Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,798)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,669)
- Primeira Turma Ordinária (15,222)
- Segunda Turma Ordinária d (15,172)
- Primeira Turma Ordinária (15,138)
- Primeira Turma Ordinária (14,941)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,638)
- Primeira Turma Ordinária (11,706)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,248)
- Terceira Câmara (63,043)
- Segunda Câmara (50,463)
- Primeira Câmara (16,050)
- 3ª SEÇÃO (15,669)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,600)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,638)
- Segunda Seção de Julgamen (107,614)
- Primeira Seção de Julgame (70,765)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,505)
- Câmara Superior de Recurs (37,001)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,030)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,810)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,837)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,952)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,441)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,256)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,149)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,430)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,075)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,829)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,846)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 10980.911521/2010-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/01/2005
ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO.
A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.405
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201609
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2005 a 31/01/2005 ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10980.911521/2010-31
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5652001
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3402-003.405
nome_arquivo_s : Decisao_10980911521201031.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ANTONIO CARLOS ATULIM
nome_arquivo_pdf_s : 10980911521201031_5652001.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
id : 6550296
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692164919296
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1522; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.911521/201031 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3402003.405 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 29 de setembro de 2016 Matéria PIS. Alargamento da base de cálculo. Recorrente CONSTRUTORA TOMASI LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/01/2005 ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 91 15 21 /2 01 0- 31 Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10980.911521/201031 Acórdão n.º 3402003.405 S3C4T2 Fl. 0 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Curitiba/PR que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte, a qual pretendeu a reforma do despacho decisório, que, por sua vez, indeferiu a homologação da compensação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. A não homologação se deveu a inexistência do crédito informado, vez que o mesmo havia sido integralmente utilizado. Em sua manifestação a interessada alega que o crédito decorre da declaração de inconstitucionalidade, pelo STF, do §1º do art. 3º da Lei nº9.718, de 1998, e que aproveitou o referido crédito nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Cita e transcreve jurisprudência administrativa e, ressaltando o contido no art. 165 do CTN, insiste no direito à restituição. Ao final, pede a homologação da compensação. Sobreveio então o Acórdão 06041.128, da DRJ/CTA/PR, julgando improcedente a manifestação de inconformidade da Contribuinte. Irresignada, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho repisando os argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade. É o relatório Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.399, de 29 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10980.911525/201010, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.399): "O recurso voluntário é tempestivo, com base no que dispõe o artigo 33 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, bem como atende as demais condições de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A questão de direito controversa no presente processo é amplamente conhecida. Tratase do inconstitucional alargamento da base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (“Cofins”), sobre o qual cumpre tecer algumas breves explanações. Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10980.911521/201031 Acórdão n.º 3402003.405 S3C4T2 Fl. 0 3 A Cofins, sucessora do FINSOCIAL, foi disciplinada pela Lei n. 9.718, de 27 de novembro de 1998 (“Lei n. 9.718/98”). Nos termos do artigo 3º da citada Lei, ficou estabelecido que a Cofins incidiria sobre a receita bruta de pessoa jurídica. Por sua vez, o §1º do mesmo artigo veio definir o que abrangia o termo "receita", dispondo que: entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Contudo, à época da edição da Lei n. 9.718/98, a Constituição da República brasileira, em seu artigo 195, estabelecia que as Contribuições Sociais a serem recolhidas aos Cofres da União pelos empregadores, dentre as quais se enquadra a Cofins, somente poderiam incidir sobre o “faturamento”. Diante dessa delimitação constitucional, o Supremo Tribunal Federal (“STF”) declarou que o §1º do artigo 3º da Lei n. 9.718/98 é inconstitucional, no julgamento dos Recursos Extraordinários (“RE”) n. 357950, 390840, 358273, 346084 e 336134 em 09 de novembro de 2005. Posteriormente, o Pretório Excelso, no julgamento do RE n. 585.235, publicado em 28/11/2008, julgou pela aplicação da repercussão geral sobre matéria em exame, reconhecendo a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. A ementa do referido julgado foi lavrada nos seguintes termos: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Isto porque, segundo o entendimento dos Ministros do STF, esse dispositivo alargou indevidamente a base de cálculo da COFINS, uma vez que igualou o conceito de faturamento (ou receita operacional) ao conceito de receita . Explicase. Enquanto o faturamento é constituído pelas receitas advindas da venda de bens e serviços, a receita compreende "entrada de recursos financeiros remuneradores dos diferentes negócios jurídicos da atividade empresarial”, segundo a lição de José Antonio Minatel. 1 Assim, o faturamento (espécie) é menos amplo que a receita (gênero). 1 MINATEL, José Antonio. Conteúdo do Conceito de Receita e Regime Jurídico para sua Tributação. MP Editora. São Paulo, 2005, p. 132. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10980.911521/201031 Acórdão n.º 3402003.405 S3C4T2 Fl. 0 4 Ocorre que tais conceitos não podem ser livremente manejados pelo legislador, pois o artigo 110 do Código Tributário Nacional determina que: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Destarte, se a Constituição determinava que a COFINS somente poderia incidir sobre o faturamento; e o faturamento constitui as receitas provenientes da venda de bens e serviços pela pessoa jurídica; conclui se pela inconstitucionalidade da lei que determina a incidência sobre a receita sem sentido amplo, pois essa é mais abrangente que o faturamento. 2 Buscando solucionar os vícios constitucionais de que padecia a Lei n. 9.718/98, o Poder Legislativo editou a Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998 (“EC n. 20/98”). Tal Emenda alterou o texto do artigo 195 da Constituição, o qual restou positivado nos seguintes dizeres: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Em síntese, a EC n. 20/98 alargou a hipótese de incidência das contribuições sociais devidas pelo empregador, uma vez que a partir de então não só o faturamento pode ser tributado, como também a receita em sentido amplo. 2 Ademais, há de se ressaltar que a Lei n. 9.718/98 tem status jurídico de lei ordinária, o que torna ainda mais patente a sua inconstitucionalidade, tendo em vista que somente por meio de lei complementar é que poderia ser criada outra fonte de custeio da seguridade social (incidente sobre outra materialidade), nos termos do artigo 195, §4 e do artigo 154, inciso I, ambos da Constituição. Disto depreendese que somente seria legítima a cobrança da COFINS sobre a receita, hipótese que na época não estava prevista no rol de incisos do artigo 195 da Constituição, caso tal situação tivesse sido instituída por meio de lei complementar. Afinal, tratarseia de nova fonte de custeio da seguridade social. Como a Lei n. 9.718/98 foi votada e publicada pelo rito legislativo próprio das leis ordinárias, mais uma vez concluise pela inconstitucionalidade da exação. Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10980.911521/201031 Acórdão n.º 3402003.405 S3C4T2 Fl. 0 5 Entretanto, essa mudança no texto da Constituição não teve o poder de convalidar os dizeres da Lei n. 9.718/98, pois o sistema jurídico brasileiro não admite a constitucionalidade superveniente, vale dizer, tendo sido promulgada e publicada lei que contraria a Constituição, não é possível que posterior alteração da própria Constituição, por via de emenda, traga de forma retroativa a validade da lei. Foi assim que decidiu o STF. Pois bem. Tendo sido decidida a questão em sede de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, tornase imperioso o seu acatamento por este Conselho, nos moldes do artigo 62, §2º do Regimento Interno do CARF, o qual prescreve a necessidade de reprodução, pelos Conselheiros, das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, na sistemática da repercussão geral: § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Nesse sentido, é tranquila a jurisprudência do Conselho a respeito da necessidade de reprodução das decisões proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins – citadas alhures aos processos administrativos fiscais, nos quais os contribuintes formulam pedidos de restituição de valores indevidamente pagos a título da contribuição social em questão, exatamente como ocorre no presente caso. Destaco a seguir alguns julgados representativos do entendimento sobre a matéria: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/1999 a 30/06/2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. 10 ANOS. PEDIDO REALIZADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR 118/2005. O prazo decadencial para o direito de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de 10 (dez) anos, a contar do fato gerador quando o pedido for realizado antes da entrada em vigor da Lei Complementar 118/2005, conforme entendimento do STF. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10980.911521/201031 Acórdão n.º 3402003.405 S3C4T2 Fl. 0 6 compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. COFINS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido (Processo 11618.002043/200519, MARCOS ANTONIO BORGES, Nº Acórdão 3801001.835) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 28/02/1999 a 31/05/2000 DECADÊNCIA. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/05. O prazo estabelecido na Lei Complementar 118/05 somente se aplica para os processos protocolizados a partir 9 de junho de 2005, e que anteriormente a este limite temporal aplicase a tese de que o prazo para repetição ou compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação é de dez anos, contado de seu fato gerador, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. PIS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido. (Processo 13855.001146/200586, Relator(a) FLAVIO DE CASTRO PONTES, Nº Acórdão , 3801001.722) COFINS. ART. 3º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10980.911521/201031 Acórdão n.º 3402003.405 S3C4T2 Fl. 0 7 ART. 62, §1o, I, do RICARF. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62A do RICARF. COFINS. ART. 3º, §1º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. Em face da inconstitucionalidade da alteração da base de cálculo da contribuição a COFINS, promovida pelo art. 3º, §1º, da Lei nº 19.718/98, é cabível o deferimento da restituição do indébito, devendo a autoridade preparadora verificar a comprovação do pagamento indevido ou a maior para compor o crédito a ser deferido ao contribuinte. Sobre o crédito apurado incide correção pela incidência da SELIC desde a data do pagamento indevido ou a maior, na forma do §4º, do Art. 39, da Lei nº 9.250/95. Recurso Parcialmente Provido. (Processo 10950.000184/200626, Relator(a) JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Acórdão 3402001.697) COFINS. FALTA DE RECOLHIMENTO. Mantémse o lançamento quando constatada a falta de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no período compreendido pelo auto de infração. COFINS. COMPENSAÇÃO. PROCEDIMENTO PRÓPRIO. Eventual direito à compensação da COFINS, em razão de recolhimento indevido ou efetuado a maior, deve ser apreciado no procedimento administrativo próprio de restituição/compensação, e não em processo de formalização de exigência de crédito tributário. Todavia, nada impede Requerêla em procedimento próprio. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA. O conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF não é competente para apreciar pedidos de restituição/compensação. A competência é da unidade da Receita Federal que jurisdiciona o contribuinte. Aos órgãos julgadores do CARF compete o julgamento de recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (art. 1º da Portaria MF nº 256/2009) MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10980.911521/201031 Acórdão n.º 3402003.405 S3C4T2 Fl. 0 8 Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado e no percentual determinado expressamente em lei. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. Recurso Voluntário Provido em Parte (Processo 10680.006962/200880, Relator(a) JOSE LUIZ BORDIGNON, Acórdão 3801000.984) Portanto é incontroverso o bom direito da Recorrente em relação à restituição dos recolhimentos indevidamente feitos a título de Cofins, no período de apuração em questão, haja vista que a presente lide administrativa tem como objeto principal a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 pelo STF (alargamento inconstitucional da base de cálculo da Cofins). Com efeito, como já tive a oportunidade de destacar em dissertação sobre o tema: Tanto a edição de leis inconstitucionais como a cobrança de tributos com base em tais leis tributárias inconstitucionais são atos ilícitos praticados pelo Poder Público. O primeiro constitui ilícito constitucional (edição de lei contrária aos dizeres da Constituição), enquanto o segundo caracteriza ilícito tributário (cobrança pelo Estado e consequente pagamento pelo contribuinte de tributo inválido). Lembrando que as normas jurídicas em sua feição completa são impreterivelmente dotadas de uma sanção em caso de descumprimento, aos citados atos ilícitos o ordenamento jurídico atrela as respectivas sanções: a declaração de inconstitucionalidade, com o objetivo de preservar a integralidade e coerência da ordem jurídica; e a restituição de tributos inconstitucionais, cuja função é conferir segurança jurídica e isonomia aos administrados. 3 Cumpre ainda salientar que à restituição de tributos inconstitucional, cuja natureza e regime jurídico são tributários, são totalmente aplicáveis as regras relativas às demais hipóteses de repetição de indébito dispostas no CTN (artigo 165 a 169). Entretanto, com relação ao quantum devido como restituição do tributo inconstitucional, compete à autoridade administrativa preparadora, com 3 LAURENTIIS, Thais de. Restituição de Tributo Inconstitucional. São Paulo: Noeses, 2015. Fl. 68DF CARF MF Processo nº 10980.911521/201031 Acórdão n.º 3402003.405 S3C4T2 Fl. 0 9 base na documentação apresentada pelo contribuinte no decorrer do processo administrativo, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. Por fim, saliento que apurado o crédito, os valores originais devem sofrer correção pela incidência da SELIC, desde a data do pagamento indevido, como impõe o artigo 39, §4º da Lei nº 9.250/95, até a data do efetivo aproveitamento dos créditos pelo contribuinte. Dispositivo Por tudo quanto exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, haja vista a necessidade de liquidação do julgado, nos termos descritos acima." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito à restituição dos valores recolhidos com amparo no § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98 (declarado inconstitucional pelo STF), devendo o montante do direito creditório ser apurado pela unidade de origem. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 69DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.723514/2013-30
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO.
O salário-de-contribuição, para o segurado empregado, corresponde, na forma da lei, à remuneração total por ele auferida junto à empresa. Em conseqüência, para que determinada vantagem decorrente da relação laboral não componha o respectivo salário-de-contribuição, há a necessidade de expressa previsão legal.
SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. AFERIÇÃO INDIRETA.
A não apresentação dos documentos solicitados pela Fiscalização, dentre os quais a escrituração contábil (livros Diário e Razão) da empresa, justifica a aferição indireta dos salários-de-contribuição, para fins de apuração das contribuições devidas pela empresa.
TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS GOZADAS. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
O adicional de 1/3 previsto constitucionalmente, quando referente a férias efetivamente gozadas, se trata de verba remuneratória sujeita à incidência de contribuições previdenciárias.
CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA. EXIGIBILIDADE.
A contribuição de intervenção no domínio econômico destinada ao INCRA é devida pelas empresas urbanas e rurais, consoante já assentado na Súmula 516 do STJ.
CONTRIBUIÇÕES PARA O SESC, SENAC E SEBRAE.
Conforme já assentado na jurisprudência, as contribuições para o SESC e , SENAC são devidas pelas empresas prestadoras de serviço.
A contribuição social destinada ao SEBRAE é devida por todas as empresas contribuintes do sistema SESC e SENAC, e não somente pelas microempresas e empresas de pequeno porte.
GFIP. DECLARAÇÃO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA VINCULADA À OBRIGAÇÃO DE RECOLHIMENTO.
Estando a empresa obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações dos segurados empregados a seu serviço, está ela também obrigada a incluir essas remunerações em suas GFIPs, obrigação acessória àquela vinculada.
ATUALIZAÇÃO DA MULTA. PREVISÃO LEGAL. PORTARIA.
