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Numero do processo: 11516.002323/2010-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 01/06/2010 a 30/06/2010
RECURSO INTEMPESTIVO
Recurso voluntário não conhecido por falta de requisitos de admissibilidade, já que interposto intempestivamente.Art. 126, da Lei n(8.213/91, combinado com artigo 305, parágrafo 1( do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.(3048/99.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 2302-002.281
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recurso Fiscais por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso pela intempestividade.
LIEGE LACROIX THOMASI Relatora e Presidente Substituta
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Andre Luis Marsico Lombardi, Arlindo da Costa e Silva, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Adriana Sato.
Nome do relator: LIEGE LACROIX THOMASI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/06/2010 a 30/06/2010 RECURSO INTEMPESTIVO Recurso voluntário não conhecido por falta de requisitos de admissibilidade, já que interposto intempestivamente.Art. 126, da Lei n°8.213/91, combinado com artigo 305, parágrafo 1° do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.°3048/99. Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recurso Fiscais por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso pela intempestividade. LIEGE LACROIX THOMASI – Relatora e Presidente Substituta Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Andre Luis Marsico Lombardi, Arlindo da Costa e Silva, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Adriana Sato. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 23 23 /2 01 0- 24 Fl. 358DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/02/201 3 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 Relatório O presente Auto de Infração de Obrigação Principal –AIOP, foi lavrado em 21/07/2010 e cientificado ao sujeito passivo, através de Registro Postal em 22/07/2010, referindose às contribuições previdenciárias aferidas indiretamente na competência 06/2010, relativas à obra de construção civil. Após a impugnação, Acórdão de fls. 232/246, julgou a autuação procedente em parte para alterar a multa de ofício do percentual de 150% para 75%. Ainda inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, onde alega em síntese: a) inexigibilidade do depósito recursal; b) que a representação fiscal para fins penais só pode ser efetuada após a confirmação definitiva do débito; c) que o MPF foi alterado fora dos parâmetros legais; d) ofensa à ampla defesa e ao contraditório; e) que lhe assiste direito de requerer a perícia e traz os quesitos a serem respondidos; f) que sua contabilidade obedece aos quesitos da IN RFB N.º 971/2009; g) que a contabilidade só poderia ser desclassificada por um contador; h) que a multa é inconstitucional, confiscatória e desproporcional. Requer o acolhimento do recurso para reformar a decisão e cancelar o débito. É o relatório. Fl. 359DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/02/201 3 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 11516.002323/201024 Acórdão n.º 2302002.281 S2C3T2 Fl. 302 3 Voto Conselheira Liege Lacroix Thomasi, Relatora Da Admissibilidade O recurso é INTEMPESTIVO, razão pela qual dele não se deve tomar conhecimento. Cientificado o sujeito passivo do Acórdão de fls. 232/246, em 15/07/2011, fls.251, o prazo para interposição de recurso, que é de 30 (trinta) dias, conforme o art. 126, caput, da Lei n.º 8.213/91, combinado com o art. 305, § 1º, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99, iniciou em 18/07/2011, fruindo até 16/08/2011. Entretanto, o recurso foi interposto apenas em 17/08/2011, conforme documento de fl.252, configurandose, portanto, sua intempestividade. Lei n° 8213/91 Art. 126. Das decisões do Instituto Nacional do Seguro SocialINSS nos processos de interesse dos beneficiários e dos contribuintes da Seguridade Social caberá recurso para o Conselho de Recursos da Previdência Social, conforme dispuser o Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) Regulamento da Previdência Social/ Decreto n° 3.048/99 Art.305. Das decisões do Instituto Nacional do Seguro Social e da Secretaria da Receita Previdenciária nos processos de interesse dos beneficiários e dos contribuintes da seguridade social, respectivamente, caberá recurso para o Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), conforme o disposto neste Regulamento e no Regimento do CRPS. (Alterado pelo Decreto nº 6.032 de 1º/2/2007 DOU DE 2/2/2007) § 1º É de trinta dias o prazo para interposição de recursos e para o oferecimento de contrarazões, contados da ciência da decisão e da interposição do recurso, respectivamente. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003) Pelo exposto, considerando que a recorrente não argúi a tempestividade, na peça recursal e considerando o artigo 35, do Decreto n°70.235/72, que dispõe: “Art. 35. O recurso , mesmo perempto, será encaminhado ao órgão de segunda instância, que julgará a perempção.” Voto por não conhecer o recurso, por falta de requisito para sua admissibilidade, mantendo a decisão de primeira instância proferida. Fl. 360DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/02/201 3 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 Liege Lacroix Thomasi Relatora Fl. 361DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/02/201 3 por LIEGE LACROIX THOMASI
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Numero do processo: 16327.919590/2009-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 18 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 20/08/2006 CPMF. COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e vinculações declarados, sendo consequência de sua apresentação, após a não homologação de compensação por ausência de saldo de créditos na DCTF original, a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3302-001.731
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
Nome do relator: JOSE ANTONIO FRANCISCO
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COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e vinculações declarados, sendo consequência de sua apresentação, após a não homologação de compensação por ausência de saldo de créditos na DCTF original, a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Relator Fl. 126DF CARF MF Impresso em 24/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 27/07/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16327.919590/200940 Acórdão n.º 330201.731 S3C3T2 Fl. 127 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Amauri Amora Câmara Júnior, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 84 a 89) apresentado em 16 de abril de 2011 contra o Acórdão n. 0532.569, de 07 de fevereiro de 2011 que, relativamente a declaração de CPMF de 20 de agosto de 2006, julgou improcedente a manifestação de inconformidade da Interessada, nos termos da seguinte ementa: DIREITO CREDITÓRIO. PROVA. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integralmente alocado na quitação de débitos confessados. O reconhecimento do direito creditório aproveitado em DCOMP não homologada requer a prova de sua existência e montante. Faltando ao conjunto probatório carreado aos autos elementos que permitam a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. DIREITO DE CRÉDITO. REGIME DE RETENÇÃO. ÔNUS FINANCEIRO. COMPROVAÇÃO. Tratandose de crédito envolvendo tributo retido pela instituição financeira na qualidade de responsável, cabe a esta a comprovação de que alegado pagamento a maior foi por ela suportado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A declaração foi inicialmente não homologada pelo despacho decisório de fl. 14 e o acórdão de primeira instância resumiu o processo conforme a seguir: Tratase de Declarações de Compensação (DCOMP) com aproveitamento de suposto pagamento a maior. A Delegacia da Receita Federal de origem emitiu Despachos Decisórios Eletrônicos de não homologação das compensações, tendo em vista que o pagamento apontado como origem do direito creditório estaria integralmente utilizado na quitação de débito do contribuinte. Cientificada dos despachos decisórios, a contribuinte, em peças dirigidas especificamente contra cada um dos despachos decisórios, alegou que o direito ao crédito decorrente do pagamento a maior não pode ser contestado por argumentos de Fl. 127DF CARF MF Impresso em 24/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 27/07/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16327.919590/200940 Acórdão n.º 330201.731 S3C3T2 Fl. 128 3 índole formal, visto que o despacho decisório baseouse em informações desencontradas, erroneamente prestadas pela contribuinte. Entende que a não homologação das compensações teve como motivo a entrega a DCTF original com informações equivocadas. Informa que apresentou DCTF retificadora que já apresentaria o crédito em disputa. Uma vez corrigido o lapso que levou os sistemas de cruzamento da Administração Tributária a não admitir o aproveitamento do direito de crédito argumenta que devem ser homologadas as compensações. Pleiteia a conjugação entre a realidade material e a realidade formal vertida na declaração de compensação, invoca direito constitucional ao aproveitamento do valor pago indevidamente e conclui, ao fim, pela necessidade de reforma dos despachos decisórios. No recurso, alegou que a não homologação teria decorrido de um erro seu, uma vez que deveria ter retificado a DCTF. Entretanto, a retificação já teria sido providenciada, nos termos e pelas razões que passou a expor. Por fim, requereu o reconhecimento da suspensão da exigibilidade dos débitos em discussão, a declaração de nulidade do acórdão de primeira instância e, sucessivamente, a sua improcedência. É o relatório. Voto Conselheiro José Antonio Francisco, Relator O recurso é tempestivo e satisfaz os demais requisitos de admissibilidade, dele devendose tomar conhecimento. O acórdão de primeira instância indeferiu o pedido, considerando que, embora houvesse efetuado a retificação da DCTF, à época da transmissão da DCOMP os créditos estariam todos alocados na quitação de débitos confessados e que seria necessário apresentar prova do recolhimento indevido. Ademais, teria faltado prova de que o ônus financeiro foi suportado pela Interessada. Em relação à DCTF, a sua retificação tem efeitos desconsiderados pelo acórdão de primeira instância. É certo que, anteriormente à atual sistemática, a DCTF retificadora somente se prestava a reduzir o montante do tributo declarado, sujeitandose a um processo tributário de análise de mérito por parte da autoridade fiscal, de forma que o valor inicialmente declarado somente seria alterado para o menor se houvesse prova antecipada do erro. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 24/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 27/07/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16327.919590/200940 Acórdão n.º 330201.731 S3C3T2 Fl. 129 4 Atualmente, entretanto, desde as alterações introduzidas pela Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001, art. 18, a DCTF retificadora, quando admitida, tem os mesmos efeitos da original (art. 9º, I, da IN RFB no 1.110, de 2010). De acordo com a IN citada acima, que é a mais recente, somente não seriam admitidas para reduzir o tributo declarado as DCTF retificadoras relativas a tributos cuja cobrança tenha sido enviada à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional ou que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. Obviamente, não foi o que ocorreu nos presentes autos, uma vez que o procedimento eletrônico referiuse à declaração de compensação e não à DCTF. Portanto, o despacho que não homologou a compensação não impedia a DCTF retificadora, que, por sua vez, substituiu completamente a original. Para que não houvesse tal situação, a Receita Federal teria que prever que o despacho de não homologação da declaração de compensação, baseado na inexistência de saldo de crédito pela sua alocação a débito declarado em DCTF, fosse causa de não admissão da DCTF. Como não é, a DCTF retificadora apresentada alterou a situação jurídica anteriormente constatada pelo despacho decisório, de que inexistiria indébito pela ausência de saldo de crédito. Diante do quadro acima exposto, concluise que, primeiramente, as compensações foram não homologadas corretamente, de acordo com os fatos existentes à época do despacho decisório. O acórdão de primeira instância considerou não demonstrado o direito de crédito, no que tem razão, mas, com a retificadora, o ônus de prova não era mais do sujeito passivo. Dessa forma, tal indébito tem que ser devidamente apurado pela autoridade fiscal, quanto à sua liquidez e certeza. Somente após tal providência é que eventualmente poderá ser denegada a compensação. Por fim, esclareçase que a consideração de que a interessada também deveria ter provado ter suportado o ônus financeiro não poderia terlhe sido oposta no âmbito de julgamento do processo, uma vez que tal matéria não foi objeto do despacho decisório. De toda forma, a DRF poderá apurar todos os elementos que julgar necessários para reconhecer ou não o direito de crédito, além dos já constantes dos presentes autos. Assim, os autos devem retornar à delegacia de origem, para que o fisco apure os indébitos, mediante procedimento de diligência, para, então, o parecer ser submetido ao exame da seção competente da delegacia de origem, que deve novamente apreciar o mérito da compensação. Fl. 129DF CARF MF Impresso em 24/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 27/07/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16327.919590/200940 Acórdão n.º 330201.731 S3C3T2 Fl. 130 5 À vista do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, para determinar a apuração da liquidez e certeza do crédito da Interessada pela autoridade fiscal, submetendose a homologação das compensações a novo despacho decisório. (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Fl. 130DF CARF MF Impresso em 24/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 27/07/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por WALBER JOSE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10830.007116/2008-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR.
Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar motivadamente dados e esclarecimentos complementares de recibos médicos. Nessa hipótese, satisfeita parcialmente as informações requeridas, restabelece-se, igualmente de forma parcial, a dedução pleiteada.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2101-002.070
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer deduções de despesas médicas no valor de R$ 6.185,00.
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente.
GILVANCI ANTÔNIO DE OLIVEIRA SOUSA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Raimundo Tosta Santos, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Célia Maria de Souza Murphy, Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa (Relator), Alexandre Naoki Nishioka, Gonçalo Bonet Allage.
Nome do relator: GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA
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APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar motivadamente dados e esclarecimentos complementares de recibos médicos. Nessa hipótese, satisfeita parcialmente as informações requeridas, restabelecese, igualmente de forma parcial, a dedução pleiteada. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer deduções de despesas médicas no valor de R$ 6.185,00. LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. GILVANCI ANTÔNIO DE OLIVEIRA SOUSA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Raimundo Tosta Santos, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Célia Maria de Souza Murphy, Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa (Relator), Alexandre Naoki Nishioka, Gonçalo Bonet Allage. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 71 16 /2 00 8- 16 Fl. 133DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 104/109) interposto em 06 de janeiro de 2011 contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo II (SP), (fls. 68/71), do qual o Recorrente teve ciência em 07 de dezembro de 2010 (fls.74), que, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento de fls. 11/14, lavrado em 09 de junho de 2008, em decorrência de Dedução Indevida de Despesas Médicas, formalizandose a exigência e cobrança de crédito tributário no valor total de R$ 7.732,45 mais cominações legais. O acórdão teve a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. São dedutíveis na declaração de ajuste anual a título de despesas com médicos e planos de saúde, os pagamentos, devidamente comprovados, inclusive com a prova do repasse do numerário para o profissional, quando solicitado. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Não se conformando, a Recorrente interpôs recurso voluntário (fls. 104/109), onde alega, em síntese, que estaria providenciando os endereços dos profissionais, bem como a declaração da empresa Sul América Seguro Saúde, documentação essa posteriormente carreada aos autos em 29 de julho de 2011, através do documento de folhas 113/115, no qual informa os endereços em questão e apensa canhotos nominados à Sul América Seguro Saúde S.A, quitados e autenticados, e, por fim, requer seja julgado totalmente procedente o Recurso, cancelandose a Notificação de Lançamento de Débito, propondo, ainda, a realização de sustentação oral de suas razões de defesa. O processo foi distribuído a este Conselheiro, numerado até a fl. 132, que também trata do envio dos autos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF. É o relatório. Voto Fl. 134DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10830.007116/200816 Acórdão n.º 2101002.070 S2C1T1 Fl. 134 3 Conselheiro Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. No mérito discutemse as deduções das Despesas Médicas, listadas às folhas 70, quais sejam: PESSOAS FÍSICAS Nome / Prestador Valor Registro nº Alberto Hiroshi Kawakami 325,00 CRM 62705 Rogério Augusto Queiroz 340,00 CREFITO 15.701F Cláudia S. Guerra de Queiroz 1.180,00 CRO SP 50088 Ondina Nunes Ramos 2.800,00 CREFITO 1086F Roseane Rebello Silva Meira 1.540,00 CRFª 5926 SubTotal 6.185,00 PESSOA JURÍDICA Clube Sul América Saúde 20.870,00 PJ Relativamente aos endereços dos profissionais Pessoas Físicas, os mesmos foram objeto de informação às folhas 114, suprindo a exigência de que trata o artigo 8º, § 2º, Inciso III da Lei nº 9.250/95. Contudo, relativamente aos comprovantes do Clube Sul América Saúde, a Recorrente nada esclareceu quanto ao partícipe João Manuel Cardoso de Mello, cujo nome se encontra estampado nos ditos comprovantes, na qualidade de beneficiário, não constando, porém, na Declaração Anual de Ajuste da mesma. Destarte, considerando que as despesas médicas restringemse aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes, na forma do disposto no inciso II do artigo 8º acima referenciado, mantémse a glosa do citado plano de saúde. Ressaltese que é garantida, em segunda instância, a publicação da Pauta de Julgamento no Diário Oficial da União, com antecedência de 10 dias e no site da internet do CARF, na forma do artigo 55, parágrafo único, do Anexo II, do RICARF, devendo as partes ou seus patronos acompanhar tais publicações, podendo, inclusive, na sessão de julgamento respectiva, se efetuar sustentação oral. Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer deduções de despesas médicas no valor de R$6.185,00. Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa Relator Fl. 135DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 Fl. 136DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 19679.005336/2003-75
Turma: Segunda Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Tue Jan 22 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Sat Mar 16 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1986
VERBAS PAGAS NA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.
As verbas pagas por liberalidade na rescisão do contrato de trabalho são aquelas que, nos casos em que ocorre a demissão com ou sem justa causa, são pagas sem decorrerem de imposição de nenhuma fonte normativa prévia ao ato de dispensa (incluindo-se aí Programas de Demissão Voluntária - PDV e os Acordos Coletivos), dependendo apenas da vontade do empregador e excedendo as indenizações legalmente instituídas. Sobre tais verbas a jurisprudência é pacífica no sentido da incidência do imposto de renda, já que não possuem natureza indenizatória.
Os Programas de Demissão Voluntária - PDV consubstanciam uma oferta pública para a realização de um negócio jurídico, qual seja, a resilição ou o distrato do contrato de trabalho no caso de relação jurídica regida pela CLT. O núcleo das condutas jurídicas relevantes aponta para a existência de um acordo de vontades para por fim à relação empregatícia, razão pela qual inexiste margem para o exercício de liberalidades por parte do empregador.
Inteligência daquilo que foi decidido no Recurso Especial 1.112.745/SP, julgado sob o rito do art. 543-C do CPC (Recurso Repetitivo).
Hipótese em foram pagas duas indenizações: uma que tem natureza de verba sujeita à incidência do imposto de renda e que foi tributada na rescisão do contrato de trabalho. Outra paga no contexto de PDV, não sujeita à incidência do imposto de renda, e que não foi tributada na rescisão do contrato de trabalho.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2801-002.847
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente em exercício.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Sandro Machado dos Reis, Walter Reinaldo Falcão Lima, Carlos César Quadros Pierre e Luís Cláudio Farina Ventrilho.
