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Numero do processo: 11080.729340/2012-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Jan 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
Verificado no acórdão embargado ausência de esclarecimento acerca do alcance da decisão, cabe a retificação dos termos da fundamentação do recurso voluntário, de modo que seja refletido apropriadamente o entendimento firmado, sem modificação quanto ao resultado.
Embargos Acolhidos.
Numero da decisão: 2402-004.770
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração, para fins de sanar a omissão.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Verificado no acórdão embargado ausência de esclarecimento acerca do alcance da decisão, cabe a retificação dos termos da fundamentação do recurso voluntário, de modo que seja refletido apropriadamente o entendimento firmado, sem modificação quanto ao resultado. Embargos Acolhidos.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração, para fins de sanar a omissão. Ronaldo de Lima Macedo - Presidente Ronnie Soares Anderson - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
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OMISSÃO. Verificado no acórdão embargado ausência de esclarecimento acerca do alcance da decisão, cabe a retificação dos termos da fundamentação do recurso voluntário, de modo que seja refletido apropriadamente o entendimento firmado, sem modificação quanto ao resultado. Embargos Acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 93 40 /2 01 2- 31 Fl. 177DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração, para fins de sanar a omissão. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 178DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 11080.729340/201231 Acórdão n.º 2402004.770 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratamse de embargos de declaração opostos pelo contribuinte contra o Acórdão nº 2802003.328 da extinta 2ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento, assim ementado: IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE PELO ESPÓLIO. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JULGAMENTO DO STF EM REPERCUSSÃO GERAL. Nos casos de rendimentos recebidos acumuladamente, deve o imposto de renda ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em deveriam ter sido pagos, sob pena de violação dos princípios da isonomia e da capacidade contributiva, consoante assentado pelo STF no julgamento do RE nº 614.406 realizado sob o rito do art. 543B do CPC. Não prospera, assim, lançamento constituído em desacordo com tal entendimento, independentemente do fato de as verbas terem sido percebidas pelo de cujus ou pelo espólio. Recurso Voluntário Provido. O embargante alega ter havido omissão no aresto visto que não houve manifestação acerca do pedido de restituição sobre o imposto pago, demandando, assim, que haja pronunciamento sobre esse requerimento, "conforme Declaração Anual de Ajuste do Imposto sobre a Renda do anocalendário 2008, exercício 2009". Admitidos os embargos por força do despacho de fls. 174/175, o processo foi encaminhado a este relator para prosseguimento, tendo em vista as disposições do § 6º do art. 49 do Anexo II do Regimento Interno do CARF (Portaria nº 343, de 9 de julho de 2015). É o relatório. Fl. 179DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON 4 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator Os embargos declaratórios são tempestivos e atendem aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, deles conheço. Registrese, inicialmente, que o objeto da Notificação de Lançamento foi a constatação de omissão de rendimentos recebidos acumuladamente no montante de R$ 487.854,13, indevidamente considerados como isentos por moléstia grave, tendo sido tal exigência cancelada conforme o julgamento do recurso voluntário. Todavia, reconhecese que não houve manifestação explícita naquele aresto acerca do pedido de restituição formulado na DIRPF/2009, reiterado na impugnação e no recurso voluntário formulado. Sendo assim, e para que reste claro o alcance do julgado em evidência, voto no sentido de ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, para fins de sanar a omissão contida na decisão, propondo seja introduzido no corpo do acórdão a seguinte passagem, como penúltimo parágrafo do voto condutor: Mister destacar que, cancelada a exigência por força desta decisão, restabelecemse de plano os termos da DIRPF/2009 entregue pelo contribuinte, que traz em seu bojo pedido de restituição, o qual deverá ser objeto de exame e processamento por parte da repartição fazendária, respeitados os termos do presente julgamento. É o voto. Ronnie Soares Anderson. Fl. 180DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON
score : 1.0
Numero do processo: 13888.002746/2004-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/09/2004 a 30/09/2004
Ementa:
PRAZO DECADENCIAL DOS ARTIGOS 150, §4º E 173 DO CTN. INAPLICABILIDADE PARA A VERIFICAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRAZO PREVISTO NO ARTIGO 74 DA LEI Nº 9.430/1996.
A verificação da liquidez e certeza do direito creditório não se sujeita ao prazo decadencial previsto nos artigos 150, §4º e 173 do CTN. O prazo para homologação da compensação é de cinco anos contados da data de entrega da declaração de compensação, nos termos do artigo 74, §5º da Lei nº 9430/1996.
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO PRESUMIDO. ESTOQUE DE ABERTURA. INCLUSÃO DO VALOR DO ICMS. VEDAÇÃO.
O valor dos impostos recuperáveis não compõe o estoque de abertura de que trata o artigo 11 da Lei nº 10.637/2002, conforme os artigos 289, 290, 292, 293 e 294 do Decreto nº 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda).
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3302-002.949
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/09/2004 a 30/09/2004 Ementa: PRAZO DECADENCIAL DOS ARTIGOS 150, §4º E 173 DO CTN. INAPLICABILIDADE PARA A VERIFICAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRAZO PREVISTO NO ARTIGO 74 DA LEI Nº 9.430/1996. A verificação da liquidez e certeza do direito creditório não se sujeita ao prazo decadencial previsto nos artigos 150, §4º e 173 do CTN. O prazo para homologação da compensação é de cinco anos contados da data de entrega da declaração de compensação, nos termos do artigo 74, §5º da Lei nº 9430/1996. CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO PRESUMIDO. ESTOQUE DE ABERTURA. INCLUSÃO DO VALOR DO ICMS. VEDAÇÃO. O valor dos impostos recuperáveis não compõe o estoque de abertura de que trata o artigo 11 da Lei nº 10.637/2002, conforme os artigos 289, 290, 292, 293 e 294 do Decreto nº 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda). Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
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INAPLICABILIDADE PARA A VERIFICAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRAZO PREVISTO NO ARTIGO 74 DA LEI Nº 9.430/1996. A verificação da liquidez e certeza do direito creditório não se sujeita ao prazo decadencial previsto nos artigos 150, §4º e 173 do CTN. O prazo para homologação da compensação é de cinco anos contados da data de entrega da declaração de compensação, nos termos do artigo 74, §5º da Lei nº 9430/1996. CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO PRESUMIDO. ESTOQUE DE ABERTURA. INCLUSÃO DO VALOR DO ICMS. VEDAÇÃO. O valor dos impostos recuperáveis não compõe o estoque de abertura de que trata o artigo 11 da Lei nº 10.637/2002, conforme os artigos 289, 290, 292, 293 e 294 do Decreto nº 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda). Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 27 46 /2 00 4- 01 Fl. 222DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.002746/200401 Acórdão n.º 3302002.949 S3C3T2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente de Declarações de Compensação com utilização de créditos da nãocumulatividade de PIS/Pasep, relativo ao mês de setembro de 2004. A fiscalização efetuou glosa da inclusão do ICMS na base de cálculo do crédito presumido do estoque de abertura, por entender que o ICMS, sendo tributo recuperável, não compõe o valor do estoque, conforme artigo 11, §1º da Lei nº 10.637/2002 e artigo 289, §3º do Decreto nº 3.000/1999 (RIR/99), reconhecida em despacho decisório, cientificado em 26/11/2009: Em manifestação de inconformidade, a recorrente, alegou: 1. A decadência do direito de glosar os referidos créditos por aplicação do art. 150, §4º do CTN; 2. A necessidade de se incluir o ICMS na base de cálculo do crédito presumido relativo ao estoque de abertura, em razão de que este valor compôs a base de cálculo das contribuições incidentes na receita do vendedor, por ocasião das aquisições; 3. A possibilidade de aproveitamento de créditos de importação vinculados a receitas de exportação, em virtude de inexistência de norma jurídica que condicione o aproveitamento a receitas tributadas; A Quinta Turma da DRJ em Ribeirão Preto proferiu o Acórdão nº 1435.928, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 30/09/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO. FISCAL. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. PEDIDO DE PERÍCIAS E DE JUNTADA DE DOCUMENTOS. A perícia deve ser solicitada e a documentação comprobatória das alegações deve ser juntada quando da apresentação da manifestação de inconformidade, ou posteriormente nas condições do disposto no artigo 57 do Decreto n° 7.574, de 2001. Fl. 223DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.002746/200401 Acórdão n.º 3302002.949 S3C3T2 Fl. 4 3 COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO. PRAZO. O prazo para a homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo é de cinco anos contados da data da apresentação da declaração. Base Legal: Art. 94, § 5°, da Lei n°9.430, de 1996. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/09/2004 CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. CRÉDITO ,PRESUMIDO. ESTOQUE DE ABERTURA. INCLUSÃO DO VALOR DO ICMS. VEDAÇÃO. Não se inclui no saldo do estoque de abertura existente em 30/04/2004 o valor dos impostos recuperáveis através de créditos na escrita fiscal. Base legal: Art. 289 do R1R199. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. VALOR PAGO NA IMPORTAÇÃO. 0 saldo acumulado dos créditos relativos as importações sujeitas ao pagamento do PIS e Cofins, apurados a partir de 09/08/2004, poderão ser utilizados em compensação ou ressarcimento somente a partir de 19/05/2005. Base legal: Art. 16, parágrafo único, da Lei n° 11.116, de 2005. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reprisando as alegações deduzidas na manifestação de inconformidade. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Inicialmente, destacase que o crédito utilizado nas Declarações de Compensação referiuse apenas a setembro de 2004, conforme Despacho Decisório nº /2010, e fls.140, embora o Termo de Informação Fiscal tenha informado que tratase de apuração de direito creditório relativo ao terceiro trimestre de 2004. Para este período não foram efetuadas glosas referentes a créditos de importação vinculados às receitas de exportação, de acordo com o excerto da informação fiscal, abaixo transcrito: Fl. 224DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.002746/200401 Acórdão n.º 3302002.949 S3C3T2 Fl. 5 4 "Decorrente dos dispositivos citados, glosase o valor total de R$ 480.533,79 em créditos de PIS/Pasep Importação vinculados as receitas do mercado externo (exportação). apropriados no 3 0 trimestre de 2004 (período de 01/07/2004 a 08/08/2004). No período de 09/08/2004 a 30/09/2004, em que já se permitia calcular créditos relativos as saídas desoneradas da contribuição, inclusive de PIS/Pasep — Importação, os quais podiam ser usados para desconto ou. a partir de 19/05/2005 (Lei 11.116/2005, art. 16), para compensação, não há glosa a ser feita." (grifei) O valor glosado relativo a setembro de 2004 foi de R$ 6.291,45, relativo apenas à exclusão do ICMS na base de cálculo do estoque de abertura, conforme Termo de Informação Fiscal, efls. 132 e 134, e Despacho Decisório, efls. 145 e 146. Concluise, destarte, que não há lide sobre o aproveitamento dos créditos de importação vinculados às receitas de exportação, apesar de a manifestação de inconformidade, a decisão recorrida e o recurso voluntário abordarem a matéria. Portanto, tomo conhecimento do recurso voluntário por atender aos pressupostos de admissibilidade, exceto em relação à matéria acima mencionada, por ser estranha ao indeferimento dado no despacho decisório, ainda que a decisão recorrida tenha, inadvertidamente, enfrentado a matéria. A recorrente arguiu, ainda, a decadência do direito de reajustar a base de cálculo, glosando créditos. A compensação submetida à Administração Tributária mediante a entrega de Declaração de Compensação sujeitase ao prazo homologatório de cinco anos a partir da data de entrega da referida declaração, conforme artigo 74, §5º da Lei nº 9.430/96.1 A homologação compreende, dentre outros, a verificação dos pressupostos jurídicos e fáticos atinentes ao direito creditório e sua análise é prerrogativa da Administração Tributária e não configura lançamento de ofício, mas procedimento para aferir a certeza e liquidez do direito creditório pleiteado. A recomposição da base de cálculo, seja na base de receita seja no creditamento da nãocumulatividade, pode ser efetivada sem a necessidade de lavratura de Auto de Infração, pois é condição para se concluir pela procedência do pedido. Por outro lado, a tese defendida pela recorrente não se aplica ao caso presente, pois o prazo decadencial previsto no artigo 150, §4º e no artigo 173 do CTN se refere ao direito de constituir o crédito tributário e não de glosar o crédito escriturado. 1 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) [..] § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) [...] § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) Fl. 225DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.002746/200401 Acórdão n.º 3302002.949 S3C3T2 Fl. 6 5 Ressalvase que um lançamento de ofício seria inócuo, pois não há constituição de crédito tributário e serviria apenas para estabelecer o contraditório e ampla defesa, o que já está garantido em análises de declarações de compensação, pois que submetidas ao rito processual do Decreto nº 70.235/1972, a teor do §11 do artigo 74 da Lei nº 9.430/1996. Neste sentido, citase julgado desta turma: Acórdão nº 3302002.353: PEDIDO DE RESSARCIMENTO. PIS NÃO CUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO DE DIFERENÇAS. Apurando o Fisco diferença entre o valor pleiteado e o valor que entende devido a título de ressarcimento de PIS ou Cofins, não pode a Autoridade Fazendária efetuar o pagamento do valor pleiteado, posto que ilíquido e indevido. Há que ser firmado o entendimento sobre o valor exato do crédito a ressarcir. A apuração darseá por meio de discussão em lançamento de ofício ou por meio de glosa efetuada no próprio pedido de ressarcimento. Rejeitase, assim, a preliminar argüida e passase ao mérito. Inclusão do ICMS na base de cálculo do estoque de abertura. O artigo 11 da Lei nº 10.637/2002dispõe que a pessoa jurídica possui direito à apuração de crédito presumido correspondente ao estoque de abertura de bens na data do início da incidência nãocumulativa da contribuição, conforme transcrito abaixo: Art. 11. A pessoa jurídica contribuinte do PIS/Pasep, submetida à apuração do valor devido na forma do art. 3o, terá direito a desconto correspondente ao estoque de abertura dos bens de que tratam os incisos I e II desse artigo, adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, existentes em 1o de dezembro de 2002. Produção de efeito § 1o O montante de crédito presumido será igual ao resultado da aplicação do percentual de 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento) sobre o valor do estoque. § 2o O crédito presumido calculado segundo o § 1o será utilizado em 12 (doze) parcelas mensais, iguais e sucessivas, a partir da data a que se refere o caput deste artigo. § 2o O crédito presumido calculado segundo os §§ 1o e 7o será utilizado em 12 (doze) parcelas mensais, iguais e sucessivas, a partir da data a que se refere o caput deste artigo.(Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) § 3o A pessoa jurídica que, tributada com base no lucro presumido, passar a adotar o regime de tributação com base no lucro real, terá, na hipótese de, em decorrência dessa opção, sujeitarse à incidência nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep, direito a desconto correspondente ao estoque de Fl. 226DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.002746/200401 Acórdão n.º 3302002.949 S3C3T2 Fl. 7 6 abertura dos bens e ao aproveitamento do crédito presumido na forma prevista neste artigo. § 4o O disposto no caput aplicase também aos estoques de produtos acabados e em elaboração. (Incluído pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) Por sua vez, os artigos 289, 290, 292 a 294 estabelecem: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matérias primas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). § 1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). § 2º Os gastos com desembaraço aduaneiro integram o custo de aquisição. § 3º Não se incluem no custo os impostos recuperáveis através de créditos na escrita fiscal. Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 1º): I o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior; [...] Art. 292. Ao final de cada período de apuração do imposto, a pessoa jurídica deverá promover o levantamento e avaliação dos seus estoques. Art. 293. As mercadorias, as matériasprimas e os bens em almoxarifado serão avaliados pelo custo de aquisição (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, §§ 3º e 4º, e Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, inciso II). Art. 294. Os produtos em fabricação e acabados serão avaliados pelo custo de produção (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, § 4º, e Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, inciso II). Depreendese, pois, que os estoques são avaliados pelos custos de aquisição, não se incluindo nos referidos os impostos recuperáveis, como é o caso do ICMS de que trata a lide. Neste sentido, citamse os Acórdãos nº 3403003.305, proferido em 14/10/2014 e nº 3801001.796, proferido em 20/03/2013, cujas ementas transcrevemse: Acórdão nº 3403003.305: Fl. 227DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.002746/200401 Acórdão n.º 3302002.949 S3C3T2 Fl. 8 7 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. ESTOQUE DE ABERTURA. ICMS. EXCLUSÃO. Na composição do estoque de abertura de que trata o art. 11 da Lei no 10.637/2002 deve ser excluído o ICMS, conforme art. 289 do Regulamento do Imposto de Renda. Acórdão nº 3801001.796: CRÉDITO PRESUMIDO ESTOQUE DE ABERTURA VALORAÇÃO DO ESTOQUE LEGISLAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. O estoque de abertura deve ser valorado segundo os critérios adotados para fins do imposto de renda e o valor do ICMS, quando recuperável, não integra o valor dos estoques a ser utilizado como base de cálculo do crédito presumido. A recorrente alega que o crédito está diretamente relacionado à incidência na etapa anterior. Entretanto, o regime de creditamento é delineado pelas hipóteses previstas, as quais definem a base de cálculo e as alíquotas e, não necessariamente, se vinculam diretamente à incidência na etapa anterior. Exemplo é a aquisição de insumo adquirido de um fornecedor tributado pelo lucro presumido (portanto, tributado a 0,65% para a PIS/Pasep), cujo crédito ocorre a 1,65% no adquirente sujeito à nãocumulatividade. Outro exemplo, diametralmente oposto à questão do ICMS aqui tratado, referese ao IPI não recuperável, o qual compõe o custo de aquisição gerando crédito da nãocumulatividade2, apesar de consistir em exclusão da base de cálculo da incidência da exação3. Diante do exposto, voto para não conhecer do recurso voluntário quanto à alegação de possibilidade de creditamento de PIS/Pasep pago na importação vinculado às receitas de exportação e para negar provimento ao recurso voluntário na parte conhecida. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède 2 Art. 66, §3º da IN SRF nº 247/2002 3 Art. 24, inciso III da IN SRF n º 247/2002 Fl. 228DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Numero do processo: 16327.000181/2005-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 01 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1999
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Há omissão a ser suprida quando o Colegiado embargado firma a contagem do prazo decadencial a partir de circunstância que não está expressa no documento referenciado, mormente se à época da decisão os autos do processo administrativo não estavam disponíveis durante a sessão de julgamento para todos os membros do Colegiado.
DECADÊNCIA. MATÉRIA DECIDIDA NO RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS. OBSERVÂNCIA. OBRIGATORIEDADE. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. APLICAÇÃO DO ART. 150 DO CTN. NECESSIDADE DE CONDUTA A SER HOMOLOGADA. O fato de o tributo sujeitar-se a lançamento por homologação não é suficiente para, em caso de ausência de dolo, fraude ou simulação, tomar-se o encerramento do período de apuração como termo inicial da contagem do prazo decadencial. CONDUTA A SER HOMOLOGADA. Além do pagamento antecipado e da declaração prévia do débito, sujeita-se à homologação em 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador, a informação prestada regular e tempestivamente, pelo sujeito passivo, de que não apurou base tributável no período.
Numero da decisão: 1302-001.764
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: 1) por maioria de votos, CONHECER dos embargos, divergindo os Conselheiros Alberto Pinto Souza Junior e Talita Pimenta Félix; e 2) por maioria de votos, ACOLHER os embargos SEM efeitos infringentes, divergindo o Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior que atribuía efeitos infringentes para afastar a decadência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Eduardo de Andrade, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Ausentes, justificadamente, as Conselheiras Ana de Barros Fernandes Wipprich e Daniele Souto Rodrigues Amadio.
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1999 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Há omissão a ser suprida quando o Colegiado embargado firma a contagem do prazo decadencial a partir de circunstância que não está expressa no documento referenciado, mormente se à época da decisão os autos do processo administrativo não estavam disponíveis durante a sessão de julgamento para todos os membros do Colegiado. DECADÊNCIA. MATÉRIA DECIDIDA NO RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS. OBSERVÂNCIA. OBRIGATORIEDADE. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. APLICAÇÃO DO ART. 150 DO CTN. NECESSIDADE DE CONDUTA A SER HOMOLOGADA. O fato de o tributo sujeitar-se a lançamento por homologação não é suficiente para, em caso de ausência de dolo, fraude ou simulação, tomar-se o encerramento do período de apuração como termo inicial da contagem do prazo decadencial. CONDUTA A SER HOMOLOGADA. Além do pagamento antecipado e da declaração prévia do débito, sujeita-se à homologação em 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador, a informação prestada regular e tempestivamente, pelo sujeito passivo, de que não apurou base tributável no período.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: 1) por maioria de votos, CONHECER dos embargos, divergindo os Conselheiros Alberto Pinto Souza Junior e Talita Pimenta Félix; e 2) por maioria de votos, ACOLHER os embargos SEM efeitos infringentes, divergindo o Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior que atribuía efeitos infringentes para afastar a decadência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA - Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Eduardo de Andrade, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Ausentes, justificadamente, as Conselheiras Ana de Barros Fernandes Wipprich e Daniele Souto Rodrigues Amadio.
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OMISSÃO. Há omissão a ser suprida quando o Colegiado embargado firma a contagem do prazo decadencial a partir de circunstância que não está expressa no documento referenciado, mormente se à época da decisão os autos do processo administrativo não estavam disponíveis durante a sessão de julgamento para todos os membros do Colegiado. DECADÊNCIA. MATÉRIA DECIDIDA NO RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS. OBSERVÂNCIA. OBRIGATORIEDADE. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. APLICAÇÃO DO ART. 150 DO CTN. NECESSIDADE DE CONDUTA A SER HOMOLOGADA. O fato de o tributo sujeitarse a lançamento por homologação não é suficiente para, em caso de ausência de dolo, fraude ou simulação, tomarse o encerramento do período de apuração como termo inicial da contagem do prazo decadencial. CONDUTA A SER HOMOLOGADA. Além do pagamento antecipado e da declaração prévia do débito, sujeitase à homologação em 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador, a informação prestada regular e tempestivamente, pelo sujeito passivo, de que não apurou base tributável no período. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: 1) por maioria de votos, CONHECER dos embargos, divergindo os Conselheiros Alberto Pinto Souza Junior e Talita Pimenta Félix; e 2) por maioria de votos, ACOLHER os embargos SEM efeitos infringentes, divergindo o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 01 81 /2 00 5- 44 Fl. 1887DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.000181/200544 Acórdão n.º 1302001.764 S1C3T2 Fl. 3 2 Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior que atribuía efeitos infringentes para afastar a decadência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Eduardo de Andrade, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Ausentes, justificadamente, as Conselheiras Ana de Barros Fernandes Wipprich e Daniele Souto Rodrigues Amadio. Fl. 1888DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.000181/200544 Acórdão n.º 1302001.764 S1C3T2 Fl. 4 3 Relatório Colhese do Acórdão nº 130200.337, proferido na sessão de 05 de agosto de 2010 (fls. 566/568 ou efls. 374/379), o seguinte relato das ocorrências até então presentes nestes autos: A Seguradora Roma foi autuada em 03/02/2005, para exigir IRPJ e CSLL do anocalendário de 1999 (fato gerador concluso em 31/12/1999), pois a autoridade fiscal entendeu inadmissíveis as seguintes exclusões efetuadas na apuração do lucro real e da base da CSLL (fls. 276 a 278 e 283 a 287). 1. R$ 2.862.006,90, deduzidos a título de provisão técnica de sinistros ocorridos e não avisados — IBNR, relativa ao anocalendário de 1998, por inobediência ao princípio da competência e à líteralidade da norma que exigia, no ano de 1999, a constituição de 50% da provisão. O fiscal aceitou apenas metade da dedução, glosando a outra metade. 2. R$ 7.844.044,48, deduzidos a título de provisão de contribuição para consórcios e fundos do seguro habitacional do ano de 1998, por inobediência ao princípio da competência. 3. R$ 1.040.874,10 (linha 10 da Ficha 5C da DIPJ) a título de Comissão sobre Prêmio cedido a Congêneres e RS 270.610,80 (linha 11 da Ficha 5C da DIPJ) a título de Comissão sobre Prêmio cedido do IRB, pois esses valores foram lançados com sinal positivo na DIPJ, quando o correto seria sinal negativo. A inversão dos sinais teria causado lançamento a maior de despesa de seguros e uma redução indevida no lucro líquido de R$ 1.311.484,94. Ciente da autuação em 03/02/2005 (quintafeira), em 07/02/2005 a interessada apresentou impugnação (296/337) e documentos (fls.338/479), alegando em síntese. 4. Há nulidade no lançamento, pois o Mandado de Procedimento Fiscal anterior já estava com prazo esgotado e estendiase apenas a 1999. A contribuinte não foi intimada quanto à prorrogação de Mandado senão após o lançamento fiscal, em 10/02/2005, sendo que o Mandado Complementar não tinha o nome do auditor fiscal encarregado e não cumpriu outras formalidades exigidas. Além de que o Mandado Complementar pretendeu se estender para o ano de 1998, que já fora objeto de fiscalização e lançamento. Não poderia ter sido indicado o mesmo AFRF para novo prazo de fiscalização. Foi integralmente descumprida a Portaria competente. 5.Houve decadência no direito de lançar o IRPJ e a CSLL. 6. A Provisão Técnica de IBNR é integralmente dedutível no ano de 1999. A Resolução CNSP nº 18/98 pretendeu criar a IBNR, exigindo 100% da provisão conforme prática contábil recomendada internacionalmente, porém concedeu uma faculdade às seguradoras que poderiam, se fossem incapazes de constituir integralmente a provisão, constituir 50% em 1999 e os outros 50% em 2000. Essa regra era um prazo mais dilatado para quem não pudesse cumprir a nova norma imediatamente. 7. O auditor fiscal não questiona a provisão do Seguro Habitacional — FESA, porém glosa essa dedução. A provisão tem ligação direta com o Fundo de Compensação de Variações Salariais — FCVS que foi criado com a finalidade de garantir o limite de prazo para amortização das dívidas dos financiamentos habitacionais contraídas pelos mutuários do Sistema Financeiro da Habitação — SFH e que também assume em nome do devedor os descontos concedidos nas liquidações antecipadas e transferências de contratos, e garante o equilíbrio da Apólice de Seguro Habitacional (inciso I, do artigo 2o do DecretoLei n°2.406, de 05/01/88). Compete à Caixa Econômica Federal a administração operacional do Fundo e ao FCVS são transferidos os montantes correspondentes ao superávit, porventura existente, entre os prêmios recebidos pelas seguradoras e as indenizações por elas liquidadas, já deduzidas, evidentemente, as remunerações das seguradoras. Fl. 1889DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.000181/200544 Acórdão n.º 1302001.764 S1C3T2 Fl. 5 4 Dos 100% arrecadados mensalmente a título dos prêmios de seguros do Sistema Financeiro da Habitação — SFH, a sociedade seguradora líder, que no presente caso é a SASSE, fica somente com a remuneração equivalente a 8,8%, pagando a remuneração ao IRB de 1,2%, sendo que o restante é entregue às Instituições Financeiras e ao FCVS. A matéria é regulada pela Portaria MF 256/94. Há saldo a pagar pela Seguradora com base nessas regras, na database de 31/12/1998, cujo desembolso deveria ocorrer até maio/99, por documentos anexos à impugnação, era que equivalente a R$ 11.784.111,42, tendo já sido pagos outros R$ 31 .207,58, totalizando o valor da Provisão R$ 11.815.320,00. Por outro lado, só havia sido registrado no razão contábil em 1998 o valor de R$ 3.931.275,52, restando ainda o montante de R$ 7.884.044,48 de provisão complementar a ser reconhecido no ano de 1999, ano em que é apurado o valor residual e devido o pagamento. A competência correta da despesa era efetivamente o ano de 1999, pois a necessidade de fazer a despesa complementar só foi conhecida com a Resolução da CNSP n° 18/98, já mencionada. 8. O alegado erro de sinal no preenchimento da DIPJ 2000 não ocasionou erro na apuração do lucro real e da base da CSLL cuja base de cálculo, conforme demonstrado,partiu efetivamente do lucro líquido contábil do ano de 1999, não merecendo guarida a adição feita de ofício. 9. Não cabe aplicação da multa de ofício, pois a interessada apresentou DIPJ e DCTF nos prazos regulares e recolheu em dia todos os tributos devidos. 10. Nesse sentido, a contribuinte pede que seja acolhida a preliminar denulidade e decadência e no mérito que seja acolhida a impugnação para julgar totalmente improcedente o lançamento fiscal. Em 12/05/08 a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo (DRJ) proferiu seu julgamento mantendo o lançamento em parte, tendo acolhido a razão de defesa suscitada no item 8. Em síntese, a DRJ entendeu o seguinte. 11. O lançamento é plenamente válido, ainda que não instruído do precedente Mandado de Procedimento Fiscal válido. 12. As provas apresentadas pela contribuinte após a impugnação não podem ser apreciadas, pois está precluso o direito a essa apresentação. Indeferese o pedido de diligência 13. A decadência do direito de lançar o IRPJ, no caso específico, segue o artigo 173 do CTN, não tendo ocorrido. A decadência do direito de lançar a CSLL acontece apenas em 10 anos, razão pela qual não havia ocorrido. 14. Só são dedutíveis as provisões técnicas das seguradoras exigidas pelas regras contábeis especiais. É indedutível, no ano de 1999, a metade da provisão de IBNR. 15. O ajuste em lucro líquido da contribuição para consórcios e fundo de seguro habitacional FESA não é dedutível na apuração do IRPJ, pois essa regra contábil estaria vigente apenas para operações a partir de 1999. 16. Foi comprovado que o lucro líquido levado à tributação é o mesmo que consta da escrituração contábil, por isso, nessa parte, foi considerada indevida a exigência de ofício. 17. Por reflexo, as verificações 11, 12, 14, 15 e 16 foram aplicadas também à CSLL. Ciente da decisão em 16/06/2008, a interessada apresentou recurso voluntário em 14/07/2008 voltando a alegar o seguinte 18. Nulidade do lançamento fiscal por força da invalidade temporal e formal do Mandado de Procedimento Fiscal, por infringir ainda o artigo 906 do RIR/99, tendo a autoridade auditado duas vezes o mesmo anocalendário. 19. Decadência qüinqüenal do direito de lançar. 20. Regularidade da dedução das provisões de IBNR e FESA no anocalendário de 1999 face às normas da CNSP e SUSEP. Fl. 1890DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.000181/200544 Acórdão n.º 1302001.764 S1C3T2 Fl. 6 5 20. A "provisão" de FESA na verdade é despesa incorrida, conhecida e paga no ano de 1999, sendo operacional, necessária e dedutível nos termos inclusive de jurisprudência deste Conselho. 21. Ainda que se entendesse que a competência da dedução seria o ano de 1998, a postergação da despesa não trouxe qualquer prejuízo à autoridade fiscal. 22. Como a contribuinte apurou adequadamente seus tributos, declarou e pagou, não cabe aplicação de multa de ofício nos termos da legislação vigente. 23. A recorrente protesta para que suas razões preliminares e de mérito sejam acolhidas e integralmente providas para cancelar o lançamento fiscal. É o relatório Esta 2ª Turma Ordinária, em antiga composição, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário reconhecendo a decadência do lançamento, conforme ementa do Acórdão nº 130200.337: DECADÊNCIA 5 ANOS TRIBUTO POR HOMOLOGAÇÃO Em 1999, o contribuinte apurou e pagou o tributo que entendeu devido bem como cumpriu regularmente suas obrigações acessórias. O prazo que o fisco possui para homologar o autolançamento é de cinco anos contados da conclusão do fato gerador, 31/12/1999. O lançamento cientificado em 03/02/2005 é caduco. Cientificada do julgado em 14/04/2011, a Procuradoria da Fazenda Nacional opôs embargos, tempestivamente, em 15/04/2011 (fls. 569/574, ou efls. 389/390), apontando omissão na fundamentação, vez que não identificado, com base nas provas constantes dos autos, a antecipação parcial do pagamento que autorizaria a contagem do prazo decadencial a partir do fato gerador. Apreciando tais alegações, o Colegiado embargado decidiu, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência por meio da Resolução nº 1302000.179 (fls. 392/400), vez que, ausente prova de pagamento e constatada a apuração de prejuízo fiscal no anocalendário 1999, os embargos deveriam ser acolhidos para afastar a arguição de decadência por aplicação do disposto no art. 173 do CTN, seguindose a apreciação das demais preliminares, também rejeitadas, para assim adentrar ao mérito e concluir pela necessidade de diligência para verificação do que segue: 1 – Verificar a base analítica que chega à obrigação contratual de comissões a pagar à SASSE no montante de R$ 11.815.320,00, visàvis as obrigações contratuais da Recorrente, em 31/12/1998. 2 Conciliar contabilmente a composição da provisão de comissões a pagar à SASSE visando confirmar a inexistência de provisão no valor indicado no item 1 em 31/12/1998. Conciliar assim o ajuste de exercícios anteriores realizado pela Recorrente em 1999, relativamente a 31/12/1998, para ajustar o saldo dessa provisão. Confirmar que tal ajuste foi feito a débito de conta de patrimônio líquido e não resultado do exercício de 1999. 3 – Confirmar que tal provisão tenha efetivamente sido paga à SASSE e baixada do passivo, ao longo de 1999. 4 – Confirmar que o valor correspondente não foi lançado à despesa do exercício de 1999 conforme os pagamentos tenham sido feitos à SASSE ou, se foi, confirmar que tenha sido revertido, de tal sorte a não afetar o lucro do exercício de 1999, tributável, antes das demais adições e exclusões. Tal verificação visa garantir que a despesa não foi deduzida em duplicidade: ao sensibilizar o resultado de 1999 e depois como exclusão de ajuste de exercícios anteriores. Fl. 1891DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.000181/200544 Acórdão n.º 1302001.764 S1C3T2 Fl. 7 6 5 – Confirmar que tais despesas de comissões, no montante de R$ 7.884.044,48 não foram deduzidas em 1998 na apuração do imposto de renda e da contribuição social. 6 Intimar a Recorrente para que apresente a documentação necessária para efetuar as análises 1 a 4 incluindo, mas não se limitando a: 6.1. cálculo analítico dos prêmios recebidos de seguro habitacional antes dos repasses indicados pela legislação e conciliação contábil com os saldos ativos e passivos correspondentes em 31/12/1998, bem como cômputo do percentual relacionado à obrigação de repasse à SASSE nessa mesma data. 6.2. Conciliação do cálculo apresentado pelo item 6.1. com o saldo da provisão de comissões a repassar à SASSE em 31/12/1998, bem como lançamento contábil dos R$ 7.884.044,48 a título de ajuste de exercícios anteriores, feito em 1999. 6.3. Confronto do lucro líquido de 1998, base para a apuração do imposto de renda e contribuição social, e demonstração de que os R$ 7.884.044,48 não estão ali inseridos, bem como demonstração de que não houve exclusão desse valor no cálculo dos tributos devidos de 1998. 6.4. Razão contábil da conta de provisão de comissões a pagar à SASSE de 1998 e 1999 demonstrando a conciliação 6.2. 6.5. Razão contábil da conta de despesa de comissões a pagar à SASSE em 1999, bem como abertura analítica da competência que originou tal despesa (1998 ou 1999), acompanhada de demonstração e conciliação contábil analítica. 6.6. Lançamentos contábeis que demonstram o pagamento das comissões devidas à SASSE relacionadas ao saldo de 31/12/1998 ajustado, no montante de R$ 11.815.320,00, demonstrando o crédito na conta de disponibilidades da empresa (ou conta transitória equivalente) e o débito na conta de provisão. Caso o débito tenha sido efetuado à conta de resultado, apresentar demonstração e comprovação de que tal despesa não foi deduzida no cálculo do imposto de renda, tendo sido adicionada ou revertida contabilmente em 1999. 6.7. Outros esclarecimentos e documentos que a Recorrente entender oportuno apresentar. 7 – Caso a despesa efetivamente não tenha sido deduzida em 1998 e não tenha sido deduzida em duplicidade em 1999. Verificar o lucro real da empresa no ano calendário de 1998, antes da compensação de prejuízos, bem como o lucro real em 1999, antes da compensação de prejuízos, para verificar se o deslocamento da despesa, de 31/12/1998, para 1999, gerou prejuízo à autoridade fiscal. Apurar se o deslocamento da despesa de 1998 para 1999 gerou menos prejuízo fiscal acumulado para a empresa ou menos imposto a pagar, na soma dos dois anos. 8 Elaborar relatório conclusivo da diligência para constatar se as comissões devidas à SASSE no montante de R$ 11.815.320,00 em 31/12/1998 efetivamente foram pagas ao longo de 1999 e se não houve uma dedução extra no cálculo do lucro real e da contribuição social, quer a seja em 1998 ou 1999. 9 – Intimar a contribuinte do resultado da diligência para que se manifeste, impreterivelmente, em 30 dias da citação de tal intimação. 10 – Anexar a manifestação da interessada ao processo e devolvêlo a este Conselho para julgamento. A diligência foi realizada conforme documentos juntados às fls. 610/618, sem que a contribuinte apresentasse os documentos solicitados. Todavia, cientificada do relatório da diligência, a contribuinte se manifestou às fls. 625/1707, juntando documentos que motivaram Fl. 1892DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.000181/200544 Acórdão n.º 1302001.764 S1C3T2 Fl. 8 7 nova conversão do julgamento em diligência por meio da Resolução nº 1302000.306, cujo voto condutor seleciona os quesitos da diligência anterior a serem atendidos em razão dos documentos apresentados (fls. 1709/1718). Nova diligência foi promovida conforme documentos de fls. 1726/1849, formalizandose o relatório de fls. 1850/1864 cientificado à contribuinte em 15/09/2015, seguindose sua manifestação em 15/10/2015, conforme fls. 1871/1872. Como os Conselheiros antes designados para relatoria do recurso não mais integram este Colegiado, promoveuse novo sorteio, atribuindose os autos a esta Conselheira. Fl. 1893DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.000181/200544 Acórdão n.º 1302001.764 S1C3T2 Fl. 9 8 Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA A Procuradoria da Fazenda Nacional embargou o Acórdão nº 130200.337 em razão do acolhimento da arguição de decadência sob os fundamentos assim expostos no voto condutor do julgado embargado: Tanto o IRPJ quanto a CSLL são tributos objeto de lançamento por homologação. Verificase, conforme DIPJ do anocalendário 1999, que houve pagamento de IRPJ e de CSLL no ano em questão (fls. 3). Nesse sentido, não resta dúvida de que ocorreu a decadência do direito de lançar nos termos do parágrafo 4º do artigo 150 do Código Tributário Nacional (CTN). Isso porque o prazo de cinco anos para revisão de ofício do lançamento por homologação começou sua contagem em 31/12/1999, quando se encerrou o fato gerador do IRPJ e da CSLL, e expirou em 31/12/2004. A ciência do auto de infração só foi dada em 03/02/2005, portanto, após decorrido o prazo decadencial. A Procuradoria da Fazenda Nacional, observando que ao aplicar a regra do art. 150, §4º do CTN e reconhecer a decadência dos tributos lançados, deve o julgador identificar os elementos constantes dos autos que permitam a conclusão de que houve o pagamento antecipado, apontou omissão na fundamentação do acórdão embargado, vez que a Relatora, apesar de explicitar a tese favorável à aplicação do art. 150, §4º do CTN nos casos de pagamento parcial, não identificou, com base nas provas constantes dos autos, a antecipação parcial do pagamento que autorizaria a contagem do prazo decadencial a partir do fato gerador. Por ocasião da edição da Resolução nº 1302000.179, a admissibilidade dos embargos foi submetida a este Colegiado nos seguintes termos: Os embargos são procedentes e lhes acolho. No processo não consta a Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (DIPJ) e nem qualquer Documento de Arrecadação da Receita Federal (DARF) ou informe de rendimento, que possam comprovar a incidência de imposto de renda da pessoa jurídica (IRPJ) e contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), quer seja por estimativa ou na fonte. O documento de folhas 3 é na realidade um extrato do lançamento e não um comprovante de pagamento de imposto. Verificamos, pelos registros do Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), que houve prejuízo fiscal no anocalendário de 1999, por isso não houve IRPJ ou CSLL a pagar ao final do ano. Logo, não há evidência, no processo, de que foram recolhidos IRPJ e CSLL para fins de aplicar o artigo 150, parágrafo 4º do Código Tributário Nacional. Nesse sentido, evoco o recurso especial repetitivo de número Resp 973733/SC do Superior Tribunal de Justiça, de 12/08/2009, publicado em 18/09/2009 (http://www.decisoes.com.br/v29/index.php?fuseaction=tributaria.pesquisar_geral_f or m#ixzz1uNlYENvl). Cumpre acolher os embargos para aplicar o prazo de que trata o artigo 173 do Código Tributário Nacional a fim de determinar a decadência do direito de lançar. Nesse ponto, notase que o fato gerador foi concluído em 31/12/1999, começando a Fl. 1894DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.000181/200544 Acórdão n.º 1302001.764 S1C3T2 Fl. 10 9 contar o prazo decadencial em 01/01/2001, tendo ele expirado em 01/01/2006. O lançamento efetuado em 03/02/2005 não resta, portanto, decaído. Todavia, como o julgamento foi convertido em diligência, não houve deliberação final sobre o conhecimento e acolhimento dos embargos, o mesmo se verificando no primeiro retorno dos autos, submetido à apreciação do Colegiado nos termos da Resolução nº 1302000.306, da qual consta, apenas, o relato da manifestação, acima, em favor do conhecimento e acolhimento dos embargos. Frente a tais circunstâncias, e em observância ao art. 63, §5º do Anexo II do Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 343/2005, submetese novamente ao Colegiado o exame das questões preliminares apreciadas por ocasião da conversão do julgamento em diligência. Quanto ao conhecimento dos embargos, a Procuradoria da Fazenda aponta omissão na fundamentação do julgado, asseverando que seu voto condutor deveria explicitar quais elementos constantes nos autos autorizariam a conclusão de que houve o pagamento antecipado. Possivelmente a embargante observou que a citada fl. 3 dos autos não evidenciava o pagamento mencionado no voto condutor do julgado, dado que nela está transcrito, apenas, o Demonstrativo Consolidado do Crédito Tributário do Processo. Frente a tais circunstâncias, resta concluir que foi demonstrada a omissão de ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma, ocorrência que, nos termos do caput do art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, ainda autoriza a admissibilidade dos embargos. Acrescentese que o Superior Tribunal de Justiça tem admitido embargos na hipótese de a decisão embargada se fundar em premissa fática equivocada, consoante exposto na ementa do EDcl nos EDcl nos EDcl no AgRg no REsp nº 1.051.059/RJ: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 126/STJ. PREMISSA FÁTICA EQUIVOCADA. POSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO. OCORRÊNCIA. AÇÃO RESCISÓRIA. PRESSUPOSTOS DE CABIMENTO. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 343/STF. DISCUSSÃO CONSTITUCIONAL NA RESCISÓRIA. INAPLICABILIDADE. 1. O embargos de declaração podem ser acolhidos com efeitos modificativos, sempre na via da excepcionalidade, e somente quando o acórdão embargado contiver alguns dos vícios previstos no art. 535 do Código de Processo Civil, cuja correção redunde em imperativa mudança no resultado do julgamento. Entretanto, a jurisprudência tem admitido o uso dos aclaratórios com efeitos infringentes na hipótese de haver a decisão embargada se fundado em premissa fática equivocada e que se traduza em errôneo julgamento do feito. 2. A decisão proferida por esta Corte para impedir o prosseguimento do recurso especial, que se fundamenta em premissa fática equivocada, mas determinante para a aplicação do óbice sumular contido no verbete 126/STJ, é passível de correção via embargos de declaração com efeitos infringentes quando, na verdade, o objeto do apelo extremo é de índole eminentemente infraconstitucional, porquanto se restringe às hipóteses de cabimento da ação rescisória, que foi prematuramente obstada na origem. 3. A jurisprudência deste Superior Tribunal é uníssona no sentido de que não incide a Súmula 343 do STF quando o tema discutido na rescisória for de índole constitucional. Fl. 1895DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.000181/200544 Acórdão n.º 1302001.764 S1C3T2 Fl. 11 10 4. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos infringentes, para dar provimento ao recurso especial e determinar o retorno dos autos à origem para reexame da causa, afastada a incidência da Súmula 343/STF. (negrejouse) No presente caso este entendimento se faz aplicável porque, à época do julgamento, os autos dos processos administrativos não se encontravam digitalizados e disponíveis para consulta imediata por todos os integrantes do Colegiado, de modo que a referência equivocada a um documento dos autos acabava por suprimir da apreciação aspectos relevantes para a decisão. Não se trata, aqui, portanto, de conhecer os embargos para corrigir erro na apreciação da prova, mas sim para suprir a omissão dos membros do Colegiado acerca das repercussões do documento cujo conteúdo é diverso daquele a eles relatado. Estas as razões, portanto, para CONHECER dos embargos opostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional. Com referência aos elementos que, presentes nos autos, afetam a definição do prazo decadencial aplicável à exigência em debate, cumpre esclarecer que se trata, aqui de lançamentos de IRPJ e CSLL apurados no anocalendário 1999, a partir da constatação de infrações no valor de R$ 10.586.532,83, reduzidas por prejuízo fiscal no âmbito da apuração do IRPJ, e integralmente submetidas à incidência da CSLL. Por sua vez, consta à fl. 15 a transcrição do LALUR da contribuinte, indicando a apuração, em 31/12/99, de prejuízo fiscal no valor de R$ 7.723.850,40. A autoridade lançadora transpôs este valor para o Demonstrativo de Apuração do Auto de Infração de IRPJ à fl. 281 e, a partir das infrações totalizadas em R$ 10.586.532,83, determinou o valor tributável em R$ 2.862.682,43. A autoridade julgadora de 1ª instância afastou a arguição de decadência apresentada em impugnação porque fundamentada, apenas, no art. 173, I do CTN, asseverando que, segundo tal dispositivo, o termo final do prazo decadencial se verificaria apenas em 31/12/2005, dada a opção da contribuinte pela apuração anual do lucro em 1999. Acrescentou, ainda, que, com referência à CSLL, o prazo decadencial seria de 10 (dez) anos, na forma do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Na primeira diligência, foi juntada aos autos a DIPJ apresentada pela contribuinte em 13/11/2000 (fls. 1670/1707), na qual consta a apuração de prejuízo fiscal no valor antes referido de R$ 7.723.850,40, sem qualquer apuração de antecipações de IRPJ ou mesmo de saldo negativo no anocalendário 1999. Já com referência à CSLL, há apuração de estimativas em vários meses do anocalendário 1999, mas com indicação de CSLL a pagar apenas em janeiro/99. Ao final, a apuração anual evidencia base de cálculo negativa de R$ 7.661.306,36, mas sem indicação de saldo negativo eventualmente resultante do pagamento da estimativa de janeiro/99. Na conclusão dos trabalhos resultantes da segunda conversão do julgamento deste processo em diligência, a autoridade fiscal reconhece, em seus cálculos, a apuração de prejuízo fiscal e de base negativa nos valores informados em DIPJ, mas não indica qualquer recolhimento promovido no período, conforme relatório de fls. 1850/1864. Ocorre que, apesar de inexistir prova de pagamento realizado pela contribuinte relativamente aos tributos exigidos no anocalendário 1999, esta Relatora não Fl. 1896DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.000181/200544 Acórdão n.º 1302001.764 S1C3T2 Fl. 12 11 compartilha do entendimento implicitamente adotado para as anteriores conversões do julgamento deste litígio em diligência. É certo que, no âmbito do CARF, a matéria em litígio tem seu julgamento afetado pelas disposições do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Isto porque, relativamente à contagem do prazo decadencial na forma do art. 150, do CTN, o Superior Tribunal de Justiça já havia decidido, na sistemática prevista pelo art. 543C do Código de Processo Civil, o que assim foi ementado no acórdão proferido nos autos do REsp nº 973.733/SC, publicado em 18/09/2009: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL.ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, Fl. 1897DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.000181/200544 Acórdão n.º 1302001.764 S1C3T2 Fl. 13 12 revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Extraise deste julgado que o fato de o tributo sujeitarse a lançamento por homologação não é suficiente para, em caso de ausência de dolo, fraude ou simulação, tomar se o encerramento do período de apuração como termo inicial da contagem do prazo decadencial de 5 (cinco) anos. Resta claro, a partir da ementa transcrita, que é necessário haver uma conduta objetiva a ser homologada, sob pena de a contagem do prazo decadencial ser orientada pelo disposto no art. 173 do CTN. E tal conduta, como já se infere a partir do item 1 da referida ementa, não seria apenas o pagamento antecipado, mas também a declaração prévia do débito. Relevante notar, porém, que, no caso apreciado pelo Superior Tribunal de Justiça, a discussão central prendiase ao argumento da recorrente (Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS) de que o prazo para constituição do crédito tributário seria de 10 (dez) anos, contandose 5 (cinco) anos a partir do encerramento do prazo de homologação previsto no art. 150, §4o do CTN, como antes já havia decidido aquele Tribunal. Por esta razão, os fundamentos do voto condutor mais se dirigiram a registrar a inadmissibilidade da aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, §4o, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal. Em conseqüência não há, naquele julgado, maior aprofundamento acerca do que seria objeto de homologação tácita na forma do art. 150 do CTN, permitindose aqui a livre convicção acerca de sua definição. Importa assim, ter em conta a peculiaridade das obrigações acessórias impostas aos contribuintes, dentre os quais se insere a recorrente, ao optarem pela apuração do lucro real anual. Cumprelhes: escriturar contabilmente suas operações, determinar mensalmente a necessidade de recolher antecipações (estimativas), apurar o resultado do exercício em seus livros contábeis, promover ajustes previstos em lei (adições, exclusões e compensações) para determinar o lucro real no Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR ou a base de cálculo da CSLL em outros demonstrativos, aplicar sobre estes as alíquotas correspondentes e do resultado deduzir as parcelas previstas na legislação, recolher o tributo Fl. 1898DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.000181/200544 Acórdão n.º 1302001.764 S1C3T2 Fl. 14 13 eventualmente apurado, declarálo em DCTF e, no exercício subsequente, informar esta apuração em DIPJ. No cumprimento destas obrigações acessórias, o sujeito passivo pode não chegar, em sua apuração, a base de cálculo sujeita à incidência tributária, não só porque seu resultado do exercício já foi negativo ou igual a zero, como também porque os ajustes ao lucro líquido contábil geraram resultado igual a zero ou prejuízo fiscal/base de cálculo negativa da CSLL. Em tais condições, é possível que apenas em razão do menor sucesso em suas atividades, o sujeito passivo não recolha tributo, nada tenha a declarar em DCTF, e apenas informe ao Fisco sua apuração no momento da entrega da DIPJ. Em tais condições, o sujeito passivo não se enquadra em uma hipótese na qual a lei não prevê o pagamento antecipado da exação, nem mesmo naquela onde, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre. E isto porque há uma situação intermediária na qual a lei prevê o pagamento antecipado da exação, mas admite que ele não seja feito se a apuração do sujeito passivo disto o dispensar. E, para esta hipótese intermediária, não se pode negar que o prazo previsto no art. 150 do CTN também seja aplicável. Esta, inclusive, é uma das interpretações cogitadas pela Equipe de Trabalho integrada por esta Relatora e por Daniel Monteiro Peixoto, Gleiber Menoni Martins, Maria Inês Dearo Batista, Maria Lúcia Aguilera, Vanessa Rahal Canado e Eurico Marcos Diniz de Santi, sob a coordenação deste último, e que consta do livro Decadência no Imposto sobre a Renda – Investigação e Análise I, Editora Quartier Latin, São Paulo, 2006, p. 50: Corrente 1: A contagem do prazo decadencial do direito de lançar o crédito tributário é a do art. 150, §4º do CTN, porque: 1º) tratase de lançamento por homologação – aquele no qual a Lei atribuiu ao sujeito passivo o dever de antecipar a apuração e o pagamento do imposto devido, sem prévio exame da autoridade administrativa (tributos que prescindem de lançamento = ato privativo da autoridade administrativa); 2º) o sujeito passivo adotou a conduta prescrita em Lei de informar o resultado da apuração do imposto devido, sem prévio exame da autoridade administrativa, apenas não tendo efetuado qualquer declaração (DCTF) ou pagamento, relativos ao imposto devido, por falta de apuração de base tributável no período; 3º) a regularidade da conduta adotada (ausência de declaração e pagamento) encontrase confirmada pela entrega da DIPJ, instrumento previsto na legislação para a demonstração da base de cálculo apurada; Nesse contexto, o dever de antecipar o pagamento, requisito previsto em Lei para a aplicação da norma decadencial do art. 150, §4º do CTN, somente se justifica quando apurado imposto devido. Após a edição do livro que orienta o julgado proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, o Professor Eurico Marcos Diniz de Santi dirigiu os estudos sobre particularidades do tema “Decadência” que não estavam tratadas em sua tese. E um dos resultados destes trabalhos pode ser visualizado na parte “B” do livro publicado em 2006, da qual constam os fluxogramas com as possíveis soluções para as diversas possibilidades de ocorrência da decadência no percurso da apuração do imposto sobre a renda da pessoa jurídica, e por conseqüência também da CSLL, sujeita a regras semelhantes de apuração e recolhimento. A “Situação 6”, ali constante à p. 148, destaca hipótese na qual se enquadra o caso em análise nestes autos: Fl. 1899DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.000181/200544 Acórdão n.º 1302001.764 S1C3T2 Fl. 15 14 De fato, como se verifica nos autos, restou evidenciado que no ano calendário 1999 a contribuinte apurou prejuízo fiscal e base de cálculo negativa apesar de esta, reconhecida em diligência, ter sido desconsiderada no lançamento nada sendo apurado a título de IRPJ ou CSLL devidos no período em referência. De outro lado, a autoridade lançadora nada menciona nos autos acerca da imprestabilidade da apuração assim informada em DIPJ. O lançamento restringese à glosa de despesas e exclusões e a apuração correspondente, justificando a ausência deste recolhimento, foi regular e tempestivamente informada ao Fisco em cumprimento a obrigação acessória que a legislação impõe aos contribuintes nestas condições. Logo, encerrado o período de apuração em 31/12/1999, tinha o Fisco a possibilidade de constituir o crédito tributário não recolhido até 31/12/2004, devendo ser declarada a decadência do crédito tributário cuja constituição somente foi cientificada à contribuinte em 03/02/2005. Por tais razões, suprindo a omissão apontada e mantendo o reconhecimento da decadência do direito de o Fisco questionar a apuração da contribuinte no anocalendário 1999, o presente voto resulta no ACOLHIMENTO dos embargos sem efeitos infringentes. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Relatora Fl. 1900DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.000181/200544 Acórdão n.º 1302001.764 S1C3T2 Fl. 16 15 Fl. 1901DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA
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Numero do processo: 16004.001443/2008-83
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2005 a 31/10/2006
CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. DOLO OU FRAUDE. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, DO CTN.
