Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,798)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,669)
- Primeira Turma Ordinária (15,222)
- Segunda Turma Ordinária d (15,172)
- Primeira Turma Ordinária (15,138)
- Primeira Turma Ordinária (14,941)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,638)
- Primeira Turma Ordinária (11,706)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,248)
- Terceira Câmara (63,043)
- Segunda Câmara (50,463)
- Primeira Câmara (16,050)
- 3ª SEÇÃO (15,669)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,600)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,638)
- Segunda Seção de Julgamen (107,614)
- Primeira Seção de Julgame (70,765)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,505)
- Câmara Superior de Recurs (37,001)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,030)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,810)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,837)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,952)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,441)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,256)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,149)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,430)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,075)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,829)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,846)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 10980.725457/2011-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 30/01/2009
RECEITAS TÍPICAS DE SOCIEDADE DE SEGUROS E CAPITALIZAÇÃO. INCLUSÃO NO CONCEITO DE FATURAMENTO
O conceito de faturamento abrange não apenas venda de mercadorias e serviços, porém todas as receitas derivadas das atividades-fim do contribuinte. No caso em tela, as receitas da venda de seguros, cosseguros, resseguros, seguros-saúde e títulos de capitalização estão inseridas em tal conceito e, portanto, sofrem a incidência do PIS.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3301-003.166
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 30/01/2009 RECEITAS TÍPICAS DE SOCIEDADE DE SEGUROS E CAPITALIZAÇÃO. INCLUSÃO NO CONCEITO DE FATURAMENTO O conceito de faturamento abrange não apenas venda de mercadorias e serviços, porém todas as receitas derivadas das atividades-fim do contribuinte. No caso em tela, as receitas da venda de seguros, cosseguros, resseguros, seguros-saúde e títulos de capitalização estão inseridas em tal conceito e, portanto, sofrem a incidência do PIS. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10980.725457/2011-59
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700168
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3301-003.166
nome_arquivo_s : Decisao_10980725457201159.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10980725457201159_5700168.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
id : 6688427
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:12 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949954183168
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1568; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 10 1 9 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.725457/201159 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301003.166 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de janeiro de 2017 Matéria PIS COFINS Recorrente HSBC EMPRESA DE CAPITALIZAÇÃO (BRASIL) S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/01/2009 RECEITAS TÍPICAS DE SOCIEDADE DE SEGUROS E CAPITALIZAÇÃO. INCLUSÃO NO CONCEITO DE FATURAMENTO O conceito de faturamento abrange não apenas venda de mercadorias e serviços, porém todas as receitas derivadas das atividadesfim do contribuinte. No caso em tela, as receitas da venda de seguros, cosseguros, resseguros, segurossaúde e títulos de capitalização estão inseridas em tal conceito e, portanto, sofrem a incidência do PIS. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 54 57 /2 01 1- 59 Fl. 1303DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 11 2 Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório da decisão de primeira instância: "Trata o processo de Manifestação de Inconformidade apresentada contra Despacho Decisório, datado de 14/05/2012, emitido pela DRF em Curitiba, que homologou a compensação declarada no Per/Dcomp nº 25815.17170.300109.1.3.579002 (Per nº 10844.26526.300109.1.2.572571), no valor de R$ 1.744.742,00, de IRPJ 239001 do PA de 2008, e homologou parcialmente a compensação declarada no Per/Dcomp nº 33632.86128.300109.1.3.579002 (Per nº 42007.96960.300109.1.2.573105), que buscava a compensação de débito de IRPJ 231901, do PA de 2008, no valor de R$ 4.665.320,96, tendo sido homologada a importância de R$ 551.158,86, restando um saldo devedor de R$ 4.114.162,10, por insuficiência do crédito reconhecido. Segundo relatado no referido Despacho Decisório, a contribuinte obteve tutela judicial favorável no Mandado de Segurança nº 2006.70.00.0040312, no qual objetivou “concessão de ordem para o fim de afastar o art. 3º, caput, e § 1º, da Lei nº 9.718/1998, reconhecendose o seu direito à incidência da contribuição ao PIS e da Cofins sobre o faturamento, assim entendido o produto da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambos (conforme definido pela Lei Complementar nº 70/91), em razão de vícios de inconstitucionalidade contidos na Lei nº 9.718/1998, a partir da competência de janeiro de 2001”. Em sentença prolatada foi concedida parcialmente a segurança, reconhecendo a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. Em recurso de apelação interposto pela União, o E. TRF da 4ª Região “negou provimento ao agravo retido, ao apelo da União, e deu parcial provimento à remessa oficial para reconhecer a prescrição dos valores recolhidos antes de 13/02/2001”. O trânsito em julgado da ação ocorreu em 04/04/2008 e a impetrante renunciou à execução do julgado no que tange à repetição judicial dos valores indevidamente recolhidos. Após pedido de habilitação de crédito, houve deferimento da RFB, em 05/06/2008, para que fossem viabilizados e permitidos os meios eletrônicos hábeis a promover a compensação de seus créditos, porém não houve verificação, por parte do fisco, à época, do valor habilitado. Posteriormente, em 14/10/2011, foi iniciada auditoria dos créditos, objeto do PAF nº 10980.005905/200807, que culminou da emissão do Despacho Decisório pela DRF em Curitiba. No procedimento adotado pela fiscalização, quando da auditoria dos créditos, foi constatado que a contribuinte “interpretou equivocadamente a decisão judicial obtida no âmbito do Mandado de Segurança nº 2006.70.00.0040312 (PR), extrapolando frontalmente o comando jurisdicional, o qual reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 e declarou o direito das impetrantes de recolher a contribuição ao PIS calculada sobre a base de cálculo prevista na Lei Complementar nº 07/70 e na Lei nº 9.715/98, e a Cofins calculada sobre a base de cálculo prevista na Lei Complementar nº 70/91, enquanto não promovida alteração específica na legislação regulamentadora das contribuições. O juízo destacou no dispositivo a inexistência de declaração na ação acerca da interpretação das referidas leis, ou seja, sobre quais receitas das impetrantes estão efetivamente inseridas nas bases de cálculo referidas, uma vez que não foi a questão objeto de pedido nos autos.” Fl. 1304DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 12 3 A autoridade administrativa assim entendeu porque a contribuinte, quando teve por objeto social, diretamente ou por meio de empresa incorporada, a prestação de serviços de capitalização, excluiu do conceito de ‘faturamento’ suas receitas de operações de capitalização e receitas correlatas, bem como outras receitas operacionais; no período em que teve por objeto social a prestação de serviços de seguros, cosseguros e resseguros dos ramos: Elementares, Vida e Previdência Privada Aberta, segurosaúde e de cobertura de custos assistenciais à saúde, excluiu do faturamento suas receitas de prêmios de seguros, rendas de contribuições relativas à previdência privada e receitas correlatas, além de outras receitas operacionais. Por conseqüência, as excluiu da base de cálculo do PIS, produzindo créditos indevidos, em desconformidade com a legislação que rege o tributo e em desacordo com o alcance do dispositivo judicial obtido no Mandado de Segurança. Observouse, assim, que a contribuinte calculou créditos de PIS, desconsiderando como integrantes do seu faturamento receitas ligadas aos objetos principais de sua atividade, ou seja, ligadas ao próprio objetivo de existência da companhia, segundo seus Estatutos vigentes. A seguir, a autoridade administrativa fundamenta tratarse as atividades de seguros, cosseguros, resseguros, dos ramos elementares, vida e previdência privada aberta; de segurosaúde e de cobertura de custos assistenciais de saúde, e de capitalização, exercidas pelas instituições financeiras, que as têm expressamente previstas como objetos sociais, de efetiva prestação de serviços, ou seja, parte do faturamento e, por conseqüência, parte da base de cálculo do PIS e da Cofins, citando: o § 2º do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990) que considera serviço como “qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.” ; a alínea b do item 3 do Artigo I do Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços, ao definir o termo ‘serviços’, “inclui qualquer serviço em qualquer setor exceto aqueles prestados no exercício da autoridade governamental“ e o Anexo sobre Serviços Financeiros, do mesmo Acordo, dispõe em seu item 5 acerca das definições de serviços financeiros, que inclui os serviços de seguros e os relacionados com seguros e todos os serviços bancários e demais serviços financeiros, discriminando as atividades relacionadas com cada elemento do grupo, definindo como atividades de prestação de serviços de seguros: seguros de vida, outros seguros, resseguros e retrocessão, intermediação de seguros e serviços auxiliares a prestação dos serviços de seguros; jurisprudência do STF se posicionando, em caso semelhante, da seguinte forma: “...Seja qual for a classificação que se dê às receitas oriundas dos contratos de seguro, denominados prêmios, o certo é que tal não implica na sua exclusão da base de incidência das contribuições para o PIS e Cofins, mormente após a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98 dada pelo Plenário do STF. É que, conforme expressamente fundamentado na decisão agravada, o conceito de receita bruta sujeita à exação tributária em comento envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais.” (REAgR 400.479/RJ, STF, Rel. Min. Cezar Peluso, 2ª Turma, 10/10/2006, DJ 06/11/2006)”; no mesmo sentido decisão no Recurso Especial nº 1.197.440/RJ (2010/01024931), 2ª Turma STJ, Rel. Min. Herman Benjamin, 08/10/2010 – data do julgamento), que diz: “Além disso, ainda que se pudesse conhecer do mérito da discussão, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que, Fl. 1305DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 13 4 mesmo após a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, as receitas advindas de prêmios de seguro integram o faturamento das seguradoras para fins de tributação pelo PIS e pela Cofins, já que decorrentes do exercício de suas atividades empresariais”. Cientificada em 06/11/2012, a interessada ingressou, por meio de seus procuradores legalmente constituídos, com Manifestação de Inconformidade, trazendo, em resumo, as argumentações a seguir expostas. Traçando um perfil constitucional da Cofins e da contribuição ao PIS, relata que a Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, alterou a base de cálculo das contribuições ao PIS e à Cofins, instituídas pelas Leis Complementares nºs 7, de 7 de setembro de 1970, e nº 70, de 30 de dezembro de 1991, respectivamente, considerando faturamento como a totalidade das receitas da pessoa jurídica, independentemente do tipo de atividade exercida e/ou o tratamento contábil adotado. Essa modificação trazida por lei ordinária motivou uma discussão acerca de sua inconstitucionalidade, que acabou alcançando o E. Supremo Tribunal Federal que declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 e concluindo que a base de cálculo equivale ao faturamento, entendido este como sendo o total de receitas auferidas em razão da venda de mercadorias e/ou da prestação de serviços de qualquer natureza. Posteriormente, acrescenta, foi editada a Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, que revogou expressamente o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, afastando definitivamente a equiparação do conceito de faturamento à totalidade das receitas da pessoa jurídica. Expõe que, sujeitandose às disposições da Lei nº 9.718/1998, ingressou com ação judicial requerendo lhe fosse reconhecido o direito de calcular o PIS e a Cofins com base no seu faturamento, tal como definido pela Lei Complementar nº 70/91, e não pela totalidade das receitas. O desfecho dessa ação se deu com a decisão do Tribunal Regional Federal da Quarta Região, declarando a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins, como já fizera o STF, confirmandose deverem incidir exclusivamente sobre receitas auferidas na venda de mercadorias, na prestação de serviços ou na conjunção de ambos. Com base nessa decisão transitada em julgada é que apurou os recolhimentos feitos a maior a título de PIS desde janeiro de 2001 e apresentou o devido Pedido de Habilitação de Crédito Reconhecido por Decisão Judicial Transitada em Julgado. Ressalta que o provimento em seu favor concedido não implica mera autorização para ‘exclusão’ de receitas da base de cálculo das contribuições, mas sim o reconhecimento de que há valores que jamais a compuseram validamente. Diz, referindose a sua causa de pedir na ação judicial, que o afastamento da base de cálculo prevista na Lei nº 9.718/1998 implicaria a impossibilidade de incidência da Cofins e do PIS sobre atividades securitárias e as de previdência complementar. Sendo assim, e de acordo com a decisão contida no acórdão proferido pelo TRF/4ª Região, não haveria dúvidas de que as receitas financeiras (e aquelas a elas equiparadas) não integram e nunca poderiam integrar o conceito de prestação de serviços. Por isso, alega que a decisão adotada pela DRF/CTA no sentido de glosar parte dos créditos de PIS apurados após a recomposição das bases de cálculo nos anos de 2001 a 2008 não pode prosperar, eis que está em desacordo com o conteúdo da decisão proferida na ação judicial em comento. E mais, diz que a decisão administrativa apresenta uma interpretação disparatada do conteúdo da norma e do mandamento judicial, pretendendo, por vias oblíquas – glosa dos créditos e não Fl. 1306DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 14 5 homologação das compensações, exigir exatamente valores cuja inexigibilidade já foi declarada pelo Poder Judiciário. Em tópico específico, salienta o equívoco cometido pela DRF/CTA, dada a impossibilidade de enquadramento das receitas de natureza securitária e de capitalização no conceito de contraprestação pela prestação de serviços, conforme conceituação presente no Anexo sobre Serviços Financeiros do Acordo Geral sobre Comércio e Serviços GATS, firmado pelo Estado Federativo do Brasil no âmbito do GATT/OMC, e que o STF, em julgamento sobre a incidência de ISS na locação de guindastes, já se posicionou que somente há uma prestação de serviço quando se verificar uma obrigação de fazer relacionada a um esforço humano, que gere uma utilidade material ou imaterial a terceiro. Cita, no mesmo sentido, doutrina a respeito. Salienta, ainda, nesse contexto, que muito embora parte de suas atividades possa estar prevista no item 19.01 da Lista de Serviços anexa à Lei Complementar nº 116, o qual prevê “Serviços de distribuição e venda de bilhetes e demais produtos de loteria, bingos, cartões, pules ou cupons de apostas, sorteios, prêmios, inclusive os decorrentes de títulos de capitalização e congêneres”, com ela não se confunde, pois as lotéricas e outras distribuidoras de títulos de terceiros podem prestar o serviço previsto no referido item da lista, mas não as entidades de capitalização. Mesmo com relação à atividade securitária (exercida até outubro/2004), muito esteja previsto no item 18.01 da Lista de Serviços anexa à Lei Complementar nº 116, o qual prevê “Serviços de regulação de sinistros vinculados a contratos de seguros; inspeção e avaliação de riscos para cobertura de contratos de seguros; prevenção e gerência de riscos seguráveis e congêneres” a jurisprudência do STF foi contundente em afastar a tributação de atividades que pudessem extrapolar o conceito constitucional de serviço. Finaliza que jamais se poderia equiparar receitas tipicamente financeiras (às quais juridicamente se equiparam as receitas securitárias) a uma contraprestação de serviço (preço de serviço). Argumentando que o fato gerador da contribuição é uma prestação de serviços (ou uma venda de mercadorias), e nenhuma outra, afirma que esta não é a causa jurídica das receitas por ela auferidas, eis que não decorrem de uma prestação de serviço, por não remunerar qualquer espécie de esforço humano. Ressalta que além da atividade desenvolvida não se equiparar a uma prestação de serviços, não há possibilidade de se equiparar a atividade de capitalização à atividade securitária. Expõe que, por ser companhia seguradora, firma com seus clientes contratos pelos quais se obriga a custear/assumir despesas eventualmente incorridas em razão dos chamados ‘sinistros’, mediante o recebimento de um valor fixo mensal (‘prêmio’), destinado à constituição de um fundo comum que será utilizado para a cobertura de eventuais despesas dos clientes. Essa espécie contratual, complementa, é tipicamente aleatória, na medida em que uma das prestações é sempre incerta, dependente da ocorrência de evento futuro e imprevisível, percebendose, assim, que não se está diante de uma prestação de serviços, já que os valores recebidos não se prestam a remunerar um serviço especificamente prestado. Portanto, não se pode equiparar as receitas securitárias e de capitalização como oriundas de uma prestação de serviços, sob pena de alterar a definição de faturamento, emprestada do Direito Privado, o que é vedado pelo art. 110 do CTN, restaurando por vias oblíquas a aplicabilidade do dispositivo legal já declarado inconstitucional e, inclusive, revogado pela novel legislação supramencionada (Lei nº 11.941/09), assim como afrontando o mandamento judicial transitado em julgado que tem a interessada em seu favor prolatado. Alegando a inaplicabilidade do CDC para a caracterização de serviços, realça que nem mesmo a qualificação das atividades de natureza financeira como se Fl. 1307DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 15 6 serviço fossem pelo Código de Defesa do Consumidor permite a incidência tributária pretendida no Despacho Decisório. Relembra o conceito constitucional de serviço tributável trazido em entendimentos do STJ e do STF, para concluir que, a despeito de o CDC trazer a atividade securitária (dentre outras) como se serviço fosse, tal previsão não tem o condão de permitir a incidência do PIS e da Cofins sobre as receitas correspondentes; tanto que esse Código considera que uma operação tipicamente bancária, como um empréstimo, seria um serviço para fins exclusivos de atribuir proteção especial ao cliente/consumidor, o que, de modo algum, poderia significar transferência da competência tributária privativa da União aos Municípios. Refuta o GATS para a caracterização de serviços, uma vez que o âmbito da assinatura e da aplicabilidade do GATS é no comércio internacional de serviços, entre EstadosMembros, não podendo ser utilizada a conceituação ali inserida para fazer incidir a Cofins e o PIS sobre as receitas de natureza securitária e de previdência privada. Por último, assevera que o GATS foi recepcionado no ordenamento por meio de Decreto, o que afasta qualquer possibilidade de que os conceitos por si trazidos possam se sobrepor àqueles pressupostos pela Constituição Federal na definição dos aspectos materiais dos tributos de competência de cada ente tributante (ex.: faturamento, serviço) ou de leis complementares definidoras das respectivas regras matrizes de incidência tributária (ex.: LC 07/70, LC 70/91, CTN). Por fim, solicita o sobrestamento do julgamento do presente processo administrativo, em razão de a discussão sobre a incidência do PIS e da Cofins sobre as receitas financeiras auferidas pelas instituições financeiras estar pendente de julgamento definitivo pelo E. STF no Recursos Extraordinário nº 609.096/RS, ao qual foi conferido repercussão geral. É o relatório." A manifestação de inconformidade foi julgada integralmente improcedente e o Acórdão n° 0641.549 foi assim ementado: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/01/2009 PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS SECURITÁRIAS E DE CAPITALIZAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. Pela decisão judicial transitada em julgado, que considerou inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins, trazida pela Lei nº 9.718/98, conforme entendimento do Superior Tribunal Federal, ficaram afastadas da base de cálculo o valor das demais receitas não decorrentes da atividade principal da empresa, não restando estabelecido, na decisão judicial, que as receitas securitárias e de capitalização, e correlatas, atinentes à atividade operacional da companhia, tenham sido afastadas da incidência das referidas contribuições. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" O contribuinte interpôs recurso voluntário, em que, basicamente, repete os argumentos contidos na manifestação de inconformidade. Fl. 1308DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 16 7 É o relatório. Fl. 1309DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 17 8 Voto Conselheiro Relator Marcelo Costa Marques d'Oliveira O recurso voluntário preenche os requisitos de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Preliminar A Dra. Ana Paula Lui OAB/SP questionou se algum Conselheiro representante da Fazenda Nacional se considerava impedido para realizar o julgamento e os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho se consideraram aptos a realizar o julgamento. Mérito A contenda diz respeito à homologação parcial de compensação de créditos de PIS, relativos aos anoscalendário de 2001 a 2008, com débito de IRPJ, de 2008. Os pleitos foram precedidos de Pedidos de Habilitação de Crédito de PIS Reconhecido por Decisão Judicial Transitada em Julgado, os quais foram deferidos pelo Fisco, porém sujeitos a ulterior revisão. Naqueles anos, conforme fl. 1.093, a Recorrente e a HSBC Financial Capitalização (Brasil) S.A., incorporada em fevereiro de 2005, exploravam atividades de seguro, cosseguro e resseguro, assistência à saúde ("segurosaúde") e capitalização. Em 04/04/2008, obtiveram sentença favorável, em sede do MS nº 2006.70.00.0040312, em que foram declaradas a inconstitucionalidade do § 1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98 e os direitos de recolher o PIS com base na Lei Complementar n° 7/70 e Lei n° 9.715/98 e compensar os valores até então pagos a maior com tributos federais. No Despacho Decisório (fls. 1.077 a 1.111), consta que o contribuinte equivocouse na interpretação da sentença judicial e, por conseguinte, no cálculo do PIS indevidamente pago e passível de compensação. Da sentença, inferiu que o PIS seria devido exclusivamente sobre receitas da venda de mercadorias e serviços, não incluindo as de seguros e cosseguros e resseguros aceitos, segurosaúde e capitalização. Por seu turno, a fiscalização depreendeu que todas as receitas produzidas pelas atividadesfim seriam tributáveis pela contribuição. Com efeito, nas fls. 1.103 a 1.108, verificase que os créditos cuja compensação foi pleiteada, porém não aceita pela fiscalização, foram calculados sobre as rubricas representativas das receitas derivadas das atividades típicas de empresas de seguro, segurosaúde e capitalização. Na peça recursal, a Recorrente apresenta sua defesa em quatro pontos: Fl. 1310DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 18 9 1) "Do erro da interpretação da DRJ quanto à decisão proferida pelo E.STF no RE n° 390.840" o julgador da primeira instância administrativa considera que tal decisão não teria excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS as receitas financeiras de instituições financeiras. Ao limitar a incidência ao faturamento, teria sim excluído as receitas financeiras. Da mesma forma, ao restringir à venda de mercadorias e serviços, inferese que as de seguros e capitalização também não comporiam a base de cálculo das contribuições. 2) "Mandado de Segurança n° 2006.70.00.0040312 o caso da Recorrente": a decisão prolatada em seu favor está em linha com a citada no item precedente: exclui das bases de cálculo do PIS e da COFINS as receitas da venda de seguros e capitalização. 3) "Impossibilidade de enquadramento das receitas de natureza securitária e de capitalização no conceito de contraprestação pela prestação de serviço" 3.1) "Impossibilidade de enquadramento das receitas securitárias e de capitalização como se prestação de serviços fossem": o STF, no julgamento da RE 116.121/SP (leading case sobre a incidência de ISS sobre locação de bens móveis), definiu serviço como obrigação de fazer, associada a esforço humano. Assim, não se pode considerar como prestação de serviços as atividades de empresa de seguros e capitalização. 3.2) "Inaplicabilidade do GATS para a caracterização dos serviços": entre outros, a fiscalização utilizou como argumento para considerar a venda de seguros como serviços o Anexo sobre Serviços Financeiros do GATS. Aduz que tal previsão aplicase a negócios internacionais, não tendo o condão de resultar na incidência de tributos sobre práticas locais que não se configuram como serviços, à luz da legislação interna. 4) "Ad argumentandum da aplicação do artigo 62A do regimento Interno do CARF pendência de análise da matéria pelo STF": na hipótese de seus demais argumentos não prosperarem, com fundamento no art. 62A do RICARF, requer o sobrestamento do processo, até o julgamento definitivo do RE n° 609.096/RS, do qual emergirá a posição definitiva do STF sobre o conceito de faturamento/receita bruta. Divirjo da Recorrente. Em suma, não depreendo das ações judiciais em que se discutiu a constitucionalidade do § 1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98 que o PIS e a COFINS incidem somente sobre vendas de bens e serviços. Minha oposição, entretanto, não reside na pretensa classificação da venda de seguros e títulos de capitalização como serviços. Indiscutivelmente, não os são. Entendo que o conceito de faturamento, receita bruta, venda de bens e serviços, é amplo, abrangente, evoluiu ao longo dos anos com a expansão da atividade empresarial e deve ser entendido como o fruto, a receita obtida com as atividadesfim, principais e típicas do negócio. Nesta linha, a receita derivada da venda de seguros e títulos de capitalização deve ser incluída nas bases de cálculo do PIS e da COFINS. Destaco, por oportuno, que no presente processo, não discutiremos a inclusão ou não das receitas financeiras no rol das integrantes do faturamento ou receita bruta ou receitas típicas de empresas de seguro e capitalização. A fiscalização não glosou créditos de PIS sobre receitas financeiras. Fl. 1311DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 19 10 De volta ao tema principal, cabe então apresentar aos Conselheiros desta Turma o processo movido pela Recorrente e os fundamentos da opinião que expus em parágrafos anteriores. Apesar da baixa qualidade da reprodução, dada a sua importância, reproduzo trechos das seguintes peças processuais: pedido incluído no citado Mandado de Segurança; a decisão que concedeu parcialmente a segurança; e a sentença que transitou em julgado, prolatada pelo TRF da 4° Região: MS nº 2006.70.00.0040312 (fl. 41) Pedido Concessão parcial da segurança Fl. 1312DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 20 11 Sentença transitada em julgado (TRF 4° Região) Dos excertos acima, destaco que: a Recorrente pleiteou pagar PIS sobre o "faturamento"; e não obstante o fato de ser apenas a decisão de primeiro grau, o juízo que concedeu a segurança deixou claro que o conceito de faturamento não foi objeto de apreciação, por não ter sido incluído no pedido: "destacando, apenas, a inexistência de declaração na presente ação acerca da interpretação das referidas leis, ou seja, sobre quais receitas das impetrantes estão efetivamente inseridas nas bases de cálculo referidas, uma vez que não foi a questão objeto de pedido nos autos". No tocante aos textos legais em que fundamento o entendimento acima manifestado sobre "faturamento" ou "receita bruta" ou "receita da venda de bens e serviços", Fl. 1313DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 21 12 inicio pelos artigos 278 a 280 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto n° 3.000/99), cujo fundamento legal se encontra no Decretolei n° 1.598/77 e Lei n° 6.404/76 ("Lei das Sociedades Anônimas): Regulamento do Imposto de Renda (RIR) "Lucro Bruto Art. 278. Será classificado como lucro bruto o resultado da atividade de venda de bens ou serviços que constitua objeto da pessoa jurídica (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 11, § 2º). Parágrafo único. O lucro bruto corresponde à diferença entre a receita líquida das vendas e serviços (art. 280) e o custo dos bens e serviços vendidos Subseção III (Lei nº 6.404, de 1976, art. 187, inciso II). Subseção I Disposições Gerais sobre Receitas Receita Bruta Art. 279. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia (Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, e DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12). Parágrafo único. Na receita bruta não se incluem os impostos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante, dos quais o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja mero depositário. Receita Líquida Art. 280. A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12, § 1º)." (g.n.) Adicionalmente, na sessão do julgamento do RE 346.084/PR (fls. 1.253 e 1.254), em que foi declarada a inconstitucionalidade do § 1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98, o Ministro César Peluso expressou o entendimento de que receita bruta é sinônimo de faturamento, como a soma das receitas oriundas do exercício das atividades típicas da empresa e acrescentou que, se determinadas instituições têm receitas financeiras como atividade empresarial típica, tais receitas ingressam no conceito de receita bruta como faturamento: “(. . . ) Quanto ao caput do art. 3°, julgoo constitucional, para lhe dar interpretação conforme a Constituição, nos termos do julgamento proferido no RE n° 150755/PE, que tomou a locução receita bruta como sinônimo de faturamento, ou seja, no significado de "receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviços", adotado pela legislação anterior, e que, Fl. 1314DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 22 13 a meu juízo, se traduz na soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais.” (..) Se determinadas instituições prestam tipo de serviço cuja remuneração entra na classe das receitas chamadas financeiras, isso não desnatura a remuneração de atividade própria do campo empresarial, de modo que tal produto entra no conceito de "receita bruta igual a faturamento". (g.n.) O Ministro César Peluso manifestou idêntico posicionamento, quando do julgamento do AgR RE 371.258 e no AgR RE 400.479. Sobre este último, chamo a atenção dos Conselheiros para a reprodução da manifestação do referido ministro, pois trata do caso presente, isto é, tributação pelo PIS e COFINS de receitas da venda de seguros: AgR RE 371.258 “RECURSO. Extraordinário. COFINS. Locação de bens imóveis. Incidência. Agravo regimental improvido. O conceito de receita bruta sujeita à exação tributária envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais” RE 400.479AgR, manifestação do Relator, Ministro Cezar Peluso “Tendo em conta que a doutrina comercialista mais acatada reconhece há tempos a relevância da chamada teoria da empresa e que o conceito básico do moderno direito comercial seria o de atividade empresarial, substituindo a velha noção de ato de comércio, assentou o relator que se deveria formular a ideia de faturamento sob a perspectiva da natureza e das finalidades da atividade empresarial. Ressaltou que o equívoco dos que querem furtarse ao regulamento das contribuições, alegando não comercializar bens nem serviços, decorreria da não percepção da ideia mais abrangente de atividade empresarial. Disse que, embora se use definir empresa com base na noção de empresário, entendido como quem exerce profissionalmente atividade organizada para a produção e circulação de bens e serviços, obviamente não haveria como nem por onde resumir a ideia da atividade empresarial à de venda de bens e serviços, nem tampouco interpretar restritivamente o sentido da referência a esses bens e serviços. A noção seria ampla e abarcaria o conjunto das atividades empresariais, pouco importando o ramo a que pertençam. Para o relator, não seria possível deixar de correlacionar atualmente a noção jurídica de faturamento com a de atividade empresarial. Realçou que, se nem todas as receitas constituem faturamento, seria preciso reconhecer, por outro lado, que as receitas que o compõem não se exauririam na rubrica das oriundas de vendas de bens e serviços. Não seria lícito, portanto, invocar a concepção curtíssima de mercadorias ou serviços para limitar a noção de faturamento, não procedendo a argumentação quer Fl. 1315DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 23 14 da seguradora quer das instituições financeiras de que, por não venderem mercadorias nem prestarem serviços, estariam livres da incidência da contribuição sobre o faturamento. Aduziu que a atividade econômica se expressaria das mais variadas formas e o fato de certos ramos não se dedicarem à produção de mercadorias nem à prestação de serviço ‘stricto sensu’, não lhes retiraria nem esmaeceria o caráter empresarial que está indissociavelmente ligado ao pressuposto do fato autorizador do PIS e da COFINS” (Informativo STF n. 556, de 17 a 21 de agosto de 2009 – g. n.). Por fim, imprescindível mencionar que, em sessão de 24/08/2016, a 2° Turma Ordinária destas Seção e Câmara, em processo idêntico e de n° 10980.725458/201101, proferiu decisão em desfavor da Recorrente. O Acórdão 3302003.334 foi assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/06/2008 PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS SECURITÁRIAS E DE CAPITALIZAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. Pela decisão judicial transitada em julgado, que considerou inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins, trazida pela Lei n. 9.718/98, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, ficaram afastadas da base de cálculo o valor das demais receitas não decorrentes da atividade principal da empresa, não restando estabelecido, na decisão judicial, que as receitas securitárias e de capitalização, e correlatas, atinentes à atividade operacional da companhia, tenham sido afastadas da incidência das referidas contribuições." (g.n.) No quarto item do recurso voluntário, a Recorrente requer o sobrestamento do processo, "em razão de a discussão sobre a incidência do PIS e da COFINS sobre receitas financeiras auferidas por instituições financeiras estar pendente de julgamento definitivo pelo STF, em sede do RE n° 609.096/RS, ao qual foi conferido repercussão geral." Deste resultado, aguardase posicionamento definitivo do STF sobre a abrangência dos conceitos de "faturamento" / "receita bruta" / "receita da venda de bens e serviços", para fins de determinação das bases de cálculo do PIS e da COFINS. Não obstante a pertinência do RE n° 609.096/RS com a discussão em tela, no Regimento Interno do CARF atualmente em vigor (Portaria MF n° 343/2015), não há mais previsão acerca de sobrestamento. Diante do exposto, entendo que as receitas derivadas da venda de seguros, cosseguros, resseguros, segurossaúde e de títulos de capitalização incluemse no conceito de faturamento, base de cálculo do PIS, o qual abrange as receitas das atividadesfim do contribuinte. Desta forma, voto por negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. Conselheiro Relator Marcelo Costa Marques d'Oliveira Fl. 1316DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 24 15 Fl. 1317DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18050.000995/2008-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE INOCORRÊNCIA.
