   ­ Desse trabalho, 198 PER/Dcomp foram deferidos, 42 o foram apenas  em  parte  e  34  receberam  resposta  negativa.  Por  sua  vez,  os  respectivos  despachos  decisórios,  em  que  tais  entendimentos  foram  apresentados,  constaram  de  51  processos  administrativos  de  crédito,  dos  quais  41  trouxeram  resultados  contrários  aos  interesses  da  requerente.  A  decisão  recorrida, para que se apresenta a presente manifestação de inconformidade,  é  um  desses.  Como  todos  esses  41  processos  se  referem  a  uma  mesma  matéria, advém de um mesmo procedimento de fiscalização, é desejável que  as correspondentes defesas sejam julgadas conjuntamente, o que desde já se  requer;  ­  Segundo  a  fiscalização,  a  recorrente  não  estava  autorizada  a  se  creditar  sobre as  seguintes bases: ativo  imobilizado –  inclusão  indevida de  bens não utilizados na produção (item 3.1 do TVF), serviços não empregados  diretamente  na  industrialização  (item  3.2  do  TVF),  utilização  de  água  e  esgoto  em  processos  industriais  (item  3.3  do  TVF),  fretes  –  transporte  de  produtos finais entre estabelecimentos da pessoa jurídica (item 3.4 do TVF),  fretes  –  inclusão  indevida  do  transporte  de  mercadorias  destinadas  ao  imobilizado ou a uso e consumo (item 3.5 do TVF), fretes­ inclusão indevida  do  seguro  pago  (item  3.6  do  TVF)  e  fretes  –  falta  de  identificação  das  mercadorias  transportadas  (item 3.7 do TVF). Mas  ela  estava, na  verdade,  haja vista a legislação e jurisprudência acerca da matéria;   ­  Item 3.1 do TVF. A DRF entendeu que as despesas  com veículos e  com móveis para salas de treinamento de funcionários não poderiam compor  a  base  de  cálculo  dos  créditos  por  não  serem  diretamente  destinadas  às  atividades  de  industrialização.  Entretanto,  consoante  art.  3o  das  Leis  nº  10.637, de 2002 e nº 10.833, de 2003, tal creditamento é permitido. No caso,  não há como dizer que os bens não se prestam ao exercício da indústria. Os  equipamentos  destinados  à  capacitação  de  empregados,  por  exemplo,  são  essenciais  a  curso  regular  das  atividades  da  recorrente,  a  qual  se  destaca  por  sua  atuação  inovativa  e  comprometida  com  o  desenvolvimento  tecnológico;   Fl. 3597DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          9 ­  Item  3.2  do  TVF.  Esses  serviços,  ao  contrário  do  que  sustenta  a  fiscalização,  são,  sim,  utilizados  de  forma  direta  na  atividade  industrial,  sobretudo  porque  são  a  ela  essenciais.  Os  insumos,  na  sistemática  do  PIS/Cofins,  são  aquelas  despesas,  custos  ou  encargos  essenciais  ao  desempenho da atividade econômica da contribuinte, seja ela qual for. São,  de acordo com doutrinadores,  todos os elementos  físicos ou  funcionais  (...)  que sejam relevantes para o processo de produção ou fabricação, ou para o  produto.  Jurisprudência  administrativa  do  CARF  apresenta  o  mesmo  posicionamento, a exemplo dos Acórdãos nº 3202­00.226, de 08/02/2010 e nº  9303­01.035,  de  23/08/2010.  Julgados  dos  Tribunais  Regionais  Federais  e  Superior  Tribunal  de  Justiça  também  vão  no  mesmo  sentido.  No  caso,  os  serviços  são  essenciais.  Aqueles  prestados  pela  GFL  Gestão  de  Fatores  Logísticos Ltda., por exemplo, são vitais para o processo de industrialização,  que  depende  da  entrega  de  insumos  na  lógica  do  sistema  just  in  time.  (“produção  enxuta,  por  demanda”).  Conforme  se  afere  dos  contratos  ora  anexados  (doc.  5),  tais  serviços  consistem  na  gestão  inteligente  do  fornecimentos  de  bens  a  serem  aplicados  no  processo  produtivo.  Não  se  trata, pois, de meros serviços de movimentação e controle de estoques, como  pareceu  entender  a  fiscalização.  O  que  essa  pessoa  jurídica  fornece  é  a  otimização do processo industrial,  serviço diretamente  ligado à produção e  cujo  fator  intelectual  é  preponderante.  Esse  tipo  de  serviço,  sobretudo  no  setor econômico em que atua a contribuinte, é fundamental. Portanto, não há  como  afastar  a  sua  natureza  de  insumo  e,  via  de  conseqüência,  de  gasto  passível de creditamento, eis que se trata de serviço essencial e diretamente  vinculado  à  produção,  inclusive  qualificado  como  verdadeiro  custo  de  produção para as quais a jurisprudência administrativa permite, há muito, o  desconto de créditos;  ­  Item  3.3  do  TVF.  Somente  foram  admitidas  para  efeito  de  creditamento  a  água  aplicada  nos  processos  industriais  de  “têmpera”  e  “lavagem  e  prova  hídrica”,  pois  somente  nesses  casos  haveria  o  contato  direito com o bem produzido. A água empregada nos outros dois processos  industriais, os de “pintura” e “usinagem”, não teria tal natureza. Contudo, a  fiscalização  glosou  os  créditos  não  apenas  quanto  aos  dois  últimos  processos,  mas  em  relação  a  todos  eles,  sob  o  argumento  de  que  a  contribuinte não soube precisar a quantidade de água empregada em cada  um desses processos, o que intensifica o absurdo da autuação. É que não há  dúvida  que  a  água  empregada  em  todos  esses  quatro  processos  permite  o  aproveitamento de créditos de PIS/Cofins, porque se encaixa no conceito de  insumo  e  é  empregada,  de  forma  essencial,  na  produção,  descabendo  a  exigência  de  contato  físico  direto  com  os  produtos  fabricados,  consoante  jurisprudência do CARF e  julgados dos Tribunais Regionais Federais e do  Superior Tribunal de Justiça;   ­  Item  3.4  do  TVF.  O  fato  de  a  transferência  de  bens  entre  estabelecimentos da pessoa jurídica não se caracterizar, propriamente, como  uma operação de venda, nada tem a ver com a sua aptidão a gerar créditos  de PIS/Cofins, sendo relevante apenas a sua qualificação como insumo, isto  é, a sua essencialidade para o processo de produção, conforme já reiterado.  E  transportar  as  mercadorias  entre  os  diversos  estabelecimentos  é  fundamental  para  o  curso  regular  das  operações  da  pessoa  jurídica  principalmente  por  dois  motivos:  (a)  A  contribuinte  possui  um  variado  portfólio, provendo máquinas e equipamentos de marcas distintas  (“Case”,  “New  Holland”,  “Kobelco”  e  “Steyr”,  por  exemplo)  para  setores  do  mercado também díspares (de agricultura e construção civil, sobretudo), mas  Fl. 3598DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          10 suas  plantas  industriais  não  estão  preparadas  para  fabricarem  todos  esses  produtos,  até porque,  aliás,  isso  demandaria  investimentos  de  elevadíssima  monta. Mormente  pela  variedade  de  estabelecimentos  em  todo  o  país,  que  também  operam  como  centros  de  venda,  fornecendo  todos  os  produtos  da  marca, há necessidade de manutenção de estoques, segundo as condições do  mercado,  mesmo  para  aquelas  mercadorias  que  não  são  fabricadas  no  próprio  estabelecimento,  de modo  que  valores  consideráveis  são  gastos  no  transporte de mercadorias entre os estabelecimentos da pessoa jurídica e (b)  São  produzidas  máquinas  e  equipamentos  pesados,  os  quais  gozam  de  particularidades  quanto  à  sua  estocagem,  sobretudo  pelos  grandes  e  diferenciados  tamanhos. É  possível,  por  isso,  que  devido  a  uma queda nas  vendas,  por  exemplo,  determinado  estabelecimento  fique  sem  espaço  para  alocar  a  sua  produção,  o  que  tornará  necessária  a  busca  por  outras  unidades.  Nessas  situações  é  desejável  que  seja  feita  a  transferência  para  outro estabelecimento,  pois a  locação de  espaços para  tal  pode  se mostrar  excessivamente onerosa muito em virtude das  elevadas dimensões dos bens  produzidos.  Além  disso,  os  fretes  em  exame  são  despesas  vinculadas  ao  processo  de  produção,  o  que  reforça  a  possibilidade  de  creditamento.  De  fato, até que as mercadorias produzidas sejam efetivamente alienadas não há  falar em encerramento da atividade industrial, mesmo porque o objetivo de  qualquer pessoa jurídica é vender (obter receitas). Com efeito como este é o  fato gerador de PIS/Cofins (as receitas), todo gasto com os produtos até que  elas sejam auferidas deve ser considerado  insumo. Julgados do CARF e do  Superior Tribunal de Justiça corroboram essa tese;   ­ Item 3.5 do TVF. Ainda que não goze de previsão legal, é assente na  jurisprudência  administrativa  que  o  frete  pago  na  aquisição  de  bens  necessários  ao  desenvolvimento  da  atividade  industrial  permite  o  creditamento. Cita a Solução de Consulta nº 156, de 19/09/2008, da SRRF/6a  RF. Deveras, considerando a materialidade do PIS/Cofins, bem assim o atual  entendimento  jurisprudencial  sobre  o  tema,  quaisquer  custos  de  aquisição  devem autorizar o desconto de créditos;   ­  Item  3.6  do  TVF.  Entendeu  o  fisco  que  o  seguro,  normalmente  destacado, que compõe o frete pago na aquisição de insumos deveria ter sido  descontado da apuração dos créditos, de sorte que a recorrente não poderia  ter  se  creditado  com  base  no  valor  total  do  Conhecimento  de  Transporte  Rodoviário de Cargas ­ CTRC, como ocorreu. O seguro do transporte não é  custeado pela recorrente, mas sim pela própria transportadora, a verdadeira  e  única  contratante  desse  serviço.  O  destaque  no  CTRC  é  apenas  uma  exigência  legal  instituída  para  permitir  a  identificação  da  composição  do  frete.  O  RICMS/MG,  em  seu  art.  81,  inciso  XIII,  trata  o  seguro  como  “valores dos componentes do  frete”. O seguro, portanto,  foi avençado pela  transportadora, que apenas  informa o seu  respectivo  valor em atendimento  ao regramento legal. No caso, a recorrente pagou apenas pelo transporte e,  sendo  o  frete  na  aquisição  de  insumos  passível  de  creditamento,  agiu  de  forma acertada ao calcular seus créditos sobre o valor total do CTRC, que é  o efetivo valor do frete. Ainda que se entenda o contrário, o crédito afigura­ se  legítimo em virtude de equivaler ao “custo de aquisição”. O art. 289 do  RIR autoriza o aproveitamento do crédito em relação a quaisquer custos de  aquisição. Cita a Solução de Consulta nº 156, de 19/09/2008, da SRRF/6a RF.  Assim, sendo os seguros, igualmente, um “custo de aquisição”, conforme art.  289, § 1o do RIR, cabível o creditamento quanto a eles;   Fl. 3599DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          11 ­ Item 3.7 do TVF. Essa glosa decorreu da ausência de vinculação de  boa parte dos fretes aos respectivos insumos adquiridos. Estornou­se, então,  praticamente todo o crédito de fretes do período, exceto aqueles tratados nos  itens anteriores, que tiveram análise própria e apartada. Para que não haja  dúvidas quanto ao seu direito a recorrente requer, desde já, a realização de  diligência  fiscal  e  perícia  contábil  para  que  tal  vinculação  seja  verificada.  Para  tanto,  compromete­se,  inclusive,  a  trazer  aos  autos  todas  as  informações  e  documentos  correspondentes,  o  que  apenas  não  faz  agora,  com esta defesa, e não  fez durante o procedimento  fiscal,  em  razão do  seu  extensíssimo  volume  –  entre  janeiro  de  2008  e  setembro  de  2010  foram  realizadas  quase  800  mil  operações  de  aquisição  de  mercadorias.  De  qualquer  forma,  por  ocasião  de  suas  respostas  à  fiscalização,  demonstrou,  para  aproximadamente  20%  das  referidas  operações  (mais  um  menos  140  mil),  que  quase  90%  dos  fretes  pagos  no  aludido  interregno  se  referiam à  compra de insumos. Por isso, na eventualidade de não se permitir a juntada  desses  documentos,  propugna  pela  homologação  proporcional  desses  créditos,  sob  pena  de  perpetuação  de  exigência  fiscal  claramente  desproporcional e ilegítima;   ­ Item 4.2 do TVF. Os créditos utilizados como base dos PER/Dcomp  ora  examinados,  e  também  daqueles  outros  apresentados  no  período  fiscalizado,  decorreram  de  aquisições  realizadas  no mercado  interno  e  no  exterior. No entanto, para a fiscalização, os créditos advindos da importação  de mercadorias citadas no art. 17 da Lei nº 10.865, de 2004, não poderiam  ter  sido  utilizados  para  efeito  de  ressarcimento  e  compensação,  segundo a  qual  apenas  as  importações  amparadas  pelo  art.  15  da  aludida  lei  é  que  permitiriam tais procedimentos, haja vista a literalidade do art. 16. Porém,  não há regramentos distintos para os créditos de importações, que estariam  nos  mencionados  arts.  15  e  17.  Na  verdade,  todo  o  creditamento  de  PIS/Cofins  –  Importação deriva  do  art.  15  da  Lei  nº  10.865,  de  2004,  que  seria  o  equivalente  funcional  dos  arts.  3o  das Leis nº  10.637,  de  2002  e  nº  10.833,  de  2003,  que  tratam  de  créditos  no  mercado  interno.  O  art.  17  é  apenas uma complementação ao art. 15 e será aplicado somente em alguns  casos, e em conjunto com o art. 15. A  função do art. 17 é,  exclusivamente,  tratar  das  situações  em  que  o  recolhimento  de  PIS/Cofins  não­cumulativo  deixa  de  ser  feito  com  base  nas  alíquotas  de  1,65%  e  7,6%  e  passa  a  contemplar  alíquotas  diferenciadas,  nos  casos  de  aplicação  do  “regime  monofásico” ou alíquotas específicas para alguns derivados de petróleo. A  contrario sensu, a única situação em que o art. 15 não se aplica aos produtos  e serviços  tratados no art. 17 é,  justamente, quando cuida da quantificação  do  crédito.  Ou  seja,  o  art.  17  não  vem  trazer  regulação  especial  para  os  créditos de produtos específicos, de  forma a excluir a aplicação do art. 15.  Tanto que do seu § 8o consta que “(...) disposto neste artigo alcança somente  as pessoas jurídicas de que trata o art. 15 desta Lei...”. Portanto, o art. 15  fundamenta e se aplica a todo crédito decorrente de importações, incidindo o  art. 17, eventual e conjuntamente, apenas para tratar de sua quantificação.  Assim, havia direito de utilização de créditos dos bens mencionados no art.  17 em PER/Dcomp, alterando apenas a alíquota do crédito, que será maior  em razão da natureza do produto. A própria Secretaria da Receita Federal  do Brasil  abona essa  conclusão  (Acórdão nº 3803­000.885, de 27/10/2010,  do  CARF).  Interpretação  distinta  representaria  grave  ofensa  à  isonomia  tributária, uma vez que importadoras e pessoas jurídicas em geral estariam  submetidas  a  tratamentos  fiscais  distintos,  sem  qualquer  justificação.  Na  verdade, a situação das importadoras de bens regulados pelo art. 17 ficaria  ainda pior: além de arcarem com alíquotas majoradas (em razão do regime  Fl. 3600DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          12 monofásico),  teriam  o  seu  direito  de  crédito  excessivamente  limitado.  Essa  violação é desconfortavelmente contraditória, uma vez que o objetivo da Lei  nº  10.865,  de  2004,  foi  justamente,  segundo  sua  exposição  de  motivos,  introduzir “(...) um tratamento tributário isonômico entre os bens e serviços  produzidos internamente e os importados...” Daí advém ainda o desrespeito  às  regras  da  proporcionalidade  e  razoabilidade,  afinal,  qual  seria  a  razão  jurídica  para  se  permitir  a  utilização  de  créditos  de  importação  em  PER/Dcomp  e  excluir,  ao  mesmo  tempo,  esse  direito  daquelas  operações  abarcadas  pelo  art.  17?  Razão  não  há,  estando  claro  que  o  exame  da  legislação não autoriza a exegese levada a efeito pela autoridade fiscal, pelo  que deve ser descartada;   ­  Item  4.3  do  TVF.  Foram  reposicionados  parcelas  dos  créditos  de  importação aproveitados em PER/Dcomp ao argumento de que estes, por se  originarem do mercado externo, somente poderiam ser utilizados no final do  respectivo  trimestre­calendário.  O  procedimento  teve  efeito  nefasto  e  desproporcional:  vários  dos  débitos  compensados,  no  período  autuado,  ficaram descobertos, passando a ser exigidos, integral ou parcialmente, com  o acréscimo de juros e multa. Entretanto, como os créditos foram deslocados  para  o  último  mês  do  trimestre  correspondente,  neste  terceiro  mês  havia  saldo  suficiente  para  homologar,  ainda  que  em  parte,  as  compensações  realizadas  nos  dois  primeiros  meses.  