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Numero do processo: 11080.010828/2005-62
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Nov 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. SIMILITUDE FÁTICA.
O recurso especial de divergência, interposto nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, só se justifica quando, em situações idênticas, são adotadas soluções diversas. Não sendo o caso, o recurso não deve ser conhecido.
Recurso Especial não conhecido.
Numero da decisão: 9303-004.355
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Redator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Luiz Augusto do Couto Chagas, Júlio César Alves Ramos, Valcir Gassen, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. SIMILITUDE FÁTICA. O recurso especial de divergência, interposto nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, só se justifica quando, em situações idênticas, são adotadas soluções diversas. Não sendo o caso, o recurso não deve ser conhecido. Recurso Especial não conhecido.
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MULTA ISOLADA Recorrente JOSAPAR JOAQUIM OLIVEIRA S/A PARTICIPAÇÕES Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. SIMILITUDE FÁTICA. O recurso especial de divergência, interposto nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, só se justifica quando, em situações idênticas, são adotadas soluções diversas. Não sendo o caso, o recurso não deve ser conhecido. Recurso Especial não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Redator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 01 08 28 /2 00 5- 62 Fl. 356DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Luiz Augusto do Couto Chagas, Júlio César Alves Ramos, Valcir Gassen, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte acima identificada contra o Acórdão nº 20181.730, de 05/02/2009, proferido pela 1ª Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, que fora assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS I PI Período de apuração: 15/04/2004 a 15/07/2004 IPI. COMPENSAÇÃO ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO. MULTA ISOLADA. A compensação com supedâneo em decisão judicial efetuada antes do transito em julgado acarreta sua não homologação, bem assim enseja o lançamento de multa isolada, tendo em vista não ser passível de compensação, por expressa disposição legal, consoante arts. 18 da Lei n2 10.833/2003 e 170A do CTN. Recurso voluntário negado. No Recurso Especial, por meio do qual pleiteou, ao final, a reforma do decisum, a Recorrente aponta interpretações divergentes quanto à aplicação da multa isolada, mantida no acórdão recorrido. A respaldar o recurso, cita o Acórdão 2º CC nº 20179.619, segundo o qual a Lei nº 11.051, de 2004, manteve a aplicação da multa isolada em lançamento de oficio somente nos casos de sonegação, fraude ou conluio, aplicandose aos fatos anteriores e ocorridos durante a sua vigência, ainda que alterada por legislação posterior. A Recorrente apresentou “razões aditivas” ao recurso especial, postulando a preferência dos paradigmas com vistas à aferição da divergência jurisprudencial, defendeu o cabimento e a tempestividade das razões adicionais do recurso, sustentou a ocorrência de lapso manifesto por erro material de escrita, preliminar de nulidade a ser conhecida como matéria de ordem pública e, por fim, o próprio descabimento da multa isolada aplicada. As contrarrazões apresentadas pela Fazenda Nacional encontramse às fls. 324/337. O exame de admissibilidade do Recurso Especial, às fls. 258/259 (o Presidente da 4ª Câmara não conheceu das “razões adicionais” ao recurso especial e deu seguimento ao recurso especial por considerar que restou comprovada a divergência jurisprudencial em relação ao paradigma nº 20179.619). É o Relatório. Voto Fl. 357DF CARF MF Processo nº 11080.010828/200562 Acórdão n.º 9303004.355 CSRFT3 Fl. 356 3 Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso não deve ser conhecido. No exame de sua admissibilidade, entendeu o il. Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF que a divergência estaria comprovada em face do que decidido no Acórdão nº 20179.619, que reconheceu a retroatividade benigna em decisão que restou assim ementada: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 14/03/2003, 15/05/2003, 13/06/2003, 15/07/2003, 14/08/2003, 15/09/2003, 14/11/2003, 15/12/2003 Ementa: DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE NATUREZA NÃO TRIBUTÁRIA. SONEGAÇÃO, DOLO OU CONLUIO. A simples apresentação de declaração de compensação com créditos de natureza não tributários não configura hipótese de sonegação, fraude ou conluio, a ensejar a aplicação da multa de oficio qualificada. MULTA ISOLADA. LEI N2 11.051, DE 2004. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI MAIS BENÉFICA. A Lei nº 11.051, de 2004, manteve a aplicação da multa isolada em lançamento de oficio somente nos casos de sonegação, fraude ou conluio, aplicandose aos fatos anteriores e ocorridos durante a sua vigência, ainda que alterada por legislação posterior. Recurso de oficio negado. No paradigma, o caso versou sobre a compensação do conhecido crédito prêmio do IPI. Negada a compensação, a fiscalização aplicou a mesma multa isolada aqui tratada. Instaurado o litígio, a DRJ julgou procedente a impugnação, decisão mantida pelo então Conselho de Contribuintes, que negou provimento ao recurso de ofício. A justificativa foi a de que não havia, antes da edição da Lei nº 11.051, de 29/12/2004, vedação legal à compensação do créditoprêmio de IPI. Todavia, a situação aqui é outra: tratase de vedação à compensação antes do trânsito em julgado da ação judicial interposta pela Recorrente, hipótese prevista no Ordenamento Jurídico desde a introdução, no Código Tributário Nacional, do art. 170A pela Lei Complementar nº 104, de 10/01/2001. Para demonstrar o que se afirma, passamos a reproduzir a evolução legislativa aplicável à espécie: Fl. 358DF CARF MF 4 CTN Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Artigo incluído pela Lcp nº 104, de 10/01/2001) Medida Provisória nº 2.15835, de 24/08/2001 Art. 90. Serão objeto de lançamento de ofício as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. Lei 10.833, de 29/12/2003 – redação original Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida e aplicarseá unicamente nas hipóteses de o crédito ou o débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal, de o crédito ser de natureza não tributária, ou em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. § 1º (...) § 2o A multa isolada a que se refere o caput é a prevista nos incisos I e II ou no § 2º do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso. Lei 11.051, de 29/12/2004 Art. 25. Os arts. 10, 18, 51 e 58 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passam a vigorar com a seguinte redação: (...) “Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitar seá à imposição de multa isolada em razão da não homologação de compensação declarada pelo sujeito passivo nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. (...) § 2o A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso II do caput ou no § 2o do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (...) Fl. 359DF CARF MF Processo nº 11080.010828/200562 Acórdão n.º 9303004.355 CSRFT3 Fl. 357 5 § 4o A multa prevista no caput deste artigo também será aplicada quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” (NR) Lei nº 9.430, de 27/12/1996 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I previstas no § 3o deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II em que o crédito: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) a) seja de terceiros; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) b) refirase a "créditoprêmio" instituído pelo art. 1o do Decreto Lei no 491, de 5 de março de 1969; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) c) refirase a título público; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) f) tiver como fundamento a alegação de inconstitucionalidade de lei, exceto nos casos em que a lei: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Lei 11.196, de 21/11/2005 Art. 117. O art. 18 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 18 . ........................................................................................ ........................................................................................................ § 4o Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado, quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicando se os percentuais previstos: Fl. 360DF CARF MF 6 I – no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996; II – no inciso II do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, nos casos de evidente intuito de fraude, definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 5o Aplicase o disposto no § 2o do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, às hipóteses previstas no § 4o deste artigo.” (NR) Lei 11.488, de 15/06/2007 Art. 18. Os arts. 3o e 18 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passam a vigorar com a seguinte redação: (...) “Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão de não homologação da compensação quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. ................................................... § 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. ................................................ § 4º Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicando se o percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicado na forma de seu § 1o, quando for o caso. § 5o Aplicase o disposto no § 2o do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, às hipóteses previstas nos §§ 2o e 4o deste artigo.” (NR) Evidenciamse, portanto, absolutamente distintas as hipóteses versadas no acórdão recorrido e no paradigma. Enquanto, no primeiro, a vedação legal à compensação já estava presente, no segundo, isto se deu apenas a partir de 29/12/2004, com a edição da Lei nº 11.051, de 2004. E, embora ambos tratem da mesma penalidade isolada, não havendo similitude fática entre as decisões cotejadas, o recurso não deve ser conhecido. Ante o exposto, não conheço do recurso especial. É como voto. Fl. 361DF CARF MF Processo nº 11080.010828/200562 Acórdão n.º 9303004.355 CSRFT3 Fl. 358 7 (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 362DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13884.901200/2009-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2004
ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DE DIPJ E DCTF. DECLARAÇÕES RETIFICADORAS. COMPROVAÇÃO. CRÉDITO RECONHECIDO.
Comprovado que os débitos confessados em DCTF e informados em DCTF estavam equivocados mediante apresentação de declarações retificadoras e elementos da escrituração contábil que corroboram os valores declarados/confessados nessas declarações retificadoras, reconhece-se o direito de crédito pleiteado, incluindo todos os recolhimentos efetivamente de estimativa devidamente comprovados.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 1402-002.234
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório de R$ 78.028,57, homologando-se as compensações pleiteadas até esse limite de crédito, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2004 ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DE DIPJ E DCTF. DECLARAÇÕES RETIFICADORAS. COMPROVAÇÃO. CRÉDITO RECONHECIDO. Comprovado que os débitos confessados em DCTF e informados em DCTF estavam equivocados mediante apresentação de declarações retificadoras e elementos da escrituração contábil que corroboram os valores declarados/confessados nessas declarações retificadoras, reconhece-se o direito de crédito pleiteado, incluindo todos os recolhimentos efetivamente de estimativa devidamente comprovados. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório de R$ 78.028,57, homologando-se as compensações pleiteadas até esse limite de crédito, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone.
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DECLARAÇÕES RETIFICADORAS. COMPROVAÇÃO. CRÉDITO RECONHECIDO. Comprovado que os débitos confessados em DCTF e informados em DCTF estavam equivocados mediante apresentação de declarações retificadoras e elementos da escrituração contábil que corroboram os valores declarados/confessados nessas declarações retificadoras, reconhecese o direito de crédito pleiteado, incluindo todos os recolhimentos efetivamente de estimativa devidamente comprovados. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório de R$ 78.028,57, homologandose as compensações pleiteadas até esse limite de crédito, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 12 00 /2 00 9- 71 Fl. 187DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901200/200971 Acórdão n.º 1402002.234 S1C4T2 Fl. 188 2 Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone. Fl. 188DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901200/200971 Acórdão n.º 1402002.234 S1C4T2 Fl. 189 3 Relatório TI BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA recorre a este Conselho, com fulcro nos §§ 10 e 11 do art. 74 da Lei nº 9.430/96 e no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 1537.200 da 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Salvador que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada. Por bem representar o litígio até aquela fase processual, adoto excertos do relatório da decisão recorrida, complementandao ao final: A requerente, sujeita à apuração do IRPJ com base no lucro real anual, apresenta Manifestação de Inconformidade contra o Despacho Decisório Eletrônico de fl. 44 [...] que não homologou a compensação de débito relativo ao IRPJ, referente ao período de apuração de outubro de 2005, objeto da Declaração de Compensação nº 14278.73117.301105.1.3.048209 (fls. 37/41), com crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior que o devido de estimativa de CSLL de julho de 2004, sob a alegação de que o pagamento que deu origem ao crédito pleiteado foi totalmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação do débito informado na referida Dcomp. Na Manifestação de Inconformidade, anexada às fls. 02/10, a interessada alega, em síntese, que: DOS FATOS: • a defendente, no anocalendário de 2004, optou pela apuração do lucro real anual e efetuou recolhimentos de antecipações mensais com base em balancetes intermediários, informando os valores considerados devidos em DCTF trimestrais e, no final do ano, também informou os valores na DIPJ do exercício; • já no anocalendário de 2005, a empresa decidiu realizar uma revisão de seus procedimentos fiscais, quando constatou que as bases de cálculo mensais do IRPJ e da CSLL, no anocalendário de 2004, haviam sido incorretamente apuradas, razão pela qual providenciou a retificação de sua DIPJ/2005. Tendo em vista que as correções efetuadas revelaram pagamentos indevidos e a maior que o devido dos citados tributos, tomou providências para recuperar esses valores excedentes, através da apresentação de Declarações de Compensação; • o despacho recorrido, ao negar a homologação da compensação declarada, baseouse em informações equivocadas, já retificadas, [...]; DO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL: • o presente caso deve ser analisado sob a luz do princípio da verdade material, [..]; DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO DE CSLL: • visando verificar a origem e o valor do crédito, as autoridades fiscais identificaram um DARF no valor total de R$ 78.028,57 e um débito informado em DCTF no mesmo valor, concluindo que a defendente não fazia jus ao crédito pleiteado; • entretanto, apesar de a defendente reconhecer que deixou de retificar sua DCTF, não se pode admitir que a DIPJ do período, que foi regularmente retificada pela empresa, bem como todos os documentos Fl. 189DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901200/200971 Acórdão n.º 1402002.234 S1C4T2 Fl. 190 4 fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, sejam desconsiderados para fins de verificação do crédito; • no presente caso, ao realizar a revisão de seus procedimentos fiscais, a empresa verificou que, dos R$ 78.028,57 originalmente declarados em DCTF, a sociedade apurou base negativa de CSLL no período, o que foi declarado ao Fisco Federal na DIPJ retificadora em setembro de 2005 (Doc. 2); • confrontando os recolhimentos com o valor efetivamente devido, a defendente apurou um valor a recuperar de R$ 78.028,57, que corresponde exatamente ao crédito pleiteado na Dcomp em análise; • com isso, concluise que os dados utilizados pela autoridade fiscal para analisar a Declaração de Compensação são incorretos, na medida em que eles foram retificados no curso do ano de 2005, antes mesmo da apresentação da referida Dcomp; DO PEDIDO: • em vista do exposto, a defendente, sob o enfoque da verdade material, requer seja reconhecido seu direito creditório e homologada a respectiva compensação, tendo em vista a comprovada existência do crédito de CSLL em seu favor. Analisando a manifestação de inconformidade apresentada, a turma julgadora de primeira instância consideroua improcedente, tendo o julgado recebido a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2004 DECLARAÇÃO. ERRO DE FATO. COMPROVAÇÃO. Eventuais equívocos nas informações prestadas em declarações apresentadas pelo contribuinte devem ser comprovados com documentos hábeis e idôneos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O contribuinte foi cientificado da decisão em 11 de novembro de 2014 (fl. 92), apresentando em 04 de dezembro de 2015 recurso voluntário de fls. 94104. Em resumo, a Recorrente reforça seus argumentos apresentados em manifestação de inconformidade. Aduz que em razão de conexão, os processos colacionados na tabela a seguir reproduzida devem ser julgados em conjunto por dizer respeito a pretensos indébitos de CSLL relativos ao anocalendário de 2004: Fl. 190DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901200/200971 Acórdão n.º 1402002.234 S1C4T2 Fl. 191 5 No mérito, alega que restou claro na decisão recorrida que na DIPJ Retificadora foi informado o débito de CSLL no total de R$ 827.864,89 para todo o ano calendário de 2004, tendo sido recolhido em DARF o montante de R$ 1.247.643,04, implicando a existência de um crédito disponível total de R$ 419.778,15, inferior ao montante de tributos que se pretende compensar por meio das Dcomp controladas nos processos já informados (R$ 287.501,79). Relativamente à estimativa de CSLL referente à competência de julho de 2004, na DIPJ (original) havia sido informado o débito de R$ 78.028,57, mesmo valor confessado em DCTF e efetivamente recolhido. Já na DIPJ Retificadora o débito de estimativas do mesmo período foi de R$ 0,00, o que implicaria o direito à restituição/compensação. Para contrapor a decisão recorrida, anexou aos autos cópia de lançamento de ofício realizado referente ao mesmo anocalendário a que se refere o presente processo (2004), aduzindo que os valores lançados se baseiam justamente naqueles indicados em sua DIPJ Retificadora (lançamento teria sido realizado baseado na diferença entre os débitos confessados na DCTF e informados na DIPJ Retificadora). Os débitos em questão teriam sido quitados, abatendose os pagamentos já realizados. O procedimento adotado pela Fiscalização corroboraria que os valores corretos de estimativa eram aqueles consignados na DIPJ Retificadora. Anexou ainda cópia de planilha extrafiscal de apuração de CSLL e cópia das principais páginas do Livro de Balancetes Mensais que comprovariam suas alegações. Informa ainda que deixou de apresentar os 154 livros Razão (73.090 páginas) a fim de não “tumultuar” o processo, mas que os mesmos está à disposição da Fiscalização. Requer ao final, o provimento de seu recurso, ou, subsidiariamente, a conversão do julgamento em diligência a fim de que a Fiscalização possa averiguar a veracidade dos documentos acostados aos autos, corroborando seus argumentos de defesa. É o relatório. Fl. 191DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901200/200971 Acórdão n.º 1402002.234 S1C4T2 Fl. 192 6 Voto Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE O recurso é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade. Dele, portanto, conheço. Passo à sua análise. 2 MÉRITO Tratase de declaração de compensação atrelada a suposto crédito decorrente de pagamento a maior de estimativa de CSLL relativa ao mês de julho de 2004 (R$ 78.028,57– fl. 39). Em primeiro lugar, há de se ressaltar a plausibilidade jurídica do pleito da Recorrente, haja vista o tema ser alvo de súmula no âmbito desta Corte Administrativa, a saber: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. No caso concreto, a decisão recorrida deixou de reconhecer o indébito porque os valores de estimativa recolhidos guardariam correlação com os débitos confessados em DCTF. Além disso, o voto condutor do aresto esclarece que não houve apresentação de provas de que o valor de estimativa informado na DIPJ original estaria equivocado. Destaco excerto da decisão recorrida: A requerente, em sua manifestação de inconformidade, alega que, ao realizar uma revisão de seus procedimentos fiscais, constatou que as bases de cálculo mensais do IRPJ e da CSLL, no anocalendário de 2004, haviam sido incorretamente apurados, razão pela qual providenciou a retificação de sua DIPJ/2005, antes mesmo da emissão do despacho decisório, mas, por um equívoco, deixou de retificar as DCTF correspondentes. Segundo a interessada, a despeito dos R$ 78.028,57 originalmente declarados em DCTF, a sociedade apurou base negativa de CSLL no período, o que foi declarado ao Fisco Federal na DIPJ retificadora em setembro de 2005 (fl. 30), gerando um saldo a recuperar de R$ 78.028,57, correspondente ao crédito pleiteado na Dcomp em análise. Entretanto, a contribuinte não trouxe ao processo qualquer documento hábil a demonstrar o erro que alega ter cometido na DIPJ original, na apuração das estimativas de CSLL devidas, já que sequer os balanços ou balancetes de redução ou suspensão das estimativas mensais foram apresentados, o mesmo acontecendo com os registros contábeis correspondentes. Destaquese que a comprovação da existência do crédito pleiteado cabe à requerente e, segundo a DCTF apresentada pela própria contribuinte, o valor recolhido corresponde ao débito confessado, não restando crédito passível de compensação, sendo que a alegação de eventual erro cometido nas informações prestadas deve ser acompanhada de documentação Fl. 192DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901200/200971 Acórdão n.º 1402002.234 S1C4T2 Fl. 193 7 comprobatória, para que seja plenamente aplicado o princípio da verdade material defendido pela interessada, ainda mais como no caso, em que se verificam grandes disparidades entre os valores mensais apurados, os confessados em DCTF e os recolhidos, conforme demonstrado em planilha a seguir: Embora considere plausível o raciocínio desenvolvido pela decisão recorrida, uma vez que cabe ao contribuinte fazer prova de seu crédito nos casos de pedido de restituição/declaração de compensação, há de se levar em consideração que, em se tratando de despachos eletrônicos, em que não se averigua com maior profundidade a correição do pedido do contribuinte, há de se ter maior uma maior flexibilidade em relação ao ônus probatório e, em especial, em relação à preclusão relativamente à apresentação da manifestação de inconformidade e recurso voluntário. Vejase que o contribuinte não foi, em nenhum momento, intimado a apresentar qualquer documentação que pudesse, antes de qualquer decisão, comprovar a viabilidade de seu pleito. Nesse cenário, entendeu o contribuinte que a apresentação da DIPJ Retificadora seria suficiente para confirmar seu pretenso equívoco no recolhimento das estimativas mensais. Já a decisão recorrida, concluiu que como as DCTF indicavam exatamente os valores de débitos de estimativas nos mesmos valores recolhidos, não havia prova suficiente para se afirmar que os débitos constantes na DIPJ Retificadora é que estariam corretos. Em contraposição aos argumentos da DRJ, e com esteio no disposto no art. 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, a Recorrente argumenta que em lançamento de ofício relativo ao mesmo período de apuração, a Fiscalização realizou o lançamento com base nos valores informados na DIPJ Retificadora, em detrimento dos débitos confessados em DCTF. Entendo que a tese da Recorrente faz todo sentido, pois, caso se comprove que a própria RFB baseouse nos dados informados na DIPJ para realização de lançamento de ofício, não há porque se afastar a veracidade de tais informações também em caso de pedido de restituição/compensação baseado nessas mesmas informações. Há de se ressaltar, então, alguns aspectos do lançamento de ofício constante do processo nº 13864.000287/200653 a que a Recorrente faz menção. Consultando tais autos, identifiquei que o lançamento diz respeito a diferenças de débitos mensais de CSLL escrituradas e, de forma parcial, informadas em DIPJ e Fl. 193DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901200/200971 Acórdão n.º 1402002.234 S1C4T2 Fl. 194 8 confessadas em DCTF. Após início do procedimento fiscal, a Recorrente procedeu ao recolhimento das diferenças de estimativas não informadas e confessadas à Receita Federal. Também realizou a retificação das DIPJs, fazendo constar os valores que entendia corretos a título de estimativas mensais. O lançamento realizado teria levado em consideração os valores constantes em sua escrituração contábil e informados em DIPJ. De fato, às efls. 131132 do presente processo podemse confirmar os argumentos expedidos pela Recorrente: Sem adentrar no mérito do lançamento em questão (já julgado no CARF, mantendose os valores lançados e tão somente determinando a correta alocação dos tributos recolhidos espontaneamente), identificase que os débitos apurados indicados às efls. 131132 baseiamse nos balancetes que também compõem os presentes autos (efls. 152175), e também os informados na DIPJ Retificadora (efl. 179). Vejase excerto da Ficha 16 da CSLL, com as ilustrações apostas por este relator: Fl. 194DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901200/200971 Acórdão n.º 1402002.234 S1C4T2 Fl. 195 9 Cumpre observar que o demonstrativo para apuração da CSLL anexado pela Recorrente (fl. 178) indica saldo de estimativa a pagar em janeiro de R$ 53.500,02 (exatamente o valor exigido de ofício), em fevereiro de R$ 44.071,94 (considerandose a CSLL já recolhida em janeiro, no mês de fevereiro suspendeuse o recolhimento de CSLL, por isso o saldo a recolher foi zero, conforme informado pela Recorrente, ponto em que se baseia o presente pleito). No mês de março, o demonstrativo indica CSLL a recolher de R$ 71.409,31, que, subtraído da CSLL a pagar relativa ao mês de janeiro (R$ 53.500,02) chegase a R$ 17.909,29, ou seja, o mesmo valor exigido de ofício pela RFB. Reproduzse, a seguir, excerto de tal demonstrativo, com as observações apostas por este relator: Fl. 195DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901200/200971 Acórdão n.º 1402002.234 S1C4T2 Fl. 196 10 Salientase que não houve lançamento de ofício referente aos meses de fevereiro, abril, julho, agosto e setembro de 2004, períodos em que a Recorrente alega ter realizado recolhimentos a maior de estimativa (o presente processo trata tão somente do indébito relativo ao mês de julho de 2004). Analisando toda a documentação apresentada, não me resta dúvida que o lançamento realizado pela Fiscalização confirmou que os valores constantes da DIPJ Retificadora eram os corretos, pois naqueles autos (13864.000287/200653) a autoridade fiscal autuante chega a referirse ao mesmo demonstrativo de apuração mencionado nestes autos para quantificar a CSLL lançada de ofício. Vejase o documento elabora pela Fiscalização, à efl. 137 daqueles autos: Fl. 196DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901200/200971 Acórdão n.º 1402002.234 S1C4T2 Fl. 197 11 * O demonstrativo de apuração da CSLL encontrase à fl. 129 daqueles autos. Salientase, desde já, que o próprio demonstrativo elaborado pela decisão recorrida (e reproduzido na página 6 deste voto) demonstra que o total de CSLL recolhida ultrapassa o saldo de IRPJ devido informado na DIPJ Retificadora (saldo negativo de R$ 419.778,15). É oportuno ainda esclarecer que as declarações de compensação que utilizam como crédito supostas estimativas de CSLL relativas ao anocalendário de 2004 recolhidas a maior perfazem o total de R$ 287.501,79, ou seja, ainda que se reconheça o indébito pleiteado, haveria saldo suficiente para quitação do IRPJ devido informado na DIPJ Retificadora. Pois bem, conforme já salientado, tendo a Fiscalização confirmado que os dados constantes na DIPJ são os corretos, e tendose comprovado que a Recorrente recolheu R$ 78.028,57 de estimativa referente ao mês de julho de 2004, mas, por meio de balancete de suspensão, apurou débito de somente R$ 0,00, reconhecese o direito creditório correspondente. Logo, resta caracterizado o pagamento a maior de estimativa referente ao mês de julho de 2004 no montante pleiteado pela Recorrente, qual seja, R$ 78.028,57. 3 CONCLUSÃO Isso posto, voto por dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório de R$ 78.028,57 referente à estimativa de CSLL do mês de julho de 2004, homologandose as compensações pleiteadas até esse limite. (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Relator Fl. 197DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 17883.000230/2006-87
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Dec 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2002
ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. APRESENTAÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. APRESENTAÇÃO ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. TEMPESTIVA
A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornou - se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural em relação as áreas de preservação permanente, passando a ser, regra geral, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.º 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17 - O, §1º, da Lei n.º 6.938/81.
A apresentação de ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL - ADA antes do início da ação fiscal, é considerada tempestiva, fazendo jus, assim, à redução da base de cálculo do ITR.