Não há nulidade sem prejuízo para a parte, quanto mais se houve no processo administrativo tributário total garantia ao contraditório e ampla defesa.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE INOCORRÊNCIA.
Não se verifica alteração de fundamentação legal em ato pelo qual a Administração Tributária, devidamente motivada e com indicação da fundamentação legal, corrige omissão em ato administrativo prolatado.
ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. APLICAÇÃO INTEGRAL DE SEUS RESULTADOS OPERACIONAIS EM SEUS OBJETIVOS.
A prestação dos serviços de saúde, por parte de uma entidade que tem por objetivo a prestação assistencial da saúde, pode ser realizada para órgão público encarregado de promoção da saúde e integrante do Sistema Único de Saúde, SUS. É ônus do Fisco comprovar que um serviço foi prestado mediante cessão de mão-de-obra.
ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. PROMOÇÃO ASSISTENCIAL DE SAÚDE.
A prestação de serviços de saúde integrante dos programas de Saúde da Família e Controle de Doenças Endêmicas e Epidemiológicas, por meio do SUS caracteriza a prestação assistencial da saúde.
ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. ENTIDADE EM DÉBITO COM A SEGURIDADE SOCIAL.
Mero inadimplemento, pontual e de baixo valor, não caracteriza o débito ensejador do cancelamento da isenção previsto no artigo 55 da Lei de Custeio, quanto mais quando se comprova a falta de repasse de verbas por órgão integrante do SUS.
ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. PROIBIÇÃO DE CONCESSÃO DE VANTAGENS PARA DIRETORES E INSTITUIDORES.
A mera contratação de pessoa jurídica que tenha em seu contrato social, sócio que possua cargo na entidade portadora de isenção, não caracteriza a percepção de vantagem por parte desse diretor. Necessidade de comprovação por parte do Fisco, ao menos indiciariamente, da percepção da vantagem obtida.
Numero da decisão: 2201-003.473
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade por cerceamento do direito de defesa e por alteração na fundamentação legal do ato cancelatório. No mérito, também por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para determinar o restabelecimento do direito à isenção das contribuições previdenciárias a partir de 02/2000.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Relator.
EDITADO EM: 29/03/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE INOCORRÊNCIA. Não há nulidade sem prejuízo para a parte, quanto mais se houve no processo administrativo tributário total garantia ao contraditório e ampla defesa. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE INOCORRÊNCIA. Não se verifica alteração de fundamentação legal em ato pelo qual a Administração Tributária, devidamente motivada e com indicação da fundamentação legal, corrige omissão em ato administrativo prolatado. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. APLICAÇÃO INTEGRAL DE SEUS RESULTADOS OPERACIONAIS EM SEUS OBJETIVOS. A prestação dos serviços de saúde, por parte de uma entidade que tem por objetivo a prestação assistencial da saúde, pode ser realizada para órgão público encarregado de promoção da saúde e integrante do Sistema Único de Saúde, SUS. É ônus do Fisco comprovar que um serviço foi prestado mediante cessão de mão-de-obra. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. PROMOÇÃO ASSISTENCIAL DE SAÚDE. A prestação de serviços de saúde integrante dos programas de Saúde da Família e Controle de Doenças Endêmicas e Epidemiológicas, por meio do SUS caracteriza a prestação assistencial da saúde. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. ENTIDADE EM DÉBITO COM A SEGURIDADE SOCIAL. Mero inadimplemento, pontual e de baixo valor, não caracteriza o débito ensejador do cancelamento da isenção previsto no artigo 55 da Lei de Custeio, quanto mais quando se comprova a falta de repasse de verbas por órgão integrante do SUS. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. PROIBIÇÃO DE CONCESSÃO DE VANTAGENS PARA DIRETORES E INSTITUIDORES. A mera contratação de pessoa jurídica que tenha em seu contrato social, sócio que possua cargo na entidade portadora de isenção, não caracteriza a percepção de vantagem por parte desse diretor. Necessidade de comprovação por parte do Fisco, ao menos indiciariamente, da percepção da vantagem obtida.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 18050.000995/2008-44
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5705212
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2201-003.473
nome_arquivo_s : Decisao_18050000995200844.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 18050000995200844_5705212.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade por cerceamento do direito de defesa e por alteração na fundamentação legal do ato cancelatório. No mérito, também por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para determinar o restabelecimento do direito à isenção das contribuições previdenciárias a partir de 02/2000. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Relator. EDITADO EM: 29/03/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
id : 6697095
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:50 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949960474624
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 25; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1864; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 1.170 1 1.169 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18050.000995/200844 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201003.473 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 14 de março de 2017 Matéria Contribuições Sociais Previdenciárias Recorrente REAL SOCIEDADE ESPANHOLA DE BENEFICÊNCIA HOSPITAL ESPANHOL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE INOCORRÊNCIA. Não há nulidade sem prejuízo para a parte, quanto mais se houve no processo administrativo tributário total garantia ao contraditório e ampla defesa. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE INOCORRÊNCIA. Não se verifica alteração de fundamentação legal em ato pelo qual a Administração Tributária, devidamente motivada e com indicação da fundamentação legal, corrige omissão em ato administrativo prolatado. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. APLICAÇÃO INTEGRAL DE SEUS RESULTADOS OPERACIONAIS EM SEUS OBJETIVOS. A prestação dos serviços de saúde, por parte de uma entidade que tem por objetivo a prestação assistencial da saúde, pode ser realizada para órgão público encarregado de promoção da saúde e integrante do Sistema Único de Saúde, SUS. É ônus do Fisco comprovar que um serviço foi prestado mediante cessão de mãodeobra. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. PROMOÇÃO ASSISTENCIAL DE SAÚDE. A prestação de serviços de saúde integrante dos programas de Saúde da Família e Controle de Doenças Endêmicas e Epidemiológicas, por meio do SUS caracteriza a prestação assistencial da saúde. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. ENTIDADE EM DÉBITO COM A SEGURIDADE SOCIAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 05 0. 00 09 95 /2 00 8- 44 Fl. 1170DF CARF MF 2 Mero inadimplemento, pontual e de baixo valor, não caracteriza o débito ensejador do cancelamento da isenção previsto no artigo 55 da Lei de Custeio, quanto mais quando se comprova a falta de repasse de verbas por órgão integrante do SUS. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REQUISITOS. PROIBIÇÃO DE CONCESSÃO DE VANTAGENS PARA DIRETORES E INSTITUIDORES. A mera contratação de pessoa jurídica que tenha em seu contrato social, sócio que possua cargo na entidade portadora de isenção, não caracteriza a percepção de vantagem por parte desse diretor. Necessidade de comprovação por parte do Fisco, ao menos indiciariamente, da percepção da vantagem obtida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade por cerceamento do direito de defesa e por alteração na fundamentação legal do ato cancelatório. No mérito, também por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para determinar o restabelecimento do direito à isenção das contribuições previdenciárias a partir de 02/2000. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Relator. EDITADO EM: 29/03/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de recurso contra ato cancelatório que determinou a suspensão da isenção de entidade beneficente por descumprimento dos requisitos legais para fruição do benefício constitucional. O procedimento fiscal foi instaurado por meio de Mandado de Procedimento Fiscal, MPF nº 09.404.751F00, do qual o contribuinte teve ciência pessoal em 01 de junho de 2007 (efls 256). Fl. 1171DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.171 3 O contribuinte foi pessoalmente cientificado da informação fiscal (fls. 02) que propôs o cancelamento da isenção, a partir da competência 02 de 2000, em 19 de dezembro de 2007, conforme se verifica às folhas 31. Em 14 de janeiro de 2008, a entidade protocolizou defesa, rebatendo os pontos da informação fiscal que pugnava pelo cancelamento da isenção tributária. Como decorrência, foi emitido em 17 de julho de 2012, Despacho Decisório nº 215/2008, de 26 de junho de 2008, pelo Serviço de Orientação e Análise Tributária da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Salvador, determinando a emissão de Ato Cancelatório nº 001/2008 suspendendo o gozo do benefício da isenção tributária a partir de 01 de maio de 2000. Consta do Ato Cancelatório: "ATO CANCELATÓRIO DE ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS N.° 0001/2008 DRF/SDR 1 . DADOS DA ENTIDADE NOME DA ENTIDADE: REAL SOCIEDADE ESPANHOLA DE BENEFICÊNCIA CNPJ: 15.113.103/000135 TELEFONE : 32641999 ENDEREÇO: Avenida Sete de Setembro, 4161 CEP 40140.100 BAIRRO: Barra MUNICÍPIO: SALVADOR UF: BA 2. DECLARAÇÃO DE CANCELAMENTO DECLARO CANCELADA, com base no disposto no § 8 o , artigo 206, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 6 de maio de 1999, a partir de 01/05/2000, a isenção das contribuições de que tratam os artigos 22 e 23 da Lei n.° 8.212, de 24 de julho de 1991, concedida à entidade Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, acima identificada, por infração ao(s) Parágrafo 6o , do artigo 55 da Lei n° 8.212, de 1991, combinado com o artigo 206§§ 12 e 13 do Decreto n° 3048/99 RPS, pelos motivos especificados em Informação Fiscal de 18/12/2007, com ciência em 19/12/2007 e Despacho Decisório n° 215/2008 DRF/SDR, anexo. Local e data: Salvador, 26 de junho de 2008." O procedimento fiscal autorizado pelo MPF supra identificado, embasador do cancelamento da isenção, também resultou na constituição de crédito tributário no valor originário de R$ 675.583,87, DEBCAD 37.056.9113, consolidado em 19/12/2007, relativo às contribuições descontadas dos segurados empregados e contribuintes individuais e não recolhidas pelo sujeito passivo, tudo consoante o Relatório Fiscal constante das folhas 192. A autoridade lançadora na mencionada Informação Fiscal, após discorrer sobre a legislação aplicável às entidades beneficentes, apresenta em conclusão os fatos que culminaram na perda da isenção (fls. 29): Fl. 1172DF CARF MF 4 8 DA CONCLUSÃO 8.1 Essa informação relatou fatos que evidenciam o descumprimento dos requisitos legais exigidos para a manutenção da isenção, conforme disposto no art. 55, da Lei 8.212/91, regulamentado pelo art. 206, §8°, I do RPS. 8.2 Constatado pela fiscalização da Receita Federal do Brasil que a pessoa jurídica beneficente não atende aos requisitos do artigo 55, da Lei 8.212/91, regulamentado pelo RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, será emitida a qualquer tempo, Informação Fiscal na qual serão relatados os fatos que ensejariam a perda da isenção. 8.3 Conforme relatado e documentado, verificase que a Real Sociedade Espanhola de Beneficência Hospital Espanhol não atendeu, cumulativamente, a todos os requisitos do art. 55 da Lei 8.212/91, mais precisamente, os incisos III, IV e V. 8.4 Os pontos relevantes anotados neste relatório foram: 8.4.1 Os contratos de cessão de mãodeobra firmados com a Prefeitura Municipal de Salvador descumprem os incisos III e V, do artigo 55, da Lei 8.212/91, conforme se pode aferir do entendimento do Parecer da Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social 3.272/2004, aprovado pelo Ministro, com força vinculante. O mês da primeira contratação foi 02/2002; 8.4.2 Foram constatados pagamentos para empresas que possuem no quadro societário diretores da entidade, caracterizando vantagem indevida e configurando descumprimento ao inciso IV, do artigo 55, da Lei 8.212/91. O primeiro pagamento detectado pela fiscalização foi realizado em 01/2004. 8.4.3 A Real Sociedade Espanhola de Beneficência mantevese em débito em relação aos tributos previdenciários declarados na Guia de Recolhimentodo FGTS e Informação à Previdência Social GFIP, durante vários meses do período da ação fiscal, configurando descumprimento do disposto no §12, do artigo 206, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99. Atualmente a empresa está em débito devidamente constituído por meio de declaração em GFIP em diversas competências, sendo a primeira delas em 02/2000, conforme demonstrado no item 4.7.2. 8.5 Diante do exposto, postulase O CANCELAMENTO DA ISENÇÃO, a partir de 02/2002, por descumprimento do item 7.4.1, a partir de 01/2004, pela infração relatado no item 7.4.2 e a partir de 02/2000 pelo descumprimento apontado no item 7.4.3." (negritei e sublinhei) O contribuinte teve ciência do ato cancelatório por via postal, em 18 de novembro de 2008, conforme se verifica no AR acostado às folhas 498. Fl. 1173DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.172 5 Inconformado, apresentou tempestivamente, em 15 de dezembro de 2008, recurso voluntário (fls .502), pelo qual reitera os motivos de sua defesa contra a informação fiscal. Porém, em 13 de maio de 2009 (AR fls 684), por meio de ofício de folhas 683, a entidade é cientificada da emissão de novo ato cancelatório, de mesmo número, embasado no mesmo despacho decisório. Vejamos: "SEORT/DRF/SDR(Isenção Previdenciária) 05/05/2009 À REAL SOCIEDADE ESPANHOLA DE BENEFICÊNCIA Av. Sete de Setembro, 4161BarraSalvador/BA CEP 40140100 REF: Ato Cancelatório de Isenção Previdenciária n° 0001/2008 Estamos encaminhando Ato Cancelatório de Isenção Previdenciária desta Entidade, que. deverá substituir o anteriormente enviado, na oportunidade em que reratificamos o cancelamento da isenção, a partir de 01/05/2000, por infringência ao § 6o do artigo 55 da Lei n° 8212/91 e incisos III e IV, do mesmo artigo e Lei, conforme Despacho Decisório n° 215/2008, já enviado à Contribuinte. Informamos que esta reaberto o prazo para interposição de recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de trinta dias, contados da ciência desta." Irresignado, o contribuinte apresenta, em 04/06/2009, tempestivamente portanto, novo recurso (fls 686), onde, em síntese, alega: · nulidade do processo administrativo em face da incorreta fundamentação legal do ato cancelatório de 2007; · nulidade pela impossibilidade de retificação da base legal, posto que já o exercício da defesa pelo contribuinte, e não pode agora, com o processo em segunda instância, a Administração almejar a correção da nulidade; · nulidade por falta de informações e documentos suficientes para exercício da ampla defesa, posto que não se informa que o ato retifica o ato anterior, não há indicação de processo administrativo ao qual se encontra vinculado, nem contém os documentos necessário para o exercício da ampla defesa; · no mérito, reitera os argumentos recursais já apresentados na defesa da informação fiscal. Fl. 1174DF CARF MF 6 Em 08 de setembro de 2011, por meio de despacho de folhas 887, o Serviço de Controle de Julgamento, SECOJ/CARF, determina o retorno dos autos à DRF Salvador para que se verifique, por meio de diligência, as determinações constantes do Decreto nº 7.237/10. Em 29 de setembro de 2013, a entidade peticiona reiterando os pedidos constantes do Voluntário e em face da edição da Medida Provisória 446/08, com posterior rejeição da mesma pela Câmara dos Deputados, sem a edição do decreto legislativo que dispusesse sobre os efeitos da norma provisória, e considerando o posicionamento da AGU sobre o tema, todos os certificados que embasam as isenções foram convalidados e portanto, o presente processo administrativo perdeu seu objeto devendo ser revogado o ato cancelatório que aqui se discute. Cumprindo a diligência determinada por este Conselho Administrativo, em 05 de agosto de 2014, o Serviço de Fiscalização da DRF Salvador produz o relatório de diligência, acostado às folhas 979, que conclui que o fato da entidade ter prestado serviços mediante cessão de mãodeobra para a Prefeitura de Salvador e das vantagens percebidas pelos diretores da Entidade, houve o descumprimento do artigo 29, incisos I e II, da Lei nº 12.101/09. Cientificado, pessoalmente, do relatório de diligência em 06 de agosto de 2014 (fls 987), o Contribuinte, em 02 de setembro de 2014, apresenta suas contrarrazões, entre as quais, reiteras os efeitos da MP 446/08 e no mérito, suas razões recursais. Por sorteio eletrônico, em razão do término do mandato do Conselheiro Carlos Alberto Mess Stringari, o processo foi a mim distribuído. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA O recurso é tempestivo. Passo a apreciálo na ordem de suas alegações. DA NULIDADE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DA INCORRETA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DO ATO ANTERIOR Como consta do Relatório, o cancelamento da isenção que aqui se aprecia se origina de Informação Fiscal lavrada em 18 de dezembro de 2007 (fls 02/31). Devidamente impugnada, restou apreciada pela Despacho Decisório nº 215/2008 (fls. 482), que apresenta a seguinte conclusão (fls. 496): "DECISÃO Por tudo o que se relatou; Considerando tudo o mais que consta dos autos; Julgo PROCEDENTE a Informação Fiscal, e decido: Fl. 1175DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.173 7 a) Rejeitar as alegações suscitadas na Defesa da entidade, na forma da fundamentação aqui constante, julgando procedente a Informação Fiscal. b) Determinar a emissão do Ato Cancelatório da Isenção, a partir de 01/05/2000, por descumprimento do parágrafo 6o do artigo 55, da Lei n° 8212/91 (débito) e, subsidiariamente, a partir de 01/02/2002 por descumprimento inciso III do artigo 55 da Lei n" 8212/91 (cessão de mão de obra) e, ainda, a partir de 01/01/2004 por descumprimento do inciso IV do artigo 55 da mesma lei acima(concessão de vantagens para sócios)." (destaquei) O cumprimento de tal decisão se dá com a expedição do Ato Cancelatório de Isenção de nº 0001/2008 DRF/SDR (fls. 497), datado de 26 de junho de 2008, que novamente reproduzimos, no ponto que nos interessa: "DECLARO CANCELADA, com base no disposto no § 8 o , artigo 206, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 6 de maio de 1999, a partir de 01/05/2000, a isenção das contribuições de que tratam os artigos 22 e 23 da Lei n.° 8.212, de 24 de julho de 1991, concedida à entidade Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, acima identificada, por infração ao(s) Parágrafo 6o , do artigo 55 da Lei n° 8.212, de 1991, combinado com o artigo 206§§ 12 e 13 do Decreto n° 3048/99 RPS, pelos motivos especificados em Informação Fiscal de 18/12/2007, com ciência em 19/12/2007 e Despacho Decisório n° 215/2008 DRF/SDR, anexo." (negritei e sublinhei) Porém, em maio de 2009, a Delegacia da Receita Federal em Salvador encaminha outro Ato Cancelatório de Isenção, de mesmo número. O ofício de encaminhamento tem o seguinte teor (fls. 683): "REF: Ato Cancelatório de Isenção Previdenciária n° 0001/2008 Estamos encaminhando Ato Cancelatório de Isenção Previdenciária desta Entidade, que deverá substituir o anteriormente enviado, na oportunidade em que reratificamos o cancelamento da isenção, a partir de 01/05/2000, por infringência ao § 6o do artigo 55 da Lei n° 8212/91 e incisos III e IV, do mesmo artigo e Lei, conforme Despacho Decisório n° 215/2008, já enviado à Contribuinte. Informamos que esta reaberto o prazo para interposição de recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de trinta dias, contados da ciência desta." (destaquei) O novo ato cancelatório está assim redigido (fls 685): "DECLARO CANCELADA, com base no disposto no § 8 o , artigo 206, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 6 de maio de 1999, a partir Fl. 1176DF CARF MF 8 de 01/05/2000, a isenção das contribuições de que tratam os artigos 22 e 23 da Lei n.° 8.212, de 24 de julho de 1991, concedida à entidade Real Sociedade Espanhola de Beneficência, acima identificada, por infração ao(s) Parágrafo 6 o , do artigo 55 da Lei n° 8.212, de 1991, combinado com o artigo 206§§ 12 e 13 do Decreto n° 3048/99 RPS e incisos III e IV do artigo 55 da Lei n° 8212/91, pelos motivos especificados em Informação Fiscal de 18/12/2007, com ciência em 19/12/2007 e Despacho Decisório n° 215/2008 DRF/SDR, anexo. Local e data: Salvador, 05 de maio de 2009." (destaquei) É sobre esses fatos que se insurge a recorrente alegando (fls 687): "Inicialmente cumpre discorrer acerca do ato cancelatório expedido em 2007, uma vez que a própria autoridade autuante assumiu, de ofício, que houve erro no enquadramento legal, ou seja, os fatos narrados não correspondem à motivação jurídica alegada e por esse motivo o ato foi retificado. Com efeito, todo ato administrativo, além da obrigação de possuir fundamentação legal, sob pena de violar o princípio da legalidade e o da motivação do ato administrativo, celebrados pelo art. 37, caput, e inciso I, do art. 150, ambos da Constituição Federal de 1988; deve possuir uma fundamentação correta, ou seja, pautada no ordenamento jurídico que efetivamente incida sobre o ato praticado. A omissão desta fundamentação, ou qualquer equívoco cometido em seu embasamento legal, não permite ao administrado a prática da uma ampla defesa administrativa de seus direitos, também constitucionalmente garantida (inciso LV, art. 5o, CF/88), uma vez que jamais saberá com certeza a razão pela qual está sendo praticado tal ato administrativo contra ele. (...) DA IMPOSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DA BASE LEGAL Conforme já noticiado, em que pese inexistir informações no ato cancelatório de n°. 0001/2008, tudo faz crer que se trata de ato retificador do cancelamento ao qual a recorrente teve ciência em 2007. Frisese, que ao tomar ciência do ato anterior a ora recorrente apresentou defesa, tomou ciência da decisão de primeira instância e já apresentou Recurso Voluntário, conforme protocolos em anexo Com efeito, a Secretaria da Receita Federal reconheceu de ofício que a descrição dos fatos não correspondia ao enquadramento legal contido no ato anterior, qual seja a base legal dos incisos III e IV do art. 55 da lei 8.212/91. Dessa forma, não pode agora, já na 2° instância administrativa, almejar a correção da nulidade que permeia todo o processo. Fl. 1177DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.174 9 Quando a descrição do ato não corresponde à figura típica apontada, padece o mesmo de nulidade insanável, fundamento suficiente, para, por si só, justificar a nulidade de todo o processo administrativo" Não vejo a nulidade apontada. Explico. Como mencionado, todo ato da Administração Pública deve estar motivado e fundamentado, ou veja, o impulso legal determina o agir da Administração Pública e pauta suas decisões. Tanto assim o é que a Lei nº 9.784, que regula o processo administrativo, explicita: "Art. 2oA Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I atuação conforme a lei e o Direito; (...) VII indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; (...)" (negritei) Por seu turno, o Decreto nº 70.235/72, que versa sobre o processo administrativo tributário, determina que: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo." Ora, não verifico falta de motivação nem de fundamentação do ato administrativo combatido, vez que há, no ato emanado, as razões e amparo legal de sua edição. Também não observo nem a Recorrente demonstra, nulidade por cerceamento de defesa, posto que em seu recurso, com alegações bem fundamentadas e acompanhadas de provas, todos os pontos da imputação fiscal foram abordados, demonstrando compreensão das razões fiscais e exprimindo os motivos da discordância. Importa realçar que também não há como faz crer a Recorrente alteração da base legal da imputação fiscal, ou seja, dos motivos ensejadores do ato cancelatório da isenção que aqui se discute. Demonstro. Fl. 1178DF CARF MF 10 O ato cancelatório decorre de determinação do despacho decisório que apreciou as razões da Fiscalização, constantes da informação fiscal, e da insurgência da Entidade contra a suspensão do gozo da isenção tributária da Recorrente. Tal despacho é claro em fundamentar suas razões. Às folhas 496, encontramos a decisão, transcrita linhas acima, fundamentada no descumprimento dos requisitos do artigo 55, dispostos no § 6º, e nos incisos II e IV. O Ato Cancelatório emitido em agosto de 2008, e acima transcrito, é expresso em remeter a motivação ao Despacho Decisório nº 215/2008. Textualmente, encontramos às folhas 497, a explicação: "pelos motivos especificados em Informação Fiscal de 18/12/2007, com ciência em 19/12/2007 e Despacho Decisório n° 215/2008 DRF/SDR, anexo." Não obstante, em maio de 2009, a Administração resolve reratificar o Ato Cancelatório nº 215/2008, porém sem alterar sua fundamentação, como se observa do cotejamento que se apresentará abaixo: AC nº 215 de jun/2008 AC nº 215 de mai/2009 Fundamento Legal por infração ao(s) Parágrafo 6o , do artigo 55 da Lei n° 8.212, de 1991, combinado com o artigo 206§§ 12 e 13 do Decreto n° 3048/99 RPS, por infração ao(s) Parágrafo 6 o , do artigo 55 da Lei n° 8.212, de 1991, combinado com o artigo 206§§ 12 e 13 do Decreto n° 3048/99 RPS e incisos III e IV do artigo 55 da Lei n° 8212/91 Motivação pelos motivos especificados em Informação Fiscal de 18/12/2007, com ciência em 19/12/2007 e Despacho Decisório n° 215/2008 DRF/SDR, anexo pelos motivos especificados em Informação Fiscal de 18/12/2007, com ciência em 19/12/2007 e Despacho Decisório n° 215/2008 DRF/SDR, anexo. Não se constata alteração de base legal do ato cancelatório. Não há inovação no preceito jurídico inobservado pelo Recorrente, e ensejador do ato cancelatório. O que se observa, no máximo, seria uma omissão somente no ato cancelatório da remissão legal do dispositivo descumprido. Porém, como bem ressaltado no ato vergastado, os preceitos legais descumpridos constam não só da informação fiscal como também do despacho decisório como o próprio nome indica, as razões de decidir da Administração Tributária além das