Dispõe o art. 102 da Lei 8.212/91 que os valores expressos em moeda corrente na citada lei serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da previdência social. Tal atualização se dá com base em Portaria Interministerial, ato administrativo complementar à legislação tributária.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.499
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201609
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. O salário-de-contribuição, para o segurado empregado, corresponde, na forma da lei, à remuneração total por ele auferida junto à empresa. Em conseqüência, para que determinada vantagem decorrente da relação laboral não componha o respectivo salário-de-contribuição, há a necessidade de expressa previsão legal. SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. AFERIÇÃO INDIRETA. A não apresentação dos documentos solicitados pela Fiscalização, dentre os quais a escrituração contábil (livros Diário e Razão) da empresa, justifica a aferição indireta dos salários-de-contribuição, para fins de apuração das contribuições devidas pela empresa. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS GOZADAS. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. O adicional de 1/3 previsto constitucionalmente, quando referente a férias efetivamente gozadas, se trata de verba remuneratória sujeita à incidência de contribuições previdenciárias. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA. EXIGIBILIDADE. A contribuição de intervenção no domínio econômico destinada ao INCRA é devida pelas empresas urbanas e rurais, consoante já assentado na Súmula 516 do STJ. CONTRIBUIÇÕES PARA O SESC, SENAC E SEBRAE. Conforme já assentado na jurisprudência, as contribuições para o SESC e , SENAC são devidas pelas empresas prestadoras de serviço. A contribuição social destinada ao SEBRAE é devida por todas as empresas contribuintes do sistema SESC e SENAC, e não somente pelas microempresas e empresas de pequeno porte. GFIP. DECLARAÇÃO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA VINCULADA À OBRIGAÇÃO DE RECOLHIMENTO. Estando a empresa obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações dos segurados empregados a seu serviço, está ela também obrigada a incluir essas remunerações em suas GFIPs, obrigação acessória àquela vinculada. ATUALIZAÇÃO DA MULTA. PREVISÃO LEGAL. PORTARIA. Dispõe o art. 102 da Lei 8.212/91 que os valores expressos em moeda corrente na citada lei serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da previdência social. Tal atualização se dá com base em Portaria Interministerial, ato administrativo complementar à legislação tributária. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10580.723514/2013-30
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5649969
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2402-005.499
nome_arquivo_s : Decisao_10580723514201330.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : RONNIE SOARES ANDERSON
nome_arquivo_pdf_s : 10580723514201330_5649969.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo - Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
id : 6546788
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:33 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692178550784
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2181; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 107 1 106 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.723514/201330 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402005.499 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 20 de setembro de 2016 Matéria SALÁRIO CONTRIBUIÇÃO Recorrente CENTRO DE DIAGNOSE E TERAPIA LTDA. ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. O saláriodecontribuição, para o segurado empregado, corresponde, na forma da lei, à remuneração total por ele auferida junto à empresa. Em conseqüência, para que determinada vantagem decorrente da relação laboral não componha o respectivo saláriodecontribuição, há a necessidade de expressa previsão legal. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. AFERIÇÃO INDIRETA. A não apresentação dos documentos solicitados pela Fiscalização, dentre os quais a escrituração contábil (livros Diário e Razão) da empresa, justifica a aferição indireta dos saláriosdecontribuição, para fins de apuração das contribuições devidas pela empresa. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS GOZADAS. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. O adicional de 1/3 previsto constitucionalmente, quando referente a férias efetivamente gozadas, se trata de verba remuneratória sujeita à incidência de contribuições previdenciárias. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA. EXIGIBILIDADE. A contribuição de intervenção no domínio econômico destinada ao INCRA é devida pelas empresas urbanas e rurais, consoante já assentado na Súmula 516 do STJ. CONTRIBUIÇÕES PARA O SESC, SENAC E SEBRAE. Conforme já assentado na jurisprudência, as contribuições para o SESC e , SENAC são devidas pelas empresas prestadoras de serviço. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 35 14 /2 01 3- 30 Fl. 158DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 A contribuição social destinada ao SEBRAE é devida por todas as empresas contribuintes do sistema SESC e SENAC, e não somente pelas microempresas e empresas de pequeno porte. GFIP. DECLARAÇÃO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA VINCULADA À OBRIGAÇÃO DE RECOLHIMENTO. Estando a empresa obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações dos segurados empregados a seu serviço, está ela também obrigada a incluir essas remunerações em suas GFIPs, obrigação acessória àquela vinculada. ATUALIZAÇÃO DA MULTA. PREVISÃO LEGAL. PORTARIA. Dispõe o art. 102 da Lei 8.212/91 que os valores expressos em moeda corrente na citada lei serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da previdência social. Tal atualização se dá com base em Portaria Interministerial, ato administrativo complementar à legislação tributária. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 159DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10580.723514/201330 Acórdão n.º 2402005.499 S2C4T2 Fl. 108 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre (RS) DRJ/POA, que julgou procedentes lançamentos (fls. 3/22) relativos ao não recolhimento: (a) de contribuições previdenciárias patronais, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas a segurados empregados, nas competências janeiro de 2009 a março de 2009 e agosto de 2009 a dezembro de 2009 – AI n.º DEBCAD 51.024.4874; (b) de contribuições previdenciárias, parte dos segurados, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas a segurados empregados, nas competências janeiro de 2009 a março de 2009 e agosto de 2009 a dezembro de 2009 – AI n.º DEBCAD 51.024.4882; e (c) de contribuições destinadas a outras entidades e fundos (FNDE, INCRA, SESC, SENAC e SEBRAE), incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas a segurados empregados, nas competências janeiro de 2009 a março de 2009 e agosto de 2009 a dezembro de 2009 – AI n.º DEBCAD 51.024.4890. Também foram mantidos os lançamentos (d) por haver apresentado GFIPs sem os valores correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias (CFL 78), competências julho de 2008 a dezembro de 2009 – AI n.º DEBCAD 51.024.4858; e (e) por haver deixado de apresentar seus livros Diário e Razão, tanto em meio papel, quanto em meio digital, embora intimada para isso (CFL 38) – AI n.º DEBCAD 51.024.4904. A instância recorrida assim resumiu os termos da impugnação (fls. 109/111): Em relação aos AIs n.º DEBCAD 51.024.4874, 51.024.4882 e 51.024.4890, afirma, inicialmente, que todos os valores devidos a título de contribuição previdenciária são aqueles declarados em suas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIPs, “não existindo nenhuma prova concreta que existe essa suposta diferença sugerida pelo agente fiscal, tanto que não traz planilha ou documento comprovando suas acusações.” “A própria legislação determina que o dever de prova é do fisco, não bastando tão somente lançar sem o esteio da comprovação. Cabe a autoridade administrativa a prova da veracidade dos fatos alegados. Sendo uma presunção relativa, cabe ao fisco o ônus da prova. Cumprirá a Administração Fiscal prosseguir na busca da real verdade dos fatos tributariamente relevantes. Há necessidade de busca dos fatos.” Conclui que, como as alegações da Fiscalização, acerca da insuficiência de recolhimento previdenciário, não “existiram” e não foram comprovadas, devem ser totalmente cancelados os lançamentos constantes do presente processo, “tendo em vista a sua ilegalidade.” Em não sendo cancelados os lançamentos efetuados, a impugnante postula a exclusão das contribuições destinadas ao SESC e ao SENAC, por “ilegais e inconstitucionais”, tendo em vista sua condição de empresa prestadora de serviços. Ambas as contribuições estão previstas no artigo 240 da Constituição Federal, que recepcionou os DecretosLei n.º 9.853/46 e 8.612/46. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 Ocorre que tanto o artigo 3.º do DecretoLei n.º 9.853/46, quanto o artigo 4.º do DecretoLei n.º 8.612/46, elegeram como contribuintes das exações destinadas ao SESC e ao SENAC os estabelecimentos comerciais – cujo faturamento decorre de negócios de mercancia, ou seja, compra e venda de mercadorias –, os quais não se confundem com os estabelecimentos prestadores de serviços, que “realizam atos nomeadamente voltados à obrigação de fazer”. Conclui, assim, que apenas os estabelecimentos comerciais estão sujeitos ao pagamento dessas contribuições, “não podendo elas ser exigidas das empresas prestadoras de serviço, tais como a impugnante, devendo ser retiradas tais parcelas da presente autuação”. Da mesma maneira no que respeita à exação destinada ao SEBRAE. “Com efeito, nos termos do artigo 8.º, § 3.º, da Lei n.º 8.029/90, combinado com o artigo 1.º do DecretoLei n.º 2.318/86, a contribuição, destinada ao financiamento da política de apoio às microempresas e às pequenas empresas, foi instituída como uma majoração às contribuições devidas às entidades do SESC/SENAC, SESI/SENAI e SEST/SENAT, motivo pelo qual as empresas obrigadas ao recolhimento das contribuições devidas a essas entidades, também se vêm obrigadas ao recolhimento da contribuição destinada ao SEBRAE.” “A contribuição ao SEBRAE está, à plena evidência, constituída como uma majoração das contribuições devidas ao SESC/SENAC. Em assim sendo, ela possui um caráter evidentemente acessório em relação àquelas duas.” “Nesta linha de raciocínio, tendo sido provado, com esteio em firme jurisprudência, a ilegitimidade de cobrança das contribuições para o SESC/SENAC para as empresas prestadoras de serviço, tais como a Impugnante, é única a conclusão de que a contribuição (‘rectius’ adicional) destinada ao SEBRAE também o seja.” Conclui que também devem ser retirados da autuação os valores da contribuição para o SEBRAE, “vez que ilegal e inconstitucional”. Insurgese, também, em relação à contribuição destinada ao INCRA, “haja vista ausência de qualquer relação entre o objetivo social da autora com atividades agrárias, bem como inconstitucionalidade da referida exação.” “Com isso, tendo em vista a total ausência de vinculo entre as atividades da Autora e o setor rural, a manutenção da exigência de contribuição previdenciária de exclusiva pertinência a este setor rural, caracteriza afronta direta aos princípios jurídicos tributários.” Postula, finalmente, sejam retiradas do débito as contribuições incidentes sobre a parcela referente ao terço constitucional de férias, “já que foi alegado que as mesmas foram calculadas com base de folhas de pagamentos.” Afirma que o adicional de férias não pode ser base de cálculo para a contribuição previdenciária, “por não se figurar como verba salarial, nos termos de consolidada jurisprudência.” No tocante aos AIs n.º DEBCAD 51.024.4858 e 51.024.4904, observa, inicialmente, que as multas exigidas “são acessórias dos lançamentos principais realizados através dos DEBCAD’s de n.ºs 51.024.4890, 51.024.4882 e 51.024.487 4.” Ocorre que são totalmente improcedentes os lançamentos fiscais consubstanciados nos AIs n.º DEBCAD 51.024.4874, 51.024.4882 e 51.024.4890, Fl. 161DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10580.723514/201330 Acórdão n.º 2402005.499 S2C4T2 Fl. 109 5 “os quais foram devidamente impugnados e, certamente, serão totalmente cancelados.” “Assim, como certamente serão cancelados os lançamentos das obrigações principais, por conseqüência, serão canceladas as multas acessórias do presente processo.” Em relação ao AI n.º DEBCAD 51.024.4904, aduz – considerando a hipótese de todo o processo não ser cancelado – que a multa lançada deve ser reduzida. E isto porque, primeiro, a Lei n.º 8.212/91 “não estipulou, em seu corpo, a penalidade pelo descumprimento de tal preceito. Conseqüentemente, teria que se aplicar o art. 92 da mesma”; segundo, de acordo com o artigo 283, II, “a”, do RPS, a multa a ser aplicada pelo descumprimento incorrido pela empresa seria no valor a partir de R$ 6.361,73; e, terceiro, ao aplicar a multa, a Fiscalização, ao invés de utilizar o valor estabelecido em regulamento, baseouse naquele definido pela Portaria MF/MPS n.º 15, de 10 de janeiro de 2013. “Portaria é documento de ato administrativo de qualquer autoridade pública, que contém instruções acerca da aplicação de leis ou regulamentos, recomendações de caráter geral, normas de execução de serviço, nomeações, demissões, punições, ou qualquer outra determinação de sua competência. A portaria não tem competência para alterar o que já está disposto em decreto, ainda mais se tratando de valor de multa.” “Resta claro que a multa aplicada no auto de infração, caso fosse possível, deveria ser a prevista no art. 283, II, ‘j’, do Decreto (no valor de R$ 6.361,73), e não a ilegalmente prevista na Portaria no valor de R$ 17.173,58.” A não ser assim, estarseia “ferindo claramente, não só o principio da legalidade, como, dentre outros, o da segurança jurídica.” Ao final, a impugnante “requer seja julgada totalmente procedente a presente impugnação, cancelando TOTALMENTE o suposto débito apurado no presente processo administrativo”. Mantida a exigência no julgamento de primeiro grau (fls. 106/117), o autuado interpôs recurso voluntário em 09/10/2014, conforme respectivo envelope de postagem (fls. 122/153 e 155/156), repisando os argumentos e pedidos vertidos em sede de impugnação. É o relatório. Fl. 162DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Dos AIs n.º DEBCAD 51.024.4874, 51.024.4882 e 51.024.4890 Não divergindo das bem colocadas razões da DRJ/POA no tocante ao enfrentamento das alegações recursais, peço a devida vênia para reproduzilas parcialmente, no atinente aos AIs em epígrafe, de modo a que passem a fazer parte da presente fundamentação: (...) nos termos dos parágrafos 3.º e 6.º do artigo 33 da Lei n.º 8.212/91, e alterações, combinados com o artigo 233 e seguintes do RPS, em ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. Assim também se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento, a Fiscalização constatar que a contabilidade da empresa não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, da receita, do faturamento e do lucro, esta contabilidade será desconsiderada, apurandose por aferição indireta e lançandose de ofício as contribuições efetivamente devidas. Nessas hipóteses, cabe à empresa, na forma da lei, o ônus da prova em contrário. No caso em tela, examinado o Relatório Fiscal de fls. 25/36, verificase, primeiro, que, efetuado o cotejo entre as folhas de pagamento apresentadas pela empresa e suas GFIPs, Relações Anuais de Informações Sociais RAIS e Declarações do Imposto de Renda Retido na Fonte DIRFs, restou constatada pela Fiscalização a existência de valores que não foram objeto de recolhimento de contribuição, nem de declaração em GFIP; e, segundo, que a empresa não apresentou seus livros Diários e Razão, solicitados tanto em meio papel, quanto em meio digital, embora intimada para tanto (vejase, nesse sentido, o Termo de Início de Procedimento Fiscal TIPF de fls. 55/57, reiterado nos Termos de Intimação Fiscal TIFs n.ºs 01, 02 e 03, fls. 45/50), ensejando, com isso, a lavratura do correspondente auto de infração pelo descumprimento de obrigação tributária acessória. Houve, portanto, ao contrário do que alega a impugnante, a necessária busca dos fatos por parte da Fiscalização – o que somente não ocorreu, de forma plena, por culpa da própria empresa, que, como referido, não apresentou todos os documentos solicitados pela autoridade lançadora, e a quem não cabe, destarte, alegar falta a que ela própria deu causa. Temse, portanto, como justificada a aferição indireta dos saláriosde contribuição da impugnante, no período fiscalizado, com vistas ao lançamento das contribuições devidas, nos termos dos parágrafos 3.º e 6.º do artigo 33 da Lei n.º 8.212/91, e alterações, combinados com o artigo 233 e seguintes do RPS. Registrese que a impugnante não se desincumbiu do ônus, que lhe cabia, deixando de trazer aos autos, juntamente com suas razões de impugnação, elementos de prova suficientes, capazes de infirmar as bases de cálculo apuradas pela Fl. 163DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10580.723514/201330 Acórdão n.º 2402005.499 S2C4T2 Fl. 110 7 Fiscalização, ou, pelo menos, esclarecer a que verbas, pagas a segurados empregados, referirseiam as diferenças de valores, constatadas pela autoridade lançadora, entre as folhas de pagamento apresentadas e as GFIPs, RAIS e DIRFs da empresa. Do terço constitucional de férias. De início, como bem observado pelo aresto contestado, cumpre observar que o recorrente não trouxe aos autos qualquer elemento de prova capaz de comprovar a inclusão, nas bases de cálculo consideradas nos lançamentos impugnados, de valores correspondentes ao terço constitucional de férias. Por outro via, é fato que o STJ, no REsp nº 1.230.957/RS, julgado sob o rito de recurso repetitivo em 26/2/2014, se manifestou no sentido de que o terço de férias previsto no inciso XVII do art. 7º da CF possui natureza indenizatória. Não obstante, tal decisão encontrase sobrestada, tendo em vista a matéria encontrarse sob exame do STF como Tema 163 de repercussão geral, no RE nº 593.608/SC. Nesse contexto, notese serem inaplicáveis as disposições do art. 62 do Anexo II do RICARF (Regimento Interno do CARF Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015) à espécie. Com efeito, tenho que a verba em comento, e diversamente de outras objeto de exame no indigitado REsp, apresenta natureza insitamente remuneratória, sendo paga como parcela suplementar a título de retribuição pelo trabalho prestado no período a que se refere, enquadrandose assim nos termos do art. 28, inciso I da Lei nº 8.212/91. Merece ser frisado não constar ela entre as parcelas que não integram o saláriodecontribuição, discriminadas no § 9º daquele artigo. Desse modo, tanto sob o prisma do princípio da legalidade, como considerandose o disposto nos arts. 97 inciso VI, 111 e 175, inciso I do CTN, não há óbice à inclusão de verbas do gênero na base de incidência das contribuições guerreadas. No sentido aqui partilhado, convém fazer referência aos Acórdãos nº 9202 003.927 (j. 13/4/2016) e 9202003.773 (j. 16/2/2016), da CSRF. Das contribuições para o INCRA, SESC, SENAC e SEBRAE As empresas urbanas e rurais estão sujeitas ao recolhimento da contribuição ao INCRA, constante entendimento já pacificado pelo STJ no seguinte enunciado sumular, publicado em 2/3/2015: Súmula 516 STJ A contribuição de intervenção no domínio econômico para o Incra (DecretoLei n. 1.110/1970), devida por empregadores rurais e urbanos, não foi extinta pelas Leis ns. 7.787/1989, 8.212/1991 e 8.213/1991, não podendo ser compensada com a contribuição ao INSS. Vale consignar, no pertinente ao RE nº 630.898/RS, que ainda que o STF tenha reconhecido em 3/11/2011 a repercussão geral da questão constitucional suscitada a saber, a referibilidade e natureza jurídica da contribuição para o INCRA, em face da EC nº Fl. 164DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 8 33/01 o recurso ainda não foi julgado por aquela corte, estando os autos conclusos ao relator desde 8/5/2013. Quanto às contribuições para o SESC e SENAC, cujos respectivos embasamentos legais se encontram no artigo 3º e seu § 1º do DecretoLei n.º 9.853/46, alterado pelo artigo 23 da Lei n.º 5.107/66, e no art. 4º do DecretoLei nº 8.624/46, o STJ já decidiu, em sede de julgamento de recurso repetitivo no REsp 1.255.433/SE (j. 23/5/2012), serem elas devidas pelas empresas prestadoras de serviço, conforme evidencia o seguinte excerto de ementa: 2. As empresas prestadoras de serviço são aquelas enquadradas no rol relativo ao art. 577 da CLT, atinente ao plano sindical da Confederação Nacional do Comércio CNC e, portanto, estão sujeitas às contribuições destinadas ao SESC e SENAC. Precedentes: REsp. n. 431.347/SC, Primeira Seção, Rel. Min Luiz Fux, julgado em 23.10.2002; e AgRgRD no REsp 846.686/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 16.9.2010. Nesse diapasão, temse, aliás, o seguinte enunciado sumular daquele tribunal: Súmula 499 As empresas prestadoras de serviços estão sujeitas às contribuições ao Sesc e Senac, salvo se integradas noutro serviço social. (Súmula 499, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/03/2013, DJe 18/03/2013) Já a contribuição ao SEBRAE, teor do disposto no § 3º do artigo 8º da Lei nº 8.029/90, com as alterações da Lei n.º 8.154/90, corresponde a um adicional às contribuições destinadas ao SESC e ao SENAC, bem como as devidas ao SENAI e SESI. Em decorrência, estando a empresa sujeita ao pagamento das contribuições para o SESC e para o SENAC, está ela, em conseqüência, porque se trata de adicional, também obrigada ao pagamento da contribuição para o SEBRAE, conforme já pacificado na jurisprudência, da qual cito como ilustração o AgRg no REsp 1.216.186/RS, j. 16/5/2011, e o AgRg no REsp nº 1.346.486/RJ, j. 4/2/2014. Sem razão, assim, o recorrente. Dos AIs nº DEBCAD 51.024.4858 e 51.024.4904 No que tange ao AI nº DEBCAD 51.024.4858, o contribuinte não traz argumentos recursais de relevo, afirmando apenas que, sendo decorrente das obrigações principais constantes do processo, merece ser cancelada a autuação face a insubsistência daquelas. Pelas razões já explanadas, porém, tais exigências devem ser mantidas, assim como as veiculadas no processo em apenso nº 10580.723513/201395, motivo pelo qual, estando a empresa obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações dos segurados empregados a seu serviço (obrigação tributária principal), está ela também obrigada a incluir essas remunerações em suas próprias GFIPs (obrigação tributária acessória), objeto do AI n.º DEBCAD 51.024.4858), o que não se verificou, ensejando, destarte, a manutenção desse lançamento. Fl. 165DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10580.723514/201330 Acórdão n.º 2402005.499 S2C4T2 Fl. 111 9 Já no que concerne ao AI nº DEBCAD 51.024.4904, cabe esclarecer que a infração contestada teve por fundamento o descumprimento de obrigação acessória, e possui, no caso, completa autonomia relativamente à eventual infração relativa a obrigação principal. A não apresentação de seus livros Diário e Razão, tanto em meio papel, quanto em meio digital, deuse no curso do procedimento fiscal e implica no não cumprimento do dever de colaboração com a administração tributária e previdenciária, não estando portanto condicionada ou vinculada ao destino das autuações relativas à obrigação principal. Por sua vez, sua gradação obedece aos ditames dos arts. 92 e 102 da Lei nº 8.212/91 c/c e do art. 373 do RPS, que dispõe que os valores expressos em moeda corrente nesse diploma serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da previdência social, o que foi regulamentado por Portarias conjuntas do Ministério da Previdência e da Fazenda, tais como a Portaria MPS/MF nº 15/13, utilizada pela fiscalização.. Assim, o reajuste atacado tem expressa previsão legal na Lei de Custeio, sendo a edição das mencionadas Portarias regulamentadoras pelos órgãos administrativos mera decorrência lógica da necessidade de se compatibilizar a prestação dos benefícios previdenciários, bem como o seu respectivo custeio, com o fenômeno da perda de valor da moeda corrente frente à inflação historicamente prevalente no país. Convém registrar que o inciso II do art. 97 do CTN regra que a atualização monetária da base de cálculo do tributo não se consubstancia em sua majoração a exigir reserva legal, ao contrário do que parece entender o recorrente, estando a Portaria em comento inserida no conceito de norma complementar de lei preconizado no art. 100 daquele Código, tendo sida editada em conformidade com as atribuições ministeriais previstas no inciso II do parágrafo único do art. 87 da CF, sem incorrer em qualquer incompatibilidade com a legislação de regência. Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso para negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 10660.720582/2011-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
INTEMPESTIVIDADE. PRAZO RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO DE RECURSO VOLUNTÁRIO.
