Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,789)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,075)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,669)
- Primeira Turma Ordinária (15,222)
- Segunda Turma Ordinária d (15,150)
- Primeira Turma Ordinária (15,138)
- Primeira Turma Ordinária (14,941)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,600)
- Primeira Turma Ordinária (11,657)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,140)
- Terceira Câmara (63,037)
- Segunda Câmara (50,365)
- Primeira Câmara (16,033)
- 3ª SEÇÃO (15,669)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,564)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,567)
- Segunda Seção de Julgamen (107,512)
- Primeira Seção de Julgame (70,657)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,496)
- Câmara Superior de Recurs (36,965)
- Terceiro Conselho de Cont (25,918)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,028)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,810)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,839)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,952)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,441)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,256)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,149)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,774)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,430)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,075)
- 2021 (35,779)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,826)
- 2012 (23,619)
- 2023 (22,449)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,846)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 10830.015361/2009-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Ano-calendário: 2005
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa.
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova
da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos
patrimoniais.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00. LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00
No caso de pessoa física, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§3°, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n°
9.481, de 1997).
JUROS TAXA SELIC
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC
para títulos federais. (Súmula CARF nº 4).
ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
Numero da decisão: 2202-001.908
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo da exigência o valor de R$ 71.135,58, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral, o seu representante legal, Dr. Gustavo Froner Minatel, inscrito na OAB/SP sob o nº 210.198.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201207
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Ano-calendário: 2005 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00. LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00 No caso de pessoa física, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§3°, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n° 9.481, de 1997). JUROS TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 10830.015361/2009-88
conteudo_id_s : 5232048
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 03 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2202-001.908
nome_arquivo_s : Decisao_10830015361200988.pdf
nome_relator_s : ANTONIO LOPO MARTINEZ
nome_arquivo_pdf_s : 10830015361200988_5232048.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo da exigência o valor de R$ 71.135,58, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral, o seu representante legal, Dr. Gustavo Froner Minatel, inscrito na OAB/SP sob o nº 210.198.
dt_sessao_tdt : Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2012
id : 4588459
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:01:22 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577261137920
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2287; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.015361/200988 Recurso nº 940.062 Voluntário Acórdão nº 220201.908 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 11 de julho de 2012 Matéria IRPF Recorrente OSMAR VILELA JUNIOR Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ÔNUS DA PROVA. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00. LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00 No caso de pessoa física, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§3°, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n° 9.481, de 1997). JUROS TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo da exigência o valor de R$ 71.135,58, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral, o seu representante legal, Dr. Gustavo Froner Minatel, inscrito na OAB/SP sob o nº 210.198. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Julianna Bandeira Toscano, Rafael Pandolfo e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Pedro Anan Junior, Odmir Fernandes e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 170DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 2 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, OSMAR VILELA JUNIOR, foi lavrado o Auto de Infração de fls. 83/90, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – Omissão de Rendimentos caracterizada por Depósitos Bancários com Origem Não Comprovada, Exercício 2006, correspondente ao AnoCalendário 2005, por intermédio do qual lhe é exigido crédito tributário no montante de R$ 1.057.987,78, dos quais R$ 491.561,49 correspondem a imposto, R$ 368.671,11 a multa proporcional, e R$ 197.755,18 a juros de mora, calculados até 30/10/2009. A infração apurada, que resultou na constituição do crédito tributário referido, encontrase relatada no Termo de Verificação de Infração Fiscal e Demonstrativo, às fls. 74/82 e nos dá conta de omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimentos, mantidas em Instituições Financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações. O enquadramento legal está previsto na seguinte legislação: art. 42, da Lei nº 9.430/96, art. 1º da Lei nº 11.119/2005 e art. 849, do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99. Os valores que efetivamente ingressaram na conta corrente do contribuinte, a título de depósitos e/ou créditos, mantidos em instituições financeiras, que não se fez prova da origem dos recursos, encontramse especificados no Demonstrativo do Termo de Verificação de Infração Fiscal e decorrem de procedimento fiscal, amparado pelo Mandado de Procedimento Fiscal – MPF nº 08104002009007866, em face das divergências havidas entre os valores de receita informados na Declaração de Imposto de Renda pessoa Física – DIRPF do anocalendário de 2005 e a sua movimentação financeira informada pelas instituições financeiras à Receita Federal do Brasil, nos termos do art. 11, § 2º, da Lei nº 9.311/1996. Intimado a apresentar os extratos bancários relativos às movimentações financeiras realizadas no anocalendário em questão, no Banco Citibank S/A e no Banco Itaú S/A e justificar a origem dos recursos ingressos através do Termo de Início de Ação Fiscal, às fls. 03/04, o contribuinte apresentou os extratos bancários de fls.07/22, insurgindose pelo sigilo bancário, invasão de privacidade e que não estava de acordo com a entrega dos extratos bancários. A partir dos extratos bancários em cópia e posteriormente originais, elaborou se planilha relacionando todas as operações de depósitos/créditos efetuados em favor do contribuinte. A fiscalização intimou novamente o contribuinte para comprovação das origens dos recursos, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, coincidentes em datas e valores. Concedidas várias prorrogações de prazo, o contribuinte argumenta incorreções relativas a algumas solicitações fiscais, as quais foram consideradas procedentes, conforme item 14 do Termo de Verificação Fiscal, às fls. 79. Por não apresentação de documentos que comprovassem as origens dos valores depositados/creditados em contas bancárias de titularidade do contribuinte, a fiscalização elaborou planilhas demonstrando os valores mensalmente, consolidando os por Fl. 171DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 instituição financeira e por totalização, às fls. 74/77, constituindo o crédito tributário em apreço. O Contribuinte foi cientificado do Auto de Infração em 17/11/2009, às fls. 91, tendo ingressado com a impugnação de fls. 93/112, alegando, em síntese: 1) Prestou todas as informações solicitadas pelo agente fiscal, cópia dos extratos bancários e justificativas acerca da origem dos valores movimentados em sua contacorrente; 2) Os fundamentos da exigência fiscal não traduzem a correta interpretação e aplicação da legislação pertinente e deve ser cancelada; 3) Citando o item 18 do Termo de Verificação Fiscal que acompanha o lançamento, requer nulidade por cerceamento ao direito de defesa por ausência de demonstrativo discriminando individualizadamente os supostos depósitos de origem não comprovada, não juntado ao demonstrativo e não sendo possível identificar quais depósitos compuseram a base de cálculo. Cita decisão administrativa; 4) Imprestável o lançamento por considerar apenas um único fato gerador ao final do anocalendário, equivocando se quanto ao momento exato da ocorrência do fato gerador do crédito tributário, o qual deve conter 12 obrigações tributárias para cada ano fiscalizado, com 12 vencimentos diferentes. Nem se alegue que isso seria mais gravoso ao contribuinte; 5) Falta de exclusão de valores que representam apenas registros escriturais efetuados pela instituição financeira os quais não representam depósitos/créditos na conta do impugnante; 6) Esclarece que a conta mantida no Banco Itaú além de ser conta–corrente era conta de investimentos, sendo que na mesma data em que aparecem valores debitados na conta investimento, aparecem os créditos na contacorrente, bem como há valores lançados a crédito cujo histórico é elucidativo demonstrando resgates da conta investimentos que jamais poderiam compor a base da tributação; 7) A fiscalização não se pautou pelo princípio da razoabilidade vez que ora considerou a declaração como parâmetro válido e ora considerou imprestável para efeito de justificativa de valores; 8) Os valores dos rendimentos declarados não foram considerados para fins de redução da apuração de eventual base de cálculo da exigência, esperando sua exclusão; 9) Os depósitos bancários não sustentam a presunção legal de omissão de rendimento por não haver correlação lógica direta e segura entre o montante de depósitos e a omissão de rendimentos, não estar calcada em experiência anterior e ainda transferindo oencargo probatório para o contribuinte que não está obrigado a manter registro individualizado de suas operações ou guardar comprovantes de seus depósitos. Cita a Súmula nº 182 do TRF; 10) Inadequação da presunção estabelecida pelo art. 42 da Lei nº 9.430/96, a prova da movimentação bancária não materializa o fato gerador do imposto de renda, pois juridicamente o Fl. 172DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 3 5 depósito bancário não corresponde a acréscimo patrimonial e não traz informações indispensáveis para caracterização de sinais exteriores de riqueza. Cita doutrina; 11) A movimentação financeira não representa ingresso de novas receitas e a tributação de seus valores fere o conceito de renda estampado no art. 43, I e II, do CTN, sendo que sem acréscimo patrimonial não há nem renda, nem proventos. Cita doutrina; 12) Impraticável falar em aquisição de disponibilidade jurídica ou econômica sem a comprovação da natureza dos valores que compuseram a base de cálculo da exigência tributária e mesmo diante de presunção legal, cabe ao fisco a prova da natureza dos rendimentos indevidamente atribuídos ao impugnante; 13) O acesso às informações bancárias do contribuinte estava condicionado à autorização do Poder Judiciário, ressaltandose que a entrega dos extratos bancários pelo impugnante não foi feita de forma espontânea, mas apenas para evitar a acusação de embaraço à fiscalização. Cita doutrina; 14) Ausência de motivação para uso dos extratos bancários, ignorando as regras fixadas pelo Decreto nº 3.724/2001, na forma disciplinada pela Lei Complementar nº 105/2001, bem como as restrições estabelecidas pelo próprio Poder Executivo, tornando insustentável o indigitado lançamento de ofício; 15) Apesar do impugnante desconhecer individualizadamente os depósitos/créditos considerados pela fiscalização, indignase pela inclusão de valores inferiores a R$ 12.000,00, não se coadunando com a Lei nº 9.430/96, art. 42, § 3º, II; 16) Se excluídos os valores apontados como indevidos e somados os depósitos de valor individual inferior a R$ 12.000,00 em cada conta bancária, constatase que a soma global não ultrapassa os R$ 80.000,00, sendo necessária a exclusão de tais valores; 17) Protesta por tratamento isonômico não sendo aplicados juros pela taxa Selic sobre a multa lançada de ofício, por absoluta impropriedade e falta de amparo legal; 18) Requer reconhecimento da total improcedência do questionado lançamento de ofício. A DRJ Rio de Janeiro II julga a impugnação improcedente, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Ano calendário:2005 NULIDADE Constatado que o procedimento fiscal foi realizado com estrita observância das normas de regência, tendo sido os atos e termos lavrados por servidor competente e respeitado o direito de defesa do contribuinte, fica afastada a hipótese de nulidade do lançamento. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Fl. 173DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 A presunção legal de omissão de rendimentos autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular das contas bancárias, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em suas contas de depósitos ou de investimentos, sujeitando se à apuração por presunção da disponibilidade econômica ou jurídica de rendimentos sem origem justificada, cabendo lhe o ônus da prova em contrário. A omissão de rendimentos exteriorizada por depósitos bancários não justificados deve ser apurada no mês em que forem considerados recebidos, sem prejuízo, do ajuste anual. RENDIMENTOS OMITIDOS. Restando comprovado nos autos a percepção de rendimentos não devidamente declarados pelo interessado, a autoridade administrativa tem o poder dever de efetuar o lançamento de ofício do imposto de renda sobre a parcela de rendimentos omitidos e excluir a parcela dos rendimentos tributáveis já declarados. BASE DE CÁLCULO. Os rendimentos omitidos na declaração de ajuste, apurados em procedimento de ofício, serão adicionados à base de cálculo declarada para efeito de apuração do imposto devido. Comprovada a ocorrência de erro na base de cálculo apurada, excluemse os valores correspondentes do lançamento. SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao fisco examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. JUROS. SELIC. Os créditos tributários vencidos e não pagos sofrem a incidência dos juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, por expressa disposição legal. DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. DOUTRINA. EFEITOS. As decisões administrativas não têm caráter de norma geral, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência senão àquela, objeto da decisão. A doutrina não pode ser oposta ao texto explícito do direito positivo, mormente em se tratando do direito tributário brasileiro, por sua estrita subordinação à legalidade. ILEGALIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE. Não cabe a discussão de ilegalidade ou inconstitucionalidade de legislação vigente, na esfera administrativa. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Fl. 174DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 4 7 A autoridade de primeira instância reconheceu que no que toca registros escriturais efetuados pela instituição financeira, assiste razão ao contribuinte. Do mesmo modo quando o histórico for elucidativo demonstrando que a origem dos créditos provém de resgates da conta investimentos e que jamais poderiam compor a base de cálculo, referindose aos valores de R$ 3.100,00, R$ 4.000,00, R$ 25.000,00, R$ 5.900,00, R$ 54.153,66 e R$ 41.029,61, creditados, respectivamente, nas datas de 11/01, 13/01, 11/05, 01/07 e 28/12/2005, foram reconhecidos como créditos justificados e não foram lançados pela fiscalização Insatisfeito, a contribuinte apresenta o recurso voluntário de fls.608, onde reitera os argumentos da impugnação. No recurso os seguintes pontos são destacados: Preliminarmente, do vício matéria pela falta de individualização da base de cálculo; Do erro na determinação do momento de ocorrência do fato gerador; Da falta de exclusão de valores que representam apenas registros escriturais efetuados pela instituição financeira; Da falta de exclusão dos valores declarados; Os depósitos bancários não sustentam a presunção legal de omissão de rendimentos; Do conceito de renda e da necessidade de prova do fisco da natureza do rendimento; Do sigilo bancário sob reserva do judiciário; Da ausência de motivação para uso dos extratos; Da dispensa de comprovação de pequenos depósitos; Do juros selic sobre a multa de ofício. É o relatório. Fl. 175DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Da Nulidade do Auto de Infração – Cerceamento do Direito de Defesa Formula o contribuinte preliminar de nulidade alegando que a autoridade administrativa promoveu um desvio de finalidade no seus atos administrativos, eivando de vício de nulidade o auto de infração por cerceamento do direito de defesa. Ocorre que, nos presentes autos, não ocorreu nenhum vício para que o procedimento seja anulado, como bem discorreu a autoridade recorrida, os vícios capazes de anular o processo são os descritos no artigo 59 do Decreto 70.235/1972 e só serão declarados se importarem em prejuízo para o sujeito passivo, de acordo com o artigo 60 do mesmo diploma legal. Suscitou a autuada, o cerceamento do seu direito de defesa, uma vez que a autoridade fiscal não lhe propiciou a oportunidade para uma defesa plena. Entretanto no caso concreto, não ficou caracterizado o cerceamento do direito de defesa. Muito pelo contrário. A defesa foi exercida de forma absolutamente ampla. Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. Não há que se falar em preterição do direito de defesa se o contribuinte não faz prova dos fatos que o impediram de contestar as acusações que lhe foram imputadas. Uma vez que também não se vislumbrando nenhuma das hipóteses do artigo 59, do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se falar em nulidade do auto de infração e do procedimento administrativo. No que toca ao argumento de que os depósitos não estavam individualizadamente identificados, a alegação não procede, pois os documentos de fls. 74 a 77 descriminam individualizadamente os depósitos bancários que foram considerados no lançamento original Posto isso, rejeito tal preliminar de nulidade por cerceamento de defesa. Da Impossibilidade de Quebra do Sigilo Bancário O sigilo bancário sempre foi um tema cheio de contradições e de várias correntes. Antes da edição da Lei Complementar n° 105, de 2001, os Tribunais Superiores tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua quebra com base em procedimento administrativo, amparado no entendimento de que as previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5º e 6º do artigo 38, da Lei nº 4.595, de 1964 e no artigo 8º da Lei nº 8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da vedação do parágrafo único do artigo 197, do CTN, norma hierarquicamente superior. Apesar de existir intermináveis discussões quanto à natureza do sigilo bancário, entendo que tal garantia, inserese na esfera do direito à privacidade, traduzido no artigo 5°, inciso X, da Constituição Federal. Fl. 176DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 5 9 Por outro lado, entendo que o direito à privacidade não é ilimitado, tendo em vista o princípio da convivência de liberdades. Assim, não se pode, sob o manto da privacidade, pretender acobertar indistintamente qualquer irregularidade que seja objeto de apuração pelo fisco, ou seja, os direitos e garantias individuais previstos na Constituição Federal não se prestam a servir de manto protetor a comportamentos abusivos, e nem tampouco devem prevalecer diante de fatos que possam constituir crimes. Sejam eles crimes tributários ou não. Não restam dúvidas, que o direito ao sigilo bancário não pode ser utilizado para acobertar ilegalidades. Por outro lado, preservase a intimidade enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Todos têm direito à privacidade, mas ninguém tem o direito de invocála para absterse de cumprir a lei ou para fugir de seu alcance. Tenho para mim, que o sigilo bancário não foi instituído para que se possam praticar crimes impunemente. Desta forma, é indiscutível que o sigilo bancário, no Brasil, para fins tributários, é relativo e não absoluto, já que a quebra de informações pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei. Da mesma forma, a quebra do sigilo bancário não afronta aos incisos X e XII do art. 5º da Constituição Federal de 1988. