Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,063)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,078)
- Segunda Turma Ordinária d (16,754)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,780)
- Primeira Turma Ordinária (15,405)
- Segunda Turma Ordinária d (15,346)
- Primeira Turma Ordinária (15,286)
- Primeira Turma Ordinária (15,197)
- Segunda Turma Ordinária d (13,942)
- Primeira Turma Ordinária (12,787)
- Primeira Turma Ordinária (11,930)
- Segunda Turma Ordinária d (11,864)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,159)
- Quarta Câmara (82,185)
- Terceira Câmara (63,848)
- Segunda Câmara (52,208)
- Primeira Câmara (16,897)
- 3ª SEÇÃO (15,780)
- 2ª SEÇÃO (11,159)
- 1ª SEÇÃO (6,680)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,015)
- Segunda Seção de Julgamen (109,843)
- Primeira Seção de Julgame (72,358)
- Primeiro Conselho de Cont (49,044)
- Segundo Conselho de Contr (48,762)
- Câmara Superior de Recurs (37,215)
- Terceiro Conselho de Cont (25,924)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,040)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,848)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,793)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,984)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,314)
- HELCIO LAFETA REIS (3,232)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,798)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,380)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,041)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,458)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,836)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,611)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2025 (16,253)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,015)
Numero do processo: 19647.006707/2007-37
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 21 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005
REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. INÍCIO DE AÇÃO FISCAL. PROCEDIMENTO DE OFÍCIO. PERDA DA ESPONTANEIDADE.
A emissão de termo de intimação fiscal, por servidor competente, caracteriza início de procedimento fiscal e exclui a espontaneidade do sujeito passivo, o que somente se descaracteriza pela ausência, por mais de sessenta dias, de outro ato escrito de autoridade que lhe dê prosseguimento. Desta forma, se o contribuinte está sob procedimento fiscal, eventual retificação da Declaração de Ajuste Anual não caracteriza espontaneidade, tampouco enseja a nulidade do lançamento de ofício.
Recurso negado.
Numero da decisão: 2202-002.198
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
(Assinado digitalmente)
Nelson Mallmann - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Rafael Pandolfo.
Nome do relator: NELSON MALLMANN
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201302
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005 REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. INÍCIO DE AÇÃO FISCAL. PROCEDIMENTO DE OFÍCIO. PERDA DA ESPONTANEIDADE. A emissão de termo de intimação fiscal, por servidor competente, caracteriza início de procedimento fiscal e exclui a espontaneidade do sujeito passivo, o que somente se descaracteriza pela ausência, por mais de sessenta dias, de outro ato escrito de autoridade que lhe dê prosseguimento. Desta forma, se o contribuinte está sob procedimento fiscal, eventual retificação da Declaração de Ajuste Anual não caracteriza espontaneidade, tampouco enseja a nulidade do lançamento de ofício. Recurso negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 19647.006707/2007-37
anomes_publicacao_s : 201303
conteudo_id_s : 5190000
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 2202-002.198
nome_arquivo_s : Decisao_19647006707200737.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : NELSON MALLMANN
nome_arquivo_pdf_s : 19647006707200737_5190000.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Rafael Pandolfo.
dt_sessao_tdt : Thu Feb 21 00:00:00 UTC 2013
id : 4515356
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:46 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041213989322752
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1772; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19647.006707/200737 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202002.198 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 21 de fevereiro de 2013 Matéria IRPF Recorrente ALCINA DE FÁTIMA HENRIQUE DE GUSMÃO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. INÍCIO DE AÇÃO FISCAL. PROCEDIMENTO DE OFÍCIO. PERDA DA ESPONTANEIDADE. A emissão de termo de intimação fiscal, por servidor competente, caracteriza início de procedimento fiscal e exclui a espontaneidade do sujeito passivo, o que somente se descaracteriza pela ausência, por mais de sessenta dias, de outro ato escrito de autoridade que lhe dê prosseguimento. Desta forma, se o contribuinte está sob procedimento fiscal, eventual retificação da Declaração de Ajuste Anual não caracteriza espontaneidade, tampouco enseja a nulidade do lançamento de ofício. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Odmir AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 00 67 07 /2 00 7- 37 Fl. 56DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN 2 Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Rafael Pandolfo. Fl. 57DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN Processo nº 19647.006707/200737 Acórdão n.º 2202002.198 S2C2T2 Fl. 3 3 Relatório ALCINA DE FÁTIMA HENRIQUES DE GUSMÃO, contribuinte inscrita no CPF/MF 124.035.55487, com domicílio fiscal na cidade Recife, Estado de Pernambuco, à Rua Hoel Sette, nº 144 – Apto 1101, Bairro Jaqueira, jurisdicionado a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Recife PE, inconformada com a decisão de Primeira Instância de fls. 37/41, prolatada pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife PE, recorre, a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls. 45/48. Contra a contribuinte acima mencionada foi lavrado, pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Recife PE, em 29/05/2007, Notificação de lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 05/06), com ciência através de AR, em 13/06/2007 (fls. 18), exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 4. 246,19 (padrão monetário da época do lançamento do crédito tributário), a título de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescidos da multa de lançamento de ofício normal de 75% e dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculados sobre o valor do imposto de renda, relativo ao exercício de 2005, correspondente ao anocalendário de 2004. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização de revisão de Declaração de Ajuste Anual referente ao exercício de 2005, onde a autoridade fiscal lançadora entendeu haver as seguintes irregularidades: 1 DEDUÇÃO INDEVIDA COM DEPENDENTES: Glosa do valor de R$ 1.272, 00, correspondente à dedução indevida com dependentes, por falta de comprovação da relação de dependência. Infração capitulada nos arts. 8.°, inciso II, alínea "c”, e 35, da Lei n.° 9.250, de 1995 e arts. 2.° e 15, da Lei n.° 10.451, de 2002. 2 OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS RECEBIDOS DE PESSOAS FÍSICAS – DIMOB: Da análise das informações e documentos apresentados pelo contribuinte, e das informações constantes dos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, constatouse omissão de rendimentos de aluguéis, recebidos de pessoa física, pelo titular e/ou dependentes, no valor de R$ 3.132,00 , informados na Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias (Dimob) pela(s) administradora(s) de imóveis. Na apuração da omissão foi considerado o valor liquido do aluguel, já deduzido da comissão correspondente. Infração capitulada nos arts. 1º ao 3º e §§, e 8.°, da Lei n.° 7.713, de 1988; arts. 1º ao 4.°, da Lei n.° 8.134, de 1990 e 1° e 15, da Lei n° 10.451, de 2002. 3 OMISSÃO DE RENDIMENTOS DO TRABALHO COM VINCULO E/OU SEM VINCULO EMPREGATÍCIO: Da análise das informações e documentos apresentados pelo contribuinte, e das informações constantes dos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil constatouse omissão de rendimentos do trabalho com vinculo e/ou sem vinculo empregatício, sujeitos à tabela progressiva, no valor de R$ 8.029,63, recebido pelo titular e/ou dependentes, da fonte pagadora Universidade Federal de Pernambuco. Na apuração do imposto devido, foi compensado o Imposto Retido na Fonte (IRRF) sobre os rendimentos omitidos no valor de R$ 0,00. Infração capitulada nos arts. 1° ao 3° e §§, e 8°, da Lei n° 7.713, de 1988; arts. 1° ao 4°, da Lei n° 8.134, de 1990 e arts. 1° e 15, da Lei n° 10.451, de 2002. Fl. 58DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN 4 Em sua peça impugnatória de fls. 01/02, apresentada, tempestivamente, em 09/07/2007, a contribuinte, se indispõe contra a exigência fiscal, solicitando que seja acolhida à impugnação para declarar a insubsistência da Notificação de Lançamento, com base, em síntese, nos seguintes argumentos: que, na Solicitação de Retificação de Lançamento apresentada em 07 de maio de 2007, referente a Notificação de Lançamento nº 20051604410092912058, a contribuinte declare que se sentiu cerceada no seu direito à assistência técnica e da possibilidade de apresentar retificação da declaração conforme amparo dos arts. 830, 831 e 832 de Decreto 3.000 de 26.03.1999 — RIR/99, não obstante, a Secretaria da Receita Federal no Recife insiste em não proporcionar o que é de JUSTIÇA e DIREITO à contribuinte; que, em virtude do fato acima, a contribuinte não pôde refazer sua declaração de IRPF2005 para retirar de sua dependência o CPF 007.632.70431, fato que seria a opção de escolha caso fosse mostrado a repercussão em sua declaração dos rendimentos auferidos pela dependente; que, mas, como pode ser constatado, a dependente de CPF 007.632.70431 — apresentou declaração IRPF2005 e, portanto, deve ser retirada da relação de dependência (lançamento indevido — por lapso); que o valor de R$ 8.029,63 foi declarado pelo CPF 007.632.70431, portanto, não deverá ser lançado no IRPF2005 da contribuinte por caracterizar uma tributação. Após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pela impugnante, os membros da 2° Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife PE concluíram pela improcedência da impugnação, com base, em síntese, nas seguintes considerações: que, inicialmente a impugnante aduz que se sentiu cerceada sobre a possibilidade de apresentar declaração retificadora conforme permitido nos arts. 830 a 832 do RIR/99, para retirar desta a dependente Ana Karenina Henriques Gusmão e alega que esta apresentou sua DIRPF do ano de 2005 em separado, na qual estariam tributados os referidos rendimentos, juntando copia às fls. 09/12; que, entretanto, analisandose a Declaração de Rendimentos do IRPF/2005 apresentada pela dependente Ana Karenina Henriques Gusmão CPF no 007.632.70431 às fls. 09/12, constatase que, apesar de nesta haverem sido oferecidos à tributação os rendimentos ora em discussão, a referida declaração foi entregue na data de 09/07/2007, após, portanto, a ciência da segunda Notificação de lançamento, uma vez que a primeira fora substituída integralmente após a apresentação da SRL, que ocorreu em 13/06/2007; que, desta forma, o que pretende a notificada em sua impugnação, é a aceitação, pela autoridade administrativa, da retificação da sua DIRPF, no sentido de ser retirado desta, a dependente Ana Karenina Henriques Gusmão, com o escopo de que sejam retirados também os rendimentos por ela percebidos no anocalendário de 2004; que, acordo com o art. 147 § 1º do Código Tributário Nacional, a retificação de Declaração de Rendimentos por iniciativa do contribuinte somente é admissível mediante comprovação de erro em que se funde e antes de notificado do lançamento de oficio; que, do excerto acima, inferese que a exclusão da espontaneidade do sujeito passivo, em razão do inicio de ação fiscal contra este instaurada, alcança todos os atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações Fl. 59DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN Processo nº 19647.006707/200737 Acórdão n.º 2202002.198 S2C2T2 Fl. 4 5 verificadas o que significa que a DIRPF apresentada pelo dependente da autuada com o fito de tornar improcedente o lançamento efetivado com base na DIRPF por esta apresentada e já fiscalizada, posteriormente à instauração da fiscalização, não poderá ser acatada, dada a sua influência na apuração da infração em comento; que, o mesmo se aplica à solicitação da contribuinte para que seja excluída da sua declaração como dependente, Ana Karenina Henriques Gusmão CPF n° 007.632.704 31, uma vez que tal pedido implica em retificação de declaração após o inicio da ação fiscal, conforme já declinado anteriormente; que cumpre ressalvar que o disposto no texto legal préfalado, não implica em vedação da retificação das declarações efetuadas pelo sujeito passivo, antes de notificado do lançamento, mesmo porque, se assim o fosse, estaria indo de encontro ao disposto no art. 147 do CTN. No entanto, tais disposições, guardam consonância com o disposto no parágrafo único do art.138 do CTN, segundo o qual, não se considera espontânea a denúncia apresentada pelo sujeito passivo após o inicio de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração; que vêse, assim, que, por uma medida de precaução e para não prejudicar o andamento dos trabalhos fiscais, o legislador estabeleceu que, uma vez iniciado o procedimento fiscal, qualquer iniciativa do contribuinte fiscalizado e dos demais envolvidos nas infrações verificadas, no sentido de celebrar atos que visem interferir nas infrações apuradas, tais como, declarar receitas ou tributos antes não declarados, não teriam mais o efeito da denuncia espontânea de que trata o art.138 do CTN préfalado; que a contribuinte também alega a existência de duplicidade de tributação sobre o mesmo rendimento. Entretanto, conforme já visto anteriormente, a declaração da dependente Ana Karenina Henriques Gusmão CPF n° 007.632.70431 registrando tais rendimentos foi apresentada posteriormente à lavratura da Notificação de lançamento, o que a torna indevida. Além disso, na referida declaração, os rendimentos referenciados não sofreram nenhuma tributação, uma vez que a base de cálculo nela apurada (R$ 8.029,63) ficou abaixo do valor de isenção estabelecido na Tabela Progressiva Anual do Imposto de Renda das Pessoas Físicas para o ano de 2004, correspondente a R$ 12.696,00; que no que se refere à glosa da dedução com dependente relacionada A. Ana Paula Henriques Gusmão, bem como à omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas físicas apontada na autuação, a contribuinte não apresentou qualquer contestação, razão pela qual as considero como não impugnadas, com base no que dispõe o art. 17 do Decreto n° 70.235, de 1972. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004 RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO APÓS INICIADO O PROCEDIMENTO FISCAL Não pode o contribuinte, em seu beneficio, obter a retificação de declaração de rendimentos, após iniciado o procedimento fiscal. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Fl. 60DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN 6 Anocalendário: 2004 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase como não impugnada matéria não expressamente contestada pelo impugnante, nos termos do art. 17 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 04/01/2010, conforme Termo constante à fl. 44, e, com ela não se conformando, a contribuinte interpôs, em tempo hábil (01/02/2010), o recurso voluntário de fls. 45/48, instruído pelos documentos de fls. 49/50, no qual demonstra irresignação contra a decisão supra, baseado, em síntese, nas mesmas razões expendidas na fase impugnatória, reforçado pelas seguintes considerações: que a Receita Federal possui os mecanismos necessários para bloquear qualquer tentativa ilegítima de retificação de declaração IRPF, como o fez para o CPF da impugnante. Se para os CPFs 007.632.70431 e 043.265.38481 não havia bloqueio para entrega das respectivas declarações, é coerente deduzir que a opção era legitima e, portanto, exeqüível; que, conforme o art. 147 § 1° do Código Tributário Nacional, a contribuinte solicitou a essa repartição (por lhe ser vedado fazer de modo próprio) que, em virtude dos CPFs 007.632.70431 e 043.265.38481 terem apresentado declarações IRPF2005, retificasse sua declaração de ajuste anual e retirasse de seu corpo tais dependentes, pois havia no caso um erro material, e os valores ora postos à tributação em sua declaração já havia, coerente e legitimamente, sido informados e tributados nas declarações já apresentadas pelas respectivas exdependentes; que a contribuinte, em momento algum, pleiteou a espontaneidade do sujeito passivo após o inicio do procedimento fiscal (art. 7° e seu § 1° do Decreto 70.235 de 1972), porém invocou o art. 833 do Decreto 3.000 — RIR/99, que faculta ao sujeito passivo a retificação de sua declaração de ajuste anual; que, contribuinte tem consciência do lapso ocorrido e solicitou que essa repartição que corrigisse o que fosse de direito, ou seja, excluíssem de sua dependência os CPFs 007.632.70431 e 043.265.38481, assumindo o ônus que tais exclusões pudessem acarretar em sua declaração de ajuste anual. É o Relatório. Fl. 61DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN Processo nº 19647.006707/200737 Acórdão n.º 2202002.198 S2C2T2 Fl. 5 7 Voto Conselheiro Nelson Mallmann, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Da análise preliminar da matéria, verificase que a autoridade lançadora entendeu haver as seguintes irregularidades: (1) dedução indevida com dependentes; (2) omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas físicas – DIMOB e (3) omissão de rendimentos do trabalho com vinculo e/ou sem vinculo empregatício. A autoridade julgadora de primeira instância resolveu julgar procedente o lançamento, por entender que a contribuinte não logrou comprovar existência de irregularidade no lançamento efetuado. Inconformada, em virtude de não ter logrado êxito na instância inicial, a contribuinte apresenta a sua peça recursal a este E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais pleiteando a reforma da decisão prolatada na Primeira Instância onde se insurge contra o lançamento mantido pela autoridade julgadora, argüindo, inicialmente, preliminar de nulidades do lançamento e, no mérito, tece considerações sobre a impossibilidade de se manter a tributação, sob o entendimento de que demonstrou o equívoco cometido. É de ressaltar, inicialmente, que no que se refere à glosa da dedução com dependente relacionada à Ana Paula Henriques Gusmão, bem como à omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas físicas apontada na autuação, a contribuinte não apresentou qualquer contestação na fase impugnatória, razão pela a autoridade julgadora em primeira instância considerou que não houve impugnação, com base no que dispõe o art. 17 do Decreto n° 70.235, de 1972. Aduz que se sentiu cerceada sobre a possibilidade de apresentar declaração retificadora conforme permitido nos arts. 830 a 832 do RIR/1999, para retirar desta a dependente Ana Karenina Henriques Gusmão e alega que esta apresentou sua DIRPF do ano de 2005 em separado, na qual estariam tributados os referidos rendimentos, juntando copia às fls.09/12. Entretanto, analisandose a Declaração de Rendimentos do IRPF/2005 apresentada pela dependente Ana Karenina Henriques Gusmão CPF no 007.632.70431 às fls. 09/12, constatase que, apesar de nesta haverem sido oferecidos à tributação os rendimentos ora em discussão, a referida declaração foi entregue na data de 09/07/2007, após portanto, a ciência da segunda Notificação de lançamento, uma vez que a primeira fora substituída integralmente após a apresentação da SRL, que ocorreu em 13/06/2007. Desta forma, o que pretende a notificada em sua impugnação, é a aceitação, pela autoridade administrativa, da retificação da sua DIRPF, no sentido de ser retirado desta, a Fl. 62DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN 8 dependente Ana Karenina Henriques Gusmão, com o escopo de que sejam retirados também os rendimentos por ela percebidos no anocalendário de 2004. No que diz respeito à espontaneidade da retificação da Declaração de Ajuste Anual da recorrente, impõese necessário verificar se, em verdade, houve ou não apresentação espontânea da mesma, bem como se existe alguma justificativa razoável para se processar a Declaração de Ajuste Anual em questão em outra data, senão aquela original prevista na legislação de regência. Ora, com a devida vênia, o Processo Administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União e o de consulta sobre a aplicação da legislação tributária federal é regido pelo Decreto nº 70.235, de 1972, e alterações posteriores. O referido decreto tem status de lei, pois ele regula e não apenas regulamenta o processo de determinação e exigência de créditos tributários da União. Por isso, as alterações são processadas por dispositivo legal de igual natureza. Diz o Decreto nº 70.235, de 1972: Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: I – o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificando o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; (o destaque não é do original) III – o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1º O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação, a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. Conforme se infere do citado artigo, o início do procedimento fiscal é objetivo, isto é, atuação da autoridade administrativa tendente a verificar a relação jurídico tributária sobre determinado fato para se apurar ou não infração à legislação tributária. Tanto é verdadeira essa afirmativa, que o inciso I, quando diz “o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificando o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto”, a exclusão da espontaneidade do contribuinte está vinculada aos termos de intimações emitidos. Ora, é cristalino nos autos que foi lavrado pela fiscalização da Secretaria da Receita Federal, em cumprimento ao Decreto nº 70.235, de 1972, as intimações e a Notificação de Lançamento. É o que basta para dar início ao procedimento fiscal e este ato exclui a espontaneidade do sujeito passivo e este somente se descaracteriza se ficar, por mais de sessenta dias, sem outro ato escrito de autoridade que lhe dê prosseguimento. Assim, uma vez iniciado o procedimento fiscal, toda e qualquer alteração na Declaração de Ajuste Anual do período sob fiscalização deve ser efetuada de ofício pelo Auditor Fiscal da Receita Federal responsável pelo procedimento, e, na apuração de eventuais infrações cometidas pelo fiscalizado, este dela pode participar, recebendo as intimações fiscais e fornecendo os esclarecimentos, informações e documentos que julgue necessários. Fl. 63DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN Processo nº 19647.006707/200737 Acórdão n.º 2202002.198 S2C2T2 Fl. 6 9 Não se admite as declarações retificadoras apresentada após a ciência do início do procedimento de oficio, não tendo as mesmas o condão de anular ou alterar o auto de infração lavrado e tampouco acarretam duplicidade de lançamento, visto que não produzem efeitos legais. Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas as considerações expostas no exame da matéria e por ser de justiça, voto no sentido de rejeitar a preliminar suscitada pela Recorrente e, no mérito, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Fl. 64DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 26/02/2013 por NELSON MALLMANN
score : 1.0
Numero do processo: 10640.004405/2008-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 24 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Sun Mar 10 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO.
Podem ser deduzidos da base de cálculo do imposto de renda os pagamentos efetuados, no ano-calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes.
Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação.
Hipótese em que o recorrente não trouxe qualquer comprovação para duas das despesas glosadas, e apresentou comprovante de pagamentos em nome de terceiro para outra.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2101-002.050
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
_____________________________________
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente.
(assinado digitalmente)
___________________________________
José Evande Carvalho Araujo- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), José Evande Carvalho Araujo, Carlos Andre Rodrigues Pereira, Célia Maria de Souza Murphy, Eivanice Canario da Silva, Alexandre Naoki Nishioka.