O prazo para interposição de Recurso Voluntário é de trinta dias a contar da ciência da decisão recorrida.
Numero da decisão: 2201-003.308
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestivo.
Assinado digitalmente.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente.
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201608
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008 INTEMPESTIVIDADE. PRAZO RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. O prazo para interposição de Recurso Voluntário é de trinta dias a contar da ciência da decisão recorrida.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Oct 07 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10660.720582/2011-95
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5644922
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat Oct 08 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2201-003.308
nome_arquivo_s : Decisao_10660720582201195.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : DANIEL MELO MENDES BEZERRA
nome_arquivo_pdf_s : 10660720582201195_5644922.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestivo. Assinado digitalmente. Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. Assinado digitalmente. Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
id : 6517747
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:08 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692184842240
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1737; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 128 1 127 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10660.720582/201195 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201003.308 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de agosto de 2016 Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Recorrente ALCEU ANTONIO DA COSTA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 INTEMPESTIVIDADE. PRAZO RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. O prazo para interposição de Recurso Voluntário é de trinta dias a contar da ciência da decisão recorrida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestivo. Assinado digitalmente. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Assinado digitalmente. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 72 05 82 /2 01 1- 95 Fl. 132DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/1 0/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por DANIEL MELO MENDES B EZERRA 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra a decisão de primeira instância, que julgou improcedente a impugnação do contribuinte ofertada em face da lavratura de Notificação de Lançamento de IRPF. Os aspectos principais do lançamento estão delineados no relatório da decisão de primeira instância, nos seguintes termos: Contra o contribuinte acima identificado foi lavrada a Notificação de Lançamento de fls. 4 a 9, na qual é cobrado, relativamente ao ano calendário de 2007, exercício 2008, o Imposto de Renda Pessoa Física Suplementar no valor de R$ 15.280,65, sujeito à multa de ofício, acrescido ainda de juros de mora (calculados até 30/12/2010), perfazendo um crédito tributário total de R$ 30.911,21. O contribuinte apurou em sua DIRPF/2008 um saldo de imposto a restituir no valor de R$ 794,62. A autoridade tributária expôs na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, fls. 6 e 7, os motivos que deram ensejo ao lançamento acima: Dedução Indevida de Despesas Médicas no valor de R$ 29.925,86, por falta de comprovação; Dedução Indevida de Pensão Alimentícia Judicial no valor de R$ 28.529,64, por falta de comprovação; Devidamente cientificado das autuações em 29/12/2010, fl. 49, o contribuinte apresentou em 14/01/2011, a impugnação de fl. 03. Em cumprimento à Instrução Normativa RFB nº 1.061, de 4 de agosto de 2010, o processo foi devolvido à unidade de origem para análise (fl. 51), a qual efetuou a revisão de lançamento para restabelecer parcialmente a dedução com despesas médicas e integralmente a dedução pleiteada a título de pensão alimentícia judicial. Consequentemente, foram emitidos o Parecer e o Despacho Decisório (fls. 56 a 62 e 64), reduzindo o IRPF Suplementar de R$ 15.280,65 para R$ 4.650,38, sujeito à multa de ofício de 75%. Após ciência do Despacho Decisório (fl. 69/70), não consta dos autos do processo qualquer manifestação do interessado, sendo o processo encaminhado à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em RecifePE, nos termos da Norma de Execução Conjunta Cofis/Codac nº 3, de 23 de dezembro de 2010. A DRJ julgou improcedente a impugnação do contribuinte sob o argumento principal de que não houve a efetiva comprovação do pagamento. Segundo o entendimento esposado, se o contribuinte tem a intenção de utilizar suas despesas médicas como dedução da base de cálculo do imposto de renda, ele deve ter em mente que o pagamento a ela correspondente não envolve apenas ele e o profissional de saúde, mas também a Administração Tributária. Por essa razão, deve conservar, além dos recibos, outros meios probantes do desembolso e da realização do serviço. Cientificado do acórdão da DRJ em 21/12/2015, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário intempestivamente em 21/12/2016, onde são reiterados os argumentos lançados na peça impugnatória. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/1 0/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por DANIEL MELO MENDES B EZERRA Processo nº 10660.720582/201195 Acórdão n.º 2201003.308 S2C2T1 Fl. 129 3 Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade Como relatado, o Recurso Voluntário é intempestivo. Conforme Aviso de Recebimento AR que dormita à fl. 82, o sujeito passivo foi cientificado da decisão recorrida em 21/12/2015. Em 21/01/2016 protocolizou o Recurso Voluntário (fl. 84), portanto, fora do trintídio legal estabelecido para a sua interposição. Os artigos 5° e 33 do Decreto 70.235, de 1972 estabelecem as regras para contagem do prazo de interposição do recurso voluntário: Art. 5° Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia de início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Destarte, não paira dúvida acerca da intempestividade do recurso apresentado. Conclusão Diante de todo o exposto, voto por não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestivo. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 134DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/1 0/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por DANIEL MELO MENDES B EZERRA
score : 1.0
Numero do processo: 10768.720796/2007-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Exercício: 2001
COMPENSAÇÃO. FALTA DE ANÁLISE DO DIREITO CREDITÓRIO. INFORMAÇÃO ERRÔNEA PRESTADA PELO SUJEITO PASSIVO. PROSSEGUIMENTO DA ANÁLISE.
Constatado, pelo exame dos autos, que o alegado direito creditório trazido à compensação não foi verificado em momento algum, nem neste processo, nem em algum outro, e que essa não verificação decorreu de informação errônea prestada pelo próprio sujeito passivo, o processo deve ser devolvido à unidade da RFB para prosseguimento da análise da compensação, especialmente no que tange à liquidez e certeza do alegado crédito.
Numero da decisão: 1301-000.545
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade, no sentido de que
o presente processo seja devolvido à Delegacia da Receita Federal do Brasil que jurisdiciona o contribuinte, para que prossiga na análise da compensação, nos termos do voto do relator.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: Waldir Veiga Rocha
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : IRPJ - restituição e compensação
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201103
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2001 COMPENSAÇÃO. FALTA DE ANÁLISE DO DIREITO CREDITÓRIO. INFORMAÇÃO ERRÔNEA PRESTADA PELO SUJEITO PASSIVO. PROSSEGUIMENTO DA ANÁLISE. Constatado, pelo exame dos autos, que o alegado direito creditório trazido à compensação não foi verificado em momento algum, nem neste processo, nem em algum outro, e que essa não verificação decorreu de informação errônea prestada pelo próprio sujeito passivo, o processo deve ser devolvido à unidade da RFB para prosseguimento da análise da compensação, especialmente no que tange à liquidez e certeza do alegado crédito.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
numero_processo_s : 10768.720796/2007-87
conteudo_id_s : 5629844
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Jul 27 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1301-000.545
nome_arquivo_s : Decisao_10768720796200787.pdf
nome_relator_s : Waldir Veiga Rocha
nome_arquivo_pdf_s : 10768720796200787_5629844.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade, no sentido de que o presente processo seja devolvido à Delegacia da Receita Federal do Brasil que jurisdiciona o contribuinte, para que prossiga na análise da compensação, nos termos do voto do relator.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 30 00:00:00 UTC 2011
id : 6482350
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:03 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692186939392
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1661; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 299 1 298 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10768.720796/200787 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 130100.545 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 30 de março de 2011 Matéria COMPENSAÇÃO Recorrente TELEMAR NORTE LESTE S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2001 COMPENSAÇÃO. FALTA DE ANÁLISE DO DIREITO CREDITÓRIO. INFORMAÇÃO ERRÔNEA PRESTADA PELO SUJEITO PASSIVO. PROSSEGUIMENTO DA ANÁLISE. Constatado, pelo exame dos autos, que o alegado direito creditório trazido à compensação não foi verificado em momento algum, nem neste processo, nem em algum outro, e que essa não verificação decorreu de informação errônea prestada pelo próprio sujeito passivo, o processo deve ser devolvido à unidade da RFB para prosseguimento da análise da compensação, especialmente no que tange à liquidez e certeza do alegado crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade, no sentido de que o presente processo seja devolvido à Delegacia da Receita Federal do Brasil que jurisdiciona o contribuinte, para que prossiga na análise da compensação, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Júnior Presidente (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Relator Fl. 332DF CARF MF Emitido em 15/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 20/05/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10768.720796/200787 Acórdão n.º 130100.545 S1C3T1 Fl. 300 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, André Ricardo Lemes da Silva, Paulo Jakson da Silva Lucas, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Valmir Sandri, Alberto Pinto Souza Junior. Relatório TELEMAR NORTE LESTE S/A, já devidamente qualificada nestes autos, recorre a este Conselho contra a decisão prolatada pela 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro I / RJ, que indeferiu os pedidos veiculados através de manifestação de inconformidade apresentada contra a decisão da Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária no Rio de Janeiro (DERAT/RJ). O presente processo foi formalizado para estabelecer um tratamento manual da DCOMP nº 13878.46669.131103.1.3.029352 (fl. 02 a 05), transmitida em 13/11/2003. O débito objeto da compensação é a COFINS de outubro de 2003 no valor de R$ 887.472,63. O crédito informado na declaração é o saldo negativo de IRPJ, apurado pela incorporada Telecomunicações de Alagoas S/A, CNPJ 12.286.423/000107 em 02/08/2001 (data da incorporação), no valor original, na data de transmissão, de R$ 627.543,93. A declarante informou, no campo apropriado da declaração de compensação, que o crédito pleiteado havia sido informado anteriormente no processo administrativo nº 10070.002269/200221. Com base nessas informações, foi prolatado o Despacho Decisório, datado de 14/11/2007 (fl. 36), o qual não homologou a compensação declarada. Baseouse, ainda, no Parecer Conclusivo nº 239/2007 (fl. 33 a 35), que asseverou que “os documentos extraídos do processo nº 10070.002269/200221, anexos fls. 26 a 30, informam que a totalidade do valor reconhecido não foi suficiente para quitar o débito relacionado na Declaração de Compensação vinculada ao processo. [...] Portanto, não há crédito remanescente a ser utilizado na Dcomp apresentada” neste processo. A interessada tomou ciência do Parecer e do Despacho Decisório e apresentou a manifestação de inconformidade (fls. 44/49), em que aduz os argumentos assim resumidos: • Sustenta que não teria sido empreendida, nos autos do processo 10070.002269/200221, qualquer desconstituição dos créditos da Telecomunicações de Alagoas S/A. Tais créditos teriam sido analisados no processo nº 10070.003151/200210. • Passa, a seguir, a discorrer sobre o saldo negativo de IRPJ, apurado pela incorporada Telecomunicações de Alagoas S/A nos anoscalendário 2000 e 2001. Seus argumentos foram assim sintetizados no relatório do processo por ocasião do julgamento em primeira instância: o As estimativas relativas a 01 e 04/2001 foram extintas por compensação, utilizandose o saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2000, no valor de R$ 2.039.063,17. Este constituise de estimativas, bem como retenções efetuadas por órgãos públicos e particulares (quadro fl.46). Fl. 333DF CARF MF Emitido em 15/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 20/05/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10768.720796/200787 Acórdão n.º 130100.545 S1C3T1 Fl. 301 3 o O crédito de saldo negativo de 2000 superou o valor informado na DIPJ correspondente e transferido ao ano – calendário de 2001, redundou em crédito suficiente à extinção do débito em apreciação. o As estimativas de IRPJ de 01 e 04/2001 foram extintas com o crédito de saldo negativo de 2000. o Afiguramse conclusões obvias: existe crédito para a compensação das estimativas de IRPJ de 01 e 04/2001; a segunda conclusão se funda na homologação tácita da compensação das estimativas de 01 e 04/2001 com crédito do saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2000 por ter transcorrido mais de 5 anos da declaração de compensação consubstanciada nas DCTF do 1º e 2º trimestres de 2000(doc. 05), sem que a autoridade fiscal contestasse. o Foi levado ao conhecimento do Fisco, mediante a informação em DCTF enviadas para apreciação da SRFB nas datas de 11/05/2001 e 27/07/2001 (doc.5), o pleito administrativo da compensação, sem que no prazo estabelecido na Lei 9430/97, tenha sido exarada a decisão. o Encontrase decaído o direito da Fazenda Pública contestar as compensações efetuadas no anocalendário de 2001 e que gerara o saldo negativo, haja vista a homologação tácita, nos termos do § 5º do art.74 da Lei 9430/96. o Mesmo considerando a existência de DCTF retificadoras relativas ao primeiro e segundo trimestres de 2001(doc.6), não houve alteração dos débitos de estimativas de IRPJ, nem alteração quanto ao crédito vinculado para extinção dos citados débitos de estimativas. o Portanto, inexistem maiores questionamentos sobre o saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2001. O saldo negativo de 2000 e a sua transferência para o ano calendário de 2001, bem como o saldo negativo de 2001são suficientes para a extinção de parcela do débito da COFINS de 10/2003. o Ao crédito deverá ser aplicada a SELIC até o mês anterior ao vencimento dos débitos, acrescida de 1% no mês de vencimento (art. 39§ 4º da Lei 9250/95). Conclui com o pedido de reconhecimento de seu direito creditório e a homologação da compensação declarada. Subsidiariamente, requer o retorno dos autos à DRF para análise do direito creditório. A 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro I / RJ analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e, mediante o Acórdão nº 1223.865, de 17/04/2009 (fls. 175/180), indeferiu a solicitação, conforme ementa a seguir transcrita: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2000 COMPENSAÇÃO. O crédito líquido e certo é requisito necessário para compensação, conforme o previsto no art. 170 da Lei Nº 5.172/66 Código Tributário Nacional. A inexistência do mesmo acarreta o indeferimento do pedido. Fl. 334DF CARF MF Emitido em 15/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 20/05/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10768.720796/200787 Acórdão n.º 130100.545 S1C3T1 Fl. 302 4 JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; refirase a fato ou a direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. PRAZO PRESCRICIONAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO COMPENSADO MEDIANTE DCOMP. O prazo prescricional de cobrança do crédito tributário confessado mediante a entrega da declaração de compensação, interrompido com a apresentação da declaração de compensação à SRF, tem sua contagem iniciada na data em que a nãohomologação da compensação tornase definitiva na esfera administrativa Ciente da decisão de primeira instância em 10/09/2009, conforme documento de fl. 186, e com ela inconformada, a empresa apresentou recurso voluntário em 09/10/2009 (registro de recepção à fl. 192, razões de recurso às fls. 192/199). Seus argumentos podem ser sintetizados como segue: a) A documentação fiscal contida nos autos seria suficiente para confirmar a existência de saldo negativo da incorporada Telecomunicações de Alagoas nos anoscalendário 2000 e 2001, de tal forma a gerar os créditos compensados. b) Impossibilidade de reapuração dos resultados dos anoscalendário 2000 e 2001, dada a preclusão do direito de reapurar a base de períodos já decaídos; c) O saldo negativo apurado pela incorporada Telecomunicações de Alagoas no anocalendário 2000 foi analisado nos autos do processo administrativo nº 10070.003151/200210, o qual se encontra pendente de decisão final, uma vez que foi interposto recurso contra a decisão que não homologou a compensação; esse saldo negativo (do AC 2000) teria sido transferido para o anocalendário seguinte (2001), mediante a compensação com estimativas de janeiro e abril de 2001. A recorrente conclui que o saldo negativo de IRPJ passível de compensação no anocalendário 2001 seria de R$ 2.178.483,60, valor muito superior aos R$ 627.543,93 utilizados na DCOMP ora discutida. d) Uma vez que a não homologação da DCOMP se deu unicamente em razão da decisão que não reconheceu a existência do crédito no PTA n° 10070.003151/200210, contra a qual foi interposto recurso, ainda não julgado, o presente recurso voluntário deve ser julgado concomitantemente com o referido PTA, caso se entenda que os elementos acostados aos autos não são suficientes para a conclusão acerca da certeza e liquidez do crédito alegado. É o Relatório. Voto Fl. 335DF CARF MF Emitido em 15/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 20/05/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10768.720796/200787 Acórdão n.º 130100.545 S1C3T1 Fl. 303 5 Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator Gira a lide em torno do alegado direito creditório, decorrente de saldo negativo de IRPJ apurado pela incorporada Telecomunicações de Alagoas S/A no ano calendário 2001. Tal direito creditório foi trazido à compensação na DCOMP nº 13878.46669.131103.1.3.029352 (fls. 02 a 05), juntamente com a informação prestada pela própria declarante de que o crédito pleiteado havia sido informado anteriormente no processo administrativo nº 10070.002269/200221. Diante de tal informação, equivocada, digase desde já, a Autoridade Administrativa negou homologação à compensação aqui declarada, desde que os créditos analisados no processo administrativo nº 10070.002269/200221 já haviam sido ali integralmente absorvidos. Instaurado o litígio, a Autoridade Julgadora em primeira instância reafirmou que “todo o montante do direito creditório relativo ao processo n° 10070.002269/200221 foi consumido na homologação tácita, não restando qualquer valor remanescente a ser utilizado na Dcomp que instrui este feito”. Por outro lado, alertada, embora de forma tíbia, pela manifestação de inconformidade da interessada, de que o processo que cuidou dos saldos negativos de IRPJ da incorporada Telecomunicações de Alagoas S/A seria o de nº 10070.003151/200210, assim se manifestou a DRJ: Cabe esclarecer que o crédito da Telecomunicações Alagoas S/A ano calendário 2000, que foi objeto de incorporação pela interessada, faz parte do processo n° 10070.003151/200210, conforme fl 159 a 174, nele foi apreciado, tendo como resultado o não reconhecimento do direito creditório. Contrariamente ao que afirma a interessada, não foi apresentada Dcomp que possua como crédito o saldo negativo do anocalendário de 2001. Portanto, não há crédito a favor da Telecomunicações Alagoas que respalde a compensação. É de se constatar, então, que em momento algum se fez a análise do direito creditório alegado no presente processo, a saber, saldo negativo de IRPJ apurado pela incorporada Telecomunicações de Alagoas S/A no anocalendário 2001. Num primeiro momento, a DERAT/RJ foi induzida a erro pela informação prestada pela própria interessada, de que o crédito teria sido anteriormente informado no processo administrativo nº 10070.002269/200221. Mas tal informação não corresponde aos fatos, vide o seguinte excerto, extraído do acórdão nº 1218.645, proferido nos autos daquele processo, e que foi acostado por cópia às fls. 120/158 deste processo (grifos não constam do original): Os créditos pertencentes a Telecomunicações Piauí e Telecomunicações Alagoas (fl. 521 e 527), foram analisados processo n° 10070.003151/200210. O crédito pertencente a Telecomunicações Maranhão (fl. 525), bem como o da Telecomunicações Rio Grande do Norte (fl. 528), foram analisados no processo n° 10070.000284/200315. Fl. 336DF CARF MF Emitido em 15/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 20/05/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10768.720796/200787 Acórdão n.º 130100.545 S1C3T1 Fl. 304 6 A decisão da Autoridade Administrativa, portanto, se mostrou equivocada, posto que baseada no quanto decidido em outro processo que nenhuma relação guardava com os presentes autos. Num segundo momento, a DRJ vislumbrou a ligação existente com o processo n° 10070.003151/200210. Com propriedade, apontou que apenas o saldo negativo apurado pela incorporada Telecomunicações de Alagoas no anocalendário 2000 foi analisado naquele processo. A análise lá empreendida (vide acórdão nº 1221.808, fls. 159/174 deste processo) reconheceu parcialmente o alegado direito creditório do anocalendário 2000, com o que as compensações pretendidas com débitos de estimativas do anocalendário 2001 restaram igualmente parcialmente homologadas. Vejamse os seguintes excertos do relatório e do voto do acórdão DRJ nº 1221.808 (grifos não constam do original): Relatório: [...] • O valor do saldo negativo do ano de 2000 seria de R$ 426.344,51 (planilha fl.892). • As consultas ao sistema DCTF (fl. 12 e 713) evidenciam que a interessada compensou crédito de saldo negativo de 2000 com as estimativas de janeiro e abril de 2001. Conforme relatório de fl. 714, o valor do saldo negativo de 2000 não foi suficiente para quitar os débitos, remanescendo o débito de estimativa de abril/2001 no valor de R$ 89.439,32. [...] Voto: [...] Também não são atacadas questões que fundamentaram a decisão da DeratRJ insertas no presente processo como: IRRF retido por órgão público em valores superiores aos limites permitidos pela legislação, ajustes nos saldos negativos de 1998 e 1999 que geraram o ajuste do saldo negativo de 2000, além de compensações efetuadas do saldo negativo de 2000 com débitos de estimativas de 2001 que excederam o valor do crédito relativo ao ano de 2000. No recurso voluntário interposto no presente processo, a interessada requer o julgamento conjunto com o processo n° 10070.003151/200210. Seu pleito não mais pode ser atendido, visto que aquele outro processo já foi julgado em segunda instância administrativa, em 01/09/2010, pela 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento deste CARF. O Acórdão nº 110100.350 negou provimento ao recurso voluntário, cristalizando, assim, os ajustes feitos no alegado saldo credor apurado no anocalendário 2000 pela incorporada Telecomunicações de Alagoas S/A e, por via de consequência, nas compensações pretendidas desses créditos com débitos de estimativas do anocalendário 2001, antes da incorporação. Mas retorno ao ponto que me parece central: em momento algum se fez a análise do direito creditório alegado no presente processo, a saber, saldo negativo de IRPJ apurado pela incorporada Telecomunicações de Alagoas S/A no anocalendário 2001, nem neste processo, nem em algum outro. A questão foi tangenciada, mas não enfrentada. À fl. 111, encontro cópia da ficha 12A da DIPJ apresentada pela Telecomunicações de Alagoas S/A, Fl. 337DF CARF MF Emitido em 15/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 20/05/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10768.720796/200787 Acórdão n.º 130100.545 S1C3T1 Fl. 305 7 referente ao anocalendário 2001. O saldo negativo de imposto ali apurado monta a R$ 670.324,92. A liquidez e a certeza do alegado direito creditório não foram verificadas. Diante do exposto, voto no sentido de que o presente processo seja devolvido à Delegacia da Receita Federal do Brasil que jurisdiciona o contribuinte (Derat/RJ), para que prossiga na análise da compensação aqui declarada (DCOMP nº 13878.46669.131103.1.3.02 9352, fls. 02 a 05), superando e desconsiderando a informação errônea de que os alegados direitos creditórios teriam sido anteriormente informados no processo administrativo nº 10070.002269/200221 e, ainda, considerando possíveis efeitos no presente processo do quanto decidido no processo administrativo n° 10070.003151/200210. Desde logo ressalto que não se há de cogitar, no caso concreto, da ocorrência de homologação tácita pelo decurso do prazo quinquenal estabelecido pelo parágrafo 5º do art. 74 da Lei nº 9.430/1996. O despacho decisório a ser proferido pela Derat/RJ não será uma nova decisão, mas tão somente um prosseguimento da análise feita a tempo, mas que não chegou a bom termo por força unicamente da informação equivocada prestada pela própria interessada. Ainda, admitir a homologação tácita equivaleria a permitir que a ora recorrente se beneficiasse de seu próprio erro, o que não condiz com os princípios do direito. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 338DF CARF MF Emitido em 15/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 20/05/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 18471.002773/2003-09
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Nov 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1998
RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA.