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que: “Ementa: Inquérito. Agravo regimental. Sigilo bancário. Quebra. Afronta ao artigo 5º, X e XII, da CF: Inexistência. (...). I A quebra do sigilo bancário não afronta o artigo 5º, X e XII, da Constituição Federal (Precedentes: PET. 577). (...). (Ac. Do Plenário do Supremo Tribunal Federal, no AGRINQ 897/DF, rel. Min. Francisco Rezek, em 23.11.94).” Ora, é cediço que o sigilo bancário não tem caráter incontestável nem absoluto, pois deve sempre estar submetido, como direito individual que é, aos interesses da sociedade em geral e, por conseguinte, ao interesse maior da preservação dos comandos estabelecidos pela lei. Diz a Lei n° 4.595, de 1964: “Art. 38 As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. § 1° As informações e esclarecimentos ordenados pelo Poder Judiciário, prestado pelo Banco Central da República do Brasil ou pelas instituições financeiras, e a exibição de livros e documentos em juízo, se revestirão sempre do mesmo caráter sigiloso, só podendo a eles ter acesso às partes legítimas na causa, que deles não poderão servirse para fins estranhos à mesma. § 2° O Banco Central da República do Brasil e as instituições financeiras públicas prestarão informações ao Poder Legislativo, podendo, havendo relevantes motivos, solicitar sejam mantidas em reserva ou sigilo. § 3° As Comissões Parlamentares de Inquérito, no exercício da competência constitucional e legal de ampla investigação obterão as informações que necessitarem das instituições Fl. 177DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 10 financeiras, inclusive através do Banco Central da República do Brasil. § 4° Os pedidos de informações a que se referem os §§ 2° e 3°, deste artigo, deverão ser aprovados pelo Plenário da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal e, quando se tratar de Comissão Parlamentar de Inquérito, pela maioria absoluta de seus membros. § 5° Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. § 6° O disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente.” Nos termos da lei, acima mencionada, o sigilo bancário será quebrado sempre que houver processo instaurado e a autoridade fiscalizadora considerar necessário, pois é sabido que os estabelecimentos vinculados ao sistema bancário não poderá eximirse de fornecer à fiscalização, em cada caso especificado pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal, cópias das contas correntes de seus depositantes ou de outras pessoas que tenham relações com tais estabelecimentos, nem de prestar informações ou quaisquer esclarecimentos solicitados, se a autoridade fiscal assim o julgar necessário, tendo em vista a instrução de processo para qual essas informações são requeridas. É evidente, que a possibilidade da quebra do sigilo bancário é de natureza excepcional, e o artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964, arrola as oportunidades em que terceiros tem acesso ao conhecimento de dados e informações de operações realizadas no mercado financeiro pelos seus investidores/clientes. Os parágrafos, do artigo anteriormente citado, estabelecem, de forma clara, quais são as autoridades que tem acesso a estas informações, ou seja, Poder Judiciário (§ 1°); Poder Legislativo (§ 2°); Comissões Parlamentares de Inquérito (§ 3°) e os agentes fiscais do Ministério da Fazenda e dos Estados (§§ 5° e 6°). O texto acima estabelece com clareza a obrigatoriedade que os bancos tinham de permitir aos agentes fiscais o exame dos registros de contas de depósitos. Para isto, bastaria demonstrar a existência de processo fiscal e declarar que tal documentação era indispensável à investigação em curso. Desta forma, entendo que fica demonstrado que, já em 1964, os bancos estavam obrigados a fornecer à fiscalização documentação a respeito de transações com seus clientes. Não há como discordar que a expressão “processo instaurado” se refere ao “processo administrativo fiscal”, já que em caso contrário não haveria a necessidade de existirem os parágrafos 5º e 6º do referido diploma legal. Assim, fica evidenciado que para a Administração Tributária Federal ter acesso a informações relativo às atividades e operações no mercado financeiro e de capitais realizadas pelos contribuintes pessoas físicas e/ou jurídicas, estaria condicionada a observância de certos requisitos, quais sejam: ter processo administrativo fiscal instaurado; que as informações a serem solicitadas fossem indispensáveis e que estas informações não poderiam ser reveladas a terceiros. Já, por outro lado, em 1966, a Lei nº. 5.172 (Código Tributário Nacional) promoveu alterações no dispositivo acima transcrito, eliminando a exigência de prévia existência de processo. No art. 197 o Código Tributário Nacional dispõe: Fl. 178DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 6 11 “Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: ... II os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras.” Após a edição do Código Tributário Nacional, o Decreto nº. 1.718, de 1979 reforçou a obrigatoriedade que têm as Instituições Financeiras de prestar informações às autoridades fiscais. No art. 2º daquele ato legal foi estabelecido: "Continuam obrigados a auxiliar a fiscalização dos tributos sob administração do Ministério da Fazenda, ou quando solicitados a prestar informações, os estabelecimentos bancários, inclusive as Caixas Econômicas, os Tabeliães e Oficiais de registro, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, as Juntas Comerciais ou as repartições e autoridades que as substituírem, as Bolsas de Valores e as empresas corretoras, as Caixas de Assistência, as Associações e Organizações Sindicais, as Companhias de Seguros, e demais entidades ou empresas que possam, por qualquer forma, esclarecer situações para a mesma fiscalização.” Já no comando da Lei nº. 8.021, de 1990, esta obrigatoriedade é mais abrangente incluindo Bolsa de Valores e Assemelhadas, além das Instituições Financeiras, cuja redação diz o seguinte: “Art. 7° A autoridade fiscal do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento poderá proceder a exames de documentos, livros e registros das bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas, bem como solicitar a prestação de esclarecimentos e informações a respeito de operações por elas praticadas, inclusive em relação a terceiros. Art. 8º Iniciado o procedimento fiscal, a autoridade fiscal poderá solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto no art. 38 da Lei nº. 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Parágrafo único As informações, que obedecerão às normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, deverão ser prestadas no prazo máximo de dez dias úteis contados da data da solicitação, aplicandose, no caso de descumprimento desse prazo, a penalidade prevista no § 1º do art. 7º.” Evidente está, diante das normas legais acima transcritas, que as instituições financeiras não podem invocar o dever de sigilo bancário quando da efetivação, por parte da Fazenda Pública, de pedido de informações acerca de um terceiro, existindo processo administrativo fiscal que permita tal solicitação. Não há que se falar, portanto, em quebra do sigilo bancário, uma vez que a autoridade fazendária encontrase legalmente obrigada a manter os dados recebidos sob sigilo, conforme impõe o parágrafo 6° do artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964. Fl. 179DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 12 Os dispositivos legais acima citados, não foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, dão respaldo ao procedimento da fiscalização. Por esta razão, rejeitase o argumento de que os documentos foram obtidos de forma ilícita. O sigilo bancário, face à farta legislação existente, não pode ser argüido com a finalidade de negar informações ao fisco. A Lei nº. 8.021, de 1990 revoga, para fins fiscais, a obrigatoriedade das instituições financeiras a conservar sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados, estabelecido no art. 38 da Lei nº. 4.595, de 1964. Este último dispositivo legal já estabelecia em seus parágrafos 5º e 6º que: “5º Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. 6º O disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente.” Resta claro, portanto, a possibilidade de a administração fazendária solicitar aos estabelecimentos bancários às informações que esses detenham em relação aos contribuintes para os quais exista procedimento fiscal em andamento, sem que seja necessário demonstrar os motivos que conduziram a tal requisição. Agora sob o comando da Lei Complementar nº. 105, de 10 de janeiro de 2001, esta condição é indiscutível, cuja redação diz o seguinte: “Art. 1° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) § 3º Não constitui violação do dever de sigilo: I a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III o fornecimento das informações de que trata o § 2º do art. 11 da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; Fl. 180DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 7 13 VI a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 9º desta Lei Complementar. (...) Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. (...) Art. Revogase o art. 38 da Lei n°° 4.595, de 31 de dezembro de 1964.”. A edição desse dispositivo de lei complementar se fez indispensável, em virtude de divergência interpretativa que havia sido estabelecida acerca do tema, especialmente em face de decisão de uma das Turmas do Superior Tribunal de Justiça, no qual ficou assentado que o termo “processo”, empregado no artigo 38 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, se referia a processo judicial e não processo administrativo, que a expressão autoridade competente se referia à autoridade judiciária, não a autoridade administrativofiscal. Cuidou, assim, o preceptivo legal em questão que revogou expressamente, em seu artigo 13, o artigo 38 da Lei nº 4.595, de 1964 , de chancelar uma exceção à regra do sigilo bancário já prevista na lei anterior, agora com toda a clareza, sem deixar margem à interpretação equivocada ou distorcida, ao declarar expressamente que o processo mencionado é o administrativo; que a autoridade competente, para fins da lei, é a administrativa. Ora, se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário via administrativa (autoridade fiscal), agora estas não mais existem, já que é claro na lei complementar, acima transcrita, a tese de que a Secretaria da Receita Federal tem permissão legal para acessar os dados bancários dos contribuintes, está expressamente autorizado pelo artigo 6° da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado. Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita, já que há permissão legal para que o Estado através de seus agentes fazendários, com fins públicos (arrecadação de tributos), visando o bem comum, possa ter acesso aos dados protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis, por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e pela observância do sigilo fiscal. Nesse sentido, leiase a opinião de Bernardo Ribeiro de Moraes, contido no Compêndio de Direito Tributário, Ed. Forense, 1a. Edição, 1984, pág. 746: "O sigilo dessas informações, inclusive o sigilo bancário, não é absoluto. Ninguém pode se eximir de prestar informações, no interesse público, para o esclarecimento dos fatos essenciais e indispensáveis à aplicação da lei tributária. O sigilo, em Fl. 181DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 14 verdade, não é estabelecido para ocultar fatos, mas sim, para revestir a revelação deles de um caráter de excepcionalidade. Assim, compete à autoridade administrativa, ao fazer a intimação escrita, conforme determina o Código Tributário Nacional, estar diante de processos administrativos já instaurados, onde as respectivas informações sejam indispensáveis.” Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os AuditoresFiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. Da Presunção baseada em Depósitos Bancários O lançamento fundamentase em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, temse a autorização para considerar ocorrido o “fato gerador” quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de “fato gerador”, a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do “fato gerador” (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tãosomente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de “Imposto sobre a Renda Pessoas Jurídicas” (JustecRJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocandoa, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei nº 9430/1996 cuida de presunção relativa (juris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza nãotributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte Fl. 182DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 8 15 poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n.º 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n.º 9.430/1996). Dos Rendimentos Declarados No que toca aos argumentos usados pelo recorrente para comprovar os depósitos bancários, acompanho o entendimento da autoridade recorrida, no sentido de que cada um dos depósitos individualmente considerados, como fato de natureza econômica, deve ser embasado em documentos, pois assim está expressamente preceituado no próprio art. 42 da Lei n° 9.430/96, em seu parágrafo 3°: "os créditos serão analisados individualizadamente". O dever de comprovação é por operação em termos qualitativos (a que se refere a operação), mas também quantitativos (qual o valor de cada operação). Em suma, para perfeita comprovação deve haver coincidência de valor entre a documentação apresentada pela defesa e o depósito que pretende justificar. Não é, porém, o que ocorre nos argumentos do recorrente impossibilitando o seu acolhimento. No caso concreto, a fiscalização deduziu dos valores apurados àqueles identificados como fonte pagadora Vilela & Castro Ltda, Transfluid Transportes Ltda e Atlântica Hotéis Internacional Brasil Ltda, declarados pelo contribuinte. Assim, contrariamente ao que o impugnante alega, a fiscalização considerou os rendimentos declarados na parte comprovada. Deste modo, não se aceita o argumento do recorrente. Dos Itens Mantidos pela DRJ A autoridade de primeira instância exclui vários itens do auto de infração pelo fato dos mesmos se tratar como de transações exclusivamente escriturais, O recorrente questiona adicionalmente os itens a seguir mantidos pela DRJ, nas seguintes razões: Da revisão dos extrato de fls, 70, e comparando com os extratos, não se consegue aceitar os arguementos do recorrente. O referidos lançamentos são créditos específicos para os quais o recorrente não apresentou uma resposta satisfatória. Fl. 183DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 16 Dos Limites previstos no Art. 42 da Lei. 9.430/96 No que toca aos limites percebese da analise dos autos, após já excluído o que foi afastado pelo DRJ que os valores movimentados na conta bancária da recorrente, e que embasaram o lançamento, foi de R$ 1.061.632,08. Desta forma, resta verificar se o procedimento fiscal atentou ao limites disposto na legislação vigente. Para uma correta elucidação acerca deste ponto cabe transcrever os excertos legais pertinentes: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). (Alterado pela Lei nº 9.481, de 13.8.97) (grifos postos) Depreendese do excerto transcrito que não se pode considerar, para efeitos de determinação da receita omitida, os depósitos individuais iguais e inferiores a quantia de R$ 12.000,00, desde que o somatório destes não ultrapassem o valor de R$ 80.000,00. Com base no quadro de fls. 70, excluindose o valores que a autoridade de primeira instância considerou comprovados, apurase os valores lançados como omissão depósitos bancários por ano, segregando entre aqueles quais são iguais ou inferiores a R$ 12.000,00 e os que são superiores. Fl. 184DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 9 17 2005 >R$ 12.000 <= R12.000 Total Jan 88.000,00 1.950,95 89.950,95 fev 30.000,00 941,55 30.941,55 mar ‐ 4.571,95 4.571,95 Abr ‐ 7.209,00 7.209,00 Mai 637.471,50 20.175,60 657.647,10 Jun 24.250,00 1.900,50 26.150,50 Jul 60.050,00 9.668,60 69.718,60 Ago 60.265,00 1.524,45 61.789,45 Set ‐ 6.883,39 6.883,39 Out ‐ 1.605,40 1.605,40 Nov ‐ 2.578,88 2.578,88 Dez 90.460,00 12.125,31 102.585,31 Total 990.496,50 71.135,58 1.061.632,08 Pelo que se nota, o depósitos com valores inferiores a R$12.000,00 não totalizam R$ 80.000,00. Deste modo é de de excluir do lançamento o montante de R$.71.135,58. Da Inconstitucionalidade das Normas No referente a suposta inconstitucionalidade das Normas aplicadas, que determinariam a aplicação de multas e juros de natureza confiscatória, acompanho a posição sumulada pelo CARF de que não compete à autoridade administrativa de qualquer instância o exame da legalidade/constitucionalidade da legislação tributária, tarefa exclusiva do poder judiciário. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2). Cabe esclarecer o contribuinte que a falta de recolhimento do tributo ou declaração inexata, apurada em lançamento de ofício, enseja o lançamento da multa de 75%, prevista no art. 44, da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não podendo a autoridade lançadora deixar de aplicála ou reduzir seu percentual ao seu livre arbítrio.Nestes termos, como a multa de ofício está prevista em disposições literais de lei e como as instâncias julgadoras não podem negar validade a estas disposições, não se pode aqui acatar a alegação da contribuinte. É de se manter, assim, a penalidade de 75%. Da Inaplicabilidade da Selic como Taxa de Juros Por fim, quanto à improcedência da aplicação da taxa Selic, como juros de mora, aplicável o conteúdo da Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Assim, é de se negar provimento também nessa parte. Fl. 185DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 18 Ante ao exposto, voto rejeitar as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo da exigência o valor de R$ 71.135,58. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 186DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 14033.003275/2008-98
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Jul 08 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/02/2006 a 28/02/2006, 01/03/2006 a 31/03/2006, 01/04/2006 a 30/04/2006, 01/05/2006 a 31/05/2006
COMPENSAÇÃO. PEDIDO FORA DO PRAZO. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. EFEITOS RETROATIVOS. MULTA DE MORA. INAPLICABILIDADE.
Não se considera em mora o pedido de compensação do crédito tributário apresentado fora do prazo, quando decorrente de revisão da metodologia de cálculo dos tributos motivada por nova interpretação da legislação tributária determinada em ato editado pelo Poder Público com efeitos retroativos.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3102-01.125
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, para afastar a multa de mora calculada em relação aos meses de fevereiro a maio de 2006.
Nome do relator: Ricardo Paulo Rosa
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201107
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/2006 a 28/02/2006, 01/03/2006 a 31/03/2006, 01/04/2006 a 30/04/2006, 01/05/2006 a 31/05/2006 COMPENSAÇÃO. PEDIDO FORA DO PRAZO. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. EFEITOS RETROATIVOS. MULTA DE MORA. INAPLICABILIDADE. Não se considera em mora o pedido de compensação do crédito tributário apresentado fora do prazo, quando decorrente de revisão da metodologia de cálculo dos tributos motivada por nova interpretação da legislação tributária determinada em ato editado pelo Poder Público com efeitos retroativos. Recurso Voluntário Provido em Parte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
numero_processo_s : 14033.003275/2008-98
conteudo_id_s : 5224301
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Aug 28 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3102-01.125
nome_arquivo_s : Decisao_14033003275200898.pdf
nome_relator_s : Ricardo Paulo Rosa
nome_arquivo_pdf_s : 14033003275200898_5224301.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, para afastar a multa de mora calculada em relação aos meses de fevereiro a maio de 2006.
dt_sessao_tdt : Fri Jul 08 00:00:00 UTC 2011
id : 4577428
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:00:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577267429376
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1962; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T2 Fl. 1 1 S3C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 14033.003275/200898 Recurso nº 902.356 Voluntário Acórdão nº 310201.125 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 08 de julho de 2011 Matéria Declaração de Compensação Recorrente CENTRAIS ELÉTRICAS DO NORTE DO BRASIL ELETRONORTE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/2006 a 28/02/2006, 01/03/2006 a 31/03/2006, 01/04/2006 a 30/04/2006, 01/05/2006 a 31/05/2006 COMPENSAÇÃO. PEDIDO FORA DO PRAZO. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. EFEITOS RETROATIVOS. MULTA DE MORA. INAPLICABILIDADE. Não se considera em mora o pedido de compensação do crédito tributário apresentado fora do prazo, quando decorrente de revisão da metodologia de cálculo dos tributos motivada por nova interpretação da legislação tributária determinada em ato editado pelo Poder Público com efeitos retroativos. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, para afastar a multa de mora calculada em relação aos meses de fevereiro a maio de 2006. Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente. Ricardo Paulo Rosa Relator. EDITADO EM: 30/03/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Paulo Sergio Celani, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Nanci Gama. Ausente justificadamente o Conselheiro Luciano Pontes de Maya Gomes. Relatório Fl. 139DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/05/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA 2 Por bem descrever os fatos, adoto o relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Tratam os autos de declarações de compensação transmitidas em 19/12/2007 e 15/08/2007, pelo Programa Pedido Eletrônico de Ressarcimento ou Restituição e Declaração de Compensação PER/DCOMP, de débitos no valor de R$ 2.137.489,26, relativos à Contribuição para o PIS/Pasep PIS e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, com crédito relativo a pagamento indevido ou a maior de PIS (código 6912), arrecadado em 15/09/2005, no valor de R$ 1.692.648,44. Em despacho decisório (fls. 23 e 34) emitido em 22/09/2008, a autoridade fiscal homologou parcialmente a compensação declarada nos Per/Dcomp nº 24602.90926.191207.1.3.040550 e nº 00450.67705.150807.1.3.044362, sob a alegação de que o pagamento a maior, até as datas de transmissão dos Per/Dcomp originais, não é suficiente para compensar os débitos indicados nas referidas declarações. Cientificada da decisão em 20/11/2008, a contribuinte apresentou sua manifestação de inconformidade ao despacho decisório em 17/12/2008 (fls 32 a 46), alegando, em síntese, que: • A Eletronorte é sociedade de economia mista, dedicada às atividades de geração, compra, venda e transmissão de energia elétrica. • Por força da Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991, a Eletronorte passou à condição de contribuinte da Cofins, sob a modalidade de incidência cumulativa, à alíquota de 2% sobre seu faturamento mensal. • O art. 8º da Lei 9.718, de 27 de novembro de 1998, elevou a alíquota da Cofins para 3%. • Quanto ao PIS, criado pela Lei Complementar n° 7, de 7 de setembro 1.970, sua alíquota foi alterada para 0,65%, pelo art. 51 do Decreto n° 4.524, de 17 de dezembro de 2002. • Pela Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, a Cofins passou a ser cobrada sob a modalidade de incidência nãocumulativa à alíquota de 7,6%. • Pelo art. 2° da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o PIS passa também à incidência nãocumulativa à alíquota de 1,65%. • Entretanto, o art. 10, inciso XI, alínea "c", da Lei n° 10.833, de 2003, manteve sob a regra da cumulatividade da Cofins as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data. • No mesmo sentido, o art. 15, inciso V, da Lei n° 10.833, de 2003, estendeu as mesmas condições para o PIS. • Ou seja, as receitas oriundas de contratos de fornecimento de bens e serviços, fumados anteriormente a 31 de outubro de 2003, por sociedade de economia mista, envolvendo preço predeterminado, permaneceram no regime da cumulatividade, sujeitandose à alíquota de 3% para a Cofins e de 0,65% para o PIS. Fl. 140DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/05/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 14033.003275/200898 Acórdão n.