Nome do relator: JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201301
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007 DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. Podem ser deduzidos da base de cálculo do imposto de renda os pagamentos efetuados, no ano-calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação. Hipótese em que o recorrente não trouxe qualquer comprovação para duas das despesas glosadas, e apresentou comprovante de pagamentos em nome de terceiro para outra. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Sun Mar 10 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 10640.004405/2008-09
anomes_publicacao_s : 201303
conteudo_id_s : 5191025
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 11 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 2101-002.050
nome_arquivo_s : Decisao_10640004405200809.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO
nome_arquivo_pdf_s : 10640004405200809_5191025.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) _____________________________________ Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente. (assinado digitalmente) ___________________________________ José Evande Carvalho Araujo- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), José Evande Carvalho Araujo, Carlos Andre Rodrigues Pereira, Célia Maria de Souza Murphy, Eivanice Canario da Silva, Alexandre Naoki Nishioka.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 24 00:00:00 UTC 2013
id : 4518684
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:47 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041213992468480
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1920; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T1 Fl. 2 1 1 S2C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10640.004405/200809 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2101002.050 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de janeiro de 2013 Matéria IRPF Recorrente MIRTHO SANTIAGO DE OLIVEIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. Podem ser deduzidos da base de cálculo do imposto de renda os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação. Hipótese em que o recorrente não trouxe qualquer comprovação para duas das despesas glosadas, e apresentou comprovante de pagamentos em nome de terceiro para outra. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) _____________________________________ Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente. (assinado digitalmente) ___________________________________ José Evande Carvalho Araujo Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 00 44 05 /2 00 8- 09 Fl. 78DF CARF MF Impresso em 11/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/ 01/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10640.004405/200809 Acórdão n.º 2101002.050 S2C1T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), José Evande Carvalho Araujo, Carlos Andre Rodrigues Pereira, Célia Maria de Souza Murphy, Eivanice Canario da Silva, Alexandre Naoki Nishioka. Relatório AUTUAÇÃO Contra o contribuinte acima identificado, foi lavrada a Notificação de Lançamento fls. 12 a 15, referente a Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2007, para glosar dedução indevida de despesa médica, formalizando a exigência de imposto suplementar no valor de R$3.270,54, acrescido de multa de ofício de 75% e juros de mora. IMPUGNAÇÃO Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação (fls. 1 a 11), acatada como tempestiva. O relatório do acórdão de primeira instância descreveu os argumentos do recurso da seguinte maneira (fl. 60): Þ a impugnante desconhece os profissionais Damião Lopes da Silva e Suzane Vasconcelos Zanotti, sendo que os valores glosados não procedem, porquanto não ocorreu qualquer consulta a esses profissionais; Þ em relação à Unimed/Juiz de Fora, segue em anexo (fl. 11), o respectivo recibo, no valor de R$ 2.392,88, que comprova os gastos realizados perante esse plano de saúde; Þ em tópico nominado “Do Direito”, discorre a impugnante sobre doutrina acerca do princípio da legalidade, segurança jurídica, ato administrativo; Þ após, expõe ementas de Acórdãos produzidos por Delegacias de Julgamento e do Conselho de Contribuintes; Þ por fim, requer que seja extinto o crédito contido na notificação de lançamento e mantidas as deduções tributárias pleiteadas. ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento julgou procedente o lançamento, em julgamento consubstanciado na seguinte ementa (fls. 59 a 61): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2007 DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. Fl. 79DF CARF MF Impresso em 11/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/ 01/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10640.004405/200809 Acórdão n.º 2101002.050 S2C1T1 Fl. 4 3 Ratificamse as alterações levadas a efeito pela autoridade revisora, no tocante à glosa de despesas médicas, mormente quando a própria impugnante afirma desconhecer os prestadores de serviços que constaram de sua DIRPF, bem como em relação a plano de saúde oferece documento relacionado à terceira pessoa não relacionada como sua dependente. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido RECURSO AO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS (CARF) Cientificado da decisão de primeira instância em 13/5/2011 (fl. 64), o contribuinte apresentou, em 1/6/2011, recurso voluntário onde afirma que: a) os recibos comprovam as despesas médicas, que a efetividade dos tratamentos foi comprovada por meio de declarações dos próprios profissionais e que os pagamentos foram realizados em moeda corrente; b) uma vez que o AuditorFiscal desconfie da veracidade das informações veiculadas nesses documentos, cabe a ele a prova da falsidade; c) houve violação ao princípio da legalidade. É o relatório. Voto Conselheiro José Evande Carvalho Araujo, Relator. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. Não há arguição de qualquer preliminar. O contribuinte deduziu R$26.087,66 de despesas médicas no exercício de 2007 (fl. 26). Entretanto, foram glosados R$11.892,88 por falta de comprovação, com relação às seguintes despesas (fl. 13): NOME DO BENEFICIÁRIO VALOR Antonio Damião Lopes da Silva 4.500,00 Suzane Vasconcelos Zanotti 5.000,00 Unimed/Juiz de Fora 2.392,88 TOTAL 11.892,88 Fl. 80DF CARF MF Impresso em 11/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/ 01/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10640.004405/200809 Acórdão n.º 2101002.050 S2C1T1 Fl. 5 4 Em sua impugnação, o contribuinte afirma desconhecer os dois primeiros profissionais, e busca comprovar a despesa com a Unimed com o recibo de fl. 11 cujo contratante é Luciana Santiago de Oliveira. O acórdão recorrido manteve as glosas por falta de comprovação para as duas primeiras, e porque a responsável pela despesa da Unimed não foi incluída como dependente na declaração de ajuste do exercício de 2007 (fl. 24). No voluntário, o recorrente afirma que comprovou suas despesas médicas com declarações e recibos emitidos pelos profissionais. Para fazer jus a deduções na Declaração de Ajuste Anual, tornase indispensável que o contribuinte observe todos os requisitos legais, sob pena de ter os valores pleiteados glosados. Afinal, todas as deduções, inclusive as despesas médicas, por dizerem respeito à base de cálculo do imposto, estão sob reserva de lei em sentido formal, por força do disposto na Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional (CTN), art. 97, inciso IV. Por oportuno, confirase o estabelecido na Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, a propósito de dedução de despesas médicas: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: (...). II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no ano calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...). § 2º O disposto na alínea “a” do inciso II: (...). II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; Por sua vez, o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, Regulamento do Imposto de Renda, RIR/1999, art. 73, dispõe: Fl. 81DF CARF MF Impresso em 11/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/ 01/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10640.004405/200809 Acórdão n.º 2101002.050 S2C1T1 Fl. 6 5 Art.73.Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, §3º). Verificase, portanto, que a dedução de despesas médicas na declaração do contribuinte está, sim, condicionada ao preenchimento de alguns requisitos legais. Observese que a dedução exige a efetiva prestação do serviço, tendo como beneficiário o declarante ou seu dependente, e que o pagamento tenha se realizado pelo próprio contribuinte. Contudo, ao contrário do afirmado no voluntário, o contribuinte não trouxe qualquer comprovação para duas das despesas glosadas, e apresentou comprovante de pagamentos em nome de terceiro para outra. Diante do exposto, não existindo documentos que comprovem as deduções pleiteadas, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Evande Carvalho Araujo Fl. 82DF CARF MF Impresso em 11/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/ 01/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10320.003204/2009-80
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 15 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Sep 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008
PARCELAS SALARIAIS INTEGRANTES DA BASE DE CÁLCULO. RECONHECIMENTO PELO CONTRIBUINTE ATRAVÉS DE FOLHAS DE PAGAMENTO E OUTROS DOCUMENTOS POR ELE PREPARADOS. O reconhecimento através de documentos da própria empresa da natureza salarial das parcelas integrantes das remunerações aos segurados torna incontroversa a discussão sobre a correção da base de cálculo. RELATÓRIO DE CO-RESPONSÁVEIS E VÍNCULOS. SUBSÍDIO PARA FUTURA AÇÃO EXECUTÓRIA. Os relatórios de Co-Responsáveis e de Vínculos são partes integrantes dos processos de lançamento e autuação e se destinam a esclarecer a composição societária da empresa no período do débito, a fim de subsidiarem futuras ações executórias de cobrança. Esses relatórios não são suficientes para se atribuir responsabilidade pessoal. MULTA MORATÓRIA E MULTA DE OFÍCIO Quanto à multa, não possui natureza de confisco a exigência da multa moratória, conforme previa o art. 35 da Lei n ° 8.212/1991, com a redação vigente à época do lançamento, válido para as competências até 11/12008. a partir da competência 12/2008, há que ser aplicado o artigo 35-A, da Lei n.º 8.212/91, na redação dada pela MP n.º 449/2008, convertida na Lei n.º 11.941, multa de ofício.Não recolhendo na época própria o contribuinte tem que arcar com o ônus de seu inadimplemento. A aplicação do artigo 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, traz percentuais variáveis, de acordo com a fase processual em que se encontre o processo de constituição do crédito tributário e se mostra mais benéfico ao contribuinte, uma vez em que se aplicando a redação dada pela Lei n.º 11.941/2009, mais precisamente o artigo 35 A da Lei n.º 8.212/91, o valor da multa seria mais oneroso ao contribuinte, pois deveria ser aplicado o artigo 44, I da Lei n.º 9430/96. JUROS/SELIC As contribuições sociais e outras importâncias, pagas com atraso, ficam sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC, nos termos do artigo 34 da Lei 8.212/91. Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2302-002.002
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conceder provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa deve ser calculada considerando as disposições do art. 35 da Lei n. 8212 de 1991 para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória n. 449 de 2008. Marco Andre Ramos Vieira - Presidente. Liege Lacroix Thomasi - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Andre Ramos Vieira (Presidente), Manoel Coelho Arruda Junior, Adriano Gonzales Silverio, Arlindo da Costa e Silva, Liege Lacroix Thomasi, Adriana Sato
Nome do relator: LIEGE LACROIX THOMASI
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201208
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008 PARCELAS SALARIAIS INTEGRANTES DA BASE DE CÁLCULO. RECONHECIMENTO PELO CONTRIBUINTE ATRAVÉS DE FOLHAS DE PAGAMENTO E OUTROS DOCUMENTOS POR ELE PREPARADOS. O reconhecimento através de documentos da própria empresa da natureza salarial das parcelas integrantes das remunerações aos segurados torna incontroversa a discussão sobre a correção da base de cálculo. RELATÓRIO DE CO-RESPONSÁVEIS E VÍNCULOS. SUBSÍDIO PARA FUTURA AÇÃO EXECUTÓRIA. Os relatórios de Co-Responsáveis e de Vínculos são partes integrantes dos processos de lançamento e autuação e se destinam a esclarecer a composição societária da empresa no período do débito, a fim de subsidiarem futuras ações executórias de cobrança. Esses relatórios não são suficientes para se atribuir responsabilidade pessoal. MULTA MORATÓRIA E MULTA DE OFÍCIO Quanto à multa, não possui natureza de confisco a exigência da multa moratória, conforme previa o art. 35 da Lei n ° 8.212/1991, com a redação vigente à época do lançamento, válido para as competências até 11/12008. a partir da competência 12/2008, há que ser aplicado o artigo 35-A, da Lei n.º 8.212/91, na redação dada pela MP n.º 449/2008, convertida na Lei n.º 11.941, multa de ofício.Não recolhendo na época própria o contribuinte tem que arcar com o ônus de seu inadimplemento. A aplicação do artigo 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, traz percentuais variáveis, de acordo com a fase processual em que se encontre o processo de constituição do crédito tributário e se mostra mais benéfico ao contribuinte, uma vez em que se aplicando a redação dada pela Lei n.º 11.941/2009, mais precisamente o artigo 35 A da Lei n.º 8.212/91, o valor da multa seria mais oneroso ao contribuinte, pois deveria ser aplicado o artigo 44, I da Lei n.º 9430/96. JUROS/SELIC As contribuições sociais e outras importâncias, pagas com atraso, ficam sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC, nos termos do artigo 34 da Lei 8.212/91. Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. Recurso Voluntário Provido em Parte
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Sep 13 00:00:00 UTC 2012
numero_processo_s : 10320.003204/2009-80
anomes_publicacao_s : 201209
conteudo_id_s : 5167500
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2012
numero_decisao_s : 2302-002.002
nome_arquivo_s : Decisao_10320003204200980.PDF
ano_publicacao_s : 2012
nome_relator_s : LIEGE LACROIX THOMASI
nome_arquivo_pdf_s : 10320003204200980_5167500.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conceder provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa deve ser calculada considerando as disposições do art. 35 da Lei n. 8212 de 1991 para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória n. 449 de 2008. Marco Andre Ramos Vieira - Presidente. Liege Lacroix Thomasi - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Andre Ramos Vieira (Presidente), Manoel Coelho Arruda Junior, Adriano Gonzales Silverio, Arlindo da Costa e Silva, Liege Lacroix Thomasi, Adriana Sato
dt_sessao_tdt : Wed Aug 15 00:00:00 UTC 2012
id : 4289901
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:54:06 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041214042800128
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2505; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 360 1 359 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10320.003204/200980 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2302002.002 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 15 de agosto de 2012 Matéria Remuneração de Segurados: Parcelas em Folha de Pagamento Recorrente FRANGO AMERICANO DO MARANHÃO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008 PARCELAS SALARIAIS INTEGRANTES DA BASE DE CÁLCULO. RECONHECIMENTO PELO CONTRIBUINTE ATRAVÉS DE FOLHAS DE PAGAMENTO E OUTROS DOCUMENTOS POR ELE PREPARADOS. O reconhecimento através de documentos da própria empresa da natureza salarial das parcelas integrantes das remunerações aos segurados torna incontroversa a discussão sobre a correção da base de cálculo. RELATÓRIO DE CORESPONSÁVEIS E VÍNCULOS. SUBSÍDIO PARA FUTURA AÇÃO EXECUTÓRIA. Os relatórios de CoResponsáveis e de Vínculos são partes integrantes dos processos de lançamento e autuação e se destinam a esclarecer a composição societária da empresa no período do débito, a fim de subsidiarem futuras ações executórias de cobrança. Esses relatórios não são suficientes para se atribuir responsabilidade pessoal. MULTA MORATÓRIA E MULTA DE OFÍCIO Quanto à multa, não possui natureza de confisco a exigência da multa moratória, conforme previa o art. 35 da Lei n ° 8.212/1991, com a redação vigente à época do lançamento, válido para as competências até 11/12008. a partir da competência 12/2008, há que ser aplicado o artigo 35A, da Lei n.º 8.212/91, na redação dada pela MP n.º 449/2008, convertida na Lei n.º 11.941, multa de ofício.Não recolhendo na época própria o contribuinte tem que arcar com o ônus de seu inadimplemento. A aplicação do artigo 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, traz percentuais variáveis, de acordo com a fase processual em que se encontre o processo de constituição do crédito tributário e se mostra mais benéfico ao contribuinte, uma vez em que se AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 0. 00 32 04 /2 00 9- 80 Fl. 388DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 aplicando a redação dada pela Lei n.º 11.941/2009, mais precisamente o artigo 35 A da Lei n.º 8.212/91, o valor da multa seria mais oneroso ao contribuinte, pois deveria ser aplicado o artigo 44, I da Lei n.º 9430/96. JUROS/SELIC As contribuições sociais e outras importâncias, pagas com atraso, ficam sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, nos termos do artigo 34 da Lei 8.212/91. Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conceder provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa deve ser calculada considerando as disposições do art. 35 da Lei n. 8212 de 1991 para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória n. 449 de 2008. Marco Andre Ramos Vieira Presidente. Liege Lacroix Thomasi Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Andre Ramos Vieira (Presidente), Manoel Coelho Arruda Junior, Adriano Gonzales Silverio, Arlindo da Costa e Silva, Liege Lacroix Thomasi, Adriana Sato Fl. 389DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10320.003204/200980 Acórdão n.º 2302002.002 S2C3T2 Fl. 361 3 Relatório O presente Auto de Infração de Obrigação Principal foi lavrado em 30/09/2009 e cientificado ao sujeito passivo através de registro postal em 06/10/2009, referindose às contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações pagas aos segurados empregados do setor rural e não rural, apuradas através do confronto dos valores recolhidos em GPS e informados nas folhas de pagamento e GFIP’s, nas competências de 01/2006 a 12/12008. O relatório fiscal de fls. 36/46 diz que a notificada declarase em GFIP como empresa do ramo específico da atividade rural – FPAS 604, mas tais GFIP’s apresentam o campo “Comercialização da Produção – PJ com valor zero. Na auditoria fiscal restou comprovado que a empresa não é agroindústria, porque não industrializa sua produção e não comercializa a ração produzida em sua fábrica, utilizada para consumo próprio. Além do que, adquire produtos rurais industrializados e os comercializa, tipificando atividade mercantil, sendo que também cria frangos que são comercializados como “frangos vivos”. Aduz, ainda o relatório que não há divergência entre os valores constantes das folhas de pagamento e informados em GFIP. Após a impugnação, Acórdão de fls. 328/336, pugnou pela procedência do lançamento. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso, onde alega em síntese; a) que o lançamento contém características de iliquidez e certeza, que a autoridade fiscal não preocupouse em detalhar e fundamentar os motivos de seu entendimento pessoal; b) que foi tributado o “não tributável”, pois foram levados à tributação negócios jurídicos realizados por intermédio de pessoas jurídicas contratadas pela recorrente; c) que a auditoria afastou a verdade material, desconsiderando as provas juntadas; d) que a fiscalização utilizou de forma arbitrária documentos que não condizem com a verdade material; e) que a pretensão creditória não pode subsistir para os diretores da notificada, pois não são sujeitos passivos da obrigação tributária; f) que é inaplicável a multa por ser confiscatória; g) que é descabida a SELIC. Requer o acolhimento do recurso, a reforma da decisão recorrida e a improcedência do auto de infração para extinguir o crédito tributário e arquivar o processo. Fl. 390DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 É o relatório. Fl. 391DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10320.003204/200980 Acórdão n.º 2302002.002 S2C3T2 Fl. 362 5 Voto Conselheira Liege Lacroix Thomasi, Relatora Cumprido o requisito de admissibilidade, frente à tempestividade, conheço do recurso e passo ao seu exame. Da Preliminar Não vislumbro a tese de nulidade do auto de infração, pois não foi observado qualquer vício no procedimento da fiscalização e formalização do lançamento. Foram cumpridos todos os requisitos dos artigos 10 e 11 do Decreto n° 70.235, de 06/03/72, verbis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O relatório fiscal descreve o fato gerador da contribuição previdenciária, que é a remuneração paga aos segurados empregados da recorrente, apuradas nas folhas de pagamento e declaradas por ela em GFIP’s. Não pertencem ao lançamento parcelas de natureza discutível, pois a própria autuada é que informou os valores de remuneração, sobre os quais incidiram a contribuição previdenciária. Fl. 392DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 São totalmente inócuas as alegações de que foram tributados negócios jurídicos inexistentes, porque as bases de cálculo das contribuições lançadas referemse às remunerações informadas em folha de pagamento e GFIP’s. A recorrente foi devidamente intimada de todos os atos processuais que trazem fatos novos, assegurandolhe a oportunidade de exercício da ampla defesa e do contraditório, nos termos do artigo 23 do mesmo Decreto: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) III por edital, quando resultarem improfícuos os meios referidos nos incisos I e II. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) A decisão recorrida também atendeu às prescrições que regem o processo administrativo fiscal: enfrentou as alegações pertinentes do recorrente, com indicação precisa dos fundamentos e se revestiu de todas as formalidades necessárias. Não contém, portanto, qualquer vício que suscite sua nulidade, passando, inclusive, pelo crivo do Egrégio Superior Tribunal de Justiça: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 9.12.1993). “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. NULIDADE DO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. SÚMULA 188/STJ. 1. Não há nulidade do acórdão quando o Tribunal de origem resolve a controvérsia de maneira sólida e fundamentada, apenas não adotando a tese do recorrente. 