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Numero do processo: 16327.903680/2009-19
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Sep 16 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3803-000.267
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à repartição de origem, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
(assinado digitalmente)
Hélcio Lafetá Reis - Relator ad hoc.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Belchior Melo de Sousa (Presidente), João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani (Relator), Paulo Guilherme Deroulede, Hélcio Lafetá Reis e Adriana Oliveira e Ribeiro.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à repartição de origem, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente. (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis - Relator ad hoc. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Belchior Melo de Sousa (Presidente), João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani (Relator), Paulo Guilherme Deroulede, Hélcio Lafetá Reis e Adriana Oliveira e Ribeiro.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1794; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE03 Fl. 130 1 129 S3TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.903680/200919 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3803000.267 – 3ª Turma Especial Data 23 de abril de 2013 Assunto IOF COMPENSAÇÃO Recorrente BANCO CITIBANK S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à repartição de origem, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis Relator ad hoc. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Belchior Melo de Sousa (Presidente), João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani (Relator), Paulo Guilherme Deroulede, Hélcio Lafetá Reis e Adriana Oliveira e Ribeiro. Relatório Na condição de relator ad hoc neste processo, reproduzo o relatório elaborado pela DRJ Campinas/SP, que muito bem descreve os fatos controvertidos nos autos: Tratase de Despacho Decisório que não homologou Declaração de Compensação eletrônica. Na fundamentação do ato, consta: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .9 03 68 0/ 20 09 -1 9 Fl. 130DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 01/09/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 16327.903680/200919 Resolução nº 3803000.267 S3TE03 Fl. 131 2 contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. (...) Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. Cientificada, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade alegando, em síntese, que: O Per/Dcomp objeto desta manifestação não foi homologado (...), pois o recolhimento indevido (...) não foi demonstrado em Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). Mas o fundamental é que o pagamento indevido ou a maior realmente existe e a Requerente tem direito de crédito sobre tais valores, como se pode depreender nos argumentos a seguir demonstrados. Passase à demonstração da composição do Pagamento Indevido (...) com recolhimento em 19/01/2005. O cliente Merril Lynch Pierce Fenner efetuou a compra de Letras do Tesouro Nacional LTN nos valores de R$ 7.135.672,84 e R$ 6.351.158,75 (Doc. 4). Em 12/01/2005, a Requerente efetuou operação de recompra das LTNs, gerando IOF no valor de R$ 20.019,06 e R$ 3.875,68. Ocorre que a referida operação de recompra foi cancelada (cf doc. 4) e o IOF indevidamente retido foi devolvido ao cliente. Assim, a Requerente demonstra que o IOF no valor de R$ 20.019,06 e RS 3.875,68 está equivocado. De posse do referido crédito, a Requerente efetuou sua compensação com débitos de IRRF. Conclusão: segundo os argumentos acima, a Requerente demonstra seu direito creditório e por isso a compensação deve ser homologada. E no caso em questão, não ocorreram as circunstâncias que a própria lei estabelece como necessárias a gerar incidência tributária. O que ocorreu foi equívoco no preenchimento da DCTF especificamente no campo 'débito apurado' onde na original foi incluído incorretamente o montante de R$ 34.235,96 sendo que o correto seria R$ 10.341,22, equívoco este que a requerente se prontificou em retificar (Doc. 5). Por fim, o que ocorreu foi um erro formal, mas na realidade o recolhimento indevido realmente existiu e por isso a Requerente deve ter seu direito creditório reconhecido. A DRJ Campinas/SP decidiu não reconhecer o direito creditório, tendo sido o acórdão ementado nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 19/01/2005 Fl. 131DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 01/09/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 16327.903680/200919 Resolução nº 3803000.267 S3TE03 Fl. 132 3 DIREITO CREDITÓRIO. PROVA. O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua existência e montante, sem o que não pode ser restituído ou utilizado em compensação. Faltando ao conjunto probatório carreado aos autos pela interessada elemento que permita a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificado da decisão, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e reiterou seu pedido, repisando os mesmos argumentos de defesa. No Recurso Voluntário, o Recorrente destaca o seguinte: [O] crédito de IOF em questão originouse de um único DARF, conforme demostrado na composição indicada no item 3.2. [da peça recursal], bem como na DCOMP e da respectiva DCTF transmitidas pela RECORRENTE. Realmente, os documentos contábeis indicam a realização de duas operações distintas, nos dias 07.01.2005 e 12.01.2005, de recompra de LTRs no interesse do cliente Merril Lynch Pierce Fenner. Apesar disso, o recolhimento do IOF incidentes em ambas operações se deu por meio de um único DARF, no valor de R$34.235,96. O equívoco na instrução da Manifestação de Inconformidade não pode, de maneira alguma, prejudicar a realidade dos fatos, qual seja, a de que o crédito em questão originase de um só DARF. Junto ao recurso, o contribuinte trouxe aos autos, mais uma vez, cópia de parte de sua escrituração e do comprovante de pagamento. É o relatório. Voto Conselheiro Hélcio Lafetá Reis Relator ad hoc Considerando o teor da decisão constante da ata de julgamento, bem como o fato de se tratar de despacho decisório eletrônico, encaminho o presente voto, na condição de relator ad hoc, no sentido de converter o julgamento em diligência à repartição de origem, para que a autoridade administrativa, de posse dos documentos presentes nos autos, confirme junto à escrituração contábil do Recorrente, bem como aos documentos que a lastreiam, a efetiva existência do direito creditório pleiteado, tendo por base os argumentos de defesa trazidos aos autos pelo Recorrente. É o voto. (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis Relator ad hoc Fl. 132DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 01/09/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
score : 1.0
Numero do processo: 13161.001177/2009-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jan 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
DESPESAS MÉDICAS. CONTRIBUINTE CONSTANDO COMO PAGADOR DA DESPESA NO RECIBO. DESNECESSIDADE DE INDICAÇÃO DO BENEFICIÁRIO.
Constando o nome do contribuinte no recibo como pagador da despesa médica que deduziu na Declaração de Ajuste Anual, presume-se, à míngua de indícios em sentido contrário, ser ele o beneficiário da prestação do serviço.
DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. INOVAÇÃO NA MOTIVAÇÃO.
Não é admissível que o julgamento de primeira instância fundamente a manutenção da glosa de despesas médicas por motivos de fato e de direito não mencionados na autuação, sob pena de violação ao princípio da ampla defesa.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-004.772
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a dedução de despesas médicas no montante de R$6.500,00.
Ronaldo de Lima Macedo, Presidente
Ronnie Soares Anderson, Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007 DESPESAS MÉDICAS. CONTRIBUINTE CONSTANDO COMO PAGADOR DA DESPESA NO RECIBO. DESNECESSIDADE DE INDICAÇÃO DO BENEFICIÁRIO. Constando o nome do contribuinte no recibo como pagador da despesa médica que deduziu na Declaração de Ajuste Anual, presume-se, à míngua de indícios em sentido contrário, ser ele o beneficiário da prestação do serviço. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. INOVAÇÃO NA MOTIVAÇÃO. Não é admissível que o julgamento de primeira instância fundamente a manutenção da glosa de despesas médicas por motivos de fato e de direito não mencionados na autuação, sob pena de violação ao princípio da ampla defesa. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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CONTRIBUINTE CONSTANDO COMO PAGADOR DA DESPESA NO RECIBO. DESNECESSIDADE DE INDICAÇÃO DO BENEFICIÁRIO. Constando o nome do contribuinte no recibo como pagador da despesa médica que deduziu na Declaração de Ajuste Anual, presumese, à míngua de indícios em sentido contrário, ser ele o beneficiário da prestação do serviço. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. INOVAÇÃO NA MOTIVAÇÃO. Não é admissível que o julgamento de primeira instância fundamente a manutenção da glosa de despesas médicas por motivos de fato e de direito não mencionados na autuação, sob pena de violação ao princípio da ampla defesa. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 16 1. 00 11 77 /2 00 9- 79 Fl. 125DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a dedução de despesas médicas no montante de R$6.500,00. Ronaldo de Lima Macedo, Presidente Ronnie Soares Anderson, Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13161.001177/200979 Acórdão n.º 2402004.772 S2C4T2 Fl. 126 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande (MS) DRJ/CGE, que julgou procedente Notificação de Lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) exigindo crédito tributário no montante de R$ 3.088,23, relativo ao anocalendário 2007 (fls. 83/90). O lançamento decorreu da glosa de despesas com instrução na quantia de R$ 2.480,66, não contestada, e de despesas médicas no valor total de R$ 18.756,02. Em sua impugnação de fl. 1, a contribuinte limitouse a questionar as glosas atinentes aos dispêndios médicos efetuados junto a Hélio Adas Pereira (R$ 4.500,00) e a Robson Ferreira Cantarella (R$ 3.700,00 declarados, fl. 17, e R$ 2.000,00 segundo referido na peça recursal). A decisão de primeiro grau manteve a exigência (fls. 58/63), argumentando que se tratando de despesas de valor considerável, necessária seria a apresentação de documentos complementares, tais como extratos bancários, cheques e comprovação da efetiva prestação dos serviços. A contribuinte interpôs recurso voluntário em 4/10/2011 (fl. 69), alegando que não apresentava novas provas além dos recibos e declarações, pois pagara os valores em dinheiro, e pedindo ao final o cancelamento do débito fiscal. É o relatório. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON 4 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Registrese, de início, que a irresignação ora em apreciação restringese à glosa de despesas médicas vinculadas aos profissionais Hélio Adas Pereira e a Robson Ferreira Cantarella, tratandose, portanto, de recurso de natureza parcial. A dedução de despesas médicas e de saúde na declaração de ajuste anual tem como supedâneo legal os seguintes dispositivos do art. 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, abaixo transcritos: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; Fl. 128DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13161.001177/200979 Acórdão n.º 2402004.772 S2C4T2 Fl. 127 5 IV não se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro; V no caso de despesas com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, exigese a comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário.(grifei) Vejase que a própria legislação tributária conferiu a documentos do tipo descrito no inciso III do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250/95, supra transcrito, o valor de prova do pagamento um documento de transferência bancária, por exemplo, não possui todos os elementos discriminados na legislação, tais como o endereço do profissional prestador do serviço, ao contrário do recibo, que possui campos de preenchimento adequados para esses fins. Reconhecese, sob outro prisma, que a fiscalização bem como o julgador de primeiro grau, no caso de documentos apresentados em primeira mão nessa instância recursal tem a faculdade de demandar elementos adicionais com vistas a atestar a efetividade dos pagamentos, forte nos §§ 3º e 4º do art. 11 do DecretoLei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943 (respectivamente, §§ 1º e 2º do art. 73 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99). Convém atentar, todavia, ser necessário que essas normas sejam lidas e interpretadas em conjunto com o art. 79, § 1º (art. 845, § 1º do RIR/99) desse mesmo diploma, o qual estabelece: Art. 79. Farseá o lançamento exofficio: (...) § 1º Os esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores, com elemento seguro de prova, ou indício veemente de sua falsidade ou inexatidão. (...) Desta sorte, a regra geral é a aceitação de recibos e/ou notas fiscais de prestação de serviços, caso atendidos os seus requisitos formais, motivo pelo qual a exigência de outros elementos para a comprovação das despesas médicas deve ser devidamente fundamentada, sob pena de violação do princípio da proteção da boafé e da legítima confiança que norteiam a relação fiscocontribuinte. No caso concreto, verificase que os pagamentos declarados como efetuados a Hélio Adas Pereira e a Robson Ferreira Cantarella foram glosados pela fiscalização com base no entendimento de que não havia identificação do paciente nos recibos apresentados (fl. 87). Não obstante, a contribuinte carreou aos autos recibos médicos (fls. 7/8 e 10/11) e declarações (fls. 6 e 9) que atestam que ela pagou R$ 4.500,00 a Hélio Adas Pereira e R$ 2.000,00 a Robson Ferreira Cantarella, pela prestação de serviços médicos e odontológicos, respectivamente. Registrese que não trilha bom caminho interpretação que parece ter sido a adotada, ainda que implicitamente, pela autuação – segundo a qual, além do nome da pessoa física que pagou pelo serviço, deveria necessariamente estar consignado o nome do beneficiário no recibo. Fl. 129DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON 6 De uma maneira geral, como é cediço, o recibo emitido pelos prestadores de serviço pessoa física é entregue para os pacientes assim que se dá o pagamento do tratamento ou consulta, sem dispor de campo próprio ou apartado a ser preenchido com a indicação do beneficiário, até mesmo porque, na maioria das vezes, este se confunde com a própria pessoa que está realizando a quitação. Destarte, à míngua de evidências outras que assim o justifiquem, o nome constante como responsável pelo pagamento deve ser aceito e presumido como sendo o do beneficiário da prestação do serviço a que se refere o recibo, em respeito ao princípio da boa fé que deve reger as relações fiscocontribuinte. Nesse sentido, temse o entendimento da própria Receita Federal do Brasil sobre o tema, consoante espelha a Solução de Consulta Interna nº 23, de 30 de agosto de 2013 (Diário Oficial da União de 10/2/2014), da qual se reproduz a respectiva ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF DESPESAS MÉDICAS. IDENTIFICAÇÃO DO BENEFICIÁRIO. São dedutíveis, da base de cálculo do IRPF, as despesas médicas realizadas pelo contribuinte, referentes ao próprio tratamento e de seus dependentes, desde que especificadas e comprovadas mediante documentação hábil e idônea. Na hipótese de o comprovante de pagamento do serviço médico prestado ter sido emitido em nome do contribuinte sem a especificação do beneficiário do serviço, podese presumir que esse foi o próprio contribuinte, exceto quando, a juízo da autoridade fiscal, forem constatados razoáveis indícios de irregularidades. No caso de o serviço médico ter sido prestado a dependente do contribuinte, sem a especificação do beneficiário do serviço no comprovante, essa informação poderá ser prestada por outros meios de prova, inclusive por declaração do profissional ou da empresa emissora do referido documento comprobatório. Dispositivos Legais: Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil (CPC), art. 332; Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, art. 8º, inciso II, alínea “a” e § 2º, e Decreto nº 3.000, de 26 de dezembro de 1999 (RIR/1999), art. 80, § 1º, incisos II e III. (grifei) Ademais, oportuno notar que a DRJ/CGE manteve a glosa com esteio em motivação diversa da que fundamenta a Notificação de Lançamento, ao levantar a necessidade de apresentação de comprovação do efetivo pagamento e prestação de serviços, consubstanciando inovação que prejudicou o direito de defesa da contribuinte. Por conseguinte, deve ser restabelecida a dedução de R$ 4.500,00 pagos a Hélio Adas Pereira na DIRPF/2008. No tocante aos R$ 3.700,00 declarados como pagos a Robson Ferreira Cantarella, a contribuinte logrou comprovar documentalmente apenas a despesa de R$ 2.000,00 (fls. 9/11), valor a ser restabelecido, também, como dedução. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13161.001177/200979 Acórdão n.º 2402004.772 S2C4T2 Fl. 128 7 Ante o exposto, voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, para fins de restabelecer dedução de despesas médicas no montante de R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais), nos termos deste voto. Ronnie Soares Anderson. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON
score : 1.0
Numero do processo: 11444.000201/2009-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jan 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM.
Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente.
No caso, o contribuinte apresenta justificativa compatível em data e valor com o depósito, referindo-se à venda de um automóvel que esteve registrada em sua DIRPF.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.055
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Wilson Antônio de Souza Correa, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente. No caso, o contribuinte apresenta justificativa compatível em data e valor com o depósito, referindose à venda de um automóvel que esteve registrada em sua DIRPF. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 44 4. 00 02 01 /2 00 9- 51 Fl. 176DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11444.000201/200951 Acórdão n.º 2202003.055 S2C2T2 Fl. 177 2 Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Wilson Antônio de Souza Correa, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele elaborado pela Autoridade julgadora de 1ª instância, que bem descreve os fatos (fl. 144), complementandoo ao final: Tratase de crédito tributário lançado pela fiscalização, mediante Auto de Infração, fls. 02/07, contra o contribuinte acima identificado, referente a imposto de renda suplementar, compreendendo multa de oficio de 75% e juros moratórios, tendo como fato gerador a omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários em conta conjunta na instituição financeira Banco do Brasil S/A agência 00973, contacorrente n° 41.4727 (extratos em fls. 49/71), em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado (fls. 08/09, 38, 44/45 e 76), não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, incidindo na presunção legal do art. 42, da Lei n° 9.430/96. 1.1.Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 04/05), o procedimento teve origem na apuração da seguinte infração à legislação tributária: 1.1.1. Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada — Omissão de Rendimentos Caracterizada Por Depósitos Bancários Com Origem Não Comprovada. Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto (R$) Multa (%) 30/11/2003 17.000,00 75 Enquadramento legal: art. 42 da Lei n° 9.430/96; art. 4° da Lei no 9.481/97; art. 10 da Medida Provisória n°22/2002, convertida na Lei n° 10.451/02; art. 849 do RIR/99. 2. 0 contribuinte tomou ciência por via postal do Auto de Infração em 17/03/2009 (AR de fls. 92), apresentando impugnação em 15/04/2009 através do instrumento de fls. 94/105, com os documentos de fls.107/111, por intermédio de procurador qualificado em fls. 37, alegando em síntese que: 2.1. Não tendo a fiscalização concedido tempo hábil para que buscasse a documentação necessária à comprovação dos depósitos bancários, o impugnante vem, agora, elucidar o caso em exame, sendo que o depósito efetuado no dia 11/11/2005, na conta 41.4727, mantida no Banco do Brasil S/A do sujeito passivo teve como origem a venda de um veiculo de sua propriedade, marca GM/CORSA ST, placa DEA 6683/SP, chassi 9BGSC80N01C231669, ano 2001, cor preta, Cód. RENAVAM 758509553 no valor de R$ 16.000,00 (dezesseis mil reais). Fl. 177DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11444.000201/200951 Acórdão n.º 2202003.055 S2C2T2 Fl. 178 3 2.1.1. Referido veiculo teria sido adquirido por Marcelo de Almeida, CPF 259.679.56808, que efetuou um pagamento no valor de R$ 13.000,00 (treze mil reais), como entrada, e quitou o montante restante em 12 parcelas de R$ 350,00 (trezentos e cinqüenta reais), tendo a transferência do veiculo se efetivada somente em 15/12/2006, data da quitação total da venda do veiculo. 2.1.2. Comprovada e esclarecida a origem do depósito que adveio com a venda do veiculo, que constou na declaração do imposto de renda pessoa física exercício 2006 (sic), pois ocorreu somente nesta data a quitação das parcelas restantes, ocorre a perda de objeto do Auto de Infração, que deve ser arquivado. 2.2. A fiscalização fez incidir multa de 75% e 150% sobre o imposto de renda que considerou devido, o que constitui verdadeiro confisco, o que é vedado pela Constituição, trazendo em seu favor citações doutrinárias e jurisprudência. 2.3. Além da multa confiscatória já referida, a aplicação da taxa SELIC para cálculo dos juros moratórios devidos, agride o Código Tributário Nacional e a própria Constituição, devendo ser afastada. Ao analisar a Impugnação, o Julgador a quo, em resumo, explicou a presunção legal estabelecida no artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, e a inversão do ônus da prova, em tese. No caso concreto, analisou a explicação dada para o depósito questionado e entendeu que a venda do automóvel apontada não se compatibilizava com a entrada do valor na conta corrente, reputando insuficiente as justificativas. Manteve a aplicação da multa de 75% e a correção do crédito tributário pela taxa Selic, defendendo a legalidade de ambas. Assim, deuse a decisão de 1ª instância, para considerar procedente o lançamento. Cientificado dessa decisão em 29/11/2010, conforme Aviso de Recebimento na folha 154, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 13/12/2010, com protocolo na folha 155. Em sede de recurso diz que por não ter tido "prazo hábil" e acesso a documentos, equivocouse na Impugnação, ao apontar a origem do depósito que deveuse à venda, na realidade, de outro veículo (diferente do que apontara na primeira instância), que identifica em data e valor. PEDE o afastamento da exigência fiscal, baseado nas alegações e documentos que indica. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. Conheço do recurso, uma vez que tempestivo, conforme relatado, e com condições de admissibilidade. Fl. 178DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11444.000201/200951 Acórdão n.º 2202003.055 S2C2T2 Fl. 179 4 A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a existente após a digitalização do processo, transformado em meio magnético. (formato .pdf) O procedimento fiscal teve início com requisição do Ministério Público Federal, que tinha autorização judicial para obter os dados bancários do Contribuinte. A Requisição de Movimentação Financeira RMF, foi empregada apenas para obter os extratos de novembro e dezembro do ano de 2005, não incluídos nos documentos enviados pelo Ministério Público, porque o Contribuinte, regularmente intimado, não os apresentou voluntariamente, após pedido de prorrogação de prazo, parcialmente deferido pela Autoridade Fiscal. Mas o recurso não questiona nenhuma preliminar, concentrandose em justificar o "depósito" com a venda de um automóvel (GM/Blazer) que constou de sua declaração de rendimentos DIRPF/2006. Primeiro, observo que não foi "um depósito" de R$ 17.000,00, mas o desbloqueio, na mesma data (14/11/2005), de dois depósitos distintos, sendo um de R$ 14.400,00 e outro de R$ 2.600,00. O número do documento e a origem, conforme extrato na folha 74, os distinguem. A Autoridade Fiscal, observando os limites impostos pelo § 3º do artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, com alterações posteriores, ao realizar sua análise conforme planilhas de folhas 55/56, tratou de excluir todos os depósitos inferiores a R$ 12.000,00. Mas, tratando esses dois como se fosse um único, manteveos pelo montante do desbloqueio, de R$ 17.000,00. Lei nº 9.481, de 13 de agosto de 1997 (...) Art. 4º Os valores a que se refere o inciso II do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 , passam a ser de R$12.000,00 (doze mil reais) e R$80.000,00 (oitenta mil reais), respectivamente. Não obstante à análise individualizada de cada depósito (art. 42, § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente), o Contribuinte apresenta uma justificativa, que é a venda de um carro. O automóvel consta em sua DIRPF/2006, como tendo sido vendido em 10/12/2005, por R$ 20.000,00. Não há uma coincidência de datas e valores, exatamente. Ele justifica que a efetiva transferência deuse dias depois, pela necessidade de comparecimento de comprador e vendedor em Cartório, para registrála. Quanto aos valores, observo que nos dias que se seguiram houve depósitos de R$ 1.300,00 e R$ 200,00, que foram desconsiderados pela Fiscalização por serem inferiores a R$ 12.000,00, que segundo o extrato tem a mesma "origem" do depósito de R$ 2.600,00, ou seja, o valor considerado como omissão foi de R$ 17.000,00 e a venda deuse por R$ 20.000,00 mas há outros valores que não foram considerados. Fl. 179DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11444.000201/200951 Acórdão n.º 2202003.055 S2C2T2 Fl. 180 5 Portanto, não há no caso uma "exatidão" entre os depósitos e a origem apresentada, mas existe inegável compatibilidade entre ambos. Observo que de todos os extratos analisados, a Fiscalização encontrou base para lançamento apenas deste "único depósito", que como já se explicou foram dois, e a movimentação do contribuinte foi fundamentalmente justificada pela venda de um imóvel, já acatada pelo Auditor Fiscal. CONCLUSÃO Face ao exposto, entendo que a justificativa para os depósitos é hábil e idônea, uma vez que registrada em data e valor compatível, na declaração de rendimentos do interessado e VOTO por dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada. Fl. 180DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 10768.901828/2006-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1998
OMISSÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
Rejeitam-se os embargos de declaração quando não caracterizada a aduzida omissão na decisão recorrida, fundamento único do recurso. Ademais, embargos de declaração não se reveste em recurso destinado à rediscussão do direito.
Embargos rejeitados.
Numero da decisão: 3301-002.742
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos formulados pelo sujeito passivo, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS
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(nova denominação de SANTOS BRASIL S.A.) Interessado NUMERAL 80 PARTICIPAÇÕES S.A. (nova denominação de SANTOS BRASIL S.A.) ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1998 OMISSÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. Rejeitamse os embargos de declaração quando não caracterizada a aduzida omissão na decisão recorrida, fundamento único do recurso. Ademais, embargos de declaração não se reveste em recurso destinado à rediscussão do direito. Embargos rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos formulados pelo sujeito passivo, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 90 18 28 /2 00 6- 62 Fl. 155DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 10768.901828/200662 Acórdão n.º 3301002.742 S3C3T1 Fl. 0 2 Relatório Em sessão transcorrida em 23 de julho de 2014, a Segunda Turma Especial desta Terceira Seção do CARF negou provimento ao recurso voluntário interposto pelo sujeito passivo, nos termos do acórdão nº 3802003.344, assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1998 COMPENSAÇÃO REALIZADA PELO SUJEITO PASSIVO. INCIDÊNCIA DE ACRÉSCIMOS MORATÓRIOS SOBRE O CRÉDITO TRIBUTÁRIO JÁ VENCIDO NO MOMENTO DA PROTOCOLIZAÇÃO DA DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Vencido o crédito tributário incidem sobre o mesmo os juros de mora e a multa de mora, que passam a integrar o crédito em favor da Fazenda Pública. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo o débito será, pois, considerado na situação em que é apresentada a declaração de compensação, ou seja, sujeito à incidência de multa e de juros moratórios se já vencido naquele momento. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. DÉBITO NÃO QUITADO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Um dos pressupostos essenciais à denúncia espontânea é a quitação do débito, sem a qual não há como caracterizar o instituto em evidência. COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção do débito para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento. Em sede de embargos de declaração, aduz a interessada que a decisão vergastada fora omissa na medida em que não teria enfrentado a "ausência de prova da existência do crédito reclamado, não se acatam os argumentos do Recorrente quanto à homologação total da compensação declarada". Segundo a embargante, tanto na manifestação de inconformidade, quanto no recurso voluntário[...] restou amplamente esclarecido e comprovado que no DARF que fundamentou o PER/DCOMP acima identificado, foram localizados alguns pagamentos que foram integralmente utilizados para a quitação de débitos da EMBARGANTE não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. As evidências das razões alegadas pela EMBARGANTE constam na DCTF retificadora, através da qual Fl. 156DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 10768.901828/200662 Acórdão n.º 3301002.742 S3C3T1 Fl. 0 3 podemos observar um crédito correspondente ao valor informado no PER/DCOMP, acima descrito. 04.1 Assim, diante das razões constantes do Despacho Decisório originário, fica claro que essa SRFB não reconheceu o crédito que foi informado pela EMBARGANTE na DCTF; e, por conseguinte, está considerando o valor total do DARF pago totalmente utilizado na sua própria apuração. 05 Na verdade, o que não foi observado tanto no voto quanto no acórdão nº 3802003.344, foi a necessidade de desoneração da multa moratória, tendo em vista que houve a efetiva compensação. Na sequência, depois de fazer sua análise sobre os procedimentos de compensação a partir da IN SRF nº 21/97, questiona "como poderia a Requerente protocolar o PER/DCOMP na data do vencimento do tributo, se a disponibilização do programa e as instruções para preenchimento do Pedido Eletrônico de Restituição ou Ressarcimento e da Declaração de Compensação (PER/DCOMP) somente foi disponibilizada após o vencimento da obrigação?". E ressalta que não teria sido enfrentada no acórdão a questão atinente à aduzida impossibilidade de a embargante protocolar declaração de compensação com base nas determinações da IN SRF nº 210/2002. Defende que "na época do vencimento do tributo e do envio do PER/DCOMP [...] não existia uma determinação legal para entrega na data de vencimento do tributo". Por fim, ressalta a embargante que a Nota Cosit nº 1, de 18/01/2012, decidiu pela validade da aplicação dos efeitos da denúncia espontânea nas hipóteses de extinção do pagamento por compensação tributária. Diante do exposto, requer a embargante o conhecimento e o provimento dos presentes embargos, com fulcro no "pronunciamento sobre as omissões expostas e sobre a denúncia espontânea". É o relatório. Voto A ciência da decisão recorrida se deu em 13/05/2015 (efls. 137). Por sua vez, a petição de embargos de declaração foi protocolizada em 18/05/2015 (efls. 140). Assim, considerando o disposto no artigo 5º, caput e parágrafo único, do Decreto nº 70.235/721, resta claro que a petição em tela foi apresentada dentro do prazo cinco dias contados da ciência do acórdão para a interposição dos embargos de declaração (artigo 65, § 1o, do Anexo II do RICARF – aprovado pela Portaria MF no 343, de 09/06/2015). Há, pois, que se conhecer da petição em tela. Conforme relatado, vêse que a embargante procura rediscutir o pleito inerente ao pedido de compensação objeto dos autos, alicerçada em suposta omissão no acórdão no que concerne à "necessidade de desoneração da multa moratória, tendo em vista que houve a efetiva compensação", bem como quanto à questão atinente à aduzida 1 Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Fl. 157DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 10768.901828/200662 Acórdão n.º 3301002.742 S3C3T1 Fl. 0 4 impossibilidade de a embargante protocolar declaração de compensação com base nas determinações da IN SRF nº 210/2002. Não obstante, todos os argumentos suscitados pela recorrente foram devidamente tratados na decisão vergastada, de forma que não há nenhuma omissão passível de saneamento mediante embargos de declaração. Isso e válido também quanto à reclamada caracterização de denúncia espontânea. O seguinte trecho do voto condutor da decisão recorrida demonstra que as supostas omissões guerreadas não ocorreram. Confirase: O recurso merece ser conhecido por preencher os requisitos formais e materiais exigidos para sua aceitação. Conforme relatado, vêse que a contenda envolve aduzido direito creditório com base no qual o sujeito passivo formalizou declaração de compensação que, todavia, não foi homologada em virtude de o pagamento apontado como origem do crédito já haver sido integralmente utilizado para fins de quitação de débitos da interessada. Nos autos não está comprovada, minimamente, a existência do crédito reclamado. Conforme consignado na decisão de primeira instância, a recorrente não apresentou nenhuma documentação necessária à comprovação do reclamado direito, situação que se repete na presente instância recursal. A compensação, como uma das formas de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. Assim, a certeza e a liquidez do direito creditório alegado deverá ser cabalmente demonstrada pela interessada na extinção do crédito tributário mediante compensação. Para tanto, não é suficiente a simples apresentação de DCTF retificadora, a menos que a mesma esteja lastreada por documentação idônea comprobatória do erro, o que não foi minimamente observado nos autos. A não comprovação da certeza e da liquidez dos reclamados créditos não poderia redundar na extinção do débito para com a Fazenda Pública mediante compensação. Com relação à pleiteada suspensão do crédito tributário objeto deste processo, ressaltese que tal está previsto no § 11 do artigo 74 da Lei nº 9.430/96, segundo o qual “a manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação”. Por sua vez, o inciso III do artigo 151 do CTN estabelece que suspendem a exigibilidade do crédito tributário, dentre outros, “as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo”. Fl. 158DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 10768.901828/200662 Acórdão n.º 3301002.742 S3C3T1 Fl. 0 5 Consequentemente, muito embora, uma vez inadmitida a compensação pleiteada pela recorrente, seja legítima a cobrança dos créditos tributários que esta intentava extinguir por compensação, a exigência permanece suspensa até o fim da presente demanda administrativa, por força do inciso III do artigo 151 do Código Tributário Nacional. No que diz respeito às alegações formalizadas pela interessada sobre a vigência das instruções normativas que tratavam da matéria e inerente aos acréscimos legais sobre os débitos em aberto, apresento, abaixo, as razões pelas quais entendo que também no que diz respeito aos aludidos argumentos não merecem ser acolhidas as alegações do sujeito passivo. Com a edição da Medida Provisória nº 66, de 29/08/2002 (publicada no DOU de 30/08/2002), posteriormente convertida na Lei nº 10.637, de 31/12/2002, o artigo 74 da Lei nº 9.430, de 30/12/2002, ganhou nova redação segundo a qual as formas de compensação anteriormente existentes foram substituídas pela autocompensação declarada, efetuada mediante a entrega de Declaração de Compensação – DCOMP, onde deverão constar as informações sobre os créditos utilizados e os respectivo débitos compensados, com efeito extintivo do crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Essa nova forma de compensação passou a viger a partir de 1º/10/2002, conforme disposto no artigo 63, inciso I, da Medida Provisória nº 66/2002. A fim de disciplinar a nova sistemática inaugurada pela aludida Medida Provisória, a Secretaria da Receita Federal editou a Instrução Normativa nº 210, de 30/09/2002 (DOU de 1º/10/2002), a qual, em relação às datas a serem consideradas na compensação, estabeleceu o seguinte no que é relevante para a presente contenda: Art. 28. A compensação deverá ser efetuada considerandose as seguintes datas: I do pagamento indevido ou a maior que o devido, no caso de restituição, ressalvadas as hipóteses seguintes; II do ingresso do pedido de ressarcimento, quando destinado à compensação com débito vencido; III do vencimento do débito, quando o pedido de ressarcimento houver ocorrido antes dessa data; [...] (grifo nosso) A redação do aludido artigo 28 da IN SRF nº 210/2002 foi alterada posteriormente pela IN SRF nº 323, de 24/04/2003, vigente a partir de 28/05/2003. Segundo a nova redação, “na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios [...] e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos moratórios, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Fl. 159DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 10768.901828/200662 Acórdão n.º 3301002.742 S3C3T1 Fl. 0 6 Compensação”. Esta determinação ainda continua em vigor, nos termos do art. 432 da Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20/11/2012. Portanto, para fins de quitação de débito tributário em aberto sem a incidência dos encargos legais (juros de mora e multa de mora), a declaração de compensação deve ser apresentada até a data do vencimento do referido débito. Com efeito, vencido o débito e não quitado o mesmo incidem os correspondentes encargos previstos na lei. A partir de então o crédito tributário passa a ser constituído pelo principal acrescido de juros de mora e de multa de mora, não tendo a declaração de compensação apresentada posteriormente o caráter de desconstituir parcialmente aludido crédito pela exclusão dos encargos. Ademais, merece ser ressaltado que não existia nenhuma impossibilidade normativa ou técnica que viesse impedir a suplicante de apresentar o pedido de compensação. De fato, conforme ressaltado pela instância recorrida, muito embora e IN SRF nº 320/2003, que introduziu o procedimento eletrônico de declaração – versão 1.0 do PER/DCOMP – só tenha entrado em vigor em 14/05/2003, isso não justifica a inação do sujeito passivo, já que a matéria era regulada completamente pela IN SRF nº 210/2002, que previa a entrega da declaração em formulário de papel. Também comungo com as razões de decidir da instância a quo em relação aos pedidos de retificação de DARF e de PER/DCOMP, que devem ser dirigidos à unidade jurisdicionante do sujeito passivo, sendo digno de nota o fato de o recolhimento indicado no PER/DCOMP (DARF de filial) já ter sido alocado, não estando, pois, disponível para compensação. Por fim, no que concerne à reclamada caracterização de denúncia espontânea, tal argumentação não pode ser acatada principalmente pelo fato de inexistir pressuposto essencial para a caracterização do instituto em tela, qual seja, o pagamento do tributo, como se depreende do disposto no artigo 138 do CTN, abaixo transcrito: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. (grifo nosso) 2 Art. 43 . Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 83 e 84 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data de entrega da Declaração de Compensação. § 1º A compensação total ou parcial de tributo administrado pela RFB será acompanhada da compensação, na mesma proporção, dos correspondentes acréscimos legais. § 2º Havendo acréscimo de juros sobre o crédito, a compensação será efetuada com a utilização do crédito e dos juros compensatórios na mesma proporção. § 3º Aplicamse à compensação da multa de ofício as reduções de que trata o art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, salvo os casos excepcionados em legislação específica. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 10768.901828/200662 Acórdão n.º 3301002.742 S3C3T1 Fl. 0 7 Diante do não pagamento do tributo ou de sua quitação via compensação legítima, desnecessário tecer maiores comentários à respeito do assunto. Da conclusão Por todo o exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário interposto pelo sujeito passivo. Diante do que foi acima exposto vêse que nenhum dos argumentos apresentados pelo sujeito passivo se subsume ao disposto no caput do artigo 65 do anexo II do Regimento Interno do CARF3, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, uma vez demonstrado que o acórdão embargado não padece de "obscuridade, omissão ou contradição", e que a embargante, com sua argumentação, vislumbra, na verdade, rediscutir o direito, o que é inadmissível em sede de embargos de declaração. Da conclusão Diante do exposto, e considerando que o acórdão recorrido não está eivado de vício que justifique a oposição de embargos de declaração, voto para que seja rejeitado o recurso formalizado pelo sujeito passivo, visto que este carece de pressuposto essencial à sua legitimação. Sala de sessões, em 26 de janeiro de 2016. Francisco José Barroso Rios – Relator 3 Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. Fl. 161DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS
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Numero do processo: 16682.900883/2010-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 01 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
Ementa:
IRPJ. SALDO NEGATIVO DISPONÍVEL. PER/DCOMP.
