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Numero do processo: 11128.001031/2009-12
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri May 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 05/02/2009
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010.
Recurso Especial Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-003.613
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. Recurso Especial Provido em Parte. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 10 31 /2 00 9- 12 Fl. 187DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.001031/200912 Acórdão n.º 9303003.613 CSRF‐T3 Fl. 188 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige da contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida deu provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3801003.270, aplicando a denúncia espontânea para afastar a exigência da multa em comento. Cientificada do acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350, de 2010. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e o contribuinte apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º a 3º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.551, de 26/04/2016, proferido no julgamento do processo 10715.004458/201015, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9303003.551): "O recurso é tempestivo e, ao contrário do alegado pelo sujeito passivo em suas contrarrazões, atende aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isso, ser admitido. Fl. 188DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.001031/200912 Acórdão n.º 9303003.613 CSRF‐T3 Fl. 189 3 De fato, ao cotejarmos o objeto desta lide com o da discutida no acórdão paradigma, vêse que tratam exatamente da mesma matéria, in casu, a multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833/2003: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . I omissis ..................................................................................................... IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . a) omissis ....................................................................................................... e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e As situações fáticas discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, como dito anteriormente, são, exatamente, as mesmas, a entrega fora do prazo das informações previstas na alínea transcrita acima, que não faz qualquer distinção se o transporte é marítimo ou aéreo. O dispositivo legal interpretado é, absolutamente, idêntico, mas os resultados dos julgamentos foram distintos. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese ainda que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. Importante frisar que recorrido e paradigma, além de tratarem da mesma matéria, foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Lei 12.350, de 20/12/2010), portanto, posteriormente à alteração promovida no art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras. Atendido, assim, todos os requisitos de admissibilidade, é de se conhecer do apelo apresentado pela Fazenda Nacional. A matéria devolvida ao Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. O instituto da denúncia espontânea está para o Direito Tributário assim como o arrependimento eficaz e a desistência voluntária estão para o Direito Penal. Esses institutos são como uma ponte de ouro, como diriam os penalistas, para aqueles que se encontram à margem da lei, a esses é oferecida uma oportunidade de regressar ao caminho da lei, uma ponte de ouro para a legalidade. Por essa ponte só podem passar aqueles que, voluntariamente, desistem de consumar o ato ilícito, ou, se já o praticaram, evitamlhe o resultado. Fl. 189DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.001031/200912 Acórdão n.º 9303003.613 CSRF‐T3 Fl. 190 4 Nos delitos unissubsistentes1 não se admite desistência voluntária, uma vez que, praticado o primeiro ato, já se encerra a execução, tornando impossível a sua cisão. Já os crimes de mera conduta2 e os formais3 "não comportam arrependimento eficaz, uma vez que, encerrada a execução, o crime já está consumado, não havendo resultado naturalístico a ser evitado". No direito tributário, a ponte de ouro é a denúncia espontânea que nada mais é do que o reconhecimento voluntário do ilícito, e a reparação do dano ao bem jurídico violado, o que não veio a ocorrer no caso em exame. Todavia, assim como no Direito Penal, no Tributário algumas infrações não são suscetíveis de denúncia espontânea. São aquelas em que a mera conduta, por si só, já configura o ilícito, o qual, uma vez ocorrido, não há possibilidade jurídica, ou até mesmo física, de se evitar o resultado. O exemplo mais característico desse tipo de infração, é, justamente, a referente ao atraso no cumprimento de obrigação acessória, pois, no exato momento em que se exauriu o prazo legal sem que a obrigação tenha sido adimplida, a infração está configurada e o atraso não poderá ser reparado. Em outras palavras, atendose às normas do Direito Tributário, o dano relativo ao descumprimento de obrigação principal pode ser reparado, pagandose o tributo e os consectários legais. Todavia, se se tratar de infrações referentes a obrigações acessórias autônomas, a ser prestada em determinado prazo, o dano não pode ser sanado, posto que o núcleo do bem jurídico protegido, uma vez violado, não tem como ser restabelecido. Assim, por exemplo, se a obrigação era apresentar declaração até determinada data, e se esta não foi apresentada no prazo determinado, não há como cumprir a obrigação acessória tempestivamente, salvo se se voltar no tempo, ainda não possível com a tecnologia disponível hoje. No caso dos autos, a obrigação acessória autônoma, descumprida pelo transportador ou seus representantes, consistia no dever de o sujeito passivo informar os dados de embarque de mercadorias no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Notese que, uma vez exaurido o prazo para se prestar as informações sem que elas tenham sido prestadas ao órgão competente, a infração restou configurada, não havendo mais possibilidade de se evitar o resultado. Notese que, se a sanção fosse destinada, apenas e tãosomente, a punir o não cumprimento da obrigação acessória, poderseia admitir que, o adimplemento a destempo, desde que espontâneo, poderia ser beneficiado com a norma excludente da penalidade. Entretanto, se a sanção é destinada a coibir o atraso no cumprimento da obrigação, uma vez ocorrida a mora, não há que se falar em denúncia espontânea. 1 Crime unissubsistente é aquele que é realizado por ato único, não sendo admitido o fracionamento da conduta. 2 Crime de mera conduta. Assim como nos crimes formais, no crime de mera conduta o criminoso não precisa produzir um resultado. Mas, diferente do crime formal, a lei sequer olha qual era a intenção do criminoso ou se ele poderia produzir determinado resultado: basta que o criminoso aja de uma forma que a lei considera não desejada. 3 O crime formal não exige a produção do resultado para sua consumação, ainda que possível que ele ocorra. Fl. 190DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.001031/200912 Acórdão n.º 9303003.613 CSRF‐T3 Fl. 191 5 Essa questão da denúncia espontânea envolvendo descumprimento de obrigação acessória encontravase apascentada, tanto no Judiciário4 quanto no âmbito administrativo, tendo sido, inclusive, objeto de Súmula no CARF, mais precisamente, a de nº 49, cujo enunciado transcrevese a seguir: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, com a edição da Lei nº 12.350/2010, cujo art. 405 deu nova redação ao art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, a questão foi reaberta e gerou celeuma na jurisprudência e na doutrina, mas, a meu sentir, não há razão alguma para se modificar o entendimento anteriormente firmado, pois, pela razões expostas linhas acima, a novel legislação não alcança a infração objeto destes autos. Neste sentido, impecável a decisão da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção, Acórdão 310200.988, cujo voto condutor foi da lavra do insigne Conselheiro José Fernandes do Nascimento, que, com as merecidas loas, peço licença para aqui transcrever o entendimento lá adotado, como arrimo deste voto. "O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de 4 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' 5 Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) Fl. 191DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.001031/200912 Acórdão n.º 9303003.613 CSRF‐T3 Fl. 192 6 natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. Fl. 192DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.001031/200912 Acórdão n.º 9303003.613 CSRF‐T3 Fl. 193 7 De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez." No mesmo sentido, posicionouse o Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 6. 6 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.001031/200912 Acórdão n.º 9303003.613 CSRF‐T3 Fl. 194 8 Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" Não destoando desse entendimento, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Importante ressaltar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, atracação de embarcação, vinculação de manifesto de carga, etc. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.001031/200912 Acórdão n.º 9303003.613 CSRF‐T3 Fl. 195 9 Afastada a aplicação da denúncia espontânea, necessário verificar o efeito desse entendimento sobre o resultado do julgamento, tendo em vista que a decisão neste processo será aplicada a diversos outros, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). Como a denúncia espontânea é questão prejudicial de mérito, impede o julgamento das demais questões afetas à exigência da penalidade em foco. Portanto, ainda que o voto condutor do recorrido tenha se pronunciado sobre outras questões de mérito, tal pronunciamento não representa julgamento pelo colegiado a quo, constituindo, apenas, manifestação pessoal do relator. Por isso, afastada a denúncia espontânea, deve o processo retornar à instância a quo para que sejam enfrentadas as questões de mérito trazidas pelo Sujeito Passivo no recurso voluntário. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, dáse provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Fl. 195DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 11080.736832/2012-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 11 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jun 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIO DE INIDONEIDADE. COMPROVAÇÃO COMPLEMENTAR DE EFETIVO PAGAMENTO. DESNECESSIDADE.
Os recibos emitidos por profissionais da área de saúde com observância dos requisitos legais são documentos hábeis para a comprovação da dedução de despesas médicas, salvo quando comprovada nos autos a existência de indícios veementes de que os serviços consignados nos recibos não foram, de fato, executados. Para desqualificar determinado documento é necessário comprovar que o mesmo contenha algum vicio. A boa-fé se presume, enquanto que má-fé precisa ser comprovada.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2301-004.677
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o relator, que negava provimento ao recurso voluntário. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Alice Grecchi.
João Bellini Júnior - Presidente
Julio Cesar Vieira Gomes Relator
Alice Grecchi Redatora Designada.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA, IVACIR JULIO DE SOUZA, GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES e AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIO DE INIDONEIDADE. COMPROVAÇÃO COMPLEMENTAR DE EFETIVO PAGAMENTO. DESNECESSIDADE. Os recibos emitidos por profissionais da área de saúde com observância dos requisitos legais são documentos hábeis para a comprovação da dedução de despesas médicas, salvo quando comprovada nos autos a existência de indícios veementes de que os serviços consignados nos recibos não foram, de fato, executados. Para desqualificar determinado documento é necessário comprovar que o mesmo contenha algum vicio. A boafé se presume, enquanto que máfé precisa ser comprovada. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o relator, que negava provimento ao recurso voluntário. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Alice Grecchi. João Bellini Júnior Presidente Julio Cesar Vieira Gomes – Relator Alice Grecchi – Redatora Designada. Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 73 68 32 /2 01 2- 83 Fl. 94DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 09/06/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 10/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA, IVACIR JULIO DE SOUZA, GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES e AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação à exigência decorrente de lançamento de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), em razão da glosa de dedução de despesas médicas, por falta de comprovação. Seguem transcrições da decisão recorrida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 COMPROVAÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. GLOSA. A dedução das despesas médicas está condicionada à apresentação de documentação hábil e idônea dos gastos efetuados. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido ... Mediante Notificação de Lançamento, de fls. 07/12, exigese do contribuinte acima qualificado o recolhimento do imposto de renda pessoa física, acrescido de multa de ofício e juros de mora, totalizando R$ 9.797,07, calculados até 28/12/2012, em virtude da constatação de irregularidades na declaração de ajuste anual referente ao exercício de 2009, anocalendário de 2008. A fiscalização informa às fls. 09/10 que procedeu à glosa de despesas médicas no valor de R$ 16.980,00. Através da Intimação PF nº 266/2012, foram requisitados documentos para comprovar o efetivo pagamento das despesas declaradas com Andréa do Canto Zimmermann e Simone Chaves da Silva sendo que o contribuinte não atendeu a referida solicitação. ... A fiscalização procedeu à glosa das despesas com Andréa do Canto Zimmermann e Simone Chaves da Silva pelo fato do contribuinte não ter comprovado o efetivo pagamento das despesas declaradas mediante a apresentação de outras provas além dos recibos anexados aos autos. Após ciência da decisão, o contribuinte interpôs recurso voluntário, quando reitera as alegações em impugnação: O notificado apresentou impugnação, de fls. 02/04, alegando que necessita de acompanhamento de profissionais da área da saúde “particulares” devido ao fato de que seu plano de saúde não oferece cobertura para o tratamento realizado. Fl. 95DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 09/06/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 10/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 11080.736832/201283 Acórdão n.º 2301004.677 S2C3T1 Fl. 95 3 Acrescentou que teve despesas com a fisioterapeuta Simone Chaves da Silva no valor de R$ 7.000,00. Foram realizadas duas sessões de fisioterapia por semana no valor de R$ 75,00 cada. Em relação à psicóloga Andréa do Canto Zimmermann, foram pagos 9.980,00 relativos a uma sessão de terapia por semana no valor de R$ 200,00 cada. Afirmou que os pagamentos foram efetuados em dinheiro e que os recibos apresentados estão revestidos das formalidades exigidas pela legislação tributária. É o relatório. Fl. 96DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 09/06/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 10/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 Voto Vencido Conselheira Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Conheço do recurso por constatar que atende os requisitos de admissibilidade. Despesas Médicas Para a dedução das despesas médicas na declaração do imposto de renda da pessoa física devem ser atendidos alguns requisitos objetivos e subjetivos: a) prestação de serviço na área da saúde, realizada por médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como no caso de fornecimento de produtos de exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, conforme artigo 8o, inciso II alínea “a” da Lei nº 9.520, de 26/12/1995; e b) o custo do serviço ou produto destinado ao contribuinte e seus dependentes deve ter sido suportado pelo contribuinte, conforme artigo 8º, §2o, inciso II da Lei nº 9.520, de 26/12/1995. Também devem ser observadas algumas formalidades para que ao conteúdo do documento se possa conferir legitimidade. Assim, a lei exigiu, em regra, a indicação do nome, endereço, CPF ou CNPJ: Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995: Art. 8º, § 2º O disposto na alínea a do inciso II: III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; Ressaltase que o ônus da prova das despesas médicas deduzidas em sua Declaração de Ajuste Anual é do contribuinte: Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). No caso sob exame, a fiscalização efetuou a glosa da dedução das despesas médicas uma vez que os recibos juntados não discriminam a especificidade dos supostos tratamentos alegados pelo recorrente. Ainda assim, caberia ao recorrente demonstrar com outros elementos de prova que os pagamentos efetivamente foram realizados e se referem a despesas médicas dedutíveis; porém, apesar da viabilidade e razoabilidade das exigências de comprovação, até o presente momento não logrou juntálos aos autos. Fl. 97DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 09/06/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 10/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 11080.736832/201283 Acórdão n.º 2301004.677 S2C3T1 Fl. 96 5 Assim, entendo que o recorrente não tem direito à dedução da despesa médica objeto do recurso. Conclusão Em razão do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Julio Cesar Vieira Gomes Voto Vencedor Com todas as vênias ao Ilustre conselheiro relator, apresento o voto divergente vencedor. Em sentido contrário, entendo que os recibos emitidos por profissionais da área de saúde com observância dos requisitos legais são documentos hábeis para a comprovação da dedução de despesas médicas, salvo quando comprovado, nos autos, a existência de indícios veementes de que os serviços consignados nos recibos não foram, de fato, executados. Conforme comprova a cópia do documento de identidade de fl. 23, o recorrente nasceu em 28 de julho de 1937, portanto tratase de pessoa idosa, de forma que há verossimilhança da necessidade de utilização de serviços médicos. O lançamento fiscal restringiuse a falta de comprovação dos pagamentos. Após ter atendido a intimação fiscal em relação a juntada dos comprovantes originais e cópias das despesas médicas, o contribuinte foi intimado a comprovar os pagamentos e em fls. 53 prestou as seguintes informações: a) O contribuinte nesse ano fiscal 2008, teve despesas médicas com a Fisioterapeuta Simone Chaves da Silva no valor de R$ 7.000,00 (2 sessões de fisioterapia semanais no valor de R$ 75,00 cada) e a psicóloga Andrea do Canto Zimmermann no valor de R$ 9.980,00 (uma sessão de terapia por semana no valor de R$ 200,00 cada). b) Informa também que todos os tratamentos foram realizados no próprio contribuinte. c) O contribuinte declara para os devidos fins e efeitos que os pagamentos efetuados com gastos com saúde foram em espécie, moeda corrente nacional. Frisase que o Auto de infração se restringe a falta de comprovação dos pagamentos. Os recibos apresentados preenchem toda as formalidades exigidas pelo art. 8º, da Lei nº 9.250/1995, abaixo transcrito: Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995: Fl. 98DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 09/06/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 10/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 6 Art. 8º [...] II das deduções relativas: aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; [...] § 2º O disposto na alínea a do inciso II: [...] III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; Contatase que a Lei apenas exige a comprovação através do pagamento (cópia de cheque) na falta do respectivo recibo. Cabe esclarecer que os recibos emitidos por profissionais legalmente habilitados, que atendam as formalidades legais são hábeis a comprovar as deduções pleiteadas e, somente diante de indícios de que a documentação é inidônea, deve o fisco intimar o contribuinte a comprovar o efetivo desembolso. Nesse sentido é o entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, de acordo com a ementa abaixo transcrita: DEDUÇÕES DESPESAS MÉDICAS. DEDUTIBILIDADE. RECIBO DOCUMENTO HÁBIL ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO. Os recibos, desde que atendidos os requisitos previstos no art. 80 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n°. 3.000, de 26 de março de 1999, são documentos hábeis para comprovar os dispêndios com despesas médicas e embasar a sua dedutibilidade. Para desqualificar determinado documento é necessário comprovar que o mesmo contenha algum vicio. A boafé se presume, enquanto que máfé precisa ser comprovada. Recurso especial provido. (Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF Segunda Turma Acórdão nº 9202003.159 Data da Decisão 06/05/2014 Data de Publicação 13/08/2014). Considerando os documentos trazidos aos autos não vislumbro indícios de inidoneidade, sendo suficientes os recibos apresentados, os quais preenchem os requisitos determinados pela legislação regente da matéria, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Fl. 99DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 09/06/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 10/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 11080.736832/201283 Acórdão n.º 2301004.677 S2C3T1 Fl. 97 7 Alice Grecchi – Redatora designada. Fl. 100DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 09/06/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 10/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
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Numero do processo: 19515.722917/2012-39
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Jun 17 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2202-000.682