Desse  modo,  caso  se  entenda  por  validar tal procedimento, os acréscimos legais somente se referem ao atraso  de  um  ou  dois  meses,  isto  é,  aquele  decorrente  da  espera  até  o  fim  do  trimestre;  ­  Erros  de  cálculo.  Em  cada  mês  em  que  os  créditos  foram  recalculados  ocorreram  impropriedades  na  quantificação  desses  créditos,  consoante exemplos a seguir. (a) Ressarcimento de Cofins ­ abril a junho de  2008  (PER/Dcomp  nº  41058.12544.220708.1.1.09­9018  e  nº  33371.36444.290710.1.7.09­8945).  Somente  foi  considerado  o  montante  ressarcível de junho de 2008 e não o total da parcela relativa ao trimestre.  Ou seja,  não  foi  feita a  recomposição do crédito  relativo ao  ressarcimento  (não foi feito o reposicionamento). Caso tivesse sido feita a recomposição, o  valor  passível  de  ressarcimento  seria  de  R$  3.267.967,06  e  não  R$  3.075.278,21, o que gerou uma diferença de R$ 192.688,85, que é  superior  ao  necessário  para  quitar  os  débitos  vinculados  ao  crédito  deste  período.  Além disso, no quadro “Créditos de Compensação Utilizados (CCU)/CTs –  Valor  utilizado  valorado de  acordo  com  o  tipo  de  crédito”  há  valores  que  divergem daqueles cuja compensação foi solicitada por meio de PER/Dcomp  originais. Todos esses PER/Dcomp foram retificados o que leva a crer que a  última  versão  sobrepôs  a  primeira,  fazendo  com  que  os  débitos  fossem  compensados  com multa  e  juros.  É  de  se  notar  que  a  data  da  transmissão  original  estava  dentro  do  período  para  recolhimento  (antes  da  data  de  vencimento)  e  que  não  houve  aumento  do  débito  compensado,  somente  redução (fl.139). (b) Ressarcimento de Cofins ­ outubro a dezembro de 2008  (PER/Dcomp nº 11240.95939.300109.1.5.09­0408). Somente foi considerado  o montante ressarcível de dezembro de 2008 e não o total da parcela relativa  ao  trimestre.  Ou  seja,  não  foi  feita  a  recomposição  do  crédito  relativo  ao  ressarcimento  (não  foi  feito  o  reposicionamento).  Caso  tivesse  sido  feita  a  recomposição, o valor passível de ressarcimento seria de R$ 7.642.847,66 e  não R$ 6.352,123,81, o que gerou uma diferença de R$ 1.290.723,85, que é  superior  ao  necessário  para  quitar  os  débitos  vinculados  ao  crédito  deste  período  (fl.  140).  (c)  Ressarcimento  de Cofins  ­  julho  a  setembro  de  2010  (PER/Dcomp  nº  19382.21408.281010.1.1.09­0687).  Não  foi  feita  a  Fl. 3601DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          13 recomposição  do  crédito  relativo  ao  ressarcimento  (não  foi  feito  o  reposicionamento). Caso tivesse sido  feita a recomposição, o valor passível  de  ressarcimento  seria  de  R$  6.541.682,26  e  não  R$  6.201.733,66,  o  que  gerou  uma diferença  de R$ 339.948,90,  que  é  superior  ao  necessário  para  quitar  os  débitos  vinculados  ao  crédito  deste  período  (fl.  141).  (d)  Ressarcimento  de  Cofins  ­  abril  de  2010  (PER/Dcomp  nº  02755.47816.300610.1.3.09­4563). O fisco partiu de montante de créditos de  mercado  externo  diferente  daquele  que  consta  no  PER/Dcomp,  sendo  considerado o montante de R$ 3.153.956,33, enquanto que o valor solicitado  é de R$ 5.916.155,44. Caso tivesse usado o valor constante do PER/Dcomp,  o  valor  passível  de  ressarcimento  seria  de  R$  5.511.341,71  e  não  R$  2.749.142,61, o que gerou uma diferença de R$ 2.762.199,10, que é superior  ao necessário para quitar os débitos vinculados ao crédito deste período (fl.  141).  Esses  erros,  que  são  verificados  em  todas  as  competências,  são  inclusive bastantes para que se decrete a nulidade do procedimento fiscal e  do TVF ora contestado. De todo modo, caso assim não se entenda, requer­se,  desde  já,  a  realização  de  diligência  fiscal  e  perícia  contábil  para  que  os  referidos  equívocos  sejam  definitivamente  comprovados.  Para  tanto,  compromete­se,  inclusive,  a  trazer  aos  autos  todas  as  informações  e  documentos correspondentes, o que apenas não faz agora, com esta defesa,  em  razão  do  exíguo  tempo  para  recorrer,  posto  que  são  mais  de  200  PER/Dcomp  envolvidos,  que  devem  ser  revistos  em  todos  os  critérios  apontados pela fiscalização, alguns deles complexos;  Em 20/08/2012, a contribuinte  juntou aos autos mídia  em CD com o  que  entende  ser  as  informações  necessárias  para  que  seja  verificada  a  vinculação  dos  fretes  autuados  no  item  3.7  do  TVF  com  a  compra  de  insumos,  de  modo  a  comprovar  a  legitimidade  dos  créditos  aproveitados  sobre tais despesas (fretes na aquisição de insumos).   Ao  final,  requer  a  contribuinte:  a)  o  julgamento  conjunto  dos  processos, haja vista a identidade da argumentação de defesa; b) a nulidade  do  procedimento  fiscal  e  de  seus  correspondentes  frutos,  o  TVF  e  os  despachos decisórios proferidos neste e nos demais processos que tratam do  mesmo assunto; c) a realização de diligência fiscal e perícia contábil com o  objetivo de vincular os fretes pagos às mercadorias a esses correspondentes  ou, caso assim não se entenda, ao menos o reconhecimento proporcional das  vinculações,  conforme  demonstrado;  d)  o  reconhecimento  da  existência  de  todos  os  créditos  de  PIS/Cofins  utilizados  pela  interessada  nos  pedidos  de  ressarcimento  e  compensação  vinculados  ao  MPF­F  n.º:  06.1.10.00­2011­ 00427­3,  transmitidos  entre  janeiro  de  2008  e  setembro  de  2010,  com  o  conseqüente  deferimento  e  homologação  de  todos  os  PER/Dcomp  objetos  deste processo; e) a realização de diligência fiscal e perícia contábil com o  objetivo de comprovação dos equívocos e erros de cálculo mencionados;  f)  caso  os  argumentos  anteriores  não  sejam  acatados,  que  os  erros  expressamente  apontados  sejam  definitivamente  corrigidos  e  g)  subsidiariamente,  sejam  decotados  os  juros  e  multas  decorrentes  do  reposicionamento  de  créditos  efetuados  pela  Secretaria  da Receita Federal  do Brasil.   A ciência da decisão que manteve em parte a exigência formalizada contra a  recorrente  ocorreu  em  24/01/2014  (fls.  1425).  Inconformada,  a  mesma  apresentou,  em  28/01/2014,  o  recurso  voluntário  de  fls.  1427/1454,  onde  reitera  os  argumentos  aduzidos  na  primeira instância na parte em que seu pleito não foi deferido, requerendo, ao final:  Fl. 3602DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          14 a)  o  julgamento  conjunto deste  com os demais processos  da  empresa,  haja  vista a identidade da argumentação de defesa, nos termos do artigo 58, § 8º,  do Regimento Interno do CARF;  b)  seja  determinada  a  realização  de  diligência  para  os  esclarecimentos  referentes  à  glosa  de  créditos  calculados  sobre  fretes  (item  3.7  do  TVF),  diligência  cuja  necessidade  seria  reforçada  diante  do  reconhecimento,  pela  DRJ, de equívocos nos cálculos promovidos;  c)  seja o  recurso conhecido e provido, com a reforma do acórdão para que  sejam restabelecidos os créditos glosados nos itens 3.1, 3.2, 3.4, 3.5 e 3.7 do  TVF,  bem  como  reconhecida  a  regularidade  da  utilização  dos  créditos  de  PIS/COFINS tratados pelo artigo 17 da Lei nº 10.865/04 (item 4.2 do TVF),  e,  finalmente,  sejam  descontados  juros  e  multa  calculados  quando  do  reposicionamento  dos  créditos  (item 4.3  do TVF),  de modo que  se  refiram  tão­somente ao atraso de um ou dois meses (i. é, aquele decorrente da espera  até o fim do trimestre).   No que diz respeito ao item 3.7 do Termo de Verificação Fiscal – fretes pelo  transporte de mercadorias não identificadas – a Segunda Turma Especial desta Terceira Seção  do CARF, em sessão transcorrida em 19/08/2014, converteu o julgamento em diligência "para  que  a  unidade  de  origem,  diante  dos  registros  apresentados  pelo  sujeito  passivo  e  os  correspondentes documentos neles referenciados, apure os créditos do PIS e da COFINS nos  casos  em  que  os  mesmos,  realmente,  correspondem  a  fretes  pela  aquisição  de  insumos,  conforme metodologia que entender mais adequada para tanto".  Tal diligência foi determinada considerando que os documentos apresentados  pela suplicante poderiam efetivamente subsidiar o necessário exame para verificar se existe ou  não vínculo entre os fretes e as mercadorias transportadas.  Em resposta à diligência supra foi acostado aos autos Relatório Fiscal de fls.  3569/3574, padrão para todos os processos ora em julgamento da interessada, sobre o qual nos  reportaremos doravante ao apresentarmos nosso voto.  Intimado  a manifestar­se,  o  sujeito passivo,  apresentou petição onde  requer  seja prorrogado por mais 30 dias o prazo para sua manifestação, o que fez com fundamento nos  princípios da ampla defesa e do contraditório.  Não obstante, até a presente data, não foi apresentada nova manifestação da  interessada no que diz respeito à matéria em discussão nos autos.  É o relatório.   Voto             Da admissibilidade do recurso  O  recurso  é  tempestivo,  posto  que  apresentado  (em  28/01/2014)  dentro  do  prazo  legal  de  30  dias  contados  da  data  da  ciência  da  decisão  de  primeira  instância  (que  ocorreu em 24/01/2014 ­ conf. fls. 1425).   Fl. 3603DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          15 Quanto  aos  demais  requisitos  de  admissibilidade  os  mesmos  se  encontram  presentes.   Conheço, portanto, do recurso formalizado pelo sujeito passivo.   Da matéria em litígio  Conforme relatado, vê­se que a contenda envolve a homologação parcial de  pedidos de compensação da interessada onde o direito creditório reclamado diz respeito a saldo  credor de PIS/PASEP, direito o qual foi glosado em parte, permanecendo em litígio as questões  relativas ao cômputo de créditos calculados sobre:  a)  bens destinados ao ativo  imobilizado e não utilizados na produção  (item  3.1 do Termo de Verificação Fiscal – TVF);  b)  serviços  não  empregados  diretamente  na  industrialização  (item  3.2  do  TVF);  c)  fretes  decorrentes  da  transferência  de  produto  acabado  entre  estabelecimentos da interessada (item 3.4 do TVF);  d)  fretes pelo transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a  uso e consumo (item 3.5 do TVF); e,  e)  fretes pelo transporte de mercadorias não identificadas (item 3.7 do TVF).  Também necessita ser analisada a reclassificação de créditos objeto do item  4.2  do  Termo  de  Verificação  Fiscal,  segundo  o  qual,  em  virtude  do  artigo  16  da  Lei  nº  11.116/20051,  apenas  os  créditos  de  importação  elencados  no  art.  15  da Lei  nº  10.865/2004  seriam  passíveis  de  ressarcimento  ou  de  compensação.  Assim,  em  relação  aos  créditos  enquadrados  no  artigo  17  da  mesma  Lei  nº  10.865/2004  –  que  remete  às  importações  de  produtos  objeto  do  §  3º  do  artigo  8º  da  Lei  em  tela2  (dentre  outros)  –  estes,  por  falta  de                                                              1      Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3º das Leis nos  10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de  abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do ano­calendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei nº  11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de:          I  ­  compensação  com  débitos  próprios,  vencidos  ou  vincendos,  relativos  a  tributos  e  contribuições  administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou          II ­ pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria.          Parágrafo  único.  Relativamente  ao  saldo  credor  acumulado  a  partir  de  9  de  agosto  de  2004  até  o  último  trimestre­calendário anterior ao de publicação desta Lei,  a compensação ou pedido de  ressarcimento poderá  ser  efetuado a partir da promulgação desta Lei.    Lei nº  11.033,  de 21/12/2004, Art.  17. As vendas  efetuadas  com suspensão,  isenção,  alíquota 0  (zero) ou  não  incidência  da Contribuição  para  o  PIS/PASEP  e  da COFINS  não  impedem  a manutenção,  pelo  vendedor,  dos  créditos vinculados a essas operações.    2  Art. 8º As contribuições serão calculadas mediante aplicação, sobre a base de cálculo de que trata o art. 7º desta  Lei, das alíquotas de:     [omitido]     § 3º Na importação de máquinas e veículos, classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 8432.80.00, 8433.20,  8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Nomenclatura Comum do Mercosul  ­ NCM, as alíquotas são de:          I ­ 2% (dois por cento), para o PIS/PASEP­Importação; e  Fl. 3604DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          16 previsão  legal,  não  poderiam  ser  objeto  de  ressarcimento  ou  de  compensação,  apesar  da  possibilidade de desconto em relação aos débitos.  Por  fim,  a  lide  envolve  também a  análise quanto  à possibilidade ou não de  compensação  de  créditos  de  importação  vinculados  a  receita  de  exportação  antes  do  encerramento do trimestre.  Todas essas questões são comuns em relação a todos os processos da empresa  trazidos à pauta, razão pela qual serão examinadas em conjunto, o que atende, nessa parte, ao  pleito do sujeito passivo.  Do regime da não­cumulatividade do PIS e da COFINS  O  regime  da  incidência  não­cumulativa  das  contribuições  sociais  foi  instituído,  inicialmente,  para  o  PIS/PASEP,  mediante  a  publicação  da  Lei  nº  10.637,  de  30/12/2002 (conversão da Medida Provisória no 66, de 2002), tendo passado a produzir efeitos,  em relação à não­cumulatividade da referida contribuição, a partir de 1o de dezembro de 2002.  Posteriormente,  com  a  publicação  da  Lei  nº  10.833,  de  29/12/2003  –  conversão  da Medida  Provisória  nº  135,  de  2003  –,  tal  regime  foi  estendido  à  COFINS.  Concernente  à  não­ cumulatividade  da  COFINS  a  lei  em  evidência  passou  a  produzir  efeitos  a  partir  de  1º  de  fevereiro de 2004.  Ressalvadas as exceções legais, estão sujeitas à incidência não­cumulativa do  PIS/Pasep e da COFINS as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas  pela legislação do imposto de renda que apuram o IRPJ com base no lucro real.  A  legislação  pertinente  ao  regime  autoriza  o  desconto  de  créditos  apurados  com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, nos termos do artigo 3o das Leis  nos 10.637/2002 e 10.833/2003. Além disso, o artigo 5º da Lei nº 10.637/2002 e o artigo 6º da  Lei  nº  10.833/2003  dispõem,  respectivamente,  que  o  PIS/PASEP  e  a  COFINS  não  incidem  sobre  as  receitas  decorrentes  de:  a)  exportações  de mercadorias;  b) prestação  de  serviços  no  exterior  cujo  pagamento  represente  ingresso  de  divisas  e;  c)  vendas  a  empresa  comercial  exportadora como fim específico de exportação. Em tais hipóteses, o crédito apurado na forma  do  artigo  3º  das  leis  em  comento  poderá  ser  utilizado  para  a  dedução  da  correspondente  contribuição a  recolher ou para compensação com outros  tributos administrados pela Receita  Federal. Finalmente, acaso aludido crédito não possa ser utilizado por nenhuma dessas formas  até o final de cada trimestre do ano civil, poderá o sujeito passivo solicitar seu ressarcimento  em dinheiro.   A  seguir,  examinaremos  a  legitimidade  dos  créditos  calculados  pela  interessada  seguindo  a  mesma  ordem  utilizada  pela  fiscalização  no  Termo  de  Verificação  Fiscal ­ TVF.   Das  glosas  objeto  do  item  3.1  do  TVF:  bens  destinados  ao  ativo  imobilizado e não utilizados na produção  A  fiscalização  entendeu  que  as  despesas  com  veículos  e  com móveis  para  salas de treinamento de funcionários não poderiam compor a base de cálculo dos créditos por  não  estarem  diretamente  vinculados  às  atividades  de  industrialização.  