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Numero do processo: 15165.000434/2011-65
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 05/06/2006 a 10/12/2008
RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE. NÃO-COMPROVAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO.
O recurso especial de divergência se destina à uniformização de dissídios jurisprudenciais e é cabível apenas contra decisão que interpretar norma tributária diferentemente do entendimento adotado por outra Turma ou Câmara do Conselho de Contribuintes ou do CARF ou pela CSRF, o que só se configura quanto à subsunção de fatos semelhantes à mesma norma.
A divergência jurisprudencial não se estabelece em matéria de prova e quando em confronto acórdãos que exibem situações fáticas diferentes.
Recurso Especial do Procurador Não Conhecido.
Numero da decisão: 9303-004.214
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Júlio César Alves Ramos e Rodrigo da Costa Pôssas, que o conheceram. Não votou o conselheiro Andrada Marcio Canuto Natal. Conforme Portaria CARF Nº 107, de 04 de Agosto de 2016, designada pelo presidente da Turma de Julgamento, como redatora ad hoc, a conselheira Tatiana Midori Migiyama. Fez sustentação oral a patrona do contribuinte, Dra. Silvia Maria Costa Brega, OAB-SP 127.142, escritório Simonaggio Advogados Associados. Julgamento iniciado na reunião de Junho de 2016 e concluído na reunião de Agosto.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama - Redatora ad hoc
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Redatora ad hoc), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE. NÃOCOMPROVAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. O recurso especial de divergência se destina à uniformização de dissídios jurisprudenciais e é cabível apenas contra decisão que interpretar norma tributária diferentemente do entendimento adotado por outra Turma ou Câmara do Conselho de Contribuintes ou do CARF ou pela CSRF, o que só se configura quanto à subsunção de fatos semelhantes à mesma norma. A divergência jurisprudencial não se estabelece em matéria de prova e quando em confronto acórdãos que exibem situações fáticas diferentes. Recurso Especial do Procurador Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Júlio César Alves Ramos e Rodrigo da Costa Pôssas, que o conheceram. Não votou o conselheiro Andrada Marcio Canuto Natal. Conforme Portaria CARF Nº 107, de 04 de Agosto de 2016, designada pelo presidente da Turma de Julgamento, como redatora ad hoc, a conselheira Tatiana Midori Migiyama. Fez sustentação oral a patrona do contribuinte, Dra. Silvia Maria Costa Brega, OABSP 127.142, escritório Simonaggio Advogados Associados. Julgamento iniciado na reunião de Junho de 2016 e concluído na reunião de Agosto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 16 5. 00 04 34 /2 01 1- 65 Fl. 1012DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 301 2 (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Redatora ad hoc Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Redatora ad hoc), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Para elucidar os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância administrativa, colaciono o relatório do Acórdão nº 0726.422, de 24/10/2011, da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (DRJ/FNS): "Trata o presente processo de auto de infração lavrado para constituição de crédito tributário no valor de R$ 16.788.412,50 referente a multa prevista no artigo 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/1976, com a redação dada pelo artigo 59 da Lei nº 10.637/2002. Depreendese do “Relatório Fiscal” do auto de infração (fls. 09 a 31), que por ocasião do procedimento de revisão aduaneira das declarações de importação (DI’s) listadas à folhas 78 a 82 e registradas no período entre junho de 2006 e dezembro de 2008 a fiscalização concluiu que, nestas operações de importação, ocorreu ocultação do real vendedor mediante simulação, bem como falsidade ideológica de documentos necessários ao desembaraço. A presente fiscalização decorre de fiscalização realizada por ocasião da declaração de importação n° 08/08041651, onde, em síntese, restou apreendida a mercadoria em razão da inserção simulada de uma terceira empresa, localizada em “paraíso fiscal”, para atuar como exportador, infração punível com a pena de perdimento da mercadoria, tendo sido Fl. 1013DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 302 3 constatado naquela fiscalização que o valor aduaneiro foi consignado em 25% maior que o declarado no País de origem da mercadoria (Argentina). Como desdobramento daquela fiscalização foi lavrado auto de infração relativo ao preço de transferência (diferença a tributar de IRPJ – imposto de renda e CSLL –contribuição social s/ lucro líquido) e também representação fiscal para fins penais. As mercadorias objeto de revisão aduaneira (Lectrum 3,75 mg ou 7,5 mg) são produzidas na Argentina pela Empresa ERIOCHEM S.A., e são importadas pela interessada com a indicação de que o exportador é a Empresa SANDOZ N.V. (situada nas Antilhas Holandesas) no caso de 3 declarações de importação ou a Empresa SURPLAY FINANCIAL (situada nas Ilhas Virgens Britânicas) no caso de 100 declarações de importação. Não obstante os exportadores estarem situados em “paraísos fiscais” (Instrução Normativa RFB n° 1.037/2010), comparação realizada entre os valores declarados junto a Aduana Argentina e Aduana Brasileira, mediante confronto dos dados existentes nos Sistemas “Indira” (declarações de exportação da Argentina) e “Siscomex” (declarações de importação no Brasil), demonstra pontualmente, em cada uma das operações realizadas, que a interessada declarava nas importações valor aduaneiro majorado em relação àquele declarado na saída do país de origem das mercadorias. Os percentuais de majoração encontramse destacados na tabela de folhas 78 a 82, última coluna, variando entre 16, 67% e 99,82, restando o percentual de 25% o mais utilizado. Relata a fiscalização (fl. 15) que 99,99% do capital da interessada pertence a Empresa NOVARTIS PHARNA AG, situada na Suíça e que a Empresa Argentina SANDOZ S.A. também pertence ao Grupo NOVARTIS e adquiriu participação na Empresa ERIOCHEM. Considerando as informações apresentadas pela interessada, tanto no procedimento de fiscalização relacionado à declaração de importação n° 08/08041651, quanto no inquérito policial dela decorrente (e que inclui outras operações de importação, algumas inclusive do presente objeto de autuação), e em mensagens eletrônicas apresentadas, a fiscalização concluiu que restou demonstrado o “modus operandi” das operações em trato: as Fl. 1014DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 303 4 negociações eram conduzidas diretamente entre a interessada e a Empresa ERIOCHEM S.A. (Argentina), sem a participação de terceiros intervenientes (Empresa SANDOZ N.V. ou Empresa SURPLAY FINANCIAL) declarados à Secretaria da Receita Federal do Brasil como “exportadores”. Aduz a fiscalização que o que se espera de um exportador, mesmo que de mercadoria produzida por terceiro, é que de alguma forma conduza as negociações, discuta preço e condições, que, enfim, prova a operação. Contudo, referida negociação era realizada diretamente entre interessada e a Empresa ERIOCHEM S.A. (Argentina). Os embarques de exportação da Argentina eram feitos diretamente para o Brasil, sem passar pelas Ilhas Virgens ou pelas Antilhas Holandesas (dados do Sistema Indira). Embora tenham sido formalizadas refaturações, as empresas intermediárias nada acrescentavam às operações, seja em termos de produtos, seja na comercialização destes. Após a autuação realizada por ocasião da declaração de importação n° 08/08041651, a interessada passou a declarar nas operações de importação subseqüentes a Empresa ERIOCHEM S.A. (Argentina) tanto como fabricante/produtor como exportador. Ademais, os preços unitários das mercadorias foram reduzidos a valores equivalentes àqueles declarados à Aduana Argentina. Tal situação ratifica o entendimento da fiscalização, vez que a mudança de procedimento adotado pela interessada acabou por comprovar que os terceiros (Empresa SANDOZ N.V. ou Empresa SURPLAY FINANCIAL) não desempenhavam qualquer papel na comercialização ou negociação das mercadorias, tratandose apenas de mera intermediação simulada. O vendedor real, o exportador de fato, aquele que promovia os negócios na ponta da venda era a Empresa ERIOCHEM S.A. (Argentina). Prossegue a fiscalização indicando que o registro das declarações de importação figurando as Empresas SANDOZ N.V. ou SURPLAY FINANCIAL como exportadoras é negócio jurídico que tem aparência contrária a realidade, tratandose de simulação. O real exportador não eram tais empresas, mas a Empresa ERIOCHEM S.A. que de fato negociava e promovia as vendas internacionais diretamente para a interessada. Fl. 1015DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 304 5 Considerando que tanto os documentos que instruem as declarações de importação, quanto as próprias declarações de importação indicam exportador diverso daquele que efetivamente praticava o negócio e atuava como real vendedor, a fiscalização concluiu ainda que restou caracterizada a falsidade ideológica (nos termos do artigo 299 do Código Penal). Assim, considerando que tanto a prática de ocultação do real vendedor mediante simulação, quanto a falsidade ideológica das declarações de importação e das faturas que as instruíram, implicam na aplicação da pena de perdimento (DecretoLei n° 1.455/76, artigo 23, incisos IV e V, Decreto Lei n° 37/66, artigo 105, inciso VI, regulamentados pelo Decreto n° 6.759/09, artigo 689, incisos VI e XXII), a fiscalização intimou a interessada a apresentar as mercadorias. Contudo, diante da alegação de impossibilidade de apresentar tais mercadorias a fiscalização aplicou o disposto no artigo 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/1976, com a redação dada pelo artigo 59 da Lei nº 10.637/2002, convertendo em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias. Finalmente, à folhas 31, a fiscalização informa que foi realizada representação fiscal para fins penais, conforme processo administrativo n° 15165.000435/201118. Cientificada, a interessada apresentou a impugnação de folhas 739 a 766, anexando os documentos de folhas 767 a 806. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, a leitura das DI’s não indica a existência de simulação, definida pelo Fisco como sendo a ocultação do verdadeiro exportador. Todas as declarações contêm a clara informação do produtor da mercadoria e do exportador; Que, não há ilicitude em importar de empresa sediada em paraíso fiscal. A legislação prevê a aplicação do mecanismo dos preços de transferência em operações comerciais ou financeiras realizadas entre as partes relacionadas, sediadas em diferentes jurisdições tributárias, ou quando uma das partes está sediada em paraíso fiscal; Que, os documentos comerciais não indicam qualquer ajuste comercial entre impugnante e Eriochem; Fl. 1016DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 305 6 Que, a emissão das invoices por escritório externo não configura operação triangular; Que, O Fisco procedeu a uma comparação entre os preços praticados em exportações feitas pela Eriochem e os preços das exportações feitas pela Surplay e pela Sandoz NV para a Impugnante. Ocorre que as bases de comparação são completamente diferentes. A comparação somente poderia produzir algum resultado prático se o Fisco houvesse comparado os preços das exportações da Eriochem para a Surplay e para a Sandoz NV, pois somente nessa hipótese se estaria examinando operações similares; Que, não se pode imputar dolo ou máfé à impugnante porque nenhum dos atos praticados na relação com a aduana brasileira ocorreu de forma a impedir a ação fiscal. Não há um só documento ou informação que estivesse sob a guarda ou responsabilidade da impugnante que não tenha sido entregue ou prestada ao Fisco. Evidentemente não pode ser obrigada a entregar documentos de terceiros que não estão sob sua gestão e alcance administrativo; Que, inexistido a simulação, não se pode falar em falsidade ideológica. As operações foram ajustadas mediante aplicação de preço de transferência, assim, não houve alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, as operações não foram tratadas como inexistentes. Que, houve ajuste de preço de transferência praticado pela impugnante em todas as operações de importação em caso, questão pendente de decisão administrativa (auto de infração). A concomitante aplicação da pena de perdimento (conversão) além de não encontrar qualquer fundamentação legal, trará prejuízos à impugnante; Que, ainda que ainda que de operação fraudulenta se tratasse, o mesmo dinheiro seria enviado ao exterior, de forma que não existe vantagem econômica lógica na operação, derrubando o incorreto pressuposto econômico constante do relato fiscal. A legislação tributária nacional isenta a remessa de lucros para o exterior; Que, houve o recolhimento dos tributos incidentes no ciclo de comercialização no mercado interno; Que, há erros materiais na autuação (Quadro à folhas 765 e 764); Fl. 1017DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 306 7 Que, é nula a exigência fiscal, ainda que sob o manto de revisão aduaneira, quando se pretende atingir produto ou operação integralmente tributada, seja quando de sua circulação econômica, seja quando da apuração da renda gerada. No entanto, é o que pratica a Fiscalização no caso em exame. A multa tem caráter confiscatório; Requer a declaração de nulidade do auto de infração em decorrência dos erros materiais apontados e em razão da onerosidade da multa e de sua injurídica cumulação com tributos recolhidos decorrentes do mesmo fato econômico; ou a declaração de insubsistência do auto de infração tendo em vista a inexistência de simulação e falsidade ideológica e da inexistência de dano ao Erário." A 1ª Turma de Julgamento da DRJ/FNS julgou improcedente em parte a impugnação, nos termos do Acórdão nº 0726.422, cuja ementa abaixo reproduzo: “Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 05/ 06/2006 A 10/12/2008 DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MERCADORIA NÃO LOCALIZADA. MULTA IGUAL AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA. Considerase dano ao Erário a ocultação do real vendedor na operação de importação mediante simulação, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas." A parte em que foi considerada procedente a impugnação diz respeito a erro material no cálculo do crédito tributário, tendo sido excluídos da autuação o montante de R$ 999.7423,25. Irresignada com a decisão da primeira instância administrativa, a Sandoz interpôs recurso voluntário ao CARF, alegando, em brevíssima síntese: inexistência dos pressupostos e fundamentos essenciais do auto de infração e da decisão guerreada, em especial, inocorrência de ocultação do exportador, logo inexistência de simulação ou fraude na ocultação Fl. 1018DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 307 8 e de falsidade ideológica nos documentos necessários ao desembaraço aduaneiro das mercadorias; não houve comprovação de efetivo dano ao erário; a operação comercial tal como empreendida tem implicações no cálculo do IR e da CSLL, havendo previsão para que sejam feitos ajustes, e estes foram efetuados; não há que se falar em vantagem em relação à tributação dos lucros, uma vez que a remessa de lucros não sofreria tributação, no caso de remessa para pessoa física ou jurídica sediada no exterior, ainda que em paraísos fiscais; a inserção das mercadorias no mercado nacional, com recolhimento dos tributos devidos em operações internas impede que se aplique a pena de perdimento das mercadorias e, por consequência, a conversão desta pena em multa equivalente ao valor aduaneiro das mesmas. O recurso voluntário foi provido, nos termos do Acórdão nº. 3101 001.681, da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF. A ementa do acórdão ficou assim redigida: “Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 05/ 06/2006 A 10/12/2008 Fraude ou simulação Intuito não provado pela fiscalização. Falsidade ideológica, é delito de mera conduta, sendo prescindível, para sua configuração, a produção de resultado. Dano ao erário nos presentes autos, inexistem ou não foram apontados, consequentemente incabível a aplicação da multa de perdimento." Contra a decisão, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial, suscitando divergência jurisprudencial em relação ao entendimento de que não é necessária a comprovação da simulação e do dano ao erário para aplicação da pena de perdimento, tendo em vista que se trata de presunções legais. Foram indicados como paradigmas os acórdãos nºs. 310201.414, 3102 002.195. O recurso especial foi admitido conforme Despacho S/Nº, de 26/06/2015, folhas 966 a 969 do eprocesso. Fl. 1019DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 308 9 Foram apresentadas contrarrazões, nas quais foi alegado que o recurso especial não pode ser conhecido, pelas seguintes razões: i) a recorrente pretende a reapreciação das provas, o que não é cabível em sede de recurso especial; ii) os paradigmas trataram de situações fáticas diferentes, porque neles se discutiu a interposição fraudulenta enquanto que no recorrido discutiuse ocultação do real vendedorexportador; iii) a recorrente não demonstrou analiticamente a divergência jurisprudencial; iv) a recorrente não identificou a fonte de onde foram copiadas as ementas dos acórdãos paradigmas. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama Redatora ad hoc Primeiramente, importante clarificar que essa Conselheira foi designada, nos termos do art. 1º da Portaria CARF 107/2016, redatora ad hoc, haja vista que o ilustre conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, relator à época do processo, não mais nos confortaria com seus conhecimentos técnicos e discussões riquíssimas que tanto abrilhantavam nosso Colegiado. Sendo assim, em respeito ao art. 1º dessa Portaria, que estabelece que na ocorrência de afastamento definitivo de Conselheiro relator sem que tenha sido concluído o julgamento do recurso, este continuará da fase em que se encontrar, devendo ser designado, pelo presidente da Turma de Julgamento, redator ad hoc, escolhido, preferencialmente, dentre os conselheiros que adotaram o voto exarado pelo relator afastado. Haja vista minha concordância com o voto proferido pelo ilustre conselheiro Gilson, passo a adotálo em sua integralidade, vez que já havia o conselheiro exposto o seu posicionamento. 1. Preliminar de admissibilidade do Recurso Especial. Em face das contrarrazões opostas ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, trato do seu juízo de admissibilidade. Fl. 1020DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 309 10 No presente caso, entendo assistir razão à Sandoz. 1.1 Sobre a reapreciação de provas em sede de recurso especial. Conforme demonstrado no despacho de exame de admissibilidade, há divergência de entendimento entre o acórdão recorrido e o paradigma nº 310201.414, quanto à necessidade de provar a simulação e o efetivo dano ao erário para aplicação da pena de perdimento ou de sua conversão em multa, quando não localizadas as mercadorias importadas. Entretanto, no acórdão recorrido, após apreciar os elementos de prova, o Colegiado entendeu que as pessoas jurídicas que constaram como exportadoras, Surplay Financial e Sandoz N.V., eram de fato as exportadoras das mercadorias, e não a Eriochem, ao contrário do que afirmado pela fiscalização. Extraio do voto condutor da decisão recorrida o seguinte trecho: "Não obstante exista esses tipos penais, ocultação, simulação e falsidade ideológica de documentação, eles necessitam de PROVAS claras e precisas para que essa artimanha resulte em DANOS AO ERÁRIO. Não cabe aqui em discutir a inversão do ônus da prova, como reclamou o autor do voto condutor da decisão recorrida, afirmando que a Recorrente “não trouxe à luz provas de fato ou argumentos que pudessem excluir a sua responsabilidade nos termos da legislação”. “A prova da infração fiscal pode realizarse por todos os meios admitidos em Direito, podendo ser direta ou indireta, assim conceituada aquela que se apoia em conjunto de indícios capazes de demonstrar a ocorrência da infração e de fundamentar o convencimento do julgador, sendo, outrossim, livre a convicção do julgador.” Portanto, no meu entendimento, a Recorrente sempre assumiu a responsabilidade legal de preenchimento dos documentos, de indicação do nome do exportador e do produtor da mercadoria importada. Não é possível admitir uma modulação dos fatos para impor uma responsabilidade e exigir provas do que não ocorreu ou a fiscalização presumiu. Fl. 1021DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 310 11 O Recurso Voluntário é extremamente minucioso, detalhista e apresentou uma contestação a todos os argumentos da decisão recorrida. Rebateu cada trecho do voto da decisão recorrida e do qual corroboro totalmente. Assim, entendo que não houve ocultação do real vendedor, porque ele era e foi o verdadeiro produtor da mercadoria. A existência das empresas Surplay Financial e da Sandoz N.V. como exportadores do medicamento fabricado pela empresa argentina Eriochem não foi uma descoberta da fiscalização, mas como bem lembrado pela Recorrente, uma informação conferida pela importadora em todos os documentos pertinentes às importações. Portanto, nessa função de julgadora em segunda instância administrativa, livre e responsável que sou para formar minha convicção, no caso específico dos presentes autos, não fiquei convencida da ocorrência da infração imputada a Recorrente. Na verdade não encontrei um conjunto de indícios no trabalho fiscal que fosse suficiente para sem dúvidas entender que a Recorrente praticou o ato cominado a ela a ponto de receber uma penalidade por responder com o valor das mercadorias importadas nessas importações que substanciam esse processo. Vejo, ainda, que os supostos indícios são genéricos e as acusações são específicas no presente processo. A decisão recorrida que manteve a autuação pretendeu conferir à troca de emails entre a Recorrente e a empresa fabricante Eriochem, em 2011, a comprovação de ajuste comercial entre ambas. Porém, tais emails tão somente refletem informações requeridas pela Recorrente para tentar atender a pedidos da fiscalização aduaneira anterior, para prestar informação necessária a instruir procedimento investigatório." Logo, na convicção da Relatora do acórdão recorrido, não foi comprovada a mera ocultação do real vendedor (exportador) das mercadorias, o que, por si só, seria suficiente para dar provimento ao recurso voluntário. Fl. 1022DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 311 12 Se não houve ocultação, sequer haveria de se aventar a ocultação mediante fraude ou simulação e a configuração de dano ao erário, bem como a consequente aplicação da pena de perdimento ou de sua substitutiva. O entendimento de que é prescindível comprovar a simulação ou fraude não seria suficiente para negar provimento ao recurso voluntário no caso destes autos. O mesmo se aplica ao entendimento de que é prescindível comprovar o efetivo dano ao erário. Assim, o entendimento divergente do acórdão paradigma nº 310201.414 não serviria para alterar o desfecho da decisão recorrida, a não ser que se reapreciassem as provas quanto à acusação de que as informações/declarações sobre quem eram os exportadores das mercadorias não condiziam com a realidade dos fatos. Mas, neste caso, estarseia utilizando indevidamente o recurso especial, que não se presta à reapreciação de provas, porque foi instituído para a uniformização de divergências de interpretação. 