Numero da decisão: 9202-004.545
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2002 ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. APRESENTAÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. APRESENTAÇÃO ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. TEMPESTIVA A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornou - se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural em relação as áreas de preservação permanente, passando a ser, regra geral, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.º 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17 - O, §1º, da Lei n.º 6.938/81. A apresentação de ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL - ADA antes do início da ação fiscal, é considerada tempestiva, fazendo jus, assim, à redução da base de cálculo do ITR.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. APRESENTAÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. APRESENTAÇÃO ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. TEMPESTIVA A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornou se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural em relação as áreas de preservação permanente, passando a ser, regra geral, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.º 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17 O, §1º, da Lei n.º 6.938/81. A apresentação de ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA antes do início da ação fiscal, é considerada tempestiva, fazendo jus, assim, à redução da base de cálculo do ITR. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 88 3. 00 02 30 /2 00 6- 87 Fl. 147DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 17883.000230/200687 Acórdão n.º 9202004.545 CSRFT2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Auto de Infração, no qual é cobrado o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, exercício 2002, relativo ao imóvel denominado "Agro Pecuária Vista Bela Ltda" localizado no município de Resende RJ, com área total de 1.384,4 hectares, cadastrado na SRF sob o n° 3.021.8292, no valor de R$ 11.297,51, acrescido de multa de lançamento de oficio e de juros de mora, perfazendo um crédito tributário total de R$ 27.781,70. A ciência do lançamento ocorreu em 04/12/2006, conforme AR de fl. 65. Conforme descrição dos fatos no relatório do auto de infração, fls. 62 o contribuinte, intimado a comprovar o valor declarado como Área de Preservação Permanente declarado de 590,0 hectares, apresentou cópias de Ato Declaratório Ambiental (ADA), um protocolizado em 16/12/2004 e um retificador protocolizado em 17/01/2006 . Apresentou Memorial descritivo da Fazenda e Laudo de Avaliação. Porém , para que o valor declarado fosse aceito era necessário que a solicitação do ADA, junto ao IBAMA, tivesse sido efetuada no prazo de 06 (seis) meses, contados a partir do término fixado para a entrega da DITR/2002. A autuada apresentou impugnação (fls. 67/73), tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em RecifePE julgado o lançamento procedente, mantendo o imposto total, fls. 91 e seguintes. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, fls. 105, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. No Acórdão de Recurso Voluntário, o Colegiado, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso. Portanto, em sessão plenária de 17/4/2012, deuse provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 2201001.556, assim ementado, fls. 121/126: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL/COMUNICAÇÃO AO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. INTEMPESTIVO MAS ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. COMPROVA A DEDUÇÃO SE ACOMPANHADO DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA COMPLEMENTAR. É possível a dedução de áreas de preservação permanente e reserva legal da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, quando houver apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA)/comunicação ao órgão de fiscalização ambiental até o início da ação fiscal acompanhado de Fl. 149DF CARF MF 4 documentação complementar que comprove a existência das áreas deduzidas. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA DO IMÓVEL ANTES DO INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. Cabe excluir da tributação do ITR as áreas de utilização limitada/reserva legal que forem averbadas à matrícula do imóvel rural até o início do procedimento fiscal. Recurso Voluntário Provido em Parte. O processo foi encaminhado à Fazenda Nacional em 09/10/2013 (Despacho de Encaminhamento fls. 127). De acordo com o disposto no art. 7º §§ 3º e 5º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a data da intimação presumida da Fazenda Nacional ocorreu em 07/11/2013, portanto o Recurso Especial teria como termo final 22/11/2013, tendo sido tempestivamente interposto em 21/11/2013 (Despacho de Encaminhamento de fls. 137). Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho fls. 138/140, nos seguintes termos: " DOU SEGUIMENTO ao Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional, para que seja reapreciada a obrigatoriedade de apresentação tempestiva do Ato Declaratório Ambiental – ADA, para exclusão da APP – Área de Preservação Permanente da tributação do ITR/2002." Em seu Recurso Especial, a Recorrente destaca que diversamente do acórdão recorrido os acórdãos paradigmas exigem a apresentação tempestiva do Ato Declaratório Ambiental – ADA ou mesmo de requerimento do contribuinte para a emissão deste, junto ao órgão ambiental competente, tudo com vistas ao reconhecimento da isenção do ITR – exercícios 2001 e 2002 sobre as áreas de reserva legal. Segue argumentando: · Da análise das alegações e da documentação apresentadas pelo contribuinte, com a finalidade de justificar as áreas de reserva legal, confirmase o não cumprimento da exigência da protocolização tempestiva do Ato Declaratório Ambiental ADA, emitido pelo IBAMA ou órgão conveniado, relativamente ao exercício 2002. · A exigência do ADA encontrase consagrada na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 17O, § 1º, com a redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27/12/2000, já em vigor para o ITR do exercício de 2002. Esse diploma reiterou os termos da Instrução Normativa nº 43/97 e atos posteriores, no que concerne ao meio de prova disponibilizado aos contribuintes para o reconhecimento das áreas de preservação permanente, com vista à redução da incidência do ITR. · Assim, a obrigatoriedade de apresentação do ADA ou do protocolo de requerimento para sua emissão é exigência que sempre decorreu da legislação tributária e, atualmente, encontra previsão expressa no art. 17O, § 1º, da Lei nº 6.938/81, em vigor a partir de 27/12/2000, em tudo se aplicando ao ITR do exercício de 2002, tal como é o caso dos autos. · Nos termos do art. 17 da IN SRF nº 60/2001 c/c art. 10 do Decreto nº 4.382/2002 para se valer do benefício, o contribuinte deve protocolar requerimento do ato declaratório junto ao IBAMA no prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR. Ora, o exercício Fl. 150DF CARF MF Processo nº 17883.000230/200687 Acórdão n.º 9202004.545 CSRFT2 Fl. 4 5 do direito do contribuinte está atrelado a uma simples declaração dirigida ao órgão ambiental competente. Tratase, por evidente, de norma amplamente favorável ao contribuinte do ITR, que, na hipótese de sua ausência, estaria sujeito a meios de prova notadamente mais complexos e dispendiosos, como, por exemplo, os laudos técnicos elaborados por peritos. · Registrese que, no presente processo, não se discute a materialidade, ou seja, a existência efetiva das áreas de reserva legal. O que se busca é a comprovação do cumprimento, tempestivo, de uma obrigação prevista na legislação, referente à área de que se trata, para fins de exclusão da tributação. Cientificado do Acórdão nº 2201001.556, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, por edital, após tentativa frustrada de cientificarão pessoal, em 19/01/2016, o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 151DF CARF MF 6 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO PELA FAZENDA NACIONAL Pressupostos de Admissibilidade O Recurso Especial interposto pelo Procurador é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial a fls. 138/142. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. DO MÉRITO Conforme podemos extrair do relatório deste voto a delimitação da lide a ser reapreciada diz respeito a obrigatoriedade de apresentação tempestiva do Ato Declaratório Ambiental – ADA, para exclusão da APP – Área de Preservação Permanente da tributação do ITR/2002." Antes mesmo de apreciarmos a questão, importante destacar os elementos que nos auxiliarão a tomada de decisão. No caso concreto, o ADA foi protocolizado em 16/12/2004, fl. 83, antes do início da fiscalização, que se deu em 22/08/2006 (fl. 03). O contribuinte, ainda, apresentou laudo técnico que comprovava a existência das áreas sob litígio (fls. 16/57). Inicialmente convém fazer considerações acerca da incidência do ITR, e das hipóteses de sua isenção. O imposto sobre a propriedade territorial rural ITR, de competência da União, na forma do art. 153, VI, da Constituição, incide nas hipóteses previstas no art. 29 do Código Tributário Nacional, ora trazido à baila, in verbis: "Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município." Em consonância com disposto pelo Código Tributário Nacional, a União promulgou a Lei Federal n.° 9.393/96, que, na esteira do estatuído pelo art. 29 do CTN, instituiu, em seu art. 1°, como hipótese de incidência do tributo, a "propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município". No caso, muito embora para as áreas de preservação permanente ou de reserva florestal legal. a utilização da propriedade deva observar a regulamentação ambiental específica, disso não decorre a consideração de que referida parcela do imóvel estaria fora da hipótese de incidência do ITR. Isso porque, como se sabe, o direito de propriedade, expressamente garantido no inciso XXII do art. 5° da CF, possui limitação constitucional assentada em sua função social (art. 5°, XIII, da CF). No que atine à regulação ambiental, deste modo, verificase que a legislação, muito embora restrinja o uso do imóvel em virtude do interesse na preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, na forma como estabelecido pela Constituição da Fl. 152DF CARF MF Processo nº 17883.000230/200687 Acórdão n.º 9202004.545 CSRFT2 Fl. 5 7 República, não elimina as faculdades de usar, gozar e dispor do bem, tal como previstas pela legislação cível. Com fundamento no exposto, não versando os autos sobre hipótese de não incidência do tributo, mas, sim, de autêntica isenção ou, como querem alguns, redução da base de cálculo do ITR, dispôs a Lei Federal n.° 9.393/96, em seu art. 10, o seguinte: "Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1° Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: [...] II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei n° 7.803, de 18 de julho de 1989". No que pertine a chamada "área de preservação permanente" (APP), dispõe o Código Florestal, Lei n.° 4.771/65, atualmente regulada, também, pelas Resoluções CONAMA n. 302 e 303 de 2002, o seguinte: "Art. 2° Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: 1 de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; Fl. 153DF CARF MF 8 f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observarseá o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. Art. 3° Consideramse, ainda, de preservação permanente, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bem estar público. § 1° A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. § 2° As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei." Destacase que até o exercício de 2000, não existia para área de preservação permanente, qualquer fundamento legal para a exigência da entrega do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para o fim de reduzir a base de cálculo do ITR. Nesse sentido, aliás, dispunha o art. 17O, da Lei Federal n.° 6.938/81, com a redação que lhe foi conferida pela Lei n.9.960/2000, o seguinte: "Art. 17O. Os proprietários rurais, que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao Ibama 10% (dez por cento) do valor auferido como redução do referido Imposto, a título de preço público pela prestação de serviços técnicos de vistoria. Fl. 154DF CARF MF Processo nº 17883.000230/200687 Acórdão n.º 9202004.545 CSRFT2 Fl. 6 9 § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é opcional." Em relação ao período até 2000, inexistindo fundamento legal para a entrega tempestiva do ADA, como requisito para a fruição da redução da base de cálculo prevista pela legislação atinente ao ITR, foi aprovada súmula nos seguintes termos: "A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000." Já para o período do lançamento ora sob análise, devese ter em mente que com o advento da Lei Federal n.° 10.165/2000 alterouse a redação do §1° do art. 17O da Lei n.° 6.938/81, que passou a vigorar da seguinte forma: "Art. 17O. (... ) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória." Ao apreciarmos a mudança da lei fica clara a possibilidade de exigência de apresentação do ADA, como requisito indispensável para a fruição da redução da base de cálculo prevista pela Lei n.° 9.393/96, mais especificamente por seu art. 10, §1°, II. Em relação ao prazo para apresentação do ADA, trago a baila trecho do voto do Dr. Heitor de Souza Lima Júnior, , Acórdão nº 9202003.620 de 04 de março de 2015, onde o mesmo analisa os aspectos legislativos sobre o tema, chegando a conclusão que mais me parece acertada acerca da interpretação da lei sobre a matéria, razão pela qual adota seu posicionamento como razões de decidir: No que toca a este aspecto específico, tenho para mim que é absolutamente relevante uma digressão a respeito da mens legis que norteou a alteração do texto do art. 17O da Lei n.° 6.938/81. Analisandose, nesse passo, o real intento do legislador ao estabelecer a obrigatoriedade de apresentação do ADA, podese inferir que a mudança de paradigma deveuse a razões atinentes à efetividade da norma isencional, especialmente no que concerne à aferição do real cumprimento das normas ambientais pelo contribuinte, de maneira a permitir que este último possa usufruir da redução da base de cálculo do ITR. Em outras palavras, a efetiva exigência do ADA para o fim específico da fruição da redução da base de cálculo do ITR foi permitir uma efetiva fiscalização por parte da Receita Federal da preservação das áreas de reserva legal ou de preservação permanente, utilizandose, para este fim específico, do poder de polícia atribuído ao IBAMA. Em síntese, podese afirmar que a alteração no regramento legal teve por escopo razões de praticabilidade tributária, a partir da criação de um dever legal que permita, como afirma Helenílson Cunha Pontes, uma "razoável efetividade da norma tributária'" (PONTES, Helenílson Cunha). O princípio da praticidade no Fl. 155DF CARF MF 10 Direito Tributário (substituição tributária, plantas de valores, retenções de fonte, presunções e ficções, etc.): sua necessidade e seus limites. In: Revista Internacional de Direito Tributário, v. 1, n.° 2. Belo Horizonte, jul/dez2004, p. 57) , no caso da norma isencional. De fato, no caso da redução da base de cálculo do ITR, mais especificamente no que atine às áreas de interesse ambiental lato sensu, além da necessidade de fiscalizar um número extenso de contribuintes, exigirseia, não fosse a necessidade da obrigatória protocolização do ADA, que a Receita Federal tomasse para si o dever de fiscalizar o extenso volume de propriedades rurais compreendido no território nacional, o que, do ponto de vista econômico, não teria qualquer viabilidade. Por esta razão, assim, passouse, com o advento da Lei Federal n.° 10.165/00 a exigir, de forma obrigatória, a apresentação do ADA para o fim de permitir a redução da base de cálculo do ITR, declaração esta sujeita ao poder de polícia do IBAMA. Tratandose, portanto, da interpretação do dispositivo em comento, deve o aplicador do direito, neste conceito compreendido o julgador, analisar o conteúdo principiológico que norteia referido dispositivo legal, a fim de conferirlhe o sentido que melhor se amolda aos objetivos legais. Partindose desta premissa basilar, verificase que o art. 17O da Lei n.° 6.938/81, em que pese o fato de imprimir, de forma inafastável, o dever de apresentar o ADA, não estabelece qualquer exigência no que toca à necessidade de sua protocolização em prazo fixado pela Receita Federal para o fim específico de permitir a redução da base de cálculo do ITR. A exigência de protocolo tempestivo do ADA, para o fim específico da redução da base de cálculo do ITR, não decorre expressamente de lei, mas sim do art. 10, §3°, I, do Decreto n.° 4.382/2002, que, inclusive, data de setembro de 2002, posterior à data da ocorrência do fato gerador, no caso que ora se trata. Querse com isso dizer, portanto, que, muito embora a legislação tratasse, de maneira inolvidável, a respeito da entrega do Ato Declaratório Ambiental, para o fim específico da redução da base de cálculo do ITR, não havia, sequer no âmbito do poder regulamentar, disposição alguma a respeito do prazo para sua apresentação, e, menos ainda, que possibilitasse à Receita Federal desconsiderar a existência de áreas de preservação permanente ou de reserva legal no caso de apresentação intempestiva do ADA. Com efeito, sendo certo que a instituição de tributos ou mesmo da exclusão do crédito tributário, na forma como denominada pelo Código Tributário Nacional, são matérias que devem ser integralmente previstas em lei, na forma como estatuído pelo art. 97, do CTN, mais especificamente no que toca ao seu inciso VI, não poderia sequer o poder regulamentar estabelecer a desconsideração da isenção tributária no caso da mera apresentação intempestiva do ADA. Repisese, nesse sentido, que não se discute que a lei tenha instituído a obrigatoriedade da apresentação do ADA, mas, sim, que o prazo de seis meses, contado da entrega da DITR, foi Fl. 156DF CARF MF Processo nº 17883.000230/200687 Acórdão n.º 9202004.545 CSRFT2 Fl. 7 11 instituído apenas por instrução normativa, muito posteriormente embasada pelo Decreto n.° 4.382/2002, o que, com a devida vênia, não merece prosperar. Em virtude, portanto, da ausência de estabelecimento de um critério rígido quanto ao prazo para a apresentação do ADA, eis que não se encontra previsto em lei, cumpre recorrer aos mecanismos de integração da legislação tributária, de maneira a imprimir eficácia no disposto pelo art. 17O da Lei n.° 6.398/81. Dentre os mecanismos de integração previstos pelo ordenamento jurídico, dispõe o Código Tributário Nacional, em seu art. 108, I, que deve o aplicador recorrer à analogia, sendo referida opção vedada apenas no que toca à instituição de tributos não previstos em lei, o que, ressaltese, não é o caso. Nesse esteio, recorrendose à analogia para o preenchimento de referida lacuna, devese recorrer à legislação do ITR relativa às demais declarações firmadas pelo contribuinte, mais especificamente no que atine à DIAT e à DIAC, expressamente contempladas pela Lei n.° 9.393/96, aplicadas ao presente caso tendose sempre em vista o escopo da norma inserida no texto do art. 17O da Lei n.° 6.398/81, isto é, imprimir praticabilidade à aferição da existência das áreas de reserva legal e preservação permanente, para o fim específico da isenção tributária. Pois bem. Sendo certo que a apresentação do ADA cumpre o papel imprimir praticabilidade à apuração da área tributável, verificase que cumpre o escopo norma a sua entrega até o início da fiscalização, momento a partir do qual a apresentação já não mais cumprirá seu desiderato. De fato, até o início da fiscalização em face do contribuinte, verificase que a entrega do ADA possibilitará a consideração, por parte da Receita Federal, da redução da base de cálculo do ITR, submetendo as declarações do contribuinte ao pálio do órgão ambiental competente e retirando referida aferição do âmbito da Receita Federal do Brasil. A entrega, portanto, ainda que intempestiva, muito embora pudesse ensejar a aplicação de uma multa específica, caso existisse referida norma sancionatória, seria equivalente à retificação das demais declarações relativas ao ITR, isto é, da DIAT e da DIAC, devendo, pois, ter o mesmo tratamento que estas últimas, em consonância com o que estatui o brocardo jurídico "ubi eadem ratio, ibi eaedem legis dispositio", isto é, onde há o mesmo racional, a legislação não pode aplicar critérios distintos. À guisa do exposto, portanto, no que toca à entrega do ADA, tenho para mim que cumpre seu desiderato até o momento do início da fiscalização, a partir do qual a omissão do contribuinte ensejou a necessidade de fiscalização específica relativa ao recolhimento do ITR, o que implica nos custos administrativos inerentes a este fato. Assim, aplicase ao ADA, de acordo com este entendimento basilar, a regra prevista pelo art. 18 da Medida Provisória n.° 2.18949/ 01, que assim dispõe, verbis: Fl. 157DF CARF MF 12 "Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa." De acordo com a interpretação que ora se sustenta, pois, é permitida a entrega do ADA, ainda que intempestivamente, desde que o contribuinte o faça até o início da fiscalização. Adotando o posicionamento do ilustre Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior, considerando que a entrega do ADA no caso da área de Preservação Permanente é obrigatória para redução da área a ser tributada, porém considerando a inexistência de expressa previsão legal acerca do prazo para sua entrega, entendo que a entrega de ADA até o início do procedimento fiscal se presta a demonostrar a comprovação de sua existência, corroborada com o presente de laudo técnico. Assim, no exame do caso concreto, se faz necessário investigar se o contribuinte, até o início do procedimento fiscal – 22/08/2006 (fl. 03), data da ciência da intimação, já havia informado ao órgão ambiental estadual ou federal a existência das áreas de preservação permanente informadas em sua declaração, e se tais áreas estão devidamente identificadas e passíveis de serem ratificadas pelos órgãos competentes. Compulsandose os autos verificase que o ADA relativo ao exercício de 2002 foi protocolizado ao IBAMA em 16/12/2004, ou seja, anteriormente ao início da ação fiscal (22/08/2006). O contribuinte, ainda, apresentou laudo técnico que comprovava a existência das áreas sob litígio (fls. 16/57). Nestes termos, conforme descrito no acórdão recorrido, restando comprovada a entrega do ADA, em período anterior ao início da ação fiscal, da área de preservação permanente de 590/ha , excluindoas desse modo, da área tributável do ITR no exercício em exame. CONCLUSÃO Face todo o exposto, voto por CONHECER DO RECURSO da Procuradoria, para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 158DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11131.000189/2007-46
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 14 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3402-000.851
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, por converter o julgamento do recurso em diligência nos termos do voto da Relatora. O Conselheiro Rodolfo Tsuboi participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, que se
declarou impedido.
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
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OCULTAÇÃO REAL ADQUIRENTE. Recorrente SPIN COMERCIAL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, por converter o julgamento do recurso em diligência nos termos do voto da Relatora. O Conselheiro Rodolfo Tsuboi participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, que se declarou impedido. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente (Assinado com certificado digital) Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora Relatório Tratam-se de dois Autos de Infração lavrados para as cobranças de multas e tributos (II/IPI) em importações realizadas pela empresa NISICA ASSESSORIA E COMÉRCIO EXTERIOR LTDA (NISICA) entre agosto/2002 e janeiro/2003, nas quais foi apurado a ocultação do real adquirente das mercadorias importadas, a empresa SPIN COMERCIAL LTDA., e a declaração inexata do valor das mercadorias (subfaturamento). As empresas foram autuadas, na condição de solidárias com fulcro no art. 124, I, do Código Tributário Nacional - CTN, sendo ambas autuações respaldadas no Termo de Constatação Fiscal n.º 3/2007. Fl. 1228DF CARF MF Processo nº 11131.000189/2007-46 Resolução nº 3402-000.851 S3-C4T2 Fl. 1.229 2 As autuações decorreram da iniciativa da Alfândega do Porto de Vitória, que detectou indícios de que a empresa SPIN seria a real adquirente de mercadorias importadas por distintas empresas, dentre as quais a acima mencionada. Por conseguinte, foi instaurado procedimento especial de fiscalização na forma da Instrução Normativa n.º 228/2002 contra a SPIN para a verificação da origem dos recursos aplicados nas operações. Em conformidade com o Termo de Constatação (fls. 25/42 do processo eletrônico), a autuação foi lavrada em face da interposição fraudulenta presumida em importações diretas realizadas pela NISICA e do subfaturamento nestas importações diretas e em outras realizadas formalmente por conta e ordem da SPIN. As razões para a lavratura dos Autos de Infração foram sintetizados no relatório da decisão de primeira instância, nos seguintes termos: "1. Ocultação do efetivo adquirente das mercadorias — DI's registradas diretamente pela NISICA - DI's 02/0903045-8 e 02/0903048-2, cujo fornecedor foi IWEB GROCER (IWEB) e DI 02/0756710-1, cujo fornecedor foi MAGTEC CORPORATION (MAGTEC) — A SPIN seria a efetiva adquirente das mercadorias importadas, em função de: • Vinculação entre SPIN e os fornecedores estrangeiros IWEB e MAGTEC; • Quando do registro das importações, compunha o quadro societário da NISICA um despachante aduaneiro atuante no Porto de Fortaleza, local de registro e desembaraço das mercadorias; • Os registros contábeis comprovam que essas importações foram efetivamente realizadas por conta e ordem da SPIN e que a NISICA apenas prestou serviços de promoção de importação; • Os pagamentos relacionados c registrados antes da entrada na SPIN evidenciam que os impostos vinculados e despesas aduaneiras foram custeadas pela SPIN (fls. 26). 2. Subfaturamento do preço declarado de produtos, em relação às: 2.1. DI's 02/0903045-8 e 02/0903048-2 (Importações diretas), bem como DI's 02/1113454-0, 03/0048036-3, 03/0266251-5 e 03/0266271-0 (Importações por conta e ordem), em função de: • Diferença entre o preço declarado nessas e em outras importações por conta e ordem da SPIN registradas por empresas diversas e entre o preço de entrada de produtos na SPIN e o preço de venda dos mesmos, conforme demonstrativo de preços de produtos importados — NISICA (fls. 260-271), onde se-vê subfaturamento de Dentrificios Crest (mais de 300%) e Enxaguatório Bucal Scope (mais de 180%); • Falsidade de faturas — Consta como signatário nas faturas 311146 (fls. 212) e 304756 (fls. 223), inerentes às DI's 02/1113454-0 e 03/0048036-3,0 Sr. Brian Poeschel, sendo que tais assinaturas são diferentes das que constam em outros documentos (faturas 11405 e 11438) do mesmo signatário; 2.2. DI's 02/0756710-1 (Importação direta) e 02/1050829-3 (Importação por conta e ordem), em razão de: • Diferença entre o preço declarado nessas e em outras importações registradas por empresas diversas, tendo o mesmo exportador e o mesmo fabricante, e entre o preço de entrada de produtos na SPIN e o preço de venda dos mesmos, conforme demonstrativo de preços de produtos importados — NISICA (fls. 260-271), onde se vê subfaturamento de Desodorantes Antiperspirant — Cussons (mais de 200%) e Desodorantes Corporais — Hofinann (de 36% a 170%); • Elementos de inidoneidade de faturas, que caracterizariam a falsidade das mesmas: Na fatura n° 52466 (fls. 257) da MAGTEC, instrutiva da DI n° 0211050829-3, foi incluído manualmente o adquirente das mercadorias: SPIN COMERCIAL. Fl. 1229DF CARF MF Processo nº 11131.000189/2007-46 Resolução nº 3402-000.851 S3-C4T2 Fl. 1.230 3 Em suma, pelas razões expostas às fls. 23-28, entendeu que tais operações de importação foram instruidas sob o escopo de falsidade documental e com a ocultação da condição de estabelecimento equiparado à industrial, os quais teriam proporcionado as seguintes fraudes: (1) subfaturamento de mercadorias nas importações realizadas por conta c ordem de terceiros, e; (2)subfaturamento de mercadorias e ocultação do real adquirente nas importações por conta própria. Em face do subfaturamento constatado e impossibilidade de apuração dos preços efetivamente praticados a fiscalização logrou em proceder ao arbitramento do valor das mercadorias tomando por base os artigos 77 e 84, ambos do Regulamento Aduaneiro de 2002, conforme demonstrativos de fls. 34 — 38. Finalmente, conclui o Termo de Constatação com a apresentação de um quadro do crédito tributário apurado e com a observação de ciência do sujeito passivo solidário, no caso, a NISICA. Os elementos de prova e demais peças que instruem a autuação foram juntados às folhas 41 (Volume 1)-259 (Volume 2), tal como listagem de fls. 260 - 271." (fls. 1.075/1.076) Os Autos de Infração exigem os valores relativos aos tributos incidentes na importação, pagos à menor em razão do subfaturamento (imposto de importação - II e imposto sobre produtos industrializados - IPI na importação), acrescidos de juros e multa punitiva qualificada (150%), bem como multas administrativas em razão do subfaturamento e pela conversão da pena de perdimento. Apresentada Impugnação Administrativa somente pela empresa SPIN, o processo foi convertido em diligência para Resolução n.º 1.171 (fls. 681/686) respondida pela Informação Fiscal de fls. 689/696. Após a manifestações das duas autuadas quanto à Informação Fiscal (tanto a SPIN como a NISICA, que foi intimada pessoalmente do resultado da diligência), foi proferida a decisão a quo por meio da qual os autos de infração foram julgados integralmente procedentes. O julgado foi ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 23/08/2002 a 14/01/2003 LEGITIMIDADE PASSIVA. SUJEITO PASSIVO SOLIDÁRIO. Constatado que importador e adquirente tinham interesses comuns na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, ou seja, a importação de mercadorias, ambas, de forma solidária, devem compor o pólo passivo do lançamento de oficio. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA. Não se constata cerceamento de direito de defesa se verificado o cumprimento de todas as formalidades inerentes à ciência e garantia da apresentação de impugnação tal como previstas na legislação. EFEITOS DA REVELIA. INTERVENÇÃO NO PROCESSO. Não obstante o autuado revel possa intervir no processo em qualquer fase, este o receberá no estado em que se encontrar, o que impede a retroatividade de fase para apresentação de impugnação. ASSUNTO NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTARIA Período de apuração: 23/08/2002 a 14/01/2003 PROVA INDICIÁRIA. CONJUNTO PROBANTE. Fl. 1230DF CARF MF Processo nº 11131.000189/2007-46 Resolução nº 3402-000.851 S3-C4T2 Fl. 1.231 4 É plenamente aceitável em Direito Tributário, o uso da prova indireta, qual seja o indicio e a presunção, especialmente nos casos de fraude, conluio e simulação fiscal, conforme configurado nos elementos que formam o conjunto probante contido nos autos: operações de importação efetuadas de forma direta ou por conta e ordem através de terceiros com valores subfaturados e/ou com ocultação do real adquirente, culminando com o recolhimento a menor dos tributos incidentes e passando ao largo do controle aduaneiro, VINCULAÇÃO ENTRE ADQUIRENTE E FORNECEDOR. A constatação de vinculação entre as empresas fornecedoras internacionais e a adquirente das mercadorias importadas, inclusive com o seu controle financeiro e administrativo, existente de modo informal, implica em indicio de falsidade nas informações constantes nas faturas emitidas, subfaturamento, conluio, simulação e fraude nas operações de importação diretas c por conta e ordem realizadas. OCULTAÇÃO DO REAL ADQUIRENTE. Restando claro que o real adquirente das mercadorias importadas foi pessoa diversa da do importador a ausência desta informação na declaração de importação registrada, adicionada à falta de comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados, permite que se conclua pela ocultação daquela e faz presumir a interposição fraudulenta de terceiros. SUBFATURAMENTO. Levantado conjunto probante constituído de provas indiciarias de falsidade nas faturas, conluio, simulação e fraude nas operações de importação diretas e por conta e ordem realizadas, somados à constatação de diferenças de preços de mesma mercadoria, configurar-se-á subfaturamento, o que permite o arbitramento dos valores dos bens importados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 23/08/2002 a 14/01/2003 MULTA QUALIFICADA. FATO GERADOR. Aplicar-se-á a legislação tributária aos fatos geradores futuros e aos ' pendentes, sendo que, sua aplicação aos fatos geradores pretéritos somente se fará nas hipóteses listadas no artigo 106 do Código Tributário Nacional, dentre os quais, quando a lei lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. COMPETÊNCIA. PREVISÃO LEGAL. Não compete à autoridade administrativa manifestar-se quanto à inconstitucionalidade ou ilegalidade das leis, por ser essa prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário, cabendo, pois, a aplicação de juros de mora por percentuais equivalentes à taxa Selic por expressa previsão legal. Lançamento Procedente." (fls. 1.072/1.073) Com a intimação apenas da empresa SPIN desta decisão, em 23/06/2009 (que apresentou tempestivo Recurso Voluntário em 22/07/2009), o processo foi convertido em diligência por este Conselho por meio da Resolução n.º 3102-000.268 para a intimação da responsável solidária NISICA. Após a devolução em branco do AR de intimação encaminhado ao endereço da NISICA cadastrado no CNPJ, foi expedido Edital ALF/FOR n.º 82, de 25/09/2014 com o seguinte teor (fls. 1.223/1.224). Fl. 1231DF CARF MF Processo nº 11131.000189/2007-46 Resolução nº 3402-000.851 S3-C4T2 Fl. 1.232 5 Este é o relatório no que concerne a presente resolução. Voto Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne, Relatora. Pela análise do Edital ALF/FOR n.º 82, de 25/09/2014, cujo teor foi transcrito no relatório, possível depreender que a Resolução n.º 3102-000.268 deste CARF não foi cumprida, vez que a intimação realizada por Edital não pode ser admitida como válida. Isso porque, além de um equívoco na grafia no nome da pessoa jurídica (identificada como NISSICA), atesta-se que o Edital de intimação da empresa responsável solidária NISICA ASSESSORIA E COMÉRCIO EXTERIOR LTD A não foi emitido com o seu número de CNPJ (n.º 63.301.030/0001-58), mas sim com o número de CNPJ do responsável solidário SPIN COMERCIAL LTDA (n.º 86.938.453/0001-89). É o que se confirma pelos extratos do CNPJ das duas empresas: Fl. 1232DF CARF MF Processo nº 11131.000189/2007-46 Resolução nº 3402-000.851 S3-C4T2 Fl. 1.233 6 Fl. 1233DF CARF MF Processo nº 11131.000189/2007-46 Resolução nº 3402-000.851 S3-C4T2 Fl. 1.234 7 Assim, patentes os vícios do Edital ALF/FOR n.º 82/2014, que implicaram na incorreta identificação do sujeito passivo e a correspondente preterição do seu direito de defesa, devendo ser reconhecida sua nulidade na forma do art. 59, II, do Decreto n.º 70.235/72. Nesse sentido é o entendimento deste CARF: "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009, 2010 NULIDADE DE INTIMAÇÃO. ERRO NO NOME DO INTIMADO. NECESSÁRIA A RESTITUIÇÃO DE PRAZO PARA RECURSO VOLUNTÁRIO. A intimação deve indicar o nome completo e correto do contribuinte, sob pena de nulidade. O fato de a intimação ter sido entregue no mesmo endereço em que recebidas intimações anteriores, não afasta a nulidade verificada em virtude de erro quanto ao nome do intimado. (...)"(Processo n.º 10183.722797/2012-02 Data da Sessão 09/08/2016 Relator(a) Rogério Aparecido Gil. Acórdão n.º 1302-001.951. Unânime - grifei) Inexistindo, portanto, uma válida intimação da empresa NISICA ASSESSORIA E COMÉRCIO EXTERIOR LTDA (CNPJ n.º 63.301.030/0001-58) quanto à decisão de primeira instância, reitera-se os termos da Resolução n.º 3102-000.268 para que seja expedida nova intimação e oportunizado à esta empresa a apresentação de Recurso na forma do art. 33 do Decreto nº 70.235/72. Como frisado na referida Resolução, deixar de intimar a contribuinte apontada como responsável solidária implicaria no cerceamento do seu direito de defesa, em violação aos termos da Súmula CARF nº 71, in verbis: "Todos os arrolados como responsáveis tributários na autuação são parte legítima para impugnar e recorrer acerca da exigência do crédito tributário e do respectivo vínculo de responsabilidade." Diante do exposto, converto o julgamento do recurso em diligência a fim de que a NISICA ASSESSORIA E COMÉRCIO EXTERIOR LTDA seja validamente intimada da decisão de primeira instância, oferecendo-se o prazo de trinta dias para, se desejar, apresentar seu Recurso Voluntário. É como voto. Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora Fl. 1234DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15578.000246/2008-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2006
SIMULAÇÃO.