Matéria: IRPF- restituição - rendim.isentos/não tributaveis(ex.:PDV)
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1986 VERBAS PAGAS NA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. As verbas pagas por liberalidade na rescisão do contrato de trabalho são aquelas que, nos casos em que ocorre a demissão com ou sem justa causa, são pagas sem decorrerem de imposição de nenhuma fonte normativa prévia ao ato de dispensa (incluindo-se aí Programas de Demissão Voluntária - PDV e os Acordos Coletivos), dependendo apenas da vontade do empregador e excedendo as indenizações legalmente instituídas. Sobre tais verbas a jurisprudência é pacífica no sentido da incidência do imposto de renda, já que não possuem natureza indenizatória. Os Programas de Demissão Voluntária - PDV consubstanciam uma oferta pública para a realização de um negócio jurídico, qual seja, a resilição ou o distrato do contrato de trabalho no caso de relação jurídica regida pela CLT. O núcleo das condutas jurídicas relevantes aponta para a existência de um acordo de vontades para por fim à relação empregatícia, razão pela qual inexiste margem para o exercício de liberalidades por parte do empregador. Inteligência daquilo que foi decidido no Recurso Especial 1.112.745/SP, julgado sob o rito do art. 543-C do CPC (Recurso Repetitivo). Hipótese em foram pagas duas indenizações: uma que tem natureza de verba sujeita à incidência do imposto de renda e que foi tributada na rescisão do contrato de trabalho. Outra paga no contexto de PDV, não sujeita à incidência do imposto de renda, e que não foi tributada na rescisão do contrato de trabalho. Recurso Voluntário Negado
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As verbas pagas por liberalidade na rescisão do contrato de trabalho são aquelas que, nos casos em que ocorre a demissão com ou sem justa causa, são pagas sem decorrerem de imposição de nenhuma fonte normativa prévia ao ato de dispensa (incluindose aí Programas de Demissão Voluntária PDV e os Acordos Coletivos), dependendo apenas da vontade do empregador e excedendo as indenizações legalmente instituídas. Sobre tais verbas a jurisprudência é pacífica no sentido da incidência do imposto de renda, já que não possuem natureza indenizatória. Os Programas de Demissão Voluntária PDV consubstanciam uma oferta pública para a realização de um negócio jurídico, qual seja, a resilição ou o distrato do contrato de trabalho no caso de relação jurídica regida pela CLT. O núcleo das condutas jurídicas relevantes aponta para a existência de um acordo de vontades para por fim à relação empregatícia, razão pela qual inexiste margem para o exercício de liberalidades por parte do empregador. Inteligência daquilo que foi decidido no Recurso Especial 1.112.745/SP, julgado sob o rito do art. 543C do CPC (Recurso Repetitivo). Hipótese em foram pagas duas indenizações: uma que tem natureza de verba sujeita à incidência do imposto de renda e que foi tributada na rescisão do contrato de trabalho. Outra paga no contexto de PDV, não sujeita à incidência do imposto de renda, e que não foi tributada na rescisão do contrato de trabalho. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 67 9. 00 53 36 /2 00 3- 75 Fl. 238DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 239 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente em exercício. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Sandro Machado dos Reis, Walter Reinaldo Falcão Lima, Carlos César Quadros Pierre e Luís Cláudio Farina Ventrilho. Relatório Tratase de Pedido de Restituição cujo “Demonstrativo do Cálculo” (fl. 2 deste processo digital) apresentado pelo contribuinte aponta “Total a Restituir” no valor de R$ 768.554,21. O pedido foi protocolado em 04/09/2003 e referese a valores retidos a título de imposto de renda na fonte sobre verbas recebidas em decorrência de rescisão do contrato de trabalho, no anocalendário de 1985. O Requerente anexou ao pedido cópia da “Rescisão de Contrato de Trabalho” (fl. 15) que discrimina as verbas que lhe foram pagas, bem como carta assinada pelo Diretor de Recursos Humanos da empresa (fl. 16), datada de 07 de julho de 2003, na qual constam as seguintes informações: a empresa vem, ao longo dos anos, oferecendo a seus funcionários um Programa de Desligamento, mediante pagamento de incentivo; esse incentivo recebeu os seguintes títulos: a) Indenização Espontânea Pessoal; b) Indenização Pessoal Espontânea; c) Indenização Espontânea Especial; d) Gratificação Incentivo Aposentadoria; e e) Contribuição Extraordinária; para os funcionários elegíveis ao Plano de Aposentadoria da empresa, a carta oferta fazia referência a esta condição, mas só poderiam se aposentar após a demissão. Assim, o incentivo foi pago pelo desligamento da Empresa, e não pela condição de aposentado; o Sr. Antonio Carlos Rego Gil, portador do CPF 006.130.02768, foi desligado em 04/06/1985 e recebeu um incentivo a título de Indenização Complementar, no valor de CR$ 1.483.040.238,00; o valor total de IRRF foi de CR$ 720.677.988,00. O pedido foi indeferido na Unidade de origem por intermédio do Despacho Decisório nº 1057/2004 (fls. 22/23), com fundamento no art. 168, I, do Código Tributário Nacional CTN, uma vez que, na data do protocolo do pedido, já havia decorrido o prazo de 5 Fl. 239DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 240 3 (cinco) anos contados da data de extinção do crédito (a data de desligamento da empresa ocorreu em 04/06/1985). O contribuinte apresentou a Manifestação de Inconformidade de fls. 27/34, pleiteando a restituição dos valores retidos na fonte, com a correção prevista na Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR nº 8, de 27 de junho de 1997, acrescidos da variação da taxa SELIC a partir de 01 de janeiro de 1996 e dos expurgos inflacionários aceitos pelo Conselho de Contribuintes, nos moldes do acórdão 10706.113. Alegou que participou de Programa de Demissão Voluntária PDV no ano de 1985 e que a retenção de imposto de renda sobre as verbas pagas no PDV foi objeto de ampla discussão judicial, tendo o Superior Tribunal de Justiça decidido, em inúmeros julgados, pela não incidência da exação, pacificando a matéria. Acrescentou que a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional PGFN, em seu Parecer PGFN/CRJ nº 1278/1998, recomendou a desistência de ações versando sobre o tema em discussão e que a Instrução Normativa SRF n° 165, de 31 de dezembro de 1998, passou a dispensar a constituição de crédito tributário oriundo da cobrança do imposto de renda sobre verbas indenizatórias relativas ao PDV. Por derradeiro, ressaltou que as decisões do Primeiro Conselho de Contribuintes vinham reconhecendo o direito àqueles que não puderam exercer a repetição do indébito em data anterior à IN n° 165/1998. A manifestação do contribuinte foi indeferida pela DRJ/SPOII em acórdão assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 1985 Ementa: RESTITUIÇÃO. PDV. DECADÊNCIA. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário. Solicitação Indeferida Regulamente intimado o Interessado apresentou o recurso de fls. 53/63, por meio do qual reiterou integralmente os argumentos expendidos na Manifestação de Inconformidade. Acordaram os Membros da Segunda Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes (Acórdão às fls. 78/87), por maioria de votos, em afastar a decadência e determinar o retorno dos autos a 5ª Turma da DRJ/SPOII, para o enfrentamento do mérito, nos termos do voto vencedor, cuja parte dispositiva está assim descrita: Diante do exposto, voto no sentido de AFASTAR a decadência e determinar a remessa dos autos à DRJ de origem para apreciação do mérito da demanda. Fl. 240DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 241 4 A decisão considerou que o termo a quo para o pedido de restituição dos valores recolhidos a título de imposto de renda sobre os montantes pagos como incentivo à adesão a Programa de Desligamento Voluntário PDV é a data em que o contribuinte viu seu direito reconhecido, no caso, a data da publicação Instrução Normativa SRF n° 165/1998, que ocorreu em 06/01/1999. A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial (fls. 90/93) sob o fundamento de que houve, em decisão não unânime, violação à lei tributária, especificamente ao artigo 168, I, do CTN e ao Ato Declaratório SRF nº 96, de 26 de novembro de 1999, no concernente ao prazo para se pleitear o reconhecimento de crédito com o consequente pedido de restituição ou compensação. Após ser intimado da decisão do Conselho de Contribuintes e do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, o contribuinte apresentou os seguintes documentos: Parecer SRRF 7ª RF Disit nº 31/2005 (fls.99/106); Anexo à Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR nº 8, de 27 de junho de 1997 (fl. 107); Carta de oferecimento do PDV para os funcionários elegíveis, datada de 8 de abril de 1985, em papel timbrado da empresa (fls. 108/109 deste processo digital); Carta endereçada aos gerentes da empresa comunicando o oferecimento de um Programa de Acordos para Rescisão de Contrato de Trabalho para funcionários com 25 ou mais anos de serviços, ou que vierem a completálos até 31 de dezembro de 1985; Perguntas e Respostas elaboradas pela empresa acerca do programa oferecido (fls. 111/116). Além dos documentos apresentados, o contribuinte ofertou Contra Razões ao Recurso Especial (fls. 118/122) na qual pleiteou a manutenção da decisão recorrida, uma vez que, comprovadamente, requereu a restituição antes do termo fixado na Instrução Normativa nº 165/1998, isto é, antes do fim do mês de dezembro de 2003. A Câmara Superior de Recursos Fiscais – CSRF negou provimento ao recurso da Fazenda Nacional (acórdão às fls. 124/134), nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Exercício: 1986 IRPF VERBAS INDENIZATÓRIAS PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA PDV RESTITUIÇÃO DECADÊNCIA. O marco inicial do prazo decadencial para os pedidos de restituição de imposto de renda indevidamente retido na fonte, decorrente do recebimento de verbas indenizatórias referentes à participação em PDV, se dá em 06.01.1999, data de publicação da Instrução Normativa SRF n° 165, a qual reconheceu que não incide imposto de renda na fonte sobre tais verbas. Fl. 241DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 242 5 Recurso especial negado. Acordaram os membros da CSRF, por maioria de votos “em negar provimento ao recurso, retornando os autos à Unidade Local da RFB para analisar as demais questões relacionadas ao mérito”. O processo foi encaminhado à DRF de origem, para as providências cabíveis. A DRF de origem intimou o contribuinte a apresentar os seguintes documentos (fl. 141): a) comprovantes de rendimento relativos ao anocalendário da retenção (1985); cópia da DIRPF/1986 e respectivo recibo de entrega; e c) notificação do Ministério da Fazenda informando o processamento da DIRPF/1986. O interessado requereu a juntada de cópia do Acórdão nº 210100.337 ao presente processo, haja vista que, em seu entender, o mesmo é fundamental para a formação do juízo probatório e por servir de paradigma à defesa de seu direito. Porém, deixou de colacionar aos autos os documentos solicitados pela DRF de origem. A DRF de origem (DERAT/SP) emitiu Despacho Decisório (fls. 156/158) indeferindo novamente o pleito do contribuinte. O entendimento exposto no despacho encontrase consubstanciado na seguinte ementa: Assunto: Restituição do IRPF incidente sobre indenização do PDV Anocalendário: 1985 Ementa: Programa de Demissão Voluntária. Restituição do IRRF sobre verba indenizatória. A formalização de processo objetivando pedidos de restituição sobre verba indenizatória recebida a título de PDV requer a apresentação de documentação mínima prevista em norma de execução, sob pena de indeferimento do pleito. SOLICITAÇÃO INDEFERIDA Irresignado, o contribuinte apresentou nova Manifestação de Inconformidade, às fls. 161/167 deste processo digital, por meio da qual alegou, em síntese, o que se segue: O STJ editou o verbete 215 da Súmula do STJ, pondo fim à eventual discussão sobre a incidência de imposto de renda sobre verba recebida em decorrência de PDV: “A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda”. Igualmente, o Parecer PGFN/CRJ nº 1.278/1998, da lavra do Procurador Geral da Fazenda Nacional, in verbis: “Portanto, continuar insistindo nessa tese significará apenas alocar os parcos recursos colocados à disposição da Procuradoria da Fazenda Nacional e causas nas quais, previsivelmente, não se terá êxito”. Ajuizou seu pedido de restituição com base na IN SRF nº 165/1998, pela qual a própria Receita Federal reconheceu, anos após o recolhimento, o dever de repetir o indébito aos contribuintes participantes de Programa de Demissão Voluntária, que tivessem Fl. 242DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 243 6 sido tributados em suas verbas rescisórias. Disso resulta que o presente pedido de restituição é cabível e está devidamente amparado na legislação tributária. Diferente do afirmado na decisão recorrida, já trouxe aos autos documentos suficientes à comprovação material de que recebeu uma indenização identificada pela empresa, exempregadora, como um típico Programa de Desligamento. O fato constitutivo do seu direito, isto é, a situação motivadora do pedido, geradora do direito creditório aqui debatido, está no simples reconhecimento de que o Interessado participou de um PDV, tendo recolhido, por conta desse fato, tributação na fonte em valor já especificado. Assim, foi devidamente comprovada não só a existência de um PDV, mas também a extensão do direito do Interessado. A decisão recorrida, por sua vez, embasa a negativa ao pedido de restituição no suposto desatendimento das exigências elencadas na Norma de Execução SRF/COTEC/COSIT/COSAR/COFIS n° 02/1999. Tal norma foi editada pela própria devedora e estabelece a necessária vinculação do direito de crédito à exibição de certos documentos, em afronta clara ao Princípio da Legalidade. Nesse contexto, embora o artigo 100 do CTN confira força normativa aos atos expedidos pela autoridade administrativa, isso de forma alguma autoriza a criação de obrigações por esses atos, já que conservam seu inegável caráter meramente regulamentar das verdadeiras Leis. Não podem, assim, inovar na previsão de direitos e, principalmente, de obrigações. Disso se depreende que a Administração jamais poderia editar um ato genérico, abstrato, tal e qual a citada Norma de Execução funciona em seu conteúdo, com vistas a justificar a negativa de restituição pelo simples não atendimento desse texto normativo. Prova do excesso verificado na apontada Norma de Execução é que a decisão recorrida a usa como base para ignorar as provas trazidas aos autos pelo Interessado, no que se inclui a declaração do próprio empregador responsável pelo PDV, no sentido de que implementou, periodicamente, planos de natureza demissionária. Houve um erro material cometido pela exempregadora ao não listar a Gratificação recebida pelo Interessado e que a ele não deve ser imputado, pois que do conjunto do documento pode facilmente concluirse que houve sucessivos programas de desligamento e que em um deles o ora recorrente foi inserido. Por isso, no que toca à aferição do direito, deve haver uma análise casuística e fundamentada a fim de ser constatado, caso a caso, se os documentos, na forma apresentada, comprovam materialmente a situação descrita pelo contribuinte. A declaração da exempregadora sequer foi considerada válida pela instância recorrida, bem demonstrando o prejuízo que o excessivo apego à Norma de Execução n° 02/1999, aliada a outras temerárias suposições, vem trazendo ao direito dos contribuintes. Até porque, se o declarado pela empresa não fosse a mais pura expressão da verdade, aquela empresa certamente estaria ciente do cometimento do crime de falsidade ideológica, previsto no artigo 299 Código Penal. Fl. 243DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 244 7 Portanto, há uma presunção relativa de veracidade sobre o conteúdo da declaração emitida pela empresa, inclusive porque no direito Pátrio, em regra, presumese a boafé do signatário de um ato até seja provado o contrário. Disso decorre que a correspondência somente poderia ser refutada pela Receita como meio de prova se houvesse, ao menos, fundada suspeita de fraude, o que não acontece no presente caso. Entretanto, caso paire alguma dúvida acerca do ora declarado, a melhor solução não é mero indeferimento do pedido de restituição, mas sim a realização de diligência junto à exempregadora, de acordo com o artigo 18 do Decreto 70.235/1972, a fim de seja ratificado o aqui aduzido, o que, desde já, se requer. No que se refere à impossibilidade de se apurar o valor de sua restituição, constam documentos nos autos que evidenciam claramente o valor retido de IRRF sobre as verbas rescisórias advindas do PDV. Logo, bastaria utilizar tal valor para a apuração de sua restituição. É verdade que o Interessado não mais possui a declaração de ajuste do ano de 1985, mesmo porque, como é sabido, a Receita Federal instrui os contribuintes a guardar a mesma por um período máximo de 5 (cinco) anos contados daquele em que a mesma foi entregue. De toda forma, protesta o interessado pela posterior juntada de documentos que possam dar a autoridade julgadora condições de firmar juízo em seu favor de forma definitiva e favorável. Ao fim, requereu o Interessado o acolhimento da manifestação e o deferimento da restituição com seus acréscimos legais, que incluem os expurgos inflacionários previstos no Manual de Cálculo da Justiça Federal e o acréscimo da taxa SELIC, conforme determinado pela Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR n° 08 de 1997. Em conjunto com a Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu a juntada dos seguintes documentos: Declaração simulada de imposto de renda do anobase 1985, elaborada com base em RAIS emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (fl. 170); Declaração retificadora do mesmo anobase (171); Demonstrativo de Rendimentos e Retenções na Fonte do anobase 1985 (172); Relação Anual de Informações Sociais, emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que serviu de base para a elaboração das declarações de Imposto de Renda do ano base 1985 (fls. 173/174); Acórdão 210100.325, sessão de 29 de outubro de 2009, da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, em processo idêntico cujo mérito foi julgado em caráter definitivo, tendo o interessado apresentado as declarações de IR com base na RAIS (fls. 175/180); Parecer DISIT nº 31/2005 que esclarece como deve ser aplicada a Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR n° 08/97, onde se enfatiza que a database de Fl. 244DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 245 8 incidência da correção do tributo é a data do seu recolhimento e não a data de sua declaração (fls. 181/189). A DRJ/SP2 julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Anocalendário: 1985 IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE SOBRE ILEGALIDADE DE LEIS E DE NORMAS COMPLEMENTARES NA ESFERA ADMINISTRATIVA. Arguição de ilegalidade de leis e de normas complementares não pode ser oponível na esfera administrativa, por transbordar os limites de sua competência o julgamento de tais matérias. DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO POR SER PRESCINDÍVEL. A diligência requerida é indeferida, com fundamento no art. 18 do Decreto nº 70.235/1972, com as alterações da Lei n° 8.748/1993, por se tratar de medida absolutamente prescindível, já que nos autos constam todos os elementos necessários ao julgamento. JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. INDEFERIMENTO. A juntada posterior de documentos não encontra amparo legal, uma vez que, de modo diverso, o art. 16, inciso II do Decreto 70.235/72, determina que a impugnação deve mencionar as provas que o interessado possuir. O §4° do mesmo artigo prevê que provas podem ser apresentadas em outro momento processual nos casos em que especifica. Caso que não se enquadra em quaisquer das hipóteses e impede o deferimento da juntada posterior de provas. PROGRAMA DE DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO. NA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO A QUE TÍTULO A INDENIZAÇÃO COMPLEMENTAR FOI PAGA OS RENDIMENTOS SÃO TRIBUTÁVEIS. Integram o rendimento tributável qualquer remuneração especial, mormente quando há ausência de comprovação a que título as verbas rescisórias foram pagas por ocasião da rescisão do contrato de trabalho. Cientificado da decisão de primeira instância em 29/04/2011 (fl. 199), o interessado interpôs, em 23/05/2011, o recurso de fls. 200/210. Na peça recursal aduz, em síntese, que: A indenização em comento é fruto de um acordo entre as partes quanto ao término do vínculo empregatício, pelo que é lícito deduzir que o direito à referida verba somente resulta da dispensa do empregado de sua atividade laboral. Fl. 245DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 246 9 Os valores oferecidos espontaneamente pelo empregador possuem natureza de indenização, por não resultar qualquer enriquecimento, mas apenas uma compensação, em que o empregado privado do trabalho recebe em troca determinado valor monetário. Fácil constatar, portanto, que indenização dessa natureza não constitui renda, por não advir nem do capital, nem do trabalho, e, do mesmo modo, não pode ser caracterizada como provento, por não gerar acréscimo patrimonial, estando tão somente a recompor o patrimônio do trabalhador. A verba recebida pelo funcionário quando da adesão ao PDV é insuscetível de tributação pelo imposto de renda, por se tratar de vantagem em pecúnia paga somente sob a condição do desligamento voluntário, conforme entendimento da própria RFB, da PGFN (IN SRF nº 168/1998 e Parecer PGFN nº 1.278/1998) e do STJ (Súmula nº 215). Segundo o acórdão recorrido, a demissão do recorrente decorreu de acordo entre as partes, o que descaracterizaria as premissas básicas dos Planos de Demissão Voluntária. Ora, o fato de a verba ter sido designada como "Gratificação por Tempo de Serviço" não desnatura, de modo algum, as características do PDV. O que configura tal programa é o desligamento voluntário da empresa mediante pagamento de indenização. A nomenclatura dada pela empregadora à verba paga ao Recorrente foi de “Indenização Complementar”. Se apresenta totalmente absurda e descabida a argumentação de que o programa configuraria uma mera liberalidade por parte da empresa, na medida em que, por ocasião da adesão ao PDV, houve um término do contrato de trabalho. Portanto, obrigatório caracterizar a verba paga ao Recorrente como uma indenização pela dispensa dos seus serviços. E isto por um simples motivo: o Recorrente deixou de ser funcionário da empresa. A Norma de Execução SRF/COTEC/COSIT/COSAR/COFIS nº 2/1999 não possui qualquer fundamento jurídico/legal para ser oponível ao contribuinte, especialmente pelo fato de a mesma jamais ter sido publicado no Diário Oficial da União. As normas de execução são atos administrativos normativos dirigidos às autoridades subordinadas que, traçando diretrizes, orientam o desempenho de suas funções. Não são, de forma alguma, oponíveis ao contribuinte. A principal razão para que tais atos não tenham natureza obrigatória para os contribuintes está embasado no fato de os mesmos não estarem submetidos às regras de publicidade. A documentação acostada aos autos é mais do que necessária para comprovar a liquidez e certeza do crédito pleiteado. No entanto, objetivando eliminar quaisquer dúvidas sobre a adesão do interessado ao PDV de 1985, solicitou à empresa a confirmação formal dessa adesão (pedido em anexo), a qual será juntada posteriormente, quando de seu recebimento. Fl. 246DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 247 10 O Recorrente cumpriu com todas as exigências legais vigentes à época em que protocolizou seu Pedido de Restituição, quais sejam, aquelas previstas na IN/SRF nº 21/1997. No que se refere à atualização do crédito, a aplicação da Tabela Única da Justiça Federal, aprovada pela Resolução nº 561 do Conselho da Justiça Federal, de 02 de julho de 2007, se faz absolutamente necessária. Tal matéria não é mais suscetível de debate, após a publicação do Ato Declaratório/PGFN nº 10, de 01/12/2008. Por fim, espera o Recorrente que esta Colenda Turma de Julgamento conheça e dê provimento ao presente Processo de Restituição, nos exatos termos do requerimento efetuado. Após a apresentação do recurso, o patrono do Interessado (procuração à fl. 12) requereu a juntada dos documentos de fls. 215/237 deste processo digital, informando tratarse das declarações do imposto de renda pessoa física do Recorrente, referentes ao ano base 1985, original e retificadora. Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. DOS EQUÍVOCOS OCORRIDOS NO TRÂMITE DO PRESENTE PROCESSO (ENTENDIMENTO DO RELATOR) E DA AUSÊNCIA DE PREJUÍZO AO RECORRENTE Registro, preliminarmente, que tanto o pedido de restituição, quanto a manifestação de inconformidade inicialmente apresentados pelo contribuinte foram indeferidos com fundamento no art. 168, I, do Código Tributário Nacional CTN, uma vez que, na data do protocolo do pedido (04/09/2003), já havia transcorrido o prazo de 5 (cinco) anos contados da data de extinção do crédito (a data de desligamento da empresa ocorreu em 04/06/1985). Nada obstante, a Segunda Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes (Acórdão às fls. 78/87), por maioria de votos, afastou a decadência (entendo que o correto é prescrição, por se tratar de questão relacionada a direito patrimonial) e determinou o retorno dos autos a 5ª Turma da DRJ/SPOII, para o enfrentamento do mérito, nos termos do voto vencedor, cuja parte dispositiva está assim descrita: Diante do exposto, voto no sentido de AFASTAR a decadência e determinar a remessa dos autos à DRJ de origem para apreciação do mérito da demanda. De seguida, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial (fls. 90/93) sob o fundamento de que houve, em decisão não unânime, violação à lei tributária (CTN, artigo 168, I), no concernente ao prazo para se pleitear o reconhecimento de crédito com o consequente pedido de restituição ou compensação. Fl. 247DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 248 11 A Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF negou provimento ao recurso da Fazenda Nacional e determinou o retorno dos autos à “Unidade Local da RFB”, para análise das demais questões de mérito suscitadas na primeva manifestação de inconformidade. É o que consta do acórdão da Câmara Superior, verbis: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, retornando os autos à Unidade Local da RFB para analisar as demais questões relacionadas ao mérito. Vencidos os Conselheiros Elias Sampaio Freire (Relator), Julio César Vieira Gomes, Francisco de Assis Oliveira Júnior e Carlos Alberto Freitas Barreto. O Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto apresentará declaração de voto. Designado o Conselheiro Gonçalo Bonet Allage para redigir o voto vencedor. Verificase, assim, que o acórdão da Câmara Superior determinou o retorno dos autos à Unidade Local da RFB, ou seja, à DRF de origem, diferentemente do acórdão da Segunda Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes (fls. 78/87), que determinara o retorno a 5ª Turma da DRJ/SPOII, também para o enfrentamento das questões de mérito. Apesar de o pedido de restituição ser da competência originária do Delegado da DRF de origem, penso que houve um erro material no acórdão da CSRF, porquanto a apreciação das demais questões de mérito, em meu entendimento, era de competência da DRJ que proferiu a decisão recorrida, e não a cargo da “Unidade Local da RFB”, haja vista que o contencioso administrativo já havia se instaurado com a apresentação da manifestação de inconformidade. No entanto, nenhum dos legitimados (RICARF, art. 66) propôs a retificação da inexatidão material acima mencionada. É certo que o erro material não preclui, nos termos da jurisprudência do STJ (Recurso em Mandado de Segurança nº 31.875/SC, julgado em 26/04/2011), e não deve contaminar os demais atos do processo se não houver prejuízo à parte (no caso em análise, penso não houve prejuízo à parte, conforme será demonstrado adiante). A DRF de origem, por seu turno, entendeu, a meu ver de forma equivocada, que a decisão da CSRF era definitiva e, “com a finalidade de completar a instrução do pedido de restituição”, intimou o contribuinte a apresentar alguns documentos (fl. 141), consoante estabelecido na Norma de Execução SRF/COTEC/COSIT/COSAR/COFIS n° 02/1999. O equívoco da Unidade de Origem pode ser constatado pela leitura dos itens 10 a 13 do segundo Despacho Decisório (fls.156/158) emitido, a ver: 10. Cabe salientar que para se calcular o valor da restituição relativa ao PDV é necessário excluir, do total de Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Jurídica do respectivo ano calendário, o valor pago a título de PDV, obtendose então nova base de cálculo do Imposto de Renda Devido. 11. Ocorre que a Secretaria da Receita Federal não mais possui em seus arquivos a DIRPF do exercício 1986. Também não possui a(s) Dirf(s) do anocalendário 1985 nem tampouco o espelho de lançamento feito à época. Fl. 248DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 249 12 12. Desta forma, o não atendimento à intimação impossibilita a reconstituição do valor dos Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Jurídica no anocalendário em questão, ponto de partida para o cálculo do valor do Imposto Devido e, caso exista, do valor da restituição, conforme explicitado no parágrafo 9º, acima. 