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Numero do processo: 10746.001440/2005-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000
REVISÃO INTERNA. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. ATIVIDADE RURAL. DIPJ. SAPLI. INCERTEZA NA APURAÇÃO.
Ante a incerteza gerada no lançamento, por falta de prova e de adequada demonstração, pelo fisco, de que os sistemas internos da Receita Federal refletiam adequadamente a natureza e os valores dos prejuízos fiscais declarados pelo contribuinte ao longo do tempo, deve-se cancelar o lançamento que tinha por objeto a glosa de compensação de prejuízos por suposta insuficiência de saldo de prejuízos passíveis de compensação.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Não resta caracterizado o cerceamento ao direito de defesa quando se verifica que a autoridade julgadora de primeira instância analisou os documentos acostados ao processo, porém entendeu-os insuficientes para fazer prova a favor da recorrente.
Numero da decisão: 1201-001.258
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Documento assinado digitalmente.
Marcelo Cuba Netto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
João Otávio Oppermann Thomé - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME
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COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. ATIVIDADE RURAL. Recorrente SM AGRO PECUÁRIA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2000 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não resta caracterizado o cerceamento ao direito de defesa quando se verifica que a autoridade julgadora de primeira instância analisou os documentos acostados ao processo, porém entendeuos insuficientes para fazer prova a favor da recorrente. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000 REVISÃO INTERNA. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. ATIVIDADE RURAL. DIPJ. SAPLI. INCERTEZA NA APURAÇÃO. Ante a incerteza gerada no lançamento, por falta de prova e de adequada demonstração, pelo fisco, de que os sistemas internos da Receita Federal refletiam adequadamente a natureza e os valores dos prejuízos fiscais declarados pelo contribuinte ao longo do tempo, devese cancelar o lançamento que tinha por objeto a glosa de compensação de prejuízos por suposta insuficiência de saldo de prejuízos passíveis de compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 74 6. 00 14 40 /2 00 5- 37 Fl. 1836DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 16/ 02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10746.001440/200537 Acórdão n.º 1201001.258 S1C2T1 Fl. 3 2 Documento assinado digitalmente. Marcelo Cuba Netto Presidente. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa. Relatório Tratase de retorno de diligência solicitada pela 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara, por meio da Resolução 1102000.274, de minha relatoria. Repriso a seguir o relatório da referida Resolução, para conhecimento dos fatos e alegações feitas até aquele momento. Trata o presente processo de lançamento de ofício formalizado por meio do auto de infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ, lavrado ao final do procedimento de revisão da Declaração de Informações EconômicoFiscais – DIPJ 2001, relativa ao ano calendário 2000. Em 07/04/2005 a interessada foi intimada a apresentar esclarecimentos acerca de divergências constatadas na referida DIPJ com relação à compensação de prejuízos de períodos anteriores, em confronto com os cálculos efetuados a partir de informações disponíveis na Secretaria da Receita Federal. A empresa inicialmente apresentou os Livros de Apuração do Lucro Real – LALUR relativos aos anos de 1995 a 2000. O fisco, analisando os mesmos em confronto com as informações constantes do Sistema de Acompanhamento de Prejuízo, Lucro Inflacionário e Base de Cálculo Negativa da CSLL – SAPLI, identificou diversas divergências sobre as quais tornou a intimar a empresa (fls. 6 a 8), ao que esta manifestouse com os esclarecimentos de fls. 18 a 21. Como as divergências e os esclarecimentos prestados pela contribuinte faziam alusão a períodos ainda mais pretéritos, a fim de comprovar as alegações sucitadas pela empresa, a fiscalização tornou a intimála, desta feita para que apresentasse as Demonstrações Contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício) que serviram de base para a apuração do lucro real dos anoscalendário de 1987 a 1994, bem como os Livros de Apuração do Lucro Real – LALUR relativos aos mesmos períodos. Após solicitação (e concessão) de dilação do prazo, a empresa apresentou os LALUR abrangendo os períodos desde junho de 1992 até dezembro de 1994, bem como informou que “o restante dos documentos não foram localizados pela empresa” (fls. 27). Fl. 1837DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 16/ 02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10746.001440/200537 Acórdão n.º 1201001.258 S1C2T1 Fl. 4 3 As conclusões da fiscalização, a partir dos documentos apresentados e das informações prestadas, está resumida no Relatório Fiscal – Revisão da DIPJ, abaixo transcritas: “Das constatações A empresa apresentou, em suma, as seguintes alegações acerca das inconsistências existentes entre o LALUR e o SAPLI: que todos os prejuízos fiscais apurados a partir do anocalendário 1988 referemse exclusivamente à atividade rural, tendo em vista que a empresa foi transformada em uma agropecuária em 02081988; que até o anocalendário 1991 as declarações foram preenchidas erroneamente como resultados da atividade em geral enquanto que o correto seria atividade rural; que alguns valores não foram devidamente computados no SAPLI e que outros foram computados de forma equivocada. Além das divergências mencionadas no Termo de 15062005 e considerando a documentação apresentada, constatamos: de 1988 a 1991 as declarações de imposto de renda foram preenchidas considerando apenas resultados de atividade em geral; de 1992 a 1994 as declarações contemplaram resultados tanto da atividade em geral como da atividade rural; em 1995 a declaração foi preenchida considerando que todos os resultados se referiam à atividade em geral; a partir de 1996 as declarações foram preenchidas considerando apenas os resultados da atividade rural; há inúmeras inconsistências entre os valores declarados e aqueles constantes do LALUR; Em virtude do exposto, não há como levar em consideração as alegações da empresa, tendo em vista que os valores constantes do SAPLI foram espontaneamente por ela declarados e a documentação apresentada, por si só, não apresenta informações confiáveis para que esta fiscalização promova, com segurança, as alterações que seriam necessárias no referido sistema.” Foi lavrado, então, auto de infração por glosa de compensação de prejuízos fiscais (saldo de prejuízos insuficientes) no 2º, 3º , e 4º trimestres de 2000. Cientificada do feito, alegou a empresa, em síntese, o seguinte: a) preliminarmente, a nulidade do lançamento fiscal, posto que calcado exclusivamente em valores registrados e constantes dos sistemas informatizados da Receita Federal, e não nos valores constantes do LALUR, cujos dados ou informações foram sumariamente desconsiderados pelo Agente do Fisco, sob pretexto de não serem “confiáveis”; b) que esta alegação do Fisco abre luta em campo aberto contra o disposto no artigo 9º, parágrafo primeiro, do DL 1.598/77, segundo o qual a “escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados Fl. 1838DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 16/ 02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10746.001440/200537 Acórdão n.º 1201001.258 S1C2T1 Fl. 5 4 ou comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais.” c) que, como já esclarecido durante a fase de fiscalização, as Declarações de Rendimentos da Pessoa Jurídica foram preenchidas de forma equivocada pela impugnante, visto que todos os prejuízos por ela acumulados advêm da única atividade que sempre exerceu, a saber, a ATIVIDADE RURAL, consoante se constata da análise do LALUR relativo ao período objeto da autuação; d) que o LALUR é documento hábil para comprovar a origem dos prejuízos da impugnante, consoante o art. 8º da IN SRF 257/02; e) que, no caso de pessoa jurídica rural, não tendo havido no LALUR a segregação da atividade rural das demais atividades, é incabível a presunção feita pelo fisco de que todos os prejuízos informados nas Declarações do IRPJ sejam decorrentes de outras atividades, e não da atividade rural, e que as provas constantes dos autos elidem esta presunção fiscal; f) que, no caso, inexistentes outros prejuízos que não os decorrentes da atividade rural, devese determinar a nulidade e o cancelamento do lançamento fiscal; g) que teria ocorrido a decadência do direito de constituição do crédito tributário, em face do art. 150, § 4º, do CTN, visto que a apuração do lucro real era trimestral; h) que o Agente do Fisco desconsiderou, sem fundamentação legal, a escrituração da impugnante, bem como os demais documentos a ele disponibilizados por ocasião da fiscalização levada a efeito nas dependências da empresa, notadamente o Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR; i) que a cópia do LALUR, já citada, demonstra, inequivocamente, que todos os prejuízos acumulados pela impugnante decorrem da atividade rural; j) que não exerce outra atividade que não a agrícola e pastoril, nos termos do art. 2º da Lei 8.023/90, e que o art. 3º do seu Estatuto Social dispõe que “a sociedade tem por objeto a exploração agrícola e pastoril, bem como atividades correlatas”; k) que para comprovar sua atividade rural junta, por amostragem, cópia de notas fiscais, relativa à atividade rural de vários períodos; l) que os prejuízos fiscais decorreram exclusivamente da atividade rural e que, por conseguinte, tais prejuízos devem ser compensados sem a trava de 30%, nos termos do artigo 14 da Lei 8.023/90 e, assim, é improcedente a glosa que ensejou o lançamento de ofício; m) que a multa de ofício aplicada (75%) é desproporcional e confiscatória; n) que a taxa SELIC não se presta para cobrança de juros de mora, e que estes devem ser limitados a 1% ao mês, conforme art. 161, § 1º, da Lei 5.172/66 (CTN). Protestou, ainda, por todas as provas em direito admitidas, especialmente a juntada de novos documentos, realização de prova pericial, apresentação de memoriais e sustentação oral de seu direito, e, ao final, requereu a improcedência do lançamento fiscal. Fl. 1839DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 16/ 02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10746.001440/200537 Acórdão n.º 1201001.258 S1C2T1 Fl. 6 5 A 2ª Turma de Julgamento da DRJ BrasíliaDF rejeitou as preliminares de nulidade e de decadência e, no mérito, julgou o lançamento fiscal procedente, conforme a ementa a seguir transcrita: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2000 IRPJ. PRELIMINAR. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. A questão relativa a provas não é matéria a ser apreciada em sede de preliminar, mas sim por ocasião do mérito da infração imputada. A comprovação, ou não, pelo Fisco do seu direito constitutivo de lançar, implica a procedência ou não do lançamento fiscal, porém jamais a sua nulidade. No processo administrativo fiscal, há apenas duas situações, expressamente previstas, que levam à nulidade do lançamento fiscal, ou seja, a falta de competência do agente e o cerceamento do direito de defesa. Inexistentes tais vícios, rejeitase a preliminar de nulidade. IRPJ. PRELIMINAR. DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA. O prazo decadencial do IRPJ é de cinco anos, cujo termo inicial, para lançamento direto ou de ofício com base no art. 149 do CTN, é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (CTN, art. 173, I). ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE DOS DISPOSITIVOS LEGAIS QUE TRATAM DA MULTA DE OFÍCIO DE 75% E DOS JUROS DE MORA TAXA SELIC. FALTA DE COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO ADMINISTRATIVO. MATÉRIA NÃO CONHECIDA. Não compete ao órgão de julgamento administrativo conhecer de pretensa ilegalidade e inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal. Pelo contrário, ao julgador administrativo compete, apenas, verificar se a lei e os atos normativos do Poder Público foram aplicados conforme foram editados, uma vez que são dotados de presunção de legitimidade, legalidade e constitucionalidade. O conhecimento e julgamento de eventual vício formal ou material de formação da legislação aplicada e em vigor na data do fato gerador do tributo ou contribuição compete, apenas, ao Poder Judiciário, o qual tem a última palavra em face do princípio da unidade de jurisdição. ATIVIDADE RURAL. COMPENSAÇÃO DE LUCRO REAL DO PERÍODO COM PREJUÍZOS FISCAIS DE ANOS ANTERIORES. INSUFICIÊNCIA DE PREJUÍZOS DE PERÍODOS ANTERIORES DA ATIVIDADE RURAL. EXISTÊNCIA DE SALDO DE PREJUÍZOS DA ATIVIDADE EM GERAL. COMPENSAÇÃO MEDIANTE APLICAÇÃO DA TRAVA DE 30%. GLOSA DO EXCESSO DE COMPENSAÇÃO. Consumido o saldo de prejuízo fiscal da atividade rural de anos anteriores, e existindo, ainda, lucro real da atividade rural a compensar, é cabível a compensação com prejuízo fiscal anterior das demais atividades, limitada a 30% do lucro líquido ajustado, conforme previsto nas Leis nºs 8.981/95 e 9.065/95. PEDIDO DE DILIGÊNCIA, PERÍCIA E PROTESTO PELA JUNTADA DE DOCUMENTOS. PEDIDO REJEITADO. Para que seja deferido o pedido de diligência, perícia, produção ou juntada de outras provas, o requerimento deve, além de demonstrar com fundamentos a sua necessidade, ser formulado em consonância com o inciso IV e § 1º artigo 16 do Decreto nº 70.235/72.” Fl. 1840DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 16/ 02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10746.001440/200537 Acórdão n.º 1201001.258 S1C2T1 Fl. 7 6 Cientificada desta decisão em 09/04/2008, e com ela inconformada, a interessada interpôs recurso perante este Conselho em 07/05/2008 (fls. 202 a 220), no qual, em linhas gerais, reprisa os argumentos expostos por ocasião da inicial, e acrescenta, ainda, o seguinte: o) que a decisão recorrida é nula, pois, assim como já o fizera a autoridade fiscal, também se apoiou em presunções e meras suposições, desconsiderando até mesmo as notas fiscais anexadas à impugnação, conforme trecho que reproduz, verbis: "(...) Entretanto, tais notas fiscais comprovam que a autuada exerceu atividade de revenda de gado, pois antes comprara ou adquirira o gado dos produtores rurais, para posterior revenda. A impugnante, assim, não era uma produtora de gado, mais compradora. Não dá para dizer ou afirmar, de plano, que a revenda de gado adquirido de terceiros seja atividade rural, pois não se considera atividade rural a compra e venda de rebanho com permanência em poder do contribuinte em prazo inferior a 52 dias, quando em regime de confinamento, ou 138 dias, nos demais casos (...)" p) que, portanto, “se não há como se afirmar com precisão que a atividade da Recorrente não é rural, da mesma forma não possuíam as autoridades julgadoras meios para afirmar o contrário, ou seja, que é ela mera compradora de gado!!!!”; q) que, se a própria Turma Julgadora tem dúvidas acerca da natureza da atividade da Recorrente, em face de dúvida acerca desse fato relevantíssimo para o desfecho deste processo, está caracterizada a insubsistência da autuação e da decisão que a manteve, ante a configuração de infringência ao artigo 112 do Código Tributário Nacional. Na sessão de 27 de agosto de 2014, conforme já referido, o julgamento foi convertido em diligência. Transcrevo a seguir a parte final do voto na ocasião proferido, esclarecendo os motivos e o âmbito da diligência solicitada, verbis: “É que, ao menos com relação aos anos de 1992 e 1993, em que constam nos autos (embora de forma incompleta e dispersa – ao menos na versão digitalizada – e, portanto, de difícil compreensão) cópias de algumas partes das declarações apresentadas, não é possível confirmar a afirmação da fiscalização de que teriam sido declarados resultados tanto de uma quanto de outra atividade. A comprovação desta afirmação consistiria, na visão deste relator, uma irrefutável contradição ao argumento central de mérito da recorrente. Contudo, conforme dito, a afirmação fiscal não pode ser comprovada, e, na verdade, do quanto foi possível perceber das mal arrumadas e em larga medida ilegíveis cópias constantes dos autos (fls. 439483 do Anexo I), aparentemente a única receita declarada pelo contribuinte nestes anos teria sido a proveniente da “atividade agro pastoril”. Ademais, verificando o demonstrativo elaborado pelo contribuinte denominado “Levantamento dos saldos de prejuízos fiscais desde o ano de 1991 até o ano de 2000” (fls. 4490 do Anexo I), verifico que uma das divergências apontadas pela recorrente com relação ao SAPLI diz respeito aos “prejuízos fiscais IPC/90 – 1987 a 1989”, que no sistema Sapli apareceriam com valor zero. Ao lado desta informação, consta uma anotação manuscrita (sem identificação) com os dizeres “não declarado”. Fl. 1841DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 16/ 02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10746.001440/200537 Acórdão n.º 1201001.258 S1C2T1 Fl. 8 7 Contudo, aparentemente tratarseia da diferença de correção monetária relativa ao ano de 1990 (diferença IPC/BTN) que, pela legislação em vigor, seria aplicável aos valores constantes da parte B do LALUR. Assim, se, no caso, o contribuinte tiver apurado prejuízos fiscais nos anos de 1987 a 1989, teria direito a registrar no LALUR, para compensação, observadas as normas de regência específicas, o valor da diferença de correção monetária IPC/BTN relativa a esses prejuízos. Não consta que tal registro fosse de declaração obrigatória por parte do contribuinte. Tendo a lei assim disposto, o sistema SAPLI deveria refletir (computar) esta determinação. Ocorre que, com os elementos dos autos, sequer é possível tentarse fazer qualquer verificação, pois não consta dos autos, de fato, cópia de qualquer demonstração relativa ao SAPLI, muito embora conste que, ao menos para o contribuinte, durante a fiscalização, foram apresentados os seus demonstrativos, tanto assim que o contribuinte transcreve, para o demonstrativo que elaborou, os dados que constariam do referido sistema. Como as circunstâncias referidas podem afetar a conclusão deste relator quanto à possível ocorrência, ou não, de erro de fato quanto à natureza dos prejuízos declarados pelo contribuinte, e quanto à possível existência, ou não, de prejuízos fiscais advindos da diferença IPC/BTN que não tenham sido considerados pelo SAPLI, oriento meu voto pela conversão em diligência para que a autoridade fiscal na Unidade da Receita Federal do Brasil que jurisdiciona o contribuinte adote as seguintes providências: 1. Junte aos autos cópias das declarações do imposto de renda da pessoa jurídica dos anos de 1987 a 2000; 2. Aponte de modo inequívoco onde se encontra a informação de que o contribuinte teria apurado resultados tanto da atividade geral quanto da atividade rural nos anos de 1992 a 1994, correlacionando esta informação com os dados constantes do sistema SAPLI para estes anos; 3. Junte aos autos os demonstrativos do SAPLI que fundamentam o auto de infração em análise, contendo a demonstração dos resultados apurados pela pessoa jurídica desde 1987 até 2000 (ano da autuação); 4. Confirme se o SAPLI do contribuinte contém ou não a diferença de correção monetária relativa ao ano de 1990 (diferença IPC/BTN) relativa aos prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1989; 5. Cumpridos os itens acima, lavre um Relatório de Diligência circunstanciado e dele dê ciência à recorrente para que, querendo, sobre ele se manifeste, no prazo de 30 (trinta) dias.” A autoridade fiscal elaborou a “Informação Fiscal – Diligência” de fls. 1816 1818, no qual assim responde a cada um dos itens solicitados na diligência: Item 1: “As declarações foram anexadas eletronicamente ao processo (eprocesso).” Item 2: “Pela análise das declarações dos anos de 1992 a 1994 presentes nas bases da RFB, indicase que a empresa teve resultados das atividades geral e rural nesses Fl. 1842DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 16/ 02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10746.001440/200537 Acórdão n.º 1201001.258 S1C2T1 Fl. 9 8 períodos. Tais informações estão transcritas nos demonstrativos SAPLI, presentes às fls. 44 a 90 do ANEXO I VOLUME I.” Item 3: “Os demonstrativos SAPLI estão acostados às fls. 44 a 90 do ANEXO I VOLUME I do eprocesso,” Item 4: “Segundo descrito nos demonstrativos presentes à fl. 45 do ANEXO I VOLUME I (fl. 291 do eprocesso), o contribuinte não declarou os saldos corrigidos pelo IPC/90 na DIRPJ do AC 1991. Com isso e com as distorções geradas pelo aproveitamento equivocado de créditos, segundo o relatório fiscal, os saldos corrigidos declarados em períodos posteriores não devem ser considerados como precisos.” Cientificado do relatório da diligência, o contribuinte não se manifestou. É o relatório. Voto Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Em sede de preliminares, argui a recorrente a decadência do direito do Fisco de proceder ao lançamento do IRPJ relativo aos fatos geradores verificados nos 2º e 3º trimestres de 2000, tendo em vista que o lançamento foi efetivado em 15.12.2005. Não lhe assiste razão. Nada obstante o entendimento deste relator, e da majoritária jurisprudência do CARF (anteriormente ao julgamento pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ do Recurso Especial 973.733), no sentido de que, nos tributos submetidos ao denominado lançamento por homologação, uma vez expirado o prazo previsto no parágrafo 4° do art. 150 do CTN, sem que a Administração Tributária se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, e independente de ter havido ou não prévio pagamento do tributo, o fato é que o STJ deu a esta questão entendimento em sentido diverso. De fato, no julgamento do referido REsp 973.733, ao qual foi conferido o caráter de recurso repetitivo, nos termos do artigo 543C do Código de Processo Civil, e cuja decisão transitou em julgado em 29.10.2009, o STJ decidiu que, nos casos em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado, o dies a quo do prazo qüinqüenal da regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN. Fl. 1843DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 16/ 02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10746.001440/200537 Acórdão n.º 1201001.258 S1C2T1 Fl. 10 9 Nos termos do art. 62A, do vigente Regimento Interno do CARF, tal entendimento há de ser obrigatoriamente reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Neste contexto, e tendo em vista as informações prestadas pela recorrente no âmbito da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ e das Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF apresentadas, nas quais se verifica que tanto o imposto apurado quanto o imposto a pagar, relativos aos períodos trimestrais de 2000, são iguais a zero, concluise não ter ocorrido a decadência. Ainda em sede de preliminares, aduz a recorrente a nulidade da decisão a quo, por desconsiderar, sem nenhuma fundamentação, as provas constantes dos autos, e violar, por conseguinte, os princípios da motivação, ampla defesa, razoabilidade e verdade material. Não lhe assiste razão. Nos termos do artigo 59 do Decreto nº 70.235/72 – PAF, que rege o processo administrativo fiscal, somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Ao contrário do que sustenta a recorrente, não houve desconsideração de qualquer prova acostada aos autos, mas tão somente análise e valoração dessas provas por aquela autoridade, que, pelos fundamentos expostos no decisum, considerou as insuficientes para modificar o lançamento de ofício. Quanto ao acerto ou não de tal decisão, tratase de matéria de mérito. Afastadas as preliminares, passo ao mérito. O lançamento, conforme visto, é relativo ao ano calendário de 2000. Contudo, a infração constatada é de glosa da compensação de prejuízos apurados em períodos pretéritos, reputados pelo fisco como inexistentes ou insuficientes para respaldar a compensação pretendida. Assim constou da acusação fiscal: “A empresa apresentava em 01012000 saldo de prejuízos fiscais da atividade rural no valor de R$ 335.201,76 e R5 1.034.855,51 da atividade em geral. Apurou lucro nos quatro trimestres e efetuou compensação integral em todos os períodos, conforme planilhas de Demonstração do Lucro Real, anexas. Em virtude da insuficiência de saldos de prejuízos fiscais da atividade rural efetuamos a revisão dos valores declarados, o que gerou a infração Glosa de Prejuízos Compensados Indevidamente – Saldos de Prejuízos Insuficientes, cujos valores estão demonstrados na Descrição dos Fatos e Enquadramentos Legais do Auto de Infração. Em virtude da existência de saldo de prejuízos fiscais do atividades em geral, efetuamos as compensações de prejuízos dessa atividade, observando o limite legal de 30%.” Acompanha o auto tão somente os demonstrativos de fls. 4042, que compreendem apenas os três últimos trimestres de 2000, nos quais teria ocorrido a falta de prejuízos em valor suficiente para compensar integralmente o lucro real. Fl. 1844DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 16/ 02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10746.001440/200537 Acórdão n.º 1201001.258 S1C2T1 Fl. 11 10 A recorrente, no intuito de demonstrar o seu direito (a existência e suficiência de prejuízos), elaborou demonstrativo relacionando seus prejuízos desde o ano de 1987. Na verdade, o primeiro quadro deste já mencionado demonstrativo (“Levantamento dos saldos de prejuízos fiscais desde o ano de 1991 até o ano de 2000” – fls. 4490 do Anexo I), é referente à apuração do ano calendário de 1991, contudo, este contém a informação relativa aos prejuízos fiscais ainda existentes relativos aos anos anteriores, desde 1987. Para conhecimento do colegiado, transcrevo abaixo o primeiro quadro deste demonstrativo de fls. 4490 do Anexo I: Ao converter o julgamento em diligência, observei que deveriam ser juntados aos autos os demonstrativos do SAPLI que fundamentam o auto de infração em análise, contendo a demonstração dos resultados apurados (declarados) pela pessoa jurídica desde 1987 até 2000 (ano da autuação), tendo em vista que os mesmos não se encontravam nos autos, embora se intuísse que os mesmos haviam sido apresentados ao contribuinte (vide quadros à direita do demonstrativo acima referido, sob o rótulo “Receita Federal”). A autoridade fiscal, contudo, consignou que: “Os demonstrativos SAPLI estão acostados às fls. 44 a 90 do ANEXO I VOLUME I do eprocesso,” Ou seja, a autoridade fiscal reportase aos demonstrativos elaborados pelo contribuinte como se os demonstrativos do SAPLI fossem. O SAPLI – Sistema de Acompanhamento de Prejuízo, Lucro Inflacionário e Base de Cálculo Negativa da CSLL, é o sistema da Receita Federal que controla, entre outras coisas, os prejuízos fiscais do contribuinte, sendo cediço que as informações que o alimentam, salvo erro de transcrição, devem corresponder àquelas informadas pelo próprio contribuinte em suas declarações DIRPJ/DIPJ. Fl. 1845DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 16/ 02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10746.001440/200537 Acórdão n.