remissões ao Regulamento da Previdência Social, que, por óbvio, explicitam as razões da Lei de Custeio da Previdência Social. Tal equívoco não é ensejador de nulidade. Tal afirmação encontra supedâneo no próprio Decreto nº 70.235/72, que explicita: Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio." (destaquei) Mister ressaltar que não existe, como consta do recurso (fls 691), falta de informações ou documentos que permitam o exercício da defesa do Contribuinte em sua plenitude. Como acima mencionado, a informação fiscal combatida é clara e precisa em apresentar suas razões, comprovandoas, por meio de documentos acostados em seus anexo à Fl. 1179DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.175 11 peça produzida pelo Fisco. Tais características de clareza e fundamentação são encontradas também no despacho decisório combatido, o que permitiu e facilitou a defesa da Entidade Por todo o exposto, rejeito as preliminares de nulidade arguidas. DIREITO ADQUIRIDO INAPLICABILIDADE DA LEI Nº 8.212/91. Passando a tratar do mérito, a Recorrente alega ter direito adquirido à isenção, não se aplicando os preceitos da Lei nº 8.212/91. São seus argumentos (fls. 692): "A REAL SOCIEDADE ESPANHOLA DE BENEFICÊNCIA é uma instituição centenária, e como constatado na própria informação fiscal reconhecida de utilidade pública federal por Decreto de 19 de outubro de 1965 e detentora do certificado de filantropia desde 03 de maio de 1966 Nesse passo, não se deve olvidar que a própria Lei 8.212/91 ressalvou o direito adquirido das entidades que já gozavam do benefício da isenção sob as regras do regime anterior. Diz o §1°, do artigo 55, da Lei Federal n° 8.212/91 § 1° Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trata este artigo será requerida ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despachar o pedido. Nesse sentido, é mister trazer à colação os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. (...)" A decisão de piso tratou do tema com acerto. Vejamos (fls 488): Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento liminar da ADIN n° 20285, manifestou que para fins da imunidade prevista no artigo 195, § 7o da Constituição Federal, as entidades beneficentes de assistência social deverão atender ao artigo 55 da Lei n° 8212/91, em sua redação original, afastando as modificações previstas na Lei n° 9732/98. Abaixo citamos o trecho da referida decisão: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 20285 Decisão IMUNIDADE ENTIDADES BENEFICENTES VÍCIO DE FORMA E DE FUNDO MITIGAÇÃO DO PRECEITO CONSTITUCIONAL REGEDOR DA MATÉRIA LIMINAR DEFERIDA SOB CONDIÇÃO: REFERENDO DO PLENÁRIO (...) Tudo recomenda , assim, que sejam mantidos, até a decisão final desta ação direta de inconstitucionalidade, Fl. 1180DF CARF MF 12 os parâmetros da Lei n° 8212/91, na redação primitiva... (grifamos) (...) Também, no acórdão do julgamento do RE n° 4288151, cujo relator foi o ministro Sepúlveda Pertence, foi deixado claro que o artigo 55 da Lei n° 8212/91 é constitucional. Abaixo reproduzimos a Ementa do Acórdão desse julgamento: RE 428815 A g R / A M AMAZONAS AG.REG NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): M i n . SEPÚLVEDA PERTENCE Julgamento: 07/06/2005 Órgão Julgador: Primeira Turma Publicação: DJ 24062005 j Ementa EMENTA: I. Imunidade tributária: entidade filantrópica: CF, arts. 146, II e 195, §7o : delimitação dos âmbitos da matéria reservada, no ponto, à intermediação da lei complementar e da lei ordinária ( A D 1 M C 1802, 27.8.1 WS, Pertence, DJ I3.2.2004;RE 93.770, 17.3.81, Soares Munoz, RTJ 102/304). A Constituição reduz a reserva de lei complementar da regra constitucional ao que diga respeito "aos lindes da imunidade", à demarcação do objeto material da vedação constitucional de tributar; mas remete à lei ordinária "as normas sobre a constituição e o funcionamento da entidade educacional ou assistencial imune". II. Imunidade tributária: entidade declarada de fins filantrópicos e de utilidade pública: Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos: exigência de renovação periódica (L. 8.212, de 1991, art. 55). Sendo o Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos mero reconhecimento, pelo Poder Público,do preenchimento das condições de constituição e funcionamento, que devem ser atendidas para que a entidade receba o beneficio constitucional, não ofende os arts. 146, II, c 195, § 7o , da Constituição Federal a exigência de emissão e renovação periódicaprevista no art. 55, II, da Lei 8.212/91." Fazemos referência, também, ao Parecer n° 2901/2002, da Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social, que muito bem esclarece a questão do "direito adquirido" na seara da isenção das contribuições sociais, deixando claro que a expressão aposta no § 1° do artigo 55 da Lei n° 8212/91, refere se tão somente à não necessidade de solicitar isenção, para aquelas entidades que já eram isentas em função da Lei n° 3.577/59. Abaixo reproduzimos trechos do referido Parecer: (...) Assim sendo, conforme explicitado acima, as entidades isentas das contribuições sociais previstas nos arts. 22/23 da Lei n° 8212/91, necessitam, sim, atender aos requisitos previstos no art 55 dá mesma lei, mesmo aquelas que já eram isentas antes da edição da referida lei, tendo em vista, as manifestações nessa Fl. 1181DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.176 13 direção dos Tribunais Superiores já citadas e o entendimento do Parecer CJ n° 2901/02, já referido, cujos trechos acima citamos, não podendo prosperar a alegação da defendente de que a referida lei lhe é inaplicável. " (destaquei) Importante ressaltar que a decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Salvador, em especial nos trechos acima transcritos, conta com minha total concordância, não só em sua motivação quanto também na fundamentação apresentada. Do exposto e por entender que não há direito adquirido frente aos requisitos dispostos pela Lei de Custeio para o gozo da isenção prevista no artigo 195 da Carta da República, nego o provimento ao recuso nessa parte. INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 55, DA LEI ORDINÁRIA N° 8.212/91 LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL AO PODER DE TRIBUTAR NECESSIDADE DE LEI COMPLEMENTAR Após tecer considerações sobre as imunidades tributárias e os preceitos constitucionais afetos ao tema, a Recorrente esposando a tese que as imunidades são limitações ao poder de tributar e portanto dependem de lei complementar que as regule alega inconstitucionalidade do artigo 55 e de seus incisos e parágrafos. Quanto a tais argumentos, importante recordar que a autoridade administrativa não devese manifestar sobre a constitucionalidade de leis, posto que não cabe aos Órgãos Julgadores do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF afastar a aplicação da legislação tributária em vigor, nos termos do art. 62 do seu Regimento Interno (Portaria MF nº 343, de 2015), a saber: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. É nesse sentido a Súmula CARF nº 2: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Não é outro o balizado pronunciamento do professor Hugo de Brito Machado (Temas de Direito Tributário, Vol. I, Editora Revista dos Tribunais: São Paulo, 1994, p. 134) sobre a matéria: (...) Não pode a autoridade administrativa deixar de aplicar uma lei ante o argumento de ser ela inconstitucional. Se não cumprila sujeitase à pena de responsabilidade, artigo 142, parágrafo único, do CTN. Há o inconformado de provocar o Judiciário, ou pedir a repetição do indébito, tratandose de inconstitucionalidade já declarada." Do exposto, deixo de apreciar as alegações de inconstitucionalidade dos incisos, parágrafos e do próprio artigo 55 da Lei nº 8.212/91 em razão da incompetência ínsita ao julgador administrativo em face do império da Lei sobre o agir da Administração Pública Fl. 1182DF CARF MF 14 Segue a Recorrente em seu objetivo de, no mérito, afastar o ato cancelatório. Para tanto alega que a decisão do STF na ADIN 2028 afastou a eficácia do inciso III do artigo 55 da Lei nº 8.212/91, e que tal decisão demonstra cabalmente o equívoco na interpretação que a RFB dá ao inciso V do artigo 55 da Lei de Custeio. Após discorrer longamente sobre a melhor interpretação a ser dada aos incisos III e V do artigo 55 da Lei nº 8.212/91, a peça recursal passa demonstrar que os contratos de prestação de serviços do Programa de Saúde da Família e do Combate a Doenças Epidemiológicas são atuações complementares ao Sistema Único de Saúde. Tece também considerações sobre os contratos celebrados com entes públicos, gestores do SUS e a sistemática constitucional da isenção para as entidades assistenciais da Saúde, em especial do Programa Saúde da Família e de combate às endemias. Destaco os seguinte pontos de seus argumentos (fls 741): "Assim, resta claro que a entidade goza de isenção fiscal decorrente da atuação, como entidade filantrópica sem fins lucrativos, nas atividades Programa Saúde da Família e Programa de Vigilância Epidemiológica, objeto de contrato com o Município do Salvador, enquanto gestor destes programas. Alegam os Auditores que os benefícios que a entidade filantrópica possui foram repassados ao Município. Contudo, essa assertiva não é verdadeira. Aliás a informação fiscal não demonstra, nem traz qualquer comprovação dessa afirmação Nesse passo, vale ressaltar, que a entidade enfrenta problemas junto ao Município porque aquele ente federado aduz expressamente que a entidade não repassou o benefício ao preço ofertado na licitação. O fato é que no particular, a afirmação dos fiscais é vazia de conteúdo e de comprovação. Não pode a fiscalização simplesmente fazer a afirmação de que o benefício foi repassado ao Município no preço sem trazer qualquer comprovação de tal circunstância Por fim, vale ressaltar que os contratos celebrados com o Município não podem se caracterizados como simples cessão de mão de obra, como se percebe da simples leitura de seus objetos e das obrigações da Contratada. Observasse que não há qualquer razão jurídica para que os fiscais enquadrem os referidos contratos em uma simples cessão de mão de obra, na medida em que as obrigações contratuais são muitos mais abrangentes, envolvendo a gestão dos serviços, locação de imóveis, treinamento, seleção, aquisição de material de disponibilização de toda uma estrutura para o desenvolvimento das atividades dos programas de saúde. Ressaltese que no caso em discussão, os contratos havidos com o Município de Salvador, além de não se caracterizarem como cessão de mãodeobra, mas sim uma verdadeira prestação de serviços, ainda têm como objetivo a realização de atividades de saúde em prol da população. Fl. 1183DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.177 15 Qual a distinção dessas atividades com o atendimento de saúde prestado através do SUS, quando credencia entidades beneficentes ?Apenas o local da atividade ? E se o local foi um imóvel alugado pela própria Instituição ? É evidente que as situações são idênticas. Ao firmar contrato com o Município para realização de ações de saúde, o que a Contestante promoveu foi a ampliação das suas ações necessitando, para tanto, de aumento do seu corpo funcional. Feitas as considerações que demonstram a inexistência de proibição de realização de atividades por parte das entidades beneficentes, cumpre agora seja abordado o parecer 3272/04. Além da tendência nefasta de um parecer elaborado para se chegar a um fim, e não tendo este como uma conseqüência de um estudo lógico de determinada matéria, ele se apresenta titubeante ao carecer de embasamento legal, concluir contra a lei e não indicar critérios objetivos Dizse titubeante na medida em que afirma no corpo do parecer 3272/04 que uma entidade não pode ceder mãodeobra se tal atividade não estiver prevista no estatuto. Logo em seguida, contudo, afirma que mesmo que haja tal previsão, não poderia a atividade ser realizada pela entidade, salvo se pontual (De onde surgiu esta disposição ?) Em seu item 25 o Parecer afirma que o STF, no julgamento da ADI 20285 reconheceu que a entidade não tem limitação de atividade. Porém, inova, mais uma vez sem respaldo legal, ao afirmar que as atividades extras não "podem assumir proporções, nem formas, que desvirtuem a própria natureza da entidade de assistência social." Assim perguntase, qual o critério do desvirtuamento" ( destaquei) Sobre o tema, assim consta da Informação Fiscal (fls. 6): 4.2 Contrato de Cessão de MãodeObra 4.2.1 O Hospital Espanhol foi contratado no ano de 2002 pela Prefeitura Municipal de Salvador para prestar serviço para os Programas Saúde da Família (PSF) e Combate a Doenças Endêmicas e Epidemiológicas. Para tanto, o Hospital contratou empregados para serem alocados nestes projetos, caracterizando verdadeira cessão de mão de obra. 4.2.2 A contratação foi efetuada a partir processos licitatórios da Prefeitura de Salvador. Para prestação de serviços no projeto de Combate a Doenças Endêmicas e Epidemiológicas foi firmado contrato de número 002/2002, constando sucessivos aditivos. Para a prestação de serviço no Programa Saúde da Família foi firmado contrato de número 034/2002, com sucessivos termos aditivos. Os contratos e seus aditivos constam em anexo (Anexo II) Fl. 1184DF CARF MF 16 4.2.3 Neste relatório, efetuaremos uma detalhada análise acerca da ilicitude desta contratação e da impossibilidade de uma entidade filantrópica prestar serviços desta natureza. Vejamos: 4.3 Natureza Jurídica da Contratação 4.3.1 O contrato, sem qualquer dúvida, se trata de cessão de mão de obra. Vejamos a definição legal deste conceito, trazida pelo artigo 31, §3°, da Lei 8.212/91: (...) 4.3.2 Fabío Zambitte Imbrahim detalha o conceito de cessão de mãode obra, com propriedade (Leituras Complementares de Previdenciário. Editora JusPodivm; pag. 119): "O locatio operarum é contratação que visa a obtenção de mão deobra por parte do contratante. Obviamente, como é inaceitável considerar uma pessoa objeto de um contrato, o verdadeiro objeto é a força de trabalho desta pessoa. Assim, um contrato de cessão de mãodeobra é aquele em que o fim desejado pelo contratante é a obtenção desta mãodeobra (força de trabalho) para realizar algum mister. Percebase, desde já, que aí reside a diferença fundamental entre empreitada e cessão de mãode obra. No primeiro, a mãodeobra é mero meio para atingir a obra ou tarefa desejada pelo contratante. Já na cessão, a mãodeobra é a própria razão de existência da contratação. Veja que não se trata de mera intermediação de mãodeobra, mas sim da realização de serviços contínuos que requerem a permanente disponibilidade de pessoal para a empresa contratante. A continuidade temporal da atividade desempenhada é que traz como conseqüência a relevância da mãodeobra nesta contratação." 4.3.3 No caso em questão, a Prefeitura Municipal de Salvador efetuou processo licitatório para contratação da força de trabalho gerenciada por empresa terceirizada. 4.3.4 Ressaltese que os serviços eram contínuos, vez que o prazo de duração dos contratos era de um ano, prorrogável por iguais períodos (Doenças Endêmicas), e de dois anos, prorrogável por iguais períodos (PSF). O contrato teve inicio em 2002, tendo sido prorrogado diversas vezes por meio de termos aditivos, estando os dois contratos vigentes até o período final da ação fiscal. 4.3.5 Salientese ainda que é indiscutível que os serviços eram realizados na dependências da contratante (Prefeitura) ou na localidade por ela indicada. O item 5.1.12 do contrato das Doenças endêmicas e o item XXX do contrato do PSF especificam que: Contrato Doenças Endêmicas, item 5.1.12 "Manter os seus empregados, quando da execução dos serviços, tanto nas dependências da CONTRATANTE, quanto em trabalho Fl. 1185DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.178 17 de campo, devidamente identificados e uniformizados, fornecendo fardamento adequado". Contrato Saúde da Família (PSF), item 5.1.4 "Locar imóveis de característica específica ao atendimento do PSF, conforme descrito no Anexo I e seus complementos, nos locais e regiões indicadas pela CONTRATANTE." 4.3.6 Assim, fica patente a natureza de cessão de mãodeobra, pois o caso concreto, sem qualquer esforço hermenêutico, se molda à definição trazida pelo texto legal. Ademais, os serviços eram executados em campo, conforme definido pela Prefeitura Municipal de Salvador. 4.3.7 Por fim, com intuito de deixar ainda mais evidente a natureza do contrato em análise, observamos que os mencionados contratos prevêem a contratação de equipes médicas e administrativas, aluguéis de veículos, motoristas e diversos outros cargos não relacionados à área de saúde. Como a Real Sociedade de Beneficência Espanhola não tem experiência na cessão de mãodeobra, subcontratou a empresa "Organização Bahia Serviço de Limpeza e Locação de Mãode Obra Ltda." para auxiliar na administração dos referidos contratos. O contrato com a referida empresa consta em anexo (Anexo III)." A questão da prestação de serviços mediante cessão de mãodeobra é tormentosa e fulcral para o deslinde da questão que agora se analisa, no tocante ao cumprimento dos requisitos legais para a fruição da isenção, muito em razão da vedação da prestação de serviços mediante cessão de mãodeobra constante do Parecer 3.272/2004 da Consultoria Jurídica do MPS, aprovado pelo Ministro da Previdência Social. Logo, necessário que enfrentemos o conceito de cessão de mãodeobra para que possamos verificar se houve a vedada prestação de pela Recorrente. Para que um serviço seja prestado mediante cessão de mãodeobra é necessário, antes de mais nada, que esse serviço esteja contemplado no rol exaustivo contido no artigo 219 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.098/99, em face de expressa determinação do § 4º do artigo 31 da Lei nº 8.212/91. Consta do inciso XXIV do § 2º do artigo 219 o serviço de saúde. Porém, além de constar do mencionado rol regulamentar, o serviço deve ser prestado mediante cessão de mãodeobra. Mister, portanto que esmiucemos os demais termos legais, mais notadamente a definição de cessão de mãodeobra, nos aspectos do local da prestação desses serviços, da disponibilização de trabalhadores e na exigência da continuidade dessa prestação. Como explicitado na Instrução Normativa SRP nº 03 de 2005, vigente à época da fiscalização, conceito mantido na vigente IN RFB nº 971/09, por disponibilização de trabalhadores entendese a efetiva cessão dos empregados da empresa contratada para a contratante, nas dependências desta ou onde ela indicar, deixando de ter a prestadora de serviços a força do labor dos seus trabalhadores cedidos. Tal conceituação, que à primeira vista Fl. 1186DF CARF MF 18 parece tautológica, permite – quando bem entendida – que se afira a efetiva cessão de mãode obra, uma vez que a empresa contratada quando cede seus trabalhadores com eles não pode contar para a realização de qualquer outra tarefa, exceto aquela estabelecida com seu contratante, na qual mediante cessão de mãodeobra prestará o serviço avençado. Enfrentemos agora a questão da continuidade dos serviços prestados por meio de cessão de mãodeobra. Por expressa disposição da Instrução Normativa SRP nº 03/05, no parágrafo 2º do artigo 143, a continuidade da prestação dos serviços não deve ser entendida como um tempo, ou ainda uma freqüência da efetiva contratação da prestadora de serviços e sim deve ser aferida quanto à necessidade da contratante, ou seja, se a utilidade daquele serviço prestado pela contratada se repetirá para a tomadora do serviço de modo contínuo, de modo perene, mesmo que com amplo intervalo de tempo entre os eventos que demandem a prestação de serviço. Com exemplo se entende melhor: a prestação de um serviço de manutenção de uma máquina ou um equipamento é uma necessidade contínua de uma empresa que possua tal máquina ou equipamento, sob pena de não poder utilizar o seu bem por falha na manutenção deste. Agora, a periodicidade dessa manutenção depende do tipo de equipamento, de seu uso, de sua condição de uso, de sua idade, etc. Logo, se realizada com disponibilização de pessoal, e nas dependências da contratante ou onde ela indicar, a prestação de serviços de manutenção será mediante cessão de mãodeobra, e, portanto, deverá sofrer a antecipação tributária previdenciária instituída pela Lei nº 9.711, de 1998. Assentemos. Ocorre prestação de serviços mediante cessão de mãodeobra quando os serviços sob análise constam do rol taxativo elencado no parágrafo 2º do artigo 219 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, e a prestadora disponibiliza seus trabalhadores (deixando de com eles contar para outras tarefas que não as contratadas no caso em análise), para prestar serviços que sejam de necessidade contínua da tomadora, nas dependências dela, ou em local por ela indicado. Por todo o dito, podemos inferir que os serviços são prestados mediante cessão de mãodeobra, e portanto, deverão sofrer a retenção de 11% sobre os valores a eles referentes, constantes da nota fiscal, fatura ou recibo, nos termos do artigo 31 da Lei nº 8.212, de 1991, quando a contratada perde, por ter efetivamente cedido, a capacidade de contar com os trabalhadores que – naquele momento contratualmente previsto – estiverem laborando na consecução do desiderato do contrato firmado com a tomadora dos seus serviços. Por todo o dito, podemos afirmar que há prestação de serviços mediante cessão de mãodeobra, nos termos da legislação tributária previdenciária quando comprovadamente o tomador de serviços contrata uma empresa prestadora de serviços para realizar um serviço que seja necessidade permanente desse contratante para realizálos no local de interesse desse tomador, sem que o prestador de serviços possa, por força contratual, realizar o objeto da contratação da maneira que melhor lhe aprouver, ou seja, que ele prestador possa gerenciar o uso de sua força laboral, e ressalto com tintas fortes não pode gerenciar sua força de trabalho porque por expressa disposição contratual cedeu sua mãodeobra. Analisemos o caso concreto à luz dos conceitos. Os serviços contratados serviços de saúde constam da lista exaustiva do Regulamento da Previdência. Esses serviços são prestados em local definido pelo contratante, no caso, a Prefeitura de Salvador, por meio de sua Secretária competente. É necessidade permanente da Secretaria de Saúde da Prefeitura prestar os serviços de saúde. Requisitos preenchidos. Fl. 1187DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.179 19 Por fim, resta verificar se a prestação de serviços se dá mediante a efetiva disponibilização dos trabalhadores da Recorrente, no caso prestadora, para a Contratante no caso a Prefeitura. Para tanto, como dito acima, mister perquirir as disposições contratuais atinentes, ou seja, verificar se a prestação de controle de doenças epidemiológicas e da saúde da família se dá por meio de efetiva disponibilização de pessoas, ou seja, se cabe ao município a determinação do que fazer e quando fazer, ou se essas questões do que e do quando fazer cabem ao prestador, no caso a Recorrente, que efetivamente, nessa última hipótese, não disponibilizaria seus funcionários, ao reverso, teria sobre eles plena gestão, posto que não haveria a cessão desses. A leitura atenda dos documentos constantes do Anexo II da Informação Fiscal, anexo que contém os contratos relativos à cessão de mãodeobra, nos permitiu encontrar às folhas 121, a seguinte cláusula no contrato de prestação de serviços nº 034/2002, que tem por objeto a contratação dos serviços relacionados ao Programa de Agentes Comunitários de Saúde e ao Programa de Saúde da Família. "2.1 Na prestação dos serviços referidos na Cláusula anterior a CONTRATADA obedecerá, rigorosamente, às especificações estabelecidas nos documentos que integram o Edital de Concorrência SEAD n.