Comprovada a ocorrência de fraude fiscal, inicia-se a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício subsequente ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 150, § 4º e 173, inciso I, do CTN.
INCONSTITUCIONALIDADE. INAPLICABILIDADE DA DECISÃO DO STF. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. SÚMULA N.º 2/CARF.
A inconstitucionalidade declarada do art. 25, incisos I e II, da Lei nº. 8.212/91, em sede de Recurso Extraordinário do STF (RE 363852/MG) não atinge o crédito tributário impugnado no caso concreto, o qual trata contribuição devida pela agroindústria ao (SENAR), prevista no art. 22-A, §5º, da Lei 8.212/91.
Doutro modo, conforme Súmula n.º 2/CARF, este conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO LANÇAMENTO. DOCUMENTAÇÃO ESPECIFICADA PELA AUTORIDADE FISCAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA.
Restando demonstrados todos os valores devidos imputados pelo fisco, ainda que em planilha anexa ao auto de infração, cabe ao contribuinte realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, inconsistências ou inexistência de documentação contábil que fundamente o lançamento.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. APLICAÇÃO DA REGRA DO ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235, DE 1972.
Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, sendo este fator impeditivo à apreciação da matéria por este conselho, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972.
PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. OPORTUNIDADE DE DEFESA.
Não está a Autoridade fiscal proibida de conhecer dos fatos constituintes de fraude fiscal obtidos por meio de investigação realizada por outros órgãos do Estado, desde que resguardada a oportunidade de exercício do direito de defesa.
Não há violação dos princípios do contraditório e ampla defesa quando o contribuinte poderia realizar impugnação dos fatos a ele imputados em processo Administrativo Fiscal.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. ADMINISTRAÇÃO CENTRALIZADA. VIOLAÇÃO À LEI. FRAUDE FISCAL.
Caracterizada a existência de grupo econômico sob administração centralizada e com desempenho de atividades conjuntas na persecução do mesmo objeto social, é devida a responsabilização solidária das empresas o compõem.
A responsabilização passiva solidária de pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento, administração ou gestão realizado em contexto de violação da lei, nos termos do art. 135, do CTN, caracterizando o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, sendo necessária para garantir o recolhimento do tributo devido, o qual será cobrado daqueles que se beneficiaram do produto de sonegação.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.786
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário da Sra. LUCÉLIA APARECIDA NUNES LACERDA. II) Por unanimidade de votos, com relação aos demais recursos voluntários, rejeitar as preliminares e no mérito negar provimento.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente.
Natanael Vieira dos Santos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo (Presidente), Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/2005 a 31/10/2006 CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. DOLO OU FRAUDE. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, DO CTN. Comprovada a ocorrência de fraude fiscal, inicia-se a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício subsequente ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 150, § 4º e 173, inciso I, do CTN. INCONSTITUCIONALIDADE. INAPLICABILIDADE DA DECISÃO DO STF. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. SÚMULA N.º 2/CARF. A inconstitucionalidade declarada do art. 25, incisos I e II, da Lei nº. 8.212/91, em sede de Recurso Extraordinário do STF (RE 363852/MG) não atinge o crédito tributário impugnado no caso concreto, o qual trata contribuição devida pela agroindústria ao (SENAR), prevista no art. 22-A, §5º, da Lei 8.212/91. Doutro modo, conforme Súmula n.º 2/CARF, este conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO LANÇAMENTO. DOCUMENTAÇÃO ESPECIFICADA PELA AUTORIDADE FISCAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. Restando demonstrados todos os valores devidos imputados pelo fisco, ainda que em planilha anexa ao auto de infração, cabe ao contribuinte realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, inconsistências ou inexistência de documentação contábil que fundamente o lançamento. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. APLICAÇÃO DA REGRA DO ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235, DE 1972. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, sendo este fator impeditivo à apreciação da matéria por este conselho, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. OPORTUNIDADE DE DEFESA. Não está a Autoridade fiscal proibida de conhecer dos fatos constituintes de fraude fiscal obtidos por meio de investigação realizada por outros órgãos do Estado, desde que resguardada a oportunidade de exercício do direito de defesa. Não há violação dos princípios do contraditório e ampla defesa quando o contribuinte poderia realizar impugnação dos fatos a ele imputados em processo Administrativo Fiscal. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. ADMINISTRAÇÃO CENTRALIZADA. VIOLAÇÃO À LEI. FRAUDE FISCAL. Caracterizada a existência de grupo econômico sob administração centralizada e com desempenho de atividades conjuntas na persecução do mesmo objeto social, é devida a responsabilização solidária das empresas o compõem. A responsabilização passiva solidária de pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento, administração ou gestão realizado em contexto de violação da lei, nos termos do art. 135, do CTN, caracterizando o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, sendo necessária para garantir o recolhimento do tributo devido, o qual será cobrado daqueles que se beneficiaram do produto de sonegação. Recurso Voluntário Negado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2365; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 479 1 478 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16004.001443/200883 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402004.786 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de dezembro de 2015 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente COFERFRIGO ATC LTDA. E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2005 a 31/10/2006 CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. DOLO OU FRAUDE. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, DO CTN. Comprovada a ocorrência de fraude fiscal, iniciase a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício subsequente ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 150, § 4º e 173, inciso I, do CTN. INCONSTITUCIONALIDADE. INAPLICABILIDADE DA DECISÃO DO STF. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. SÚMULA N.º 2/CARF. A inconstitucionalidade declarada do art. 25, incisos I e II, da Lei nº. 8.212/91, em sede de Recurso Extraordinário do STF (RE 363852/MG) não atinge o crédito tributário impugnado no caso concreto, o qual trata contribuição devida pela agroindústria ao (SENAR), prevista no art. 22A, §5º, da Lei 8.212/91. Doutro modo, conforme Súmula n.º 2/CARF, este conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO LANÇAMENTO. DOCUMENTAÇÃO ESPECIFICADA PELA AUTORIDADE FISCAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. Restando demonstrados todos os valores devidos imputados pelo fisco, ainda que em planilha anexa ao auto de infração, cabe ao contribuinte realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, inconsistências ou inexistência de documentação contábil que fundamente o lançamento. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. APLICAÇÃO DA REGRA DO ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235, DE 1972. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 14 43 /2 00 8- 83 Fl. 479DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 480 2 Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, sendo este fator impeditivo à apreciação da matéria por este conselho, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. OPORTUNIDADE DE DEFESA. Não está a Autoridade fiscal proibida de conhecer dos fatos constituintes de fraude fiscal obtidos por meio de investigação realizada por outros órgãos do Estado, desde que resguardada a oportunidade de exercício do direito de defesa. Não há violação dos princípios do contraditório e ampla defesa quando o contribuinte poderia realizar impugnação dos fatos a ele imputados em processo Administrativo Fiscal. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. ADMINISTRAÇÃO CENTRALIZADA. VIOLAÇÃO À LEI. FRAUDE FISCAL. Caracterizada a existência de grupo econômico sob administração centralizada e com desempenho de atividades conjuntas na persecução do mesmo objeto social, é devida a responsabilização solidária das empresas o compõem. A responsabilização passiva solidária de pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento, administração ou gestão realizado em contexto de violação da lei, nos termos do art. 135, do CTN, caracterizando o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, sendo necessária para garantir o recolhimento do tributo devido, o qual será cobrado daqueles que se beneficiaram do produto de sonegação. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 480DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 481 3 Acordam os membros do colegiado, I) por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário da Sra. LUCÉLIA APARECIDA NUNES LACERDA. II) Por unanimidade de votos, com relação aos demais recursos voluntários, rejeitar as preliminares e no mérito negar provimento. Ronaldo de Lima Macedo Presidente. Natanael Vieira dos Santos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo (Presidente), Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 481DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 482 4 Relatório 1. Tratase de autos de infração lavrados referentes à contribuição devida pela agroindústria ao SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, incidente sobre a comercialização da produção rural da pessoa física, prevista no art. 22A, §5º, da Lei nº 8.212/91, apuradas relativamente às divergências constatadas entre as notas fiscais obtidas e os lançamentos nos Livros Razão, referentes ao mesmo período de 12/2005, 01/2006, 06/2006 a 10/2006. 2. Ao negar provimento à impugnação do contribuinte, a 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/POR) proferiu decisão (fls. 260 e ss) que restou ementada nos seguintes termos: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2005 a 31/10/2006 PROCEDIMENTOS FISCAIS. FASE OFICIOSA. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. OPORTUNIDADE. Na fase oficiosa os procedimentos que antecedem o ato de lançamento são praticados pela fiscalização de forma unilateral, não havendo que se falar em processo, assegurandose o contraditório e a ampla defesa aos litigantes, só se podendo falar na existência de litígio após a impugnação do lançamento. DESCONSIDERAÇÃO DOS ATOS OU NEGÓCIOS JURÍDICOS PRATICADOS. A autoridade administrativa possui a prerrogativa de desconsiderar atos ou negócios jurídicos eivados de vícios, sendo tal poder da própria essência da atividade fiscalizadora, consagrando o principio da substância sobre a forma. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA E SEGURADO ESPECIAL.SENAR. SUBROGAÇÃO. devida a contribuição ao SENAR do empregador rural pessoa física e do segurado especial, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção, ficando a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa sub rogada nas obrigações de tais produtores rurais. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. E solidariamente obrigada a pessoa que tenha interesse comum na situação que constitua o fato gerador. RELATÓRIOS PRODUZIDOS PELA FISCALIZAÇÃO. ENTREGA AO SUJEITO PASSIVO EM ARQUIVOS DIGITAIS. Fl. 482DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 483 5 Os relatórios e os documentos emitidos em procedimento fiscal podem ser entregues ao sujeito passivo em arquivos digitais autenticados pelo auditorfiscal da RFB. DILAÇÃO PROBATÓRIA. A dilação probatória fica condicionada à sua previsão legal e à necessidade à formação da convicção da autoridade julgadora. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido." 3. Em sede recursal, a matéria em análise já foi objeto de apreciação por este conselho, o qual editou Resolução determinando a conversão do julgamento em diligência para que fossem juntados aos autos os documentos probatórios da existência de grupo econômico de fato, com fins de apuração de existência de responsabilidade passiva solidária, a saber, o relatório de grupo econômico, anexos I e II do Proc. principal PAF nº 16004.001445/200872. 4. Por oportuno, passo a reproduzir relatório da referida Resolução: “(...). Esclarece [a autoridade fiscal] que a ação foi desenvolvida por uma junta fiscal e teve início em 01/2005, tendo sido retomada, em 05/10/2006, por determinação judicial, uma vez que a Policia Federal desencadeou a operação denominada "GRANDES LAGOS”, procedendo buscas e apreensões de documentos em diversos locais, com o intuito de obter provas dos ilícitos praticados pela organização, constituída de várias células ou núcleos, cujo objetivo era sonegar tributos e eximir os titulares de fato de suas responsabilidades relacionadas às áreas trabalhistas e previdenciárias. Observa que o crédito tributário em comento foi lançado em nome de Coferfrigo ATC Ltda. "E OUTROS", vez que, analisando a documentação apreendida pela Policia Federal, Receita Federal do Brasil e Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, verificouse que a empresa Coferfrigo ATC Ltda., juntamente com outras pessoas jurídicas, formam um grupo econômico de fato. A seguir, sintetiza algumas informações a respeito das empresas integrantes do grupo e informa que todos os fatos e documentos que caracterizam o grupo estão relatados e anexados no Relatório de Grupo Econômico, Anexos I e II, que fica fazendo parte integrante deste Auto de Infração. No item 25 do Relatório Fiscal (fls. 67), o agente autuante informa que o Relatório do Grupo Econômico Anexos I e II será encaminhado em arquivo digital, de acordo com o artigo 663, parágrafos 1° e 2° da IN 3/2005, alterado pela IN 851/2008 e, no item 27, esclarece que todos os documentos que integram o Auto de Infração bem como o Relatório de Grupo Econômico Anexos I e II estão a disposição da empresa e responsáveis solidários na Delegacia da Receita Federal do Brasil. Fl. 483DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 484 6 Os sujeitos passivos Alfeu Crozato Mozaquatro, Patrícia Buzolin Mozaquatro, Marcelo Buzolin Mozaquatro, Indústrias Reunidas CMA Ltda. e CM4 Participações Ltda., apresentaram defesa tempestiva em conjunto, e o Sr. João Pereira Fraga, espólio, representado por João Adson Fraga (inventariante), também impugnou o lançamento. Apesar de devidamente cientificadas, as demais empresas que, segundo entendimento da fiscalização, integram o grupo econômico de fato e, nessa condição, são responsáveis solidárias pelo débito, não apresentaram defesa e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 1426.538, da 9ª Turma da DRJ/RPO (fls. 227), julgou as impugnações improcedentes, mantendo o crédito tributário. Inconformados com a decisão, os recorrentes Alfeu Crozato Mozaquatro, Patrícia Buzolin Mozaquatro, Marcelo Buzolin Mozaquatro, Indústrias Reunidas CMA Ltda. e CM4 Participações Ltda., considerados pela fiscalização como corresponsáveis pelo débito, apresentaram recurso tempestivo em conjunto (fls. 319), repetindo as alegações trazidas na impugnação. Reiteram que os Recorrentes, pessoas físicas e jurídicas, foram considerados responsáveis solidários pelo débito tendo como única fundamentação para tanto um "Relatório da Polícia Federal", extraído de Inquérito Policial, sendo certo que a ação penal até a data de hoje não transitou em julgado. Entendem que o presente Auto de Infração é inconsistente e baseiase em prova ilícita, nula de pleno direito, posto que não foi submetida ao crivo do contraditório e da ampla defesa, bem como viola o principio da presunção de inocência, além do órgão autuador não ter produzido prova da responsabilidade na fase administrativa, ônus que lhe competia. Defendem que a prova emprestada do Inquérito Policial presidido por Delegado da Policia Federal não é meio licito para se fundamentar as responsabilidades dos Recorrentes, uma vez que não foram observados os princípios constitucionais do devido processo legal, ampla defesa e contraditório no processo onde ela foi produzida. Reafirmam que, no caso dos autos, o órgão autuador não fez prova licita alguma da responsabilidade dos Recorrentes, o que impõe a nulidade/inconsistência do auto de infração sobre a responsabilidade atribuída aos mesmos e discorre sobre o princípio da presunção da inocência, tentando demonstrar que apenas após o trânsito em julgado da ação criminal é que se poderia afirmar algo. Finalizam requerendo que seja reformada a decisão de primeira instância e julgado nulo o AI. O recorrente Sr. João Pereira Fragaespólio, considerado corresponsável pelo débito, representado por João Adson Fraga Fl. 484DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 485 7 (inventariante), apresentou recurso tempestivo (fls. 334) requerendo, inicialmente, que o Espólio de JOÃO PEREIRA FRAGA falecido, em 02/10/08, seja excluído da condição de passivo solidário. Traz o histórico da empresa COFERCARNES COMERCIAL FENANDOPOLOIS DE CARNES LTDA, da qual seu falecido pai e sua mãe eram sócios fundadores, desde sua constituição. Informa que, após separação judicial, sua mãe vendeu 50% do Capital Social da COFERCARNES para ALFEU MOZAQUADRO, que colocou essas quotas de capital social em nome da empresa CM4 PARTICIPAÇÕES LTDA, da qual era o proprietário, e impôs que a planta do imóvel industrial fosse integralmente arrendada para uma filial da empresa COFERFRIGO ATC LTDA que, apesar de pertencer no papel a Valter Francisco Rodrigues Junior, havia fortes suspeitas de a mesma pertencer de fato ao Sr. ALFEU, uma vez que foi ele quem pessoalmente determinou o arrendamento das instalações do frigorífico Cofercarnes, entabulou o preço e as condições do arrendamento. Discorre sobre o temperamento do Sr. Alfeu e a sociedade, que durou apenas oito meses, concluindo que não pode ser responsabilizado por atos praticados pela empresa COFERFRIGO ATC LTDA, da qual não fora sócio, por ter deixado esta empresa de arrecadar contribuições devidas no período de 01/12/2002 a 31/10/2006. Tenta demonstrar que inexiste qualquer relação mercantil ou comercial de seu pai com as empresas mencionadas no Processo e requer a exclusão de seu pai da responsabilidade solidária pelos débitos devidos pela empresa COFERFRIGO, da qual não tinha o menor conhecimento e da qual não participava, por quaisquer de suas formas. Preliminarmente, alega nulidade da autuação por falta de clareza, argumentando que as autoridades fiscais não indicaram a conta contábil ou outro elemento constante da escrituração contábil da COFERFRIGO das quais foram extraídas as importâncias oras lançadas, bem como não elencaram, nos autos, quais seriam as remunerações admitidas como base de cálculo das contribuições ou pagamentos que se sucedeu a esse título, denotando que não avaliou ou não se aprofundou suficientemente na natureza das rubricas, desconhecida do recorrente. Entende que houve cerceamento de defesa por terlhe sido entregue apenas um CDR, o que impediu o inventariante de manipular os documentos que o fisco julga supostamente representativas das operações praticadas pela Coferfrigo. Sustenta que o arbitramento e o termo de sujeição passiva solidária sobre as contribuições que o Fisco julga devidas pela COFERFRIGO ATC LTDA se deram apenas e estritamente por presunção. Fl. 485DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 486 8 Assevera que o Fisco achou por bem desconsiderar a personalidade jurídica da empresa COFERFRIGO ATC LTDA, exigindo dos solidários, no caso o espólio de JOÃO PEREIRA FRAGA, os tributos eventualmente devidos por aquela, sem contudo observar as normas legais que disciplinam a matéria. Informa que as empresas que, segundo o fisco, integram o grupo econômico Mozaquatro, declararam espontaneamente, nos prazos regulares, toda a movimentação fiscal e contábil em seus nomes, mediante entrega das DCTFs, nos respectivos anos calendário, bem como as Declarações de Rendas Pessoa Jurídica dos anos calendários de 2002 a 2006, sendo que o fisco não poderia estender a responsabilidade pelo débito constituído em face da empresa COFERFRIGO ATC LTDA, em razão de que tal prática não está autorizada pelo artigo 135, inciso III, do CTN Argumenta que, não sendo JOÃO PEREIRA FRAGA diretor, gerente ou representante da COFERFRIGO ATC LTDA, não responde por ela, não podendo a cobrança por tais descumprimentos ser redirecionada para a pessoa física de seu pai, como solidário, por não configurar qualquer das hipóteses previstas no art. 135, do CTN, e cita a jurisprudência para reforçar suas alegações. Infere que não é possível, ao Fisco, atribuir a seu falecido pai a responsabilidade pela não retenção de contribuições previdenciárias que seriam de ordem da empresa COFERFRIGO ATC LTDA., do denominado GRUPO ECONÔMICO MOZAQUATRO, uma vez que, em nenhum momento, os fiscais autuantes lograram comprovar a existência do vinculo entre a citada empresa e a pessoa do Sr. JOÃO PEREIRA FRAGA, razões pelas quais deve ser, de plano, decretada a insubsistência do lançamento fiscal contra ele. Insurgese contra a utilização do art. 116, parágrafo único, do CTN, por ser norma de eficácia limitada, que depende de lei ordinária para sua regulamentação e reitera que a empresa de seu pai estava paralisada no período entre 10/2004 a 10/2006, não podendo, portanto, responder pelos débitos previdenciários da empresa Coferfrigo, integrante, segundo o fisco, de um grupo econômico, com empresas instaladas em vários municípios e em outros Estados. Discorre sobre contrato de arrendamento mercantil para tentar demonstrar que o arrendador não responde pelos tributos devidos pela Arrendatária ou outras empresas das quais a Arrendatária seja signatária ou faça parte e conclui que, no caso em apreço, o Espólio de FRAGA, como arrendador, não possuía a obrigação de proceder a retenção ou arrecadar contribuições devidas pela empresa COFERFRIGO ATC. Insiste no entendimento de que ocorrera a decadência de parte do débito, defendendo a aplicação da regra contida no art. 150, § 4º, do CTN, uma vez que o contribuinte entregou regularmente ao INSS as informações concernentes a todas contribuições previdenciárias relativas ao período fiscalizado, bem como Fl. 486DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 487 9 sequer ocorreu indícios de fraude, dolo ou simulação comprovados. No mérito, reitera que seu pai nunca foi sócio, de fato ou de direito da empresa COFERFRIGO ATC LTDA, bem como não restou provado, nos autos, que seu falecido pai, João Pereira Fraga, tivesse qualquer participação com as empresas do denominado "GRUPO ECONÔMICO MOZAQUATRO”, e nem que seria solidariamente responsável pelos débitos supostamente devidos pelas empresas acima nos períodos mencionados, havendo, no caso, apenas presunções, ou seja, indícios sem comprovações. Entende que, no caso em tela, os fiscais autuantes promoveram o lançamento contra a empresa COFERFRIGO ATC LTDA por ter deixado de arrecadar, no período de 12/2002 a 10/2006, contribuições de segurados, e quer atribuir, por presunção, a responsabilidade pela falta das retenções ao Espólio de Joao Pereira Fraga, alegando que no período de 15.10.04 a 14.10.05 teria arrendado a planta do seu estabelecimento frigorífico para a empresa COFERFRIGO ATC LTDA, como parte integrante do "Núcleo Mozaquatro" e que, assim o sendo, em decorrência do arrendamento, dele também é parte integrante. Informa que o Espólio tentou o acesso aos documentos que estão em poder da empresa COFERFRIGO e junto à fiscalização federal e estadual para promover a sua defesa, o que lhe foi negado, sob a alegação de que João Pereira Fraga ou o Espólio não fazem parte do quadro societário e há impedimento legal para o acesso, e chama atenção para o fato de que nem mesmo os fiscais autuantes tiveram total acesso a contabilidade da empresa envolvida. Discorre sobre o instituto da solidariedade e traz a doutrina para reforçar o entendimento de que o fisco não poderia incluir o espólio no polo passivo da presente relação tributária para responder pela divida da Coferfrigo. Quanto à subrogação da compra de gado bovino, traz a decisão do STF no sentido de que os artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nºs 8.540/92 e n° 9.528/97, é inconstitucional. Finaliza, requerendo, em obediência ao principio constitucional de celeridade e economia processual, a improcedência, de plano, da presente exigência fiscal e, pelas razões expostas, sejam acolhidas as preliminares levantadas para, ao final, decretar a exclusão da solidariedade atribuída ao espólio de João Pereira Fraga na multa aplicada contra a empresa COFERFRIGO ATC LTDA. Lucélia Aparecida Nunes Lacerda, sócia do Frigorífico Mega Boi Ltda., que, segundo o fisco, é uma das empresas integrantes do grupo econômico, também apresentou recurso (fls. 391), alegando que nunca foi dona de empresa, que não sabia como Fl. 487DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 488 10 era a operação da empresa e tampouco injetou dinheiro para ser sócia de empresa, sendo que recebia seu salário da empresa Frigorífico Lister Ltda., administrada pelo Sr. Ivo Chiodi de Jesus e, posteriormente, pela empresa Coferfrigo Atc Ltda. e Friver de Industria de Alimentos Ltda. de Campina Verde, MG, que era administrada pelo Sr. Djalma Buzolin. Informa que nunca teve casa para morar, vive de aluguel e com um recurso financeiro de R$ 1.155,00 do INSS, que recebeu mais 14 cópias de processos da Receita Federal, leuos, mas não entendeu do assunto mencionado, que nem conhece várias empresas e pessoas mencionadas nos processos, mas somente as empresas e pessoas que trabalharam em Campina Verde — MG. Às fls. 404, a UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), por sua procuradora, com fundamento no art. 48, §2°, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256/2009, apresentou contrarrazões ao recurso voluntário”. 5. Cumprida a diligência e devidamente cientificados os sujeitos passivos, sem apresentação de novas alegações, retornaram os autos para análise deste conselho. É o relatório. Fl. 488DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 489 11 Voto Conselheiro Natanael Vieira dos Santos, Relator. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1. Conheço do recurso voluntário, uma vez que foi tempestivamente apresentado, preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº. 70.235, de 6 de março de 1972 e passo a analisálo. DOS PROCESSOS APENSADOS A ESTES AUTOS 2. Correm apensos diversos processos cujo fundo de direito será discutido no presente feito, havendo inclusive a apresentação de mesmo recurso voluntário por parte dos recorrentes, razão pela qual este voto aproveitará aos processos 16004.001445/200872, 16004.001455/200816, 16004.001451/200820 e 16004.001446/200817. PRELIMINARES DA DECADÊNCIA 3. Inicialmente, no que se refere à alegação do contribuinte de que as parcelas relativas a 12/2002 a 11/2003 estariam sujeitas à decadência, pois que antecedem o quinquênio anterior ao lançamento, a 9ª Turma DRJ/RPO entendeu pela não caracterização do instituto, em razão da inexistência de pagamento antecipado e constatação de fraude fiscal. Abaixo, trecho do acórdão da DRJ/RPO: “Não ocorrendo qualquer pagamento relativo à obrigação ou no caso de comprovação da ocorrência de dolo, fraude ou simulação, contase o mesmo prazo de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos moldes do artigo 173, I, do CTN.” 4. No caso em tela, em se tratando de contribuição previdenciária cujo lançamento se dá por homologação, disciplina o artigo 150, §4º do CTN: § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. 5. Nessa perspectiva, observo que de fato não há qualquer prova do pagamento antecipado do tributo lançado, além de que restou caracterizada a fraude e simulação contra a Fazenda, razão pela qual a contagem do prazo decadencial de cinco anos Fl. 489DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 490 12 iniciase no exercício seguinte àquele em que a Fazenda poderia efetuar o lançamento, nos termos do art. 173, inciso I, do CTN, daí porque, ainda que o presente feito tenha sido instaurado em 11/2008, a alegação de decadência do direito de cobrança dos valores relativos às competências de 12/2002 a 11/2003 não merece acolhida. DA INCONSTITUCIONALIDADE 6. Quanto à preliminar de inconstitucionalidade suscitada pelo recorrente João Pereira Fraga, o qual invoca jurisprudência do STF no RE 363852/MG, observo que o referido decisum não se aplica ao caso em análise, uma vez que o lançamento tributário ora impugnado trata contribuição devida pela agroindústria ao (SENAR), incidente sobre a comercialização da produção rural da pessoa física, prevista no art. 22A, §5º, da Lei nº 8.212/91, nada tem que ver com as contribuições específicas de que trata o art. 25, incisos I e II, da Lei nº. 8.212/91 (FUNRURAL), efetivamente declaradas inconstitucionais por aquela corte. 7. Assim, consta do relatório fiscal (fls. 92), o crédito tributário ora constituído "(...) refere se ao lançamento de contribuições destinadas ao SENAR — Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, disciplinada pela Lei n.° 8.315/91 e o Regulamento aprovado pelo Decreto n.° 566/92, com alterações feitas pelo Decreto n.° 790193 e Lei 10.256/2001, incidentes sobre a comercialização de produtos rurais", razão pela qual não há qualquer inconstitucionalidade declaradas relativamente a tal dispositivo legal. 8. Ademais, conforme entendimento sumulado (Súmula n.º 02/CARF): “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” 9. Diante disso, resta prejudicada as alegações da recorrente quanto à inconstitucionalidade do lançamento. DA INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO 10. No que se refere à preliminar suscitada por João Pereira Fraga, relativa à falta de especificação ou clareza das rubricas contábeis utilizadas pela autoridade fiscal para efetuar o lançamento, cumpre ressaltar que a apuração dos valores devidos ao fisco foi realizada em se considerando a totalidade da receita bruta de faturamento da autuada, nos termos do art. 30, da Lei nº. 8.212/91, demonstrados em planilhas lastreadas em documentação anexada ao relatório fiscal, tais como notas fiscais, faturamentos, produto final da venda e comercialização, etc. 11. Nesta senda, não há falar em falta de clareza do Relatório Fiscal, nem tampouco em cerceamento do direito de defesa pela não especificação dos elementos que compõem a base de cálculo do lançamento efetuado, uma vez que, demonstrados todos os valores utilizados pelo fisco em planilha anexa ao auto de infração, o contribuinte deve realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, qualquer inconsistência ou falta de documentação contábil que fundamente o lançamento. 12. No que tange às alegações trazidas em sede de recurso voluntário interposto em conjunto por Alfeu Mozaquatro, Patrícia Mozaquatro, Marcelo Mozaquatro, Fl. 490DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 491 13 Industrias Reunidas e CM4 Participações, suscitam os recorrentes a existência de nulidade dos autos de infração ora impugnados por serem ilegais e se utilizarem exclusivamente documentos probatórios de inquérito policial, os quais não foram apreciados em processo judicial e submetidos ao crivo do contraditório e ampla defesa, razão pela qual seriam nulos. 13. Entretanto, muito embora a autoridade fiscal tenha se utilizado de informações fornecidas pela Polícia Federal, não há qualquer vedação legal para análise de fatos apurados por outros órgãos fiscalizadores, razão pela qual a Administração Publica não pode se omitir de apurar todas as situações constituintes do fato gerador, contemplando o interesse público e o princípio da verdade material. 14. A propósito do tema, manifestouse o STF: PROVA EMPRESTADA. Penal. Interceptação telefônica. Escuta ambiental. Autorização judicial e produção para fim de investigação criminal. Suspeita de delitos cometidos por autoridades e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento administrativo disciplinar, contra os mesmos servidores. Admissibilidade. Resposta afirmativa a questão de ordem. Inteligência do art. 5º, inc. XII, da CF, e do art. 1º da Lei federal nº 9.296/96. Voto vencido. Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos. (STF InqQO: 2424 RJ , Relator: CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 25/04/2007, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe087 DIVULG 23082007 PUBLIC 24082007 DJ 2408 2007 PP00055 EMENT VOL0228601 PP00109). 15. Além disso, no que se refere à alegação de cerceamento de defesa, imperioso destacar que o contribuinte poderia e deveria promover impugnação dos fatos apurados pela autoridade fiscal no presente processo administrativo, daí porque, havendo possibilidade de impugnação das provas e fatos imputados ao contribuinte ao longo do processo fiscal, resta insubsistente a alegação de cerceamento de defesa. 16. Ressaltese ainda que, em se tratando de apuração de responsabilização passiva solidária, a autoridade fiscal deve utilizar documentos que atestem a existência de atividades conjuntas ou relações de prestações de serviço mútuo que comprovem a persecução de objeto comum por diversas pessoas jurídicas, constatandose, por conseguinte, a existência de grupo econômico de fato e, consequentemente, interesse comum, nos termos do artigo 135, do CTN. 17. No caso em tela, todos os documentos que fundamentam o lançamento tributário e a atribuição de responsabilidade passiva solidária estão devidamente descritos nos anexos I e II dos autos (relatório de grupo econômico), os quais foram entregues a cada uma das autuadas, juntamente com termo de sujeição passiva solidária, razão pela qual entendo que os autos de infração lavrados contra as recorrentes preenchem os requisitos elencados no art. 10, do Decreto nº. 70.235/72. Fl. 491DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 492 14 DO MÉRITO DA MATÉRIA NÃO IMPUGNADA 18. Superadas as questões preliminares relativas à validade e legalidade dos autos de infração, observo que, no mérito restante, nenhum dos contribuintes promoveu impugnação específica a qualquer dos valores ou rubricas discriminados nos autos de infração, restando caracterizada a preclusão. 19. Dessa forma, considerando a generalidade do recurso, que repetiu os mesmos termos contidos na impugnação, considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. 20. Sobre o tema, trago jurisprudência deste Conselho: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada na impugnação, não competindo ao Conselho de Contribuintes apreciála (Decreto no 70.235/72, art. 17, com a redação dada pelo art. 67 da Lei no 9.532/97). Processo nº. : 10280.004214/200280. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA NO PRAZO PRECLUSÃO NÃO INSTAURAÇÃO DO CONTENCIOSO Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante no prazo legal. O contencioso administrativo fiscal só se instaura em relação àquilo que foi expressamente contestado na impugnação apresentada de forma tempestiva. Processo nº. 35464.002340/200604. MATÉRIA PRECLUSA – Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e somente vêm a ser demandadas na petição de recurso, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar o princípio do duplo grau de jurisdição a que está submetido o Processo Administrativo Fiscal. Processo nº. : 15374.004371/200189. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA – PRECLUSÃO – Nos termos do art. 17 do Decreto 70235/72, a matéria não contestada pelo sujeito passivo está fora do litígio e o crédito tributário a ela relativo tornase consolidado. Processo nº.: 11516.001652/2005 91. RECURSO VOLUNTÁRIO – MATÉRIA NÃO IMPUGNADA – PRECLUSÃO – é preclusa a discussão em sede recursal de matéria para a qual não houve impugnação, tendo como efeito a constituição definitiva do crédito tributário no âmbito administrativo. Processo nº. : 10980.008007/200398. MATÉRIA INCONTROVERSA. Considerase incontroversa a matéria objeto de recurso, quando não impugnada em primeiro grau. Processo nº. : 10540.000616/200388. Fl. 492DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 493 15 21. Resta, portanto, apenas a análise do conjunto probatório trazido aos autos, com fins de apuração de legitimidade e responsabilidade passiva solidária das empresas autuadas. LEGITIMIDADE PASSIVA 22. Em análise à documentação trazida, observo que restou incontroverso a legitimidade passiva da principal autuada, COFERFRIGO ATC LTDA., no que se refere às contribuições previdenciárias e sociais devidas, apuradas entre 12/2002 e 06/2008. 23. Tal se dá porque, conforme apurado pela Receita Federal e em investigação da Polícia Federal, a empresa COFERFRIGO, por meio de seus administradores de fato, utilizouse de artifícios contábeis e fraudes fiscais, promovendo a criação de diversas pessoas jurídicas titularizadas por interpostas pessoas, as quais contribuíram para a consecução da atividade fim, fornecendo mão de obra, arrendando instalações e até mesmo exercendo a atividade extrativista agroindustrial, objetivando pura e simplesmente o não recolhimento do tributo devido. 24. Além disso, a principal autuada não ofereceu qualquer impugnação ao lançamento efetuado, restando caracterizada a revelia, nos termos do art. 21, do Decreto nº 70.235, de 1972. 25. Apenas os autuados e João Pereira Fraga, Lucélia Aparecida Nunes, Alfeu Mozaquatro, Patrícia Mozaquatro, Marcelo Mozaquatro, Indústrias Reunidas Ltda. e CM4 Participações Ltda., ofereceram contestação ao lançamento, razão pela qual será analisada a responsabilidade solidária apenas em relação a eles. DA RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA PESSOA JURÍDICA 26. De fato, o instituto da responsabilidade solidária consta expressamente no art. 30 da Lei nº. 8.212/91, relativamente às empresas que compõem mesmo grupo econômico. 27. Por sua vez, quanto à necessidade de definição de grupo econômico, com fins de apuração de solidariedade passiva relativa às contribuições devidas à Seguridade social, temse que o conceito mais abrangente e adequado ao fim almejado encontrase estipulado na Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, conforme o parágrafo 2º do artigo 2º, in verbis: “Art.2º. Considerase empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 2. Sempre que uma ou mais empresas, tendo embora, cada uma delas, personalidade jurídica, própria estiverem sob a direção, controle ou administração de outra constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.” Fl. 493DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 494 16 28. Nesse aspecto, a existência de grupo econômico deve ser demonstrada por meio das relações de fato ou de direito entre as empresas autuadas, de forma a configurar interesse comum na situação constituinte do fato gerador, bem como deve ser demonstrada a existência de administração central ou preeminência de um grupo com poderes decisórios sobre os demais. 29. No presente caso, observase que as empresas recorrentes CM4 Participações e Indústrias Reunidas CMA, únicas empresas a apresentarem recurso voluntário, abrigavam o núcleo administrativo do grupo econômico, ou o centro decisório, tendo seu capital constituído pelo patrimônio da família Mozaquatro, a qual promovia e gerenciava o esquema de sonegação fiscal, conforme demonstram as documentações colhidas pelo fisco e as informações apuradas pela Polícia Federal. 30. Tais empresas, ostensivas do grupo Mozaquatro, participavam ativamente da atividade desempenhada pelo grupo econômico, tendo diversas instalações arrendadas a outras empresas do grupo, estas últimas constituídas por pessoas interpostas (laranjas), com fins de desempenhar a atividade agroindustrial fim e eximir as empresas arrendadoras da responsabilidade pelo recolhimento do tributo devido. 31. Dessa forma, caracterizada a existência de atividade conjunta na persecução de objetivo comum, bem como havendo administração única, entendo que razão assiste à autoridade fiscal na atribuição de responsabilidade solidária às recorrentes. DA RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA PESSOAS FÍSICAS 32. Por sua vez, no que se refere à responsabilização solidária de pessoas físicas, disciplina o art. 135 do CTN: "São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado." 33. A respeito do tema, o e. STF, ao analisar o artigo 135 do CTN, no RE nº 562.276/PR, estabelece que os gestores ou administradores das pessoas jurídicas somente serão pessoalmente responsabilizados se incorrerem em violação de contrato social, excedendo seus poderes de gestão, ou ainda quando na violação ou infração de lei. 34. Assim, verificase que, havendo comprovada pratica de atos em infração à lei tributária, claramente objetivando a fraude fiscal, caracterizada está a responsabilidade dos administradores das empresas do grupo econômico. 35. No caso em comento, tendo em vista suas peculiaridades, cabem considerações sobre o papel dos autuados pessoas físicas, haja vista tratarse de administradores e operados do grupo econômico de fato. Fl. 494DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 495 17 NÚCLEO MOZAQUATRO 36. Conforme relatório de grupo econômico trazido aos autos, o grupo da família Mozaquatro foi gerenciador e beneficiário direto do esquema de fraude contra o fisco, sendo constituído por Alfeu Mozaquatro, principal líder e articulador do esquema, bem como por Marcelo Mozaquatro e Patrícia Mozaquatro, todos detentores de parte do capital social, ou ainda apenas administradores das empresas ostensivas do grupo, tais como CM4 Participações e Industrias Reunidas. 37. O papel de gerência foi evidenciado pelas investigações da Polícia Federal, bem como pela auditoria realizada pela Receita Federal, na qual foram analisados extratos de movimentações bancárias, notas fiscais emitidas em nome de laranjas e entregues à família Mozaquatro para conferência e contabilidade, arquivos magnéticos em posse dos investigados, nos quais se evidenciava relatórios contábeis das diversas empresas do grupo econômico, inquérito policial que indicava o acesso dos participantes do grupo às contas bancárias das diversas empresas envolvidas no esquema, etc. 38. Assim, atuando como administradores e principais beneficiários das receitas obtidas pelo grupo econômico, bem como configurada a fraude fiscal em violação da lei tributária, caracterizada está a solidariedade passiva, nos termos dos artigos 135, inciso III e 116, parágrafo único, do Código tributário Nacional. JOAO PEREIRA FRAGA 39. Em sede de recurso voluntário, as alegações da defesa de João Pereira Fraga (espólio) se dão no sentido de que, diferentemente das outras empresas criadas com interpostas pessoas, a empresa COFERCARNES e seu sócio administrador João Pereira Fraga gozavam de autonomia em relação ao grupo econômico, afirmando que as relações entre o autuado solidário e o grupo Mozaquatro eram meramente contratuais, não prolongadas por mais de oito meses, havendo inclusive pedido extrajudicial destinado à COFERFRIGO para que esta desocupasse as instalações arrendadas pela COFERCARNES. 40. Entretanto, em análise ao conjunto probatório trazido aos autos, observo que dentre a documentação apurada pela Receita Federal foram encontrados: a) notas fiscais das empresas do grupo Mozaquatro e das demais empresas que compunham o grupo econômico, nas quais foi constatada a existência de assinatura de João Pereira Fraga; b) cheques em branco, assinados por sócios administradores das empresas do referido grupo econômico e entregues à pessoa de João Pereira Fraga; e por fim c) extratos de movimentações bancárias de contas do grupo econômico; bem como d) informações apuradas pela Polícia Federal evidenciando que o autuado tinha acesso às diversas contas bancárias das empresas do grupo econômico (cf. relatório de grupo econômico), evidenciando que João Pereira Fraga era de fato um dos gerenciadores do esquema de sonegação fiscal. 41. Dessa forma, é de se concluir que a autonomia exercida por João Pereira Fraga decorre de seu papel central na administração do esquema do grupo Mozaquatro, devendolhe ser atribuída a responsabilidade solidária. 42. Sob esse aspecto, as alegações de que o referido contribuinte não compunha os quadros societários das empresas participantes do grupo econômico e que, portanto, não poderia ser considerado responsável pelos débitos de uma pessoa jurídica que não lhe pertencia não merecem prosperar, haja vista que a responsabilização passiva solidária de Fl. 495DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001443/200883 Acórdão n.º 2402004.786 S2C4T2 Fl. 496 18 pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento e gestão realizado em contexto de violação da lei, o que caracteriza o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, daí porque, nos termos do artigo 124, inciso I, do CTN, é correta a imputação de responsabilidade passiva solidária a JOAO FRAGA, uma vez que figurava como beneficiário e administrador do grupo econômico em questão. 43. Concluindo no particular, a responsabilização de pessoa física decorrente da gerência exercida em contexto de fraude fiscal, ainda que administrador de fato, destinase a subsidiar eventual execução fiscal e a garantir o recolhimento do tributo devido, o qual no caso concreto poderá ser cobrado daqueles que se beneficiaram do produto de sonegação, agindo em conluio, conforme definição constante no art.73 da Lei nº. 4.502/64. LUCÉLIA APARECIDA NUNES LACERDA 44. No que se refere ao recurso interposto por Lucélia Aparecida Nunes Lacerda (fls. 432/433), tida nominalmente como sócia administradora de uma das autuadas solidárias, observo que não há prova nos autos de sua participação efetiva no esquema de sonegação fiscal, nem tampouco há qualquer evidencia de sua condição de administradora de fato do grupo econômico ou qualquer atuação em excesso de poder ou infração à lei que possa ensejar sua responsabilização enquanto pessoa física, nos termos do art. 135 e incisos, do CTN, além de que não consta nos autos termo de sujeição passiva solidária, razão pela qual a recorrente não integra de fato o polo passivo da presente demanda, não havendo o que se falar em sua responsabilização pelo débito apurado. 45. Portanto, não conheço do recurso apresentado por Lucélia Aparecida Nunes Lacerda por falta de legitimidade passiva (ausência do termo de sujeição passiva, bem como do relatório de corresponsável). CONCLUSÃO 46. Por todo o exposto, não conheço do recurso interposto por e Lucélia Aparecida Nunes Lacerda, conheço dos recursos apresentados pelos demais sujeitos passivos, para, no mérito, negarlhes provimento, mantendo o lançamento nos termos da decisão de primeira instância. É como voto. Natanael Vieira dos Santos. Fl. 496DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA
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Numero do processo: 13116.721898/2013-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2012
PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. DESPESAS COM ASSISTÊNCIA MÉDICA, ODONTOLÓGICA, FARMACÊUTICA E SOCIAL DOS EMPREGADOS. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
No regime de incidência não-cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS não se admite o creditamento com base em despesas com assistência médica, odontológica, farmacêutica e social dos empregados.