1.2 Só se caracteriza a divergência jurisprudencial entre decisões que trataram de situações fáticas semelhantes. Conforme art. 67, caput, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF, de 2015), o recurso especial é cabível contra decisão que interpretar norma tributária diferentemente do entendimento adotado por outra turma ou Câmara do Conselho de Contribuintes ou do CARF ou pela CSRF, o que só se configura quanto à subsunção de fatos semelhantes à mesma norma. Neste sentido já decidiu a Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme acórdãos nºs. 9101001.973, 9202003.648 e 9202003.655, citados nas contrarrazões. O acórdão recorrido tratou de fatos que, se tivessem sido comprovados, teriam caracterizado ocultação do real vendedor (exportador) de mercadorias importadas. O acórdão paradigma 310201.414 tratou de ocultação do real adquirente de mercadorias importadas, na hipótese específica de "interposição fraudulenta de terceiros". Fl. 1023DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 312 13 Vejase o seguinte trecho do seu voto condutor, que copio do recurso especial: "Esclarecido isso, é preciso que se faça a devida ressalva em relação à possibilidade de que o contribuinte desconstitua a presunção legal de ocorrência da infração por meio da comprovação de que as conclusões presumidas para aquelas circunstâncias não se aplicam ao caso concreto, o que será possível segundo as peculiaridades próprias de cada caso e mediante elementos de prova igualmente particulares. Desta forma vêse também preservada a busca da verdade material, outro dos pilares que sustentam as relações do particular com o Estado quando o assunto gira em torno da imposição tributária e do contencioso dela decorrente. (...) Quanto a isso, importante destacar, em primeiro lugar, que não referimonos a um fato isolado frente a operações regularmente processadas por um importador estabelecido. Há um quadro de elementos indiciários demonstrando que a empresa ALFA apenas constou nas Declarações de Importação como sendo o importador das mercadorias. Inobstante, relevante mencionar que a legislação é taxativa na eleição do cedente dos recursos financeiros como responsável solidário pela operação, assim como em relação à inobservância da regras fixadas pela legislação federal para este tipo de operação, se não vejamos – Regulamento Aduaneiro – Decreto 6.759/09. Apesar de a interposição fraudulenta ser um caso que se inclui entre os de ocultação, logo, em princípio, as situações fáticas seriam semelhantes, há uma grande diferença em relação ao ônus probatório entre esta figura e as demais hipóteses de ocultação. Fl. 1024DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 313 14 É que o §2º do art. 23 do DecretoLei nº 1.455, de 1976, traz uma presunção legal de caracterização da interposição fraudulenta que não existe para os demais casos de ocultação. Segundo este parágrafo, a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações de comércio exterior é suficiente para que se configure a interposição fraudulenta de terceiros. Aqui, o ônus da prova é do importador. O fato de não ter ocorrido comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações de comércio exterior não foi considerado na lavratura do auto de infração que originou este processo. Este fato não serviu de fundamento para a caracterização da infração e aplicação da sanção. Logo, o acórdão paradigma nº 310201.414 tratou de situação fática diferente da do acórdão recorrido, o que impõe considerar o paradigma incapaz de comprovar as divergências jurisprudenciais suscitadas. No outro acórdão paradigma, o de número 3102002.195, tratouse de ocultação do real adquirente, encomendante predeterminado que, por presunção legal, foi considerado real comprador de mercadorias importadas por sua conta e ordem: Vejamos a ementa do acórdão paradigma 3102002.195: "Assunto: Imposto sobre a Importação II Data do fato gerador: 15/04/2010 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO DA MERCADORIA. CONVERSÃO EM MULTA NO VALOR ADUANEIRO. Constitui dano ao Erário a importação realizada por conta e ordem de terceiros ou por encomenda, com ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação; sujeita à pena de perdimento das mercadorias, convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. Fl. 1025DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 314 15 CESSÃO DO NOME. MULTA DE 10% DO VALOR DA OPERAÇÃO. INAPTIDÃO. MULTA DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO. CUMULATIVIDADE. RETROAÇÃO BENIGNA. IMPOSSIBILIDADE. Na aplicação da multa de dez por cento do valor da operação, pela cessão do nome, conforme artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, não será proposta a inaptidão da pessoa jurídica, sem prejuízo da aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, pela conversão da pena de perdimento dos bens. Descartada hipótese de aplicação do instituto da retroação benigna para penalidades distintas, como são as penas previstas no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007 e no artigo 67 da Medida Provisória 2.158 35/01 na comparação com pena instituída pelo artigo 59 da Lei 10.637/02" E agora trechos do seu voto condutor: "Sopesando os elementos trazidos pelo Fisco e os contrapontos apresentados pela defesa, sou levado a crer que, de fato, tenhase configurado a infração imputada à Recorrente. (...) Seguindo por essa linha de raciocínio, entendo que sejam de grande relevo as informações carreadas aos autos pela Fiscalização Federal acerca das atividades desenvolvidas pela autuada. Conforme declaração prestada pela própria, as operações objeto do Auto de Infração sub judice estão sempre baseadas em encomendas de refrigeradores e suas partes e peças feitas pela empresa Alpunto, com quem admitiu ter um contrato verbal de fornecimento, em regime de exclusividade. Confirmou que toda a importação é precedida de uma encomenda feita pela Alpunto. Converge com esses dados a informação encontrada no site da Recorrente na internet, onde apresentase como importador por conta e ordem e por encomenda. Fl. 1026DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 315 16 Difícil, diante de tais evidências, admitir que não se esteja diante de uma típica importação por conta e ordem ou por encomenda de terceiro. É da própria índole da Recorrente atuar como importadora por conta e ordem ou por encomenda e, ainda mais, no caso concreto, conforme declaração prestada, todas as importações foram realizadas com base em pedidos recebidos antecipadamente da Alpunto." No caso deste paradigma, o Colegiado constatou que as mercadorias importadas destinavamse a terceiro, encomendante predeterminado. Na convicção dos julgadores, diferente do que ocorreu no acórdão recorrido, a fiscalização provou os fatos que atribuiu à importadora e à real adquirente, em especial, que os documentos que instruíram o despacho aduaneiro estavam em desacordo com os fatos apurados. Aqui também há norma específica, que foi considerada no voto condutor da decisão, a qual impõe, em conjunto com outras normas específicas, a caracterização da infração descrita no auto de infração, nos casos de nãocumprimento de requisitos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do BrasilRFB para a atuação de pessoa jurídica importadora, que adquira mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado. A norma está prevista no art. 11, §2º, da Lei nº 11.281, de 20/2/2006, que remete aos arts. 77 a 81 da MP nº 2.158, de 24/08/2001, e os requisitos e condições estão previstos na IN SRF nº 634, de 24/3/2006. Apesar de considerar que o nãocumprimento dos requisitos e condições estabelecidos pela RFB seria suficiente para a aplicação da sanção, no voto condutor afirmou se que ficou comprovada a simulação, com base em quadro indiciário forte que não foi afastado pelas autuadas. Vejase o seguinte trecho: "Como bem destacado no Relatório Fiscal (citando Sílvio de Salvo Venosa, em “Direito Civil – Parte Geral”) a simulação é ato que finge, mascara, camufla, esconde a realidade e a real intenção. É, por sua própria natureza, de difícil e custosa comprovação. A verdade é encoberta de um manto proteção que induz a aparência de um negócio que não guarda correspondência com a vontade. Fl. 1027DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 316 17 Por isso, a prova da simulação é realizada, quase sempre, com base em um quadro indiciário, do qual, pela observação dos diversos elementos que lhe constituem, presumese a ocorrência de outro fato. Aqui, além das circunstâncias acima descritas, temse, ainda, que o importador praticou preços que determinaram uma margem de lucro de apenas 1,5%; não contava com instalações condizentes e nem tinha capacidade econômicofinanceira para movimentar os 34 milhões de reais importados ao longo dos anos de 2010 e 2011 e remetia as mercadorias importadas diretamente do recinto alfandegário para a empresa Alpunto. As explicações apresentadas pela Recorrente para esses fatos não convencem." Logo, o acórdão paradigma nº 3102002.195 também tratou de situação fática diferente da tratada no acórdão recorrido e, por isso, não serve para comprovar divergência jurisprudencial. Conclusão. Considerando que o recurso especial não deve ser utilizado para o fim específico de reapreciação das provas e só é cabível quando em confronto acórdãos que exibem situações fáticas diferentes; que no acórdão recorrido o Colegiado se convenceu de que não foram provados os fatos imputados pela fiscalização ao responsável pela operação de importação; que nos acórdão paradigmas os Colegiados se convencerem que os fatos descritos pela fiscalização foram comprovados; que as situações fáticas dos acórdãos paradigmas são diferentes da do acórdão recorrido, voto por não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional. Eis, então, a palavra do ilustre Conselheiro Gilson, que reproduzo por concordar com o seu entendimento. (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 1028DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 317 18 Fl. 1029DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 11128.004011/2003-08
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 10/04/2000
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO.
Os embargos de declaração só se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão. O colegiado apreciou todas as razões trazidas no recurso. Inexistente, no caso, os vícios de omissão apontados pela Embargante.
Embargos Rejeitados.
Numero da decisão: 3402-003.228
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por rejeitar os Embargos de Declaração, nos termos do voto da Relatora.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(Assinado com certificado digital)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por rejeitar os Embargos de Declaração, nos termos do voto da Relatora. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim - Presidente. (Assinado com certificado digital) Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
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II. IPI Embargante IPIRANGA PRODUTOS DE PETROLEO S.A. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 10/04/2000 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. Os embargos de declaração só se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão. O colegiado apreciou todas as razões trazidas no recurso. Inexistente, no caso, os vícios de omissão apontados pela Embargante. Embargos Rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por rejeitar os Embargos de Declaração, nos termos do voto da Relatora. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente. (Assinado com certificado digital) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 40 11 /2 00 3- 08 Fl. 276DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE, Assinado digitalmente em 06 /09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MAYSA DE SA PITTONDO DEL IGNE 2 Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de embargos de Declaração opostos em face do Acórdão n.º 301 34.389 de 24/04/2008, proferido pela Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes (fls.158/165), ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 10/04/2000 Classificação de Mercadorias Mercadoria identificada como Preparação à base de PoliMetacrilato de Alquila em Óleo Mineral, na forma liquida, considerada Aditivo Melhorador do indice de Viscosidade, Aditivo para Oleo Lubrificante contendo Óleo de Petróleo, de acordo com o laudo técnico, deve ser classificada no código NCM/SH 3811.21.10. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator." (fl. 158) Em breve síntese da lide, tratamse de Autos de Infração lavrados para a exigência de Imposto de Importação e IPI em razão da divergência de classificação fiscal na Declaração de Importação n° 00/03125550/001. Entendeu a fiscalização, com fulcro no laudo técnico n.º 2127.01 (fl. 26), que a mercadoria deveria se enquadrar na NCM 3811.21.10, e não na NCM 3811.21.90 como o feito pelo contribuinte. Nos embargos (fls. 172/178) aduz a Embargante que o acórdão teria se omitido sobre as seguintes questões: (i) Impossibilidade de mudança de critério jurídico, "que veda a exigência de tributo, multa e juros retroativamente (artigo 146 do Código Tributário Nacional)" (fl. 176); e (ii) Necessidade de se afastar a multa aplicada vez que a Embargante "em nenhum momento se utilizou de expedientes fraudulentos e/ou intencionais para se furtar ao cumprimento de suas obrigações fiscais" (fl. 177), invocando a aplicação da Instrução Normativa n° 40/72 e do Ato Declaratório Normativo COSIT n° 10/97. Após despacho de admissibilidade às fls. 271/272, o processo foi distribuído para essa Relatora. É o relatório. Voto Fl. 277DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE, Assinado digitalmente em 06 /09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MAYSA DE SA PITTONDO DEL IGNE Processo nº 11128.004011/200308 Acórdão n.º 3402003.228 S3C4T2 Fl. 277 3 Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne Admitidos os Embargos, entendo que eles devem ser rejeitados. Pela leitura do Recurso Voluntário interposto às fls. 143/148, ou mesmo da Impugnação Administrativa de fls. 33/36, vislumbrase que as únicas alegações trazidas foram de ordem fática, devidamente enfrentadas no Acórdão recorrido. Não se vislumbra, em nenhum momento, quaisquer dos argumentos aventados pela embargante em seus Embargos (necessidade de aplicação do art. 146, do CTN e a desconformidade da multa). Por ser sintético, transcrevo abaixo as razões de direito invocadas quando da interposição do Recurso Voluntário e o pedido formulado: "DO DIREITO 6. Como já esclarecido pela recorrente nestes autos, o produto importado VISCOPLEX 1330 não é um aditivo melhorador do índice de viscosidade. Sua função restringese a reduzir o ponto de fluidez de óleos lubrificantes acabados. 7. Com efeito, os abaixadores dos pontos de fluidez, como o VISCOPLEX 1330, são utilizados em concentrações de cerca de 0,1% a 0,3%, sendo seu peso molecular muito abaixo daqueles recomendados para aditivos melhoradores do índice de viscosidade, o que, por si só, já seria suficiente para a sua distinção desses aditivos. 8. Ademais, o produto VISCOPLEX 1330 não tem a função de reduzir a perda da viscosidade com o aumento da temperatura do lubrificante, mas sim permitir sua fluidez a baixa temperatura 9. Ao contrário do que asseverado pela i. julgadora de 1ª instância, para quem "as duas expressões: "aditivo melhorador do índice de viscosidade" e "abaixador do ponto de fluidez" de óleos lubrificantes têm o mesmo significado" (fls. 77 da decisão recorrida), cumpre esclarecer que tratamse, sem sombra de dúvidas, de conceitos distintos. 10. A fim de esclarecer a distinção desses conceitos, importante destacar as definições constantes do parecer elaborado pelo departamento técnico da recorrente (doc. anexo), nos seguintes termos: (...) 11. Resta claro que, ao contrário do que constou da r. decisão recorrida, PONTO DE FLUIDEZ e ÍNDICE DE VISCOSIDADE são conceitos técnicos diferentes. 12. Mister destacar ainda a confirmação do fornecedor do produto, RohMax Additives Gmbh (doc. anexo), no sentido de que o VISCOPLEX 1 330 é um aditivo abaixador do ponto de fluidez e no pode ser usado como melhorador do índice de viscosidade em razão de seu baixo peso molecular. 13. Tudo leva a crer que os químicos do LABANA que realizaram a análise do produto não tenham atentado para as imprescindíveis informações do catálogo elaborado pelo próprio fabricante (doc. anexado á. impugnação) e, assim, tenham sido levados ao equivoco de imaginar tratarse de "Preparação, et base de Poli(Metacrilato de Alquila) em Óleo Mineral, na forma liquida, um Aditivo Melhorador do índice de Viscosidade, Aditivo para 6leo Lubrificante contendo Óleo de Petróleo". 14. Desta forma, evidenciada a correta classificação tarifária dada pela recorrente ao produto importado, no código NCM 3811.21.90, resta demonstrado que não têm procedência e fundamento legal a pretensão da Secretaria da Receita Federal de cobrarlhe suposto credito tributário relativo a II e IPI, razão pela qual deve ser cancelado o auto de infração ora em debate. DO PEDIDO Fl. 278DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE, Assinado digitalmente em 06 /09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MAYSA DE SA PITTONDO DEL IGNE 4 15. Diante do exposto, requer a recorrente seja dado provimento ao presente recurso, para que seja reformada a decisão recorrida e declarados nulos os lançamentos impugnados, cancelandose os débitos de II e IPI constituídos." (fls. 146/148 grifei) Vislumbrase com clareza que, como dito, a ora Embargante se ateve às alegações de ordem fática em suas defesas administrativa, argumentos esses que foram integralmente apreciados no Acórdão embargado. O que pretendeu a Embargante foi trazer, em sede de Embargos, novos argumentos não aventados previamente no presente processo, em verdadeira inovação vedada nessa seara recursal. Para estes argumentos, suscetíveis de serem levantados e apreciados desde o início do processo, operouse a preclusão administrativa, inexistindo fatos novos ou circunstâncias relevantes que possam ensejar a sua apreciação de ofício por essa Relatora (conforme artigos 63, §2º e 65 da Lei n.º 9.784/1999) Com isso, por não vislumbrar a omissão, vez que se tratam de argumentos não invocados previamente pela ora Embargante no presente processo administrativo, entendo por negar provimento aos Embargos opostos. É como voto. (Assinado com certificado digital) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora Fl. 279DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE, Assinado digitalmente em 06 /09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MAYSA DE SA PITTONDO DEL IGNE
score : 1.0
Numero do processo: 10860.721694/2012-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
IMPOSTO DE RENDA. PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES. TABELA PROGRESSIVA. ALÍQUOTA. RE Nº 614.406/RS.
No julgamento do Recurso Extraordinário nº 614. 406/RS, conduzido sob o regime de recursos repetitivos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, sem declarar a inconstitucionalidade do artigo 12 da Lei nº 7.713/88, reconheceu que o critério de cálculo dos Rendimentos Recebidos Acumuladamente adotado pelo supracitado artigo 12, representa transgressão aos princípios da isonomia e da capacidade contributiva do contribuinte, conduzindo a uma majoração da alíquota do Imposto de Renda.
A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos.
MULTA DE OFÍCIO. A inobservância da norma jurídica tendo como consequência o não pagamento do tributo importa em sanção aplicável coercitivamente, visando evitar ou reparar o dano que lhe é consequente.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2401-004.460
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, por maioria, dar-lhe provimento parcial, para que o cálculo do tributo devido relativo aos rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente pelo Contribuinte seja realizado levando-se em consideração as tabelas e alíquotas vigentes nas competências correspondentes a cada uma das parcelas integrantes do pagamento recebido de forma acumulada pelo Recorrente. Vencido o conselheiro Carlos Alexandre Tortato que dava provimento, em maior extensão, para exonerar o crédito tributário.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arraes Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, por maioria, dar-lhe provimento parcial, para que o cálculo do tributo devido relativo aos rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente pelo Contribuinte seja realizado levando-se em consideração as tabelas e alíquotas vigentes nas competências correspondentes a cada uma das parcelas integrantes do pagamento recebido de forma acumulada pelo Recorrente. Vencido o conselheiro Carlos Alexandre Tortato que dava provimento, em maior extensão, para exonerar o crédito tributário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arraes Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira.