13 Pelo exposto, com base na Norma de Execução SRF/COTEC/COSIT/COSAR/COFIS n° 02, de 07/06/1999, PROPONHO, s.m.j., o indeferimento deste pedido de restituição. Veja que o Despacho Decisório indeferiu o pedido de restituição em face da impossibilidade de se calcular o valor a ser restituído (principal e sua atualização de acordo com a Norma de Execução citada), ou seja, a providência adotada pela DRF de origem estava em descompasso com a determinação da CSRF (“analisar as demais questões relacionadas ao mérito”). Em face disso, o contribuinte apresentou nova Manifestação de Inconformidade, desta feita abarcando tanto as questões de mérito suscitadas anteriormente, quanto as questões que motivaram a Unidade de origem a indeferir o pedido de restituição por intermédio do segundo Despacho Decisório (DD nº 506/2010, às fls. 156/158). Assim, ainda que por via transversa, o processo tornou a DRJ competente para apreciar o mérito e, em consequência do acima exposto, também as demais questões suscitadas pelo Interessado em face do DD nº 506/2010 emitido pela DRF de origem, ocasionando a emissão do Acórdão 1748.950 da 5ª Turma da DRJ/SP2 (decisão recorrida). Inobstante os equívocos acima relatados, não restou evidenciado nos autos, a meu ver, nenhum prejuízo ao Recorrente, porquanto a este foi oportunizado o contraditório e a ampla defesa em quatro oportunidades (duas “Manifestações de Inconformidade” e dois “Recursos”). Acrescento, por relevante, que o Interessado sequer se insurgiu quanto ao ato que, em meu entendimento, poderia ter sido impugnado em momento oportuno (incompetência da DRF de origem para se calcular o valor a ser restituído naquele momento processual, ou seja, antes da apreciação das demais questões de mérito), de modo que não há que se falar em nulidade de qualquer ato praticado no presente processo. Isto porque a decretação de nulidade de um ato processual (exceto em raríssimas exceções, como, por exemplo, vício de competência) depende da necessidade da efetiva demonstração de prejuízo pela parte interessada, por prevalência do princípio pas de nulitte sans grief. Se o próprio Interessado não contesta a existência do vício, descabe falar em nulidade do ato processual viciado. VERBAS TRIBUTADAS E NÃO TRIBUTADAS NA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO DO RECORRENTE Após a apresentação do recurso, o patrono do Interessado requereu a juntada dos documentos de fls. 215/237 deste processo digital. Dentre os documentos apresentados encontrase a declaração do imposto de renda do Recorrente, referente ao anobase 1985. Fl. 249DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 250 13 O Anexo 2 da Declaração apresentada em 1986 (fl. 227 deste processo digital) mostra que o Interessado declarou como “Rendimentos não Tributáveis” (campo “Aviso Prévio e Indenizações por Rescisão de Contrato de Trabalho e FGTS”) o montante de Cr$ 2.515.240.000. A discriminação das verbas pagas na “Rescisão de Contrato de Trabalho” (fl. 15) revela que o montante não tributado é a soma das verbas denominadas “Indenização” e “Prejulgado 20/66” (Cr$ 2.321.760.000 + Cr$ 193.480.000 = Cr$ 2.515.240.000). Significa dizer que a indenização tributada na rescisão foi aquela intitulada “Indenização Complementar”, no valor de CR$ 1.483.040.238, que o Recorrente alega que foi paga no âmbito do PDV. A oferta pública acostada aos autos em fls. 108/109 demonstra que seria paga aos “funcionários elegíveis”, entre eles o Recorrente, além da indenização prevista na CLT, outra indenização correspondente a 2 (dois) saláriosbase por ano de serviço na empresa, que, inobstante constar da oferta como sendo liberalidade, encontra previsão na “Carta de Oferecimento do PDV”, sendo, portanto, não tributável. Eis o teor desta parte da oferta (primeiro parágrafo da fl. 109 deste processo digital): Além da indenização acima, prevista em lei, o funcionário receberá, a título de liberalidade, 2 saláriosbase por ano de serviço na Companhia. Na “Rescisão do Contrato de Trabalho” (fl. 15) foram pagas férias proporcionais de 5/12, no valor de Cr$ 20.154.167. Através de uma regra de três verificase que o salário mensal do Recorrente era Cr$ 48.370.000,80: Cr$ 20.154.167 5 X = 241.850.004 / 5 X = Cr$ 48.370.000,80 X 12 Consta da “Rescisão do Contrato de Trabalho” (fl. 15) que a admissão do Recorrente ocorreu em 01/01/1961. O seu desligamento se deu em 04/06/1985, conforme correspondência da empresa endereçada à RFB (fl. 16). Assim, o Recorrente contava, na data do desligamento, com 24 anos de trabalho (1985 – 1961 = 24). A indenização paga no âmbito do PDV era de 2 (dois) saláriosbase por ano de trabalho na empresa, o que totaliza o seguinte montante: Cr$ 48.370.000,80 x 2 x 24 = Cr$ 2.321.760.038,40. Observo que na “Rescisão do Contrato de Trabalho” este valor foi arredondado para Cr$ 2.321.760.000 e corresponde à indenização não tributada que foi lançada na declaração de ajuste anual do Recorrente, exercício 1986, na ficha de “Rendimentos não Tributáveis”. O total lançado na referida ficha foi de Cr$ 2.515.240.000, que é a soma das verbas denominadas “Indenização” e “Prejulgado 20/66”, respectivamente nos valores de Cr$ 2.321.760.000 e Cr$ 193.480.000. Em outras palavras: na “Rescisão do Contrato de Trabalho” constam uma indenização de Cr$ 2.321.760.000, denominada “Indenização”, que não foi tributada e que estava inserida no PDV; e outra de Cr$ 1.483.040.238, batizada de “Indenização Complementar”, que foi tributada e que não estava inserida no PDV. Fl. 250DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 251 14 O conteúdo do documento acostado à fl. 16 deste processo digital, (carta da empresa instituidora do “Programa” dirigida à RFB, datada de 7 de julho de 2003) comprova que a “Indenização Complementar” não estava contemplada no PDV. Oportuna é a transcrição da correspondência, na parte que interessa: A empresa X, com sede na cidade do Rio de Janeiro, (...): “vem informar, que esta empresa vem, ao longo dos anos, oferecendo a seus funcionários um Programa de Desligamento, que tem como objetivo um pagamento de incentivo por desligamento”. “Esse incentivo recebeu os seguintes títulos: • Indenização Espontânea Pessoal • Indenização Pessoal Espontânea • Indenização Espontânea Especial • Gratificação Incentivo Aposentadoria • Contribuição Extraordinária” “Para os funcionários que na época fossem elegíveis ao Plano de Aposentadoria IBM, a carta oferta fazia referência a esta condição, mas só poderiam se aposentar após a demissão. Ratificando dessa forma que o incentivo foi pago pelo desligamento da Empresa, e não pela condição de aposentado”. “O Sr. Antonio Carlos Rego Gil, portador do CPF 006.130.027 68, foi desligado em 04/06/85 e recebeu um incentivo a título de Indenização Complementar, no valor de CR$ 1.483.040.238,00”. A carta da empresa não deixa nenhuma dúvida de que a intitulada “Indenização Complementar” não estava contemplada no Programa de Desligamento, haja vista que os incentivos do Programa foram batizados, de acordo com o próprio documento da empresa dirigido à RFB, com as seguintes nomenclaturas: a) Indenização Espontânea Pessoal; b) Indenização Pessoal Espontânea; c) Indenização Espontânea Especial; d) Gratificação Incentivo Aposentadoria; e e) Contribuição Extraordinária. Noutros termos: se a empresa informa que está oferecendo um Programa de Desligamento que tem como objetivo um pagamento de incentivo por desligamento denominados “A”, “B”, “C”, “D” e “E” e, no mesmo documento, relata que pagou um incentivo intitulado de “F”, resta comprovado que o incentivo “F” não estava contemplado no PDV, por declaração da própria instituidora do Programa. Anoto, para encerrar este tópico, que o quantum da “Indenização Complementar (Cr$ 1.483.040.238) não encontra correspondência em nenhuma das duas indenizações prevista na “Carta de Oferecimento do PDV (“Indenização Integral prevista na CLT” e Indenização a Titulo de Liberalidade”) e na Pergunta 07 (Em que consiste a oferta?) constante do “Perguntas e Respostas” elaborado pela empresa (fls. 111/116 deste processo digital), o que reforça o entendimento de que a “Indenização Complementar” não foi paga por força do PDV. NATUREZA DA VERBA DENOMINADA “INDENIZAÇÃO COMPLEMENTAR” No REsp nº 1.112.745/SP, julgado sob o regime do art. 543C do Código de Processo Civil – CPC, o eminente Relator partiu da premissa de que nas rescisões de contrato Fl. 251DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 252 15 de trabalho é imprescindível verificar a exata natureza jurídica da verba paga para se saber se a mesma se sujeita ou não à tributação do imposto sobre a renda da pessoa física, haja vista a diversidade de denominações utilizadas para classificação de tais verbas. São deles as palavras abaixo: “Sabese que nas rescisões de contratos de trabalho são dadas diversas denominações às mais variadas verbas, o que enseja, em alguns casos, confusão na aplicação da já consolidada jurisprudência do STJ. Nessas situações, é imperioso verificar qual a natureza jurídica de determinada verba a fim de classificála como sujeita ao imposto de renda ou não”. Em seguida, o Relator estabeleceu um parâmetro para diferenciar as verbas pagas por liberalidade na rescisão do contrato de trabalho das verbas em relação às quais, para por fim à relação empregatícia, inexiste liberalidade por parte do empregador. Confira: “Acertadamente, a verba paga por liberalidade na rescisão do contrato de trabalho é aquela que, nos casos em que ocorre a demissão com ou sem justa causa, é paga sem decorrer de imposição de nenhuma fonte normativa prévia ao ato de dispensa (incluindose aí Programas de Demissão Voluntária PDV e Acordos Coletivos), dependendo apenas da vontade do empregador e excedendo as indenizações legalmente instituídas. Sobre tal verba a jurisprudência é pacífica no sentido da incidência do imposto de renda”. Por outro lado, consta do acórdão que estão fora do campo de incidência do imposto de renda os valores recebidos em PDV decorrentes de uma oferta pública para a realização de um negócio jurídico, no qual existe um acordo de vontades para por fim à relação empregatícia, razão pela qual inexiste margem para o exercício de liberalidades por parte do empregador, hipótese em que se aplica a Súmula 215 do STJ. A tese repetitiva restou consubstanciada na seguinte ementa: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. INDENIZAÇÃO PAGA POR LIBERALIDADE DO EMPREGADOR. NATUREZA REMUNERATÓRIA. INCIDÊNCIA. INDENIZAÇÃO PAGA NO CONTEXTO DE PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA PDV. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA 215/STJ. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. 1. Nas rescisões de contratos de trabalho são dadas diversas denominações às mais variadas verbas. Nessas situações, é imperioso verificar qual a natureza jurídica de determinada verba a fim de, aplicando a jurisprudência desta Corte, classificála como sujeita ao imposto de renda ou não. 2. As verbas pagas por liberalidade na rescisão do contrato de trabalho são aquelas que, nos casos em que ocorre a demissão com ou sem justa causa, são pagas sem decorrerem de imposição de nenhuma fonte normativa prévia ao ato de dispensa (incluindose aí Programas de Demissão Voluntária PDV e Acordos Coletivos), dependendo apenas da vontade do Fl. 252DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 253 16 empregador e excedendo as indenizações legalmente instituídas. Sobre tais verbas a jurisprudência é pacífica no sentido da incidência do imposto de renda já que não possuem natureza indenizatória. Precedentes: EAg Embargos de Divergência em Agravo 586.583/RJ, Rel. Ministro José Delgado, DJ 12.06.2006; EREsp 769.118 / SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira Seção, DJ de 15.10.2007, p. 221; REsp n.º 706.817/RJ, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 28/11/2005; EAg 586.583/RJ, Rel. Ministro José Delgado, Primeira Seção, v.u., julgado em 24.5.2006, DJ 12.6.2006 p. 421; EREsp 775.701/SP, Relator Ministro Castro Meira, Relator p/ Acórdão Ministro Luiz Fux, Data do Julgamento 26/4/2006, Data da Publicação/Fonte DJ 1.8.2006 p. 364; EREsp 515.148/RS, Relator Ministro Luiz Fux, Data do Julgamento 8/2/2006, Data da Publicação/Fonte DJ 20.2.2006 p. 190 RET vol. 48 p. 28; AgRg nos EREsp. Nº 860.888 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 26.11.2008, entre outros. 3. "Os Programas de Demissão Voluntária PDV consubstanciam uma oferta pública para a realização de um negócio jurídico, qual seja a resilição ou distrato do contrato de trabalho no caso das relações regidas pela CLT, ou a exoneração, no caso dos servidores estatutários. O núcleo das condutas jurídicas relevantes aponta para a existência de um acordo de vontades para por fim à relação empregatícia, razão pela qual inexiste margem para o exercício de liberalidades por parte do empregador. [...] Inexiste liberalidade em acordo de vontades no qual uma das partes renuncia ao cargo e a outra a indeniza [...]" (REsp Nº 940.759 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.3.2009). "A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda". Enunciado n. 215 da Súmula do STJ. 4. Situação em que a verba denominada "gratificação não eventual" foi paga por liberalidade do empregador e a chamada "compensação espontânea" foi paga em contexto de PDV. 5. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. A diferenciação perpetrada pelo STJ pode ser assim sintetizada: QUADRO RESUMO VERBAS PAGAS NA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO VERBAS SUJEITAS À INCIDÊNCIA VERBAS NÃO SUJEITAS À INCIDÊNCIA 1) Pagas por liberalidade (depende unicamente da vontade do empregador) 5) Existência de uma oferta pública para realização de um negócio jurídico 2) Demissão com ou sem justa causa 6) Acordo de vontades para por fim à relação de trabalho Fl. 253DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 254 17 3) Verbas pagas que não decorram de imposição de nenhuma fonte normativa prévia ao ato de dispensa, inclusive PDV e Acordos Coletivos 7) Inexistência de liberalidade por parte do empregador 4) Verbas que excedem as indenizações legalmente previstas Na espécie, verificouse que a "Indenização Complementar" foi paga pelo empregador ao empregado fora do contexto do PDV (tópico anterior). Acrescento que não consta dos autos menção a qualquer acordo coletivo que determine a obrigatoriedade do pagamento da referida verba por ocasião do desligamento do empregado da empresa. Tampouco há na legislação brasileira a determinação para o pagamento da verba intitulada “Indenização Complementar”. Logo, a verba foi paga por liberalidade do empregador, o que a afasta, a meu ver, das “Verbas não Sujeitas à Incidência” do “Quadro Resumo”. Os requisitos fixados no REsp nº 1.112.745/SP, para caracterizar a verba como sujeita à incidência do imposto de renda, foram os seguintes: a) Demissão com ou sem justa causa: na pergunta de nº 07 do “Perguntas e Respostas” formulado pela empresa para dirimir dúvidas do público alvo do programa por ela instituído (fl. 113) consta que “Será ainda autorizado o levantamento do saldo depositado no FGTS, acrescido dos 10% previstos em lei”. Esta cláusula da resposta à Pergunta nº 07 revela que os contemplados no PDV foram demitidos sem justa causa (condição 2 do “Quadro Resumo”), haja vista que o levantamento do saldo depositado no FGTS (Lei nº 8.036/1990, art. 20, I), acrescido dos 10% previstos em lei, não é possível quando ocorre o pedido de demissão pelo empregado. b) pagamento de verbas que não decorram da imposição de nenhuma fonte normativa prévia ao ato de dispensa, inclusive os PDV e os acordos coletivos: consoante visto acima, o quantum da “Indenização Complementar (Cr$ 1.483.040.238) não encontra correspondência em nenhuma das duas indenizações prevista na “Carta de Oferecimento do PDV”. Não consta dos autos menção a qualquer acordo coletivo que determine a obrigatoriedade do pagamento da referida verba por ocasião do desligamento do empregado da empresa. Tampouco há na legislação brasileira a determinação para o pagamento da verba intitulada “Indenização Complementar”. Logo, o seu pagamento não decorreu de nenhuma fonte normativa prévia ao ato de dispensa (condição 3 do “Quadro Resumo”). c) liberalidade (dependência da vontade única empregador): se o pagamento da verba não decorreu de nenhuma fonte normativa prévia ao ato de dispensa, aí incluídos os PDV e os Acordos Coletivos, é porque decorreu de mera liberalidade do empregador (condição 1 do “Quadro Resumo”). d) exceder as indenizações legalmente instituídas: a “Rescisão de Contrato de Trabalho” (fl. 15) evidencia que foram pagas duas indenizações ao Recorrente: uma decorrente de fonte normativa (PDV), denominada “Indenização” (Cr$ 2.321.760.000), não tributada, e outra não decorrente de fonte normativa, intitulada de “Indenização Complementar” (Cr$ 1.483.040.238), tributada (condição 1 do “Quadro Resumo”). O valor pago ao Recorrente, intitulados “Indenização Complementar”, se amolda, a meu ver, ao item 2 da ementa do Recurso Especial 1.112.745/SP, caracterizandose como “Verba Sujeita à Incidência” do imposto de renda. Fl. 254DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 19679.005336/200375 Acórdão n.º 2801002.847 S2TE01 Fl. 255 18 CONCLUSÃO Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 255DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 30/01/2013 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 02/02/2013 por TANIA MARA PA SCHOALIN
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Numero do processo: 10166.722302/2010-83
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2803-000.128
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto vencedor redator Helton Carlos Praia de Lima, para que os autos sejam encaminhados à 1ª turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF, ou turma responsável, para julgamento em conjunto, com base no art. 9°, § 1°, do Decreto n° 70.235/72 e tendo em vista a competência de alçada decorrente do valor do crédito tributário objeto do processo n° 10166.016223/2008-15 (NFLD). Vencido Conselheiro Natanael Vieira dos Santos.
Nome do relator: NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto vencedor redator Helton Carlos Praia de Lima, para que os autos sejam encaminhados à 1ª turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF, ou turma responsável, para julgamento em conjunto, com base no art. 9°, § 1°, do Decreto n° 70.235/72 e tendo em vista a competência de alçada decorrente do valor do crédito tributário objeto do processo n° 10166.016223/200815 (NFLD). Vencido Conselheiro Natanael Vieira dos Santos. (assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima – Presidente. (assinado digitalmente) Natanael Vieira dos Santos Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Paulo Roberto Lara dos Santos, Natanael Vieira dos Santos, Amilcar Barca Teixeira Junior, Gustavo Vettorato, André Luís Mársico Lombardi. Fl. 367DF CARF MF Impresso em 18/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 24/0 9/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 17/10/2012 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 10166.722302/201083 Resolução n.º 2803000.128 S2TE03 Fl. 368 2 Relatório 1. Tratase de recurso voluntário interposto pela empresa ADLER – ASSESSORAMENTO EMPRESARIAL REPRESENTAÇÕES LTDA em face da decisão que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte e manteve a penalidade por omissão de fatos geradores previdenciários na declaração prestada pela empresa em GFIP, conforme determinava o art. 32, §5º, da Lei nº 8.212/91. 2. O presente auto de infração é referente a um lançamento substitutivo, uma vez que o auto de infração que consolidou o crédito constituído na NFLD n. 35.675.4189 ter sido anulado por vício formal, conforme narra o relatório fiscal, in verbis: “1. Este autodeinfração decorre do fato de a empresa ter deixado de informar nas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações a Previdência Social – GFIP todos os dados correspondentes aos fatos geradores de contribuições previdenciárias. (...). 4. Os fatos que ensejaram esta atuação têm como base documentos já existentes no autodeinfração original anulado (AI DEBCAD no. 35.675.4170), lembrando ter ido este anulado por vício formal. 5. E esclarecemos que, conforme informação já constante no AI anulado, a empresa, no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2002, apresentou GFIP com omissão de fatos geradores de contribuições previdenciárias, conforme apurado e demonstrado nas planilhas em anexo. (...). 7. E embora às circunstâncias agravantes da penalidade não produzam efeitos para gradação desta multa, registrase que a empresa, objetivando, EM TESE, a sonegação de tributos e contribuições sociais, empregou, conforme detectado pela fiscalização anterior, métodos fraudulentos e dolosos, caracterizados pelos seguintes atos: • Calçar ou espelhar notas fiscais, isto é, emitir estes documentos consignando valores diferentes nas diversas vias, sendo o valor real da operação na via do destinatário e um valor inferior nas vias destinadas à contabilidade e ao fisco; • Omitir em folhas de pagamento e na contabilidade os lançamentos corretos da remuneração de segurados empregados e contribuintes individuais, mantendo controle paralelo, (EM TESE, caixa dois), fato este comprovado pelos arquivos digitais constantes no HARD DISK (HD) apreendido pela Polícia Federal no inquérito Policial SR/DPF/DF n. 04.560/2002. Observação: cabe destacar que os fatos aqui alegados, inclusive os arquivos digitais mencionados, integram, como anexos a NFLD (COMPROT 101..016223200815 / DEBCAD 356754219). E para que seja possível um melhor entendimento de quais são os documentos existentes, em particular na NFLD Fl. 368DF CARF MF Impresso em 18/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 24/0 9/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 17/10/2012 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 10166.722302/201083 Resolução n.º 2803000.128 S2TE03 Fl. 369 3 citada, juntamos como anexo uma cópia do índice de documentos existentes naquela NFLD.” (f. 6/8). 3. A referida decisão de segunda instância proferida em 14/12/2005, pela então 4ª Câmara de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social considerou o débito nulo uma vez que o Mandado de Procedimento Fiscal – MPF estava vencido. 4. A fiscalização informou que na presente autuação foram efetuados lançamentos idênticos aos feitos na NFLD original. 5. Há relatos da fiscalização acerca de métodos fraudulentos e dolosos cometidos pela empresa, para “em tese”, sonegar tributos e contribuições sociais, conforme constam do relatório fiscal (ff.7 e 8).. 6. O auditor juntou ainda aos autos planilhas de comparação de multas, para auferir qual seria a mais benéfica para se aplicar no caso concreto, e assim individualizou a penalidade que deveria ser aplicada em cada competência lançada, sendo então ajustados os autosdeinfração CFL 68 e CFL 69 para a multa mais benéfica. 7. Diante da ciência do novo lançamento, a empresa apresentou impugnação tempestiva às ff. 311/316 e ao julgar a peça impugnatória apresentada, o Colegiado de primeira instância considerou a impugnação improcedente, e por consequência manteve o crédito tributário em sua totalidade. A decisão a quo restou ementada nos termos que hora transcrevo: “OMISSÃO DE FATOS GERADORES EM GFIP. Determina a lavratura de auto de infração a omissão de fatos geradores previdenciários na declaração prestada pela empresa em GFIP, conforme art. 32, inciso IV, § 5°, da Lei n.° 8.212/91. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido.” (f.339). 8. Após a intimação da referida decisão, irresignado o contribuinte apresentou recurso voluntário tempestivo, às ff. 349/365, no qual aduz em síntese: a) que seja determinada a redução da multa de ofício aplicada na autuação independente da opção de pagamento ou não do saldo a ser apurado; b) a indicação do valor da autuação, após a aplicação da multa mais benéfica; c) que seja aplicada a multa prevista no art. 32a da Lei 8.212/91 e excluir da cobrança os valores excedentes aos parâmetros fixados pelo vigente texto desse dispositivo. d) que existe conexão entre o presente Auto de Infração e os demais lavrados pelo fisco, e assim entende necessário que se promova a os atos administrativos necessários para a conjunta tramitação de todos os autos de infração; 9. Sem contrarrazões fiscais os autos foram encaminhados à apreciação e julgamento por este Conselho. Fl. 369DF CARF MF Impresso em 18/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 24/0 9/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 17/10/2012 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 10166.722302/201083 Resolução n.º 2803000.128 S2TE03 Fl. 370 4 É o relatório. Voto Conselheiro Natanael Vieira dos Santos, Relator. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1. Conheço do recurso voluntário, uma vez que atende aos pressupostos de admissibilidade. PRELIMINAR DE CONEXÃO 2. Considerando que foi apresentada preliminar de conexão de processos, manifesto meu voto contrário. Entendo que cada processo deve ser instruído com os documentos e fundamentos necessários à sua análise. 3. O artigo 9º, do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, aplicável à época do lançamento, determina: “a exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito”. 4. E o recente Decreto n.º 7.574, de 29 de setembro de 2011, manteve a necessidade de que cada processo (autos de infração ou notificações) seja instruído de maneira que possa ser analisado separadamente: “Art. 38. A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 9º, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, art. 25). §1º Os autos de infração ou as notificações de lançamento, em observância ao disposto no art. 25, deverão ser instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do fato motivador da exigência.” 5. A conexão é o fenômeno processual que determina a reunião de duas ou mais ações, para o julgamento em conjunto, a fim de evitar a existência de sentenças conflitantes. Em processo civil, consideramse conexas aquelas ações que possuem o mesmo objeto e a mesma causa de pedir. 6. É importante ressaltar que a conexão dos processos não implica necessariamente em vantagem para o contribuinte, pois ela somente irá garantir que as ações tenham o mesmo julgamento. Fl. 370DF CARF MF Impresso em 18/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 24/0 9/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 17/10/2012 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 10166.722302/201083 Resolução n.º 2803000.128 S2TE03 Fl. 371 5 7. E os dados constantes dos processos devem ser suficientes para o deslinde da controvérsia, o que afasta a necessidade de apreciação conjunta com outros processos lavrados contra o mesmo sujeito passivo. 8. Tornase necessário, ainda, que seja observado o princípio da celeridade processual trazido pelo inciso LXXVIII, do artigo 5º, da Constituição Federal, o qual dispõe que “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. 9. Assim, com base no referido princípio, devese buscar a solução dos conflitos suscitados no processo da forma mais breve possível, evitando, assim, as dilações indevidas. E como os processos já se encontram distribuídos à relatoria de diferentes conselheiros, a pausa em seus julgamentos para a redistribuição dos autos poderia acarretar em um atraso desnecessário. 10. Evidentemente que em alguns casos a conexão será necessária, por considerar fato importante para o deslinde da controvérsia constante em processo diverso, contudo, a análise será delimitada pelo julgador caso a caso. 11. Por fim, ressalto que, ainda que reconhecesse a conexão dos processos em comento, todos os processos já foram devidamente apensados e estão sendo julgados pelo mesmo Conselheiro, evitando decisões diversas, dessa forma foram cumpridas todas as exigências suscitadas pela empresa no recurso, restando prejudicada a preliminar. 12. Afasto, portanto, esta preliminar. DA MULTA APLICADA 13. No que tange à regra aplicável ao caso em análise, tendo em vista a superveniência de legislação mais benéfica no que se refere a penalidade por descumprimento de obrigação acessória passo a análise da matéria. 14. Ocorre que a Lei n.º 11.941, de 2009, alterou a Lei n.º 8.212/91 para abrandar os valores da multa aplicada: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e. II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3º deste artigo. Fl. 371DF CARF MF Impresso em 18/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 24/0 9/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 17/10/2012 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 10166.722302/201083 Resolução n.º 2803000.128 S2TE03 Fl. 372 6 § 1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2º Observado o disposto no § 3º deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou . II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e. II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” 15. Diante da regulamentação acima exposta, é possível identificar as regras do artigo 32A: a) é regra aplicável a uma única espécie, dentre tantas outras existentes, de declaração: a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP; b) é possibilitado ao sujeito passivo entregar a declaração após o prazo legal, corrigila ou suprir omissões antes de algum procedimento de ofício que resultaria em autuação; c) regras distintas para a aplicação da multa nos casos de falta de entrega ou entrega após o prazo legal e nos casos de informações incorretas/omitidas; sendo no primeiro caso, limitada a vinte por cento da contribuição; d) desvinculação da obrigação de prestar declaração em relação ao recolhimento da contribuição previdenciária; e) reduções da multa considerando ter sido a correção da falta ou supressão da omissão antes ou após o prazo fixado em intimação; e f) fixação de valores mínimos de multa. 