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Numero do processo: 10880.915225/2008-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jan 17 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA (IRPJ)
Ano-calendário: 2003
DCOMP. ERRO NO PREENCHIMENTO. EXISTÊNCIA DE SALDO NEGATIVO E NÃO PAGAMENTO A MAIOR. CONVOLAÇÃO. POSSIBILIDADE.
A comprovação de cometimento de erro de fato no preenchimento da DCOMP possibilita a convolação do pedido de restituição de pagamento indevido ou a maior que o devido em pedido de restituição de saldo negativo
Numero da decisão: 1302-004.254
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para determinar o retorno dos autos à unidade de origem para a continuidade do análise do direito creditório pleiteado, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo seguiu a sistemática dos recursos repetitivos, aplicando-se o decidido no julgamento do processo 10880.915219/2008-66, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(documento assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Ricardo Marozzi Gregório, Flávio Machado Vilhena Dias Breno do Carmo Moreira Vieira e Gustavo Guimarães da Fonseca.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA (IRPJ) Ano-calendário: 2003 DCOMP. ERRO NO PREENCHIMENTO. EXISTÊNCIA DE SALDO NEGATIVO E NÃO PAGAMENTO A MAIOR. CONVOLAÇÃO. POSSIBILIDADE. A comprovação de cometimento de erro de fato no preenchimento da DCOMP possibilita a convolação do pedido de restituição de pagamento indevido ou a maior que o devido em pedido de restituição de saldo negativo
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para determinar o retorno dos autos à unidade de origem para a continuidade do análise do direito creditório pleiteado, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo seguiu a sistemática dos recursos repetitivos, aplicando-se o decidido no julgamento do processo 10880.915219/2008-66, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (documento assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Ricardo Marozzi Gregório, Flávio Machado Vilhena Dias Breno do Carmo Moreira Vieira e Gustavo Guimarães da Fonseca.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA (IRPJ) Ano-calendário: 2003 DCOMP. ERRO NO PREENCHIMENTO. EXISTÊNCIA DE SALDO NEGATIVO E NÃO PAGAMENTO A MAIOR. CONVOLAÇÃO. POSSIBILIDADE. A comprovação de cometimento de erro de fato no preenchimento da DCOMP possibilita a convolação do pedido de restituição de pagamento indevido ou a maior que o devido em pedido de restituição de saldo negativo Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para determinar o retorno dos autos à unidade de origem para a continuidade do análise do direito creditório pleiteado, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo seguiu a sistemática dos recursos repetitivos, aplicando-se o decidido no julgamento do processo 10880.915219/2008-66, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (documento assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Ricardo Marozzi Gregório, Flávio Machado Vilhena Dias Breno do Carmo Moreira Vieira e Gustavo Guimarães da Fonseca. Relatório O presente julgamento submete-se à sistemática dos recursos repetitivos, prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, Anexo II, do Regulamento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2019, e, dessa forma, adoto neste relatório, com adaptações, o relatado no Acórdão nº 1302-004.249, de 12 de dezembro de 2019, que lhe serve de paradigma. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 52 25 /2 00 8- 13 Fl. 176DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 1302-004.254 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.915225/2008-13 Cuida o feito de PERDCOMP por meio do qual a recorrente pretende o reconhecimento de direito creditório originariamente informado como oriundo de indébito/”pagamento a maior” de estimativa mensal do período em referência, para compensação com débitos de sua titularidade relativos à tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Ao analisar o pleito, a Unidade de Origem houve por bem não homologá-lo ao fundamento de que, pelas “características do DARF discriminado no PER/DCOMP [...], foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados [...]”. Irresignada, a empresa opôs a sua manifestação de inconformidade por meio da qual sustenta que teria, realmente, incorrido em erro ao transmitir o seu pedido de compensação, dado que pretendia, em verdade, a compensação do saldo negativo formado ao final do ano- calendário de 2003. Traz a doutrina que entende cabível, inclusive para reforçar a tese de que erros materiais no preenchimento de declarações seriam superáveis por provas e documentos que atestassem o direito creditório pretendido, juntando, neste momento, cópia da DIPJ dos anos calendários correspondentes. Ao apreciar a defesa da recorrente, o colegiado de primeira instância a julgou improcedente sob dois fundamentos, ainda que conexos, a saber: a) cabia ao contribuinte desistir (ou pleitear o cancelamento) da PERDCOMP ou quando menos retificá-la para inserir as informações corretas acerca da natureza do direito creditório pretendido; b) outrossim, não poderia, a empresa, pretender por meio de manifestação de inconformidade modificar/retificar a natureza do crédito postulado, “cujo propósito tenciona deslocar a questão central da controvérsia, intentando inquinar a eficácia do despacho decisório e restabelecer, de forma obliqua, o direito de fruição de crédito já prejudicado pelo decurso do prazo do direito de compensar”. E conclui, noutro giro, que, a luz dos preceitos do art. 57 da então vigente IN 600/2005, ter-se-ia verificado preclusão consumativa do direito da empresa de retificar a sua PERDCOMP, reprisando a impossibilidade de fazê-lo por meio da defesa proposta no feito. Afastou, ainda, o pedido de diligência apresentado juntamente com a manifestação de inconformidade. Intimada do resultado de julgamento acima, a contribuinte interpôs o seu recurso voluntário em que, de forma bem mais sintética, reprisa a tese de que o vício contido em sua declaração de compensação poderia ser superado acaso o direito creditório seja divisável pelos elementos do autos, justificando o erro pela confusão própria que se seguiu aos regramentos contemplados na legislação, mormente a partir de 2003. É o relatório. Fl. 177DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 1302-004.254 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.915225/2008-13 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado, Relator. Das razões recursais Como já destacado, o presente julgamento segue a sistemática dos recursos repetitivos, nos termos do art. 47, §§ 1º e 2º, Anexo II, do RICARF, desta forma reproduzo o voto consignado no Acórdão nº 1302-004.249, de 12 de dezembro de 2019, paradigma desta decisão. A insurgente foi intimada do resultado do julgamento em 31 de maio de 2011, conforme se depreende do AR juntado ao feito (e-fls. 163), tendo interposto seu apelo voluntário no dia 31 daquele mesmo mês e ano. Considerando-se, neste passo, que o recurso em questão foi assinado por procurador regularmente constituído nos autos e que a empresa, efetivamente, tem interesse processual no prosseguimento da demanda, há que se considerar preenchidos os pressupostos de cabimento do remédio processual, motivo pelo qual, dele, tomo conhecimento. Pois bem. A primeira questão a ser superada no caso vertente é se este Colegiado pode, e tem poderes, para convolar um pedido de compensação (cujo direito creditório postulado detinha natureza de indébito tributário e se referia apenas à uma estimativa mensal recolhida no curso do ano-calendário de 2003) em pretensão de recuperação de valores atinentes à saldo negativo formado naquele mesmo período de apuração. Em tese, e particularmente com base no princípio da instrumentalidade, este Conselho vem admitindo a possibilidade de se converter pedidos de repetição de indébito, equivocadamente formulados, em pleitos atinentes à recuperação de saldos negativos (seja de IRPJ, com é o caso, seja de CSLL). Neste sentido, há precedentes, inclusive recentes, deste mesmo Colegiado, consoante se extrai da ementa cujo teor, peço vênia, reproduzo a seguir: CSLL. ESTIMATIVA MENSAL. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 84. É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. DCOMP. ERRO NO PREENCHIMENTO. EXISTÊNCIA DE SALDO NEGATIVO E NÃO PAGAMENTO A MAIOR. CONVOLAÇÃO. POSSIBILIDADE. A comprovação de cometimento de erro de fato no preenchimento da DCOMP possibilita a convolação do pedido de restituição de pagamento indevido ou a Fl. 178DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 1302-004.254 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.915225/2008-13 maior que o devido em pedido de restituição de saldo negativo (acórdão de nº 1302-004.032, julgado 16/10/2019 e publicado no DJ 19/11/2019). Esta premissa jurídica já seria suficiente para, quiçá, permitir a reforma parcial, tanto do acórdão recorrido, como do próprio despacho decisório e, assim, determinar o retorno dos autos à Unidade de Origem considerando, como natureza do direito creditório, o saldo negativo apurado no ano-calendário de 2003. Vale destacar, também, que esta Turma, vez por outra, opta por, considerada a possibilidade de se restituir o saldo negativo, dar provimento ao Recurso Voluntário para já reconhecer o direito pretendido e homologar as respectivas compensações. Para tanto, todavia, o citado direito deve ser, de tal sorte hialino, que não restem dúvidas não só sobre a sua existência, mas, também, de que a decisão aqui proferida não irá afetar processos, inclusive anteriores, que tenham objeto similar ao hora examinado. No caso concreto, o saldo negativo informado pelo contribuinte em sua DIPJ alça a monta de R$ 237.053,17 (e-fls. 62), diferente, portanto, da importância pretendida por meio da DCOMP em exame (R$ 127.642,94). É verdade que o predito saldo é formado, exclusivamente, por estimativas, sendo, contudo, também inegável que, por força do erro incorrido pelo próprio insurgente, não houve verificação por parte da Unidade de Origem sobre o pagamento ou extinção dos débitos concernentes às preditas estimativas. Mais que isso, e como os valores de saldo negativo e do crédito pretendido por meio da DCOMP em testilha não são coincidentes, é possível que parte deste saldo seja objeto de outros pedidos. O processo, vejam bem, está sendo julgado sob o rito do art. 47, §1º, do RICARF, sendo razoável assumir, destarte, que as demais parcelas deste saldo componham o direito creditório requerido nos demais processos que conformam o lote de repetitivos que se encontra sob a batuta desta Turma. E, pela análise dos feitos que se encontram na caixa de trabalho da equipe, de fato, isso se confirma. No entanto, é preciso verificar, repita-se, se este saldo também não foi postulado em outros processos que não os aqui mencionados, sem prejuízo da, já alardeada, necessidade de se confirmar o pagamento das demais estimativas. Entendo, diante disso, ser temerário, neste momento, reconhecer o direito creditório e prover o apelo. A luz do exposto, portanto, voto por DAR PARCIAL provimento ao Recurso voluntário a fim de determinar o retorno dos autos à Unidade de Origem para que aprecie o pleito compensatório, considerando como Fl. 179DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 1302-004.254 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.915225/2008-13 direito creditório, in casu, o saldo negativo formado no ano-calendário de 2003. Conclusão Importa registrar que nos autos em exame a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada na decisão paradigma, de tal sorte que, as razões de decidir nela consignadas, são aqui adotadas. Dessa forma, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, reproduzo o decidido no acórdão paradigma, no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário, para determinar o retorno dos autos à unidade de origem para a continuidade do análise do direito creditório pleiteado, nos termos do relatório e voto condutor. (documento assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 180DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13921.720214/2012-06
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 17 00:00:00 UTC 2020
Data da publicação: Mon Mar 02 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Ano-calendário: 2010
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. MULTA ISOLADA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. SÚMULA CARF Nº 49.
O institui da denúncia espontânea, tal como posto pelo artigo 138 do Código Tributário Nacional, não alcança a penalidade (multa isolada) decorrente do atraso na entrega de declaração (obrigação acessória), consoante impõe a Súmula CARF nº 49, cujos efeitos são vinculantes.
MULTA. PEDIDO DE NULIDADE BASEADO EM PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. SÚMULA CARF Nº 2.
O emprego dos princípios constitucionais, tais como o da proporcionalidade, razoabilidade e não confisco, por exemplo, não autoriza o julgador administrativo a dispensar ou reduzir multas expressas na lei. Aplicação da Súmula CARF nº 2.
FCONT. MULTA ISOLADA. RETROATIVIDADE BENIGNA. REDUÇÃO DO MONTANTE LANÇADO. ARTIGO 57 DA MP Nº 2.158-35/2001.
Em matéria de penalidade, a legislação tributária, nos termos do artigo 106 do CTN, adota a retroatividade benigna, segundo a qual a lei aplicasse a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. No caso, é preciso considerar as disposições do artigo 57, I, alínea b e §3º da MP nº 2.158-35/2001.
Numero da decisão: 1002-001.022
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para que a multa isolada seja reduzida ao montante de R$ 5.250,00, após consideradas as disposições do artigo 57, I, alínea "b" e §3º da MP nº 2.158-35/2001.
(documento assinado digitalmente)
Ailton Neves da Silva - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Jose Luz de Macedo - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ailton Neves da Silva (Presidente), Marcelo Jose Luz de Macedo e Thiago Dayan da Luz Barros. Ausente justificadamente o Conselheiro Rafael Zedral.
Nome do relator: MARCELO JOSE LUZ DE MACEDO
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ementa_s : ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Ano-calendário: 2010 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. MULTA ISOLADA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. SÚMULA CARF Nº 49. O institui da denúncia espontânea, tal como posto pelo artigo 138 do Código Tributário Nacional, não alcança a penalidade (multa isolada) decorrente do atraso na entrega de declaração (obrigação acessória), consoante impõe a Súmula CARF nº 49, cujos efeitos são vinculantes. MULTA. PEDIDO DE NULIDADE BASEADO EM PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. SÚMULA CARF Nº 2. O emprego dos princípios constitucionais, tais como o da proporcionalidade, razoabilidade e não confisco, por exemplo, não autoriza o julgador administrativo a dispensar ou reduzir multas expressas na lei. Aplicação da Súmula CARF nº 2. FCONT. MULTA ISOLADA. RETROATIVIDADE BENIGNA. REDUÇÃO DO MONTANTE LANÇADO. ARTIGO 57 DA MP Nº 2.158-35/2001. Em matéria de penalidade, a legislação tributária, nos termos do artigo 106 do CTN, adota a retroatividade benigna, segundo a qual a lei aplicasse a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. No caso, é preciso considerar as disposições do artigo 57, I, alínea b e §3º da MP nº 2.158-35/2001.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para que a multa isolada seja reduzida ao montante de R$ 5.250,00, após consideradas as disposições do artigo 57, I, alínea "b" e §3º da MP nº 2.158-35/2001. (documento assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva - Presidente (documento assinado digitalmente) Marcelo Jose Luz de Macedo - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ailton Neves da Silva (Presidente), Marcelo Jose Luz de Macedo e Thiago Dayan da Luz Barros. Ausente justificadamente o Conselheiro Rafael Zedral.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2020-02-19T17:50:31Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2020-02-19T17:50:31Z; Last-Modified: 2020-02-19T17:50:31Z; dcterms:modified: 2020-02-19T17:50:31Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2020-02-19T17:50:31Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2020-02-19T17:50:31Z; meta:save-date: 2020-02-19T17:50:31Z; pdf:encrypted: true; modified: 2020-02-19T17:50:31Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2020-02-19T17:50:31Z; created: 2020-02-19T17:50:31Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; Creation-Date: 2020-02-19T17:50:31Z; pdf:charsPerPage: 2065; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2020-02-19T17:50:31Z | Conteúdo => S1-TE02 Ministério da Economia Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Processo nº 13921.720214/2012-06 Recurso Voluntário Acórdão nº 1002-001.022 – 1ª Seção de Julgamento / 2ª Turma Extraordinária Sessão de 17 de janeiro de 2020 Recorrente VENZON VEICULOS LTDA - ME Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Ano-calendário: 2010 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. MULTA ISOLADA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. SÚMULA CARF Nº 49. O institui da denúncia espontânea, tal como posto pelo artigo 138 do Código Tributário Nacional, não alcança a penalidade (multa isolada) decorrente do atraso na entrega de declaração (obrigação acessória), consoante impõe a Súmula CARF nº 49, cujos efeitos são vinculantes. MULTA. PEDIDO DE NULIDADE BASEADO EM PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. SÚMULA CARF Nº 2. O emprego dos princípios constitucionais, tais como o da proporcionalidade, razoabilidade e não confisco, por exemplo, não autoriza o julgador administrativo a dispensar ou reduzir multas expressas na lei. Aplicação da Súmula CARF nº 2. FCONT. MULTA ISOLADA. RETROATIVIDADE BENIGNA. REDUÇÃO DO MONTANTE LANÇADO. ARTIGO 57 DA MP Nº 2.158-35/2001. Em matéria de penalidade, a legislação tributária, nos termos do artigo 106 do CTN, adota a retroatividade benigna, segundo a qual a lei aplicasse a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. No caso, é preciso considerar as disposições do artigo 57, I, alínea “b” e §3º da MP nº 2.158-35/2001. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para que a multa isolada seja reduzida ao montante de R$ 5.250,00, após consideradas as disposições do artigo 57, I, alínea "b" e §3º da MP nº 2.158- 35/2001. (documento assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva - Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 92 1. 72 02 14 /2 01 2- 06 Fl. 42DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 2 do Acórdão n.º 1002-001.022 - 1ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 13921.720214/2012-06 (documento assinado digitalmente) Marcelo Jose Luz de Macedo - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ailton Neves da Silva (Presidente), Marcelo Jose Luz de Macedo e Thiago Dayan da Luz Barros. Ausente justificadamente o Conselheiro Rafael Zedral. Relatório Trata o presente processo de impugnação à exigência da multa isolada por atraso na entrega de obrigação acessória, mais especificamente da Escrituração de Controle Fiscal Contábil de Transição (FCONT), relativa ao ano-calendário de 2010. No caso, o contribuinte deveria ter transmitido a sua declaração até a data de 30/11/2011, mas tão somente o fez em 22/06/2012, motivo pelo qual foi aplicada multa isolada em questão no valor de R$ 35.000,00 com a fundamentação legal que segue (fls. 6 do e- processo): Inconformado com a cobrança da referida multa, o contribuinte apresentou Impugnação na qual solicita o cancelamento da exigência tributária, sob alegação de que a entrega fora espontânea, nos termos do Código Tributário Nacional (CTN), art.138, portanto a multa seria inaplicável ao caso. Em sessão de 17/01/2013, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (“DRJ/RPO”) julgou improcedente a Impugnação do contribuinte nos termos da ementa abaixo transcrita: MULTA POR ATRASO. DECLARAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. É devida a multa no caso de entrega da declaração fora do prazo estabelecido ainda que o contribuinte o faça espontaneamente. Impugnação Improcedente Fl. 43DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 3 do Acórdão n.º 1002-001.022 - 1ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 13921.720214/2012-06 Crédito Tributário Mantido Nos fundamentos do voto do relator (fls. 14 do e-processo), interpretando-se sistematicamente os dispositivos do CTN, tem-se que o art. 138 não se desfez da multa por atraso no cumprimento de obrigação acessória. Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário no qual alega o seguinte (fls. 23/27 do e-processo): 3. DO OBJETO A recorrente afirma que o referido auto de infração é arbitrário, unilateral, impositivo de caráter confiscatório, onde a prestação da obrigação em si, é em relação ao autuado e seus responsáveis legais, desproporcional, não razoável, e faz- se mister a subsunção do fato à norma constitucional, infringindo o art. 150, IV da Constituição Federal de 1988. O princípio da vedação do confisco é previsto no sistema tributário nacional como uma das limitações constitucionais ao poder de tributar. Segundo a regra ínsita no art. 150, IV, da Constituição Federal, "Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios utilizar tributo com efeito de confisco ", e conforme o próprio r. Acórdão em lide menciona bem como o § 3o do art. 113 do CTN, "A obrigação acessória, pelo simples fato de sua inobservância, converte-se em obrigação principal, relativamente à penalidade pecuniária", cabendo portanto, não somente a exclusão da multa baseado no Art. 138 do CTN cujo teor é o seguinte: "A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração", como também a violação do Art. 150, IV da CF conforme evidenciado. Qualquer conteúdo diferente do mencionado em lei é mera interpretação de quem o analisa, cabendo o contraditório e a ampla defesa. 4. DOS FATOS. O FCONT é uma escrituração, das contas patrimoniais e de resultado, em partidas dobradas, que considera os métodos e critérios contábeis aplicados pela legislação tributária. A utilização do FCONT é necessária à realização dos ajustes efetuados no LALUR, não podendo ser substituído por qualquer outro controle ou memória de cálculo. Os dados a serem apresentados por intermédio do Programa FCONT consistem em lançamentos referentes aos fatos contábeis que sofrem tratamento tributário diferenciado, são eles: I - lançamentos realizados na escrituração contábil para fins societários, que devem ser expurgados; e II – lançamentos considerando os métodos e critérios contábeis aplicáveis para fins tributários, que devem ser inseridos. A Instrução Normativa 787 de 19 de novembro de 2007, dispensava da entrega do FCONT as empresas que não possuíssem lançamentos com base em métodos diferentes daqueles prescritos pela legislação tributária. Com a vigência da Instrução Normativa RFB 1.139/2011 não há mais dispensa. A mesma foi publicada e pouco divulgada, inclusive com seu prazo para entrega alterado para o último dia útil do mês de novembro do ano de 2011, a qual acabou por surpreender empresas que até então não estavam obrigadas, como é o caso da recorrente. A elaboração do FCONT passou a ser obrigatória, mesmo no caso de não haver lançamento com base em métodos e critérios diferentes daqueles prescritos pela legislação tributária, baseada nos critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007, nos termos do art. 2º. da IN RFB 967/2009. Fl. 44DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 4 do Acórdão n.º 1002-001.022 - 1ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 13921.720214/2012-06 5. DO MOTIVO DO PEDIDO Considerando todos os motivos anteriormente mencionados, solicitamos gentilmente que seja reconsiderada e reformada na sua totalidade, a decisão proferida conforme consta dos autos supra evidenciados. Frisamos ainda que estes "Vícios de Constitucionalidade" ameaçam a atividade empresarial e contábil, pois além do incontável número de obrigações acessórias já existentes, periodicamente, a Receita Federal do Brasil cria uma nova declaração, um novo formulário, um novo demonstrativo, uma nova informação a ser prestada pelas pessoas físicas e jurídicas do país. De acordo com estudo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) em 2010, as empresas brasileiras gastam aproximadamente R$ 42 bilhões anuais para fins de cumprimento com as normas tributárias da União, dos estados e dos municípios. Em 23 anos de Constituição Federal, foram publicadas 4.353.665 normas, das quais 275.095 tratam de matéria tributária; ou seja: mais de uma norma tributária foi publicada por hora! Diante disso, como se manter atualizado, se, a cada hora, uma nova determinação é criada, e como cumprir essas intermináveis obrigações? Para piorar a questão, o Fisco cria maiores problemas do que simplesmente o número crescente de obrigações acessórias: elevadas e abusivas multas pelo descumprimento de tais obrigações. Em nosso caso, chegando a R$ 5.000,00 (Cinco mil reais) por mês de atraso, a exemplo do SPED ECD, FCONT, DIMOB SISCOSERV e DMED . Deve ser ressaltado que o correto recolhimento do tributo não isenta a empresa da aplicação da multa por descumprimento de obrigação acessória, causado, muitas vezes, pela dificuldade das pequenas e médias empresas em se adequar às exigências fiscais, falta de certificação digital e até problemas técnicos de acesso à internet. Assim, como aceitar que um empresário, de repente, veja seu patrimônio simplesmente desaparecer (mesmo tendo ele pago todos os tributos), apenas porque esqueceu de enviar formulários ou informações? Ademais, quantos escritórios de contabilidade se arriscarão em uma relação "honorários mensais" versus "risco do negócio"? Destacando que o risco pode ser inclusive o da própria continuidade da empresa, diante da aplicação de uma penalidade que pode se tornar impagável, tanto pelo empresário, quanto por seus contadores, caso venham a ser responsabilizados. No caso da recorrente, a empresa pagou pelos serviços da contabilidade cuja obrigação de entrega do FCONT recai sobre o contador, conforme cláusula quinta do contrato de prestação de serviços contábeis. Anexamos a este, uma cópia do contrato de prestação de serviços e honorários contábeis, devidamente entregues à Secretaria da Receita Estadual / Agência de Rendas do domicílio, no ato da concessão da Inscrição Estadual, para que V.Sa. se digne saber o quanto recebem os profissionais de contabilidade pelos serviços prestados, conforme cláusula sexta do mesmo, e quantos anos teriam que trabalhar para arrecadar o valor abusivo das multas ora impostas. Outrossim, gostaríamos que o trabalho dos contadores fossem vistos com olhos de colaborador, os quais trabalham para o fisco sem receber nada dele em troca, senão as penalidades impostas pelas centenas de diferentes obrigações principais e acessórias. Não raras vezes, o descumprimento da obrigação acessória é causado pela confusão criada pelo próprio Fisco. Verificou-se, nos últimos anos, declarações criadas por resoluções sem que o programa (aplicativo eletrônico) ou formulário respectivo fosse disponibilizado no prazo estipulado pela resolução, sendo necessário prorrogar, diversas vezes, o prazo para a implantação e exigência da obrigação acessória. Diuturnamente, são veiculadas notícias retratando esse cenário caótico, de insegurança e tensão profissional. Frisamos que a falta de entrega do FCONT, não ocasionou perda de arrecadação e tampouco, diferença de valores apurados. Nesses casos, em que não há consequência direta no montante efetivamente devido a título de tributo, a multa por descumprimentos acessórios deve possuir natureza meramente "corretiva", evitando falhas nos controles formais além de orientar o sujeito passivo a agir corretamente. O que deve ser deixado claro é que, diferente da obrigação principal, o que se sanciona é o desrespeito a uma obrigação de fazer, que, por sua própria natureza, não tem conteúdo econômico delimitável. Com efeito, tendo a conduta da empresa em atrasar a entrega da declaração, ainda que violando a legislação, esta não causou nenhum prejuízo ao Erário Público. Portanto, estamos diante de um típico descumprimento instrumental. Logo, o que se Fl. 45DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 5 do Acórdão n.º 1002-001.022 - 1ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 13921.720214/2012-06 pretende coibir com a sanção não é a falta de recolhimento, mas sim a falta ou o atraso na prestação de informações. O ilícito praticado pelo contribuinte (atraso no cumprimento da obrigação acessória) não guarda necessariamente correspondência com o valor do tributo. Nesse sentido, o Fisco deve se pautar, entre outros, pelo "princípio da instrumentalidade das formas", ou seja, a obrigação acessória não pode ser um fim em si mesma a justificar uma sanção desse porte. Ela deve ser um meio para que a Fazenda Pública possa fiscalizar a correta aplicação da lei pelo contribuinte, sendo que sua eventual violação (atraso no envio de informações, por exemplo), deve, por conseguinte, ter relação com o risco ou prejuízo causado, eis que inúmeras declarações são "circulares", ou seja, presta-se a mesma informação em várias declarações para o mesmo ente público. Além disso, ainda na perspectiva constitucional, a sanção tributária, à semelhança das demais sanções impostas pelo Estado, deve respeitar os princípios da "legalidade", "razoabilidade" e "proporcionalidade". A multa não pode ser transformada em instrumento de arrecadação; pelo contrário, deve-se graduar a multa em função da gravidade da infração, vale dizer da gravidade do dado ou da ameaça que a infração representa para a arrecadação de tributos. No mesmo sentido, a Constituição Federal prevê em seu texto normativo (artigo 150, IV) o "princípio do não-confisco" como norte da atividade estatal arrecadatória, protegendo os contribuintes de eventuais cobranças abusivas por parte do Estado, limitando o poder de tributar, ainda com base nos critérios de razoabilidade, proporcionalidade e, principalmente, da capacidade contributiva. Desse modo, a aplicação das sanções tributárias deve levar em consideração o porte do contribuinte e do contador, visto que estes, possuem uma estrutura reduzida e muitas vezes precária, não podendo serem penalizados pelo descumprimento de uma obrigação tributária acessória da mesma forma que uma empresa de grande porte, que possui uma estrutura e capacidade de cumprir com tantas exigências fiscais. Assim, em decorrência de tantos vícios de constitucionalidade das atuais multas por descumprimento de obrigação acessória, aqui explicitados, entre outros, por meio da violação dos princípios da proporcionalidade, razoabilidade, não-confisco, instrumentalidade, capacidade contributiva e justiça fiscal, a atividade empresarial e contábil está gravemente ameaçada pela postura arbitrária do Fisco. [grifamos] O pedido do contribuinte é pelo reconhecimento da denúncia espontânea e nulidade da multa isolada em função dos princípio constitucionais do não confisco, legalidade, capacidade contributiva, razoabilidade e proporcionalidade É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Jose Luz de Macedo, Relator. Tempestividade Como se denota dos autos, o contribuinte tomou ciência acórdão recorrido em 27/02/2013 (fls. 18 do e-processo), apresentando o Recurso Voluntário ora analisado no dia 15/03/2013 (fls. 21 do e-processo), ou seja, dentro do prazo de 30 dias, nos termos do que determina o artigo 33 do Decreto nº 70.235/1972. Fl. 46DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 6 do Acórdão n.º 1002-001.022 - 1ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 13921.720214/2012-06 Assim, é tempestiva a defesa apresentada e, por isso, deve ser analisada por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (“CARF”). Mérito Aplicação da denúncia espontânea nos casos de descumprimento de obrigação acessória Em sua defesa, requer o contribuinte que seja reconhecida a denúncia espontânea para afastar a aplicação da penalidade, como se vê às fls. 26 do e-processo: [...] o § 3o do art. 113 do CTN, "A obrigação acessória, pelo simples fato de sua inobservância, converte-se em obrigação principal, relativamente à penalidade pecuniária", cabendo portanto, não somente a exclusão da multa baseado no Art. 138 do CTN cujo teor é o seguinte: "A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração Todavia, é preciso advertir para a existência da Súmula CARF nº 49 cuja redação estabelece que a denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. A súmula foi editada com base nos seguintes acórdãos precedentes: Acórdão nº CSRF/04-00.574, de 19/06/2007 Acórdão nº 192-00.096, de 06/10/2008 Acórdão nº 192-00.010, de 08/09/2008 Acórdão nº 107-09.410, de 30/05/2008 Acórdão nº 102-49.353, de 10/10/2008 Acórdão nº 101-96.625, de 07/03/2008 Acórdão nº 107-09.330, de 06/03/2008 Acórdão nº 107-09.230, de 08/11/2007 Acórdão nº 105-16.674, de 14/09/2007 Acórdão nº 105-16.676, de 14/09/2007 Acórdão nº 105-16.489, de 23/05/2007 Acórdão nº 108-09.252, de 02/03/2007 Acórdão nº 101-95.964, de 25/01/2007 Acórdão nº 108-09.029, de 22/09/2006 Acórdão nº 101-94.871, de 25/02/2005 Mais recentemente, em 08/06/2018, foi publicada a Portaria MF nº 277, a qual atribuiu efeito vinculante à referida Súmula CARF nº 49. Nos termos do artigo 72 da Portaria MF nº 343/2015, que aprova o Regimento Interno do CARF, as decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. Face ao aduzido, somente resta admitir ser inaplicável o instituto da denúncia espontânea, com base no artigo 138 do CTN ao presente caso. Fl. 47DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 7 do Acórdão n.º 1002-001.022 - 1ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 13921.720214/2012-06 Possibilidade de redução ou cancelamento com base na aplicação de princípios jurídicos Por fim, requer o contribuinte que, caso não sejam admitidos os seus argumentos iniciais, que a multa seja anulada por afronta aos princípios da razoabilidade e da proibição do confisco, como se nota abaixo (fls. 23/27 do e-processo): [...] referido auto de infração é arbitrário, unilateral, impositivo de caráter confiscatório, onde a prestação da obrigação em si, é em relação ao autuado e seus responsáveis legais, desproporcional, não razoável, e faz-se mister a subsunção do fato à norma constitucional, infringindo o art. 150, IV da Constituição Federal de 1988. [...] solicitamos gentilmente que seja reconsiderada e reformada na sua totalidade, a decisão proferida conforme consta dos autos supra evidenciados. Frisamos ainda que estes "Vícios de Constitucionalidade" ameaçam a atividade empresarial e contábil, pois além do incontável número de obrigações acessórias já existentes, periodicamente, a Receita Federal do Brasil cria uma nova declaração, um novo formulário, um novo demonstrativo, uma nova informação a ser prestada pelas pessoas físicas e jurídicas do país. [...] O ilícito praticado pelo contribuinte (atraso no cumprimento da obrigação acessória) não guarda necessariamente correspondência com o valor do tributo. Nesse sentido, o Fisco deve se pautar, entre outros, pelo "princípio da instrumentalidade das formas", ou seja, a obrigação acessória não pode ser um fim em si mesma a justificar uma sanção desse porte. [...] Além disso, ainda na perspectiva constitucional, a sanção tributária, à semelhança das demais sanções impostas pelo Estado, deve respeitar os princípios da "legalidade", "razoabilidade" e "proporcionalidade". [...] No mesmo sentido, a Constituição Federal prevê em seu texto normativo (artigo 150, IV) o "princípio do não-confisco" como norte da atividade estatal arrecadatória, protegendo os contribuintes de eventuais cobranças abusivas por parte do Estado, limitando o poder de tributar, ainda com base nos critérios de razoabilidade, proporcionalidade e, principalmente, da capacidade contributiva. [...] em decorrência de tantos vícios de constitucionalidade das atuais multas por descumprimento de obrigação acessória, aqui explicitados, entre outros, por meio da violação dos princípios da proporcionalidade, razoabilidade, não-confisco, instrumentalidade, capacidade contributiva e justiça fiscal, a atividade empresarial e contábil está gravemente ameaçada pela postura arbitrária do Fisco. Embora concordemos com a maioria dos argumentos apresentados pelo contribuinte, é preciso reconhecer que não compete a este Conselho proceder ao referido exame. Todas essas alegações com base em princípios jurídicos são de índole constitucional, o qual suscita a aplicação da Súmula CARF nº 2, segundo a qual o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 48DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 8 do Acórdão n.º 1002-001.022 - 1ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 13921.720214/2012-06 As alegações de afronta a princípios constitucionais visando o afastamento das multas aplicadas são de todo inócuas no âmbito administrativo, pois a autoridade fiscal, sob pena de responsabilidade funcional, deve cumprir as determinações legais e normativas de forma plenamente vinculada. Assim, uma vez positivada a norma, é dever da autoridade fiscal aplicá-la, sem questionar acerca dos efeitos que gerou. Diversos julgados recentes deste Conselho seguem nesse sentido, como se percebe pelos exemplos abaixo: MULTA. VEDAÇÃO AO CONFISCO. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. EXAME NA ESFERA ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. É vedado ao órgão administrativo o exame da razoabilidade da lei e de eventuais ofensas pela norma legal a outros princípios constitucionais. (Processo nº 10183.003543/2006-35. Acórdão nº 2201-005.372. Sessão de 07/08/2019. Relator Douglas Kakazu Kushiyama) PRINCÍPIOS JURÍDICOS. INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA. INCOMPETÊNCIA PARA APRECIAR. SÚMULA CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, ademais, não há desrespeito aos princípios da proporcionalidade ou razoabilidade. Penalidade com previsão legal. (Processo nº 10814.020345/200743. Acórdão nº 3003000.153. Sessão de 20/02/2019. Relator Márcio Robson Costa) MULTA. NÃO CONFISCO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a penalidade de multa nos moldes da legislação e vigor. MULTA. PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE. O emprego dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade não autoriza o julgador administrativo a dispensar ou reduzir multas expressas na lei, não havendo desrespeito a estes princípios quando a autuação se pauta pelo princípio da legalidade. (Processo nº 13971.721652/201611. Acórdão nº 3302006.569. Sessão de 27/02/2019. Relator Jorge Lima Abud) Logo, inviável a anulação da multa em questão utilizando-se de princípios constitucionais. A obrigação FCONT e a sua regulamentação pelas IN’s nº 949/2009 e 967/2009 Estamos diante de aplicação de uma penalidade de caráter legal e por isso deve ser aplicada desde que haja o descumprimento da norma que prevê sua imposição. Nos termos do artigo 16 da Lei nº 9.779/1999, compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela Fl. 49DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 9 do Acórdão n.º 1002-001.022 - 1ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 13921.720214/2012-06 administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável. Nesse sentido, encontramos os artigos 7 e 8º da IN nº 949/2009 que estabelecem: Art. 7º Fica instituído o Controle Fiscal Contábil de Transição (FCONT) para fins de registros auxiliares previstos no inciso II do § 2º do art. 8º do Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, destinado obrigatória e exclusivamente às pessoas jurídicas sujeitas cumulativamente ao lucro real e ao RTT. Art. 8º O FCONT é uma escrituração, das contas patrimoniais e de resultado, em partidas dobradas, que considera os métodos e critérios contábeis aplicados pela legislação tributária, nos termos do art. 2º. Ainda sobre o tema, em 16/10/2009, foi publicada a IN nº 967/2009, que aprova o Programa Validador e Assinador da Entrada de Dados para o Controle Fiscal Contábil de Transição (FCont), cujo artigo 1º estipula: Art. 1º Fica aprovado o Programa Validador e Assinador da Entrada de Dados para o Controle Fiscal Contábil de Transição (FCont), de que tratam os arts. 7º a 9º da Instrução Normativa RFB nº 949, de 16 de junho de 2009. Já o artigo 2º dessa mesma IN estipula que o FCont será transmitido anualmente ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), instituído pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, mediante a utilização de aplicativo de que trata o art. 1º, disponibilizado no sítio da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) na Internet, no endereço http://www.receita.fazenda.gov.br, até o último dia útil do mês de junho do ano seguinte ao ano- calendário a que se refira a escrituração. E o seu artigo 5º-Aº prevê que a não apresentação do FCont nos prazos fixados no art. 2º, ou a sua apresentação com incorreções ou omissões, acarretará aplicação, ao infrator, das multas previstas no art. 57 da Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001. É importante esclarecer que essa artigo 5-Aº foi incluído pela IN nº 1.534/2013, quer dizer, em um momento posterior à lavratura do presente auto de infração, do qual o contribuinte teve ciência em 07/07/2012. Nada obstante, em matéria de penalidade, a legislação tributária adota o princípio da retroatividade benigna, ou seja, a lei aplicasse a ato ou fato pretérito tratando-se de ato não Fl. 50DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 10 do Acórdão n.º 1002-001.022 - 1ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 13921.720214/2012-06 definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática (art. 106 do Código Tributário Nacional). Logo, é imprescindível que seja aplicável ao caso o tratamento conferido pelo artigo 5º-A da IN nº 967/2009, o qual remete a aplicação da multa pelo descumprimento da obrigação acessória ao disposto no artigo 57 da Medida Provisória (“MP”) nº 2.158-35/2011, que dispõe da seguinte forma sobre as multas isoladas aplicáveis em razão da entrega extemporânea das obrigações acessórias: Art. 57. O sujeito passivo que deixar de cumprir as obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que as cumprir com incorreções ou omissões será intimado para cumpri-las ou para prestar esclarecimentos relativos a elas nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitar-se-á às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) I - por apresentação extemporânea: (Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012) a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mês-calendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que estiverem em início de atividade ou que sejam imunes ou isentas ou que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido ou pelo Simples Nacional; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mês-calendário ou fração, relativamente às demais pessoas jurídicas; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) c) R$ 100,00 (cem reais) por mês-calendário ou fração, relativamente às pessoas físicas; (Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) Como no presente caso o contribuinte não trouxe aos autos qualquer elemento que o enquadre em alguma das hipóteses alínea “a” do inciso I do artigo 57 da referida norma, compete a este Conselho aplicar a hipótese residual prevista pela alínea “b” desse mesmo inciso. Denota-se dos autos (fls. 6 do e-processo) que o contribuinte entregou a sua FCONT em 22/06/2012, quando o prazo final era na data de 30/11/2011, ou seja, com 7 meses de atraso. Nesse sentido, a multa isolada a ser aplicada deve ser no valor de R$ 10.500,00 (R$ 1.500,00 por mês de atraso x 7 meses de atraso). Para mais, determina o §3º do mesmo artigo 57 da MP nº 2.158-35/2001 que a multa prevista no inciso I do caput será reduzida à metade, quando a obrigação acessória for cumprida antes de qualquer procedimento de ofício. Fl. 51DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 11 do Acórdão n.º 1002-001.022 - 1ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 13921.720214/2012-06 Em que pese a transmissão ter sido realizada a destempo, cumpre advertir que o contribuinte somente foi intimado para o pagamento da multa mediante a notificação de lançamento após ter entregue espontaneamente a sua declaração. Assim, uma vez reconhecido o cumprimento da obrigação antes de iniciado qualquer procedimento de fiscalização, é imprescindível que a multa isolada aplicada seja reduzida à metade, de modo a atingir o montante de R$ 5.250,00. Por todo o exposto, voto para dar provimento parcial ao Recurso Voluntário do contribuinte para que a multa isolada seja reduzida ao montante de R$ 5.250,00, após consideradas as disposições do artigo 57, I, alínea “b” e §3º da MP nº 2.158-35/2001. (documento assinado digitalmente) Marcelo Jose Luz de Macedo Fl. 52DF CARF MF Documento nato-digital
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Numero do processo: 10280.721458/2011-11
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jan 22 00:00:00 UTC 2020
Data da publicação: Thu Feb 27 00:00:00 UTC 2020
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007
NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. INSUMOS.