º 1201001.258 S1C2T1 Fl. 12 11 Ante a lacônica (e equivocada) resposta dada pela autoridade fiscal, só resta considerar que os valores apresentados nos quadros à direita do demonstrativo que o próprio contribuinte elaborou correspondam de fato aos valores que constariam do referido sistema SAPLI. Ocorre que, no demonstrativo elaborado pelo contribuinte a partir do mês de fevereiro de 1996 e até o 4o trimestre de 2000, não há mais os quadros à direita (“Receita Federal”), mas tão somente os quadros à esquerda (“Contabilidade”). Não há como saber, assim, se a partir de fevereiro de 1996 não mais haveria, então, qualquer divergência entre o contribuinte (“Contabilidade”) e o SAPLI (“Receita Federal”). Esta é a primeira inconsistência detectada com relação ao trabalho fiscal. Na verdade, não há nos autos uma demonstração clara, inequívoca e ininterrupta, feita pelo fisco, de reconstituição dos prejuízos fiscais desde o início do primeiro período discutido, e não foram juntadas sequer as demonstrações do SAPLI, de sorte a verificar a consistência dos dados contidos nos bancos de dados da Receita Federal ante as declarações apresentadas pelo contribuinte. Para arrematar, sequer conseguiria este relator, se acaso se dispusesse a tal empreitada, recompor a compensação dos prejuízos desde aquele período, pois, apesar de ter constado na informação fiscal de que teriam sido juntadas aos autos as cópias das declarações de 1987 a 2000, uma análise dos documentos anexados (fls. 7371815) permite constatar que as declarações anexadas na diligência se encontram incompletas. Ao menos com relação às partes de declarações que já constavam dos autos, é possível verificar que a incompletude das declarações anexadas não se deve ao fato de terem sido porventura declaradas de forma incompleta pelo contribuinte, mas sim que se deve ao fato de não terem sido anexadas pelo fisco, de forma completa, as declarações apresentadas pelo contribuinte. Apenas a título de exemplo, com relação à declaração do ano calendário de 1992, nas novas declarações anexadas não se encontram as informações relativas ao quadro 04 do Anexo 4 da DIRPJ (Receita Líquida por Atividade), as quais podem ser conferidas às fls. 462 e 463 do Anexo I dos autos, onde se constata que 100% da receita da contribuinte é relativa à receita de atividade rural. Os documentos solicitados, portanto, foram anexados de forma incompleta e sem que tenha sido feita qualquer correlação com os dados do SAPLI, conforme solicitado. O segundo ponto que motivou a diligência foi a constatação de que, com os elementos dos autos, não era possível confirmar a afirmação da fiscalização de que teriam sido declarados pelo contribuinte, de 1992 a 1994, resultados tanto da atividade rural quanto da atividade em geral. Aliás, conforme já antes afirmado na Resolução 1102000.274, pelos elementos até então constantes dos autos (fls. 439483 do Anexo I), aparentemente a única atividade informada pelo contribuinte nestes anos seria proveniente da atividade rural. A diligência, conforme visto, nada acresceu à compreensão dos fatos, pois, em resposta à solicitação de que fosse apontado de modo inequívoco a correlação entre os Fl. 1846DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 16/ 02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10746.001440/200537 Acórdão n.º 1201001.258 S1C2T1 Fl. 13 12 valores constantes das respectivas DIRPJ e os dados constantes do sistema SAPLI para estes anos, afirmou a autoridade fiscal simplesmente que: “Pela análise das declarações dos anos de 1992 a 1994 presentes nas bases da RFB, indicase que a empresa teve resultados das atividades geral e rural nesses períodos. Tais informações estão transcritas nos demonstrativos SAPLI, presentes às fls. 44 a 90 do ANEXO I VOLUME I.” Portanto, a autoridade fiscal faz novamente remissão aos demonstrativos elaborados pelo contribuinte, nos quais, com a devida vênia, não é possível verificar com clareza alguma qualquer correlação entre as DIRPJ apresentadas e as informações (supostamente) constantes do sistema SAPLI. Apenas a título de exemplo, considerandose que, no primeiro semestre de 1992 o contribuinte apurou CR$ 933 344 095,00 a título de prejuízo da atividade rural na sua DIPJ (fls. 464 do Anexo I, e ora corroborada pela cópia incompleta trazida aos autos na diligência, às fls. 920), temse que, no demonstrativo de recomposição elaborado pelo contribuinte, no quadro atinente à “Receita Federal”, este valor aparentemente estaria registrado como prejuízo da atividade rural neste período. Contudo, este valor simplesmente desaparece no saldo inicial de prejuízos do semestre seguinte, no quadro atinente à “Receita Federal”, quando na verdade deveria o mesmo ter sido submetido ao fator de correção monetária de 3,5495. Tratase, portanto, de mais uma inconsistência detectada com relação ao trabalho fiscal. Não há nenhuma informação do que foi feito, nos sistemas da Receita Federal (e, por conseguinte, no lançamento efetuado) com relação ao valor de prejuízo da atividade rural que o contribuinte declarou na sua DIRPJ. Por fim, um terceiro ponto que motivou a diligência foi a constatação de que, aparentemente, o sistema SAPLI (e, por conseguinte, o lançamento efetuado) não teriam levado em consideração as diferenças de correção monetária relativas ao ano de 1990 (diferença IPC/BTN), as quais, pela legislação em vigor, seriam aplicáveis aos valores constantes da parte B do LALUR (ou seja, aos prejuízos fiscais declarados). Esta constatação fora feita tendose em conta que havia uma anotação manuscrita (sem identificação) com os dizeres “não declarado” ao lado das informações relativas aos prejuízos de 1987, 1988, e 1989, informados pelo contribuinte no multicitado “Levantamento dos saldos de prejuízos fiscais desde o ano de 1991 até o ano de 2000” (fls. 4490 do Anexo I). Como não havia (e ainda não há) nos autos uma demonstração ininterrupta de reconstituição dos prejuízos fiscais da contribuinte, feita pela fiscalização, e tampouco há nos autos cópias do SAPLI, a diligência visava a confirmar a referida constatação. A este respeito, afirmou a autoridade fiscal: “Segundo descrito nos demonstrativos presentes à fl. 45 do ANEXO I VOLUME I (fl. 291 do eprocesso), o contribuinte não declarou os saldos corrigidos pelo IPC/90 na DIRPJ do AC 1991. Com isso e com as distorções geradas pelo aproveitamento equivocado de créditos, segundo o relatório fiscal, os saldos corrigidos declarados em períodos posteriores não devem ser considerados como precisos.” Fl. 1847DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 16/ 02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10746.001440/200537 Acórdão n.º 1201001.258 S1C2T1 Fl. 14 13 Conforme já deixara registrado quando da Resolução 1102000.274, repriso: a diferença de correção monetária relativa ao ano de 1990 (diferença IPC/BTN), pela legislação em vigor, é aplicável aos valores constantes da parte B do LALUR. Assim, se o contribuinte apurou prejuízos fiscais nos anos de 1987 a 1989, tem direito a registrar no LALUR, para compensação, observadas as normas de regência específicas, o valor da diferença de correção monetária IPC/BTN relativa a esses prejuízos. Não consta de nenhuma declaração a ser apresentada ao fisco, como uma informação obrigatória a ser prestada por parte do contribuinte, a informação relativa a este registro que o contribuinte venha a fazer no LALUR. Tratase de disposição legal (a correção dos valores da parte B do LALUR) que o sistema SAPLI deve obrigatoriamente refletir. Do quanto consta nas declarações relativas a estes períodos (1987 a 1989), trazidas aos autos na diligência solicitada, verificase que o contribuinte efetivamente apurou prejuízo fiscal em todos os três anos (fls. 750, 785, e 816), motivo pelo qual fazia jus ao registro no LALUR dos valores das diferenças IPC/BTN relativas a estes prejuízos, as quais foram desconsideradas pela fiscalização. Em resumo, o que se tem é um lançamento apoiado em premissas e valores que estão ou equivocados, ou não provados, ou ao menos não adequadamente demonstrados pelo fisco. Ante a total incerteza gerada pela deficiência na acusação, o lançamento fiscal deve ser cancelado. Neste sentido, os seguintes precedentes do CARF: Acórdão no 10194.473, relatora Sandra Maria Faroni, sessão de 28 de janeiro de 2004: “Matéria de fato: apuração da base de cálculo Não se mantém o lançamento cuja determinação da base se ressente de falta de certeza.” Acórdão no 10196.247, relatora Sandra Maria Faroni, sessão de 5 de julho de 2007: “FALTA DE CERTEZA DO LANÇAMENTO — Se o auto de Infração não está instruído com os elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito, deve ser cancelado o lançamento” Acórdão no 10709.530, relator Luiz Martins Valero, sessão de 16 de outubro de 2008: “LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO CERTEZA NECESSÁRIA O lançamento tributário não comporta incertezas. As dúvidas em relação aos elementos em que se baseou devem beneficiar o contribuinte e não o fisco.” Ressalvese que o cancelamento da autuação não significa a convalidação do quanto demonstrado pela contribuinte no multicitado “Levantamento dos saldos de prejuízos fiscais desde o ano de 1991 até o ano de 2000” (fls. 4490 do Anexo I), mas sim apenas e tão somente o cancelamento do lançamento efetuado, ante a sua situação de iliquidez e incerteza. Deixo de analisar os demais argumentos do contribuinte, por não serem necessários à solução da lide. Fl. 1848DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 16/ 02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10746.001440/200537 Acórdão n.º 1201001.258 S1C2T1 Fl. 15 14 Pelo exposto, dou provimento ao recurso voluntário para cancelar o lançamento efetuado. É como voto. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé Relator Fl. 1849DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 16/ 02/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 13830.000814/2003-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999
EXAME DE CONSTITUCIONALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2).
FATOS GERADORES ANTERIORES À VIGÊNCIA DA LEI COMPLEMENTAR 105/2001. APLICAÇÃO IMEDIATA. ARTIGO 144, § 1º, DO CTN. EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE.
As leis tributárias procedimentais ou formais, conducentes à constituição do crédito tributário, são aplicáveis a fatos pretéritos, razão pela qual a Lei Complementar 105/2001, por envergar essa natureza, legitima a atuação fiscalizatória/investigativa da Administração Tributária, ainda que os fatos imponíveis a serem apurados lhes sejam anteriores.
TRANSFERÊNCIA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001. POSSIBILIDADE.
A Lei Complementar nº 105/2001 permite a transferência do sigilo bancário às autoridades e agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996.
A presunção legal de omissão de rendimentos, prevista no art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO.
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF nº 26).
MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA.
O agravamento da multa de ofício em razão do não atendimento à intimação para prestar esclarecimentos não se aplica nos casos em que a omissão do contribuinte já tenha conseqüências específicas previstas na legislação.
JUROS - TAXA SELIC
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC - para títulos federais. (Súmula CARF nº 4).
Numero da decisão: 2202-003.132
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso, para desagravar a multa de ofício, reduzindo-a ao percentual de 75%.
Assinado digitalmente
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente e Relator.
Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO, WILSON ANTÔNIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado) e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2). FATOS GERADORES ANTERIORES À VIGÊNCIA DA LEI COMPLEMENTAR 105/2001. APLICAÇÃO IMEDIATA. ARTIGO 144, § 1º, DO CTN. EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE. As leis tributárias procedimentais ou formais, conducentes à constituição do crédito tributário, são aplicáveis a fatos pretéritos, razão pela qual a Lei Complementar 105/2001, por envergar essa natureza, legitima a atuação fiscalizatória/investigativa da Administração Tributária, ainda que os fatos imponíveis a serem apurados lhes sejam anteriores. TRANSFERÊNCIA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001. POSSIBILIDADE. A Lei Complementar nº 105/2001 permite a transferência do sigilo bancário às autoridades e agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996. A presunção legal de omissão de rendimentos, prevista no art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 00 08 14 /2 00 3- 74 Fl. 470DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 2 A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF nº 26). MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. O agravamento da multa de ofício em razão do não atendimento à intimação para prestar esclarecimentos não se aplica nos casos em que a omissão do contribuinte já tenha conseqüências específicas previstas na legislação. JUROS TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso, para desagravar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente e Relator. Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO, WILSON ANTÔNIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado) e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA. Relatório Reproduzo o relatório do acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo II (SP) DRJ/SP2, que sintetiza os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância. Contra o contribuinte supraqualificado foi lavrado o auto de infração de fls. 06/10, relativo ao imposto sobre a renda de pessoas físicas, anocalendário 1998, em decorrência de ação fiscal que teve por objeto o exame do cumprimento das obrigações tributárias relativas ao período de 01/1998 a 12/l998(fl.01). Das verificações realizadas resultou a apuração do crédito tributário no valor total de R$1.313.922,25 (um milhão, trezentos e treze mil, novecentos e vinte e dois reais e vinte e cinco centavos), na seguinte composição: (R$) Fl. 471DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13830.000814/200374 Acórdão n.º 2202003.132 S2C2T2 Fl. 471 3 Imposto 464.841,95 Juros de mora (calc. até 30/04/2003) 326.133,11 Multa proporcional 522.947,19 O crédito tributário constituído decorreu da constatação de irregularidade assim descrita no referido auto: “Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações". Enquadramento legal: art. 42 da Lei n° 9.430/96; art.4° da Lei 9.481/97 e art. 21 da Lei 9.532/97. A multa de oficio foi aplicada no percentual de 112,50% (cento e doze e meio por cento), com fundamento no artigo 44, inciso I, §2° da Lei 9.430/1996 (fl.10 ). No corpo do Auto de Infração, o autor do feito dá conta dos fatos que originaram a autuação. Consta que o contribuinte foi intimado reiteradamente a apresentar, dentre outros, os extratos bancários relativos às contas bancárias mantidas junto às instituições CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, UNIBANCO S/A, BRADESCO S/A e SUDAMERIS, bem como a comprovar, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos depositados nas referidas contas durante o anocalendário de 1998, não tendo se manifestado. Assim, os extratos bancários foram obtidos por meio de RMF Requisições de Informações sobre Movimentação Financeira. Intimado, desta feita, a comprovar mediante apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos depósitos individualmente especificados em planilha efetuada com base nos extratos bancários, o contribuinte novamente deixou de atender ao solicitado, dando causa ao lançamento de oficio, nos termos do artigo 42 da Lei 9.430/1996. A penalidade foi agravada em razão de o contribuinte não ter atendido às intimações lavradas. A ciência do auto de infração foi dada por via postal, na data de 03/06/2003 (fl.242). Em 03/07/2003 (fl.246), o interessado, por meio de procuradores constituídos conforme instrumento de fl.34, apresentou a impugnação de fls.246/300, na qual, após proceder ao relato dos fatos, aduz as razões de defesa que a seguir se reproduzem sinteticamente: PRELIMINAR NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO, EM RAZÃO DE O MESMO TER SIDO EFETIVADO COM BASE EM DOCUMENTAÇÃO OBTIDA POR MEIOS ILÍCITOS Argúi a nulidade do auto de infração, por entender que a norma jurídica que dá suporte ao procedimento de quebra do sigilo bancário (Lei Complementar 105/2001) padece de claros vícios de inconstitucionalidade. Fl. 472DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 4 Amparado em entendimentos doutrinários e jurisprudência, discorre largamente sobre diversos princípios constitucionais, inferindo que o artigo 6° da Lei Complementar n° 105/2001, que autoriza 0 acesso irrestrito da Fazenda Nacional às informações do contribuinte fiscalizado, viola garantias constitucionalmente previstas, bem como os princípios da isonomia, da irretroatividade da norma jurídica, da moralidade administrativa e da segurança jurídica. DO MÉRITO DO MÉTODO UTILIZADO PELO SR. FISCAL PARA PROCEDER O LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO Ataca o método utilizado pelo autuante com base no artigo 42 da Lei 9.430/1996 para efetuar o lançamento, por entender que não restou comprovada, no caso, a ocorrência do fato gerador do imposto de renda. Explica que não se trata de uma terceira forma de lançamento, mas de uma técnica que envolve valoração qualitativa e quantitativa (cita juristas), o que o leva a indagar se tais elementos foram corretamente considerados no caso presente. Na seqüência, explica que estas valorações devem se ater à ocorrência do fato gerador, tal como descrito na norma (transcreve trecho sobre hipóteses tributárias), concluindo que, se nem o legislador pode definir renda em desacordo com os parâmetros constitucionais, muito menos poderá fazêlo o administrador, a quem é dado somente aplicar a lei e que, mesmo no arbitramento, caso dos autos, há que se verificar se, de fato, ocorreu o fato gerador, não se podendo valer de meras suposições, à vista de apontamentos bancários, que não constituem renda, ou lucro. Assevera que a autoridade fiscal realizou o lançamento sem atentar para o conceito de renda (art. 43 do CTN), limitandose a identificar os valores depositados em sua contacorrente e de investimentos, como se isso fosse suficiente para caracterizar o nascimento da obrigação tributária, o que prova pela planilha por ele elaborada, já que os valores lá assentados não revelam renda ou proventos de qualquer natureza, visto que não ficou comprovada nenhuma adição patrimonial, a partir do cotejo das entradas e saídas. DA ATIVIDADE PRINCIPAL DO IMPUGNANTE COMERCIANTE LOTÉRICAS Destaca que sua atividade principal não era a de odontólogo, como consta em sua declaração de ajuste anual DIRPF/99 , mas de comerciante, como proprietário da firma individual “MATIUZZI LOTERIAS”, e como sócioproprietário da empresa C.Germano & Cia. Ltda,juntamente com o Sr. Ailton Carlos Germano. DA CONTA CORRENTE N° 96.600/2 BANCO BRADESCO CONTA SOLIDÁRIA COM O SR AILTON C. GERMANO VÍCIO INSANÁVEL DO LANÇAMENTO Ad argumentandum, reclama a aplicação da norma contida no §6° do artigo 42 da Lei 9.430/1996, que determina a divisão dos valores tributáveis pelo número de titulares, alegando que a conta bancária n° 96.600/2 ag. 0002 Marilia/Centro, é mantida em conjunto com o sócio Ailton Carlos Germano. Menciona o documento acostado à fl. 115, no qual o Banco observa a existência de cotitular, bem como anexa, à fl. 316, folha de cheque da referida conta com o intuito de comprovar a alegação de cotitularidade. Acrescenta que os cheques depositados na conta em tela, responsável pela maior parte dos valores tributados, eram todos nominais ao Sr. Ailton Carlos Germano, o que poderá ser comprovado por meio de perícia a ser realizada nos cheques. DA FALTA DE EVOLUÇÃO PATRIMONIAL DO IMPUGNANTE FALTA DE CARACTERIZAÇÃO DE ACRÉSCIMO PATRIMONIAL NÃO AUFERIÇÃO DE Fl. 473DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13830.000814/200374 Acórdão n.º 2202003.132 S2C2T2 Fl. 472 5 RENDAS OU DE PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA NÃO OCORRÊNCIA DO FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO DO IR Assevera que no período transcorrido entre o anocalendário de 1998 e o de 2002 obteve um irrisório acréscimo patrimonial, fato que comprova com demonstrativos de fluxo de caixa e de evolução patrimonial, anexados aos autos à fl.337. Assim, entende que o referido acréscimo patrimonial não mantém relação lógica com o lançamento realizado pelo auditor fiscal. DA TRANSFERÊNCIA DE VALORES ENTRE AS CONTAS CORRENTES EM COMENTO NÃO CARACTERIZAÇÃO DE AUFERIÇÃO DE DISPONIBILIDADE ECONÔMICA OU JURÍDICA DE RENDAS OU DE PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA NÃO OCORRÊNCIA DO FATO JURÍDICO DO IR. Alega que não foi Observado no lançamento o disposto pelo §3° do artigo 42 da Lei 9.430/1996, no que concerne ao expurgo, na determinação da receita omitida, dos valores decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física. Afirma, ainda, que tal assertiva poderá ser comprovada por ocasião da instrução probatória que obrigatoriamente deverá ser realizada neste processo com o fito de descaracterizar que meros depósitos bancários possam ser considerados como fato gerador de imposto de renda. DA IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE VALORES DE CRÉDITOS EM CONTA BANCÁRIA PARA REALIZAÇÃO DO LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO DO IRPF SUMULA 182 DO EXTINTO TFR TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS. Aponta que O extinto Tribunal Federal de Recursos enfrentando a questão, emitiu a Súmula 182, acerca da impossibilidade de lançamento tributário do imposto de renda com base em extratos e depósitos bancários (transcreve ementas judiciais e administrativas), concluindo que não há como subsistir o crédito lançado pelo Sr. Fiscal. DA PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL Destaca que, no que diz respeito ao princípio da VERDADE MATERIAL (transcreve trechos de juristas), não se pode aceitar que o fiscal tenha presumido que os depósitos efetuados nas contascorrentes do impugnante sejam reveladores da ocorrência do Fato Jurídico Tributário (Fato Gerador), fazendose necessário, portanto, que seja demonstrada a ocorrência, no mundo factual, da hipótese descrita no antecedente da norma tributária, o que não ocorreu, no caso presente, pois o seu trabalho se baseou apenas nos valores creditados nas contas correntes do impugnante. DO PERCENTUAL APLICADO À MULTA Contesta a aplicação da multa de ofício no percentual de 112,50%, afirmando que o autuante deixou de indicar o dispositivo legal em que se baseou, ocasionando evidente cerceamento de defesa. Presumindo que a capitulação encontravase no artigo 46 da Lei 9.430/1996, aduz que a matriz legal reportase ao artigo 80 da Lei 4.502, de 30/12/1964, que não tem relação com o imposto de renda, sendo inadmissível a aplicação da analogia para agravar a situação de quem quer que seja, sob pena de se macular o princípio da legalidade (cita o artigo 108 do CTN). Ainda que assim não fosse, argumenta, o percentual se mostra exagerado, afrontando o texto constitucional e o próprio sistema do direito posto, como um todo. Fl. 474DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 6 Assevera que a própria Constituição Federal, no Capítulo "DAS LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR", no artigo 150, inciso IV, veda a utilização de tributo com efeito de confisco e transcreve o § 1° do art. 52 da Lei n.° 9.298/96, o qual limita as multas de mora a 2% do valor da prestação, percentual este que, por analogia e em respeito ao princípio da isonomia, entende deva ser aplicado. DA TAXA SELIC No seu entender, a Lei n° 9.065/95 que substituiu os juros de mora e estabeleceu a incidência da Taxa SELIC para débitos tributários não poderá ser aplicada, pois afronta diversos princípios constitucionais, entre eles o Princípio da Legalidade Tributária, da Anterioridade, da Indelegabilidade de Competência Tributária (transcreve arts. 150, I, e 5°, inciso I, da CF/88 e trechos de juristas), concluindo que a aplicação da taxa SELIC, sem lei anterior e específica a respeito, desrespeita os princípios mencionados, não podendo o seu cálculo ser delegado a ato governamental, que segue as naturais oscilações do mercado financeiro, mas sempre com interferência do Banco Central. Frisa que o vicio não se dá pela ausência de lei normatizando administrativamente o SELIC Sistema Especial de Liquidação e Custódia, mas pela inexistência de lei instituindo, definindo e dizendo como deve ser calculada a taxa SELIC (transcreve trecho de julgado judicial), ressalvando que, ainda que se admitisse a existência de lei ordinária criando regularmente a taxa SELIC para fins tributários, interpretandose o art. 161, § 1° do Código Tributário Nacional, chegarseia à conclusão de que é permitido à lei ordinária somente fixar o percentual de juros em patamar igual ou inferior ao estabelecido no CTN, que é de 1 % (um por cento) ao mês. Menciona, ainda, o artigo 193, §3° da Constituição Federal, que dita que a taxa de juros não pode ser superior a 12 % ao ano e, ainda, que se trate de norma de eficácia limitada ou contida, de caráter programático, estabelece um dever para o legislador ordinário e condiciona a legislação futura, com a conseqüência de serem inconstitucionais as leis ou atos que com ela conflitem. REQUERIMENTO Por fim, requer seja o lançamento extinto ante os argumentos lançados e à prova irrefutável oferecida, protestando por provar o alegado por todos os meios de prova em direito admissíveis, tais como documentais, testemunhais, inclusive PERICIAIS (necessários a demonstração de que os lançamentos bancários não constituem renda, receita ou lucro) e outros que se fizerem necessários. A Quinta Turma da DRJ/SP2, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a impugnação, cujo Acórdão nº 1746.876 (fls. 381 a 401) foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1998 PRELIMINAR. NULIDADE. ILICITUDE DE PROVAS. São lícitas as provas obtidas com respaldo na legislação vigente à época da ocorrência do procedimento de fiscalização. A Lei Complementar 105/2001 disciplina o procedimento de fiscalização e não os fatos econômicos investigados, podendo ser aplicada aos procedimentos iniciados ou em curso a partir de sua edição, inclusive para alcançar fatos geradores pretéritos (CTN, art. l44, § 1°). Tratase de aplicação imediata da norma, não se podendo falar em retroatividade. Fl. 475DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13830.000814/200374 Acórdão n.º 2202003.132 S2C2T2 Fl. 473 7 SIGILO BANCÁRIO. Inocorre quebra de sigilo bancário quando os agentes fiscais, com fins públicos, acessam os dados protegidos por esse instituto, ficando salvaguardada a inviolabilidade dessas informações, pela observância do sigilo fiscal . PERÍCIA. Indeferese o pedido de perícia quando a sua realização revelese prescindível para a formação de convicção pela autoridade julgadora. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. TRIBUTAÇÃO. A partir de 1° de janeiro de 1997, com a entrada em vigor da Lei 9.430/1996, consideramse rendimentos omitidos os depósitos/créditos efetuados em contas mantidas junto a instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não logra comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. CONTA CONJUNTA. A ausência de intimação de um dos cotitulares da conta conjunta torna insubsistente o lançamento com relação aos depósitos bancários sem origem comprovada identificados junto a ela. MULTA AGRAVADA Comprovado nos autos que o contribuinte deixou de atender as intimações reiteradamente efetuadas para apresentar documentos e prestar esclarecimentos, mantémse o agravamento da multa efetuado em consonância com a legislação pertinente. A alegação de que a autoridade fiscal não forneceu o enquadramento legal da penalidade não restou confirmada pela análise dos autos. MULTA DE OFÍCIO E TAXA SELIC. A utilização da taxa SELIC como juros moratórios, assim como a aplicação da multa de oficio decorrem de expressas disposições legais. A apreciação e decisão de questões que versem sobre a constitucionalidade de atos legais são de competência exclusiva do Poder Judiciário. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A decisão de primeira instância excluiu da base de cálculo da tributação os depósitos/créditos efetuados na conta corrente conjunta nº 96.6002, no Banco Bradesco, em um total de R$ 893.540,33, por falta de intimação do cotitular da conta. Cientificado da decisão de primeira instância, por via postal, em 21 de janeiro de 2011 (sextafeira), conforme A.R. à fl. 405, o contribuinte, por meio de procurador legalmente habilitado, interpôs recurso voluntário em 22 de fevereiro de 2011 (fls. 406 a 463), no qual repisa os mesmos argumentos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 476DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 8 O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Tratase de Auto de Infração que imputou ao contribuinte a infração de omissão de rendimentos caracterizado por depósitos bancários com origem não comprovada, cujo lançamento foi realizado com base no art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos, determinando que estão sujeitos ao lançamento de ofício os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física, regularmente intimada, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. A decisão de primeira instância excluiu da tributação todos os depósitos/créditos efetuados na conta corrente conjunta nº 96.6002, no Banco Bradesco, que totalizaram R$ 893.540,33, em virtude da falta de intimação de um dos cotitulares. Foi mantida a base de cálculo de R$ 799.714,04, relativa às demais contas bancárias, o que resultou em um imposto a ser exigido de R$ 219.118,36, a ser acrescido de juros de mora e multa de ofício de 112,5%. Preliminar de violação do sigilo bancário O Recorrente alega que o lançamento é nulo pois o artigo 6° da Lei Complementar n° 105/2001, que autoriza o acesso irrestrito da Fazenda Nacional às informações do contribuinte fiscalizado, viola garantias constitucionalmente previstas, bem como os princípios da isonomia, da irretroatividade da norma jurídica, da moralidade administrativa e da segurança jurídica. Inicialmente cabe ressaltar que não existe nenhuma inconstitucionalidade declarada em relação à Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001 (LC 105/2001) e não compete ao CARF a apreciação da constitucionalidade de atos legais, conforme súmula CARF nº 2: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". A LC 105/2001 assim dispõe, em seu artigo 6º: Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. O Recorrente alega que a lei em comento não poderia retroagir para alcançar fatos geradores anteriores. Entretanto, não lhe cabe razão. O artigo 144 do CTN dispõe: Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. Fl. 477DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13830.000814/200374 Acórdão n.º 2202003.132 S2C2T2 Fl. 474 9 Enquanto o caput do artigo referido impõe regra de direito material, regulando o ato administrativo do lançamento em seu caráter substancial, o § 1º referese aos procedimentos, ou seja, aos aspectos formais do lançamento. Desse modo, a LC 105/2001 deve ser aplicada imediatamente ao tempo do lançamento, pois apenas ampliou os poderes de investigação das autoridades fiscais. Esse é o entendimento manifestado no RESP 1.134.665/SP, relator Ministro Luiz Fux, julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos (art. 543C) do CPC. PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A FATOS IMPONÍVEIS ANTERIORES À VIGÊNCIA DA LEI COMPLEMENTAR 105/2001. APLICAÇÃO IMEDIATA. ARTIGO 144, § 1º, DO CTN. EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE. 1. A quebra do sigilo bancário sem prévia autorização judicial, para fins de constituição de crédito tributário não extinto, é autorizada pela Lei 8.021/90 e pela Lei Complementar 105/2001, normas procedimentais, cuja aplicação é imediata, à luz do disposto no artigo 144, § 1º, do CTN. 2. O § 1º, do artigo 38, da Lei 4.595/64 (revogado pela Lei Complementar 105/2001), autorizava a quebra de sigilo bancário, desde que em virtude de determinação judicial, sendo certo que o acesso às informações e esclarecimentos, prestados pelo Banco Central ou pelas instituições financeiras, restringirseiam às partes legítimas na causa e para os fins nela delineados. 3. A Lei 8.021/90 (que dispôs sobre a identificação dos contribuintes para fins fiscais), em seu artigo 8º, estabeleceu que, iniciado o procedimento fiscal para o lançamento tributário de ofício (nos casos em que constatado sinal exterior de riqueza, vale dizer, gastos incompatíveis com a renda disponível do contribuinte), a autoridade fiscal poderia solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto no artigo 38, da Lei 4.595/64. 4. O § 3º, do artigo 11, da Lei 9.311/96, com a redação dada pela Lei 10.174, de 9 de janeiro de 2001, determinou que a Secretaria da Receita Federal era obrigada a resguardar o sigilo das informações financeiras relativas à CPMF, facultando sua utilização para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a impostos e contribuições e para lançamento, no âmbito do procedimento fiscal, do crédito tributário porventura existente. 5. A Lei Complementar 105, de 10 de janeiro de 2001, revogou o artigo 38, da Lei 4.595/64, e passou a regular o sigilo das operações de instituições financeiras, preceituando que não constitui violação do dever de sigilo a prestação de informações, à Secretaria da Receita Federal, sobre as operações financeiras efetuadas pelos usuários dos serviços (artigo 1º, § 3º, inciso VI, c/c o artigo 5º, caput, da aludida lei complementar, e 1º, do Decreto 4.489/2002). 6. As informações prestadas pelas instituições financeiras (ou equiparadas) restringemse a informes relacionados com a identificação dos titulares das operações e os montantes globais mensalmente movimentados, vedada a inserção de qualquer elemento que permita identificar a sua origem ou a natureza dos gastos a partir deles efetuados (artigo 5º, § 2º, da Lei Complementar 105/2001). Fl. 478DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 10 7. O artigo 6º, da lei complementar em tela, determina que: "Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária." 8. O lançamento tributário, em regra, reportase à data da ocorrência do fato ensejador da tributação, regendose pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada (artigo 144, caput, do CTN). 9. O artigo 144, § 1º, do Codex Tributário, dispõe que se aplica imediatamente ao lançamento tributário a legislação que, após a ocorrência do fato imponível, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. 10. Conseqüentemente, as leis tributárias procedimentais ou formais, conducentes à constituição do crédito tributário não alcançado pela decadência, são aplicáveis a fatos pretéritos, razão pela qual a Lei 8.021/90 e a Lei Complementar 105/2001, por envergarem essa natureza, legitimam a atuação fiscalizatória/investigativa da Administração Tributária, ainda que os fatos imponíveis a serem apurados lhes sejam anteriores (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 806.753/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 22.08.2007, DJe 01.09.2008; EREsp 726.778/PR, Rel. Ministro Castro Meira, julgado em 14.02.2007, DJ 05.03.2007; e EREsp 608.053/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 09.08.2006, DJ 04.09.2006). 11. A razoabilidade restaria violada com a adoção de tese inversa conducente à conclusão de que Administração Tributária, ciente de possível sonegação fiscal, encontrarseia impedida de apurála. 12. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 facultou à Administração Tributária, nos termos da lei, a criação de instrumentos/mecanismos que lhe possibilitassem identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte, respeitados os direitos individuais, especialmente com o escopo de conferir efetividade aos princípios da pessoalidade e da capacidade contributiva (artigo 145, § 1º). 13. Destarte, o sigilo bancário, como cediço, não tem caráter absoluto, devendo ceder ao princípio da moralidade aplicável de forma absoluta às relações de direito público e privado, devendo ser mitigado nas hipóteses em que as transações bancárias são denotadoras de ilicitude, porquanto não pode o cidadão, sob o alegado manto de garantias fundamentais, cometer ilícitos. Isto porque, conquanto o sigilo bancário seja garantido pela Constituição Federal como direito fundamental, não o é para preservar a intimidade das pessoas no afã de encobrir ilícitos. 14. O suposto direito adquirido de obstar a fiscalização tributária não subsiste frente ao dever vinculativo de a autoridade fiscal proceder ao lançamento de crédito tributário não extinto. Fl. 479DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13830.000814/200374 Acórdão n.º 2202003.132 S2C2T2 Fl. 475 11 15. In casu, a autoridade fiscal pretende utilizarse de dados da CPMF para apuração do imposto de renda relativo ao ano de 1998, tendo sido instaurado procedimento administrativo, razão pela qual merece reforma o acórdão regional. [...] 20. Recurso especial da Fazenda Nacional provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (RECURSO ESPECIAL Nº 1.134.665 SP, relator: MINISTRO LUIZ FUX, Dje de 15/10/2009). (os grifos não são do original). Em relação à alegada ilicitude quanto à quebra de sigilo bancário, em havendo procedimento fiscal em curso, é legítimo às autoridades fiscais requisitar das instituições financeiras informações relativas a contas de depósitos e de aplicações financeiras do contribuinte sob fiscalização, sempre que estas forem indispensáveis. Assim, resta claro que a Receita Federal do Brasil possui permissão legal para acessar os dados bancários do contribuinte sob ação fiscal. Dessa forma, no presente caso, não há nenhuma ilicitude nas provas obtidas pela Receita Federal do Brasil. Esse é o posicionamento adotado no RESP 1.134.665/SP, cuja ementa foi transcrita acima, e que vem sendo acolhido pelas turmas do CARF, conforme abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001. A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. [...] (Acórdão nº 2202002.629, data de publicação: 03/06/2014, relator Rafael Pandolfo, redator designado Antonio Lopo Martinez). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 [...] REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. POSSIBILIDADE. Havendo procedimento fiscal em curso, os agentes fiscais tributários poderão requisitar das instituições financeiras registros e informações relativos a contas de depósitos e de investimentos do contribuinte sob fiscalização, sempre que essa providência seja considerada indispensável por autoridade administrativa competente. [...] (Acórdão nº 2102002.96, data de publicação: 28/05/2014, relatora Núbia Matos Moura). Fl. 480DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 12 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. REQUISIÇÃO ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. HIPÓTESE. As informações, referentes à movimentação bancária do contribuinte, podem ser obtidas pelo Fisco junto às instituições financeiras, no âmbito de procedimento de fiscalização em curso, quando ocorrer, dentre outros, o não fornecimento, pelo sujeito passivo, de informações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade, próprios ou de terceiros, quando regularmente intimado. (Acórdão nº 2201002.291, data de publicação: 13/02/2014, relatora Nathalia Mesquita Ceia ). Preliminar de falta de intimação do cotitular de conta bancária Restou comprovado nos autos que a conta corrente nº 96.6002, no Banco Bradesco, era mantida em conjunto com o sr. Ailton C. Germano, o qual não foi intimado a comprovar a origem dos depósitos. Assim, em consonância com a súmula CARF nº 29, a DRJ/SP2 decidiu excluir da base tributável o total dos depósitos efetuados na referida conta. O Recorrente alega que esse vício invalidou o lançamento, com reflexo no direito à ampla defesa, devendo o Auto de Infração ser anulado. É evidente que a falta de intimação de um dos cotitulares da conta bancária para comprovar a origem dos depósitos somente invalida o lançamento referente àquela conta conjunta específica, devendo prevalecer a autuação relativa às demais contas correntes individuais. Dessa forma, como as demais contas bancárias objeto do auto de infração são individuais, de titularidade do contribuinte fiscalizado, não tendo ocorrido nenhum vício em relação a elas, devese manter o lançamento referente a essas contas, conforme decidido em primeira instância. Por essas razões, rejeitamse as preliminares de nulidade do auto de infração apontadas pelo Recorrente. Mérito Alega o fiscalizado que não restou comprovada a ocorrência do fato gerador do imposto de renda, não podendo a autoridade fiscal se valer de meras suposições, à vista de apontamentos bancários, que não constituem renda ou lucro. Argumenta que a Fiscalização realizou o lançamento sem atentar para o conceito de renda (art. 43 do CTN), limitandose a identificar os valores depositados em sua contacorrente e de investimentos, como se isso fosse suficiente para caracterizar o nascimento da obrigação tributária. Aduz que não ficou comprovado nenhum acréscimo patrimonial a partir do cotejo das entradas e saídas, fato comprovado pelos demonstrativos de fluxo de caixa e de evolução patrimonial anexados. Afirma que sua atividade era de comerciante, sendo proprietário da firma individual “MATIUZZI LOTERIAS” e sócioproprietário da empresa C.Germano & Cia. Ltda, Fl. 481DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13830.000814/200374 Acórdão n.º 2202003.132 S2C2T2 Fl. 476 13 juntamente com o Sr. Ailton Carlos Germano, e não odontólogo como consta da sua declaração DIRPF/99. Defende que devem ser expurgados os valores decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física, conforme decisões deste Conselho. A exigência fiscal em exame decorre de expressa previsão legal, pela qual existe uma presunção em favor do Fisco, que fica dispensado de provar o fato que originou a omissão de rendimentos, cabendo ao contribuinte elidir a imputação, comprovando a origem dos recursos. Conforme previsão do art. 42 da Lei nº 9.430/96, é necessário comprovar individualizadamente a origem dos recursos, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis. Tratase, portanto, de ônus exclusivo do contribuinte, a quem cabe comprovar, de maneira inequívoca, a origem dos valores que transitaram por sua conta bancária, não sendo bastante alegações e indícios de prova. Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: 1 — os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II — no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12.000,00 (doze mil Reais), desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$80.000,00 (oitenta mil Reais). § 4° Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. Quanto à necessidade de o Fisco demonstrar o acréscimo patrimonial, conforme alegado pelo Recorrente, essa tese já se encontra superada, não se sustentando desde a vigência da Lei nº 9.430/96, que em seu artigo 42 determinou que recai sobre o contribuinte o ônus de comprovar a origem dos depósitos bancários, sob pena de se presumir que são rendimentos omitidos. Fl. 482DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 14 A autoridade fiscal não mais está obrigada a comprovar o consumo da renda, a demonstrar sinais exteriores de riqueza ou acréscimo patrimonial incompatíveis com os rendimentos declarados, como ocorria sob a égide do revogado § 5º do art. 6º da Lei nº 8.021/90. Esse entendimento já se encontra pacificado nesse Conselho, conforme enunciado nº 26 da Súmula CARF: “A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada”. Observase que o contribuinte, em nenhum momento, seja durante a ação fiscal, seja na fase litigiosa, apresentou qualquer argumento ou elemento de prova que justificasse a origem dos recursos creditados em suas contas bancárias. As suas alegações não se encontram acompanhadas de documentos que as comprovem e é regra geral no Direito que o ônus da prova é uma conseqüência do ônus de afirmar e, portanto, cabe a quem alega. Nesse caso, o Recorrente apenas alegou e nada provou e, segundo brocardo jurídico por demais conhecido, "alegar e não provar é o mesmo que não alegar". O artigo 333 do Código de Processo Civil (CPC) estabelece as regras gerais relativas ao ônus da prova, partindo da premissa básica de que cabe a quem alega provar a veracidade do fato. Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. [...] Em relação ao seu argumento de que os valores resultantes de transferências entre as contas correntes foram computados como omissão de receitas, também não lhe assiste razão, posto que não passa de uma alegação genérica, sem apontar quais valores deveriam ser excluídos além daqueles que já haviam sido suprimidos pela autoridade fiscal por ocasião do lançamento. Desse modo, deve ser mantida a infração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos com origem não identificada, pois o Recorrente não logrou comprovar a origem dos créditos em suas contas bancárias. Multa de ofício agravada A multa de ofício agravada, no percentual de 112,55%, foi aplicada com base no artigo 44, inciso I e § 2º, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que assim dispunha: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de setenta e cinco por cento sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; [...] § 2o As multas a que se referem os incisos I e II do caput passarão a ser de cento e doze inteiros e cinco décimos por cento e duzentos e vinte e cinco por cento, Fl. 483DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13830.000814/200374 Acórdão n.º 2202003.132 S2C2T2 Fl. 477 15 respectivamente, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; O contribuinte não apresentou os extratos bancários solicitados pela autoridade fiscal mediante o Termo de Início da Ação Fiscal e o Termo de Reintimação Fiscal. Também não apresentou resposta ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal, no qual foi solicitada a comprovação da origem dos créditos em suas contas bancárias. No entanto, esse procedimento do contribuinte em nada obstaculizou a atividade fiscal, pois os extratos bancários foram solicitados mediante a emissão de Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF) e, com fundamento no art. 42 da Lei nº 9.430/96, foilhe imputada a infração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Ou seja, o não atendimento das intimações da autoridade fiscal não prejudicou a atividade fiscalizatória, pois a autuação se deu por presunção legal. Nesse sentido as seguintes decisões do CARF: IRPF. OMISSÃO RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. MULTA AGRAVADA. AUSÊNCIA ATENDIMENTO INTIMAÇÃO. INEXISTÊNCIA PREJUÍZO. NÃO APLICABILIDADE. Improcedente a aplicação da multa agravada contemplada no artigo 44, § 2°, da Lei n° 9.430/1996, quando não comprovada que a ausência de atendimento/resposta às intimações fiscais por parte do contribuinte representou prejuízo à fiscalização e/ou lavratura do Auto de Infração, sobretudo quando o Fisco já detinha todos elementos de prova capazes de lastrear o lançamento promovido com base na presunção legal inscrita no artigo 42 da Lei n° 9.430/96, onde fora justamente a ausência de prestação de esclarecimentos do contribuinte, no sentido de comprovar a origem dos recursos que transitaram em suas contas bancárias, que caracterizou a omissão de rendimentos objeto da autuação. Recurso especial negado. (Acórdão nº 9202.003.653, data de publicação: 24/03/2015, relator Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira). [...] MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. INAPLICABILIDADE NO CASO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITO BANCÁRIO. Aumento da multa de ofício prevista no §2º, do art. 44 da L. 9.430/96 não é aplicável ao caso de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos, uma vez que a falta de esclarecimentos ou apresentação de documentos não prejudica o crédito tributário do fisco, em razão da presunção de omissão criada pelo art. 42 da Lei 9.430/96. (Acórdão nº 2201002.241, data de publicação: 07/01/2014, relatora Nathalia Mesquita Ceia). MULTA AGRAVADA O agravamento da multa de oficio em razão do não atendimento à intimação para prestar esclarecimentos não se aplica nos casos em que a omissão do contribuinte já tenha consequências específicas previstas na legislação. (Acórdão nº 2202003.021, data de publicação:10/04/2015, relator Antonio Lopo Martinez). Assim, deve o percentual da multa de ofício ser reduzido de 112,5% para 75%. Juros de mora taxa Selic Fl. 484DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 16 Por fim, quanto à improcedência da aplicação da taxa Selic como juros de mora, não lhe assiste razão, porquanto deve ser adotado o conteúdo da Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Diante do exposto, voto no sentido de REJEITAR as preliminares e, no mérito, DAR PARCIAL provimento ao recurso, para desagravar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 485DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 10880.722390/2013-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3201-000.602
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o recurso em diligência nos termos do voto do relator. Compareceu à sessão de julgamento o(a) advogado(a) Ana Paula Lui, OAB/SP nº 175658.
Assinado digitalmente
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
Assinado digitalmente
Winderley Morais Pereira - Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisario e Cassio Shappo.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o recurso em diligência nos termos do voto do relator. Compareceu à sessão de julgamento o(a) advogado(a) Ana Paula Lui, OAB/SP nº 175658. Assinado digitalmente Charles Mayer de Castro Souza Presidente. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisario e Cassio Shappo. Relatório RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .7 22 39 0/ 20 13 -9 1 Fl. 193DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.722390/201391 Resolução nº 3201000.602 S3C2T1 Fl. 194 2 Trata o presente processo de cobrança referente a pedido de compensação não homologado, que originalmente estava apensado ao Processo Administrativo nº 12585.000.284/201070. O Processo Administrativo nº 12585.000.284/201070, foi julgado pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, que manteve o despacho decisório negando os créditos pleiteados pela Recorrente. O contribuinte irresignado com as decisões da primeira instância, interpôs recurso voluntário, posteriormente os processos foram desapensados no CARF e distribuídos a este Relator para julgamento. A turma de julgamento ao analisar o Processo Administrativo nº 12585.000284/201070 resolveu converter o processo em diligência, que ainda encontrase pendente de realização pela Unidade de Origem. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. A teor do relatado, o pedido de compensação controlado no presente processo referese aos créditos constantes do Processo Administrativo nº 12585.000284/201070, que encontrase em diligência para cumprimento de resolução deste conselho Entendo, que a desapensação do processo foi equivocada sendo necessário a sua juntada novamente ao Processo Administrativo nº 12585.000284/201070. Confirmando este entendimento, o novo Regimento Interno do CARF determina de forma expressa, que existindo conexão, os processo deverão ser vinculados para que o julgamento ocorra em conjunto. A determinação consta do art. 6º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: § 1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo Fl. 194DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.722390/201391 Resolução nº 3201000.602 S3C2T1 Fl. 195 3 acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formaliza dos em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. § 3º A distribuição poderá ser requerida pelas partes ou pelo conselheiro que entender estar prevento, e a decisão será proferida por despacho do Presidente da Câmara ou da Seção de Julgamento, conforme a localização do processo. § 4º Nas hipóteses previstas nos incisos II e III do § 1º , se o processo principal não estiver localizado no CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para a unidade preparadora, para determinar a vinculação dos autos ao processo principal. § 5º Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiverem localizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e o sobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal. § 6º Na hipótese prevista no § 4º , se não houver recurso a ser apreciado pelo CARF relativo ao processo principal, a unidade preparadora deverá devolver ao colegiado o processo convertido em diligência, juntamente com as informações constantes do processo principal necessárias para a continuidade do julgamento do processo sobrestado. § 7º No caso de conflito de competência entre Seções, caberá ao Presidente do CARF decidir, provocado por resolução ou despacho do Presidente da Turma que ensejou o conflito. § 8º Incluemse na hipótese prevista no inciso III do § 1º os lançamentos de contribuições previdenciárias realizados em um mesmo procedimento fiscal, com incidências tributárias de diferentes espécies. (grifo nosso) Diante do exposto, voto no sentido de converter o processo em diligência para que a Unidade Preparadora providencie a apensação do presente processo ao Processo Administrativo nº 12585.000284/201070. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 195DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA
score : 1.0
Numero do processo: 16004.720153/2012-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Sep 14 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2011 a 30/11/2011
COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO. INCONSTITUCIONALIDADE DO TRIBUTO RECOLHIDO. RECURSO REPETITIVO DO STJ.
Nos termos do art. 170-A do CTN, "é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial", vedação que se aplica inclusive às hipóteses de reconhecida inconstitucionalidade do tributo indevidamente recolhido, nos termos do REsp 1.167.039-DF, cuja decisão foi proferida na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil.
DECISÕES DEFINITIVAS DO STF E STJ. SISTEMÁTICA PREVISTA PELOS ARTIGOS 543-B E 543-C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
Nos termos do art. 62-A do Regimento Interno do CARF (Portaria nº 256/2009), as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C do Código de Processo Civil (Lei nº 5.869/73), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
MULTA ISOLADA. DECLARAÇÃO FALSA. COMPENSAÇÃO ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO.
Para a incidência da multa isolada prevista no art. 89, § 10, da Lei nº 8.212/91, há a exigência expressa de que se comprove a falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, de sorte que a mera alegação de ilegitimidade da compensação realizada não é suficiente para a subsunção do tipo infracional.
A compensação efetuada em ofensa ao art. 170-A do CTN, após o julgamento do REsp 1.167.039-DF, em 2010, que, em regime de recurso repetitivo, praticamente inviabilizou qualquer possibilidade de discussão judicial a respeito da aplicabilidade deste artigo, denota conduta consciente do contribuinte (falsidade da declaração) passível de enquadramento no art. 89, § 10, da Lei nº 8.212/91.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2302-003.145
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir do lançamento a multa isolada, já que não houve a cabal demonstração do dolo ou fraude cometida pelo sujeito passivo para se subsumir ao disposto pelo artigo 89, §10º da Lei n.º 8.212/91. Vencido o Conselheiro Relator, porque entendeu que por ter se dado a compensação em período posterior ao julgamento do REsp 1.167.039-DF, em regime de recurso repetitivo, o contribuinte era sabedor de que não poderia ter efetuado a compensação antes do trânsito em julgado de suas ações judiciais. O Conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes fará o voto divergente vencedor.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos
PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO.
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira
Redator ad hoc do voto vencedor e do voto vencido, na data da formalização.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente), Arlindo da Costa e Silva, Leo Meirelles do Amaral, Juliana Campos de Carvalho Cruz e André Luís Mársico Lombardi.