Recurso do qual se conhece em parte para negar-lhe provimento.
Numero da decisão: 3301-002.735
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso para negar-lhe provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso para negar-lhe provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios - Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2012 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ARGUMENTOS ADUZIDOS EM AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula CARF nº 1) ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2012 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DE RESSARCIMENTO. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO NA FORMA ELETRÔNICA. LEGITIMIDADE. Ressalvadas as exceções previstas na norma que regulamenta o assunto, a exigência de apresentação de pedido de ressarcimento e de restituição por via eletrônica é legítima, e está alicerçada no artigo 74 da Lei nº 9.430/96. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2012 PIS/PASEP. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS COM ASSISTÊNCIA MÉDICA, ODONTOLÓGICA, FARMACÊUTICA E SOCIAL DOS EMPREGADOS. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. No regime de incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS não se admite o creditamento com base em despesas com assistência médica, odontológica, farmacêutica e social dos empregados. Recurso do qual se conhece em parte para negarlhe provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 72 18 98 /2 01 3- 21 Fl. 195DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13116.721898/201321 Acórdão n.º 3301002.735 S3C3T1 Fl. 196 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso para negarlhe provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 4ª Turma da DRJ Brasília (fls. 161/166 da cópia digitalizada do eprocesso, doravante utilizada como padrão de referência), a qual, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela interessada, mantendo, consequentemente, o despacho decisório que indeferiu o pedido de ressarcimento que inaugurou o processo. O pleito diz respeito a pedido de ressarcimento de PIS/PASEP em formulário em papel, no valor de R$ 9.658,30, apurado nos anoscalendários de 2008 a 2012. Irresignada com o indeferimento do pedido a interessada apresentou manifestação de inconformidade onde alegou em síntese: a) que ingressou com pedido de ressarcimento de créditos de Cofins/PIS seguindo o conceito de insumo de acordo com a legislação do imposto de renda, calculado sobre os custos incorridos com serviços de assistência médica, odontológica, farmacêutica e social, destinados indistintamente a todos os seus empregados, nos termos do art. 360 do RIR (Decreto 3000/1999); b) que a possibilidade de creditamento do PIS e da Cofins sobre valerefeição e valetransporte está prevista literalmente no inciso X do art. 3º da Lei 10.833/2003; c) que teria legítimo direito ao crédito sobre os custos operacionais (e não sobre as atividades administrativas); d) que as instruções normativas que exigem o uso do Programa PER/Dcomp para pedir restituição/ressarcimento são ilegais porque contrariam normas Fl. 196DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13116.721898/201321 Acórdão n.º 3301002.735 S3C3T1 Fl. 197 3 hierarquicamente superiores que nunca condicionaram o direito à utilização da via eletrônica; e, e) que a aplicação da multa de 50% sobre o valor do crédito pleiteado é ilegal, pois os parágrafos 15 e 17 do art. 74 da Lei 9.430/1996 ofendem e não observam os princípios legais estipulados pela Lei 9.784/1999, que regulam e norteiam o processo administrativo no âmbito da administração pública federal. Requereu, por fim, o reconhecimento do direito aos créditos solicitados e o afastamento da multa de 50%. Não obstante os argumentos aduzidos pela reclamante, a manifestação de inconformidade não foi acolhida pela instância a quo, nos termos do acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 PEDIDO DE RESSARCIMENTO. UTILIZAÇÃO DE FORMULÁRIO. CONDIÇÕES. O pedido de ressarcimento, utilizandose de formulário, só pode ser feito observandose as condições estabelecidas nos parágrafos 2º ao 5º do art. 113 da IN RFB nº 1.300/2012. PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL PIS NÃO CUMULATIVO. VALEALIMENTAÇÃO. DESCONTO DE CRÉDITOS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. A alimentação do trabalhador não é aplicada ou consumida na prestação de serviços, não podendo ser considerada insumo para fins de creditamento de Cofins. Além disso não há previsão legal para o desconto de crédito incidente sobre esse tipo de despesa (custo). EXIGÊNCIA DE MULTA ISOLADA. ATIVIDADE ADMINISTRATIVA DE LANÇAMENTO VINCULADA E OBRIGATÓRIA. O parágrafo 15 do art. 74 da Lei 9.430/1996 estabelece que será aplicada multa isolada de 50% sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. FUNDAMENTO DE INCONSTITUCIONALIDADE / ILEGALIDADE. COMPETÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DEVER DO JULGADOR. OBSERVÂNCIA DO ENTENDIMENTO DA RFB. Cabe ao Poder Judiciário se manifestar sobre a inconstitucionalidade/ ilegalidade das leis e normas, por força do princípio da unidade jurisdicional. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, o julgador deve observar o entendimento da RFB expresso em atos normativos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Não obstante a ementa, no presente pleito não se discute direito relativamente a despesas com valealimentação, mas sim no tocante ao pagamento de assistência médica, odontológica, farmacêutica e social dos empregados. Fl. 197DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13116.721898/201321 Acórdão n.º 3301002.735 S3C3T1 Fl. 198 4 Cientificada da referida decisão em 1º/10/2014 (fls. 168), a interessada, em 29/10/2014 (fls. 170), apresentou o recurso voluntário de fls. 170/192, onde reitera os argumentos apresentados na primeira instância, reclamando ainda pelo cancelamento da multa isolada em vista da revogação do § 15 do artigo 74 da Lei nº 9.430/96 pela Medida Provisória nº 656, de 2014. Diante do exposto, requer seja afastada a aplicação da multa de 50% sobre o direito creditório pleiteado, bem como seja considerada válida a utilização dos formulários da IN RFB nº 1.300/2012, afastandose a utilização exclusiva do pedido de ressarcimento via eletrônica. É o relatório. Voto Do conhecimento em parte recurso O recurso é tempestivo e formalizado por parte legítima. Não obstante, só poderá ser conhecido em parte em vista da renúncia parcial à instância administrativa, conforme demonstraremos a seguir. Conforme relatado, diante do indeferimento do pedido de restituição / ressarcimento foi aplicada a multa capitulada no § 15 do artigo 74 da Lei nº 9.430/96, introduzido pelo artigo 62 da Lei nº 12.249/10, cuja redação era no seguinte sentido: § 15. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido. O preceito em tela foi explicitamente revogado pelo artigo 4º, inciso II, da Medida Provisória nº 668, de 30/01/2015. Mas a discussão quanto à legitimidade da multa em questão foi levada ao Poder Judiciário, como informa a PGFN mediante ofício de fls. 129. De fato, nos termos do citado ofício, o sujeito passivo formalizou ação judicial questionando exatamente a exigência da multa em evidência. Aludido processo foi autuado sob o nº 201383.2014.4.01.3502 na 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Anápolis. A formalização de pleito junto ao Poder Judiciário representa renúncia à instância administrativa, não podendo esta se manifestar sobre assunto já demandado na via judicial, em vista do princípio da unidade de jurisdição, previsto no artigo 5o, inciso XXXV, da Constituição Federal. Essa questão, inclusive, já está pacificada no âmbito do CARF, cuja Súmula no 1 estabelece o seguinte: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Fl. 198DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13116.721898/201321 Acórdão n.º 3301002.735 S3C3T1 Fl. 199 5 Não se pode, pois, conhecer do pedido de exoneração da multa de ofício, em vista da renúncia à presente instância administrativa pela propositura de ação judicial onde o mesmo direito é discutido. Conhecese, portanto, do pleito, exclusivamente quanto à suposta validade do pedido de restituição / ressarcimento em formulário de papel, bem como no que concerne ao direito de creditamento no regime de nãocumulatividade do PIS/Pasep. Do pedido de ressarcimento em dissonância com as normas editadas pela Receita Federal O sujeito passivo alega que a instrução normativa que exige o uso do Programa PER/DCOMP para a solicitação de restituição ou de ressarcimento seria ilegal, uma vez que contrariaria normas hierarquicamente superiores que nunca teriam condicionado o direito à utilização da via eletrônica. Vejamos como a questão é tratada pela instrução normativa RFB nº 1.300, de 2012, questionada pelo sujeito passivo: Art. 41. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o crédito decorrente de decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB, ressalvadas as contribuições previdenciárias, cujo procedimento está previsto nos arts. 56 a 60, e as contribuições recolhidas para outras entidades ou fundos. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada pelo sujeito passivo mediante apresentação à RFB da Declaração de Compensação gerada a partir do programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante a apresentação à RFB do formulário Declaração de Compensação constante do Anexo VII a esta Instrução Normativa, ao qual deverão ser anexados documentos comprobatórios do direito creditório. [...] Art. 46. A autoridade competente da RFB considerará não declarada a compensação nas hipóteses previstas no § 3º do art. 41. § 1º Também será considerada não declarada a compensação quando o sujeito passivo, em inobservância ao disposto nos §§ 2º a 5º do art. 113, não tenha utilizado o programa PER/DCOMP para declarar a compensação. [...] Art. 111. Será indeferido sumariamente o pedido de restituição, de ressarcimento ou de reembolso quando o sujeito passivo, em inobservância ao disposto nos §§ 2º a 5º do art. 113, não tenha utilizado o programa PER/DCOMP para formular o pedido. [...] Art. 113. Ficam aprovados os formulários: I Pedido de Restituição ou Ressarcimento Anexo I; [...] § 2º Os formulários a que se refere o caput poderão ser utilizados pelo sujeito passivo somente nas hipóteses em que a restituição, o ressarcimento, Fl. 199DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13116.721898/201321 Acórdão n.º 3301002.735 S3C3T1 Fl. 200 6 o reembolso ou a compensação de seu crédito para com a Fazenda Nacional não possa ser requerido ou declarado eletronicamente à RFB mediante utilização do programa PER/DCOMP. § 3º A RFB caracterizará como impossibilidade de utilização do programa PER/DCOMP a ausência de previsão da hipótese de restituição, de ressarcimento, de reembolso ou de compensação no aludido programa, bem como a existência de falha no programa que impeça a geração do Pedido Eletrônico de Restituição, do Pedido Eletrônico de Ressarcimento ou da Declaração de Compensação. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1425, de 19 de dezembro de 2013) § 4º A falha a que se refere o § 3º deverá ser demonstrada pelo sujeito passivo à RFB no momento da entrega do formulário, sob pena do enquadramento do documento por ele apresentado no disposto no § 1º do art. 46 ou no art. 111. § 5º Aplicase o disposto no § 1º do art. 46 e no art. 111, quando a impossibilidade de utilização do programa PER/DCOMP decorrer de restrição nele incorporada em cumprimento ao disposto na legislação tributária. § 6º Aos formulários a que se refere o caput deverá ser anexada documentação comprobatória do direito creditório. (grifos nossos) Pelo exposto, constatase que a IN RFB nº 1.300, de 2012, de fato, exigia a apresentação do pedido de compensação do sujeito passivo por via eletrônica mediante o uso do programa PER/DCOMP. Como bem ressaltado pelo acórdão recorrido, o pleito da interessada se enquadra dentre aqueles cujo uso do programa PER/DCOMP é obrigatório, razão pela qual a não utilização da via eletrônica, ou seja, a opção pela apresentação de pleito com o uso de formulário, configura, na norma infra legal, hipótese de indeferimento sumário do pedido de compensação (artigo 111 da IN RFB nº 1.300/2012). Diante disso, a recorrente questiona a legalidade da reportada instrução normativa. Segundo entende, a norma em comento contrariaria normas hierarquicamente superiores que nunca condicionaram o direito à utilização da via eletrônica. Não obstante, entendo que a instrução normativa em comento está, sim, devidamente respaldada pelo artigo 74 da Lei nº 9.430/96, que reproduzo abaixo nas suas partes mais relevantes para o exame da questão: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) Fl. 200DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13116.721898/201321 Acórdão n.º 3301002.735 S3C3T1 Fl. 201 7 § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 3º Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1º: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) [...] § 4º Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) [...] § 14. A Secretaria da Receita Federal SRF disciplinará o disposto neste artigo, inclusive quanto à fixação de critérios de prioridade para apreciação de processos de restituição, de ressarcimento e de compensação. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Como se vê, o § 14 do artigo 74 da Lei nº 9.430/96 dá competência à Receita Federal para que a mesma discipline o rito procedimental do pedido de compensação de que trata o preceito em comento, ou seja, todo o artigo 74. Portanto, o legislador ordinário conferiu à administração tributária competência para a definição de condições e de regras destinadas a possibilitar o exame dos pleitos de compensação, de restituição e de ressarcimento, dentre os quais a exigência de apresentação eletrônica da maior parte desses pedidos, sem cuja exigência restaria impossível para o fisco a análise de tão exacerbado número de informações. Diante do exposto, e considerando que as exigências contidas na IN RFB nº 1.300/2012, aqui comentadas, estão alicerçadas pelo artigo 74 da Lei nº 9.430/96, correto o entendimento da unidade de origem quando, fundamentada no artigo 111 da citada instrução normativa, indeferiu sumariamente o pedido de restituição / ressarcimento indevidamente apresentado em formulário de papel, já que a questão se subsume à obrigatoriedade de utilização do programa PER/DCOMP. Da inexistência de direito ao creditamento do PIS/Pasep Ainda que o caso não fosse de indeferimento sumário do pedido de restituição / ressarcimento, cumpre destacar, subsidiariamente, que a legislação que trata do regime de nãocumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS não dá direito ao creditamento em que se funda o sujeito passivo. A legislação pertinente ao regime autoriza, de fato, o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, nos termos do artigo 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. O inciso II do artigo 3o das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003 prevê o cálculo de créditos a serem descontados ou ressarcidos em relação a bens Fl. 201DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13116.721898/201321 Acórdão n.º 3301002.735 S3C3T1 Fl. 202 8 e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes. A discussão a respeito do alcance do conceito de insumo é acirrada e, de fato, há os que defendem que tal conceito deveria acompanhar a definição de custos e despesas nos termos da legislação do Imposto de Renda, tese encampada pela interessada, mas que entendemos não encontra respaldo legal. Com efeito, para Marco Aurélio Greco1, os insumos para fins de PIS/Pasep e Cofins não se equiparam àqueles indicados pela legislação do Imposto de Renda, uma vez que há distinção material entre receita e renda. Patrícia Madeira, ao estudar a questão da não cumulatividade, e explicando a lição de Greco, assevera que os pressupostos de fato para o IRPJ e a CSLL são o resultado positivo (renda/lucro), e, nesse caso, deverão ser considerados todos os custos que interferirem na sua apuração. No entanto, “nem todos os custos da atividade empresarial interferem na formação da receita, que é materialidade do PIS e da Cofins”. A ideia de insumo proclamada pela legislação do IPI também não seria aplicável para o PIS/Pasep e para a COFINS2, dado ser o IPI [...] tributo cuja nãocumulatividade se opera pelo método subtrativo, variante imposto contra imposto (que, portanto, requer tenha havido incidência na operação anterior para que o insumo seja creditável) e cuja materialidade (industrialização) remete à ideia de algo fisicamente apreensível. Como a receita decorre de uma prestação de serviços ou da produção de bens, Marco Aurélio Greco conclui que só deve ser insumo o que for inerente àquilo que denomina de “processo formativo da receita”. Em suas palavras: relevante é determinar quais os dispêndios ligados à prestação de serviços e à fabricação/produção que digam respeito aos respectivos fatores de produção (= deles sejam insumos). Se entre o dispêndio e os fatores capital e trabalho houver uma relação de inerência, haverá – em princípio – direito à dedução. Na verdade, dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo, constatase que o legislador optou por um regime de nãocumulatividade parcial, posição a qual defendemos, muito embora reconheçamos que parte da doutrina tente dar ao regime um sentido mais amplo e próximo dos aspectos econômicos da produção, o que, contudo, não encontra alicerce na legislação pertinente. Afastase, pois, a tese da recorrente que procura dar ao conceito de insumo uma amplitude seguindo o parâmetro de dedutibilidade adotado pela legislação do Imposto de Renda. Especificamente no que concerne a despesas com assistência médica, odontológica, farmacêutica e social dos empregados, as mesmas não se caracterizam como 1 GRECO, Marco Aurélio. Não cumulatividade no PIS e na COFINS. In: PAULSEN, Leandro (Coord.) et al. Não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins. São Paulo: IOB Thompson. Porto Alegre: Instituto de Estudos Tributários, 2004. p. 112122. apud MADEIRA, Patrícia Hermont Barcellos Gonçalves. Nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. 2009. p. 127. 2 O trecho acima, que sintetiza a lição de Marco Aurélio Greco (op. cit., p. 117118), foi extraído da Dissertação de Mestrado de Patrícia Hermont Barcellos Gonçalves Madeira, p. 127128 – referência já citada. Fl. 202DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13116.721898/201321 Acórdão n.º 3301002.735 S3C3T1 Fl. 203 9 insumo da atividade, que, nos termos do cadastro da recorrente junto ao CNPJ, é inerente ao comércio e varejo de automóveis, camionetas e utilitários. Tais despesas, ademais, não se subsumem a nenhuma possibilidade de creditamento contida nas normas que tratam do regime da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS. Por conseguinte, e ainda que o pleito não se enquadrasse em hipótese de indeferimento sumário, resta evidente que não haveria como se reconhecer direito ao crédito pleiteado por falta de alicerce legal para tanto. Da conclusão Diante de todo o exposto, voto para conhecer em parte do recurso interposto pelo sujeito passivo, negandolhe, no entanto, provimento. Sala de Sessões, em 25 de janeiro de 2016. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator Fl. 203DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS
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Numero do processo: 13709.000071/00-97
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Sep 18 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 1999
Ementa.
COFINS. ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS. ISENÇÃO.
O critério legal estabelecido para efeitos da isenção de contribuições concedida intuitu personae às instituições e associações civis sem fins lucrativos, vincula-se à aplicação e destinação final e não à produção dos recursos financeiros por elas obtidos no desempenho de suas atividades institucionais.
A contraprestação não é fator fundamental para determinar a receita como própria da atividade. O importante é a análise individual da natureza jurídica de cada receita para então afirmar ser ou não própria da atividade da sociedade.
Recurso Especial do Procurador Negado
Numero da decisão: 9303-003.286
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Henrique Pinheiro Torres - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Ivan Allegretti, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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COFINS. ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS. ISENÇÃO. O critério legal estabelecido para efeitos da isenção de contribuições concedida intuitu personae às instituições e associações civis sem fins lucrativos, vinculase à aplicação e destinação final e não à produção dos recursos financeiros por elas obtidos no desempenho de suas atividades institucionais. A contraprestação não é fator fundamental para determinar a receita como própria da atividade. O importante é a análise individual da natureza jurídica de cada receita para então afirmar ser ou não própria da atividade da sociedade. Recurso Especial do Procurador Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Henrique Pinheiro Torres Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 70 9. 00 00 71 /0 0- 97 Fl. 4983DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13709.000071/0097 Acórdão n.º 9303003.286 CSRFT3 Fl. 4.984 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Ivan Allegretti, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Trata o presente processo de pedido de restituição/compensação de crédito com débito de terceiro. O crédito referese a recolhimentos da Cofins efetuados entre 02/1999 e 06/1999. A Derat/RJO indeferiu o pleito sob o fundamento de não haver comprovação do direito liquido e certo do crédito requerido, conforme despacho de fl. 45. O sujeito passivo apresentou manifestação de inconformidade onde alega, em brevíssima síntese, que Superintendência da 7ª Região Fiscal exarou a Decisão nº 212/99 que assegurou ao contribuinte o direito de não recolher a Cofins sobre as receitas decorrentes de suas atividades próprias, tais como as que decorrem de contribuições estatutárias de seus membros associados. A 5ª Turma da Delegacia de Julgamento no Rio de Janeiro negou provimento à manifestação de inconformidade em virtude de falta de provas do direito pleiteado, nos termos do Acórdão nº 8.317, de 13 de maio de 2005. O contribuinte, descontente com a decisão de primeira instância, apresentou recurso voluntário fundamentandoo no fato de que todas as receitas auferidas são isentas da Cofins, uma vez que derivam de suas atividades próprias. Defende que as receitas tributadas são oriundas dos serviços para os quais foi instituída, conforme consta no objeto de seu contrato social. A Segunda Câmara do antigo Segundo Conselho de Contribuintes converteu o julgamento em diligência para que a unidade preparadora apurasse o valor da Cofins recolhida com base nas chamadas “receitas próprias” e fizesse o cotejo com o valor efetivamente devido, nos termos da Resolução nº 20200.914, de 25/1/2006. A Delegacia de fiscalização do Rio de Janeiro realizou a diligência e proferiu o despacho de fls. 1.508/1.510, segregando os valores referentes a receitas próprias e outras receitas. O recorrente teve ciência das conclusões da diligência e apresentou sua manifestação, fls. 1.511/1.514. A 2ª Câmara do antigo Segundo Conselho de Contribuintes julgou procedente o recurso, nos termos do Acórdão nº 20218.884, de 12 de março de 2008, cuja ementa foi assim vazada: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Fl. 4984DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13709.000071/0097 Acórdão n.º 9303003.286 CSRFT3 Fl. 4.985 3 Exercício: 1999 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. BASE DE CÁLCULO. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consolidouse no sentido de considerar como base de cálculo das contribuições sociais o valor da venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. ISENÇÃO. As normas do art. 14, inciso X, c/c o art. 13 da MP nº 2.158 35/2001 e os arts. 9º e 47 da IN SRF nº 247/2002 determinam a isenção da Cofins para os contribuintes que atendam os requisitos estabelecidos no art. 12 da Lei nº 9.532/97. Recurso provido A Procuradoria da Fazenda Nacional opôs embargos de declaração sob alegação de que a decisão proferida continha omissão e contradição que deveriam ser sanadas. Por intermédio do Despacho nº 33000220, de 3 de dezembro de 2009, os embargos foram rejeitados. Posteriormente, a Fazenda Pública apresentou recurso especial, onde defende que a decisão proferida pela Segunda Câmara do antigo Segundo Conselho de Contribuintes não observou as regras contidas no art. 12 da Lei nº 9.532/97 e no art. 13 da Medida Provisória nº 2.158/2001. O recurso foi admitido nos termos do Despacho nº 3300422, de 13 de dezembro de 2012. O sujeito passivo apresentou contrarrazões, onde defende a manutenção do acórdão recorrido. É o breve relatório. Voto Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, Relator O recurso é tempestivo e observa os demais requisitos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo ao mérito. A Fazenda Nacional alega que a decisão vergastada não respeitou as regras contidas no art. 12 da Lei nº 9.532/97 e no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, ao afastar da tributação da Cofins as receitas de “contribuições estatutárias”, de “prestação de serviços” e “outras receitas”. A interpretação dada pela recorrente é no sentido de que todas as receitas com caráter contraprestacional são tributadas pela Cofins. Fl. 4985DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13709.000071/0097 Acórdão n.º 9303003.286 CSRFT3 Fl. 4.986 4 Esse tema já enfrentado no Acórdão nº 9303002.447, de 08 de outubro de 2013, de minha lavra, no qual ficou decidido, por via oblíqua, que a contraprestação não afeta a qualidade da receita como sendo própria da atividade. Transcrevo parte do voto como fundamento de minha decisão: II b) competências de fevereiro de 1999 a dezembro de 2001 Naquele período, foram tributadas outras receitas (correntes, eventuais, taxa moderadora, taxas de seguro/administração, aluguéis e financeiras). A Lei nº 9.718, de 27/11/1998, que fundamentou a exigência nesse período, assim dispõe: “Art. 2º As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 1º Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) [...].” No entanto, posteriormente, foi editada a MP nº 2.15835, de 24/08/2001, assim dispondo: “Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: [...]; X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. [...].” Por sua vez, o art. 13, citado no inciso X, assim estabelece: “Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: [...]; VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; [...].” Fl. 4986DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13709.000071/0097 Acórdão n.º 9303003.286 CSRFT3 Fl. 4.987 5 Ora, as receitas de taxas de seguro/administração e de taxa de moderação decorrem da atividade fim da contribuinte (próprias) e se enquadram no inciso X do art. 14, citados e transcritos acima. Dentre os objetivos do interessado se encontra a prestação de serviços aos seus associados (empregados e exempregados da sua instituidora), incluindo a administração de planos de benefícios e outros serviços administrativos. Para atender este objetivo, cobra taxas de administração e de moderação dos beneficiários dos serviços colocados a sua disposição. Assim, as receitas auferidas com tais serviços constituem receitas de suas atividades próprias e não estão sujeitas à Cofins, conforme decidido no acórdão recorrido. Já em relação às demais receitas (correntes, eventuais, aluguéis e financeiras), a exigência da contribuição teve como fundamento o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 27/11/1998, citados e transcritos anteriormente, que havia ampliando a base da Cofins para a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Retornando aos autos, as receitas glosadas não foram as mesmas do processo acima citado. Mas isso não é relevante, pois a discussão não paira sobre as receitas propriamente ditas e sim sobre a possibilidade de descaracterizar a receita como sendo própria da atividade pelo cunho contraprestacional. É de fácil compreensão que na decisão proferida recentemente pela CSRF e por mim aduzida, a contraprestação não é fator fundamental para determinar a receita como própria da atividade. O importante é a análise individual da natureza jurídica de cada receita para então afirmar ser ou não própria da atividade da sociedade. Por derradeiro, trago a baila o Acórdão nº 3402002.552, da lavra do Conselheiro Fernando Luiz da Gama Lobo D’Eça, que trata de forma didática e brilhante a questão da isenção prevista na Medida Provisória nº 2.15835/2001, verbis: (...) ao regulamentar a incidência das contribuições sociais para o PIS e a Cofins, os art. 14 da Medida Provisória nº 2.15835 de 24/08/01 (DOU 27/08/01) isentou as atividades das referidas associações civis nos seguintes termos: “Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: (...) IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; (...) Fl. 4987DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13709.000071/0097 Acórdão n.º 9303003.286 CSRFT3 Fl. 4.988 6 “Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) X – relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. § 1º São isentas da contribuição para o PIS/PASEP as receitas referidas nos incisos I a IX do ‘caput’. O Decreto nº 4.524, de 17 de dezembro de 2002, reproduziu a isenção das atividades das referidas associações civis nos arts. 9º e 46 dispondo que: “Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835 de 2001. art. 13): (...) IV – instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; (...)” “Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal. art. 195, § 7º, e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I – não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento: e II – são isentas da Cofins com relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. Dos preceitos expostos resulta claro que as isenções de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS foram concedidas “intuitu personae” às “instituições” e “associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos”, assim consideradas as que destinem seu “resultado, integralmente, à manutenção e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais” e as que atendam àqueles requisitos previstos na lei (cf. art. 12, § 2º, alíneas “a” a “e” e § 3º da Lei nº 9.532/97), donde cumpre desde logo identificar as pessoas às quais a mesma se dirige. A rigor, a expressão “instituição sem fins lucrativos” utilizada pela Lei é redundante, pois há muito já se pacificaram a Doutrina e a Jurisprudência, no sentido de que o conceito de “instituição” é reservado unicamente àquelas entidades essencialmente “no profit”, que desinteressadamente prestam à coletividade os serviços de utilidade ou interesse públicos que ao Estado cumpre estimular, na sua função institucional de tutelar os direitos individuais e sociais assegurados pela Constituição. Fl. 4988DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13709.000071/0097 Acórdão n.º 9303003.286 CSRFT3 Fl. 4.989 7 Nessa ordem de idéias a Suprema Corte há muito já assentou (cf. RTJ 38/182, 57/274, 111/694), que a cláusula “no profit” não traduz uma proibição ou exclusão ao exercício de qualquer atividade econômica ou financeira pela associação, mas sim a condição de que essas atividades sejam exercidas como instrumentos à consecução de suas finalidades institucionais de interesse público, condição esta cujo adimplemento é, à final, aferido pela comprovação, em cada caso concreto, da integral aplicação no País e nas aludidas finalidades, de todos os resultados líquidos de todas as atividades exercidas. Acolhendo estes preceitos de inegável juridicidade há muito consolidados pela Melhor Doutrina e pela Jurisprudência da Suprema Corte, verificase que o critério legal objetivamente estabelecido para a conceituação de uma entidade como “instituição” isenta de impostos e contribuições (cf. art.14, incs. I e II do CTN; art. 12, § 2º, alíneas “b” e § 3º da Lei nº 9.532/97), vinculase fundamentalmente à aplicação e destinação final (e não à produção) dos recursos financeiros por ela obtidos no desempenho de suas atividades, ou seja, vincula se às cinco condições legalmente estabelecidas e consubstanciadas nas obrigações cumulativas de: a) aplicação final e integral dos recursos financeiros da entidade no país e em prol de suas finalidades institucionais não lucrativas e de interesse público; b) não distribuição qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas a titulo de lucro ou participação no seu resultado c) “não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados”; d) “conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial”, documentos estes capazes de assegurar a exatidão de suas contas, e; e) “apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal”. Entretanto, verificase que ao definir o que seriam as “receitas das atividades próprias” das referidas associações civis isentadas das referidas contribuições, a Instrução Normativa SRF nº 247, de 21/11/2002, veio dispor em seu art. 47 que: “Art. 47. As entidades relacionadas no art. 9º desta Instrução Normativa: I – não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e II – são isentas da Cofins em relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. § 2º Consideramse receitas derivadas das atividades próprias somente àquelas decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter Fl. 4989DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13709.000071/0097 Acórdão n.º 9303003.286 CSRFT3 Fl. 4.990 8 contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais”. Em suma, de seus expressos termos retro transcritos, verificase que, desconsiderando totalmente o critério legal (cf. art.14, incs. I e II do CTN; art. 12, § 2º, alíneas “a” a “e” e § 3º da Lei nº 9.532/97) para a concessão da isenção às associações sem fins lucrativos (vinculado à aplicação e destinação final dos recursos financeiros por ela obtidos no desempenho de suas atividades), a referida Instrução Normativa somente considerou isentas as referidas associações, em função do critério da produção das receitas auferidas por aquelas associações (“decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais”). Ao alterar o critério legalmente estabelecido para a concessão da isenção (vinculado à aplicação e destinação final dos recursos financeiros por ela obtidos no desempenho de suas atividades; cf. art.14, incs. I e II do CTN; art. 12, § 2º, alíneas b” e § 3º da Lei nº 9.532/97), através de critério não previsto em lei (critério da produção das receitas), a referida IN/SRF nº 247/02 incide em manifesta ilegalidade por violação ao disposto nos arts. 96, 99 e 100 do CTN, eis que como há muito já lembrava Aliomar Baleeiro em memorável voto no STF: “... como regulamento em relação à lei (art. 99 do CTN), os atos normativos das autoridades administrativas não podem inovar, indo além do que está na lei ou no regulamento; subordinamse a este e àquele, pois se destinam à sua fiel execução. O mesmo quanto aos atos dos Diretores de Departamento e órgão hierarquicamente colocados abaixo do auxiliar imediato do Poder Executivo.” (...) “... são regras internas endereçadas aos funcionários, que lhes devem obediência, pelo princípio hierárquico até o limite da lei. Mas não suprem a lei nem o decreto regulamentar. Não compelem à obediência o cidadão, salvo na medida que expressam o que já está contido na lei.” (...) “A Portaria do Ministério da Fazenda, segundo os arts. 99 e 100, do Código Tributário Nacional, realmente participa do conceito genérico de ‘legislação tributária’ como norma complementar da lei ou do regulamento. Mas isso apenas para estabelecer pormenores de serviço interno a serem obedecidos pelos funcionários públicos, sem eficácia, todavia, para os cidadãos, salvo quando se limitam a exigir deles o que já está determinada na lei tributária.” (cf. Ac. do STF no A.I. nº 57.279, 1ª Turma, Rel. Min. Aliomar Baleeiro, publ. in RDA vol. 119/32022). Agora digo eu. Assim sendo, entendo que o caráter contraprestacional por si só não afasta a natureza de receita própria da atividade, devendo ser analisado o destino de cada receita e não sua origem para fins de incidência da Cofins. Fl. 4990DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13709.000071/0097 Acórdão n.º 9303003.286 CSRFT3 Fl. 4.991 9 Como a Fazenda Nacional baseou seu recurso na questão da tributação pela Cofins de toda e qualquer receita que tenha caráter contraprestacional, sem indagar a destinação das receitas contidas nas rubricas “contribuições estatutárias”, “prestações de serviços” e “outras receitas”, nego provimento ao recurso especial. Henrique Pinheiro Torres Fl. 4991DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 15/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 13826.000225/2007-89
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Oct 22 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 12/06/2007
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETROATIVIDADE BENIGNA. CTN. MULTA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP.
Em respeito ao determinado no art. 106, do CTN. deve-se aplicar a sanção por descumprimento de obrigação acessória, relativa à GFIP, conforme determina o artigo 32-A, I, da Lei n. 8.212/1991, com a redação da Lei n. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte em relação à aplicação do art. 32, IV, §§3º e 5º, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008.
Numero da decisão: 2803-003.988
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator, para que a aplicação da sanção seja regida pela multa estabelecida no artigo 32-A, I, da Lei n. 8.212/1991, com a redação da Lei n. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte em relação à aplicação do art. 32, IV, §§3º e 5º, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos
PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO.
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira
Relator ad hoc na data da formalização.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA (Presidente), AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, OSEAS COIMBRA JUNIOR, GUSTAVO VETTORATO (Relator), EDUARDO DE OLIVEIRA.