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto e Dílson Jatahy Fonseca Neto, que entenderam desnecessária a diligência.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Márcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto e Dílson Jatahy Fonseca Neto, que entenderam desnecessária a diligência. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada – Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Márcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Em desfavor do contribuinte em epígrafe (APEC Universidade de Guarulhos), no bojo destes autos, foram lavrados Autos de Infração a seguir discriminados, cujos créditos tributários lançados encontramse resumidos no demonstrativo de folha 04: 1 – Na folha 457/527 está o Auto de Infração relativo ao descumprimento de obrigações principais DEBCAD 51.016.6350, no período de 01/2009 a 12/2010 tratando da contribuição da empresa sobre a remuneração dos empregados; contribuições da empresa sobre as remunerações pagas a nãoempregados e contribuições da empresa relativas a GILRAT, RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .7 22 91 7/ 20 12 -3 9 Fl. 3503DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.503 2 apuradas das remunerações declaradas em GFIP's e folhas de pagamento, no valor de R$ 20.525.263,81, com acréscimos legais de juros e multa de ofício. A multa foi aplicada considerando a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, nos termos do artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Auto lavrado em 13 de dezembro de 2012. 2 Na folha 554/619 está o Auto de Infração relativo ao descumprimento de obrigações principais DEBCAD 51.016.6369, no período entre 01/2009 e 12/2010, tratando da contribuição destinada a outras entidades e fundos – terceiros, apuradas de GFIP's e folhas de pagamento, no valor de R$ 4.341.215,25, com acréscimos legais de juros e multa de ofício. A multa foi aplicada considerando a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, nos termos do artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Auto lavrado em 13 de dezembro de 2012. Esclareceu o Auditor Fiscal, no seu Termo de Verificação Fiscal, na folha 697, que: Nestas apurações estão sendo lançadas somente as contribuições patronais, pois as retenções sobre as remunerações dos segurados, a título de contribuições destes, já eram recolhidas ordinariamente pelo sujeito passivo, não tendo sido programadas no Mandado de Procedimento Fiscal que as comanda a verificação da regularidade e justeza destes recolhimentos. As totalizações das bases contributivas, por competência e estabelecimento, estão apresentadas nos anexos dos Autos de Infração – AIs – “DD discriminativo do débito”, e no “RL relatório de lançamentos”. Inicialmente, o período fiscalizado era de 01/2008 a 12/2008 e relativo às contribuições previdenciárias, sendo, posteriormente, estendido para 01/2007 a 12/2010 e solicitados documentos relativos ao IRRF, como se observa no Termo de Intimação de folhas 116 a 119. A entidade foi intimada a apresentar o Ato Declaratório expedido pelo INSS, na forma da lei, ou justificativas para as suas declarações em GFIP como "imune" FPAS 639 (fl. 28). A contribuinte respondeu que obtivera sentença judicial em Mandado de Segurança, que reconheceu sua "isenção" desde 1991. Embargos e Agravo interpostos pelo INSS foram negados e o recurso de apelação, recebido apenas no efeito devolutivo, estava aguardando julgamento no TRF3ª Região (isso em 19 de abril de 2012, fl. 33/4). Além disso informou parcelamentos na forma da Lei nº 11.941, de 2009. Juntou cópia do CEBAS e outros documentos. Posteriormente à entrega de arquivos magnéticos, foi expedido novo Termo de Intimação (fl. 93) solicitando os "atos de direito que declararam e entidade como de utilidade pública ....". Pediuse ainda Atas com a escolha dos dirigentes e instouse a entidade a "promover a regularização cadastral". Registrouse o não atendimento, parcial, dos Termos anteriores, discriminadamente. Na folha 121 consta a informação de que o MPF foi alterado para incluir o intervalo 01/2009 a 12/2010, cujos lançamentos foram feitos neste processo. Nas folhas 125 e seguintes, constam os certificados de Utilidade Pública e Entidade beneficente. Na folha 210/211 consta Certidão da Justiça Federal, datada de 27 de abril de 2012, onde enfim se lê que o TRF da 3ª Região decidiu que "consta no Certificado de Entidade Fl. 3504DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.504 3 Beneficente de Assistência Social sua emissão em razão do julgamento do processo nº... o qual data de 1994, assim, os débitos cobrados no período de 1994 a 16/11/2008 não podem ser exigidos...". Na folha 439, encontrase o documento intitulado IPC, propondo a regularização de débito, a redução de multa ou a impugnação. Na folha 442, consta o RDA relatório de documentos apresentados, este relatório relaciona, por estabelecimento e por competência, as parcelas que foram deduzidas das contribuições apuradas, constituídas por recolhimentos, valores espontaneamente confessados pelo sujeito passivo e, quando for o caso, por valores que tenham sido objeto de notificações anteriores. Na folha 644 e seguintes, em seu Termo de Verificação Fiscal, descreve a Autoridade Fiscal autuante, em resumo, que esta se referindo apenas às apurações relacionadas às contribuições previdenciárias da empresa/empregador e para outras entidades/fundos e mais que: 1 A auditoria fiscal que aqui se apresenta em suas conclusões, por obrigação de ofício, buscou na materialidade dos fatos transcritos em documentos e livros a real compatibilidade entre os constatados e as exigências legais para o usufruto do benefício, entre as quais: o efetivo não oferecimento de vantagens e benefícios a diretores, associados, benfeitores, conselheiros, ou instituidores; o efetivo aproveitamento dos resultados operacionais nos objetivos institucionais da entidade; o efetivo oferecimento de gratuidade, parcial ou total, aos alunos com o perfil de carência socioeconômica estabelecida nas normas legais; Exigibilidades que não foram objeto de análise ou decisão nas ações judiciais, apurações que somente se tornam conhecidas a partir da presente auditoria. 2 Os procedimentos detectados na auditoria, efetuados pela entidade, incluíam: transferir toda a sua administração financeira, incluindo pagamentos e recebimentos, à terceira empresa, com a inadmissibilidade agravada de ser a beneficiada controlada por diretores da entidade ou entes próximos; pagar prestações de uma titulada compra de terreno a empresa controlada por um diretor da entidade; lançar em contabilidade pagamentos de empréstimos não comprovados; permanecer na condição sem a devida certificação de entidade beneficente de assistência social – CEBAS, como no intervalo de 16/11/2008 a 15/12/2010. Esses procedimentos, de caráter não eventual, são indicadores de práticas conflitantes com a involuntariedade, e, objetivamente, aconteceram pelo emprego de artifícios que visavam impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária das efetivas totalidades das obrigações a se declarar em GFIPs, na forma do disposto no Inc. IV do Art. 32 da Lei 8.212/91. 3 Impõe evidenciar que o gozo das isenções da cota patronal das contribuições previdenciárias, relacionadas às entidades assistenciais, até por determinação do § 7o do art. 195 da CF, sempre esteve indissoluvelmente ligado ao atendimento das exigências estabelecidas em lei, in casu e in tempore, preenchimento cumulativo dos requisitos insertos no art. 55 da Lei n°. 8.212/91, conforme seu caput. 4 Das consultas aos registros do CNAS e aos certificados apresentados podese afirmar, no período determinado no MPF desta fiscalização, com relação a CEBAS, têmse dois intervalos: o de 01/2007 a 10/2008 com certificação, e o de 11/2008 a 11/2010 a descoberto, e, finalmente, com certificação a competência 12/2010. Fl. 3505DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.505 4 5 Não ficou comprovada a concessão de bolsas, totais e/ou parciais, que, no propósito constitucional de atendimento a quem dela necessitar (Art. 203 da CF), que permitisse afirmar terse comprovado sua condição de instituição de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei (Art. 150 da CF). 6 Impõe verificar é a situação fática pela análise de suas atividades, em especial a existência de vantagens e benefícios a diretores, e até mesmo a seus familiares e pessoas ligadas, física ou jurídica. A mantenedora APEC que tem Antonio Veronezi como associado, mas também diretor, chanceler, da mantida UNG, em formal transação imobiliária transferiu valores para a empresa Novo Campo Administradora e Incorporadora S.A., controlada pelo grupo familiar Veronezi, em situações que configuram operações geradoras de vantagens ou benefícios a administrador da entidade. 7 Admitese que a entidade imune delegue certas tarefas operacionais especializadas para terceiros, ou mesmo as complementares as suas atividades principais, mas mantendo a máxima cautela em guardar todos os registros do relacionamento econômico, além de ter que como provar que as contratadas não tenham qualquer relacionamento direto ou indireto com seus diretores; Na espécie, transferir a totalidade de sua administração financeira a terceiro é algo inteiramente incompatível com a condição de filantrópica educacional que pretende seja reconhecida. 8 A não apresentação das comprovações para as contas escolhidas representou a impossibilidade de se demonstrar que os resultados operacionais, nos montantes dos pagamentos aos supostos credores lançados em contabilidade nestas contas, representaram efetivamente dispêndios feitos e justificados, o que veio a implicar em não comprovação da aplicação integral do resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais. 9 No período em análise existiam débitos que pelo § 6º do Art. 55 da Lei 8.212, eram impeditivos para o gozo da isenção, e pelo § 3º do Art. 195 da Constituição Federal não poderiam receber benefícios fiscais. 10 Somente foram atendidas as exigências quanto aos títulos de utilidade pública e quanto ao ato de reconhecimento do direito pelo INSS, pela interpretação judicial manifestada no Apelação Cível n° 0021859 76.2006.4.03.6100/SP na 23ª Vara Federal de S. Paulo, referente ao mandado de segurança 2006.61.00.0218598/SP, que, para estes quesitos, garantiu à entidade a imunidade em todo o período de 1994 a 16/11/2008, conforme o que se apresenta na sentença proferida em 18/04/2012. Nas ações que levaram à decisão do egrégio tribunal, tanto na inicial que garantiu a demandante em mandado de segurança a intimação ao INSS para que emitisse o ato declaratório reconhecendo o direito à isenção, recusado anteriormente pela autarquia, quanto na ação que se seguiu à liminar, nem por provocação da interessada, nem por manifestação judicial se trataram outras questões que não as levadas à decisão final de 18/04/12. 11 A multa aplicada nos termos do Art. 35A, na redação dada pela MP 449/08, transformada na Lei 11.941/09, obedece ao disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996: “I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata.” (fl. 700) Fl. 3506DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.506 5 12 Ao se enquadrar no FPAS 639, de entidade beneficente, sem cumprir as obrigações para com esta condição, e, ao revés, operando expedientes artificiosos, incidiu o sujeito passivo em procedimentos que afastam a hipótese da involuntariedade, por isso entendeu pelo agravamento da multa. No caso presente, a multa de ofício a se considerar será a de 150%, pelas circunstâncias de qualificação encontradas nas omissões em GFIPs das obrigações previdenciárias que deveriam ter sido declaradas. 13 Assim, como reflexo do agravamento, entendeu em relação à decadência que : "A multa de ofício calculada a partir dos indicadores citados produz os efeitos quanto a decadência tributária prevista no § 4º do Art. 150 do CTN, Lei 5.172/62, passando a valer o disposto no Inc. I do Art. 173 do Código Tributário. Na folha 3173 e seguintes, a DRJ I em São Paulo/SP analisou as manifestações de inconformidade do contribuinte, dispondo, em resumo, que: a) na contagem do prazo decadencial para constituição do crédito das contribuições devidas à Seguridade Social, na hipótese de lançamento de ofício, utilizase a regra geral do art. 173, I, do CTN, uma vez que não houve pagamento em relação às contribuições patronais e relativas a terceiros lançadas, verificandose retenção e pagamentos apenas em relação às contribuições devidas pelos segurados. Assim, não se operou decadência em nenhum dos períodos lançados. b) cerceamento de defesa o Contribuinte alegou que foi intimado "próximo ao Natal e no endereço errado". A DRJ justifica que as primeiras intimações foram encaminhadas para o endereço na cidade de São Paulo, via postal. Entretanto, algumas foram devolvidas e outras recebidas somente na terceira tentativa. A empresa informou que no local havia apenas um segurança para recebimento de correspondência. Assim, diante dos fatos, a autoridade fiscal desconsiderou o endereço informado pela empresa e passou a efetuar as intimações no endereço do estabelecimento onde, efetivamente, são desenvolvidas as atividades da entidade, correspondente à sua filial localizada na Praça Tereza Cristina nº 88 – Centro – Guarulhos/SP. c) A impugnante alegou que as condições para gozo da imunidade seriam somente aquelas previstas no art. 14 do CTN. Disse a DRJ que tal dispositivo regulamenta a imunidade relativa a impostos incidentes sobre o patrimônio, a renda ou serviços, prevista no art. 150, VI, c, da Constituição Federal. Não é aplicável às contribuições devidas à Seguridade Social que não são impostos e, muito menos, são incidentes sobre o patrimônio, a renda e serviços. A imunidade, nos casos destas contribuições, está prevista no art. 195, § 7º, da CF e a sua regulamentação não está sujeita a lei complementar, conforme determinação do próprio legislador constituinte, mas sim a lei ordinária, no caso a Lei 8.212/91. Não há que se falar em inconstitucionalidade do Art. 55, da Lei 8.212/91, bem como do Art. 28 da MP 446/2008 e do Art. 29 da Lei 12.101/2009. d) Impugnante alega que antes de lavrar os Autos de Infração, a Fiscalização deveria ter expedido o competente Ato de Suspensão da Imunidade, a qual havia sido anteriormente reconhecida por ato declaratório do próprio INSS. Não lhe cabe razão pois o procedimento aplicável, no caso das contribuições sociais incidentes sobre as remunerações pagas a segurados da Previdência Social, está previsto em legislação específica, qual seja, a Lei n° 12.101/2009 que extinguiu o procedimento previsto na parágrafo 4º do art. 55 da Lei 8.212/91 (Ato Cancelatório de Isenção) e estabeleceu novas regras de ordem procedimental, quanto ao lançamento de crédito previdenciário contra contribuinte que se considera, Fl. 3507DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.507 6 indevidamente, beneficiado pela isenção prevista no art. 195, parágrafo 7°, da Constituição Federal. f) feitas essas considerações, passou à análise dos requisitos, que segundo à fiscalização, foram descumpridos pela Impugnante, no período de 01/01/2009 a 31/12/2010, não podendo ser olvidado que, neste período, referidos requisitos são aqueles previstos no art. 28 da Medida Provisória nº 446, editada em 07/11/2008, com vigência no período de 10/11/2008 a 12/02/2009, no art. 55 da Lei 8.212/91, para o período de 13/02/2009 a 29/11/2009 e no art. 29 da Lei 12.101/2009, para o período a partir de 30/11/2009. (fl. 3.197) f.a) Ausência de CEBAS a realidade fática constatada nos autos demonstra que, realmente, para o período de 17/11/2008 a 15/12/2010, a mesma não possui CEBAS, conforme foi demonstrado pela Fiscalização. Constatase que para o período anterior a 16/12/2010, qual seja, 17/11/2008 a 15/12/2010, o órgão responsável pela análise dos pedidos de renovação protocolados pela entidade, entendeu que não houve o atendimento, pela solicitante, dos requisitos legais exigidos pela legislação vigente, razão pela qual não concedeu a renovação solicitada para o referido período. f.b) Promoção de Assistência Social – enfatizou que na sistemática adotada pela MP 446/2008, aplicável para o período 01/01/2009 a 12/02/2009, referido requisito está relacionado à concessão ou renovação do CEBAS, conforme estava disposto na Seção II, nos arts. 13 a 18 da referida Medida Provisória. Referida sistemática foi mantida pela Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009 (Seção II arts. 12 a 17), aplicável para o período a partir de 30/11/2009. No presente caso, para a quase totalidade do período abrangido pelo lançamento, ora discutido (01/01/2009 a 15/12/2010), a entidade não era certificada, ou seja, não há certificado a ser cancelada pelo Ministério da Educação. Não pode ser esquecido que o próprio Ministério da Educação não renovou o CEBAS da Impugnante, para o período de 17/11/2008 a 15/12/2010. em relação ao período 13/02/2009 a 29/11/2009, cujo dispositivo legal aplicável ao caso é o art. 55 da Lei 8.212/91, compete à Receita Federal do Brasil verificar se a entidade cumpre todos os requisitos. não ficou comprovada a concessão de bolsas de estudo, totais e/ou parciais, que permitisse afirmar que a Impugnante teria promovido, no período fiscalizado, de forma gratuita e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, na forma estabelecida na lei. f.c) Vantagens e benefícios a sócios e diretores –a Associação Paulista de Educação e Cultura, ora impugnante, que tem Antonio Veronezi como sócio/associado, mas também diretor, chanceler, da mantida UNG, em formal transação imobiliária transferiu valores para a empresa Novo Campo Administradora e Incorporadora S.A., controlada pelo grupo familiar Veronezi, em situações que configuram operações geradoras de vantagens ou benefícios a administrador da entidade (fl. 3202). Outra operação que representaria vantagem indireta a sócios e administradores seria a terceirização da administração financeira. Uma empresa que se pretende imune às obrigações previdenciárias contrata uma empresa mercantil controlada pelo mesmo grupo familiar, para gerir toda a sua atividade financeira, inclusive a totalidade dos seus recebimentos e pagamentos. O conflito de interesses é evidente. Não pode ser olvidado que o lucro operacional da gestora (Eral) tem como destinatário seus sócios que, por sua vez são pessoas jurídicas cujos titulares são membros da família Veronezi, que também controlam a Associação Paulista de Educação e Cultura (gerida). f.d) Aplicação dos resultados operacionais da entidade (fl. 3206) A Impugnante não teria comprovado a aplicação integral do seu resultado operacional na Fl. 3508DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.508 7 manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais. Nada foi trazido aos autos tanto nos argumentos da defesa como na documentação apresentada, que pudesse comprovar que os pagamentos efetuados às empresas Colina Paulista S A, Menescal Participações Ltda e Spencer International, apontados pela Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal, foram realmente aplicados na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais. f.e) existência de débitos previdenciários Observase que a inexistência de débito junto ao sistema de seguridade social é condição indispensável para o recebimento de quaisquer benefícios ou incentivos fiscais. embora parte dos débitos apontados pela Fiscalização tenham sido baixados, outros ainda são devidos, de modo que, para todo o período do lançamento (01/2009 a 31/12/2010), ora em discussão, a Impugnante não tem direito à isenção prevista no § 7º do art. 195 da CF, tendo em vista o não cumprimento do requisito previsto no § 6º do art. 55 da Lei 8.212/91, no inciso VI do art. 28 da MP 446/2008 e no inciso III do art. 29 da Lei 12.101/2009, bem como, no § 3º do art. 195 da Constituição Federal. f.f) contribuições apuradas entendeu que a apuração fiscal estava correta e citou os DEBCAD constantes destes autos e a legislação correspondente. (fl. 3.209) h) agravamento da multa dolo ou fraude. A Impugnante não só se enquadrou no FPAS 639, de entidade beneficente, sem cumprir as obrigações para com esta condição, mas também operou, voluntariamente, procedimentos artificiosos, visando impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária das efetivas totalidades das obrigações a se declarar em GFIPs. i) Bases de Cálculo levantadas a Impugnante alegou que a base de cálculo utilizada pela fiscalização não estaria correta, porque foram considerados valores em duplicidade (funcionários com dois códigos de PIS), citando um exemplo. Os Autos de Infração foram efetuados utilizandose como base de cálculo as remunerações pagas a segurados empregados e contribuintes individuais declaradas pela própria empresa, nas Guias de Pagamento do FGTS e Informações a Previdência Social GFIP. Em relação aos funcionários elencados nas Impugnações e nas planilhas anexas, houve pagamento de remunerações, segundo a própria empresa, em inscrições diferentes. Constatase que o funcionário citado nas impugnações, Eloi Marcos de Oliveira Lago possui dois vínculos empregatícios com a Impugnante, em estabelecimentos diferentes e com números de inscrição distintos. Impugnante alega, ainda, que vários dos valores indicados pelo Fisco como não incluídos em GFIP o foram, tanto que os valores de base de cálculo constante das GFIP são na verdade maiores que a totalização da folha, constante do próprio arquivo digital (FOLFXGFIP). O fato da Folha de Pagamento ter valor inferior ao da GFIP , apenas evidencia que a empresa deixou de incluir no referido documento (Folha de Pagamento) valores de remunerações pagas e que foram informados nas GFIP. (fl. 3.212) O contribuinte foi cientificado dessa decisão em 17 de julho de 2014, através do Centro Virtual de Atendimento da RFB (portal eCAC), como informa a Unidade preparadora, em despacho na folha 2.449, do processo principal 19515.722916/201294. Apresentou recurso voluntário em 18 de agosto de 2014, conforme protocolo na folha 2.452 (16 de agosto foi sábado, naquele ano) do processo principal 19515.722916/201294. Em sede de recurso (fl. 3234 e ss.), em resumo, traz as seguintes alegações: 1 decadência do direito de constituir o crédito tributário no período entre 01/2007 e 11/2007, com base no artigo 150, § 4º do CTN; Fl. 3509DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.509 8 2 Nulidade do Lançamento por falta de clareza cerceamento de defesa. 3 Nulidade do Acórdão recorrido cerceamento de defesa. 4 Fala da tributação por presunção, de ilações lógicas e da Representação Fiscal para Fins Penais. 5 Afastamento da Imunidade pela Autoridade Fiscal trata de: 5.1 inexistência de CEBAS no período entre 16/11/2008 e 15/12/2010 Alega que foi reconhecida como de utilidade pública conforme documentos acostados aos autos. Está devidamente registrada no CNAS. A MP nº 446 de 07 de novembro de 2008 alterou as normas para a certificação das entidades beneficentes prorrogando o prazo de vencimento dos Certificados em curso. Assim, apresenta os mesmos argumentos e documentos da impugnação. Diz que a Secretaria de Educação Superior do MEC publicou Portaria, em 16 de dezembro de 2010, certificandoa como Entidade Beneficente de Assistência Social. 5.2 ausência de comprovação de promoção de assistência social a Recorrente promove assistência social beneficente, como comprovam os diversos Certificados que possui. 