A simulação se caracteriza pela divergência entre o ato aparente - realização formal - e o ato que se quer materializar - oculto. Assim, na simulação, os atos exteriorizados são sempre desejados pelas partes, mas apenas formalmente, pois materialmente o ato praticado é outro. Portanto, para fins de caracterizar, ou não, simulação, é irrelevante terem as partes manifestado publicamente vontade de formalizar determinados atos por natureza lícitos, pois tal fato em nada influi sobre o cerne da definição de simulação, que é a divergência entre exteriorização e vontade. Para que não se configure simulação, é necessário mais que isso, é necessário que as partes queiram praticar esses atos não apenas formalmente, mas também materialmente.
RELAÇÃO JURÍDICA APARENTE. DESCARACTERIZAÇÃO.
Restando configurado que a relação jurídica formal apresentada não se coaduna com a relação fática verificada, os efeitos tributários devem ser determinados conforme os atos efetivamente ocorreram.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2006
SIMULAÇÃO. INTERPOSIÇÃO. VENDA DE CAFÉ. CREDITAMENTO
Comprovada a aquisição de café, de fato, de pessoas físicas, quando os documentos apontavam para uma intermediação por pessoa jurídica, incabível o creditamento integral das contribuições, cabendo apenas o crédito presumido pela aquisição de pessoas físicas.
REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO.
Para fins de geração de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep no regime da não cumulatividade caracteriza-se como insumo toda a aquisição de bens ou serviços necessários à percepção de receitas vinculadas à prestação de serviços ou a produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda.
Excluem-se deste conceito as aquisições que, mesmo referentes à prestação de serviços ou produção de bens, não se mostrem necessárias a estas atividades, adquiridas por mera liberalidade ou para serem utilizadas em outras atividades do contribuinte, assim como aquisições de bens destinados ao ativo imobilizado.
CRÉDITOS. NÃO CUMULATIVIDADE. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE
É ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação dos créditos apropriados para desconto da base de cálculo da Cofins apurada pelo regime da não cumulatividade.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2006
VERDADE MATERIAL. MEIOS DE PROVAS.
Por se tratar de a simulação de divergência entre realidade e subjetividade, é difícil, quando não impossível, comprová-la diretamente, pelo que se admite que seja provada por todos os meios admitidos em Direito, inclusive indícios e presunções.
ARGUIÇÃO DE NULIDADE. SUPOSTA OFENSA AO DIREITO AO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA.
O direito processual tem como regra o princípio da instrumentalidade das formas, segundo o qual, com respeito à nulidade do processo, somente àquela que sacrifica os fins de justiça deve ser declarada pela autoridade julgadora.
Assim, a nulidade por cerceamento ao direito de defesa exige seja comprovado o efetivo prejuízo ao exercício desse direito por parte do sujeito passivo.
Não há nulidade quando a recorrente tem pleno conhecimento dos atos processuais objeto do processo e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados, retratado nas robustas alegações aduzidas em sua peça recursal.
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. EXAME ADSTRITO ÀS CONDIÇÕES DA AÇÃO E ÀS CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO SOBRE A INEXISTÊNCIA MATERIAL DO FATO. COISA JULGADA QUANTO AOS FATOS NARRADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. INOCORRÊNCIA.
A sentença penal não faz coisa julgada quanto à materialidade dos fatos se estes não são objeto de apreciação e, portanto, não fundamentam o trancamento da ação penal, restrito à análise das condições da ação e de sua procedibilidade.
Realidade em que a extinção da ação penal inaugurada pelo Ministério Público Federal não foi motivada por eventual pronunciamento jurígeno excludente do envolvimento da recorrente com os fatos narrados na denúncia, mas em vista da impossibilidade de tipificação das condutas em crime contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/90) antes do lançamento definitivo do tributo (Súmula Vinculante do STF nº 24).
MATÉRIA NÃO CONHECIDA
Não se conhece de argumento que não guarda relação com o objeto da contenda.
PROVA. DEPOIMENTOS E MENSAGENS COM TRATATIVAS DE NEGOCIAÇÕES COMERCIAIS DA EMPRESA. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE EVENTUAL ELEMENTO QUE PUDESSE VIR A CARACTERIZAR A ILEGALIDADE DA PROVA. VIOLAÇÃO AO SIGILO DE DADOS DA EMPRESA PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE NULIDADE.
Os depoimentos constituem importante elemento probatório e não podem ser invalidados por simples alegações, sem prova, de eventual suspeição ou vício de consentimento.
A Legislação Tributária Federal garante à Administração Tributária pleno acesso a documentos, inclusive magnéticos, fiscais e não fiscais, do contribuinte, bem como a depoimentos de terceiros, ressalvadas as vedações legais, como forma de averiguar o fiel cumprimento das obrigações tributárias, não podendo a garantia constitucional à privacidade revestir-se de instrumento à salvaguarda de práticas ilícitas.
Numero da decisão: 3201-002.226
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade. Vencido o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, que entendia necessária a reunião dos processos, e os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário, Cássio Schappo e Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, que entendiam necessária a realização de diligência para verificar a existência de créditos alegados pela Recorrente. No mérito, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário, Cássio Schappo e Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, que davam provimento ao recurso. Apresentará declaração de voto o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima.
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cássio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira. Ausente, justificadamente, a conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
Fez sustentação oral, pela Recorrente, o(a) advogado(a) Paulo César Caetano, OAB/ES n º 4892.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2006 SIMULAÇÃO. A simulação se caracteriza pela divergência entre o ato aparente - realização formal - e o ato que se quer materializar - oculto. Assim, na simulação, os atos exteriorizados são sempre desejados pelas partes, mas apenas formalmente, pois materialmente o ato praticado é outro. Portanto, para fins de caracterizar, ou não, simulação, é irrelevante terem as partes manifestado publicamente vontade de formalizar determinados atos por natureza lícitos, pois tal fato em nada influi sobre o cerne da definição de simulação, que é a divergência entre exteriorização e vontade. Para que não se configure simulação, é necessário mais que isso, é necessário que as partes queiram praticar esses atos não apenas formalmente, mas também materialmente. RELAÇÃO JURÍDICA APARENTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Restando configurado que a relação jurídica formal apresentada não se coaduna com a relação fática verificada, os efeitos tributários devem ser determinados conforme os atos efetivamente ocorreram. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2006 SIMULAÇÃO. INTERPOSIÇÃO. VENDA DE CAFÉ. CREDITAMENTO Comprovada a aquisição de café, de fato, de pessoas físicas, quando os documentos apontavam para uma intermediação por pessoa jurídica, incabível o creditamento integral das contribuições, cabendo apenas o crédito presumido pela aquisição de pessoas físicas. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Para fins de geração de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep no regime da não cumulatividade caracteriza-se como insumo toda a aquisição de bens ou serviços necessários à percepção de receitas vinculadas à prestação de serviços ou a produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Excluem-se deste conceito as aquisições que, mesmo referentes à prestação de serviços ou produção de bens, não se mostrem necessárias a estas atividades, adquiridas por mera liberalidade ou para serem utilizadas em outras atividades do contribuinte, assim como aquisições de bens destinados ao ativo imobilizado. CRÉDITOS. NÃO CUMULATIVIDADE. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE É ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação dos créditos apropriados para desconto da base de cálculo da Cofins apurada pelo regime da não cumulatividade. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2006 VERDADE MATERIAL. MEIOS DE PROVAS. Por se tratar de a simulação de divergência entre realidade e subjetividade, é difícil, quando não impossível, comprová-la diretamente, pelo que se admite que seja provada por todos os meios admitidos em Direito, inclusive indícios e presunções. ARGUIÇÃO DE NULIDADE. SUPOSTA OFENSA AO DIREITO AO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. O direito processual tem como regra o princípio da instrumentalidade das formas, segundo o qual, com respeito à nulidade do processo, somente àquela que sacrifica os fins de justiça deve ser declarada pela autoridade julgadora. Assim, a nulidade por cerceamento ao direito de defesa exige seja comprovado o efetivo prejuízo ao exercício desse direito por parte do sujeito passivo. Não há nulidade quando a recorrente tem pleno conhecimento dos atos processuais objeto do processo e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados, retratado nas robustas alegações aduzidas em sua peça recursal. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. EXAME ADSTRITO ÀS CONDIÇÕES DA AÇÃO E ÀS CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO SOBRE A INEXISTÊNCIA MATERIAL DO FATO. COISA JULGADA QUANTO AOS FATOS NARRADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. INOCORRÊNCIA. A sentença penal não faz coisa julgada quanto à materialidade dos fatos se estes não são objeto de apreciação e, portanto, não fundamentam o trancamento da ação penal, restrito à análise das condições da ação e de sua procedibilidade. Realidade em que a extinção da ação penal inaugurada pelo Ministério Público Federal não foi motivada por eventual pronunciamento jurígeno excludente do envolvimento da recorrente com os fatos narrados na denúncia, mas em vista da impossibilidade de tipificação das condutas em crime contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/90) antes do lançamento definitivo do tributo (Súmula Vinculante do STF nº 24). MATÉRIA NÃO CONHECIDA Não se conhece de argumento que não guarda relação com o objeto da contenda. PROVA. DEPOIMENTOS E MENSAGENS COM TRATATIVAS DE NEGOCIAÇÕES COMERCIAIS DA EMPRESA. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE EVENTUAL ELEMENTO QUE PUDESSE VIR A CARACTERIZAR A ILEGALIDADE DA PROVA. VIOLAÇÃO AO SIGILO DE DADOS DA EMPRESA PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE NULIDADE. Os depoimentos constituem importante elemento probatório e não podem ser invalidados por simples alegações, sem prova, de eventual suspeição ou vício de consentimento. A Legislação Tributária Federal garante à Administração Tributária pleno acesso a documentos, inclusive magnéticos, fiscais e não fiscais, do contribuinte, bem como a depoimentos de terceiros, ressalvadas as vedações legais, como forma de averiguar o fiel cumprimento das obrigações tributárias, não podendo a garantia constitucional à privacidade revestir-se de instrumento à salvaguarda de práticas ilícitas.
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E EXPORTAÇÃO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2006 SIMULAÇÃO. A simulação se caracteriza pela divergência entre o ato aparente realização formal e o ato que se quer materializar oculto. Assim, na simulação, os atos exteriorizados são sempre desejados pelas partes, mas apenas formalmente, pois materialmente o ato praticado é outro. Portanto, para fins de caracterizar, ou não, simulação, é irrelevante terem as partes manifestado publicamente vontade de formalizar determinados atos por natureza lícitos, pois tal fato em nada influi sobre o cerne da definição de simulação, que é a divergência entre exteriorização e vontade. Para que não se configure simulação, é necessário mais que isso, é necessário que as partes queiram praticar esses atos não apenas formalmente, mas também materialmente. RELAÇÃO JURÍDICA APARENTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Restando configurado que a relação jurídica formal apresentada não se coaduna com a relação fática verificada, os efeitos tributários devem ser determinados conforme os atos efetivamente ocorreram. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2006 SIMULAÇÃO. INTERPOSIÇÃO. VENDA DE CAFÉ. CREDITAMENTO Comprovada a aquisição de café, de fato, de pessoas físicas, quando os documentos apontavam para uma intermediação por pessoa jurídica, incabível o creditamento integral das contribuições, cabendo apenas o crédito presumido pela aquisição de pessoas físicas. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 57 8. 00 02 46 /2 00 8- 80 Fl. 14065DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.066 2 Para fins de geração de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep no regime da não cumulatividade caracterizase como insumo toda a aquisição de bens ou serviços necessários à percepção de receitas vinculadas à prestação de serviços ou a produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Excluemse deste conceito as aquisições que, mesmo referentes à prestação de serviços ou produção de bens, não se mostrem necessárias a estas atividades, adquiridas por mera liberalidade ou para serem utilizadas em outras atividades do contribuinte, assim como aquisições de bens destinados ao ativo imobilizado. CRÉDITOS. NÃO CUMULATIVIDADE. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE É ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação dos créditos apropriados para desconto da base de cálculo da Cofins apurada pelo regime da não cumulatividade. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2006 VERDADE MATERIAL. MEIOS DE PROVAS. Por se tratar de a simulação de divergência entre realidade e subjetividade, é difícil, quando não impossível, comprovála diretamente, pelo que se admite que seja provada por todos os meios admitidos em Direito, inclusive indícios e presunções. ARGUIÇÃO DE NULIDADE. SUPOSTA OFENSA AO DIREITO AO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. O direito processual tem como regra o princípio da instrumentalidade das formas, segundo o qual, com respeito à nulidade do processo, somente àquela que sacrifica os fins de justiça deve ser declarada pela autoridade julgadora. Assim, a nulidade por cerceamento ao direito de defesa exige seja comprovado o efetivo prejuízo ao exercício desse direito por parte do sujeito passivo. Não há nulidade quando a recorrente tem pleno conhecimento dos atos processuais objeto do processo e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados, retratado nas robustas alegações aduzidas em sua peça recursal. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. EXAME ADSTRITO ÀS CONDIÇÕES DA AÇÃO E ÀS CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO SOBRE A INEXISTÊNCIA MATERIAL DO FATO. COISA JULGADA QUANTO AOS FATOS NARRADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. INOCORRÊNCIA. A sentença penal não faz coisa julgada quanto à materialidade dos fatos se estes não são objeto de apreciação e, portanto, não fundamentam o trancamento da ação penal, restrito à análise das condições da ação e de sua procedibilidade. Realidade em que a extinção da ação penal inaugurada pelo Ministério Público Federal não foi motivada por eventual pronunciamento jurígeno Fl. 14066DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.067 3 excludente do envolvimento da recorrente com os fatos narrados na denúncia, mas em vista da impossibilidade de tipificação das condutas em crime contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/90) antes do lançamento definitivo do tributo (Súmula Vinculante do STF nº 24). MATÉRIA NÃO CONHECIDA Não se conhece de argumento que não guarda relação com o objeto da contenda. PROVA. DEPOIMENTOS E MENSAGENS COM TRATATIVAS DE NEGOCIAÇÕES COMERCIAIS DA EMPRESA. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE EVENTUAL ELEMENTO QUE PUDESSE VIR A CARACTERIZAR A ILEGALIDADE DA PROVA. VIOLAÇÃO AO SIGILO DE DADOS DA EMPRESA PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE NULIDADE. Os depoimentos constituem importante elemento probatório e não podem ser invalidados por simples alegações, sem prova, de eventual suspeição ou vício de consentimento. A Legislação Tributária Federal garante à Administração Tributária pleno acesso a documentos, inclusive magnéticos, fiscais e não fiscais, do contribuinte, bem como a depoimentos de terceiros, ressalvadas as vedações legais, como forma de averiguar o fiel cumprimento das obrigações tributárias, não podendo a garantia constitucional à privacidade revestirse de instrumento à salvaguarda de práticas ilícitas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade. Vencido o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, que entendia necessária a reunião dos processos, e os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário, Cássio Schappo e Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, que entendiam necessária a realização de diligência para verificar a existência de créditos alegados pela Recorrente. No mérito, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário, Cássio Schappo e Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, que davam provimento ao recurso. Apresentará declaração de voto o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cássio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira. Ausente, justificadamente, a conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o(a) advogado(a) Paulo César Caetano, OAB/ES n º 4892. Fl. 14067DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.068 4 Relatório Por bem descrever a matéria de que trata este processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida. Trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento e Declarações de Compensação (Dcomp) de créditos relativos ao COFINS nãocumulativo associados a operações de exportação, referentes aos períodos abrangidos pelos quatro trimestres de 2005 e nos dois primeiros trimestres de 2006. A DRF/Vitória exarou despacho decisório, com base na Informação Fiscal SEFIS/DRF/VIT/ES nº 09/2011, decidindo não reconhecer o direito creditório pleiteado e não homologar as compensações declaradas (fls. 91, Volume 22). Na Informação Fiscal SEFIS/DRF/VIT/ES nº 09/2011 consta consignado, em resumo, que: Diante das fartas provas e documentos acostados ao processo administrativo n° 15586.000089/201117, os AuditoresFiscais constataram na escrituração da CUSTÓDIO FORZZA infração tributária relacionada à apropriação indevida de créditos integrais da contribuição social não cumulativa COFINS (7,6%), calculados sobre os valores das notas fiscais de aquisição de café em grãos; quando o correto seria a apropriação de créditos presumidos (Art. 29 da Lei n° 11.051, de 29/12/2004 (DOU 30/12/2004), que deu nova redação ao artigo 8° da lei n° 10.925/2004). Isso porque as pretensas aquisições de café contabilizadas pela CUSTÓDIO FORZZA em nome de inúmeras empresas de fachada foram usadas para dissimular as verdadeiras operações realizadas, quais sejam: aquisições de café em grãos diretamente de pessoas físicas (produtores rurais/maquinistas). Assim, efetuouse a RECOMPOSIÇÃO dos saldos dos créditos decorrentes de operações do mercado interno e externo. Após o desconto dos créditos com as contribuições da COFINS devidas mensalmente, efetuouse o cálculo dos saldos dos créditos passíveis de ressarcimento , os quais foram pleiteados por meio de PER/DCOMP. Em face da CUSTÓDIO FORZZA foram lançados os valores devidos a titulo de COFINS em razão da falta/insuficiência de crédito a descontar no período e, principalmente, a apuração dos novos valores passíveis de ressarcimento. Os AuditoresFiscais limitaram o valor do PEDIDO DE RESSARCIMENTO ao valor do saldo do crédito a descontar referente à parcela do MERCADO EXTERNO (PASSÍVEL DE RESSARCIMENTO). Fl. 14068DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.069 5 Como dito, a recomposição dos créditos a descontar da COFINS nãocumulativa além de resultar em saldo a pagar dessa contribuição em alguns períodos de apuração acarretou no NÃO RECONHECIMENTO de parte do valor dos créditos pleiteados nos PEDIDOS DE RESSARCIMENTO. Em síntese, revendo os detalhamentos de apuração do crédito reivindicado, a contabilidade e os documentos fiscais disponibilizados pelo contribuinte, bem como, cotejando com os elementos e documentos acostados aos autos do processo administrativo n° 15586.000089/201117, não foi possível reconhecer o direito creditório pleiteado pelo contribuinte, bem como homologar as compensações requeridas. A contribuinte foi cientificada do Despacho Decisório em 01/04/2011 (fl. 111, Volume 22) e apresentou, em 28/04/2011, Manifestação de Inconformidade (fls. 2.724/2.785), onde alega, em síntese que: Com efeito, a União Federal não poderá mais lançar ou exigir o valor de IRPJ e CSLL, cujo fato gerador ocorreu em 2005, pois tomou ciência do Termo de Ciência de Informação Fiscal em 01/04/2011, ou seja, mais de cinco anos da ocorrência do fato gerador do tributo (§ 4º, art. 150 do CTN); O fato de o tributo ter sido quitado através de compensação não modifica as regras para a contagem do prazo decadencial, prevista no artigo 150, § 4º c/c 173, I, do CTN; Na impugnação apresentada no processo administrativo nº 15586.000089/201117, foram refutadas individualmente todos os argumentos da Autoridade Fazendária, visto que não há prova alguma que sustente a máfé da Recorrente; A fiscalização tenta provar que a Recorrente tinha pleno conhecimento de um esquema em que várias empresas fictícias eram interpostas entre ela e os produtores rurais, para que pudesse auferir créditos integrais de PIS e COFINS, em compensações ou ressarcimentos; Infelizmente, as ações das autoridades policiais e fazendárias não levaram em conta a realidade do mercado de café. Não sabem a função dos chamados maquinistas ou do poder que os produtores rurais adquiriram após o advento das atacadistas; Em nenhum momento resta comprovado que a Custódia Forzza deu início a empresas laranjas, ou sabia que elas não recolhiam seus impostos. Quem fomentou o sistema foi o legislador, quem permitiu o não recolhimento e a existência dessas empresas foram às Receitas Estadual e Federal. A ignorância sobre o funcionamento do mercado de café por uns ou a prevaricação ou incompetência de outros não pode infligir danos a empresários que apenas faziam o que devem fazer: adquirir mercadorias pelo menor custo possível, vendendoas ao mercado internacional a um preço competitivo, gerando renda, empregos e impostos; Fl. 14069DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.070 6 As provas carreadas naquele processo administrativo são nulas ou anuláveis, pois a Constituição Federal veda a utilização de provas ilícitas; Ademais, as provas ilícitas contaminam tudo aquilo que tocam, ou seja, geram nulidade por derivação daquelas provas que delas decorreram; Logo no início do processo administrativo nº 15586.000089/201117, a Fiscalização demonstra o porque de suas conclusões equivocadas: foram ludibriados pelos criadores e gestores das empresas atacadistas e por seus colaboradores, alguns corretores de café do interior ; Notase que as empresas Colúmbia Comércio de Café, Acádia Comércio Exportação, Do Grão, L & L e R. Araújo – Cafecol Mercantil responderam as perguntas do mesmo modo, através de petições modelo, usando da mesma letra, mesma diagramação, mesmo palavreado. Está claro que apenas uma pessoa redigiu todos esses comunicados. Tudo na intenção de convencer os Fiscais de que aquilo que estavam falando era verdade e, assim, livrar os possíveis fraudadores da condenação certa. Pura enganação; Para que não haja repetição, na impugnação apresentada ao processo nº 15586.000089/201117, foram refutadas todas as supostas provas, com documentos hábeis e idôneos, em que o Auditor tenta usar para excluir a boa fé da Recorrente. Inclusive depoimentos de fornecedores de café; As provas válidas presentes nos autos levam a conclusão apenas de que a Recorrente sabia da procedência do café (questões de qualidade) e preferia que tais produtos fossem adquiridos de pessoas jurídicas (geração integral de PIS e COFINS); Infelizmente, a Receita Federal se esforça para glosar ao máximo os créditos requeridos, com base em quaisquer argumentos, desconsiderando a necessidade de tal creditamento para a sobrevivência de todo o sistema produtivo; Foi o que ocorreu nos autos. Primeiro, a Receita Federal de VitóriaES impôs tributação a dezenas de empresas atacadistas por não recolhimento de tributos, surgidos em operações de compra e venda de café de produtores rurais e, ainda, impôs responsabilidade tributária solidária a centenas de pessoas físicas e jurídicas. Para depois, informar que tais empresas atacadistas na verdade não existem e não efetuaram qualquer venda e, portanto, todos os créditos decorrentes da compra de produtos agrícolas dessas atacadistas devem ser glosados; Apesar de trazer diversas provas quanto a algumas atacadistas (a respeito da maioria prova alguma há nos autos), nenhuma delas foi suficiente para demonstrar que a Recorrente, por seus gestores, pretendia lesar a arrecadação de tributos. Pelo contrário, os depoimentos dos produtores rurais, únicos personagens não suspeitos, deixaram evidente que a Recorrente Fl. 14070DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.071 7 não poderia ter conhecimento da operação das atacadistas, uma vez que o contato comercial delas era exclusivo com os corretores de café ou maquinistas; As conclusões da fiscalização estão associadas a presunções de máfé, ou seja, neste caso específico, de que a Recorrente sabia da existência das práticas ilícitas de todas as atacadistas e dos corretores de café, e foi omissa para se beneficiar dos créditos integrais de PIS e COFINS. Jamais foi provado ou mencionado pelos produtores rurais que os gestores da Recorrente participaram ativamente desse suposto esquema; Foram excluídos créditos lançados sobre aquisições de bens e pessoas jurídicas inativas, baixadas, omissas ou com receita declarada incompatível com as vendas realizadas. Essas glosas são equivocadas, já que todos os documentos fiscais atendem os padrões legais, tendo a Recorrente, inclusive, consultado o CNPJ e SINTEGRA das emitentes das citadas Notas Fiscais; Ressaltese que, algumas empresas que hoje, após intimada da autuação, a Recorrente sabe fictícias, comunicaram à Receita seu estado de inexistência, por meio de petitório padrão, em março de 2008. Não se entende o motivo de a Receita Federal manter em funcionamento essas empresas que hoje afirma inexistentes por tanto tempo depois de ter certeza de suas práticas. Com isso, manteve as exportadoras reféns dessas fraudes; A Recorrente reafirma a licitude dos créditos, oriundos de documentos hábeis e idôneos. Ademais, todas as notas fiscais foram escrituradas, registradas e contabilizadas dentro dos padrões contábeis. Além disso, os pagamentos são efetuados via depósito, TED ou DOC diretamente às empresas emitentes das notas fiscais, demonstrando, assim que agiu, sobretudo, de boa fé (§ único, art. 82, da Lei nº 9.430/96); O artigo 3º da Lei nº 10.637/2002, ao instituir as hipóteses que conferem direito a descontar créditos em relação a bens adquiridos para revenda, não condiciona à requerente, a obrigação de exigir a regularidade fiscal dos fornecedores de mercadorias (café); Também não procedem as glosas de créditos realizados sobre os gastos com armazenagem, frete, comissões pagas a pessoas jurídicas e combustíveis utilizados nos transportes das mercadorias; A requerente busca guardar seu direito a recalcular e pedir a restituição do IRPJ e da CSLL, calculados sobre os créditos de PIS e COFINS lançados como receitas, não homologados, uma vez que tais importâncias integraram à base de cálculo de ambos os tributos; Assim, caso a decisão de não homologar tais créditos for mantida, o IR e a CSLL compensados com estes mesmos créditos terão que ser restituídos. Desse modo, este procedimento Fl. 14071DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.072 8 administrativo visa afastar a Decadência do direito de pedir a restituição dos tributos citados, uma vez que tal fato se consumará somente se for mantida a decisão de não homologação dos créditos analisados neste processo administrativo. Posteriormente, em 08/03/2013, o contribuinte carreou aos autos petição de fls.119, alegando complementar a Manifestação de Inconformidade no sentido de requerer: “a) improcedência das glosas dos créditos PIS/COFINS, tendo em vista o afastamento dos argumentos embasados nas operações “tempo de colheita” e “operação broca”, uma vez que o TRF da 2ª Região afastou, definitivamente, os supostos crimes que levaram o fisco a glosar os créditos da Recorrente, rechaçou todas as acusações e extingui a Ação Penal. b) a unificação das 35 manifestações de inconformidade inseridas na tabela acima, em obediência ao princípio da ampla defesa, economia processual e, sobretudo, para evitar decisões contraditórias ou incompatíveis ( Portaria RFB nº 666/2008).” Sobreveio decisão da 17ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro I, que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a manifestação de inconformidade, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido encontramse consubstanciados na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2006 FRAUDE. DISSIMULAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO. NEGÓCIO ILÍCITO. Comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim exclusivo de afastar o pagamento da contribuição devida, é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderando os negócios fraudulentos. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. Os serviços caracterizados como insumos são aqueles diretamente aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. Despesas e custos indiretos, embora necessários à realização das atividades da empresa, não podem ser considerados insumos para fins de apuração dos créditos no regime da nãocumulatividade. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. A ação de cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Fl. 14072DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.073 9 Inconformada com a decisão, apresentou a Recorrente, tempestivamente, o presente recurso voluntário. Na oportunidade, reiterou os argumentos colacionados em sua defesa inaugural. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Observo, contudo, que o pleito de que seja restituído o IRPJ e a CSLL calculados sobre os créditos de PIS e Cofins lançados como receitas não será objeto de apreciação neste julgado, por não fazer parte da lide, que se restringe ao pedido de ressarcimento de Cofins. Das preliminares A recorrente ilustra que a ação fiscal que originou esta decisão administrativa também resultou em outros 34 despachos decisórios e um auto de infração, e que todos estes processos têm por base as mesmas provas e os mesmos argumentos. Aduz que, visando à proteção ao princípio do devido processo legal e da ampla defesa, junto com o da eficiência e economia processual e da razoabilidade nas atuações administrativas, o julgamento dos 36 processos deveria ser feito em conjunto, razão pela qual requer a unificação dos processos. Entende que, ou se unem os processos ou se declara nulo o presente acórdão . por ausência de provas de suas alegações. Aponta ainda outras causas de nulidade para o acórdão recorrido. Em atenção ao arguido, observo que a quase totalidade dos processos aos quais alude a recorrente já foram objeto de decisão neste Conselho, com a absoluta rejeição ao pleito de unificação dos processos. Ressalto que, mesmo com as recentes alterações promovidas do Regimento Interno do CARF por meio da Portaria MF Nº 343, de 09 de junho de 2015, foi mantida a discricionariedade do órgão julgador na apreciação do pleito de vinculação de processos, sendo que a sua inobservância não gera qualquer nulidade à decisão. Transcrevese o artigo sexto e os parágrafos 1º e 2º da citada Portaria, que versam sobre a matéria: Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: § 1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados Fl. 14073DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.074 10 em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formalizados em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. Aproveito a oportunidade para transcrever excerto do voto condutor do acórdão nº 3802002.114, de relatoria do Conselheiro Francisco José Barroso Rios, que aborda com propriedade as questões preliminares postas pela recorrente, e que adoto neste voto como razão de decidir: Dos argumentos em defesa da nulidade da decisão de primeira instância Dentre os argumentos em prol da nulidade da decisão de primeira instância, o sujeito passivo defende a necessidade de juntada dos 36 processos da empresa que dizem respeito à mesma matéria, a fim de evitar decisões contraditórias e homenagear os princípios do devido processo legal, da ampla defesa, da economia processual, dentre outros. Fundamentase no § 3º do artigo 18 da Lei nº 10.833/03, na Portaria RFB nº 666/08, bem como nos princípios que norteiam o processo administrativo elencados pela Lei nº 9.784/99. Da fundamentação legal adotada pelo sujeito passivo, a Portaria RFB nº 666/08, de fato, prevê a formalização de um único processo administrativo ou a juntada por anexação (artigo 3º), dentre outras hipóteses, relativamente a “Pedidos de Restituição ou de Ressarcimento e as Declarações de Compensação (Dcomp) que tenham por base o mesmo crédito, ainda que apresentados em datas distintas” (artigo 1º, inciso IV). Contudo, não compete a este Conselho questionar procedimento diverso adotado pela Receita Federal que não implique em prejuízo ao direito de defesa do sujeito passivo. Com efeito, muito embora seja nítida a conexão processual entre os pedidos de ressarcimento reportados pela Recorrente, não há nada nos autos que alicerce o reclamado cerceamento ao seu direito, uma vez que os elementos comprobatórios do indeferimento do pedido são todos de pronto acesso ao sujeito passivo, notadamente na presente conjuntura de uso do processo digital, em que as peças podem ser acessadas eletronicamente com grande facilidade. Digo isso, inclusive, em relação ao processo nº 15586.000089/201117, ao qual foram acostadas as Fl. 14074DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.075 11 provas e documentos produzidos durante a fiscalização realizada em face da empresa Recorrente, como, aliás, está consignado na informação fiscal que subsidiou a decisão objeto dos presentes autos. Tendo a interessada irrestrito acesso aos autos, não há que se cogitar em prejuízo para sua defesa. A suplicante se socorre também no § 3º do artigo 18 da Lei nº 10.833/03, bem como em princípios que norteiam o processo administrativo dispostos na Lei nº 9.784/99. Relativamente ao § 3º do artigo 18 da Lei nº 10.833/03, este determina apenas a juntada das peças que tratam da manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação e da correspondente impugnação da multa de ofício decorrente de diferenças apuradas, dentre outras, em declaração de compensação (art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24/08/2001). Logo, não obriga à juntada de todos os processos conexos do mesmo sujeito passivo. Já em relação aos princípios do processo administrativo reportados pela Lei nº 9.784/99, não vislumbro nos autos nada que represente ofensa ao direito de defesa da solicitante que pudesse redundar na nulidade de qualquer ato decisório contidos em suas peças, como já ressaltado. O Regimento Interno do CARF (aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009) também trata da distribuição conjunta de processos conexos. Tal preceito, contudo, não é de natureza cogente, posto que apenas faculta referenciado procedimento, como revela o verbo que integra o núcleo normativo do artigo 6o do Anexo II do Regimento em tela, abaixo transcrito e destacado: Art. 6° Verificada a existência de processos pendentes de julgamento, nos quais os lançamentos tenham sido efetuados com base nos mesmos fatos, inclusive no caso de sujeitos passivos distintos, os processos poderão ser distribuídos para julgamento na Câmara para a qual houver sido distribuído o primeiro processo. Parágrafo único. Os processos referidos no caput serão julgados com observância do rito previsto neste Regimento. (grifo nosso) No mais, reiterese que a não adoção dos procedimentos perquiridos pela Recorrente, por não trazerem prejuízo para a defesa, não tem o condão de dar ensejo à nulidade da decisão de primeira instância, até porque o direito processual tem como regra o princípio da instrumentalidade das formas, que traz como consequência, com respeito à nulidade do processo, que somente àquela que sacrifica os fins de justiça do processo deve ser declarada pela autoridade. Tal princípio está assente nos artigos 563 e 566 do Código de Processo Penal1. No âmbito do Código de Processo Civil, dispõe o artigo 244 que, 1 Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa. Fl. 14075DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.076 12 Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. A inocorrência de prejuízo para a defesa também afasta a hipótese de nulidade fundada na ausência de análise de prorrogação do prazo para a juntada de documentos, posto que não demonstrado eventual prejuízo decorrente da citada conduta omissiva. A nulidade também é reclamada pelo fato de a DRJ, segundo alega a reclamante, não ter apreciado argumentos e documentos objeto da manifestação de inconformidade, notadamente quanto à “regularidade das pessoas jurídicas apelidadas de ‘fictícias’ pela fiscalização”. A decisão de primeira instância também teria sido omissa concernente a depoimentos segundo os quais os gestores da Recorrente “[...] não sabiam que as atacadistas não recolhiam seus tributos ou que não laboravam na atividade para a qual foram criadas [...]”, bem como no tocante aos lançamentos formalizados dentro da mesma operação de fiscalização, ao princípio da boafé, ao fato de a Receita Federal haver permitido o funcionamento das empresas que hoje afirma não existentes, dentre outros. Igualmente, entendo que isso também não leva à nulidade da decisão vergastada, posto que esta se apresenta devidamente motivada em argumentos que alicerçam suficientemente a convicção a que chegou o Colegiado a quo. Com efeito, não é indispensável que a decisão se reporte pontualmente a todas as alegações apresentadas pelo reclamante, e isso não obstante o disposto no artigo 31 do Decreto nº 70.235/72, o qual determina que a decisão deve “[...] referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências” (grifo nosso). De fato, o Superior Tribunal de Justiça, bem como este Conselho, tem adotado a postura de não exigir a apreciação exaustiva de todos os argumentos aduzidos na impugnação, mas isso desde que a autoridade julgadora de primeira instância tenha encontrado razões suficientes para fundamentar sua decisão sobre as matérias em litígio, como ocorreu no caso presente. Nesse sentido, o seguinte julgado: PAF – NULIDADE DA DECISÃO / CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. O julgador não está obrigado a contestar item por item os argumentos expendidos pela parte quando analisa a matéria de Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa. Fl. 14076DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.077 13 mérito, conforme decisão do STJ – Resp 652.422 – (2004/00990870) RET n 43 – maio/junho/2005, p.136:5691 – “VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO CPC – INOCORRÊNCIA – TRIBUTÁRIO – ICMS – MANDADO DE SEGURANÇA – AUTORIZAÇÃO PARA IMPRESSÃO DE DOCUMENTOS FISCAIS – DÉBITOS COM A FAZENDA PÚBLICA – PRINCÍPIO DO LIVRE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE ECONÔMICA – ART. 170, PARÁGRAFO ÚNICO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – SÚMULA Nº 547 DO STF – MATÉRIA CONSTITUCIONAL – NORMA LOCAL – RESSALVA DO ENTENDIMENTO DO RELATOR. 1. Inexiste ofensa ao artigo 535 do CPC, quando o Tribunal de origem, embora sucintamente, pronunciase de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater um a um os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão (...) 6. Recurso não conhecido.” (1º CC, Acórdão 10808866, sessão de 25/06/2006, relator: Ivete Malaquias Pessoa Monteiro). Afastamse, pois, todos os argumentos em prol da nulidade da decisão de primeira instância. Do trancamento da ação penal formalizada contra a interessada A Recorrente defende que os argumentos em que se basearam o parecer da DRF Vitória e o acórdão da DRJ teriam sido rechaçados, por unanimidade, pelo Tribunal Regional Federal da 2a Região, o qual, ao julgar o Habeas Corpus nº 2012.02.01.0143115, resolveu trancar a correspondente ação penal. O decisum em tela está anexado às fls. 200/213 do processo 15578.000245/200835, ao qual doravante nos reportaremos no que for relevante, por questões de praticidade. Também nos reportaremos às peças do processo nº 1586.000089/201117, onde foram acostadas as provas e documentos produzidos durante a fiscalização realizada em face da empresa Recorrente. Aduzida ação penal, de fato, foi extinta em vista da não acolhida opção do Ministério Público Federal de fundamentar a denúncia no Código Penal, e não em crimes contra a ordem tributária, já que ainda não existia o lançamento definitivo do tributo, condição para a materialização de crimes contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/90). A leitura dos votos do relator do acórdão, Des. Antonio Ivan Athié, bem como do voto vista do Des. Abel Gomes, retratam muito bem que o trancamento da ação penal foi motivado exclusivamente na afronta ao princípio da especialidade, bem como em vista da Súmula Vinculante nº 24 do STF, segundo a qual “não se tipifica crime material contra a ordem tributária, Fl. 14077DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.078 14 previsto no art. 1º, incisos I a IV, da lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”. Transcrevo, abaixo, excertos dos votos acima reportados: Voto do relator, Des. Antonio Ivan Athié Em nenhum momento a denúncia trata de outra ação que não a tipificada na Lei 8137/90, tampouco a imputação de crime de quadrilha remanesce, eis que na realidade todos os comerciantes de café da região onde se deram os fatos, com raríssimas exceções, praticavam a mesma conduta, independentemente, tal e qual se comercializa qualquer mercadoria, como ocorre com o café, não existindo qualquer condição que caracterize ajuste de mais de três pessoas para prática de crimes. O impetrantepaciente demonstrou, folhas 739, que não há, ou ao menos não havia, decisão definitiva de constituição de crédito tributário, e também por esta razão apresentase a denúncia sem justa causa para instauração da ação penal. Pelo exposto, e considerando ainda os precedentes do STJ acostados as folhas 741 e seguintes, referentes aos HCs 103.055 e 137.023, CONCEDO A ORDEM, para o fim de trancar a ação penal n° 2008.50.05.0005385 do Juízo Federal de Colatina/ES, em relação ao impetrantepaciente, e aos demais acusados, estendo a ordem, de ofício, com base no artigo 580 do Código de Processo Penal. Voto vistas do Des. Abel Gomes Com efeito, cabe destacar que no trecho reproduzido no voto do e. Relator, às fls. 803/804, consta, em síntese, que a fiscalização "firmou a convicção" quanto à "intenção" da LAURET CAFÉ de se eximir de tributos devidos com a utilização de meios defesos em lei. Isto constou, inclusive, de excerto do Termo de Encerramento da Ação Fiscal, no qual, inclusive, é reproduzido o art 1° da Lei n. 8137/90 (fl. 636). Assim, mesmo sendo certo que não são os agentes da Receita Federal a assumirem a atribuição constitucional de formar opinião técnica sobre o delito e sim o Ministério Público, havendo real provisoriedade na classificação jurídica dos fatos pela Receita, também não se pode olvidar que a classificação jurídica dada pelo MP na denúncia, quando do exercício da opinio delicti também não está imune ao exame de correlação com os fatos narrados que cabe ao Poder Judiciário realizar para fins de aferir a presença ou ausência de uma série de situações jurídicas para a ocorrência ou exercício das quais é imprescindível aferir a correta classificação jurídica dos fatos. Esse é exatamente o caso da incidência da Súmula Vinculante n. 24 do STF no que concerne aos crimes contra a ordem tributária, capitulados na Lei n. 8137/90. Ou seja, é preciso verificar se, materialmente, os fatos narrados na denúncia não configuram crimes relacionados na Lei n. 8137/90 ao invés do Código Penal. Fl. 14078DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.079 15 Exame dos fatos narrados [...] Vejase que o só fato de haver na base da denúncia uma ação fiscal, já leva à compreensão de que se trata de ilícito fiscal com repercussão penal. Ademais, a narrativa dos fatos mostra que se está diante de falsificação de notas fiscais que traduziriam uma suposta operação com repercussão tributária, o que leva o engodo para o campo da especialidade, ou seja, passa de simples fraude engendrada contra uma pessoa qualquer, para se converter em artifício falso para iludir o fisco, exatamente no sentido do que dispõe o inciso III do art. 1º da Lei n. 8137/90. Posteriormente, a trama narrada ainda dá conta de que as empresas prestariam declarações falsas ao fisco, quais sejam, as de que teriam créditos a serem compensados, créditos, estes, calcados naquelas notas falsas, o que ainda mantém o fato na seara do inciso I do art. 1º da Lei n. 8137/90. Destarte, do que se extrai da denúncia é que se está diante de fatos que, pelo princípio da especialidade, estão mesmo inseridos no art. 1º da Lei n. 8137/90, o que parece que inclui ainda aquela imputação que é feita no que diz respeito ao crime do art. 299 do CP, porquanto as falsidades ideológicas também integram, em princípio, o objetivo de fraudar a fiscalização tributária para sonegar as contribuições. No caso, ainda há que se fazer um juízo utilitário, de custo benefício. É que o processo descortina uma grande operação, expressa numa denúncia substanciosa de centenas de folhas, a mostrar que os crimes contra a ordem tributária em tese cometidos, somente poderiam ter vazão mediante uma série de ardis, dentre eles, as falsidades ideológicas. É possível que a constituição de empresas fictícias e alterações contratuais por meio de falsidade ideológica possibilitasse a prática de outros crimes em tese? Sim. Mas o caso é que o principal na conduta descrita era mesmo a sonegação fiscal. [...] [...] Do crime de quadrilha Quanto ao crime de quadrilha, de fato, tratase de delito autônomo [...]. Entretanto, há que se observar que o tipo penal exige que a associação se constitua para cometer crimes, e no caso, segundo a narrativa acusatória, os crimes para os quais os denunciados se associaram seriam crimes contra a ordem tributária, daqueles para os quais a Súmula Vinculante n. 24 do STF exige a constituição definitiva do crédito tributário para a “tipificação”, sem o que não cabe falar em tipicidade das condutas nem em crimes objeto de quadrilha. Fl. 14079DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.080 16 Não tem sentido suspender o processo e o curso da prescrição até o definitivo lançamento do crédito tributário para haver configuração de crimes contra a ordem tributária, e dar prosseguimento ao processo pela imputação de quadrilha sem que os crimes que seriam seu objeto estejam definidos. Assim, há que se estender a suspensão do processo e do curso da prescrição também em relação ao disposto no art. 288 do CP, no caso específico, porquanto até mesmo sua tipificação depende do preenchimento da condição estabelecida pela Súmula Vinculante n. 24 do STF. Diante do exposto, concedo a ordem para, ingressando no exame de correlação entre narrativa de fatos e classificação jurídica dos mesmos, aplicar o disposto na Súmula Vinculante n. 24 do e. STF, apenas por outros fundamentos que o e. relator no que concerne ao crime de quadrilha. Portanto, é transparente que a extinção da ação penal em tela, absolutamente, não foi motivada por eventual pronunciamento jurígeno que apontasse o não envolvimento da Recorrente com os fatos narrados na denúncia. Em outras palavras, o TRF da 2ª Região, em nenhum momento, infirma as evidências materiais decorrentes do procedimento de fiscalização, uma vez que a decisão do Tribunal foi baseada, única e exclusivamente, em questões de natureza processual, quais sejam, o exame quanto ao atendimento das condições da ação ou das condições de sua procedibilidade. Em vista disso, a decisão judicial não faz coisa julgada quanto aos fatos narrados pelo Ministério Público, posto que não apreciados no que concerne à sua materialidade, o que, consequentemente, possibilita a propositura da correspondente ação civil, como, aliás, prescreve textualmente o artigo 66 do Código de Processo Penal CPP: Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato. No mais, o inciso I do artigo 67 do mesmo CPP estabelece que “não impedirão igualmente a propositura da ação civil: [...] III a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime”. Pelas razões acima, rejeito o argumento da reclamante que procurava dar à decisão judicial conseqüências alheias ao âmbito em que fora proferida. Da reclamada prescrição A Recorrente defende que a contagem do prazo prescricional tem início com a data da entrega da DCTF, quando se revela constituído definitivamente o crédito tributário, tendo a Fazenda Pública, a partir de então, 5 anos para ajuizar a respectiva ação de cobrança, conforme artigo 174 do CTN. Assim, não seria Fl. 14080DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.081 17 correta a interpretação adotada pelo acórdão da DRJ, segundo a qual referida contagem se daria a partir da apresentação da declaração de compensação, que não poderia ser instrumento de reconhecimento de débito em nome do devedor. Sobre a questão trago à baila, inicialmente, o artigo 74 da Lei nº 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1o: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) [...] § 4o Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 6o A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) § 8o Não efetuado o pagamento no prazo previsto no § 7o, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto no § 9o. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) Fl. 14081DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.082 18 § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9o e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) [...] Como se vê, os pedidos de compensação, formalizados mediante declaração própria, tem natureza de confissão de dívida, sendo, pois, “instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados” a teor do disposto no § 6o do artigo 74 da Lei nº 9.430/96, acima transcrito. Ademais, segundo o § 5o do mesmo dispositivo, “o prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação”. Portanto, não há que se falar em prescrição sem que tenha transcorrido o interregno de cinco anos contados da data da entrega da declaração de compensação, como previsto no § 5o do artigo 74 da Lei nº 9.430/96. Com a apresentação da declaração de compensação é inaugurada uma nova situação jurídica para o crédito, válida a partir do momento em que definitivamente constituída. A escolha feita pelo legislador revelase de inegável razoabilidade, já que, uma vez apresentada a declaração de compensação, o débito, mesmo que outrora apresentado à fiscalização fazendária mediante DCTF, passa a ter nova feição relativamente à natureza escolhida pelo sujeito passivo para proceder à sua extinção. Indispensável, pois, que seja dado à Fazenda Pública prazo suficiente à averiguação da legitimidade da extinção do crédito tributário mediante compensação, como entendeu o legislador ordinário. Com essas considerações, rejeito a tese defendida pelo sujeito passivo. (grifo nosso) Do Mérito Das aquisições de café junto a empresas inexistentes de fato Fl. 14082DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.083 19 A Contribuinte teve negado seu direito creditório referente à Cofins, apurados pelo regime da não cumulatividade, devido da glosa de créditos apropriados. Os créditos glosados referemse, basicamente, a aquisições de café – insumo do processo produtivo da Recorrente – que a Fiscalização entendeu terem sido realizadas junto a empresas atacadistas de fachada, constituídas com o objetivo de apropriação indevida de créditos do PIS e da Cofins no regime da não cumulatividade. A Fiscalização afirma que estas empresas formalizavam a compra de café de pessoas físicas, com posterior venda para empresas da região, comerciais exportadoras ou industria cafeeira, operação esta simulada, efetuada com o objetivo de mascarar o negócio realmente realizado, qual seja à aquisição direta do café junto à proprietários rurais pessoas físicas – que não concede direito ao crédito pleiteado. A Recorrente, por sua vez, sustenta a licitude dos seus negócios junto a estas empresas, alegando que não teria obrigação de fiscalizar a idoneidade das empresas as quais contrata a aquisição de seus insumos. Alega ainda não ter sido provado a responsabilidade da Recorrente pela criação destas empresas laranjas, realçando a licitude de seus atos. Pois bem, para a solução da lide mostrase necessário antes o esclarecimento de alguns conceitos aplicados neste julgamento. A primeira distinção a ser feita referese aos termos elisão e evasão fiscal. De forma sucinta, podemos conceituar elisão fiscal como sendo a economia lícita de tributos. Já por evasão fiscal entendese a diminuição da carga tributária alcançada pela prática de sonegação, fraude ou simulação, vedadas pelo nosso ordenamento jurídico. A autoridade fiscal afirma que a Recorrente teria adquirido serviços empresas de fachada, inexistentes de fato, prática vulgarmente conhecida como constituição de empresa por meio de sócio “laranja”, conceituada juridicamente como simulação. De Plácido e Silva conceitua simulação como “o artifício ou o fingimento na prática ou na execução de um ato, ou contrato, com a intenção de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro, ou lhe dando aparência que não possui (...) No sentido jurídico, sem fugir ao sentido normal, é o ato jurídico aparentado enganosamente ou com fingimento, para esconder a real intenção ou para subversão da verdade. Na simulação, pois, visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuízo de terceiros” (Silva, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Ed. Forense, 1990). Luciano Amaro complementa que “a simulação seria reconhecida pela falta de correspondência entre o negócio que as partes realmente estão praticando e aquele que elas formalizam.” (Amaro, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 13ª Ed. Ed Saraiva, 2007, p. 231) Simulação corresponde, portanto, a realização de atos ou negócios jurídicos através de forma prescrita ou não defesa em lei, mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relação jurídica. O ato existe apenas aparentemente; é um ato fictício, uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. A autoridade fiscal, ao verificar que o sujeito passivo utilizouse de simulação para esquivarse do pagamento de tributo, tem o dever de aplicar a legislação Fl. 14083DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.084 20 tributária de acordo como os fatos efetivamente ocorreram, em detrimento daquela verdade jurídica aparente. Esta afirmação encontrase em consonância com o atual estágio de evolução do pensamento jurídico. Resta ultrapassada a fase da idolatria à Lei, e isto não apenas em relação aos ramos clássicos do Direito; o Direito Tributário também acompanhou esta passagem da jurisprudência dos conceitos para a jurisprudência dos valores. Segundo a hermenêutica contemporânea, ao fatos jurídicos tributários não devem ser interpretados apenas sob a ótica das formas jurídicas permitidas, mas sim também sob a perspectiva de sua utilização concreta, à luz dos valores básicos de igualdade, da solidariedade e da justiça. Ponderase a liberdade com a isonomia e a capacidade contributiva. Marco Aurélio Greco, com lucidez, ressalta que esta transformação acompanha a mudança ocorrida em nossa realidade política, social e fática: Por outro lado, a liberdade absoluta do contribuinte levou a uma infinidade de estruturas negociais e reestruturações societárias que, com propriedade, foram consideradas meramente “de papel”. A prevalência da forma levou, da perspectiva da legalidade, à veiculação de praticamente quaisquer conteúdos desde que através de lei em sentido formal; e da perspectiva da liberdade de autoorganização ao surgimento de “montagens jurídicas” sem qualquer substância econômica, empresarial ou extratributária. Enquanto o modelo formal de abordagem do fenômeno tributário era levado à sua quintessência e privilegiava a forma – e não apenas esta, pois chegava até mesmo à idolatria da linguagem em que esta se apresentava – a realidade política, social e fática mudava profundamente. A Constituição de 1988 assumiu o perfil de uma Constituição da Sociedade Civil, diversamente da Carta de 1967 que possuía o feitio de uma Constituição do Estadoaparato (GRECO, 2005). Esta mudança se espraia por todo seu texto a começar pelo artigo 1º que afirma categoricamente ser o