Nome do relator: GUSTAVO VETTORATO
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RETROATIVIDADE BENIGNA. CTN. MULTA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. Em respeito ao determinado no art. 106, do CTN. devese aplicar a sanção por descumprimento de obrigação acessória, relativa à GFIP, conforme determina o artigo 32A, I, da Lei n. 8.212/1991, com a redação da Lei n. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte em relação à aplicação do art. 32, IV, §§3º e 5º, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator, para que a aplicação da sanção seja regida pela multa estabelecida no artigo 32A, I, da Lei n. 8.212/1991, com a redação da Lei n. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte em relação à aplicação do art. 32, IV, §§3º e 5º, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 82 6. 00 02 25 /2 00 7- 89 Fl. 2207DF CARF MF Impresso em 22/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/10/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator ad hoc na data da formalização. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA (Presidente), AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, OSEAS COIMBRA JUNIOR, GUSTAVO VETTORATO (Relator), EDUARDO DE OLIVEIRA. Fl. 2208DF CARF MF Impresso em 22/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/10/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13826.000225/200789 Acórdão n.º 2803003.988 S2TE03 Fl. 3 3 Relatório Conselheiro Marcelo Oliveira Relator designado ad hoc na data da formalização Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo relatório ter deixado o colegiado antes de sua formalização, fui designado AD HOC para fazê lo. Esclareço que aqui reproduzo o relato deixado pelo conselheiro nos sistemas internos do CARF, com as quais não necessariamente concordo. Feito o registro. Tratase de Recurso Volutário contra manutenção parcial pela DRJ dos seguintes lançamentos por infração A Lei 8.212/91, art. 32, inciso IV e § 5°, com redação da Lei n° 9.528/97, combinado com o art. 225, inciso IV e § 4°, do Regulamento da Previdência Social — RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, conforme Auto de In fração n° 37.074.360 1, por omissão na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social — GFIP dos seguintes fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: a) Remunerações de segurados empregados e contribuintes individuais discriminados no Anexo 1, s fls. 15/24; b) Remunerações de transportadores enquadrados como empregados discriminados no Anexo 2, As fls. 25/97, onde consta também o demonstrativo do cálculo das remunerações (sendo aplicado 11,71% sobre o valor total dos fretes até 04/07/2001 e 20% a partir de 05/07/2001). c) Remunerações de transportadores rodoviários autônomos discriminados no Anexo 3, As fls. 98/921, onde consta também a relação dos valores dos fretes (sendo aplicando 11,71% sobre o valor dos fretes até 04.07.2001 e 20% a partir de 05.07.2001). A decisão recorrida cancelou o lançamento com base nos períodos de novembro/2001 e anteriores em razão da decadência, na forma do art. 173, I, do CTN. No recurso voluntário apresentado alega a que a decadência a ser aplicada deveria ser a disposta no art. 150, §4º, do CTN, que a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias sobre os valores pagos aos transportadores autônomos e empregados não seria da empresa, em razão de afronta ao princípio da legalidade, em especial da inconstitucionalidade do art.31, da Lei n. 8.212, inconstitucionalidade de cumulação da taxa selic com juros moratórios, multa confiscatória. É o relatório. Fl. 2209DF CARF MF Impresso em 22/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/10/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira Relator designado ad hoc na data da formalização Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo voto ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado AD HOC para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo integralmente as razões de decidir do então conselheiro, constantes dos arquivos do CARF, com as quais não necessariamente concordo. Feito o registro. I O recurso é tempestivo, conforme supra relatado, preenchendo os requisitos de admissibilidade, assim deve o mesmo ser conhecido. II – Quanto às alegações sobre decadência, o Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento sumulado, Súmula Vinculante nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212 de 1991. Por se tratar de constituição de crédito tributário oriundo de aplicação de sanção por descumprimento de obrigação instrumental (acessória) o lançamento de crédito tributário é realizado de ofício, em especial nos casos de declarações não prestadas, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária (art. 149, II, do CTN). Assim, no presente caso, as regras de decadência do crédito tributário a serem aplicadas não são as definidas para os casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação de pagamento (art. 150, § 4º e art. 156, VII, do CTN), mas das regras destinadas a reger a decadência dos créditos tributários sujeitos ao lançamento de ofício, devendo assim ser observado o disposto nos arts. 156, V, e 173, inciso I do CTN. Nessa hipótese, o direito de constituição do crédito tributário será extinto ao termo de 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Essa é inclusive a orientação jurisprudencial de vários julgados do 2º Conselho de Contribuintes e da 2ª Sessão de Julgamento do CARF/MF, a exemplo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1996 a 31/12/1998 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. O prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, contados da data da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 40, do Códex Tributário, ou do 173 do mesmo Diploma Legal, no caso de dolo, fraude ou simulação comprovados, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei n° 8.212/91, pelo Fl. 2210DF CARF MF Impresso em 22/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/10/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13826.000225/200789 Acórdão n.º 2803003.988 S2TE03 Fl. 4 5 Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE's n os 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante n° 08, disciplinando a matéria. In casu, tratandose de Auto de Infração por descumprimento de obrigação acessória, aplicase o artigo 173, inciso I, do CTN, uma vez que a contribuinte omitiu informações ao INSS, caracterizando lançamento de oficio. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO. (Ac. 240100.567, ,Rel.Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira da 1ª Turma da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF/MF, sessão de 03.12.2009 – no mesmo sentido Ac Ac. 20601.698 do 2º CC) Por fim, tal matéria foi submetida ao crivo da 1ª. Seção do Superior Tribunal de Justiça, através de Recurso Especial representativo de controvérsia – RESP 973.733, conforme art. 543C do normativo processual e, segundo a nova redação do art. 62A do Regimento interno do CARF, de reprodução obrigatória pelos Conselheiros. Reproduzimos excerto da ementa: 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de. desarrazoado prazo decadencial decenal(...) grifamos O aspecto temporal da hipótese de incidência da norma sancionatoria é o momento de desobediência da norma tributária de obrigação acessória, que se dá no momento em que ela deveria ser cumprida, mas não é. Assim, a decisão recorrida aplicou corretamente a legislação pertinente à decadência ao presente caso. Logo, neste ponto, não deve ser acolhido o Recurso Voluntário. III – Quanto à responsabilidade pelo recolhimento a decisão a quo foi plenamente clara, não merecendo retoques, como passase a transcrever: Não procede a alegação da errônea eleição do sujeito passivo da obrigação tributária urna vez que o Mandado de Procedimento Fiscal — Auditoria Previdenciária — MPF N° 09367130F00 e Complementares determinaram a auditoria fiscal na empresa cm questão, às fls. 06/08, assim como o Termo de Intimação para Apresentação de Documentos — TIAD, A fl. 09, determina que a empresa apresente os documentos solicitados e preste os esclarecimentos e informações relacionados, sob pena de autuação. Fl. 2211DF CARF MF Impresso em 22/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/10/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 A auditoria fiscal levada a efeito na ACM Transporte Rodoviários Ltda. destinouse a verificar o cumprimento das obrigações previdenciárias e para outras entidades e fundos em relação a todos os fatos geradores, no período de 01/1997 a 12/1998 e em relação aos rendimentos pagos, devidos ou creditados a todos os segurados e à retenção na cessão de mão deobra no período de 01/1999 a 07/2005 e resultou em lançamento de créditos previdenciários, em Termos de Arrolamento de Bens e Direitos e em lavratura de autos de infração, portanto, correta a identificação do autuado. E nem poderia ser diferente uma vez que o procedimento de constituição do crédito previdenciário e a aplicação de penalidade por descumprimento de obrigação acessória é vinculado, conforme estabelece o art. 142 do Código Tributário Nacional: (...) Nesse sentido, observase que a legislação previdenciária é hialina no tocante aos sujeitos das obrigações e as conseqüências de estas não serem cumpridas. O art. 293, "caput", do Regulamento da Previdência Social — RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio de 1999, determina a formalização do auto de infração quando for constatado descumprimento de dispositivo legal: (...) Portanto, uma vez constatada a ocorrência de infração a autoridade fiscal o poder/dever de constituir o crédito da Seguridade Social, ato administrativo vinculado, sob pena de responsabilidade funcional. O Relatório Fiscal da Infração é claro ao esclarecer que se trata de descumprimento de obrigação acessória, que é a situação que, no caso, impõe a prática do ato de apresentar a GFIP com os dados correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. (...) Tanto o Relatório Fiscal da Infração (fl. 12) e o Relatório Fiscal da Infração Complementar (fl. 992) como o Relatório Fiscal da Aplicação da Multa e seus anexos (fl. 13 e 15/921) são claros quanto ao objeto da autuação (omissão de informações em GF1P) e a forma de cálculo da multa (correspondente a cem por cento do valor relativo à contribuição não declarada), independentemente de ter havido o recolhimento, respeitado o limite legal (o qual, inclusive, é aplicado em várias competências). Ocorrendo o fato gerador que é a remuneração, por parte da empresa ACM — TRANSPORTES RODOVIÁRIOS LTDA., a segurados, que lhe prestaram serviço no decorrer do mês, a empresa, na condição de sujeito passivo da obrigação acessória, está obrigada as prestações que constituam o seu objeto. (art. 122 do Código Tributário Nacional) Fl. 2212DF CARF MF Impresso em 22/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/10/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13826.000225/200789 Acórdão n.º 2803003.988 S2TE03 Fl. 5 7 Quanto ao cálculo da multa, correspondente a cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, os auditores fiscais basearamse nos documentos fiscais emitidos pela empresa, que são as provas necessárias e suficientes para a apuração da pena administrativa, que não se baseia em meras conjecturas e ilações como quer fazer crer a impugnante e aferiram indiretamente os valores das remunerações, conforme permite a Lei n° 8.212/91: Art. 33. (..) § 3° Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentacdo deficiente, o Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e o Departamento da Receita Federal DRF podem, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de oficio importância que reputarem devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário. No RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, temos: Art. 233. Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Instituto Nacional do Seguro Social e a Secretaria da Receita Federal podem, sem prejuízo da penalidade cabível nas esferas de sua competência, lançar de oficio importância que reputarem devida, cabendo à empresa, ao empregador doméstico ou ao segurado o ônus da prova em contrário. Parágrafo (mico. Considerase deficiente o documento ou informação apresentada que não preencha as formalidades legais, bem como aquele que contenha informação diversa da realidade, ou, ainda, que omita informação verdadeira. Assim, os auditores fiscais, ao analisarem a documentação apresentada e tomarem conhecimento da prestação de serviço de transporte por parte de pessoas físicas empresa ACM Transportes Rodoviários Ltda. sem que as mesmas constassem das folhas de pagamento e das GF1Ps, por força da atividade administrativa vinculada e obrigatória, autuaram a empresa estabelecendo, para possibilitar o cálculo da multa, os critérios para a aferição da remuneração dos segurados considerados empregados perante à Previdência Social, utilizando cálculo idêntico para determinação da remuneração da mãodeobra contida no valor do frete para aferição da remuneração do transportador autônomo. 0 artigo 201, § 4 º, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n.° 3.048/99, previa em sua redação original que a remuneração paga ou creditada a transportador autônomo pelo frete, carreto ou transporte de passageiros realizado por conta própria, corresponderia ao valor resultante da aplicação de um dos percentuais estabelecidos pelo MPAS — Ministério da Previdência e Assistência Social , sobre o valor bruto do frete, carreto ou transporte de passageiros, para a determinação do valor mínimo da remuneração. Fl. 2213DF CARF MF Impresso em 22/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/10/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 8 O próprio RPS determinou, em seu artigo 267, que até a definição dos percentuais pelo MPAS, deveria ser utilizada a aliquota de 11,71 % (onze virgula setenta e um por cento) sobre o valor bruto do frete, carreto ou transporte de passageiros. Posteriormente, iniciou a vigência da Portaria MPAS n.° 1.135, de 05/04/2001 elevando a aliquota para 20% (vinte por cento), incidente sobre o valor bruto auferido pelo frete, carreto, transporte, sendo aplicado para fatos geradores ocorridos desde 05/07/2001. Ratificando o percentual definido pela Portaria, o Decreto n.° 4.032, de 26/11/2001, alterou a redação do § 4° do artigo 201 do RPS, fixando a aliquota em vinte por cento do rendimento bruto: Art. 201. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, é de: § 4°. A remuneração paga ou creditada a condutor autónomo de veiculo rodoviário, ou ao auxiliar de condutor autónomo de veiculo rodoviário, em automóvel cedido em regime de colaboração, nos termos da Lei n.° 6.094, de 30 de agosto de 1974, pelo frete, carreto ou transporte de passageiros, realizado por conta própria, corresponde a vinte por cento do rendimento bruto. Como o dispositivo está plenamente vigente no ordenamento jurídico, está correta a imposição da aliquota de 11,71% até 04/07/2001 e de 20% a partir de 05/07/2001 [período abrangido pelo lançamento que foi mantido é a partir de 12/2001] sobre o valor bruto do frete, aplicada pela fiscalização para determinação da remuneração dos motoristas. Quanto A consideração de que tais pessoas pertencem a categoria de segurados empregados perante A Previdência Social, a Lei n° 8.212/91 foi regulamentada pelo Decreto n° 3.048/99 que aprovou o RPS — Regulamento da Previdência Social, assim dispõe: Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas fisicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresarial, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; lise \l" A não eventualidade do serviço prestado está plenamente caracterizada na própria atividade empresarial cujo objeto social está definido no item IV da Consolidação do Contrato social, A fl. 970, como sendo a exploração por conta própria do ramo de transportes rodoviários de carga em geral, Representações Comerciais por Conta própria ou de Terceiros e Participação como quotista ou acionista em outras empresas. A subordinação pode ser comprovada pela ordem contida nos campos de preenchimento obrigatório dos CTRC que indicam Fl. 2214DF CARF MF Impresso em 22/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/10/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13826.000225/200789 Acórdão n.º 2803003.988 S2TE03 Fl. 6 9 quem dá a ordem (dados do emitente do documento, com data e local de emissão), local onde a mercadoria deve ser carregada (dados do remetente), local onde a mercadoria deve ser entregue (dados do destinatário), qual mercadoria deve ser transportada (especificação da carga) c qual veiculo deve ser utilizado (dados do veiculo). Tendo ainda os campos relativos A entrega da carga e observações que serve para constar os dados do proprietário do veiculo c do próprio veiculo quando houver subcontratações. Todas essas obrigações estão previstas na legislação que instituiu o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias c sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS. A remuneração está comprovada pelo pagamento do valor do frete que consta dos campos de composição do frete, também de preenchimento obrigatório no CTRC. Assim, os documentos fiscais emitidos pela própria empresa, são as provas necessárias e suficientes para a efetivação do lançamento. Uma vez determinada a remuneração da mãodeobra indiretamente aferida para os segurados considerados empregados (Anexo 2, As fls. 25/97, discriminando por Conhecimento de Transporte Rodoviário de Carga CTRC, cada motorista, as datas de emissão do CTRC, os valores dos fretes e os valores mensais calculados de remuneração) sobre a qual incidem as contribuições previdenciárias foram aplicadas as seguintes aliquotas: mínima, no valor de 8% (oito por cento) referente a contribuição do segurado empregado (sem limite, conforme dispõe a Instrução Normativa MPS/SRP n° 03, de 14/07/2005 em seu art. 599); 20% (vinte por cento) referente a contribuição a cargo da empresa e 3% (três por cento) referente a contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. Em relação As pessoas físicas que prestaram serviços de transportes sem a utilização dos veículos da empresa, os auditores fiscais consideraram como contribuintes individuais (condutores autônomos), previstos na legislação previdenciária anteriormente descrita e a remuneração da mãodeobra foi indiretamente aferida para estes transportadores autônomos (Anexo 3, As fls. 98/921 discriminando por CTRC, cada transportador, as datas de emissão do CTRC e os valores dos fretes) sobre a qual incidem as contribuições previdenciárias foram aplicadas as seguintes aliquotas: 20% (vinte por cento) referente a contribuição a cargo da empresa, sendo que a partir da competência 04/2003, por força do art. 4° da Lei n° 10.666/2003, foi também aplicada a aliquota de 11% relativa a contribuição a ser descontada pela empresa da remuneração paga, devida ou creditada ao contribuinte individual transportador autônomo a seu serviço. Fl. 2215DF CARF MF Impresso em 22/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/10/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 10 Podese verificar, portanto, que apesar do cálculo resultar idêntica alíquota (onze por cento), tratamse de previsões legais completamente distintas que não se podem confundir. Quanto As alegações da empresa que estaria dispensada da retenção (a partir de 04/2003) e do recolhimento da contribuição, na hipótese do contribuinte autônomo já ter atingido o limite mensal do salário de contribuição temos a esclarecer que, se fosse o caso, a empresa somente estaria dispensada da retenção se o contribuinte individual comprovasse que já havia incidido o desconto no valor do limite máximo do salário de contribuição. Continuaria, mesmo assim, obrigada ao recolhimento da contribuição patronal e ao cumprimento das obrigações acessórias. Também são estranhas A lide, as alegações de que a substituição tributária criada pelo novo art. 31 da Lei n° 8.212/91, com a alteração dada pela Lei n° 9.711/98, ou de que a existência de cessão de mãodeobra, ou de tratarse de empresa trabalho temporário ou fornecedora de mãodeobra, não se aplicam A empresa em questão e por isso a incidência previdencidria (11%) seria indevida. Isto porque neste processo tratamos apenas de infração por omissão de informações cm GFIP relativas a segurados, na categoria de empregados ou de contribuintes individuais para fins previdenciários, e as contribuições devidas por eles e pela empresa, nesta condição; caso que não contempla a al iquota de 11% (onze por cento) relativa à retenção citada no art. 31 da Lei n° 8.212/91 na redação dada pela Lei n°9.711/98. A contribuição de 20% (vinte por cento) devida pelo contribuinte individual (transportador autônomo), cujo recolhimento, a partir de 04/2003, que por força do art. 4° da Lei n° 10.666/2003 passou a ser obrigação da empresa, foi calculada na al iquota de 11% (onze por cento) devido aos comandos legais da Lei n° 8.212/91: Art. 21. A aliquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo será de vinte por cento sobre o respectivo salário de contribuição. (Redação dada pela Lei n° 9.876. de 26.11.99) (...) Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação dada pela Lei n°8.620, de 5.1.93) I a empresa é obrigada a: (...) §4º Na hipótese de o contribuinte individual prestar serviço a uma ou mais empresas, poderá deduzir, da sua contribuição mensal, quarenta e cinco por cento da contribuição da empresa, efetivamente recolhida ou declarada, incidente sobre a remuneração que esta lhe tenha pago ou creditado, limitada a dedução a nove por cento do respectivo salário–de contribuição.(Incluído Deb Lei no 9.876, de 26.11.99) Fl. 2216DF CARF MF Impresso em 22/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/10/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13826.000225/200789 Acórdão n.º 2803003.988 S2TE03 Fl. 7 11 Em que pese o entendimento deste conselheiro que presunções de base de cálculo de contribuições previdenciárias somente podem ser utilizadas nos casos estritamente previstos na legislação ordinária. Em que, no caso apenas com a demonstração dos motivos de se afastar apreciação dos documentos que instrumentalizam os dados de formação da base de cálculo, sob pena de afronta a princípios como estrita legalidade e verdade material. Contudo, além da parte de não alegar a existência de tais documentos, o dispositivo questionado é impositivo (art. 201, §4º, do RPS, aprov. pelo Dec. 3048/1999, com a red. do Dec. N. 4032/2001), ordenando a aplicação da presunção, não haveria como afastar sua aplicação na presente esfera de discussão. À suposta inconstitucionalidade do decreto tal aplicação em face do principio da legalidade, é vedado aos Conselheiros do CARFMF afastarem a aplicação da lei ou decreto sob tal argumento, salvo nas exceções expressas dos artigos 62 e 62A, do anexo II, do Regimento Interno do CARFMF. IV – Quanto a aplicação cumulativa da taxa Selic com correção monetária, a mesma não foi realizada no lançamento questionado. A penalidade foi calculada na forma dos artigos 32, §§ 3º e 5º, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à MP n. 449/2008. Em que o cálculo da multa era vinculado ao valor da obrigação principal, atualizados pelos índices de reajuste de benefícios da Previdência Social, na forma dos artigos 92 c/c 102 da mesma lei. Ainda, à suposta inconstitucionalidade de tal aplicação da forma de correção em face do principio da legalidade, é vedado aos Conselheiros do CARFMF afastarem a aplicação da lei ou decreto sob tal argumento, salvo nas exceções expressas dos artigos 62 e 62A, do Anexo II, do Regimento Interno do CARFMF. V – Da mesma forma, a invalidade da multa aplicada por inconstitucionalidade não pode prosperar, pois como já ressaltado: é vedado aos Conselheiros do CARFMF afastarem a aplicação da lei ou decreto sob tal argumento, salvo nas exceções expressas dos artigos 62 e 62A, do Anexo II, do Regimento Interno do CARFMF. Todavia, por dever de ofício, ao se verificar a multa aplicada por descumprimento de obrigação acessória prevista no art. 32, IV, §§5º, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008, devese atentar às alterações legais implementadas por esta e sua lei de conversão (Lei n. 11.941/2009), que revogou os parágrafos e incluiu o art 32A, I,. Recentemente, as normas sancionatórias relativas à GFIP foram alteradas pela lei n º 11.941/09, e provavelmente beneficiam a Recorrente. Foi acrescentado o art. 32A à Lei n º 8.212, in verbis: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da Fl. 2217DF CARF MF Impresso em 22/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/10/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 12 declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Toda multa tributária é uma sanção, ou seja tem natureza primária punitiva, ou de penalização. Contudo, ainda assim podem ser classificadas em multa moratória, decorrente do simples atraso na satisfação da obrigação tributária principal, e multa punitiva em sentido estrito, quando decorrente de infração à obrigação instrumental cumulada ou não com a obrigações principais. Tal classificação é necessária pois, apesar de não terem natureza remuneratória, mas sancionatória, os tribunais brasileiros admitem que as multas tributárias devem ser classificadas em moratórias e punitivas (sentido estrito), em razão da existência de tratamentos diversos para cada espécie pelo próprio Código Tributário Nacional e legislação esparsas. (RESP 201000456864, HUMBERTO MARTINS, STJ SEGUNDA TURMA, 29/04/2010; PAULSEN, Leandro. Direito tributário, constituição e código tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 12ª Ed., Porto Alegre : Livraria do Advogado, 2010, p.1103 1109) Assim, coloco como premissa que a diferença entre multa moratória e multa punitiva em sentido estrito. Como supra colocado, a primeira decorre do mero atraso da obrigação tributária principal, podendo sendo constituída pelo próprio contribuinte inadimplente no momento de sua apuração e pagamento. Já, a segunda espécie de multa, a punitiva em sentido estrito, demanda constituição pelos instrumentos de lançamento de ofício por parte dos agentes fiscais (art. 149, do CTN), em que se apura a infração cometida e a penalidade a ser aplicada. Inclusive a estipulação e definição da espécie de multa é dado exclusivamente pela lei, fato ressaltado em face do principio da estrita legalidade a que se regula o Direito Tributário e suas sanções (art. 97, V, do CTN). A mudança de natureza para Fl. 2218DF CARF MF Impresso em 22/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/10/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13826.000225/200789 Acórdão n.º 2803003.988 S2TE03 Fl. 8 13 fins de comparação no tempo, não pode ser realizada sem autorização legal, e por isso não se poderia comparar com multas punitiva em sentido estrito (referente à descumprimento de obrigação exclusivamente instrumental) com multas de natureza moratória a exemplo com a nova redação do art. 35A, da Lei n. 8212/1991, com a redação a partir da Medida Provisória n. 449/2008. Devido ao disposto no art. 112, IV, do CTN, a legislação tributária que define as infrações e comina suas penalidades deve ser interpretada de forma mais favorável ao contribuinte em casos de dúvidas quanto à natureza das infrações e suas penalidades. Interpretação que deve ser conjugada com a retrotatividade benígna prevista no art. 106, II, a e c, do CTN, de forma a reduzir ou extinguir penalidades sempre quando lei posterior estabeleça pena menos grave ou não entenda mais como infração tal conduta. Portanto, também deve ser colocado como premissa, que além de retroagir a aplicação de dispositivo legal mais favorável essa retroação também deve sempre buscar uma aplicação mais favorável ao contribuinte. Assim, em razão do princípio da retroatividade benigna (art. 106, do CTN), como o entendimento que a aplicação da sanção deve ser regida pela multa estabelecida no artigo 32A, I, da Lei n. 8.212/1991, com a redação da Lei n. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte em relação à aplicação do art. 32, IV, §5º da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008. Isso posto, voto por conhecer o Recurso Voluntário e, no mérito, para DAR LHE PARCIAL PROVIMENTO, que a aplicação da sanção seja regida pela multa estabelecida no artigo 32A, I, da Lei n. 8.212/1991, com a redação da Lei n. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte em relação à aplicação do art. 32, IV, §§3º e 5º, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008. É como voto. Foi assim que o conselheiro votou na sessão de julgamento, conforme registro. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator ad hoc na data da formalização Fl. 2219DF CARF MF Impresso em 22/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/10/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 14 Fl. 2220DF CARF MF Impresso em 22/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/10/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Numero do processo: 19515.003630/2010-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE.
Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais e inexistindo qualquer preterição do direito de defesa, rejeita-se a preliminar argüida pela impugnante.
DECADÊNCIA. INÍCIO DO PRAZO.
Não tendo havido qualquer pagamento do tributo, a contagem do prazo decadencial se inicia no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Alegação de decadência rejeitada.
ILEGALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA.
Salvo nos casos de que trata o artigo 26-A, do Decreto nº 70.235, de 1972, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, não tem competência para conhecer de matéria que sustente a insubsistência do lançamento sob o argumento de que a autuação se deu com base norma inconstitucional ou ilegal.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITA.
Caracterizam-se omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
O cálculo dos juros de mora com base na taxa SELIC tem previsão legal, não competindo à esfera administrativa a análise da legalidade ou inconstitucionalidade de normas jurídicas.
CSLL, PIS E COFINS. DECORRÊNCIA.
O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplica-se, mutatis mutandis, à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova.
Numero da decisão: 1402-002.047
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade e a arguição de decadência e, no mérito, negar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI.
Nome do relator: Frederico Augusto Gomes de Alencar
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais e inexistindo qualquer preterição do direito de defesa, rejeita-se a preliminar argüida pela impugnante. DECADÊNCIA. INÍCIO DO PRAZO. Não tendo havido qualquer pagamento do tributo, a contagem do prazo decadencial se inicia no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Alegação de decadência rejeitada. ILEGALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA. Salvo nos casos de que trata o artigo 26-A, do Decreto nº 70.235, de 1972, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, não tem competência para conhecer de matéria que sustente a insubsistência do lançamento sob o argumento de que a autuação se deu com base norma inconstitucional ou ilegal. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITA. Caracterizam-se omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. O cálculo dos juros de mora com base na taxa SELIC tem previsão legal, não competindo à esfera administrativa a análise da legalidade ou inconstitucionalidade de normas jurídicas. CSLL, PIS E COFINS. DECORRÊNCIA. O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplica-se, mutatis mutandis, à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade e a arguição de decadência e, no mérito, negar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais e inexistindo qualquer preterição do direito de defesa, rejeitase a preliminar argüida pela impugnante. DECADÊNCIA. INÍCIO DO PRAZO. Não tendo havido qualquer pagamento do tributo, a contagem do prazo decadencial se inicia no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Alegação de decadência rejeitada. ILEGALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA. Salvo nos casos de que trata o artigo 26A, do Decreto nº 70.235, de 1972, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, não tem competência para conhecer de matéria que sustente a insubsistência do lançamento sob o argumento de que a autuação se deu com base norma inconstitucional ou ilegal. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITA. Caracterizamse omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 36 30 /2 01 0- 44 Fl. 1091DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.092 2 O cálculo dos juros de mora com base na taxa SELIC tem previsão legal, não competindo à esfera administrativa a análise da legalidade ou inconstitucionalidade de normas jurídicas. CSLL, PIS E COFINS. DECORRÊNCIA. O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplicase, mutatis mutandis, à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade e a arguição de decadência e, no mérito, negar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI. Fl. 1092DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.093 3 Relatório SOUZA LIMA SERVIÇOS GERAIS LTDA recorre a este Conselho contra decisão de primeira instância proferida pela 5ª Turma da DRJ São Paulo01/SP, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por pertinente, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): “Conforme Termo de Verificação Fiscal de fls. 254/265, em fiscalização empreendida junto à contribuinte acima identificada, relativa ao anocalendário de 2005, verificouse o seguinte: DA OMISSÃO DE RECEITAS A contribuinte foi intimada a apresentar os livros contábeis e fiscais, os arquivos contábeis em meio magnético, na forma da IN SRF nº 86/2001, ADE/COFIS nº 15/2001 e Portaria COFIS nº 13/95, o Contrato Social e alterações posteriores e a relação das instituições financeiras com as quais transacionou no período sob análise. Em atendimento à intimação, apresentou os seguintes documentos: · Livros Diário Geral nºs 06 e 07 do anocalendário 2005; · DIPJ/2006 (anocalendário 2005); · Contrato Social e alterações; · Extratos bancários HSBC, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Unibanco; · Arquivos digitais, manad; · Comprovante anual de retenção da CSLL. Analisando a documentação apresentada e com a digitação dos extratos bancários, a fiscalização constatou vários períodos faltantes dos extratos e, então, solicitou à contribuinte a complementação dos documentos apresentados (Termo de Intimação Fiscal 02, de 18/03/2010). Como não houve resposta a essa intimação, em 13/04/2010 foi emitido o Termo de Embaraço à Fiscalização (fls. 75/77), recebido pela contribuinte em 19/04/2010 (fl. 78). Em 04/05/2010 foi solicitada a emissão de Requisição de Informação sobre a Movimentação Financeira (RMF), endereçada aos bancos: Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC e Unibanco. Em 17/05/2010 foram emitidas as seguintes RMFs: · nº 08.1.90.002010003400, para a Caixa Econômica Federal, com atendimento total em 17/06/2010; Fl. 1093DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.094 4 · nº 08.1.90.002010003397, para o Unibanco, com atendimento total em 09/06/2010; · nº 08.1.90.002010003389, para o HSBC, com atendimento total em 16/07/2010; e · nº 08.1.90.002010003419, para o Bradesco, com atendimento total em 20/09/2010. De posse das informações prestadas pelos bancos, foram levantados os depósitos efetuados nas contas da fiscalizada no ano de 2005. A fiscalização destaca que um dos motivos que justificou a solicitação de RMFs foi a presença de indícios de que o titular de direito poderia ser interposta pessoa do titular de fato, indício esse que não se conseguiu comprovar no decorrer da ação fiscal. A contribuinte foi, então, intimada a apresentar a documentação bancária e documentação complementar hábil e idônea da comprovação da origem dos recursos creditados nas contas correntes mantidas nos bancos Caixa Econômica Federal, HSBC e Itaú/Unibanco, conforme lançamentos discriminados na planilha ANEXO I do Termo de Intimação Fiscal 04. Em atendimento à intimação, a contribuinte apresentou os seguintes documentos: · Relação de títulos em cobrança HSBC; · Relação de títulos em cobrança – UNIBANCO; · Notas FiscaisFaturas de prestação de serviços, referentes ao ano calendário de 2005. Analisando a documentação apresentada, a fiscalização observa que não houve, pela contribuinte, a comprovação da origem dos recursos creditados nas contas bancárias relacionadas e que os documentos não foram apresentados de forma clara, acompanhando os itens relacionados na planilha supracitada, que deveriam ser apresentados em sua forma original e acompanhados de cópias reprográficas, explicando cada item relacionado, por escrito. Quanto ao documento por escrito apresentado pelo contribuinte (PROTOCOLO DE DOCTOS E OBSERVAÇÕES A ESCLARECER), a contribuinte limitase a informar sobre a inatividade da empresa e a forma incorreta de arquivos existentes no anocalendário de 2005. A contribuinte foi, então, novamente intimada a apresentar a documentação bancária e documentação complementar hábil e idônea da comprovação da origem dos recursos creditados nas contas correntes mantidas nos bancos Caixa Econômica Federal, HSBC e Itaú/Unibanco, conforme lançamentos discriminados na planilha ANEXO I do Termo de Intimação Fiscal 04. Por meio das supracitadas intimações, foi solicitado à fiscalizada que comprovasse, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nas operações de créditos/depósitos nas contas correntes de sua titularidade discriminadas nos referidos termos, tendo sido alertada a contribuinte que a não comprovação da origem dos recursos utilizados nas operações de créditos relacionados nos termos, na forma e prazos estabelecidos, ensejaria, com relação aos valores questionados, o respectivo lançamento de ofício, a título de omissão de Fl. 1094DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.095 5 receitas ou de rendimentos, nos termos do artigo 849 do RIR/99, sem prejuízo de outras sanções legais que coubessem. Tendo em vista a situação acima detalhada e entendendo que foram dadas à contribuinte oportunidades suficientes para a comprovação da origem de todos os depósitos/créditos em suas contas, a fiscalização deu por encerrado o trabalho em análise, considerando os valores dos depósitos/créditos em suas contas como não comprovados. Tendo em vista que a fiscalizada não atendeu ao solicitado por meio das supracitadas intimações, a fiscalização deu continuidade à auditoria, da seguinte forma: 1. A partir das planilhas que identificavam os depósitos efetuados nas contas da fiscalizada no anocalendário de 2005, a fiscalização retirou, de acordo com o teor do histórico de cada lançamento, os depósitos que indicavam serem oriundos da atividade da empresa, ou seja, do faturamento da empresa (ANEXO II do Auto de Infração); 2. Após a retirada dos lançamentos indicados no item 1, a fiscalização considerou os lançamentos remanescentes como sendo depósitos não comprovadamente oriundos da atividade da empresa (ANEXO I do Auto de Infração); 3. A partir dos dados das planilhas referenciadas no item 1, e deduzindo se os valores de receita contabilizadas referentes ao anocalendário de 2005, a fiscalização chegou aos valores objeto do lançamento relacionados na PLANILHA SINTÉTICA III (fl. 259); 4. A partir dos dados das planilhas referenciadas no item 2, a fiscalização levantou os montantes mensais, deduzindo o valor negativo da diferença entre a Liquidação de Cobrança x a Receita Contabilizada, chegando aos valores objeto do lançamento relacionados na PLANILHA SINTÉTICA IV (fl. 260). Com relação às multas de ofício utilizadas nos lançamentos, a fiscalização observa que: 1. Em função do não atendimento às intimações, agravouse em 50% as multas a que se referem os incisos I e II do artigo 44 da Lei n° 9.430/96; 2. As diferenças entre os valores dos faturamentos contabilizados e os respectivos valores constantes nos depósitos bancários caracterizam omissão de receitas, configurandose, assim, Crime contra a Ordem Tributária, definido pelo artigo 1º da Lei n° 8.137/90. Dessa forma, foi aplicada a multa de 225% (itens "a" e "b" acima) em relação aos valores levantados na planilha do item 3 acima (PLANILHA SINTÉTICA III) e a multa de ofício de 112,5% (item "a" acima) em relação aos valores levantados na planilha do item 4 acima (PLANILHA SINTÉTICA IV). Para tanto, a fiscalização relacionou, por meio dos históricos contidos nos extratos, os lançamentos descritos na planilha indicada no ANEXO I do Termo de Constatação e Intimação Fiscal 04, anexada à presente, que foram agrupados, por competência/mês e tipo de histórico, excluindo os depósitos/créditos decorrentes de Fl. 1095DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.096 6 transferências de outras contas da própria empresa, originando a PLANILHA SINTÉTICA I (fl. 258). Como a contribuinte não prestou as informações e deixou de apresentar os documentos solicitados, omitiu declaração sobre bens ou fatos e embaraçou a auditoria fiscal, os valores apurados foram arbitrados e caracterizam omissão de receitas, representada em sua totalidade na PLANILHA SINTÉTICA II (fl. 259), que foi dividida em duas planilhas, PLANILHAS III e IV (itens 3 e 4 acima), para fins de lançamento com a utilização de multas de oficio diferenciadas. Foram realizados confrontos entre os valores constantes da escrituração contábil da contribuinte notadamente os relativos aos registros de vendas de. mercadorias e/ou prestação de serviços e os dados informados na DIPJ apresentada, tendo sido apuradas as informações relacionadas às fls. 260/261. DAS MULTAS ISOLADAS Analisando os documentos apresentados, observouse que a empresa optou pela tributação como lucro real anual. No entanto não houve recolhimentos de IRPJ e CSLL por estimativa, nos termos da legislação em vigor. A contribuinte foi intimada a esclarecer se possuía balancetes de suspensão/redução, e, caso positivo, deveria apresentar os respectivos balancetes mensais, sem atendimento ao solicitado. A fiscalização elaborou, então, o Demonstrativo de Apuração de Multas Isoladas sobre as Estimativas do IRPJ do anocalendário de 2005 (fl. 262), onde apurou as multas isoladas entre as estimativas da base de cálculo do IRPJ. DOS LANÇAMENTOS Em face do exposto, foram efetuados os seguintes lançamentos, relativos ao anocalendário de 2005: Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) Auto de Infração fls. 283/290 Fundamento legal artigo 24 da Lei nº 9.249/95; artigo 42 da Lei nº 9.430/96; e artigos 249, inciso II, 251 e § único, 278, 279, 280, 283 e 288 do RIR/99; artigos 222 e 843 do RIR/99 c/c artigo 44, § 1°, inciso IV, da Lei n° 9.430/96 alterado pelo artigo 14 da Lei n° 11.488/2007 c/c artigo 106, inciso II, alínea c do CTN Crédito Tributário 736.640,11 Imposto (em reais) 1.312.081,42 Multa proporcional 389.682,61 Juros de mora (cálculo até 29/10/2010) 2.438.404,14 Subtotal 256.681,79 Multa exigida isoladamente 2.695.085,93 TOTAL Contribuição para o PIS Auto de Infração fls. 291/299 Fundamento legal artigos 1º, 3º e 4º da Lei nº 10.637/2002 Crédito Tributário 49.919,54 Contribuição (em reais) 89.525,26 Multa proporcional 28.618,86 Juros de mora (cálculo até 29/10/2010) Fl. 1096DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.097 7 168.063,66 TOTAL Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) Auto de Infração fls. 300/308 Fundamento legal artigos 1º, 3º e 5º da Lei nº 10.833/2003 Crédito Tributário 229.932,64 Contribuição (em reais) 412.359,36 Multa proporcional 131.820,66 Juros de mora (cálculo até 29/10/2010) 774.112,66 TOTAL Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL) Auto de Infração fls. 309/315 Fundamento legal artigo 2º, e §§, da Lei nº 7.689/88; artigo 24 da Lei nº 9.249/95; artigo 1º da Lei nº 9.316/96; artigo 28 da Lei nº 9.430/96; e artigo 37 da Lei nº 10.637/2002 Crédito Tributário 272.288,76 Contribuição (em reais) 488.320,53 Multa proporcional 144.040,74 Juros de mora (cálculo até 29/10/2010) 904.650,03 TOTAL Crédito Tributário Total (em reais) Consolidado até 2.438.404,14 IRPJ 29/10/2010 256.681,79 Multa exigida isoladamente – IRPJ 168.063,66 PIS 774.112,66 COFINS 904.650,03 CSLL 4.541.912,28 TOTAL DA IMPUGNAÇÃO Cientificada dos lançamentos em 09/11/2010 (AR de fl. 333), a contribuinte, por meio de sua advogada, regularmente constituída (fl. 384), apresentou, em 03/12/2010, a impugnação de fls. 338/382, alegando, em síntese, o seguinte: PRELIMINARMENTE DA PRESCRIÇÃO É patente a ocorrência do lapso prescricional, tendo a Receita Federal decaído do seu direito de cobrar da requerente qualquer parcela a título de tributo relativo aos meses de janeiro a outubro de 2005, já que a citação do presente Auto de Infração somente ocorreu em 09/11/2010. DO GRUPO ECONÔMICO FAMILIAR A empresa em tela é uma empresa familiar, onde existem empresas distintas, utilizandose da mesma contabilidade e das mesmas entradas (faturamentos) para o pagamento das contas de todas elas. As empresas em si, poderiam ser consideradas como matriz e filiais, mas, por um erro contábil, foram criadas com CNPJs distintos. Esta responsabilização criada entre as empresas do Grupo Souza Lima fica clara quando são analisadas as transferências interbancárias de uma empresa para outra, bem como através das despesas efetivamente pagas pela empresa autuada. As operações financeiras realizadas pela autuada são evidentes na medida que se considere que esta empresa faz parte de um mesmo grupo econômico com outras empresas da família. Para esta caracterização nossos julgadores entendem que deve Fl. 1097DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.098 8 existir uma relação íntima de negócio e de controle, a gestão deve ser comum. Os interesses idem. No presente caso, é perfeitamente claro que temos o preenchimento desta caracterização. Embora a empresa fiscalizada tenha disponibilizado toda a documentação solicitada e a fiscalização tenha, ainda, procedido à quebra de seu sigilo bancário, infelizmente verificase que faltou sensibilidade na análise de tudo o quanto o Fisco possuía em mãos. Bastava apenas uma análise mais minuciosa e abrangente para se concluir que a autuada em nenhum momento sonegou, ou deixou de pagar seus impostos, uma vez que, como prestadora de serviços, ela sofre retenções. Ela nunca teve receitas omitidas, já que praticamente não tinha receitas e, sim recebia receitas de outra empresa, cuja contabilidade poderia ser consultada, sem problemas. Estas receitas recebidas, encontramse devidamente declaradas na empresa Souza Lima Serviços de Manutenção e Limpeza Ltda. (CNPJ nº 07.210.221/0001 33). O que houve no caso foi, no máximo, um erro contábil/administrativo. Em nenhum momento a autuada teve receitas não contabilizadas ou depósitos bancários não contabilizados. Importante ressaltar que a autuada recebia as receitas oriundas do faturamento da empresa Souza Lima Serviços de Manutenção e Limpeza Ltda. porque, naquela época, esta última não possuía contacorrente onde pudesse regularmente efetuar suas operações financeiras, no que se referia a recebimentos e pagamentos. Por outro lado, a família, nunca acreditou que estava efetuando qualquer operação fraudulenta, já que todas as declarações sempre foram regularmente apresentadas. Portanto, fica claro que a empresa autuada nunca teve omissão de receitas, ela simplesmente emprestou a sua contacorrente para recebimentos e pagamentos da empresa anteriormente citada. A Souza Lima Serviços de Manutenção e Limpeza Ltda., esta sim, possuía uma carteira de clientes, contratos fechados e, portanto, recursos a serem