5.3 concessão de benefícios e vantagens aos diretores, sócios e afins os diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores não receberam qualquer remuneração e/ou vantagem no exercício de suas funções estatutárias, e isso é o que é vedado pela Lei nº 8.212/91, artigo 55, inciso IV. A comprovação pode ser feita por sua própria contabilidade, onde o Fisco não identificou nenhum pagamento. Também existe determinação estatutária nesse sentido. E se isso ocorresse, a responsabilidade deveria ser pessoal dos administradores. Defende a falta de vínculo da família Veronezi com a APEC. Trata da compra e venda de um terreno e do contrato de administração financeira com a empresa Eral. 5.4 falta de aplicação integral do resultado operacional no desenvolvimento dos objetivos institucionais a comprovação de que cumpre esse requisito pode ser atestada pelo deferimento dos processos de renovação de seu certificado. Também é norma estatutária não distribuir qualquer parcela de lucro, devendo, eventualmente, seus administradores serem responsabilizados pessoalmente. Discute contas contábeis com registros de pagamentos para Colina Paulista (compra de imóvel), Menescal Participações (empréstimos recebidos) e Spencer Internacional (empréstimos recebidos). 5.5 existência de débitos de contribuições previdenciárias entendendose isenta das contribuições sociais patronais, não as deve. Em relação às contribuições descontadas dos empregados, apontadas pela DRJ, já existem decisões judiciais a seu favor quanto à sua inexigibilidade. A exigência da inexistência de débitos não pode considerar as próprias contribuições imunes. 6 Não houve revogação do Ato Declaratório de Reconhecimento de Isenção das contribuições sociais. Tal requisito deixou de ser exigido no período entre 10 de novembro de 2008 e 11 de fevereiro de 2009 e também a partir de 30 de novembro de 2009, pois não constou da Lei nº 12.101/2009. 7 Não apresentação de Certidão Negativa relativa aos tributos federais e FGTS essa exigência não era prevista pela Lei nº 8.212/1991, em seu artigo 55, só passando a constar com as alterações legislativas posteriores. Diz que devem prevalecer as exigências Fl. 3510DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.510 9 constantes do artigo 14 do CTN e que a OAB ajuizou ADIn contra dispositivos da Lei nº 12.101/09. 8 a Recorrente sempre cumpriu todas as obrigações acessórias previstas na legislação tributária e teve suas demonstrações contábeis auditadas por auditor independente. Portanto, conforme tratado nos itens acima, afirma que cumpriu todas as normas exigidas pela lei para gozo de imunidade em relação às contribuições previdenciárias. 9 o levantamento fiscal que apurou a base das contribuições lançadas está incorreto foram considerados valores que, segundo o Fisco, estão incluídos na folha de pagamento mas não na GFIP, mas estão considerados valores duplicados. Cita o caso de um funcionário que possui dois códigos de PIS. Além disso, valores que não deveriam ser tributados foram incluídos na base de cálculo como diferença de folha de pagamento, tais como aviso prévio indenizado e décimo terceiro salário indenizado. Junta planilhas, requerendo que seja realizada diligência (fl. 3363 e ss.). 10 Multa qualificada a multa foi aplicada no percentual de 150% em relação ao período posterior à edição da MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Conforme TVF, a aplicação da multa qualificada deuse em razão de a contribuinte ter informado em GFIP ser imune/isenta da quota patronal, o que não comprova o cometimento de crime. Discorre sobre os conceitos de dolo e fraude. PEDE: a) decadência em relação ao período 01/2007 a 11/2007; b) nulidade do lançamento e/ou da decisão recorrida por cerceamento de defesa; c) provimento de mérito de seu recurso; d) inaplicabilidade da multa moratória e inaplicabilidade da multa qualificada. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, relator. O recurso voluntário é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO E NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. Ao impugnar o lançamento, não verifiquei que o contribuinte tivesse levantado essa preliminar de nulidade do Auto de Infração. Impugnou de forma clara, demonstrando conhecer profundamente a matéria fática e legal e as razões da autuação. O que disse em 1ª instância foi que o fato de ter sido notificado "perto do Natal e no endereço errado", haviam prejudicado seu prazo de defesa. Fl. 3511DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.511 10 Esclarecidos e tratados os dois pontos pela DRJ, em sede recursal modifica o argumento para pedir nulidade da autuação. Fala em falta de clareza. Não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito de defesa. Importante manifestar o entendimento da “instrumentalidade das formas”, pelo que transcrevo o seguinte: “Não há requisitos de forma que impliquem nulidade de modo automático e objetivo. A nulidade não decorre propriamente do descumprimento do requisito formal, mas dos seus efeitos comprometedores do direito de defesa assegurado constitucionalmente ao contribuinte já por força do art. 5º, LV, da Constituição Federal. Isso porque as formalidades se justificam como garantidoras da defesa do contribuinte; não são um fim, em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa. Alegada eventual irregularidade, cabe, à autoridade administrativa ou judicial, verificar, pois, se tal implicou efetivo prejuízo à defesa do contribuinte. Daí falarse do princípio da informalidade do processo administrativo.” (PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário....15. ed. Porto Alegre : Livraria do Advogado Editora, ESMAFE, 2013, p.1197) Mesmo recentemente, após a apresentação do recurso, o contribuinte apresenta memoriais onde rebate ponto a ponto a autuação, demonstrando que entendeu perfeitamente o Termo de Verificação Fiscal, suas razões e enquadramentos. Não é plausível que tenha entendido a autuação, para impugnar, naquela ocasião referindose apenas a "falta de tempo", e no recurso passe a não entendêla, por falta de clareza. Quanto à decisão de 1ª instância a mesma é extremamente longa e minuciosa. Difícil foi resumila, neste relatório. Todos os pontos da autuação foram discutidos, com a citação de documentos, indicação de folhas do processo, transcrições de textos legais. A DRJ apresentou, fundamentadamente, as razões de decidir, permitindo que o contribuinte as conhecesse e rebatesse. Inaceitável que se alegue cerceamento de defesa, no caso. Apenas para argumentar, consoante jurisprudência assente nos tribunais superiores, o julgador não é obrigado a se manifestar sobre todas as alegações das partes, nem a se ater aos fundamentos indicados por elas ou a se manifestar acerca de todos os argumentos presentes na lide, quando já encontrou motivo suficiente para fundamentar a decisão. Ressalte se, ainda, que cabe ao julgador decidir a questão de acordo com o seu livre convencimento, utilizandose dos fatos, das provas, da jurisprudência, dos aspectos pertinentes ao tema e da legislação que entender aplicável ao caso concreto. Citese ainda jurisprudência deste CARF: Acórdão 2201002.926 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de fevereiro de 2016 NULIDADE DA DECISÃO. FALTA DE EXAME DE PROVAS E RAZÕES. INOCORRÊNCIA. Fl. 3512DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.512 11 Apresentando o julgador com clareza os fatos e elementos de convicção que entendeu suficientes e relevantes para a conclusão do julgado, não se pode exigir e/ou não é indispensável que se manifeste sobre cada detalhe da impugnação. Assim, rejeito as preliminares de nulidade do Auto de Infração e da decisão de 1ª instância. DECADÊNCIA. Tanto a DRJ quanto a Recorrente, nestes autos do processo nº 19515.722917/201239, apensado ao processo principal, falaram em decadência. Contudo, destaco que os DEBCAD que aqui se encerram tratam do período compreendido entre 01/2009 e 12/2010 e, tendo o contribuinte sido regularmente intimado do Auto de Infração em 18/12/2012, não há que se cogitar decadência de nenhum período objeto deste lançamento. MÉRITO De acordo com o § 7º do artigo 195, da CF/88: § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Primeiro, importante manifestar, o seguinte entendimento, conforme Leandro Paulsen: "Como norma constitucional que proíbe a tributação, para o custeio da seguridade social, das entidades beneficentes, cuidase de imunidade e não, propriamente, de isenção. A imunidade condiciona o exercício da tributação, enquanto a simples isenção é benefício fiscal concedido pelo legislador e que pode ser revogado. A imunidade ora em questão não está à disposição do legislador, que não pode afastála. Na ADIn 2.028 DF, foi expressamente reconhecido tratarse de imunidade. (PAULSEN, Leandro. Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. Livraria do Advogado. Porto Alegre:2013, 15ª ed., p.589) No mesmo sentido, de que se trata de imunidade e não de isenção, falam Paulo de Barros Carvalho e Sacha Calmon, citados por Paulsen. Ensina ainda o autor que: No sentido de conciliar a exigência de lei complementar para regulamentar as limitações constitucionais ao poder de tributar, constante do art. 146, II, da CF, com a referência simplesmente aos requisitos de lei no artigo 195, § 7º, da CF e tendo em conta a rígida posição do STF no sentido de que, quando a Constituição se refere a lei, cuidase de lei ordinária, pois a lei complementar é sempre requerida expressamente, decidiu o STF, em junho de 2005, no Ag. Reg. nº RE 428.8150, de modo inequívoco, que as condições materiais para o gozo da imunidade são matéria reservada a lei complementar mas que os requisitos formais para a constituição e funcionamento das entidades, como a necessidade de obtenção e renovação dos Fl. 3513DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.513 12 certificados de entidade de fins filantrópicos, são matéria que pode ser tratada por lei ordinária. (Paulsen, Leandro. Op. cit., p.589) Ademais, o CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária, conforme sua Súmula nº 2. Assim, não tendo o artigo 55 da Lei nº 8.212/1991 sido atacado na ação direta de inconstitucionalidade, como reconheceu o Relator na ADIn 2.028, permaneceu em vigor em determinado período e deve ser observado, bem como a MP nº 446, de 20/11/2008 e a Lei nº 12.101, de 30/11/2009. 1. O CEBAS No período que aqui se analisa de 01/2009 a 12/2010, estiveram em vigor a MP nº 446, de 07/11/2008 até 11/02/2009; a Lei nº 8.212/1991, de 12/02/2009 a 29/11/2009 e a Lei nº 12.101, de 30/11/2009 em diante. Como assentou o Auditor Fiscal (TVF, fl. 674): A Medida Provisória nº 446, de 07/11/2008, publicada no DOU de 10/11/2008, com alterações na legislação que foram em grande parte reintroduzidas pela Lei n° 12.101/2009, foi rejeitada por Ato do Presidente da Câmara dos Deputados de 10/02/2009 (DOU de 12/02/2009). Como não houve publicação de Decreto Legislativo regulando os efeitos produzidos pela MP n° 446/2008, no prazo de 60 dias de sua rejeição, as relações jurídicas constituídas e as decorrentes dos atos praticados durante sua vigência, conservamse por ela regidas, nos termos do art. 62, §11, da Constituição Federal. A concessão e renovação do certificado de entidade beneficente de assistência social, na vigência da Lei n° 8212/1991, eram competências do Conselho Nacional de Assistência Social CNAS, nos termos da Lei nº 8.742/1993 LOAS e do Decreto n° 2.536, de 06/04/1998. Já na vigência da MP 446/2008 e da Lei nº 12.101/2009, passaram a ser responsabilidade dos Ministérios da Saúde, da Educação ou do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, conforme a área de atuação da entidade. O direito à isenção dependia de requerimento ao INSS anteriormente a 02/05/07, conforme estabelecia o art. 55, §1°, da Lei nº 8.212/91. Na vigência da MP n° 446/08 e a partir da Lei nº 12.101/09, não há mais essa exigência, pois a EBAS fará jus à isenção a contar da sua certificação pelo Ministério da área de atuação correspondente, desde que atenda cumulativamente aos requisitos exigidos na legislação. Conforme destacou a DRJ, em seu julgamento (fl. 3200): Cabe salientar que o não cumprimento do requisito previsto no caput do art. 28 da MP 446/2008, acima mencionado, ou seja; a ausência do CEBAS, já é motivo suficiente para embasar o lançamento efetuado pela Fiscalização, tendo em vista que a Impugnante não atende, no período de 17/11/2008 a 31/12/2008, nem mesmo o requisito básico para o gozo da isenção, já que não era uma entidade beneficente devidamente certificada nos termos da legislação vigente.(destaquei). Passemos então à análise desse requisito básico para o que pretende o Recorrente. Fl. 3514DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.514 13 A entidade contava com o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS – nº 0335/2005, válido no período de 17/11/2005 a 16/11/2008. A seqüente certificação da entidade foi a aprovada no processo nº 71010.003538/200941 da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação, publicada no D.O.U. – Seção 1 – de 16/12/10, à fl. 25, válida no período de 16/12/10 a 15/12/13. A entidade alega que em 17 de novembro de 2008, requereu sua renovação e que a MP 446/2008 alterou as normas para certificação, estabelecendo, em seu artigo 41, que os certificados que expirassem no prazo de 12 meses contados de sua publicação seriam prorrogados pelo prazo de doze meses, dessa forma seu certificado teria sido automaticamente prorrogado até 16/11/2009. Dizia o artigo 41 da citada MP 446/2008: Art. 41. Os Certificados de Entidade Beneficente de Assistência Social que expirarem no prazo de doze meses contados da publicação desta Medida Provisória ficam prorrogados por doze meses, desde que a entidade mantenha os requisitos exigidos pela legislação vigente à época de sua concessão ou renovação. Em todas as suas manifestações, a entidade não menciona a parte acima sublinhada, ou seja, havia um condicionante para a prorrogação. Além disso, a renovação automática da certificação que a MP estabelecera foi rejeitada pelo Congresso, em 10 de fevereiro de 2008, voltando a valer as disposições da Lei nº 8.212, de 1991. Não há como entender então que estivesse fruindo de uma renovação automática até 16/11/2009. Prossegue a Recorrente dizendo que em 25 de setembro de 2009, requereu junto ao CNAS a renovação de seu CEBAS. Em 15 de dezembro de 2010, a Secretaria competente expediu Portaria certificandoa por três anos. A cópia do DOU que promoveu essa certificação encontrase na folha 130. Na mesma data, em 16 de dezembro de 2010, foram publicadas diversas Portarias, com o mesmo escopo. O texto delas diz o seguinte: A SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições, considerando os fundamentos constantes do Parecer Técnico nº....exarado nos autos do processo nº...., que conclui terem sido atendidos os requisitos do Decreto 2.536, de 6 de abril de 1998, resolve: Art. 1º Certificar a ...., inscrita no CNPJ nº..., com sede em..., como Entidade Beneficente de Assistência Social, pelo período de ...(são períodos de três anos) Art. 2º Esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação. Existem quatro Portarias publicadas, para entidades diferentes. Em duas, o período vai de 01/01/2010 a 31/12/2012, em uma ele é de 17/11/2009 a 16/11/2012 e apenas na Portaria que se refere à entidade aqui recorrente, a Portaria é expressa em fixar que "o prazo é de três anos a contar da publicação desta decisão no Diário Oficial da União." Ou seja, os Técnicos competentes, ao analisar o processo nº 71010.003538/200941 (de 2009), entenderam em Parecer que a certificação só deveria feita a Fl. 3515DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.515 14 partir da publicação da Portaria. Chamo a atenção que em outros processos, também de 2009, os técnicos entenderam de forma diferente e promoveuse a certificação a partir de 01/01/2010 ou mesmo a partir de 17/11/2009. A conclusão que se chega é que ao analisar os requisitos necessários, o órgão competente não entendeu pelo seu preenchimento no período precedente a 16/12/2010 e, tendo vencido o CEBAS anterior em 16/11/2008, a entidade ficou descoberta no lapso temporal. Diz o TVF, na folha 677: Haveria a dúvida se a entidade contaria com o benefício do enquadramento no Art. 37 da MP nº 446 de 07/11/08, que deferiu os requerimentos de certificação que estavam pendentes no Conselho Nacional de Assistência Social CNAS, para o período de 12(doze) meses seguintes à publicação da MP; Em consulta feita a resoluções emitidas pelo CNAS, do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a de nº 3, publicada no D.O.U., seção 1, de 26/01/09, e de sua retificação, a de nº 7, publicada no D.O.U. de 03/02/09, onde se publicaram as relações completas das entidades beneficiadas pela MP nº 446, não consta a Associação Paulista de Educação e Cultura; A relação consolidada do CNAS de 13/08/09, em planilha listando 6.821 entidades certificadas em todo o país, as aprovadas ordinariamente pelo Conselho mais as beneficiadas pela MP 446, não incluía esta Associação Paulista;(sublinhei). *Cópia DOU na folha 1906 e Relação fl. 2500 Assim, concordo com a DRJ, quando disse que (fl. 3199): Desta forma, constatase que para o período anterior a 16/12/2010, qual seja, 17/11/2008 a 15/12/2010, o órgão responsável pela análise dos pedidos de renovação protocolados pela entidade, entendeu que não houve o atendimento, pela solicitante, dos requisitos legais exigidos pela legislação vigente, razão pela qual não concedeu a renovação solicitada para o referido período. Por sua vez, a Impugnante não trouxe aos autos qualquer documento que pudesse comprovar as suas alegações em relação ao Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, para o período de 17/11/2008 a 15/12/2010. Os documentos juntados aos autos pela Impugnante, às fls. 1783/ 1793, referentes à comprovação da certificação exigida pelo caput do art. 28 da MP 446/2008, apenas comprovam o que a Fiscalização já havia constatado durante a ação fiscal, ou seja, que a Impugnante somente possui certificação válida para o período de 17/11/2005 a 16/11/2008 e de 16/12/2010 a 15/12/2013. Antes, contudo, da análise dos demais requisitos apontados pelo Auditor Fiscal que não teriam sido cumpridos para o gozo do benefício tributário, e questionados pelo Recorrente, é necessário tratar do seguinte ponto do recurso: 2. AS BASES CONTRIBUTIVAS PREVIDENCIÁRIAS Fl. 3516DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.516 15 Diz a Recorrente que entregou as GFIP nos devidos prazos. Aduz que o relatório de diferenças entre a GFIP e a folha de pagamento é composto de mais de 1.500 folhas (321 em 2007, 332 em 2008, 421 em 2009 e 473, em 2010) e está incorreto. Apresenta os seguintes motivos: a) em todos os períodos objeto do lançamento, o Fisco considerou como base de cálculo valores que estariam incluídos na folha de pagamento e não na GFIP, mas nessa apuração considerou valores duplicados, pois incluiu na base de cálculo como "diferença de folha" valores que já haviam sido considerados na GFIP. Cita como exemplo o funcionário Elói Marcos de Oliveira, que possui dois códigos de PIS e foi incluído na folha de pagamento com um código e na GFIP com outro (fl. 3.364, quadro com códigos de PIS do exemplo). Diz que tal critério foi repetido em todos os períodos e em relação a vários funcionários, como detalhado nas planilhas anexas à Impugnação. b) foram incluídos na base de cálculo, como "diferença de folha" valores indevidos como aviso prévio indenizado e décimo terceiro salário indenizado. c) vários dos valores indicados pelo Fisco como não incluídos em GFIP o foram, tanto que os valores da base de cálculo constante das GFIP são na verdade maiores que as totalizações da folha que consta do próprio arquivo fiscal (quadro demonstrativo na folha 3.366). A recorrente diz ainda que seria "impraticável" a juntada aos autos dos comprovantes relacionados a cada um dos funcionários, mas que pode comprovar suas alegações durante a realização de uma diligência, onde apontaria os erros mencionados e a correção das planilhas. Chamou a atenção a alegação de que "só essa diferença em decorrência da adoção de incorreto critério representa em torno de 70% de toda a diferença apurada no levantamento" (fl. 3.365). A DRJ tratou do tema em sua decisão, dizendo que, em relação a esse funcionário tomado como exemplo, efetuou consulta em sistema da Receita Federal e verificou que ele possuía dois PIS mas também dois vínculos de trabalho em diferentes unidades da recorrente. Considerou ainda que não entendia "impraticável" a juntada de todos os documentos necessários. Concluiu enfim que "não há qualquer reparo a ser feito nos valores considerados como base de cálculo do crédito apurado no presente lançamento e, muito menos, motivo para que seja realizada diligência fiscal, até porque, a Impugnante não traz aos autos qualquer documento que pudesse comprovar, mesmo com indícios, as suas alegações" (fl. 3.214). Mas divirjo de suas conclusões, que enfim não demonstraram a procedência da autuação, mas concluíram pela mesma pela ausência de provas a cargo do contribuinte. CONCLUSÃO Considerando o volume de dados envolvidos, que foram tratados mediante arquivos magnéticos em modelos específicos, não é possível, neste julgamento, verificar com a devida pertinência as alegações do recorrente. Ademais, acho plausível que possa ter acontecido a consideração de funcionário em duplicidade ou a inclusão de verbas indevidas na apuração da base de cálculo. Fl. 3517DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.722917/201239 Resolução nº 2202000.682 S2C2T2 Fl. 3.517 16 A base de cálculo corretamente apurada é elemento substancial do lançamento e sua impropriedade impede que se construa um crédito tributário líquido e certo, como deve ser. Além disso, a verdade material é princípio que deve ser observado neste julgamento. Dessa feita, antes de prosseguir para a conclusão do julgamento, VOTO pela conversão em diligência, a fim de que a Unidade de origem adote as seguintes medidas: a) observando as indicações da recorrente, acima tratadas, e verificando as alegações do recurso intituladas "as bases contributivas previdenciárias", nas folhas 3.363 a 3.366, intime a contribuinte a comprovar documentalmente suas alegações de que as bases de cálculo empregadas no lançamento estariam incorretas, indicando a inclusão de valores em duplicidade, a inclusão de parcelas indevidas e não tributáveis da folha de salários, e a consideração pelo Fisco de valores como não incluídos em GFIP e que na realidade estão incluídos. b) reveja as planilhas de folhas 706 e seguintes e a apuração da base de cálculo do lançamento, elaborando relatório circunstanciado onde seja evidenciada a manutenção ou alteração, por período de apuração, considerando as informações e documentos que forem apresentados. c) após, intime o contribuinte do resultado da diligência para, querendo, manifestarse no prazo legal. Então, retornem os autos a este CARF para prosseguimento do julgamento. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 3518DF CARF MF Impresso em 17/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 11330.001196/2007-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/1995 a 01/12/1996
CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA - CESSÃO DE MÃO DE OBRA. Responde solidariamente com o executor o contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mão de obra, em relação aos serviços a ele prestados, pelas obrigações previdenciárias.