Por  sua  vez,  o  sujeito                                                                                                                                                                                                   II ­ 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), para a COFINS­Importação.  Fl. 3605DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          17 passivo entende que aludido creditamento estaria alicerçado no artigo 3º das Leis 10.637/2002  e 10.833/2003.   Segundo  defende  a  interessada,  seria  inapropriado  afirmar  que  os  bens  em  evidência  não  se  prestariam  ao  exercício  de  sua  atividade  industrial. Afirma que  “quaisquer  bens imobilizados, que sejam empregados na atividade econômica do contribuinte (direta ou  indiretamente),  autorizam  o  creditamento”,  e  ainda,  que  “os  equipamentos  destinados  à  capacitação  de  empregados,  por  exemplo,  são  essenciais  a  curso  regular  das  atividades  da  Recorrente,  a  qual  se  destaca  por  sua  atuação  inovativa  e  comprometida  com  o  desenvolvimento tecnológico”.  O  creditamento  relativo  a  bens  destinados  ao  ativo  imobilizado  está  fundamentado nos incisos VI e VII, §§ 1º, 14, 16 e 21 do artigo 3º da Lei nº 10.833/2003. Em  relação  ao  PIS/PASEP,  regramento  no  mesmo  sentido  consta  da  Lei  nº  10.637/2002.  Reproduzimos, abaixo, os dispositivos da Lei nº 10.833/2003 que são mais  relevantes para a  resolução da contenda:  Art.  3º  Do  valor  apurado  na  forma  do  art.  2º  a  pessoa  jurídica  poderá  descontar créditos calculados em relação a:  [...]  VI  ­  máquinas,  equipamentos  e  outros  bens  incorporados  ao  ativo  imobilizado,  adquiridos  ou  fabricados  para  locação  a  terceiros,  ou  para  utilização  na  produção  de  bens  destinados  à  venda  ou  na  prestação  de  serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)  VII  ­  edificações  e  benfeitorias  em  imóveis  próprios  ou  de  terceiros,  utilizados nas atividades da empresa;  [...]  § 1º Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado  mediante  a  aplicação  da  alíquota  prevista  no  caput  do  art.  2º  desta  Lei  sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008)  [...]  III ­ dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos  incisos VI e VII do caput, incorridos no mês;  [...]  (grifo nosso)  O  inciso  VI  do  artigo  3º  das  Leis  10.637/2002  e  10.833/2003  vincula  o  creditamento  em  relação  a  máquinas,  equipamentos  e  outros  bens  incorporados  ao  ativo  imobilizado – além de seu emprego para locação a terceiros – a seu uso “na produção de bens  destinados  à  venda  ou  na  prestação  de  serviços”.  Portanto,  o  legislador  restringiu  o  creditamento da contribuição à aquisição de bens diretamente empregados na industrialização  das mercadorias (ou na prestação de serviços), não sendo razoável admitir que seja passível do  cômputo de créditos a aquisição de “quaisquer bens imobilizados [...]empregados na atividade  econômica do contribuinte (direta ou indiretamente)”, como defende a interessada.  Com efeito, o ativo imobilizado compreende os bens e direitos necessários ao  exercício das atividades estatutárias da pessoa jurídica, aí incluídos aqueles que tem finalidade  unicamente  administrativa,  ou  seja,  que  não  são  empregados  diretamente  na produção  ou  na  Fl. 3606DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          18 comercialização de mercadorias  e de  serviços,  ou  ainda, na  locação. Apenas  esses últimos  é  que fazem jus ao creditamento.  No mais, muito embora este relator entenda que os móveis de escritório e os  automóveis de passageiros possam ser necessários ao exercício das atividades da empresa, tais  não  se  enquadram  na  amplitude  conceitual  de  insumo  na  produção  dos  bens  destinados  à  venda. Essas despesas, com efeito, são de caráter geral, não estando vinculadas diretamente ao  processo de industrialização, razão pela qual entendemos não ser legítimo o cômputo de crédito  com base em tais rubricas.  É por essa  razão que deverá ser negado provimento ao recurso na parte em  que  o  sujeito  passivo  pretende  se  creditar  do  PIS  e  da  COFINS  pela  aquisição  de  bens  destinados ao ativo imobilizado, mas não utilizados na produção.  O  alcance  do  conceito  de  insumo  para  fins  do  regime  de  incidência  não­ cumulativa do PIS/PASEP e da COFINS será tratada com mais detalhes no tópico seguinte.  Das  glosas  objeto  do  item  3.2  do  TVF:  serviços  não  empregados  diretamente na industrialização  A  fiscalização  glosou  o  creditamento  correspondente  a  alguns  serviços  que  não foram “empregados diretamente na industrialização”.   Reproduzo o trecho do relatório fiscal correspondente à questão:  Instado,  conforme  Termo  de  Intimação  nº  0551/2011,  a  informar  quais  tipos  de  serviços  prestavam  as  empresas  Fiat  do  Brasil  S/A  e GFL  Gestão  de  Fatores  Logísticos,  e  a  apresentar  os  respectivos  contratos,  a  empresa respondeu, em 01/09/2011, o seguinte:   “Serviços prestados à INTIMADA pela FIAT DO BRASIL S/A:  • Comércio Exterior:  ◦ Despacho aduaneiro consubstanciados em operações de Exportação da  CNH  em  todo  o  território  nacional  e  relacionados  com  os  modais  marítimo, aéreo e rodoviário;  ◦ Despacho aduaneiro consubstanciados em operações de importação da  CNH  em  todo  o  território  nacional  e  relacionados  com  os  modais  marítimo, aéreo e rodoviário.  • Contabilidade Geral;  • Controle Fiscal;  • Contas a pagar e Tesouraria;  • Controle de ativo fixo;  • Registro Fiscal;  • Faturamento;  • Gestão tributária e societária;  • Serviços de assessoria a expatriados.  Serviços  prestados  à  INTIMADA  pela  GFL  GESTÃO  DE  FATORES  LOGÍSTICOS LTDA:  • Gerenciamento  das  operações  de  transporte  "IN Bound"  ­  Transportes  de  materiais/produtos  que  adentram  na  fábrica  da  contratante  e  "Follow­up"  ­ Fl. 3607DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          19 Acompanhamento de entrega de materiais e componentes a ser realizado pela  contratada, perante os fornecedores da contratante.”  Nenhuma  destas  atividades  pode  ser  considerada  como  aplicada  ou  consumida  na  fabricação de  produtos. Os  serviços prestados  pela Fiat  do  Brasil S/A, claramente, têm caráter administrativo, mas mesmo os prestados  pela GFL não podem ser considerados insumos. Neste sentido, a ementa da  Solução de Consulta Nº 125 de 2007 – DISIT – 10ª RF declara:  INCIDÊNCIA NÃO­CUMULATIVA. DIREITO DE CRÉDITO. SERVIÇOS  DE MOVIMENTAÇÃO E CONTROLE DE ESTOQUES. Não gera direito a  crédito  da  Cofins  a  aquisição  de  serviços  de  movimentação  e  controle  de  estoques  de  matérias­primas,  materiais  de  embalagem  e  produtos  acabados,  realizados nas instalações da pessoa jurídica ou da própria empresa contratada.   As  contas  contábeis  responsáveis  pelo  registro  dos  créditos  de  PIS  e  COFINS  incidentes  sobre  serviços,  conforme  resposta  ao  Termo  de  Início  entregue  em 08/06/2011,  são  as  de  nos  144240 e  144241,  e  a  esmagadora  maioria  dos  lançamentos  referem­se  a  serviços  prestados  pelas  duas  empresas mencionadas anteriormente, com algumas exceções: a nota fiscal  nº  149087  da  Metropolitana  Vigilância  Comercial,  cujo  crédito  o  contribuinte afirmou não  ter  incluído na base de cálculo, e algumas notas  fiscais,  em 2010,  referentes  a  treinamentos  técnicos de  diversos  tipos,  aos  quais,  pelos  mesmos  argumentos  expostos  acima,  é  vedada  a  geração  de  créditos.      Deste  modo,  todo  o  crédito  descrito  como  “Serviço  Nacional”  nas  memórias  de  cálculo  entregues  em  08/07/2011,  em  resposta  ao  Termo  de  Início, deve ser glosado [...]  A  análise  do  problema  envolve  essa  que  talvez  seja  a  questão  mais  controvertida em relação à não­cumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS: definir o que são  insumos para fins de creditamento das citadas contribuições.   O  inciso  II  do  artigo  3o  das Leis  10.833/2003  e 10.637  de  2002  autoriza  o  cálculo de créditos a serem descontados ou ressarcidos em relação a bens e serviços utilizados  como  insumos  na  prestação  de  serviços  e  na  produção  ou  fabricação  de  bens  ou  produtos  destinados à venda.   As  normais  legais  stricto  sensu  que  prevêem  a  não­cumulatividade  (Leis  10.637/2002  e  10.833/2003)  são  omissas  quanto  ao  alcance do  termo  “insumo” para  fins  de  cálculo do crédito atinente a referidas contribuições. Tal amplitude terminológica encontra­se  disposta apenas em norma de natureza infralegal, qual seja, no § 5º, do artigo 66, da IN SRF no  247,  de  21/11/2002  (dispositivo  incluído  pela  IN  SRF  no  358,  de  09/09/2003)  –  não­ cumulatividade do PIS/Pasep –, bem como nos incisos I e II do § 4º, do artigo 8o, da IN SRF no  404,  de  12/03/2004  –  não­cumulatividade  da  COFINS  –,  segundo  os  quais,  para  fins  de  aquisição  de  bens  e  serviços  utilizados  como  insumos,  deverão  ser  assim  concebidos  (como  insumos), aqueles:   I ­ utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda:   a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem  e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano  ou  a  perda  de  propriedades  físicas  ou  químicas,  em  função  da  ação  diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam  incluídas no ativo imobilizado;   Fl. 3608DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          20 b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados  ou consumidos na produção ou fabricação do produto;   II ­ utilizados na prestação de serviços:  a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não  estejam incluídos no ativo imobilizado; e   b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados  ou consumidos na prestação do serviço.   Para a doutrina, há os que defendem a ampla consideração como insumo de  todas  as  despesas  da  empresa,  como  Natanael  Martins3.  Segundo  ele,  pelo  fato  das  contribuições em comento alcançarem a receita total das empresas, a única forma de assegurar  sua  integral  não­cumulatividade  seria  se  “os  créditos  apropriáveis  alcançarem  todas  as  despesas necessárias à consecução das atividades da empresa”.  Também na mesma toada, Solon Sehn4, segundo o qual,  salvo  nas  hipóteses  expressamente  vedadas  pela  Lei  nº  10.833/2003,  o  crédito  de  insumo  deve  ser  calculado  a  partir  do  custo  de  produção  da  legislação do imposto de renda (Decreto­Lei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 1º;  Decreto nº 3.000/1999, arts. 290 e 291), abrangendo as matérias­primas e  quaisquer  outros  bens,  direitos  ou  serviços  aplicados  ou  consumidos  no  processo  de  fabricação,  diretos  ou  indiretos,  independentemente  de  desgaste, dano ou perda de propriedades físico­químicas.  Por  sua  vez,  Marco  Aurélio  Greco5  defende  que  os  insumos,  para  fins  de  PIS/Pasep e Cofins, não se equiparam àqueles indicados pela legislação do Imposto de Renda,  uma vez que há distinção material entre  receita e  renda. Patrícia Madeira comenta a  lição de  Greco asseverando que os pressupostos de fato para o IRPJ e a CSLL são o resultado positivo  (renda/lucro), e, nesse caso, deverão ser considerados todos os custos que interferirem na sua  apuração; no entanto, “nem todos os custos da atividade empresarial interferem na formação  da  receita,  que  é  materialidade  do  PIS  e  da  Cofins”.  A  ideia  de  insumo  proclamada  pela  legislação do IPI também não seria aplicável para o PIS/Pasep e para a COFINS6, dado ser o  IPI  [...]  tributo  cuja  não­cumulatividade  se  opera  pelo  método  subtrativo, variante imposto contra imposto (que, portanto, requer tenha  havido  incidência  na  operação  anterior  para  que  o  insumo  seja  creditável) e cuja materialidade (industrialização) remete à ideia de algo  fisicamente apreensível.                                                              3 MARTINS, Natanael. O conceito de insumos na sistemática não­cumulativa do PIS e da Cofins. In: PEIXOTO.  Marcelo Magalhães, FISCHER, Octávio Campos  (coord.).  PIS­Cofins:  questões  atuais  e polêmicas. São Paulo:  Quartier Latin,  2005.  p.  204. apud MADEIRA, Patrícia Hermont Barcellos Gonçalves. Não­cumulatividade  do  PIS e da COFINS. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. 2009. p. 127.  4  SEHN, Solon. PIS­COFINS: Não cumulatividade e regimes de incidência. São Paulo: Quartier Latin, 2011. p.  317.  5 GRECO, Marco Aurélio. Não cumulatividade no PIS e na COFINS. In: PAULSEN, Leandro (Coord.) et al. Não­ cumulatividade  do  PIS/Pasep  e  da  Cofins.  São  Paulo:  IOB  Thompson.  Porto  Alegre:  Instituto  de  Estudos  Tributários, 2004. p. 112­122. apud MADEIRA, Patrícia Hermont Barcellos Gonçalves. Não­cumulatividade do  PIS e da COFINS. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. 2009. p. 127.  6 O trecho acima, que sintetiza a lição de Marco Aurélio Greco (op. cit., p. 117­118), foi extraído da Dissertação  de Mestrado de Patrícia Hermont Barcellos Gonçalves Madeira, p. 127­128 – referência já citada.     Fl. 3609DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          21 Como  a  receita  decorre  de  uma  prestação  de  serviços  ou  da  produção de bens, Marco Aurélio Greco conclui que só deve ser insumo  o  que  for  inerente  àquilo  que  denomina  de  “processo  formativo  da  receita”. Em suas palavras:  relevante  é  determinar  quais  os  dispêndios  ligados  à  prestação  de  serviços e à  fabricação/produção que digam respeito aos  respectivos  fatores de produção (= deles sejam insumos). Se entre o dispêndio e  os fatores capital e trabalho houver uma relação de inerência, haverá  – em princípio – direito à dedução.  Há  ainda  outros  pensamentos  doutrinários  diversos  que  revelam  grandes  divergências concernentes aos critérios sobre o que pode ou não ser considerado como insumo  para fins de creditamento do PIS/Pasep e da COFINS no regime da não­cumulatividade. Culpa  da legislação lamentavelmente intrincada sobre o assunto.   De  nossa  parte,  dadas  as  limitações  impostas  ao  creditamento  pelo  texto  normativo, temos nos manifestado no sentido de que o legislador optou por um regime de não­ cumulatividade parcial, muito embora respeitável doutrina defenda que deveria ser dado ao  regime um sentido mais amplo e próximo dos aspectos econômicos da produção, o que, penso,  não encontra alicerce na legislação pertinente.  Com efeito, além da aquisição de bens e de serviços utilizados como insumo,  a lei contempla várias outras hipóteses de creditamento em virtude de despesas incorridas pela  pessoa jurídica, tais como pelo aluguel de prédios, de máquinas e de equipamentos utilizados  nas  atividades  da  empresa,  bem  como  da  energia  consumida  em  seus  estabelecimentos,  ressalvadas  as  exceções  legais.  O  detalhamento  das  possibilidades  de  creditamento  e  das  vedações  ao  mesmo,  sujeitos  a  emendas  normativas  implementadas  no  decorrer  do  tempo,  revela,  sem  nenhuma  dúvida,  que  o  legislador  sempre  optou  por  um  regime  de  não­ cumulatividade seletivo.  Especialmente sobre o alcance do termo “insumo” vejamos, primeiramente, o  teor  do  inciso  II  do  artigo  3o  de  ambas  as  leis  10.637/2002  e  10.833/2003  que,  sobre  a  correspondente contribuição determinada na forma do artigo 2o de cada lei, permite o desconto  de créditos calculados em relação a:  II  ­  bens  e  serviços  utilizados  como  insumo  na  fabricação  de  produtos  destinados  à  venda  ou  à  prestação  de  serviços,  inclusive  combustíveis  e  lubrificantes; (redação original da Lei 10.637/2002)  II  –  bens  e  serviços  utilizados  como  insumo  na  fabricação  de  produtos  destinados  à  venda  ou  na  prestação  de  serviços,  inclusive  combustíveis  e  lubrificantes;  (Lei  10.637/2002  ­  redação  dada  pela  Lei  nº  10.684,  de  30.5.2003)  II  ­ bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na  produção ou  fabricação de bens ou produtos destinados à venda,  inclusive  combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o  art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de  julho de 2002, devido pelo  fabricante ou  importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos  classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação original da lei nº  10.833/2003.  