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PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES. TABELA PROGRESSIVA. ALÍQUOTA. RE Nº 614.406/RS. No julgamento do Recurso Extraordinário nº 614. 406/RS, conduzido sob o regime de recursos repetitivos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, sem declarar a inconstitucionalidade do artigo 12 da Lei nº 7.713/88, reconheceu que o critério de cálculo dos Rendimentos Recebidos Acumuladamente adotado pelo supracitado artigo 12, representa transgressão aos princípios da isonomia e da capacidade contributiva do contribuinte, conduzindo a uma majoração da alíquota do Imposto de Renda. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. MULTA DE OFÍCIO. A inobservância da norma jurídica tendo como consequência o não pagamento do tributo importa em sanção aplicável coercitivamente, visando evitar ou reparar o dano que lhe é consequente. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 72 16 94 /2 01 2- 98 Fl. 132DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, por maioria, darlhe provimento parcial, para que o cálculo do tributo devido relativo aos rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente pelo Contribuinte seja realizado levandose em consideração as tabelas e alíquotas vigentes nas competências correspondentes a cada uma das parcelas integrantes do pagamento recebido de forma acumulada pelo Recorrente. Vencido o conselheiro Carlos Alexandre Tortato que dava provimento, em maior extensão, para exonerar o crédito tributário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini– Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arraes Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI Processo nº 10860.721694/201298 Acórdão n.º 2401004.460 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeiro grau que negou provimento à impugnação apresentada pelo contribuinte. Em 03/09/2012, foi lavrada notificação de lançamento referente ao exercício de 2010, AnoCalendário 2009, na qual foi constatada a omissão de rendimentos sujeitos a tabela progressiva, no valor de R$ 248.684,23 (duzentos e quarenta oito mil, seiscentos e oitenta quatro reais e vinte três centavos), recebidos pelo titular. Inconformado com a notificação apresentada, o contribuinte protocolizou impugnação alegando que os rendimentos em análise devem ser tributados de acordo com tabela progressiva por se tratar de rendimentos recebidos acumuladamente, in verbis: “Não é razoável, portanto, que o segurado, além de ter que aguardar longos anos pelo benefício previdenciário, ainda venha a ser prejudicado, com a aplicação da alíquota mais gravosa do tributo, quando do pagamento acumulado dos respectivos valores, em clara ofensa aos princípios da capacidade contributiva e da isonomia tributária, fato reconhecido pela própria Procuradoria da Fazenda Nacional.” (...) “O ato declaratório nº 1 de 2009 da PGFN, vigente à época do recebimento, autorizava os procuradores da Fazenda a não interporem recursos e a desistirem das ações em curso, reconhecendo a forma de cálculo MENSAL DE IR nos rendimentos recebidos de forma acumulada, o que corrobora a tese defendida.” (...) Não seria justo “punir” o Impugnante por ato a que não se deu causa. Ou seja, se o INSS tivesse efetuado os pagamentos corretamente, desde à época em que eram devidos, o Impugnante estaria em outra faixa de contribuintes ou até poderia ficar isento do pagamento do tributo. (...) Dessa forma, ornase totalmente ilegítimo e arbitrário o percentual exigido pela Agente Fiscal, porquanto seu patamar acaba ferindo os princípios do nãoconfisco e da capacidade contributiva insculpidos na Carta Magna de 1988, devendo portanto, ser totalmente reformado o Auto de Infração em tela, Fl. 134DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 4 eis que, o Impugnante tem crédito de Imposto a receber (R$ 2.139,29), e não a recolher como erroneamente imputado. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I (SP) manteve o crédito tributário, com a seguinte consideração: “RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. AÇÃO JUDICIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. Os rendimentos recebidos acumuladamente pelo contribuinte em decorrência de ação judicial para revisão de benefício previdenciário estão sujeitos à tributação na declaração de ajuste anual.” “Não obstante o exposto, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, com fundamento no artigo 19, inciso II, da Lei nº 10.522, de 2002, combinado com o artigo 5º do Decreto nº 2.346, de 1997, e no Parecer PGFN/CRJ/Nº 287, de 2009, aprovado pelo Sr. Ministro de Estado da Fazenda, editou o Ato Declaratório PGFN nº 1, de 27 de março de 2009, que autorizou a dispensa de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que, no cálculo do imposto renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente, devem ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global”. (...) Conforme prevê o § 4º do artigo 19 da Lei nº 10.522, de 2002, a emissão de ato declaratório pela PGFN produz efeitos imediatos em relação à atuação da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB. Todavia, em virtude da decisão do Supremo Tribunal Federal pela existência de repercussão geral da matéria, por ocasião da resolução de questão de ordem nos autos dos Agravos Regimentais nos Recursos Extraordinários 614.406 e 614.232, o Ato Declaratório PGFN nº 1/2009 foi suspenso pelo Parecer PGFN/CRJ/N° 2331/2010, com fundamento nas razões a seguir transcritas: (...) Portanto, a matéria volta a ser regida pelo artigo 12 da Lei n° 7.713/1988, base legal do artigo 56 do RIR/1999, acima reproduzido. (...) A extensão dos efeitos das decisões judiciais, no âmbito da Secretaria da Receita Federal, possui como pressuposto a existência de decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal acerca da inconstitucionalidade da lei que esteja em litígio e, ainda assim, desde que seja editado ato específico do Senhor Secretário da Receita Federal nesse sentido. Fl. 135DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI Processo nº 10860.721694/201298 Acórdão n.º 2401004.460 S2C4T1 Fl. 4 5 No que concerne às jurisprudências invocadas há que ser esclarecido que as decisões administrativas e judiciais, sem uma lei que lhes atribua eficácia, não constituem normas complementares do Direito Tributário, só produzindo efeitos para as partes entre as quais são dadas, não beneficiando nem prejudicando terceiros. Destarte, não podem ser estendidos genericamente a outros casos, somente Aplicamse sobre a questão em análise e vinculam as partes envolvidas naqueles litígios, à exceção das decisões do STF sobre inconstitucionalidade da legislação. (...) Assim, as alegações de inconstitucionalidade quanto à aplicação da legislação tributária não podem ser oponíveis na esfera administrativa por ultrapassar os limites da sua competência legal.” Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual o contribuinte alegou que: · Afronta ao julgamento do Recurso Especial nº 1.118.429/SP, julgado conforme a sistemática do artigo 543C, do Código de Processo Civil, pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça; · Da aplicação do artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais –CARF; “Com a devida vênia, não assiste razão o d. julgador, pois o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, dispõe expressamente que as decisões definitivas do Colendo Superior Tribunal de Justiça, julgados na sistemática do artigo 543C, do código de processo civil, possuem efeitos vinculativos às decisões administrativas, como se detona na leitura do artigo 62A:” · Suspensão do Ato Declaratório nº 01/2009 – impossibilidade do parecer PGFN/CRJ nº 2331/2010, prevalecer sobre a estrita legalidade prevista na Constituição e a Aplicação do parecer PGFN/CRJ nº 492/2010 ao caso concreto; “Assim sendo, observase que o Ato Declaratório nº 1 de 27 de março de 2009 seguiu o princípio da legalidade ao qual deve se submeter toda a administração pública (art. 37, da CF), haja vista que havia jurisprudência pacificada no âmbito do C. STJ, acerca da matéria, nos exatos termos do artigo, II, da Lei nº 10.522/2002”. Fl. 136DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 6 · Violação aos princípios Constitucionais da isonomia, capacidade contributiva e do não confisco; “O V. acórdão fere o princípio da isonomia ao tratar de maneira desigual contribuintes que se encontram em situação equivalente, pois, o contribuinte que recebe corretamente o seu benefício previdenciário poderá ter a incidência da menor alíquota de imposto de renda, ou ser isento. Contudo, a situação do recorrente é adversa, haja vista que por erro da Administração Pública o seu benefício foi concedido erroneamente, e no momento em que recebe o valor acumulado, estão exigindo tributo diferentemente do que seria exigido se o pagamento fosse realizado de modo correto, mensalmente”. · Da ilegalidade da multa aplicada. “Impede ressaltar que a multa aplicada fere diretamente o princípio do não confisco, consagrado no artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal:” · Apresenta por fim cálculos sobre os supostos valores devidos a título de imposto de renda, que acabam resultado na verdade em um crédito de R$ 2.139,29. É o relatório. Fl. 137DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI Processo nº 10860.721694/201298 Acórdão n.º 2401004.460 S2C4T1 Fl. 5 7 Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa, Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate no dia 09/09/2013, conforme AR às fls. 98, e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 08/10/2013, razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. DO MÉRITO Cuidase o presente lançamento de omissão de rendimentos sujeitos a tabela progressiva, no valor de 248.684,23 (duzentos e quarenta oito mil, seiscentos e oitenta quatro reais e vinte três centavos), recebidos pelo titular em virtude de Ação Judicial Previdenciária que reivindicava atualização dos proventos de aposentadoria. 2.1. DOS RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Nesse tocante, o artigo 62, § 2º do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 impõe aos conselheiros, no julgamento dos recursos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. A reprodução de decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista nos artigos 1.036 a 1.041 do Novo Código de Processo Civil. Sobre o tema, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu pela improcedência do Recurso Extraordinário nº 614.406/RS, interposto pela União, no qual sobrou reconhecido que o critério de cálculo dos Rendimentos Recebidos Acumuladamente – RRA adotado pelo artigo 12 da Lei nº 7.713/88, representa transgressão aos princípios da isonomia e da capacidade contributiva do Contribuinte, conduzindo a uma majoração da alíquota do Imposto de Renda. Ficou sedimento o entendimento de que o imposto de renda, mesmo que incidente sobre rendimentos recebidos acumuladamente, deve ser apurado levandose em consideração as tabelas e alíquotas vigentes nos meses a que se referiam cada uma das parcelas integrantes do pagamento recebido de forma acumulada. Confirase: “IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos.” (STF, RE 614.406 RS) Fl. 138DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 8 Nesse interregno, como o julgamento do Recurso Extraordinário nº 614.406/RS foi realizado conforme a Sistemática dos Recursos Repetitivos atrai a incidência do disposto no §2º do artigo 62 do Regimento Interno do CARF. Recordese: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1973. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Noutro giro, o Código Tributário Nacional em seu artigo 149 prevê a prerrogativa do Fisco de rever o lançamento. Assim, como a época do Lançamento em questão não existia o Julgamento Plenário do RE nº 614.406/RS, deve o fisco rever o lançamento de maneira que possa aplicar no cálculo do tributo devido o critério adotado pelo Supremo. Confirase: “ Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; Fl. 139DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI Processo nº 10860.721694/201298 Acórdão n.º 2401004.460 S2C4T1 Fl. 6 9 III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.” Em face do exposto, e, em atenção ao disposto no artigo 62, §2º do Regimento Interno do CARF e ao artigo 149, VIII, do Código Tributário Nacional, voto no sentido de, nesse específico particular, dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para que o cálculo do tributo devido relativo aos rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente pelo Contribuinte seja realizado levandose em consideração as tabelas e alíquotas vigentes nas competências correspondentes a cada uma das parcelas integrantes do pagamento recebido de forma acumulada pelo Recorrente. Nesse sentido entendimentos proferidos por esse egrégio Conselho Administrativo: “IRPF. RENDIMENTO RECEBIDO ACUMULADAMENTE. APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA. O Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a exigência do imposto de renda com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. (Acordão nº 2202003.193, Processo nº 11080.731461/201324, rel. Conselheiro Martin da Silva Gesto, j. em 17/02/2016).” Fl. 140DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 10 2.2. DA INAPLICABILIDADE DA MULTA DE OFÍCIO O recorrente alega que não omitiu quaisquer rendimentos, já que o valor foi informado no quadro relativo àqueles isentos e não tributáveis. No entanto, ao classificar indevidamente os rendimentos omitidos como isentos e nãotributáveis, na declaração de ajuste anual, o contribuinte deixou de apurar corretamente e de recolher o imposto devido. Sobre o assunto, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), editou o Parecer PGFN/CDA/CAT nº 190, de 26 de janeiro de 2009, no qual, ao analisar a natureza da multa de ofício, deixa claro que esta se presta a penalizar, de forma indistinta, as condutas de “não pagamento” ou “pagamento parcial” da contribuição, bem como a “falta de entrega da declaração” ou a “declaração inexata”. Nessa dimensão, interpreta que o fato gerador da multa de ofício corresponde a condutas que, se praticadas isoladamente, constituiriam fatos geradores da obrigação principal e da obrigação acessória concernente à entrega da declaração. Assim, a inobservância da norma jurídica tendo como consequência o não pagamento do tributo importa em sanção aplicável coercitivamente, visando evitar ou reparar o dano que lhe é consequente, nos termos do artigo 44 da Lei nº 9.430/96, cabe a aplicação da multa de ofício. Recordese: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata.” 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 141DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI
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Numero do processo: 16327.002124/2005-08
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000
Ementa:
RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA NA INTERPRETAÇÃO DA LEI TRIBUTÁRIA.
Os acórdãos recorrido e paradigma entendem aplicável o artigo 100, do Código Tributário Nacional, para fins de afastamento de multa e juros, na hipótese do contribuinte ter utilizado o regramento previsto pela Instrução Normativa nº 38/1997. Assim, não há divergência na interpretação da lei tributária que justifique o conhecimento de recurso especial a esse respeito.
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. PRL. FRETE. SEGURO. TRIBUTOS.
Nos termos do artigo 18, § 6º, da Lei nº 9.430/1996, os valores de frete, de seguro, cujo ônus seja do importador, e de tributos não integrarão o cálculo do preço parâmetro (método de ajuste), quando devidos a pessoa não vinculada ao importador. A IN SRF nº 38/1997 não alterou a regra constante da Lei nº 9.430/1996, pois aquela não se refere ao preço parâmetro.
Numero da decisão: 9101-002.426
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, por maioria de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura (relator) e Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente em exercício). No mérito, por maioria de votos, acordam em dar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura (relator), Adriana Gomes Rego e Rafael Vidal de Araújo. Acompanhou a divergência, pelas conclusões, o conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. Designada para redigir o voto vencedor quanto ao conhecimento e mérito a conselheira Cristiane Silva Costa. Declarou-se impedido o conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio).
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
(assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa - Redatora Designada
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo e Nathália Correia Pompeu.
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
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NÃO CONHECIMENTO. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA NA INTERPRETAÇÃO DA LEI TRIBUTÁRIA. Os acórdãos recorrido e paradigma entendem aplicável o artigo 100, do Código Tributário Nacional, para fins de afastamento de multa e juros, na hipótese do contribuinte ter utilizado o regramento previsto pela Instrução Normativa nº 38/1997. Assim, não há divergência na interpretação da lei tributária que justifique o conhecimento de recurso especial a esse respeito. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. PRL. FRETE. SEGURO. TRIBUTOS. Nos termos do artigo 18, § 6º, da Lei nº 9.430/1996, os valores de frete, de seguro, cujo ônus seja do importador, e de tributos não integrarão o cálculo do preço parâmetro (método de ajuste), quando devidos a pessoa não vinculada ao importador. A IN SRF nº 38/1997 não alterou a regra constante da Lei nº 9.430/1996, pois aquela não se refere ao preço parâmetro. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, por maioria de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura (relator) e Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente em exercício). No mérito, por maioria de votos, acordam em dar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura (relator), Adriana Gomes Rego e Rafael Vidal de Araújo. Acompanhou a divergência, pelas conclusões, o conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. Designada para redigir o voto vencedor quanto ao conhecimento e mérito a conselheira AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 21 24 /2 00 5- 08 Fl. 1603DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.604 2 Cristiane Silva Costa. Declarouse impedido o conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio). (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Redatora Designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo e Nathália Correia Pompeu. Relatório Discorrem os autos sobre Recursos Especiais interpostos pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional PGFN (efls. 1343 e segs) e por ROBERT BOSCH LTDA. (efls. 1529 e segs) em face da decisão proferida no Acórdão nº 130200.785 (efls. 1439/1457), pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Primeira Seção, na sessão de 23/11/2011, no qual foi dado provimento parcial ao recurso voluntário interposto pela Contribuinte. Resumo das matérias A autuação fiscal (Termo de Constatação e Verificação Fiscal efls. 418/427), relativa ao anocalendário de 2000, tratou de verificar os cálculos efetuados pelo Contribuinte na apuração de preços de transferência. A Fiscalização efetuou ajustes no método PRL, para considerar a inclusão no preço praticado de valores de fretes, seguros e impostos de importação, nos termos do § 4º do art. 4º da IN SRF nº 32, de 2001. Foram lavrados autos de infração de IRPJ e CSLL. A Contribuinte apresentou impugnação. A decisão de primeira instância (DRJ) julgou o lançamento fiscal procedente. Fl. 1604DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.605 3 Foi interposto pela contribuinte recurso voluntário, no qual dado provimento parcial ao recurso voluntário da Contribuinte, para exonerar as penalidades e juros de mora, nos termos do parágrafo único do art. 100 do CTN, por considerar ilegal a irretroatividade prevista no art. 43, I, da IN SRF nº 32/2001, e manter o principal do lançamento fiscal, com base no §6º do art. 18 da Lei nº 9.430/96 (inclusão no preço praticado de valores de fretes, seguros e impostos de importação). Ambas as partes interpuseram recurso especial e apresentaram as correspondentes contrarrazões. Os dois recursos foram admitidos por despachos de exame de admissibilidade. No recurso da PGFN, foi devolvida a matéria (1) exclusão de penalidades e mora prevista no art. 100, parágrafo único do CTN, em razão da irretroatividade de dispositivo da IN SRF nº 32, de 2001. Quanto ao recurso da Contribuinte, foram devolvidas as matérias (2) indevida inclusão no preço praticado de valores de fretes, seguros e impostos de importação, e (3) vinculação da autoridade administrativa à IN SRF nº 38, de 1997. A seguir, maiores detalhes sobre a fase contenciosa. Da Fase Contenciosa A contribuinte apresentou impugnação (efls. 1250 e segs). A 2ª Turma da DRJ/Brasília julgou o lançamento fiscal procedente, nos termos do Acórdão nº 0328.171 (e fls. 1318/1332), conforme ementa a seguir. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000 PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. Na apuração dos preços praticados, assim como do preço parâmetro, devem ser computados os valores do frete e do seguro internacionais, cujo ônus tenha sido do importador, além dos tributos incidentes na importação. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Inexistência de ilegalidade na aplicação da taxa SELIC, porquanto o Código Tributário Nacional outorga à lei a faculdade de estipular os juros de mora incidentes sobre os créditos não integralmente pagos no vencimento e autoriza a utilização de percentual diverso de 1%, desde que previsto em lei. APLICAÇÃO DA LEI A autoridade administrativa não tem atribuição para conhecer, no mérito, a argüição de ilegalidade ou inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal, uma vez que tal competência é exclusiva do Poder Judiciário, em face dos princípios constitucionais da separação do poderes e da unidade de jurisdição. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Fl. 1605DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.606 4 Anocalendário: 2000 DECORRÊNCIA. CSLL. O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplica se à exigência da Contribuição Social " sobre o Lucro Líquido dele decorrente. Foi interposto recurso voluntário (efls. 1350 e segs) pela Contribuinte, apreciado pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Primeira Seção, na sessão de 23/11/2011. Decidiu o Acórdão 130200.785 (efls. 1439/1457) dar provimento parcial ao recurso voluntário, para manter o principal do lançamento fiscal e exonerar as penalidades e juros de mora do lançamento fiscal, nos termos do parágrafo único do art. 100 do CTN, por considerar ilegal a irretroatividade prevista no art. 43, I, da IN SRF nº 32/2001, conforme ementa a seguir. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000 PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. SEGURO, FRETE E IMPOSTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO. A inclusão do seguro e frete internacional, bem como dos impostos incidentes na importação no custo de aquisição para efeito de comparação com o preço obtido pelo método PRL não viola o §6º do art. 18 da Lei nº 9.430/96. IN SRF nº 32/2001. IRRETROATIVIDADE. A retroatividade veiculada no art. 43, I, da IN SRF nº 32/2001 viola os princípios da legalidade e irretroatividade. NORMAS COMPLEMENTARES. OBSERVÂNCIA. PENALIDADES. JUROS DE MORA. O contribuinte que age em observância de atos administrativos expedidos pelas autoridades administrativas fica excluído da aplicação de penalidades e juros de mora. Foi interposto pela PGFN recurso especial (efls. 1343 e segs.), protestando sobre entendimento da decisão recorrida que aplicou o parágrafo único do art. 100 do CTN para excluir do lançamento fiscal as penalidades e os juros de mora. Discorre que a IN SRF nº 38, de 1997, ao ser interpretada sistematicamente com o art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, não autoriza a faculdade suscitada pela Contribuinte de não incluir apuração do preço praticado os valores de fretes, seguros e impostos de importação. O Despacho de Exame de Admissibilidade de efls. 1435/1438 deu seguimento ao recurso da PGFN. A Contribuinte apresentou contrarrazões (efls. 1514/1527), discorrendo que o paradigma apresentado pela PGFN não serviria para caracterizar a divergência, vez que estaria decidindo em consonância com o acórdão recorrido, e, no mérito, defende o entendimento do acórdão recorrido no sentido de excluir as penalidades e multas, na eventualidade de ser mantida a exação principal. Fl. 1606DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.607 5 Também foi interposto pela Contribuinte recurso especial (efls. 1529 e segs.), discorrendo sobre a inclusão indevida no preço praticado de valores de fretes, seguros e impostos de importação, primeiro, porque são valores que devem ser neutros quanto ao controle de preços de transferência, vez que não são valores despendidos em aquisição internacional e não são pagos a pessoa vinculada. Discorre que a interpretação do § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, quando se refere a "para efeito de dedutibilidade", indica uma confirmação da regra do caput do artigo, no sentido de que, já que os valores de frete, seguro e tributos sobre importação não estão sujeitos aos limites de dedutibilidade do caput, eles deverão integrar o custo para fins de apuração do lucro real. Fala sobre a ilegalidade da IN SRF nº 243, de 2002, que excluiu a expressão legal "para efeito de dedutibilidade" e substitui, propositalmente a expressão "custo" por "preço praticado". Combate o argumento da comparabilidade trazido pelas autoridades fiscais, por entender que a comparabilidade não é a essência do método PRL, que optou por um procedimento simples, que é o de se deduzir do preço de venda o mark up legal para se encontrar o preço parâmetro, a ser comparado com o preço pago a partes vinculadas. Esclarece que o mark up legal inclui todos os valores pagos no Brasil, e que não é o lucro do importador, mas sim a parcela que se agrega ao custo pago à pessoa vinculada que se utiliza para se chegar ao preço de revenda. Ao final, destaca que a MP nº 563, de 2012, veio encerrar a discussão, reforçando todos os argumentos expostos, demonstrado, uma vez por todas, que o método PRL aplica com base o valor FOB das importações, que será acrescido de despesas de frete e seguro apenas quando contratadas pelo importador com partes vinculadas residentes em paraísos fiscais ou sob regimes fiscais privilegiados. Quanto aos dispositivos IN SRF nº 38, de 1997, são tratados ao discorrer sobre a admissibilidade, entendendo que devem ser obrigatoriamente seguidos pela autoridade administrativa, especificamente a faculdade concedida pela norma à Contribuinte de não incluir na apuração do preço praticado os valores de frete, seguro e tributos incidentes na importação. O Despacho de Exame de Admissibilidade de efls. 1565/1570 deu seguimento ao recurso da Contribuinte. A PGFN apresentou contrarrazões (efls. 1572/1592). Entende que o § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, determina que o frete, o seguro e os tributos incidentes sobre a importação devem integrar o custo da operação controlada (o “preço praticado”), para efeito de aferição da dedutibilidade. E, nessa premissa, o § 6º estabelece uma exceção ao regime definido pelo caput do art. 18, no sentido de incluir na apuração da dedutibilidade valores que não decorrem de operações efetuadas com partes vinculadas, isto é, o frete e o seguro cujo ônus tenha sido da empresa brasileira e o imposto de importação. Discorre que a interpretação dada pela Contribuinte esvazia por completo o conteúdo do § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, vez que a dedutibilidade dos custos relativos a frete, seguro e tributos incidentes na importação já é assegurada pela legislação tributária, conforme art. 13 do DecretoLei nº 1.598/77 (art. 289 do RIR/99). Entende também que a argumentação da Contribuinte ensejaria uma desconsideração de idéia de comparabilidade, e que o “preço parâmetro CIF” deve necessariamente ser comparado com o “preço praticado CIF”, de forma a assegurar a equivalência entre os termos da comparação. É o relatório. Voto Vencido Fl. 1607DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.608 6 Conselheiro André Mendes de Moura I. Admissibilidade. Foram interpostos recursos especiais pela PGFN e pela Contribuinte. Adoto as razões do Despacho de Admissibilidade de efls. 1565/1570, com fulcro no art. 50, § 1º da Lei nº 9.784, de 1999 1, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, para conhecer o recurso da Contribuinte Quanto ao recurso interposto pela PGFN, apresento considerações complementares àquelas tecidas pelo Despacho de Exame de Admissibilidade de efls. 1435/1438. Isso porque, em contrarrazões, entendeu a Contribuinte que a divergência não estaria caracterizada, pelo fato de a decisão recorrida e o acórdão paradigma terem apresentado decisões convergentes, no sentido de que a IN SRF nº 38, de 1997, no art. 4º, § 4º teria concedido ao contribuinte a faculdade de incluir no preço praticado os valores despendidos com frete, seguros e tributos incidentes na importação. Analisando os acórdãos recorrido e paradigma, entendo que não assiste razão à Contribuinte. Dentre as matérias debatidas no acórdão paradigma, encontrase, precisamente, conforme descrição do voto: A argumentação da recorrente encontrase sustentada, basicamente, nas seguintes alegações: APLICAÇÃO DO MÉTODO PRL OS CÁLCULOS DEVEM SER FEITOS EXCLUINDOSE OS VALORES DO FRETE, SEGURO E TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO; IMPOSSIBILIDADE, CASO SE ENTENDA QUE OS VALORES DO FRETE, SEGUROS E IMPOSTO DEVAM INTEGRAR A COMPOSIÇÃO DOS PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA, DE COBRANÇA DE PENALIDADES E JUROS DE MORA, POR FORÇA DAS DISPOSIÇÕES DO ART. 100, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL (CTN); (...) Registrese ainda que os autos do processo paradigma discorrem sobre autuação fiscal sob a égide da IN SRF nº 38, de 1997, art. 4º, § 4º. Percebese que se trata, precisamente, da mesma matéria devolvida pelo recurso da PGFN. 1 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...) V decidam recursos administrativos; (...) § 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 1608DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.609 7 Quanto à interpretação da legislação tributária conferida ao caso concreto, o acórdão recorrido entendeu o seguinte: Já a norma posterior (IN SRF nº 32/2001), relativamente ao método PRL utiliza a expressão “serão integrados ao preço”. Vejamos os dispositivos em cotejo: IN SRF nº 38/97 Art. 4º... § 4º Na determinação do custo de bens adquiridos no exterior, poderão, também, ser computados os valores do transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e dos tributos não recuperáveis, devidos na importação. IN SRF nº 32/2001 Art. 4º ... § 4º Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, calculado com base no método de que trata o art. 12, serão integrados ao preço os valores de transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e os de tributos não recuperáveis, devidos na importação. § 5º Nos preços apurados com base nos arts. 8º e 13, os valores referidos no parágrafo anterior poderão ser adicionados ao custo dos bens adquiridos no exterior, desde que sejam, da mesma forma, considerados no preço praticado para fins de dedutibilidade na tributação do lucro real. Entendo, todavia, que o vocábulo “poderão”, vez que corresponde ao modal deôntico “permitido”, inclui necessariamente a permissão de fazer, bem como a permissão de não fazer, e neste sentido, sua substituição pelo modal “obrigatório”, introduzido pela nova legislação restringe o espectro de ação do sujeito passivo, implicando, no caso vertente, aumento de tributo. Observase que no acórdão recorrido o relator entende que a faculdade conferida ao contribuinte, dada pelo § 4º, art. 4º da IN SRF nº 38, de 1997, é incondicional, ou seja, poderia optar, sem nenhum ônus, em não incluir, na apuração do preço praticado, os valores do transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e dos tributos não recuperáveis, devidos na importação. Por outro lado, no acórdão paradigma, a interpretação dada é diferente. Vale transcrever excerto da decisão: Nessa linha de raciocínio, teríamos como procedente a argumentação da recorrente de que, por força do parágrafo único do artigo 100 do Código Tributário Nacional, dela não se pode exigir multa e juros. Contudo, em que pese a alegação, não se identificam nos autos elementos capazes de criar a convicção de que a empresa observou, por inteiro, as disposições da Instrução Normativa n°38, de 1997. Fl. 1609DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.610 8 Tal ilação é corroborada pelos seguintes fatos: (...) Como se vê, diante de uma declaração da própria empresa de que os valores apresentados à fiscalização não coincidem com os declarados ao órgão fiscal, e da não apresentação, no curso do procedimento fiscalizatório, das memórias de cálculo correspondentes, não se pode afirmar que a apuração empreendida por ela atendeu, ipsis litteris, as normas estabelecidas pela Administração Fiscal. Alega também a recorrente que a IN 38/97 permitiu ao contribuinte escolher entre incluir ou não o frete, seguro e tributos na composição dos custos dos bem. Permissa venia, não nos parece que essa seja a melhor exegese que se pode extrair da leitura do caput do artigo 4° e do parágrafo 4° do citado ato normativo, pois, como já dissemos, a inclusão ou não de tais valores associase às condições de comparabilidade. Provasse a recorrente que na determinação dos seus preços de revenda não fez repercutir os dispêndios em comento, acreditamos que ganharia plausibilidade tal argumentação, porém, na inexistência de tal comprovação, a suposição decorre do que é tecnicamente correto, qual seja, a de que nos preços de revenda praticados encontramse embutidos os gastos incorridos na importação do produto. Como se pode observar, o relator do paradigma entende que a faculdade dada pelo § 4º, art. 4º da IN SRF nº 38, de 1997, é condicionada à comprovação da contribuinte de que, na determinação dos seus preços de revenda, não estariam incluídos os valores do transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e dos tributos não recuperáveis, devidos na importação. Deixa claro o voto que a inclusão ou não de tais valores associase às condições de comparabilidade. Resta clara a divergência, na medida em que o acórdão recorrido entende que a faculdade conferida ao contribuinte, dada pela redação do § 4º, art. 4º da IN SRF nº 38, de 1997, é incondicional, enquanto que o paradigma estabelece condição no sentido de que haja comprovação de que a comparabilidade entre os preços praticado e preço parâmetro seja devidamente comprovada mediante apresentação de documentação probatória. Portanto, diante do exposto, voto no sentido de conhecer os recursos da Contribuinte e da PGFN. Tendo sido realizada, no decorrer da sessão de julgamento, a votação em relação à admissibilidade dos recursos, o Colegiado decidiu: conhecer o recurso especial da Contribuinte; não conhecer o recurso especial da PGFN, decisão no qual fui vencido. Nesse sentido, passo ao exame do mérito apenas em relação ao recurso da Contribuinte. II. Mérito. Recurso da Contribuinte. Fl. 1610DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.611 9 Ao contrário de precedentes já julgados pelo presente Colegiado, que diziam respeito à inclusão no preço praticado dos valores de fretes, seguros e impostos de importação. sob a égide da IN SRF nº 243, de 2002, os presentes autos apresentam uma situação que guarda uma peculiaridade: a norma complementar objeto de análise é a IN SRF nº 38, de 1997. A princípio, cumpre registrar que ambas as instruções normativas foram editadas sob a vigência da redação do art. 18, da Lei nº 9.430, de 1996, dada antes da alteração promovida pela Lei nº 12.715, de 2012, transcrito na sequência: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: I Método dos Preços Independentes Comparados PIC: [...] II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: [...] III Método do Custo de Produção mais Lucro CPL: [...] (...) § 6º Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. Primeira constatação é que a comparabilidade é o valor principal a ser tutelado na matéria atinente aos preços de transferência. A normatização da disciplina no Brasil inserese no contexto do fenômeno da globalização, em que a competição se desenvolve em escala global. É fato que vem sendo desenvolvidos mecanismos de planejamento, nem sempre adequados, no qual são realizadas operações de compra e venda entre empresas vinculadas com sítio em países diferentes, no qual as fiscalizações tributárias tem verificado, em determinadas ocasiões, a utilização de preços artificiais, de modo a deslocar a tributação para países com carga tributária menor. Para monitorar tal sistemática, controles tem sido desenvolvidos pelos países, no sentido de comparar as operações transnacionais entre empresas e suas vinculadas, com operações no qual as mesmas empresas transacionam com outras sem qualquer espécie de vínculo. Verificase, assim, se o preço praticado nas operações entre a empresa e suas vinculadas tem similitude com o preço de mercado negociado entre empresas independentes, adotandose o princípio do arm's lenght, seguido pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), ao editar convençãomodelo sobre os preços de transferência, e pela Organização das Nações Unidas, no Conselho Econômico e Social, resultando na elaboração do UN Practical Manual for Developing Countries 2, e mesmo pelo legislador brasileiro, ainda que diante das particularidades do país. 2 United Nations Practical Manual on Transfer Pricing for Developing Countries, http://www.un.org/esa/ffd/documents/UN_Manual_TransferPricing.pdf. Acesso em 15/03/2016. Fl. 1611DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.612 10 E, recusar a aplicação da comparabilidade é o mesmo que ignorar o princípio do arm's length. A operação entre pessoas vinculadas (no qual se verifica o preço praticado) e a operação entre pessoas não vinculadas, na revenda (no qual se apura o preço parâmetro) devem preservar parâmetros equivalentes. E, quanto ao caso em análise concernente aos valores de frete, seguros e tributos incidentes na importação, só dois mecanismos podem ser seguidos: (1) incluindose na apuração dos preços praticado e parâmetro os valores de frete, seguros e tributos incidentes na importação, ou (2) excluindose na apuração dos preços praticado e parâmetro os valores de frete, seguros e tributos incidentes na importação. Precisamente nesse contexto se justifica a existência do § 6º do art. 18, da Lei nº 9.430, de 1996, porque apresenta um tratamento diferente daquele previsto na regra geral para a apuração do custo contábil pelo art. 13 do DecretoLei nº 1.598, de 1977: Art 13 O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação. § 1° O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá obrigatoriamente: a) o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto neste artigo. Não há coincidência na construção do sistema de tributação. Como regra geral de dedutibilidade, incluemse os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação. Por isso, a legislação de preços de transferência, para buscar um parâmetro de comparação adequado entre preço praticado e preço parâmetro, teve que expressamente se manifestar, por meio do § 6º do art. 18, da Lei nº 9.430, de 1996, para esclarecer que a regra geral de dedutibilidade não seria aplicável. Ou seja, para fins de apuração do preço de transferência, os valores de frete, seguro e tributos incidentes na importação não são dedutíveis, devendo integrar o custo. Contudo, a redação adotada na primeira instrução normativa editada após da Lei nº 9.430, de 1996, IN SRF nº 38, de 1997, optou por contemplar os dois mecanismos de comparabilidade: (1) incluir na apuração dos preços praticado e parâmetro os valores de frete, seguros e tributos incidentes na importação, ou (2) excluir na apuração dos preços praticado e parâmetro os valores de frete, seguros e tributos incidentes na importação. Basta observar a redação dada ao § 4º do art. 4º: Subseção I Normas Comuns aos Custos na Importação Art. 4º Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, nas importações de empresa vinculada, não residente, de bens, serviços ou direitos, a pessoa jurídica importadora poderá optar por qualquer dos métodos referidos Fl. 1612DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.613 11 nesta Seção exceto na hipótese do § 1º, independentemente de prévia comunicação à Secretaria da Receita Federal. (...) § 4º Na determinação do custo de bens adquiridos no exterior, poderão, também, ser computados os valores do transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e dos tributos não recuperáveis, devidos na importação. (grifei) No caso, entendeu a contribuinte que restou conferida uma faculdade, sem nenhum ônus de sua parte, no sentido de simplesmente não se incluir, no cálculo do preço praticado, os valores relativos a frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. Com a devida vênia, o verbo "poder" não repercute tamanha liberalidade. A interpretação do dispositivo deve ser realizada a partir de uma análise sistêmica. A comparabilidade entre os preços praticados e parâmetro, estabelecida no § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996 deve ser preservada. A expressão "poderão" encontra limites na comparabilidade. Nesse contexto, retomando a apreciação do § 4º, poderá optar a contribuinte por dois caminhos: (1) pode optar por incluir no preço praticado os valores de frete, seguro e tributos incidentes na importação, desde que os valores de frete, seguro e tributos incidentes na importação tenham sido considerados na apuração do preço de revenda; ou (2) pode não optar por incluir no preço praticado os valores de frete, seguro e tributos incidentes na importação, vez que tais valores não foram incluídos na apuração do preço de revenda. De fato, há que se reconhecer a impropriedade da IN SRF nº 38, de 1997, ao conceder a faculdade para a contribuinte de optar por um dos mecanismos de comparabilidade: incluir ou excluir os valores de frete, seguro e tributos incidentes na importação. O § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, determina, de maneira clara, que o mecanismo a ser adotado é um só: incluir, para apuração do preço praticado e do preço parâmetro os valores de frete, seguro e tributos incidentes na importação. A situação foi resolvida com a edição da IN SRF n° 32, 2001, vigente à época da autuação, e que foi aplicada pela autoridade autuante por força do art. 43, inciso I: Art. 4º (...) § 4° Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, calculado com base no método de que trata o art. 12, serão integrados ao preço os valores de transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e os de tributos não recuperáveis, devidos na importação. ................................................................................ Art. 43. As normas sobre preços de transferência de que trata esta Instrução Normativa: I aplicamse, exclusivamente, em relação às operações com empresas vinculadas, praticadas a partir de 1º de janeiro de 1997; (...) Fl. 1613DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.614 12 São marcantes duas diferenças entre os dispositivos. A primeira diferença entre as redações das duas instruções normativas é o destinatário da norma. A IN SRF nº 38, de 1997 dirigiuse ao preço praticado, para dizer que na sua apuração poderão ser considerados os valores do transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e dos tributos não recuperáveis, devidos na importação. A IN SRF n° 32, 2001 referese ao preço parâmetro do método PRL, dizendo que serão considerados na sua apuração os valores de transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e os de tributos não recuperáveis, devidos na importação. E a segunda diferença, e mais importante, é que ficou claro que na IN SRF n° 32, 2001, que, para efeito de apuração do preço parâmetro no método PRL, deverão ser incluídos os valores de transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e os de tributos não recuperáveis, devidos na importação. Ou seja, sedimentouse o mecanismo predicado pelo § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, de se incluir na apuração dos preços praticado e parâmetro os valores de frete, seguros e tributos incidentes na importação, que inclusive teve continuidade nas instruções normativas posteriores. Certo é que, independente da instrução normativa aplicada para a análise dos fatos, se a IN SRF nº 38, de 1997, ou a IN SRF nº 32, de 2001, a base legal que norteou a ação fiscal foi o art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996. Basta verificar que a interpretação dada pela autoridade fiscal, que, apesar de realizada sob a perspectiva da IN SRF nº 32, de 2001, seria a mesma caso empreendida sob a luz da IN SRF nº 38, de 1997, vez que realizada sob a perspectiva da comparabilidade do preço praticado e preço parâmetro, tomandose como base o disposto no art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, como se pode observar no excerto do "TERMO DE CONSTATAÇÃO E VERIFICAÇÃO FINAL" (efls. 422/423): O valor do Frete e do seguro internacionais, bem como o Imposto de Importação certamente não poderiam deixar de integrar o preço parâmetro, pois, apesar de normalmente não serem valores pagos à empresa vinculada no exterior, estes valores são agregados ao custo da importação, ou seja, compõem o preço que a mercadoria ficou efetivamente disponível para o importador no Brasil. Ora, para comparar dois preços é essencial que ambos estejam no mesmo patamar de valores agregados. Quando do cálculo do preço parâmetro, no caso de PRL, por exemplo, as únicas parcelas a serem deduzidas, de acordo com a legislação são: descontos incondicionais, impostos e contribuições incidentes sobre as vendas, comissões e à margem de lucro. Se as parcelas de frete, seguro internacionais e Imposto de Importação não podem ser deduzidas do preço parâmetro porque não há previsão legal para tanto, então devem obrigatoriamente integrar o preço praticado, caso contrário, isto é, caso estas parcelas integrem o preço parâmetro mas não integrem o preço praticado, estará ocorrendo uma distorção no cálculo do preço parâmetro, pois estes valores integrando somente o preço parâmetro estarão Fl. 1614DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.615 13 aumentando este valor indevidamente e irão fazer parecer que a margem de lucro do contribuinte é maior, quando na verdade a diferença entre o parâmetro e o praticado estaria sendo aumentada artificialmente através da dedução indevida de parcelas de frete e seguro internacionais e imposto de importação somente no preço praticado. (grifei De qualquer forma, sob a égide do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, não restam dúvidas: integram o custo (apuração do preço praticado), para efeito de dedutibilidade (registrase a exceção à regra geral disposta no art. 13 do DecretoLei nº 1.598, de 1977), o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. E não há que se falar que a nova redação dada pela Lei nº 12.715, de 2012, teria alterado tal entendimento. Pelo contrário, confirmou que a comparabilidade sempre foi o valor principal a ser tutelado. Basta observar nova redação dada ao § 6º em debate, e ao novel § 6º A: § 6º Não integram o custo, para efeito do cálculo disposto na alínea b do inciso II do caput, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, desde que tenham sido contratados com pessoas: (Redação dada pela Lei nº 12.715, de 2012) I não vinculadas; e (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) II que não sejam residentes ou domiciliadas em países ou dependências de tributação favorecida, ou que não estejam amparados por regimes fiscais privilegiados. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) § 6ºA. Não integram o custo, para efeito do cálculo disposto na alínea b do inciso II do caput, os tributos incidentes na importação e os gastos no desembaraço aduaneiro. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) Primeiro, ao se revogar a redação antiga do § 6º, eliminase a restrição colocada ao preço praticado aplicável sobre a regra de dedutibilidade geral do art. 13 do DecretoLei nº 1.598, de 1977. Ou seja, passase a permitir a exclusão dos valores de frete, seguro e tributos na importação na apuração do preço praticado. Ou seja, os dispêndios voltam a seguir a regra geral e passam a ser dedutíveis. E, na mesma medida, com a nova redação do § 6º e o novo § 6ºA, determinase que na apuração do preço parâmetro pelo método PRL, não serão mais considerados os valores de frete, seguro (mediante atendimento de determinadas condições) e tributos na importação na apuração do preço praticado. Ora, no ordenamento anterior à redação da Lei nº 12.715, de 2012, o § 6º dirigiase ao preço praticado, e estabelecia exceção à regra geral de dedutibilidade, determinando pela inclusão dos valores de frete, seguro e tributos na importação, vez que, na determinação do preço parâmetro, tais dispêndios eram considerados. Como já dito, a Fl. 1615DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.616 14 comparabilidade se operava mediante o mecanismo de inclusão dos valores de frete, seguro e tributos na importação na determinação dos preços praticado e preço parâmetro. Por sua vez, com a redação da Lei nº 12.715, de 2012, operacionalizouse caminho inverso. O § 6º e § 6ºA dirigemse ao preço parâmetro. Revogase a restrição à regra de dedutibilidade geral (art. 13 do DecretoLei nº 1.598, de 1977), ou seja, na determinação do preço praticado passa a ser permitida a exclusão dos valores de frete, seguro e tributos na importação. E, precisamente por isso, a nova redação do § 6º e § 6ºA determina que passam a não integrar a apuração do preço parâmetro os valores de frete, seguro e tributos na importação. A comparabilidade passa a ser operada mediante o outro mecanismo: a exclusão dos valores de frete, seguro e tributos na importação na determinação dos preços praticado e preço parâmetro. Preservada, portanto, a comparabilidade entre os preços parâmetro e praticado. Sem reparos, portanto, o entendimento do acórdão recorrido. Suscita outra matéria a Contribuinte, devolvida para o Colegiado (quadro à e fl. 1540), no sentido de que a autoridade administrativa estaria vinculada à norma complementar, no caso, ao § 4º, art. 4º da IN SRF nº 38, de 1997. A argumentação não resiste ao fato de que, na época da ação fiscal, já se encontrava em vigor a IN SRF n° 32, 2001, expressamente mencionada pela autoridade autuante, que determinava o seguinte: Art. 43. As normas sobre preços de transferência de que trata esta Instrução Normativa: I aplicamse, exclusivamente, em relação às operações com empresas vinculadas, praticadas a partir de 1º de janeiro de 1997; (...) Ora, seguiu a autoridade autuante determinação expressa da norma complementar, no sentido de que as normas sobre preços de transferência seriam as prescritas pela IN SRF nº 32, de 2001, ao ser analisar operações praticadas a partir de 1º de janeiro de 1997, precisamente o caso tratado nos autos. Assim sendo, diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Contribuinte. III. Conclusão Portanto, diante de todo o exposto, voto no sentido de conhecer os recursos da Contribuinte e da Fazenda Nacional. No mérito, tendo sido vencido na admissibilidade do recurso da Fazenda Nacional, restou apreciação apenas do recurso da Contribuinte, do qual voto no sentido de negar provimento. Assinado Digitalmente André Mendes de Moura Fl. 1616DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.617 15 Voto Vencedor Conselheira Cristiane Silva Costa Com a devida vênia, divirjo do ilustre Relator, entendendo pelo não conhecimento do recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional, tendo em vista a ausência de divergência na interpretação do artigo 100, do Código Tributário Nacional com relação ao acórdão indicado como paradigma (acórdão nº 10516711). Prescreve o artigo 100, do Código Tributário Nacional: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. A análise do acórdão recorrido demonstra que este aplicou o artigo 100, do Código Tributário para afastar multa e juros, diante da observância, pela contribuinte, dos ditames da Instrução Normativa SRF nº 38/97. Destaco trecho do voto condutor nesse sentido: Como a IN SRF nº 38/97 estava em vigor ao tempo dos fatos, embora fosse contrária à lei, e não é possível reconhecer efeitos retroativos à IN SRF nº 32/2001, agiu a recorrente em conformidade com tal ato normativo expedido, não estando sujeita, assim, à imposição de penalidades e cobrança de juros de mora, nos termos do art. 100 do CTN, in verbis: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo.(grifos meus) Fl. 1617DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.618 16 Em memorial prévio, a recorrente alega, ainda, alteração na jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no recente julgamento do processo nº 16327.000966/200274, que cancelou o próprio lançamento, por ter entendido o colegiado, por maioria de votos, que a autoridade administrativa não poderia atuar em desconformidade com a IN SRF nº 38/97, tendo, assim, extrapolado sua competência, ao não observar as determinações do Poder Executivo. Entendeuse, assim, que estava a autoridade administrativa, à época, vinculada à Instrução Normativa, bem como ao direito por ela conferido ao contribuinte. Apenas outro ato administrativo, de mesma ou superior hierarquia poderia revogar aquele vigente. Todavia, com a devida venia, não posso concordar com o entendimento esposado. No meu entender, a vinculação a que se sujeita a autoridade administrativa (art. 142 do CTN) é do procedimento de lançamento à lei e não aos atos administrativos de hierarquia inferior, baixados pelo Poder Executivo, se em desconformidade com aquela. (...) A ação administrativa em conformidade com a lei, mesmo que desobedeça norma administrativa infralegal não constitui nem mesmo motivo para aplicação de qualquer penalidade à autoridade administrativa, pois, de acordo com o art. 116, IV, da Lei nº 8112/90, a ordem manifestamente ilegal pode ser descumprida, verbis: Art. 116. São deveres do servidor: IV cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; (grifos meus) Neste sentido, sou pela exoneração exclusiva das penalidades e juros de mora. No acórdão paradigma, consta interpretação do artigo 100 nos seguintes termos: Releva esclarecer, neste ponto, que não são raras as ocasiões em que a Administração Tributária, impropriamente, edita Instruções Normativas que acabam por produzir inovações no ordenamento jurídico. Não obstante, não nos parece que, no caso sob exame, tenha havido tal extrapolação, eis que o que o ato proporcionou foi tãosomente a clarificação acerca da forma de determinação dos valores para fins de comparação (custo da importação e preço parâmetro), sob pena de, por omissão, ter que corroborar cálculos distorcidos. Nessa linha de raciocínio, teríamos como procedente a argumentação da recorrente de que, por força do parágrafo único do artigo 100 do Código Tributário Nacional, dela não se pode exigir multa e juros. Contudo, em que pese a alegação, não Fl. 1618DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.619 17 se identificam nos autos elementos capazes de criar a convicção de que a empresa observou, por inteiro, as disposições da Instrução Normativa n°38, de 1997. Tal ilação é corroborada pelos seguintes fatos: (...) Como se vê, diante de uma declaração da própria empresa de que os valores apresentados à fiscalização não coincidem com os declarados ao órgão fiscal, e da não apresentação, no curso do procedimento fiscalizatório, das memórias de cálculo correspondentes, não se pode afirmar que a apuração empreendida por ela atendeu, ipsis litteris, as normas estabelecidas pela Administração Fiscal. Assim como o acórdão recorrido, o acórdão paradigma manifesta entendimento pela aplicabilidade do artigo 100, com a exoneração de multa e juros, na hipótese de exata aplicação da IN SRF 38/97 pela contribuinte. No caso concreto, deixa de aplicar tal entendimento por questões fáticas, consistentes na falta de observância, pela então recorrente, das normas da IN SRF 38/97. Portanto, a interpretação constante de ambos acórdãos (paradigma e recorrido) é no sentido da aplicabilidade do artigo 100, parágrafo único, caso a contribuinte aplique devidamente as determinações da Instrução Normativa SRF nº 38/97, para o cancelamento da cobrança de multa e juros. Assim, inexistindo divergência na interpretação da lei federal, voto por não conhecer do recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional. Divirjo do ilustre relator, ainda, no que se refere ao mérito do recurso especial da contribuinte, considerando os termos do artigo 18, § 6º, da Lei nº 9.430/1996. O citado §6º, com redação vigente ao tempo dos fatos em discussão nestes autos (anocalendário de 2000), dispunha que: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: § 6º Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. Notese que a contratação de seguro e de frete entre pessoas independentes impõe a exclusão no cálculo do preço parâmetro, afinal, a manipulação de preço só poderia ocorrer entre partes relacionadas como explicitado pelo caput do artigo 18 – que é sua razão de ser, incorporando o princípio arm’s lenght. No mesmo sentido, os tributos incidentes na importação, que, por óbvio, são devidos a pessoa não vinculada ao importador. Este é o sentido, seja literal, seja teleológico do § 6º do artigo 18. Vejase. O § 6º do artigo 18 dispõe que os valores de frete e de seguro integram o custo, desde que o ônus seja do importador – assim como prevê que os valores de tributos incidentes na importação integram o custo tout court. Integram o custo para quê? Para Fl. 1619DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.620 18 dedutibilidade. O § 6º do artigo 18 não diz que os valores de frete e de seguro, desde que o ônus seja do importador, integram o custo para efeito do cálculo do preço parâmetro, ou para efeito de aplicação do método do inciso II do caput do artigo 18 (PRL) ou de qualquer outro método previsto nesse artigo. Realmente, não haveria sentido em se reduzir “margem de lucro” calculada sobre os valores de frete e de seguro, cujo ônus tenha sido do importador, nem sobre tributos incidentes na importação. Eis, portanto, o sentido literal como o finalístico do § 6º do artigo 18. Tais valores integram o custo para efeito de dedutibilidade. Ademais, sustenta a Recorrente que a Instrução Normativa nº 38/1997 autorizaria tal exclusão, ao utilizar o termo "poderão" no artigo 4º, §4º, verbis: Art. 4º Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, nas importações de empresa vinculada, não residente, de bens, serviços ou direitos, a pessoa jurídica importadora poderá optar por qualquer dos métodos referidos nesta Seção exceto na hipótese do § 1º, independentemente de prévia comunicação à Secretaria da Receita Federal. § 4º Na determinação do custo de bens adquiridos no exterior, poderão, também, ser computados os valores do transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e dos tributos não recuperáveis, devidos na importação. Não me parece seja este o fundamento da autorização para a exclusão de frete, seguro e tributos, na medida em que a própria Lei nº 9.430/1996 já definia esta exclusão. E não me convence o argumento de que a utilização do termo "poderão" na Instrução Normativa citada significaria uma faculdade ao contribuinte, embora reconheça a imprecisão no seu uso. Isto porque é usual a utilização de termos imprecisos pelo legislador, sem que esta imprecisão possa isoladamente justificar a interpretação tributária para identificação de obrigações, permissões e proibições. No contexto das normas que regulam os preços de transferência, entendo que a originária redação do artigo 18, § 6º, da Lei nº 9.430/1996 autorizava a exclusão de frete, seguro e tributos, do cálculo do preço parâmetro. Portanto, não há qualquer alteração nesta sistemática que tenha sido procedida pela IN SRF nº 38/97. Por tais razões, voto por dar provimento ao recurso especial da contribuinte. Assinado Digitalmente Cristiane Silva Costa Fl. 1620DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 16327.002124/200508 Acórdão n.º 9101002.426 CSRFT1 Fl. 1.621 19 Fl. 1621DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA
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Numero do processo: 10880.734249/2011-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 31 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009, 2010
REQUISITOS PARA DEDUTIBILIDADE DO ÁGIO. EXISTÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL.
Ausente conduta tida como simulada, fraudulenta ou dolosa, a busca de eficiência fiscal em si não configura hipótese de perda do direito de dedução do ágio, ainda que tenha sido a única razão aparente da operação.
A existência de outras razões de negócio que vão além do benefício fiscal, apenas ratifica a validade e eficácia da operação.
UTILIZAÇÃO DE EMPRESA-VEÍCULO. LEGALIDADE. MANUTENÇÃO DA DEDUTIBILIDADE DO ÁGIO.
A utilização de empresa-veículo que viabilize o aproveitamento do ágio, por si só, não desfigura a operação e invalida a dedução do ágio, se ausentes a simulação, dolo ou fraude.
LAUDO DE AVALIAÇÃO. AUSÊNCIA DE OBRIGATORIEDADE. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.
A legislação fiscal não traz previsão de obrigatoriedade de apresentação de laudo de avaliação anterior à operação que originou o ágio para fins de dedutibilidade.
A apresentação de demonstrativo de rentabilidade futura, ainda que por meio de estudo técnico interno, preenche os requisitos previstos em lei, seno que o laudo elaborado em período posterior pode servir apenas para ratificar o estudo anterior.
INCORPORAÇÃO REVERSA. POSSIBILIDADE LEGAL.
A incorporação reversa para fins de possibilitar a dedução do ágio pela empresa incorporadora é hipótese prevista de forma expressa na legislação tributária.
Numero da decisão: 1201-001.507
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em DAR provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os Conselheiros José Carlos, que lhe negava provimento e Eva Los, que lhe dava parcial provimento, para reduzir a multa de 150% para 75%.
(assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
(assinado digitalmente)
LUIS FABIANO ALVES PENTEADO- Relator.
EDITADO EM: 20/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Ronaldo Apelbaum.
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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EXISTÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. Ausente conduta tida como simulada, fraudulenta ou dolosa, a busca de eficiência fiscal em si não configura hipótese de perda do direito de dedução do ágio, ainda que tenha sido a única razão aparente da operação. A existência de outras razões de negócio que vão além do benefício fiscal, apenas ratifica a validade e eficácia da operação. UTILIZAÇÃO DE EMPRESAVEÍCULO. LEGALIDADE. MANUTENÇÃO DA DEDUTIBILIDADE DO ÁGIO. A utilização de empresaveículo que viabilize o aproveitamento do ágio, por si só, não desfigura a operação e invalida a dedução do ágio, se ausentes a simulação, dolo ou fraude. LAUDO DE AVALIAÇÃO. AUSÊNCIA DE OBRIGATORIEDADE. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. A legislação fiscal não traz previsão de obrigatoriedade de apresentação de laudo de avaliação anterior à operação que originou o ágio para fins de dedutibilidade. A apresentação de demonstrativo de rentabilidade futura, ainda que por meio de estudo técnico interno, preenche os requisitos previstos em lei, seno que o laudo elaborado em período posterior pode servir apenas para ratificar o estudo anterior. INCORPORAÇÃO REVERSA. POSSIBILIDADE LEGAL. A incorporação reversa para fins de possibilitar a dedução do ágio pela empresa incorporadora é hipótese prevista de forma expressa na legislação tributária. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 73 42 49 /2 01 1- 79 Fl. 2580DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em DAR provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os Conselheiros José Carlos, que lhe negava provimento e Eva Los, que lhe dava parcial provimento, para reduzir a multa de 150% para 75%. (assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Relator. EDITADO EM: 20/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Ronaldo Apelbaum. Relatório Tratase de impugnação aos autos de infração de IRPJ e CSLL lavrados contra o contribuinte acima identificado em razão da glosa da amortização do ágio gerado na incorporação da SERASA pelo Grupo EXPERIAN, conforme demonstrado no Termo de Verificação Fiscal, e assim constituído: Fl. 2581DF CARF MF Processo nº 10880.734249/201179 Acórdão n.º 1201001.507 S1C2T1 Fl. 3 3 Em fls. 1506 a 1539, encontrase o Termo de Verificação com o relato dos procedimentos executados pela fiscalização, que culminou com a presente autuação. Os fatos constatados no tocante à operação engendrada pelo contribuinte são abaixo sintetizados. A empresa GUINA PARTICIPAÇÕES LTDA, denominada empresa veículo pela fiscalização, foi constituída em 21/11/2006, com capital social de R$ 100,00 (cem reais) dividido em 100 (cem) quotas de valor unitário de R$ 1,00 (um real), 99% de suas quotas pertenciam à empresa TEXTAR PARTICIPAÇÕES LTDA, CNPJ 01.959.602/00133, e 1,0% à empresa PACAEMBU SERVIÇOS E PARTICIPAÇÕES LTDA., CNPJ 02.473.211/000177. Consta da Primeira Alteração do Contrato Social da empresa GUINA PARTICIPAÇÕES LTDA, datada de 18/06/2007, a alteração de sua denominação social para EXPERIAN BRASIL AQUISIÇÕES LTDA e a alteração no quadro societário tendo a empresa TEXTAR PARTICIPAÇÕES LTDA, cedido suas 99 quotas para a empresa GUS EUROPE HOLDINGS BV, sediada no exterior, e a empresa PACAEMBU SERVIÇOS E PARTICIPAÇÕES LTDA, cedido sua participação societária de 1 quota por R$ 1,00, a empresa GUS OVERSEAS HOLDINGS BV, também sediada no exterior. Fl. 2582DF CARF MF 4 Consta da Segunda Alteração do Contrato Social da empresa veículo agora denominada EXPERIAN BRASIL AQUISIÇÕES LTDA, datada de 25/06/2007, o aumento do capital social de R$ 100,00 (cem reais) para R$ para R$ 2.251.021.600,00 (dois bilhões, duzentos e cinquenta c um milhões, vinte e um mil e seiscentos reais) em dinheiro, ou seja, um aumento de R$ 2.251.021.500,00 e a consequente criação de 2.251.021.500 novas quotas com valor nominal de R$ 1,00 (um real) cada. O capital social passou a ser assim distribuído: GUS EUROPE HOLDINGS BV 99,00% de participação societária com 2.228.511.384 quotas totalizando R$ 2.228.511.384,00 ; GUS OVERSEAS HOLDINGS BV 1,00% de participação societária com 22.510.216 quotas no total de R$ 22.510.216,00 . Nas Terceira, Quarta e Quinta alterações do Contrato Social da EXPERIAN BRASIL AQUISIÇÕES LTDA, datadas de 30/08/2007, 18/09/2007 e 17/10/2077, respectivamente, as empresas sediadas no exterior procederam ao aumento do capital da empresa veículo no Brasil, totalizando R$ 2.406.081.147,00, foram mantidas as proporções de participação societária das mesmas na empresa veículo. Em 28/06/2007 e 11/10/2007, a empresa veículo EXPERIAN BRASIL AQUISIÇÕES LTDA teria adquirido 70% de participação na SERASA S.A pagando um ágio de R$ 2.286.671.078,74. Em 13/12/2007, a empresa SERASA S. A. teria incorporado a empresa veículo EXPERIAN BRASIL AQUISIÇÕES LTDA e a partir desta data teria começado a amortizar o ágio de si mesmo tido como indedutível pela fiscalização, em razão da falta de propósito negocial para a criação da referida empresa veículo. Regularmente intimado, apresentou o contribuinte o instrumento particular de PROTOCOLO E JUSTIFICAÇÃO DA INCORPORAÇÃO da EXPERIAN BRASIL AQUISIÇÕES LTDA pela autuada SERASA S.A. Com base no relatado no referido protocolo a fiscalização intimou o contribuinte SERASA S.A. a prestar esclarecimentos sobre os motivos da operação, após exaustiva análise dos motivos apresentados pelo contribuinte, assim concluiu a fiscalização: ... ... fica claro e evidente que a verdadeira operação engendrada pelo contribuinte fiscalizado foi a criação da empresa veículo EXPERIAN BRASIL AQUISIÇÕES LTDA e a sua posterior incorporação pelo próprio fiscalizado tendo como único objetivo amortizar o ágio, que de fato foi pago pelas empresas GUS OVERSEAS e GUS EUROPE, visando única e exclusivamente a redução indevida do pagamento de tributos. Questionou a fiscalização a criação da empresa EXPERIAN BRASIL AQUISIÇÕES LTDA, a que denominou de empresa veículo, a aquisição de 70% das ações da empresa operacional SERASA S. A. pela empresa veículo, e, posteriormente a incorporação da empresa veículo pela empresa operacional apenas para fornecer uma aparência de conformidade ao direito, quando o contexto evidencia a vontade de neutralizar o fim prático a que o negócio se destinava: a redução de tributos através da dedução de encargos de Fl. 2583DF CARF MF Processo nº 10880.734249/201179 Acórdão n.