Na sistemática da apuração não-cumulativa deve ser reconhecido crédito relativo a bens e insumos que atendam aos requisitos da essencialidade e relevância, conforme decidido no REsp 1.221.170/PR, julgado na sistemática de repetitivos.
Numero da decisão: 9303-009.963
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Walker Araújo (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello. Ausente a conselheira Érika Camargos Autran.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Walker Araújo (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello. Ausente a conselheira Érika Camargos Autran.
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CREDITAMENTO. INSUMOS. Na sistemática da apuração nãocumulativa deve ser reconhecido crédito relativo a bens e insumos que atendam aos requisitos da essencialidade e relevância, conforme decidido no REsp 1.221.170/PR, julgado na sistemática de repetitivos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Walker Araújo (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello. Ausente a conselheira Érika Camargos Autran. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 14 58 /2 01 1- 11 Fl. 1142DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 10280.721458/201111 Acórdão n.º 9303009.963 CSRFT3 Fl. 3 2 Tratase de recurso especial de divergência oposto pela Fazenda Nacional (fls. 1018/1066), admitido pelo despacho de fls. 1068/1081, insurgindose contra o acórdão 3401003.263 (fls. 996/1016), de 28/09/2016, o qual deu parcial provimento ao recurso voluntário com o seguinte dispositivo: Com base nesse entendimento, e analisando o que consta dos autos, é que proponho, nos casos glosados nestes itens, considerando o que expus na introdução deste voto e considerando a leitura do laudo técnico e das planilhas do termo fiscal, excluir as glosas referentes aos gastos com aquisição dos seguintes tipos de bens: partes e peças de máquinas e equipamentos, relès (numéricos e digitais), sistemas de lubrificação, suportes para transporte de pinças, de papalamas, de balanças, de tenaz, de esteiras e escadas e elevadores, de colunas para alimentação alternativa, extratores hidráulicos, guindastes, recalques, placas isolantes, motores e centros de controle de motores, chaves seccionadoras, bases e estruturas metálicas, chapas para suporte de torquímetro, transformadores, equipamentos para movimentação de cargas, máquinas com função de resfriamento, tratores. Quanto aos demais elementos glosados, a meu ver, a contribuinte deixou de registrar, ou trazer tempestivamente aos autos, informações para melhor identificar a natureza dos bens adquiridos e da razão dos gastos (ex.: 'serviços de construção civil', 'obras civis', 'modernização das plantas de tratamento de gases das reduções da fábrica de Barcarena', 'materiais diversos'). Entende a Fazenda Nacional, após discorrer sobre o conceito de insumos na sistemática de apuração nãocumulativa das contribuições sociais, que esses insumos não sofreram desgaste, dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, perfilhando a tese de que para o creditamento os insumos devem ser consumidos/alterados no processo de industrialização em função de ação exercida diretamente sobre o produto, nos termos do Parecer CST 65/79. Pede, alfim, o provimento do especial para restabelecer a glosa de crédito daqueles insumos. O contribuinte, em contrarrazões (fls. 1089/1103), pugna pelo improvimento do especial fazendário. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire Relator Conheço do recurso especial nos termos em que admitido, mormente com arrimo no amplo conceito de insumo na sistemática de apuração nãocumulativa. Posteriormente à impetração do recurso especial de divergência fazendário, a jurisprudência quanto ao creditamento na sistemática nãocumulativa a partir do julgamento, Fl. 1143DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 10280.721458/201111 Acórdão n.º 9303009.963 CSRFT3 Fl. 4 3 sob a sistemática dos repetitivos, do REsp 1.221.170/PR, sedimentouse. E em função dos termos desse julgado foram editadas a Nota SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF e o Parecer Normativo COSIT/RFB nº 5, de 17/12/2018. Em suma, ambos atos normativos em sua leitura da decisão do STJ no referido acórdão reconhecem que o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. A tese acordada afirma que são insumos bens e serviços que compõem o processo de produção de bem destinado à venda ou de prestação de serviço a terceiros, tanto os que são essenciais a tais atividades (elementos estruturais e inseparáveis do processo) quanto os que, mesmo não sendo essenciais, integram o processo por singularidades da cadeia ou por imposição legal. Por outro lado, a interpretação da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça acerca do conceito de insumos na legislação das contribuições afasta expressamente e por completo qualquer necessidade de contato físico, desgaste ou alteração química do bem insumo com o bem produzido para que se permita o creditamento, como preconizavam a Instrução Normativa SRF nº 247, de 21 de novembro de 2002, e a Instrução Normativa SRF nº 404, de 12 de março de 2004, em algumas hipóteses. Uma das principais definições plasmadas na decisão da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça referida foi a extensão do conceito de insumos a todo o processo de produção de bens destinados à venda ou de prestação de serviços a terceiros. Conforme se dessume dos autos, a empresa recorrida é uma indústria que tem como finalidade e atividade de empreendimento a produção de alumínio e de bens primários dele compostos, e a venda desses produtos. Assim, nos termos do bem fundamentado aresto recorrido, entendo que todos insumos (aquisição de bens, serviços, partes e peças do processo fabril), suso referidos, geram direito a crédito diante do conceito de insumo que veio a ser dado pelo STJ na referida decisão, qual seja, sua essencialidade e/ou relevância no processo industrial da empresa. Esse pressuposto, a meu sentir, está devidamente demonstrado, pelo que entendo que o recurso deve ser improvido. Nesse sentido, vários julgados desta C. Turma em relação ao mesmo contribuinte1, e, em grande medida, tratandose dos mesmos insumos. CONCLUSÃO Ante o exposto, conheço e nego provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) 1 Ac. 9303008.617 e outros, julgados em 15/05/2019, de relatoria do i. Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas. Fl. 1144DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 10280.721458/201111 Acórdão n.º 9303009.963 CSRFT3 Fl. 5 4 Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 1145DF CARF MF Documento nato-digital
score : 1.0
Numero do processo: 15586.000724/2005-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 18 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Feb 18 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 20/10/2002 a 31/12/2002
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO.
Com a sdeclaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, e até a edição da Lei nº 10.637/2002, a base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP é a definida no artigo 3º da Lei nº 9.715/1998, que é o faturamento definido como a receita bruta proveniente da venda de bens e dos serviços prestados
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Período de apuração: 30/10/2002 a 31/12/2002
CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS. BASE DE CÁLCULO.
Com a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/1998, e até a edição da Lei nº 10.833/2003, a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, é a definida no artigo 2º da Lei Complementar nº 70/1991, que é faturamento definido como a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza.
Recurso Voluntário Provido
Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 3301-007.387
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Ari Vendramini - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Ari Vendramini *Relator)
Nome do relator: ARI VENDRAMINI
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ementa_s : ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 20/10/2002 a 31/12/2002 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. Com a sdeclaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, e até a edição da Lei nº 10.637/2002, a base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP é a definida no artigo 3º da Lei nº 9.715/1998, que é o faturamento definido como a receita bruta proveniente da venda de bens e dos serviços prestados ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Período de apuração: 30/10/2002 a 31/12/2002 CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS. BASE DE CÁLCULO. Com a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/1998, e até a edição da Lei nº 10.833/2003, a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, é a definida no artigo 2º da Lei Complementar nº 70/1991, que é faturamento definido como a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente (documento assinado digitalmente) Ari Vendramini - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Ari Vendramini *Relator)
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BASE DE CÁLCULO. Com a sdeclaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, e até a edição da Lei nº 10.637/2002, a base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP é a definida no artigo 3º da Lei nº 9.715/1998, que é o faturamento definido como a receita bruta proveniente da venda de bens e dos serviços prestados ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Período de apuração: 30/10/2002 a 31/12/2002 CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS. BASE DE CÁLCULO. Com a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/1998, e até a edição da Lei nº 10.833/2003, a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, é a definida no artigo 2º da Lei Complementar nº 70/1991, que é faturamento definido como a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente (documento assinado digitalmente) Ari Vendramini - Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 07 24 /2 00 5- 18 Fl. 620DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 2 do Acórdão n.º 3301-007.387 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000724/2005-18 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Ari Vendramini *Relator) Relatório 1. Tratam os presentes de autos de infração lavrados por falta de recolhimento da Contribuição para o PIS/PASEP, nos períodos de janeiro a dezembro de 2002. Há que se observar que os autos do processo administrativo de nº 15586.000727/2005-43, referente á COFINS, do mesmo período de apuração, foram juntados por anexação aos presentes autos (fls. 228/230 dos autos digitais). Portanto, a presente decisão se refere á Contribuição para o PIS/PASEP e á COFINS. 2. De acordo com os Termos de Verificação da Infração Fiscal, ás fls. 204/208 (PIS/PASEP) e 450/454 (COFINS) destes autos digitais, consta o seguinte : fls. 204/208 I – Descrição dos Fatos Do exame dos elementos apresentados restou comprovado para o PIS a infração abaixo discriminada. - Outras Receitas Financeiras não compuseram a base de cálculo do PIS. (…) em resposta, apresentou planilha contendo a classificação contábil adotada pela empresa, acompanhada de cópias do livro razão analítico, reconhecendo de maneira implícita a existência dos débitos apurados. Face ao acima exposto e com base nas provas materiais apresentadas nesta ação fiscal, efetuei o presente lançamento de ofício (…) para exigir a cobrança das faltas de recolhimentos do PIS apuradas. Fls. 450/454 (..) com o fim de verificar o cumprimento da obrigação tributária da empresa acima identificada quanto á COFINS. I – DESCRIÇÃO DOS FATOS: Do exame dos elementos apresentados, ficou comprovado para COFINS a infração abaixo discriminada. - Outras Receitas Financeiras não compuseram a base de cálculo da COFINS (…) em resposta, apresentou planilha contendo a classificação contábil adotada pela empresa, acompanhada de cópias do livro razão analítico, reconhecendo de maneira implícita a existência dos débitos apurados. Face ao acima exposto e com base nas provas materiais apresentadas nesta ação fiscal, efetuei o presente lançamento de ofício (…) para exigir a cobrança dos débitos apurados.. 3. O enquadramento legal do lançamento relativo à Contribuição para o PIS/PASEP foi: arts. 1º e 3º da lei Complementar nº 07/70; arts. 2º, inciso I, 8º, inciso I e 9º, da lei nº 9.715/98, arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/98, arts. 2º, inciso I, alínea “a’ e parágrafo único , Fl. 621DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 3 do Acórdão n.º 3301-007.387 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000724/2005-18 3º, 10, 22 e 51 do Decreto nº 4.524/02 (fls. 214 dos autos digitais), e para a COFINS : art. 1º da Lei Complementar nº 70/91, arts. 2º, 3º e 8º, da Lei nº 9.718/98, com as alterações da medida Provisória nº 1.807/99 e reedições, com as alterações da medida Provisória nº 1.858/99 e reedições, arts. 2º, inciso II e parágrafo único, 3º, 10, 22 e 51 do Decreto nº 4.524/02 (fls. 462 dos autos digitais). 4. Contra os lançamentos a autuada apresentou impugnação. Adotamos o relatório do Acórdão aqui combatido, exarado pela 5ª Turma da DRJ/RIO DE JANEIRO II, por economia processual e por bem descrever os fatos : Em face da empresa qualificada em epígrafe, foi lavrado auto de infração de fls. 106/113 e 228/235 em virtude da apuração de falta de recolhimento da Pis .e da Cofins no período de 01/2002 a 12/2002, exigindo-se-lhe contribuição para o PIS de R$ 20.448,32, multa de ofício de R$ 15.336,18 e juros de mora e R$ 12.135,60, calculados até 30/09/2005, perfazendo o total de R$ 47.920,10 e para a Cofins.de R$ 64.954,89, multa de ofício de R$ 48.716,13 e juros de mora de R$ 38.732,22, Calculados até 30/09/2005, chegando ao total de R$ 152.403,24. Nos Termos de Verificação de Ação Fiscal (fls.103/105 e 225/227), o AFRFB autuante esclarece que, através do procedimento fiscal,.constatou-se o não recolhimento de PIS e Cofins sobre as receitas financeiras auferidas no ano de,2002. Cientificada dos autos de infração em 19/10/2005 (fls.106 e 110), a interessada ingressou com sua impugnação em 18/11/2005 (fls.238 a 276), na qual apresenta as seguintes razões, resumidamente demonstradas abaixo. - Com a possibilidade de se deduzir da base de cálculo da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) 1/3 da COFINS paga após o aumento da alíquota de 2% para 3%, feriu-se o princípio da isonomia tributária, pois a pessoa jurídica que obtivesse lucro após tal alteração, não sofreria com o acréscimo de 1% da alíquota. Em se agredindo o princípio constitucional da isonomia tributária, ferir-se-iam os princípios da capacidade contributiva e da eqüidade do custeio da seguridade social. - Que a ampliação do conceito de faturamento não poderia ter se dado por lei ordinária n° 9.718/98 (artigo 3°, 8 1°), tendo em vista se tratar de norma hierarquicamente inferior as leis complementares 7/70 (PIS) 70/91 (Cofins) e em virtude do STF ter declarado no RE 150.755-1 que receita bruta e faturamento são conceitos distintos. Que a EC 20/98 não poderia dar validade aos artigos 2° e 3° da Lei 9718/98, que versam sobre a ampliação do conceito de faturamento, por não se admitir que lei inválida por inconstitucionalidade (natimorta) seja validada após alteração na Lei Maior. - Que os Juros Selic não podem ser aplicados legislação tributária pior hão se constituírem em sanção e não espelharem a inflação do período, estando em desacordo corn o que a legislação estabelece para a imposição de juros e correção. Ademais, alega a contribuinte que os juros afrontam a Súmula 596 do STF, a qual limitaria os juros pela mora em 1% ao mês (CF, artigo 192 e Fl. 622DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 4 do Acórdão n.º 3301-007.387 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000724/2005-18 CTN, artigo 161, 8 1°), excetuando-se as instituições financeiras. - Que os contribuintes têm o direito, enquanto não "baixada" lei complementar, de pagar seus débitos com a taxa de juros máxima de 1% ao mês, sob pena de a Fazenda Pública, juntamente com o Congresso Nacional, responder por perdas e danos. 5. Apreciando tais alegações, a DRJ/RJO II, assim ementou Acórdão nº 13-18.882 : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/01/2002 a 31/12/2002 Ementa: INCONSTITUCIONALIDADE / ILEGALIDADE Não compete a autoridade administrativa apreciar arguições de inconstiincionalidade e/ou invalidade de norma legitimamente inserida no ordenamento jurídico, cabendo tal Controle ao Poder Judiciário. JUROS SELIC. Â exigência de juros de mora com base na taxa SELIC decorre de expressa determinação legal. Não cabe à autoridade administrativa a análise de arguições de inconstitucionalidade, por fugir á sua competência. INDEPENDÊNCIA ENTRE AS ESFERAS. As esferas administrativa e judicial são independentes a priori, submetendo- se à primeira as sentenças judiciais transitadas em julgado, cujos litigantes e objeto forem os mesmos. Lançamento Procedente 6. Inconformada, a impugnante apresentou recurso voluntário, onde, em síntese, alega, repisando os argumentos apresentados em sede de impugnação : I – DO V. ACÓRDÃO RECORRIDO o v. acórdão recorrido, a despeito da rigidez dos argumentos supracitados, entendeu por bem considerar procedente o lançamento, afirmando que: a) à Administração Tributária não cabe analisar a constitucionalidade de dispositivo normativo; e b) aplica-se ao caso A Taxa SELIC, pois o CTN, em seu art.161, teria facultado a lei a estipulação de índice diverso. II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA IRRESIGNAÇÃO - repisa os argumentos apresentados III – DOS REQUERIMENTOS -requer seja o recurso admitido e provido para que se reforme a decisão recorrida, sendo anulado o crédito tributário. 7. Os autos foram então a mim distribuídos. É o relatório Voto Fl. 623DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 5 do Acórdão n.º 3301-007.387 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000724/2005-18 Conselheiro Ari Vendramini, Relator. 8. O recurso voluntário é tempestivo, atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. 9. A questão central destes autos é a possibilidade de se tributar valores recebidos a título de receitas financeiras pela Contribuição ao PIS/PASEP e pela COFINS. 10. Deste modo, há que se atentar para o fato de que o alargamento da base de cálculo da Contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS olvidada pelo artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/1998, com a consequente extensão do conceito de faturamento para abranger a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, foi rechaçado pelo Supremo Tribunal Federal.. 11. A Lei nº 9.718/1998 dispunha ser o faturamento a base de cálculo das contribuições, sendo este equiparado á receita bruta da pessoa jurídica, tal como determinavam seus artigos 2º e 3º. Este último conceito normativo estava acompanhado do § 1º, que determinava que “ entende-se por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas.” 12. Este dispositivo legal fundamentava a cobrança das contribuições sobre os valores recebidos a título de receitas financeiras, até que o STF declarou ser inconstitucional, pelo julgamento do RE 346.084, o alargamento do conceito de faturamento trazido pelo artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/1998, tendo em vista o disposto no artigo 195 da Constituição Federal, que previa como base de cálculo das exações, apenas o faturamento, sendo que esse vício não foi afastado pelas modificações trazidas pela Emenda Constitucional nº 20/1998, a qual passou a prever, como base de cálculo do PIS e da COFINS, além do faturamento, a receita. 13. Assim restou ementado o Recurso Extraordinário nº 346.084/PR (julgado em conjunto com os RE 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG) : CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE – ARTIGO 3o, § 1o DA LEI N. 9.718/98, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 – EMENDA CONSTITUCIONAL N. 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO – INSTITUTOS – EXPRESSÕES E VOCÁBULOS – SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõe-se ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – PIS – RECEITA BRUTA – NOÇÃO – INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1o DO ARTIGO 3o DA LEI 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior Fl. 624DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 6 do Acórdão n.º 3301-007.387 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000724/2005-18 à Emenda Constitucional n. 20/98, consolidou-se no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindo-as à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o §1o do artigo 3o da Lei n. 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (Pleno, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJU 1º.9.2006). 14. Assim, segundo o STF, a definição constitucional do conceito de faturamento envolve somente a venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços, nestes termos. Ficam excluídos deste conceito as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica, as quais se pretendeu tributar com a Lei nº 9.718/1998, que previa a inclusão da totalidade das receitas no conceito de faturamento. 15. Somente após a alteração constitucional é que se possibilitou a inclusão delas na base de cálculo do PIS e da COFINS até porque, nos termos do artigo 110 do Código Tributário Nacional, a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. 16. Como os lançamentos se referiram aos fatos geradores (receitas financeiras) ocorridos no período de 31/01/2002 a 31/12/2002, fundamentados no artigo 3º da Lei nº 9.718/1998, não há base legal para tais exigências, pois tais receitas, como receitas financeiras que são, não estavam, á época dos fatos geradores, incluídas no conceito de faturamento, portanto não estavam submetidas á incidência da Contribuição ao PIS/PASEP e á COFINS. 22. Este é o entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal no Agravo Regimental no Recurso Extraordinário nº 866.818-BA, de relatoria do Exmo. Min. Luis Roberto Barroso, que assim se pronunciou : Trata-se de agravo interno cujo objeto é decisão monocrática que conheceu do agravo para negar-lhe provimento, pelos seguintes fundamentos : “Trata-se de agravo cujo objeto é decisão que negou seguimento ao recurso extraordinário interposto contra acórdão da Quinta Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, assim ementados : “TRIBUTÁRIO. PIS. BASE DE CÁLCULO. LC 07/70. LEIS NÚMEROS 9715/98, 9718/98 E 10.637/2002. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9718/98. Fl. 625DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 7 do Acórdão n.º 3301-007.387 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000724/2005-18 1. Na vigência da Lei Complementar 7/70, as empresas prestadoras de serviço não se submetiam ao recolhimento do PIS-FATURAMENTO, mas ao chamado PIS-REPIQUE, § 2º do art. 3º daquele diploma legal. 2. E, 28 de novembro de 1995, entrementes, entrou em vigor a Medida Provisória 1.212/95, convertida na Lei nº 9.715/98, que foi apreciada pelo STF, declarando apenas a inconstitucionalidade da expressão “ aplicando-se aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de outubro de 1995” (ADI 1417-0/DF, Rel Min Octavio Gallloti, Pleno, julgado em 2.8.1999, DJ 23.3.2001). Assim, a partir de 1º de março de 1996, em face das modificações produzidas pela Medida Provisória 1.212/95 e suas sucessivas reedições (posteriormente convertida na Lei 9.715/98), mesmo as empresas prestadoras de serviço passaram a recolher o PIS sobre o seu faturamento, não implicando, tal determinação em violação ao princípio isonômico. Ao revés. O tratamento desigual de empresas que se situam em condições díspares nada mais faz do que convalidar o princípio da isonomia, não havendo quese estender o tratamento conferido ás instituições financeiras ás empresas prestadoras de serviços, sob pena de amlferir o referido princípio. 3. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos RE nº 357.390, 390.840, 358.273 e 346.084, decidiu pela inconstitucionalidade tão somente do parágrafo 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, porque ampliou indevidamente a base de cálculo da exação em discussão, ao alterar o conceito de faturamento, a fim de abranger a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica. Prevalece, então, para fins de determinação da base de cálculo o conceito de faturamento precedente á lei nº 9.718/98, para o PIS, o estabelecido no art. 3º da lei nº 9.715/98, que considera o faturamento somente a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza . 4. Cabe observar, porém, que, posteriormente, em 30/12/2002, a Lei nº 10.637 equiparou o conceito de faturamento ao de receita bruta, de forma válida, posto que em consonância com as alterações promovidas pela EC 20/98, inclusive o art. 195, I, b, da Constituição Federal. 5. Apelação parcialmente provida.’ Fl. 626DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 8 do Acórdão n.º 3301-007.387 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000724/2005-18 Como se percebe claramente, a conclusão do Tribunal de origem não diverge da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo interno. 23. Portanto, as receitas financeiras, por não pertencerem, á época dos fatos geradores objeto destes autos, ao conceito de faturamento, não poderiam compor a base de cálculo da Contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS. Conclusão 24. Por todo o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso voluntário. É o meu voto. (documento assinado digitalmente) Ari Vendramini Fl. 627DF CARF MF Documento nato-digital
score : 1.0
Numero do processo: 10711.725038/2014-30
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jan 20 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Ano-calendário: 2010
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE.
Não há que se falar em nulidade do Auto de Infração lavrado por servidor competente, disponibilizado o direito de defesa e com a devida previsão legal para todos os valores lançados.
MULTA REGULAMENTAR. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. INOCORRÊNCIA.
A multa por prestação de informações fora do prazo encontra-se prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 trata de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa.
PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICABILIDADE.
Aplica-se o Princípio da Retroatividade Benigna aos casos não definitivamente julgados, quando a legislação deixe de definir o ato como infração, de acordo com o art. 106, II, "a", do CTN.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. SÚMULA CARF Nº 126.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37, de 1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010.
Numero da decisão: 3003-000.776
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Borges, Márcio Robson Costa e Muller Nonato Cavalcanti Silva.
Nome do relator: MARCOS ANTONIO BORGES
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ementa_s : ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Ano-calendário: 2010 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não há que se falar em nulidade do Auto de Infração lavrado por servidor competente, disponibilizado o direito de defesa e com a devida previsão legal para todos os valores lançados. MULTA REGULAMENTAR. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. INOCORRÊNCIA. A multa por prestação de informações fora do prazo encontra-se prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 trata de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICABILIDADE. Aplica-se o Princípio da Retroatividade Benigna aos casos não definitivamente julgados, quando a legislação deixe de definir o ato como infração, de acordo com o art. 106, II, "a", do CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. SÚMULA CARF Nº 126. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37, de 1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010.
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NULIDADE. Não há que se falar em nulidade do Auto de Infração lavrado por servidor competente, disponibilizado o direito de defesa e com a devida previsão legal para todos os valores lançados. MULTA REGULAMENTAR. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. INOCORRÊNCIA. A multa por prestação de informações fora do prazo encontra-se prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 trata de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICABILIDADE. Aplica-se o Princípio da Retroatividade Benigna aos casos não definitivamente julgados, quando a legislação deixe de definir o ato como infração, de acordo com o art. 106, II, "a", do CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. SÚMULA CARF Nº 126. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37, de 1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 72 50 38 /2 01 4- 30 Fl. 120DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3003-000.776 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10711.725038/2014-30 Marcos Antonio Borges - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Borges, Márcio Robson Costa e Muller Nonato Cavalcanti Silva. Relatório Adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que narra bem os fatos, em razão do princípio da economia processual: O presente processo trata de auto de infração por registro extemporâneo de conhecimento de carga. Argúi a fiscalização que a contribuinte autuada procedeu intempestivamente às informações da carga referente à atracação efetuada. Intimada, ingressou a contribuinte com a impugnação, alegando em síntese que: a) o auto de infração é nulo por infringir os artigos 9º e 10º do Decreto nº 70.235/1972, bem como o artigo 142 do CTN, cumulando-se fatos distintos no mesmo auto de infração; b) houve denúncia espontânea da infração; c) O registro foi realizado com a informação incorreta, gerando, posteriormente, a solicitação de retificação/alteração das informações no Siscomex Carga; d) A multa aplicada deveria ser pela carga e não por cada informação inexata prestada; e) Solicita que no âmbito do julgamento ela se manifeste sobre os documentos acostados. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) julgou improcedente a impugnação nos termos da ementa abaixo: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2013 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Deixa de se declarar a nulidade do auto de infração quando sua confecção encontra-se perfeita e dentro das exigências legais, mormente havendo na espécie obediência ao devido processo legal e inexistindo qualquer prejuízo ao sujeito passivo que tenha o condão de macular sua defesa. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. É importante destacar que o registro dos dados de embarque após o prazo regularmente estabelecido não caracteriza a denúncia espontânea aludida pela defesa, mas sim, precisamente, uma das condutas infracionais cominadas pela multa regulamentar em relevo. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Ano-calendário: 2013 MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. REGISTRO DOS DADOS NO SISCOMEX. Fl. 121DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3003-000.776 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10711.725038/2014-30 No caso de transporte aéreo, constatado que o registro, no Siscomex, dos dados pertinentes ao embarque de mercadorias se deu após decorrido o prazo regulamentar, é devida a multa por falta do respectivo registro, aplicada sobre cada viagem. AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE. O agente de carga submete-se às regras da IN RFB nº 800/2007, pois é expressamente incluído entre as espécies de transportador ali definidas, devendo o significado do termo transportador ser compreendido levando em consideração o contexto em que ele foi empregado. Inconformada, a contribuinte recorre a este Conselho, através de Recurso Voluntário apresentado, no qual alega que não há previsão legal para a aplicação da penalidade em caso de retificação das informações após os prazos de antecedência previstos em instrução normativa, nulidade do auto de infração, incidência de denúncia espontânea e aplicação da penalidade uma única vez por veículo transportador ou carga nele transportada. É o Relatório. Fl. 122DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3003-000.776 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10711.725038/2014-30 Voto Conselheiro Marcos Antonio Borges, Relator. O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias, portanto dele toma-se conhecimento. No presente caso foi lavrado Auto de Infração para cobrança da multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do Decreto-Lei n° 37/1966, com redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/2003, abaixo transcrita: Art. 107. Aplicam-se ainda as seguintes multas: (...) IV - de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veiculo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ir empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso porta-a-porta, ou ao agente de carga. (Grifado) E em relação à prestação de “informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute” no Siscomex Carga, para conferir efetividade a referida norma penal em branco, foi editada a Instrução Normativa RFB 800/2007, que estabeleceu a forma e o prazo para a prestação das referidas informações. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal que integra o presente Auto de Infração (fls. 02/15), a conduta que motivou a imputação da multa em apreço foi a prestação da informação a destempo, no Siscomex Carga, dos dados relativos a diversos conhecimentos eletrônicos (BL), conforme explicitado no trecho que segue transcrito: Fl. 123DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3003-000.776 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10711.725038/2014-30 Os prazos permanentes e temporários para prestação de informações foram estabelecidos, respectivamente, no art. 22, e art. 50, parágrafo único, da Instrução Normativa RFB 800/2007, que seguem transcritos: Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: I - as relativas ao veículo e suas escalas, cinco dias antes da chegada da embarcação no porto; e II - as correspondentes ao manifesto e seus CE, bem como para toda associação de CE a manifesto e de manifesto a escala: a) cinco horas antes da saída da embarcação, para os manifestos e respectivos CE a carregar em porto nacional, em caso de cargas despachadas para exportação, quando o item de carga for granel; a) dezoito horas antes da saída da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, exceto quando se tratar de granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) b) dezoito horas antes da saída da embarcação, para os manifestos e respectivos CE a carregar em porto nacional, em caso de cargas despachadas para exportação, para os demais itens de carga; b) cinco horas antes da saída da embarcação, para manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, quando toda a carga for granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) c) cinco horas antes da saída da embarcação, para os manifestos CAB, BCN e ITR e respectivos CE; c) cinco horas antes da saída da embarcação, para os manifestos de cargas nacionais; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014)(Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) d) quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação, para os manifestos e respectivos CE a descarregar em porto nacional, ou que permaneçam a bordo; e d) Fl. 124DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3003-000.776 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10711.725038/2014-30 quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com descarregamento em porto nacional, ou que permaneçam a bordo; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) III - as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. [...] Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pela IN RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I - a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II - as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. (grifos não originais) Segundo a autoridade autuante, como a prestação de informações ocorreu após 1º de abril de 2009, a recorrente estava obrigada a cumprir os prazos estabelecidos no art. 22 destacado. Como as informações foram prestadas pela recorrente fora do prazo estabelecido no citado preceito normativo, teria a recorrente praticado a conduta infracionária em apreço. Apresentadas essas breves considerações, passa-se a analisar as razões de defesa suscitadas pela recorrente. Conforme relatado, os pontos contestados no presente recurso cingem-se aos seguintes: previsão legal para a aplicação da penalidade em caso de retificação das informações após os prazos de antecedência previstos em instrução normativa, nulidade do auto de infração, incidência de denúncia espontânea e aplicação da penalidade uma única vez por veículo transportador ou carga nele transportada. Em relação à preliminar de nulidade vejamos o que prescreve o art. 59 do Decreto 70235/72: Art. 59 São nulos: I- os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II_- os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa; O Auto de Infração foi lavrado por pessoa competente, no caso o auditor fiscal do porto alfandegado de escala da embarcação que transportou a carga, sendo que a descrição dos fatos, a capitulação legal e as provas juntadas ao processo, conforme já abordado acima, permitem a correta compreensão da acusação que é imposta ao sujeito passivo, não se verificando qualquer preterição ao direito de defesa da recorrente. A atividade administrativa é vinculada e obrigatória nos termos do art. 142 do CTN e havia previsão legal para todos os valores lançados razão pela qual não vislumbro qualquer nulidade no auto de infração. Quanto às alegações sobre a incidência de denúncia espontânea, entendo que na aplicação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, deve-se analisar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Fl. 125DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 3003-000.776 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10711.725038/2014-30 Assim, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou não-fazer extemporâneo do sujeito passivo, no caso a prestação de informação no Siscomex na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, implicaria no esvaziamento do dever instrumental, comprometendo o controle aduaneiro efetuado pela autoridade administrativa no exercício do seu Poder de Polícia. Entende-se, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do Decreto-Lei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de obrigações acessórias caracterizadas pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. No mais, tal matéria se encontra pacificada no âmbito do CARF através da Súmula CARF nº 126, cuja observância é obrigatória pelos Conselheiros em seus julgamentos, conforme art. 72 do RICARF: Súmula CARF nº 126: A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37, de 1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. Por fim, alega a recorrente que foi atuada não pela prestação extemporânea de informações, mas simplesmente por ter solicitado a retificação de alguma informação errônea constante dos conhecimentos eletrônicos filhotes (House), tempestivamente informados ao sistema. Os extratos colacionados aos autos evidenciam que foram solicitadas alterações e retificações referentes aos itens de carga dos referidos conhecimentos eletrônicos. O que corrobora as alegações da recorrente que não houve falta de informação, mas correção da mesma, conforme planilha anexa ao auto de infração: Conforme consta no Auto de Infração a motivação para a lavratura do mesmo seria decorrente de retificação/alteração de dados após o prazo estabelecido no citado preceito normativo, inferindo-se que as informações iniciais foram prestadas tempestivamente. À época dos fatos, vigia o § 1º, do art. 45 da Instrução Normativa SRF º 800/2007: Art. 45. O transportador, o depositário e o operador portuário estão sujeitos à penalidade prevista nas alíneas "e" ou "f" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei no 37, de 1966, e quando for o caso, a prevista no art. 76 da Lei no 10.833, de 2003, pela não prestação das informações na forma, prazo e condições estabelecidos nesta Instrução Normativa. § 1o Configura-se também prestação de informação fora do prazo a alteração efetuada pelo transportador na informação dos manifestos e CE entre o prazo mínimo estabelecido nesta Instrução Normativa, observadas as rotas e prazos de exceção, e a atracação da embarcação. Dessa forma, percebe-se que, de acordo com o citado dispositivo, a alteração das informações já apresentadas, tais como as retificações estabelecidas no art. 27-A e seguintes da IN RFB Nº 800, de 2007, realizada após o prazo inicial, também se subsumia à tipificação Fl. 126DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 3003-000.776 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10711.725038/2014-30 contida na alínea "e" do inciso IV do artigo 107 do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003. Entretanto, há que se considerar que, com o advento da Instrução Normativa RFB nº 1.473/2014, o art. 45 da IN RFB 800/07 foi revogado e, por consequência, a partir de então, o pedido de retificação dos dados informados passou a não configurar mais hipótese de aplicação da multa prevista na alínea "e" do inciso IV do artigo 107 do Decreto-Lei nº 37/1966. Este também é o entendimento da RFB expresso na Solução de Consulta Interna nº 2 – Cosit, de 4 de fevereiro de 2016: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. CONTROLE ADUANEIRO DAS IMPORTAÇÕES. INFRAÇÃO. MULTA DE NATUREZA ADMINISTRATIVO-TRIBUTÁRIA. A multa estabelecida no art. 107, inciso IV, alíneas “e” e “f” do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, é aplicável para cada informação não prestada ou prestada em desacordo com a forma ou prazo estabelecidos na Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa. Dispositivos Legais: Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966; Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007. Nesse caso, há de ser aplicado o Princípio da Retroatividade Benigna que encontra-se esculpido no art. 106, do Código Tributário Nacional: Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de trata-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifo nosso) Cumpre esclarecer que, no caso ora analisado, ou seja, o de alteração das informações prestadas pelo agente após o prazo mínimo estabelecido na legislação, a imposição fiscal se sustentava, tão somente, no art. 45, § 1º da IN 800/2007. Ao estender aos casos de retificação o disposto no art. 107, IV, "e", do Decreto-Lei nº 37/1966, há que se reconhecer que, uma vez tendo sido formalmente revogado aquele dispositivo, não há como se sustentar a imposição desta penalidade aos processos não definitivamente julgados, por aplicação do Princípio da Retroatividade Benigna, despiciendo analisar os demais pontos de defesa. Desta forma, em virtude de todos os motivos apresentados e dos fatos presentes no caso concreto, voto no sentido de rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 127DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 3003-000.776 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10711.725038/2014-30 Fl. 128DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.903624/2009-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Feb 05 00:00:00 UTC 2020
Numero da decisão: 3301-001.359
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem à luz dos documentos fiscais apresentados no recurso voluntário, realize a verificação do crédito pleiteado pela Recorrente..
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Liziane Angelotti Meira - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Candido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem à luz dos documentos fiscais apresentados no recurso voluntário, realize a verificação do crédito pleiteado pela Recorrente.. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Candido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem à luz dos documentos fiscais apresentados no recurso voluntário, realize a verificação do crédito pleiteado pela Recorrente.. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Candido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). Relatório Visando à elucidação do caso, adoto e cito o relatório do constante da decisão recorrida, Acórdão no 14-53.182 - 11ª Turma da DRJ/SPO (fls 64/72): Trata o presente processo de Declaração de Compensação de crédito de Contribuição para o PIS/Pasep, referente a pagamento efetuado indevidamente ou ao maior no período de apuração maio de 2004, no valor de R$ 119.181,13, transmitido através do PER/Dcomp nº 16334.29560.271205.1.3.04-0007. A DEINF São Paulo não homologou a compensação por meio do despacho decisório eletrônico de fl. 25, emitido em 20/04/2009, já que pagamento indicado no PER/Dcomp teria sido integralmente utilizado para quitar débito do contribuinte. Cientificado do despacho em 28/04/2009 (fl. 62), o recorrente apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 2/11, em data incerta, pois o carimbo da unidade de origem está ilegível, para alegar que teria apurado incorretamente a contribuição. Inicialmente, teria apurado R$ 356.961,22, quando na realidade, o valor devido correto seria R$ 237.780,09. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .9 03 62 4/ 20 09 -8 4 Fl. 219DF CARF MF Fl. 2 da Resolução n.º 3301-001.359 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.903624/2009-84 Afirmou que ao apurar a base de cálculo da contribuição, teria deixado de deduzir as despesas de captação, conforme alínea “a”, do inc. I, do § 6º, do art. 3º, da Lei nº 9.718/98, erroneamente contabilizadas na conta COSIF nº 819.99.00-6 (outras despesas operacionais). Também teria alterado o ajuste de MTM (ajuste a valor de mercado dos títulos), em virtude de modificação no balancete da empresa. Do mesmo modo, teria incorrido em erro ao tributar a receita de exportação de serviços (conta COSIF nº 717.70.00.8), em desacordo com o inc. III, art. 14 da MP nº 2.158- 35/2001. Defendeu a aplicação dos Princípios da Legalidade e da Verdade Material. Citou jurisprudência administrativa acerca da comprovação de erros de fato. Juntou Balancete, DIPJ e DCTF retificadoras, planilha simplificada de apuração do PIS e da Cofins, além de demonstrativo contendo os ajustes de MTM, de despesa de captação e de receita de exportação. Concluiu, para requerer o provimento de seu recurso, com a homologação da compensação, e para solicitar a realização de diligências a fim de comprovar suas alegações. Analisada a manifestação de inconformidade, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento julgou improcedente, com a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/05/2004 COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. DCTF. RETIFICAÇÃO. Retificada a DCTF após o despacho decisório que não homologou a compensação, o direito creditório somente pode ser deferido se devidamente comprovado por meio de documentação contábil e fiscal. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Os valores recolhidos a maior ou indevidamente somente são passíveis de restituição/compensação caso os indébitos reúnam as características de liquidez e certeza. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/05/2004 PRODUÇÃO DE PROVAS. JUNTADA DE DOCUMENTOS. REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIA. A apresentação de prova documental deve ser feita no momento da impugnação. Considera-se não formulado o pedido de diligência quando não atendidos os requisitos exigidos pela Lei. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Foi apresentado Recurso Voluntário (fls. 98/119), no voto serão abordados os questionamentos. É o relatório. Voto Conselheira Liziane Angelotti Meira O Recurso Voluntário é tempestivo e deve ser conhecido. Fl. 220DF CARF MF Fl. 3 da Resolução n.º 3301-001.359 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.903624/2009-84 Segundo a Recorrente, o crédito objeto da PERDCOMP nº 16334.29560.271205.1.3.04-0007 foi gerado em razão de ter recolhido contribuição ao PIS, em 15/06/2004, no montante de R$ 356.961,22, quando o correto era R$ 119.181,13. Alega que o recolhimento indevido se deu porque teria deixado de deduzir as despesas de captação e variação cambial negativa. Apresenta o quadro abaixo: A Recorrente destaca que, demonstrando boa fé, aumentou a base de cálculo da contribuição. A Recorrente afirma que o demonstrativo detalhado das alterações da base de cálculo está na planilha de Ajuste da Base de Cálculo do PIS/COFINS, o qual está fundamentado no balancete contábil já apresentado, bem como nos razões contábeis juntados ao Recurso Voluntário. Dessa forma, a Recorrente demonstrou que recolheu indevidamente o montante de R$ 119.181,13. A Recorrente informou que a recomposição da base foi efetuada com base em revisão da apuração de PIS/COFINS utilizando como suporte o balancete da entidade Recorrente e que esse balancete foi devidamente auditado por auditoria independente e apresentado para o Banco Central do Brasil. A Recorrente juntou declaração do responsável sobre a autenticidade do balancete. Pugna, a Recorrente, pela prevalência do princípio da verdade material sobre o erro de fato. Ressalta que retificou a DCTF (apesar de não ter retificado a Dacon). Assevera que a retificação foi posterior ao despacho decisório, mas isso não indica em qualquer grau dolo ou fraude. A decisão de piso foi desfavorável à Recorrente. Conclui-se na decisão a quo que a retificação após o despacho decisório somente poderia ser deferida se comprovado o erro por meio de documentação hábil contábil e fiscal, mas não teria sido apresentada documentação hábil a respaldar o pleito. Não se admitiu o pedido de diligência depois da impugnação, por se entender que estaria precluso. Considerando, contudo, o conjunto de documentos e informações apresentados pela Recorrente, é possível verificar que a contabilidade da empresa respalda a alegação de que houve erro de fato considerando também que realmente não há nos autos elemento que evidencie fraude ou dolo, o que transparece é que a contribuinte simplesmente quis corrigir um erro que lhe ocasionou um pagamento a maior para o Fisco. Dessa forma, proponho converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem à luz dos documentos fiscais apresentados no recurso voluntário realize a verificação do crédito pleiteado pela Recorrente. Fl. 221DF CARF MF Fl. 4 da Resolução n.º 3301-001.359 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.903624/2009-84 (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira - Relatora Fl. 222DF CARF MF
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Numero do processo: 11516.001934/2006-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 05 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jan 29 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF)
Exercício: 2003
ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. MOLÉSTIA GRAVE. COMPROVAÇÃO. INÍCIO DA VIGÊNCIA.