Brasil um Estado Democrático de Direito e não apenas um Estado de Direito e seu art. 3º, I coloca a construção de uma sociedade livre, justa e solidária como objetivo fundamental da República. Isto implica colocar a variável social ao lado e no mesmo plano da individual e abre espaço para se reconhecer a solidariedade social como fundamento último da tributação (GRECO, 2005). [...] Por outro lado, a sociedade passou a ver nos direitos fundamentais e na eficácia jurídica das normas que os prevêem um canal relevante de reconhecimento e atendimento das demandas sociais. Por fim, criouse a consciência de que a criatividade deve ser prestigiada, mas é importante reagir contra a mera esperteza de quem quer levar vantagem como se o indivíduo vivesse isolado, tendo o mundo submetido à sua disposição ou predação. (Greco, Fl. 14084DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.085 21 Marco Aurélio, artigo “Crise do Formalismo do Direito Tributário”, publicado na Revista da PGFN nº 01) Caracterizado que a forma jurídica adotada não reflete o fato concreto, o Fisco encontrase autorizado “a determinar os efeitos tributários decorrentes do negócio realmente realizado, no lugar daqueles que seriam produzidos pelo negócio retratado na forma simulada pelas partes” (Amaro, Luciano, ob. cit., p. 233/234). Assim, quando verificado que o contribuinte, com o único objetivo de não recolher tributos, adota formas jurídicas anormais, insólitas ou inadequadas, as mesmas podem ser desconsideradas, exigindose os tributos que seriam devidos não fosse a forma jurídica anormal adotada. Uma questão a ser dirimida é a de se saber se houve, no procedimento fiscal, comprovação material da infração e, para tanto, algumas considerações acerca de direito probatório, ou mais especificamente sobre como se chega à comprovação material de um dado fato, são necessárias. Na busca pela verdade material – princípio este informador do processo administrativo fiscal –, a comprovação material de uma dada situação fática pode ser feita, em regra, por uma de duas vias: ou por uma prova única, direta, concludente por si só, ou por um conjunto de elementos/indícios que, se isoladamente nada atestam, agrupados têm o condão de estabelecer a certeza daquela matéria de fato. Não há, em sede de processo administrativo, uma hierarquização préestabelecida dos meios de prova, sendo perfeitamente regular o estabelecimento da convicção a partir do cotejamento de elementos de variada ordem, desde que estejam estes, por óbvio, devidamente juntados ao processo. É a consagração da chamada prova indiciária, de largo uso no direito. A comprovação fática do ilícito raramente é passível de ser produzida por uma prova única, isolada; aliás, só seria possível, praticamente, a partir de uma confissão expressa do infrator, coisa que dificilmente se terá, por mais evidentes que sejam os fatos. O uso de indícios não pode ser confundido com a utilização de presunções legais. Diferem a presunção e o indício pela circunstância de que àquele o direito atribui, isoladamente, o vigor de um verdadeiro conformador de uma outra situação de fato que a lei presume, por uma aferição probabilística que ocorra no mais das vezes. Já o indício não tem esta estatura legal, uma vez que a ele, isoladamente, pouca eficácia probatória é dada, ganhando ele relevo apenas quando, olhado conjuntamente com outros indícios, transfere a convicção de que apenas um resultado fático seria verossímil. Fazse necessário ainda lembrar que no direito administrativo tributário é permitido, em princípio, todo meio de prova, uma vez que não há limitação expressa, ressaltando que predominam a prova documental, a pericial e a indiciária. Pois é exatamente a associação da primeira com a última que se permite concluir a respeito da correção e validade do lançamento. Desta forma, as provas indiretas – indícios e presunções simples – podem ser instrumentos coadjuvantes do convencimento da autoridade julgadora quando da apreciação do conjunto probatório do processo administrativo tributário. As presunções legais ou absolutas independem de prova, assim como a ficção jurídica. As presunções relativas admitem prova em Fl. 14085DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.086 22 contrário. As presunções simples devem reunir requisitos de absoluta lógica, coerência e certeza para lastrear a conclusão da prova da ocorrência do fato gerador de tributo. Alberto Xavier, em “Do lançamento. Teoria Geral do Ato do Procedimento e do Processo Tributário”, Ed. Forense, 2ª ed., 1998, pág. 133, ao tratar das presunções e da verdade material, assim se pronuncia: A questão está em saber se os métodos probatórios indiciários, aí aonde são autorizados a intervir, são, em si mesmo, compatíveis com o princípio da verdade material. Nos casos em que não existe ou é deficiente a prova direta pré constituída, a Administração Fiscal deve também investigar livremente a verdade material. É certo que ela não dispõe agora de uma base probatória fornecida diretamente pelo contribuinte ou por terceiros; e por isso deverá ativamente recorrer a todos os elementos necessários à sua convicção. Tais elementos serão, via de regra, constituídos por provas indiretas, isto é, por fatos indiciantes, dos quais se procura extrair, com o auxílio de regras da experiência comum, da ciência ou da técnica, uma ilação quanto aos fatos indiciados. A conclusão ou a prova não se obtém diretamente, mas indiretamente, através de um juízo de relacionação normal entre o indício e o tema da prova. Objeto de prova em qualquer caso são os fatos abrangidos na base de cálculo (principal ou substituta) prevista na lei: só que a verdade material se obtém de modo direto e nos quadros de um modo indireto, fazendo intervir ilações, presunções e juízos de probabilidade ou de normalidade. Tais juízos devem ser, contudo, suficientemente sólidos para criar no órgão de aplicação do direito a convicção da verdade. Por fim, em se tratando especificamente da verificação da presença de simulação, os atos praticados pelos contribuintes precisam ser analisados em conjunto, não sendo suficiente a constatação da validade formal do ato visto de forma isolada dos demais. Analisase o filme e não apenas a foto. Feitas estas considerações, podese voltar ao caso concreto que aqui se tem, analisandose os fatos trazidos pelas partes. Como já explicitado, a decisão administrativa tem origem na constatação de que as aquisições de café pela Recorrente foram contabilizadas em nome de diversas empresas de fachada, utilizadas para dissimular a real aquisição da mercadoria proveniente de pessoas físicas (produtores rurais/maquinistas), e assim se apropriar de crédito em montante superior ao autorizado pela lei. O Fisco afirma que a Recorrente, desde janeiro de 2005, apropriase indevidamente de créditos integrais fictos, baseados em notas fiscais em nome de empresas de fachada (“laranjas”) cujos montantes ultrapassaram o valor de R$ 890 milhões entre os anos de 2005 a 2009. Diante desta constatação, todos os saldos dos créditos decorrentes de operações do mercado interno e externo foram recalculados, com a glosa daqueles embasados Fl. 14086DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.087 23 em notas fiscais de “pseudoatacadistas de café”, porém tendo sido reconhecido o direito creditório presumido sobre tais operações. Pois bem, o relatório fiscal objeto do auto de infração lavrado contra a Recorrente expõe de forma clara as provas obtidas pele Fiscalização, sendo oportuna a transcrição de excerto deste documento: Ao longo deste Relatório, comprovarseá a existência desse esquema, bem como de que a CUSTÓDIO FORZZA não só tinha consciência de que o café adquirido de pessoas físicas (produtores/maquinistas) era guiado em nome de empresa de fachada (pseudoatacadista) como tinha participação no ilícito praticado. Por conseguinte, tinha pleno conhecimento que as notas fiscais dessas empresas laranjas eram ideologicamente falsas. Não obstante isso, pessoas vinculadas à fiscalizada indicaram empresas laranjas para guiar o café do produtor para a CUSTÓDIO FORZZA. Não raro, a própria CUSTÓDIO FORZZA retirava o café junto aos produtores com notas guiadas em nome de empresas laranjas. A corroborar tais fatos, as declarações prestadas aos Auditores Fiscais pelo produtor rural/maquinista FERNANDO PLANTIKOW NETO (fls. 214/215): 4) (...) que realizava venda de café de sua propriedade e de seus familiares, assim como, intermediava a venda de café de meeiros e pequenos produtores rurais da região diretamente com as seguintes empresas que por ora se recorda: CUSTÓDIO FORZZA, (...) e (...); 5) Que, a partir de um determinado momento, o declarante se recorda que os compradores dessas empresas, Sr. Carlos Henrique e Sr. Irineu (CUSTÓDIO FORZZA), (...) e (...), indicaram que o declarante procurasse as "empresas" DO GRÃO, COLUMBIA, ACÁDIA, L&L, dentre outras, para que guiasse o café do produtor rural para uma dessas empresas listadas; que, ao depois, era efetuada a troca da nota fiscal do produtor pela nota fiscal de uma das empresas indicadas guiando o café para a CUSTÓDIO FORZZA. (...) e (...); 6) Que a partir de então o declarante passou a fazer as operações por intermédio dessas empresas, sendo que o café continua sendo guiado para CUSTÓDIO FORZZA, (...) e (...), utilizando as notas fiscais das "empresas" anteriormente citadas; 7) Que o declarante afirmou que é descontado um determinado valor, que chegava a R$ 1,00, do produtor rural, para pagar o fornecedor da nota fiscal que guiou o café para as empresas acima citadas; 8) Que o declarante afirmou que a troca de nota fiscal do produtor rural ocorria em um determinado ponto, previamente estabelecido, sendo que um moto boy comparecia para efetuar a troca; Fl. 14087DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.088 24 9) Que conheceu o Sr. Altair Brás Alves na NICCHIO SOBRINHO CAFÉ e que ele convidou o declarante para operar com a V. MUNALDI; (...); 11) Que depois passou a utilizar a R ARAUJO CAFECOL para guiar o café; (...) E ainda pelo produtor/maquinista NILSON ALVES (fls. 322/325): 3) Que nos anos de 2003 e 2004 o declarante negociou café com o Sr. Carlos Henrique, genro do Senhor Custódio Forzza, proprietário da CUSTÓDIO FORZZA, sendo que as notas fiscais foram guiadas em nome da MIRANDA COMÉRCIO EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO DE CAFÉ, com descarga nos ARMAZÉNS GERAIS FORZZA LTDA, situados em Colatina e Linhares; que o café era retirado pela própria empresa CUSTÓDIO FORZZA na propriedade do declarante; que as notas fiscais eram preenchidas pelo contador do declarante cujos dados para o preenchimento eram repassados pelos motoristas que eram encaminhados pela CUSTÓDIO FORZZA para retirar o café da propriedade do declarante; que o declarante não conhece e nunca manteve contato com a MIRANDA, seus sócios ou representantes legais, sendo que apenas as notas fiscais foram emitidas em nome da MIRANDA por determinação da própria empresa CUSTÓDIO FORZZA; Acrescentou que nos anos de 2004 e 2005 negociou 5.210 sacas de café para a CUSTÓDIO FORZZA, sendo que as notas fiscais de produtor foram emitidas em nome da C. DÁRIOME por determinação da empresa CUSTÓDIO FORZZA, conforme item 5 do referido Termo de Declarações, de 20/08/2008, com a devida retificação de 23/09/2008. Finalizou afirmando "que não conhece e nunca negociou com o senhor Carliano Dário, proprietário da C. DÁRIO ME". As próprias notas fiscais de produtor de NILSON ALVES de n° 00336 a 00339, 00358 a 00361, 00383, 00385 a 00386, 00390 a 00392 e 00394 a 00395, relativas à citada operação, corroboram que se trata de compras da CUSTÓDIO FORZZA guiadas em nome da empresa de fachada C. DÁRIO ME (fls. 326/341). Por exemplo, as notas n° 00338, 00339, 00358, 00386 e 00395 (fls. 328/330, 336 e 341) indicam que o café foi transportado pelo motorista Lindomar Maciel Rigoni, CPF 083.358.58780, no veículo de placa MRO 2256 COLATINA ES. Dados dos sistemas da RFB (Guia e Renavan) mostram, respectivamente, que o motorista Lindomar era funcionário da CUSTÓDIO FORZZA, assim como o veículo mencionado é de propriedade da referida empresa (fls. 342/345). Outro exemplo: as notas n° 00360, 00385 e 00391 (fls. 332, 335 e 338) mostram que o café foi transportado pelo motorista Antônio Luiz Tófoli, CPF 420.513.39791 no veículo de placa MRI 0177 COLATINA ES. Fl. 14088DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.089 25 Tratase do motorista e do veículo da própria CUSTÓDIO FORZZA (fls. 346/348). Para arrematar, em 25/08/2004, NILSON ALVES vendeu 300 sacas de café cujas notas fiscais de produtor n° 00341 e 00342, diferentemente da operação anterior, foram emitidas diretamente para a CUSTÓDIO FORZZA (fls. 349/350). Detalhe: o café foi transportado para o armazém da CUSTÓDIO FORZZA pelo mesmo Antônio Luiz Tófoli no veículo da empresa de placa MRI 0177. Outros exemplos em que a própria CUSTÓDIO FORZZA retirou o café do produtor: café adquirido do produtor Antônio Marcos Zamprogno guiado em nome da V. MUNALDI e DO GRÃO (fls. 164/168): 4) Que no bloco de notas fiscais apresentada pelo declarante a fiscalização constatou e mostrou ao declarante que as notas fiscais n° 03 (21/10/2004), n° 04 (27/10/2004) e n° 05 (03/12/2004), as duas primeiras emitidas em nome da V. MUNALDI e esta última em nome da DO GRÃO, foram todas transportadas pelo motorista EDSON ANTÔNIO TOFFOLI, no veículo de placa CLH 5225 COLATINA/ ES, sendo que a fiscalização em consulta realizada no RENAVAN constatou e cientificou o declarante que o referido veículo pertence a empresa CUSTÓDIO FORZZA COMÉRCIO EXPORTAÇÃO LTDA; assim como consulta ao sistema da Receita Federal mostrou que o Sr. EDSON ANTÔNIO TOFFOLI era funcionário da empresa CUSTÓDIO FORZZA COMÉRCIO EXPORTAÇÃO LTDA, sendo que naquele ano auferiu rendimento do trabalho assalariado com vinculo empregatício da referida empresa; café adquirido do produtor Carlos Antônio Managna guiado em nome da ROMA (fls. 175/193): 3) Que em 2006 o declarante negociou café de sua propriedade e de seu pai com o corretor Arylson Storck; (...); Que o próprio Arylson informou ao declarante que o café estava sendo descarregado no ARMAZÉM do FORZZA em Barbados (Colatina); (...) Que o café guiado em nome da ROMA se deu através das notas fiscais de produtor n° 031 a n° 033, de 09/01/2006 (Sítio Aurora Dois), n° 06, de 10/01/2006 (Fazenda Palminhas) e n° 044 (09/01/2006), n° 046 (10/01/2006) e n° 047 (10/01/2006), todas do Sítio Managna; Que nestas notas fiscais de produtor constam como motoristas que efetuaram o transporte do café as seguintes pessoas: Juarez Buzetti, CPF 479.373.51772, Nilson Rodrigues Sousa, CPF 488.038.71772 e Luis Carlos Jordão, CPF 811.246.51772, todos funcionários da CUSTODIO FORZZA conforme consulta realizada pelos auditores no sistema CPF; Que os veículos transportadores indicados nas referidas notas fiscais de produtor de placa CLH 5225 ES, MRI 0483 ES, MRO Fl. 14089DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.090 26 2256 ES e MRI 0177 ES pertencem a CUSTÓDIO FORZZA conforme pesquisa junto ao RENAVAN; Café adquirido do produtor Idelsino Lima Viana guiado em nome da C. DÁRIO e transportado pelo funcionário da CUSTÓDIO FORZZA de nome Nilson Rodrigues Sousa no veículo de propriedade também da empresa de placa MRI 0483 (fls. 231/239): Por derradeiro, os documentos apreendidos, em 01/06/2010 ("OPERAÇÃO BROCA"), na CUSTÓDIO FORZZA e encaminhados à DRF/VTA/ES mediante autorização judicial, nos quais retratam operações de venda do produtor FERNANDO PLANTIKOW para a CUSTÓDIO FORZZA por meio de interposição fraudulenta da empresa de fachada R. ARAUJO MERCANTIL CAFECOL que emitiu a nota fiscal. Na tentativa de dar aparência de legalidade, a própria CUSTÓDIO FORZZA emitiu a "CONFIRMAÇÃO DE COMPRA" tendo como suposto vendedor a R. ARAÚJO MERCANTIL CAFECOL. Todavia, no controle interno da empresa, não era a R. ARAÚJO MERCANTIL CAFECOL quem estava vendendo o café, mas, sim, o produtor FERNANDO PLANTIKOW (fls. 1.776/1.878). A Recorrente não contesta a inexistência de fato destas empresas, ou mesmo qualquer das irregularidades constatadas pelo Fisco em relação a estas. Afirma, contudo, inexistir nos autos prova de que a mesma agiu em conluio com as referidas "empresas de fachada" com o objetivo de lesar o Fisco Federal. Aduz que as aquisições de cafés foram, de fato, efetuadas e pagas às empresas em questão, e que as empresas encontravamse, segundo pesquisa junto ao SINTEGRA estadual, na condição de empresas regulares e ativas. Pois bem, em relação às operações praticadas no ambiente de negócios ao qual estava incluída a Recorrente, encontrase fartamente comprovado que as empresas do ramo adquiriam café de pessoas físicas, todavia formalizavam tais operações como sendo aquisições junto a pessoas jurídicas, com o nítido objetivo de apropriação irregular de créditos integrais do PIS e da Cofins. A operação era assim formalizada pois as aquisições feitas junto a pessoas jurídicas permitem a apropriação de créditos integrais no regime da não cumulatividade do PIS e da Cofins, ao passo que as efetuadas diretamente com pessoas físicas da direito apenas ao crédito presumido previsto no artigo 8º da Lei nº 10.925/2004. Ao formalizar a compra de café como sendo adquirido junto a pessoas jurídicas, as empresas alcançariam o direito de crédito em sua forma integral, superior ao crédito presumido que teria direito pela aquisição de pessoas físicas. A situação exposta está bastante clara nos autos, não sendo nem mesmo objeto de recurso por parte da Recorrente. Ressalto, neste ponto, que os processos administrativos tributários que formalizaram as decisões do Fisco neste sentido tem sido confirmados por unanimidade nesta casa, como demonstram as ementas dos acórdãos abaixo citados: Fl. 14090DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.091 27 SIMULAÇÃO. INTERPOSIÇÃO. VENDA DE CAFÉ. CREDITAMENTO Comprovada a aquisição de café, de fato, de pessoas físicas, quando os documentos apontavam para uma intermediação por pessoa jurídica, incabível o creditamento integral das contribuições, cabendo apenas o crédito presumido pela aquisição de pessoas físicas. (Acórdão no 3403002.893, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime,sessão de 27/03/2014) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/09/2007 a 31/05/2008, 01/07/2008 a 31/08/2008, 01/10/2008 a 31/12/2009 PIS E COFINS. REGIME NÃOCUMULATIVO. AQUISIÇÃO DE INSUMOS DE PESSOA FÍSICA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA JURÍDICA. SIMULAÇÃO. GLOSA DE CRÉDITO. Constatado que o negócio jurídico efetivo foi celebrado com fornecedor pessoa física, devese glosar o crédito de PIS e COFINS apropriado na operação, em conformidade com o art. 3º, §3º, I da Lei nº 10.833/03. INTERPOSIÇÃO DE TERCEIRO. SIMULAÇÃO. FRAUDE E CONLUIO. MULTA QUALIFICADA. A interposição simulada de terceiro alheio ao negócio jurídico, com o escopo de reduzir o montante do tributo configura fraude e conluio (Lei nº 4.502/64, arts. 72 e 73), justificando aplicação de multa qualificada (Lei nº 9.430/96, art. 44, §1º). (Acórdão no 3403002.635, Rel. Cons. Marcos Tranchesi Ortiz, unânime ,sessão de 27/11/2013) Observo ainda que este esquema era de plena utilização na região, não sendo factível acreditar que a Recorrente não tivesse conhecimento do mercado em que atuava. Pelo contrário, os documentos anexados aos autos depoimentos, documentos, arquivos magnéticos e controles internos da empresa revelam que esta não só sabia que as aquisições eram realizadas de produtor pessoa física, como também exigia que as negociações ocorressem em nome de empresa de fachada, orientandoas operacionalmente nesse sentido. Assim, o fato de as empresas estarem em situação cadastral regular e ativa no SINTEGRA estadual não parece ser motivo para que a Recorrente não tivesse conhecimento de que os documentos que formalizaram os negócios traziam dados de empresas inexistentes de fato. Estas empresas não possuíam locais para a armazenagem do café que negociavam, e se localizavam em diminutos escritórios, algo totalmente incoerente com o volume de negócios que praticavam. Fl. 14091DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.092 28 As empresas não possuíam patrimônio, não demonstravam capacidade operacional, não possuíam funcionários contratados, nem apresentavam qualquer estrutura logística. Ressaltese ainda que nenhuma destas empresas recolhia os tributos que seriam devidos caso tivesse efetivamente praticado as operações em comento, que tem por base o montante de R$ 891 milhões negociados entre a Recorrente e as empresas de fachada, tomandose apenas o período fiscalizado. Inconcebível, portanto, falarse em boafé por parte da recorrente. Transcrevo, neste ponto, trecho do voto condutor do acórdão nº 3802 002.114, de relatoria do Conselheiro Francisco José Barroso Rios, que explicita de forma clara outros fatos que levam a esta conclusão: Mais adiante, a fiscalização apresenta o resultado das operações realizadas em relação a seis empresas que, juntas, movimentaram 1,75 bilhões de reais nos anos de 2003 a 2007, mas quase nada recolheram a título de PIS e de COFINS. São elas: Colúmbia Comércio de Café Ltda., Acádia Comércio e Exportação Ltda., Do Grão Comércio Exportação e Importação Ltda., L & L Comércio e Exportação Ltda., V. Munaldi ME e J. C. Bins Cafeeira Colatina. Todas, à exceção da J. C. Bins localizavamse em pequenas salas comerciais do mesmo prédio, e encontravamse em situação irregular perante o CNPJ (omissas, baixadas, inaptas... v. fls. 3618 e ss.). A fiscalização demonstrou elo de ligação entre essas pessoas jurídicas e as empresas adquirentes de café, notadamente, pelo liame existente entre os titulares e sócios dessas empresas e os sócios ou empregados de algumas das empresas adquirentes (comerciais exportadoras). Cita, por exemplo que Antônio Gava, fundador da Colúmbia, é sobrinho do sócio fundador da Custódio Forzza, tendo trabalhado nesta por mais de 20 anos, e que a Colúmbia foi a maior fornecedora da Recorrente no período de 2005 a 2009, com um volume de mais de R$ 117 milhões. O relatório fiscal apresenta outras provas colhidas no procedimento fiscal que corroboram o modus operandi com utilização de empresas de fachada. Referido modus operandi tornase mais claro diante do depoimento de Antônio Gava, que, como dito, foi fundador da Colúmbia e é sobrinho do sócio fundador da Custódio Forzza. Em seu depoimento, transcrito às fls. 3629/3630 dos autos (Termo de Encerramento da Ação Fiscal) o mesmo declara: 4) Que a COLÚMBIA funciona como recebedora da nota fiscal do produtor e emissora da nota fiscal de saída, que vai para o real proprietário do café, ou melhor, o verdadeiro comprador do café: (grifo nosso) 5) O real comprador do café adquire o produto do produtor rural por intermédio de corretores de café; Fl. 14092DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.093 29 6) Que os compradores de café efetuam depósitos nas contas correntes da COLUMBIA e esta efetua o pagamento aos produtores rurais. Essa logística é corroborada pelos outros depoimentos reproduzidos no relatório fiscal, com destaque para os depoimentos de Altair Bráz Alves, da V. Munaldi – ME, reproduzido às fls. 3630/3635 (lembrando que nos referimos às fls. do processo nº 15586.000089/201117). Questionadas pela fiscalização, as empresas Colúmbia, Acádia, Do Grão e L & L corroboraram que atuam apenas na venda de notas fiscais, não sendo, e nem tendo estrutura financeira e material para atuarem como empresas comerciais atacadistas de café (“relataram que não possuem imóveis, veículos, tampouco funcionários [...]”; que os recursos creditados em suas contascorrentes “pertencem a terceiros compradores de café”; que “NÃO são e NUNCA foram empresas COMERCIALIZADORAS ou ATACADISTAS de café”; que em função da compra do café dos produtores rurais / maquinistas – que “guiava” o produto com nota de produtor para a fiscalizada – , emitiam uma nota fiscal própria de venda para a empresa (real) compradora, retendo em seu favor apenas uma quantia, em regra, de R$ 0,15 a R$ 0,30 por saca de café; que, em alguns casos, apenas intermediava o negócio, sendo outra a empresa que recebia a nota fiscal do produtor e emitia a nota fiscal de viagem/venda; que “em certas ocasiões o comprador (indústria, exportador ou corretora), “depois de fazer negociação direta com o produtor ou com a corretora de mercado futuro, apenas informava a (...) [COLÚMBIA, ACÁDIA, DO GRÃO e L & L] que iria precisar de seus serviços, quais sejam receber a Nota do Produtor, receber o dinheiro, pagar o produtor e emitir a nota fiscal de venda / Viagem” – v. fls. 3635/3637). O relatório fiscal é extenso e contempla muitos outros depoimentos e provas que fundamentam suas conclusões e ratificam o que foi acima colacionado. A DRJ Rio de Janeiro II, ao julgar a impugnação objeto do processo nº 15586.000089/000108, que teve como relator o i. AFRFB Ronaldo Souza Dias, ressalta ainda outras evidências importantes trazidas no citado relatório de ação fiscal. Reproduzo, abaixo, trechos que entendo são mais relevantes, e cujos fundamentos também adoto para a resolução da presente lide (acórdão acostado às fls. 4539/4574): Algumas empresas Exportadoras/Indústrias comprovadamente, pelo que foi registrado até agora, efetivamente participaram da montagem e do uso do esquema fraudulento. Há prova documental neste sentido, e os depoimentos também convergem perfeitamente para este ponto. Por exemplo, no depoimento do corretor de café Arylson Storck de Oliveira, às fls. 399/401, textualmente se declara: Fl. 14093DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.094 30 “(...)ligava para as exportadoras com o objetivo de vender café de produtor rural e era informado de que não havia a menor possibilidade de que as exportadoras adquirissem café de pessoa física, que as exportadoras respondiam ao declarante que somente estavam aceitando café de pessoa jurídica” (item 2) “a maioria dos sócios ou titulares das empresas constituídas para guiar café para as exportadoras e Indústrias são exfuncionários das próprias exportadoras do Estado do Espírito Santo” (item 3) “O corretor ratificou a existência de um ‘mercado de notas fiscais’: “pela emissão da nota fiscal para guiar o café para as exportadoras as interpostas empresas recebem um determinado valor por saca de café, que o ‘mercado de nota fiscal’ chegou a tal ponto que há uma disputa para ver quem vende a sua nota fiscal por um menor preço por saca de café” (item 4).(gn) O depoimento (particularmente o afirmado no item 2) contrapõe se à alegação de que havia um domínio do mercado pelas atacadistas (identificadas como empresas para guiar o café) atacadistas que “eram imbatíveis concorrentes das exportadoras, pois utilizavam de práticas ilícitas e anticoncorrenciais”, pois as próprias exportadoras somente estavam aceitando café de pessoa jurídica, isto é, recusavam o café da pessoa física. Na verdade continuavam a comprar dos produtores rurais, apenas utilizavam pessoas jurídicas para “guiar o café”, expressão, que neste caso, não passa de eufemismo para a prática simulatória/dissimulatória. Noutro depoimento (fls. 3774 e ss), do corretor Luciano Arpini Gobbi, o depoente afirma que houve uma fase em que o produtor rural guiava diretamente o café para as exportadoras e indústrias e recebia diretamente o pagamento, mas depois estas empresas, exportadoras e indústrias, passaram exigir que o café fosse descarregado nelas com nota fiscal de pessoa jurídica. No depoimento do corretor João Carlos de Abreu Zampier (fls. 445/448, item 12), identificase os intermediários como empresas laranjas, cuja finalidade é vender nota fiscal: Que o declarante afirmou que o mercado de café se “prostituiu” porque alguns corretores começaram a negociar café dispensando a cobrança da comissão de corretagem, e devido ao aparecimento de empresas laranjas que entraram no mercado de café vendendo nota fiscal para ganhar um percentual sobre as vendas de café; (gn) Em mais um depoimento, de um outro corretor – Valério Antônio Dallapícula , novamente de modo muito explícito é descrita a fraude (fls. 501/503): Que a interposição de uma pessoa jurídica para mascarar a operação de compra de café das empresas acima relacionadas diretamente do produtor rural iniciouse com as próprias compradoras de café, que no inicio as notas fiscais do produtor Fl. 14094DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.095 31 eram trocadas pela nota fiscal da interposta pessoa dentro do próprio armazém da empresa compradora, que nessas operações o corretor recebia das compradoras o nome da interposta pessoa jurídica pelo qual o café do produtor rural era guiado para dentro do seu armazém; (...) Registrese que o declarante Valério Antônio Dallapícula atuou como corretor da Custódio Forzza (fl. 501). Há, nos autos, outros depoimentos de corretores todos convergindo para os pontos acima destacados. As declarações dos produtores rurais esclarecem pontos adicionais e confirmam outros já sublinhados por corretores. É o caso do depoimento do produtor rural/maquinista Sr. Fernando Plantikow Neto (fls. 217/218): (...) 