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Numero do processo: 10830.918677/2009-23
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 16 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2003 a 31/07/2003
REPERCUSSÃO GERAL. OBSERVÂNCIA DA DECISÃO DO STF PELOS CONSELHEIROS DO CARF.
As decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática da repercussão geral, prevista no art. 543-B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), devem ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
Numero da decisão: 3803-006.133
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, para reconhecer o direito creditório. Vencido o conselheiro Corintho Oliveira Machado, que negava provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente da 3ª Câmara
(assinado digitalmente)
Hélcio Lafetá Reis - Relator ad hoc
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues (Relator) e Demes Brito.
Nome do relator: João Alfredo Eduão Ferreira
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INCONSTITUCIONALIDADE. A base de cálculo da Cofins é o faturamento, assim compreendido o ingresso proveniente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, não abrangendo as demais receitas. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da contribuição promovido pelo § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, em julgamento submetido à sistemática da repercussão geral. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2003 a 31/07/2003 REPERCUSSÃO GERAL. OBSERVÂNCIA DA DECISÃO DO STF PELOS CONSELHEIROS DO CARF. As decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática da repercussão geral, prevista no art. 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), devem ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, para reconhecer o direito creditório. Vencido o conselheiro Corintho Oliveira Machado, que negava provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 86 77 /2 00 9- 23 Fl. 315DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 09/09/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10830.918677/200923 Acórdão n.º 3803006.133 S3TE03 Fl. 316 2 (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente da 3ª Câmara (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis Relator ad hoc Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues (Relator) e Demes Brito. Relatório Em 21 de agosto de 2015, a repartição de origem devolveu a este Colegiado os presentes autos em razão da detecção de equívoco na identificação do período de apuração da contribuição sob comento, sendo informado que, enquanto na ementa se registrou o período de apuração de 01/07/2003 a 31/07/2003, no voto se reportou à composição da base de cálculo de dezembro de 2003, sendo que, de acordo com os débitos declarados, não havia, no período, o valor referenciado no montante de R$ 784.190,99. Em razão desse fato e por se tratar de acórdão da relatoria de Conselheiro que não mais compõe o Colegiado, fui designado como relator ad hoc neste processo, em razão do quê reproduzo o relatório elaborado pelo relator original e adoto o voto por ele redigido, bem como a ementa, com as devidas correções das inexatidões materiais detectadas pela repartição de origem, em conformidade com os termos constantes da ata de julgamento: Retornaram os autos da unidade de origem para onde foram baixados com a finalidade de certificação dos valores das demais receitas da recorrente que extrapolaram o faturamento, conforme documentos da escrita contábil juntado aos autos pela recorrente, e colacionadas aos mesmos as informações prestadas pela fiscalização. É o relatório. Voto Conselheiro Hélcio Lafetá Reis Relator ad hoc Conforme apontado no Relatório supra, tendo sido designado como relator ad hoc neste processo, adoto o voto redigido pelo relator original, bem como a ementa, com as devidas correções das inexatidões materiais detectadas pela repartição de origem, em conformidade com os termos constantes da ata de julgamento: Foi juntada aos autos a informação fiscal e dela foi dado ciência ao Recorrente. Da informação fiscal consta planilha, formatada com base no Razão Analítico, informando que, na composição da base de cálculo da Cofins de julho/2003, o Fl. 316DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 09/09/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10830.918677/200923 Acórdão n.º 3803006.133 S3TE03 Fl. 317 3 recorrente adicionara, em observância aos termos do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, receitas não abrangidas pelo conceito de faturamento. Constatou a fiscalização que, em consulta realizada na DCTF, o recorrente apurara, para o período de julho/2003, Cofins no valor de R$ 499.591,64, o quê, após as deduções legais levadas a efeito, resultou em valor recolhido a maior de R$ 39.817,69. Compulsando os autos, verificase que consta do demonstrativo de crédito do PER/DCOMP (fl. 58verso) a informação de que o valor total do crédito original utilizado fora de R$ 39.817,69, exatamente o valor apurado pela fiscalização por ocasião da diligência. Logo o direito creditório existe, é líquido e exigível. É cediço que o tema sob exame teve a repercussão geral reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal que, por sentença proferida pelo Plenário em 10/09/2008, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 585.235, declarou a inconstitucionalidade do texto contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, decisão essa que transitou em julgado em 12/12/2008. Nesse contexto, devese proceder de acordo com o que dispõe o art. 62A do RICARF/2009: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Ante o exposto, dáse provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório pleiteado. É o voto. (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis Relator ad hoc Fl. 317DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 09/09/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 13005.000500/2008-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 11 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3301-000.218
Decisão: Vistos relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram presente julgado.
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
Luiz Augusto do Couto Chagas Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram presente julgado. Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. Luiz Augusto do Couto Chagas Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 30 05 .0 00 50 0/ 20 08 -1 7 Fl. 922DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 08/02/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 13005.000500/200817 Resolução nº 3301000.218 S3C3T1 Fl. 385 2 Relatório Trata o presente processo de análise de Pedido de Ressarcimento (PER) transmitido pela contribuinte em 10/01/2008, relativo a saldo credor de PIS nãocumulativo exportação do 4º trimestre de 2007, no montante de R$ 138.947,79, combinado com DCOMPs transmitidas entre 06/11/2007 e 10/03/2008. Anexados documentos, a Fiscalização produziu Relatório Fiscal onde analisou pedidos de ressarcimento/compensação relativos aos trimestres de 2007 e 2008 (PIS e COFINS – mercados interno e externo), sendo pertinente transcreverse os seguintes excertos: Na análise do movimento de notas fiscais apresentadas em meio magnético, foram constatadas irregularidades com relação à apuração do saldo credor informado pela empresa, decorrentes da sistemática de apuração nãocumulativa do PIS e da COFINS, (...). (...) a empresa informou valores extemporâneos nas Linhas 01 Bens para Revenda, 02 Bens utilizados como Insumos e 13 Outras Operações com direito a Crédito, nos meses de julho, setembro, outubro e novembro/2007, (...) No âmbito das contribuições sociais apuradas pelo regime não cumulativo, exigese a segregação dos créditos por períodos de apuração devido ao fato de que os créditos, neste regime, são passíveis de ressarcimento segundo requisitos que só são aferíveis dentro do próprio período de apuração. Em outras palavras, é preciso que, em cada período de apuração, exista uma perfeita definição da natureza dos créditos e de que forma o sujeito passivo chegou aos saldos passíveis de ressarcimento. (...) o § 2° do art. 28 da Instrução Normativa RFB n° 900/2008 determina que cada pedido de ressarcimento deverá (I) referirse a um único trimestrecalendário e (II) ser efetuado pelo saldo credor remanescente no trimestrecalendário, líquido das utilizações por desconto ou compensação. (...) os valores demonstrados nas colunas "Base Cofins" e "Base PIS" da tabela acima são glosados pelo AFRFB em razão de se tratarem de créditos extemporâneos, haja vista que se referem a créditos sobre aquisições feitas em períodos anteriores (desde 2002) aos períodos de apurações, conforme se verifica na resposta da empresa ao item 2 do Termo de Intimação Fiscal, de 02/09/2011 Intimado, em 18/05/2012, a apresentar cópias das notas fiscais n° 20891 a 20899 (modelo 1, série 3 notas fiscais de revenda de adubos e fertilizantes), emitidas em 02/07/2007 e justificar o não oferecimento à tributação pelo PIS/Cofins do valor do frete relacionado nas referidas notas, o contribuinte apresentou as cópias solicitadas e informou que, no seu entendimento, o frete deve acompanhar a tributação dos produtos, ou seja, como o adubo e fertilizante tiveram suas alíquotas de PIS e Cofins reduzidas a zero pela Lei 10.925, de 23 de julho de 2004, o frete deveria ter sua alíquota também reduzida a zero. Fl. 923DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 08/02/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 13005.000500/200817 Resolução nº 3301000.218 S3C3T1 Fl. 386 3 Entretanto, inexiste, na legislação vigente, previsão para que o frete relativo ao transporte de mercadorias sujeita a alíquota zero de PIS/Cofins também tenha o mesmo tratamento tributário. O contribuinte informou na linha de Bens Utilizados como Insumos créditos vinculados à receita de venda no Mercado Interno Não Tributado. Entretanto, é sabido que o produto que a empresa vende tanto para o mercado interno como para exportação é o fumo e não existe previsão legal para venda de fumo não tributado no mercado interno. Os créditos informados nesta linha referemse exclusivamente a aquisições vinculadas a receitas de venda no Mercado Interno Tributado e Exportação. Desta forma, conforme prevê a legislação de regência, aplicase aos custos, despesas e encargos comuns à relação percentual existente entre a receita bruta de cada espécie de receita e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Por se tratarem de aquisições geradoras de créditos comuns vinculados à venda no Mercado Interno Tributado e Exportação, devem ser rateados proporcionalmente a estes (...). Em 22/06/2012 foi emitido Parecer com propositura de que fosse parcialmente reconhecido o direito creditório da contribuinte no valor de R$ 91.873,41. Posteriormente, através de Despacho Decisório, a autoridade administrativa cancelou de ofício Despacho Decisório proferido em 23/05/2008, reconheceu parcialmente o direito creditório pleiteado, homologou parte das compensações declaradas (até o limite do crédito disponível) e indeferiu pedido de ressarcimento (PER/DCOMP nº 16852.06780.100108.1.1.089866). Cientificada e não conformada com o despacho proferido pela autoridade administrativa de origem, apresentou a contribuinte sua manifestação contrária, onde aponta, em síntese, os seguintes argumentos: Preliminares: · o crédito ora discutido já foi objeto de homologação integral, consoante Despacho Decisório n° 40, proferido pela DRF em Santa Cruz do Sul (RS), do qual a empresa tomou ciência 18/07/2008 (a mais de 4 anos), cujo processo tem o n° 13005.000500/200817; · a legislação de regência, em especial a Lei n° 9.430, de 1996, não permite que a própria autoridade emitente do mesmo revise sua decisão anterior. Somente o contribuinte, caso se oponha, poderá suscitar a revisão pela DRJ, instância responsável pela eventual revisão. O ato emanado da DRF, homologado pela autoridade administrativa, não pode ser revisto de ofício, sob pena de ofensa a segurança jurídica. Com o despacho homologatório cessa instância da DRF, que não mais poderá rever aquele através de novo ato administrativo, considerandose que a instância da mesma se encerrou; · a condição resolutória perdura entre o pedido de ressarcimento/compensação e a respectiva homologação pela DRF, e não posteriormente a esta como incorretamente pretende aquela autoridade ao rever decisão anteriormente homologada; · não há qualquer embasamento legal na conduta da empresa, apontada como imprópria, havendo de ser declarada a nulidade do processo por falta de indicação no lançamento do Fl. 924DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 08/02/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 13005.000500/200817 Resolução nº 3301000.218 S3C3T1 Fl. 387 4 artigo infringido. Há, também, o correspondente cerceamento de defesa que desta conduta emana (inciso II do art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972). Créditos extemporâneos: · a glosa baseiase em duas suposições: ausência de elementos essenciais para análise dos créditos e necessidade de confinamento de apuração no mês correspondente; · a ausência de elementos essenciais para análise dos créditos não se sustenta, conforme consta no próprio Relatório e tabela produzidos pelo Fisco. Este não pode reclamar da ausência de elementos essenciais, se na planilha apresentada pela empresa há indicação, mês a mês, nas linhas lançadas (DACON), o valor e a origem do crédito realizado; · quanto à necessidade de confinamento como óbice do crédito extemporâneo, este argumento igualmente não se sustenta. As normas estabelecem expressamente que o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes (§ 4° do art. 3o das Leis n°s 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003). O art. 3º destas Leis permite expressamente que o crédito de PIS e COFINS não apropriados em determinado mês, o sejam em períodos subseqüentes, observado o prazo estabelecido pela legislação tributária; · no caso da glosa efetuada, a fiscalização limitouse a alegar que os créditos passíveis de ressarcimento dependem de prévia confrontação entre créditos e débitos dentro do período de apuração, motivo pelo qual desconsiderou o direito creditório quanto aos créditos extemporâneos. Mas: a) a apropriação fiscal de créditos de PIS e COFINS extemporâneos encontra previsão expressa na legislação tributária; b) a apropriação de créditos de PIS e COFINS em período subseqüente, ou seja, de forma extemporânea, além do que previsto na legislação fiscal, não traz qualquer prejuízo à RFB, vez que implica no recolhimento a maior de PIS e COFINS em período de apuração anterior ou em pedido de ressarcimento sem qualquer atualização em período posterior. · a Fiscalização não fez qualquer restrição quanto a natureza dos créditos extemporâneos realizados, ou seja, o tipo de crédito não foi óbice para glosa, nada havendo a ser discutido senão a ausência de elementos essenciais para análise dos créditos e o confinamento de apuração ao mês correspondente. Frete na revenda de bens: · a empresa revende adubos e fertilizantes para produtores rurais, sendo que tais insumos agrícolas são comercializados com alíquota zero de PIS e COFINS (Lei n° 10.925, de 2004). Não há realização de fretes, os quais são executados por transportadores autônomos, sendo que o custo correspondente é suportado pelos produtores rurais. Estes fretes foram acrescidos pelo Fisco na base de cálculo do PIS e da COFINS, ante a argumentação de que não devem ter redução a zero da alíquota, como ocorre na comercialização de adubos e fertilizantes. Os fretes foram, portanto, considerados como receita; · a empresa não tem entre seus objetivos sociais a prestação de serviços de transporte, como comprova seu Estatuto Social. O frete é suportado pelo adquirente (produtor rural), não havendo desconto de crédito, tanto de PIS como de COFINS. A glosa se refere a valores não adicionados à base de cálculo da COFINS, relacionandose a receitas de cessão de créditos de ICMS a outras empresas, resultando daí um débito no valor que foi glosado; Fl. 925DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 08/02/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 13005.000500/200817 Resolução nº 3301000.218 S3C3T1 Fl. 388 5 · não sendo o frete ônus incorrido pela empresa (suportado pelo vendedor), não cabe à empresa descontar crédito e, por conseguinte, incluílo na base de cálculo do PIS e da COFINS para fins de receita. O frete feito por transportador autônomo não gera crédito de PIS e COFINS; · anexa comprovantes que comprovam que não tem no seu objetivo social a prestação de fretes (estatuto social), bem como que repassou o custo do frete aos produtores (nota fiscal e conhecimento). Rateio na apropriação de créditos: · junto ao Plantão Fiscal verificou que os percentuais calculados e apresentados no Relatório Fiscal, relativos ao mercado interno tributado e exportação, se deram em virtude de suposto equívoco de preenchimento do DACON (linhas 01 e 02). No entanto, informou naquelas linhas (Ficha 07A) em relação aos anoscalendário 2007 e 2008, na coluna Receita, o total da Receita Bruta auferida no período (Mercado Interno e Exportação), independentemente de ser tributada ou não pelo PIS e COFINS. O preenchimento do DACON se deu a partir da interpretação do ajuda do Programa DACONMensal 1.1, vigente à época. Na ajuda do Programa DACON MensalSemestral 2.5, vigente atualmente, entendese que devem ser informadas na Ficha 07A (linhas 01 e 02), somente as Receitas Tributadas. A orientação atual orientação diverge da ajuda anterior; · as informações apresentadas no DACON levaram ao cálculo equivocado e distorcido do percentual de receitas de exportação sobre a receita total (período abril de 2007 a dezembro de 2008), feito pelo Fisco. Rateio e apropriação de créditos. Mercado Interno NT – Bens para revenda: · a empresa, diversamente do que foi referido no Relatório Fiscal, lança em bens para revenda as mercadorias para revenda tributadas, que são os materiais agrícolas, e não tabacos como equivocadamente referido no Relatório. Estes são adquiridos para industrialização e são considerados insumos (lançados na linha 02); · no rateio para o Mercado Interno em bens para revenda, o Relatório Fiscal valeuse de proporcionalidade equivocada entre as receitas do mercado interno e exportação. Por conseguinte a aplicação dos percentuais encontrados naquela Tabela, trazem a ilação de que o mercado interno tributado e a exportação em abril de 2007, por exemplo, correspondiam a, respectivamente, 52,60% e 47,40%, quando na verdade era 9,67% e 90,33%. Rateio apropriação de créditos. Mercado Interno NT Insumos · a empresa sempre teve receita de exportação de aproximadamente 90%. A aquisição de tabacos para processamento industrial foi informada na Ficha 06A linha 02 do DACON, juntamente com os demais insumos (material de embalagem, manutenção industrial, combustíveis para máquinas industriais, etc). A Lei nº 11.033, de 2004, não excepciona vendas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de PIS e COFINS para manutenção de créditos; · devem ser considerados todos os custos incorridos na fabricação (mesmo os custos comuns). Quanto às vendas, consideramse inclusive aquelas realizadas com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência, ou seja, mercado interno tributado, não tributado e exportação; · a Fiscalização afirmou ser sabido que o produto que a empresa vende tanto para mercado interno como para exportação é o fumo. Porém, a venda de insumos (alíquota zero) no mercado interno, não foi considerada pela Fiscalização. O produto industrializado pela empresa, quando Fl. 926DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 08/02/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 13005.000500/200817 Resolução nº 3301000.218 S3C3T1 Fl. 389 6 comercializado no mercado interno, se sujeita ao regime de apuração nãocumulativa, o que determina a apuração de crédito nas aquisições de bens vinculadas à receita auferida nas operações de exportação. Diligência: · se alguma dúvida pairar, protesta pela realização de diligência visando confirmar as alegações que fez. Aponta questões a serem investigadas em diligência; · requer seja sua manifestação de inconformidade recebida e provida, tornando se sem efeito as compensações não homologadas e o indeferimento do ressarcimento pleiteado. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre RS indeferiu a manifestação de inconformidade em Acórdão com a seguinte ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 DESPACHO DECISÓRIO. REVISÃO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. Possível a revisão de ofício de despacho decisório de ressarcimento de créditos e homologação de compensação desde que anterior ao decurso do prazo de homologação tácita da compensação. RESSARCIMENTO. COMPENSAÇÃO. COBRANÇA DE DÉBITOS. COMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO. No tocante à compensação, a competência das DRJ limitase ao julgamento de manifestação de inconformidade contra a não homologação de compensação, não se estendendo a questões atinentes à cobrança de eventuais débitos. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Restando clara a base legal utilizada, havendo a correta descrição dos fatos e a apreciação do pedido de ressarcimento ou compensação por autoridade competente, ficam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa. DECISÕES JUDICIAIS. ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. Regra geral, as decisões judiciais e administrativas têm apenas eficácia interpartes, não sendo lícito estender seus efeitos a outros processos, não só por ausência de permissivo legal, mas também em respeito às particularidades de cada litígio. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 REGIME NÃOCUMULATIVO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. TRATAMENTO DE CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. No regime da nãocumulatividade, o ressarcimento/compensação de créditos não aproveitados à época própria (créditos extemporâneos) deve ser precedida da revisão da apuração confronto entre créditos e débitos do período a que pertencem tais créditos, devendo eles ser Fl. 927DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 08/02/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 13005.000500/200817 Resolução nº 3301000.218 S3C3T1 Fl. 390 7 pleiteados em procedimentos repetitórios referentes aos períodos específicos a que pertencem. REGIME NÃOCUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo do PIS nãocumulativo é a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica, excluídas as receitas decorrentes de saídas isentas da contribuição, sujeitas à alíquota zero e as receitas decorrentes da venda de bens do ativo imobilizado. REGIME NÃOCUMULATIVO. VALORES RECEBIDOS A DIVERSOS TÍTULOS. INCIDÊNCIA. A denominação dada a uma receita ou o tratamento contábil a ela dispensado não tem o condão de descaracterizála como faturamento ou excluíla do campo de incidência da contribuição. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 PEDIDO DE DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, deve ser indeferido, por prescindível, o pedido de diligência posto na manifestação de inconformidade. No seu Recurso Voluntário a contribuinte contesta o indeferimento da manifestação de inconformidade e, quanto ao mérito, repete os argumentos apresentados a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre RS, inclusive a solicitação de diligência para dirimir as dúvidas. É o relatório. Fl. 928DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 08/02/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 13005.000500/200817 Resolução nº 3301000.218 S3C3T1 Fl. 391 8 Voto O recurso voluntário é tempestivo, portanto, dele tomo conhecimento. O recente entendimento da maioria das turmas do CARF vem no sentido de que a busca pela verdade material dos fatos deve prevalecer em detrimento de meros requisitos formais, tendo sido aceita a apresentação de provas nas instâncias do contencioso administrativo. Entretanto, tais provas devem vir acompanhadas de demonstrativos específicos e de análise factível. Houve Pedido de Ressarcimento (PER) transmitido pela contribuinte em 10/01/2008, relativo a saldo credor de PIS nãocumulativo exportação do 4º trimestre de 2007, no montante de R$ 138.947,79, combinado com DCOMPs transmitidas entre 06/11/2007 e 10/03/2008. Em 22/06/2012, foi parcialmente reconhecido o direito creditório da contribuinte no valor de R$ 91.873,41. No presente processo, não há discussão acerca do conceito de insumos. Também não há discussão se os produtos em questão dão direito ao crédito do tributo. Entretanto, entendo que a discussão não está suficientemente esclarecida. Assim, considerando que há aparente discrepância entre a escrituração contábil do contribuinte, a Dacon e o Relatório Fiscal e, também considerando a alegação da recorrente de que as informações apresentadas no DACON levaram ao cálculo equivocado e distorcido do percentual de receitas de exportação sobre a receita total, feito pelo Fisco, e que tais informações foram prestadas em indução ao erro pelo sistema "ajuda" do preenchimento da Dacon, proponho a realização de diligência para responder aos seguintes quesitos, relativos ao período de apuração do 4º trimestre de 2007: 1) De acordo com a escrituração contábil do contribuinte, qual o montante e o percentual correto da relação entre os produtos vendidos no mercado interno e os produtos exportados? 2) A proporção encontrada no item 1 é diferente da proporção apresentada no relatório fiscal? 3) Em caso de resposta positiva ao quesito 2, qual o valor a que o contribuinte tem direito como saldo credor de PIS nãocumulativo exportação do 3º trimestre de 2007? Portanto, voto pela conversão do julgamento em diligência a ser realizada pela unidade de circunscrição da contribuinte. Que a contribuinte seja cientificada dessa decisão e do relatório final resultante da diligência e possa, em cada caso, apresentar sua manifestação. Ao final, seja o processo encaminhado à consideração do CARF. Fl. 929DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 08/02/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 13005.000500/200817 Resolução nº 3301000.218 S3C3T1 Fl. 392 9 Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas Relator (ASSINADO DIGITALMENTE) LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Fl. 930DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 08/02/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL
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Numero do processo: 13819.001107/2001-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2000
NULIDADE. VICIO FORMAL. NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO
É nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu. Súmula CARF nº 21.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.215
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para anular o Auto de Infração, por vício formal, em conformidade com a Súmula CARF nº 21.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2000 NULIDADE. VICIO FORMAL. NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO É nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu. Súmula CARF nº 21. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para anular o Auto de Infração, por vício formal, em conformidade com a Súmula CARF nº 21. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
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VICIO FORMAL. NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO É nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu. Súmula CARF nº 21. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para anular o Auto de Infração, por vício formal, em conformidade com a Súmula CARF nº 21. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 00 11 07 /2 00 1- 91 Fl. 65DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.001107/200191 Acórdão n.º 2202003.215 S2C2T2 Fl. 66 2 Contra a contribuinte acima identificada foi lavrado Auto de Infração (fl. 21) relativo ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, do ano calendário de 1999, exercício de 2000, onde foi exigido imposto no valor de R$ 3.717,18, crescido de multa proporcional, no percentual de 75%, importando em R$ 2.829,11 e mais juros de mora calculados com base na taxa Selic. Na autuação, narra a Autoridade Fiscal, em resumo, que constatou omissão de rendimentos tributáveis, recebidos da pessoa jurídica Autoport Transporte S/A, CNPJ: 39.314.968/000128, tendo, conseqüentemente, alterado o desconto simplificado e o imposto de renda retido na fonte. O comprovante de rendimentos e retenção na fonte emitido pela empresa está na folha 7. Irresignada, a Contribuinte apresentou Impugnação que consta da folha 2, onde apenas se manifesta em relação ao valor do imposto retido pela fonte, a título de antecipação, questionando que o lançamento fiscal considerara R$ 399,67, quando o correto seria R$ 3.399,67. Após despacho que determinou o saneamento do processo, com a anexação de documentos essenciais, como o completo Auto de Infração, a DRJ em Brasília/DF manifestouse destacando que a Contribuinte não impugnara a infração capitulada como "omissão de rendimentos" , mas que tinha razão em relação ao valor do imposto de renda retido na fonte. Assim, deuse provimento parcial a sua impugnação, para considerar o valor de R$ 3.399,67, conforme comprovante que consta dos autos. Cientificada dessa decisão em 18/10/2008 (fl. 40), a contribuinte interessada apresentou Recurso voluntário em 28/10/2008 (protocolo na folha 41). Em sede de recurso, diz que "já está pagando valores que não deve" à Receita Federal, porque o débito fora inscrito em dívida ativa; que foi vítima de erro de pessoa que se disse expert em imposto de renda, que nunca recebera os valores lançados como omissão de rendimentos, que na realidade pertenceriam a seu filho, que trabalha na empresa em questão. Diz ainda que não tem condições financeiras de pagar mais esta "multa", tratando de sua situação financeira. Anexa peças e decisões de outros processos administrativos fiscais. REQUER "uma resposta positiva para seu caso." É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. Fl. 66DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.001107/200191 Acórdão n.º 2202003.215 S2C2T2 Fl. 67 3 A numeração de folhas a que me refiro é aquela existente após a digitalização do processo, transformado em meio magnético. (arquivo .pdf) A Delegacia de Julgamento já havia assentado que a Contribuinte, na impugnação, não questionara a omissão de rendimentos apurada pela Fiscalização, destacando a preclusão da matéria, com base no artigo 17 do Decreto nº 70.235, de 1972, com o que concordo plenamente. Assim, tendo já sido sanada a divergência em relação ao valor do imposto de renda retido na fonte, dandose razão à Contribuinte, não haveria o que se julgar, em sede de recurso. Querer a contribuinte reavivar a matéria preclusa, alegando, sem nada provar, que os rendimentos que constam no comprovante emitido pela fonte não são seus, mas de seu filho, implicaria em princípio em supressão de instância processual, posto que não foi submetida á apreciação da DRJ, como deveria. Além dessa questão processual, destaco ainda que não traz a Recorrente provas de que o comprovante emitido pela fonte esteja errado. Observo que consta ela como beneficiária dos rendimentos e não seu filho. Entretanto, verifico que no Auto de Infração, cuja cópia consta da folha 21 e seguintes, não existe a identificação da autoridade lançadora. Os campos "nome", "matrícula" e "assinatura" estão em branco, bem como na cópia que foi enviada à Contribuinte, na folha 5. Ferese, portanto, a determinação obrigatória contida no inciso VI do artigo 10 do Decreto nº 70.235, de 1972. Tenho um entendimento pessoal, em interpretação finalística da norma, na seguinte linha, observando a doutrina de Leandro Paulsen: “Não há requisitos de forma que impliquem nulidade de modo automático e objetivo. A nulidade não decorre propriamente do descumprimento do requisito formal, mas dos seus efeitos comprometedores do direito de defesa assegurado constitucionalmente ao contribuinte já por força do art. 5º, LV, da Constituição Federal. Isso porque as formalidades se justificam como garantidoras da defesa do contribuinte; não são um fim, em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa. Alegada eventual irregularidade, cabe, à autoridade administrativa ou judicial, verificar, pois, se tal implicou efetivo prejuízo à defesa do contribuinte. Daí falar se do princípio da informalidade do processo administrativo.” (PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário....15. ed. Porto Alegre : Livraria do Advogado Editora, ESMAFE, 2013, p.1197) Assim sendo, observase, nestes autos, que a ausência de indicação do nome e matrícula do autuante nenhum prejuízo trouxeram à defesa da Contribuinte, que impugnou e recorreu, demonstrando conhecer a matéria fática e legal nos prazos devidos e dentro de sua lógica dos fatos. Sequer percebeu que não constavam preenchidos tais campos, no Auto de Infração. Fl. 67DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.001107/200191 Acórdão n.º 2202003.215 S2C2T2 Fl. 68 4 Por outro lado, em análise histórica, observo que o Decreto, de 1972, em plena ditadura militar, trazia exigências que se coadunavam com a situação então existente, onde não havia meios de acesso à informação que existem atualmente. Assim, era importante que o contribuinte pudesse identificar, apenas pelo "papel" da Notificação ou Auto, quem o autuara, o que hoje pode fazer mesmo pela internet, com acesso eletrônico. Caso assim não queira, a legislação e a administração pública atuais lhe garantem o pleno acesso a toda e qualquer informação que precisar, na garantia e defesa de seus direitos, se acaso entender imprescindível conhecer, por exemplo, o número da matrícula da autoridade que lavrou o auto de infração, para poder exercer sua ampla defesa. Apesar disso tudo, curvome, por determinação regimental, ao entendimento exposto na Súmula CARF nº 21, de observância obrigatória neste julgamento: "É nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu." CONCLUSÃO Em conclusão, VOTO por dar provimento ao recurso, para anular, por vício formal, o Auto de Infração em discussão. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 68DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 11516.721262/2012-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2009, 2010
AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. ÁGIO. PARTES INDEPENDENTES. EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. POSTERIOR INCORPORAÇÃO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. DEDUTIBILIDADE.