Nome do relator: ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
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AÇÃO JUDICIAL. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO. INCONSTITUCIONALIDADE DO TRIBUTO RECOLHIDO. RECURSO REPETITIVO DO STJ. Nos termos do art. 170A do CTN, "é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial", vedação que se aplica inclusive às hipóteses de reconhecida inconstitucionalidade do tributo indevidamente recolhido, nos termos do REsp 1.167.039DF, cuja decisão foi proferida na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil. DECISÕES DEFINITIVAS DO STF E STJ. SISTEMÁTICA PREVISTA PELOS ARTIGOS 543B E 543C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 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A compensação efetuada em ofensa ao art. 170A do CTN, após o julgamento do REsp 1.167.039DF, em 2010, que, em regime de recurso AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 72 01 53 /2 01 2- 19 Fl. 2172DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA 2 repetitivo, praticamente inviabilizou qualquer possibilidade de discussão judicial a respeito da aplicabilidade deste artigo, denota conduta consciente do contribuinte (“falsidade da declaração”) passível de enquadramento no art. 89, § 10, da Lei nº 8.212/91. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir do lançamento a multa isolada, já que não houve a cabal demonstração do dolo ou fraude cometida pelo sujeito passivo para se subsumir ao disposto pelo artigo 89, §10º da Lei n.º 8.212/91. Vencido o Conselheiro Relator, porque entendeu que por ter se dado a compensação em período posterior ao julgamento do REsp 1.167.039DF, em regime de recurso repetitivo, o contribuinte era sabedor de que não poderia ter efetuado a compensação antes do trânsito em julgado de suas ações judiciais. O Conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes fará o voto divergente vencedor. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Redator ad hoc do voto vencedor e do voto vencido, na data da formalização. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vicepresidente), Arlindo da Costa e Silva, Leo Meirelles do Amaral, Juliana Campos de Carvalho Cruz e André Luís Mársico Lombardi. Fl. 2173DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.720153/201219 Acórdão n.º 2302003.145 S2C3T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário em face decisão de primeira instância que negou provimento às impugnações dos AI´s nº 51.013.4378, mantendo o crédito tributário, no valor de R$ 4.755.660,00, acrescido de juros e multa; e n° 51.013.4360, deu provimento à impugnação do AI nº 51.012.9293, mantendo o crédito tributário, no valor de R$ 5.700.000,00. Adotase o relatório constante no acórdão do órgão a quo (fls. 2.115), que bem resume o quanto consta dos autos: Tratase de créditos tributários constituídos pela fiscalização em nome do sujeito passivo acima identificado, por meio dos seguintes Autos de Infração: AI DEBCAD nº 51.013.4378, no valor de R$ 4.755.660,00, referente à glosa de compensações informadas indevidamente nas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP das competências 7/2011 a 11/2011. AI DEBCAD nº 51.013.4360, no valor de R$ 5.700.000,00, referente à multa isolada no percentual de 150%, aplicada em razão do contribuinte apresentar, nos meses de 8/2011 e 12/2011, GFIP com falsidade na declaração. Conforme apurado pela autoridade fiscal, o sujeito passivo informou nas GFIP das competências 7/2011 a 11/2011, valores a compensar originários de supostos recolhimentos indevidos efetuados no período de 6/2006 a 11/2011, a título de contribuições previdenciárias incidentes sobre determinadas verbas por ele pagas aos seus empregados, a saber: abono insalubridade s/min., abono periculosidade, abono noturno CLT, abono gratificação 30% PD, abono 14º salário, abono carga suplementar PEB, abono gratificação servic. LC102, abono gratificação LC140/09, abono gratificação h.maqu., abono GTN PEB II, hora extra, adicional de férias e prêmio assiduidade. O sujeito passivo apresentou como justificativa das compensações realizadas, a existência das seguintes ações judiciais: Mandado de Segurança nº 000435767.2010.403.6106, na qual se discute a exigibilidade da contribuição previdenciária patronal incidente sobre as importâncias pagas aos segurados empregados a título de horas extras e terço constitucional de férias. O pedido de liminar foi indeferido. Mandado de Segurança nº 000201719.2011.403.6106, na qual se discute a exigibilidade da contribuição previdenciária patronal incidente sobre as importâncias pagas aos segurados Fl. 2174DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA 4 empregados a título de aviso prévio indenizado, férias indenizadas e férias em pecúnia, salário educação, auxílio creche, auxílio doença e auxílio acidente (15 dias de afastamento, abono assiduidade, abono único anual, vale transporte, adicional de periculosidade, adicional de insalubridade e adicional noturno. O pedido de liminar foi indeferido. O contribuinte apresentou agravo de instrumento, o qual foi deferido parcialmente, para suspender a exigibilidade da contribuição previdenciária quanto às verbas pagas a título de aviso prévio indenizado, férias indenizadas e abono de férias, auxílio educação, auxílio creche, primeiros quinze dias de afastamento por benefício previdenciário e vale transporte. Dessa decisão, o contribuinte interpôs agravo regimental, solicitando a extensão do efeito suspensivo as demais verbas não abrangidas pela decisão. Efetuouse a glosa das compensações por considerar devidas as contribuições previdenciárias incidentes sobre as verbas questionadas pelo contribuinte, uma vez que elas não constam do rol exaustivo das parcelas que não integram o salário de contribuição (artigo 28, 9º da Lei nº 8.212/91), bem como pelos créditos apurados não se originarem de decisão judicial transitada em julgado, ou decisão judicial que autorizasse o contribuinte a efetuar as compensações de forma antecipada. Os valores compensados e glosados não se referiram às rubricas com deferimento parcial obtido no agravo de instrumento. Aplicouse a multa isolada de 150%, com fundamento no artigo 89, §10º da Lei nº 8.212/91 e no artigo 46 da Instrução Normativa RFB nº 900/2008, em razão do contribuinte apresentar declaração com falsidade, ao informar em GFIP compensação que sabidamente não teria direito, reduzindo assim o valor devido de contribuições em detrimento do Erário Público. Entendeuse que a conduta do contribuinte amoldase a situação prevista no artigo 72 da Lei 4.502/1964 (Fraude). Emitiuse Representação Fiscal para Fins Penais, uma vez que os valores declarados em GFIP no campo compensações constituem informação inexata da qual resultou a obtenção de vantagem indevida ao ente municipal, reduzindo o valor devido a pagar. Entendeuse que tal situação conduz à ocorrência do delito de sonegação fiscal. O sujeito passivo apresentou impugnação (...) (destaques nossos) A 9ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto, no Acórdão de fls. 2.114 e seguintes, negou provimento às impugnações dos Autos de Infração, mantendo os créditos tributários lançados. . Fl. 2175DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.720153/201219 Acórdão n.º 2302003.145 S2C3T2 Fl. 4 5 A recorrente foi intimada do Acórdão em 08/02/2013 (fls. 2.123), tendo apresentado Recurso Voluntário em 22/02/2013 (fls. 2.166 e seguintes), no qual alega, em síntese, que: * o Supremo Tribunal Federal, a partir do Recurso Extraordinário 345.458/RS e iterativos julgamentos, teria decidido que não incide sobre horas extras, adicional de férias, adicionais eventuais, pois tratamse de verbas indenizatórias/compensatórias; * na apreciação do Recurso Extraordinário n° 593.068, foi reconhecida a repercussão geral relativamente à incidência de contribuição previdenciária sobre o terço de férias, serviços extraordinários, adicional noturno e adicional de insalubridade e demais adicionais. Sendo assim, requer que o Recurso Voluntário seja sobrestado, a teor do Regimento Interno do CARF; * Não houve fraude ou sonegação que justificasse a multa isolada. É o relatório. Fl. 2176DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA 6 Voto Vencido Conselheiro Marcelo Oliveira Redator designado ad hoc para o voto vencido, na data da formalização Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo voto vencido ter deixado a Câmara antes de sua formalização, fui designado AD HOC para redigir o voto. Esclareço que aqui reproduzo as razões de decidir do então conselheiro, com as quais não necessariamente concordo. Compensação. Ausência de Trânsito em Julgado. A glosa efetuada não pode ser considerada legítima, tendo em vista o comando contido no artigo 170A do CTN, que veda "a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial". Tal vedação aplicase inclusive às hipóteses de reconhecida inconstitucionalidade do tributo indevidamente recolhido, nos termos do REsp 1.167.039/DF, cuja decisão foi proferida na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil: TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. ART. 170A DO CTN. REQUISITO DO TRÂNSITO EM JULGADO. APLICABILIDADE A HIPÓTESES DE INCONSTITUCIONALIDADE DO TRIBUTO RECOLHIDO. 1. Nos termos do art. 170A do CTN, "é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial", vedação que se aplica inclusive às hipóteses de reconhecida inconstitucionalidade do tributo indevidamente recolhido. 2. Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. (REsp 1.167.039/DF, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/08/2010, DJe 02/09/2010) (destaques nossos) Portanto, inexistem dúvidas de que o eventual reconhecimento de crédito a compensar à recorrente ou a sua dispensa de retificação das GFIP´s não tornariam lídima a compensação efetuada. Notese que, nos termos art. 62A do Regimento Interno do CARF (Portaria nº 256/2009), as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e Fl. 2177DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.720153/201219 Acórdão n.º 2302003.145 S2C3T2 Fl. 5 7 pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil (Lei nº 5.869/73), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Regimento Interno do CARF (Portaria n° 256/2009): Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Portanto, estando este órgão julgador vinculado à decisão proferida pelo STJ, não cabem maiores digressões da incidência ou não de contribuição previdenciária sobre as verbas glosadas. É de se ressaltar que não se olvida o fato de o Superior Tribunal de Justiça ter decidido recentemente, no julgamento do REsp 1.230.957, na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil (recurso repetitivo), que não há incidência de contribuição previdenciária sobre os 15 dias anteriores à concessão de auxíliodoença, sobre o terço constitucional de férias indenizadas ou gozadas e sobre o aviso prévio indenizado. Também há pouco tempo e igualmente sob regime dos recursos repetitivos, o mesmo Tribunal, assentou a compreensão de que incide contribuição previdenciária sobre horas extras, adicional noturno e adicional de periculosidade (REsp 1.358.281). Ocorre que, independentemente da conclusão a respeito da incidência ou não de contribuição previdenciária sobre as verbas em discussão, a glosa decorre de fato instransponível, relacionado ao próprio procedimento de compensação, posto que a recorrente optou pela via judicial para ter garantido o pleito compensatório, inviabilizando qualquer possibilidade de proceder à compensação administrativa de forma legítima. Sendo assim, diante da contrariedade ao art. 170A do CTN, razão nenhuma assiste à recorrente. Multa. Alega a recorrente que não houve fraude ou sonegação que justificasse a multa isolada. No caso em destaque a autoridade fiscal entendeu que estaria configurada a falsidade, pelo fato da recorrente ter declarado nas GFIP´s a compensação de recolhimentos indevidos sem qualquer ato legal ou decisão judicial transitada em julgado que a amparasse. Vejamos as disposições legais que fundamentam as penalidades incidentes na hipótese de compensação indevida: Lei nº 8.212/91: Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros Fl. 2178DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA 8 somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (...) §9o Os valores compensados indevidamente serão exigidos com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35 desta Lei. (Incluído pela Medida Provisória nº 449/2008) §10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Incluído pela Medida Provisória nº 449/2008) (...) Ainda Lei nº 8.212/91: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a,b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Art.61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. (...) Ainda Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Fl. 2179DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.720153/201219 Acórdão n.º 2302003.145 S2C3T2 Fl. 6 9 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) (...) (destaques nossos) A leitura atenta dos textos legais acima transcritos indicam que há a previsão de duas penalidades pecuniárias para a compensação indevida de contribuições previdenciárias: (i) a multa de mora de 20%; e (ii) a multa isolada de 150%. Ocorre que, para a aplicação da primeira (multa de mora), a legislação exige apenas à apuração de compensação efetuada de forma indevida. Quanto à segunda (multa isolada), consta que tem cabimento “quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo”. Se a lei não tem palavras inúteis (MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 251), quanto mais orações inteiras. É verdade que, por força do que dispõe o artigo 136 do CTN, “salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável”, ou seja, independe de dolo. Todavia, quanto à multa isolada, parece haver disposição em contrário, pois há a condicionante de comprovação da falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. Para a compensação ser considerada indevida, ou a declaração que deu origem era falsa ou se tornou falsa. Destarte, sempre haverá falsidade, de sorte que não haveria razão para o legislador condicionar a sua aplicação à comprovação da falsidade despretensiosa. Assim, a única maneira de justificar, do ponto de vista jurídico, a existência da condicionante “quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo”, é invocar a intencionalidade do agente. Ademais, não parece que se possa cogitar de comprovação de uma falsidade sem o elemento subjetivo, pois a própria falsidade, no vernáculo, tem definições que implicam em intencionalidade: s.f. (Do lat. Falsitas, falsitatis). 1. Propriedade do que é falso. – 2. Mentira, calúnia. – 3. Hipocrisia; perfídia. – 4. Delito que comete aquele que conscientemente esconde ou altera a verdade. (Grande dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Larousse cultural, 1999, p. 420) Isso sem falar que, ainda que restassem dúvidas quanto ao sentido a ser atribuído à disposição legal, em reforço argumentativo, deve destacar o art. 112 do CTN, que impõe interpretações mais benéfica aos infratores da lei tributária: Código Tributário Nacional – CTN: Fl. 2180DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA 10 Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I à capitulação legal do fato; II à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Portanto, a exigência do dolo, além de ser interpretação que busca dar coerência ao arcabouço normativa, indubitavelmente, revelase como a mais benéfica ou favorável ao infrator. Podese afirmar, do quanto exposto até aqui, que, para que se configure a ocorrência do tipo infracional previsto no § 10 do artigo 89 da Lei nº 8.212/91, é indispensável que esteja demonstrada a presença do elemento subjetivo associado à conduta típica. Por esse motivo, exige a regra tributária em realce que, para a caracterização do tipo infracional em debate, o agente fiscal tem que demonstrar a falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. No caso presente, a recorrente afrontou diretamente o artigo 170A do CTN (É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial) e o fez quando já não havia mais discussão judicial a respeito da sua aplicabilidade, posto que as discussões jurisprudenciais até então existentes restaram superadas pelo advento do julgamento do REsp 1.167.039DF, ainda em 2010, em regime de recurso repetitivo. Assim, extraise da conduta da recorrente descrita nos autos que, de forma consciente, mesmo sabedora de que não poderia efetuar a compensação antes do trânsito em julgado de suas ações (art. 170A do CTN), informou em GFIP compensação de contribuições previdenciárias. Foi assim que o conselheiro responsável pelo voto vencido votou na sessão de julgamento. Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Redator ad hoc na data da formalização. Fl. 2181DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.720153/201219 Acórdão n.º 2302003.145 S2C3T2 Fl. 7 11 Voto Vencedor Conselheiro Marcelo Oliveira Redator designado ad hoc para o voto vencedor, na data da formalização Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo voto vencedor ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado AD HOC para redigir o voto. Esclareço que o conselheiro não deixou registrado, arquivado, nos sistemas do CARF, seu voto, com suas razões, que levaram o colegiado a decidir pelo resultado consignado em ata. Conseqüentemente, reproduzo somente o resultado, a fim de não extrapolar a determinação e a competência que possuo. CONCLUSÃO: Devido ao exposto, reproduzo o resultado devidamente consignado em ata, que foi, de dar provimento parcial ao recurso voluntário, a fim de excluir do lançamento a multa isolada, já que não houve a cabal demonstração do dolo ou fraude cometida pelo sujeito passivo para se subsumir ao disposto pelo artigo 89, §10º da Lei n.º 8.212/91. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Redator ad hoc na data da formalização. Fl. 2182DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 15540.000354/2009-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do Fato Gerador: 08/07/2009
CONTRIBUINTE QUE TEVE PEDIDO DE ISENÇÃO INDEFERIDO. IRRELEVÂNCIA EM RELAÇÃO A INFRAÇÃO OBJETO DESSE LANÇAMENTO. INDEFERIMENTO DE ISENÇÃO SENDO DISCUTIDO EM OUTRO PROCESSO. SITUAÇÃO QUE EM NADA AFETA O JULGAMENTO DO PRESENTE AUTO. INOVAÇÃO LEGISLATIVA. LEI DE ANISTIA. EXTINÇÃO DA INFRAÇÃO.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.104
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, Por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, que negava provimento.
(Assinado digitalmente).
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(Assinado digitalmente).
Eduardo de Oliveira - Relator.
Participaram, ainda, do presente julgamento, Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: EDUARDO DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do Fato Gerador: 08/07/2009 CONTRIBUINTE QUE TEVE PEDIDO DE ISENÇÃO INDEFERIDO. IRRELEVÂNCIA EM RELAÇÃO A INFRAÇÃO OBJETO DESSE LANÇAMENTO. INDEFERIMENTO DE ISENÇÃO SENDO DISCUTIDO EM OUTRO PROCESSO. SITUAÇÃO QUE EM NADA AFETA O JULGAMENTO DO PRESENTE AUTO. INOVAÇÃO LEGISLATIVA. LEI DE ANISTIA. EXTINÇÃO DA INFRAÇÃO. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, Por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, que negava provimento. (Assinado digitalmente). Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente. (Assinado digitalmente). Eduardo de Oliveira - Relator. Participaram, ainda, do presente julgamento, Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Marcio Henrique Sales Parada.
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FATOS GERADORES. Recorrente ASSOCIAÇÃO NITEROIENSE DOS DEFICIENTE FÍSICOS ANDEF. Recorrida FAZENDA NACIONAL. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do Fato Gerador: 08/07/2009 CONTRIBUINTE QUE TEVE PEDIDO DE ISENÇÃO INDEFERIDO. IRRELEVÂNCIA EM RELAÇÃO A INFRAÇÃO OBJETO DESSE LANÇAMENTO. INDEFERIMENTO DE ISENÇÃO SENDO DISCUTIDO EM OUTRO PROCESSO. SITUAÇÃO QUE EM NADA AFETA O JULGAMENTO DO PRESENTE AUTO. INOVAÇÃO LEGISLATIVA. LEI DE ANISTIA. EXTINÇÃO DA INFRAÇÃO. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, Por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, que negava provimento. (Assinado digitalmente). Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (Assinado digitalmente). Eduardo de Oliveira Relator. Participaram, ainda, do presente julgamento, Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Marcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 54 0. 00 03 54 /2 00 9- 61 Fl. 322DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15540.000354/200961 Acórdão n.º 2202003.104 S2C2T2 Fl. 323 2 Relatório O presente Processo Administrativo Fiscal – PAF encerra o Auto de Infração de Obrigação Acessória AIOA DEBCAD 37.006.5840, CFL.68, apresentar a empresa o documento a que se refere a Lei 8.212, de 24.07.91, art. 32, inciso IV, parágrafo 3º, acrescentados pela Lei n. 9.528, de 10.12.97, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme previsto na Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 32, IV, parágrafo 5º., também, acrescentado pela Lei 9.528, de 10.12.97, combinado com o art. 225, IV e parágrafo 4º., do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06.05.99, conforme Relatório Fiscal do Processo Administrativo Fiscal – PAF, de fls. 10 a 12, com período de apuração de 01/2005 a 12/2006, conforme Termo de Início de Procedimento Fiscal TIPF, de fls. 07 e 08. O sujeito passivo foi cientificado do lançamento, em 31/08/2009, conforme Folha de Rosto do Auto de Infração de Obrigação Principal – AIOP, de fls. 02. O contribuinte apresentou sua defesa/impugnação, petição com razões impugnatórias, acostada, as fls. 232 a 238, recebida, em 30/09/2009, acompanhada dos documentos, de fls. 239 a 288. O órgão julgador de primeiro grau emitiu o Acórdão Nº 1228.418 13ª, Turma da DRJ/RJ1, em 09/02/2010, fls. 297 a 306. O lançamento foi considerado procedente. O contribuinte tomou conhecimento desse decisório, em 08/03/2010, conforme AR, de fls. 308. Irresignado o contribuinte impetrou o Recurso Voluntário, petição de interposição com razões recursais, as fls. 309 a 317, recebida, em 07/04/2010, desacompanhado de quaisquer documentos. Mérito. · que de posse de todos os requisitos a entidade requereu junto ao INSS, em 23/08/1991, protocolo 28306 a isenção das contribuições patronais, porém tal pedido foi indeferido em 18/11/2008 pela RFB, mais de dez anos após o pedido, reunindo a recorrente todos os requisitos legais exigíveis para gozar da isenção, tornase inexistente qualquer obrigação de recolher o valor referente ao auto de infração lavrado; · que a isenção foi tacitamente deferida pelo INSS, uma vez que promoveu a devolução de contribuições que haviam sido retidas referente a parte patronal para tanto junta prova, sendo a decisão silente quanto a isso, falando apenas que inexiste tal figura no direito brasileiro, mas, também, não há no direito brasileiro efeitos do silêncio da administração, sendo que o próprio INSS deu a recorrente tratamento de filantrópica ao restituir contribuições previdenciárias Fl. 323DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15540.000354/200961 Acórdão n.º 2202003.104 S2C2T2 Fl. 324 3 retidas na fonte, devendo, ainda, ser observado que o indeferimento realizado após dezoito anos viola o direito a razoável duração do processo; · que nos termos do MP 446/2008 o INSS ou a RFB não eram mais competentes para julgar a isenção, pois tal competência passou para o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome MDSCF, artigo 22, III, porém a MP não foi apreciada pelo Congresso Nacional assim devem ser observadas as disposições constitucionais sobre o matéria; · que tendo sido a decisão proferida após a nova MP essa a legislação a ser aplicada em não a legislação anterior, o que demonstra a incompetência da autoridade que decidiu, estando maculados os lançamentos tributários de nulidade, não dando o artigo 43, da MP competência a RFB para tal fim como alega à DRF ao julgar o recurso, pois a competência e do MDSCF; · que o lançamento é decorrente do indeferimento do pedido de isenção proferido no processo nº 15536.00072/200841, devendo se dado efeito suspensivo, pois os presentes autos estão vinculados a decisão do processo citado; · Dos pedidos, esperanças e requerimentos: a) integral provimento ao recurso com o cancelamento do débito fiscal. A autoridade preparadora não se manifestou quanto à tempestividade do recurso. O autos foram remetidos ao CARF, fls. 318. O presente PAF foi sorteado e distribuído a esse conselheiro, em 22/01/2015, lote 09, conforme, fls. 320. É o Relatório. Fl. 324DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15540.000354/200961 Acórdão n.º 2202003.104 S2C2T2 Fl. 325 4 Voto Conselheiro Eduardo de Oliveira. O recurso voluntário é tempestivo e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade ele merece ser apreciado. Retenção. O presente processo ficou retido e sua solução foi retardada em razão dos recentes acontecimentos que afetarão o normal funcionamento do CARF, situação, absolutamente, fora do alcance do presente conselheiro. Mérito. Não cabe a essa instância julgadora se pronunciar sobre a decisão de indeferimento do pedido de isenção da recorrente, pois isso é matéria reservada ao processo que a recorrente informa ser o de nº 15536.000072/200841 e esse processo encontrase, hoje, no CARF aguardando o recurso de Embargos de Declaração, observese tramitação processual em anexo, o que evidência que o recurso voluntário já foi julgado, embora não tenhamos conseguido localizar o acórdão do julgado do recurso voluntário, apesar da pesquisa empreendida no site do CARF. Todavia, essa situação em nada afeta o julgamento desse auto de infração. uma vez que, antes da apresentação dos autos para julgamento o ordenamento jurídico foi inovado pela Lei 13.097/2015, publicada no DOU em 20.01.2015 com vigência dos artigos 48 a 50, na data de publicação da citada lei. Ocorre que o artigo 49 citado e abaixo reproduzido dá expressa anistia as multas previstas no artigo 32 – A, da Lei 8.212/91. Art. 49. Ficam anistiadas as multas previstas no art. 32A da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, lançadas até a publicação desta Lei, desde que a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, tenha sido apresentada até o último dia do mês subsequente ao previsto para a entrega. O artigo 32 – A citado acima prevê as seguintes infrações, observese o texto legal transcrito. Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 325DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15540.000354/200961 Acórdão n.º 2202003.104 S2C2T2 Fl. 326 5 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Da leitura do texto legal supramencionado verificase que três são as infrações possíveis: 1. apresentar a GFIP com informações incorretas ou omissas, caput do artigo 32 e parágrafo I; 2. deixar de apresentar GFIP, caput do artigo 32 e parágrafo II; 3. apresentar GFIP fora do prazo, caput do artigo 32 e parágrafo II; No caso vertente a recorrente foi autuada por ter praticado a conduta a seguir descrita: apresentar a empresa o documento a que se refere a Lei 8.212, de 24.07.91, art. 32, inciso IV, parágrafo 3º, acrescentados pela Lei n. 9.528, de 10.12.97, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme previsto na Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 32, IV, parágrafo 5º., também, acrescentado pela Lei 9.528, de 10.12.97, combinado com o art. 225, IV e parágrafo 4º., do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06.05.99. Com a entrada em vigor do artigo 32 – A como supramencionado, a infração passou a ter esse descrição: apresentar a empresa a declaração a que se refere a Lei 8.212, de 24.07.91, art. 32, inciso IV, acrescentado pela Lei n. 9.528, de 10.12.97, e redação da MP 449, de 03.12.2008, convertida na Lei n. 11.941, de 27.05.2009, com informações incorretas ou omissas. Observese que a diferença básica está na citação “dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias”. Ora evidente que se nem todos os dados referentes aos fatos geradores foram declarados é porque houve omissão em relação a alguns deles. Evidenciase, assim, que a infração anterior é idêntica a nova infração, mas apenas com uma outra roupagem e descrição. Desta forma, penso que a multa aplicada nesse auto de infração está abarcada pela anistia concedida pela Lei 13.097/2015, ainda, que tal lei só cite o artigo 32 – A e várias são as razões que me levam a essa conclusão. Fl. 326DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15540.000354/200961 Acórdão n.º 2202003.104 S2C2T2 Fl. 327 6 A uma, porque o artigo 108, I, da Lei 5.172/66 admite o empregado da analogia em matéria tributária, pois como diz o Supremo Tribunal Federal – STF, no AI 835.442 – RJ, 09/04/2013, R. Ministro Luiz Fux. 2. As transcrições revelam similaridade entre este caso e aquele que está com repercussão geral reconhecida. Aplicação das regras de hermenêutica jurídica segundo as quais: Ubi eadem ratio ibi idem jus (onde houver o mesmo fundamento haverá o mesmo direito) e Ubi eadem legis ratio ibi eadem dispositio (onde há a mesma razão de ser, deve prevalecer a mesma razão de decidir). A duas, porque o contribuinte não se defende do dispositivo legal infringido, mas sim da imputação, que a ele é feita e no caso como demonstrado a imputação é a mesma apenas o dispositivo legal é outro, observese. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. DIREITO TRIBUTÁRIO. ANULATÓRIA DE DÉBITO. MULTA. APELAÇÃO CONHECIDA PARCIALMENTE. AUSÊNCIA DE ENTREGA DE DCTF'S. OMISSÃO. LANÇAMENTO DE DÉBITO. REGULARIDADE. LEGALIDADE DA EXIGÊNCIA. ARTIGO 115 DO CTN. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. MULTA. VALIDADE. SENTENÇA MANTIDA. 1. A apelação da autora merece ser conhecida apenas em parte, pois, veicula, em suas razões, questão dissociada do quanto decidido ao pugnar pela redução do valor da multa, assunto não ventilado no pedido inicial e que refoge aos limites da lide posta. 2. No caso dos autos, a ação foi ajuizada visando a obter a decretação de nulidade da NFLD que aplicou à autora multa pela falta de entrega de DCTF's, em dado período, bem como para determinar a devolução de qualquer valor indevidamente pago a esse título. 3. O CTN admite, no art. 115, que a lei pode estabelecer, no interesse da administração tributária, obrigações acessórias a serem cumpridas pelo contribuinte no sentido de praticar ou não condutas outras, além da obrigação principal, consistente no dever legal de recolher o tributo devido, uma vez ocorrido o fato gerador dessa obrigação. 4. Em face disso, o Decretolei nº 2.065/1983, no art. 11, impôs ao contribuinte a obrigação de informar ao Fisco, por meio de declaração constante de formulário padronizado, no caso, denominado de DCTF, quanto aos seus créditos ou débitos tributários, sob pena de sujeitarse à multa por informação inexata, incompleta ou omitida. 5. Na verdade, referido dever legal já decorria do disposto no Decretolei nº 1.968/1982, tendo, posteriormente, o Decretolei nº 2.124/1984, autorizado o ministro da Fazenda a eliminar ou instituir outras obrigações acessórias relativas a tributos federais. 6. Verifica se, pois, da breve remissão legislativa, que a DCTF não foi instituída por meio da Instrução Normativa nº 73/1994, ou qualquer outra subseqüente, pois, como não poderia deixar de ser, esta apenas baixou normas para esclarecer e orientar os contribuintes quanto ao preenchimento dos formulários com as informações a serem prestadas, inclusive por meio eletrônico. Assim sendo, resta claro que a obrigação de prestar informações Fl. 327DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15540.000354/200961 Acórdão n.º 2202003.104 S2C2T2 Fl. 328 7 ao Fisco, por meio das DCTF's, decorre de lei, não havendo falar em vulneração do princípio da legalidade. 7. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça e desta Corte Regional. 8. No caso dos autos, a notificação de lançamento, emitida em 23.09.1998, não registra vícios, falhas ou irregularidades, posto que a fiscalização foi minuciosa ao elencar as razões de fato e de direito que ensejaram a lavratura, inclusive com o demonstrativo da apuração do crédito tributário, estando suficientemente motivado a fim de possibilitar a defesa da autora, que não teve dificuldade em impugnar a exigência, não havendo falar ofensa aos princípios da legalidade, da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal, nem tampouco configurado qualquer prejuízo ao contribuinte. 9. Frisese, por relevante no caso, que a indicação da base legal da multa ainda que inadequada, incompleta ou até errônea, não invalida o lançamento quando os fatos estiverem devidamente narrados, pois o contribuinte se defende dos fatos e não da capitulação constante da autuação. Ademais, sequer exige fundamentação exaustiva quando restar claro, como no caso em tela, que a multa imposta decorreu do descumprimento da obrigação acessória consistente na entrega das declarações, portanto, aplicada dentro dos parâmetros legais. 10. Ademais, a autuação fiscal constituiuse em ato administrativo e este goza da presunção de legalidade e veracidade que somente pode ser afastada mediante prova robusta a cargo do administrado, e, no caso, não logrou este provar as suas alegações. 11. Em suma, a prestação de informações ao fisco por meio de DCTF's é dever legal, constituindose em obrigação acessória que, uma vez descumprida, sujeita os omissos ao pagamento de multa, impondose, pois, a manutenção da sentença que julgou improcedente o pedido. 12. Conheço em parte da apelação e na parte conhecida, negolhe provimento. AC 00022008319994036114 AC APELAÇÃO CÍVEL – 786915 JUIZ CONVOCADO VALDECI DOS SANTOS TRF3 TERCEIRA TURMA eDJF3 Judicial 1 DATA:31/08/2012. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. CDA PRESUNÇÃO DE CERTEZA E LIQUIDEZ NÃO ABALADA. 1 O fato de não constar os dispositivos legais na NFLD não a invalida, pois que, conforme informado fls. 16, estava acompanhada do relatório fiscal no qual relacionados os dispositivos infringidos. Além disso, os fatos imputados foram devidamente descritos, possibilitando, assim a defesa, o exercício do contraditório na via administrativa. Registrase que no âmbito administrativo houve recurso até a segunda esfera recursal. 2 Como bem anotado na sentença, sobre ser Associação Cultural e Recreativa sem fins lucrativos, referida alegação não passou do campo das meras alegações, vez que não cuidou sequer de juntar a documentação a tal respeito. Aliás, registrese, que ao defender participação de funcionários nos fulcros e mesmo sem resultados ele está justamente contradizendo a sua afirmação de não ter fins lucrativos. 3 No tocante à afirmativa da embargante de que nada deve, é ver que, assim como vislumbrado no parágrafo antecedente, ela não fez prova contraria á presunção de certeza Fl. 328DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15540.000354/200961 Acórdão n.º 2202003.104 S2C2T2 Fl. 329 8 e liquidez da certidão de divida ativa, assim não se desincumbindo de ônus probatório que era seu, conforme artigo 333, I, do CPC. 4 Apelação improvida. AC 864106719984010000 AC APELAÇÃO CIVEL – 864106719984010000. JUIZ FEDERAL GRIGÓRIO CARLOS DOS SANTOS. TRF1. 5ª TURMA SUPLEMENTAR. eDJF1 DATA:05/10/2012 PAGINA:1894 (promovi os realces). A três, porque segundo a doutrina citada abaixo a anistia exclui a infração e não a capitulação legal imposta. “A anistia não se confunde com a remissão. Esta pode dispensar o tributo, ao posso que a anistia fiscal é limitada à exclusão das infrações cometidas anteriormente à vigência da lei, que a decreta.” 1 Aliás, é isso que diz o artigo 180, da Lei 5.172/66, a seguir transcrita. Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando: A quatro, porque além disso temos que observar o que diz o artigo 112, III e IV, da Lei 5.172/66, ou seja, havendo dúvida quanto a imputabilidade e a natureza da penalidade aplicável, por ser a “anistia perdão da falta, da infração, que impede o surgimento do credito tributário correspondente à multa respectiva [Hugo de Brito, 2006: 248], devese decidir a favor do contribuinte. Não há razão jurídica para se aplicar a anistia a uma infração e não a aplicar a outra infração idêntica, apenas porque o dispositivo legal é outro, ou seja, mudou houve alteração na lei, mas manutenção da infração. Lembro, ainda, que em verdade o dispositivo legal a prevalecer não seria o antigo, artigo 32, IV, §5º, mas sim o artigo 32 – A – I, da Lei 8.212/91 na redação da Lei 11.941/2009, uma vez que o artigo 106, II, “c”, da Lei 5.172/66 determina a aplicação da legislação que comine penalidade menos severa e isso vinha sendo aplicado sistemática pelo menos na 3ª TE/3ª Câmara/2ª Seção/CARF. Destarte, ainda, que por ricochete cabe a aplicação da anistia, pois a infração a subsistir seria a do artigo 32 A – I, conforme consagrada jurisprudência dessa casa. 1 Direito Tributário Brasileiro. 7a edição. Rio de Janeiro. 1975, p. 533. Fl. 329DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15540.000354/200961 Acórdão n.º 2202003.104 S2C2T2 Fl. 330 9 Com esses esclarecimentos, entendo aplicável ao caso a anistia. CONCLUSÃO: Pelo exposto, voto pelo conhecimento do recurso, para no mérito darlhe provimento. (Assinado digitalmente). Eduardo de Oliveira. Fl. 330DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15540.000354/200961 Acórdão n.º 2202003.104 S2C2T2 Fl. 331 10 VOCÊ ESTÁ AQUI: PÁGINA INICIAL > ACOMPANHAMENTO PROCESSUAL > INFORMAÇÕES PROCESSUAIS .: Informações Processuais Detalhe do Processo :. Processo Principal : 15536.000072/200841 Data Entrada : 15/05/2008 Contribuinte Principal : ASSOCIACAO NITEROIENSE DOS DEFICIENTES FISICOS Tributo : Não informado Recursos Data de Entrada Tipo do Recurso 30/12/2008 RECURSO VOLUNTARIO 02/07/2013 RECURSO VOLUNTARIO 05/06/2014 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 26/01/2015 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Andamentos do Processo Data Ocorrência Anexos 05/03/2015 DISTRIBUÍDO OU SORTEADO PARA RELATOR Unidade: 1ªTO/4ªCÂMARA/2ªSEJUL/CARF/MF Relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 11/02/2015 RETIRADO DE PAUTA POR DETERMINAÇÃO DO PRESIDENTE Órgão Julgador: 1ªTO/4ªCÂMARA/2ªSEJUL/CARF/MF Relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Data da Sessão: 11/02/2015 Hora da Sessão: 09:00 Tipo da Pauta: Ordinária Tipo Sessão: Normal 30/01/2015 COLOCADO EM PAUTA Unidade: 1ªTO/4ªCÂMARA/2ªSEJUL/CARF/MF Relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Data da Sessão: 11/02/2015 Hora da Sessão: 09:00 Tipo da Pauta: Ordinária Tipo Sessão: Normal 26/01/2015 ENTRADA NO CARF Tipo de Recurso: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Data de Entrada: 26/01/2015 Unidade: 1ªTO/4ªCÂMARA/2ªSEJUL/CARF/MF 23/12/2014 DISTRIBUÍDO OU SORTEADO PARA RELATOR Unidade: 1ªTO/4ªCÂMARA/2ªSEJUL/CARF/MF Relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 23/12/2014 PARA RELATAR 1ªTO/4ªCÂMARA/2ªSEJUL/CARF/MF 22/12/2014 EXPEDIR PROCESSO SECAM/4ªCÂMARA/2ªSEJUL/CARF/MF 17/12/2014 DISTRIBUÍDO OU SORTEADO PARA RELATOR Unidade: 1ªTO/4ªCÂMARA/2ªSEJUL/CARF/MF Relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 12/06/2014 DISTRIBUÍDO OU SORTEADO PARA RELATOR Unidade: 1ªTO/4ªCÂMARA/2ªSEJUL/CARF/MF Relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 12/06/2014 ANALISAR EMBARGO DE DECLARAÇÃO 1ªTO/4ªCÂMARA/2ªSEJUL/CARF/MF 05/06/2014 ENTRADA NO CARF Tipo de Recurso: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Data de Entrada: 05/06/2014 Unidade: GEPAF/SECOJ/SECEX/CARF/MF 17/02/2014 RECEBER PROCESSO TRIAGEM Expedido para: SECATDRFNITERÓIRJ SECOJ/SECEX/CARF/MF/DF 30/01/2014 EXPEDIR PROCESSO SECAM/4ªCÂMARA/2ªSEJUL/CARF/MF 26/11/2013 DISTRIBUÍDO OU SORTEADO PARA RELATOR Unidade: 1ªTO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF Relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA 26/11/2013 FORMALIZAR DECISAO Fl. 331DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15540.000354/200961 Acórdão n.º 2202003.104 S2C2T2 Fl. 332 11 Andamentos do Processo Data Ocorrência Anexos 1ªTO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF 03/07/2013 DISTRIBUÍDO OU SORTEADO PARA RELATOR Unidade: 1ªTO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF Relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA 03/07/2013 PARA RELATAR 1ªTO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF 02/07/2013 EM TRAMITAÇÃO Tipo de Recurso: RECURSO VOLUNTARIO Data de Entrada: 02/07/2013 Unidade: GEPAF/SECOJ/SECEX/CARF/MF 24/05/2012 EXPEDIDO 24/05/2012 EXPEDIR PROCESSO SECAM/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF 01/07/2011 RECEBER PROCESSO TRIAGEM E COMPLEMENTAÇÃO CADASTRAL SECAM/4ªCÂMARA/2ªSEJUL/CARF/MF 22/06/2011 RECEBER RETORNO DE PROCESSO GEPAF 24/05/2011 EXPEDIDO 30/04/2010 EM TRAMITAÇÃO PROCESSO NA SEDE CARF EM BRASÍLIA DF Unidade: SECOJ 03/11/2009 EM TRAMITAÇÃO PROCESSO NO CARF EM 27 NOVEMBRO DE 2009 Unidade: SECOJ 30/12/2008 AGUARDANDO FINALIZAÇÃO DE CADASTRAMENTO Unidade: SECOJ 30/12/2008 ENTRADA NO CONSELHO Fl. 332DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 13209.000069/2002-19
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Jan 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1997 a 31/03/1997
COFINS. MULTA DE OFÍCIO DO ARTIGO 44, I, DA LEI 9.430/96. APLICABILIDADE.
Tratando-se o presente caso de declarações que vinculavam débitos de COFINS a compensações inexistentes, entendo ser cabível a aplicação da multa de ofício do artigo 44, inciso I da Lei 9.430/96, prevista para casos de falta de pagamento.
COFINS. MULTA DE OFÍCIO DO ARTIGO 44, I, DA LEI 9.430/96.
A aplicação da multa de ofício não afasta a incidência da multa de mora pela total falta de previsão legal.
Recurso Especial do Procurador Provido
Numero da decisão: 9303-001.959
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial. Vencida a Conselheira Nanci Gama (Relatora), que dava provimento parcial para reconhecer a incidência da multa prevista no art. 44, inciso I, da Lei 9.430/96, afastando, no entanto, a aplicação da multa de mora. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Júlio César Alves Ramos - Redator ad hoc
Rodrigo da Costa Pôssas - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento).
Nome do relator: NANCI GAMA
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BRASILEIRA DE EQUIPAMENTO ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/1997 a 31/03/1997 COFINS. MULTA DE OFÍCIO DO ARTIGO 44, I, DA LEI 9.430/96. APLICABILIDADE. Tratandose o presente caso de declarações que vinculavam débitos de COFINS a compensações inexistentes, entendo ser cabível a aplicação da multa de ofício do artigo 44, inciso I da Lei 9.430/96, prevista para casos de “falta de pagamento”. COFINS. MULTA DE OFÍCIO DO ARTIGO 44, I, DA LEI 9.430/96. A aplicação da multa de ofício não afasta a incidência da multa de mora pela total falta de previsão legal. Recurso Especial do Procurador Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial. Vencida a Conselheira Nanci Gama (Relatora), que dava provimento parcial para reconhecer a incidência da multa prevista no art. 44, inciso I, da Lei 9.430/96, afastando, no entanto, a aplicação da multa de mora. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Júlio César Alves Ramos Redator ad hoc AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 20 9. 00 00 69 /2 00 2- 19 Fl. 130DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 05/10/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado d igitalmente em 06/10/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13209.000069/200219 Acórdão n.º 9303001.959 CSRFT3 Fl. 131 2 Rodrigo da Costa Pôssas Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento). Relatório Tratase de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional com fulcro no artigo 56, inciso II, do antigo Regimento Interno do Conselho de Contribuintes, bem como no artigo 7º, inciso I, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, ambos aprovados pela Portaria MF nº 147/2007, em face dos acórdãos de nos 20310.203 e 203 12.083, proferidos pela Terceira Câmara do extinto Segundo Conselho de Contribuintes. No acórdão de nº 20310.203, a Terceira Câmara, pelo voto de qualidade, deu provimento parcial ao recurso voluntário para exonerar a multa de ofício, e, por maioria de votos, negou provimento ao mesmo para manter os valores de COFINS objeto do lançamento de ofício que teria sido decorrente de auditoria interna de DCTF, onde se teria constatado a existência de “proc. jud. não comprovad”, conforme ementa a seguir: “COFINS. CRÉDITO TRIBUTÁRIO ALEGAÇÃO DE CONVERSÃO DE DEPÓSITO EM RENDA. AUSÊNCIA DE PROVAS. A mera alegação de inexigibilidade do crédito tributário em virtude de conversão de depósito em renda da União desacompanhada de prova capaz de atestar a existência do depósito não é suficiente para afastar a exigência tributária. PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. No julgamento dos processos pendentes, cujo crédito tributário tenha sido constituído com base no art. 90 da MP n.º 2.15835, as multas de oficio exigidas juntamente com as diferenças lançadas devem ser exoneradas pela aplicação retroativa do caput do art. 18 da Lei n.º 10.833, de 2003, em razão de lei nova deixar de caracterizar o fato como hipótese para aplicação de multa de oficio. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DA VIA ADMINISTRATIVA. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 05/10/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado d igitalmente em 06/10/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13209.000069/200219 Acórdão n.º 9303001.959 CSRFT3 Fl. 132 3 É legitima a utilização da taxa Selic para cálculo de juros moratórios, cabendo exclusivamente ao Poder Judiciário apreciar argüição de inconstitucionalidade da lei que ampara essa utilização. Recurso provido em parte.” Regularmente intimada, a Fazenda Nacional opôs embargos de declaração para suscitar que aludido acórdão teria sido omisso no que se refere à previsão legal de que nos casos em que a multa de ofício é afastada, devese exigir a multa de mora, cabendo à Câmara ordinária se pronunciar sobre aludida matéria. Em despacho de fl. 74 o i. Presidente da Terceira Câmara do extinto Segundo Conselho de contribuintes admitiu os embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional, tendolhes submetido à apreciação pelo Colegiado nos termos do artigo 27 do antigo Regimento Interno do Conselho de Contribuintes. A Terceira Câmara do extinto Segundo Conselho de Contribuintes, ao apreciar os embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional, entendeu, por maioria de votos, em conhecêlos e provêlos para tão somente esclarecer que a multa de mora é cabível nos casos em que a multa de ofício é cancelada, conforme ementa do acórdão de nº 20312.083 a seguir: “EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO SANADA. Constatada omissão relativa à pertinência da multa de mora, cabe completar o Acórdão. MULTA DE MORA. O simples recolhimento a destempo do tributo devido enseja a cobrança da multa de mora, nos termos do artigo 61 da Lei n°9.430/96. Embargos acolhidos.” Inconformada, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial por contrariedade à legislação tributária, tendo suscitado que o acórdão recorrido teria contrariado o disposto no artigo 44, inciso I, da Lei 9.430/96, o qual expressamente prevê a incidência da multa de ofício para os casos em que tenha havido “falta de recolhimento”, não havendo que se falar na retroatividade benigna do artigo 18 da Lei 10.833/2003, o qual se referiria a compensações não homologadas no sistema PER/DCOMP e não a DCTF apresentada pelo contribuinte com saldo a pagar zero e cujo pagamento indicado não foi localizado pela auditoria interna, como teria sido o caso dos autos. Em despacho de fls. 97/98, o i. Presidente da Segunda Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF deu seguimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Regularmente intimado, o contribuinte apresentou suas contrarrazões às fls. 104/110 informando que já teria quitado os débitos objeto do auto de infração por meio de depósito judicial realizado nos autos da ação declaratória de nº 95.00087090, o qual já teria sido convertido em renda para a União, devendo ser o presente processo arquivado e que, caso Fl. 132DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 05/10/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado d igitalmente em 06/10/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13209.000069/200219 Acórdão n.º 9303001.959 CSRFT3 Fl. 133 4 assim não se entendesse, que fosse negado provimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional para que se restasse mantido o acórdão recorrido no sentido de entender pela inaplicabilidade da multa de ofício prevista no artigo 44, inciso I, da Lei 9.430/96. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Júlio César Alves Ramos, Redator ad hoc Por intermédio do Despacho de fl. 129, nos termos do art. 17, III, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, incumbiume o Presidente da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais a formalizar o presente acórdão. Ressaltese que a relatora original entregou o relatório e seu voto à secretaria da Câmara Superior. Contudo, em virtude de sua renúncia ao mandato, não foi possível concluir a formalização da citada decisão. Desta forma, adotase o voto entregue pela relatora original, Conselheira Nanci Gama, vazado nos seguintes termos: O recurso especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e, a meu ver, preenche os requisitos de admissibilidade previstos nos antigos Regimentos Internos da Câmara Superior de Recursos Fiscais e dos Conselhos de Contribuintes, vigentes à época da interposição do recurso. Primeiramente, mister se faz mencionar que, conforme despacho do juiz federal proferido nos autos da ação declaratória de nº 95.00087090, da 9ª Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco, cuja cópia foi colacionada aos presentes autos à fl. 117, o depósito realizado pelo contribuinte foi referente, apenas, aos valores da COFINS e não à multa de ofício ora questionada pela Fazenda Nacional. Por essa razão, entendo que não há óbice para a apreciação do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, motivo pelo qual dele conheço. A controvérsia aduzida nesta sede especial pela Fazenda Nacional cingese em determinar o cabimento da retroatividade benigna do artigo 18 da Lei 10.833/20031 para afastar a multa de ofício prevista no artigo 44, inciso I, da Lei 9.430/962, nos casos em que o contribuinte informa, em DCTF, os valores objeto do lançamento de ofício decorrente de auditoria interna dessas mesmas declarações, onde se constata a existência de “proc. jud. não comprovad”. 1 “Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão da nãohomologação de compensação declarada pelo sujeito passivo nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004)” 2 “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte;” Fl. 133DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 05/10/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado d igitalmente em 06/10/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13209.000069/200219 Acórdão n.º 9303001.959 CSRFT3 Fl. 134 5 Mister se faz mencionar que o meu entendimento sobre autos de infração que detêm como motivação a pífia expressão “Proc jud não comprovad” é a de que os mesmos sequer se tratam de atos válidos. No entanto, pelo fato de o contribuinte não ter interposto, em momento oportuno, recurso especial em face do acórdão a quo, não há viabilidade processual para invalidar o lançamento em atenção aos princípios da proibição ao reformatio in pejus e do devido processo legal que regem o processo administrativo fiscal. Nesse sentido, diante desse impedimento processual viabilizado pela própria inércia do contribuinte, o qual, além de tudo, já quitou os valores de COFINS em juízo, assumindo a prévia situação de “inexistência de pagamento” a que o presente auto de infração fez referência, entendo que não há como se afastar a multa de ofício prevista no artigo 44, inciso I da Lei 9.430/96, o qual, antes de ser alterado pela Lei 11.488/2007, previa a multa de ofício para “casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata”, valendo mencionar que a alteração dada pela Lei 11.488/20073 continuou a prever a multa para os casos de falta de recolhimento. Considerando o fato de que, à época da lavratura do auto de infração, ainda não havia decisão definitiva do Superior Tribunal de Justiça em recurso especial representativo de controvérsia que determinasse que a DCTF teria o caráter de funcionar como um “auto lançamento”, não há como se afastar, sob essa justificativa, a imposição da multa de ofício do artigo 44, I, da Lei 9.430/96. Nesse sentido, em que pesem as razões do acórdão recorrido de que não caberia a multa pelo fato de que atualmente não caberia sequer o lançamento por meio de auto de infração, cabendo uma “retroatividade benigna” desse entendimento, ouso discordar das mesmas, eis que não vejo como se afastar a aplicação da multa de ofício sob esse fundamento sem que, para tanto, se anule in totum o auto de infração. Ora, se é para acatar, como fez o acórdão recorrido, o entendimento de que a DCTF serve como um “auto lançamento”, como uma “confissão de dívida”, cabível seria, até mesmo por uma questão de coerência, que o mesmo tivesse ao menos anulado a integralidade do lançamento e não somente desconstituído a multa de ofício. O outro argumento utilizado pelo acórdão recorrido, como decorrência do primeiro, foi o de que caberia a retroatividade benigna do artigo 18 da Lei 10.833/2003, o qual prevê que “o lançamento de ofício de que trata o artigo 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão da nãohomologação da compensação declarada pelo sujeito passivo nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964”. Também entendo que não cabe a retroatividade benigna de aludido dispositivo eis que o caso em tela não trata de “nãohomologação da compensação”, já que sequer houveram compensações a não serem homologadas, mas sim trata de caso em que houveram declarações de débitos que foram vinculados a pagamentos que foram assumidos tacitamente pelo contribuinte como inexistentes. 3 “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;”(grifouse) Fl. 134DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 05/10/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado d igitalmente em 06/10/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13209.000069/200219 Acórdão n.º 9303001.959 CSRFT3 Fl. 135 6 Dessa forma, o artigo 18 da Lei 10.833/2008 não se aplica ao caso em tela, eis que aduz a uma situação diferente da tratada nos presentes autos, bem como a um contexto posterior ao auto de infração em tela. Em face do exposto, conheço o recurso especial da Fazenda Nacional para, no mérito, darlhe provimento para reconhecer a incidência da multa prevista no artigo 44, inciso I da Lei 9.430/96, deixando claro, no entanto, que a aplicação de aludida multa de ofício afasta a aplicação da multa de mora nos autos. Com base nesses fundamentos, a Relatora original votou no sentido de reconhecer a incidência da multa de ofício e afastar a aplicação da multa de mora, sendo vencida, em relação a esta última, por maioria do Colegiado. Assinado digitalmente Júlio César Alves Ramos Voto Vencedor Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Redator Designado Discordo da ilustre relatora, quanto a não aplicação da multa de mora pela aplicação da multa de ofício. São multas distintas, com finalidades distintas e com previsão legal em normas distintas. A relatora está correta ao afirmar que não há como se afastar a imposição da multa de ofício do artigo 44, I, da Lei 9.430/96. Porém esse mesmo diploma legal, em nenhum de seus comandos normativos, exclui a incidência da multa de mora quanto há a incidência da multa de ofício. Assim, voto pelo provimento do presente Recurso Especial. Assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 135DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 05/10/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado d igitalmente em 06/10/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10930.907091/2011-20
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Oct 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do Fato Gerador: 15/12/2000
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 9.718/98. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. DECISÃO DEFINITIVA DO STF. APLICAÇÃO.
O Tribunal Pleno do STF declarou em definitivo a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que promoveu o alargamento da base de cálculo da Cofins em virtude da alteração do conceito de Receita Bruta (REsp nºs 346.084/PR, 358.273/RS, 357.950/RS e 390.840/PR).
Considerando o disposto no art. 62, parágrafo único, inciso I, do Regimento Interno do CARF, fica facultado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação de Lei que já tenha sido declarada inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal.
REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO.
Conforme o disposto no art. 62-A do Regimento Interno do CARF decisões de mérito em sede de repercussão geral e recurso repetitivo proferidas pelo STJ e STF deverão ser reproduzidas pelos conselheiros nos julgamentos
ANÁLISE DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO. JUNTADA DOS EXCERTOS DOS LIVROS DIÁRIO E RAZÃO EM SEDE RECURSAL, APÓS PROVOCAÇÃO PELA DECISÃO RECORRIDA. POSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO.
Nos termos do art. 16, § 4o, c, do Decreto 70.235/72, é possível a apreciação de documentação comprobatória do crédito suscitado, caso esta tenha sido juntada para embasar direito já alegado mediante planilha em sede de Manifestação de Inconformidade.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3802-004.167
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, determinando o retorno dos autos à instância a quo para apreciação do mérito.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki - Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015).