5) Que, a partir de um determinado momento, o declarante se recorda que os compradores dessas empresas, Sr. Carlos Henrique e Sr. Irineu (Custódio Forzza), (...) e (...) indicaram que o declarante procurasse as ‘empresas’ Do Grão, Colúmbia, Acádia, L&L, dentre outras, para que guiasse o café do produtor rural para uma dessas empresas listadas; que, ao depois, era efetuada a troca da nota fiscal do produtor rural pela nota fiscal de uma das empresas indicadas guiando o café para a Custódio Forzza, (...) e (...); (...) 7) Que o declarante afirmou que é descontado um determinado valor, que chegava a R$1,00, do produtor rural, para pagar o fornecedor da nota fiscal que guiou o café para as empresas acima citadas; 8) Que o declarante afirmou que a troca de nota fiscal do produtor rural ocorria em um determinado ponto, previamente estabelecido, sendo que um moto boy comparecia para efetuar a troca; (...)(gn) Notase aí na citação expressa à Custódio Forzza pelo produtor rural/maquinista o papel ativo da autuada na operação, fato que refuta a hipótese de fraude sem sua participação. Exceto se é admitida a teoria conspiratória, onde “atacadistas”, corretores do ramo e produtores rurais de café conspiram com o único propósito de prejudicar a contribuinte, ora impugnante. Mas diante da convergência irresistível dos depoimentos de personagens, que atuam com funções distintas na cadeia produtiva, a teoria conspiratória revelase mera fantasia. O exame de mais um depoimento, de outro produtor rural, firma mais ainda esta convicção: (...) Fl. 14095DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.096 32 Que nos anos de 2003 e 2004 o declarante negociou café com o Sr. Carlos Henrique, genro do Sr. Custódio Forzza, proprietário da Custódio Forzza, sendo que as notas fiscais eram guiadas em nome da Miranda Comércio Exportação e Importação de Café, com descarga nos Armazéns Gerais Forzza Ltda, situados em Colatina e Linhares; que o café era retirado pela própria empresa Custódio Forzza na propriedade do declarante, que as notas fiscais eram preenchidas pelo contador do declarante, e que o declarante não conhece e nunca manteve contato com a Miranda, seus sócio ou representantes legais, sendo que apenas as notas fiscais foram emitidas em nome da Miranda por determinação da própria empresa Custódio Forzza; (...) (gn) (depoimento do produtor rural Nilson Alves, fl. 325/326) A fiscalização intimou vários outros produtores rurais para esclarecer pontos dos negócios respectivos, dos resultados obtidos concluiuse, em resumo, que (1) os produtores rurais desconhecem as pessoas jurídicas que constam como destinatárias das suas próprias notas fiscais. Ou seja, eles negociavam o café com a adquirente Custódio Forzza e outros compradores, mas nas notas eram substituídos pela Colúmbia, Do Grão, Acádia, L&L, Miranda Com. Exp. e Imp. de Café e outras pseudo empresas; (2) as notas eram ou preenchidas pelos reais compradores (Exportadoras e Indústrias), ou preenchidas pelo produtor com dados que lhes eram fornecidos pela Custódio Forzza; (3) o café era retirado da propriedade rural pela Custódio Forzza, e nos seus armazéns descarregado, (4) Sr. Carlos Henrique, genro do Sr. Custódio Forzza, participa ativamente no setor de compra da Custódio Forzza. Repitase: as ‘pseudoempresas’ que constam nas notas fiscais de venda dos produtores rurais não participam da negociação, são desconhecidas dos produtores rurais, mas aparecem no momento de preenchimento da Nota Fiscal por exigência do real comprador. Quando a Autoridade Fiscal requisita às Empresas Do Grão, Acádia, L&L e Colúmbia informar se era do “pleno conhecimento” dos comerciantes, exportadores e indústrias, ou seja, dos compradores de que apenas forneciam a nota fiscal, para respaldar operação, que na verdade se dava entre comprador e produtor rural, a resposta corrobora o que já está fartamente provado: “Sim. Os grandes atacadistas, assim como os Torradores e os Exportadores tinham e tem pleno conhecimento de que as notas fiscais são vendidas, como também sabem que nossa empresa nunca recolheu nenhum valor de PIS e Cofins. Vale dizer que eles até incentivaram a abertura de várias empresas (...)”. (v. por exemplo fl. 28, item 2). Acrescenta, em outro momento, que “regra geral, é o comprador (torrador, exportador ou atacadista) diretamente por si ou por meio do Corretor que o assessorou no negócio, que determina qual empresa vai faturar, ou melhor, emitir a nota Fiscal para guiar o Fl. 14096DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.097 33 produto da lavoura para os depósitos dos compradores”. (v. por exemplo fl. 28, item 3, fine) Em outro momento ainda, relatam as empresas citadas Do Grão, Acádia, L&L e Colúmbia, que após fiscalização da Receita, as Torradoras passaram a exigir que os antigos maquinistas, “que antigamente faziam uso da nossa empresa para guiar o café, constituíssem empresas suas para guiar o café”. E assim, explicam, surgiram outras atacadistas, “que na verdade são a personificação jurídica dos antigos maquinistas”. Estas novas empresas “passaram a fazer os mesmos atos que os Grandes Atacadistas, Torradores e Exportadores, ou seja, comprar notas de pessoas jurídicas para acobertar as compras feitas diretamente dos produtores, já que os Maquinistas, só compram café dos produtores rurais de suas comunidades locais” (fls. 29/30, itens 6 e 7). Claro está que as empresas fornecedoras da empresa, ora autuada, tais como Do Grão, Acádia, L&L, Colúmbia e outras arroladas nestes autos, não operam no mercado de compravenda de café, mas atuam em outro ‘mercado’, a saber, ‘mercado de compravenda de nota fiscal’. Esta conclusão sobejamente demonstrada por farto suporte documental presente nos autos, é constantemente ratificada nos depoimentos dos próprios envolvidos na fraude. Veja, por exemplo, o depoimento (fls. 2113/2114) de Thiago de Resende Gava, assistido por Advogado, sócio de fato da Colúmbia, admitindo que a W R da SILVA (para quem trabalhou) “nunca comprou nem vendeu um grão de café...”, esclarecendo ainda a finalidade de toda a engrenagem montada: “que o objetivo das operações realizadas desta forma é proporcionar um ganho maior para as empresas exportadoras e/ou torrefadoras de café, pois se fosse emitida nota fiscal do produtor rural diretamente para as empresas exportadoras, estas não teriam direito ao crédito de tributos de 9,25% sobre o valor da compra de café. Que além disso as empresas exportadoras/torrefadoras teriam que recolher o valor referente ao FUNRURAL sobre a nota fiscal do produtor rural (..)” Empresas como Nova Brasília, Colúmbia, Do Grão, Acádia, L&L, V. Munaldi, e outras funcionam como ‘laranjas’, termo, aliás, empregado no meio, como se registra no depoimento dos corretores. Por exemplo, em seu depoimento Devanir Fernandes dos Santos “afirmou que as empresas exportadoras e Indústrias, compradoras de café, para os as quais o declarante atua como corretor de café, tem pleno conhecimento de que as empresas que constam nas notas fiscais como vendedoras de café são laranjas” (fl. 411, item 5). Quanto ao preço da nota fiscal vendida, até final de 2003 era de 1%, o valor de Hum Real por saca de café vigorou entre 2004 e 2006, pois conforme explicaram Do Grão, Acádia, L&L e Colúmbia “quando abriram muitas empresas novas, o preço foi caindo” para R$ 0,50 ou R$ 0,30 (v. fl. 29, item 5). Observar Fl. 14097DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.098 34 também o que declara a Colúmbia à fl. 32, item b: “para a nossa empresa o que importa não é o preço da saca de café, mas sim a quantidade de sacas, já que a nossa remuneração (é) pelo número de sacas”. Entre as provas documentais as próprias notas fiscais da triangulação comercial (produtor rural/pessoa física ® atacadista (ex. Colúmbia) ® exportadora (ex. Custódio Forzza) indicam a simulação. Vejase, a título de exemplo, a nota fiscal nº 00338 (fl. 331) do produtor rural Nilson Alves, que representaria a venda do produtor para a atacadista C. Dario ME, mas cujo transporte é realizado por Lindomar Maciel Rigoni, funcionário da Custódio Forza, no veículo de placa MRO 2256 (vide nota fiscal) da Custódio Forzza, dados que se confirmam em consulta à Sistema da RFB e do RENAVAM (fl. 348). Outro exemplo: agora a nota fiscal nº 010314 representa a venda da atacadista R. Araújo – Cafecol para a Custódio Forzza (fl. 1802) de 264 sacas de café. Observase a inscrição desnecessária, do ponto de vista legal, no corpo da NF “Venda submetida à incidência do PIS/Cofins”. Na entrada do armazém da empresa a mercadoria novamente pesada resultou em 262,80 sacas, conforme romaneio de entrada nº 5414/09 (fl. 1803). No documento “confirmação de compra” (fl. 1804) referente a esta operação, cujo pedido tem o número 047/2010, há uma observação codificada “Col0220/10”. No controle interno da Custódio Forzza o código reaparece, junto com o número da nota fiscal, e confirmação de pedido, em anotação perfeitamente coerente, mas para atribuir ao produtor rural Fernando Plantikow o crédito de 262,80 de sacas. Justamente o que fora ‘negociado’ com R. Araújo – Cafecol. O controle interno revela claramente a negociação direta da Custódio Forzza com os produtores, pois neste caderno anotase um volume global de mercadoria previamente acordado, e que conforme a entrega vai se efetivando, vai se abatendo para obter um saldo ainda a entregar. Tratase de verdadeira contabilidade paralela. De documentos recebidos da Polícia Federal (fl. 506), a planilha de saídas da Colúmbia (v. fl. 3676/3677) para a Custódio Forzza deixa claro a distinção entre o vendedor ficto (a própria Colúmbia) e o vendedor real, pessoa física/produtor rural. A origem da mercadoria é o produtor rural, no caso tratase de Ailton Noia, e o destino é a Custódio Forzza. Ailton Noia, no entanto, declarou que sua produção é negociada diretamente com Custódio Forzza, mas as notas fiscais são preenchidas por Thiago Gava (fls. 3674/3675). A Fiscalização comprovou que a própria Custódio Forzza depositava os recursos que a Colúmbia necessitava para o pagamento exato aos produtores rurais (fls. 3674/3675). Comparar as planilhas de fls. 3676/3677 com a planilha de fls. 3677/3678: É curioso notar que a “venda” do café para a Colúmbia, e a “revenda” desta para a Custódio Forzza eram efetuadas pelo mesmo preço, situação comercialmente muito heterodoxa. Fl. 14098DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.099 35 Na Confirmação de Pedido nº 1902/2008 (Custódio Forzza à WR da Silva Ltda ME) (fl. 3688) observase o nome manuscrito “mazolini” sobrenome do produtor rural: Luis Mazolini. Tal anotação é pratica entre os corretores, conforme afirmam em seus depoimentos. Vide, por exemplo, declaração muito elucidativa neste sentido às fls. 3684/3686. Documentos apreendidos na própria Custódio Forzza, durante a Operação Broca, confirmam estes depoimentos (vide documentos às fls. 3689 a 3694). Do Ministério Público do Espírito Santo – Grupo GETPOT – a fiscalização recebeu e analisou um relatório financeiro correspondendo a uma espécie de livro caixa (“caixa 2”), documento apreendido na Operação Acádia deflagrada “com o objetivo de coibir sonegação fiscal de ICMS” (fl. 505), que detalha ganhos de Fernando Mattede e Flávio Tardin, sócios das ‘pseudoempresas’ Do Grão e L&L, já citadas neste voto. O documento reproduzido (fls. 3706 e ss) mostra que a receita é claramente proveniente de venda de notas, observese na fl. 3706 nos nomes de pessoas responsáveis pelo crédito, que aparece o de Alair com o valor ao lado de R$3.320,00. O total de ganho no fechamento geral relativo à Empresa Do Grão corresponde à diferença desses créditos (provenientes de pessoas físicas) contra as despesas (nada a ver com compra de café) (vide fl. 3706). O batimento da ‘contabilidade’ à fl. 3706 com a planilha da Empresa Do Grão, exibindo o controle do seu crédito contra Alair, demonstra a exatidão do valor de R$3.320,00 (fl. 3707). Mais ainda, demonstra a razão do débito: para cada saca de café ‘vendida’ para a Custódio Forzza, Alair tornase devedor de Hum real, o que aparece como crédito da Do Grão. Alair, na verdade, é o primeiro nome de Alair Bergameschi, Produtor/Maquinista. Outro fato revelado pelo “Colúmbia Saídas” constante de arquivo da Colúmbia apreendido pela Polícia Federal diz respeito a manobra para eliminar “estoque a descoberto”. Neste caso, a Colúmbia emite simplesmente a nota fiscal, não havendo qualquer movimentação de mercadorias. Observase à fl. 3712, em trecho desta planilha de controle interno, que o destino e o vendedor são os mesmos: “Forzza”. Em seu depoimento à Polícia Federal, Thiago Gava confirmou a existência da manobra (fl. 3711). Documento ainda mais conclusivo – se isso é possível quanto ao efetivo uso do esquema pela Custódio Forzza é o que transcreve conversas efetuadas mediante MSN. Os diálogos são travados entre funcionários do setor financeiro da Custódio Forzza e o corretor Edson Pancieri Filho, que confirmou a conversa. Ali são tratados pagamento da Custódio Forzza a produtor rural. Ocorre que o pagamento ali registrado (R$ 26.758,00) é depositado na conta Colúmbia (vide cópia do extrato onde aparece o TED à fl. 1246) no valor de R$ 26.746,00; onde a diferença devese a despesa de TED, segundo Edson Pancieri Filho. A fiscalização logrou êxito em demonstrar que havia notas fiscais representando “venda” da Colúmbia para a Custódio Forzza, notando mais uma vez que os valores não só correspondiam entre si, como Fl. 14099DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.100 36 coincidiam com o que estava na nota fiscal do produtor rural (fls. 3722/3726). Há outros diálogos nos autos e reproduzidos no Termo de Encerramento Fiscal. Não há como entender, como requer a impugnante, que a Custódio Forzza comprava das ‘atacadistas’, porque estas dominavam o mercado. Pois, neste caso, não necessitaria haver qualquer tratativa da Custódio Forzza com produtor rural sobre preço e pagamento, como os diálogos comprovam. Além disso, tudo que a Custódio Forzza comprava do, e pagava ao, produtor rural passava, não por Armazéns da Colúmbia, mas por sua ‘contabilidade’, apenas para encenar a pantomima. O papel fictício das “atacadistas” na negociação direta entre produtor rural e a Custódio Forzza evidenciase em muitos documentos nos autos. Mas, apenas os diálogos transcritos bastariam para refutar a tese de conspiração, ainda mais que se compatibilizam perfeitamente com todo o resto do conjunto probatório, inclusive notas fiscais, pagamentos via transferências eletrônicas, e depoimentos de corretores e produtores rurais. Ressaltese que a mecânica desvendada pela Fiscalização extrapola os limites do estado do Espírito Santo e atinge outros membros da Federação, particularmente, atinge Bahia e Minas, onde as autoridades fiscais também diligenciaram e colheram provas que apontam para a mesma conclusão: as empresas “atacadistas” são chamadas no último ato para representar a cena final, sem qualquer participação efetiva do ponto de vista comercial (capítulo 6, do Termo de Encerramento Fiscal, itens 6.21 e 6.22). No que concerne as chamadas compra e venda para entrega futura, também não se vê mudança de enredo ou troca de personagens, o mesmo intuito, o mesmo método. Toda a negociação se dá entre produtor rural e Custódio Forzza (vide item 5.4 do Termo de Encerramento Fiscal e documentos correspondentes, entre os quais, o de fls. 3814/3816, 3817, 3826; e, ainda, o relatório à fl. 3829), sem qualquer relevância comercial a função da “atacadista”. Finalmente, a impugnante menciona que não há liame algum entre a Recorrente e algumas empresas atacadistas, seus fornecedores, assim, os créditos derivados das aquisições destas empresas não poderiam ser glosados, requerendo, então que seja afastada toda a imposição tributária relacionada ás aquisições de empresas que a Receita Federal não trouxe prova alguma. No entanto, a alegação não procede porquanto a caracterização daqueles fornecedores como empresa atacadista sem capacidade operacional, com existência fantasmagórica do ponto vista fiscal, mas com movimento apreciável de recursos restou incontroverso. Além disso, encontramse bem definidas como empresas criadas com o propósito de vender nota fiscal (v os exemplos da WR Da Silva, R Araújo Cafecol, Nova Brasília e C Dario ME, v. fls. 3874 e ss), não com o propósito de comercializar café, logo, não Fl. 14100DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.101 37 seria crível – contrariando o que afirma seus próprios sócios e administradores – que teria vendido café somente para a Custódio Forzza. Em sendo estes os fatos em julgamento, concluise que a Recorrente se utilizou deste esquema fraudulento, adquirindo café de empresas inexistentes de fato e apropriandose irregularmente de créditos do PIS e da Cofins. Ao praticar tais condutas, a Recorrente se sujeitou as medidas tomadas pelo Fisco, entre elas a glosa dos créditos irregulares. A suplicante alega a ocorrência de bis in idem em vista das autuações formalizadas pela Receita Federal contra empresas atacadistas e seus responsáveis solidários pela sonegação de tributos nas operações de compra e venda de café de produtores rurais, requerendo ainda diligência para que sejam juntados aos autos todos os autos de infração lavrados contra estas empresas. Em atenção ao alegado, tendo em vista que o presente processo restringese a discussão acerca de decisão administrativa em sede de pedido de ressarcimento, não tendo sido formalizado pelo Fisco crédito tributário vinculado a este processo, não tem como prosperar a alegação de ocorrência de duplicidade de lançamento em relação a eventuais lançamentos formalizados contra outros sujeitos passivos. Seria preciso, por óbvio, a existência de dois lançamentos tributários, o que não se verifica. Denegase, ainda, o pleito de diligência, por desnecessário. No tocante a alegada utilização de prova ilícita, constatase que todos os documentos que embasam a decisão foram todos obtidos de forma lícita, em sua maioria por meio de operações conjuntas realizadas pela Receita Federal, Ministério Público Federal e Polícia Federal, com a correspondente autorização judicial, ou fornecidos pela própria empresa. Verificase ainda que os depoimentos foram obtidos sem qualquer evidência de vícios de consentimento. O relatório fiscal inclusive deixa clara a forma como foram obtidas as provas, nitidamente no trecho abaixo transcrito: 1.3 PROVAS DOCUMENTAÇÃO REUNIDA Entre os documentos que fundamentaram o presente trabalho estão aqueles carreados ao longo da investigação "TEMPO DE COLHEITA" – como declarações prestadas a termo por produtores rurais/maquinistas, corretores, sócios e pessoas ligadas às empresas de fachada e sobretudo documentos apresentados pela COLUMBIA, ACÁDIA, DO GRAO, L & L. A DRF/VTA/ES recebeu, por meio do Ofício OF/GETPOT/Nº 91/2008, de 1°/04/2008, do MPES CD's contendo documentos digitalizados decorrentes da busca e apreensão na sede da ACÁDIA, deflagrada pelo Grupo Especial de Trabalho de Proteção à Ordem Tributária (GETPOT) (fl. 505). Além disso, por meio do Ofício n° 50/2009/SRRF07/Sefis, a DRF/VTA/ES requereu cópia dos documentos selecionados na sede da Policia Federal. Fl. 14101DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.102 38 Em atendimento ao solicitado, o referido órgão encaminhou, mediante Ofício n° 4568/2009SR/ DPF/ES, cópias dos documentos contábeis e fiscais (em meio físico e magnético) relativos às empresas de fachada ACÁDIA, L & L, DO GRÃO, COLÚMBIA, W.R. DA SILVA e R. ARAÚJO – CAFECOL MERCANTIL (fls. 506 e 1.224/1.226). A ressaltar ainda que no citado ofício da Superintendência Regional da Polícia Federal no Espírito Santo está consignado que a disponibilização de tais documentos para subsidiar procedimentos fiscais em curso na DRFA/TA/ES foi devidamente autorizada pelas pessoas físicas que fizeram a entrega deles para a Polícia Federal. Entre os documentos recebidos da Polícia Federal, encontrase um arquivo magnético em formato Excel denominado "COLÚMBIA SAÍDAS". Na verdade, tratase de um controle das notas fiscais de saída emitidas pela COLÚMBIA. Além de relacionar o número, data e valor da nota fiscal, identifica o verdadeiro vendedor – distinguindo o fícto (COLÚMBIA) do real vendedor (produtor/maquinista), o comprador e a quantidade adquirida, assim como o corretor envolvido na operação. A Procuradoria da República no Município de ColatinaES, mediante Ofício n° 466/2010 PRM/COL/PAG (fls. 507/508), encaminhou à Receita Federal do Brasil em VitóriaES, cópia dos documentos apreendidos pela autoridade policial por ocasião do cumprimento do MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO determinado pela MM Juíza de Direito da Seção Judiciária de Colatina ES, referente ao IPL n° 00541/ 2008 – SR/DPF/ES – OPERAÇÃO BROCA, "cujo teor tem nítido interesse fiscal, conforme autorizado judicialmente". A Procuradoria da República encaminhou ainda à DRF/VTA/ES cópia da Denúncia oferecida à Justiça Federal, conforme autorização exarada pela Juíza Federal da 1a Vara Federal de Colatina. Indeferese, portanto, o pleito de nulidade decorrente de utilização de provas ilícitas. Das despesas com combustíveis, armazenagem, frete e comissões pagas a pessoas jurídicas. No que se refere à glosa dos créditos apurados pelo contribuinte em relação a gastos com armazenagem, frete, comissões pagas a pessoas jurídicas e combustíveis utilizados no transporte das mercadorias a Recorrente afirma, em resumo, que utilizandose conceitos econômicos, os insumos, também denominados fatores de produção, transmutamse em todos os custos e despesas da empresa. Em relação ao conceito de insumos para fins de geração de créditos no regime não cumulativo da Cofins, entendo, em consonância com o pensamento de Marco Aurélio Greco2, que deve ser observado processo formativo da receita daquela pessoa jurídica. 2 GRECO, Marco Aurélio. Não cumulatividade do PIS/PASEP e da Cofins. In Nãocumulatividade do Fl. 14102DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.103 39 E este processo formativo da receita inclui todos os elementos, sejam eles físicos ou funcionais, necessários para a obtenção desta receita. Claro que este entendimento não pode vir dissociado das hipóteses previstas na legislação como passíveis da geração de créditos. O legislador especificou, no artigo 3º da Lei nº 10.833/03, quais situações passíveis de geração de créditos, deixando de fora desta lista determinados custos e despesas. Caso a lei tivesse por objetivo adotar a generalidade, bastaria fazer uma alusão genérica a toda e qualquer despesa ocorrida e que estivesse sujeita, anteriormente, à tributação pela Contribuição para o PIS/Pasep e pela Cofins. Como esta não foi a forma adotada pela legislação, não se pode entender como insumos despesas que dizem respeito a todo e qualquer aspecto da atividade de uma empresa. Pois bem, o artigo 3º destas leis, ao falar de “insumos”, restringe aqueles utilizados na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Desta forma, excluemse deste critério todos os gastos que digam respeito à formação de receitas diferentes daquelas referentes a prestação de serviços ou a produção de bens, tais como as despesas financeiras. Isto não quer dizer que tais despesas não possam gerar créditos caso se enquadrem em alguma outra hipótese incluída no artigo 3º, apenas que não se caracterizam como insumos no teor do inciso II deste artigo. Pelo mesmo raciocínio, as despesas administrativas, por não terem relação ao processo formativo da receita na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de bens, não geram direito a crédito. Outro aspecto importante para a definição de determinado bem como insumo é o momento em que este bem é utilizado, se antes, durante ou após o término do processo produtivo. Como já esclarecido, apenas os bens utilizados no processo produtivo são considerados insumos, de forma que os bens utilizados antes de iniciada a produção, ou após o término desta, não são considerados insumos para fins de geração de créditos. Do exposto, conceituamos insumo para fins de creditamento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins como sendo toda aquisição de bens ou serviços necessários para a percepção de receitas decorrentes da prestação de serviços ou da produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Excluemse deste conceito as aquisições que, mesmo referentes à prestação de serviços ou produção de bens, não se mostrem necessárias a estas atividades, adquiridas por mera liberalidade, ou por serem necessárias a outras atividades desta pessoa jurídica. PIS/PASEP e da COFINS. PAULSEN, Leandro (coord.). São Paulo: IOB Thompson, 2004, pp. 112122 Fl. 14103DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.104 40 Também não se enquadram como insumos os bens destinados ao ativo imobilizado, posto que os créditos referentes a estes bens estão incluídos em hipóteses distintas de creditamento, e devem ser apropriados por meio de calculo de depreciação. Quanto aos gastos com armazenagem de mercadorias e frete na operação de venda, o inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/03 é explícito quanto a possibilidade de creditamento Observo, contudo, que diante das particularidades deste regime tributário, o direito aos créditos se encontram na esfera do dever probatório dos contribuintes. Tal afirmação decorre da simples aplicação da regra geral, qual seja a de que àquele que pleiteia um direito tem o dever de provar os fatos que geram este direito. Assim, em sendo os créditos deste regime tributário um benefício que permite ao contribuinte diminuir o valor do tributo a ser recolhido, cumpre ao contribuinte que quer usufruir deste benefício o ônus de provar que possui este direito. Desta forma, o direito aos créditos da não cumulatividade, utilizados para desconto da contribuição devida, ou para ressarcimento ou compensação nas situações permitidas pela legislação, exige que o contribuinte comprove a existência dos fatos que geram este direito. Exigese, portanto, a apresentação dos documentos comprobatórios da existência do direito creditório; documentos que atestem, de forma inequívoca, a origem e a natureza do crédito. Caso o contribuinte não comprove possuir este direito, seus créditos devem ser cancelados, sendo exigida a contribuição devida que estava acobertada por estes créditos. No tocante a realização de diligências probatórias, destinadas à verificação da exatidão das informações trazidas pelos contribuintes, é preciso ter em conta que as diligências não podem ter por finalidade suprir o ônus da prova colocado às partes, mas sim de elucidar questões pontuais mantidas controversas mesmo em face dos documentos trazidos pelo contribuinte; em outras palavras, as diligências servem para esclarecer pontos duvidosos específicos, e não para que a autoridade fiscal, diante da falta de comprovação da existência do crédito, supra tal omissão do contribuinte. No caso em análise, ao contribuinte cumpre o ônus de trazer os elementos de prova que demonstrem a existência do crédito. E tal demonstração, no caso das pessoas jurídicas, está, por vezes, associada a uma conciliação entre registros contábeis e documentos que respaldem tais registros. Assim, para comprovar a existência de um crédito vinculado a um registro contábil, não basta apresentar o registro, mas também indicar, de forma específica, que documentos estão associados a que registros; ainda, é importante, quando a natureza da operação escriturada/documentada for importante para a caracterização ou não do direito creditório, que a descrição da operação constante dos registros e documentos seja clara, sem abreviaturas ou códigos que dificultem ou impossibilitem a perfeita caracterização do negócio. Em regra, portanto, cumpre ao contribuinte vincular registros contábeis a documentos fiscais, estabelecendo com clareza a natureza das operações por eles instrumentadas, não lhe sendo lícito simplesmente juntar uma massa de documentos ao processo, sem indicação individualizada de a quais registros se referem. A atividade de Fl. 14104DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.105 41 "provar" não se limita, no mais das vezes, a simplesmente juntar documentos aos autos; nos casos em que se tem inúmeros registros associados a inúmeros documentos, provar significa associar registros e documentos de forma individualizada, do mesmo modo que, no caso das provas indiciárias, exigese a contextualização dos fatos por via do cruzamento dos indícios. Não é lícito ao julgador dispensar a autoridade fiscal ou o contribuinte, conforme o caso, do ônus que a lei impõe a cada um deles; tanto quanto não lhe é lícito valer se das diligências e perícias para, por vias indiretas, suprir o ônus probatório que cabia a cada parte. Diligências existem para resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica. Já as perícias existem para fins de