16. Nesse momento, passo a examinar a natureza da multa aplicada com relação à GFIP, sejam nos casos de “falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo” ou “informações incorretas ou omitidas”. 17. O inciso II do artigo 32A manteve a desvinculação entre as obrigações do sujeito passivo: acessória, quanto à declaração em GFIP e principal, quanto ao pagamento da contribuição previdenciária devida: Fl. 372DF CARF MF Impresso em 18/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 24/0 9/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 17/10/2012 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 10166.722302/201083 Resolução n.º 2803000.128 S2TE03 Fl. 373 7 II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. 18. Dessa forma, depreendese da leitura do inciso que o sujeito passivo estará sujeito à multa prevista no artigo, mesmo nos casos em que efetuar o pagamento em sua integralidade, ou seja, cem por cento das contribuições previdenciárias. 19. E fazendo uma comparação do referido dispositivo com o artigo 44 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996 (que trata das multas quando do lançamento de ofício dos tributos federais) percebese que as regras diferem entre si, pois as multas nele previstas incidem em razão da falta de pagamento ou, quando sujeito a declaração, pela falta ou inexatidão da declaração: “LEI Nº 9.430, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1996. Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. (...). Seção V Normas sobre o Lançamento de Tributos e Contribuições. (...). Multas de Lançamento de Ofício Art.44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinquenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. “20. Outra diferença é que as multas elencadas no artigo 44 justificamse pela necessidade de realização de lançamento pelo fisco, já que o sujeito passivo não efetuou o pagamento, sendo calculadas independentemente do decurso do tempo, eis que a multa de ofício não se cumula com a multa de mora. A finalidade é exclusivamente fiscal, diferentemente do caso da multa prevista no artigo 32A, em que independentemente do pagamento/recolhimento da contribuição previdenciária, o que se pretende é que, o quanto antes (daí a gradação em razão do decurso do tempo), o sujeito passivo preste as informações à Previdência Social, dados esses que viabilizam a concessão dos benefícios previdenciários. 21. Feitas essas considerações, tenho por certo que as regras postas no artigo 44 aplicamse aos processos instaurados em razão de infrações cometidas sobre a GFIP. No que se refere à “falta de declaração e nos de declaração inexata”, devese observar o preceito por Fl. 373DF CARF MF Impresso em 18/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 24/0 9/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 17/10/2012 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 10166.722302/201083 Resolução n.º 2803000.128 S2TE03 Fl. 374 8 meio do qual a norma especial prevalece sobre a geral, uma vez que o artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente a uma espécie de declaração que é a GFIP, devendo assim prevalecer sobre as regras do artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 o qual se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. Pela mesma razão, também não pode ser aplicado o artigo 43 da mesma lei: “Auto de Infração sem Tributo Art.43.Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento”. 22. Resumindo, é possível concluir que para a aplicação de multas pelas infrações relacionadas à GFIP devem ser observadas as regras do artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 que regulam exaustivamente a matéria, sendo irrelevante a existência ou não pagamento/recolhimento e qual tenha sido a multa aplicada no documento de constituição do crédito relativo ao tributo devido. 23. Quanto à cobrança de multa nesses lançamentos, realizados no período anterior à MP n° 449/2008, entendo que não há como aplicar o artigo 35A, pois poderia haver retroatividade maléfica, o que é vedado; nem tampouco a nova redação do artigo 35. 24. Os dispositivos legais não são interpretados em fragmentos, mas dentro de um conjunto que lhe dê unidade e sentido. As disposições gerais nos artigos 44 e 61 são apenas partes do sistema de cobrança de tributos instaurado pela Lei n° 9.430/1996. Quando da falta de pagamento de tributos são cobradas, além do principal e juros moratórios, valores relativos às penalidades pecuniárias, que podem ser a multa de mora, quando embora a destempo tenha o sujeito passivo realizado o pagamento/recolhimento antes do procedimento de ofício, ou a multa de ofício, quando realizado o lançamento para a constituição do crédito. Essas duas espécies são excludentes entre si. Essa é a sistemática adotada pela lei. As penalidades pecuniárias incluídas nos lançamentos já realizados antes da MP n° 449/1996 são, por essa nova sistemática aplicável às contribuições previdenciárias, conceitualmente multa de ofício e pela sistemática anterior multa de mora. Do que resulta uma conclusão inevitável: independentemente do nome atribuído, a multa de mora cobrada nos lançamentos anteriores à MP n° 449/1996 não é a mesma da multa de mora prevista no artigo 61 da Lei n° 9.430/1996. Esta somente tem sentido para os tributos recolhidos a destempo, mas espontaneamente, sem procedimento de ofício. Seguem transcrições: “Art.35.Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 1996. Art.35A.Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996. Fl. 374DF CARF MF Impresso em 18/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 24/0 9/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 17/10/2012 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 10166.722302/201083 Resolução n.º 2803000.128 S2TE03 Fl. 375 9 Seção IV Acréscimos Moratórios Multas e Juros Art.61.Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento”. Redação anterior do artigo 35: “Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; b) quatorze por cento, no mês seguinte; c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa;” 25. No que tange aos autos de infração referentes à GFIP, que foram lavrados antes da MP n° 449/1996, importa que seja feita a análise quanto à aplicação do artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN: “Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...). Fl. 375DF CARF MF Impresso em 18/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 24/0 9/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 17/10/2012 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 10166.722302/201083 Resolução n.º 2803000.128 S2TE03 Fl. 376 10 II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” 26. E como pode ser notado, as novas regras trazidas pelo artigo 32A são, a priori, mais benéficas que as anteriores, posto que nelas há limites inferiores, senão vejamos: no caso da falta de entrega da GFIP e omissão de fatos geradores, a multa não pode exceder a 20% da contribuição previdenciária, no primeiro caso; e será de R$ 20,00 por grupo de 10 informações omitidas ou incorretas, no segundo caso. 27. Portanto, nos casos mais benéficos ao sujeito passivo, consoante o disposto no artigo 106 do CTN, a multa deve ser reduzida para adequála ao artigo 32A. Porém, nos casos em a multa contida no auto de infração é inferior à que seria aplicada pelas novas regras, não há como se falar em retroatividade. 28. Razão pela qual entendo que os valores impostos pelo fisco devem ser retificados, conforme o novo regramento do citado artigo 32A, se mais benéfico para o contribuinte. Neste ponto, dou provimento parcial ao recurso. CONCLUSÃO 29. Por todo o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso, para no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, para aplicar a multa entabulada no art. 32A da Lei 8.212/91, se essa for mais benéfica ao contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Natanael Vieira dos Santos Relator Voto Vencedor Em que pese a plausibilidade da argumentação tecida pelo Relator em seu respeitável voto, manifestome pelo acatamento da preliminar de conexão de processos e o faço pelas razões que se seguem. Verificase da defesa apresentada pelo contribuinte e dos memoriais apresentados em sessão que, do procedimento fiscal que originou o presente Auto de Infração AI, também decorreu a lavratura de dois outros AI´s e de três Notificações Fiscais de Lançamentos de Débitos – NFLD´s, dentre as quais a referente ao debcad n° 35.675.4219 (processo n° 10166.016223/200815). Fl. 376DF CARF MF Impresso em 18/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 24/0 9/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 17/10/2012 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 10166.722302/201083 Resolução n.º 2803000.128 S2TE03 Fl. 377 11 Notese que a aludida NFLD foi lançada por aferição indireta da base de cálculo e que se encontra em diligência determinada pela 1ª turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF. Quanto aos AI´s, as autuações decorrem das seguintes condutas do contribuinte: 1 não inclusão em GFIP´s dos fatos geradores de contribuições previdenciárias (processo n° 10166.722302/01083); 2 – apresentação de GFIP’s com informação incorreta, em campo não relacionado a fatos geradores de contribuições previdenciárias (processo n° 10166.722300/201094); e 3 deixar de lançar em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos (processo n° 10166.722307/201014). É preciso considerar que, além dos AI´s e a da referida NFLD terem sido lavrados no contexto de um mesmo procedimento fiscal, as condutas descritas nas autuações (AI´s) podem consubstanciar o próprio suporte ou fundamento fático do lançamento da obrigação principal (NFLD). Ademais, a análise do lançamento da obrigação principal pode influenciar decisavemente quanto ao valor e à própria procedência das autuações (AI´s), de sorte que entendo ser forçoso o julgamento em conjunto dos três AI´s e da NFLD referida. Como se vê, há íntima relação entre a autuação em comento, os outros dois Autos de Infração (AI´s) e o lançamento referente à obrigação principal (NFLD debcad n° 35.675.4219), não havendo, assim, como se analisar, com segurança, o recurso relativo à autuação de que tratam os presentes autos sem o julgamento em conjunto de todos os lançamentos. Os outros dois AI´s também estão sendo objeto de voto à parte, pelas mesmas razões aqui expostas. CONCLUSÃO Portanto, voto em converter o julgamento em diligência para que os autos sejam encaminhados à 1ª turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF, ou turma responsável, para julgamento em conjunto, com base no art. 9°, § 1°, do Decreto n° 70.235/72 e tendo em vista a competência de alçada decorrente do valor do crédito tributário objeto do processo n° 10166.016223/200815 (NFLD). É como voto. (assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima – Conselheiro Fl. 377DF CARF MF Impresso em 18/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 24/0 9/2012 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 17/10/2012 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA
score : 1.0
Numero do processo: 10950.000327/2001-95
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 06 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1998, 1999
NORMAS PROCEDIMENTAIS/REGIMENTAIS. RECURSO ESPECIAL. ACÓRDÃO CONTEMPLANDO TEMA DIVERSO DO QUE TRATA O DECISUM RECORRIDO. NÃO CONHECIMENTO.
Com arrimo no artigo 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, somente deverá ser conhecido o Recurso Especial, escorado naquele dispositivo regimental, quando devidamente comprovada a divergência arguida entre o Acórdão recorrido e o paradigma, a partir da demonstração fundamentada, acompanhada da cópia da publicação da ementa do Acórdão paradigma ou do seu inteiro teor, impondo, ainda, a comprovação do pré-questionamento a respeito do tema. Não se presta à comprovação/caracterização da divergência de teses pretendida o Acórdão paradigma que analisa matéria diversa da adotada no decisório combatido, na esteira dos preceitos contidos no § 6o do dispositivo regimental supra.
Recurso especial não conhecido.
Numero da decisão: 9202-002.584
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso.
(Assinado digitalmente)
Henrique Pinheiro Torres (Presidente em exercício)
(Assinado digitalmente)
Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira - Relator
EDITADO EM: 11/03/2013
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Presidente em exercício), Gonçalo Bonet Allage (Vice-Presidente em exercício), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Marcelo Freitas de Souza Costa (suplente convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Ausente, justificadamente o Conselheiro Elias Sampaio Freire.
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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RECURSO ESPECIAL. ACÓRDÃO CONTEMPLANDO TEMA DIVERSO DO QUE TRATA O DECISUM RECORRIDO. NÃO CONHECIMENTO. Com arrimo no artigo 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, somente deverá ser conhecido o Recurso Especial, escorado naquele dispositivo regimental, quando devidamente comprovada a divergência arguida entre o Acórdão recorrido e o paradigma, a partir da demonstração fundamentada, acompanhada da cópia da publicação da ementa do Acórdão paradigma ou do seu inteiro teor, impondo, ainda, a comprovação do pré questionamento a respeito do tema. Não se presta à comprovação/caracterização da divergência de teses pretendida o Acórdão paradigma que analisa matéria diversa da adotada no decisório combatido, na esteira dos preceitos contidos no § 6o do dispositivo regimental supra. Recurso especial não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 00 03 27 /2 00 1- 95 Fl. 1DF CARF MF Impresso em 28/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/03/2 013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 14/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 2 (Assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres (Presidente em exercício) (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Relator EDITADO EM: 11/03/2013 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Presidente em exercício), Gonçalo Bonet Allage (VicePresidente em exercício), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Marcelo Freitas de Souza Costa (suplente convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Ausente, justificadamente o Conselheiro Elias Sampaio Freire. Relatório LUIS ANTONIO POALICCHI, contribuinte, pessoa física, já devidamente qualificado nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 23/02/2001, exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, bem como recebidos de pessoas jurídicas, em relação aos anoscalendário 1998 e 1999, conforme peça inaugural do feito, às fls. 77/79, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário a Segunda Seção de Julgamento do CARF contra Decisão n° 1112/2001, às fls. 162/176, da DRJ em Foz do Iguaçu/PR, que julgou procedente em parte o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 2a Turma Ordinária da 2a Câmara, em 08/02/2011, por maioria de votos, achou por bem DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO VOLUNTÁRIO DO CONTRIBUINTE, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 220200.970, sintetizados, na parte que nos interessa nesta assentada, na seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercícios: 1999, 2000 [...] DEPÓSITOS BANCÁRIOS. RECEITA DA ATIVIDADE RURAL. JUSTIFICATIVA DE ORIGEM. A interpretação harmônica da Lei n.º 9.430, de 1996 com a Lei n.º 8.023, de 1990, que regula a atividade rural, induz ao entendimento de que a receita bruta da atividade se presta como origem para justificar os depósitos bancários, independentemente de coincidência de data e valores. Assim, é Fl. 2DF CARF MF Impresso em 28/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/03/2 013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 14/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10950.000327/200195 Acórdão n.º 9202002.584 CSRFT2 Fl. 8 3 de se aceitar como origem de recursos, justificando a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento, os valores relativos à receita bruta da atividade rural constante na Declaração de Ajuste Anual, espontaneamente apresentada. [...]” Irresignada, a Procuradoria interpôs Recurso Especial, às fls. 611/617, com arrimo no artigo 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, alegando ter contrariado entendimento levado a efeito pelas demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes/CARF a respeito da mesma matéria, conforme se extrai do Acórdão nº 10246.647, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente, uma vez comprovada à divergência arguida. Sustenta que o decisum paradigma diverge do entendimento consubstanciado no Acórdão guerreado, o qual aceitou como origem dos recursos transitados em sua conta bancária os valores relativos à receita bruta da atividade rural constante da Declaração de Ajuste Anual, sem conquanto exigir qualquer comprovação neste sentido. Explicita a tributação diferenciada da atividade rural, contemplada no artigo 5° da Lei n° 8.023/1990, c/c § 2°, do artigo 42 da Lei n° 9.430/96, submetendo à apuração anual e o resultado pode ser obtido pela presunção de 20% (vinte por cento) sobre a receita bruta ou mediante confronto entre receitas e despesas de custeio, se menor que o primeiro. Contrapõese ao Acórdão guerreado, aduzindo para tanto que não se pode admitir a conclusão levada a efeito pela Câmara, ao determinar a tributação especial da atividade rural dos depósitos bancários que não tiveram sua origem comprovada pelo recorrido, ao arrepio da lei e das provas carreadas aos autos. Melhor explicitando, infere que a legislação de regência exige que a receita declarada da atividade rural seja efetivamente comprovada com documentos hábeis, no sentido de que sejam adequados às exigências contidas nas normas em vigor no âmbito jurídico e no momento de ocorrência dos fatos, e idôneos, aqueles considerados válidos mediante verificação de qualquer dos requisitos legais a eles inerentes. Sustenta que as normas legais que regulamentam a matéria, associadas com a jurisprudência administrativa transcrita na peça recursal, são por demais enfáticas ao exigir a prova da origem da receita auferida pelo contribuinte como rural e, portanto, com tributação favorecida, do contrário, enseja a tributação da receita como provenientes de outras atividades que não a rural. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, o ilustre Presidente da 2ª Câmara da 2a SJ do CARF, entendeu por bem admitir o Recurso Especial da Procuradoria, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão recorrido divergiu do Fl. 3DF CARF MF Impresso em 28/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/03/2 013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 14/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 4 entendimento consubstanciado no paradigma, Acórdão nº 10246.647, conforme Despacho nº 220000.533/2011, às fls. 641/647. Instado a se manifestar a propósito do Recurso Especial da Fazenda Nacional, o contribuinte não apresentou suas contrarrazões, consoante informação constante do documento de fl. 655. É o relatório. Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Com a devida vênia ao ilustre Presidente da 2a Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, ouso divergir do despacho que deu seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, por não vislumbrar na hipótese vertente requisito regimental amparando a pretensão da recorrente, não merecendo ser conhecida sua peça recursal, como passaremos a demonstrar. Conforme se depreende da análise do Recurso Especial, pretende a recorrente a reforma do Acórdão em vergasta, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali esposadas contrariaram outras decisões das demais Câmaras do Primeiro Conselho quanto ao mesmo tema. A corroborar sua tese, infere que o entendimento consubstanciado no Acórdão nº 10246.647, ora adotado como paradigma, determina que a receita declarada da atividade rural seja efetivamente comprovada com documentos hábeis, no sentido de que sejam adequados às exigências contidas nas normas em vigor no âmbito jurídico e no momento de ocorrência dos fatos, e idôneos, aqueles considerados válidos mediante verificação de qualquer dos requisitos legais a eles inerentes. Pugna pela reforma do Acórdão recorrido, sob o argumento de que a legislação de regência exige que a receita declarada da atividade rural seja efetivamente comprovada com documentos hábeis, no sentido de que sejam adequados às exigências contidas nas normas em vigor no âmbito jurídico e no momento de ocorrência dos fatos, e idôneos, aqueles considerados válidos mediante verificação de qualquer dos requisitos legais a eles inerentes. Arremata, sustentando que as normas legais que regulamentam a matéria, associada com a jurisprudência administrativa transcrita na peça recursal, são por demais enfáticas ao exigir a prova da origem da receita auferida pelo contribuinte como rural e, portanto, com tributação favorecida, do contrário, enseja a tributação da receita como provenientes de outras atividades que não a rural. Como se observa do processo, resumidamente, o cerne da questão posta nos autos é a discussão a respeito da presunção legal inscrita no artigo 42 da Lei n° 9.430/96, mais precisamente em relação à comprovação da origem dos recursos movimentados na (s) conta (s) bancária (s) do contribuinte, a partir dos rendimentos declarados/lançados/receitas da atividade rural, na forma que determinou o Acórdão recorrido. Não obstante o esforço da recorrente, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Da análise dos elementos que instruem o processo, constatase que a Fl. 4DF CARF MF Impresso em 28/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/03/2 013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 14/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10950.000327/200195 Acórdão n.º 9202002.584 CSRFT2 Fl. 9 5 Procuradoria não logrou comprovar a divergência entre teses arguida, na forma que os dispositivos regimentais exigem, in verbis: “Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. § 1º Para efeito da aplicação do caput, entendese como outra câmara ou turma as que integraram a estrutura dos Conselhos de Contribuintes, bem como as que integrem ou vierem a integrar a estrutura do CARF. § 2º Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que aplique súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da Câmara Superior de Recursos Fiscais ou do CARF, ou que, na apreciação de matéria preliminar, decida pela anulação da decisão de primeira instância. § 3º O recurso especial interposto pelo contribuinte somente terá seguimento quanto à matéria prequestionada, cabendo sua demonstração, com precisa indicação, nas peças processuais. § 4º Na hipótese de que trata o caput, o recurso deverá demonstrar a divergência arguida indicando até duas decisões divergentes por matéria. § 5º Na hipótese de apresentação de mais de dois paradigmas, caso o recorrente não indique a prioridade de análise, apenas os dois primeiros citados no recurso serão analisados para fins de verificação da divergência. § 6º A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. § 7º O recurso deverá ser instruído com a cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou com cópia da publicação em que tenha sido divulgado ou, ainda, com a apresentação de cópia de publicação de até 2 (duas) ementas. § 8º Quando a cópia do inteiro teor do acórdão ou da ementa for extraída da Internet deve ser impressa diretamente do sítio do CARF ou da Imprensa Oficial. § 9º As ementas referidas no § 7º poderão, alternativamente, ser reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua integralidade e com identificação da fonte de onde foram copiadas. § 10. O acórdão cuja tese, na data de interposição do recurso, já tiver sido superada pela CSRF, não servirá de paradigma, independentemente da reforma específica do paradigma indicado.” Fl. 5DF CARF MF Impresso em 28/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/03/2 013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 14/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 6 Como se verifica, a Procuradoria ao formular o Recurso Especial utilizou como fundamento à sua empreitada os dispositivos encimados, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, sem conquanto observar os requisitos ali insculpidos, especialmente aqueles constantes do § 6o, capaz de ensejar o conhecimento de sua peça recursal. Com efeito, a ilustre autoridade lançadora, ao promover o lançamento, lastreou a pretensão fiscal no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, o qual contempla a caracterização de omissão de rendimentos e/ou receitas com base em depósitos bancários de origem não comprovada, in verbis: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. [...]” Afora a vasta discussão a respeito do tema, o certo é que após a edição do Diploma legal encimado, especialmente em seu artigo 42, a movimentação bancária dos contribuintes, pessoa física ou jurídica, passou a ser presumidamente considerada omissão de rendimentos ou de receitas se aqueles não comprovassem a origem dos recursos transitados em suas contas correntes. In casu, em que pese o contribuinte não ter apresentado nenhuma documentação hábil e idônea tendente a comprovar a origem dos recursos que transitaram na conta bancária tributada, a Turma recorrida entendeu por bem admitir, para efeito de aludida comprovação, os rendimentos declarados, ou melhor, as receitas da atividade rural, declaradas e submetidas à tributação na Declaração de Ajuste Anual do autuado, na linha da jurisprudência dominante no âmbito deste Conselho. Por sua vez, a Procuradoria da Receita Federal aponta divergência de entendimentos, adotando como paradigma o Acórdão n° 10246.647, o qual exige a comprovação da origem dos depósitos bancários, como se advindos exclusivamente da atividade rural, com base em notas fiscais do produtor, de maneira a ensejar a tributação especial contemplada nos artigos 60, § 2°, e 71, do Regulamento do Imposto de Renda – RIR, aprovado pelo Decreto n° 3000/1999. Extraise daí a inexistência de divergência a respeito de uma mesma situação fática. Com efeito, o Acórdão recorrido entendeu por bem admitir como comprovação da movimentação bancária as receitas decorrentes da atividade rural do contribuinte, declaradas e tributadas em sua Declaração de Ajuste Anual. Em outra via, o decisum paradigma rechaçou a pretensão da contribuinte, no sentido de submeterlhe à tributação especial inscrita nos artigos 60, § 2°, e 71, do Regulamento do Imposto de Renda – RIR, em razão da ausência de comprovação de referidas receitas a partir de notas fiscais do produtor. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 28/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/03/2 013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 14/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10950.000327/200195 Acórdão n.º 9202002.584 CSRFT2 Fl. 10 7 Não é o caso dos autos. Isto porque não houve discussão no decisum recorrido se o contribuinte deveria ser ou não submetido à tributação especial inserida nos dispositivos supramencionados, diante da ausência de comprovação do auferimento exclusivo de receitas da atividade rural. O que restou assentado no Acórdão guerreado foi que as receitas da atividade rural, devidamente declaradas e tributadas na DAA, deveriam ser admitidas na composição da base de cálculo do tributo apurado com arrimo em omissão de rendimentos com fulcro em depósitos bancários de origem não comprovada, presunção legal insculpida no artigo 42 da Lei n° 9.430/96. Na esteira desse entendimento, não se pode cogitar em dissídio jurisprudencial na hipótese dos dois julgados confrontados analisarem fatos absolutamente distintos. Nesse sentido, com a devida vênia ao ilustre Presidente subscritor do r. Despacho que deu seguimento ao Recurso Especial da Procuradoria, não entendemos ser possível (regimentalmente) admitir aludida peça recursal quando não estiverem presentes os requisitos regimentais para tanto, os quais não podem ser afastados, sob pena de se estabelecer uma análise de admissibilidade pautada em subjetividade. Assim, escorreito o Acórdão recorrido devendo ser mantido o provimento ao recurso voluntário do contribuinte, na forma decidida então 2a Turma Ordinária da 2a Câmara da 2a SJ do CARF, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado, mormente em relação os requisitos de admissibilidade de seu recurso. Por todo o exposto, estando o Recurso Especial da Procuradoria da Fazenda Nacional em dissonância com as normas regimentais, VOTO NO SENTIDO DE NÃO CONHECÊLO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 7DF CARF MF Impresso em 28/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/03/2 013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 14/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 11128.001188/2007-78
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do Fato gerador: 25/03/2003
CLASSIFICAÇÃO FISCAL - ERRO NO REGISTRO DA DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO.