A isenção do IRPF por motivo de moléstia grave depende da comprovação da doença mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, conforme previsão da Súmula CARF nº 63. A vigência da isenção se dá a partir da data de início da doença fixada no laudo oficial, ou, em sua ausência, da própria data de elaboração do laudo.
TRIBUTAÇÃO DOS RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE (RRAs). REGIME DE COMPETÊNCIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO (RE) 614.06/RS. REPERCUSSÃO GERAL. REsp nº 1.118.429/SP. RECURSO REPETITIVO.
É imperiosa a aplicação do regime de competência, a fim de atender a interpretação conforme a constituição decorrente da análise do RE nº 614.406 e do REsp nº 1.118.429/SP. O IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência).
Numero da decisão: 2202-005.711
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para determinar seja o imposto de renda calculado utilizando-se as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência, considerando serem os rendimentos pagos acumuladamente referentes ao período compreendido entre 1990 e 1994.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente.
(assinado digitalmente)
Ludmila Mara Monteiro de Oliveira - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Leonam Rocha de Medeiros, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira (Relatora), Marcelo de Sousa Sateles, Martin da Silva Gesto, Marcelo Rocha Paura (Suplente Convocado) e Ronnie Soares Anderson (Presidente).
Ausente o Conselheiro Ricardo Chiavegatto de Lima.
Nome do relator: LUDMILA MARA MONTEIRO DE OLIVEIRA
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MOLÉSTIA GRAVE. COMPROVAÇÃO. INÍCIO DA VIGÊNCIA. A isenção do IRPF por motivo de moléstia grave depende da comprovação da doença mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, conforme previsão da Súmula CARF nº 63. A vigência da isenção se dá a partir da data de início da doença fixada no laudo oficial, ou, em sua ausência, da própria data de elaboração do laudo. TRIBUTAÇÃO DOS RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE (RRAs). REGIME DE COMPETÊNCIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO (RE) 614.06/RS. REPERCUSSÃO GERAL. REsp nº 1.118.429/SP. RECURSO REPETITIVO. É imperiosa a aplicação do regime de competência, a fim de atender a interpretação conforme a constituição decorrente da análise do RE nº 614.406 e do REsp nº 1.118.429/SP. O IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para determinar seja o imposto de renda calculado utilizando-se as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência, considerando serem os rendimentos pagos acumuladamente referentes ao período compreendido entre 1990 e 1994. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente. (assinado digitalmente) Ludmila Mara Monteiro de Oliveira - Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Leonam Rocha de Medeiros, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira (Relatora), Marcelo de Sousa Sateles, Martin da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 19 34 /2 00 6- 79 Fl. 209DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2202-005.711 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11516.001934/2006-79 Silva Gesto, Marcelo Rocha Paura (Suplente Convocado) e Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente o Conselheiro Ricardo Chiavegatto de Lima. Relatório Trata-se de recurso voluntário interposto por ANTONIO GUIDO AMBONI contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (DRJ/FNS), que julgou improcedente a impugnação para manter a autuação, referente ao ano-calendário de 2002, lavrada por motivo de “omissão de rendimentos de pessoa jurídica, indevidamente considerados como isentos por moléstia grave” – cf. descrição dos fatos e enquadramento legal às f. 10. Para afastar as alegações trazidas na peça impugnatória (f. 1/5), asseverou a DRJ que (...) caso os rendimentos recebidos decorrentes da reclamatória trabalhista fossem referentes a proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, referidos valores estariam isentos da tributação do imposto de renda, pelo que está disposto na IN n° 15/2001 colacionada, mesmo que se relativos a período anterior à data em que foi contraída a moléstia grave. Entretanto, no caso em tela, os rendimentos decorrem de trabalho assalariado, como o próprio impugnante assevera na peça impugnatória, quando diz que "No presente caso, trata-se de diferenças salariais recebidas acumuladamente em razão de decisão da Justiça do Trabalho", ou então, "As diferenças salariais a que a EPAGRI foi condenada a satisfazer e que resultaram no acordo antes noticiado...", e, como tal, não estão alcançados pela isenção, a qual abarca tão-somente os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão percebidos pelos portadores das doenças consignadas nos dispositivos transcritos. (f. 40/41; sublinhas deste voto) Intimado do acórdão, o recorrente interpôs recurso voluntário (f. 45/46), reiterando serem os rendimentos albergados pela norma isentiva. Por ter o col. Superior Tribunal de Justiça reconhecido a existência de repercussão geral do tema relativo ao imposto de renda incidente sobre os rendimentos pagos acumuladamente, foi determinado o sobrestamento do presente feito até o desate da controvérsia no bojo do REsp nº 1.118.429/SP (f. 50/54). Findo o sobrestamento, por maioria de votos, foi dado provimento ao recurso para cancelar o lançamento (f. 112/122), em acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. LEI Nº 7.713/1988. PROVA DOCUMENTAL. SÚMULA CARF Nº 63. Fl. 210DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2202-005.711 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11516.001934/2006-79 Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (Súmula CARF nº 63). A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. ART. 62, §2º DO ANEXO II AO REGIMENTO INTERNO DO CARF. No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitando-se, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos em juízo. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543-B e 543-C do CPC/1973. Art. 62, §2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento. Contra o acórdão foi manejado, pela Fazenda Nacional, recurso especial (f. 124/146). Devidamente admitido, decidiu a Câmara Superior por dar provimento ao recurso e determinar o retorno dos autos a este eg. Colegiado (f. 183/194). Confira-se: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há que se cogitar de nulidade de lançamento, quando plenamente obedecidos pela autoridade lançadora os ditames do art. 142, do CTN e a lei tributária vigente. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência). Após intimação das partes – “vide” petição certificando ciência da Fazenda Nacional às f. 196 e AR endereçado ao domicílio fiscal do sujeito passivo às f. 202 – os autos vieram-me conclusos – cf. despacho de encaminhamento às f. 208. É o relatório. Voto Conselheira Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Relatora. Fl. 211DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2202-005.711 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11516.001934/2006-79 Afastada a nulidade pelo acórdão de nº 9202-006.695, proferido pela 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, foi determinado o “(...) retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte.” (f. 194) Conheço do recurso, presentes os pressupostos de admissibilidade. Passo a dar cumprimento à determinação da eg. Câmara Superior deste Conselho. I – DO MÉRITO I.1 – DA (IM)POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DA ISENÇÃO POR ACOMETIMENTO DE MOLÉSTIA GRAVE Na tentativa de justificar estarem os rendimentos percebidos isentos traça o recorrente a seguinte cronologia: (...) o ato declaratório da isenção por moléstia funcional, deu-se em data de 24 de novembro de 1998. Ocorre, então, que, quando do recebimento dos valores referentes aos anos de 1990 a 1994, ou seja, setembro de 2001, o contribuinte já gozava da isenção, sendo que as verbas recebidas em 2001, devem ser tratadas como provenientes de aposentadoria. (f. 39; sublinhas deste voto) Para o gozo de tal isenção é necessário que a doença conste do rol legal e seja comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios – “ex vi” do art. 39, XXXIII e § 4º do RIR/1999. Além disso, imprescindível serem os rendimentos provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão. Como relata o próprio recorrente em sua peça impugnatória, a verba acumuladamente recebida se refere às “(...) diferenças salariais a que a EPAGRI foi condenada a satisfazer e que resultaram no acordo antes noticiado, compreendem o período de 1990 a 1994.” (f. 5) À míngua do preenchimento dos requisitos legais, bem elucidados no verbete sumular de nº 63 deste Conselho, há de ser mantida a autuação. I.2 – DA TRIBUTAÇÃO DOS RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE (RRAs) A eg. Câmara Superior deste Conselho deu provimento ao recurso especial aviado pela Fazenda Nacional, ao argumento de que (...) posição tanto do STJ no REsp nº 1.118.429/SP como do STF no RE 614.406/RS não foi no sentido de inexistência ou inconstitucionalidade do dispositivo que definia os valores dos rendimentos recebidos acumuladamente como fato gerador de IR, mas tão somente no sentido de que a apuração da base de cálculo do imposto devido não seria pelo regime de caixa (na forma como descrito originalmente na lei, art. 12 da Lei 7783/88) já que conferiria tratamento diferenciado e prejudicial ao contribuinte, já definindo o novo regime a ser aplicável para apuração do montante devido. Não se trata de alteração de critério jurídico aplicado pela fiscalização, mas de aplicação dos termos de lei, que posteriormente por decisão judicial deixa claro qual a melhor interpretação acerca do regime aplicável. (f. 193; sublinhas deste voto) Fl. 212DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2202-005.711 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11516.001934/2006-79 Por essas razões, cumpro a ordem exarada pela eg. Câmara Superior para determinar seja o imposto de renda calculado utilizando-se as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência, considerando serem os RRAs referentes ao período compreendido entre 1990 e 1994. II – CONCLUSÃO Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso para determinar seja o imposto de renda calculado utilizando-se as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência, considerando serem os RRAs referentes ao período compreendido entre 1990 e 1994. (documento assinado digitalmente) Ludmila Mara Monteiro de Oliveira Fl. 213DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15889.000581/2007-93
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Oct 30 00:00:00 UTC 2009
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003, 2004
DEPÓSITO BANCÁRIO - DECADÊNCIA..
Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. O fato gerador do IRPF, tratando-se de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada ano-calendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art.
150, § 4° do CTN).
CERCEAMENTO DO -DIREITO DE DEFESA - NULIDADE DO PROCESSO FISCAL.
Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar. documentos e esclarecimentos, bem corno se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares corno também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.4.30, de 1996.
Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS - PERÍODO-BASE DE INCIDÊNCIA - APURAÇÃO MENSAL - TRIBUTAÇÃO NO AJUSTE ANUAL.
Os valores dos depósitos bancários não justificados, a partir de 1º de janeiro de 1997, serão apurados, mensalmente, à medida que forem creditados em conta bancária e tributados como rendimentos sujeitos à tabela progressiva anual (ajuste anual),
ÔNUS DA PROVA.
Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais.
MULTA QUALIFICADA - DEPÓSITOS BANCÁRIOS.
A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. (Súmula 1º CC nº 14)
Preliminar de ilegitimidade passiva rejeitada..
Argüição de decadência acolhida.
Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 2202-000.388
Decisão: Acordam os membros do Colegiada, por maioria de votos, rejeitar preliminar de ilegitimidade passiva, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Júnior e Gustavo Lian Haddad, Por unanimidade de votos, tendo em vista a desqualificação da multa de oficio, acolher a argüição de decadência para declarar extinto o direito da Fazenda Nacional constituir o crédito tributário relativo ao ano-calendário de 2001 e rejeitar as demais preliminares argüidas pelo Recorrente. No mérito, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de lançamento de oficio, reduzindo-a ao percentual de 75%.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. O fato gerador do IRPF, tratando-se de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada ano-calendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4° do CTN). CERCEAMENTO DO -DIREITO DE DEFESA - NULIDADE DO PROCESSO FISCAL. Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar. documentos e esclarecimentos, bem corno se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares corno também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N". 9.4.30, de 1996. Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS - PERÍODO-BASE DE INCIDÊNCIA - APURAÇÃO MENSAL - TRIBUTAÇÃO NO AJUSTE ANUAL. Os valores dos depósitos bancários não justificados, a partir de 1" de janeiro de 1997, serão apurados, mensalmente, à medida que forem creditados em conta bancária e tributados como rendimentos sujeitos à tabela progressiva anual (ajuste anual), ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobeitar seus acréscimos patrimoniais. MULTA QUALIFICADA - DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. (Súmula 1 0 CC n" 14) Preliminar de ilegitimidade passiva rejeitada.. Argüição de decadência acolhida. Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiada, por maioria de votos, rejeitar preliminar de ilegitimidade passiva, nos termos do voto do Relato''. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Júnior e Gustavo Lian Haddad, Por unanimidade de votos, tendo em vista a desqualificação da multa de oficio, acolher a argüição de decadência para declarar extinto o direito da Fazenda Nacional constituir o crédito tributário relativo ao ano-calendário de 2001 e rejeitar as demais preliminares argüidas pelo Recorrente. No mérito, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de lançamento de oficio, reduzindo-a ao percentual de 75%. • , , . 7ii:1 ‹. ., , ,,, . .7 ., ,... . . • .) - i-i - residénte II 1 ) ) , , _ ilm 2) onio Lo o . artine - Relator EDITADO E .r. ri M30 2010 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Antonio Lopo Martinez, Pedro Anan Júnior, Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Helenilson Cunha Pontes, Gustavo Lian Haddad e Nelson Mallmann (Presidente). 2 Processo n" 15889.000581/2007-93 S2-C2T2 Acórdão n." 2202-00388 Relatório Em desfavor do contribuinte, PAULO ROBERTO RETZ, foi lavrado o auto de infração de fls. 06/10, acompanhado dos demonstrativos de lis, 05 e 11/15 e do Termo de Encerramento de fls., 690, relativo ao imposto sobre a renda de pessoas físicas does) ano(s)- calendário(s) de 2001, 2002,. 2003 e 2004, por meio do qual foi constituído o crédito tributário no valor de R$ 5.196,784,98 (doc. às fls. 05). O auto em questão decorreu da constatação de Omissão de Rendimentos caracterizados por depósitos bancários de origem não comprovada, conforme enquadramento legal, descrição e demonstrativo do fato gerador e valor tributável às fls. 06/10 e Termo de Verificação e Constatação Fiscal de fls. 16/36.. Na ação fiscal consta que; as transações foram obtidas conforme Decisão Judicial de 24/11/2004, no Processo de n°. 2003,7000030333-4, da 2a Vara Criminal Federal de Curitiba. A documentação apreendida contém o cadastro de abertura de conta, em que o contribuinte aparece como um dos titulares da conta n), 602853, com seus dados pessoais e o endereço da empresa Grethen Financial Inc., como sendo o mesmo da Destilaria Sobar, da qual o fiscalizado foi sócio. Em resposta informou que não efetuara qualquer transferência de recursos ao exterior, dai á razão do não fornecimento das informações e comprovantes exigidos durante a fiscalização; salienta que nos extratos encaminhados pela fiscalização, consta como titular a pessoa jurídica Grethen Financial Inc., da qual nunca foi sócio ou acionista, sob a conta no. 002- 60285.3-001, desconhecendo a existência do referido cadastro de abertura de conta, em que figura como um dos titulares; indica haver equívoco na afirmação de serem idênticos o endereço da Grethen Financial Inc. e da Destilaria Sobar, da qual o fiscalizado foi sócio até 1999, salientando que a empresa Grethen Financial Inc.. tem sede no exterior, com constituição também no exterior. Em continuação, informa ter constatada a existência de cópia do Contrato de Constituição da Sociedade mencionada, em que se encontravam perfeitamente identificados os sócios efetivos (impugnação à fls, 697); assegurou não ter estado, nem encaminhado qualquer documento ou sua cópia para o Consulado do Brasil em Nova York, estranhando a autenticação de 24/11/2004, reproduzida no verso daquelas cópias. Cientificado do lançamento via postal em 27/11/07 (AR às fls. 691), apresentou, em 21/12/2007, impugnação de fls, 694/7.30, acompanhado dos doe, de fls. 732/740, em que alega, os seguintes pontos: Da ilegitimidade Passiva, - Sempre afirmara jamais ter efetuado qualquer remessa de recursos ao exterior e, a fiscalização, por seu turno, apesar da acusação, não apresentou qualquer prova dessa remessa, passando a denunciar a existência de movimentação financeira de recursos próprios através da conta n'. 60285.3, mantida no DELTA BANK, Agência Florida Beach, em nome da pessoa jurídica GRETHEN FINANCIAL INC. ; 3 - A análise dos extratos permite wrificat que todos os créditos ingressados na referida conta, não decorrentes do resgate de aplicações, tiveram origem no próprio exterior e não no Brasil, como os lançamentos citados à lis 700 e a atribuição desses créditos ao impugnante exige a comprovação de ter sido ele o autor de remessas, entrega de recursos ou depósitos na mesma conta ou em favor das .fbntes identificadas de onde se originaram,- - o contrato de constituição da empresa Gl?.ETHEN FINANCIAL, colacionado ao processo, identifica claramente a composição do quadro societário, não . figurando o impugnante entre seus acionistas, diretores ou sócios, sendo que a existência da Procuração Geral, outorgada por seus diretores em fiwor de Guy Alberto Retz, Paulo Roberto Retz, Marden Godoy dos Santos e Sérgio Vilela Pinto não vinculam os beneficiários à condição de diretores, sócios ou acionistas daquela empresa, tampouco à titularidade da conta bancária em comento,. Continua afirmando (fls. 701/702) que: "A pessoa jurídica continua distinta, e as operações por ela praticadas de que resultaram os créditos na conta bancária, não vinculam os procuradores e nem com eles se comunicam "A procuração não transmuda a titularidade da conta, de sua inovimentação e dos recursos nela ingressados Mesmo se isso fbsse possível, o que se admite apenas para argumentar, estaria também no pólo passivo o procurador Guy Alberto .Retz, relativamente aos créditos ocorridos até a data de seu falecimento 11/07/2001" "Nessas condições., e nos termos da absurda pretensão fiscal, o "de cujus" também deveria ser intimado a justificar a origem dos créditos bancários verificados até então, providência indispensável quando se pretende exigir tributo a titulo de depósitos bancários de origem não comprovada. ". "Faltando a intimação a um dos pretensos titulares, o lançamento perpetrado em relação aos outros dois, também 5ob esse aspecto r de nula de plena direito. " O Termo de Verificação e Constatação Fiscal infOrma (lis 3), que os documentos de fls. 381 a 436 "referem-se, ao longo dos anos, a vários contratos de conta bancária comercial da empresa GRETHEN FINANCIAL INC. com o DELTA BANK" - conta n" 602853, desde o ano de 1993, sendo que o mais recente fbi efetuado no ano de 2003" "A Ils 4 acrescenta "que os contratos efetuados no ano de 2003 estão assinados somente por Paulo Roberto Retz e Itilarden Godoy dos Santos, urjas cópias de Cédulas de Identidade estão acostadas as gs 440/441 ". ". sendo que uma das cláusulas do contrato assinado por eles em 12/09/2003, substitui todos os contratos e acordos anteriores. Contesta, em continuação, que. "Mesmo se os mencionados contratos servissem para respaldar a infundada pretensão de, tendo por base a Procuração Geral de 19/11/1992, atribuir a eles a titularidade da conta bancária,essa atribuição só 4 Processo n 15889.000581/2007-93 S2-C2T2 Acórdão 2202-00.388 El. 3 encontraria amparo a partir da data de assinatura daquele contrato, ou _seja, 12/09/2003 Juntamente com a cópia ilegível da cédula de identidade do Impugnante, encontra-se no processo x-érox de um documento, com o timbre do Delta Bank, cujos claros furam preenchidos manualmente, com o nome da Grethen Financial Inc., o 11Úlller0 da conta, data de 18/08/200.3, nome do Impugnante e o que poderia ser sua assinatura Mais uma evidencia tia data real em que este surge pela primeira ver no contrato mencionado. "(gn.) Ressalta também que, em relação à empresa MINERAÇÃO E COMÉRCIO ITA0111 LTDA - CNPJ no .55,094.304/0001-57, citada no relatório .fiscal, a participação do Impugnante é minoritária, limitando-se a 28,64 % do capital social, não constando dos autos qualquer participação da referida sociedade nas pretensos irregularidades imputadas pela ação fiscal; Continua concluindo: não ter ocorrido a conduta ilícita denunciada nos autos, de forma cabal e objetivamente configurada, uma vez que as provas colacionadas pela fiscalização propiciam apenas ilações, sem elementos concretos de provas a indicar a certeza de remessa de recursos ou qualquer produto para o exterior, e/ou a niovimentação de recursos próprios em conta bancária da pessoa jurídica GRETHEN FINANCIAL 1NC ; Que a ilegitimidade passiva ora argüida resulta da ausência de provas ou fundamentos, diretos, concretos e objetivos, capazes de demonstrar ter sido o Impugnante o efetivo titular de remessas e da conta bancária; Nessa linha, colaciona acórdãos administrativos relativos à ilegitimidade passiva (fis. 704/706), concluindo (fi. 706/707) que.' "a eleição do sujeito passivo não repousa em qualquer docuniento que faça prova de remessas por ele efetuadas no exterior, ou "biles indícios, graves, veementes, precisos e convergentes, a demonstrar -: por ele patrocinadas, autorizações de remessas, depósitos 'Ou transferências motivadoras de lançamentos a crédito ou a debito da conta mencionada, capazes de credenciá-lo á sua titularídade. Também jamais praticou qualquer ato previsto na Procuração Geral mencionada Não há qualquer operação envolvendo a referida conta em que o Impugnante tenha comparecido ou atuado, assinando como procurador, ou mesmo como terreiro beneficiário. Apenas ilações. A ação fiscal encei 1'011 a fase inquisitolia e lavrou o Auto de Inflação precipitadamente, dispensando a coleta de provas adicionais capazes de caracterizai o fino constitutivo de seu direito de lançar. Corroborando essa última assertiva, colaciona acórdãos Oh 707/708), finaliza requerendo sua nulidade; Do Cerceamento do Direito de Defesa: Argüiu o cerceamento do direito de defesa, caracterizado pelo des.-cumprimento do art. 9 0 do Decreto no, 70..235/72, com a redação dada pelo ml. 10,, da Lei n", 8,748/93, considerando que as cópias das provas obtidas devem ser encaminhadas ao contribuinte juntamente com o Auto de Infração, sob pena de inibir a defesa; Afirma o impugnante.- (Dite "Apesar do Termo de Intimação Fiscal datado de 15/03/2007, afirmar às /is, 8 que. "as cópias de diversos documentos na SAFIS/DRF/BAURU autenticadas pelo CONSULADO GERAL DO BRASIL EM NOV A YORK, constituem-se em provas robustas e suficientes, no que tange a titularidade da conta n°, 602853, denominada Grethen Financial Inc, do DELTA BANK", nenhuma cópia desses documentos .-fbi disponibilizada ao fiscalizado, nem mesmo após a entrega do Auto de Infi-ação", também, "O Termo de Verificação noticia a existência no processo de quase 700 folhas contendo documentos, e apenas cópia do exhato bancário e do que seria sua cédula de identidade foram encaminhados, apesar da solicitação formal, efetuada em expediente em 10/04/2007" Presentes, portanto, os pressupostos a caracterizar o cerceamento do direito de defesa, conio, primeiro, porque retardando o pleno conheciMento das irregularidades imputadas, restringe o prazo legal para o exercício da ampla defesa, segundo, porque resta descumprido requisito da intimação do lançamento, consubstanciado na obrigatoriedade de instruí-Ia com todos os elementos enibasadores das exigências Da análise dos extratos, informa que: nos esclarecimentos prestados à ação ,fiscal em 11/04/2007 (fls. 100 a 102), atendendo 'Termo de Intimação n°. 0810300-2007-00055-9, o Impugnante, além de negar a íitularidade da conta e a prática de qualquer ato pertinente a débitos e créditos constantes da cópia dos extratos que lhe foram encaminhados, apontou lançainentos., cujos históricos "AU TO TRANSFER-DEBIT TO MM" e "AUTO TRANSFER-CREDIT e "TRANSFER FRO11/1 MM", permitem identificar aplicações financeiras e respectivos resgates, como os ingressos constantes do "DEMONSTRATIVO DE CRÉDITOS A EXAMINAR/COMPROVAR EM DÓLARES AMERICANOS", .juntado ao Termo de Intimação Fiscal de 15/03/2007, reproduzido às fls. 716/717, tais créditos em dólares norte-americanos devem ser excluídos, pois tendo origem no resgate de operações de money market, respectivos valores convertidos em reais, não podem compor a gama de recursos- de origem não comprovada, pois como esclarecido à fiscalização, já haviam transitado pela conta,- O exame detalhado dos extratos revela, ainda, a transferência a débito da referida conta n°. 602853, a titulo de "AUTO TRANSFERDEBIT TO MM", das importâncias reproduzidas à fl. 718, também expressas em dólares norte- americanos, que transformados em aplicações deram origem aos resgates efetuados,- 6 Processo n" I 5889.00058 U2007-9.3 S2-C2.11-2 Acórdão n." 2202-00388 Fl 4 Acrescenta que embora a ação fiscal aponte a juntada de tradução às fls. 323 a 3.57, efetuada no âmbito interior da DRF/BAURU/SP, por- tradutor juramentado, não forneceu qualquer cópia ao hitpugnante, Os históricos dos lançamentos a evidenciar as aplicações e respectivos resgates, por dentais claros mesmo para iniciantes no idioma inglês, não devem ter passado desapercebidos ao referido tradutor e a própria auditoria, notadamente após serem apontados em resposta a Intimação formulada; Tendo como fundamento os referidos lançamentos é possível segregar os créditos provenientes da conta money market (CRÉDITO MM), e de empresas estabelecidas no exterior (CREDITO CIC e TIA), bem como os débitos destinados às aplicações mane), market, (DÉBITO MIO, taxas (DÉBITO 7:X), e pagamentos a pessoas Ittrídica.s também domiciliadas no exterior (DEBITO CIC), Para tanto fui elaborada a planilha que constitui o Anexo Relativamente aos demais créditos informa. Que em demonstrativo designado ''ANEXO. A", que constitui o documento n", 02 da presente Impugnação, encontra-se reproduzi da, conforme os extratos, a identificação das fontes donde promanaram os recursos, em dólares norte-americanas, ingressados na referida conta it" 602853, de tindaridade de GRETHEN FINANCIAL 1NC, no DELTA BANK Agência Florida Beach Que pelos nomes dos depositantes, lançados nos estratos, observa-se a de qualquer crédito representativo de recursos oriundos do Brasil Todas as fontes, constituídas por pessoas jurídicas, situam-se no exterior, e mesmo as transferências interbancárias e depósitos em moeda identificam a conta, a instituição financeira e a agência originária; cio que conclui ser improcedente a atribuição da titulam-idade da conta bancária ao Impugnante, mesmo na proporção de 50%, sendo duvidosa a afirmação de autenticidade de assinaturas, tendo em vista tratarem-se de cópias de documentos;. Ser incabível a presunção de omissão de rendimentos, tendo por fundamento depósitos bancários de origem não comprovada, pois os próprios lançamentos bancários identificam a origem dos recursos, fáto suficiente para *siar a tributação, instituída pelo art. 42, da Lei n°, 9 430/96; colaciona acórdãos do conselho (fls 720/7.21); Que a origem dos créditos bancários objeto da imposição tributária, mesmo não vinculados ao Impugnante, encontra-se plenamente identificada e comprovada, decorrendo de operações comerciais praticadas pela pessoa jurídica GRETHEN FINANCIAL 1NC , assim, a pretensão de atribuir a titulai-idade da referida conta bancária deve levar em consideração a natureza dos créditos e débitos lançados, refletindo operações 7 comerciais, como é o caso, o tratamento tributário previsto na legislação pátria corresponde a equiparação de pessoa fisica à pessoa juridica, ressaltando novamente erro na eleição e identificação do sujeito passivo. Acrescenta que o ar! 42, da Lei n" 9430/96, não autoriza presumir titularidade de contas bancárias, e sua aplicação está restrita aos créditos bancários efetuados em contas mantidas em instituições financeiras situadas no Brasil; e em se tratando de movimentação financeira no exterior, o tratamento tributário adequado corresponde a apuração de eventual acréscimo patrimonial, cuja origem pode não repousar em rendimentos tributáveis, não tributáveis ou tributaveis exclusivamente na fonte; Da multa qualificada, - infbrma, inicia/mente que: o autuante justifica a exasperação da multa de oficio mediante o enquadramento da presunção estabeleci da no ar! 42, da Lei 11°. 9.430/96, COMO evidente intuito de fraude, pela manutenção no exterior de conta bancária, sem o conhecimento do Banco Central do Brasil, cujos recursos de sua movimentação . financeira não transitaram pelas respectivas Declarações de Ajustes Anuais do Imposto de Renda do contribuinte; A seguir, aborda o instituto da decadência, onde informa estar o ano calendário de 2001, sob o alcance da Fazenda Nacional, para exigência de crédito tributário, pois nos casos de comprovada ocorrência de dolo, _fiaude ou simulação, o prazo de caducidade do lançamento desvincula-se do art. 150, § 4° do Código Tributário Nacional (Lei n° 5.1 72/66), para encontrar abrigo no art. 1 73, inciso I, do mesmo diploma legal; Contesta, no entanto que contribuinte a ação fiscal não comprovou como chegou à conclusão de que o autuado fbi quem efetuou remessas e movimentou, pepaalmente, em companhia de Paulo Roberto Retz, a conta bancária da empresa Grethen Financial Inc. no DELIA BANK, Agência de Florida Beach; Tampouco apontou a identificação de qualquer remessa ao exterior sendo que os indícios colhidos restringem-se a unia procuração, lavrada em 1992, que nunca fbi utilizada para promover qualquer ingresso ou saldas de recursos daquela instituição financeiras cujos extratos revelam lançamentos de operações praticadas somente entre pessoas jitridicas domiciliadas no exterior; Assim, a investigação fiscal embora tenha utilizado aquela procuração como indício da imputação formalizada, não colheu elementos concretos capazes de levar à comprovação de ser o Impugnante o efetivo titular da conta, e que movimentação reverteu em seu próprio beneficio; acrescenta, também que, mesmo se assim não _Ibsse, ou seja, se restasse indiscutível aquela tindaridade, os lançamentos de crédito constantes dos extratos da referida conta, tem origem perfeitamente identificada e comprovada pelo próprio histórico, o que desautorizaria a 8 Processo n" I 5889 000581/2007-93 52-C21-2 Acórdão n " 2202-09388 Fl. 5 presunção de omissão de rendimentos prevista no art. 42, da Lei n°, 9.430/96; Finaliza concluindo que: não comprovadas as remessas de recursos e a movimentação da conta bancária em interesse próprio, descabe a aplicação da penalidade qualificada e a Representação Fiscal para Fins Penais; Inclusive, as pretensas irregularidades não servem para aplicação da penalidade em seu grau máximo, pois como resta demonstrado não houve qualquer remessa ao exterior; que estivesse sujeito a registro no Banco Central do Brasil; tampouco o . fato daquela movimentação .financeira não ter constado das Declarações de Ajustes Anuais do Imposto de Renda, não pode acarretar a exasperação da multa, pois os recursos envolvidos são de titular-Urde de pessoa jurídica Grethen Financial hw mesmo se pertencesse ao Impugnante, o tratamento tributário aplicável seria a inserção dos saldos 171V15ais nas Declarações de Ajustes Anuais, pois movimentação financeira não se declara, apenas o saldo existente em 31 de dezembro de cada ano,' acrescenta, ainda, a necessf,dade da comprovação, pelo Fisco, do evidente intuito de fraude do sujeito passivo ou da materialização da conduta dolosa, sendo descabida no caso de tributação decorrente de presunção de omissão de rendimentos; Da declaração de ajuste e decadência, comenta a fundamentação do auto, afirmando que: A incidência do tributo apurado com base em depósitos bancários de origem não comprovada é no mês em que foi efetuado o crédito, com base na tabela progressiva vigente naquele mês, ou seja, o fato gerador é mensal e não anual, servindo a declaração de ajuste como demonstração entre o contribuinte e o Fisco do mero acerto de contas ao final do ano- calendário; O estabelecimento de nova data de ocorrência do fato gerador; em 31 de dezembro, eleita para fbrmalizar a exigência de tributo, constitui afronta às leis E, sendo inaplicável a qualificação da muna de oficio, como demonstrado, o prazo decadencial começa a ..fluir do fato gerador mensal, fixado pela norma legal, conforme pacificado administrativamente; Salienta que o auto de infração cientificado ao contribuinte em 27/11/2007, não poderia envolver fatos geradores pretensamente ocorridos no ano-calendário de 2001 e no período de janeiro a outubro de 2002, pois o prazo de caducidade para o lançamento de IRPF encontra-se regulado pelo artigo 150, .§ 4' do Código Tributário Nacional, como reconhecido por copiosa jurisprudência do E Primeiro Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais; .\\)& 9 Finaliza afirmando que além de nulo e improcedente o lançamento também padece de caducidade em relação ao período assinalado; Em 14 de agosto de 2008, os membros da 6 a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo II, proferiram Acórdão que„ por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares, e considerou procedente em parte o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. Assunto. Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPE Ano-calendátio.. 2001.2002,2003,2004 PRELIMINAR DE N'ULIDADE DECADÊNCIA Caracterizado a fraude, nos casos de lançamento de ofício, o prazo para constituição do crédito tributário é o estabelecido no artigo 173, inciso Ido CIN. Afastada a nulidade argüida, PRELIMINAR DE NULIDADE, ILEGITIMIDADE PASSIVA, DEPÓSITOS BANCÁRIOS Constada a relação do contribuinte diretamente com a conta corrente beneficiária dos créditos, deve o mesmo figurar no pólo passivo da obrigação tributária, nos termos do art. 42, da Lei de n" 9,430, de 1996. Ilegitimidade não configurada. Afastada a nulidade argüida, DEPÓSITOS BANCÁRIOS 0A1ISSÀO DE RENDIMENTOS - Após 1 0 de ianeiro de 1997. com a entrada em vigor da Lei 9.430 de 1996, consideram-se rendimentos omitidos os depósitos junto a instituições financeiras quando o contribuinte, regulam incute intimado, não lograr comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos reclusos utilizados Assim sendo, excluem-se cla tributação os créditos bancárias computados em duplicidade, correspondentes a reaphcaçõe.s de valores anteriormente considerados. MULTA DE OFÍCIO. .No lançamento de oficio, uma vez identificado o intuito doloso de obter benefícios em matéria tributária, cabe a cluplicação da multa de ofício de 75%, redundando no percentual de 150%. .REPRESENIA ÇÁO FISCAL PARA FINS PENAIS, A Representação Fiscal deve sempre ser elaborada quando se constatar latos que, em tese configuram Crime Contra a Ordem 'Tributária, sendo encaminhada ao Ministério Público. após proferida decisão .final na sfira administrativa. Lançamento Procedente em Parte A autoridade recorrida considerou que valores dos depósitos relativos até o período de 11/07/2001, deveriam ser divididos por 3 (três) beneficiários, sendo que após esse período o valor passaria a ser dividido pelos dois procuradores remanescentes. lo Processo tf 15889.000581/2007-93 S2-C2T2 Acórdão n." 2202-00388 El Cientificado em 08109/2008, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou, em 08/10/2008, o Recurso Voluntário, de fls.. 797/822, acompanhado de anexos reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas, que aditando os seguintes pontos: - - Da ilegalidade passiva, argumentando que a pessoa .jurídica e suas operações são distintas, não se comunicando com as pessoas de seus procuradores; - Da alegada impossibilidade dos procuradores terem condições de comprovar tanto a origem dos recursos, bem como a natureza da supostas operações, Indicando que a pessoa jurídica fosse intimada para tanto, pois é ela a efetiva titular da conta bancária; - A simples outorga da procuração não é suficiente, nos termos da lei, para imputar ao procuradora propriedade de todos os valores creditados em contas bancárias em comendo; - Do cerceamento do direito de defesa, dado que teriam existido informações no processo que o recorrente não teve acesso; - Da decadência do lançamento de oficio para o ano calendário de 2001; - Da irregular aplicação da multa qualificada; - Da tributação mensal dos depósitos bancários. É o relatório. I Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relatar O recurso voluntário está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Da Preliminar de Decadência No que toca a preliminar, o recorrente argüi a decadência do lançamento no que toca ao ano calendário de 2001. Nessa senda, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial para os fatos que ocorreram ao longo do ano de 2001, previsto no art. 150, parágrafo 4", do CTN é de 1" de janeiro de 2002, posto que é o 1' dia após a ocorrência do fato gerador. Desta forma, o lançamento poderia ser realizado até a data de 31/12/2006, para que pudesse alcançar os valores percebidos no ano-calendário de 2001. Urge observar, entretanto que ocorreu a qualificação da multa, neste caso a contagem do prazo decadência desloca-se para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, a teor do art, 173, 1 do CTN. (art. 150, § 4" do CTN). Como a ciência do auto de infração ocorreu em 27/11/2007, conforme AR de fls 691„ fica claro que caso a qualificação não prospere fica comprometido o lançamento. Como é sabido, o lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, identificar o seu sujeito passivo, determinar a matéria tributável e calcular ou por outra forma definir o montante do crédito tributário, aplicando, se for o caso, a penalidade cabível,. Com o lançamento constitui-se o crédito tributário, de modo que antes do lançamento, tendo ocorrido o fato imponível, ou seja, aquela circunstância descrita na lei como hipótese em que há incidência de tributo, verifica-se, tão somente, obrigação tributária, que não deixa de caracterizar relação jurídica tributária. É sabido, que são utilizados, na cobrança de impostos e/ou contribuições, tanto o lançamento por declaração quanto o lançamento por homologação. Aplica-se o lançamento por declaração (artigo 147 do Código Tributário Nacional) quando há participação da administração tributária com base em informações prestadas pelo sujeito passivo, ou quando, tendo havido recolhimentos antecipados, é apresentada a declaração respectiva, para o juste final do tributo efetivamente devido, cobrando-se as insuficiências ou apurando-se os excessos, com posterior restituição. Por outro lado, nos precisos termos do artigo 150 do CTN, ocorre o lançamento por homologação quando a legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, a qual, tomando conhecimento da atividade assim exercida, expressamente a homologa.. Inexistindo essa homologação expressa, ocorrerá ela no prazo de -05(cinco) anos, a contar do fato gerador do tributo. Com outras palavras, no lançamento por homologação, o contribuinte apura o montante e efetua o recolhimento do tributo de forma definitiva, independentemente de ajustes posteriores. 12 Processo n" 15889 0005812007-93 52-C21-2 Acórdão n_° 2202-K388 Fl 7 Neste ponto está a distinção fundamental entre urna sistemática e outra, ou seja, para se saber o regime de lançamento de um tributo, basta compulsar a sua legislação e verificar quando nasce o dever de cumprimento da obrigação tributária pelo sujeito passivo: se dependente de atividade da administração tributária, com base em informações prestadas pelos sujeitos passivos (lançamento por declaração), hipótese em que, antes de notificado do lançamento, nada deve o sujeito passivo; se, independente do pronunciamento da administração tributária, deve o sujeito pas-sivo ir calculando e pagando o tributo, na forma estipulada pela legislação, sem exame do sujeito ativo - lançamento por homologação, que, a rigor técnico, não é lançamento, porquanto quando se homologa nada se constitui, pelo contrário, declara-se à existência de um crédito que já está extinto pelo pagamento. Importante frisar que independente do recorrente ter apresentado ou não declaração de ajuste anual, no meu entendimento esse fato não altera a conclusão, uma vez que se homologaria o procedimento. No caso o procedimento de nada fazer, não declarar e não pagar, Em suma para definição dessa matéria resta apura se no lançamento é cabível a qualificação da multa. Da Multa Qualificada No que toca a qualificação da multa, embora reconheça a ilegalidade de operações realizadas a margem do sistema bancário e do conhecimento das autoridades ãzendárias brasileiras, Deve-se reconhecer que no caso concreto, o que se verificou foi uma omissão de rendimentos presumida fundamentalmente a partir de depósitos bancários. Desse modo esses fatos, por si só, não são suficientes a caracterizar evidente intuito de fraude, a que se refere o artigo 44, inciso II, da Lei n" 9,430/96. Para tanto, seria necessária a comprovação, por parte da autoridade lançadora, de procedimentos adotados pelo Contribuinte com inquestionável intuito fraudulento, o que, porém, não se vislumbrou. Em situações como a presente, aplicável a Súmula n° 14, deste Primeiro Conselho de Contribuintes: "A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da niulta de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo Por isso, dou provimento nesse item, a fim de desqualificar a multa de 150%, reduzindo-a para a multa de oficio de 75%. Isto posto, urge registrar que como a qualificação da multa não é devida, aplicar-se-á para apreciar a decadência do lançamento, o art. 150 do CTN e dentro desse contexto é de se considerar o lançamento decadente, tal como explicado anteriormente, quando da apreciação da preliminar. Acolhe-se, portanto a preliminar de decadência suscitada pelo contribuinte no que toca ao ano calendário de 2001. Da ilegitimidade passiva Quanto à Ilegitimidade Passiva, que independe, como já observado, de quem é a autoria da transferência ou mesmo se tiveram origem no exterior e não no Brasil, pois 13 bastaria a identificação do beneficiário, tem-se o fato do impugnante ter procuração com amplos poderes, constarem dos cadastros bancários objeto do lançamento, independentemente de os vincularem corno diretores, sócios ou acionistas, evidenciam que a constituição da empresa visava, na verdade, a descaracterizá-los como verdadeiros titulares / beneficiários dos valores creditados.. Além disso, o impugnante também não estabeleceu ou mesmo comprovou a sua relação com os pretensos titulares, que constituindo empresa em outro país delegaram todos os poderes a seus supostos representantes. Apesar de ser correta a afirmação de que a Pessoa Jurídica tal corno suas operações não se confundem com os procuradores, cabe ressalvar que, em sendo os mesmos procuradores dessa empresa e, de qualquer forma, com amplos poderes, caso, realmente tratasse de operações dessa Pessoa Jurídica, como representante, o impugnante teria todas as condições de comprovar tanto a origem dos recursos, bem como a natureza das supostas operações, o que não foi efetivado pelo impugnante. Em suma, em face dos elementos de prova, presentes nos autos rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva. Do cerceamento do direito de defesa. Suscitou o autuado, o cerceamento do seu direito de defesa, uma vez que a autoridade fiscal não lhe propiciou a oportunidade para uma defesa plena Entretanto isso não se reflete na verdade dos fatos, percebe-se que o auto de infração foi cientificado ao contribuinte em 27/11/07 (AR à fis, 691), apresentou, em 21/12/2007, impugnação utilizando-se plenamente do prazo que a legislação permite. A intimação foi dirigida ao recorrente tal como prescreve a legislação em perfeita sintonia com o que prescreve os princípios do processo administrãtivo tributário. Acrescente-se, por pertinente, que a alegação do recorrente não procede. Não ficou caracterizado o cerceamento do direito de defesa. Muito pelo contrário. A defesa foi exercida de forma absolutamente ampla! A maior prova disso é que o contribuinte contestou todos os pontos da autuação, demonstrando, dessa forma, o conhecimento pleno da infração que lhe foi imputada. Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo- as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. Da nulidade argüida por não se ter intimado o procurador No que toca ao procurador ., Guy Alberto Retz, relativamente aos créditos ocorridos até a data de seu falecimento 11/07/2001, há que esclarecer que essa parte do lançamento já teria sido afastada pela decadência. Da presunção baseada em depósitos bancários O lançamento fundamenta-se em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9,430/1996, tem-se a autorização para considerar ocorrido o "fato gerador" quando o contribuinte não logra comprovar a ori zem dos 14 Processo n" 15889. 000581/2007-93 S2-C2T2 Acórdão n " 2202-00.388 Fl. 8 créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de "fato gerador", a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do "fato gerador" (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tão-somente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de "Imposto sobre a Renda - Pessoas Jurídicas" (Justec-RJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da provaj. invocando-a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o . fato econômico que a lei presume - cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art 42 da Lei n" 943011996 cuida de presunção relativa (juris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza não-tributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art, 42 da Lei n° 9.4.30/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda- (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. In, da Lei n." 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art.. 142 do Código Tributário Nacional - CTN), Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n." 9.4.30/1996). Ante ao exposto, ACOLHO a preliminar de decadência para o ano calendário de 2001, e, no mérito, voto por DAR provimento PARCIAL ao recurso para desqualificar a multa de oficio.,',/ 14 1 - / (t) i tonio L po artin . / 15 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 2" CAMARA/2" SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n": 15889.000581/200.7-93 Recurso n": 168.250 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 3" do art. 81 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministerial n" 256, de 22 de junho de 2009, intime-se o (a) Senhor (a) Procurador (a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Segunda Seção, a tomar ciência do Acórdão n" 2202-00.388. Brasília/DF, z AG o 201 .111 EVELINE COÊLHO DE ME O HOMAR Chefe da Secretaria Segunda Câmara da Segunda Seção Ciente, com a observação abaixo: -( ) Apenas com Ciência ( ) Com Recurso Especial ( ) Com Embargos de Declaração Data da ciência: Procurador(a) da Fazenda Nacional
score : 1.0
Numero do processo: 15521.000001/2012-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 21 00:00:00 UTC 2020
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano-calendário: 2007, 2008
PAF. NULIDADE. UTILIZAÇÃO DE DADOS APURADOS EM OUTRA AÇÃO FISCAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
Pelo que se depreende do Termo de Verificação Fiscal a menção às apurações feitas junto à extinta empresa, que além de já ter operado no mesmo endereço da fiscalizada, tinha como sócios no período objeto de fiscalização os mesmos sócios da recorrente, visaram caracterizar, em especial, a sucessão e continuidade de fato das atividades daquela empresa pela recorrente e reforçar os indícios que vinculariam a empresa fiscalizada com os sujeitos passivos arrolados ao final como responsáveis solidários pelos créditos tributários constituídos nestes autos.