A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. Não há paralelo entre o acórdão paradigma e o acórdão recorrido. Os ajustes na base de cálculo para corrigir a periodicidade na apuração de PIS/COFINS (acórdão paradigma) não são aplicáveis ao lançamento de IRPJ/CSLL (acórdão recorrido). Os contextos fáticos distintos justificam as diferentes decisões.
Numero da decisão: 9101-002.474
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura, Demetrius Nichele Macei (suplente convocado) e Marcos Aurélio Pereira Valadão, que conheceram.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Demetrius Nichele Macei (suplente convocado).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201611
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1998 RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA. A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. Não há paralelo entre o acórdão paradigma e o acórdão recorrido. Os ajustes na base de cálculo para corrigir a periodicidade na apuração de PIS/COFINS (acórdão paradigma) não são aplicáveis ao lançamento de IRPJ/CSLL (acórdão recorrido). Os contextos fáticos distintos justificam as diferentes decisões.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 18471.002773/2003-09
anomes_publicacao_s : 201701
conteudo_id_s : 5672717
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9101-002.474
nome_arquivo_s : Decisao_18471002773200309.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
nome_arquivo_pdf_s : 18471002773200309_5672717.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura, Demetrius Nichele Macei (suplente convocado) e Marcos Aurélio Pereira Valadão, que conheceram. (documento assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Demetrius Nichele Macei (suplente convocado).
dt_sessao_tdt : Mon Nov 21 00:00:00 UTC 2016
id : 6614299
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:55:09 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692201619456
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1776; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 2 1 1 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 18471.002773/200309 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101002.474 – 1ª Turma Sessão de 22 de novembro de 2016 Matéria IRPJ Periodicidadde de Apuração Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ASSOCIAÇÃO NÓBREGA DE EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA SOCIAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1998 RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA. A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. Não há paralelo entre o acórdão paradigma e o acórdão recorrido. Os ajustes na base de cálculo para corrigir a periodicidade na apuração de PIS/COFINS (acórdão paradigma) não são aplicáveis ao lançamento de IRPJ/CSLL (acórdão recorrido). Os contextos fáticos distintos justificam as diferentes decisões. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura, Demetrius Nichele Macei (suplente convocado) e Marcos Aurélio Pereira Valadão, que conheceram. (documento assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 27 73 /2 00 3- 09 Fl. 726DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência jurisprudencial relativamente à nulidade do lançamento contido nestes autos, por erro na periodicidade de apuração dos tributos IRPJ/CSLL no anocalendário de 1998. A recorrente insurgiuse contra o Acórdão nº 1201001.166, de 04/03/2015, por meio do qual a 1a Turma Ordinária da 2a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF decidiu, por unanimidade de votos, dar provimento a recurso voluntário apresentado pela contribuinte acima identificada, para fins de cancelar o lançamento fiscal em razão de erro na apuração da base de cálculo dos tributos. O acórdão recorrido contém a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1998 IMUNIDADE. SUSPENSÃO. ERRO NO LANÇAMENTO FISCAL. BASE DE CÁLCULO. LUCRO REAL ANUAL. NULIDADE. O artigo 3º da Lei nº 9.430/96 prescreve que a opção pelo contribuinte quanto à apuração pelo lucro real anual se dá com o pagamento do tributo correspondente ao mês de janeiro do ano calendário. No caso em análise o contribuinte declarou ser imune. Portanto, deveria o fisco apurar o IRPJ e a CSLL do ano de 1998 com base no lucro real trimestral. Não fazendo dessa forma incorre em nulidade o lançamento por erro na base de cálculo. Recurso conhecido e provido. A PGFN afirma que o acórdão recorrido deu à lei tributária interpretação divergente da que tem sido dada em outros processos, especificamente quanto ao cancelamento dos lançamentos de IRPJ e CSLL referentes ao anocalendário de 1998, em razão de vício de nulidade, por erro na periodicidade de apuração dos referidos tributos. Para o processamento de seu recurso, a PGFN desenvolve os argumentos descritos abaixo: de acordo com o acórdão recorrido, os lançamentos de IRPJ/CSLL se deram com base no lucro real anual, quando deveriam se dar em bases trimestrais, havendo, portanto, erro jurídico, que inquina de nulidade por vício substancial o lançamento; DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL a decisão recorrida está em evidente divergência com decisão da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento: Fl. 727DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 4 3 ACÓRDÃO Nº 130200.163 [...] PIS, COFINS, MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. RETIFICAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. POSSIBILIDADE. O fato de a autoridade autuante ter considerado períodos de apuração trimestrais na determinação do montante devido a título de PIS e COFINS, não impede que, em sede de revisão, a autoridade administrativa julgadora retifique as bases de cálculo correspondentes a cada um dos meses de encerramento do referido período de apuração, vez que, concretizada a hipótese de incidência, ainda que disso decorram exações inferiores às que foram consignadas nas peças acusatórias, remanesce o dever do contribuinte de cumprir com a obrigação tributária principal correspondente. [...] diante das teses antagônicas dos acórdãos recorrido e paradigma, no que concerne à possibilidade de revisão/retificação do lançamento efetuado com mero erro do lançamento no que concerne à periodicidade em que o tributo deveria ter sido lançado, não restam dúvidas em relação à divergência jurisprudencial, encontrandose presentes, portanto, os requisitos de admissibilidade do recurso especial; DO MÉRITO a e. câmara a quo, considerando que o Recorrido não foi intimado ou notificado pela fiscalização para que apresentasse a apuração do IRPJ e da CSLL pelo Lucro Real anual, e ainda o fato de que o mesmo se declarou imune para o período de apuração em questão, afirmou que a fiscalização não poderia ter efetuado o lançamento com base no lucro real anual, que os tributos deveriam ter sido apurados com base no lucro real trimestral; há muito o imposto de renda convive com formas de apuração anual e mensal (ou trimestral) do lucro real; a partir da Lei n° 9.430/96, a pessoa jurídica que não cumprisse com as condições para efetuar os pagamentos por estimativa deveria determinar a base de cálculo do IRPJ e da CSLL trimestralmente; o contribuinte que tem o dever de calcular o lucro real pode fazêlo de duas maneiras, trimestralmente ou pelo regime de estimativa. À fiscalização compete velar pela correta apuração do lucro real, respeitando a opção do contribuinte, e, no caso do regime de estimativa, deve verificar se as condições dispostas nos §§ 5° e 6º da Lei n° 8.981/95 foram cumpridas; ocorre que no caso concreto, o contribuinte julgou, erroneamente, que se tratava de entidade imune, não fazendo qualquer opção. Nessa situação, não havia opção do contribuinte pelo regime de estimativa ou pelo lucro real trimestral; a e. câmara a quo aduziu que caberia à fiscalização intimar o contribuinte para que ele manifestasse sua opção por uma das formas de apurar o lucro real; Fl. 728DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 5 4 vejase que, consoante o disposto no art. 3° da Lei n° 9.430/96, não poderia mais o Recorrido, à época da lavratura do auto de infração, optar por uma das formas de apuração do lucro real. Consoante o dispositivo legal, a opção seria manifestada apenas com o pagamento do imposto correspondente, o que, inferese, não ocorreu no presente caso; entendese do voto condutor do acórdão que, inexistente qualquer opção do Recorrido quanto à forma de apuração do lucro real (tanto pelo regime de estimativa quanto pelo lucro real trimestral), a fiscalização poderia somente se valer do lucro real trimestral; a jurisprudência do Primeiro Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais é pacífica e tranqüila no sentido de que o arbitramento de lucros é medida excepcional, e não pode ocorrer quando for possível apurar a efetiva base de cálculo do tributo. E, no caso, há que se aferir se os registros contábeis permitiam ou não que se calculasse o lucro real trimestral; ou seja, a interpretação mais consentânea com as normas aplicáveis ao caso aponta para a conclusão de que na hipótese em que a ausência de uma opção formal por parte do contribuinte leve a um arbitramento que poderia ser evitado, é correto dispensar tal opção, para favorecer o contribuinte e impedir que a medida excepcional seja tomada pela fiscalização; tratase da interpretação mais razoável dos arts. 1° e 2° da Lei n.° 9.430/96 e do art. 47, I, da Lei n.° 8.981/95, para impedir que no caso concreto o contribuinte fosse penalizado com a medida excepcional; os fatos que desencadearam a declaração de nulidade do presente lançamento não foram abarcados pelo art. 59 do Decreto nº 70.235/72; há que se interpretar o art. 59 do Decreto nº 70.235/72 à luz do princípio da instrumentalidade processual, plenamente aplicável ao processo administrativo tributário, que impede seja declarada a nulidade de atos processuais quando não exista prejuízo ao contribuinte; somente importarão em nulidade as irregularidades apontadas no art. 59 do diploma legal acima referido, o que não é a hipótese dos autos, haja vista que a decisão vergastada reconheceu como nulidade eventual equívoco na determinação da matéria tributável, fato este que não se enquadra às hipóteses descritas pelo art. 59 do Decreto nº 70.235/72; esse julgamento vai de encontro aos princípios da economia processual e da instrumentalidade das formas. É de se concluir, por conseguinte, que se aplica a este feito o art. 60 do Decreto 70.235/72, razão pela qual a suposta irregularidade do lançamento não poderá importar em nulidade; considerandose o equívoco na apuração do tributo devido pelo contribuinte e a patente necessidade de revisão, não havendo dúvida quanto à infração imputada ao contribuinte, o presente lançamento se torna necessário, com o intuito de se preservar o direito da Fazenda Pública na constituição do correto montante do crédito tributário; Fl. 729DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 6 5 tratase de mero ato para salvaguardar eventual crédito tributário representado pelo presente lançamento, não havendo razão plausível para de declarar a sua nulidade, se o mesmo pode ser ajustado; portanto, desnecessária e ilegal a anulação do presente lançamento, bastandose sua revisão pela autoridade julgadora, ajustandose a base imponível, até mesmo em sede de execução do julgado, para sanar eventuais equívocos na determinação da matéria tributável; DO PEDIDO requer a FAZENDA NACIONAL seja conhecido e provido o presente recurso especial para reformar o acórdão atacado e declarar a validade do lançamento em relação ao IRPJ, para o anocalendário de 1998, procedendose apenas à revisão do lançamento. Quando do exame de admissibilidade do Recurso Especial da PGFN, o Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do despacho exarado em 21/07/2015, admitiu o recurso especial com base na seguinte análise sobre a divergência suscitada: [...] No tocante ao erro no lançamento fiscal, o voto condutor do acórdão recorrido posicionouse no sentido de que, a fiscalização deveria ter apurado os tributos, IRPJ e CSLL de 1998, e, lançados com base no lucro real trimestral, e não, com base no lucro real anual, tendo em vista que o contribuinte declarou ser imune e não efetuara o pagamento do tributo correspondente ao mês de janeiro do ano calendário como determina o artigo 3º da Lei nº 9.430/96 o qual prescreve que a opção pelo contribuinte quanto à apuração pelo lucro real anual se dá com o mencionado pagamento. [...] De outra banda, segundo o acórdão paradigmático o fato de a autoridade autuante ter considerado períodos de apuração trimestrais em vez de mensais na determinação do montante devido a título de PIS e COFINS, não viciou, de forma insanável, os lançamentos tributários, de sorte que não impede que, em sede de revisão, a autoridade administrativa julgadora retifique as bases de cálculo correspondentes a cada um dos meses de encerramento do referido período de apuração. [...] Como se vê, no acórdão recorrido considerouse que há nulidade material em relação ao IRPJ e CSLL quanto ao critério quantitativo do lançamento, visto que a fiscalização deveria ter apurado os tributos lançados com base no lucro real trimestral e não com apuração anual, em virtude da falta de pagamento do tributo relativo ao mês de janeiro do ano calendário como condição necessário para a apuração anual, conforme previsto no artigo 3º da Lei nº 9.430/96. Fl. 730DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 7 6 Já no acórdão paradigma, prevaleceu o entendimento de que o fato de a autoridade autuante ter considerado períodos de apuração trimestrais na determinação do montante devido a titulo de PIS e COFINS, não impede que, em sede de revisão, a autoridade administrativa julgadora retifique as bases de cálculo correspondentes a cada um dos meses de encerramento do referido período de apuração, cabendo a adequação da base de cálculo ao fato gerador ocorrido. Portanto, nesse julgado, não obstante a indicação incorreta dos períodos de apuração trimestrais, e não mensais, não se considerou o fato como suficiente para a nulidade do lançamento fiscal. O confronto dos fundamentos expressos nos votos condutores dos acórdãos recorrido e paradigma evidencia que a PFN logrou comprovar a ocorrência do alegado dissenso jurisprudencial, no que diz respeito à nulidade ou retificação do lançamento efetuado quanto à periodicidade em que o tributo deveria ter sido lançado. Portanto, demonstrada a divergência jurisprudencial argüida, devese DAR seguimento ao recurso especial da PFN. Antes mesmo de ser formalmente intimada do Acórdão nº 1201001.166, do recurso especial da PGFN, e do despacho que admitiu esse recurso, a contribuinte apresentou em 30/06/2015 as contrarrazões ao referido recurso, com os argumentos descritos a seguir: DA TEMPESTIVIDADE a Recorrida tomou ciência pessoal do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional em 15/06/2015 (mediante solicitação de cópias do processo), iniciando seu prazo para apresentação de contrarrazões no primeiro dia útil seguinte, ou seja, na terçafeira, dia 16/06/2015; o termo final para apresentação de contrarrazões encerrouse no dia 30/06/2015 (terçafeira). Apresentada nesta data é, pois, tempestiva a presente contrarrazões; PRELIMINAR DA INADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL requisito fundamental para a admissibilidade do recurso especial é a demonstração clara da divergência da interpretação dada à lei num caso concreto e em outro; no presente caso, decidiuse que o lançamento de IRPJ e de CSLL realizado contra a Recorrida padece de nulidade, visto que há erro na apuração da base de cálculo do suposto crédito tributário, elemento essencial para sua constituição, nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional; isto porque, ao invés de a autoridade fiscal realizar o lançamento do IRPJ e da CSLL com base no lucro real trimestral, que é a regra, o lançamento foi realizado com base no lucro real anual, sem que, contudo, a Recorrida tivesse feito a opção por tal regime, conforme dispõe o artigo 1º c/c os artigos 2º e 3°, todos da Lei n° 9.430/96; já o acórdão paradigma apresentado pela Fazenda Nacional (AC n° 1302, 00.163), decidiu que o erro na apuração da base de cálculo, naquele caso concreto, não daria Fl. 731DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 8 7 azo à nulidade do lançamento pois "uma vez concretizada a hipótese de incidência em determinado período de apuração, emerge o dever do contribuinte de cumprir com a obrigação tributária principal correspondente, cabendo, se for o caso, a adequação da base de cálculo ao fato gerador"; ocorre que o acórdão paradigma trazido pela Fazenda Nacional diz respeito a erro na apuração base de cálculo de crédito tributário relativo ao PIS e à COFINS, onde a autoridade fiscal, ao invés de lançar os créditos tributários mensalmente, lançouos trimestralmente; está claro que o acórdão paradigma trazido pela Fazenda Nacional trata de situação fática diversa da debatida no v. acórdão recorrido; o acórdão paradigma diz respeito a erro na apuração da base de cálculo do PIS e da COFINS, ao passo que o v. acórdão recorrido trata da apuração de IRPJ e CSLL. Como se sabe, estas contribuições sociais têm como fato gerador "auferir receita" e como base de cálculo, a própria receita, definida como a receita bruta auferida pela pessoa jurídica e todas as demais receitas; nesta linha, a despeito de também discordamos do entendimento exposto no voto condutor do acórdão paradigma, é um pouco mais plausível dizer que apurar equivocadamente a base de cálculo do PIS e da COFINS em períodos trimestrais ao invés de período mensal não influenciaria na caracterização do próprio fato gerador. Uma vez auferida a receita, serão devidos o PIS e a COFINS; já no caso do IRPJ e da CSLL, o fato gerador destes tributos é "auferir lucro" e a base de cálculo é próprio lucro; o lucro tributável pelo IRPJ e pela CSLL é o resultado positivo do confronto entre receitas e despesas num determinado intervalo de tempo, ajustado pelas adições e exclusões previstas em lei; neste caso, ao contrário do que restou consignado no acórdão paradigma, o erro no regime de apuração do lucro real (anual ou trimestral) e, portanto, na base de cálculo do IRPJ e da CSLL, fulmina a certeza sobre o próprio fato gerador dos tributos, visto que, se em bases anuais, conforme o lançamento combatido, a Recorrida teria apurado lucro, isso não significa que, em bases trimestrais, o mesmo teria ocorrido; constatase que o contexto fático do acórdão paradigma é claramente diverso do contexto fático do caso vertente, o que impossibilita comparar a aplicação da legislação tributária num caso e no outro; ressaltese que a Câmara Superior de Recursos Fiscais tem entendimento firme pela inadmissibilidade do recurso especial quando o contexto fático do acórdão paradigma é diferente do contexto do acórdão recorrido (ementas transcritas); a Recorrida transcreve, ainda, trecho