recebidos. Essa empresa apenas utilizouse da contacorrente da autuada para recebimento de seus recursos e pagamentos das contas das empresas da família. Assim, a família, entendendo como uma operação perfeitamente licita e normal, emitia as notas pela empresa citada, que era a responsável pela entrada de faturamento e utilizavase das contascorrentes da empresa autuada, que era quem recebia os serviços pagos pelas contratantes/tomadoras e procedia ao pagamento das contas de todas as empresa da família. A empresa autuada nunca teve realmente um faturamento considerável, mas sempre possuiu muitos créditos da outra empresa da família que detinha os principais contratos de serviços. Assim, a família houve por bem centralizar todos os pagamentos do Grupo na autuada, englobando, ainda, o pagamento de várias despesas de uma terceira empresa do Grupo, qual seja, a Souza Lima Segurança Patrimonial Ltda. (CNPJ nº 64.911.290/000108). Estas entradas e transferências podem ser facilmente verificadas pela relação de despesas efetivamente pagas pela autuada, conforme planilha que segue acostada. Esta operação poderia ter sido facilmente verificada pelo Auditor Fiscal, caso tivesse maior interesse na realização do trabalho e não somente em autuar a contribuinte em questão. Nesse sentido, é normal que empresas membros do grupo familiar realizem gastos ou faturamentos em prol de todo o grupo. Fl. 1098DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.099 9 Ademais, vale ressaltar, ainda, que existe a mesma finalidade social, há empregados comuns, controladores comuns, clientes comuns. Assim é claro que uma empresa encontrase sob a ingerência da outra. DA TRIBUTAÇÃO COM BASE NO LUCRO REAL A opção pela tributação através do lucro real foi devido ao seu lucro anual ser inferior a 32% de seu faturamento. Os impostos referentes a todas as operações foram devidamente recolhidos. A empresa nunca deixou de emitir uma nota fiscal. Para confirmar as alegações aqui contidas, basta apenas uma conferência nas contas da empresa de maneira mais detalhada. Portanto, desde já a autuada solicita que seja efetuada uma perícia por parte da Receita Federal para que se comprove todo o alegado. DA OMISSÃO DE RECEITAS RECEITAS NÃO CONTABILIZADAS Como exaustivamente explicado, houve, no caso em tela, um erro contábil no registro desta receita. Como praticamente não havia o recebimento de valores pela empresa, este CNPJ era utilizado para o pagamento de contas. A contabilidade equivocouse ao não fazer os registros das empresas como determina a lei, ou seja, considerando como matriz e filial. DA OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Foi solicitado aos bancos da contribuinte que apresentassem informações referentes a extratos de contas bancárias de sua titularidade, documentos onde se comprovassem a origem de depósitos. Os créditos contidos nos extratos fornecidos foram respondidos em várias oportunidades pela contribuinte. A autuada apresentou todos os documentos exigidos pela fiscalização de que dispunha; foram mais de 1000 documentos, entre extratos, livros, contratos etc. Por esses documentos, foi possível justificar todos os valores constantes das contas correntes, sua origem, sua identificação (se aplicação financeira, transferência ou empréstimo, etc.). O Auditor Fiscal, talvez devido ao elevado número de documentos, não se atentou que as várias operações são oriundas de transferência entre empresas de um mesmo Grupo econômico, e, portanto, não dizem respeito a renda. O Auditor Fiscal desconsiderou todos os documentos por ele exigidos e apresentados tempestivamente pela autuada, e definiu, como receita tributável, o total da movimentação financeira, inclusive no que toca à CSLL, à COFINS e ao PIS. Em princípio, o fato de a empresa ter apresentado o Livro Razão é de suma importância, pois é cediço que nele se encontram escrituradas todas as operações ora fiscalizadas, sendo considerado o mais importante dos livros contábeis, para fins de apuração do imposto de renda devido. Fl. 1099DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.100 10 Aliás, no caso vertente, ele foi acompanhado do Livro Caixa, que trouxe declinada toda a movimentação financeira da contribuinte, dia a dia. Ou seja, a existência desses livros e a escrituração da movimentação financeira impediriam, em princípio, o arbitramento do lucro. Ainda no que se referem aos livros, é importante dizer que o Auditor Fiscal alega que eles seriam imprestáveis, diante de discrepâncias encontradas. Entretanto, em nenhum momento, ela especifica quais seriam essas discrepâncias. Assim, à míngua de fundamentação quanto à imprestabilidade dos livros e documentos apresentados, é de reconhecerse como infundada a autuação fiscal. Ademais, a própria contribuinte apresentou diversos documentos que não haviam sido solicitados quando das intimações, tais como: contratos das empresas que efetivamente venderam seus serviços, relação de pagamentos por elas negociados, etc., que não foram sequer considerados pela fiscalização. É importante ressaltar que a omissão de receita ocorre apenas quando não há escrituração das operações financeiras, ou a não comprovação da origem dos valores constantes de contas bancárias. Ora, na situação em tela, toda a movimentação foi escriturada, bem como a origem de todos os depósitos foi apontada, de forma que inevitável o afastamento da presunção de omissão de receita. Bastava apenas o cruzamento das outras empresas da família, onde restariam devidamente comprovados a geração de receitas e apenas o empréstimo da conta da empresa autuada. Ademais devese ressaltar que, nem todo depósito efetuado em uma conta pode ser configurado como renda. São uníssonas, neste sentido, as jurisprudências administrativas e judiciais. Na área administrativa, cabe destacar o Acórdão nº 10417.494, da 4ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes (ementa à fl. 350). Esse entendimento foi confirmado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, como exemplifica o Acórdão CSRF/0102.741 (ementa à fls. 350/351). No âmbito Judicial, consoante a Súmula nº 182, do extinto Tribunal Federal de Recursos TFR, restou averbado ser ilegítimo o lançamento arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários. O encargo probatório foi produzido pela autuada, ao demonstrar claramente que a autuada apenas efetuou o empréstimo de sua contacorrente. Portanto, resta configurado que este tópico foi elaborado exclusivamente em presunção, sem quaisquer provas, não podendo ser aceito como correto. Finalmente, por suposta irregularidade na apresentação da declaração do imposto de renda, a empresa seria, quando muito, penalizada por infração quanto ao descumprimento de obrigações acessórias, isto desde que ela não sanasse tal erro, no prazo assinalado pela fiscalização. Destarte, inferese que a autuação fiscal laborou em erro ao tributar a contribuinte com base em depósitos e investimentos, ficando cristalino que é Fl. 1100DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.101 11 incabível aplicar o percentual da base de cálculo do imposto de renda sobre toda a movimentação financeira da empresa autuada, que em nada revela a sua renda. Com efeito, para fins de determinação do conceito de "renda", é mister ponderar que ela reflete o "ganho líquido" percebido pelo contribuinte com sua atividade. Nestes moldes, no que toca às pessoas jurídicas, a sua renda seria o lucro obtido pela "receita descontada a despesa", e não como calculado pela fiscalização, que incide com base em toda a movimentação financeira da contribuinte. O equívoco perpetrado quanto à apuração da base de cálculo ocasiona a cobrança de imposto sobre valor indevido, ou melhor dizendo, incide sobre base de cálculo a maior. Assim, evidencia exigência de imposto sem fato gerador, o que é expressamente proibido pela CF/88. DA APURAÇÃO REFLEXA DO PIS, DA CSLL E DA COFINS Houve indiscriminadamente a lavratura de Autos de Infração reflexos para a cobrança da CSLL, da COFINS e do PIS, por ocasião da apuração da base de cálculo do IRPJ. A determinação do "quantum debeatur" do IRPJ e da CSLL e dos demais tributos parte de uma mesma origem: a apuração do lucro contábil do exercício. Aqui se conclui, sem maiores dificuldades, que, quaisquer impropriedades incorridas quando da apuração de omissão de receitas produz efeitos confiscatórios aqui. E as impropriedades decorrem do fato de não se conseguir comprovar com exatidão que o que foi apurado de "lucro", corresponde necessariamente a receitas, já que, o Auditor Fiscal considerou toda a movimentação financeira, não verificando o que era transferências, empréstimos, etc. Com efeito, o Auditor Fiscal não pode simplesmente, a seu exclusivo critério, formular exigência reflexa a título dos demais tributos. As situações específicas demandam uma análise pormenorizada, a fim de que, com isso, seja evitada a constituição de créditos tributários em total desconformidade com a legislação aplicável. Especificamente quanto à COFINS, há que se observar o seguinte. A CF/88 (artigo 195), definiu quais são os sujeitos passivos das obrigações referentes à Seguridade Social, apontando, naquela oportunidade, as fontes do custeio daquela. De molde a viabilizar a exigência dessa contribuição, foi necessária a edição de uma lei, e claro, complementar, cujo objetivo foi, justamente, regulamentar artigo da Constituição que não possuía autoexecutividade. Em decorrência disso, surgiu a Lei Complementar nº 70/91, que criou a COFINS. Posteriormente, por meio de Medida Provisória nº 1.724/98, essa Lei Complementar foi alterada, tendo sido introduzido, como base de cálculo, o faturamento compreendido como a "totalidade das receitas aferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas". Essa MP foi convertida em Lei nº 9.718/98. Fl. 1101DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.102 12 Por derradeiro, sobreveio, em 15/12/98, a edição da Emenda Constitucional nº 20, que modificou o artigo 195 da CF/88, para acrescentar, como fonte de custeio da Seguridade Social, não só o faturamento, mas também a receita. Primeiramente, há que se repudiar a forma como foi procedida a alteração das disposições atinentes à COFINS. Isso porque, tendo sido instituída por Lei Complementar, somente por outra Lei Complementar ela poderia sofrer modificação. A grande discussão acerca do tema em pauta, é o "alargamento do campo de incidência" da COFINS, uma vez que a Lei nº 9.718/98 (conversão da MP nº 1.724/98) alterou a conceituação de "faturamento", prevista na CF/88 e explicitada na Lei Complementar nº 70/91. Desta forma, além da desobediência ao disposto no CTN (Lei Complementar), alterando o conceito extraído de Direito Privado; a lei em questão feriu o mandamento da CF/88, diferenciando a base de cálculo por ela determinada. Tendo em vista que, para alterar artigo da Constituição Federal, se faz imprescindível a edição de Emenda Constitucional, o Governo, reconhecendo a impropriedade acima ventilada, havida por meio da lei ordinária, promulgou a Emenda Constitucional nº 20, que, conforme já mencionado, modificou o artigo 195 da CF/88, para acrescentar, como fonte de custeio da Seguridade Social, não só o faturamento, mas também a receita. Se aceitarmos a validade da Lei 9.718/98 ante a CF/88, estaremos, em verdade, atribuindo à primeira supremacia sobre a última, o que é inaceitável. E, ainda que a emenda tivesse utilizado a mesma caracterização de faturamento como receita bruta, ela não teria o condão de acarretar a constitucionalidade superveniente, inexistente no ordenamento legal e atentatória à segurança jurídica. Encerrando a temática da Lei nº 9.718/98, sob o ponto de vista formal, urge indicar que aquele diploma legal representou a convalidação da MP nº 1.724/98, de igual teor da lei vertente. Ocorre que o artigo 246 da CF/88 é terminativo ao proibir "a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada a partir de 1995". Por conseguinte, a Lei nº 9.718/98 não poderia ter sido introduzida, no plano legal, por meio da MP nº 1.724/98, uma vez que o artigo 195 da CF/88, embasador daquele diploma, foi alterado pela Emenda nº 20/98, incorrendo na proibição acima indicada. Se não por este motivo, igualmente é questionável a adoção da medida provisória para exigência de contribuição, posto que o seu mecanismo de vigência imediata não se coaduna com a obrigatoriedade do prazo nonagesimal para a cobrança deste tipo de tributo. Por fim, há que se destacar que a Lei nº 9.718/98 afronta diversos princípios constitucionais (capacidade contributiva, isonomia, não confisco) Os Magistrados de diversas Seções Judiciárias Federais, e até mesmo, em segunda Instância, vislumbraram a veracidade do quanto aqui expendido, Fl. 1102DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.103 13 concedendo, de plano, liminar aos impetrantes, para suspensão da exação, nos moldes exigidos pela Lei 9.718/98 (exemplos transcritos às fls. 368/370). DA NULIDADE DO PRESENTE AUTO DE INFRAÇÃO Para se tornar adequado o processo administrativo, é necessário que, na formação de uma autuação, tenham sido observados os requisitos de forma e de conteúdo, isto é, os requisitos formais, referentes ao ato em si mesmo, e os requisitos substanciais, referentes ao conteúdo do ato. O conteúdo substancial, por sua vez, reside na precisa individualização do direito a que se refere o fato concreto. Logo, se a autuação não for regular, o procedimento será inidôneo. Dessa forma deve o procedimento fiscal em tela ser declarado nulo e extinta a obrigação, por falta de liquidez. DA MULTA DE OFÍCIO A multa, estipulada no percentual de até 225% do valor do débito, é excessivamente grave e não encontra respaldo na situação fática. A falta de proporcionalidade ao caso gera excesso, podendo ser caracterizado como confisco, o que é proibido pelo artigo 150, IV, da CF/88, ainda que tal penalidade seja prevista em lei vigente. A impugnante transcreve, às fls. 373/375, alguns casos em que o Conselho de Contribuintes afastou a sanção fiscal qualificada. De acordo com a posição do Conselho de Contribuinte, jamais poderá o Fisco, sem fazer a prova contundente e cabal da suposta conduta fraudulenta – o que não ocorreu no presente caso , impor sanções qualificadas. Até mesmo porque o próprio CTN, em seu artigo 112, dispõe que a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto à capitulação legal do fato; à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; à autoria, imputabilidade, ou punibilidade e à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Com efeito, punir contribuintes com multas qualificadas, com lastro em juízo discricionário da fiscalização, é verdadeiro atentado à ordem jurídica, aos princípios da proteção da confiança, da razoabilidade, da proporcionalidade, da proibição de excesso, da boafé, da presunção da inocência e, acima de tudo, da justiça. Portanto, exsurge que a penalidade, se ficar comprovado o cometimento da infração, deve equivaler a, no máximo, dez por cento do valor devido a título de tributo. DA TAXA SELIC Finalmente, cabe repudiar a aplicação da taxa SELIC como fator de juros, à vista de sua flagrante inconstitucionalidade. A taxa SELIC pela sua própria natureza, sendo uma "taxa referencial", é calculada e divulgado unilateralmente pelo BACEN, independentemente dos prejuízos que pode causar sua incidência sobre os débitos das empresas privadas e das vantagens abusivas que podem representar à administração pública. Fl. 1103DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.104 14 A posição do STJ vem se firmando no sentido de que a taxa de juros moratórios incidente sobre tributos devidos à Fazenda é de 1% ao mês, e não a Taxa SELIC, cuja natureza é híbrida, representando ora índice de correção monetária, ora juros compensatórios, ora os dois juntos, e nunca taxa de juros moratórios. Desta forma, sendo a taxa SELIC inconstitucional em seus aspectos formais e materiais, e tendo sido esse vício reconhecido pelo STJ, não há mais que se discutir sua aplicabilidade aos débitos fiscais. Por todos estes motivos, é plenamente possível e necessário pleitear a substituição da SELIC por taxas de juros de 1% ao mês, que não importem, também, em atualização da moeda. DO RECONHECIMENTO DA ILEGALIDADE EM SEDE ADMINISTRATIVA Nesta impugnação, ventilouse quanto a algumas ilegalidades havidas no procedimento fiscal. No entanto, freqüentemente a Administração se recusa a conhecêlas em sede administrativa, por entender que elas somente são apreciáveis na via judicial, em atenção à repartição de poderes entre o Legislativo, o Judiciário e o Executivo. No entanto, é admissível a não aplicação, pela Administração Pública, de ato ou norma ilegal, sem que isto represente desrespeito à divisão de poderes, até mesmo porque sempre haverá a possibilidade de ajuizarse ação para questionar decisão administrativa, quanto à sua ilegalidade. Ainda sobre este aspecto, é de ressaltarse que a jurisprudência do STF é taxativa no sentido de que o Poder Executivo tem competência para deixar de aplicar lei ou ato considerado inconstitucional. Por conseqüência, fica claro que a Administração deverá acolher todas as ilegalidades suscitadas no seio dessa defesa, cancelando o ato fiscal. DO PEDIDO Por todo o exposto, requer a impugnante o cancelamento do Auto de Infração.” A decisão de primeira instância, representada no Acórdão da DRJ nº 16 33.111 (fls. 954977) de 09/08/2011, por unanimidade de votos, considerou procedente em parte o lançamento para levantar a qualificação da multa de ofício. A decisão foi assim ementada. “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2005 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais e inexistindo qualquer preterição do direito de defesa, rejeitase a preliminar argüida pela impugnante. DECADÊNCIA. INÍCIO DO PRAZO. Não tendo havido qualquer pagamento do tributo, a contagem do prazo decadencial se inicia no primeiro dia do exercício seguinte Fl. 1104DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.105 15 àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Alegação de decadência rejeitada. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITA. Caracterizamse omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. INTUITO DE FRAUDE. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. A existência de depósitos bancários não comprovados pela contribuinte autoriza a presunção de omissão de receitas, mas não a presunção de fraude. Não restando comprovado o evidente intuito de fraude, descabe o agravamento da multa de ofício. NÃO ATENDIMENTO A INTIMAÇÕES. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. MATÉRIA NÃO EXPRESSAMENTE IMPUGNADA. Não contestado especificamente o agravamento da multa de ofício pelo não atendimento a intimações, mantém se a exigência. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. O cálculo dos juros de mora com base na taxa SELIC tem previsão legal, não competindo à esfera administrativa a análise da legalidade ou inconstitucionalidade de normas jurídicas. MULTA ISOLADA. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Não contestada especificamente a aplicação de multa isolada pelo não recolhimento de IRPJ por estimativa, mantémse a exigência. CSLL, PIS E COFINS. DECORRÊNCIA. O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplicase, mutatis mutandis, à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova.” Contra a aludida decisão, da qual foi cientificada em 18/11/2011 (A.R. de fl. 933) a interessada interpôs recurso voluntário em 07/12/2011 (fls. 1.0111.064) onde repisa os argumentos apresentados em sua impugnação. É o relatório. Fl. 1105DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.106 16 Voto Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Dele, portanto, tomo conhecimento. Da preliminar de nulidade dos lançamentos Alega a recorrente nulidade dos lançamentos por falta de liquidez ou por afronta a princípios constitucionais. Com a devida vênia, entendo não haver nulidade. Isso porque, no âmbito do processo administrativo fiscal, as hipóteses de nulidade são taxativamente previstas nos arts. 59 e 60 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972: “Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. (Grifouse). Nesses termos, o cerceamento do direito de defesa somente pode ser cogitado em face de despachos e decisões. Sendo o auto de infração um ato administrativo, a declaração de nulidade somente pode ser suscitada em caso de lavratura por pessoa incompetente. Possíveis irregularidades, incorreções e omissões cometidas no auto de infração não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Quanto à alegação de ilegalidade/inconstitucionalidade dos lançamentos, ressalto que todos eles têm por base legislação (vide relatório acima) regularmente inserida no ordenamento jurídico Pátrio. Assim, à luz do artigo 26A, § 6º, I, do Decreto nº 70.235, de 1972, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, a seguir transcrito, os Conselheiros do CARF somente podem deixar de aplicar lei sob o fundamento de inconstitucionalidade após o Supremo Tribunal Federal, por seu Plenário, em controle concentrado ou difuso, por decisão definitiva, ter reconhecido a inconstitucionalidade da norma, o que não é o caso para a legislação utilizada nos lançamentos. Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar Fl. 1106DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.107 17 de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). .... § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal;(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Rejeito, pois, a preliminar de nulidade do lançamento aventada. Da preliminar de decadência do lançamento Suscita a recorrente a decadência do direito de o Fisco efetuar os lançamentos para os períodos de janeiro a outubro de 2005. Nesses sentido, vejase o Parecer PGFN/CAT nº 1.617/2008 (alíneas “d” e “e” do item 49), sobre a fixação do termo a quo de prazos de decadência e prescrição, em face da publicação da Súmula Vinculante nº 8 do STF, é o seguinte: “49. (...) (...) d) para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. 173, inc. I do CTN, pouco importando se houve ou não declaração, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; e) para fins de cômputo do prazo de decadência, tendo havido pagamento antecipado, aplicase a regra do § 4º do art. 150 do CTN; (...)” (grifei). Os supracitados artigos do CTN dispõem que: “Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse Fl. 1107DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.108 18 prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação”. (...) Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (...)”. Assim, tendo havido pagamento do tributo e não tendo ocorrido dolo, fraude ou simulação, aplicase o artigo 150, § 4º, do CTN; caso contrário, aplicase o artigo 173, inciso I do CTN. No caso em tela, não houve o pagamento de qualquer dos tributos objeto da autuação, conforme extrato de pesquisa nos sistemas de pagamentos e de DCTFs, fls. 950/953. A contribuinte não informou qualquer débito nas DCTFs do anocalendário de 2005 (fls. 950/951) e não efetuou qualquer pagamento a título de IRPJ, PIS COFINS ou CSLL (fl. 952). Dessa forma, deve ser aplicado ao caso o disposto no artigo 173, inciso I do CTN (e não o artigo 150, § 4º, do CTN). Tendo em vista que os lançamentos se referem ao anocalendário de 2005 e, para aquele ano, a empresa declarava pelo lucro real anual (fl. 18), a decadência somente ocorreria a partir de 01/01/2011. Dada a ciência dos lançamentos em 09/11/2010, não há que se falar em decadência de se efetuar o lançamento dos tributos em tela para os períodos aventados. Rejeito a preliminar suscitada neste ponto. Do mérito Da omissão de receitas depósitos bancários não contabilizados Quanto a esse ponto, por entender que a decisão recorrida bem enfrentou a matéria, adoto neste voto, como razão de decidir, os fundamentos lá adotados, na forma a seguir transcrita. "... A apuração de omissão de receitas com base em depósitos bancários é regida pelo artigo 42 da Lei nº 9.430/96, devendo ser tributada a título de IRPJ, PIS, COFINS e CSLL, nos termos do § 2º do referido artigo, que dispõe que: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante Fl. 1108DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.109 19 documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter seão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. (...)”. A referida norma consubstanciase em uma presunção legal de omissão de receita, uma presunção relativa, que, portanto, admite prova em contrário. Sobre as presunções, há que se destacar o ensinamento de Gilberto de Ulhôa Canto (Presunções no Direito Tributário, Resenha Tributária, São Paulo – SP, 1991, pag. 3 e 4): “2.2. Na presunção tomase como sendo a verdade de todos os casos aquilo que é a verdade da generalidade dos casos iguais, em virtude de uma lei de freqüência ou de resultados conhecidos, ou de decorrência da previsão lógica do desfecho. Porque na maioria das hipóteses análogas determinada situação se retrata ou define de um certo modo, passase a entender que desse mesmo modo serão retratadas e definidas todas as situações de igual natureza. Assim, o pressuposto lógico da formulação preventiva consiste na redução, a partir de um fato conhecido, da conseqüência já conhecida em situações verificadas no passado; dada a existência de elementos comuns, concluise que o resultado conhecido se repetirá. Ou, ainda, inferese o acontecimento a partir do nexo causal lógico que o liga aos dados antecedentes. 2.3. As presunções podem ser, segundo a sua origem, a) simples ou comuns, quando inferidas pelo raciocínio do homem a partir daquilo que ordinariamente acontece, ou b) legais ou de direito, quando estabelecidas na lei. Em ambos os casos terá de haver nexo causal entre as duas situações (a atual e a conseqüente); a diferença entre eles consiste apenas em que no segundo é a lei que recorre à presunção, enquanto que no primeiro é o seu aplicador ou intérprete que a formula. Daí, a conseqüente distinção entre as duas figuras possíveis da presunção, a que incide na própria elaboração da norma (direito substantivo) e a que constitui modalidade probatória (direito adjetivo). 2.4. Segundo a sua força, as presunções podem ser a) relativas (juris tantum) ou absolutas (juris et de jure). Nas do primeiro tipo a norma é formulada de tal maneira que a verdade legal enunciada pode ser elidida pela prova de sua irrealidade. Nas do segundo tipo, pelo contrário, temse como certo aquilo que a norma previu, até mesmo em face da eventual prova de que na realidade a previsão deixou de materializarse" Cabe, ainda, reproduzir o que diz José Luiz Bulhões Pedreira, em Imposto sobre a Renda Pessoas Jurídicas (JUSTECRJ1979pag.806), que muito bem representa a doutrina predominante sobre a matéria: "O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova; invocando a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que Fl. 1109DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.110 20 ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa), provar que o fato presumido não existe no caso." (grifei). Dessa forma, tendo sido a contribuinte regularmente intimada, cabe a ela o ônus de comprovar, através de documentos hábeis e idôneos, que os créditos efetuados em suas contas bancárias não são receitas tributáveis ou que já foram devidamente tributadas. A contribuinte alega em sua defesa que: 1. A empresa faz parte, junto com outras empresas, de um Grupo econômico, sendo que todas essas empresas utilizamse da mesma contabilidade e das mesmas entradas (faturamentos) para o pagamento das contas de todas elas; e que essas empresas consideradas como matriz e filiais, mas, por um erro contábil, foram criadas com CNPJs distintos; 2. A contribuinte apenas emprestava as suas contas correntes para outra empresa do Grupo (Souza Lima Serviços de Manutenção e Limpeza Ltda., CNPJ nº 07.210.221/000133), sendo esta a empresa que auferia as receitas (as quais teriam sido devidamente declaradas ao Fisco); 3. A improcedência da autuação fica clara quando são analisadas as transferências interbancárias de uma empresa para outra, bem como através das despesas efetivamente pagas pela empresa autuada, providência esta não realizada efetuada pela fiscalização, que não efetuou uma análise mais minuciosa e abrangente da documentação que tinha em mãos; 4. Estas entradas e transferências podem ser facilmente verificadas pela relação de despesas efetivamente pagas pela autuada, conforme planilha anexa (a contribuinte também solicita que seja efetuada uma perícia por parte da Receita Federal para que se comprove todo o alegado); 5. É tributável apenas o lucro obtido, ou seja, a "receita descontada a despesa", e não a totalidade da movimentação financeira da contribuinte, como calculado pela fiscalização (a contribuinte cita Acórdãos do Conselho de Contribuintes e do CARF e a Súmula nº 182, do extinto Tribunal Federal de Recursos – TFR); 6. O Auditor Fiscal alega que os livros seriam imprestáveis, diante de discrepâncias encontradas, sem, no entanto, especificar quais seriam essas discrepâncias. Primeiramente, cumpre observar que o fato relatado no item “1” constitui, de fato, uma irregularidade fiscal. No entanto, há que se analisar as alegações da contribuinte de que os depósitos/créditos efetuados em suas contas correntes não constituem receitas próprias, mas de terceiros (itens “2” a “4”), à luz da documentação juntada aos autos. Antes da análise da documentação apresentada pela contribuinte, cumpre reiterar que, diante da presunção legal consubstanciada no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, cabe à contribuinte e não ao Fisco, como ela parece crer demonstrar de Fl. 1110DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.111 21 maneira clara e comprovar de forma contundente, suas alegações, contrárias à tributação. A contribuinte junta aos autos os documentos de fls. 457/919, que representam apenas a “Relação de Pagamentos Efetuados de Janeiro a Dezembro / 2005” (por planos de conta, págs. 1 a 458), os quais não se prestam a elidir a presente autuação. A contribuinte deveria, e não o fez, identificar, um a um, quais depósitos / créditos bancários seriam relativos a receitas de terceiros (outras empresas do Grupo), juntando aos autos documentos comprobatórios da titularidade dessas receitas. A contribuinte não faz a individualização dos depósitos e também não identifica, na “Relação de Pagamentos Efetuados de Janeiro a Dezembro / 2005” (que se presumem meras relações de despesas da própria contribuinte), os repasses a outras empresas do Grupo. Quanto à alegação de que as receitas autuadas seriam de responsabilidade da empresa Souza Lima Serviços de Manutenção e Limpeza Ltda. (CNPJ nº 07.210.221/000133), que as teria oferecido à tributação, cumpre observar que essa alegação não se sustenta, na medida em que, enquanto apurouse como receita omitida o montante total de R$ 3.025.430,83 (fl. 259), a referida empresa declarou, a título de Receita de Prestação de Serviços (Ficha 06, linha 08, pesquisa anexa), apenas o valor de R$ 250.925,30 (montante este que, frisese, a contribuinte não comprova estarem compreendidos no montante autuado). Destaquese que o Auditor Fiscal autuante excluiu os depósitos/créditos decorrentes de transferências entre contas da própria empresa, conforme dispõe o § 3º do artigo 42 da Lei nº 9.430/96, não cabendo à fiscalização a exclusão da transferência entre empresas, a menos que ficasse comprovado o mero repasse de numerários, não caracterizados como receitas da fiscalizada. Com relação ao pedido de perícia, este deve ser indeferido, posto que, nos termos do §4º do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 8.748/93, a prova documental deve ser apresentada pela contribuinte na impugnação, precluindo o seu direito de fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; ou c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos, o que não é o caso. Quanto à alegação de que seria tributável apenas o lucro obtido, ou seja, a "receita descontada a despesa", e não a totalidade da movimentação financeira da contribuinte (item ”5”), devese destacar que cabe ao Fisco a análise apenas das entradas nas contas bancárias da contribuinte (para se apurar, por presunção, as receitas omitidas), presumindose o oferecimento à tributação das despesas correspondentes. Nesse caso, cabe o ônus de comprovar o contrário à contribuinte, que, no entanto, não logrou fazêlo (sequer relaciona as eventuais despesas). Quanto às decisões do Conselho de Contribuintes e do CARF e à Súmula nº 182, do extinto Tribunal Federal de Recursos – TFR, citadas pela contribuinte, elas são inaplicáveis ao caso em tela (lançamentos relativos ao anocalendário de 2005), pois se referem a anoscalendário anteriores à vigência da Lei nº 9.430/96 (que em seu artigo 42 justifica a autuação com base em depósitos bancários), na vigência plena da Lei nº 8.021/90, de utilização mais restrita. A partir da Lei nº 9.430/96 o entendimento do Conselho de Contribuintes passou a ser pela validade da tributação Fl. 1111DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.112 22 com base em depósitos bancários não justificados, como se observa, por exemplo, pelo acórdão a seguir transcrito: “1º Conselho de Contribuintes / 8ª Câmara / ACÓRDÃO 10806.889 em 19.03.2002 IRPJ e OUTROS Ano: 1997 IRPJ/LUCRO REAL/OMISSÃO DE RECEITAS/DEPÓSITOS BANCÁRIOS Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta bancária, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (art.42, Lei n.º 9.430/96)” (grifei). Por fim, quanto à alegação de que o Auditor Fiscal teria alegado que os livros da contribuinte seriam imprestáveis, não se verifica, no Termo de Verificação Fiscal ou em qualquer outra peça juntada aos autos, qualquer declaração do Auditor Fiscal nesse sentido. Assim, não logrando a contribuinte comprovar suas alegações visando a exclusão da tributação dos depósitos bancários não contabilizados, há que se manter integralmente a autuação por presunção de omissão de receita, não elidida pela impugnante, com base no artigo 42 da Lei nº 9.430/96. Pelo exposto, nego provimento ao recurso nesse ponto. Da tributação do PIS e da Cofins Quanto à tributação a título de PIS e COFINS sobre receitas consideradas omitidas, cumpre destacar o comando do §2º do artigo 42 da Lei nº 9.430/96. Art. 42. (...) ... § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. Assim, impõese a aplicação da legislação vigente à época da apuração (Lei nº 10.637/2002 para o PIS e Lei nº 10.833/2003 para a Cofins, e não a Lei nº 9.718/98, citada pela recorrente). Vejase, por exemplo, o artigo 1º da Lei nº 10.833/2003, in verbis: “Art. 1º A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Fl. 1112DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.113 23 § 1º Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. § 2º A base de cálculo da contribuição é o valor do faturamento, conforme definido no caput. (...)” (grifei). Quanto à legalidade ou inconstitucionalidade dessas normas legais, ao contrário do que entende a defendente, à esfera administrativa não cabe apreciar questões dessa natureza, competência exclusiva do Poder Judiciário. Nesse sentido, há que se observar que a Lei nº 11.941/2009 alterou o artigo 26A do já citado Decreto nº 70.235/72 (artigo incluído pela Lei nº 11.196/2005), que passou a ter a seguinte redação: “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (...)”. Há que se salientar que não se verifica, no caso, a exceção prevista no supra transcrito § 6º e no § único do artigo 4º do Decreto nº 2.346/97 (que estabelece que “... devem os órgãos julgadores, singulares ou coletivos, da Administração Fazendária, afastar a aplicação de lei, tratado ou ato normativo federal, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.”). Por fim, apenas a título de observação, destacase que as Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003 foram publicadas após a Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98, que modificou o artigo 195 da CF/88, para acrescentar, como fonte de custeio da Seguridade Social, não só o faturamento, mas também a receita (inciso I, letra “b”). Nesse sentido, a Emenda Constitucional nº 20, de 1998, que unificou os conceitos de receita bruta e de faturamento, deu o respaldo constitucional ao conceito ampliador da receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas pelas pessoas jurídicas. Assim, temse por isenta de inconstitucionalidade a legislação posterior a sua publicação, como é o caso daquela trazida nos autos de infração como suporte legal da base de cálculo dos lançamentos de PIS e da Cofins. Por todo o exposto, entendo descabidas as razões de defesa quanto a esse ponto. Fl. 1113DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.114 24 Das multas de ofício lançadas Foram lançadas multas de ofício, agravadas e qualificadas conforme a seguir descrito: · Em função do não atendimento às intimações, agravouse em 50% as multas a que se referem os incisos I e II do artigo 44 da Lei n° 9.430/96 (§ 2º do referido artigo); · As diferenças entre os valores dos faturamentos contabilizados e os respectivos valores constantes nos depósitos bancários caracterizam omissão de receitas, configurandose, assim, Crime contra a Ordem Tributária, definido pelo artigo 1º da Lei n° 8.137/90. Dessa forma, foi aplicada a multa de 225% (itens "a" e "b" acima, artigo 44, inciso II e § 2º da Lei n° 9.430/96) em relação aos valores levantados na PLANILHA SINTÉTICA III (receitas oriundas da atividade da empresa) e a multa de ofício de 112,5% (item "a" acima, artigo 44, inciso I e § 2º da Lei n° 9.430/96) em relação aos valores levantados na PLANILHA SINTÉTICA IV (depósitos não comprovadamente oriundos da atividade da empresa). O supracitado artigo 44 da Lei n° 9.430/96 (com as alterações introduzidas pela Lei nº 9.532/97) dispõe que: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (...) § 2º As multas a que se referem os incisos I e II do caput passarão a ser de cento e doze inteiros e cinco décimos por cento e duzentos e vinte e cinco por cento, respectivamente, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (redação dada pela Lei nº 9.532/97) a) prestar esclarecimentos; (...)”. Em resumo, em relação à multa por falta de pagamento, de 75%, houve agravamento e qualificação: Fl. 1114DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.115 25 · qualificação, pelo intuito de fraude, no caso da receitas oriundas da atividade da empresa (adotandose, em vez da multa de 75%, a de 150%); · agravamento, pelo não atendimento às intimações, em relação a todas as receitas consideradas omitidas, aumentando em 50% as multas originais (elevando de 75% para 112,5% quanto aos depósitos não comprovadamente oriundos da atividade da empresa, e de 150% para 225% quanto às receitas oriundas da atividade da empresa). Em sua defesa, a recorrente alega, basicamente, que: · A multa de 225% do valor do débito representa um confisco, proibido pelo artigo 150, IV, da CF/88; · Sem fazer a prova contundente e cabal da suposta conduta fraudulenta – o que não teria ocorrido no presente caso jamais poderia o Fisco impor sanções qualificadas; · Se ficar comprovado o cometimento da infração, a multa deve equivaler a, no máximo, 10% do valor devido a título de tributo. Quanto à legalidade ou inconstitucionalidade das normas relativas às multas aplicadas (artigo 44 da Lei nº 9.430/96), reiterase que à esfera administrativa não cabe apreciar questões dessa natureza, competência exclusiva do Poder Judiciário, conforme já discutido neste voto. Com relação ao agravamento da multa pelo não atendimento às intimações, ressalto que a defendente não traz alegações ou comprovações específicas, ainda assim, tendo em vista as diversas intimações e reintimações que culminaram no termo de embaraço, há que se mantêlo na forma prevista no § 2º do artigo 44 da Lei nº 9.430/96. Quanto à qualificação devido a suposta conduta dolosa, a decisão recorrida entendeu descabida, não sendo objeto do julgamento que aqui se faz. Nego provimento ao recurso quanto a esse ponto. Dos juros cobrados à taxa SELIC No que tange aos argumentos da recorrente de que a taxa SELIC seria inaplicável no presente lançamento, cabe observar que a sua utilização está expressamente prevista no artigo 13 da Lei n° 9.065/95, não cabendo à instancia julgadora administrativa apreciar a validade da norma. Ademais, tal matéria já está sumulada neste Conselho (Súmula CARF nº 4): A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Fl. 1115DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.003630/201044 Acórdão n.º 1402002.047 S1C4T2 Fl. 1.116 26 Cabível, portanto, a exigência dos juros moratórios calculados com base na taxa SELIC. Conclusão Por todo o exposto, Voto por rejeitar a preliminar de nulidade e a arguição de decadência e, no mérito, negar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator Fl. 1116DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 13603.724500/2011-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/10/2008
COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO PELA AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
O inciso VI do artigo 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 vincula o creditamento em relação a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado - além de seu emprego para locação a terceiros - a seu uso na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. Portanto, o legislador restringiu o creditamento da contribuição à aquisição de bens diretamente empregados na industrialização das mercadorias (ou na prestação de serviços), não sendo razoável admitir que seja passível do cômputo de créditos a aquisição irrestrita de bens necessários ao exercício das atividades da empresa como um todo.
COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS COMO INSUMOS. CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. REALIDADE FÁTICA. SERVIÇOS ENQUADRADOS PARCIALMENTE COMO INSUMOS NOS TERMOS DO REGIME. DIREITO CREDITÓRIO RECONHECIDO EM PARTE.
No regime de incidência não-cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637 de 2002 e 10.833 de 2003 (art. 3o, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais.
O escopo das mencionadas leis não se restringe à acepção de insumo tradicionalmente proclamada pela legislação do IPI e espelhada nas Instruções Normativas SRF nos 247/2002 (art. 66, § 5º) e 404/2004 (art. 8o, § 4º), sendo mais abrangente, posto que não há, nas Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, qualquer menção expressa à adoção do conceito de insumo destinado ao IPI, nem previsão limitativa à tomada de créditos relativos somente às matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem.
Contudo, deve ser afastada a interpretação demasiadamente elástica e sem base legal de se dar ao conceito de insumo uma identidade com o de despesa dedutível prevista na legislação do imposto de renda, posto que a Lei, ao se referir expressamente à utilização do insumo na produção ou fabricação, não dá margem a que se considerem como insumos passíveis de creditamento despesas que não se relacionem diretamente ao processo fabril da empresa.
Logo, há que se conferir ao conceito de insumo previsto pela legislação do PIS e da COFINS um sentido próprio, extraído da materialidade desses tributos e atento à sua conformação legal expressa: são insumos os bens e serviços utilizados (aplicados ou consumidos) diretamente no processo produtivo (fabril) ou na prestação de serviços da empresa, ainda que, no caso dos bens, não sofram alterações em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação.
Realidade em que a empresa, fabricante de máquinas e equipamentos de grande porte, busca se creditar da contribuição em função de serviços com despacho aduaneiro, contabilidade geral, controle fiscal, contas a pagar e tesouraria, controle de ativo fixo, registro fiscal, faturamento, gestão tributária e societária, serviços de assessoria e expatriados, serviços os quais dizem respeito a atividades de caráter meramente administrativo, e que, por não estarem relacionados diretamente à atividade produtiva da interessada, não dão direito a creditamento.
Diferentemente, poderão alicerçar creditamento os serviços relacionados ao controle de fluxo de produção e de estoque nas instalações fabris (sistema just in time), posto que esses são essenciais ao processo produtivo.
COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES DECORRENTES DA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTO ACABADO ENTRE ESTABELECIMENTOS DA INTERESSADA, OU AINDA, PELOS FRETES DO TRANSPORTE DE MERCADORIAS DESTINADAS AO ATIVO IMOBILIZADO OU A USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE.
No regime da não-cumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS a possibilidade de creditamento em relação a despesas com frete e armazenagem de mercadorias é restrita aos casos de venda de bens adquiridos para revenda ou produzidos pelo sujeito passivo, e, ainda assim, quando o ônus for suportado pelo mesmo.
Logo, por falta de previsão legal, é inadmissível o creditamento em face de fretes decorrentes da transferência de produto acabado entre estabelecimentos da interessada, ou ainda, pelos fretes do transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo.
COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES PAGOS NA COMPRA DE INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE.
O regime da não-cumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS admite o creditamento calculado a partir de despesas com fretes pagos na compra de insumos adquiridos de pessoas jurídicas.
COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR. AMPLITUDE LEGAL.
A possibilidade de compensação ou de ressarcimento em espécie do saldo credor do PIS e da COFINS, antes restrita ao acúmulo de créditos decorrente da exportação de mercadorias ou de serviços para o exterior (sobre as quais não incidem as contribuições em tela), passou a alcançar todos os créditos apurados na forma do artigo 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como os créditos decorrentes da incidência das contribuições em tela sobre as importações - no caso de pessoas jurídicas sujeitas ao regime da não-cumulatividade - nas hipóteses albergadas pelo artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, dentre as quais se inclui a aquisição de bens para revenda (inciso I do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004).
COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. SALDO CREDOR. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. TRIMESTRALIDADE DA APURAÇÃO.
Poderá ser objeto de compensação ou de ressarcimento o saldo credor da Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS apurado na forma do art. 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como do art. 15 da Lei nº 10.865/2004, acumulado ao final de cada trimestre do ano-calendário, em virtude da manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS (artigo 17 da Lei nº 11.033/2004).
Recurso ao qual se dá parcial provimento
Numero da decisão: 3301-002.796
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Valcir Gassen, que reconheciam o direito a creditamento também inerente aos fretes pelo transporte na transferência de produtos acabados entre estabelecimentos da interessada, bem como relativamente aos fretes pelo transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. André Garcia Leão Reis Valadares, OAB/MG nº 136.654.
Nome do relator: FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Valcir Gassen, que reconheciam o direito a creditamento também inerente aos fretes pelo transporte na transferência de produtos acabados entre estabelecimentos da interessada, bem como relativamente aos fretes pelo transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios - Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. André Garcia Leão Reis Valadares, OAB/MG nº 136.654.