As apurações realizadas junto à terceira empresa e as infrações tributárias constatadas junto à mesma são autônomas e os eventuais efeitos que possam ter sido apontados pela autoridade fiscal como fundamento para o agravamento de penalidades e/ou a responsabilização solidária de terceiros, devem ser analisadas sob o ponto de vista do conjunto de provas trazidas pela autoridade lançadora.
Eventuais afirmações da autoridade fiscal, em face daquela fiscalização, quando não suportadas por outros elementos trazidos aos autos poderão fragilizar o lançamento em seu mérito, reconhecendo-se, eventualmente sua insubsistência, mas não caracterizariam qualquer nulidade, ao ponto, de invalidar todo o trabalho fiscal.
TRIBUTOS NÃO PREVISTOS NO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL ORIGINAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA.
O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) é mero instrumento de controle administrativo da fiscalização e não tem o condão de outorgar e menos ainda de suprimir a competência legal do Auditor-Fiscal da Receita Federal para fiscalizar os tributos federais e realizar o lançamento quando devido. Assim, se o procedimento fiscal foi regularmente instaurado e os lançamentos foram realizados pela autoridade administrativa competente, nos termos do art. 142 do CTN, e, ainda, a recorrente pôde exercitar com plenitude o seu direito de defesa, afasta-se quaisquer alegação de nulidade relacionada à emissão ou alteração do MPF.
NULIDADE. ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. INOCORRÊNCIA
Não se vislumbra a nulidade suscitada, quando a discussão proposta pelo impugnante se dirige claramente contra o mérito da imputação de responsabilidade feita, não havendo nenhum indicativo, à priori, de erro na identificação do sujeito passivo. As alegações apresentadas poderiam, quando muito levar à conclusão da falta dos elementos necessários para a imputação da responsabilidade. Destarte inexiste a alegada ofensa aos princípios da legalidade, tipicidade, segurança jurídica, ampla defesa e o contraditório.
NULIDADE. ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. IMPRECISÃO NA DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTOS LEGAIS. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
Inexiste nulidade por cerceamento ao direito de defesa, quando a autoridade fiscal, aponta claramente quais os fatos que justificariam a imputação e declina os dispositivos que em tese dariam amparo à responsabilização, e tendo a recorrente se defendido larga e eficazmente dos fatos apontados e da imputação feita. Quanto à alegação de desconhecimento dos fatos relacionados à pessoa jurídica autuada, trata-se de defesa de mérito contra a imputação, mas não pode conduzir à nulidade do procedimento, pois sob esta premissa, mediante a simples apresentação de tal alegação, nenhum sujeito passivo seria alcançado pelo instituto da responsabilização tributária.
NULIDADE. ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. INOCORRÊNCIA.
O procedimento de atribuição de responsabilidade tributária no âmbito da constituição do direito creditório pela Fazenda Pública em face de outros contribuintes prescindem da desconsideração da personalidade jurídica dos envolvidos nos fatos.
A responsabilidade solidária é atribuída exatamente em respeito à personalidade jurídica da empresa autuada e dos supostos responsáveis arrolados, que não obstante passem a responder solidariamente pela dívida tributária constituída em nome do contribuinte de direito, mantém incólumes suas condições jurídicas individuais.
NULIDADE. IMPUTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE DE PESSOA JURÍDICA COM BASE NO ART. 135, INC. III DO CTN. INOCORRÊNCIA,
Equivocada a insurgência da impugnante, na medida em que no Termo de Responsabilidade Solidária lavrado contra si, não existe a imputação da responsabilidade com base no art. 135, III do CTN, mas tão somente indica os dispositivos do art. 121, inc. I e 124, II do CTN.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA (IRPJ)
Ano-calendário: 2007, 2008
ARBITRAMENTO DE LUCROS. DOCUMENTOS EXTRAVIADOS EM FACE DE EVENTOS FORTUITOS. RECONSTITUIÇÃO DA ESCRITA. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS COMPROBATÓRIOS. VÍCIOS NA ESCRITURAÇÃO. CABIMENTO.
O simples fato de ter comunicado aos órgão estaduais a perda de documentos e livros contábeis em face das intempéries, e de ter providenciado a reconstituição de sua escrituração contábil não desobriga o contribuinte de demonstrar e comprovar que a escrita reconstituída espelha a sua real movimentação comercial, financeira e patrimonial e cumpre os requisitos para a apuração do lucro real. A mera apresentação de alguns livros e documentos não são suficientes para comprovar o conjunto de operações registradas. Além disso, a autoridade fiscal apontou objetivamente no seu TVF uma série de irregularidades que desqualificam a escrita contábil apresentada para a apuração do lucro Real, evidenciando que a escrituração reconstituída não se apresentava hábil para retratar os resultados e a movimentação financeira da recorrente, sendo impossível à autoridade fiscal proceder a meros ajustes ao resultado apurado pela contribuinte em face das irregularidades constatadas. Assim, restou plenamente caracterizada a necessidade de arbitramento do lucro levada a efeito pela autoridade fiscal.
ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE (SIMPLES)
Exercício: 2007
SIMPLES. EXCLUSÃO DO REGIME. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. ARBITRAMENTO. CABIMENTO.
Confirmada a exclusão do Simples Federal e não tendo a empresa apresentado quaisquer dos livros contábeis e fiscais obrigatórios, revela-se correta a forma de tributação adotada, mediante o arbitramento do lucro.
SIMPLES. EXCLUSÃO. EFEITOS. BASE DE CÁLCULO.
Tendo sido reformado parcialmente o Ato Declaratório de exclusão do Simples, para produzir efeito a partir do mês em que restou caracterizada a conduta reiterada apontada, impõe-se excluir da base de cálculo a receita apurada no mês anterior ao da exclusão.
PIS/COFINS. FORMA DE APURAÇÃO. ARBITRAMENTO DE LUCRO. REGIME CUMULATIVO. OBRIGATORIEDADE.
É incompatível a tributação do PIS e Cofins pelo regime não cumulativo a partir do momento em que a empresa tem seus resultados apurados com base no arbitramento do lucro. As apurações feitas pela contribuinte pelo regime não cumulativo quanto aos períodos que foram abrangidos pelo arbitramento do lucro não produzem efeito, cabendo, tão somente, considerar eventuais recolhimentos que tiverem sido identificados quando da lavratura da exigência pelo regime cumulativo.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF)
Exercício: 2007, 2008
IRRF SOBRE PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS OU SEM CAUSA. EXIGÊNCIA CONJUNTA COM IRPJ. BIS IN IDEM. INOCORRÊNCIA.
Não procede a alegação de que a tributação pelo IRRF ora analisada seria incompatível com o a exigência de IRPJ feita com base no arbitramento do lucro, por caracterizar bis in idem. Trata-se de previsão legal distinta da exigência do IRPJ devido pela própria pessoa jurídica como contribuinte e consiste na cobrança por responsabilidade da fonte pagadora quanto ao recolhimento do imposto que seria devido pelo beneficiário do pagamento, quando não identificado ou sem causa comprovada. Nesta situação o responsável pelo pagamento assume, por determinação legal, a condição de substituto do beneficiário, como se, ao não identificar o beneficiário ou sua causa, assumisse o ônus devido por aquele.
IRRF SOBRE PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS OU SEM CAUSA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.
A mera juntada aos autos de documentos, sem demonstrar o seu vínculo com os fatos discutidos não tem o condão de provar as alegações feitas, mormente quando não é possível inferir de forma direta dos documentos a conclusão buscada pela recorrente. Desta feita, tendo a autoridade fiscal se desincumbido do seu mister de provar que foram efetuados pagamentos pela recorrente cujos beneficiários e/ou causa não estavam identificados em sua escrituração, cabia à recorrente trazer aos autos as provas que pudessem identificar não apenas os beneficiários, como as causas dos recebimentos.
IRRF SOBRE PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS OU SEM CAUSA. EXIGÊNCIA COM MULTA QUALIFICADA. NÃO CABIMENTO
Não tendo sido apontados pela autoridade fiscal motivos específicos para a qualificação da multa em face do lançamento do IRRF sobre pagamentos sem causa ou a beneficiários não identificados e considerando que o lançamento decorreu essencialmente da falta de comprovação por parte da fiscalizada dos beneficiários dos pagamentos e de suas causas descabe a qualificação da multa de ofício aplicada.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano-calendário: 2007, 2008
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. INTERESSE COMUM NA SITUAÇÃO CONSTITUTIVA DO FATO GERADOR. CARACTERIZAÇÃO.
Configura a responsabilidade solidária por interesse comum na situação que constitua o fato gerador, prevista no art. 124, I do CTN, além daquelas hipóteses tradicionalmente admitidas pela doutrina, quando é possível identificar a confusão patrimonial e/ou financeira entre o sujeito passivo a que se atribuiria formalmente a obrigação tributária e seus sócios ou, ainda, com outras pessoas físicas e jurídicas. Tal situação restou evidenciada no presente caso pela constatação de interposição fraudulenta no quadro societário visando ocultar não apenas a ocorrência do fato gerador ao Fisco como também impedir ou dificultar a realização do crédito tributário quando identificada a infração e realizado o lançamento. Além disso, restou evidenciado que o real proprietário da pessoa jurídica obteve benefícios diretos com tal situação, caracterizados pelo incremento patrimonial, mediante o recebimento de numerários não registrados formalmente pela pessoa jurídica.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SÓCIO-GERENTE. PRÁTICA DE ATOS CONTRÁRIOS A LEI OU AO ESTATUTO A EMPRESA. FALTA DE INDICAÇÃO DOS ATOS PRATICADOS. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
Não tendo a autoridade fiscal trazido aos autos elementos comprobatórios da prática de atos de gerência por parte do responsável arrolado à frente da empresa autuada, embora os fatos apontados pela fiscalização apontem que o mesmo é o real proprietário da empresa autuada, deve ser excluída a responsabilidade sob o fundamento do art. 135, inc. III do CTN.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO APLICADA. CABIMENTO.
O CTN não faz qualquer distinção quanto aos créditos suscetíveis de responsabilização solidária, na medida em que atribui a responsabilidade em face dos créditos tributários definitivamente constituídos, não havendo como acolher a pretensão de exclusão da responsabilidade sobre a multa de ofício aplicada no lançamento.
Numero da decisão: 1302-004.264
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade suscitadas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Quanto ao recurso de ofício, acordam, por unanimidade de votos, em dar provimento para restabelecer a responsabilidade da empresa Charque 2000 e em negar provimento quanto ao cancelamento da multa qualificada sobre o lançamento de IRRF. Acordam, ainda, por maioria de votos, em dar provimento parcial para restabelecer a responsabilidade do responsável solidário Aguinaldo Brum, com fundamento no art. 124, inc. I do CTN, vencidos os conselheiros Gustavo Guimarães da Fonseca e Flávio Machado Vilhena Dias, que lhe negaram provimento.
(documento assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimaraes da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregorio, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente o conselheiro Breno do Carmo Moreira Vieira, substituído pelo conselheiro Marcelo José Luz de Macedo.
Nome do relator: Luiz Tadeu Matosinho Machado
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ementa_s : ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2007, 2008 PAF. NULIDADE. UTILIZAÇÃO DE DADOS APURADOS EM OUTRA AÇÃO FISCAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Pelo que se depreende do Termo de Verificação Fiscal a menção às apurações feitas junto à extinta empresa, que além de já ter operado no mesmo endereço da fiscalizada, tinha como sócios no período objeto de fiscalização os mesmos sócios da recorrente, visaram caracterizar, em especial, a sucessão e continuidade de fato das atividades daquela empresa pela recorrente e reforçar os indícios que vinculariam a empresa fiscalizada com os sujeitos passivos arrolados ao final como responsáveis solidários pelos créditos tributários constituídos nestes autos. As apurações realizadas junto à terceira empresa e as infrações tributárias constatadas junto à mesma são autônomas e os eventuais efeitos que possam ter sido apontados pela autoridade fiscal como fundamento para o agravamento de penalidades e/ou a responsabilização solidária de terceiros, devem ser analisadas sob o ponto de vista do conjunto de provas trazidas pela autoridade lançadora. Eventuais afirmações da autoridade fiscal, em face daquela fiscalização, quando não suportadas por outros elementos trazidos aos autos poderão fragilizar o lançamento em seu mérito, reconhecendo-se, eventualmente sua insubsistência, mas não caracterizariam qualquer nulidade, ao ponto, de invalidar todo o trabalho fiscal. TRIBUTOS NÃO PREVISTOS NO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL ORIGINAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) é mero instrumento de controle administrativo da fiscalização e não tem o condão de outorgar e menos ainda de suprimir a competência legal do Auditor-Fiscal da Receita Federal para fiscalizar os tributos federais e realizar o lançamento quando devido. Assim, se o procedimento fiscal foi regularmente instaurado e os lançamentos foram realizados pela autoridade administrativa competente, nos termos do art. 142 do CTN, e, ainda, a recorrente pôde exercitar com plenitude o seu direito de defesa, afasta-se quaisquer alegação de nulidade relacionada à emissão ou alteração do MPF. NULIDADE. ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. INOCORRÊNCIA Não se vislumbra a nulidade suscitada, quando a discussão proposta pelo impugnante se dirige claramente contra o mérito da imputação de responsabilidade feita, não havendo nenhum indicativo, à priori, de erro na identificação do sujeito passivo. As alegações apresentadas poderiam, quando muito levar à conclusão da falta dos elementos necessários para a imputação da responsabilidade. Destarte inexiste a alegada ofensa aos princípios da legalidade, tipicidade, segurança jurídica, ampla defesa e o contraditório. NULIDADE. ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. IMPRECISÃO NA DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTOS LEGAIS. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Inexiste nulidade por cerceamento ao direito de defesa, quando a autoridade fiscal, aponta claramente quais os fatos que justificariam a imputação e declina os dispositivos que em tese dariam amparo à responsabilização, e tendo a recorrente se defendido larga e eficazmente dos fatos apontados e da imputação feita. Quanto à alegação de desconhecimento dos fatos relacionados à pessoa jurídica autuada, trata-se de defesa de mérito contra a imputação, mas não pode conduzir à nulidade do procedimento, pois sob esta premissa, mediante a simples apresentação de tal alegação, nenhum sujeito passivo seria alcançado pelo instituto da responsabilização tributária. NULIDADE. ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. INOCORRÊNCIA. O procedimento de atribuição de responsabilidade tributária no âmbito da constituição do direito creditório pela Fazenda Pública em face de outros contribuintes prescindem da desconsideração da personalidade jurídica dos envolvidos nos fatos. A responsabilidade solidária é atribuída exatamente em respeito à personalidade jurídica da empresa autuada e dos supostos responsáveis arrolados, que não obstante passem a responder solidariamente pela dívida tributária constituída em nome do contribuinte de direito, mantém incólumes suas condições jurídicas individuais. NULIDADE. IMPUTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE DE PESSOA JURÍDICA COM BASE NO ART. 135, INC. III DO CTN. INOCORRÊNCIA, Equivocada a insurgência da impugnante, na medida em que no Termo de Responsabilidade Solidária lavrado contra si, não existe a imputação da responsabilidade com base no art. 135, III do CTN, mas tão somente indica os dispositivos do art. 121, inc. I e 124, II do CTN. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA (IRPJ) Ano-calendário: 2007, 2008 ARBITRAMENTO DE LUCROS. DOCUMENTOS EXTRAVIADOS EM FACE DE EVENTOS FORTUITOS. RECONSTITUIÇÃO DA ESCRITA. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS COMPROBATÓRIOS. VÍCIOS NA ESCRITURAÇÃO. CABIMENTO. O simples fato de ter comunicado aos órgão estaduais a perda de documentos e livros contábeis em face das intempéries, e de ter providenciado a reconstituição de sua escrituração contábil não desobriga o contribuinte de demonstrar e comprovar que a escrita reconstituída espelha a sua real movimentação comercial, financeira e patrimonial e cumpre os requisitos para a apuração do lucro real. A mera apresentação de alguns livros e documentos não são suficientes para comprovar o conjunto de operações registradas. Além disso, a autoridade fiscal apontou objetivamente no seu TVF uma série de irregularidades que desqualificam a escrita contábil apresentada para a apuração do lucro Real, evidenciando que a escrituração reconstituída não se apresentava hábil para retratar os resultados e a movimentação financeira da recorrente, sendo impossível à autoridade fiscal proceder a meros ajustes ao resultado apurado pela contribuinte em face das irregularidades constatadas. Assim, restou plenamente caracterizada a necessidade de arbitramento do lucro levada a efeito pela autoridade fiscal. ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE (SIMPLES) Exercício: 2007 SIMPLES. EXCLUSÃO DO REGIME. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. ARBITRAMENTO. CABIMENTO. Confirmada a exclusão do Simples Federal e não tendo a empresa apresentado quaisquer dos livros contábeis e fiscais obrigatórios, revela-se correta a forma de tributação adotada, mediante o arbitramento do lucro. SIMPLES. EXCLUSÃO. EFEITOS. BASE DE CÁLCULO. Tendo sido reformado parcialmente o Ato Declaratório de exclusão do Simples, para produzir efeito a partir do mês em que restou caracterizada a conduta reiterada apontada, impõe-se excluir da base de cálculo a receita apurada no mês anterior ao da exclusão. PIS/COFINS. FORMA DE APURAÇÃO. ARBITRAMENTO DE LUCRO. REGIME CUMULATIVO. OBRIGATORIEDADE. É incompatível a tributação do PIS e Cofins pelo regime não cumulativo a partir do momento em que a empresa tem seus resultados apurados com base no arbitramento do lucro. As apurações feitas pela contribuinte pelo regime não cumulativo quanto aos períodos que foram abrangidos pelo arbitramento do lucro não produzem efeito, cabendo, tão somente, considerar eventuais recolhimentos que tiverem sido identificados quando da lavratura da exigência pelo regime cumulativo. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF) Exercício: 2007, 2008 IRRF SOBRE PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS OU SEM CAUSA. EXIGÊNCIA CONJUNTA COM IRPJ. BIS IN IDEM. INOCORRÊNCIA. Não procede a alegação de que a tributação pelo IRRF ora analisada seria incompatível com o a exigência de IRPJ feita com base no arbitramento do lucro, por caracterizar bis in idem. Trata-se de previsão legal distinta da exigência do IRPJ devido pela própria pessoa jurídica como contribuinte e consiste na cobrança por responsabilidade da fonte pagadora quanto ao recolhimento do imposto que seria devido pelo beneficiário do pagamento, quando não identificado ou sem causa comprovada. Nesta situação o responsável pelo pagamento assume, por determinação legal, a condição de substituto do beneficiário, como se, ao não identificar o beneficiário ou sua causa, assumisse o ônus devido por aquele. IRRF SOBRE PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS OU SEM CAUSA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. A mera juntada aos autos de documentos, sem demonstrar o seu vínculo com os fatos discutidos não tem o condão de provar as alegações feitas, mormente quando não é possível inferir de forma direta dos documentos a conclusão buscada pela recorrente. Desta feita, tendo a autoridade fiscal se desincumbido do seu mister de provar que foram efetuados pagamentos pela recorrente cujos beneficiários e/ou causa não estavam identificados em sua escrituração, cabia à recorrente trazer aos autos as provas que pudessem identificar não apenas os beneficiários, como as causas dos recebimentos. IRRF SOBRE PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS OU SEM CAUSA. EXIGÊNCIA COM MULTA QUALIFICADA. NÃO CABIMENTO Não tendo sido apontados pela autoridade fiscal motivos específicos para a qualificação da multa em face do lançamento do IRRF sobre pagamentos sem causa ou a beneficiários não identificados e considerando que o lançamento decorreu essencialmente da falta de comprovação por parte da fiscalizada dos beneficiários dos pagamentos e de suas causas descabe a qualificação da multa de ofício aplicada. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2007, 2008 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. INTERESSE COMUM NA SITUAÇÃO CONSTITUTIVA DO FATO GERADOR. CARACTERIZAÇÃO. Configura a responsabilidade solidária por interesse comum na situação que constitua o fato gerador, prevista no art. 124, I do CTN, além daquelas hipóteses tradicionalmente admitidas pela doutrina, quando é possível identificar a confusão patrimonial e/ou financeira entre o sujeito passivo a que se atribuiria formalmente a obrigação tributária e seus sócios ou, ainda, com outras pessoas físicas e jurídicas. Tal situação restou evidenciada no presente caso pela constatação de interposição fraudulenta no quadro societário visando ocultar não apenas a ocorrência do fato gerador ao Fisco como também impedir ou dificultar a realização do crédito tributário quando identificada a infração e realizado o lançamento. Além disso, restou evidenciado que o real proprietário da pessoa jurídica obteve benefícios diretos com tal situação, caracterizados pelo incremento patrimonial, mediante o recebimento de numerários não registrados formalmente pela pessoa jurídica. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SÓCIO-GERENTE. PRÁTICA DE ATOS CONTRÁRIOS A LEI OU AO ESTATUTO A EMPRESA. FALTA DE INDICAÇÃO DOS ATOS PRATICADOS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Não tendo a autoridade fiscal trazido aos autos elementos comprobatórios da prática de atos de gerência por parte do responsável arrolado à frente da empresa autuada, embora os fatos apontados pela fiscalização apontem que o mesmo é o real proprietário da empresa autuada, deve ser excluída a responsabilidade sob o fundamento do art. 135, inc. III do CTN. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO APLICADA. CABIMENTO. O CTN não faz qualquer distinção quanto aos créditos suscetíveis de responsabilização solidária, na medida em que atribui a responsabilidade em face dos créditos tributários definitivamente constituídos, não havendo como acolher a pretensão de exclusão da responsabilidade sobre a multa de ofício aplicada no lançamento.
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NULIDADE. UTILIZAÇÃO DE DADOS APURADOS EM OUTRA AÇÃO FISCAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Pelo que se depreende do Termo de Verificação Fiscal a menção às apurações feitas junto à extinta empresa, que além de já ter operado no mesmo endereço da fiscalizada, tinha como sócios no período objeto de fiscalização os mesmos sócios da recorrente, visaram caracterizar, em especial, a sucessão e continuidade de fato das atividades daquela empresa pela recorrente e reforçar os indícios que vinculariam a empresa fiscalizada com os sujeitos passivos arrolados ao final como responsáveis solidários pelos créditos tributários constituídos nestes autos. As apurações realizadas junto à terceira empresa e as infrações tributárias constatadas junto à mesma são autônomas e os eventuais efeitos que possam ter sido apontados pela autoridade fiscal como fundamento para o agravamento de penalidades e/ou a responsabilização solidária de terceiros, devem ser analisadas sob o ponto de vista do conjunto de provas trazidas pela autoridade lançadora. Eventuais afirmações da autoridade fiscal, em face daquela fiscalização, quando não suportadas por outros elementos trazidos aos autos poderão fragilizar o lançamento em seu mérito, reconhecendo-se, eventualmente sua insubsistência, mas não caracterizariam qualquer nulidade, ao ponto, de invalidar todo o trabalho fiscal. TRIBUTOS NÃO PREVISTOS NO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL ORIGINAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) é mero instrumento de controle administrativo da fiscalização e não tem o condão de outorgar e menos ainda de suprimir a competência legal do Auditor-Fiscal da Receita Federal para fiscalizar os tributos federais e realizar o lançamento quando devido. Assim, se o procedimento fiscal foi regularmente instaurado e os lançamentos foram realizados pela autoridade administrativa competente, nos termos do art. 142 do CTN, e, ainda, a recorrente pôde exercitar com plenitude o seu direito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 52 1. 00 00 01 /2 01 2- 94 Fl. 10218DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 2 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 defesa, afasta-se quaisquer alegação de nulidade relacionada à emissão ou alteração do MPF. NULIDADE. ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. INOCORRÊNCIA Não se vislumbra a nulidade suscitada, quando a discussão proposta pelo impugnante se dirige claramente contra o mérito da imputação de responsabilidade feita, não havendo nenhum indicativo, à priori, de erro na identificação do sujeito passivo. As alegações apresentadas poderiam, quando muito levar à conclusão da falta dos elementos necessários para a imputação da responsabilidade. Destarte inexiste a alegada ofensa aos princípios da legalidade, tipicidade, segurança jurídica, ampla defesa e o contraditório. NULIDADE. ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. IMPRECISÃO NA DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTOS LEGAIS. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Inexiste nulidade por cerceamento ao direito de defesa, quando a autoridade fiscal, aponta claramente quais os fatos que justificariam a imputação e declina os dispositivos que em tese dariam amparo à responsabilização, e tendo a recorrente se defendido larga e eficazmente dos fatos apontados e da imputação feita. Quanto à alegação de desconhecimento dos fatos relacionados à pessoa jurídica autuada, trata-se de defesa de mérito contra a imputação, mas não pode conduzir à nulidade do procedimento, pois sob esta premissa, mediante a simples apresentação de tal alegação, nenhum sujeito passivo seria alcançado pelo instituto da responsabilização tributária. NULIDADE. ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. INOCORRÊNCIA. O procedimento de atribuição de responsabilidade tributária no âmbito da constituição do direito creditório pela Fazenda Pública em face de outros contribuintes prescindem da desconsideração da personalidade jurídica dos envolvidos nos fatos. A responsabilidade solidária é atribuída exatamente em respeito à personalidade jurídica da empresa autuada e dos supostos responsáveis arrolados, que não obstante passem a responder solidariamente pela dívida tributária constituída em nome do contribuinte de direito, mantém incólumes suas condições jurídicas individuais. NULIDADE. IMPUTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE DE PESSOA JURÍDICA COM BASE NO ART. 135, INC. III DO CTN. INOCORRÊNCIA, Equivocada a insurgência da impugnante, na medida em que no Termo de Responsabilidade Solidária lavrado contra si, não existe a imputação da responsabilidade com base no art. 135, III do CTN, mas tão somente indica os dispositivos do art. 121, inc. I e 124, II do CTN. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA (IRPJ) Fl. 10219DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 3 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Ano-calendário: 2007, 2008 ARBITRAMENTO DE LUCROS. DOCUMENTOS EXTRAVIADOS EM FACE DE EVENTOS FORTUITOS. RECONSTITUIÇÃO DA ESCRITA. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS COMPROBATÓRIOS. VÍCIOS NA ESCRITURAÇÃO. CABIMENTO. O simples fato de ter comunicado aos órgão estaduais a perda de documentos e livros contábeis em face das intempéries, e de ter providenciado a reconstituição de sua escrituração contábil não desobriga o contribuinte de demonstrar e comprovar que a escrita reconstituída espelha a sua real movimentação comercial, financeira e patrimonial e cumpre os requisitos para a apuração do lucro real. A mera apresentação de alguns livros e documentos não são suficientes para comprovar o conjunto de operações registradas. Além disso, a autoridade fiscal apontou objetivamente no seu TVF uma série de irregularidades que desqualificam a escrita contábil apresentada para a apuração do lucro Real, evidenciando que a escrituração reconstituída não se apresentava hábil para retratar os resultados e a movimentação financeira da recorrente, sendo impossível à autoridade fiscal proceder a meros ajustes ao resultado apurado pela contribuinte em face das irregularidades constatadas. Assim, restou plenamente caracterizada a necessidade de arbitramento do lucro levada a efeito pela autoridade fiscal. ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE (SIMPLES) Exercício: 2007 SIMPLES. EXCLUSÃO DO REGIME. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. ARBITRAMENTO. CABIMENTO. Confirmada a exclusão do Simples Federal e não tendo a empresa apresentado quaisquer dos livros contábeis e fiscais obrigatórios, revela-se correta a forma de tributação adotada, mediante o arbitramento do lucro. SIMPLES. EXCLUSÃO. EFEITOS. BASE DE CÁLCULO. Tendo sido reformado parcialmente o Ato Declaratório de exclusão do Simples, para produzir efeito a partir do mês em que restou caracterizada a conduta reiterada apontada, impõe-se excluir da base de cálculo a receita apurada no mês anterior ao da exclusão. PIS/COFINS. FORMA DE APURAÇÃO. ARBITRAMENTO DE LUCRO. REGIME CUMULATIVO. OBRIGATORIEDADE. É incompatível a tributação do PIS e Cofins pelo regime não cumulativo a partir do momento em que a empresa tem seus resultados apurados com base no arbitramento do lucro. As apurações feitas pela contribuinte pelo regime não cumulativo quanto aos períodos que foram abrangidos pelo arbitramento do lucro não produzem efeito, cabendo, tão somente, considerar eventuais recolhimentos que tiverem sido identificados quando da lavratura da exigência pelo regime cumulativo. Fl. 10220DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 4 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF) Exercício: 2007, 2008 IRRF SOBRE PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS OU SEM CAUSA. EXIGÊNCIA CONJUNTA COM IRPJ. BIS IN IDEM. INOCORRÊNCIA. Não procede a alegação de que a tributação pelo IRRF ora analisada seria incompatível com o a exigência de IRPJ feita com base no arbitramento do lucro, por caracterizar “bis in idem”. Trata-se de previsão legal distinta da exigência do IRPJ devido pela própria pessoa jurídica como contribuinte e consiste na cobrança por responsabilidade da fonte pagadora quanto ao recolhimento do imposto que seria devido pelo beneficiário do pagamento, quando não identificado ou sem causa comprovada. Nesta situação o responsável pelo pagamento assume, por determinação legal, a condição de substituto do beneficiário, como se, ao não identificar o beneficiário ou sua causa, assumisse o ônus devido por aquele. IRRF SOBRE PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS OU SEM CAUSA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. A mera juntada aos autos de documentos, sem demonstrar o seu vínculo com os fatos discutidos não tem o condão de provar as alegações feitas, mormente quando não é possível inferir de forma direta dos documentos a conclusão buscada pela recorrente. Desta feita, tendo a autoridade fiscal se desincumbido do seu mister de provar que foram efetuados pagamentos pela recorrente cujos beneficiários e/ou causa não estavam identificados em sua escrituração, cabia à recorrente trazer aos autos as provas que pudessem identificar não apenas os beneficiários, como as causas dos recebimentos. IRRF SOBRE PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS OU SEM CAUSA. EXIGÊNCIA COM MULTA QUALIFICADA. NÃO CABIMENTO Não tendo sido apontados pela autoridade fiscal motivos específicos para a qualificação da multa em face do lançamento do IRRF sobre pagamentos sem causa ou a beneficiários não identificados e considerando que o lançamento decorreu essencialmente da falta de comprovação por parte da fiscalizada dos beneficiários dos pagamentos e de suas causas descabe a qualificação da multa de ofício aplicada. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2007, 2008 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. INTERESSE COMUM NA SITUAÇÃO CONSTITUTIVA DO FATO GERADOR. CARACTERIZAÇÃO. Fl. 10221DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 5 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Configura a responsabilidade solidária por interesse comum na situação que constitua o fato gerador, prevista no art. 124, I do CTN, além daquelas hipóteses tradicionalmente admitidas pela doutrina, quando é possível identificar a confusão patrimonial e/ou financeira entre o sujeito passivo a que se atribuiria formalmente a obrigação tributária e seus sócios ou, ainda, com outras pessoas físicas e jurídicas. Tal situação restou evidenciada no presente caso pela constatação de interposição fraudulenta no quadro societário visando ocultar não apenas a ocorrência do fato gerador ao Fisco como também impedir ou dificultar a realização do crédito tributário quando identificada a infração e realizado o lançamento. Além disso, restou evidenciado que o real proprietário da pessoa jurídica obteve benefícios diretos com tal situação, caracterizados pelo incremento patrimonial, mediante o recebimento de numerários não registrados formalmente pela pessoa jurídica. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SÓCIO-GERENTE. PRÁTICA DE ATOS CONTRÁRIOS A LEI OU AO ESTATUTO A EMPRESA. FALTA DE INDICAÇÃO DOS ATOS PRATICADOS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Não tendo a autoridade fiscal trazido aos autos elementos comprobatórios da prática de atos de gerência por parte do responsável arrolado à frente da empresa autuada, embora os fatos apontados pela fiscalização apontem que o mesmo é o real proprietário da empresa autuada, deve ser excluída a responsabilidade sob o fundamento do art. 135, inc. III do CTN. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO APLICADA. CABIMENTO. O CTN não faz qualquer distinção quanto aos créditos suscetíveis de responsabilização solidária, na medida em que atribui a responsabilidade em face dos “créditos tributários definitivamente constituídos”, não havendo como acolher a pretensão de exclusão da responsabilidade sobre a multa de ofício aplicada no lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade suscitadas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Quanto ao recurso de ofício, acordam, por unanimidade de votos, em dar provimento para restabelecer a responsabilidade da empresa Charque 2000 e em negar provimento quanto ao cancelamento da multa qualificada sobre o lançamento de IRRF. Acordam, ainda, por maioria de votos, em dar provimento parcial para restabelecer a responsabilidade do responsável solidário Aguinaldo Brum, com fundamento no art. 124, inc. I do CTN, vencidos os conselheiros Gustavo Guimarães da Fonseca e Flávio Machado Vilhena Dias, que lhe negaram provimento. (documento assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimaraes da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregorio, Flávio Machado Fl. 10222DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 6 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente o conselheiro Breno do Carmo Moreira Vieira, substituído pelo conselheiro Marcelo José Luz de Macedo. Fl. 10223DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 7 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Relatório Trata-se de recurso voluntário e de ofício interpostos em face do Acórdão nº 12- 55.114, proferido pela 6ª Turma da DRJ/Rio de Janeiro-RJ1, em 19/04/2013, que julgou procedente em parte a impugnação para cancelar a qualificação da multa de ofício aplicada no lançamento do IRRF e excluir a sujeição passiva solidária atribuída ao Sr. Aguinaldo Marcondes Ribeiro Brum e à pessoa jurídica Charque 2000 Indústria, Comércio e Distribuidora de Carnes e Charques LTDA, nos termos sintetizados na seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2008, 2009 LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O atendimento aos preceitos do art. 142 do CTN, a presença dos requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235/1972 e a observância do amplo direito de defesa afastam a hipótese de nulidade do lançamento. LANÇAMENTO DE TRIBUTOS NÃO MENCIONADOS NO MPF. INOCORRÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. O Mandado de Procedimento Fiscal, é mero instrumento interno de planejamento e controle das atividades e procedimentos fiscais, não implicando nulidade dos procedimentos fiscais as eventuais falhas na emissão e trâmite desse instrumento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2008, 2009 ARBITRAMENTO DO LUCRO. EXTRAVIO DE DOCUMENTOS. RECEITA CONHECIDA. A lei autoriza o Fisco a fixar os lucros tributáveis, mediante arbitramento, quando falte a documentação comprobatória da escrita contábil, situação que alcança a hipótese de ela ter sido extraviada ou destruída antes da revisão fiscal. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 1998, 1999 PAGAMENTO SEM CAUSA OU A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO. Fica sujeito à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, todo pagamento efetuado pela pessoa jurídica ou o recurso entregue a terceiros, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa, ainda que esse pagamento resultar em redução do lucro líquido da empresa. O valor pago será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2008, 2009 Fl. 10224DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 8 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA. SÓCIOS-GERENTES E ADMINISTRADORES. INTERESSE COMUM. São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. É solidária a pessoa que atua de forma direta, realiza individual ou conjuntamente com outras pessoas atos que resultam na situação que faz surgir o fato gerador, ou que, em comum com outras, esteja em relação ativa com o ato, fato ou negócio que dá origem à tributação. São afastados da responsabilidade solidária os sócios da pessoa jurídica que não exercem funções de gerência na sociedade, visto que tais pessoas, a despeito de possuírem interesse econômico no lucro da empresa, não praticaram atos que os vinculasse diretamente à situação que fez surgir o fato gerador. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA PESSOAL QUANDO EVIDENCIADOS ATOS PRATICADOS COM EXCESSO DE PODERES OU INFRAÇÃO A LEI, CONTRATO SOCIAL OU ESTATUTOS. Os diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica somente respondem pessoalmente pelos créditos tributários correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Afasta-se a responsabilidade pessoal atribuída a quem não se logrou comprovar o exercício de funções de gerência na sociedade e ou a prática de atos vinculados diretamente à situação que fez surgir o fato gerador. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Exercício: 2007, 2008 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS EM PERÍODO DE APURAÇÃO OBJETO DE ARBITRAMENTO DO LUCRO. Na determinação das bases de cálculo da contribuição para o Pis/Pasep e da Cofins deixa-se de aplicar a sistemática da não cumulatividade no período de apuração em que a pessoa jurídica que tenha sido tributada pelo imposto de renda com base no lucro presumido ou arbitrado. PIS. COFINS. CSLL. DECORRÊNCIA. Sendo decorrente das mesmas infrações tributárias que motivaram a autuação relativa ao IRPJ, aos lançamentos reflexos deverá ser aplicada idêntica solução, em face da estreita relação de causa e efeito que os vincula. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Exercício: 2008, 2009 MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. Cabível a multa de 150% sobre a diferença ou totalidade dos tributos apurados de ofício, se comprovado que o contribuinte agiu com evidente intuito de fraude, como deixar reiteradamente de declarar receitas, visando a ocultar a ocorrência do fato gerador. Considera-se atuação de forma deliberada e intencional o fato de as declarações prestadas à Receita Federal terem sido apresentadas completamente zeradas, enquanto as apresentadas ao Fisco Estadual informam valores de compras e vendas compatíveis com os valores escriturados nos livros contábeis. IRRF. FALTA DE IDENTIFICAÇÃO DA CAUSA DE PAGAMENTOS. INAPLICÁVEL A MULTA QUALIFICADA. Fl. 10225DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 9 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 O fato de o contribuinte deixar de justificar a causa ou os beneficiários de pagamentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício. Em face da decisão que exonerou parcialmente o IRRF lançado e excluiu a responsabilidade dos solidários arrolados, a DRJ-RJ-1 recorreu de ofício a este conselho, nos termos do inc. I do art. 34 do Decreto nº 70.235/1972. Para melhor compreensão dos fatos em discussão e por bem retratá-la, transcrevo uma síntese do procedimento extraída do acórdão recorrido: [...] 