2. O julgador não precisa responder a todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem está obrigado a aterse aos fundamentos por elas indicados “. (RESP 946.447RS – Min. Castro Meira – 2ª Turma – DJ 10/09/2007 p.216) Portanto, em razão do exposto e nos termos das regras disciplinadoras do processo administrativo fiscal, não se identificam vícios capazes de tornar nulo quaisquer dos atos praticados: Fl. 393DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10320.003204/200980 Acórdão n.º 2302002.002 S2C3T2 Fl. 363 7 Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Quanto à solicitada exclusão dos administradores do pólo passivo da autuação, cabe esclarecer que a relação de coresponsáveis, anexada aos autos pela Fiscalização, não tem como escopo incluir os sócios da empresa no pólo passivo da obrigação tributária, mas sim listar todas as pessoas físicas e jurídicas representantes legais do sujeito passivo que, eventualmente, poderão ser responsabilizadas na esfera judicial, na hipótese de futura inscrição do débito em dívida ativa, pois o chamamento dos responsáveis só ocorre em fase de execução fiscal, em consonância com o parágrafo 3o do artigo 4o da Lei no 6.830/80, e após se verificarem infrutíferas as tentativas de localização de bens da própria empresa. A responsabilização dos sócios somente ocorrerá por ordem judicial, nas hipóteses previstas na lei e após o devido processo legal. O débito foi lançado somente contra a pessoa jurídica e, neste momento, os sócios não sofreram restrições em seus direitos. Assim, esta discussão é inócua na esfera administrativa, sendo mais apropriada na via da execução judicial, na hipótese dos responsáveis serem convocados, por decisão judicial, para satisfação do crédito. Ademais, os relatórios de CoResponsáveis e de Vínculos fazem parte de todos processos como instrumento de informação, a fim de se esclarecer a composição societária da empresa no período do lançamento ou autuação, relacionando todas as pessoas físicas e jurídicas, representantes legais do sujeito passivo, indicando sua qualificação e período de atuação. O art. 660 da Instrução Normativa SRP n° 03 de 14/07/2005 determina a inclusão dos referidos relatórios nos processos administrativofiscais e esclarece: Art. 660. Constituem peças de instrução do processo administrativofiscal previdenciário, os seguintes relatórios e documentos: (...) X Relação de CoResponsáveis CORESP, que lista todas as pessoas físicas e jurídicas representantes legais do sujeito passivo, indicando sua qualificação e período de atuação; XI Relação de Vínculos VÍNCULOS, que lista todas as pessoas físicas ou jurídicas de interesse da administração previdenciária em razão de seu vínculo com o sujeito passivo, representantes legais ou não, indicando o tipo de vínculo existente e o período correspondente; Do Mérito A notificação teve por base as informações prestadas pela recorrente em folhas de pagamento e GFIP,s e o confronto das mesmas com os valores recolhidos em GPS, de forma que se tornam incontroversos os valores lançados e totalmente inócua a alegação de nulidade frente à falta de comprovação dos valores devidos. Fl. 394DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 8 As folhas de pagamentos foram preparadas pela própria recorrente que reconheceu, através da inclusão das rubricas salariais no campo destinado à remuneração dos segurados, a incidência sobre as mesmas das contribuições sociais lançadas pela fiscalização. Não pertencem ao lançamento impugnado parcelas contestadas pelo recorrente quanto à sua natureza salarial ou não. A base de cálculo considerada pela fiscalização coincide com o montante de salários informado pela recorrente. Acrescentase, ainda, que a partir de 01/01/99, com a implantação da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações a Previdência Social – GFIP, os valores nela declarados são tratados como confissão de dívida fiscal, nos termos do artigo 225, §1° do Decreto n° 3.048, de 06/05/99: Art.225. (...) § 1º As informações prestadas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social servirão como base de cálculo das contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social, comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários, bem como constituir seão em termo de confissão de dívida, na hipótese do não recolhimento. Assim sendo, caso houvesse algum erro cometido pela recorrente na elaboração, tanto das folhas de pagamento como da GFIP, caberlheia demonstrálo e providenciar sua retificação; no entanto, embora oferecida essa oportunidade durante todo o processo, não o fez. Apreciada a regularidade das bases de cálculo consideradas pela fiscalização, passase ao exame das exações exibidas no relatório discriminativo analítico do débito. Todos os recolhimentos e créditos do recorrente foram devidamente considerados para o cálculo das contribuições e todas as rubricas levantadas decorrem de regrasmatrizes legalmente criadas e que, portanto, não podem ser afastadas do lançamento sob pena de se negar aplicação aos diplomas legais legitimamente inseridos no ordenamento jurídico. Cuidou a autoridade fiscal de demonstrar ao recorrente em seu relatório de fundamentos legais do débito todos os dispositivos legais e regulamentares que impõem a obrigação tributária de recolhimento. O relatório fiscal também detalha a improcedência da utilização do código FPAS 604, privativo de empresas com atividade rural, enquanto nas GFIP’s não consta qualquer informação quanto à comercialização de produção rural. Pelos elementos constantes dos autos é também de se notar, que a recorrente não está enquadrada como agroindústria, pois não industrializa a sua produção, nem comercializa a produção de sua fábrica de ração, destinada apenas a consumo próprio. Documentos constantes do Anexo II do Relatório Fiscal, fls.53/151. A recorrente não se enquadra como agroindústria. Para tal enquadramento é imprescindível que haja industrialização de produção própria, conforme previsto no art. 22 A da Lei n º 8.212 de 1991. No tocante à taxa SELIC, cumpre asseverar que sobre o principal apurado e não recolhido, incidem os juros moratórios, aplicados conforme determina o artigo 34 da Lei 8.212/91: Fl. 395DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10320.003204/200980 Acórdão n.º 2302002.002 S2C3T2 Fl. 364 9 “... As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC, a que se refere o artigo 13, da Lei n.º 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável.” O art. 161 do CTN prescreve que os juros de mora serão calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês, se a lei não dispuser de modo diverso. No caso das contribuições em tela, há lei dispondo de modo diverso, ou seja, o aludido art. 34 da Lei 8.212/91 dispõe que sobre as contribuições em questão incide a Taxa SELIC. Portanto, está correta a aplicação da referida taxa a título de juros, perfeitamente utilizável como índice a ser aplicado às contribuições em questão, recolhidas com atraso, objetivando recompor os valores devidos. Ainda, quanto à admissibilidade da utilização da taxa SELIC, ressaltamos que o Segundo Conselho, do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, aprovou na Sessão Plenária de 18 de setembro de 2007, publicada no D.O.U. de 26/09/2007, Seção 1, pág. 28 a Súmula 3, que dita: É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liqüidação e Custódia – Selic para títulos federais. E, com a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, tal súmula foi consolidada na Súmula CARF n.º 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Quanto à multa aplicada, não possui natureza de confisco a exigência da multa moratória, conforme previa o art. 35 da Lei n ° 8.212/1991, com a redação vigente à época dos fatos geradores até 11/12008. Não recolhendo na época própria o contribuinte tem que arcar com o ônus de seu inadimplemento. Se não houvesse tal exigência haveria violação ao principio da isonomia, pois o contribuinte que não recolhera no prazo fixado teria tratamento similar àquele que cumprira em dia com suas obrigações fiscais. Ainda é de se notar que o lançamento contempla a multa de ofício para a competência 12/2008, em virtude da aplicação do artigo 35A da citada Lei n.º 8.212/91, introduzido pela MP 449 de 03/12/2008, convertida, posteriormente, na Lei 11.941, de 27/05/2009. Também, quanto à multa, tenho o entendimento que à luz da legislação vigente, devem ser aplicadas de forma isolada, conforme o caso, por descumprimento de Fl. 396DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 10 obrigação principal ou de obrigação acessória, da forma mais benéfica ao contribuinte, de acordo com o disposto no artigo 106, do Código Tributário Nacional. Embora, em algumas vezes, a obrigação acessória descumprida esteja diretamente ligada à obrigação principal, isto não significa que sejam únicas para aplicação de multa conjunta. Pelo contrário, uma subsiste sem a outra e mesmo não havendo crédito a ser lançado, é obrigatória a lavratura de auto de infração se houve o descumprimento de obrigação acessória. As condutas são tipificadas em lei, com penalidades específicas e aplicação isolada. O art. 44 da Lei n º 9.430/96, traz que a multa de ofício de 75% incidirá sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento , de falta de declaração e nos de declaração inexata. Portanto, está claro que as três condutas não precisam ocorrer simultaneamente para ser aplicada a multa: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) Quando o contribuinte tiver recolhido os valores devidos antes da ação fiscal, não será aplicada a multa de 75% prevista no art. 44 da Lei n º 9.430; porém, se apesar do pagamento não tiver declarado em GFIP, é possível a aplicação da multa isolada do art. 32A da Lei n º 8.212, justamente por se tratar de condutas distintas. Se o contribuinte tiver declarado em GFIP não se aplica a multa do art. 44 da Lei n º 9.430, sendo aplicável somente a multa moratória do art. 61 da Lei n º 9430, pois os débitos já estão confessados e devidamente constituídos, sendo prescindível o lançamento. A multa do art. 44 da Lei n º 9.430 somente se aplica nos lançamentos de ofício. Desse modo, se o contribuinte tiver declarado em GFIP, mas não tiver pago, o art. 44 da Lei 9.430 não é aplicado pelo motivo de o contribuinte não ter recolhido, mas ter declarado.Neste caso, não se aplica o art. 44 em função de não haver lançamento de ofício, pois o crédito já está constituído pelo termo de confissão que é a GFIP. E nas hipóteses em que o contribuinte não tiver recolhido e não tiver declarado em GFIP, há duas condutas distintas: por não recolher o tributo e ser realizado o lançamento de ofício, aplicase a multa de 75%; e por não ter declarado em GFIP a multa prevista no art. 32A da Lei n º 8.212. Conforme já foi dito, a multa será aplicada ainda que o contribuinte tenha pago as contribuições, conforme previsto no inciso I do art. 32 A. Pelo exposto, é de fácil constatação que as condutas de não recolher ou pagar o tributo e não declarar em GFIP não estão tipificadas no mesmo artigo de lei, no caso o art. 44 da Lei nº 9.430/96. A lei ao tipificar essas infrações, inclusive em dispositivos distintos, demonstra estar tratando de obrigações, infrações e penalidades tributárias distintas, que não se confundem e tampouco são excludentes. Assim, no caso presente, há cabimento do art. 106, inciso II, alínea “c” do Código Tributário Nacional, o qual dispõe que a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; Fl. 397DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10320.003204/200980 Acórdão n.º 2302002.002 S2C3T2 Fl. 365 11 b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. As multas pelo descumprimento de obrigações acessória e principal devem ser aplicadas de forma isolada. Portanto, no exame do caso em questão é de se ver que a aplicação do artigo 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, traz percentuais variáveis, de acordo com a fase processual em que se encontre o processo de constituição do crédito tributário e mostra mais benéfico ao contribuinte, uma vez em que se aplicando a redação dada pela Lei n.º 11.941/2008, mais precisamente o artigo 35 A da Lei n.º 8.212/91, o valor da multa seria mais oneroso ao contribuinte, pois deveria ser aplicado o artigo 44, I da Lei n.º 9430/96, já transcrito anteriormente. A partir da competência 12/2008, deve ser aplicada a multa de ofício na forma como disposto pelo artigo 35 A, da Lei n.º 8.212/91, na redação da Lei n.º11941/2008. Por todo o exposto, Voto pelo provimento parcial do recurso para que a multa seja aplicada de acordo com o artigo 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação vigente à época dos fatos geradores, para as competências até 11/2008. Liege Lacroix Thomasi Relatora Fl. 398DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10380.002862/2007-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Oct 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/08/2004 a 31/12/2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEREMPÇÃO.
O recurso voluntário deve ser interposto no prazo previsto no art. 33 do Decreto no 70.235/72. Não observado este preceito, dele não se toma conhecimento.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3302-001.821
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente e Relator.
EDITADO EM: 01/10/2012
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Fábia Regina Freitas.
Nome do relator: WALBER JOSE DA SILVA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201209
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/08/2004 a 31/12/2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEREMPÇÃO. O recurso voluntário deve ser interposto no prazo previsto no art. 33 do Decreto no 70.235/72. Não observado este preceito, dele não se toma conhecimento. Recurso Voluntário Não Conhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Oct 08 00:00:00 UTC 2012
numero_processo_s : 10380.002862/2007-88
anomes_publicacao_s : 201210
conteudo_id_s : 5172916
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Oct 08 00:00:00 UTC 2012
numero_decisao_s : 3302-001.821
nome_arquivo_s : Decisao_10380002862200788.PDF
ano_publicacao_s : 2012
nome_relator_s : WALBER JOSE DA SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 10380002862200788_5172916.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente e Relator. EDITADO EM: 01/10/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Fábia Regina Freitas.
dt_sessao_tdt : Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2012
id : 4307199
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:54:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041214046994432
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1614; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.002862/200788 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302001.821 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de setembro de 2012 Matéria COFINS AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente MACIEL ADVOCACIA EMPRESARIAL (atual denominção de MORAIS, MALVEIRA, MACIEL ADV EMPRESARIAL) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/08/2004 a 31/12/2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEREMPÇÃO. O recurso voluntário deve ser interposto no prazo previsto no art. 33 do Decreto no 70.235/72. Não observado este preceito, dele não se toma conhecimento. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente e Relator. EDITADO EM: 01/10/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Fábia Regina Freitas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 28 62 /2 00 7- 88 Fl. 157DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/10/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10380.002862/200788 Acórdão n.º 3302001.821 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Contra a empresa recorrente foi lavrado auto de infração para exigir o pagamento de Cofins, relativa a fatos geradores ocorridos entre agosto de 2004 e dezembro de 2005, em razão dos seguintes fatos: O contribuinte acima identificado não declarou nem recolheu os valores da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social COFINS devidos no período de agosto/2004 a dezembro/2005. Tendo efetuado pagamentos mensais de Imposto de Renda Pessoa Jurídica e de Contribuição Social sobre o Lucro Liquido por estimativa no mesmo período acima, o contribuinte demonstrou sua opção pelo regime de tributação de lucro real anual, ficando assim sujeito à apuração e ao recolhimento da COFINS na modalidade não cumulativa, de acordo com a Lei 10.833/03 e alterações posteriores. Intimado em 03.04.2007, o contribuinte deixou de apresentar os Demonstrativos de Apuração de Contribuições Federais DACON solicitados, motivo pelo qual efetuamos o presente lançamento com base nas receitas lançadas nos balancetes mensais e livro Razão apresentados durante a ação fiscal. Inconformada com a autuação a empresa interessada impugnou o lançamento, cujas razões estão sintetizadas no relatório do acórdão recorrido às fls. 129/130. A 4a Turma de Julgamento da DRJ em Fortaleza CE julgou parcialmente procedente o lançamento, para excluir a multa de ofício, e não conheceu das razões de mérito da impugnação, nos termos do Acórdão no 0823.216, de 11/04/2012, cuja ementa abaixo se transcreve. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004, 2005 LANÇAMENTO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. DECISÃO JUDICIAL. PREVENÇÃO DA DECADÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. EXCLUSÃO. A obrigação tributária cuja exigibilidade esteja suspensa por decisão judicial passível de reforma deve ser objeto de lançamento para constituir o crédito tributário, evitandose a sua decadência no caso de reversão da decisão, mas afastando se a exigência de multa de ofício. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004, 2005 DISCUSSÃO JUDICIAL. Fl. 158DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/10/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10380.002862/200788 Acórdão n.º 3302001.821 S3C3T2 Fl. 4 3 A propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda, de ação judicial, antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto importa a renúncia às instâncias administrativas ou desistência de eventual recurso interposto. Ciente desta decisão em 09/05/2012 (AR de fl. 137), a interessada ingressou, no dia 13/06/2012, com o recurso voluntário de fls. 139/146, no qual repisa os argumentos da impugnação. Na forma regimental, o recurso voluntário foi distribuído a este Conselheiro Relator. É o Relatório. Voto Conselheiro WALBER JOSÉ DA SILVA, Relator. Como a seguir será demonstrado, o recurso voluntário apresentado por MACIEL ADVOCACIA EMPRESARIAL (atual denominção de MORAIS, MALVEIRA, MACIEL ADV EMPRESARIAL) não atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72, por ter sido apresentado intempestivamente. Assim, dele não conheço. A Recorrente tomou ciência da decisão de primeira instância no dia 09/05/2012 (quartafeira), conforme AR de fl. 137, de modo que o prazo de 30 (trinta) dias para a interposição de seu recurso voluntário teve início em 10/05/2012 (quintafeira) e encerrouse no dia 08/06/2012 (sextafeira), de acordo com os arts. 5º e 33 do Decreto nº 70.235/72, abaixo reproduzidos. Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. [...] Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro de 30 (trinta) dias seguintes à ciência da decisão. Todavia, tal recurso só veio a ser apresentado no dia 13/06/2012 (fl. 139), ou seja, no 35o dia após a ciência da decisão recorrida. Por sua vez, o art. 35, também do Decreto nº 70.235/72, determina que o recurso voluntário, mesmo perempto, será encaminhado ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, que julgará a perempção: Art. 35. O recurso, mesmo perempto, será encaminhado ao órgão de segunda instância, que julgará a perempção. Fl. 159DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/10/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10380.002862/200788 Acórdão n.º 3302001.821 S3C3T2 Fl. 5 4 No caso sob exame não resta nenhuma dúvida de que o recurso foi interposto após o transcurso do prazo assinalado no art. 33 acima transcrito, posto que o termo final para apresentação do recurso voluntário ocorreu no dia 08/06/2012, uma sextafeira, e o mesmo foi apresentado no dia 13/06/2012. A recorrente silenciou sobre a interposição do recurso após o decurso do prazo legal. Em face do exposto, e por tudo o mais que do processo consta, voto no sentido de, em sede de preliminar, não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Relator Fl. 160DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/10/2012 por WALBER JOSE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 16095.720188/2011-03
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Oct 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007
CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO DE VISTAS E CÓPIAS REPROGRÁFICAS. DOCUMENTOS DE CONHECIMENTO DO SUJEITO PASSIVO.
Não acarreta cerceamento de defesa a impossibilidade de vistas dos autos ou obtenção de cópias reprográficas durante o prazo para apresentar impugnação, se o sujeito passivo já tiver conhecimento e acesso a todos os documentos que instruíram a autuação. Documentos como DIPJ, DCTF, GIA e livros contábeis já se encontram em posse do contribuinte.
ÔNUS DA PROVA. PROCESSO ADMINISTRATIVO.
Em um lançamento de ofício, compete ao Fisco instruir os autos, visando comprovar o direito creditório. Se assim for feito, cabe ao contribuinte apresentar contraprova, a fim de desconstituir o crédito com base na existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do sujeito ativo.
A conduta reiterada do contribuinte em informar, em declaração entregue ao fisco (DIPJ, DCTF etc.), valor zerado ou parcela ínfima da receita bruta efetivamente auferida e constante dos registros fiscais do ICMS, denota o elemento subjetivo da prática dolosa e caracteriza evidente intuito de fraude a ensejar a aplicação da multa qualificada.
Numero da decisão: 1802-001.358
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marco Antonio Nunes Castilho - Conselheiro.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Gilberto Baptista, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marco Antonio Nunes Castilho.
Nome do relator: MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201209
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2007 CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO DE VISTAS E CÓPIAS REPROGRÁFICAS. DOCUMENTOS DE CONHECIMENTO DO SUJEITO PASSIVO. Não acarreta cerceamento de defesa a impossibilidade de vistas dos autos ou obtenção de cópias reprográficas durante o prazo para apresentar impugnação, se o sujeito passivo já tiver conhecimento e acesso a todos os documentos que instruíram a autuação. Documentos como DIPJ, DCTF, GIA e livros contábeis já se encontram em posse do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. PROCESSO ADMINISTRATIVO. Em um lançamento de ofício, compete ao Fisco instruir os autos, visando comprovar o direito creditório. Se assim for feito, cabe ao contribuinte apresentar contraprova, a fim de desconstituir o crédito com base na existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do sujeito ativo. A conduta reiterada do contribuinte em informar, em declaração entregue ao fisco (DIPJ, DCTF etc.), valor zerado ou parcela ínfima da receita bruta efetivamente auferida e constante dos registros fiscais do ICMS, denota o elemento subjetivo da prática dolosa e caracteriza evidente intuito de fraude a ensejar a aplicação da multa qualificada.