Verificado o equívoco no registro da declaração, deve ser reclassificada a mercadoria importada nos termos da Tarifa Externa Comum - TEC.
Importação de produto Cyanox 1790 enquadra-se na expressa determinação da TEC de que contém funções oxigenadas, mas não contém cloro em ligação covalente, portanto, classificável na posição 2933.69.29.
Mantida a cobrança do Imposto de Importação.
MULTA PROPORCIONAL AO VALOR ADUANEIRO
O artigo 636, do Decreto nº 4.542/2002 determina que a classificação fiscal errônea acarreta a incidência de multa de 1% sobre o valor aduaneiro declarado. Comprovada a classificação fiscal errônea, é devida a multa no caso em questão.
MULTA PROPORCIONAL (75%)
Aplicação do Ato Declaratório COSIT nº 10/97 que determina a exclusão da punição nas situações de classificação fiscal incorreta, se corretamente descritos todos os elementos necessários à sua identificação e não comprovada a existência de má-fé ou de dolo pelo declarante. Afastada a multa proporcional neste caso.
RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE
Numero da decisão: 3101-001.125
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado em, por maioria, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir da exigência a multa de ofício. Vencidos os Conselheiros Mônica Monteiro Garcia de los Rios e Henrique Pinheiro Torres
Henrique Pinheiro Torres Presidente
Luiz Roberto Domingo - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Tarásio Campelo Borges, Valdete Aparecida Marinheiro, Mônica Monteiro Garcia de los Rios (Suplente), Luiz Roberto Domingo, Vanessa Albuquerque Valente e Henrique Pinheiro Torres (Presidente).
Nome do relator: LUIZ ROBERTO DOMINGO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do Fato gerador: 25/03/2003 CLASSIFICAÇÃO FISCAL ERRO NO REGISTRO DA DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. Verificado o equívoco no registro da declaração, deve ser reclassificada a mercadoria importada nos termos da Tarifa Externa Comum TEC. Importação de produto Cyanox 1790 enquadrase na expressa determinação da TEC de que contém funções oxigenadas, mas não contém cloro em ligação covalente, portanto, classificável na posição 2933.69.29. Mantida a cobrança do Imposto de Importação. MULTA PROPORCIONAL AO VALOR ADUANEIRO O artigo 636, do Decreto nº 4.542/2002 determina que a classificação fiscal errônea acarreta a incidência de multa de 1% sobre o valor aduaneiro declarado. Comprovada a classificação fiscal errônea, é devida a multa no caso em questão. MULTA PROPORCIONAL (75%) Aplicação do Ato Declaratório COSIT nº 10/97 que determina a exclusão da punição nas situações de classificação fiscal incorreta, se corretamente descritos todos os elementos necessários à sua identificação e não comprovada a existência de máfé ou de dolo pelo declarante. Afastada a multa proporcional neste caso. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 11 88 /2 00 7- 78 Fl. 148DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/01/2013 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 23/01/2013 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11128.001188/200778 Acórdão n.º 3101001.125 S3C1T1 Fl. 149 2 ACORDAM os membros do Colegiado em, por maioria, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir da exigência a multa de ofício. Vencidos os Conselheiros Mônica Monteiro Garcia de los Rios e Henrique Pinheiro Torres Henrique Pinheiro Torres – Presidente Luiz Roberto Domingo Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Tarásio Campelo Borges, Valdete Aparecida Marinheiro, Mônica Monteiro Garcia de los Rios (Suplente), Luiz Roberto Domingo, Vanessa Albuquerque Valente e Henrique Pinheiro Torres (Presidente). Relatório Tratase de auto de infração lavrado para a cobrança de crédito tributário a título de Imposto de Importação – II, acrescido de juros de mora, multa proporcional, multa de controle administrativo e multa regulamentar proporcional ao valor aduaneiro decorrente de erro na classificação fiscal da mercadoria no registro da importação. A Recorrente importou por meio da Declaração de Importação (DI) nº 03/02478439, registrada em 25/03/2003, mercadoria denominada “Cyanox 1790” que, diante de sua descrição, foi classificada na Tarifa Externa Comum sob o código NCM n° 2933.69.99 (Outros Compostos Heterocil.1Ciclo Triazina sem condensado). A classificação fiscal adotada pela Recorrente acarreta na aplicação de alíquotas zero do II e do IPI. Foi determinada a realização de exame laboratorial nº LAB795/GCOF pela FUNCAMP a partir da análise de amostras da mercadoria importada, Laudo de Análise FUNCAMP nº 1037/01/2003 através do qual restou determinado que: "(...)1. Não se trata de Qualquer Outro Composto cuja estrutura contem um Ciclo Triazina não Condensado. Tratase de 1, 3, 5 Tris(4tButil3Hidroxi2, 6Dimetilbenzil)1,3,5Triazina 2,4,6(IH,3H,5H)Trio na, Outro Composto cuja estrutura contem Funções Oxigenadas mas não contem Cloro em ligação covalente, Composto cuja a estrutura contém um Ciclo Triazina não Condensado, Composto Heterocíclico exclusivamente de Heteroátomos de Nitrogênio (...)" Diante das conclusões constantes do laudo pericial, foi lavrado auto de infração para cobrança de crédito tributário a título de II (R$ 14.524,61), multa proporcional pela falta de pagamento do tributo de 75% (R$ 10.893,46), multa de controle aduaneiro de 30% sobre o valor da mercadoria (R$ 124.496,73) e multa proporcional ao valor aduaneiro de 1% (R$ 4.149,89). A Recorrente apresentou impugnação para postular o cancelamento do auto de infração, sob os seguintes fundamentos: 1 – O laudo pericial está correto quanto à composição das mercadorias importadas, contudo, alega a Recorrente que o as posições 2933.69.1 e 29333.69.2 referemse à Fl. 149DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/01/2013 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 23/01/2013 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11128.001188/200778 Acórdão n.º 3101001.125 S3C1T1 Fl. 150 3 produtos cuja estrutura contenha ou não cloro em ligação covalente. Verificada a composição das mercadorias importadas, entende que não se enquadravam em nenhuma das duas posições, razão pela qual foram classificadas na posição 2933.69.99 – Outros; 2 – Para a classificação fiscal das mercadorias importadas deve ser considerada a Regral Geral de Interpretação nº 3, alínea “c”; 3 – Não é devida a incidência de multa de controle administrativo já que as mercadorias importadas não exigiam, quando de sua importação, licenças de importação; 4 – Não é devida a incidência de multa de ofício de 75% porque não houve declaração inexata dos produtos importados, mas somente divergência quanto à posições tarifárias; e 5 – Ainda quanto à multa de ofício de 75%, postula seu cancelamento em decorrência da disposição do Ato Declaratório Normativo COSIT nº 10/97 sobre a exclusão de multas no caso de classificação fiscal errônea, desde que descrito corretamente o produto importado e os demais elementos necessários à sua identificação e enquadramento tarifário. A DRJSão Paulo II proferiu acórdão que julgou parcialmente procedente a impugnação nos seguintes termos: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 25/03/2003 Importação do produto CYANOX 1790, produto à base de oxidante e estabilizante à base de 1,3,5TRI. Estado físico: Pó Branco, recebendo classificação tarifária no código NCM 2933.69.99. Pelas regras 1ª e 6ª das Regras Gerais do Sistema Harmonizado foi apurado que a classificação tarifária correta para a mercadoria importada seria na posição NCM 2933.69.29. O texto do código NCM 2933.69.2 é expresso ao citar cuja estrutura contém funções oxigenadas, mas não contém cloro em ligação covalente. Descabe a aplicação da multa ao controle administrativo, vez que a mercadoria importada é a mesma constante da Declaração de Importação. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Intimada, a Recorrente apresentou recurso voluntário com os mesmos argumentos constantes da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Roberto Domingo, Relator Conheço do Recurso Voluntário, por ser tempestivo e atender aos demais requisitos de admissibilidade. A discussão travada nos autos é sobre a classificação fiscal atribuída pela Recorrente na importação de mercadoria através da DI nº 03/02478439, já que a mercadoria Fl. 150DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/01/2013 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 23/01/2013 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11128.001188/200778 Acórdão n.º 3101001.125 S3C1T1 Fl. 151 4 foi classificada na posição da NCM nº 2933.69.99, enquanto que a autoridade alfandegária entende que a posição correta é a NCM nº 2933.69.29. A mercadoria foi descrita na DI como “Produto a base de antioxidante e estabilizante a base de 1,3,5 TRI. Nome comercial CYANOX 1790. Embalagem: Tambores de 125 LBS. Estado físico: pó branco. Finalidade: Produto utilizado como antioxidante e estabilizante na fabricação de elastano. O laudo proferido pela Fundação de Desenvolvimento da UNICAMP – FUNCAMP determinou que: “CONCLUSÃO. Tratase de 1,3,5Tris (41Butil3Hidroxi2,6Dimetilbenzil) – 1,3,5 – Triazina2,4,6 (1H, 3H, 5H) – Triaona. RESPOSTA AOS QUESITOS 1 – Não se trata de qualquer outro composto cuja estrutura contém um Ciclo Triazina não Condensado. Tratase de 1,3,5 Tris(4tButil3Hidroxi2,6Dimetilbenzil)1,3,5Triazina 2,4,6(1H,3H,5H)Triona, Outro Composto cuja estrutura contém Funções Oxigenadas mas não contém Cloro em ligação convalente, Composto cuja estrutura contém um Cloro Triazina não Condensado, Composto Heterocíclico exclusivamente de Heteroátomos de Nitrogênio. 2 – Tratase de composto orgânico de constituição química definida e isolado. 3 – De acordo com Referência Bibliográfica, a denominação comercial CYANOX 1790 se refere à 1,3,5Tris(4tButil3 Hidroxi2,6Dimetilbenzil)1,3.5Triazina2,4,6(1H,3H,5H) Triona e utilizado para Preparações antioxidantes. 4 Prejudicada A análise para a realização da correta classificação fiscal neste caso deverá ser feita mediante interpretação das regras 1 e 6, das Regras Gerais de Interpretação, que determinam: 1.Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas Regras seguintes: 6.A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de Subposição respectivas, assim como, mutatis mutandis, pelas Regras precedentes, entendendose que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. Para os fins da presente Regra, as Notas de Seção e de Capítulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário. Ou seja, analisandose o título e o subtítulo da TEC, verificase que a mercadoria importada, tal como constante do laudo pericial e admitida pela Recorrente incluí se perfeitamente na subposição nº 2933.69.2 que cita, textualmente “Cuja estrutura contém Fl. 151DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/01/2013 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 23/01/2013 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11128.001188/200778 Acórdão n.º 3101001.125 S3C1T1 Fl. 152 5 funções oxigenadas mas não contém cloro em ligação covalente, da mesma forma como constante da análise laboratorial. A conclusão da decisão recorrida de que a mercadoria importada consiste em outro composto cuja estrutura contém funções oxigenadas, mas não contém cloro em ligação covalente, classificada na posição 2933.69.29 está correta, razão pela qual deve ser mantida, neste aspecto. Portanto, a classificação fiscal correta para a mercadoria importada pela Recorrente (Cyanox 1790) é a posição 2933.69.29, e não 2933.69.99, razão da manutenção do lançamento. No que tange à multa proporcional ao valor aduaneiro, deve ser mantida a cobrança já que a penalidade decorre da classificação fiscal errônea verificada nos presentes autos, nos termos do artigo 636, do Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 4.542/2002): Art. 636. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria (Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 84): I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; ou (...) Com relação à incidência de multa proporcional, todavia, entendo pela reforma do acórdão recorrido. A multa proporcional está definida no artigo 44, inciso I, da Lei nº 9.430/96, in verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) Contudo, o Ato Declaratório Normativo COSIT nº 10, de 20 de janeiro de 1997 trouxe disposição expressa acerca da desconsideração da aplicação de penalidade no caso de classificação fiscal incorreta, consoante transcrição: Declara, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento e aos demais interessados, que não constitui infração punível com as multas previstas no art. 4° da Lei n° 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a solicitação, feita no despacho aduaneiro, de reconhecimento de imunidade tributária, isenção ou redução do imposto de importação e preferência percentual negociada em acordo internacional, quando incabíveis, bem assim a classificação tarifária errônea ou a indicação indevida de destaque (ex), desde que o produto esteja corretamente Fl. 152DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/01/2013 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 23/01/2013 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11128.001188/200778 Acórdão n.º 3101001.125 S3C1T1 Fl. 153 6 descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, e que não se constate, em qualquer dos casos, intuito doloso ou má fé por parte do declarante. Tal ato determinou a não aplicação de penalidade (multa proporcional de 75%) prevista no artigo 44, da Lei nº 9.430/96 nos casos de classificação fiscal incorreta, desde que o produto esteja corretamente descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, comprovada a inexistência de dolo ou máfé do declarante. No caso concreto, deve ser afastada a multa de 75% da forma acima mencionada já que a mercadoria está corretamente descrita na DI nº 03/02478439, constantes todos os elementos necessários à sua identificação e passíveis de comprovar a alteração do enquadramento tarifário. Além disso, não foi comprovado pela autoridade alfandegária nenhuma prática de ato ilícito, com dolo ou máfé da Recorrente. Diante do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, para manter a cobrança do II e da multa proporcional ao valor aduaneiro, em decorrência da incorreta classificação fiscal da mercadoria importada, contudo, deve ser afastada a multa proporcional (75%) em decorrência do Ato Declaratório COSIT nº 10/97. Luiz Roberto Domingo Fl. 153DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/01/2013 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 23/01/2013 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES
score : 1.0
Numero do processo: 18471.001133/2007-05
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 16 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Imposto Sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2003
Ementa:
Recurso de Ofício.
CORRETO O JULGAMENTO DA DRJ QUE EXCLUI DO LANÇAMENTO OS VALORES JÁ DECLARADOS EM DCTF OU INCLUÍDOS EM PARCELAMENTO.
Cabível a exoneração do lançamento que contemple débitos constantes de DCTF apresentada pelo sujeito passivo ou de parcelamento deferido antes da ciência do lançamento.
LUCRO ARBITRADO. REVENDA DE MERCADORIAS.
A base de cálculo do IRPJ, no caso do lucro arbitrado, na atividade de revenda de mercadorias, é constituída pela aplicação do percentual de 9,6% sobre a receita bruta trimestral conhecida.Recurso de ofício negado.
Recurso Voluntário.
ALEGAÇÃO DE QUE O NEGÓCIO CELEBRADO ENTRE AS PARTES
FORA DESFEITO. INEXISTÊNCIA DE PROVA. RECURSO IMPROVIDO.
Não há nos autos prova de que o contrato de compra e venda, levado a registro no Cartório de Títulos e Documentos fora desfeito, razão pela qual mantém-se a exigência do crédito tributário.
MULTA QUALIFICADA. EXISTÊNCIA DE DOIS CONTRATOS SENDO
UM COM VALOR REAL OMITIDO DA FISCALIZAÇÃO E OUTRO, INFORMADO À AUTORIDADE FISCAL, COM VALOR MUITO AQUÉM AO NEGÓCIO PRATICADO. SITUAÇÃO QUE CARACTERIZA A INTENÇÃO DE SONEGAR TRIBUTO.
QUALIFICADORA DA MULTA QUE SE MANTÉM.