º 310201.125 S3C1T2 Fl. 2 3 • Segundo a Instrução Normativa SRF n° 468, de 8 de novembro de 2004, as receitas auferidas de contratos firmados anteriormente a 31/10/2003, com cláusula de reajuste de preços, a incidência pela cumulatividade da Cofins e do PIS se aplica somente até a implementação do primeiro reajustamento, após essa data, adotase o regime da nãocumulatividade. • Em confronto com a Lei n° 10.833, de 2003, a RFB definiu o que a lei não definira preço determinado obrigando a contribuinte a recolher Cofins à aliquota de 7,6% e PIS à alíquota de 1,65%, quando o correto seria 3% e 0,65%, respectivamente. E ainda deu efeito retroativo à 1° de fevereiro de 2004, a essa decisão. • Todo e qualquer contrato, em que de um lado se verifica o fornecimento de um bem ou serviço, e de outro lado o pagamento como contraprestação, já nasce com preço predeterminado. Não é a sua cláusula de reajuste de preço que vai descaracteriza essa condição. • Entretanto, obedecendo à determinação da IN SRF n° 468, de 2004, a contribuinte efetuou os recolhimentos retroativos. • Posteriormente, o art. 109 da Lei n° 11.196, de 21 de novembro de 2005, definiu que a cláusula de reajustes nos contratos não descaracteriza a condição de preço predeterminado. • Então a Receita Federal editou a IN SRF n° 658, de 4 de julho de 46, dispondo, em consonância com a Lei n° 11.196, de 2005, que as receitas auferidas de contratos firmados até 31 de outubro de 2003, e com cláusula de reajuste de preços, também estão sujeitos à cumulatividade. Tal determinação retroagiu a fevereiro de 2004. • Assim, a contribuinte procedeu ao recálculo dos recolhimentos da Cofins e do PIS e apurou recolhimento a maior a título dessas contribuições. • Em conseqüência do recálculo houve alteração nos valores dos débitos e créditos do tributo em comparação com os valores anteriormente calculados, tendo sido apurado crédito que foi compensado conforme os Per/Dcomp n° 24602.90926.191207.1.3.040550 e n° 00450.67705.150807.1.3.044362 com débitos de Cofins e PIS, nos termos na IN SRF n° 600, de 28 de dezembro de 2005. • O Fisco obrigou a contribuinte a refazer sua apuração de Cofins e PIS por duas vezes e, apesar da evidente falha administrativa decorrente da errônea interpretação e regulação da Lei n° 10.833, de 2003, impôs a contribuinte pagamento de multa de mora de 20% por suposto recolhimento em atraso. • A multa é inaplicável, uma vez que não houve descumprimento de nenhuma norma que motivasse o recolhimento de tributo em atraso. • É inadmissível exigir pagamento de multa em decorrência de mudanças de regras de apuração de tributo, com efeito retroativo, afinal a contribuinte está sendo punida por cumprir norma emanada da própria administração pública (art. 106, inciso I, do Código Tributário Nacional – CTN). • As normas em questão, de caráter interpretativo, não podem retroagir para prejudicar a contribuinte, impondolhe multa moratória. • A SRF, ao exigir o pagamento da citada multa, busca beneficiarse o seu próprio erro, ao obrigar a contribuinte a aplicar nos contratos em estudo as alíquotas Fl. 141DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/05/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA 4 de 7,6% e 1,65% (regime nãocumulativo), quando estava em vigor o regime da cumulatividade (3% e0,65%). • Não há que se falar em pagamento em atraso de tributo em função da compensação efetuada, uma vez que envolveu valores recolhidos indevidamente, a maior, por imposição da própria RFB que interpretou indevidamente o comando legal. • A administração pública está sujeita aos princípios da legalidade e da autotutela. • A RFB ao interpretar a Lei n° 10.833, de 2003, atropelou o princípio da legalidade. • O reconhecimento tardio do erro pela RFB fez com que a contribuinte refizesse seus cálculos de Cofins e PIS, decorrendo daí novos valores de débitos e créditos, gerando a compensação em questão. • A multa cobrada é ilegal e deve ser declarada nula, sob pena de se beneficiar financeiramente por erro administrativo por ela mesma cometido. Por fim, requer que seja dado provimento à manifestação de inconformidade, que a cobrança decorrente da homologação parcial dos Per/Dcomp seja declarada nula e que os referidos documentos sejam totalmente homologados. Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/2006 a 28/02/2006, 01/03/2006 a 31/03/2006, 01/04/2006 a 30/04/2006, 01/05/2006 a 31/05/2006, 01/06/2006 a 30/06/2006, 01/08/2006 a 31/08/2006, 01/09/2006 a 30/09/2006 RETROATIVIDADE DAS NORMAS TRIBUTÁRIAS. IMPOSIÇÃO DE MUITA MORATÓRIA. ART 10, INCISO XI, ALÍNEA "C" DA LEI N° 10.833, DE 2003. IN SRF N° 658, DE 2006. Não cabe a imposição da multa moratória para os débitos de PIS cumulativo, decorrentes de receitas que se enquadram naquelas descritas no art. 10, inciso XI alínea "c", da Lei n° 10.833, de 2003, com vencimento anterior à data de publicação da IN SRF n° 658, de 2006. A litigante não traz aos autos prova de que o débito declarado é decorrente de receitas que se enquadram naquelas descritas no art. 10, inciso XI, alínea "c", da Lei n° 10.833, de 2003. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/11/2007 a 30/11/2007 REFLEXO Aplicase à Cofins o disposto em relação à Contribuição para o PIS, por decorrer dos mesmos elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável. Insatisfeita com a decisão de primeira instância, a recorrente apresenta recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por meio do qual repisa argumentos contidos na Manifestação de Inconformidade. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/05/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 14033.003275/200898 Acórdão n.º 310201.125 S3C1T2 Fl. 3 5 Apresenta os documentos que, segundo entente, fazem prova de que as receitas são decorrentes de contratos previstos no inciso XI alíneas “b” e “c” da Lei 10.833/03. Assevera que tais documentos não foram juntados por ocasião da impugnação porque, até então, a falta de comprovação da origem do crédito não havia sido indicada como uma das razões para o indeferimento parcial do pleito. No que se refere ao PISFaturamento, período de apuração junho/2006, advoga que a IN SRF n° 658/2006 foi publicada apenas alguns dias antes da data de vencimento do tributo, razão pela qual a compensação foi requerida depois do prazo de pagamento, tendo em vista necessidade de elaboração dos cálculos correspondentes, valendo o mesmo para os débitos relativos ao PIS Faturamento períodos de apuração agosto/2006 e setembro/2006. Quanto ao PIS nãocumulativo, período de apuração agosto e setembro/2006, cujos fatos geradores da obrigação principal não estariam abrangidos pela excepcionalidade à nãocumulatividade trazida pelo art. 10, inciso XI, alínea c, da Lei n° 10.833, de 2003, afirma que, “ainda que não excepcionados pela norma, os débitos nãocumulativos do PIS/PASEP foram diretamente afetados pelo recálculo determinado pelo IN658/2006. Apesar da IN 658/2006 não fazer referência a nãocumulatividade, essa foi afetada não só na base de cálculo dos tributos (receitas), como também na base de cálculo dos créditos, visto que os custos, despesas e encargos vinculados às receitas e encargos vinculados às receitas dos contratos que permaneceram no regime da cumulatividade não geraram direito a desconto de crédito na apuração das contribuições no regime de nãocumulatividade”. Por fim, alega que, no que se refere à COFINS nãocumulativa, período de apuração novembro/2007, a ausência de crédito decorre da aplicação equivocada de multa moratória. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do recurso voluntário. Tratamse de dois pedidos de compensação, apresentados, o primeiro, em 15 de agosto, e, o segundo, em 19 de dezembro, ambos no ano de 2007. O crédito informado em ambos os pedidos decorre de pagamento de PIS a maior, realizado em 15 de setembro de 2005. O vencimento dos débitos que a recorrente pretende extinguir por compensação ocorreu em meados dos meses de março, abril, maio, junho, julho, setembro e outubro do ano de 2006 e dezembro do ano de 2007. Fica claro que, à exceção do último mês de vencimento dos débitos, dezembro de 2007, todos os demais vencimentos ocorreram bem antes dos dois pedidos de compensação protocolados em 15 de agosto e 19 de dezembro de 2007. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/05/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA 6 Foi por esta razão que, mediante Despacho Decisório, a Secretaria da Receita Federal do Brasil homologou apenas parcialmente o pedido de compensação. Assim consta da decisão. De acordo com a Listagem de Débitos/Saldos Remanescentes e o Demonstrativo Analítico de Compensação das fls. 19 a 21, comprovase que o pagamento a maior, até as datas de transmissão dos PER/DCOMP originais, não é suficiente para compensar os débitos indicados nas referidas declarações. 8. Os débitos dos PER/DCOMP aqui analisados encontramse devidamente cadastrados no Profisc (fls. 16/17). 9. Isto posto, e CONSIDERANDO que o crédito apresentado não é suficiente para compensar todos CONSIDERANDO tudo o mais que nos autos consta; 10. DECIDO HOMOLOGAR PARCIALMENTE as Declarações de Compensação de nos 24602.90926.191207.1.3.040550 (fls. 02 a 05) e 00450.67705.150807.1.3.044362 (fls. 06 a 15). Da leitura do Demonstrativo Analítico de Compensação resta claro que a razão para que os créditos não tenham sido suficientes para compensar os débitos indicados nas referidas declarações está na exigência de multa de mora sobre o valor devido, por ter sido a compensação realizada depois da data de vencimento do mesmo. No que diz respeito ao atraso identificado, sabese que a extinção dos débitos para com a Fazenda Nacional somente foi requerida depois da data de vencimento por força de modificação no critério jurídico adotado pela Administração em relação à metodologia de apuração dos tributos incidentes sobre as operações objeto da lide. Vejase como manifestouse a respeito o i. Relator do voto condutor da decisão recorrida. A Lei n° 10.833, de 2003, e a Lei n° 10.637, de 2002, estabeleceram o regime da nãocumulatividade para a Cofins e o PIS, respectivamente. Entretanto, o art. 10, inciso XI, alínea "c", da Lei n° 10.833, de 2003, manteve sob a regra da cumulatividade da Cofins as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente fumados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data. No mesmo sentido, o art. 15, inciso V, da Lei n° 10.833, de 2003, estendeu as mesmas condições para o PIS. Ou seja, ás receitas oriundas de contratos de fornecimento de bens e serviços, firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, por sociedade de economia mista, envolvendo preço predeterminado, permaneceram no regime da cumulatividade. Ao regular a matéria, a Instrução Normativa SRF n° 468, de 2004, dispôs que nas receitas auferidas de contratos firmados anteriormente a 31/10/2003, com cláusula de reajuste de preços, a incidência pela cumulatividade da Cofins e do PIS se aplicaria somente até a implementação do primeiro reajustamento, após essa data, adotarseia o regime da não cumulatividade. Tal determinação retroagiu à 1° de fevereiro de 2004. Fl. 144DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/05/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 14033.003275/200898 Acórdão n.º 310201.125 S3C1T2 Fl. 4 7 Posteriormente, o art. 109 da Lei n° 11.196, de 2005, estatuiu a regra de que a condição de preço predeterminado não seria descaracterizada pelo reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Então a Receita Federal editou a IN SRF n° 658, de 2006, dispondo em consonância com a Lei n° 11.196, de 2005, que as receitas auferidas de contratos firmados até 31 de outubro de 2003, e com cláusula de reajuste de preços, também estão sujeitos à cumulatividade. Tal determinação retroagiu à fevereiro de 2004, em obediência ao parágrafo único do art. 109 da Lei n° 11.196, de 2005. Em outras palavras, tendo em consta a modificação introduzida pela Lei 11.196/05, a Secretaria da Receita Federal revisou o critério de apuração do PIS e da COFINS para casos como o de que aqui se trata, determinando, com efeitos retroativos, que o cálculo fosse feito pelo critério da cumulatividade e não da nãocumulatividade, como até então havia determinado que fosse feito. A empresa, em atendimento a essa determinação, refez os cálculos dos tributos devidos e requereu a compensação dos débitos recalculados, com os pagamentos indevidos, havidos por conta da orientação anteriormente expedida pelo próprio Órgão arrecadador. Ora, se a própria Receita Federal do Brasil determina no ano de 2006 que, a partir de fevereiro de 2004 o cálculo dos tributos devidos fosse feito de modo diverso daquele que ela própria determinara em 2004, é óbvio que a regularização de fatos geradores ocorridos em períodos anteriores vai acontecer após a data do vencimento, sendo completamente desnecessário que se determine expressamente novo prazo de vencimento para a exigência, para fins de caracterização da mora, já que, nestas circunstâncias, não há como a quitação dos tributos acontecer no prazo originalmente previsto. Desta forma, não vejo como admitirse a exigência de multa de mora na compensação depois do prazo de vencimento do PISFaturamento calculado pelo método da cumulatividade, já que tal providência somente foi adotada muito após a data de vencimento do tributo porque, antes, o pagamento havia sido feito pelo critério da nãocumulatividade, sempre em obediência das determinações veiculadas nos Atos Administrativos editados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. É de ser observar que a Delegacia da Receita Federal de Julgamento também não está de acordo com a imposição da multa moratória, pelos menos não pelas razões originalmente informadas no Despacho Decisório. Tal como se depreende do voto condutor da decisão recorrida, a multa foi mantida por outra razão, se não vejamos. Em relação ao PISFaturamento referente ao período de apuração 02/2006, com vencimento em 15/03/2006 (fls. 105 do processo). Em obediência ao art. 106, inciso I, do CTN, não caberia a imposição da multa moratória, visto que a retroatividade das normas interpretativas exclui a aplicação de penalidade. Entretanto, a multa deve ser mantida porque a impugnante não traz aos autos prova de que o débito é resultante da aplicação da nova norma. Ou seja, não é possível identificar que o débito de PIS se refere a receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, de construção por empreitada ou Fl. 145DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/05/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA 8 de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data. Ou seja, segundo entendeu a Turma de Julgamento responsável pela decisão, não caberia a exigência de multa de mora, em obediência ao artigo 106 do Código Tributário Nacional, que afasta a aplicação de penalidade ao dispositivo interpretado. A Turma manteve a multa por entender que a recorrente não fez prova de que as receitas que serviram de base de cálculo dos tributos sejam aquelas sujeitas ao regime cumulativo. Quanto a isso, como consta da parte final do relatório que precede o presente voto, a recorrente defendese, asseverando que, até este momento, isso nunca esteve em discussão. Assim pronunciase. Conforme já demonstrado na impugnação e no presente recurso voluntário, a Recorrente é sociedade de economia mista, concessionária de serviços públicos de energia elétrica, possuindo diversos contratos de fornecimento de bens e serviços pactuados em datas anteriores a 31 de outubro de 2003, os quais se enquadram, inquestionavelmente, nas hipóteses previstas nas alíneas b e c, inciso XI, art. 10 da Lei 10.833. Tal fato é notório. É o débito, portanto, resultante da errônea interpretação pela SRF da Lei n° 10.833/2003, referindose a receitas relativas aos contratos previstos no inciso XI, alíneas 'b' e 'c', da citada norma. Em anexo, cópias dos contratos e planilhas referentes aos valores relativos a cada empresa contratante. Ressaltese que tais documentos não foram juntados por ocasião da impugnação tendo em vista que os PERD/COMPs 24602.90926.191207.1.3.04 0550 e 00450.67705.150807.1.3.044362 foram parcialmente homologados, não tendo sido questionados a Origem do crédito, tampouco o montante apurado, limitandose à aplicação indevida de multa. Diante disso, temse que os recálculos apresentados pela Recorrente, bem como o valor do crédito apurado, na forma da legislação em comento, foram aceitos e tidos por corretos pelo delegado João Paulo Martins da Silva, que assinou o DESPACHO DECISÓRIO/DRF/BSB/Diort. Não houve questionamentos acerca da existência dos contratos, modalidade de incidência, alíquotas aplicadas, legislação adotada para o recálculo e nem a respeito da origem dos créditos, logo, tais fatos são tidos como incontroversos, razão pela qual versou a impugnação somente sobre a aplicação da multa. De qualquer modo, seguem anexas ao presente, cópias dos contratos e planilhas com os lançamentos no Razão da ELETRONORTE, com os valores relativos a cada empresa contratante. Com efeito, tal como consta na transcrição feita do teor do Despacho Decisório, absolutamente nada foi dito em relação à veracidade das informações prestadas pela recorrente por ocasião do protocolo dos Pedidos de Compensação em análise, razão primeira para que o fundamento da decisão de piso não possa ser aceito. Explico. Em regra geral, considerase que o ônus de provar recai sobre quem alega o fato ou o direito. Fl. 146DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/05/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 14033.003275/200898 Acórdão n.º 310201.125 S3C1T2 Fl. 5 9 A Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código do Processo Civil, fixa responsabilidades com base em idêntico critério. Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Contudo, na relação jurídica entre sujeito passivo e o Estado, o comando legal que atribui ao autor a responsabilidade por apresentar as provas do fato constitutivo do seu direito precisa ser aplicado tendose em conta o modelo sob o qual tais responsabilidades são exercidas. No campo do direito tributário, é do próprio administrado o dever registrar e guardar consigo os documentos e demais efeitos que testemunham a ocorrência dos eventos cuja existência se pretende comprovar. Não sendo da natureza das relações fiscocontribuinte que o primeiro guarde consigo os documentos firmados pelo segundo e mesmo que o fato constitutivo do direito tenha sido formalmente pactuado, a comprovação depende de que o administrado seja intimado a apresentar os documentos que a lei o obriga a produzir e manter em bom estado, ou que manifeste sua vontade por meio de declaração contida em documentos previamente elaborados ou perante a própria fiscalização que a colhe a termo, ou, ainda, pela obtenção desses ou verificação da ocorrência de fatos no local de funcionamento da empresa. Em todas estas situações, a obtenção das provas depende quase sempre de que o administrado exerça em sua plenitude a função de anotar e manter em boas condições os registros contábeis e fiscais e os apresente ao fisco quando exigido. Sem essa providência, salvo algumas poucas exceções, não haverá como comprovar a ocorrência ou inocorrência de um fato. Isto posto, há que se admitir a premissa de que, nas relações fisco contribuinte, a obtenção e a apresentação das provas do fato constitutivo do direito do autor depende quase sempre de o contribuinte colocálas à disposição do fisco, sendolhe negado o direito de negligenciar tal função, sob pena de responsabilidade pela ausência de provas no processo e, corolário, o próprio ônus probante. Contudo, uma vez que se admitem tais pressupostos, o passo seguinte conduzirá à compreensão de que eles não dispensam a administração de laborar em busca da obtenção das provas. Com efeito, se o contribuinte sequer é intimado a apresentar os documentos considerados pela administração como hábeis à comprovação de que a empresa tem o direito discutido no processo, como se pode atribuir a ele a responsabilidade pela omissão? Data máxima vênia, não comungo da opinião do i. Julgador de piso que, ao negar o pleito da recorrente, o faz por considerar não comprovada a origem da receita objeto da lide, sem que em nenhum momento tenha sido dado conhecimento à recorrente de que deveria fazer prova disso. Assim, não vejo como rejeitar as informações prestadas nas PER/DCOMP por alegada falta de comprovação. Fl. 147DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/05/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA 10 Noutro vértice, também não me parece que seja essa a mecânica de funcionamento das declarações de compensação. Conforme determina a legislação, tratase de uma modalidade de extinção do crédito tributário de iniciativa do contribuinte e para a qual, não havendo manifesta objeção do Fisco, está prevista inclusive homologação tácita. Ou seja, se dúvidas houver em relação à veracidade das informações prestadas, cabe ao Órgão arrecadador adotar as providências que julgar necessárias, requerendo à contribuinte a apresentação dos documentos que julgar necessários, o que, neste, não foi feito. Finalmente, é preciso acrescentar que, se admitida a necessidade de comprovação da origem a receita que serviu de base de cálculo para os valores extintos a destempo, a consequência da ausência de provas seria, a meu ver, a nãohomologação dos pedidos de compensação e não a manutenção da multa moratória aplicada. A recorrente, contudo, não tem a mesma sorte quando o assunto são os períodos de apuração junho/2006, agosto/2006 e setembro/2006. Segundo sustenta, a IN SRF n° 658/2006 foi publicada apenas alguns dias antes da data de vencimento do tributo, motivo pelo qual efetuou a compensação depois data correspondente, por força da necessidade de elaboração dos cálculos de apuração do valor devido. Não tenho dúvida que a elaboração dos cálculos demandou tempo. Inobstante, o procedimento correto seria efetuar o recolhimento do valor devido para estes períodos de apuração, com os dados disponíveis naquele momento, e pedir a compensação apenas quando já dispusesse das informações necessárias para tanto. Por fim, quanto ao período de apuração novembro/2007, como a ausência de crédito decorre da aplicação da multa moratória, temse que a disponibilidade ou não de saldo credor para compensação dos débitos correspondentes vai depender da reelaboração dos cálculos à luz da decisão tomada neste colegiado. Pelo exposto, VOTO POR DAR provimento parcial ao recurso voluntário, para afastar a multa de mora calculada em relação aos períodos de apuração correspondentes aos meses de fevereiro, março, abril e maio do ano de 2006. Sala de Sessões, 08 de julho de 2001. Ricardo Paulo Rosa – Relator. Fl. 148DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 02/05/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 10166.721494/2010-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/07/2005 a 31/12/2006
MPF. PRORROGAÇÃO. NECESSIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DA AUTORIDADE FISCAL. INEXISTÊNCIA.
Havendo prorrogação de MPF dentro do prazo de sua validade, não há o que se falar em substituição da autoridade fiscal.
PREVIDENCIÁRIO. ALIMENTAÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INDEPENDENTEMENTE DE INSCRIÇÃO NO PAT. APLICAÇÃO EXCLUSIVAMENTE PARA AS PRESTAÇÕES IN NATURA.
Independentemente de inscrição no PAT, não incidem contribuições sociais, desde que a empresa faça a prestação in natura.
MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.
JUROS SELIC.