turma_s : Segunda Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Oct 08 00:00:00 UTC 2012
numero_processo_s : 16095.720188/2011-03
anomes_publicacao_s : 201210
conteudo_id_s : 5172921
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Oct 08 00:00:00 UTC 2012
numero_decisao_s : 1802-001.358
nome_arquivo_s : Decisao_16095720188201103.PDF
ano_publicacao_s : 2012
nome_relator_s : MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO
nome_arquivo_pdf_s : 16095720188201103_5172921.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa - Presidente. (assinado digitalmente) Marco Antonio Nunes Castilho - Conselheiro. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Gilberto Baptista, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marco Antonio Nunes Castilho.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2012
id : 4307204
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:54:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041214193795072
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2457; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE02 Fl. 937 1 936 S1TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16095.720188/201103 Recurso nº 935.063 Voluntário Acórdão nº 1802001.358 – 2ª Turma Especial Sessão de 11 de setembro de 2012 Matéria Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ Recorrente GLOBO BORRACHAS ESPECIAIS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 Ementa: ARBITRAMENTO DO LUCRO. ART. 530, II DO RIR. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTAÇÃO CONTÁBIL. O arbitramento do lucro é uma modalidade de lançamento necessária à apuração do lucro tributável, obrigatória quando o contribuinte deixa de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, de acordo com o disposto no art. 530, inciso III, e parágrafo único do art. 527 do RIR. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. A conduta reiterada do contribuinte em informar, em declaração entregue ao fisco (DIPJ, DCTF etc.), valor zerado ou parcela ínfima da receita bruta efetivamente auferida e constante dos registros fiscais do ICMS, denota o elemento subjetivo da prática dolosa e caracteriza evidente intuito de fraude a ensejar a aplicação da multa qualificada. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007 CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO DE VISTAS E CÓPIAS REPROGRÁFICAS. DOCUMENTOS DE CONHECIMENTO DO SUJEITO PASSIVO. Não acarreta cerceamento de defesa a impossibilidade de vistas dos autos ou obtenção de cópias reprográficas durante o prazo para apresentar impugnação, se o sujeito passivo já tiver conhecimento e acesso a todos os documentos que instruíram a autuação. Documentos como DIPJ, DCTF, GIA e livros contábeis já se encontram em posse do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. PROCESSO ADMINISTRATIVO. Em um lançamento de ofício, compete ao Fisco instruir os autos, visando comprovar o direito creditório. Se assim for feito, cabe ao contribuinte apresentar contraprova, a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 09 5. 72 01 88 /2 01 1- 03 Fl. 937DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 938 2 fim de desconstituir o crédito com base na existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do sujeito ativo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Marco Antonio Nunes Castilho Conselheiro. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Gilberto Baptista, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marco Antonio Nunes Castilho. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 880/919) interposto em 19/01/2012, contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas – DRJ CPS, que julgou improcedente a Impugnação (fls. 227/274), apresentada, em 14/10/2011, pela Globo Borrachas Especiais Ltda. (“Recorrente”). Para descrever os fatos, e também por economia processual, transcrevo o relatório constante do Acórdão citado, in verbis: “Tratase de procedimento fiscal realizado pelo SEFIS DRF/Guarulhos/SP, amparado pelo Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) nº 08.1.11.00/00231/10 e que foi Fl. 938DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 939 3 concluído com a lavratura de Autos de Infração por irregularidades apuradas no anocalendário 2007, no total de R$ 1.104.255,79, abarcando os tributos e valores a seguir descritos, incluindose o principal, multa de ofício no percentual de 150% (receita omitida) e juros de mora calculados até 31/08/2011: TRIBUTOS VALOR IRPJ 341.569,42 PIS 102.901,67 CSLL 183.593,27 COFINS 476.191,43 1.104.255,79 No Relatório Fiscal a autoridade fiscal deixou consignado o que segue: "No exercício das funções de Auditora Fiscal da Receita Federal do Brasil, no curso da ação fiscal junto ao Contribuinte acima identificado e de acordo com o disposto nos artigos 904, 905, 910, 911 e 927 do Decreto n°. 3.000, de 26 de março de 1.999 (RIR / 99), verifiquei e constatei os fatos e irregularidades a seguir descritas": LUCRO ARBITRADO – PERÍODO 01/2007 a 12/2007 MOTIVO: falta de contabilidade nesse período OMISSÃO DE RECEITAS: origem Livro de Registro de Saídas. 1 – DOS FATOS: 1.1. A empresa sob ação fiscal é uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada que tem como objetivo principal a indústria e o comércio de artefatos de borracha. 1.2. O procedimento fiscal teve inicio em 08/06/2010, quando foi dado ciência ao contribuinte do Termo de Inicio do Procedimento Fiscal, relativo ao IRPJ dos anoscalendário de 2006 e 2007, ocasião em que foi intimado a: apresentar Livros Diário e Razão. apresentar Livros de Registro de Entrada e de Saída. apresentar Contrato Social e alterações. 1.3. O contribuinte apresentou apenas os Contratos Sociais e alterações e os Livros de Registro de Entrada, de Saída e de Apuração do ICMS. A empresa foi reintimada em Fl. 939DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 940 4 30/09/2010, em 17/01/2011, em 14/03/2011 e em 29/06/2011 a apresentar os Livros contábeis e intimada a apresentar o Livro Caixa, para o ano de 2006, em que era optante pelo SIMPLES. A empresa não apresentou os livros contábeis e o Livro Caixa, ao qual estava obrigado, nos termos do art.7°. § 1º, alínea "a" da Lei 9.317/96, vigente à época de ocorrência dos fatos geradores da obrigação. 1.4. A fiscalização foi motivada pela discrepância entre a Receita apurada com base na GIA Guia de Informação e Apuração do ICMS e a DIPJ Declaração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica, com tributação pelo Lucro Real, exercício 2008, Ano Calendário 2007. A DIPJ entregue, que consta dos sistemas informatizados da RFB, está com todos os valores declarados zerados. Também para o ano de 2006, foi constatada a mesma discrepância entre a receita declarada na DIPJSIMPLES e os valores apurados através da GIA. 1.5. Houve estouro de receita no ano de 2006 e foi feita representação através do processo n°. 16095.000043/2011 84, para exclusão da empresa do sistema SIMPLES, com efeitos a partir de 01/2007. A empresa foi excluída através do ADE – Ato Declaratório Executivo n°. 16 de 10/05/2011 (cópia da publicação no Diário Oficial da União, no processo). 1.6. Verificado o Livro de Saídas n. 12, cuja cópia integral encontrase anexada ao processo, foi constatado que no ano de 2007 a empresa auferiu receita bruta no total de R$ 5.932.101,45. 1.7 Durante o 1º. semestre de 2007, a empresa pagou DARF'S SIMPLES. A receita bruta declarada nas respectivas DARF's, de jan a jun/2007, é de valor muito inferior àquele apurado no Livro de Registro de Saída. 1.8 Para o 2° semestre de 2007, constam declarados em DCTF's apenas débitos/créditos de PIS e COFINS, também calculados com base numa Receita Bruta que representa aproximadamente 50% da Receita apurada no respectivo Livro de Registro de Saídas, por mês. Fl. 940DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 941 5 2 – DA BASE DE CÁLCULO: 2.1. Foram consideradas como base de cálculo, mês a mês do AnoCalendário 2007, o valor correspondente as saídas de mercadorias, nos CFOP's 5101, 5102, 5124 5949, 6101 6107 e 6949. DEMONSTRATIVO DOS VALORES ESCRITURADOS NO LIVRO DE SAÍDAS ANO 2007: 3 DO LUCRO ARBITRADO: 3.1. A empresa, que apresentou DIPJ (zerada) com opção de tributação pelo Lucro Real, não apresentou à fiscalização seus livros contábeis, Diário e Razão, apesar de intimada e reintimada várias vezes, enquadrandose portanto, na hipótese de arbitramento do lucro, previsto no art. 530 , III, combinado com o art. 527 ambos do RIR – Regulamento do Imposto de Renda 1999. A empresa foi advertida de que seria tributada com base no lucro arbitrado, através do Termo de Ciência e de Solicitação de Documentos, por ela recebido em 29/06/2011. Cabe esclarecer que não foi apresentada DIPJ SIMPLES, para o período de 01/2007 a 06/2007, quando teoricamente a empresa ainda seria optante. Foi apresentada DIPJ Lucro Real, para todo o período de 2007. 3.2. Foram lavrados Autos de Infração relativos ao tributo IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica e relativos às contribuições PIS – Programa de Integração Social, COFINS Contribuição para Financiamento da Seguridade Social e CSLL – Contribuição Social s/ Lucro Liquido. 3.3. Dos valores apurados como devidos, foram abatidos os recolhimentos já efetuados pela empresa nas DARF's do SIMPLES, de maneira proporcional ao respectivo tributo. Assim, por exemplo, cada tributo representa um percentual dentro do recolhimento do SIMPLES. Para o 2º. semestre Fl. 941DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 942 6 de 2007, quando não há recolhimentos no DARF SIMPLES, foram abatidos os valores declarados em DCTF de PIS e COFINS, conforme demonstrativo em planilha anexa, dos valores devidos de PIS e COFINS. 3.4 Demonstrativo dos valores recolhidos/abatidos: 4 – DA MULTA APLICADA: 4.1. O procedimento de informar à Receita Federal, receita bruta em montante bastante inferior ao valor real, procedimento reiterado, uma vez que foi constatado nos dois anos fiscalizados, 2006 e 2007, configura evidente intuito de "sonegação", conforme diploma legal estampado nos arts. 71 e 72 da Lei 4.502/64, a seguir transcritos: (...) 4.2. Por essa razão, a multa foi aplicada com base no disposto no § 1º. do art. 44 da Lei 9.430/96, resultando no percentual de 150%: (...) 4.3. Em vista da constatação, em tese, de crime contra a ordem tributária, previsto no inciso I dos arts. 1º. e 2º. da Lei 8.137/90, será elaborada Representação Fiscal para Fins Penais ao Ministério Público Federal. 5 – DO ENQUADRAMENTO LEGAL Omissão de Receitas: Arts. 532 e 537 do RIR/99. Os demais enquadramentos legais de cada tributo cobrado, bem como os de juros e multas, encontramse elencados no próprio Auto de Infração. Fl. 942DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 943 7 Cientificada dos lançamentos, em 15/09/2011, e inconformada com a exigência fiscal, a contribuinte, por meio de seu representante legal, apresentou, em 14/10/2011, a impugnação, com as seguintes razões de fato e de direito. Em sede de preliminar, questiona a ocorrência de cerceamento de defesa, afirmando que não lhe teria sido dada vistas aos autos do procedimento fiscal, além de não lhe terem sido fornecidas cópias do referido processo. Afirma que seu procurador, seguindo orientação constante dos autos de infração cientificados, compareceu à DRF Guarulhos, visando ter acesso ao inteiro teor dos presentes autos, entretanto, lhe teria sido informado que os autos estariam em local diverso, sendolhe negada vistas ao mesmo. E continua: Como necessitava do inteiro teor da autuação, em data de 28/09/2011, retornou então àquela unidade de atendimento da RFB, com o impresso "SOLICITAÇÃO DE CÓPIA DE DOCUMENTOS" (DOC. 05). Por ocasião de seu protocolamento junto ao CAC da DRF/Guarulhos foi informado pelo atendente que a cópia do processo só poderia ser fornecida no prazo de 10 (dez) a 15 (quinze) dias. Isto é um absurdo, visto que, se tivesse que aguardar esse prazo, já teria transcorrido os 30 (trinta) dias para a apresentação da impugnação. A Autoridade Fiscal ao não conceder vistas do processo, como também, o fornecimento de cópias de documentos, sujeita a Administração Pública a anular o auto de infração, por estar eivado de vício de legalidade. Conforme dispõe os artigos 3º e 46, da Lei n° 9.784/99, a interessada, "têm direito à vista do processo e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que o integram” e, conforme foi visto, teve o seu direito negado pela Repartição Tributária. Alega que após vinte dias da autuação os autos ainda não se encontravam disponíveis para consulta pela autuada, o que contrariaria o art. 4º do Decreto nº 70.235 de 1972, transcrevendo excertos de doutrina e jurisprudência que embasariam seu entendimento. Ressalta que dentro do processo administrativo, é indispensável que todos os atos praticados pelo agente Fl. 943DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 944 8 fiscal devem ser cientificados, por escrito, a contribuinte ou seu preposto. A ausência da devida ciência, por escrito, está eivada de vício formal, sendo passível de nulidade processual. E segue: Neste contexto de arbitrariedades, impossibilitou a ora impugnante de ter vista dos autos, bem como a obtenção de cópias de documentos neles contidos, o que dificultou a elaboração da justa impugnação ao feito fiscal, dentro do exíguo prazo de 30 (trinta) dias, infringindo dispositivo constitucional de "ampla defesa", tornando NULO O ATO ADMINISTRATIVO DE LANÇAMENTO, e por conseqüência, insubsistente o crédito tributário exigido e os autos de infração. Ainda em sede de preliminar, questiona a aplicação da multa qualificada, afirmando que não teria restado caracterizada nos autos que o sujeito passivo da obrigação tributária praticou ação ou omissão com a finalidade de impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador do imposto, ou ainda, teve o intuito de excluir ou modificar suas características para reduzir o montante do imposto devido e evitar ou diferir seu pagamento, situações estas que poderiam constituir evidente intuito de fraude. Segundo a Impugnante: A aplicação da multa qualificada, somente é justificável quando a contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64, além de que a Auditora Fiscal deveria, minuciosamente, justificar e comprovar sua ocorrência nos autos. Nesse contexto, não havendo comprovação do dolo, da fraude ou da simulação, a aplicação da MULTA QUALIFICADA pelo Fisco é indevida e ilegal. Transcreve a súmula consolidada nº 25 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, tornada vinculante pela Portaria do Ministro da Fazenda n° 383, publicado no DOU de 14/07/2010, nos seguintes termos: Súmula CARF n° 25: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação de urna das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. Acórdão n° CSRF/0400.883 e CSRF/0400.762 Acórdão n° 10423659, 10423697 e 340200.145. Fl. 944DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 945 9 Quanto ao mérito, questiona a legalidade do arbitramento do lucro, aduzindo que somente poderia a fiscalização recorrer a tal sistemática caso esgotadas as possibilidades de apuração do Lucro Real. Explica que o Conselho de Recursos Fiscais somente admite a aplicação do arbitramento quando encontradas falhas insanáveis na escrituração contábil que a descaracterize e, por ser excepcional, deve se revestir de maiores cautelas. Defende, então, a nulidade dos autos, por falta de previsão legal para a aplicação do arbitramento do lucro. Afirma que a autoridade fiscal não teria logrado êxito em comprovar a ocorrência da omissão de receitas autuada, até porque não foram juntadas aos autos as Guias de Informação e Apuração do ICMS, além da ausência de confirmação dos dados delas extraídos diretamente com a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Aduz que as GIA serviriam como indícios, mas não como prova da omissão autuada, conforme abaixo reproduzido: Vale dizer que as informações das GIAs podem servir como valiosos indícios, mas não fazem prova que a contribuinte teria OMITIDO RECEITA. Quanto ao relato da ilustre Auditora Fiscal de que: "verificado o Livro de Saídas n. 12, cuja cópia integral segue anexa a este Termo, foi constatado que no ano de 2007 a empresa auferiu receita bruta no total de R$ 5.932.101,45, deve ser ressaltado que as cópias juntadas aos autos se referem a folhas de papel sulfite, impressas sem o timbre da empresa, como também a falta de identificação de quem as teria produzido. Assim sendo, a única prova do suposto cometimento de irregularidades trazida aos autos pelo Fisco, qual seja, o suposto Livro de Saídas n. 12, da forma que se encontra, tem suas folhas sem o timbre da empresa e a identificação de quem as teria produzido, deve ser considerada de origem duvidosa e, portanto, desentranhadas do processo administrativo, sob pena de viciar os autos. É certo de que esses "papéis", no estado que se encontram, serviram como prova para que a ilustre Auditora Fiscal considerasse "estouro de receita" para a irregular constituição do crédito tributário e a aplicação da multa qualificada, o que é um absurdo. Fl. 945DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 946 10 Esclareça se ainda que a expressão "estouro de receita" usada pela zelosa Auditora Fiscal não é a usual no ordenamento jurídico tributário, uma vez que não se estoura receita e sim, excedese ultrapassase. Alega que o ônus da prova da existência material e fática dos pressupostos exigidos no Código Tributário Nacional, que embasam a cobrança de qualquer tributo, cabe única e exclusivamente ao fisco. Não se pode transferir ao contribuinte o dever de prova. Afirma a Impugnante que, relativamente ao anocalendário 2007, optou pelo regime de tributação pelo Lucro Real. E que embora a contribuinte tenha apresentado Declaração de Informações Econômico Fiscais Pessoa Jurídica – DIPJ “zerada”, os registros contábeis demonstram que não apurou lucro e sim prejuízo no exercício. Declara que a contabilização de seus lançamentos foi feita em observância das leis comerciais e fiscais em seu Livro Diário, apurando prejuízo no período. Ressalta que, em caso de dúvida, a interpretação deve ocorrer de maneira mais favorável ao acusado. E complementa: Desconhecendo tais fatos, as informações prestadas pela exigente Auditora Fiscal em seu "Termo de Verificação e Constatação de Irregularidades", foram baseadas em meras informações que sabese lá de onde vieram, conquanto nada trazem de concreto para elucidar os fatos, além de que, não comprovam com exatidão que a contribuinte em questão teria, efetivamente, omitida a receita. Muito embora a DIPJ estivesse zerada, esta se trata apenas de Declaração de Informações Econômico Fiscais, cujo documento não é suficiente e capaz para ensejar a constituição de crédito tributário exigível. (...) Ainda assim, contrariando as normas legais, a exigente Auditora Fiscal considerou apenas as supostas receitas (livros de Saídas), não computando os custos, despesas, encargos e perdas, correspondentes a essas receitas e rendimentos, o que é uma injustiça. Após discorrer acerca dos princípios do Direito Administrativo e dos princípios constitucionais, defende a não observância, por parte da fiscalização, dos princípios da verdade material e da segurança jurídica. Fl. 946DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 947 11 Encerra requerendo o cancelamento dos autos de infração em litígio, protestando por todos os meios de prova, inclusive perícia, diligências etc.” Em sua decisão, a DRJCPS houve por bem manter parte do lançamento através do Acórdão n° 0536.350, de 14 de Dezembro de 2011, conforme ementa transcrita abaixo: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 CERCEAMENTO DE DEFESA. DEVIDO PROCESSO LEGAL. A fase litigiosa do procedimento administrativo somente se instaura com a impugnação do sujeito passivo ao lançamento já formalizado. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o contribuinte foi regularmente cientificado dos autos de infração e de seus anexos, lavrados com observância das formalidades legais, e se lhe foi assegurado o direito de questionar as exigências nos termos das normas que regulam o processo administrativo fiscal, o qual foi plenamente exercido na peça de defesa apresentada. INCORREÇÕES NA APURAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVAS. Questionamentos acerca da correção dos valores escriturados e tomados como base para o lançamento devem necessariamente ser acompanhados das respectivas provas. OMISSÃO DE RECEITAS. DIFERENÇA. ESCRITURAÇÃO FISCAL. DIPJ. Provada, com base na escrituração de notas fiscais no Livro de Registro de Saída nº 12, a omissão de receitas na Declaração Informações Econômico Fiscais da PJ DIPJ, deve ser efetuado o lançamento de ofício para a exigência dos tributos não constituídos e recolhidos espontaneamente pela pessoa jurídica. OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS ESCRITURADAS E NÃO DECLARADAS. LIVROS CONTÁBEIS. PROVA DIRETA. Cabível o lançamento de ofício fundado na caracterização de receitas omitidas apuradas com base em Livro de Registro de Saídas nº 12, o qual permite a comprovação direta da base de cálculo, não havendo que se falar em autuação por presunção. Fl. 947DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 948 12 NÃO APRESENTAÇÃO DE ESCRITURAÇÃO. ARBITRAMENTO DO LUCRO. PERCENTUAIS APLICADOS. Não atendendo a contribuinte às intimações para apresentação de sua escrituração contábil/fiscal (Livros Diário e Razão), o arbitramento é o único método possível para determinação das bases tributáveis do IRPJ e da CSLL mediante aplicação dos percentuais previstos em lei sobre a receita omitida. Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos na prática do ato administrativo de lançamento, sua modificação ou extinção somente se dará nos casos previstos em lei (CTN, art. 141). Como inexiste arbitramento condicional, o ato administrativo de lançamento não é modificável pelo posterior oferecimento da escrituração contábil, cuja falta de apresentação foi a causa do arbitramento. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL, COFINS e PIS. Sendo as exigências reflexas decorrentes dos mesmos fatos que ensejaram o lançamento principal de IRPJ, impõese a adoção de igual orientação decisória, confirmandose as contribuições exigidas sobre a receita omitida. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. Justificase a aplicação da multa no percentual de 150% diante da constatação da prática reiterada de declarar à RFB valores de receita “zerados”, em contraposição àqueles escriturados em livro de Registro de Saída nº 12, esquivandose do pagamento dos tributos devidos. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido.” Inconformada, a Recorrente apresentou o presente Recurso Voluntário, no qual reitera a tese já defendida em sede de impugnação ao levantar, como preliminar, a nulidade da autuação por suposto cerceamento de defesa. Entende que, por não ter sido disponibilizado acesso aos autos ou a cópias reprográficas dos mesmos durante o prazo para impugnação, seu direito à ampla defesa restou prejudicado. E, ainda, sustenta que alguns argumentos não foram analisados na decisão recorrida, embora não especifique a quais se refere. Considera que as provas que embasaram a atuação fiscal são insuficientes para tal mister, já que a Declaração de Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (“DIPJ”) não possui o condão de constituir o crédito tributário. Ademais, alega desconhecer a origem das Guias de Informação e Apuração do ICMS (“GIA”) e do Livro de Registro de Saída de Notas Fiscais (“Livro de Saída”), motivo pelo qual tais documentos poderiam ser apontados apenas como meros indícios. Fl. 948DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 949 13 Assim, por entender que o auto de infração não está lastreado em documentos hábeis, sustenta que o arbitramento do lucro se fundou em uma mera presunção legal de omissão de receita. Logo, não sendo esta uma das hipóteses previstas no art. 530 do Regulamento de Imposto de Renda (“RIR”), o lançamento seria indevido. Além disso, afirma que seu controle contábil foi feito de forma condizente com as regras contábeis e fiscais vigentes. Sendo que, ao invés do lucro vislumbrado pela autoridade fiscal, houve, na verdade, prejuízo no anocalendário de 2007, como demonstram as cópias de seu Livro Diário, juntadas quando da impugnação. Outrossim, defende que a simples desconfiança não gera obrigação tributária, motivo pelo qual a autuação teria infringindo o princípio da legalidade. Outros princípios também foram levantados como não observados, quais sejam, o da verdade material e da segurança jurídica. Por fim, entende que não há justificativa para qualificação da multa aplicada, vez que a autoridade fiscalizadora não teria logrado comprovar a ocorrência de falsidade material, ideológica e o desatendimento injustificado a intimações. É o relatório, passo a decidir. Voto Conselheiro Relator Marco Antonio Nunes Castilho O presente recurso é tempestivo, sendo certo que a intimação postal com aviso de recebimento ocorreu no dia 21.12.2011, e o Recurso Voluntário foi interposto em 19.01.2012, preenche os demais requisitos para sua admissibilidade. Portanto, dele conheço. I – Do Cerceamento de Defesa Conforme prevê o art. 3º, II da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, o administrado tem direito a “ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vistas dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas”. Tal regra decorre dos princípios da publicidade dos atos administrativos, ampla defesa e contraditório. Dentre outros motivos, sua inserção em nosso ordenamento jurídico visa a impedir a existência de processos sigilosos, em face dos quais o administrado não teria condições de se defender plenamente por não conhecer de seu conteúdo nem de sua origem. Embora a observância a referido dispositivo seja imprescindível à atividade do Fisco, não é sempre que seu desrespeito acarreta cerceamento de defesa. Se nos autos Fl. 949DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 950 14 constem apenas documentos dos quais o sujeito passivo tenha conhecimento e acesso por outros meios, não há que se falar em prejuízo à ampla defesa. Ou seja, como no presente caso, o lançamento se embasou em documentos fiscais e contábeis fornecidos ao Fisco pela própria Recorrente, não vislumbro qualquer empecilho ao confronto de dados. Todas as informações constantes da DIPJ, DCTF e GIA analisadas foram apuradas e declaradas de forma consciente pelo sujeito passivo, assim como o Livro de Saída foi por ele escriturado e entregue ao Fisco para análise. Desta forma, resta evidente que, no caso em tela, a indisponibilidade dos autos não impossibilitou ou dificultou o exercício do direito à ampla defesa. Logo, não há que se falar em nulidade do processo. Demais disso, cabe ressaltar que, diferentemente do que entende o sujeito passivo, o pedido de cópias processuais não lhe foi negado. Ocorre que seu fornecimento não é imediato. Como qualquer outro tramite administrativo, a solicitação de cópias reprográficas demanda tempo e segue a ordem cronológica dos demais pedidos feitos por outros contribuintes, motivo pelo qual foi estipulado o prazo de 10 a 15 dias. Contudo, isso não significa que o Fisco tenha se negado a fornecêlas. Por fim, tendo em vista que a Recorrente também sustentou cerceamento de defesa, por falta de apreciação de argumentos apresentados em sua impugnação, cumpre esclarecer que a mera alegação de nulidade não pode ser acatada sem que, ao menos, seja apontada a questão que deixou de ser analisada. Alegações genéricas, sem qualquer fundamento, não possuem força probante. Com efeito, rejeito a suscitada preliminar. II – Do Ônus da Prova Tendo em vista que, no mérito, o principal argumento utilizado pela Recorrente se refere à comprovação do seu direito, cumpre tecer sucintos comentários acerca da prova no processo administrativo fiscal. Em âmbito administrativo, os processos se distinguem em razão de sua origem. Eles podem ser instaurados por pleito do contribuinte, como é o caso das declarações de compensação ou por iniciativa da Administração Pública, como ocorre nas autuações. Aqui, tal diferenciação é relevante para verificar a quem compete o ônus da prova. Nas declarações de compensação, por ser uma reivindicação do contribuinte, prevalece o princípio dispositivo, cabendo a ele demonstrar o direito que embasa sua pretensão, nos termos do quanto dispõe subsidiariamente o art. 333, I do Código de Processo Civil (“CPC”). Já nas autuações, o ônus probatório cabe à autoridade administrativa, na medida em que, sendo um procedimento inquisitório, esse é regido pelo princípio da verdade material. Com base em tais conceitos, notase que, no presente caso, competia ao Fisco fazer prova cabal da existência de seu direito, por ser um lançamento de ofício. Para tanto, Fl. 950DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 951 15 foram reunidos documentos contábeis e fiscais (DIPJ, DCTF, DARF e Livro de Saída) que, quando confrontados, evidenciaram a existência de divergências nas informações fornecidas pelo sujeito passivo, assim como a falta de recolhimento de tributos. Embora a Recorrente alegue desconhecer a origem das provas arroladas, cabe destacar que o Livro de Saídas, principal instrumento utilizado para verificação das irregularidades e apuração da base de cálculo dos tributos aqui cobrados, foi fornecido por ela própria. Não é cabível a pretensão de desentranhamento dos autos desses documentos, sob a justificativa de, assim não fazendo, viciálos. Conforme dispõe o art. 36 da Lei nº 9.784/99, de 29 de janeiro de 1999, “cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução”. No mesmo sentido, o inciso II do art. 333 do CPC estabelece que o ônus probatório compete ao sujeito passivo, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do sujeito ativo. Isto é, se qualquer informação constante dos documentos arrolados aos autos estivesse divergente da realidade, seja em razão de seu conteúdo ou de sua origem, a Recorrente deveria ter apontado a irregularidade de forma específica, demonstrando suas razões e a verdade dos fatos. Nesse sentido, encontrase julgados deste Conselho: “ASSUNTO: Período de Apuração: junho/98 a dezembro/98 EMENTA ÔNUS PROBANDI. Cabe ao interessado a prova dos fatos alegados, segundo o art. 36 da Lei nº 9.784/99.” ACÓRDÃO 340101.251, CARF, 3a. Seção, 1a. Turma, 4a. Câmara, DJe 28/03/2012. “NORMAS PROCESSUAIS ÔNUS DA PROVA ALEGAÇÕES NÃO COMPROVADAS NÃO ENSEJAM O CANCELAMENTO DO LANÇAMENTO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, assim, não tendo sido produzidas provas de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito fazendário, há que ser mantido o lançamento.” ACÓRDÃO 180300.230, CARF 1a. Seção 3a. Turma Especial, DJe 25/04/2011. No presente caso, a Recorrente se limitou a afirmar que tais documentos não possuem qualquer valor probante, porém, sem apresentar o suposto Livro de Saídas oficial, nem demonstrar que os valores nele constantes estariam incorretos. Ainda que, no processo administrativo, prevaleça o princípio da verdade material, o sujeito passivo não pode simplesmente negar todas as acusações feitas contra si, que inclusive se embasam em documentação probatória, com intuito de reiniciar as averiguações e instrução processual, sem, ao menos, fornecer elementos plausíveis para desconstituição do crédito. Fl. 951DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 952 16 O mesmo se aplica para a alegação de desconhecimento da origem das GIA apresentadas à Fazenda do Estado de São Paulo pela própria Recorrente. Caso suas informações estivessem incorretas, seria necessário apresentar as vias originais ou esclarecer a razão das divergências. Ademais, cabe ressaltar também que a simples apresentação de documento contábil em sede de impugnação, sem o devido apontamento de sua utilidade, também não tem o condão de restaurar a fiscalização e a instrução processual. Para que novas diligências periciais sejam realizadas, o sujeito passivo deve justificar a necessidade de sua análise. Assim, embora o Livro Diário de 1997, tenha sido juntado após a lavratura do auto de infração, o momento oportuno para sua apresentação seria durante a fiscalização, fase em que a autoridade fiscalizadora o havia solicitado para confrontar seus dados com os demais documentos fornecidos. Após, com crédito tributário já constituído, tal documento seria útil apenas para comprovar eventuais pontos levantados em sua defesa e não, simplesmente, para reiniciar a fiscalização. III – Do Arbitramento do Lucro A Recorrente defende que sua contabilização foi feita de forma correta. E que, aliás, não houve lucro naquele período, mas, sim, prejuízo, na medida em que, além das receitas auferidas, o cálculo do resultado final do período leva em conta os custos e despesas sofridos. Segundo ela, tais fatos podem ser constatados pela análise de seu Livro Diário. Ocorre que, embora tal documento contábil contenha o registro de todas as operações realizadas, ele, isoladamente, não se presta a comprovar o quanto pretende a Recorrente. Para tanto, seria necessário, ao menos, expor o balancete e o LALUR, vez que, sem eles, comprovar a ocorrência de prejuízo seria como “procurar uma agulha num palheiro”. Significa, em outras palvras, atribuir ao órgão julgador refazer a base de cálculo e apuração do imposto pela Recorrente, o que não se admite. Cabe esclarecer que o Livro Diário se presta a comprovar a totalidade dos lançamentos (escrituração contábil analítica), enquanto que o balancete (escrituração contábil sintética) é o documento hábil a refletir a apuração do lucro líquido do período. Portanto, desde que o Livro Diário se mostre apto a comprovar os ingressos e dispêndios da Requerente, sua análise seria apenas complementar à do balancete. Ademais, a Recorrente afirma que a DIPJ não é instrumento hábil para constituição do crédito tributário, bem como informações obtidas das GIA, cuja origem seria desconhecida, não poderiam embasar a lavratura do auto de infração. Assim, entende que a autuação se baseou em presunções de omissão de receita, hipótese que não justificaria o arbitramento do lucro da Recorrente, conforme dispõe o art. 530 do Regulamento de Imposto de Renda (“RIR”), sob pena de ofender aos princípios da legalidade, verdade material e segurança jurídica. Em que pesem os argumentos levantados, entendo que a autoridade fiscal agiu corretamente ao arbitrar seu lucro. Nos termos do inciso III do art. 530 do RIR, o imposto Fl. 952DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 953 17 deve ser apurado com base nos critérios do lucro arbitrado sempre que o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal. Ora, como mencionado no Termo de Constatação, a Recorrente foi intimada diversas vezes (30/09/2010, 17/01/2011, 14/03/2011 e 29/06/2011) a apresentar seus Livros Razão e Diário durante o procedimento fiscalizatório, a fim de possibilitar a apuração de seu lucro real e validação dos valores declarados e recolhidos. Contudo, tais solicitações não foram atendidas nos prazos estipulados, não deixando outra opção senão o arbitramento do lucro para prosseguir com a fiscalização. Ou seja, diferentemente de como alega a Recorrente, o arbitramento não se deu com base em presunções de omissão de receita, mas, sim, em sua inércia em face dos procedimentos fiscalizatórios. E tal hipótese se enquadrar perfeitamente no quanto prevê o dispositivo supra citado. Nesse sentido, encontrase julgados deste Conselho: “INEXISTÊNCIA DE VÍCIO FORMAL DO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. IRPJ, CSLL ARBITRAMENTO DO LUCRO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A APURAÇÃO DO LUCRO TRIBUTÁVEL. O arbitramento do lucro não é uma penalidade ou sanção tributária. É uma modalidade de lançamento necessária à apuração do lucro tributável, obrigatória quando o contribuinte deixa de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, de acordo com o disposto no art. 530, inciso III, e parágrafo único do art. 527 do RIR.” ACÓRDÃO 140100.507, CARF, 1a. Seção, 1a. Turma, 4a. Câmara, DJe 11/08/2011. “LUCRO ARBITRADO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS CONTÁBEIS E FISCAIS. Não tendo os livros contábeis e fiscais sido apresentados à fiscalização, cabível o arbitramento do lucro nos termos do art. 530, III, do RIR/99.” ACÓRDÃO 140200.276, 1a. Seção, 2a. Turma, 4a. Câmara, DJe 18/05/2011 IV – Da Multa Qualificada Conforme dispõe o art. 44, § 1º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, o percentual da multa de 75% aplicada, quando da falta de declaração, de pagamento ou recolhimento e de declaração inexata, deve ser duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. Por sua vez, tais dispositivos estabelecem os Fl. 953DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 954 18 contornos dos institutos da sonegação, fraude e conluio, para fins de aplicação das normas tributárias, in verbis: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. No presente caso, a autoridade administrativa vislumbrou a ocorrência de sonegação. Entendeu que a omissão de valores, a título de imposto de renda de pessoa jurídica, DIPJ do sujeito passivo e a declaração de valores ínfimos, em face das receitas escrituradas, em sua DCTF, caracterizaria o dolo da conduta. Em contraposição, a Recorrente entende que não há justificativa para qualificação da multa aplicada, vez que a autoridade fiscalizadora não teria logrado comprovar a ocorrência de falsidade material, ideológica e/ou desatendimento injustificado a intimações. Com efeito, para verificar se há dolo na conduta do contribuinte, não é necessário fazer qualquer análise de cunho subjetivo ou psicológico, basta verificar se os dois elementos que o compõe, quais sejam, o cognitivo e o volitivo, estão presentes no caso concreto. O primeiro representa a consciência da realização da conduta, enquanto o segundo se refere à vontade de realizála. Isto é, agir dolosamente é saber e querer a realização do ato, independentemente da ciência de seu caráter ilícito. Esse é o motivo pelo qual a simples apuração de omissão de receita e de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, conforme estabelecem as Súmulas nº 14 e 25 desse Conselho. Pois, sem trazer elementos para comprovar que isso foi feito com o intuito claro de impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária, não há enquadramento da conduta de sonegação fiscal e, consequentemente, não se pode vinculála à majoração da penalidade. Fl. 954DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 955 19 Portanto, para haver sonegação, é imprescindível que o contribuinte (i) saiba que é seu dever informar, ao Fisco, todas as receitas e rendimentos por si auferidos, e que, mesmo tendo ciência disso, (ii) tenha omitido tais informações por sua própria opção. No presente caso, a Recorrente recebeu valores pelo comércio de mercadorias próprias, emitindo as respectivas notas fiscais e registrando as operações em seu Livro de Saídas. Aqui, é evidente seu conhecimento a respeito da obrigação de informálos ao Fisco na DIPJ e demais livros fiscais como receitas tributáveis, tanto é que entregou a DIPJ no prazo legal, mas, com valores zerados. Quanto à presença do segundo elemento para configuração do dolo, resta claro que a vontade de omitir tais valores não se eivou de qualquer vício, sendo ela livre e consciente, pois, se dessa forma não fosse, a Recorrente não teria declarado valores tão ínfimos nas DCTF entregues no 2º semestre de 2007. Nesse sentido, encontrase julgados desse Conselho de Contribuintes: “ASSUNTO: MULTA AGRAVADA CONDUTA REITERADA. EMENTA Nos termos da jurisprudência majoritária da CSRF, a prática reiterada de infrações á legislação tributária denota a intenção dolosa do contribuinte de fraudar a aplicação da legislação tributária e lesar o Fisco.” ACÓRDÃO 9101 00.140, CSRF, 1a. Turma da 1a. Câmara, DJe 16/11/2011. “Ementa: MULTA QUALIFICADA. A conduta reiterada do contribuinte em informar, em declaração entregue ao fisco, parcela ínfima da receita bruta efetivamente auferida e constante dos registros fiscais do ICMS, denota o elemento subjetivo da prática dolosa e caracteriza evidente intuito de fraude a ensejar a aplicação da multa qualificada.” Acórdão n" 910100.632, CSRF, 1a. Turma da 1a. Câmara, DJe 06/06/2010. Com efeito, mantenho aplicação da multa qualificada. Ante o exposto, voto no sentido de rejeitar a preliminar e, no mérito negar provimento ao recurso, mantendo intacta a decisão da DRJCPS. (documento assinado digitalmente) Marco Antonio Nunes Castilho Relator Fl. 955DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO Processo nº 16095.720188/201103 Acórdão n.º 1802001.358 S1TE02 Fl. 956 20 Fl. 956DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 07 /10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 02/10/2012 por MARCO ANTONIO NUNE S CASTILHO
score : 1.0
Numero do processo: 35166.000178/2003-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/1999 a 30/06/2001
AUTO DE INFRAÇÃO. DIRIGENTES DE ÓRGÃOS PÚBLICOS. ART. 41 DA LEI N.° 8.212/1991. REVOGAÇÃO. CANCELAMENTO DAS PENALIDADES APLICADAS. Com a revogação do art. 41 da Lei n° 8.212/1991 pela MP n° 449/2008, as multas, em processos pendentes de julgamento, aplicadas com fulcro no dispositivo revogado devem ser canceladas, haja vista que a lei nova excluiu os dirigentes de órgãos públicos da responsabilidade pessoal por infrações a legislação previdenciária.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2401-002.577
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso
Elias Sampaio Freire - Presidente
Igor Araújo Soares Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araujo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: IGOR ARAUJO SOARES
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201208
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/1999 a 30/06/2001 AUTO DE INFRAÇÃO. DIRIGENTES DE ÓRGÃOS PÚBLICOS. ART. 41 DA LEI N.° 8.212/1991. REVOGAÇÃO. CANCELAMENTO DAS PENALIDADES APLICADAS. Com a revogação do art. 41 da Lei n° 8.212/1991 pela MP n° 449/2008, as multas, em processos pendentes de julgamento, aplicadas com fulcro no dispositivo revogado devem ser canceladas, haja vista que a lei nova excluiu os dirigentes de órgãos públicos da responsabilidade pessoal por infrações a legislação previdenciária. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 35166.000178/2003-01
anomes_publicacao_s : 201301
conteudo_id_s : 5179884
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 2401-002.577
nome_arquivo_s : Decisao_35166000178200301.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : IGOR ARAUJO SOARES
nome_arquivo_pdf_s : 35166000178200301_5179884.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso Elias Sampaio Freire - Presidente Igor Araújo Soares Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araujo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
id : 4432851
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:55:47 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041214209523712
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1549; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 195 1 194 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 35166.000178/200301 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401002.577 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 14 de agosto de 2012 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO. DIRIGENTE PÚBLICO. Recorrente NILO ALVES DE ALMEIDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 30/06/2001 AUTO DE INFRAÇÃO. DIRIGENTES DE ÓRGÃOS PÚBLICOS. ART. 41 DA LEI N.° 8.212/1991. REVOGAÇÃO. CANCELAMENTO DAS PENALIDADES APLICADAS. Com a revogação do art. 41 da Lei n° 8.212/1991 pela MP n° 449/2008, as multas, em processos pendentes de julgamento, aplicadas com fulcro no dispositivo revogado devem ser canceladas, haja vista que a lei nova excluiu os dirigentes de órgãos públicos da responsabilidade pessoal por infrações a legislação previdenciária. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso Elias Sampaio Freire Presidente Igor Araújo Soares – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 16 6. 00 01 78 /2 00 3- 01 Fl. 195DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/12/20 12 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araujo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/12/20 12 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 35166.000178/200301 Acórdão n.º 2401002.577 S2C4T1 Fl. 196 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto por NILO ALVES DE ALMEIDA, irresignado com a Decisão Notificação de fls. 103, que manteve a integralidade do Auto de Infração n. 37.498.9839, por meio do qual foi aplicada multa por ter o recorrente, na qualidade de diretor do Hospital dos Servidores do Estado do Pará , deixado de entregar ao INSS as GFIP’s das competências de 01/1999 a 06/2001. A ciência do contribuinte acerca do lançamento foi efetivada em 19/06/2002 (fls. 102). O recorrente não apresentou impugnação ao Auto de Infração, todavia, a DRJ da origem levou a julgamento os aspectos legais relativos ao lançamento efetuado. Intimado para apresentar recurso voluntário, o recorrente requereu, por meio de petição, a dilação de seu prazo para manifestarse nos autos, alegando não ter recebido o Auto de Infração pra sob exame. Os autos, então subiram ao Eg. Conselho de Recursos da Previdência Social, quando, em acórdão 2a CAJ o julgamento foi convertido em diligência para que fosse dado oportunidade ao recorrente de defenderse da autuação e provar que não era o responsável pela prática do ato infracional descrito no relatório fiscal do Auto de Infração. Sobreveio resposta às fls. 121 onde restou descrito que: Em pesquisa efetuada nos Sistemas CNIS e PLENUS verificamos que consta Guia de Recolhimento do FGTS e informações à Previdência SocialGFIP, competências 01/1999 a 06/2001,conforme Demonstrativo de Normalizações e AgregaçõesDNA e planilha em anexo. Com base no exposto,tendo em vista ,que a empresa efetuou a entrega da Guia de Informações à Previdência Social GFIP ,s.m.j...,entendemos que foi sanada a infração cometida nos termos do art.41 da Lei 8.212/91 e art 284,1 e III,parágrafo l,do Regulamento da Previdência Social,aprovado pelo Decreto 3.048/99,e no art.32,IV,parágrafo 4 da Lei 8.212/91. Referida resposta não foi cientificada ao contribuinte e sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, os autos foram enviados a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 197DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/12/20 12 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Voto Conselheiro Igor Araújo Soares, Relator CONHECIMENTO Tempestivo o recurso, merece conhecimento. MÉRITO A questão debatida nos autos do presente processo já foi exaustivamente objeto de análise no presente Conselho, tendo sido, inclusive objeto de parecer da administração pública com força vinculante. Assim, para análise das autuações pessoais dos gestores de órgãos públicos devese preliminarmente considerar a revogação do art. 41 da Lei n.° 8.212/1991 pela MP n.° 449, de 04/12/2008. Era exatamente o dispositivo retirado do ordenamento que permitia o fisco alcançar pessoalmente os dirigentes de órgãos públicos pelas infrações à legislação previdenciária. Assim, ao tratar da aplicação da lei tributária no tempo, o CTN dispõe: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: 1 em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: quando deixe de definilo como infração; (.) Vêse que, para esses dirigentes, a lei deixou de definir as faltas relativas ao cumprimento das obrigações acessórias previdenciárias como ilícitos administrativos. Por conseguinte, devese aplicar a lei nova aos processos ainda não definitivamente julgados, que se refiram às autuações lavradas com fulcro no art. 41 da Lei n.° 8.212/1991, cancelandose, assim, as penalidades decorrentes. Sobre o assunto, já fora proferido o Parecer PGFN/CDA/CAT n.° 190/2009, de 02/02/2009, diante do qual se depreende que a própria administração tributária determinou a necessidade de cancelamento da penalidade aplicada aos dirigentes de órgãos públicos, como no presente caso. Confirase: 22.Inicialmente, entendemos que nesse caso aplicase a regra do art. 106 do CTN, uma vez que com a revogação do dispositivo legal que dava fundamento ao lançamento contra a pessoa do dirigente, a lei deixou de definir tal conduta como infração. Em consequência, a aplicação da penalidade deverá ser em face da pessoa jurídica de Direito Público dotada de personalidade jurídica. 23.Em consequência, para os atos não definitivamente julgados administrativamente, deve a lei retroagir, implicando no Fl. 198DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/12/20 12 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 35166.000178/200301 Acórdão n.º 2401002.577 S2C4T1 Fl. 197 5 cancelamento de todas as penalidades aplicadas com base no art. 41 da Lei n.° 8.212/1991. Ante todo o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. Igor Araújo Soares Fl. 199DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/12/20 12 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 10314.720365/2011-35
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Data do fato gerador: 18/06/2007
IMPORTAÇÃO. CESSÃO DO NOME A TERCEIROS. MULTA.
A pessoa jurídica que ceder seu nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros, com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, está sujeira à multa prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-001.892
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente e Relator.