Verificado o saldo negativo no valor de R$ 103.179,76, relativo ao ano calendário de 2006, inexiste óbice para que a pessoa jurídica possa utilizar o valor remanescente do referido saldo negativo para outro pedido de compensação, no caso o PER/DCOMP nº 09669.92226.280307.1.3.04-8449, tratado no presente processo, respeitado o limite do crédito reconhecido e o saldo disponível ainda não utilizado pelo contribuinte.
Numero da decisão: 1201-001.323
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório no valor total de R$ 103.179,76, devendo a DCOMP objeto do presente processo ser homologada até o limite do crédito reconhecido, observadas, todavia, as demais compensações já realizadas com o mesmo crédito.
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Ester Marques Lins de Sousa, João Carlos de Figueiredo Neto, Luis Fabiano Alves Penteado e Roberto Caparroz de Almeida.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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SALDO NEGATIVO DISPONÍVEL. PER/DCOMP. Verificado o saldo negativo no valor de R$ 103.179,76, relativo ao ano calendário de 2006, inexiste óbice para que a pessoa jurídica possa utilizar o valor remanescente do referido saldo negativo para outro pedido de compensação, no caso o PER/DCOMP nº 09669.92226.280307.1.3.048449, tratado no presente processo, respeitado o limite do crédito reconhecido e o saldo disponível ainda não utilizado pelo contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório no valor total de R$ 103.179,76, devendo a DCOMP objeto do presente processo ser homologada até o limite do crédito reconhecido, observadas, todavia, as demais compensações já realizadas com o mesmo crédito. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Presidente (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Ester Marques Lins de Sousa, João Carlos de Figueiredo Neto, Luis Fabiano Alves Penteado e Roberto Caparroz de Almeida. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 90 08 83 /2 01 0- 48 Fl. 209DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900883/201048 Acórdão n.º 1201001.323 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório Por economia processual e bem descrever os fatos adoto parte do Relatório da decisão recorrida que transcrevo a seguir: I) Do PER/DCOMP Versa o presente processo sobre manifestação de inconformidade interposta contra Despacho Decisório (Eletrônico) proferido pela Delegacia de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro – DEMAC/RJ, que não homologou a compensação efetivada por meio do PER/DCOMP nº 09669.92226.280307.1.3.048449, de débito de estimativa de CSLL (cód. 2469),relativo ao período de apuração fevereiro/2007, no valor de R$ 7.285,16, com o crédito de R$ 7.285,16, oriundo de pagamento indevido ou a maior de estimativa de IRPJ, realizado por meio de DARF (cód. 2319), referente ao período de apuração 31/10/2006, no valor total de R$ 24.283,87. II) Do Despacho Decisório 2.O Despacho Decisório de fls. 07 (nº de rastreamento 880540471), emitido em 06/09/2010, apresenta a seguinte fundamentação, decisão e enquadramento legal: “Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: 7.285,16. Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. ... III) Da manifestação de inconformidade 3. Inconformada com a decisão, da qual tomou ciência em 21/09/2010 (AR, fls.11), interpôs a interessada a manifestação de inconformidade de fls. 12/20, instruída com os documentos de fls. 21/56, alegando, em síntese, que: 3.1. os valores compensados devem ser homologados parcialmente, em face de erro formal cometido no preenchimento da DIPJ/2007, ano calendário 2006, que ocasionou informação incorreta do crédito pleiteado; Fl. 210DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900883/201048 Acórdão n.º 1201001.323 S1C2T1 Fl. 4 3 3.2. a manifestação de inconformidade suspende a exigibilidade dos débitos, nos termos do art. 74, § 11, da Lei nº 9.430/1996, com as alterações introduzidas pela Lei nº 10.833/2003; 3.3. o crédito utilizado no PER/DCOMP não homologado advém de retenções provenientes de órgão público, pagamentos de estimativas mensais e estimativas compensadas com saldos de períodos anteriores, conforme consta na Ficha 12B da DIPJ/2007; 3.4. ocorre que, os valores apontados, os quais podem ser comprovados através dos documentos que instruem sua manifestação, não foram informados na DIPJ, mas foram posteriormente utilizados no pedido de compensação como imposto indevido, quando o correto seria como saldo negativo; 3.5. após o recebimento do Despacho Decisório, retificou a Ficha 12B da DIPJ/2007, assim como o PER/DCOMP nº 33829.68784.230207.1.3.021936, como forma de corroborar o acima exposto, constituindo assim um saldo negativo de R$ 103.179,76, o qual faz jus; 3.6. reconhece que, considerar o crédito como imposto indevido e não como saldo negativo, gera uma diferença a ser recolhida aos cofres públicos, no entanto, o valor não deve corresponder à totalidade exigida no Despacho Decisório, mas somente à multa e aos juros atualizados; 3.7. assim, considerou o crédito como pagamento indevido ou a maior quando da transmissão do PER/DCOMP nº 09669.92226.280307.1.3.048449 em 28/03/2007, no total de R$ 7.285,16 (principal: R$ 5.877,97; multa: R$ 1.175,60; juros: R$ 231,59), porém o correto seria considerar o valor principal atualizado pela taxa SELIC de janeiro/2007 até março/2007, totalizando R$ 6.051,37, restando uma diferença a ser recolhida de R$ 1.233,78; 3.8. o erro no preenchimento da DIPJ e do PER/DCOMP não exclui o direito à utilização do saldo mencionado, uma vez que se tratam de erros formais, sendo dever da Administração Pública a busca pela verdade material, ou seja, tais como se apresentam na realidade, sendo certo que, para tanto, devem ser considerados todos os dados, informações e documentos a respeito da matéria aqui tratada; 3.9. desse modo, a simples ocorrência de erro formal não macula a existência do crédito pleiteado, conforme já reiterado inúmeras vezes pelas DRJ (Acórdãos nº 1518706/ 2009 e nº 0620283/ 2008) e pelo CARF (Acórdão nº 10417249/ 1999) acerca da situação fática de erro de preenchimento de meio eletrônico, ao concluírem, em suma, que a verdade material deve prevalecer sobre a formal; 3.10. o equívoco jamais pode culminar na desconsideração do crédito oriundo do saldo negativo apurado no ano calendário de 2006, não havendo qualquer mácula na efetiva existência do Fl. 211DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900883/201048 Acórdão n.º 1201001.323 S1C2T1 Fl. 5 4 crédito a ser compensado, tendo em vista que, em hipótese alguma a forma pode se sobrepor à essência; 3.11. é nítida a existência do crédito a que tem direito e que agora é compelida a devolver aos cofres públicos; 3.12. se a manifestação de inconformidade não for acolhida estará a Receita Federal obtendo vantagem patrimonial sem justa causa, o que constitui enriquecimento ilícito, instituto esse fortemente repudiado tanto pelos Tribunais Administrativos como pelos Tribunais Superiores do Judiciário; 3.13. diante do exposto, demonstrada a improcedência parcial do indeferimento do pleito, requer a homologação parcial da compensação efetuada, devendo ser considerada a diferença recolhida em DARF anexo. ... A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ/RJ1/RJ) indeferiu o pleito, conforme decisão proferida no Acórdão nº 1242.019, de 31 de outubro de 2011, cientificado ao interessado em 19/12/2013 (Aviso de Recebimento, AR). A decisão recorrida possui a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 06/09/2010 LUCRO REAL ANUAL. PER/DCOMP. PAGAMENTO A MAIOR DE ESTIMATIVA UTILIZADO NA COMPOSIÇÃO DO SALDO NEGATIVO AINDA PENDENTE DE ANÁLISE OU ALTERAÇÃO.CRÉDITO NÃO RECONHECIDO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Comprovado que o crédito pleiteado no PER/DCOMP objeto destes autos, oriundo de pagamento a maior de estimativa de IRPJ, compõe o saldo negativo apurado ao término do ano calendário e que esse saldo credor, pleiteado em dois outros PER/DCOMP, se encontra pendente de análise pela autoridade administrativa competente, não se reconhece o direito creditório e não se homologa a compensação declarada, por ausência de liquidez e certeza do crédito pleiteado (art.170 do CTN). Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Conforme o despacho de encaminhamento, a pessoa jurídica interpôs recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, em 18/01/2013. A Recorrente insurgese contra o acórdão recorrido por haver concluído que, em decorrência da pendência de análise dos PER/DCOMPs n° 16859.8 0336.211010.1.7.02 0768 e 34109.77151.211010.1.7.026122, bem como da possibilidade de modificação dos PER/DCOMPs enviados e da apresentação de novos pedidos de compensação que se utilizem Fl. 212DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900883/201048 Acórdão n.º 1201001.323 S1C2T1 Fl. 6 5 do mesmo saldo negativo, o direito creditório ora pleiteado não seria liquido e certo. Nestes termos, não homologara a compensação declarada. A Recorrente diz que o entendimento é equivocado, pelo que o acórdão recorrido, deve ser integralmente reformado. Alega que: não cabe prejuízo ao julgamento, por depender o presente processo da análise de outras compensações, pois, afronta o principio da eficiência, em razão da não homologação do pedido de compensação por ausência de julgamentos de processos vinculados ao mesmo crédito. a autoridade Fiscal limitouse a afirmar que o crédito pleiteado por meio da PER/DCOMP formalizada nos presentes autos não apresentavam liquidez e certeza, sem ao menos possuir consistente fundamentação e provas, atendose somente a fatos advindos de hipotéticas alterações nas compensações envolvendo o mesmo crédito. de acordo com o principio da verdade material,deve o julgador analisar se, de fato, ocorreu a hipótese abstratamente prevista na norma e em caso de manifestação do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade,independente do alegado e provado. no âmbito do processo administrativo, além da Verdade Real, impera o Principio da Oficialidade, o qual impõe à Autoridade Fiscal o dever de impulsionar o feito, efetuando diligências, solicitando documentos, com o fito de concluir o processo administrativo em fiel consonância com a verdade real e com a realidade dos fatos. o acórdão proferido nos presentes autos deve ser prontamente reformado, devolvendose os autos aos órgãos fiscalizatórios competentes para analisar o direito creditório da Requerente, bem como a regularidade das declarações de compensação transmitidas à Secretaria da Receita Federal do Brasil, de modo a verificar o verdadeiro e correto valor do Saldo Negativo da Requerente no ano calendário de 2006 e, por conseguinte, do montante do crédito efetivamente disponível para utilização nas compensações formalizadas no presente processo administrativo, bem como em eventuais outros processos. Finalmente requer seja dado provimento ao recurso voluntário, para que sejam homologadas as compensações requeridas, tendo em vista a existência de crédito a favor da Recorrente decorrente da apuração de saldo negativo de IRPJ em 31/12/2006. Caso não seja este o entendimento desse colegiado, requer a baixa dos autos para os órgãos fiscalizatórios da Secretaria da Receita Federal do Brasil para que procedam a análise do crédito objeto dos presentes autos, em conjunto com os demais processos e PER/DCOMP que envolvam o aproveitamento do saldo negativo de IRPJ do ano base encerrado em 31/12/2006. Protesta a Recorrente pela exposição de razões adicionais às aqui expendidas, bem como pela sustentação oral de suas razões quando do julgamento do Recurso Voluntário por essa Turma julgadora. A extinta 2ª Turma ESpecial da 1ª Seção de Julgamento do CARF, com o intuito de esclarecer os fatos, mediante a Resolução nº 1802000.317, de 11/09/2013, decidiu pela conversão do julgamento em diligência para a Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Maiores Contribuintes – Demac/RJO informar, se da análise dos PER/DCOMPs n° Fl. 213DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900883/201048 Acórdão n.º 1201001.323 S1C2T1 Fl. 7 6 16859.80336.211010.1.7.020768 e 34109.77151.211010.1.7.026122, e outros, restou reconhecido o saldo credor de IRPJ do ano calendário de 2006, no montante de R$ 103.179,78 e, qual a sua utilização para fins de compensação de débitos, para que se possa homologar ou não a compensação declarada pelo contribuinte e extinção dos débitos de que tratam os presentes autos e informar se os PER/DCOMPs n° 16859.80336.211010.1.7.020768 e 34109.77151.211010.1.7.026122 constam de processo administrativo fiscal em tramitação e se existem decisões administrativas em relação a tais PER/DCOMPs. A Demac/RJO elaborou Despacho conclusivo para a análise, cientificado ao sujeito passivo em 22/11/2014, que se manifestou em 08/12/2013. Os autos foram devolvidos ao CARF para prosseguir o julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72. Dele conheço. Para facilitar o entendimento da lide transcrevo o voto condutor da Resolução nº 1802000. 317, de 11/09/2013, mencionada no relatório acima, no sentido de elucidar os fatos: Conforme relatado, o crédito de R$ 7.285,16, aventado nos presentes autos, referese a pagamento indevido ou a maior de estimativa de IRPJ, realizado por meio de DARF (cód. 2319), no valor total de R$ 24.283,87, referente ao período de apuração de 30/10/2006. declarado no PER/DCOMP nº 09669.92226.280307.1.3.048449,(fls.02/06). Os fatos e fundamentos para o indeferimento do pleito, em sede de primeira instância, estão bem explicados no voto condutor do acórdão recorrido do qual se extraem os seguintes excertos: ... 7. Em consulta ao Sistema IRPJ, verifico que a interessada apresentou três DIPJ no ano calendário de 2006: a original (nº 1220872), em 29/06/2007, uma retificadora/cancelada (nº 1514415), em 25/08/2008, e outra retificadora/ativa (nº 1570152), em 21/10/2010, após a ciência do Despacho Decisório em 21/09/2010. Em todas três, são idênticos os valores das estimativas mensais informados na Ficha 11 (“Cálculo do Imposto de Renda Mensal por Estimativa”), os quais totalizam R$ 9.617.173,50 (fls.59/70), como demonstrado a seguir: ... Fl. 214DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900883/201048 Acórdão n.º 1201001.323 S1C2T1 Fl. 8 7 8. A interessada afirma, que após o recebimento do Despacho Decisório procedeu à retificação da Ficha 12B da DIPJ/2007, passando a fazer jus ao saldo negativo de R$ 103.179,76. 9. O Sistema IRPJ confirma (fls. 71/73), que o motivo do acréscimo do saldo negativo está no preenchimento da Ficha12B (“Cálculo do IR sobre o Lucro Real”), eis que, enquanto nas duas primeiras DIPJ a parcela dedutível do “Imposto de Renda Mensal Pago por Estimativa” apresenta o valor de R$ 9.617.173,50, na DIPJ retificadora/ativa consta R$ 9.652.441,32. Consequentemente, o saldo negativo de R$ 67.911,94 das duas primeiras restou acrescido para R$ 103.179,76 na última DIPJ, como sintetizado a seguir: ... 10. Alega a interessada que, por essa razão, também efetuou a retificação do PER/DCOMP nº 33829.68784.230207.1.3.021936 após a ciência do Despacho Decisório. De fato, no PER/DCOMP retificador de nº 16859.80336.211010.1.7.020768 (fls.39/51) declara a compensação de débito de IRPJ utilizando o crédito de R$ 67.850,66, proveniente do saldo negativo retificado de R$ 103.179,76. Após a compensação, o saldo do crédito original soma o montante de R$ 35.329,10. 11. Em pesquisa ao Sistema SIEFWeb (fls. 114), constato que a interessada também transmitiu, na mesma data, outro PER/DCOMP, de nº 34109.77151.211010.1.7.026122 (fls. 74/77), no qual se utiliza de parcela do referido crédito remanescente de R$ 35.329,10, para compensar débito de IRPJ, apurando, após a compensação, o saldo de crédito de R$ 35.267,82. 12. Assim, há necessidade de se averiguar se o excesso recolhido a título de estimativa de IRPJ integra o saldo negativo de R$ 103.179,76 pleiteado no PER/DCOMP nº 16859.80336.211010.1.7.020768, e se esse excesso foi utilizado para compensação de algum débito. ... 16. Com base nos dados informados na DIPJ/2007 retificadora/ativa, nas DCTF do ano calendário de 2006 e nos recolhimentos de estimativa efetuados constantes do Sistema SIEFWeb, elaborei o seguinte demonstrativo: ... 17. De sua análise, fica evidente que a interessada cometeu, de fato, um erro material no preenchimento das duas primeiras DIPJ/2007, ao deixar de informar na Ficha 12B das respectivas declarações o efetivo valor do “Imposto de Renda Mensal Pago por Estimativa” – R$ 9.652.441,32 – e, consequentemente, do saldo negativo – R$ 103.179,78 após todos os recolhimentos de Fl. 215DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900883/201048 Acórdão n.º 1201001.323 S1C2T1 Fl. 9 8 estimativa de IRPJ efetuados. Por essa razão, procedeu à entrega da terceira e última DIPJ/2007, ainda que após o recebimento do Despacho Decisório. 18. Vêse, assim, que todas as estimativas de IRPJ recolhidas a maior, no período de julho a dezembro/2006, totalizando o valor original de R$ 35.267,84, compõem efetivamente o saldo negativo de R$ 103.179,78, pleiteado no PER/DCOMP nº 16859.80336.211010.1.7.020768 e no PER/DCOMP nº 34109.77151.211010.1.7.026122. 19. A conduta da interessada de promover a retificação da DIPJ/2007 após a ciência do Despacho Decisório, bem demonstra o seu intuito de pleitear como crédito oriundo de saldo negativo, tanto os complementos de estimativa efetivamente recolhidos como os valores recolhidos a maior. Prova está na retificação do PER/DCOMP nº 33829.68784.230207.1.3.021936 pelo de nº 16859.80336.211010.1.7.020768 e, ainda, na transmissão do PER/DCOMP nº 34109.77151.211010.1.7.026122, para declarar compensação de débitos com crédito oriundo do saldo negativo de R$ 103.179,78, no qual se incluem os valores pagos em excesso. Desse modo, a presente análise deve se ater ao mencionado saldo negativo retificado. 20. Sobre a matéria, o artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN) dispõe que os créditos contra a Fazenda Pública devem ser líquidos e certos: ... 21. No caso concreto, o crédito pleiteado não apresenta, todavia, os requisitos de liquidez e certeza exigidos no referido diploma legal, pelos motivos que passo a expor. 22. Os PER/DCOMP de nº 16859.80336.211010.1.7.020768 e 34109.77151.211010.1.7.026122, por meio dos quais a interessada utiliza como crédito, para efeito de compensação, parte do saldo negativo de R$ 103.179,78, ainda se encontram pendentes de análise conclusiva, de acordo com as informações extraídas do Sistema SIEFWeb (fls. 111 e 113). Em decorrência, o exame desse saldo credor não se consumou até a presente data, podendo ele ser confirmado ou não pela autoridade administrativa de jurisdição da interessada, do mesmo modo que o saldo remanescente de R$ 35.267,82 indicado no PER/DCOMP nº 34109.77151.211010.1.7.026122. 23. Vale ressaltar, que descabe nesta instância administrativa o exame do referido saldo negativo, eis que, se assim ocorresse, estarseia incorrendo em supressão de instância, com evidente prejuízo para a interessada no que concerne à sua defesa. 24. Outro fator que contribui para aumentar a incerteza quanto ao valor do crédito é o fato de o saldo negativo se referir ao ano calendário de 2006. Nessas condições, uma vez ocorrido o fato gerador em 31/12/2006, tem a interessada a possibilidade de, no Fl. 216DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900883/201048 Acórdão n.º 1201001.323 S1C2T1 Fl. 10 9 prazo decadencial de 5 (cinco) anos, ou seja, até 31/12/2011, alterar pedidos feitos em PER/DCOMP anteriores ou mesmo apresentar novos pedidos, com a finalidade de compensar débitos com crédito proveniente desse saldo negativo, de vez que os excessos recolhidos de julho a dezembro/2006 se encontram disponíveis. 25. À vista do exposto, voto no sentido de não acolher as razões da manifestação de inconformidade interposta, motivo pelo qual não reconheço o direito creditório pleiteado no PER/DCOMP nº 09669.92226.280307.1.3.048449 e não homologo a compensação nele declarada, do débito de CSLL, PA fevereiro/2007. Como se vê, a conclusão da DRJ é que: Comprovado que o crédito pleiteado no PER/DCOMP objeto destes autos, oriundo de pagamento a maior de estimativa de IRPJ, compõe o saldo negativo apurado ao término do ano calendário e que esse saldo credor, pleiteado em dois outros PER/DCOMP, se encontra pendente de análise pela autoridade administrativa competente, não se reconhece o direito creditório e não se homologa a compensação declarada, por ausência de liquidez e certeza do crédito pleiteado (art.170 do CTN). A Recorrente não se insurge quanto ao entendimento expendido pela DRJ no sentido de que o valor pleiteado no PER/DCOMP sob análise decorre de excesso de estimativa que compõe o saldo credor do IRPJ, declarado na DIPJ/2007, objeto de compensação em dois outros PER/DCOMP. A pretensão da Recorrente em sede recursal é que, os PER/DCOMPs n° 16859.8 0336.211010.1.7.020768 e 34109.77151.211010.1.7.026122 em que se analisa o saldo credor do IRPJ de 2006, não sejam óbice para a deliberação do pleito de que tratam os presentes autos. A Recorrente pede que sejam devolvidos os autos aos órgãos fiscalizatórios competentes para analisar o direito creditório da Requerente, bem como a regularidade das declarações de compensação transmitidas à Secretaria da Receita Federal do Brasil, de modo a verificar o verdadeiro e correto valor do Saldo Negativo da Requerente no ano calendário de 2006 e, por conseguinte, do montante do crédito efetivamente disponível para utilização nas compensações formalizadas no presente processo administrativo, bem como em eventuais outros processos. Finalmente requer seja dado provimento ao recurso voluntário, para que sejam homologadas as compensações requeridas, tendo em vista a existência de crédito a favor da Recorrente decorrente da apuração de saldo negativo de IRPJ em 31/12/2006. Caso não seja este o entendimento desse colegiado, requer a baixa dos autos para os órgãos fiscalizatórios da Secretaria da Receita Federal do Brasil para que procedam a análise do crédito objeto dos presentes autos, em conjunto com os demais processos e Fl. 217DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900883/201048 Acórdão n.º 1201001.323 S1C2T1 Fl. 11 10 PER/DCOMP que envolvam o aproveitamento do saldo negativo de IRPJ do ano base encerrado em 31/12/2006. Resta comprovado que o crédito pleiteado no PER/DCOMP objeto destes autos, oriundo de pagamento a maior de estimativa de IRPJ, relativo ao período de julho/2006, compõe o saldo negativo de R$ 103.179,78, apurado ao término do ano calendário de 2006, utilizado para compensação de débitos. Com efeito, descaracterizado o indébito do pagamento de estimativa, em virtude da afirmação acima, pode, em tese, ser atendido, em parte, o pedido formulado, na forma de saldo negativo, desde que reconhecido e informados os débitos compensados, via PER/DCOMP. Diante do exposto, voto no sentido de que os presentes autos sejam encaminhados à Delegacia de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro – DEMAC/RJ, que expediu o despacho decisório, para diligenciar e informar, se da análise dos PER/DCOMPs n° 16859.80336.211010.1.7.020768 e 34109.77151.211010.1.7.02 6122, e outros, restou reconhecido o saldo credor de IRPJ do ano calendário de 2006, no montante de R$ 103.179,78 e, qual a sua utilização para fins de compensação de débitos, para que se possa homologar ou não a compensação declarada pelo contribuinte e extinção dos débitos de que tratam os presentes autos. Finalmente informar se os PER/DCOMPs n° 16859.8 0336.211010.1.7.020768 e 34109.77151.211010.1.7.026122 constam de processo administrativo fiscal em tramitação e se existe decisões administrativas em relação a tais PER/DCOMPs. Realizada a diligência, deve ser elaborado relatório circunstanciado, do qual deve ser dada ciência ao Contribuinte para sua manifestação, se do seu interesse, no prazo de 30 (trinta dias). Apresentada a manifestação ou transcorrido o prazo, devem os autos retornar ao CARF para prosseguimento do julgamento. ... A Delegacia de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro – DEMAC/RJ após verificar a situação dos mencionados PER/DCOMP, conforme constam do sistema SIEF Web, proferiu despacho com a seguinte informação: (...) PER/DCOMP nº 34109.77151.211010.1.7.026122 (fls. 170). A compensação pleiteada neste PER/DCOMP foi totalmente homologada. O crédito é de saldo negativo de IRPJ do exercício 2007 e seu valor transmitido é de R$ 35.329,10. O débito no valor de R$ 65,50, código de receita 231901, data do fim do PA 30/06/2007 e vencimento em 31/07/2007 foi extinto. O PER/DCOMP com informação do crédito é o de nº 33829.68784.230207.1.3.021936. Fl. 218DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900883/201048 Acórdão n.º 1201001.323 S1C2T1 Fl. 12 11 PER/DCOMP nº 30693.88902.170707.1.3.028798 (fls. 171). Este PER/DCOMP foi cancelado pela retificadora 34109.77151.211010.1.7.026122. ... PER/DCOMP nº 16859.80336.211010.1.7.020768 (fls. 176). A compensação pleiteada neste PER/DCOMP foi totalmente homologada. O crédito é de saldo negativo de IRPJ do exercício 2007 e seu valor transmitido é de R$ 103.179,76. O débito no valor de R$ 69.261,95, código de receita 231901, data do fim do PA 31/01/2007 e vencimento em 28/02/2007 foi extinto. ... Depreendese da informação acima que houve o reconhecimento total de saldo negativo do IRPJ relativo ao ano calendário de 2006 no valor de R$ 103.179,76, do qual foi utilizado parte à compensação homologada do débito de R$ 69.261,95 mediante o PER/DCOMP nº 16859.80336.211010.1.7.020768, e outra parte à compensação homologada do débito de R$ 65,50 mediante o PER/DCOMP nº 34109.77151.211010.1.7.026122. Desse modo, verificado o mencionado saldo negativo no valor de R$ 103.179,76, inexiste óbice para que a pessoa jurídica possa utilizar o valor remanescente do referido saldo negativo para outro pedido de compensação, no caso o PER/DCOMP nº 09669.92226.280307.1.3.048449, respeitado o limite do crédito reconhecido e o valor ainda não utilizado pelo contribuinte. Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório no valor total de R$ 103.179,76, devendo a DCOMP objeto do presente processo ser homologada até o limite do crédito reconhecido, observadas, todavia, as demais compensações já realizadas com o mesmo crédito. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa. Fl. 219DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 12448.732956/2012-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 03 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2010
NULIDADE DO LANÇAMENTO
Afasta-se a nulidade argüida, ante a comprovação de que o auto de infração foi formalizado com obediência a todos os requisitos previstos em lei.