Na  Lei  nº  10.637/2002  essa  redação  é  decorrente  da  Lei  nº  10.865, de 2004)  Fl. 3610DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          22 Da  leitura  das  redações  do  dispositivo  que  trata  do  creditamento  em  decorrência  da  aquisição  de  insumos  –  a  atual  e  as  historicamente  concebidas  para  referido  preceito – constata­se que o termo “insumo”, na forma como é e sempre foi empregado, nunca  se  apresentou  no  texto  normativo  de  forma  isolada,  mas  continuamente  associado  ao  seu  papel de fator de produção ou na prestação de serviços.   Em razão disso, penso que só podem ser considerados como insumos os bens  e os serviços diretamente utilizados, necessários e essenciais à prestação de serviços ou à  fabricação  dos  produtos  destinados  à  venda,  o  que  requer,  pois,  análise  individual  do  processo  produtivo  da  pessoa  jurídica  que  busca  o  creditamento  segundo  o  regime  da  não­ cumulatividade.   No caso presente, entendo que os serviços prestados à  interessada pela Fiat  do  Brasil  S.A.  (despacho  aduaneiro  de  importação  e  exportação,  serviços  de  contabilidade  geral,  controle  fiscal,  contas  a  pagar  e  tesouraria,  controle  de  ativo  fixo,  registro  fiscal,  faturamento,  gestão  tributária  e  societária,  serviços  de  assessoria  e  expatriados)  não  se  destinam  diretamente  à  atividade  de  “fabricação  de  máquinas  e  equipamentos  para  terraplenagem, pavimentação e construção, peças e acessórios, exceto tratores – instalação de  máquinas e equipamentos industriais” (conforme ficha cadastral junto ao CNPJ).  Logo, muito embora entendamos que o conceito de insumo seja mais elástico  que o  adotado pela Receita Federal  nas  suas  instruções normativas nos  247, de 21/11/2002 e  404,  de  12/03/2004,  conforme  razões  acima  desenvolvidas,  e mesmo  admitindo  que muitos  desses serviços são essenciais à dinâmica empresarial no seu aspecto macro, todos eles dizem  respeito a atividades de caráter meramente administrativo, não estando relacionados, de forma  direta, à atividade produtiva da interessada.   Contudo,  em  relação  aos  serviços  prestados  pela GFL  Gestão  de  Fatores  Logísticos  Ltda.,  (“Gerenciamento  das  operações  de  transporte  ‘Inbound’  ­  Transportes  de  materiais/produtos que adentram na fábrica da contratante e "Follow­up" ­ Acompanhamento  de  entrega  de  materiais  e  componentes  a  ser  realizado  pela  contratada,  perante  os  fornecedores  da  contratante”),  esses,  por  estarem  relacionados  ao  controle  de  fluxo  de  componentes nas instalações fabris, são essenciais ao processo produtivo, o qual, nas palavras  da interessada, “depende da entrega de insumos na lógica do sistema just in time”.  Com efeito, não se concebe o exercício da atividade industrial sem um eficaz  sistema de controle do fluxo de produção e dos estoques ligados à produção, razão pela qual  entendo  que  os  créditos  calculados  com  base  nos  serviços  prestados  pela  GFL  Gestão  de  Fatores Logísticos Ltda. deverão ser mantidos.  Nessa parte, portanto, dou parcial provimento ao recurso voluntário para que  sejam admitidos os  créditos  calculados  pelo  sujeito passivo  em  relação  aos  serviços pagos  à  GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda.  Das  glosas  objeto  dos  itens  3.4  e  3.5  do  TVF:  fretes  decorrentes  da  transferência  de  produto  acabado  entre  estabelecimentos  da  interessada  e  fretes  pelo  transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo  A  Lei  nº  10.833/2003,  em  seu  artigo  3º,  inciso  IX,  admite  o  desconto  de  créditos  da  COFINS  calculados  com  base  em  “armazenagem  de  mercadoria  e  frete  na  operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor”.  Fl. 3611DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          23 Isso também se aplica ao PIS/PASEP não cumulativo em razão do disposto no artigo 15, inciso  II, da mesma norma7.  Como se vê, a possibilidade de creditamento em relação a despesas com frete  e armazenagem de mercadorias é restrita aos casos de venda de bens adquiridos para revenda  ou produzidos pelo sujeito passivo, e, ainda assim, quando o ônus for suportado pelo mesmo.  Trata­se, pois, de hipótese de creditamento da contribuição bastante restrita, a  despeito daquela inerente ao desconto de créditos calculados em relação a insumos, conforme  ressaltado.   Essa  restrição  ao  gozo  do  mecanismo  creditório  se  observa  também  em  relação a outros casos previstos no regime da não­cumulatividade do PIS e da COFINS, como,  por  exemplo,  nos  casos  de  aluguéis  de  prédios,  máquinas  e  equipamentos;  máquinas,  equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para  locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação  de  serviços;  edificações  e  benfeitorias  em  imóveis;  vale­transporte,  vale­refeição  ou  vale­ alimentação,  fardamento  ou  uniforme  fornecidos  aos  empregados  por  pessoa  jurídica  que  explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção.  No mais, entendo que aludidos fretes  também não caracterizam insumo, até  porque,  conforme  asseverado  pela  instância  recorrida,  o  frete  pago  na  compra  de  insumos  integra o custo de aquisição (artigo 289, § 1º, do Regulamento do Imposto de Renda aprovado  pelo Decreto nº 3.000, de 1999), podendo assim gerar créditos quando contratado com pessoa  jurídica domiciliada no país e suportado pela adquirente.  Logo, por falta de previsão legal, entendo que o sujeito passivo não faz jus ao  creditamento  em  face  de  fretes  decorrentes  da  transferência  de  produto  acabado  entre  estabelecimentos  da  interessada  (item  3.4  do  TVF),  ou  ainda,  pelos  fretes  do  transporte  de  mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo (item 3.5 do TVF).  Em sintonia com o entendimento acima esposado, a seguinte jurisprudência:  TRIBUTÁRIO.  PIS/COFINS  NÃO  CUMULATIVOS.  FRETE  INTERCOMPANY.  OPERAÇÃO  DE  VENDA  NÃO  CARACTERIZADA  (ART. 3º, IX, L10833). ENQUADRAMENTO COMO INSUMO (ART. 3º, II,  L10833). IMPOSSIBILIDADE.   1. O  frete  intercompany,  referente  à  alocação dos  produtos  acabados  das  indústrias  para  os  centros  de  distribuição  da  empresa,  configura  simples  transferência interna, não estando diretamente relacionado às operações de  venda.  Com  efeito,  apenas  enseja  o  aproveitamento  dos  créditos  de  PIS/COFINS, nos termos do art. 3º, IX, da Lei nº 10.833/2003, o transporte  de bens diretamente ao consumidor final. Precedentes desta Turma.   2. Em que pese, em uma perspectiva econômica, a distribuição dos produtos  das fábricas para as filiais ser etapa do iter percorrido pela mercadoria até  chegar  à  sua  destinação  final,  a  "operação  de  venda",  enquanto  negócio                                                              7   Art.  15. Aplica­se  à  contribuição  para  o  PIS/PASEP  não­cumulativa  de  que  trata  a  Lei  nº  10.637,  de 30  de  dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)     [...]     II ­ nos incisos VI, VII e IX do caput e nos §§ 1º e 10 a 20 do art. 3º desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de  2004)  Fl. 3612DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          24 jurídico, é  relação estabelecida estritamente entre os  sujeitos  fornecedor e  adquirente. Deste modo,  as  etapas  anteriores  à  destinação  do  produto  ao  consumidor  final,  ainda  âmbito  da  empresa  (fornecedora),  não  podem ser  consideradas operações de venda.   3.  Na  linha  do  que  defende  a  doutrina  mais  moderna,  o  conceito  de  "insumo",  no  campo  tributário,  não  é  uniforme  para  todas  as  exações.  Assim,  os  conceitos  encontrados  no  IPI  não  são,  de  fato,  suficientes  para  abarcar  todos  os  custos  que  podem  gerar  créditos  de  PIS/COFINS.  Enquanto na  legislação de  regência daquele  imposto, há referência  tão­só  às  despesas  referentes  à  industrialização  dos  bens  (matérias­primas,  produtos  intermediários,  materiais  de  embalagem  etc.)  aqui,  as  receitas  submetidas  às  contribuições  não  são  unicamente  decorrentes  da  venda  de  produtos industrializados.   4. Se o conceito de insumo do IPI é demasiado restritivo, não é o caso de ir­ se  ao  outro  extremo,  estendendo­o  de  tal  modo  a  incorporar  "todo  e  qualquer custo ou despesa necessário à atividade de empresa", nos termos  da legislação do IRPJ, como o quer o apelante. A não­cumulatividade deve  estar adstrita à materialidade do tributo ­ para PIS/COFINS, receita; para  IR,  lucro  líquido.  Logo,  também  imprestável,  o  conceito  de  despesa  operacional do RIR/99, de modo a equiparar PIS/COFINS a IR.   5.  Nesse  contexto,  de  intermédio,  primeiramente,  há  que  se  ter,  por  parâmetro, as próprias regras legais das contribuições em tela. Assim, o art.  3º, II, da Lei nº 10.833/2003 dispõe que a pessoa jurídica poderá descontar  os  créditos  calculados  em  relação  a  "bens  e  serviços,  utilizados  como  insumo na prestação de  serviços  e na produção ou  fabricação de bens ou  produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes".   6.  Portanto,  o  conceito  legal  de  insumo,  para  efeito  de  crédito  de  PIS/COFINS, abrange os dispêndios indispensáveis à produção de bens ou  à prestação de serviços geradores de renda. Noutros termos, todos os itens  diretamente  relacionados  com  a  produção  do  contribuinte  e  que  afetem  o  montante  das  receitas  tributáveis  pelas  contribuições  constituem  crédito  utilizáveis na apuração destas.   7.  Por  seu  turno,  Marco  Aurélio  Greco  preconiza  o  critério  da  essencialidade  ou  relevância  para  análise  do  conceito  de  insumo,  a  ser  entendido  sob  uma  perspectiva  dinâmica.  Devem,  assim,  ser  rechaçados  como tal os gastos realizados por mera conveniência do contribuinte.   8. Na hipótese dos autos, a apelante é empresa que se dedica às atividades  de industrialização e comercialização de farinha de trigo, massas, biscoitos,  margarinas  e  cremes  vegetais.  A  ser  assim,  não  é  de  entender­se  o  frete  entre estabelecimentos, para distribuição dos produtos acabados às  filiais,  como inerente ou essencial à atividade econômica ou ao processo produtivo  desenvolvido  pelo  contribuinte.  Tal  custo  é  posterior  ao  processo  de  fabricação dos bens destinados à  venda, não consistindo, pois,  em insumo  direto.   9.  Assim,  seja  como  for,  quer  se  entendendo  insumo  como  o  gasto  relacionado diretamente ao processo produtivo, quer como aquele essencial  a este, o frete intercompany não pode ser compreendido como tanto. É que  ele  corresponde  a  dispêndio  elegível  a  título  de  mera  conveniência  da  pessoa  jurídica  (não  alcançando  "perante  o  fator  de  produção  o  nível  de  uma  utilidade  ou  necessidade"),  visando  à  melhor  distribuição  dos  bens  fabricados ao adquirente final.   Fl. 3613DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          25 Apelação a que se nega provimento.  (Tribunal Regional Federal da 5a Região. Primeira Turma. Apelação Cível nº  544709.  Relator  Des.  Federal  José  Maria  Lucena.  Data  do  acórdão:  15/05/2014. Publicado em: 22/05/2014)    TRIBUTÁRIO.  MANDADO  DE  SEGURANÇA.  PIS.  COFINS.  FRETE  DE  MERCADORIAS  ENTRE  ESTABELECIMENTOS  DA  EMPRESA  CONTRIBUINTE.  DEDUTIBILIDADE.  AUSÊNCIA  DE  PREVISÃO  LEGAL.   1 ­ O art. 3º das Leis 10.833/03 e 10.627/02 prevêm as hipóteses em que é  possível  o contribuinte deduzir os valores de PIS e COFINS recolhidos na  sistemática  da  não­cumulatividade.  A  utilização  do  crédito  presumido,  em  relação ao frete, está relacionada ao transporte da mercadoria destinada à  operação de venda, o que exclui o frete realizado entre os estabelecimentos  de uma mesma empresa. Interpretação restritiva determinada pelo art. 111  do CTN.   2  ­  O  Superior  Tribunal  de  Justiça  pronunciou­se  no  sentido  de  que  o  conceito de  insumo não abrange as operações de  transferência  interna de  mercadorias  entre  os  estabelecimentos  de  uma  mesma  pessoa  jurídica  (AGRESP 1335014).   3 ­ Recurso conhecido e improvido. Sentença confirmada.  (Tribunal  Regional  Federal  da  2a  Região.  Terceira  Turma  Especializada.  Apelação Cível  nº  526.709. Relator Des.  Federal Geraldine  Pinto Vital  de  Castro. Data do acórdão: 29/04/2014. Publicado em 14/05/2014)     TRIBUTÁRIO.  CONSTITUCIONAL.  MANDADO  DE  SEGURANÇA.  PIS.  COFINS.  ARTIGO  3º,  INCISO  IX.  ARTIGO  15,  INCISO  II.  LEI  Nº  10.833/03. FRETE. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.   1 ­ No caso em exame, a recorrente objetiva assegurar o alegado direito ao  creditamento,  a  título  de PIS/COFINS,  de  valores  despendidos  com  fretes  contratados  pela  impetrante  desde  2002  até  a  data  da  propositura  da  presente ação, para o transporte de insumos e produtos acabados entre seus  estabelecimentos e pontos de distribuição.   2  ­  A  questão  em  discussão  nestes  autos  diz  respeito  ao  regime  da  não  cumulatividade da contribuição ao PIS/COFINS, previsto nos §§ 12 e 13, do  artigo  195  da  Constituição  Federal,  introduzidos  pela  Emenda  Constitucional nº 42, de 19.12.2003, e instituído pela Medida Provisória nº  66/2002  (DOU  30.08.2002),  convertida  na  Lei  nº  10.637/2002  (DOU  31.12.2002)  no  que  diz  respeito  ao  PIS,  e  pela  Medida  Provisória  nº  135/2003  (DOU  31.10.2003),  convertida  na  Lei  nº  10.833/2003  (DOU  31.12.2003) referente à COFINS.   3 ­ Outrossim, a Lei nº 10.637/02 também dispôs em seu artigo 3º (caput e  incisos)  sobre  os  créditos  passíveis  de  descontos  a  título  de  PIS  do  valor  apurado  na  forma  do  artigo  2º  da  referida  lei.  E,  no  que  tange  a  "frete",  estabeleceu o inciso II, do art. 15 da Lei nº 10.833/03 (COFINS) a respeito  da aplicabilidade, também à contribuição ao PIS, do previsto no inciso IX,  do artigo 3º dessa mesma lei, nos termos mencionados, valendo ressaltar a  interpretação  restrita  dada  pela  lei  no  sentido  de  se  tratar  de  "frete  na  operação  de  venda,  nos  casos  dos  incisos  I  e  II,  quando  o  ônus  for  suportado pelo vendedor" (grifos meus).   Fl. 3614DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          26 4  ­  Nesse  passo,  considerando  que  as  regras  da  não­cumulatividade  das  contribuições  sociais  em  comento  estão  afetas  à  definição  infraconstitucional,  ao  amparo  da  Lei  Maior,  os  aludidos  diplomas  normativos  restringiram  a  hipótese  de  creditamento,  não  abrangendo  a  hipótese  pretendida  nestes  autos,  como  equivocadamente  entende  a  impetrante, ora recorrente.   5  ­ Observa­se  que  a  pretensão  formulada  neste mandamus  não  encontra  guarida  legal  para  prosperar,  porquanto  a  impetrante  objetiva  o  creditamento  a  título  de  PIS/COFINS  de  valores  despendidos  com  "fretes  contratados  pela  impetrante,  desde  2002  até  a  data  da  propositura  da  presente ação, para o transporte de insumos e produtos acabados entre seus  estabelecimentos  e  pontos  de  distribuição",  hipótese  essa  não  amparada  pela  lei  de  regência,  que  restringe  o  creditamento  ao  frete  à  operação de  venda da mercadoria, nos termos assinalados no inciso IX, do art. 3º da Lei  nº 10.833/03.   6 ­ Vale mencionar que a lei pode estabelecer exclusões ou vedar deduções  de  créditos  para  fins  de  apuração  da  base  de  cálculo  das  exações  em  comento, ao amparo constitucional, havendo direito de creditamento apenas  nas hipóteses taxativamente previstas em lei, sob pena de violação ao artigo  111 do Código Tributário Nacional.   