EDITADO EM: 01/12/2012
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
Nome do relator: WALBER JOSE DA SILVA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201211
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Data do fato gerador: 18/06/2007 IMPORTAÇÃO. CESSÃO DO NOME A TERCEIROS. MULTA. A pessoa jurídica que ceder seu nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros, com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, está sujeira à multa prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2012
numero_processo_s : 10314.720365/2011-35
anomes_publicacao_s : 201212
conteudo_id_s : 5177595
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Dec 17 00:00:00 UTC 2012
numero_decisao_s : 3302-001.892
nome_arquivo_s : Decisao_10314720365201135.PDF
ano_publicacao_s : 2012
nome_relator_s : WALBER JOSE DA SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 10314720365201135_5177595.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente e Relator. EDITADO EM: 01/12/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
dt_sessao_tdt : Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2012
id : 4418590
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:55:28 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041214242029568
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1630; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10314.720365/201135 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302001.892 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 28 de novembro de 2012 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO MULTA CONTROLE ADUANEIRO Recorrente COMERCIAL JARDIM IMPORTADORA E EXPORTADORA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 18/06/2007 IMPORTAÇÃO. CESSÃO DO NOME A TERCEIROS. MULTA. A pessoa jurídica que ceder seu nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros, com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, está sujeira à multa prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente e Relator. EDITADO EM: 01/12/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 72 03 65 /2 01 1- 35 Fl. 1206DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10314.720365/201135 Acórdão n.º 3302001.892 S3C3T2 Fl. 3 2 Trata o presente processo de auto de infração lavrado para exigência de crédito tributário referente a multa de 10% do valor da operação, prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/07 (Art. 727 do RA/2009). Pela detalhada descrição dos fatos, constante na folha de continuação do Auto de Infração (fls. 13/61),.a empresa autuada cedeu seu nome em diversas operações de importação para atender aos interesses comerciais das empresas MEGA DO BRASIL IMP. EXP. LTDA e GLOBAL BEAUTY ASSISTÊNCIA TÉCNICA LTDA, suas supostas clientes. A empresa Recorrente, segundo a Fiscalização, não tinha suporto financeiro para efetuar as operações de importação nos anos de 2008, 2009 e 2010 e a sua contabilidade não se presta para provar o contrário e sim para confirmar que a Recorrente cedeu seu nome para terceiros realizar operações de importação, isto porque, dentre outras coisas, os lançamentos contábeis são feitos em partidas mensais e não existe livro auxiliar com os lançamentos individualizados e a conta cliente (duplicatas a receber) apresenta saldo credor e a conta fornecedores (duplicatas a pagar) apresenta saldo devedor. Também concluiu a Fiscalização pela incompatibilidade entre a movimentação financeira da Recorrente e os dispêndios realizados com as importações nos anos de 2008, 2009 e 2010. Mesmo instada, a Recorrente não logrou provar que possuía recursos próprios para realizar e pagar as importações e que efetuou, de fato, a vendas das mercadorias importadas às empresas acima citadas, tudo conforme relatório circunstanciado constante do auto de infração (fls. 13/61). Tempestivamente a contribuinte insurgese contra a exigência fiscal, conforme impugnação às fls. 1085/1106, cujos argumentos de defesa estão sintetizados no relatório do acórdão recorrido, que leio em sessão. A DRJ em São Paulo SP manteve o lançamento, nos termos do Acórdão no 1756.875, de 19/01/2012, cuja ementa apresenta o seguinte teor: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 18/06/2007 No curso da ação fiscal, foi obtido um conjunto muito forte de fatos indiciários que apontavam no sentido de que a autuada havia cedido seu nome em diversas operações de importação para atender aos interesses comerciais de terceiros, seus supostos clientes. Interposta pessoa, o mesmo que ‘interposta persona’, é a pessoa que se interpõe, em negócio de outrem, para realizálo em substituição da que tinha a incumbência de fazêlo. Em não se provando a regular origem dos recursos, incorrese em infração tipificada. No caso em tela, pelos fatos expostos, a empresa autuada incorreu na infração tipificada no 33 da Lei 11.488/07. Fl. 1207DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10314.720365/201135 Acórdão n.º 3302001.892 S3C3T2 Fl. 4 3 A base de cálculo do imposto de importação corresponde ao valor aduaneiro da mercadoria. O exame da relevação da pena de perdimento não é passível de exame neste foro. Ciente da decisão de primeira instância em 07/02/2012, conforme AR de fl. 1173, a empresa autuada interpôs recurso voluntário no dia 29/02/2012, no qual alega, em apertada síntese, que: 1 a receita bruta dos anos de 2008 e 2009 foi superior ao valor das importações realizadas, comprovando que possuía recursos para efetuar as importações. O fato dos recursos financeiros serem inferiores à receita bruta não é prova suficiente de que a Recorrente não dispunha de recursos para efetuar as importações. Isto porque os títulos de crédito que circulam através de endosso não passam pela movimentação financeira. 2 estava habilitada perante a Receita Federal para realizar importações por encomenda e nas importações realizadas pela empresa TEC IMPORTS (importadora), a Recorrente consta na DI como encomendante das mercadorias importadas. Todas as condições exigidas para este tipo de operação foram cumpridas tanto pela Recorrente (encomendante) como pela empresa importadora; 3 a Fiscalização reconhece que a Recorrente não agiu com fraude ou simulação. O que faltou foi conhecimento ao ceder o nome para atender os interesses comerciais de terceiros, nas palavras da autoridade fiscal; 4 não há óbice legal para as mercadorias não entrarem fisicamente no estoque da Recorrente, indo diretamente para os novos destinatários, mediante emissão de nota fiscal de venda, com destaque do IPI. Foi o que fez a Recorrente. 5 as disposições do art. 33 da Lei nº 11.488/2007 referemse à ação fraudulenta ou simulada com o propósito exclusivo de ocultar o real destinatário das mercadorias importadas, o que não é o caso em tela, posto que não ocultou o destinatário das mercadorias, já que emitiu e escriturou as notas fiscais e pagou os tributos devidos; 6 as IN SRF nº 206 e 228 estenderam a tipificação do crime de interposição fraudulenta para alcançar, além das operações que resulte o emprego de recursos obtidos ilicitamente, outras situações que possam configurar outras infrações à legislação em vigor; 7 atende as condições para aplicação da relevação da multa, devendo o processo ser encaminhado ao Secretário da RFB para decidir sobre seu pedido de relevação da multa, pelas razões que cita, inclusive precedente do extinto Terceiro Conselho de Contribuintes; 8 a multa isolada por descumprimento de obrigação tributária é matéria do Recurso Extraordinário (RE) nº 640452, no qual o STF reconheceu a existência de repercussão geral, devendo o julgamento do presente recurso ficar sobrestado até a decisão final do STF no referido recurso extraordinário. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este Conselheiro Relator. É o Relatório do essencial. Fl. 1208DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10314.720365/201135 Acórdão n.º 3302001.892 S3C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro WALBER JOSÉ DA SILVA Relator. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais. Dele se conhece. Como relatado, a empresa Recorrente está sendo acusada de ceder o seu nome a terceiros para importação de mercadorias, de forma direta ou por encomenda junto a empresa especializada. Pelos fatos descritos na autuação, existem fortes indícios de que a Recorrente cedeu, de fato, seu nome para as empresas MEGA DO BRASIL IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. e GLOBAL BEAUTY ASSISTÊNCIA TÉCNICA LTDA. realizarem importações. Dentre estes indícios, merecer destaque: 1 as mercadorias importadas foram transferidas para as MEGA DO BRASIL e GLOBAL BEAUTY, sem passar pelo estabelecimento da Recorrente; 2 a Recorrente não tinha autorização do IBAMA para utilizar “Selo de Ruído”, obrigatório para secadores de cabelo. Os selos utilizados nos secadores de cabelo importados pela Recorrente pertenciam à empresa MEGA DO BRASIL; 3 não existe contrato para amparar as operações de compra e venda das mercadorias importadas e destinadas integralmente às empresa MEGA DO BRASIL e GLOBAL BEAUTY, num valor aproximado de R$ 11 milhos; 4 a Recorrente não provou possuir recursos próprios para fazer o pagamento das importações realizadas, por sua encomenda, pela TEC IMPORTS. O sócioadministrador informou à Fiscalização que os pagamentos eram feitos com recursos depositados pelos “clientes”, ou seja, as empresa supracitadas; 5 os pagamentos feitos pela MEGA DO BRASIL à Recorrente, pela compra de mercadorias, representam apenas 50% da soma dos valores das notas fiscais de compra; 6 a MEGA DO BRASIL efetuou o pagamento de compras de mercadorias feitas junto à Recorrente mediante o depósito em conta bancária da TEC IMPORTS, que efetuou importações por encomenda da Recorrente; 7 até julho de 2008, o Sr. Enrique Fabian Gonzalez Escalada, CPF 173.539.00890, era sócioadministrador da MEGA DO BRASIL e da GLOBAL BEAUTY; 8 no período de 2008 a 2010, apesar de importar mais de R$ 12 milhos, a Recorrente contou apenas com 04 (quatro) empregados registrados; 9 em 2008 a movimentação financeira não cobriu os dispêndios com importação; Fl. 1209DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10314.720365/201135 Acórdão n.º 3302001.892 S3C3T2 Fl. 6 5 10 no período de 20082009, o valor das importações realizadas extrapolou significativamente o montante autorizado pela Receita Federal no comércio exterior (Radar); 11 No Balanço Patrimonial de 2008 da Recorrente, a conta “Clientes” (Ativo Circulante) apresenta saldo inicial credor, no valor de R$ 2.136.370,77, e no Balanço Patrimonial de 2009, a conta “Fornecedores” (Passivo Circulante) apresenta saldo final devedor, no valor de R$ 346.488,03; 12 a empresa TEC IMPORTS declarou e provou que a Recorrente depositou em sua conta corrente R$ 2,2 milhões, sendo que na contabilidade da Recorrente está registrado que ela comprou mais de R$ 10 milhões em mercadorias da referida trading; 13 intimada, a Recorrente não comprovou o recebimento do valor das mercadorias vendidas para a MEGA DO BRASIL e nem soube associar os recebimentos às notas fiscais de venda; 14 a “cliente” da Recorrente MEGA DO BRASIL apresentou comprovante de transferência de R$ 4,7 milhões para a Recorrente, sendo que o valor das vendas realizadas pela Recorrente para a MEGA DO BRASIL foi superior a R$ 10 milhões; 15 o Sr. Vagner Santos da Silva, CPF 105.441.68852, contador da MEGA DO BRASIL, também era contador da GLOBAL BEAUTY; 16 Quando eram administradas pelo sócio comum, Sr. Enrique Fabian Gonzalez Escalada, ambas as empresas eram vizinhas (até julho de 2008), na Rua Catulo da Paixão Cearense, Vila da Saúde, São Paulo/SP: enquanto a GLOBAL BEAUTY estava no nº 563, a MEGA DO BRASIL estava no nº 549. Diante dos fatos acima e de outros consignados no auto de infração, a Fiscalização efetuou o lançamento da multa prevista no 727 do RA/2009, abaixo transcrito: Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei no 11.488, de 2007, art. 33, caput). § 1o A multa de que trata o caput não poderá ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais)(Lei no 11.488, de 2007, art. 33, caput). § 2o Entendese por valor da operação aquele utilizado como base de cálculo do imposto de importação ou do imposto de exportação, de acordo com a legislação específica, para a operação em que tenha ocorrido o acobertamento. § 3o A multa de que trata este artigo não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias importadas ou exportadas. Em sua defesa, a Recorrente alega que a receita bruta dos anos de 2008 e 2009 foi superior ao valor das importações realizadas, comprovando que tinha recursos para efetuar as importações. Fl. 1210DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10314.720365/201135 Acórdão n.º 3302001.892 S3C3T2 Fl. 7 6 Em nenhum momento a Fiscalização afirma que a receita bruta da recorrente é menor que o valor das importações. O que a Fiscalização afirma e prova é que a Recorrente não possuía recursos financeiros para efetuar o pagamento das importações. Isto porque a maior parte do valor das “mercadorias vendidas” pela Recorrente não passaram por suas contas correntes mantidas em instituições financeiras. Como ficou vastamente provado, a própria “cliente” da Recorrente era quem fazia o pagamento, à TEC IMPORTS, de parte das mercadorias importadas por encomenda pela Recorrente. Os pagamentos feitos diretamente pela Recorrente à TEC IMPORTS representam 22% do valor das importações. Se considerarmos que todos os recursos financeiros entregues pela MEGA DO BRASIL à Recorrente foram empregados para pagar as importações feitas através da trading, esse percentual sobre para 47%. O pagamento dos outros 53% não foram feitos pela Recorrente e sim pelo verdadeiro importador das mercadorias, ao qual ela Recorrente emprestou o seu nome. São reais importadores as empresas MEGA DO BRASIL e GLOBAL BEAUTY. Portanto, a alegação da Recorrente de que seu faturamento foi maior do que as importações não serve para comprovar que possuía recursos financeiros para pagar as importações. Isto porque o ato de faturar a venda de mercadorias (receita bruta) não é sinônimo de disponibilidade de recursos financeiro (dinheiro) no caixa ou em bancos comerciais. Tanto é que a Recorrente sequer logrou provar que recebeu os recursos financeiros provenientes de suas vendas e que efetuou o pagamento do valor de suas importações realizadas. Estas são duas operações elementares para qualquer empresa comercial. Quanto à alegação de que estava habilitada a realizar importações, em nenhum momento isto foi negado pela acusação. A única referencia a isto é a acusação de que o valor importado ultrapassou o autorizado pela RFB (Radar). Esclareçase que foi exatamente a regular habilitação da Recorrente para importar que viabilizou o empréstimo de seu nome para as empresas MEGA DO BRASIL e GLOBAL BEAUTY realizarem importações. Também não procede a alegação da Recorrente de que a Fiscalização reconheceu que ela Recorrente não agiu com fraude ou dolo. Ao contrário, a Fiscalização prova que a Recorrente simulou estar importando mercadorias para revenda, quando de fato não possuía recursos financeiros para tal, sendo os verdadeiros importadores os seus “clientes”, que escolhiam as mercadorias a importar e efetuavam o seu pagamento junto à trading importadora. Tem razão a Recorrente quando afirma que não há óbice legal para as mercadorias não entrarem fisicamente no seu estoque (leiase, estabelecimento), indo diretamente para os novos destinatários, mediante emissão de nota fiscal de venda, com destaque do IPI. É verdade. Só que nestas operações de venda e entrega da mercadoria importada, o vendedor/importador é quem escolhe as mercadorias a importar; é quem paga o preço das mercadorias importadas; vende as mercadorias pelo preço de mercado ou por outro preço ajustado em contrato; recebe o valor faturado; é que registra todas as operações em sua contabilidade na forma prescrita na legislação comercial e fiscal. Não é este o caso da Recorrente. Sobre as disposições do art. 33 da Lei nº 11.488/2007, não há referência direta nas mesmas a fraude ou simulação, embora esteja implícito. No caso dos autos, a Fl. 1211DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10314.720365/201135 Acórdão n.º 3302001.892 S3C3T2 Fl. 8 7 Recorrente simulou que importava e revendia mercadorias quando, na verdade, quem importava eram seus “clientes”, que escolhiam as mercadorias no exterior e efetuavam o pagamento do preço à trading importadora, tudo feito em nome da Recorrente, que completava a farsa expedindo nota fiscal de “venda”, registrando a operação nos seus livros comerciais e fiscais (mesmo que de forma irregular), sem, contudo, a ela pertencer os recursos financeiros utilizados para pagar o valor das mercadorias importadas e demais custos aduaneiros. Sobre os argumentos de que as IN SRF nº 206 e 228, ambas de 2002, extrapolaram a aplicação da norma penal tributária, não vejo violação aos dispositivos legais que regulamenta (MP nº 2.15835/01, art. 80, DecretoLei nº 1.455/76, art. 23, e Lei nº 9.430/96, art. 81). Não houve o alegado desvio de finalidade da IN SRF nº 228/02 porque todas as disposições dizem respeito a instrumentos legítimos para combater o crime tributário de interposição fraudulenta de pessoas nas operações de importação, não tendo incluído nenhuma pessoa desvinculada de tais operações, como alega a Recorrente. Sobre o pedido de relevação da multa, o atual Regimento Interno do CARF RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, não trás nenhuma disposição relacionada à matéria. Portanto, a existência de tal pedido da Recorrente não obsta o regular processamento do recurso voluntário neste Tribunal Administrativo. Deve, portanto, a recorrente dirigirse à autoridade competente para apreciar e decidir seu pedido. Sobre o pedido de sobrestamento do julgamento em razão da existência de Recurso Extraordinário com repercussão geral reconhecida pelo STF (RE nº 640652), além da matéria tratada no referido recurso ser diferente da aqui tratada, este Conselheiro Relator desconhece decisão no STF no sentido de sobrestar o julgamento de Recurso Extraordinário em tramitação naquela corte em razão no reconhecimento da repercussão geral no RE 640652, condição exigida pelo Regimento Interno do CARF para sobrestar o julgamento (§ 1º, do art. 62A, do RICARF c/c art. 1º da Portaria CARF nº 01/2012). No mais, com fulcro no art. 50, § 1o, da Lei no 9.784/19991, adoto e ratifico os fundamentos do acórdão de primeira instância. Por tais razões, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Relator 1 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: [. . .] § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 1212DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10314.720365/201135 Acórdão n.º 3302001.892 S3C3T2 Fl. 9 8 Fl. 1213DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10711.008840/2008-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Dec 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 24/11/2008
CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 1 DO CARF.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. MEDIDA JUDICIAL SUSPENSIVA.
A suspensão da exigibilidade do crédito tributário na forma do art. 151 do CTN não obsta o lançamento de ofício.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3102-001.652
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente.
Winderley Morais Pereira - Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, Winderley Morais Pereira, Adriana Oliveira e Ribeiro e Nanci Gama.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201210
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 24/11/2008 CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 1 DO CARF. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. MEDIDA JUDICIAL SUSPENSIVA. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário na forma do art. 151 do CTN não obsta o lançamento de ofício. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Dec 13 00:00:00 UTC 2012
numero_processo_s : 10711.008840/2008-13
anomes_publicacao_s : 201212
conteudo_id_s : 5177634
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Dec 17 00:00:00 UTC 2012
numero_decisao_s : 3102-001.652
nome_arquivo_s : Decisao_10711008840200813.PDF
ano_publicacao_s : 2012
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10711008840200813_5177634.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente. Winderley Morais Pereira - Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, Winderley Morais Pereira, Adriana Oliveira e Ribeiro e Nanci Gama.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2012
id : 4418629
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:55:29 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041214329061376
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1748; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T2 Fl. 219 1 218 S3C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10711.008840/200813 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3102001.652 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de outubro de 2012 Matéria Obrigaçõs Acessórias Recorrente SISTERMI LOCAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/11/2008 CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 1 DO CARF. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. MEDIDA JUDICIAL SUSPENSIVA. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário na forma do art. 151 do CTN não obsta o lançamento de ofício. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente. Winderley Morais Pereira Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 00 88 40 /2 00 8- 13 Fl. 220DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA 2 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, Winderley Morais Pereira, Adriana Oliveira e Ribeiro e Nanci Gama. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. “0 presente processo referese aos autos de infração de fls. 01/12, lavrados para as exigências de Cofins e PIS/PASEP, totalizando um crédito tributário no valor de R$333 .472,54. Segundo relato da fiscalização, a interessada registrou a DI n.° 08/18837807 em 24/11/2008, sem o recolhimento de PIS e Cofins tendo em vista a efetivação de depósito judicial nos autos do mandado de segurança n.° 2008.51.01.0243248 para garantia da suspensão da exigibilidade dos tributos. Desta forma a fiscalização, a fim de resguardar os interesses da Fazenda Nacional, lançou nos presentes autos de infração os valores devidos e não recolhidos, porém com exigibilidade suspensa. Intimada da autuação, a interessada apresentou a impugnação de fls. 28/34, alegando que embora tendo conhecimento da suspensão da exigibilidade do crédito, agasalhada pelo mandado de segurança, a autoridade fiscal procedeu à lavratura dos autos de infração, em desacordo com a melhor doutrina constitucional. A impugnante teve seu direito reconhecido e mantido através do mandado de segurança, não podendo a União cobrar nada dela até que sejam resolvidos em última instância os processos judiciais. Por estas razões requer a insubsistência dos autos de infração." A Delegacia da Receita Federal de Julgamento decidiu pela improcedência da impugnação, mantendo integralmente o lançamento. A decisão da DRJ foi assim ementada. " ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/11/2008 CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DEPÓSITO JUDICIAL. Fl. 221DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10711.008840/200813 Acórdão n.º 3102001.652 S3C1T2 Fl. 220 3 O depósito judicial efetuado com vistas à suspensão da exigibilidade do crédito tributário não afasta a constituição do mesmo através de auto de infração ou lançamento, tendo em vista a prevenção da decadência. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" Cientificada da decisão, a empresa apresentou recurso voluntário, repisando as alegações já apresentadas na impugnação. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O recurso é voluntário e tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isto, ser conhecido. A teor do relatado a Recorrente discute judicialmente a incidência do PIS e da COFINS sobre a importação no mandado de segurança n.° 2008.51.01.0243248, realizando os depósitos judiciais pertinentes a demanda. Sendo assim, não cabe a discussão administrativa quanto ao mérito da exigência constante do lançamento em razão da concomitância. O código Tributário Nacional ao excluir da apreciação dos tribunais administrativos, a matéria objeto de ação judicial, visa evitar decisões divergentes. Diante do principio da unidade de jurisdição prevalente no País em que decisões judiciais são soberanas a propositura destas afasta a possibilidade de apreciação pela via administrativa. Portanto, no caso em tela, tratandose da mesma matéria. A propositura de ação judicial afasta a apreciação pelos ritos do Processo Administrativo Fiscal. Tal entendimento foi objeto da Súmula nº 1 do CARF, publicada no DOU de 22/12/2009. “Súmula CARF nº 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas Fl. 222DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA 4 a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.” Quanto a alegação de ilegalidade no lançamento realizado, visto a matéria ser objeto de discussão judicial, também não pode prosperar. O art. 151 do Código Tributário Nacional determina a suspensão da exigibilidade do crédito tributário com liminar ou depósito judiciais. Entretanto, a suspensão da exigibilidade não obsta o lançamento pelo Fisco. A suspensão prevista no art. 151 impede a fazenda pública que adote medidas coercitivas para exigir do sujeito passivo o cumprimento da obrigação tributária, não impedindo o lançamento para constituição do crédito tributário ainda não constituído. Ademais, o prazo decadencial não se suspende ou interrompe e não existindo a constituição do crédito tributário objeto de discussão judicial, fica a autoridade fiscal obrigada a adotar todas as condutas necessárias a constituição do crédito, que deverá ser registrado com a exigibilidade suspensa até que se resolva a discussão na esfera judicial. Neste diapasão, agiu dentro das normas legais a autoridade autuante ao realizar o lançamento com a exigibilidade suspensa. Diante do exposto voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. Winderley Morais Pereira Fl. 223DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001215/2005-18
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Jan 24 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002, 2003
COOPERATIVA DE CRÉDITO. RECEITAS DECORRENTES DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS. CARACTERIZAÇÃO COMO ATO COOPERATIVO. ENTENDIMENTO DO STJ. IRPJ E CSLL. NÃO INCIDÊNCIA.