º 1201001.507 S1C2T1 Fl. 4 5 amortização de um ágio pago pela EXPERIAN BRASIL AQUISIÇÕES LTDA, porém artificialmente carreado, por meio de uma empresa veículo, para dentro da SERASA S.A. Esclareceu a fiscalização, em fls. 1519, que caso a aquisição de 70% da SERASA S.A. tivesse sido efetuada diretamente pelas empresas GUS OVERSEAS e GUS EUROPE, os ativos e negócios do grupo EXPERIAN não se misturariam aos negócios da SERASA S.A., atendendo assim ao desejo das partes envolvidas na negociação, todavia, o ágio estaria contabilizado nas empresas GUS OVERSEAS e GUS EUROPE e portanto não poderia ser amortização pela SERASA S.A. (grifo da transcrição) Concluiu a fiscalização não haver razão específica sustentável, a não ser a dedução das despesas com amortização do ágio, na incorporação às avessas da controladora pela controlada, sendo que toda a reorganização societária, teria demonstrado falta de propósito negocial e como conseqüência foram as despesas com amortização de ágio consideradas não dedutíveis. Foram lançados IRPJ e CSLL, para os anos calendário de 2007 a 2010, sobre os valores amortizados com ágio nas referidas operações, tendo sido aplicada a multa qualificada de 150%, em razão de ter concluído a fiscalização que o contribuinte agiu com dolo, buscando uma construção artificial e que teve como intuito dificultar a análise por parte da fiscalização do real motivo da reorganização societária, para dar aparência de correção à dedução das despesas com amortização de ágio pela SERASA S.A. Cientificado, em 07/10/2011, no próprio auto de infração, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 1543/1598, em 07/11/2011, com suas teses de defesa, sintetizandoas em fls. 1594/1598, como abaixo reproduzido: (i) esta Impugnação é tempestiva e deve ser integralmente apreciada e acolhida em suas razões de fato e de direito, que demonstram a total improcedência desta infundada exigência fiscal; (ii) nas razões de fato e de direito acima expostas, ficou muito claro que foi equivocada a premissa adotada pela D. Fiscalização na lavratura do presente Auto de Infração, de modo que este deve ser integralmente cancelado. A D. Fiscalização supôs, de modo completamente infundado, que o grupo Experian teria, de forma indevida e abusiva, utilizado a Experian Brasil como empresa veículo, sem nenhum propósito negocial, para efetuar uma série de aquisições participações societárias na Requerente, sem outra razão que não a de gerar um benefício de amortização fiscal de ágio. A premissa adotada pela D. Fiscalização, contudo, é manifestamente equivocada e comprometeu todo o restante da sua análise dos fatos aqui discutidos; (iii) a verdade é que, ao contrário do que supôs a D. Fiscalização, o grupo Experian tinha razões empresariais e econômicas legítimas para praticar as operações aqui examinadas, que eram também reais e independentes dos aspectos fiscais relacionados à amortização de ágio ora questionada; Fl. 2584DF CARF MF 6 (iv) o propósito maior almejado pelo grupo Experian era o de efetuar a aquisição continuada das ações da Requerente, buscando dar maior facilidade operacional a todo o processo de aquisições fracionadas de participações, com Experian Brasil ao longo de um prazo contratualmente estipulado de até seis meses; pagamentos que chegaram a totalizar 57 transferências bancárias feitas pela Experian Brasil ao longo de um prazo contratualmente estipulado de até seis meses; (v) adicionalmente, pretendeuse nessas operações concentrar os volumes financeiros das operações de câmbio em poucos aportes de capital feitos na própria holding, que por sua vez faria as transferências financeiras já dentro do País, em Reais, levando a uma melhor situação de negociação de taxas de câmbio e tarifas associadas. Também associado a questões de câmbio estava a maior facilidade operacional de manutenção do registro de capital estrangeiro detido na Requerente junto ao Banco Central, que em uma eventual aquisição de participações fracionadas feitas por sociedades estrangeiras; (vi) pretendiase, ainda, tentar oferecer maior conforto nas negociações com acionistas brasileiros, especialmente os minoritários, que contratariam com sociedade brasileira e receberiam pagamentos a partir de TEDs previstas no Sistema de Pagamentos Brasileiro, que são claramente mais diretas e simples que operações internacionais de câmbio. Com isso, esperavase facilitar ao máximo a operacionalização do processo de aquisições de minoritários como um todo, permitindo assim o devido cumprimento dos prazos contratualmente acordados. (vii) ficou demonstrado, portanto, que são totalmente descabidas as alegações de que a Experian Brasil teria sido utilizada como sociedade veículo nesse caso. Além das razões empresariais acima demonstradas, devese destacar que a não existência de empregados, ou de despesas ou receitas próprias não se aplica a sociedades holdings, que por previsão expressa na legislação, tem o propósito funcional único de participar em outras sociedades. No caso em exame, a Experian Brasil cumpriu exatamente esse seu propósito funcional, conforme previsto em seu objeto social, participando do processo de aquisição continuada de ações da Requerente. Sua duração se estendeu no total por cerca de nove meses, prazo em que incorreu em despesas bancárias e fiscais relativas às movimentações financeiras que efetuou, bem como auferiu receitas mensais de equivalência patrimonial relativas às participações societárias adquiridas na Requerente. Vale notar que essa sociedade somente foi incorporada pela Requerente mais de um mês depois da última das aquisições de participações fracionadas na Requerente, quando foi atingido o total de 70% contratualmente estipulados; (viii) é igualmente descabida a alegação feita pela D. Fiscalização de que a amortização de ágio teria sido indevida em razão da ordem da incorporação, ou seja, do fato de que a sociedade incorporadora (Requerente) era a sociedade controlada pela empresa incorporada (Experian Brasil). Como restou demonstrado, doutrina e jurisprudência, inclusive de Fl. 2585DF CARF MF Processo nº 10880.734249/201179 Acórdão n.º 1201001.507 S1C2T1 Fl. 5 7 primeira instância administrativa, admitem a possibilidade de amortização fiscal de ágio quando a controlada incorpore a controladora, nos termos do artigo 386, §6°, inciso II, do RIR/99, com base legal no artigo 8 o da Lei 9.532/97, que expressamente garante esse efeito nesse tipo de situação; (ix) é igualmente descabida a alegação feita pela D. Fiscalização de que a amortização de ágio pela Requerente seria indevida em razão de o laudo de avaliação econômico financeira, preparado pela KPMG, ter sido datado de 22.10.2007, logo após a conclusão das aquisições da Requerente. Como demonstrado, a legislação fiscal em vigor não exige qualquer forma ou metodologia de cálculo específica para o referido estudo, sendo que o grupo Experian possuía estudos internos anteriores que lhe embasaram a tomada de decisão sobre a assinatura do Contrato de Compra e Venda em 25.6.2007 e a aquisição inicial de ações da Requerente em 28.6.2007. Tais estudos, portanto, estavam prontos antes de qualquer aquisição de ações da Requerente ter sido efetuada. Apenas, por diligência, foi solicitado à KPMG que preparasse o laudo de avaliação econômicofinanceira, de modo que o valor finalmente pago pela Experian Brasil pelas ações da Requerente ficasse validado por uma empresa independente e notoriamente especializada nesse tipo de avaliação. Não cabe, portanto, a D. Fiscalização lançar qualquer dúvida sobre o cálculo da expectativa de rentabilidade futura da Requerente, alegando que o laudo de avaliação da KPMG tem data posterior à aquisição das ações; (x) a Requerente demonstrou também que no caso em questão fez uso de uma opção fiscal estabelecida pela lei, ou seja, contrariamente ao alegado pela D. Fiscalização, não há qualquer previsão legal que obrigue uma empresa estrangeira a adquirir ações de uma empresa brasileira diretamente do exterior. Pelo contrário, a legislação concede a opção de que essa compra seja realizada tanto pelo exterior como pelo Brasil via a constituição de uma entidade sob as leis brasileiras; (xi) foi também demonstrado que, mesmo que as operações da Requerente não estivessem revestidas de um efetivo propósito negocial, o que se admite somente para argumentar, não poderia a D. Fiscalização pretender desconsiderar tais operações com base apenas nessa justificativa; (xii) fundamentalmente, o que deve ser considerado nesse caso é que as aquisições de ações da Requerente pela Experian Brasil foram feitas entre partes independentes e não relacionadas, com pagamentos em caixa, para pessoas jurídicas ou físicas residentes fiscais no País, para as quais o ganho de capital correspondente era também tributável segundo a legislação em vigor. Assim, não faz qualquer sentido a D. Fiscalização pretender glosar as amortizações de ágio da Requerente, que foram embasadas em operações legítimas e amplamente amparadas pela legislação, jurisprudência e doutrina; Fl. 2586DF CARF MF 8 (xiii) concluise, assim, que foram corretos todos os procedimentos adotados pela Requerente em relação à apuração e o tratamento contábil e fiscal do ágio nos anoscalendário ora examinados, sendo totalmente improcedentes as alegações da D. Fiscalização feitas nesta autuação; (xiv) a multa agravada também não pode ser aplicada, já que não houve qualquer tipo de fraude ou sonegação, ou mesmo nenhuma forma de dolo ou máfé. Além disso, ainda que assim não fosse, o que se admite para argumentar, o valor exigido a título de multa neste caso é exageradamente elevado, ultrapassando todos os limites da razoabilidade e proporcionalidade, devendo ser imediatamente reduzida; (xv) a taxa SELIC não pode ser aplicada aos créditos tributários e, se admitida a sua aplicação, só poderá incidir sobre o crédito tributário principal, não podendo recair sobre o valor da multa de ofício, que é penalidade e não tem natureza tributária. Da decisão de 1. instância Em decisão de 27/04/2012, através do acórdão n. 1638.322, a 2° Turma da DRJ/SPI, julgou a impugnação da ora Recorrente improcedente e manteve o crédito tributário, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009, 2010 ÁGIO. REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA. FORMALIDADE. FALTA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. INEFICÁCIA. A formalização de reorganização societária em que não exista motivação outra que não a criação artificial de condições para auferimento de vantagens tributárias é inoponível à Fazenda Pública. Negada eficácia fiscal ao arranjo societário sem propósito negocial, restam não atendidas as condições para a amortização do ágio como despesa dedutível, impondose a glosa e a recomposição das apuração dos tributos devidos. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. UTILIZAÇÃO DE EMPRESA VEÍCULO. Não produzem efeitos perante o Fisco as operações realizadas sem propósito negocial, com o único intuito de reduzir a tributação incidente sobre a operação. DESCONSIDERAÇÃO DE NEGÓCIOS JURÍDICOS. A autoridade administrativa pode desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, pois vinculase à realidade dos efeitos jurídicos dos negócios realizados pelas Fl. 2587DF CARF MF Processo nº 10880.734249/201179 Acórdão n.º 1201001.507 S1C2T1 Fl. 6 9 partes, e não à qualificação dada por elas aos seus atos negociais. MULTA QUALIFICADA. ÁGIO FICTÍCIO. DOLO. CARACTERIZAÇÃO. O registro contábil e a subsequente amortização de ágio com a criação de uma empresa veículo para viabilização da amortização, caracteriza conduta dolosa, autorizando a aplicação de multa qualificada. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao do vencimento. JUROS DE MORA. APLICABILIDADE DA TAXA SELIC. Estando os juros lançados em absoluta conformidade com a legislação de regência, não podem ter seus percentuais reduzidos aleatoriamente pelo julgador administrativo, em virtude de alegada feição de inconstitucionalidade/ilegalidade da exigência de juros com base na taxa Selic. Sobre os débitos tributários para com a União, não pagos nos prazos previstos em lei, aplicamse juros de mora calculados, a partir de abril de 1995, com base na taxa SELIC. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. A decisão proferida no lançamento principal é aplicável ao lançamento decorrente, de CSLL, face à relação de causa e efeito que os vincula. Do Recurso Voluntário Inconformada, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário através do qual ratificou as alegações trazidas anteriormente na Impugnação. É o Relatório Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator Admissibilidade Fl. 2588DF CARF MF 10 O Recurso Voluntário apresentado é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, merece ser acolhido. Resumo dos fatos Para melhor visualização do racional deste voto, faço abaixo uma breve síntese dos fatos: i) a empresa GUINA PARTICIPAÇÕES, tratada pela fiscalização como empresa veículo foi constituída 2006, com capital social de R$ 100,00 e tendo como sócios as empresas TEXTAR PARTICIPAÇÕES e PACAEMBU PARTICIPAÇÕES, ambas sediadas no Brasil; ii) em 2007, a denominação social da GUINA PARTICIPAÇÕES é alterada para EXPERIAN BRASIL e o quadro societário passa a ser composto pelas empresas GUS EUROPE HOLDINGS BV e GUS OVERSEAS HOLDINGS BV, ambas sediadas no exterior. iii) também em 2007, o capital social da EXPERIAN BRASIL é aumentado para R$ 2,25 bilhões e, posteriormente, para R$ 2,4 bilhões; iv) ainda em 2007 a EXPERIAN BRASIL adquire 70% de participação na SERASA S.A , com pagamento de ágio no valor de R$ 2.286.671.078,74. v) em dezembro de 2007, a SERASA S. A. incorpora a EXPERIAN BRASIL e passa a a amortizar o ágio. Importante trazer tais fatos no voto, pois, são incontroversos. Isso porque, não obstante defender que a ora Recorrente tenha agido de forma abusiva e simulada, a Fiscalização ou mesmo os julgadores da DRJ não questionam, em momento algum, a ocorrência de tais fatos. Das regras fiscais aplicáveis à dedução da despesa de amortização do ágio O ponto de partida para discussão da possibilidade de dedução da amortização do ágio ora em questão deve ser a análise das disposições legais aplicáveis ao caso. Avaliar o que diz a lei é condição primeira e indispensável no julgamento de qualquer questão que envolva o Direito Tributário Brasileiro, face a obrigatória observância do Princípio da Legalidade. No caso em tela, devemos avaliar os termos dos artigos 7° e 8° da Lei 9.532/97 que estão refletidos na redação dos artigos 385 e 386 do RIR/99, que assim dispõe: Art. 385. O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: Fl. 2589DF CARF MF Processo nº 10880.734249/201179 Acórdão n.º 1201001.507 S1C2T1 Fl. 7 11 I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo seguinte; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o inciso anterior. § 1° O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento § 2° O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico: I valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; II valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; III fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3° O lançamento com os fundamentos de que tratam os incisos I e II do parágrafo anterior deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. Art. 386. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no artigo anterior: ( ... ) III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2° do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; ( ... ) § 7° Sem prejuízo do disposto nos incisos III e IV, a pessoa jurídica sucessora poderá classificar, no patrimônio líquido, alternativamente ao disposto no § 2° deste artigo, a conta que registrar o ágio ou deságio nele mencionado. Esta introdução baseada no texto legal é de suma importância, vez que, o presente voto se prestará a avaliar se tais condições legais para a dedutibilidade foram, de fato, cumpridas. Feitas tais considerações iniciais, passo a avaliar cada um dos pontos relevantes relacionados ao caso ora em análise e, faço isso, sempre baseado na lei. Fl. 2590DF CARF MF 12 Do ágio gerado em operações entre partes independentes e do pagamento efetivo do ágio Não há dúvidas e a fiscalização também não contesta que a operação de aquisição da empresa Serasa S.A se deu entre parte independentes, sem qualquer relação societária. Tal constatação é importante, vez que o Fisco coloca sob suspeita toda e qualquer operação intragrupo que tenha gerado o ágio o chamado "ágio interno". Não é o caso ora em discussão. Assim, uma vez que a operação foi contratada entre partes independentes, não houve espaço para que a Fiscalização contestasse o valor efetivamente pago pela compradora (Experian) aos acionistas da Serasa. Cabe aqui mais uma ressalva: não há qualquer dúvida ou contestação acerca do efetivo pagamento do ágio gerado. Assim, como veremos mais detalhadamente adiante, o que está em discussão não é a essência da operação mas si a forma dela. Digo isso, pois, a origem da autuação é o inconformismo do fisco com o fato de uma empresa sediada no exterior, antes de efetuar a aquisição de uma empresa no Brasil, capitalize outra empresa brasileira no papel de holding para que esta faça a aquisição da empresa operacional que é a Serasa. A Fiscalização entende que a ora Recorrente agiu de forma dolosa (aplicação de multa de 150%) com o único objetivo de economizar tributos de forma indevida, fraudulenta ou simulada, vez que faltou à Recorrente demonstrar e provar a existência de razões negociais ou "business purpose" para agir desta forma. Não obstante o alto grau de subjetividade existente em qualquer discussão relacionada à existência ou inexistência de "business purpose" nas operações, face à mais que concreta objetividade da lei, e aqui me refiro às regras para dedução do ágio, este Conselheiro não se furtará de enfrentar as questões de fato relacionadas às razões empresariais ou econômicas da operação. Contudo, o que o julgadores desta turma devem avaliar de forma central, é se esta conduta ou esta escolha de negócio da Recorrente infringe a lei tributária ou não, de forma a impossibilitar a dedução do ágio, pois, como já afirmei acima, o Princípio da Legalidade não deve ser deixado de lado, de forma alguma. Do conceito de propósito negocial e do planejamento tributário válido Antes de adentramos nas questões específicas do caso em exame, é importante o estabelecimento de alguns conceitos importantes relacionados ao chamado propósito negocial. Fl. 2591DF CARF MF Processo nº 10880.734249/201179 Acórdão n.º 1201001.507 S1C2T1 Fl. 8 13 Primeiramente, é importante destacar que os conceitos de propósito negocial e substância econômica carecem de fundamento legal, tornandose subjetivos e abrangentes. Não são elementos aceitos e incorporados pelo ordenamento jurídico brasileiro, inexistindo qualquer dispositivo legal que lhes dêem substrato. O alcance destes conceitos atinge a existência de razões econômicas que vão além da obtenção de vantagem fiscal, única e exclusivamente. Partindo deste conceito, a presença de um propósito negocial deve ser precedente e, além, originária na operação, de modo a concretizar a amortização do ágio e o concomitante gozo do benefício fiscal como uma consequência natural e lógica, se considerarmos o fato gerador do IRPJ. Ocorre, porém, que a indefinição dos conceitos no ordenamento jurídico impede a formação de entendimento uníssono a respeito de seus termos e limites, tornando qualquer discussão acerca das operações de ágio como ao menos parcialmente subjetivas. O ágio é um tema tão controverso e alvo de inúmeras discussões no âmbito deste Conselho pelo simples fato de que cada autoridade fiscal, julgador e contribuinte atribui uma amplitude e um alcance diverso à definição atribuída ao propósito negocial/substância econômica. O que se busca com referidos conceitos é a identificação de abuso, fraude ou simulação, perfazendo caráter arbitrário e artificial que vise apenas o aproveitamento do benefício fiscal. A percepção do propósito negocial/substância econômica como definidor deste cenário pode ser favorável, mas diante da referida subjetividade, freqüentemente inaugura uma nova posição acerca de seu alcance, diante de casos concretos distintos, dotados cada qual de especificidade e peculiaridade. Se presta, então, o presente voto, a partir deste ponto, a analisar detalhadamente todos as informações e alegações levantadas pela fiscalização para definir se, necessário ou não um motivador para a operação que vá além do beneficio fiscal, bem como, ausente ou presente o tal propósito negocial e, da mesma forma, se presentes indícios de fraude ou simulação na operação. É importante ressaltar a frequente utilização pelo Fisco da teoria da ausência de propósito negocial por meio do qual defende que a simples inexistência sob a ótica do fisco de outros motivadores para a operação que não o alcance do benefício fiscal, já é elemento suficiente que invalida os atos do contribuinte ou, ao menos, inviabiliza o benefício fiscal almejado. Entendo que tal racional adotado pela autoridade fiscal guarda certa contradição com diversas regras e estruturas criadas pelo legislador brasileiro quando se oferece um benefício fiscal aos contribuintes como parte integrante de uma política econômica. Usualmente menciono em meu votos, de forma exemplificativa, o regime fiscal da Zona Franca de Manaus, que oferece incentivos fiscais para as empresas que lá se estabelecerem e produzirem, gerando empregos, desenvolvimento econômico/social e, mesmo, arrecadação de tributos para a região. Fl. 2592DF CARF MF 14 Neste caso, não há qualquer exigência de que as empresas lá estabelecidas tenham propósitos negociais além do gozo do incentivo fiscal em si, para lá se estabelecerem. Isso porque, nenhuma empresa busca a Zona Franca de Manaus em razão da maior proximidade com o mercado consumidor, melhor infraestrutura ou maior oferta de mão de obra qualificada. O objetivo é o gozo do incentivo fiscal, que seja suficiente para compensar os desafios e dificuldades adicionais. Isso é garantido às empresas que cumpram todos os requisito da legislação, independentemente da existência de outras razões. Este é um exemplo do caráter indutor da norma, no sentido de que quando a legislação cria um determinado benefício, acaba por induzir o contribuinte a agir de determinada forma. Desta forma, o conceito a ser adotado para definir o propósito negocial deve ser no sentido de considerar a busca pela redução das incidências tributárias, por si, como um propósito negocial que viabiliza a dedução do ágio. Já temos importantes precedentes do CARF nesta direção: GANHO DE CAPITAL. VENDA DE QUOTAS. PLANEJAMENTO FISCAL ILÍCITO. DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS. INOCORRÊNCIA NAS REDUÇÕES DE CAPITAL MEDIANTE ENTREGA DE BENS OU DIREITOS, PELO VALOR CONTÁBIL A PARTIR DA VIGÊNCIA DA LEI 9.249/1995. Constitui propósito negocial legítimo o encadeamento de operações societárias visando a redução das incidências tributárias, desde que efetivamente realizadas antes da ocorrência do fato gerador, bem como não visem gerar economia de tributos mediante criação de despesas ou custos artificiais ou fictícios. A partir da vigência do art. 22 da Lei 9.249/1995 a redução de capital mediante entrega de bens ou direitos, pelo valor contábil,não mais constituiu hipótese de distribuição disfarçada de lucros, por expressa determinação legal. (Acórdão nº 1402001.472 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária – Sessão de 09 de outubro de 2013) PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. NEGÓCIOS JURÍDICOS. ATOS JURÍDICOS. LICITUDE. O fato dos atos praticados visarem economia tributária não os torna ilícitos ou inválidos. O fato dos negócios praticados visarem economia tributária não os torna ilícitos ou inválidos. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. MOTIVO DO NEGÓCIO. CAUSA DO NEGÓCIO. LICITUDE. Motivo do negócio é a razão subjetiva pela qual o contribuinte faz o negócio jurídico. Causa do negócio ou sua função econômica é o efeito que o negócio produz nas esferas jurídicas dos participes. O motivo ilícito implica em nulidade, quando declarada por um Juiz. Se a motivação do negócio é economia tributária, não se pode falar em motivo ilícito. Fl. 2593DF CARF MF Processo nº 10880.734249/201179 Acórdão n.