Ao se constatar que o ágio questionado pelo Fisco foi formado em operação de compra e venda de participações societárias, firmada entre partes independentes, baseado em expectativa de rentabilidade futura da investida, e cujo preço foi pago, sendo ainda o preço superior ao valor de patrimônio líquido do investimento, correta a segregação do custo do investimento em valor de patrimônio líquido e ágio. Ao ocorrer, posteriormente, a incorporação da investida pela investidora, a amortização do ágio passa a ser dedutível para fins tributários. Inexistente qualquer acusação de simulação ou outro vício dos atos praticados, e havendo motivação negocial, correta a decisão de primeira instância que afastou essa parte do lançamento.
AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. ÁGIO. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. PARTES INDEPENDENTES. EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. POSTERIOR INCORPORAÇÃO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. DEDUTIBILIDADE.
O instituto da incorporação de ações, previsto no art. 252 da Lei nº 6.404/1976, não proíbe que o critério para determinar a relação de substituição de ações leve em consideração a expectativa de rentabilidade futura. Deve haver equivalência econômica na operação, ou seja, as ações na incorporada são entregues em substituição por novas ações emitidas pela incorporadora, e essas riquezas devem se equivaler. A relação de substituição de ações tem sentido econômico, não sendo possível empregá-la para fins de comparação entre valores patrimoniais. Efetuada a substituição de ações, e sendo o valor do aumento de capital (valor das ações emitidas e entregues) superior ao valor patrimonial das ações recebidas, correta a segregação do custo do investimento em valor de patrimônio líquido e ágio, por imposição do art. 20 do DL 1.598/1977. Ao ocorrer, posteriormente, a incorporação da investida pela investidora, a amortização do ágio passa a ser dedutível para fins tributários. Inexistente qualquer acusação de simulação ou outro vício dos atos praticados, e havendo motivação negocial, deve ser afastada também essa parcela do lançamento.
Numero da decisão: 1301-001.852
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Paulo Jakson da Silva Lucas, que negava provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Wilson Fernandes Guimarães - Presidente
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Hélio Eduardo de Paiva Araújo, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Gilberto Baptista e Wilson Fernandes Guimarães.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2009, 2010 AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. ÁGIO. PARTES INDEPENDENTES. EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. POSTERIOR INCORPORAÇÃO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. DEDUTIBILIDADE. Ao se constatar que o ágio questionado pelo Fisco foi formado em operação de compra e venda de participações societárias, firmada entre partes independentes, baseado em expectativa de rentabilidade futura da investida, e cujo preço foi pago, sendo ainda o preço superior ao valor de patrimônio líquido do investimento, correta a segregação do custo do investimento em valor de patrimônio líquido e ágio. Ao ocorrer, posteriormente, a incorporação da investida pela investidora, a amortização do ágio passa a ser dedutível para fins tributários. Inexistente qualquer acusação de simulação ou outro vício dos atos praticados, e havendo motivação negocial, correta a decisão de primeira instância que afastou essa parte do lançamento. AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. ÁGIO. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. PARTES INDEPENDENTES. EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. POSTERIOR INCORPORAÇÃO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. DEDUTIBILIDADE. O instituto da incorporação de ações, previsto no art. 252 da Lei nº 6.404/1976, não proíbe que o critério para determinar a relação de substituição de ações leve em consideração a expectativa de rentabilidade futura. Deve haver equivalência econômica na operação, ou seja, as ações na incorporada são entregues em substituição por novas ações emitidas pela incorporadora, e essas riquezas devem se equivaler. A relação de substituição de ações tem sentido econômico, não sendo possível empregála para fins de comparação entre valores patrimoniais. Efetuada a substituição de ações, e sendo o valor do aumento de capital (valor das ações emitidas e entregues) superior ao valor patrimonial das ações recebidas, correta a segregação do AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 12 62 /2 01 2- 60 Fl. 5217DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.218 2 custo do investimento em valor de patrimônio líquido e ágio, por imposição do art. 20 do DL 1.598/1977. Ao ocorrer, posteriormente, a incorporação da investida pela investidora, a amortização do ágio passa a ser dedutível para fins tributários. Inexistente qualquer acusação de simulação ou outro vício dos atos praticados, e havendo motivação negocial, deve ser afastada também essa parcela do lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Paulo Jakson da Silva Lucas, que negava provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Wilson Fernandes Guimarães Presidente (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Hélio Eduardo de Paiva Araújo, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Gilberto Baptista e Wilson Fernandes Guimarães. Relatório BRF BRASIL FOODS S.A., já qualificada nestes autos, foi autuada e intimada a recolher crédito tributário no valor total de R$ 31.800.147,09, discriminado no Demonstrativo Consolidado do Crédito Tributário do Processo, à fl. 4661. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito. O presente processo trata sobre Impugnação contra os lançamentos tributários referentes a períodos dos anoscalendários 2008 e 2009, consubstanciados nos seguintes autos de infração: [...] 2. A descrição dos fatos do auto de infração de IRPJ contém as seguintes infrações: 0001 CUSTOS, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS GLOSA DE DESPESAS DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. Fl. 5218DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.219 3 Valor referente a glosa de despesas de amortização de ágio surgido na incorporação da ELEVA S/A, deduzidas indevidamente nos períodos abaixo indicados, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal em anexo, que é parte integrante deste auto de infração. 0002 EXCLUSÕES/COMPENSAÇÕES NÃO AUTORIZADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL EXCLUSÕES INDEVIDAS Valor excluído do Lucro Líquido do período, na determinação do Lucro Real, referente dedução indevida de amortização de ágio surgido na incorporação da ELEVA S/A, conforme Termo de Verificação e Encerramento de ação Fiscal em anexo, que é parte integrante deste auto de infração. 0003 MULTA OU JUROS ISOLADOS FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE BASE DE CÁLCULO ESTIMADA Multa Isolada pela falta de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, sob forma de estimativa mensal com base em balanços de suspensão ou redução, nos períodos abaixo indicados, apurada em razão dos ajustes decorrentes das infrações constatadas pela Fiscalização, tudo conforme consta da planilha "Estimativas Demonstrativo da Multa Isolada 2008" e descrito no "Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal", em anexo, que é parte integrante deste auto de infração. 3. O Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (TVEAF) supracitado encontrase nas fls. 4702/4746 e apresenta os seguintes fatos e argumentos, em síntese: DA INCORPORAÇÃO DAS AÇÕES DA ELEVA E POSTERIOR INCORPORAÇÃO DA INVESTIDA a) Em 21.02.08, a Perdigão concluiu o processo de aquisição da ELEVA Alimentos S.A. (ELEVA) iniciado em 02.01.08, pelo montante total de R$1.676.160.000,00. Este montante é composto de R$764.606.000,00 (46,23%) pagos em dinheiro ao antigo acionista controlador e aos acionistas não controladores da ELEVA e R$911.554.000,00 (53,77%) oriundo da troca de ações da ELEVA por ações da PERDIGÃO aos acionistas remanescentes (controladores e minoritários), com base na relação de substituição (troca) estabelecida no Laudo de Avaliação elaborado pelo Credit Suisse. A PERDIGÃO informou que emitiu 20.000.000 novas ações, que foram entregues aos acionistas da ELEVA para concretizar a incorporação de ações (15.463.349 entregues aos acionistas controladores e 4.536.651 ações foram entregues aos acionistas minoritários da ELEVA). b) Na operação, parte das ações da ELEVA foram adquiridas mediante pagamento em dinheiro, e parte mediante "troca de ações" (demonstrativo abaixo), utilizandose do instituto da incorporação de ações, previsto no art. 252 da Lei das S.A. (a incorporação de ações é um instituto diverso da incorporação de sociedades, que por Fl. 5219DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.220 4 sua vez está prevista no art. 227 da Lei das S.A.) . Com a operação, a ELEVA passou a ser subsidiária integral da Perdigão. c) Em 30/04/2008, a ELEVA foi incorporada pela PERDIGÃO. d) Com relação às ações da ELEVA, tanto na aquisição quanto na incorporação de ações, o preço praticado foi idêntico, ou seja, R$ 25,8162443 por ação e na proporção de 1 ação de emissão da PERDIGÃO para cada 1,74308855 ação emitida pela ELEVA. e) Nesta operação, a PERDIGÃO informou ter apurado um ágio inicial de R$ 1.345.127.894,03, conforme Nota l.c. das Notas Explicativas da DFP do AC 2008, que após os ajustes (atualização, custas, etc) passou para R$ 1.364.029.415,55. f) No caso em foco, se for analisada cada etapa da operação isoladamente concluirseá que todas operações foram realizadas formalmente à luz da legislação especifica (a Lei das Sociedades Anônimas, as Instruções CVM e orientações do Conselho de Contabilidade), de modo que não há neste Termo, nos autos e seus anexos, qualquer infração à referida legislação, uma vez consideradas as operações isoladamente. g) Assim, não é porque o ato encontra proteção em outro campo da disciplina jurídica que essa proteção é transferida para o âmbito fiscal. Eventual ilicitude perante o ordenamento setorial, pertinente ao caso, contamina a conduta do contribuinte e retira a proteção jurídica aos efeitos fiscais do que foi realizado. DA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO Realizada a incorporação da Eleva em 30/04/2008, a Perdigão passou a amortizar fiscalmente o ágio "criado" a partir de maio de 2008, na proporção de 1/120, ou seja, no prazo de 120 meses. Diante do que foi relatado neste Termo e especialmente considerando: a) Que a amortização do ágio, como regra geral, é indedutível para a apuração do lucro real, bem como da base de cálculo da CSLL, conforme previsto no artigo 391 do RIR/99. A possibilidade de deduzila contida nos artigos 7° e 8° da Lei n° 9.532/97 restringese à hipótese em que a pessoa jurídica absorve patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio fundamentado em rentabilidade da coligada ou controlada com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros. b) Que o ágio registrado pela PERDIGÃO é decorrente da utilização de diferentes (díspares) critérios para avaliação e registro do investimento e o registro dos valores da equivalência patrimonial da ELEVA, ou seja, utilização do critério do valor de mercado (Bovespa) para as ações da Perdigão e valor de patrimônio liquido a custo histórico para as ações da ELEVA. Houve tãosomente reavaliação a preço de mercado e contabilização do ágio daí advindo. c) Que a Instrução CVM n° 285, de 31 de julho de 1998, que altera a Instrução CVM n° 247, de 1996, estabelece que o ágio por Fl. 5220DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.221 5 rentabilidade futura é somente aquele que ultrapassar o valor de mercado dos ativos e passivos. Assim, se a PERDIGÃO quisesse considerar algum "ágio por expectativa de rentabilidade futura", deveria considerar somente aquele que ultrapassasse o valor de mercado dos ativos e passivos da ELEVA, incluindo as suas subsidiárias integrais, avaliadas pelos seus valores de mercado. d) Que o ágio apurado na incorporação de ações teve contrapartida no aumento de capital da PERDIGÃO, conforme Ata da AGOE de 30/04/2008, sendo que a empresa não pagou pelo ágio, não sacrificou nenhum ativo, nem tampouco assumiu dívida alguma em troca desse ágio. Pelo contrário, para “pagar” pelo ágio a PERDIGÃO emitiu ações, aumentando seu capital no exato montante do valor das ações incorporadas. Não houve desembolso algum. e) Que a despesa de amortização desse ágio é indedutível porque não se enquadra no conceito de despesa necessária prevista no art. 299 do RIR/99. Primeiro porque essa despesa não foi paga nem jamais será paga pela fiscalizada. Ela não decorreu de consumo ou sacrifício de ativos (presente ou futuro), pois o ágio não foi pago nem o será; tratase de uma despesa fictícia criada para se reconhecer contabilmente a realização de "suposto" um fluxo de rentabilidade futura pelo qual nada se pagou. f) Estáse, portanto, diante de um caso em que uma sociedade beneficiouse de uma dedução prevista na legislação fiscal o art. 386, inciso III, do RIR/1999 sem que tenha havido o correspondente e efetivo pagamento do ágio, daí resultando em dano efetivo ao Erário (Fazenda Publica). g) Aceitar, enfim, a dedutibilidade tributária/fiscal da amortização desse tipo de ágio, sem amparo no fundamento de expectativa de rentabilidade futura e sem o efetivo pagamento seria perenizar um tipo de evasão fiscal, uma vez que a legislação tributária não ampara a dedução de despesas artificialmente criadas. A ilegitimidade da amortização desse ágio fica patente quando se imagina que, apenas baseado em laudos de avaliação e por meio de uma operação de incorporação, o contribuinte pudesse, ao seu arbítrio e de tempos em tempos, reduzir ou até zerar o pagamento de tributos, bastando, para tanto, criar uma despesa fictícia. DOS VALORES GLOSADOS Após termos concluído pela improcedência das exclusões efetuadas pelo sujeito passivo restou recompor as bases de cálculo para, a partir delas, apurar corretamente os tributos devidos em cada período de apuração, bem como, a ocorrência de diferenças a lançar. No processo de recomposição da base de cálculo foram encontradas duas infrações, a dizer: • Falta ou insuficiência de recolhimento das estimativas mensais de IRPJ/CSLL, que implica a apuração da multa isolada sobre os valores não recolhidos no ano de 2008, bem como redução dos prejuízos fiscais para o IRPJ e base de cálculo negativa da CSLL; Fl. 5221DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.222 6 • Falta de recolhimento de IRPJ/CSLL no primeiro e segundo trimestre de 2009, que implica o lançamento dos tributos e de multa proporcional e juros de mora (SELIC), bem como redução dos prejuízos fiscais para o IRPJ e base de cálculo negativa da CSLL em todos os períodos fiscalizados. O "Demonstrativo da Multa Isolada 2008" aponta as bases de cálculo recompostas do IRPJ e da CSLL, bem como, apura as diferenças nas estimativas e conseqüentes multas isoladas devidas no ano calendário de 2008. Essas planilhas encontramse juntadas a este Termo e auto de infração, no processo administrativo de exigência do IRPJ e CSLL, no item "Planilhas de Apuração dos Tributos". Os valores glosados em bases mensais e no Ajuste Anual em 2008 e na apuração trimestral em 2009, como exclusões indevidas das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL são informados nas referidas planilhas. a) Ano 2008: No ano, através da conta contábil de despesas 6320 Amortização de Ágio em investimentos, o contribuinte deduziu na apuração de seu lucro liquido, despesas de amortização de ágio na aquisição de investimentos na Eleva S/A, no valor de R$ 90.704.839,79, conforme cópia do referido razão contábil e "Demonstrativo de Apuração e Amortização Fiscal do Ágio", apresentado pela BRF, em resposta a intimação fiscal. b) Ano 2009: No ano de 2009 a "BRF" não realizou amortização de ágio em sua escrita contábil. Entretanto, realizou a exclusão do lucro liquido de valores referentes a amortização fiscal de ágio de Eleva S/A na apuração das bases de cálculo do IRPJ e CSLL devidos em cada trimestre, conforme "Demonstrativo de Apuração e Amortização Fiscal do Ágio" apresentado pela BRF em atendimento a intimação fiscal e conforme se verifica na parte "A", folhas de apuração do Lucro Real — LALUR, Livros de n° 14 a 17, relativos ao ano de 2009. DA MULTA ISOLADA FALTA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS A fiscalizada, como já dito antes, apurou no ano calendário de 2008, Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Liquido com base no lucro real com determinação anual, o que implica em recolhimentos mensais por estimativa, que neste caso a opção foi, pela apuração com base em Balanço ou Balancete de Suspensão ou Redução, nos meses de maio a dezembro 2008. As glosas de despesas (exclusões) operadas pela Fiscalização repercutiram na determinação da base de cálculo da estimativa mensal para recolhimento obrigatório do IRPJ e CSLL. Elaboramos uma planilha "Estimativas IRPJ e CSLL Demonstrativo de Multa Isolada 2008" contemplando esta situação, que em verdade, deveria ser apuração procedida pelo contribuinte à época dos fatos (cópia integrante do PAF item "Planilhas Apuração dos Tributos"). 4. Cientificado pessoalmente dos autos de infração em 18/05/2012, o contribuinte apresentou impugnação em 18/06/2012 (fls. 4748), com os seguintes argumentos: Fl. 5222DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.223 7 a) Ao contrário do entendimento manifestado pelo Agente Fiscal, o laudo de avaliação em questão não tomou como base para definição do valor da companhia o valor das ações cotadas na Bovespa (que, nos termos do laudo de avaliação, no caso da Eleva, variaram de R$ 14,78 a R$ 24,84). b) Conforme consta no termo de verificação fiscal (fls. 32 do referido documento), na operação de aquisição da Eleva foi gerado um ágio fiscal, correspondente à diferença entre o custo de aquisição das ações da Eleva (R$1.679.175.000,00) e o valor do patrimônio líquido adquirido (R$315.146.000,00), no valor total de R$1.364.029.000,00, amortizável em 120 (cento e vinte) meses. c) A operação de aquisição pode ser subdividida, em três operações diferentes: (i) operação de compra e venda de parte das ações detidas pelos acionistas majoritários da Eleva, mediante pagamento em dinheiro; (ii) Oferta Pública de Aquisição de controle (OPA), para aquisição das ações detidas pelos acionistas minoritários; e (iii) incorporação do restante das ações da Eleva mediante emissão de ações da impugnante. d) A argumentação do Agente Fiscal acerca da inexistência de pagamento ou preço da operação não tem qualquer aplicabilidade para as operações em que a aquisição foi feita mediante compra e venda com pagamento em dinheiro. Contudo, a fiscalização houve por bem apenas elencar diversas alegações, como se fossem válidas para todas as etapas da operação, que não possuem fundamento ou aplicabilidade, o que dificulta a compreensão pela impugnante das acusações fiscais e a elaboração da presente defesa. e) O termo de verificação fiscal é extenso e possui considerações sobre a invalidade da formação do ágio, sem que fosse esclarecido se as acusações são válidas para as três etapas acima descritas ou se para apenas parte delas. Daí não ter a impugnante certeza a respeito das acusações fiscais que lhe foram imputadas, em evidente prejuízo ao seu direito de defesa, fato que, por si só, invalida o trabalho fiscal. Ferimento ao art. 142 do Código Tributário Nacional e descrição imprecisa das acusações implica vício na motivação do lançamento, o que afronta o art. 2º da Lei n. 9784, de 1999. f) Para a pessoa jurídica investidora, a amortização contábil dos ágios ou deságios não integra o lucro tributável (art. 25 do DecretoLei n° 1.598, de 1977), somente vindo a ser prevista a sua consideração nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL se ocorrer um dos fatos descritos no art. 7° da Lei n. 9.532, de 1997, e segundo as respectivas condições, que são variáveis de caso para caso. g) O custo total de aquisição tem que ser decomposto entre valor do investimento segundo o valor patrimonial contábil da investida (art. 20, inciso I, e parágrafo 1°, e art. 21, do DL 1.598/77) e o valor do ágio ou deságio (art. 20, inciso II, e parágrafo 1°), devendose, para essa segregação, atender aos parágrafos 3° e 4° do art. 20 quanto ao fundamento econômico do ágio ou deságio. h) É irrelevante o título jurídico pelo qual o investimento tenha sido adquirido, podendo a aquisição ter ocorrido por qualquer ato ou Fl. 5223DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.224 8 negócio jurídico (compra, permuta, subscrição de capital, incorporação de pessoa jurídica, incorporação de ações), isto porque não há no art. 20 do DL 1.598/77 qualquer limitação do seu alcance. Em qualquer caso de aquisição onerosa de propriedade, necessariamente há uma contraprestação e esta representa o custo da aquisição, a ser desdobrado de acordo com as regras do art. 20. i) A aquisição aparece na norma do art. 20 não como parte do seu antecedente, onde deveria estar se compusesse a hipótese fática na norma, pois aparece como parte do conseqüente, para fixar o elemento temporal para a aplicação da norma. j) O Acórdão n° 10708656, tratando de perda de capital, aceitou o ágio formado em subscrição da participação societária, enquanto que o Acórdão n° 10516774 declarou textualmente que “a subscrição é forma de aquisição e o tratamento do ágio apurado nessa circunstância deve ser o mesmo que a lei admitiu para a aquisição das ações de terceiros”. O mesmo ocorreu no julgamento de ágio formado em aquisição mediante aumento de capital com entrega de ações em troca das conferidas, o qual está consubstanciado no Acórdão n° 110100354. No mesmo sentido foi o entendimento proferido no Acórdão n° 110100708, que reconheceu a validade do ágio apurado na subscrição de capital em bens, sem que tenha ocorrido o pagamento em dinheiro. k) A disposição contida no artigo 14 da Instrução CVM nº 247 não é aplicável para fins tributários, dada sua flagrante contradição com o art. 20 do DL 1598 e com o art. 7º da Lei nº 9532, de 1997, pois, ao contrário do disposto na regra fiscal, que determina ser o ágio a diferença entre o custo de aquisição e o valor do patrimônio líquido da sociedade adquirida, a norma regulatória determina ser o ágio a diferença entre o custo de aquisição e o valor de mercado dos ativos da sociedade adquirida. l) Descabe a multa isolada, conforme decisões do CARF, porque o pagamento mensal das estimativas constituise em mera técnica de arrecadação fiscal. Uma vez encerrado o período de apuração, não há mais falar em sua imposição, pois será exigível apenas a diferença devida a título de IRPJ e CSLL anuais. m) Deve ser afastada a incidência dos juros de mora sobre os valores da multa de ofício, pois a lei somente prescreve a aplicação do referido encargo sobre as multas isoladas. n) [Aduziu decisões administrativas] A 4ª Turma da DRJ em Fortaleza/CE analisou a impugnação apresentada pela contribuinte e, por via do Acórdão nº 0825.811, de 26/06/2013 (fls. 4921/4948), considerou procedente em parte o lançamento, com a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008, 2009 LANÇAMENTO. NULIDADE. Fl. 5224DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.225 9 Sem a demonstração da existência de prejuízo concreto, não há falar em cerceamento do direito de defesa, inocorrendo, pois, nulidade do lançamento fiscal. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009 ÁGIO. DEFINIÇÃO LEGAL. O ágio é a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor da proporção adquirida do patrimônio líquido da investida, na época da aquisição, determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação. AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. PERMUTA DE AÇÕES. EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. ÁGIO. Na aquisição de participação societária realizada por meio de permuta de ações, o custo de aquisição para fins de cálculo do ágio é determinado pelo valor patrimonial do conjunto de ações dadas em pagamento. A inclusão da expectativa de rentabilidade futura da adquirente no custo de aquisição da participação societária viola o princípio contábil da prudência e viola o artigo 20 do Decreto Lei nº 1.598, de 1977. MULTA ISOLADA. ESTIMATIVA MENSAL. Aplicase a multa de 50%, exigida isoladamente, sobre o valor não pago da estimativa mensal de IRPJ, calculada com base na receita bruta ou em balancete de suspensão/redução, ainda que o lançamento tenha ocorrido após o fim do anocalendário correspondente. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2008, 2009 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. MULTA ISOLADA. Tratandose da mesma matéria fática, e não havendo aspectos específicos a serem apreciados, ao lançamento decorrente aplicase a mesma decisão do principal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009 JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. No AgRg no REsp 1.335.688PR, a 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento das duas turmas que lhe compõem, no sentido de que “é legítima a incidência de Fl. 5225DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.226 10 juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário”, referenciando os seguintes precedentes: REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/09/2009; e REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 02/06/2010. Por relevante, é de se esclarecer que o acórdão de primeira instância manteve o lançamento na parte relativa ao alegado ágio gerado pela permuta de ações, bem como as respectivas multas isoladas e os gravames moratórios. Como o sujeito passivo foi exonerado de crédito tributário (principal e multa) em valor superior ao limite de alçada (R$ 1.000.000,00), a Turma Julgadora recorreu de ofício a este Colegiado. À época, esse procedimento era disciplinado pelo art. 34 do Decreto nº 70.235/1972, com as alterações introduzidas pela Lei nº 9.532/1997, e, ainda, pela Portaria MF nº 3/2008. Ciente da decisão de primeira instância em 22/08/2013, conforme Aviso de Recebimento à fl. 4961, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 20/09/2013 conforme carimbo de recepção à folha 4962. No recurso interposto (fls. 4963/5022), após historiar o ocorrido, sob sua ótica, a recorrente reitera, preliminarmente, suas alegações acerca de nulidade do lançamento por cerceamento ao seu direito à ampla defesa e ao contraditório. Sustenta que o termo de verificação fiscal é extenso, e conteria acusações sobre a invalidade da formação do ágio, sem que fosse esclarecido se as acusações seriam válidas para as três etapas da operação descritas ou se apenas para parte delas. Isto teria restado claro pela decisão de primeira instância, ao decidir que aquelas considerações não teriam qualquer aplicação à operação de compra e venda com pagamento em dinheiro. No mérito, traz os argumentos abaixo sintetizados: Inicialmente, a recorrente busca situar e esclarecer o processo de reestruturação de negócios e expansão de suas atividades, especialmente a operação de aquisição da sociedade Eleva, que teria ocorrido em três etapas distintas, a saber (fl. 4972): Iniciando o processo de aquisição da Eleva, na primeira etapa da operação, a Recorrente adquiriu ações dos controladores, representativas de 35,74% [...] do capital social da Eleva, nos termos do “Contrato de Compra e Venda de Ações e Outras Avenças” (fls. 3440/3479), firmado em 30.10.2007, mediante pagamento em dinheiro. Posteriormente, dando continuidade ao processo de aquisição da Eleva, a companhia efetuou liquidação financeira de aquisição das ações detidas pelos acionistas minoritários, nos termos do “Edital de Oferta Pública para Aquisição de Ações Ordinárias de Emissão da Eleva Alimentos S.A.”, devidamente registrada na Comissão de Valores Mobiliários em 11.1.2008 (fls. 3774/3784). Ato subsequente, houve a aquisição do restante das ações detidas pelos acionistas controladores da Eleva mediante incorporação de ações, nos termos do disposto no art. 252 da Lei n. 6404, por meio da qual a Eleva passou a ser subsidiária integral da Recorrente. Fl. 5226DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.227 11 A interessada enfatiza que as partes envolvidas na operação optaram pela utilização do laudo de avaliação de ambas as sociedades elaborado pelo Credit Suisse, com base no método do fluxo de caixa descontado, para todas as etapas da operação, e especialmente para cálculo da relação de substituição de ações da sociedade Eleva por ações da Recorrente. Com isso, “na operação de aquisição da Eleva foi gerado um ágio fiscal, correspondente à diferença entre o custo de aquisição das ações da Eleva (custo total da operação no valor de R$ 1.679.175.000,00) e o valor do patrimônio líquido adquirido (correspondente a R$ 315.146.000,00), no valor total de R$ 1.364.029.000,00”. Após a incorporação da Eleva pela Perdigão, o ágio passou a ser amortizável para fins fiscais. A discriminação dos valores estaria à fl. 3495 do processo. A recorrente ressalta que a fiscalização não teria tecido qualquer consideração a respeito do valor do preço de venda das ações na primeira etapa, tampouco da OPA na segunda etapa nem mesmo o preço de emissão na operação de incorporação de ações. Os questionamentos do auto de infração estariam relacionados ao valor do ágio apurado (no entender do Fisco, deveria ser residual em relação ao valor de mercado dos bens do patrimônio líquido da investida); ao fundamento econômico do ágio (segundo o Fisco, seria de mais valia de ativos); e a falta de desembolso de caixa, principalmente. A decisão recorrida teria inovado, ao questionar os critérios de avaliação das ações da Perdigão dadas em pagamento na aquisição das ações da Eleva, inovação que não seria admissível, por trazer argumentos não cogitados pelo Fisco, quando da lavratura do auto de infração. Apesar da nulidade da decisão recorrida, trazida pela inovação, lembra que esta pode ser superada se, no mérito, a autuação for cancelada, o que requer. A interessada reclama, ainda, que a decisão recorrida, mesmo tendo admitido o ágio na operação de compra realizada, desconsiderando somente aquele surgido na operação de incorporação de ações, deixou de considerar o valor do ágio apurado na Oferta Pública de Ações, em que teria havido efetiva liquidação financeira da operação, conforme reconhecido pela fiscalização. A recorrente passa, então, a combater o entendimento do acórdão recorrido (inovação, por sua ótica), de que a interessada não poderia ter considerado o valor de mercado das suas ações como custo de aquisição do investimento na Eleva, na etapa de incorporação de ações. Transcreve o art. 252 da Lei nº 6.404/76, que disciplina o instituto da incorporação de ações, e colaciona doutrina sobre o assunto. Conclui que (fls. 4989 e segs.): A função prática do ato jurídico de incorporação de ações é a transferência do seu domínio dos acionistas de uma determinada companhia para outra, de maneira a que aquela se torne subsidiária integral desta, com a contrapartida da entrega, por esta, de ações do seu capital aos acionistas detentores da ações incorporadas; portanto, há alienação das ações incorporadas, feita pelos respectivos titulares, e a aquisição, por estes, de novas ações da companhia incorporadora. [...] Toda aquisição, como visto, pressupõe uma contraprestação e, no caso da incorporação de ações, não é diferente. É evidente que a “troca” de ações pelos antigos acionistas da Eleva, que receberam ações da Perdigão, represente o pagamento de uma contraprestação pela Recorrente. Isto porque, ao contrário do entendido pelo Sr. Agente Fiscal, houve um desembolso pela Perdigão, i.e., houve o Fl. 5227DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.228 12 pagamento do preço do valor das ações, tal como acordado pelas partes, mediante a entrega de suas ações. [...] O pagamento corresponde, a todo rigor, ao adimplemento de qualquer obrigação, sendo, portanto, irrelevante se for feito em dinheiro ou em bens. Sustenta a recorrente que o acórdão recorrido terseia equivocado ao equiparar a operação de incorporação de ações a uma permuta, e discorre sobre as diferenças entre esses institutos. Aduz (fl. 4993) que, “sendo a incorporação de ações forma de aquisição onerosa de propriedade (tal como reconhecido pela própria decisão recorrida) necessariamente há uma contraprestação, e esta representa o custo da aquisição, a ser desdobrado de acordo com as regras do art. 20”. No que toca à avaliação do valor das ações na incorporação de ações, a interessada pondera que (fls. 4995/4996): Ao incorporar as ações de uma companhia, a