Nos casos de cooperativas de crédito, tendo em vista a sua especificidade, as receitas decorrentes de aplicações financeiras, que não lhe originam lucro, mas que são destinadas aos próprios cooperados, não sofrem a incidência de IRPJ nem de CSLL, pois que referidas aplicações, conforme entendimento do próprio STJ, enquadram-se no conceito de atos cooperativos.
Numero da decisão: 9101-001.518
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos FISCAIS, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo
Presidente
(assinado digitalmente)
Susy Gomes Hoffmann
Relatora
Participaram do julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Junior, Jorge Celso Freire da Silva, Susy Gomes Hoffmann, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira, Valmir Sandri, Valmar Fonsêca de Menezes, José Ricardo da Silva e Plínio Rodrigues de Lima.
Matéria: IRPJ - AF (ação fiscal) - Instituição Financeiras (Todas)
Nome do relator: SUSY GOMES HOFFMANN
1.0 = *:*
toggle all fields
materia_s : IRPJ - AF (ação fiscal) - Instituição Financeiras (Todas)
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201211
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002, 2003 COOPERATIVA DE CRÉDITO. RECEITAS DECORRENTES DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS. CARACTERIZAÇÃO COMO ATO COOPERATIVO. ENTENDIMENTO DO STJ. IRPJ E CSLL. NÃO INCIDÊNCIA. Nos casos de cooperativas de crédito, tendo em vista a sua especificidade, as receitas decorrentes de aplicações financeiras, que não lhe originam lucro, mas que são destinadas aos próprios cooperados, não sofrem a incidência de IRPJ nem de CSLL, pois que referidas aplicações, conforme entendimento do próprio STJ, enquadram-se no conceito de atos cooperativos.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Jan 24 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 16327.001215/2005-18
anomes_publicacao_s : 201301
conteudo_id_s : 5183092
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat Feb 02 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 9101-001.518
nome_arquivo_s : Decisao_16327001215200518.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : SUSY GOMES HOFFMANN
nome_arquivo_pdf_s : 16327001215200518_5183092.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos FISCAIS, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (assinado digitalmente) Susy Gomes Hoffmann Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Junior, Jorge Celso Freire da Silva, Susy Gomes Hoffmann, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira, Valmir Sandri, Valmar Fonsêca de Menezes, José Ricardo da Silva e Plínio Rodrigues de Lima.
dt_sessao_tdt : Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2012
id : 4463593
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:14 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041214365761536
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1698; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 2 1 1 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 16327.001215/200518 Recurso nº 158.035 Especial do Procurador Acórdão nº 9101001.518 – 1ª Turma Sessão de 20 de novembro de 2012 Matéria IRPJ Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COOPERATIVA CENTRAL DE C´REDITO DE SÃO PAULO CENTRAL SICREDI SP ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002, 2003 COOPERATIVA DE CRÉDITO. RECEITAS DECORRENTES DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS. CARACTERIZAÇÃO COMO ATO COOPERATIVO. ENTENDIMENTO DO STJ. IRPJ E CSLL. NÃO INCIDÊNCIA. Nos casos de cooperativas de crédito, tendo em vista a sua especificidade, as receitas decorrentes de aplicações financeiras, que não lhe originam lucro, mas que são destinadas aos próprios cooperados, não sofrem a incidência de IRPJ nem de CSLL, pois que referidas aplicações, conforme entendimento do próprio STJ, enquadramse no conceito de atos cooperativos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos FFIISSCCAAIISS, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (assinado digitalmente) Susy Gomes Hoffmann AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 12 15 /2 00 5- 18 Fl. 1685DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 22/01/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN Processo nº 16327.001215/200518 Acórdão n.º 9101001.518 CSRFT1 Fl. 3 2 Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Junior, Jorge Celso Freire da Silva, Susy Gomes Hoffmann, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira, Valmir Sandri, Valmar Fonsêca de Menezes, José Ricardo da Silva e Plínio Rodrigues de Lima. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (fls. 1630/1639). Lavrouse o auto de infração contra o contribuinte, (Termo de Verificação Fiscal fls. 198/203), para a exigência de IRPJ e CSLL, nos valores, respectivamente, de R$ 2.251.211,58 e R$ 827.716,15, acrescidos de multa de ofício de 75% e juros de mora. Constou, do Termo de Verificação Fiscal, que o contribuinte integra o Sistema de Crédito CooperativoSICREDI, que é formado por cooperativas de créditos singulares, suas centrais, uma confederação, o banco cooperativo SICREDI S.A BANSICREDI e suas empresas ligadas, BC Card e Corretora de Seguros. Expôsse que uma das funções do contribuinte autuado é a de administrar o excedente de liquidez das afiliadas (percentual de recursos que não são empregados no quadro social) redirecionandose os recursos para outras cooperativas ou para aplicações financeiras no mercado financeiro, principalmente em Bancos Cooperativos. Constatouse que a maior parte das receitas do contribuinte era advinda de rendas de títulos de renda fixa (aplicações feitas no BANSICREDI e em outros bancos comerciais). O contribuinte, contudo, não recolheu qualquer tributo sobre tais receitas, por entender que se constituíam em atos cooperativos, essenciais à sua finalidade. Contudo, o Fisco posicionouse, com base no artigo 74 da Lei n° 5.764/71, no sentido de que as aplicações financeiras em questão (efetuadas no BANSICRED e nos outros bancos comerciais) não têm natureza de atos cooperativos, incidindo, sobre elas, a correspondente tributação. Citouse, também, a súmula n° 262 do STJ, bem como o artigo 1° da Instrução Normativa SRF n° 333/2003. O contribuinte apresentou impugnação às fls. 225/268. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento (fls. 331/338) julgou procedente o lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIDICA IRPJ Anocalendário: 2002, 2003 ATOS NÃO COOPERATIVOS. INCIDÊNCIA DO IRPJ. Fl. 1686DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 22/01/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN Processo nº 16327.001215/200518 Acórdão n.º 9101001.518 CSRFT1 Fl. 4 3 Atos cooperativos são somente os praticados entre a cooperativa e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para consecução dos objetivos sociais, nos termos da Lei n' 5.764, de 1971. APLICAÇÕES FINANCEIRAS. TERCEIROS NÃO ASSOCIADOS. Aplicações financeiras realizadas pelas cooperativas de crédito em outras instituições financeiras não cooperativas não se caracterizam como atos cooperativos, incidindo o imposto de renda sobre o resultado obtido pela cooperativa nessas aplicações. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002, 2003 LANÇAMENTO DECORRENTE. Decorrendo o lançamento da CSLL de infração constatada na autuação do IRPJ, e reconhecida a procedência do lançamento deste, procede também o lançamento daquela, em virtude da relação de causa e efeito que os une. Lançamento Procedente O contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 342/390). A antiga Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes (fls. 1619/1625) deu provimento ao recurso voluntário, nos termos da seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Pessoa Jurídica IRPJ e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 2002 e 2003 Ementa: RECURSO VOLUNTÁRIO COOPERATIVA DE CRÉDITO APLICAÇÕES FINANCEIRAS – ATOS COOPERATIVOS NÃO INCIDÊNCIA DE IRPJ Em virtude do peculiar regime jurídico aplicável às cooperativas, o IRPJ não incide sobre os resultados dos atos cooperativos. As receitas obtidas pelas cooperativas de crédito por meio da aplicação financeira de recursos de seus cooperados não são passíveis de tributação pelo IRPJ, vez que decorrentes de atos cooperativos. Ademais, como toda a receita obtida no mercado financeiro é, posteriormente, repassada aos cooperados, não há de se falar em renda por parte da cooperativa central e sim de seus associados. CSLL NÃO INCIDÊNCIA SOBRE ATOS COOPERATIVOS RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO COM O LANÇAMENTO Fl. 1687DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 22/01/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN Processo nº 16327.001215/200518 Acórdão n.º 9101001.518 CSRFT1 Fl. 5 4 DE IRPJ O lançamento de CSLL guarda estreita relação de causa e efeito com o lançamento de IRPJ, porquanto é dele decorrente. Assim, julgado improcedente o lançamento de IRPJ, o lançamento de CSLL, também, será. Recurso voluntário provido A Procuradoria da Fazenda Nacional, então, interpôs o presente recurso especial, com fundamento em divergência jurisprudencial. Argumentou, com base em entendimento do STJ, e com fundamento na definição de atos cooperativos estabelecida no artigo 79 da Lei n° 5764/71, que as aplicações efetuadas em instituições financeiras não se enquadram em tal definição, incidindo, portanto, sobre as respectivas rendas, o IRPJ e a CSLL. Ressaltou que o caso tem uma circunstância específica, consistente no fato de tratarse de uma cooperativa de crédito que “para a consecução desses objetivos, pratica operações de crédito ativas e passivas: captando recursos de seus associados, aplicando no mercado financeiro, obtendo crédito junto a instituições financeiras, emprestando a seus associados, entre outras”. Diante disso, ressaltouse que, tendo em vista que as aplicações financeiras foram efetuadas junto a bancos, independentemente de ter havido devolução de sobras ou não, ou de ter havido ou não intuito de lucro, deve haver a tributação nas operações que envolvam pessoas estranha à cooperativa ou que não esteja a ela associada. O contribuinte apresentou contrarrazões às fls. 1652/1661. Voto Conselheira Susy Gomes Hoffmann, Relatora O presente recurso especial é tempestivo. Preenche, também, os demais requisitos de admissibilidade, tendo em vista que a recorrente logrou demonstrar a divergência jurisprudencial suscitada, que trata da incidência, ou não, do IRPJ e da CSLL sobre as receitas decorrentes de aplicações financeiras concernentes a cooperativas de crédito. No presente caso, o contribuinte (Cooperativa Central de Crédito de São Paulo), conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal (fls. 198 e seguintes) é integrante do Sistema de Crédito Cooperativo SICREDI, “formado pelas cooperativas de créditos singulares, suas centrais, uma confederação, o Banco Cooperativo SICREDI S.A BANSICREDI e suas empresas ligadas, BC Card e Corretora de Seguros.” Pois bem, sobre o tema da tributação das receitas financeiras obtidas por cooperativas (genericamente falando), o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento Fl. 1688DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 22/01/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN Processo nº 16327.001215/200518 Acórdão n.º 9101001.518 CSRFT1 Fl. 6 5 firmado, retratado em sua súmula jurisprudencial e em julgamento de recurso repetitivo (Resp n° 58265): PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. RESULTADO POSITIVO DECORRENTE DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS REALIZADAS PELAS COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA. ATOS NÃOCOOPERATIVOS. SÚMULA 262/STJ. APLICAÇÃO. 1. O imposto de renda incide sobre o resultado positivo das aplicações financeiras realizadas pelas cooperativas, por não caracterizarem "atos cooperativos típicos" (Súmula 262/STJ). 2. A base de cálculo do imposto de renda das pessoas jurídicas (critério quantitativo da regra matriz de incidência tributária) compreende o lucro real, o lucro presumido ou o lucro arbitrado, correspondente ao período de apuração do tributo. 3. O lucro real é definido como o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária (artigo 6º, do DecretoLei 1.598/77, repetido pelos artigos 154, do RIR/80, e 247, do RIR/99). 4. As sociedades cooperativas, quando da determinação do lucro real, apenas podem excluir do lucro líquido os resultados positivos decorrente da prática de "atos cooperativos típicos", assim considerados aqueles praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais (artigo 79, caput, da Lei 5.764/71). 5. O artigo 111, da Lei das Cooperativas (Lei 5.764/71), preceitua que são consideradas rendas tributáveis os resultados positivos obtidos pelas cooperativas nas operações de aquisição de produtos ou de fornecimento de bens e serviços a não associados (artigos 85 e 86) e de participação em sociedades não cooperativas (artigo 88), assim dispondo os artigos 87 e 88, parágrafo único, do aludido diploma legal (em sua redação original): "Art. 87. Os resultados das operações das cooperativas com não associados, mencionados nos artigos 85 e 86, serão levados à conta do 'Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social' e serão contabilizados em separado, de molde a permitir cálculo para incidência de tributos. Art. 88. Mediante prévia e expressa autorização concedida pelo respectivo órgão executivo federal, consoante as normas e limites instituídos pelo Conselho Nacional de Cooperativismo, poderão as cooperativas participar de sociedades não cooperativas públicas ou privadas, em caráter excepcional, para atendimento de objetivos acessórios ou complementares. Parágrafo único. As inversões decorrentes dessa participação serão contabilizadas em títulos específicos e seus eventuais resultados positivos levados ao 'Fundo de Assistência Técnica, Fl. 1689DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 22/01/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN Processo nº 16327.001215/200518 Acórdão n.º 9101001.518 CSRFT1 Fl. 7 6 Educacional e Social'." 6. Outrossim, o Decreto 85.450/80 (Regulamento do Imposto de Renda vigente à época) preceituava que: "Art. 129 As sociedades cooperativas, que obedecerem ao disposto na legislação específica, pagarão o imposto calculado unicamente sobre os resultados positivos das operações ou atividades: I de comercialização ou industrialização, pelas cooperativas agropecuárias ou de pesca, de produtos adquiridos de não associados, agricultores, pecuaristas ou pescadores, para completar lotes destinados ao cumprimento de contratos ou para suprir capacidade ociosa de suas instalações industriais (Lei n. 5.764/71, artigos 85 e 111); II de fornecimento de bens ou serviços a não associados, para atender aos objetivos sociais (Lei n. 5.764/71, artigos 86 e 111). III de participação em sociedades não cooperativas, públicas ou privadas, para atendimento de objetivos acessórios ou complementares, desde que prévia e expressamente autorizadas pelo órgão executivo federal competente (Lei n. 5.764/71, artigos 88 e 111). § 1º É vedado às cooperativas distribuir qualquer espécie de benefício às quotaspartes do capital ou estabelecer outras vantagens ou privilégios, financeiros ou não, em favor de quaisquer associados ou terceiros, excetuados os juros até o máximo de 12% (doze por cento) ao ano atribuídos ao capital integralizado (Lei n. 5.764/71, art. 24, § 3º, e DecretoLei n. 1.598/77, art. 39, I, b). § 2º A inobservância do disposto no parágrafo anterior importará tributação dos resultados, na forma prevista neste Regulamento." 7. Destarte, a interpretação conjunta dos artigos 111, da Lei das Cooperativas, e do artigo 129, do RIR/80, evidencia a mens legislatoris de que sejam tributados os resultados positivos decorrentes de atos não cooperativos, ou seja, aqueles praticados entre a cooperativa e não associados, ainda que para atender a seus objetivos sociais. 8. Deveras, a caracterização de atos como cooperativos deflui do atendimento ao binômio consecução do objeto social da cooperativa e realização de atos com seus associados ou com outras cooperativas, não se revelando suficiente o preenchimento de apenas um dos aludidos requisitos. 9. Ademais, o ato cooperativo típico não implica operação de mercado, ex vi do disposto no parágrafo único, do artigo 79, da Lei 5.764/71. 10. Conseqüentemente, as aplicações financeiras, por constituírem operações realizadas com terceiros não associados (ainda que, indiretamente, em busca da consecução do objeto social da cooperativa), consubstanciam "atos nãocooperativos", cujos resultados positivos devem integrar a base de cálculo do imposto de renda. Fl. 1690DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 22/01/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN Processo nº 16327.001215/200518 Acórdão n.º 9101001.518 CSRFT1 Fl. 8 7 11. Recurso especial da Fazenda Nacional provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 58265/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2009, DJe 01/02/2010) A Súmula n° 262 do STJ, no mesmo sentido, estabelece que “incide o imposto de renda sobre o resultado das aplicações financeiras realizadas pelas cooperativas”. Tal entendimento, contudo, referese às cooperativas em geral. Na sua consolidação, o STJ não trouxe à baila a análise específica da situação das Cooperativas de Crédito. Pelo contrário, ao fazêlo, o Égrégio Tribunal manifestouse, por diversas vezes, no sentido de excluilas do entendimento retratado no acórdão e na súmula acima transcritos. Isto porque, tratandose de Cooperativa de Crédito, as receitas financeiras, efetivamente, consubstanciam atos cooperativos. Neste sentido, os seguintes julgados: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. COOPERATIVAS DE CRÉDITO. APLICAÇÕES FINANCEIRAS. ATOS COOPERATIVOS. IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA 262/STJ. INAPLICABILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REVISÃO. MATÉRIA FÁTICOPROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmouse no sentido de que os atos cooperativos típicos – assim entendidos aqueles praticados entre as cooperativas e seus associados ou entre os associados e as cooperativas, ou ainda entre cooperativas, para a consecução dos objetivos sociais – não geram receita ou lucro, consoante disposto no art. 79, parágrafo único, da Lei 5.764/1971. 2. A Primeira Seção do STJ pacificou o entendimento de que toda movimentação financeira das cooperativas de crédito – incluindo a captação de recursos, a realização de empréstimos aos cooperados, bem como a efetivação de aplicações financeiras no mercado – constitui ato cooperativo. 3. Inferese que, se as aplicações financeiras das cooperativas de crédito, por serem atos cooperativos típicos, não geram receita, lucro ou faturamento, o resultado positivo decorrente desses negócios jurídicos não sofre a incidência do Imposto de Renda. 4. Acresçase que os julgados que deram origem ao enunciado da Súmula 262/STJ não analisaram a situação específica das cooperativas de crédito, cuja atividade básica está relacionada à gerência financeira dos recursos creditícios dos associados. 5. Provido o Recurso Especial para reformar o acórdão recorrido quanto ao mérito, fazse necessária a apreciação pelo STJ dos honorários advocatícios devidos pelo sucumbente. Tratase de aplicação do direito à espécie. Fl. 1691DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 22/01/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN Processo nº 16327.001215/200518 Acórdão n.º 9101001.518 CSRFT1 Fl. 9 8 6. No caso concreto, inverto os honorários advocatícios, restabelecendo os valores fixados na sentença, a qual condenou a União ao pagamento da verba honorária em 5% (cinco por cento) do valor atribuído à causa (R$ 805.433,30 – oitocentos e cinco mil, quatrocentos e trinta e três reais e trinta centavos), corrigido monetariamente, dado o elevado valor conferido à demanda. 7. Essa inversão é possível, pois, de acordo com a jurisprudência deste Tribunal Superior, "1. O STJ, ao aplicar o direito à espécie, após conhecer do recurso especial, rejulga a causa (...). 2. Possibilidade de fixação de honorários advocatícios em percentual inferior ao mínimo de 10% (dez por cento), quando vencida a Fazenda Pública, mediante a aplicação do art. 20, § 4º do CPC" (AgRg no REsp 418.640/DF, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ 2.6.2003). Na mesma linha de entendimento: "conhecido o recurso, é possível ao STJ, desde logo, aplicar o direito à espécie, nos termos do art. 257 do seu Regimento Interno, não havendo que se falar em supressão de instância. 3. O valor dos honorários foi fixado com razoabilidade, no mínimo legal, devendo ser ressaltado o fato de que a tese defendida pela parte só veio a ser acolhida na instância Superior, demandando acompanhamento profissional contínuo, que merece ser prestigiado" (EDcl REsp 1.130.634/RS. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, Dje 15.12.2009). 8. Agravo Regimental do Ministério Público não provido e Agravo da Fazenda Nacional parcialmente provido tãosomente para inverter os honorários advocatícios, restabelecendo a condenação da União, fixada na sentença, ao pagamento dos ônus sucumbenciais em 5% sobre o valor da causa, atualizado monetariamente. (AgRg no AgRg no REsp 717.126/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/02/2010, DJe 24/02/2010) PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – NÃO INCIDÊNCIA DO PIS SOBRE AS APLICAÇÕES FINANCEIRAS REALIZADAS PELAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO. 1. Conforme jurisprudência sedimentada pelas Turmas da Primeira Seção, as aplicações financeiras das sociedades cooperativas de crédito não sofrem a incidência do PIS. 2. Embargos de declaração acolhidos para explicitação. (EDcl nos EDcl nos EDcl no REsp 611.217/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/10/2009, DJe 04/11/2009) Fl. 1692DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 22/01/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN Processo nº 16327.001215/200518 Acórdão n.º 9101001.518 CSRFT1 Fl. 10 9 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. SOCIEDADES COOPERATIVAS DE CRÉDITO. COFINS. ATOS COOPERATIVOS. NÃOINCIDÊNCIA. 1. O ato cooperativo típico, nos termos do art. 79, parágrafo único, da Lei 5.764/1971, não implica operação de mercado nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria, o que afasta a incidência da Cofins sobre o resultado de tal atividade. 2. O STJ assentou o entendimento de que, em se tratando de cooperativas de crédito, toda a sua movimentação financeira, incluindo a captação de recursos, a realização de empréstimos aos cooperados, bem como a efetivação de aplicações financeiras no mercado, constitui ato cooperativo, não havendo incidência do PIS e da Cofins. Precedentes do STJ. 3. Agravo Regimental não provido. (AgRg no REsp 823.207/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/05/2009, DJe 21/08/2009) Ressaltese que o Supremo Tribunal Federal, quando lhe foi levado à apreciação por meio de Recurso Extraordinário, não conheceu do recurso, por reputar que eventual violação à Constituição Federal, esta somente seria indireta (ARE 639684, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, julgado em 13/06/2011, publicado em DJe162 DIVULG 23/08/2011 PUBLIC 24/08/2011). De sorte que a última palavra sobre o assunto coube ao STJ. Neste sentido, devese ter em mente que o entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça pode ser resumido da seguinte forma: o imposto sobre a renda incide sobre o resultado das aplicações financeiras realizadas pelas cooperativas, salvo em relação às cooperativas de crédito. Isto justamente porque, no caso particular das cooperativas de crédito, as aplicações financeiras realizadas inseremse no conceito de atos cooperativos. Com efeito, como bem se demonstrou no acórdão recorrido, as cooperativas são pessoas jurídicas criadas com uma finalidade central de prestar serviços relevantes de assistência a seus associados, conforme se depreende dos artigos 3° e 4° da Lei n° 5.764/71. E mais, sem objetivo de lucro. Neste sentido, a Lei n° 5.764/71 (artigo 79) qualifica juridicamente como cooperativos os atos praticados “entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais”. Tais atos, como se sabe, não se encontram no âmbito de incidência do IRPJ nem da CSLL. No caso específico das Cooperativas de Crédito, o respectivo objetivo social, em síntese, é facilitar o acesso de seus cooperados ao crédito financeiro. Na hipótese dos autos, a contribuinte, conforme se depreende do artigo 3° do seu Estatuto Social, tem por objetivo “a organização em comum e em maior escala dos serviços econômicofinanceiros e assistenciais de interesse das filiadas, integrando e orientando suas atividades, bem como facilitando a utilização recíproca dos serviços.” Fl. 1693DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 22/01/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN Processo nº 16327.001215/200518 Acórdão n.º 9101001.518 CSRFT1 Fl. 11 10 Na consecução deste escopo, a contribuinte, conforme alegado ao longo do presente processo administrativo, administra o excedente de liquidez das filiadas (recursos que acabam não sendo empregados integralmente no quadro social), redirecionando tais recursos para outras cooperativas ou para aplicações financeiras no mercado financeiro. Estas aplicações financeiras revelamse naturais, na medida em que consubstanciam um reforço à consecução dos objetivos sociais da Cooperativa, sobretudo porque, conforme se depreende do documento de fls. 76/79 (despesas de rateio), conforme citado pelo próprio órgão a quo, a receita obtida por meio de tais aplicações financeiras é repassada aos cooperados, não havendo, pois, qualquer lucro por conta da Cooperativa. Ora, se não há lucro propriamente dito em favor do contribuinte, e se as aplicações financeiras são implementadas com vistas à melhor concretização dos objetivos sociais da cooperativa, é de se concluir que os respectivos atos enquadramse no conceito de atos cooperativos. Ressaltese, uma vez mais, que, segundo o artigo 79 da Lei n° 5.764/71, para que o ato seja qualificado como cooperativo, fazse imprescindível que seja praticado no intuito de consecução dos objetivos sociais. As aplicações financeiras promovidas pelo contribuinte, na hipótese, definitivamente, são feitas com esse ânimo, e não com ânimo de lucro da própria cooperativa. Desta forma, tendo em vista o entendimento do STJ sobre a matéria, tendo vista também que as Cooperativas de Crédito apresentam circunstâncias que a distinguem das demais espécies de cooperativas (não podendo, o entendimento prevalente sobre estas, incidir sobre aquelas) e, finalmente, considerandose que as aplicações financeiras promovidas pelo contribuinte na hipótese são feitas a fim de atingir o respectivo objetivo social, não se pode acolher as alegações da Fazenda. Diante de todo o exposto, nego provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, a fim de que se mantenha, na sua integralidade, o acórdão recorrido. Sala das Sessões, em 20 de novembro de 2012 (assinado digitalmente) Susy Gomes Hoffmann Fl. 1694DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 22/01/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN Processo nº 16327.001215/200518 Acórdão n.º 9101001.518 CSRFT1 Fl. 12 11 Fl. 1695DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 22/01/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN
score : 1.0
Numero do processo: 19679.018842/2003-24
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Feb 21 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 1987
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO
A falta de comprovação de que o valor recebido a título incentivo ao Programa de Demissão Voluntária (PDV) contempla somente verbas de natureza indenizatórias impede a confirmação da liquidez e certeza da restituição pleiteada.