7  ­  Na  verdade,  verifica­se  que  a  recorrente  insurge­se  quanto  à  base  de  cálculo  das  contribuições  ao  PIS/COFINS,  objetivando  a  redução  da  incidência da exação, ao que cumpre salientar que não cabe ao Judiciário  atuar como legislador positivo, haja vista que a redução da base de cálculo  somente  ocorre  mediante  expressa  previsão  legal,  a  cargo  do  Poder  Legislativo. Ademais, cumpre salientar, ainda que se tratasse de hipótese de  creditamento, não restou comprovada, nestes autos, a totalidade dos valores  efetivamente despendidos com a "contratação de fretes" pela impetrante, no  período reclamado, objeto de pedido de compensação nestes autos. Assim,  não restando demonstrado o alegado direito líquido e certo, apto a amparar  a  pretensão  veiculada  na  presente  ação  mandamental,  não  merece  prosperar o apelo da impetrante.   8 ­ Apelação não provida.  (Tribunal Regional Federal da 3a Região. Terceira Turma. Apelação Cível nº  325.368.  Relator  Des.  Federal  Nery  Junior.  Data  do  acórdão:  19/12/2013.  Publicado em: 10/01/2014)     TRIBUTÁRIO ­ AÇÃO ORDINÁRIA ­ PIS E COFINS ­ LEIS Nº 10.637/2002  E 10.833/2003 ­ REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE ­ DESPESAS DE  FRETE  ­  TRANSFERÊNCIA  INTERNA  DE  MERCADORIAS  ENTRE  ESTABELECIMENTOS  DA  MESMA  EMPRESA  ­  CREDITAMENTO  ­  IMPOSSIBILIDADE.   1. É da essência do sistema de produção de bens e serviços que toda pessoa  jurídica,  a  fim  de  que  possa  desenvolver  as  suas  atividades,  tenha  de  adquirir insumos, matérias­primas ou serviços de outras pessoas jurídicas.   2.  Assim,  é  natural  que  uma  parcela  das  suas  receitas,  dos  recursos  advindos do desempenho das suas atividades empresariais seja destinada ao  pagamento  dos  seus  custos,  das  suas  despesas  operacionais,  ou  seja,  à  remuneração  dos  seus  fornecedores  e  prestadores  de  serviço.  Os  pagamentos  feitos  aos  seus  fornecedores  e  prestadores  de  serviço  representarão faturamento destes e sujeitar­se­ão, por sua vez, à incidência  Fl. 3615DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          27 do  PIS  e  da  COFINS.  O  que  é  dispêndio,  desembolso  para  uma  pessoa  jurídica representa ingresso de valores, receita operacional para outra. Isso  é uma consequência natural do fato de o legislador constituinte ter eleito o  faturamento  e,  posteriormente,  todas  as  receitas  como  hipótese  de  incidência  para  contribuição  destinada  ao  financiamento  da  seguridade  social. Quando houver  várias  fases  ou  etapas  de  circulação  econômica,  a  incidência sobre o faturamento será necessariamente cumulativa.   3. As únicas  deduções  ou  exclusões  possíveis  seriam aquelas  previstas  em  lei,  que  teriam  a  natureza  de  isenção,  de  favor  fiscal,  determinado  discricionariamente pelo legislador, segundo juízo político de conveniência  e oportunidade em consonância com o interesse público; ou aquelas que já  se encontram fora da base de cálculo das contribuições questionadas, isto é,  que não correspondem às receitas de venda de bens e serviços ou às receitas  das atividades empresariais, representando situação de não­incidência.   4. O artigo 195, § 9º da CF/88, acrescido pela EC nº 20/98 e alterado pela  EC  nº  47/2005  prevê  a  possibilidade  de  as  contribuições  sociais  terem  alíquotas  ou  bases  de  cálculo  diferenciadas,  em  razão  da  atividade  econômica, da utilização intensiva de mão­de­obra, do porte da empresa ou  da  condição  estrutural  do  mercado  de  trabalho,  conforme  opção  a  ser  exercida pelo legislador ordinário.   5. Por  sua vez,  o § 12, do artigo 195 da CF/88, acrescentado pela EC nº  42/2003,  determina  que  a  lei  definirá  os  setores  de  atividade  econômica  para os quais a contribuição social sobre as receitas será não­cumulativa.   6. A Lei nº 10.637/02, no inciso II do artigo 3º, prevê que do valor apurado  do  PIS  a  pessoa  jurídica  poderá  descontar  créditos  relativos  a  bens  e  serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na fabricação  de bens ou produtos destinados à venda.   7.  Já  a  Lei  nº  10.833/03,  no  inciso  IX  do  artigo  3º,  dispõe  que  do  valor  apurado de COFINS a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados  em  relação  à  armazenagem  de mercadoria  e  frete  na  operação  de  venda,  quando o ônus for suportado pelo vendedor.   8.  Como  as  exclusões  e  isenções  tributárias  devem  ter  interpretação  restritiva, conforme o artigo 111, incisos I e II, do CTN, a previsão legal de  desconto de créditos relativos a fretes nas operações de vendas não abarca  as  despesas  incorridas  no  transporte  interno  de  mercadorias  entre  os  estabelecimentos  do  contribuinte,  porque  não  são  despesas  diretamente  relacionadas  em  operações  de  venda.  A  transferência  interna  entre  estabelecimentos  da  mesma  empresa  não  caracteriza  uma  operação  de  venda,  e,  por  isso,  as  despesas  de  frete  desse  transporte  não  estão  relacionadas direta e imediatamente com a venda de mercadorias.   9. Precedentes deste TRF e do STJ.   10. Apelação da autora desprovida.  (Tribunal  Regional  Federal  da  2a  Região.  Terceira  Turma  Especializada.  Apelação  Cível  nº  545.908.  Relator  Des.  Federal  Luiz  Mattos.  Data  do  acórdão: 23/07/2013. Publicado em: 05/08/2013)   (grifos nossos)  Finalmente,  o  precedente  do  Superior  Tribunal  de  Justiça  que  alicerçou  a  fundamentação de alguns dos julgados acima referenciados  Fl. 3616DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          28 TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. PIS E COFINS. LEIS 10.637/2002  E  10.833/2003.  REGIME  DA  NÃO  CUMULATIVIDADE.  DESPESAS  DE  FRETE.  TRANSFERÊNCIA  INTERNA  DE  MERCADORIAS  ENTRE  ESTABELECIMENTOS  DA  MESMA  EMPRESA.  CREDITAMENTO.  IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO LITERAL.   1.  Consoante  decidiu  esta  Turma,  "as  despesas  de  frete  somente  geram  crédito quando relacionadas à operação de venda e, ainda assim, desde que  sejam suportadas pelo contribuinte vendedor". Precedente.   2.  O  frete  devido  em  razão  das  operações  de  transportes  de  produtos  acabados  entre  estabelecimento  da mesma  empresa,  por  não  caracterizar  uma operação de venda, não gera direito ao creditamento.   3. A  norma que  concede benefício  fiscal  somente pode  ser  prevista  em  lei  específica, devendo ser interpretada literalmente, nos termos do art. 111 do  CTN,  não  se  admitindo  sua  concessão  por  interpretação  extensiva,  tampouco analógica. Precedentes.   4. Agravo regimental não provido  (STJ.  Segunda  Turma.  Agravo  Regimental  no  Recurso  Especial  nº  1.335.014.  Relator  Min.  Castro  Meira.  Data  do  acórdão:  18/12/2012.  Publicado em: 08/02/2013)  (Grifos nossos)  Das  glosas  objeto  do  item  3.7  do  TVF:  fretes  pelo  transporte  de  mercadorias não identificadas  Quanto  às  glosas  em  vista  dos  fretes  pelo  transporte  de  mercadorias  não  identificadas, reproduzo, abaixo, trechos do item 3.7 do Termo de Verificação Fiscal:  Como  demonstrado  anteriormente,  a  possibilidade  de  creditamento  nos  casos  em  que  se  entende  a  despesa  com  frete  como  um  serviço  utilizado como insumo na prestação de serviço ou na produção de um bem  (inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.637/2002 e inciso II do artigo 3º da Lei nº  10.833/2002), depende da identificação do insumo transportado. Em outras  palavras, apenas os fretes associados a bens tidos como insumos no âmbito  do PIS  e  da COFINS  é  que  dão  direito  a  créditos;  assim,  caso  a  pessoa  jurídica  adquira um bem de  pessoa  física,  o  transporte  deste  bem, mesmo  feito por pessoa jurídica domiciliada no país, não gera direito a crédito; do  mesmo modo, caso o bem transportado não dê direito a crédito, também não  haverá créditos relacionados com as despesas de fretes.   Não  havendo  informação,  na  Escrituração  Fiscal,  das  notas  fiscais  dos bens  considerados  como  insumos associados aos  fretes,  lavrou­se  em  14/09/2011, o Termo de Intimação nº 0617/2011, a fim de que o contribuinte  associasse,  nota  fiscal  por  nota  fiscal,  os  fretes  com  as  mercadorias  transportadas, mediante a elaboração de três arquivos distintos, devendo­se  observar lay­out específico para tanto.   Vencido o prazo inicial em 04/10/2011, o contribuinte solicitou prazo  adicional  de  vinte  dias,  por  nós  deferido.  Em  24/10/2011,  a  empresa  apresentou  apenas  dados  parciais,  e  requereu  mais  algum  tempo  para  terminar a feitura dos arquivos. Numa última oportunidade, estendemos por  mais quinze dias o prazo final.   Fl. 3617DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          29 Na data aprazada, o  sujeito passivo  entregou os arquivos,  os quais,  porém,  não  possuíam  todos  os  vínculos  necessários  à  identificação  das  mercadorias conduzidas em cada serviço de transporte.   [...]  No  caso  em  tela,  essencial  era  a  vinculação  entre  as  despesas  de  frete e os insumos pretensamente adquiridos, o que deveria ser possível por  intermédio  do  arquivo  de  vínculos,  que  possuía  tanto  a  identificação  das  notas fiscais de fretes como a identificação das notas fiscais de compra ou  venda de mercadorias. Entretanto,  nos arquivos entregues  em 08/11/2011,  anexos  ao  processo,  duas  falhas  foram  observadas:  por  um  lado,  notas  fiscais de  transporte  relacionadas no arquivo “Arquivo de CTRC.txt” não  foram encontradas no “Arquivo de Vínculos.txt”; por outro, notas fiscais de  mercadorias  indicadas  no  arquivo  de  vínculos  não  foram  encontradas  no  “Arquivo  de  NF.txt”,  nem  na  Escrituração  Fiscal.  Estas  duas  irregularidades  foram  relacionadas,  respectivamente,  nos  demonstrativos  “Notas Fiscais de Fretes não Associadas à Tabela de Vínculos” e “Notas  Fiscais  de  Mercadorias  não  Encontradas  na  Escrituração  Fiscal”,  em  anexo.   A  título  de  exemplo,  tomemos  uma  das  diversas  notas  fiscais  não  encontradas, de forma a verificar a necessidade de se realizar o elo entre as  notas  fiscais  de  transporte  e  as  notas  fiscais  de  mercadorias:  o  Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas nº 005595, série única,  emitido  pela  Transportadora  Rodomeu  Ltda,  em  anexo.  Trata­se  de  um  documento  relativo  ao  transporte  de  mercadorias  importadas  da  CNH  America LLC, do porto de Santos até a filial de Curitiba, cujo valor total  somava R$ 65.741,50.   Tal  creditamento  é  vedado  pela  RFB,  conforme  dispõem  várias  consultas emitidas pelo órgão, entre as quais a Solução de Consulta nº 84,  da SRRF 07/DISIT, de 20/08/2010, cuja ementa reproduzimos abaixo:  “CRÉDITO. FRETE NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS IMPORTADOS.   O direito ao crédito a que se refere o art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, aplica­se,  exclusivamente,  em  relação  aos  bens  e  serviços  adquiridos  de  pessoa  jurídica  domiciliada  no  País  e  aos  custos  e  despesas  incorridos,  pagos  ou  creditados  a  pessoa jurídica domiciliada no País.   O  desconto  de  créditos,  no  caso  de  importações  sujeitas  ao  pagamento  da  Cofins­Importação,  sujeita­se  ao  disposto  nos  arts.  7º  e  15,  §  3º,  da  Lei  nº  10.865,  de  2004,  que  determinam  que  a  base  de  cálculo  desses  créditos  corresponde  ao  valor  aduaneiro  acrescido  do  valor  do  IPI  vinculado  à  importação, quando integrante do custo de aquisição.  Assim,  o  frete  pago  para  transportar  bens  importados,  empregados  como  insumos em processo produtivo, do local do desembaraço até o estabelecimento  fabril do contribuinte não gera direito a crédito da COFINS, por não fazer parte  de sua base de cálculo, nos termos da legislação em vigor.” (grifo nosso)  Deste  modo,  é  forçoso  concluir  que  a  falta  de  vinculação  entre  os  fretes  e  as  mercadorias  transportadas  impede  a  constatação  não  só  da  irregularidade  acima  descrita,  mas  de  quaisquer  outras  que  a  empresa  porventura tenha cometido.  [...]  Cabe registrar que tais créditos foram lançados a débito das contas  144238  ­  PIS  a  recuperar  ­  insumos  e  144239  ­ COFINS  a  recuperar  –  insumos,  e que, no caso do demonstrativo “Notas Fiscais de Mercadorias  Fl. 3618DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          30 não Encontradas  na Escrituração Fiscal”,  todo  o  valor  das  contribuições  creditadas a um determinado CTRC deve ser glosado, visto que a  falta de  determinada  associação  impede  o  cálculo  do  valor  creditado  proporcionalmente.  (os destaquem em negrito não constam do original)  Extrai­se dos trechos destacados acima (em negrito) que a motivação adotada  pela  fiscalização  para  a  glosa  dos  créditos  calculados  sobre  os  fretes  foi,  essencialmente,  a  impossibilidade  de  vinculação  “entre  as  despesas  de  frete  e  os  insumos  pretensamente  adquiridos”, ou seja, entre os CTRC (Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas) e as  notas  fiscais  de  entrada  dos  insumos.  A  ausência  desse  vínculo  impediu  a  autoridade  administrativa de examinar se referidas despesas com fretes poderiam realmente ser admitidas  como “um serviço utilizado como insumo na prestação de serviço ou na produção de um bem”.  Decerto,  “apenas  os  fretes  associados  a  bens  tidos  como  insumos  no  âmbito  do  PIS  e  da  COFINS  é  que  dão  direito  a  créditos”,  muito  embora  a  autoridade  administrativa  tenha  afirmado, posteriormente, que é vedado o creditamento pelo  frete pago para  transportar bens  importados empregados como insumos do processo produtivo.  Segundo  a  defesa  apresentada  pelo  sujeito  passivo:  “[...]  se  há  créditos  de  insumos, por exemplo, já reconhecidos para o período, é corolário lógico que haja, também,  créditos  referentes  a  seus  correlatos  fretes”.  Ressalta  ainda  a  reclamante  que  “a  maioria  esmagadora de tais  fretes se refere a notas ficais cujos CFOPs são os seguintes: [...] 1.101:  Compra para industrialização ou produção rural [...] 2.101: Compra para industrialização ou  produção rural. [...] 5.101: SAÍDAS OU PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS PARA O ESTADO”.  Ainda segundo a recorrente:  Os  CFOPs  das  notas  fiscais  são  provas  cabais  de  que  os  correspondentes fretes autorizavam o creditamento. Os CFOPs ns. 1.101 e  2.101 se referem, como se pôde verificar, à aquisição de insumos, caso em  que, tendo­se em vista os termos do art. 3º, inciso II, das Leis ns. 10.637/02  e 10.833/03, o crédito é indubitavelmente permitido. É como se posiciona a  própria Receita Federal, aliás. Veja­se um exemplo:  “(...) FRETE NA AQUISIÇÃO. CUSTO DE PRODUÇÃO. O valor do frete  pago  a  pessoa  jurídica  domiciliada  no  País  na  aquisição  de  matéria­ prima, material de embalagem e produtos intermediários compõe o custo  destes  insumos  para  fins  de  cálculo  do  crédito  a  ser  descontado  da  Cofins.”  (Solução  de  Consulta  n.  197,  de  16  de  Agosto  de  2011  –  sem  destaques no original)  Já quanto ao CFOP n. 5.101, o creditamento ainda é mais evidente:  segundo  o  inciso  IX  do  citado  art.  3º,  o  “frete  na  operação  de  venda”  autoriza o desconto de créditos das mencionadas contribuições sociais.  É importante reiterar que a Recorrente, logo após a Impugnação, fez  a prova que havia sido reclamada pela DRF e que a DRJ afirmou ter sido  realizada. A Recorrente elaborou, como dito, planilha detalhada, com mais  de  50  mil  linhas,  na  qual  indicou,  uma  a  uma,  nota  fiscal  autuada  e  respectivo CTRC. É por meio dessa planilha, pois, que se poderia ver que a  maior  parte  dos  fretes  autuados  se  referia  a  situações  em  que  o  creditamento estava claramente autorizado.  