2. O procedimento é decorrente de ação fiscal promovida pela Delegacia da Receita Federal em Campos dos Goytacazes, que resultou no seguinte: 2.1. Exclusão do Simples Federal a partir de 1º/01/2007: A fim de aplicar a legislação tributária para fins de constituição do crédito tributário devido, para a exigência referente ao período de apuração de janeiro a junho de 2007, período de abrangência da legislação do SIMPLES FEDERAL, providenciou-se através do processo administrativo fiscal nº 15521.000002/201239 a exclusão da interessada do referido regime, pelos motivos elencados nos incisos II, IV e V do art. 14 da lei n° 9.317/96, exclusão esta que foi efetivada através da publicação do Ato Declaratório Executivo n° 02/2012, e teve os efeitos da exclusão contados a partir de janeiro de 2007 (inciso V do art. 15 da lei n° 9.317/96). 2.2. Arbitramento do lucro dos períodos de apuração do 2º, 3º e 4º trimestres do ano- calendário de 2007 e 1º, 2º, 3º e 4º trimestres do ano-calendário de 2008: A Fiscalização arbitrou o lucro da interessada porque a mesma não apresentou os documentos que respaldaram os lançamentos efetuados na escrituração contábil apresentada, bem como não apresentou a escrituração referente ao período de janeiro a julho do ano de 2007. Além disso, a escrituração fiscal apresentada, além da ausência da totalidade dos documentos que lhe dessem respaldo, fato que ensejaria o arbitramento dos lucros conforme estabelece o inciso I do art. 530 do RIR/99, também não obedece os princípios contábeis geralmente aceitos e as imposições previstas pela legislação comercial e fiscal exigidos para a apuração do lucro contábil e fiscal da empresa, pois revela vícios, erros, deficiências e indícios de fraude que a torna imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária, e é incapaz determinar a apuração do lucro real efetivamente apurado pela empresa (inciso II do art. 530 do RIR). A interessada teria afirmado que os documentos foram extraviados na enchente do rio Muriaé, que a escrituração foi refeita com base nos lançamentos constantes da movimentação bancária e que estava se esforçando junto a terceiros para a obtenção dos documentos e que assim que fosse possível iria apresenta-los, sendo que os únicos documentos referentes aos lançamentos efetuados na escrituração apresentados foram as cópias das notas fiscais de compra de matéria-prima e os extratos bancários das contas bancárias mantida em seu nome. Além disso, na resposta apresentada sugeriu que a Fiscalização poderia apurar o seu lucro real obtendo os documentos junto aos seus clientes e fornecedores, a partir da relação contendo nome e CNPJ que já teria sido fornecida à Fiscalização; A interessada não comprovou ter cumprido as exigências legais contidas no art. 264 do RIR/99 que lhe permitissem a reconstituição da sua escrita contábil e fiscal, qual seja: " dar minuciosa informação , dentro de quarenta e oito horas, ao órgão competente do registro do Comércio, remetendo cópia da comunicação ao órgão da Secretaria da Receita Federal de sua jurisdição." Além disso, não comprovou ter comunicado o fato à Fl. 10226DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 10 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Secretaria da Receita Federal após quarenta e oito horas do fato ocorrido e também não foi comprovado o caso fortuito, uma vez que nas instalações físicas da empresa há cômodos (salas) que possuem altura muito superior àquela atingida pelas águas da enchente que assolou a cidade de Itaperuna no mês de janeiro de 2009 (conforme fotografias juntadas aos autos), demonstrando que os documentos, em caso de inutilização por conta das águas, teria ocorrida por completa culpa (negligência, imperícia ou imprudência) da interessada, sobretudo quando há a obrigação legal (legislação fiscal) imposta pelo art. 264 do RIR/99 para conservar os livros e documentos da escrituração contábil e fiscal em boa ordem e guarda. Enquadramento legal do arbitramento: art. 530, inciso II, do RIR/99. 2.3. Apuração de receitas não declaradas: Foi apurada a falta de declaração de receitas, através do batimento entre as informações obtidas junto a Secretaria de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro (SEFAZ), as informações dos extratos bancários, as cópias das amostras de notas fiscais de venda e, principalmente, pelas notas fiscais de compra entregues pela interessada e pelos fornecedores, bem como pela contabilização na conta “VENDAS DE PRODUTOS” (Conta n° 611012) do livro Razão. Estes elementos serviram de prova que a interessada efetivamente realizou atividades comerciais de compra e venda de produtos elaborados (Charque ou Jerked Beef), obtendo o faturamento apurado e lucro não contabilizado. A partir do levantamento faturamento, que serviu de base de cálculo para apuração das contribuições do PIS e COFINS na modalidade cumulativa, foi apurado o lucro arbitrado, que serviu de base de cálculo do IRPJ e da CSLL. 2.4. Constatação de pagamentos sem causa: Da análise dos extratos bancários apresentados, foram identificados diversos pagamentos efetuados pela interessada em valores redondos que ultrapassam R$10.000,00 (dez mil reais), tanto no ano-calendário de 2007 como de 2008. Os referidos pagamentos foram planilhados, conforme demonstra as planilhas constantes do Termo de Verificação Fiscal, e foram encaminhadas à interessada através da Intimação Fiscal para que a mesma apresentasse no prazo de 20 (vinte) dias contados do seu recebimento os documentos hábeis e idôneos que comprovassem a causa dos pagamentos efetuados e a identificação dos beneficiários pelos referidos pagamentos. A Fiscalizada solicitou prorrogações do prazo, inicialmente de 20 (vinte) dias e depois por mais 50 (cinquenta) dias, e não os apresentou, ainda que tenha sido concedido 70 (setenta) dias de prazo para apresentação dos mesmos. Alegou que os documentos dependiam de terceiros e que não estava conseguindo obtê-los, além da enchente do Rio Muriaé que assolou o município de Itaperuna no ano de 2009. O ano de 2011 terminou e nenhum documento foi apresentado, e todos os pagamentos permaneceram sem a comprovação da devida operação ou a causa do mesmo. Desta forma, na forma do art. 61 e §§ da Lei nº 8.981/95 e art. 674 do RIR/99, foi efetuado o lançamento de ofício para cobrança do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) devido, em face da ausência dos documentos que comprovassem a causa dos pagamentos efetuados. 3. Os lançamentos foram assim fundamentados: IRPJ: artigos 530, inciso II e 532 do regulamento do imposto de renda aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1999 (RIR/99). PIS: artigos 1º e 3º da Lei Complementar nº 7/1970; artigos 2º, inciso I, 8º, inciso I, alínea “a” e parágrafo único, 3º, 10, 22 e 51 do Decreto nº 4.524/2002 Cofins: artigos 2º, inciso II, parágrafo único, 3º, 10, 22 e 51 do Decreto nº 4.524/2002. Fl. 10227DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 11 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 CSLL: art. 2º e §§, e 3º da Lei nº 7.689/88, com as alterações introduzidas pelo art. 17 da Lei nº 11.727/2008; art. 20 da Lei nº 9.249/95; art. 29 da Lei nº 9.430/96; e art. 37 da Lei nº 10.637/2002. IRRF: art. 674 do RIR/99 e art. 61 e §§ da Lei nº 8.981/95. 4. Da multa de ofício aplicada: Sobre as diferenças de imposto e contribuições apuradas se fez incidir a multa de ofício no percentual de 150%, conforme determina o § 1o do Art. 44, da Lei nº 9.430/96, em sua nova redação inserida pela Lei nº 11.488/2007. Segundo relato da Fiscalização, no curso da ação fiscal teria se evidenciado de forma cristalina a tentativa dolosa da administração de fato da autuada de impedir ou retardar o conhecimento por parte do Fisco das condições pessoais do contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o seu crédito tributário dele decorrente. Os subterfúgios fraudulentos utilizados envolviam a interposição de pessoa na constituição da empresa; a omissão proposital de informações ao fisco, deixando de cumprir suas obrigações acessórias, tais como a prestação de informação através das declarações apresentadas "zeradas", de forma reiterada nos anos-calendário de 2007 e 2008; a tentativa de ludibriar o Fisco apresentando uma escrituração repleta de vícios, que registrou um suposto prejuízo contábil e fiscal em todos os períodos de apuração do lucro real; a falta de apresentação da escrituração relativa ao período de apuração pela sistemática do SIMPLES FEDERAL, nem mesmo o livro caixa; a utilização de contas bancárias mantidas em nome de pessoas jurídicas inexistentes. 5. Da responsabilização tributária atribuída a terceiros: Foram emitidos Termos de Sujeição Passiva aos responsabilizados tributariamente pelos créditos tributários apurados, o Sr. AGNALDO MARCONDES RIBEIRO BRUM, CPF n° 763.627.527.91, e a pessoa jurídica CHARQUE 2000 INDUSTRIA, COMERCIO E DISTRIBUIDORA DE CARNES E CHARQUES LTDA, CNPJ N° 08.029.430/000148, tendo em vista que os elementos de prova colhidos durante fiscal, e que serviram de base de convicção do lançamento, também serviram para comprovar que os responsáveis acima, além de possuírem interesse comum com o fato gerador dos tributos lançados, que no caso foram as operações de industrialização e comercialização dos produtos elaborados (charque), também se beneficiaram dos lucros obtidos pela empresa autuada em sua atividade empresarial. Os respectivos Termos de Sujeição Passiva foram elaborados em obediência ao art. 142 do CTN e também em conformidade com o estabelecido no inciso I do art. 124 do CTN também pela subsunção dos fatos praticados com as hipótese previstas nos art. 135 e 137 do CTN. A Fiscalização entende que ocorreu a ação dolosa da interessada e das pessoas física e jurídica responsabilizadas, tendente a impedir a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, modificando as suas características essenciais, de modo a evitar o pagamento do montante do imposto devido, quando não assume a verdadeira atividade comercial praticada pela sua empresa CHARQUE 2000 e o seu papel no fato gerador dos tributos exigidos no presente Auto de Infração, como também pelo ajuste doloso estabelecido entre as pessoas envolvidas, sejam as físicas como também as jurídicas, no sentido de livrar a folha de pagamento dos encargos legais previstas para a pessoas jurídicas que não se enquadram como micro e pequenas empresas optante pelo SIMPLES NACIONAL, posto que a mesma se enquadrou irregularmente nesse sistema, visando os efeitos referidos nos artigos 71 (sonegação) e 72 (fraude) da lei n° 4729/64. Cientificada em 03/05/2013 (AR- fl. 10130), a contribuinte apresentou recurso voluntário (fls. 10135/10155), cujas alegações foram bem sintetizadas no item IV da própria petição recursal, verbis: Fl. 10228DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 12 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 [...] IV- Da Conclusão 1- O presente Recurso se insurge contra o Acórdão 12-55.114, da 6a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro, na parte que julgou improcedente a Impugnação. 2-A rejeição das preliminares não se sustenta, de vez que resta tisnado o Princípio da Ampla Defesa quando se mantém auto de infração calçado em fatos e apurações relacionados a terceiros, apenas relatados no Termo de Verificação Fiscal sob exame, sem que a interessada, ora Recorrente, tenha tido acesso ao seu inteiro teor. 3- A competência da autoridade para promover o lançamento (art. 142 do CTN) não é absoluta, tanto é que o art. 194 do CTN prevê que a legislação regulará a competência e os poderes em matéria de fiscalização. O MPF é instrumento necessário e indispensável para revestir a autoridade fiscal de competência para realizar determinada ação fiscalizadora, desse modo, o lançamento do IRRF sem amparo do MPF é nulo. 4- De igual modo, a manutenção de tributação do IRRF, a título de pagamento sem causa corrobora bitributação, face aos efeitos do arbitramento de lucros, conjugados com tributação de IRRF sobre mesmos fatos. 5- Por outro lado, nos autos, está perfeitamente demonstrada a causa dos pagamentos efetuados através das TED - ANEXO III da Impugnação - a partir do confronto das Notas Fiscais de compras emitidas por JBS S/A, devidamente escrituradas versus pagamentos a fornecedor também devidamente escriturados e comprovados e do contido no ANEXO XLIII do Processo, que traz identificados os números da Notas Fiscais de Serviço, o destinatário, valor, data de pagamento. 6- A manutenção do arbitramento do lucro se mostra injusta, já que o mesmo se deu em função de ter a empresa tido sua documentação contábil e fiscal totalmente destruída em função de comprovado motivo de caso fortuito, cujos resultados não pode prever ou evitar. 7- A empresa, dentro da hipossuficiência que a calamidade lhe trouxe, atendeu à Fiscalização, apresentando seus Livros Fiscais reconstituídos, Notas Fiscais, Relatórios emitidos pelas instituições bancárias, Lista de Clientes e Fornecedores, Extratos Bancários, tudo enfim que pudesse embasar sua escrituração, fornecendo ao Fisco elementos seguros para a manutenção de sua opção pelo Lucro Real. 8- Assim, a Fiscalização dispunha de elementos fornecidos pela contribuinte, que lhe permitissem verificar o fato gerador imponível, não sua imposição, pois presente nos autos elementos que afastam a imposição do arbitramento. 9- O exame da escrituração fiscal reconstituída permitiria glosas, não a decretação de sua completa imprestabilidade, não podendo o relator ter mantido o arbitramento já que entendeu que a empresa está entre os contribuintes que sofreram intempéries da natureza, os quais levaram à decretação do estado de emergência, conforme comprovado nos autos. 10- A empresa não deixou de recolher os tributos, mas sim tendo apurado saldo negativo na forma da legislação aplicável aos tributos em questão, a situação é de ausência de base de cálculo e não falta de pagamentos. A escrituração apresentada permite a apuração do lucro na modalidade de lucro real para o IRPJ, bem como a CSLL pode se calculada na forma da Lei 7.689/1988 e as demais Contribuições pelo regime de apuração adotado de não cumulatividade. Fl. 10229DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 13 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 11- Quanto à autuação relativa ao período de 01/01/2007 a 30/06/2007 - Opção pelo SIMPLES FEDERAL, forçoso concluir: 11.1- Houve restrição indevida ao direito de opção de se manter no SIMPLES FEDERAL, devendo serem afastados: os fatos trazidos aos autos e definitivamente pertinentes a períodos já decaídos (2005 e 2006); fatos associados a terceiros sem nenhuma vinculação com a Recorrente; fatos posteriores ao período de opção (julho/dez/2007 e 2008) que não podem retroagir para fundamentar a exclusão por prática reiterada. Quando muito caberia majoração de alíquotas para o excesso de receita bruta acumulada, jamais arbitramento. 11.2- Deve-se valorar que há apenas um período de opção pelo SIMPLES FEDERAL objeto de exclusão, sendo certo que em tal período, de 01/01/2007 a 30/06/2007, nos três primeiros meses (janeiro, fevereiro, março) não houve atividade operacional e portanto, não há receita bruta auferida e nem declarada, e nos meses de abril, maio e junho, tratando-se de primeiro período de opção e em havendo excesso de receita, cabe majoração de alíquotas apenas, não havendo fundamento e nem estando caracterizado o desenquadramento. 11.3- Também ausente a configuração de prática reiterada à legislação tributária, pois fundamentada em fatos inexistentes e não consonantes com a legislação de regência para o período da ocorrência do fato gerador. 12- Importa compreender que a fiscalizada, vítima de intempéries da natureza, não quedou-se inerte, adotou todas as providências cabíveis quer dando publicidade ao ocorrido, quer objetivando reconstituir sua escrita contábil/fiscal, entretanto a repercussão dos efeitos do extravio e inutilização dos documentos, não foi valorada a seu favor, sequer para afastar o agravamento da multa aplicada. 13- Em suma, diante do aqui exposto e em tudo mais constante dos autos e demonstrado no decorrer desta peça, tem-se claro que a manutenção do r. Acórdão, na parte em que é desfavorável à interessada é indevida. Está fartamente demonstrado que não se aplica ao caso em exame o arbitramento do lucro imposto pelo autuante e mantido no julgamento, também ausente a prática reiterada de infrações à legislação. Ao final a recorrente requer: V - Do Pedido E, assim sendo, em face do exposto e provado nos autos e ratificando, portanto as razões apresentadas na Impugnação, ROGA a empresa recorrente se digne esse Conselho Administrativo de Recursos Fiscais de acolher o presente Recurso Voluntário ora apresentado, por seus jurídicos e legais fundamentos, REQUERENDO: 1- que se acate as preliminares suscitadas neste Recurso, com a decretação de nulidade dos lançamentos, desconstituindo-se o crédito tributário deles decorrentes, por força de todos os argumentos perfilados. 2- que alternativamente, também quanto ao mérito seja acatado o presente Recurso em sua totalidade, reformando-se a Decisão de Primeira Instância Administrativa na parte desfavorável à contribuinte autuada, para: 2.1-afastar o arbitramento do lucro e a consequente autuação dele decorrente; 2.2-improcedência do lançamento do IRRF, em face da inexistência de pagamentos sem causa ou a beneficiários não identificados. É o relatório. Fl. 10230DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 14 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado, Relator. Recurso Voluntário O recurso voluntário apresentado pela contribuinte é tempestivo e atende aos pressupostos legais e regimentais. Assim, dele conheço. Os responsáveis solidários arrolados foram integralmente exonerados da imputação pela decisão de primeiro grau, de sorte que suas razões de impugnação serão apreciadas quando do exame do recurso de ofício. 1. Preliminares de nulidade A recorrente reapresenta em seu recurso as alegações de nulidade trazidas na impugnação. Sustenta, como primeira preliminar, que o princípio da ampla defesa foi desrespeitado em face do auto de infração ter sido calcado em fatos e apurações relacionados a terceiros que teriam sido apenas relatados no Termo de Verificação Fiscal sob exame, sem que a interessada tenha tido acesso ao seu inteiro teor, verbis: [...] Ao contrário do entendimento do julgador, os fatos apurados em fiscalização levada a efeito junto a outra empresa mesmo que não servindo de base para o lançamento, foram utilizados para atribuir conduta dolosa e evidente intuito de fraude à interessada e não se restringiu conforme entendimento expresso às fls. 44, item 14.3.2 do Acórdão, a apenas identificar "empresas que funcionam (ou funcionavam) no mesmo ramo da interessada...". O que aqui se questiona é o grave fato de ilegalmente querer imputar à interessada, conduta ensejadora da multa exacerbada com base em fiscalização de terceiros de cujas peças processuais não tem conhecimento e está impedida legalmente de ter acesso, caracterizando o flagrante impedimento à autuada de exercer sua defesa em relação às conclusões subjetivas da Fiscalização. O próprio autuante afirma no Termo de Verificação Fiscal que suas conclusões subjetivas, têm por base fiscalização levada a efeito em outra empresa, o que reforça o fato de que sua presunção baseou-se em fiscalização de terceiros. Pretendeu o autuante imputar à contribuinte interesse nos pretensos fatos apurados na Distribuidora JM, o que configura cerceamento do direito de defesa e autuação em desacordo com o Princípio da Legalidade e do Devido Processo Legal, haja vista a hipossuficiência da interessada em adentrar e entender o extenso volume denominado Documento 49, composto pelo Termo de Verificação Fiscal e o Auto de Infração lavrado contra a empresa Distribuidora JM, no ano de 2010 conforme consignado no Termo de Verificação Fiscal, fls. 7, não disponibilizando para a interessada o acesso por inteiro a aqueles autos. Fl. 10231DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 15 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Entende-se que tal acesso não poderia ser disponibilizado para terceiros, estando o autuante impedido por dever legal de quebrar o sigilo fiscal da contribuinte Distribuidora JM, não podendo nem mesmo ter disponibilizado o Documento 49, sem nenhuma valia para o exercício do direito de defesa desta Recorrente. No caso presente, inegavelmente houve prejuízo ao sujeito passivo que teve usurpado um direito assegurado constitucionalmente, ao se valer o autuante de elementos extraídos de outra fiscalização para reforçar sua tese de conduta dolosa em contraposição à simples omissão de receitas que, por si só, não é fato relevante para a caracterização do conceito de evidente intuito de fraude, que não pode ser presumido. O método usado pela Fiscalização para caracterizar o ajuste doloso entre a fiscalizada e a Distribuidora JM merece repúdio, ferindo seu direito de defesa quanto às graves consequências do mesmo, tornando nulo o lançamento. Em que pese o veemente protesto da recorrente quanto ao fato de a autoridade fiscal ter trazido para o contexto das verificações efetuadas apurações realizadas junto a terceiros, não vislumbro em tal fato circunstância suficiente para macular o lançamento realizado. Pelo que se depreende do Termo de Verificação Fiscal a menção às apurações feitas junto à extinta empresa denominada Distribuidora JM de Alimentos Progresso que, além de já ter operado no mesmo endereço da fiscalizada teve como titulares os mesmos sócios da recorrente, visaram caracterizar, em especial, a sucessão e continuidade de fato das atividades daquela empresa pela recorrente e reforçar os indícios que vinculariam a empresa HSR de Itaperuna com a empresa Charque 2000 e seu sócio Agnaldo Marcondes Ribeiro Brum, arrolados ao final como responsáveis solidários pelos créditos tributários constituídos nestes autos. As apurações realizadas junto à empresa Distribuidora JM e as infrações tributárias constatadas junto àquela empresa são autônomas e os eventuais efeitos que possam ter sido apontados pela autoridade fiscal como fundamento para o agravamento de penalidades e/ou a responsabilização solidária de terceiros devem ser analisadas sob o ponto de vista do conjunto de provas trazidas pela autoridade lançadora. Eventuais afirmações da autoridade fiscal em face daquela fiscalização, quando não suportadas por outros elementos trazidos aos autos poderão fragilizar o lançamento em seu mérito, reconhecendo-se, eventualmente sua insubsistência, mas não caracterizaram, a priori, qualquer nulidade ao ponto de inviabilizar todo o trabalho fiscal. Destarte, entendo que tal análise deva se dar quando do exame das questões meritórias trazidas nos recursos. A recorrente suscita ainda a nulidade do lançamento do IRRF, tendo em vista que não teria sido emitido o competente Mandado de Procedimento Fiscal – MPF que autorizaria a realização do lançamento daquela exação. Alega que a competência da autoridade para promover o lançamento (art. 142 do CTN) não é absoluta, tanto é que o art. 194 do CTN prevê que a legislação regulará a competência e os poderes em matéria de fiscalização. O MPF é instrumento necessário e indispensável para revestir a autoridade fiscal de competência para realizar determinada ação fiscalizadora, desse modo, o lançamento do IRRF sem amparo do MPF é nulo. Fl. 10232DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 16 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 O argumento não procede. Não há que se cogitar de nulidade de lançamentos decorrentes de procedimentos regularmente instaurados. O Mandado de Procedimento Fiscal é mero instrumento de controle administrativo da fiscalização e não tem o condão de outorgar e menos ainda de suprimir a competência legal do Auditor-Fiscal da Receita Federal, estabelecida no art. 6º da Lei nº 10.593, de 08 de dezembro de 2002, com a redação dada pela Lei nº 11.457/2007, para fiscalizar os tributos federais e realizar o lançamento quando devido 1 . Os poderes e as competências da autoridade fiscal, no âmbito federal, a que se refere o art. 194 do CTN, apontado pela recorrente, foram devidamente disciplinados na legislação acima citada, sendo que as normas infralegais de cunho administrativo, como as que regem a emissão do chamado Mandado de Procedimento Fiscal, não tem o condão de restringi- los ou modificar-lhes. Na condição de autoridade administrativa que detém a competência para realizar o lançamento tributário, o Auditor-Fiscal não possui discricionariedade para não realizá-lo ao se deparar, no curso de procedimento fiscal regularmente instaurado, com infrações, ainda que estas não estejam previstas no escopo original da fiscalização, devendo praticar o ato, sob pena de responsabilidade funcional. É o que ocorreu no presente caso. Embora a ação fiscal tenha sido instaurada para a realização de verificações relativas ao IRPJ, a autoridade fiscal se deparou, durante o procedimento, com situações que entendeu caracterizadoras de infrações relativas ao IRRF, sendo seu dever legal constituir o crédito tributário respectivo, sob pena de responsabilidade funcional. 1 Lei nº 10.593/2002, (com a redação dada pela Lei nº11.457/2007) Art. 6º São atribuições dos ocupantes do cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil: I - no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições; b) elaborar e proferir decisões ou delas participar em processo administrativo-fiscal, bem como em processos de consulta, restituição ou compensação de tributos e contribuições e de reconhecimento de benefícios fiscais; c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e assemelhados; d) examinar a contabilidade de sociedades empresariais, empresários, órgãos, entidades, fundos e demais contribuintes, não se lhes aplicando as restrições previstas nos arts. 1.190 a 1.192 do Código Civil e observado o disposto no art. 1.193 do mesmo diploma legal; e) proceder à orientação do sujeito passivo no tocante à interpretação da legislação tributária; f) supervisionar as demais atividades de orientação ao contribuinte; II - em caráter geral, exercer as demais atividades inerentes à competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Fl. 10233DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 17 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 A atividade de realizar o lançamento deriva do art. 142 do Código Tributário Nacional, in verbis: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. (grifei) Normas administrativas que regem o procedimento fiscal não têm o condão de modificar a competência do auditor-fiscal da Receita Federal do Brasil, fixada em lei. Nesse sentido a Portaria RFB nº 3014/2011, vigente à época do lançamento, “dispunha sobre o planejamento das atividades fiscais e estabelece normas para a execução de procedimentos fiscais relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil” disciplinando administrativamente a execução dos procedimentos fiscais. É dentro desse contexto de normas de planejamento do trabalho da fiscalização que está inserido o MPF, cuja característica essencial é dar visibilidade ao sujeito passivo que o procedimento fiscal está sendo instaurado em nome da administração tributária, obedecendo ao princípio da impessoalidade. O Mandado de Procedimento Fiscal, como instrumento de controle administrativo da fiscalização não tem o condão de ensejar a nulidade do lançamento, especialmente no que diz respeito à competência do agente,. Não se vislumbra aqui qualquer violação ao estatuto do processo administrativo fiscal. Os autos lavrados atendem a todos os requisitos fixados no art. 10 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, in verbis: Art.10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I – a qualificação do autuado; II – o local, a data e a hora da lavratura; III – a descrição do fato; IV – a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V – a determinação da exigência e a intimação para cumpri-la ou impugná-la no prazo de 30 (trinta) dias; VI – a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. (grifei) Fl. 10234DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 18 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Assim, não apresenta qualquer vício a ensejar a sua nulidade, conforme previsto no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972: Art. 59. São nulos: I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II - os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) (grifei) Este entendimento é corroborado por vários julgados do extinto Conselho de Contribuintes e do próprio CARF, como os abaixo: MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). IRREGULARIDADES. VALIDADE DO LANÇAMENTO. O mandado de procedimento fiscal constitui controle administrativo das ações fiscais prescindível para a validade do ato de lançamento tributário realizado por servidor competente nos termos da lei. (Acórdão nº 103-22704, Sessão de 08/11/06 (DOU de 08/01/07, Seção 1, fl.37), 1º CC, 3ª Câmara) PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PORTARIA SRF Nº 1.265/99. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF. INSTRUMENTO DE CONTROLE. O MPF constitui-se em elemento de controle da administração tributária, disciplinado por ato administrativo. A eventual inobservância da norma infralegal não pode gerar nulidades no âmbito do processo administrativo fiscal. A Portaria SRF nº 1.265/99 estabelece normas para a execução de procedimentos fiscais relativos aos tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, sendo o Mandado de Procedimento Fiscal - MPF mero instrumento de controle administrativo da atividade fiscal”. (Acórdão nº 203-08483, de 16/10/02, 2º CC, Terceira Câmara) PAF. MPF. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) advém de norma administrativa que tem por objetivo o gerenciamento da ação fiscal. Por tal, eventuais vícios em relação ao mesmo, desde que evidenciado que não houve qualquer afronta aos direitos do administrado, não ensejam a nulidade do lançamento. (Acórdão nº 201-77049, de 02/07/2003, 2º CC, 1ª Câmara). NORMAS PROCESSUAIS. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). IRREGULARIDADE FORMAL. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. NULIDADE INEXISTENTE. Irregularidade formal em MPF não tem o condão retirar a competência do agente fiscal de proceder ao lançamento, atividade vinculada e obrigatória (art. 142, CTN), se verificados os pressupostos legais. Ademais, não tendo havido prejuízo à defesa do contribuinte, não há se falar em nulidade do ato (...). (Acórdão nº 202-14949, de 02/07/2003, 2º CC, 2ª Câmara). MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF. ATO DE CONTROLE INTERNO. LANÇAMENTO. VALIDADE. Fl. 10235DF CARF MF Documento nato-digital http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art59§3 Fl. 19 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 A emissão do Mandado de Procedimento Fiscal - MPF é um ato meramente administrativo, de controle interno da Administração Tributária. Impropriedades na sua emissão não invalidam o procedimento fiscal e não levam à nulidade de auto de infração regularmente lavrado.(4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção do CARF, Acórdão nº 1401-00.399 – 16/2/2010) O último julgado transcrito, menciona jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 5ª Região no mesmo sentido do entendimento ora exposto. O Acórdão da 3ª turma do TRF/5, que reproduzo abaixo, ressalta a autonomia do lançamento pela autoridade fiscal e entende não haver vinculação do lançamento a qualquer ato de cunho meramente administrativo: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. CSLL. IMPOSSIBILIDADE. TÍTULO DA DÍVIDA ATIVA LÍQUIDO E CERTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. A Apelante alega que o ano de 1999 não poderia ter sido fiscalizado pela autoridade administrativa, por não se encontrar descrito no Mandado de Procedimento Fiscal que impulsionou a fiscalização fazendária; 2. O lançamento tributário é obrigação da autoridade fiscal, ao detectar infração à legislação tributária, pois se trata de atividade administrativa vinculada, sob pena, inclusive, de responsabilidade funcional, nos termos do art. 142, do CTN; 3. Impossibilidade de se vincular lançamento tributário a outro ato de cunho meramente administrativo; 4. Inexistência de mácula no Procedimento Administrativo Fiscal, que obedeceu plenamente aos Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa, e possui todos os demais elementos essenciais de validade. Apelação improvida.(destaquei) (3ª Turma, AC 434330/SE, Rel. Élio Wanderley de Siqueira Filho, Julgamento em 15/05/08, DJ 31/07/08) Assim, tendo o procedimento fiscal sido regularmente instaurado e os lançamentos realizados pela autoridade administrativa competente, e, ainda, a recorrente pôde exercitar com plenitude o seu direito de defesa, voto por rejeitar a alegação de nulidade relacionada à falta de emissão de MPF específico para o lançamento de IRRF. 2. Mérito A recorrente questiona a realização de arbitramento do lucro por parte da autoridade fiscal. Nesse sentido, alega que a manutenção do arbitramento do lucro se mostra injusta, já que o mesmo se deu em função de ter a empresa tido sua documentação contábil e fiscal totalmente destruída em função de comprovado motivo de caso fortuito, cujos resultados não podia prever ou evitar. Sustenta que a empresa, dentro da hipossuficiência que a calamidade lhe trouxe, atendeu à Fiscalização apresentando seus Livros Fiscais reconstituídos, Notas Fiscais, Relatórios emitidos pelas instituições bancárias, Lista de Clientes e Fornecedores, Extratos Bancários, tudo enfim que pudesse embasar sua escrituração, fornecendo ao Fisco elementos seguros para a manutenção de sua opção pelo Lucro Real, de sorte que a Fiscalização dispunha de elementos fornecidos pela contribuinte que lhe permitissem verificar o fato gerador imponível. Fl. 10236DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 20 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Defende que o exame da escrituração fiscal reconstituída permitiria glosas, não a decretação de sua completa imprestabilidade. Alega que a empresa não deixou de recolher os tributos, mas apenas apurou saldo negativo na forma da legislação aplicável. Haveria ausência de base de cálculo e não falta de pagamentos. Aduz que a escrituração apresentada permite a apuração do lucro na modalidade de lucro real para o IRPJ, bem como a CSLL pode se calculada na forma da Lei 7.689/1988 e as demais contribuições pelo regime de apuração adotado de não cumulatividade. Não tem razão a recorrente. O simples fato de ter comunicado aos órgão estaduais a perda de documentos e livros contábeis em face das intempéries e de ter providenciado a reconstituição de sua escrituração contábil não o desobriga de demonstrar e comprovar que a escrita reconstituída espelha a sua real movimentação comercial, financeira e patrimonial e cumpre os requisitos para a apuração do lucro real. A mera apresentação de alguns documentos como os citados Livros Fiscais reconstituídos, Notas Fiscais, Relatórios emitidos pelas instituições bancárias, Lista de Clientes e Fornecedores, Extratos Bancários não são suficientes para comprovar o conjunto de operações registradas. Além disso, a autoridade fiscal apontou objetivamente no seu TVF uma série de irregularidades que desqualificam a escrita contábil apresentada para a apuração do lucro Real, verbis: 1) Foi constatado pelos extratos bancários (documento n° 05) analisados, que a empresa fiscalizada realizou intensa e expressiva movimentação bancária no BANCO DO BRASIL e no banco BRADESCO, onde celebrou contratos de cobrança de boletas bancárias decorrentes do resultado de sua atividade empresarial, apresentou suas declarações ao Fisco Federal (DIPJ, DCTF, DACON) completamente zeradas (documento n° 08 e 09) e apresentou suas declarações ao Fisco Estadual (documento n° 04) com os valores de compras e vendas relativamente compatível com os valores escriturados nos livros contábeis (documento n° 34 e 35). 2) Foi constatado que a empresa fiscalizada utilizou a conta bancária mantida em nome da empresa PERFORMANCE DE ITAPERUNA e não retratou nos lançamentos contábeis os fatos contábeis efetivamente ocorridos (documento n° 23, n° 34 e n° 35), empresa esta que funcionou no mesmo endereço da Fiscalizada, e também teve incluído em seu quadro societário o Sr. ROBSON que atualmente também consta como sócio da Fiscalizada, e que já constou como sócio da DISTRIBUIDORA JM e também da CHARQUE 2000-2. 3) Foi constatado, também, que a conta bancária da empresa DISTRIBUIDORA JM mantida na Caixa Econômica Federal, também foi utilizada para receber os numerários correspondentes às vendas realizada com notas fiscais emitidas pela Fiscalizada (documento n" 22) e também para quitar compras de matérias-primas efetuadas em nome da Fiscalizada, (documento n° 23) porém estas operações também não foram fielmente retratadas nos lançamentos constantes de sua escrituração contábil apresentada à Fiscalização, ao contrário, tentou-se camuflá-las utilizando-se ardilosamente das conhecidas e reprováveis manobras nos lançamentos contábeis Fl. 10237DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 21 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 efetuados na conta caixa (documento n° 34 e planilhas em anexo) a fim de maquiá- los para uma aparência de regularidade que de fato inexiste. 4) A escrituração contábil e fiscal apresentada, além de ter sido realizada intempestivamente e sem a devida apresentação da documentação que lhe desse respaldo, apesar de toda prorrogação de prazo solicitada e devidamente concedida pela Fiscalização, também revelou-se imprestável para a apuração do lucro real apurado pela empresa, pois, como será apresentado, estava eivada vícios e com indícios de fraude(documentos n° 23 e planilhas em anexo), o que ensejou a tributação do seu lucro pela sistemática do lucro arbitrado, posto que omitiu diversos fatos contábeis efetivamente praticados, impossibilitando a identificação da sua efetiva movimentação financeira inclusive bancária. 5) Quando reintimada a apresentação dos documentos que resguardassem os lançamentos contábeis, intimação que desde sempre lhe foi informado que a não apresentação dos mesmos acarretaria na apuração do seu lucro pela sistemática do arbitramento, a Fiscalizada alegou que os documentos já estavam de posse da Fiscalização, pois "os livros foram baseados nos extratos bancários e nos documentos obtidos junto a terceiros", c que portanto, já seriam suficientes para a realização da auditoria fiscal do lucro real. [...] 6) No ano-calendário de 2007 nos livros contábeis apresentados não há referencia aos desembolsos referente à mão-de-obra direta e indireta correspondente aos produtos fabricados e comercializados durante o ano de 2007 até o dia 17(dezessete) do mês de novembro de 2007(fis. 478 do livro Razão de 2007 - documento n° 34), mês que inciou o registro dos serviços supostamente pagos à empresa CHARQUE 2000. Nos livros apresentados pela empresa CHARQUE 2000 também não há registros de gastos com mão-de-obra no período correspondente de janeiro ao dia 17(dezessete) do mês de novembro de 2007, demonstrando que os referidos gastos foram ocultados nos livros contábeis das duas empresas envolvidas no citado período, pois pela matéria-prima consumida e pelos produtos vendidos nesse período é certo que houve custo com o pessoal da produção que não foram registrados na contabilidade apresentada. - ... 7) Da escrituração que foi apresentada pela Fiscalizada, constatamos também pelos lançamentos efetuados na CONTA CAIXA e na CONTA BANCOS uma tênue possibilidade de ocorrência de infrações tributárias de omissão de receita decorrente de saldo credor de caixa que surgiria após a recomposição cabível da CONTA CAIXA; uma vez que o saldo devedor inicial não se sustentou por ausência de comprovação de sua origem e os suprimentos de caixa originados da conta bancos foram desconsiderados pela Fiscalização pelo descompasso existente entre o histórico do lançamento escriturado ("SAQUES", DEPÓSITOS e "ABS DE CAIXA") e o fato contábil constante dos extratos bancários(planilhas em anexo), mas que a documentação subtraída, e os lançamentos contábeis eivados de vícios e não conformados à legislação de regência não dá a certeza, ao fisco, da apuração correta da base tributável, motivo que desqualificou a escrituração apresentada para efeito de apuração do lucro real da empresa. 8) Fato semelhante ocorreu na conta FORNECEDORES DIVERSOS, onde há diversos lançamentos a débito dessa conta sem que houvesse o correspondente lançamento a crédito, fato que inviabiliza a apuração do lucro líquido da empresa e consequentemente o lucro real. Portanto a ausência de documentos comprobatórios dos lançamentos efetuados, bem como a ausência de comprovação do saldo inicial não permitiu a Fiscalização concluir pela veracidade ou não da existência de obrigações registradas na contabilidade. Relembrando que obrigações cuja exigibilidade não são comprovadas representam omissão de receita conforme estabelecido pelo art. 281 do RIR/99. A ausência de comprovação dos fatos escriturados conforme exposto acima, também fortalece a constatação de que a escrituração contábil e fiscal apresentada está imprestável para apuração do Fl. 10238DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 22 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 lucro real e por mais esse motivo foi desclassificada pela Fiscalizada conforme será detalhado adiante ainda no presente Termo. 