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2008 a 31/10/2008 COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO PELA AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O inciso VI do artigo 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 vincula o creditamento em relação a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado - além de seu emprego para locação a terceiros - a seu uso na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. Portanto, o legislador restringiu o creditamento da contribuição à aquisição de bens diretamente empregados na industrialização das mercadorias (ou na prestação de serviços), não sendo razoável admitir que seja passível do cômputo de créditos a aquisição irrestrita de bens necessários ao exercício das atividades da empresa como um todo. COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS COMO INSUMOS. CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. REALIDADE FÁTICA. SERVIÇOS ENQUADRADOS PARCIALMENTE COMO INSUMOS NOS TERMOS DO REGIME. DIREITO CREDITÓRIO RECONHECIDO EM PARTE. No regime de incidência não-cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637 de 2002 e 10.833 de 2003 (art. 3o, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. O escopo das mencionadas leis não se restringe à acepção de insumo tradicionalmente proclamada pela legislação do IPI e espelhada nas Instruções Normativas SRF nos 247/2002 (art. 66, § 5º) e 404/2004 (art. 8o, § 4º), sendo mais abrangente, posto que não há, nas Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, qualquer menção expressa à adoção do conceito de insumo destinado ao IPI, nem previsão limitativa à tomada de créditos relativos somente às matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem. Contudo, deve ser afastada a interpretação demasiadamente elástica e sem base legal de se dar ao conceito de insumo uma identidade com o de despesa dedutível prevista na legislação do imposto de renda, posto que a Lei, ao se referir expressamente à utilização do insumo na produção ou fabricação, não dá margem a que se considerem como insumos passíveis de creditamento despesas que não se relacionem diretamente ao processo fabril da empresa. Logo, há que se conferir ao conceito de insumo previsto pela legislação do PIS e da COFINS um sentido próprio, extraído da materialidade desses tributos e atento à sua conformação legal expressa: são insumos os bens e serviços utilizados (aplicados ou consumidos) diretamente no processo produtivo (fabril) ou na prestação de serviços da empresa, ainda que, no caso dos bens, não sofram alterações em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Realidade em que a empresa, fabricante de máquinas e equipamentos de grande porte, busca se creditar da contribuição em função de serviços com despacho aduaneiro, contabilidade geral, controle fiscal, contas a pagar e tesouraria, controle de ativo fixo, registro fiscal, faturamento, gestão tributária e societária, serviços de assessoria e expatriados, serviços os quais dizem respeito a atividades de caráter meramente administrativo, e que, por não estarem relacionados diretamente à atividade produtiva da interessada, não dão direito a creditamento. Diferentemente, poderão alicerçar creditamento os serviços relacionados ao controle de fluxo de produção e de estoque nas instalações fabris (sistema just in time), posto que esses são essenciais ao processo produtivo. COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES DECORRENTES DA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTO ACABADO ENTRE ESTABELECIMENTOS DA INTERESSADA, OU AINDA, PELOS FRETES DO TRANSPORTE DE MERCADORIAS DESTINADAS AO ATIVO IMOBILIZADO OU A USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. No regime da não-cumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS a possibilidade de creditamento em relação a despesas com frete e armazenagem de mercadorias é restrita aos casos de venda de bens adquiridos para revenda ou produzidos pelo sujeito passivo, e, ainda assim, quando o ônus for suportado pelo mesmo. Logo, por falta de previsão legal, é inadmissível o creditamento em face de fretes decorrentes da transferência de produto acabado entre estabelecimentos da interessada, ou ainda, pelos fretes do transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo. COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES PAGOS NA COMPRA DE INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. O regime da não-cumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS admite o creditamento calculado a partir de despesas com fretes pagos na compra de insumos adquiridos de pessoas jurídicas. COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR. AMPLITUDE LEGAL. A possibilidade de compensação ou de ressarcimento em espécie do saldo credor do PIS e da COFINS, antes restrita ao acúmulo de créditos decorrente da exportação de mercadorias ou de serviços para o exterior (sobre as quais não incidem as contribuições em tela), passou a alcançar todos os créditos apurados na forma do artigo 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como os créditos decorrentes da incidência das contribuições em tela sobre as importações - no caso de pessoas jurídicas sujeitas ao regime da não-cumulatividade - nas hipóteses albergadas pelo artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, dentre as quais se inclui a aquisição de bens para revenda (inciso I do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004). COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. SALDO CREDOR. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. TRIMESTRALIDADE DA APURAÇÃO. Poderá ser objeto de compensação ou de ressarcimento o saldo credor da Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS apurado na forma do art. 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como do art. 15 da Lei nº 10.865/2004, acumulado ao final de cada trimestre do ano-calendário, em virtude da manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS (artigo 17 da Lei nº 11.033/2004). Recurso ao qual se dá parcial provimento
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2008 a 31/10/2008 COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO PELA AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O inciso VI do artigo 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 vincula o creditamento em relação a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado além de seu emprego para locação a terceiros a seu uso “na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. Portanto, o legislador restringiu o creditamento da contribuição à aquisição de bens diretamente empregados na industrialização das mercadorias (ou na prestação de serviços), não sendo razoável admitir que seja passível do cômputo de créditos a aquisição irrestrita de bens necessários ao exercício das atividades da empresa como um todo. COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS COMO INSUMOS. CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. REALIDADE FÁTICA. SERVIÇOS ENQUADRADOS PARCIALMENTE COMO INSUMOS NOS TERMOS DO REGIME. DIREITO CREDITÓRIO RECONHECIDO EM PARTE. No regime de incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637 de 2002 e 10.833 de 2003 (art. 3o, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. O escopo das mencionadas leis não se restringe à acepção de insumo tradicionalmente proclamada pela legislação do IPI e espelhada nas Instruções Normativas SRF nos 247/2002 (art. 66, § 5º) e 404/2004 (art. 8o, § 4º), sendo mais abrangente, posto que não há, nas Leis nos 10.637/02 e AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 72 45 00 /2 01 1- 54 Fl. 3585DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 2 10.833/03, qualquer menção expressa à adoção do conceito de insumo destinado ao IPI, nem previsão limitativa à tomada de créditos relativos somente às matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem. Contudo, deve ser afastada a interpretação demasiadamente elástica e sem base legal de se dar ao conceito de insumo uma identidade com o de despesa dedutível prevista na legislação do imposto de renda, posto que a Lei, ao se referir expressamente à utilização do insumo na produção ou fabricação, não dá margem a que se considerem como insumos passíveis de creditamento despesas que não se relacionem diretamente ao processo fabril da empresa. Logo, há que se conferir ao conceito de insumo previsto pela legislação do PIS e da COFINS um sentido próprio, extraído da materialidade desses tributos e atento à sua conformação legal expressa: são insumos os bens e serviços utilizados (aplicados ou consumidos) diretamente no processo produtivo (fabril) ou na prestação de serviços da empresa, ainda que, no caso dos bens, não sofram alterações em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Realidade em que a empresa, fabricante de máquinas e equipamentos de grande porte, busca se creditar da contribuição em função de serviços com despacho aduaneiro, contabilidade geral, controle fiscal, contas a pagar e tesouraria, controle de ativo fixo, registro fiscal, faturamento, gestão tributária e societária, serviços de assessoria e expatriados, serviços os quais dizem respeito a atividades de caráter meramente administrativo, e que, por não estarem relacionados diretamente à atividade produtiva da interessada, não dão direito a creditamento. Diferentemente, poderão alicerçar creditamento os serviços relacionados ao controle de fluxo de produção e de estoque nas instalações fabris (sistema just in time), posto que esses são essenciais ao processo produtivo. COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES DECORRENTES DA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTO ACABADO ENTRE ESTABELECIMENTOS DA INTERESSADA, OU AINDA, PELOS FRETES DO TRANSPORTE DE MERCADORIAS DESTINADAS AO ATIVO IMOBILIZADO OU A USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. No regime da nãocumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS a possibilidade de creditamento em relação a despesas com frete e armazenagem de mercadorias é restrita aos casos de venda de bens adquiridos para revenda ou produzidos pelo sujeito passivo, e, ainda assim, quando o ônus for suportado pelo mesmo. Logo, por falta de previsão legal, é inadmissível o creditamento em face de fretes decorrentes da transferência de produto acabado entre estabelecimentos da interessada, ou ainda, pelos fretes do transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo. COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES PAGOS NA Fl. 3586DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 3 COMPRA DE INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. O regime da nãocumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS admite o creditamento calculado a partir de despesas com fretes pagos na compra de insumos adquiridos de pessoas jurídicas. COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR. AMPLITUDE LEGAL. A possibilidade de compensação ou de ressarcimento em espécie do saldo credor do PIS e da COFINS, antes restrita ao acúmulo de créditos decorrente da exportação de mercadorias ou de serviços para o exterior (sobre as quais não incidem as contribuições em tela), passou a alcançar todos os créditos apurados na forma do artigo 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como os créditos decorrentes da incidência das contribuições em tela sobre as importações no caso de pessoas jurídicas sujeitas ao regime da não cumulatividade nas hipóteses albergadas pelo artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, dentre as quais se inclui a aquisição de bens para revenda (inciso I do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004). COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. SALDO CREDOR. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. TRIMESTRALIDADE DA APURAÇÃO. Poderá ser objeto de compensação ou de ressarcimento o saldo credor da Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS apurado na forma do art. 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como do art. 15 da Lei nº 10.865/2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário, em virtude da manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS (artigo 17 da Lei nº 11.033/2004). Recurso ao qual se dá parcial provimento Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Valcir Gassen, que reconheciam o direito a creditamento também inerente aos fretes pelo transporte na transferência de produtos acabados entre estabelecimentos da interessada, bem como relativamente aos fretes pelo transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator. 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Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 1a Turma da DRJ Belo Horizonte (fls. 13603.724500/201154 do processo eletrônico), que, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade formalizada contra o não reconhecimento integral do direito creditório pleiteado mediante as declarações de compensação objeto dos autos, conforme acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de Apuração: 01/10/2008 a 31/10/2008 REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÃO. RESSARCIMENTO. COMPENSAÇÃO. A contribuição não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de exportação de mercadorias para o exterior. O reconhecimento de direito ao ressarcimento ou à compensação demanda a comprovação, pela contribuinte, da existência de crédito líquido e certo contra a Fazenda Pública. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Geram créditos os dispêndios realizados com bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, observadas as ressalvas legais. O termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer fator que onere a atividade econômica, mas tãosomente como aqueles bens ou serviços que sejam diretamente empregados na produção de bens ou na prestação de serviços. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. DESPESAS COM TRANSPORTES. As despesas efetuadas com fretes para transferência da matériaprima ou do produto acabado entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, com fretes de bens ou mercadorias não identificadas e com fretes de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado, não utilizadas diretamente na produção, ou ao uso e consumo da pessoa jurídica, não geram direito ao creditamento. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. DESPESAS COM SEGUROS. Desde que suportado pela pessoa jurídica compradora, o seguro pago pelo transporte, assim como o frete, integra o custo de aquisição de bens ou mercadorias adquiridas. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS SOBRE IMPORTAÇÃO VINCULADOS A RECEITA DE EXPORTAÇÃO. RESSARCIMENTO. COMPENSAÇÃO. Fl. 3588DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 5 A possibilidade de compensação, ou de ressarcimento em espécie, do saldo credor apurado em decorrência de operações de importação, autorizada pelo art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005, alcança tãosomente os créditos previstos no art. 15 da Lei nº 10.865, de 2004. REGIME NÃOCUMULATIVO. DIREITO CREDITÓRIO. APURAÇÃO. A autoridade competente para decidir sobre o pedido de ressarcimento, restituição ou compensação de créditos poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, sendo que somente são passíveis de compensação os créditos comprovadamente existentes, devendo estes gozar de liquidez e certeza para serem utilizados. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte O presente processo diz respeito a declarações de compensação – DCOMP relativas a saldo credor de COFINS apurado no período de 01/10/2008 a 31/10/2008, no valor total de R$ 5.738.733,27, em conformidade com o artigo 6º da Lei nº 10.833, de 2003. Desse montante, a unidade jurisdicionante do contribuinte já reconhecera o direito sobre a parcela de R$ 4.847.229,53. Por seu turno, a DRJ recorrida entendeu que deverão ser também restabelecidos os créditos apropriados sobre a utilização de água e esgoto das filiais “Contagem” e “Curitiba”, bem como os créditos relativos aos seguros pagos pelos fretes de bens ou mercadorias adquiridas pela interessada. Assim, com base nos cálculos elaborados posteriormente pela DRF Contagem em conseqüência da decisão da DRJ, segundo os quais a quantia adicional a ser creditada em favor do sujeito passivo corresponde a R$ 1.522,10 (ressalvado o desconto de alguma parcela outrora compensada evidenciada em alguns processos da empresa sobre a mesma matéria), temse que o montante em litígio corresponde a R$ 889.981,64. Segue, abaixo, o relato dos fatos transcrito da decisão recorrida, o qual é padrão em todos os processos da empresa sobre essa matéria: Com o intuito de verificar a apuração do IPI, bem como o PIS e a Cofins da pessoa jurídica, foi emitido, em 11/05/2011, o Mandado de Procedimento Fiscal – Fiscalização (MPFF n.º: 06.1.10.002011004273). Em decorrência, a autoridade fiscal lavrou o Termo de Início de Fiscalização, intimando o sujeito passivo a apresentar, dentre outros elementos, arquivos digitais referentes aos itens 4.3.1, 4.3.2, 4.3.3, 4.3.4, 4.9.1 e 4.9.5 do Anexo Único do Ato Declaratório SRF/Cofis nº 15, de 2001, escrituração contábil digital, nos termos da Instrução Normativa RFB nº 787, de 2007, relação dos produtos fabricados pelo estabelecimento, certidão de objeto e pé de ações judiciais referentes ao IPI, PIS e Cofins, relação das contas contábeis referentes a créditos, receitas e exclusões da base de cálculo do PIS e da Cofins, memoriais de apuração das bases de cálculo utilizadas no preenchimento dos Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais – Dacon e demonstrativo dos fretes de compras de bens utilizados como insumos. De acordo com a fiscalização, a contribuinte admitiu a ocorrência de erros no preenchimento dos Demonstrativos de Apuração de Contribuições Sociais – Dacon. Sendo assim, os créditos foram apurados de acordo com os Fl. 3589DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 6 memoriais de apuração das bases de cálculo dos Dacon e demais documentos apresentados pela contribuinte a pedido da autoridade fiscal. Em seguida, a autoridade fiscal elaborou demonstrativo das glosas de créditos de PIS, conforme abaixo (valores em reais): P.A. 3.1. 3.2. 3.3. 3.4. 3.5. 3.6. 3.7. TOTAL ME/FAT MI ME jan/08 3,26 2.845,44 1.367,77 0,00 0,00 36,02 127.836,13 132.088,62 20,23% 105.371,64 26.716,98 fev/08 3,26 5.381,60 1.515,51 0,00 0,00 38,86 91.338,39 98.277,62 14,25% 84.274,71 14.002,91 mar/08 3,26 5.967,74 1.390,14 0,00 0,00 29,65 71.482,90 78.873,69 18,07% 64.623,36 14.250,33 abr/08 3,26 4.719,18 1.627,64 0,00 38,13 186,26 180.784,88 187.359,35 16,34% 156.741,83 30.617,52 mai/08 49,44 8.261,21 1.586,73 0,00 159,52 496,78 125.875,75 136.429,43 19,55% 109.752,61 26.676,82 jun/08 49,44 5.983,14 2.042,36 0,00 50,27 191,73 108.912,17 117.229,11 16,40% 98.001,10 19.228,01 jul/08 151,12 9.659,18 1.909,71 26,51 150,14 587,80 121.509,41 133.993,87 16,20% 112.289,14 21.704,73 ago/08 151,12 7.179,43 1.921,09 3,76 132,18 1.291,51 118.778,39 129.457,48 22,26% 100.645,30 28.812,18 set/08 168,13 3.074,82 1.883,11 6,96 217,27 1.647,18 104.600,83 111.598,30 24,00% 84.811,15 26.787,15 out/08 241,91 6.252,08 1.770,70 0,00 136,81 1.219,34 122.203,64 131.824,48 23,59% 100.727,26 31.097,22 nov/08 318,76 8.491,53 1.719,92 8,63 91,80 1.456,49 70.934,88 83.022,01 22,87% 64.032,81 18.989,20 dez/08 532,25 4.150,69 1.471,63 0,20 112,63 1.467,26 131.074,08 138.808,74 37,59% 86.634,00 52.174,74 jan/09 532,25 5.385,90 1.179,67 0,00 173,76 1.879,16 51.684,90 60.835,64 14,79% 51.837,44 8.998,20 fev/09 532,25 11.673,37 1.262,98 33,26 104,68 3.510,75 64.575,01 81.692,30 15,53% 69.008,40 12.683,90 mar/09 532,25 10.388,31 441,21 7,40 25,91 2.776,46 44.105,65 58.277,19 16,48% 48.672,38 9.604,81 abr/09 532,25 2.838,07 1.572,35 1.164,99 40,14 3.401,09 24.839,83 34.388,72 9,90% 30.983,35 3.405,37 mai/09 532,25 5.261,01 874,84 2.569,55 27,06 3.012,90 45.330,66 57.608,27 7,28% 53.414,17 4.194,10 jun/09 532,25 3.246,92 958,43 0,00 14,04 2.405,55 50.649,08 57.806,27 18,59% 47.059,37 10.746,90 jul/09 532,25 7.110,54 720,28 2.897,56 59,09 3.385,00 34.676,13 49.380,85 17,15% 40.912,30 8.468,55 ago/09 532,25 1.953,83 1.175,60 92,21 46,59 1.767,91 33.182,54 38.750,93 8,12% 35.604,80 3.146,13 set/09 532,25 5.565,34 445,25 1.389,50 25,96 4.099,24 17.784,73 29.842,27 14,27% 25.583,88 4.258,39 out/09 532,25 4.171,09 2.445,14 1.917,99 14,83 2.016,65 29.949,93 41.047,88 7,37% 38.023,58 3.024,30 nov/09 532,25 5.999,82 1.378,43 1.289,05 20,70 4.449,68 33.600,99 47.270,92 9,53% 42.765,50 4.505,42 dez/09 532,25 3.670,03 1.580,37 4.930,84 37,09 11.126,51 39.091,41 60.968,50 8,26% 55.933,91 5.034,59 jan/10 532,25 3.502,79 2.203,49 20,65 27,72 1.117,50 14.467,59 21.871,99 8,45% 20.023,98 1.848,01 fev/10 532,25 7.916,35 1.523,09 0,00 18,55 3.337,67 90.260,30 103.588,21 6,86% 96.482,90 7.105,31 mar/10 532,25 1.633,53 1.589,22 299,59 33,98 3.206,79 54.032,80 61.328,16 13,04% 53.333,25 7.994,91 abr/10 532,25 18.149,44 1.551,72 474,12 33,89 3.384,16 213.636,74 237.762,32 14,80% 202.585,29 35.177,03 mai/10 532,25 6.014,24 1.054,57 190,05 46,59 5.760,11 52.717,10 66.314,91 7,27% 61.493,82 4.821,09 jun/10 532,25 8.552,18 1.487,26 72,44 41,18 2.397,81 93.602,34 106.685,46 11,08% 94.864,71 11.820,75 jul/10 532,25 8.892,22 1.229,17 3.311,98 44,16 6.016,23 64.426,44 84.452,45 13,12% 73.372,29 11.080,16 ago/10 532,25 10.200,72 1.366,51 2.038,99 41,63 1.732,96 37.199,94 53.113,00 10,40% 47.589,25 5.523,75 set/10 532,25 7.053,10 1.284,13 5.068,86 61,18 5.531,16 43.200,69 62.731,37 7,76% 57.863,42 4.867,95 LEGENDA: P.A. PERÍODO DE APURAÇÃO; Fl. 3590DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 7 3.1. AQUISIÇÕES DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO; 3.2. AQUISIÇÕES DE SERVIÇOS NÃO UTILIZADOS DIRETAMENTE NA PRODUÇÃO; 3.3. AQUISIÇÕES DE ÁGUA E ESGOTO NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO; 3.4. AQUISIÇÕES DE FRETES RELATIVOS A TRANSPORTE DE PRODUTOS FINAIS ENTRE ESTABELECIMENTOS; 3.5. AQUISIÇÕES DE FRETES RELATIVOS A TRANSPORTE DE BENS PARA USO, CONSUMO OU IMOBILIZADO; 3.6. AQUISIÇÕES DE SEGUROS PARA FRETES; 3.7. AQUISIÇÕES DE FRETES RELATIVOS A MERCADORIAS NÃO IDENTIFICADAS. MI. MERCADO INTERNO ME. MERCADO EXTERNO ME/FAT. RELAÇÃO PERCENTUAL MERCADO EXTERNO/FATURAMENTO Como resultado, foram obtidos os valores dos créditos vinculados ao mercado externo, sendo que, a fim de se apurar os saldos passíveis de ressarcimento ou de compensação antecipada, a autoridade fiscal executou alguns ajustes. O primeiro deles, segundo ela, deriva do fato de que, em virtude do art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005, apenas os créditos de importação elencados no art. 15 da Lei nº 10.865, de 2004, são passíveis de ressarcimento ou compensação. Durante a auditoria, constatouse que a contribuinte importou, para fins de revenda, diversas máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01 e 87.04 da Nomenclatura Comum do Mercosul, previstos no art. 17 da Lei nº 10.865, de 2004, enquanto que os créditos de PIS/Cofins foram submetidos indevidamente ao rateio proporcional entre mercado externo e interno. Assim, apurou a fiscalização o crédito mensal a ser reclassificado como não ressarcível. Já o segundo ajuste diz respeito, conforme a fiscalização, à possibilidade de compensação, antes do encerramento do trimestre, de créditos de importação vinculados à receita de exportação. Aduz que, apesar do art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005, permitir o ressarcimento dos créditos de importação, a compensação antecipada possibilitada pelo art. 42 da Instrução Normativa RFB nº 900, de 2008, menciona apenas aqueles créditos oriundos de aquisições no mercado interno. Por créditos de importação, entende aqueles do art. 15 da Lei nº 10.865, de 2004, inclusive aquisição de máquinas e equipamentos destinados ao ativo imobilizado. Referese ao caput do art. 34 desta Instrução Normativa e conclui que o contribuinte não observou o regramento exposto no preenchimento das PER/Dcomp, de modo que elabora demonstrativos que indicam quais créditos devem ser reposicionados no último mês do trimestre para fins de pedido de ressarcimento. Assim, após efetuados os ajustes, prossegue a fiscalização, a contribuinte teria direito ao ressarcimento dos valores de Cofins e de PIS nos valores que demonstra. Afirma a autoridade fiscal que a reapuração dos saldos de PIS e Cofins não altera os valores passíveis de ressarcimento indicados, porém, o saldo credor total, ou montante disponível após a última PER/Dcomp para desconto das contribuições a recolher, é de R$ 9.048.196,92, de PIS e de R$ 12.349.027,24, de Cofins, respectivamente. Esclarece que não foram apurados valores a recolher no período auditado. Por fim, calcula os créditos passíveis de ressarcimento, elabora demonstrativos e sugere o deferimento parcial dos diversos pedidos de ressarcimento e compensações efetuados, de acordo com os valores que indica no Termo de Verificação Fiscal. As glosas efetuadas bem como as justificativas estão detalhadas no Termo de Verificação Fiscal e no demonstrativo “Glosas de Compensações e Fl. 3591DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 8 Ressarcimento” para as contribuições PIS/Cofins elaborado pela autoridade fiscal. Diante desses fatos, a DRF/Contagem emitiu Despacho Decisório, em 27/12/2011, por meio do qual foi parcialmente homologada a Dcomp. Como resultado foi reconhecido o crédito no valor de R$ 594.742,57. Como base legal são citados, entre outros, os seguintes dispositivos: Lei nº 10.637, de 2002; Lei nº 10.833, de 2003; Instrução Normativa RFB nº 600, de 2005 e Instrução Normativa RFB nº 900, de 2008. Cientificada em 27/02/2012, a contribuinte apresentou, em 28/03/2012, a manifestação de inconformidade às fls. 69 a 101 e 155, acompanhada dos documentos às fls. 102 a 154 e 156 a 1369, alegando, em síntese, que: A matéria objeto de recurso não foi submetida à apreciação judicial, com o que se atende ao disposto no art. 16, inciso V, do Decreto nº 70.235, de 1972; As três supostas irregularidades apontadas pela fiscalização fizeram com que os créditos de PIS/Cofins fossem recalculados mensalmente. Obtidos os novos valores passíveis de ressarcimento e compensação, as compensações foram homologadas até esse limite, indeferindo, integral ou parcialmente, aqueles que o superaram; Desse trabalho, 198 PER/Dcomp foram deferidos, 42 o foram apenas em parte e 34 receberam resposta negativa. Por sua vez, os respectivos despachos decisórios, em que tais entendimentos foram apresentados, constaram de 51 processos administrativos de crédito, dos quais 41 trouxeram resultados contrários aos interesses da requerente. A decisão recorrida, para que se apresenta a presente manifestação de inconformidade, é um desses. Como todos esses 41 processos se referem a uma mesma matéria, advém de um mesmo procedimento de fiscalização, é desejável que as correspondentes defesas sejam julgadas conjuntamente, o que desde já se requer; Segundo a fiscalização, a recorrente não estava autorizada a se creditar sobre as seguintes bases: ativo imobilizado – inclusão indevida de bens não utilizados na produção (item 3.1 do TVF), serviços não empregados diretamente na industrialização (item 3.2 do TVF), utilização de água e esgoto em processos industriais (item 3.3 do TVF), fretes – transporte de produtos finais entre estabelecimentos da pessoa jurídica (item 3.4 do TVF), fretes – inclusão indevida do transporte de mercadorias destinadas ao imobilizado ou a uso e consumo (item 3.5 do TVF), fretes inclusão indevida do seguro pago (item 3.6 do TVF) e fretes – falta de identificação das mercadorias transportadas (item 3.7 do TVF). Mas ela estava, na verdade, haja vista a legislação e jurisprudência acerca da matéria; Item 3.1 do TVF. A DRF entendeu que as despesas com veículos e com móveis para salas de treinamento de funcionários não poderiam compor a base de cálculo dos créditos por não serem diretamente destinadas às atividades de industrialização. Entretanto, consoante art. 3o das Leis nº 10.637, de 2002 e nº 10.833, de 2003, tal creditamento é permitido. No caso, não há como dizer que os bens não se prestam ao exercício da indústria. Os equipamentos destinados à capacitação de empregados, por exemplo, são Fl. 3592DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 9 essenciais a curso regular das atividades da recorrente, a qual se destaca por sua atuação inovativa e comprometida com o desenvolvimento tecnológico; Item 3.2 do TVF. Esses serviços, ao contrário do que sustenta a fiscalização, são, sim, utilizados de forma direta na atividade industrial, sobretudo porque são a ela essenciais. Os insumos, na sistemática do PIS/Cofins, são aquelas despesas, custos ou encargos essenciais ao desempenho da atividade econômica da contribuinte, seja ela qual for. São, de acordo com doutrinadores, todos os elementos físicos ou funcionais (...) que sejam relevantes para o processo de produção ou fabricação, ou para o produto. Jurisprudência administrativa do CARF apresenta o mesmo posicionamento, a exemplo dos Acórdãos nº 320200.226, de 08/02/2010 e nº 930301.035, de 23/08/2010. Julgados dos Tribunais Regionais Federais e Superior Tribunal de Justiça também vão no mesmo sentido. No caso, os serviços são essenciais. Aqueles prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda., por exemplo, são vitais para o processo de industrialização, que depende da entrega de insumos na lógica do sistema just in time. (“produção enxuta, por demanda”). Conforme se afere dos contratos ora anexados (doc. 5), tais serviços consistem na gestão inteligente do fornecimentos de bens a serem aplicados no processo produtivo. Não se trata, pois, de meros serviços de movimentação e controle de estoques, como pareceu entender a fiscalização. O que essa pessoa jurídica fornece é a otimização do processo industrial, serviço diretamente ligado à produção e cujo fator intelectual é preponderante. Esse tipo de serviço, sobretudo no setor econômico em que atua a contribuinte, é fundamental. Portanto, não há como afastar a sua natureza de insumo e, via de conseqüência, de gasto passível de creditamento, eis que se trata de serviço essencial e diretamente vinculado à produção, inclusive qualificado como verdadeiro custo de produção para as quais a jurisprudência administrativa permite, há muito, o desconto de créditos; Item 3.3 do TVF. Somente foram admitidas para efeito de creditamento a água aplicada nos processos industriais de “têmpera” e “lavagem e prova hídrica”, pois somente nesses casos haveria o contato direito com o bem produzido. A água empregada nos outros dois processos industriais, os de “pintura” e “usinagem”, não teria tal natureza. Contudo, a fiscalização glosou os créditos não apenas quanto aos dois últimos processos, mas em relação a todos eles, sob o argumento de que a contribuinte não soube precisar a quantidade de água empregada em cada um desses processos, o que intensifica o absurdo da autuação. É que não há dúvida que a água empregada em todos esses quatro processos permite o aproveitamento de créditos de PIS/Cofins, porque se encaixa no conceito de insumo e é empregada, de forma essencial, na produção, descabendo a exigência de contato físico direto com os produtos fabricados, consoante jurisprudência do CARF e julgados dos Tribunais Regionais Federais e do Superior Tribunal de Justiça; Item 3.4 do TVF. O fato de a transferência de bens entre estabelecimentos da pessoa jurídica não se caracterizar, propriamente, como uma operação de venda, nada tem a ver com a sua aptidão a gerar créditos de PIS/Cofins, sendo relevante apenas a sua qualificação como insumo, isto é, a sua essencialidade para o processo de produção, conforme já reiterado. E transportar as mercadorias entre os diversos estabelecimentos é fundamental para o curso regular das operações da pessoa jurídica Fl. 3593DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 10 principalmente por dois motivos: (a) A contribuinte possui um variado portfólio, provendo máquinas e equipamentos de marcas distintas (“Case”, “New Holland”, “Kobelco” e “Steyr”, por exemplo) para setores do mercado também díspares (de agricultura e construção civil, sobretudo), mas suas plantas industriais não estão preparadas para fabricarem todos esses produtos, até porque, aliás, isso demandaria investimentos de elevadíssima monta. Mormente pela variedade de estabelecimentos em todo o país, que também operam como centros de venda, fornecendo todos os produtos da marca, há necessidade de manutenção de estoques, segundo as condições do mercado, mesmo para aquelas mercadorias que não são fabricadas no próprio estabelecimento, de modo que valores consideráveis são gastos no transporte de mercadorias entre os estabelecimentos da pessoa jurídica e (b) São produzidas máquinas e equipamentos pesados, os quais gozam de particularidades quanto à sua estocagem, sobretudo pelos grandes e diferenciados tamanhos. É possível, por isso, que devido a uma queda nas vendas, por exemplo, determinado estabelecimento fique sem espaço para alocar a sua produção, o que tornará necessária a busca por outras unidades. Nessas situações é desejável que seja feita a transferência para outro estabelecimento, pois a locação de espaços para tal pode se mostrar excessivamente onerosa muito em virtude das elevadas dimensões dos bens produzidos. Além disso, os fretes em exame são despesas vinculadas ao processo de produção, o que reforça a possibilidade de creditamento. De fato, até que as mercadorias produzidas sejam efetivamente alienadas não há falar em encerramento da atividade industrial, mesmo porque o objetivo de qualquer pessoa jurídica é vender (obter receitas). Com efeito como este é o fato gerador de PIS/Cofins (as receitas), todo gasto com os produtos até que elas sejam auferidas deve ser considerado insumo. Julgados do CARF e do Superior Tribunal de Justiça corroboram essa tese; Item 3.5 do TVF. Ainda que não goze de previsão legal, é assente na jurisprudência administrativa que o frete pago na aquisição de bens necessários ao desenvolvimento da atividade industrial permite o creditamento. Cita a Solução de Consulta nº 156, de 19/09/2008, da SRRF/6a RF. Deveras, considerando a materialidade do PIS/Cofins, bem assim o atual entendimento jurisprudencial sobre o tema, quaisquer custos de aquisição devem autorizar o desconto de créditos; Item 3.6 do TVF. Entendeu o fisco que o seguro, normalmente destacado, que compõe o frete pago na aquisição de insumos deveria ter sido descontado da apuração dos créditos, de sorte que a recorrente não poderia ter se creditado com base no valor total do Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas CTRC, como ocorreu. O seguro do transporte não é custeado pela recorrente, mas sim pela própria transportadora, a verdadeira e única contratante desse serviço. O destaque no CTRC é apenas uma exigência legal instituída para permitir a identificação da composição do frete. O RICMS/MG, em seu art. 81, inciso XIII, trata o seguro como “valores dos componentes do frete”. O seguro, portanto, foi avençado pela transportadora, que apenas informa o seu respectivo valor em atendimento ao regramento legal. No caso, a recorrente pagou apenas pelo transporte e, sendo o frete na aquisição de insumos passível de creditamento, agiu de forma acertada ao calcular seus créditos sobre o valor total do CTRC, que é o efetivo valor do frete. Ainda que se entenda o contrário, o crédito afigura se legítimo em virtude de equivaler ao “custo de aquisição”. O art. 289 do RIR autoriza o aproveitamento do crédito em relação a quaisquer custos de aquisição. Cita a Solução de Consulta nº 156, de 19/09/2008, da SRRF/6a RF. Fl. 3594DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 11 Assim, sendo os seguros, igualmente, um “custo de aquisição”, conforme art. 289, § 1o do RIR, cabível o creditamento quanto a eles; Item 3.7 do TVF. Essa glosa decorreu da ausência de vinculação de boa parte dos fretes aos respectivos insumos adquiridos. Estornouse, então, praticamente todo o crédito de fretes do período, exceto aqueles tratados nos itens anteriores, que tiveram análise própria e apartada. Para que não haja dúvidas quanto ao seu direito a recorrente requer, desde já, a realização de diligência fiscal e perícia contábil para que tal vinculação seja verificada. Para tanto, comprometese, inclusive, a trazer aos autos todas as informações e documentos correspondentes, o que apenas não faz agora, com esta defesa, e não fez durante o procedimento fiscal, em razão do seu extensíssimo volume – entre janeiro de 2008 e setembro de 2010 foram realizadas quase 800 mil operações de aquisição de mercadorias. De qualquer forma, por ocasião de suas respostas à fiscalização, demonstrou, para aproximadamente 20% das referidas operações (mais um menos 140 mil), que quase 90% dos fretes pagos no aludido interregno se referiam à compra de insumos. Por isso, na eventualidade de não se permitir a juntada desses documentos, propugna pela homologação proporcional desses créditos, sob pena de perpetuação de exigência fiscal claramente desproporcional e ilegítima; Item 4.2 do TVF. Os créditos utilizados como base dos PER/Dcomp ora examinados, e também daqueles outros apresentados no período fiscalizado, decorreram de aquisições realizadas no mercado interno e no exterior. No entanto, para a fiscalização, os créditos advindos da importação de mercadorias citadas no art. 17 da Lei nº 10.865, de 2004, não poderiam ter sido utilizados para efeito de ressarcimento e compensação, segundo a qual apenas as importações amparadas pelo art. 15 da aludida lei é que permitiriam tais procedimentos, haja vista a literalidade do art. 16. Porém, não há regramentos distintos para os créditos de importações, que estariam nos mencionados arts. 15 e 17. Na verdade, todo o creditamento de PIS/Cofins – Importação deriva do art. 15 da Lei nº 10.865, de 2004, que seria o equivalente funcional dos arts. 3o das Leis nº 10.637, de 2002 e nº 10.833, de 2003, que tratam de créditos no mercado interno. O art. 17 é apenas uma complementação ao art. 15 e será aplicado somente em alguns casos, e em conjunto com o art. 15. A função do art. 17 é, exclusivamente, tratar das situações em que o recolhimento de PIS/Cofins nãocumulativo deixa de ser feito com base nas alíquotas de 1,65% e 7,6% e passa a contemplar alíquotas diferenciadas, nos casos de aplicação do “regime monofásico” ou alíquotas específicas para alguns derivados de petróleo. A contrario sensu, a única situação em que o art. 15 não se aplica aos produtos e serviços tratados no art. 17 é, justamente, quando cuida da quantificação do crédito. Ou seja, o art. 17 não vem trazer regulação especial para os créditos de produtos específicos, de forma a excluir a aplicação do art. 15. Tanto que do seu § 8o consta que “(...) disposto neste artigo alcança somente as pessoas jurídicas de que trata o art. 15 desta Lei...”. Portanto, o art. 15 fundamenta e se aplica a todo crédito decorrente de importações, incidindo o art. 17, eventual e conjuntamente, apenas para tratar de sua quantificação. Assim, havia direito de utilização de créditos dos bens mencionados no art. 17 em PER/Dcomp, alterando apenas a alíquota do crédito, que será maior em razão da natureza do produto. A própria Secretaria da Receita Federal do Brasil abona essa conclusão (Acórdão nº 3803000.885, de 27/10/2010, do CARF). Interpretação distinta representaria grave ofensa à isonomia tributária, uma vez que importadoras e pessoas jurídicas em geral estariam Fl. 3595DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 12 submetidas a tratamentos fiscais distintos, sem qualquer justificação. Na verdade, a situação das importadoras de bens regulados pelo art. 17 ficaria ainda pior: além de arcarem com alíquotas majoradas (em razão do regime monofásico), teriam o seu direito de crédito excessivamente limitado. Essa violação é desconfortavelmente contraditória, uma vez que o objetivo da Lei nº 10.865, de 2004, foi justamente, segundo sua exposição de motivos, introduzir “(...) um tratamento tributário isonômico entre os bens e serviços produzidos internamente e os importados...” Daí advém ainda o desrespeito às regras da proporcionalidade e razoabilidade, afinal, qual seria a razão jurídica para se permitir a utilização de créditos de importação em PER/Dcomp e excluir, ao mesmo tempo, esse direito daquelas operações abarcadas pelo art. 17? Razão não há, estando claro que o exame da legislação não autoriza a exegese levada a efeito pela autoridade fiscal, pelo que deve ser descartada; Item 4.3 do TVF. Foram reposicionados parcelas dos créditos de importação aproveitados em PER/Dcomp ao argumento de que estes, por se originarem do mercado externo, somente poderiam ser utilizados no final do respectivo trimestrecalendário. O procedimento teve efeito nefasto e desproporcional: vários dos débitos compensados, no período autuado, ficaram descobertos, passando a ser exigidos, integral ou parcialmente, com o acréscimo de juros e multa. Entretanto, como os créditos foram deslocados para o último mês do trimestre correspondente, neste terceiro mês havia saldo suficiente para homologar, ainda que em parte, as compensações realizadas nos dois primeiros meses. Desse modo, caso se entenda por validar tal procedimento, os acréscimos legais somente se referem ao atraso de um ou dois meses, isto é, aquele decorrente da espera até o fim do trimestre; Erros de cálculo. Em cada mês em que os créditos foram recalculados ocorreram impropriedades na quantificação desses créditos, consoante exemplos a seguir. (a) Ressarcimento de Cofins abril a junho de 2008 (PER/Dcomp nº 41058.12544.220708.1.1.099018 e nº 33371.36444.290710.1.7.098945). Somente foi considerado o montante ressarcível de junho de 2008 e não o total da parcela relativa ao trimestre. Ou seja, não foi feita a recomposição do crédito relativo ao ressarcimento (não foi feito o reposicionamento). Caso tivesse sido feita a recomposição, o valor passível de ressarcimento seria de R$ 3.267.967,06 e não R$ 3.075.278,21, o que gerou uma diferença de R$ 192.688,85, que é superior ao necessário para quitar os débitos vinculados ao crédito deste período. Além disso, no quadro “Créditos de Compensação Utilizados (CCU)/CTs – Valor utilizado valorado de acordo com o tipo de crédito” há valores que divergem daqueles cuja compensação foi solicitada por meio de PER/Dcomp originais. Todos esses PER/Dcomp foram retificados o que leva a crer que a última versão sobrepôs a primeira, fazendo com que os débitos fossem compensados com multa e juros. É de se notar que a data da transmissão original estava dentro do período para recolhimento (antes da data de vencimento) e que não houve aumento do débito compensado, somente redução (fl.139). (b) Ressarcimento de Cofins outubro a dezembro de 2008 (PER/Dcomp nº 11240.95939.300109.1.5.090408). Somente foi considerado o montante ressarcível de dezembro de 2008 e não o total da parcela relativa ao trimestre. Ou seja, não foi feita a recomposição do crédito relativo ao ressarcimento (não foi feito o reposicionamento). Caso tivesse sido feita a recomposição, o valor passível de ressarcimento seria de R$ 7.642.847,66 e não R$ 6.352,123,81, o que gerou uma diferença de R$ 1.290.723,85, que é Fl. 3596DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 13 superior ao necessário para quitar os débitos vinculados ao crédito deste período (fl. 140). (c) Ressarcimento de Cofins julho a setembro de 2010 (PER/Dcomp nº 19382.21408.281010.1.1.090687). Não foi feita a recomposição do crédito relativo ao ressarcimento (não foi feito o reposicionamento). Caso tivesse sido feita a recomposição, o valor passível de ressarcimento seria de R$ 6.541.682,26 e não R$ 6.201.733,66, o que gerou uma diferença de R$ 339.948,90, que é superior ao necessário para quitar os débitos vinculados ao crédito deste período (fl. 141). (d) Ressarcimento de Cofins abril de 2010 (PER/Dcomp nº 02755.47816.300610.1.3.094563). O fisco partiu de montante de créditos de mercado externo diferente daquele que consta no PER/Dcomp, sendo considerado o montante de R$ 3.153.956,33, enquanto que o valor solicitado é de R$ 5.916.155,44. Caso tivesse usado o valor constante do PER/Dcomp, o valor passível de ressarcimento seria de R$ 5.511.341,71 e não R$ 2.749.142,61, o que gerou uma diferença de R$ 2.762.199,10, que é superior ao necessário para quitar os débitos vinculados ao crédito deste período (fl. 141). Esses erros, que são verificados em todas as competências, são inclusive bastantes para que se decrete a nulidade do procedimento fiscal e do TVF ora contestado. De todo modo, caso assim não se entenda, requerse, desde já, a realização de diligência fiscal e perícia contábil para que os referidos equívocos sejam definitivamente comprovados. Para tanto, comprometese, inclusive, a trazer aos autos todas as informações e documentos correspondentes, o que apenas não faz agora, com esta defesa, em razão do exíguo tempo para recorrer, posto que são mais de 200 PER/Dcomp envolvidos, que devem ser revistos em todos os critérios apontados pela fiscalização, alguns deles complexos; Em 20/08/2012, a contribuinte juntou aos autos mídia em CD com o que entende ser as informações necessárias para que seja verificada a vinculação dos fretes autuados no item 3.7 do TVF com a compra de insumos, de modo a comprovar a legitimidade dos créditos aproveitados sobre tais despesas (fretes na aquisição de insumos). Ao final, requer a contribuinte: a) o julgamento conjunto dos processos, haja vista a identidade da argumentação de defesa; b) a nulidade do procedimento fiscal e de seus correspondentes frutos, o TVF e os despachos decisórios proferidos neste e nos demais processos que tratam do mesmo assunto; c) a realização de diligência fiscal e perícia contábil com o objetivo de vincular os fretes pagos às mercadorias a esses correspondentes ou, caso assim não se entenda, ao menos o reconhecimento proporcional das vinculações, conforme demonstrado; d) o reconhecimento da existência de todos os créditos de PIS/Cofins utilizados pela interessada nos pedidos de ressarcimento e compensação vinculados ao MPFF n.º: 06.1.10.002011 004273, transmitidos entre janeiro de 2008 e setembro de 2010, com o conseqüente deferimento e homologação de todos os PER/Dcomp objetos deste processo; e) a realização de diligência fiscal e perícia contábil com o objetivo de comprovação dos equívocos e erros de cálculo mencionados; f) caso os argumentos anteriores não sejam acatados, que os erros expressamente apontados sejam definitivamente corrigidos e g) subsidiariamente, sejam decotados os juros e multas decorrentes do reposicionamento de créditos efetuados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. A ciência da decisão que manteve em parte a exigência formalizada contra a recorrente ocorreu em 04/01/2014 (fls. 1420). Inconformada, a mesma apresentou, em Fl. 3597DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 14 20/01/2014, o recurso voluntário de fls. 1422/1449, onde reitera os argumentos aduzidos na primeira instância na parte em que seu pleito não foi deferido, requerendo, ao final: a) o julgamento conjunto deste com os demais processos da empresa, haja vista a identidade da argumentação de defesa, nos termos do artigo 58, § 8º, do Regimento Interno do CARF; b) seja determinada a realização de diligência para os esclarecimentos referentes à glosa de créditos calculados sobre fretes (item 3.7 do TVF), diligência cuja necessidade seria reforçada diante do reconhecimento, pela DRJ, de equívocos nos cálculos promovidos; c) seja o recurso conhecido e provido, com a reforma do acórdão para que sejam restabelecidos os créditos glosados nos itens 3.1, 3.2, 3.4, 3.5 e 3.7 do TVF, bem como reconhecida a regularidade da utilização dos créditos de PIS/COFINS tratados pelo artigo 17 da Lei nº 10.865/04 (item 4.2 do TVF), e, finalmente, sejam descontados juros e multa calculados quando do reposicionamento dos créditos (item 4.3 do TVF), de modo que se refiram tãosomente ao atraso de um ou dois meses (i. é, aquele decorrente da espera até o fim do trimestre). No que diz respeito ao item 3.7 do Termo de Verificação Fiscal – fretes pelo transporte de mercadorias não identificadas – a Segunda Turma Especial desta Terceira Seção do CARF, em sessão transcorrida em 19/08/2014, converteu o julgamento em diligência "para que a unidade de origem, diante dos registros apresentados pelo sujeito passivo e os correspondentes documentos neles referenciados, apure os créditos do PIS e da COFINS nos casos em que os mesmos, realmente, correspondem a fretes pela aquisição de insumos, conforme metodologia que entender mais adequada para tanto". Tal diligência foi determinada considerando que os documentos apresentados pela suplicante poderiam efetivamente subsidiar o necessário exame para verificar se existe ou não vínculo entre os fretes e as mercadorias transportadas. Em resposta à diligência supra foi acostado aos autos Relatório Fiscal de fls. 3564/3569, padrão para todos os processos ora em julgamento da interessada, sobre o qual nos reportaremos doravante ao apresentarmos nosso voto. Intimado a manifestarse, o sujeito passivo, apresentou petição onde requer seja prorrogado por mais 30 dias o prazo para sua manifestação, o que fez com fundamento nos princípios da ampla defesa e do contraditório. Não obstante, até a presente data, não foi apresentada nova manifestação da interessada no que diz respeito à matéria em discussão nos autos. É o relatório. Voto Da admissibilidade do recurso Fl. 3598DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 15 O recurso é tempestivo, posto que apresentado (em 20/01/2014) dentro do prazo legal de 30 dias contados da data da ciência da decisão de primeira instância (que ocorreu em 04/01/2014 conf. fls. 1420). Quanto aos demais requisitos de admissibilidade os mesmos se encontram presentes. Conheço, portanto, do recurso formalizado pelo sujeito passivo. Da matéria em litígio Conforme relatado, vêse que a contenda envolve a homologação parcial de pedidos de compensação da interessada onde o direito creditório reclamado diz respeito a saldo credor de COFINS, direito o qual foi glosado em parte, permanecendo em litígio as questões relativas ao cômputo de créditos calculados sobre: a) bens destinados ao ativo imobilizado e não utilizados na produção (item 3.1 do Termo de Verificação Fiscal – TVF); b) serviços não empregados diretamente na industrialização (item 3.2 do TVF); c) fretes decorrentes da transferência de produto acabado entre estabelecimentos da interessada (item 3.4 do TVF); d) fretes pelo transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo (item 3.5 do TVF); e, e) fretes pelo transporte de mercadorias não identificadas (item 3.7 do TVF). Também necessita ser analisada a reclassificação de créditos objeto do item 4.2 do Termo de Verificação Fiscal, segundo o qual, em virtude do artigo 16 da Lei nº 11.116/20051, apenas os créditos de importação elencados no art. 15 da Lei nº 10.865/2004 seriam passíveis de ressarcimento ou de compensação. Assim, em relação aos créditos enquadrados no artigo 17 da mesma Lei nº 10.865/2004 – que remete às importações de produtos objeto do § 3º do artigo 8º da Lei em tela2 (dentre outros) – estes, por falta de 1 Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3º das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestrecalendário anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei. Lei nº 11.033, de 21/12/2004, Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. 