º 1201001.507 S1C2T1 Fl. 9 15 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. MOTIVO DO NEGÓCIO. CONTEÚDO ECONÔMICO. PROPÓSITO NEGOCIAL. LICITUDE. Não existe regra federal ou nacional que considere negócio jurídico inexistente ou sem efeito se o motivo de sua prática foi apenas economia tributária. Não tem amparo no sistema jurídico a tese de que negócios motivados por economia fiscal não teriam "conteúdo econômico" ou "propósito negocial" e poderiam ser desconsiderados pela fiscalização. O lançamento deve ser feito nos termos da lei. (...) Outra tese do Fisco que merece análise é a de que os atos praticados poderiam ser desconsiderados, porque não teriam conteúdo econômico (ou propósito negocial), já que teriam sido praticados com o único objetivo de economia tributária. Porém, tal afirmativa está em descompasso com o ordenamento jurídico. Como se vê, em última análise, a afirmação do Fisco consiste em sustentar que o planejamento tributário é proibido e que a economia tributária só é admissivel se for acidental. Apenas por isso, já se percebe a improcedência do argumento. Mas, a análise da tese do Fisco confirma o equivoco desta interpretação da fiscalização, pois nem esta motivação vicia o negócio e nem existe lei atribuindo tal efeito. As razões de ordem subjetiva que levam a pessoa a concluir algum negócio jurídico denominamse motivos. Já o efeito que o negócio produz nas esferas jurídicas dos participes chamase causa ou função econômica do negócio. Assim, independente da causa do negócio jurídico, se ele é praticado visando redução da carga tributária, podese dizer que o motivo do negócio foi economia fiscal. Conforme o Código Civil, apenas o motivo ilícito (se for determinante do negócio e comum As partes) implica em nulidade (inciso III, art. 166 do CC). Mesmo assim, tal nulidade precisa ser declarada por um Juiz. No entanto, salvo disposição de lei em contrário, não há como supor que a intenção de economizar tributos é ilícita. Assim, o inciso III, art. 166 do Código Civil não poderia ser aplicada sequer por juizes aos negócios jurídicos pelos quais a pessoa executa seu planejamento tributário. E, muito menos, poderia ser aplicada pela fiscalização, para efetuar lançamento de oficio. De outra banda, não existe regra federal ou nacional que considere negócio jurídico inexistente ou sem efeito se o motivo de sua prática foi apenas economia tributária. Somente se existisse uma lei com este conteúdo é que a fiscalização poderia desconsiderar os efeitos jurídicos dos negócios. " Fl. 2594DF CARF MF 16 (Acórdão n. 1101000.835 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária – Sessão de 04 de dezembro de 2012) Neste sentido, existem também bons e recentes exemplos desta brilhante turma, merecendo destaque trecho do voto do Ilustre Conselheiro Marcelo Cuba Netto no acórdão n. 1201001.267 de 19 de janeiro de 2016: "(...)Repare que a abusividade do planejamento tributário pode ter como característica (desde que não seja a única) justamente a ausência de propósito negocial. Entretanto, quando exista uma norma jurídica incentivando, sob o ponto de vista fiscal, a realização de um negócio jurídico, seria absurdo imaginarse que além do propósito de economia fiscal deveria haver também algum outro propósito. Esse é exatamente o caso dos presentes autos." Assim, me parece claro que a simples alegação de ausência de propósito negocial não é suficiente para a glosa da dedução da amortização do ágio, até mesmo porque, desde que utilizados instrumento legais e inexistentes a fraude, simulação ou abuso de direito, a economia tributária pode ser considerada um propósito negocial. Não obstante me parecer claro que, ainda que uma determinada operação não possa ser invalidada ou desconsiderada pelo simples fato de que o único propósito da operação tenha sido a economia de tributos, passarei a abordar os fatos concreto do caso ora em análise que demonstram que havia sim, motivos empresariais, financeiros e operacionais que justificaram a forma escolhida para a execução da operação que gerou o ágio. Do propósito negocial no caso concreto Por que o Grupo Experian, sediada no exterior, constituiu e capitalizou uma empresa no Brasil para que esta última fizesse a aquisição da empresa Serasa, ao invés de efetuar a aquisição diretamente do exterior? Esta é a grande questão colocada pelo Fisco para a lavratura do auto de infração. Aliás, a resposta também foi dada pelo fisco: o único motivo foi a busca, feita de forma fraudulenta e simulada, do benefício de dedução do ágio efetivamente pago. Vejamos se a afirmação procede. Conforme consta dos autos, a chamada empresaveículo (Experian Brasil) efetuou a aquisição de 70% da empresa Serasa que possuía diversos acionistas, muitos deles sem qualquer relação entre si (Bradesco, Itaú, HSBC, Santander e ABN, dentre outros). No ano de 2007, restou convencionado (Contrato de Compra e Venda celebrado em 25/06/07) entre o Grupo Experian e os principais acionistas da ora Recorrente que a aquisição seria efetuada de forma continuada de modo que 65% das ações da Recorrente seriam adquiridas de imediato e, posteriormente, dentro de um prazo de 90 dias prorrogáveis por mais 90 dias, a Experian Brasil apresentaria ofertas de compra aos acionistas minoritários Fl. 2595DF CARF MF Processo nº 10880.734249/201179 Acórdão n.º 1201001.507 S1C2T1 Fl. 10 17 da Recorrente, observadas as regras já estabelecidas e cujo limite seria a aquisição de 70% das ações. Tais regras forma inseridas na cláusula 10.5 do mencionado contrato. Importante ressaltar que neste contexto, a única certeza era a compra de 65% das ações da Recorrente, pois, a aquisição dos 5% restantes, dependeriam da aceitação dos acionistas minoritários que poderiam aceitar ou não aceitar a proposta. Além disso, o timing também era incerto: alguns minoritários poderiam aceitar a oferta em poucos dias e outras após 06 meses de negociação, bem como, o preço que seria ao final acertado para a compra das ações dos minoritários. Assim, neste momento, o valor certo era de R$ 2.242.500,00 equivalente à aquisição da parcela de 65% das ações dos principais acionistas. A operacionalização da operação demandou intensas negociações e a execução do plano acabou demandando 57 transferências bancárias em datas diversas para beneficiários diversos, ou seja, foram 57 liquidações de operações financeiras de pagamento. Aqui então, se justifica a constituição da empresa Experian Brasil, a chamada empresa veículo. Primeiramente, a negociação com os minoritários se torna mais fluída e rápida se efetuada com uma pessoa jurídica sediada no Brasil em comparação com uma empresa estrangeira sediada na Irlanda. Além disso, com a capitalização da Experian Brasil, concentrada em 04 operações de aporte de capital, para posterior utilização deste capital para a aquisição das ações da Recorrente, temos que ao final foram substituídas 57 operações de câmbio por 57 simples transferências bancárias locais. Somente em relação à primeira etapa da aquisição (65% das ações), foram efetuadas 11 transferências bancárias para 11 beneficiários distintos. Além da facilidade operacional, menor custo (operações de câmbio são mais caras que TEDs ou DOCs) e maior rapidez, o fato do capital ser internalizado antes para posterior aquisição das ações, possibilitou à Experian a mitigação do risco cambial. Isso porque, dado o tempo decorrido entre a tomada de decisão para aquisição de 70% das ações da Recorrente e a efetiva aquisição e pagamento, a variação cambial poderia afetar bastante o custo das ações. Assim, uma vez que o capital já havia sido internalizado, a negociação das ações em Reais não traria mais qualquer risco cambial para a operação. Cabe ressaltar também que, inclusive do ponto de vista dos minoritários, a operação se tornou muito mais simples e transparente, ao saberem que as negociações se dariam com entidade estabelecida no Brasil e que receberiam seus pagamentos através de simples transferências bancárias. Neste ponto, é de sua importância lembrar que, tais acionistas, minoritários ou principais, reconheceram o ganho de capital decorrente da venda das ações com ágio, estando assim, presente em território brasileiro, a chamada Fl. 2596DF CARF MF 18 contrapartida da dedução do ágio pelo comprador que é a tributação do ganho de capital pelo vendedor ou, no caso, vendedores. Diante do exposto, não restam dúvidas que a escolha de constituição de uma empresa holding no Brasil para que fosse utilizada como instrumento para aquisição das ações da Recorrente fez todo sentido do ponto de vista empresarial, principalmente, no que se refere à maior facilidade e simplicidade da operação (operacional), maior fluidez nas negociações (comercial/negocial), menor custo com as transferências e menor risco cambial (financeiro). Caso o objetivo fosse garantir que a operação gerasse a maior tributação possível e para tanto, fosse necessário adotar uma estrutura menos eficiente, rápida, barata e segura, certamente, existiam outras opções disponíveis. Como não existe previsão legal que obrigue o contribuinte a fazer isso e, considerando que o empresário deve buscar eficiência em suas operações, não faz qualquer sentido a alegação do Fisco de que a Recorrente agiu de máfé ou de forma dolosa, com o objetivo único de reduzir tributação. A Lei não obriga que o contribuinte fuja da economia tributária. As razões de negócio são inúmeras e concretas e a economia tributária surgiu como conseqüência, que apesar de certamente buscada também, não foram o único motivador da estrutura escolhida. Da utilização de empresaveículo A acusação da Fiscalização vai no sentido de que a empresa Experian Brasil serviu como simples empresaveículo, sem qualquer essência econômica ou empresarial, que visou apenas viabilizar o aproveitamento do ágio no Brasil, o que não seria possível caso a aquisição da empresa Serasa se desse diretamente pelas empresas sediadas no exterior. Primeiramente, é necessário termos em mente que qualquer empresa, com empregado ou não, com sede própria ou não, pode ser utilizada como empresa veículo. Nesta toada, é também importante refletir que nem toda utilização de empresa veículo torna uma operação ilegal. Em outras palavras, por si só, a utilização de empresa veículo, se desacompanhada de qualquer ato fraudulento ou simulado, não vicia a operação. Na realidade, a utilização da chamada empresa veículo pelo contribuinte tem sido invariavelmente invocada pelo Fisco como condição para invalidar o negócio jurídico ou conjunto de negócios jurídicos que culminaram na dedução do ágio pago. No caso em tela, a "empresa veículo" é a sociedade Experian Brasil, que segundo o Fisco foi utilizada pela Recorrente com o objetivo único viabilizar o aproveitamento do ágio no Brasil. Aqui é importante destacar que o fato do contribuinte se utilizar de uma empresa veículo para a perfectibilização da operação não é suficiente, por si só, para invalidar o negócio jurídico, especialmente, como se verá mais adiante, se restar demonstrada a existência de estruturas ou caminhos alternativos disponíveis ao contribuinte que levassem ao mesmo resultado tributável. Fl. 2597DF CARF MF Processo nº 10880.734249/201179 Acórdão n.º 1201001.507 S1C2T1 Fl. 11 19 Este racional já encontra amparo no CARF, conforme os julgados aqui destacados: "AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. USO DE EMPRESA VEÍCULO. Em regra, é legítima a dedutibilidade de despesas decorrentes de amortização de ágio efetivamente pago. A circunstância de a reorganização societária de que tratam os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, ter sido realizada por meio de empresa veículo não prejudica o direito do contribuinte, ante o fato incontroverso de que dessa reorganização não surgiu novo ágio ou economia de tributos distinta daquela prevista em lei. (Acórdão 1102000.982 1° Câmara / 2° Turma Ordinária Sessão de 04/12/2013 Voto Vencedor Conselheiro José Evande Carvalho Araujo) Aliás, temos diversos precedentes desta 1° Turma da 2° Câmara, dentre os quais destaco recente julgado ( Acórdão n. 1201001.364): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008 Ementa: AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. USO DE EMPRESA VEÍCULO. APROVEITAMENTO POR OUTRA EMPRESA DO GRUPO. PROPÓSITO NEGOCIAL. POSSIBILIDADE. Em regra, é legítima a dedutibilidade de despesas decorrentes de amortização de ágio efetivamente pago, devidamente fundamentado em rentabilidade futura, e decorrente de transação entre partes independentes. Caso exista um propósito negocial válido e se demonstre ser possível a dedução do ágio por incorporação direta, não há óbices para que o grupo econômico “transfira” o ágio efetivamente pago para outra de suas empresas, aproveitandose do benefício fiscal em outra parte da estrutura societária, mesmo se para isso se utilizar de empresa veículo. “DESPESAS COM AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. Inexiste vedação legal para que uma pessoa jurídica, detentora de ágio na aquisição de investimento avaliado pelo método da equivalência patrimonial em razão da rentabilidade futura da Fl. 2598DF CARF MF 20 investida, confira o aproveitamento deste ágio a outra pessoa jurídica por intermédio da absorção de seu patrimônio (art. 7º da Lei nº 9.430/96) ou viceversa (art. 8º). Se o ágio na aquisição do investimento efetivamente ocorreu, não sendo fruto de operações entre empresas do mesmo grupo econômico (ágio interno), incabível a glosa da despesa com sua amortização fundada no emprego da assim chamada “empresa veículo”. Destaco aqui também, trecho do voto do brilhante Conselheiro Marcelo Cuba Netto no já mencionado acórdão n. 1201001.267: "(...) Em relação ao emprego da chamada "empresa veículo" cumpre destacar que tal expressão tem sido utilizada pela fiscalização de uma maneira pejorativa, no sentido de um "mal em si mesmo". No entanto, como é cediço, não é possível sustentarse uma autuação fiscal lastreada na simples acusação de emprego de "empresa veículo", até porque o simples emprego de "empresa veículo" não é tipificado como infração à legislação tributária. Caberia então à fiscalização apontar a relação entre o emprego da "empresa veículo" e a prática de alguma infração à legislação tributária. E, no caso dos autos, como o autor da ação fiscal não se desincumbiu de seu ônus, isso já seria razão suficiente para afastarse, de pronto, a autuação." Destaco também julgado desta própria turma, em caso que também foi de relatoria do ora Conselheiro Relator no acórdão 1201.001438: UTILIZAÇÃO DE EMPRESA VEÍCULO. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL. A utilização da chamada "empresa veículo" não guarda qualquer ilegalidade ou abuso em si, sendo necessária a identificação de outros elementos como a fraude ou simulação para que a glosa da dedução do ágio se justifique. Assim, no presente caso, em que o conjunto de operações se concretizou num contexto de intensa e complexa operação de negociação de ações com diversos acionistas, o que gerou a execução de dezenas de pagamentos no Brasil para beneficiários diferentes em datas diferentes, bem como, o custo adicional e o risco cambial que existiria se a operação fosse executada a partir de empresas estabelecidas no exterior, não enxergo qualquer vício na utilização da empresa Experian Brasil que, de fato, serviu como veículo ou o instrumento para a operação. Além disso, ausentes evidências concretas de ocorrência de fraude ou simulação, como foi levantado pelo Fisco. Fl. 2599DF CARF MF Processo nº 10880.734249/201179 Acórdão n.º 1201001.507 S1C2T1 Fl. 12 21 Desta forma, a utilização da empresa Experian Brasil em nada prejudica o aproveitamento do ágio ao final efetuado pela própria Recorrente em razão de posterior incorporação reversa. Do cálculo da Rentabilidade Futura Conforme constam dos autos, a avaliação acerca da rentabilidade futura da empresa Serasa que serviu como ponto de partida para a formação do preço pago na aquisição das ações, foi primeiramente efetuada pela própria Experian. Neste sentido, consta dos autos, um trabalho interno de 28/03/2007, no qual se verifica que o valor de mercado calculado do objeto de aquisição fora de R$ 3,45 bilhões. O fato é que uma vez conhecidas as premissas econômicas e financeiras que envolviam a Serasa (anteriormente detidas por bancos que certamente, sabem planejar de forma estruturada seus negócios), a Experian se comprometeu contratualmente a pagar o valor de R$ 2,24 bilhões pela parcela de 65% das ações. Posteriormente, foi elaborado um Laudo de Avaliação pela empresa KPMG datada de 22.10.2007, antes da data de incorporação da Experian Brasil pela Recorrente. Tal laudo consta dos autos e traz de forma estruturada o racional de cálculo de rentabilidade futura da empresa Serasa. O Fisco contesta o fato do laudo ter sido elaborado em data posterior à aquisição das ações pela Experian Brasil. Em primeiro lugar, é necessário observar que a legislação não traz a obrigação de elaboração de um "laudo", mas sim de demonstrativo da rentabilidade futura da empresa, o que no caso em tela, se materializou através do estudo interno elaborado pela própria Experian. E isso ocorreu antes da aquisição das ações. De fato, não podemos deixar de considerar que o objetivo principal do legislador foi garantir a clara e transparente demonstração do motivo econômico que levou o comprador a pagar determinado preço. Do ponto de vista fático (ou na essência), é importante destacar que, no caso em tela, uma empresa estrangeira não faria um investimento de R$ 2,5 bilhões no Brasil se não tivesse sólidas razões para tanto. Já no aspecto formal, inicio lembrando as lições dos Prof. Luis Eduardo Schoueri e Roberto Codorniz Leite Pereira (artigo A Figura do Laudo nas Operações Societários com Ágio Obra O Ágio no Direito Tributário e Societário Questões Atuais Editora Quartier Latin, 2015, pg. 184): " No entanto quanto ao momento em que deve ser feita a demonstração do fundamento do ágio, cumpre observar que o § 3°do art. 20 do Decretolei n. 1.598/77 nada estabelece neste sentido. O referido dispositivo legal limitase a estabelecer a obrigação da elaboração da demonstração bem como de seu arquivo, mas não impede que ela seja feita em momento posterior à escrituração do lançamento contábil do ágio. Fl. 2600DF CARF MF 22 Assim revelase correto o entendimento de que o demonstrativo pode ser feito a qualquer momento desde que seja fiel às circunstâncias do negócio, respaldandose em elementos de prova contemporâneos à operação. O importante é que a demonstração permita aferir qual foi a motivação do adquirente na data de aquisição da participação societária. Para tanto, o critério temporal que deverá ser rigidamente observado refere se à prova da motivação do adquirente haja vista que a motivação sempre precederá o negócio e não à elaboração do laudo o qual pode ser elaborado a qualquer tempo." (nossos grifos) Neste sentido, também já existem julgados neste Conselho: ÁGIO. FUNDAMENTO. DEMONSTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA AOS FATOS. NECESSIDADE. A lei exige que o lançamento do ágio com base no valor de mercado ou na expectativa de rentabilidade futura seja baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. Não há a exigência de que a comprovação se dê por laudo, mas por qualquer forma de demonstração, contemporânea aos fatos, que indique por que se decidiu por pagar um sobrepreço. Caso em que se demonstrou que o ágio foi pago com base na expectativa de resultados futuros, tanto por documentos contemporâneos ao investimento, quanto por laudo elaborado posteriormente com base em informações da época. (Acórdão 1102001.018 1°Câmara 2°Turma Ordinária Relator Conselheiro José Evande Carvalho Araújo) Diante do exposto, entendo que o estudo interno elaborado pela empresa Experian antes da aquisição das ações, somado ao Laudo de Avaliação elaborado pela empresa KPMG posteriormente à aquisição das ações mas previamente à incorporação reversa, atende o requisito legal de forma a permitir a dedução do ágio. Da Incorporação Reversa A etapa final de toda estruturação societária utilizada para o aproveitamento do ágio foi a ocorrência da chamada "incorporação reversa", na qual a empresa Serasa, ora Recorrente, incorporou a empresa Experian Brasil em 13/12/2007, com base em laudo de avaliação elaborado pela empresa PricewaterhouseCoopers e, posteriormente, passou a deduzir o ágio gerado na operação de sua aquisição. Fl. 2601DF CARF MF Processo nº 10880.734249/201179 Acórdão n.º 1201001.507 S1C2T1 Fl. 13 23 Neste ponto, lembro que a legislação aplicável (arts. 386, § 6°do RIR) autoriza de forma expressa a dedução do ágio na hipótese de incorporação da sociedade investida pela investidora ou viceversa. Tratase da chamada incorporação reversa, em que a empresa controlada incorpora sua controladora. Tal figura é distinta da chamada "incorporação às avessas", usada em planejamento fiscal no qual uma empresa com prejuízo fiscal incorpora outra, lucrativa, com o propósito de utilização do prejuízo fiscal acumulado. Importante aqui destacar que a empresa Experian não detinha 100% das ações da Serasa, mas sim a parcela de 70% das ações, assim, tal operação não envolveu apenas a empresa Experian Brasil mas também das demais acionistas da empresa Serasa que respondem pelos 30% restantes. . Aliás, tais acionistas que detém os 30% restante da empresa que, caso os débito ora em debate seja julgado devido, irão sofrer as conseqüências tributárias de um suposto planejamento fiscal abusivo do qual, sequer, participaram. Desta sorte, a incorporação da empresa Experian Brasil pela ora Recorrente em nada macula o aproveitamento do ágio, pelo contrário, apenas configurou etapa final do cumprimento dos requisitos previstos em lei para dedução do ágio. Conclusão Diante do exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário para DARLHE PROVIMENTO. É como voto! (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator Fl. 2602DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.915891/2008-51
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/10/2002
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-003.956
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente SPECTRUM BRANDS BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE BENS DE CONSUMO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/10/2002 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 58 91 /2 00 8- 51 Fl. 250DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915891/200851 Acórdão n.º 9303003.956 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3801003.840, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 251DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915891/200851 Acórdão n.º 9303003.956 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 252DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915891/200851 Acórdão n.º 9303003.956 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 253DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915891/200851 Acórdão n.º 9303003.956 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 254DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915891/200851 Acórdão n.º 9303003.956 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 255DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915891/200851 Acórdão n.º 9303003.956 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 256DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915891/200851 Acórdão n.º 9303003.956 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 257DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10280.002482/2003-48
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 1998
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DIAC. BASE DE CÁLCULO. VALOR DECLARADO. PENALIDADE MÍNIMA.