9) A Fiscalizada não mantinha controle permanente de estoque, e não registrou no livro de registro de inventário, os estoques existentes no final de cada período de apuração conforme estabelecido na legislação fiscal, não registrou os estoques de matérias-primas, de produtos em elaboração, e dos subprodutos. No referido livro só foram registrados os estoques de produtos acabados, e ainda somente no último período de apuração do exercício, (art. 261 e 292 do RIR/99). A avaliação do estoque registrado não obedeceu ao artigos 289 do RIR/99. Portanto a apuração do lucro real por parte da Fiscalização foi impossibilitada em decorrência da auditoria dos estoques também ter sido impossibilitada pelo fato de não haver inventario periódico do estoque, a Fiscalizada não apresentar as notas fiscais de vendas e no livro de registro de inventário apresentado não constar a contabilização dos estoques existentes (matéria-prima, produtos em elaboração, produtos acabados e subprodutos) no final de cada período de apuração trimestral. 10) O livro de registro de inventário além de não ter sido regularmente escriturado, também não foi legalizado conforme estabelece o § 2o do art. 160 do RIR/99. 11) Convém ressaltar que na migração do SIMPLES para o lucro real, o § 1" do art. 15 da lei nº 9.317/96 estabeleceu o seguinte: "§ 1º A pessoa jurídica que, por qualquer razão, for excluída do SIMPLES deverá apurar o estoque de produtos, matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem existente no último dia do último mês em que houver apurado o IPI ou o ICMS de conformidade com aquele sistema e determinar, a partir da respectiva documentação de aquisição, o montante dos créditos que serão passíveis de aproveitamento nos períodos de apuração subseqüentes. " Esse procedimento não foi realizado pela Fiscalizada. 12) O livro Diário e o livro Razão(documento n° 34 e 35) foram escriturados sem que os lançamentos fossem individualizados, conforme estabelece o art. 258 e 259 do RIR/99 (documento n° 34 e 35). 13) Pelas informações de compra e venda prestada pela Fiscalizada ao Fisco Estadual, pelos preços constantes das notas fiscais de compras de matéria-prima e os preços praticados nas notas fiscais de venda que foram obtidas pela Fiscalização em procedimento de circularização, foi possível constatar que os lançamentos efetuados na escrituração da empresa no tocante aos estoques de matérias-primas, produtos acabados, subprodutos e os registros no livro de inventário, não merecem fé por não guardarem relação de razoabilidade e proporcionalidade, conforme será demonstrado adiante ainda no presente Termo. 14) Quando intimada a prestar esclarecimentos sobre o fato do recebimento das vendas da empresa fiscalizada ter sido efetuada em boleta bancária da Caixa Econômica Federal mantida em nome da pessoa jurídica DISTRIBUIDORA JM (documento n" 22), a Fiscalizada apresentou respostas falaciosas que não correspondiam à verdade dos fatos efetivamente ocorridos, conforme descrição contida no presente Termo e devidamente comprovado com os elementos de convicção juntados aos autos, principalmente pela expressiva quantidade de boletos (documento n° 22) bancários utilizados para recebimento das diversas vendas realizadas pela Fiscalizada em contraposição à expressiva quantidade de pagamentos das compras realizadas(documento n° 23),- utilizando-se transferência bancárias de conta mantida em nome da citada pessoa jurídica supostamente "credora" segundo a resposta apresentada. 15) Conforme será demonstrado ainda no presente Termo, pelos lançamentos efetuados nos livros contábeis apresentados, houve nos trimestres analisados, uma diferença gritante entre os valores de matérias-primas consumidas e os valores correspondentes aos produtos acabados vendidos(planilhas em anexo), levando em Fl. 10239DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 23 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 consideração a minúscula diferença entre o estoque incial (sic) e final de produtos acabados e a inexistente informação de estoque de matéria-prima e produtos em elaboração, evidenciando a tênue indicação da existência de omissão de vendas pelos motivos acima expostos, mas que a não apresentação dos documentos comprobatórios da escrituração não permitiu a Fiscalização constatar o fato com a devida precisão. 16) Pela análise dos registros efetuados nos livros contábeis e fiscais, constata-se que o prejuízo contábil apurado pela Fiscalizada demonstra ter sido obtido de forma proposital e intencional para ludibriar o Fisco, a fim de não apurar base de cálculo do IRPJ e da CSLL, pois o resultado negativo já começa surgir quando dos registros das compras das matéria-prima efetuadas pela empresa para elaboração do produto a ser comercializado, lembrando que no caso das empresas comerciais, o custo das mercadorias vendidas (CMV) obedece a equação CMV = EI + COMPRAS - EF, o que também ocorre nas empresas industriais com os ajustes previstos no art. 289 do RIR/99. Ora, qual empresário, cuja razão principal de existir é a incessante busca pela lucratividade de seus negócios empresariais, irá empreender em uma atividade que a própria matéria-prima para industrialização já lhe retira todas as possibilidades de lucratividade na venda do produto industrializado? No caso da Fiscalizada, segundo a contabilidade apresentada, a matéria-prima é totalmente consumida, não há geração de estoques de produtos acabados na proporção da matéria- prima consumida, sinalizando que os produtos elaborados foram vendidos, mas na outra ponta as vendas registradas são inferiores ao consumo de matéria-prima registrado. Ora, prejuízos na atividade empresarial com certeza ocorrem, mas não diante de uma realidade como a relatada acima no tocante a atividade da Fiscalizada. Portanto, por mais esses motivos expostos, não merece fé a apuração do lucro líquido e do lucro real consignados nos livros contábeis e fiscais apresentados pela Fiscalizada, mormente quando a variação patrimonial dos beneficiários do empreendimento apresentou acréscimos injustificados sem a documentação hábil e idônea que lhe desse lastro. 17) No período em que a Fiscalizada estava enquadrada como SIMPLES FEDERAL, a Fiscalizada obteve faturamento, que é a base de cálculo SIMPLES, e para esse período, nenhum livro obrigatório foi apresentado, e nenhuma base de cálculo do tributo devido, no caso o SIMPLES FEDERAL foi apresentado pela Fiscalizada, ainda que sob intimação fiscal, porém os livros do período em que a empresta apurou seu lucro pela sistemática do lucro real, e onde de acordo com a citada escrituração não se apurou base para tributação, seja do IRPJ, da CSLL, do PIS e também do COFINS, os livros contábeis e fiscais foram apresentados, ainda que eivados de vícios, sendo que a empresa CHARQUE 2000 que também se enquadrou como optante pelo SIMPLES NACIONAL de 2007 a 2008 apresentou o livro Diário e o Livro Razão, embora a mesma estivesse obrigada por lei a manter em ordem e em dia apenas o Livro Caixa e o Livro de Registro de Inventário, porém no caso dessa pessoa jurídica (CHARUQE 2000), a base de calculo do tributo devido, no caso o SIMPLES NACIONAL era reduzida e foi declarada ao Fisco. 18) A base de cálculo utilizada foi extraída das informações obtidas junto a Secretaria de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro (SEFAZ), (conforme relatório enviado e planilhas elaboradas pela Fiscalização para consolidação dos valores informados - documentos n° 04 e 05), obtidas pela SEFAZ que as obteve através das próprias informações prestadas pela Fiscalizada através do preenchimento e envio da GIA-ICMS, combinado também com as informações dos extratos bancários e com as cópias das amostras de notas fiscais de vendas colhidas pela Fiscalização e, principalmente pelas notas fiscais de compra entregues pela Fiscalizada, e que serviram de base documental para formar a convicção da fiscalização de que a empresa autuada efetivamente realizou atividades comerciais, de compra e venda de produtos elaborados (Charque ou Jerked Beef), obtendo faturamento e lucro, fato gerador dos tributos apurados IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, também sendo suficiente para quantificar o valor envolvido na referida atividade. Os valores das vendas constante da GIA-ICMS Fl. 10240DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 24 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 fornecidas pela Fiscalização Estadual, coincidem com os valores das vendas escrituradas pelo contribuinte no Livro Razão apresentado, com exceção do mês de dezembro de 2008, cuja faturamento foi retirado das informações contidas na contabilidade. 19) Pela ausência dos documentos que apoiaram os lançamentos contábeis, pela desclassificação da escrituração efetuada, pela impossibilidade de determinar o lucro real e a efetiva movimentação bancária na escrituração a que estava obrigada, o lucro tributável da empresa fiscalizada foi arbitrado para fins de apuração da base de cálculo do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS conforme estabelece os incisos I, II, III e VI do art. 530 do RIR/99. Pelo que se extrai das razões expostas no TVF. A escrituração reconstituída não se apresentava hábil para retratar os resultados e a movimentação financeira da recorrente, sendo impossível à autoridade fiscal proceder a meros ajustes ao resultado apurado pela contribuinte, em face das irregularidades constatadas. Desta feita, entendo que restou plenamente caracterizada a necessidade de arbitramento do lucro levada a efeito pela autoridade fiscal. Com relação à autuação relativa ao período de 01/01/2007 a 30/06/2007, período que era optante pelo Simples Federal, a recorrente alega que houve restrição indevida ao direito de opção de se manter no Simples Federal, devendo ser afastados: os fatos trazidos aos autos pertinentes a períodos já decaídos (2005 e 2006); fatos associados a terceiros sem nenhuma vinculação com a Recorrente; fatos posteriores ao período de opção (julho/dez/2007 e 2008) que não podem retroagir para fundamentar a exclusão por prática reiterada e que, quando muito caberia majoração de alíquotas para o excesso de receita bruta acumulada, jamais arbitramento. Ressalta que há apenas um período de opção pelo Simples Federal objeto de exclusão, pois relativamente a tal período (01/01/2007 a 30/06/2007), nos três primeiros meses (janeiro, fevereiro, março) não houve atividade operacional e portanto, não há receita bruta auferida e nem declarada, e nos meses de abril, maio e junho, tratando-se de primeiro período de opção e em havendo excesso de receita, cabe majoração de alíquotas apenas, não havendo fundamento e nem estando caracterizado o desenquadramento. Refuta também a configuração de prática reiterada à legislação tributária, pois fundamentada em fatos inexistentes e não consonantes com a legislação de regência para o período da ocorrência do fato gerador. Os argumentos relacionados a este período estão diretamente ligados à exclusão da empresa do regime simplificado federal. Esta questão foi objeto de discussão em processo próprio (PAF nº 15521.000002/2012-39), também julgado nesta mesma sessão, tendo o colegiado acolhido parcialmente o recurso do contribuinte, para manter a exclusão do Simples Federal apenas a partir do 1º dia do mês maio de 2007, conforme se extrai do voto condutor do acórdão naquele processo, verbis: [...] A recorrente alega, preliminarmente, a nulidade do Ato de Exclusão do Simples, tendo em vista que teria se fundamentado em elementos e apurações obtidas em outros processos relativos a outros sujeitos passivos aos quais não teria tido acesso, cerceando o seu direito de defesa. Fl. 10241DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 25 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 O acórdão recorrido afastou a alegação sob o seguinte fundamento: [...] 7.2. Não assiste razão à interessada quanto à nulidade suscitada, pois a exclusão ora analisada não se baseou em qualquer fato apurado em outra fiscalização. A Representação Fiscal faz referência a outras empresas, entre elas a Distribuidora J M de Alimentos Progresso Ltda, mas não para identificar fatos atribuídos à interessada. Apenas identifica empresas que funcionam (ou funcionavam) no mesmo ramo da interessada e que em anos anteriores ao que é objeto de ação fiscal, no caso 2005, foram autuadas por infrações à legislação tributária. Os fatos relatados no Termo de Verificação e relacionados a outras ações fiscais desenvolidas (sic) em outros contribuintes que não a interessada, e não guardam qualquer relação direta com os fatos ora mencionados. 7.3. Toda a fundamentação da exclusão do Simples se deu em virtude das operações realizadas pela própria interessada. Pelo exposto, entendo que deve ser rejeitada a preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa. A alegação da recorrente está relacionada aos fatos apontados pela autoridade fiscal que evidenciariam a existência de interposição de pessoas no quadro social da pessoa jurídica autuada e que é um dos fundamentos apontados para a exclusão do Simples com base no inciso IV do art. 14 da Lei nº 9.317/96. Em que pese tenha rejeitado a alegação de nulidade apontada, a decisão de primeiro grau afastou o fundamento de interposição de pessoas no quadro social para a exclusão do Simples, de sorte que sua análise se torna despicienda nesta etapa processual, pois eventual reconhecimento de nulidade parcial do ADE em nada alteraria o feito nesta parte. Destarte considero prejudicada a alegação. No tocante ao mérito da exclusão, a decisão de primeiro grau afastou dois dos três fundamentos indicados pela autoridade fiscal para justificar a exclusão do Simples, concernente à já mencionada hipótese de interposição de pessoas no quadro social da pessoa jurídica (inc. IV, art. 14 da Lei nº 9.317/1996) e de embaraço à fiscalização, que teria sido caracterizada pela não exibição de livros e documentos à fiscalização (inc. II do art. 14 da Lei nº 9.317/1996. Subsistiu após a decisão de primeiro grau, portanto, apenas a imputação de prática reiterada de infração à legislação tributária (inc. V do art. 14 da Lei nº 9.317/1996), mantida pelos seguintes fundamentos: [...] 8.3. Da prática reiterada de infração à legislação tributária: 8.3.1. Resta analisar o último dos fundamentos para a exclusão da interessada do Simples no período de 01/01/2007 a 30/06/2007, que é a prática reiterada de infração à legislação tributária, hipótese de exclusão prevista no inciso V do art. 14 da Lei nº 9.317/96. 8.3.2. A apuração dos fatos que levaram a fiscalização a entender que a interessada incorreu em prática reiterada de infrações à legislação tributária se deu durante a auditoria fiscal de que trata o Mandado de Procedimento Fiscal nº 07104.002010.005753, resultando no lançamento de ofício de que trata o processo adminstrativo (sic) nº 15521.000001/2012-94. Os fatos estão relatados na Representação Fiscal de fls. 03/17, sendo que alguns dos elementos de prova encontram-se nos autos do processo administrativo (sic) nº 15521.000001/2012-94 e serão também mencionados no presente voto. 8.3.3. Os fatos descritos e as provas juntadas demonstram de forma inequívoca que a interessada, somente no decorrer dos anos de 2007 e 2008 cometeu infrações de naturezas diversas e algumas de forma continuada, que são suficientes para caracterizar a prática Fl. 10242DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 26 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 reiterada de infrações à legislação tributária, sujeitando a interessada a ser excluída do Simples. A configuração de prática reiterada das infrações, como será visto, se dá sem que seja necessário considerar os anos de 2005 e 2006, como a interessada alega na manifestação de inconformidade. 8.3.4. Dentre as infrações praticadas, destaco as seguintes: 8.3.4.1. As declarações à Receita Federal foram apresentadas completamente zeradas ou com valor muito inferior da receita bruta efetivamente auferida enquanto as apresentadas ao Fisco Estadual informavam valores de compras e vendas relativamente compatíveis com os valores escriturados nos livros contábeis: Relativamente aos fatos geradores ocorridos em 2007, a interessada apresentou para o primeiro semestre a Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica – Simples (PJSI 2008 – Simples), cuja cópia consta às fls.3056/3067 do processo administrativo nº 15521.000001/2012-94, na qual informa que nada auferiu de receita bruta em janeiro, fevereiro e março, enquanto em abril, maio e junho a receita bruta foi informada nos valores de, respectivamente, R$46.478,51, R$39.446,00 e R$50.200,00. Relativamente ao segundo semestre de 2007, a interessada apresentou a Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica do exercício de 2008, ano-calendário 2007 – DIPJ/2008, com cópia juntada às fls. 3079/3100 do processo administrativo nº 15521.000001/2012-94, já com tributação do IRPJ e da CSLL pelo lucro real trimestral, que foi informada completamente zerada para o 3º e 4º trimestres. Quanto ao ano- calendário de 2008, a interessada apurou o lucro real trimestral e apresentou a DIPJ/2009, cuja cópia consta às fls. 3102/3149 do processo administrativo nº 15521.000001/2012-94, completamente zerada. Entretanto, os documentos constantes do Anexo IV fls. 2616/2671 do processo administrativo nº 15521.000001/2012-94 dão conta que a interessada prestou informações através da Guia de Informação e Apuração de ICMS – GIA/ICMS à Secretaria de Estado de Fazenda do Rio de Janeiro, declarando a receita bruta do período em valor muito superior à informada à Receita Federal e compatível com os valores constantes de sua escrituração. A consolidação dos valores informados à Secretaria de Estado de Fazenda do Rio de Janeiro segue na tabela abaixo: 8.3.4.2. A interessada transferiu de sua conta o valor total de R$200.000,00 (duzentos mil reais) para pagar um imóvel rural adquirido pelo Sr. AGUINALDO, enquanto na sua contabilidade esses valores foram contabilizados como sendo pagamento a "fornecedores", conforme contabilização efetuado nas fls. 041, 120,199 e 233 do Livro Diário de 2008 nº 03, às fls. 705/708; 8.3.4.3. A interessada utilizou a conta bancária mantida em nome da empresa PERFORMANCE DE ITAPERUNA e não retratou nos lançamentos contábeis os fatos efetivamente ocorridos (documento n° 23 e 23A); 8.3.4.4. A conta bancária da empresa DISTRIBUIDORA JM mantida na Caixa Econômica Federal também foi utilizada para receber os numerários correspondentes às vendas realizada com notas fiscais emitidas pela interessada, conforme documento n° 22, às fls. 542/575, e também para quitar compras de matérias-primas efetuadas em nome da interessada, conforme documento n° 23 e 23A, juntados às fls. 594/623; Fl. 10243DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 27 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 8.3.4.5. As operações de compras de matérias-primas acima mencionadas não foram fielmente retratadas nos lançamentos constantes de sua escrituração contábil, pois tentou- se camufla-las utilizando-se de lançamentos contábeis efetuados na conta “caixa”, conforme documento nº 23A, juntados às fls. 625/633. [...] A recorrente alega que, considerando que a acusação fiscal se refere à prática reiterada de infração à legislação tributária com vistas à exclusão do Simples Federal, os fatos devem reportar-se ao momento em que a empresa estava enquadrada naquele regime, não podendo alcançar fatos ocorridos posteriormente à sua saída do mesmo, o que ocorreu após julho de 2007. Entendo que está correta a recorrente neste aspecto. A prática reiterada de infração à legislação tributária deve ser aferida em relação aos períodos em que a empresa se encontrava submetida ao regime diferenciado de tributação pelo Simples Federal. Os fatos descritos nos subitens 8.3.4.2 a 8.3.4.5 da decisão recorrida, acima transcritos, referem-se em sua grande maioria a períodos posteriores àqueles em que a empresa esteve enquadrada no regime simplificado federal, não podendo ser utilizados como parâmetro para aferir a conduta tipificada no inc. V do art. 14 da Lei nº 9.317/1996. Demais disso, as constatações ali descritas, por si só, sequer se prestam a caracterizar infração à legislação tributária, tanto que não foram consideradas pela autoridade fiscal para a apuração dos valores devidos e que foram objeto de lançamento. Estes fatos foram descritos pela autoridade fiscal na Representação Fiscal para a exclusão do Simples com o evidente intuito de caracterizar a interposição de pessoas no quadro social da empresa, o que foi objeto de outro enquadramento afastado pela própria autoridade julgadora de primeiro grau. Da mesma maneira, não se pode utilizar como parâmetro para a prática reiterada de infração à legislação, para fins de exclusão do Simples, o fato da contribuinte ter apresentado declarações pelo lucro real relativas aos períodos de julho a dezembro de 2007 e de 2008 com valores zerados. Ora, a suposta conduta reiterada apontada teria ocorrido após o próprio contribuinte, espontaneamente, ter deixado o regime simplificado de apuração, não fazendo sentido utilizar tal conduta para retroagir seus efeitos com vistas à exclusão do Simples, Mesmo porque, a hipótese prevista na lei somente se aperfeiçoa com a reiteração da conduta infratora e seus efeitos somente se iniciam a partir do mês subsequente àquele em que for incorrida a situação excludente. No caso em apreço, quando da conduta apontada como reiterada, a contribuinte já estava excluída do Simples Federal e não havia optado pela inclusão no Simples Nacional. Assim resta analisar se os fatos relacionados à omissão de receitas apurada em relação ao segundo trimestre de 2007 são suficientes para caracterizar a prática reiterada de infração à legislação tributária. A decisão recorrida destaca que a recorrente a interessada apresentou para o primeiro semestre a Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica – Simples (PJSI 2008 – Simples), na qual informa que nada auferiu de receita bruta em janeiro, fevereiro e março, enquanto em abril, maio e junho a receita bruta foi informada nos valores de, respectivamente, R$ 46.478,51, R$ 39.446,00 e R$ 50.200,00. Por outro lado, informou em suas GIA/ICMS dos mesmo períodos, faturamento zerado para os três primeiros meses de 2007 e de R$ 633.052,50 em abril, de R$ 3.853.886,50 em maio e de R$ 3.027.928,50 no mês de junho. A recorrente alega que as diferenças apuradas caracterizariam meras insuficiências de recolhimento de tributos naqueles meses, de sorte que a única possibilidade de exclusão Fl. 10244DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 28 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 seria decorrente do excesso de receitas apuradas no período, conforme previsto no inc. II, a do art. 13 da Lei nº 9.317/1996 o que, no entanto, não fundamentou o ato de exclusão. Com a devida vênia, entendo que a discrepância de valores na magnitude acima apontada não pode ser considerada como mera insuficiência de recolhimento de imposto ou declaração de receitas à menor. No caso resta plenamente configurada a omissão deliberada de receitas com vistas a ocultar do Fisco a real dimensão do montante de receitas sujeito à tributação. A Lei nº 9.317/1996, não definiu o conceito de prática reiterada para fins de exclusão. Não obstante a Lei Complementar nº 123/2006, que instituiu o Simples Nacional e revogou a Lei nº 9.317/1996, que estabeleceu a mesma hipótese de exclusão, trouxe em seu art. 29, § 9º uma definição do conceito de prática reiterada, verbis: Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional dar- se-á quando: [...] V - tiver sido constatada prática reiterada de infração ao disposto nesta Lei Complementar; [...] § 9º Considera-se prática reiterada, para fins do disposto nos incisos V, XI e XII do caput: I - a ocorrência, em 2 (dois) ou mais períodos de apuração, consecutivos ou alternados, de idênticas infrações, inclusive de natureza acessória, verificada em relação aos últimos 5 (cinco) anos-calendário, formalizadas por intermédio de auto de infação ou notificação de lançamento; ou II - a segunda ocorrência de idênticas infrações, caso seja constatada a utilização de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento que induza ou mantenha a fiscalização em erro, com o fim de suprimir ou reduzir o pagamento de tributo. Assim, à míngua de definição na própria Lei nº 9.317/1996, entendo que o conceito dado pela LC. 123/2009 se adequa perfeitamente ao caso, mesmo porque se trata de lei complementar e traz dispositivo de caráter expressamente interpretativo do dispositivo, embora se refira ao texto dela própria. Senão como norma interpretativa, entendo aplicável a disposição por analogia, nos termos do art. 108 do CTN. Destarte, ainda que a infração tenha sido constatada no lapso de apenas 3 meses no ano de 2007, tal conduta restou configurada no mês de abril/2007 e reiterada (em magnitude ainda maior) no mês de maio/2007, configurando a conduta descrita no inc. V do art. 14 da Lei nº 9.317/1996. Pelo que se extrai do art. 15, inc. V da Lei nº 9.317/1996, os efeitos da exclusão deve se dar a partir do mês em que se constatar a ocorrência do fato que autoriza a exclusão, ou seja, da prática reiterada de infração à legislação tributária. Se o fato ensejador da exclusão é a prática reiterada de infração à legislação tributária, esta deve se repetir ao menos em mais de um período de apuração para que possa ser caracterizada. Desta feita, entendo que, no presente caso, a exclusão do Simples Federal deve produzir efeitos a partir de 1º de maio de 2007, nos termos do art. 15, inc. V da Lei nº 9.317/1996. Fl. 10245DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 29 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Por fim, com relação à alegação da recorrente de necessidade de decisão definitiva do processo que aponte o cometimento de infração tributária, para que a exclusão do Simples possa produzir efeitos, não lhe assiste razão. A lei prevê que a exclusão se dê inclusive a partir do mês da caracterização da hipótese nela prevista e não condiciona nem o lançamento de eventuais diferenças devidas, nem a hipótese de exclusão ao encerramento da discussão administrativa, tão somente assegurando o direito de defesa em ambos os processos, nos termos da lei que rege o processo administrativo fiscal. Em discussão similar, este conselho já consolidou na Súmula CARF nº 77 o entendimento no sentido de que: A possibilidade de discussão administrativa do Ato Declaratório Executivo (ADE) de exclusão do Simples não impede o lançamento de ofício dos créditos tributários devidos em face da exclusão. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). Por todo o exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer que os efeitos do ato declaratório de exclusão do Simples se deem a partir de 01/05/2007. No que concerne ao arbitramento do lucro para este período tem-se a informação da fiscalização de que a empresa não apresentou quaisquer dos livros contábeis e fiscais obrigatórios para este período, sendo correta a forma de tributação adotada, uma vez que a empresa havia sido excluída do Simples. Isto posto e, na esteira da decisão exarada no PAF nº 15521.000002/2012-39, cumpre dar provimento parcial ao recurso voluntário nesta parte, para excluir da base tributável apurada em relação ao segundo trimestre de 2007, o valor da receita bruta apurado no mês de abril de 2007, no montante de R$ 633.052,50. A recorrente questiona ainda a desconsideração de sua apuração relacionada às contribuições ao PIS/Cofins pelo regime não cumulativo, em face do arbitramento levado a efeito pela autoridade fiscal, alegando que a mesma não fez qualquer juízo de desconsideração aos cálculos informados nas DACON’s, sendo certo que o que ali foi registrado representaria a real apuração daquelas contribuições. A decisão recorrida bem analisou estas alegações, verbis: 17. Da consequência do arbitramento do lucro na apuração da contribuição para o Pis/Pasep e da Cofins: 17.1. Também merece esclarecimento à interessada que a tributação sob a sistemática do arbitramento gera consequências na apuração da Cofins e da Contribuição para o Pis/Pasep, já que na impugnação a mesma se insurge quanto ao fato de a fiscalização ter desconsiderado os créditos por ela utilizados na apuração das contribuições sob a sistemática da não cumulatividade. 17.2. Deve-se ter em conta, entretanto, que a legislação específica de cada uma das contribuições determina que não se aplica a sistemática da não cumulatividade às pessoas jurídicas que tenham sido tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido ou arbitrado. Tal determinação está expressa no inciso II do art. 8º da Lei nº 10.637/2002, relativamente à contribuição para o Pis/Pasep, e no inciso II do art. 10 da Lei nº 10.833/2003, em se tratando da Cofins. Fl. 10246DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 30 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 17.3. Portanto, tendo sido submetida ao lucro arbitrado nos anos-calendário de 2007 e 2008, a pessoa jurídica deve permanecer sob a sistemática da cumulatividade, justificando o procedimento adotado pela fiscalização. 17.4. Pelo exposto, entendo como procedentes os lançamentos da contribuição para o Pis/Pasep e da Cofins De fato, é incompatível a tributação do PIS e Cofins pelo regime não cumulativo a partir do momento em que a empresa tem seus resultados apurados com base no arbitramento do lucro. Não havia qualquer necessidade da autoridade fiscal tecer qualquer consideração acerca das apurações feitas pela contribuinte pelo regime não cumulativo quanto aos períodos que foram abrangidos pelo arbitramento do lucro, cabendo-lhe, tão somente, considerar eventuais recolhimentos que fossem identificados quando da lavratura da exigência pelo regime cumulativo. No presente caso, impõe-se apenas excluir a tributação do PIS e da Cofins relativas ao período de abril de 2007, tendo em vista a decisão, acima referida, que determinou a exclusão do regime do Simples Federal apenas a partir do mês de maio de 2007. Assim, voto por dar provimento parcial ao recurso, nesta parte, para excluir a exigência do PIS e da Cofins relativa ao período de abril de 2007. A recorrente questiona também a exigência do IRRF sobre pagamentos sem causa ou a beneficiários não identificados, conjuntamente com a exigência de IRPJ realizada por meio do arbitramento do lucro, alegando a existência de “bis in idem”, vedada pelo ordenamento pátrio. Aponta também que foram apresentados diversos elementos nos autos que apontam o destinatário e sua respectiva causa, mas que foram desconsiderados ou não valorados pelo colegiado recorrido. Transcrevo abaixo excertos do recurso abordando os referidos documentos: [...] A causa ou motivação de tais pagamentos decorre da atividade produtiva da empresa e encontra-se escriturada, não se enquadrando pois na definição de pagamento sem causa feita pelo julgador, qual seja: Vê-se que o pagamento sem causa ou a beneficiários não identificados busca alcançar aqueles gastos que pairam sem identificação clara de sua natureza. Praticamente cria uma presunção de ocorrência de uma transferência de renda entre pessoas, quando não comprovada a natureza e a causa do pagamento a que se refere, (não negritado no original às fls. 55, item 18.4 do Acórdão). Quanto aos fatos, alega que há causa lícita e legal para os pagamentos em questão, juntando, às fls. 1004/1033, declarações emitidas pelo Banco do Brasil S/A, em atendimento à sua solicitação, referentes aos TED relacionadas nas páginas 83/86 do Termo de Verificação Fiscal como pagamentos sem causa. Segundo a interessada, foram individualizados cada um dos TED, com informações precisas do remetente, no caso HSR, e do favorecido, no caso JBS S/A, CNPJ 02.916.265/0001-60. Ainda são informados origem do documento, data, hora, valor e finalidade da operação, (não negritado no original às fls. 54, item 18.2 do Acórdão). Fl. 10247DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 31 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Do exposto pelo julgador, vê-se que: 1. as expressões beneficiários não identificados e não comprovada a natureza e a causa do pagamento a que se refere, não se aplicam à interessada, haja vista ter a empresa, apesar de sua situação especial que, por caso fortuito, teve sua escrituração e documentação extraviada e ou inutilizada, atendeu à Fiscalização no tocante à pagamentos efetuados, justificando a maioria dos mesmos. 2. A expressão segundo a interessada é imprópria, a uma, haja vista que não foi a interessada que informou e sim o Banco do Brasil. A duas, porque a interessada forneceu ao julgador elementos precisos de análise, emitidos por instituição bancária. A três, porque sua convicção pode ser formada, em favor da autuada, como já poderia ter sido formada a convicção do autuante. 3. A pessoa jurídica beneficiária dos pagamento é a JBS S/A, o maior frigorífico no setor de carne bovina do mundo, líder no mercado de carne no Brasil. Portanto, torna-se absolutamente descabida a exigência da comprovação da causa do pagamento, conforme mantida pelo julgador. 4. Claro está que a empresa HSR, que usa a carne como matéria prima essencial, ao fazer pagamento através de TED em favor da JBS S/A, teve como causa a compra do produto também essencial de venda da líder mundial. 5. Juntou-se à Impugnação, o ANEXO III, que se compõe de Declarações emitidas pelo Banco do Brasil S/A, em atendimento à solicitação da impugnante, referentes as TED relacionadas nas páginas 84/86 do TVF como pagamentos sem causa. 6. Nas Declarações do Banco do Brasil S/A, encontram-se individualizadas cada TED, com informações precisas do remetente, no caso HSR e do favorecido, no caso JBS S/A, CNPJ 02.916.265/0001-60. Ainda são informados origem do documento, data, hora, valor e finalidade da operação. 7. Pelo documentos constantes no referido ANEXO III desta impugnação, verifica- se que são efetivamente comprovados R$ 2.648.000,00 que correspondem à base reajustada de R$ 4.073.683,20. 8. Nas Notas Fiscais de Entrada apresentadas à Fiscalização e devidamente escrituradas nos Livros apresentados, o Frigorífico JBS S/A, mesmo com sua razão social anterior, Friboi, é o emitente de grande maioria delas, fazendo jus portanto a pagamentos, não sem causa, mas pagamentos compatíveis com a atividade da interessada. Outros pagamentos também enquadrados no artigo 674 do RIR/1999, com a justificativa de que não foram devidamente comprovados, merecem repúdio, haja vista que as provas do efetivo pagamento podem ser extraídas de elementos constantes dos autos e que estiveram todo o tempo à disposição da Fiscalização. Assim é o ANEXO XLIII, chamado pelo autuante de Documento XLIII, composto de três volumes, que contém cópias dos Livros Razão e Diário da empresa prestadora dos serviços terceirizados, CHARQUE 2000. O confronto entre a escrituração da autuada e a escrituração da empresa prestadora dos serviços terceirizados não deixa margem à dúvidas quanto à efetividade dos pagamentos. No ANEXO XLIII estão perfeitamente identificados os números das Notas Fiscais de Serviço, o destinatário, valor, data de pagamento. Também é oportuno, ressaltar que a escrituração da CHARQUE 2000 não foi desclassificada, logo não pode ser considerada inidônea, havendo portanto comprovação hábil e idônea das despesas sob exame, assim Fl. 10248DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 32 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 como afastada a impossibilidade da verificação, por parte do autuante, do regime de competência dos pagamentos efetuados pela empresa fiscalizada. Diante dos fatos, todos de poder da Fiscalização e hoje integrantes dos autos, resta demonstrado que a interessada não é destinatária do artigo 674 do RIR/1999, cuja matriz legal é o artigo 61, da Lei 8.981/1995, do qual se socorreu o julgador para justificar a procedência da hipótese, transcrevendo-o para seu Acórdão. [...] A alegação da recorrente de que a tributação pelo IRRF ora analisada seria incompatível com o a exigência de IRPJ feita com base no arbitramento do lucro, por caracterizar “bis in idem”, não procede. Trata-se de previsão legal distinta da exigência do IRPJ devido pela própria pessoa jurídica como contribuinte e consiste na cobrança por responsabilidade da fonte pagadora quanto ao recolhimento do imposto que seria devido pelo beneficiário do pagamento, quando não identificado ou sem causa comprovada. Nesta situação o responsável pelo pagamento assume, por determinação legal, a condição de substituto do beneficiário, ao não identificar o beneficiário ou sua causa, assumindo o ônus devido por aquele. No mesmo sentido quanto a aplicabilidade do dispositivo, colhe-se a ementa do Acórdão nº 1101-000.825, que sintetiza o voto vencedor da d. Conselheira Edeli Pereira Bessa, quando aborda a exigência do IRRF em conjunto com a exigência de IRPJ apurada em face da glosa de despesas, verbis: IRRF. PAGAMENTO SEM CAUSA OU A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO. GLOSA DE DESPESA NA APURAÇÃO DO LUCRO TRIBUTÁVEL. INCIDÊNCIA DE IRPJ. COMPATIBILIDADE. O art. 61 da Lei nº 8.981, de 1995, impõe conseqüências à fonte pagadora de rendimentos que não se desincumbe de seu dever de identificar o beneficiário e a causa do pagamento, de modo a permitir a confirmação da regular tributação de eventual rendimento auferido por aquele beneficiário. Nada impede que este mesmo pagamento, quando contabilizado como despesa, seja também glosado na apuração do lucro tributável e resulte na exigência de imposto da mesma pessoa jurídica, mas na condição de contribuinte. Assim, rejeito a primeira alegação da recorrente, por entender que o lançamento realizado encontra suporte legal no art. 61 da Lei nº 8.981/1995, não se caracterizando o alegado “bis in idem”. No tocante ao exame dos elementos probatórios apresentados pela recorrente no momento da impugnação, relacionados aos pagamentos que teriam sido efetuados em favor da empresa FRIBOI/JBS, comprovadamente fornecedora da recorrente conforme notas fiscais juntadas no Anexo XXIV dos autos (fls. 5403/5472), verifico que, de fato, a recorrente trouxe aos autos, no anexo III da impugnação (fls. 1002/1033), um conjunto de documentos emitidos pelo Banco do Brasil nos quais se identifica a remessa de diversas TED’s no período de 05/05/2008 a 31/12/2008. Ocorre que a recorrente não traz nenhuma demonstração do vínculo entre tais pagamentos e as respectivas notas emitidas, limitando-se a juntá-las e consolidá-las em uma planilha de forma resumida (fls. 1003): Fl. 10249DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 33 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Os valores registrados nas referidas TED’s não coincidem com os informados nas notas fiscais não havendo como, a partir destes elementos, identificar que tais pagamentos se referem precisamente àquelas operações indicadas nas notas fiscais. Note-se que todas as notas fiscais trazem valores que incluem números fracionados, até mesmo centavos (vide p. ex: NF. 81.390, emitida em 28/04/2008, com vencimento para 06/05/2008, no valor de R$ 92.657,20, e NF. 081598, emitida em 02/05/2008, com vencimento para 12/05/2008, no valor de R$ 94.943,01), enquanto que todas as transferências eletrônicas eram feitas em números redondos (p. ex: 05/05/2008 – R$ 100.000,00; 06/05.2008 – R$ 90.000,00). Observa-se que todas as notas fiscais possuem datas de vencimentos específicas, no entanto os pagamentos apresentados não guardam quaisquer vínculos com elas, seja em data, seja em valor. É certo que poderia haver algum descasamento entre as notas fiscais e os valores depositados, mas caberia a recorrente fazer a vinculação entre as notas fiscais e os pagamentos realizados, demonstrando eventuais acertos periódicos de saldos devedores. O mesmo se aplica aos pagamentos que teriam sido realizados em favor da empresa Charque 2000 pela prestação de serviços. A recorrente aponta que no ANEXO XLIII estão perfeitamente identificados os números das Notas Fiscais de Serviço, o destinatário, valor, data de pagamento e que a escrituração da CHARQUE 2000 não foi desclassificada e não pode ser considerada inidônea. Fl. 10250DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 34 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Ocorre que os valores registrados na escrituração da empresa Charque 2000 são quase todos inferiores a mil reais e em números bastante quebrados, enquanto que os valores considerados como pagamentos não identificados ou sem causa pela autoridade fiscal são todos em dezenas de milhares de reais. Também desta feita, a recorrente não apresenta qualquer vínculo entre os pagamentos e os serviços que teriam sido prestados. Com efeito, a mera juntada aos autos de documentos, sem demonstrar o seu vínculo com os fatos discutidos não tem o condão de provar as alegações feitas, mormente quando não é possível inferir de forma direta dos documentos a conclusão buscada pela recorrente. Desta feita, tendo a autoridade fiscal se desincumbido do seu mister de provar que foram efetuados pagamentos pela recorrente cujos beneficiários e/ou causa não estavam identificados em sua escrituração, cabia à recorrente trazer aos autos as provas que pudessem identificar não apenas os beneficiários, como as causas dos recebimentos. À míngua de apresentação de novos elementos e esclarecimentos pela recorrente, deve ser prestigiada a decisão de primeiro grau que manteve a exigência do IRRF. Assim, voto por negar provimento neste ponto. Por fim, a recorrente alega que a qualificação da multa de ofício deve ser afastada, na medida em não restou comprovado o intuito de ocultar a ocorrência do fato gerador e que a mera divergência entre os valores declarados