ASSUNTO: Imposto Sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. ERRO MATERIAL NO PREENCHIMENTO DA DIPJ. RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO.
Comprovado erro material no preenchimento da DIPJ, é devida a sua retificação para a obtenção do montante exato do tributo devido.
Numero da decisão: 1301-001.908
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade do votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício e DAR provimento ao recurso voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Wilson Fernandes Guimarães - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Hélio Eduardo de Paiva Araújo - Relator.
EDITADO EM: 27/01/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo, Paulo Jakson da Silva Lucas, Gilberto Baptista (suplente convocado) e Wilson Fernandes Guimarães.
Nome do relator: HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade do votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício e DAR provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Wilson Fernandes Guimarães - Presidente. (documento assinado digitalmente) Hélio Eduardo de Paiva Araújo - Relator. EDITADO EM: 27/01/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo, Paulo Jakson da Silva Lucas, Gilberto Baptista (suplente convocado) e Wilson Fernandes Guimarães.
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010 NULIDADE DO LANÇAMENTO Afastase a nulidade argüida, ante a comprovação de que o auto de infração foi formalizado com obediência a todos os requisitos previstos em lei. ASSUNTO: Imposto Sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. ERRO MATERIAL NO PREENCHIMENTO DA DIPJ. RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO. Comprovado erro material no preenchimento da DIPJ, é devida a sua retificação para a obtenção do montante exato do tributo devido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade do votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício e DAR provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Wilson Fernandes Guimarães Presidente. (documento assinado digitalmente) Hélio Eduardo de Paiva Araújo Relator. EDITADO EM: 27/01/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo, Paulo Jakson da Silva Lucas, Gilberto Baptista (suplente convocado) e Wilson Fernandes Guimarães. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 73 29 56 /2 01 2- 46 Fl. 347DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES 2 Relatório CACHOEIRA PAULISTA TRANSMISSORA DE ENERGIA S.A., já qualificada nos autos, recorre de decisão proferida pela 2a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ DRJ/RJ1, que, por unanimidade, julgou parcialmente procedente a manifestação de inconformidade, considerando devido o imposto sobre a renda de pessoa jurídica no valor de R$ 154.758,56, acrescido de multa de ofício de 75% e de encargos moratórios e exonerou o interessado da exigência da contribuição social sobre o lucro líquido. Consta da decisão recorrida o seguinte relato: Trata o presente processo de autos de infração lavrados no âmbito da Delegacia da Receita Federal do Brasil no Rio de Janeiro – DRF/RJ1 por meio dos quais são exigidos do interessado acima identificado o imposto sobre a renda de pessoa jurídica – IRPJ no valor de R$ 8.054.805,69 (fls.102/106) e a contribuição social sobre o lucro líquido CSLL no valor de R$ 2.707.643,76 (fls.107/111), acrescidos de multa de ofício de 75% e de encargos moratórios. 2. Em procedimento de revisão interna da declaração de informações econômicofiscais da pessoa jurídica DIPJ/2011, anocalendário 2010, a autoridade fiscal constatou inconsistência entre os valores apurados e recolhidos pelo interessado a título de IRPJ e CSLL (termo de verificação fiscal às fls.99/101). IRPJ CSLL Valor Apurado na DIPJ 15.798.435,75 5.440.999,51 Pagamento Efetuado 6.585.418,30 2.085.773,85 Pagamento Estimativa 1.158.211,76 657.581,90 = Insuficiência de Tributo 8.054.805,69 2.707.643,76 3. Constatou também que o interessado declarou nas Fichas 11 (Cálculo do Imposto de Renda Mensal por Estimativa) e 16 (Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido por Estimativa) da DIPJ a opção pelo pagamento das exações com base na receita bruta e acréscimos. No livro de Apuração do Lucro Real LALUR, entretanto, escriturou com base em balancete de suspensão. 4. Intimado a justificar as divergências, o interessado ratificou o cálculo das estimativas com base na receita bruta e acréscimos. Apresentou planilha com a memória de cálculo dos tributos apurados mensalmente, acompanhada dos balancetes analíticos levantados no período. Quanto à insuficiência de recolhimento, mantevese silente. 5. A fiscalização concluiu que apesar de a DIPJ ter sido preenchida incorretamente, pois os valores recolhidos a título de estimativa não foram deduzidos na Ficha 12 (Cálculo do Imposto de Renda sobre o lucro Real) e 17 (Cálculo da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido), suas informações estavam devidamente embasadas nos demonstrativos contábeis. 6. Os tributos apurados na DIPJ não foram declarados em DCTF, razão pela qual foi levado a efeito o lançamento tributário relativo à insuficiência de recolhimento. Enquadramento legal: art. 841, incisos I, III e IV do RIR/1999. Fl. 348DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 12448.732956/201246 Acórdão n.º 1301001.908 S1C3T1 Fl. 338 3 7. Cientificado da exigência em 04/10/2012, o interessado apresentou em 01/11/2012 a impugnação de fls. 116/124, acompanhada dos documentos de fls.125/237, alegando, em síntese, que: • nulidade do lançamento, em face de vícios e contradições na autuação; • apesar de reconhecer vícios da DIPJ, o autuante parte de valores nela declarados para apontar suposta falta de recolhimento de IRPJ e CSLL. Se preenchida incorretamente, não pode servir como base para subsidiar o lançamento de ofício; • apesar de a DIPJ mostrar um lucro real tributável de R$ 63.289.743,00 (Ficha 09A), estava claro, pela própria DIPJ, que esse valor não era consistente e estava superestimado, pois nas Fichas 04A e 05A não se encontravam alocados, respectivamente, nenhum custo dos bens e serviços vendidos e nenhuma despesa dedutível, o que é totalmente impensável para qualquer empresa. ”Era evidente que havia erros e omissões na DIPJ, esclarecidos pelos documentos apresentados no curso da fiscalização, mas que não foram considerados pelo autuante; no LALUR e balancete de dezembro de 2010 é possível constatar lucro real tributável de R$ 31.558.292,10, ou seja, R$ 31.731.450,00 menor do que o declarado na DIPJ; • ocorreu também erro de preenchimento nas linhas 1 e 2 da Ficha 09A a título de” Lucro Líquido antes do IRPJ” e de “Ajuste do Regime Tributário de Transição RTT” no valor de R$ 28.766.003,63. Tal valor é idêntico ao “Lucro Líquido antes do IRPJ (Ficha 07A – Linha 71) e foi objeto de um mero erro de transcrição; • na verdade, a linha 1 da Ficha 09 A é que deveria ter sido preenchida com o valor de R$ 28.766.003,63, enquanto a Linha 2 deveria permanecer zerada. Automaticamente a linha 88 da mesma Ficha indicaria um lucro real de R$ 31.689.546,49, muito próximo ao montante de R$ 31.558.292,10 constante do LALUR; • apesar de erro no preenchimento da DIPJ, houve o pagamento integral do IRPJ e CSLL efetivamente devidos em 2010; • na pior das hipóteses, deveria ter sido autuada por meras incorreções e omissões formais, nos termos do art. 6º, II, §3º, da Instrução Normativa RFB n º 1.149, de 2011, devendo pagar a multa máxima de R$ 500,00. 8. O julgamento foi convertido em diligência, para que a autoridade autuante informasse o valor correto a título de ajuste positivo ou negativo de RTT apurado pelo interessado no anocalendário de 2010. Resultado da diligência às fls. 244. Diante da manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte, o processo foi encaminhado a DRJ/RJ1 para manifestação acerca da lide, onde fora proferido o acórdão de nº 1253.056, o qual, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade para: (i) considerar devido o Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica no valor de R$ 154.758,56, acrescido de multa de ofício de 75% e de encargos moratórios e (ii) exonerar o interessado da exigência da Contribuição Sobre o Lucro Líquido, nos termos da ementa abaixo: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010 Fl. 349DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES 4 NULIDADE DO LANÇAMENTO Afastase a nulidade argüida, ante a comprovação de que o auto de infração foi formalizado com obediência a todos os requisitos previstos em lei. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. ERRO MATERIAL NO PREENCHIMENTO DA DIPJ. RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO. Comprovado erro material no preenchimento da DIPJ, é devida a sua retificação para a obtenção do montante exato do tributo devido. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2010 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. ERRO MATERIAL NO PREENCHIMENTO DA DIPJ. RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO. Cancelase o lançamento quando comprovado erro material no preenchimento da DIPJ, cuja revisão originou a formalização da exigência. A ora Recorrente, devidamente cientificada do acórdão recorrido, apresenta recurso voluntário tempestivo, onde repisa os argumentos apresentados em sede de manifestação de inconformidade, reiterando os mesmos pedidos que já haviam sido formulados e traz, em apertada síntese, os seguintes argumentos adicionais: • que nem mesmo esse saldo de IRPJ é devido, pois no seu cálculo se partiu de um lucro real ligeiramente maior que o efetivo e, sobretudo, • que deixaram de ser considerados recolhimentos de imposto de renda retido na fonte IRRF sobre pagamentos de clientes/órgãos públicos, • bem como de IRRF sobre aplicações financeiras ao longo do ano, que, também por equívocos de preenchimento da DIPJ/2011, acabaram não sendo declarados na Ficha 12A, mas que estão devidamente contabilizados e constam no próprio banco de dados/sistema da fiscalização. Tendo sido o processo distribuído para minha relatoria, o mesmo fora devidamente incluído na pauta da sessão de julgamento de 21 de outubro de 2014, onde, por unanimidade de votos, entendeuse por convertêlo em diligência, a fim de que a unidade preparadora se manifestasse sobre os seguintes pontos: a) confirme a validade do extrato “Fontes Pagadoras – Informações apresentadas em DIRF do anocalendário de 2010” que consta às fls. 296 e ss., ou que junte extrato que entenda capaz de comprovar os IRRF em favor da recorrente; b) faça acostar aos autos demonstrativo detalhado e analítico do IRRF realizado por clientes/órgãos públicos – códigos 6147 e 6190 –, cotejando tais informações com aquelas que estavam declaradas nas linhas 10 dos meses de janeiro Fl. 350DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 12448.732956/201246 Acórdão n.º 1301001.908 S1C3T1 Fl. 339 5 a novembro da Ficha 11 da DIPJ/2011 para ao final manifestarse conclusivamente quanto ao valor que deveria ter sido transportado para a Linha 16 da Ficha 12A da mesma DIPJ, incluindo, se for o caso, eventual valor relativo ao mês de dezembro; e c) faça acostar aos autos demonstrativo detalhado e analítico do IRRF realizado sobre aplicações financeiras – códigos 3426 e 6800 –, uma vez que tais valores, por erro material, não foram declaradas em DIPJ e, assim, não foram transportados para a Linha 15 da Ficha 12A da DIPJ 2011. Em 10 de março de 2015, a Divisão de Fiscalização da DRF/RJ1 proferiu relatório, devidamente consubstanciado, nos seguintes termos: Para atender a solicitação do CARF, consultamos, nos sistemas da RFB, as DIRF nas quais o contribuinte constava como beneficiário no anocalendário de 2010. As consultas estão anexadas às folhas 315 a 329. Quanto ao item a, informamos que o extrato "Fontes Pagadoras Informações apresentadas em DIRF do ano calendário de 2010" representa fielmente as informações constantes nos sistemas da RFB. Quanto ao item b, encontramos pequenas divergências entre os valores informados nas linhas 10 dos meses de janeiro a novembro da Ficha 11 da DIPJ/2011 e os valores retidos na fonte, sob os códigos 6147 e 6190, após as aplicações dos percentuais previstos na legislação, conforme planilha abaixo: [...] Ainda sobre o item b, informamos que poderia ter sido transportado para a linha 16 da Ficha 12A da DIPJ, o valor de R$ 160.407,37. Por fim, em atendimento ao item c, informamos que nas consultas anexadas às folhas 315 a 329 consta o demonstrativo detalhado e analítico do IRRF realizado sobre aplicações financeiras códigos 3426 e 6800 somando R$ 166.883,62. Concluída a diligência, foi dada ciência à recorrente do relatório ao contribuinte, concedendolhe prazo para se manifestar nos autos. É o relatório. Fl. 351DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES 6 Voto Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo RECURSO DE OFÍCIO Quanto à admissibilidade do recurso de ofício, devese ressaltar o teor do art. 1º da Portaria MF nº 3, de 03/01/2008, publicada no DOU de 07/01/2008, a seguir transcrito: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). No caso em tela, ao somar os valores correspondentes a tributo e multa afastados em primeira instância, verifico que superam o limite de um milhão de reais, estabelecido pela norma em referência. Portanto, o recurso de ofício é cabível, e dele conheço. Não há o que se reformar no Acórdão proferido pelo órgão a quo uma vez que restou devidamente comprovado o cometimento, por parte da ora recorrente, de diversos erros no preenchimento da DIPJ/2011, anocalendário 2010. O “superestimado" lucro real apurado na Ficha 09A (Demonstração do Lucro Real PJ em Geral) no valor de R$ 63.289.743,00 resulta da falta de preenchimento das Fichas 04A (Custo dos Bens e Serviços Vendidos) e 05A (Despesas Operacionais). Os gastos operacionais incorridos na transmissão de energia elétrica (atividade econômica da recorrente) foram declarados na linha 40 (despesas operacionais) da Ficha 07A (Demonstração do Resultado). Desta forma, o lucro líquido apurado em 31/12/2010, consignado na linha 69 da referida Ficha no valor de R$ 31.600.196,51, corresponde ao apurado no balancete analítico de fls.215. Nos termos da legislação de regência, o interessado deveria: 1) calcular a provisão da CSLL; e depois 2) transpor para a linha 01 (Lucro líquido antes do IRPJ) da Ficha 09A (Demonstração do Lucro Real) o lucro líquido deduzido da referida provisão da CSLL ou seja, o montante apurado na linha 71 da Ficha 07 A (R$ 28.766.003,63). Todavia, incorreu em erro ao indicar na linha 01 da Ficha 09 o montante de R$ 31.600.196,51, em vez de R$ 28.766.003,63, que, por sua vez, foi indicado na linha 02 (Ajuste do Regime Tributário de Transição RTT) da mesma Ficha. Os dois valores somados perfazem o total (errôneo) de R$ 60.366.200,14. O mesmo erro foi cometido no preenchimento das linhas 01 (Lucro líquido antes da CSLL) e 02 (Ajuste do Regime Tributário de Transição RTT) da Ficha 17 (Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). Fl. 352DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 12448.732956/201246 Acórdão n.º 1301001.908 S1C3T1 Fl. 340 7 A Instrução Normativa RFB nº 949, de 2009, instituiu o Controle Fiscal Contábil de Transição (FCont). Tratase de um sistema de escrituração onde são evidenciadas as diferenças entre a escrituração apurada de acordo com as novas regras contábeis (a partir de 1° de janeiro de 2008) e a regras para fins fiscais que consideram a legislação até 31 de dezembro de 2007. Basicamente, no FCONT são informados os expurgos e as inclusões que devem ser realizados na escrituração societária para que se retorne às regras de escrituração válidas em 31 de dezembro de 2007 (escrituração fiscal). No caso sob exame, comprovado o erro manifesto do interessado ao informar o valor de R$ 28.766.003,63 a título de ajuste (positivo ou negativo) de RTT na linha 02 das Fichas 09 A e 17, foi necessária a realização de diligência para a apuração do valor correto de ajuste (fl.241). Às fls.244, a autoridade diligenciadora assim concluiu: Sr. Chefe,em atenção à Resolução de 03/12/2012, da 2ª Turma da DRJ/RJ1, informo que o contribuinte apresentou o FCONT Controle Fiscal Contábil de Transição para o anocalendário de 2010 em branco, conforme se pode observar do extrato anexado. Assim, não há valor de ajuste positivo ou negativo do RTT a ser indicado na linha 02 das Fichas 09 A e 17 da DIPJ/2011 (...). Em sendo assim, com fundamento no § 2º do art. 147 do Código Tributário Nacional CTN, correto o entendimento do órgão a quo, pois era imperativo que se procedesse com a retificação de ofício das Fichas 09A e 17 da DIPJ/2011 do contribuinte. Diante do acima exposto, nego provimento ao recurso de ofício. RECURSO VOLUNTÁRIO O Recurso Voluntário é tempestivo, bem como atende aos demais requisitos de admissibilidade do Decreto 70.235/72, portanto, dele conheço. Feitas as retificações de ofício das Fichas 09A e 17 da DIPJ/2011, o contribuinte apurou um lucro real nos seguintes montantes: FICHA 09A FICHA 17 Lucro Líquido 28.766.003,63 28.766.003,63 Ajuste do RTT Lucro Líquido após RTT 28.766.003,63 28.766.003,63 Adições 5.157.150,14 2.322.957,26 () Exclusões 2.233.607,28 2.233.607,28 Lucro Real / CSLL 31.689.546,49 28.855.353,61 Por conseguinte, o IRPJ a pagar em 31/12/2010, conforme abaixo demonstrado: Fl. 353DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES 8 Contudo, o valor de IRPJ a pagar acima destacado não pode prosperar, uma vez que referido valor não levou em consideração as antecipações realizadas pelo contribuinte a título de IRRF em pagamentos recebidos de órgão publico (códigos 6147 e 6190), bem como o IRRF sobre aplicações financeiras de renda fixa (códigos 3426 e 6800), conforme comprovado pelo Relatório de Diligência Fiscal de fls 330. Diante dessas correções, comprovadas pela Relatório de Diligência, ao invés de ter um débito de R$ 154.785,56, a Recorrente faz jus a um crédito perante a Receita Federal de R$ 172.532,43, conforme quadro analítico abaixo: IRPJ Lucro Real 31.689.546,49 Alíquota de 15% 4.753.431,97 Adicional de 10% 3.144.954,65 Total de IRPJ devido 7.898.386,62 () recolhimentos efetuados fl. 75 6.585.416,30 () estimativas recolhidas fls.77/87 1.158.211,76 IRRF Órgãos Públicos 160.407,37 IRRF Aplic. Financeiras 166.883,62 (=) IRPJ Recolhido a Maior 172.532,43 Diante de todo o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, exonerando a recorrente da exigência quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ. CONCLUSÃO Em resumo, conduzo meu voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso de Ofício e de DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, nos exatos termos dos votos exarados alhures. Sala de Sessões, 21 de janeiro de 2016. (documento assinado digitalmente) Hélio Eduardo de Paiva Araújo Relator IRPJ Lucro Real 31.689.546,49 Alíquota de 15% 4.753.431,97 Adicional de 10% 3.144.954,65 Total de IRPJ devido 7.898.386,62 () recolhimentos efetuados fl. 75 6.585.416,30 () estimativas recolhidas fls.77/87 1.158.211,76 (=) IRPJ a pagar 154.758,56 Fl. 354DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 12448.732956/201246 Acórdão n.º 1301001.908 S1C3T1 Fl. 341 9 Fl. 355DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES
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Numero do processo: 11543.001207/2004-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 14 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3201-000.646
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por UNANIMIDADE de votos, em converter o julgamento em diligência.
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO- Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cassio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira. Ausente, justificadamente, a conselheira Mércia Helena Trajano D'Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2040; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2.098 1 2.097 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11543.001207/200412 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201000.646 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 23 de fevereiro de 2016 Assunto RESSARCIMENTO PIS Recorrente CIA NIPO BRASILEIRA DE PELOTIZAÇÃO NIBRASCO Recorrida FAZENDA NACIONAL ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por UNANIMIDADE de votos, em converter o julgamento em diligência. CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cassio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira. Ausente, justificadamente, a conselheira Mércia Helena Trajano D'Amorim. Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto RELATÓRIO Por bem descrever a matéria de que trata este processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida. Trata o presente processo de Declarações de Compensação de débitos de IRPJ, CSLL e COFINS com créditos da Contribuição para o Programa de Integração Social PIS de que trata o § Io do art. 5o da Lei 10.637/2002. A DRF/VITÓRIA procedeu à análise em conjunto as Declarações de Compensação formalizadas nos processos n° 11543.000583/200317, 11543.000680/200300, 11543.000973/200389, 11543.001384/2003 RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 15 43 .0 01 20 7/ 20 04 -1 2 Fl. 2098DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11543.001207/200412 Resolução nº 3201000.646 S3C2T1 Fl. 2.099 2 18, 11543.002341/200350, 11543.003111/200316, 11543.003332/200386, 11543.003841/200317, 11543.004370/2003 56, 11543.004855/200340, 11543.000123/200461, 11543.000576/200498, 11543.000484/200416, 11543.000958/200411 e 11543.001207/200412, este último adotado como principal. A análise visou à apuração do crédito de PIS correspondente ao período de dezembro de 2002 a julho de 2004 e, por fim, foi exarado o Despacho Decisório de fls. 1007, com base no Parecer DRF/VIT/SEORT n° 766/2007 de fls. 984 a 1006, reconhecendo o direito creditório no valor de R$2.989.776,24 referente ao saldo remanescente da apuração nãocumulativa da contribuição para o PIS no período citado, na forma da Lei 10.637/2002 e IN/SRF 247/2002. Em decorrência, foram parcialmente homologadas as compensações constantes das declarações anexadas a todos os processos examinados, até o limite do crédito reconhecido, conforme valores relacionados nas planilhas às fls. 978 a 980. No Parecer Conclusivo consta consignado, em resumo, que: 1) A produção da Cia Nipo Brasileira de Pelotização Nibrasco é comercializada tanto no mercado interno, com vendas para a Companhia Vale do Rio Doce CVRD, como no mercado externo. A partir de 01/12/2002, a empresa interessada ficou sujeita ao regime de incidência não cumulativo da contribuição para o PIS; 2) A análise da escrituração do sujeito passivo, notas fiscais de saída, dos demonstrativos de apuração do PIS nãocumulativo e dos demais elementos apresentados pela empresa revelou inconsistências nos valores dos créditos compensados. Em face disso, foram realizados ajustes e adições à base de cálculo apurada pelo contribuinte, além de glosas dos créditos d descontar 3) No DACON a empresa informa que praticamente toda a sua produção foi destinada ao mercado externo. Conforme registrado nos Livros Registro de Apuração do ICMS, nos balancetes e nas Notas Fiscais de venda, a Nibrasco destinou grande parte de sua produção para a sua coligada CVRD, estabelecimento de CNPJ 33.592.510/022042, registrando as operações sob os Códigos Fiscais de Operação CFOP 5.11 e 5.101, utilizado para vendas no mercado interno. Da mesma forma, na escrituração contábil os lançamentos fazem menção a vendas no mercado interno; 4) O código utilizado nas Notas Fiscais revela a ausência da finalidade exigida pela Lei 10.637/02 para a fruição do benefício da isenção fiscal, bem como dá suporte para que o destinatário de seus produtos aproveite os créditos de PIS nãocumulativo vinculados às aquisições, o que em uma operação com fim específico de exportação não é admitido, de acordo com o art. 21, § 2o da IN 600/2005; 5) Em diligência realizada junto à CVRD, CNPJ 33.592.510/022042 verificouse que em muitos casos, o estabelecimento escriturou as compras como aquisições no mercado interno, com CFOP 1.12 è 1.102. As vendas realizadas pela CVRD são registradas sob os códigos 5.11 e 7.11 (até dez/02) e 5.101 e 7.101 (a partir de jan/03), todas identificadas como vendas de produção própria, não havendo registros Fl. 2099DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11543.001207/200412 Resolução nº 3201000.646 S3C2T1 Fl. 2.100 3 no código 7.501 que identifica as exportações de mercadorias recebidas com fim específico de exportação; 6) Depreendese dos registros, tratarse de operações normais no mercado interno, em que se tributa a receita auferida pelo produtor e mantémse o crédito na escrita do comprador; 7) A própria CVRD em resposta ao Termo de Solicitação de Documentos afirma estar utilizando os de créditos do PIS decorrentes dessas vendas (fl. 879/993); 8) De acordo com a definição legal dada à expressão "fim específico de exportação", para fazer jus ao benefício fiscal, as mercadorias vendidas devem ser remetidas diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. É o que dispõem a IN/SRF 247/02, art. 46, § Io, a Lei 9.532/97, art. 39, § 2o e o Decretolei 1.248/72, art. Io, parágrafo único; 9) Intimada, a CVRD informou que as pelotas são entregues/recebidas no pátio da remetente. Cumpre observar que o estabelecimento industrial da Nibrasco não está compreendido em área ou recinto alfandegado, conforme esclarecimento da Inspetoria da Receita Federal do Brasil (fls. 884/887); 10) Verificase, assim, que as vendas efetuadas pela Nibrasco à CVRD não estão amparadas pela isenção da contribuição para o PIS, uma vez que não se enquadram na definição legal de fim específico de exportação; 11) O sujeito passivo não incluiu na base de cálculo do PIS não cumulativo os valores decorrentes das variações cambiais dos passivos, conta esta de natureza devedora. Desse modo, os lançamentos registrados a crédito representam receita tributável; 12) O contribuinte apurou o saldo da conta de variações cambiais adotando um regime de contacorrente. A Lei 9.718/98 de forma alguma estipula que o valor tributável deva ser o saldo mensal positivo entre as variações ativas e passivas como entendeu o contribuinte. A Lei 10.637/2002 também não prevê tal abatimento; 13) Intimado, o contribuinte informou ter adotado o regime de competência no registro das variações cambiais. Assim sendo, para fins de apuração da base de cálculo do PIS nãocumulativo, foram considerados os valores registrados no balancete nas contas de variações cambiais dos passivos e variações cambiais dos ativos; 14) Constatase do Livro Registro de Apuração do ICMS operações de transferência de créditos de ICMS, sob o código 5.601. No entanto, tais receitas não foram incluídas pelo contribuinte na base de cálculo do PIS nãocumulativo, em afronta à Lei 10.637/2002; 15) Intimada a apresentar planilha de custo dos insumos (bens e serviços) utilizados na produção, o sujeito passivo apresentou planilhas mensais elencando os itens que compuseram a base de cálculo dos créditos de PIS nãocumulativo; Fl. 2100DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11543.001207/200412 Resolução nº 3201000.646 S3C2T1 Fl. 2.101 4 16) Foram efetuadas glosas no item serviços contratados diretos SAC, tendo em vista que alguns desses serviços não se enquadram na definição de insumos delineada pela legislação; 17) Para que o serviço prestado possa ser considerado insumo, deve necessariamente ser aplicado ou consumido na fabricação do produto; 18) Foram elaboradas pela diligência as Tabelas de Serviços Contratados Diretos Serviços Excluídos (fl. 930) discriminando os contratos excluídos da base de cálculo dos créditos a descontar e a Tabela dos Serviços Contratados Direto Base de Cálculo após dedução dos serviços excluídos (fls. 931/934); 19) A contribuinte também descontou créditos sobre serviços prestados pela CVRD, identificados como Fator C, Fator K, Fator Y e Fator T, previstos no contrato apresentado às fls. 899/927. O sujeito passivo aproveitou de forma integral os valores repassados pela CVRD. Foram glosadas partes desses serviços, conforme planilha de Serviços Contratados CVRD Glosas Efetuadas nos Fatores C, Y, K e PR (fls. 935/937); 20) No que tange ao Fator C foram glosados os serviços de apoio administrativo e serviços gerais, os gastos com pessoal e gastos diversos. Não foram glosados os gastos com materiais e energia elétrica, posto que tais valores já haviam sido excluídos pelo contribuinte; 21) O Fator K corresponde a despesas gerais e seus valores foram excluídos da base de cálculo dos créditos a descontar por não serem aplicados diretamente na produção da empresa; 22) O Fator Y corresponde à remuneração do capital de giro provido pela CVRD. Não existe previsão legal que permita o aproveitamento de créditos sobre tais valores; 23) O Fator T corresponde a gastos realizados pela utilização de uma pilha adicional. Entendese que tal gasto enquadrase na definição legal de insumo, razão pela qual foi mantido na base de cálculo dos créditos a descontar; 24) Também foram glosados os valores correspondentes à participação nos resultados (PR) pagos aos inativos da Diretoria de Pelotização e Metálicos, pois não corresponde à despesa que gera direito a crédito; 25) Não houve correção a ser efetuada no que tange aos gastos Despesas Financeiras Mutuo CVRD, Saldo de Insumos no Estoque em 30/11/02 (estoque de abertura) e InsumosAdquiridos; 26) Foram elaboradas as Planilhas de apuração da contribuição para o PIS, anoscalendário 2002, 2003 e 2004 (fls. 938/977). Os campos Receita de Exportação, Receita de Venda no Mercado Interno e Receita de Prestação de Serviços foram preenchidos já com seus valores líquidos. No campo Receitas Financeiras foram incluídas as contas Variações Cambiais dos Passivos. Estão inseridos nesse campo o subgrupo 354 concernente a variação cambial dos passivos e o grupo 45 relativo a Receitas Financeiras; Fl. 2101DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11543.001207/200412 Resolução nº 3201000.646 S3C2T1 Fl. 2.102 5 27) No item Outras Receitas foi compreendida a conta receitas diversas (código 48). Foram retirados da base de cálculo, os valores correspondentes a três subcontas equivocadamente oferecidos à tributação pelo contribuinte (recuperação de despesas, Crédito PIS MP66 e venda de imobilizado); 28) O valor do crédito a descontar vinculado às receitas de exportação foi determinado com base no rateio proporcional entre as receitas de exportação e receitas no mercado interno, regime adotado pelo contribuinte; 29) Foi elaborada a planilha de compensação (fls. 978/980) ilustrando as compensações realizadas a partir dos valores de débitos e créditos apurados pela diligência, com destaque para os meses de dezembro de 2002, abril, junho e julho de 2003 onde foi apurado saldo de PIS a recolher. Conseqüentemente foi emitido auto de infração para os referidos meses; 30) Foram descontados, primeiramente os créditos vinculados às vendas no mercado interno e depois os créditos vinculados às exportações. O saldo de créditos do mercado externo foi utilizado para fins de compensação, consoante as DCOMP apresentadas. De acordo com a planilha, grande parte das compensações não foi homologada por insuficiência de créditos. Cientificada da decisão em 30/08/2007 (fl. 1033), a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade em 28/09/2007 (fls. 1036 a 1066), alegando, em síntese que: 1) A requerente não realiza operação de venda de pelota de minério de ferro que não seja destinada ao mercado externo; 2) A Carta Magna prescreve expressamente imunidade tributária atinente às receitas decorrentes de exportação (art. 149, § 2o, inciso I da CF). O art. 5o da Lei 10.637/2002 repete expressamente a determinação Constitucional; 3) O disposto no art. 5o da Lei 10.637/2002 referese diretamente à regra da imunidade constitucional das receitas de operações de exportação e, por isso, deve ser interpretado extensivamente; 4) Assim, para o aproveitamento da imunidade não importa que a venda seja destinada a recinto alfandegado ou mesmo que seja destinada diretamente ao embarque para exportação. Basta que o contribuinte comprove que figura na cadeia de exportação e que suas receitas decorrem de operações de exportação; 5) As vendas realizadas pela requerente para a CVRD são destinadas exclusivamente ao mercado externo, conforme os memorandos de exportação colacionados aos autos; 6) As variações monetárias ativas decorrentes do fechamento dos contratos de câmbio se subsumem ao conceito de "receita decorrente de operação de exportação"; Fl. 2102DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11543.001207/200412 Resolução nº 3201000.646 S3C2T1 Fl. 2.103 6 7) O crédito que goza a requerente com a variação cambial no fechamento do câmbio é direito creditório decorrente das operações de exportação imunes de tributação pelo PIS; 8) Com base no artigo 279 do Regulamento do Imposto de Renda, o crédito de ICMS não pode ser qualificado como receita, pois representa simplesmente um valor retificador do custo anteriormente suportado na aquisição de insumos; 9) Somente pode ser enquadrado no conceito de receita o ingresso de divisas proveniente de contraprestação decorrente do fornecimento de bens ou serviços; 10) Tanto o STJ como o STF têm entendimento pacificado no sentido de que a base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP deve ser pautada pelos limites das Leis Complementares 07/70 e 70/91, ou seja, o resultado decorrente do fornecimento de bens e serviços; 11) O STJ entendeu que o crédito presumido de IPI não pode figurar na base de cálculo do PIS/P ASEP; 12) Admitir a incidência do PIS sobre o crédito de ICMS eqüivaleria a nulificar a sistemática adotada pelo legislador, pois se restauraria a incidência em cascata daquele imposto sobre os insumos consumidos no processo produtivo voltado à exportação; 13) Ainda que se entenda que o crédito presumido é receita, seria incabível a sua inclusão na base de cálculo do PIS, uma vez que as receitas de exportação são isentas dessa contribuição; 14) O modo sob o qual os bens ou serviços são empregados no processo produtivo (se direta ou indiretamente) não é relevante para a ocorrência ou não do crédito. Tal interpretação se dá com base no art. 145, § 12 da CF e no art. 3o, inciso II, da Lei 10.637/2002; 15) O conceito de insumo é muito mais amplo que os conceitos de matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem, juntos ou isoladamente. Dessa forma, não pode prosperar o entendimento restritivo esposado pela autoridade fiscal; 16) A autoridade fiscal não aceitou os créditos computados pela requerente decorrentes da utilização de serviços relativos à operação das usinas da requerente. Tal entendimento não pode prosperar, pois o inciso II do art. 3o da Lei 10.637/2002 deve ser interpretado à luz do regime nãocumulativo imposto pelo art. 195, § 12 da CF; 17) Tendo o legislador federal eleito que determinado setor da atividade econômica ficará submetido ao sistema da não cumulatividade, ele não poderá ultrapassar certos limites jurídicos impostos pela matriz constitucional das contribuições; 18) Para que seja atingida a nãocumulatividade imposta pela sistemática constitucional, o art. 3o da Lei 10.637/2002 deve ser interpretado de modo apto a desfazer os malefícios causados pela cumulatividade, ou seja, a incidência do tributo em cascata sobre todas as fases de produção; Fl. 2103DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11543.001207/200412 Resolução nº 3201000.646 S3C2T1 Fl. 2.104 7 19) Os serviços de frete decorrentes da operação da indústria da requerente oneram a atividade empresarial, pois são tributados em razão do faturamento da empresa prestadora e em virtude do faturamento da empresa vendedora, existindo, então, evidente cumulatividade na incidência das contribuições. Portanto, a exclusão de tais valores viola as prescrições do art. 195, § 12 da CF; 20) Dessa forma, não tem razão a autoridade fiscal ao excluir da base de cálculo do crédito referente à contribuição para o PIS relativa à aquisição dos serviços de operação das usinas de pelotização da requerente; 21) Por fim, requer seja dado provimento à manifestação de inconformidade, com a finalidade de reformar o despacho decisório proferido Às fls. 1318 a 1348 consta manifestação de inconformidade apresentada em 11/01/2008, acompanhada dos anexos de fls. 1349 a 1453. Tais documentos, contudo, não se relacionam ao presente processo, mas sim ao de n° 11543.000506/200511, relativo a Declarações de Compensação mediante aproveitamento de crédito da COFINS nãocumulativa, tendo sido elaborado o Parecer SEORT/DRF/VIT n° 1499/2007, contestado pelo contribuinte. Por esta razão, foram extraídas as peças originais anexadas ao presente processo e encaminhadas à DRF/Vitória para anexação ao processo correspondente. Sobreveio decisão da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro II/RJ, que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a manifestação de inconformidade, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido encontramse consubstanciados na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA o PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2002 a 31/07/2004 VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO COMPROVAÇÃO. Consideramse isentas da contribuição para o PIS as receitas de venda efetuadas com o fim específico de exportação somente quando comprovado que os produtos tenham sido remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. RECEITAS DE EXPORTAÇÃO. VARIAÇÃO CAMBIAL. A exclusão das receitas de exportação da base de cálculo da contribuição ao PIS não alcança as variações cambiais ativas, que têm natureza de receitas financeiras, devendo, como tal, sofrer a incidência daquela contribuição. CESSÃO DE CRÉDITOS DO ICMS. TRIBUTAÇÃO. Fl. 2104DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11543.001207/200412 Resolução nº 3201000.646 S3C2T1 Fl. 2.105 8 Os valores auferidos com a cessão de créditos do ICMS estão sujeitos à incidência da Contribuição para o PIS/Pasep. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Para fins de apuração de créditos da nãocumulatividade, consideram s insumos os bens e serviços diretamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto. Inconformada com a decisão, apresentou a recorrente, tempestivamente, o presente recurso voluntário. Na oportunidade, reiterou os argumentos colacionados em sua defesa inaugural. É o relatório. VOTO Entre as questões em julgamento, divergem as partes acerca da incidência da Contribuição para o PIS/Pasep sobre as receitas decorrentes das vendas de pelotas de minério de ferro para a empresa Vale SA. Enquanto a RFB sustenta que tais vendas caracterizamse como vendas no mercado interno, e, portanto, tributáveis, a recorrente defende que as mercadorias foram destinadas ao exterior, o que ensejaria na não incidência do tributo. Em análise aos autos, verifico a necessidade de maiores esclarecimentos acerca do local em que as pelotas destinadas a exportação foram entregues pela recorrente – se este local corresponde a pátio alfandegado ou não. Assim sendo, voto no sentido de se converter o julgamento em diligência a fim de que unidade preparadora: a) analise, por meio de diligências e auditorias que entender necessárias, se a área de destino das pelotas de minério de ferro revendidas à empresa Vale SA era considerada, à época dos fatos geradores exigidos neste processo, área alfandegada; Do resultado da diligência devera ser dada ciência à recorrente e à PGFN para manifestação no prazo de 30 dias, devolvendo os autos em seguida a este Conselho para a retomada do julgamento. Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Fl. 2105DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Numero do processo: 16682.721337/2013-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 03 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011, 2012
Ementa:
DECADÊNCIA. REGISTRO COM REPERCUSSÃO TRIBUTÁRIA FUTURA. POSSIBILIDADE. LIMITAÇÕES.