dita incorporadora emite novas ações, como contraprestação ao recebimento das ações incorporadas. Essas novas ações emitidas pela incorporadora são moeda de troca com os acionistas da companhia cujas ações são incorporadas e, como tal, devem possuir um preço. Esse preço, utilizado como moeda de troca, é justamente o valor atribuído a elas quando do aumento de capital da companhia incorporadora (a própria Lei n. 6404 utiliza o termo “preço de emissão”). Insistase: a entrega das novas ações da companhia dita incorporadora ocorre como contraprestação pelo recebimento das ações incorporadas, que passam a ser de titularidade da empresa incorporadora, E como a lei estabelece que essa emissão possui um preço, esse será o custo da incorporadora pela aquisição do investimento. Reportase ao art. 264 da Lei nº 6.404/1976 e sustenta haver cumprido integralmente o ali disposto. Acrescenta que a decisão recorrida teria confundido o critério de apuração do valor de ações com o fundamento econômico do pagamento do ágio gerado. Afirma, ainda, que o acórdão combatido teria entendido que o correto não seria considerar o valor das sociedades apurado com base no fluxo de caixa descontado, devendo ser considerado o valor patrimonial das ações da referidas companhias, sem trazer qualquer fundamentação legal para esse critério. A recorrente sustenta ser descabido o entendimento do Fisco de que o ágio teria sido “criado” pelas empresas envolvidas e que as operações teriam o fim último de amortização do ágio. Ao contrário, afirma que a operação teve evidente propósito negocial, o que teria ficado evidenciado pela decisão recorrida, ao reconhecer o ágio em uma parte da operação. Também seria descabida qualquer afirmação sobre tratarse de “ágio de si mesmo”, por se estar diante de operação realizada com terceiros, em que há o efetivo desembolso de recursos, seja em dinheiro, seja mediante entrega de ações. A interessada passa, então, a discorrer sobre outros argumentos, suscitados pela Fiscalização, e que não teriam sido mantidos pela decisão recorrida. Com isso, pretende afastar quaisquer dúvidas sobre a validade do ágio gerado na aquisição da Eleva. Trata dos Fl. 5228DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.229 13 seguintes tópicos: (a) regime jurídico no qual aparecem os ágios; (b) fundamentação do ágio (no seu caso, rentabilidade futura). A recorrente aduz argumentos contrários às multas exigidas isoladamente por falta/insuficiência no recolhimento de estimativas mensais, no anocalendário 2008. A recorrente sustenta a inaplicabilidade de juros sobre a multa de ofício. Contrarrazões da Fazenda Nacional A Fazenda Nacional, por seu Procurador, com base no § 2º do art. 48 do Regimento Interno do CARF em vigor, apresentou suas contrarrazões (fls. 5103/5141) ao recurso voluntário interposto pela contribuinte. Após sintetizar, sob sua ótica, os fatos, a autuação, a decisão de primeira instância e o recurso voluntário, a Fazenda Nacional passa a expor seus argumentos, os quais entende que podem conduzir ao reestabelecimento integral do auto de infração lavrado. Segue apertada síntese. Inicialmente, a Fazenda Nacional busca refutar o argumento da contribuinte, de que a Fiscalização não teria tratado de forma individualizada cada uma das situações abarcadas pela autuação (fl. 5108): Ocorre, entretanto, que o exclusivo propósito tributário que permeou a operação, afastandose de um desejável propósito negocial, é circunstância que atinge todas as modalidades de aquisição envolvidas na aquisição global da Eleva. [...] A ausência de propósito negocial macula, como veremos a seguir, toda a operação de aquisição, e não apenas a parcela envolvendo o suposto ágio pago na incorporação de ações da Eleva pela Perdigão. A amortização fiscal do ágio como grande motivo para se realizar a aquisição da Eleva já teria sido identificada e apontada pela fiscalização desde o início, e consta inclusive como Fato Relevante divulgado pela Perdigão em 30/07/2007 e também no item 6.1 do Protocolo e Justificação de Incorporação de Ações. À fl. 5110 assim se manifesta a douta PFN: Quando no Protocolo e justificação de Incorporação se afirma que “as administrações da Perdigão e da Eleva entendem que a operação societária criará valor para os acionistas de ambas as companhias”, estamos exatamente diante do real objetivo perseguido, que é a “criação” de valores, através de uma reavaliação a preço de mercado das ações dos acionistas da Eleva, trazidas para dentro da Perdigão (incorporadas) a custo zero e ainda gerando despesas de amortização do ágio “criado”, reduzindo o Imposto de Renda Pessoa Juridica – IRPJ e Contribuição Social sobre o Lucro líquido – CSLL da Perdigão, beneficiando os acionistas em geral, inclusive os exacionistas de Eleva, agora acionistas da Perdigão. Prossegue a PFN, sustentando que não seria apenas a ausência de propósito negocial a impedir o aproveitamento fiscal do ágio. Especificamente no que toca à incorporação de ações, a PFN lembra que “a Fiscalização (fls. 16 do TVF) analisa a relação de troca (substituição) das ações, que deve ser equitativa, concluindo que os critérios utilizados para determinar a relação de substituição podem ser os mais variados possíveis, desde que Fl. 5229DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.230 14 visem a substituir de forma justa os direitos dos sócios, que se extinguirão pela entrega de suas ações”. Após historiar os valores das ações de Perdigão e Eleva, a PFN conclui (fls. 5111/5112): Neste caso especificamente, não há que se falar em ágio, uma vez que as ações adquiridas e as trocadas foram avaliadas (laudo de avaliação) pelo valor econômico, com base na expectativa de rentabilidade futura, cujos valores por ação, tanto da Perdigão quanto da Eleva, correspondem ao valor de mercado, calculado pela média ponderada dos preços praticados na “Bovespa” no período de 31/10/2007 a 10/11/2007, data de referência da transação. Tanto na "Incorporação de Sociedades", quanto na "Incorporação de Ações" não há que se falar em "Preço de Emissão das Ações", uma vez que, as normas relativas às duas formas de incorporação determinam a adoção da "Relação de Substituição" dos direitos dos sócios por ações representativas do capital social da incorporadora como garantia a equitatividade econômica a ser preservada para as partes envolvidas. Assim sendo, não há preço, no sentido próprio, porque um dos figurantes promete um bem, que não é dinheiro, e o outro figurante promete outro bem, que não é dinheiro. Nestes casos o comprador e vendedor se equivalem, pois há troca sempre que se presta direito de propriedade, ou posse, e se contrapresta outro direito de propriedade, ou posse, ou qualquer outro direito, inclusive o direito a alguma quantia certa. Assim sendo, não se caracteriza qualquer pagamento de ágio na operação. No caso sob análise, quanto à incorporação de ações, os direitos e deveres de cada uma das empresas envolvidas foram criados e extintos na mesma proporção, ou seja, em condições de igualdade, sem prejuízo para nenhuma das partes, sem geração ou alteração da riqueza nem pagamento de sobrepreço (ágio), até porque não houve nenhum sacrifício de ativo ou efetivo pagamento pelas ações da Eleva. [...] O ágio apurado na incorporação de ações teve como contrapartida no aumento de capital da Perdigão, conforme Ata da AGOE de 30/04/2008, ou seja, a empresa não pagou pelo ágio, não sacrificou nenhum ativo, nem tampouco assumiu dívida alguma em troca desse ágio. Pelo contrário, para “pagar” pelo ágio a Perdigão emitiu ações, aumentando seu capital no exato montante do valor das ações incorporadas. Não houve desembolso algum. Estáse, portanto, diante de um caso em que uma sociedade pretende beneficiarse de uma dedução prevista na legislação fiscal o art. 386, inciso III, do RIR/1999 sem que tenha havido o correspondente e efetivo pagamento do ágio, daí resultando em dano efetivo ao Erário. A quantificação do ágio tomou por base valores estabelecidos pelas diretorias da Perdigão e Eleva, próximos (intermediários), porém não idênticos, aos estabelecidos nos laudos de avaliação pelo valor econômico das ações das duas empresas ou no preço médio ponderado das ações no período de 31/10/2007 a 10/11/2007 na Bovespa de R$ 47,12 ações da Perdigão e R$ 24,84 ações da Eleva, conforme consta do Laudo de Avaliação elaborado pela Credit Suisse, tendo utilizado para cada ação de emissão da Perdigão o valor de R$ 45,00 e para as ações Fl. 5230DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.231 15 de emissão da Eleva de R$ 25,8162443 e relação de substituição de 1,74308855 ações da Eleva para cada 1 (uma) ação de emissão da Perdigão. Inconcebível imaginar que numa relação de substituição, as duas partes firmassem protocolo de intenções com tamanho prejuízo para uma delas. As próprias administrações entenderam justa a relação de troca. [...] Dessa forma, a autuação deverá ser mantida integralmente, inclusive a glosa de prejuízos fiscais e a multa isolada pela falta de recolhimento das estimativas do ano de 2008, sobretudo por encontrar amparo em sedimentada jurisprudência do CARF. A Fazenda Nacional aduz, ainda, razões pela possibilidade de cumulação da multa isolada e da multa de ofício, por se tratar de materialidades distintas, lembrando ainda que se cuida de fatos geradores posteriores à MP 351/2007. A Fazenda Nacional aduz razões pela incidência de juros sobre a multa de ofício. A Fazenda Nacional conclui com o pedido de provimento ao recurso de ofício e de desprovimento ao recurso voluntário. É o Relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator Quanto à admissibilidade do recurso de ofício, devese ressaltar o teor do art. 1º da Portaria MF nº 3, de 03/01/2008, publicada no DOU de 07/01/2008, a seguir transcrito: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). No caso em tela, ao somar os valores correspondentes a tributo e multa afastados em primeira instância (fl. 4960), verifico que superam o limite de um milhão de reais, estabelecido pela norma em referência. Portanto, o recurso de ofício é cabível, e dele conheço. Da mesma forma, o recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Inicialmente, para maior clareza, devo estabelecer as duas etapas ou fases em que se dividiu a operação de aquisição da totalidade das ações da Eleva pela Perdigão. Antes Fl. 5231DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.232 16 dessa operação, as ações da Eleva pertenciam a um grupo de acionistas majoritários e controladores (que serão doravante referidos como Família Shan), além de acionistas minoritários. Ao longo do presente processo, as partes atribuíram nomes, letras ou números diferentes às diversas etapas, o que pode causar alguma dificuldade no entendimento. Para os fins deste voto, serão referidas as fases (1) e (2), a seguir especificadas. 1) Primeira etapa da operação: em 02/01/2008 a Perdigão adquiriu 23.170.156 ações da Eleva, até então de propriedade da Família Shan, representativas de 35,74% do capital social da Eleva, nos termos do “Contrato de Compra e Venda de Ações e Outras Avenças” (fls. 3440/3479), firmado em 30.10.2007, mediante pagamento em dinheiro. Cláusula 3.1 do Contrato, fl. 3452. Ainda dentro desta etapa, a Perdigão adquiriu, mediante pagamento em dinheiro, parte das ações da Eleva detidas pelos acionistas minoritários, nos termos do “Edital de Oferta Pública para Aquisição de Ações Ordinárias de Emissão da Eleva Alimentos S.A.”, (fls. 3774/3784). O total, incluindo pagamentos a controladores e minoritários, foi de R$ 764.606.000,00 (46,23% das ações). Vide TVF fl. 4713 e demonstrativo do contribuinte à fl. 3495. A parte da autuação correspondente a esta fase foi afastada em primeira instância, e é objeto do recurso de ofício. 2) Segunda etapa da operação: A Perdigão adquiriu o restante das ações (53,77%) detidas pelos acionistas controladores e minoritários da Eleva mediante incorporação de ações, nos termos do disposto no art. 252 da Lei nº 6.404/1976, por meio da qual a Eleva passou a ser subsidiária integral da Perdigão. Em substituição às ações da Eleva recebidas, foram entregues 20.000.000 de ações da Perdigão (15.463.349 + 4.536.651), às quais foi atribuído o valor de R$ 911.554.000,00, com a relação de 1 ação da Perdigão para 1,74308855 ação da Eleva. A parte da autuação correspondente a esta fase foi mantida em primeira instância, e é objeto do recurso voluntário. Ao final, a interessada demonstrou o ágio por ela apurado no valor total de R$ 1.364.029.000,00, como sendo a diferença entre o custo total da operação (no valor de R$ 1.679.175.000,00) e o valor do patrimônio líquido adquirido (correspondente a R$ 315.146.000,00). Vide fl. 3495. Após a incorporação da Eleva pela controladora Perdigão, o ágio passou a ser amortizado, para fins fiscais, pela sociedade incorporadora. RECURSO DE OFÍCIO Sobre a etapa (1), acima, creio não haver maiores controvérsias. Tratase de operação de compra e venda, firmada entre partes independentes, sendo o preço livremente estabelecido em condições de mercado. Desde que o preço pago superou o valor de patrimônio líquido do investimento adquirido, correta a segregação em valor de patrimônio líquido e ágio, a teor do art. 20 do DL 1.598/77. Quanto à classificação do ágio, segundo seu fundamento econômico, o Fisco afirmou que somente poderia ser classificado como expectativa por rentabilidade futura aquilo que ultrapassasse o valor de mercado dos ativos e passivos da Eleva, avaliados a valor de mercado (TVF, fl. 4725). Esse entendimento, todavia, foi superado pela decisão de primeira instância, confirase o parágrafo a seguir transcrito, do voto vencedor do acórdão recorrido (fl. 4946): Considerando o valor total dessa operação e a quantidade de ações negociadas, concluise que foi praticado o preço de R$ 25,81624453 por ação, o que é compatível com o valor encontrado pela Credit Suisse ao aplicar o método do Fl. 5232DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.233 17 fluxo de caixa descontado (R$ 25,04 por ação). Portanto, podese concluir que esse ágio é devido a uma expectativa de rentabilidade futura (goodwill) e é passível de amortização, conforme a legislação tributária. Além das razões acima, registrese que a classificação e o cálculo do ágio, à época, eram regulados pelas disposições do art. 20 do DL nº 1.598/1977, para as empresas optantes pelo RTT, situação da interessada (vide documentos às fls. 5165/5166). Diante disso, a metodologia de cálculo adotada pelo Fisco foi corretamente afastada. A decisão de primeira instância afastou as exigências sobre a amortização do ágio formado nesse etapa (1), e não faço aí qualquer reparo. Sustenta a Fazenda Nacional que o negócio estaria maculado pela falta de propósito negocial, tendo sido firmado com o “grande motivo” de aproveitamento fiscal do ágio. Com todo o respeito, devo divergir. O grande motivo para a operação foi a aquisição da Eleva pela Perdigão. O negócio foi firmado entre o grupo Perdigão e o grupo controlador da Eleva, nada havendo nos autos que permita concluir que se tratasse de partes de alguma forma relacionadas ou sob controle comum. A transferência foi de fato realizada, passando a Eleva à condição de subsidiária integral da Perdigão. A questão, então, reside na forma como foi conduzida a operação, primeiro com a aquisição, em dinheiro, de parte das ações da Eleva, a seguir com a aquisição, mediante incorporação de ações, da parcela restante das ações da Eleva e, finalmente, com a incorporação da Eleva. Se esse caminho passou pela formação de ágio e, a seguir, permitiu sua amortização para fins fiscais, tenho que se trata de benefício adicional ao fim pretendido e conseguido, não se podendo exigir que o contribuinte adotasse um caminho que lhe fosse mais oneroso para conseguir seus objetivos societários precípuos, a saber, a expansão e reorganização de suas atividades empresariais. Observo, finalmente, que o Fisco fez lavrar a autuação com multa de 75% e em momento algum afirmou a presença de simulação ou de outra prática dolosa. Com esses fundamentos, nego provimento ao recurso de ofício, mantendo a decisão que afastou a tributação sobre a parcela do ágio formado na aquisição de ações da Eleva até então de propriedade dos acionistas controladores e minoritários desta ultima, mediante pagamento em dinheiro (fase (1), antes referida). Por consequência, também são afastadas as multas isoladas e encargos incidentes sobre as parcelas afastadas. RECURSO VOLUNTÁRIO A discussão se adensa ao se analisar a etapa (2). Aqui não houve pagamento em dinheiro pelas ações da Eleva recebidas pela Perdigão. As partes se valeram do instituto da incorporação de ações, de que trata o art. 252 da Lei nº 6.404/1976, verbis (grifos não constam do original): Art. 252. A incorporação de todas as ações do capital social ao patrimônio de outra companhia brasileira, para convertêla em subsidiária integral, será submetida à deliberação da assembléiageral das duas companhias mediante protocolo e justificação, nos termos dos artigos 224 e 225. Fl. 5233DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.234 18 § 1º A assembléiageral da companhia incorporadora, se aprovar a operação, deverá autorizar o aumento do capital, a ser realizado com as ações a serem incorporadas e nomear os peritos que as avaliarão; os acionistas não terão direito de preferência para subscrever o aumento de capital, mas os dissidentes poderão retirarse da companhia, observado o disposto no art. 137, II, mediante o reembolso do valor de suas ações, nos termos do art. 230.(Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) § 2º A assembléiageral da companhia cujas ações houverem de ser incorporadas somente poderá aprovar a operação pelo voto de metade, no mínimo, das ações com direito a voto, e se a aprovar, autorizará a diretoria a subscrever o aumento do capital da incorporadora, por conta dos seus acionistas; os dissidentes da deliberação terão direito de retirarse da companhia, observado o disposto no art. 137, II, mediante o reembolso do valor de suas ações, nos termos do art. 230.(Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) § 3º Aprovado o laudo de avaliação pela assembléiageral da incorporadora, efetivarseá a incorporação e os titulares das ações incorporadas receberão diretamente da incorporadora as ações que lhes couberem. § 4o A Comissão de Valores Mobiliários estabelecerá normas especiais de avaliação e contabilização aplicáveis às operações de incorporação de ações que envolvam companhia aberta.(incluído pela MP nº 449, de 03/12/2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009) 1 O caput do artigo acima faz menção a protocolo e justificação, nos termos dos arts. 224 e 225 do mesmo diploma legal. Eis seu conteúdo (grifos não constam do original): Art. 224. As condições da incorporação, fusão ou cisão com incorporação em sociedade existente constarão de protocolo firmado pelos órgãos de administração ou sócios das sociedades interessadas, que incluirá: I o número, espécie e classe das ações que serão atribuídas em substituição dos direitos de sócios que se extinguirão e os critérios utilizados para determinar as relações de substituição; II os elementos ativos e passivos que formarão cada parcela do patrimônio, no caso de cisão; III os critérios de avaliação do patrimônio líquido, a data a que será referida a avaliação, e o tratamento das variações patrimoniais posteriores; IV a solução a ser adotada quanto às ações ou quotas do capital de uma das sociedades possuídas por outra; 1 O parágrafo 4º foi incluído em data posterior aos fatos aqui narrados. Assim sendo, as normas a que se refere, a serem estabelecidas pela CVM, não são aplicáveis, pois inexistentes à época. Fl. 5234DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.235 19 V o valor do capital das sociedades a serem criadas ou do aumento ou redução do capital das sociedades que forem parte na operação; VI o projeto ou projetos de estatuto, ou de alterações estatutárias, que deverão ser aprovados para efetivar a operação; VII todas as demais condições a que estiver sujeita a operação. Parágrafo único. Os valores sujeitos a determinação serão indicados por estimativa. Art. 225. As operações de incorporação, fusão e cisão serão submetidas à deliberação da assembléiageral das companhias interessadas mediante justificação, na qual serão expostos: I os motivos ou fins da operação, e o interesse da companhia na sua realização; II as ações que os acionistas preferenciais receberão e as razões para a modificação dos seus direitos, se prevista; III a composição, após a operação, segundo espécies e classes das ações, do capital das companhias que deverão emitir ações em substituição às que se deverão extinguir; IV o valor de reembolso das ações a que terão direito os acionistas dissidentes. Antes de iniciar a análise, ressalto o fato (óbvio) que a incorporação de ações é instituto previsto em lei. Não se trata de criação das partes envolvidas, muito menos de adaptação enviesada de múltiplas disposições legais para se chegar a um resultado. Em assim sendo, o que resta é verificar se o instituto foi corretamente empregado, de acordo com a finalidade para a qual foi criado e seguindo as prescrições legais. É o que passo a fazer. O laudo de avaliação (mencionado no § 1º e no § 3º do art. 252) é para avaliar as ações da companhia que terá suas ações incorporadas, no caso, a Eleva. O art. 252 não deixa claro qual seria o critério de avaliação. Mas, como seu caput remete ao protocolo do art. 224, e este fala em critérios utilizados para determinar as relações de substituição, parece me possível que a avaliação considere a expectativa de rentabilidade futura da Eleva. Esse foi o procedimento das partes envolvidas na operação aqui discutida. O § 1º do art. 252, dirigido à companhia incorporadora (no caso, Perdigão), diz que o aumento de capital será realizado com as ações a serem incorporadas. O § 2º, agora dirigido à companhia que terá suas ações incorporadas (Eleva), estabelece que a diretoria subscreverá o aumento de capital da incorporadora, por conta dos seus acionistas (no caso, a Família Shan e demais acionistas minoritários). Essa leitura, conjugada à observação anterior quanto à avaliação das ações que serão incorporadas, me conduz à conclusão de que o aumento de capital na incorporadora (Perdigão) deve ser feito pelo valor resultante da avaliação das ações que serão incorporadas (ações da Eleva). Fl. 5235DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.236 20 O Protocolo e Justificação de Incorporação de Ações de emissão da Eleva Alimentos S.A. pela Perdigão S.A. se encontra às fls. 3480/3487. Sua cláusula 4.1 (fl. 3483), que trata do aumento do capital social da Perdigão, não especifica o valor do aumento, mas prescreve que será conforme a Avaliação EconômicoFinanceira da Eleva. A ata (fl. 3648) da AGE e AGO da Perdigão que aprovou o aumento de capital dispõe: [...] 4. [...] (iii) em 21.02.2008, aprovando a emissão de 20.256.751 [...] ações ordinárias, escriturais, sem valor nominal, as quais foram integralizadas com as ações de emissão da Eleva e atribuídas aos acionistas, de acordo com a relação de substituição de 1 (uma) nova ação ordinária da Companhia para cada 1,74308855 ação ordinária de emissão da Eleva, nos termos do artigo 5º, parágrafo 1º, do Estatuto Social da Companhia. O preço de emissão foi de R$ 45,00 por ação, resultando no aumento de capital social de R$ 911.553.795,00 [...]. O valor do aumento de capital na Perdigão (R$ 911.553.795,00) corresponde, pois, às 34.860.000 ações da Eleva (vide demonstrativo à fl. 4713/4714), a valores unitários de R$ 25,80 (arredondei os valores). Daí se extraiu a relação de substituição (1,743) entre as ações da Perdigão e da Eleva. Isso é compatível com o entendimento, do qual comungo, de que deve haver uma equivalência econômica entre as riquezas envolvidas na incorporação de ações. Em se tratando de partes independentes, a Família Shan entrega uma riqueza (suas ações na Eleva) em troca de uma outra riqueza (as novas ações emitidas pela Perdigão). O valor global de cada uma das riquezas mencionadas deve ser equivalente. No caso, os critérios de avaliação foram os mesmos, a saber, a expectativa de rentabilidade futura de cada uma das empresas, mediante o emprego do método do fluxo de caixa descontado, vide laudo às fls. 3497/3562. Com o exposto, é possível afastar o principal argumento empregado pelo julgador a quo para manter esta parte do lançamento. O voto vencedor do acórdão recorrido aplicou a relação de substituição (1,743) ao valor de patrimônio líquido de cada ação da Eleva (R$ 8,92), chegando ao valor de R$ 15,55. A seguir, comparou o valor assim obtido ao valor de patrimônio líquido de cada ação da Perdigão (R$ 13,81). Como o primeiro era maior do que o segundo, concluiu pela inexistência de ágio, dado que “a Perdigão teve um sacrifício patrimonial de R$ 13,81 para adquirir um patrimônio de R$ 15,55”. Ora, a relação de substituição foi claramente obtida a partir da comparação entre valores avaliados pelo fluxo de caixa descontado, ou seja, valores nos quais estava embutida a expectativa de rentabilidade futura de cada uma das empresas, conforme se depreende da leitura dos itens 1.1 e 1.2 do Protocolo já mencionado (fl. 3482). Essa relação somente faz algum sentido (econômico) dentro do contexto em que foi determinada, com o fim de fazer com que as ações que trocaram de mãos tivessem valores equivalente, avaliadas a critérios uniformes. Sua aplicação, como fez a DRJ, para fins de comparação entre valores patrimoniais não faz qualquer sentido. Da perspectiva da Perdigão, o aumento de capital (R$ 911.553.795,00) deve ser registrado contabilmente em seu patrimônio líquido, a crédito da conta de capital social. A contrapartida, por óbvio, deve ser o registro contábil do investimento representado pelas ações da Eleva, antes pertencentes à Família Shan, recebidas na incorporação de ações. A esta altura, imprescindível lembrar que esse registro contábil deve obedecer ao disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598/1977, em sua redação vigente à época: Art 20 O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, Fl. 5236DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.237 21 por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo 21; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o número I. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento. § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico: a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam as letras a e b do § 2º deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. Ou seja, o registro do custo de aquisição do investimento será, necessariamente, desdobrado entre valor de patrimônio líquido e ágio, sendo este calculado pela diferença entre o custo total de aquisição e o valor de patrimônio líquido do investimento adquirido. Esse foi o procedimento da interessada, e daí surgiu o ágio cuja amortização para fins fiscais, após a incorporação da Eleva pela Perdigão, veio a ser questionada pelo Fisco. Melhor dizendo, a parcela do ágio cuja amortização permaneceu após a decisão de primeira instância. Ressalto que esse registro do investimento é impositivo. Descabe, como chegou a sugerir a Fazenda Nacional (fl. 5114), o registro do investimento pelo valor do laudo de avaliação, o que conduziria a “ágio zero”. O equilíbrio entre o recebimento e a entrega de ações é econômico, mas o registro contábil segue prescrições estritas. Quanto à motivação do ágio e sua classificação como decorrente de expectativa de rentabilidade futura da investida, acredito que já foi sobejamente esclarecido que o laudo de avaliação adotou a metodologia do fluxo de caixa descontado, cujo resultado é compatível com esse fundamento. Acrescento que o Fisco não confrontou o laudo, em si, nem os valores a que chegou. Podese questionar que não se poderia chamar de “custo de aquisição” ao valor do aumento de capital da Perdigão. Afinal, não teria havido um “sacrifício de ativos” para a aquisição do investimento, expressão comumente empregada no sentido de que não houve pagamento nem em dinheiro nem mediante a entrega de qualquer outro bem ou direito registrado no ativo, nem assunção de dívida. A esse argumento, devese contrapor que houve a entrega à Família Shan de ações de emissão da própria incorporadora das ações da Eleva (a Perdigão). Fl. 5237DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.238 22 Segundo a doutrina, “ação é a menor parcela em que se divide o capital social da companhia” 2. Por sua vez, o capital social é conceituado como segue3: O investimento efetuado na companhia pelos acionistas é representado pelo Capital Social. Este abrange não só as parcelas entregues pelos acionistas como também os valores obtidos pela sociedade e que, por decisões dos proprietários, se incorporam ao Capital Social, representando uma espécie de renúncia a sua distribuição na forma de dinheiro ou de outros bens. Ou seja, aquele que recebe ações de uma companhia recebe fração de seu capital social e, em consequência, fração do patrimônio líquido (valor contábil pertencente aos sócios, por diferença entre ativos e passivos). Ademais, recebe também o direito de participar da vida ativa da companhia, seja pelo voto, seja pelo recebimento futuro e eventual de dividendos e juros sobre o capital próprio. Finalmente, as ações são negociáveis no mercado, podendo ser convertidas, com maior ou menor facilidade, em dinheiro. Do ponto de vista do emitente (Perdigão), ao emitir ações e entregálas a terceiros (Família Shan), está reduzindo a participação dos demais acionistas no capital social, ou seja, as ações em poder dos demais acionistas são “diluídas”, passando a representar menor parcela do capital social. O mesmo ocorre com eventuais lucros a serem apurados no futuro, os quais terão que ser divididos entre maior número de acionistas. Com todo o exposto, concluo que a entrega de ações na situação analisada representa, sim, um sacrifício patrimonial, muito embora diferente daquele a que estamos mais habituados, pela entrega de numerário. Assim, devo concluir que o instituto da incorporação de ações, no caso concreto, foi utilizado de acordo com a lei que o instituiu, e que o registro contábil, pela Perdigão, do ágio no investimento na Eleva, seguiu também os preceitos legais. Na sequência, a Perdigão incorporou a Eleva. Com isso, passou a fazer jus ao benefício do art. 7º da Lei nº 9.532,1997, a saber, a possibilidade de amortizar, para fins fiscais, o ágio até então registrado em sua contabilidade. Ressalto que, também aqui, são válidas as ponderações feitas acerca do propósito negocial da operação (ou da alegação de sua inexistência), quando da apreciação do recurso de ofício. O mesmo vale também para as considerações para afastar a metodologia de cálculo do ágio empregada pelo Fisco (somente poderia ser classificado como expectativa por rentabilidade futura aquilo que ultrapassasse o valor de mercado dos ativos e passivos da Eleva, avaliados a valor de mercado). O lançamento, assim, não se sustenta, e as exigências devem ser canceladas. Afastadas as glosas de despesas com a amortização de ágio, desaparecem, por conseguinte, as insuficiências no recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e CSLL, motivo pelo qual também devem ser canceladas as multas exigidas isoladamente com esse fundamento. Deixo de me manifestar sobre a preliminar de nulidade da decisão recorrida em face do disposto no art. 59, § 3º, do Decreto nº 70.235/1972, e sobre a incidência de juros 2 Iudícibus, Sergio de, e Outros. MANUAL DE CONTABILIDADE SOCIETÁRIA. FIPECAFI / Editora Atlas. São Paulo, ed. 2010, fl. 346. 3 Op. Cit., fl. 345. Fl. 5238DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 11516.721262/201260 Acórdão n.º 1301001.852 S1C3T1 Fl. 5.239 23 moratórios sobre a multa de ofício, visto que a discussão sobre esse assunto se tornou irrelevante. Por todo o exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. CONCLUSÃO Em conclusão, voto por negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento ao recurso voluntário, com o que ficam integralmente afastadas as exigências do presente processo. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 5239DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES
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Numero do processo: 10680.934094/2009-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 01 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Mar 11 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1301-000.310
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator.
documento assinado digitalmente
Wilson Fernandes Guimarães
Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Waldir Veiga Rocha, Paulo Jakson da Silva Lucas, Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado).