Por falta de previsão legal para a imposição de multa por atraso na entrega de DIAC/DIAT sobre o valor lançado de oficio, tal multa tem por base de cálculo o valor do ITR devido, informado na declaração, devendo ser respeitado o valor mínimo de penalidade, R$ 50,00.
Numero da decisão: 9202-004.418
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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BASE DE CÁLCULO. VALOR DECLARADO. PENALIDADE MÍNIMA. Por falta de previsão legal para a imposição de multa por atraso na entrega de DIAC/DIAT sobre o valor lançado de oficio, tal multa tem por base de cálculo o valor do ITR devido, informado na declaração, devendo ser respeitado o valor mínimo de penalidade, R$ 50,00. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício Patrícia da Silva - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 02 80 .0 02 48 2/ 20 03 -4 8 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Especial do Procurador Especial do Procurador 2ª Turma 2ª Turma agosto de 2016 agosto de 2016 FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL GABRIELA TERZELLA NOGUEIRA BELLESE GABRIELA TERZELLA NOGUEIRA BELLESE AA Fl. 252DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 po r LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 2 Cuida-se de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 2801-00.694 da 1ª Turma Especial da sessão de 26 de julho de 2010, que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - I T R Exercício: 1998 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DIAC. BASE DE CÁLCULO. VALOR DECLARADO. PENALIDADE MÍNIMA. Por falta de previsão legal para a imposição de multa por atraso na entrega de DIAC/DIAT sobre o valor lançado de oficio, tal multa tem por base de cálculo o valor do ITR devido, informado na declaração, devendo ser respeitado o valor mínimo de penalidade, R$ 50,00. Recurso Voluntário Provido em Parte Na origem, trata-se de Auto de Infração, fl. 10, que tem por objeto Multa por atraso na entrega da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, no valor de R$ 5.210,67 (cinco mil duzentos e dez reais e sessenta e sete centavos) referente ao imóvel rural denominado “Fazenda Conquista”, com NIRF – Número do Imóvel na Receita Federal 3.001.717-3, referente ao exercício 1998. A Contribuinte apresentou impugnação alegando: (...) que realmente apresentou a DITR a destempo, mas que o imposto devido apurado foi de R$ 241,00, o que, multiplicado pelos meses de atraso, perfaz um crédito tributário de R$ 40,97, e não o valor cobrado no lançamento aqui contestado. Aduz que, na base de cálculo utilizada para o lançamento da multa, houve o somatório do valor por ela já recolhido, de R$ 241,00, e o calculado pela fiscalização em outro processo (10218.000016/2003-81), referente ao mesmo imóvel e mesmo exercício, e que se encontra nesta DRJ/Recife para julgamento. Finalmente, afirma que não se poderia lançar uma multa com tal base sem a decisão definitiva acerca do processo que já se encontrava sub judice. A Delegacia Regional de Julgamento da julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário, o que motivou a interposição do Recurso Voluntário, reiterando os argumentos da impugnação apresentada. Do julgamento do Recurso, os membros do colegiado acordaram, por unanimidade, em DAR provimento PARCIAL ao recurso, para reduzir a multa por atraso lançada ao valor de R$ 50,00. Inconformada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, aduzindo que o acórdão recorrido diverge do entendimento da Resolução nº 3201-00.007, da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, julgada na sessão de 25 de março de 2009, que determinou o sobrestamento do feito até decisão definitiva no processo administrativo fiscal concernente à base de cálculo da multa por atraso na declaração na entrega da declaração do ITR. Fl. 253DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 po r LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.002482/2003-48 Acórdão n.º 9202-004.418 CSRF-T2 Fl. 253 3 Intimada por Edital, fl. 242, a Contribuinte não apresentou impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Patrícia da Silva - Relatora A contribuinte apresentou DIAC/DIAT referentes ao exercício 1998 em 12/04/2000, ou seja, com 17 meses de atraso. Assim, a multa lançada foi calculada aplicando - se 17% sobre o imposto devido apurado de ofício, R$30.651,26, objeto de discussão no processo de n° 10218.000016/2003-81. Em sede de impugnação, ponderou a contribuinte de que não se poderia lançar uma multa por atraso com base de cálculo objeto de discussão administrativa em outro processo, antes da decisão definitiva. Sobre esse ponto, posicionou-se o órgão julgador de primeira instância: "11. A RFB, tendo em vista que o prazo decadencial para o lançamento da Multa transcorre normalmente, sem qualquer interrupção, não pode — nem deve - aguardar o trânsito em julgado do processo relativo à exigência do ITR/1998, por falta de base legal. Assim, a fiscalização tem o dever de oficio de formalizá-la, sob pena de responsabilidade funcional. Claro está que, em se tratando de um percentual calculado sobre o imposto devido, evidentemente que, em sendo este alterado em virtude do julgamento em primeira instância administrativa, o valor da multa por atraso será automaticamente alterado, por mera decorrência, face ao Princípio da Estrita Legalidade: alterada a base de cálculo da multa por atraso, fica alterado o valor da mesma. 12. Portanto, quanto ao Auto de Infração contestado, verifica-se que a declaração do ITR/1998 foi realmente entregue fora do prazo final fixado pela legislação, estando o contribuinte sujeito à multa por atraso, a teor dos arts. 6o a 9o da Lei n" 9.393/1996, e que o imposto devido utilizado como base de cálculo para sua apuração é deR$ 30.651,26, conforme apurado pela fiscalização no processo 10218.000016/2003-81, e mantido no Acórdão da DRJ/Recife - PE. " (grifos acrescidos) Por oportuno, cabe trazer à colação os artigos 7º e 9º da Lei n° 9.393, de 19 de dezembro de 1996, que tratam da entrega extemporânea do DIAC e do DIAT, respectivamente: Fl. 254DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 po r LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 4 "Art. 7o No caso de apresentação espontânea do DIAC fora do prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal, será cobrada multa de 1% (um por cento) ao mês ou fração sobre o imposto devido não inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais), sem prejuízo da multa e dos juros de mora pela falta ou insuficiência de recolhimento do imposto ou quota. (...) Art. 9° A entrega do DIAT fora do prazo estabelecido sujeitará o contribuinte à multa de que trata o art. 7°, sem prejuízo da multa e dos juros de mora pela falta ou insuficiência de recolhimento do imposto ou quota. " (grifos acrescidos) Da leitura do disposto acima, verifica-se que o legislador, ao tratar da base de cálculo da multa por atraso na entrega da declaração, não cuidou expressamente de prever a situação em que a contribuinte, intempestiva e espontaneamente cumpre a obrigação acessória de fazer, mas, ao mesmo tempo, apura imposto a menor do que o devido. Igualmente silentes os atos que vêm sendo editados a partir da Lei n° 9.393, de 1996, disciplinando a referida matéria. Contudo, não se pode perder de vista que a multa em questão é aplicada pelo descumprimento de mera obrigação acessória, tendo função compensatória pela demora na apresentação das informações ou pela inobservância dos prazos estabelecidos. Para as demais hipóteses de infração à legislação tributária, cabe o lançamento do imposto suplementar, acrescido de multa de oficio ou de mora. Na ausência de previsão expressa pelo legislador, considerando que a aplicação de penalidades é matéria sob reserva legal e que as infrações que teriam sido cometidas pela contribuinte, objeto de discussão em outro processo administrativo, motivam lançamento suplementar, com penalidade específica, a cobrança de multa por atraso sobre valores lançados de ofício, no que excederem aos informados na declaração espontaneamente entregue fora do prazo, implica interpretação extensiva dos art. 7 o da Lei n° 9.393, de 1996, o que é vedado pelos arts. 97, inciso V, e 112 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional (CTN). Vale registrar que outro não foi o entendimento da 2 a Turma da CSRF, conforme julgamento unânime referente ao processo de n° 10930.001545/2005-17, acórdão 9202-00.280, proferido em 22 de setembro de 2009, tendo como relator Caio Marcos Cândido: "Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2001 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DIAC. BASE DE CÁLCULO. VALOR DECLARADO. Por falta de previsão legal para a imposição de multa por atraso na entrega da DIAC sobre o valor lançado de Fl. 255DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 po r LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.002482/2003-48 Acórdão n.º 9202-004.418 CSRF-T2 Fl. 254 5 oficio, tal multa tem por base de cálculo o valor do ITR devido, informado na declaração. Recurso especial provido." Outrossim, considerando o imposto devido informado na declaração (R$241,00), o atraso no cumprimento da obrigação acessória (dezessete meses), bem como o valor mínimo da penalidade aplicável (R$50,00), expressamente previsto no art. 7º da Lei n° 9.393, de 1996, anteriormente transcrito, há que ser mantida a exigência de multa por atraso na entrega do DIAC/DIAT, exercício 1998, no valor de R$50,00. Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO DA FAZENDA NACIONAL, mantendo in totum o acórdão a quo. Patrícia da Silva Fl. 256DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 po r LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA
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Numero do processo: 11080.914858/2012-79
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA.
Nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, só se justifica quando, em situações idênticas, são adotadas soluções diversas. Não sendo o caso, o recurso não deve ser conhecido.
Recurso Especial não Conhecido.
Numero da decisão: 9303-004.298
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial do Contribuinte.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1835; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11080.914858/201279 Recurso nº 1 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303004.298 – 3ª Turma Sessão de 15 de setembro de 2016 Matéria Contribuições. Compensação. Recorrente VERDE ADMINISTRADORA DE CARTOES DE CREDITO S.A. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. Nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, só se justifica quando, em situações idênticas, são adotadas soluções diversas. Não sendo o caso, o recurso não deve ser conhecido. Recurso Especial não Conhecido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial do Contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 3802003.837, de 15/10/2014, proferido pela 2ª Turma Especial 3ª Seção do CARF, que traz a seguinte ementa: PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 48 58 /2 01 2- 79 Fl. 233DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/10/2 016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11080.914858/201279 Acórdão n.º 9303004.298 CSRFT3 Fl. 3 2 O contribuinte, a despeito ausência de retificação da DCTF, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Ausentes estes pressupostos, não cabe a homologação da extinção do débito confessado em PER/Dcomp. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. No Recurso Especial, por meio do qual pleiteou, ao final, a reforma do decisum, a Recorrente aponta interpretações divergentes quanto à compensação lastreada em crédito oriundo de pagamento efetuado à maior, cuja DCTF retificadora, que aponta a existência de direito creditório, só foi apresentada após a não homologação da compensação pela unidade de origem (após a emissão do despacho decisório). Visando comprovar a divergência, apresentou dois paradigmas: Acórdãos nº 3802003.956, 21/01/2015, e 3403 003.343, de 05/01/2015. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.259, de 15/09/2016, proferido no julgamento do processo 11080.914807/201247, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303004.259 ): "Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso não deve ser conhecido. Conforme se demonstrou no exame de admissibilidade, o primeiro acórdão utilizado para comprovar o dissídio jurisprudencial, o de nº 3802003.956, 21/01/2015, foi lavrado pela mesma Turma que prolatou o recorrido, fato que obsta a sua utilização como paradigma. Já o Acórdão nº 3403003.343, de 05/01/2015, a despeito de prolatado por Turma diversa, traz entendimento que, a nosso juízo, só reafirma, por outras palavras, o mesmo adotado no acórdão recorrido. É que, neste, como se passa a demonstrar, entendeuse que, mesmo diante da não retificação da DCTF (no caso em exame, a retificação só foi realizada após a ciência do Despacho Decisório), o contribuinte, por força do princípio da verdade material, teria direito à compensação, mas desde que apresentasse prova da existência do crédito compensado, fato de que não se desincumbira a Recorrente. Fl. 234DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/10/2 016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11080.914858/201279 Acórdão n.º 9303004.298 CSRFT3 Fl. 4 3 No acórdão paradigma, decidiuse que “ainda que a DCTF não aponte o referido crédito, por lapso do contribuinte, se realmente houve pagamento a maior anteriormente, existe crédito, que passa a ser do conhecimento da Receita Federal a partir da retificação da documentação e da identificação documental, ainda que por meio eletrônico, da existência real do mencionado crédito”. A decisão foi assim ementada: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. ADMISSIBILIDADE. O crédito tributário do contribuinte nasce do pagamento indevido ou a maior que o devido, porém ele apenas se torna oponível à Receita Federal após a devida retificação e/ou correção das respectivas Declarações, quando então o Órgão Administrativa poderá tomar conhecimento daquele direito creditório em questão. De qualquer forma, em determinadas situações, em razão do procedimento eletrônico de compensação, em que não há espaço para emendas ou correções pelo contribuinte, há que se admitir e analisar a retificação da DCTF efetuada posteriormente ao despacho decisório, sob pena de excesso de rigorismo, que não resolve satisfatoriamente a lide travada e leva o contribuinte ao Poder Judiciário, apenas fazendo aumentar a condenável litigiosidade. Recurso Voluntário Provido. A toda evidência, diante dos mesmos fatos, as decisões recorrida e paradigma chegaram à mesma conclusão: ainda que não haja retificação tempestiva da DCTF, ou seja, ainda que a retificação se dê somente após a ciência do Despacho Decisório, uma vez comprovada a existência do crédito mediante a entrega de documentação idônea, tornase possível a restituição. Não há divergência, pois. Ante o exposto, não conheço do recurso especial." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não se conhece do recurso especial. Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 235DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/10/2 016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
score : 1.0
Numero do processo: 10980.933421/2009-22
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/11/2002 a 30/11/2002
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.747
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT HARALD S A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/11/2002 a 30/11/2002 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 34 21 /2 00 9- 22 Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10980.933421/200922 Acórdão n.º 3402003.747 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de COFINS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10980.933421/200922 Acórdão n.º 3402003.747 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10980.933421/200922 Acórdão n.º 3402003.747 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10980.933421/200922 Acórdão n.º 3402003.747 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 117DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.720773/2009-22
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DE VÍCIO MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE.
Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial.
IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA.
Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora.
Precedentes do STF e do STJ.
IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE.
Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se o regime de competência.
Recurso especial provido em parte.
Numero da decisão: 9202-004.052
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
EDITADO EM: 17/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DE VÍCIO MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE. Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial. IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora. Precedentes do STF e do STJ. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se o regime de competência. Recurso especial provido em parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator EDITADO EM: 17/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
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IMPOSSIBILIDADE. Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial. IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora. Precedentes do STF e do STJ. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose o regime de competência. Recurso especial provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 07 73 /2 00 9- 22 Fl. 252DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720773/200922 Acórdão n.º 9202004.052 CSRFT2 Fl. 23 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator EDITADO EM: 17/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10580.720254/200964. O presente Recurso Especial trata de pedido de Análise de Divergência motivado pelo Contribuinte, em face de Acórdão proferido em julgamento de recurso voluntário. Tratase de lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física dos exercícios 2005, 2006 e 2007, anoscalendário 2004, 2005, e 2006, em razão de a autoridade fiscal ter classificado como rendimentos tributáveis, valores declarados como isentos ou não tributáveis tal como informado pela Fonte Pagadora Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Referidos rendimentos correspondem a diferença entre a transformação de Cruzeiros Reais para Unidade Real de Valor – URV, reconhecidas e pagas em 36 meses, de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Estadual nº 8.730/2003 do Estado da Bahia. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas Fl. 253DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720773/200922 Acórdão n.º 9202004.052 CSRFT2 Fl. 24 3 quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, consequentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. Foi interposta impugnação foi indeferida em sede de julgamento de primeira instância. O Contribuinte interpôs Recurso, ao qual foi dado parcial provimento ao recurso para tão somente excluir a multa de ofício. O Contribuinte apresentou Recurso Especial ao qual foi dado parcial seguimento, para reapreciação apenas da matéria questão da natureza indenizatória, ou não. Em reexame, o exame de admissibilidade foi confirmado pelo Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Apresentadas contrarrazões pela Fazenda Nacional, vieram os autos conclusos. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.026, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10580.720254/200964, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.026): Em primeiro lugar, não conheço da preliminar de nulidade do lançamento, por vício material, suscitada de ofício pela Sra. Conselheira relatora. Com efeito, esta matéria não tendo sido admitida em sede de recurso especial, não está em discussão e, portanto, dela não conheço. Além disso, apenas para fins de esclarecimento, registrese que não vejo qualquer nulidade no lançamento da forma que ele foi realizado. Com efeito, o lançamento foi realizado com base em dispositivo vigente, cuja interpretação não havia sido considerada à época inconstitucional. Portanto, não há que se falar em nulidade. Entrando, agora, no mérito propriamente dito, entendo que a verba recebida tem caráter remuneratório e, assim, deve ser tributada. Questão dessa natureza já foi trazida, em 03/03/2015, Fl. 254DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720773/200922 Acórdão n.º 9202004.052 CSRFT2 Fl. 25 4 à 2ª Turma desta Câmara Superior, no acórdão 9202003.585. Naquela ocasião, acompanhei o voto do relator Alexandre Naoki Nishioka, entendendo tratarse de verba de natureza remuneratória, e por isso peço vênia para adotar aqui os mesmos argumentos como razão de decidir, assim transcrevendoos: (...) Conforme dispõe o art. 2º da referida Lei, tais valores são relativos a “diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV”. Da leitura do artigo, denotase que o pagamento de tais valores deveuse à necessidade de manutenção do valor real do salário, de forma a corrigir erros anteriores no cálculo da conversão da moeda nacional. A lei estadual acima citada não buscou, por meio do pagamento das diferenças, a recomposição de um prejuízo, ou dano material, sofrido pelo contribuinte, mas a compensação em razão da ausência de oportuna correção no valor nominal do salário, verificada quando da alteração da moeda. Portanto, tais valores integram a remuneração percebida pelo contribuinte, constituindo parte integrante de seus vencimentos. Estáse diante, pois, de acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional, entendimento que fora inclusive salientado pelo acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA). Buscando reforçar o argumento, requereu o contribuinte a aplicação da Resolução n.º 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pelo contribuinte, ao contrário do que decidiu o acórdão recorrido. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2º e parágrafos da Lei n.º10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1º trouxe a forma de cálculo deste abono: “I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)”. A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde Fl. 255DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720773/200922 Acórdão n.º 9202004.052 CSRFT2 Fl. 26 5 se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.º 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. Assim, com base na argumentação exposta, sendo verbas remuneratórias as diferenças de URV recebidas, sobre elas incide imposto de renda da pessoa física. Todavia, cumpre verificar o quantum devido. Entendo que o tributo devido deva ser calculado de acordo com as tabelas vigentes à época em que seriam devidas as diferenças recebidas. Sobre o tema, cabe referir a discussão travada no processo 11040.001165/200591, com voto vencedor da lavra do conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, cujos fundamentos, abaixo reproduzidos, acompanho. Fl. 256DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720773/200922 Acórdão n.º 9202004.052 CSRFT2 Fl. 27 6 Verifico, a propósito, que a matéria em questão foi tratada recentemente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome ao julgado vinculante, noto que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do STJ acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, inicialmente, de se ressaltar que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei nº 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento constantes de efl. 12, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Fl. 257DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720773/200922 Acórdão n.º 9202004.052 CSRFT2 Fl. 28 7 Assim, com a devida vênia ao posicionamento do relator, entendo que, a esta altura, ao se esposar o posicionamento de exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do RE do contribuinte na matéria admitida, por darlhe provimento em parte, para determinar o cálculo do crédito tributário devido, considerando o regime de competência. Em face do acima exposto, voto no sentido de não conhecer da preliminar de nulidade por vício material suscitada, conheço do Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 258DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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