do voto do conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, no julgamento do acórdão nº 9202003.045, pela 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que entende que não há que se falar na aplicação de critérios jurídicos diferentes quando as situações fáticas analisadas nos acórdãos (recorrido e paradigma) são distintas (transcrição contida nas contrarrazões); Fl. 732DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 9 8 como se vê, diante da jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais, não se pode admitir que um acórdão que trate da apuração do PIS e da COFIN, ou seja, tributos que possuem fatos geradores e bases de cálculo distintas do IRPJ e da CSLL, seja utilizado como paradigma, sob pena de se aplicar o mesmo critério jurídico a situações fáticas completamente distintas; ademais, como restará demonstrado no próximo tópico, nos casos com situações fáticas muito próximas à da Recorrida erro na apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL em decorrência de erro no regime de apuração o entendimento do CARF demonstrase em consonância com o acórdão recorrido, isto é, pela nulidade material do lançamento; portanto, inexistente a alegada divergência de "interpretação" da legislação tributária, a Recorrida entende que deve ser inadmitido, de plano, o recurso especial da Fazenda Nacional, conforme entendimento pacificado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais; DIREITO DA NULIDADE DO LANÇAMENTO EM DECORRÊNCIA DE ERRO NO REGIME DE APURAÇÃO DO IRPJ E DA CSLL ERRO MATERIAL INSANÁVEL NA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO na remota hipótese de o recurso especial da Fazenda Nacional ser admitido, o que se admite apenas para fins de argumentação, é certo que não merece ser provido, conforme se passa a demonstrar; como já esclarecido, a fiscalização pretendeu a exigência do IRPJ e da CSLL calculados com base no regime de apuração anual, conforme se infere do campo "fato gerador" dos autos de infração. No entanto, a regra geral prevista na legislação é o da apuração trimestral do IRPJ e da CSLL, nos termos do artigo 1° da Lei n° 9.430/96; opcionalmente, pode o contribuinte voluntariamente apurar o IRPJ e a CSLL com base no regime de apuração anual, mas, nessa hipótese, deve efetuar o recolhimento mensal por estimativa. É o que dispõe o artigo 2° da Lei n° 9.430/96; importante ressaltar que a adoção de uma dessas sistemáticas é irretratável para todo o anocalendário, de forma que na apuração anual, a opção é manifestada com o pagamento do imposto correspondente ao mês de janeiro do respectivo anocalendário, conforme artigo 3° da Lei nº 9.430/96; portanto, restando assente que a regra geral prevista na legislação é a apuração trimestral, a ausência do recolhimento de estimativa de janeiro leva, necessariamente, à aplicação dessa sistemática; no caso dos autos, considerando que a Recorrida sempre foi destinatária da imunidade tributária (e continua sendo), evidentemente ela não fez qualquer opção pelo regime de apuração anual do IRPJ e da CSLL. Inclusive, essa ausência de opção pela tributação com base no lucro real, seja trimestral seja anual, foi devidamente demonstrada e comprovada em petição protocolizada nos autos do presente processo; assim, é evidente que, consoante determina a Lei n° 9.430/96, a autoridade fiscal deveria obedecer à regra geral quando da lavratura do auto de infração, isto é, efetuar a Fl. 733DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 10 9 apuração do IRPJ e da CSLL do anocalendário de 1998 de forma apartada por trimestre, seja a partir da escrituração contábil e de informações prestadas pela Recorrida ou mesmo através de arbitramento do lucro, evitando, assim, eventuais distorções causadas pelo regime de apuração anual. Esse, contudo, não foi o procedimento adotado pela fiscalização; ressaltese que a própria Fazenda Nacional, em seu recurso especial, reconhece a ausência de opção da Recorrida pelo lucro real anual; a Fazenda Nacional afirma claramente (i) que a Recorrida não havia feito qualquer opção pela tributação pelo lucro real anual ou trimestral e (ii) que tal opção já não poderia ser feita quando da lavratura do auto de infração, visto que a opção pela regra de exceção lucro real anual se dá com o pagamento do imposto por estimativa mensal devido em janeiro; destas afirmações, que não merecem reparo, a conclusão lógica frente à legislação já aqui apresentada seria de que a fiscalização apenas poderia ter efetuado o lançamento com base na apuração do lucro real trimestral já que esta, como já demonstrado, é a regra e o lucro real anual, a exceção; de forma incoerente, a Fazenda Nacional utilizase das premissas acima para concluir que, diante da ausência de opção feita pela contribuinte, a aplicação da apuração do IRPJ e da CSLL em base anual mostrouse como uma alternativa para evitar o arbitramento do lucro, opção esta que seria mais onerosa para a Recorrida; tal argumento não ratifica a errônea conduta adotada pela fiscalização. Isto porque, ainda que o lançamento fosse feito com base no lucro arbitrado, ainda assim este o seria em períodos trimestrais, tal como dispõe o artigo 27, inciso I, c/c artigo 1°, ambos da Lei n° 9.430/96; portanto, seja com base no lucro real, seja com base no lucro arbitrado, o período de apuração de eventual crédito tributário de IRPJ e, reflexamente, de CSLL, sempre seria trimestral e nunca anual, já que não houve o pagamento de qualquer estimativa mensal; nesta linha, a autoridade fiscal, no caso concreto, teria apenas duas opções: (i) se entendesse que a Recorrida possuía escrituração contábil e fiscal regular, verificar a apuração do lucro real em bases trimestrais e, se for o caso, efetuar o lançamento nestes termos ou (ii) se entendesse que a Recorrida não possuía escrituração contábil e fiscal regular, lançar o crédito tributário de IRPJ e CSLL com base no lucro arbitrado, também em períodos trimestrais; assim, tendo a autoridade fiscal realizado o lançamento com base no lucro real anual, contrariando claramente a legislação de regência, esta incorreu em gravíssimo erro na apuração da base de cálculo, o que fulmina a validade do lançamento por inobservância ao artigo 142 do Código Tributário Nacional; nessas hipóteses, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais vem reconhecendo a nulidade do lançamento (ementas transcritas); e não poderia ser diferente, na medida em que o artigo 142 do Código Tributário Nacional, ao tratar do lançamento tributário, expressamente prevê que se trata de Fl. 734DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 11 10 atividade vinculada, a qual deve seguir alguns procedimentos, dentre eles, o correto cálculo do montante do tributo devido; inclusive, cabe destacar que, em todas as hipóteses, ainda que diversas da presente, em que há a constatação de que o lançamento implicou em violação de qualquer das atividades previstas no artigo 142 do Código Tributário Nacional (verificar a ocorrência do fato gerador, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e propor a aplicação da penalidade cabível), este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de forma pacífica, reconhece a nulidade material do lançamento (ementas transcritas); do mesmo modo, não deve prosperar o argumento da Fazenda Nacional de que o erro na base de cálculo não seria fundamento para a nulidade do lançamento por não estar previsto no artigo 59 do Decreto n° 70.235/72; no mínimo, essa é uma interpretação bastante limitada dos vícios que podem acarretar a nulidade do ato administrativo; em se tratando de nulidades absolutas, ainda que não previstas no artigo 59 do Decreto n° 70.235/72, não há como se admitir a manutenção do ato administrativo viciado, sob pena de cometimento de outra ilegalidade, que afeta diretamente o interesse público; as nulidades não correspondem apenas àquelas previstas nos incisos I e lI do artigo 59 do Decreto n° 70.235/72, mas incluem ainda outras hipóteses de nulidades, como o caso dos vícios materiais presentes no ato do lançamento; portanto, não estar o "erro na apuração da base de cálculo" elencado como causa de nulidade no artigo 59 do Decreto n° 70.235/72, não significa que o lançamento não deverá ser declarado nulo por esta razão; aliás, o erro na apuração da base de cálculo é, evidentemente, um erro de natureza material, relacionado à própria validade e à incidência da lei e que, portanto, viola o artigo 142 do Código Tributário Nacional, configurando uma nulidade absoluta; verificase, assim, que todos os argumentos apresentados pela Fazenda Nacional devem restar improvidos, sendo de rigor a manutenção integral do acórdão recorrido; SUBSIDIARIAMENTE NECESSIDADE DE ANÁLISE DOS DEMAIS ARGUMENTOS DO RECURSO VOLUNTÁRIO na hipótese de não serem acatados os argumentos anteriores, o que se admite apenas para fins de argumentação, cabe esclarecer que a Recorrida, em seu recurso voluntário, argüiu ainda: (i) a impossibilidade de exigência do IRPJ e da CSLL com base no superávit por ela verificado, sem que haja a efetiva apuração do lucro real; e (ii) a ineficácia do Ato Declaratório n° 05G de 2003, que pretendeu a suspensão de sua imunidade tributária, para fundamentar a exigência de CSLL. Fl. 735DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 12 11 ambos os argumentos, contudo, deixaram de ser apreciados pela Turma Julgadora deste Egrégio Conselho por restarem superados em decorrência da declaração de nulidade material do lançamento; caso, no entanto, essa Egrégia Turma entenda que não se verificou tal nulidade, o que, repitase, admitese apenas para fins de argumentação, tais argumentos devem ser apreciados, sob pena de cerceamento do seu direito de defesa; IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA DO IRPJ E DA CSLL COM BASE NO SUPERÁVIT quanto à impossibilidade de exigência do IRPJ e da CSLL com base no superávit por ela verificado, sem que haja a efetiva apuração do lucro real, a Recorrida demonstrou que, na qualidade de associação beneficente sem fins lucrativos, apura déficit ou superávit de acordo com os ingressos e despesas, consoante normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Contabilidade CFC (NBCT 10.19). À evidência, tais conceitos não podem ser confundidos com prejuízo ou lucro líquido, dada a natureza jurídica particular de cada instituto, assim como em razão dos ajustes previstos na legislação comercial e fiscal para a apuração do lucro líquido; não obstante, conforme se infere às fIs. 178 do processo administrativo n° 18471.000221/200277, a autoridade fiscal utilizouse da apuração do "superávit" apresentado pela Recorrida, referente ao anocalendário de 1998, o qual foi elaborado com observância das disposições atinentes às entidades sem fins lucrativos e que permanece registrado em seus livros contábeis, como um suposto "lucro", a fim de constituir o crédito tributário, ao qual denomina "Resultados Operacionais Não Declarados"; todavia, o superávit das entidades sem fins lucrativos não traduz o conceito de lucro real passível de tributação pelo IRPJ e pela CSLL, sistemática que requer a elaboração de demonstrações financeiras segundo as leis comerciais e fiscais, não havendo como equiparar os superávits apurados na escrituração das entidades imunes com o lucro. A esse respeito, cabe ressaltar que a jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais já reconheceu a ilegitimidade de se utilizar o superávit como base de calculo do IRPJ e da CSLL (CSRF Acórdão nº 010100.605, ementa transcrita); resta claro que o superávit não se confunde com o lucro líquido, de forma que a autoridade autuante não poderia utilizar o superávit apurado pela Recorrida como base de cálculo do IRPJ e da CSLL; inclusive, a esse respeito, quando da análise do caso, o conselheiro relator do acórdão recorrido chegou a manifestar o seu entendimento de que não seria correto utilizar o superávit como lucro real para fins de apuração do IRPJ e da CSLL, mas que essa questão, não obstante, estava superada em razão da nulidade do lançamento; caso seja ultrapassada a nulidade já declarada, essa matéria deve ser apreciada; INEFICÁCIA DO ATO DECLARATÓRIO N° 05G DE 2003 PARA FUNDAMENTAR A EXIGÊNCIA DE CSLL Fl. 736DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 13 12 o auto de infração foi lavrado para a cobrança de débitos de IRPJ e de CSLL do anocalendário de 1998, após a suspensão da imunidade em relação ao IRPJ veiculada pelo Ato Declaratórion° 05G de 2003; é fácil constatar que o referido Ato Declaratório não é eficaz para fins de CSLL, ou seja, não importa em suspensão da imunidade tributária da Recorrente em relação à CSLL; a própria autoridade julgadora de primeira instância já havia observado esse fato (transcrição contida nas contrarrazões); apesar disso, a autoridade julgadora deixou de reconhecer a nulidade do auto de infração de CSLL, sob a alegação de que esse ,lançamento seria reflexo do lançamento principal de IRPJ, de modo que, suspensa a imunidade para o IRPJ, não poderia a fiscalização, de ofício, deixar de fora do campo de incidência tributária o lançamento decorrente (CSLL); mas a regra de decorrência da CSLL em relação ao IRPJ verificase apenas em relação às normas de apuração e de pagamento desses tributos, o que não é a hipótese ora analisada, que diz respeito à aplicação de uma imunidade tributária; e nem poderia haver uma regra de decorrência em relação a essa matéria de imunidade, visto que, em se tratando de imunidade tributária, a norma de concessão deve estar prevista na Constituição Federal, sendo que a Constituição Federal de 1988 traz regra de imunidade específica para cada um desses tributos. Enquanto a imunidade do IRPJ está prevista no artigo 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição Federal, a segunda encontra fulcro no artigo 195, parágrafo 7°, da Constituição Federal. Inclusive, os requisitos legais extrínsecos para fruição dessas imunidades também são distintos, encontrando suporte legal diverso; portanto, ao suspender a imunidade tributária para fins de IRPJ em razão do não atendimento aos requisitos específicos para sua fruição, evidentemente não se pode chegar à mesma conclusão de que os requisitos para fruição da imunidade tributária da CSLL não teriam sido atendidos; ao analisar esse tema, o conselheiro relator do acórdão recorrido, mais uma vez, reconheceu a procedência do argumento da Recorrida, destacando que a suspensão da sua imunidade foi reconhecida apenas quanto ao IRPJ, não fazendo qualquer menção à CSLL, sendo certo, inclusive, que o fundamento legal para a suspensão da referida imunidade (artigo 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição Federal) não se aplicaria à CSLL; logo, também por essa razão deve ser reconhecida a nulidade do lançamento de CSLL; DO PEDIDO diante o exposto, a Recorrida requer não seja conhecido o recurso especial da Fazenda Nacional, uma vez que o acórdão paradigma apresentado traz situação fática completamente distinta da discutida nestes autos, o que, considerando o entendimento pacífico desta Corte, impede o seu prosseguimento; caso, contudo, o recurso especial da Fazenda Nacional seja conhecido, a Recorrida requer seu integral desprovimento, tendo em vista a efetiva nulidade material do Fl. 737DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 14 13 lançamento que pretende a exigência do lucro real com base na apuração anual, quando a regra estabelece a apuração trimestral; subsidiariamente, caso o recurso especial da Fazenda Nacional seja conhecido e seja superada a referida nulidade, seja negado provimento a esse recurso, visto que o lançamento encontrase, ainda, eivado de nulidade pelas seguintes razões: (i) impossibilidade de exigência do IRPJ e da CSLL com base no superávit, sem que haja a efetiva apuração do lucro real; e (ii) ineficácia do Ato Declaratório nº 05G de 2003 para fundamentar a exigência de CSLL. É o relatório. Fl. 738DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 15 14 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. O presente processo tem por objeto lançamento a título de IRPJ e CSLL sobre fatos geradores ocorridos no anocalendário de 1998. A apuração dos tributos se deu com base no lucro real anual. A controvérsia que chega a essa fase de recurso especial diz respeito à divergência jurisprudencial relativamente à nulidade do lançamento por erro na periodicidade de apuração desses tributos. De acordo com o acórdão recorrido, a autoridade fiscal, ao suspender a imunidade da contribuinte, deveria ter realizado o lançamento pelo lucro real trimestral, que é a regra geral prevista nos arts. 1º e 2º da Lei nº 9.430/1996, e não pelo lucro real anual. A PGFN pretende reverter essa decisão, indicando paradigma que, diante de uma situação semelhante, ou seja, de erro na periodicidade de apuração de tributos (no caso, PIS e COFINS), não cancelou o lançamento por vício de nulidade, mas apenas retificou as bases de cálculo. Em sede de contrarrazões, a contribuinte apresenta preliminar de não conhecimento do recurso. Realmente, as situações examinadas pelas decisões cotejadas (acórdão recorrido e acórdão paradigma) não são idênticas, mas cabe verificar em que medida as diferenças entre essas situações comprometem a caracterização de divergência jurisprudencial a ser dirimida por processamento de recurso especial. O acórdão recorrido cancelou lançamento de IRPJ/CSLL pelo lucro real anual, entendendo que a autuação fiscal deveria ter sido realizada pelo lucro real trimestral, que é a regra geral para a apuração desses tributos. O acórdão paradigma, por sua vez, tratou de lançamento de PIS e COFINS realizado por períodos trimestrais, enquanto a lei estabelece períodos mensais para a apuração dessas contribuições. No caso do paradigma, a decisão do CARF não cancelou o lançamento por vício de nulidade, mas apenas retificou as bases de cálculo, de acordo com os meses correspondentes ao momento em que a autoridade fiscal considerou ocorrido o fato gerador: Considerouse, na linha aqui esposada, que, não obstante a indicação incorreta dos períodos de apuração, cada um dos meses correspondentes ao momento em que a autoridade fiscal considerou ocorrido o fato gerador, efetivamente era indicativo de tal ocorrência, porém, em montantes inferiores aos apontados nas peças acusatórias, eis que ali estavam Fl. 739DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 16 15 incluídas receitas que correspondiam a meses distintos do indicado como sendo o correspondente à concretização da hipótese de incidência. O entendimento lá manifestado foi no sentido de que, como o auto de infração apontava a ocorrência de fatos geradores em março, junho, setembro e dezembro (períodos trimestrais), seria possível manter a autuação para esses meses, apenas ajustando a base de cálculo para que ela representasse o faturamento do mês indicado no auto de infração, e não do trimestre. Não se desconhece que cada tributo tem uma regra específica que define seu período de apuração. Mas a divergência aqui, da forma como foi suscitada pela PGFN, não repousa sobre a aplicação de uma dessas regras específicas do IRPJ, do PIS, ou de qualquer outro tributo. A divergência, nesse caso, se daria em relação à conseqüência pela não observância da periodicidade legal para a apuração do tributo (de qualquer tributo). O acórdão recorrido entendeu que a não observância da regra de periodicidade para o IRPJ/CSLL implicou na nulidade do lançamento por vício material, enquanto que o paradigma não decretou a nulidade da autuação de PIS/COFINS, mas apenas retificou as bases de cálculo, de acordo com os meses correspondentes ao momento em que a autoridade fiscal considerou ocorrido o fato gerador. O problema para a caracterização da alegada divergência é que não há como comparar ajustes na base de cálculo das contribuições PIS/COFINS com ajustes na base de cálculo de IRPJ/CSLL. Os ajustes feitos no paradigma não são aplicáveis ao acórdão recorrido. No caso de lançamento de PIS/COFINS, havendo indicação do faturamento de cada mês que compõem um determinado trimestre, o ajuste da base de cálculo trimestral para base de cálculo mensal é operação simples, plenamente viável na atividade de revisão pela autoridade julgadora, mediante simples exclusão dos valores excedentes. O mesmo tipo de ajuste não pode ser feito para IRPJ/CSLL, que incidem sobre uma base de cálculo bem mais complexa. No caso de IRPJ/CSLL, transformar uma apuração anual em apuração trimestral implica em novo trabalho de auditoria fiscal, que muito ultrapassa os limites da atividade revisional dos órgãos julgadores. A própria argumentação desenvolvida pela PGFN em seu recurso denota esse problema. É que a PGFN, embora tenha trazido paradigma que considerou adequado e possível fazer pequenos ajustes na base de cálculo de PIS/COFINS para corrigir a periodicidade na apuração dessas contribuições, defende, no caso do acórdão recorrido, uma linha de argumentação que só se viabiliza pela manutenção integral do lançamento. De acordo com a PGFN, a fiscalização tomou a providência mais consentânea com as normas aplicáveis ao caso, o que tornaria dispensável a opção formal do contribuinte pelo regime de tributação anual (que foi o adotado pela fiscalização). Fl. 740DF CARF MF Processo nº 18471.002773/200309 Acórdão n.