° 009/2001 e as condições indicadas em sua proposta de preços, datada de 16/01/2002, que são considerados como partes integrantes de^te Contrato como se nele estivessem transcritos. A mesma cláusula se repete no contrato nº 02/2002, cujo objeto é " a prestação de serviços de apoio e operacionalização das ações de combate a doenças endêmicas e epidemiológicas de acordo com o descritivo no anexo I", às folhas 127. Não se observou, em todo anexo II da informação fiscal, num total de 80 páginas, nenhum documento relativo a como se desenvolveria a prestação dos serviços de saúde, ou seja, qual serviço deveria ser efetivamente prestado (o que fazer) e como deveria ser prestado (quando fazer). Com isso não soube a Autoridade Fiscal se desincumbir do ônus probatório de suas acusações. Não se pode afirmar que a prestação de serviços de saúde se deu mediante cessão de mãodeobra, posto que a contratada, poderia não ter cedido seus funcionários, bastante para tanto, por exemplo, que o contrato previsse que o atendimento às famílias fosse realizado no bairro x no mês y num total de tantos atendimentos por equipe. Tal cláusula hipotética demonstra de forma cabal que não houve disponibilização dos trabalhadores da prestadora de serviço pois essa poderia organizar a sua mãodeobra como preferisse, desde que cumprisse o atendimento mínimo contratualmente exigido para aquele bairro naquele mês. Um simples exemplo espanca qualquer dúvida. Do exposto, não se pode concordar pelos documentos acostados à Informação Fiscal que houve efetiva cessão de mãodeobra nos casos em comento. Ao reverso, o que se observa é a entidade prestando serviço a um ente público, serviço esse totalmente voltado às suas atividades existenciais, no caso a promoção assistencial da saúde, quanto mais considerandose que no caso em apreço os serviços eram Fl. 1188DF CARF MF 20 prestados para o Município de Salvador, no âmbito das políticas de promoção da saúde pelo Sistema Único de Saúde. Irrelevante, para o caso em apreço, que a Recorrente tenha contratado trabalhadores para cumprir os contratos firmados e que esses contratos tenham sido prorrogados ao longo do tempo. Eventuais desvios praticados nesses contratos só poderiam ser analisados se comprovados pela Fiscalização. Não se pode presumir que houve qualquer vantagem indevida em contratação de prestação de serviços de promoção à Saúde, por um ente público, integrante do SUS, serviços esses de combate à doenças endêmicas e epidemiológicas e do Programa de Saúde da Família. Irrelevante também para efeito do descumprimento dos ditames da Lei de Custeio, diante das conclusões acima, a contratação da Organização Bahia para o auxílio na prestação dos serviços de saúde aos quais a Recorrente se obrigou contratualmente. Forçoso, portanto, reconhecer que os contratos firmados não tem o condão de demonstrar o descumprimento dos incisos III e V do artigo 55 da Lei nº 8.212/91, uma vez que não pode afirmar que houve desvio de recursos obtidos da finalidade precípua da entidade que é a promoção da saúde aos desassistidos, quanto mais quando tais ações foram realizadas por meio das promoções do Sistema Único de Saúde Recurso provido nessa parte. SUPOSTO DÉBITO COM INSS DIVERSIDADE ENTRE VALOR DECLARADO NA GFIP E O RECOLHIMENTO Consta da Informação Fiscal (fls 23): 4.7.2 A Real Sociedade Espanhola de Beneficência mantevese em débito em relação aos tributos previdenciários declarados na Guia de Recolhimento do FGTS e Informação à Previdência Social GFIP, durante vários meses do período da ação fiscal. Os constantes atrasos nos pagamentos relativos aos contratos com a Prefeitura Municipal de Salvador, conforme já explicado, ocasionaram a impossibilidade do cumprimento regular do pagamento das contribuições previdenciárias, na data de seu vencimento. A tabela abaixo exemplifica competências cujas Guias da Previdência Social foram pagas em valor inferior aos declarados em GFIP: Fl. 1189DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.180 21 Em sua defesa, alega a Recorrente (fls. 806): "No particular, a Entidade não tinha ciência até a data que foi notificada da Informação Fiscal de que havia suposta divergência entre algumas pouquíssimas declarações da GFIP e os recolhimentos identificados pela Receita. Nesse passo é bom ressaltar que a entidade possui Certidão Negativa de Débitos em vigor emitida pela própria Receita Federal. (doe. Anexo) Em verdade, não há qualquer débito, nem muito menos ato voluntário de deixar de recolher os valores eventualmente equivocados, o que há é erro material de preenchimento de formulários eletrônicos ou outras falhas acessórias." (sublinhei e negritei) Muito embora o critério objetivo da norma como posto, não vejo motivo suficiente para o cancelamento da isenção das contribuições sociais com base nos débitos apontados pela Fiscalização. Tratamse de valores de pequena monta, desproporcionais para uma entidade com mais de 600 segurados, que como dito pela Fiscalização, acresceu esse quadro em mais de 3000 trabalhadores em razão dos contratos de prestação de serviços firmados com o Município de Salvador, órgão público encarregado de repasse de verbas oficiais oriundas do SUS. Mister recordar que tal situação é apontada inclusive pela própria Autoridade Fiscal, como se observa no trecho transcrito acima, retirado da Informação Fiscal. Entendo que a situação dos débitos constatados se originam do descumprimento dos deveres do próprio Estado, por meio de Unidade Federativa, que por vezes podem depender de repasses de verbas federais. Recurso voluntário provido nessa parte. Fl. 1190DF CARF MF 22 DA AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE NA CONTRATAÇÃO EVENTUAL DE EMPRESAS QUE TENHAM COM SÓCIOS INTEGRANTES DA INSTITUIÇÃO Constam do Recurso as seguintes alegações sobre o tema (fls 814): "Aduzem os i. Auditores que foram identificados pagamentos de contratos a empresas que tem entre seus sócios dirigentes da entidade. Entendem os i. Auditores que tal situação caracteriza vantagem indevida à associados. A inteligência da norma realizada pelos i. Fiscais, data vênia é absolutamente inconsistente, e conflita com princípios basilares de interpretação jurídica. Não há qualquer ilegalidade na contratação eventual de empresas que tenham entre seus sócios algum dirigente. Primeiro porque, impedir ou criar obstáculos para que qualquer empresa ofereça seus serviços e produtos seria violação do princípio da livre iniciativa e da liberdade de profissão. Segundo porque a personalidade jurídica da empresa não se confunde com a personalidade de seus sócios, sendo sujeitos distintos. Nesse sentido o seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça: (...) Terceiro os valores encontrados são irrelevantes considerando se o faturamento da entidade, o que demonstra claramente que a condição de dirigente não teve qualquer influência na decisão de contratação, mas sim o melhor preço apresentado. Do contrário se perceberia uma prática contumaz de contratação, o que não ocorreu. O faturamento médio no período apurado no período da fiscalização foi de quase R$ 800.000.000 ( oitocentos milhões de reais). Os valores dos contratos mencionados pela fiscalização são de R$ 800.000,00 em seu total. Ou seja, o percentual de contratos em relação à receita da instituição é a apenas 0,1 %, o que, por si só demonstra que não há qualquer prática contumaz e deliberada de favorecimento. Quarto, não há qualquer comprovação e sequer alegação de que os preços praticados nos referidos contratos eram excessivos ou não estavam de acordo com os praticados no mercado. Quinto, os dirigentes mencionados não tinham poderes para decidir contratações, tarefa reservada ao Presidente da Entidade. Sexto, o Sr Roberto Cal de Almeida sequer era membro da Diretoria no período indicado na Informação Fiscal. Aduzem os i. Fiscais que os irrisórios valores, se considerado o faturamento da entidade, decorrentes dos contratos de prestação Fl. 1191DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.181 23 de serviços e fornecimento mencionados devem ser considerados benefícios à associado. Tal entendimento não tem qualquer amparo jurídico e já foi examinado em precedentes da própria Consultoria Jurídica, como se vê, do Parecer que se segue, que, em face de sua pertinência e propriedade ora se transcreve na íntegra: (...)" (negritei) A imputação fiscal ocorreu nos seguintes termos (fls.21): "4.6.1 A auditoria constatou haver pagamento por parte da Real Sociedade Espanhola de Beneficência para empresa que possuem em seu quadro societário diretores da entidade beneficente, em evidente descumprimento do inciso II, do artigo 55, da Lei 8.212/91. Vejamos: Art. 55, Lei 8.212/91 IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; 4.6.2 A contratação de empresas que contenham diretores da entidade como sócios constitui, indubitavelmente, uma espécie de vantagem. 4.6.3 A auditoria fiscal constatou as seguintes contratações, por meio da comparação do cadastro das empresas pertencentes aos diretores do Hospital com a Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte e o Razão Contábil da Real Sociedade Espanhola de Beneficência: 4.6.4 Notese que as empresas relacionadas contratadas pela Real Sociedade Espanhola de Beneficência em período em que os seus sócios exerciam os respectivos mandatos de Diretores da entidade beneficente. O cadastro das empresas contratadas, Fl. 1192DF CARF MF 24 constando os sócios encontrase em anexo (Anexo V). Os valores extraídos da contabilidade (Livro Razão) e da DIRF também foram anexados a este relatório(Anexo VI). (...)" (negritei) Novamente vejo razão à Recorrente. Explico. A Lei nº 8.212/91 em seu artigo 55, inciso IV, veda que a entidade no gozo da isenção remunere, de qualquer forma, inclusive por meio de vantagens ou benefícios, seus dirigentes ou instituidores. Uma interpretação teleológica, assim entendida aquela que busca a finalidade da norma, a "ratio legis", nos permite afirmar que a Lei de Custeio da Previdência Social vedou que a entidade portadora de uma vantagem tributária relevante e ensejadora de uma diminuição de seus custos e portanto, potencialmente majoradora de seus resultados usase esse resultado em prol de seus instituidores ou dirigentes. Logo, para essa norma produza o resultado esperado devese ter patente que houve uma vantagem ou benefício para os gestores ou fundadores da entidade. Não observo tal comprovação no caso concreto. O Fisco assevera que a mera contratação das empresas desses gestores constitui uma vantagem. Não se pode concordar de maneira alguma com tal presunção. A uma, ao se recordar que a prestação de serviços ou comercialização de mercadorias com a entidade só poderá resultar em vantagem para o contratado se o preço avençado para a prestação do serviço ou a compra da mercadoria estiver acima do valor de mercado ou no mínimo ajustado a esse, ainda com a necessária verificação do resultado operacional do negócio realizado pela contratada. A duas, porque como cediço, o ônus da comprovação do alegado, posto que a imputação fiscal ensejará necessariamente uma obrigação tributária principal, nascendo o direito de crédito, é do Fisco. Dito de maneira diversa, cabe ao Auditor Fiscal comprovar suas alegações por meio de provas. Impende realçar que a comprovação da alegada vantagem do dirigente pela contratação de sua empresa para a prestação de serviços ou comercialização, poderia ser realizada com mera prova indiciária, como por exemplo a demonstração da ausência de simples cotação de preços por parte da Recorrente, ou ainda, da verificação dos preços médios praticados no mercado, ou ainda de alguma vantagem contratual atípica firmada entre a Recorrente e a empresa do dirigente. Nada foi acostado aos autos. Novamente não soube o Fisco se desvencilhar do ônus probatório. Recurso provido também nessa parte. Fl. 1193DF CARF MF Processo nº 18050.000995/200844 Acórdão n.º 2201003.473 S2C2T1 Fl. 1.182 25 CONCLUSÃO Diante do exposto e com base nos fundamentos apresentados, voto por conhecer do Recurso e rejeitar a preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa e por alteração na fundamentação legal do ato cancelatório; e no mérito, por dar provimento ao recurso, para determinar o restabelecimento do direito à isenção das contribuições previdenciárias a partir de 02/2000. assinado digitalmente CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Relator Fl. 1194DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000697/2002-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1998
IMPOSTO DE RENDA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. ÔNUS PROBATÓRIO DO SUJEITO PASSIVO. USO DA CONTA POR TERCEIROS. NÃO COMPROVAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 32.
1. O art. 42 da Lei 9.430/1996 cria um ônus em face do contribuinte, ônus este consistente em demonstrar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira. Por outro lado, o consequente normativo resultante do descumprimento desse dever é a presunção de que tais recursos não foram oferecidos à tributação, tratando-se, pois, de receita ou rendimento omitido.
2. Tal disposição legal é de cunho eminentemente probatório e afasta a possibilidade de se acatar afirmações genéricas e imprecisas. A comprovação da origem, portanto, deve ser feita de forma minimamente individualizada, a fim de permitir a mensuração e a análise da coincidência entre as origens e os valores creditados em conta bancária.
3. Súmula CARF nº 32: A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros.
4. Prejudicados os demais argumentos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.643
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201702
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1998 IMPOSTO DE RENDA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. ÔNUS PROBATÓRIO DO SUJEITO PASSIVO. USO DA CONTA POR TERCEIROS. NÃO COMPROVAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 32. 1. O art. 42 da Lei 9.430/1996 cria um ônus em face do contribuinte, ônus este consistente em demonstrar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira. Por outro lado, o consequente normativo resultante do descumprimento desse dever é a presunção de que tais recursos não foram oferecidos à tributação, tratando-se, pois, de receita ou rendimento omitido. 2. Tal disposição legal é de cunho eminentemente probatório e afasta a possibilidade de se acatar afirmações genéricas e imprecisas. A comprovação da origem, portanto, deve ser feita de forma minimamente individualizada, a fim de permitir a mensuração e a análise da coincidência entre as origens e os valores creditados em conta bancária. 3. Súmula CARF nº 32: A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros. 4. Prejudicados os demais argumentos. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 17 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 19515.000697/2002-17
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700293
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2402-005.643
nome_arquivo_s : Decisao_19515000697200217.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
nome_arquivo_pdf_s : 19515000697200217_5700293.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo - Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
id : 6688552
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:20 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949968863232
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1830; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.000697/200217 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402005.643 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 08 de fevereiro de 2017 Matéria IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS Recorrente ERCI FARIA PEREIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1998 IMPOSTO DE RENDA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. ÔNUS PROBATÓRIO DO SUJEITO PASSIVO. USO DA CONTA POR TERCEIROS. NÃO COMPROVAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 32. 1. O art. 42 da Lei 9.430/1996 cria um ônus em face do contribuinte, ônus este consistente em demonstrar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira. Por outro lado, o consequente normativo resultante do descumprimento desse dever é a presunção de que tais recursos não foram oferecidos à tributação, tratandose, pois, de receita ou rendimento omitido. 2. Tal disposição legal é de cunho eminentemente probatório e afasta a possibilidade de se acatar afirmações genéricas e imprecisas. A comprovação da origem, portanto, deve ser feita de forma minimamente individualizada, a fim de permitir a mensuração e a análise da coincidência entre as origens e os valores creditados em conta bancária. 3. Súmula CARF nº 32: A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros. 4. Prejudicados os demais argumentos. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 06 97 /2 00 2- 17 Fl. 228DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 229DF CARF MF Processo nº 19515.000697/200217 Acórdão n.º 2402005.643 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Inicialmente, adotase parte do relatório da decisão recorrida, o qual bem retrata os fatos e os fundamentos do lançamento, da impugnação e dos incidentes ocorridos até então: Contra o contribuinte acima identificado foi lavrado auto de infração de fls. 93 a 95, demonstrativos de fls. 91 a 92, e, Termo de Verificação Fiscal de fls. 76 a 90 relativo ao imposto sobre a renda da pessoa física ano calendário de 1.998, por meio do qual foi apurado crédito tributário no montante de R$ 284.782,63, dos quais, R$ 123.069,42 são referentes a imposto, R$ 92.302,06 são cobrados a título de multa proporcional e R$ 69.411,15 correspondem a juros calculados até 30/08/2002 Conforme descrição dos fatos no Auto de infração, a exigência decorreu da seguinte infração: Omissão de rendimentos provenientes de depósitos bancários, para o ano calendário de 1.998. Os valores tributáveis, decorrentes dessa omissão de rendimentos, encontramse discriminados no auto de infração. O enquadramento legal para a infração foi: Omissão de rendimentos provenientes de depósitos bancários: Art. 42 da Lei n° 9.430/96; art. 4° da Lei n° 9.481/97; art. 21 da Lei n° 9.532/97. Cientificado, do Auto de Infração e Termo de Encerramento Fiscal, por via Postal (AR) em 03/09/2.002, a contribuinte apresentou, através de procurador (instrumento de procuração na fl. 107), a impugnação de fls. 99 a 106, em 23/09/2.002, acompanhado de documentos às fls. 108 a 152 na qual, após breve relato dos fatos, alega, em síntese, que: A CONTRIBUINTE “EMPRESTAVA” SUA CONTA CORRENTE PARA EMPRESAS. A impugnante “emprestava” sua conta corrente para depósitos de cheques referentes as vendas que fazia para duas empresas e uma vez compensados os cheques, repassava 95,00% do total para as empresas que a contratava, retendo apenas 5,00% do montante, que prática, equivalia a sua remuneração bruta. Para se atestar a veracidade dessa informação, anexase aos autos desse processo administrativo Demonstrativos de Pagamento de Representantes Comercial emitidos pelas duas empresas que contrataram a Requerente para fazer vendas em favor das mesmas. [...] Fl. 230DF CARF MF 4 Este procedimento, de depósito das empresas em sua conta corrente, era feito porque tais empresas passavam por dificuldades econômicas no ano de 1998 [...]. [...] A Requerente não tem nada, não é dona de nada; é urna trabalhadora autônoma de poucas posses pessoais, que não tem patrimônio e vive com as comissões de venda que realiza e certamente jamais teve para si, como renda, quantia apontada no auto de infração. Os extratos bancários não deixam margem à dúvida: tudo que entrava na conta corrente da Requerente sofria desconto de 5,00% e excetuandose algumas despesas de pouca monta, como compras em supermercados e contas do dia a dias, o repasse era quase que imediato para as empresas representadas que contratavam seus serviços de venda. A NÃO APRESENTAÇÃO DA DECLARAÇÃO DE RENDA DO ANO BASE DE 1998. A impugnante alega que, pelos motivos apresentados, a sua renda do ano de 1.998 seria a de R$ 23.161,71 (5,00 % dos depósitos), e, portanto obrigada a ter apresentado a declaração de rendimento. A mesma poderá ser multada por esse único motivo, que lhe acarretará uma multa de valor fixo, infinitamente inferior aquela que lhe está sendo imputada. DO PEDIDO. Caso não se anule integralmente o Auto de Infração em questão, requer seja apenas aplicada à Requerente a penalidade pecuniária aplicável a quem deixa de apresentar a declaração de imposto de renda; na pior das situações que se considere como base de cálculo para apuração do imposto de renda devido de todo exercício de 1.998, a quantia de R$ 23.161,71. Em sessão realizada em 25 de setembro de 2008, a DRJ julgou a impugnação improcedente, conforme decisão assim ementada: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 1998 Ementa: INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS PROVA. A caracterização de "INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS”, conforme estabelecido no § 5° do art. 42 da Lei n° 9430/96, necessita de provas com 'documentos hábeis e idôneos, que comprovem a vinculação com esses terceiros que se utilizou a sua conta bancária, bem como de que os recursos provenientes dos negócios desses terceiros, foram efetivamente depositados na sua conta corrente. Lançamento Procedente Fl. 231DF CARF MF Processo nº 19515.000697/200217 Acórdão n.º 2402005.643 S2C4T2 Fl. 4 5 A recorrente foi intimada da decisão em 24/11/2008 (fl. 208) e interpôs recurso voluntário em 08/12/2008 (fls. 211 e seguintes), no qual basicamente reiterou as teses constantes da impugnação. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 232DF CARF MF 6 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci – Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Do uso da conta por terceiros A tese fundamental da recorrente é a de que ela emprestava sua conta para duas empresas. Segundo alega, os valores das vendas que efetuava em favor das referidas pessoas jurídicas eram creditados em sua conta, mas sua remuneração correspondia a apenas 5% dos citados montantes, a título de comissão. A prova documental de sua afirmação restringese aos recibos de acerto de contas de fls. 128 e seguintes. Pois bem. O art. 42 da Lei 9.430/1996 cria um ônus em face do contribuinte, ônus este consistente em demonstrar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira. Por outro lado, o consequente normativo resultante do descumprimento desse dever é a presunção de que tais recursos não foram oferecidos à tributação, tratandose, pois, de receitas ou rendimentos omitidos. Tal disposição legal é de cunho eminentemente probatório e afasta a possibilidade de se acatar afirmações genéricas e imprecisas. A comprovação da origem, portanto, deve ser feita de forma minimamente individualizada, a fim de permitir a mensuração e a análise da coincidência entre as origens e os valores creditados em conta bancária. O § 3º do citado artigo, ao prever que os créditos serão analisados individualizadamente, corrobora a afirmação acima e não estabelece, para o Fisco, a necessidade de comprovar o acréscimo de riqueza nova por parte do fiscalizado. A título ilustrativo, segue o texto da regra: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Fl. 233DF CARF MF Processo nº 19515.000697/200217 Acórdão n.º 2402005.643 S2C4T2 Fl. 5 7 §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Lei nº 9.481, de 19971) §4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) O art. 4º da Lei 9.481/1997 alterou os valores a que se refere o inc. II do § 3º acima para R$ 12.000,00 e R$ 80.000,00, respectivamente. Na mesma toada, a Súmula CARF nº 612. A não comprovação da origem dos recursos viabiliza a aplicação da norma presuntiva, caracterizandoos como receitas ou rendimentos omitidos. 1 Art. 4º Os valores a que se refere o inciso II do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passam a ser de R$ 12.000,00 (doze mil reais) e R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), respectivamente. 2 Súmula CARF nº 61: Os depósitos bancários iguais ou inferiores a R$ 12.000,00 (doze mil reais), cujo somatório não ultrapasse R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) no anocalendário, não podem ser considerados na presunção da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, no caso de pessoa física. Fl. 234DF CARF MF 8 Destarte, e de acordo com a regra legal, não é que os depósitos bancários, por si só, caracterizam disponibilidade de rendimentos, mas sim os depósitos cujas origens não foram comprovadas em processo regular de fiscalização. Expressandose de outra forma, o sujeito passivo pode comprovar, exemplificativamente, que o recurso é atinente a uma doação ou a um empréstimo, ou mesmo que são aplicáveis as hipóteses dos incs. I e II do § 3º retro mencionado. Não o fazendo, aplicase o consequentemente normativo da presunção, com a consequente constituição do crédito tributário dela decorrente. Mutatis mutandis, o verbete sumular CARF nº 26 preceitua o seguinte: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. O Superior Tribunal de Justiça reconhece a legalidade do imposto cobrado com base no art. 42, como se vê no precedente abaixo: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ALEGAÇÕES GENÉRICAS DE OFENSA AO ART. 535 DO CPC. SÚMULA 284/STF. IMPOSTO DE RENDA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ART. 42 DA LEI 9.430/1996. LEGALIDADE. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. INCIDÊNCIA DO ART. 173, I, DO CTN. [...] 4. A jurisprudência do STJ reconhece a legalidade do lançamento do imposto de renda com base no art. 42 da Lei 9.430/1996, tendo assentado que cabe ao contribuinte o ônus de comprovar a origem dos recursos a fim de ilidir a presunção de que se trata de renda omitida (AgRg no REsp 1.467.230/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28.10.2014; AgRg no AREsp 81.279/MG, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 21.3.2012). [...] (AgRg no AREsp 664.675/RN, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/05/2015, DJe 21/05/2015) Mais ainda, aquele Tribunal Superior vem consignando a inaplicabilidade da Súmula 182/TRF, que preconizava a ilegitimidade do imposto lançado com base em extratos bancários (EDcl no AgRg no REsp 1343926/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 13/12/2012 e REsp 792.812/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/03/2007, DJ 02/04/2007, p. 242). No caso vertente, a contribuinte alega que emprestava sua conta para duas empresas e que os valores ali depositados ou creditados eram atinentes às vendas que efetuava em favor delas. A receita efetiva da contribuinte se restringiria a 5% dos montantes, a título de comissão. Contudo, a recorrente não juntou aos autos nem mesmo a documentação comprobatória das vendas, tais como pedidos, recibos, notas fiscais, etc, muito menos documentação comprovando que os valores das vendas eram creditados na conta de sua titularidade. Fl. 235DF CARF MF Processo nº 19515.000697/200217 Acórdão n.º 2402005.643 S2C4T2 Fl. 6 9 Conforme exposto anteriormente, a comprovação deve ser feita de forma minimamente individualizada e mediante documentação hábil e idônea, ex vi da Súmula CARF nº 32: Súmula CARF nº 32: A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros. Essa circunstância é suficiente para afastar a tese da recorrente. Mas não é só. Os recibos de acerto de contas de fls. 128 e seguintes têm valor probatório reduzido, pois, além de não estarem instruídos com outros documentos (pedidos, recibos, notas fiscais, etc), registram valores que não coincidem com as quantias apuradas pela fiscalização. Vejase, nesse sentido, o seguinte trecho da decisão recorrida, que se integra ao presente voto como razão de decidir (fl. 202): Os recibos apresentados (docs. 2 a 25) correspondem ao período de dez/97 a nov/98, sendo em alguns meses a soma dos recibos das duas empresas superam os totais mensais de depósitos na conta corrente (descontadas as devoluções), e, em outros meses a soma dos recibos são inferiores aos totais mensais de depósitos (descontadas as devoluções). De acordo com os argumentos da impugnante, de que todo o faturamento bruto das empresas transitou em sua conta corrente, então deveria haver uma coincidência de valores, ou que pelo menos a soma dos recibos das duas empresas serem no mínimo superiores aos totais mensais de depósitos (descontadas as devoluções). Chama a atenção, ainda, o fato de que uma das empresas signatárias sequer consta nos cadastros da Secretaria da Receita Federal do Brasil, como elucidado pela DRJ: Para tanto apresenta recibos de acerto de contas com as empresas Fábrica de Defumadores “Wilson” Ltda. e Santos Indústria e Comércio de Velas Ltda ME. A primeira empresa citada não consta no cadastro da RFB sendo que a segunda consta no cadastro da RFB com CNPJ n° 65.832.263/000102. Realmente, os documentos firmados pela referida empresa sequer trazem o número de sua inscrição no CNPJ/MF. De outro vértice, a recorrente também não produziu qualquer prova dando conta de sua relação com as referidas empresas, como, exemplificativamente, o contrato de representação comercial. A contrario sensu, a prova documental se limitou aos recibos encimados, e, ao invés de se desincumbir de seu ônus probatório, a recorrente se valeu se meros argumentos, tais como "bastava o agente fiscalizador verificar o recolhimento da CPMF das empresas citadas" (fl. 214) e "se a D. Autoridade Julgadora verificasse com mais detalhamento os extratos bancários" (fl. 216). Fl. 236DF CARF MF 10 É sabido que o Direito brasileiro adotou o sistema da persuasão racional do julgador, ou livre convencimento motivado, conforme se depreende do art. 371 do NCPC e do art. 9º do Decreto 70.235/1972, sistema segundo o qual "o julgador é livre para decidir segundo seu convencimento, que necessariamente deve estar pautado no conjunto probatório constante dos autos"3. Isto é, muito embora o julgador tenha um certo grau de liberdade de apreciação, ele está vinculado à prova dos autos, sendo que, no caso in concreto, o conjunto probatório produzido pela recorrente é insuficiente para derruir a regra presuntiva. Tratandose de depósitos bancários, a prova é legal ou tarifada, como explica a prof. Maria Rita Ferragut: A adoção das provas legais ou tarifadas consiste na atribuição, a cada prova, de um valor fixo e imutável, não deixando margem de liberdade para apreciação do destinatário. Diminui, sem dúvida alguma, a importância do julgador como intérprete dos fatos. Como exemplo, a presunção relativa de omissão de rendimentos, quando a pessoa física não provar a origem do dinheiro depositado em conta bancária (art. 42 da Lei n. 9.430/96). 4 Nessa toada, deve ser negado provimento ao recurso nesse ponto, restando prejudicado o argumento de que a recorrente deveria responder apenas pela falta de entrega da Declaração de Ajuste Anual. 3 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos da fundamentação. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci. 3 FERRAGUT, Maria Rita. As provas e o direito tributário: teoria e prática como instrumentos para a construção da verdade jurídica. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 91. 4 Obra citada, p. 90. Fl. 237DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.910961/2011-08