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'Amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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LEI Nº 9.718/98. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. DECISÃO DEFINITIVA DO STF. APLICAÇÃO. O Tribunal Pleno do STF declarou em definitivo a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que promoveu o alargamento da base de cálculo da Cofins em virtude da alteração do conceito de Receita Bruta (REsp nºs 346.084/PR, 358.273/RS, 357.950/RS e 390.840/PR). Considerando o disposto no art. 62, parágrafo único, inciso I, do Regimento Interno do CARF, fica facultado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação de Lei que já tenha sido declarada inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. Conforme o disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF decisões de mérito em sede de repercussão geral e recurso repetitivo proferidas pelo STJ e STF deverão ser reproduzidas pelos conselheiros nos julgamentos ANÁLISE DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO. JUNTADA DOS EXCERTOS DOS LIVROS DIÁRIO E RAZÃO EM SEDE RECURSAL, APÓS PROVOCAÇÃO PELA DECISÃO RECORRIDA. POSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. Nos termos do art. 16, § 4o, c, do Decreto 70.235/72, é possível a apreciação de documentação comprobatória do crédito suscitado, caso esta tenha sido juntada para embasar direito já alegado mediante planilha em sede de Manifestação de Inconformidade. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 70 91 /2 01 1- 20 Fl. 92DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, determinando o retorno dos autos à instância a quo para apreciação do mérito. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015). Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'Amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. Relatório Preliminarmente, ressaltase que nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc (fl. 91), para formalização do respectivo Acórdão, considerando o resultado do julgado, conforme o constante da ATA da respectiva sessão de julgamento. A Recorrente MOINHO GLOBO ALIMENTOS S/A., interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 0641.490, proferido em primeira instância pela 3ª Turma da DRJ em Curitiba/PR, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade declarada pelo contribuinte por recolhimento vinculado a débito confessado, negando o direito creditório. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da impugnação, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: Trata o presente processo de manifestação de inconformidade apresentada em face do indeferimento de pedido de restituição (PER), de nº 28833.26625.300605.1.2.042391, nos termos do despacho decisório emitido em 02/12/2011 (rastreamento nº 013472499). No aludido PER, transmitido eletronicamente em 30/06/2005, a contribuinte indicou um crédito de R$ 716,05, referente ao pagamento efetuado em 15/12/2000, de Cofins, código de receita 2172, no valor total de R$ 69.584,14. Segundo o despacho decisório recorrido, a restituição foi indeferida porque o Darf indicado como crédito estava totalmente utilizado para extinção de débito de Cofins, 2172, do Fl. 93DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10930.907091/201120 Acórdão n.º 3802004.167 S3TE02 Fl. 93 3 período de apuração de 30/11/2000, de acordo com a informação da DCTF transmitida pela Interessada. Cientificada em 22/12/2011, a Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade em 19/01/2012. Alega que recolheu valores indevidos de PIS/Pasep e de Cofins que incidiram sobre outras parcelas que não se compreendem no conceito de faturamento, relativamente às competências de 07/2000 a 01/2004, 03/2004 e 07/2004. Diz que nos referidos períodos (anos de 2000 a 2004) informou em DCTF os valores devidos a título de PIS/Pasep e de Cofins levando em conta a legislação vigente à época, que alargava a suas bases de cálculo ao considerar as receitas financeiras como integrantes do conceito de faturamento. Aduz, porém, que o STF considerou inconstitucional tal ampliação da base de cálculo. Anexa jurisprudência do STF e do CARF. Em função disso, entende que as “declarações prestadas à época da vigência plena do §1o do art. 3o da Lei n° 9.718/98, hoje declarada inconstitucional, hão de ser revistas de modo a se adequarem a tal entendimento, em prol da realidade material que passou a existir com a declaração de inconstitucionalidade pelo E. STF”. Anexa planilha demonstrando as diferenças pleiteadas, as quais “correspondem exatamente às receitas não operacionais, não integrantes da base de cálculo do PIS/Cofins após a declaração de inconstitucionalidade do §1o do art. 3o da Lei n° 9.718/98”. Argumenta que para o deferimento do pedido de restituição basta que a autoridade julgadora exclua das DCTF apresentadas as receitas não operacionais (financeiras), tendo por base a planilha anexa, a fim de adaptar à realidade as declarações prestadas. Pede o provimento integral do presente recurso. É o relatório. Indeferida a Manifestação de Inconformidade apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a procedência do crédito tributário na forma da Ementa que segue: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do Fato Gerador: 15/12/2000 RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o pagamento alegado Fl. 94DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE. CARÁTER INTER PARTES. É perfeitamente aplicável a disposição § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, até a sua revogação pela Lei 11.941, de 27 de maio de 2009, uma vez que o julgamento do STF pela inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo contida naquele dispositivo não tem efeito erga omnes, só atingindo as partes envolvidas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. Cientificada acerca da decisão exarada pela 3ª Turma da DRJ em Curitiba – DRJ/CTA, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual reitera os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade, anexa trechos de seus livros Diário e Razão nos quais constam as rubricas de receitas financeiras, requer a homologação da compensação declarada por evidente a origem do crédito e, por conseguinte, o direito à compensação do mesmo. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, redator ad hoc designado para formalizar a decisão (fl. 91), uma vez que o Conselheiro Relator Bruno Maurício Macedo Curi, não mais compõe este colegiado e que a respectiva Turma Especial foi extinta, retratando hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. Ressalvado o meu entendimento pessoal, no sentido de dar a este e a outros processos nessa situação tratamento diverso. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso e passo à análise das razões recursais. Conforme exposto nas linhas acima, a Declaração de Compensação da Recorrente teve como causa a tributação indevida de PIS e COFINS sobre receitas financeiras, especialmente diante da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins promovida pela Lei nº 9.718/98, tendo em vista a ausência de mandamento constitucional (ou, doutra maneira, a edição de Lei Complementar que estabelecesse novas fontes de custeio da seguridade social) que validasse a incidência da contribuição em referência sobre receitas financeiras e outras receitas operacionais, não inseridas no conceito de faturamento. Como bem observado pela decisão recorrida, o Tribunal Pleno da Egrégia Corte examinou os Recursos Extraordinários nºs 346.084/PR, 358.273/RS, 357.950/RS e 390.840/PR, declarando, incidentalmente e por maioria, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, na forma da ementa assim redigida: Fl. 95DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10930.907091/201120 Acórdão n.º 3802004.167 S3TE02 Fl. 94 5 "CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (Supremo Tribunal Federal, Tribunal Pleno, RE 346.084/PR, Relator Ministro Ilmar Galvão, Julgamento 09/11/2005, Publicação 01/09/2006)." Ainda que, como destacado pela DRJ, a decisão não tenha efeito erga omnes à luz da legislação de regência das decisões exaradas pelo STF, o art. 62, parágrafo único, inciso I, do Regimento Interno do CARF, autoriza este Colegiado a afastar a aplicação de tratado, acordo internacional, lei ou decreto “que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Superior Tribunal Federal”. Ora, não é outra a hipótese do caso sob exame. Portanto, sendo a observância do decisum proferido pelo STF facultada a este órgão julgador, devese reconhecer o direito de a Recorrente pleitear a restituição do montante indevidamente recolhido a título de Cofins em virtude da aplicação do art. 3º da Lei nº 9.718/98, declarado inconstitucional pelo STF, em consonância com o repertório jurisprudencial do CARF, do qual se traz, a título exemplificativo, a decisão adiante: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/1999 a 30/11/2002 DIREITO CREDITÓRIO. RESTITUIÇÃO. PRAZO. Para os pedidos de restituição apresentados até o dia 08/06/2005, o direito de pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente, ou em valor maior que o devido, extinguese com o decurso do prazo de cinco Fl. 96DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 anos, contados da data da homologação (tácita ou expressa) do pagamento antecipado, nos casos de tributos lançados por homologação. Observância ao princípio da segurança jurídica. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO DEFINITIVA DO STF. APLICAÇÃO Tendo o plenário do STF declarado, de forma definitiva, a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, deve o CARF aplicar esta decisão para reconhecer o direito à restituição das importâncias pagas com fulcro no referido dispositivo legal. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. FORMULÁRIO IMPRESSO. AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO NO PER/DCOMP. INADMISSIBILIDADE. Sem que haja impedimento de utilização do sistema eletrônico, considerase não formulado o pedido de restituição apresentado em formulário impresso após 29/09/2003. Recurso Voluntário Provido em Parte. (CARF, 3ª Seção, 3ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, RV 501572, Acórdão 3302001.245, Relator Conselheiro Walber José da Silva, Julgamento 06/10/2011)" Assim é que, em tese, assiste direito ao Recorrente. No entanto, ultrapassada a questão de direito, tornase fundamental apreciar a matéria de prova. No caso em tela, a análise da prova restou prejudicada, pois a DRJ não aceitou a planilha apresentada pelo Recorrente. Como forma de fundamentar a planilha apresentada à época da manifestação, o contribuinte apresentou excertos de seus livros Diário e Razão para buscar comprovar o direito de crédito indicado na planilha que anexou em sua primeira peça defensiva. Tais documentos podem excepcionalmente ser juntados aos autos, diante da previsão do art. 16, § 4o, c, do RPAF, que permite a apresentação de documentos posteriormente à peça defensiva inaugural para contrapor razões trazidas em momento processual seguinte, pelo que se vê abaixo: "§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos." Todavia, a análise da documentação acostada aos autos pode levar à supressão de instância. Fl. 97DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10930.907091/201120 Acórdão n.º 3802004.167 S3TE02 Fl. 95 7 Assim, e considerando que a supressão de instância somente pode ser realizada se esta for favorável ao sujeito passivo, forte no art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/72, entendo que devem os autos retornar para julgamento da DRJ quanto à matéria de prova, de modo a se averiguar a liquidez e certeza do crédito oferecido à compensação. Nesse mesmo sentido já decidiu essa Eg. Turma Especial, no Acórdão 3802 001.857, de relatoria do Conselheiro Solon Sehn: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2002 a 30/04/2002 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). Assim, deve ser aplicado o disposto no art. 62A do Regimento Interno do Carf, o que implica a obrigatoriedade do reconhecimento da inconstitucionalidade do referido dispositivo legal. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DECORRENTE DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. MATÉRIA NÃO CONHECIDA NA INSTÂNCIA A QUO. PRELIMINAR QUE IMPEDIU O CONHECIMENTO DO MÉRITO. AFASTAMENTO. RETORNO DOS AUTOS À DRJ PARA EXAME DA MATÉRIA. A DRJ, ao acolher a questão prejudicial relacionada à incompetência para a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, não chegou a apreciar o mérito da existência do direito creditório, isto é, o valor do crédito e do débito e outras circunstâncias relevantes ao desate da questão, inclusive a efetiva inclusão das receitas financeiras na base de cálculo da contribuição no período alegado pelo interessado. Destarte, os autos devem retornar à DRJ para exame da matéria de mérito, sob pena de supressão de instância. Recurso Voluntário Provido em Parte. Aguardando Nova Decisão." No mesmo sentido, aplicáveis à espécie os somase os nºs Acórdãos 3802 001.959 e 3802001.960, de relatoria do Conselheiro Bruno Mauricio Macedo Curi. Conclusão Fl. 98DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 8 Diante de todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para darlhe provimento parcial, determinandose o retorno dos autos à instância a quo, para fins de apreciação do mérito. Formalizado o voto em razão do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015, subscrevo o presente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator ad hoc. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Numero do processo: 10725.720082/2005-11
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano calendário: 2002
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NORMAS PROCESSUAIS - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO – SANEAMENTO
Constatado o vício de omissão apontado pela Embargante, impõe-se sejam acolhidos os embargos para que sejam prestados os devidos esclarecimentos e o vício saneado ainda que mantida a parte dispositiva do acórdão embargado.
Numero da decisão: 1802-001.325
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos para sanar o vício da omissão contida no Acórdão nº 1802-001.180 de 11/04/2012, mantendo-se, contudo, a parte dispositiva do acórdão embargado, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: Ester Marques Lins de Sousa
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NORMAS PROCESSUAIS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO – SANEAMENTO Constatado o vício de omissão apontado pela Embargante, impõese sejam acolhidos os embargos para que sejam prestados os devidos esclarecimentos e o vício saneado ainda que mantida a parte dispositiva do acórdão embargado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos para sanar o vício da omissão contida no Acórdão nº 1802001.180 de 11/04/2012, mantendose, contudo, a parte dispositiva do acórdão embargado, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Marco Antonio Nunes Castilho, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marciel Eder Costa. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/ 08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional com base no artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (aprovado pela Portaria MF n. 256, de 22/06/2009 e alterações posteriores), sob alegação de “omissão/contradição” no acórdão nº 1802001.180 proferido pelo colegiado dessa Segunda Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento do CARF, no processo em epígrafe, em sessão realizada no dia 11/04/2012. O acórdão foi recepcionado na Procuradoria da Fazenda Nacional, em 15/05/2012, e, os embargos foram apresentados em 20/06/2012. Os fundamentos dos embargos são os seguintes que transcrevo, ipsis litteris: O objeto do presente julgado cingese à conclusão do colegiado no sentido de que o pedido de compensação objeto dos autos deve ser analisado conjuntamente a outra PERDCOMP apresentada pela contribuinte, uma vez que tal procedimento demonstra a integral quitação do debito, não restando saldo devedor. Eis a ementa do acórdão: Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2002 Ementa: COMPENSAÇÃO. Cabível a análise de PERDCOMP não apreciado em conjunto com os demais que possuem nexo de causa e efeito, na medida em que dá ao contribuinte o direito de contestar o saldo devedor apurado pela autoridade administrativa na realização do encontro de contas de crédito e débitos tributários. A irresignação da empresa com a decisão acima mencionada, perpetrada mediante apresentação de manifestação de inconformidade dirigida á DRJ, contudo, não se insere na alçada de competência das Delegacias da Receita Federal de Julgamento, conforme acórdão 1218.140 da 4ª Turma da DRJ/RJOI (fls.77/83). Destaca o julgado que "a estas [compensação de oficio], a propósito, existe previsão de rito especifico, detalhado nos art. 34 a 38 da Instrução Normativa SRF n`2 600, de 28/12/2005 , que afasta, a meu ver, a aplicação das regras do Decreto nº 70.235, de 06/03/1972". O CARF, em apreciação ao Recurso Voluntário interposto em face da decisão de primeira instancia, contudo, omitiuse na apreciação da mencionada impropriedade processual, adentrando no mérito da demanda sem qualquer análise acerca de sua eventual (in)competência para tanto. Fl. 161DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/ 08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10725.720082/200511 Acórdão n.º 1802001.325 S1TE02 Fl. 161 3 Ultrapassada a preliminar acima disposta, cumpre apreciar o mérito e a conclusão do julgado proferido pela Segunda Turma Especial da Primeira Seção do CARF. Na hipótese, a ilustre Conselheira Relatora entende que deve ser homologada a compensação objeto dos autos, tendo em vista que "as autoridades fiscais desconsideraram em seus cálculos que as multas de mora devidas em razão do atraso no pagamento do IRPJ apurado nos meses de fevereiro, março, junho, julho e novembro de 2002 já haviam sido compensadas através da declaração de compensação n9 09409.28205.151204.1.3.04 2661, apresentada pela Recorrente em 15 de dezembro de 2004". Ocorre, todavia, que não há nos autos qualquer documento que comprove tal procedimento, em total descompasso com a afirmação disposta no voto condutor nestes termos: "Conforme relatado, por último, foi anexado ao presente processo cópia do Despacho n`2 675/2009, fls. 114/115, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Campos do Goitacazes/RJ, exarado no processo nº 10725.720057/200520, no qual tratouse de Declaração de Compensação n9 09409.28205.151204.1.3.042661 em que restou consignada a homologação da compensação no montante de R$ 34.540,99, referente a parte do debito de IRPJ apurado no mês de novembro de 2002." Observando o documento mencionado, juntado às fls. 114/115, podese observar que se trata tãosomente de extrato do referido pedido de compensação, ilegível, em que não se podem extrair as informações acerca de suposta compensação no montante mencionado. Inexiste nos autos o imprescindível Despacho nº 675/2009 que comprova a afirmação da contribuinte neste sentido. Com efeito, mostrase contraditória a determinação contida no voto condutor, respaldada em documento inexistente nos autos, razão pela qual não há esteio para o provimento do Recurso Voluntário. Na remota hipótese de manutenção do provimento do recurso, requer que o colegiado aponte as razões para tanto, sob pena de ensejar cerceamento do direito de defesa. Diante disso, a União (Fazenda Nacional) requer sejam conhecidos e providos os presentes Embargos de Declaração, a fim de sanar a omissões/contradições apontadas. É o relatório. Fl. 162DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/ 08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 4 Voto Conselheira Relatora Ester Marques Lins de Sousa Conforme relatado o acórdão embargado foi recepcionado pela Procuradoria da Fazenda Nacional, em 15/05/2012, conforme Relação de Movimentação RM, fl.155, considerandose intimada 30 (trinta) dias após (§§ 7º ao 9º, do art.23, do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 11.547, de 16/03/2007, D.O.U de 19/03/2007). Os embargos foram apresentados em 19/06/2011, portanto, tempestivos, deles conheço. Preliminarmente, a Embargante argüi que a irresignação da empresa com a decisão de primeira instância, perpetrada mediante apresentação de manifestação de inconformidade dirigida à DRJ, não se insere na alçada de competência das Delegacias da Receita Federal de Julgamento, conforme acórdão 1218.140 da 4ª Turma da DRJ/RJOI (fls.77/83). Contudo, o CARF, em apreciação ao Recurso Voluntário interposto em face da decisão de primeira instancia, omitiuse na apreciação da mencionada impropriedade processual, adentrando no mérito da demanda sem qualquer análise acerca de sua eventual (in)competência para tanto. Conforme relatado no acórdão embargado, fl.153, a 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJI/Rio de Janeiro/RJ) sob o fundamento de que a Interessada não contesta as razões que levaram a autoridade fiscal a negar homologação às compensações informadas nas DCOMP's de fls. 01/07 e 08/12, e que, sua discordância limitase aos procedimentos adotados na compensação de oficio, determinada pela autoridade fiscal, decidiu por NÃO CONHECER da manifestação de inconformidade apresentada pela Interessada, conforme o venerando Acórdão nº 1218.140, de 14 de fevereiro de 2008 (fls.77/83), cientificado à interessada em 20/03/2008, fl.90. Consta dessa decisão de 1ª instância que, a legislação que disciplina os processos de restituição, ressarcimento e compensação, no âmbito da Receita Federal, só prevê a aplicação do rito processual do Decreto n° 70.235, de 06/03/1972, para as manifestações de inconformidade contra nãoreconhecimento de direito creditório ou nãohomologação de compensação efetuada pelo sujeito passivo (art. 74, §§ 9° e a 11, da Lei n° 9.430, de 27/12/1996, com redação dada pela Lei no 10.833, de 29/12/2003; art. 48, e §§, da Instrução Normativa SRF n° 600, de 28/12/2005). Diante de tal restrição, entende que as Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento não são competentes para apreciar manifestações de inconformidade contra compensações realizadas de ofício. Na verdade, o acórdão embargado não afirmou de forma expressa que a DRJ ao declarar sua incompetência e “NÃO CONHECER” da manifestação de inconformidade do interessado incorreu em equívoco processual, na medida em que, o litígio decorre de pedido de restituição para compensação de débitos declarados (PERDCOMP) e, a fase contenciosa do processo segue, em linhas gerais, o rito do Decreto nº 70.235/1972. Com efeito, no processo de PERDCOMP, a fase inicial se dá com o pleito do contribuinte e fica concluída com o Despacho Decisório no qual o chefe da unidade que jurisdiciona o domicílio do sujeito passivo, se manifesta quanto à procedência ou não do pleito. Assim, o ato administrativo que contestado, dá margem à inauguração da fase contenciosa, no presente caso, é o Despacho Decisório da Delegacia da Receita Federal em Campos dos Goytacazes — RJ, não importando os procedimentos adotados para a extinção parcial dos débitos pela via da compensação na forma como efetuada pelo sujeito passivo ou alternativamente pela Fl. 163DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/ 08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10725.720082/200511 Acórdão n.º 1802001.325 S1TE02 Fl. 162 5 “compensação de ofício”, como a melhor forma encontrada pelo Fisco, a teor do mencionado Despacho Decisório (fl.37) a seguir, notadamente o item “b”: DESPACHO DECISÓRIO O Delegado da Receita Federal do Brasil em Campos dos Goytacazes, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 250 do Regimento Interno da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF n.° 30, de 25 de fevereiro de 2005, tendo em vista as conclusões e os fundamentos legais reproduzidos no PARECER MACO/DRF/CGZ/RJ n° 056/2005, fls. 33 a 36, e considerando o disposto nos artigos 10, 28, 29, 30, 34 e 48 da Instrução Normativa SRF n.° 460, de 18 de outubro de 2004, DECIDE: a) NÃO HOMOLOGAR as compensações efetuadas nas DCOMP n° 24521.13798.291004.1.3.044979 e 30838.51314.291004.1.3.04 3731, por inexistência de direito creditório na forma como pleiteada; b) COMPENSAR DE OFÍCIO os recolhimentos efetuados a título de IRPJ —estimava mensal para o PA 1212002 com os débitos da mesma natureza apurados no decorrer do anocalendário de 2002; c) DETERMINAR a cobrança do valor de R$ 34.540,99, relativo a parte do débito de IRPJ estimativa mensal, código 2362, apurado no mês de novembro de 2002, com vencimento em 31/12/2002, por ter remanescido à compensação de oficio citada no item precedente; (...) Vale consignar que a própria autoridade administrativa da DRF/ em Campos dos Goytacazes — RJ, para justificar a extinção dos débitos pela compensação com os créditos apurados, assim se manifestou no aludido PARECER MACO/DRF/CGZ/RJ n° 056/2005: ... 12. Considerando que, ainda que indevido o recolhimento por estimativa, tal crédito somente estaria disponível para dedução do IRPJ devido ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo da IRPJ do período, a rigor, à luz do que preceitua a legislação em vigor, a compensação efetuada deveria não ser homologada e a contribuinte deveria ser intimada a recolher os débitos indevidamente compensados e a retificar sua declaração para inclusão dos valores recolhidos indevidamente para, então, apurar saldo negativo de IR e utilizálo, posteriormente, para novas compensações. Ou seja, a contribuinte deveria efetuar recolhimentos para ficar com crédito junto à Fazenda nacional, o que não se afigura compatível com o principio da razoabilidade, que é uma diretriz de bomsenso, aplicada ao Direito. Esse bomsenso jurídico se faz necessário à medida que as exigências formais que decorrem do princípio da legalidade tendem a reforçar mais o texto das normas que o seu espírito. 13. Ora, a legislação, ao permitir que a própria contribuinte, ao apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Receita Federal do Brasil RFB, possa utilizálo na compensação de débitos e que tal compensação extingue o débito sob condição resolutória de ulterior homologação do procedimento, claramente Fl. 164DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/ 08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 6 busca simplificar o cumprimento das obrigações. No caso em comento, ao invés de efetuar os recolhimentos em atraso, informando todos para o PA 12/2002, a contribuinte poderia ter utilizado darf segregados para os meses em que apurou débito de estimativa mensal e, neste caso, estaria efetuando mero recolhimento em atraso, os quais deveriam estar acompanhados dos respectivos acréscimos legais. 14. Portanto, inferese que a forma mais adequada ao tratamento do caso seria não homologar a compensação efetuada e proceder, de oficio, à compensação dos débitos relacionados nas DCOMP com os recolhimentos efetuados. Quanto ao preceito do § 2° do art 34, da IN SRF 460/2004, o qual determina que, previamente à compensação de oficio, deverá ser solicitado ao sujeito passivo que se manifeste quanto ao procedimento no prazo de quinze dias, presumese que o interesse da contribuinte em compensar os débitos, manifestado nas DCOMP apresentadas, suprem a necessidade da comunicação formal enviada pela RFB. 15. Desta forma, foi procedida à alocação dos recolhimentos efetuados aos débitos apurados de estimativa mensal no ano calendário de 2002 fls.27 a 29). Em razão da falta de recolhimento do valor relativo à multa de mora e ao fato de que a utilização da alocação linear dos créditos aos débitos resultaria em débito de tributo e crédito de juros, foram considerados os recolhimentos pelos seus valores totais (fl. 26). Os débitos foram, também, considerados pelos seus valores totais, sem considerar as vinculações a compensação e a pagamento informadas em DCTF pela contribuinte (fl. 25). (...) Grifei Como se vê no próprio Parecer MACO/DRF/CGZ n° 056/2005, às fls. 33/36 que deu fundamento ao despacho decisório já afasta o entrave processual, ao possível entendimento da compensação efetuada como se fosse de ofício, visto que presumiu o interesse da contribuinte, em compensar os débitos, manifestado nas DCOMP apresentadas. Com efeito, o rito processual do PERDCOMP não depende da forma como decidida no Despacho Decisório. Entender à contrário senso conduziria o resultado em cerceamento ao direito de defesa, pois, a alternativa razoável adotada pelo Fisco e intitulada de “compensação de ofício” resultaria em decisão definitiva, sem oportunidade ao contribuinte para contestar o despacho decisório. Ademais a alternativa dada pelo Fisco em proceder a compensação ocorreu pelo aproveitamento dos créditos, como estampado e transcrito acima. A DRF nãohomologou as compensações por inexistência de direito creditório “na forma como pleiteada”, mas procedeu a compensação dos recolhimentos efetuados a título de IRPJ — estimava mensal para o PA 12/2002 com os débitos da mesma natureza apurados no decorrer do anocalendário de 2002, o que denominou de “compensação de ofício”, adotando o princípio da razoabilidade, eficiência e eficácia. A decisão da DRJ é incompatível com o bomsenso desenvolvido no despacho decisório da autoridade administrativa da DRF/ em Campos dos Goytacazes — RJ que, embora com ressalvas ao procedimento adotado mas por atender ao princípio da razoabilidade, e, sem ofensa à legalidade, procedeu à compensação dos débitos relacionados nas DCOMP com os recolhimentos efetuados. Desse modo, dúvida não há que o saldo devedor resultante do encontro de contas relativas aos débitos declarados nas DCOMP discutidas é a matéria controvertida a ser dirimida nos Fl. 165DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/ 08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10725.720082/200511 Acórdão n.º 1802001.325 S1TE02 Fl. 163 7 presentes autos, para a qual a pessoa jurídica apresentou a manifestação de inconformidade, não conhecida pela Delegacia de Julgamento, em virtude da equivocada incompetência declarada. Sobre a competência do julgamento em primeira instância, em processos administrativos relativos a compensação, transcrevo o artigo 61 do Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, verbis: Art.61.O julgamento de processos sobre a aplicação da legislação referente a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, e os relativos à exigência de direitos antidumping e direitos compensatórios, compete em primeira instância, às Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento, órgãos de deliberação interna e natureza colegiada da Secretaria da Receita Federal do Brasil (Decreto no 70.235, de 1972, art. 25, inciso I; Lei no 9.019, de 30 de março de 1995, art. 7o, § 5o). Parágrafo único.A competência de que trata o caput inclui, dentre outros, o julgamento de: ... II manifestação de inconformidade do sujeito passivo em processos administrativos relativos a compensação, restituição e ressarcimento de tributos, inclusive créditos de Imposto sobre Produtos Industrializados IPI (Lei no 8.748, de 1993, art. 3o, inciso II; Lei no 9.019, de 1995, art. 7o, §1o e §5o); e ... O contribuinte fora cientificado do despacho decisório em 28/08/2006 (fl.40) para apresentar sua manifestação de inconformidade. A inconformidade da recorrente residia em que o saldo devedor remanescente à compensação já havia sido compensado via Declaração de Compensação nº 09409.28205.151204.1.3.042661, apresentada pela Recorrente em 15 de dezembro de 2004. Do exposto, resta demonstrado o equívoco da DRJ em não conhecer da manifestação de inconformidade do contribuinte sob o fundamento de que não se insere na alçada de competência das Delegacias da Receita Federal de Julgamento, conforme acórdão 1218.140 da 4ª Turma da DRJ/RJOI (fls.77/83), pois, da mencionada inconformidade demandaria a análise e decisão fundamentada sob pena de sua nulidade por cerceamento ao direito de defesa. A Embargante aduz que no acórdão embargado se adentrou no mérito da demanda sem qualquer análise acerca de sua eventual (in)competência para tanto. Reconhecese, pois, a omissão apontada pela Embargante. Com efeito, afastada a preliminar da incompetência suscitada pela DRJ, poderiam os autos ter sido devolvidos àquele órgão, para a análise da manifestação da inconformidade. No entanto, em sede de segunda instância, o acórdão embargado decidindo em favor do sujeito passivo, prescindiu da declaração de nulidade, nos termos do § 3º do artigo 12 do mesmo Decreto nº 7.574/2011, verbis: Art. 12. São nulos (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 59): I os atos e os termos lavrados por pessoa incompetente; e Fl. 166DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/ 08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 8 II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. §1oA nulidade de qualquer ato só prejudica os atos posteriores que dele diretamente dependam ou sejam consequência. §2oNa declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. §3oQuando puder decidir o mérito em favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará, nem mandará repetir o ato, ou suprirlhe a falta. Como visto, não houve incompetência ou impedimento por parte desse colegiado em analisar o mérito do Recurso Voluntário apresentado pela interessada com os mesmos fundamentos expendidos na impugnação ao qual foi dado provimento. Sobre o mérito, alega a Embargante que no voto condutor do acórdão embargado a Relatora entende que deve ser homologada a compensação objeto dos autos, tendo em vista que "as autoridades fiscais desconsideraram em seus cálculos que as multas de mora devidas em razão do atraso no pagamento do IRPJ apurado nos meses de fevereiro, março, junho, julho e novembro de 2002 já haviam sido compensadas através da declaração de compensação n9 09409.28205.151204.1.3.042661, apresentada pela Recorrente em 15 de dezembro de 2004". O mencionado texto contido nos embargos merece correção por não ser a expressão real contida no acórdão embargado, que assim se pronunciou, citando a defesa da Recorrente verbis: A Recorrente destaca que, as autoridades fiscais desconsideraram em seus cálculos que as multas de mora devidas em razão do atraso no pagamento do IRPJ apurado nos meses de fevereiro, março, junho, julho e novembro de 2002 já haviam sido compensadas através da declaração de compensação n° 09409.28205.151204.1.3.042661, apresentada pela Recorrente em 15 de dezembro de 2004. (Grifei) Nesse contexto, é que se deu a motivação no voto condutor do acórdão embargado, para a análise do recurso voluntário apresentado, por este colegiado, vejamos: Ora, não poder o contribuinte se insurgir contra o saldo devedor apurado pela autoridade administrativa na análise conjunta dos PERDCOMPs, seria o mesmo que limitar a produção da defesa a ser superada de forma sintetizadora pela DRF de origem, a exemplo do Parecer MACO/DRF/CGZ n° 056/2005, às fls. 33/36. Assim, cabível a análise de PERDCOMP não apreciado em conjunto com os demais que possuem nexo de causa e efeito, na medida em que dá ao contribuinte o direito de contestar o saldo devedor apurado pela autoridade administrativa na realização do encontro de contas de crédito e débitos tributários. Argumenta a Embargante, que não há nos autos qualquer documento que comprove tal procedimento, em total descompasso com a afirmação disposta no voto condutor nestes termos: "Conforme relatado, por último, foi anexado ao presente processo cópia do Despacho nº 675/2009, fls. 114/115, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Campos do Goitacazes/RJ, exarado no processo nº 10725.720057/200520, no Fl. 167DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/ 08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10725.720082/200511 Acórdão n.º 1802001.325 S1TE02 Fl. 164 9 qual tratouse de Declaração de Compensação n9 09409.28205.151204.1.3.042661 em que restou consignada a homologação da compensação no montante de R$ 34.540,99, referente a parte do debito de IRPJ apurado no mês de novembro de 2002." Aduz que: Observando, o documento mencionado, juntado às fls. 114/115, podese observar que se trata tãosomente de extrato do referido pedido de compensação, ilegível, em que não se podem extrair as informações acerca de suposta compensação no montante mencionado. Inexiste nos autos o imprescindível Despacho nº 675/2009 que comprova a afirmação da contribuinte neste sentido. Com efeito, mostrase contraditória a determinação contida no voto condutor, respaldada em documento inexistente nos autos, razão pela qual não há esteio para o provimento do Recurso Voluntário. A afirmação feita pela Embargada está equivocada pois se reporta aos extratos fls.114/115, do presente processo, e não, ao Despacho nº 675/2009, fls. 114/115, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Campos do Goitacazes/RJ, exarado no processo nº 10725.720057/200520, acostado aos presentes autos, ou seja: cópia do Despacho nº 675/2009, fls. 114/115, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Campos do Goitacazes/RJ, exarado no processo nº 10725.720057/200520, no qual tratouse de Declaração de Compensação nº 09409.28205.151204.1.3.042661 em que restou consignada a homologação da compensação no montante de R$ 34.540,99, referente a parte do debito de IRPJ apurado no mês de novembro de 2002. Tal documento encontrase comprovado com arquivo eletrônico nos presentes autos, como pode ser constatado pela Embargante no “eprocesso”. Como se vê, resta patente e infundada a contradição apontada pela Embargante, pois, fundada em documento a que não se reportou o voto condutor do acórdão embargado. Assim, não há qualquer fundamento para que sejam acolhidos os Embargos apresentados sob o pretexto de que o julgado embargado foi viciado por contradição. A rigor, acolho os presentes embargos, apenas para deixar claro sobre a suposta omissão quanto à incompetência arguida pela Delegacia de Julgamento para não conhecer da manifestação de inconformidade apresentada pela pessoa jurídica. Contudo, reconhecida a competência da DRJ, foi suprida a falta da análise do mérito pelo acórdão embargado a favor do sujeito passivo, conforme acima evidenciado. Diante das considerações acima, voto no sentido de que sejam acolhidos parcialmente os embargos de declaração, apenas, quanto à omissão apontada pela Embargante, ratificandose os demais termos do acórdão embargado. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa. Fl. 168DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/ 08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 10 Fl. 169DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/ 08/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
score : 1.0
Numero do processo: 11052.000525/2010-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Jan 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2010
Ementa:
CRÉDITOS BANCÁRIOS. ORIGEM E TRIBUTAÇÃO. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE.