º 9101002.474 CSRFT1 Fl. 17 16 Ao final do recurso, a PGFN apresenta um pedido subsidiário de revisão/ ajuste no lançamento de IRPJ/CSLL, para sanar "eventuais equívocos" na determinação da matéria tributável, o que dá uma idéia de proximidade/semelhança entre os casos cotejados. Mas ela não dá nenhum esclarecimento de como fazer esse ajuste no âmbito de apuração do lucro real. O que ela defende mesmo é a manutenção integral do lançamento (pelo lucro real anual), e não é esse o sentido do acórdão paradigma apresentado. A própria PGFN indica que os registros contábeis não permitiram que se calculasse o lucro real trimestral. E se isso não era possível de ser realizado na fase de auditoria fiscal, menos ainda é na atividade revisional do órgão julgador, mediante pequenos ajustes na base de cálculo para compatibilizála com o período de apuração previsto na lei. A argumentação desenvolvida pela PGFN em seu recurso denota que a caracterização da divergência que ela pretendeu suscitar dependeria da apresentação de paradigma que mantivesse a apuração pelo lucro real anual (em vez do lucro real trimestral, ou do lucro arbitrado), mesmo o contribuinte não tendo feito opção por essa forma de tributação. Não é disso que trata o paradigma. O paradigma realizou pequenos ajustes na base de cálculo para corrigir a periodicidade na apuração de PIS/COFINS, procedimento que não é aplicável ao lançamento de IRPJ/CSLL. Não há paralelo entre o acórdão paradigma e o acórdão recorrido que permita a caracterização de divergência a ser sanada mediante processamento de recurso especial. Os contextos fáticos distintos justificam as diferentes decisões. Desse modo, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso especial da PGFN. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 741DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.904221/2009-17
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/04/2001
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.086
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201606
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 30/04/2001 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 13888.904221/2009-17
anomes_publicacao_s : 201608
conteudo_id_s : 5621150
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9303-004.086
nome_arquivo_s : Decisao_13888904221200917.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
nome_arquivo_pdf_s : 13888904221200917_5621150.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
id : 6468407
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:51:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692210008064
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1926; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13888.904221/200917 Recurso nº 1 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303004.086 – 3ª Turma Sessão de 07 de junho de 2016 Matéria PIS/COFINS. Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente CRISTINA APARECIDA FREDERICH & CIA LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/04/2001 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 42 21 /2 00 9- 17 Fl. 268DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904221/200917 Acórdão n.º 9303004.086 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3303002.508, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 269DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904221/200917 Acórdão n.º 9303004.086 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 270DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904221/200917 Acórdão n.º 9303004.086 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 271DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904221/200917 Acórdão n.º 9303004.086 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 272DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904221/200917 Acórdão n.º 9303004.086 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 273DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904221/200917 Acórdão n.º 9303004.086 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 274DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904221/200917 Acórdão n.º 9303004.086 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 275DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10930.903576/2012-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do Fato Gerador: 02/12/2005
COFINS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas.
COFINS - IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO.
Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.547
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(Assinado com certificado digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201612
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do Fato Gerador: 02/12/2005 COFINS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. COFINS - IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jan 12 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10930.903576/2012-25
anomes_publicacao_s : 201701
conteudo_id_s : 5671639
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jan 12 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-003.547
nome_arquivo_s : Decisao_10930903576201225.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ANTONIO CARLOS ATULIM
nome_arquivo_pdf_s : 10930903576201225_5671639.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
dt_sessao_tdt : Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
id : 6609666
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:55:00 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692232028160
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1761; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10930.903576/201225 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3402003.547 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de dezembro de 2016 Matéria COFINS PEDIDO DE RESTITUIÇÃO Recorrente WYNY DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE COUROS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do Fato Gerador: 02/12/2005 COFINS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. COFINS IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 35 76 /2 01 2- 25 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10930.903576/201225 Acórdão n.º 3402003.547 S3C4T2 Fl. 3 2 Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Trata os presentes autos de Pedido de Restituição (PER), por meio do qual a Recorrente solicita a restituição do crédito decorrente do pagamento de COFINS IMPORTAÇÃO. No Despacho Decisório, a autoridade competente da DRF em Londrina/PR, indeferiu o pleito da interessada, uma vez que o DARF informado como origem do crédito estava integralmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, "não restando crédito disponível para restituição". Inconformada com a decisão proferida, a empresa apresentou manifestação de inconformidade na qual esclarece tratarse de pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi. Consigna que a Lei nº 10.865/2004 instituiu as contribuições do PIS e da COFINS sobre a importação de bens e serviços, mas não foi clara em relação à incidência sobre as quantias remetidas ao exterior a representantes comerciais a título de comissões sobre vendas, o que fez com que a Recorrente optasse por recolher as contribuições sobre essas operações. Entretanto, a Receita Federal do Brasil, em resposta a diversas consultas (cita duas), passou a vazar o entendimento de que as comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior, não estão sujeitas à incidência do PIS e da COFINS Importação. Isso porque, anota a Recorrente, essas operações não configuram hipótese de serviços prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Assim, uma vez ter efetuado o pagamento de tributo indevido, tem o direito à restituição na forma prevista no art. 165 do Código Tributário Nacional CTN, devidamente corrigido pela taxa SELIC, conforme prescreve a Lei nº 9.250, de 1995, "ainda que informado o débito em DCTF". Sobreveio, então, o Acórdão nº 06045.918, da DRJ em Curitiba (PR), negando provimento à Manifestação de Inconformidade. Irresignada com a referida decisão, foi interposto o presente recurso voluntário, cujas razões, em suma, são as seguintes: (i) diferente do que entendeu a autoridade julgadora, a empresa recorrente comprovou ser pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi; (ii) que demonstrou que a Lei n° 10.865, de 2004, que instituiu as contribuições ao PIS/Pasep e COFINS sobre a importação de bens e serviços, não foi clara ao determinar a incidência sobre as quantias pagas, ou remetidas ao exterior, a representantes comerciais domiciliados no exterior a título de comissões sobre vendas; Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10930.903576/201225 Acórdão n.º 3402003.547 S3C4T2 Fl. 4 3 (iii) para não sofrer sanções, optou por recolher as contribuições sobre as quantias remetidas ao exterior (para representantes domiciliados no exterior) incidentes sobre comissões sobre vendas, conforme (DARF's) apresentados; (iv) ocorre que, posteriormente, a própria RFB, através de inúmeras respostas a Soluções de Consultas, passou a definir que as "comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior não estão sujeitas à incidência da COFINS/PISImportação", por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Reproduz algumas dessas Solução de Consulta. (v) que o processo administrativo sempre deve buscar a verdade real ou material relativa aos fatos tributários, em decorrência da estrita legalidade tributária, que devem nortear todos os atos da administração fiscal. Com isto, não basta simplesmente argumentar que "prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido", para negar a existência do direito creditório; (vi) frisa que os erros contidos em declaração podem e devem ser retificados de ofício, por força da estrita legalidade tributária e nos moldes do art. 147, § 2º do CTN. (vii) que seja reconhecido que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis em valores devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95; (viii) requer que seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova ou esclarecimento de dúvidas relativas aos fatos trazidos neste processo. À vista do exposto, espera e requer seja julgado integralmente procedente o presente recurso, a fim de que seja reconhecido o direito creditório e assegurada a restituição das quantias recolhidas indevidamente. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.529, de 13 de dezembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10930.903656/201281, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.529): Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10930.903576/201225 Acórdão n.º 3402003.547 S3C4T2 Fl. 5 4 Emerge do relatado, que o objeto do pedido de ressarcimento tem como fundamento o indébito de PIS/Pasep sobre comissão de venda paga a representantes comerciais residentes/domiciliados no exterior. No referido Despacho Decisório restou consignado que, "(...) A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição". Consta dos autos que o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. Ou seja, ao que tudo indica, o contribuinte não retificou a DCTF no que pertine ao pleito em questão, por isso a conclusão do despacho decisório vestibular que o valor sob pedido de ressarcimento foi "integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte". Por outro lado, a Recorrente tenta demonstrar em seu recurso, que não há incidência de contribuições para o PIS Importação sobre remessas realizadas para o exterior para pagamento de comissões à agentes no exterior a título de comissões ali realizadas, por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique, e que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis e em montantes devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95. Tudo com base na Lei nº 10.865, de 2004 e Soluções de Consultas emitidas pela RFB que cita. Contudo, se de um lado a decisão recorrida tenha asseverado que "(...) como se vê uma das hipóteses de ocorrência do fato gerador das contribuições ao PIS e a COFINS, sobre importação de serviços, é a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação pelo serviço prestado", como alega a peticionante, por outro giro, deixou patente que o ônus da prova quanto ao indébito seria da ora Recorrente, nos seguintes termos: "(...) Mas, para a verificação se os valores remetidos ao exterior atendem às condições estabelecidas em lei para a incidência das contribuições sobre a importação de serviços ou, não se caracterizando o fato gerador da obrigação tributária, há, de fato, o indébito reclamado pela interessada, é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. Ocorre que, no presente caso, prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido. Nesse sentido, é bom lembrar que não se permite, depois de iniciado qualquer procedimento fiscal, que seja retificada declaração quando vise a reduzir ou a excluir tributo, a não ser mediante a comprovação do erro em que se funde. É o que Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10930.903576/201225 Acórdão n.º 3402003.547 S3C4T2 Fl. 6 5 determina o art. 147, § 1º, da Lei nº 5.172, de 25/10/1966. E, como visto, o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. (sublinhei) E conclui a decisão a quo: "(...) Assim, instaurado o contencioso administrativo, as alegações quanto ao suposto crédito decorrente de recolhimento indevido ou a maior, como no caso em análise, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da contribuinte. Dessa forma, uma vez que a conclusão emitida pela autoridade administrativa teve como pressuposto as informações prestadas pela própria interessada em declarações fiscais válidas a produzir efeitos na data da emissão do Despacho Decisório e não havendo prova hábil que contrarie as informações prestadas espontaneamente, demonstrando o pagamento indevido do tributo, é de se manter o indeferimento da restituição pleiteada". Portanto, a lide se resume na questão de atendimento de condições estabelecidas em lei e provas documentais trazidos aos autos, pois para o deslinde do litígio é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, mormente quando o pedido versa sobre suposto pagamento indevido. No caso em análise, por se tratar de pedido de restituição, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da recorrente. Documentação essa, frisese, de posse da recorrente por determinação legal, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. É de conhecimento que a regra fundamental do sistema processual adotado pelo legislador nacional, quanto ao ônus da prova, encontrase cravada no art. 373 do novo Código de Processo Civil, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída para o Fisco quando realiza o lançamento tributário e para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10930.903576/201225 Acórdão n.º 3402003.547 S3C4T2 Fl. 7 6 E, no presente caso, é fato que prova alguma foi trazida aos autos pela Recorrente que comprovem que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora ela tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, quer na impugnação, quer agora na fase recursal. Demais disso, o fundamento da decisão recorrida foi justamente este, qual seja, a falta de prova. Mas, contrariando os ditames do ônus da distribuição da prova para provar fato constitutivo de seu direito, insiste que "seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova". Ora, se toda a documentação para provar o direito que alega está em seu poder, deveria ter a Recorrente produzido tal prova quando da manifestação de inconformidade, ou mesmo em sede de recurso voluntário, o que não ocorreu. Diante desse quadro, entendo que a decisão da DRJ é merecedora de ser mantida pelos seus próprios fundamentos. Conclusão Assim, concluo que por falta de prova hábil acostadas nos autos, ônus seu de produzir, deve ser negado seu pleito. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 61DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10855.720043/2008-73
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00.
A partir do exercício de 2001, tornou-se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolizado junto ao Ibama.
ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO ECOLÓGICA. COMPROVAÇÃO.
Além da apresentação do ADA, é requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural referente à área de preservação ecológica a apresentação de ato declaratório de órgão competente, federal ou estadual. Hipótese em que inexiste tal ato quanto à área objeto de glosa.