Fl. 3619DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          31 Sobre  a  planilha  reportada  e  demais  argumentos  suscitados  pelo  sujeito  passivo, asseverou a instância recorrida, verbis:  9.  FRETES.  FALTA  DE  IDENTIFICAÇÃO  DAS  MERCADORIAS  TRANSPORTADAS. ITEM 3.7 DO TVF.  Diante da ausência de  informação, na escrituração  fiscal, das notas  fiscais dos bens considerados insumos associados ao frete, a contribuinte foi  intimada a associar, nota fiscal de compra ou venda por nota fiscal de frete,  os fretes com as mercadorias transportadas, mediante a elaboração de três  arquivos distintos. Após  algumas  prorrogações,  a  recorrente  apresentou  a  documentação  solicitada, que,  contudo, não apresentava  todos os  vínculos  necessários  à  identificação  das  mercadorias  transportadas.  Ponderou  a  autoridade  fiscal  que  a  falta  de  vinculação  entre  fretes  e  mercadorias  transportadas,  além  de  impedir  o  creditamento,  também  impede  a  constatação de apropriações irregulares de crédito feitas pela interessada, a  exemplo  de  frete  pago  para  transporte  de  bens  importados,  empregados  como insumos, do local de desembaraço até o estabelecimento fabril.   Suscita  a  interessada,  quanto  ao  tema,  que  a  glosa  decorreu  da  ausência  de  vinculação  de  boa  parte  dos  fretes  aos  respectivos  insumos  adquiridos,  estornando­se,  então, praticamente  todo o  crédito de  fretes  do  período,  exceto  aqueles  tratados  nos  itens  anteriores,  que  tiveram  análise  própria  e  apartada.  Solicita,  para  que  não  hajam  dúvidas  quanto  ao  seu  direito  a  realização  de  diligência  fiscal  e  perícia  contábil  para  que  tal  vinculação  seja  verificada.  Para  tanto,  compromete­se,  inclusive,  a  trazer  aos autos todas as informações e documentos correspondentes, o que apenas  não faz agora, com esta defesa, e não fez durante o procedimento fiscal, em  razão  do  seu  extensíssimo  volume  –  entre  janeiro  de  2008  e  setembro  de  2010  foram  realizadas  quase  800  mil  operações  de  aquisição  de  mercadorias. De  qualquer  forma,  afirma,  por  ocasião  de  suas  respostas  à  fiscalização,  demonstrou,  para  aproximadamente  20%  das  referidas  operações  (mais  ou  menos  140  mil),  que  quase  90%  dos  fretes  pagos  no  aludido  interregno  se  referiam  à  compra  de  insumos.  Por  fim,  na  eventualidade de não se permitir a juntada desses documentos, a recorrente  propugna  pela  homologação  proporcional  desses  créditos,  sob  pena  de  perpetuação de exigência fiscal claramente desproporcional e ilegítima.  A  contribuinte  juntou  aos  autos  mídia  em  CD,  incluindo  as  informações  que  entendeu  necessárias  para  o  restabelecimento  desses  créditos,  a  qual  foi  convertida  em  documentos  anexados  aos  autos.  Examinando  esses  documentos,  pode­se  observar  que  se  trata  de  planilha  contendo  dados  dos  CTRC  objetos  da  fiscalização  (código  CTRC,  CTRC,  data de emissão, data  fiscal, código,  ID, razão social e CNPJ) e dados da  nota fiscal vinculada (número, série, data de emissão, data fiscal, código e  CNPJ).   Não  obstante,  do  exame  dessa  planilha  não  resta  comprovada  a  vinculação pretendida pela recorrente. Para tanto,  fazia­se necessário que  fossem juntados, além da própria planilha, ao menos cópias dos documentos  fiscais nela mencionados. Isso, entretanto, não se fez.   Em adição, pode­se observar que a aludida planilha apresenta mais  de 50.000  linhas com dados para verificação, enquanto que a  interessada,  Fl. 3620DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          32 ao  trazê­la  aos  autos,  limitou­se  a  requerer  fosse  verificada  a  vinculação  dos fretes autuados no item 3.7 com a compra de insumos.   Ocorre  que  o  ônus  de  prova  do  direito  ao  creditamento  é  da  contribuinte,  como  adiante  se melhor  verá,  a  quem  competia,  no mínimo,  apontar ou indicar as linhas das operações que entende serem passíveis de  dedução e não simplesmente pretender transferir esse ônus, que é seu, para  o fisco.  Ressalte­se que, para  fins de  creditamento,  a  legislação exige que o  crédito seja líquido e certo. Não obstante, também não restou comprovada a  alegação  de  que  para  aproximadamente  20%  das  referidas  operações,  quase 90% dos fretes pagos no aludido interregno se referiam à compra de  insumos.   Por conseguinte, cumpre manter as glosas quanto a este item.  (grifos nossos)  No voto que direcionou a diligência à unidade de origem, ressaltamos, com a  devida  vênia,  que  a  DRJ  não  caminhou  bem  ao  apreciar  a  questão.  Na  ocasião,  assim  nos  manifestamos:     A leitura que faço dos argumentos acima reproduzidos, proferidos pela  instância  a  quo,  é  a  de  que  esta  não  examinou  adequadamente  a  documentação  e  os  argumentos  apresentados  pelo  sujeito  passivo.  Isso  porque a planilha “[...] de mais de 50.000 linhas com dados para verificação  [...]”,  onde  a  interessada alega  que  “[...]  para  aproximadamente  20% das  referidas  operações,  quase  90%  dos  fretes  pagos  no  aludido  interregno  se  referiam  à  compra  de  insumos  [...]”,  não  foi  efetivamente  apreciada  pela  instância recorrida, como se vê dos trechos grifados no excerto reproduzido  acima.    Como  a  própria  DRJ  afirma,  o  documento  acostado  aos  autos  pela  reclamante  “trata  de  planilha  contendo  dados  dos  CTRC  objetos  da  fiscalização (código CTRC, CTRC, data de emissão, data fiscal, código, ID,  razão social e CNPJ) e dados da nota fiscal vinculada (número, série, data  de emissão, data fiscal, código e CNPJ)”. Tais informações, entendo, podem  sim  subsidiar  o  necessário  exame  para  verificar  se  existe  ou  não  vínculo  entre os fretes e as mercadorias transportadas.     No mais, não me parece razoável exigir a apensação aos autos de cópia  de mais de 800 mil documentos e, dada a não anexação deles, concluir que  o sujeito passivo negligenciou com o ônus probatório.  Foi  com  essa  motivação  que  propusemos  a  conversão  do  julgamento  em  diligência  "para  que  a  unidade  de  origem,  diante  dos  registros  apresentados  pelo  sujeito  passivo e os correspondentes documentos neles referenciados, apure os créditos do PIS e da  COFINS nos  casos  em  que  os mesmos,  realmente,  correspondem a  fretes  pela  aquisição  de  insumos, conforme metodologia que entender mais adequada para tanto".  Em resposta à diligência  supra a unidade de origem apresentou o Relatório  Fiscal de fls. 3569/3574, de onde destacamos o seguinte trecho:    [...]  Fl. 3621DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          33   Vários  dos  CTRCs  informados  na  planilha  anexa  à  Manifestação  de  Inconformidade, cerca de 1/3, já haviam sido aceitos pela fiscalização, pois  não constam dos demonstrativos “Notas Fiscais de Fretes não Associadas à  Tabela de Vínculos” e “Notas Fiscais de Mercadorias não Encontradas na  Escrituração Fiscal” e, portanto, seus créditos de PIS e COFINS não foram  objeto  de  glosa.  Tais  documentos  estão  relacionados  na  planilha  anexa  denominada “CTRCs e Notas Fiscais Não Relacionados a Glosas Efetuadas  na Ação Fiscal”.     Dos CTRCs remanescentes da defesa do sujeito passivo, dois deles se  referem a documentos cujas notas fiscais a eles associadas originariamente  não  tinham  sido  escrituradas  (“Notas  Fiscais  de  Mercadorias  não  Encontradas na Escrituração Fiscal” do item 3.7 do TVF). Informadas novas  notas de entrada após o desfecho da ação fiscal, solicitamos ao contribuinte,  via  Termo  de  Intimação  nº  001­201500011,  item  1,  cientificado  pessoalmente  em  04/02/2015,  que  nos  exibisse  tanto  estes  dois  Conhecimentos de Transporte Rodoviário de Cargas como as quatro Notas  Fiscais  a  eles  vinculadas,  determinação  esta  cumprida  parcialmente  em  24/02/2015 e 16/03/2015: foi apresentado o CTRC nº 4510 e as notas fiscais  nos 1720 e 1721, mas não o CTRC nº 514599 e as notas fiscais nos 55999 e  56000.     Também  por  meio  deste  Termo  de  Intimação  visamos  comprovar  a  veracidade dos demais vínculos  informados cujos créditos  foram objeto de  glosa (que corresponderiam parcialmente ao demonstrativo “Notas Fiscais  de  Fretes  não  Associadas  à  Tabela  de  Vínculos”  do  item  3.7  do  TVF),  solicitando  assim,  por  amostragem,  algumas  Notas  Fiscais  e  CTRCs,  por  meio  do  item  2  da  mencionada  intimação.  Apesar  de  alguns  CTRCs  (nos  68797  e  886)  e  uma  Nota  Fiscal  (nº  37183)  não  terem  sido  entregues,  segundo  o  contribuinte,  em  virtude  do  “grande  volume  de  documentos  arquivados”,  pôde­se  concluir,  em  consonância  com  este,  que  a  documentação  apresentada  referenda  a  planilha  por  ele  elaborada  e  anexada  à  Manifestação  de  Inconformidade,  com  exceção  destes  documentos não exibidos.      Apesar  de  considerarmos  comprovados  os  vínculos  informados  na  defesa  do  sujeito  passivo,  algumas  das  notas  fiscais  relacionadas,  salvo  melhor juízo, não permitem a apropriação dos créditos relacionados a seus  fretes.  Tal  ocorre  porque  se  referem  a  aquisições  de  bens  para  uso  ou  consumo  ou  destinados  ao  imobilizado,  nos  CFOPs  – Códigos  Fiscais  de  Operação – nos 1551, 2551 e 2556.     Neste  sentido, aliás,  foi a decisão em 1ª  instância em relação ao  item  3.5 do mencionado TVF, como demonstra a ementa a seguir:   “REGIME  NÃO­CUMULATIVO.  CRÉDITOS.  DESPESAS  COM  TRANSPORTES.   As despesas efetuadas com fretes para transferência da matéria­prima ou do  produto  acabado  entre  estabelecimentos  da  mesma  pessoa  jurídica,  com  fretes de bens ou mercadorias não identificadas e com fretes de mercadorias  destinadas ao ativo imobilizado, não utilizadas diretamente na produção, ou  ao uso e consumo da pessoa jurídica, não geram direito ao creditamento.”     Na planilha anexa “Fretes de Bens Destinados a Imobilizado ou a Uso  e  Consumo”  detalhamos  todos  estes  registros  e,  abaixo,  temos  o  resumo  mensal destes créditos, cuja glosa, s.m.j, deverá ser mantida:  Fl. 3622DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          34 Mês  PIS  COFINS  fev/2008  0,92  4,24  jun/2008  3,94  18,13  ago/2008  1,30  6,00  set/2008  3,99  18,40  dez/2008  7,40  34,10  fev/2009  1,13  5,21  mar/2009  2,44  11,19  abr/2009  17,02  78,36  mai/2009  2,02  9,28  jun/2009  10,49  48,30  jul/2009  2,06  9,53  ago/2009  3,67  16,90  set/2009  12,88  59,36  out/2009  9,12  41,98  dez/2009  16,59  76,37  jan/2010  0,48  2,21  fev/2010  17,17  79,05  mar/2010  1,42  6,54  abr/2010  14,41  66,34  mai/2010  5,17  23,77  jun/2010  7,81  35,98  jul/2010  14,48  66,68  ago/2010  36,33  167,37  set/2010  8,98  41,42    Por  outro  lado,  reunimos  todas  as  glosas  que  o  contribuinte  logrou  comprovar  indevidas na planilha “Glosas Revertidas”, a  seguir  totalizadas  mensalmente:  Mês  PIS  COFINS  jan/2008  286,53  1.319,78  fev/2008  381,23  1.755,95  mar/2008  3,92  18,06  abr/2008  605,72  2.790,07  mai/2008  804,26  3.704,48  jun/2008  148,17  682,45  jul/2008  2.010,67  9.261,50  ago/2008  3.674,28  16.924,00  set/2008  1.445,04  6.656,14  out/2008  4.608,03  21.224,31  nov/2008  374,20  1.723,23  Fl. 3623DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          35 dez/2008  7.588,03  34.950,81  jan/2009  668,90  3.081,03  fev/2009  7.495,94  34.525,92  mar/2009  1.386,62  6.387,71  abr/2009  2.007,42  9.245,72  mai/2009  738,41  3.401,16  jun/2009  6.265,02  28.855,01  jul/2009  3.300,66  15.202,28  ago/2009  840,01  3.869,59  set/2009  719,75  3.315,29  out/2009  965,56  4.447,56  nov/2009  1.303,04  6.001,82  dez/2009  2.257,21  10.397,23  jan/2010  1.974,52  9.094,68  fev/2010  2.248,05  10.354,84  mar/2010  490,59  2.259,87  abr/2010  3.197,74  14.728,89  mai/2010  1.315,44  6.059,04  jun/2010  791,94  3.648,05  jul/2010  1.508,77  6.949,40  ago/2010  2.920,90  13.452,87  set/2010  2.954,21  13.607,00    Cumpre lembrar que a planilha “Glosas Revertidas” obedece ao que foi  evidenciado originalmente pela fiscalização no demonstrativo “Notas Fiscais  de Fretes não Associadas à Tabela de Vínculos”, ou seja, contém apenas a  identificação  do  CTRC  e  o  valor  do  PIS  e  da  COFINS  glosados.  Esta  planilha  também inclui o Conhecimento de Transporte Rodoviário nº 4510,  do  demonstrativo  “Notas  Fiscais  de  Mercadorias  não  Encontradas  na  Escrituração Fiscal”, cuja admissibilidade de créditos ficou evidenciada pela  apresentação do documento e das notas fiscais a ele relacionadas.     É importante notar que as planilhas citadas neste relatório incluem o 1º  trimestre  de  2010,  período  para  o  qual  o  contribuinte,  à  época  da  fiscalização,  não  havia  ainda  apresentado  Pedidos  de  Ressarcimento,  portanto, sem que houvesse possibilidade de ocorrerem glosas efetuadas pela  fiscalização.  Porém,  como  nas  planilhas  mencionadas  no  Termo  de  Verificação Fiscal,  assim como  no  demonstrativo  anexo  à Manifestação  de  Inconformidade  há  referências  a  documentos  deste  período,  optamos  por  relacioná­los  também  neste  trabalho,  apesar  desta  informação  não  gerar  qualquer efeito sobre os direitos pleiteados pelo contribuinte.   *****    Em face do acima exposto, e à luz das informações trazidas pelo sujeito  passivo  durante  a  fiscalização  e  por  ocasião  da  sua  Manifestação  de  Inconformidade, concluímos a diligência solicitada pela 2ª Turma Especial,  da  Terceira  Seção  de  Julgamento  do Conselho Administrativo  de  Recursos  Fl. 3624DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          36 Fiscais,  no  sentido  de  considerar  como  créditos  de  PIS/COFINS  correspondentes a  fretes pela aquisição de  insumos os apurados na escrita  do sujeito passivo, diminuídos das glosas do TVF, acrescidos, no entanto, dos  valores discriminados na última tabela deste Relatório Fiscal.     [...]  Intimada  do  teor  do  relatório  fiscal  acima  reportado,  o  qual  é  padrão  para  todos  os  processos  da  interessada  que  ora  apresentamos  para  julgamento,  a  recorrente,  mediante expediente de fls. 3579/3581, ressalta que as glosas revertidas, em comparação com  as  glosas  originais,  totaliza  valor  inexpressivo,  e  que,  dado  o  grande  volume  de  dados  a  analisar, tem necessidade que seja estendido em mais 30 dias o prazo para sua manifestação.  Até  a  presente  data,  contudo,  o  sujeito  passivo  não  apresentou  nenhum  argumento  adicional  frente  ao  resultado  da  diligência  fiscal  conduzida  pelo  Auditor  Fiscal  responsável pela diligência, e pela própria ação fiscal.  Portanto,  considerando  o  criterioso  trabalho  conduzido  pela  autoridade  administrativa,  retratado  por  último  na  fundamentação  objeto  do  relatório  fiscal  acima  transcrito  parcialmente,  e  ainda,  diante  da  não  apresentação,  pela  recorrente,  de  razões  objetivas  capazes  de  abalar  minimamente  o  resultado  do  trabalho  da  autoridade  em  tela,  entendo  que  deverão  ser  mantidas  as  glosas  inerentes  a  fretes  pelo  transporte  de  mercadorias não admitidas pelo regime da não­cumulatividade, ajustadas nos termos do  aduzido relatório fiscal.   Consequentemente,  há  que  se  dar  provimento  em  parte  aos  argumentos  apresentados  pela  reclamante,  mas  apenas  no  que  concerne  aos  ajustes  perpetrados  pela  autoridade fiscal, acima referenciados.  Da reclassificação de créditos – item 4.2 do TVF  O  sujeito  passivo  também  se  insurge  contra  a  reclassificação  de  créditos  objeto  do  item  4.2  do  Termo  de Verificação  Fiscal.  Segundo  a  fiscalização,  em  virtude  do  artigo  16  da  Lei  nº  11.116/20058,  os  créditos  de  importação  elencados  no  art.  15  da  Lei  nº  10.865/2004 – além do saldo credor apurado na forma do artigo 3º das Leis nos 10.637/2002 e  10.833/2003  –  são  passíveis  de  ressarcimento  ou  compensação.  