O Fisco pode verificar fatos, operações e documentos, passíveis de registros contábeis e fiscais, devidamente escriturados, em períodos de apuração atingidos pela decadência, em face de comprovada repercussão no futuro, qual seja: na apuração do lucro líquido ou real de períodos não atingidos pela decadência.
FUNDAMENTOS NO TVF. INOVAÇÃO PELA DRJ.
Não cabe a análise por este julgador de argumentos que foram trazidos pela DRJ em evidente inovação aos argumentos utilizados pela Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal.
APROVEITAMENTO DO ÁGIO. EMPRESA VEÍCULO.
Estando comprovado que o aproveitamento do ágio se originou de uma certa e anterior etapa da operação, incabível a discussão sobre a incorporação, ou não, de empresas veículos.
COMPROVAÇÃO DO ÁGIO. DÚVIDAS.
Não é possível quantificar e comprovar o ágio quando os documentos juntados no processo não demonstram de forma irrefutável o valor pago para a aquisição dos bens e o seu valor contábil.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
CSLL
Anos-calendários: 2008 a 2012
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Tendo o auto de infração referente à CSL sido lançado com base nas mesmas infrações, então aplicam-se as mesmas conclusões alcançadas com relação ao IRPJ.
Numero da decisão: 1201-001.350
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
MARCELO CUBA NETTO - Presidente.
JOÃO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO - Relator.
EDITADO EM: 11/03/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa, Gilberto Baptista e Marcelo Cuba Netto.
Nome do relator: JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 Ementa: DECADÊNCIA. REGISTRO COM REPERCUSSÃO TRIBUTÁRIA FUTURA. POSSIBILIDADE. LIMITAÇÕES. O Fisco pode verificar fatos, operações e documentos, passíveis de registros contábeis e fiscais, devidamente escriturados, em períodos de apuração atingidos pela decadência, em face de comprovada repercussão no futuro, qual seja: na apuração do lucro líquido ou real de períodos não atingidos pela decadência. FUNDAMENTOS NO TVF. INOVAÇÃO PELA DRJ. Não cabe a análise por este julgador de argumentos que foram trazidos pela DRJ em evidente inovação aos argumentos utilizados pela Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal. APROVEITAMENTO DO ÁGIO. EMPRESA VEÍCULO. Estando comprovado que o aproveitamento do ágio se originou de uma certa e anterior etapa da operação, incabível a discussão sobre a incorporação, ou não, de empresas veículos. COMPROVAÇÃO DO ÁGIO. DÚVIDAS. Não é possível quantificar e comprovar o ágio quando os documentos juntados no processo não demonstram de forma irrefutável o valor pago para a aquisição dos bens e o seu valor contábil. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. CSLL Anos-calendários: 2008 a 2012 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Tendo o auto de infração referente à CSL sido lançado com base nas mesmas infrações, então aplicam-se as mesmas conclusões alcançadas com relação ao IRPJ.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. MARCELO CUBA NETTO - Presidente. JOÃO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO - Relator. EDITADO EM: 11/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa, Gilberto Baptista e Marcelo Cuba Netto.
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REGISTRO COM REPERCUSSÃO TRIBUTÁRIA FUTURA. POSSIBILIDADE. LIMITAÇÕES. O Fisco pode verificar fatos, operações e documentos, passíveis de registros contábeis e fiscais, devidamente escriturados, em períodos de apuração atingidos pela decadência, em face de comprovada repercussão no futuro, qual seja: na apuração do lucro líquido ou real de períodos não atingidos pela decadência. FUNDAMENTOS NO TVF. INOVAÇÃO PELA DRJ. Não cabe a análise por este julgador de argumentos que foram trazidos pela DRJ em evidente inovação aos argumentos utilizados pela Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal. APROVEITAMENTO DO ÁGIO. EMPRESA VEÍCULO. Estando comprovado que o aproveitamento do ágio se originou de uma certa e anterior etapa da operação, incabível a discussão sobre a incorporação, ou não, de empresas veículos. COMPROVAÇÃO DO ÁGIO. DÚVIDAS. Não é possível quantificar e comprovar o ágio quando os documentos juntados no processo não demonstram de forma irrefutável o valor pago para a aquisição dos bens e o seu valor contábil. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. CSLL Anoscalendários: 2008 a 2012 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Tendo o auto de infração referente à CSL sido lançado com base nas mesmas infrações, então aplicamse as mesmas conclusões alcançadas com relação ao IRPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 13 37 /2 01 3- 95 Fl. 5202DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. MARCELO CUBA NETTO Presidente. JOÃO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO Relator. EDITADO EM: 11/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa, Gilberto Baptista e Marcelo Cuba Netto. Relatório A autoridade fazendária identificou indevida amortização de ágio realizada pela Contribuinte entre os anoscalendários de 2008 e 2012, posto que, além de a empresa não ter comprovado a existência do ágio, utilizouse de empresa veículo criada apenas para dar azo a dita amortização. Como consequência, lançou autos de infração para exigir IRPJ e CSL, cumulados com multa de ofício. Impugnado o lançamento, a 3ª Turma da DRJ/RJ1, na sessão de 05 de junho de 2014, por unanimidade, julgouo integralmente procedente através do acórdão nº 1266.118 (fls. 4929/4963). Insatisfeita, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 4972/5040 e docs. anexos fls. 5041/5087), ora analisado. Tendo contextualizado a lide, passamos ao relatório pormenorizado. A Contribuinte foi intimada do Termo de Início do Procedimento Fiscal em 13/02/2012 (fls. 3/6). Neste, foi intimada pela autoridade fiscalizadora para entregar diversos documentos contábeis e fiscais. A fiscalização identificou como foco específico da investigação a operação de reorganização societária decorrente da aquisição de ativos e empresas do Grupo Ipiranga, intimando a Contribuinte a apresentar diversos documentos comprobatórios, tais como contratos de compra e venda, atas de assembleias e reuniões, laudos de avaliação emitidos por peritos ou empresas especializadas, descrição de cada etapa da reorganização/aquisição, entre outros. Fl. 5203DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.203 3 A Contribuinte respondeu a intimação, apresentando documentação (fls. 7/10 e 1055/1059 e docs. anexos fls. 11/1054 e 1060/1151). Nos meses seguintes houve diversas intimações fiscais e termos de constatação, que também foram respondidos com a apresentação de mais documentação (fls. 1152/4040). Enfim, em 12/11/2013, foi lavrado Termo de Verificação Fiscal (fls. 4041/4071), cujos principais pontos podemos assim resumir: 1. DA REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA A ULTRAPAR, a BRASKEM e a PETROBRAS tinham interesse em aumentar a sua participação em mercados específicos das áreas de atuação do grupo Ipiranga. À ULTRAPAR coube a tarefa de, além de atuar por si, também atuar como comitente da BRASKEM e da PETROBRAS, adquirindo e reorganizando inicialmente todos os ativos e, posteriormente, transferindo às outras duas os de seus interesses. Assim, em 18/03/2007, a ULTRAPAR formalizou oferta para aquisição do controle direto e indireto das sociedades pertencentes ao Grupo Ipiranga, mediante aquisição das ações ordinária e preferenciais de emissão da RPI, DPPI e CBPI. A oferta foi aceita e, em 18/03/2007, foi celebrado o contrato. Em 27/02/2008, a ULTRAPAR entregou à PETROBRAS uma parcela dos ativos de interesse desta (ativos petroquímicos), os quais foram recebidos por meio de uma sociedade denominada UPB Participações S.A., representando indiretamente 40% das ações da Ipiranga Química SA. Em 14/05/2008, foi entregue à PETROBRAS, pela ULTRAPAR, a parcela final dos ativos (ativos de distribuição), os quais foram recebidos por meio de uma sociedade denominada 17 DE MAIO PARTICIPAÇÕES S.A. Esses ativos foram consequência de duas cisões ocorridas em 29/04/2008: uma da AMPM, controlada pela CBPI, cujo acervo líquido das operações realizadas nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste do Brasil foi transferido para ALVO DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEIS LTDA.; e outra da CBPI, cujo acervo líquido das operações realizadas nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste do Brasil foi transferido para ALVO e cuja totalidade dos investimentos na IASA e na ALVO foram transferidos para a 17 DE MAIO. Em 24/03/2008, a UPB PARTICIPAÇÕES S.A. foi incorporada na Petrobras. Por sua vez, em 24/11/2008, a 17 DE MAIO PARTICIPAÇÕES S.A. foi incorporada na Petrobras. Fl. 5204DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 4 Em decorrência das incorporações descritas acima, a PETROBRAS iniciou o aproveitamento fiscal do ágio através da sua amortização. 2. DA NÃO COMPROVAÇÃO DO ÁGIO “Sem esta identificação, ou seja, sem se saber exatamente quais foram os bens originalmente adquiridos pelo contrato de compra e venda e como foram efetivamente segregados na UPB e na 17 DE MAIO, com seus respectivos valores contábeis também não foi possível verificar a validade do valor do patrimônio líquido destas no momento de sua incorporação pela contribuinte. Como o ágio é calculado sobre a diferença entre o valor pago e o valor do Patrimônio Líquido da empresa incorporada, também não foi possível confirmar o ágio apurado pela contribuinte – discriminado em seu “DEMONSTRATIVO DA REALIZAÇÃO FISCAL DO ÁGIO APURADO NA AQUISIÇÃO DA IPIRANGA (DOC. 31) , nem, por consequência, validar a sua dedutibilidade após a incorporação das empresas UPB e 17 DE MAIO.” – fl. 4053. 3. DA ILICITUDE NA UTILIZAÇÃO DAS EMPRESAS UPB e 17 DE MAIO “No caso concreto aqui analisado, se a substância da operação realizada estivesse representada pela sua forma jurídica correspondente – aquisição direta dos ativos pela contribuinte – NÃO HAVERIA A POSSIBILIDADE LEGAL DA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO como redutor da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Dessa forma, com vistas a contornar o impedimento legal referente à dedutibilidade do ágio pago na aquisição da participação societária, foi engendrada a operação que consistiu nos passos descritos no item III.2, pelos quais criaramse duas empresas veículo apenas para serem incorporadas e, posteriormente, com a cobertura destas incorporações, a contribuinte poder amortizar o ágio. A falta de propósito negocial, de cumprimento das funções sociais e econômicas previstas na Lei e a falta de boafé objetiva em relação ao Estado ficam evidentes quando se analisam as empresas veículo UPB e 17 DE MAIO” – fl. 4061. A UPB e a 17 DE MAIO seriam empresas veículo, pois tiveram um reles lapso temporal após a aquisição da PETROBRAS, nunca foram operacionais e ambas tiveram apenas duas pessoas do quadro diretivo como pessoal efetivo, não havendo nenhum funcionário operacional. Fl. 5205DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.204 5 “O fato de o contrato entre as partes prever a utilização de empresas veículo quer dizer apenas que elas concordaram em utilizar estas empresas. (...). Mas isto, de forma, alguma ilide a ilicitude, significa apenas que ambas as partes concordaram em realizar o ato ilícito, Mais nada.” – fl. 4063. (...) “Nessas condições, os valores relativos à amortização do ágio registrado pela aquisição das empresas veículo UPB e 17 DE MAIO constituem despesas, exclusões e ajustes de RTT que não preenchem os requisitos de dedutibilidade previstos na legislação em vigor, não valendo o previsto no art. 386 do RIR/99, porque não há que se falar em incorporação, por ilicitude do ato.” – fl. 4066. 4. DA DEMONSTRAÇÃO DOS VALORES DO ÁGIO AMORTIZADO E UTILIZADOS INDEVIDAMENTE Ao final, a Fiscalização asseverou que “a contribuinte utilizou a amortização do ágio de duas formas: uma, via exclusão no LALUR e Livro de Apuração da Base de Cálculo da CSLL; e outra, via ajuste de RTT.” – fl. 4067, de modo que ambos os valores foram excluídos do IRPJ e da CSL. 5. DA MULTA E JUROS DE MORA Aplicouse multa de 75%, nos termos do art. 44, I, da Lei nº 9.430/96 e juros de mora à taxa SELIC sobre o valor principal. 6. INTIMAÇÃO Intimou a Contribuinte para “(...) efetuar no Livro de Apuração do Lucro Real LALUR e no Livro de Demonstração da Base de Cálculo da CSLL, tanto na PARTE A, como na PARTE B, todos os ajustes necessários para que sejam registrados os novos valores apurados neste Auto de Infração, decorrentes de aumento da base de cálculo do IRPJ e CSLL, bem como outros que sejam pertinentes” – fl. 4069. Em 12/11/2013, a autoridade fazendária lavrou os Autos de Infração, para cobrança de IRPJ (fls. 4072/4086) e de CSL (fls. 4087/4096), referente aos anoscalendários de 2008, 2009, 2010 e 2011, nos seguintes valores: Fl. 5206DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 6 Autos de Infração fls. 4072/4096 Principal Multa Total: IRPJ R$ 105.218.532,01 R$ 78.913.899,02 R$ 184.132.431,03 CSL R$ 37.878.671,52 R$ 28.409.003,65 R$ 66.287.675,17 Total: R$ 250.420.106,20 No auto de infração referente ao IRPJ, configuramse as seguintes infrações: “0001 EXCLUSÕES/COMPENSAÇÕES NÃO AUTORIZADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL EXCLUSÕES INDEVIDAS Valor excluído indevidamente do Lucro Líquido do período, na determinação do Lucro Real, conforme Termo de Verificação Fiscal em anexo. [Destrincha datas dos fatos geradores e seus valores] Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2008 e 31/12/2009: art. 3º da Lei nº 9.249/95. Arts. 385, 386, 391, 426 do RIR/99 Arts. 247 e 250 do RIR/99 0002 REGIME TRIBUTÁRIO DE TRANSIÇÃO – RTT AJUSTE DO RTT EFETUADO INDEVIDAMENTE O sujeito passivo efetuou a menor os ajustes decorrentes do regime tributário instituído pelo capítulo III da Lei nº 11.941/09, conforme demonstrado no termo de verificação fiscal anexo. [Destrincha datas dos fatos geradores e seus valores] Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2009 e 31/12/2012: art. 3º da Lei nº 9.249/95. arts. 385, 386, 391, 426 do RIR/99 Arts. 15, 16 e 17 da Lei nº 11.941/09; art. 6º, §5º, b do Decreto Lei nº 1.598/77” – fls. 4073/4074. Fl. 5207DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.205 7 No auto de infração referente à CSL foram configuradas as mesmas infrações, indicandose a legislação específica. A Contribuinte foi intimada dos autos de infração e do Termo de Verificação Fiscal em 22/11/2013 (fls. 4071, 4072 e 4087). Contudo, como os Anexos I e II do Termo de Verificação Fiscal não acompanharam a peça principal e estes somente foram entregues a Contribuinte em 27/11/2013 (fls. 4128/4130), o prazo para a Impugnação somente se iniciou a partir dessa segunda data (fl. 4131). De qualquer sorte, em 20/12/2013 (fl. 4133), a Contribuinte apresentou impugnação (fls. 4134/4192 e docs. anexos fls. 4193/4895) na qual, em suma: 1. Argumentou que “precluiu” a possibilidade de o fisco questionar a legalidade dos atos societários que deram origem ao ágio; 2. Argumentou também que poderia ser aproveitado o ágio pago na aquisição de ações do grupo Ipiranga; 3. Discorreu sobre o ágio e seu tratamento tributário; 4. Discorreu sobre o motivo, a finalidade e a congruência do negócio jurídico; 5. Discorreu ainda sobre a legitimidade da operação como planejamento tributário; 6. Explicou que a segregação dos ativos adquiridos pela Petrobrás foi, além de uma exigência negocial, uma obrigatoriedade regulatória (CADE); 7. Ressaltou que existiam laudos de avaliação econômica elaborados pelo Deutsche Bank e pelo Banco de Investimento Credit Suisse, ignorados pela autoridade fiscalizadora; 8. Afirmou que comprovou a existência do ágio; 9. Afastou a indicação de abuso de direito; 10. Afastou também a acusação de simulação; e 11. Enfim, argumentou pela ilegalidade da cobrança de juros sobre a multa. Em 05/06/2014, a 3ª Turma da DRJ/RJ1, por meio do acórdão nº 1266.118 (fls. 4929/4963), votou, à unanimidade, em julgar improcedente a impugnação apresentada. O aludido acórdão restou assim ementado às fls. 4929/4930: Fl. 5208DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 8 “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas por órgão colegiado, sem lei que lhes atribua eficácia, não constituem normas complementares de Direito Tributário. PRECLUSÃO DE DIREITO. FATOS CONTINUADOS. EXERCÍCIOS FUTUROS. LIMITE TEMPORAL. A autoridade lançadora tem o poderdever de verificar os fatos contábeis e fiscais que repercutiram em exercícios futuros, qualquer que seja a data de sua ocorrência, devendo observar, contudo, o prazo de decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios. ÁGIO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. AMORTIZAÇÃO INDEVIDA. A falta de identificação dos ativos operacionais inviabiliza a comprovação do eventual ágio surgido na operação de aquisição de participações societárias com a absorção do patrimônio da pessoa jurídica investida. INCORPORAÇÃO. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. ÁGIO. AMORTIZAÇÃO FISCAL INDEVIDA. A amortização de ágio pago por expectativa de lucros futuros não pode ser deduzida no resultado fiscal da investidora enquanto não forem incorporados a universalidade de bens tangíveis e intangíveis da investida, que geram os lucros esperados relacionados à atividade fim da incorporadora. MULTA DE OFÍCIO. JUROS MORATÓRIOS. INCIDÊNCIA. Sobre os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, entre os quais se inclui a multa de ofício, incidem juros de mora. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Aplicase ao lançamento reflexo o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da relação de causa e efeito que os vincula. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” As razões que levaram a essa conclusão podem ser assim resumidas: Fl. 5209DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.206 9 DA PRECLUSÃO DA POSSIBILIDADE DE QUESTIONAR A LEGITIMIDADE DOS ATOS QUE DERAM ORIGEM AO ÁGIO “Deste modo, deve ser rejeitada a preliminar de preclusão veiculada na impugnação do interessado, haja vista que a autoridade lançadora não está impedida de verificar os eventos ocorridos em períodos passados relacionados ao registro contábil do ágio, cuja amortização tenha modificado o resultado fiscal de períodos subsequentes e a glosa da despesa tenha se operado antes do decurso do prazo decadencial” – fl. 4948. “Ademais, ainda que assim não fosse, é importante consignar que os registros de pagamentos efetuados pelo interessado (Fls. 4325/4333), assim como as operações relacionadas aos eventos societários de reestruturação (cisão parcial, incorporação, etc.), que serão analisados nos itens seguintes, bem como a emissão dos laudos de avaliação dos acervos líquidos transacionados nessas operações, tudo só foi concluído no anocalendário de 2008. Portanto, em 2007, não haveria como se reconhecer o valor do alegado ágio surgido nestas operações.” – fl. 4948. TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO “Nesse contexto, é importante frisar que a simples aquisição de participação societária em valor superior ao do patrimônio líquido da pessoa jurídica investida não autoriza a amortização do ágio no resultado fiscal da pessoa jurídica investidora (art. 391 do RIR/99). Isso porque, os lucros auferidos pela pessoa jurídica investida aumentam o seu patrimônio líquido e, por conseqüência, são reconhecidos na pessoa jurídica investidora como ajustes positivos de equivalência patrimonial (método da equivalência patrimonial MEP), que, em regra, não são computados na determinação do lucro real (art. 389 do RIR/99). Logo, a amortização do ágio pago por expectativa de lucros futuros não pode ser deduzida no resultado fiscal da investidora enquanto não forem incorporados ao seu patrimônio os ativos operacionais da investida” – fl. 4950. AQUISIÇÃO DAS PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS DO GRUPO IPIRANGA “Frisese, por oportuno, que o interessado incorporou, de fato, ao seu patrimônio as participações societárias detidas nas pessoas jurídicas IASA, ALVO e ICQ, que permaneceram, por sua vez, com os respectivos ativos operacionais geradores da expectativa de rentabilidade futura, que fundamentou o pagamento pelo interessado do alegado ágio. Fl. 5210DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 10 (...) Deste modo, à medida que a expectativa de lucro futuro fosse se realizando, as pessoas jurídicas IASA, ALVO e ICQ o reconheceriam em seus demonstrativos contábeis e o eventual impacto refletido nos respectivos patrimônios líquidos deveria ser registrado na contabilidade do interessado por meio de ajustes positivos de equivalência patrimonial (método da equivalência patrimonial MEP).” – fl. 4953. CESSÃO DE QUOTAS DA ALVO PARA BR DISTRIBUIDORA COM INCORPORAÇÃO “Portanto, ainda que fosse possível a amortização de ágio apenas com a incorporação de participação societária, sem a absorção do ativo operacional gerador das receitas/lucros (item “Aquisição das participações societárias do Grupo Ipiranga”), a cessão de quotas de capital da ALVO para a BR Distribuidora obstaria a amortização do alegado ágio na contabilidade do interessado desde a data do evento ocorrido em 09.04.2008. Dito de outra forma, o interessado somente poderia amortizar o alegado ágio entre o período de 24.11.2008 (data em que o interessado sucedeu a 17 DE MAIO, incorporando as quotas de capital da ALVO) a 09.04.2008 (data em que o interessado transferiu as quotas de capital da ALVO para a BR Distribuidora).” – fl. 4956. AQUISIÇÃO DE 100% DA PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA NA ICQ PELA BRASKEM “Em síntese, a análise dos documentos acostados aos autos e as consultas realizadas nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil permitem concluir que, no ano de 2008, a Braskem: (i) adquiriu 100% da participação societária na ICQ, (ii) incorporou ao seu patrimônio parte expressiva do acervo líquido da ICQ e (iii) permaneceu como único acionista da ICQ em relação à parcela do patrimônio não vertida por ocasião da cisão parcial. (...) Portanto, ainda que fosse possível a amortização de ágio apenas com a incorporação de participação societária, sem a absorção do ativo operacional gerador das receitas/lucros (item “Aquisição das participações societárias do Grupo Ipiranga”), a aquisição da participação societária da ICQ pela Braskem obstaria a amortização do alegado ágio na contabilidade do interessado, no mínimo, desde 30.09.2008, período de apuração em que a ICQ já havia informado a Braskem como sua única acionista.” – fl. 4958. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO ÁGIO Fl. 5211DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.207 11 “Levandose em conta a particularidade e complexidade da operação (aquisição de participação societária do Grupo Ipiranga, por intermédio de pessoa jurídica comissária – ULTRAPAR –; desmembramento das sociedades adquiridas em ativos; e entrega dos ativos aos adquirentes: interessado, ULTRAPAR e BRASKEM), buscou a autoridade lançadora rastrear os itens patrimoniais que compuseram os denominados “Ativos de Distribuição Norte” e “Ativos Petroquímicos” que cabiam ao interessado tal qual previsto no Acordo de Investimento (fl. 4285). Diferentemente do que entende o interessado, a identificação dos referidos ativos decorre da necessidade de se verificar se de fato eles foram incorporados à estrutura patrimonial do interessado, pois só assim seria possível a dedução fiscal da amortização do eventual ágio surgido na operação, conforme já descrito anteriormente. Além disso, se fosse confirmada a absorção pelo interessado dos ativos operacionais adquiridos na operação (Ativos de Distribuição Norte e Ativos Petroquímicos) – e não simplesmente a incorporação das participações societárias na ICQ, IASA e ALVO , o passo seguinte seria verificar o valor patrimonial pelo qual tais ativos operacionais foram integrados ao patrimônio do interessado, pois isso permitiria que se apurasse efetivamente o valor do alegado ágio pago na operação (art. 385, § 2o. do RIR/99).” – fls. 4959/4960. USO DE EMPRESASVEÍCULOS “A análise cuidadosa das operações estruturadas pelo interessado evidenciou que a UPB e a 17 DE MAIO não exerceram essa função, isto é, não serviram para segregar os ativos adquiridos pelo interessado. Isso porque, não há registros de que essas pessoas jurídicas incorporaram aos seus respectivos patrimônios os Ativos Petroquímicos ou os Ativos de Distribuição Norte adquiridos pelo interessado. (...) Além disso, não é demais lembrar que desde o nascimento do Acordo de Investidores, datado de 18.093.2007 (fls. 1161/1202), isto é, antes mesmo de o órgão regulador proferir o despacho em 17.04.2007 (fls. 4715/4723), já havia a previsão de utilização de empresas com o fim específico de transferir ao interessado as participações societárias adquiridas do Grupo Ipiranga (fls. 1170/1171). Portanto, não há como sustentar que a UPB e a 17 DE MAIO foram utilizadas para viabilizar a segregação dos ativos adquiridos pelo interessado e cumprir as condições impostas pelo CADE para a realização da Operação.” – fl. 4961. Fl. 5212DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 12 JUROS MORATÓRIOS “Não obstante, cumpre esclarecer que a incidência de juros sobre a multa de ofício diferentemente do que sustenta o interessado, está amparada nas disposições do art. 61, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996” – fl. 4962. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL “Quanto à exigência de CSLL, não foram apresentadas razões de defesa específicas. Tratandose de lançamento reflexo, deve seguir a mesma orientação decisória do IRPJ, dada a relação de causa e efeito que os vincula.” – fl. 4962. SAPLI “Por fim, cumpre registrar que o Sistema de Acompanhamento de Prejuízos e Lucro Inflacionário – SAPLI da Secretaria da Receita Federal do Brasil não foi alterado, em relação ao anocalendário 2012, para reduzir o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL apurados pelo interessado, levandose em consideração a infração apurada no curso do procedimento fiscal.” – fl. 4962. CONCLUSÃO “Em síntese, a falta de identificação dos ativos operacionais adquiridos pelo interessado, que inviabilizou a apuração e comprovação do alegado ágio; a incorporação de participações societárias – e não dos correspondentes ativos operacionais – por meio do uso de empresasveículo; e a transferência subsequente dessas participações societárias para outras pessoas jurídicas, comprovam a procedência da glosa das despesas de amortização do ágio computadas no resultado fiscal do interessado.” – fl. 4962. Em 06/06/2014 foi apensado aos presentes autos o processo nº 16682.721069/201310 (fl. 4927), que tem por sujeito passivo, conforme informações do site do CARF e do Comprot, a empresa ALVO DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEIS LTDA. Tratase de uma das empresas que participou da reestruturação societária, conforme as Etapas 11 e 12. Intimada do acórdão da DRJ em 18/06/2014, através do sistema eCAC (fl. 4968), em 17/07/2014 (fl. 4971), a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls. 4972/5040 e docs. anexos fls. 5041/5087), no qual sustentou que: Fl. 5213DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.208 13 PRELIMINARES 1. DA PRECLUSÃO DA POSSIBILIDADE DO FISCO QUESTIONAR A LEGALIDADE DOS ATOS SOCIETÁRIOS QUE DERAM ORIGEM AO ÁGIO “Vale dizer, muito embora o ágio tenha sido amortizado nos anosbase de 2008 a 2012, conforme informado pelo Sr. Auditor Fiscal, o fato contábilsocietário, que deu origem ao referido ágio, ocorreu no anobase de 2007. Assim, não poderia o Sr. Auditor Fiscal questionar a legalidade dos atos que originaram o direito ao aproveitamento do ágio, que surgiu, repitase, em abril de 2007, eis que transcorreu o prazo decadencial de cinco anos entre os fatos que propiciaram o surgimento do ágio em 2007 e a lavratura do auto de infração em questão (27/12/2013).” – fl. 4978. DO DIREITO 2. APROVEITAMENTO DO ÁGIO PAGO NA AQUISIÇÃO DE AÇÕES DO GRUPO IPIRANGA “Como acima ressaltado, o ágio gerado no presente caso decorre da aquisição de participação societária no Grupo Ipiranga. A legislação nunca restringiu o aproveitamento fiscal do ágio a aquisições de investimentos seguidas de incorporações realizadas por razões negociais” – fl. 4982. (...) “Tecidos esses breves comentários sobre a estrutura da operação, pelos quais restou evidente que houve o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio, verificouse a lisura na avaliação das empresas adquiridas, bem como a expectativa de rentabilidade futura, e que a operação ocorreu entre partes não relacionadas” – fl. 5000. 3. DA NATUREZA DO ÁGIO E SEU TRATAMENTO TRIBUTÁRIO “A legislação autoriza, assim, a dedução do ágio registrado nessas aquisições quando fundamentado no valor de rentabilidade com base em resultados dos exercícios futuros. Ressaltese que, no caso em questão, o fundamento econômico para o pagamento do ágio foi o valor de rentabilidade futura das sociedades do Grupo Ipiranga adquiridas pela Recorrente, o qual está devidamente comprovado pelos laudos de avaliação elaborados pela Deutsche Bank e pelo Credit Suisse ora anexados aos autos, nos termos detalhadamente esclarecidos no item III.6 (Docs. 09 e 10 anexos à impugnação).” – fl. 5002. (...) Fl. 5214DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 14 “Verificase que há autorização expressa do artigo 386, § 6º, inciso II, do RIR/99 para aplicação do benefício fiscal quando a empresa incorporada seja aquela que detinha a propriedade da participação societária” – fl. 5003. (...) “Conforme mencionado, a Recorrente não poderia adquirir diretamente as sociedades do Grupo Ipiranga, primeiramente porque era condição imposta pelos vendedores – acionistas do Grupo Ipiranga – que a negociação fosse realizada apenas com uma empresa (no caso a ULTRAPAR atuou como comissária da PETROBRAS e da BRASKEM), além disso havia a necessidade de segregação dos negócios para que fossem transferidos às adquirentes (PETROBRAS, ULTRA e BRASKEM).” – fl. 5004. (...) “Portanto, trata o presente caso de mera fruição de um benefício fiscal previsto em lei [art. 386, § 6º, II, do RIR/99], que possui todos os requisitos legais, motivação econômica e coerência das estruturas adotadas com a finalidade pretendida.” – fl. 5005. 