Nome do relator: WILSON FERNANDES GUIMARAES
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. “documento assinado digitalmente” Wilson Fernandes Guimarães Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Waldir Veiga Rocha, Paulo Jakson da Silva Lucas, Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 80 .9 34 09 4/ 20 09 -1 9 Fl. 308DF CARF MF Impresso em 11/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 10/0 3/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10680.934094/200919 Resolução nº 1301000.310 S1C3T1 Fl. 309 2 Relatório Trata o presente processo de Declaração de Compensação, por meio da qual a contribuinte indica direito creditório relativo a saldo negativo de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) do anocalendário de 2006, visando extinguir débito de sua titularidade. Por meio de Despacho Decisório (fls. 06), a Delegacia da Receita Federal em Belo Horizonte não reconheceu o direito creditório pleiteado, em virtude de a soma das parcelas de composição do referido crédito ser inferior à CSLL devida. Inconformada, a contribuinte interpôs Manifestação de Inconformidade (fls. 02/05), por meio da qual argumentou: que concordava com a forma de apuração do Saldo Negativo de CSLL indicada pela Delegacia da Receita Federal, mas, asseverava que a soma das antecipações mensais indicadas na DIPJ importava em R$ 84.279.871,16, para uma CSLL de R$ 79.199.305,55, originando, assim, o saldo negativo utilizado na DCOMP; que a possível motivação para o indeferimento da compensação seria a não homologação da compensação intentada por meio da DCOMP 23611.71563.140706.1.3.04 0625, referente à parte da estimativa mensal apurada no mês de junho/2006; que teria apresentado Manifestação de Inconformidade contra o Despacho Decisório correspondente, na qual demonstraria a procedência dos créditos, e consequentemente a validade da compensação; que, certamente, a referida Manifestação de Inconformidade será julgada procedente, e, com a validação dos créditos, a composição apresentada por ela será confirmada. O presente processo foi convertido em diligência para verificação acerca das “exclusões” indicadas na ficha 17 da DIPJ, bem como para que a contribuinte apresentasse os comprovantes de retenção da CSLL deduzida na DIPJ (fls. 135 a 137). Intimada pela Delegacia da Receita Federal (fls. 146 e 149), a contribuinte ratificou os argumentos anteriormente apresentados (fls. 161 a 166), aditando: que, no que se referia aos comprovantes de retenção na fonte a título de CSLL, requeria a juntada da cópia do razão contábil, bem como dos comprovantes de retenção efetuados pelas fontes pagadoras; que, relativamente à composição dos valores informados na linha 31 da ficha 17 da DIPJ – outras exclusões – esclarecia que o montante excluído corresponde a: i) 60% da soma dos dispêndios realizados em 2006 com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, nos termos do art. 19 da Lei nº 11.196/2005, no importe de R$ 12.288.267,60; e ii) resultado das operações de hedge (swap) apurado sob o regime de caixa no qual se verificou, naquele período de apuração, uma perda de R$ 195.355.841,10. Fl. 309DF CARF MF Impresso em 11/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 10/0 3/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10680.934094/200919 Resolução nº 1301000.310 S1C3T1 Fl. 310 3 que, para comprovar suas alegações, anexava planilha com a apuração de Hedge/Swap pelo regime de caixa em 2006, razão contábil das contas de “Inovação Tecnológica” e “Hedge/Swap”; que esclarecia que o item “outras exclusões” não teria sido composto por quaisquer valores relacionados à discussão travada no Mandado de Segurança nº 2005.38.00.0236013. A 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte, Minas Gerais, apreciando as razões trazidas pela defesa, decidiu, por meio do acórdão nº 02 40.690, de 26 de setembro de 2012, pela procedência parcial da Manifestação de Inconformidade. O referido julgado restou assim ementado: DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Na Declaração de Compensação somente podem ser utilizados os créditos comprovadamente existentes, respeitadas as demais regras determinadas pela legislação vigente para a sua utilização. CSLL COMPROVAÇÃO DA RETENÇÃO A CSLL retida pelas fontes pagadoras somente pode ser deduzida da CSLL apurada no período se o contribuinte comprovar, mediante documentação hábil e idônea, que sofreu a respectiva retenção e que as receitas correspondentes foram efetivamente oferecidas à tributação. Às fls. 276/285, foi juntado o recurso voluntário protocolizado em 30 de outubro de 2012, em que a contribuinte sustentou: que a antecipação mensal referente à compensação de junho de 2006, independentemente da homologação ou não da compensação, deve compor o saldo negativo do ano calendário, sob pena de exigência em duplicidade; que a discussão administrativa acerca da não homologação da compensação realizada para extinção da estimativa de junho de 2006, objeto do processo administrativo nº 10680.910405/200946, encontrase pendente de julgamento, haja vista a interposição de recurso. Em uma primeira apreciação, esta Turma Julgadora, entendendo que a solução do litígio instaurado no presente processo dependia diretamente do resultado final da apreciação da controvérsia tratada por meio do processo administrativo nº 10680.910405/2009 46, resolveu converter o julgamento em diligência para que o presente processo fosse apensado àquele, até que a decisão nele exarada se tornasse irreformável administrativamente (Resolução nº 1301000209, de 06 de junho de 2014). Despacho exarado em 25 de junho de 2015 nos autos do processo administrativo nº 10680.910405/200946, cópia anexada às fls. 305 do presente, noticia que a contribuinte, em 25 de setembro de 2014, protocolizou pedido de desistência do recurso especial anteriormente interposto, em virtude de ter aderido a parcelamento especial estabelecido pela Lei nº 11.941/2009, reaberto com a edição da Lei nº 12.996, de 2014. Fl. 310DF CARF MF Impresso em 11/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 10/0 3/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10680.934094/200919 Resolução nº 1301000.310 S1C3T1 Fl. 311 4 É o Relatório. Fl. 311DF CARF MF Impresso em 11/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 10/0 3/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10680.934094/200919 Resolução nº 1301000.310 S1C3T1 Fl. 312 5 Voto Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães Atendidos os requisitos de admissibilidade, conheço do apelo. Cuida o presente processo de Declaração de Compensação, por meio da qual a contribuinte indica direito creditório relativo a saldo negativo de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) do anocalendário de 2006, visando extinguir débito de sua titularidade. Em conformidade com o Despacho Decisório (“eletrônico”) de fls. 05, o valor do saldo negativo informado, tanto na PER/DCOMP como na DIPJ, no montante de R$ 5.193.579,28, seria insuficiente para extinguir a CSLL devida (R$ 79.199.305,55). Na DIPJ correspondente ao período de 01.01.2006 a 31.12.2006 (fls. 13/19), no qual foi apurado o saldo negativo indicado para compensação, foram consignados os seguintes valores na FICHA 17 (CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO): TOTAL DA CSLL R$ 79.199.305,55 CSLL RETIDA POR PJ DE DIREITO PRIVADO R$ 113.013,67 CSLL MENSAL PAGA POR ESTIMATIVA R$ 84.279.871,16 CSLL A PAGAR (R$ 5.193.579,28) Apresentada Manifestação de Inconformidade, a Turma Julgadora de primeiro grau decidiu pela sua procedência parcial, reconhecendo o direito creditório no montante de R$ 215.840,94, servindose, para tanto, dos seguintes fundamentos: i) do valor apurado a título de “estimativa mensal” de CSLL a contribuinte recolheu a importância de R$ 79.303.968,51; ii) a contribuinte somente comprovou retenções de CSLL no total de R$ 111.177,98; iii) a contribuinte apresentou DCOMP com o intuito de extinguir, por compensação, estimativa de CSLL no montante de R$ 4.975.902,65, sendo que tal compensação não foi homologada pelo Fisco nos autos do processo administrativo nº 10680.910405/200946 (cópia do Despacho Decisório às fls. 25 e do acórdão prolatado em primeira instância às fls. 225); iv) relativamente ao processo administrativo nº 10680.910405/200946, a decisão exarada em segunda instância, de igual modo, não acolheu os argumentos expendidos pela contribuinte; v) foi realizada diligência para confirmar a regularidade da apuração da CSLL no período em análise, não tendo sido detectadas irregularidades, motivo pelo qual o demonstrativo abaixo, representativo do saldo negativo apurado, tomou como ponto de partida a CSLL apurada na DIPJ; Fl. 312DF CARF MF Impresso em 11/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 10/0 3/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10680.934094/200919 Resolução nº 1301000.310 S1C3T1 Fl. 313 6 TOTAL DA CSLL R$ 79.199.305,55 CSLL RETIDA POR PJ DE DIREITO PRIVADO R$ 111.177,98 CSLL MENSAL PAGA POR ESTIMATIVA R$ 79.303.968,51 CSLL A PAGAR (R$ 215.840,94) vi) tomandose por base tão somente as antecipações de CSLL confirmadas no período, apurouse um saldo negativo de CSLL no valor de R$ 215.840,94, importância passível de reconhecimento. Em sede de recurso, a contribuinte argumenta que, independentemente da homologação, a estimativa relativa ao mês de junho de 2006 deve compor o saldo negativo, sob pena de exigência em duplicidade de um mesmo débito. Afirma que tal entendimento foi corroborado pela Receita Federal por meio da Solução de Consulta nº 18, de 13/10/2006. Adiante, discorre sobre as razões em virtude das quais devese considerar a estimativa correspondente ao mês de junho de 2006 na determinação do saldo negativo, destacando que a não homologação da compensação relacionada à referida estimativa ainda estava sendo discutida nos autos do processo administrativo nº 10680.910405/200946. Quanto ao processo nº 10680.910405/200946, como visto, a Recorrente pediu desistência do recurso especial, de modo que, em âmbito administrativo, a decisão veiculada por meio do acórdão nº 130100.933, de 13 de junho de 2012, tornouse definitiva. No referido processo, a Recorrente pretendeu extinguir o débito relativo à estimativa de junho de 2006, no montante de R$ 4.975.902,65 e que integra o crédito indicado no presente processo para fins do encontro de contas, porém, seu pedido não foi acolhido. A Recorrente consigna no pedido de desistência do recurso especial apresentado nos autos do processo administrativo nº 10680.910405/200946, que incluiu no parcelamento autorizado pela Lei nº 12.996, de 2014, o débito correspondente à estimativa de junho de 2006, cujo montante constitui o objeto da presente lide. Afirma, ainda, por meio de petição protocolizada em 1º de dezembro de 2015, que o referido parcelamento foi quitado "nos moldes estabelecidos pela Lei nº 13.043/14". Diante de tais circunstâncias, conduzo meu voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para que a unidade local de origem CONFIRME se, efetivamente, o débito controlado por meio do processo administrativo nº 10680.910405/2009 46 (estimativa de junho de 2006, no montante de R$ 4.975.902,65) foi EXTINTO. “documento assinado digitalmente” Wilson Fernandes Guimarães Relator Fl. 313DF CARF MF Impresso em 11/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 10/0 3/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES
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Numero do processo: 10240.000911/2003-19
Turma: Terceira Câmara
Seção: Terceiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Apr 24 00:00:00 UTC 2008
Ementa: Imposto Territorial Rural-ITR
Exercício: 1999
ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. INTEMPESTIVIDADE. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. Fere o princípio da reserva legal a exigência
de apresentação de Ato Declaratório Ambiental
(ADA) requerido junto ao IBAMA no prazo de seis
meses, contado da data da entrega da declaração do
ITR.
ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA (RESERVA LEGAL). AVERBAÇÃO. A área declarada a título de utilização limitada (reserva legal) que se encontra devidamente comprovada nos autos por meio de averbação na matrícula do registro do imóvel, mesmo efetuada em data posterior ao da ocorrência do fato gerador, deve ser excluída da área tributável para efeito de cálculo do ITR.
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. PROVA. Diante da falta de elementos probatórios de sua existência, não deve ser considerada a área de preservação permanente declarada pela contribuinte.
VALOR DA TERRA NUA. PROVA. Diante da ausência de elementos probatórios convincentes para justificar o Valor da Terra Nua pretendido pela contribuinte, há que se adotar o VTN fixado pela
Receita Federal.
ATIVIDADE EXTRATIVA – Não pode ser mantida a atividade extrativa declarada pelo contribuinte quando não há elemento suficiente que comprove sua efetiva realização no exercício que ora se analisa.
ALTERAÇÕES DOS VALORES RELATIVOS A ÁREA COM BENFEITORIAS E BENFEITORIAS. AUSÊNCIA DE PROVA.
Devem ser mantidas as alterações dos valores das áreas com benfeitorias e das benfeitorias, quando o contribuinte não apresenta nenhuma comprovação documental que ateste os valores informados na DITR.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 303-35.235
Decisão: ACORDAM os Membros da TERCEIRA CÂMARA do TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos: a) por maioria de votos, deu-se provimento ao recurso voluntário quanto à área de preservação permanente. Vencidos os Conselheiros Tarásio Campelo Borges, Luís Marcelo Guerra de Castro e Celso Lopes Pereira Neto, que negaram provimento; b) por maioria de votos, negou-se provimento ao recurso voluntário quanto à área de preservação permanente. Vencidos os Conselheiros Nilton Luiz Bartoli, Vanessa Albuquerque Valente e Nanci Gama, que deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira
Anelise Daudt Prieto; c) por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso voluntário
quanto ao VTN, às benfeitorias e às áreas de exploração extrativa. Ausente o Conselheiro
Heroldes Bahr Neto.
Nome do relator: José Luiz Feistauer de Oliveira – Relator ad hoc
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INTEMPESTIVIDADE. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. Fere o princípio da reserva legal a exigência de apresentação de Ato Declaratório Ambiental (ADA) requerido junto ao IBAMA no prazo de seis meses, contado da data da entrega da declaração do ITR. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA (RESERVA LEGAL). AVERBAÇÃO. A área declarada a título de utilização limitada (reserva legal) que se encontra devidamente comprovada nos autos por meio de averbação na matrícula do registro do imóvel, mesmo efetuada em data posterior ao da ocorrência do fato gerador, deve ser excluída da área tributável para efeito de cálculo do ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. PROVA. Diante da falta de elementos probatórios de sua existência, não deve ser considerada a área de preservação permanente declarada pela contribuinte. VALOR DA TERRA NUA. PROVA. Diante da ausência de elementos probatórios convincentes para justificar o Valor da Terra Nua pretendido pela contribuinte, há que se adotar o VTN fixado pela Receita Federal. ATIVIDADE EXTRATIVA – Não pode ser mantida a atividade extrativa declarada pelo contribuinte quando não há elemento suficiente que comprove sua efetiva realização no exercício que ora se analisa. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 124 ___________ ALTERAÇÕES DOS VALORES RELATIVOS A ÁREA COM BENFEITORIAS E BENFEITORIAS. AUSÊNCIA DE PROVA. Devem ser mantidas as alterações dos valores das áreas com benfeitorias e das benfeitorias, quando o contribuinte não apresenta nenhuma comprovação documental que ateste os valores informados na DITR. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da TERCEIRA CÂMARA do TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos: a) por maioria de votos, deu-se provimento ao recurso voluntário quanto à área de preservação permanente. Vencidos os Conselheiros Tarásio Campelo Borges, Luís Marcelo Guerra de Castro e Celso Lopes Pereira Neto, que negaram provimento; b) por maioria de votos, negou-se provimento ao recurso voluntário quanto à área de preservação permanente. Vencidos os Conselheiros Nilton Luiz Bartoli, Vanessa Albuquerque Valente e Nanci Gama, que deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Anelise Daudt Prieto; c) por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso voluntário quanto ao VTN, às benfeitorias e às áreas de exploração extrativa. Ausente o Conselheiro Heroldes Bahr Neto. JOEL MIYAZAKI – Presidente atual JOSÉ LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA – Redator ad hoc Participaram do presente julgamento os Conselheiros Anelise Daudt Prieto (Presidente), Tarásio Campelo Borges, Celso Lopes Pereira Neto, Nilton Luiz Bártoli (Relator original), Vanessa Albuquerque Valente, Nanci Gama e Luís Marcelo Guerra de Castro. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 125 ___________ Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida, o qual passo a transcrever: “Contra o contribuinte acima identificado foi lavrado o Auto de Infração de fls. 01/06, no qual é cobrado o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, data do fato gerador 01/01/1999, relativo ao imóvel denominado "Fazenda Norbrasil", localizado no município de Ariquemes - RO, com Área total de 14.325,6 ha, cadastrado na SRF sob o n° 333679-4, no valor de R$ 134.205,73 (cento e trinta e quatro mil, duzentos e cinco reais e setenta e três centavos), acrescido de multa de lançamento de oficio e de juros de mora, calculados até 29/08/2003, perfazendo um crédito tributário total de R$ 326.187,01 (trezentos e vinte e seis mil, cento e oitenta e sete reais e um centavo). No procedimento de análise e verificação das informações declaradas na DITR/1999 a fiscalização apurou a seguinte infração, conforme Termo de Constatação e Verificação de fls. 07/08: - falta de recolhimento do ITR, em virtude de glosa integral dos valores declarados a titulo de área de preservação permanente, área de utilização limitada e exploração extrativa e alteração dos valores associados à área ocupada com benfeitorias, valor total do imóvel e valor das benfeitorias. 3. Ciência do lançamento em 18/09/2003, conforme AR de fls. 12. 4. Não concordando com a exigência o contribuinte apresentou, em 17/10/2003, a impugnação de fls. 35148, acompanhada dos documentos de fls. 49/59, alegando, em síntese: I — que junta documentos que comprovam a exploração e a comercialização do produto natural extraído das florestas; II — que para a exploração de castanha-do-pará não há necessidade de elaboração de plano de manejo; III — que se o Ibama não exige plano de manejo para a exploração de castanha-do- pará, não cabe à SRF fazer tal exigência; IV — que, em relação ao lançamento do ITR197, apresentou recurso ao Conselhode Contribuintes, ainda pendente de julgamento; V - que o imóvel está coberto por floresta natural em pelo menos 90%, estando as áreas de reserva legal preservadas, conforme mapa em anexo; VI — que a reserva legal foi averbada em 17/06/1999, conforme certidão em anexo; VII - que o lançamento do ITR, incluindo as áreas de reserva legal e de preservação permanente, fere princípios constitucionais; VIII — que a obrigação de averbar a reserva legal e de apresentar o ADA, além de outras informações cadastrais constantes da Lei n° 9.393/1996, caracterizam-se como obrigação tributária acessória; Fl. 126DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 126 ___________ IX — que a citada lei não indica penalidade para o contribuinte que não procedeu averbação da área de reserva legal ou que deixou de apresentar o ADA; X — que a jurisprudência entende que não pode ser exigido imposto se houver descumprimento de obrigação acessória, citando decisões judiciais; XI — que se a lei não determina a tributação das áreas de reserva legal e de preservação permanente, o Fisco não pode tributá-las; XII — que a Medida Provisória no 2.166-67/2001 acrescentou o § 70 art. 10 da Lei n° 9.393/1996, dispensando o contribuinte de comprovar previamente a averbação da área de reserva legal; XIII — que instruções normativas, portarias e outras normas da Administração não têm o condão de obrigar o terceiro, servindo apenas para organizar internamente a Administração; XIV — que o imóvel esta encravado em área de interesse ecológico, conforme certidão emitida pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Rondônia (Sedam) e apresentada à fiscalização, onde consta que o imóvel está dentro da Zona 4 do zoneamento sócio-econômico e ecológico do Estado de Rondônia; XV — que todos os imóveis localizados dentro da citada Zona 4 estão obrigados a manter as suas áreas preservadas, por força da Lei Complementar Estadual n° 52/91, que limita as atividades do proprietário às atividades que não alterem as condições naturais da floresta; XVI — que a certidão expedida pela Sedam atesta que 88,33% do imóvel esta encravado em zona de interesse ecológico, onde as atividades agrícolas ficam proibidas, por força da Lei Complementar Estadual n° 52/91; XVII — que as áreas de interesse ecológico declaradas por ato do Poder Público são isentas do ITR, de tal sorte que 88,33% do imóvel está isento do imposto; XVIII — que a citada Lei Complementar não é uma lei de caráter geral, pois ela delimitou e individualizou as áreas de interesse ecológico, as quais foram mapeadas, tendo sido proibida a derrubada da floresta para a implantação de projetos agrícolas e pecuários; XIX — que a área de preservação permanente encontra-se preservada e respeitada pela empresa recorrente, conforme comprova o mapa em anexo; XX — que o ADA foi apresentado, sendo incabível que um auditor-fiscal constate qualquer irregularidade sem sequer ir ao imóvel; XXI — que os órgãos públicos não informaram aos contribuintes acerca da obrigatoriedade de apresentação do ADA; XXII — que não é razoável que o auditor-fiscal, sem justificativa plausível, venha a desconsiderar o valor declarado a titulo de benfeitorias, pois o valor declarado levou em consideração o custo para implantação de benfeitorias, não sendo razoável que se considere o valor constante da DITR/1997; Fl. 127DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 127 ___________ XXIII — que o valor total do imóvel declarado (R$ 800.000,00) levou em consideração o valor de mercado local e as informações que a SRF utiliza para média de preços de imóveis, o que é normal; XXIV — que a alíquota de 20% caracteriza verdadeiro confisco da propriedade privada, contrariando o disposto no art. 150, IV, da Constituição Federal, além de ferir o principio do direito de propriedade; XXV — que junta decisão prolatada pela DRJ/Manaus, que concedeu isenção a imóvel localizado em zona de interesse ecológico por lei estadual.” A DRJ-Recife/PE julgou procedente o lançamento, nos termos da meenta adiante transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR Exercício: 1999 AREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. AREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. COMPROVAÇÃO. A exclusão de áreas declaradas como de preservação permanente e de utilização limitada da área tributável do imóvel rural, para efeito de apuração do ITR, está condicionada ao reconhecimento delas pelo Ibama ou por órgão estadual competente, mediante Ato Declaratório Ambiental (ADA), ou à comprovação de protocolo de requerimento desse ato àqueles órgãos, no prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR. AREA DE RESERVA LEGAL. A exclusão da área de reserva legal da tributação pelo ITR depende de sua averbação á. margem da inscrição de matricula do imóvel, no registro de imóveis competente, até a data da ocorrência do fato gerador. ALTERAÇÕES DOS VALORES RELATIVOS A ÁREA COM BENFEITORIAS E DAS BENFEITORIAS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL. Devem ser mantidas as alterações dos valores das áreas com benfeitorias e das benfeitorias, quando o contribuinte, inobstante intimado, não apresenta nenhuma comprovação documental que ateste os valores informados na DITR, mormente quando estes são substancialmente diferentes daqueles informados na D1TR do exercício anterior. ÁREA DE EXPLORAÇÃO EXTRATIVA. GLOSA. Mantém-se a glosa da área declarada como de exploração extrativa, na ausência de comprovação documental hábil e idônea que confirme o valor informado na DITR. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 128 ___________ VALOR DA TERRA NUA. APURAÇÃO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRA. Deve ser mantida a base de calculo que utiliza o VTN indicado na D1TR do exercício anterior — inferior àquele que seria apurado tomando por base o Sistema de Preços de Terras aprovado pela Secretaria da Receita Federal -, quando tal VTN for superior ao declarado e o contribuinte não apresentar elementos de convicção que justifiquem reconhecer valor menor. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 1999 ISENÇÃO. INTERPRETAÇÃO LITERAL. A legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção deve ser interpretada literalmente. ARGUIÇÕES DE ILEGALIDADE E DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA PARA APRECIAR. Não se encontra abrangida pela competência das Delegacias da Receita Federal de Julgamento a apreciação da inconstitucionalidade de atos legais ou da ilegalidade dos atos normativos expedidos pela Secretaria da Receita Federal, uma vez que neste juízo eles se presumem revestidos do caráter de validade e eficácia, não cabendo, pois, na hipótese, negar-lhe execução. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. A extensão dos efeitos das decisões judiciais, no âmbito da Secretaria da Receita Federal, possui como pressuposto a existência de decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal acerca da inconstitucionalidade da lei que esteja em litígio e, ainda assim, desde que seja editado ato especifico do Sr. Secretário da Receita Federal nesse sentido. Não estando enquadradas nesta hipótese, as sentenças judiciais só produzem efeitos para as partes entre as quais são dadas, não beneficiando nem prejudicando terceiros. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelos órgãos colegiados não se constituem em normas gerais, posto que inexiste lei que lhes atribua eficácia normativa, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão aquela objeto da decisão. Lançamento Procedente Inconformada com a decisão nos autos, a contribuinte apresentou recurso voluntário, tempestivamente . Na oportunidade, reiterou os argumentos colacionados em sua defesa inaugural. Ao final, requer a reforma da decisão administrativa de primeira instância. É o Relatório. Fl. 129DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 129 ___________ Fl. 130DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 130 ___________ Voto Vencido Conselheiro José Luiz Feistauer de Oliveira, Redator ad hoc Por intermédio de despacho do Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento deste CARF, nos termos da disposição dos art. 17, III e 18, XVII, do RICARF, e do art. 1º, I, da Portaria CARF nº 24, de 25 de maio de 2015, incumbiu-me o Senhor Presidente de formalizar o Acórdão nº. 303-35.867, em razão de o relator original deste processo, o ex- conselheiro Nilton Luiz Bartoli, bem como a redatora designada para redigir o voto vencedor, a ex-conselheira Anelise Daudt Prieto, não mais integrarem nenhum dos Colegiados deste Conselho. Desta forma, tem-se que a elaboração deste voto vencido, assim como do voto vencedor, procura refletir a posição adotada pelo relator original e pela redatora designada para redigir o voto vencedor. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos para sua admissibilidade, razões pelas quais dele tomou-se conhecimento. Ao teor do relatado, tratam os autos de Auto de Infração lavrado contra a contribuinte supra mencionado, para exigência do ITR/1999, tendo sido glosados integralmente os valores declarados a titulo de área de preservação permanente, área de utilização limitada (reserva legal) e exploração extrativa, bem como os valores associados à área ocupada com benfeitorias, valor total do imóvel (VTN) e valor das benfeitorias. Das áreas de preservação permanente e de utilização limitada (reserva legal) A autoridade julgadora administrativa de primeira instância entendeu cabíveis as glosas relativas à área de preservação permanente e de reserva legal em razão de o Ato Declaratório Ambiental – ADA ter sido protocolizado junto ao IBAMA somente em 12/04/2000, quando o prazo limite para protocolização perante aquele órgão seria 29/03/2000 – seis meses após a data final par entrega da DIAT/99, ocorrida em 30/09/1999. Equivocou-se, porém, a DRJ. No que tange às áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal (ARL), para efeitos de apuração do Imposto Territorial Rural, a Lei n.º 8.8471, de 28 de janeiro 1 Lei n.º 8.847, de 28 de janeiro de 1994 Art. 11. São isentas do imposto as áreas: I - de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei n.º 4.771, de 1965, com a nova redação dada pela Lei n.º 7.803, de 1989; II - de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declarados por ato do órgão competente - federal ou estadual - e que ampliam as restrições de uso previstas no inciso anterior; III - reflorestadas com essências nativas. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 131 ___________ de 1994, estabeleceu que tais áreas são isentas do ITR, consoante previsão na Lei n.