Contudo,  em  relação  aos  créditos enquadrados no artigo 17 da mesma Lei nº 10.865/2004 – que remete às importações                                                              8      Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3º das Leis nos  10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de  abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do ano­calendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei nº  11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de:          I  ­  compensação  com  débitos  próprios,  vencidos  ou  vincendos,  relativos  a  tributos  e  contribuições  administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou          II ­ pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria.          Parágrafo  único.  Relativamente  ao  saldo  credor  acumulado  a  partir  de  9  de  agosto  de  2004  até  o  último  trimestre­calendário anterior ao de publicação desta Lei,  a compensação ou pedido de  ressarcimento poderá  ser  efetuado a partir da promulgação desta Lei.    Lei nº  11.033,  de 21/12/2004, Art.  17. As vendas  efetuadas  com suspensão,  isenção,  alíquota 0  (zero) ou  não  incidência  da Contribuição  para  o  PIS/PASEP  e  da COFINS  não  impedem  a manutenção,  pelo  vendedor,  dos  créditos vinculados a essas operações.    Fl. 3625DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          37 de produtos objeto do § 3º do artigo 8º da mesma Lei nº 10.865/20049 (dentre outros) – estes,  “por  falta  de  previsão  legal”,  não  seriam  passíveis  de  ressarcimento  ou  de  compensação,  apesar da possibilidade de desconto em relação aos débitos.  Ressalta  a  autoridade  administrativa  que  a  recorrente  importou  diversas  máquinas  e  veículos  para  revenda  enquadradas  nos  códigos  tarifários  elencados  no  §  3º  do  artigo 8º da mesma Lei nº 10.865/2004, “cujos créditos de PIS e COFINS foram submetidos,  indevidamente, ao rateio proporcional entre o mercado externo e o faturamento total”.  Vejamos  a  questão  analisando  cronologicamente  os  preceitos  inerentes  ao  regime da não­cumulatividade do PIS e da COFINS que tem relevância para a presente análise.  Como  já  ressaltado  linhas  cima,  o  artigo  3o  das  Leis  nos  10.637/2002  e  10.833/2003 autoriza o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos  da pessoa  jurídica. No âmbito dos preceitos  legais em tela, esse direito de crédito alcança os  “bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País” ou os “custos e despesas  incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País” (§ 3º do artigo 3o das  Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003 – grifos nossos). Estabelece ainda o § 7º do mesmo artigo  3º das normas em evidência que, na hipótese de a pessoa jurídica sujeitar­se à incidência não­ cumulativa  do  PIS  e  da COFINS  em  relação  apenas  a  parte  de  suas  receitas,  o  crédito  será  apurado,  exclusivamente,  em  relação  aos  custos,  despesas  e  encargos  vinculados  a  essas  receitas.   Ainda no que concerne às  leis que criaram o regime da não­cumulatividade  das contribuições em tela, o artigo 5º da Lei nº 10.637/2002 e o artigo 6º da Lei nº 10.833/2003  dispõem,  respectivamente,  que  o  PIS/PASEP  e  a  COFINS  não  incidem  sobre  as  receitas  decorrentes  de:  a)  exportações  de  mercadorias;  b)  prestação  de  serviços  no  exterior  cujo  pagamento represente ingresso de divisas e; c) vendas a empresa comercial exportadora como  fim específico de exportação. Em tais hipóteses – “unicamente” –, o crédito apurado na forma  do  artigo  3º  das  leis  em  comento  poderá  ser  utilizado  para  a  dedução  da  correspondente  contribuição  a  recolher  ou  para  compensação  com  outros  tributos  administrados  pela  Receita Federal. Ainda restrito a esse horizonte, acaso aludido crédito não possa ser utilizado  por nenhuma dessas formas até o final de cada trimestre do ano civil, poderá o sujeito passivo  solicitar seu ressarcimento em espécie (vide §§ 1º e 2º do artigo 5º da Lei nº 10.637/2002 e §§  1º e 2º do artigo 6º da Lei nº 10.833/2003.  Posteriormente,  foi  editada  a  Lei  nº  10.865,  de  30/04/2004,  que  instituiu  o  PIS  e  a  COFINS  incidentes  sobre  as  importações  de  bens  e  de  serviços.  A  norma  em  tela  também  dispôs  sobre  o  creditamento  das  referidas  contribuições  incidentes  sobre  as  importações,  conforme  o  correspondente  artigo  15,  cujos  trechos  relevantes  seguem  abaixo  transcritos:                                                              9  Art. 8º As contribuições serão calculadas mediante aplicação, sobre a base de cálculo de que trata o art. 7º desta  Lei, das alíquotas de:     [omitido]     § 3º Na importação de máquinas e veículos, classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 8432.80.00, 8433.20,  8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Nomenclatura Comum do Mercosul  ­ NCM, as alíquotas são de:          I ­ 2% (dois por cento), para o PIS/PASEP­Importação; e          II ­ 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), para a COFINS­Importação.  Fl. 3626DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          38 Art.  15.  As  pessoas  jurídicas  sujeitas  à  apuração  da  contribuição  para  o  PIS/PASEP e da COFINS, nos termos dos arts. 2o e 3o das Leis nos 10.637,  de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, poderão  descontar  crédito,  para  fins  de  determinação  dessas  contribuições,  em  relação  às  importações  sujeitas  ao  pagamento  das  contribuições  de  que  trata o art. 1o desta Lei, nas seguintes hipóteses:   I ­ bens adquiridos para revenda;  II  ­  bens  e  serviços utilizados  como  insumo na prestação de  serviços e na  produção ou  fabricação de bens ou produtos destinados à venda,  inclusive  combustível e lubrificantes;  III ­ energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica;   IV  ­  aluguéis  e  contraprestações  de  arrendamento  mercantil  de  prédios,  máquinas e equipamentos, embarcações e aeronaves, utilizados na atividade  da empresa;  V  ­  máquinas,  equipamentos  e  outros  bens  incorporados  ao  ativo  imobilizado,  adquiridos  para  locação  a  terceiros  ou  para  utilização  na  produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços.(Redação  dada pela Lei nº 11.196, de 2005)  § 1º O direito ao crédito de que trata este artigo e o art. 17 desta Lei aplica­ se em relação às contribuições efetivamente pagas na importação de bens e  serviços a partir da produção dos efeitos desta Lei.   § 2º O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sê­lo nos meses  subseqüentes.  [...]  § 5º Para os efeitos deste artigo, aplicam­se, no que couber, as disposições  dos §§ 7o e 9o do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e  10.833, de 29 de dezembro de 2003.  [...]  § 8º As pessoas jurídicas importadoras, nas hipóteses de importação de que  tratam os incisos a seguir, devem observar as disposições do art. 17 desta  Lei:  I – produtos dos §§ 1º a 3º e 5º a 7º do art. 8º desta Lei, quando destinados à  revenda;  [...]  Por seu turno, o artigo 17 da mesma Lei nº 10.865/2004 estabelece que   Art. 17. As pessoas jurídicas importadoras dos produtos referidos nos §§ 1º  a 3º, 5º a 10, 17 e 19 do art. 8º desta Lei e no art. 58­A da Lei no 10.833, de  29  de  dezembro  de  2003,  poderão  descontar  crédito,  para  fins  de  determinação da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, em relação à  importação desses produtos, nas hipóteses:  I  ­  dos  §§  1º  a  3º,  5º  a  7º  e  10  do  art.  8º  desta Lei,  quando destinados  à  revenda; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004)  [...]  (grifo nosso)  Fl. 3627DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          39 Importa destacar que os produtos de que  trata o § 3º do artigo 8º da Lei nº  10.865/2004  são  “máquinas  e  veículos,  classificados  nos  códigos  84.29,  8432.40.00,  8432.80.00,  8433.20,  8433.30.00,  8433.40.00,  8433.5,  87.01,  87.02,  87.03,  87.04,  87.05  e  87.06,  da  Nomenclatura  Comum  do  Mercosul  –  NCM”.  Não  há  controvérsia  quanto  à  subsunção  das  mercadorias  importadas  pelo  sujeito  passivo  nesse  dispositivo,  já  que  ele  próprio  afirma  isso  quando  denomina  a  planilha  “Importação  para  Revenda  de Máquinas  e  Veículos – Lei 10.865/2004, art. 8º, § 3º ” (grifou­se) – vide item 4.2 do TVF.  Historicamente, vê­se que, até aqui, o regime da não­cumulatividade do PIS e  da COFINS autorizava unicamente o desconto dos créditos calculados em conformidade com o  regime,  prevendo,  contudo,  a  compensação  ou  o  ressarcimento  em  espécie  (se  inexistir  a  possibilidade  de  dedução  da  contribuição  a  recolher  ou  compensação  com  outros  tributos  administrados  pela  RFB)  exclusivamente  no  caso  de  as  receitas  serem  decorrentes  da  exportação de mercadorias ou de serviços para o exterior.   Sobreveio  então  a  Lei  nº  11.033,  de  21/12/2004,  cujo  artigo  17  permitia  a  manutenção,  pelo  vendedor,  dos  créditos  decorrentes  das  “vendas  efetuadas  com  suspensão,  isenção,  alíquota  0  (zero)  ou  não  incidência  da  Contribuição  para  o  PIS/PASEP  e  da  COFINS”.   Pouco tempo depois foi publicada a Lei nº 11.116, de 18/05/2005, cujo artigo  16 estabelece os seguinte:  Art.  16.  O  saldo  credor  da  Contribuição  para  o  PIS/Pasep  e  da  Cofins  apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002,  e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de  abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do ano­calendário em  virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004,  poderá ser objeto de:  I  ­  compensação com débitos  próprios,  vencidos  ou  vincendos,  relativos  a  tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal,  observada a legislação específica aplicável à matéria; ou   II ­ pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica  aplicável à matéria.   Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de  agosto de 2004 até o último trimestre­calendário anterior ao de publicação  desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a  partir da promulgação desta Lei.  Vê­se,  pois,  que  a  possibilidade  de  compensação  ou  de  ressarcimento  em  espécie do saldo credor do PIS e da COFINS, antes restrita ao acúmulo de créditos decorrente  da  exportação de mercadorias ou de  serviços para o  exterior  (sobre  as quais não  incidem as  contribuições em tela), passou a alcançar todos os créditos apurados na forma do artigo 3º das  Leis nos  10.637/2002 e  10.833/2003, bem como os  créditos decorrentes da  incidência das  contribuições em tela sobre as importações – no caso de pessoas jurídicas sujeitas ao regime  da não­cumulatividade – nas hipóteses albergadas pelo artigo 15 da Lei nº 10.865/2004.  Ora, dentre essas hipóteses consta o creditamento em função da aquisição de  bens para revenda (inciso I do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004), razão pela qual entendemos  que a possibilidade de utilização dos créditos para  fins de compensação ou de  ressarcimento  ampara  as  compras,  pelo  sujeito passivo, das máquinas  e dos veículos destinadas  à  revenda.  Fl. 3628DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          40 Quando  o  §  8º  do  artigo  15  diz  que  “as  pessoas  jurídicas  importadoras,  nas  hipóteses  de  importação de que tratam os incisos a seguir, devem observar as disposições do art. 17 desta  Lei”  em  relação,  dentre  outros,  aos  produtos  do  §  3º  do  artigo  8º  (“máquinas  e  veículos,  classificados  nos  códigos  84.29,  8432.40.00,  8432.80.00,  8433.20,  8433.30.00,  8433.40.00,  8433.5,  87.01,  87.02,  87.03,  87.04,  87.05  e  87.06,  da Nomenclatura Comum do Mercosul  –  NCM”), penso que tal assertiva é restrita à forma de apuração do direito creditório.   Com efeito, estabelece o § 3º do artigo 15 da lei nº 10.865/2004 que   O  crédito  de  que  trata  o  caput  deste  artigo  será  apurado  mediante  a  aplicação das alíquotas previstas no caput do art. 2o das Leis nos 10.637, de  30  de  dezembro  de  2002,  e  10.833,  de  29  de  dezembro  de  2003,  sobre  o  valor que serviu de base de cálculo das contribuições, na  forma do art. 7º  desta  Lei,  acrescido  do  valor  do  IPI  vinculado  à  importação,  quando  integrante do custo de aquisição.  Portanto, a regra geral de apuração do crédito é a aplicação das alíquotas de  1,65% para o PIS e de  7,6% para a COFINS  (artigo 2º das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003,  respectivamente).  Contudo,  na  realidade  presente,  inerente  à  importação  das  máquinas  e  veículos cujos códigos estão elencados no § 3º do artigo 8º da Lei nº 10.865/2004, ao qual faz  referência  o  inciso  I  do  artigo  17  da  mesma  lei,  os  créditos  serão  apurados  “mediante  a  aplicação das alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre a  receita  decorrente  da  venda,  no  mercado  interno,  dos  respectivos  produtos,  na  forma  da  legislação específica, sobre o valor de que trata o § 3º do art. 15 desta Lei”, ou seja, “sobre o  valor  que  serviu  de  base  de  cálculo  das  contribuições,  na  forma  do  art.  7º  desta  Lei  [10.865/2004], acrescido do valor do IPI vinculado à importação, quando integrante do custo  de aquisição”.  De  fato,  o  artigo  17  da  Lei  nº  10.865/2004  trata  especificamente  da  possibilidade  de  desconto  de  créditos  nas  hipóteses  que  elenca,  e  nada  diz  a  respeito  de  eventual  restrição  à  utilização  do  direito  creditório  calculado  segundo  as  formas  prescritas.  Reproduzo, abaixo, o  teor do disposto no referido preceito no que importa para a solução do  presente litígio:  Art. 17. As pessoas jurídicas importadoras dos produtos referidos nos §§ 1º  a 3º, 5º a 10, 17 e 19 do art. 8º desta Lei e no art. 58­A da Lei no10.833, de  29  de  dezembro  de  2003,  poderão  descontar  crédito,  para  fins  de  determinação da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, em relação à  importação desses produtos, nas hipóteses:  I  ­  dos §§  1º  a  3º,  5º  a  7º  e  10  do  art.  8º  desta Lei,  quando destinados  à  revenda; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004)  [...]   §  2º  Os  créditos  de  que  trata  este  artigo  serão  apurados  mediante  a  aplicação das alíquotas da  contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS  incidentes  sobre  a  receita  decorrente  da  venda,  no  mercado  interno,  dos  respectivos  produtos,  na  forma  da  legislação  específica,  sobre  o  valor  de  que trata o § 3º do art. 15 desta Lei.  [...]  Fl. 3629DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          41 Por  fim,  vale  destacar  que  quase  todos  os  demais  parágrafos  do  artigo  17  tratam,  exclusivamente,  de  formas  de  apuração  de  crédito  nas  hipóteses  abrangidas  pelos  mesmos (regime monofásico). A única exceção é o § 8º do preceito em tela, o qual, quando diz  que “o disposto neste artigo alcança somente as pessoas jurídicas de que trata o art. 15 desta  Lei”,  corrobora  o  presente  entendimento  concernente  ao  qual  o  artigo  17  particulariza  a  apuração do crédito (e unicamente isso) quando aludida apuração foge à regra geral objeto do  artigo 15.  Em conclusão, e no que concerne ao presente tópico, entendo como indevida  a  reclassificação  como  “não  ressarcível”  operada  pela  fiscalização,  uma  vez  que,  conforme  demonstrado, os créditos em tela poderão, sim, ser utilizados para fins de compensação ou de  ressarcimento.  Nessa parte, portanto, também dou provimento ao recurso do sujeito passivo.  Do reposicionamento dos créditos – item 4.3 do TVF  Segundo relatado, foram reposicionadas parcelas dos créditos de importação  aproveitados  em  PER/Dcomp  ao  argumento  de  que  estes,  por  se  originarem  do  mercado  externo, somente poderiam ser utilizados no final do respectivo trimestre­calendário. De fato,  conforme o Termo de Verificação Fiscal, o ajuste foi feito em vista da compensação, antes de  findo o trimestre, de créditos do PIS/COFINS importação vinculados a receitas de exportação.  