Na multa constante no presente Auto de Infração não está incluída qualquer parcela a título de juros ou correção monetária.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-002.454
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso. Ausente momentaneamente o conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201205
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2005 a 31/12/2006 MPF. PRORROGAÇÃO. NECESSIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DA AUTORIDADE FISCAL. INEXISTÊNCIA. Havendo prorrogação de MPF dentro do prazo de sua validade, não há o que se falar em substituição da autoridade fiscal. PREVIDENCIÁRIO. ALIMENTAÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INDEPENDENTEMENTE DE INSCRIÇÃO NO PAT. APLICAÇÃO EXCLUSIVAMENTE PARA AS PRESTAÇÕES IN NATURA. Independentemente de inscrição no PAT, não incidem contribuições sociais, desde que a empresa faça a prestação in natura. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. JUROS SELIC. Na multa constante no presente Auto de Infração não está incluída qualquer parcela a título de juros ou correção monetária. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 10166.721494/2010-19
conteudo_id_s : 5231364
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 10 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 2401-002.454
nome_arquivo_s : Decisao_10166721494201019.pdf
nome_relator_s : KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
nome_arquivo_pdf_s : 10166721494201019_5231364.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Ausente momentaneamente o conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
dt_sessao_tdt : Thu May 17 00:00:00 UTC 2012
id : 4579611
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:01:17 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577276866560
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1805; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 1.903 1 1.902 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.721494/201019 Recurso nº 000.000 Voluntário Acórdão nº 2401002.454 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de maio de 2012 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrente RIOGRANDENSE CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2005 a 31/12/2006 MPF. PRORROGAÇÃO. NECESSIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DA AUTORIDADE FISCAL. INEXISTÊNCIA. Havendo prorrogação de MPF dentro do prazo de sua validade, não há o que se falar em substituição da autoridade fiscal. PREVIDENCIÁRIO. ALIMENTAÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INDEPENDENTEMENTE DE INSCRIÇÃO NO PAT. APLICAÇÃO EXCLUSIVAMENTE PARA AS PRESTAÇÕES IN NATURA. Independentemente de inscrição no PAT, não incidem contribuições sociais, desde que a empresa faça a prestação in natura. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. JUROS SELIC. Na multa constante no presente Auto de Infração não está incluída qualquer parcela a título de juros ou correção monetária. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Ausente momentaneamente o conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Elias Sampaio Freire Presidente Fl. 1903DF CARF MF Impresso em 01/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 Kleber Ferreira de Araújo Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira e Marcelo Freitas de Souza Costa. Fl. 1904DF CARF MF Impresso em 01/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10166.721494/201019 Acórdão n.º 2401002.454 S2C4T1 Fl. 1.904 3 Relatório Tratase de recurso interposto pelo contribuinte acima identificado, contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ em Brasília (DF), que julgou procedente o lançamento consubstanciado no Auto de Infração n.º 37.256.6561. O lançamento diz respeito a lavratura para aplicação de multa em razão da empresa haver deixado de preparar as folhas de pagamento no padrão estabelecido pela Administração Tributária. O Relatório Fiscal da Infração (06/16) informa que a autuada remunerou os segurados empregados a título de alimentação e remunerou os segurados contribuintes individuais (sócias) a título de prólabore, sem, contudo, registrar estes valores na folha de pagamento da empresa, conforme verificado nos arquivos apresentados no decorrer da ação fiscal. O acórdão de primeira instância foi assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 07/07/2010 FOLHA DE PAGAMENTO EM DESACORDO COM OS PADRÕES E NORMAS ESTABELECIDOS PELA SEGURIDADE SOCIAL. Determina a lavratura de autodeinfração a elaboração de folhas de pagamento dos segurados a serviço da empresa em desacordo com os padrões e normas estabelecidos pela Receita Federal do Brasil. PEDIDO DE DILIGÊNCIA INDEFERIMENTO. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar sem motivação ou prescindíveis. PEDIDO DE JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. PRECLUSÃO TEMPORAL. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. ENDEREÇO CADASTRAL. INTIMAÇÃO ENDEREÇADA AO ADVOGADO. INDEFERIMENTO. O domicílio tributário do sujeito passivo é o endereço, postal, eletrônico ou de fax fornecido pelo próprio contribuinte à Fl. 1905DF CARF MF Impresso em 01/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Receita Federal do Brasil (RFB) para fins cadastrais. Dada a inexistência de previsão legal, indeferese o pedido de endereçamento das intimações ao escritório do procurador. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Na sua peça recursal, o sujeito passivo alegou, em síntese, que: a) todo o procedimento fiscal deve ser nulificado, posto que, há Mandados de Procedimento Fiscal MPF que não foram prorrogados dentro do prazo regulamentar e, assim, os MPF subsequentes deveriam ter autorizado outro auditor fiscal para dar continuidade ao procedimento, conforme determina a legislação; b) a empresa estava regularmente inscrita no Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, posto que a exigência de recadastramento mediante Portaria não tem validade, uma vez que fere o princípio da legalidade; c) não se admite a cumulação dos juros SELIC com índices de correção monetária e juros moratórios. Ao final, requer: a) declaração de nulidade do AI; b) reconhecimento da improcedência da multa aplicada; c) exclusão dos juros SELIC É o relatório. Fl. 1906DF CARF MF Impresso em 01/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10166.721494/201019 Acórdão n.º 2401002.454 S2C4T1 Fl. 1.905 5 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade O recurso merece conhecimento, posto que preenche os requisitos de tempestividade e legitimidade. A nulidade motivada por falha nos MPF Alega a recorrente que, tendo havido expiração de dois dos MPF, na substituição dos mesmos deveria o obrigatoriamente constar outra autoridade fiscal para dar continuidade ao procedimento. Não se tendo procedido dessa forma é nulo o procedimento fiscal. Consultando a sítio da RFB pude constatar que o MPF original, com duração de 120 dias foi emitido em 09/10/2009, com prazo de expiração em 06/02/2010 (120 dias, conforme art. 11, I, da Portaria RFB n.º 11.371/2007), as prorrogações deramse em 06/02/2010; 07/04/2010 e 06/06/2010 (60 dias, conforme art. 11, II, da mesma Portaria). Considerandose que a ciência do lançamento pelo sujeito passivo ocorreu em 12/07/2010, percebese que na data da ciência do lançamento havia MPF vigente e que não houve expiração de qualquer dos MPF lavrados, mas apenas prorrogação dos mandados. Assim, a afirmação da recorrente encontrase totalmente dissociada dos fatos ocorridos no processo. Afasto, então, essa preliminar. Fornecimento de vale alimentação sem inscrição no PAT Acerca da apuração de contribuições incidentes sobre a alimentação oferecida aos trabalhadores mediante o fornecimento de “vale alimentação”, o fisco afirmou que a empresa encontravase em situação irregular, quanto à inscrição no PAT. De acordo com a Auditoria, a empresa, por não ter efetuado no ano de 2004 o recadastramento obrigatório determinado pela Portaria da Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego n.º 66/2003, ficou irregular com o PAT para os exercícios de 2005 e 2006, descumprindo, assim, a norma que exonera a verba da incidência de contribuições previdenciárias. Alega a empresa que a Portaria não tem poder normativo para criar obrigações para os administrados e que somente em lei poderia ser veiculada essa exigência de recadastramento. Fl. 1907DF CARF MF Impresso em 01/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 Sobre essa questão é de se notar que a recorrente afirma que fez a inscrição no PAT no ano de 1999, cuja validade foi estendida até 2003, todavia, não atendeu à determinação da Portaria n.º 81, de 27/05/2004, editada pela Secretaria de Inspeção do Trabalho em conjunto com o Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho, que determinava o recadastramento das pessoas jurídicas beneficiárias no PAT no ano de 2004. Sustenta a empresa que essa Portaria não poderia instituir uma obrigação, mas apenas a lei em sentido estrito. A referida Portaria determinou em seu art. 1.º a prorrogação por 90 dias, a contar de 01/07/2004, do prazo para que as pessoas jurídicas efetuassem o recadastramento no programa, conforme estabelecido pela Portaria n.º 66/2003. Essa determinava: Art. 1º As pessoas jurídicas beneficiárias do Programa de Alimentação do Trabalhador PAT deverão recadastrarse, no período de 01 de março a 31 de maio de 2004. Parágrafo Único O recadastramento das pessoas jurídicas beneficiárias deverá ser efetuado por meio eletrônico, utilizando o formulário constante da página do Ministério do Trabalho e Emprego na internet (www.mte.gov.br/pat). (...) Art. 3º O nãorecadastramento no Programa de Alimentação do Trabalhador no prazo estipulado implicará o cancelamento automático do registro ou inscrição. Art. 4º A cópia do comprovante de recadastramento deverá ser mantida nas dependências da empresa, à disposição da Fiscalização Federal. (...) Verificase, assim, que, de fato, a empresa recorrente, por não haver efetuado o recadastramento, nos termos das Portarias acima mencionadas, teve o seu registro no programa cancelado. Nesse sentido, para os exercícios de 2005 e 2006, podese dizer que a empresa não era inscrita no programa, não podendo usufruir das benesses fiscais proporcionadas pelo mesmo. Quanto à validade das normas em questão, não vejo como negála. Consultando a legislação específica que trata do PAT, pude verificar que é obrigatória a inscrição no programa para que as empresas possam gozar de suas benesses. A Lei n.º 6.321/1976, que institui benefícios fiscais para as empresas que realizam despesas com a alimentação do trabalhador, em seu art. 4.º, prevê a regulamentação das suas regras por ato do Poder Executivo. Para cumprir esse desiderato, foi editado o Decreto n. 05, de 14/01/1991, que assim dispõe: Art. 1º A pessoa jurídica poderá deduzir, do Imposto de Renda devido, valor equivalente à aplicação da alíquota cabível do Imposto de Renda sobre a soma das despesas de custeio realizadas, no períodobase, em programas de alimentação do trabalhador, previamente aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social (MTPS), nos termos deste regulamento. Fl. 1908DF CARF MF Impresso em 01/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10166.721494/201019 Acórdão n.º 2401002.454 S2C4T1 Fl. 1.906 7 (...) § 4º Para os efeitos deste Decreto, entendese como prévia aprovação pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social a apresentação de documento hábil a ser definido em portaria dos ministros do Trabalho e Previdência Social, da Economia, Fazenda e Planejamento e da Saúde. Nesse sentido, as regras trazidas pelas Portarias do então Ministério do Trabalho n.º 66/2003 e n.º 81/2004 estão albergadas pela autorização dada pelo Decreto regulamentador da Lei do PAT, não sendo cabível o questionamento da validade das mesmas. No que diz respeito à incidência de contribuição sobre tal parcela, cabenos trazer à colação o que dispõe o § 9.º do art. 28 da Lei n. 8.212/1991: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei n°6.321, de 14 de abril de 1976; (...) Observese do dispositivo transcrito que a previsão de isenção de contribuição sobre a alimentação fornecida aos empregados condiciona a desoneração a dois requisitos: que a alimentação seja fornecida “in natura” e que a sua disponibilização esteja em conformidade com as normas do PAT. Assim, não tendo a recorrente efetuado a sua adesão ao PAT para os exercícios de 2005 e 2006, conforme determinava a legislação aplicável, houve evidente descumprimento da norma inserta na alínea “c” do § 9.º do art. 28 da Lei n. 8.212/1991, haja vista que o fornecimento de alimentação foi efetuado em desacordo com a legislação do PAT, pelo que devem incidir contribuições sobre tais verbas. A alegação de que independentemente de inscrição no PAT não haveria tributação previdenciária quer, de forma oblíqua, declarar a invalidade de dispositivo da Lei n.º 8.212/1991, o que não pode ser acatado, sob pena da Autoridade Fiscal ficar sujeita à responsabilização funcional. É certo que a Fazenda tem reconhecido a não incidência de contribuições sociais sobre a alimentação fornecida aos empregados, independentemente de inscrição do empregador no PAT, todavia, essa regra aplicase apenas às prestações in natura, como se pode ver do Ato Declaratório da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional n.º 03, de 20/12/2001: "Nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílioalimentação não há incidência de contribuição previdenciária" . Fl. 1909DF CARF MF Impresso em 01/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 8 Diante dessas afirmações, a empresa, por deixar de declarar verba incidente de contribuições previdenciárias nas folhas de pagamento, incorreu em infração ao que dispõe o inciso I do art. 32 da Lei n.º 8.212/1991. Juros SELIC A insurgência da recorrente quanto à aplicação de juros SELIC cumulado com atualização monetária e juros moratórios não deve ser considerada. É que na multa presente no AI guerreado não há qualquer referência à incidência de juros ou atualização monetária, sendo impertinente esse argumento. Conclusão Ante todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso. Kleber Ferreira de Araújo Fl. 1910DF CARF MF Impresso em 01/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 19563.000015/2007-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/01/2006
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DECADENCIAL.
CINCO ANOS. ART. 150, §4º DO CTN.
O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência do preceito inscrito no art. 150, §4º do CTN.
Encontra-se atingida pela fluência do prazo decadencial parte dos fatos geradores apurados pela fiscalização.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE CÁLCULO. AFERIÇÃO INDIRETA. INOCORRÊNCIA.
Não se qualifica como aferição indireta o procedimento fiscal de
dimensionamento quantitativo da base de cálculo no qual os valores correspondentes à base de incidência são colhidos diretamente das folhas de pagamento e das GFIP, documentos estes eleitos pela legislação previdenciária como os específicos para o registro dos fatos geradores de contribuições previdenciárias.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2302-001.876
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por maioria de votos, em conceder provimento parcial quanto à preliminar de extinção do crédito pela homologação tácita prevista no art. 150, parágrafo 4 do CTN, nos termos do voto do relator. O Conselheiro Arlindo da Costa e Silva divergiu, pois entendeu que deveria ser aplicado no art. 173, inciso I do CTN. Quanto à parcela não extinta, não houve divergência.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201206
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2001 a 31/01/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. ART. 150, §4º DO CTN. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência do preceito inscrito no art. 150, §4º do CTN. Encontra-se atingida pela fluência do prazo decadencial parte dos fatos geradores apurados pela fiscalização. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE CÁLCULO. AFERIÇÃO INDIRETA. INOCORRÊNCIA. Não se qualifica como aferição indireta o procedimento fiscal de dimensionamento quantitativo da base de cálculo no qual os valores correspondentes à base de incidência são colhidos diretamente das folhas de pagamento e das GFIP, documentos estes eleitos pela legislação previdenciária como os específicos para o registro dos fatos geradores de contribuições previdenciárias. Recurso Voluntário Provido em Parte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 19563.000015/2007-13
conteudo_id_s : 5240090
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Feb 01 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 2302-001.876
nome_arquivo_s : Decisao_19563000015200713.pdf
nome_relator_s : ARLINDO DA COSTA E SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 19563000015200713_5240090.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por maioria de votos, em conceder provimento parcial quanto à preliminar de extinção do crédito pela homologação tácita prevista no art. 150, parágrafo 4 do CTN, nos termos do voto do relator. O Conselheiro Arlindo da Costa e Silva divergiu, pois entendeu que deveria ser aplicado no art. 173, inciso I do CTN. Quanto à parcela não extinta, não houve divergência.
dt_sessao_tdt : Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2012
id : 4602093
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:02:20 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577287352320
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2277; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 200 1 199 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19563.000015/200713 Recurso nº 001.876 Voluntário Acórdão nº 230201.876 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 20 de junho de 2012 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS NFLD Recorrente SOL SEGURANCA E SERVICOS S/C LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2001 a 31/01/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. ART. 150, §4º DO CTN. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência do preceito inscrito no art. 150, §4º do CTN. Encontrase atingida pela fluência do prazo decadencial parte dos fatos geradores apurados pela fiscalização. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE CÁLCULO. AFERIÇÃO INDIRETA. INOCORRÊNCIA. Não se qualifica como aferição indireta o procedimento fiscal de dimensionamento quantitativo da base de cálculo no qual os valores correspondentes à base de incidência são colhidos diretamente das folhas de pagamento e das GFIP, documentos estes eleitos pela legislação previdenciária como os específicos para o registro dos fatos geradores de contribuições previdenciárias. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por maioria de votos, em conceder provimento parcial quanto à preliminar de extinção do crédito pela homologação tácita prevista no art. 150, parágrafo 4 do CTN, nos termos do voto do relator. O Conselheiro Arlindo da Costa e Silva divergiu, pois entendeu que deveria ser aplicado no art. 173, inciso I do CTN. Quanto à parcela não extinta, não houve divergência. Fl. 209DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 Marco André Ramos Vieira Presidente. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco André Ramos Vieira (Presidente de Turma), Manoel Coelho Arruda Junior (Vicepresidente de turma), Liége Lacroix Thomasi, Adriana Sato, Jhonatas Ribeiro da Silva e Arlindo da Costa e Silva. Relatório Período de apuração: 01/01/2001 a 31/01/2006 Data da lavratura da NFLD: 26/05/2006. Data da Ciência da NFLD: 26/05/2006. Tratase de crédito tributário lançado em desfavor da empresa em epígrafe, consistente em contribuições previdenciárias patronais destinadas ao custeio da seguridade social, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho e a outras entidades e fundos, a saber, FNDE, INCRA, SENAC, SESC e SEBRAE, incidentes sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a seus segurados empregados, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 78/83. Informa a Autoridade Lançadora que o montante devido neste levantamento foi apurado pelo exame das GFIP apresentadas pela empresa durante a ação fiscal. As remunerações informadas nas GFIP estão de acordo com as remunerações observadas nos sistemas informatizados de arrecadação do INSS (PLENUS — AGUIA/CNISA) processadas pela DATAPREV. A partir das informações constantes da GFIP, contudo, em algumas competências, a empresa informou e recolheu no código errado. Desta forma, para o cálculo dos valores foram utilizados as bases informadas pelo contribuinte em GFIP e, onde as informações foram feitas de maneira incorreta, foram utilizadas as informações constantes na RAIS e nas folhas de pagamento. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 97/106. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém/PA lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão a fls. 124/131, julgando procedente em parte o lançamento e retificando o crédito tributário na forma consignada no Discriminativo Analítico do Débito Retificado DADR a fls. 132/150. Foram excluídos do lançamento o levantamento DAL, considerado nulo pela não emissão do respectivo relatório, assim como os fatos geradores que, embora aferidos diretamente pelo exame das GFIP e das folhas de pagamento, continham informação no DAD e no RL de terem sido efetuados com base na RAIS documento utilizado no caso de aferição Fl. 210DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19563.000015/200713 Acórdão n.º 230201.876 S2C3T2 Fl. 201 3 indireta , pois comprometiam a garantia de liquidez e certeza do crédito previdenciário, e poderiam caracterizar cerceamento do direito de defesa do contribuinte. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 29/11/2010, conforme documento de Intimação e Recibo a fl. 172. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário, a fls. 179/188, respaldando sua inconformidade em argumentação desenvolvida nos seguintes elementos: • Que não há motivação para a aferição indireta; • Decadência Parcial; • Que não houve inércia do fiscalizado, que apresentou documentação suficiente para a realização da fiscalização. Aduz ter havido ilegalidade na aferição indireta utilizada pelo fisco, o que implicaria a anulação do ato respectivo e a correção dos valores do débito, conforme documentação apresentada pela empresa. Ao fim, requer a anulação do lançamento. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 29/11/2010. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 28 de dezembro do mesmo ano, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço. 2. DAS QUESTÕES PRELIMINARES 2.1. DA DECADÊNCIA Fl. 211DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, em julgamento realizado em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei n º 8.212/91, nos termos que se vos seguem: Súmula Vinculante nº 8 “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Conforme estatuído no art. 103A da Constituição Federal, a Súmula Vinculante nº 8 é de observância obrigatória tanto pelos órgãos do Poder Judiciário quanto pela Administração Pública, devendo este Colegiado aplicála de imediato. Constituição Federal de 1988 Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Afastada por inconstitucionalidade a eficácia das normas inscritas nos artigos 45 e 46 da Lei n º 8.212, urgem serem seguidas as disposições relativas à matéria em relevo inscritas no Código Tributário Nacional – CTN e nas demais leis de regência. O instituto da decadência no Direito Tributário, malgrado respeitadas posições em sentido diverso, encontrase regulamentado no art. 173 do Código Tributário Nacional CTN, que reza ipsis litteris: Código Tributário Nacional CTN Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Conforme detalhadamente explicitado e fundamentado no Acórdão nº 2302 01.387 proferido nesta 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, na Sessão de 26 de outubro de 2011, nos autos do Processo nº 10240.000230/200865, convicto encontrase este Conselheiro de que, após a implementação do sistema GFIP/SEFIP, o lançamento das Fl. 212DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19563.000015/200713 Acórdão n.