CUMPRIMENTO DECISÃO JUDICIAL. Em face de decisão judicial determinando a verificação dos recolhimentos realizados pela prestadora de serviços, foi constatado que houve recolhimento compatível com a RAIS na competência 07/1995, devendo ser excluída referida competência do crédito tributário, mantendo-se as demais.
TERCEIROS.O Parecer CJ/MPAS nº 1.710/99 estabelece que não existe responsabilidade solidária na cobrança de contribuições para Terceiros, perante nenhuma empresa.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-004.069
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do Recurso Voluntário para, no mérito, negar-lhe provimento.
Maria Cleci Coti Martins Presidente Substituta
Luciana Matos Pereira Barbosa- Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Miriam Denise Xavier Lazarini, Arlindo da Costa e Silva, Carlos Henrique de Oliveira, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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ATUAL DENOMINAÇÃO DE ESSO BRASILEIRA DE PETRÓLEO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/1995 a 01/12/1996 CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA CESSÃO DE MÃO DE OBRA. Responde solidariamente com o executor o contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mão de obra, em relação aos serviços a ele prestados, pelas obrigações previdenciárias. CUMPRIMENTO DECISÃO JUDICIAL. Em face de decisão judicial determinando a verificação dos recolhimentos realizados pela prestadora de serviços, foi constatado que houve recolhimento compatível com a RAIS na competência 07/1995, devendo ser excluída referida competência do crédito tributário, mantendose as demais. TERCEIROS.O Parecer CJ/MPAS nº 1.710/99 estabelece que não existe responsabilidade solidária na cobrança de contribuições para Terceiros, perante nenhuma empresa. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 33 0. 00 11 96 /2 00 7- 19 Fl. 503DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do Recurso Voluntário para, no mérito, negarlhe provimento. Maria Cleci Coti Martins – Presidente Substituta Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Miriam Denise Xavier Lazarini, Arlindo da Costa e Silva, Carlos Henrique de Oliveira, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 504DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS Processo nº 11330.001196/200719 Acórdão n.º 2401004.069 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Período de apuração: 01/04/1995 a 31/12/1996 Data de lavratura da NFLD: 25/02/1997. Data de ciência: 05/06/1997. Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela 11ª Turma de Julgamento da DRJ/RJ1 que julgou parcialmente procedente a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário. Impende salientar que a execução do procedimento fiscal em comento, tem como escopo a responsabilidade solidária decorrente da execução de contrato de cessão de mão de obra, nos termos do artigo 31 da Lei nº 8.212/91, com redação vigente à época dos fatos geradores, pela empresa GARANTIA SERVIÇOS EMP. LTDA, CNPJ Nº 00.100.762/2001 60, nas competências 04/1995 a 12/1996. O crédito engloba as contribuições previdenciárias relativas à parte patronal, financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – SAT, Terceiros, além das contribuições dos segurados empregados. O presente processo administrativo fiscal inicialmente recebeu a numeração DEBCAD nº 32.593.6099, entretanto, em razão da extinção da Secretaria da Receita Previdenciária do Ministério da Previdência Social e consequente atribuição de competência e transferência dos autos administrativosfiscais para a Secretaria da Receita Federal do Brasil, o feito em comento foi renumerado passando a consubstanciar o processo de nº 11330.001196/200719, nos termos do artigo 4º da Lei nº 11.457 de 16 de março de 2007. Inicialmente, para o crédito em referência, foi emitida DecisãoNotificação de Procedência do Lançamento de Débito (fls.117). Posteriormente, foi proferido Acórdão negando provimento ao recurso (fls. 150/156), ato contínuo o processo foi encaminhado à Procuradoria da Previdência Social para inscrição do débito; ocorre que, por força de liminar no Mandado de Segurança nº 98.00317171, concedida em 15/12/1998, o crédito teve sua exigibilidade suspensa, entretanto, no referido feito foi proferida sentença julgando extinto o processo sem julgamento do mérito. Não satisfeita, a empresa impetra novo Mandado de Segurança sob o nº 99.02.297366, o qual atribuiu efeito suspensivo ao recurso de apelação interposto no mandado de segurança originário, restabelecendo a liminar outrora concedida; nessa ocasião, ambos procedimentos encontravamse conclusos para sentença. Posteriormente, o e. CRPS informa que foi proferida sentença no Mandado de Segurança originário (nº 98.00317171) anulando os processos administrativos a partir das autuações, para que o INSS verificasse se efetivamente foram realizados os pagamentos pela prestadora de serviços (fls. 208). Fl. 505DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 4 Objetivando atender à r. decisão judicial, os autos foram baixados em diligência para verificar se houve o recolhimento das contribuições previdenciárias relativas as notas fiscais de serviço incluídas no presente lançamento fiscal, emitidas pela prestadora de serviços GARANTIA SERVIÇOS EMPRESARIAIS LTDA. Em retorno da diligência solicitada, verificouse que a prestadora de serviços GARANTIA SERVIÇOS EMPRESARIAIS LTDA. encontrase com a situação “baixada” em face de inaptidão (fls. 218); há ausência de recolhimentos no contacorrente da empresa para o período objeto da apuração (fls. 283); não consta do sistema CNAF informação de procedimento de fiscalização previdenciária (fls. 282); inexiste cadastro de parcelamento no sistema SICOB e há ausência de crédito constituído no sistema PGFN/DÍVIDA ATIVA (fls.284). Diante desse cenário, e em face da necessidade de análise conclusiva sobre a existência de recolhimentos na empresa prestadora de serviços os autos foram encaminhados à DEMAC/RJO/DIFIS (fls. 289/292) a qual informa que em consulta ao sistema PLENUS ÁGUIA, observou que houve recolhimentos de contribuições previdenciárias em GPS/GRPS nos meses de 04/1995 a 12/1996 (fls. 293); em consulta ao CNIS obtevese a massa salarial informada na RAIS e com essas informações foi elaborada planilha com quadro comparativo entre a RAIS e conta corrente, concluindo que: a) a empresa efetuou integralmente o recolhimento da contribuição previdenciária relativa aos empregados por ela informados em RAIS na competência 07/1995; b) a prestadora deixou de efetuar os recolhimentos integrais das contribuições previdenciárias devidas no período de 04/1995 a 06/1995 e 08/1995 a 12/1996. A empresa ESSO Brasileira de Petróleo Ltda, atualmente denominada COSAN LUBRIFICANTES E ESPECIALIDADES S/A, foi cientificada da Resolução e da Informação Fiscal, em 13/07/2012 (fls. 319/322), e apresenta manifestação às fls. 335/342. A prestadora de serviços foi cientificada através de edital (fls. 391), entretanto, não apresentou defesa. Assim, a 11ª Turma da DRJ/RJ1 julgou parcialmente procedente a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário, por intermédio do Acórdão nº 1256.418 de 27/05/2013, determinando a exclusão do crédito tributário a competência 07/1995, em face do recolhimento efetuado pela prestadora, mantendose as demais competências e ainda a exclusão do crédito referente a cobrança de contribuições para Terceiros, de acordo o com o Parecer CJ/MPAS nº 1.710/99, que opinou pela inexistência de responsabilidade solidária nesses casos. O Recorrente foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 01/08/2013, conforme Aviso de Recebimento às fls. 416/417. A prestadora de serviços GARANTIA SERVIÇOS EMPRESARIAIS LTDA., foi cientificada por edital (fls. 418) e não apresentou recurso. Nesse descortino, inconformada com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, o ora Recorrente interpôs Recurso Voluntário a fls. 421/440, ratificando parte de suas alegações anteriormente expendidas e respaldando sua inconformidade em argumentação desenvolvida nos termos a seguir expostos: Fl. 506DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS Processo nº 11330.001196/200719 Acórdão n.º 2401004.069 S2C4T1 Fl. 4 5 1 Reitera que todas as fases seguintes à autuação do presente processo foram anuladas pela decisão da 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª região, ao julgar o Mandado de Segurança nº 1999.02.01.0527889; 2 Que deve ser integralmente observada a decisão da 5ª Turma do TRF que anulou todas as fases subseqüentes a autuações, cancelando as inscrições em dívida ativa e ainda determinou que autoridade fiscal verificasse junto as empresa contratadas se efetivamente não houve pagamento da contribuição previdenciária que gerou a autuação; 3 Que não há de se falar em responsabilidade solidária sem prova cabal do inadimplemento; 4 De qualquer forma, ao cumprir parte da decisão judicial a autoridade fiscal reconhece que durante todo o período de autuação houve recolhimento da cota previdenciária pela prestadora de serviços; 5 Se a requerente foi considerada responsável solidária e autuada pela ausência de recolhimento da cota previdenciária, verificase grave erro de vício na autuação da peticionante; 6 Confirmado as contribuições previdenciárias foram recolhidas pela prestadora de serviços, deve ser afastada a responsabilidade da requerente do débito indicado, bem como cancelada a NFLD em epígrafe; 7 Ainda que eventualmente o recolhimento realizado pela prestadora não tenha sido compatível com a massa salarial de todos os empregados da referida empresa no período de autuação, na atual fase processual, não há como afastar que o pagamento efetuado se referia especificamente à prestação de serviço à requerente, ainda mais considerando as guias GRPS apresentadas pela requerente no processo em meados de 1997; 8 A diferença apontada entre os valores recolhidos e o montante tido como devido com base no total da massa salarial, deve ser referente a outro contrato de prestação de serviços da empresa prestadora que não tem qualquer relação com a requerente; 9 Havendo eventual dúvida de que o recolhimento realizado referese à prestação de serviço feito à requerente, deve ser verificada in loco na prestadora; 10 Entende ser fundamental a fiscalização prévia da contabilidade da empresa prestadora; 11 Registra ainda que solidariedade prevista na lei somente poderia ocorrer quando houver cessão de mão de obra e desta resultar na subordinação jurídica com a tomadora dos serviços, nunca na hipótese de mera prestação de serviços; 12 – Destaca que a Certidão Negativa de Débito (CND) de fls. 83/85 comprova que em 23/12/96 a prestadora de serviços não tinha qualquer débito com a Previdência; 13 – Que a mera busca no sistema fazendário eletrônico não esgota e nem substituiu a necessidade de verificação direta na prestadora de serviços, real contribuinte; Fl. 507DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 6 14 – Reitera que devese verificar se eventual dívida existente não é objeto de cobrança do Fisco junto à própria prestadora de serviços, a fim de evitar cobrança em duplicidade; 15 – Ressalta que no presente caso é imperativo que se verifique se eventual dívida existente já não é objeto de cobrança do Fisco junto a própria prestadora de serviços, para que se evite a cobrança em duplicidade, o que seria flagrantemente ilegal; 16 – Reportase às manifestações protocoladas anteriormente, especialmente à defesa apresentada em 20/06/1997, e principalmente às guias GRPS juntadas (fls. 85/95), além da CND da prestadora (fls. 83/89); 17 – Por fim requer a reforma integral da decisão proferida pela 11ª Turma de Julgamento da DRJ, sendo cancelado totalmente o débito indicado; 18 – Alternativamente, caso não seja possível o cancelamento de plano da NFLD, requer que seja anulada a decisão proferida, sendo determinado que a Autoridade Fiscal proceda à aferição junto à prestadora de serviços, real contribuinte, sobre a efetivação do pagamento das cotas previdenciárias relacionadas às notas fiscais de prestação de serviço objeto ainda em cobrança no presente processo; 19 – Não sendo cancelado totalmente o débito e nem anulada a decisão da 11ª Turma de Julgamento da DRJ, requer que o presente recurso seja provido, a fim de que seja realizada a compensação dos valores já satisfeitos pela prestadora e indicados nas planilhas de fls., como também os valores comprovados pelas diversas guias GRPS juntadas ao processo pela Requerente em junho de 1997; 20 – Por último requer especial atenção de dirigir toda e qualquer comunicação de ato processual a COSAN Lubrificantes e Especialidades S/A (atual denominação da ESSO Brasileira de Petróleo Ltda), com sede à Rua Vitor Civita, n° 77, bloco 1, sala 301, Barra da Tijuca, Rio de janeiro/RJ, CEP:22.775040. Enfim, repete os argumentos expendidos na Instância Regional com algumas modificações, para ao final requer a reforma integral da decisão proferida pela 11ª Turma de Julgamento da DRJ, sendo cancelado totalmente o débito indicado o acatamento do recurso de modo a alterar a decisão recorrida, objeto do Acórdão 1256.418, para fins de declaração da insubsistência da autuação com sua total improcedência; alternativamente, caso não seja possível o cancelamento de plano da NFLD, requer que seja anulada a decisão proferida, sendo determinado que a Autoridade Fiscal proceda à aferição junto à prestadora de serviços, real contribuinte, sobre a efetivação do pagamento das cotas previdenciárias relacionadas às notas fiscais de prestação de serviço objeto ainda em cobrança no presente processo; não sendo cancelado totalmente o débito e nem anulada a decisão da 11ª Turma de Julgamento da DRJ, requer que o presente recurso seja provido, a fim de que seja realizada a compensação dos valores já satisfeitos pela prestadora e indicados nas planilhas de fls., como também os valores comprovados pelas diversas guias GRPS juntadas ao processo pela Requerente em junho de 1997. Após, sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, subiram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório Fl. 508DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS Processo nº 11330.001196/200719 Acórdão n.º 2401004.069 S2C4T1 Fl. 5 7 Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate no dia 01/08/2013, conforme AR juntado às fls. 416/417, e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 30/08/2013, às fls. 421/440, razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. DO MÉRITO 2.1 – DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Para melhor contextualizar o caso sub examine fazse necessário observar a natureza jurídica da Recorrente, tanto à época da atuação fiscal, como hoje – tratase de pessoa jurídica de direito privado. O crédito em debate foi apurado com base no instituto da responsabilidade solidária, decorrente da execução de contrato de cessão de mão de obra, de acordo com o artigo 31, da Lei no 8.212/91, com redação vigente à época dos fatos geradores. É importante ressaltar que a responsabilidade solidária nasce com o fato gerador da obrigação tributária e independe de prévia constituição do crédito em face do devedor originário. Com a ocorrência do fato gerador, configurase a obrigação tributária e o credor fica autorizado a proceder ao lançamento das contribuições pertinentes, com a constituição do devido crédito. Este crédito pode ser constituído no nome de qualquer uma das pessoas expressamente designadas na Lei nº 8212/91, cabendo ao credor escolher de quem irá cobrar a satisfação da obrigação tributária, uma vez que o artigo 124, do Código Tributário Nacional, assim trata da solidariedade: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I – as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. A Responsabilidade solidária na cessão de mão de obra está prevista no artigo 31 da Lei nº 8212/91, bem como no Regulamento da Organização e do Custeio da Seguridade Social, aprovado pelos Decretos 612/92, e Decreto nº 2.173/97. Fl. 509DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 8 Referidas normas legais estabelecem, dentre vários dispositivos, a responsabilidade solidária das contribuições previdenciárias e sua forma de elisão. Lei 8.212/91 Art. 31. O contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, responde solidariamente com o executor pelas obrigações decorrentes desta lei, em relação aos serviços a ele prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23. (...) § 3º A responsabilidade solidária de que trata este artigo somente será elidida se for comprovado pelo executor o recolhimento prévio das contribuições incidentes correspondente aos serviços executados, quando da quitação da referida nota fiscal ou fatura. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 28.4.95) § 4º Para efeito do parágrafo anterior, o cedente da mão de obra deverá elaborar folhas de pagamento e guia de recolhimento distintas para cada empresa tomadora de serviço, devendo esta exigir do executor, quando da quitação da nota fiscal ou fatura, cópia autenticada da guia de recolhimento quitada e respectiva folha de pagamento. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 28.4.95) A Ordem de Serviço INSS/DAF nº 83, de 13 de agosto de 1993 instituiu os procedimentos para apuração dos valores decorrentes de responsabilidade solidária, no caso de não ter sido comprovada a elisão da mesma perante a Fiscalização; o crédito ora em análise foi constituído em 01/01/1998. Referido ato é de cumprimento obrigatório pelo Auditor Fiscal, e não facultativo, face à norma insculpida no parágrafo único do artigo 142 do CTN; a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. In verbis: ORDEM DE SERVIÇO INSS/DAF Nº 83, DE 13 DE AGOSTO DE 1993 11. Não havendo comprovação do recolhimento, será imediatamente responsabilizada a empresa tomadora, com a consequente lavratura da NFLD, aplicando se, para a apuração da remuneração, os percentuais estabelecidos de acordo com a atividade desenvolvida pela empresa prestadora de serviço, constantes do subitem 7.2. (...) 7.2 A aferição indireta do salário de contribuição será procedida com base no valor bruto da nota fiscal de serviço/fatura, sobre o qual será aplicado o percentual mínimo correspondente à atividade da empresa, conforme o quadro seguinte: Pelas disposições acima, constatase que o crédito foi apurado nos termos dos atos vigentes à época do lançamento. Ocorre que, a decisão judicial já transitada em julgado, proferida nos autos da Apelação em Mandado de Segurança nº 1999.02.01.0527889 determinou a anulação dos processos administrativos a partir a partir das autuações, para que fosse apurado se efetivamente foram realizados os pagamentos pela prestadora de serviço. Nesse diapasão objetivando atender à determinação judicial, os autos foram encaminhados em diligência à origem, ocasião em que foi proferida Informação Fiscal Fl. 510DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS Processo nº 11330.001196/200719 Acórdão n.