Caracterizam-se omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Cumpre destacar que, ainda que a origem seja comprovada, cabe ao contribuinte provar, por meio de documentos hábeis e idôneos, que os valores correspondentes foram devidamente computados na base de cálculo dos impostos e contribuições.
Numero da decisão: 1301-001.872
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.
documento assinado digitalmente
Wilson Fernandes Guimarães
Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado).
Nome do relator: WILSON FERNANDES GUIMARAES
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. documento assinado digitalmente Wilson Fernandes Guimarães Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado).
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ORIGEM E TRIBUTAÇÃO. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE. Caracterizamse omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Cumpre destacar que, ainda que a origem seja comprovada, cabe ao contribuinte provar, por meio de documentos hábeis e idôneos, que os valores correspondentes foram devidamente computados na base de cálculo dos impostos e contribuições. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. “documento assinado digitalmente” Wilson Fernandes Guimarães Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 2. 00 05 25 /2 01 0- 36 Fl. 2224DF CARF MF Impresso em 29/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 27/0 1/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11052.000525/201036 Acórdão n.º 1301001.872 S1C3T1 Fl. 2.225 2 Relatório SILHUETA INFANTIL MODAS LTDA, já devidamente qualificada nestes autos, inconformada com a decisão da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, que manteve, na íntegra, os lançamentos tributários efetivados, interpõe recurso a este colegiado administrativo objetivando a reforma da decisão em referência. Cuida o presente processo de exigências de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e reflexos (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS), relativas ao ano calendário de 2006, formalizadas a partir da constatação de omissão de receitas. As exigências relativas ao IRPJ e à CSLL foram determinadas por meio do arbitramento do lucro. Inconformada, a contribuinte apresentou impugnação parcial ao feito fiscal, fls. 197/224, em que, em apertada síntese, argumentou: que sua impugnação seria parcial por entender que o lançamento está a maior que o devido; que as divergências apuradas decorrem de adiantamento de cartão de crédito, recebimento das vendas por cartão de crédito e débito, empréstimos, transferências dos empréstimos bancários e transferências das contas vinculadas; que reconhece suas receitas pelo princípio da competência; que a coluna referente ao banco Unibanco 218187 apresenta valores relativos a depósitos cuja origem é “crédito por conta de terceiros”, o que representa antecipação de venda por cartão de crédito, em toda a sua totalidade, ou seja, todos os depósitos ali constantes decorrem de antecipação de venda por cartão de crédito; que, como sua receita segue o princípio da competência, estas já foram declaradas e tributadas, de modo que, tributar novamente, seria “bis in idem”, vedado por lei; que há planilha por mês dos valores que seriam antecipação e as folhas do extrato Redecard (fls. 203); que o mesmo fato ocorre na coluna Unibanco 2611397, que tem como origem depósitos em antecipação de crédito por venda com cartão de crédito, conforme extratos anexos, sendo que nem todos os depósitos correspondem a antecipação de crédito decorrentes de vendas por cartão de crédito; que, como são antecipações de vendas já declaradas e tributadas, tais valores não devem integrar o cálculo para apuração da receita bruta, como fez o autuante; Fl. 2225DF CARF MF Impresso em 29/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 27/0 1/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11052.000525/201036 Acórdão n.º 1301001.872 S1C3T1 Fl. 2.226 3 que, às fl. 204, encontramse os valores mensais referentes aos adiantamentos, a descrição com o registro da página do Razão e documentos fornecidos pelo banco; que, comprovadas as operações com os documentos emitidos pelas instituições financeiras e operadoras de cartão de crédito, resta evidenciado que os registros na tabela 1 – dep. de origem não comprovada é insubsistente. A já referida 2a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro, analisando os feitos fiscais e a peça de defesa, decidiu, por meio do Acórdão nº. 12 67.859, de 22 de agosto de 2014, pela procedência dos lançamentos. O referido julgado restou assim ementado: OMISSÃO DE RECEITA. CRÉDITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO LEGAL. PROCEDÊNCIA A Lei n.º 9.430/1996 autoriza a presunção de omissão de receitas a partir da existência de créditos bancários de origem não comprovada, com as exclusões determinadas pela legislação tributária. ARBITRAMENTO. MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA À MARGEM DA ESCRITURAÇÃO E FALTA DE REGISTRO DA TOTALIDADE DA MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA. AUSÊNCIA DE QUESTIONAMENTO ESPECÍFICO. A matéria que não tenha sido expressamente impugnada está consolidada na esfera administrativa. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS. COFINS. CSLL. DECORRÊNCIA DA OMISSÃO DE RECEITA APURADA NO IRPJ. PROCEDÊNCIA. A omissão de receita apurada caracterizada por créditos bancários sem a comprovação de sua origem é base de cálculo das contribuições. Assim, verificada a omissão de receita são devidos os lançamentos. Irresignada, a contribuinte apresentou o recurso de folhas 654/662, por meio do qual sustenta: que as provas necessárias à constatação de que os valores nominados como "crédito por conta de terceiros", tidos como omissão de receitas, foram contabilizados, declarados e tributados, demandam exaustiva verificação, o que não foi efetuado pela Turma Julgadora a quo; que utiliza o regime de tributação por competência, de modo que as receitas são declaradas nos respectivos meses da venda das mercadorias, e não necessariamente do recebimento dos valores; que restou incontroverso que recebe antecipações das vendas ocorridas com cartão de crédito; que na tabela 01 do Termo de Verificação e Constatação Fiscal, as contas "Unibanco 2118187" e "Unibanco 2611397" são contas vinculadas aos recebimentos de cartão de crédito, fato reconhecido pela decisão recorrida; Fl. 2226DF CARF MF Impresso em 29/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 27/0 1/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11052.000525/201036 Acórdão n.º 1301001.872 S1C3T1 Fl. 2.227 4 que as referidas contas não são mais "depósitos de origem não comprovada", vez que os depósitos ali constantes têm a sua origem conhecida, demonstrada por meio dos extratos anexados; que os valores lançados na tabela 01 como"Unibanco 2118187" têm origem integral em depósitos em antecipação de créditos por venda com cartão de crédito, tudo devidamente comprovado com os extratos bancários; que, verificando os extratos, vêse claramente que os valores totalizados e creditados, mês a mês, não podem representar a totalidade dos valores a serem tributados naquele exercício social, visto que constatase a existência de valores decorrentes de vendas em meses anteriores que, por força do regime de competência, já foram declarados e tributados nos respectivos meses; que igual situação alcança os valores registrados na conta "Unibanco 2611397"; que as provas necessárias à comprovação da alegação encontramse nos autos, representadas pelos extratos, pelos lançamentos no Livro Razão e pela DIPJ referente ao mês, bastando para tanto cotejálos. É o Relatório Fl. 2227DF CARF MF Impresso em 29/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 27/0 1/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11052.000525/201036 Acórdão n.º 1301001.872 S1C3T1 Fl. 2.228 5 Voto Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães Atendidos os requisitos de admissibilidade, conheço do apelo. Trata a lide de exigências de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e reflexos, relativas ao ano calendário de 2006, formalizadas a partir da constatação de omissão de receitas, sendo que, no que diz respeito ao IRPJ e à CSLL, a apuração do resultado fiscal foi feita com base no lucro arbitrado. Na linha da defesa inaugural anteriormente apresentada, a contribuinte apresenta recurso voluntário parcial, contestando tão somente parte dos valores considerados como omitidos à tributação nas peças acusatórias, qual seja, a referente a registros nominados como CRÉDITOS POR CONTA DE TERCEIROS. Naquilo que importa à solução da controvérsia, são merecedoras de destaque as seguintes informações, consignadas no Termo de Verificação e Constatação Fiscal de fls. 111/115: i) a omissão de receitas restou caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada e por informações derivadas de operações realizadas por meio de cartões de crédito; ii) embora intimada, a contribuinte não apresentou documentação contábil e fiscal capaz de comprovar que as operações com cartões de crédito foram contabilizadas; iii) com base em informações prestadas por instituições bancárias e por operadoras de cartões de crédito, a contribuinte foi intimada a comprovar a origem dos depósitos bancários e a contabilização dos valores recebidos das administradoras de cartões de crédito; iv) em atendimento à intimação acima mencionada, a contribuinte prestou esclarecimentos, porém, não apresentou documentos comprobatórios; v) entre as informações prestadas pela contribuinte no curso da ação fiscal, teria sido dito que a origem dos lançamentos de "créditos por conta de terceiros" promovidos na conta UNIBANCO 2118187 seria adiantamentos de operadoras de cartão de crédito, e que a conta UNIBANCO 2611397 recebia valores correspondentes a vendas e crediários; e vi) por meio de Termo de Constatação e Intimação Fiscal (fls. 97/98), a autoridade autuante esclareceu que, na medida em que a contribuinte não comprovou em que datas as vendas relacionadas aos denominados "créditos por conta de terceiros" foram efetivadas, e que não haviam sido comprovadas as origens dos valores depositados na conta UNIBANCO 2611397, os montantes correspondentes seriam considerados omissão de receitas. Fl. 2228DF CARF MF Impresso em 29/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 27/0 1/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11052.000525/201036 Acórdão n.º 1301001.872 S1C3T1 Fl. 2.229 6 Em que pese o registrado no item "v" acima, observo que a Recorrente, em resposta à intimação formalizada pela Fiscalização, informou que existiam créditos por conta de terceiros tanto na conta UNIBANCO 2611397, como na conta UNIBANCO 2118187 (fls. 84). Porém, ao indicar os lançamentos que corresponderiam a créditos por conta de terceiros, só fez referência à conta UNIBANCO 2118187 (fls. 85/86). De fato, a Fiscalização intimou a Recorrente a comprovar em que datas as vendas relacionadas aos denominados LANÇAMENTOS DE CRÉDITOS POR CONTA DE TERCEIROS, justificados como adiantamentos promovidos pelas administradoras de cartões de crédito, haviam sido efetivadas (fls. 94). Todavia, em atendimento, a Recorrente limitouse a informar, in verbis (fls. 95): ... I Os créditos por conta de terceiros, são adiantamentos de cartões de crédito, feitos por telefone; ... Adiante, respondendo a uma suposta solicitação verbal feita pela Fiscalização, esclareceu que estava "impossibilitada de individualizar crédito por conta de terceiro" (fls. 96). Em sede de recurso voluntário, a contribuinte repisa argumentos trazidos por meio da peça impugnatória, no sentido de que parte das exigências não pode prosperar haja vista que os valores correspondentes aos denominados CRÉDITOS POR CONTA DE TERCEIROS, foram contabilizados, declarados e tributados. Esclarece que utiliza o regime de tributação por competência, de modo que as receitas são declaradas nos respectivos meses da venda das mercadorias, e não necessariamente do recebimento dos valores. Penso que a solução da controvérsia passa, necessariamente, pela comprovação, por parte da Recorrente, de que os registros efetuados a título de CRÉDITOS POR CONTA DE TERCEIROS, na medida em que representaram adiantamentos efetuados por administradoras de cartões de crédito e se referiram a operações anteriormente realizadas, corresponderam a vendas efetivamente tributadas. Não custa destacar que a indagação no sentido de que fossem informadas as datas em que as vendas relacionadas aos referidos LANÇAMENTOS DE CRÉDITOS POR CONTA DE TERCEIROS, foi devidamente formalizada pela autoridade autuante à Recorrente no curso da ação fiscal, e, em resposta, ela limitouse a repetir a informação de que citados créditos representaram adiantamentos efetuados pelas administradoras de cartões de crédito. À impugnação, a autuada, objetivando comprovar a alegação, juntou: cópia do Livro Caixa relativo ao ano de 2006 (fls. 217/290); cópia do Termo de Abertura do Livro Razão (fls. 291); Fl. 2229DF CARF MF Impresso em 29/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 27/0 1/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11052.000525/201036 Acórdão n.º 1301001.872 S1C3T1 Fl. 2.230 7 cópia de fls. do Razão das contas nºs 214.03.01.16 (C/Garantida 2118187 UNIBANCO) e 111.02.0051 (Banco UNIBANCO S/A c/2611397, extratos bancários e planilha demonstrativa de antecipações (fls. 292/447). Ao Recurso Voluntário, nada foi juntado. Penso que referida documentação não se revela suficiente à comprovação de que, nos termos em que foi alegado na peça de defesa, os valores nominados como "créditos por conta de terceiros", foram contabilizados, declarados e tributados. A discussão, a meu ver, não se limita à informação acerca da suposta origem dos valores (adiantamentos por parte de administradoras de cartões de créditos), mas, sim, a efetiva comprovação de que, tendo relação com receitas auferidas em períodos anteriores, foram elas, as receitas, efetivamente oferecidas à tributação. Em conformidade com o disposto no § 2º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, ainda que a origem dos créditos bancários fosse devidamente comprovada (o que, a meu ver, não é o que ocorre no presente caso, eis que ausente documentação que permita concluir nesse sentido), é necessário também provar que os valores correspondentes foram computados na base de cálculo dos impostos e contribuições. Os elementos carreados ao processo, ainda que estivessem acompanhados de esclarecimentos complementares (o que também não é o caso), não permitem concluir que os valores supostamente adiantados e que, da mesma forma por suposição, estavam relacionados a vendas anteriores, foram tributados. Repiso, mais uma vez, que ainda na fase de execução do procedimento fiscalizatório, a Recorrente foi intimada a comprovar em que datas as vendas relacionadas aos denominados LANÇAMENTOS DE CRÉDITOS POR CONTA DE TERCEIROS haviam sido efetivadas, contudo, furtouse a prestar a informação requerida. Em fase de defesa, da mesma forma, não traz a informação antes requerida, cabendo ressaltar que a documentação anexada à peça impugnatória em nada contribui nesse sentido. Diante dessas considerações, conduzo meu voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso. "documento assinado digitalmente" Wilson Fernandes Guimarães Relator Fl. 2230DF CARF MF Impresso em 29/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 27/0 1/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES
score : 1.0
Numero do processo: 10865.001679/2009-84
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 22 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 30/04/2009
COOPERATIVA DE SAÚDE. CONTRIBUIÇÃO 15%. NÃO INCIDÊNCIA.
Não incide 15% de contribuições previdenciárias sobre a prestação de serviço de saúde prestado por cooperativas, por não se caracterizar cooperativa de trabalho.
Numero da decisão: 2803-004.016
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Os Conselheiros Oseas Coimbra Junior e Helton Carlos Praia de Lima votaram pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos
PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO.
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira
Relator ad hoc na data da formalização.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA (Presidente), AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, OSEAS COIMBRA JUNIOR, GUSTAVO VETTORATO (Relator), EDUARDO DE OLIVEIRA.