que sejam dirimidas questões para as quais exigese conhecimento técnico especializado, ou seja, matéria impassível de ser resolvida a partir do conhecimento das partes e do julgador. De se ressaltar, igualmente, que o fato de o processo administrativo ser informado pelo princípio da verdade material, em nada macula tudo o que foi até aqui dito. É que o referido princípio destinase a busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu onus probandi. Em outras palavras, o princípio da verdade material autoriza o julgador a ir além dos elementos de prova trazidos pelas partes, quando tais elementos de prova induzem à suspeita de que os fatos ocorreram não da forma como esta ou aquela parte afirma, mas de uma outra forma qualquer (o julgador não está vinculado às versões das partes). Mas isto, à evidência, nada tem a ver com propiciar à parte que tem o ônus de provar o que alega, a oportunidade de, por via de diligências, produzir algo que, do ponto de vista estritamente legal, já deveria compor, como requisito de admissibilidade, o pleito desde sua formalização inicial. Por fim, da mesma forma que não se pode usar as diligências como meio de suprir o ônus probatório não cumprido pelas partes, também não se pode exigir que o julgador da questão controversa promova, ele próprio, a contextualização dos elementos de prova juntados ao processo. No que tange ao presente processo, verificase que a recorrente não demonstrou que os seus créditos glosados correspondiam às hipóteses previstas pelo legislador para creditamento. Restringiuse a apresentar alegações genéricas a este respeito, sem comprovar o direito ao crédito. Desta forma, negase o direito ao credito pleiteado pela recorrente. Diante de todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator Fl. 14105DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.106 42 Declaração de Voto Conselheiro – Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Com respeito e admiração às colocações do nobre colega Conselheiro Relator, venho por meio desta declaração de voto expressar entendimento divergente em favor da alegação preliminar do contribuinte pela reunião de processos conexos. Como bem relatado, não foi reconhecido o direito creditório pleiteado pelo contribuinte em compensações declaradas de fls. 91 e a fiscalização entendeu ter havido infração tributária relacionada à apropriação indevida de créditos da Cofins não cumulativa, calculado sobre o valor das aquisições de café em grãos, que supostamente seriam aquisições simuladas de pessoas físicas e não das empresas emitentes das Notas Fiscais. A conclusão da fiscalização foi a de que o contribuinte tinha conhecimento de um esquema fraudulento em que várias empresas fictícias eram interpostas entre ela e os produtores rurais para o auferimento integral de créditos, como se o contribuinte tivesse dado início às empresas “laranjas”. Assim, por conta das operações “tempo de colheita” e “operação broca” a Receita Federal de Vitória impôs responsabilidade tributárias solidária a centenas de pessoas físicas e jurídicas. Mas verificase que diante dos indícios e provas apresentados pelo contribuinte, qualquer dificuldade na convicção de concluir que os fatos correspondem ao tipo elencado deveria decorrer, então, principalmente da análise entre o limite da autonomia privada e do conceito de simulação em sentido amplo, porque a simulação em sentido restrito está claro que não ocorreu. Assim, para que a formatação das operações fosse considerada uma simulação com o objetivo de suprimir tributos, deveria haver a contradição entre o resultado econômico simulado e o resultado econômico efetivo, que não foi demonstrado pela fiscalização de forma individualizada. Não há nos autos a demonstração do fim atípico, essencial para a subsunção dos fatos ao tipo. É importante considerar que a questão da simulação é somente alcançada mediante a cuidadosa interpretação sistemática de diversos dispositivos do CC/2002, o que denota a ausência de uma norma geral de antielisão no Brasil e não se confunde com uma norma antissimulação ou antievasão. Restando, portanto, ao presente caso, a análise da validade da estrutura jurídica adotada, que poderia ou não ser relevante diante do nascimento da obrigação tributária por lhe interessar apenas o conteúdo econômico dos fatos. Diante da ausência de provas individualizadas por parte da fiscalização e presença de provas por parte do contribuinte, se considerarmos a presunção não elencada no tipo legal, somente com a ausência de motivo extratributário é que se poderia compor o quadro de indícios para a qualificação do vício da simulação, e está mais do que comprovado a existência de motivos mercadológicos que justificam a estrutura das operações uma vez que o contato comercial das supostas empresas fictícias, conforme alegado, era feito exclusivamente com os corretores de café ou maquinistas. Fl. 14106DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.107 43 Apresentase nesta declaração de voto entendimentos convergentes com a clássica formulação doutrinária fatovalornorma, que nas palavras do Ilustre Professor Doutor Ives Gandra Martins em “Uma Teoria do Tributo” (fls. 436), defende que “tal formulação somente teria sentido, na medida em que a valoração do fato seja feita em coerência com a lei natural, não sendo suficiente apenas o ato de valorar, mas o do valorar corretamente, único caminho para a identificação entre o direito natural e o direito positivo”. Com relação então à solicitação do contribuinte pela reunião dos processos conexos que resultam em 34 despachos decisórios de um único Auto de Infração, o entendimento aqui apresentado é divergente do apresentado pelo relator. Em breve resumo e diante de todo o exposto, entendese que de acordo com o próprio regimento interno deste Conselho, Art. 6.º e seus parágrafos, os processos conexos podem ser julgados em conjunto. Destacase que entre os conceitos de “poder” e “dever”, está a linha que delimita o limite do julgador na formalização de sua convicção, a linha entre o cerceamento de defesa e o acesso ao devido processo legal e seus consectários. Diante de possível ausência de motivação da decisão proferida pela DRJ, o que conflita com o disposto no art. 93, inciso IX da Constituição Federal, bem como ao prescrito no art. 31 do Decreto n. 70.235/723 e art. 2.º da lei n. 9.784/99, seguir com o presente julgamento no estado em que se encontra poderia resultar em supressão de instância ou ofensa ao devido processo legal, contraditório e ampla defesa. Assim, em se tratando de processo que contém representação criminal, não há oportunidade mais adequada para a aplicação das garantias do Art. 112 do CTN e das demais garantias ao devido processo legal em coerência hierárquica com os dispositivos constitucionais, penais e atribuições e competência do Poder Público na qualidade do lançamento conforme Art. 142 do CTN. É de conhecimento que tanto o Direito Tributário quanto o Direito Penal possuem caráter disciplinar e sancionatório, com arcabouço legislativo proveniente de princípios em comum. Contudo, de forma pragmática, verificase que o procedimento administrativo não possui o mesmo rigor do processo penal, talvez em razão de não haver um Código de Processo Administrativo como existe no Direito Penal o Código de Processo Penal. Logo, desta constatação surge a preocupação de que, em processo penais, os Juízes de Direito possam se utilizar da constituição definitiva do crédito para concluir que há materialidade e autoria. Em se tratando de justiça, não há nada mais perigoso e injusto para a sociedade e para o contribuinte do que a condenação “automática” de cidadãos e contribuintes. É sobre o tema em litígio que o nobre doutrinador, Juiz Federal aposentado, Doutor Hugo de Brito Machado, lançou o livre “Crime Contra a Ordem Tributária”. Verifica se inclusive na contra capa de seu livro que o autor identificou uma lacuna no conhecimento jurídico, o fato de que “... os penalistas geralmente pouco conhecem do Direito Tributário, e os tributaristas quase nada sabem do Direito Penal”. Fl. 14107DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.108 44 Com algumas ressalvas às generalizações feitas pelo autor em desfavor às autoridades fiscais, porque muitas autoridades realizam seu trabalho com ética e qualidade, cito a preocupação do nobre autor em fls. 21 desta mencionada obra, no sub capitulo “O Direito Penal e o combate ao crime”, conforme segue: “O melhor instrumento para o combate ao crime, no que concerne especificamente aos crimes contra a ordem tributária, é o respeito ao contribuinte. Respeito que começa pela redução da enorme carga tributária a ele imposta. Passa pelo atendimento desatencioso e absolutamente inadequado e insuficiente a ele dispensado nas repartições da Administração Tributária. Vai até mesmo às interpretações inteiramente inadmissíveis, visivelmente distorcidas, das normas da legislação tributária, tendentes a lhes negar os direitos mais elementares. Enfim, a total falta de respeito na relação tributária, que induz no contribuinte o sentimento de que a lei só existe contra ele, ou pelo menos só é aplicada contra ele, posto que as disposições a ele favoráveis são sempre ignoradas pelas autoridades da Administração tributária. A pretensão de arrecadar tributos indevidos somada às emaças levianas do uso da lei penal contra contribuintes somente degradam a relação tributária e terminam por banalizar o Direito Penal. E não obstante seja o Direito Penal de grande importância como elemento de controle social, realmente a sua utilização não poder ser banalizada. Na medida em que ilícitos de menor importância social, e sobretudo aqueles que menos afetam os sentimentos éticos das pessoas, e por isto mesmo despertam menor censura da opinião pública, são definidos como crime, o Direito Penal se banaliza e perde a eficácia.” Diante do exposto e em razão do contribuinte ter sido representado criminalmente nos autos deste processo, entendese que no presente caso toda cautela é necessária e é mais do que adequada a reunião dos processos, é crucial para o deslinde da lide e solução das controvérsias apresentadas na lide de forma moral, legalmente correta e justa. Portanto, não se trata de interpretar a palavra “poder” constante no regimento interno deste Conselho no Art. 6.º que prevê e garante a reunião dos processos conexos, se trata da aplicação literal desta premissa positivada nesta norma. Assim, “poder” não significa que a possibilidade da reunião dos processos deva ser ignorada por completo e, se em um caso como esse não for aplicada a possibilidade da reunião dos processos, tal garantia ao contribuinte estaria sendo ignorada quase que por completo. Porque se não há medidas ou parâmetros para a aplicação dessa garantia, todo e qualquer pedido do contribuinte que tratasse da reunião de processos, certamente não será provido. Seria uma “letra morta” do regimento interno deste Conselho e, com toda a vênia e respeito, as solicitações do contribuinte são protegidas pela sistemática presunção da inocência e este Conselho não pode deixar de observar as próprias regras ou deixar de revisar os lançamentos até que se tenha certeza do crime tributário. Fl. 14108DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA Processo nº 15578.000246/200880 Acórdão n.º 3201002.226 S3C2T1 Fl. 14.109 45 Por necessidade social, atribuição legal e por meio de intepretação sistemática legislativa, a função principal deste conselho e seu papel na sociedade Brasileira é o de revisar os lançamentos da fiscalização em duplo grau de jurisdição, como órgão de segunda instância do procedimento administrativo fiscal. O lançamento e a configuração do crime tributário levantando neste lançamento dependem, então, da união de diversos fatos que precisam ser analisados em conjunto uma vez que todos os processos têm as mesmas provas, fatos e contribuinte. Inclusive porque o contribuinte alega haver duplicidade no lançamento e tal acontecimento somente pode ser avaliado em conjunto. Existem correntes doutrinárias que defendem que a prova emprestada somente pode ser utilizada em favor do réu e inclusive se cumpridos certos requisitos de licitude. Em corrente contrária, alguns defendem que as provas sejam emprestadas “pró sociedade”. Em que pese as diferentes posições, para que seja analisada a admissibilidade das provas emprestadas, ao menos seria prudente que neste procedimento administrativo o julgador possa analisar os demais procedimentos que foram originados do mesmo fato e possuem provas diferentes. É necessário instruir o processo de forma que fique claro se o contribuinte teria participado de diversas aquisições fraudulentas e de quais, não sendo possível a presunção de que o contribuinte tinha conhecimento de que em todas as operações havia conluio e ilegalidade do fornecedor. São inúmeras operações de aquisição de café e não se pode generalizar ao contribuinte que o lançamento seria procedente em todas e quaisquer operações, de forma que, se em determinado processo se constatam informações que solucionem a lide a favor do contribuinte, seria necessário avaliar como tais informações poderiam ou não solucionar os outros processos do contribuinte. Concluise que merece provimento a alegação preliminar do contribuinte de reunião dos demais processos conexos, que não foram julgados, para julgamento em conjunto. Conselheiro – Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Fl. 14109DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 11/07/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIR A LIMA
score : 1.0
Numero do processo: 11610.004299/2001-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1998
INCENTIVO FISCAL - FINOR. REQUISITOS - ART. 60 DA LEI 9.069/1995. PEDIDO DE REVISÃO DE ORDEM DE EMISSÃO DE INCENTIVOS FISCAIS - PERC.
A regularidade fiscal do sujeito passivo, com vistas ao gozo do incentivo, deveria ser averiguada em relação à data da apresentação da DIRPJ, onde o contribuinte manifestou sua opção pela aplicação nos Fundos de Investimentos.
Uma vez admitido o deslocamento do marco temporal para efeito de verificação da regularidade fiscal, há que se admitir também novos momentos para o contribuinte comprovar o preenchimento do requisito legal, dando-se a ele a oportunidade de regularizar as pendências enquanto não esgotada a discussão administrativa sobre o direito ao incentivo.
Não deve persistir o indeferimento do PERC quando o contribuinte comprova sua regularidade fiscal através de certidão negativa ou positiva, com efeito, de negativa, válida na data de apresentação do recurso.
Numero da decisão: 1402-002.252
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Demetrius Nichele Macei, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1998 INCENTIVO FISCAL - FINOR. REQUISITOS - ART. 60 DA LEI 9.069/1995. PEDIDO DE REVISÃO DE ORDEM DE EMISSÃO DE INCENTIVOS FISCAIS - PERC. A regularidade fiscal do sujeito passivo, com vistas ao gozo do incentivo, deveria ser averiguada em relação à data da apresentação da DIRPJ, onde o contribuinte manifestou sua opção pela aplicação nos Fundos de Investimentos. Uma vez admitido o deslocamento do marco temporal para efeito de verificação da regularidade fiscal, há que se admitir também novos momentos para o contribuinte comprovar o preenchimento do requisito legal, dando-se a ele a oportunidade de regularizar as pendências enquanto não esgotada a discussão administrativa sobre o direito ao incentivo. Não deve persistir o indeferimento do PERC quando o contribuinte comprova sua regularidade fiscal através de certidão negativa ou positiva, com efeito, de negativa, válida na data de apresentação do recurso.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente. (assinado digitalmente) LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Demetrius Nichele Macei, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella e Leonardo de Andrade Couto.
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1998 INCENTIVO FISCAL FINOR. REQUISITOS ART. 60 DA LEI 9.069/1995. PEDIDO DE REVISÃO DE ORDEM DE EMISSÃO DE INCENTIVOS FISCAIS PERC. A regularidade fiscal do sujeito passivo, com vistas ao gozo do incentivo, deveria ser averiguada em relação à data da apresentação da DIRPJ, onde o contribuinte manifestou sua opção pela aplicação nos Fundos de Investimentos. Uma vez admitido o deslocamento do marco temporal para efeito de verificação da regularidade fiscal, há que se admitir também novos momentos para o contribuinte comprovar o preenchimento do requisito legal, dandose a ele a oportunidade de regularizar as pendências enquanto não esgotada a discussão administrativa sobre o direito ao incentivo. Não deve persistir o indeferimento do PERC quando o contribuinte comprova sua regularidade fiscal através de certidão negativa ou positiva, com efeito, de negativa, válida na data de apresentação do recurso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 0. 00 42 99 /2 00 1- 07 Fl. 445DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGA NO GONCALVES Processo nº 11610.004299/200107 Acórdão n.º 1402002.252 S1C4T2 Fl. 446 2 (assinado digitalmente) LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Demetrius Nichele Macei, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 446DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGA NO GONCALVES Processo nº 11610.004299/200107 Acórdão n.º 1402002.252 S1C4T2 Fl. 447 3 Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário interposto face v. acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de que manteve o r. Despacho de indeferimento/Parecer do Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais PERC (fls.1). A opção pelo incentivo foi feita pela Recorrente Bonki, na Ficha 16 da DIPJ de 1999, relativa ao anocalendário de 1998, destinando 18% do imposto para aplicação ao FINOR. (fl.31) O PERC foi requerido pela incorporadora da Recorrente, Gessy Lever Ltda. em 29/09/2001, onde consta que o incentivo fiscal para o FINOR foi indeferido devido a não apresentação do Extrato de Aplicações Financeiras do Incentivo Fiscal, conforme apontado à fl.2. ( a Indústrias Gessy Lever Ltda. incorporou a Recorrente Bonki em 13/06/2000, conforme Protocolo de Incorporação e Justificação fls. 06/10 e foi dado baixa no CNPJ da Bonki em 30/06/2000 fl. 14) A empresa incorporadora Gessy, junta aos autos Certidão Positiva com efeito de negativa da Secretaria da Receita Federal emitida em 19/04/2001, relativa a sua regularidade fiscal. (fl.05). Junta também, cópia da DIPJ/1999 relativa ao anocalendário 1998, cópia do recibo de entraga da DIPJ/2000 e DARFs todos indicando o CNPJ relativo a Bonki. (fls.17/62). Consta nos autos, Consultas de Declaração do IRPJ da empresa Bonki, fls. 64/65 e Consulta de Regularidade Fiscal pelo CNPJ da Bonki emitida em 19/06/2008 (fl. 66). Ás fls. 67/150 Informações de apoio a emissão da Certidão da empresa Unilever Brasil Ltda. emitida em 19/06/2008 onde constam débitos suspensos por processos administrativos ou garantidos e a fl. 141 consta extrato SINCOR expedido em 19/06/2008 apontando um débito PROFISC suspenso da Bonki incorporada, hoje de responsabilidade da Unilever. A fl. 151 Certidão Conjunta Positiva com Efeito de Negativa da Uniliver e fl 152 Certidão da Caixa Econômica Federal também da Bonki emitida em 19/06/2008, sendo as fls. 153/182 Certidões da Caixa Econômica referentes as demais empresas do grupo da Unilever. Em seguida a Recorrente foi intimada para regularizar os débitos (Intimação 3311/2008, fl. 183). Insta esclarecer que a intimação requeria a regularização de débitos constantes no CNPJ da Unilever 61.068.276/000104 e junta Informações de Apoio a Certidão emitidas em 29/07/2008 em nome da Unilever, fls. 185/322. Fl. 447DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGA NO GONCALVES Processo nº 11610.004299/200107 Acórdão n.º 1402002.252 S1C4T2 Fl. 448 4 Ato contínuo, em 08/08/2008, foi proferido Despacho Decisório/Parecer fl. 323 indeferindo o PERC nos seguintes termos: O presente processo trata de Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais PERC, referente à declaração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica exercício 1999 ano — calendário 1998. Feita a verificação da regularidade fiscal, constatouse a existência de várias irregularidades, citadas na intimação enviada em 19/06/08, conforme consta na fls. 180. Decorrido o prazo estipulado, verificouse que o contribuinte, até a presente data, não atendeu a intimação. Feita nova verificação fiscal, em análise das informações dos sistemas SINCOR, SISBACEN e FGTS, fls. 185 a 311, foi constatado que algumas das irregularidades constantes da intimação de 19/06/08, não haviam sido regularizadas, como Débitos: da PGFN(fls.203 a 211,237,238,257,259,261,264,269 e 270), do Sief (fls.198 a 200 e 259), do Profisc(fls.187,213 e 259) e FGTS(fls.281 a 283,291,292,294,298,304,306 e 311). Tendo em vista que a concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativo a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, fica condicionada à comprovação pelo contribuinte da quitação de tributos e contribuições federais (Lei 9069/95, art 60), proponho que o processo de PERC Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais , do exercício de 1999, seja indeferido. Os débitos apontados no r. Despacho Decisório são todos relativos ao CNPJ da Unilver. Em seguida, a Recorrente oferece manifestação de inconformidade às fls. 357/368, juntando cópias de documentos societários, decisões e documentos que já se encontravam anteriormente nos autos. A DRJ de São Paulo, proferiu v. acórdão (fls. 402/), afastando a alegação de inconstitucionalidade do artigo 60 da Lei 9.069/95, bem como por entender que referido dispositivo condiciona a concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo fiscal à comprovação da regularidade fiscal do contribuinte no momento em que a Autoridade Fiscal profere decisão administrativa que concede ou não o benefício. Por fim, aduz que como a Recorrente não apresentou provas da regularização dos débitos apontados na intimação de fls. 183, manteve a decisão de indeferimento do PERC. Inconformada com o v.acórdão "a quo", a Recorrente interpõe Recurso Voluntário (fls.419/438), repisando os argumentos da manifestação de inconformidade, acostando Certidão Conjunta da PGFNReceita Federal e Certidão Previdenciária fls. 440/442 Fl. 448DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGA NO GONCALVES Processo nº 11610.004299/200107 Acórdão n.º 1402002.252 S1C4T2 Fl. 449 5 que segundo o v. acórdão faltariam sua comprovação e por fim, requerendo o deferimento do pedido. Na seqüência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 449DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGA NO GONCALVES Processo nº 11610.004299/200107 Acórdão n.º 1402002.252 S1C4T2 Fl. 450 6 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator Conforme pode se verificar dos autos, a Fiscalização não conseguiu comprovar que existiam débitos no momento da opção da Recorrente pelo incentivo fiscal no ano de 1998. Alias, não existe nos autos nem a cópia do Extrato de Aplicações Financeiras indicando o motivo do indeferimento prévio do incentivo. A Recorrente apresentou petição às fls.13/14 requerendo informações sobre o Extrato e não obteve resposta da Fiscalização. A opção pelo incentivo foi feito conforme ficha 16 da DIPJ/1999 e o Pedido de Revisão de Certificado/Diagnóstico PERC extraído em 31/07/2008 (fls. 317/322). A Fiscalização vem, apenas em 2008, intimar a Recorrente a regularizar débitos que são de responsabilidade da Unilever, que incorporou a Gessy Lever, que por sua vez, no ano 2000, tinha incorporado a Bonki. Ou seja, após compulsar os autos, verifiquei que no momento da opção pelo incentivo fiscal a Fiscalização não apresentou provas de que existiam débitos face a Recorrente Bonki, apenas apontando tais débitos anos depois (2008) de sua incorporadora Unilever, que aparentemente não são da mesma época da opção pelo incentivo e não indicam que eram de responsabilidade da Bonki e, por tal motivo, entendo que o PERC dever ser deferido conforme preconiza a Súmula 37 (abaixo colacionada) e a jurisprudência majoritária deste E. CARF/MF. Súmula CARF no. 37 "Para fins de deferimento do Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais (PERC), a exigência de comprovação de regularidade fiscal deve se ater ao período a que se referir a Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica na qual se deu a opção pelo incentivo, admitindose a prova da quitação em qualquer momento do processo administrativo, nos termos do Decreto nº 70.235/72." Diferentemente do v. acórdão recorrido, a Súmula 37 determina que o momento da comprovação da regularidade do contribuinte deve se ater ao período da opção pelo incentivo fiscal. No presente caso, o incentivo foi indeferido sem ter qualquer motivo e sem comprovação por parte da Fiscalização de que existia débito no momento da opção. Assim, conforme sumulado, entendese ser admitida a prova da quitação a qualquer momento do processo administrativo. Isso porque, se entende que o sentido da lei não é impedir que o contribuinte em débito usufrua o benefício, mas sim, condicionar seu gozo à quitação/regularização do débito. Assim, não sendo possível identificar que na data da entrega da declaração da DIPJ o Fl. 450DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGA NO GONCALVES Processo nº 11610.004299/200107 Acórdão n.º 1402002.252 S1C4T2 Fl. 451 7 contribuinte possuía débitos de tributos ou contribuições federais cujas exigibilidade não estavam suspensas, deverá ser considerada/presumida a regularidade comprovada nos autos. Novos débitos que surjam após a data da entrega da declaração influenciarão a concessão do benefício apenas em anos calendários subseqüentes. Ademais, apenas para argumentar, a Recorrente apresenta junto com seu Recurso Voluntário certidões da incorporadora Unilever, comprovando a regularidade fiscal face os débitos apontados na intimação de fls. 183. Como se não bastasse, tanto as Consultas de Declarações do IRPJ, como as Informações de Apoio a Emissão de Certidões e o extrato SINCOR, todos expedidos no ano de 2008, indicam apenas um débito do PROFISC em nome da Bonki, que se encontra com a exigibilidade suspensa. (fls. 64/322) Desta forma, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário, para reformar o v. acórdão "a quo" e deferir o Pedido de Revisão de Incentivo Fiscal em seus termos. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Fl. 451DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGA NO GONCALVES
score : 1.0
Numero do processo: 36624.015759/2006-09
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2002 a 30/11/2004
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.774
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ME ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2002 a 30/11/2004 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 36 62 4. 01 57 59 /2 00 6- 09 Fl. 2215DF CARF MF Processo nº 36624.015759/200609 Acórdão n.º 9202004.774 CSRFT2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/201173. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.650, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/201173, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.650): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 2216DF CARF MF Processo nº 36624.015759/200609 Acórdão n.º 9202004.774 CSRFT2 Fl. 4 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 2217DF CARF MF Processo nº 36624.015759/200609 Acórdão n.º 9202004.774 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, é necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o parágrafo anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106, do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA, somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingido pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime, proferido no Acórdãonº9202004.499, de 29/09/2016: Fl. 2218DF CARF MF Processo nº 36624.015759/200609 Acórdão n.º 9202004.774 CSRFT2 Fl. 6 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 2219DF CARF MF Processo nº 36624.015759/200609 Acórdão n.º 9202004.774 CSRFT2 Fl. 7 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 2220DF CARF MF Processo nº 36624.015759/200609 Acórdão n.º 9202004.774 CSRFT2 Fl. 8 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 2221DF CARF MF Processo nº 36624.015759/200609 Acórdão n.º 9202004.774 CSRFT2 Fl. 9 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 2222DF CARF MF Processo nº 36624.015759/200609 Acórdão n.º 9202004.774 CSRFT2 Fl. 10 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 2223DF CARF MF Processo nº 36624.015759/200609 Acórdão n.º 9202004.774 CSRFT2 Fl. 11 10 Em face ao exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 2224DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.904920/2012-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2005
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza.