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-000.907
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13896.910961/2011-08
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5713139
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-000.907
nome_arquivo_s : Decisao_13896910961201108.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ANTONIO CARLOS ATULIM
nome_arquivo_pdf_s : 13896910961201108_5713139.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
id : 6722844
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:37 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949973057536
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1770; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 111 1 110 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13896.910961/201108 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402000.907 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 28 de março de 2017 Assunto PIS Restituição Recorrente R.PRINT SERVICOS E PARTICIPACOES LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Fortaleza/CE que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte, a qual pretendeu a reforma do despacho decisório que, por sua vez, indeferiu a homologação da compensação de créditos da Contribuição ao Programa de Integração Social (“PIS”) com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Por bem consolidar os fatos ocorridos até a decisão da DRJ, colaciono o relatório do acórdão recorrido in verbis: Consta no referido Despacho Decisório o seguinte motivo para indeferimento do Pedido: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 96 .9 10 96 1/ 20 11 -0 8 Fl. 114DF CARF MF Processo nº 13896.910961/201108 Resolução nº 3402000.907 S3C4T2 Fl. 112 2 Contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. ... De acordo com a Defesa, as operações que destinem mercadorias à Zona Franca de Manaus – ZFM se equiparam, para todos os efeitos fiscais, a uma exportação para o exterior, conforme disposto no art. 4º da Decretolei nº 288/1967. O disposto no referido artigo foi recepcionado pelo art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, que garante a manutenção do referido benefício por prazo determinado. No entanto, o § 2º, inciso I, do art. 14 da Medida Provisória nº 1.858/1999, posteriormente reeditada pela Medida Provisória nº 2.037/2000, excluiu da isenção das receitas de exportação das Contribuições PIS/COFINS, as vendas efetuadas a Empresas instaladas na Zona Franca de Manaus. Ocorre que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento de Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.348, em 07/12/2000, por unanimidade, concedeu a liminar pleiteada, para “suspender a eficácia do artigo 51 da Medida Provisória nº 2.03724, de 23 de Novembro de 2000, relativamente ao inciso I do § 2º do artigo 14 quanto à expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ ”. Assim, tendo em vista a suspensão da eficácia do disposto no art. 14, § 2º, inciso I, quanto às Empresas instaladas na Zona Franca de Manaus, entende o Manifestante que restou assegurada a isenção das Contribuições PIS/COFINS sobre a receita de vendas efetuadas à Empresa estabelecida na citada região. Com efeito, nos termos do art. 165 do Código Tributário Nacional, deve ser reconhecido o direito à restituição dos valores indevidamente recolhidos pelo Manifestante. Sobreveio então o Acórdão 0831.113, da 3ª Turma da FOR/CE, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, cuja ementa foi lavrada nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1999 Ementa: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. Mantémse o Despacho Decisório de não homologação da compensação, quando a Defesa não comprova a certeza e liquidez do crédito pretendido. Irresignada, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho repisando os argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade, bem como apresentando notas fiscais por amostragem que dizem respeito às vendas à Zona Franca de Manaus, o que, no seu entender, suprimiria o problema da falta de prova Fl. 115DF CARF MF Processo nº 13896.910961/201108 Resolução nº 3402000.907 S3C4T2 Fl. 113 3 É o relatório Voto Conselheiro Antônio Carlos Atulim, relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3402000.905, de 28 de março de 2017, proferida no julgamento do processo 13896.910963/201199, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu na Resolução 3402000.905: "Como se depreende do relato acima, o pedido de restituição da Recorrente fundase na alegação de ter tributado indevidamente a Contribuição ao PIS sobre receitas de vendas de produtos à estabelecimentos localizados na Zona Franca de Manaus, sendo que tais receitas seriam isentas pela legislação federal, uma vez que foram equiparadas às exportações (artigo 4º do Decreto lei nº 288/1967). Tal direito ao indébito, em tese, foi reconhecido pelo julgamento da DRJ, que somente não conferiu o direito em concreto por falta de provas a certeza e liquidez do crédito pretendido. Para suprir tal falta, a Recorrente trouxe em seu recurso voluntário cópias de notas fiscais de vendas, do período em questão, de bens para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus. Tais provas, apesar de induzirem à conclusão do direito ao crédito, não lhe confere certeza e liquidez, de modo que não foi completamente suprido o ônus da prova da Recorrente, nos moldes do artigo 373 do Código de Processo Civil, uma vez que se trata de pedido de restituição de indébito, de sua iniciativa. Assim é que tem decidido esse Colegiado, conforme se depreende do conteúdo do Acórdão 3402002.881. 1 Pelos os motivos acima expostos, justifico a necessidade de conversão do presente processo em diligência, como requer o artigo 18 caput do Decreto 70.235/72 (PAF), para o arremate do convencimento deste Colegiado sobre os fatos em discussão. Para tanto, devem ser tomadas as seguintes providências pela Repartição Fiscal de origem: i) analisar os documentos adequados para a verificação do crédito, quais sejam: o Demonstrativo de Apuração da Contribuição ao PIS, cópias das folhas dos livros fiscais (Registro de Saídas e de Apuração 1 Nas palavras do Conselheiro Relator do caso, Antonio Carlos Atulim: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade." Fl. 116DF CARF MF Processo nº 13896.910961/201108 Resolução nº 3402000.907 S3C4T2 Fl. 114 4 do ICMS ou do IPI) e contábeis (Razão) do respectivo período de apuração do crédito pleiteado, notas fiscais, entre outros; ii) elaborar relatório conclusivo a respeito do crédito pleiteado; iii) dar ciência do Relatório à Recorrente, abrindolhe prazo regulamentar para manifestação; e iv) devolver o processo para esta 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, 3ª Seção do CARF, para prosseguimento do julgamento. Importante registrar que os documentos apresentados pelo contribuinte no paradigma são os mesmos que instruem o presente processo, de tal sorte que os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso daquele também se justificam neste. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, determino a conversão do autos em diligência para que a Repartição Fiscal de origem adote as seguintes providências: i) analisar os documentos adequados para a verificação do crédito, quais sejam: o Demonstrativo de Apuração da Contribuição ao PIS/COFINS, cópias das folhas dos livros fiscais (Registro de Saídas e de Apuração do ICMS ou do IPI) e contábeis (Razão) do respectivo período de apuração do crédito pleiteado, notas fiscais, entre outros; ii) elaborar relatório conclusivo a respeito do crédito pleiteado; iii) dar ciência do Relatório à Recorrente, abrindolhe prazo regulamentar para manifestação; e iv) devolver o processo para esta 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, 3ª Seção do CARF, para prosseguimento do julgamento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Fl. 117DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.906777/2012-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1201-000.241
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(documento assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida Relator e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Paulo Cezar de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Luiz Paulo Jorge Gomes.
Nome do relator: ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 16327.906777/2012-89
anomes_publicacao_s : 201702
conteudo_id_s : 5682712
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1201-000.241
nome_arquivo_s : Decisao_16327906777201289.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
nome_arquivo_pdf_s : 16327906777201289_5682712.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Paulo Cezar de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Luiz Paulo Jorge Gomes.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
id : 6654458
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:56:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949977251840
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1352; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.906777/201289 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1201000.241 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 25 de janeiro de 2017 Assunto Compensação Recorrente BANESTADO ADMINISTRADORA DE CARTOES DE CREDITO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida – Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Paulo Cezar de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Luiz Paulo Jorge Gomes. Relatório Como os fatos e a matéria jurídica foram bem relatados pela decisão de primeira instância, reproduzoa a seguir: Trata o presente processo da compensação declarada por meio dos PER/DCOMP’s a seguir relacionados (fls. 0375 e 129/132), com utilização do direito creditório de R$ 23.784.726,87 de saldo negativo de IRPJ do período de 01/11/2007 a 31/12/2007 (fls. 295/307): RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .9 06 77 7/ 20 12 -8 9 Fl. 608DF CARF MF Processo nº 16327.906777/201289 Resolução nº 1201000.241 S1C2T1 Fl. 3 2 A DEINF/São Paulo, por meio de despacho decisório proferido em 26/02/2013 (fls. 104/110), não reconheceu o direito creditório pleiteado em face da falta de comprovação do oferecimento à tributação dos rendimentos sobre os quais incidiram as retenções de IRRF utilizadas na formação do crédito: Regularmente cientificado em 01/03/2013 (fl. 110), o Banco Itaucred Financiamentos S/A – pessoa jurídica sucessora por incorporação da Banestado Administradora de Cartões de Crédito Ltda –, por intermédio de seu representante legal (mandato às fls. 255/256), apresentou, em 02/04/2013, a tempestiva manifestação de inconformidade de fls. 246/253, instruída com os documentos de fls. 254/465, cujo teor é sintetizado a seguir: Fl. 609DF CARF MF Processo nº 16327.906777/201289 Resolução nº 1201000.241 S1C2T1 Fl. 4 3 a) no tópico “Da homologação tácita” argúi que a compensação declarada por meio do PER/DOMP inicial nº 10476.21711.290208.1.3.021709 já estava homologada tacitamente quando foi cientificada do despacho decisório em 01/03/2013, conforme §§ 2º e 5º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996; b) no tópico “Da efetiva existência do crédito” argumenta que em razão do evento societário de cisão e da consequente versão parcial do patrimônio da manifestante, o saldo negativo apurado no período de 01/11/2007 a 31/12/2007 é composto por retenções de IR incidentes sobre os rendimentos auferidos por debêntures e operações compromissadas; c) as retenções de imposto de renda decorrem do resgate de debêntures e operações compromissadas ocorrido logo após a cisão parcial, mas a receita financeira auferida nessas operações foi devidamente tributada não só no ano de 2007, mas também em anos anteriores com base no regime de competência, conforme estabelece o art. 177 da Lei nº 6.404, de 1976, e a Resolução CFC nº 750/92, art. 9º; as retenções de imposto de renda na fonte obedecem ao regime de caixa, isto é, são efetuadas por ocasião do pagamento dos rendimentos, conforme dispõe o art. 732, II, do RIR de 1999; d) as receitas financeiras vinculadas às debêntures e operações compromissadas foram devidamente registradas, pelo regime de competência, ao longo de seu respectivo tempo de existência (da aquisição até a efetiva liquidação), conforme comprovado pela seguinte documentação: (i) DRE’s; (ii) a abertura das Fichas 6 das DIPJ’s; (iii) informes de rendimentos; (iv) atos societários das pessoas jurídicas Guarará Administração e Participação Ltda. (doc. 08), Itaú BBA Holding S/A (doc. 09) e Banestado Administradora de Cartões de Crédito (doc. 10), todas integrantes do mesmo conglomerado financeiro; e) em 01/01/2006 as debêntures passaram à titularidade da reclamante, que as verteu à empresa Itaubank Participações (item 2.a da Ata de Cisão, doc. 05), razão pela qual resgatou referidas aplicações e recolheu, em observância à legislação vigente, o IRRF em questão; f) a documentação juntada aos autos comprova, período a período: (i) as transferências das debêntures entre as empresas do mesmo grupo (sem resgate até 2007); (ii) que, ao final de 2007 as debêntures eram de titularidade da reclamante; (iii) que o rendimento das debêntures alcançava o montante de R$ 158.263.941,27 (doc. 11); g) a aplicação da alíquota de 15% de IRRF, conforme art. 1º da Lei nº 11.033, de 2004, sobre o valor dos rendimentos correspondente ao IRRF de R$ 23.739.591,19 foi oferecido à tributação no momento oportuno. Em sessão de 28 de março de 2014 a 1a Turma da Delegacia de Julgamento de Curitiba, por unanimidade de votos, julgou parcialmente procedente a manifestação de inconformidade, para reconhecer a homologação tácita da compensação declarada no PER/DCOMP inicial nº 10476.21711290208.1.3.021709 e, no mérito, considerar procedente em parte o pedido, reconhecendo o direito creditório de R$ 2.498.236,23 de saldo negativo de IRPJ do período de 01/11/2007 a 31/12/2007. Por seu turno, a interessada interpôs Recurso Voluntário, no qual pugnou pelo reconhecimento integral do direito creditório e juntou documentos. Os autos foram encaminhados a este Conselho para apreciação e julgamento. Fl. 610DF CARF MF Processo nº 16327.906777/201289 Resolução nº 1201000.241 S1C2T1 Fl. 5 4 É o relatório. Voto Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais, razão pela qual dele conheço. A questão em debate diz respeito ao valor que não foi reconhecido pela decisão de piso, que considerou apenas a parte proporcional às debêntures que ficaram em poder depois da cisão parcial, no total de 16.621,819781 unidades. Contudo, a Recorrente alega que ofereceu à tributação o valor integral pleiteado, circunstância que, em seu entendimento, teria inclusive sido reconhecida pela DRJ. Nesse contexto, entende a Recorrente que atendeu aos requisitos do Ato Declaratório Interpretativo RFB n° 13/2007 e, assim, efetivamente arcou com o IRRF incidente no total da operação, nos seguintes termos: Noutras palavras, o ora Recorrente, orientado pela própria Receita Federal do Brasil, por meio do citado ADI n° 13/2007 que, nos termos do disposto no art. 100 do CTN, é norma complementar da legislação tributária, arcou com o ônus do IRRF incidente sobre todas as debêntures que detinha, inclusive em relação àquelas que verteu por cisão parcial. Consequentemente, todo o IRRF recolhido em 11/2007, no montante de R$ 23.739.591,19, pode ser utilizado no cômputo do saldo negativo ora pleiteado. Reiterese que a movimentação das debêntures foi comprovada pela documentação juntada aos autos na Manifestação de Inconformidade, ora reiterada, e expressamente reconhecida pela DRJ. Para subsidiar suas alegações apresentou quadro demonstrativo com o "desfecho" das debêntures e apresentou documentos. Em razão das alegações trazidas pela interessada, entendo que devem ser analisados os fatos e documentos, a fim de que se constate, com precisão, qual o crédito passível de compensação. Dessa forma, conduzo meu voto pela conversão do julgamento em diligência, para que a autoridade de jurisdição do Recorrente: a) Verifique os documentos e alegações trazidos com o Recurso Voluntário e informe, mediante relatório conclusivo, se a interessada efetivamente suportou o ônus integral Fl. 611DF CARF MF Processo nº 16327.906777/201289 Resolução nº 1201000.241 S1C2T1 Fl. 6 5 do IRRF ou, em caso de retenção parcial, qual o valor efetivamente suportado que poderia compor o saldo negativo do período posterior à cisão; b) Confirme se os valores alegados efetivamente foram oferecidos à tributação, bem assim qual a data de transferência das debêntures, solicitando ao sujeito passivo, se entender necessário, documentos e informações complementares; c) Indique, a partir das informações acima, qual o exato montante passível de compensação. Adotadas as providências acima, deverá a autoridade dar ciência ao interessado, para manifestação em 30 dias e, posteriormente, devolver os autos a este Conselho, para julgamento. Ante o exposto CONHEÇO do Recurso e, no mérito, voto por CONVERTER o julgamento em diligência. É como voto. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator Fl. 612DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.905789/2011-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/09/2001
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO CREDITÓRIO.
Comprovada a liquidez e certeza do direito creditório, reconhece-se o pedido de restituição efetuado pelo contribuinte, nos termos do artigo 165 do CTN.
Recurso Voluntário Provido.
Direito Creditório Reconhecido.
Numero da decisão: 3302-003.589
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 30/09/2001 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO CREDITÓRIO. Comprovada a liquidez e certeza do direito creditório, reconhece-se o pedido de restituição efetuado pelo contribuinte, nos termos do artigo 165 do CTN. Recurso Voluntário Provido. Direito Creditório Reconhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10280.905789/2011-11
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700201
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3302-003.589
nome_arquivo_s : Decisao_10280905789201111.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RICARDO PAULO ROSA
nome_arquivo_pdf_s : 10280905789201111_5700201.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6688460
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:14 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950032826368
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1513; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10280.905789/201111 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302003.589 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de janeiro de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BELÉM DIESEL S.A. (Suscedida por Rodobens Veículos Comerciais Cirasa S.A.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/09/2001 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO CREDITÓRIO. Comprovada a liquidez e certeza do direito creditório, reconhecese o pedido de restituição efetuado pelo contribuinte, nos termos do artigo 165 do CTN. Recurso Voluntário Provido. Direito Creditório Reconhecido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente de pedido de restituição (PER) relativo a recolhimento indevido ou a maior da Cofins, no valor de R$ 2.261,55. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 57 89 /2 01 1- 11 Fl. 270DF CARF MF Processo nº 10280.905789/201111 Acórdão n.º 3302003.589 S3C3T2 Fl. 3 2 A DRF de São José do Rio Preto (SP), por meio de despacho decisório, indeferiu o pedido em função de o pagamento informado no PER ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. A Quarta Turma da DRJ em Ribeirão Preto julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mediante o Acórdão 14041.310, sob o fundamento de que a Contribuinte não comprovara a certeza e liquidez do crédito solicitado em restituição. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, alegando: 1. A necessidade de reunião por conexão de diversos pedidos de restituição de recolhimentos indevidos ou a maior de PIS/Pasep e Cofins, para julgamento em conjunto em um único processo, por se referirem à mesma causa de pedir, ou seja, recolhimento indevido com base na declaração de inconstitucionalidade do §1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998; 2. A falta de aprofundamento dos fatos pela autoridade fiscal que elaborou o despacho decisório e a necessidade de busca da verdade material; 3. A efetiva comprovação do indébito, pois que decorrente de recolhimento sobre receitas financeiras incluídas no alargamento declarado inconstitucional, comprovado pela juntada do Livro Razão; 4. A necessidade de conversão em diligência, se os documentos acostados aos autos se revelarem insuficientes para a comprovação do direito creditório. Na sessão de 17/09/2014, a Terceira Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento acolheu o pleito da recorrente de reunião dos processos para que pudessem ser apreciados simultaneamente e converteu o julgamento em diligência para que "possa ser efetivamente apurado e informado, DETALHADAMENTE, o valor do débito e do crédito existentes na data de transmissão dos PER/DCOMPs dos processos retromencionados. Vencida esta etapa deve a autoridade administrativa informar se há o direito creditório alegado pela contribuinte, se o mesmo é suficiente para a extinção do débito existente nessa data." Em cumprimento da resolução requerida (Resolução 3803000.536), a autoridade fiscal elaborou relatório reconhecendo o recolhimento indevido no montante de R$4.774,62, retornado os autos a este conselho para prosseguimento do julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.525, de 26 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10280.904435/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 271DF CARF MF Processo nº 10280.905789/201111 Acórdão n.º 3302003.589 S3C3T2 Fl. 4 3 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.525): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Verificase que o pedido de restituição foi no montante de R$ 1.947,78, ao passo que a informação fiscal em cumprimento da diligencia requerida por este Conselho reconheceu o direito creditório no montante de R$ 1.947,69, decorrentes de recolhimento indevido sobre receitas que compuseram o alargamento de base de cálculo previsto no §1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998, declarado inconstitucional pelo STF. Destarte, voto para dar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que no caso do paradigma, o presente processo foi objeto de diligência requerida pelo CARF (Resolução 3803000.536), sendo que a informação fiscal elaborada em atendimento à resolução também atestou recolhimento indevido da contribuição em montante suficiente para o deferimento do valor total do pleito de restituição da Contribuinte, ou seja, R$ 2.261,55 (valor original). Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 272DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10725.903016/2009-09
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 31 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Exercício: 2002
PRELIMINAR DE NULIDADE. DESPACHO DECISÓRIO. DESCABIMENTO.
Tendo sido o Despacho Decisório prolatado por autoridade para tanto competente [Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB)] e com fundamento em informações prestadas pela própria Recorrente (DComp x Darf x DCTF), descabe se falar em nulidade por incompetência ou por cerceamento do direito de defesa.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Exercício: 2002
SERVIÇOS HOSPITALARES. LEI Nº 9.249, DE 1995. DEFINIÇÃO DA
EXPRESSÃO.
Devem ser considerados serviços hospitalares “aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde”, de sorte que, “em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos” (STJ Recurso Repetitivo).
Numero da decisão: 1803-001.198
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento ao recurso, para homologar a compensação pleiteada até o limite do direito creditório reconhecido (R$ 6.188,95), nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Sérgio Rodrigues Mendes
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201201
ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2002 PRELIMINAR DE NULIDADE. DESPACHO DECISÓRIO. DESCABIMENTO. Tendo sido o Despacho Decisório prolatado por autoridade para tanto competente [Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB)] e com fundamento em informações prestadas pela própria Recorrente (DComp x Darf x DCTF), descabe se falar em nulidade por incompetência ou por cerceamento do direito de defesa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2002 SERVIÇOS HOSPITALARES. LEI Nº 9.249, DE 1995. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO. Devem ser considerados serviços hospitalares “aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde”, de sorte que, “em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos” (STJ Recurso Repetitivo).