º 4.771, de 15 de setembro de 1965. Trata-se, portanto, de imposição legal. Mais recente, a Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996, dispõe que as áreas de preservação permanente e de reserva legal não são tributáveis, conforme disposto em seu artigo 10, §1º, inciso II, in verbis: Art. 10 – (...) §1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerar-se-á: (...) II – área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; A referida Lei foi alterada mediante a Medida Provisória n.º 2.166-67/2001, com a inclusão do §7º no artigo supra citado, segundo o qual basta a simples declaração do interessado para gozar da isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1º do mesmo artigo2, aí incluídas as de Preservação Permanente e de Reserva Legal. Neste particular, desnecessária uma maior análise das alegações do contribuinte, já que basta sua declaração para que usufrua da isenção destinada às áreas de Preservação Permanente e de Utilização Limitada (reserva legal). Tanto as áreas de preservação permanente quanto às de reserva legal são isentas de tributação pelo ITR, independente de prévia comprovação por parte do declarante, como disposto no já mencionado §7º, do artigo 10, da Lei nº 9.393/96. Neste aspecto, a autuação não trouxe qualquer elemento que pudesse implicar na constatação de falsidade da declaração do contribuinte, elemento que poderia ensejar a cobrança do tributo, nos termos do já mencionado §7º. 2 "Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitando-se a homologação posterior. § 1o Para os efeitos da apuração do ITR, considerar-se-á: I - .......................................................... II – área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) as áreas sob regime de servidão florestal. .......................................................... § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis." (NR) Fl. 132DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 132 ___________ Aliás, a autoridade fiscal autuante poderia ter providenciado a fiscalização in loc”, com o fito de trazer provas suficientes para descaracterizar a declaração do contribuinte, já que a regra isencional, in casu, não prevê prévia comprovação por parte do declarante. Por oportuno, cabe mencionar decisão proferida pelo E. Superior Tribunal de Justiça sobre a questão aqui tratada: “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO. DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO DO IBAMA. MP. 2166-67/2001. APLICAÇÃO DO ART. 106, DO CTN. RETROOPERÂNCIA DA LEX MITIOR 1.Recorrente autuada pelo fato objetivo de ter excluído da base de cálculo do ITR área de preservação permanente, sem prévio ato declaratório do IBAMA, consoante autorização da norma interpretativa de eficácia ex tunc consistente na Lei 9.393/96. 2. A MP 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, ao inserir §7º ao art. 10, da lei 9.393/96, dispensando a apresentação, pelo contribuinte, de ato declaratório do IBAMA, com a finalidade de excluir da base de cálculo do ITR as áreas de preservação permanente e de reserva legal, é de cunho interpretativo, podendo, de acordo com o permissivo do art. 106, I, do CTN, aplicar-se a fatos pretéritos, pelo que indevido o lançamento complementar, ressalvada a possibilidade da Administração demonstrar a falta de veracidade da declaração do contribuinte. 3. Consectariamente, forçoso concluir que a MP 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, que dispôs sobre a exclusão do ITR incidente sobre as áreas de preservação permanente e de reserva legal, consoante §7º, do art. 10, da Lei 9.393/96, veicula regra mais benéfica ao contribuinte, devendo retroagir, a teor disposto nos incisos do art. 106, do CTN, porquanto referido diploma autoriza a retrooperância da lex mitior. 4. Recurso especial improvido.” (grifei) (Recurso Especial nº. 587.429 – AL (2003/0157080-9), j. em 01 de junho de 2004, Rel. Min. Luiz Fux) E, citando trecho do mencionado acórdão do STJ: Com efeito, o voto condutor do acórdão recorrido bem analisou a questão, litteris: “(...) Discute-se, nos presentes autos, a validade da cobrança, mediante lançamento complementar, de diferença de ITR, em virtude da Receita Federal haver reputado indevida a exclusão de área de preservação permanente, na extensão de 817,00 hectares, sem observar a IN 43/97, a exigir para a finalidade discutida, ato declaratório do IBAMA. Penso que a sentença deve ser mantida. Utilizo-me, para tanto, do seguinte argumento: a MP 1.956-50, de 26-05-00, cuja última Fl. 133DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 133 ___________ reedição, cristalizada na MP 2.166-67, de 24-08-01, dispensa o contribuinte, a fim de obter a exclusão do ITR as áreas de preservação permanente e de reserva legal, da comprovação de tal circunstância pelo contribuinte, bastando, para tanto, declaração deste. Caso posteriormente se verifique que tal não é verdadeiro, ficará sujeito ao imposto, com as devidas penalidades. Segue-se, então, que, com a nova disciplina constante de §7º ao art. 10, da Lei 9.393/96, não mais se faz necessário a apresentação pelo contribuinte de ato declaratório do IBAMA, como requerido pela IN 33/97. Pergunta-se: recuando a 1997 o fato gerador do tributo em discussão, é possível, sem que se cogite de maltrato à regra da irretroatividade, a aplicação do art. 10, §7º, da Lei 9.393/96, uma vez emanada de diploma legal editado no ano de 2000? Penso que sim. É que o art. 10, §7º, da Lei 9.393/96, não afeta a substância da relação jurídico-tributária, criando hipótese de não incidência, ou de isenção. Giza, na verdade, critério de in relação, dispondo sobre a maneira pela qual a exclusão da base de cálculo, preconizada pelo art. 10, §1º, I, do diploma legal, acima mencionado, é demonstrada no procedimento de lançamento. A exclusão da base de cálculo do ITR das áreas de preservação permanente e da reserva legal foi patrocinada pela redação originária do art. 10 da Lei 9.393/96, a qual se encontrava vigente quando do fato gerador do referido imposto. Melhor explicando: o art. 10, §7º, da Lei 9.393/96, apenas afastou a interpretação contida na IN 43/97, a qual, por ostentar natureza regulamentar, não criava direito novo, limitando a facilitar a execução de norma legal, mediante enunciado interpretativo. O caráter interpretativo do art. 10, §7º, da Lei 9.393/96, instituído pela MP 1.956-50/00, possui o condão mirífico da retroatividade, nos termos do art. 106, I, do CTN: “Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;” (...)” A ausência de apresentação de Ato Declaratório Ambiental, ou averbação junto à matrícula do imóvel, ou a tardia providência dos mesmos, poderia, quando muito, caracterizar um mero descumprimento de obrigação acessória, nunca o fundamento legal válido para a glosa das áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal, mesmo porque tais exigências não são condição ao aproveitamento da isenção destinada a tais áreas, conforme disposto no art. 3º da MP nº. 2.166, de 24 de agosto de 01, que alterou o art. 10 da Lei nº. 9.393, de 19 de dezembro de 1996. Assim, pelas razões transcritas acima, é de se concluir que basta a simples declaração para que o contribuinte goze da isenção das áreas de preservação permanente e reserva legal da tributação do ITR, não sendo necessário a apresentação do Ato Declaratório Fl. 134DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 134 ___________ Ambiental, nem da averbação à margem da matrícula do imóvel, por falta de expressa previsão legal, não cabendo ao agente autuante exigir a comprovação de tais áreas. Do Valor da Terra Nua – VTN A Lei nº 9.393/1996, estabelece em seu art. 8º, § 2º que: “O VTN refletirá o preço de mercado de terras, apurado em 1º de janeiro do ano a que se referir o DIAT, e será considerado auto-avaliação da terra nua a preço de mercado”. A fiscalização adotou como preço de mercado, de acordo com a legislação, o valor constante do Sistema de Preços de Terras – SIPT, no exercício de 1999. A recorrente não justificou o valor da terra nua declarado abaixo do valor da tabela SIPT, seja por meio de Laudo técnico, seja por outros documentos. Tampouco existe, no processo, qualquer prova de que o imóvel em questão teria localização ou outras características desfavoráveis que justificassem sua avaliação por preço abaixo da média do mercado. Portanto, deve ser mantido o VTN apurado pela fiscalização. Das benfeitorias Verificou a Fiscalização que, na Declaração de ITR relativa ao exercício 1999, houve redução do valor do imóvel, tendo aumentado a área ocupada com benfeitorias. Acontece, porém, que a contribuinte, tendo sido intimada a comprovar as alteração informadas em sua DITR, nada trouxe como elemento probatório, limitando sua defesa em meras alegações, sem nenhum elemento de prova. Mais uma vez, portanto, é de se manter as alterações promovidas pela fiscalização. Da área de exploração extrativa Em que pesem as alegações da recorrente, não se verifica nos autos qualquer elemento de prova efetivo à área de exploração extrativa de castanha-do-pará pretendida pela contribuinte. A querelante declarou em sua DIATR/99 (fl. 14) a realização de atividade extrativa de madeira, em uma área de 6.000ha, tendo informado que havia plano de manejo aprovado pelo IBAMA. Intimada a apresentar o plano de manejo noticiado, nada trouxe. Agora, em sede de defesa administrativa, contradita a declaração por ela própria prestada em sua DITR e afirma que, na verdade, realiza exploração extrativa de castanha-do-pará, a qual não necessita de elaboração de plano de manejo. Como único meio de prova, traz a declaração constante à fl. 56. Não traz, entretanto, qualquer Nota Fiscal de venda ou nenhum outro documento para comprovar que, de fato, efetuou a exploração aventada. Fl. 135DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 135 ___________ Mais uma vez, traz somente alegações, sem documentos comprobatórios. É de se manter , portanto, a glosa da área, mantendo-se a decisão administrativa de primeira instância nesta parte. Estas, pois, as considerações possíveis para suprir a inexistência do voto vencido. José Luiz Feistauer de Oliveira Voto Vencedor Conselheiro José Luiz Feistauer de Oliveira, Redator ad hoc A divergência em relação ao voto proferido pelo relator original deu-se tão- somente em relação ao afastamento da exigência em relação à área de preservação permanente, razão pela qual este voto vencedor limita-se a tratar apenas de tal questão. Impõe-se fazer um exame abrangente da legislação pertinente à exigência do ADA, a fim de avaliar a necessidade do referido documento para efeito de embasar exclusões de áreas da base de cálculo do ITR. Verifica-se que o art. 10, § 1 o , inciso II, da Lei n o 9.393/96, que dispõe sobre o ITR, não estabeleceu a obrigatoriedade de emissão de atos de órgão competente para as áreas de preservação permanente e de reserva legal, conforme se verifica da norma citada, verbis: “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitando-se a homologação posterior. § 1 o Para os efeitos de apuração do ITR, considerar-se-á: (...) II - área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei n o 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei n o 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) sob regime de servidão florestal ou ambiental (acrescentado pelo art. 3 o da Medida Provisória n o 2.166-67/2001, alterado pelo art. 48 da Lei n o 11.428/2006); Fl. 136DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 136 ___________ e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração (acrescentado pelo art. 48 da Lei n o 11.428/2006); f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público (acrescentado pelo art. 40 da Lei n o 11.727/2008)” (destaquei) De acordo com os termos expressos na norma retrotranscrita, a exigência de ato de órgão competente foi estabelecida apenas para as áreas declaradas de interesse ecológico de que tratam as alíneas “b” e “c” do inciso II. No entanto, legislação superveniente veio a estabelecer a obrigatoriedade da utilização específica do ADA para a finalidade de redução do ITR, nos casos de áreas de preservação permanente e de reserva legal, conforme se verifica do disposto no art. 1 o da Lei n o 10.165, de 27/12/2000, que deu nova redação ao art. 17-O da Lei n o 6.938/81, que assim ficou redigido, verbis: “Art. 17-O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental – ADA, deverão recolher ao Ibama a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei n o 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.” (...) “§ 1 O A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.” (destaquei) (...)” A lei superveniente retrotranscrita é clara e inequívoca quanto à obrigatoriedade de existência do referido Ato Ambiental para a redução do Imposto Territorial Rural com base em fatos geradores ocorridos a partir de 1 o /1/2001 (exercício 2001), tendo em vista que a exigência veio a ser prevista no ano de 2000. De outra parte, antes dessa norma, foi editada a Medida Provisória n o 1.956-50, de 26/5/2000, que foi objeto de sucessivas reedições até culminar na Medida Provisória n o 2.166-67, de 24/8/2001, atualmente em vigor. Prescreveu esse ato, verbis: “Art. 3 . O art. 10 da Lei n o 9.393, de 19 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: (...) § 7 o . A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1 o , deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis." (destaquei) Daí tornar-se relevante a correta interpretação desse dispositivo, mormente no que respeita à prévia comprovação ali referida, tendo em vista a existência de interpretações Fl. 137DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 137 ___________ que entendem que tal norma teria surgido para dispensar a apresentação do questionado Ato Declaratório Ambiental, revogando a obrigação instituída pela Lei n o 10.165/2000. Inteiramente incorretas tais interpretações. A matéria não apresenta dificuldade de interpretação. Resta claro nesse § 7 o que a entrega de declaração do ITR (DITR) em que conste redução de áreas de preservação permanente, de áreas de utilização limitada ou de áreas sob regime de servidão florestal (alíneas "a" e "d" do inciso II do art. 10), não está sujeita à comprovação prévia dessas áreas por parte do declarante. Vale dizer, o declarante não está obrigado a apresentar, junto com sua declaração de ITR, laudo técnico, ato emitido por órgão governamental ou qualquer outro documento destinado a comprovar a existência daquelas áreas específicas. Feitas essas observações, no caso em questão, tratando-se de exigência de ITR referente ao exercício de 1999, conclui-se pela inaplicabilidade da exigência de qualquer apresentação de ADA protocolizado junto ao IBAMA, seja em que prazo for, por absoluta inexistência de previsão legal. Superada a exigência de apresentação de ADA, tem-se que a existência da área de preservação permanente, bem como da área de utilização limitada (reserva legal), para efeito de exclusão da base de cálculo do ITR/99, pode ser comprovada por meio de diversas provas documentais idôneas, assim compreendido Laudo Técnico ou outro documento que traga elementos suficientes à formação da convicção do julgador. Compulsando-se os autos, verifica-se que a recorrente comprovou a existência da reserva legal por meio de averbação na matrícula do registro do imóvel (fl. 27), ainda que em data posterior à da apresentação da DIAT. Por tal razão, há que se acompanhar o voto vencido nessa parte, em sua conclusão, e dar-se provimento ao recurso em relação a esta área. Já quanto à área de preservação permanente, tem-se que a contribuinte nada trouxe nos autos que comprove a sua existência, não sendo possível considerar isoladamente o ADA intempestivo apresentado, vez que este constitui-se em mera declaração do próprio contribuinte prestada junto ao IBAMA, carecendo de outros alicerces probatórios para firmar a convicção do julgador. Tampouco constitui-se em elemento probatório a certidão da Secretaria de Estado do Desenvolvimento (fl. 30), a qual apenas manifesta-se no sentido de haver interesse ecológico na área, não esclarecendo especificamente quanto à pretendida área de preservação permanente. Por tal razão, por carecer de elementos de prova, há que se negar provimento ao recurso em relação à área e preservação permanente. Essas as considerações possíveis para suprir a inexistência do voto vencedor. José Luiz Feistauer de Oliveira Fl. 138DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI Processo n.º 10240.00911/2003-19 Acórdão n.º 303-35.235 CC03/C03 Fls. 138 ___________ Fl. 139DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 29/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/09/2015 por JOE L MIYAZAKI
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Numero do processo: 11543.002941/2004-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2002
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO PARA SANAR OMISSÃO PRESENTE.
Constatada omissão, contradição ou dúvida quanto aos fundamentos do voto condutor do aresto, acolhem-se os embargos para fins sanar e esclarecer a decisão.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA DE MORA.
É cabível a exigência da multa de mora quando ocorre o recolhimento extemporâneo de tributo, caso inaplicável as conclusões do STJ no Resp 1.149.022.
Numero da decisão: 1402-001.965
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento aos embargos de declaração para retificar o Acórdão 1402-00.243 e estabelecer a incidência em tese da multa de mora caso inaplicável as conclusões do STJ no Resp 1.149.022, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves e Leonardo de Andrade Couto que votaram pela não manifestação do colegiado quanto à multa de mora no entendimento de que seria matéria estranha aos autos. Ausente o Conselheiro Manoel Silva Gonzalez.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI.
Nome do relator: FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
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ACOLHIMENTO PARA SANAR OMISSÃO PRESENTE. Constatada omissão, contradição ou dúvida quanto aos fundamentos do voto condutor do aresto, acolhemse os embargos para fins sanar e esclarecer a decisão. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA DE MORA. É cabível a exigência da multa de mora quando ocorre o recolhimento extemporâneo de tributo, caso inaplicável as conclusões do STJ no Resp 1.149.022. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento aos embargos de declaração para retificar o Acórdão 140200.243 e estabelecer a incidência em tese da multa de mora caso inaplicável as conclusões do STJ no Resp 1.149.022, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves e Leonardo de Andrade Couto que votaram pela não manifestação do colegiado quanto à multa de mora no entendimento de que seria matéria estranha aos autos. Ausente o Conselheiro Manoel Silva Gonzalez. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 54 3. 00 29 41 /2 00 4- 07 Fl. 227DF CARF MF Impresso em 13/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11543.002941/200407 Acórdão n.º 1402001.965 S1C4T2 Fl. 228 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI. Fl. 228DF CARF MF Impresso em 13/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11543.002941/200407 Acórdão n.º 1402001.965 S1C4T2 Fl. 229 3 Relatório Trata o presente da análise dos EMBARGOS DE DECLARAÇÃO opostos pela FAZENDA NACIONAL (fls. 198203) contra o Acórdão 1402000.243, proferido por esta 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF em 03/08/2010, que deu provimento ao recurso voluntário da Contribuinte (fls. 187192), mas não se pronunciou sobre a aplicação da multa de mora para o caso. Em resumo, alega a Fazenda Nacional que há omissão no acórdão embargado ao afastar a aplicação da multa de ofício isolada mas não se pronunciar acerca da multa de mora devida. Acrescenta que a incidência da multa de mora decorre do art. 61, e §§, da Lei nº 9.430/96, sempre que ocorrido o inadimplemento ou adimplemento tardio da obrigação tributária, salvo na hipótese legal prevista no art. 63, §2º, daquela lei. Argumenta que sendo da competência dos órgãos julgadores administrativos a revisão do lançamento, quanto ao aspecto do controle de legalidade, fazse necessária a cobrança da multa de mora, quando devida por lei, se não constante do lançamento, por erro do fiscal autuante. Em conclusão, requer seja sanado o vício a fim de que o acórdão embargado se pronuncie expressamente sobre a exigência da multa de mora prevista no artigo 61 da Lei nº 9.430/1996. Em apreciação dos argumentos trazidos pela D. Procuradoria, observei que, de fato, a análise contida no acórdão embargado passara ao largo quanto à aplicação da multa de mora. Assim, por entender que, em tese, houve omissão sobre ponto que esta Turma deveria ter se pronunciado, com base no art. 65, § 2°, do Anexo II da Portaria nº 256/2009 que aprovou o Regimento Interno do CARF, manifesteime pela admissão dos embargos de declaração de fls. 198203 e conseqüente retorno dos autos a este Colegiado para correção do julgado. O I. Presidente desta Turma aprovou o despacho, admitindo os embargos na forma apresentada acima, retornando os autos para relato e inclusão em pauta de julgamentos. É o relatório. Fl. 229DF CARF MF Impresso em 13/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11543.002941/200407 Acórdão n.º 1402001.965 S1C4T2 Fl. 230 4 Voto Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar Conforme já exposto, o voto condutor do acórdão embargado entendeu por afastar a aplicação da multa de ofício isolada, sem, entretanto, se pronunciar acerca da multa de mora devida. Vejase a ementa daquele acórdão: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2002 MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. CANCELAMENTO. RETROATIVIDADE DE NORMA MAIS BENIGNA. Cancelase a multa de ofício isolada cujo fundamento legal foi derrogado por legislação superveniente ao lançamento. O resultado do julgamento, por unanimidade de votos, cancelou a multa de ofício isolada. Vejase o teor do voto naquele acórdão: “[...] Conforme relatado, tratase de exigência de multa isolada, motivada pela falta de recolhimento da multa de mora decorrente de pagamentos por estimativa mensal do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ, efetuados fora do prazo legal. Aduz a recorrente que a denúncia espontânea, consubstanciada no pagamento do tributo acrescido de juros de mora, a teor do art. 138 do CTN, afastaria qualquer penalidade ao infrator, inclusive multas, sejam estas punitivas, moratórias, de ofício ou qualquer outra, pelo que entende insubsistente o lançamento ora em discussão. Inobstante os robustos argumentos da recorrente, inclusive citando julgados recentes da CSRF, perfilome dentre os que entendem que a denúncia espontânea não se aplica para exclusão da multa de mora. Nesse sentido é emblemático o teor do Acórdão CSRF/0201.794, um dos mais recentes sobre a matéria na Câmara Superior de Recursos Fiscais: Numero Recurso :203115209 Câmara :SEGUNDA TURMA Matéria :COFINS Data da Sessão :24/01/2005 Relator(a) :Josefa Maria Coelho Marques Acórdão :CSRF/0201.794 Texto da Decisão : Pelo voto de qualidade, DAR provimento ao recurso. Fl. 230DF CARF MF Impresso em 13/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11543.002941/200407 Acórdão n.º 1402001.965 S1C4T2 Fl. 231 5 Ementa: “INCONSTITUCIONALIDADE. Os órgãos de julgamento administrativo não podem negar vigência à lei ordinária sob alegação de conflito com o CTN, uma vez que se trata de juízo de inconstitucionalidade em segundo grau. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA DE MORA. É cabível a exigência da multa de mora quando ocorre o recolhimento extemporâneo de tributo. MULTA ISOLADA. O recolhimento extemporâneo de tributo sem o acréscimo da multa de mora rende ensejo ao lançamento da multa isolada. Recurso especial da Fazenda Nacional provido.” Ocorre, por outro lado, que a decisão do presente julgado, pelas circunstâncias abaixo detalhadas, deve passar ao largo da discussão acima, senão vejamos. Conforme auto de infração lavrado em 18/08/2004 (fls. 3537) e termo de verificação de fls. 3839, o lançamento teve por fundamentação legal os arts. 43, 44 §1º, inciso II, da Lei n° 9.430/96. Com efeito, à época da lavratura do auto de infração, havia no §1º, II, do art. 44 daquele diploma legal a previsão para o lançamento de multa de ofício isolada nos casos de tributo ou contribuição pagos após o vencimento, mas sem o acréscimo de multa de mora: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: [...] § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: I juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; II isoladamente, quando o tributo ou a contribuição houver sido pago após o vencimento do prazo previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora; [...] (grifei) Entretanto, o art. 14, da Medida Provisória nº 351, de 22 de janeiro de 2007, convertida na Lei nº 11.488/2007, alterou a redação desse dispositivo, que passou ter o seguinte teor: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de setenta e cinco por cento sobre a totalidade ou diferença de tributo, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de cinqüenta por cento, exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8º da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido Fl. 231DF CARF MF Impresso em 13/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11543.002941/200407 Acórdão n.º 1402001.965 S1C4T2 Fl. 232 6 apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo Fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 2º Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1º, serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38. Notase que não há mais a previsão, originalmente contida no § 1º, II, do referido artigo, de lançamento de multa de ofício nos casos de recolhimento de tributo em atraso sem o acréscimo de multa de mora, fato confirmado pela exposição de motivos da referida medida provisória, onde consta que: O art. 18 dá nova redação ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com o objetivo de reduzir o percentual da multa de ofício, lançada isoladamente, nas hipóteses de falta de pagamento mensal devido pela pessoa física a título de carnê leão ou pela pessoa jurídica a título de estimativa, bem como retira a hipótese de incidência da multa de ofício no caso de pagamento do tributo após o vencimento do prazo, sem o acréscimo da multa de mora. (grifei). Dessa forma, e tendo em vista que a norma penal mais benéfica deve ser aplicada aos casos, como os da espécie, ainda pendentes de julgamento (art. 106, II, “a”, do CTN), voto por dar provimento ao recurso voluntário apresentado, cancelandose a multa de ofício isolada objeto do lançamento ora discutido.” Passo a me pronunciar sobre a multa de mora. A multa de mora está prevista no artigo 61 da Lei nº 9.430/96 nos seguintes termos: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 10 de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. Fl. 232DF CARF MF Impresso em 13/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11543.002941/200407 Acórdão n.º 1402001.965 S1C4T2 Fl. 233 7 § 1° A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2° O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3° Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Estando a multa de mora regularmente instituída em lei ordinária, claro está a validade de sua aplicação ao caso em exame. Entretanto, há que se ressaltar que o e.Superior Tribunal de Justiça, julgando conforme a sistemática prevista no art. 543C do CPC, além de entender que está configurada a denúncia espontânea nas hipóteses em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário sujeito a lançamento por homologação e acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa, antes de qualquer procedimento da Administração Tributária, notificando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente, sedimentou seu posicionamento reiterado de que o instituto implicaria exclusão da multa moratória. Nesse diapasão, confirase a ementa do RESP 1.149.022/SP a seguir: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Fl. 233DF CARF MF Impresso em 13/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11543.002941/200407 Acórdão n.º 1402001.965 S1C4T2 Fl. 234 8 Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional,tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1.149.022/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 9/6/2010, DJe 24/6/2010) (grifos nossos) Desse modo, acatando a argumentação trazida pela embargante, voto por dar provimento aos embargos de declaração para retificar o Acórdão 140200.243 e estabelecer a incidência, em tese, da multa de mora, caso inaplicável as conclusões do STJ no Resp 1.149.022. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator Fl. 234DF CARF MF Impresso em 13/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11543.002941/200407 Acórdão n.º 1402001.965 S1C4T2 Fl. 235 9 Fl. 235DF CARF MF Impresso em 13/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 10540.720116/2007-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jan 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE.
A área de reserva legal somente será considerada como tal, para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel, quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente.
ÁREA DE PASTAGENS. ÍNDICE DE RENDIMENTO.
Para fins de cálculo do grau de utilização do imóvel rural, considera-se área servida de pastagem a menor entre a declarada pelo contribuinte e a obtida pelo quociente entre a quantidade de cabeças do rebanho ajustada e o índice de lotação mínima.
Numero da decisão: 2201-002.733
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso, para considerar um acréscimo de 3.636,0 ha. na área de pastagens.