º 2401004.069 S2C4T1 Fl. 6 9 conclusiva a respeito do caso concreto, às fls. 289/292. Inicialmente, o Auditor Fiscal informou que a empresa prestadora de serviço não sofreu fiscalização previdenciária no período objeto do débito e que existiu recolhimento de contribuições previdenciárias nos meses 04/95 a 12/96. Todavia, o Auditor elabora planilha comparativa entre os valores devidos de contribuição social obtidos através da RAIS e os valores recolhidos de contribuição social constante do conta corrente da empresa prestadora de serviços, nos meses de 04/1995 a 12/1996, demonstrando que: “A empresa prestadora de serviço efetuou integralmente o recolhimento da contribuição previdenciária relativa aos empregados por ela informado em RAIS para o mês de 07/1995. A empresa prestadora de serviço deixou de efetuar integralmente o recolhimento das contribuições previdenciárias relativas aos empregados por ela informado em RAIS para os meses de 04/95 a 06/95 e 08/95 a 12/96. conforme se observa na tabela do item 11 da mesma Informação Fiscal, fls 291 do vol II/2. Concluise que, em relação ao período lançado na presente NFLD (04/1995 a 12/1996) a autoridade fiscal demonstrou com a planilha comparativa entre RAIS e Conta corrente, fls. 291, que na competência 07/1995 o recolhimento previdenciário da empresa GARANTIA SERVIÇOS EMP. LTDA está compatível com a massa salarial declarada na RAIS. Assim, determinouse a exclusão do crédito tributário da referida competência. Noutro giro, em face da discrepância entre os recolhimentos e a massa salarial declarada na RAIS, mantevese o valor lançado nas competências 04/95 a 06/95 e 08/95 a 12/96. Impendese salientar que não cabe pretender a prévia fiscalização de prestadores de serviço, em face a previsão constante na Resolução MPS/CRPS nº 1, de 31 de janeiro de 2007, DOU de 05/02/2007, que edita o Enunciado nº 30 do Conselho de Recursos da Previdência Social, a saber: “A CÂMARA SUPERIOR do Conselho de Recursos da Previdência Social, especializada em matéria de custeio, no uso da competência que lhe é atribuída pelo artigo 303, Parágrafo 1º, Inciso IV do Decreto nº 3048/99, na redação do Decreto nº 4729, de 09 de Junho de 2003, publicado no Dário Oficial da União de 10 de Junho de 2003, tendo em vista o disposto nos artigos 14 e 63 do Regimento Interno do CRPS – aprovado pela Portaria MPS nº 88, de 22 de janeiro de 2004 –, em reunião realizada no dia 31 de janeiro de 2007, resolve editar o seguinte enunciado: Enunciado nº 30 “Em se tratando de responsabilidade solidária o fisco previdenciário tem a prerrogativa de constituir os créditos no tomador de serviços mesmo que não haja apuração prévia no prestador de serviços.” Desta feita, resta amplamente justificado o procedimento adotado pela Autoridade Fiscal, bem como o acerto da decisão constante no Acórdão em debate, proferido pela instância a quo. Fl. 511DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 10 Em relação à extinção da cobrança de contribuição para Terceiros, em créditos lançados com base na responsabilidade solidária, foi exarado em 07/04/1999 o Parecer MPAS/CJ nº 1.1710, cuja ementa assim dispõe: PARECER MPAS/CJ Nº 1.710 EMENTA DIREITO PREVIDENCIÁRIO E TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DE ÓRGÃOS PÚBLICOS. 1. A Administração Pública não responde solidariamente pelas multas impostas às empresas prestadoras de serviços. 2. A solidariedade prevista no art. 31, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, referese às contribuições previdenciárias, não existindo responsabilidade solidária na cobrança de contribuições para terceiros para nenhuma empresa, inclusive no caso dos órgãos públicos. 3. Precedente Parecer INSS PG/CCAR nº 24/97.(sem grifo no original) Nessa esteira de entendimento, agiu com acerto a 11ª Turma de Julgamento da DRJ/RJ1 ao excluir o crédito tributário na competência 07/95, devido ao recolhimento integral das contribuições previdenciárias e a totalidade da exclusão das contribuição levantadas para Terceiros, nas competências 04/95 a 06/95 e 08/95 a 12/96, devido ao Parecer MPAS/CJ nº 1.1710, tudo na forma da Tabela constante do Relatório Fiscal em retorno de diligência e no Acórdão Recorrido, a qual passa a fazer parte integrante do presente Voto. Portanto, após exclusão da competência 07/95 e das contribuições de Terceiros nas competências 04/95 a 06/95 e 08/95 a 12/96, retificase o valor originário do crédito tributário: De: R$ 7.043,10 Para: R$ 5.727,46 Por fim, é importante esclarecer que a emissão da CND de fls., 83/84 para a prestadora de serviços, foi possível tendo em vista que naquela ocasião não havia sido realizado procedimento fiscalizatório na empresa prestadora de serviços GARANTIA SERVIÇOS EMPRESARIAIS LTDA. já que não constava do sistema CNAF informação de procedimento de fiscalização previdenciária (fls. 282), logo, via de consequência, existia ausência de crédito constituído no sistema PGFN/DÍVIDA ATIVA (fls.284). Quando se observou as irregularidades nos recolhimentos realizados, como a prestadora encontravase com a situação “baixada” em face de inaptidão (fls. 218), não foi possível realizar o procedimento fiscal in loco( o que certamente inviabilizaria a emissão de CND), razão pela qual se adotou o procedimento de encaminhar os autos à DEMAC/RJO/DIFIS (fls. 289/292) e realizar consulta no sistema PLENUSÁGUIA, local onde foi possível observar que houve recolhimentos de contribuições previdenciárias em GPS/GRPS nos meses de 04/1995 a 12/1996 (fls. 293); bem como consultar o CNIS, onde se obteve a informação da massa salarial informada na RAIS e com essas informações foi elaborada planilha com quadro comparativo entre a RAIS e conta corrente, concluindo que: a) a empresa efetuou integralmente o recolhimento da contribuição previdenciária relativa aos empregados por ela informados em RAIS na competência 07/1995; b) a prestadora deixou de efetuar os recolhimentos integrais das contribuições previdenciárias devidas no período de 04/1995 a 06/1995 e 08/1995 a 12/1996. Fl. 512DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS Processo nº 11330.001196/200719 Acórdão n.º 2401004.069 S2C4T1 Fl. 7 11 Urge ainda salientar que todas as guias GRPS juntadas às fls. 85/95 foram observadas para a constituição do crédito tributário ora em debate. Assim, absolutamente improcedentes os requerimentos quanto à reforma integral da decisão proferida pela 11ª Turma de Julgamento da DRJ, objetivando o cancelamento do débito indicado, bem como improcedente o pedido de acatamento do recurso de modo a alterar a decisão recorrida, objeto do Acórdão 1256.418, para fins de declaração da insubsistência da autuação com sua total improcedência. Nesse mesmo diapasão improcedem os pedidos alternativos para que seja anulada a decisão proferida, determinado que a Autoridade Fiscal proceda à aferição junto à prestadora de serviços, sobre a efetivação do pagamento das cotas previdenciárias relacionadas às notas fiscais de prestação de serviço objeto ainda em cobrança no presente processo, posto que já realizadas no momento da diligência; assim como improcedente o pedido de compensação dos valores já satisfeitos pela prestadora e indicados nas planilhas de fls., como também os valores comprovados pelas diversas guias GRPS juntadas ao processo pela Requerente em junho de 1997, posto que já realizados pela Autoridade Fiscal. 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. É como voto Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 513DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS
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Numero do processo: 10168.001809/2007-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jul 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1992 a 30/01/1998
AUTO DE INFRAÇÃO. RESCONSTITUIÇÃO DOS AUTOS. INCÊNDIO NAS DEPENDÊNCIAS DO INSS EM BRASÍLIA. AUSÊNCIA DE PEÇA ESSENCIAL AO LANÇAMENTO. NULIDADE. Tendo em vista que no procedimento de reconstituição dos autos, a Secretaria da Receita Federal não conseguiu localizar em seus sistemas ou arquivos, o relatório fiscal da infração, peça essencial ao lançamento, é de se determinar a anulação do crédito tributário, tendo em vista a impossibilidade do julgador manifestar-se conclusivamente sobre o mérito da autuação levada a efeito, bem como quanto aos argumentos de defesa da recorrente constantes em seu recurso voluntário.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-005.340
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, para declarar a nulidade do lançamento fiscal; II) por maior de votos, em declarar a natureza do vício como material. Vencido o conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, neste item, que encaminhava pelo vício de natureza formal
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Lourenço Ferreira do Prado- Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Malagoli da Silva e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: LOURENCO FERREIRA DO PRADO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1610; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10168.001809/200784 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402005.340 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 15 de junho de 2016 Matéria REMUNERAÇÃO DE SEGURADOS: PARCELAS EM FOLHA DE PAGAMENTO Recorrente AUTO VIAÇÃO TABOÃO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1992 a 30/01/1998 AUTO DE INFRAÇÃO. RESCONSTITUIÇÃO DOS AUTOS. INCÊNDIO NAS DEPENDÊNCIAS DO INSS EM BRASÍLIA. AUSÊNCIA DE PEÇA ESSENCIAL AO LANÇAMENTO. NULIDADE. Tendo em vista que no procedimento de reconstituição dos autos, a Secretaria da Receita Federal não conseguiu localizar em seus sistemas ou arquivos, o relatório fiscal da infração, peça essencial ao lançamento, é de se determinar a anulação do crédito tributário, tendo em vista a impossibilidade do julgador manifestarse conclusivamente sobre o mérito da autuação levada a efeito, bem como quanto aos argumentos de defesa da recorrente constantes em seu recurso voluntário. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 8. 00 18 09 /2 00 7- 84 Fl. 243DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/0 7/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O 2 Acordam os membros do colegiado, I) por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, para declarar a nulidade do lançamento fiscal; II) por maior de votos, em declarar a natureza do vício como material. Vencido o conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, neste item, que encaminhava pelo vício de natureza formal Ronaldo de Lima Macedo Presidente Lourenço Ferreira do Prado Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Malagoli da Silva e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 244DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/0 7/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O Processo nº 10168.001809/200784 Acórdão n.º 2402005.340 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto por AUTO VIAÇÃO TABOÃO, em face de Decisão Notificação 21.004/0185/2005 que manteve a integralidade do Auto de Infração n. 35.539.5789. Cumpre anotar que os presentes autos são uma reconstituição do processo original formalizado para lavratura da NFLD supra, tendo em vista a ocorrência de sinistro (incêndio) nas dependências do INSS sede em Brasília, ocorrido em 27/12/2005. Foram inicialmente juntados aos autos, os documentos que o órgão possuía com relação a NFLD e seus anexos. Após a juntada dos documentos que a fiscalização possuía pelo sistema SICOL, sobreveio comunicação às fls. 87, via email e certidões posteriores no sentido de que o órgão não mais possuía cópia do relatório fiscal da infração, de modo que este não fora anexado aos autos do presente processo. Tal informação veio a ser ratificada quando do despacho de fls. 125, através do qual fora homologada a reconstituição dos autos. Vejamos: 1. Homologo nesta data a reconstituição destes autos, na situação em que se encontram. 2. Determino a retomada da tramitação. 3. A Divisão de Contencioso Administrativo para providências cabíveis. Após, sobreveio nova certidão nos autos (fls. 145), dando prosseguimento aos autos: 1 Considerando a impossibilidade de recuperação do Relatório Fiscal da NFLD 35.539.5789, conforme fls. 71 e 72; 2 Considerando que a solicitação contida no item 10 do despacho de fls. 66, reiterada pela então Delegada da extinta DRP Sao Paulo Sul, as fls. 69, quanto a juntada do DAD, já está atendida, conforme documentos acostados aos autos sob fls. 10 a 16, visto que referido Discriminativo Analítico de Débito integra a NFLD, extraída do sistema e anexada sob fls. 07 a 40; 3 Encaminhemse os autos à EQREC/DicAT/DERAT/SPO (05d. COMpROT 01355635) Finalizado o procedimento de reconstituição os autos foram enviados ao ilustríssimo coordenador do contencioso administrativo, à época, Dr. Ronaldo de Lima Macedo, sendo proferido novo despacho, a seguir 4 "Analisadas as peças dos autos, verificase que os documentos acostados, após procedimento de reconstituição, são insuficientes para realizar a" Fl. 245DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/0 7/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O 4 analise e, conseqüentemente, a emissão do . Parecer suscitado no artigo. 107, inciso II, da Orientação Interna MPS/SRP n° 11/2005, haja vista que faltam várias peças importantes para se proceder à emissão desse parecer, principalmente a diligência fiscal com Seus anexos aduzida no item 34 da DN. (fls. 56). Esta diligência fiscal, conforme registro na DN fl0 21.004/0185/2005, esclareceu e ensejou a retificação dos valores originários do lançamento fiscal ora analisado. 5 Dessa forma, considerando o atendimento aos princípios da verdade material e da legalidade objetiva, orientadores do processo administrativo fiscal, sugerimos o encaminhamento dos autos a D. Delegacia da Receita Previdenciaria em Sao Paulo — Sul, para que sejam inseridas 'nos autos a diligênCia fiscal supracitada, o Discriminativo Analitico do Débito 7 DAD, Guias de Recolhimento Registradas — GRit e Demonstrativo de Créditos de Contribuições". Às fls. 141 fora informado que o departamento não possuía as cópias solicitadas e, então, foi dado seguimento ao processo a partir do seguinte despacho: "1 Considerando a impossibilidade de recuperação do Relatório Fiscal da NFLD 35.539.5789, conforme fls. 71 e 72; 2 Considerando que a solicitação contida no item 10 do despacho de fls. 66, reiterada pela então Delegada da extinta DRP Sao Paulo Sul, as fls. 69, quanto a juntada do DAD, já está atendida, conforme documentos acostados aos autos sob fls. 10 a 16, visto que referido Discriminativo Analítico de Débito integra a NFLD, extraída do sistema e anexada sob fls. 07 3 Encaminhemse os autos à EQREC/DicAT/DERAT/SPO (05d. COMpROT 01355635)" Após isso tudo, o contribuinte veio a ser intimado da DN, conforme comprovantes de fls. 155 e seguintes, tendo apresentado recurso voluntário, através do qual aduz o seguinte: 1. a decadência dos lançamentos de 01/1992 a 13/1996; 2. decadência qüinqüenal para fatos geradores, destinada a terceiros, ocorridos entre 1993, 1994 e 1995, 3. a necessidade de concessão de novo prazo de defesa, tendo em vista o volumoso número de documentos que se fazem necessários ser apreciados; 4. que foram verificados erros entre os valores do RDA Relatório de Documentos Apresentados e os Créditos Considerados, estes constantes do DAD — Discriminativo Analítico de Débito. 5. que o sistema da Previdência considerou o salário do mês, os adiantamentos e alguns abonos emergenciais, dobrando a contribuição social, quando o realmente devido já foi informado; Fl. 246DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/0 7/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O Processo nº 10168.001809/200784 Acórdão n.º 2402005.340 S2C4T2 Fl. 4 5 6. que podese observar nos documentos juntados que nas planilhas da auditorafiscal há um acréscimo de quase o dobro da massa salarial, posto que cobrado o adiantamento do 13° salário do mês e alguns abonos emergenciais, sobre o qual não incidia a contribuição social; 7. que o procedimento de aferição indireta adotado quando do lançamento, com base nas informações da RAIS, deveria ter observado os dados constantes em referido documento, o que não ocorreu no presente caso; 8. que é inconstitucional a ampliação da base de cálculo das contribuições de folha de salários para remuneração, levada a efeito pela Lei 8.212/91; Sem contrarrazões da Fazenda Nacional, subiram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 247DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/0 7/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O 6 Voto Conselheiro Lourenço Ferreira do Prado, Relator CONHECIMENTO Tempestivo o recurso, dele conheço. PRELIMINARMENTE Penso haver um óbice instransponível ao julgamento do presente recurso voluntário e do próprio processo. Conforme já relatado foram várias as tentativas de reconstituição dos presentes autos, com a juntada de documentos essenciais para que, no mínimo, possa o leitor, no caso ora julgador, depreender dos autos a motivação do lançamento, as teses e documentos de defesa e mesmo as razões de decidir do julgamento em primeira instância. Todavia, mesmo diante dos esforços empreendidos, peça essencialíssima não pode ser recuperada, qual seja, o relatório fiscal da infração. Sem referido documento, este julgador fica impedido de mesmo analisar a tese constante no recurso voluntário quanto a decadência, motivação do arbitramento, dentre outras, exatamente pelo fato de não deter conhecimento de quais obrigações foram descumpridas, que contribuições foram lançadas, sob que fundamentos de fato e de direito fora fundado o lançamento ou mesmo quais foram os cálculos levados a efeito pelo fiscal para composição da base das contribuições lançadas por arbitramento. Creio que tal óbice é intransponível. Assim, mesmo considerando que o presente processo é uma reconstituição em virtude do infeliz sinistro ocorrido nas dependências do INSS, tenho que a falta do Relatório Fiscal leva a necessidade de anulação do presente processo e do débito em si. E a falta de juntada do documento, a meu ver, tratase de vício de natureza material na reconstituição dos autos, diante da impossibilidade de cobrálo ante a clara falta de fundamentação da própria ocorrência dos fatos geradores, base de cálculo, etc, em ofensa ao art. 142 do CTN. Fl. 248DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/0 7/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O Processo nº 10168.001809/200784 Acórdão n.º 2402005.340 S2C4T2 Fl. 5 7 Ante todo o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, em razão da nulidade do presente lançamento fiscal. É como voto. Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 249DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/0 7/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O
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Numero do processo: 10945.721263/2011-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jun 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2007, 2008
Ementa:
EMBARGOS. SANEAMENTO. NECESSIDADE.
Presentes circunstâncias autorizadoras da admissibilidade do recurso manejado, cumpre à autoridade administrativa julgadora atuar no sentido de apreciar o mérito das razões aportadas ao processo. No caso vertente, em que foram identificados motivos capazes de emprestar efeitos infringentes ao julgado, a decisão contestada, acrescida dos pronunciamentos saneadores, deve ser retificada.
Numero da decisão: 1301-002.057
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, CONHECER os embargos para, no mérito, DAR-LHES provimento, com efeitos infringentes.
documento assinado digitalmente
Wilson Fernandes Guimarães
Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Waldir Veiga Rocha, Paulo Jakson da Silva Lucas, Flávio Franco Correa, Hélio Eduardo de Paiva Araújo, José Eduardo Dornelas Souza e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro.