DILIGENCIA REQUERIDA.
Não é aceitável a transferência ao Fisco da missão de trazer aos autos provas de interesse exclusivo do contribuinte e cuja guarda não é de responsabilidade da Administração Tributária.
Numero da decisão: 2802-002.067
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Claudio Duarte Cardoso - Presidente.
(assinado digitalmente)
Jaci de Assis Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Dayse Fernandes Leite, Juliana Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Melo.
Matéria: IRPF- restituição - rendim.isentos/não tributaveis(ex.:PDV)
Nome do relator: JACI DE ASSIS JUNIOR
1.0 = *:*
toggle all fields
materia_s : IRPF- restituição - rendim.isentos/não tributaveis(ex.:PDV)
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201301
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Exercício: 1987 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO A falta de comprovação de que o valor recebido a título incentivo ao Programa de Demissão Voluntária (PDV) contempla somente verbas de natureza indenizatórias impede a confirmação da liquidez e certeza da restituição pleiteada. DILIGENCIA REQUERIDA. Não é aceitável a transferência ao Fisco da missão de trazer aos autos provas de interesse exclusivo do contribuinte e cuja guarda não é de responsabilidade da Administração Tributária.
turma_s : Quarta Câmara
dt_publicacao_tdt : Thu Feb 21 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 19679.018842/2003-24
anomes_publicacao_s : 201302
conteudo_id_s : 5186456
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Feb 21 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 2802-002.067
nome_arquivo_s : Decisao_19679018842200324.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : JACI DE ASSIS JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 19679018842200324_5186456.pdf
secao_s : Primeiro Conselho de Contribuintes
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso - Presidente. (assinado digitalmente) Jaci de Assis Junior - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Dayse Fernandes Leite, Juliana Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Melo.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2013
id : 4492186
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:29 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041214466424832
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1822; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE02 Fl. 147 1 146 S2TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19679.018842/200324 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2802002.067 – 2ª Turma Especial Sessão de 23 de janeiro de 2013 Matéria IRRF PEDIDO DE RESTITUIÇÃO Recorrente ANTONIO FERNANDO AMARANTE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 1987 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO A falta de comprovação de que o valor recebido a título incentivo ao Programa de Demissão Voluntária (PDV) contempla somente verbas de natureza indenizatórias impede a confirmação da liquidez e certeza da restituição pleiteada. DILIGENCIA REQUERIDA. Não é aceitável a transferência ao Fisco da missão de trazer aos autos provas de interesse exclusivo do contribuinte e cuja guarda não é de responsabilidade da Administração Tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso Presidente. (assinado digitalmente) Jaci de Assis Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Dayse Fernandes Leite, Juliana Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Melo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 67 9. 01 88 42 /2 00 3- 24 Fl. 161DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/01/2013 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/02/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 2 Relatório Tratase o presente processo de Pedido de Restituição de Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF, fls. 01, no valor de R$ 271.301,43, protocolizado em 23/12/2003, incidente sobre verbas recebidas como incentivo pela adesão ao Programa de Demissão Voluntária implementado pela IBM do Brasil – Indústria de Máquinas e Serviços Ltda., no anocalendário 1986. Apreciando o pedido, a autoridade administrativa da Delegacia da Receita Federal do Brasil de origem proferiu o Despacho Decisório 901/2004, fls. 16 e 17, indeferindo o pedido de restituição, sob o argumento de que o direto de o contribuinte pleitear a restituição estaria extinto, uma vez que já havia transcorrido o prazo decadencial de 5 (cinco) anos previsto no art. 168, inciso I da Lei n° 5.172/1966 (Código Tributário Nacional – CTN) e Ato Declaratório SRF n° 96, de 26/11/1999. Ante a manifestação de inconformidade apresentada, fls. 20 a 26, foi mantido o indeferimento do pleito por meio do Acórdão DRJ/SPOII n° 12.841 de 06/07/2005, fls. 30a 34, por considerar ocorrida a decadência do direito do contribuinte pleitear a restituição do IRRF referente ao anocalendário de 1986. O interessado interpôs recurso voluntário à Quarta Câmara do extinto Conselho de Contribuintes, fls. 35 a 46, que, por maioria de votos, deu provimento ao recurso voluntário para afastar a decadência e determinar o retorno dos autos para enfrentamento do mérito. Intimada desse acórdão, fls. 56, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial, fls. 57 a 62, sustentando que a interpretação correta em relação ao inciso I do artigo 168 do CTN é no sentido de que o prazo decadencial para requerer a restituição é de cinco anos, contados da data do pagamento indevido. Admitido o recurso, Despacho n° 104046/2007, fls. 63/65, o contribuinte foi intimado e apresentou contrarazões, fls. 69 a 79. A Quarta Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais considerou que o termo inicial para a contagem do prazo decadencial ocorre em 06/01/1999, data de publicação da Instrução Normativa SRF n° 165, ato normativo que reconheceu o caráter indevido da cobrança do Imposto de Renda nos casos de valores percebidos a título de PDV, negando seguimento ao recurso especial (Acórdão nº 0400.893, de 27/05/2008, fls. 82 a 89). Em vista disto a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Extraordinário, fls. 93 a 101, que também teve seu seguimento negado através do Despacho 002/2010, de 14 de junho de 2010 do Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 105 a 107). Retornando os autos à DRF de origem, o contribuinte foi intimado a apresentar: 1) original ou copia autenticada do termo de rescisão do contrato de trabalho; 2) comprovantes de rendimentos relativos ao anocalendário da retenção (1986); 3) cópia da DIRPF referente ao exercício l987 com respectivo recibo de entrega; 4) cópia do plano de demissão voluntária adotado pelo exempregador; 5) original ou cópia autenticada cópia do Fl. 162DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/01/2013 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/02/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 19679.018842/200324 Acórdão n.º 2802002.067 S2TE02 Fl. 148 3 termo de adesão ao PDV, e; 6) declaração, sob as penas da Lei n° 8.137/90 e do art. 299 do Código Penal, de que não impetrou mandado de segurança. Em resposta à intimação, fls. 116, o interessado fez anexar aos autos os documentos de fls. 117 a 122. Por meio do Despacho Decisório nº 504, de 14/10/2010, fls. 123/125, a autoridade administrativa examinou a documentação apresentada e verificou que “não há qualquer referência a verbas indenizatórias por adesão a PDV ou PAI no Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho de fls. 121 que possa ratificar a declaração expressa no documento de fls. 122”. Diante do indeferimento de seu pedido, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, fls. 127/130, alegando em síntese que: Sustenta que a decisão recorrida não possui qualquer embasamento legal para ser mantida, tendo em vista que se trata de verba advinda de Programa de Demissão Voluntária (PDV), a qual é tipicamente indenizatória já que busca repor seu patrimônio, devido à dispensa imotivada. Argumenta que a indenização é fruto de um acordo entre o empregador e o empregado, correspondente ao término do vínculo empregatício, que visa a privilegiar o planejamento estratégico e à reorganização empresarial. Afirma que as verbas são indenizatórias e faz transcrição da Súmula 215 do STJ e de trecho do Parecer PFGN/CRJ/n° l.278/98, por entender que seu pedido de restituição estaria embasado na IN 165/98, pelo qual a própria Receita Federal reconhece direitos em favor dos participantes de PDV. Entende que, ao contrário do que foi afirmado na decisão recorrida, já trouxe aos autos documentos suficientes à comprovação material de que recebeu uma indenização identificada pela IBM, exempregadora, como um típico Programa de Desligamento. Por fim, requer a realização de diligência junto à exempregadora IBM, nos termos do art.18 do Decreto 70.235/1997 e a reforma da decisão recorrida e que sua restituição seja confirmada. A DRJ, por sua vez, manteve o indeferimento sob a seguinte argumentação fls. 133 a 136: “(...) É bem verdade que, havendo a adesão a Programa de Demissão Voluntária (PDV), a verba seria isenta. Contudo, a cópia do "Programa de Acordos para Rescisão de Contrato de Trabalho de Funcionários" de fl. 120 faz menção ao corpo gerencial da IBM, o que é corroborado pelo Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho de fl. 121 que não traz nenhum campo especificando o valor das verbas incentivadas que teriam sido percebidas como rendimentos isentos e nãotributáveis, portanto, estão explicitamente definidos em lei como rendimentos tributáveis, Fl. 163DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/01/2013 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/02/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 4 com exceção das verbas isentas que estão expressamente especificadas no referido termo de rescisão. Por outro lado, não é aceitável que seja transferido ao Fisco a missão de trazer ao autos, por meio de solicitação de diligência, provas da adesão a PDV, cujo interesse é exclusivo do contribuinte e cuja guarda não é de responsabilidade da Administração, mesmo porque o Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho de fl. 121, que foi emitido pela IBM do Brasil Ind. Máquinas e Serviços Ltda não traz qualquer prova de verba indenizatória e, de fato, não ratifica a declaração expressa no documento de fls. 122, nessa situação, a diligência é prescindível, portanto, deve ser indeferida. Assim sendo, pela total falta de verbas indenizatórias por adesão a qualquer Plano de Demissão Voluntário ou a Programa de Desligamento expressas no Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho (fl. 121) e na ausência de previsão legal que conceda isenção aos valores pretendidos pelo interessado, não sendo possível alterar o teor do Despacho Decisório. (...).” Cientificado em 04/04/2011, fls. 137, verso, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 03/05/2011, fls. 138 a 143, na qual reitera integralmente as alegações e os pedidos apresentados na manifestação de inconformidade. Em petição apresentada em 20/06/2011, fls. 139, requer a juntada de “carta da IBM que comprova a sua participação em Programa de Demissão Voluntária no ano de 1986”. É o relatório. Voto Conselheiro Jaci de Assis Junior Sendo tempestivo o presente recurso e preenchidos os requisitos para o seu recebimento; dele tomase conhecimento. Por meio da Intimação de fls. 114/115, a autoridade da Repartição de origem exigiu do contribuinte a apresentação dos seguintes documentos: 1) original ou copia autenticada do termo de rescisão do contrato de trabalho; 2) comprovantes de rendimentos relativos ao anocalendário da retenção (1986); 3) cópia da DIRPF referente ao exercício l987 com respectivo recibo de entrega; 4) cópia do plano de demissão voluntária adotado pelo exempregador; 5) original ou cópia autenticada do termo de adesão ao PDV, e; 6) declaração, sob as penas da Lei n° 8.137/90 e do art. 299 do Código Penal, de que não impetrou mandado de segurança. Em resposta à intimação o interessado fez anexar aos autos os documentos de fls. 117 a 122, quais sejam: Fl. 164DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/01/2013 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/02/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 19679.018842/200324 Acórdão n.º 2802002.067 S2TE02 Fl. 149 5 1) copia autenticada do termo de rescisão do contrato de trabalho, fls. 122; 2) cópia do recibo de entrega da DIRPF referente ao exercício l987 e respectiva Notificação, fls. 117/118 ; 4) cópia do plano de demissão voluntária adotado pelo exempregador, fls. 120; 5) declaração de que não impetrou mandado de segurança, fls. 119, e: 6) carta firmada pelo gerente de remuneração oper. RH da IBM Brasil, Indústria, Máquinas e Serviços Ltda, fls. 122, informando que: “(...) esta empresa vem, ao longo dos anos, oferecendo a seus funcionários um Programa de Desligamento, que tem como objetivo um pagamento de incentivo por desligamento. Esse incentivo recebeu os seguintes títulos: • Indenização Espontânea Pessoal • Indenização Pessoal Espontânea • Indenização Espontânea Especial • Gratificação Incentivo Aposentadoria • Contribuição Extraordinária Para os funcionários que na época fossem elegíveis ao Plano de Aposentadoria IBM, a carta oferta fazia referência a esta condição, mas só poderiam se aposentar após a demissão. Ratificando dessa forma que o incentivo foi pago pelo desligamento da Empresa, e não pela condição de aposentado. O Sr. Antonio Fernando Amarante, portador do CPF 026.637.67891, foi desligado em 31/05/86 e recebeu um incentivo no valor de.CZ$ 1.279.893,00.. O valor total do IRRF foi de CZ$ 575.951,85. (...)”. Do exame dessa documentação, a autoridade administrativa entendeu que à vista dessa informação “verificouse que não há qualquer referência a verbas indenizatórias por adesão a PDV ou PAI no Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho de fls. 121 que possa ratificar a declaração expressa no documento de fls. 122”. Examinando a questão, a autoridade julgadora de primeira instância concluiu pela impossibilidade de se alterar o teor do Despacho Decisório, uma vez que o Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho, fls. 121, não especifica o valor das verbas incentivadas que teriam sido percebidas como rendimentos isentos e nãotributáveis. No entendimento do relator do voto do acórdão recorrido, o contribuinte não trouxe aos autos provas da adesão ao PDV, mesmo porque o referido Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho, fls. 121, ao não fazer qualquer referência à verba indenizatória originária de PDV, não consegue ratificar a declaração expressa no documento de fls. 122, anteriormente transcrita. Fl. 165DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/01/2013 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/02/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 6 Depreendese, pois, que a preocupação de ambas autoridades da RFB está relacionada ao fato de o contribuinte não haver apresentado o original ou cópia autenticada do termo de adesão ao PDV proporcionado pela empregadora IBM. Também serviu de motivação para o indeferimento do pedido o fato de não ter sido especificado no Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho, fls. 121, o recebimento de “um incentivo no valor de CZ$ 1.279.893,00” informado na carta firmada pela mencionada empregadora. Na fase recursal, o contribuinte junta nova carta, datada de 14/06/2011, emitida pelo gerente executivo de recursos humanos da IBM Brasil Indústria, Máquinas e Serviços Ltda. na qual consta a seguinte declaração: “(...) Declaramos que nosso(a) exfuncionário(a), Antonio Fernando Amarante, portador(a) do CPF n° 026.637.67891, participou de programa de PDV (Programa de Demissão Voluntária) patrocinado por esta empresa com o objetivo de incentivar o desligamento voluntário de seus empregados. Em função de sua participação e consequente desligamento em 31/05/1986, recebeu verbas de incentivo no valor total de CZ$ 1.279.893,00 sendo o valor total de IRRF de CZ$ 575.951,85. Ficamos à inteira disposição para todo e qualquer esclarecimento que venha a ser necessário. E por ser expressão da verdade, assinamos o presente. (...)” Resta, portanto, examinar se o conteúdo dessa declaração supre a falta da apresentação do termo de adesão ao PDV proporcionado pela empregadora IBM (quinto da Intimação de fls. 114/115) e a falta da apresentação dos comprovantes de rendimentos relativos ao anocalendário da retenção (1986), exigido pelo segundo item da citada Intimação. Quanto ao primeiro documento não apresentado pelo contribuinte em resposta à Intimação de fls. 114/115, percebese que a declaração em referência é taxativa ao afirmar que o Recorrente participou de programa de PDV (Programa de Demissão Voluntária) patrocinado por aquela empresa. Porém, quanto ao segundo documento comprobatório que faltou à apresentação, embora a declaração informe o valor do incentivo e o total do imposto de renda retido na fonte, esta, por si só, não é bastante para afastar a dúvida em relação à natureza das verbas que contemplaram tal incentivo. Nesse aspecto não se sabe se o valor informado na declaração firmada pela empresa alcança ou não quantias que seriam percebidas normalmente nos casos de demissão e, portanto, sujeitas à tributação na fonte e na declaração de ajuste anual. À falta de especificação de quais verbas foram recebidas a título de incentivo, não se consegue evidenciar que o valor de CZ$ 1.279.893,00 contempla somente as verbas de natureza indenizatória, indispensável ao reconhecimento do direito à restituição do valor do respectivo imposto de renda retido na fonte, nos termos do Ato Declaratório (Normativo) nº 07, de 12 de março de 1999, citado pelo Despacho Decisório: “(...) I a Instrução Normativa SRF n° 165/1998 dispõe apenas sobre as verbas indenizatórias percebidas em virtude de adesão a Fl. 166DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/01/2013 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/02/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 19679.018842/200324 Acórdão n.º 2802002.067 S2TE02 Fl. 150 7 Plano de Demissão Voluntária PDV, não estando amparadas pelas disposições dessa Instrução Normativa as demais hipóteses de desligamento, ainda que voluntário; II entendese como verbas indenizatórias contempladas pela dispensa de constituição de créditos tributários, nos termos da Instrução Normativa SRF n° 165/1998, aqueles valores especiais recebidos a título de incentivo à adesão ao PDV, não alcançando, portanto, as quantias que seriam percebidas normalmente nos casos de demissão; III não são considerados valores recebidos a título de incentivo à adesão a PDV, estando sujeitos às normas de tributação em vigor: a) as verbas rescisórias previstas na legislação trabalhista ou em dissídio coletivo e convenções trabalhistas homologados pela Justiça do Trabalho, a exemplo de: décimo terceiro salário, saldo de salário, salário vencido, férias proporcionais, férias vencidas; b) os valores recebidos em função de direitos adquiridos, anteriormente à adesão a PDV, em decorrência do vínculo empregatício, tais como o resgate de contribuições efetuadas à previdência privada em virtude de desligamento do plano de previdência; (...) Quanto à diligência requerida, reafirmese o entendimento da decisão recorrida no sentido de não ser aceitável a transferência ao Fisco da missão de trazer aos autos provas de interesse exclusivo do contribuinte e cuja guarda não é de responsabilidade da Administração Tributária. Portanto, uma vez que o contribuinte não comprovou que o valor recebido a título incentivo ao Programa de Demissão Voluntária (PDV) contempla somente verbas de natureza indenizatória, não há como confirmar a liquidez e certeza da restituição pleiteada. Voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Jaci de Assis Junior Relator Fl. 167DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2013 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/01/2013 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/02/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
score : 1.0