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO
A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê-lo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia.
PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL.
A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3201-002.337
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cassio Shappo.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2005 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê-lo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado.
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DCOMP. Recorrente ELO COMERCIO DE COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2005 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazêlo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cassio Shappo. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 49 20 /2 01 2- 24 Fl. 106DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904920/201224 Acórdão n.º 3201002.337 S3C2T1 Fl. 0 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário. Relatório ELO COMERCIO DE COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito de Contribuição para o PIS/Pasep. A DRF LIMEIRA emitiu Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade a contribuinte alegou, em síntese, que comercializa alguns produtos sujeitos à tributação monofásica (alíquota zero sobre as suas vendas), que foram indevidamente tributados, o que deu origem aos créditos informados no PER/Dcomp. Procurando demonstrar a existência do direito creditório junta ao processo cópia da DCTF retificadora. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 08026.248. A DRJ fundamentou que a simples retificação da DCTF não é suficiente para comprovar o pagamento indevido ou a maior que o devido, e que a contribuinte não trouxe aos autos elementos comprobatórios do direito creditório utilizado na compensação declarada. Em seu recurso voluntário a Recorrente traz, em resumo, os seguintes argumentos: a) reitera que a origem de seu direito creditório decorre da inclusão indevida, na base de cálculo da contribuição, de receitas oriundas da venda de produtos sujeitos à alíquota 0%, conforme anexo I da Lei nº 10.485/2002 (SILENCIOSO componente do sistema de escapamento NCM 87.08.92.00), que já teriam sofrido tributação obedecendo ao critério monofásico; b) afirma que procurou comprovar o direito creditório com a manifestação de inconformidade acompanhada da DCTF retificadora, mas que, agora, junta aos autos demonstrativo mais detalhado e minucioso (listagem de notas fiscais com indicação dos produtos vendidos com respectivas alíquotas aplicáveis, cópia do Registro de Saídas e da GIA correspondentes), servindo para o reconhecimento de seu direito de crédito ou, pelo menos, para justificar a realização de diligência (cita a Resolução nº 3803000.330 como precedente); c) caso o Colegiado decida pela realização de diligência, informa que todas as notas fiscais relacionadas nos demonstrativos estão sob sua guarda, à disposição do Fisco; Fl. 107DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904920/201224 Acórdão n.º 3201002.337 S3C2T1 Fl. 0 3 d) sustenta que a decisão recorrida negou seu direito atendose a aspecto meramente formal, sem observar o princípio da verdade material, que norteia o processo administrativo fiscal. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.316, de 24/08/2016, proferido no julgamento do processo 10865.904904/201231, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.316): "Observados os pressupostos recursais, a petição de fls. 70 a 78 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJ/Fortaleza/3ª Turma, nº 0826.232, de 20 de agosto de 2013. No presente caso, a decisão recorrida não acolheu a alegação de erro na apuração da contribuição social, nem a simples retificação da DCTF para efeito de alterar valores originalmente declarados, porque o declarante, em sede de manifestação de inconformidade, não se desincumbiu do ônus probatório que lhe cabia e não juntou nos autos seus registros contábeis e fiscais, acompanhados de documentação hábil, para infirmar o motivo que levou a autoridade fiscal competente a não homologar a compensação ou mesmo para eventualmente comprovar a alegada inclusão indevida de valores na base de cálculo das contribuições, que poderiam levar à reduções de valores dos débitos confessados em DCTF. Agora, já no recurso voluntário, o interessado aporta aos autos novos documentos, que não haviam sido oferecidos à autoridade julgadora de primeira instância. A possibilidade de conhecimento desses novos documentos, não oferecidos à instância a quo, deve ser avaliada à luz dos princípios que regem o Processo Administrativo Fiscal. O PAF, assim dispõe, verbis: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...]Art. 16. A impugnação mencionará: [...]III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 108DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904920/201224 Acórdão n.º 3201002.337 S3C2T1 Fl. 0 4 [...]§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997): b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997); c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) [...]Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997). O processo administrativo fiscal pode ser considerado como um método de composição dos litígios, empregado pelo Estado ao cumprir sua função jurisdicional, com o objetivo imediato de aplicar a lei ao caso concreto para a resolução da lide. Em razão de vários fatores, a forma como o processo se desenvolve assume feições diferentes. Humberto Theodoro Júnior em "Curso de Direito Processual Civil, vol. I" (ed. Forense, Rio de Janeiro, 2004, p.303) assim diz: “enquanto processo é uma unidade, como relação processual em busca da prestação jurisdicional, o procedimento é a exteriorização dessa relação e, por isso, pode assumir diversas feições ou modos de ser.”. Ensina o renomado autor que “procedimento é, destarte, sinônimo de ‘rito’ do processo, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos do processo”. Neste sentido, o procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador. Conforme os antes transcritos artigos 14 e 15 do Decreto 70.235/1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal (PAF), é a impugnação da exigência, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, que instaura a fase litigiosa do procedimento. (grifei) Por sua vez, o art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972, estabelece que as provas devem ser apresentadas juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual. O sistema da oficialidade, adotado no processo administrativo, e a necessidade da marcha para frente, a fim de que o mesmo possa atingir seus objetivos de solução de conflitos e pacificação social, impõem que existam prazos e o estabelecimento da preclusão. Contudo, uma fria análise da norma pode vir a chocarse com os princípios da verdade material e da ampla defesa. Vejamos que a Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo em geral, no art. 3º, possibilita a apresentação de alegações e documentos antes da decisão e, no art. 38, permite que documentos probatórios possam ser juntados até a tomada da decisão administrativa. Entretanto, conforme a melhor doutrina, deve ser aplicada ao caso a lei específica existente, Decreto nº 70.235/1972, que determina o rito do processo administrativo fiscal, em detrimento da lei geral. Fl. 109DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904920/201224 Acórdão n.º 3201002.337 S3C2T1 Fl. 0 5 Neste ponto, sobre o momento da apresentação da prova no processo administrativo fiscal, cabe mencionar que de fato existe na jurisprudência uma tendência de atenuar os rigores da norma, afastando a preclusão em alguns casos excepcionais, que indicam trataremse daqueles que se referem a fatos notórios ou incontroversos, no tocante a documentos que permitem o fácil e rápido convencimento do julgador. Logo, o direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação e será determinado a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, bem como à percepção de que efetivamente houve um esforço na busca de comprovar o direito alegado, que é ônus daquele que objetiva a restituição, ressarcimento e/ou compensação de tributos. Como se vê, as alegações de defesa são faculdades do demandado, mas constituemse em verdadeiro ônus processual, porquanto, embora o ato seja instituído em seu favor, não sendo praticado no tempo certo, surgem para a parte conseqüências gravosas, dentre elas a perda do direito de fazêlo posteriormente, pois operase, nesta hipótese, o fenômeno da preclusão, isto porque, conforme já dito, o processo é um caminhar para a frente, não se admitindo, em regra, ressuscitar questões já ultrapassadas em fases anteriores. O § 4º do art. 16 do PAF estabelece que só é lícito deduzir novas alegações em supressão de instância quando: relativas a direito superveniente, demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Compete ainda ao julgador administrativo conhecer de ofício de matérias de ordem pública, a exemplo da decadência; ou por expressa autorização legal. Finalmente, o § 5º do mesmo dispositivo legal exige que a juntada dos documentos deve ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. Especificamente no caso desses autos, o recorrente não se preocupou em produzir oportunamente os documentos que comprovariam suas alegações, ônus que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal: o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, segundo o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. No mesmo sentido o art. 330 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (CPC): Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 110DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904920/201224 Acórdão n.º 3201002.337 S3C2T1 Fl. 0 6 O recorrente tampouco comprovou a ocorrência de qualquer das hipóteses das alíneas “a” a “c” do § 4º do art. 16 do PAF, que justificasse a apresentação tão tardia dos referidos documentos. No caso, o acórdão da DRJ foi bastante claro ao fundamentar suas conclusões pela insuficiência da comprovação do direito creditório alegado quando afirmou: "a simples retificação da DCTF sem que o contribuinte tenha juntado aos autos documentos hábeis e idôneos que comprovem as alterações efetuadas não pode servir como justificativa de eventual erro no preenchimento da DCTF" (grifei). Ao final, a decisão recorrida novamente destaca: "a manifestação de inconformidade procura justificar o erro na declaração DCTF Original mediante retificação da DCTF, após a ciência do Despacho Decisório, sem apresentação de elementos comprobatórios do direito creditório pleiteado no citado PER/DCOMP. (grifei) A propósito dos documentos que instruem a peça recursal (demonstrativos do faturamento mensal, do cálculo dos créditos de PIS e Cofins e das compensações, bem como cópia do registro de saídas e da apuração do ICMS), verificase que o contribuinte anexou uma relação de Notas Fiscais de 7 (sete) páginas de extensão, fls. 79 a 85, afirmando que tal providência o dispensaria da anexação de todas estas notas emitidas no período, em face de seu "grande volume". Quanto à esta alegação, deve ser contraposto que o presente processo já foi instaurado na forma digital, o que em muito facilitaria a juntada da totalidade das referidas notas fiscais. Embora ressalte que todas estas Notas estariam sob sua guarda e poderiam ser imediatamente disponibilizadas na hipótese de realização de diligência, o interessado sequer procurou juntar algumas Notas como amostragem, o que ao menos denotaria um mínimo esforço no sentido de comprovar o efetivo teor das mesmas. Ainda, também não se preocupou em demonstrar a origem das mercadorias que teria revendido, mediante a apresentação das Notas Ficais de aquisição das mesmas, no sentido de comprovar que de fato o fabricante/fornecedor operava sob o regime da tributação monofásica. No caso, optou por reiterar suas alegações quanto à supremacia da verdade material sobre a verdade formal, quando deveria procurar demonstrar de maneira efetiva suas alegações juntando cópias de pelo menos parte de todas estas notas, para que o julgamento ocorresse com base em elementos concretos, capazes de comprovar a veracidade do alegado direito creditório. O recorrente invoca o princípio processual da verdade material. O que deve ficar assente é que o referido princípio destinase à busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu ônus probandi. Em outras palavras, o principio da verdade material autoriza o julgador a ir além dos elementos de prova trazidos pelas partes, quando tais elementos de prova induzem à suspeita de que os fatos ocorreram não da forma como esta ou aquela parte afirma, mas de uma outra forma qualquer (o julgador não está vinculado às versões das partes). Mas isto, à evidência, nada tem a ver com propiciar à parte que tem o ônus de provar o que alega/pleiteia, a oportunidade de produzir algo que, do ponto de vista estritamente legal, já deveria compor, como requisito de admissibilidade, o pleito desde sua formalização inicial. Fl. 111DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904920/201224 Acórdão n.º 3201002.337 S3C2T1 Fl. 0 7 Dito de outro modo: da mesma forma que não é aceitável que um lançamento seja efetuado sem quaisquer provas e que se permita posteriormente, em sede de julgamento ou por meio de diligências, tal instrução probatória, também não é aceitável que um pleito, onde se objetiva a restituição de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. Pelo exposto, entendo que deve ser afastada a insinuação recursal, implícita no brado pelo princípio da verdade material, de que esta instância de julgamento estaria obrigada a acolher todos e quaisquer documentos que por ventura acompanhem o recurso, primeiro porque existe um evidente limite temporal para a apresentação de provas no rito instituído pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 – PAF que no presente caso é o momento processual da apresentação da manifestação de inconformidade, segundo porque o ônus probatório aqui é do contribuinte, quando este pleiteia um ressarcimento ou uma restituição de indébito, tem a obrigação de comprovar inequivocamente o seu alegado direito creditório no momento que contesta o despacho decisório e instaura o contencioso. Como se vê, a documentação juntada ao recurso voluntário não se revela suficiente para atestar liminarmente a liquidez e a certeza do crédito oposto na compensação declarada e demandaria a reabertura da dilação probatória, o que, de regra, como já visto, não se admite na fase recursal do processo, exceto em casos excepcionais. A comprovação do valor do tributo efetivamente devido (e, por conseqüência, do direito à restituição de eventual parcela recolhida a maior) no caso concreto deveria ter sido efetuada mediante apresentação de documentos contábeis e fiscais que patenteassem que o valor da contribuição do período de apuração de interesse não atingiu o valor informado na DCTF vigente quando da emissão do Despacho Decisório aqui analisado, mas apenas o valor informado na DCTF retificadora (que no presente caso sequer efeitos surte quanto à redução deste débito). Como tal documentação não foi juntada no momento processual oportuno e nem mesmo agora em sede de recurso voluntário foi integralmente apresentada, quedou sem comprovação a certeza e liquidez dos créditos do contribuinte contra a Fazenda Pública, atributos indispensáveis para a homologação da compensação pretendida, nos termos do art. 170 do CTN. Sobre a jurisprudência trazida à colação pelo recorrente, inclusive a citada Resolução nº 3803000.330, devese contrapor que se tratam de decisões isoladas, que não se enquadram ao caso em exame e nem vinculam o presente julgamento, podendo cada instância decidir livremente, de acordo com suas convicções. Além disso, tratamse de precedentes que não constituem normas complementares, não têm força normativa, nem efeito vinculante para a administração tributária, pela inexistência de lei nesse sentido, conforme exige o art. 100, II, do CTN. Alertandose para a estrita vinculação das autoridades administrativas ao texto da lei, no desempenho de suas atribuições, sob pena de responsabilidade, motivo pelo qual tais decisões não podem ser aplicadas fora do âmbito dos processos em que foram proferidas. Fl. 112DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904920/201224 Acórdão n.º 3201002.337 S3C2T1 Fl. 0 8 Com essas considerações, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. Winderley Morais Pereira Fl. 113DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Numero do processo: 18239.001010/2009-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2301-000.623
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
João Bellini Junior - Presidente
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES.
Relatório
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. João Bellini Junior - Presidente Julio Cesar Vieira Gomes - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES. Relatório
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. João Bellini Junior Presidente Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 82 39 .0 01 01 0/ 20 09 -8 1 Fl. 58DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 23/09/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 18239.001010/200981 Resolução nº 2301000.623 S2C3T1 Fl. 59 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente o lançamento fiscal para constituição de crédito de Imposto de Renda de Pessoa Física IRPF decorrente de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, por falta da comprovação de ser portadora de uma das moléstias graves justificadoras da isenção do imposto. Assim considerado pela fiscalização, os valores declarados como isentos foram lançados como omissão de rendimentos. Seguem transcrições de trechos da decisão recorrida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006 IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. Somente a moléstia grave reconhecida por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, confere direito à isenção do imposto de renda sobre rendimentos de aposentadoria, reforma ou pensão. IMPUGNAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. Não deve prosperar a impugnação não instruída com elementos de prova hábeis a promover o convencimento do julgador. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido... O lançamento alterou o resultado da declaração correspondente de imposto a restituir declarado, no valor de R$ 395,35, para imposto suplementar de R$ 2.581,36, em virtude da apuração de Omissão de Rendimentos Recebidos de Pessoa Jurídica, no valor de R$ 14.105,30, em virtude de discrepância entre as informações declaradas e aquelas prestadas pela fonte pagadora INSTITUTO NACIONAL DE SEGURIDADE SOCIAL – INSS. Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário, onde reitera as alegações trazidas na impugnação: Cientificado do lançamento em 28/01/2009, segundo Aviso de Recebimento (AR) às fls. 23 e 24, o interessado apresentou peça impugnatória, datada de 19/02/2009, na qual alega fazer jus à isenção por portar moléstia grave reconhecida em laudo de especialista (fls. 11 e 12). Traz jurisprudência administrativa para reforçar sua argumentação. Adita ainda que o reconhecimento do direito pleiteado não pode exacerbar os ditames legais escolhendo como forma de prova da moléstia laudo emitido por entidade governamental. Ressalta que o atendimento do INSS é demorado estando prevista sua consulta somente em 04/04/2009. E junta aos autos os documentos às fls. 46 e s., comprovando a cardiopatia grave com relatório médico e outros documentos que atestam submissão a cirurgia cardíaca, uso de Fl. 59DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 23/09/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 18239.001010/200981 Resolução nº 2301000.623 S2C3T1 Fl. 60 3 medicamentos e consultas médicas. A exceção do receituário, os demais documentos não foram emitidos pelo serviço médico oficial, embora o profissional seja especialista pelo hospital público HUCFF Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, conhecido como "Hospital do Fundão". É o Relatório. Fl. 60DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 23/09/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 18239.001010/200981 Resolução nº 2301000.623 S2C3T1 Fl. 61 4 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator De fato, não consta nos autos laudo oficial atestando que o recorrente é portador de moléstia grave a justificar a isenção do IRPF, cardiopatia grave; embora tenha apresentado conjunto probatório convincente da doença, artigo 6º, inciso XIV da Lei nº 7.713, de 22/12/1988: Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: ... XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço, e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerosemúltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; ... Assim, embora os demais documentos juntados aos autos formem um conjunto probatório convincente de ser o recorrente portador de doença grave no período do lançamento, de fato, até então não se pode afirmar que fora cumprida a exigência legal no artigo 30 da Lei nº 9.250 de 26/12/1995, reconhecida em jurisprudência deste CARF: Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. ... Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. ... Fl. 61DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 23/09/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 18239.001010/200981 Resolução nº 2301000.623 S2C3T1 Fl. 62 5 Súmula CARF nº 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Contudo, no caso concreto mostrase razoável se oferecer mais uma oportunidade para que o recorrente obtenha, com as provas já juntadas, um laudo emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios que comprove ser portador de cardiopatia grave no ano 2005. Diante do exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que seja oportunizado ao recorrente o direito de apresentar no prazo de 30 dias um laudo emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 62DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 23/09/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 10865.000661/2002-99
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1401-000.405
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado converter o julgamento em diligência nos termos do voto da relatora.
Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin - Relatora
( assinado digitalmente).
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
( assinado digitalmente).
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas Boas, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho, Lívia de Carli Germano e Antonio Bezerra Neto.
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN
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Resolvem os membros do colegiado converter o julgamento em diligência nos termos do voto da relatora. Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora ( assinado digitalmente). Antonio Bezerra Neto Presidente. ( assinado digitalmente). Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas Boas, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho, Lívia de Carli Germano e Antonio Bezerra Neto. Relatório De acordo com os fatos e enquadramento legal, verificase que por procedimento de Auditoria Interna em Declaração de Contribuições e Tributos FederaisDCTF, foram constadas irregularidades em diversos pagamentos não encontrados referentes ao período de apuração de 1997, que deram origem as autuações representadas nos processos abaixo a saber: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 65 .0 00 66 1/ 20 02 -9 9 Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10865.000661/200299 Resolução nº 1401000.405 S1C4T1 Fl. 164 2 processo Tributo período valor originário 10865.001713/200163 IRPJ 1o. trimestre 1997 R$ 272,33 10865.000652/200206 IRPJ 2o. trimestre 1997 R$ 2.220,77 10865.000661/200299 CSLL 2o. trimestre 1997 R$ 1184,41 10865.001203/200277 CSLL 3o. trimestre 1997 R$ 2.554,41 10865.001204/200211 IRPJ 3o. trimestre 1997 R$ 4.789,52 Em todas as autuações exigiuse o valor do débito não pago acrescido dos juros de mora incidentes sobre os débitos, calculados até a data da lavratura do AI, e da multa isolada de 75% sobre o valor não recolhido. Apreciada a impugnação, fl. 02, na qual o interessado alega extinção do crédito exigido, vez que os débitos teriam sido compensados com saldo negativo de períodos anteriores, que poderiam ser identificados na Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica do período 01/01/96 a 31/12/96, o lançamento foi mantido por insuficiência de provas da alegada extinção. Em sede recursal, aduz que objetivava a compensação dos mencionados valores com o saldo negativo oriundo dos recolhimentos de estimativa fiscal do ano calendário 1995, exercício 1996, período em que teve prejuízo fiscal, ocorre que ao invés de formular o pedido de compensação do saldo negativo, por meio de procedimento próprio, a fim de se chegar a composição deste importe, a Recorrente informou diretamente nas DCTFs entregues no ano de 1997, a compensação com os DARFs recolhidos a título de estimativa no ano calendário 1995, no formato de pagamento indevido ou a maior. Para demonstrar a existência de prejuízo fiscal, acumulando saldo negativo de R$ 21.332,07 do IRPJ e R$ 16.495,62 da CSLL, segundo ela suficientes para as compensações reclamadas, apresentou cópia da DIPJ do ano calendário 1995, exercício 1996; cópia dos DARFs de estimativa fiscal recolhidos no ano calendário 1995; cópia do Livro Diário do ano de 1995, com a demonstração do resultado; cópia da DCTF do 2o. trimestre de 1997; cópia do Livro Diário de 1997, com informe do valor a recuperar de 1995; planilhas demonstrativas das compensações realizadas com o saldo negativo do IRPJ e CSLL. Era o de essencial a ser relatado. Passo a decidir. Voto Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Relatora. Por tempestivo e pela presença dos pressupostos recursais exigidos pela legislação, conheço do recurso. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10865.000661/200299 Resolução nº 1401000.405 S1C4T1 Fl. 165 3 Em Voluntário, a Recorrente junta documentos indicativos da existência de saldo de prejuízo fiscal acumulado em valor aparentemente suficiente à compensação dos créditos exigidos nos autos, acompanhado de DARFs com recolhimentos baseados em estimativas contemporâneos ao período glosado e requer como pedido alternativo a realização de diligência para constatação pela autoridade fiscal para aferição da real composição do saldo negativo do ano de 1995, mediante a análise dos efetivos recolhimentos das estimativas e contabilização do prejuízo fiscal, sem prejuízo da constatação de existência de outro formato de utilização do aludido crédito, como maneira de evitar o perecimento de seu direito. Em prol da verdade material, o fato da prova não ter sido feita em momento oportuno, não impede que este órgão julgador a aprecie e lhe reconheça a validade. Este E. Conselho já decidiu: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL – PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL – NULIDADE. A não apreciação de documentos juntados aos autos depois da impugnação tempestiva e antes da decisão fere o princípio da verdade material, com ofensa ao princípio constitucional da ampla defesa. No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legitimidade da tributação. O importante é saber se o fato gerador ocorreu e se a obrigação teve seu nascimento.Preliminar acolhida. Recurso provido. Acórdão nº 103 19.789, 3ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, prolatado em 08 de dezembro de 1998, relatora Conselheira Sandra Maria Dias Nunes. No mesmo sentido, Alberto Xavier : “afronta ao princípio da ampla defesa e da verdade material qualquer restrição ao exercício do direito à prova em função da fase do processo, desde que anterior à decisão final tomada na segunda instância”. (Princípios do Processo Administrativo e Judicial Tributário, 1ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p.160). Por se tratar de questão indispensável para o bom deslinde da causa, conforme art. 29 do Decreto 70.235/72 voto pela conversão do processo em DILIGÊNCIA, para que autoridade fiscal promova a aferição da real composição do saldo negativo do ano de 1995, mediante a análise dos efetivos recolhimentos das estimativas e contabilização do prejuízo fiscal, sem prejuízo da constatação de existência de outro formato de utilização do aludido crédito, com base nos documentos anexados aos autos na fase recursal, de maneira a indicar o valor do saldo de prejuízo fiscal constante nos citados documentos, bem como se eram suficientes a compensar os créditos objeto das autuações representadas pelos lançamentos indicados nos processos 10865.001713/200163, 10865.000652/200206, 10865.000661/2002 99, 10865.001203/200277, 10865.001204/200211, procedentes da mesma origem procedimental, deixando a faculdade para que a autoridade fiscal preste demais esclarecimentos que julgar necessários ao bom deslinde da demanda. Ao final, a autoridade fiscal deverá elaborar relatório conclusivo das verificações, ressalvado o fornecimento de informações adicionais e a juntada de outros documentos que entender necessários, entregar cópia do relatório à interessada e conceder prazo de 30 (trinta) dias para que ela se pronuncie sobre as suas conclusões, após o que, o processo deverá retornar a este CARF para prosseguimento do julgamento. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10865.000661/200299 Resolução nº 1401000.405 S1C4T1 Fl. 166 4 É o meu voto. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Fl. 166DF CARF MF
score : 1.0