e aqueles registrados na escrituração podem caracterizar, quando muito, indícios de omissão de receitas que não poderia justificar o agravamento da multa. Alega que o art. 44 da Lei nº 9.430/1996, exige a comprovação do evidente intuito de fraude o que não se verifica no presente caso. Sustenta que inclusive reconstituiu sua escrituração contábil e fiscal na qual recompôs sua movimentação financeira e seu faturamento, verbis: [...] No caso da interessada é necessário estabelecer o conceito de conduta reiterada, haja vista tratar-se de empresa que reconstituiu todo seu acervo, restando demonstrado até mesmo e sobretudo pelo seu faturamento que não se trata de tarefa fácil e imediata, tendo ela sofrido as intempéries da natureza em 2009 e tendo sido lavrado Termo de Início de Fiscalização em 2010. O elemento tipificador para a manutenção do agravamento da multa foi caracterizado pelo julgador como "ausência de informações sobre suas atividades", conforme exposto às fls. 57, item 19.2 do Acórdão, que se traduz como receita não escriturada. Não está configurado porém, no presente procedimento, que houve receitas não escrituradas. O caso de receita escriturada mas não declarada, não tipifica omissão de receita, quando muito, inexatidão da Declaração de Rendimentos. As prováveis falhas na Escrituração Fiscal tiveram seus motivos exaustivamente justificados, sendo o esforço da interessada em reconstituir sua escrita, visível, Fl. 10251DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 35 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 sobretudo pelo volume de seus negócios. Eventuais falhas não são passíveis de agravamento de penalidade e sim de glosa. A imprestabilidade de sua escrita não ficou patente, haja vista que seus negócios estão todos ligados à instituições bancárias, através das diversas Carteiras, cujos relatórios foram expostos. Nada se ocultou. [...] No Termo de Verificação Fiscal a autoridade lançadora descreve as condutas que considera caracterizadoras do intuito doloso de ocultar do Fisco a ocorrência dos fatos geradores identificados no curso da ação fiscal, restando sintetizada ao final do tópico denominado “Da intenção Dolosa dos Agentes Responsáveis pela Fiscalizada, verbis: [...] Portanto, pelos fatos acima expostos, ficou evidenciado de forma cristalina a tentativa dolosa da verdadeira administração de fato da autuada de impedir ou retardar o conhecimento por parte do Fisco das condições pessoais do contribuinte suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o seu crédito tributário dele decorrente, através da comprovada interposição de outra pessoa na constituição da empresa e também pela omissão proposital de informações ao fisco, deixando de cumprir suas obrigações acessórias tais como a prestação de informação ao Fisco através das declarações apresentadas "zeradas" como a DIPJ e a DCTF de forma reiterada nos anos-calendário de 2007 e 2008 e ainda por ter tentado ludibriar o Fisco apresentado uma escrituração repleta de vícios que registrou um suposto prejuízo contábil e fiscal em todos os períodos de apuração do lucro real, e durante o período de apuração pelo SIMPLES FEDERAL, não apresentou nenhuma escrituração, nem mesmo o livro caixa, e pela utilização de contas bancárias mantidas em nome de pessoas jurídicas inexistentes. Também pela sua ação dolosa tendente a impedir a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, modificando as suas características essenciais, de modo a evitar o pagamento do montante do imposto devido, quando não assume a verdadeira atividade comercial praticada pela sua empresa CHARQUE 2000 e o seu papel no fato gerador dos tributos exigidos no presente Auto de Infração, como também pelo ajuste doloso estabelecido entre as pessoas envolvidas, seja as físicas, como também as jurídicas, no sentido de livrar a folha de pagamento dos encargos legais previstas para a pessoas jurídicas que não se enquadram como micro e pequenas empresas optante pelo SIMPLES NACIONAL, posto que a mesma se enquadrou irregularmente nesse sistema, visando os efeitos referidos nos artigos 71 (sonegação) e 72(fraude) da lei n° 4729/64. [...] A autoridade fiscal enumera uma série de circunstâncias que no seu modo de ver caracterizariam o intuito de sonegação da empresa fiscalizada. Entre eles aponta a interposição de pessoas no quadro societário da fiscalizada, que seria parte de um esquema envolvendo a empresa Charque 2000 e seu sócio Agnaldo Marcondes Ribeiro Brum, que seria o real proprietário da empresa autuada. Segundo a acusação fiscal, a empresa Charque 2000 e seu sócio Agnaldo seriam os reais detentores do negócio e dos meios de produção, utilizando-se da pessoa jurídica HSR apenas para formalizar a venda dos produtos sem o recolhimento de impostos, enquanto que a empresa Charque 2000 registra uma receita diminuta e é tributada pelo Simples. Esta acusação, que será melhor analisada quando do exame da atribuição da responsabilidade, objeto do recurso de ofício, não me parece ser a mais adequada a justificar a imposição da multa qualificada, não pelos seus aspectos meritórios que analisarei mais adiante, Fl. 10252DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 36 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 mas pelo fato de que o lançamento foi realizado apenas em face da empresa HSR, não tendo sido desconsiderada a personalidade jurídica de nenhuma das duas empresas para fins de atribuir a uma delas a responsabilidade pelo conjunto da operação de ambas. Desta feita, ao meu ver, ainda que seja reconhecida a interposição de pessoa no quadro social da recorrente tal fato conduziria ao reconhecimento do acerto da atribuição da responsabilidade dos verdadeiros sócios pelos tributos devidos em face do faturamento experimentado pela recorrente, mas não seria um fundamento adequado para a qualificação da multa, uma vez que os fatos geradores foram realizados independentemente da circunstância apontada e atribuídos à empresa HSR. Assim, no caso de inadimplemento da dívida pela fiscalizada os responsáveis seriam acionados para satisfazer as obrigações constituídas em nome daquela. Dito de outro modo, os fatos geradores foram considerados como ocorridos em nome da fiscalizada, independentemente da acusação de interposição fraudulenta no seu quadro social, não contribuindo, por este aspecto, para revelar a intenção dolosa da fiscalizada de sonegar os tributos devidos. É verdade que a suposta conduta pode indicar a disposição da empresa, por orientação do seu verdadeiro titular, de não satisfazer o pagamento dos tributos, posto que, em tese, não seria alcançado pelo Fisco para cumprir tal obrigação, restando uma dívida impagável em nome de sócios formais (interpostas pessoas), sem capacidade patrimonial para honrá-la. A autoridade fiscal traz à baila a existência da empresa Distribuidora JM, que funcionou no mesmo local, com a mesma atividade e teve como sócios os mesmos da recorrente, e que foi transferida para outras pessoas com notória incapacidade financeira e patrimonial, antes de ser criada a empresa HSR para exercer a mesma atividade no mesmo local da antecessora. Esta empresa teria sido extinta e deixado de funcionar no ano de 2007, deixando dívidas tributárias constituídas de ofício pelo Fisco em outro processo. Em que pesem tais fatos, entendo que a intenção de sonegar da recorrente é revelada pela prática reiterada de prestar informações falsas em suas declarações de rendimentos, omitindo suas reais receitas e movimentação financeiras, seja apresentando faturamentos muito inferiores aos reais em sua DIPJ/DCTF, seja apresentando tais declarações com valores zerados. O fato de a recorrente ter reconstituído sua escrita contábil, depois de sofrer sua destruição pela alegada intempérie não socorre a recorrente, pois tal como foi sobejamente demonstrado e analisado pela autoridade autuante a mesma apresentava vícios que apontam para a apuração deliberada de um resultado negativo, mediante a manipulação de custos de produção, além de haver indícios de omissões de outras receitas não escrituradas e não espelhar a real movimentação operacional da empresa, cujos recursos transitaram em contas de terceiros, inclusive a da já mencionada empresa Distribuidora JM, sem o competente registro na contabilidade. Ante ao exposto, voto no sentido de manter a multa qualificada sobre os valores lançados. Conclusão Fl. 10253DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 37 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Por todo o exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir as exigências de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins sobre o faturamento do mês de abril de 2007 (R$ R$ 633.052,50). RECURSO DE OFÍCIO A DRJ interpôs recurso de ofício em face da decisão que exonerou a responsabilidade solidária dos contribuinte arrolados: a pessoa jurídica CHARQUE 2000 e a pessoa física Aguinaldo Marcondes Ribeiro Brum e o cancelamento da multa de ofício do IRRF. A autoridade fiscal descreveu as condutas e fatos que, no seu entendimento, justificariam a imputação da responsabilidade solidária dos contribuintes arrolados em face do crédito constituído por meio do lançamento objeto destes autos. De modo geral, a descrição feita nos termos de responsabilidade solidária lavrados pela autoridade fiscal (fls. 774/789) é coincidente, de sorte que transcrevo abaixo os fatos descritos no Termo de Responsabilidade lavrado em face do contribuinte Aguinaldo Marcondes Ribeiro Brum, que é apontado como o liame entre as duas pessoas jurídicas (contribuinte autuada e responsável solidária arrolada), verbis: [...] Na presente Ação Fiscal, a Fiscalização procedendo conforme estabelece o art. 142 do CTN identificou corno sujeito passivo responsável tributário a pessoa jurídica CHARQUE 2000 e a pessoa física AGUINALDO MARCONDES RIBEIRO BRUM, pelos seguintes motivos: 1) O Sr. AGUINALDO, sócio da empresa CHARQUE 2000 é proprietário de fato do bem imóvel (documento nº16) onde a pessoa jurídica fiscalizada e a empresa CHARQUE 2000 funcionam, e onde as demais pessoas jurídicas citadas no presente relatório já funcionaram um dia, imóvel este que é o estabelecimento industrial existente na rua Antônio Cunha, recebem os números 345 e 347, no Bairro Presidente Kenedy, na cidade de Itaperuna-RJ. Ressalte-se que não foram apresentados contratos de locação do imóvel onde a Fiscalizada funciona, imóvel este que como já foi dito, tem como proprietário de fato, o Sr. AGUINALDO (documento n° 16). 2) O Sr. AGUINALDO se beneficiou da atividade empresarial realizada através da pessoa jurídica fiscalizada (HSR) que juntamente com a empresa responsabilizada (CHARQUE 2000 ), realizou a industrialização e a comercialização de charques da marca "Vitória" ou "Eldorado" obtendo o expressivo faturamento nos anos fiscalizados, conforme ficou comprovado na Ação Fiscal, não apurou, não declarou e nem recolheu os tributos correspondentes. Ressalte- se que um imóvel rural foi adquirido pelo Sr. AGUINALDO utilizando-se de R$ 200.000,00(duzentos mil reais) transferidos da conta bancária mantida em nome da pessoa jurídica fiscalizada no ano de 2008, e esses valores foram contabilizados pela Fiscalizada como sendo pagamento à "fornecedores" (conforme contabilização efetuado nas fls. 041, 120, 199,233 do Livro Diário n° 03 de 2008 - documento n° 35 ). 3) A empresa fiscalizada funcionava no n° 347 da Rua Antônio Cunha, Bairro Frigorífico, cidade de Itapcruna-RJ, realizava as compras das matérias-primas e as vendas dos produtos elaborados, no caso o charque, que é o fruto da atividade empresarial desenvolvida e mantinha expressiva movimentação bancária, porém sua folha de pagamento só registrava 03(três) beneficiários, a sua DIPJ, DACON e DCTF foram apresentadas "zeradas" como se a empresa não tivesse obtido resultados Fl. 10254DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 38 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 operacionais. No seu quadro societário consta um funcionário da empresa CHARQUE 2000 (o Sr. ROBSON) e uma irmã do Sr. AGUINALDO (Sr. ACIDÁLIA). A empresa fiscalizada não possui registro no SIF(Sistema de Inspeção Federal), e utiliza do registro da empresa CHARQUE 2000 (documento n° 18), demonstrando com esses elementos, a estreita ligação entre as referidas pessoas jurídicas comprovadas através das responsabilidades legalmente previstas para o citado registro, que recaem sobre a CHARQUE 2000, ainda que resulte para a mesma, apenas um faturamento diminuto comparado ao faturamento da Fiscalizada. 4)Enquanto a empresa Charque 2000, no ano de 2008 declarou receita bruta de apenas R$ 791.837,53 consta como optante pelo SIMPLES NACIONAL e praticava suas atividades empresariais sem utilizar-se de contas bancárias, em sua DIRF consta pagamentos a 174(cento e setenta e quatro) pessoas físicas (funcionários e sócios) e totalizava R$ 957.857,19 de despesa com esses pagamentos, e como já foi mencionado, c a empresa que possui o registro no SIF, registro esse que foi estabelecido pela legislação que dispõe sobre inspeção sanitária e industrial dos produtos de origem animal realizada pelo governo federal nas indústrias de carne que comercializam estes produtos para outros estados da Federação, e prevê uma série de requisitos, sanções e responsabilidades para as pessoas que o obtém, conforme estabelece a lei n° 7.889/89, a lei n° 1283/50 e o Decreto n° 30.691/52 - RIISPOA (Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal). Possui 16 (dezesseis) veículos de carga registrados no DETRAN(documento n° 19) e durante a Fiscalização foram apresentados contratos de arrendamento de veículos para a empresa autuada HSR. Apesar da estreita relação comercial entre as empresas em comento, nenhum contrato comercial escrito foi formalmente celebrado entre as mesmas, somente os contratos de um suposto arrendamento mercantil dos caminhões (documento n° 23) utilizados pela Fiscalizada. Pelas cópias das notas fiscais de venda da Fiscalizada colhidas pela Fiscalização com alguns clientes, constatou-se que os motoristas dos caminhões "arrendados" fazem parte da folha de pagamento da empresa CHARQUE 2000, ainda que no referido "contrato de arrendamento" conste na cláusula terceira que os referidos caminhões seriam usados por "motoristas da arrendataria (HSR) ou pessoa por ela devidamente credenciada a juízo e sob sua responsabilidade." Portanto conclui-se que os custos dos salários dos referidos motoristas ficava a cargo da empresa CHARQUE 2000, embora os caminhões, segundo o "arrendamento" ficasse sob a responsabilidade da Fiscalizada que os utilizaria para transportar os seus produtos (CHARQUE VITÓRIA ou ELDORADO) para os seus clientes no País. 5) Da cópia dos documentos dos caminhões (documento n° 19) de propriedade da empresa CHARQUE 2000, é possível constatar pela identificação do nome dos proprietários anteriores que há 03(três) caminhões que já pertenceram a pessoa jurídica DISTRIBUIDORA JM comprovando por mais esse elemento de prova a estreita ligação entre as referidas pessoas jurídicas. 6) Uma das testemunhas dos "contratos de arrendamento" dos caminhões, o Sr. RONALDO ADRIANO SANTANA, CPF N" 073.672.357-96, consta da DIRF da empresa CHARQUE 2000, e também já participou, juntamente com o Sr. ROBSON inclusive, do quadro societário de duas das empresas de charque que já funcionaram no mesmo local da Fiscalizada, uma como sócio administrador da empresa COMERCIAL RECICLAGERAL LTDA ME (nome fantasia CHARQUE 2000, aqui tratada de CHARQUE 2000-2), possuidor do CNPJ N° 02.192.926/0001-51 no período de 27/01/2000 a 30/01/2002 (documento n° 01) e também como sócio administrador da empresa PERFORMANCE DE ITAPERUNA DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA, possuidora do CNPJ N" 02.871.935/0001-79, no período de 10/03/2003 a 25/05/2006 (documento n° 01). O referido contribuinte também assinou por duas vezes como testemunha nas alterações contratuais da empresa DISTRIBUIDORA JM DE ALIMENTOS PROGRESSO, inclusive quando da mudança de endereço para outro endereço fictício, fato também testemunhado pelo Sr. ROBSON, conforme comprova as Fl. 10255DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 39 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 cópias dos referidos contratos sociais (documento n° 01), demonstrando por mais esse elemento de prova, a estreita ligação entre as citadas pessoas jurídicas. 7) O Sr. ROBSON que consta como sócio administrador da Fiscalizada, também consta como funcionário da CHARQUE 2000, dela recebendo salário nos anos fiscalizados, também já constou do quadro societário de outras empresas de charque identificadas na presente Ação Fiscal, como: PERFOMANCE DE ITAPERUNA DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS, DISTRIBUIDORA JM DE ALIMENTOS PROGRESSO e COMERCIAL RECICLAGERAL (de 10/10/1997 a 27/01/2000) que já foi registrada nos sistemas de controle de cadastro da SRFB com o nome fantasia "CHARQUE 2000" (documento n° 01), sendo que todas elas também funcionaram no mesmo endereço da empresa fiscalizada e tiveram como objeto social a mesma atividade empresarial (Indústria e Comércio de Charques). As referidas empresas foram transferidas para outros supostos sócios que as transferiram para endereços inexistentes. 8) O Sr. AGUINALDO aparece na DIRF da autuada de 2008 recebendo o valor de R$ 13.800 e R$ 29.000,03 em 2009, enquanto o próprio "sócio", o Sr. ROBSON, recebe o valor de R$ 4.910,00 em 2008. Quando questionada, a empresa fiscalizada informou que o Sr. AGUINALDO trabalhou para empresa como "comprador". 9) Os bens adquiridos pelo Sr. AGUINALDO até o ano de 2008 foram todos eles doados aos seus filhos, e por isso, a sua declaração de bens nesse ano foi inexpressiva, enquanto a dos seus filhos ocupam quase três páginas só com a relação de seus bens, sendo que a maioria deles foi recebida por doação do seu pai, o Sr. AGUINALDO, que permanece na escritura dos bens imóveis como usufrutuário. Enquanto a declaração dc bens do suposto "sócio" Sr. ROBSON e a "sócia" Sra. ACIDÁLIA constante das suas declarações de imposto de renda (DIRPF) (documento n° 07) não guardam a mesma proporção e muito menos retratam a realidade de uma condição econômica de sócios ou empresários proprietários de uma pessoa jurídica que faturou mais de R$ 60.000.000,00(sessenta milhões de reais) nos dois anos fiscalizados, fato também confirmado pelas informações extraídas das Declarações de Operações Imobiliárias (DOI) apresentadas à SRFB pelos Cartórios onde as escrituras foram lavradas (documentos n° 44). 10) A fiscalização comprovou que uma das Fazendas adquiridas pelo Sr. AGUINALDO no ano de 2008, foram quitadas com transferências da conta bancária da empresa fiscalizada(HSR) para a conta bancária do vendedor, o Sr. SEBASTIÃO LIPARJZI, CPF N° 014.871.247-91, em 04(quatro) transferências bancárias de R$ 50.000,00(cinquenta mil reais) somente no ano de 2008, posto que o valor total da compra constante da escritura foi de R$ 500.000,00(quinhentos mil reais). 11) Quando os filhos do Sr. AGUINALDO foram intimados para apresentar os documentos que comprovasse a origem dos recursos utilizados para a compra dos seus bens declarados, o mesmo não os apresentou e informou que a origem dos mesmos "já constava de sua declaração de imposto de renda.'''' 12) No ano de 2007 um dos filhos do Sr. AGUINALDO, o Sr. BRUNO, registrou em sua declaração de imposto de renda a aquisição de um veículo caminhonete TOYOTA HILUX, no valor de R$ 110.000,00(cento e dez mil reais). A empresa que comercializou o veículo foi diligenciada a apresentar os comprovantes dos pagamentos efetuados para a aquisição do referido bem, e a mesma apresentou a relação numérica dos diversos cheques de terceiros que foram utilizados para a quitação dos mesmos. 13) Conforme documentos obtidos nas diligências realizadas pela Fiscalização, as empresas HSR e CHARQUE comercializam em conjunto o charque da marca "VITÓRIA" e "ELDORADO". Fl. 10256DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 40 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 14) Após mais de um ano do procedimento fiscal aberto, e após a Fiscalização obter documentos que comprovava a relação comercial existente entre as duas empresas através de Diligências em um dos clientes da empresa, a fiscalizada admitiu por escrito que celebra com a empresa Charque 2000, um "contrato verbal" de terceirização, onde a CHARQUE 2000 supostamente industrializa a matéria-prima (carne do tipo ponto de agulha) adquirida pela HSR junto a diversos frigoríficos fornecedores, transformando o produto adquirido cm charque que então era comercializada pela Fiscalizada. Como será visto a referida contratação não passou de mais um ardil para desonerar a folha de pagamento da empresa fiscalizada, posto que a CHARQUE 2000 constava como optante pelo SIMPLES NACIONAL, além de colaborar para a sonegação fiscal apontada, uma vez que que a terceirização de atividade fim não é admitida pelo ordenamento jurídico brasileiro, o que é corroborado pelo Enunciado n° 256 e 331 do Tribunal Superior do Trabalho e pelo art. 9o da Consolidação da Leis do Trabalho (CLT). 15) Um dos AR (Aviso de Recebido) da correspondência postal encaminhando o Termo de Início de Ação Fiscal para o endereço da Fiscalizada foi recebida e assinada pelo Sr. AGUINALDO em 18.02.2010(documento n" 30). 16) 04 (quatro) AR endereçados para a Fiscalizada foram recebidos por funcionários da empresa CHARQUE 2000. (documento n° 30) 17) Em dois dos cheques emitidos (documento n° 26) da conta bancária mantida em nome da empresa fiscalizada (HSR) para efetuar pagamentos a "FORNECEDORES DIVERSOS", cujas cópias foram apresentadas em atendimento a intimação da Fiscalização, constavam escrito a mão em seu verso, o nome "CHARQUE 2000", o seu telefone disponibilizado em sites de busca na internet, o nome "AGUINALDO". 18) Há grandes diferença nas assinaturas do Sr. ROBSON em diversos documentos supostamente assinado por ele, tanto em seu nome quanto em nome das pessoas jurídicas cujos quadros societários incluíram seu nome e, curiosamente, há grande semelhança de uma das assinaturas dele com a assinatura do Sr. AGUINALDO, como exemplo citamos a assinatura do Sr. AGUINALDO constante do AR (documento n° 30), das respostas da CHARQUE 2000 e a assinatura do Sr. ROBSON constante dos livros contábeis e a assinatura constante dos cheques assinados em nome da pessoa jurídica fiscalizada (documento n° 21 e 26). 19) Em pesquisas aos sistemas de controle da SRFB (documento n° 29) foi constatado que os atuais sócios da pessoa jurídica CHARQUE 2000, o Sr. AGUINALDO e a Sra. NADIR RAMOS DA CUNHA BRUM, CPF N" 053.275.667/30, durante o ano de 2005 e 2007 receberam rendimentos da pessoa jurídica DISTRIBUIDORA JM. 20) Em pesquisas aos sistemas de controle da SRFB (documento n° 29) foi constatado que as pessoas físicas JORGE DA SILVA, CPF N° 623.641.547/15 e CINEZIO TAVARES DE REZENDE, CPF N° 104.155.567/91 no ano-calendário de 2005 receberam rendimentos da pessoa jurídica DISTRIBUIDORA JM e no ano-calendário de 2008 receberam rendimentos da pessoa jurídica CHARQUE 2000 (documento n° 38), o que demonstra a vinculação existente entre a DISTRIBUIDORA JM e a CHARQUE 2000. 21) Em pesquisas aos sistemas de controle da SRFB constata-se (documento n" 10) que todas as pessoas jurídicas mencionadas na presente Ação Fiscal figura o nome do mesmo contador, o Sr. MÁRCIO ROGÉRIO DA SILVA ROSA, portador do CPF N" 759.413.767-15 . 3. A marca CHARQUE 2000, já vem sendo utilizada como nome fantasia desde a data de abertura (10/10/1997) da pessoa jurídica de razão social COMERCIAL Fl. 10257DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 41 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 RECICLAGERAL LTDA ME, CNPJ N°02.192.926/0001-51 cujo nome fantasia também era "CHARQUE 2000" e que também já teve o Sr. ROBSON(documento n° 01) como sócio, sendo que a atual CHARQUE 2000, atualmente possui um sítio na INTERNET (documento n° 32) e nele se apresenta como proprietária do charque "Vitória". A responsabilidade solidária foi atribuída ao sr. Aguinaldo Brum, com fundamento nos artigos 121, inc II, 124, inc. I, 135, inc. III e 137 do CTN, e à empresa Charque 2000, com base nos artigos 121, inc II e 124, inc. I, do CTN. Os responsáveis solidários apresentaram impugnações tempestivas, que foram assim sintetizadas no acórdão recorrido: [...] 10. O Sr. Agnaldo Marcondes Ribeiro Brum apresenta a impugnação ao Termo de Sujeição Passiva Solidária por meio da petição de fls. 869/911, alegando em síntese o seguinte: 10.1. Preliminar de nulidade do Termo de Sujeição Passiva Solidária e também do auto de infração, por erro na identificação do sujeito passivo da obrigação tributária, por não se enquadrar em nenhuma das hipóteses dos artigos 121, 134 e 135 do Código Tributário Nacional. A responsabilidade teria sido indevidamente estendida à empresa Charque 2000 Indústria Comércio e Distribuidora de Carnes e Charques Ltda e a um de seus sócios, sendo que tanto a empresa como seu sócio ora impugnante não detêm nenhum poder de gerência na empresa fiscalizada. Os fatos descritos no relatório fiscal não são capazes de caracterizar a responsabilidade pessoal pretendida. Ao enquadrá-lo como pessoalmente responsável nesses termos, a fiscalização não observou os princípios da legalidade, tipicidade, segurança jurídica, bem como desrespeitou a ampla defesa e o contraditório; 10.2. Preliminar de nulidade por cerceamento do seu direto de defesa, vez que a fiscalização, ao enquadrá-lo como pessoalmente responsável nos termos dos artigos 135 e 137 do Código Tributário Nacional e citar também outros dispositivos (artigos 124 e 121 do Código Tributário Nacional), dificultou/impediu sua defesa. Entende que há um relato truncado e confuso de que a empresa fiscalizada seria sucessora de uma outra, que também foi fiscalizada, com relatos de fatos esparsos, devendo ser reconhecida a sua dificuldade de defesa, pois desconhece os fatos que lhe estão sendo imputados. O cerceamento do direito de defesa se dá também em relação ao mérito do lançamento da pessoa jurídica autuada, já que não tem meios legais e nem materiais para se defender quanto a fatos relacionados a uma pessoa jurídica da qual não é sócio, nem de direito e nem de fato, não é gerente, administrador, procurador, etc. Alega que somente tomou conhecimento dos autos de infração e do Termo de Verificação Fiscal, que mesmo assim, não são suficientes para garantir a possibilidade de direito de defesa das tributos e contribuições lançados, pois não é o sujeito passivo daquelas obrigações; 10.3. Preliminar de nulidade da responsabilização tributária, por vício de forma. Entende o Sr. Agnaldo Marcondes Ribeiro Brum que existe a necessidade de pronunciamento judicial para que, no caso concreto, possa ser efetivada a desconsideração da personalidade jurídica. Mesmo os defensores da aplicação da desconsideração no âmbito do direito tributário entendem que esta deve se dar de acordo com os critérios e as condições estabelecidas no artigo 50 do Código Civil Brasileiro, revelando-se a intervenção judicial indispensável, uma vez que expressamente exigida pela lei. Atribuir a Responsabilidade Tributária por meros indícios, ou pela análise superficial das provas colhidas no procedimento fiscal, é desrespeitar as garantias do cidadão; Fl. 10258DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 42 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 10.4. Que interposta pessoa só se aplica à sócio fictício, interposto à tal condição para que os verdadeiros detentores do quinhão de capital não apareçam. Sustenta que para se tipificar a condição de interposta pessoa seria necessário, por exemplo, que uma pessoa qualquer, sem nenhum vínculo com a sociedade organizada, às vezes com paradeiro desconhecido, etc, constasse como sócio da empresa X, com participação societária. No presente caso, os sócios da empresa são pessoas conhecidas, com domicílio certo e conhecido, e sempre se dedicaram à atividades correlatas com o objeto da empresa; 10.5. Que para que se dê a eleição do terceiro como responsável com base no artigo 134 do CTN não basta mero vínculo decorrente da relação, mas que o terceiro efetivamente tenha concorrido para o não cumprimento da obrigação tributária, ou mesmo que o patrimônio da empresa tenha se desviado para o terceiro responsabilizado. Hipóteses descartadas para a responsabilidade que lhe é atribuída, pois os autos carecem de prova inequívoca nesse sentido; 10.6. Que não tem interesse comum com os negócios realizados pela empresa autuada e também não se beneficiou com os mesmos. Apenas mantém com a mesma relações comerciais, por ser comprador de matéria-prima para a autuada e para várias empresas de charque estabelecidas na região, sem que isso signifique ato de gerência e/ou interesse comum no fato gerador dos tributos de responsabilidade da autuada. A Responsabilização Solidária não pode prevalecer, já que não há provas suficientes a demonstrar o interesse comum entre ele e a empresa autuada, tampouco sendo comprovado que administrava os bens da autuada e os valores depositados em suas contas correntes, como também nunca exerceu o cargo de gerente ou representante da autuada; 10.7. Que inexiste prova inequívoca de que tenha praticado ato irregular que autorize ser invocado o preceito do artigo 135 do CTN, mesmo porque não é sócio, gerente ou representante da pessoa fiscalizada e autuada, ela sim, sujeito passivo da obrigação. Logo, não poderia incorrer na prática de atos com excesso de poderes, infração à lei ou ao contrato social da autuada. Seu relacionamento com a mesma é comercial. Também não aplica a ele o artigo 121 e o 137 do CTN. Para o agente fiscal qualquer empresa vinculada ao ramo charque é de interesse comum com ele para fins tributários. O que se destaca é a simplicidade dos relatos, que não contêm provas inequívocas das vinculações que pretendeu imputar, não sendo nenhuma delas caso típico de responsabilidade solidária; 10.8. Que se insurge também quanto ao fato de serem citadas fiscalizações levadas a efeito em outras empresas com as quais também não tem interesse comum com os negócios por elas realizados e também não se beneficiou com os mesmos. O agente fiscal tenta responsabilizá-lo por fiscalizações em terceiras empresas apenas noticiadas no Termo de Sujeição Passiva Solidária, sem que sejam tais fatos de seu conhecimento; 10.9. Que aos terceiros mencionados no artigo 134 do CTN não é aplicável nenhuma penalidade, mesmo tratando-se de situação em que o terceiro interveio por atos ou omissões, o que não ocorreu no caso do processo sob exame. Afigura-se, portanto, completamente injustificada a aplicação da multa, na forma do artigo 44, § 2o da Lei 9.430/96; e mesmo que houvesse a responsabilidade passiva solidária, esta não se estenderia às multas de ofício aplicadas; 10.10. Que a empresa Charque 2000 Indústria Comércio e Distribuidora de Carnes e Charques Ltda, CNPJ 08.029.430/000148, mantém com a empresa fiscalizada relações comerciais amparadas pelo ordenamento jurídico brasileiro e também não praticou nenhuma ilegalidade, não tendo nada a esconder do fisco ou de qualquer outra instituição governamental. Não houve nem há a figura do "dificultar a cobrança dos créditos tributários por parte da Fazenda Nacional". Prova disso, é o Contrato de Comodato (cópia anexa) relativo ao imóvel que sedia a empresa fiscalizada – a HSR – e o Contrato de Terceirização entre a Charque 2000 e a fiscalizada; Fl. 10259DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 43 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 10.11. Que também não há provas nos autos de que tenha agido com infração às leis enquanto sócio da Charque 2000 Industria Comercio e Distribuidora de Carnes e Charques Ltda. As operações contratuais, entre as referidas empresas não são ilegais; 10.12. Que o agente fiscal tenta descaracterizar a legalidade do Contrato de Terceirização fazendo menção equivocada de que não há base legal para terceirização de atividade fim se calçando em Súmulas da Justiça Trabalhista. Sustenta que a lei não impõe restrição à terceirização de atividade fim, o que se tem é interpretação apenas para fins trabalhistas. Além disso, os próprios termos "atividades meios" e "atividades fins" não têm seus alcances bem delineados pela lei ou jurisprudência, comportando, ainda hoje, divergências doutrinárias; 10.13. Que o agente fiscal de forma equivocada tenta desabonar pessoas de bem, pelo simples fato de possuírem empresas localizadas em um mesmo bairro no município de Itaperuna PJ, bairro este destinado à empresas que se dedicam a charques, razão pela qual é conhecido como bairro "Frigorífico"; 10.14. Que uma vez que o bairro conhecido como "Frigorífico" possui várias empresas instaladas, é comum a movimentação da mão-de-obra dispensada de uma empresa ser contratada por outra, sem que isto configure ilicitude e/ou tipificação de solidariedade passiva para fins tributários; 10.15. Que a fiscalização tumultua os autos quando faz menção à matéria de competência do Ministério do Trabalho e do Ministério da Agricultura sem nenhuma prova de que há conduta ilegal e muito menos delituosa apuradas pelos órgãos de fiscalização daqueles Ministérios; 10.16. Que é desproposital a afirmação de que o filho do ora impugnante comprou um veículo e que este veículo foi pago com vários cheques de terceiros. Questiona em que isto pode servir de prova contra o impugnante, uma vez que seu filho tem renda própria não cometeu nenhuma ilegalidade ao adquirir o referido veículo. Além disso, em outro enfoque traz para a roda operações efetuadas por filho deste impugnante, que também encontra-se em dia com a RFB e que não tem nenhum vínculo com as empresas em questão. 11. A pessoa jurídica Charque 2000 Itaperuna Indústria, Comércio e Distribuição de Charques Ltda impugna alegando o seguinte: 11.1. Que o artigo 135 do Código Tributário Nacional tem como destinatário as pessoas físicas referidas no artigo 134, como também os mandatários, prepostos, empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Assim, é nulo o Termo de Sujeição Passiva, por erro na identificação do sujeito passivo, haja vista não poder a pessoa jurídica ser a destinatária das responsabilidades pessoais atribuídas aos mandatários, prepostos, empregados, diretores e gerentes e por não ser o mesmo instrumento eficaz para sucessão de obrigações entre pessoas jurídicas. A relação ali enumerada em seus incisos I, II e III é exauriente e não exemplificativa, não comportando portanto a adição de outras pessoas e, menos ainda, de pessoas jurídicas. Além disso, também a responsabilidade solidária, segundo legislação, doutrina e jurisprudência, é direcionada a pessoas físicas, representadas pelos sujeitos relacionados nos artigos 135 e 137 do CTN; 11.2. Que o Auditor Fiscal afirmou no Termo de verificação Fiscal que "O Sr. Aguinaldo, sócio da empresa CHARQUE 2000 é proprietário de fato bem imóvel (documento 16) onde a pessoa jurídica fiscalizada e a empresa CHARQUE 2000 funcionam...". Entende a empresa responsabilizada que o Auditor se equivocou ao designar o sócio da Responsabilizada como proprietário de fato do bem imóvel objeto do usufruto, uma vez que o fato constatado é público e notório, haja vista a Escritura Pública ter sido vexada aos autos em atendimento a Termo de Intimação Fiscal. A autoridade fiscal estaria contestando a fé-pública notarial, vez que a declaração Fl. 10260DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 44 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 constante na Escritura juntada estabelecendo o usufruto, por ser instrumento público, possui presunção de veracidade, já que o Tabelião é detentor de fé-pública; 11.3. Que o Sr. Agnaldo, seu representante legal, é beneficiário de usufruto de uma área de terra de 5.000 metros quadrados situada na Rua Antonio Cunha, 347, Bairro Presidente Kennedy, no lugar denominado Frigorífico, tendo como benfeitoria uma sala comercial e uma câmara fria. No gozo do direito que tal instituto lhe proporciona, celebrou Contrato de Comodato com a empresa fiscalizada “HSR DE ITAPERUNA DISTRIBUIDORA DE CARNES E CHARQUES LTDA”, representada por seu sócio gerente, o Sr. Robson José Alves de Azevedo. Conforme descrito, o objeto do mesmo é o imóvel que tem como comodatária a pessoa jurídica fiscalizada e como comodante o Sr. Agnaldo Marcondes Ribeiro Brum, sócio da empresa Charque 2000. Tal Contrato, firmado em 2006, transformou-se em contrato por prazo indeterminado, segundo as leis reguladoras da matéria, estando pois em plena vigência nos períodos fiscalizados, não se prestando porém para nenhuma outra finalidade se não as declaradas no próprio texto do documento. O Contrato de Comodato firmado satisfaz as exigências dos contratos em geral, reguladas no Código Civil, definido no artigo 579, como empréstimo gratuito de coisas não fungíveis, aperfeiçoado com a tradição do objeto; 11.4. Que a relação dela, Charque 2000, com a HSR, representada pelo Contrato de Comodato, se exaure dentro dos Termos do próprio Contrato, não havendo que se falar em integração de patrimônios societários por meio da agregação do patrimônio de uma sociedade em outra, sobretudo porque o representante da CHARQUE 2000, comodante pessoa física, é mero possuidor do imóvel, através do instituto do usufruto, que não comporta a transferência da propriedade do bem objeto do mesmo; 11.5. Que consta em suas informações cadastrais inseridas nos Sistemas da Receita Federal do Brasil e especialmente no CNPJ que sua sede se localiza na Rua Antonio Cunha, 345 Sala A, Presidente Kennedy – Itaperuna. Assim, não há como ainda persistir dúvida quanto à sua sede ou de que ela funciona no mesmo endereço da Autuada, como faz supor o Auditor Fiscal, ao afirmar que "Os estabelecimentos que ficam no número 345 está pintado nas cores azul e branco e o suposto estabelecimento de número 347 está pintado de verde e branco. Não há nas edificações mencionadas qualquer tipo de placa ou letreiro que possa identificar o nome da empresa ali existente...". Os artifícios usados pelo Auditor, ainda que sejam materiais e de fácil contestação, não podem persistir para reforçar sua pretensão de imputar responsabilidades à CHARQUE 2000; 11.6. Que não pode causar estranheza a presença de caminhões da empresa "azul e branco" nas dependências da empresa "verde e branco", já que quando diligenciada apresentou ao Auditor os vários Contratos de Arrendamento nos quais figura como arrendante de veículos para a HSR. A formalização de tais Contratos não teve nenhuma finalidade de desvirtuar os estritos limites expressos formalmente através dos instrumentos contratuais colocados a disposição do Auditor; e que não se justifica a estranheza apontada pelo mesmo diante do fato de seu empregado ser testemunha do referido Contrato, pois nada na legislação comercial/empresarial restringe a idoneidade da testemunha pelo fato de ser empregada de um dos lados contratantes. Além disso, os documentos comprobatórios da propriedade dos veículos também foram apresentados e nada existe que ultrapasse as relações contratuais expressas. Portanto, foi não somente possível, como também fácil, "constatar que os caminhões utilizados para realizar o frete das mercadorias vendidas pela empresa fiscalizada estão registrados no DETRAN- RJ em nome da empresa CHARQUE 2000"; 11.7. Que sobre a ausência de formalização de Contratos de Prestação de Serviços celebrado com a HSR e da suposta terceirização dos serviços da atividade fim da empresa, alega o seguinte: 11.7.1. Que noticiou a terceirização dos serviços de industrialização prestados à empresa autuada através de contrato não formal, o qual se concretiza quando a empresa terceirizada promove a industrialização da matéria prima adquirida pela HSR de Fl. 10261DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 45 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Itaperuna Ind. e Com de Charques Ltda., devolvendo-a na forma em que é comercializada e fazendo a cobrança pelos serviços prestados; 11.7.2. Que a veracidade de tal serviço está comprovada pelo cumprimento das várias exigências para atendimento aos Órgãos de Inspeção do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, como provam os Laudos juntados ao anexo I assinados pelo Fiscal Geral Agropecuário, que atesta nas alíneas a/u do item 2 de cada processo o cumprimento do artigo 796 do RIISPOA. Esclarece que junta à impugnação a documentação referente à sua aptidão para o serviço, representada pela documentação relativa ao Registro de Rótulo de Produtos de Origem Animal para os três rótulos dos produtos industrializados por ela como serviços prestados à autuada Anexo I; 11.7.3. Que no Termo de Verificação Fiscal o Auditor Fiscal faz referência a Transferência de Registro e relacionamento entre empresas. Sustenta, entretanto, que não foi vendida ou arrendada para a autuada, não havendo como falar em comprador e arrendatário, e sim prestador e tomador de serviços, como provam os Rótulos constantes do Anexo I, acompanhados de todas as providências tomadas pelo sócio Agnaldo Marcondes Ribeiro Brum para adequá-los às exigências do RIISPOA; 11.7.4. Que não há como contestar a existência das duas empresas, titulares de poderes para firmar contratos, assim como não há que se classificar as duas empresas como estabelecimentos reunidos em grupo e pertencentes à mesma firma, pois tem existência autônoma e distinta da fiscalizada, conforme seus Atos Constitutivos e posteriores Alterações colocados à disposição do Auditor Fiscal. Não veio daí a notícia de que fora vendida ou que é parte de grupo pertencente à mesma firma, como alude o Fiscal. Ainda que a relação não tenha se dado por contrato formal escrito, não há como duvidar que a empresa Charque 2000 Industria e Comercio de Charques Ltda, CNPJ 08.029.430/000148, presta serviços de industrialização à HSR de Itaperuna Indústria e Comércio de Charques