Numero da decisão: 9202-004.577
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deu provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra. Julgamento iniciado em 27/10/2016 e concluído dia 24/11/2016.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercicio
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201611
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2004 ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. A partir do exercício de 2001, tornou-se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolizado junto ao Ibama. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO ECOLÓGICA. COMPROVAÇÃO. Além da apresentação do ADA, é requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural referente à área de preservação ecológica a apresentação de ato declaratório de órgão competente, federal ou estadual. Hipótese em que inexiste tal ato quanto à área objeto de glosa.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10855.720043/2008-73
anomes_publicacao_s : 201701
conteudo_id_s : 5673534
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9202-004.577
nome_arquivo_s : Decisao_10855720043200873.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 10855720043200873_5673534.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deu provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra. Julgamento iniciado em 27/10/2016 e concluído dia 24/11/2016. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercicio (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Thu Nov 24 00:00:00 UTC 2016
id : 6621045
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:55:14 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692243562496
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1564; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 725 1 724 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10855.720043/200873 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9202004.577 – 2ª Turma Sessão de 24 de novembro de 2016 Matéria ITR Recorrente COMPANHIA BRASILEIRA DE ALUMÍNIO Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. A partir do exercício de 2001, tornouse requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolizado junto ao Ibama. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO ECOLÓGICA. COMPROVAÇÃO. Além da apresentação do ADA, é requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural referente à área de preservação ecológica a apresentação de ato declaratório de órgão competente, federal ou estadual. Hipótese em que inexiste tal ato quanto à área objeto de glosa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencida a Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deu provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 72 00 43 /2 00 8- 73 Fl. 725DF CARF MF Processo nº 10855.720043/200873 Acórdão n.º 9202004.577 CSRFT2 Fl. 726 2 Votaram pelas conclusões os Conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra. Julgamento iniciado em 27/10/2016 e concluído dia 24/11/2016. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercicio (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 2201002.350, prolatado pela 1a. Turma Ordinária da 2a. Câmara da 2a Seção deste CARF, na sessão plenária de 19 de março de 2014 (efls. 590 a 600). Ali, por unanimidade de votos, rejeitouse a preliminar e, no mérito, deuse parcial provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e decisão a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 PROVA PERICIAL. INDEFERIMENTO. LIVRE CONVICÇÃO DO JULGADOR. CERCEAMENTO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Nos termos do artigo 29, do Decreto nº 70.235/1972, a autoridade julgadora de primeira instância, na apreciação das provas, formará livremente sua convicção, podendo indeferir o pedido de perícia que entender desnecessário. Não se configura cerceamento do direito de defesa o indeferimento do pedido de perícia. ITR. ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA). REQUISITOS. Para efeito de exclusão do ITR, somente serão aceitas como Área de Proteção Ambiental aquelas assim declaradas, em caráter especifico, mediante ato específico da autoridade competente, estadual ou federal, conforme o caso. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO. Comprovada por meio de laudo técnico, devese reconhecer a área de preservação permanente, corretamente indicada pela autoridade julgadora de primeira instância. ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO MANTIDO. Fl. 726DF CARF MF Processo nº 10855.720043/200873 Acórdão n.º 9202004.577 CSRFT2 Fl. 727 3 Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base no VTN/ha apontados no SIPT, exigese que o Laudo Técnico de Avaliação, emitido por profissional habilitado, atenda aos requisitos essenciais das Normas da ABNT (NBR 14.6533),demonstrando, de forma inequívoca, o valor fundiário do imóvel, bem como, a existência de características particulares desfavoráveis em relação aos imóveis circunvizinhos. Decisão: por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para acrescentar à Área de Preservação Permanente APP aceita pela Fiscalização o montante de 184,47 hectares. Enviados os autos à contribuinte, para fins de ciência, ocorrida em 24/07/2014 (efl. 621), esta apresentou, em 07/08/2014 (efl. 623), Recurso Especial (efls. 623 a 649 e anexos), com fulcro no art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal. Embora contivesse o pleito da recorrente alegações de divergência interpretativa quanto a três diferentes matérias, restou admitido tão somente quanto ao reconhecimento da área de 7.060,90 ha declarada como de preservação permanente (Área de Proteção Ambiental de Itupararanga), conforme exame de admissibilidade de efls. 700 a 709. Quanto à matéria admitida, alegase, no pleito, divergência em relação ao decidido pela 2a. Turma Ordinária da 1a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento deste CARF, através do Acórdão 2102001.848, prolatado em 12 de março de 2012, e, ainda, em relação ao decidido pela mesma Turma na mesma data, agora através do Acórdão 2102001.849, cujas ementas e decisões encontramse a seguir transcritas: Acórdão 2102001.848 Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Anocalendário: 2003 NÃO PROSPERA A ARGUMENTAÇÃO DE NULIDADE DO TRABALHO FISCAL OU MESMO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO, QUANDO PRESENTES TODOS OS ELEMENTOS QUE EMBASAM O TRABALHO FISCAL E AS DECISÕES PROFERIDAS. DESNECESSIDADE DE PERÍCIAS OU DILIGENCIAS. Não há nulidade do trabalho fiscal, tão pouco do processo administrativo, quando neles presentes todos os elementos que embasam o trabalho fiscal que ensejou a exigência do imposto, não vislumbrando assim, necessidade de perícia ou qualquer procedimento para que as decisões sejam validamente proferidas. ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. PROVIDO O RECURSO. Fl. 727DF CARF MF Processo nº 10855.720043/200873 Acórdão n.º 9202004.577 CSRFT2 Fl. 728 4 As áreas de Proteção Ambiental e de Preservação Permanente, devidamente comprovadas através de diploma legal estadual e constantes em ADA Ato Declaratório Ambiental, em data que precedeu ao trabalho fiscal, não estão sujeitas à tributação do imposto, devendo assim, ser afastada a pretensão fiscal. O VTN ATRIBUÍDO PELA FISCALIZAÇÃO COM BASE NA SIPT CONSTITUI PRESUNÇÃO RELATIVA, PODENDO SER AFASTADA PELO CONTRIBUINTE. O VTN atribuído pela fiscalização com base na SIPT constitui presunção relativa, podendo ser afastada pelos contribuintes com documentos que evidenciem circunstancias ou apresentem fatos que justifiquem a declaração da sua improcedência, o que não ocorreu no presente caso. Decisão: por unanimidade de votos, em REJEITAR as preliminares suscitadas e, no mérito, em DAR parcial provimento ao recurso para restabelecer a área de preservação permanente, nos termos do voto do relator. Acórdão 2102001.849 Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Anocalendário: 2005 NÃO PROSPERA A ARGUMENTAÇÃO DE NULIDADE DO TRABALHO FISCAL OU MESMO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO, QUANDO PRESENTES TODOS OS ELEMENTOS QUE EMBASAM O TRABALHO FISCAL E AS DECISÕES PROFERIDAS. DESNECESSIDADE DE PERÍCIAS OU DILIGENCIAS. Não há nulidade do trabalho fiscal, tão pouco do processo administrativo, quando neles presentes todos os elementos que embasam o trabalho fiscal que ensejou a exigência do imposto, não vislumbrando assim, necessidade de perícia ou qualquer procedimento para que as decisões sejam validamente proferidas. ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. PROVIDO O RECURSO. As áreas de Proteção Ambiental e de Preservação Permanente, devidamente comprovadas através de diploma legal estadual e constantes em ADA Ato Declaratório Ambiental, em data que precedeu ao trabalho fiscal, não estão sujeitas à tributação do imposto, devendo assim, ser afastada a pretensão fiscal. O VTN ATRIBUÍDO PELA FISCALIZAÇÃO COM BASE NA SIPT CONSTITUI PRESUNÇÃO RELATIVA, PODENDO SER AFASTADA PELO CONTRIBUINTE. O VTN atribuído pela fiscalização com base na SIPT constitui presunção relativa, podendo ser afastada pelos contribuintes Fl. 728DF CARF MF Processo nº 10855.720043/200873 Acórdão n.º 9202004.577 CSRFT2 Fl. 729 5 com documentos que evidenciem circunstancias ou apresentem fatos que justifiquem a declaração da sua improcedência, o que não ocorreu no presente caso. Decisão: por unanimidade de votos, em REJEITAR as preliminares suscitadas e, no mérito, em DAR parcial provimento ao recurso para restabelecer a área de preservação permanente, nos termos do voto do relator. Em linhas gerais, argumenta a recorrente em sua demanda que: a) O entendimento do recorrido de que, para serem consideradas APP não submetida à tributação pelo ITR, as áreas objeto de glosa devem ser declaradas por Ato do Poder Público, nos termos da lei, está completamente equivocado, na medida em que a Recorrente atende plenamente aos requisitos impostos pela legislação, sendo que, apenas de início, a própria Área de Proteção Ambiental ("APA") de Itupararanga foi criada por meio de Lei Estadual de São Paulo n° 10.100, de 1o. de dezembro de 1998, posteriormente alterada pela Lei n° 11.579, de 02 de dezembro de 2003, objetivando o uso sustentável e a conservação ambiental de seu território; b) Cita que Recorrente já acostou aos autos em sua defesa, Declaração expedida em 14 de agosto de 2008 (efl. 289), pelo Diretor Executivo da Fundação Florestal do Estado de São Paulo, comprovando que da área total de 7.742,8 ha do Complexo de Itupararanga, 6.821,29 ha estão inseridos nos limites da APA de Itupararanga. Assim, entende a recorrente como inconteste que as Leis Estaduais n° 10.100, de 1998 e 11.579, de 2003, juntamente com a Declaração expedida pelo Diretor Executivo da Fundação Florestal do Estado de São Paulo, declaram, de forma inequívoca pela autoridade competente para tanto, tratarse de área de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, e por isso, isentas de tributação pelo ITR, nos exatos termos exigidos pela legislação federal que regula a matéria; c) Ressalta ter apresentado cópias do Ato Declaratório Ambiental ADA do IBAMA, referente aos anos calendário de 1997 e 2007 (vide, a propósito efls. 32 a 36), conforme reconhecido pela própria Fiscalização e Acórdão recorrido, em que consta, expressamente, como área de preservação permanente o total de 7.060,9 hectares, ou seja, estamos diante de uma situação inequívoca em que o Poder Público IBAMA através da expedição do competente ato administrativo, ratificou as informações prestadas pelo contribuinte; d) Ressalta tratarem os paradigmas de caso análogo sobre o mesmo imóvel, onde se decidiu; a) ser válido o Parecer Técnico apresentado pelo contribuinte que atesta a ocupação de 90,38% da área total do imóvel por APP e APA e b) que é aplicável o benefício da isenção ao ITR mediante a comprovação das APP e APA constantes do ADA do IBAMA apresentado nos autos pela Recorrente, de modo que deve ser mantida a extensão de área não tributável indicada na DITR prestada pelo contribuinte; e) Salienta, por fim, que nada mais fez do que imputar as informações em sua DITR/2004, conforme já devidamente reconhecido por Ato do Poder Público ADA do IBAMA, além de corroborado por Laudo Técnico de profissional de engenharia, no cumprimento de suas obrigações tributárias. Fl. 729DF CARF MF Processo nº 10855.720043/200873 Acórdão n.º 9202004.577 CSRFT2 Fl. 730 6 Requer, assim, quanto à matéria admitida, que se reconheça a existência da área de preservação permanente e área de proteção ambiental no Complexo Ituparanga como não tributável pelo ITR. Encaminhados os autos à PGFN para fins de ciência em 04/11/2015 (efl. 717), apresentou, em 12/11/15 (efl. 724), contrarrazões de efls. 719 a 723, onde: a) Ressalta que, como bem observou o acórdão recorrido, diferentemente do que defende a contribuinte, para se obter a isenção tributária, não basta, simplesmente, reservar e/ou preservar e declarar, pois, essas áreas, além de existirem, atendendo à legislação ambiental, têm que estar documentadas, regularizadas e atualizadas, toda vez que assim a lei tributária exigir para serem contempladas com a isenção; b) Entende, assim, que para efeito de exclusão do ITR não serão aceitas como de interesse ecológico ou como de preservação permanente as áreas assim declaradas, em caráter geral, por região local ou nacional, como as situadas em APA, mas sim, apenas as declaradas, em caráter específico, para determinadas áreas da propriedade particular, na forma da alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei 9.393/1996. Ou seja, somente devem ser aceitas as áreas contidas dentro dos limites da APA, aquelas assim declaradas em caráter especifico, mediante ato específico da autoridade competente, estadual ou federal, conforme o caso. Para fins de ITR, a área de interesse ecológico não será considerada tributável, apenas e tão somente quando declarada como tal por órgão competente, federal ou estadual, com ampliação das restrições de uso relativas às áreas de preservação permanente e de reserva legal. Cita jurisprudência deste Conselho que sustentaria seu entendimento e requer, assim, que seja negado provimento ao Recurso Especial da contribuinte. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade, prequestionamento, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, bem como caracterização de divergência interpretativa o recurso atende aos requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Passo, assim, à análise de mérito. Para que todos possam firmar suas convicção quanto ao mérito recursal, destaco os seguintes elementos de interesse acostados aos autos: a) Início da ação fiscal: 19/12/2007 efl. 29; b) Demonstrativo contemplando a glosa efetuada pela autoridade fiscal na DITR efl. 8; Fl. 730DF CARF MF Processo nº 10855.720043/200873 Acórdão n.º 9202004.577 CSRFT2 Fl. 731 7 c) ADA/1997 e ADA/2007 protocolizados, respectivamente, em 09/09/1998 e 28/08/2007 efls. 32 a 36; d) Laudo/Parecer anexado pela autuada efls. 48/68 e anexos. e) Declaração da Fundação Florestal do Estado de São Paulo efl. 289. Assim, o cerne da questão passa a ser a necessidade ou não de elementos adicionais aos carreados aos autos pela autuada, para fins de exclusão, a título de preservação permanente, da área glosada pela autoridade fiscal, argumentando a autuada ter comprovado que atendeu todos os requisitos legais para tal exclusão e, ainda, que tal área faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Itupararanga. A propósito, como já tive oportunidade de manifestar em outros feitos, quando do julgamento em instância ordinária, entendo que a fruição da isenção de ITR, seja por áreas de preservação permanente ou de interesse ecológico, encontra um de seus requisitos legais claramente estabelecido, desde 2000, a partir do disposto no art. 17O da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, em especial em seu caput e parágrafo 1º, com atual redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000, verbis: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)(...) § 1o. A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165 , de 2000)(g.n.) Ou seja, mandatório para que se admita a redução da base tributável de áreas a título de Preservação Permanente ou de Interesse Ecológico que constem as mesmas de ADA entregue ao IBAMA. In casu, de se considerar cumprido o requisito de apresentação do ADA, a partir dos elementos de efls. 32 a 36 e, ainda, da inexistência de obrigatoriedade de sua apresentação anual até 2005. Também reconheço haver, nos autos, Laudo Técnico de efls. 48 a 68 e anexos relativo à área de preservação permanente, na forma do artigo 2°, da Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965 (vigente à época do lançamento), com identificação da respectiva área e do imóvel a partir do memorial descritivo, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro. Todavia, ainda que presentes tais elementos, entendo quanto à área de preservação permanente (APP) de interesse ecológico, assim entendidas aquelas APPs não definidas no art. 10, § 1º, inciso II, alíneas “a” , da Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996, haver o requisito adicional de emissão de ato declaratório por parte do órgão competente estadual ou federal, na forma do disposto art. 10, § 1º, inciso II, alínea “b” , daquela mesma Lei nº 9.393, de 1996, a seguir transcrito e que, notese, restou não cumprido pela contribuinte. Fl. 731DF CARF MF Processo nº 10855.720043/200873 Acórdão n.º 9202004.577 CSRFT2 Fl. 732 8 Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a)... b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual (g.n.), e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; No presente decisum, se está exatamente diante desta hipótese, uma vez que a glosa perpretada pela Fiscalização (2029,0 ha.) é composta das seguintes parcelas: a) 1.966,0 ha. (vide segundo demonstrativo de efl. 598), relativos à área constante da APA, mas não abrangida no conceito de APP estabelecido pela alínea "a" citada e constantes de laudo técnico; b) Ainda, área adicional da APA, não abrangida pela referida alínea "a", totalizando 63,0 ha., decorrentes diferença entre a área de APP indicada na DITR e aquela indicada pelo laudo como partes da APA e de APP, este último demonstrando um total de 6.997,9 ha. de APP e APA e não 7.060,9 ha., conforme declarado em DITR. Ou seja, tratase quanto a esta parcela de área não suportada pelo Laudo anexado aos autos. Para esta área (em litígio, a menos da concessão de 184,4766 ha. a título de APP, concedida pelo Colegiado a quo), com a devida vênia ao entendimento esposado pelos Colegiados paradigmáticos, entendo, em linha com o recorrido, que uma vez inexistente o referido ato específico do órgão competente, federal ou estadual, que, na forma da alínea "b" do art. 10, § 1º, inciso II da Lei no. 9.393, de 1996, amplie as restrições de uso previstas na alínea anterior do dispositivo legal aqui citado, impossível a exclusão da base de cálculo do ITR para a área em questão como área de interesse ecológico. Tratase, aqui, de requisito expresso estabelecido pelo legislador, o qual, em meu entendimento, não pode ser afastado por este CARF, em plena obediência ao princípio da legalidade. Ainda, noto que a declaração de efl. 289 não é capaz de suprir o referido requisito, uma vez que, notese, não se trata, ali, de qualquer ampliação de restrição de uso, mas de mera declaração de localização. Ainda a propósito, aqui, bastante esclarecedor acerca do tema são os itens 28 a 45 (efls. 518 a 522) do Acórdão de 1a. instância, os quais se adotam como razões de decidir adicionais: "(...) com relação à APP é importante esclarecer que existem dois tipos: a) áreas que em virtude da topografia das florestas e tipo de acidentes geográficos específicos são definidas por lei Fl. 732DF CARF MF Processo nº 10855.720043/200873 Acórdão n.º 9202004.577 CSRFT2 Fl. 733 9 como APP e b) áreas que pela destinação são declaradas como APP por Ato do Poder Público. 29. No artigo 2o, do Código Florestal, se lista os locais de situação das florestas que, pelo só efeito dessa lei, se consideram APP: Art. 2° Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: (Redação dada pela Lei n° 7.803 de 18.7.1989) 1 de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; (Redação dada pela Lei n° 7.803 de 18.7.1989) 2 de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinqüenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei n° 7.803 de 18.7.1989) 3 de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei n° 7.803 de 18.7.1989) 4 de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei n° 7.803 de 18.7.1989) 5 de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; (Incluído pela Lei n° 7.803 de 18. 7.1989 ) b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados olhos d'água, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei n° 7.803 de 18.7.1989) d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; Redação dada pela Lei n° 7.803 de 18.7.1989) Fl. 733DF CARF MF Processo nº 10855.720043/200873 Acórdão n.º 9202004.577 CSRFT2 Fl. 734 10 h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. Redação dada pela Lei n° 7.803 de 18.7.1989) (...) 31. Conforme artigo 30, do mesmo Código, dependendo da destinação existem outros tipos de florestas que, também, se consideram como APP. Vejamos o artigo: Art. 3° Consideramse, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) afixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bemestar público. 32. Entretanto, conforme esse dispositivo legal, para que tais áreas possam ser consideradas APP necessitam ser assim declaradas por Ato do Poder Público. 33. Neste aspecto, como já visto, o interessado pretende sustentar seus argumentos na lei da APA da represa de Itupararanga e demais leis que tratam de áreas de conservação, por entender que pelo fato de seu imóvel estar localizado no perímetro dessa área teria direito à isenção. Entretanto, este fato, por si só, não é justificativa suficiente para isentar do ITR toda a área do imóvel abrangida pela APA. Isto porque, não são para todas as áreas dos imóveis que se proíbe a exploração, posto que a legislação ambiental permite a exploração econômica de determinadas áreas do imóvel, desde que de forma planejada e regulamentada. Na própria legislação criadora da APA em foco se menciona do estabelecimento de plano de manejo e gestão da área, das restrições de uso industrial e habitacional. Nas diversas legislações que tratam de áreas de proteção, também, está claro que apenas as atividades potencialmente poluidoras, as de terraplanagem, entre outras, que ameacem extinguir as espécies de flora e fauna é que estariam proibidas. (...) Fl. 734DF CARF MF Processo nº 10855.720043/200873 Acórdão n.º 9202004.577 CSRFT2 Fl. 735 11 35. Assim, fica entendido que as áreas contidas dentro dos limites da citada APA não podem ser, de maneira geral, automaticamente consideradas de interesse ecológico para efeito de exclusão do ITR. Dependendo, para tal fim, a declaração de APP da área específica por parte do Poder Público ou de laudo técnico informando a existência de APP listadas no Código Florestal, bem como do cumprimento das demais exigências legais previstas para cada tipo de área ambiental. Neste ponto, nos próprios laudos apresentados pela interessada se observa estes dois tipos de áreas. 36. Vejamos, com mais detalhes, esta parte dos documentos apresentados: Dos laudos constam informações de dimensões bem diferenciadas relativas a APP e APA, porém, como já explicado, a APA não se trata de área isenta; essa própria diferenciação atestada nos laudos já demonstra isso. Para sua isenção, a APA deve estar composta de APP conforme artigo 2o, do Código Florestal ou declarada como tal pelo Poder Público, conforme artigo 3o do mesmo código. 37. Das informações do laudo a Autoridade Fiscal considerou as dimensões relativas à APP e à área represada. 38. Para melhor análise, vejamos o seguinte quadro de distribuição de áreas do imóvel apresentado nos laudos: Represa (espelho d'água) 3.833,9107ha APP 1.013,5892ha APA Itupararanga 6.813,5185ha APP + APA Itupararanga 6.997,9951ha Área livre de APP ou APA 744,8049ha Área Total 7.742,8000ha 40. Procedendose a uma correta realocação dos dados acima, excluindo a represa da APA e identificando a dimensão de APP constante dessa área de proteção, é possível construir o seguinte demonstrativo, com destaque das APP: Represa (espelho d'água) 3.833,9107ha APP fora da APA 1.013,5892ha APP dentro da APA 184,4766ha APA diversa da APP 1.966,0186ha Área livre de APP ou APA 744,8049ha Área Total 7.742,8000ha 41. Deste quadro é possível calcular mais facilmente o total de APP que é igual a 1.198,0 ha (1.013,5892ha + 184,4766ha) (...) 42. Em razão disso, a diferença dessa dimensão de área não deveria estar declarada como isenta, pois, não se tratava de área passível dessa concessão, pois, entre outros descumprimento de requisitos legais, não foi apresentado ato do Poder Público declarandoa como APP, fato que configura declaração incorreta. (grifos não presentes no original). Fl. 735DF CARF MF Processo nº 10855.720043/200873 Acórdão n.º 9202004.577 CSRFT2 Fl. 736 12 43. Desta forma, considerando que as atividades do servidor público estão vinculadas à lei, se constatado o não atendimento aos requisitos legais necessários para a isenção, as áreas declaradas como isentas devem ser glosadas, pois, em atendimento ao disposto no artigo 111, do Código Tributário Nacional — CTN, o dispositivo legal de concessão de benefício fiscal se interpreta restritivamente: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I — (..); II outorga de isenção; III — (..) 44. Portanto, a mencionada diferença de APP acima dos 1.198,0 ha está sujeita à tributação nos exercícios aqui tratados. Além disso, para efeito do ITR, deve ser enquadrada como área aproveitável do imóvel e não explorada pela atividade rural. 45. Entretanto, na NL foi aceita a dimensão de 4.847,4ha, pois, além da APP informada no confuso demonstrativo do laudo, foi considerada, também, a área alagada de 3.833,9ha (...)" Destarte, com base no acima disposto, entendo que se deva manter a glosa perpetrada pela fiscalização referente à área de preservação permanente declarada pela contribuinte, ressalvada somente a concessão adicional de 184,47 ha. de exclusão a título de APP, na forma já decidida pelo recorrido. Noto que a concessão da área alegada pela autoridade fiscal não está sob litígio, por se tratar de recurso do Contribuinte, vedada a reformatio in pejus. Diante do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Especial da Contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 736DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.002043/2001-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 1989, 1990
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. SANEAMENTO. SEM EFEITO MODIFICATIVO.