turma_s : Terceira Turma Especial da Primeira Seção
numero_processo_s : 10725.903016/2009-09
conteudo_id_s : 5712948
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1803-001.198
nome_arquivo_s : Decisao_10725903016200909.pdf
nome_relator_s : Sérgio Rodrigues Mendes
nome_arquivo_pdf_s : 10725903016200909_5712948.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, para homologar a compensação pleiteada até o limite do direito creditório reconhecido (R$ 6.188,95), nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 31 00:00:00 UTC 2012
id : 6720443
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:33 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950050652160
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1736; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE03 Fl. 64 1 63 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10725.903016/200909 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 180301.198 – 3ª Turma Especial Sessão de 31 de janeiro de 2012 Matéria IRPJ COMPENSAÇÃO Recorrente SONICS DIAGNÓSTICO POR IMAGEM LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2002 PRELIMINAR DE NULIDADE. DESPACHO DECISÓRIO. DESCABIMENTO. Tendo sido o Despacho Decisório prolatado por autoridade para tanto competente [AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB)] e com fundamento em informações prestadas pela própria Recorrente (DComp x Darf x DCTF), descabe se falar em nulidade por incompetência ou por cerceamento do direito de defesa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2002 SERVIÇOS HOSPITALARES. LEI Nº 9.249, DE 1995. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO. Devem ser considerados serviços hospitalares “aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde”, de sorte que, “em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindose as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos” (STJ Recurso Repetitivo). Fl. 64DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903016/200909 Acórdão n.º 180301.198 S1TE03 Fl. 65 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, para homologar a compensação pleiteada até o limite do direito creditório reconhecido (R$ 6.188,95), nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Ausente justificadamente o Conselheiro Victor Humberto da Silva Maizman. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Selene Ferreira de Moraes, Meigan Sack Rodrigues, Walter Adolfo Maresch, Sérgio Rodrigues Mendes, Sérgio Luiz Bezerra Presta e João Carlos Figueiredo Neto. Fl. 65DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903016/200909 Acórdão n.º 180301.198 S1TE03 Fl. 66 3 Relatório Por bem retratar os acontecimentos do presente processo, adoto o Relatório do acórdão recorrido (fls. 42): Tratase de manifestação de inconformidade apresentada em face de despacho decisório eletrônico, por meio do qual não foi homologada compensação declarada pela interessada acima identificada na DCOMP retificadora de nº 14031.99272.240809.1.7.047581, indicando suposto crédito de pagamento indevido ou a maior de imposto de renda – IRPJ, cód 2089, no valor de R$ 6.188,95, do período de apuração (PA) 1º trimestre de 2001, para compensar débitos do PA junho de 2005, de contribuição para o PIS/PASEP, cód. 8109, no valor de R$ 44,62 e COFINS, cód. 2172, de R$ 205,93. 2. A compensação não foi homologada pela autoridade fazendária, pelo Despacho Decisório nº 848590039, de 7/10/2009, sob o argumento de que, a partir das características do DARF discriminado na DCOMP acima identificada, foram localizados um ou mais pagamentos que foram integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na DCOMP. 3. Inconformada, a interessada apresentou manifestação de inconformidade aos fls. 1 e 2, alegando em síntese que: 3.1. o crédito pleiteado de pagamento a maior ou indevido existe e foi informado ao fisco; 3.2. que o IRPJ supostamente devido pelo contribuinte no 1º trimestre de 2001 se constata pela DCTFretificadora entregue em 14/08/2009; 3.3 que a impugnante não apurou IRPJ a pagar em 30/04/2001, tendo realizado um pagamento indevido no valor de R$ 6.188,95, gerando por conseguinte o crédito de mesmo valor; 3.4. concluise que o débito satisfeito com o valor pago que consta do DARF discriminado na DCOMP inexiste, pois o contribuinte nada devia a título de IRPJ no 1º trimestre de 2001, conforme DCTFretificadora; 3.5. de todo o exposto, requereu para ser recebida a manifestação de inconformidade, por sua tempestividade, suspendendose a exigibilidade do crédito tributário, e considerandoa procedente e reformando a decisão que não homologou a compensação. 2. A decisão da instância a quo foi assim fundamentada (fls. 43 e 44): 5. O contribuinte recolheu aos cofres públicos, em 30/04/2001, o DARF com as seguintes características: PA de 31/03/2001, cód. receita 2089, de R$ 6.188,95. O pagamento foi confirmado no sistema eletrônico da Receita Federal, cf. consta do Extrato Sistêmico RFB do 1º trimestre do ano calendário de 2001, fl. 37. 6. Em DCTF retificadora datada de 28/05/2003 (fl. 40), o mesmo contribuinte declarou um débito de IRPJ, cód. receita 2089, no valor de R$ 5.803,16 (fl. 40, Fl. 66DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903016/200909 Acórdão n.º 180301.198 S1TE03 Fl. 67 4 verso), mas em 14/08/2009 apresentou nova DCTF retificadora (fl. 38, vs) declarando que não mais existia o débito anteriormente informado do mesmo IRPJ, cód. 2089 (fls. 39 e vs), sem juntar qualquer documentação comprobatória da veracidade das informações nela contidas. 7. Consultada a declaração do imposto de renda da pessoa jurídica (DIPJ) do exercício de 2002, ano base de 2000, vemos, no Extrato Sistêmico RFB, fls. 37 verso e 38, que não há DIPJ retificadora e a única DIPJ, original, apresentada sob o nº 0959726, acusava para o trimestre 1 do ano calendário de 2001 um imposto de renda a pagar de R$ 6.188,95. 8. A restituição/compensação de tributos no âmbito da Receita Federal do Brasil é regida pelos artigos 165 e 170 da Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário Nacional – C.T.N.) que assim dispõe: [...]. 9. Quanto à retificação da DCTF efetuada pelo contribuinte, o mesmo CTN assim dispõe: [...]. 10. Temos que, por um lado, o contribuinte vem afirmando, em DCTF retificadora apresentada em 14/08/2009, que no 1º trimestre de 2001 não havia IRPJ, cód. 2089, a pagar; por outro lado, a DIPJ originalmente apresentada, ativa e única, aponta para um IRPJ a pagar de R$ 6.188,95, valor idêntico ao que foi recolhido em DARF pelo contribuinte. 11. Ainda que houvesse coerência nas declarações prestadas pelo contribuinte (pois não há), deveria ele provar, com a apresentação de sua escrituração contábil e fiscal, as razões da mudança do seu entendimento quanto ao real valor devido de IRPJ cód. 2089 do PA 1º trimestre de 2001, para que o crédito alegado pudesse gozar de certeza e liquidez, o que não ocorre no presente caso. 12. Não havendo certeza e liquidez do crédito alegado pelo contribuinte em seu favor, não é possível homologar a compensação por ele declarada. 13.Assim, entendo que não deve ser dado provimento à manifestação de inconformidade apresentada e voto pela manutenção da conclusão contida no Despacho Decisório combatido. 3. Cientificada da referida decisão em 12/08/2011 (fls. 56 numeração digital ND), a tempo, em 08/09/2011, apresenta a interessada Recurso de fls. 57 a 61 (ND), nele argumentando, em síntese: a) que o despacho decisório que não homologou a compensação sofre de inafastáveis vícios de nulidade, quais sejam, inexistência de fundamentação e cerceamento de defesa, por não ter oportunizado ao contribuinte a possibilidade de comprovar o seu crédito, matéria de ordem pública que pode ser alegada e reconhecida em qualquer fase processual, inclusive na segunda instância, mesmo não tendo sido alegada expressamente na defesa inicial apresentada na primeira instância administrativa; Fl. 67DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903016/200909 Acórdão n.º 180301.198 S1TE03 Fl. 68 5 b) que não há, no despacho decisório, sequer, referência à DCTF que teria dado margem à alocação do pagamento arguido, muito embora a DCTF retificadora, que permite aferir a existência do crédito do contribuinte em face do fisco federal, já tivesse sido transmitida; c) que não poderia o despacho decisório, sem uma motivação razoável e congruente, desconsiderar as informações transmitidas através da DCTF retificadora, declaração capaz de demonstrar o crédito oposto; d) que, em que pese a divergência existente entre a DCTF retificadora e a DIPJ, tal situação, no fundo, exige (ou teria exigido à época) que o fisco federal intime (ou tivesse intimado) o contribuinte para explicar a origem e a regularidade do seu crédito e as alterações promovidas na DCTF retificadora, o que não foi feito; e) que, realmente, a Recorrente opôs crédito regular em face da Fazenda Pública Federal, para efetivar a compensação promovida via DCOMP; f) que, durante o período referente à DCTF retificadora, apurou e recolheu valores a maior a título de imposto de renda (IRPJ), visto que, no citado período, apurou o imposto pelo regime do lucro presumido, aplicando o percentual equivocado de 32% sobre a sua receita bruta, para efeitos de identificação da base de cálculo, enquanto o correto, por se dedicar à prestação de serviços hospitalares, seria o percentual de 8%, conforme previa o art. 15, § 1º, inciso III, alínea “a”, da Lei nº 9.249, de 1995, c/c o art. 25 da Lei nº 9.430, de 1996; g) que, diante de tais recolhimentos indevidos a título de IRPJ, apurou o seu crédito e o utilizou para promover a compensação de seus tributos federais, consoante declarado na DComp relacionada ao presente feito, meio adequado para instrumentalizar o ajuste de contas no âmbito administrativo, conforme preceitua a sistemática tratada no art. 74 e parágrafos da Lei nº 9.430, de 1996; e h) que eis, então, a origem do crédito da Recorrente, crédito este que a própria RFB, em nome do princípio da legalidade, pode e deve apurar e reconhecer de ofício, caso não seja reconhecida a nulidade do despacho decisório de acordo com os argumentos demonstrados acima. Em mesa para julgamento. Fl. 68DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903016/200909 Acórdão n.º 180301.198 S1TE03 Fl. 69 6 Voto Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. Preliminar de nulidade do Despacho Decisório 4. Argui a Recorrente, preliminarmente, a nulidade do Despacho Decisório, ao fundamento de que sofreria, este, de inafastáveis vícios, quais sejam: (a) inexistência de fundamentação; e (b) cerceamento de defesa, por não ter oportunizado a ela a possibilidade de comprovar o seu crédito. 5. Inicialmente, quanto ao tema de nulidade, convém reproduzir o art. 59 do PAF (Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972): Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II – os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. 6. São, portanto, apenas duas as espécies de irregularidades, elencadas nos incisos do dispositivo retro transcrito, que possuem o condão de contaminar de nulidade as peças que compõem o processo administrativo. 7. Observese que a discordância quanto aos fatos e/ou capitulação legal não é causa de nulidade. 8. No presente caso, de ato decisório (Despacho Decisório eletrônico), foi este prolatado por autoridade para tanto competente [AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB)] e com fundamento em informações prestadas pela própria Recorrente (DComp x Darf x DCTF), não havendo, pois, que se falar em nulidade por incompetência ou por cerceamento do direito de defesa. 9. Há que se ressaltar, ainda, que referido Despacho Decisório eletrônico também procede ao cruzamento de informações entre a DComp e a DIPJ e, não tendo sido esta retificada pela Recorrente, como por ela mesma reconhecido (fls. 59ND, item 7), outro não poderia ter sido o resultado daquela análise de compensação. 10. Rejeito a preliminar de nulidade arguida. Mérito 11. Constou da decisão recorrida o seguinte (fls. 44): Fl. 69DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903016/200909 Acórdão n.º 180301.198 S1TE03 Fl. 70 7 10. Temos que, por um lado, o contribuinte vem afirmando, em DCTF retificadora apresentada em 14/08/2009, que no 1º trimestre de 2001 não havia IRPJ, cód. 2089, a pagar; por outro lado, a DIPJ originalmente apresentada, ativa e única, aponta para um IRPJ a pagar de R$ 6.188,95, valor idêntico ao que foi recolhido em DARF pelo contribuinte. 11. Ainda que houvesse coerência nas declarações prestadas pelo contribuinte (pois não há), deveria ele provar, com a apresentação de sua escrituração contábil e fiscal, as razões da mudança do seu entendimento quanto ao real valor devido de IRPJ cód. 2089 do PA 1º trimestre de 2001, para que o crédito alegado pudesse gozar de certeza e liquidez, o que não ocorre no presente caso. 12. Não havendo certeza e liquidez do crédito alegado pelo contribuinte em seu favor, não é possível homologar a compensação por ele declarada. 12. Em seu Recurso, afirma a Recorrente que o crédito alegado é decorrente da apuração do imposto pelo regime do lucro presumido, com a aplicação do percentual equivocado de 32% sobre a receita bruta, para efeitos de identificação da base de cálculo, enquanto o correto, por se dedicar à prestação de serviços hospitalares, seria o percentual de 8%. Recursos repetitivos (STJ) 13. Dispõe o art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações das Portarias MF nºs 446, de 27 de agosto de 2009, e 586, de 21 de dezembro de 2010 (grifouse): Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. 14. Relativamente à questão da definição da expressão “serviços hospitalares”, prevista na Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, é o seguinte o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) na sistemática de Recursos Repetitivos (art. 543C do CPC): DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO “SERVIÇOS HOSPITALARES”. INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543C DO CPC. Fl. 70DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903016/200909 Acórdão n.º 180301.198 S1TE03 Fl. 71 8 1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão “serviços hospitalares” prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL. Discutese a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na lei, poderse restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito de “serviços hospitalares” apenas aqueles estabelecimentos destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e assistência médica integral. 2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251PR, da relatoria do eminente Ministro Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão “serviços hospitalares”, constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que “a dispensa da capacidade de internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares”. 3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares “aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde”, de sorte que, “em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindose as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos”. 4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95. 5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada à promoção da saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do Fl. 71DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903016/200909 Acórdão n.º 180301.198 S1TE03 Fl. 72 9 IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços médicos laboratoriais). 6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo 543C do CPC e da Resolução 8/STJ. 7. Recurso especial não provido. (REsp 1116399/BA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 24/02/2010) 15. No presente caso, conforme se verifica do próprio Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), faz jus a Recorrente ao percentual de presunção do lucro de 8% (fls. 10): 16. Procedendose, por conseguinte, ao recálculo do imposto devido relativo ao 1º trimestre do anocalendário de 2001 (fls. 37verso e 38), obtémse o seguinte demonstrativo: DIPJ 2002/2001 ENTREGUE RETIFICADA PAGO A MAIOR RECEITA BRUTA 181.320,44 181.320,44 Fl. 72DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903016/200909 Acórdão n.º 180301.198 S1TE03 Fl. 73 10 PERCENTUAL 32% 8% BASE CÁLCULO 58.022,54 14.505,63 ALÍQUOTA 15% 15% IRPJ DEVIDO 8.703,38 2.175,84 IRRF (2.514,43) (2.514,43) IRPJ A PAGAR 6.188,95 (338,59) 6.188,95 17. Dessa forma, é de ser reconhecido à Recorrente o direito creditório pleiteado, no valor de R$ 6.188,95. 18. Com relação à afirmação da Recorrente de que “não poderia o despacho decisório, sem uma motivação razoável e congruente, desconsiderar as informações transmitidas através da DCTF retificadora”, cumpre ressaltar que, entregue em 14/08/2009, não poderia essa DCTF pretender retificar dados relativos ao anocalendário de 2001, daí a sua total desconsideração por aquele despacho decisório. Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de DAR PROVIMENTO AO RECURSO, para homologar a compensação pleiteada até o limite do direito creditório reconhecido (R$ 6.188,95), atentandose, ainda, para a existência de outras compensações, objeto de outros processos, que também utilizam o mesmo crédito ora reconhecido. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 73DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES
score : 1.0
Numero do processo: 15374.957585/2009-15
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. COMPROVAÇÃO.
Tratando-se de fato constitutivo de direito, cujo ônus da prova incumbe ao autor, em conformidade com o art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil - CPC (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), e tendo em vista que a existência, certeza e liquidez do crédito pleiteado são requisitos essenciais ao deferimento da restituição/compensação requerida, na forma do art. 170 do Código Tributário Nacional - CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), compete ao sujeito passivo, que dele pretende se beneficiar, a efetiva comprovação daquele crédito, não cabendo opor a esse ônus alegações de decadência ou de homologação tácita por parte do Fisco.
Numero da decisão: 9101-002.548
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Cristiane Silva Costa.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício). Ausente justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201702
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. Tratando-se de fato constitutivo de direito, cujo ônus da prova incumbe ao autor, em conformidade com o art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil - CPC (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), e tendo em vista que a existência, certeza e liquidez do crédito pleiteado são requisitos essenciais ao deferimento da restituição/compensação requerida, na forma do art. 170 do Código Tributário Nacional - CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), compete ao sujeito passivo, que dele pretende se beneficiar, a efetiva comprovação daquele crédito, não cabendo opor a esse ônus alegações de decadência ou de homologação tácita por parte do Fisco.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 15374.957585/2009-15
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700131
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9101-002.548
nome_arquivo_s : Decisao_15374957585200915.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
nome_arquivo_pdf_s : 15374957585200915_5700131.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Cristiane Silva Costa. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício). Ausente justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
dt_sessao_tdt : Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
id : 6688390
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950055895040
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1729; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 3.054 1 3.053 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 15374.957585/200915 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9101002.548 – 1ª Turma Sessão de 07 de fevereiro de 2017 Matéria IRPJ Recorrente RAÍZEN COMBUSTÍVEIS S.A. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. Tratandose de fato constitutivo de direito, cujo ônus da prova incumbe ao autor, em conformidade com o art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil CPC (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), e tendo em vista que a existência, certeza e liquidez do crédito pleiteado são requisitos essenciais ao deferimento da restituição/compensação requerida, na forma do art. 170 do Código Tributário Nacional CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), compete ao sujeito passivo, que dele pretende se beneficiar, a efetiva comprovação daquele crédito, não cabendo opor a esse ônus alegações de decadência ou de homologação tácita por parte do Fisco. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Cristiane Silva Costa. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 95 75 85 /2 00 9- 15 Fl. 3055DF CARF MF Processo nº 15374.957585/200915 Acórdão n.º 9101002.548 CSRFT1 Fl. 3.055 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício). Ausente justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Por bem descrever os fatos, reproduzo o relatório da decisão recorrida, no que interessa à presente lide: A Contribuinte apresentou requerimentos alegando erros no preenchimento de algumas DCOMP’s, assim como nas DCTF retificadoras (fls. 2/247). Em virtude disso, o presente processo foi encaminhado para tratamento manual do direito creditório em questão. Trata o presente processo de pedido de restituição e declaração de compensação, PER/DCOMP nº 38668.93635.231007.1.7.02 3297 (fls. 260/271), transmitido em 23/10/2007, com o objetivo de ver reconhecido e compensado o direito creditório de R$ 18.178.995,06, correspondente ao saldo negativo de IRPJ [do] período de 01/01/2002 a 30/11/2002. Fazem parte da mesma família as seguintes DCOMP’s que utilizam o mesmo crédito (fls. 248/315): 38626.55097.261007.1.7.020052,14012.21642.261007.1.7.02013 0,16075.25108.290404.1.3.023948,07063.76526.261007.1.7.026 061,13364.48266.181004.1.3.027097,11569.13117.181207.1.3.0 27100,01764.11298.130509.1.7.027209,05798.47245.261007.1.7 .028078,00358.04940.261007.1.7.028801,07411.61950.261007.1 .7.029358,36238.51332.120509.1.7.029724,22911.98577.150604 .1.3.020148. Vale registrar que a DCOMP de nº 22911.98577.150604.1.3.02 0148 (fls. 256/259), apesar de indicar um anocalendário diferente referente ao saldo negativo utilizado, foi incluída na família pelo sistema, e também no presente processo, a fim de ser analisada. Os processos administrativos de débito relacionados a tais DCOMP’s encontramse suspensos, aguardando apreciação. O saldo negativo pleiteado, que coincide com o valor informado na DIPJ 2002, conforme ficha 12, linha 18 (fls. 2.211), é formado por [...] e estimativas compensadas com saldos negativos de períodos anteriores (R$ 3.451.327,89). Após intimar a Contribuinte para prestar esclarecimentos e apresentar documentos, em 25/06/2012, a DEMAC/DIORT/RJO emitiu o Parecer/Despacho Decisório nº 094/2012 (fl. 2.411/2.412 e 2.440/2.441), que só reconheceu o direito creditório de R$ 13.538.277,41, fato que a levou a concluir pela Fl. 3056DF CARF MF Processo nº 15374.957585/200915 Acórdão n.º 9101002.548 CSRFT1 Fl. 3.056 3 homologação parcial das compensações declaradas pela Contribuinte. Referida decisão, informou, em síntese, que: (i) intimada, a Contribuinte não comprovou o pagamento das estimativas de IRPJ do anocalendário de 2002, razão pela qual nenhum valor foi reconhecido a esse título; e (ii) [...]. Na manifestação de inconformidade apresentada, a Contribuinte alegou, em resumo, que: [...]; quanto às estimativas compensadas com saldos negativos de períodos anteriores, informadas no PER/DCOMP nº 38668.93635.231007.1.7.023297 (Doc. nº 03), no valor de R$ 3.451.327,89, temse que o saldo negativo apurado no ano calendário 2001 é mais do que suficiente para respaldar as compensações realizadas ao longo do anocalendário 2002; conforme DIPJ 2002 (Doc. 10, fls. 327), o saldo negativo apurado no anocalendário 2001 é de R$ 5.884.093,63, valor bastante superior às compensações feitas a título de estimativa com a utilização de saldos negativos de períodos anteriores, que alcançaram a cifra de R$ 3.451.327,89; conforme tabela de fls. 2.469, as estimativas foram informadas em DCTF, o que afasta a necessidade de qualquer outra comprovação; eventual glosa somente poderia ser justificada caso restasse demonstrada a utilização do saldo negativo do anocalendário 2001 para a quitação de outros débitos, uma vez que, à época dos fatos, as compensações com a utilização de saldos negativos eram feitas sem processo, sendo declaradas por meio de DCTF; porém, tal ponto não foi sequer ventilado ou demonstrado pela Autoridade Fiscal; a Autoridade Fiscal, ao invés de se restringir à análise do crédito, refez a verificação acerca do resultado do ano calendário 2002, o que não se afigura possível ante o decurso do prazo decadencial; em outras palavras, ao glosar as estimativas compensadas no anocalendário 2002, a Autoridade Fiscal procedeu, na verdade, com a revisão/restrição do saldo negativo apurado no ano calendário 2001, que é período já fulminado pela decadência; tal impossibilidade exsurge da orientação já consolidada pelo CARF; o art. 65 da IN RFB nº 900/08, utilizado pela Fiscalização, sequer existia à época da transmissão do PER/DCOMP sob análise (26/10/2007); assim, a exigência feita no sentido de obter a escrituração contábil que demonstrasse as compensações dos débitos de estimativa, na esteira de todos os demais documentos apresentados, quais sejam: DIPJ/2003, DCTF e PER/DCOMP nº 38668.93635.231007.1.7.023297 (Doc. nº 03), não tem razoabilidade; Fl. 3057DF CARF MF Processo nº 15374.957585/200915 Acórdão n.º 9101002.548 CSRFT1 Fl. 3.057 4 tendo em conta o período objeto da solicitação formalizada, não conseguiu localizar esta escrituração contábil; porém, os demais documentos comprobatórios do referido crédito, consignados neste processo administrativo, permitem verificar a suficiência do saldo negativo do anocalendário 2001, para quitar as estimativas compensadas ao longo do ano calendário 2002, o que demonstra a plausibilidade do direito creditório relativo àquelas compensações, no valor histórico de R$ 3.451.327,89; requer diligência/perícia com vistas a comprovar a materialidade do saldo negativo relativo ao anocalendário 2002, requerido por meio do PER/DCOMP nº 38668.93635.231007.1.7.023297 (Doc. nº 03). Indica quesitos e perito às fls. 2.473/2.474. A 8ª Turma da DRJ/RJ1 deu parcial provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, para reconhecer o crédito (saldo negativo de IRPJ anocalendário 2002) no valor de R$ 6.107.874,85, homologando a compensação declarada até este limite: [...]. Nesse passo, consignou que [...]. Além disso, afastou a alegação da Contribuinte de que as estimativas do ano de 2002 foram compensadas com o saldo negativo apurado no anocalendário de 2001, conforme DCTF (fls. 2.251/2.252), uma vez que a Contribuinte não apresentou a escrituração contábil demonstrando que a compensação foi efetuada, quando da ocorrência dos fatos, nos seus livros contábeis. Inconformada, a Contribuinte apresenta recurso voluntário (fls. 2.642/2.659), repisando os argumentos de sua peça impugnatória no tocante ao não reconhecimento dos valores recolhidos a título de IRPJ estimativa no anocalendário 2002; e, acrescenta, os seguintes: A exigência feita pela decisão recorrida quanto à apresentação de escrituração contábil mostrase contraditória. Isso porque, se a legislação, até 1º/11/02, autorizava que a compensação fosse feita com o mero registro de sua informação na DCTF respectiva e, sendo certo que a Contribuinte atendeu essa exigência, não parece correta a glosa daqueles créditos, sob o fundamento da falta de apresentação de lançamentos contábeis, eis que os mesmos seriam necessários apenas na ausência do registro das compensações em DCTF, o que não se verificou na hipótese. A única razão que poderia dar ensejo à referida glosa seria a comprovação de que houve a utilização de valores superiores àqueles acumulados a título de saldo negativo do anocalendário 2001, o que, em momento nenhum, foi suscitado ou demonstrado pela D. Autoridade Fiscal. Ou seja, somente a comprovação, por parte das autoridade fiscais, da utilização do saldo negativo do anocalendário 2001 para a quitação de outros débitos, de modo que não restasse saldo suficiente para a quitação das estimativas Fl. 3058DF CARF MF Processo nº 15374.957585/200915 Acórdão n.