º 230201.876 S2C3T2 Fl. 202 5 contribuições previdenciárias não mais se enquadra na sistemática de lançamento por homologação, mas, sim, na de lançamento por declaração, nos termos do art. 147 do CTN. Com fulcro nos fundamentos expostos nessas breves digressões, deflui da análise da subsunção do fato in concreto à norma de regência que, ao caso sub examine, operarseia a incidência das disposições inscritas no inciso I do transcrito art. 173 do CTN. Ocorre, todavia, que o entendimento majoritário que permeia esta 2ª Turma Ordinária, em sua escalação titular, se inclina à tese de que, ao lançamento de contribuições previdenciárias cujas rubricas qualificadoras dos fatos geradores levantados tenham sido contempladas com recolhimentos antecipados das respectivas contribuições previdenciárias aplicase o regime assentado no §4º do art. 150 do CTN, excluindose o crédito tributário não pela decadência, mas, sim, pela homologação tácita. Por outro lado, mas vinho de outra pipa, pelas razões expendidas nos autos do Processo Administrativo Fiscal referido nos parágrafos anteriores, entende este relator que o lançamento tributário encontrase perfeito e acabado na data de sua lavratura, representada pela assinatura da Autoridade Fiscal lançadora, figurando a ciência do contribuinte como atributo de publicidade do ato e condição de eficácia do lançamento perante o sujeito passivo, mas, não, atributo de sua existência. Nada obstante, o entendimento dominante nesta 2ª Turma Ordinária, em sua composição permanente, esposa a concepção de que a data de ciência do contribuinte produz, como um de seus efeitos, a demarcação temporal do dies a quo do prazo decadencial. Diante de tal cenário, o entendimento deste que vos relata mostrase isolado perante o Colegiado. Dessarte, em atenção aos clamores da eficiência exigida pela Lex Excelsior, curvome ao entendimento majoritário desta Corte Administrativa, em respeito à opinio iuris dos demais Conselheiros. Nessas condições, tendo sido a ciência da NFLD em debate realizada aos 26 dias do mês de maio de 2006, os efeitos o lançamento em questão alcançaria, tão somente, as obrigações tributárias exigíveis a contar da competência maio/2001, inclusive, nos termos do art. 150, §4º do CTN. Pelo exposto, consoante o entendimento majoritário deste Sodalício, encontramse atingidas pela fluência do prazo decadencial todas as obrigações tributárias relativas aos fatos geradores ocorridos nas competências anteriores a maio/2001, exclusive, caducando, por conseguinte, o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário a elas correspondente. Vencidas as preliminares, passamos à análise do mérito. 3. DO MÉRITO Em razão do provimento relativo à decadência parcial do direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário de que trata o presente processo, nos termos do item 2.1. supra, apenas será objeto de apreciação por este Colegiado as matérias de fato e de direito referentes aos fatos geradores ainda não alcançados pelo decurso do prazo decadencial acima Fl. 213DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 referido. Em relação aos já caducos, consideraremos ter havido perda do interesse processual, razão pela qual não serão mais objeto de deliberação. Outrossim, cumpre assentar que também não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias decididas pelo órgão de 1ª instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela parte. 3.1. DA AFERIÇÃO INDIRETA Alega o Recorrente não haver motivação para a aferição indireta. Aduz que não houve inércia do fiscalizado, que apresentou documentação suficiente para a realização da fiscalização. Considera ter havido ilegalidade na aferição indireta utilizada pelo fisco, o que implicaria a anulação do ato respectivo e a correção dos valores do débito, conforme documentação apresentada pela empresa. Razão não lhe assiste. Em primeiro lugar, há que se esclarecer que as bases de cálculo referentes aos fatos geradores apurados pela fiscalização no presente lançamento não foram dimensionadas mediante aferição indireta, como assim afirma o Recorrente, mas, sim, diretamente sobre as GPS, GFIP e folhas de pagamento apresentadas pela empresa à fiscalização. O levantamento DAL é composto pelas rubricas 36 juros sobre recolhimento e 37 – multa sobre recolhimento referentes a recolhimentos de contribuições previdenciárias realizados fora do prazo assinalado na lei e apurado diretamente das GPS apresentadas à fiscalização. O levantamento FA – FOLHA ANÁLISE ARQ DIGITAL referese a valores declarados pelo sujeito passivo em GFIP, mas não contemplados em suas GPS. Tratase de um levantamento decorrente do mero batimento GFIP vs GPS. Já o levantamento FP – FOLHA DE PAGAMENTO é constituído por fatos geradores apurados diretamente através do exame das folhas de pagamento apresentadas pela empresa, mas não por esta declarados nas GFIP correspondentes. É certo que parte do lançamento foi declarada nula pelo Órgão Julgador de 1ª Instância em razão de este ter vislumbrado não conter os relatórios fiscais integrantes do lançamento em foco todas as informações necessárias para que o sujeito passivo pudesse, de forma eficiente, exercer o seu direito ao contraditório. As razões da declaração da nulidade foram, de forma exemplar, explanadas pela Instância a quo da decisão vergastada, cujo item 16, a fls. 130/131, reproduzimos a seguir, para melhor compreensão de seus fundamentos. 16. Todavia, em respeito ao Principio do direito à ampla defesa e ao contraditório, um dos pilares que sustentam o Processo Administrativo Fiscal, que se traduz, por um lado, pela necessidade de se dar conhecimento da existência da ação e de Fl. 214DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19563.000015/200713 Acórdão n.º 230201.876 S2C3T2 Fl. 203 7 todos os atos do processo às partes, e de outro, pela possibilidade das partes reagirem aos atos que lhes forem desfavoráveis, passo a abordar os seguintes tópicos: 16.1 Respeitante à alegação referente às diferenças de acréscimos legais, de que a NFLD não traria informações necessárias à defesa, observo que não foi juntado ao presente o Relatório DAL Diferença de Acréscimos Legais, o qual informa quais as competências foram recolhidas com atraso e sem os acréscimos devidos, ficando realmente a notificada cerceada no seu direito de contraditório e ampla defesa, esculpido no inciso LV do art. 5° da Constituição Federal, uma vez que do levantamento DAL — Diferença de Ac. Legais, lançado para o período 06/2002 a 102005, constante do DAD — Discriminativo Analítico do Débito, de fls. 04/26, considera como competência a data do recolhimento da guia em atraso, sendo que as guias por competência que geraram esse levantamento constam apenas do Relatório DAL Diferença de Acréscimos Legais, que por sua vez não foi juntado ao presente processo e muito menos se encontra entre os anexos emitidos e listados no rosto da NFLD, como parte integrante do lançamento; 16.2 Referentemente às alegações de obscuridade da NFLD, quando é afirmado pela empresa, que o lançamento apresentaria um emaranhado de números e dados, o que levaria a impugnante a encontrar maior dificuldade em decifrálos, o que o viciaria de nulidade, observo que, embora o lançamento refirase ao cotejo GFIP/Folha de Pagamento/GPS, cujos salários de contribuição foram aferidos diretamente sobre documentos incontestes que oferecem a exata base de cálculo das contribuições previdenciárias, observo um erro de forma, quando foi informado no Relatório Fiscal de fls. 78/83, item 6, que nas GFIP's declaradas no código errado foram utilizadas as bases de cálculo da RAIS Relação Anual de Informações Sociais RAIS e das Folhas de Pagamento. Corroborando tal vicio consta também registrado no RL Relatório de Lançamentos de fls. 27/38, no campo observação, em algumas competências, a base de cálculo, como sendo obtida da RAIS, tanto no levantamento FA — FOLHA ANALISE ARQ DIGITAL (período 01/2001 a 13/2005), relativo a valores declarados em GFIP, quanto no FP — FOLHA DE PAGAMENTO (período 04/2001 a 01/2006), concernente a parte da folha de pagamento não declarada em GFIP; 16.3 Concluo que tal erro contribuiu para o alegado no subitem 3.2 e 3.3, cerceando o direito de defesa do contribuinte, porém, não com a intensidade pretendida, de forma a macular inteiramente a NFLD, e sim, apenas as bases de cálculo obtidas na RAIS, documento utilizado, entre outros, para aferição indireta, que é um procedimento de que dispõe a fiscalização para apuração indireta da base de cálculo das contribuições previdenciárias, quando ocorrer uma das hipóteses previstas no art. 33, §§ 3° a 6°, da Lei n° 8212/1991, nas quais não está amparado o presente lançamento. Fl. 215DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 8 17. Dessa forma, os erros verificados atingem o ato em sua essência e impedem a execução normal da função do Estado, bem como cercearam o direito de defesa da empresa notificada, motivo pelo qual decido pela nulidade do levantamento DAL — Diferença de Ac. Legais (período 06/2002 a 102005), pela não emissão do Relatório DAL Diferença de Acréscimos Legais e pela nulidade dos lançamentos apurados com base na RAIS, por ser a mesma um documento utilizado eminentemente nos casos de aferição indireta. 18. O dever da administração rever seus atos, zelando pela sua legalidade, tem fundamento na Lei 9.784/99, Art. 53: "A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vicio de legalidade, e pode revogálos por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos". Os grifos não constam no original. Conforme se observa, o motivo da declaração da nulidade, no segundo caso, se deu em razão da errônea informação consignada no DAD e no RL de que as bases de cálculo teriam sido apuradas com base na RAIS, quando, em realidade, houveramse por colhidas diretamente das GFIP e das folhas de pagamento apresentadas pela empresa à fiscalização, documentos estes indicados pela legislação tributária como os específicos para o registro dos fatos geradores de contribuições previdenciárias. 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do recurso para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO PARCIAL, devendo ser excluídos do lançamento todas as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos nas competências anteriores a maio/2001, exclusive. É como voto. Arlindo da Costa e Silva Fl. 216DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19563.000015/200713 Acórdão n.º 230201.876 S2C3T2 Fl. 204 9 Fl. 217DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 11330.001307/2007-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 01 00:00:00 UTC 2011
Numero da decisão: 2301-000.162
Decisão: Acordam os membros do colegiado, : Por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora
Nome do relator: BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201112
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 11330.001307/2007-97
conteudo_id_s : 6393264
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jun 02 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 2301-000.162
nome_arquivo_s : 230100162_11330001307200797_201112.pdf
nome_relator_s : BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
nome_arquivo_pdf_s : 11330001307200797_6393264.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, : Por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora
dt_sessao_tdt : Thu Dec 01 00:00:00 UTC 2011
id : 4594205
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:01:34 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577321955328
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1146; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 418 1 417 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11330001307200797 Recurso nº 999999 Resolução nº 2301000.162 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 1 de dezembro de 2011 Assunto Solicitação de Diligência Recorrente XEROX COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, : Por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora Marcelo Oliveira Presidente. Bernadete de Oliveira Barros Relatora Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzales Silverio, Bernadete De Oliveira Barros, Damião Cordeiro De Moraes, Mauro Jose Silva, Wilson Antonio De Souza Correa. Fl. 637DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 29 /03/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 11330001307200797 Resolução n.º 2301000.162 S2C3T1 Fl. 419 2 RELATÓRIO Tratase de crédito previdenciário lançado contra a empresa acima identificada, referente às contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à contribuição da empresa, à destinada ao financiamento dos benefícios decorrentes dos riscos ambientais do trabalho e aos terceiros. Conforme relatório fiscal (fl. 23), as contribuições foram apuradas tendo em vista a constatação de diferenças entre valores apurados com base nas informações prestadas em GFIP e aqueles recolhidos em GPS e Comprovantes de Arrecadação Direta CAD do FNDE. A recorrente impugnou o débito e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 1218.967, da 10a Turma da DRJ/RJOI (fls. 333), julgou o lançamento procedente em parte, excluindo do débito os valores lançados depositados em juízo e lançados por meio de NFLD específica para prevenir decadência Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso tempestivo (fls. 343), alegando, em síntese, o que se segue. Preliminarmente, alega que não merece prosperar a alegação contida na decisão de que, embora a Recorrente tenha retificado as GFIPs, os montantes retificados não poderiam ser aceitos, uma vez que não estariam amparados em escrituração contábil e demais documentos pertinentes e, sendo o ônus da prova da Recorrente, não estaria sendo afastado o principio da verdade material. Defende a impossibilidade de lançamento unicamente com base nas informações declaradas na GFIP, uma vez que tal declaração, por si só, não constitui fato gerador da contribuição previdenciária, sendo necessária um efetivo procedimento fiscal para realização do lançamento, sob pena de violação do artigo 142, do CTN. No mérito, sustenta que inexistem as diferenças apuradas, pois tais diferenças decorreram de erro no preenchimento da GFIP, como demonstram os documentos anexados na impugnação, sendo necessária a sua análise, tendo em vista o principio da verdade material. Com relação ao argumento da autoridade julgadora de que os valores apontados como inconsistentes pela recorrente em sua peça impugnatória seriam idênticos ao constante no "CNISA", salienta que a Recorrente não tem acesso ao referido sistema, sendo certo que a base de cálculo da contribuição previdenciária por ela devida é aquela informada na sua GFIP e não uma suposta base constante em um sistema ao qual não tem acesso. Ressalta que a notificada pode comprovar, por meio de documentos, o valor por ela informado em sua GFIP, o qual deveria ter sido utilizado pela fiscalização na apuração da suposta contribuição previdenciária por ela devida, cabendo à fiscalização comprovar que os valores constantes das GFIPs apresentadas estariam incorretos, uma vez que a recorrente não tem como se defender de algo que desconhece. Fl. 638DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 29 /03/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 11330001307200797 Resolução n.º 2301000.162 S2C3T1 Fl. 420 3 Assevera que os erros de preenchimento de GFIP estavam suportados e comprovados por vasta documentação, que foi desconsiderada pelas autoridades julgadoras por não estar lastreada por documentos contábeis,e ressalta que inexiste qualquer previsão legal no sentido de que apenas documentos contábeis serviriam para demonstrar a existência de erros no preenchimento de GFIP. Entende que não resta dúvida de que os documentos apresentados pela Recorrente possuem força probatória na busca da verdade material, inexistindo qualquer justificativa para a ausência de sua análise ou desconsideração, sendo certo ainda que inexiste determinação no sentido de que somente documentos contábeis devem ser considerados como provas válidas. Frisa que, caso tivessem sido analisados, as autoridades julgadora facilmente conseguiriam verificar a comprovação do erro no preenchimento das GFIPs e o correto recolhimento das contribuições previdenciárias devidas pela Recorrente. Reproduz, a seguir, as explicações e comprovações dos erros que, segundo entende, foram cometidos pela fiscalização, para que sejam apreciadas por esta segunda instância, observando que, em razão da aplicação do principio da verdade material, a autoridade julgadora tem o dever de buscar a realidade dos fatos, pois esse é sempre norteador do processo administrativo tributário, haja vista que a autoridade administrativa não deve se limitar a presumir a ocorrência do fato gerador, devendo efetivamente buscar elementos que comprovem a sua ocorrência e apurar todos os fatos que lhe são apresentados na busca da verdade real, independentemente de qualquer fator externo. Reafirma que, no presente caso, a autoridade julgadora violou o principio da verdade material ao deixar de analisar os documentos apresentados pela Recorrente que suportam a existência de erros no preenchimento da GFIP e demonstram o correto recolhimento das suas contribuições previdenciárias,e, conseqüentemente, a inexistência das supostas diferenças apuradas pela fiscalização. Às fls. 374 a 410, junta documentação que, segundo entende, comprova suas alegações. È o relatório. Fl. 639DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 29 /03/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 11330001307200797 Resolução n.º 2301000.162 S2C3T1 Fl. 421 4 VOTO Bernadete de Oliveira Barros, Relatora Da análise dos autos, verificase que a fiscalização levantou o débito com base na divergência constatada entre valores apurados com base nas informações prestadas em GFIP e aqueles recolhidos em GPS. A recorrente, alegando que as diferenças constatadas pela fiscalização se devem a erros no preenchimento das GFIPs, procedeu suas retificações e juntou extensa documentação na tentativa de comprovar suas afirmações. A autoridade julgadora de primeira instância desconsiderou a documentação apensada ao argumento de que, por se tratar de crédito oriundo do batimento GFIP x GPS, os alegados erros de preenchimento teriam que possuir lastro na escrituração contábil, a qual sequer foi juntada, motivo pelo qual não considerou as retificações apresentadas após o término da auditoriafiscal. Contudo, verificase que, após a decisão de primeira instância, a recorrente apresentou vasta documentação, incluindo cópias de escrituração contábil. Em que pese a afirmação do relator do acórdão combatido de que as provas trazidas pelo Recorrente não são suficientes sequer para colocar em dúvida a exatidão do levantamento, entendo que os documentos juntados na impugnação deixam dúvidas, sim, quanto à correção dos valores lançados, ou mesmo quanto à existência do crédito tributário. A recorrente pode não ter apresentado a escrituração contábil em sede de defesa por entender que os documentos juntados aos autos, como notas fiscais de serviços com o destaque da retenção de 11%, Termos de Rescisão de Contrato de Trabalho e Folhas de Pagamento, entre outros, seriam suficientes para comprovar a incorreção dos valores lançados, uma vez que não só os registros na contabilidade fazem prova de que houve equívoco na elaboração da GFIP. Tanto é que, diante da recusa da autoridade julgadora em considerar a documentação anexada junto à impugnação por não estar acompanhada “da necessária prova contábil”, a recorrente juntou, ao recurso, cópias do Livro Contábil Auxiliar. Dessa forma, entendo que o processo deva retornar à origem em diligência para que a autoridade notificante se pronuncie quanto aos argumentos expendidos em sede recursal, analisando todos documentos juntados pela recorrente, e outros que achar pertinentes, e se manifestando quanto à suficiência da documentação apensada para a retificação do débito. E, ainda, para que não fique configurado o cerceamento do direito de defesa, que seja dada ciência ao sujeito passivo do teor dos esclarecimentos a serem prestados pela fiscalização, abrindo prazo para sua manifestação. Nesse sentido e Considerando tudo o mais que dos autos consta; Fl. 640DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 29 /03/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 11330001307200797 Resolução n.º 2301000.162 S2C3T1 Fl. 422 5 Voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA. É como voto. Bernadete de Oliveira Barros Relator Fl. 641DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 29 /03/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 15277.000132/2008-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2402-000.215
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
Nome do relator: RONALDO DE LIMA MACEDO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201204
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 15277.000132/2008-24
conteudo_id_s : 6412640
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jun 29 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 2402-000.215
nome_arquivo_s : 2402000215_15277000132200824_201204.pdf
nome_relator_s : RONALDO DE LIMA MACEDO
nome_arquivo_pdf_s : 15277000132200824_6412640.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2012
id : 4594187
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:01:33 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577369141248
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1185; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 1 1 0 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15277.000132/200824 Recurso nº 000.000 Resolução nº 2402000.215 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 18 de abril de 2012 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA. AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA (AIOA). CONEXÃO COM OBRIGAÇÃO PRINCIPAL Recorrente VIAÇÃO PRINCESA DO SUL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Julio Cesar Vieira Gomes – Presidente. Ronaldo de Lima Macedo Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Ana Maria Bandeira, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Nereu Miguel Ribeiro Domingues e Jhonatas Ribeiro da Silva. Fl. 704DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2012 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 16/05/20 12 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado com fundamento na inobservância da obrigação tributária acessória – prevista no art. 32, inciso IV e § 5º, da Lei 8.212/1991, acrescentados pela Lei 9.528/1997, c/c o art. 225, inciso IV e § 4º, do Decreto 3.048/1999 –, que consiste em a empresa apresentar a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, para as competências 01/2004 a 12/2004. Segundo o Relatório Fiscal da Infração (fl. 14), a empresa deixou de declarar, ou registrou a menor, em GFIP’s os fatos geradores de contribuições previdenciárias referentes aos segurados empregados e contribuintes individuais. O Relatório Fiscal da Aplicação da Multa (fls. 117/118) informa que foi aplicada a multa no valor de R$127.227,19, com fundamento no art. 32, inciso IV e § 5°, da Lei 8.212/1991, combinado com o art. 284, inciso II, do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto 3.048/1999. A ciência do lançamento fiscal ao sujeito passivo deuse em 24/10/2008 (fls. 01 e 137), mediante correspondência postal com Aviso de Recebimento (AR). A autuada apresentou impugnação tempestiva (fls. 140/654), alegando, em síntese, a correção das GFIP objeto da presente autuação, com anexação de cópias de GFIP retificadoras. E, informa que: “Apresentou em época própria as GFIP com todas as informações necessárias, todos os segurados empregados e autônomos e suas correspondentes remunerações, conforme se verifica nas cópias anexas, docs. 1 a 12, deixando no entanto de incluir os valores das retenções feitas pelos seus tomadores de serviços de que trata o art. 31 da Lei n° 9.711/98. (...) Dessa forma, ao contrário de nenhuma GFIP, foram entregues duas GFIPs, uma com o valor correto, com todos os segurados, e uma outra somente com o valor das retenções feitas pelos tomadores de serviços. Depois do procedimento fiscal, com a orientação do Auditor Fiscal, fez uma nova GFIP, constando então todas as informações unificadas, cópias anexas docs. 33 a42. Assim sendo, afirma que não houve máfé ou omissão em prestar informações, e sim a ocorrência de um engano de procedimento, entendendo não ser justo que seja penalizada por este valor aplicado. Requer o cancelamento do Auto de Infração.” Tendo em vista as alegações de correções da GFIP e cópias de documentos apresentados pela Impugnante, os autos foram baixados em diligência à fiscalização para verificação das GFIP retificadas, se corrigidas as irregularidades apontadas dentro do prazo de impugnação (fls. 658/659). Em resposta ao solicitado, a Auditoria Fiscal abstevese de manifestar sobre o mérito do processo administrativo fiscal, por se tratar, no seu entendimento, de competência da DRJ (fls. 660/665). Fl. 705DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2012 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 16/05/20 12 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 15277.000132/200824 Resolução n.º 2402000.215 S2C4T2 Fl. 2 3 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Juiz de Fora/MG – por meio do Acórdão 0927.882 da 5a Turma da DRJ/JFA (fls. 668/674 – Volume IV) – considerou o lançamento fiscal procedente em sua totalidade, eis que ele encontrase revestido das formalidades legais, tendo sido lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto. A Notificada apresentou recurso (fls. 676/678), manifestando seu inconformismo pela obrigatoriedade do recolhimento dos valores lançados no auto de infração e no mais efetua as alegações da peça de impugnação. A Agência da Receita Federal do Brasil em Pouso Alegre/MG encaminha os autos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para processamento e julgamento (fl. 693). É o relatório. Fl. 706DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2012 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 16/05/20 12 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 Voto Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, Relator Recurso tempestivo. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto. Analisandose as peças que compõem os autos, verifiquei a existência de dois fatos que influenciam o julgamento do recurso apresentado. Primeiro, a presente autuação referese ao descumprimento de obrigação acessória que consiste em a empresa deixar de declarar na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) todos os fatos geradores das contribuições previdenciárias, para as competências 01/2004 a 12/2004. Essas contribuições correspondentes a tais fatos geradores foram objetos de Autos de Infração de Obrigação Principal (AIOP’s) nos 37.151.1640 (período do lançamento 01/2004 a 11/2004), 37.151.1658 (período do lançamento 01/2004 a 11/2004), 37.151.1666 (período do lançamento 01/2004 a 12/2004), 37.151.1674 (período do lançamento 01/2004 a 12/2004) e 37.151.1682 (período do lançamento 01/2004 a 12/2004). Com isso, entendo que todos os lançamentos fiscais referentes ao crédito tributário proveniente da obrigação tributária principal, constituídos na mesma ação fiscal, devam ser julgados conjuntamente com o presente recurso – ou sejam julgados primeiro os lançamentos fiscais oriundos da obrigação tributária principal –, já que a relação jurídico tributário de seus respectivos fatos geradores é consubstanciada pela homogeneidade temporal e pela mesma hipótese fática de incidência tributária ou pela mesma hipótese fática na aplicação da multa decorrente do descumprimento da obrigação tributária acessória, qual seja: remunerações pagas/creditadas aos segurados empregados e contribuintes individuais que prestaram serviços à Recorrente. De fato, há conexão ou continência entre o lançamento fiscal decorrente da obrigação tributária principal (AIOP’s nos 37.151.1640, 37.151.1658, 37.151.1666, 37.151.1674 e 37.151.1682) e o presente auto de infração, que é concernente ao descumprimento de obrigação tributária acessória. Assim, haverá a necessidade de se saber o destino desses AIOP’s. Isso está em consonância com os princípios da economia processual e da precaução do sistema processual em relação à existência de julgados contraditórios. Assim, entendo que os autos devem retornar à origem a fim de que seja informado se o lançamento fiscal referentes à obrigação tributária principal retromencionada já teve o seu trânsito em julgado administrativo; e se não, qual a situação desse lançamento. Registrase que, caso a unidade preparadora (unidade de origem) tenha os números de cada processo concernente aos autos de infrações lavrados na mesma ação fiscal, estes números também deverão ser informados no retorno da diligência. Asseverese que, caso o lançamento fiscal decorrente da obrigação tributária principal esteja pendente de julgamento na primeira instância, o presente auto de infração deverá ficar sobrestado na origem até o julgamento daquela, só retornando a este Conselho com a informação do destino de todos os lançamentos fiscais conexos. Além disso, ao reconhecer a prejudicialidade para o presente julgamento, faz necessária a oportunidade de manifestação do sujeito passivo, tendo em vista que a decisão Fl. 707DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2012 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 16/05/20 12 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 15277.000132/200824 Resolução n.º 2402000.215 S2C4T2 Fl. 3 5 proferida no processo de obrigação principal será adotada neste processo de obrigação acessória. Segundo, dentro do contexto fático exposto nos autos, verificase que os elementos probatórios juntados aos autos pela Recorrente (fls. 140/654) – que noticiam o preenchimento correto das GFIP’s, sanando as irregularidades apontadas pelo Fisco – são cópias de documentos que deverão ser analisados pela AuditoriaFiscal (Fisco). Assim, necessitamos que a AuditoriaFiscal examine e emita Parecer Fiscal sobre os argumentos trazidos na peça recursal, que foram acompanhados de várias cópias de documentos, juntados aos autos nas fls. 142/654. Isso decorre do fato de que o trabalho de auditoria fiscal, em caso de verificação de descumprimento de obrigações tributárias, poderá acarretar o lançamento tributário, ato administrativo impositivo, de império, gravoso para os administrados. Por isso, o trabalho da fiscalização deve sempre demonstrar, com clareza e precisão, como determina a legislação, os motivos fáticos e jurídicos da lavratura da exigência. Lei 8.212/1991: Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. Lei 5.172/1966 – Código Tributário Nacional (CTN): Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Decreto 70.235/1972 – Processo Administrativo Fiscal (PAF): Art. 9°. A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Tal entendimento também está em consonância com o art. 50, § 1o, da Lei 9.784/1999, que estabelece a exigência de motivação clara, explícita e congruente. Lei 9.784/1999 – diploma que estabelece as regras no âmbito do processo administrativo federal: Fl. 708DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2012 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 16/05/20 12 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; (...) §1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou garantia dos interessados. Com isso, decido converter o presente julgamento em diligência, a fim de que a Receita Federal do Brasil emita Parecer Fiscal sobre os argumentos trazidos na peça recursal (fls. 676/678) – inclusive deverá analisar a fidedignidade dos documentos de fls. 142/654. Após essa providência, o Fisco deve elaborar Parecer Fiscal conclusivo sobre a cópias de GFIP’s apresentadas (fls. 142/654), e se foram sanadas todas as irregularidades apontadas pelo Fisco. Por fim, após a emissão do Parecer, o Fisco deverá dar ciência à Recorrente desta decisão e do Parecer, com os demonstrativos e cópias que se fizerem necessários, e concederá prazo de 30 (trinta) dias, da ciência, para que a Recorrente, caso deseje, apresente recurso complementar. CONCLUSÃO: Diante do exposto, voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para as providências solicitadas. Ronaldo de Lima Macedo. Fl. 709DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2012 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 16/05/20 12 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
score : 1.0
Numero do processo: 11070.001391/2010-52
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2302-000.166
Decisão: RESOLVEM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda
Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade em converter o julgamento em diligência nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201205
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 11070.001391/2010-52
conteudo_id_s : 6400714
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 14 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 2302-000.166
nome_arquivo_s : 230200166_11070001391201052_201205.pdf
nome_relator_s : MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 11070001391201052_6400714.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : RESOLVEM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade em converter o julgamento em diligência nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
dt_sessao_tdt : Thu May 17 00:00:00 UTC 2012
id : 4602065
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:02:19 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577372286976
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 2; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1819; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 65 1 64 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11070.001391/201052 Recurso nº 999.999 Resolução nº 230200.166 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 17 de maio de 2012 Assunto Solicitação de Diligência Recorrente RÁDIO MAUÁ LTDA Recorrida DRJ RIO DE JANEIRO RJ Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade em converter o julgamento em diligência nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Marco André Ramos Vieira Presidente e Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Marco André Ramos Vieira (Presidente), Liege Lacroix Thomasi, Arlindo da Costa e Silva, Adriana Sato e Manoel Coelho Arruda Júnior. O presente lançamento tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela a cargo da empresa relativa aos Terceiros, cujos valores constaram em folhas de pagamento, referente ao período compreendido entre as competências julho de 2007 a maio de 2010, fls. 30 a 31. Houve a exclusão do Simples Nacional, por meio do Ato Declaratório n. 92 de 2010. Não conformado com a autuação, foi apresentada defesa pela sociedade empresária, fls. 34 a 39. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento analisou os argumentos da autuada e exarou a decisão, que confirmou a procedência do lançamento, fls. 40 a 49. Fl. 65DF CARF MF Impresso em 24/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 15/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso pela autuada, conforme fls. 57 a 62. Em síntese, alega o seguinte: a) o servidor não podia conceder apenas cinco dias de prazo para a autuada apresentar documentos; b) a recorrente não podia ter sido excluída do Simples; c) fora irregular a exclusão da recorrente; d) foram solicitados livros que a empresa não era obrigada; e) requer a permanência no Simples. Não foram apresentadas contrarrazões pelo órgão fazendário. É o relato suficiente. Conselheiro Marco André Ramos Vieira, Relator O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 63. Superado, dessa forma, o pressuposto de admissibilidade, passo ao exame das questões preliminares ao mérito. Conforme informação na decisão de primeira instância, o presente lançamento foi realizado para prevenir decadência, enquanto não se torna definitivo o processo de exclusão do Simples Nacional. Uma vez que todo o argumento de defesa baseiase na exclusão do regime simplificado, e considerando a relação de prejudicialidade entre estes autos e aqueles que tratam da exclusão, entendo que deva ser convertido em diligência para verificar se já houve o julgamento do processo de n. 11070.001283/201080. CONCLUSÃO: Voto pela conversão em diligência, devendo a Receita Federal informar se já houve o julgamento do processo de exclusão do Simples Nacional, juntando cópias das decisões. Do resultado da diligência, antes de os autos retornarem a este Colegiado, deve ser conferida vistas à recorrente, para que, desejando, possa manifestarse. É o voto. Marco André Ramos Vieira Fl. 66DF CARF MF Impresso em 24/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 15/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10950.004009/2005-27
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005
OMISSÃO DE RENDIMENTOS COM BASE EM SUPOSIÇÕES. IMPOSSIBILIDADE. CONTRARIEDADE À EVIDÊNCIA DA PROVA. INEXISTÊNCIA.
Não é possível se presumir que depósitos em conta-corrente do fiscalizado, devidamente identificados como realizados por seu filho, sejam tributados como rendimentos omitidos porque não foram apresentadas provas da origem alegada.
Caso a Fiscalização não estivesse convencida da explicação do contribuinte para os depósitos, deveria ter aprofundado as investigações e constatado qual sua verdadeira origem. Ao contrário, supôs que seria razoável se tratar de pagamentos ou comissões por serviços prestados a pessoas jurídicas, de contabilidade ou assessoria afim, e os tributou desse modo. Entretanto, a tributação por presunção somente poderia se dar se os depósitos fossem considerados como de origem não comprovada. A tributação por omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica depende de prova inconteste do fato, não existindo autorização legal para se presumir a origem dos depósitos ao talante da autoridade fiscal.
RECEITAS DA ATIVIDADE RURAL. COMPROVAÇÃO COM DOCUMENTOS DIFERENTES DE NOTAS FISCAIS E DOCUMENTOS OFICIAIS. POSSIBILIDADE.
Discussão sobre a natureza da prova em tese, e não sobre o conteúdo específico das provas do processo, por se tratar de recurso de divergência, não sendo possível se conhecer de suposta contrariedade às provas dos autos na parte em que a decisão recorrida foi unânime.
Em tese, de acordo com a situação específica de cada processo, é possível se admitir a comprovação de receitas da atividade rural com documentos diversos daqueles usualmente utilizados para esse fim.
Isso porque não se pode perder de vista as peculiaridades da atividade rural, sendo conhecida a informalidade com que ocorrem os negócios rurais de pequena monta em nosso país, regidos muito mais pelos usos e costumes da região do que pelas regras contábeis formais, situação agravada pela baixa instrução das partes envolvidas e pelo afastamento dos centros urbanos.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-002.088
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201205
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS COM BASE EM SUPOSIÇÕES. IMPOSSIBILIDADE. CONTRARIEDADE À EVIDÊNCIA DA PROVA. INEXISTÊNCIA. Não é possível se presumir que depósitos em conta-corrente do fiscalizado, devidamente identificados como realizados por seu filho, sejam tributados como rendimentos omitidos porque não foram apresentadas provas da origem alegada. Caso a Fiscalização não estivesse convencida da explicação do contribuinte para os depósitos, deveria ter aprofundado as investigações e constatado qual sua verdadeira origem. Ao contrário, supôs que seria razoável se tratar de pagamentos ou comissões por serviços prestados a pessoas jurídicas, de contabilidade ou assessoria afim, e os tributou desse modo. Entretanto, a tributação por presunção somente poderia se dar se os depósitos fossem considerados como de origem não comprovada. A tributação por omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica depende de prova inconteste do fato, não existindo autorização legal para se presumir a origem dos depósitos ao talante da autoridade fiscal. RECEITAS DA ATIVIDADE RURAL. COMPROVAÇÃO COM DOCUMENTOS DIFERENTES DE NOTAS FISCAIS E DOCUMENTOS OFICIAIS. POSSIBILIDADE. Discussão sobre a natureza da prova em tese, e não sobre o conteúdo específico das provas do processo, por se tratar de recurso de divergência, não sendo possível se conhecer de suposta contrariedade às provas dos autos na parte em que a decisão recorrida foi unânime. Em tese, de acordo com a situação específica de cada processo, é possível se admitir a comprovação de receitas da atividade rural com documentos diversos daqueles usualmente utilizados para esse fim. Isso porque não se pode perder de vista as peculiaridades da atividade rural, sendo conhecida a informalidade com que ocorrem os negócios rurais de pequena monta em nosso país, regidos muito mais pelos usos e costumes da região do que pelas regras contábeis formais, situação agravada pela baixa instrução das partes envolvidas e pelo afastamento dos centros urbanos. Recurso especial negado.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
numero_processo_s : 10950.004009/2005-27
conteudo_id_s : 5231074
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Sep 18 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 9202-002.088
nome_arquivo_s : Decisao_10950004009200527.pdf
nome_relator_s : LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
nome_arquivo_pdf_s : 10950004009200527_5231074.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Tue May 08 00:00:00 UTC 2012
id : 4579488
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:01:12 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577382772736
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2249; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 830 1 829 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10950.004009/200527 Recurso nº 151.310 Especial do Procurador Acórdão nº 920202.088 – 2ª Turma Sessão de 08 de maio de 2012 Matéria IRPF Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado JOSÉ NATALÍCIO DE MELO ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS COM BASE EM SUPOSIÇÕES. IMPOSSIBILIDADE. CONTRARIEDADE À EVIDÊNCIA DA PROVA. INEXISTÊNCIA. Não é possível se presumir que depósitos em contacorrente do fiscalizado, devidamente identificados como realizados por seu filho, sejam tributados como rendimentos omitidos porque não foram apresentadas provas da origem alegada. Caso a Fiscalização não estivesse convencida da explicação do contribuinte para os depósitos, deveria ter aprofundado as investigações e constatado qual sua verdadeira origem. Ao contrário, supôs que seria razoável se tratar de pagamentos ou comissões por serviços prestados a pessoas jurídicas, de contabilidade ou assessoria afim, e os tributou desse modo. Entretanto, a tributação por presunção somente poderia se dar se os depósitos fossem considerados como de origem não comprovada. A tributação por omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica depende de prova inconteste do fato, não existindo autorização legal para se presumir a origem dos depósitos ao talante da autoridade fiscal. RECEITAS DA ATIVIDADE RURAL. COMPROVAÇÃO COM DOCUMENTOS DIFERENTES DE NOTAS FISCAIS E DOCUMENTOS OFICIAIS. POSSIBILIDADE. Discussão sobre a natureza da prova em tese, e não sobre o conteúdo específico das provas do processo, por se tratar de recurso de divergência, não sendo possível se conhecer de suposta contrariedade às provas dos autos na parte em que a decisão recorrida foi unânime. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 831 2 Em tese, de acordo com a situação específica de cada processo, é possível se admitir a comprovação de receitas da atividade rural com documentos diversos daqueles usualmente utilizados para esse fim. Isso porque não se pode perder de vista as peculiaridades da atividade rural, sendo conhecida a informalidade com que ocorrem os negócios rurais de pequena monta em nosso país, regidos muito mais pelos usos e costumes da região do que pelas regras contábeis formais, situação agravada pela baixa instrução das partes envolvidas e pelo afastamento dos centros urbanos. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo – Presidente (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator FORMALIZADO EM: 22/05/2012 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Júnior (suplente convocado), Pedro Paulo Pereira Barbosa (suplente convocado), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 832 3 Relatório O Acórdão nº 10422.870, da 4a Câmara do 1o Conselho de contribuintes (fls. 766 a 783), julgado na sessão plenária de 05 de dezembro de 2007, deu provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte, por unanimidade de votos para excluir a infração de omissão de rendimentos da atividade rural, e por maioria de votos para excluir os valores de R$14.992,80 e R$8.702,45 da infração de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, nos anoscalendário de 2001 e 2003. Transcrevese a ementa do julgado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGTÍCIO Não se conceituam como rendimentos omitidos valores de créditos recebidos por conta e ordem de terceiros, repassados ao sujeito passivo. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DESPESAS MÉDICAS COMPROVAÇÃO A validade da dedução de despesa médica depende da comprovação do efetivo dispêndio do contribuinte e, à luz do artigo 29, do Decreto 70.235, de 1972, na apreciação de provas a autoridade julgadora tem a prerrogativa de formar livremente sua convicção. Cabível a glosa de valores deduzidos a título de despesas médicas cuja prestação de serviços não foi comprovada. GLOSA DE DESPESAS NÃO COMPROVADAS Cabe ao contribuinte comprovar a veracidade das receitas e das despesas escrituradas em Livro Caixa, mediante documentação idônea, mantida à disposição da fiscalização enquanto não ocorrer a prescrição ou decadência. JUROS TAXA SELIC A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Fl. 3DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 833 4 Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula 1o CC n° 4). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1o CC n° 2). Recurso parcialmente provido. Cientificada dessa decisão em 08/10/2008 (fl. 784), a Fazenda Nacional manejou, no dia seguinte, recurso especial (fls. 787 a 799): a) por contrariedade à evidência das provas, por terem sido excluídos, das bases de cálculo do item 1 do auto de infração (omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica), os valores de R$14.992,80 e R$8.702,45, nos anoscalendários de 2001 e 2003, sob os seguintes argumentos: Em referência aos depósitos efetuados pelo filho Marcos Melo, os quais não tiveram comprovados pelo contribuinte os motivos ou a que título se deram, o fato de ser pessoa física não retira a possibilidade de referirse a rendimentos recebidos de pessoa jurídica; As provas dos autos confirmam a participação societária do filho na empresa Colorarte Engenharia e Contruções Ltda, que também fez depósitos não justificados, embasam a conclusão da autoridade fiscal no sentido de que tais créditos bancários são a contrapartida pela prestação de serviços de contabilidade, atividade exercida pelo contribuinte. Não há reparos a esta conclusão, que em nenhum momento foi refutada com provas. Argúi a incoerência de se julgar depósitos efetuados pelo filho Marcos Melo, perfeitamente identificados, como sendo recebimentos de pessoas jurídicas pela prestação de serviços contábeis. Diz que não há autorização legislativa para esse procedimento e não há qualquer prova nos autos que o embasem. O mesmo se aplica aos lançamentos identificados como "Transfer. De Perdas", originados do Banco do Brasil e que se refeririam a créditos considerados irrecuperáveis. Não é trazida nenhuma prova nesse sentido, ficandose apenas no campo das ilações. Deve ser mantida, pois, a omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica. Esses aspectos já tinham sido apontados na r. Decisão de 1a instância e o contribuinte não apresentou quaisquer evidências adicionais sobre esse ponto, como bem reconheceu o ilustre relator às fls. 777. Por conseguinte, à míngua de outros elementos, temos que a exclusão de valores da base de cálculo do item 1 do auto de infração se mostrou indevida, eis que contrária à evidência das provas. b) de divergência com relação à omissão de rendimentos da atividade rural, indicando o seguinte paradigma: Acórdão no 10610.956: (...) RECEITAS DE ATIVIDADE RURAL NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO A receita da atividade rural, decorrente da Fl. 4DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 834 5 comercialização dos produtos, deve ser comprovada por meio de documentos usualmente utilizados, tais como nota fiscal do produtor, nota fiscal de entrada e documentos reconhecidos pela fiscalização estadual. Simples documentos emitidos entre particulares não são meios suficientes para comprovar receitas oriundas dessa atividade. (...) Assim, o acórdão recorrido, levando em conta as características da atividade rural, teria sido menos formal na comprovação das receitas oriundas desta atividade, admitindo, inclusive, declarações emitidas entre particulares, enquanto o paradigma consignou que a receita da atividade rural, decorrente da comercialização dos produtos, deve ser comprovada por meio de documentos usualmente utilizados, tais como nota fiscal do produtor, nota fiscal de entrada e documentos reconhecidos pela fiscalização estadual. Os recursos especiais por contrariedade e de divergência foram admitidos por meio do despacho de fls. 801 a 804. Cientificado do acórdão e do recurso especial da Fazenda Nacional (fl. 807), o contribuinte apresentou embargos de declaração (fls. 810 a 813), indicando omissão do acórdão de 2a instância, que teria fundamentado sua decisão relativa às despesas médicas em fatos inexistentes. Entretanto, os embargos foram rejeitados pelos despachos de fls. 815 a 817. Após a ciência da rejeição de seus embargos (fl. 820), o contribuinte apresentou contrarrazões ao recurso especial da Fazenda Nacional (fls. 821 a 828), onde defende a manutenção da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Relator Os recursos especiais por contrariedade e de divergência são tempestivos e atendem aos requisitos de admissibilidade e, portanto, deles conheço. Inicio com a análise do recurso especial por contrariedade à evidência das provas. De acordo com o explicado no Relatório de Informação Fiscal (fls. 491 a 493), no ano de 2001, verificouse a existência de 2 depósitos, um de R$ 11.500,00 em 26/01/2001 e outro de R$3.492,80 em 23/03/2001, efetuados pelo filho do contribuinte em sua contacorrente do Banco Bradesco. Intimado a comprovar sua origem, o fiscalizado informou que o primeiro se referia a “empréstimo por esquecimento, deixado de lançar na declaração de Imposto de Renda", e o segundo, a transferência a título de Lucros Distribuídos. Como as explicações não foram comprovadas, a Fiscalização aventou a “possibilidade de que tais depósitos pudessem se referir a pagamentos ou comissões por Fl. 5DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 835 6 serviços prestados a pessoas jurídicas, de contabilidade ou assessoria afim”, e tributou os valores como rendimentos recebidos de pessoa jurídica. O mesmo Relatório de Informação Fiscal (fl. 536) esclarece que, no ano de 2003, foi constatado que o contribuinte teve dois créditos na sua contacorrente do Banco do Brasil em 30/10/2003 com o histórico “Transfer Perdas”, que totalizaram R$ 8.702,45. A Fiscalização entendeu que a instituição financeira creditou esses valores por conta de possíveis transferências como perdas do correntista, em montante suficiente para honrar o saldo devedor da conta bancária, e que, por isso, deverseia tributar os valores como rendimentos recebidos de pessoa jurídica . De acordo com o relatório do acórdão de 1a instância (fl. 701), o contribuinte argúi a incoerência de se julgar depósitos efetuados pelo filho Marcos Melo, perfeitamente identificados, como sendo recebimentos de pessoas jurídicas pela prestação de serviços contábeis, dizendo não haver autorização legislativa para esse procedimento