Nome do relator: WILSON FERNANDES GUIMARAES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2007, 2008 Ementa: EMBARGOS. SANEAMENTO. NECESSIDADE. Presentes circunstâncias autorizadoras da admissibilidade do recurso manejado, cumpre à autoridade administrativa julgadora atuar no sentido de apreciar o mérito das razões aportadas ao processo. No caso vertente, em que foram identificados motivos capazes de emprestar efeitos infringentes ao julgado, a decisão contestada, acrescida dos pronunciamentos saneadores, deve ser retificada.
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SANEAMENTO. NECESSIDADE. Presentes circunstâncias autorizadoras da admissibilidade do recurso manejado, cumpre à autoridade administrativa julgadora atuar no sentido de apreciar o mérito das razões aportadas ao processo. No caso vertente, em que foram identificados motivos capazes de emprestar efeitos infringentes ao julgado, a decisão contestada, acrescida dos pronunciamentos saneadores, deve ser retificada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, CONHECER os embargos para, no mérito, DARLHES provimento, com efeitos infringentes. “documento assinado digitalmente” Wilson Fernandes Guimarães Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Waldir Veiga Rocha, Paulo Jakson da Silva Lucas, Flávio Franco Correa, Hélio Eduardo de Paiva Araújo, José Eduardo Dornelas Souza e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 5. 72 12 63 /2 01 1- 19 Fl. 2041DF CARF MF Impresso em 20/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/06/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/0 6/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10945.721263/201119 Acórdão n.º 1301002.057 S1C3T1 Fl. 2.042 2 Relatório Trata o presente de EMBARGOS INOMINADOS, acolhida como tal a petição de fls. 2.014/2.015. Na referida petição a contribuinte alega ter se insurgido tanto no recurso voluntário como nos embargos de declaração anteriormente opostos contra o decidido em primeira instância. Afirma que ocorreu erro de cálculo por parte da autoridade julgadora de primeira instância, especificamente nas tabelas 7 e 8, fls. 1.717/1.718. Instada a se manifestar acerca do alegado erro de cálculo, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba, por meio do Relator do acórdão nº 0638.231, de 18 de outubro de 2012, representativo da decisão de primeira instância combatida, pronunciou se pela procedência dos argumentos expendidos pela contribuinte. Nos termos do despacho de fls. 2.040, a petição apresentada pela contribuinte foi recepcionada como EMBARGOS INOMINADOS, com lastro nas disposições do art. 66 do ANEXO II do Regimento Interno em vigor. É o Relatório. Fl. 2042DF CARF MF Impresso em 20/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/06/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/0 6/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10945.721263/201119 Acórdão n.º 1301002.057 S1C3T1 Fl. 2.043 3 Voto Wilson Fernandes Guimarães, Relator. Atendidos os requisitos de admissibilidade, conheço do apelo. Por julgálo essencial à elucidação dos fatos, reproduzo fragmentos do pronunciamento do Relator do acórdão nº 0638.231, prolatado pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba em 18/10/2012. [...] Trata o processo de autos de infração de tributos do IRPJ e reflexos, anos calendários 2006 e 2007, em que foram identificadas infrações de omissão de receitas, glosa de custos e redução indevida do lucro real. O litígio já foi julgado por esta 2ª Turma da DRJ/CTA, que proferiu o Acórdão nº 0638.231, em 18/10/2012, reduzindo as exigências de IRPJ e CSLL e mantendo as exigências de PIS e Cofins. O recurso voluntário foi julgado pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que também já apreciou embargos, conforme Acórdão nº 1301001.914, de 21/01/2016, da 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária de sua Primeira Seção de Julgamento, negandolhes provimento. Em 22/01/2016, o contribuinte protocolou petição na qual alega erro de cálculo no Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. A DRF/Curitiba, por meio do despacho de fl. 2021 encaminhou os autos para a DRJ/Curitiba requerendo a apreciação e manifestação antes de adotar as providências cabíveis à execução da decisão administrativa de 2ª Instância. Após analisar a petição, verifiquei que, de fato, houve erro nos cálculos do valor devido de IRPJ e de CSLL do ano calendário 2007, cometido no Acórdão nº 0638.231, de 18/10/2012, às fls. 1717/1718. Na apuração do valor devido de IRPJ e CSLL (tabelas 7 e 8), eu equivocadamente parti diretamente do valor das infrações, quando o correto seria iniciar os cálculos desde o lucro líquido. Tem razão o contribuinte quando diz que a base de cálculo pode ser extraída da tabela 6, utilizada para demonstrar a compensação de períodos anteriores (R$ 3.423.688,31 – R$ 1.027.106,49 = R$ 2.396.581,82). Demonstrase a seguir os novos cálculos em que se chega a essa base de cálculo, a qual precisa ser desdobrada em duas partes, uma para apurar o IRPJ com multa de 150% e outra para a multa de 75%. Similarmente para a CSLL. IRPJ LANÇAMENTO ACÓRDÃO Lucro Líquido antes do IRPJ 3.975.552,29 () Receitas Diferidas 3.475.921,05 (=) Lucro Líquido Ajustado 499.631,24 Base de Cálculo (+) Adições efetuadas pelo contribuinte 8.870,90 Fl. 2043DF CARF MF Impresso em 20/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/06/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/0 6/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10945.721263/201119 Acórdão n.º 1301002.057 S1C3T1 Fl. 2.044 4 () Exclusões efetuadas pelo contribuinte 3.898.665,90 (+) Glosa de custo (multa de 150%) 2.098.387,28 2.098.387,28 (+) Omissão de receitas 4.500.000,00 4.500.000,00 (=) Lucro real antes da compensação 6.598.387,28 3.208.223,52 () Compensação no período 0,00 0,00 () Compensação períodos anteriores 2.195.322,44 1.027.106,49 (=) Valor tributável (multa de 150%) 4.403.064,84 2.181.117,03 IRPJ (15%) 660.459,73 327.167,55 (+) Adicional (10%) 422.309,49 200.114,77 () Valor a compensar 9.004,52 9.004,52 Multa 150% (=) IRPJ a 150% 1.073.764,70 518.277,75 Valor tributável (Glosa de custo com multa de 75%) 719.354,19 215.464,79 IRPJ (15%) 107.903,13 32.319,72 (+) Adicional (10%) 71.935,42 21.546,48 Multa 75% (=) IRPJ a 75% 179.838,55 53.866,20 TOTAL IRPJ 1.253.603,25 572.143,94 CSLL LANÇAMENTO ACÓRDÃO Lucro Líquido antes do IRPJ 3.975.552,29 () Receitas Diferidas 3.475.921,05 (=) Lucro Líquido Ajustado 499.631,24 (+) Adições efetuadas pelo contribuinte 8.870,90 () Exclusões efetuadas pelo contribuinte 3.898.665,90 (+) Glosa de custo (multa de 150%) 2.098.387,28 2.098.387,28 (+) Omissão de receitas 4.500.000,00 4.500.000,00 (=) Lucro real antes da compensação 6.598.387,28 3.208.223,52 () Compensação no período 0,00 0,00 Base de Cálculo () Compensação períodos anteriores 2.195.322,44 1.027.106,49 Fl. 2044DF CARF MF Impresso em 20/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/06/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/0 6/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10945.721263/201119 Acórdão n.º 1301002.057 S1C3T1 Fl. 2.045 5 (=) Valor tributável (multa de 150%) 4.403.064,84 2.181.117,03 CSLL (9%) 396.275,84 196.300,53 () Valor a compensar 5.402,71 5.402,71 Multa 150% (=) CSLL a 150% 390.873,13 190.897,92 Valor tributável (Glosa de custo com multa de 75%) 719.354,19 215.464,79 CSLL (9%) 64.741,88 19.391,83 () Valor a compensar 0,00 0,00 Multa 75% (=) CSLL a 75% 64.741,88 19.391,83 TOTAL CSLL 455.615,00 210.289,65 Em suma, para o ano calendário 2007, o IRPJ a ser mantido é de R$ 572.143,94, sendo R$ 518.277,75 com multa de 150% e R$ 53.866,20 com multa de 75%. E a CSLL a ser mantida é de R$ 210.289,65, sendo R$ 190.897,82 com multa de 150% e R$ 19.391,83 com multa de 75%. Na petição de fls. 2.014/2.016, a contribuinte, depois de historiar as infrações apuradas pela Fiscalização e o que ficou decidido em primeira instância, assinalou que, relativamente ao ano calendário de 2007, o ato decisório em referência aumentou a base de cálculo do IRPJ e da CSLL de R$ 5.122.419,03 para R$ 5.786.745,58. O valor de R$ 5.122.419,03, conforme fls. 38 do Termo de Verificação Fiscal (fls. 1.036 do processo), foi assim determinado: GLOSA DE CUSTO............................................R$ 2.817.741,47 OMISSÃO DE RECEITAS APURADA.............R$ 4.500.000,00 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS....................R$ 2.195.322,44 Alega a contribuinte que a Delegacia da Receita Federal de Julgamento incorreu em erro de cálculo, especificamente nas tabelas 7 e 8, fls. 1.717 e 1.718 dos autos, visto que apurou o IRPJ e a CSLL mantidos para o ano calendário de 2007 levando em conta apenas o valor das infrações, deixando de lado a apuração do lucro real retratada na tabela 6 (fls. 1.717). Procede o erro apontado pela contribuinte, vez que, de fato, a tabela 7, fls. 1.717, parte dos valores de R$ 6.598.387,28 (R$ 4.500.000,00 + R$ 2.098.387,28) e R$ 215.464,79 (parte da glosa de custos com multa de 75%), desconsiderando, assim, os demais itens integrantes da apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Por todo o exposto, conduzo meu voto no sentido de acolher os embargos inominados para, corrigindo a apuração das exações devidas, promovida em primeira instância e referendada nesta instância julgadora, determinar que, relativamente ao ano calendário de 2007, os valores devidos a título de IRPJ e CSLL passam a ser de R$ 572.143,94 e R$ 210.289,65, respectivamente. Fl. 2045DF CARF MF Impresso em 20/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/06/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/0 6/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10945.721263/201119 Acórdão n.º 1301002.057 S1C3T1 Fl. 2.046 6 "assinado digitalmente" Wilson Fernandes Guimarães Fl. 2046DF CARF MF Impresso em 20/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/06/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/0 6/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES
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Numero do processo: 10580.017870/99-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri May 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 1999
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. DÉBITO DE TERCEIROS. CONVERSÃO EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO.
A conversão, em Declaração de Compensação, do pedido de compensação pendente de análise, nos termos do § 4º do art. 74, da Lei nº 9.430/96; com a redação que lhe foi dada pelo art. 17, da Lei 10.833/2003; não atinge os pedidos envolvendo débitos de terceiros.
MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. NÃO CONHECIMENTO PELA INSTÂNCIA DE PISO. PRECLUSÃO.
É preclusa a análise de matéria considerada não conhecida pela Delegacia de Julgamento.
Numero da decisão: 1402-002.142
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário em parte e, na parte conhecida, negar-lhe provimento, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, GILBERTO BAPTISTA, LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, DEMETRIUS NICHELE MACEI, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, PAULO MATEUS CICCONE, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO.
Nome do relator: FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
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DÉBITO DE TERCEIROS. CONVERSÃO EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. A conversão, em Declaração de Compensação, do pedido de compensação pendente de análise, nos termos do § 4º do art. 74, da Lei nº 9.430/96; com a redação que lhe foi dada pelo art. 17, da Lei 10.833/2003; não atinge os pedidos envolvendo débitos de terceiros. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. NÃO CONHECIMENTO PELA INSTÂNCIA DE PISO. PRECLUSÃO. É preclusa a análise de matéria considerada não conhecida pela Delegacia de Julgamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário em parte e, na parte conhecida, negarlhe provimento, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 01 78 70 /9 9- 56 Fl. 287DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10580.017870/9956 Acórdão n.º 1402002.142 S1C4T2 Fl. 288 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, GILBERTO BAPTISTA, LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, DEMETRIUS NICHELE MACEI, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, PAULO MATEUS CICCONE, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO. Fl. 288DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10580.017870/9956 Acórdão n.º 1402002.142 S1C4T2 Fl. 289 3 Relatório COMPANHIA QUÍMICA METACRIL recorre a este Conselho contra decisão de primeira instância proferida pela 3ª Turma da DRJ Salvador/BA, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por pertinente, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): “Tratase de contestação ao despacho decisório, às fls. 08/09, que indeferiu o pedido de compensação de crédito com debito de terceiros, à fl. 01, no valor de R$ 38.414,09. O crédito tributário que se pretendia ver compensado pertencia à Acrinor Acrilonitrila do Nordeste S/A, CNPJ 13.546.353/000133, e foi julgado insuficiente para a compensação pretendida, conforme Despacho Decisório DRF/CCI n° 0253, de 2007, formalizado no processo n° 13502.000232/9971. Foi ressaltado, ainda, que o referido pedido de compensação não foi convertido em declaração de compensação, e por este motivo não haveria suspensão da exigibilidade do crédito tributário correspondente aos débitos que se pretendia compensar, mesmo que fosse apresentada manifestação de inconformidade pela empresa titular do crédito tributário. Não seriam aplicáveis, também, as disposições do §5º do art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, com a redação dada pelo art. 17 da Medida Provisória n° 135, de 30/10/2003, convertida na Lei n° 10.833, de 29/12/2003. O contribuinte foi cientificado do despacho decisório e apresentou contestação, às fls. 12/34, alegando, em síntese, que: 1. apresentou manifestação de inconformidade a ser apreciada pelo Delegado da Receita Federal de Julgamento, nos termos do art. 74, §§ 9º e 11, da Lei n° 9.430, de 1996, e artigos 15, 16 e seguintes do Decreto n° 70.235, de 1972, c/c art. 48 da Instrução Normativa SRF n° 600, de 2005. Requer, também, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário em questão, conforme disposto no art. 151, inciso III, do CTN; 2. apenas com a decisão final no processo n° 13502.000232/9971 é que se poderia formalizar qualquer cobrança, nos termos do art. 201 do CTN, e que, além disso, esta não seria devida em razão da homologação tácita da compensação em foco; 3. o pedido de compensação com crédito de terceiros foi realizado no termos das normas vigentes à época, em especial com o disposto no art. 15 da Instrução Normativa n° 21, de 1997, que autorizava a compensação de tal natureza. Somente, com a edição da Instrução Normativa SRF n° 41, de 2000, é que foi vedada compensação de créditos próprios com débitos de terceiros; 4. nos termos do art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, com as alterações promovidas pelas Leis n° 10.637, de 2002, n° 10.837, de 2002, e n° 11.051, de 2004, o referido pedido de compensação foi convertido em declaração de compensação. Não foi imposta qualquer restrição à referida conversão, especialmente quanto a pedidos de compensação Fl. 289DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10580.017870/9956 Acórdão n.º 1402002.142 S1C4T2 Fl. 290 4 com débitos de terceiros, especialmente se protocolados antes da Instrução Normativa SRF n° 41, de 2000; 5. independentemente da conversão do pedido de compensação em declaração, a manifestação de inconformidade tem efeito suspensivo, pois tem natureza jurídica de impugnação, nos termos dos artigos 14 e 21 do Decreto n° 70.235, de 1972, bem como, previsto no o art. 74, § 11 da Lei n° 9.430, de 1996, c/c art. 151 do CTN, art. 35 da Instrução Normativa SRF n° 210, de 2005, e art. 174 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF n° 95, de 30 de abril de 2007. A Lei n° 10.833, de 2003, somente veio a ratificar o efeito suspensivo já previsto na legislação anterior; 6. o pedido de compensação com crédito de terceiros foi protocolado 18/08/1999, e até a data desta contestação não houve intimação do contribuinte de qualquer decisão no processo relativo ao crédito. Com transcurso de mais de cinco anos da data em que foi protocolado, o crédito tributário encontrase extintos pela homologação tácita do lançamento, nos termos dos artigos 150, § 4o, e 156, inciso VII, do CTN; 7. ainda que não fosse aplicado o prazo previsto no art 150, § 4º, do CTN, deveria ser reconhecida a homologação tácita das compensações com débitos de terceiros, com fundamento no § 5º do art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996; 8. requer que a manifestação de inconformidade seja conhecida e julgada procedente para reconhecer a extinção do crédito tributário em razão da homologação tácita do pedido de compensação, ou, sucessivamente, que seja determinada a suspensão da cobrança até que sobrevenha decisão final no processo administrativo n° 13502.000232/9971; 9. caso não seja conhecida a manifestação de inconformidade e não seja efetuada a suspensão da exigibilidade do crédito, requer que a contestação seja encaminhada para apreciação da autoridade superior, nos termos do art. 56 e seguintes da Lei n° 9.784, de 1999, determinando seu regular processamento e atribuindose incontinenti efeito suspensivo.” A decisão de primeira instância, representada no Acórdão da DRJ nº 15 18.494 (fls. 178181) de 19/02/2009, por unanimidade de votos, não conheceu da manifestação de inconformidade apresentada. A decisão foi assim ementada. “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 1999 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. DÉBITO DE TERCEIROS. Os pedidos de compensação de crédito com débito de terceiros não foram convertidos em declaração de compensação, por ausência de previsão legal.” Fl. 290DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10580.017870/9956 Acórdão n.º 1402002.142 S1C4T2 Fl. 291 5 Contra a aludida decisão, da qual foi cientificada em 31/03/2009 (A.R. de fl. 184) a interessada interpôs recurso voluntário em 29/04/2009 (fls. 185213) onde repisa os argumentos apresentados em sua impugnação. É o relatório. Fl. 291DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10580.017870/9956 Acórdão n.º 1402002.142 S1C4T2 Fl. 292 6 Voto Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Dele, portanto, tomo conhecimento. A decisão recorrida deixou de conhecer da manifestação de inconformidade apresentada adotando o seguinte raciocínio: · entende que os pedidos de compensação pendentes de apreciação em 1º de outubro de 2002, que têm por objeto créditos de terceiros, não foram convertidos em Declaração de Compensação, a teor do parágrafo único do art. 86 da Instrução Normativa RFB n° 900, de 30 de dezembro de 2008. · por consequência, os §§ 5º , 9º e 11 do art. 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (alterados pela Lei n° 10.833, de 2003), que tratam do prazo para homologação da compensação declarada e da faculdade de apresentação de manifestação de inconformidade e recurso contra não homologação da compensação, não são aplicáveis ao pedido de compensação com créditos de terceiros em questão. Alega a recorrente que o §4º do citado art. 74 da Lei n° 9.430/96, acrescentado pelo art. 49 da Medida Provisória n° 66, de 29 de Agosto de 2002, posteriormente convertida na Lei n° 10.637/2002, determinava a conversão dos pedidos de compensação em declaração de compensação, caindo por terra os argumentos da decisão recorrida. Com efeito, entendo descabido o argumento da recorrente. Vejase a redação do art. 74 da Lei n° 9.430/96, com as alterações citadas. Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) ... § 4o Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) ... (grifei). Fl. 292DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10580.017870/9956 Acórdão n.º 1402002.142 S1C4T2 Fl. 293 7 Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa, a teor do citado §4º, serão considerados declaração de compensação apenas para os efeitos previstos naquele art. 74 (da Lei n° 9.430/96). Entretanto, o caput do referido art. 74 é dirigido tãosomente a situações em que o direito creditório pleiteado e os correspondentes débitos a serem compensados têm origem no mesmo sujeito passivo (apuração de crédito e compensação com débitos próprios), situação distinta do caso em análise em que o lastro creditório pertence a terceiro. Nesse sentido, vejase o Parecer PGFN/CDA/CAT Nº 1499/2005: IV – IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO DE UM CONTRIBUINTE COM DÉBITO DE OUTRO 31. Tópico também importante, já objeto de diversas consultas dirigidas a esta CDA, é o referente à possibilidade, ou não, de ocorrer a compensação de crédito de um contribuinte com débito de outro. 32. Em primeiro lugar, devese assentar que a legislação tributária não permite a cessão de créditos a terceiros com a finalidade de compensação. Assim, no mesmo diapasão do Direito Privado, a compensação do regime de Direito Público exige a existência de duas pessoas, simultaneamente credoras e devedoras uma da outra, havendo duas obrigações recíprocas entre as partes, sendo que o que diferencia aqueles regimes de compensação é o fato de que no Direito Tributário (Direito Público) as partes têm de ser credor e devedor recíprocos ex lege e ab initio. 33. A redação do art. 170, do CTN, não deixa margem a dúvidas, na medida em que apenas admite que se proceda ao encontro de contas entre créditos fiscais com créditos do próprio sujeito passivo contra o Fisco, ou seja, apenas no caso de o sujeito passivo ter direito a recebimento de algum crédito seu contra a Fazenda ele pode optar por compensar esse valor com débitos seus para com o Fisco. 