º 9101002.548 CSRFT1 Fl. 3.058 5 compensadas ao longo do anocalendário 2002, poderia ensejar a glosa realizada. O saldo negativo apurado no anocalendário 2001 correspondia a R$ 5.884.093,63, valor bastante superior ao montante compensado para quitação do IRPJ estimativa do ano calendário 2002, que alcança a cifra de R$ 3.451.327,89. Ao julgar o recurso, a Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção do CARF proferiu o Acórdão nº 1402001.590, de 11 de março de 2014, cujas ementa e decisão transcrevo, respectivamente: IRPJ. CSLL. SALDO NEGATIVO. AJUSTES NO PASSADO COM REPERCUSSÃO FUTURA. DECADÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. Somente podese falar em contagem do prazo decadencial após a data de ocorrência dos fatos geradores, não importando a data [da] contabilização de fatos passados que possam ter repercussão futura. O art. 113, § 1º, do CTN aduz que “A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador” e o papel de Fisco de efetuar o lançamento, nos termos do art. 142 do Estatuto Processual, nada mais é do que o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente. Não é papel do Fisco auditar as demonstrações contábeis dos contribuintes, a fim de averiguar sua correição à luz dos princípios e normas que norteiam as ciências contábeis. A preocupação do Fisco deve ser sempre o reflexo tributário de determinados fatos, os quais, em inúmeras ocasiões, advêm dos registros contábeis. Ressaltese [que] o § 4º do art. 9º do Decreto nº 70.235, de 1972, prevê que seja efetuado o lançamento também nas hipóteses em que, constatada infração à legislação tributária, dela não resulte exigência de crédito tributário. O prazo decadencial somente tem início após a ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN), ou após o primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado nas hipóteses do art. 173, I, do CTN. Não se submetem à homologação tácita os saldos negativos de IRPJ e da CSLL apurados nas declarações apresentadas, a serem regularmente comprovados pelo sujeito passivo, quando objeto de declaração de compensação, devendo, para tanto, ser mantida a documentação pertinente até que encerrados os processos que tratam da utilização daquele crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos: i) rejeitar a solicitação de diligência; vencido o Conselheiro Moisés Giacomelli Nunes da Silva; e ii) Negar provimento ao recurso voluntário; vencido o Conselheiro Carlos Pelá. Designado o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto para redigir o voto vencedor. Fl. 3059DF CARF MF Processo nº 15374.957585/200915 Acórdão n.º 9101002.548 CSRFT1 Fl. 3.059 6 Inconformado, o contribuinte apresenta recurso especial por divergência, argumentando, em síntese: a) que a discussão ora travada cingese à possibilidade do Fisco em revisitar a apuração de Saldos Negativos já fulminados pela decadência, como no presente caso, onde restaram glosadas as estimativas que compunham o Saldo Negativo de IRPJ do anocalendário de 2002, ante a ausência de documentos contábeis que demonstrassem a sua compensação com saldos negativos de períodos anteriores; b) que é incabível à autoridade administrativa proceder com a revisitação da apuração de Saldos Negativos já fulminados pela decadência; c) que as informações prestadas pela Recorrente tornamse imutáveis com o transcurso do prazo de cinco anos da ocorrência do fato gerador, de modo que, estando as informações devidamente prestadas nas declarações fiscais (DCTF, DIPJ, DIRF, etc.), não há que se falar na ausência de documentação contábil para comprovar ditas declarações; d) que devem ser consideradas como base apenas as declarações já prestadas ao Fisco, ante a desnecessidade de apresentação da escrituração contábil para comprovar os valores e compensações há muito declarados ao Fisco e fulminados pela decadência; e) que o montante do saldo negativo apurado em relação ao anocalendário 2001 era mais do que suficiente para a quitação das estimativas compensadas durante o anocalendário 2002; f) que, daí, é descabida a glosa daquelas compensações por ausência de documentação comprobatória; g) que a única restrição que poderia ser imposta pelas Autoridades Fiscais seria caso tivesse sido demonstrada a utilização do saldo negativo do ano calendário 2001 para a quitação de outros débitos, e que não restasse saldo suficiente para a quitação das estimativas compensadas ao longo do ano calendário 2002; h) que, porém, tal ponto não foi sequer ventilado ou demonstrado pelas Autoridades Fiscais; i) que o acórdão recorrido, ao invés de se restringir à análise do crédito, está refazendo a verificação acerca do resultado do anocalendário 2002, o que não se afigura possível ante o decurso do prazo decadencial; j) que, ao glosar as estimativas compensadas pela Recorrente no ano calendário 2002, as Autoridades Fiscais e Julgadoras estão procedendo, na verdade, com a revisão/restrição do saldo negativo apurado no anocalendário 2001, que é período já fulminado pela decadência; e k) que, passados mais de 5 (anos) da apuração do saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2001 e 2002, operouse a sua homologação tácita, conferindo definitividade à apuração realizada pela Recorrente no âmbito do lançamento por homologação. O recurso especial foi admitido pelo presidente da Quarta Câmara da Primeira Seção do CARF. Fl. 3060DF CARF MF Processo nº 15374.957585/200915 Acórdão n.º 9101002.548 CSRFT1 Fl. 3.060 7 Devidamente cientificada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, a seguir resumidas: a) que a existência de valor a restituir ou a compensar é aferida a partir do contraste entre o valor recolhido e o valor de fato devido, em face da legislação tributária; b) que a verificação do direito creditório, por meio de comparação entre o valor pago e o devido, é da essência da análise de pedidos de restituição ou declarações de compensação; c) que, para que se determine o valor devido, o Fisco pode analisar todos os aspectos pertinentes à obrigação tributária, inclusive a base de cálculo e a alíquota, sem restrições, já que o CTN, em seus arts.165 e 170, não impõe qualquer limite a essa análise; d) que a compensação e a restituição submetemse a regramento próprio, dado pelo art. 74 da Lei nº 9.430/96, que tem como fundamento os arts. 165 e 170 do CTN; e e) que o exame da legislação que disciplina o instituto da compensação no âmbito tributário conduz a conclusões que demonstram, de forma inequívoca, que não se pode aplicar, como pretende a Recorrente, as normas relativas à constituição do crédito tributário ao instituto da compensação. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão Relator O recurso é tempestivo, entendo que a divergência restou comprovada e, por isso, conheço do especial. A presente discussão, ao contrário do que defende a Recorrente, envolve, a meu ver, fato constitutivo de direito, cujo ônus da prova incumbe ao autor, em conformidade com o art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil – CPC (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), e não, propriamente, questões de decadência ou de homologação tácita. Nesse sentido, consta da própria ementa do acórdão recorrido o seguinte (e fls. 2.779 e 2.780): Não se submetem à homologação tácita os saldos negativos de IRPJ e da CSLL apurados nas declarações apresentadas, a serem regularmente comprovados pelo sujeito passivo, quando objeto de declaração de compensação, devendo, para tanto, ser mantida a documentação pertinente até que encerrados os processos que tratam da utilização daquele crédito. Sustenta a Recorrente a correção do saldo negativo de IRPJ por ela apurado no anocalendário de 2002, pleiteado em diversas Declarações de Compensação, e que as estimativas desse anocalendário, integrantes daquele saldo negativo, teriam sido compensadas com o saldo negativo de IRPJ apurado no anocalendário de 2001. Fl. 3061DF CARF MF Processo nº 15374.957585/200915 Acórdão n.º 9101002.548 CSRFT1 Fl. 3.061 8 Porém, intimada para tanto, não apresentou a Recorrente a competente escrituração, demonstrando, de forma inequívoca, que a pretendida compensação teria sido, sim, registrada em seus livros contábeis, quando da ocorrência dos fatos. Pretende, ela, por outro lado, que se considere “plausível” a existência dessa mesma compensação, em face da “suficiência” do saldo negativo apurado no anocalendário de 2001 para quitar as estimativas do anocalendário de 2002. Ora, alegar e não provar é o mesmo que nada alegar: allegare nihil et allegatum non probare paria sunt. Há que se ressaltar, também, que a existência, certeza e liquidez do crédito pleiteado são requisitos essenciais ao deferimento da restituição/compensação requerida, na forma do art. 170 do Código Tributário Nacional – CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), devendo o contribuinte, por conseguinte, comproválos até à exaustão. Não se pode, pois, admitir que se acolha semelhante pedido com base, apenas, em “plausibilidades”. Ainda, não se trata, no caso, de “refazimento” ou de “revisitação”, por parte da fiscalização, do resultado apurado no anocalendário de 2002, mas, sim, da efetiva comprovação desse resultado, por parte de quem, em última análise, dele pretende se beneficiar. Afirma a Recorrente que (efls. 2.829): Inicialmente, cumpre ressaltar que, no decorrer da presente demanda, tanto em sede de Impugnação quanto em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente aduziu a impossibilidade em serem reabertas discussões quanto a períodos já fulminados pela decadência, com a exigência de documentação fiscal comprobatória para tanto, devendo prevalecer as informações prestadas em suas Declarações Fiscais. No presente caso, verificase dos autos que foi apresentado pedido de restituição e declaração de compensação, Per/DComp nº 38668.93635.231007.1.7.023297, transmitido em 23/10/2007, com o objetivo de ver reconhecido e compensado o pretenso direito creditório de R$ 18.178.995,06, correspondente ao suposto saldo negativo de IRPJ do período de 01/01/2002 a 30/11/2002. Ou seja, acolhida, por um momento, a tese defendida pela Recorrente de “imutabilidade das informações prestadas, com o transcurso do prazo de cinco anos da ocorrência do fato gerador” , teria o Fisco, quando muito, o prazo de 24/10/2007 a 30/11/2007, ou seja, apenas 38 (trinta e oito) dias, para analisar e se manifestar conclusivamente sobre o pleito por ela interposto. Observase que a Recorrente, por sua vez, dispôs do período de 01/12/2002 a 23/10/2007, ou seja, 1.787 (mil setecentos e oitenta e sete) dias, para interpor o seu pleito, só se dignando a fazêlo, como dito, no 38º (trigésimo oitavo) dia anterior ao pretendido prazo final do Fisco. De se dizer que nada impediria a Recorrente de, ao seu arbítrio, transmitir aquela Per/DComp no dia 30/11/2007, às 23:59, quando, então, restaria ao Fisco ainda por aquela tese o prazo de 1 (um) minuto para analisar e se manifestar conclusivamente sobre esse pleito!!! Ora, como bem destaca o magistério de Carlos Maximiliano (MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. p. 166): Fl. 3062DF CARF MF Processo nº 15374.957585/200915 Acórdão n.º 9101002.548 CSRFT1 Fl. 3.062 9 Deve o Direito ser interpretado inteligentemente: não de modo que a ordem legal envolva um absurdo, prescreva inconveniências, vá ter a conclusões inconsistentes ou impossíveis. Também se prefere a exegese de que resulte eficiente a providência legal ou válido o ato, à que torne aquela sem efeito, inócua, ou este, juridicamente nulo. [...] Desde que a interpretação pelos processos tradicionais conduz a injustiça flagrante, incoerências do legislador, contradição consigo mesmo, impossibilidades ou absurdos, devese presumir que foram usadas expressões impróprias, inadequadas, e buscar um sentido equitativo, lógico e acorde com o sentir geral e o bem presente e futuro da comunidade. De todo modo, eventual circunstância de o Fisco não mais dispor de prazo para constituir possível crédito tributário, relativo ao período em que teria sido gerado o saldo negativo, não afasta o ônus, indiscutível, de o Contribuinte demonstrar a existência, certeza e liquidez de seu pretenso crédito. Afinal de contas, pagamento “inexistente”, ainda que declarado, mas não comprovado, não se torna “existente” pelo simples fato de não mais poder ser auditado. Pretende, ainda, a Recorrente que o ônus da prova, no presente caso, seja do Fisco, de demonstrar que “o saldo negativo do anocalendário de 2001 teria sido utilizado para a quitação de outros débitos, não restando saldo suficiente para a quitação das estimativas compensadas ao longo do anocalendário de 2002”. Ora, ainda que restasse valor suficiente do saldo negativo do anocalendário de 2001 para a quitação das estimativas compensadas ao longo do anocalendário de 2002, isso, por si só, não prova que pretendida compensação tenha, oportunamente, ocorrido. O que se questiona, na realidade, não é a possibilidade dessa compensação, mas a sua efetiva existência, que, em nenhum momento, foi comprovada pela Recorrente. Do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Segue abaixo Declaração de Voto apresentada no prazo Regimental. Declaração de Voto Conselheira Cristiane Silva Costa Com a devida venia ao nobre Conselheiro Relator, divirjo de seu voto para dar provimento ao recurso especial do contribuinte. Lembro que o caso dos autos é de negativa de crédito de saldo negativo quanto ao anocalendário de 2002. Fl. 3063DF CARF MF Processo nº 15374.957585/200915 Acórdão n.º 9101002.548 CSRFT1 Fl. 3.063 10 A Delegacia da Receita Federal no Rio de Janeiro, acolheu parcialmente a manifestação de inconformidade apresentada nos autos, admitindo os créditos relacionados às retenções sofrida pelo contribuinte no ano de 2002, verbis: Da parcela do crédito decorrente de IRRF (...) Na manifestação de inconformidade, a Interessada acostou aos autos os informes de rendimentos/comprovantes de retenção, de fls.2.513/2.515, DOC.06, e 2.516/2.519, DOC.07, bem como o mesmo extrato de DIRF às fls.2.525. Os comprovantes de retenção referemse às fontes pagadoras Citibank N. A, CNPJ 33.042.953/000171, e Banco Citibank, CNPJ 33.479.023/000180, perfazendo, respectivamente, IRRF de R$2.398.435,12 e R$250.335,10, no total de R$2.648.770,22. Registrese que não consta nos autos qualquer comprovante de retenção da fonte pagadora de CNPJ 33.066.408/000115, suposta sucessora da pessoa jurídica de CNPJ 17.156.514/000133. Do exame do extrato da DIRF, fls.2.212/2.250, constatase que os valores que constaram nos comprovantes de retenção acima mencionados, constaram na própria DIRF. Assim, na ausência de outros comprovantes de retenção, o total de IRRF que poderá ser utilizado é o que constou na DIRF, uma vez que, a DIRF, Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte, por ser documento oficial exigido por lei, revestese de supremacia em relação aos demais documentos, constituindose em parâmetro de análise prevalente para que se possa ter a certeza que todos os rendimentos e valores retidos foram regularmente contabilizados pelos beneficiários. Tal declaração é emitida pelas fontes pagadoras do rendimento, havendo, pois, a presunção de veracidade dos valores nela contidos, uma vez que, emitida por terceiros. Desta forma, há de se reconhecer que a Interessada faz juz ao IRRF no valor de R$19.646.152,26, conforme se extrai do extrato da DIRF acostado aos autos às fls.2.250, sendo certo que o fato de valor diferente constar no PER/DCOMP não tem o condão de extinguir tal crédito. Em que pese tenha reconhecido os créditos de IRRF, para compor o saldo negativo de 2002, a DRJ negou o reconhecimento de quitação das estimativas mensais daquele anocalendário, pelas razões seguintes: Da parcela do crédito decorrente de estimativas. Alegou a Interessada que as estimativas do ano de 2002 foram compensadas com o saldo negativo apurado no anocalendário 2001. Conforme fls.2.251/2.252, tal informação constou em DCTF. Quanto a esta alegação, cabe observar que, anteriormente a 01/10/2002 permitiase a compensação na contabilidade entre tributos de mesma espécie, e tal informação deveria constar na DCTF. Ocorre que, tratandose de pessoa jurídica, os livros contábeis e fiscais são os elementos que comprovam os fatos alegados. Fl. 3064DF CARF MF Processo nº 15374.957585/200915 Acórdão n.º 9101002.548 CSRFT1 Fl. 3.064 11 Neste sentido, o Regulamento do Imposto de Renda, RIR/99, estabelece que: "a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais" A Interessada não apresentou a escrituração contábil demonstrando que a compensação foi efetuada quando da ocorrência dos fatos nos seus livros contábeis. Os demonstrativos contábeis de fls.2.009/2.206, não tratam da compensação ora analisada. O Decreto nº 70.235, de 1972 determina em seu art. 15 que os recursos administrativos devem trazer os elementos de prova. Desta forma, não há como acatar as meras alegações do contribuinte. Não estando as alegações acompanhadas de documentos que as corroborem, é de se concluir que a manifestação de inconformidade não logrou desconstituir os fundamentos do despacho decisório. A certeza e liquidez do crédito é requisito essencial para o deferimento da restituição/compensação, devendo o contribuinte comproválos. A 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara negou provimento ao recurso voluntário, por maioria de votos, eis que "Não se submetem à homologação tácita os saldos negativos de IRPJ e da CSLL apurados nas declarações apresentadas, a serem regularmente comprovados pelo sujeito passivo, quando objeto de declaração de compensação, devendo, para tanto, ser mantida a documentação pertinente até que encerrados os processos que tratam da utilização daquele crédito." (trecho da ementa). Em voto vencido, o exConselheiro Carlos Pelá manifestouse pelo provimento ao recurso voluntário, no seguinte sentido: As autoridades fiscais sequer afirmaram ou trouxeram qualquer indício que apontasse que a Recorrente utilizou o crédito de saldo negativo do ano base 2001 para quitar tantos outros débitos que não restasse saldo suficiente para quitar as estimativas de IRPJ do ano base 2002. Ademais, a escrituração contábil mostra se desnecessária para comprovar os valores e compensações há muito declarados ao Fisco. O caso dos autos é mais uma das bastantes hipóteses em que o Fisco, para deixar de reconhecer saldo negativo cuja restituição/compensação é pretendida pelo contribuinte, procede à inconteste e ilegal auditoria de períodos que não mais poderiam ser investigados pela Receita Federal, ante a ocorrência de decadência. Numa situação como a vertente, em que a Recorrente apresentou, em 2007, DCOMP Retificadora, em que indica débitos a serem compensados com créditos já declarados (e não contestados) em DIPJ do anocalendário 2002, é certo que as autoridades responsáveis pela análise do pleito não poderiam mais, em 2012, auditar o anocalendário de 2002. Fl. 3065DF CARF MF Processo nº 15374.957585/200915 Acórdão n.º 9101002.548 CSRFT1 Fl. 3.065 12 Após esse átimo decadencial, o exame empreendido pelo Fisco deveria limitarse a verificar se os dados que informam o respectivo pedido administrativo correspondem àqueles constantes das declarações que o contribuinte apresentou ao Fisco relativas ao período de apuração em referência (2002), não mais lhe sendo dado o refazimento, via auditoria fiscal, da apuração do tributo nesse anocalendário ante a consumação do prazo extintivo. Sobre a análise de créditos no âmbito de processos de compensação, é importante tecer algumas considerações. De um modo geral, para verificar a legitimidade dos saldos negativos de IRPJ e CSLL pleiteados pelos contribuintes, o Fisco (i) revisa as bases de cálculo apuradas pelo contribuinte por meio da análise de sua escrituração comercial e fiscal; (ii) confirma os valores relativos às retenções na fonte sofridas pelo contribuinte e verifica se os respectivos rendimentos foram devidamente submetidos à tributação em sua DIPJ; e (iii) confirma os recolhimentos relativos às antecipações de IRPJ e CSLL pagas ao longo do anocalendário em questão. As retenções na fonte podem ser facilmente confirmadas no sistema da RFB, por meio de simples cruzamento eletrônico entre as informações contidas na DIPJ e aquelas fornecidas pelas fontes pagadoras mediante preenchimento da DIRF. Caso haja divergência entre os valores informados pelo contribuinte e aqueles constantes nos sistemas da RFB, o contribuinte poderá comprovar as retenções sofridas com base nos comprovantes de retenção ("Informes de Rendimentos") emitidos pelas fontes pagadoras ou quaisquer outros documentos idôneos que alcancem a mesma finalidade probatória. Já no que tocam às antecipações mensais, a confirmação por parte da RFB pode ser obtida por meio da análise da DIPJ e das DCTF’s apresentadas pelo contribuinte, acompanhadas dos respectivos DARF’s ou DCOMP’s, conforme tenham sido quitadas mediante pagamento ou compensação. Diante deste cenário, notase que, no âmbito do processo de compensação, o Fisco efetua uma ampla análise acerca do crédito pleiteado pelo contribuinte, com o objetivo de averiguar a sua legitimidade. Contudo, para que não haja violação aos direitos dos contribuintes, é preciso demarcar os limites temporais de autuação do Fisco no âmbito dos processos de compensação. Assim, consoante entendimento que já manifestei algumas vezes nesta Colenda Câmara, é preciso registrar que o Fisco não pode efetuar ajustes nas bases de cálculo de tributos e contribuições relativos a períodos passados (atingidos pela decadência) que repercutem nos créditos pleiteados pelos contribuintes em períodos futuros (ainda não decaídos). Isso significa dizer que, na análise da liquidez e certeza do crédito pleiteado pelo contribuinte por meio de PER/DCOMP, o Fisco não poderá recompor as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL relativas a períodos fulminados pela decadência, mas que repercutem em saldo negativo apurado em anocalendário subseqüente, ainda não atingido pela decadência. (grifo nosso) Fl. 3066DF CARF MF Processo nº 15374.957585/200915 Acórdão n.º 9101002.548 CSRFT1 Fl. 3.066 13 Portanto, o caso dos autos, no ponto em que chega a esta Turma para julgamento, trata especificamente da negativa de reconhecimento de crédito tributário (saldo negativo do ano de 2002) pela falta de comprovação por meio de escrituração contábil dos valores de estimativa mensal, devidamente declaradas em DCTF, compensadas na forma então permitida, com saldo negativo do ano anterior (2001). Com efeito, apenas a Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002, previu a apresentação de declaração de compensação, posteriormente aos fatos em análise nos presentes autos. A vigência da MP 66/2002 só ocorreu a partir de 30 de agosto de 2002, como previsto no artigo 63, da citada Medida Provisória. Pois bem. A alegação do contribuinte da compensação informada em DCTF em 2001 das estimativas mensais dos meses de janeiro, fevereiro, março e maio de 2002 com saldo negativo de 2001 é confirmada pelo extrato SIEF às fls. 2.251/2.252 dos autos. Com efeito, consta deste extrato a existência e compensações, com origem em saldo negativo, devidamente declarado em DCTF nos meses: 01/2002, 02/2002, 03/2002, 05/2002. Se por hipótese não fosse homologada a compensação das estimativas em análise apresentadas entre janeiro e maio de 2002 , a Procuradoria da Fazenda Nacional deveria executar os valores respectivos pelos meios próprios (Parecer PGFN/CAT nº 88/2014). Vejase, mas tal procedimento dependeria da negativa da compensação, no prazo legal, qual seja, 5 (cinco) anos. Como me manifestei em oportunidades anteriores, o prazo para homologação de compensação, mesmo antes da alteração do artigo 74 pela Medida Provisória nº 135/2003 (convertida na Lei nº 10.833/2003), era de 5 (anos), pela aplicação do artigo 156, §4º, do Código Tributário Nacional. Nesse sentido, proferi voto vencido no acórdão nº 9101002.540 (processo administrativo nº 10880.003395/9956). Aliás, a Medida Provisória nº 2.158/2001 veio prever que: Art.90.Serão objeto de lançamento de ofício as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. Diante disso, se não lançadas eventuais diferenças no caso das estimativas de janeiro a maio de 2001, há que se concluir pela sua homologação tácita. Sem que tenhamos conhecimento de qualquer negativa da compensação ou de lançamento de diferença apurada pela Receita Federal, é defeso exigirse do contribuinte a comprovação escritural do saldo negativo de 2001, depois do prazo legal para guarda de livros fiscais daquele ano calendário. Sobreleva considerar que o artigo 90, da MP 2.158/2001 modificouse com a publicação da Lei nº 10.833/2003, para então estabelecer que somente a multa deveria ser lançada caso apuradas diferenças, disposição coerente com o artigo 74, §5º, com redação conferida pela mesma Lei (que explicitou a homologação tácita das compensações no prazo de 5 anos). De toda sorte, em 2002 a DCTF tinha natureza de confissão de dívida das estimativas (de janeiro, fevereiro, março e maio de 2002), conforme artigo 5º, §1º, do Decreto Lei nº 2.124/1984 e de Instruções Normativas da Receita Federal. Diante disso, caso não houvesse crédito a compensar a despeito da informação em DCTF caberia à Receita Federal efetuar lançamento destas diferenças na Fl. 3067DF CARF MF Processo nº 15374.957585/200915 Acórdão n.º 9101002.548 CSRFT1 Fl. 3.067 14 forma definida pela MP 2.158/2001. Sem que tenha efetuado qualquer cobrança ou ausente informação nos autos a esse respeito há que se prestigiar a segurança jurídica e a imutabilidade daquela DCTF, que constituiu o débito da estimativa (de janeiro a maio de 2002) e informou a existência de compensação. Após o prazo de 5 (cinco) anos, assim, é vedada a exigência de comprovação escritural do crédito que originou as compensações, isto é, do saldo negativo de 2001. Pondero que não adoto integralmente o entendimento do exConselheiro Carlos Pelá, manifestado no acórdão recorrido, no que tange à impossibilidade de análise da composição do saldo negativo após o transcurso de 5 (cinco) anos. Como citado por aquele ex Conselheiro: "De um modo geral, para verificar a legitimidade dos saldos negativos de IRPJ e CSLL pleiteados pelos contribuintes, o Fisco (i) revisa as bases de cálculo apuradas pelo contribuinte por meio da análise de sua escrituração comercial e fiscal; (ii) confirmar os valores relativos às retenções na fonte sofridas pelo contribuinte e verifica se os respectivos rendimentos foram devidamente submetidos à tributação em sua DIPJ; e (iii) confirma os recolhimentos relativos às antecipações de IRPJ e CSLL pagas ao longo do anocalendário em questão. De fato, não é possível, após o prazo de 5 (cinco) anos a revisão da base de cálculo apurada pelo contribuinte, devidamente declarada à Receita Federal pelos meios próprios, notadamente declarações com efeito de confissão de dívida (item "a" mencionado acima). De outro lado, entendo perfeitamente possível a confirmação de retenções na fonte e recolhimentos relativos às antecipações de IRPJ e CSLL extintas ao longo do ano calendário (2002). Ocorre que há limitações a estas confirmações (retenção e estimativas mensais extintas), como tratado em razões acima. Assim, não é possível após o transcurso de 5 (cinco) anos , exigir escrituração contábil, quando os valores foram devidamente declarados por meio cabível (DCTF), com efeito de confissão de dívida, como é o caso dos autos. Diante disso, voto por dar provimento ao recurso especial, para reconhecer a existência de saldo negativo relativamente às estimativas acima enumeradas (janeiro, fevereiro, março e maio de 2002), devidamente informadas em DCTF. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Fl. 3068DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720177/2012-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 11 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011
EMBARGOS. ACOLHIMENTO.
Devem ser acolhidos os embargos de declaração como embargos inominados, para retificar lapso manifesto na decisão embargada.