O ato pelo qual o sujeito passivo celebra dois contratos referentes a um único negócio, num deles registrando o valor efetivamente praticado, omitido dafiscalização, e noutro indica importância bem aquém ao preço negociado, caracteriza situação que justifica a qualificadora da multa decorrente da
intenção de sonegar tributos. Multa qualificada que se mantém.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 1402-000.357
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e negar provimento ao recurso voluntário
Nome do relator: MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA
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CORRETO O JULGAMENTO DA DRJ QUE EXCLUI DO LANÇAMENTO OS VALORES JÁ DECLARADOS EM DCTF OU INCLUÍDOS EM PARCELAMENTO. Cabível a exoneração do lançamento que contemple débitos constantes de DCTF apresentada pelo sujeito passivo ou de parcelamento deferido antes da ciência do lançamento. LUCRO ARBITRADO. REVENDA DE MERCADORIAS. A base de cálculo do IRPJ, no caso do lucro arbitrado, na atividade de revenda de mercadorias, é constituída pela aplicação do percentual de 9,6% sobre a receita bruta trimestral conhecida. Recurso de ofício negado. Recurso Voluntário. ALEGAÇÃO DE QUE O NEGÓCIO CELEBRADO ENTRE AS PARTES FORA DESFEITO. INEXISTÊNCIA DE PROVA. RECURSO IMPROVIDO. Não há nos autos prova de que o contrato de compra e venda, levado a registro no Cartório de Títulos e Documentos fora desfeito, razão pela qual mantém-se a exigência do crédito tributário. MULTA QUALIFICADA. EXISTÊNCIA DE DOIS CONTRATOS SENDO UM COM VALOR REAL OMITIDO DA FISCALIZAÇÃO E OUTRO, INFORMADO À AUTORIDADE FISCAL, COM VALOR MUITO Fl. 1419DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 21/01/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIAC OMELLI NUNES DA SILVA 2 AQUÉM AO NEGÓCIO PRATICADO. SITUAÇÃO QUE CARACTERIZA A INTENÇÃO DE SONEGAR TRIBUTO. QUALIFICADORA DA MULTA QUE SE MANTÉM. O ato pelo qual o sujeito passivo celebra dois contratos referentes a um único negócio, num deles registrando o valor efetivamente praticado, omitido da fiscalização, e noutro indica importância bem aquém ao preço negociado, caracteriza situação que justifica a qualificadora da multa decorrente da intenção de sonegar tributos. Multa qualificada que se mantém. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima - Presidente. (assinado digitalmente) Moises Giacomelli Nunes da Silva - Relator. EDITADO EM: 20/01/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Fl. 1420DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 21/01/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIAC OMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 18471.001133/2007-05 Acórdão n.º 1402-00357 S1-C4T2 Fl. 2 3 Relatório Trata-se de recursos voluntário e de ofício em face da decisão que julgou procedente em parte o lançamento pelo qual se exige o pagamento do IRPJ e tributações reflexas de PIS, COFINS e CSLL, em virtude dos seguintes fatos: a) omissão de receitas operacionais de revenda de mercadorias e de prestação de serviços gerais; b) omissão de ganho de capital. A exigência foi apurada com base no lucro arbitrado pela inexistência da escrituração contábil, com a aplicação do percentual de 38,4% sobre a receita bruta informada nas DIPJ 2002 e 2003 (fls. 06/07 e 38/41), acrescida do ganho de capital. Em relação ao ganho de capital foi aplicada a multa de 150% com base no argumento de que a recorrente falsificou documento no intuito de dissimular o valor da transação referente à alienação de capital para permanecer à margem de suas obrigações fiscais. O Relatório Fiscal de fls. 389/410 aponta que a autuada alienou sua parte referente aos 50% do capital social da Empresa Hoteleira Tropical Tourist Ltda aos Srs. Armando Espasandim Gerpe e Manuel Espasandim Gerpe, deixando de registrar a referida transação e apontar o ganho de capital na base de cálculo do imposto devido. Para melhor compreensão da questão, salienta-se os principais pontos destacados pela Fiscalização: Da composição acionária da autuada: - em dezembro de 2002, a composição acionária da autuada apresentava-se da seguinte forma: - José Orlando de Alvarenga Gandara 1,43% - Maria Rita Gandara Bernardino Corrêa 1,43% - Carmen Regina de Alvarenga Gandara Corrêa da Costa 1,43% - ORG Participações e Empreendimentos S/A 95,71% Do cálculo do custo de aquisição das quotas: - as quotas mantidas na Tropical Tourist foram avaliadas em Cz$ 5.750,00, no mês de março de 1996, equivalentes a 50% do capital social. Posteriormente, as quotas chegaram ao valor de R$ 2,09; - na segunda cláusula da alteração contratual da Tropical Tourist (fls. 128/141), o capital social total, de Cz$ 11.500,00, passou para R$ 500.000,00, mediante incorporação de R$ 530,31 do saldo remanescente da conta de reserva de correção Fl. 1421DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 21/01/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIAC OMELLI NUNES DA SILVA 4 monetária do capital integralizado em 31/12/1995 e pela subscrição de 499.469,69 novas quotas de capital social ao valor de R$ 1,00, cada, realizada pelos novos sócios; - a primeira cláusula da mesma alteração contratual aponta que os sócios, incluindo a autuada, venderam todas as quotas para Armando Espasandim Gerpe e Manuel Espasandim Gerpe, pelo preço de R$ 50.000,00, integralmente pago em 16/12/2002; Do valor de venda contratado - nos itens 6 e 7 da notificação extrajudicial de fls. 188/189, datada de 12/05/2003, Rosane Aparecida Duque Ramos (advogada contratada por Regina Célia de Alvarenga Gandara e Carmen Regina de Alvarenga Gandara Correa da Costa) assegura que o preço contratado foi de R$ 10.000.000,00, consolidado em dois instrumentos, a saber: alteração de contrato social de fls. 128/141 (R$ 50.000,00) e contrato de compra e venda de fls. 219/230 (R$ 9.950.000,00). Assinala também que remanesce um crédito a receber de R$ 4.033.000,00; - do contrato de compra e venda extrai-se que os sócios da Tropical Tourist declaram ter recebido de Armando e Manuel a quantia de R$ 9.950.000,00 pela venda de todas as quotas da sociedade, deduzidos R$ 5.317.000,00, relativo ao IPTU. O saldo foi pago da seguinte forma: R$ 1.600.000,00 (em moeda) e R$ 4.033.000,00 (em duas notas promissórias), respectivamente, no valor de R$ 3.033.000,00, vencida em 15/04/2003, e de R$ 1.000.000,00, vencida em 15/08/2003; - em 06/01/2003 foi firmado contrato de novação de compra e venda de fls. 233/236, que altera o preço de R$ 9.950.000,00, presente no contrato de compra e venda, para R$ 1.000.000,00. Dos vícios do contrato de novação de compra e venda - consta declaração dos contraentes de que a última alteração contratual sob o n° 1348129 ocorreu em 31/07/2003, porém, como o instrumento foi firmado seis meses antes, não poderia Regina Célia de Alvarenga Gandara assiná-lo, uma vez que só fora admitida como sócia em 12/03/2003; - Carmen Regina de Alvarenga Gandara Correa da Costa, que representa ORG Participações e Empreendimentos S/A, não estava autorizada a representá-la, uma vez que a ata da assembléia competente não fora arquivada na Junta; - só foi apresentado o original do instrumento de novação relativo à primeira e terceira página. Alega a Fiscalização que "a segunda folha é uma cópia travestida de versão original, fato que nos leva a concluir tratar-se de montagem com o objetivo de promover uma inclusão, 'a posteriori' pois, para valer o pseudo novo preço da transação e o registro de exclusão do sócio José Orlando, neste ajuste renovado, já que não consta a sua assinatura ao final, fundamentalmente”. Intimada, a contribuinte apresentou impugnação às fls. 461/494, acompanhada dos documentos de fls. 495/805, nas quais alega, em síntese: a) que a falta de apresentação dos livros caixa e fiscais se deu em virtude de desavença ocorrida entre os sócios e troca da administração do grupo, que retirou os documentos em questão; Fl. 1422DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 21/01/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIAC OMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 18471.001133/2007-05 Acórdão n.º 1402-00357 S1-C4T2 Fl. 3 5 b) que é inexigível a cobrança dos valores referente aos débitos declarados em DIPJ e DCTF e incluídos no PAES; c) que o percentual estipulado para efeito de cálculo do lucro arbitrado deve ser equivalente a 20%, ou seja, 1,6% para a revenda de mercadorias e 6,4% para a prestação de serviços; d) que o contrato de compra e venda na verdade é somente um protocolo de intenção de venda, pois não contém preço certo e ajustado, conforme demonstra a cláusula 5ª, acerca das condições futuras e incertas. A 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento do Rio de Janeiro/RJ I, no acórdão de fls. 1169/1202, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte o lançamento. A decisão pode ser sintetizada a partir da ementa abaixo transcrita: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2003 LUCRO ARBITRADO. REVENDA DE MERCADORIAS. A base de cálculo do IRPJ, no caso do lucro arbitrado, na atividade de revenda de mercadorias, é constituída pela aplicação do percentual de 9,6% sobre a receita bruta trimestral conhecida. AUTO DE INFRAÇÃO. DÉBITOS EM DCTF OU PARCELAMENTO. Cabível a exoneração do lançamento que contemple débitos constantes de DCTF apresentada pelo sujeito passivo ou de parcelamento deferido antes da ciência do lançamento. GANHO DE CAPITAL. FORÇA PROBATÓRIA DO INSTRUMENTO DE COMPRA E VENDA. Cabível a apuração do ganho de capital com base em documento em que conste o preço devidamente ajustado entre vendedores e compradores. MULTA DE OFÍCIO. CONSTATAÇÃO DE DOLO. Comprovada a prática de operações dolosas, visando a sonegação tributária, aplica-se a multa qualificada de 150%, conforme disposto no art. 44, I e § 1 0, da Lei 9.430/1996. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Ano-calendário: 2003 LANÇAMENTOS DECORRENTES DO DE IRPJ: CSLL, PIS, COFINS. Aplica-se às exigências decorrentes do IRPJ o mesmo tratamento dispensado a este último. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte” Fl. 1423DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 21/01/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIAC OMELLI NUNES DA SILVA 6 Intimada (fl. 1209), a contribuinte apresentou recurso voluntário em 23/02/2010 (fls. 1219/1220), alegando que o acordo referente à alienação do capital social foi desfeito, não tendo a autuada recebido quaisquer dos valores descritos no auto de infração, tendo em vista que o documento em questão traduziu uma intenção que não foi concretizada. Por ter exonerado crédito tributário superior a um milhão de reais, também houve recurso de ofício ao CARF. É o relatório. Fl. 1424DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 21/01/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIAC OMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 18471.001133/2007-05 Acórdão n.º 1402-00357 S1-C4T2 Fl. 4 7 Voto Conselheiro Relator Moises Giacomelli Nunes da Silva Inicio a análise da questão pelo recurso de ofício. Trata-se de Autos de Infração de IRPJ (fls. 411/423), PIS (fls. 424/433), CSLL (fls. 444/454) e COFINS (fls. 434/443), lavrados pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Fiscalização no Rio de Janeiro, em 12/09/2007, com ciência ao Interessado, via postal, em 24/09/2007 (fl. 459), tendo sido apurados os créditos tributários (valores em reais) abaixo discriminados: IRPJ PIS CSLL COFINS TOTAL Principal 1.073.576,69 27.807,27 60.730,51 128.341,72 1.290.456,19 Juros de mora 703.120,64 19.271,02 39.247,79 88.943,95 850.583,40 Multa 1.529.012,44 34.706,90 75.008,65 160.186,50 1.798.914,49 Total 3.305.709,77 81.785,19 174.986,95 377.472,17 3.939.954,08 A decisão recorrida deu parcial provimento para: a) “exonerar in totum o crédito tributário constituído relativo ao PIS e à COFINS; e b) manter o crédito tributário constituído do IRPJ, no valor de R$ 726.544,81, acrescido da multa de 75%, no valor de R$ 25.655,72, e de 150%, no valor de R$ 1.038.505,77, e da CSLL, no montante de R$ 41.513,90, acrescido da multa de 75%, no valor de R$ 1.674,62 e de 150%, no valor de R$ 58.921,62, bem como dos encargos moratórios até a data do efetivo pagamento. A decisão recorrida exonerou os valores nela mencionados com base nos fundamentos que passo a transcrever: “A situação que ensejou o procedimento de arbitramento do lucro levado a efeito pela Fiscalização não é contestada pelo Interessado. Dele apenas se insurge quanto ao percentual utilizado e sua aplicação, também, sobre a receita relativa aos ganhos de capital, ao mesmo tempo em que foi integralmente somada ao valor resultante da aplicação do percentual sobre a receita bruta da atividade, auferida no período de apuração. No que se refere ao percentual aplicado sobre a receita de revenda de mercadorias, assiste razão ao Interessado. De acordo com os art. 518 e 532, do RIR199, o lucro arbitrado afeto a essa receita é determinado pela aplicação do percentual de 9,6% e não de 38,4%, como consta no Auto de Infração (ver Demonstrativo de Apuração de fls. 416/421). Da mesma forma, a adição referente ao ganho de capital, mediante rateio, conforme item "1.2.1.2.2.2. Das Parcelas Fl. 1425DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 21/01/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIAC OMELLI NUNES DA SILVA 8 Adicionáveis ao Lucro Arbitrado", à receita conhecida sobre a qual se aplica o percentual estabelecido em lei para se apurar o lucro arbitrado deve ser excluída, uma vez que esse ganho de capital também foi integralmente somado (sem aplicação de qualquer percentual) ao valor calculado pela utilização dos percentuais sobre a receita bruta conhecida. O art. 41, da IN SRF n° 93/97 prevê que o lucro arbitrado, quando conhecida a receita bruta, será o montante determinado pela soma de várias parcelas, dentre elas, (I) o valor resultante da aplicação dos percentuais sobre a receita bruta de cada atividade, auferida em cada período de apuração trimestral e (II) os ganhos de capital, demais receitas e resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas pelo inciso anterior, auferidos no mesmo período. Não se admite, portanto, que um mesmo valor seja incluído, concomitantemente, nas parcelas (I) e (II) a que se refere o parágrafo anterior, valendo observar, quanto ao ganho de capital, que este deve ser 100% adicionado à parcela calculada conforme o art. 41, I, da IN SRF n° 93/97. Assim, no que se refere ao IRPJ, os seguintes "valores apurados" devem ser retirados para efeito de cálculo da parcela do lucro arbitrado resultante da aplicação dos percentuais previstos nos art. 518 e 532 do RIR/99 sobre a receita conhecida. Trimestre Revenda de Mercadorias (R$) Prestação de Serviços Gerais (R$) 4° de 2002 32.998,24 791.957,84 2° de 2003 59.140,35 1.457.278,91 3° de 2003 22.498,80 477.474,00 Quanto à exoneração dos débitos confessados, conforme destacados às fls. 843 e 1183; 1175; e 1178/1182 e 1186 a 1188, “vários dos créditos lançados já se encontram devidamente confessados em DCTF e em parcelamento, bem como extintos mediante pagamento. Em relação a todos os tributos, no ano de 2002 e em janeiro de 2003, para o PIS e Cofins, os débitos em exigência encontram-se incluídos no Parcelamento Especial instituído pela Lei n° 10.684/2003, ainda ativo (fls. 843 e 1183). O mesmo se aplica para o IRPJ e para a CSLL, em relação à parcela do crédito tributário lançado. A Derat/RJO/Dicat elaborou planilha em que informa todos os débitos que se encontram parcelados. Quanto aos demais períodos de apuração, constatei que parte dos créditos tributários lançados já se encontram declarados em DCTF e pagos (fls. 1172/1175 e relações de pagamento de fls. 1179/1182).” A decisão recorrida, no ponto que excluiu da exigência os valores que já se encontravam declarados em DCTF, bem como os já pagos e, no que diz respeito ao lucro arbitrado, pela venda de mercadorias, aplicando o percentual de 9,6% e não de 38,4%, como Fl. 1426DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 21/01/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIAC OMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 18471.001133/2007-05 Acórdão n.º 1402-00357 S1-C4T2 Fl. 5 9 consta no auto de infração mantém-se pelos seus próprios fundamentos, os quais adoto como razões de decidir para confirmá-la, neste ponto, negando provimento ao recurso de ofício. Igualmente, ainda em relação ao recurso de ofício, em relação ao ganho de capital não se pode considerar duplamente, pois a norma contida na IN 93, de 1997, ao usar as expressões “demais receitas”, está a se referir àquelas não contempladas no inciso I do artigo 41. Com tais fundamentos, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício, confirmando-o por seus próprios fundamentos, e passo a examinar o recurso voluntário que se restringe ao ganho de capital. Do recurso voluntário: Alega a recorrente que o acordo referente à alienação do capital social foi desfeito e que não recebeu qualquer dos valores descritos no auto de infração, tendo em vista que o instrumento particular de compra e venda acostado aos autos traduziu apenas uma intenção de compra e venda que não foi concretizada. Da alteração contratual de fls. 205/217, sem data, mas levada a registro no Cartório de Títulos e Documentos em 15/05/2003 (fl. 203), transcrevo a redação da cláusula primeira: “PRIMEIRA: Aos Srs. Armando Espasadim Gerpe e Espasandim Gerpe, ORG Participações e Emprendimentos S/A, Toledo Copacabana Hotel Ltda, Carmen Regina de Alvaregá Gandara Correa da Costa e José Orlando de Alvarentá Gandara vendem a totalidade de suas 11.500 (onze Mil e quinhentas) quotas, pelo preço certo e ajustado de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), integralmente pagos neste ato, pelo dão os vendedores aos compradores plena, rasa e irrevogável quitação, retirando-se da sociedade plenamente satisfeitos de todos seus haveres e direitos da mesma, para nada mais reclamar da referida cessão.” Do exposto na cláusula acima transcrita, aparentemente, o negócio teria sido ajustado pelo valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). No entanto, às fls. 219/230 dos autos encontra-se documento intitulado “instrumento particular de compra e venda” firmado por Org Participações e Empreendimentos S/A; Toledo Copacabana Hotel Ltda., Carmen Regina de Alvarenga Gandara Correa da Costa; Carmen Regina de Alvarenga Gandara Correa da Costa, na condição de vendedores da Empresa Hoteleira Tropical Tourist Ltda, que declararam que receberam dos compradores a importância de R$ 9.950.000,00, valor este por quando vendem a totalidade das quotas da referida empresa. O referido contrato não se encontra datado, aparecendo, todavia, carimbo de registro no Cartório de Títulos e Documentos datado de 15 de maio de 2003 (fl. 219), que coincide com a data do registro do contrato de fls. 205/217 que menciona que o negócio teria se efetivado pelo valor de R$ 50.000,00. Quanto à discussão sustentada pela recorrente de que o contrato de fls. 219/229 se constituía de pré-contrato e que não se efetivou em face do não pagamento, tendo inclusive quebrado seu sigilo bancário para demonstrar que não recebeu o valor, sendo insubsistente a exigência do tributo em face do ganho de capital acrescentado à receita Fl. 1427DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 21/01/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIAC OMELLI NUNES DA SILVA 10 insubsistindo, por conseqüência, a multa qualificada, tenho que não assiste razão à autuada. Primeiro, tendo ela firmado contrato por valor bem superior, informou à autoridade fiscal apenas R$ 50.000,00 e, concomitantemente, fez contrato em separado para viabilizar o recebimento da diferença correspondente a R$ 9.950.000,00. Segundo, se o contrato fora desfeito haveria devolução ou alguma previsão quanto ao valor de R$ 1.600.000,00 pagos quando da celebração do contrato particular levado a registro no Cartório de Títulos e Documentos. O fato da recorrente colocar à disposição seu sigilo fiscal para demonstrar que não recebeu o valor não se constitui em prova capaz de demonstrar que o negócio acabou não se efetivando. Se desde o início não era intenção da recorrente levar os valores a conhecimento da fiscalização não se pode imaginar que cometeria a ingenuidade de depositá- los em conta bancária para que deles a autoridade fiscal tomasse conhecimento. ISSO POSTO, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício e ao recurso voluntário. É o voto. (assinado digitalmente) Moises Giacomelli Nunes da Silva - Relator Fl. 1428DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 21/01/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 20/01/2011 por MOISES GIAC OMELLI NUNES DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10320.900169/2008-68
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Apr 08 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 11/05/2004
COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. COMPROVAÇÃO.
Compete ao contribuinte à apresentação de livros de escrituração comercial e fiscal e de documentos hábeis e idôneos à comprovação do alegado sob pena de acatamento do ato administrativo realizado.
DCTF. RETIFICAÇÃO APÓS DESPACHO DECISÓRIO.
DCTF retificadora apresentada após a ciência do despacho decisório somente produz efeitos quando acompanhada de documentação capaz de provar a redução da base de cálculo pretendida.
Numero da decisão: 3803-004.089
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
[assinado digitalmente]
Alexandre Kern - Presidente.
[assinado digitalmente]
João Alfredo Eduão Ferreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Kern, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Juliano Eduardo Lirani.
Nome do relator: JOAO ALFREDO EDUAO FERREIRA
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PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. COMPROVAÇÃO. Compete ao contribuinte à apresentação de livros de escrituração comercial e fiscal e de documentos hábeis e idôneos à comprovação do alegado sob pena de acatamento do ato administrativo realizado. DCTF. RETIFICAÇÃO APÓS DESPACHO DECISÓRIO. DCTF retificadora apresentada após a ciência do despacho decisório somente produz efeitos quando acompanhada de documentação capaz de provar a redução da base de cálculo pretendida. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. [assinado digitalmente] Alexandre Kern Presidente. [assinado digitalmente] João Alfredo Eduão Ferreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Kern, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Juliano Eduardo Lirani. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 0. 90 01 69 /2 00 8- 68 Fl. 39DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por JOAO ALFREDO EDUAO FERREIRA, Assinado digitalmente em 25/ 03/2013 por JOAO ALFREDO EDUAO FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/03/2013 por ALEXANDRE KERN 2 Relatório Tratase de PER/DCOMP que buscou compensar créditos de PIS/PASEP oriundos de pagamento indevido ou a maior da competência março/2003, com débitos de COFINS, de período de apuração fevereiro de 2003, e de PIS/Pasep, de período de apuração março de 2004, no valor total de R$ 892,83. Através de Despacho Decisório Eletrônico, a DRF em Fortaleza/CE não homologou o pedido do contribuinte sob o argumento de que “Foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débito do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação dos créditos informados no Per/DCOMP” Irresignado o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade sucinta onde afirma que na DCTF original, foi informado o valor do PIS relativo ao mês de março/2003 de R$2.776,11, quando o valor correto era de R$2.035,10, o que gerou um crédito de pagamento a maior no valor de R$741,01.Afirma ter retificado e enviado nova DCTF com o valor correto do PIS/PASEP. Colaciona em sua Manifestação de Conformidade, partes do Decreto 70.235/72, inclusive o parágrafo 4º do artigo 16 que determina que todas as provas inerentes às alegações do contribuinte devem ser apresentadas juntamente com a impugnação, entretanto, anexa somente cópias do despacho decisório, PER/DCOMP e DCTF original e retificadora. Ao final pede a homologação do PER/DCOMP. A DRJ em Fortaleza/CE julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Ementando o seu acórdão nos seguintes termos: “Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2003 Ementa: DCTF RETIFICADORA POSTERIOR À CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. Não cabe reparo a Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada pelo Contribuinte por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava alocado para a quitação de débito confessado. Modificações efetuadas na DCTF após a ciência do Despacho Decisório Eletrônico, desacompanhados dos elementos de prova do erro alegado, não têm o condão de tornar as informações originais incorretas.” Inconformado o sujeito passivo protocolou recurso voluntario onde confirma que enviou DCTF retificadora após a emissão do despacho decisório, e que poderia fazêlo segundo a legislação vigente. Confirma que não anexou provas contábeis e fiscais, mas, a receita federal em nenhum momento solicitou sua juntada. Alega que a DRJ de origem não analisou o mérito, e ficou restrita a alegar que não era possível a retificação da DCTF. Ao final requer que sua compensação seja autorizada. É o relatório. Fl. 40DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por JOAO ALFREDO EDUAO FERREIRA, Assinado digitalmente em 25/ 03/2013 por JOAO ALFREDO EDUAO FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/03/2013 por ALEXANDRE KERN Processo nº 10320.900169/200868 Acórdão n.º 3803004.089 S3TE03 Fl. 11 3 Voto Conselheiro João Alfredo Eduão Ferreira O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos para sua admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Da retificação da DCTF posterior a emissão do Despacho Decisório. Especificamente em relação à redução dos débitos tributários, é oportuno ressaltar que somente nas hipóteses em que caracterizada a espontaneidade a DCTF retificadora tem a mesma natureza da DCTF original, substituindoa integralmente. Por outro lado, afastada a espontaneidade, evidentemente, tal retificação não pode mais ser admitida com a simples retificação da dita Declaração. Corrobora o asseverado, o disposto nos §§ 1°, 2º e 3º do art. 9º da Instrução Normativa RFB nº 1.1102, de 24 de dezembro de 2010, que, com pequenas alterações, manteve a redação das Instruções Normativas anteriores, conforme o teor dos referidos dispositivos, a seguir transcritos: Art. 9 º A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1 º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2 º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir os débitos relativos a impostos e contribuições: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. II alterar os débitos de impostos e contribuições em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. Fl. 41DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por JOAO ALFREDO EDUAO FERREIRA, Assinado digitalmente em 25/ 03/2013 por JOAO ALFREDO EDUAO FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/03/2013 por ALEXANDRE KERN 4 § 3º A retificação de valores informados na DCTF, que resulte em alteração do montante do débito já enviado à PGFN para inscrição em DAU ou de débito que tenha sido objeto de exame em procedimento de fiscalização, somente poderá ser efetuada pela RFB nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração e enquanto não extinto o crédito tributário. Grifo nosso. O contribuinte busca retificar a DCTF do período, porem o faz sem as provas necessárias. A DCTF retificadora, neste caso, não produz efeitos. Comprovação de Crédito. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento a maior de tributo. A fim de comprovar a certeza e liquidez do crédito, a interessada deve instruir sua manifestação de inconformidade com documentos que respaldem suas afirmações, considerando o disposto nos artigos 15 e 16 do Decreto nº 70.235/1972: “Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)” No caso em análise, o contribuinte esclarece que teria apurado créditos de PIS/PASEP, contudo, para comprovar a liquidez e certeza do crédito informado na Declaração de Compensação é imprescindível que seja demonstrada através da escrituração contábil e fiscal da contribuinte, baseada em documentos hábeis e idôneos a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A Contribuinte não juntou aos autos nenhum documento contábil ou fiscal capaz de comprovar a liquidez e certeza do credito apontado, mas, tão somente, a DCTF retificadora. Da apresentação das provas. O mesmo artigo 16 do Decreto nº 70.235/72 em seu § 4º determina o momento processual para a apresentação de provas no processo administrativo fiscal, bem como as exceções albergadas que transcrevemos a seguir: “§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; Fl. 42DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por JOAO ALFREDO EDUAO FERREIRA, Assinado digitalmente em 25/ 03/2013 por JOAO ALFREDO EDUAO FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/03/2013 por ALEXANDRE KERN Processo nº 10320.900169/200868 Acórdão n.º 3803004.089 S3TE03 Fl. 12 5 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.” A analise da norma supracitada é clara e direta ao estabelecer o momento em que as provas devam ser carreadas aos autos, ou seja, na manifestação de inconformidade. Conclusão Concluímos, então, que a retificação da DCTF após o conhecimento do despacho decisório não produz efeitos, devendo o contribuinte, em sede de manifestação de inconformidade, comprovar seu direito creditório, mediante documentação contábil e fiscal capaz de demonstrar de forma inequívoca a redução da base de cálculo pretendida, o que não o fez em manifestação de inconformidade e nem mesmo em sede de Recurso Voluntário. Pelo exposto voto por NEGAR PROVIMENTO e não reconhecer o direito creditório. É como voto. João Alfredo Eduão Ferreira Relator Fl. 43DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por JOAO ALFREDO EDUAO FERREIRA, Assinado digitalmente em 25/ 03/2013 por JOAO ALFREDO EDUAO FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/03/2013 por ALEXANDRE KERN
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Numero do processo: 13873.000100/2011-70
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Apr 01 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AIOA. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. ART. 173, I DO CTN.
O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência do preceito inscrito no art. 173, I do CTN.
Todas as obrigações tributárias relativas aos fatos geradores apurados pela fiscalização houveram por ocorridas em período ainda não vitimado pelo decurso do prazo decadencial.
AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32-A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA.
As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32-A à Lei nº 8.212/91.
Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, c do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada.
RECURSO VOLUNTÁRIO. REDISCUSSÃO DE MATÉRIA JÁ TRANSITADA EM JULGADO ADMINISTRATIVAMENTE. IMPOSSIBILIDADE.
Não se conhece de matéria que tenta rediscutir, em sede de recurso voluntário, questões já decididas administrativamente, de maneira definitiva, e cuja decisão já se houve por transitada em julgado no âmbito administrativo.
ENTIDADES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ART. 150, VI, c da CF/88. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. IMUNIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
É vedado à União instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades de assistência social sem fins lucrativos.
A imunidade prevista no art. 150, VI, c da CF/88 não alcança as contribuições destinadas ao custeio da Seguridade Social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, eis que tais exações não ostentam natureza jurídica de imposto, mas, sim, de contribuição social.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Recurso de Ofício Provido
Numero da decisão: 2302-002.375
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso de Ofício, para que a fluência do prazo decadencial seja acatada com base no artigo 173, I do Código Tributário Nacional. Os Conselheiros Manoel Coelho Arruda Junior e Juliana Campos de Carvalho Cruz divergiram por entender correta a aplicação do artigo 150, §4º do Código Tributário Nacional, como constou da decisão recorrida. Por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário, frente à questão já transitada em julgado na esfera administrativa, e na parte conhecida, dar-lhe provimento parcial no que se refere ao Auto de Infração de Obrigação Acessória AIOA Código de Fundamento Legal 68, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa aplicada neste AIOA deve ser calculada considerando as disposições da Medida Provisória nº 449 de 2008, mais precisamente o art. 32-A, inciso II, que na conversão pela Lei n º 11.941, foi renumerado para o art. 32-A, inciso I da Lei n º 8.212 de 1991.