2 Art. 8º As contribuições serão calculadas mediante aplicação, sobre a base de cálculo de que trata o art. 7º desta Lei, das alíquotas de: Fl. 3599DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 16 previsão legal, não poderiam ser objeto de ressarcimento ou de compensação, apesar da possibilidade de desconto em relação aos débitos. Por fim, a lide envolve também a análise quanto à possibilidade ou não de compensação de créditos de importação vinculados a receita de exportação antes do encerramento do trimestre. Todas essas questões são comuns em relação a todos os processos da empresa trazidos à pauta, razão pela qual serão examinadas em conjunto, o que atende, nessa parte, ao pleito do sujeito passivo. Do regime da nãocumulatividade do PIS e da COFINS O regime da incidência nãocumulativa das contribuições sociais foi instituído, inicialmente, para o PIS/PASEP, mediante a publicação da Lei nº 10.637, de 30/12/2002 (conversão da Medida Provisória no 66, de 2002), tendo passado a produzir efeitos, em relação à nãocumulatividade da referida contribuição, a partir de 1o de dezembro de 2002. Posteriormente, com a publicação da Lei nº 10.833, de 29/12/2003 – conversão da Medida Provisória nº 135, de 2003 –, tal regime foi estendido à COFINS. Concernente à não cumulatividade da COFINS a lei em evidência passou a produzir efeitos a partir de 1º de fevereiro de 2004. Ressalvadas as exceções legais, estão sujeitas à incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda que apuram o IRPJ com base no lucro real. A legislação pertinente ao regime autoriza o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, nos termos do artigo 3o das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003. Além disso, o artigo 5º da Lei nº 10.637/2002 e o artigo 6º da Lei nº 10.833/2003 dispõem, respectivamente, que o PIS/PASEP e a COFINS não incidem sobre as receitas decorrentes de: a) exportações de mercadorias; b) prestação de serviços no exterior cujo pagamento represente ingresso de divisas e; c) vendas a empresa comercial exportadora como fim específico de exportação. Em tais hipóteses, o crédito apurado na forma do artigo 3º das leis em comento poderá ser utilizado para a dedução da correspondente contribuição a recolher ou para compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal. Finalmente, acaso aludido crédito não possa ser utilizado por nenhuma dessas formas até o final de cada trimestre do ano civil, poderá o sujeito passivo solicitar seu ressarcimento em dinheiro. A seguir, examinaremos a legitimidade dos créditos calculados pela interessada seguindo a mesma ordem utilizada pela fiscalização no Termo de Verificação Fiscal TVF. Das glosas objeto do item 3.1 do TVF: bens destinados ao ativo imobilizado e não utilizados na produção [omitido] § 3º Na importação de máquinas e veículos, classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 8432.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM, as alíquotas são de: I 2% (dois por cento), para o PIS/PASEPImportação; e II 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), para a COFINSImportação. Fl. 3600DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 17 A fiscalização entendeu que as despesas com veículos e com móveis para salas de treinamento de funcionários não poderiam compor a base de cálculo dos créditos por não estarem diretamente vinculados às atividades de industrialização. Por sua vez, o sujeito passivo entende que aludido creditamento estaria alicerçado no artigo 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. Segundo defende a interessada, seria inapropriado afirmar que os bens em evidência não se prestariam ao exercício de sua atividade industrial. Afirma que “quaisquer bens imobilizados, que sejam empregados na atividade econômica do contribuinte (direta ou indiretamente), autorizam o creditamento”, e ainda, que “os equipamentos destinados à capacitação de empregados, por exemplo, são essenciais a curso regular das atividades da Recorrente, a qual se destaca por sua atuação inovativa e comprometida com o desenvolvimento tecnológico”. O creditamento relativo a bens destinados ao ativo imobilizado está fundamentado nos incisos VI e VII, §§ 1º, 14, 16 e 21 do artigo 3º da Lei nº 10.833/2003. Em relação ao PIS/PASEP, regramento no mesmo sentido consta da Lei nº 10.637/2002. Reproduzimos, abaixo, os dispositivos da Lei nº 10.833/2003 que são mais relevantes para a resolução da contenda: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; [...] § 1º Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) [...] III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; [...] (grifo nosso) O inciso VI do artigo 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 vincula o creditamento em relação a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado – além de seu emprego para locação a terceiros – a seu uso “na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. Portanto, o legislador restringiu o creditamento da contribuição à aquisição de bens diretamente empregados na industrialização das mercadorias (ou na prestação de serviços), não sendo razoável admitir que seja passível do cômputo de créditos a aquisição de “quaisquer bens imobilizados [...]empregados na atividade econômica do contribuinte (direta ou indiretamente)”, como defende a interessada. Fl. 3601DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 18 Com efeito, o ativo imobilizado compreende os bens e direitos necessários ao exercício das atividades estatutárias da pessoa jurídica, aí incluídos aqueles que tem finalidade unicamente administrativa, ou seja, que não são empregados diretamente na produção ou na comercialização de mercadorias e de serviços, ou ainda, na locação. Apenas esses últimos é que fazem jus ao creditamento. No mais, muito embora este relator entenda que os móveis de escritório e os automóveis de passageiros possam ser necessários ao exercício das atividades da empresa, tais não se enquadram na amplitude conceitual de insumo na produção dos bens destinados à venda. Essas despesas, com efeito, são de caráter geral, não estando vinculadas diretamente ao processo de industrialização, razão pela qual entendemos não ser legítimo o cômputo de crédito com base em tais rubricas. É por essa razão que deverá ser negado provimento ao recurso na parte em que o sujeito passivo pretende se creditar do PIS e da COFINS pela aquisição de bens destinados ao ativo imobilizado, mas não utilizados na produção. O alcance do conceito de insumo para fins do regime de incidência não cumulativa do PIS/PASEP e da COFINS será tratada com mais detalhes no tópico seguinte. Das glosas objeto do item 3.2 do TVF: serviços não empregados diretamente na industrialização A fiscalização glosou o creditamento correspondente a alguns serviços que não foram “empregados diretamente na industrialização”. Reproduzo o trecho do relatório fiscal correspondente à questão: Instado, conforme Termo de Intimação nº 0551/2011, a informar quais tipos de serviços prestavam as empresas Fiat do Brasil S/A e GFL Gestão de Fatores Logísticos, e a apresentar os respectivos contratos, a empresa respondeu, em 01/09/2011, o seguinte: “Serviços prestados à INTIMADA pela FIAT DO BRASIL S/A: • Comércio Exterior: ◦ Despacho aduaneiro consubstanciados em operações de Exportação da CNH em todo o território nacional e relacionados com os modais marítimo, aéreo e rodoviário; ◦ Despacho aduaneiro consubstanciados em operações de importação da CNH em todo o território nacional e relacionados com os modais marítimo, aéreo e rodoviário. • Contabilidade Geral; • Controle Fiscal; • Contas a pagar e Tesouraria; • Controle de ativo fixo; • Registro Fiscal; • Faturamento; • Gestão tributária e societária; • Serviços de assessoria a expatriados. Fl. 3602DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 19 Serviços prestados à INTIMADA pela GFL GESTÃO DE FATORES LOGÍSTICOS LTDA: • Gerenciamento das operações de transporte "IN Bound" Transportes de materiais/produtos que adentram na fábrica da contratante e "Followup" Acompanhamento de entrega de materiais e componentes a ser realizado pela contratada, perante os fornecedores da contratante.” Nenhuma destas atividades pode ser considerada como aplicada ou consumida na fabricação de produtos. Os serviços prestados pela Fiat do Brasil S/A, claramente, têm caráter administrativo, mas mesmo os prestados pela GFL não podem ser considerados insumos. Neste sentido, a ementa da Solução de Consulta Nº 125 de 2007 – DISIT – 10ª RF declara: INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. DIREITO DE CRÉDITO. SERVIÇOS DE MOVIMENTAÇÃO E CONTROLE DE ESTOQUES. Não gera direito a crédito da Cofins a aquisição de serviços de movimentação e controle de estoques de matériasprimas, materiais de embalagem e produtos acabados, realizados nas instalações da pessoa jurídica ou da própria empresa contratada. As contas contábeis responsáveis pelo registro dos créditos de PIS e COFINS incidentes sobre serviços, conforme resposta ao Termo de Início entregue em 08/06/2011, são as de nos 144240 e 144241, e a esmagadora maioria dos lançamentos referemse a serviços prestados pelas duas empresas mencionadas anteriormente, com algumas exceções: a nota fiscal nº 149087 da Metropolitana Vigilância Comercial, cujo crédito o contribuinte afirmou não ter incluído na base de cálculo, e algumas notas fiscais, em 2010, referentes a treinamentos técnicos de diversos tipos, aos quais, pelos mesmos argumentos expostos acima, é vedada a geração de créditos. Deste modo, todo o crédito descrito como “Serviço Nacional” nas memórias de cálculo entregues em 08/07/2011, em resposta ao Termo de Início, deve ser glosado [...] A análise do problema envolve essa que talvez seja a questão mais controvertida em relação à nãocumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS: definir o que são insumos para fins de creditamento das citadas contribuições. O inciso II do artigo 3o das Leis 10.833/2003 e 10.637 de 2002 autoriza o cálculo de créditos a serem descontados ou ressarcidos em relação a bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. As normais legais stricto sensu que prevêem a nãocumulatividade (Leis 10.637/2002 e 10.833/2003) são omissas quanto ao alcance do termo “insumo” para fins de cálculo do crédito atinente a referidas contribuições. Tal amplitude terminológica encontrase disposta apenas em norma de natureza infralegal, qual seja, no § 5º, do artigo 66, da IN SRF no 247, de 21/11/2002 (dispositivo incluído pela IN SRF no 358, de 09/09/2003) – não cumulatividade do PIS/Pasep –, bem como nos incisos I e II do § 4º, do artigo 8o, da IN SRF no 404, de 12/03/2004 – nãocumulatividade da COFINS –, segundo os quais, para fins de aquisição de bens e serviços utilizados como insumos, deverão ser assim concebidos (como insumos), aqueles: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano Fl. 3603DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 20 ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. Para a doutrina, há os que defendem a ampla consideração como insumo de todas as despesas da empresa, como Natanael Martins3. Segundo ele, pelo fato das contribuições em comento alcançarem a receita total das empresas, a única forma de assegurar sua integral nãocumulatividade seria se “os créditos apropriáveis alcançarem todas as despesas necessárias à consecução das atividades da empresa”. Também na mesma toada, Solon Sehn4, segundo o qual, salvo nas hipóteses expressamente vedadas pela Lei nº 10.833/2003, o crédito de insumo deve ser calculado a partir do custo de produção da legislação do imposto de renda (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 1º; Decreto nº 3.000/1999, arts. 290 e 291), abrangendo as matériasprimas e quaisquer outros bens, direitos ou serviços aplicados ou consumidos no processo de fabricação, diretos ou indiretos, independentemente de desgaste, dano ou perda de propriedades físicoquímicas. Por sua vez, Marco Aurélio Greco5 defende que os insumos, para fins de PIS/Pasep e Cofins, não se equiparam àqueles indicados pela legislação do Imposto de Renda, uma vez que há distinção material entre receita e renda. Patrícia Madeira comenta a lição de Greco asseverando que os pressupostos de fato para o IRPJ e a CSLL são o resultado positivo (renda/lucro), e, nesse caso, deverão ser considerados todos os custos que interferirem na sua apuração; no entanto, “nem todos os custos da atividade empresarial interferem na formação da receita, que é materialidade do PIS e da Cofins”. A ideia de insumo proclamada pela legislação do IPI também não seria aplicável para o PIS/Pasep e para a COFINS6, dado ser o IPI [...] tributo cuja nãocumulatividade se opera pelo método subtrativo, variante imposto contra imposto (que, portanto, requer tenha 3 MARTINS, Natanael. O conceito de insumos na sistemática nãocumulativa do PIS e da Cofins. In: PEIXOTO. Marcelo Magalhães, FISCHER, Octávio Campos (coord.). PISCofins: questões atuais e polêmicas. São Paulo: Quartier Latin, 2005. p. 204. apud MADEIRA, Patrícia Hermont Barcellos Gonçalves. Nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. 2009. p. 127. 4 SEHN, Solon. PISCOFINS: Não cumulatividade e regimes de incidência. São Paulo: Quartier Latin, 2011. p. 317. 5 GRECO, Marco Aurélio. Não cumulatividade no PIS e na COFINS. In: PAULSEN, Leandro (Coord.) et al. Não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins. São Paulo: IOB Thompson. Porto Alegre: Instituto de Estudos Tributários, 2004. p. 112122. apud MADEIRA, Patrícia Hermont Barcellos Gonçalves. Nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. 2009. p. 127. 6 O trecho acima, que sintetiza a lição de Marco Aurélio Greco (op. cit., p. 117118), foi extraído da Dissertação de Mestrado de Patrícia Hermont Barcellos Gonçalves Madeira, p. 127128 – referência já citada. Fl. 3604DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 21 havido incidência na operação anterior para que o insumo seja creditável) e cuja materialidade (industrialização) remete à ideia de algo fisicamente apreensível. Como a receita decorre de uma prestação de serviços ou da produção de bens, Marco Aurélio Greco conclui que só deve ser insumo o que for inerente àquilo que denomina de “processo formativo da receita”. Em suas palavras: relevante é determinar quais os dispêndios ligados à prestação de serviços e à fabricação/produção que digam respeito aos respectivos fatores de produção (= deles sejam insumos). Se entre o dispêndio e os fatores capital e trabalho houver uma relação de inerência, haverá – em princípio – direito à dedução. Há ainda outros pensamentos doutrinários diversos que revelam grandes divergências concernentes aos critérios sobre o que pode ou não ser considerado como insumo para fins de creditamento do PIS/Pasep e da COFINS no regime da nãocumulatividade. Culpa da legislação lamentavelmente intrincada sobre o assunto. De nossa parte, dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo, temos nos manifestado no sentido de que o legislador optou por um regime de não cumulatividade parcial, muito embora respeitável doutrina defenda que deveria ser dado ao regime um sentido mais amplo e próximo dos aspectos econômicos da produção, o que, penso, não encontra alicerce na legislação pertinente. Com efeito, além da aquisição de bens e de serviços utilizados como insumo, a lei contempla várias outras hipóteses de creditamento em virtude de despesas incorridas pela pessoa jurídica, tais como pelo aluguel de prédios, de máquinas e de equipamentos utilizados nas atividades da empresa, bem como da energia consumida em seus estabelecimentos, ressalvadas as exceções legais. O detalhamento das possibilidades de creditamento e das vedações ao mesmo, sujeitos a emendas normativas implementadas no decorrer do tempo, revela, sem nenhuma dúvida, que o legislador sempre optou por um regime de não cumulatividade seletivo. Especialmente sobre o alcance do termo “insumo” vejamos, primeiramente, o teor do inciso II do artigo 3o de ambas as leis 10.637/2002 e 10.833/2003 que, sobre a correspondente contribuição determinada na forma do artigo 2o de cada lei, permite o desconto de créditos calculados em relação a: II bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes; (redação original da Lei 10.637/2002) II – bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes; (Lei 10.637/2002 redação dada pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação original da lei nº Fl. 3605DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 22 10.833/2003. Na Lei nº 10.637/2002 essa redação é decorrente da Lei nº 10.865, de 2004) Da leitura das redações do dispositivo que trata do creditamento em decorrência da aquisição de insumos – a atual e as historicamente concebidas para referido preceito – constatase que o termo “insumo”, na forma como é e sempre foi empregado, nunca se apresentou no texto normativo de forma isolada, mas continuamente associado ao seu papel de fator de produção ou na prestação de serviços. Em razão disso, penso que só podem ser considerados como insumos os bens e os serviços diretamente utilizados, necessários e essenciais à prestação de serviços ou à fabricação dos produtos destinados à venda, o que requer, pois, análise individual do processo produtivo da pessoa jurídica que busca o creditamento segundo o regime da não cumulatividade. No caso presente, entendo que os serviços prestados à interessada pela Fiat do Brasil S.A. (despacho aduaneiro de importação e exportação, serviços de contabilidade geral, controle fiscal, contas a pagar e tesouraria, controle de ativo fixo, registro fiscal, faturamento, gestão tributária e societária, serviços de assessoria e expatriados) não se destinam diretamente à atividade de “fabricação de máquinas e equipamentos para terraplenagem, pavimentação e construção, peças e acessórios, exceto tratores – instalação de máquinas e equipamentos industriais” (conforme ficha cadastral junto ao CNPJ). Logo, muito embora entendamos que o conceito de insumo seja mais elástico que o adotado pela Receita Federal nas suas instruções normativas nos 247, de 21/11/2002 e 404, de 12/03/2004, conforme razões acima desenvolvidas, e mesmo admitindo que muitos desses serviços são essenciais à dinâmica empresarial no seu aspecto macro, todos eles dizem respeito a atividades de caráter meramente administrativo, não estando relacionados, de forma direta, à atividade produtiva da interessada. Contudo, em relação aos serviços prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda., (“Gerenciamento das operações de transporte ‘Inbound’ Transportes de materiais/produtos que adentram na fábrica da contratante e "Followup" Acompanhamento de entrega de materiais e componentes a ser realizado pela contratada, perante os fornecedores da contratante”), esses, por estarem relacionados ao controle de fluxo de componentes nas instalações fabris, são essenciais ao processo produtivo, o qual, nas palavras da interessada, “depende da entrega de insumos na lógica do sistema just in time”. Com efeito, não se concebe o exercício da atividade industrial sem um eficaz sistema de controle do fluxo de produção e dos estoques ligados à produção, razão pela qual entendo que os créditos calculados com base nos serviços prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. deverão ser mantidos. Nessa parte, portanto, dou parcial provimento ao recurso voluntário para que sejam admitidos os créditos calculados pelo sujeito passivo em relação aos serviços pagos à GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. Das glosas objeto dos itens 3.4 e 3.5 do TVF: fretes decorrentes da transferência de produto acabado entre estabelecimentos da interessada e fretes pelo transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo Fl. 3606DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 23 A Lei nº 10.833/2003, em seu artigo 3º, inciso IX, admite o desconto de créditos da COFINS calculados com base em “armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor”. Isso também se aplica ao PIS/PASEP não cumulativo em razão do disposto no artigo 15, inciso II, da mesma norma7. Como se vê, a possibilidade de creditamento em relação a despesas com frete e armazenagem de mercadorias é restrita aos casos de venda de bens adquiridos para revenda ou produzidos pelo sujeito passivo, e, ainda assim, quando o ônus for suportado pelo mesmo. Tratase, pois, de hipótese de creditamento da contribuição bastante restrita, a despeito daquela inerente ao desconto de créditos calculados em relação a insumos, conforme ressaltado. Essa restrição ao gozo do mecanismo creditório se observa também em relação a outros casos previstos no regime da nãocumulatividade do PIS e da COFINS, como, por exemplo, nos casos de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos; máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; edificações e benfeitorias em imóveis; valetransporte, valerefeição ou vale alimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. No mais, entendo que aludidos fretes também não caracterizam insumo, até porque, conforme asseverado pela instância recorrida, o frete pago na compra de insumos integra o custo de aquisição (artigo 289, § 1º, do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 1999), podendo assim gerar créditos quando contratado com pessoa jurídica domiciliada no país e suportado pela adquirente. Logo, por falta de previsão legal, entendo que o sujeito passivo não faz jus ao creditamento em face de fretes decorrentes da transferência de produto acabado entre estabelecimentos da interessada (item 3.4 do TVF), ou ainda, pelos fretes do transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo (item 3.5 do TVF). Em sintonia com o entendimento acima esposado, a seguinte jurisprudência: TRIBUTÁRIO. PIS/COFINS NÃO CUMULATIVOS. FRETE INTERCOMPANY. OPERAÇÃO DE VENDA NÃO CARACTERIZADA (ART. 3º, IX, L10833). ENQUADRAMENTO COMO INSUMO (ART. 3º, II, L10833). IMPOSSIBILIDADE. 1. O frete intercompany, referente à alocação dos produtos acabados das indústrias para os centros de distribuição da empresa, configura simples transferência interna, não estando diretamente relacionado às operações de venda. Com efeito, apenas enseja o aproveitamento dos créditos de PIS/COFINS, nos termos do art. 3º, IX, da Lei nº 10.833/2003, o transporte de bens diretamente ao consumidor final. Precedentes desta Turma. 7 Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] II nos incisos VI, VII e IX do caput e nos §§ 1º e 10 a 20 do art. 3º desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) Fl. 3607DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 24 2. Em que pese, em uma perspectiva econômica, a distribuição dos produtos das fábricas para as filiais ser etapa do iter percorrido pela mercadoria até chegar à sua destinação final, a "operação de venda", enquanto negócio jurídico, é relação estabelecida estritamente entre os sujeitos fornecedor e adquirente. Deste modo, as etapas anteriores à destinação do produto ao consumidor final, ainda âmbito da empresa (fornecedora), não podem ser consideradas operações de venda. 3. Na linha do que defende a doutrina mais moderna, o conceito de "insumo", no campo tributário, não é uniforme para todas as exações. Assim, os conceitos encontrados no IPI não são, de fato, suficientes para abarcar todos os custos que podem gerar créditos de PIS/COFINS. Enquanto na legislação de regência daquele imposto, há referência tãosó às despesas referentes à industrialização dos bens (matériasprimas, produtos intermediários, materiais de embalagem etc.) aqui, as receitas submetidas às contribuições não são unicamente decorrentes da venda de produtos industrializados. 4. Se o conceito de insumo do IPI é demasiado restritivo, não é o caso de ir se ao outro extremo, estendendoo de tal modo a incorporar "todo e qualquer custo ou despesa necessário à atividade de empresa", nos termos da legislação do IRPJ, como o quer o apelante. A nãocumulatividade deve estar adstrita à materialidade do tributo para PIS/COFINS, receita; para IR, lucro líquido. Logo, também imprestável, o conceito de despesa operacional do RIR/99, de modo a equiparar PIS/COFINS a IR. 5. Nesse contexto, de intermédio, primeiramente, há que se ter, por parâmetro, as próprias regras legais das contribuições em tela. Assim, o art. 3º, II, da Lei nº 10.833/2003 dispõe que a pessoa jurídica poderá descontar os créditos calculados em relação a "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes". 6. Portanto, o conceito legal de insumo, para efeito de crédito de PIS/COFINS, abrange os dispêndios indispensáveis à produção de bens ou à prestação de serviços geradores de renda. Noutros termos, todos os itens diretamente relacionados com a produção do contribuinte e que afetem o montante das receitas tributáveis pelas contribuições constituem crédito utilizáveis na apuração destas. 7. Por seu turno, Marco Aurélio Greco preconiza o critério da essencialidade ou relevância para análise do conceito de insumo, a ser entendido sob uma perspectiva dinâmica. Devem, assim, ser rechaçados como tal os gastos realizados por mera conveniência do contribuinte. 8. Na hipótese dos autos, a apelante é empresa que se dedica às atividades de industrialização e comercialização de farinha de trigo, massas, biscoitos, margarinas e cremes vegetais. A ser assim, não é de entenderse o frete entre estabelecimentos, para distribuição dos produtos acabados às filiais, como inerente ou essencial à atividade econômica ou ao processo produtivo desenvolvido pelo contribuinte. Tal custo é posterior ao processo de fabricação dos bens destinados à venda, não consistindo, pois, em insumo direto. 9. Assim, seja como for, quer se entendendo insumo como o gasto relacionado diretamente ao processo produtivo, quer como aquele essencial a este, o frete intercompany não pode ser compreendido como tanto. É que ele corresponde a dispêndio elegível a título de mera conveniência da pessoa jurídica (não alcançando "perante o fator de produção o nível de Fl. 3608DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 25 uma utilidade ou necessidade"), visando à melhor distribuição dos bens fabricados ao adquirente final. Apelação a que se nega provimento. (Tribunal Regional Federal da 5a Região. Primeira Turma. Apelação Cível nº 544709. Relator Des. Federal José Maria Lucena. Data do acórdão: 15/05/2014. Publicado em: 22/05/2014) TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. PIS. COFINS. FRETE DE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA EMPRESA CONTRIBUINTE. DEDUTIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. 1 O art. 3º das Leis 10.833/03 e 10.627/02 prevêm as hipóteses em que é possível o contribuinte deduzir os valores de PIS e COFINS recolhidos na sistemática da nãocumulatividade. A utilização do crédito presumido, em relação ao frete, está relacionada ao transporte da mercadoria destinada à operação de venda, o que exclui o frete realizado entre os estabelecimentos de uma mesma empresa. Interpretação restritiva determinada pelo art. 111 do CTN. 2 O Superior Tribunal de Justiça pronunciouse no sentido de que o conceito de insumo não abrange as operações de transferência interna de mercadorias entre os estabelecimentos de uma mesma pessoa jurídica (AGRESP 1335014). 3 Recurso conhecido e improvido. Sentença confirmada. (Tribunal Regional Federal da 2a Região. Terceira Turma Especializada. Apelação Cível nº 526.709. Relator Des. Federal Geraldine Pinto Vital de Castro. Data do acórdão: 29/04/2014. Publicado em 14/05/2014) TRIBUTÁRIO. CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. PIS. COFINS. ARTIGO 3º, INCISO IX. ARTIGO 15, INCISO II. LEI Nº 10.833/03. FRETE. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. 1 No caso em exame, a recorrente objetiva assegurar o alegado direito ao creditamento, a título de PIS/COFINS, de valores despendidos com fretes contratados pela impetrante desde 2002 até a data da propositura da presente ação, para o transporte de insumos e produtos acabados entre seus estabelecimentos e pontos de distribuição. 2 A questão em discussão nestes autos diz respeito ao regime da não cumulatividade da contribuição ao PIS/COFINS, previsto nos §§ 12 e 13, do artigo 195 da Constituição Federal, introduzidos pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003, e instituído pela Medida Provisória nº 66/2002 (DOU 30.08.2002), convertida na Lei nº 10.637/2002 (DOU 31.12.2002) no que diz respeito ao PIS, e pela Medida Provisória nº 135/2003 (DOU 31.10.2003), convertida na Lei nº 10.833/2003 (DOU 31.12.2003) referente à COFINS. 3 Outrossim, a Lei nº 10.637/02 também dispôs em seu artigo 3º (caput e incisos) sobre os créditos passíveis de descontos a título de PIS do valor apurado na forma do artigo 2º da referida lei. E, no que tange a "frete", estabeleceu o inciso II, do art. 15 da Lei nº 10.833/03 (COFINS) a respeito da aplicabilidade, também à contribuição ao PIS, do previsto no inciso IX, do artigo 3º dessa mesma lei, nos termos mencionados, valendo ressaltar a Fl. 3609DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 26 interpretação restrita dada pela lei no sentido de se tratar de "frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor" (grifos meus). 4 Nesse passo, considerando que as regras da nãocumulatividade das contribuições sociais em comento estão afetas à definição infraconstitucional, ao amparo da Lei Maior, os aludidos diplomas normativos restringiram a hipótese de creditamento, não abrangendo a hipótese pretendida nestes autos, como equivocadamente entende a impetrante, ora recorrente. 5 Observase que a pretensão formulada neste mandamus não encontra guarida legal para prosperar, porquanto a impetrante objetiva o creditamento a título de PIS/COFINS de valores despendidos com "fretes contratados pela impetrante, desde 2002 até a data da propositura da presente ação, para o transporte de insumos e produtos acabados entre seus estabelecimentos e pontos de distribuição", hipótese essa não amparada pela lei de regência, que restringe o creditamento ao frete à operação de venda da mercadoria, nos termos assinalados no inciso IX, do art. 3º da Lei nº 10.833/03. 6 Vale mencionar que a lei pode estabelecer exclusões ou vedar deduções de créditos para fins de apuração da base de cálculo das exações em comento, ao amparo constitucional, havendo direito de creditamento apenas nas hipóteses taxativamente previstas em lei, sob pena de violação ao artigo 111 do Código Tributário Nacional. 7 Na verdade, verificase que a recorrente insurgese quanto à base de cálculo das contribuições ao PIS/COFINS, objetivando a redução da incidência da exação, ao que cumpre salientar que não cabe ao Judiciário atuar como legislador positivo, haja vista que a redução da base de cálculo somente ocorre mediante expressa previsão legal, a cargo do Poder Legislativo. Ademais, cumpre salientar, ainda que se tratasse de hipótese de creditamento, não restou comprovada, nestes autos, a totalidade dos valores efetivamente despendidos com a "contratação de fretes" pela impetrante, no período reclamado, objeto de pedido de compensação nestes autos. Assim, não restando demonstrado o alegado direito líquido e certo, apto a amparar a pretensão veiculada na presente ação mandamental, não merece prosperar o apelo da impetrante. 8 Apelação não provida. (Tribunal Regional Federal da 3a Região. Terceira Turma. Apelação Cível nº 325.368. Relator Des. Federal Nery Junior. Data do acórdão: 19/12/2013. Publicado em: 10/01/2014) TRIBUTÁRIO AÇÃO ORDINÁRIA PIS E COFINS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2003 REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE DESPESAS DE FRETE TRANSFERÊNCIA INTERNA DE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA CREDITAMENTO IMPOSSIBILIDADE. 1. É da essência do sistema de produção de bens e serviços que toda pessoa jurídica, a fim de que possa desenvolver as suas atividades, tenha de adquirir insumos, matériasprimas ou serviços de outras pessoas jurídicas. 2. Assim, é natural que uma parcela das suas receitas, dos recursos advindos do desempenho das suas atividades empresariais seja destinada ao Fl. 3610DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 27 pagamento dos seus custos, das suas despesas operacionais, ou seja, à remuneração dos seus fornecedores e prestadores de serviço. Os pagamentos feitos aos seus fornecedores e prestadores de serviço representarão faturamento destes e sujeitarseão, por sua vez, à incidência do PIS e da COFINS. O que é dispêndio, desembolso para uma pessoa jurídica representa ingresso de valores, receita operacional para outra. Isso é uma consequência natural do fato de o legislador constituinte ter eleito o faturamento e, posteriormente, todas as receitas como hipótese de incidência para contribuição destinada ao financiamento da seguridade social. Quando houver várias fases ou etapas de circulação econômica, a incidência sobre o faturamento será necessariamente cumulativa. 3. As únicas deduções ou exclusões possíveis seriam aquelas previstas em lei, que teriam a natureza de isenção, de favor fiscal, determinado discricionariamente pelo legislador, segundo juízo político de conveniência e oportunidade em consonância com o interesse público; ou aquelas que já se encontram fora da base de cálculo das contribuições questionadas, isto é, que não correspondem às receitas de venda de bens e serviços ou às receitas das atividades empresariais, representando situação de nãoincidência. 4. O artigo 195, § 9º da CF/88, acrescido pela EC nº 20/98 e alterado pela EC nº 47/2005 prevê a possibilidade de as contribuições sociais terem alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mãodeobra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, conforme opção a ser exercida pelo legislador ordinário. 5. Por sua vez, o § 12, do artigo 195 da CF/88, acrescentado pela EC nº 42/2003, determina que a lei definirá os setores de atividade econômica para os quais a contribuição social sobre as receitas será nãocumulativa. 6. A Lei nº 10.637/02, no inciso II do artigo 3º, prevê que do valor apurado do PIS a pessoa jurídica poderá descontar créditos relativos a bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na fabricação de bens ou produtos destinados à venda. 7. Já a Lei nº 10.833/03, no inciso IX do artigo 3º, dispõe que do valor apurado de COFINS a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação à armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor. 8. Como as exclusões e isenções tributárias devem ter interpretação restritiva, conforme o artigo 111, incisos I e II, do CTN, a previsão legal de desconto de créditos relativos a fretes nas operações de vendas não abarca as despesas incorridas no transporte interno de mercadorias entre os estabelecimentos do contribuinte, porque não são despesas diretamente relacionadas em operações de venda. A transferência interna entre estabelecimentos da mesma empresa não caracteriza uma operação de venda, e, por isso, as despesas de frete desse transporte não estão relacionadas direta e imediatamente com a venda de mercadorias. 9. Precedentes deste TRF e do STJ. 10. Apelação da autora desprovida. (Tribunal Regional Federal da 2a Região. Terceira Turma Especializada. Apelação Cível nº 545.908. Relator Des. Federal Luiz Mattos. Data do acórdão: 23/07/2013. Publicado em: 05/08/2013) (grifos nossos) Fl. 3611DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 28 Finalmente, o precedente do Superior Tribunal de Justiça que alicerçou a fundamentação de alguns dos julgados acima referenciados TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. PIS E COFINS. LEIS 10.637/2002 E 10.833/2003. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. DESPESAS DE FRETE. TRANSFERÊNCIA INTERNA DE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO LITERAL. 1. Consoante decidiu esta Turma, "as despesas de frete somente geram crédito quando relacionadas à operação de venda e, ainda assim, desde que sejam suportadas pelo contribuinte vendedor". Precedente. 2. O frete devido em razão das operações de transportes de produtos acabados entre estabelecimento da mesma empresa, por não caracterizar uma operação de venda, não gera direito ao creditamento. 3. A norma que concede benefício fiscal somente pode ser prevista em lei específica, devendo ser interpretada literalmente, nos termos do art. 111 do CTN, não se admitindo sua concessão por interpretação extensiva, tampouco analógica. Precedentes. 4. Agravo regimental não provido (STJ. Segunda Turma. Agravo Regimental no Recurso Especial nº 1.335.014. Relator Min. Castro Meira. Data do acórdão: 18/12/2012. Publicado em: 08/02/2013) (Grifos nossos) Das glosas objeto do item 3.7 do TVF: fretes pelo transporte de mercadorias não identificadas Quanto às glosas em vista dos fretes pelo transporte de mercadorias não identificadas, reproduzo, abaixo, trechos do item 3.7 do Termo de Verificação Fiscal: Como demonstrado anteriormente, a possibilidade de creditamento nos casos em que se entende a despesa com frete como um serviço utilizado como insumo na prestação de serviço ou na produção de um bem (inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.637/2002 e inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.833/2002), depende da identificação do insumo transportado. Em outras palavras, apenas os fretes associados a bens tidos como insumos no âmbito do PIS e da COFINS é que dão direito a créditos; assim, caso a pessoa jurídica adquira um bem de pessoa física, o transporte deste bem, mesmo feito por pessoa jurídica domiciliada no país, não gera direito a crédito; do mesmo modo, caso o bem transportado não dê direito a crédito, também não haverá créditos relacionados com as despesas de fretes. Não havendo informação, na Escrituração Fiscal, das notas fiscais dos bens considerados como insumos associados aos fretes, lavrouse em 14/09/2011, o Termo de Intimação nº 0617/2011, a fim de que o contribuinte associasse, nota fiscal por nota fiscal, os fretes com as mercadorias transportadas, mediante a elaboração de três arquivos distintos, devendose observar layout específico para tanto. Vencido o prazo inicial em 04/10/2011, o contribuinte solicitou prazo adicional de vinte dias, por nós deferido. Em 24/10/2011, a empresa apresentou apenas dados parciais, e requereu mais algum tempo para Fl. 3612DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 29 terminar a feitura dos arquivos. Numa última oportunidade, estendemos por mais quinze dias o prazo final. Na data aprazada, o sujeito passivo entregou os arquivos, os quais, porém, não possuíam todos os vínculos necessários à identificação das mercadorias conduzidas em cada serviço de transporte. [...] No caso em tela, essencial era a vinculação entre as despesas de frete e os insumos pretensamente adquiridos, o que deveria ser possível por intermédio do arquivo de vínculos, que possuía tanto a identificação das notas fiscais de fretes como a identificação das notas fiscais de compra ou venda de mercadorias. Entretanto, nos arquivos entregues em 08/11/2011, anexos ao processo, duas falhas foram observadas: por um lado, notas fiscais de transporte relacionadas no arquivo “Arquivo de CTRC.txt” não foram encontradas no “Arquivo de Vínculos.txt”; por outro, notas fiscais de mercadorias indicadas no arquivo de vínculos não foram encontradas no “Arquivo de NF.txt”, nem na Escrituração Fiscal. Estas duas irregularidades foram relacionadas, respectivamente, nos demonstrativos “Notas Fiscais de Fretes não Associadas à Tabela de Vínculos” e “Notas Fiscais de Mercadorias não Encontradas na Escrituração Fiscal”, em anexo. A título de exemplo, tomemos uma das diversas notas fiscais não encontradas, de forma a verificar a necessidade de se realizar o elo entre as notas fiscais de transporte e as notas fiscais de mercadorias: o Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas nº 005595, série única, emitido pela Transportadora Rodomeu Ltda, em anexo. Tratase de um documento relativo ao transporte de mercadorias importadas da CNH America LLC, do porto de Santos até a filial de Curitiba, cujo valor total somava R$ 65.741,50. Tal creditamento é vedado pela RFB, conforme dispõem várias consultas emitidas pelo órgão, entre as quais a Solução de Consulta nº 84, da SRRF 07/DISIT, de 20/08/2010, cuja ementa reproduzimos abaixo: “CRÉDITO. FRETE NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS IMPORTADOS. O direito ao crédito a que se refere o art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, aplicase, exclusivamente, em relação aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País e aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País. O desconto de créditos, no caso de importações sujeitas ao pagamento da CofinsImportação, sujeitase ao disposto nos arts. 7º e 15, § 3º, da Lei nº 10.865, de 2004, que determinam que a base de cálculo desses créditos corresponde ao valor aduaneiro acrescido do valor do IPI vinculado à importação, quando integrante do custo de aquisição. Assim, o frete pago para transportar bens importados, empregados como insumos em processo produtivo, do local do desembaraço até o estabelecimento fabril do contribuinte não gera direito a crédito da COFINS, por não fazer parte de sua base de cálculo, nos termos da legislação em vigor.” (grifo nosso) Deste modo, é forçoso concluir que a falta de vinculação entre os fretes e as mercadorias transportadas impede a constatação não só da irregularidade acima descrita, mas de quaisquer outras que a empresa porventura tenha cometido. [...] Fl. 3613DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 30 Cabe registrar que tais créditos foram lançados a débito das contas 144238 PIS a recuperar insumos e 144239 COFINS a recuperar – insumos, e que, no caso do demonstrativo “Notas Fiscais de Mercadorias não Encontradas na Escrituração Fiscal”, todo o valor das contribuições creditadas a um determinado CTRC deve ser glosado, visto que a falta de determinada associação impede o cálculo do valor creditado proporcionalmente. (os destaquem em negrito não constam do original) Extraise dos trechos destacados acima (em negrito) que a motivação adotada pela fiscalização para a glosa dos créditos calculados sobre os fretes foi, essencialmente, a impossibilidade de vinculação “entre as despesas de frete e os insumos pretensamente adquiridos”, ou seja, entre os CTRC (Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas) e as notas fiscais de entrada dos insumos. A ausência desse vínculo impediu a autoridade administrativa de examinar se referidas despesas com fretes poderiam realmente ser admitidas como “um serviço utilizado como insumo na prestação de serviço ou na produção de um bem”. Decerto, “apenas os fretes associados a bens tidos como insumos no âmbito do PIS e da COFINS é que dão direito a créditos”, muito embora a autoridade administrativa tenha afirmado, posteriormente, que é vedado o creditamento pelo frete pago para transportar bens importados empregados como insumos do processo produtivo. Segundo a defesa apresentada pelo sujeito passivo: “[...] se há créditos de insumos, por exemplo, já reconhecidos para o período, é corolário lógico que haja, também, créditos referentes a seus correlatos fretes”. Ressalta ainda a reclamante que “a maioria esmagadora de tais fretes se refere a notas ficais cujos CFOPs são os seguintes: [...] 1.101: Compra para industrialização ou produção rural [...] 2.101: Compra para industrialização ou produção rural. [...] 