nem qualquer prova nos autos que o embasem. Acrescenta que o mesmo raciocínio se aplica aos lançamentos identificados como "Transfer. de Perdas", originados do Banco do Brasil e que se referem a créditos considerados irrecuperáveis. Entretanto, o julgador a quo não admitiu o argumento por falta de comprovação (fl. 705), chegando à mesma conclusão o relator do voto vencido do acórdão guerreado (fl. 777). Contudo, em 2a instância, prevaleceu o entendimento de que cabia ao Fisco comprovar que os depósitos se referiam a rendimentos omitidos, o que não aconteceu no caso. Transcrevo os fundamentos da decisão (fls. 782 e 783): O Código Tributário Nacional prevê na distribuição do ônus da prova nos lançamentos de oficio que sempre recairá sobre o Fisco o ônus da comprovação dos fatos constitutivos do direito de efetuar o lançamento (artigo 149, inciso IV). É ao Fisco que cabe a comprovação da falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória. Deste modo, não havendo esta comprovação e pela inexistência da certeza que os créditos pertencem ao recorrente não pode prosperar a acusação de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica. É de se ressaltar, ainda, que o fornecimento e manutenção da segurança jurídica pelo Estado de Direito no campo dos tributos assume posição fundamental, razão pela qual o efeitos de criação ou majoração de tributo é indispensável que a lei tributária exista e encerre todos os elementos da obrigação tributária. Com efeito, a convergência do fato imponível à hipótese de incidência descrita em lei deve ser analisada à luz dos princípios da legalidade e da tipicidade cerrada, que demandam interpretação estrita. Da combinação de ambos os princípios, resulta que os fatos erigidos, em tese, como suporte de obrigações tributárias, somente, se irradiam sobre as situações concretas ocorridas no universo dos fenômenos, quando vierem descritos em lei e corresponderem estritamente a esta descrição. Como a obrigação tributária é uma obrigação ex lege, e como não há lugar para atividade discricionária ou arbitrária da administração que está vinculada à lei, devese sempre procurar a verdade real à cerca da imputação, desde que a obrigação Fl. 6DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 836 7 tributária esteja prevista em lei. Não basta a probabilidade da existência de um fato para dizerse haver ou não haver obrigação tributária. A omissão de receitas ou rendimentos, baseada em certos indícios, há de repousar, comparativamente, em dado concretos, objetivos e coincidentes, sólidos em sua estruturação, devendo ser descartados as opções simplistas, baseadas em provas emprestadas, cujos dados levantados não são conclusivos. O Estado, porém, não pode e nem deve avançar sobre o cidadão, ao arrepio de leis que regem especificamente o assunto, já que tal situação redundará, por sem dúvidas, em nulidade processual junto ao poder judiciário. E, inúteis esforços administrativos, com o risco do mesmo Estado ser condenado à honorários de sucumbência e custas judiciais acaso a questão seja levada àquele Poder. Por essas razões, não vejo como imprimir um tratamento diferenciado neste processo, onde foi provado pelo suplicante que os valores não lhe pertenciam. Concordo com o argumento. De fato, caso a Fiscalização não estivesse convencida da explicação do contribuinte para os depósitos, deveria ter aprofundado as investigações e constatado qual sua verdadeira origem. Ao contrário, supôs que seria razoável se tratar de pagamentos ou comissões por serviços prestados a pessoas jurídicas, de contabilidade ou assessoria afim, e os tributou desse modo. Entretanto, a tributação por presunção somente poderia se dar se os depósitos fossem considerados como de origem não comprovada. Não existe autorização legal para se presumir a origem dos depósitos. A tributação por omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica depende de prova inconteste do fato, o que, sem dúvida, não aconteceu nos autos. Dessa forma, nego provimento ao recurso especial por contrariedade à evidência das provas. Passo à análise do recurso especial de divergência. A recorrente alega que, com relação à omissão de rendimentos da atividade rural, o acórdão recorrido, levando em conta as características dessa ocupação, teria sido pouco formal na comprovação de suas receitas, admitindo, inclusive, declarações emitidas entre particulares. Contrapondose a esse entendimento, apresenta paradigma que consignou que a receita da atividade rural, decorrente da comercialização dos produtos, deve ser comprovada por meio de documentos usualmente utilizados, tais como nota fiscal do produtor, nota fiscal de entrada e documentos reconhecidos pela fiscalização estadual. Vejase como o acórdão recorrido decidiu essa matéria (fl. 776) Dos Rendimentos da Atividade Rural. No tocante a omissão de rendimentos rurais da atividade rural, o impugnante traz as declarações de fls. 632/633 e 635 para comprovar recebimentos ocorridos no exercício seguinte àquele considerado pela autoridade fiscal. Tendo em vista as Fl. 7DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 837 8 peculiaridades da atividade rural, é de se acolher os argumentos do recorrente nesta parte do lançamento. Não se identificou a luz dos elementos constantes nos autos circunstâncias que indiquem razões para suspeitas sobre o teor das referidas declarações. A diferença de datas alegada pela autoridade recorrida é plausível no contexto do regime de contabilização utilizado na atividade rural. Diante do exposto é de se afastar a exigência relativa ao item 2 do auto de infração (omissão de rendimentos da atividade rural). Há que se observar que a discussão que se trouxe a este colegiado foi sobre a natureza da prova em tese, e não sobre o conteúdo específico das provas dos autos. Isso porque, caso fosse possível se apreciar a prova dos autos e se concluir que seu conteúdo não servia para comprovar as receitas da atividade rural, estarseia diante de verdadeiro recurso especial por contrariedade à evidência da prova, o que não é possível, já que a decisão recorrida foi unânime nesse aspecto. Dessa forma, a discussão cingese a saber se, em tese, é possível se comprovar as receitas da atividade rural com documentos diferentes daqueles usualmente utilizados para esse fim, como nota fiscal do produtor, nota fiscal de entrada e documentos reconhecidos pela fiscalização estadual. Entendo que a resposta deve ser afirmativa. Não se pode perder de vista as peculiaridades da atividade rural, sendo conhecida a informalidade com que ocorrem os negócios rurais de pequena monta em nosso país, regidos muito mais pelos usos e costumes da região do que pelas regras contábeis formais, situação agravada pela baixa instrução das partes envolvidas e pelo afastamento dos centros urbanos. Assim, é possível, em tese, admitirse a comprovação com documentos diversos dos usualmente utilizados. Repitase, não se está valorando se o acórdão recorrido analisou corretamente as provas trazidas aos autos, pois não é esse o escopo do recurso, mas apenas sobre a possibilidade dessas provas servirem para essa comprovação. Dessa forma, nego também provimento ao recurso especial de divergência. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer do recurso para, no mérito, negar provimento aos recursos especiais por contrariedade e de divergência do Procurador da Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 8DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 838 9 Fl. 9DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10882.003925/2002-58
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2202-000.275
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal.
Nome do relator: RAFAEL PANDOLFO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201208
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 10882.003925/2002-58
conteudo_id_s : 6385312
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed May 19 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 2202-000.275
nome_arquivo_s : 220200275_10882003925200258_201208.pdf
nome_relator_s : RAFAEL PANDOLFO
nome_arquivo_pdf_s : 10882003925200258_6385312.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
id : 4577383
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:00:25 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577406889984
conteudo_txt : Metadados => date: 2020-03-11T14:53:17Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2020-03-11T14:53:17Z; Last-Modified: 2020-03-11T14:53:17Z; dcterms:modified: 2020-03-11T14:53:17Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:c0fb0846-c060-42f0-899a-98cb346599ad; Last-Save-Date: 2020-03-11T14:53:17Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2020-03-11T14:53:17Z; meta:save-date: 2020-03-11T14:53:17Z; pdf:encrypted: true; modified: 2020-03-11T14:53:17Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2020-03-11T14:53:17Z; created: 2020-03-11T14:53:17Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; Creation-Date: 2020-03-11T14:53:17Z; pdf:charsPerPage: 1657; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:created: 2020-03-11T14:53:17Z | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 179 1 178 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10882.003925/200258 Recurso nº 918.497 Resolução nº 220200.275 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 14 de agosto de 2012 Assunto Omissão de rendimentos com base em depósitos bancários sem origem Recorrente JOSÉ AKIRA ISHIKAWA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes. Fl. 179DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10882.003925/200258 Resolução n.º 220200.275 S2C2T2 Fl. 180 2 Relatório 1 Procedimento de Fiscalização A partir de registros de movimentação financeira, obtidos através do sistema de fiscalização da arrecadação da CPMF, foram iniciados, em 27/08/2002, os trabalhos de fiscalização (Mandado de Procedimento Fiscal nº 08.1.13.002002004135). O recorrente foi intimado, em 14/10/2002, a preencher formulário de demonstrativo de fluxo financeiro mensal, relativo ao ano calendário de 1997. Em resposta, o recorrente informou a dificuldade de prestar as informações devido ao extravio de documentos, solicitando prorrogação de prazo. Posteriormente, apresentou planilha demonstrativa da evolução patrimonial relativa ao ano base de 1997 (fl. 2224), sem, entretanto, apontar a evolução em valores mensais. Diante da insuficiência das informações prestadas pelo recorrente, o Fisco intimou os bancos Bradesco S/A e Itaú S/A mediante RMF’s (fls. 23, 24). Após receber os extratos demonstrando a movimentação bancária do recorrente ao longo do anocalendário, foi preenchida planilha de fluxo financeiro apurando omissão de rendimento (fl. 112115). Além disso, em Termo de Verificação (fl. 117118), a fiscalização aponta que, juntamente com a RPF, recebeu a representação fiscal n. 882/00 datada de 28/07/2000 (fl. 96), oriunda de trabalho efetuado por Grupo Especial de Fiscalização — Portaria COFIS 06/2000 na cidade de Foz do Iguaçu, tratando de investigação por evasão de divisas para o exterior — relativo a operações de 1997 — sendo que o mencionado trabalho constatou a existência de créditos efetuados pelo fiscalizado em três contas bancárias de terceiros, conforme especificado à fl. 118. Tais valores foram incluídos no fluxo financeiro mensal como aplicações realizadas pelo recorrente. 2 Auto de Infração Foi lavrado, em 18/12/2002, Auto de Infração (fls. 121123), com crédito tributário apurado de R$ 99.830,93, incluídos imposto, juros de mora e multa de 75%, imputando infração por acréscimo patrimonial a descoberto. O recorrente tomou ciência do auto em 18/12/2002. 3 Impugnação Indignado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação tempestiva (fls.126137), esgrimindo os seguintes argumentos: a) houve cerceamento de defesa, vez que o recorrente não recebeu cópia de todos os documentos que embasaram a ação fiscal; b) a quebra do sigilo bancário por meio de RMF’s invalida o auto de infração; c) os valores que transitaram na sua conta corrente não foram rendimentos, o que afasta a sua tributação. O contribuinte não pôde apresentar provas nesse sentido devido ao extravio dos documentos; d) a fiscalização procedeu com arbitramento de rendimentos em excesso; Fl. 180DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10882.003925/200258 Resolução n.º 220200.275 S2C2T2 Fl. 181 3 e) ao proceder com base na presunção legal, o fisco está se apegando à forma e não à verdade material, devendo ser respeitado o princípio do “in dubio pro reo”; f) a multa de ofício aplicada tem caráter confiscatório; e g) cabe à Fiscalização o ônus de comprovar a efetiva auferição de renda. 4 Acórdão de Impugnação A impugnação foi julgada pela 5ª Turma da DRJ/SP2, por unanimidade, por sua improcedência (fls. 139154), mantendo o crédito tributário exigido. Os fundamentos foram os seguintes: a) não houve nulidade por cerceamento ao direito de defesa uma vez que não houve circunstância que impedisse o recorrente de conhecer os dados ou fatos que, notoriamente, impossibilitassem o exercício de sua defesa; b) a RMF encontra amparo legal, não implicando quebra de sigilo bancário, uma vez que resguardadas as informações pelo sigilo fiscal; c) a faculdade do recorrente de apresentar provas documentais em momentos posteriores à impugnação ao lançamento não impede que o processo administrativofiscal seja de pronto julgado; d) por força de presunção legal, cabe ao contribuinte o ônus de provar as origens dos recursos que justifiquem o acréscimo patrimonial; e e) a multa de ofício é de aplicação obrigatória, e encontra amparo legal. 5 Recurso Voluntário O contribuinte interpôs, tempestivamente, recurso voluntário (fls. 159173), repisando os argumentos da impugnação, aos quais acrescentou que: a) a pretensão do Fisco prescreveu, uma vez que a impugnação foi julgada somente 6 anos após sua apresentação; b) a decisão da DRJ não atacou frontalmente os argumentos expostos da impugnação, restringindose a uma análise genérica. É o relatório. Fl. 181DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10882.003925/200258 Resolução n.º 220200.275 S2C2T2 Fl. 182 4 Voto Conselheiro Relator Rafael Pandolfo O recurso ora analisado foi interposto no âmbito de procedimento administrativo no qual foi constituído, contra o recorrente, crédito tributário relativo ao Imposto sobre a Renda. A autuação utilizou como fundamento o acréscimo patrimonial a descoberto. Para alcançar seu desiderato, a Fiscalização utilizou requisição de movimentação financeira (RMF) (fls. 23, 24), após apresentação de documentação considerada insatisfatória. A constitucionalidade das prerrogativas estendidas à autoridade fiscal através de instrumentos infraconstitucionais obtenção de informações junto às instituições através da RMF está sendo analisada pelo STF no âmbito do Recurso Extraordinário nº 601.314, que tramita em regime de repercussão geral, reconhecida em 22/10/09, conforme ementa abaixo transcrita: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL Conforme disposto no § 1º do art. 62A da Portaria MF nº 256/09, devem ficar sobrestados os julgamentos dos recursos que versarem sobre matéria cuja repercussão geral tenha sido admitida pelo STF. O dispositivo há pouco referido vai ao encontro da segurança jurídica, da estabilidade e da eficiência, pois ao tempo em que assegura a coerência do ordenamento, confere utilidade à atividade judicante exercida no âmbito do CARF. Assim, reconhecida, pelo STF, a relevância constitucional de tema prejudicial à validade do procedimento utilizado na constituição do crédito tributário, deve ser sobrestado o julgamento do recurso no CARF. Não se desconhece a decisão Plenária do STF no âmbito do RE nº 389.808, que acolheu o recurso extraordinário interposto pelos contribuintes. O Recurso foi pautado pelo Ministro Marco Aurélio (i) poucos dias antes da publicação da Emenda Regimental nº 42, do RISTF, que determina que todos os recursos relacionados ao tema do caso admitido como paradigma, em repercussão geral, devam ser distribuídos ao respectivo Relator, e (ii) quase um ano após o reconhecimento da repercussão geral no RE 601.314, o que gerou confusão quanto à mecânica processual de julgamento dos recursos extraordinários anteriores à Emenda Constitucional nº 45/04. Uma leitura atenta do acórdão revela que o julgamento, inicialmente adstrito à reanálise da medida cautelar requerida pela parte recorrente, desbordou para enfrentamento do mérito a partir da contrariedade manifestada pela Min. Ellen Gracie centrada, sobretudo, na ausência do Min. Joaquim Barbosa e sua consequência à apuração do quorum de votação. A atipicidade do caso, entretanto, não indica posicionamento da Corte afastando as Fl. 182DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10882.003925/200258 Resolução n.º 220200.275 S2C2T2 Fl. 183 5 consequências imediatas da repercussão geral, como o sobrestamento dos processos que veiculam o tema da violação de sigilo pela Fazenda. O fato é que, com exceção do inusitado julgamento ocorrido no âmbito do RE 389.808, o posicionamento do STF tem sido uníssono no sentido de sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários que veiculam a mesma matéria objeto do Recurso Extraordinário nº 601.314. As decisões abaixo transcritas são elucidativas: DESPACHO: Vistos. O presente apelo discute a violação da garantia do sigilo fiscal em face do inciso II do artigo 17 da Lei n° 9.393/96, que possibilitou a celebração de convênios entre a Secretaria da Receita Federal e a Confederação Nacional da Agricultura CNA e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – Contag, a fim de viabilizar o fornecimento de dados cadastrais de imóveis rurais para possibilitar cobranças tributárias. Verificase que no exame do RE n° 601.314/SP, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, foi reconhecida a repercussão geral de matéria análoga à da presente lide, e terá seu mérito julgado no Plenário deste Supremo Tribunal Federal Destarte, determino o sobrestamento do feito até a conclusão do julgamento do mencionado RE nº 601.314/SP. Devem os autos permanecer na Secretaria Judiciária até a conclusão do referido julgamento. Publiquese. Brasília, 9 de fevereiro de 2011. Ministro DIAS TOFFOLI Relator Documento assinado digitalmente (RE 488993, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 09/02/2011, publicado em DJe035 DIVULG 21/02/2011 PUBLIC 22/02/2011) DECISÃO REPERCUSSÃO GERAL ADMITIDA – PROCESSOS VERSANDO A MATÉRIA – SIGILO DADOS BANCÁRIOS – FISCO – AFASTAMENTO – ARTIGO 6º DA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001 – SOBRESTAMENTO. 1. O Tribunal, no Recurso Extraordinário nº 601.314/SP, relator Ministro Ricardo Lewandowski, concluiu pela repercussão geral do tema relativo à constitucionalidade de o Fisco exigir informações bancárias de contribuintes mediante o procedimento administrativo previsto no artigo 6º da Lei Complementar nº 105/2001. 2. Ante o quadro, considerado o fato de o recurso veicular a mesma matéria, tendo a intimação do acórdão da Corte de origem ocorrido anteriormente à vigência do sistema da repercussão geral, determino o sobrestamento destes autos. 3. À Assessoria, para o acompanhamento devido. 4. Publiquem. Brasília, 04 de outubro de 2011. Ministro MARCO AURÉLIO Relator (AI 691349 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 04/10/2011, publicado em DJe213 DIVULG 08/11/2011 PUBLIC 09/11/2011) REPERCUSSÃO GERAL. LC 105/01. CONSTITUCIONALIDADE. LEI 10.174/01. APLICAÇÃO PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES À EXERCÍCOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DA UNIÃO PREJUDICADO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DO PROCESSO AO TRIBUNAL DE ORIGEM (ART. 328, PARÁGRAFO ÚNICO, DO RISTF ). Decisão: Discutese nestes recursos extraordinários a constitucionalidade, ou não, do artigo 6º da LC 105/01, que permitiu o Fl. 183DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10882.003925/200258 Resolução n.º 220200.275 S2C2T2 Fl. 184 6 fornecimento de informações sobre movimentações financeiras diretamente ao Fisco, sem autorização judicial; bem como a possibilidade, ou não, da aplicação da Lei 10.174/01 para apuração de créditos tributários referentes a exercícios anteriores ao de sua vigência. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou seguimento à remessa oficial e à apelação da União, reconhecendo a impossibilidade da aplicação retroativa da LC 105/01 e da Lei 10.174/01. Contra essa decisão, a União interpôs, simultaneamente, recursos especial e extraordinário, ambos admitidos na Corte de origem. Verificase que o Superior Tribunal de Justiça deu provimento ao recurso especial em decisão assim ementada (fl. 281): “ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO – UTILIZAÇÃO DE DADOS DA CPMF PARA LANÇAMENTO DE OUTROS TRIBUTOS – IMPOSTO DE RENDA – QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO – PERÍODO ANTERIOR À LC 105/2001 – APLICAÇÃO IMEDIATA – RETROATIVIDADE PERMITIDA PELO ART. 144, § 1º, DO CTN – PRECEDENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO – RECURSO ESPECIAL PROVIDO.” Irresignado, Gildo Edgar Wendt interpôs novo recurso extraordinário, alegando, em suma, a inconstitucionalidade da LC 105/01 e a impossibilidade da aplicação retroativa da Lei 10.174/01 . O Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral da controvérsia objeto destes autos, que será submetida à apreciação do Pleno desta Corte, nos autos do RE 601.314, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski. Pelo exposto, declaro a prejudicialidade do recurso extraordinário interposto pela União, com fundamento no disposto no artigo 21, inciso IX, do RISTF. Com relação ao apelo extremo interposto por Gildo Edgar Wendt, revejo o sobrestamento anteriormente determinado pelo Min. Eros Grau, e, aplicando a decisão Plenária no RE n. 579.431, secundada, a posteriori pelo AI n. 503.064AgRAgR, Rel. Min. CELSO DE MELLO; AI n. 811.626AgR AgR, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, e RE n. 513.473ED, Rel. Min CÉZAR PELUSO, determino a devolução dos autos ao Tribunal de origem (art. 328, parágrafo único, do RISTF c.c. artigo 543B e seus parágrafos do Código de Processo Civil). Publiquese. Brasília, 1º de agosto de 2011. Ministro Luiz Fux Relator Documento assinado digitalmente (RE 602945, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em 01/08/2011, publicado em DJe158 DIVULG 17/08/2011 PUBLIC 18/08/2011) DECISÃO: A matéria veiculada na presente sede recursal –discussão em torno da suposta transgressão à garantia constitucional de inviolabilidade do sigilo de dados e da intimidade das pessoas em geral, naqueles casos em que a administração tributária, sem prévia autorização judicial, recebe, diretamente, das instituições financeiras, informações sobre as operações bancárias ativas e passivas dos contribuintes será apreciada no recurso extraordinário representativo da controvérsia jurídica suscitada no RE 601.314/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, em cujo âmbito o Plenário desta Corte reconheceu existente a repercussão geral da questão constitucional. Sendo assim, impõese o sobrestamento dos presentes autos, que permanecerão na Secretaria desta Corte até final julgamento do mencionado recurso extraordinário. Publiquese. Brasília, 21 de maio de 2010. Ministro CELSO DE MELLO Relator Fl. 184DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10882.003925/200258 Resolução n.º 220200.275 S2C2T2 Fl. 185 7 (RE 479841, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 21/05/2010, publicado em DJe100 DIVULG 02/06/2010 PUBLIC 04/06/2010) Vistos. Verifico que a discussão acerca da violação, ou não, aos princípios constitucionais que asseguram ser invioláveis a intimidade e o sigilo de dados, previstos no art. 5º, X e XII, da Constituição, quando o Fisco, nos termos da Lei Complementar 105/2001, recebe diretamente das instituições financeiras informações sobre a movimentação das contas bancárias dos contribuintes, sem prévia autorização judicial teve sua repercussão geral reconhecida no RE nº 601.314/SP, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski. Dessa forma, dados os reflexos da decisão a ser proferida no referido recurso, no deslinde do caso concreto, determino o sobrestamento do presento feito, até o julgamento do citado RE nº 601.314/SP. Publiquese. Brasília, 13 de junho de 2012. Ministro Dias Toffoli Relator Documento assinado digitalmente (RE 410054 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 13/06/2012, publicado em DJe120 DIVULG 19/06/2012 PUBLIC 20/06/2012) Sendo assim, tenho como inquestionável o enquadramento do presente caso ao art. 26A, §1º, da Portaria 256/09, ratificado pelas decisões acima transcritas, que retratam o quadro descrito pela Portaria nº1, de 03 de janeiro de 2012 (art. 1º, Parágrafo Único). Nesses termos, voto para que seja sobrestado o presente recurso, até o julgamento definitivo do Recurso Extraordinário nº 601.314, pelo STF. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Fl. 185DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO
score : 1.0
Numero do processo: 13161.720147/2007-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Exercício: 2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
Acolhem-se os embargos declaratórios quando demonstrado que no acórdão vergastado houve omissão de ponto sobre o qual devia pronunciar-se o Colegiado de segundo grau, procedendo-se o devido saneamento.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2004
ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO.