4. DA INOVAÇÃO TRAZIDA PELA DECISÃO DA DRJ – CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA “Inicialmente, cumpre ressaltar que o Termo de Verificação Fiscal que embasa os lançamentos fiscais encontrase fundamentado na suposta não comprovação do ágio e na utilização de duas empresas veículos. A 3ª Turma de Julgamento, quando da prolação do acórdão recorrido, na tentativa de salvar os lançamentos agregou dois argumentos que jamais foram suscitados no Termo de Verificação Fiscal, quais sejam: (i) Que a amortização do alegado ágio por expectativa de lucros futuros não poderia ser deduzida no resultado fiscal do interessado pela simples incorporação das participações societárias na ALVO, IASA e ICQ, sem que os ativos operacionais, geradores dos esperados lucros, fossem de fato incorporados ao patrimônio do interessado; e (ii) Que a cessão de quotas de capital da ALVO para a BR Distribuidora e a cessão de quotas da ICQ para a Braskem obstariam a amortização ágio na contabilidade da Recorrente.” – fl. 5005. (...) “Efetivamente, a Turma Julgadora não tem competência para alterar os fundamentos jurídicos utilizados pela Fiscalização (como ocorreu no presente caso), já que a atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, conforme preceitua os artigos 142 e 149 do CTN, bem como representa ato formal, dotado de requisitos próprios. Fl. 5215DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.209 15 (...) A inovação na fundamentação acarreta ainda o cerceamento do direito de defesa da Recorrente, na medida em que esta não pôde se defender das referidas acusações em primeira instância, uma vez que não foram objeto do Termo de Verificação Fiscal.” – fl. 5006. 4.1. DA INCORPORAÇÃO DE HOLDING QUE DETÉM PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA EM SOCIEDADES OPERACIONAIS – DIREITO À DEDUTIBILIDADE DO ÁGIO “Como demonstrado, a Recorrente realizou a operação nos exatos termos do que prevê a legislação no artigo 386 do Regulamento do Imposto de Renda/99 e art. 7º, inciso, III, da Lei nº 9.532/97, na medida em que para que a despesa com amortização do ágio seja dedutível da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, o legislador ordinário estabeleceu, apenas e tão somente, as seguintes condições: · a aquisição, pela pessoa jurídica, de participação societária com ágio, em virtude da incorporação, cisão ou fusão; e · fundamentação do ágio em expectativa em rentabilidade futura. Ressaltese, por fim, que a lei não exige em momento algum a incorporação das sociedades operacionais ou dos ativos operacionais como alega a Turma Julgadora. Portanto, totalmente descabida a alegação da Turma Julgadora no sentido de que a amortização do ágio pago por expectativa de rentabilidade futura não poderia ser deduzida no resultado fiscal da Recorrente na medida em que seria necessária a incorporação dos ativos operacionais.” – fl. 5009. 4.2. DO DIREITO À DEDUÇÃO DO ÁGIO EM CASO DE REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA “O fato do direito de amortização do ágio ser exercível de forma diferida não significa que o interessado perderia o direito de amortização do ágio por conta da alienação da participação nas sociedades operacionais, no caso, por conta do aporte das participações em ALVO para Br Distribuidora e ICQ para Petroquisa (e posteriormente Braskem). (...) Com a reestruturação administrativa, ou seja, com a alienação da participação em ALVO (ativos de distribuição) para BR Distribuidora e da participação em ICQ (ativos petroquímicos) para Petroquisa (e posteriormente Braskem), os negócios que geraram a Fl. 5216DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 16 expectativa de rentabilidade futura, dividendos dos negócios de distribuição e dos negócios petroquímicos, se mantiveram na PETROBRAS. Com efeito, os dividendos decorrentes dos negócios de distribuição e dos negócios petroquímicos, mesmo após a reestruturação, continuaram sendo recebidos pela PETROBRAS, uma vez que antes eram recebidos via ALVO e ICQ e após a reestruturação por via indireta, via BR Distribuidora e Petroquisa (agora Braskem), ambas do sistema PETROBRAS.” – fl. 5010. 5. DO MOTIVO, FINALIDADE E CONGRUÊNCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO “Assim, pelo até aqui exposto, podese admitir que o ‘propósito negocial’ foi efetivamente cumprido quer sob a ótica (i) dos limites positivos (motivo, finalidade, congruência e inserção); (ii) da relação com a atuação no mercado pela PETROBRAS; e (iii) da conformidade entre a causa do negócio jurídico e a intenção da PETROBRAS; ou ainda (iv) da existência de uma economia lícita.” – fl. 5013. 6. DA LEGITIMIDADE DA OPERAÇÃO COMO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO “Assim, não se pode admitir a glosa da despesa em questão, uma vez atendidas as condições impostas pelo legislador ordinário para a dedutibilidade da despesa com amortização do ágio, que foram efetivamente cumpridas pela Recorrente no presente caso, na medida em que: houve a aquisição de participação societária com ágio mediante o pagamento de mais de Dois bilhões de reais e o ágio está devidamente fundamentado em dois laudos de avaliação elaborados por Bancos de Investimento – DOC 09 e 10 anexos à impugnação – nos termos que serão comprovados no item III.7 a seguir.” – fl. 5016. 7. DA NECESSIDADE DE SEGREGAÇÃO DOS NEGÓCIOS ADQUIRIDOS – OBRIGATORIEDADE REGULATÓRIA – LICITUDE NA UTILIZAÇÃO DAS EMPRESAS UPB E 17 DE MAIO “Diante do exposto, depreendese que: por uma necessidade negocial e regulatória houve a participação das sociedades UPB PARTICIPAÇÕES e 17 DE MAIO PARTICIPAÇÕES nas operações, nos seguintes termos: · Necessidade Negocial Imposição de que todas as sociedades do Grupo Ipiranga fossem adquiridas de uma única vez, o que era praticamente impossível de ocorrer na medida em que o Grupo Ipiranga detinha Fl. 5217DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.210 17 sociedades nos mais variados segmentos, e também era condição do negócio que a negociação ocorresse com uma única empresa, daí a necessidade de que a ULTRAPAR atuasse como comissária de PETROBRAS e BRASKEM; · Necessidade Requlatória se deveu por conta do processo de aprovação das operações junto ao CADE que impôs a necessidade de segregação dos ativos e consequentemente a necessidade de versão desses ativos nas sociedades UPB PARTICIPAÇÕES e 17 DE MAIO PARTICIPAÇÕES para somente após transferir referidos ativos à PETROBRAS.” – fl. 5020 8. DA EXISTÊNCIA DE LAUDOS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA “Isto posto, cumpre ressaltar o silêncio sintomático do Agente Fiscal e da Delegacia de Julgamento quanto à existência dos laudos de avaliação que embasam a Operação ora em questão: Laudo do Deutsche Bank, Laudo do Credit Suisse e laudos de avaliação elaborados pela KPMG quando da cisão da CBPI e no momento das incorporações.” – fl. 5024. 9. DA EFETIVA COMPROVAÇÃO DO ÁGIO “Referida afirmação [de que seria necessário individualizar os ativos e passivos recebidos pela UPB e 17 DE MAIO] é totalmente despropositada uma vez que no presente caso, como acima amplamente comprovado, estamos tratando da aquisição de participações societárias e não da aquisição de ativos.” – fl. 5024. (...) “Não obstante a flagrante contradição constante no Termo de Verificação Fiscal e a absurda alegação no sentido de que haveria a necessidade de individualização dos ativos, verificase que o ágio em questão foi devidamente comprovado uma vez que encontra se fundamentado na expectativa de rentabilidade futura das sociedades do Grupo Ipiranga e foi devidamente quantificado no laudo elaborado pelo Deutsche Bank (DOC. 09 anexo à impugnação).” – fl. 5025. 10. DA INEXISTÊNCIA DE ABUSO DE DIREITO “Dessa forma, conforme já explicitado nos presentes autos, o que também é reconhecido pela fiscalização, o fundamento econômico do ágio com base em expectativa futura de lucros futuros (sic) está evidente. Portanto, descabida a afirmação da fiscalização de Fl. 5218DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 18 que a legislação societária foi usada apenas como instrumento para alcançar ganhos na esfera da legislação tributária.” – fl. 5030. 11. DA INEXISTÊNCIA DE SIMULAÇÃO “Assim, no caso concreto, não se pode alegar a existência de eventual simulação. Isto porque, além do fato de que as operações pactuadas entre as partes não aparentarem direito diverso daquele que foi realmente contratado, também não contém quaisquer declarações ou cláusulas não verdadeiras, caracterizadas pelo inciso II, do artigo 167 do Código Civil Brasileiro.” – fl. 5031. (...) “Ademais, cumpre ressaltar, com efeito, que simulação não se presume e não se prova por meio de indícios. No presente caso, o Sr. Agente da Fiscalização não conseguiu comprovar a ocorrência da simulação.” – fl. 5032. 12. DA ILEGALIDADE DA COBRANÇA DE JUROS SOBRE A MULTA “Assim, demonstrado que (i) multa não é tributo; e (ii) só há previsão legal para que os juros calculados à taxa Selic incidam sobre tributo (e não sobre multa), a cobrança de juros sobre a multa, que se verifica no cálculo da RFB para atualização dos créditos tributários objeto do presente processo, desrespeita o princípio constitucional da legalidade, expressamente previsto no art. 5º, II, e 37 da Constituição Federação, o que não pode ser admitido por esse E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.” – fl. 5037. Em 31/07/2014, foram feitos os ajustes solicitados pela 3ª Turma da DRJ/RJ1 no sistema SAPLI (fls. 5106/5107). Em 22/08/2014, os autos foram encaminhados para a PGFN (fl. 5109), que apresentou em 20/09/2014 contrarrazões (fls. 5110/5138), sustentando que: DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA. ANÁLISE DOS ATOS CONTÁBEIS “Cabe salientar em primeiro lugar que não há qualquer dispositivo legal que estabeleça o referido prazo de ‘preclusão’. Tanto é assim que a Recorrente não cita o fundamento legal de sua alegação. Em segundo lugar, observase que a limitação temporal ao ato de lançamento tributário consiste no instituto da decadência, previsto no artigo 156, V, do Código Tributário Nacional como causa de extinção do crédito tributário. Fl. 5219DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.211 19 (...) Daí já se nota que a legislação complementar federal (CTN) não estipula em momento algum o momento da contabilização do ágio como termo inicial de decadência ou de qualquer prazo de preclusão.” – fl. 5113. (...) “Ainda que tivesse algum suporte jurídico a tese da Recorrentes, observase dos documentos juntados por ela própria que o valor da operação somente foi efetivamente pago em 22 de fevereiro de 2008 (fl. 4326). Assim, os atos de amortização de ágio estão dentro do lustro de preclusão alegado pelo contribuinte. Portanto, além de não lhe socorrer o direito nesse ponto, também não lhe socorrem os fatos.” – fl. 5115. DA SUPOSTA ALTERAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DO LANÇAMENTO “Ou seja: em um primeiro argumento, a Fiscalização entendeu que a existência do ágio não foi comprovada. Em um segundo momento, disse que o aproveitamento do ágio foi ilícito, em virtude de simulação nas operações de incorporação da UPB e 17 DE MAIO.” – fls. 5116/5117. (...) “O que fez a DRJ foi rejeitar o argumento (ii) [da Impugnação], de que o ágio estaria comprovado nos autos. Tanto é que, expressamente, à fl. 4.959, a DRJ destaca que não houve comprovação do ágio.” – fl. 5117. (...) “Ora, se se trata de fato levantado pelo contribuinte, é dever da DRJ se manifestar sobre ele, sob pena de cerceamento de defesa. Desse modo, não houve inovação no lançamento, mas apenas apreciação de razões suscitadas pela própria Recorrente.” – fl. 5117. (...) “Por outro lado, se nulidade houvesse seria do Acórdão da DRJ, não do lançamento, devendo ser aquele anulado, não este.” – fl. 5118. DA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO ÁGIO “Observese que o ágio apurado pela PETROBRÁS se deu supostamente na Etapa 5 (fl. 4.936) da operação, quando a ULTRAPAR, atuando como comissária da PETROBRÁS e da BRASKEM, incorporou as ações da RIPI, CBPI e DPPI. Aí a Fl. 5220DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 20 PETROBRÁS realizou diversos pagamentos que somam R$ 2.072.320.997,09 (fl. 1.206 – Demonstrativo de Realização do agio).” – fls. 5119/5120. (...) “Os laudos de Avaliação de fls. 4.535/4.539 e 4.540/4.544 dizem respeito à avaliação do patrimônio da CBPI cindido nas Etapas 8 e 11 da operação, não o valor dos ativos adquiridos na Etapa 5, onde efetivamente foi gerado o ágio. Os laudos de avaliação da UPB e 17 DE MAIO tampouco identificam o patrimônio líquido adquirido na Etapa 5, mas sim o patrimônio das sociedades incorporadas pela PETROBRÁS. Só é possível conformar o valor do ágio apurado na Etapa 5 conhecendo qual foi o patrimônio componente dos ATIVOS PETROBRÁS e ATIVOS PETROBRÁS/BRASKEM adquiridos na Etapa 5. A Fiscalização intimou por mais de uma vez a Recorrente a demonstrar o valor desses ativos (cf. fl. 4.051/4.052 do TVF). A PETROBRÁS, contudo, não forneceu as informações requisitadas. Observese que o ágio apurado na Etapa 5 não necessariamente envolve o patrimônio líquido da UPB e da 17 DE MAIO. Isso porque não é possível pelos documentos acostados aos autos comprovar que os ativos adquiridos na Etapa 5 foram integralmente transferidos às empresas veículo incorporadas e por qual valor o foram. A intimação da Fiscalização teve o objetivo claro de tentar definir se isso ocorreu ou não.” – fl. 5120. DA FALTA DE PRESSUPOSTOS MATERIAIS AUTORIZADORES DE DEDUTIBILIDADE DO ÁGIO “De acordo, portanto, com os artigos supracitados [art. 7º e 8º da Lei nº 9.532/97], um ágio passará a ser dedutível se a empresa que adquiriu uma participação societária com ágio (investidor) absorver ou ser absorvida por essa participação societária (investimento). Em apertada síntese, a lei estabelece uma presunção de perda de investimento em face da ‘confusão patrimonial’ entre investimento e investidor.” – fl. 5125. (...) “Não havendo confusão patrimonial, não houve extinção do investimento. Daí a indedutibilidade do ágio decorrer da circunstância que houve apenas incorporação de empresas veículo, não verdadeira empresa operacional. O investimento na IASA, ICQ e ALVO subsistem, tendo inclusive a participação acionária nessas empresas sido transferida à BR DISTRIBUIDORA S.A e à BRASKEM. Na realidade, a própria CBPI, empresa cuja incorporação de ações efetivamente teria gerado o ágio, ainda subsiste, embora apenas com patrimônio remanescente posterior às cisões em favor de UPB e 17 de MAIO.” – fl. 5128. Fl. 5221DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.212 21 (...) “Do trecho transcrito [do art. 386 do RIR/99], destaquese que ‘incorporação’, ‘fusão’ e ‘cisão’ são atos societários, ou seja, pressupõem uma operação de aquisição de patrimônio de sociedades. A aquisição de patrimônio de forma ‘avulsa’, como um ‘fundo de comércio’, não autoriza a dedutibilidade de ágio. Pois bem. Notase da redação do ‘Acordo de Investimentos’ que o objetivo da PETROBRAS jamais foi adquirir as sociedades empresárias componentes do Grupo IPIRANGA, mas sim OS ATIVOS DE DISTRIBUIÇÃO. Nesse sentido, a Cláusula 2 do referido Acordo” – fl. 5129. DA UTILIZAÇÃO DE EMPRESAS VEÍCULO “Conforme é possível notar, portanto, o único e isolado objetivo da constituição dessas duas sociedades era permitir a ‘arrumação’ do patrimônio adquirido pela PETROBRAS para possibilitar a amortização de ágio. Tais empresas (e isso não é negado pela Recorrente) nunca tiveram verdadeira atividade operacional, sequer contando com empregados.” – fl. 5131. (...) “Podese notar, portanto, que houve operação dissimulada, havendo descompasso entre a vontade real e a manifestada pela Recorrente. A vontade real era a de adquirir ativos do Grupo IPIRANGA. A vontade manifestada foi a de incorporar as sociedades UPB e 17 DE MAIO. O objetivo desse descompasso era permitir a dedução do lucro real da PETROBRAS da amortização de ágio gerado a partir de ativos que não sociedades empresárias incorporadas.” – fl. 5133. (...) “Tal despacho [do CADE] foi notificado à PETROBRAS em 17 de abril de 2007, conforme cabeçalho do facsimile em que está impresso. O Acordo de Investimentos em que se pactuou a criação de empresas veículo data de 18 de março de 2007, ou seja, um mês antes da determinação do CADE. Como se observa, a liminar deferida pelo CADE tinha o condão de determinar a administração da CBPI por gestor independente da PETROBRAS, separando as áreas de distribuição Norte e Sul. Em nenhum momento o CADE determinou a ‘segregação’ de ativos da forma como feita pelas sociedades participantes.” – fls. 5133/5134. Fl. 5222DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 22 DOS JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO “Desta forma, por ser a multa, indubitavelmente obrigação principal, não se pode chegar a outra conclusão se não a de que o crédito tributário engloba o tributo e a multa. Logo, tanto sobre o tributo (principal) quanto sobre a multa deve incidir juros, como determina o §1º do art. 161 do Código Tributário Nacional.” – fl. 5138. Em 28/07/2015, os autos foram remetidos a este conselheiro (fl. 5140), o qual, fazendo o juízo de admissibilidade, verificou que “não tendo a advogada Dra. Geórgia Valverde Leão comprovado a ocupação do cargo de Assistente do Gerente Executivo Jurídico da Petrobrás e que a ocupação desse cargo preencheria a exigência contida na procuração pública às fls. 4198, 4908 e 5051, não restou comprovado os poderes de substabelecimento e, por conseguinte, o recebimento de tais poderes pelos advogados que interpuseram o Recurso Voluntário” – fl. 5142 e, por conseguinte, intimou a Contribuinte para regularizar sua representação processual (fls. 5141/5142). Intimada em 16/10/2015 pelo Portal eCAC (fls. 5149/5150), em 29/10/2015 (fl. 5152), a Contribuinte apresentou petição (fl. 5153 e docs. anexos fls. 5154/5198), comprovando que Geórgia Valverde Leão ocupava o cargo de Assistente do Gerente Executivo Jurídico da Petrobrás. É o suficiente para o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheiro João Carlos de Figueiredo Neto I. DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Os pressupostos e requisitos de admissibilidade do Recurso Voluntário, determinados pelo Decreto n° 70.235/1972 e pelo Regimento Interno do CARF fazemse presentes, senão vejamos. Nos termos do artigo 2º, incisos I e IV1, do Anexo II do Regimento Interno 1 Art. 2º À 1ª (primeira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: I Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ); (...) IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), quando reflexos do IRPJ, formalizados com base nos mesmos elementos de prova em um mesmo Processo Administrativo Fiscal; Fl. 5223DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.213 23 do CARF, é da competência desta 1ª Seção julgar recursos voluntários interpostos em face de decisão de primeira instância que versem sobre a aplicação da legislação relativa a IRPJ e de CSL, quando reflexos do IRPJ, razão pela qual é patente a competência desta C. Turma para apreciação do presente caso. No que tange à legitimidade, este requisito também se faz presente, já que o Recurso Voluntário está assinado por advogados (fls. 4973 e 5040) devidamente constituídos nos autos, conforme substabelecimento (fls. 4910 e 5047), cujo outorgante recebeu seus poderes por outro substabelecimento (fls. 4196, 4909 e 5049), tendo, por sua vez, os poderes advindos desse último outorgante de procuração pública (fl. 4197/4198, 4907/4908 e 5050/5051). Vale notar que restou superado, conforme exposto no relatório, que a Sra. Geórgia Valverde Leão ocupava o cargo de Assistente do Gerente Executivo Jurídico da Petrobrás (fls. 5155/5156) e, portanto, tinha poderes para substabelecer aos signatários do Recurso Voluntário. Quanto à tempestividade, este requisito se faz presente, vez que a decisão da 3ª Turma da DRJ/RJ1, proferida em 05/06/2014 (fl. 4929), chegou ao conhecimento da Contribuinte em 18/06/2014, quartafeira, pelo Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte – Portal eCAC (fl. 4968), e o recurso foi interposto em 17/07/2014 (fl. 4971), uma quinta feira, ou seja, dentro do prazo de trinta dias previsto no art. 33 do Decreto n° 70.235/72, afinal o dies ad quem era 18/07/2014, sextafeira. Nesse caminho, recebo o Recurso Voluntário. No que tange ao Recurso de Ofício, este corretamente não foi formalizado, tendo em vista que o acórdão manteve integralmente o lançamento. II. DOS PONTOS CONTROVERTIDOS Ultrapassado o juízo de admissibilidade, os pontos controvertidos podem ser assim resumidos: 1. Poderia a Fiscalização questionar os fatos que deram origem ao ágio ou teria ocorrido sua decadência/preclusão? 2. Houve inovação por parte da DRJ? 3. Caso não tenha havido inovação: a) É necessária a incorporação dos ativos operacionais da investida pela investidora em seu patrimônio para que possa haver a amortização do ágio? Fl. 5224DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 24 b) A cessão de quotas de capital da ALVO para a BR Distribuidora obstaria a amortização do ágio? c) A aquisição da participação societária da ICQ pela Braskem obstaria a amortização do ágio? 4. A Contribuinte comprovou o ágio? 5. A simples aquisição de participação societária em valor superior ao do patrimônio líquido da pessoa jurídica investida autoriza a amortização do ágio no resultado fiscal da pessoa jurídica investidora? Tratase a UBP e 17 DE MAIO de empresas veículos? A existência de empresas veículo impede a amortização do ágio? 6. É legítima a incidência de juros sobre multa? III. DA PRECLUSÃO/DA DECADÊNCIA A Contribuinte aduziu, preliminarmente em seu Recurso Voluntário, que “(...) não poderia o Sr. Auditor Fiscal questionar a legalidade dos atos que originaram o direito ao aproveitamento do ágio, que surgiu, repitase, em abril de 2007, eis que transcorreu o prazo decadencial de cinco anos entre os fatos que propiciaram o surgimento do ágio em 2007 e a lavratura do auto de infração em questão (27/12/2013).” – fl. 4978. Adotando posicionamento diverso daquele da Contribuinte, a 3ª Turma da DRJ/RJ1, por meio do acórdão nº 1266.118, sustentou que “(...) deve ser rejeitada a preliminar de preclusão veiculada na impugnação do interessado, haja vista que a autoridade lançadora não está impedida de verificar os eventos ocorridos em períodos passados relacionados ao registro contábil do ágio, cuja amortização tenha modificado o resultado fiscal de períodos subsequentes e a glosa da despesa tenha se operado antes do decurso do prazo decadencial” – fl. 4948. Como argumento subsidiário, a 3ª Turma da DRJ/RJ1 afirmou que “(...) os registros de pagamentos efetuados pelo interessado (Fls. 4325/4333), assim como as operações relacionadas aos eventos societários de reestruturação (cisão parcial, incorporação, etc.), que serão analisados nos itens seguintes, bem como a emissão dos laudos de avaliação dos acervos líquidos transacionados nessas operações, tudo só foi concluído no anocalendário de 2008. Portanto, em 2007, não haveria como se reconhecer o valor do alegado ágio surgido nestas operações.” – fl. 4948. Concordando com esse posicionamento, a Procuradoria da Fazenda Nacional, em suas contrarrazões, asseverou que (i) não haveria dispositivo legal que estabelecesse esse prazo de preclusão; (ii) o CTN não estipulou o momento da contabilização do ágio como termo Fl. 5225DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.214 25 inicial da decadência ou de qualquer prazo de preclusão; e (iii) como o valor da operação somente foi efetivamente pago em 22 de fevereiro de 2008, os atos de amortização de ágio estariam dentro do lustro de preclusão alegado pelo contribuinte. Antes de mais nada, há que se diferenciar a preclusão temporal da decadência. A primeira está relacionada com a perda do direito de realizar determinado ato processual, por decurso de prazo, e a segunda com a perda do direito de constituir o crédito por meio de seu lançamento (artigo 156, V, do CTN). Estabelecida a diferença entre tais institutos, cumpre informar que a decadência se sujeita a um dos seguintes prazos: (i) artigo 150, § 4º, do CTN, para as hipóteses em que haja pagamento parcial e não haja dolo, fraude ou simulação; e (ii) artigo 173, I, do CTN, para as demais hipóteses. Adotandose o prazo previsto no artigo 173, I, do CTN, é evidente que não ocorreu a decadência, já que não transcorreu mais de cinco anos entre o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (em 01/01/2009) e a data da ciência do lançamento (em 27/11/2013 fls. 4128/4130). Mesmo que se adote o prazo disposto no artigo 150, § 4º, do CTN, é inconteste que não ocorreu a decadência no presente caso, visto que não transcorreu mais de cinco anos entre a data da ocorrência do fato gerador (em 31/12/2008) e a data da ciência do lançamento (em 27/11/2013 fls. 4128/4130). Nem se alegue, como tentou a Contribuinte, que o prazo decadencial do artigo 150, § 4º, do CTN teria se iniciado no ano de 2007, pois, nesse ano, apenas houve o registro contábil do ágio e este registro não implica em fato gerador da obrigação tributária ou em qualquer alteração da base de cálculo do IRPJ e da CSL. O prazo decadencial corre em face do fato gerador da obrigação tributária e, não, sobre qualquer operação contabilizada. Apenas quando se verifica a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária é que surge contra o Fisco o prazo para a homologação dos elementos que dão origem aos créditos passíveis de constituição. É dizer, em ocorrendo o decurso do prazo previsto no artigo 150, § 4º, do CTN, o que é homologado pelo Fisco é a apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSL realizada pelo contribuinte, não o ágio registrado ou qualquer outro elemento patrimonial, ainda que definitivamente constituído. Nesse mesmo sentido, é o entendimento da antiga C. 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF, manifestado por meio do acórdão nº 140200.993, em sessão Fl. 5226DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 26 realizada em 11/04/2012, o que é comprovado pela transcrição do seguinte trecho do voto vencedor do Conselheiro José Praga de Souza: “Vejamos, na prática, algumas situações abusivas que podem decorrer do entendimento defendido pelo nobre recorrente (contribuintes optantes pelo lucro real anual): i) No ano de 1998, determinado contribuinte adquire um bem não depreciável, composto por várias partes e peças, pelo valor total de $100, mas contabiliza no ativo por $200; nos anos seguintes permanece pelo mesmo valor em seus livros contábeis e balanços. No ano 2007, vende esse bem por $180 e não apura ganho de capital. Sofre auditoria em 2010 e o Fisco solicita a comprovação do custo contabilizado, ele não apresenta notas fiscais de aquisição sequer das peças efetivamente compradas, alegando que o ano de 2001 já estava decaído, logo, ocorreu a preclusão do Fisco de verificar tais custos. E isso mesmo? O tempo pode homologar o que nunca existiu, e permitir que produza efeitos futuros, impedindo a constituição do crédito tributário devido? Estou certo de que a resposta é não. ii) No ano de 1999 o contribuinte realiza a construção de uma planta industrial com vida útil de 20 anos e contabiliza regularmente os custos. No ano de 2001 inicia a depreciação a 5% ao ano. E Fiscalizado em 2008 e apresenta apenas parte dos custos da construção realizada. Então? o Fisco não poderia glosar o excesso os encargos de depreciação de 2003 a 2007? Evidente que sim, pois esses encargos submetemse ao regime de competência e o contribuinte deve fazer prova da efetividade dos mesmos o que só é possível mantendo em boa guarda os comprovantes dos custos e despesas incorridos. iii) No ano de 2000 o contribuinte adquire um imóvel por $1000. Contabiliza a aquisição por $12.000, utilizando para tanto um documento fraudado. Realiza uma incorporação em 2001, acrescentando diversos custos inexistentes. Vende esse imóvel, já fracionado, nos ano(sic) de 2001 e 2002, apurando um pequeno ganho em 2002 que é declarado e o tributo recolhido. É fiscalizado em 2008 (anocalendário 2002). De plano alega que o ano 2002 já está decaído, afinal passaramse mais de 5 anos da ocorrência dos fatos geradores. Todavia, com receio de o Fisco apurar a verdade dos fatos, apresenta o aludido documento de aquisição. O Fisco efetua diligências e apura todas as fraudes tributárias. Em relação à 3ª. situação hipotética acima ("iii'), cabe questionar: qual o amparo legal para o Fisco realizar em 2008 uma auditoria do ano de 2002, se o contribuinte estava em tese regular perante a Administração Tributária, inclusive tendo efetuado os recolhimentos? há vedação expressa em lei para a auditoria fiscal alcançar os anos de 2000 e 2001, nos quais apurou a verdade dos fatos? Fl. 5227DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.215 27 Respondo: a única vedação expressa nessa hipótese "iii" é para constituição do crédito tributário relativo ao ano de 2001, em face da decadência.” Superado isso, tampouco há de se falar em preclusão no presente caso, vez que o artigo 37 da Lei nº 9.430/96 atribui ao contribuinte o dever de preservar os comprovantes de escrituração dos exercícios futuros até que se opere a decadência do Fisco constituir os créditos desses exercícios. Confirase: Art. 37. Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios. Em caso idêntico, a antiga C. 