Nome do relator: GUSTAVO VETTORATO
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MUNICIP. DE SAO JOAO DA BOA VISTA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 30/04/2009 COOPERATIVA DE SAÚDE. CONTRIBUIÇÃO 15%. NÃO INCIDÊNCIA. Não incide 15% de contribuições previdenciárias sobre a prestação de serviço de saúde prestado por cooperativas, por não se caracterizar cooperativa de trabalho. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Os Conselheiros Oseas Coimbra Junior e Helton Carlos Praia de Lima votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 16 79 /2 00 9- 84 Fl. 1900DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator ad hoc na data da formalização. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA (Presidente), AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, OSEAS COIMBRA JUNIOR, GUSTAVO VETTORATO (Relator), EDUARDO DE OLIVEIRA. Fl. 1901DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 4 3 Relatório Conselheiro Marcelo Oliveira Relator designado ad hoc na data da formalização Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo voto ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado AD HOC para redigir o relatório e o voto. Esclareço que aqui e deixo registrado para as partes, que reproduzo o relato deixado pelo conselheiro nos sistemas do CARF, com as quais não necessariamente concordo. ... Tratase de Recurso Voluntário que manteve o Auto de Infração de Obrigação Acessória que manteve o crédito lançado referente à incidência do disposto no art. 22, IV, da Lei n.8.212/1991, com a redação da Lei 9876/1999, da contribuição previdenciária de 15% sobre o pagamento de cooperativas de serviços médicos (UNIMED). O período do lançamento do crédito engloba diversas competências de 01/2004 a 04/2009. A intimação inicial deuse em 03.08.2009. O Recurso Voluntário alega ser improcedente o lançamento em razão dos seguintes motivos: ilegalidade e inconstitucionalidade da contribuição cobrada. Vieram os autos para apreciação nesta turma especial. É o relatório. Fl. 1902DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira Relator designado ad hoc na data da formalização Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo voto ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado AD HOC para redigir o voto. Esclareço que aqui reproduzo as razões de decidir do então conselheiro, conforme registros constantes do sistema do CARF, com as quais não necessariamente concordo. ... I O recurso foi apresentado tempestivamente, conforme supra relatado, atendido os pressupostos de admissibilidade, assim deve o mesmo ser conhecido. II – Primeiramente, devese atentar para o entendimento inaugural de Turma Especial, que já havia reconhecido que a contribuição prevista no art. 22, IV, da Lei n.8.212/1991, com a redação da Lei 9876/1999, não incidiria sobre a contratação de cooperativas de serviços médicos. No caso presente, reforça o meu entendimento em razão de que a Recorrente comprova nos autos de que os reais beneficiários e tomadores dos serviços da Cooperativa de Serviço Médico (Unimed)são os empregados e diretores, bem com são deles integralmente os com tal prestação de serviço, como se verifica mediante comparação do boleto/fatura e os recibos de pagamento de vencimentos dos empregados. Ou seja, a empresa além de não se beneficiar de tais serviços, ela também não é a real contratante, mas seus empregados. Peço vênia e paciência aos demais conselheiros e contribuintes para transcrever o voto vista do Cons. Amílcar Teixeira, proferido e lido no dia 21.11.2013, nos autos do processo n. 10660.721971/201138, mas que ainda está em apreciação desta turma na sessão de janeiro de 2014: Solicitei vistas destes autos objetivando realizar um estudo mais aprofundado sobre a matéria, tendo em conta que o assunto, desde a sua implementação pela Lei nº 9.876/1999, que incluiu o inciso IV ao art. 22 da Lei nº 8.212/91, vem sendo motivo de calorosos debates entre o Fisco Federal, tomadores de serviços das cooperativas de trabalho e também das próprias cooperativas do referido ramo. Os debates referidos no parágrafo anterior ocorreram e ocorrem tanto no âmbito do Processo Administrativo Fiscal – PAF, como também no âmbito do contencioso judicial. Fl. 1903DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 6 5 A propósito, a discussão sobre a obrigatoriedade de que trata o inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, já chegou ao Supremo Tribunal Federal – STF, e é objeto de ADIN, bem como de Repercussão Geral, estando as duas situações ainda pendentes de julgamento. Em seu recurso, o contribuinte demonstra indignação em face do resultado obtido no julgamento de sua impugnação. De acordo com o relatório elaborado pelo relator originário, o Conselheiro Oseas Coimbra Júnior, “tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve os autos de infração lavrados. O DEBCAD 37.286.2454 se refere às contribuições de 15% da empresa sobre o valor bruto das notas fiscais de prestação de serviços por cooperativas, no período de 05/2006 a 12/2010, compreendendo os levantamentos CT, CT1 e CT2”. Como se pode observar, a autoridade lançadora realizou seu trabalho sem qualquer investigação sobre o fenômeno da prestação de serviços por intermédio de cooperativas de trabalho, e sequer cogitou de a prestação de serviços ter sido realizada em atividade exclusiva de assistência à saúde, situação que mereceu especial atenção do próprio legislador ao elaborar a lei que dispõe sobre a organização da Seguridade Social e que instituiu o Plano de Custeio, ou seja, a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Do mesmo modo, entendeu o ilustre relator quando afirma em seu voto que “demonstrada a contratação com cooperativa de trabalho, para a prestação de serviços prestados por cooperados, devida a contribuição prevista no art. 22, IV da Lei 8.212/91”. Notase, pois, que a exemplo da autoridade lançadora, o relator Oseas Coimbra Júnior também dispensou qualquer analise mais acurada dos fatos e entendeu pela manutenção do lançamento, aplicando diretamente a regra do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91. No ponto, alerto mais uma vez, que a prestação de serviços em questão diz respeito exclusivamente à assistência à saúde, matéria que, como já mencionado, mereceu especial atenção do legislador. Mais adiante, cuidaremos da explicitação a respeito da tal atenção especial do legislador quando o assunto versar sobre assistência à saúde. Seguindo em frente, com a manutenção do lançamento pelo acórdão recorrido, o contribuinte alega, dentre vários argumentos, o seguinte: A Recorrente é simplesmente mandatária dos seus associados, não contratando diretamente os serviços da cooperativa de Fl. 1904DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 7 6 médicos, mas, sim, viabilizando a contratação dos serviços, diretamente por cada um dos seus associados, consumidores finais, e, portanto, tomadores daqueles serviços. A contribuição previdenciária de que se trata é legal sob a justificativa de que sua incidência se reporta ao rendimento pago à pessoa física que se insere numa cooperativa, mas presta serviço diretamente à empresa, a Recorrente não pode ser contribuinte da exação, pois, quem se beneficia do serviço prestado é a pessoa física associada à entidade, sendo aquela pessoa física que efetivamente paga a contraprestação financeira ao cooperado. Inexiste relação jurídico tributária entre a Recorrente e a União Federal. (grifouse e destacouse) Os argumentos do contribuinte, com se vê, estão em perfeita sintonia com a vontade do legislador, conforme se pode inferir de parte da exposição de motivos da Lei nº 9.876/1999, que incluiu o inciso IV ao art. 22 da Lei nº 8.212/91, in verbis: Proposta Propõese que a contribuição previdenciária a cargo à empresa, quando da contratação de contribuintes individuais, mesmo que por intermédio de cooperativas de trabalho, seja a mesma que aquela existente quando da contratação de segurados empregados. Notese que, no caso de autônomos com baixo valor de remuneração sujeita a contribuição, esta medida significa uma redução da carga global de contribuição (a redução da parcela do contribuinte individual mais do que compensa o aumento da parcela a cargo da empresa), estimulando a filiação do contribuinte à Previdência Social. Com isso, haverá a equalização do custo previdenciário da mão deobra para as empresas no que se refere à contratação dos contribuintes individuais e empregados, eliminandose o atual viés favorável à redução de empregos formais, exercido pela estrutura de alíquotas previdenciárias em vigor. Na proposta está prevista a majoração da alíquota patronal quando da contratação de contribuintes individuais, concomitantemente à instituição de mecanismo de compensação na contribuição do segurado. Este poderá deduzir de sua contribuição até 9 pontos percentuais da alíquota que incide sobre o seu saláriodecontribuição, de forma a neutralizar a elevação da contribuição da empresa. O referido mecanismo de compensação também inibe fraudes no sistema, pois o contribuinte individual tornase fiscal das contribuições da empresa, devido à necessidade de comproválas para obter a redução em sua própria contribuição. Além disso, há o incentivo à formalização do vínculo entre contribuinte individual e empresa, porque a prestação de serviços a empresas implica redução da carga contributiva para o contribuinte individual. Fl. 1905DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 8 7 No caso da intermediação das cooperativas de trabalho, a atual sistemática de contribuição, em que cabe à cooperativa a contribuição patronal de quinze por cento sobre os valores distribuídos aos cooperados, temse revelado frágil diante dos diferentes artifícios legais criados para evadir a contribuição previdenciária, tais como: a inclusão de pessoas jurídicas na condição de cooperadas ao lado de pessoas físicas, a criação de uma série de fundos estatutários como forma de diminuir a distribuição da retribuição pelos serviços prestados, o reinvestimento dessa retribuição e outras. Proposta Propõese estabelecer que a contribuição da empresa contratante dos serviços por intermédio de cooperativas de trabalho incida sobre o valor bruto da nota fiscal', ou fatura, cuja base de cálculo é de imediato conhecida. Tratase de uma sistemática de fácil operacionalização e que propiciará um controle efetivo sobre a contribuição desse segmento. A medida proposta encontra similitude naquela já adotada para outros segmentos econômicos, a exemplo do que ocorre com os clubes de futebol profissional, cuja contribuição incide sobre a receita bruta decorrente dos espetáculos desportivos e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos desportivos. O percentual proposto de quinze por cento decorre do fato de que o valor pago pelo tomador de serviços do cooperado, contratado mediante a interposição de cooperativa de trabalho, não é totalmente distribuído a ele. Parte do pagamento é destinada a despesas administrativas, tributárias e constituição de fundos de reserva. Assim, o valor distribuído ao cooperado corresponde ao valor bruto da nota fiscal ou fatura, deduzidas as parcelas antes referidas, diferentemente do que ocorre quando a empresa contrata um contribuinte individual que não é cooperado, onde a remuneração não sofre qualquer abatimento. Neste último caso, a contribuição pretendida é de vinte por cento sobre a totalidade da remuneração. Logo, o percentual proposto, quando há a intermediação da cooperativa de trabalho, a incidir sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura, deve ser tal que produza a mesma contribuição que o percentual de vinte por cento sobre a parcela destinada ao cooperado, em igualdade de condições a um contribuinte individual que não é cooperado. Partindo deste pressuposto, e analisando diversas planilhas de custos e distribuição de remunerações a cooperados em diferentes cooperativas, de segmentos variados, verificase que, em média, os valores correspondentes a despesas administrativas, tributárias e fundos de reservas correspondem a vinte e cinco por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, destinandose, o restante – setenta e cinco por cento – à retribuição do cooperado. Fl. 1906DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 9 8 Assim, buscando a isonomia de tratamento entre as diferentes formas de contratação, o percentual a incidir sobre a nota fiscal ou fatura de prestação de serviços é aquele correspondente a vinte por cento sobre os setenta e cinco por cento distribuídos ao cooperado, o que resulta em um percentual de quinze por cento, conforme proposto. Em outras palavras, é um percentual que mantém constante a contribuição previdenciária, independentemente de a empresa contratar um cooperado ou outro contribuinte individual. Não cabe aqui o argumento de que se estaria instituindo uma nova modalidade de custeio, diferente daquelas autorizadas pelo art. 195 da Constituição, para o que seria necessária a edição de Lei complementar. Mesmo havendo a intermediação da cooperativa de trabalho, com contrato Armado entre esta e o tomador, o contratado é o cooperado – contribuinte individual – e não a cooperativa. Pela própria natureza jurídica da cooperativa de trabalho, esta não presta serviço a terceiros, senão aos próprios cooperados. Diferentemente das demais empresas, a cooperativa é constituída, exclusivamente, para prestar serviços aos seus cooperados e, por isso, o tomador dos serviços da cooperativa é o próprio cooperado. O terceiro que contrata a cooperativa é, na verdade, tomador dos serviços do cooperado, em igualdade de condições com aquele que contrata qualquer outro contribuinte individual. Um trabalhador, seja ele empregado ou contribuinte individual, seja diretamente ou por intermédio de cooperativa de trabalho, de tal forma a, mais uma vez, resguardarse o caráter de neutralidade da Previdência Social diante das diversas formas e possibilidades de contratação de mãodeobra. (grifouse e destacouse) Da leitura dos argumentos apresentados pelo contribuinte, em confronto com a vontade do legislador, nomeadamente nos pontos em destaque, é possível concluir que a norma impositiva (Inciso IV do art. 22 da lei nº 8.212/91) diz respeito somente à situação em que a empresa se beneficia de forma direta dos serviços que lhes são prestados por cooperados, por intermédio de cooperativas de trabalho, o que definitivamente não é o caso dos autos. Neste contexto, numa clara evolução do julgador administrativo, considerando a similitude das situações, os membros da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF, na sessão de 20 de janeiro de 2012, no julgamento do Processo 11444.000189/200984, Acórdão nº 240102.243, assim decidiram por unanimidade de votos: ASSUNTO: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/2004 a 31/10/2007 PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO. CUSTO Fl. 1907DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 10 9 RATEADO ENTRE BENEFICIÁRIOS E EMPREGADOR. EMISSÃO DE FATURA EM NOME DE SINDICATO REPRESENTATIVO DA CATEGORIA DOS BENEFICIÁIOS PARA REPASSE DOS VALORES DESCONTADOS DOS MESMOS. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. A contribuição incidente sobre as faturas emitidas por serviços prestados para empresa por cooperados intermediados por cooperativa de trabalho médico não incidem sobre a parcela a cargo dos empregados, quando constante de fatura emitida a parte, mesmo que o valor seja faturado em nome do Sindicato representativo da categoria dos beneficiários, quando este apenas repassa o valor descontado dos seus filiados para custeio do convênio saúde. (grifouse e negritouse) Ao tratar especificamente do fato gerador e a sua previsão legal, o Relator Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo teve o seguinte posicionamento: Assim dispõe o art. 22, IV da Lei nº 8.212/1991: Art 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) IV – quinze por cento sobre o valor da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestado por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). (...) Da norma acima, podese extrair que o fato gerador da contribuição em questão é a prestação de serviços à empresa pelos cooperados, os quais tenham sido intermediados por cooperativa de trabalho. Assim, somente configurase a hipótese de incidência se: A destinatária da prestação de serviços for a empresa; Os serviços forem prestados por pessoa física; e A contratação tenha se dado por intermédio de cooperativa de trabalho (...) De acordo com a norma inserta no inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/1991, dos requisitos a justificar a exação é a prestação de serviço ao sujeito passivo, o que não se verifica para o Sindicato, uma vez que os serviços não foram prestados aos funcionários do mesmo. O que ocorreu foi a disponibilização dos serviços médicos a filiados de sua base, porém, o custeio da parcela que foi faturada em nome da entidade sindical foi o valor integral descontado dos trabalhadores. Não se vê na espécie o Sindicato custeando qualquer parcela pelos serviços executados, mas apenas figurando como intermediário no repasse da quantia de responsabilidade dos beneficiários, seus filiados. Fl. 1908DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 11 10 Situação diversa ocorreria se o Sindicato estivesse suportando todo o ônus do contrato, ou mesmo se as faturas tivessem sido integramente emitidas em seu nome, Verificase, no caso em tela, que deve ser aplicada a norma do art. 293 da Instrução Normativa – IN nº 03/2005 (vigente no período do lançamento), a qual prevê que, nos contratos de plano de saúde coletivo, havendo uma fatura correspondente à parte do empregador no custeio do plano e outra vinculada ao encargo dos beneficiários, apenas deve incidir contribuição sobre o valor faturado contra a empresa, verbis: Art. 293. Na celebração de contrato coletivo de plano de saúde da cooperativa médica ou odontológica com empresa, em que o pagamento do valor seja rateado entre a contratante e seus beneficiários, deverão ser consideradas, para efeito da apuração da base de cálculo da contribuição, nos termos dos arts. 291 e 292, as faturas emitidas contra a empresa. Parágrafo único. Caso sejam emitidas faturas específicas contra a empresa e faturas individuais contra os beneficiários do plano de saúde, cada qual se responsabilizando pelo pagamento da respectiva fatura, somente as faturas emitidas contra a empresa serão consideradas para efeito de contribuição. A situação que ora se analisa pode ser equiparada à hipótese tratada na norma acima, uma vez que o valor da fatura destinada ao Sindicato é exatamente o montante descontado dos beneficiários do plano de saúde. Nesse sentido, sou forçado a admitir que, na espécie, somente caberia tributação sobre o valor arcado pela SANTA CRUZ, sendo improcedentes as contribuições lançadas contra o Sindicato da categoria profissional a que pertencem os beneficiários da prestação de serviços médicos realizada pela UNIMED DE OURINHOS. (grifouse e negritouse) A parte inicial do art. 293 da então IN SRP nº 03/2005 inova ao fazer referência à cooperativa médica ou odontológica, dispondo, assim, de forma diversa da previsão legal (inciso IV do art. 22 da lei nº 8.212/91), que fala em cooperativa de trabalho. De qualquer modo, o que se deve observar, em casos como o em discussão, é a verdade material, assunto que será tratado adiante. No concernente ao correto enquadramento de que trata estes autos, é de extrema importância para o deslinde da questão, verificar, também, a evolução legislativa, notadamente o art. 1º da Lei nº 12.690, de 19 de julho de 2012, que dispõe sobre a organização e o funcionamento das Cooperativas de Trabalho; institui o Programa Nacional de Fomento às Cooperativas de Trabalho – PRONACOOP; e revoga o parágrafo único do art. 442 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo DecretoLei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, in verbis: Fl. 1909DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 12 11 Art. 1º. A Cooperativa de Trabalho é regulada por esta Lei e, no que com ela não colidir, pelas Leis nos 5.764, de 16 de dezembro de 1971, e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil. Parágrafo único. Estão excluídas do âmbito desta Lei: I as cooperativas de assistência à saúde na forma da legislação de saúde suplementar; II as cooperativas que atuam no setor de transporte regulamentado pelo poder público e que detenham, por si ou por seus sócios, a qualquer título, os meios de trabalho; III as cooperativas de profissionais liberais cujos sócios exerçam as atividades em seus próprios estabelecimentos; e IV as cooperativas de médicos cujos honorários sejam pagos por procedimento. A inovação do legislador infralegal expressa na parte inicial do art. 293 da IN SRP nº 03/2005, como se pode observar, já era prenúncio de radical mudança legislativa futura. O legislador de 2012, ao cuidar especificamente da lei própria das cooperativas de trabalho, já de pronto (parágrafo único do art. 1º da Lei nº 12.690), exclui do âmbito da mencionada lei, I – as cooperativas de assistência à saúde na forma da legislação de saúde suplementar; II – as cooperativas que atuam no setor de transporte regulamentado pelo poder público e que detenham, por si ou por seus sócios, a qualquer título, os meios de trabalho; III – as cooperativas de profissionais liberais cujos sócios exerçam as atividades em seus próprios estabelecimentos; e IV – as cooperativas de médicos cujos honorários sejam pagos por procedimento. Refletindo sobre as inovações legislativas trazidas pela Lei 12.690/2012, resta totalmente evidenciado que a exclusão do âmbito da lei própria das cooperativas de trabalho abrange as cooperativas de assistência à saúde na forma da legislação de saúde suplementar. Como se pode observar, o legislador reconheceu que as cooperativas de assistência à saúde na forma da legislação de saúde complementar não são cooperativas de trabalho nos moldes previstos no inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91. Aliás, tal reconhecimento já tinha ocorrido em 1998, quando entrou em vigor a Lei nº 9.656, de 03 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde. De acordo com o inciso II do art. 1º da Lei nº 9.656/98, a pessoa jurídica constituída sob a modalidade de cooperativa será uma Operadora de Plano de Assistência à Saúde, in verbis: Art.1oSubmetemse às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do cumprimento da legislação específica que rege a Fl. 1910DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 13 12 sua atividade, adotandose, para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) IPlano Privado de Assistência à Saúde: prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós estabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada ou referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e odontológica, a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e ordem do consumidor; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) IIOperadora de Plano de Assistência à Saúde: pessoa jurídica constituída sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, ou entidade de autogestão, que opere produto, serviço ou contrato de que trata o inciso I deste artigo; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) IIICarteira:o conjunto de contratos de cobertura de custos assistenciais ou de serviços de assistência à saúde em qualquer das modalidades de que tratam o inciso I e o §1o deste artigo, com todos os direitos e obrigações nele contidos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) §1oEstá subordinada às normas e à fiscalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS qualquer modalidade de produto, serviço e contrato que apresente, além da garantia de cobertura financeira de riscos de assistência médica, hospitalar e odontológica, outras características que o diferencie de atividade exclusivamente financeira, tais como: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) a)custeio de despesas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) b)oferecimento de rede credenciada ou referenciada; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) c)reembolso de despesas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) d)mecanismos de regulação; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) e)qualquer restrição contratual, técnica ou operacional para a cobertura de procedimentos solicitados por prestador escolhido pelo consumidor; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177 44, de 2001) Fl. 1911DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 14 13 f)vinculação de cobertura financeira à aplicação de conceitos ou critérios médicoassistenciais. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) §2oIncluemse na abrangência desta Lei as cooperativas que operem os produtos de que tratam o inciso I e o § 1o deste artigo, bem assim as entidades ou empresas que mantêm sistemas de assistência à saúde, pela modalidade de autogestão ou de administração. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) §3oAs pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior podem constituir ou participar do capital, ou do aumento do capital, de pessoas jurídicas de direito privado constituídas sob as leis brasileiras para operar planos privados de assistência à saúde. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) §4oÉ vedada às pessoas físicas a operação dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1o deste artigo. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) § 5o É vedada às pessoas físicas a operação de plano ou seguro privado de assistência à saúde. Com efeito, não há qualquer sombra de dúvida a respeito da natureza jurídica das cooperativas que atuam na área da saúde suplementar, ou seja, tais cooperativas há muito tempo já não são consideradas como cooperativas de trabalho pelo Poder Público. Nesse compasso, considerando a forma em que a fiscalização foi realizada, nomeadamente no que concerne à descrição do fato gerador da exação discutida, bem como em relação à análise do relator originário, podese afirmar com absoluta segurança que a verdade material não foi perseguida por aqueles que me antecederam. A verdade material, como é do conhecimento dos operadores do direito, constituise num dos princípios específicos do Processo Administrativo Fiscal – PAF. Dela ninguém pode imiscuirse. Sobre o assunto, Marcos Vinícius Neder e Maria Teresa Martínez López (In Processo Administrativo Fiscal Feral Comentado. – 2. Ed. – São Paulo : Dialética, 2004. p. 74) asseveram: Em decorrência do princípio da legalidade, a autoridade administrativa tem o dever de buscar a verdade material. O processo fiscal tem por finalidade garantir a legalidade da apuração da ocorrência do fato gerador e a constituição do crédito tributário, devendo o julgador pesquisar exaustivamente se, de fato, ocorreu a hipótese abstratamente prevista na norma e, em caso de impugnação do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade, independente do alegado e provado. Odete Medauar preceitua que “o princípio da verdade material ou Fl. 1912DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 15 14 verdade real, vinculado ao princípio da oficialidade, exprime que a Administração deve tomar decisões com base nos fatos tais como se apresentam na realidade, não se satisfazendo com a versão oferecida pelos sujeitos. Para tanto, tem o direito e o dever de carrear para o expediente todos os dados, informações, documentos a respeito da matéria tratada, sem estar jungida aos aspectos considerados pelos sujeitos”. Vêse, portanto, que determinar o fato gerador sob a alegação de que se trata de cooperativa de trabalho e, por isso, devese aplicar diretamente o inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, sem buscar a verdade material exposta pelos doutrinadores acima citados, data máxima vênia, é prova cabal de que a constituição do crédito tributário não atendeu às exigências previstas no CTN, em especial aquelas descritas no art. 142 do referido diploma legal. Ademais, no caso destes autos, tanto a autoridade administrativa lançadora, os julgadores de primeira instância administrativa, com também o ilustre relator originário deixaram de observar que a prestação de serviços foi realizada em atividade exclusiva de assistência a saúde, mediante convênio saúde firmado por uma cooperativa operadora de plano de assistência à saúde com a Associação dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Varginha e Região. Não observando importante detalhe envolvendo a prestação de serviços na área da saúde suplementar, entendo que aqueles que me antecederam falharam em seus julgamentos, pois deixaram de observar o comando inserto no § 2º do art. 22 da Lei nº 8.212/91, que remetendo o assunto para o § 9º do art. 28 do 28 do mesmo diploma legal, criou uma regra de não incidência tributária condicionada. Os dispositivos legais citados contém a seguinte redação: Art. 22. A contribuição a cargo da empesa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) § 2º. Não integram a remuneração as parcelas de que trata o § 9º do art. 28. Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) § 9º. Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta lei, exclusivamente: (...) q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras Fl. 1913DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 16 15 similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. Ora, se não integram o saláriodecontribuição os valores relativos à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, como é o caso dos autos, a única maneira para efetuar o lançamento em discussão, seria o enquadramento da relação contratual às disposições contidas na parte final da alínea “q” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, na hipótese de a cobertura não abranger a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. Obviamente que os associados aposentados, pensionistas e idosos de Varginha e região não se enquadram na figura de empregados da associação. Contudo, entendo que eles se equiparam à dirigentes da empresa, tendo em vista que constituíram a associação para que ela cuide dos seus interesses associativos. Apesar de nem todos ocuparem posições diretivas ou fiscalizatórias na entidade, não existe nenhum impedimento legal para que aqueles que interessarem pela condução direta da entidade, candidate aos referidos postos. Destarte, por se tratar expressamente de regra de não incidência de tributos, concordo parcialmente com os membros da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF, quando eles por unanimidade deram provimento ao recurso voluntário do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Energia de Ipauçu, de acordo com o que consta no Acórdão 240102.243, originário da Sessão de 20 de janeiro de 2012, que julgou o Processo 11444.000189/200984. A concordância parcial, explico, se dá pelo simples motivo de os membros da citada Turma não terem estendido o provimento também à empresa Santa Cruz. O fato de a empresa ter arcado às suas expensas com parte do custo com o plano de saúde firmado com a Unimed de Ourinhos, sem a estrita observância da verdade material c/c as regras da alínea “q” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, para mim não atendeu os regramentos dispostos na legislação de regência. Como já referido anteriormente, no processo administrativo o julgador deve sempre buscar a verdade, ainda que, para isso, tenha que se valer de outros elementos além daqueles trazidos aos autos pelos interessados. A autoridade administrativa não fica obrigada a restringir seu exame ao que foi alegado, trazido ou provado pelas partes, podendo e devendo buscar todos os elementos que possam influir no seu convencimento, situação que, objetivamente, não foi observada nestes autos. Tendo em vista que verba constante do lançamento diz respeito à assistência à saúde, disponibilizada aos membros da Associação dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Varginha e Região, por intermédio de convênio saúde, sou obrigado a reconhecer que se trata de matéria abrangida pelo instituto da não incidência, conforme expressamente dispõe a alínea “q” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91. Fl. 1914DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 17 16 Desse modo, efetuar o enquadramento do fato à norma, sob a alegação de que a contração de serviços por cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho determina o recolhimento de 15% (quinze por cento) sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura, ex vi do art. 22, IV, da Lei nº 8.212/91, sem considerar as disposições contidas na última linha do parágrafo anterior, data vênia, é fazer letra morta o instituto da não incidência prevista na Lei de Custeio da Previdência Social. Reconhecer a não incidência do tributo, nos convênios saúde firmados com operadoras de plano de assistência à saúde, constituídas sob a modalidade de sociedade civil ou comercial ou entidade de autogestão nos moldes estabelecidos pela Lei nº 9.656/98 e não enquadrar as cooperativas também operadoras de plano de assistência à saúde, na mesma situação, é a caracterização de odiosa discriminação contra esse tipo societário. Ao voto transcrito acima, filiome integralmente de forma a tornálo parte integrante do presente voto. Ainda, mesmo com o aprofundado estudo do Cons. Amílcar Teixeira, entendo apenas que deve ser acrescentado um ponto: a impossibilidade da legislação tributária, em especial a infralegal, alterar conteúdo e alcances das instituições e conceitos do direito privado. Ao caso ficou claro que a legislação privada que regula as atividades das cooperativas separa cooperativas de trabalho e cooperativas de serviços médicos, como plenamente já explanado. Inclusive cada um dos tipos tem especificações, conteúdos e regimes jurídicos próprios e diversos. Ou seja, não pode a legislação tributária, sem previsão legal específica, ser amalgamada para fins de incidência tributária, sob ofensa ao princípio da legalidade e de interpretação restritiva dos institutos de direito privado (art. 150, da CF/1988, arts. 97, 110 e 111 do CTN). “As empresas que operacionalizam planos de saúde repassam a remuneração do profissional médico que foi contratado pelo plano e age como substituta dos planos de saúde negociados por ela, sem qualquer outra intermediação entre cliente e serviços médicohospitalares. Nesse caso, não incide a contribuição previdenciária" (REsp 633134/PR, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 16.9.2008). Outros precedentes: EDcl nos EDcl no REsp 442829/MG, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ 25.2.2004; EDcl nos EDcl nos EDcl no REsp 442829/MG, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ 26.5.2004). De fato, estamos perante a mais um caso de nãoincidência, pois as cooperativas de prestação de serviços médicos não são os sujeitos passivos da regramatríz de imposição tributária obtida do inciso IV ao art. 22 da Lei nº 8.212/91. III De qualquer forma, como argumento suplementar, devese também observar que em recente julgamento do Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário n. 595838, no dia 23.04.2013, sob os auspícios de efeitos de repercussão geral, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 22, IV, da Lei n. 8.212/1991, justamente o fundamento principal da exação em questão: Fl. 1915DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 18 17 EMENTA Recurso extraordinário. Tributário. Contribuição Previdenciária. Artigo 22, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Sujeição passiva. Empresas tomadoras de serviços. Prestação de serviços de cooperados por meio de cooperativas de Trabalho. Base de cálculo. Valor Bruto da nota fiscal ou fatura. Tributação do faturamento. Bis in idem. Nova fonte de custeio. Artigo 195, § 4º, CF. 1. O fato gerador que origina a obrigação de recolher a contribuição previdenciária, na forma do art. 22, inciso IV da Lei nº 8.212/91, na redação da Lei 9.876/99, não se origina nas remunerações pagas ou creditadas ao cooperado, mas na relação contratual estabelecida entre a pessoa jurídica da cooperativa e a do contratante de seus serviços. 2. A empresa tomadora dos serviços não opera como fonte somente para fins de retenção. A empresa ou entidade a ela equiparada é o próprio sujeito passivo da relação tributária, logo, típico “contribuinte” da contribuição. 3. Os pagamentos efetuados por terceiros às cooperativas de trabalho, em face de serviços prestados por seus cooperados, não se confundem com os valores efetivamente pagos ou creditados aos cooperados. 4. O art. 22, IV da Lei nº 8.212/91, com a redação da Lei nº 9.876/99, ao instituir contribuição previdenciária incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura, extrapolou a norma do art. 195, inciso I, a, da Constituição, descaracterizando a contribuição hipoteticamente incidente sobre os rendimentos do trabalho dos cooperados, tributando o faturamento da cooperativa, com evidente bis in idem. Representa, assim, nova fonte de custeio, a qual somente poderia ser instituída por lei complementar, com base no art. 195, § 4º com a remissão feita ao art. 154, I, da Constituição. 5. Recurso extraordinário provido para declarar a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99.(RE 595838, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 23/04/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe196 DIVULG 07102014 PUBLIC 0810 2014) Em recente apreciação dos embargos declaratórios apresentados pela Fazenda Nacional, em 19 de dezembro de 2015, os mesmos foram rejeitados pelo STF, mantendo integralmente a decisão supra, sem qualquer modulação de efeitos. Até a finalização do presente voto, não ocorrera a publicação da decisão de rejeição dos embargos. Entendimento esse acima, após o trânsito em julgado de tal julgamento, será cogente perante o presente Conselho (art. 62 e 62A, do Anexo II, do RICARF). IV – Isso posto, voto por conhecer o Recurso Voluntário, para, no mérito, darlhe provimento, no sentido de reformar a decisão recorrida e cancelar o crédito lançado. É como voto. Fl. 1916DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10865.001679/200984 Acórdão n.º 2803004.016 S2TE03 Fl. 19 18 Foi assim que o conselheiro votou na sessão de julgamento. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator ad hoc na data da formalização. Fl. 1917DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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