34. O próprio Código Civil de 1916, no seu art. 1.017, já exigia o “encontro entre a administração e o devedor” para que fosse efetivada a compensação. Do mesmo modo, a lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Novo Código Civil, entende ser essencial à compensação a existência de créditos e débitos recíprocos, conforme regra do seu art. 368, reflexo positivado daquilo que se entende por compensação no âmbito da teoria geral do direito. Neste ponto, a despeito de a compensação tributária exigir que os partícipes da relação jurídica tributária sejam os originais, o regime de direito público e o de direito privado aplicados à compensação têm um denominador comum, senão vejase: “Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguemse, até onde se compensarem”. 35. Assim, tendo em vista o disposto no citado art. 170 do CTN e no art. 74 da Lei n.º 9.430/96, e a despeito do que dispunha o art.15 da IN/SRF n.º 21/97, temse que a compensação com crédito de terceiro não encontra amparo legal. A este respeito já houve manifestação desta Procuradoria, por meio do Parecer PGFN/CAT n.º 1010/2000, que assim dispôs: “11. A IN SRF nº 21, de 10 de março de 1997, com as alterações da IN SRF nº 73, de 15 de setembro de 1997, Fl. 293DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10580.017870/9956 Acórdão n.º 1402002.142 S1C4T2 Fl. 294 8 que dispõe sobre a restituição, o ressarcimento e a compensação de tributos e contribuições federais, a par de instruir os agentes do fisco a respeito dos procedimentos a serem adotados nesses casos em função de créditos decorrentes de sentenças judiciais (art. 17), autorizou a utilização de créditos de terceiros para fins de compensação (art.15). 12. Não obstante, as disposições legais que regem a matéria não contemplaram tal procedimento. O já transcrito art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, é explícito quando diz que a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos, para fins de compensação, mas não faz referência à utilização de créditos de terceiros.” 36. Após, conclui o mencionado Parecer: “14. Com efeito, a compensação é restrita aos casos expressamente previstos em lei e as normas legais que dispõem sobre essa forma de extinção do crédito tributário não previram a utilização de crédito não pertencente ao próprio contribuinte. Por tal razão, nos parece acertada a IN SRF nº 41, de 7 de abril de 2000, que vedou a compensação de débito do sujeito passivo, relativos a impostos ou contribuições administrados pelo órgão, com créditos de terceiros. 15. Somente o fato de a IN SRF nº 21 não ter fundamento de validade, no que se refere à utilização de crédito de terceiro para fins de compensação, seria suficiente para dar cabo ao caso concreto do presente pleito.” 37. Deste modo, conforme manifestações anteriores da PGFN, a compensação com crédito de terceiro não tem fundamento legal de validade. Por fim, devese ressaltar, mais uma vez, que a sistemática prevista na IN SRF n.º 21/97, aludida no parágrafo anterior ainda era a do “pedido de compensação”. V – COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DE TERCEIRO – PEDIDOS PENDENTES DE APRECIAÇÃO NÃO SÃO CONVERTIDOS EM DCOMPS 38. Partindo do disposto no tópico anterior, é de se perquirir: e os pedidos de compensação com créditos de terceiro que, quando da entrada em vigor da Lei nº 10.637/02 (que incluiu o § 4º ao art. 74 da Lei nº 9.430/96), encontravam se pendentes de análise pela SRF, estão sujeitos à nova disciplina da “declaração de compensação”? 39. Ora, partindo do pressuposto de que a compensação com créditos de terceiro afigurase como exceção, vedada expressamente pela legislação em vigor, e do fato de o sujeito passivo apenas poder contrapor seu crédito líquido e certo ao crédito fiscal, como direito subjetivo público seu, no caso de existir norma legal autorizadora do encontro de contas e, ainda, submetendose ele aos requisitos de condições e garantias estipulados pela lei específica, é de se entender que os Fl. 294DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10580.017870/9956 Acórdão n.º 1402002.142 S1C4T2 Fl. 295 9 pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa só podem ser considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, se observadas todas as demais condições estabelecidas na lei nº 9.430/96 e legislação correlata. 40. Assim, os pedidos administrativos de compensação, fundados em créditos de terceiro, pendentes de análise pela SRF (RFB), protocolados antes das inovações legislativas acerca da matéria (Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03), não são alcançados pela nova sistemática da declaração de compensação. 41. Com efeito, o precitado art. 74 da Lei nº 9.430/96, na redação dada pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02, ao instituir a “declaração de compensação”, expressamente previu que a mesma só poderia ser prestada pelo próprio detentor do crédito contra o Fisco, ou seja, para que a “declaração de compensação” feita à Secretaria da Receita Federal extinga o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação (art. 74, § 2º, da Lei nº 9.430/96), mister se faz que o contribuinte utilizese de créditos próprios. 42. Se não existe “declaração de compensação” com créditos de terceiro, por óbvio, os pedidos de compensação com créditos que não pertençam ao próprio contribuinte, mesmo que pendentes de análise por parte da RFB, não podem transmudarse naquela. 43. E mais, permanecendo como pedidos de compensação, não estão sujeitos à nova sistemática instituída para a compensação. 44. Tal entendimento decorre, inclusive, de uma interpretação sistemática das regras jurídicas encartadas na Lei nº 9.430/96, com a redação dada pelas Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, ou seja, do confronto entre as regras contidas nesse diploma legal, bem como entre essas regras e as demais que tratam do instituto da compensação. 45. Dito isso, concluise, desde já, que o novel regime da compensação, que é realizada por meio de declaração (DCOMP) prestada à SRF (hoje RFB), não alcança, sob hipótese alguma, os casos de compensação com créditos de terceira pessoa. 46. Não podendo o novo regime instituído para a compensação ser desmembrado, de maneira que apenas alguns de seus postulados sejam cumpridos, em detrimento de outros, é evidente a inaplicabilidade das novas disposições sobre a compensação aos encontros de contas daquela natureza. 47. Resumindo, o encontro de contas pleiteado deve ser analisado de acordo com as normas anteriores, que previam a utilização de créditos de terceiro, não se aplicando, inclusive, a conversão do “pedido de compensação” em “declaração de compensação” (com a extinção automática do crédito tributário), e nem mesmo, por conseqüência, o prazo previsto no § 5º, do art. 74, da lei nº 9.430/96 para homologação da compensação (cinco anos). 48. Não se afigura correto, pois, a conversão dos pedidos de compensação desse jaez (com créditos de terceiros) em declarações de compensação, por total ausência de previsão legal para tanto. 49. E mais, por também não observarem as condições estabelecidas no art. 74 da Lei nº 9.430/96 (com a redação dada pela MP nº 66/02), resta claro que não podem ser convertidos em declaração de compensação os pedidos de Fl. 295DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10580.017870/9956 Acórdão n.º 1402002.142 S1C4T2 Fl. 296 10 compensação pendentes de apreciação, quando fundados em créditos que se refiram a “créditoprêmio” instituído pelo art. 1º do DecretoLei nº 491, de 05 de março de 1969; ou que se refiram a títulos públicos; ou sejam decorrentes de decisão judicial não transitada em julgado; ou não se refiram a tributos ou contribuições administrados pela SRF. Aplicase, pois, o entendimento retro exposto. 50. Por fim, cumpre chamar a atenção para o fato de que, com a entrada em vigor do art. 4º da Lei nº 11.051/04, as compensações, pretendidas a partir desta data, em que os créditos sejam de terceiros (assim como aqueles que se encontrem nas situações elencadas no parágrafo anterior), serão consideradas não declaradas (vide, a respeito, os recém incluídos §§ 12 e 13 da Lei nº 9.430/96, que disciplinam esta situação e que ainda serão objeto de análise no presente Parecer). Nessa mesma linha, manifestouse o STJ (Resp 1100483/AL, Segunda Turma, sessão de 01/09/2009, Ministro Castro Meira): [...] Sabese que a legislação disciplinadora do instituto da compensação evoluiu substancialmente a partir da edição da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em especial com a introdução no ordenamento jurídico da Lei Complementar 104, de 10 de janeiro de 2001, e das Leis 10.637, de 30 de dezembro de 2002 (conversão da MP 66, de 29.08.02), 10.833, de 29 de dezembro de 2003 (conversão da MP 135, de 30.10.03) e 11.051, de 29 de dezembro de 2004, que alteraram e incluíram dispositivos naquela lei ordinária. Diante desse quadro evolutivo, as Turmas de Direito Público deste Superior Tribunal entenderam que o processamento da compensação se rege pela legislação vigente no momento do encontro de contas, sendo vedada a apreciação de eventual pedido de compensação ou declaração de compensação com fundamento em legislação superveniente. Tal entendimento encontra ressalva apenas no § 4º do art. 74 de Lei 9.430/96, já que os "pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa", ao tempo do início da vigência Lei 10.637/02, "serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo". Todavia, deverão ser observadas todas as demais condições estabelecidas no citado artigo, incluindo se as restrições previstas nos §§ 3º, 12 e 13. Na hipótese vertente, o marco a ser considerado na definição das normas aplicáveis na regência da "manifestação de inconformidade" da recorrente é a data em que protocolizado o pedido de compensação de crédito com débito de terceiros, que se deu em 30 de dezembro 1998. Portanto, ficam afastadas, de logo, às inovações legislativas trazidas pelas Leis 10.637/02, 10.833/03 e 11.051/04. Também não seria possível a sua conversão em declaração de compensação DCOMP, nos termos do mencionado § 4º, em razão de os créditos, com os quais a empresa busca compensar os seus débitos, ser de terceira pessoa e decorrente de decisão judicial não transitada em julgado. Isso porque o caput do art. 74 da lei em exame (nos termos da redação dada pela Lei 10.637/02) fala, expressamente, em créditos "judiciais com trânsito em julgado", que poderão ser utilizados pelo sujeito passivo "na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão [SRF, hoje RFB]". Fl. 296DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10580.017870/9956 Acórdão n.º 1402002.142 S1C4T2 Fl. 297 11 Acrescentese que, nos termos do § 12, II, alíneas "a" e "d" (introduzidos pela Lei 11.051/04), considerase não declarada a compensação nos casos em que o crédito "seja de terceiro" e "seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado". [...] Também não socorre à recorrente a Instrução Normativa SRF 233/2002, já que fundada no comando legal do próprio art. 74 da Lei nº 9.430/96, com a redação determinada pelo art. 49 da Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002. Vejase: Instrução Normativa SRF nº 233, de 28 de outubro de 2002 (Publicado(a) no DOU de 30/10/2002, seção , pág. 11) Dispõe sobre a desistência de pedido de compensação pendente de apreciação pela autoridade administrativa de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 4º da Medida Provisória nº 75, de 24 de outubro de 2002. O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL SUBSTITUTO, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF nº 259, de 24 de agosto de 2001, e tendo em vista o disposto no art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com a redação determinada pelo art. 49 da Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, e nos §§ 1º e 2º do art. 4o da Medida Provisória no 75, de 24 de outubro de 2002, resolve: ... Correto, pois, o entendimento exarado na decisão recorrida quanto ao não conhecimento da manifestação de inconformidade. Ante o exposto, Voto por negar provimento ao recurso voluntário quanto ao argumento acerca do não conhecimento da manifestação de inconformidade e deixo de conhecer dos demais argumentos por preclusos. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator Fl. 297DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 22/04/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 13017.720163/2013-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Jun 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. MOLÉSTIA GRAVE. NÃO COMPROVAÇÃO.
São isentos do imposto de renda os rendimentos de aposentadoria ou pensão percebidos pelos portadores de moléstia grave comprovada por laudo médico oficial. Inteligência do art. 30 da Lei 9.250/1995 e da Súmula CARF nº 63: "para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios".
Não restando comprovado que o contribuinte era portador de moléstia grave, os rendimentos decorrentes de proventos de aposentadoria ou pensão não são isentos do imposto de renda. Inteligência dos incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei 7.713/1988.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.195
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, João Victor Ribeiro Aldinucci, Wilson Antonio de Souza Corrêa e Marcelo Malagoli da Silva.
Nome do relator: RONALDO DE LIMA MACEDO
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MOLÉSTIA GRAVE. NÃO COMPROVAÇÃO. São isentos do imposto de renda os rendimentos de aposentadoria ou pensão percebidos pelos portadores de moléstia grave comprovada por laudo médico oficial. Inteligência do art. 30 da Lei 9.250/1995 e da Súmula CARF nº 63: "para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios". Não restando comprovado que o contribuinte era portador de moléstia grave, os rendimentos decorrentes de proventos de aposentadoria ou pensão não são isentos do imposto de renda. Inteligência dos incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei 7.713/1988. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 01 7. 72 01 63 /2 01 3- 06 Fl. 100DF CARF MF Impresso em 10/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 09/05/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, João Victor Ribeiro Aldinucci, Wilson Antonio de Souza Corrêa e Marcelo Malagoli da Silva. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 10/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 09/05/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 13017.720163/201306 Acórdão n.º 2402005.195 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Notificação de Lançamento de fls. 29/33, resultante de alterações na Declaração de Ajuste Anual (DAA), exercício de 2009, anocalendário de 2008, que implicou apuração de imposto suplementar, sujeito à multa de ofício (75%) e juros legais. Por descrever os fatos, adoto o relatório do acórdão de primeira instância (fls. 63/67), reproduzido a seguir: “Mediante Notificação de Lançamento de fls. 29/33 exigese do contribuinte acima qualificado o recolhimento da importância de R$ 3.485,05, incluída multa de ofício e juros de mora, calculados até 31/05/2013, em virtude da constatação de irregularidades na Declaração de Ajuste Anual –DAA do exercício de 2009, ano calendário de 2008. A fiscalização informa às fls. 30, ter constatado omissão de rendimentos pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS, no valor de R$ 13.427,16. Às fls. 31 a autoridade lançadora informa que constatou Rendimentos Indevidamente Considerados como Isentos por Moléstia Grave – Não Comprovação da Moléstia ou sua condição de Aposentado, Pensionista ou reformado. Informa, ainda, às fls. 31, que foram omitidos, também, rendimentos no valor de R$ 70.779,72, indevidamente declarados como isentos e/ou não tributáveis, em razão de o contribuinte não ter comprovado ser portador de moléstia considerada grave ou sua condição de aposentado, pensionista ou reformado nos termos da legislação em vigor, para fins de isenção de Imposto de Renda. Aduz que o Laudo Médico Pericial apresentado, não informa a data de início da doença no quadro específico, tampouco o código CID da moléstia que ensejou o direito à isenção, fls. 31. Manifesta, ainda, que para deferimento da isenção por moléstia grave estas informações devem constar no Laudo de forma clara e objetiva. Na ausência de informação, a data do início da doença é a data de emissão do Laudo. O contribuinte apresentou impugnação de fls. 48 alegando, em resumo, que os rendimentos são isentos por tratarse de aposentadoria, reforma ou pensão de portador de moléstia grave. Defende, ainda, que o Laudo Médico Pericial emitido pelo INSS, reconhece a moléstia em data anterior a sua emissão, abrangendo exercícios anteriores, IN SRF nº 15.” Fl. 102DF CARF MF Impresso em 10/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 09/05/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 A decisão de primeira instância (fls. 63/67) julgou improcedente a impugnação, mantendose os valores apurados pelo Fisco. Cientificado da decisão de primeira instância em 05/09/2013 (fls. 75/76), o interessado interpôs, em 01/10/2013, o recurso de fls. 77/78. Nas razões recursais aduz, em síntese, que os rendimentos percebidos da aposentadoria são isentos do imposto de renda em razão de ser portador de cardiopatia grave. Ao fim, requer seja acolhido o presente recurso para cancelar o débito fiscal reclamado. É o relatório. Fl. 103DF CARF MF Impresso em 10/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 09/05/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 13017.720163/201306 Acórdão n.º 2402005.195 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. DA MOLÉSTIA GRAVE A isenção do imposto de renda para os portadores de moléstia grave tem de como base legal os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei 7.713/1988, com a redação dada pelas Leis 8.541/1992, e 11.052/2004, nos seguintes termos: Art. 6o Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Pagel (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (...) XXI os valores recebidos a título de pensão quando o beneficiário desse rendimento for portador das doenças relacionadas no inciso XIV deste artigo, exceto as decorrentes de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão. Nesse passo, o art. 30 da Lei 9.250/1995 passou a veicular a exigência de que a moléstia fosse comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, nos termos a seguir: Art. 30. A partir de 1o de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6° da Lei n" 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com redação dada pelo art. 47 da Lei n°8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Fl. 104DF CARF MF Impresso em 10/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 09/05/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 § 1º O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. § 2º Na relação das moléstias a que se refere o inciso XIV do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, fica incluída a fibrose cística (mucoviscidose). Extraíse desses textos legais dois requisitos cumulativos para que o beneficiário faça jus à isenção do imposto de renda, a saber: 1. os valores recebidos devem ser proventos de aposentadoria, reforma ou pensão ou complementação de aposentadoria; e 2. a moléstia deve estar prevista no texto legal e comprovada por meio de laudo médico pericial emitido pelo serviço médico oficial da União, Estados, Distrito Federal ou dos Municípios (art. 30, caput, da Lei 9.250/1995). Nos termos da peça recursal, a controvérsia cingese apenas à comprovação de ser o Recorrente portador de moléstia grave, no caso em tela cardiopatia grave, assim definida nos termos da lei. O Recorrente carreou ao recurso ora examinado documentos que apontam ser portador de cardiopatia grave somente a partir de 07 de março de 2013, conforme laudo oficial do INSS de fls. 84/86, e o lançamento fiscal referese ao anocalendário 2008 (ano de ocorrência do fato gerador), período anterior ao reconhecimento da moléstia grave. No mesmo caminhar, os documentos de fls. 87/92, juntados com a peça recursal, foram lavrados por profissionais médicos vinculados aos Hospitais de instituição de natureza privada, ainda que recebam recursos vinculados ao SUS. Tais documentos não podem ser equiparados a laudo médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, e, além disso, esses documentos não demonstram se o quadro clínico da cardiopatia grave (moléstia grave) ocorreu antes do ano de 2013. Para reforça o entendimento de que, no ano da ocorrência do fato gerador do imposto de renda, o Recorrente não era portador de cardiopatia grave, a declaração fornecida pela Fundação Eletrosul de Previdência e Assistência Social (ELOS) de fls. 08, datada de 22/03/2013, assentou que, conforme consta da declaração de isenção emitida pelo INSS, “(...) o interessado comprova ser portador de doença classificada pela CID X com o C61 desde de 21/12/12 (...)”. Nesse sentido, temse a Súmula CARF nº 63, aprovada pela 2ª Turma da Câmara Superior de Recurso Fiscais em sessão de 29/11/2010: Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Fl. 105DF CARF MF Impresso em 10/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 09/05/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 13017.720163/201306 Acórdão n.º 2402005.195 S2C4T2 Fl. 5 7 Esse enunciado sumular é de observância obrigatória para os membros deste Colegiado por força do art. 72 do Regimento Interno do CARF (RICARF Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015). Assim, é forçoso afirmar que o Recorrente não preenche os requisitos para o gozo da isenção do imposto de renda prevista nos incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei 7.713/1988, mantendose os valores apurados pelo Fisco. CONCLUSÃO: Voto no sentido de CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto. Ronaldo de Lima Macedo. Fl. 106DF CARF MF Impresso em 10/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 09/05/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO
score : 1.0
Numero do processo: 13884.721332/2014-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Apr 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. SÚMULA N.º 63 DO CARF.