Numero da decisão: 1302-002.095
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, por unanimidade, em acolher os embargos, sem efeitos modificativos, nos termos do voto do relator. Ausente, momentaneamente o Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Alberto Pinto Souza Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201704
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 EMBARGOS. ACOLHIMENTO. Devem ser acolhidos os embargos de declaração como embargos inominados, para retificar lapso manifesto na decisão embargada.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 16561.720177/2012-52
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5720362
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1302-002.095
nome_arquivo_s : Decisao_16561720177201252.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 16561720177201252_5720362.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, por unanimidade, em acolher os embargos, sem efeitos modificativos, nos termos do voto do relator. Ausente, momentaneamente o Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e José Roberto Adelino da Silva.
dt_sessao_tdt : Tue Apr 11 00:00:00 UTC 2017
id : 6750691
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:59:34 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950061137920
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1351; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 4.165 1 4.164 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16561.720177/201252 Recurso nº Embargos Acórdão nº 1302002.095 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 11 de abril de 2017 Matéria IRPJ e CSLL Recorrente Fazenda Nacional Recorrida Numeral 80 Participações S/A ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 EMBARGOS. ACOLHIMENTO. Devem ser acolhidos os embargos de declaração como embargos inominados, para retificar lapso manifesto na decisão embargada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, por unanimidade, em acolher os embargos, sem efeitos modificativos, nos termos do voto do relator. Ausente, momentaneamente o Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e José Roberto Adelino da Silva. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 01 77 /2 01 2- 52 Fl. 4165DF CARF MF 2 Versa o presente processo sobre embargos de declaração (fls. 4152 e segs.) opostos pela Fazenda Nacional, em face do Acórdão nº 1302001.980 (fls. 4094 e segs.), cuja ementa assim dispõe: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 DECADÊNCIA. AFASTADA A decadência, como perda do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário, tem sempre como baliza, seja diretamente (art. 150, § 4º, do CTN) ou indiretamente (art. 173, I, do CTN), o fato gerador do tributo. Pelo art. 150, § 4º, do CTN, o dies a quo do prazo decadencial é a própria data do fato gerador do tributo, já, na regra do art. 173, I, do CTN, o primeiro dia do exercício seguinte ao que o Fisco poderia lançar, o que exige também que primeiro se identifique a data do fato gerador do tributo, para depois concluir quando o Fisco poderia ter efetuado o lançamento. A despesa com amortização do ágio é apenas um elemento que entra no cálculo da base tributável, sendo que todos os elementos que compõem tal base tributável são auditáveis pelo Fisco, logicamente, dentro do prazo decadencial fixado no CTN. SIMULAÇÃO. EMPRESA VEÍCULO. NEGÓCIO INDIRETO. Não se deve confundir simulação relativa com negócio jurídico indireto, pois quando verificamos o que os autuantes denominam como "empresa veículo", notase perfeitamente que tal sociedade foi constituída para surtir os efeitos que lhes eram próprios e não para dissimular outros negócios jurídicos. O fundamento central da autuação demonstrouse frágil para justificar a desconsideração dos atos praticados, ao verificarmos que não havia obstáculos na legislação tributária para que o mesmo resultado tributário fosse obtido sem a utilização das ditas empresas veículos. ABUSO DE DIREITO. ART. 116, PARÁGRAFO ÚNICO, CTN. INAPLICÀVEL O parágrafo único do art. 116 do CTN é uma norma de eficácia limitada, pois só adquirirá plena eficácia a partir do momento em que for publicada a sua lei ordinária integrativa. Se a Lei Complementar 104/01 exigiu que a lei ordinária estipulasse procedimentos específicos como condição para a aplicação da norma tributária específica sobre abuso de direito (parágrafo único do art. 116 do CTN), não há como tal condição ser dispensável para a aplicação da norma de direito privado sobre o abuso do direito (art. 187 do CC) no campo tributário. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Tratandose da mesma situação fática e do mesmo conjunto probatório, a decisão prolatada com relação ao lançamento do IRPJ é aplicável, mutatis mutandis, ao lançamento da CSLL. A embargante alega o seguinte: “A interposição dos presentes embargos justificase em razão da caracterização de omissão no presente julgado, no que tange ao pronunciamento desta e. Turma acerca do Recurso Voluntário Fl. 4166DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302002.095 S1C3T2 Fl. 4.166 3 interposto pela responsável solidária, a empresa SANTOS BRASIL PARTICIPAÇÕES S/A. Trata o presente processo de autos de infração lavrados pela Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Maiores Contribuintes em São Paulo, pelos quais foram lançados créditos tributários do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) referentes aos anoscalendário de 2006 a 2012 (setembro de 2012). De acordo com o Relatório Fiscal, a empresa fiscalizada, mediante fraude, deduziu indevidamente na apuração de seus tributos despesa de amortização de ágio. Segundo apurado, em apertada síntese, a aquisição que deu origem ao ágio decorreu da interposição fraudulenta de pessoas jurídicas artificiais. Por fim, tendo constatado que a fiscalização cindiu grande parte do seu patrimônio e o transferiu a sua controladora (SANTOS BRASIL PARTICIPAÇÕES S/A), tal empresa fora autuada na qualidade de responsável tributário solidária. Irresignado com a autuação fiscal, o contribuinte apresentou impugnação onde elencou as seguintes razões: preclusão da possibilidade do fisco questionar a legalidade dos atos societários que deram origem ao ágio; legitimidade da aquisição do investimento com ágio e posterior aproveitamento da sua dedutibilidade fiscal; necessidade das supostas “empresas veículos”; presença de propósito negocial nas operações praticadas; inexistência de sonegação, fraude ou conluio; decadência do direito do fisco de lançar parte dos créditos tributários; inexistência de previsão legal para a adição à base de cálculo da CSLL da despesa com a amortização de ágio considerada indedutível; impossibilidade da cobrança da multa isolada em razão da falta de recolhimento do IRPJ e da CSLL por estimativa (em razão do encerramento do anobase e da duplicidade de cobrança); ausência de compensação indevida de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas de CSLL; e ilegalidade da cobrança de juros sobre a multa. O responsável, por seu turno, alega: ausência dos pressupostos de fato para a caracterização da sujeição passiva pela fiscalização; ausência de responsabilidade tributária em razão da cisão parcial; impossibilidade do lançamento da multa de ofício na hipótese de responsabilidade tributária por sucessão. Ato contínuo, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I julgou procedente em parte a impugnação apresentada, tendo cancelado a qualificação da multa de ofício. Desta decisão houve interposição do recurso de ofício. Da referida decisão, não só o contribuinte autuado, mas também o responsável solidário, interpuseram recursos voluntários ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF. Nesses recursos, os autuados insistem nos mesmos argumentos que já apresentados em suas impugnações. O colegiado a quo, contudo, analisou apenas o recurso voluntário do contribuinte autuado e o recurso de ofício, dando provimento ao primeiro e negando provimento ao segundo. É a ementa do julgado: (...) Fl. 4167DF CARF MF 4 No que tange ao recurso voluntário interposto pelo responsável solidário, este e. colegiado não se manifestou. No seu r. voto, o ilustre relator consigna que: “O recurso voluntário interposto por Numeral 80 Participações S/A é tempestivo e foi subscrito por mandatários com poderes para tal, conforme procuração a fls. 2567/2568, razão pela qual dele conheço. Frisese, novamente, que a responsável solidária, Santos Brasil Participações S/A, não interpôs recurso voluntário, embora devidamente intimada da decisão de primeira instância.” (destaques acrescidos) Contudo, salvo melhor juízo, o responsável tributário interpôs sim recurso voluntário, que se encontra acostado ao eprocesso às fls. 3729 a 3756, em documento intitulado “DOCUMENTOS DIVERSOS OUTROS RECURSO VOLUNTÁRIO SANTOS BRASIL S.A”. Em sua insurgência, o recorrente solidário reitera os argumentos já apresentados pelo contribuinte autuado, acrescentando argumentos relativos à não caracterização da responsabilidade tributária solidária em razão da cisão. Em que pese o entendimento deste colegiado em exonerar o crédito tributário, acreditase que esta e. Turma não pode se omitir em julgar um recurso voluntário tempestivamente interposto, ainda que o resultado do julgamento venha a ser exatamente o mesmo. Os Embargos de Declaração, quando o julgado contém omissão, são aceitos por este Conselho, como medida salutar do regular desenvolvimento do processo, como se demonstra: (...) Desta feita, a omissão apontada necessita ser sanada para que a Fazenda Nacional identifique, com retidão, os fundamentos a serem combatidos em eventual recurso. Em face do exposto, a União (Fazenda Nacional) requer sejam conhecidos e providos os presentes Embargos de Declaração, para sanar a omissão acima apontada.”.”. Em despacho a fls. 4160/4163, o Presidente desta Turma Ordinária deu seguimento ao pedido da embargante como embargos inominados, determinando a apreciação por este Colegiado, para fins de retificação do erro material do acórdão embargado. É o relatório. Voto Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior Relator. O despacho de encaminhamento a fls. 4151 informa que a data de remessa dos autos para ciência do acórdão recorrido pela Fazenda Nacional, ora embargante, se deu em 31/10/2016, logo houve a intimação pessoal presumida da embargante em 30/11/2016, nos termos do art. 7º, §§ 1º e 3º, da Portaria MF nº 527/2010, razão pela qual os embargos de declaração opostos em 05/12/2016 (vide despacho de encaminhamento a fls. 4157) é tempestivo (art. 65, §1º, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, RICARF). Fl. 4168DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302002.095 S1C3T2 Fl. 4.167 5 É verdade que estamos diante de embargos desnecessários, mormente quando se verifica que foram opostos pela Fazenda Nacional, pois o responsável solidário, a quem cabia reclamar pela não apreciação do seu recurso, nenhum interesse mais teria em tal providência, já que foi dado provimento integral ao recurso do contribuinte. Não obstante, em reconhecimento ao esforço da D. Procuradoria da Fazenda Nacional em zelar pela higidez processual, até mesmo quando carente de qualquer interesse, cabe a retificação do acórdão, conforme a seguir proposta. O equívoco no preparo dos autos, ao intitular o recurso voluntário do responsável solidário por “documentos diversos”, confundiu o julgador. Por outro lado, há que se acolher o presente aclaratório como embargos inominados, apenas para retificar lapso manifesto, qual seja, cabia ao Colegiado concluir que o julgamento do recurso voluntário do responsável solidário restava prejudicado, já que foi dado provimento integral ao recurso voluntário do contribuinte, cancelandose a autuação, logo, não cabia sequer a Turma julgadora adentrar na análise dos argumentos do responsável solidário que refutavam a sua sujeição passiva. Ademais, quanto à matéria tributária, o responsável solidário apenas se reportou aos argumentos expendidos pelo contribuinte no recurso voluntário analisado pela Turma. Em face do exposto, voto por acolher os embargos como embargos inominados, para retificar a parte dispositiva do acórdão propondo que ela passe a ser assim exarada: “Acordam os membros do colegiado: em rejeitar a preliminar de decadência suscitada e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário do contribuinte, restando assim prejudicado o recurso do responsável solidário. Vencido o Conselheiro Marcelo Calheiros Soriano. Os Conselheiros Ana de Barros Fernandes Wipprich e Luiz Tadeu Matosinho Machado votaram pelas conclusões. Acordaram ainda, por unanimidade, em negar provimento ao recurso de ofício.”. Alberto Pinto Souza Junior Fl. 4169DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.910117/2010-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2006
SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE.
Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal.
SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES.
A instalação de elevadores subsume-se ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3201-002.491
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira votou pelas conclusões. Vencidos os Conselheiros José Luiz Feistauer de Oliveira, que votou por serem as operações da Recorrente enquadradas no regime de apuração cumulativa e o Conselheiro Winderley Morais Pereira, que votou por não ser possível a discussão administrativa no CARF de matéria com solução de consulta exarada pela Receita Federal, cuja consulente seja a própria Recorrente.
(assinado com certificado digital)
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2006 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsume-se ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 11080.910117/2010-57
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5706526
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-002.491
nome_arquivo_s : Decisao_11080910117201057.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 11080910117201057_5706526.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira votou pelas conclusões. Vencidos os Conselheiros José Luiz Feistauer de Oliveira, que votou por serem as operações da Recorrente enquadradas no regime de apuração cumulativa e o Conselheiro Winderley Morais Pereira, que votou por não ser possível a discussão administrativa no CARF de matéria com solução de consulta exarada pela Receita Federal, cuja consulente seja a própria Recorrente. (assinado com certificado digital) Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6700891
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950089449472
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1767; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.910117/201057 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3201000.491 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de janeiro de 2017 Matéria COMPENSAÇÃO Recorrente THYSSENKRUPP ELEVADORES SA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira votou pelas conclusões. Vencidos os Conselheiros José Luiz Feistauer de Oliveira, que votou por serem as operações da Recorrente enquadradas no regime de apuração cumulativa e o Conselheiro Winderley Morais Pereira, que votou por não ser possível a discussão administrativa no CARF de matéria com solução de consulta exarada pela Receita Federal, cuja consulente seja a própria Recorrente. (assinado com certificado digital) Winderley Morais Pereira Presidente Substituto e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 01 17 /2 01 0- 57 Fl. 380DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do acórdão nº 09054.955, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG), em apreciação de DCOMP eletrônica transmitida com objetivo de compensar débitos nela apontados com créditos oriundos de pagamento indevido. Por economia processual, utilizarseá o relatório da autoridade recorrida no que interessa ao exame dos autos em apreço: "A matéria foi objeto de decisão proferida por intermédio do Despacho Decisório, no qual a Delegacia de origem, com base em informação fiscal resultante de diligência do Serviço de Fiscalização para apuração do direito creditório referente à DCOMP acima identificada, onde ficou constatada a improcedência do crédito original nela informado, revisou de ofício o reconhecimento do direito creditório automático para não reconhecimento do direito creditório por inexistência do crédito e também de ofício revisou a homologação total da compensação efetuada através da mencionada declaração para compensação não homologada. A autoridade fiscal que proferiu a referida informação tomou por base a Solução de Consulta 446 SRRF/8ª RF/Disit, de 18/08/2007, uma vez que a Solução de Consulta 104 SRRF/10ª RF/Disit, de 18/08/2008, foi anulada pelo Parecer 52 SRRF10/Disit, de 13/09/2011, sob o seguinte argumento: É vedada a coexistência de duas soluções de consulta vigentes e eficazes sobre o mesmo fato, relativas a um mesmo sujeito passivo(...). Por sua vez, a Solução de Consulta vigente tem a seguinte ementa para o PIS: ELEVADORES. NÃOCUMULATIVIDADE. A instalação de elevador por seu produtor não caracteriza obra de construção civil, descabendo a aplicação do art. 10, XX, da Lei nº 10.833, de 2003. Caracterizase como operação de industrialização, na modalidade montagem, a reunião de partes, peças e componentes da qual resulte elevador, inclusive quando realizada fora do estabelecimento do executor, no próprio prédio onde esse equipamento será utilizado. Sofre incidência da contribuição para o PIS/Pasep em regime de apuração nãocumulativo o total das receitas decorrentes do fornecimento de elevador por seu produtor, o qual se conclui ao final do processo de montagem. Para a Cofins foi proferida ementa com igual teor. Fl. 381DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 3 Regularmente cientificada da não homologação, a contribuinte protocolou suas razões de defesa alegando, em resumo, que: (...) Como ficará exaustivamente demonstrado ao longo da presente manifestação de inconformidade, o direito creditório da REQUERENTE decorre do pagamento indevido do PIS/COFINS na modalidade nãocumulativa. A atividade de instalação de elevadores realizada REQUERENTE tem a natureza de obra de construção civil, o que já foi declarado pelo Poder Judiciário no passado, e as receitas decorrentes da mesma estão sujeitas ao PIS/COFINS na modalidade cumulativa, nos termos do inciso XX do artigo 10 da Lei n° 10.833/03, que se aplica às duas contribuições (cfr. inciso V do artigo 15). Qualquer pagamento realizado a outro título reputase indevido e, portanto, é passível de compensação nos termos do artigo 74 da Lei n° 9.430/96. (...) O direito creditório da REQUERENTE decorre (i) da natureza do serviço prestado (obra de construção civil), o que se verifica pela aplicação da legislação do PIS/COFINS combinada com a legislação do IPI; (ii) da sujeição das receitas decorrentes dessa atividade à sistemática cumulativa do PIS/COFINS; e (iii) do pagamento indevido do PIS/COFINS na modalidade não cumulativa. O Despacho Decisório, para não reconhecer o direito creditório em discussão, recorre à primeira consulta fiscal formulada pela REQUERENTE (Consulta SSRF08/Disit n° 446/2007) e invoca o conceito de industrialização presente na legislação do IPI para concluir que o serviço de instalação não tem a natureza de serviço de construção civil. Data máxima vênia, o Despacho Decisório não merece prosperar: · em preliminar, porque afronta e contradiz decisão judicial transitada em julgado na Ação Ordinária n° 88.00.03357 1, movida pela REQUERENTE, a qual declarou que o IPI não incide sobre o preço dos serviços decorrentes da realização de obras de instalação de elevadores, haja visto que tais serviços não consubstanciam operação de industrialização, na modalidade montagem, mas sim obra de construção civil; · no mérito, porque: (i) as atividades de instalação de elevadores não se caracterizam como operação de industrialização, na modalidade de montagem, mas sim como obra de construção civil; (ii) a legislação do PIS/COFINS é silente quanto à definição do que se deva compreender por "obras de construção civil"; (iii) o Código Civil considera bem imóvel tudo quanto se incorporar ao solo, natural ou artificialmente; (iv) a Instrução Normativa RFB N n° 971/093, "considera (... ) obra de construção civil, a construção, a demolição, a reforma, a ampliação de edificação ou qualquer outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo"; (v) os elevadores fabricados e instalados pela REQUERENTE são incorporados às edificações, o que caracteriza o serviço de instalação como uma verdadeira obra de construção civil; (vi) a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito Fl. 382DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 4 privado, a teor do disposto pelos artigos 109 e 110 do Código Tributário Nacional. (...) O Despacho Decisório, ao não reconhecer o crédito compensado pela REQUERENTE e deixar de homologar a compensação declarada, com base nos mesmos fundamentos da Solução de Consulta SRRF08/DISIT n° 446/2007 (os serviços prestados pela REQUERENTE decorrentes da realização de obras de instalação de elevadores consistiriam em suposta industrialização, na modalidade montagem), vai de encontro à coisa julgada, devendo, por isso, ser reformado. Como há declaração judicial no sentido de que os serviços prestados pela REQUERENTE — de instalação de elevadores não consubstanciam operação de industrialização, na modalidade montagem, mas sim obra de construção civil, obviamente que a Administração Tributária Federal deve respeitar o julgado, interpretando a legislação de regência nos termos da decisão passada em julgado, levando em consideração o seu conteúdo. (...) Ao assim proceder, interpretando o conceito de industrialização (montagem) da legislação de IPI de forma diametralmente oposta àquela que lhe foi conferida pela decisão passada em julgado, a União Federal, por meio de seus agentes, adota comportamento nitidamente contraditório e incompatível com interpretação da legislação tributária. (...) Nesse passo, cumpre destacar que o "principio da moralidade obriga que a Administração Pública, no desempenho das atividades por meio de seus agentes, atue de forma ética", sob pena de ser considerado ilegítimo o ato administrativo que deixa de observar tal mandamento. O E. Supremo Tribunal Federal, a propósito, em diversas oportunidades confirmou que a Administração Pública está subordinada ao Princípio da Moralidade, como se pode verificar, exemplificativamente, do acórdão que segue (...) Assim sendo, independentemente da anulação da Solução de Consulta SRRF10/DISIT n° 104/2008, que se deu por questões formais, o reconhecimento do direito creditório da REQUERENTE e a homologação da compensação declarada decorrem da interpretação do inciso XX do artigo 10 da Lei n° 10.833/2003, que tem de ser harmoniosa com o que decidiu o Poder Judiciário nos autos Ação Ordinária n° 88.00.033571/RS, transitada em julgado desde 08/05/1997. (...)" Após exame da Manifestação de Inconformidade apresentada pelo Contribuinte, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: COMPENSAÇÃO. Fl. 383DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 5 A compensação pressupõe a existência de direito creditório líquido e certo. NULIDADE. Não procedem as arguições de nulidade quando não se vislumbra no despacho decisório qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. COISA JULGADA. A decisão judicial transitada em julgado é, na verdade, a lei aplicada ao caso concreto e, tratandose de exclusão do crédito tributário, deve ser interpretada literalmente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este CARF, reiterando a existência do direito creditório postulado. É o relatório. Voto Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.448, de 26 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 11080.729874/201349, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ressaltese que a decisão do paradigma foi contrária ao meu entendimento pessoal. Todavia, como fui vencido na votação, ao presente processo deve ser aplicada a posição vencedora, conforme consta da ata da sessão do julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3201002.448): "O Recurso é próprio e tempestivo e dele tomo conhecimento. (...) A princípio, temse que o cerne da questão é definir qual a natureza da atividade exercida pela Recorrente (instalação de elevadores): se construção civil ou se industrialização. Tal definição determinará se a Recorrente deveria, à época dos fatos geradores, apurar o recolhimento do PIS e da COFINS pelo regime não cumulativo ou pelo cumulativo. Fl. 384DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 6 Há peculiar situação no feito, consistente no fato de que a Recorrente teria apresentado duas Consultas Fiscais acerca do tratamento tributário mais adequado, obtendo Soluções conflitantes. Na primeira delas, Solução de Consulta nº 446/2007, da 8ª Região Fiscal, concluiuse que se tratava de industrialização e que, portanto, as receitas estariam sujeitas ao regime não cumulativo das citadas contribuições. A segunda, Solução de Consulta nº 104/2008, da 10ª Região Fiscal, afirmou que as receitas estariam sob o regime cumulativo. No caso, o crédito postulado pela Recorrente origina da aplicação do segundo entendimento. Os créditos postulados, portando, decorrem da reapuração do PIS e da COFINS outrora calculados pelo regime não cumulativo e reajustados para o cumulativo. Idêntica questão já foi examinada por esta mesma Turma na sessão de 24 de fevereiro de 2016, em decisão por maioria proferida nos autos do Processo nº 11080.726628/201335, da mesma THYSSENKRUPP ELEVADORES S/A, no qual a Conselheira Doutora Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo foi designada Relatora para o Voto Vencedor. O referido Acórdão nº 3201002.070 recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2009 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2009 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Fl. 385DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 7 Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. Recurso Voluntário Provido e Recurso de Ofício Negado Vistos,relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Winderley Morais Pereira, relator. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Como consta em ata, o voto da i. Conselheira Doutora Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo foi por mim acompanhado integralmente. Por essa razão, peço vênia para transcrevêlo como fundamento do presente julgado: Como se depreende do voto do eminente relator, o mérito da presente demanda não foi conhecido, por se entender que havia solução de consulta, proferida para a situação específica dos autos e proposta pela própria Recorrente. Com efeito, no mérito a Recorrente alega que o regime jurídico de apuração das contribuições sociais, tome a sua atividades de instalação de elevadores como prestação de serviços de construção civil, o que determinaria a aplicação do regime cumulativo. A Recorrente obteve a solução de consulta SRRF/8ªRF/DISIT nº 446, de 18/09/2007, que ao analisar as atividades realizadas pela Recorrente de instalação de elevadores, decidiu não ser atividade de construção civil e portanto, estariam sujeita a apuração do PIS e da COFINS no regime não cumulativo. Não obstante, a Recorrente protocolou nova consulta, na Superintendência da Receita Federal do Brasil na 10ª Região Fiscal (Solução de Consulta SRRF/10ªRF/DISIT nº 104, de 18 de agosto de 2008), que considerou a atividade da Recorrente como prestação de serviços de construção civil e portanto, enquadrada nas disposições do art. 10, XX, da Lei nº 10.833/2003, determinando a apuração do PIS e da COFINS no regime cumulativo.(fls. 391 a 397). Fl. 386DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 8 O entendimento do eminente Conselheiro Winderley Morais Pereira foi no sentido de que, em sendo a solução de consulta instrumento de garantia do contribuinte para esclarecimentos quanto a aplicação da legislação, a possibilidade de consultas do mesmo contribuinte tratando da mesma matéria serem protocoladas em unidades diversas da RFB, poderia mitigar a força normativa das consultas. Por essa razão, a decisão anterior não produziria efeito, nos termos do art. 54, IV do Decreto nº 70.235/72. Contudo, a questão que se põe e da qual se diverge do ilustre relator, é precisamente sobre a possibilidade de a decisão proferida no âmbito do contencioso administrativo fiscal, se sobrepor a decisão em solução de consulta, para o mesmo contribuinte. Ora, embora pelo processo de consulta possa se entender que o contribuinte recorra à Administração para buscar a correta exegese de determinada norma jurídica, verificase o que se busca, invariavelmente, é uma medida protetiva, de cunho preventivo, para a estruturação tributária de suas operações. O fato é que no âmbito do processo de consulta, o contribuinte não comparece na condição de mero consulente, até mesmo porque, já traz em seu pedido o posicionamento que entende cabível, com a respectiva fundamentação legal, o que aliás, é condição para o processamento de sua consulta, de acordo com a legislação em vigor, sob pena de sua ineficácia. Embora o procedimento de consulta não se equipare lógica e juridicamente ao processo administrativo fiscal, o fato é que este também possui conteúdo persuasivo, buscandose convencimento da Administração, acerca de determinada interpretação. E se assim for o caso, a solução em consulta conferelhe medida protetiva, um verdadeiro escudo contra eventuais futuros entendimentos administrativos contrários. Por essa razão, apenas a solução de consulta favorável ao contribuinte tem repercussões no contencioso administrativo fiscal, no sentido de coibir o lançamento. Observese que, nessa toada, dispõe o art. 100 do Decreto n. 7574/2011: Art.100. Se, após a resposta à consulta, a administração alterar o entendimento expresso na respectiva solução, a nova orientação atingirá apenas os fatos geradores que ocorrerem após ser dada ciência ao consulente ou após a sua publicação na imprensa oficial (Lei no 9.430, de 1996, art. 48, § 12). Parágrafo único. Na hipótese de alteração de entendimento expresso em solução de consulta, a nova orientação alcança apenas os fatos geradores que ocorrerem após a sua publicação na Imprensa Oficial ou após a ciência do consulente, exceto se a nova orientação lhe for mais favorável, caso em que esta atingirá, também, o período abrangido pela solução anteriormente dada. Acresçase, por fim, que as decisões proferidas em procedimentos de consulta e no processo administrativo fiscal são lógica e juridicamente distintas, de sorte que não se verifica quaisquer relações de hierarquia entre elas. Fl. 387DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 9 Superadas a questão, partese para o conhecimento do mérito da lide. A atividade de instalação de elevadores deve ser caracterizada como serviço, e não como atividade de industrialização, frisandose que, na hipótese dos autos, a Recorrente aparta a atividade de fabricação dos elevadores, da de sua instalação. Além de todas os fundamentos jurídicos trazidos pela Recorrente, como o fato de que a instalação de elevadores sob encomenda ser complemento da obra de construção civil, esta, indubitavelmente subsumida ao conceito de serviço, por se agregarem ao solo, dentre outras, temse que, para efeitos da legislação federal, que passou a tributar os serviços pelas contribuições sociais, bem como instituir o instrumental necessário para o controle do comércio exterior de serviços, com a edição da Nomenclatura Brasileira de Serviços, Decreto n. 7708/2011, não há mais dúvidas quanto ao enquadramento. Destarte, de acordo com o art. 2o do decreto, a NBS será adotada como nomenclatura única na classificação das transações com serviços, intangíveis e outras operações que produzam variações no patrimônio das pessoas físicas, pessoas jurídicas e entes despersonalizados. Os serviços de instalação de elevadores estão assim dispostos: SEÇÃO ISERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO Capítulo 1Serviços de construção 1.0131Outros serviços de instalação 1.0131.10.00Serviços de instalação de elevadores, esteiras e escadas rolantes O direito positivo brasileiro não traz um conceito conotativo de "serviço' nem mesmo para efeitos de incidência do ISSQN, operando sempre com definições denotativas, ou seja, com listas que arrolam o que são considerados os "serviços" para efeitos de tributação. Portanto, não se questiona a validade, vigência e eficácia da Nomenclatura Brasileira de Serviços, para esse fim. Não se olvide, finalmente, que os decretos são de aplicação obrigatória para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de maneira que considerada a atividade em questão como serviço, deve ser a aplicação do regime cumulativo das contribuições sociais. Por essas razões, entendo que há de ser dado provimento ao recurso voluntário.Com efeito, não vislumbro a possibilidade de uma Solução de Consulta expedida pela Receita Federal do Brasil vincular, ad eternum, uma exigência tributária que se mostre claramente ilegítima. Não se trata aqui de discutir se o contribuinte poderia ou não ter formulado uma segunda Consulta Fiscal, ou mesmo qual das respostas deveria prevalecer. Tratase aqui de reconhecer a legalidade ou ilegalidade de uma exigência tributária, ou, melhor dizendo, de definição acerca do alcance de uma norma tributária. Mesmo se admitisse que, de acordo com as normas procedimentais, a segunda Solução de Consulta deveria ser tida por inexistente, tal Fl. 388DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 10 constatação, por óbvio, não chancela a legitimidade da primeira Solução de Consulta. Afinal, este não é o meio adequado para se definir fato gerador de obrigação tributária. E, nesse sentido, trago o seguinte precedente do Superior Tribunal de Justiça que reconhece o serviço de instalação e montagem de elevadores como obra de engenharia, e não como industrialização (portanto, atraindo a incidência do regime cumulativo do PIS e da COFINS à época dos fatos geradores): TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE ELEVADORES. IPI. NÃO INCIDÊNCIA. 1. A atividade de fornecimento de elevadores, que envolve a produção sob encomenda e a instalação no edifício, encerra, precipuamente, uma obra de engenharia que complementa o serviço de construção civil, não se enquadrando no conceito de montagem industrial, para fins de incidência do IPI. 2. Recurso especial provido. (REsp 1231669/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/11/2013, DJe 16/05/2014) Diante do exposto, voto por CONHECER e DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, exonerando o crédito tributário lançado." Apenas uma observação, que em nada afeta o resultado do julgamento do presente processo: não há que se falar em exonerar o crédito tributário lançado, uma vez que tanto o processo paradigma quanto o presente tratam de PER/DCOMP. Assim, a consequência do provimento ao recurso é o reconhecimento do direito creditório postulado pela Contribuinte, com a homologação da compensação declarada. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 389DF CARF MF
score : 1.0