Configurada a omissão e contradição na decisão recorrida, acolhem-se os embargos de declaração, sem efeito modificativo, para suprir o vício apontado no acórdão embargado.
Embargos Acolhidos.
Numero da decisão: 2401-004.564
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos de declaração, para, sanando a contradição apontada, modificar o dispositivo do acórdão embargado, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini- Presidente
(assinado digitalmente)
Márcio de Lacerda Martins- Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Rayd Ferreira Santana, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira.
Nome do relator: Márcio de Lacerda Martins
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 1989, 1990 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. SANEAMENTO. SEM EFEITO MODIFICATIVO. Configurada a omissão e contradição na decisão recorrida, acolhem-se os embargos de declaração, sem efeito modificativo, para suprir o vício apontado no acórdão embargado. Embargos Acolhidos.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Feb 02 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10882.002043/2001-94
anomes_publicacao_s : 201702
conteudo_id_s : 5674475
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Feb 02 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2401-004.564
nome_arquivo_s : Decisao_10882002043200194.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : Márcio de Lacerda Martins
nome_arquivo_pdf_s : 10882002043200194_5674475.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos de declaração, para, sanando a contradição apontada, modificar o dispositivo do acórdão embargado, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini- Presidente (assinado digitalmente) Márcio de Lacerda Martins- Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Rayd Ferreira Santana, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira.
dt_sessao_tdt : Fri Jan 20 00:00:00 UTC 2017
id : 6636059
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:55:21 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692310671360
conteudo_txt : Metadados => date: 2017-02-01T21:25:06Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-02-01T21:25:06Z; Last-Modified: 2017-02-01T21:25:06Z; dcterms:modified: 2017-02-01T21:25:06Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:0aa99e0d-54d8-4641-8d1d-673f2762a74e; Last-Save-Date: 2017-02-01T21:25:06Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-02-01T21:25:06Z; meta:save-date: 2017-02-01T21:25:06Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-02-01T21:25:06Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-02-01T21:25:06Z; created: 2017-02-01T21:25:06Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2017-02-01T21:25:06Z; pdf:charsPerPage: 926; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-02-01T21:25:06Z | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 265 1 264 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10882.002043/200194 Recurso nº Embargos Acórdão nº 2401004.564 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 20 de janeiro de 2017 Matéria Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Embargante CONSELHEIRO MÁRCIO DE LACERDA MARTINS Interessado EXTRASUL EXTRATOS ANIMAIS E VEGETAIS LTDA. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 1989, 1990 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. SANEAMENTO. SEM EFEITO MODIFICATIVO. Configurada a omissão e contradição na decisão recorrida, acolhemse os embargos de declaração, sem efeito modificativo, para suprir o vício apontado no acórdão embargado. Embargos Acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 20 43 /2 00 1- 94 Fl. 264DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos de declaração, para, sanando a contradição apontada, modificar o dispositivo do acórdão embargado, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Márcio de Lacerda Martins Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Rayd Ferreira Santana, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira. Fl. 265DF CARF MF Processo nº 10882.002043/200194 Acórdão n.º 2401004.564 S2C4T1 Fl. 266 3 Relatório Tratase de embargos de declaração tempestivamente opostos por este conselheiro, com fulcro no artigo 65, § 1º, I, do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria nº 343, de 2015, contra o acórdão nº. 2401004.520, proferido por esta Colenda 1ª Turma da 4ª Câmara da 2ª Seção, datado de 22 de setembro de 2016, relativamente ao processo acima epigrafado. Ocorre que, em que pese o Colegiado ter decidido, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do voto (vencedor) do Conselheiro Carlos Alexandre Tortato, o dispositivo do julgamento no corpo do acórdão recorrido restou redigido de maneira equivocada, em contradição com o efetivamente decidido, razão pela qual merece a presente correção. Eis a Ata de Julgamento, publicada no sítio oficial deste Conselho: "Relator(a): MARCIO DE LACERDA MARTINS Processo: 10882.002043/200194 Recorrente: EXTRASUL EXTRATOS ANIMAIS E VEGETAIS LTDA e Recorrida: FAZENDA NACIONAL Acórdão 2401004.520 Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para, no mérito, por maioria, negarlhe provimento. Vencidos os conselheiros Márcio de Lacerda Martins(relator), Maria Cleci Coti Martins e Miriam Denise Xavier Lazarini. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alexandre Tortato. Questionamento: RECURSO VOLUNTÁRIO." Entretanto, o dispositivo correto para o acórdão deve ser: "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para, no mérito, por maioria, darlhe provimento. Vencidos os Conselheiros Márcio de Lacerda Martins, Maria Cleci Coti Martins e Miriam Denise Xavier Lazarini." Por essa razão, ante a contradição existente entre o dispositivo do acórdão embargado, registrado na ata, e o voto vencedor, se faz necessária a oposição destes aclaratórios, a fim de retificar o trecho acima mencionado do acórdão nº. 2401004.520. É o relatório. Fl. 266DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Márcio de Lacerda Martins Relator 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE A Presidente da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara admitiu os presentes embargos uma vez presentes os pressupostos do artigo 65, caput, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. Constato a contradição entre os registros da Ata da sessão ocorrida em 22 de setembro de 2016 e o dispositivo do Acórdão. Ocorre que, em que pese o Colegiado ter decidido, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do voto (vencedor) do Conselheiro Carlos Alexandre Tortato, o dispositivo do julgamento no corpo do acórdão recorrido restou redigido de maneira equivocada, em contradição com o efetivamente decidido, razão pela qual merece a presente correção. Eis a Ata de Julgamento, publicada no sítio oficial deste Conselho: "Relator(a): MARCIO DE LACERDA MARTINS Processo: 10882.002043/200194 Recorrente: EXTRASUL EXTRATOS ANIMAIS E VEGETAIS LTDA e Recorrida: FAZENDA NACIONAL Acórdão 2401004.520 Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para, no mérito, por maioria, negarlhe provimento. Vencidos os conselheiros Márcio de Lacerda Martins(relator), Maria Cleci Coti Martins e Miriam Denise Xavier Lazarini. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alexandre Tortato. Questionamento: RECURSO VOLUNTÁRIO." Entretanto, o dispositivo correto para o acórdão deve ser: (grifei) "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para, no mérito, por maioria, darlhe provimento. Vencidos os Conselheiros Márcio de Lacerda Martins, Maria Cleci Coti Martins e Miriam Denise Xavier Lazarini." Por essa razão, ante a contradição existente entre o dispositivo do acórdão embargado, registrado na ata, e o voto vencedor, se faz necessária a oposição destes aclaratórios, a fim de retificar o trecho acima mencionado do acórdão nº. 2401004.520 Fl. 267DF CARF MF Processo nº 10882.002043/200194 Acórdão n.º 2401004.564 S2C4T1 Fl. 267 5 Assim, configurada a contradição na decisão recorrida, devese acolher os embargos de declaração, sem efeito modificativo, para suprir os vícios apontados no acórdão embargado. (assinado digitalmente) Márcio de Lacerda Martins. Fl. 268DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10930.903649/2012-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do Fato Gerador: 29/11/2005
PIS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas.
PIS - IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO.
Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.619
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(Assinado com certificado digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201612
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do Fato Gerador: 29/11/2005 PIS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. PIS - IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jan 12 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10930.903649/2012-89
anomes_publicacao_s : 201701
conteudo_id_s : 5671715
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jan 12 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-003.619
nome_arquivo_s : Decisao_10930903649201289.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ANTONIO CARLOS ATULIM
nome_arquivo_pdf_s : 10930903649201289_5671715.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
dt_sessao_tdt : Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
id : 6609742
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:55:03 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692315914240
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1823; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10930.903649/201289 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3402003.619 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de dezembro de 2016 Matéria PIS PEDIDO DE RESTITUIÇÃO Recorrente WYNY DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE COUROS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do Fato Gerador: 29/11/2005 PIS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. PIS IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 36 49 /2 01 2- 89 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10930.903649/201289 Acórdão n.º 3402003.619 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Trata os presentes autos de Pedido de Restituição (PER), por meio do qual a Recorrente solicita a restituição do crédito decorrente do pagamento de PIS/PASEP IMPORTAÇÃO. No Despacho Decisório, a autoridade competente da DRF em Londrina/PR, indeferiu o pleito da interessada, uma vez que o DARF informado como origem do crédito estava integralmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, "não restando crédito disponível para restituição". Inconformada com a decisão proferida, a empresa apresentou manifestação de inconformidade na qual esclarece tratarse de pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi. Consigna que a Lei nº 10.865/2004 instituiu as contribuições do PIS e da COFINS sobre a importação de bens e serviços, mas não foi clara em relação à incidência sobre as quantias remetidas ao exterior a representantes comerciais a título de comissões sobre vendas, o que fez com que a Recorrente optasse por recolher as contribuições sobre essas operações. Entretanto, a Receita Federal do Brasil, em resposta a diversas consultas (cita duas), passou a vazar o entendimento de que as comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior, não estão sujeitas à incidência do PIS e da COFINS Importação. Isso porque, anota a Recorrente, essas operações não configuram hipótese de serviços prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Assim, uma vez ter efetuado o pagamento de tributo indevido, tem o direito à restituição na forma prevista no art. 165 do Código Tributário Nacional CTN, devidamente corrigido pela taxa SELIC, conforme prescreve a Lei nº 9.250, de 1995, "ainda que informado o débito em DCTF". Sobreveio, então, o Acórdão nº 06045.991, da DRJ em Curitiba (PR), negando provimento à Manifestação de Inconformidade. Irresignada com a referida decisão, foi interposto o presente recurso voluntário, cujas razões, em suma, são as seguintes: (i) diferente do que entendeu a autoridade julgadora, a empresa recorrente comprovou ser pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi; (ii) que demonstrou que a Lei n° 10.865, de 2004, que instituiu as contribuições ao PIS/Pasep e COFINS sobre a importação de bens e serviços, não foi clara ao determinar a incidência sobre as quantias pagas, ou remetidas ao exterior, a representantes comerciais domiciliados no exterior a título de comissões sobre vendas; Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10930.903649/201289 Acórdão n.º 3402003.619 S3C4T2 Fl. 4 3 (iii) para não sofrer sanções, optou por recolher as contribuições sobre as quantias remetidas ao exterior (para representantes domiciliados no exterior) incidentes sobre comissões sobre vendas, conforme (DARF's) apresentados; (iv) ocorre que, posteriormente, a própria RFB, através de inúmeras respostas a Soluções de Consultas, passou a definir que as "comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior não estão sujeitas à incidência da COFINS/PISImportação", por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Reproduz algumas dessas Solução de Consulta. (v) que o processo administrativo sempre deve buscar a verdade real ou material relativa aos fatos tributários, em decorrência da estrita legalidade tributária, que devem nortear todos os atos da administração fiscal. Com isto, não basta simplesmente argumentar que "prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido", para negar a existência do direito creditório; (vi) frisa que os erros contidos em declaração podem e devem ser retificados de ofício, por força da estrita legalidade tributária e nos moldes do art. 147, § 2º do CTN. (vii) que seja reconhecido que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis em valores devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95; (viii) requer que seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova ou esclarecimento de dúvidas relativas aos fatos trazidos neste processo. À vista do exposto, espera e requer seja julgado integralmente procedente o presente recurso, a fim de que seja reconhecido o direito creditório e assegurada a restituição das quantias recolhidas indevidamente. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.529, de 13 de dezembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10930.903656/201281, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.529): Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10930.903649/201289 Acórdão n.º 3402003.619 S3C4T2 Fl. 5 4 Emerge do relatado, que o objeto do pedido de ressarcimento tem como fundamento o indébito de PIS/Pasep sobre comissão de venda paga a representantes comerciais residentes/domiciliados no exterior. No referido Despacho Decisório restou consignado que, "(...) A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição". Consta dos autos que o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. Ou seja, ao que tudo indica, o contribuinte não retificou a DCTF no que pertine ao pleito em questão, por isso a conclusão do despacho decisório vestibular que o valor sob pedido de ressarcimento foi "integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte". Por outro lado, a Recorrente tenta demonstrar em seu recurso, que não há incidência de contribuições para o PIS Importação sobre remessas realizadas para o exterior para pagamento de comissões à agentes no exterior a título de comissões ali realizadas, por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique, e que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis e em montantes devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95. Tudo com base na Lei nº 10.865, de 2004 e Soluções de Consultas emitidas pela RFB que cita. Contudo, se de um lado a decisão recorrida tenha asseverado que "(...) como se vê uma das hipóteses de ocorrência do fato gerador das contribuições ao PIS e a COFINS, sobre importação de serviços, é a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação pelo serviço prestado", como alega a peticionante, por outro giro, deixou patente que o ônus da prova quanto ao indébito seria da ora Recorrente, nos seguintes termos: "(...) Mas, para a verificação se os valores remetidos ao exterior atendem às condições estabelecidas em lei para a incidência das contribuições sobre a importação de serviços ou, não se caracterizando o fato gerador da obrigação tributária, há, de fato, o indébito reclamado pela interessada, é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. Ocorre que, no presente caso, prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido. Nesse sentido, é bom lembrar que não se permite, depois de iniciado qualquer procedimento fiscal, que seja retificada declaração quando vise a reduzir ou a excluir tributo, a não ser mediante a comprovação do erro em que se funde. É o que Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10930.903649/201289 Acórdão n.º 3402003.619 S3C4T2 Fl. 6 5 determina o art. 147, § 1º, da Lei nº 5.172, de 25/10/1966. E, como visto, o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. (sublinhei) E conclui a decisão a quo: "(...) Assim, instaurado o contencioso administrativo, as alegações quanto ao suposto crédito decorrente de recolhimento indevido ou a maior, como no caso em análise, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da contribuinte. Dessa forma, uma vez que a conclusão emitida pela autoridade administrativa teve como pressuposto as informações prestadas pela própria interessada em declarações fiscais válidas a produzir efeitos na data da emissão do Despacho Decisório e não havendo prova hábil que contrarie as informações prestadas espontaneamente, demonstrando o pagamento indevido do tributo, é de se manter o indeferimento da restituição pleiteada". Portanto, a lide se resume na questão de atendimento de condições estabelecidas em lei e provas documentais trazidos aos autos, pois para o deslinde do litígio é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, mormente quando o pedido versa sobre suposto pagamento indevido. No caso em análise, por se tratar de pedido de restituição, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da recorrente. Documentação essa, frisese, de posse da recorrente por determinação legal, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. É de conhecimento que a regra fundamental do sistema processual adotado pelo legislador nacional, quanto ao ônus da prova, encontrase cravada no art. 373 do novo Código de Processo Civil, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída para o Fisco quando realiza o lançamento tributário e para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10930.903649/201289 Acórdão n.º 3402003.619 S3C4T2 Fl. 7 6 E, no presente caso, é fato que prova alguma foi trazida aos autos pela Recorrente que comprovem que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora ela tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, quer na impugnação, quer agora na fase recursal. Demais disso, o fundamento da decisão recorrida foi justamente este, qual seja, a falta de prova. Mas, contrariando os ditames do ônus da distribuição da prova para provar fato constitutivo de seu direito, insiste que "seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova". Ora, se toda a documentação para provar o direito que alega está em seu poder, deveria ter a Recorrente produzido tal prova quando da manifestação de inconformidade, ou mesmo em sede de recurso voluntário, o que não ocorreu. Diante desse quadro, entendo que a decisão da DRJ é merecedora de ser mantida pelos seus próprios fundamentos. Conclusão Assim, concluo que por falta de prova hábil acostadas nos autos, ônus seu de produzir, deve ser negado seu pleito. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 61DF CARF MF
score : 1.0