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF, por meio do acórdão nº 1101000.841, apreciando a existência de eventual decadência do direito de o Fisco questionar a legalidade dos atos societários que deram origem ao ágio, entendeu que esta não estaria configurada. Vejamos: AUDITORIA FISCAL. PERÍODO DE APURAÇÃO ATINGIDO PELA DECADÊNCIA PARA CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. VERIFICAÇÃO DE FATOS, OPERAÇÕES, REGISTROS E ELEMENTOS PATRIMONIAIS COM REPERCUSSÃO TRIBUTARIA FUTURA. POSSIBILIDADE. LIMITAÇÕES. O fisco pode verificar fatos, operações e documentos, passíveis de registros contábeis e fiscais, devidamente escriturados ou não, em períodos de apuração atingidos pela decadência, em face de comprovada repercussão no futuro, qual seja: na apuração de lucro liquido ou real de períodos não atingidos pela decadência. Essa possibilidade delimitase pelos seus próprios fins, pois, os ajustes decorrentes desse procedimento não podem implicar em alterações nos resultados tributáveis daqueles períodos decaídos, mas sim nos posteriores. Em relação a situações jurídicas, definitivamente constituídas, o Código Tributário Nacional estabelece que a contagem do prazo decadencial para constituição das obrigações tributárias, porventura delas inerentes, somente se inicia após 5 anos, contados do período seguinte ao que o lançamento do correspondente crédito tributário poderia ter sido efetuado (art. 173 do CTN). Fl. 5228DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 28 Ante o exposto, considerando que o prazo decadencial corre em face do fato gerador da obrigação tributária e, não, sobre qualquer operação contabilizada e considerando o quanto disposto no artigo 37 da Lei nº 9.430/96, concluise que não houve a decadência, nem a preclusão no presente caso. IV. HOUVE INOVAÇÃO POR PARTE DA DRJ? A Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal sintetizou as seguintes razões como sendo as que deram ensejo a lavratura do Auto de Infração e a glosa dos valores utilizados pela Contribuinte para a amortização do ágio: “Neste item, demonstrarseá que a fiscalizada não comprovou o ágio em investimentos em participações societárias adquiridas no processo de compra de ativos do Grupo Ipiranga, sendo, por esse motivo, indedutível a sua amortização após a incorporação. Além disso, ainda que tivesse demonstrado e comprovado o ágio, verificase que a fiscalizada realizou a aquisição dos ativos do Grupo Ipiranga, com extrapolação dos limites do fim econômico, da função social e da boafé objetiva perante o Estado, mediante a utilização de operações estruturadas, que isoladamente aparentavam licitude de direito, mas que, vistas em seu conjunto, acabaram por demonstrar uma outra realidade” – fl. 4043. A Fiscalização entendeu que a Contribuinte não comprovou o ágio, pois, considerando que o ágio é calculado sobre a diferença entre o valor pago e o valor do Patrimônio Líquido da empresa incorporada, “(...) sem se saber exatamente quais foram os bens originalmente adquiridos pelo contrato de compra e venda e como foram efetivamente segregados na UPB e na 17 DE MAIO, com seus respectivos valores contábeis também não foi possível verificar a validade do valor do patrimônio líquido destas no momento de sua incorporação pela contribuinte.” – fl. 4053. Em contraponto, a Fiscalização fundamentou a extrapolação dos limites do fim econômico, da função social e da boafé objetiva perante o Estado no fato de que a Contribuinte se utilizou de empresas veículo para poder amortizar o ágio e cumprir com o requisito do artigo 386, III, do RIR/99. Isso porque, o ágio pago na aquisição de participações societárias pela Contribuinte não é dedutível, mas, quando houver absorção do patrimônio de outra empresa em virtude de uma incorporação, cisão ou fusão, será dedutível, nos termos do artigo 386, III, do RIR/99, confirase: “Conforme já comentado no presente relatório, regra geral, o ágio pago na aquisição de participações societárias avaliadas Fl. 5229DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.216 29 pela sistemática de equivalência patrimonial não é dedutível na apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido. A exceção à regra encontrase no dispositivo legal supracitado [art. 386, III, do RIR/99], que deve ser compreendido em consonância com a Constituição Federal, os novos comandos legais inseridos pelo Novo Código Civil – Lei nº 10.406/02, e os ditames do Código Tributário Nacional – CTN. Todavia, no caso aqui analisado, toda a argumentação apresentada sobre a nulidade do ato ilícito demonstra que, nos termos dos arts. 166 e 170 do Código Civil de 2002, o negócio jurídico que efetivamente subsistiu foi a aquisição dos ativos da Ipiranga na forma em que foram alienados originalmente pelos vendedores, considerandose nula a utilização das empresas veículo com suas posteriores incorporações. Nessas condições, os valores relativos à amortização do ágio registrado pela aquisição das empresas veículo UPB e 17 DE MAIO constituem despesas, exclusões e ajustes de RTT que não preenchem os requisitos de dedutibilidade previstos na legislação em vigor, não valendo o previsto no art. 386 do RIR/99, porque não há que se falar em incorporação, por ilicitude do ato.” – fl. 4066. Tendo sido devidamente especificado os argumentos utilizados pela Fiscalização para a lavratura do Auto de Infração e a glosa dos valores utilizados pela Contribuinte para a amortização do ágio, cumpre transcrever os argumentos utilizados pela 3ª Turma da DRJ/RJ1 para manutenção do lançamento. Em primeiro lugar, a 3ª Turma da DRJ/RJ1 manteve o Auto de Infração, porque entendeu que a simples aquisição de participação societária em valor superior ao do patrimônio líquido da pessoa jurídica investida não autoriza a amortização do ágio no resultado fiscal da pessoa jurídica investidora, sendo necessário, para cumprir tal requisito, que haja incorporação ao seu patrimônio dos ativos operacionais da investida, o que não restou configurado no presente caso. Vejamos: “Logo, a amortização do ágio pago por expectativa de lucros futuros não pode ser deduzida no resultado fiscal da investidora enquanto não forem incorporados ao seu patrimônio os ativos operacionais da investida” – fl. 4950. (...) “Frisese, por oportuno, que o interessado incorporou, de fato, ao seu patrimônio as participações societárias detidas nas pessoas jurídicas IASA, ALVO e ICQ, que permaneceram, por Fl. 5230DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 30 sua vez, com os respectivos ativos operacionais geradores da expectativa de rentabilidade futura, que fundamentou o pagamento pelo interessado do alegado ágio.” – fl. 4953. Em segundo lugar, a 3ª Turma da DRJ/RJ1 manteve o lançamento, vez que a Contribuinte somente poderia amortizar parte do ágio entre o período de 24.11.2008 (data em que o interessado sucedeu a 17 DE MAIO, incorporando as quotas de capital da ALVO) a 09.04.2009 (data em que o interessado transferiu as quotas de capital da ALVO para a BR Distribuidora) e outra parte entre o período de 29.02.2008 (data em que o interessado sucedeu a UPB, incorporando as quotas de capital da ICQ) a 30.09.2008 (data em que a ICQ informou a Braskem como sua única acionista). Vejase: “Portanto, ainda que fosse possível a amortização de ágio apenas com a incorporação de participação societária, sem a absorção do ativo operacional gerador das receitas/lucros (item “Aquisição das participações societárias do Grupo Ipiranga”), a cessão de quotas de capital da ALVO para a BR Distribuidora obstaria a amortização do alegado ágio na contabilidade do interessado desde a data do evento ocorrido em 09.04.2009.” – fl. 4956. (...) “Portanto, ainda que fosse possível a amortização de ágio apenas com a incorporação de participação societária, sem a absorção do ativo operacional gerador das receitas/lucros (item “Aquisição das participações societárias do Grupo Ipiranga”), a aquisição da participação societária da ICQ pela Braskem obstaria a amortização do alegado ágio na contabilidade do interessado, no mínimo, desde 30.09.2008, período de apuração em que a ICQ já havia informado a Braskem como sua única acionista.” – fl. 4958. Em terceiro lugar, a 3ª Turma da DRJ/RJ1 manteve o Auto de Infração, na medida em que não restou comprovado o ágio, pois, para tanto, era necessária a identificação dos ativos para ver se eles foram, de fato, incorporados à estrutura patrimonial da Contribuinte e para apurar o seu valor patrimonial e, consequentemente, ser possível calcular o valor do ágio. Confirase: “Diferentemente do que entende o interessado, a identificação dos referidos ativos decorre da necessidade de se verificar se de fato eles foram incorporados à estrutura patrimonial do interessado, pois só assim seria possível a dedução fiscal da amortização do eventual ágio surgido na operação, conforme já descrito anteriormente. Fl. 5231DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.217 31 Além disso, se fosse confirmada a absorção pelo interessado dos ativos operacionais adquiridos na operação (Ativos de Distribuição Norte e Ativos Petroquímicos) – e não simplesmente a incorporação das participações societárias na ICQ, IASA e ALVO , o passo seguinte seria verificar o valor patrimonial pelo qual tais ativos operacionais foram integrados ao patrimônio do interessado, pois isso permitiria que se apurasse efetivamente o valor do alegado ágio pago na operação (art. 385, § 2º. do RIR/99).” – fls. 4959/4960. Em quarto lugar, a 3ª Turma da DRJ/RJ1 manteve a autuação, visto que as empresas veículos não tiveram qualquer propósito. Vejamos: “A análise cuidadosa das operações estruturadas pelo interessado evidenciou que a UPB e a 17 DE MAIO não exerceram essa função, isto é, não serviram para segregar os ativos adquiridos pelo interessado. Isso porque, não há registros de que essas pessoas jurídicas incorporaram aos seus respectivos patrimônios os Ativos Petroquímicos ou os Ativos de Distribuição Norte adquiridos pelo interessado. (...) Além disso, não é demais lembrar que desde o nascimento do Acordo de Investidores, datado de 18.093.2007 (fls. 1161/1202), isto é, antes mesmo de o órgão regulador proferir o despacho em 17.04.2007 (fls. 4715/4723), já havia a previsão de utilização de empresas com o fim específico de transferir ao interessado as participações societárias adquiridas do Grupo Ipiranga (fls. 1170/1171). Portanto, não há como sustentar que a UPB e a 17 DE MAIO foram utilizadas para viabilizar a segregação dos ativos adquiridos pelo interessado e cumprir as condições impostas pelo CADE para a realização da Operação.” – fl. 4961. Confrontando os fundamentos utilizados pela Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal e aqueles utilizados pela 3ª Turma da DRJ/RJ1, a Contribuinte defendeu que teria havido inovação por parte da DRJ, in verbis: “Inicialmente, cumpre ressaltar que o Termo de Verificação Fiscal que embasa os lançamentos fiscais encontrase fundamentado na suposta não comprovação do ágio e na utilização de duas empresas veículos. A 3ª Turma de Julgamento, quando da prolação do acórdão recorrido, na tentativa de salvar os lançamentos agregou dois argumentos que jamais foram suscitados no Termo de Verificação Fiscal, quais sejam: Fl. 5232DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 32 (i) Que a amortização do alegado ágio por expectativa de lucros futuros não poderia ser deduzida no resultado fiscal do interessado pela simples incorporação das participações societárias na ALVO, IASA e ICQ, sem que os ativos operacionais, geradores dos esperados lucros, fossem de fato incorporados ao patrimônio do interessado; e (ii) Que a cessão de quotas de capital da ALVO para a BR Distribuidora e a cessão de quotas da ICQ para a Braskem obstariam a amortização ágio na contabilidade da Recorrente.” – fl. 5005. A despeito do posicionamento contrário defendido pela Procuradoria da Fazenda Nacional em suas contrarrazões, entendo que houve, sim, inovação. Explico. Parte do primeiro argumento (a simples aquisição de participação societária não possibilita a amortização do ágio), parte do terceiro argumento (não restou comprovado o ágio, pois, para tanto, era necessária a identificação dos ativos para cálculo do valor patrimonial) e do quarto argumento (as empresas veículo não tiveram qualquer propósito) estão compreendidos dentro dos dois argumentos do Termo de Verificação Fiscal. Contudo, parte do primeiro argumento (para que se autorizasse a amortização do ágio, era preciso que houvesse a incorporação ao patrimônio da investidora dos ativos operacionais da investida), o segundo argumento (a amortização só caberia em relação a determinado período) e parte do terceiro argumento (não restou comprovado o ágio, pois, para tanto, era necessária a identificação dos ativos para apurar se eles foram, de fato, incorporados à estrutura patrimonial da Contribuinte) não estão compreendidos dentro de nenhum dos dois argumentos do Termo de Verificação Fiscal. Quanto ao segundo argumento, não preciso tecer muitos comentários, já que a inovação é evidente. Em nenhum momento, no Termo de Verificação Fiscal, a Fiscalização tratou da BR Distribuidora ou da Braskem e, consequentemente, não houve nenhuma restrição a amortização do ágio da Contribuinte a certo lapso temporal (até a data em que a Contribuinte transferiu as quotas de capital da ALVO para a BR Distribuidora ou até a data em que a ICQ informou a Braskem como sua única acionista). Em relação à parte do primeiro e do terceiro argumento, a inovação é sutil. A 3ª Turma da DRJ/RJ1, saindo da linha argumentativa do Termo de Verificação Fiscal, entendeu que não bastava só a incorporação para que fosse possível a amortização do ágio (argumento utilizado pela Fiscalização), precisava também que houvesse uma incorporação de fato à estrutura patrimonial da empresa, incorrendo em inovação nessa parte, vez que lhe acrescentou um requisito antes não exigido. Fl. 5233DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.218 33 Ante o exposto, concluo que houve inovação em relação ao segundo e parte do terceiro argumento da 3ª Turma da DRJ/RJ1, razão pela qual eles não serão analisados quando do julgamento do presente caso. V. DA COMPROVAÇÃO DO ÁGIO No Termo de Verificação Fiscal, a Fiscalização acentuou que: “Sem esta identificação, ou seja, sem se saber exatamente quais foram os bens originalmente adquiridos pelo contrato de compra e venda e como foram efetivamente segregados na UPB e na 17 DE MAIO, com seus respectivos valores contábeis também não foi possível verificar a validade do valor do patrimônio líquido destas no momento de sua incorporação pela contribuinte. Como o ágio é calculado sobre a diferença entre o valor pago e o valor do Patrimônio Líquido da empresa incorporada, também não foi possível confirmar o ágio apurado pela contribuinte – discriminado em seu “DEMONSTRATIVO DA REALIZAÇÃO FISCAL DO ÁGIO APURADO NA AQUISIÇÃO DA IPIRANGA (DOC. 31) , nem, por consequência, validar a sua dedutibilidade após a incorporação das empresas UPB e 17 DE MAIO.” – fl. 4053. Por outro lado, a Contribuinte defendeu, por meio de seu Recurso Voluntário, que “Nada obstante a flagrante contradição constante no Termo de Verificação Fiscal e a absurda alegação no sentido de que haveria a necessidade de individualização dos ativos, verificase que o ágio em questão foi devidamente comprovado uma vez que encontrase fundamentado na expectativa de rentabilidade futura das sociedades do Grupo Ipiranga e foi devidamente quantificado no laudo elaborado pelo Deutsche Bank (DOC. 09 anexo à impugnação).” – fl. 5025. A fim de verificar se restou, ou não, comprovado o ágio amortizado pela Contribuinte, refaremos o seu cálculo, que, como bem acentuado pela Fiscalização, corresponde a diferença entre o valor pago e o valor contábil dos ativos. (i) Do valor pago Durante o curso da fiscalização, a Contribuinte destacou que seu ágio seria de R$ 1.142.823.781,36, decorrente do pagamento do valor de R$ 2.072.320.997,09 pela aquisição de sua parte do grupo Ipiranga (R$ fl. 1058): Fl. 5234DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 34 “O valor definido para a operação baseouse em avaliação econômica, cujo pagamento foi realizado pela Petrobras em três parcelas totalizando dois bilhões, setenta e dois milhões, trezentos e vinte mil, novecentos e noventa e sete reais e nove centavos (registrados contabilmente à contrapartida da conta de adiantamento para investimentos), assim dividido: Empresa R$ 17 de Maio 1.095.449.074,77 UPB 976.871.922,32 Total 2.072.320.997,09 O ágio apurado foi fundamentado em expectativa de rentabilidade futura no valor de um bilhão, cento e quarenta e dois milhões, oitocentos e vinte e três mil, setecentos e oitenta e um reais e trinta e seis centavos, conforme demonstrado no quadro abaixo: Empresa R$ 17 de Maio 472.982.710,29 UPB 669.841.071,07 Total 1.142.823.781,36 Reiterando o quanto foi destacado durante o curso da fiscalização, a Contribuinte informou no Recurso Voluntário que pagou à ULTRAPAR o montante de R$ 2.072.320.997,09 pela compra de sua parte no grupo Ipiranga e que teve ágio no valor de R$ 1.142.823.781,36 (fl. 5024), in verbis: Custo de Aquisição Equivalência Patrimonial 2007 Equivalência Patrimonial 2008 Saldo no momento da transferência de ativos Patrimônio Líquido recebido conforme laudo de avaliação Variações patrimoniais apuradas entre data do laudo e da efetiva incorporação Ágio decorrente de expectativa de rentabilidade futura 17 DE MAIO 1.095.449.074,77 5.550.336,00 35.659.127,46 1.136.658.538,23 663.665.698,77 10.131,17 472.982.710,29 UPB 976.871.922,32 20.470.764,24 0,00 997.342.686,56 327.531.286,44 29.672,95 669.841.071,07 TOTAL 2.072.320.997,09 26.021.100,24 35.659.127,46 2.134.001.224,79 991.196.985,21 19.541,78 1.142.823.781,36 Ademais, a Contribuinte informou no Recurso Voluntário que procedeu ao pagamento do valor acordado com a ULTRAPAR por meio de três tranches: (i) o primeiro tranche foi pago em 18/04/2007, no valor de R$ 742.746 milhões; (ii) o segundo tranche foi pago em 23/10/2007 e 21/11/2007, sem ter especificado qual valor foi pago nessas datas; e (iii) Fl. 5235DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.219 35 o terceiro tranche foi pago em 22/02/2008, sem ter novamente especificado qual valor foi pago nessa data. Confirase trecho do Recurso Voluntário: “Nesta mesma data [18/04/2007], a PETROBRAS transferiu à ULTRAPAR recursos financeiros no montante de R$ 742.746 milhões (1ª tranche – TED – Doc. 05 anexo à Impugnação) que representam a primeira parcela de um valor total de compra de R$ 2.072.320.997,09 bilhões (cláusula 4.2 (i) (a) e (b) e Anexo IV do Acordo de Investimentos – DOC. 03 anexo à impugnação).” – fl. 4986. (...) “Em 23 de outubro e 21 de novembro de 2007 a Petrobras entregou os recursos à ULTRAPAR (2ª tranche – TED – DOC. 05 anexo à impugnação), esta última, na qualidade de comissária, (cláusula 4.2 (v) do Acordo de Investimentos), relativamente às 3 OPAs realizadas (RPI, DPPI e CBPI).” – fl. 4987. (...) “Em 22 de fevereiro de 2008 a Petrobras entregou recursos à ULTRAPAR que atuou como sua comissária na operação (3ª tranche – TED – DOC. 05 anexo à impugnação), cláusula 4.2 (v) do Acordo de Investimentos).” – fl. 4990. A despeito da falta de informações constantes no Recurso Voluntário, analisando a “Planilha auxiliar dos registros contábeis dos pagamentos realizados” juntada durante o curso da fiscalização pela Contribuinte (fls. 1149/1151), bem como a planilha juntada com a Impugnação (fls. 4325/4326), averiguouse que os três tranches corresponderiam respectivamente aos valores de R$ 742.746.748,28, R$ 211.377.051,52 e R$ 1.118.197.197,29, totalizando, assim, o montante de R$ 2.072.320.997,09. Esclarecidas as alegações da Contribuinte, verifico, primeiramente, que o valor informado como tendo sido pago para a aquisição de sua parte do grupo Ipiranga está incorreto, vez que está em desacordo com aquele indicado no primeiro aditivo ao acordo de investimentos, firmado entre a Contribuinte, BRASKEM e ULTRAPAR para regulamentar a aquisição pela última empresa, em nome das outras duas, das ações do grupo Ipiranga (fls. 4276/4277). Segundo tal acordo, a Contribuinte deveria pagar três parcelas pelos ativos de seu interesse, cuja soma perfazia R$ 2.106.289.245,87: 1º Aditivo ao Acordo de Investimentos Fl. 5236DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 36 Preços Ativos Braskem/Petrobras 1ª parcela R$ 429.405.252,53 2ª parcela R$ 168.698.537,02 3ª parcela R$ 393.729.707,62 Soma das parcelas R$ 991.833.497,17 Preços Ativos Petrobras 1ª parcela R$ 313.348.853,93 2ª parcela R$ 95.283.281,15 3ª parcela R$ 705.823.613,62 Soma das parcelas R$ 1.114.455.748,70 Soma de todos os ativos R$ 2.106.289.245,87 Além de o valor supostamente pago (R$ 2.106.289.245,87) ter sido maior que o indicado (R$ 2.072.320.997,09), constato, a partir da análise dos documentos juntados pela Contribuinte (fls. 4325/4333), que (i) os comprovantes de pagamento juntados às fls. 4327/4331 contêm datas diversas das indicadas pela Contribuinte e perfazem o valor de R$ 1.327.340.722,00, conforme tabela abaixo; e (ii) o recibo de 18/04/2007 perfaz o valor de R$ 743.114.010,57 (fl. 4332) e, não, de $ 742.746 milhões. Valor efetivamente pago Data Comprovante de pagamento Folha 25/10/2007 R$ 161.561.509,91 4327 13/11/2007 R$ 37.649.458,71 4328 13/11/2007 R$ 5.107.259,66 4329 27/02/2008 R$ 417.211.284,31 4330 14/05/2008 R$ 705.811.209,41 4331 Total R$ 1.327.340.722,00 Para piorar a situação, somando o valor do recibo (R$ 743.114.010,57) com o valor dos comprovantes de pagamento (R$ 1.327.340.722,00), chegase ao valor de R$ 2.070.454.732,57, o qual é inferior aquele valor combinado no primeiro aditivo ao acordo de investimentos (a soma das parcelas totaliza, reiterase, R$ 2.106.289.245,87) e também é inferior aquele valor indicado pela Contribuinte no Recurso Voluntário (R$ 2.072.320.997,09), razão pela qual se conclui que não restou comprovado o pagamento. (ii) Valor contábil dos bens adquiridos pela Contribuinte Mas não foi só o valor pago que não restou comprovado; também não foi possível definir qual é o valor contábil dos bens adquiridos pela Contribuinte relativos ao grupo Ipiranga e, consequentemente, o próprio valor do ágio, como bem destacado pela Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal. Vejamos. Fl. 5237DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.220 37 No Recurso Voluntário, a Contribuinte fundamentou a comprovação do ágio nas diversas etapas realizadas para a aquisição de sua parte do grupo Ipiranga, que estariam devidamente corroboradas por laudos, in verbis: “Tecidos esses breves comentários sobre a estrutura da operação, pelos quais restou evidente que houve o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio, verificouse a lisura na avaliação das empresas adquiridas, bem como a expectativa de rentabilidade futura, e que a operação ocorreu entre partes não relacionadas” – fl. 5000. Além disso, a Contribuinte demonstrou a comprovação do ágio por meio de sua ilustração na seguinte tabela (fl. 5025): Demonstração do Cálculo do Ágio Fundamentado em Rentabilidade Futura Histórico Valor Econômico/Acordo de Investimentos Valor Econômico/Laudo Deutsche Valor Pago/Contabilizado Valor do PL Recebido Ágio s/ Rentabilidade Futura Ativos Petroquímicos 991,8 860,9 976,9 327,5 649,4 Ativos de Distribuição 1.114,50 1.097,90 1.095,40 663,70 431,70 Total 2.106,30 1.958,80 2.072,30 991,20 1.081,10 Como consequência, tornase indispensável a análise de cada uma dessas etapas, assim como dos documentos que suportaram tais etapas, para verificar se houve, ou não, a comprovação do ágio e se está, ou não, correta a tabela acima, especialmente o valor do patrimônio líquido de 991,20. O contrato de compra e venda de ações firmado entre, de um lado, os acionistas do grupo Ipiranga e, de outro, a ULTRAPAR, a PETROBRAS e a BRASKEM determinou que deveria ser pago o valor de R$ 2.000.165.366,43 pela compra das ações ordinária vinculada, ordinária não vinculada e preferencial das empresas RIPI, DPPI e CBPI, conforme cláusula 1.2 e Anexo II do aludido contrato (fls. 4286/4287). Além de englobar as referidas empresas, o contrato de compra e venda de ações firmado entre os acionistas do grupo Ipiranga e a ULTRAPAR, a PETROBRAS e a BRASKEM englobava também a compra de diversas subsidiárias, que eram direta ou indiretamente controladas pelas empresas RIPI, DPPI e CBPI e que foram devidamente arroladas no Anexo II do aludido contrato (fls. 4306/4312). Fl. 5238DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 38 A fim de viabilizar a avaliação com base na perspectiva de rentabilidade futura das empresas RIPI, DPPI e CBPI, foram realizados dois laudos de avaliação: um laudo pela Deutsche Bank em 04/04/2007 (fls. 4381/4480) e outro laudo pelo Credit Suisse em 08/11/2007 (fls. 4765/4895), quantificando o valor das ações de cada uma das empresas envolvidas com base no valor de mercado. Confirase: Laudo pela Deutsche Bank Objetivo: “No que tange ao papel do Deutsche Bank para ‘realizar uma análise de avaliação/preparar um laudo de avaliação’ para Ultrapar, e preparar um laudo de avaliação da Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga (‘CBPI’), Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga S.A. (‘DPPI’) e Refinaria de Petróleo Ipiranga S.A. (‘RIPI’) (coletivamente, ‘Ipiranga’, ou ‘Grupo Ipiranga’) e Ultrapar” – fl. 4382. Conclusão: Por meio de mencionado laudo, restou concluído que o preço por ação com base no valor econômico é de (i) R$ 28,39 para a CBPI; (ii) R$ 43,28 para a DPPI; (iii) R$ 54,35 para a RIPI; e (iv) R$ 67,87 para a ULTRAPAR (fl. 4448). Laudo pelo Credit Suisse Objetivo: “O Banco de Investimentos Credit Suisse (Brasil) S.A. (‘CS’) foi contratado pela Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga (‘CBPI’), Refinaria de Petróleo S.A. (‘RIPI’) e a Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga S.A. (‘DPPI’) (CBPI, DPPI, RIPI, em conjunto denominadas ‘Ipiranga’ ou ‘Grupo Ipiranga’) para preparar um Laudo de avaliação econômicofinanceira (‘Laudo de Avaliação’) acerca do valor econômico das ações do Grupo Ipiranga e da Ultrapar Participações S.A. (‘Ultrapar’) (Ultrapar e Ipiranga em conjunto denominadas ‘Companhias’), para os fins da proposta de incorporação das ações do Grupo Ipiranga (a ‘Transação’) de acordo com o estabelecido nos artigos 254A e 137 da Lei 6.406/64 (‘Lei das S.A.’), bem como na instrução CVM 319/99” – fl. 4768. Conclusão: Por meio de mencionado laudo, restou concluído que o preço por ação com base no valor econômico é de (i) R$ 29,11 para a CBPI; (ii) R$ 44,21 para a DPPI; (iii) R$ 53,58 para a RIPI; e (iv) R$ 67,90 para a ULTRAPAR (fl. 4856). Fl. 5239DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.221 39 Além da existência desses dois laudos, existiam outros dois que não foram juntados no processo: um feito pela KPMG, que avaliou o valor contábil da DPPI em R$ 909.971.402,47, e outro feito pela Apsis Consultoria Empresarial S.C. Ltda, que avaliou o patrimônio líquido a preços de mercado na proporção de 0,644359 ações de emissão da ULTRAPAR para cada ação de emissão da DPPI, conforme informado nas cláusulas 2.1. e 2.3. do Protocolo de Justificação de Incorporação de Ações de Emissão da Distribuição de Produtos de Petróleo Ipiranga S.A. pela ULTRAPAR (fls. 4335/4345). De igual modo, nas cláusulas 2.1. e 2.3. do Protocolo de Justificação de Incorporação de Ações de Emissão da Refinaria de Petróleo Ipiranga S.A. pela ULTRAPAR, atestouse que existia laudo da KPMG, que avaliou o valor contábil da RPI em R$ 769.503.076,33, e laudo da Apsis Consultoria Empresarial S.C. Ltda, que avaliou o patrimônio líquido a preços de mercado na proporção de 0,722591 ações de emissão da ULTRAPAR para cada ação de emissão da RPI (fls. 4346/4356). Por fim, nas cláusulas 2.1. e 2.3. do Protocolo de Justificação de Incorporação de Ações de Emissão da Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga pela ULTRAPAR, atestouse que existia laudo da KPMG, que avaliou o valor contábil da CBPI em R$ 1.839.874.344,03, e laudo da Apsis Consultoria Empresarial S.C. Ltda, que avaliou o patrimônio líquido a preços de mercado na proporção de 0,409277 ações de emissão da ULTRAPAR para cada ação de emissão da RPI (fls. 4357/4367). Na Assembleia Geral Extraordinária da ULTRAPAR datada de 18/12/2007 (fls. 4369/4371), que deliberou sobre a incorporação das empresas RIPI, DPPI e CBPI, foi consolidada a adoção da avaliação do patrimônio líquido a preços de mercado feita pela Apsis Consultoria Empresarial S.C. Ltda (cláusula 5.2) e da avaliação por rentabilidade futura feita pelo Deutsche Bank (cláusula 5.3). Após a incorporação das aludidas empresas, como bem afirmado pela Contribuinte, foram feitas duas cisões de parte da CBPI e uma cisão da AM/PM. Na primeira cisão da CBPI ocorrida em 25/02/2008, com incorporação da parcela cindida na UPB e na Ultracargo (fls. 4558/4565), foi determinado que a UPB ficasse com 174.429.784.996 ações ordinárias de emissão da ICQ, correspondente a 40% do seu capital social, e direitos econômicos atrelados à participação da CBPI na ICQ, na proporção de 40/41,71 da totalidade de tais direitos econômicos detidos pela CBPI, e foi determinado que a Ultracargo ficasse com 6.423.835.506 ações ordinárias de emissão da ICQ, correspondente a Fl. 5240DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 40 1,47% do seu capital social, e direitos econômicos atrelados à participação da CBPI na ICQ, na proporção de 1,47/41,71 da totalidade de tais direitos econômicos detidos pela CBPI. Para quantificação do valor contábil da parcela cindida UPB e da parcela cindida Ultracargo, em 25/02/2008, foram feitos dois laudos pela KPMG. Em tais laudos, restou determinado que o valor contábil da parcela cindida UBP correspondia a R$ 327.335.266,00 (fls. 4535/4539) e o valor contábil da parcela cindida Ultracargo correspondia a R$ 12.054.971,00 (fls. 4540/4544). Após a cisão da CBPI seguida da incorporação de parte da parcela cindida pela UPB e pela Ultracargo, em 27/02/2008, a ULTRAPAR transferiu 327.565.456 ações da UPB à Contribuinte (fls. 4552/4556), e, nessa mesma data, a Contribuinte incorporou a UPB (fls. 4526/4533), adotando, para tanto, laudo da KPMG (fls. 4546/4549), que avaliou a UPB em R$ 327.531.288,44, sendo deste valor R$ 327.335.266,00 de investimentos e R$ 231.022,44 de aplicações financeiras, caixa e bancos (fl. 4550). Na segunda cisão da CBPI ocorrida em 29/04/2008, com incorporação das parcelas cindidas na 17 DE MAIO e na ALVO (fls. 4611/4618), foi determinado que a ALVO ficasse com o acervo líquido das operações de distribuição da CBPI realizadas nas Regiões Norte, Nordeste e CentroOeste do Brasil, e foi determinado que a 17 DE MAIO ficasse com 16.006.680 ações ordinárias de emissão