Liége Lacroix Thomasi Presidente Substituta.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente Substituta de Turma), Manoel Coelho Arruda Junior (Vice-presidente de turma), André Luis Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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AIOA. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. ART. 173, I DO CTN. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência do preceito inscrito no art. 173, I do CTN. Todas as obrigações tributárias relativas aos fatos geradores apurados pela fiscalização houveram por ocorridas em período ainda não vitimado pelo decurso do prazo decadencial. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’ do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. RECURSO VOLUNTÁRIO. REDISCUSSÃO DE MATÉRIA JÁ TRANSITADA EM JULGADO ADMINISTRATIVAMENTE. IMPOSSIBILIDADE. Não se conhece de matéria que tenta rediscutir, em sede de recurso voluntário, questões já decididas administrativamente, de maneira definitiva, e cuja decisão já se houve por transitada em julgado no âmbito administrativo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 87 3. 00 01 00 /2 01 1- 70 Fl. 1552DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 ENTIDADES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ART. 150, VI, “c” da CF/88. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. IMUNIDADE. IMPOSSIBILIDADE. É vedado à União instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades de assistência social sem fins lucrativos. A imunidade prevista no art. 150, VI, “c” da CF/88 não alcança as contribuições destinadas ao custeio da Seguridade Social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, eis que tais exações não ostentam natureza jurídica de imposto, mas, sim, de contribuição social. Recurso Voluntário Provido em Parte Recurso de Ofício Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso de Ofício, para que a fluência do prazo decadencial seja acatada com base no artigo 173, I do Código Tributário Nacional. Os Conselheiros Manoel Coelho Arruda Junior e Juliana Campos de Carvalho Cruz divergiram por entender correta a aplicação do artigo 150, §4º do Código Tributário Nacional, como constou da decisão recorrida. Por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário, frente à questão já transitada em julgado na esfera administrativa, e na parte conhecida, darlhe provimento parcial no que se refere ao Auto de Infração de Obrigação Acessória – AIOA Código de Fundamento Legal 68, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa aplicada neste AIOA deve ser calculada considerando as disposições da Medida Provisória nº 449 de 2008, mais precisamente o art. 32A, inciso II, que na conversão pela Lei n º 11.941, foi renumerado para o art. 32A, inciso I da Lei n º 8.212 de 1991. Liége Lacroix Thomasi – Presidente Substituta. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente Substituta de Turma), Manoel Coelho Arruda Junior (Vicepresidente de turma), André Luis Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz e Arlindo da Costa e Silva. Relatório Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 Data da lavratura do Auto de Infração: 21/02/2011. Data da Ciência do Auto de Infração: 22/02/2011. Fl. 1553DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.553 3 Tratase de crédito tributário lançado em desfavor da Entidade acima identificada, consistente em contribuições previdenciárias a cargo da empresa, destinadas ao custeio da Seguridade Social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, e a Outras Entidades e Fundos, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados que lhe prestaram serviços durante o período de apuração, apuradas com base nas folhas de pagamento e na contabilidade, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 123/143. A entidade apresentou, em 23/10/2003, requerimento para reconhecimento da isenção em relação a contribuições previdenciárias patronais, passando a partir da competência 11/2003 a apresentar GFIP com codificação de isenção das contribuições patronais e de terceiros, as quais não foram recolhidas, nem depositadas e nem reconhecidas contabilmente como custos ou despesas. Tal pedido de Isenção houvese por indeferido pela autoridade competente. A 4ª Câmara de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social deu provimento ao recurso apresentado pela entidade requerente, reconhecendo naquela oportunidade o direito pleiteado à isenção de contribuições previdenciárias, nos termos do Acórdão n° 1875/2004, sendo emitido o ATO DECLARATORIO DE RECONHECIMENTO DE ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS n° 006/2005, de 04/04/2005. Não concordando com a decisão de 2ª Instância, a Secretaria da Receita Previdenciária interpôs Pedido de Revisão, o qual se houve por conhecido e provido. Na sequência, após a apresentação de contrarrazões pela FAMESP, a 4ª Câmara de Julgamento, através do Despacho n° 354/2006, de 16/11/2006, encaminhou os autos em diligência, solicitando informações visando ao esclarecimento de pontos controvertidos no litígio. Devidamente cientificada do resultado da diligência fiscal, a FAMESP apresentou Recurso Voluntário, nos autos do Processo n° 35380.001807/200700, de 29 de junho de 2007. A 6ª Câmara do 2º Conselho de Contribuintes negou provimento ao Recurso, nos termos do Acórdão n° 20601.456, de 09 de outubro de 2008, aviado nos autos do processo nº 35378.001422/200350, e, acolhendo a revisão de ofício, anulou o Acórdão n° 1875/2004 proferido pela 4ª Câmara do CRPS. A entidade interessada apresentou Recurso Especial perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, cujo seguimento houvese por negado, conforme Despacho nº 240090/2010, proferido pela 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, em 19 de março de 2010. Transitada em Julgado Administrativo a decisão da 6ª Câmara do 2ª Conselho de Contribuintes, que no Acórdão n° 20601.456, de 09 de outubro de 2008, Houvera negado provimento ao Recurso Voluntário da FAMESP, decorreu a emissão do ATO DECLARATORIO EXECUTIVO n° 02/2009, de 03 de agosto de 2009, da Delegacia da Receita Federal em Bauru, que cancelou a isenção das contribuições previdenciárias, a partir de 23/10/2003. No mesmo ato, anulou o ATO DECLARATORIO DE RECONHECIMENTO DE ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS n° 006/2005, de 04/04/2005. Fl. 1554DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 Nessa conjuntura, diante da negativa de provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo sujeito passivo, e estando este, portanto, à calva do direito à isenção de contribuições previdenciárias, houvese por lavrado o vertente lançamento, promovendo o lançamento de contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, e as contribuições destinadas a Outras Entidades e Fundos, a contar da competência janeiro/2006 a dezembro/2007. Relata a Autoridade Lançadora que, da análise da contabilidade e de outros documentos houvese por concluído que a FUNDAÇÁO PARA O DESENVOLVIMENTO MÉDICO E HOSPITALAR "FAMESP" não preenche os critérios estabelecidos pelo artigo 55 incisos I, II, III, IV, V §§ 2°, 3º e 5º da Lei 8.212/91, regulamentada pelo artigo 206 incisos I, II, III, IV, V e VI, §§ 1º, 2°, 4º e 6º do Decreto 3.048/99 e alterações posteriores para fazer jus à isenção de contribuições previdenciárias. Considerou a fiscalização que as GFIP foram apresentadas com omissões de dados relativos a fatos geradores de contribuições previdenciárias, o que ensejou a lavratura do Auto de Infração de Obrigação Acessória CFL 68. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 292/321, 585/617 e 886/915. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP lavrou decisão administrativa aviada no Acórdão a fls. 1195/1203, julgando procedente em parte o lançamento tributário, para deste fazer excluir as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos na competência janeiro/2006, em razão da decadência, recorrendo de ofício de sua decisão. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 11/07/2011, conforme Aviso de Recebimento a fl. 1208. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário a fls. 1210/1279, fundamentando seu inconformismo em argumentação desenvolvida nas alegações que se vos seguem: · Que a Entidade atende a todos os requisitos exigidos pela Constituição Federal, Código Tributário Nacional e a todas as normas infraconstitucionais para fazer jus ao gozo da isenção de contribuições previdenciárias patronais; · Que a Entidade atende a todos os requisitos exigidos pelo art. 206 do Dec. nº 3.048/99 para fazer jus ao gozo da isenção de contribuições previdenciárias patronais; · Que os agentes da Receita Federal do Brasil não se atentaram para os efeitos da Medida Provisória 446/2008. Aduz que MP nº 446/2008 pôs fim ao processo reconhecendo o Direito da Recorrente à manutenção do CEBAS e, consequentemente, a manutenção do Ato Declaratório de Reconhecimento de Isenção de Contribuições Sociais n° 006/2005; Fl. 1555DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.554 5 · Que a Recorrente é entidade sem finalidade lucrativa, de caráter social, imune à tributação nos termos do art. 150, VI, ‘c’ da Constituição Federal, e que cumpre os requisitos do art. 14 do CTN. Ao fim, requer a declaração de improcedência do Auto de Infração. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 11/07/2011. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 09 de agosto do mesmo ano, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. 1.2. DO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO Alega o Recorrente que a Entidade atende a todos os requisitos exigidos pelo art. 206 do Dec. nº 3.048/99 para fazer jus ao gozo da isenção de contribuições previdenciárias patronais. Aduz que os agentes da Receita Federal do Brasil não se atentaram para os efeitos da Medida Provisória 446/2008. Conclui que MP nº 446/2008 pôs fim ao processo reconhecendo o Direito da Recorrente à manutenção do CEBAS e, consequentemente, a manutenção do Ato Declaratório de Reconhecimento de Isenção de Contribuições Sociais n° 006/2005. Tais argumentações, todavia, não podem ser conhecidos no presente recurso em razão da incompetência deste Colegiado para a apreciação e julgamento de tais questões. Relembrese que o vertente Processo Administrativo Fiscal trata do lançamento de contribuições previdenciárias patronais destinadas a Outras Entidades e Fundos, devidas pela Entidade e não recolhidas no prazo e na forma prevista na legislação tributária, relativas ao período de apuração compreendido entre novembro/2003 a dezembro/2005, período esse em que a entidade recorrente se Fl. 1556DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 encontrava à calva do direito de isenção das contribuições previdenciárias de que tratam os artigos 22 e 23 da Lei nº 8.212/91. Impende ressaltar que a emissão do ATO DECLARATORIO EXECUTIVO n° 02/2009, de 03 de agosto de 2009, da Delegacia da Receita Federal em Bauru, que cancelou a isenção das contribuições previdenciárias, a partir de 23/10/2003, e que anulou o Ato Declaratório de Reconhecimento de Isenção de Contribuições Sociais n° 006/2005, de 04/04/2005, decorreu da decisão proferida pela 6ª Câmara do 2ª Conselho de Contribuintes, aviada no Acórdão n° 20601.456, de 09 de outubro de 2008, a qual já se alcançou o trânsito em julgado administrativo, não dispondo este Colegiado de Competência para, afastando tal atributo processual, reapreciar e deliberar sobre a matéria em questão. Por certo, a apreciação de questões dessa estirpe escapa à competência desta Corte Administrativa, a qual se cinge à atribuição de julgar recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância de processos de exigência de tributos ou de contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil bem como recursos de natureza especial. Registrese por relevante que, no rito do Processo Administrativo Fiscal, a fase litigiosa do procedimento é instaurada mediante o oferecimento tempestivo de Impugnação à exigência fiscal, cujo instrumento de bloqueio deve mencionar, no mérito, os motivos de fato e de direito em que se fundamenta bem como os pontos de discordância. Nessa perspectiva, para que se instaure o litígio, é imperioso o confrontamento de posições entre o fisco e o sujeito passivo, sendo, por tal motivo, consideradas como não impugnadas as matérias que não tenham sido expressamente contestadas pelo impugnante. Também não se instaura litígio em relação a questões já decididas anteriormente e em relação às quais já tenha se convolado o trânsito em julgado administrativo, por uma questão de respeito à segurança jurídica, princípio jurídico esse efusivamente defendido pelo Recorrente em seu instrumento de inconformismo em face da decisão de 1ª Instância. Nessa perspectiva, o exame da legalidade do lançamento parte da premissa que a Entidade recorrente, no período de apuração em tela, não se configurava como sujeito de direito à isenção de contribuições previdenciárias de que trata o art. 55 da Lei nº 8.212/91, uma vez que tal controvérsia já se houve por decidida, de forma definitiva no âmbito administrativo, nos autos do Processo Administrativo Fiscal nº 35378.001422/200350 pela 6ª Câmara do 2º Conselho de Contribuintes. Mostrase auspicioso enaltecer que, nos termos do inciso V, in fine, do art. 267 do Código de Processo Civil, a coisa julgada figura como causa determinante para a extinção do processo sem resolução do mérito, podendo ser reconhecida de ofício pela Autoridade Julgadora em qualquer tempo e grau de Jurisdição, enquanto não proferida a decisão de mérito, obstando, inclusive, que o autor intente, novamente, a mesma demanda. Código de Processo Civil Art. 267. Extinguese o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232/2005) Fl. 1557DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.555 7 (...) V quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; (...) §3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos nº IV, V e VI; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento. (...) Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado. Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficandolhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito. Citese que o Recurso Especial interposto em face da decisão referido no parágrafo precedente teve seu seguimento negado, conforme Despacho nº 240094R/2010, de 22 de março de 2010. Assim, presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço parcialmente. Ante a inexistência de questões preliminares, passamos diretamente ao exame do mérito. 2. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que, em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho. Fl. 1558DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 3.1. DO DIREITO À ISENÇÃO O Recorrente alega atender a todos os requisitos exigidos pela Constituição Federal, Código Tributário Nacional e a todas as normas infraconstitucionais para fazer jus ao gozo da isenção de contribuições previdenciárias patronais. Tais argumentos não se mostram suficientes para a reconhecimento da isenção pretendida pelo Recorrente. Colhemos da literalidade do parágrafo 7º do art. 195 da CF/88, que são isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atenderem às exigências estabelecidas em lei. Constituição Federal de 1988 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (...) §7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Avulta, de plano, que a norma constitucional suso mencionada, para alcançar a plenitude dos efeitos colimados pelo legislador constituinte, necessita da integração de regramento infraconstitucional, que estabeleça de maneira taxativa as exigências a serem cumpridas pelas entidades beneficentes de assistência social para a fruição do benefício da não incidência tributária em debate. Nessa prumada, assentado que a regra constitucional não contem todos os elementos indispensáveis à sua plena executoriedade, enquanto não forem complementadas pelo legislador ordinário a sua aplicabilidade é apenas mediata, atuando, de regra, em sentido negativo. Cabe trazer à tona que a matéria relativa ao estabelecimento de parâmetros e condições para concessão de isenção de contribuições previdenciárias às entidades beneficentes de assistência social não foi incluída, pela CF/88, nas hipóteses de reserva de Lei Complementar, de forma que o documento legislativo com vocação para o atendimento de tais afazeres é a lei ordinária federal. A questão ora em debate já foi bater às portas da Suprema Corte Constitucional, no julgamento da Ação Direta de Constitucionalidade nº 1/DF, da Relatoria do Min. Moreira Alves, que assentou “A jurisprudência desta Corte, sob o império da Emenda Constitucional nº 1/69 – e a Constituição atual não alterou este sistema – se firmou no sentido de que só se exige lei complementar para as matérias cuja disciplina a Constituição expressamente faz tal exigência e, se porventura a matéria, disciplinada por lei cujo processo legislativo observado tenha sido o da lei complementar, não seja daquelas para que a Carta Magna exige essa modalidade Fl. 1559DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.556 9 legislativa, os dispositivos que tratam dela se têm como dispositivos de lei ordinária”. (grifos nossos) Sintonizado na mesma frequência da Suprema Corte, o Senado Federal entrou com cerol fino na questão em apreço, fazendo expedir o Comunicado do Senado Federal SM/N° 805/91, de 12 de agosto de 1991, o qual cortou na mão qualquer dúvida ainda renitente a respeito do Instrumento Normativo com aptidão para a delimitação das condições de contorno da hipótese de não incidência em debate, ad litteris et verbis: SENADO FEDERAL – SM nº 805/91 Em 12 de agosto de 1991. Senhor Ministro. Com referência ao oficio n° 543/P, de 7 de agosto corrente, desse Tribunal, cumpreme comunicar a Vossa Excelência que o §7° do art. 195 da Constituição Federal foi regulamentado pelo art. 55 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, publicada no Diário Oficial da União do dia seguinte. Aproveito a oportunidade para apresentar a Vossa Excelência protestos de estima e consideração. Senador MAURO BENEVIDES Presidente Diante desse cenário, não restam mais dúvidas de que a matéria atinente à isenção ora em abordagem houve por confiada à Lei nº 8.212/91, cujo art. 55 estabeleceu, expressamente, serem isentas de contribuições previdenciárias a entidade beneficente de assistência social que atender, cumulativamente, aos seguintes requisitos: a) Ser reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; b) Ser portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, o qual deve ser renovado a cada três anos; c) Promover gratuitamente e em caráter exclusivo a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; d) Não perceber seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; Fl. 1560DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 e) Aplicar integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; II seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; II seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.18713, de 2001). III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 1998). IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). §1º Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trata este artigo será requerida ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despachar o pedido. §2º A isenção de que trata este artigo não abrange empresa ou entidade que, tendo personalidade jurídica própria, seja mantida por outra que esteja no exercício da isenção. §3º Para os fins deste artigo, entendese por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem dela necessitar. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). §4o O Instituto Nacional do Seguro Social INSS cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998. §5o Considerase também de assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a Fl. 1561DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.557 11 efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). §6o A inexistência de débitos em relação às contribuições sociais é condição necessária ao deferimento e à manutenção da isenção de que trata este artigo, em observância ao disposto no §3o do art. 195 da Constituição. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.18713, de 2001). Assim emoldurado o quadro normativo legal e constitucional, avulta que, para que uma entidade seja sujeito de direito à isenção em realce, é indispensável que seja reconhecida formalmente como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal, além de ser portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social bem como do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos. Ocorre, contudo, que o atendimento de tais requisitos não se configura bastante e suficiente para o gozo da isenção em apreço. Fulgura como imprescindível o cumprimento cumulativo das demais exigências fixadas no art. 55 da Lei nº 8.212/91. Estando materialmente implementadas todas as formalidades previstas na legislação, será provocada, mediante requerimento formal, a autarquia previdenciária federal para se pronunciar sobre a efetiva satisfação dos requisitos legais, a qual, anuindo, emitirá Ato Declaratório reconhecendo o direito da Peticionária à isenção de contribuições previdenciárias. Anotese que quem possui a competência para sindicar se a EBAS adimpliu todas as formalidades exigidas pela lei é a autarquia previdenciária em foco, e não a entidade pretendente à isenção. Esta se submete ao crivo da investigação do Estado. Nessa cadência, somente com a expedição do competente Ato Declaratório pode a beneficiária se declarar como sujeito de direito ao benefício tributário em relevo. Antes não. Desse modo, ao contrário do entendimento do Recorrente, a mera obtenção do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social não confere direito imediato e incondicionado à fruição da isenção em ribalta, eis que tal direito há que ser reconhecido e homologado pela autarquia previdenciária, que o faz mediante a expedição do Ato Declaratório. Além disso, dispõe o §4º do dispositivo legal ora em trato, ad litteram, que o Instituto Nacional do Seguro Social INSS (hoje RFB) cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto nesse artigo de lei. Fl. 1562DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 No caso em apreciação, a Recorrente apresentou, em 23/10/2003, requerimento para reconhecimento da isenção em relação a contribuições previdenciárias patronais, passando a partir da competência 11/2003 a apresentar GFIP com codificação de isenção das contribuições patronais e de terceiros, as quais não foram recolhidas, nem depositadas e nem reconhecidas contabilmente como custos ou despesas. Tal pedido de Isenção houvese por indeferido pela autoridade competente. A 4ª Câmara de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social deu provimento ao recurso apresentado pela entidade requerente, reconhecendo naquela oportunidade o direito pleiteado à isenção de contribuições previdenciárias, nos termos do Acórdão n° 1875/2004, sendo emitido o ATO DECLARATORIO DE RECONHECIMENTO DE ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS n° 006/2005, de 04/04/2005. Não concordando com a decisão de 2ª Instância, a Secretaria da Receita Previdenciária interpôs Pedido de Revisão, o qual se houve por conhecido e provido. Na sequência, após a apresentação de contrarrazões pela FAMESP, a 4ª Câmara de Julgamento, através do Despacho n° 354/2006, de 16/11/2006, encaminhou os autos em diligência, solicitando informações visando ao esclarecimento de pontos controvertidos no litígio. Devidamente cientificada do resultado da diligência fiscal, a FAMESP apresentou Recurso Voluntário, nos autos do Processo n° 35380.001807/200700, de 29 de junho de 2007. A 6ª Câmara do 2º Conselho de Contribuintes negou provimento ao Recurso, nos termos do Acórdão n° 20601.456, de 09 de outubro de 2008, aviado nos autos do processo nº 35378.001422/200350, e, acolhendo a revisão de ofício, anulou o Acórdão n° 1875/2004 proferido pela 4ª Câmara do CRPS. A entidade interessada apresentou Recurso Especial perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, cujo seguimento houvese por negado, conforme Despacho nº 240090/2010, proferido pela 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, em 19 de março de 2010. Transitada em Julgado Administrativo a decisão da 6ª Câmara do 2ª Conselho de Contribuintes, que no Acórdão n° 20601.456, de 09 de outubro de 2008, Houvera negado provimento ao Recurso Voluntário da FAMESP, decorreu a emissão do ATO DECLARATORIO EXECUTIVO n° 02/2009, de 03 de agosto de 2009, da Delegacia da Receita Federal em Bauru, que cancelou a isenção das contribuições previdenciárias, a partir de 23/10/2003. No mesmo ato, anulou o ATO DECLARATORIO DE RECONHECIMENTO DE ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS n° 006/2005, de 04/04/2005. Nessa conjuntura, diante da negativa de provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo sujeito passivo, e estando este, portanto, despido do direito à isenção de contribuições previdenciárias, houvese por lavrado o vertente lançamento, promovendo o lançamento de contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, e as contribuições destinadas a Outras Entidades e Fundos, a contar da competência janeiro/2006 a dezembro/2007. Fl. 1563DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.558 13 Impende ressaltar que a emissão do ATO DECLARATORIO EXECUTIVO n° 02/2009, de 03 de agosto de 2009, da Delegacia da Receita Federal em Bauru, que cancelou a isenção das contribuições previdenciárias a partir de 23/10/2003, e que anulou o Ato Declaratório de Reconhecimento de Isenção de Contribuições Sociais n° 006/2005, de 04/04/2005, decorreu da decisão proferida pela 6ª Câmara do 2ª Conselho de Contribuintes, aviada no Acórdão n° 20601.456, de 09 de outubro de 2008, a qual já se alcançou o trânsito em julgado administrativo, não dispondo este Colegiado de Competência para, afastando tal atributo processual, reapreciar e deliberar sobre a matéria em questão. Por certo, a apreciação de questões dessa estirpe escapa à competência desta Corte Administrativa, a qual se cinge à atribuição de julgar recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância de processos de exigência de tributos ou de contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil bem como recursos de natureza especial. Não se instaura litígio em relação a questões já decididas anteriormente e em relação às quais já tenha se convolado o trânsito em julgado administrativo, por uma questão de respeito à segurança jurídica, princípio jurídico esse efusivamente defendido pelo Recorrente em seu instrumento de inconformismo em face da decisão de 1ª Instância. Nessa perspectiva, o exame da legalidade do lançamento parte da premissa que a Entidade recorrente, no período de apuração em tela, não se configurava como sujeito de direito à isenção de contribuições previdenciárias de que trata o art. 55 da Lei nº 8.212/91, uma vez que tal controvérsia já se houve por decidida, de forma definitiva no âmbito administrativo, nos autos do Processo Administrativo Fiscal nº 35378.001422/200350 pela 6ª Câmara do 2º Conselho de Contribuintes. Mostrase auspicioso enaltecer que, nos termos do inciso V, in fine, do art. 267 do Código de Processo Civil, a coisa julgada figura como causa determinante para a extinção do processo sem resolução do mérito, podendo ser reconhecida de ofício pela Autoridade Julgadora em qualquer tempo e grau de Jurisdição, enquanto não proferida a decisão de mérito, obstando, inclusive, que o autor intente, novamente, a mesma demanda. Código de Processo Civil Art. 267. Extinguese o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232/2005) (...) V quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; (...) §3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos nº IV, V e VI; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento. (...) Fl. 1564DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 14 Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado. Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficandolhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito. Citese que o Recurso Especial interposto em face da decisão referido no parágrafo precedente teve seu seguimento negado, conforme Despacho nº 240094R/2010, de 22 de março de 2010. Iluminese que, de acordo com o §1º do art. 55 da Lei nº 8.212/91, fulgura como condição sine qua non que a entidade, atendendo a todos os requisitos elencados na lei, requeira o reconhecimento à isenção ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, o qual terá o prazo de 30 dias para despachar o pedido. Aditese que as provas constantes nos autos não contêm qualquer indício de prova material, o mínimo que seja, de que o Recorrente tenha sequer formulado novo pedido de reconhecimento de isenção perante a autarquia previdenciária federal, conforme o §1º do art. 55 da Lei nº 8.212/91, quanto mais que seja detentora de Ato Declaratório Concessivo de Isenção. Nessa perspectiva, tendo a fiscalização constatado que a instituição em foco não se configurava como sujeito de direito à isenção em ribalta, promoveu o relato circunstanciado dos fatos que demonstraram o não atendimento dos requisitos necessários para o gozo da isenção em voga, sendo, ato contínuo, lavrado o vertente Auto de Infração, consumando o lançamento das contribuições devidas, tudo em consonância com o estatuído no art. 37, caput da Lei nº 8.212/91. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. §1º Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar defesa, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei nº 9.711/98). §2ºPor ocasião da notificação de débito ou, quando for o caso, da inscrição na Dívida Ativa do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, a fiscalização poderá proceder ao arrolamento de bens e direitos do Fl. 1565DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.559 15 sujeito passivo, conforme dispuser aquela autarquia previdenciária, observado, no que couber, o disposto nos §§ 1º a 6º, 8º e 9º do art. 64 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. (Incluído pela Lei nº 9.711/98). Cabenos enfatizar que às hipóteses isentivas previstas no art. 55 suso invocado, por se configurarem eventos de renúncia fiscal, há que se emprestar interpretação restritiva, a teor das disposições plasmadas no art. 111, II do CTN. Código Tributário Nacional CTN Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; Acrescentese que a mera obtenção do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social não implica de per se isenção das contribuições previdenciárias assinaladas nos art. 22 e 23 da Lei nº 8.212/91, sendo necessário para tanto que a Entidade Beneficente de Assistência Social demonstre atender, cumulativamente, a todos os requisitos exigidos nos incisos I a V do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e desde que a EBAS requeira tal benesse tributária ao INSS, nos termos do §1º do mesmo dispositivo legal acima referido, condições essas não demonstradas, tampouco comprovadas pelo Recorrente. No caso em apreciação, o lançamento tributário houvese por formalizado em razão de a entidade recorrente não ter efetuado tempestivamente o recolhimento das contribuições previdenciárias por ela devidas, consoante exigência fiscal inscrita na Lei nº 8.212/91. Diante de tal panorama fático/jurídico, outra porta não se abriu à fiscalização que não aquela que conduziu à imediata lavratura do Auto de Infração de Obrigação Principal referente às contribuições sociais patronais destinadas ao custeio da Seguridade Social, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho e a Outras Entidades e Fundos, devidas pelo Recorrente na forma da lei, e não recolhidas nos prazos e na forma assinalados na legislação tributária. 2.2. DAS INFRAÇÕES ÀS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. Vencida a questão atinente à carência de direito à isenção de contribuições previdenciárias de que trata o art. 55 da Lei nº 8.212/91, e assentado como devidas as contribuições patronais a cargo da Instituição recorrente destinadas ao custeio da Seguridade Social, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho e a Outras Entidades e Fundos, fulgura com obrigatória a Fl. 1566DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 16 declaração dos correspondentes fatos geradores nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social de cada competência. A todo saber, constituise obrigação tributária acessória da empresa, aqui incluídas as Entidades Beneficentes de Assistência Social, declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, mediante GFIP, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, todos os dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528/97) (...) §4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: (Parágrafo e tabela acrescentados pela Lei nº 9.528/97). 0 a 5 segurados 1/2 valor mínimo 6 a 15 segurados 1 x o valor mínimo 16 a 50 segurados 2 x o valor mínimo 51 a 100 segurados 5 x o valor mínimo 101 a 500 segurados 10 x o valor mínimo 501 a 1000 segurados 20 x o valor mínimo 1001 a 5000 segurados 35 x o valor mínimo acima de 5000 segurados 50 x o valor mínimo §5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97). Fl. 1567DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.560 17 (...) §11. Em relação aos créditos tributários, os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este artigo devem ficar arquivados na empresa até que ocorra a prescrição relativa aos créditos decorrentes das operações a que se refiram. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449/2008) No mesmo sentido, assim dispõem os artigos 225, IV e 284, II do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99. Regulamento da Previdência Social. Art. 225. A empresa é também obrigada a: (...) IVinformar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse daquele Instituto; Art. 284. A infração ao disposto no inciso IV do caput do art. 225 sujeitará o responsável às seguintes penalidades administrativas: (...) II cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no inciso I, pela apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores, seja em relação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção ou substituição, quando se tratar de infração cometida por pessoa jurídica de direito privado beneficente de assistência social em gozo de isenção das contribuições previdenciárias ou por empresa cujas contribuições incidentes sobre os respectivos fatos geradores tenham sido substituídas por outras; e (Redação dada pelo Decreto nº 4.729/2003) Nessa vertente, no curso dos procedimentos de fiscalização, contatou a autoridade fiscal que o contribuinte ora recorrente deixou de informa nas GFIP, com incidência de contribuições previdenciárias, os pagamentos de Fl. 1568DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 18 remuneração efetuados a segurados empregados e segurados contribuintes individuais que mensalmente lhe prestaram serviços. Pela infração cometida foi aplicada ao contribuinte a multa de R$ 1.386 448,70, conforme previsão legal do artigo 32, §5º da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.528/97, combinado com os artigos 284, inciso II e 373 do Decreto 3.048/99 e artigo 8º, inciso V da Portaria Interministerial MPS/MF N° 568, de 31 de dezembro de 2010 e alterações posteriores. 2.3. DA RETROATIVIDADE BENIGNA Malgrado não haja sido suscitada pelo Recorrente, a condição intrínseca de matéria de ordem pública nos autoriza a examinar, ex officio, a questão relativa à penalidade pecuniária aplicada à infração em exame, em honra ao preceito encartado no art. 106, II, ‘c’ do CTN. Urge, de plano, ser destacado que no Direito Tributário vigora o princípio tempus regit actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Código Tributário Nacional CTN Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. §1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. §2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Nessa perspectiva, dispõe o código tributário, ad litteram, que o fato de a norma tributária haver sido revogada, ou modificada, após a ocorrência concreta do fato jurígeno imponível, não se constitui motivo legítimo, tampouco jurídico, para se desconstituir o crédito tributário correspondente. O princípio jurídico suso invocado, no entanto, não é absoluto, sendo excepcionado pela superveniência de lei nova, nas estritas hipóteses em que o ato jurídico tributário, ainda não definitivamente julgado, deixar de ser definido como infração ou deixar de ser considerado como contrário a qualquer exigência de ação ou Fl. 1569DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.561 19 omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo, ou ainda, quando a novel legislação lhe cominar penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Ocorre, no entanto, que as normas jurídicas que disciplinavam a cominação de penalidades decorrentes da não entrega de GFIP ou de sua entrega contendo incorreções foram alteradas pela Lei nº 11.941/2009, produto da conversão da Medida Provisória nº 449/2008. Tais modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator que aquelas então derrogadas. Nesse panorama, a supracitada Lei federal revogou os §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91, fazendo introduzir no bojo desse mesmo Diploma Legal o art. 32A, ad litteris et verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no §3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). (grifos nossos) §1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §2º Observado o disposto no §3º deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação.(Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Fl. 1570DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 20 §3 A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Originariamente, a conduta infracional consistente em apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores era punível com pena pecuniária correspondente a cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do art. 32 da Lei nº 8.212/91. A Medida Provisória nº 449/2009, convertida na Lei nº 11.941/2009, alterou a memória de cálculo da penalidade em tela, passando a impor a multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omissas, mantendo inalterada a tipificação legal da conduta punível. A multa acima delineada será aplicada ao infrator independentemente de este ter promovido ou não o recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes, a teor do inciso I do art. 32A acima transcrito, fato que demonstra tratarse a ora discutida imputação, de penalidade administrativa motivada, unicamente, pelo descumprimento de obrigação instrumental acessória. Assim, a sua mera inobservância consubstanciase infração e implica a imposição de penalidade pecuniária, em atenção às disposições estampadas no art. 113, §3º do CTN. A Secretaria da Receita Federal do Brasil editou a IN RFB nº 1.027/2010, que assim dispôs em seu art. 4º: Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 22/04/2010 Art. 4º A Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, passa a vigorar acrescida do art. 476A: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 1571DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.562 21 II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. §2º A comparação de que trata este artigo não será feita no caso de entrega de GFIP com atraso, por se tratar de conduta para a qual não havia antes penalidade prevista. Óbvio está que os dispositivos selecionados encartados na IN RFN nº 1.027/2010 extravasaram o campo reservado pela CF/88 à atuação dos órgãos administrativos, que não podem ultrapassar o âmbito da norma legal que rege a matéria ora em relevo, tampouco inovar o ordenamento jurídico. Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, não vislumbramos existir motivo para serem somadas as multas por descumprimento da obrigação principal e com aquelas decorrentes da inobservância de obrigações acessórias, para, em seguida, se confrontar tal somatório com o valor da multa calculada segundo a metodologia descrita no art. 35A da Lei nº 8.212/1991, para, só então, se apurar qual a pena administrativa se revela mais benéfica ao infrator. Entendo que o exame da retroatividade benigna deve se adstringir ao confronto entre a penalidade imposta pelo descumprimento de obrigação acessória, calculada segundo a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores e a penalidade pecuniária prevista na novel legislação pelo descumprimento da mesma obrigação acessória, não havendo que se imiscuir com a multa decorrente de lançamento de ofício de obrigação tributária principal. Lé com lé, cré com cré. A análise da lei mais benéfica não pode superar tais condições de contorno pois, como já afirmado alhures, tratase de obrigação acessória que é absolutamente independente de qualquer obrigação principal. Notese que o princípio tempus regit actum somente será afastado quando a lei nova cominar ao FATO PRETÉRITO, in casu, o descumprimento de determinada obrigação acessória, penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Dessarte, nos termos do CTN, para fins de retroatividade de lei nova, é incabível a comparação entre (a) o somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 e das multas aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32, ambos da Lei nº 8.212/991, em sua redação anterior à Lei nº Fl. 1572DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 22 11.941, de 2009; e (b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212/91, acrescido pela Lei nº 11.941/2009, inexistindo regra de hermenêutica que nos autorize a extrair dos documentos normativos acima revisitados interpretação jurídica que admita a comparação entre a multa derivada do somatório previsto na alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da IN RFB nº 971/2009 e o valor da penalidade prevista na alínea ‘b’ do inciso I do mesmo dispositivo legislativo suso aludido, para fins de retroatividade de lei tributária mais benéfica. De outro eito, mas trigo de outra safra, o art. 97 do CTN estatui que somente a lei formal pode dispor sobre a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos e tratar de hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Código Tributário Nacional CTN Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do §3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Mostrase flagrante que a alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, acrescentado pela IN RFB nº 1.027/2010, é tendente a excluir, sem previsão de lei formal, penalidade pecuniária imposta pelo descumprimento de obrigação acessória nos casos em que a multa de ofício, aplicada pelo descumprimento de obrigação principal, for mais benéfica ao infrator. Tal hipótese não se enquadra, de forma alguma, na situação de retroatividade benigna Fl. 1573DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.563 23 prevista pelo art. 106, II, ‘c’ do CTN, pois emprega como parâmetros de comparação penalidades de natureza jurídica diversa, uma pelo descumprimento de obrigação principal e a outra, pelo de obrigação acessória. Há que se reconhecer que as penalidades acima apontadas são autônomas e independentes entre si, pois que a aplicação de uma não afasta a incidência da outra e viceversa. Nesse contexto, não se trata de retroatividade da lei mais benéfica, mas, sim, de dispensa de penalidade pecuniária estabelecida mediante Instrução Normativa, favor tributário que somente poderia emergir da lei formal, a teor do inciso VI, in fine, do art. 97 do CTN. É mister ainda destacar que o art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela Medida Provisória nº 449/2008, apenas se refere ao lançamento de ofício das contribuições previdenciárias previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 dessa mesma Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a outras entidades e fundos, não produzindo qualquer menção às penalidades administrativas decorrentes do descumprimento de obrigação acessória, assim como não o faz o remetido art. 44 da Lei nº 9.430/96. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplica se o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) Fl. 1574DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 24 § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) (...) § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488, de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Assim, em virtude da total independência e autonomia entre as obrigações tributárias principal e acessória, o preceito inscrito no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, não projeta qualquer efeito sobre os Autos de Infração lavrados em razão exclusiva de descumprimento de obrigação acessória associada às Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social. Uma vez que a penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória encontrase prevista em lei, somente o Poder Legislativo dispõe de competência para dela dispor. A legislação complementar, na forma de Instrução Normativa emanada do Poder Executivo, é pai pequeno no terreiro, não podendo dispor autonomamente de forma contrária a diplomas normativos de mais graduada estatura na hierarquia do ordenamento jurídico, in casu, a lei formal, e assim extrapolar os limites de sua competência concedendo anistia para exclusão de crédito tributário, em flagrante violação às disposições insculpidas no §6º do art. 150 da CF/88, o qual exige lei em sentido estrito. Vislumbrase inaplicável, portanto, a referida IN RFB nº 1.027/2010, por ser flagrantemente ilegal. Como demonstrado, é possível a aplicação da multa isolada em GFIP, mesmo que o sujeito passivo haja promovido, tempestivamente, o exato recolhimento do tributo correspondente, conforme assentado no art. 32A da Lei nº 8.212/91. Fl. 1575DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.564 25 Nesse contexto, afastada por ilegalidade a norma estatuída pela IN RFB nº 1.027/2010, por representar a novel legislação encartada no art. 32A da Lei nº 8.212/91 um benefício ao contribuinte, verificase a incidência do preceito encartado na alínea ‘c’ do inciso II do art. 106 do CTN, devendo ser observada a retroatividade benigna, sempre que a multa decorrente da sistemática de cálculo realizada na forma prevista no art. 32A da Lei nº 8.212/91 cominar ao Sujeito Passivo uma penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência da infração. Assim, tratandose o presente caso de hipótese de entrega de GFIP contendo informações incorretas ou com omissão de informações, deverá ser aplicada a penalidade prevista no inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, se esta se mostrar mais benéfica ao Recorrente. 3. DO RECURSO DE OFICIO A decisão de 1ª Instância, no que pertine ao reconhecimento da decadência, está a reclamar de reparo. De fato, o Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, em julgamento realizado em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, nos termos que se vos seguem: Súmula Vinculante nº 8 “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Conforme estatuído no art. 103A da Constituição Federal, a Súmula Vinculante nº 8 é de observância obrigatória tanto pelos órgãos do Poder Judiciário quanto pela Administração Pública, devendo este Colegiado aplicála de imediato. Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Fl. 1576DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 26 Afastada por inconstitucionalidade a eficácia das normas inscritas nos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, urge serem seguidas as disposições relativas à matéria em relevo inscritas no Código Tributário Nacional – CTN e nas demais leis de regência. O instituto da decadência no Direito Tributário, malgrado respeitadas posições em sentido diverso, encontrase regulamentado no art. 173 do Código Tributário Nacional CTN, que reza ipsis litteris: Código Tributário Nacional CTN Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Conforme detalhadamente explicitado e fundamentado no Acórdão nº 230201.387 proferido nesta 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, na Sessão de 26 de outubro de 2011, nos autos do Processo nº 10240.000230/200865, convicto encontrase este Conselheiro de que, após a implementação do sistema GFIP/SEFIP, o lançamento das contribuições previdenciárias não mais se enquadra na sistemática de lançamento por homologação, mas, sim, na de lançamento por declaração, nos termos do art. 147 do CTN. Ocorre, todavia, que o entendimento majoritário esposado por esta 2ª Turma Ordinária, em sua escalação titular, se inclina à seguinte tese: Se nos lançamentos de ofício não restar demonstrado e comprovado qualquer recolhimento prévio de contribuições previdenciárias em favor das rubricas que compõem os levantamentos objeto da Notificação Fiscal, aplicarseá o regime da decadência assentado no art. 173 do CTN. Nenhum outro. Nessas hipóteses, apenas mediante a deflagração de procedimento formal de fiscalização, nas dependências do sujeito passivo, tem condições a Administração Tributária de tomar conhecimento da ocorrência de fatos geradores de contribuições previdenciárias e de apurar a sua matéria tributável. Por outro viés, consoante o entendimento prevalecente neste Colegiado, em relação às rubricas em que reste comprovada a existência de recolhimentos antecipados, deve ser aplicado o preceito inscrito no parágrafo 4º do art. 150 do CTN, excluindose o crédito tributário não pela decadência, mas, sim, pela homologação tácita, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Código Tributário Nacional CTN Fl. 1577DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.565 27 Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. §1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. §2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. §3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. §4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Sujeitamse também ao regime referido no art. 173 do CTN os lançamentos tributários decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias, eis que, em relação a tal lançamento, não há que se falar em “pagamento antecipado do tributo sem o prévio exame da autoridade administrativa”, circunstância que afasta, peremptoriamente, a incidência do preceito tatuado no §4º do art. 150 do CTN. De outro eito, mas vinho de outra pipa, pelas razões expendidas nos autos do Processo Administrativo Fiscal referido nos parágrafos anteriores, entende este relator que o lançamento tributário encontrase perfeito e acabado na data de sua lavratura, representada pela assinatura da Autoridade Fiscal lançadora, figurando a ciência do contribuinte como atributo de publicidade do ato e condição de eficácia do lançamento perante o sujeito passivo, mas, não, atributo de sua existência. Nada obstante, o entendimento dominante nesta 2ª Turma Ordinária, em sua composição permanente, esposa a concepção de que a data de ciência do contribuinte produz, como um de seus efeitos, a demarcação temporal do dies a quo do prazo decadencial. Diante de tal cenário, o entendimento deste que vos relata mostrase isolado perante o Colegiado. Dessarte, em atenção aos clamores da eficiência exigida pela Lex Excelsior, curvome ao entendimento majoritário desta Corte Administrativa, em respeito à opinio iuris dos demais Conselheiros. No caso em apreciação, colhemos das provas e alegações presentes nos autos que, em favor das rubricas objeto do lançamento, não se houve por efetuado qualquer prévio recolhimento de contribuições sociais. Tal circunstância nos é trazida Fl. 1578DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 28 não somente pela narrativa dos fatos, mas, também, pela verificação de que, no Discriminativo Analítico de Débito, não consta qualquer crédito a favor do Notificado. A conclusão esboçada é corroborada pelo fato de o Recorrente não reconhecer como devidas as contribuições sociais ora em debate, por considerar ser legitimo detentor do direito à isenção de tais exações. Nessas circunstâncias, somente pelo desenvolvimento de uma ação fiscal específica nas dependências Entidade em questão é que os fatos geradores objeto do presente lançamento poderiam ter sido apurados, evento que atrai ao feito a incidência do preceito inscrito no art. 173, I do CTN. Cumpre focalizar, neste comenos, a questão pertinente ao dies a quo do prazo decadencial relativo à competência dezembro de cada ano calendário. O art. 37 da Lei Orgânica da Seguridade Social prevê o lançamento de ofício de contribuições previdenciárias sempre que a fiscalização constatar o atraso total ou parcial no recolhimento das exações em apreço. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. Parágrafo único. Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar defesa, observado o disposto em regulamento. De outro canto, o art. 30 do mesmo Diploma Legal, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, estabelece como obrigação da empresa de recolher as contribuições previdenciárias a seu encargo e aquelas descontadas dos segurados obrigatórios do RGPS a seu serviço até o dia 02 do mês seguinte ao da competência. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93) I a empresa é obrigada a: a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço, descontandoas da respectiva remuneração; Fl. 1579DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.566 29 b) recolher o produto arrecadado na forma da alínea anterior, a contribuição a que se refere o inciso IV do art. 22, assim como as contribuições a seu cargo incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, até o dia dois do mês seguinte ao da competência; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). No caso da competência dezembro, até que se expire o prazo para o recolhimento, digase, o dia 02 de janeiro do ano seguinte, não pode a autoridade administrativa proceder ao lançamento de oficio, eis que o sujeito passivo ainda não se encontra em atraso com o adimplemento da obrigação principal. Tratase de concepção análoga ao o princípio da actio nata, impondose que o prazo decadencial para o exercício de um direito potestativo somente começa a fluir a contar da data em que o sujeito ativo dele detentor pode, efetivamente, exercelo. Dessarte, a deflagração do aludido lançamento, referente ao mês de dezembro, somente pode ser perpetrada a contar do dia 03 de janeiro do ano seguinte. Nesse contexto, a contagem do prazo decadencial assentado no inciso I do art. 173 do CTN relativo à competência dezembro do ano xx somente terá início a partir de 1º de janeiro do ano xx + 2. Pacificando o entendimento acerca do assunto em realce, o Superior Tribunal de Justiça assentou em sua jurisprudência a interpretação que deve prevalecer, espancando definitivamente qualquer controvérsia ainda renitente, conforme dessai em cores vivas do julgado dos Embargos de Declaração nos Embargos de Declaração no Agravo Regimental no Recurso Especial nº 674.497, assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTOS NÃO EFETUADOS E NÃO DECLARADOS. ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA. ERRO MATERIAL. OCORRÊNCIA. ACOLHIMENTO. EFEITOS MODIFICATIVOS. EXCEPCIONALIDADE. 1. Tratase de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional objetivando afastar a decadência de créditos tributários referentes a fatos geradores ocorridos em dezembro de 1993. 2. Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirandose em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, tem se por não consumada a decadência, in casu. Fl. 1580DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 30 3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, para dar parcial provimento ao recurso especial. No caso vertente, o prazo decadencial relativo às obrigações tributárias nascidas na competência dezembro de 2005 tem seu dies a quo assentado no dia 1º de janeiro de 2007, o que implica dizer que a constituição do crédito tributário referente aos fatos geradores ocorridos nessa competência poderia ser objeto de lançamento até o dia 31 de dezembro de 2011, inclusive. Assim delimitadas as nuances materiais do lançamento, nesse específico particular, tendo sido a ciência do Auto de Infração em debate realizada aos 22 dias do mês de fevereiro de 2011, os efeitos o lançamento em questão alcançariam com a mesma eficácia constitutiva todas as obrigações tributárias exigíveis a contar da competência dezembro/2005, inclusive, nos termos do art. 173, I do CTN, excluídos os fatos geradores relativos ao 13º salário desse mesmo ano. Pelo exposto, consoante o entendimento majoritário deste Sodalício, sendo o período de apuração do crédito tributário ora em constituição de janeiro/2006 a dezembro/2007, não demanda áurea mestria concluir que todas as obrigações tributárias lançadas pela fiscalização referemse a fatos geradores ocorridos em período ainda não alcançado pelo instituto da decadência tributária prevista no art. 173, I do CTN. Por tal motivo, conhecemos do Recurso de Ofício para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO integral. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO PARCIALMENTE do recurso voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, devendo a penalidade a ser aplicada ao sujeito passivo mediante o Auto de Infração de Obrigação Acessória CFL 68 ser recalculada, tomandose em consideração as disposições inscritas no art. 32A, I da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN. Outrossim, conheço do Recurso de Ofício para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO, devendo ser mantidas no lançamento todas as obrigações tributárias lançadas pela fiscalização, eis que todos os fatos geradores apurados houveramse por ocorridos em período ainda não alcançado pelo instituto da decadência tributária. É como voto. Fl. 1581DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13873.000100/201170 Acórdão n.º 2302002.375 S2C3T2 Fl. 1.567 31 Arlindo da Costa e Silva Fl. 1582DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI
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