Assinado Digitalmente
EDUARDO TADEU FARAH Relator
Assinado Digitalmente
CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Presidente-Substituto.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidente-substituto), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA CROSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, EDUARDO TADEU FARAH e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Ausente, justificadamente, o Presidente da Turma Conselheiro HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE. A área de reserva legal somente será considerada como tal, para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel, quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente. ÁREA DE PASTAGENS. ÍNDICE DE RENDIMENTO. Para fins de cálculo do grau de utilização do imóvel rural, considerase área servida de pastagem a menor entre a declarada pelo contribuinte e a obtida pelo quociente entre a quantidade de cabeças do rebanho ajustada e o índice de lotação mínima. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso, para considerar um acréscimo de 3.636,0 ha. na área de pastagens. Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH – Relator Assinado Digitalmente CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI – PresidenteSubstituto. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidentesubstituto), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 54 0. 72 01 16 /2 00 7- 90 Fl. 99DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 2 convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA CROSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, EDUARDO TADEU FARAH e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Ausente, justificadamente, o Presidente da Turma Conselheiro HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR. Relatório Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, exercício 2004, consubstanciado na Notificação de Lançamento (fls. 01/06), pela qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 681.872,62, calculado até 30/12/2007, relativo ao imóvel rural denominado “Fazenda Entre Rios”, cadastrado na RFB sob o nº 3.336.3196, com área declarada de 12.500,0 ha, localizado no Município de Cocos – BA. A fiscalização efetuou a glosa integral das áreas declaradas de preservação permanente e de reserva legal de 581,7 ha e 5.160,3 ha, respectivamente, além de rejeitar o VTN declarado, de R$ 11.000,00 (R$ 0,88/ha), arbitrando o valor de R$ 1.547.250,00 ou R$ 123,78/ha, correspondente ao VTN médio, por hectare, apontado no SIPT. Cientificado do lançamento, o interessado apresentou tempestivamente Impugnação, alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: faz um breve relato dos fatos relacionados com a presente notificação de lançamento; o crédito tributário apurado e lançado pela fiscalização decorreu de erro no preenchimento da correspondente DITR/2004, quanto às áreas de pastagens efetivamente utilizadas e de reserva legal, todas atestadas através de Laudo Técnico de utilização do imóvel, acompanhado de imagem de satélite, com ART registrada junto ao CREA/GO; com fundamento no art. 145, inciso I, do CTN, pede a alteração do lançamento, por ter ficado caracterizada a hipótese de erro de fato, comprovado com documentos hábeis e idôneos; o item 7.3 do Laudo Técnico destacou e classificou uma área de 581,7 ha em preservação permanente, enquadrados no art. 2º, alínea “a”, itens 2 e 3, alíneas “d” e “e” da Lei 4.771/65; também existe no imóvel uma área de preservada de 2.500,0 ha, correspondente a 20% (vinte por cento) da área do imóvel, tipificada no art. 16 e alíneas da Lei nº 4.771/65 (Código Florestal), que, mesmo não estando averbada à margem da matrícula do imóvel, no competente Cartório de Registro de Imóveis, continua impedida de ser explorada economicamente, por força desse preceito legal; não considerar essa área, apenas por descumprimento de uma formalidade legal, que visa tão somente dar publicidade ao ato para que a área continue a ser preservada pelo novo adquirente, em caso de alienação do imóvel, pune deveras o Contribuinte, inclusive, com a alteração da alíquota de cálculo aplicada no lançamento; Fl. 100DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10540.720116/200790 Acórdão n.º 2201002.733 S2C2T1 Fl. 3 3 o Conselho de Contribuinte, atual CARF, vem acatando a área de reserva legal existente de fato no imóvel, quando comprovada através de documentos hábeis e idôneos, evitandose, assim, a interposição de recurso à instância superior, que há tempo vem deferindo essa área como isenta de tributação; a favor da sua tese, cita jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes, atual CARF (Acórdão 203063262, Acórdão 203 02969, Acórdão 20303149 e Acórdão 20303250, cujas ementas descreve); foi protocolado, em 24/11/2003, o competente Ato Declaratório Ambiental – ADA no IBAMA, doc. anexo; a área de reserva legal foi erroneamente declarada, razão pela qual será providenciada a retificação da mesma para 2.500,0 ha; não obstante incessante negativa dos órgãos de fiscalização da Receita Federal em acatar as áreas de utilização limitada, devido a falta de comprovação do ADA junto ao IBAMA, o Terceiro Conselho de Contribuinte vem acolhendo esse documento, mesmo quando protocolado intempestivamente, não sendo, no entanto, esse o caso do requerente; citando, para exemplificar, ementas dos Acórdãos 30330285 e 30330324; o item 7.1 do referido Laudo Técnico define uma área de 9.393,3 ha em pastagem nativa, classificando seu solo e identificando as principais espécies de forrageiras existentes nas áreas de pastagens nativas daquela região; nessa área, foram apascentadas 1.190 cabeças de gado, durante o exercício ora impugnado, conforme faz prova declaração expedida pelo parceiro pecuário, que teve seu rebanho apascentado na propriedade objeto da presente impugnação, bem como declaração emitida pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia – ACDAB; citando quanto a essa matéria, Acórdão 7999, de 23/10/2003, desta DRJ – 2ª Turma; também foi classificada no item 7.4 do Laudo Técnico anexo, uma área de 25,0 ha ocupadas com benfeitorias, sob forma de cercas e estradas internas do imóvel, e por fim, apresenta as áreas distribuídas e utilizadas do imóvel, apuradas em conformidade com o referido Laudo Técnico e a relação de documentos anexados à sua impugnação, o seu deferimento. A 1ª Turma da DRJ em Brasília/DF julgou parcialmente procedente a Impugnação, conforme ementas abaixo transcritas: ÁREA DE PASTAGEM ERRO DE FATO A hipótese de erro de fato, no que diz respeito a área servida de pastagens do imóvel, somente cabe ser acatada, quando Fl. 101DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 4 comprovado nos autos, com documentação hábil, a existência de animais de grande e/ou médio porte apascentados no imóvel, no decorrer do respectivo anobase, em quantidade suficiente para justificar a área servida de pastagem pretendida, observado o correspondente índice de lotação mínima por zona de pecuária (ZP). DAS ÁREAS AMBIENTAIS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA / RESERVA LEGAL Cabe restabelecer, para fins de exclusão de tributação, a área de preservação permanente declarada, devidamente comprovada nos autos, observada a legislação de regência da matéria. Já em relação a área de utilização limitada/reserva legal, exige se que a mesma, para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, tenha sido objeto de ADA protocolado tempestivamente no IBAMA, bem como esteja averbada à margem da matrícula do imóvel, em data anterior à do fato gerador do imposto. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Relativamente à decisão recorrida, destacase o seguinte excerto: Por todo o exposto, cabe apenas restabelecer, para fins de exclusão do cálculo do ITR/2004, a área de preservação permanente declarada, de 581,7 ha, com redução das áreas tributável e aproveitável do imóvel, do VTN tributável e, consequentemente, do imposto suplementar apurado pela autoridade fiscal, conforme demonstrado... Intimado da decisão de primeira instância em 28/12/2012 (fl. 76), Florentino Rossato apresenta Recurso Voluntário em 28/01/2013 (fls. 78/85), sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos defendidos em sua Impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH, Relator O recurso é tempestivo e reúne os requisitos de admissibilidade. Segundo se colhe dos autos, a autoridade fiscal efetuou a glosa integral das áreas declaradas de preservação permanente e de reserva legal de 581,7 ha e 5.160,3 ha, respectivamente, além de rejeitar o VTN declarado, de R$ 11.000,00 (R$ 0,88/ha), arbitrando o valor de R$ 1.547.250,00 ou R$ 123,78/ha, correspondente ao VTN médio, por hectare, apontado no SIPT. Em seu apelo, insurge o suplicante contra a glosa da área de reserva legal, além da área servida por pastagem. Fl. 102DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10540.720116/200790 Acórdão n.º 2201002.733 S2C2T1 Fl. 4 5 Quanto à área de reserva legal, cumpre esclarecer que o § 8º do art. 16 da Lei nº 4.771/1965 Código Florestal, com a redação dada pela MP nº 2.16667/2001, determina seu registro à margem da inscrição de matrícula do imóvel: Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (Regulamento) (...) § 8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (grifei) Pelo que se vê, o Código Florestal passou a exigir a averbação no registro de propriedade do imóvel, fazendo com que a partir de então, sobre aquela área, o proprietário se submeta às limitações administrativas que lhe são impostas pela lei, sendo vedada à alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. Portanto, a área de reserva legal somente será considerada para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente, o que não ocorreu no presente caso. No que tange à área servida de pastagem, alega o suplicante que, embora não tenha sido objeto de glosa pela autoridade fiscal, houve um erro de fato, já que informou na DITR/2004 o montante de 1.124,0 ha, sendo que efetivamente há na propriedade 9.393,3 ha destinado a pastagem de animais. Pois bem, ainda que a área servida por pastagens não tenha sido objeto de glosa, entendo que as provas constantes dos autos indicam precisamente a área e a quantidade de animais apascentados na propriedade, embora tenha a autoridade recorrida lançado dúvida sobre a sua existência, consoante se extrai da leitura de trecho do voto: No caso, apesar de o contribuinte ter informado na sua DITR/2004, para efeito de apuração da área de pastagem calculada do imóvel, a existência de 290 cabeças de animais de grande porte (às fls. 10), o mesmo, sob a alegação de ter ocorrido erro de fato na informação desse dado cadastral, pretende que sejam consideradas 1.190 cabeças de animais bovinos, de propriedade da sociedade empresária Santa Colamba Agropecuária Ltda, CNPJ 03.785.640/000142, que estariam apascentadas na “Fazenda Entre Rios”, no decorrer do ano de 2003, para efeito de apuração da área de pastagem calculada do imóvel. Fl. 103DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 6 Notase que, diante da grande quantidade de animais (1.190 cabeças), seria coerente supor que existisse um Contrato de Comodato firmado em data anterior a 1º/01/2004, estabelecendo cláusulas e condições a serem cumpridas pelos contratantes, não bastando, por si só, a declaração de fls. 39, para comprovação dos fatos alegados. Além disso, constatase que essa declaração foi assinada pelo Sr. Fernando Prado, identificado como gerente da citada sociedade empresária, sem, no entanto, constar dos autos documentos, tais como, contrato social, atestando que o mesmo possui poderes de representação, para emitir tal declaração em nome da citada pessoa jurídica. Por sua vez, junta o recorrente em seu apelo, fls. 96/97, o Contrato de Arrendamento de Propriedade Rural para Exploração Pecuária, pactuado entre o contribuinte e a Santa Colomba Agropecuária Ltda, indicando a quantidade de animais apascentados na “Fazenda Entre Rios”. Além do mais, foi carreado aos autos, fls. 86/95, a 28ª Alteração do Contrato Social da Santa Colomba Agropecuária Ltda., demonstrando, de forma inequívoca, que o Sr. Fernando Prado possui legitimidade para assinar pela citada empresa. Sobre a Declaração de fls. 40, emitida pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia – ACDAB, entendo que deve ser conhecida, já que declara a quantidade de animais que foram vacinados contra febre aftosa e brucelose, informando, inclusive, que as vacinas encontramse em situação regular. Vejase: Declaramos para os devidos fins que Santa Colomba Agropecuária Ltda., inscrita no CNPJ/MF sob n° 03.785.60/000142, com sede na Fazenda Canguçu, Estrada Cocos/Mambai, km 90, no Município de Cocos, Estado da Bahia, encontrase em situação regular quanto às devidas vacinas contra Febre Aftosa e Brucelose. Consta em nossos arquivos o registro das vacinações realizadas no período de 2002 à 2004, declarada a relação de animais a seguir descritos: ANO QUANTIDADE DE BOVINOS 2002 1.200 2003 1.190 2004 1.441 Nesse passo, para fins de cálculo do grau de utilização do imóvel rural, considerase área servida de pastagem a menor entre a declarada pelo contribuinte e a obtida pelo quociente entre a quantidade de cabeças do rebanho ajustada e o índice de lotação mínima. A Instrução Normativa SRF n.º 256/2002, em seu art. 24, preceitua: Art. 24. Área servida de pastagem é aquela ocupada por pastos naturais, melhorados ou plantados e por forrageiras de corte que tenha, efetivamente, sido utilizada para alimentação de animais de grande e médio porte, observados os índices de lotação por zona de pecuária, estabelecidos em ato da SRF, ouvido o Conselho Nacional de Política Agrícola. § 1º Para fins do disposto no caput, é considerada área servida de pastagem a área ocupada por forrageira de corte efetivamente utilizada para alimentação de animais do mesmo imóvel rural. Fl. 104DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10540.720116/200790 Acórdão n.º 2201002.733 S2C2T1 Fl. 5 7 § 2º Aplicamse, até ulterior ato em contrário, os índices constantes da Tabela nº 5, Índices de Rendimentos Mínimos para Pecuária, aprovada pela Instrução Especial do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) nº 19, de 28 de maio de 1980, aprovada pela Portaria nº 145, de 28 de maio de 1980, do Ministro de Estado da Agricultura, constantes no Anexo I a esta Instrução Normativa. Não obstante sendo a Instrução Normativa de 2002, a mesma continuou utilizando para o cálculo do Índice de Rendimentos Mínimos para a Pecuária os mesmos índices aprovados pela Instrução Especial do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) nº 19/1980, aprovada pela Portaria nº 145/1980, do Ministro de Estado da Agricultura, os quais constam do seu Anexo I. Portanto, embora o presente litígio se reporte ao exercício de 2004, os índices aplicados são os constantes do Anexo I Tabela de Municípios, Localização e Índices de Rendimentos Mínimos para Pecuária, no qual consta para o município de Cocos Bahia a exigência de um rendimento mínimo cab/ha de 0,25. No caso concreto, sendo o Índice de Rendimentos Mínimos para a Pecuária na região de localização do imóvel equivalente a 0,25 cab/ha, fl. 10pdf, com a comprovação da existência de uma média de 1190 animais no imóvel rural, no ano de 2003, fl. 40, para efeitos de cálculo do ITR, a área de pastagens a ser considerada é de 4.760,0 ha. Assim, como o recorrente já havia declarado em sua DITR a área de 1.124,0 ha (aceita pela fiscalização), fl. 05, devese considerar apenas o acréscimo de 3.636,0 ha. Ressaltese que o mesmo laudo técnico carreado aos autos pelo recorrente como foi considerado pela autoridade recorrida como prova da existência da área de preservação permanente na propriedade “... comprovada por meio de “Laudo Técnico”, doc. de fls. 41/48, elaborado pelo Engenheiro Agrônomo José César Utida da Fonseca, com ART devidamente anotada no CREA (às fls. 54/55)”. Não se pode perder de vista que o § 2º do art. 147 permite a retificação da declaração pela autoridade administrativa a que competir a revisão. Vejase: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º. A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º. Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. Esse é o entendimento da CSRF, consoante a ementa transcrita: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – Rerratificase o Acórdão CSRF/03 04.093“ITR – VALOR DA TERRA NUA MÍNIMO – ERRO NO PREENCHIMENTO DA DITR. – Constatado de Fl. 105DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 8 forma inequívoca erro no preenchimento da DITR, nos termos do § 2º, do art. 147 do Código Tributário Nacional, deve a autoridade administrativa rever o lançamento para adequálo aos elementos fáticos reais (...) (Acórdão nº. : CSRF/0304.351) Deixo aqui consignado que de acordo com o princípio da verdade material, todo erro ou equívoco deve ser reparado tanto quanto possível. Ademais, o citado princípio encontrase respaldo na ordem contida no art. 142 do CTN, já que se deve evitar a formalização de créditos exorbitantes e em descompasso com aquele que realmente seria devido (voto proferido pelo Conselheiro Naury Fragoso Tanaka, no Acórdão nº 10247.457). Logo, devem ser apreciados os documentos juntados aos autos depois da Impugnação e antes da decisão de 2ª instância, mormente porque a necessidade de complementação do conjunto probatório partiu da própria autoridade recorrida. Por fim, o livre convencimento é prerrogativa do julgador na apreciação dos fatos e de sua prova, conforme preceitua o art. 131 do Código de Processo Civil e do art. 29 do Decreto 70.235/1972, verbis: Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que Ihe formaram o convencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) (...) Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso para considerar como área de pastagem um acréscimo de 3.636,0 ha. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 106DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
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Numero do processo: 10865.000744/2010-98
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 28 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006
IRPF. LANÇAMENTO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JULGAMENTO DO STF EM REPERCUSSÃO GERAL.
Nos casos de rendimentos recebidos acumuladamente, deve o imposto de renda ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em deveriam ter sido pagos, sob pena de violação dos princípios da isonomia e da capacidade contributiva, consoante assentado pelo STF no julgamento do RE nº 614.406 realizado sob o rito do art. 543B do CPC, não prosperando, assim, lançamento constituído em desacordo com tal entendimento.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.999
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Marcelo Oliveira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: MARCELO OLIVEIRA
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LANÇAMENTO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JULGAMENTO DO STF EM REPERCUSSÃO GERAL. Nos casos de rendimentos recebidos acumuladamente, deve o imposto de renda ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em deveriam ter sido pagos, sob pena de violação dos princípios da isonomia e da capacidade contributiva, consoante assentado pelo STF no julgamento do RE nº 614.406 realizado sob o rito do art. 543B do CPC, não prosperando, assim, lançamento constituído em desacordo com tal entendimento. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 07 44 /2 01 0- 98 Fl. 105DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Marcelo Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 106DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10865.000744/201098 Acórdão n.º 2402004.999 S2C4T2 Fl. 106 3 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra Decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), que julgou manifestação de inconformidade improcedente, nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NÃO CABIMENTO. Incabível a restituição de imposto de renda retido na fonte, quando não reconhecida existência de pagamento indevido ou a maior. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Acórdão Acordam os membros da 3ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar improcedente a manifestação de inconformidade, não reconhecendo o direito creditório pleiteado, nos termos do relatório e voto que integram este julgado. Segundo a fiscalização, de acordo com o Despacho Decisório (DD), que analisou o pedido de restituição, como bem relatado pela decisão a quo: A interessada requereu em 9/3/2010, a restituição do imposto de renda que afirma indevidamente retido sobre rendimentos do trabalho assalariado, recebidos acumuladamente em 2006. Argumenta em síntese que o cálculo do imposto de renda devido, em conformidade com a sentença judicial, deveria tomar por base as tabelas progressivas mensais, vigentes nos meses de referência das diferenças salariais pagas por força de decisão judicial. Alega ainda que o seu pleito é calcado única e exclusivamente na sentença judicial transitada em julgado (fls.3 a 14). O pedido foi indeferido pela Delegacia da Receita Federal em Limeira/SP, mediante Despacho Decisório do Serviço de Orientação e Análise Tributária – Seort, de 3/5/2011, com fundamento no art. 12 da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, segundo o qual, no caso de rendimentos recebidos acumuladamente o imposto incidirá no mês do recebimento e sobre o total dos rendimentos (fls.40/41). Os motivos que ensejaram o indeferimento estão descritos no DD. Fl. 107DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 Em 20/05/2011 foi dada ciência à recorrente do DD, conforme atestado no despacho. Contra a decisão, a recorrente apresentou impugnação, em 25/05/2011, argumentando, como demonstra a decisão a quo, em síntese, que: A contribuinte contesta o lançamento, argumentando em síntese a nulidade do despacho decisório por descumprimento de ordem judicial. A decisão administrativa teria dado nova interpretação à regra de retenção do imposto contida na sentença judicial que reconheceu o direito às diferenças salariais. Reafirma que os parâmetros fixados na sentença para cálculo do imposto não foram obedecidos pela fonte pagadora que efetuou a retenção. Cita jurisprudência judicial e refere confirmada com a edição da Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, na qual o legislador entendeu que a regra de tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente feria princípios constitucionais. E que essa conclusão ratifica o acerto da decisão judicial que lhe garantiu a distribuição dos rendimentos pelos meses de sua geração, para fins de incidência do imposto de renda. Finaliza requerendo a reforma do despacho decisório para que o seu pedido seja processado em conformidade com a decisão judicial que reconheceu o seu direito e, na eventualidade de desconsideração, que seja reconhecido o seu direito à distribuição dos rendimentos recebidos acumuladamente pelos meses em que foram gerados (fls.42 a 59). A Delegacia analisou o despacho e a manifestação de inconformidade, julgando esta improcedente, em síntese, pelo seguinte motivo: "O direito à restituição do imposto que a contribuinte afirma indevidamente retido quando do pagamento de verbas trabalhistas não restou, pois, comprovado nos autos. A previsão do art. 12A, da Lei nº 7.713, de 1988, que aduz, é de que a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente, a partir de 1º de janeiro de 2010, passasse a se dar por um regime especial. Como os rendimentos foram recebidos em 2006, aplica se ao caso a tributação prevista no art. 12 da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1998, vigente à época do recebimento, cabendo registrar que nem a jurisprudência dos Tribunais Superiores e nem a edição de Ato Declaratório pela Procuradora Geral da Fazenda Nacional teriam implicado a revogação do dispositivo legal cuja interpretação os tenha suscitado:" Em 08/08/2014, a recorrente foi cientificada da decisão. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso voluntário, em 04/09/2014, acompanhado de anexos, onde alega, em síntese, que: 1. Possui o direito creditório; 2. A decisão descumpriu determinação judicial; 3. A tese contida na decisão recorrida foi superada pela jurisprudência; 4. Inexiste antinomia entre a legislação e as normas judiciais; Fl. 108DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10865.000744/201098 Acórdão n.º 2402004.999 S2C4T2 Fl. 107 5 5. O Art 44, da lei 12.350/2010 deve retroagir; 6. Requer que seu recurso seja conhecido e provido. Após o recurso, anexou petição informando resultado de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no RE 614.406/RS, aplicável, segundo à recorrente ao caso. Posteriormente, os autos foram enviados ao Conselho, para análise e decisão. É o relatório. Fl. 109DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira, Relator Sendo tempestivo, CONHEÇO DO RECURSO e passo ao exame de seus argumentos. DO MÉRITO Quanto ao mérito, após intenso debate no colegiado, decidi pelo provimento do recurso, em síntese, pela tese exposta, com mestria, pelo excelso conselheiro Ronnie Soares Anderson, conforme voto abaixo, que acompanho e utilizo como razões de decidir: "Reza o art. 12 da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988: Art. 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização Essa opção do legislador, no sentido de que os rendimentos recebidos acumuladamente fossem tributados pelo regime de caixa, foi objeto de questionamento judicial por parte dos contribuintes por diversas razões, dentre as quais se destaca a possibilidade de a incidência de uma só vez, do imposto de renda sobre o somatório das prestações mensais devidas, causar violação aos princípios da isonomia e da capacidade contributiva, visto que se tivessem os beneficiários recebidos na época própria, poderiam estar dentro dos limites de legais de isenção do tributo. Estando a discussão desde 2005 na esfera do Superior Tribunal de Justiça (STJ), este, em sua missão constitucional de uniformizar a interpretação da lei federal, submeteu o tema ao rito previsto no art. 543C do Código de Processo Civil (CPC), ensejando a prolação da seguinte decisão no REsp nº 1.118.429/SP, julgado pela 1ª Seção (Relator Min. Herman Benjamin, DJe de 14/5/2010), cuja ementa transcrevo: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores Fl. 110DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10865.000744/201098 Acórdão n.º 2402004.999 S2C4T2 Fl. 108 7 deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art.543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008. Por força do § 2º do art. 62 do RICARF (Regimento Interno do CARF, Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015), tornouse obrigatória a reprodução dessa decisão no julgamento dos recursos na esfera do CARF. Persistiu dissenso no âmbito das Turmas componentes da 2ª Seção do CARF, contudo, no tocante à aplicação dessa decisão em recurso repetitivo nos litígios envolvendo lançamentos realizados com base no art. 12 da Lei nº 7.713/88. Em linhas gerais e apertada síntese, podese dividir os entendimentos divergentes em duas vertentes principais, sendo que a primeira concedia parcial provimento aos recursos interpostos contra tais lançamentos, determinando que fossem aplicadas aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido originalmente pagos. Já a segunda corrente entendia que tal aplicação implicaria em alteração substancial do critério jurídico adotado no lançamento, o qual, conseqüentemente, deveria ser cancelado devido à não observância da norma fixada pelo STJ em recurso repetitivo, dando provimento integral ao recurso voluntário. Entrementes, e paralelamente, a controvérsia acerca da incidência do imposto de renda sobre os rendimentos recebidos acumuladamente assumiu contornos constitucionais, com o reconhecimento de sua repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 20/10/2010, no decorrer de julgamento da questão de ordem em agravo regimental no Recurso Extraordinário (RE) nº 614.406/RS, face à declaração da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei nº 7.713/88 levada a efeito pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em sede de controle difuso. Expliquese que na Argüição de Inconstitucionalidade nº 2002.72.05.0004340/SC, a Corte Especial daquele e. Tribunal declarou em 22/10/2009 a "inconstitucionalidade sem redução de texto ou interpretação conforme a Constituição" do art. 12 da Lei nº 7.718/88, "no tocante aos rendimentos recebidos acumuladamente decorrentes de remuneração, vantagem pecuniária, proventos e benefícios previdenciários, como na situação vertente, recebidos a menor pelo contribuinte em cada mês/competência e cujo recolhimento de alíquota prevista em lei se dê mês a mês ou em menor período". Fl. 111DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 8 Interposto então o RE nº 614.406/RS pela União para afastar a aplicação dessa declaração de inconstitucionalidade em dado caso sob litígio (cujo processo de origem foi a ação ordinária de nº 2008.71.13.00016588/RS), formouse com base nesse leading case o Tema 368 "Incidência do imposto de renda de pessoa física sobre rendimentos percebido acumuladamente" de repercussão geral, o qual foi submetido ao rito regrado pelo art. 543B do CPC . O julgamento do recurso representativo da controvérsia restou findo em 23/10/2014, sendo que o Tribunal Pleno, por maioria, decidiu a matéria negando provimento ao recurso e exarando acórdão cuja ementa foi assim redigida: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. (RE 614406, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe233 DIVULG 26112014 PUBLIC 27112014) No Informativo STF de nº 764, referente ao período compreendido entre 20 e 24 de outubro de 2010, consta o seguinte resumo da conclusão da votação em apreço: IRPF e valores recebidos acumuladamente : É inconstitucional o art. 12 da Lei 7.713/1988 (“No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização”). Com base nessa orientação, em conclusão de julgamento e por maioria, o Plenário negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia a constitucionalidade da referida norma — v. Informativo 628. O Tribunal afirmou que o sistema não poderia apenar o contribuinte duas vezes. Esse fenômeno ocorreria, já que o contribuinte, ao não receber as parcelas na época própria, deveria ingressar em juízo e, ao fazêlo, seria posteriormente tributado com uma alíquota superior de imposto de renda em virtude da junção do que percebido. Isso porque a exação em foco teria como fato gerador a disponibilidade econômica e jurídica da renda. A novel Lei 12.350/2010, embora não fizesse alusão expressa ao regime de competência, teria implicado a adoção desse regime mediante inserção de cálculos que direcionariam à consideração do que apontara como “épocas próprias”, tendo em conta o surgimento, em si, da disponibilidade econômica. Desse modo, transgredira os princípios da isonomia e da capacidade contributiva, de forma a configurar confisco e majoração de alíquota do imposto de renda. Vencida a Ministra Ellen Gracie, que dava Fl. 112DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10865.000744/201098 Acórdão n.º 2402004.999 S2C4T2 Fl. 109 9 provimento ao recurso por reputar constitucional o dispositivo questionado. Considerava que o preceito em foco não violaria o princípio da capacidade contributiva. Enfatizava que o regime de caixa seria o que melhor aferiria a possibilidade de contribuir, uma vez que exigiria o pagamento do imposto à luz dos rendimentos efetivamente percebidos, independentemente do momento em que surgido o direito a eles.RE 614406/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 23.10.2014. (RE614406) Merecem transcrição, também, os seguintes excertos do voto condutor de lavra do Ministro Marco Aurélio e dos debates então verificados, cuja leitura permite melhor esclarecer o posicionamento do STF sobre o tema: Qual é a conseqüência de se entender de modo diverso do que assentado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região? Haverá, como ressaltado pela doutrina, principalmente a partir de 2003, transgressão ao princípio da isonomia. Aqueles que receberam os valores nas épocas próprias ficaram sujeitos a certa alíquota. O contribuinte que viu resistida a satisfação do direito e teve que ingressar em Juízo será apenado, alfim, mediante a incidência de alíquota maior. Mais do que isso, temse o envolvimento da capacidade contributiva, porque não é dado aferila, tendo em conta o que apontei como disponibilidade financeira, que diz respeito à posse, mas o estado jurídico notado à época em que o contribuinte teve jus à parcela sujeita ao Imposto de Renda. O desprezo a esses dois princípios conduziria a verdadeiro confisco e, diria, à majoração da alíquota do Imposto de Renda. (...) O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Por isso, no caso, desprovejo o recurso, assentando a inconstitucionalidade do artigo 12 – não do 12A, que resultou da medida provisória, da conversão em lei –, no que conferida interpretação alusiva à junção do que alcançado pelo contribuinte, considerados os vários exercícios. Mantenho o acórdão. O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO (PRESIDENTE) Nega provimento? O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Porque, de outro modo, o contribuinte – como disse – será apenado, quer dizer, o devedor não satisfaz a parcela, compele o a entrar em Juízo e, posteriormente, cobra o imposto pela alíquota maior. (grifei) Fl. 113DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 10 O acórdão em comento transitou em julgado em 9/12/2014, sem interposição de recurso por qualquer das partes, ou atribuição de modulação aos efeitos dessa decisão. Destarte, restou assim consolidado o entendimento de que a incidência do imposto de renda pessoa física sobre verbas recebidas acumuladamente deve considerar as datas e as alíquotas vigentes na época em que a verba deveria ter sido paga, em respeito aos princípios da isonomia e da capacidade contributiva, firmandose, por conseguinte, a inconstitucionalidade do art. 12 da Lei nº 7.713/88 quanto a esse aspecto. Nos termos do inciso I do § 6º do art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, não se aplica a vedação aos órgãos de julgamento administrativo fiscal ao afastamento de lei sob o fundamento de inconstitucionalidade, nos casos de lei que tenha sido declarada inconstitucional por decisão plenária definitiva do STF no mesmo passo, temse o disposto no art. 62 do RICARF. Cumpre observar, por oportuno, que as decisões do STF exaradas nos moldes do art. 543B do CPC possuem o caráter de palavra final e definitiva daquele tribunal sobre as questões jurídica nelas objetivamente decididas, conforme já alertava, com propriedade, o Parecer PGFN/CRJ nº 492, de 30 de março de 2011. E, nesse contexto, o § 2º do art. 62 do RICARF contém a seguinte regra: § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Por conseguinte, a decisão definitiva de mérito proferida pelo Tribunal Pleno do STF sob a sistemática prevista pelo art. 543B do CPC deverá ser reproduzida por este colegiado no julgamento do presente recurso voluntário. E essa reprodução da decisão, salvo melhor juízo, significa aplicação da norma jurídica geral, consolidada no julgamento da repercussão geral, no caso em exame. No caso concreto, a Notificação de Lançamento vergastada foi amparada na prescrição contida no art. 12 da Lei nº 7.713/88, não havendo sido realizado o cálculo do imposto de renda consideradas as tabelas e alíquotas relativas aos períodos a que se referiam as parcelas devidas, mas sim as do ano calendário em que foram efetivamente percebidos os valores em questão. E, havendo sido reconhecida pelo STF a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual o imposto incide no mês do recebimento sobre o total de rendimentos, verifica se incompatibilidade do lançamento com tal prescrição, afligindo tanto o aspecto temporal Fl. 114DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10865.000744/201098 Acórdão n.º 2402004.999 S2C4T2 Fl. 110 11 quanto o quantitativo da regra matriz de incidência tributária, em violação ao caput do art. 142 do Código Tributário Nacional Ante o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para fins de cancelar a exigência. (Processo 15504.003086/201190, Acórdão: 2402004.930, de 28 de janeiro de 2016). Por todo exposto e não havendo mais o que acrescentar na excelente argumentação do voto acima, acompanhoo, a fim de dar provimento ao recurso. CONCLUSÃO Em razão do exposto, Voto pelo provimento do recurso, nos termos do voto. Marcelo Oliveira. Fl. 115DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 17/03/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000310/2008-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA.