da IASA, correspondente a 99,9938% do seu capital social e ainda com 24.387 quotas de emissão da ALVO, correspondente a 99,9590% do seu capital social. No aludido protocolo, foi informado que o valor contábil da parcela cindida ALVO e da parcela cindida 17 DE MAIO correspondiam, respectivamente, aos valores de R$ 606.043.916,54 e R$ 55.502.941,75 (fl. 4613). Nada obstante, o laudo feito em 29/04/2008 pela KPMG (fls. 4605/4609) demonstra que os valores contábeis correspondiam, respectivamente, a R$ 606.043.916,54 e R$ 31.661.661,55 (soma de R$ 30.652.851,55 da participação na IASA e R$ 1.008.810,00 de participação na ALVO). Também em 29/04/2008, houve a cisão da AM/PM, com incorporação da parcela cindida na ALVO (fls. 4619/4624), a fim de que esta empresa ficasse com o acervo líquido das operações am/pm realizadas nas Regiões Norte, Nordeste e CentroOeste do Brasil, sendo este acervo quantificado, segundo laudo elaborado em 29/04/2008 pela KPMG, em R$ 23.841.282,58 (fls. 4605/4609). Depois da cisão da CBPI seguida da incorporação de parte da parcela cindida pela 17 DE MAIO, que, por sua vez, adquiriu boa parte das quotas de emissão da ALVO e, consequentemente, o acervo da AM/PM, em 14/05/2008, a ULTRAPAR transferiu a totalidade das ações da 17 DE MAIO à Contribuinte (fls. 4582/4588), e, em 02/10/2008, a Contribuinte Fl. 5241DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.222 41 incorporou a 17 DE MAIO (fls. 4633/4641), adotando laudo feito em 08/08/2008 da KPMG (fls. 4626/4630), que avaliou a 17 DE MAIO em R$ 663.665.696,77, sendo deste valor R$ 100,00 de caixas e bancos, R$ 30.251.940,42 da participação na IASA e R$ 633.413.656,35 de participação na ALVO (fl. 4631). Após ter sido devidamente contextualizada cada etapa da operação, verifica se que o ágio surgiu com a compra do grupo Ipiranga pela ULTRAPAR, atuando em seu próprio interesse e como mandatária da BRASKEM e da Contribuinte. Nessa etapa, apesar de ter sido produzido laudo pela KPMG que avaliou o valor contábil das empresas RIPI, DPPI e CBPI e ter sido produzido laudo da Apsis Consultoria Empresarial S.C. Ltda que avaliou o patrimônio líquido a preços de mercado, estabelecendo uma proporção entre as ações de emissão da ULTRAPAR e a ação de emissão de cada uma das empresas, estes laudos não foram juntados no processo, o que impossibilita a estipulação do valor contábil dos bens adquiridos pela Contribuinte. Nesse sentido, foi o entendimento da Fiscalização, a qual acentuou no Termo de Verificação Fiscal que “Esta resposta da contribuinte [que não apresentou as relações dos ativos e passivos recebidos pela UBP e 17 DE MAIO] inviabilizou por completo a conferência da validade do ágio, porque não se pôde conferir quais foram efetivamente os bens originalmente adquiridos pelo contrato de compra e venda (DOC 12), nem o fluxo que estes ativos seguiram na sua posterior segregação nas empresas UBP e 17 DE MAIO, até chegarem diretamente à PETROBRAS” – fl. 4052. Nem se alegue, como tentou a Contribuinte, que os laudos elaborados pela KPMG, relativos à outra etapa da operação (cisões da CBPI e da AM/PM e incorporação da UPB e da 17 DE MAIO), teriam comprovado o valor contábil dos bens adquiridos pela Contribuinte, porque, tendo a ULTRAPAR adquirido o Grupo Ipiranga como mandatária da Contribuinte, cabia ela demonstrar, nessa operação, o valor contábil de seus bens, para assim poder se verificar o valor do ágio e, consequentemente, se houve a mera transferência do ágio nas operações seguintes ou se houve a criação de novo ágio entre partes relacionadas (mandatária e Contribuinte). Mas não é só por esse motivo que referidos laudos não poderiam ser utilizados para comprovação do valor contábil dos bens adquiridos do grupo Ipiranga pela Contribuinte. Analisando a tabela de fl. 5025, verificase que o valor contábil dos ativos petroquímicos, que foram incorporados pela Contribuinte por meio da UPB, é de 327,5 e o valor contábil dos ativos de distribuição, que foram incorporados pela Contribuinte por meio da Fl. 5242DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 42 17 DE MAIO, é de 663,70. Tais valores estão de acordo com os laudos feitos pela KPMG, que avaliaram a UPB em R$ 327.531.288,44 (fl. 4549) e a 17 DE MAIO em R$ 663.665.696,77 (fl. 4630). Nada obstante, na planilha feita pela Contribuinte (fl. 5025), foi desconsiderado o fato de que o valor contábil da UPB de R$ 327.531.288,44 é composto por R$ 327.335.266,00 de investimentos e por R$ 231.022,44 de aplicações financeiras, caixa e bancos (fl. 4550). Logo, ainda que se considerem válidos referidos laudos para mensuração do valor contábil dos bens adquiridos pela Contribuinte, terseia que adotar o valor contábil dos ativos petroquímicos como sendo R$ 327.335.266,00, pois só esse valor corresponde a investimentos. Corroborando com esse entendimento de que não poderiam ser adotados os laudos feitos pela KPMG, é o que se extrai a partir do confronto entre o laudo da KPMG de 29/04/2008 e o laudo da KPMG de 08/08/2008, já que os valores contábeis da 17 DE MAIO estão divergentes. Tais valores deveriam ser idênticos, já que o primeiro laudo avalia os bens que irão compor a 17 DE MAIO e o segundo laudo avalia o valor contábil propriamente dito da 17 DE MAIO. Há dissonância, inclusive, quanto ao valor da participação na IASA. Confirase: Laudo de 08/08/2008 do valor contábil da 17 DE MAIO (fl. 4631) Caixa e Bancos 100,00 Investimento em IASA 30.251.940,42 Investimento em ALVO 633.413.656,35 Total 663.665.696,77 Laudo de 29/04/2008 com os componentes da 17 DE MAIO (fl. 4608) Participação na IASA 30.652.851,55 Participação na ALVO 1.008.810,00 Ativos das operações CBPI nas Regiões Norte, Nordeste e Centrooeste, incorporados na ALVO 606.043.916,54 Participação nos ativos das operações da AM/PM nas Regiões Norte, Nordeste e Centrooeste, incorporados na ALVO 23.841.280,20 Total 661.546.858,29 (iii) Do laudo em expectativa em rentabilidade futura Como se não bastasse isso, além de não ter sido comprovado o valor pago, o valor contábil dos bens adquiridos e, assim, o valor do ágio, também não restou devidamente fundamentado o ágio em um laudo de expectativa de rentabilidade futura. A Contribuinte afirmou que “(...) o fundamento econômico para o pagamento do ágio foi o valor de rentabilidade futura das sociedades do Grupo Ipiranga adquiridas pela Recorrente, o qual está devidamente comprovado pelos laudos de avaliação elaborados pela Fl. 5243DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.223 43 Deutsche Bank e pelo Credit Suisse ora anexados aos autos, nos termos detalhadamente esclarecidos no item III.6 (Docs. 09 e 10 anexos à impugnação).” – fl. 5002. Apesar de terem sido produzidos laudos para a avaliação com base na perspectiva de rentabilidade futura das empresas RIPI, DPPI, CBPI e ULTRAPAR, estes laudos não servem para fundamentar o ágio da Contribuinte, vez que, segundo a cláusula 2 e Anexo II do acordo de investimentos (fls. 4241 e 4265/4266), a PETROBRAS adquiriu do grupo Ipiranga os seguintes bens: ATIVOS PETROBRAS (também denominados de ATIVOS DE DISTRIBUIÇÃO, que foram incorporados pela Contribuinte por meio da 17 DE MAIO) (i) negócios de distribuição de combustíveis da CBPI (Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga), localizados nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste; (ii) negócios da am/pm (am/pm Comestíveis Ltda), localizados nas regiões Noerte, Nordeste; e (i) IASA – Ipiranga Asfaltos S.A. ATIVOS PETROBRAS/BRASKEM (também conhecidos de ATIVOS PETROQUÍMICOS, que foram incorporados pela Contribuinte por meio da UPB) (i) 40% das ações de emissão da ICQ (Ipiranga Química S.A., atual denominação de Ipiranga Comercial Química S.A.) É dizer, como a Contribuinte não adquiriu nenhuma empresa por inteiro, mas apenas parte dos ativos delas (os negócios de distribuição de combustíveis da CBPI, localizados nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste) ou de suas subsidiárias (40% de ICQ, os negócios da am/pm, localizados nas regiões Noerte, Nordeste, e a IASA), e como tais laudos de avaliação não analisaram os ativos componentes de cada uma dessas empresas segregadamente, referidos laudos se tornam imprestáveis para comprovação do valor contábil dos bens adquiridos pela Contribuinte. Vale notar que a proporção feita pela Contribuinte nas planilhas juntadas à fl. 5027 para fundamentar a composição dos valores dos ativos petroquímicos e dos ativos de Fl. 5244DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 44 distribuição em expectativa de rentabilidade futura no laudo da Deutsche Bank não encontra respaldo nem do laudo, nem em qualquer outro documento, razão pela qual aludidas proporções não serão consideradas. (iv) Incorreções Ademais, verificouse que a Contribuinte pagou por sua parte do grupo Ipiranga o valor de, reiterase, R$ 2.106.289.245,87 (fls. 4276/4277), enquanto que a ULTRAPAR pagou por todas as ações do grupo Ipiranga o valor de R$ 2.000.165.366,43 (fl. 4286). Ou seja, o valor pago pela Contribuinte é superior ao valor que foi acordado entre a ULTRAPAR e o grupo Ipiranga para compra da integralidade das ações, sendo que ambos os documentos (o acordo de investimentos e o contrato de compra e venda) foram assinados na mesma data, ou seja, em 18/03/2007 (fls. 4238 e 4281). O aditivo foi assinado um mês depois, em 18/04/2007 (fl. 4278) e manteve o valor superior. (v) Conclusão Portanto, por todos os motivos expostos acima, entendo que não restou comprovado o ágio, devendo ser mantida a autuação tal como lançada. VI. JUROS SOBRE MULTA O último ponto controvertido é a legalidade da cobrança de juros sobre a multa de ofício quando também foi lavrado auto de infração para a cobrança de tributo. Quanto à incidência da taxa SELIC sobre a multa de ofício, a Contribuinte afirma que a exigência da SELIC não deve incluir a multa de ofício por causa do disposto da interpretação conjunta do artigo 13 da Lei nº 9.065/95, combinado com o artigo 84 da Lei nº 8.981/95. Confirase: Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a.2, da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Produção de efeito (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) Fl. 5245DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.224 45 Art. 84. Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1º de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) I juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna; (Vide Lei nº 9.065, de 1995 Ou seja, apenas o valor do principal poderia ser atualizado pelos juros, ressalvado o direito de o Fisco exigir a multa correspondente, sem que esta pudesse ser atualizada. Sem embargo, sobre o assunto, o entendimento do CARF pode ser extraído das seguintes súmulas: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (grifei) Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. (grifei) Portanto, os juros moratórios são devidos à taxa SELIC e sobre o “crédito tributário”. Esta última expressão é definida pelo CTN nos seguintes termos: Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. (grifei) Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. (grifei) Assim, o crédito tributário decorre da obrigação principal que, por sua vez, tem por objeto também a penalidade pecuniária. Consequentemente, o entendimento sumulado Fl. 5246DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO 46 compreende todo o crédito tributário lançado, ou seja, tributos e multas aplicadas. Como é cediço, a matéria sumulada é de observância obrigatória por disposição expressa do que consta no artigo 72 do Anexo II do RICARF: Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. A despeito das decisões colacionadas pela Contribuinte, há outras que corroboram o entendimento acima expresso. Notese, por exemplo, as ementas dos seguintes acórdãos da Câmara Superior: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão nº 910100.539, de 11/03/2010, Redatora Designada: Viviane Vidal Wagner) JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão nº 910101.192, de 17/10/2011, Redator Designado: Claudemir Rodrigues Malaquias) Ademais, o STJ também já se pronunciou neste sentido. Vejase: TRIBUTÁRIO. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. 2. Recurso especial provido. (Acórdão REsp 1.129.990/PR – Relator: Min. Castro Meira DJe de 14/09/2009) Assim, concluo que está correta a incidência da taxa SELIC sobre a multa de ofício. VII. CONCLUSÃO Fl. 5247DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.721337/201395 Acórdão n.º 1201001.350 S1C2T1 Fl. 5.225 47 Por todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário interposto para, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) João Carlos de Figueiredo Neto Relator Fl. 5248DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 16832.000056/2010-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. SEGURADOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS.
Entende-se por salário de contribuição dos segurados contribuintes individuais a remuneração por eles auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de suas atividades por conta própria.
A empresa é obrigada a recolher, nos prazos definidos em lei, as contribuições previdenciárias a seu cargo, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados contribuintes individuais a seu serviço.
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. APLICÁVEL À RELAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
Assim como na relação trabalhista, também na relação previdenciária é aplicável o princípio da primazia da realidade, segundo o qual, a verdade dos fatos impera sobre qualquer contrato formal, ou seja, caso haja conflito entre o que está escrito e o que ocorre de fato, prevalece o que ocorre de fato, de sorte que sua realização no âmbito tributário ocorre com a aplicação do princípio da verdade material, o qual permite que no processo administrativo o julgador busque a verdade, ainda que, para isso, tenha que se valer de outros elementos além daqueles trazidos aos autos pelos interessados.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.991
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Natanael Vieira dos Santos - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. SEGURADOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. Entendese por salário de contribuição dos segurados contribuintes individuais a remuneração por eles auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de suas atividades por conta própria. A empresa é obrigada a recolher, nos prazos definidos em lei, as contribuições previdenciárias a seu cargo, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados contribuintes individuais a seu serviço. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. APLICÁVEL À RELAÇÃO PREVIDENCIÁRIA Assim como na relação trabalhista, também na relação previdenciária é aplicável o princípio da primazia da realidade, segundo o qual, a verdade dos fatos impera sobre qualquer contrato formal, ou seja, caso haja conflito entre o que está escrito e o que ocorre de fato, prevalece o que ocorre de fato, de sorte que sua realização no âmbito tributário ocorre com a aplicação do princípio da verdade material, o qual permite que no processo administrativo o julgador busque a verdade, ainda que, para isso, tenha que se valer de outros elementos além daqueles trazidos aos autos pelos interessados. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 83 2. 00 00 56 /2 01 0- 91 Fl. 1605DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000056/201091 Acórdão n.º 2402004.991 S2C4T2 Fl. 1.606 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Natanael Vieira dos Santos Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 1606DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000056/201091 Acórdão n.º 2402004.991 S2C4T2 Fl. 1.607 3 Relatório 1. Tratase de recurso voluntário interposto por FOREVER LIVING PRODUCTS BRASIL LTDA., em face da decisão da Delegacia da Receita Feral do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ) que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo e manteve o lançamento do crédito tributário, referente ao período de 01/2005 a 12/2005. 2. Por bem retratar os acontecimentos referidos nos presentes autos, passo a adotar, em parte, o Relatório do acórdão recorrido (fls. 1185/1192): 2.1. O crédito tributário lançado (DEBCAD 37.264.6018) em litígio, refere se à Contribuição para a Seguridade Social, a cargo da empresa, incidente sobre as remunerações pagas a segurados contribuintes individuais, no total de R$ 7.875.789,90, consolidado em 28/01/2010. 2.2. Em seu relatório de fls. 20/24, o AuditorFiscal esclarece que o presente lançamento referese às contribuições que incidem sobre os pagamentos aos prestadores de serviço (autônomos), creditados pela autuada sob a denominação de bônus. 2.3. Explica o autuante que observou divergências entre os valores declarados na DIRF como rendimento do trabalho sem vínculo empregatício e os informados na GFIP da autuada. Após a resposta da intimação dirigida ao contribuinte para esclarecer o fato e com base na análise dos contratos fornecidos pelo mesmo, concluiu o auditor que os valores definidos pelo sujeito passivo como Bônus são na realidade compensações pagas pela empresa a distribuidores com base no volume de produtos que ele, e o grupo de colaboradores por ele formado, adquiriram para revenda, de acordo com os requisitos delineados no contrato. 2.4. Relata também o auditor que foram identificadas na conta denominada "Prêmio Produtividade", apropriações classificadas como despesas referentes ao provisionamento de prêmios, os quais eram devidos aos distribuidores que alcançassem metas estabelecidas pela matriz no exterior, fato que demonstraria que a empresa efetua tais pagamentos com recursos próprios. 3. Cientificada do lançamento em 29/01/2010 (fls 01), a autuada apresentou a sua defesa em 01/03/2010 (fls. l 130/1140), a respeito da qual o julgador a quo decidiu pela procedência do lançamento e cuja decisão (fl. 1185) restou ementada nos seguintes termos: SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. SEGURADOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. Entendese por salário de contribuição dos segurados contribuintes individuais a remuneração por eles auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de suas atividades por conta própria. A empresa é obrigada a recolher, nos prazos definidos em lei, as contribuições previdenciárias a seu cargo, incidentes sobre as Fl. 1607DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000056/201091 Acórdão n.º 2402004.991 S2C4T2 Fl. 1.608 4 remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados contribuintes individuais a seu serviço. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" 4. Irresignada com o resultado proferido na primeira instância, após ter sido devidamente intimada (cópia AR fls. 119/1194) a contribuinte interpôs recurso voluntário às fls. 1230/1251, no qual, em síntese, traz os seguintes argumentos: a) entende que a Delegacia de Julgamento não analisou adequadamente os fundamentos apresentados ao longo do processo e, por isso, a decisão de primeira instância administrativa deve ser integralmente reformada, de forma que o presente AI seja cancelado, bem como todas as exigências fiscais dele decorrentes; b) alega que o fato gerador da contribuição previdenciária (pagamento de valores a prestadores de serviços autônomos) não ocorreu, pois não existe vínculo de trabalho entre a recorrente e os compradores/distribuidores de seus produtos, afirmando, inclusive, que o vinculo existente é puramente de consumo (compra e venda); c) a recorrente explica que desenvolve atividades voltadas basicamente à importação e comercialização dos produtos fabricados pelo Grupo Forever Living Products (FLP) e que, também, presta serviços que consistem na administração de bens de terceiros (compradores). Salienta que ambas as atividades mencionadas acima são feitas através de expressa autorização prevista em seu Contrato Social e explica que a segunda das atividades consiste apenas na administração e gestão de recursos de propriedade e interesse de seus compradores, que decorrem da contribuição de cada um para a formação de um fundo a ser posteriormente distribuído aos próprios compradores de acordo com o volume das operações de compra dos produtos FLP. Ou seja, tais valores não são utilizados em interesse próprio pela recorrente e nem incorporados ao seu patrimônio; d) esclarece que segue um "Plano de Marketing Único", onde todos os compradores para que comprem e vendam mais devem realizar mais indicações de compradores, fazendo um trabalho forte de marketing. Todavia, qualquer benefício que a recorrente recebe é meramente indireto, visto que o objetivo primário do comprador/distribuidor não é divulgar a marca e sim aumentar sua rede para receber maiores prêmios; e) acentua, ainda, que o art. 12 da Lei nº 8.212/91 explicita quais são os segurados obrigatórios da Previdência Social e que "compradores" e "consumidores" não se enquadram nesse rol. Assim sendo, não poderia a Fiscalização Federal, frente à omissão da lei, utilizarse da analogia e exigir um tributo não previsto em lei, como bem nos diz o art. 108, § 1º, do CTN; f) afirma que os prêmios distribuídos por ela não podem ser considerados contraprestações por serviços prestados, isto porque, não há desembolso da Fl. 1608DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000056/201091 Acórdão n.º 2402004.991 S2C4T2 Fl. 1.609 5 própria para o pagamento dos prêmios. Os valores transitam a título de "Valor de Alocação de Rede VAR", já entrando em suas contas correntes com destinação certa, ou seja, da mesma forma que ingressam, são devolvidos, beneficiando todos os compradores que mantiveram vínculo com as compras que lhes deram causa. 5. Apresentados os argumentos recursais, não houve contrarrazões fiscais e os autos seguiram a este Conselho para análise. É o relatório. Fl. 1609DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000056/201091 Acórdão n.º 2402004.991 S2C4T2 Fl. 1.610 6 Voto Conselheiro Natanael Vieira dos Santos, Relator. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1. Conheço do recurso voluntário, uma vez que foi tempestivamente apresentado, preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº. 70.235, de 6 de março de 1972 e passo a analisálo. PRELIMINARMENTE 2. A peça recursal, basicamente, apresenta os argumentos utilizados na impugnação e, como reforço de argumentação traz Parecer Técnico Jurídico de lavra do ilustre Professor Heleno Tavares Torres (fls. 1414/156), bem como, em memorial apresentado a recorrente discorre e conclui igualmente ao referido jurista que os bônus são valores correspondentes ao VAR (Valor de Alocação de Rede), alocados no fundo financeiro, são integralmente destinados aos distribuidores, de acordo com os critérios estabelecidos no Plano de Marketing, o que confirma que a recorrente não pode utilizar tais recursos segundo a sua livre conveniência. Ao contrário, os recursos correspondentes ao VAR são afetados a uma finalidade específica, relativa ao programa de marketing multinível, razões pelas quais os distribuidores não podem ser qualificados como contribuintes individuais, nos termos da legislação previdenciária, uma vez que não há a prestação de serviços pelos distribuidores credenciados no âmbito do Plano de Marketing a ensejar a incidência tributária. 3. Como sintetizado no relatório referente aos presentes autos, entende a recorrente que a Delegacia de Julgamento não analisou adequadamente os fundamentos apresentados ao longo do processo e, por isso, a decisão de primeira instância administrativa deve ser integralmente reformada, de forma que o presente AI seja cancelado, bem como todas as exigências fiscais dele decorrentes, haja vista à inocorrência do fato gerador da exação ora guerreada. DO OBJETO SOCIAL DA RECORRENTE E ATIVIDADES QUE VINCULAM ESTA COM SEUS DISTRIBUIDORES/COMPRADORES 4. Com base na documentação constante dos autos e no apontado pela fiscalização, observese que a recorrente tem por objeto social duas atividades distintas a saber: (I) importação e comercialização dos produtos FLP e (II) a prestação de serviços de administração de bens de terceiros. 5. Nas consecuções dos objetivos sociais da empresa, surgemse duas relações jurídicas com os Distribuidores/Compradores (Pessoas Físicas), quais sejam: aquela (I) de compra e venda e uma outra típica (II) de prestação de serviços de gestão. 6. Ou seja, sumariamente pode se afirmar que a primeira relação jurídica apontada corresponde a venda direta dos produtos a consumidores finais, cuja operação se dar com base em instrumento específico denominado de "Contrato de Distribuição", firmado entre Fl. 1610DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000056/201091 Acórdão n.º 2402004.991 S2C4T2 Fl. 1.611 7 a empresa e as pessoas físicas, assim entendidas aqueles que adquirem produtos da FLP e os distribuem por sua conta a consumidores finais. 7. Ocorre que, ainda na busca de desenvolver seus objetivos sociais, a empresa autuada utilizase da estratégia de "marketing de rede". ou "marketing de multinível", descrita no "Plano de Marketing Único", o qual tem por finalidade motivar os Distribuidores/Compradores a adquirirem e estimularem a comprar os produtos FLP, sem qualquer relação onerosa direta entre a recorrente e aqueles adquirentes. 8. Por força desse Plano de Marketing, ao qual o distribuidor é contratualmente aderente ou vinculado, com vistas ao incentivo à distribuição dos produtos FLP, há a formação de um fundo pelos participantes (compradores/vendedores), cujos recursos, mediante contrato de prestação de serviços são entregues e administrados pela recorrente, com posterior distribuição sob a forma de bônus, tudo conforme o dito Plano de Marketing, de sorte que é nesse contexto que surge a segunda relação com os Distribuidores/Compradores prestação de serviços de gestão, onde aqueles, em realidade, são os que usufruem dessas prestações. 9. Dessas observações iniciais, inferese que tratase de modelo de negócio onde não implica em relação de emprego, em prestação de serviços autônomos ou de distribuição comercial, em nome da empresa, por parte dos beneficiários dos prêmios ou bônus que tem origem em fundo formado pelos próprios Distribuidores/Compradores, por meio do chamado "Valor de Alocação de Rede" VAR, e, apenas rateado entre eles pela contratada, conforme contrato de administração mantido para tanto. DA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO E DA INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO DE TRABALHO ENTRE A RECORRENTE E SEUS DISTRIBUIDORES 10. Uma primeira questão que não pode ser negligenciada na análise desta contenda é a apreciação pormenorizada da acusação fiscal, de modo que seja verificado se efetivamente a autoridade lançadora se desincumbiu do ônus de descrever a contento a ocorrência do fato gerador. 11. Um dos principais argumentos utilizados para edificação do lançamento é que os valores repassados às pessoas físicas considerados contribuintes individuais era despesa suportada pela empresa autuada e não originários de um fundo constituído de percentual das vendas efetuadas pelos distribuidores. 12. Assim, o fisco se manifestou sobre essa questão: "Conforme informação prestada pelo contribuinte em atendimento ao T I F de 13/01/2010, tais prêmios eram devidos a distribuidores que alcançassem uma dada meta estabelecida pela matriz nos Estados Unidos. Entretanto, apesar de informar que os valores dos prêmios são oriundos de percentual pago pelos distribuidores na aquisição de produtos, constatase que a empresa apropria tais valores como sua despesa, ou seja, reconhece contabilmente que efetua os pagamentos com recursos próprios." Fl. 1611DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000056/201091 Acórdão n.º 2402004.991 S2C4T2 Fl. 1.612 8 13. Todavia, a fiscalização não identificou a conta contábil de despesa em que foram lançados os supostos pagamentos aos contribuintes individuais. Observo que no relatório há referência a uma conta onde teriam sido provisionados os desembolsos de prêmios no exercício de 2006. Ocorre que, sendo o lançamento relativo às competências de 2005, não logrou a autoridade fiscal indicar qual a conta de despesa abrigou as quantias tomadas como base de cálculo das contribuições. Verificase, assim, que não restou efetivamente comprovado que no período do lançamento os valores repassados às pessoas físicas se constituíam em efetiva despesa da autuada. 14. Nesse sentido, sendo frágil o principal pilar em que se edificou o lançamento, entendo que deve ser declarada a sua improcedência, por falta de uma descrição precisa do fato gerador, como exige o art. 142 do CTN. 15. Mesmo tendo concluído acerca da improcedência pela ausência de precisão na narrativa acusatória, não me furtarei de enveredar pelo mérito, de modo a concluir se os fatos precariamente narrados pelo fisco amoldamse a hipótese de incidência de contribuições sociais. 16. Assim, não obstante tenha esta Turma já analisado e decidido pela não tributação de bônus da espécie, nos autos do PAF nº 12448.725700/201100, Acórdão nº 2301 004.218, de 06/11/2014, este Conselheiro, na sequência, passa a fazer alguns apontamentos acerca da constituição do crédito tributário, bem como sobre institutos e regras que, no caso concreto, devem no seu entender serem observados. 17. No curso da fiscalização, conforme consta do Relatório Fiscal (fl. 22) foram solicitados, por meio de Termo Intimação Fiscal TIF, 11/06/2009, a apresentação de contratos com contribuintes individuais. Conforme contratos apresentados, os mesmos são de duas espécies, padronizadas: Contrato de Distribuição e Contrato de Prestação de Serviços. No primeiro caso, a FLP Brasil concede ao distribuidor o direito de revenda dos seus produtos, que tenham sido por ele adquiridos junto à FLP Brasil. Dispõe ainda tal espécie de contrato: "4. Obrigações e Responsabilidades da FLP Brasil 4.1 Sem prejuízo das demais obrigações que lhe são impostas por lei ou ainda nesse instrumento, a FLP Brasil se obriga a: a. Fornecer os produtos aos Distribuidores e contabilizar as compras feitas por estes de acordo com plano de marketing da FLP Brasil; b. Pagar as bonificações por volume devidas aos Distribuidores que não estiverem violando o presente contrato, de acordo com os vários níveis e tipos previstos no plano de marketing da FLP Brasil. (...). 