5.101: SAÍDAS OU PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS PARA O ESTADO”. Ainda segundo a recorrente: Os CFOPs das notas fiscais são provas cabais de que os correspondentes fretes autorizavam o creditamento. Os CFOPs ns. 1.101 e 2.101 se referem, como se pôde verificar, à aquisição de insumos, caso em que, tendose em vista os termos do art. 3º, inciso II, das Leis ns. 10.637/02 e 10.833/03, o crédito é indubitavelmente permitido. É como se posiciona a própria Receita Federal, aliás. Vejase um exemplo: “(...) FRETE NA AQUISIÇÃO. CUSTO DE PRODUÇÃO. O valor do frete pago a pessoa jurídica domiciliada no País na aquisição de matéria prima, material de embalagem e produtos intermediários compõe o custo destes insumos para fins de cálculo do crédito a ser descontado da Cofins.” (Solução de Consulta n. 197, de 16 de Agosto de 2011 – sem destaques no original) Já quanto ao CFOP n. 5.101, o creditamento ainda é mais evidente: segundo o inciso IX do citado art. 3º, o “frete na operação de venda” autoriza o desconto de créditos das mencionadas contribuições sociais. É importante reiterar que a Recorrente, logo após a Impugnação, fez a prova que havia sido reclamada pela DRF e que a DRJ afirmou ter sido realizada. A Recorrente elaborou, como dito, planilha detalhada, com mais de 50 mil linhas, na qual indicou, uma a uma, nota fiscal autuada e respectivo CTRC. É por meio dessa planilha, pois, que se poderia ver que a Fl. 3614DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 31 maior parte dos fretes autuados se referia a situações em que o creditamento estava claramente autorizado. Sobre a planilha reportada e demais argumentos suscitados pelo sujeito passivo, asseverou a instância recorrida, verbis: 9. FRETES. FALTA DE IDENTIFICAÇÃO DAS MERCADORIAS TRANSPORTADAS. ITEM 3.7 DO TVF. Diante da ausência de informação, na escrituração fiscal, das notas fiscais dos bens considerados insumos associados ao frete, a contribuinte foi intimada a associar, nota fiscal de compra ou venda por nota fiscal de frete, os fretes com as mercadorias transportadas, mediante a elaboração de três arquivos distintos. Após algumas prorrogações, a recorrente apresentou a documentação solicitada, que, contudo, não apresentava todos os vínculos necessários à identificação das mercadorias transportadas. Ponderou a autoridade fiscal que a falta de vinculação entre fretes e mercadorias transportadas, além de impedir o creditamento, também impede a constatação de apropriações irregulares de crédito feitas pela interessada, a exemplo de frete pago para transporte de bens importados, empregados como insumos, do local de desembaraço até o estabelecimento fabril. Suscita a interessada, quanto ao tema, que a glosa decorreu da ausência de vinculação de boa parte dos fretes aos respectivos insumos adquiridos, estornandose, então, praticamente todo o crédito de fretes do período, exceto aqueles tratados nos itens anteriores, que tiveram análise própria e apartada. Solicita, para que não hajam dúvidas quanto ao seu direito a realização de diligência fiscal e perícia contábil para que tal vinculação seja verificada. Para tanto, comprometese, inclusive, a trazer aos autos todas as informações e documentos correspondentes, o que apenas não faz agora, com esta defesa, e não fez durante o procedimento fiscal, em razão do seu extensíssimo volume – entre janeiro de 2008 e setembro de 2010 foram realizadas quase 800 mil operações de aquisição de mercadorias. De qualquer forma, afirma, por ocasião de suas respostas à fiscalização, demonstrou, para aproximadamente 20% das referidas operações (mais ou menos 140 mil), que quase 90% dos fretes pagos no aludido interregno se referiam à compra de insumos. Por fim, na eventualidade de não se permitir a juntada desses documentos, a recorrente propugna pela homologação proporcional desses créditos, sob pena de perpetuação de exigência fiscal claramente desproporcional e ilegítima. A contribuinte juntou aos autos mídia em CD, incluindo as informações que entendeu necessárias para o restabelecimento desses créditos, a qual foi convertida em documentos anexados aos autos. Examinando esses documentos, podese observar que se trata de planilha contendo dados dos CTRC objetos da fiscalização (código CTRC, CTRC, data de emissão, data fiscal, código, ID, razão social e CNPJ) e dados da nota fiscal vinculada (número, série, data de emissão, data fiscal, código e CNPJ). Não obstante, do exame dessa planilha não resta comprovada a vinculação pretendida pela recorrente. Para tanto, faziase necessário que fossem juntados, além da própria planilha, ao menos cópias dos documentos fiscais nela mencionados. Isso, entretanto, não se fez. Fl. 3615DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 32 Em adição, podese observar que a aludida planilha apresenta mais de 50.000 linhas com dados para verificação, enquanto que a interessada, ao trazêla aos autos, limitouse a requerer fosse verificada a vinculação dos fretes autuados no item 3.7 com a compra de insumos. Ocorre que o ônus de prova do direito ao creditamento é da contribuinte, como adiante se melhor verá, a quem competia, no mínimo, apontar ou indicar as linhas das operações que entende serem passíveis de dedução e não simplesmente pretender transferir esse ônus, que é seu, para o fisco. Ressaltese que, para fins de creditamento, a legislação exige que o crédito seja líquido e certo. Não obstante, também não restou comprovada a alegação de que para aproximadamente 20% das referidas operações, quase 90% dos fretes pagos no aludido interregno se referiam à compra de insumos. Por conseguinte, cumpre manter as glosas quanto a este item. (grifos nossos) No voto que direcionou a diligência à unidade de origem, ressaltamos, com a devida vênia, que a DRJ não caminhou bem ao apreciar a questão. Na ocasião, assim nos manifestamos: A leitura que faço dos argumentos acima reproduzidos, proferidos pela instância a quo, é a de que esta não examinou adequadamente a documentação e os argumentos apresentados pelo sujeito passivo. Isso porque a planilha “[...] de mais de 50.000 linhas com dados para verificação [...]”, onde a interessada alega que “[...] para aproximadamente 20% das referidas operações, quase 90% dos fretes pagos no aludido interregno se referiam à compra de insumos [...]”, não foi efetivamente apreciada pela instância recorrida, como se vê dos trechos grifados no excerto reproduzido acima. Como a própria DRJ afirma, o documento acostado aos autos pela reclamante “trata de planilha contendo dados dos CTRC objetos da fiscalização (código CTRC, CTRC, data de emissão, data fiscal, código, ID, razão social e CNPJ) e dados da nota fiscal vinculada (número, série, data de emissão, data fiscal, código e CNPJ)”. Tais informações, entendo, podem sim subsidiar o necessário exame para verificar se existe ou não vínculo entre os fretes e as mercadorias transportadas. No mais, não me parece razoável exigir a apensação aos autos de cópia de mais de 800 mil documentos e, dada a não anexação deles, concluir que o sujeito passivo negligenciou com o ônus probatório. Foi com essa motivação que propusemos a conversão do julgamento em diligência "para que a unidade de origem, diante dos registros apresentados pelo sujeito passivo e os correspondentes documentos neles referenciados, apure os créditos do PIS e da COFINS nos casos em que os mesmos, realmente, correspondem a fretes pela aquisição de insumos, conforme metodologia que entender mais adequada para tanto". Em resposta à diligência supra a unidade de origem apresentou o Relatório Fiscal de fls. 3564/3569, de onde destacamos o seguinte trecho: Fl. 3616DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 33 [...] Vários dos CTRCs informados na planilha anexa à Manifestação de Inconformidade, cerca de 1/3, já haviam sido aceitos pela fiscalização, pois não constam dos demonstrativos “Notas Fiscais de Fretes não Associadas à Tabela de Vínculos” e “Notas Fiscais de Mercadorias não Encontradas na Escrituração Fiscal” e, portanto, seus créditos de PIS e COFINS não foram objeto de glosa. Tais documentos estão relacionados na planilha anexa denominada “CTRCs e Notas Fiscais Não Relacionados a Glosas Efetuadas na Ação Fiscal”. Dos CTRCs remanescentes da defesa do sujeito passivo, dois deles se referem a documentos cujas notas fiscais a eles associadas originariamente não tinham sido escrituradas (“Notas Fiscais de Mercadorias não Encontradas na Escrituração Fiscal” do item 3.7 do TVF). Informadas novas notas de entrada após o desfecho da ação fiscal, solicitamos ao contribuinte, via Termo de Intimação nº 001201500011, item 1, cientificado pessoalmente em 04/02/2015, que nos exibisse tanto estes dois Conhecimentos de Transporte Rodoviário de Cargas como as quatro Notas Fiscais a eles vinculadas, determinação esta cumprida parcialmente em 24/02/2015 e 16/03/2015: foi apresentado o CTRC nº 4510 e as notas fiscais nos 1720 e 1721, mas não o CTRC nº 514599 e as notas fiscais nos 55999 e 56000. Também por meio deste Termo de Intimação visamos comprovar a veracidade dos demais vínculos informados cujos créditos foram objeto de glosa (que corresponderiam parcialmente ao demonstrativo “Notas Fiscais de Fretes não Associadas à Tabela de Vínculos” do item 3.7 do TVF), solicitando assim, por amostragem, algumas Notas Fiscais e CTRCs, por meio do item 2 da mencionada intimação. Apesar de alguns CTRCs (nos 68797 e 886) e uma Nota Fiscal (nº 37183) não terem sido entregues, segundo o contribuinte, em virtude do “grande volume de documentos arquivados”, pôdese concluir, em consonância com este, que a documentação apresentada referenda a planilha por ele elaborada e anexada à Manifestação de Inconformidade, com exceção destes documentos não exibidos. Apesar de considerarmos comprovados os vínculos informados na defesa do sujeito passivo, algumas das notas fiscais relacionadas, salvo melhor juízo, não permitem a apropriação dos créditos relacionados a seus fretes. Tal ocorre porque se referem a aquisições de bens para uso ou consumo ou destinados ao imobilizado, nos CFOPs – Códigos Fiscais de Operação – nos 1551, 2551 e 2556. Neste sentido, aliás, foi a decisão em 1ª instância em relação ao item 3.5 do mencionado TVF, como demonstra a ementa a seguir: “REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. DESPESAS COM TRANSPORTES. As despesas efetuadas com fretes para transferência da matériaprima ou do produto acabado entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, com fretes de bens ou mercadorias não identificadas e com fretes de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado, não utilizadas diretamente na produção, ou ao uso e consumo da pessoa jurídica, não geram direito ao creditamento.” Fl. 3617DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 34 Na planilha anexa “Fretes de Bens Destinados a Imobilizado ou a Uso e Consumo” detalhamos todos estes registros e, abaixo, temos o resumo mensal destes créditos, cuja glosa, s.m.j, deverá ser mantida: Mês PIS COFINS fev/2008 0,92 4,24 jun/2008 3,94 18,13 ago/2008 1,30 6,00 set/2008 3,99 18,40 dez/2008 7,40 34,10 fev/2009 1,13 5,21 mar/2009 2,44 11,19 abr/2009 17,02 78,36 mai/2009 2,02 9,28 jun/2009 10,49 48,30 jul/2009 2,06 9,53 ago/2009 3,67 16,90 set/2009 12,88 59,36 out/2009 9,12 41,98 dez/2009 16,59 76,37 jan/2010 0,48 2,21 fev/2010 17,17 79,05 mar/2010 1,42 6,54 abr/2010 14,41 66,34 mai/2010 5,17 23,77 jun/2010 7,81 35,98 jul/2010 14,48 66,68 ago/2010 36,33 167,37 set/2010 8,98 41,42 Por outro lado, reunimos todas as glosas que o contribuinte logrou comprovar indevidas na planilha “Glosas Revertidas”, a seguir totalizadas mensalmente: Mês PIS COFINS jan/2008 286,53 1.319,78 fev/2008 381,23 1.755,95 mar/2008 3,92 18,06 abr/2008 605,72 2.790,07 mai/2008 804,26 3.704,48 jun/2008 148,17 682,45 jul/2008 2.010,67 9.261,50 ago/2008 3.674,28 16.924,00 Fl. 3618DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 35 set/2008 1.445,04 6.656,14 out/2008 4.608,03 21.224,31 nov/2008 374,20 1.723,23 dez/2008 7.588,03 34.950,81 jan/2009 668,90 3.081,03 fev/2009 7.495,94 34.525,92 mar/2009 1.386,62 6.387,71 abr/2009 2.007,42 9.245,72 mai/2009 738,41 3.401,16 jun/2009 6.265,02 28.855,01 jul/2009 3.300,66 15.202,28 ago/2009 840,01 3.869,59 set/2009 719,75 3.315,29 out/2009 965,56 4.447,56 nov/2009 1.303,04 6.001,82 dez/2009 2.257,21 10.397,23 jan/2010 1.974,52 9.094,68 fev/2010 2.248,05 10.354,84 mar/2010 490,59 2.259,87 abr/2010 3.197,74 14.728,89 mai/2010 1.315,44 6.059,04 jun/2010 791,94 3.648,05 jul/2010 1.508,77 6.949,40 ago/2010 2.920,90 13.452,87 set/2010 2.954,21 13.607,00 Cumpre lembrar que a planilha “Glosas Revertidas” obedece ao que foi evidenciado originalmente pela fiscalização no demonstrativo “Notas Fiscais de Fretes não Associadas à Tabela de Vínculos”, ou seja, contém apenas a identificação do CTRC e o valor do PIS e da COFINS glosados. Esta planilha também inclui o Conhecimento de Transporte Rodoviário nº 4510, do demonstrativo “Notas Fiscais de Mercadorias não Encontradas na Escrituração Fiscal”, cuja admissibilidade de créditos ficou evidenciada pela apresentação do documento e das notas fiscais a ele relacionadas. É importante notar que as planilhas citadas neste relatório incluem o 1º trimestre de 2010, período para o qual o contribuinte, à época da fiscalização, não havia ainda apresentado Pedidos de Ressarcimento, portanto, sem que houvesse possibilidade de ocorrerem glosas efetuadas pela fiscalização. Porém, como nas planilhas mencionadas no Termo de Verificação Fiscal, assim como no demonstrativo anexo à Manifestação de Inconformidade há referências a documentos deste período, optamos por relacionálos também neste trabalho, apesar desta informação não gerar qualquer efeito sobre os direitos pleiteados pelo contribuinte. ***** Fl. 3619DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 36 Em face do acima exposto, e à luz das informações trazidas pelo sujeito passivo durante a fiscalização e por ocasião da sua Manifestação de Inconformidade, concluímos a diligência solicitada pela 2ª Turma Especial, da Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, no sentido de considerar como créditos de PIS/COFINS correspondentes a fretes pela aquisição de insumos os apurados na escrita do sujeito passivo, diminuídos das glosas do TVF, acrescidos, no entanto, dos valores discriminados na última tabela deste Relatório Fiscal. [...] Intimada do teor do relatório fiscal acima reportado, o qual é padrão para todos os processos da interessada que ora apresentamos para julgamento, a recorrente, mediante expediente de fls. 3574/3576, ressalta que as glosas revertidas, em comparação com as glosas originais, totaliza valor inexpressivo, e que, dado o grande volume de dados a analisar, tem necessidade que seja estendido em mais 30 dias o prazo para sua manifestação. Até a presente data, contudo, o sujeito passivo não apresentou nenhum argumento adicional frente ao resultado da diligência fiscal conduzida pelo Auditor Fiscal responsável pela diligência, e pela própria ação fiscal. Portanto, considerando o criterioso trabalho conduzido pela autoridade administrativa, retratado por último na fundamentação objeto do relatório fiscal acima transcrito parcialmente, e ainda, diante da não apresentação, pela recorrente, de razões objetivas capazes de abalar minimamente o resultado do trabalho da autoridade em tela, entendo que deverão ser mantidas as glosas inerentes a fretes pelo transporte de mercadorias não admitidas pelo regime da nãocumulatividade, ajustadas nos termos do aduzido relatório fiscal. Consequentemente, há que se dar provimento em parte aos argumentos apresentados pela reclamante, mas apenas no que concerne aos ajustes perpetrados pela autoridade fiscal, acima referenciados. Da reclassificação de créditos – item 4.2 do TVF O sujeito passivo também se insurge contra a reclassificação de créditos objeto do item 4.2 do Termo de Verificação Fiscal. Segundo a fiscalização, em virtude do artigo 16 da Lei nº 11.116/20058, os créditos de importação elencados no art. 15 da Lei nº 8 Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3º das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestrecalendário anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei. Lei nº 11.033, de 21/12/2004, Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Fl. 3620DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 37 10.865/2004 – além do saldo credor apurado na forma do artigo 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003 – são passíveis de ressarcimento ou compensação. Contudo, em relação aos créditos enquadrados no artigo 17 da mesma Lei nº 10.865/2004 – que remete às importações de produtos objeto do § 3º do artigo 8º da mesma Lei nº 10.865/20049 (dentre outros) – estes, “por falta de previsão legal”, não seriam passíveis de ressarcimento ou de compensação, apesar da possibilidade de desconto em relação aos débitos. Ressalta a autoridade administrativa que a recorrente importou diversas máquinas e veículos para revenda enquadradas nos códigos tarifários elencados no § 3º do artigo 8º da mesma Lei nº 10.865/2004, “cujos créditos de PIS e COFINS foram submetidos, indevidamente, ao rateio proporcional entre o mercado externo e o faturamento total”. Vejamos a questão analisando cronologicamente os preceitos inerentes ao regime da nãocumulatividade do PIS e da COFINS que tem relevância para a presente análise. Como já ressaltado linhas cima, o artigo 3o das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003 autoriza o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica. No âmbito dos preceitos legais em tela, esse direito de crédito alcança os “bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País” ou os “custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País” (§ 3º do artigo 3o das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003 – grifos nossos). Estabelece ainda o § 7º do mesmo artigo 3º das normas em evidência que, na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência não cumulativa do PIS e da COFINS em relação apenas a parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. Ainda no que concerne às leis que criaram o regime da nãocumulatividade das contribuições em tela, o artigo 5º da Lei nº 10.637/2002 e o artigo 6º da Lei nº 10.833/2003 dispõem, respectivamente, que o PIS/PASEP e a COFINS não incidem sobre as receitas decorrentes de: a) exportações de mercadorias; b) prestação de serviços no exterior cujo pagamento represente ingresso de divisas e; c) vendas a empresa comercial exportadora como fim específico de exportação. Em tais hipóteses – “unicamente” –, o crédito apurado na forma do artigo 3º das leis em comento poderá ser utilizado para a dedução da correspondente contribuição a recolher ou para compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal. Ainda restrito a esse horizonte, acaso aludido crédito não possa ser utilizado por nenhuma dessas formas até o final de cada trimestre do ano civil, poderá o sujeito passivo solicitar seu ressarcimento em espécie (vide §§ 1º e 2º do artigo 5º da Lei nº 10.637/2002 e §§ 1º e 2º do artigo 6º da Lei nº 10.833/2003. Posteriormente, foi editada a Lei nº 10.865, de 30/04/2004, que instituiu o PIS e a COFINS incidentes sobre as importações de bens e de serviços. A norma em tela também dispôs sobre o creditamento das referidas contribuições incidentes sobre as 9 Art. 8º As contribuições serão calculadas mediante aplicação, sobre a base de cálculo de que trata o art. 7º desta Lei, das alíquotas de: [omitido] § 3º Na importação de máquinas e veículos, classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 8432.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM, as alíquotas são de: I 2% (dois por cento), para o PIS/PASEPImportação; e II 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), para a COFINSImportação. Fl. 3621DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 38 importações, conforme o correspondente artigo 15, cujos trechos relevantes seguem abaixo transcritos: Art. 15. As pessoas jurídicas sujeitas à apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, nos termos dos arts. 2o e 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, poderão descontar crédito, para fins de determinação dessas contribuições, em relação às importações sujeitas ao pagamento das contribuições de que trata o art. 1o desta Lei, nas seguintes hipóteses: I bens adquiridos para revenda; II bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustível e lubrificantes; III energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica; IV aluguéis e contraprestações de arrendamento mercantil de prédios, máquinas e equipamentos, embarcações e aeronaves, utilizados na atividade da empresa; V máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços.(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º O direito ao crédito de que trata este artigo e o art. 17 desta Lei aplica se em relação às contribuições efetivamente pagas na importação de bens e serviços a partir da produção dos efeitos desta Lei. § 2º O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes. [...] § 5º Para os efeitos deste artigo, aplicamse, no que couber, as disposições dos §§ 7o e 9o do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. [...] § 8º As pessoas jurídicas importadoras, nas hipóteses de importação de que tratam os incisos a seguir, devem observar as disposições do art. 17 desta Lei: I – produtos dos §§ 1º a 3º e 5º a 7º do art. 8º desta Lei, quando destinados à revenda; [...] Por seu turno, o artigo 17 da mesma Lei nº 10.865/2004 estabelece que Art. 17. As pessoas jurídicas importadoras dos produtos referidos nos §§ 1º a 3º, 5º a 10, 17 e 19 do art. 8º desta Lei e no art. 58A da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, poderão descontar crédito, para fins de determinação da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, em relação à importação desses produtos, nas hipóteses: I dos §§ 1º a 3º, 5º a 7º e 10 do art. 8º desta Lei, quando destinados à revenda; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] Fl. 3622DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 39 (grifo nosso) Importa destacar que os produtos de que trata o § 3º do artigo 8º da Lei nº 10.865/2004 são “máquinas e veículos, classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 8432.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM”. Não há controvérsia quanto à subsunção das mercadorias importadas pelo sujeito passivo nesse dispositivo, já que ele próprio afirma isso quando denomina a planilha “Importação para Revenda de Máquinas e Veículos – Lei 10.865/2004, art. 8º, § 3º ” (grifouse) – vide item 4.2 do TVF. Historicamente, vêse que, até aqui, o regime da nãocumulatividade do PIS e da COFINS autorizava unicamente o desconto dos créditos calculados em conformidade com o regime, prevendo, contudo, a compensação ou o ressarcimento em espécie (se inexistir a possibilidade de dedução da contribuição a recolher ou compensação com outros tributos administrados pela RFB) exclusivamente no caso de as receitas serem decorrentes da exportação de mercadorias ou de serviços para o exterior. Sobreveio então a Lei nº 11.033, de 21/12/2004, cujo artigo 17 permitia a manutenção, pelo vendedor, dos créditos decorrentes das “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS”. Pouco tempo depois foi publicada a Lei nº 11.116, de 18/05/2005, cujo artigo 16 estabelece os seguinte: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestrecalendário anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei. Vêse, pois, que a possibilidade de compensação ou de ressarcimento em espécie do saldo credor do PIS e da COFINS, antes restrita ao acúmulo de créditos decorrente da exportação de mercadorias ou de serviços para o exterior (sobre as quais não incidem as contribuições em tela), passou a alcançar todos os créditos apurados na forma do artigo 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como os créditos decorrentes da incidência das contribuições em tela sobre as importações – no caso de pessoas jurídicas sujeitas ao regime da nãocumulatividade – nas hipóteses albergadas pelo artigo 15 da Lei nº 10.865/2004. Ora, dentre essas hipóteses consta o creditamento em função da aquisição de bens para revenda (inciso I do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004), razão pela qual entendemos Fl. 3623DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 40 que a possibilidade de utilização dos créditos para fins de compensação ou de ressarcimento ampara as compras, pelo sujeito passivo, das máquinas e dos veículos destinadas à revenda. Quando o § 8º do artigo 15 diz que “as pessoas jurídicas importadoras, nas hipóteses de importação de que tratam os incisos a seguir, devem observar as disposições do art. 17 desta Lei” em relação, dentre outros, aos produtos do § 3º do artigo 8º (“máquinas e veículos, classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 8432.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM”), penso que tal assertiva é restrita à forma de apuração do direito creditório. Com efeito, estabelece o § 3º do artigo 15 da lei nº 10.865/2004 que O crédito de que trata o caput deste artigo será apurado mediante a aplicação das alíquotas previstas no caput do art. 2o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, sobre o valor que serviu de base de cálculo das contribuições, na forma do art. 7º desta Lei, acrescido do valor do IPI vinculado à importação, quando integrante do custo de aquisição. Portanto, a regra geral de apuração do crédito é a aplicação das alíquotas de 1,65% para o PIS e de 7,6% para a COFINS (artigo 2º das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente). Contudo, na realidade presente, inerente à importação das máquinas e veículos cujos códigos estão elencados no § 3º do artigo 8º da Lei nº 10.865/2004, ao qual faz referência o inciso I do artigo 17 da mesma lei, os créditos serão apurados “mediante a aplicação das alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre a receita decorrente da venda, no mercado interno, dos respectivos produtos, na forma da legislação específica, sobre o valor de que trata o § 3º do art. 15 desta Lei”, ou seja, “sobre o valor que serviu de base de cálculo das contribuições, na forma do art. 7º desta Lei [10.865/2004], acrescido do valor do IPI vinculado à importação, quando integrante do custo de aquisição”. De fato, o artigo 17 da Lei nº 10.865/2004 trata especificamente da possibilidade de desconto de créditos nas hipóteses que elenca, e nada diz a respeito de eventual restrição à utilização do direito creditório calculado segundo as formas prescritas. Reproduzo, abaixo, o teor do disposto no referido preceito no que importa para a solução do presente litígio: Art. 17. As pessoas jurídicas importadoras dos produtos referidos nos §§ 1º a 3º, 5º a 10, 17 e 19 do art. 8º desta Lei e no art. 58A da Lei no10.833, de 29 de dezembro de 2003, poderão descontar crédito, para fins de determinação da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, em relação à importação desses produtos, nas hipóteses: I dos §§ 1º a 3º, 5º a 7º e 10 do art. 8º desta Lei, quando destinados à revenda; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 2º Os créditos de que trata este artigo serão apurados mediante a aplicação das alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre a receita decorrente da venda, no mercado interno, dos respectivos produtos, na forma da legislação específica, sobre o valor de que trata o § 3º do art. 15 desta Lei. Fl. 3624DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 41 [...] Por fim, vale destacar que quase todos os demais parágrafos do artigo 17 tratam, exclusivamente, de formas de apuração de crédito nas hipóteses abrangidas pelos mesmos (regime monofásico). A única exceção é o § 8º do preceito em tela, o qual, quando diz que “o disposto neste artigo alcança somente as pessoas jurídicas de que trata o art. 15 desta Lei”, corrobora o presente entendimento concernente ao qual o artigo 17 particulariza a apuração do crédito (e unicamente isso) quando aludida apuração foge à regra geral objeto do artigo 15. Em conclusão, e no que concerne ao presente tópico, entendo como indevida a reclassificação como “não ressarcível” operada pela fiscalização, uma vez que, conforme demonstrado, os créditos em tela poderão, sim, ser utilizados para fins de compensação ou de ressarcimento. Nessa parte, portanto, também dou provimento ao recurso do sujeito passivo. Do reposicionamento dos créditos – item 4.3 do TVF Segundo relatado, foram reposicionadas parcelas dos créditos de importação aproveitados em PER/Dcomp ao argumento de que estes, por se originarem do mercado externo, somente poderiam ser utilizados no final do respectivo trimestrecalendário. De fato, conforme o Termo de Verificação Fiscal, o ajuste foi feito em vista da compensação, antes de findo o trimestre, de créditos do PIS/COFINS importação vinculados a receitas de exportação. Referido ajuste foi baseado no artigo 42 da IN RFB nº 900/2008, cujo § 7º autorizava a compensação de créditos decorrentes de custos, despesas e encargos incorridos no mercado interno vinculados a receitas de exportação, mesmo antes de findo o trimestre do ano calendário a que se refere o crédito. Em pesquisa à mais atual instrução normativa que trata do assunto observei que tal regramento permanece em vigor. Com efeito, o artigo 49, § 6º, da IN RFB nº 1.300, de 20/11/2012, dispõe que a compensação dos créditos, dentre outras hipóteses, decorrentes de custos, despesas e encargos vinculados às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência, “poderá ser efetuada somente depois do encerramento do trimestre calendário”. Tal regramento, de fato, está amparado no caput do artigo 16 da Lei nº 11.116/2005, segundo o qual poderá ser objeto de compensação ou de ressarcimento o saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3º das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004. (grifo nosso) Vale lembrar que o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 trata, justamente, da manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS”. Fl. 3625DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 42 Portanto, não há embasamento legal que autorize o sujeito passivo a utilizar os créditos do PIS/COFINS importação antes de findo o trimestre correspondente. Quanto ao pedido para “decotar os juros e multa calculados, de modo a que refiram, tãosomente, ao atraso de um ou dois meses (i.e, aquele decorrente da espera até o fim do trimestre”, acaso a incidência dos encargos tenha extrapolado o correspondente trimestre (tal não ficou claro no TVF), entendo que, de fato, deverão ser efetuados os ajustes necessários a considerar a incidência de juros e multa de mora do débito apenas até o término de cada trimestre data a partir da qual o contribuinte passou a ter direito ao crédito. Dessa forma, serão corrigidos até a data da compensação unicamente os débitos em aberto posteriormente aos ajustes em tela. Nesse tópico, portanto, dou provimento parcial ao pedido da recorrente, nos termos do parágrafo anterior. Dos erros de cálculo No que concerne aos erros de cálculo o sujeito passivo alega que a DRJ recorrida, “sem muitas justificativas, também negou a realização de diligência para tal verificação”. Todavia, ressaltou que, “quanto a dois dos quatro períodos apontados como exemplos na explanação (abr/2010 e jul a set/2010) os erros de cálculo já foram reconhecidos e o direito creditório da Recorrente declarados (Acórdãos ns. 0246.070 e 0246.072)”. De fato, dentre todos os processos da empresa sob nossa responsabilidade que ora trazemos à pauta, observamos que a primeira instância já reconheceu crédito remanescente em relação aos seguintes processos da recorrente nos respectivos montantes a seguir discriminados: 13603.724502/201143 (R$ 7.743,90), 13603.724508/201111 (R$ 132.933,34), 13603.724529/201136 (R$ 339.948,59), 13603.724627/201173 (R$ 1.114,90) e 13603.724631/201131 (R$ 596.928,10). Agora, nada mais há que se apreciar em relação ao assunto, uma vez que a reclamante não contesta o resultado das correções perpetradas pela DRJ, tendose limitado unicamente a reiterar a necessidade de “[...] diligência para a verificação da correção do cálculo dos créditos a que tem direito [...]”, pleito com respeito ao qual negamos provimento pelo fato de o mesmo não estar revestido de verossimilhança que revele sua necessidade. Portanto, nessa parte, entendo que deverá ser negado provimento ao recurso. Da conclusão Por todo o exposto, voto para dar parcial provimento ao recurso, no seguinte sentido: I) negar o direito ao creditamento do PIS e da COFINS pela aquisição de bens destinados ao ativo imobilizado (item 3.1 do TVF); II) reconhecer em parte o direito a creditamento para que sejam admitidos os créditos calculados pelo sujeito passivo em relação aos serviços pagos à GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. (item 3.2 do TVF); Fl. 3626DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724500/201154 Acórdão n.º 3301002.796 S3C3T1 Fl. 0 43 III) manter o entendimento da fiscalização pela impossibilidade de creditamento em face de fretes decorrentes da transferência de produto acabado entre estabelecimentos da interessada (item 3.4 do TVF), ou ainda, pelos fretes do transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo (item 3.5 do TVF); IV) quanto à glosa dos créditos calculados sobre fretes pela “falta de identificação das mercadorias transportadas” (item 3.7 do TVF), dar parcial provimento ao recurso, nos termos dos cálculos apresentados pela autoridade fiscal no relatório de diligência de fls. 3564/3569; V) concernente à reclassificação de créditos (item 4.2 do TVF), desconsiderar os ajustes nos cálculos procedidos pela fiscalização, uma vez caracterizada a possibilidade de utilização dos créditos, para fins de compensação ou de ressarcimento, em vista das compras das máquinas e dos veículos destinadas à revenda; VI) quanto ao reposicionamento dos créditos (item 4.3 do TVF), dar parcial provimento ao recurso para permitir o ajuste necessário de forma a considerar a incidência de juros e de multa de mora sobre os débitos apenas até o término de cada trimestre data a partir da qual a contribuinte passou a ter direito ao crédito; VII) negar provimento quanto à retificação dos erros de cálculo. Sala de Sessões, em 29 de janeiro de 2016. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator Fl. 3627DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS
score : 1.0
Numero do processo: 13826.000422/99-18
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 09 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/06/1989 a 30/09/1995
Ementa: PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. TESE DOS “CINCO MAIS CINCO”. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ.
Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos “cinco mais cinco” (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, PrimeiraSeção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009).
Numero da decisão: 9900-000.845
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado
Nome do relator: Gilson Macedo Rosemburg Filho - Redator designado
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ementa_s : Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/06/1989 a 30/09/1995 Ementa: PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. TESE DOS “CINCO MAIS CINCO”. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos “cinco mais cinco” (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, PrimeiraSeção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009).
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conteudo_txt : Metadados => date: 2015-12-01T20:09:01Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2015-12-01T20:09:01Z; Last-Modified: 2015-12-01T20:09:01Z; dcterms:modified: 2015-12-01T20:09:01Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2015-12-01T20:09:01Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2015-12-01T20:09:01Z; meta:save-date: 2015-12-01T20:09:01Z; pdf:encrypted: true; modified: 2015-12-01T20:09:01Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2015-12-01T20:09:01Z; created: 2015-12-01T20:09:01Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; Creation-Date: 2015-12-01T20:09:01Z; pdf:charsPerPage: 2221; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2015-12-01T20:09:01Z | Conteúdo => CSRF-PL Fl. 1 1 CSRF-PL MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13826.000422/99-18 Recurso nº Extraordinário Acórdão nº 9900-000.845 – Pleno Sessão de 09 de dezembro de 2013 Matéria PIS Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida LÁZARO APARECIDO Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/06/1989 a 30/09/1995 Ementa: PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. TESE DOS “CINCO MAIS CINCO”. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos “cinco mais cinco” (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, PrimeiraSeção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Gilson Macedo Rosenburg Filho - Redator designado. Fl. 440DF CARF MF Impresso em 03/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 2 Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente EDITADO EM: 01/12/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann, Marcos Aurélio Pereira Valadão, José Ricardo da Silva, Francisco Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Junior, Valmar Fonseca de Menezes, Valmir Sandri, Jorge Celso Freire da Silva, Karem Jureidini Dias, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Elias Sampaio Freire, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Joel Miyasaki, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Júlio César Alves Ramos e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva. Relatório Cuida-se de recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional (fls. 409 a 420) contra o v. acórdão proferido pela Colenda Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 398 a 197) que, por maioria de votos, negou provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, mantendo o v. acórdão proferido pela Colenda Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes que já havia reconhecido a prescrição de parte do período objeto de restituição e, no período não prescrito, acolhido a pretensão do contribuinte no mérito. A presente hipótese trata de pedido de restituição, formulado em 12/08/1999, de parcelas pagas a título de contribuição para o PIS de junho de 1989 a outubro de 1995 (fls. 03 a 78). Referida solicitação foi indeferida, inicialmente, através do r. Despacho Decisório de fls. 280 a 292, tendo sido apontado como razão de decidir o transcurso do prazo previsto no artigo 168, inciso I, do CTN. A ementa do v. acórdão recorrido, impugnado através do presente recurso extraordinário, é a seguinte: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/1989 a 30/09/1995 PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. PRAZO. Tratando-se de pedido de restituição/compensação da Contribuição para o Programa de Integração Social PIS exigido com base nos Decretos n°s 2.445/88 e 2.449/88, declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do RE n° 148.754/RJ, o terno a quo do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para o pleito da contribuinte é a data da publicação da Resolução do Senado Federal n° 49, 10/10/1995, que atribuiu efeito erga omnes à decisão da Suprema Corte, suspendendo a execução daqueles diplomas legais. Fl. 441DF CARF MF Impresso em 03/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 13826.000422/99-18 Acórdão n.º 9900-000.845 CSRF-PL Fl. 2 3 Recurso especial negado Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs o já mencionado recurso extraordinário, apontando, em síntese, que o direito de pleitear a restituição de tributo indevido, pago espontaneamente, prescreve com o recurso do prazo de cinco anos contados da data de extinção do crédito tributário, sendo irrelevante que o indébito tenha por fundamento a inconstitucionalidade ou simples erro. Para tanto, apresentou como paradigma v. acórdão proferido pela Colenda Quarta Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, da relatoria da Ilustre Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. O recurso foi admitido através do r. despacho de fls. 432 a 433. Conforme noticiado às fls. 438, não foram apresentadas contrarrazões. É o relatório Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator designado Preliminarmente, ressalto que o conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda relator original não é mais conselheiro do CARF, porém deixou a minuta de voto, apenas não pode assiná-lo. Diante desse quadro, fui designado como redator ad hoc. Reproduzo as razões de decidir do relator original, verbis: Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. No tocante ao prazo para restituição de indébito, é de se destacar, inicialmente, que o Egrégio Superior Tribunal de Justiça já se posicionou quanto à matéria na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, ou seja, através da análise dos chamados “recursos repetitivos”. O precedente proferido tem a seguinte ementa: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO CONDUÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 4º, DA LC 118/2005. DETERMINAÇÃO DE APLICAÇÃO RETROATIVA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. Fl. 442DF CARF MF Impresso em 03/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 4 CONTROLE DIFUSO. CORTE ESPECIAL. RESERVA DE PLENÁRIO. 1. O princípio da irretroatividade impõe a aplicação da LC 118, de 9 de fevereiro de 2005, aos pagamentos indevidos realizados após a sua vigência e não às ações propostas posteriormente ao referido diploma legal, posto norma referente à extinção da obrigação e não ao aspecto processual da ação correspectiva. 2. O advento da LC 118/05 e suas conseqüências sobre a prescrição, do ponto de vista prático, implica dever a mesma ser contada da seguinte forma: relativamente aos pagamentos efetuados a partir da sua vigência (que ocorreu em 09.06.05), o prazo para a repetição do indébito é de cinco a contar da data do pagamento; e relativamente aos pagamentos anteriores, a prescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior, limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova. 3. Isto porque a Corte Especial declarou a inconstitucionalidade da expressão "observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional", constante do artigo 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 (AI nos ERESP 644736/PE, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 06.06.2007). 4. Deveras, a norma inserta no artigo 3º, da lei complementar em tela, indubitavelmente, cria direito novo, não configurando lei meramente interpretativa, cuja retroação é permitida, consoante apregoa doutrina abalizada: "Denominam-se leis interpretativas as que têm por objeto determinar, em caso de dúvida, o sentido das leis existentes, sem introduzir disposições novas. {nota: A questão da caracterização da lei interpretativa tem sido objeto de não pequenas divergências, na doutrina. Há a corrente que exige uma declaração expressa do próprio legislador (ou do órgão de que emana a norma interpretativa), afirmando ter a lei (ou a norma jurídica, que não se apresente como lei) caráter interpretativo. Tal é o entendimento da AFFOLTER (Das intertemporale Recht, vol. 22, System des deutschen bürgerlichen Uebergangsrechts, 1903, pág. 185), julgando necessária uma Auslegungsklausel, ao qual GABBA, que cita, nesse sentido, decisão de tribunal de Parma, (...) Compreensão também de VESCOVI (Intorno alla misura dello stipendio dovuto alle maestre insegnanti nelle scuole elementari maschili, in Giurisprudenza italiana, 1904, I, I, cols. 1191, 1204) e a que adere DUGUIT, para quem nunca se deve presumir ter a lei caráter interpretativo " os tribunais não podem reconhecer esse caráter a uma disposição legal, senão nos casos em que o legislador lho atribua expressamente" (Traité de droit constitutionnel, 3a ed., vol. 2o, 1928, pág. 280). Com o mesmo ponto de vista, o jurista pátrio PAULO DE LACERDA concede, entretanto, que seria exagero exigir que a declaração seja inserida no corpo da própria lei não vendo motivo para desprezá-la se lançada no preâmbulo, ou feita noutra lei. Encarada a questão, do ponto de vista da lei interpretativa por determinação legal, outra indagação, que se apresenta, é saber se, manifestada a explícita declaração do legislador, dando Fl. 443DF CARF MF Impresso em 03/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 13826.000422/99-18 Acórdão n.º 9900-000.845 CSRF-PL Fl. 3 5 caráter interpretativo, à lei, esta se deve reputar, por isso, interpretativa, sem possibilidade de análise, por ver se reúne requisitos intrínsecos, autorizando uma tal consideração. (...)... SAVIGNY coloca a questão nos seus precisos termos, ensinando: "trata-se unicamente de saber se o legislador fez, ou quis fazer uma lei interpretativa, e, não, se na opinião do juiz essa interpretação está conforme com a verdade" (System des heutigen romischen Rechts, vol. 8o, 1849, pág. 513). Mas, não é possível dar coerência a coisas, que são de si incoerentes, não se consegue conciliar o que é inconciliável. E, desde que a chamada interpretação autêntica é realmente incompatível com o conceito, com os requisitos da verdadeira interpretação (v., supra, a nota 55 ao n° 67), não admira que se procurem torcer as conseqüências inevitáveis, fatais de tese forçada, evitando-se- lhes os perigos. Compreende-se, pois, que muitos autores não aceitem o rigor dos efeitos da imprópria interpretação. Há quem, como GABBA (Teoria delta retroattività delle leggi, 3a ed., vol. 1o, 1891, pág. 29), que invoca MAILHER DE CHASSAT (Traité de la rétroactivité des lois, vol. 1o, 1845, págs. 131 e 154), sendo seguido por LANDUCCI (Trattato storico-teorico- pratico di diritto civile francese ed italiano, versione ampliata del Corso di diritto civile francese, secondo il metodo dello Zachariæ, di Aubry e Rau, vol. 1o e único, 1900, pág. 675) e DEGNI (L'interpretazione della legge, 2a ed., 1909, pág. 101), entenda que é de distinguir quando uma lei é declarada interpretativa, mas encerra, ao lado de artigos que apenas esclarecem, outros introduzido novidade, ou modificando dispositivos da lei interpretada. PAULO DE LACERDA (loc. cit.) reconhece ao juiz competência para verificar se a lei é, na verdade, interpretativa, mas somente quando ela própria afirme que o é. LANDUCCI (nota 7 à pág. 674 do vol. cit.) é de prudência manifesta: "Se o legislador declarou interpretativa uma lei, deve-se, certo, negar tal caráter somente em casos extremos, quando seja absurdo ligá-la com a lei interpretada, quando nem mesmo se possa considerar a mais errada interpretação imaginável. A lei interpretativa, pois, permanece tal, ainda que errônea, mas, se de modo insuperável, que suplante a mais aguda conciliação, contrastar com a lei interpretada, desmente a própria declaração legislativa." Ademais, a doutrina do tema é pacífica no sentido de que: "Pouco importa que o legislador, para cobrir o atentado ao direito, que comete, dê à sua lei o caráter interpretativo. É um ato de hipocrisia, que não pode cobrir uma violação flagrante do direito" (Traité de droit constitutionnel, 3ª ed., vol. 2º, 1928, págs. 274275)." (Eduardo Espínola e Eduardo Espínola Filho, in A Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro, Vol. I, 3a ed., págs. 294 a 296). 5. Consectariamente, em se tratando de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a cognominada tese dos cinco mais cinco, desde que, na data da Fl. 444DF CARF MF Impresso em 03/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 6 vigência da novel lei complementar, sobejem, no máximo, cinco anos da contagem do lapso temporal (regra que se coaduna com o disposto no artigo 2.028, do Código Civil de 2002, segundo o qual: "Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada."). 6. Desta sorte, ocorrido o pagamento antecipado do tributo após a vigência da aludida norma jurídica, o dies a quo do prazo prescricional para a repetição/compensação é a data do recolhimento indevido. 7. In casu, insurge-se o recorrente contra a prescrição qüinqüenal determinada pelo Tribunal a quo, pleiteando a reforma da decisão para que seja determinada a prescrição decenal, sendo certo que não houve menção, nas instância ordinárias, acerca da data em que se efetivaram os recolhimentos indevidos, mercê de a propositura da ação ter ocorrido em 27.11.2002, razão pela qual forçoso concluir que os recolhimentos indevidos ocorreram antes do advento da LC 118/2005, por isso que a tese aplicável é a que considera os 5 anos de decadência da homologação para a constituição do crédito tributário acrescidos de mais 5 anos referentes à prescrição da ação. 8. Impende salientar que, conquanto as instâncias ordinárias não tenham mencionado expressamente as datas em que ocorreram os pagamentos indevidos, é certo que os mesmos foram efetuados sob a égide da LC 70/91, uma vez que a Lei 9.430/96, vigente a partir de 31/03/1997, revogou a isenção concedida pelo art. 6º, II, da referida lei complementar às sociedades civis de prestação de serviços, tornando legítimo o pagamento da COFINS. 9. Recurso especial provido, nos termos da fundamentação expendida. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009) Com isso, restou consolidado no âmbito do Egrégio Superior Tribunal de Justiça a chamada tese dos “cinco mais cinco”. O Regimento Interno do CARF, por sua vez, na redação dada recentemente pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010, tem os seguintes comandos nos seus artigos 62 e 62-A: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 445DF CARF MF Impresso em 03/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 13826.000422/99-18 Acórdão n.º 9900-000.845 CSRF-PL Fl. 4 7 I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador-Geral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da Advocacia-Geral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do Advogado-Geral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Art. 62-A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543-B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Verifica-se, assim, que a referida decisão do Egrégio Superior Tribunal de Justiça deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Conforme relatado acima, a presente hipótese trata de pedido de restituição, formulado em 12/08/1999, de parcelas pagas a título de contribuição para o PIS de junho de 1989 a outubro de 1995 (fls. 03 a 78). Aplicando-se a tese dos “cinco mais cinco”, depreende-se que o termo final para a formulação do pedido de restituição seria em janeiro de 1998 e janeiro de 2002, respectivamente. Como o pedido de restituição ora em apreço foi apresentado em 12/08/1999, considerando a tese dos “cinco mais cinco”, e tendo em vista especificamente as parcelas referentes a junho de 1989 a outubro de 1995, ele afigura-se parcialmente tempestivo. Ocorre, no entanto, que tal prescrição parcial já foi reconhecida no v. acórdão proferido pela Colenda Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, tendo sido mantida pelo v. acórdão recorrido. Este julgado, assim, não merece reforma. Por conseguinte, em face de todo o exposto, e com arrimo no artigo 62-A do RICARF, voto no sentido de NEGAR Fl. 446DF CARF MF Impresso em 03/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 8 PROVIMENTO ao recurso extraordinário da Fazenda Nacional, sem retorno para os órgãos a quo porquanto já foi proferida decisão quanto à matéria de mérito. Foram esses os fundamentos jurídicos e legais utilizados pelo relator original para negar provimento ao recurso extraordinário. Gilson Macedo Rosenburg Filho - Redator designado Fl. 447DF CARF MF Impresso em 03/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/12/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relatório Voto
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