Referido  ajuste  foi  baseado  no  artigo  42  da  IN  RFB  nº  900/2008,  cujo  §  7º  autorizava  a  compensação  de  créditos  decorrentes  de  custos,  despesas  e  encargos  incorridos no mercado  interno  vinculados  a  receitas  de  exportação,  mesmo  antes  de  findo  o  trimestre  do  ano­ calendário a que se refere o crédito.  Em pesquisa à mais atual  instrução normativa que trata do assunto observei  que tal regramento permanece em vigor. Com efeito, o artigo 49, § 6º, da IN RFB nº 1.300, de  20/11/2012,  dispõe  que  a  compensação  dos  créditos,  dentre  outras  hipóteses,  decorrentes  de  custos, despesas e encargos vinculados às vendas efetuadas com suspensão,  isenção, alíquota  zero ou não  incidência,  “poderá  ser  efetuada  somente depois do  encerramento do  trimestre­ calendário”.  Tal  regramento,  de  fato,  está  amparado  no  caput  do  artigo  16  da  Lei  nº  11.116/2005, segundo o qual poderá ser objeto de compensação ou de ressarcimento   o saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na  forma do art. 3º das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833,  de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de  2004, acumulado ao  final de  cada  trimestre do ano­calendário  em virtude  do disposto no art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004.  (grifo nosso)  Vale  lembrar  que  o  artigo  17  da  Lei  nº  11.033/2004  trata,  justamente,  da  manutenção,  pelo  vendedor,  dos  créditos  vinculados  a  “vendas  efetuadas  com  suspensão,  isenção,  alíquota  0  (zero)  ou  não  incidência  da  Contribuição  para  o  PIS/PASEP  e  da  COFINS”.  Portanto, não há embasamento legal que autorize o sujeito passivo a utilizar  os créditos do PIS/COFINS importação antes de findo o trimestre correspondente.  Fl. 3630DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          42 Quanto ao pedido para “decotar os juros e multa calculados, de modo a que  refiram, tão­somente, ao atraso de um ou dois meses  (i.e, aquele decorrente da espera até o  fim  do  trimestre”,  acaso  a  incidência  dos  encargos  tenha  extrapolado  o  correspondente  trimestre (tal não ficou claro no TVF), entendo que, de fato, deverão ser efetuados os ajustes  necessários a considerar a incidência de juros e multa de mora do débito apenas até o término  de cada  trimestre  ­ data  a partir da qual o  contribuinte passou a  ter direito ao crédito. Dessa  forma,  serão  corrigidos  até  a  data  da  compensação  unicamente  os  débitos  em  aberto  posteriormente aos ajustes em tela.  Nesse tópico, portanto, dou provimento parcial ao pedido da recorrente, nos  termos do parágrafo anterior.  Dos erros de cálculo  No  que  concerne  aos  erros  de  cálculo  o  sujeito  passivo  alega  que  a  DRJ  recorrida,  “sem  muitas  justificativas,  também  negou  a  realização  de  diligência  para  tal  verificação”.  Todavia,  ressaltou  que,  “quanto  a  dois  dos  quatro  períodos  apontados  como  exemplos na explanação (abr/2010 e jul a set/2010) os erros de cálculo já foram reconhecidos  e o direito creditório da Recorrente declarados (Acórdãos ns. 02­46.070 e 02­46.072)”.  De  fato,  dentre  todos  os  processos  da  empresa  sob  nossa  responsabilidade  que  ora  trazemos  à  pauta,  observamos  que  a  primeira  instância  já  reconheceu  crédito  remanescente  em  relação  aos  seguintes  processos  da  recorrente  nos  respectivos montantes  a  seguir  discriminados:  13603.724502/2011­43  (R$  7.743,90),  13603.724508/2011­11  (R$  132.933,34), 13603.724529/2011­36 (R$ 339.948,59), 13603.724627/2011­73 (R$ 1.114,90) e  13603.724631/2011­31 (R$ 596.928,10).   Agora, nada mais há que se apreciar em relação ao assunto, uma vez que a  reclamante  não  contesta  o  resultado  das  correções  perpetradas  pela  DRJ,  tendo­se  limitado  unicamente  a  reiterar  a  necessidade  de  “[...]  diligência  para  a  verificação  da  correção  do  cálculo dos créditos a que tem direito [...]”, pleito com respeito ao qual negamos provimento  pelo fato de o mesmo não estar revestido de verossimilhança que revele sua necessidade.   Portanto, nessa parte, entendo que deverá ser negado provimento ao recurso.  Da conclusão  Por  todo  o  exposto,  voto  para  dar  parcial  provimento  ao  recurso,  no  seguinte sentido:  I)  negar o direito ao creditamento do PIS e da COFINS pela aquisição de  bens destinados ao ativo imobilizado (item 3.1 do TVF);  II)  reconhecer em parte o direito a creditamento para que sejam admitidos os  créditos calculados pelo sujeito passivo em relação aos serviços pagos à GFL  Gestão de Fatores Logísticos Ltda. (item 3.2 do TVF);  III) manter  o  entendimento  da  fiscalização  pela  impossibilidade  de  creditamento  em  face  de  fretes  decorrentes  da  transferência  de  produto  acabado entre estabelecimentos da  interessada (item 3.4 do TVF), ou ainda,  Fl. 3631DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724617/2011­38  Acórdão n.º 3301­002.809  S3­C3T1  Fl. 0          43 pelos fretes do transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou  a uso e consumo (item 3.5 do TVF);  IV) quanto  à  glosa  dos  créditos  calculados  sobre  fretes  pela  “falta  de  identificação das mercadorias transportadas” (item 3.7 do TVF), dar parcial  provimento ao recurso, nos termos dos cálculos apresentados pela autoridade  fiscal no relatório de diligência de fls. 3569/3574;  V)  concernente  à  reclassificação  de  créditos  (item  4.2  do  TVF),  desconsiderar os ajustes nos cálculos procedidos pela  fiscalização, uma vez  caracterizada  a  possibilidade  de  utilização  dos  créditos,  para  fins  de  compensação ou de ressarcimento, em vista das compras das máquinas e dos  veículos destinadas à revenda;   VI) quanto ao reposicionamento dos créditos (item 4.3 do TVF), dar parcial  provimento  ao  recurso  para  permitir  o  ajuste  necessário  de  forma  a  considerar a incidência de juros e de multa de mora sobre os débitos apenas  até o término de cada trimestre ­ data a partir da qual a contribuinte passou a  ter direito ao crédito;  VII)  negar provimento quanto à retificação dos erros de cálculo.  Sala de Sessões, em 29 de janeiro de 2016.  (assinado digitalmente)  Francisco José Barroso Rios ­ Relator                                Fl. 3632DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS

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Numero do processo: 10932.000202/2005-15
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Feb 05 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Oct 28 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2004 NORMAS REGIMENTAIS. OBRIGATORIEDADE DA ADOÇÃO DE ENTENDIMENTO CONSOLIDADO EM SÚMULA ADMINISTRATIVA Consoante dispõe o art. 72 do RICARF aprovado pela Portaria MF 256/2009, as decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. SÚMULA CARF Nº 01: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo.
Numero da decisão: 9303-003.275
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Designado para redigir o acórdão. EDITADO EM: 26/10/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabíola Cassiano Keramidas (Substituta convocada), Maria Teresa Martínez López, e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente)
Nome do relator: RODRIGO CARDOZO MIRANDA

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1774; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRF­T3  Fl. 579          1 578  CSRF­T3  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS    Processo nº  10932.000202/2005­15  Recurso nº               Especial do Contribuinte  Acórdão nº  9303­003.275  –  3ª Turma   Sessão de  05 de fevereiro de 2015  Matéria  CIDE ROYALTIES  Recorrente  ELEVADORES OTIS  Interessado  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  DE  INTERVENÇÃO  NO DOMÍNIO ECONÔMICO  ­  CIDE  Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2004  NORMAS  REGIMENTAIS.  OBRIGATORIEDADE  DA  ADOÇÃO  DE  ENTENDIMENTO CONSOLIDADO EM SÚMULA ADMINISTRATIVA  Consoante dispõe o art. 72 do RICARF aprovado pela Portaria MF 256/2009,  as  decisões  reiteradas  e  uniformes  do  CARF  serão  consubstanciadas  em  súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF.  SÚMULA CARF Nº 01:  Importa  renúncia  às  instâncias  administrativas  a  propositura  pelo  sujeito  passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois  do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.    CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO ­ Presidente.     JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS ­ Designado para redigir o acórdão.  EDITADO EM: 26/10/2015     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 2. 00 02 02 /2 00 5- 15 Fl. 615DF CARF MF Impresso em 29/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 26/10/2 015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 27/10/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARR ETO     2 Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Henrique  Pinheiro  Torres,  Nanci  Gama,  Júlio  César  Alves  Ramos  (Substituto  convocado),  Rodrigo  Cardozo  Miranda,  Rodrigo  da  Costa  Pôssas,  Francisco  Maurício  Rabelo  de  Albuquerque  Silva,  Joel  Miyazaki, Fabíola Cassiano Keramidas (Substituta convocada), Maria Teresa Martínez López,  e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente)    Relatório  Designou­me  o  Presidente  da  CSRF  para  a  redação  do  acórdão  relativo  à  decisão  que,  por  unanimidade,  não  conheceu  do  recurso  especial  apresentado  pela  Fazenda  Nacional, visto que o Relator, Conselheiro Rodrigo Miranda, renunciou ao mandato sem o ter  apresentado à Secretaria. Em seu cumprimento, procurarei ser o mais fiel possível às posições  defendidas pelo dr. Rodrigo ao  longo dos quase quatro anos  em que  tive o privilégio de sua  companhia no colegiado revisor.  O  recurso  insurge­se  contra  a  decisão  consubstanciada  no  acórdão  3201­ 00.263, na qual a Segunda Turma não conheceu do seu recurso voluntário, por concomitância.  A decisão recorrida ostenta a seguinte ementa:  ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. CONCOMITÂNCIA.  RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA.  A propositura de ação judicial contra a Fazenda Nacional, com  o  mesmo  objeto  do  recurso  voluntário,  configura  renúncia  às  instâncias administrativas, não devendo ser conhecido o recurso  apresentado pela recorrente.  MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO DO DIREITO.  Considerar­se­á  não  impugnada  a  matéria  que  não  tenha  sido  expressamente contestada pelo impugnante, nos termos da Lei.  Recurso Voluntário Não Conhecido   O  recorrente  alega  que  o  Mandado  de  Segurança  foi  impetrado  três  anos  antes da lavratura do Auto de Infração e que, naquele, o que se discute é a constitucionalidade  da CIDE, ou seja, a validade jurídica da contribuição contrastada com a Constituição Federal e  a  legislação  infraconstitucional em vigor,  enquanto que, neste processo administrativo  fiscal,  discute­se  a  cobrança  da  contribuição,  cuja  exigibilidade  não  está  suspensa,  fazendo­se  necessário que lhe seja garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa.  Admitido  o  recurso,  vieram  aos  autos  contrarrazões  em  que  a  Fazenda  Nacional  postula,  preliminarmente,  a  inadmissibilidade  do  recurso,  por  não  ter  sido  feito  o  cotejo analítico entre a decisão recorrida e os paradigmas e, no mérito, sua rejeição, dado que a  identidade entre os pedidos é evidente e em nada importa a data da propositura da ação.  É o Relatório.  Voto             Fl. 616DF CARF MF Impresso em 29/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 26/10/2 015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 27/10/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARR ETO Processo nº 10932.000202/2005­15  Acórdão n.º 9303­003.275  CSRF­T3  Fl. 580          3 Conselheiro JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS  Como se sabe, a questão da possibilidade de discussão simultânea da mesma  matéria nas instâncias administrativa e judicial é, desde 2007, objeto de Súmula Administrativa  inicialmente aprovada no âmbito do Segundo Conselho de Contribuintes e hoje integrante da  Consolidação promovida neste Conselho sob o número 1, cujo teor é:  Importa  renúncia  às  instâncias  administrativas  a  propositura  pelo  sujeito  passivo  de  ação  judicial  por  qualquer  modalidade  processual,  antes  ou  depois  do  lançamento  de  ofício,  com  o  mesmo objeto do processo administrativo.  Sendo  sua observância obrigatória,  a  teor do  art.  72 do Regimento  Interno,  não cabe examinar se o processo judicial é posterior ou anterior ao administrativo. Ttudo o que  há para verificar, portanto, é se os objetos são de fato os mesmos, como vêm afirmando todas  as decisões até aqui proferidas, ou se diferentes, como defende o autuado.  Mesmo antes da edição da Súmula, já era frequente o argumento: no processo  administrativo  se  discute  apenas  a  cobrança  da  contribuição  enquanto  na  esfera  judicial  se  estaria discutindo a própria constitucionalidade do ato que a permite exigir. E desde sempre o  critério que se tem usado, e foi novamente feito na decisão recorrida, é enfrentar o(s) ponto(s)  do recurso que permaneceria(m) mesmo que a empresa perdesse na instância judicial, ou seja,  apenas  se  enfrentam  os  pontos  que  não  estão  efetivamente  postos  à  consideração  do  Poder  Judiciário.  E sobre isso, afirma a decisão atacada:  De plano, há que ser afastada a sugestão do contribuinte de que  não haja concomitância pelo fato de os argumentos expostos em  âmbito  judicial  não  serem  os  mesmos  que  norteiam  a  defesa  veiculada no processo administrativo.  Fosse assim e a ocorrência da concomitância estaria reduzida às  improváveis­­  situações  em  que  a  petição  apresentada  perante  um  e  outro  Poder  tivesse  conteúdo  idêntico,  pois,  em  caso  contrário,  restaria  admitida  a  discussão  simultânea do  assunto  em  dois  processos  tramitando  concomitantemente,  apenas  contendo  argumentos  distintos.  Difícil  seria  entender  quem  deixasse  de  acrescentar  uma  ou  duas  linhas  de  raciocínio  distintas  num  e  noutro  processo,  com  o  fito  de  valer­se  deste  expediente.  O  fato é que o  impedimento diz  respeito à propositura de ação  judicial  contra  a  Fazenda  Nacional  com  o  mesmo  objeto  do  recurso  voluntário  e  não  com  os  mesmos  argumentos  apresentados neste, cabendo ao contribuinte, se assim entender,  esgotar o assunto na via que lhe pareça mais adequada aos seus  interesses,  pois  não  poderá  lançar  mão  de  ambos;  escolhendo  cada qual para discutir a parte onde acredite ter mais chance de  êxito.  Neste  aspecto,  não  tenho  dúvidas  de  que  o  objeto  de  um  e  de  outro  processo  são  o  mesmo,  qual  seja,  a  não  incidência  da  Fl. 617DF CARF MF Impresso em 29/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 26/10/2 015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 27/10/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARR ETO     4 CIDE nas operações tributadas pelo fisco. Além do mais, até os  argumentos  são  quase  os  idênticos,  conforme  testemunham  os  documentos acostados ao processo.   Ainda segundo a decisão atacada, apenas a incidência de juros sobre a multa  de ofício é matéria autônoma.  Por isso, o colegiado, por unanimidade, negou provimento ao recurso.  E esse é o recurso que me coube redigir.  JÚLIO  CÉSAR  ALVES  RAMOS  ­  Relator                               Fl. 618DF CARF MF Impresso em 29/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 26/10/2 015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 27/10/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARR ETO

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