5. Patrocínio 5.1 Segundo os termos e condições da Declaração de Políticas da FLP, o Distribuidor poderá submeter à FLP Brasil solicitação para credenciamento de terceiros como Distribuidores Independentes dos Produtos. Fl. 1612DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000056/201091 Acórdão n.º 2402004.991 S2C4T2 Fl. 1.613 9 5.1.1 Caso essa(s) pessoa(s) apresentada(s) pelo Distribuidor seja(m) aprovada(s) pela FLP Brasil, todas as compras por ela(s) efetuadas por novas pessoas apresentadas por tal Distribuidor(es) em cada mês proporcionarão ao Distribuidor a possibilidade de subir de nível no plano de marketing, de acordo com os critérios contidos na Declaração de Políticas da FLP". Nos contratos de prestação de serviços, por sua vez, encontram se as seguintes disposições: "1. Objetivo 1.1 A prestação pela FLP Brasil ao distribuidor dos seguintes serviços de: Controle das importâncias entregues pelo Distribuidor para alocações dentro do mesmo grupo; Cálculo das bonificações por volume de acordo com o plano de marketing da FLP Brasil; Distribuição das bonificações por volume ao Distribuidor e demais membros do grupo. 2. Remuneração 2.1 Em contrapartida à prestação do dos serviços objeto deste Contrato,o distribuidor pagará à FLP Brasil a importância de R$ 1,00 (hum real) no mês em que o mesmo efetuar compras na FLP." 18. No que tange às bonificações apontadas na alínea "b" acima, em resumo, aduz a contribuinte que referido pagamento não decorre de serviços tomados e sim por ela prestados administração de fundos formados pelos próprios distribuidores na devolução dos recursos, consistentes no partilhamento dos pertinentes valores entre os distribuidores, tudo de acordo com os critérios estabelecidos no Plano de Marketing, não ficando caracterizada nessa relação quaisquer prestação de serviços pelos beneficiários das bonificações. Os recursos administrados e partilhados tem por base as seguintes disposições contratuais: "Após a aquisição do produto com desconto, o distribuidor pode utilizálo para consumo próprio ou revendêlo no mercado de varejo. O distribuidor tem ampla liberdade para usar ou revender os produtos adquiridos com a marca FLP, sem qualquer subordinação ou vinculação no exercício de sua atividade. Assim, o distribuidor equiparase a um empreendedor independente, na medida em que pode utilizar ou comercializar com ampla liberdade os produtos adquiridos, sem a necessidade de prestação de contas à Recorrente. Ao optar pela aquisição de determinado produto da linha FLP, o distribuidor credenciado paga dois valores diferentes à Recorrente: um primeiro valor, que corresponde ao preço da mercadoria adquirida; e um segundo valor, denominado de Valor de Alocação de Rede (VAR), que corresponde ao fundo financeiro que posteriormente será partilhado entre os Fl. 1613DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000056/201091 Acórdão n.º 2402004.991 S2C4T2 Fl. 1.614 10 distribuidores, de acordo com os critérios estabelecidos no Plano de Marketing." 19. De fato, na modelagem de negócio, e do transcrito do Relatório Fiscal, o que se verifica dos instrumentos contratuais acostados aos autos é que os distribuidores autorizados adquirem produtos da recorrente para revendêlos e, quando da liquidação das aquisições, parte do valor, como obrigação desses mesmos distribuidores são entregues e administrados pela autuada como fundo financeiro, o qual por sua vez, periodicamente, é dividido e/ou rateado entre os distribuidores, em conformidade com os critérios estabelecidos no Plano de Marketing a que todos se subordinam e têm prévio conhecimento. 20. Assim, assiste razão a autuada, pelos motivos que passo a discorrer. 21. No entanto, não foi esse o entendimento da fiscalização, bem como resumiu o nobre Conselheiro Dr. Wilson Antonio de Souza Correa em seu voto proferido nos autos nº 12448.725700/201100 que também analisou questão análoga: "(...) para a Fiscalização os valores pagos aos prestadores de serviços têm como base as vendas por eles realizadas e para a Defendente os valores pagos têm como base as compras realizadas por seus contratantes/compradores. É como se ela estivesse bonificando os seus compradores, ou seja, quanto mais compra, mais recebe bônus e ela é paga por seus distribuidores para gerir este ‘Plano de Marketing Único’, ainda que seja 1 real ao mês." 22. Nesse ponto, por tudo anteriormente evidenciado, verificase que para a fiscalização chegar a tal conclusão, sem aterse a realidade do contrato, além de interpretação equivocada dos instrumentos, do que de fato ocorria, de forma simplória, toma como "divergências entre as remunerações constantes na Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF, anocalendário 2005, e as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social GFIP válidas informadas pelo sujeito passivo, no que se refere aos rendimentos lançados sob o código 0588 da DIRF (rendimento do trabalho sem vinculo empregatício)," por entender que os bônus, por ter natureza prestacional, deveriam ter composto referida declaração GFIP. 23. No que tange aos instrumentos contratuais disponibilizados para análise da fiscalização, importante registrar que os mesmos têm metodologia própria de interpretação, a respeito do que, insisto, mesmo que não tragam um primor de clareza tem de serem interpretados levandose em conta, salvo situações opostas à Fazenda Pública, com vistas alterar a definição de sujeito passivo tributário (Art. 123, do CTN), à vontade ou intenção das partes, como estabelecido no art. 112 do Código Civil Brasileiro (CCB), in verbis: CTN: Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Fl. 1614DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000056/201091 Acórdão n.º 2402004.991 S2C4T2 Fl. 1.615 11 CCB: Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 24. Notese que, no caso, nunca foi a intenção ou vontade da recorrente tomar serviço dos distribuidores/vendedores, mas de prestar serviço aos mesmos, relativamente à administração de fundo financeiro formado pelos seus Distribuidores/Vendedores e rateio entre eles, o que de fato ocorre. 25. Isto demonstra que o Auditor autuante não investigou a verdade real dos fatos, limitandose a afirmar que se tratava de prestação de serviços realizados por segurado contribuinte individual e cotejando com o montante que foram objeto da DIRF e GFIP em relação a esses beneficiários, sem comprovar a efetiva prestação de serviços pelos mesmos. Assim, resta evidente, que o procedimento adotado pelo Auditor autuante, em não observar a efetiva ocorrência do fato gerador, por desdobramento lógico fica evidente seu equivoco e inobservância ao previsto no art. 142 do CTN, o que fulmina o lançamento realizado, dada a ausência efetiva de ocorrência do fato gerador. 26. Essa forma simplória do Auditor em estabelecer e evidenciar a ocorrência do fato gerador também foi apontada no voto proferido nos autos do PAF nº 12448.725700/201100 que teve como relator o Conselheiro Wilson Antonio de Souza Correa, a respeito do que trago a colação trecho do decidido: "(...). Entretanto, quando trata das BONIFICAÇÕES, onde informa a Fiscalização que observou divergências entre os valores declarados na DIRF como rendimento do trabalho sem vínculo empregatício e os informados na GFIP da Recorrente, sendo incluindo na base da cálculo do lançamento, o que julgo indevido, eis que ausente a comprovação de fato gerador que possa justificar. Veja, a bonificação declarada e que não consta na DIRF não representa um fato ou conjunto de fatos a que o legislador vincula o nascimento da obrigação jurídica de pagar um tributo determinado. Alguns doutrinadores do direito tributário propõem distinguir fato descrito na hipótese legal (hipótese de incidência) e fato imponível. Nesse sentido, a definição de Geraldo Ataliba é precisa: "Tal é a razão pela qual sempre distinguirmos estas duas coisas, denominando hipótese de incidência ao conceito legal (descrição legal, hipotética de um fato, estado de fato, ou conjunto de circunstâncias de fato) e fato imponível, efetivamente acontecido num determinado tempo ou local, configurando rigorosamente a hipótese de incidência". O Código Tributário Nacional do Brasil (CTN) utiliza a expressão fato gerador tanto no momento que se refere ao que Geraldo Ataliba chamou de hipótese de incidência tanto quanto Fl. 1615DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000056/201091 Acórdão n.º 2402004.991 S2C4T2 Fl. 1.616 12 ao fato imponível, deixando para que o intérprete da norma reconheça o significado referido segundo o contexto em que se encontra. O CTN faz menção ao fato gerador nos artigos 114 e 115. De acordo com o texto do artigo 114 do CTN, fato gerador da obrigação principal é a hipótese definida em lei como necessária e suficiente para o surgimento da obrigação tributária. Por sua vez, o artigo 115 diz que fato gerador da obrigação acessória é a hipótese que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Nesta seara, vejo que as bonificações não estão rigorosamente incluídas em hipótese de incidência (Grifei), razão pela qual excluo do lançamento, conforme requerido pelo Recorrente. Com razão em parte." 27. Ainda, conjugandose o objeto social da recorrente com o disposto no contrato de distribuição e ao de prestação de serviço, com base no qual efetuase o pagamento do bônus, facilmente detectase que as pessoas físicas, que entendeu a fiscalização como sendo prestadores de serviço, apenas adquirem produtos da recorrente para revendêlos e, quando da liquidação das aquisições, parte do valor, como obrigação desses mesmos distribuidores são entregues e administrados pela autuada como fundo financeiro, o qual, por sua vez, periodicamente, é dividido e/ou rateado entre os distribuidores. 28. Vejase que, não somente pelo que se plasma nos instrumentos analisados, mas também pela realidade dos fatos, apenas para argumentar, sabese que, assim como na relação trabalhista, também na relação previdenciária é aplicável o princípio da primazia da realidade, de forma que o que vale é a ocorrência real dos fatos e não o que está escrito. Assim, mesmo que não fossem textualmente compreendidos os instrumentos envolvidos, dado ao que não se constata nenhuma prestação de serviço dos beneficiários dos bônus para a recorrente, tomandose por fundamento o princípio da primazia da realidade, não há o que se falar em ocorrência do fato gerador da contribuição social previdenciária ora exigida. 29. Para este Conselheiro está em consonância com o referido princípio protetivo aquele denominado na seara do processo administrativo tributário como verdade material, princípio pelo qual se exige a demonstração cabal dos fatos trazidos pelas partes, permitindo assim ao julgador uma decisão adequada a cada caso concreto, de forma a garantir a legalidade da apuração da ocorrência do fator gerador e a constituição do crédito tributário. 30. Dessa feita, a configuração do fato gerador deve levar em consideração os elementos materiais que constituem o negócio realizado e não os registros contábeis, forma ou nomenclatura atribuída pelos particulares. 31. Com supedâneo nesse princípio significa dizer: mesmo que fosse considerada a existência de uma relação prestacional entre a empresa e os beneficiados (compradores e vendedores), mesmo assim, reiterese, o referido bônus daquela relação não decorreria, uma vez que os ditos pagamentos consubstanciamse ou decorrem de mera Fl. 1616DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000056/201091 Acórdão n.º 2402004.991 S2C4T2 Fl. 1.617 13 devolução de valores colocados sob a guarda e/ou administração da recorrente pelos distribuidores autorizados. 32. Do até aqui apontado, o que se constata dos autos é a inocorrência do fato gerador das contribuições ora exigidas, eis que em momento algum se verificou o pagamento por prestação de serviço remunerado pelos segurados, razão pela qual não deve subsistir o lançamento em análise, de sorte que não há caracterização da ocorrência da situação fática da obrigação tributária. 33. Assim, no presente caso, não há que se falar em exigibilidade da contribuição social previdenciária porque as bonificações, como já demonstrado, não têm como contrapartida prestação de serviços a recorrente por Distribuidores/Vendedores de produtos FLP por ela fornecidos. CONCLUSÃO 34. Pelo exposto, conheço do recurso voluntário para, no mérito, darlhe provimento, nos termos alinhavados. É como voto. Natanael Vieira dos Santos. Fl. 1617DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S
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Numero do processo: 11080.008751/2008-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI
Período de apuração: 30/06/2005 a 29/02/2008
NULIDADE. MATÉRIA TRIBUTÁVEL.
Não procede a alegação de nulidade com relação à matéria tributável, quando esta se encontra perfeitamente determinada no auto de infração, apontando o fato jurídico-tributário e as respectivas bases de cálculo.
IPI. SAÍDA DE MERCADORIA INDUSTRIALIZADA SOB ENCOMENDA COM SUSPENSÃO. EXECUTOR DA ENCOMENDA. NÃO UTILIZAÇÃO DE PRODUTO DE SUA INDUSTRIALIZAÇÃO OU IMPORTAÇÃO.
Ocorre a suspensão do IPI na saída do estabelecimento executor da industrialização por encomenda quando este não tenha utilizado produtos de sua industrialização ou importação e desde que os produtos remetidos ao estabelecimento de origem sejam por este destinados ao comércio ou ao emprego como insumo em nova industrialização que dê origem a saída de produto tributado.
MULTA DE OFÍCIO. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3201-001.950
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o(a) advogado(a) Valdirene Lopes, OAB/SP nº 141248.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI Período de apuração: 30/06/2005 a 29/02/2008 NULIDADE. MATÉRIA TRIBUTÁVEL. Não procede a alegação de nulidade com relação à matéria tributável, quando esta se encontra perfeitamente determinada no auto de infração, apontando o fato jurídico-tributário e as respectivas bases de cálculo. IPI. SAÍDA DE MERCADORIA INDUSTRIALIZADA SOB ENCOMENDA COM SUSPENSÃO. EXECUTOR DA ENCOMENDA. NÃO UTILIZAÇÃO DE PRODUTO DE SUA INDUSTRIALIZAÇÃO OU IMPORTAÇÃO. Ocorre a suspensão do IPI na saída do estabelecimento executor da industrialização por encomenda quando este não tenha utilizado produtos de sua industrialização ou importação e desde que os produtos remetidos ao estabelecimento de origem sejam por este destinados ao comércio ou ao emprego como insumo em nova industrialização que dê origem a saída de produto tributado. MULTA DE OFÍCIO. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 727DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o(a) advogado(a) Valdirene Lopes, OAB/SP nº 141248. Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano D'Amorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto e Tatiana Josefovicz Belisario. Relatório Trata o presente processo de auto de infração lavrado contra a contribuinte acima identificada, constituindo crédito tributário decorrente do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, referente a fatos geradores ocorridos nos anos de 2005 e 2008, no valor de R$ 4.708.787,19, incluídos juros de mora e multa de ofício. Por bem retratar os fatos constatados nos autos, transcrevo o Relatório da decisão de primeira instância administrativa, in verbis: Trata-se de impugnação contra lançamento de ofício do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) por descumprimento ao artigo 42, VII, do RIPI/2002, pelo fato, em síntese, de que a autuada deu saída às mercadorias industrializadas sob encomenda (papel “celubond”, classificado na posição 48.02.6199, da TIPI) com indevida suspensão daquele imposto, uma vez constatado no curso do procedimento fiscal que naquelas mercadorias teriam sido utilizados produtos importados, com alíquota zero, em desacordo àquele mandamento legal. Não resignada, a empresa impugnou, tempestivamente, o lançamento. Alega, de início, que na industrialização do produto sob encomenda utiliza 70% de insumos do encomedante e 30% de outros insumos, sendo, do total, 0,93% de celulose importada. Consigna que o fisco “não se importou em precisar a quantidade de material importado no seu processo produtivo”, entendendo que “para quantificar a matéria tributável não poderia a autoridade lançadora ter ignorado que mais de 99% dos insumos utilizados na industrialização da encomenda faziam jus ao benefício da suspensão do IPI”. Conclui, nesse passo, que a desconsideração desse fato ensejaria o cancelamento do auto de infração por ofensa ao artigo 142 do CTN c/c art. 10 do Dec. 70.235/72. Em suma, entende que houve imprecisão na delimitação da matéria tributável, o que ensejaria sua nulidade por imprecisão na delimitação do quantum tributável. Fl. 728DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11080.008751/2008-11 Acórdão n.º 3201-001.950 S3-C2T1 Fl. 2 3 Na seqüência, alega que o artigo do Regulamento do IPI (art. 41) que fundamenta a cobrança tributária “não encontra embasamento legal”, consignando que “a lei limita-se a afastar a regra da suspensão para as hipóteses em que o produto tiver destinação diversa da prevista em lei”. Assevera que “não há no texto legal disposição que ampare a desconsideração da regra da suspensão, com conseqüente exigência do imposto, em razão do descumprimento de requisito do artigo 42 do RIPI”, arrematando que a exigência vergastada “carece de fundamento legal”, pelo que, argui, “deve ser integralmente cancelada”. Averba, ainda, que “no retorno do produto ao estabelecimento encomendante deveria ser atribuído tratamento tributário dispensado a cada mercadoria utilizada no processo”. Ou seja, esposa entendimento no sentido de que deve ser dado tratamento tributário diferenciado a cada um dos insumos. Nesse rumo, a celulose fornecida pelo encomendante e os produtos químicos e celulose adquiridos no mercado interno sairiam com suspensão do IPI, as aparas de papel estariam excluídas da incidência do IPI por serem NT e à celulose importada caberia a exigência conforme sua classificação fiscal, pelo que não caberia a exigência feita pelo Fisco sobre o produto final, pois acredita que “não há produto final a ser tributado, mas insumos que são remetidos ao estabelecimento do encomendante para continuidade do processo de industrialização”. Em verdade, quer a impugnante que a incidência do tributo recaia, tão somente, sobre a celulose importada. Argumenta, também, que na hipótese de se admitir o afastamento da suspensão do IPI, o auto de infração seria nulo, “visto que incluiu na base de cálculo supostamente tributável pelo IPI os valores correspondentes à mão-de-obra empregada”, uma vez que no retorno dos insumos aplicados na industrialização agrega-se ao preço daqueles os valores correspondentes à mão de obra utilizada na industrialização. A seu juízo, deveria o agente fiscal ter segregado os valores correspondentes à mão de obra empregada à celulose importada. Traz à baila o princípio da seletividade, articulando que o “papel celubond” destina-se à fabricação de cadernos (a seu ver produto essencial, com alíquota zero), e uma vez afastada a suspensão, e tributada a operação, o IPI seria creditado, desta forma onerando-se uma mercadoria essencial, pelo que pede, “em obediência ao princípio da seletividade”, o cancelamento da autuação. Por fim, insurge-se contra a multa aplicada, acusando-a de confiscatória, o que afrontaria o art. 150, IV, da Constituição Federal. É o relatório. A 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre julgou improcedente a impugnação, proferindo o Acórdão DRJ/POA n.º 10-28.772, de 30/10/2010 (fls. 274 e ss.), assim ementado: Fl. 729DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 4 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI Período de apuração: 30/06/2005 a 29/02/2008 NULIDADE - Não há nulidade quando não comprovado vício material ou prejuízo à defesa. A industrialização por encomenda se caracteriza como industrialização e não como prestação de serviço, pelo que não há se falar em nulidade pelo fato de a fiscalização não ter apartado o valor da mão de obra, uma vez inclusa esta no preço da industrialização por encomenda e, por conseguinte, na base imponível do IPI. IPI - SAÍDA DE MERCADORIA INDUSTRIALIZADA SOB ENCOMENDA COM SUSPENSÃO DE IPI, NA QUAL HOUVE UTILIZAÇÃO DE INSUMO IMPORTADO PELA INDÚSTRIA EXECUTORA. SUSPENSÃO INDEVIDA. A saída do produto industrializado por encomenda do estabelecimento executor daquela tem como uma das condições para a saída do produto para o estabelecimento encomendante com suspensão de IPI que o executor não utilize no fabrico do produto encomendado produtos de sua importação. Descabe ao agente fiscal, nessa hipótese, deixar de cobrar o IPI pelo não adimplemento da condição a que se vinculava a saída com suspensão de IPI, valorando o princípio da seletividade pela alegação de que assim tornaria mais caro o produto ao qual se destina a encomenda. MULTA DE OFÍCIO - JUÍZO DE INCONSTITUCIONALIDADE. A multa aplicada pelo Fisco decorre de previsão legal vigente e eficaz, descabendo ao agente fiscal perquerir se o percentual escolhido pelo legislador é exacerbado ou não. Para que se afira a alegada natureza confiscatória do percentual da multa aplicada é necessário que se adentre no mérito da constitucionalidade da mesma, competência esta que falece aos órgãos administrativos julgadores. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, recurso voluntário de fls. 282/311, por meio do qual aduz, em síntese, depois de relatar os fatos, os mesmos argumentos já encartados em sua impugnação. Solicita, também, pelas razões que expôs, a realização de diligência. Por meio da Resolução de fls. 342 e ss., a Turma baixou os autos em diligência, a fim de que a unidade de origem respondesse as seguintes questões: a) Se no valor da operação está incluído o valor dos insumos (MP, PI e ME) enviados para industrialização por encomenda; Fl. 730DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11080.008751/2008-11 Acórdão n.º 3201-001.950 S3-C2T1 Fl. 3 5 b) Se houve aplicação de matéria-prima importada pela Recorrente em todas as operações de industrialização por encomenda; c) Se os encomendantes destinaram o produto recebido da Recorrente ao comércio, ao emprego, como matérias-primas ou produtos intermediários, em nova industrialização ou ao emprego no acondicionamento de produtos tributados. Intimada do Relatório de Diligência Fiscal (fls. 665 e ss.), a Recorrente apresentou petição dirigida a este Colegiado, informando que concordou com o resultado da diligência (propôs a redução do crédito lançado), mas sem prejuízo da análise dos argumentos encartados no recurso voluntário. Na mesma petição, requereu a inclusão do processo em pauta de julgamento e o cancelamento do auto de infração. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. O lançamento constitui crédito tributário decorrente do IPI. Segundo afirma a fiscalização, o imposto seria devido no retorno ao encomendante do seguinte produto resultado da industrialização por encomenda: papel celubond (4802.61.99 da TIPI). O fundamento legal da autuação é o art. 42 do Decreto nº 4.544, de 2002 - RIPI/2002: Artigo 42- Poderão sair com suspensão do imposto: VI - as MP, PI e ME destinados à industrialização, desde que os produtos industrializados devam ser enviados ao estabelecimento remetente daqueles insumos; VII - os produtos que, industrializados na forma do inciso VI e em cuja operação o executor da encomenda não tenha utilizado produtos de sua industrialização ou importação, forem remetidos ao estabelecimento de origem e desde que sejam por este destinados: a) a comércio; ou b) a emprego, como MP, PI e ME, em nova industrialização que dê origem a saída de produto tributado; (g.n.) Em sua defesa, a Recorrente inicialmente alega a nulidade do lançamento, em face do que qualificou de imprecisão na delimitação da matéria tributável, uma vez que a fiscalização não poderia ter ignorado que mais de 99% dos insumos utilizados na industrialização em tela fariam jus ao benefício da suspensão do IPI [afirma que, no processo produtivo de industrialização por encomenda, utiliza insumos importados na seguinte Fl. 731DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 6 proporção: 70% de celulose fornecida pelo encomendante; 30% dividido entre aparas de papel (14,07%) e produtos químicos (5%) e celulose adquirida no mercado nacional (10%), assim como celulose importada (0,93%)]. Como bem refutado pela DRJ, a matéria tributável encontra-se perfeitamente determinada no auto de infração (o fato jurídico-tributário foi apontado e as bases de cálculo definidas). Ademais, e como se verá, as normas que disciplinam a hipótese ora em julgamento não estabelecem qualquer percentual com relação aos insumos utilizados na industrialização por encomenda, de modo que, fazê-lo o aplicador da lei, seria o mesmo que restringir a sua aplicação, algo absolutamente proibido para a autoridade administrativa. Ultrapassa a preliminar de nulidade, passamos à análise do mérito do litígio. No Termo de Encerramento da Ação Fiscal de fls. 192/197, a fiscalização deixou claro que estava utilizando, como base de cálculo do IPI, o valor total da operação (a soma dos valores da mão-de-obra, das despesas adicionadas e dos referidos produtos industrializados pelo executor da encomenda), bem como que o valor devido em cada período de apuração fora estimado após a dedução dos créditos do IPI, nos moldes do art. 164 do RIPI/02. Ocorre que, conforme expusemos na Resolução nº 3202-000.306, de 12/11/2014, o art. 132 do mesmo RIPI/2002, ao estabelecer o valor tributável na industrialização por encomenda, dispõe que, não sendo o caso de produtos usados, o valor dos insumos (MP, PI e ME) fornecidos pelo encomendante deve ser acrescido ao valor da operação, mas desde que este – o encomendante – não os destine ao comércio, ao emprego, como matérias-primas ou produtos intermediários, em nova industrialização, ou ao emprego no acondicionamento de produtos tributados: Art. 132. Nos casos de produtos industrializados por encomenda será acrescido, pelo industrializador, ao valor da operação definido no art. 131, salvo se se tratar de insumos usados, o valor das MP, PI e ME, fornecidos pelo encomendante, desde que este não destine os produtos industrializados (Lei nº 4.502, de 1964, art. 14, § 4º, Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 27, e Lei nº 7.798, de 1989, art. 15): I - a comércio; II - a emprego, como matérias-primas ou produtos intermediários, em nova industrialização; ou III - a emprego no acondicionamento de produtos tributados. Parecia-nos, portanto, que, nos termos em que a fiscalização referiu, no Termo de Encerramento da Ação Fiscal, a base de cálculo do imposto lançado, o valor da operação incluiria os insumos enviados pelo encomendante, o que só poderia ocorrer no caso em que não se verificar a hipótese prevista ao final do art. 132, supra. Essa questão agora restou dirimida, uma vez que a autoridade diligenciadora afirmou, categoricamente, que, no cálculo do IPI lançado, foram incluídas apenas as notas fiscais de saída com o CFOP 6.124, “onde era cobrado o valor referente a insumos agregados, além do valor da industrialização” (fl. 665). Quanto à questão “b”, segundo registra a autoridade diligenciadora, a Recorrente, intimada, apresentou planilhas, discriminando, por encomendante, os casos em que Fl. 732DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11080.008751/2008-11 Acórdão n.º 3201-001.950 S3-C2T1 Fl. 4 7 houve e não houve a aplicação de matéria-prima importada na industrialização por encomenda. Quanto à última questão, registrou que, sim, os encomendantes destinaram o produto recebido da Recorrente ao comércio, ao emprego, como matérias-primas ou produtos intermediários, em nova industrialização ou ao emprego no acondicionamento de produtos tributados. Ao final, a autoridade diligenciadora propõe novos valores para o lançamento (débitos de IPI referentes às notas fiscais em que houve a aplicação de matéria-prima importada), caso se entenda pela exclusão dos débitos de IPI lançados quanto àquelas notas fiscais que discriminam produtos, saídos do executor da encomenda, em que não houve a aplicação de insumo importado. Essa é justo a hipótese. Note-se que, para se compatibilizar com outros dispositivos regulamentares, o RIPI determina que a suspensão do IPI não ocorre na saída para o estabelecimento encomendante quando o executor da encomenda não tenha utilizado produtos de sua industrialização ou importação. Daí que, no caso, as saídas do executor da encomenda em que não utilizados insumos de sua industrialização ou importação, porque não albergados pela suspensão do IPI, não podem ser incluídas na base de cálculo do imposto lançado, tal como de certa forma já antecipou a autoridade diligenciadora, ao propor, para menos, novos valores para o lançamento (R$ 941.253,58, acrescidos de multa e juros). Com relação ao caráter confiscatório da multa de ofício aplicada, sabe-se que as autoridades administrativas não podem afastar a aplicação de normas legais vigentes ante considerações de incompatibilidade vertical com a Constituição Federal (Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária). O mesmo se diga quanto à alegação de violação do caráter seletivo do IPI, o qual, como se sabe, deve ser considerado pelo legislador no ato da feitura da norma, mas não serve como argumento para ser afastada pela autoridade administrativa. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para manter a exigência principal no valor de R$ 941.253,58 (novecentos e quarenta e um mil, duzentos e cinquenta e três reais e cinquenta e oito centavos), sobre o qual incidirão a multa de ofício aplicada e juros de mora, na forma de legislação aplicável. É como voto. Charles Mayer de Caso Souza Fl. 733DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 8 Fl. 734DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Relatório Voto
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