CRÉDITO NÃO PASSÍVEL DE COMPENSAÇÃO POR EXPRESSA DISPOSIÇÃO LEGAL. DIREITO CREDITÓRIO RECONHECIDO EM DECISÃO JUDICIAL NÃO TRANSITADA EM JULGADO. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO, EM DECISÃO LIMINAR, PARA APRESENTAÇÃO DE DCOMP. AUTORIZAÇÃO POSTERIOR EM SEDE DE SENTENÇA EM MANDADO DE SEGURANÇA DESCONSTITUÍDA EM RAZÃO DE RENÚNCIA DO IMPETRANTE. Sujeita-se à multa isolada de 75% o sujeito passivo que declara compensação com crédito não passível de compensação por expressa disposição legal, assim entendido o crédito decorrente de decisão judicial não transitada em julgado, por força do art. 170-A do CTN.
RETROATIVIDADE BENIGNA. INAPLICABILIDADE. Subsiste a penalidade se a conduta vedada por lei permanece passível de multa no mesmo percentual aplicado no lançamento, apesar de outro ser o ato administrativo a ser editado para afastar os efeitos da DCOMP apresentada.
Numero da decisão: 1302-001.752
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado em: 1) por maioria de votos, REJEITAR a preliminar de incompetência do Colegiado suscitada pelo Conselheiro Alberto Pinto Souza Júnior, acompanhado pela Conselheira Talita Pimenta Félix; e 2) por maioria de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, divergindo as Conselheiras Daniele Souto Rodrigues Amadio e Talita Pimenta Félix, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Paulo Mateus Ciccone, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Eduardo Andrade e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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MULTA. CRÉDITO NÃO PASSÍVEL DE COMPENSAÇÃO POR EXPRESSA DISPOSIÇÃO LEGAL. DIREITO CREDITÓRIO RECONHECIDO EM DECISÃO JUDICIAL NÃO TRANSITADA EM JULGADO. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO, EM DECISÃO LIMINAR, PARA APRESENTAÇÃO DE DCOMP. AUTORIZAÇÃO POSTERIOR EM SEDE DE SENTENÇA EM MANDADO DE SEGURANÇA DESCONSTITUÍDA EM RAZÃO DE RENÚNCIA DO IMPETRANTE. Sujeitase à multa isolada de 75% o sujeito passivo que declara compensação com crédito não passível de compensação por expressa disposição legal, assim entendido o crédito decorrente de decisão judicial não transitada em julgado, por força do art. 170A do CTN. RETROATIVIDADE BENIGNA. INAPLICABILIDADE. Subsiste a penalidade se a conduta vedada por lei permanece passível de multa no mesmo percentual aplicado no lançamento, apesar de outro ser o ato administrativo a ser editado para afastar os efeitos da DCOMP apresentada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em: 1) por maioria de votos, REJEITAR a preliminar de incompetência do Colegiado suscitada pelo Conselheiro Alberto Pinto Souza Júnior, acompanhado pela Conselheira Talita Pimenta Félix; e 2) por maioria de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, divergindo as Conselheiras Daniele Souto Rodrigues Amadio e Talita Pimenta Félix, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 03 10 /2 00 8- 18 Fl. 472DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 3 2 EDELI PEREIRA BESSA Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Paulo Mateus Ciccone, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Eduardo Andrade e Ana de Barros Fernandes Wipprich. Fl. 473DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 4 3 Relatório COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL, já qualificada nos autos, recorre de decisão proferida pela 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo/SP que, por voto de qualidade, julgou IMPROCEDENTE a impugnação interposta contra lançamento formalizado em 18/02/2008, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 1.440.319,72. Consta da decisão recorrida o seguinte relato: Pelo TERMO DE CONSTATAÇÃO de fls. 41/43 registra a Autoridade Lançadora, em suma, que as compensações pretendidas pela Contribuinte – apontadas em fl. 44 – valiamse de crédito debatido no Mandado de Segurança 2003.51.01.0068660, acrescentando que “Em despacho de Representação formalizado pela DRF/Volta Redonda, à luz do indeferimento da compensação pleiteada pelo contribuinte, destacase: Analisando o processo administrativo No. 10070.000047/200354, de interesse da COMPANHIA SIDERURGICA NACIONAL, CNPJ No. 33.042.730/001771, chegou se ilação de que as compensações dos débitos relacionados a seguir, pertencentes ao estabelecimento No. 33.042.730/002158, consideradas NÃO HOMOLOGADAS, devem ser objeto de lançamento de multa isolada, por força da redação original do art. 18 da Medida Provisória No. 135/03, em vigor desde 31/10/2003, posteriormente convertida na Lei No. 10.833/03. (...) (fl. 41) E diz: Verificando em maior detalhe a ação judicial informada pelo contribuinte, observase, através de extrato e cópia de acórdão extraídos do sítio da internet do TRF/2ª. Região, que a empresa dispunha de medida liminar que, segundo informações contidas na decisão administrativa proferida quanto à compensação, davamlhe o direito precário de escriturar os créditos de IPI pleiteados. Todavia, acórdão proferido e publicado em 27/08/2007 concedeu efeito suspensivo à União Federal, cassando os efeitos das liminares pendentes, restando o contribuinte desamparado em sua pretensão compensatória. (fl. 41) (...) há que se destacar o disposto no art. 170A do CTN, que veda expressamente a tentativa de compensação com suposto crédito objeto de discussão judicial antes do trânsito em julgado da ação. (...) (...) resta claro tratarse de tentativa de compensação mediante a utilização de crédito relativo a tributo objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, ausente qualquer decisão judicial eficaz que lhe garanta o direito de compensação pleiteado, configurandose tentativa de compensação com crédito cuja utilização é vedada por expressa disposição legal (art. 170A do Código Tributário Nacional — CTN), e sendo aplicável multa isolada à aliquota de 75% sobre o montante indevidamente compensado (...) (fl. 42) Ainda hoje, com o texto legal da Lei 10.833/2003 alterado pela Lei 11.196/2005 e pela Lei 11.488/2007, permanece o cabimento de aplicação de multa isolada para o caso de compensação através da utilização de créditos decorrentes de ação judicial não Fl. 474DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 5 4 transitada em julgado (art.18, §4º. da Lei 10.833/2003, com redação dada pela Lei 11.051/2004, Lei 11.196/2005 e Lei 11.488/2007 c/c Art. 74, §12 da Lei 9430/1996). (fl. 42) Contra o Lançamento foi apresentada Impugnação, fls. 64/83, na qual, em síntese, assim se discorre, alega e pleiteia: A Delegacia de Volta Redonda, por decisão manifestamente ilegal, não homologou as compensações, ao fundamento de uma suposta identidade de instância, bem como da impossibilidade de se utilizar de decisão judicial sem trânsito em julgado. (fl. 68) (...) a partir de 30.12.2004 (data em que passou a surtir efeitos o artigo que deu nova redação ao art. 18 da Lei n° 10.833/03), configuravase infração – passível da multa isolada ali prevista tãosomente o ato praticado pelo contribuinte em que restasse "caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964" (...) se comparada com a redação precedente, dois atos foram descaracterizados como infração, quais sejam: compensação (i) utilizando crédito não passível de compensação por expressa disposição legal e (ii) utilizando credito de natureza não tributária. (...) da análise comparativa dos textos legais, não há dúvida de que se está diante de uma novatio legis in mellius (lex mittior), a qual, a teor do art. 106, II, "a", do Código Tributário Nacional, por se tratar de lei mais benigna, retroage para se aplicar a ato pretérito não definitivamente julgado que deixe de ser considerado como infração. (fl. 72) Mas não é só (fl. 74) De acordo com o enunciado hodierno do dispositivo em comento, somente se configura infração passível da multa isolada ali prevista a apresentação de Declaração falsa. (fl. 75) (...) também por essa razão, deve aplicar à espécie o art. 106, II, "a", do Código Tributário Nacional, já que a norma deixou de prever como infração o ato pratica pela Impugnante, o qual, por óbvio, ainda não foi definitivamente julgado. (fl. 76) (...) a Impugnante apresentou as respectivas Declarações de Compensação (20.02.2004, 09.03.2004, 24.03.2004, 06.04.2004 e 20.04.2004) numa época em que estava plenamente eficaz a decisão liminar prolatada nos autos do Mandado de Segurança n° 2003.51.01.0068660, a qual foi publicada em 18.06.2003. A decisão a que se faz referência somente foi suspensa em 27.08.2007 (data da publicação do acórdão), através do Agravo de Instrumento no 2003.02.01.0086842. Portanto, na data em que foram apresentadas as Declarações de Compensação, a decisão liminar concedida nos autos daquele mandado de segurança era plenamente eficaz. (fl. 76) (...) as Declarações de Compensação foram apresentadas com espeque em decisão judicial eficaz, a qual não restringia o direito de utilizar os créditos em comento para compensação. (...) De outro lado, o(s) processo(s) administrativo(s) gerado(s) a partir das Declarações de compensação jamais poderiam ser objeto de Não homologação com fundamento na existência de identidade de instâncias. 35. Isso porque é obrigatória a formação de processo administrativo para fins de compensação de créditos reconhecidos judicialmente. A decisão judicial reconhece sempre a compensabilidade dos créditos, jamais efetiva a compensação, a teor da súmula 213 do Superior Tribunal de Justiça. (fl. 77) Fl. 475DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 6 5 Mostrase, ademais, que a apresentação das Declarações de Compensação com amparo em decisão judicial jamais poderiam configurar dolo, quiçá se poderia sustentar que a decisão judicial foi contra legem, o que configuraria a hipótese de apresentação de Declaração de Compensação com créditos cuja utilização é vedada por expressa disposição legal. (fl. 78) Em suma, devese julgar improcedente o lançamento vergastado, pelas seguintes razões, expostas neste tópico: (i) as Declarações de Compensação foram apresentadas em época que a decisão judicial que guarneceu a Impugnante estava na sua plena eficácia; (ii) jamais se poderia declarar não homologada a compensação sob o fundamento de identidade de instância, pois a formação do processo administrativo para apurar a compensação é obrigatória; e (iii) a apresentação das Declarações de Compensação com amparo em decisão judicial jamais poderiam configurar dolo, quiçá poderia sustentarse que a decisão judicial foi contra legem, o que configuraria a hipótese de apresentação de Declaração de Compensação com créditos cuja utilização é vedada por expressa disposição legal. (fls. 79/80) Por fim, importa ressaltar que há mais uma razão para se julgar improcedente o auto de infração, qual seja: a eficácia do art. 170A do CTN não alcança os créditos apresentados pela Impugnante em suas declarações de compensação. (...) (...) concessa maxima venia, cumpre registrar que não se pode invocar o art. 170A do Código Tributário Nacional em razão de dois fundamentos: (i) vício de inconstitucionalidade, por malferimento aos arts 2° e 5°, inciso XXXV, ambos da Carta da República; e (ii) quando houver decisão judicial, em sede de mandado de segurança, que vise coibir a prática de ato abusivo. A toda evidência, ao adotarse o citado preceito legal se estaria fechando os olhos para sua inconstitucionalidade, uma vez que impõe evidente transgressão ao principio da tripartigdo dos Poderes. (fl. 80) 45. Quando uma lei se intromete no trâmite de um processo judicial e determina que certa providência só possa ser entregue ao jurisdicionado após o trânsito em julgado da lide, o que a referida lei faz é tirar do âmbito do Poder Judiciário a competência para verificação dos requisitos que, eventualmente, ensejariam a concessão de uma medida de cunho liminar. (fls. 80/81) Assim, o Poder Legislativo parte da premissa de que o Poder Judiciário não tem responsabilidade suficiente para aplicar, na justa medida, providências que não façam as demandantes aguardarem até o trânsito em julgado da lide para obter proteção jurisdicional. 47. O Poder Legislativo não pode impedir o Poder Judiciário de, em questões que versem sobre compensação de tributos, analisar os requisitos ensejadores da concessão de um provimento liminar. 48. Ora, se o Magistrado atesta a presença de tais requisitos, tem ele o poderdever de conceder a medida, sob pena da prestação jurisdicional, se entregue ao fim da lide, se revelar imprestável. 49. Ademais, o Superior Tribunal de Justiça, na voz do Ministro Franciulli Netto, manifesta o entendimento de que a vedação do art. 170A apenas é aplicável a valores exatos, mas não assim a compensação no âmbito do lançamento por homologação, como é o caso em que a Fazenda Pública terá o prazo de 05 (cinco) anos para fiscalizar o procedimento compensatório levado a cabo pelo contribuinte. (fl. 81) Por fim, vale dizer que não se pode penalizar a Impugnante por ter ela confiado em provimento jurisdicional que lhe garantiu a compensabilidade dos créditos em voga, de Fl. 476DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 7 6 modo que expressão "crédito ou o débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal" constante do art. 18, da Lei 10.833/03 na sua redação originaria, deve ser interpretada cum granu salis. (fl. 83) É o relatório. A maioria qualificada da Turma Julgadora rejeitou estes argumentos aduzindo que: · ... não cabe à esfera administrativa apreciar alegações, diretas ou indiretas, contra o art. 170A e as normas legais em geral; · O direito à compensação promovida é objeto do processo administrativo nº 10070.000047/200354 e não pode ser apreciado neste processo administrativo de Lançamento de crédito, pois falece competência a este órgão julgador para aqui apreciar, direta ou enviesadamente, questões atinentes às compensações rejeitadas; · ... ainda que a Contribuinte detivesse integral razão quanto ao alegado direito de compensar, isto em nada a beneficiaria, pois a multa teria de ser mantida até ser anulada, reformada, cancelada ou de algum modo desconstituída, em processo próprio, a decisão proferida pela Autoridade Administrativa competente. · ... os autos dão conta de decisão rejeitando as compensações, bem como temse em conta decisão proferida no âmbito do Tribunal Regional Federal em 29/05/2007; · Integra o aspecto material do fato gerador da multa isolada declaração de compensação lastreada em crédito não administrado pela Secretaria da Receita Federal, em crédito decorrente de decisão judicial não transitada em julgado ou em outra razão desautorizada pelo art. 18 da Lei 10.833, que tenha sido formalmente rejeitada pela autoridade tributária. Como não há possibilidade do contribuinte ser multado antes da decisão proferida pela autoridade tributária, o aspecto temporal da penalidade não é dado pela data da entrega da declaração, mas sim com a decisão contrária ao contribuinte; · No momento da decisão contrária à contribuinte, a liminar inicialmente concedida pelo juízo a quo (fl. 158) já não mais produzia efeitos, uma vez que pousava imperativa a decisão do Tribunal Regional Federal, de 29/05/2007 (fl. 38). Assim, o "fato gerador" da multa surgiu quando a Contribuinte já não contava com a proteção da medida liminar; · ... na linha do Parecer PGFN/CDA/CAT nº 1.499/2005 – adiante transcrito em parte –, a conduta de entregar/transmitir declaração de compensação utilizando crédito não passível de compensação por expressa disposição legal – como é o caso do crédito oriundo de decisão judicial não transitada em julgado, obstado pelo art. 170A do CTN – continuou a ser definida como infração com as alterações promovidas pela lei nº 11.051/2004. · Quanto à aplicação do art. 112 do CTN, a legislação só pode ser interpretada de maneira mais benéfica ao infrator em situações específicas de dúvida, ausentes no caso em tela. Fl. 477DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 8 7 · Não houve imputação de dolo no presente caso, e a impugnante não manifestou inconformidade contra a nãohomologação das compensações, comunicando nos autos do processo administrativo nº 10070.000047/2003 54 que em razão de o TRF/2ª Região ter sustado a liminar antes referida, quitaria os depósitos compensados no prazo do art. 63 da Lei nº 9.430/96. Houve declaração de voto por parte da divergência, na qual se firmou o entendimento de que considerando as alterações trazidas a partir da Lei nº 11.051, de 29 de dezembro de 2004, e as hipóteses atuais de aplicação da Multa Isolada previstas no caput e no parágrafo 4º do artigo 18 da Lei 10.833, não há aplicação de multa isolada para “compensação declarada” até 29/12/2004, ainda que decorrente de crédito de terceiro ou de ação judicial não transitada em julgado, impondose a aplicação da retroatividade benigna na forma do art. 106, II, "a" do CTN. Cientificada da decisão de primeira instância em 14/05/2014 (fl. 402), a contribuinte interpôs recurso voluntário, tempestivamente, em 29/05/2014 (fls. 404/418). Inicialmente relata que as Declarações de Compensação DCOMP foram transmitidas entre 20/02/2004 e 20/04/2004, e se referiam a créditos objeto de contestação judicial no Mandado de Segurança nº 2003.51.01.0068660. Naqueles autos, obteve liminar em 18/06/2003, a qual somente foi revogada em 23/08/2007, de modo que as compensações foram declaradas na vigência de decisão liminar. Contudo, a autoridade fiscal entendeu que estas compensações ofendiam o art. 170A do CTN, e aplicou multa isolada no percentual de 75% sobre o valor compensado, nos termos da redação original do art. 18 da Medida Provisória nº 135/2003, posteriormente convertida na Lei nº 10.833/2003. Na sequência, reportase à acusação fiscal, grifando o enquadramento legal consignado no auto de infração, para depois afirmar a improcedência do lançamento em razão da retroatividade de lei mais benigna. Isto porque com o advento da Lei nº 11.051/2004 a multa isolada prevista no art. 18 da Lei nº 10.833/2003 ficou restrita aos casos em que caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. Com a edição da Lei nº 11.488/2007, a imposição da multa isolada ficou limitada aos casos em que fosse comprovada a falsidade da declaração, e na forma qualificada. Assim, aplicável ao caso o art. 106, inciso II, alínea "a", do CTN. Esclarece que as compensações foram consideradas não homologadas em virtude da revogação da decisão liminar que subsidiou a entrega das DCOMP, não houve acusação de quaisquer das condutas previstas na Lei nº 4.502/64 ou de falsidade, bem como não foi provado o dolo na conduta do agente, até porque as DCOMP foram entregues na vigência de decisão liminar. Reportase aos Acórdão nº 9101001.313, 9101001.676, 140100.490, 3301 002.007, 130100.807, 340100.806, 340201.090, 1202000.926 e 1402001.523, bem como ao voto vencido que integra a decisão recorrida, que reconhecem a retroatividade benigna e autorizam o cancelamento da exigência. Subsidiariamente observa que as DCOMP possuíam supedâneo em decisão judicial proferida em 18.06.2003 e ainda vigente. Acrescenta que não se pode invocar o artigo 170A para a aplicação da penalidade de multa isolada, vez que o Poder Legislativo não pode impedir o Poder Judiciário de analisar os requisitos ensejadores da concessão de um provimento liminar, como nos casos de questões que versem sobre compensação de tributos, Fl. 478DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 9 8 na forma de jurisprudência que cita. Entende, também, que não se pode penalizar a Recorrente por ter ela confiado em provimento jurisdicional que lhe garantiu a compensabilidade dos créditos em voga. Por tais razões, pede que seja dado provimento ao recurso voluntário, com o cancelamento da penalidade aplicada. Fl. 479DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 10 9 Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA Preliminarmente cumpre expor as razões que sustentam o entendimento da maioria deste Colegiado em favor da competência da 1ª Seção de Julgamento para apreciação do litígio instaurado nestes autos. Embora a compensação que motivou a aplicação da penalidade aqui em debate tenha por referência direito creditório pertinente ao IPI, este aspecto não é suficiente para determinar a competência da 3ª Seção Julgamento para apreciação deste litígio. O Anexo II do Regimento Interno do CARF RICARF aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, de fato, atribui à 3ª Seção de Julgamento a competência para apreciação de recursos que versem sobre a aplicação da legislação referente ao IPI, aí incluídos os litígios formados em processos administrativos de compensação, ressarcimento ou restituição. Vejase: Art. 4º À 3ª (terceira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação referente a: I Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, inclusive quando incidentes na importação de bens e serviços; II Contribuição para o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL); III Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); [...] Art. 7º Incluemse na competência das Seções os recursos interpostos em processos administrativos de compensação, ressarcimento, restituição e reembolso, bem como de reconhecimento de isenção ou de imunidade tributária. § 1º A competência para o julgamento de recurso em processo administrativo de compensação é definida pelo crédito alegado, inclusive quando houver lançamento de crédito tributário de matéria que se inclua na especialização de outra Câmara ou Seção. § 2º Os recursos interpostos em processos administrativos de cancelamento ou de suspensão de isenção ou de imunidade tributária, dos quais não tenha decorrido a lavratura de auto de infração, incluemse na competência da 2ª (segunda) Seção. Todavia, estes autos não veiculam compensação, mas sim penalidade aplicada em razão da forma adotada pelo sujeito passivo para promovêla. Tratase, portanto, de litígio vinculado a processo de compensação por decorrência, que poderia justificar a atribuição da competência de seu julgamento à 3ª Seção de Julgamento se aplicável o disposto no art. 6º do Anexo II do RICARF: Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: § 1º Os processos podem ser vinculados por: Fl. 480DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 11 10 I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formalizados em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. § 3º A distribuição poderá ser requerida pelas partes ou pelo conselheiro que entender estar prevento, e a decisão será proferida por despacho do Presidente da Câmara ou da Seção de Julgamento, conforme a localização do processo. § 4º Nas hipóteses previstas nos incisos II e III do § 1º, se o processo principal não estiver localizado no CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para a unidade preparadora, para determinar a vinculação dos autos ao processo principal. § 5º Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiverem localizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e o sobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal. § 6º Na hipótese prevista no § 4º, se não houver recurso a ser apreciado pelo CARF relativo ao processo principal, a unidade preparadora deverá devolver ao colegiado o processo convertido em diligência, juntamente com as informações constantes do processo principal necessárias para a continuidade do julgamento do processo sobrestado. § 7º No caso de conflito de competência entre Seções, caberá ao Presidente do CARF decidir, provocado por resolução ou despacho do Presidente da Turma que ensejou o conflito. § 8º Incluemse na hipótese prevista no inciso III do § 1º os lançamentos de contribuições previdenciárias realizados em um mesmo procedimento fiscal, com incidências tributárias de diferentes espécies. Contudo, como não houve litígio instaurado nos autos do processo principal de compensação, não há como vincular este processo, por decorrência, a outro processo passível de julgamento na 3ª Seção de Julgamento. Em tais circunstâncias, a competência de julgamento enquadrase no regramento residual presente no Anexo II do RICARF: Art. 2º À 1ª (primeira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: I Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ); II Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); III Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), quando se tratar de antecipação do IRPJ; IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), quando reflexos do IRPJ, Fl. 481DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 12 11 formalizados com base nos mesmos elementos de prova em um mesmo Processo Administrativo Fiscal; V exclusão, inclusão e exigência de tributos decorrentes da aplicação da legislação referente ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) e ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação (Simples Nacional); VI penalidades pelo descumprimento de obrigações acessórias pelas pessoas jurídicas, relativamente aos tributos de que trata este artigo; e VII tributos, empréstimos compulsórios, anistia e matéria correlata não incluídos na competência julgadora das demais Seções. (negrejouse) Na medida em que a penalidade aqui aplicada tem natureza tributária e não é possível atribuir a competência de julgamento do litígio a outra Seção do CARF, cabe à 1ª Seção de Julgamento apreciar o recurso voluntário aqui interposto. Ainda, caso se entenda que, por ser calculada em razão dos débitos compensados, estes determinariam a competência para apreciação da penalidade aqui formalizada, cumpre observar às fls. 17 a 23 que foram compensados débitos inseridos na competência da 1ª e da 3ª Seção do CARF, subsistindo a 1ª Seção como competente na forma do Anexo II do RICARF: Art. 8º Na hipótese prevista no § 1º do art. 7º, quando o crédito alegado envolver mais de um tributo com competência de diferentes Seções, a competência para julgamento será: I da 1ª (primeira) Seção de Julgamento, se envolver crédito alegado de competência dessa Seção e das demais; e II da 2ª (segunda) Seção de Julgamento, se envolver crédito alegado de competência dessa Seção e da 3ª (terceira) Seção. Estas as razões para rejeitar a suscitada incompetência deste Colegiado para apreciação do presente litígio. Assim, passando à apreciação das alegações da recorrente, cumpre observar que a compensação, como forma de extinção de crédito tributário somente pode ser autorizada por lei, e nos exatos limites fixados pelo Código Tributário Nacional: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Neste contexto, a Lei nº 8.383/91, posteriormente alterada pela Lei nº 9.065/95, apenas autorizou a compensação entre débitos e créditos de mesma natureza, ou seja: débitos tributários com créditos tributários e débitos de receitas patrimoniais com créditos de receitas patrimoniais. Ainda, a referida Lei determinou que os débitos e créditos tributários deveriam corresponder à mesma espécie de tributo ou contribuição, na medida em que a compensação era feita sem pedido, e somente com esta limitação não haveria reflexos na repartição de receitas tributárias: Fl. 482DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 13 12 Art. 66. Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias, e receitas patrimoniais, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a período subseqüente. § 1º A compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie. § 2º É facultado ao contribuinte optar pelo pedido de restituição. § 3º A compensação ou restituição será efetuada pelo valor do tributo ou contribuição ou receita corrigido monetariamente com base na variação da UFIR. § 4º As Secretarias da Receita Federal e do Patrimônio da União e o Instituto Nacional do Seguro Social INSS expedirão as instruções necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo. Com a Lei nº 9.430/96, somente foi acrescida a permissão de compensação entre tributos de espécies diferentes. Os créditos continuaram sendo, apenas, aqueles passíveis de restituição ou ressarcimento, na forma do inciso I do art. 73 daquela lei, ao qual se reporta o art. 74, alegado pela recorrente: Art.73. Para efeito do disposto no art. 7º do Decretolei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, a utilização dos créditos do contribuinte e a quitação de seus débitos serão efetuadas em procedimentos internos à Secretaria da Receita Federal, observado o seguinte: I o valor bruto da restituição ou do ressarcimento será debitado à conta do tributo ou da contribuição a que se referir; II a parcela utilizada para a quitação de débitos do contribuinte ou responsável será creditada à conta do respectivo tributo ou da respectiva contribuição. Art.74. Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração. Aliás, quanto aos direitos creditórios objeto de contestação judicial, a Instrução Normativa SRF nº 21/97, alterada pela Instrução Normativa SRF nº 73/97, estipulava procedimento específico, nos seguintes termos: Art. 17. Para efeito de restituição, ressarcimento ou compensação de crédito decorrente de sentença judicial transitada em julgado, o contribuinte deverá anexar ao pedido de restituição ou de ressarcimento uma cópia do inteiro teor do processo judicial a que se referir o crédito e da respectiva sentença, determinando a restituição, o ressarcimento ou a compensação. § 1° No caso de título judicial em fase de execução, a restituição, o ressarcimento ou a compensação somente poderão ser efetuados se o contribuinte comprovar junto à unidade da SRF a desistência, perante o Poder Judiciário, da execução do título judicial e assumir todas as custas do processo, inclusive os honorários advocatícios. § 2° Não poderão ser objeto de pedido de restituição, ressarcimento ou compensação os créditos decorrentes de títulos judiciais já executados perante o Poder Judiciário, com ou sem emissão de precatório.; (artigo com redação dada pela IN SRF nº 73/97) Fl. 483DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 14 13 Em 2001, o Código Tributário Nacional foi alterado para contemplar expressamente a vedação à compensação de direitos creditórios objeto de discussão judicial: Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Na sequência, a alteração do art. 74 da Lei nº 9.430/96 em 2002 já se fez neste contexto em que proibida a compensação tendo por referência direito creditório objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, ainda sem trânsito em julgado. Destaquese, ainda, que a partir deste momento a compensação passou a ter efeitos extintivos do crédito tributário, por ocasião de sua declaração à Receita Federal, nos termos da Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. § 3º Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação: I o saldo a restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física; II os débitos relativos a tributos e contribuições devidos no registro da Declaração de Importação. § 4º Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo. § 5º A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo. Com a edição da Medida Provisória nº 135, de 30 de outubro de 2003, convertida na Lei nº 10.833/2003, reiterouse a utilização de crédito não passível de compensação por expressa disposição legal, e fixouse penalidade para a inobservância desta regra: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida e aplicarseá unicamente nas hipóteses de o crédito ou o débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal, de o crédito ser de natureza não tributária, ou em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. § 1º Nas hipóteses de que trata o caput, aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6º a 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. § 2º A multa isolada a que se refere o caput é a prevista nos incisos I e II ou no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, conforme o caso. Fl. 484DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 15 14 § 3º Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente. Como se vê, o caput originalmente previa a aplicação de multa isolada se a compensação fosse indevida em razão de o crédito ou débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal ou em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. Na seqüência, o §2o definia que o cálculo da multa se faria nos mesmos percentuais assim previstos no art. 44 da Lei nº 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: [...] II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 2º Se o contribuinte não atender, no prazo marcado, à intimação para prestar esclarecimentos, as multas a que se referem os incisos I e II do caput passarão a ser de cento e doze inteiros e cinco décimos por cento e de duzentos e vinte e cinco por cento, respectivamente. A conduta aqui punida foi praticada na vigência destes dispositivos legais. A contribuinte, valendose de liminar que lhe permitiu utilizar, na apuração do IPI, créditos decorrentes de aquisição de insumos referentes aos últimos 10 (dez) anos, ainda que recebidos com isenção ou sujeitos a alíquota zero, não incidência ou suspensão, apresentou pedido de restituição e a ele vinculou as DCOMP de fls. 04/08, entregues de 18/02/2004 a 20/04/2004. Frente a Declaração de Compensação DCOMP tendo por objeto crédito não passível de compensação por expressa disposição legal, a autoridade fiscal deveria não homologar a compensação e aplicar multa isolada por compensação indevida, no percentual de 75%, caso não constatada uma das hipóteses para sua qualificação ou agravamento. Já com a Lei nº 11.051/2004, a estipulação da penalidade passou a estar assim redigida: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão da nãohomologação de compensação declarada pelo sujeito passivo nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. ............................................................................................. § 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso II do caput ou no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. ............................................................................................. § 4º A multa prevista no caput deste artigo também será aplicada quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 485DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 16 15 A alteração da redação se fez necessária em razão do novo procedimento imposto às compensações envolvendo, dentre outros, créditos decorrentes de decisão judicial não transitada em julgado: Art. 74................................................................................................ [...] § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: [...] II em que o crédito: a) seja de terceiros; b) refirase a "créditoprêmio" instituído pelo art. 1º do DecretoLei nº 491, de 5 de março de 1969; c) refirase a título público; d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal SRF. § 13. O disposto nos §§ 2º e 5º a 11 deste artigo não se aplica às hipóteses previstas no § 12 deste artigo. Naqueles termos, a multa isolada para a hipótese de nãodeclaração de compensação com crédito decorrente de decisão judicial não transitada em julgado (art. 18, § 4o da Lei nº 10.833/2003 c/c art. 74, § 12, II, “d” da Lei nº 9.430/96) passou a ser a mesma aplicável aos casos de nãohomologação com evidente intuito de fraude (art. 18, caput da Lei nº 10.833/2003). Para além disso, a inovação legislativa operou efeitos significativos no campo da exigibilidade dos débitos compensados, a qual, em razão da nova redação dada ao §13 do art. 74 da Lei nº 9.430/96, c/c §11 do mesmo dispositivo, deixou de ser suspensa em face de eventual recurso contra a inadmissibilidade da compensação, agora veiculada em ato de não declaração, e não mais de nãohomologação. Destaquese que a alteração promovida pela Lei nº 11.051/2004 não criou a penalidade para os casos de compensação com crédito decorrente de decisão judicial não transitada em julgado. A vedação à compensação de créditos não passível de compensação por expressa disposição legal in casu o art. 170A do CTN já integrava o caput do art. 74 da Lei nº 9.430/96 desde a redação a ele atribuída pela Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002, porém a apresentação de DCOMP em tais circunstâncias ensejava, apenas, sua nãohomologação, seguindose a suspensão da exigibilidade dos débitos compensados durante a discussão administrativa daquele ato. Em paralelo, já era possível, desde a edição da Medida Provisória nº 135/2003, punir o sujeito passivo que apresentasse DCOMP naquelas circunstâncias, embora a qualificação da penalidade exigisse a demonstração da hipótese prevista no inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430/96, em sua redação original. A Lei nº 11.051/2004 apenas capitulou expressamente tal hipótese, dentre outras, como motivo para a nãodeclaração de compensação, e lhe atribuiu conseqüências diversas das demais compensações formalizadas em DCOMP, quais sejam: retirar do documento de compensação o caráter de confissão de dívida, não sujeitálo a homologação tácita, e afastar o efeito suspensivo, relativamente aos débitos compensados, que decorreria da manifestação de inconformidade. Significa dizer que as compensações com crédito decorrente de decisão judicial não transitada em julgado, não passível de compensação por expressa Fl. 486DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 17 16 disposição legal contida no art. 170A do CTN, a partir da vigência da Lei nº 11.051/2004 apenas passariam a se sujeitar a nãodeclaração, mas ainda assim seriam punidas com multa isolada, cuja previsão foi deslocada do caput do art. 18 para seu §4º, representando inovação apenas a fraude ali presumida em razão da utilização dos créditos relacionados no inciso II do §12 do art. 74 da Lei nº 9.430/96. Ocorre que, além de a fraude não ser cogitada nestes autos, mais à frente, a Lei nº 11.196/2005 deu nova redação ao art. 18 da Lei nº 10.833/2003, nos seguintes termos: Art. 18. ........................................................................................ ............................................................................................................. § 4º Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado, quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicandose os percentuais previstos: I no inciso I do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; II no inciso II do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, nos casos de evidente intuito de fraude, definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 5º Aplicase o disposto no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, às hipóteses previstas no § 4º deste artigo." (NR) [...] Referida alteração esclareceu que a multa isolada aplicada nos casos de compensação com os créditos relacionados no inciso II do §12 do art. 74 da Lei nº 9.430/96 somente seria qualificada se caracterizado o evidente intuito de fraude, e adotou outra forma de redação: ao invés de tomar por empréstimo os percentuais aplicáveis à penalidade prevista para os casos de nãohomologação de compensação com evidente intuito de fraude, prevista no § 2o do art. 18, trouxe a indicação, no próprio inciso II do § 4o do percentual aplicável. Além disso, no inciso I do §4º, passou a cogitar de casos de nãodeclaração de compensação sujeitos a multa sem qualificação. Assim, operouse retroatividade benigna apenas em relação à qualificação da penalidade aplicada em lançamentos anteriores à Lei nº 11.196/2005. A penalidade no percentual básico sempre este prevista desde a edição original do art. 18 da Lei nº 10.833/2003 para os casos de compensação de crédito não passível de compensação por expressa disposição legal. A penalidade aqui exigida foi aplicada quando o art. 18 da Lei nº 10.833/2003 já sofrera outra alteração, decorrente da nova redação dada pela Medida Provisória nº 351/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007, ao art. 44 da Lei nº 9.430/96. O art. 18 da Lei nº 10.833/2003, então, passou a ter a seguinte redação, vigente até hoje: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão de nãohomologação da compensação quando se comprove falsidade da Fl. 487DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 18 17 declaração apresentada pelo sujeito passivo. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1o Nas hipóteses de que trata o caput, aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6o a 11 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 3o Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente. § 4o Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicandose o percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicado na forma de seu § 1o, quando for o caso. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 5o Aplicase o disposto no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, às hipóteses previstas nos §§ 2o e 4o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Vejase que a multa isolada por compensação decorrente de créditos relacionados no inciso II do §12 do art. 74 da Lei nº 9.430/96 dentre os quais os decorrentes de decisão judicial não transitada em julgado, antes contemplados na vedação à compensação de crédito não passível de compensação por expressa disposição legal permanece prevista no §4º do art. 18 da Lei nº 10.833/2003 sem a necessidade de caracterização de qualquer fraude ou falsidade, cuja ocorrência apenas enseja a duplicação de seu percentual. Não há dúvida, portanto, que a compensação com crédito decorrente de decisão judicial não transitada em julgado é motivo suficiente para a aplicação da multa isolada minimamente no percentual de 75%, e configura hipótese até hoje submetida à mesma penalidade, apesar de se sujeitar a procedimento de nãodeclaração, e não mais de não homologação, como antes da edição da Lei nº 11.051/2004. A recorrente destaca que as DCOMP foram transmitidas entre 20/02/2004 e 20/04/2004, e se referiam a créditos objeto de contestação judicial no Mandado de Segurança nº 2003.51.01.0068660. Reconhece que naqueles autos obteve apenas liminar em 18/06/2003 em seu favor, e que esta acabou por ser revogada em 23/08/2007. Ocorre que, como disposto na legislação, a compensação, como forma extintiva do crédito tributário, e formalizada mediante DCOMP, não poderia ter por referência direito creditório ainda não reconhecido por decisão judicial transitada em julgado. Irrelevante, assim, se as compensações foram declaradas na vigência de decisão liminar. Esta ocorrência apenas confirma a inobservância da legislação que rege a extinção do crédito tributário por meio de DCOMP. A acusação fiscal, por sua vez, descreve a infração tendo por referência o mesmo cenário acima delineado, e ainda faz referência ao Parecer PGFN/CDA/CAT nº 1.499/2005, nos seguintes termos: Fl. 488DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 19 18 Portanto, na situação sub examine, em que são utilizados créditos decorrentes de decisão judicial não transitada em julgado, deve ser lançada pela autoridade competente, de oficio, multa isolada em razão da nãohomologação da compensação declarada pelo sujeito passivo. Afinal, os créditos em questão não são passíveis de compensação por expressa disposição legal, qual seja, a do art. 170A, do CTN. É o que dispunha o art. 18, da Medida Provisória n° 135, de 30 de outubro de 2003, convertida na Lei n°10.833, de 29 de dezembro de 2003, antes das mudanças levadas a efeito pela Lei n°11.051, de 29 de dezembro de 2004. Frisese que a decisão judicial decorreu de pedido de utilização de créditos de IPI, sem que a Receita Federal exigisse seu estorno ou negasse a expedição de certidão de regularidade fiscal da contribuinte, assegurandose a sua utilização em face de quaisquer débitos de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, na forma dos artigos 73 e 74, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e da Instrução Normativa SRF nº 21/97, com as alterações das Instruções Normativas nºs 73, de 15.09.97 e 37/97. Não houve qualquer pedido no sentido de destinar tais créditos a compensação extintiva de créditos tributários, instituída a partir das alterações promovidas no art. 74 da Lei nº 9.430/96 pela Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002. A petição inicial do mandado de segurança foi aditada apenas para incluir o pedido de correção monetária integral dos créditos, e a liminar concedida, diante do pedido em tela, foi assim consolidada no dispositivo da decisão (fls. 121/158): ANTE O EXPOSTO, DEFIRO O REQUERIMENTO DE LIMINAR para o fim de assegurar à impetrante a utilização dos créditos de IPI decorrentes da aquisição de insumos, calculados com base na alíquota aplicável ao produto não fora a isenção, alíquota zero, nãoincidência ou suspensão legalmente assegurados relativamente aos últimos 10 anos (lançamento por homologação), assegurandose a sua utilização em face de quaisquer débitos de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, devendo a impetrada absterse de adotar quaisquer medidas coercitivas, inclusive inscrição no CADIN, podendo entretanto efetivar o lançamento para fins de preservação do crédito tributário, devendo fornecer certidão positiva com efeitos de negativa, resguardado o direito de verificar no prazo legal a existência ou não dos créditos lançados pela impetrante. A correção monetária deverá ser integral, inclusive com a incidência da taxa SELIC, a partir de 01/01/1996. Afastado qualquer outro acréscimo porque composta de correção monetária e juros, na forma do artigo 39, par. 4º, da Lei n° 9.250/95. Intimese a impetrada para imediato cumprimento mediante inteiro teor da presente. Após, ao MPF. Durante a vigência da liminar, a contribuinte reportou ao Juízo as glosas pretendidas pelo Fisco na análise de pedidos de restituição de IPI, e em razão destas ocorrências o Juízo da causa apenas intimou a autoridade impetrada a (fl. 203): Diante da controvérsia instalada, cujo deslinde, em parte, depende da produção de prova pericial, intimese a impetrada para que cumpra a liminar no tocante ao óleo diesel, gasolina e energia elétrica, eis que constituem produtos que EVIDENTEMENTE sofrem, em função da ação exercida diretamente sobre o produto do fabricação, alteração. desgaste e perda das propriedades físicas ou químicas. em decorrência do contato físico. Quanto aos demais produtos e insumos, os mesmos deverão ser objeto de discussão nas vias ordinárias. considerandose os limites estreitos impostos pela via mandamental. Mas há, nos autos (fls. 208/238), notícia de que foi impetrado outro mandado de segurança pela contribuinte, questionando o descumprimento da ordem judicial, em razão de Fl. 489DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 20 19 cobrança de débitos compensados por meio de DCOMP com os créditos em referência. O TRF/2ª Região, porém, não apreciou o writ por entender que o descumprimento de ordem deveria ser comunicado ao Juízo da causa. Comunicada a alegada desobediência ao Juízo da causa, a autoridade impetrada informou que a cobrança decorria de débitos declarados apenas em DCTF como vinculados a outro mandado de segurança cuja liminar havia sido suspensa, e uma vez que a contribuinte apresentara não só retificação das declarações para indicar corretamente o processo judicial que conferira suspensão da exigibilidade aos débitos, como também apontara DCOMP a eles vinculadas, subsidiariamente a autoridade impetrada observou que a contribuinte não teria submetido ao Poder Judiciário a discussão das alterações legislativas a partir da criação da DCOMP e seus efeitos, inclusive a não declaração a partir da Lei nº 11.051/2004. Em resposta, foi dirigida intimação à autoridade impetrada nos seguintes termos: Assiste razão à impetrante eis que a conduta do Delegado da Receita Federal em Volta Redonda, baseada no "principio da autonomia dos estabelecimentos comerciais", foi afastada pela r. decisão do MM. Juizo da 3ª. VF de Volta Redonda (fls. 6411644), sendo esta última devidamente respaldada pelo e. TRF2 por ocasião do julgamento do respectivo AI n°2006.02.01.0063818 (fls. 638/640). Em ambas as decisões judiciais firmouse o entendimento de que cabe ao Juizo originário da impetração o exame quanto ao conteúdo e alcance da liminar em foco, a despeito da questão da "autonomia" invocada pela impetrada, não sendo razoável aceitarse agora a idéia de que a impetrante poderia, neste aspecto, ficar deriva de qualquer prestação jurisdicional. De outro prisma, a alegação quanto ao equivoco cometido pela impetrante, no sentido da existência de discrepância de dados (número de processos e de créditos relativos à Varas diversas), por si só, d.m.v., também não constitui motivo suficiente para inovação de toda uma linha de postura até aqui adotada pela impetrada, mesmo porque, conforme noticiado nos autos, o erro material verificado sofreu a devida corrigido na esfera administrativa. Por fim, os atos administrativos normativos invocados pela impetrada para lastrear o seu novel entendimento são, no mínimo , de interpretação controvertida e, em alguns pontos. até mesmo desfavoráveis a tese da "autonomia" absoluta, principalmente quando estiverem em causa a iniciativa do estabelecimento matriz, como é justamente o caso dos presentes autos. Ante o exposto, INTIMESE o eminente Delegado da Receita Federal de DRF/Volta Redonda para que o mesmo CUMPRA NA INTEGRA OS TERMOS DA LIMINAR concedida initio litis no bojo da presente ação mandamental, desde que que os procedimentos de compensação sejam deflagrados pelo estabelecimento matriz de conformidade com legislação vigente. Cumpridas as formalidades legais, voltemme conclusos para sentença As ordens judiciais, nestes termos, apenas impediam a glosa dos créditos escriturados na apuração do IPI, e autorizavam o sujeito passivo a vincular seus débitos a compensação, o que poderia ser comunicado à Receita Federal por meio de petição ou declaração em DCTF, e a esta compensação deveria ser atribuída eficácia suspensiva por decisão judicial, ante a impossibilidade de cobrança dos débitos. Inexistia ordem judicial amparando a apresentação de DCOMP, até porque a contribuinte não pleiteou o uso do crédito por meio deste instrumento, embora esta modalidade de compensação já existisse, e não configurasse mero pedido, mas sim de veículo por meio do qual se formaliza a compensação (art. 74, § 1o da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pela Lei nº 10.637/2002) e conseqüente Fl. 490DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 21 20 extinção do crédito tributário (art. 74, § 2o da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pela Lei nº 10.637/2002). Em razão de tais efeitos, a DCOMP foi criada para viabilizar compensações nos estritos termos do que disposto no caput art. 74 da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pela Lei nº 10.637/2002, como inclusive consignado na Exposição de Motivos da Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002: 35. O art. 49 institui mecanismo que simplifica os procedimentos de compensação, pelos sujeitos passivos, dos tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, atribuindo maior liquidez para seus créditos, sem que disso decorra perda nos controles fiscais . Por tais razões, a legislação evoluiu para distinguir algumas hipóteses de uso indevido da DCOMP, e sujeitálas a penalidade específica e isolada, na medida em que os débitos, em regra declarados, seriam cobrados, apenas com os correspondentes acréscimos moratórios. Frente a este contexto, a autoridade fiscal encarregada a análise das compensações, decidiu nãohomologar as DCOMP apresentadas até 29/12/2004, e considerar nãodeclaradas aquelas posteriores, mas ressalvou a suspensão da exigibilidade dos débitos compensados em razão da decisão judicial favorável ao sujeito passivo (fls. 12/25). Enfatizese que embora a ementa do despacho decisório acima referido mencione a existência de concomitância entre processo administrativo e judicial, este aspecto somente foi abordado no sentido de firmar que diante da supremacia das decisões do Poder Judiciário, não cabe, em sede administrativa, qualquer pronunciamento autônomo tendente a reconhecer a existência de direitos creditórios em seu favor, impondose, no caso, não mais que a verificação da procedência e exatidão das compensações que tenha realizado, mormente dos débitos relacionados na planilha às fls. 2065 a 2069. Ou seja, a autoridade fiscal não declarou a concomitância afirmando que as compensações promovidas eram, também, objeto da ação judicial. Ao contrário, expressamente declarouas impossíveis ante a vedação do art. 170A do CTN, afirmou o cabimento da nãohomologação daquelas apresentadas até 30/12/2004 e a nãodeclaração daquelas posteriores àquela data, e reconheceu, apenas, a suspensão da exigibilidade dos débitos declarados e vinculados à liminar concedida em mandado de segurança, inclusive representando ao setor competente a necessidade de formalização da multa de ofício em razão da nãohomologação da compensação com créditos não passíveis de utilização por expressa disposição legal. Referida representação foi elaborada em 31/10/2007, momento em que a liminar não mais estava vigente. De fato, em razão de Agravo de Instrumento interposto pela Fazenda Nacional, posteriormente convertido em Agravo Interno, o TRF/2ª Região assim decidiu, nos termos da ementa do Acórdão publicado em 23/08/2007 (fls. 275/308): PROCESSUAL E TRIBUTÁRIO — AGRAVOS DE INSTRUMENTO E INTERNO — IPI — SUSPENSÃO DA COBRANÇA. I — Tratase de agravo interno visando à concessão de duplo efeito ao agravo interposto pela União Federal. II — O feito data do ano de 2003, e por todo este período a lesão patrimonial Receita Federal vem sendo renovada, em razão da continuidade com que se deferem Fl. 491DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 22 21 as compensações com base em liminar já há muito ultrapassada no tempo de noventa dias de que trata a alínea "b" do art. 1° da Lei 4348/64. III — O excesso do prazo de eficácia da liminar geraram a quase imunidade de parcela significativa do imposto sobre produtos industrializados, do que decorre dano de impossível reparação. IV — Diante do fato da liminar deferida contrariar as Súmulas 71 c 546 do STF. bem assim diante da presença do bom direito perseguido pela requerente, defiro o efeito suspensivo ao agravo para sustar a eficácia da liminar. Apenas com a sentença proferida em 04/12/2007, a segurança foi concedida à contribuinte, com expressa menção à possibilidade de compensação do direito creditório pleiteado por meio de DCOMP (fls. 256/264): Quanto compensação pretendida, tratase de modalidade excepcional de extinção do credito tributário, introduzida no ordenamento pelo art. 66 da Lei 8.383/91, e outrora limitada a tributos e contribuições da mesma espécie. Com o advento da Lei 9.430/96 surgiu a possibilidade de compensação entre tributos de espécies distintas, a ser autorizada e realizada pela Secretaria da Receita Federal, após a analise de cada caso, a requerimento do contribuinte ou de oficio (Decreto 2.138/97), com relação aos tributos sob administração daquele órgão. Tal situação foi modificada com a edição da Lei 10.637/02, que deu nova redação ao art. 74 da Lei 9.430/96, autorizando, para os tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, a compensação de iniciativa do contribuinte, mediante entrega de declaração contendo as informações sobre os créditos e débitos utilizados, cujo efeito é o de extinguir o credito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. In casu, a compensação devera ser efetuada nos exatos termos do art. 49 da Lei n° 10.637/02, bem como pela IN/SRF no 210/02, id est, com quaisquer tributos e contribuições de espécies diferentes, como pretende a parte autora. Devese registrar que os pedidos de compensação não sofreram nenhuma alteração em face da edição da Lei nº 10.637, de 30/12/2002, que apenas trouxe novos, amplos e favoráveis esclarecimentos ao contribuinte para a efetivação do pleito compensatório, dantes autorizado pela Lei n°9.430/96. O artigo 49, da Lei 10.637/02, que dá nova redação ao artigo 74, da Lei 9.430/96, dispõe: [...] Por sua vez, a Instrução Normativa nº 210, de 1°/10/2002, informa em seu artigo 21 que: "o sujeito passivo que apurar credito relativo a tributo ou contribuição administrado pela SRF, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá lo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos ou contribuições sob administração da SRF". Porém, submetida esta decisão a reexame necessário, observase em consulta ao sítio do TRF da 2ª Região, que a contribuinte acabou por renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, requerendo a extinção do feito, optando por quitar os débitos compensados ao amparo da medida liminar com os benefícios da Lei nº 11.941/2009. Em consequência, o Tribunal deu provimento à remessa necessária e ao recurso de apelação da União, mas por outros fundamentos, pois homologou o pedido de renúncia apresentado pelo impetrante, e declarou extinto o processo com resolução do mérito, na forma do art. 269, V, do Código de Processo Civil. Com efeito, julgo prejudicado o recurso do autor. Fl. 492DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 23 22 A penalidade, portanto, estava prevista desde o momento que a infração foi cometida, e permanece estipulada no mesmo percentual aqui utilizado. Assim, é inaplicável, o art. 106, inciso II, alínea "a", do CTN; a adoção do procedimento de nãohomologação em face das DCOMP em nada afeta a exigência; e era desnecessária a imputação de dolo ou falsidade para a aplicação da multa desde antes estipulada para casos como o presente. Ainda, quanto ao fato de a compensação ter sido declarada enquanto vigente a liminar antes concedida, aquela ordem, como visto, não amparava a apresentação de DCOMP, e decisão neste sentido somente veio a ser proferida posteriormente em sentença, cujos efeitos, porém, foram afastados do mundo jurídico com a renúncia apresentada pela impetrante. A recorrente se reporta a diversos julgados administrativos, bem como ao voto vencido integrado à decisão recorrida, para sustentar a aplicação da retroatividade benigna, e especial transcreve excertos do Acórdão nº 9101001.313, no qual foi confirmado o Acórdão nº 140100.137, assim ementado: COMPENSAÇÃO INDEVIDA COM CRÉDITOS DE TERCEIROS. NÃO HOMOLOGAÇÃO. CABIMENTO DA MULTA ISOLADA. É incabível a multa isolada por compensação de débitos com créditos de terceiros quando se tratar de compensação não homologada, isso porque referida multa a partir das inovações legislativas trazidas pela Lei n° 11.051, de 2004, foi situada em outro contexto: o das compensações consideradas nãodeclaradas, a teor do § 4º do art. 18 da Lei n° 10.833, de 2003. A decisão proferida no Acórdão nº 9101001.313 sustentase no entendimento de que em virtude da edição da Lei nº 11.051/04, o artigo 90 da Medida Provisória nº 2.15835/01 foi novamente alterado, limitando a imposição da multa isolada a, apenas, duas hipóteses: (i) caracterização da prática de sonegação, fraude ou conluio; ou ainda, (ii) para os casos de compensação considerada não declarada. Considerando as alterações posteriores àquela lei, firmouse: no que tange à compensação não declarada, verificase que esta só é possível de ser assim considerada depois da Lei nº 11.051/04. Noutro giro, as compensações anteriormente apresentadas estavam passíveis apenas de não homologação. Contudo, como já exposto, outra é a interpretação que aqui se extrai dos dispositivos legais em referência: a Lei nº 11.051/2004 alterou o ato administrativo a ser proferido em face de compensações que viessem a ser declaradas tendo por referência crédito decorrente de ação judicial não transitada em julgado, antes integrado no conceito como crédito não passível de compensação por expressa disposição legal, mas continuou prevendo multa isolada por compensação indevida, e ainda em percentual superior ao estipulado na Lei nº 10.833/2003, por trazer implícita ocorrência de fraude em tais circunstâncias. A infração consistente em declarar compensação com crédito não passível de compensação por expressa disposição legal permaneceu prevista em lei como sujeita à penalidade aqui aplicada. Acrescentese, ainda, que no voto condutor do Acórdão nº 9101001.313 consta a seguinte referência: No caso de compensação não homologada, como é o presente, para as DCOMP`s, entregues entre 14/11/2003 e 10/11/2004, de se ressaltar que a multa isolada, desde que não fosse concomitante com a multa de ofício, estava prevista apenas e desde a Lei nº 10.833/03. Inicialmente, entendi que se era possível a multa de 75% nos casos de utilização de crédito não passível de compensação, este limite de multa deveria ser confrontado com aquela atualmente existente, para efeito de aplicação da retroatividade benigna, e, nessa medida, havia reduzido a multa para 50% (casos Fl. 493DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 24 23 de crédito objeto de declaração de compensação não homologada, se não imputada a acusação de falsidade). Isto porque o art. 74 da Lei nº 9.430/96 foi alterado pela Lei nº 12.249/2010 depois do lançamento em tela, para prever novas penalidades no âmbito das compensações por meio de DCOMP: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) [...] § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I previstas no § 3o deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II em que o crédito: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) a) seja de terceiros; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) b) refirase a "créditoprêmio" instituído pelo art. 1o do DecretoLei no 491, de 5 de março de 1969; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) c) refirase a título público; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) f) tiver como fundamento a alegação de inconstitucionalidade de lei, exceto nos casos em que a lei: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) 1 – tenha sido declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação direta de inconstitucionalidade ou em ação declaratória de constitucionalidade; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) 2 – tenha tido sua execução suspensa pelo Senado Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) 3 – tenha sido julgada inconstitucional em sentença judicial transitada em julgado a favor do contribuinte; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) 4 – seja objeto de súmula vinculante aprovada pelo Supremo Tribunal Federal nos termos do art. 103A da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) § 13. O disposto nos §§ 2o e 5o a 11 deste artigo não se aplica às hipóteses previstas no § 12 deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 14. A Secretaria da Receita Federal SRF disciplinará o disposto neste artigo, inclusive quanto à fixação de critérios de prioridade para apreciação de processos de restituição, de ressarcimento e de compensação. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 15. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido. (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) Fl. 494DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 25 24 §16. O percentual da multa de que trata o §15 será de 100% (cem por cento) na hipótese de ressarcimento obtido com falsidade no pedido apresentado pelo sujeito passivo (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) § 17. Aplicase a multa prevista no § 15, também, sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) § 18. No caso de apresentação de manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação, fica suspensa a exigibilidade da multa de ofício de que trata o § 17, ainda que não impugnada essa exigência, enquadrandose no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional. (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013) (negrejouse) Ocorre que a multa de 50% temporariamente prevista no §17 acima, até sua revogação pela Medida Provisória nº 668/2015, tinha por objeto declarações de compensações sujeitas a homologação na sistemática vigente, e de modo que a alteração legal não alcançou a infração aqui cometida, qual seja, a apresentação de DCOMP com crédito não passível de compensação por expressa disposição legal, vez que não reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, hipótese que no sistema legal vigente na edição da Lei nº 12.249/2010, não mais se sujeitava a nãohomologação, mas sim a nãodeclaração. A alteração legislativa somente criou uma nova penalidade aplicável em razão de conduta que, antes de sua edição, em momento algum teve a punição cogitada: a apresentação de DCOMP com crédito que, embora passível de compensação, não fosse reconhecido pela autoridade fiscal encarregada de sua análise. Assim, também sob esta ótica, não se justifica a redução da penalidade aqui aplicada em razão de retroatividade benigna de nova legislação. Por fim, a recorrente argumenta que as DCOMP possuíam supedâneo em decisão judicial proferida em 18.06.2003 e ainda vigente. Acrescenta que não se pode invocar o artigo 170A para a aplicação da penalidade de multa isolada, vez que o Poder Legislativo não pode impedir o Poder Judiciário de analisar os requisitos ensejadores da concessão de um provimento liminar, como nos casos de questões que versem sobre compensação de tributos, na forma de jurisprudência que cita. Entende, também, que não se pode penalizar a Recorrente por ter ela confiado em provimento jurisdicional que lhe garantiu a compensabilidade dos créditos em voga. Como visto, porém, a decisão judicial vigente à época da apresentação das DCOMP não autorizava este procedimento, até porque esta circunstância não foi levada à apreciação do Poder Judiciário. No mais, os questionamentos acerca da vedação veiculada no art. 170A do CTN, e da ingerência do Poder Legislativo na atuação do Poder Judiciário, não podem ser aqui apreciados, dado que nos termos da Súmula CARF nº 02, este Colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Diante de todo o exposto, o presente voto é no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Relatora Fl. 495DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000310/200818 Acórdão n.º 1302001.752 S1C3T2 Fl. 26 25 Fl. 496DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA
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