VISTORIA DO ÓRGÃO AMBIENTAL x LAUDO TÉCNICO.
As florestas e demais formas de vegetação situadas nas regiões definidas no art. 2o Código Florestal constituem áreas de preservação permanente, considerando-se, para fins de tributação, a área apurada em vistoria do órgão ambiental, ainda que menor que a área indicada em Laudo de Constatação (ou Vistoria), elaborado por profissional habilitado.
Numero da decisão: 2202-001.912
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os Embargos interpostos pela autoridade executora para, sanando a omissão apontada, re-ratificar o Acórdão nº 2202-01.623, de 08/02/2012, para negar provimento ao recurso de ofício
Nome do relator: MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201207
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Acolhem-se os embargos declaratórios quando demonstrado que no acórdão vergastado houve omissão de ponto sobre o qual devia pronunciar-se o Colegiado de segundo grau, procedendo-se o devido saneamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR Exercício: 2004 ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO. VISTORIA DO ÓRGÃO AMBIENTAL x LAUDO TÉCNICO. As florestas e demais formas de vegetação situadas nas regiões definidas no art. 2o Código Florestal constituem áreas de preservação permanente, considerando-se, para fins de tributação, a área apurada em vistoria do órgão ambiental, ainda que menor que a área indicada em Laudo de Constatação (ou Vistoria), elaborado por profissional habilitado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 13161.720147/2007-01
conteudo_id_s : 5238211
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 26 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2202-001.912
nome_arquivo_s : Decisao_13161720147200701.pdf
nome_relator_s : MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA
nome_arquivo_pdf_s : 13161720147200701_5238211.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os Embargos interpostos pela autoridade executora para, sanando a omissão apontada, re-ratificar o Acórdão nº 2202-01.623, de 08/02/2012, para negar provimento ao recurso de ofício
dt_sessao_tdt : Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2012
id : 4599361
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:02:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577415278592
conteudo_txt : Metadados => date: 2012-07-18T07:51:10Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; pdf:docinfo:title: Microsoft Word - APV2202_13161720147200701_IreneMariaCoimbra-Embargos.doc; xmp:CreatorTool: PScript5.dll Version 5.2.2; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dc:creator: 80298141787; dcterms:created: 2012-07-18T07:51:10Z; Last-Modified: 2012-07-18T07:51:10Z; dcterms:modified: 2012-07-18T07:51:10Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; title: Microsoft Word - APV2202_13161720147200701_IreneMariaCoimbra-Embargos.doc; Last-Save-Date: 2012-07-18T07:51:10Z; pdf:docinfo:creator_tool: PScript5.dll Version 5.2.2; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2012-07-18T07:51:10Z; meta:save-date: 2012-07-18T07:51:10Z; pdf:encrypted: true; dc:title: Microsoft Word - APV2202_13161720147200701_IreneMariaCoimbra-Embargos.doc; modified: 2012-07-18T07:51:10Z; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: 80298141787; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: 80298141787; meta:author: 80298141787; meta:creation-date: 2012-07-18T07:51:10Z; created: 2012-07-18T07:51:10Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; Creation-Date: 2012-07-18T07:51:10Z; pdf:charsPerPage: 2006; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; Author: 80298141787; producer: AFPL Ghostscript 8.11; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: AFPL Ghostscript 8.11; pdf:docinfo:created: 2012-07-18T07:51:10Z | Conteúdo => S2-C2T2 Fl. 1 1 S2-C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13161.720147/2007-01 Recurso nº 921.521 Embargos Acórdão nº 2202-01.912 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 11 de julho de 2012 Matéria Área de preservação permanente Embargante AUTORIDADE EXECUTORA DO ACÓRDÃO Interessado IRENE MARIA COIMBRA ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Acolhem-se os embargos declaratórios quando demonstrado que no acórdão vergastado houve omissão de ponto sobre o qual devia pronunciar-se o Colegiado de segundo grau, procedendo-se o devido saneamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR Exercício: 2004 ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO. VISTORIA DO ÓRGÃO AMBIENTAL x LAUDO TÉCNICO. As florestas e demais formas de vegetação situadas nas regiões definidas no art. 2o Código Florestal constituem áreas de preservação permanente, considerando-se, para fins de tributação, a área apurada em vistoria do órgão ambiental, ainda que menor que a área indicada em Laudo de Constatação (ou Vistoria), elaborado por profissional habilitado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os Embargos interpostos pela autoridade executora para, sanando a omissão apontada, re-ratificar o Acórdão nº 2202-01.623, de 08/02/2012, para negar provimento ao recurso de ofício. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga - Relatora Fl. 155DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO 2 Composição do colegiado: Participaram do julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Julianna Bandeira Toscano, Rafael Pandolfo e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Pedro Anan Junior, Odmir Fernandes e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 156DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO Processo nº 13161.720147/2007-01 Acórdão n.º 2202-01.912 S2-C2T2 Fl. 2 3 Relatório Em sessão plenária de 08/02/2012, foi julgado por esta Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF o recurso no 921.521, proferindo-se a decisão consubstanciada no Acórdão no 2202-01.623 (fls. 137 a 148), assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2004 OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL. EFEITOS Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial, conforme Súmula no 1 do Primeiro Conselho de Contribuintes. MATÉRIA NÃO QUESTIONADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. PRECLUSÃO. Matéria não questionada na impugnação, momento em que se instaura o litígio, e somente suscitada na fase recursal constitui matéria preclusa e como tal não se conhece. A decisão foi assim resumida: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso tendo em vista a opção pela via judicial e em razão de matéria preclusa. DOS EMBARGOS Conforme despacho de fl. 149, foram os autos encaminhados à repartição de origem para as providências de sua alçada. Em 26/04/2012, por meio do despacho de fl. 150, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Dourados/MS, propôs o retorno do presente processo ao CARF para o julgamento do Recurso de Ofício, conforme anteriormente informado em despacho de fl. 123. DA DISTRIBUIÇÃO O despacho da autoridade executora foi recepcionado como Embargos de Declaração, nos termos do art. 65, §1o, inciso V, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações introduzidas pela Portaria MF no 586, de 21 de dezembro de 2010), e Fl. 157DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO 4 encaminhado a esta Conselheira para manifestação, tendo em vista o disposto no §2o do mesmo artigo, vindo digitalizado até à fl. 1501. Por meio da Informação em Embargos, de 20 de junho de 2012, foi proposto o acolhimento dos embargos para que o processo fosse novamente submetido à apreciação dos membros da Segunda Turma da Segunda Câmara da Segunda Seção do CARF, o que foi acatado pelo Presidente daquele Colegiado, determinando sua inclusão em pauta para julgamento. 1 Processo digital. Numeração do e-processo. Fl. 158DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO Processo nº 13161.720147/2007-01 Acórdão n.º 2202-01.912 S2-C2T2 Fl. 3 5 Voto Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. 1 Apreciação dos embargos De acordo com o art. 65 do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009 (publicada no DOU de 23/ 06/2009): “Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma.” A autoridade executora alegou que o acórdão guerreado teria sido omisso quanto ao julgamento do recurso de ofício. Conforme consignado à fl. 98, a Presidente do Colegiado de Primeiro Grau, recorreu de ofício, nos termos do art. 34, do Decreto no 70.235, de 1972, e da Portaria MF no 3, de 3 de janeiro de 2008, em razão de o valor exonerado ter ultrapassado o limite de alçada. Observa-se que a relatora, ao delimitar o litígio submetido ao Colegiado de Segundo Grau, assim se pronunciou(fls. 143 e 144): Inicialmente, importa delimitar a matéria sujeita à apreciação deste Colegiado. Conforme relatado, o lançamento decorre de duas infrações: (a) glosa total da área de preservação permanente declarada, por falta de comprovação da isenção da área declarada, e (b) arbitramento do VTN, pela ausência de laudo técnico que ratificasse o valor declarado. A decisão recorrida acolheu em parte os argumentos da interessada, restabelecendo uma área de preservação permanente equivalente 1.115,30ha e, dessa forma, reduziu o imposto a pagar de R$845.487,90 para R$154.368,73. Como se sabe, contra as decisões de primeira instância cabem três tipos de recursos: • recurso voluntário do contribuinte, caso a decisão lhe seja parcial ou integralmente desfavorável, interposto junto Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (art. 33 do Decreto no 70.235, de 26 de março de 1972 e art. 1 e 7o do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009); Fl. 159DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO 6 • recurso de ofício, sempre que houver a exoneração de pagamento de tributo e multa de ofício em valor superior ao limite de alçada, que atualmente é de R$1.000.000,00, nos termos da Portaria MF no 3, de 3 de janeiro de 2008; • pedido de correção de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e a erros de escrita ou de cálculo existentes no acórdão, requerido pela autoridade incumbida da execução do acórdão ou pelo sujeito passivo, devendo para tanto, ser proferido novo acórdão (art. 22, §1o, e art. 27 da Portaria MF no 58, de 17 de março de 2006). Visto que o valor exonerado pelo julgador a quo está abaixo do limite do recurso de ofício (imposto + multa), sobre esta parte do crédito tributário não cabe mais qualquer manifestação deste órgão. Do lançamento original, resta, portanto, a glosa parcial da área de preservação permanente (diferença entre a área declarada e a restabelecida pela decisão recorrida) e o arbitramento do VTN. (grifos nossos) De pronto verifica-se a existência de contradição nos fundamentos da decisão, uma vez que o valor do imposto exonerado (R$691.119,17 = R$845.487,90 - R$154.368,73), acrescido da multa de ofício de 75%, é superior ao limite de alçada estabelecido na Portaria MF no 3, de 2008, e, a decisão deveria ter se pronunciado também quanto ao recurso de ofício. Assim, resta demonstrada a omissão do julgado e, por conseguinte, com fulcro no art. 65 do RICARF, acolhem-se os presentes embargos, para sanar o vício apontado pelo embargante. Convém lembrar que o acolhimento dos presentes embargos não significa o reexame de matéria já devidamente apreciada pelo Colegiado de Segundo Grau, restringindo-se apenas à omissão em relação ao julgamento do recurso de ofício, mantendo-se a decisão embargada no que diz respeito ao recurso voluntário. 2 Recurso de Ofício Trata o recurso de ofício de glosa da área de preservação permanente declarada pela recorrente. Considera-se área de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação situadas nas regiões definidas no art. 2o da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal), assim como aquelas florestas e demais formas de vegetação natural previstas no art. 3o da mesma lei, para as quais exista ato do Poder Público declarando-as como de preservação permanente. As áreas de preservação permanentes descritas no art. 2o do Código Florestal podem ser comprovadas por meio de Laudo de Constatação (ou Vistoria), elaborado por profissional habilitado ou documento de igual valor probatório. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO Processo nº 13161.720147/2007-01 Acórdão n.º 2202-01.912 S2-C2T2 Fl. 4 7 A isenção para fins de ITR das áreas de preservação permanente está condicionada, além da existência de tais áreas, a apresentação do ADA (art. 17-O, §1o, da Lei no 6.938, de 1981). As vistorias, perícias, avaliações e arbitramentos relativos a imóveis rurais são atividades de competência dos engenheiros agrônomos e florestais, que devem ser objeto de Anotação de Responsabilidade Técnica – ART para sua plena validade (Arts. 7o e 13 da Lei no 5.194, de 24 de dezembro de 1966, c/c o disposto na Resolução no 345, de 27 de junho de 1990, e na Resolução no 218, de 29 de junho de 1973, ambas do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CONFEA). De acordo com a Resolução CONFEA no 345, de 1990, que dispõe sobre as atividades de Engenharia de Avaliações e Perícias de Engenharia, a vistoria consiste na “constatação de um fato, mediante o exame circunstanciado e descrição minuciosa dos elementos que o constituem” e o laudo “é a peça na qual o perito, profissional habitado, relata o que observou e dá as suas conclusões ou avalia o valor de coisas ou direitos, fundamentadamente”(art. 1o, alíneas “a” e “e”). Na elaboração dos Laudos Técnicos, os profissionais devem observar, ainda, os requisitos das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT que regem a matéria (no caso da avaliação dos imóveis rurais, a NBR 14653-3). A partir dos requisitos previstos na NBR 14653-3 pode-se inferir que, no caso de Laudos de Constatação, cujo objetivo seja comprovar a existência das áreas de preservação permanente, a atividade de vistoria deve observar, principalmente, os aspectos físicos e condicionantes legais do imóvel na caracterização das terras, ou seja, não basta indicar apenas a extensão da área de preservação permanente, deve descrever e quantificar objetivamente as áreas de acordo com a classificação estabelecida no Código Florestal. Conforme consignado no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido (fl. 46), a área de preservação permanente declarada pela contribuinte para o ano-calendário fiscalizado (2004) foi de 1.855,0 ha. Essa área foi integralmente glosada pois a fiscalização entendeu que o laudo técnico apresentado pela contribuinte (fls. 14 a 19) não demonstrava a área de preservação permanente existente em 1o de janeiro do exercício autuado, uma vez que o referido laudo fora emitido anteriormente, em 01/12/1997. Importa ressaltar que não existe litígio quanto à apresentação do Ato Declaratório Ambiente – ADA. Foi apresentado à fiscalização o ADA referente ao exercício 1997 (fl. 12), no qual a área de preservação permanente informada coincide com a área declarada pela contribuinte. O relator a quo, entretanto, restabeleceu apenas parte da área de preservação permanente (1.115,30ha), assim fundamentando sua decisão (fl. 88): Quanto à comprovação das áreas de preservação permanente, se o IBAMA efetuou a vistoria na área após a apresentação do ADA, a apresentação do termo de vistoria ou o ADA de oficio do IBAMA é suficiente para comprovação. Caso contrário, há necessidade de apresentação de um laudo que especifique cada área que é de preservação permanente e em qual artigo da legislação a área se enquadra, além do protocolo do ADA. Fl. 161DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO 8 Não obstante, o contribuinte trouxe aos autos um oficío do INCRA/SR- 16/T/GAB/208/2002(folha 22) de 28 de fevereiro de 2002, assinado por Nélson José Pauletto, Superintendente Regional Substituto, onde diz que: Com base no levantamento de dados realizado em 12 a 15/12/2001, no imóvel rural denominado Fazenda Santa Angélica, localizado no município de Rio Brilhante, cadastrado neste Órgão sob o no 911070.001058-1, com área levantada pelo INCRA com GPS topográfico de 4.362,3ha, a comissão criada pela Ordem de Serviço 150 de 11/12/2001, promoveu à atualização cadastral, "EX-OFICIO", do referido imóvel, retratando a sua real e atual situação, através das condições de exploração verificadas. Porém, não havida trazido a Declaração para Cadastro de Imóvel Rural DP, EX-OFÍCIO. Na impugnação, trouxe aos autos ofício do INCRA/SR- 16/T/GAB/1775/2004 (folha 57) de 16 de novembro de 2004, assinado por Luiz Carlos Bonelli, Superintendente Regional, onde diz que: Comunicamos que, com base no levantamento de dados realizado em 10 a 14/5/2004, no imóvel rural denominado Fazenda Santa Angélica, localizado no município de Rio Brilhante, cadastrado neste Órgão sob o no 911070.001058-1, com área total registrada de 4.536ha, foi efetuada a atualização cadastral, "EX-OFÍCIO", retratando a sua real e atual situação, através das condições de exploração verificadas. A interessada, desta vez, trouxe aos autos a Declaração para Cadastro de Imóvel Rural DP, EX-OFÍCIO, onde consta que a área de preservação permanente é de 1.115,3ha (folha 59-verso). A interessada diz que as áreas apontadas nas duas ocasiões são distintas. 1.217,3 na primeira vistoria e 1.115,3 na segunda vistoria, em razão de variações em virtude de secas ou enchentes. Porém, consta dos autos apenas a DP da segunda vistoria. Com os elementos constantes dos autos, DP associado ao ADA de 1997 (folha 12), é possível considerar a área de 1.115,3 como área de preservação permanente por conter ADA e vistoria do INCRA. Não obstante a contribuinte tenha apresentado Laudo Técnico (fls. 15 a 19), elaborado por engenheiro agrônomo, acompanhado da devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART (fl. 20), atestando a existência de uma área de preservação permanente de 1.855,0 ha, situada em toda a extensão do rio que margeia a fazenda, e também em locais que adentram pela propriedade em relação as suas margens, descrevendo com detalhes os limites dessa área, agiu com acerto o relator de primeira instância em reconhecer apenas parte desta área (1.115,3 ha), conforme vistoria do INCRA posterior ao referido laudo. 3 Conclusão Diante do exposto, voto por ACOLHER os embargos opostos pela autoridade executora para, sanando a omissão apontada, re-ratificar o Acórdão no 2202-01.623, de 08/02/2012, para NEGAR provimento ao recurso de ofício. (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga Fl. 162DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO
score : 1.0