Para gozo de isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico ofício da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
Numero da decisão: 2201-002.823
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, , Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI - Presidente em exercício.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ- Relatora.
Assinado digitalmente.
NOME DO REDATOR - Redator designado.
EDITADO EM: 25/02/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Mees Stringari (Presidente em exercício), Eduardo Tadeu Farah, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior (Presidente).
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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MOLÉSTIA GRAVE. SÚMULA N.º 63 DO CARF. Para gozo de isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico ofício da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, , Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Presidente em exercício. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. Assinado digitalmente. NOME DO REDATOR Redator designado. EDITADO EM: 25/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Mees Stringari (Presidente em exercício), Eduardo Tadeu Farah, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio de Lacerda Martins AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 72 13 32 /2 01 4- 89 Fl. 94DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 25/ 02/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 2 (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que negou provimento à impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Em 26/05/2014, foi lavrada notificação de lançamento referente ao exercício de 2012, anocalendário 2011, na qual foi constatado que os rendimentos da contribuinte foram indevidamente considerados isentos, em decorrência da não comprovação do acometimento de moléstia grave ou da sua condição de aposentada, pensionista ou reformada. A fim de comprovar o acometimento de moléstia grave pela contribuinte, foi juntado aos autos laudo pericial oficial emitido pela Junta Superior de Saúde do Comando da Aeronáutica (serviço médico oficial) dispondo que a contribuinte era portadora de alienação mental. O mencionado laudo, datado de 04/09/2013, expressamente dispôs que a sua validade retroagiria à data do Parecer da Psiquiatria do GIASJ, em 11/12/2012, estando, assim, abrangidos pela isenção apenas os rendimentos recebidos a partir dessa data. Inconformado com a notificação apresentada, que se refere a período anterior a 11/12/2012, o espólio da contribuinte protocolizou impugnação alegando que os rendimentos em análise são isentos e que não foram considerados os documentos apresentados em 16 de maio de 2014. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento manteve o crédito tributário em parte, determinando o cancelamento da multa de 75% e mantendo o imposto suplementar acrescido de multa de mora de 10% e juros legais, com a seguintes considerações: a) embora o sujeito passivo do presente lançamento seja o espólio e não o "de cujus" identificado na autuação, pois a contribuinte era falecida, quando da notificação de lançamento, o vício foi sanado pela inexistência de prejuízo para a defesa, que, tempestivamente, apresentou impugnação, afastando a nulidade do ato; b) a multa aplicável é a prevista no art. 49 do DecretoLei n.º 5.844/1943, que fixa o percentual de 10%, e não a multa do art. 44 da Lei 9.430/1996; c) em razão da alienação mental da contribuinte diagnosticada no Laudo Médico Pericial emitido por serviço médico oficial, datado de 20/02/2013, com data retroativa a dezembro de 2012, e, paralelamente a isso, por não ter havido à época a interdição da interessada, em face da doença (alienação mental), resta concluir que não ficou evidenciada a Fl. 95DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 25/ 02/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13884.721332/201489 Acórdão n.º 2201002.823 S2C2T1 Fl. 95 3 condição de alienada mental antes de dezembro de 2012, sendo, portanto, tributáveis os rendimentos recebidos a título de pensão. Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual o espólio da contribuinte alegou que a contribuinte havia sido diagnosticada como portadora de alienação mental, em 11/12/2012, conforme exames, mas a doença tinha se manifestado há mais de cinco anos, como demonstram os atestados e exames acostados aos autos (atestados médicos datados de 25/10/2010, de 04/12/2010 e de 24/01/2013; certidão de óbito de 21/03/2014 e demais laudos médicos, fls. 74/77). Além disso, sustentou o espólio que, diante do fato de a doença ser degenerativa, evidentemente a contribuinte já estava acometida há vários anos, razão pela qual foi retificada a declaração de imposto de renda referente ao exercício 2010 para a solicitação de restituição do imposto. É o relatório. Voto Conselheiro ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Cuida o presente lançamento de omissão de rendimentos tributáveis, no valor de R$ 91.194,96 (noventa e um mil cento e noventa e quatro reais e noventa e seis centavos), recebidos de Pessoa Jurídica indevidamente declarados como isentos ou nãotributáveis, em razão de a contribuinte não ter comprovado ser portadora de moléstia considerada grave ou sua condição de aposentada, pensionista ou reformada, nos termos da legislação em vigor, para fins de isenção do imposto de renda. Acerca da matéria, os incisos XIV e XXI, art. 6º, da Lei n.º 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com redação dada pelas Leis n.º 8.541, de 23 de dezembro de 1992, e n.º 11.052, de 29 de dezembro de 2004, assim determinam: Art. 6o Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Pagel (osteíte deformante), contaminação por radiação, Fl. 96DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 25/ 02/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 4 síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (...) XXI os valores recebidos a título de pensão quando o beneficiário desse rendimento for portador das doenças relacionadas no inciso XIV deste artigo, exceto as decorrentes de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão. Por sua vez, o art. 30 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, passou a veicular a exigência de que a moléstia fosse comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, nos termos a seguir: Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6° da Lei n" 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com redação dada pelo art. 47 da Lei n°8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. § 2º Na relação das moléstias a que se refere o inciso XIV do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, fica incluída a fibrose cística (mucoviscidose). Observase que a isenção por moléstia grave, quando estabelecida em 1988 pela Lei 7.713, não fazia referência quanto à forma de sua comprovação. Contudo, com a superveniência da Lei 9.250, em 1995, foi instituída forma específica para reconhecimento da moléstia pelas autoridades tributárias. A partir da edição da mencionada lei, tornouse indispensável a apresentação do laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Assim, a isenção sob análise requer a consideração do binômio: moléstia (grave) e natureza específica do rendimento (provenientes de aposentadoria, reforma ou pensão), sendo o laudo pericial oficial requisito objetivo para a demonstração da moléstia grave. Inexistindo dúvida acerca da natureza dos rendimentos percebidos pela contribuinte (pensão), fazse necessário analisar o aspecto relativo à caracterização da patologia. Verificase que o cerne da controvérsia em questão é a possibilidade de comprovação da alienação mental da contribuinte falecida, por meio de atestados médicos e demais laudos não oficiais, anteriores a 12/2012, que foi o marco inicial do reconhecimento da Fl. 97DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 25/ 02/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13884.721332/201489 Acórdão n.º 2201002.823 S2C2T1 Fl. 96 5 moléstia grave, mediante a apresentação do laudo médico oficial, conforme a legislação regente da matéria. Cumpre esclarecer que, embora os atestados médicos particulares datados de períodos anteriores a 12/2012 (25/10/2010, 04/12/2010 e 24/01/2013) indiquem indícios da existência da patologia grave, não há laudo pericial oficial referente ao período pleiteado pelo espólio, pois o laudo oficial declara expressamente a sua retroatividade para 12/2012. Assim, considerando a ausência de apresentação do laudo oficial referente ao período pleiteado, resta descumprido o requisito formal necessário ao reconhecimento jurídico da doença, conforme o disposto no art. art. 30 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, bem como em consonância com o Enunciado de Súmula n.º 63 do CARF, abaixo transcrito: “Súmula nº 63 – Para gozo de isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.” Observando a legislação de regência, bem como a mencionada súmula, tem se a seguinte jurisprudência desse Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Ano calendário:2003 IRPF. PRELIMINAR DE NULIDADE DO LANÇAMENTO Rejeitase a preliminar de nulidade do lançamento quando este obedeceu a todos os requisitos formais e materiais necessários para a sua validade. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. SÚMULA Nº 63 DO CARF. Conforme se denota do teor da Súmula Vinculante nº 63, havendo laudo médico pericial, elaborado por peritos oficiais, reconhecendo a moléstia grave a decorrendo o provento de pensão ou aposentadoria, faz jus o contribuinte à isenção do Imposto sobre a Renda. Preliminar rejeitada e Recurso Provido. (CARF, 1ª Turma Especial, Acórdão n.º 2801002.428, de 15 de maio de 2012, Rel. Sandro Machado dos Reis.) Desse modo, em obediência ao disposto no art. 30 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e ao conteúdo do Enunciado de Súmula n.º 63 do CARF, por ausência do cumprimento do requisito legal de apresentação do laudo pericial oficial referente ano calendário objeto da autuação, impõese a manutenção do lançamento. Tais as razões expendidas, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relator Fl. 98DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 25/ 02/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 6 Fl. 99DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 25/ 02/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
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Numero do processo: 18050.009797/2008-46
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003
AUTO DE INFRAÇÃO - MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA - APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL - RETROATIVIDADE BENIGNA
Para verificação da multa mais benéfica ao contribuinte deve-se comparar o somatório das multas previstas na legislação vigente à época da lavratura do AI (art. 35 e 32 da Lei nº 8.212/91) e a multa do art. 35-A da Lei nº 8.212/91, introduzida pela Lei nº 11.941/2009. Como resultado, aplica-se para cada competência a multa mais benéfica (sistemática anterior ou atual), em face do que dispõe o art. 106 do CTN.
A multa isolada prevista no artigo 32-A da Lei 8.212/91 restringe-se aos casos em que não há a ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária.
Numero da decisão: 9202-004.269
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por unanimidade de votos, em dar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Teresa Martínez López.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
PATRÍCIA DA SILVA - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, MARIA HELENA COTTA CARDOZO, PATRICIA DA SILVA, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI E GERSON MACEDO GUERRA.
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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Como resultado, aplicase para cada competência a multa mais benéfica (sistemática anterior ou atual), em face do que dispõe o art. 106 do CTN. A multa isolada prevista no artigo 32A da Lei 8.212/91 restringese aos casos em que não há a ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por unanimidade de votos, em darlhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Teresa Martínez López. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. PATRÍCIA DA SILVA Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 05 0. 00 97 97 /2 00 8- 46 Fl. 3234DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 31/07/2016 po r PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, MARIA HELENA COTTA CARDOZO, PATRICIA DA SILVA, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI E GERSON MACEDO GUERRA. Relatório Cuidase de Recurso Especial do Procurador interposto contra o Acórdão nº 2402003.483, que restou assim ementado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA DESCUMPRIMENTO INFRAÇÃO Consiste em descumprimento de obrigação acessória a empresa apresentar a GFIP Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. DECADÊNCIA ARTS 45 E 46 LEI Nº 8.212/1991 – INCONSTITUCIONALIDADE – STF SÚMULA VINCULANTE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS ART 173, I, CTN. 1. De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. 2. O prazo de decadência para constituir as obrigações tributárias acessórias relativas às contribuições previdenciárias é de cindo anos e deve ser contado nos termos do art. 173, I, do CTN. AUTO DE INFRAÇÃO. CORRELAÇÃO COM O LANÇAMENTO PRINCIPAL. Uma vez que já foram julgadas as autuações cujos objetos são as contribuições correspondentes aos fatos geradores omitidos em GFIP, a autuação pelo descumprimento da obrigação acessória subsistirá relativamente àqueles fatos geradores em que as autuações correlatas foram julgadas procedentes LEGISLAÇÃO POSTERIOR MULTA MAIS FAVORÁVEL APLICAÇÃO A lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Fl. 3235DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 31/07/2016 po r PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18050.009797/200846 Acórdão n.º 9202004.269 CSRFT2 Fl. 3.235 3 Recurso Voluntário Provido em Parte. Na origem, tratase de impugnação contra o Auto de Infração nº 37.205.153 7, lavrado em 02/12/2008, que tem por objeto descumprimento de obrigação acessória pela ausência de declaração de todos os fatos geradores de contribuição previdenciária nas guias de FGTS e GFIP, no período de 01/2003 a 12/2003, a qual foi julgada improcedente pela Delegacia Regional de Julgamento. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário arguindo a decadência do direito de o Fisco lançar os tributos em questão e a consequente extinção da obrigação acessória. O recurso foi, a unanimidade, parcialmente provido para adequar a multa ao art. 32A, da Lei nº 8.212/91, caso mais benéfica. Contra a referida decisão, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial alegando que o acórdão contrariou precedentes deste Conselho, apontando como paradigma o Acórdão nº 2403.00.035. Ao final, requer a reforma do julgado no ponto concernente à multa aplicada, para que seja mantida a forma de cálculo realizada pela autoridade fiscal, qual seja: comparação entre a soma das duas multas anteriores (art. 35, II e 32, IV, da norma revogada) e a multa do art. 35A, da MP 449/2008, aplicandose a multa mais benéfica ao contribuinte. Sem contrarrazões, subiram os autos para análise e voto. É o relatório. Voto Conselheira Patrícia da Silva Na interposição do presente recurso, foram observados os pressupostos gerais de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. A lide tem como objeto a multa a ser aplicada no descumprimento de obrigações principais e obrigações acessórias previdenciárias, cujos fatos geradores ocorreram antes da entrada em vigor da MP nº 449/2008. Antes de analisar o debate em questão, importante tecer algumas considerações sobre a sistemática da Lei nº 8.212/91 no tocante à penalidade pelo descumprimento das obrigações (principais e acessórias) sob a ótica do princípio da retroatividade benigna. Como se sabe, a MP nº 449/2008 trouxe relevantes alterações na sistemática das multas aplicáveis. Antes de sua entrada em vigor, o descumprimento das obrigações principais era penalizado da seguinte forma: As obrigações declaradas em GFIP, mas pagas em atraso, eram sancionadas com multa variável entre 8% a 20%, de acordo com o art. 35, I, da Lei nº 8.212/91 (redação anterior à MP nº 449/2008); As obrigações que não tinham sequer Fl. 3236DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 31/07/2016 po r PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 sido lançadas em GFIP, cujos lançamentos se deram de ofício pela autoridade fiscal, eram punidas com a multa variável entre 24% a 50%, nos termos do art. 35, II, da mesma Lei. Caso os créditos fossem incluídos em dívida ativa, a multa aplicável era de 60% a 100%, conforme o inciso III. Em que pese ambas as multas serem denominadas de “multa de mora”, os percentuais diferenciavamse pela existência de uma prévia declaração do tributo ou pelo lançamento de ofício. A nova sistemática trazida pela MP nº 449/2008 estabeleceu uma distinção mais visível entre as multas, denominando de multa de mora a multa incidente sobre as obrigações já declaradas em GFIP, mas pagas em atraso, e de multa de ofício as obrigações lançadas de ofício pela autoridade fiscal, objetivando abrandar a multa de mora e aplicar uma penalidade mais severa às obrigações lançadas de ofício. Desta forma, a multa pelo pagamento em atraso das obrigações já declaradas (anteriormente prevista no art. 35, I) passou a ser de 0,33% ao dia, limitada a 20%, nos termos do atual art. 35, caput, da Lei nº 8.212/91, que faz remissão ao art. 61, da Lei nº 9.430/96. Já para as obrigações lançadas de ofício, a multa (antes prevista no art. 35, II) passou a ser fixa, de 75%, nos termos do art. 35A, da mesma Lei, que faz remissão ao art. 44, I, da Lei nº 9.430/96. Quanto às obrigações acessórias, o descumprimento das obrigações era penalizado com as multas previstas no art. 32, §§ 4º, 5º e 6º, da Lei nº 8.212/91. A MP nº 449/2009 revogou os referidos dispositivos, instituindo a multa do art. 32A, da mesma Lei, que é de “R$ 20,00 (vinte reais) para o grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas” e “de 2% ao mês calendário ou fração incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento)”. Como se observa, em determinados pontos a nova sistemática foi mais benéfica ao contribuinte, mas em outros estabeleceu multa mais severa. Assim, para o cálculo das multas incidentes sobre fatos geradores ocorridos antes da entrada em vigor da MP nº 449/2008, mas realizado após 12/2008, devese levar em conta o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106, do CTN. Assim, sob a ótica do referido princípio, as multas de fatos geradores ocorridos antes de 03/12/2008, mas aplicadas posteriormente a essa data, devem ser calculadas comparando a legislação anterior com a atual, isto porque a Lei nº 8.212/91 é clara ao estabelecer penalidades distintas para o descumprimento das obrigações principais declaradas e pagas em atraso (multa de mora do art. 35, caput), para as obrigações principais lançadas de ofício (multa de ofício do art. 35A) e para o descumprimento de obrigações acessórias ( multa do art. 32A). Todavia, a Receita Federal vem adotando posicionamento no sentido da aplicação de uma multa única quando houver descumprimento de obrigações principais e acessórias, por entender que a ser a sistemática mais favorável ao contribuinte, em virtude da proibição do bis in idem. Desta forma, para o cálculo das multas por descumprimento das obrigações previdenciárias, o Fisco vem adotando a seguinte sistemática, de acordo com o art. 476A, da Instrução Normativa RFB 971/2009, vejamos: Fl. 3237DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 31/07/2016 po r PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18050.009797/200846 Acórdão n.º 9202004.269 CSRFT2 Fl. 3.236 5 Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores:(Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) Observase, portanto, que ao instituir uma multa única, deixase de estipular qualquer comparação entre os dispositivos anteriores e atuais da Lei nº 8.212/91, considerando se viável a aplicação da multa de ofício de forma generalizada. Em julgados anteriores, vinha adotando o posicionamento de que, em respeito ao art. 106, do CTN, na execução do julgado a autoridade fiscal deverá verificar a situação mais benéfica ao contribuinte a partir da comparação entre as multas anteriormente previstas nos arts. 35, I e II, e 32, com as multas atuais dos arts. 35, caput, 35A e 32A, de acordo com a natureza da infração cometida. Isto porque, entendo que não é possível admitir que a penalidade por descumprimento de obrigação acessória seja estabelecida de uma forma quando aplicada de forma isolada e de forma distinta quando cumulada com multa referente à obrigação principal, Fl. 3238DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 31/07/2016 po r PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 pois não há previsão legal nesse sentido. À Receita Federal cabe implementar meios para recalcular os débitos de forma a aplicar a penalidade mais benéfica ao contribuinte, comparando os dispositivos da lei anterior ao atual, e não criar condições prejudiciais aos contribuintes. Ressalvada minha tese sobre a questão, constatase que o meu posicionamento diverge da posição deste colegiado, que em outros julgados tem se manifestado quase à unanimidade, não fosse o voto divergente da ora relatora, no sentido de dar provimento ao recurso especial da Fazenda, razão pela qual modifico o meu posicionamento para me adequar à jurisprudência deste Conselho. Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, para que seja restabelecida a forma de cálculo utilizada no lançamento, que já promoveu a aferição acerca da opção mais benéfica, nos moldes requeridos pela Recorrente, a saber: a soma das duas multas, aplicadas nos Autos de Infração de descumprimento de obrigações principais e acessórias; ou a multa de 75% sobre a totalidade ou diferença de contribuição, prevista no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Patrícia da Silva Relatora Fl. 3239DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 31/07/2016 po r PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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