Ltda., conforme consta da embalagem de seus produtos comercializados; 11.7.5. Que toda operação está devidamente escriturada nos Livros entregues ao Auditor Fiscal e não há registro de comercialização, pois esta operação não foi por ela efetuada, contestando assim a afirmação exposta na página 19 do Termo de Verificação Fiscal de que “o Sr. Aguinaldo se beneficiou da atividade empresarial realizada através da pessoa jurídica fiscalizada (HSR) que juntamente com a empresa responsabilizada (CHARQUE 2000) realizou a industrialização e comercialização de charques da marca "Vitória" ou "Eldorado" obtendo o expressivo faturamento nos anos fiscalizados”; 11.7.6. Que a tentativa do Auditor de provar o afirmado através da DILIGÊNCIA 11 não é válida, já que, conforme relatado na página 43 do Termo de Verificação Fiscal, as notas fiscais das vendas encontradas no Supermercado Padrão da Fonseca foram emitidas no ano de 2010, período não abrangido pela fiscalização em curso, conforme ali literalmente transcrito "venda realizada no ano de 2010 por parte da CHARQUE 2000"; 11.7.7. Que apesar de o serviço de terceirização ter sido explicado pela autuada, conforme página 52 do Termo de Verificação Fiscal, o Auditor Fiscal, adentrando na matéria trabalhista, fora de sua competência, classifica o Contrato de Terceirização como "mais um ardil para desonerar a folha de pagamento da empresa fiscalizada posto que a CHARQUE 2000 constava como optante pelo SIMPLES NACIONAL, além de colaborar para a sonegação fiscal apontada, uma vez que a terceirização de atividade fim não é permitida pelo ordenamento jurídico brasileiro, o que é corroborado pelo Enunciado n" 256 e 331 do Tribunal Superior do Trabalho e pelo art. 9° da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ". Entende a empresa responsabilizada que não há que imputar ilegalidade à terceirização efetivada, uma vez que os Enunciados citados pelo Auditor Fiscal são de cunho trabalhista e orientam os julgadores da matéria na definição dos direitos trabalhistas dos empregados ligados à atividade fim da empresa; Fl. 10262DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 46 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 11.7.8. Que o Contrato em discussão não extrapola os limites dos serviços tacitamente contratados, e a ausência de formalização de Contratos de Prestação de Serviços celebrados entre a Fiscalizada e a pessoa jurídica CHARQUE 2000 não tem a força de transformar a efetiva relação entre as duas empresas em tipificação de prática de atos ilícitos, abuso de direito e abuso de forma, além do desvio de finalidade na utilização de pessoas jurídicas. Ademais, a prestação do serviço de industrialização promovido pela Responsabilizada também não caracteriza a confusão patrimonial entre autuada e Responsabilizada; 11.7.9. Que o artigo 50 do Código Civil Brasileiro, transcrito pelo Auditor Fiscal, não se presta para justificar o direcionamento da responsabilidade tributária para a pessoa jurídica impugnante, já que trata de extensão de certas e determinadas relações de obrigações aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica; 11.7.10. Que o Auditor Fiscal pretendeu estabelecer uma sucessão entre as duas empresas, porém devido a fragilidade de seus argumentos criou a figura da responsabilidade através da lavratura do Termo de Sujeição Passiva contra a CHARQUE 2000. O intuito de sucessão tentado pelo Auditor torna-se evidente, quando diz que a empresa fiscalizada funcionava no n° 347 da Rua Antonio Cunha, fazendo crer que não mais funciona, apesar de ter estado no local e constatado a presença de duas empresas. Entretanto, vendo malgrado seus argumentos, atropela nosso ordenamento jurídico e atribui a responsabilidade prevista nos artigos 135 e 137 do Código Tributário Nacional à pessoa jurídica, como já alegado em PRELIMINAR; 11.7.11. Que o Auditor Fiscal cita em seu Termo de Constatação que um dos fundamentos para estabelecer a responsabilidade tributária foi o fato de "Um dos AR (Aviso de Recebimento) da correspondência postal encaminhando o Termo de Início de Ação Fiscal para o endereço da Fiscalizada foi recebida e assinada pelo Sr. AGUINALDO em 18.02.2010 (documento 30)". Argumenta a impugnante que as duas empresas, autuada e Responsabilizada, são vizinhas, uma ocupante do número 347 e outra do número 345, respectivamente, e que durante todo decorrer da fiscalização outros AR também endereçados para a autuada foram recebidos por funcionários da empresa CHARQUE 2000, sem que isto demonstre confusão entre as pessoas jurídicas, e sim o fato de existir uma portaria comum, o que autoriza o funcionário dos Correios a entregar a correspondência a qualquer pessoa que se encontre no recinto, tendo porém o cuidado de identifica-las, resguardando assim sua responsabilidade. A prova maior de que nenhum indício de confusão existe, é que o recebimento das correspondências por qualquer pessoa, não necessariamente empregados da fiscalizada/Responsabilizada, continuou por todo o tempo da fiscalização/diligência. O fato é que a empresa, mesmo diligenciada, não se preocupou em modificar seu hábito exercido até em nome da boa vizinhança que mantém com a autuada. É de se destacar também que por tratar-se de cidade pequena, de costumes interioranos, há uma visível despreocupação na maneira de agir das pessoas. Assim, o simples fato do representante da Responsabilizada ter recebido uma correspondência cujo teor desconhecia como sendo o Termo de Início da Ação Fiscal, não pode agigantar-se a ponto de fazer dele o proprietário da HSR de Itaperuna Indústria e Comércio de Charques Ltda; 11.7.12. Que nunca negou as relações comerciais mantidas com a autuada, declaradas ao Auditor Fiscal, enquanto Diligenciada, através de resposta a Termos de Intimação, onde noticiou seus Contratos de Arrendamento de Veículos. Sua escrituração, também remetida ao mesmo, retrata as relações de terceirização perfeitamente identificadas. As Planilhas INFORMAÇÕES EXTRAÍDAS DAS GIA-ICMS 2007 E 2008, que acompanham o Termo de Sujeição Passiva, mostram as relações comerciais entre as duas empresas, através da informação de valores pagos por serviços de terceirização. Não é de se estranhar pois, a existência de cheques da autuada em benefício da Responsabilizada. É justa assim a afirmativa de que são indícios de pagamento pela prestação de serviços ou outras relações lícitas mantidas entre elas. Por isso, entende desproposital a afirmação do Auditor Fiscal, para fins de considerar como indício de ato Fl. 10263DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 47 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 ilícito ou com desvio de finalidade, de que "Em dois dos cheques emitidos (documento n° 26) da conta bancária mantida em nome da empresa fiscalizada (HSR) para efetuar pagamentos que foram contabilizados na conta FORNECEDORES DIVERSOS, com o histórico de "PAGAMENTO AO FORNECEDOR ", constavam escrito a mão em seu verso, o nome CHARQUE 2000 ". É de todo fora de propósito atribuir a uma anotação no verso de DOIS CHEQUES, o valor de prova indiciária de tão graves conseqüências, já que existem nos autos provas de relações comerciais lícitas entre as empresas envolvidas; 11.7.13. Que não há como valorar a existência de cheques emitidos em favor da Responsabilizada apenas como indício do ilícito de desvio de finalidade na utilização de pessoas jurídicas cometidos pela autuada, já que tal indício culminou com o envolvimento da CHARQUE 2000 no pólo passivo da obrigação tributária. A escrituração da empresa autuada, conforme se depreende da leitura do Termo de Verificação Fiscal, foi reconstituída, sendo possível que tenha sido escriturada de forma genérica, já que não dispunha de todos documentos para atender aos requisitos de uma escrituração contábil minuciosa. Logo, como em seu ramo de atividade seus maiores custos são na Conta Fornecedores, é normal que ali tenham sido lançados outros custos; 11.7.14. Que ao afirmar que "tanto a pessoa jurídica autuada como a pessoa jurídica responsabilizada pelo crédito tributário lançado possuem o mesmo objeto social" o Auditor Fiscal tenta envolver a pessoa jurídica responsabilizada com todas as outras que tenham o mesmo objeto social dela. Entende que não estaria caracterizado o interesse comum por este fato, como alegado na pagina 8 do Termo de Sujeição Passiva. [...] A DRJ apreciou as alegações trazidas na impugnação e houve por bem exonerar ambos os responsáveis quanto à responsabilidade solidária atribuída, verbis: 20. Da responsabilidade solidária: 20.1. Ao proceder ao lançamento a fiscalização arrolou como sujeitos passivos solidários, na forma do inc. I do art. 124 do CTN, o Sr. Aguinaldo e a pessoa jurídica Charque 2000, da qual o Sr. Aguinaldo é sócio. Relativamente a ambos a fiscalização atribuiu responsabilidade solidária em razão do supostamente comprovado interesse comum nos fatos geradores dos tributos exigidos. O enquadramento legal relativo à responsabilização do Sr. Aguinaldo se deu nos termos do inciso II do art. 121, do inciso I do art. 124, inciso III do art. 135 e art. 137 da Lei nº 5.172 de 1966 (Código Tributário Nacional CTN) ; enquanto relativamente à pessoa jurídica Charque 2000, o enquadramento legal menciona apenas do inciso II do art. 121 e o inciso I do art. 124 do CTN. 20.2. Em síntese, o pormenorizado relato constante do Termo de Constatação e Verificação Final de fls. 590/695 e dos termos de sujeição passiva deixa claro que a fiscalização entendeu que estaria caracterizado o interesse comum dos arrolados na situação que constitui o fato gerador da obrigação tributária. 20.3. Os indícios que levaram a fiscalização a concluir pela solidariedade são relacionados adiante: a) o Sr. Aguinaldo é proprietário do imóvel onde funciona o estabelecimento da interessada; b) o Sr. Aguinaldo teria adquirido um imóvel rural no ano de 2008, e parte do pagamento teria se dado com recursos advindos de uma conta bancária em nome da interessada; c) a pessoa jurídica Charque 2000 tem em seu quadro societário a irmã do Sr. Aguinaldo; d) a interessada não possui registro no SIF (Sistema de Inspeção Federal), e utiliza do registro da empresa Charque 2000; e) a empresa Charque 2000 arrenda caminhões para a interessada, sendo que alguns destes caminhões já pertenceram à empresa Distribuidora JM; f) os bens adquiridos pelo Sr. AGUINALDO até o ano de 2008 foram todos eles doados aos seus filhos; etc. Fl. 10264DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 48 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 20.4. Com efeito, diz o artigo 124, inciso I, do CTN, que são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Que interesse comum é esse? Pela vagueza do termo, há de se examinar cada situação que constitui o fato gerador, de modo a se averiguar se existe a comunhão de interesses mencionada, acarretando a solidariedade. 20.5. Entendo que o interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação e que, se constatado, cria a solidariedade, não é um interesse meramente de fato, e sim um interesse jurídico. Interesse que decorre de uma situação jurídica. Ou seja, o interesse comum das pessoas não é revelado pelo interesse econômico no resultado ou no proveito da situação que constitui o fato gerador da obrigação principal, mas pelo interesse jurídico, que diz respeito à realização comum ou conjunta da situação que constitui o fato gerador. É solidária a pessoa que atua de forma direta, realiza individual ou conjuntamente com outras pessoas atos que resultam na situação que constitui o fato gerador, ou que, em comum com outras, esteja em relação ativa com o ato, fato ou negócio que dá origem à tributação. 20.6. Neste sentido, estariam afastados da responsabilidade solidária os sócios da pessoa jurídica que não exercem funções de gerência na sociedade, visto que tais pessoas, a despeito de possuírem interesse econômico no lucro da empresa, não praticaram atos que os vinculasse diretamente à situação que fez surgir o fato gerador. Ao contrário, os sócios-gerentes e os administradores, por se vincularem ativamente às situações ocorridas e aos atos praticados durante sua gestão ou administração, revelariam o “interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação”, previsto no inciso I do art. 124 do CTN. 20.7. Resumindo: na configuração da solidariedade é relevante que haja a participação comum na realização do lucro, e não a mera participação nos resultados representados pelo lucro. A existência de interesse comum é situação que somente em cada caso pode ser examinada. A solidariedade, em tais casos, independe de previsão legal. É a fiscalização que deve provar que há interesse comum nesta ou naquela situação. 20.8. No caso dos autos, as evidências em que se baseou a fiscalização para imputar a responsabilidade solidária ao Sr. Aguinaldo e à pessoa jurídica Charque 2000, a meu ver, constituem, quando muito, meros indícios de estreita vinculação comercial entre as duas empresas, que possuem em seus quadros societários parentes, carecendo a conclusão fiscal de prova robusta a fim de restar caracterizada a solidariedade a que alude o art. 124, I, do CTN. 20.9. Com efeito, poder-se-ia pelos elementos acostados aos autos, a princípio e de forma indiciária, se perquirir sobre a efetiva vinculação dos responsabilizados com as atividades da empresa fiscalizada. No entanto, a fim de se imputar a este a responsabilidade solidária a que alude o art. 124, I, do CTN, caberia à fiscalização aprofundar as investigações a fim de demonstrar de forma inequívoca a participação direta dos responsabilizados nos negócios da interessada. 20.10. Especificamente quanto ao Sr. Aguinaldo o Termo de Sujeição Passiva ainda cita como fundamento legal da responsabilização o inciso III do art. 135 e o art. 137 do CTN, que versam sobre a responsabilidade pessoal de diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas por atos praticados por excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Portanto, a responsabilidade a que se referem os mencionados artigos somente se aplica às pessoas que, de fato, exerçam a função de diretor, gerente ou representante da pessoa jurídica. Entretanto, o presente voto já firmou o entendimento de que não restou comprovado que o Sr. Aguinaldo participasse diretamente nos negócios da interessada, que fosse seu representante legal ou que exercia funções de gerência. Assim, também deve ser afastada a responsabilidade tributária do Sr. Aguinaldo fundamentada no inciso III do art. 135 e no art. 137 do CTN. Fl. 10265DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 49 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 20.11. Nesse passo, no presente momento não vislumbro nos autos a constatação material necessária a fim de que seja imputada ao Sr. Aguinaldo e à pessoa jurídica Charque 2000 a sujeição passiva solidária. Pelo exposto, entendo que os mesmos devem ser excluídos do pólo passivo da exigência. Com a devida vênia, divirjo das conclusões trazidas pela decisão recorrida quanto à interpretação dada ao conjunto de fatos apontados pela autoridade fiscal para exonerar a responsabilidade tributária imputada. Assim, impõe-se apreciar as alegações dos recorrentes trazidas em sua impugnação. De pronto, revela-se indispensável analisar as alegações de nulidade apresentadas. O responsável solidário, Agnaldo Brum, apresentou três alegações de nulidade. Na primeira argui a nulidade do Termo de Sujeição Passiva Solidária e também do auto de infração, por erro na identificação do sujeito passivo da obrigação tributária, por não se enquadrar em nenhuma das hipóteses dos artigos 121, 134 e 135 do Código Tributário Nacional. Sustenta que a responsabilidade teria sido indevidamente estendida à empresa Charque 2000 Indústria Comércio e Distribuidora de Carnes e Charques Ltda e a um de seus sócios, sendo que tanto a empresa como seu sócio ora impugnante não detêm nenhum poder de gerência na empresa fiscalizada. Os fatos descritos no relatório fiscal não são capazes de caracterizar a responsabilidade pessoal pretendida. Ao enquadrá-lo como pessoalmente responsável nesses termos, a fiscalização não observou os princípios da legalidade, tipicidade, segurança jurídica, bem como desrespeitou a ampla defesa e o contraditório. Não vislumbro no presente caso a nulidade apontada, posto que a discussão proposta pelo impugnante se dirige claramente contra o mérito da imputação de responsabilidade feita, de sorte que não há nenhum indicativo, à priori, de erro na identificação do sujeito passivo. O que o responsável arrolado, ora recorrido, apresenta poderia, quando muito, levar à conclusão da falta dos elementos necessários para a imputação da responsabilidade. Destarte inexiste a alegada ofensa aos princípios da legalidade, tipicidade, segurança jurídica, ampla defesa e o contraditório. Assim, afasto esta primeira alegação de nulidade. A segunda preliminar de nulidade alegada, consiste no cerceamento do seu direto de defesa, vez que a fiscalização, ao enquadrá-lo como pessoalmente responsável nos termos dos artigos 135 e 137 do Código Tributário Nacional e citar também outros dispositivos (artigos 124 e 121 do Código Tributário Nacional), teria dificultado ou impedido a sua defesa. Destaca que há um relato truncado e confuso de que a empresa fiscalizada seria sucessora de uma outra que também foi fiscalizada, com relatos de fatos esparsos, devendo ser reconhecida a sua dificuldade de defesa, pois desconhece os fatos que lhe estão sendo imputados. Fl. 10266DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 50 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Aduz que o cerceamento do direito de defesa se dá também em relação ao mérito do lançamento da pessoa jurídica autuada, já que não tem meios legais e nem materiais para se defender quanto a fatos relacionados a uma pessoa jurídica da qual não é sócio, nem de direito e nem de fato, não é gerente, administrador, procurador, etc. Alega que somente tomou conhecimento dos autos de infração e do Termo de Verificação Fiscal, que mesmo assim, não são suficientes para garantir a possibilidade de direito de defesa das tributos e contribuições lançados, pois não é o sujeito passivo daquelas obrigações. Também aqui não enxergo qualquer nulidade por cerceamento ao direito de defesa, uma vez que a autoridade fiscal apontou claramente quais os fatos que justificariam a imputação e declinou os dispositivos que em tese dariam amparo à responsabilização, tendo a recorrente se defendido larga e eficazmente dos fatos apontados e da imputação feita. Quanto à alegação de desconhecimento dos fatos relacionados à pessoa jurídica autuada, trata-se de defesa de mérito contra a imputação que não pode conduzir à nulidade do procedimento, pois partindo desta premissa a simples apresentação de tal alegação nenhum sujeito passivo seria alcançado pelo instituto da responsabilização tributária. Pelo exposto, voto por rejeitar a preliminar referida. Na sequência o Sr. Agnaldo Marcondes Ribeiro Brum alega a nulidade da responsabilização tributária, por vício de forma, por entender que existe a necessidade de pronunciamento judicial para que, no caso concreto, possa ser efetivada a desconsideração da personalidade jurídica. Sustenta que, mesmo os defensores da aplicação da desconsideração no âmbito do direito tributário entendem que esta deve se dar de acordo com os critérios e as condições estabelecidas no artigo 50 do Código Civil Brasileiro, revelando-se a intervenção judicial indispensável, uma vez que expressamente exigida pela lei. Aduz que atribuir a responsabilidade tributária por meros indícios ou pela análise superficial das provas colhidas no procedimento fiscal é desrespeitar as garantias do cidadão. Mais uma vez não assiste razão ao responsável solidário, ora recorrido. O procedimento de atribuição de responsabilidade tributária no âmbito da constituição do direito creditório pela Fazenda Pública em face de outros contribuintes prescindem da desconsideração da personalidade jurídica dos envolvidos nos fatos. A responsabilidade solidária é atribuída exatamente em respeito à personalidade jurídica da empresa autuada e dos supostos responsáveis arrolados, que não obstante passem a responder solidariamente pela dívida tributária constituída em nome do contribuinte de direito, mantém incólumes suas condições jurídicas individuais. Decerto que um dos caminhos possíveis, diante dos fatos levantados pela autoridade fiscal poderia ter sido a desconsideração da personalidade jurídica da empresa autuada ou da empresa Charque 2000 e atribuir os fatos geradores a apenas uma delas, sem prejuízo da eventual responsabilização dos seus sócios, mas não é o que ocorreu no presente caso. Fl. 10267DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 51 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Assim, não há que se discutir a necessidade de autorização judicial para a desconsideração da personalidade jurídica de qualquer das partes imputadas, posto que inexistente tal fato. Assim, voto por rejeitar também esta alegação. Por fim a impugnante Charque 2000, ora recorrida, também apontou a existência de nulidade no procedimento fiscal na medida em que o artigo 135 do Código Tributário Nacional tem como destinatário as pessoas físicas referidas no artigo 134, como também os mandatários, prepostos, empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Assim, seria nulo o Termo de Sujeição Passiva por erro na identificação do sujeito passivo, haja vista não poder a pessoa jurídica ser a destinatária das responsabilidades pessoais atribuídas aos seus mandatários ou prepostos. Se equivoca a impugnante, pois no Termo de Responsabilidade Solidária lavrado contra si, não existe a imputação da responsabilidade com base no art. 135, III do CTN, mas tão somente indica os dispositivos do art. 121, inc. I e 124, II do CTN, como se colhe ao final do referido termo, verbis: [...] Em face da empresa autuada foi lavrado Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda (IRPJ), Contribuição Social (CSLL), Contribuição do Programa de Integração Social (PIS), da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) pelas razões constantes no Termo de Verificação Fiscal, cuja cópia segue anexa a este Termo, destinada à responsável que em razão do seu comprovado interesse comum nos fatos geradores dos tributos ora exigidos, figura, como Sujeito Passivo da obrigação tributária constante do processo administrativo fiscal n° 15521.000001/2012-94, na condição de RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO nos termos do inciso II do art. 121 e do inciso I do art. 124 da Lei n- 5.172 de 1966 (Código Tributário Nacional). (grifei) Assim, não existe qualquer erro ou nulidade a ser reconhecida quanto à imputação feita, pelo que rejeito a alegação. No mérito, entendo que restou bem caracterizado o interesse comum nas situações que constituíram os fatos geradores ora exigidos em face da contribuinte HSR, pelos responsáveis arrolados. Me filio à corrente jurisprudencial deste Conselho firmada no sentido de admitir a responsabilidade solidária por interesse comum na situação que constitua o fato gerador, prevista no art. 124, I do CTN, além daquelas hipóteses tradicionalmente admitidas pela doutrina, quando é possível identificar a confusão patrimonial e/ou financeira entre o sujeito passivo a que se atribuiria formalmente a obrigação tributária e seus sócios ou, ainda, com outras pessoas físicas e jurídicas. Tal situação, comumente, se evidencia quando ocorre a interposição fraudulenta no quadro societário ou na titularidade de contas correntes junto a instituições financeiras que visam ocultar não apenas a ocorrência do fato gerador pelo Fisco, como também impedir ou dificultar a realização do crédito tributário quando identificada a infração e realizado o lançamento. Fl. 10268DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 52 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Além disso, os reais titulares da pessoa jurídica, geralmente, obtém benefícios diretos com tal situação, caracterizados pelo incremento patrimonial ou recebimento de numerários não registrados formalmente pela pessoa jurídica ou registrados mediante a utilização de artifícios fraudulentos ou simulações. No presente caso, os fatos investigados e trazidos pela autoridade fiscal na longa narrativa constante do Termo de Verificação Fiscal me conduzem à inevitável conclusão de que tanto o responsável Aguinaldo Brum, quanto a empresa Charque 2000 atuaram decisivamente e em conjunto para a realização dos fatos geradores apurados pela fiscalização. O primeiro ponto que chama desde logo a atenção deste relator, é que pessoa jurídica Charque 2000 e seu sócio Aguinaldo Brum eram os reais detentores de todos os elementos de produção e de comercialização dos produtos cuja fabricação e venda era atribuída à pessoa jurídica autuada (HSR). Vejamos. O sócio Aguinaldo Brum detém o direito de usufruto do imóvel onde estão estabelecidas as duas empresas (HSR e Charque 2000), que teria sido cedido, em parte, em comodato à empresa HSR no ano de 2006, conforme contrato (fls. 919/923) apresentado somente por ocasião da impugnação. Aqui revela-se irrelevante a discussão trazida pelos recorrentes quanto à propriedade do referido imóvel, que teria sido transferido aos filhos do sr. Aguinaldo Brum, com reserva de usufruto. A possibilidade de usufruir do imóvel como meio de produção e realização da atividade empresarial é o que interessa no presente caso, independentemente de quem detenha a propriedade. Com efeito, o art. 1.394 do código civil dispõe que “O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos”. E foi sob esta condição que o usufrutário, sr. Aguinaldo Brum, teria cedido o imóvel medindo 5000 m2, composto de sala comercial e câmara fria, em comodato à empresa HSR para que esta desenvolvesse suas atividades empresariais, conforme disposto nas cláusulas abaixo transcritas: Fl. 10269DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 53 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 De acordo com a cláusula sexta do referido contrato, uma vez findo o mesmo a empresa comodatária passaria a pagar aluguéis mensais de R$ 5.000,00, porém os recorrentes afirmam que a cessão por comodato passou a ser por tempo indeterminado na forma da lei e desta forma vigeria ao tempo dos fatos geradores apurados. Confira-se a cláusula referida: Da parte da empresa Charque 2000, verifica-se que a mesma detinha não apenas a expertise e estrutura para a produção dos produtos comercializados pela empresa HSR, como também a autorização dada pela inspeção federal do Ministério da Agricultura (CIF) para produzi-lo. Além dos equipamentos e maquinários necessários, verifica-se que a empresa Charque 2000 detinha um frota própria de 16 caminhões, que segundo relatado e confirmado pelos recorrentes teriam sido arrendados à empresa HSR. Chama, imediatamente, a atenção a cessão não onerosa, pelo sócio-proprietário da empresa Charque 2000, de um imóvel com as características acima descritas a outra empresa do mesmo ramo que, segundo a versão dos recorrentes, comercializa os produtos processados sob encomenda pela empresa Charque 2000, utilizando para a distribuição dos produtos vendidos os veículos também arrendados da empresa produtora. Em que pese a capacidade operacional completamente inversa, o que se verifica nos dados trazidos ao autos é que o faturamento declarado na DIPJ pela empresa Charque 2000 no ano de 2008 foi de R$ 791.837,53, enquanto a empresa autuada (HSR) faturou mais de 5l,5 milhões de Reais, segundo a apuração fiscal. Também merece destaque o fato da empresa Charque 2000 ter informado em DIRF, no ano de 2008, pagamentos a 174(cento e setenta e quatro) pessoas físicas (funcionários e sócios), no total de R$ 957.857,19 , enquanto a empresa HSR tinha apenas 3 funcionários em sua folha de pagamento. Outro aspecto muito relevante apontado pela fiscalização refere-se ao sócio- gerente da empresa fiscalizada, Sr. Robson Alves de Azevedo constar como empregado da empresa Charque 2000 nos anos objetos de apuração pela fiscalização, o que se revela absolutamente incongruente com a situação econômica de cada uma das empresas e de sua posição como responsável perante a HSR. Esta informação não foi contraditada em momento algum pelos recorrentes. Fl. 10270DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 54 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 No mesmo sentido aponta a informação da fiscalização de que o Sr. Aguinaldo Brum recebeu da empresa HSR, nos anos de 2007 e 2008, valores superiores aos recebidos pelo sócio da empresa, sr. Robson Azevedo. A fiscalização aponta que “ O Sr. AGUINALDO aparece na DIRF da autuada de 2008 recebendo o valor de R$ 13.800 e R$ 29.000,03 em 2009, enquanto o próprio "sócio", o Sr. ROBSON, recebe o valor de R$ 4.910,00 em 2008”. Os recorrentes alegam que os valores recebidos pelo Sr. Agnaldo Brum seriam decorrentes da prestação de serviços como comprador para a empresa HSR, o que não restou comprovado e revela-se pouco crível. Na mesma linha que aponta que o Sr. Aguinaldo Brum é o verdadeiro sócio- proprietário da empresa HSR, a fiscalização apurou que parte de um imóvel rural adquirido pelo referido responsável solidário em 2008 no valor de R$ 500.000,00, foi comprovadamente pago diretamente ao proprietário com cheques oriundos das contas da empresa HSR, no montante de R$ 200.000,00. Os recorrentes também silenciam sobre este fato. A fiscalização aponta, ainda, diversos outros indícios que revelam a confusão operacional entre as empresas HSR e Charque 2000, como por exemplo a constatação feita nas notas fiscais de venda da Fiscalizada colhidas, junto a alguns de seus clientes, de que os motoristas dos caminhões nela indicados, que teriam sido "arrendados" pela HSR fazem parte da folha de pagamento da empresa CHARQUE 2000, embora conte no "contrato de arrendamento" que os caminhões arrendados seriam usados por "motoristas da arrendatária (HSR) ou pessoa por ela devidamente credenciada a juízo e sob sua responsabilidade." A fiscalização concluiu que “os custos dos salários dos referidos motoristas ficava a cargo da empresa CHARQUE 2000, embora os caminhões, segundo o "arrendamento" ficasse sob a responsabilidade da Fiscalizada que os utilizaria para transportar os seus produtos (CHARQUE VITÓRIA ou ELDORADO) para os seus clientes no País”. A autoridade fiscal também revela que ao longo de diversos anos, funcionaram no mesmo endereço da fiscalizada, cujo usufruto, lembre-se, pertence ao Sr. Aguinaldo Brum, diversas empresas exercendo a mesma atividade e tendo em comum o Sr. Robson Azevedo no quadro societário. As empresa identificadas pela fiscalização eram PERFOMANCE DE ITAPERUNA DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS, DISTRIBUIDORA JM DE ALIMENTOS PROGRESSO e COMERCIAL RECICLAGERAL (de 10/10/1997 a 27/01/2000), sendo que esta última utilizou o nome fantasia “Charque 2000”, que ora é utilizado na razão social da empresa Charque 2000, indicada como responsável solidária. Outra situação em comum entre as referidas empresas foi a transferência para outros sócios que as transferiram para endereços inexistentes. Na linha de tempo descrita pela autoridade fiscal a empresa Distribuidora JM seria outro elo de ligação entre as empresas HSR e Charque 2000. Esta empresa, que teve os mesmos sócios da HSR até o ano de 2005 (Sr. Robson Azevedo e Sra. Acidalia Brum, irmã do sr. Aguinaldo Brum), de acordo com o que foi descrito nos itens 3 e 14 do TVF, teve sua conta bancária junto à Caixa Econômica Federal utilizadas pela empresa HSR para receber o faturamento de clientes da HSR no ano de 2007 e para o pagamento de matérias primas da HSR, indicando uma continuidade da operação daquela empresa. Fl. 10271DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 55 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Por outro lado, a fiscalização constatou que ao menos 3 caminhões registrados em nome da empresa Charque 2000 (item 5 do TVF), foram registrados anteriormente em nome da empresa Distribuidora JM. Da mesma forma constata que tanto o sr. Aguinaldo Brum, quanto a sua esposa, Sra. Nadir Brum, sócios da Charque 2000, receberam rendimentos da empresa Distribuidora JM em 2005 e 2007 (item 18 do TVF). Este elementos não contraditados ou esclarecidos satisfatoriamente pelos recorrentes me parecem suficientes para caracterizar que, de fato os sujeitos passivos arrolados participaram ativamente da realização dos fatos geradores apurados pela fiscalização em nome da empresa HSR, revelando o interesse comum previsto no art. 124, inc. I do CTN. A fiscalização ainda levanta outros indícios ou coincidências que apontariam no mesmo sentido, tais como a assinatura no AR postal do recebimento do Termo de Início de Ação Fiscal da empresa HSR, pelo próprio sr. Aguinaldo Brum, a existência de cópias de cheques emitidos pela HSR em que constam o nome e o telefone do Sr. Aguinaldo Brum no verso, a utilização de um mesmo contador para cuidar da escrituração das empresas mencionadas pela autoridade fiscal, que operaram no mesmo endereço, entre outros. Alguns desses pontos foram contraditados pelos recorrentes, mas como não os considero relevantes para o deslinde da questão, deixo de valorá-los para fins da minha conclusão. Assim, como deixo de apreciar as demais alegações trazidas pelos impugnantes, ora recorridos por entender que já declinei as razões suficientes para a formação de minha convicção e que não seria alterada por elas. As exceções se referem ao questionamento quanto a responsabilidade pela multa de ofício e a ausência de indicação dos atos de gerência que teriam sido praticados pelo sr. Aguinaldo Brum, em nome da fiscalizada HSR, nos termos impugnados pelo responsável solidário referido. Com relação à responsabilidade pela multa de ofício, o CTN não faz qualquer distinção, na medida em que atribui a responsabilidade em face dos “créditos tributários definitivamente constituídos”. Assim, não há como acolher a pretensão de exclusão da responsabilidade sobre a multa. Com relação à imputação feita pela autoridade fiscal de que o sr. Aguinaldo Brum também deveria ser responsabilizado com base no art. 135, inc. III do CTN, o recorrente alega que inexiste prova inequívoca de que tenha praticado ato irregular que autorize ser invocado o preceito do artigo 135 do CTN, mesmo porque não é sócio, gerente ou representante da pessoa fiscalizada e autuada, ela sim, sujeito passivo da obrigação. Logo, não poderia incorrer na prática de atos com excesso de poderes, infração à lei ou ao contrato social da autuada. Entendo que, de fato, a autoridade fiscal não trouxe aos autos elementos comprobatórios da prática de atos de gerência por parte do responsável arrolado à frente da HSR, embora os fatos acima analisados apontem que o mesmo é o real proprietário da empresa autuada. Assim, entendo que a imputação com base neste dispositivo exige a indicação concreta dos atos praticados com excesso de poderes ou infração á lei, de sorte que deve ser excluída a responsabilidade sob o fundamento do art. 135, inc. III do CTN. Fl. 10272DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 56 do Acórdão n.º 1302-004.264 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15521.000001/2012-94 Por fim, com relação à exoneração da multa qualificada em face do lançamento de IRRF, entendo correta a decisão de primeiro grau que foi exarada nestes termos: 19.5. Quanto ao lançamento do IRRF sobre pagamentos sem causa ou a beneficiários não identificados, entretanto, entendo que não restou plenamente comprovado que a interessada agiu de forma intencional ou fraudulenta, ainda mais se for considerado que a escrituração contábil e fiscal da interessada foi parcialmente destruída por uma enchente, o que, apesar de não ser suficiente para afastar a tributação do IRRF ora analisada, inegavelmente dificultou a plena identificação das causas e beneficiários dos pagamentos. 19.6. Nesse sentido, sobre o crédito tributário constante do lançamento do IRRF entendo que deva recair a multa de ofício no percentual de 75%, pois quanto a esta infração não teria sido comprovada a intenção de fraude. Com efeito, não foram apontados pela autoridade fiscal motivos específicos para a qualificação da multa em face do lançamento do IRRF sobre pagamentos sem causa ou a beneficiários não identificados. Tal lançamento decorreu, essencialmente, da falta de comprovação por parte da fiscalizada dos beneficiários dos pagamentos e de suas causas. Sob outro ângulo, a empresa autuada até carreou aos autos alguns elementos que identificam os beneficiários de grande parte dos pagamentos, embora não tenha se desincumbido de comprovar a causa, conforme analisado no recurso voluntário. Assim, revela-se correto o afastamento da qualificação sobre estes créditos. Ante ao exposto voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso de ofício, para restabelecer a responsabilidade solidária dos responsáveis solidários Aguinaldo Brum e Charque 2000, com base no art . 124, inc. I do CTN. (documento assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 10273DF CARF MF Documento nato-digital
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Numero do processo: 10325.720809/2017-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 15 00:00:00 UTC 2020
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2020
Numero da decisão: 2202-005.859
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. O julgamento deste processo seguiu a sistemática dos recursos repetitivos, aplicando-se o decidido no julgamento do processo 10325.720808/2017-54, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(documento assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Hermes Soares Campos, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Caio Eduardo Zerbeto Rocha, Leonam Rocha de Medeiros, Juliano Fernandes Ayres e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL (ITR) Exercício: 2013 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO PROVIMENTO. AVERBAÇÃO DE ÁREA DE RESERVA LEGAL NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. APRESENTAÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. Deve ser reconhecida área de reserva legal declarada em DITR que consta no Ato Declaratório Ambiental tempestivamente entregue, e que se encontra, também, averbada na matrícula do imóvel em data anterior ao fato gerador. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. O julgamento deste processo seguiu a sistemática dos recursos repetitivos, aplicando-se o decidido no julgamento do processo 10325.720808/2017-54, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (documento assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Hermes Soares Campos, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Caio Eduardo Zerbeto Rocha, Leonam Rocha de Medeiros, Juliano Fernandes Ayres e Ronnie Soares Anderson. Relatório O presente julgamento submete-se à sistemática dos recursos repetitivos, prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, Anexo II, do Regulamento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2019, e, dessa forma, adoto neste relatório substancialmente o relatado no Acórdão nº 2202-005.858, de 15 de janeiro de 2020, que lhe serve de paradigma. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 5. 72 08 09 /2 01 7- 07 Fl. 274DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 2 do Acórdão n.º 2202-005.859 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10325.720809/2017-07 Trata-se de recurso de ofício interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília (DF) - DRJ/BSB, que julgou procedente em parte lançamento de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) do exercício 2012, relativo ao imóvel “Fazenda Eldorado” (NIRF 3.551.746-8), com área total declarada de 12.267,4 ha, e localizado no Município de Imperatriz - MA. A autoridade fazendária, em análise da DITR/2012, e face à não apresentação dos documentos solicitados no curso da ação fiscal, glosou a área de reserva legal de 7.498,6 ha, além de alterar o Valor da Terra Nua (VTN) declarado de R$ 1.062,15/ha), arbitrando o valor de R$ 2.604,47/ha, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), instituído pela Receita Federal, com consequente redução do Grau de Utilização (GU) de 98,7% para 36,4% e aumento da alíquota aplicada de 0,45% para 12,00% e do VTN tributável. A contribuinte impugnou o lançamento, o qual foi parcial e significativamente exonerado no julgamento de primeiro grau, que reconheceu a existência de área de reserva legal de 7.498,6 ha no imóvel. A decisão teve a seguinte ementa: DA NULIDADE DO LANÇAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. A impugnação tempestiva da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento fiscal, e somente a partir disso é que se pode, então, falar em ampla defesa ou cerceamento dela. DA ÁREA DE RESERVA LEGAL Cabe restabelecer a área de reserva legal averbada tempestivamente à margem da matrícula do imóvel e que tenha sido objeto de Ato Declaratório Ambiental (ADA) protocolado, em tempo hábil, no IBAMA, para efeito de exclusão da área tributável do imóvel. DO VALOR DA TERRA NUA (VTN). SUBAVALIAÇÃO Deve ser mantido o VTN arbitrado pela fiscalização, com base no SIPT, quando o Laudo de Avaliação estiver desacompanhado da necessária Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) registrada no CREA, mesmo que elaborado por profissional habilitado, em consonância com as normas da ABNT - NBR 14.653-3. DA PROVA PERICIAL A perícia ou diligência destina-se a subsidiar a formação da convicção do julgador, limitando-se ao aprofundamento de questões sobre provas e elementos incluídos nos autos, não podendo ser utilizada para suprir o descumprimento de obrigações previstas em lei. Na sequência, os autos foram enviados ao CARF, para apreciação do recurso de ofício dada a exoneração promovida no julgamento a quo, não havendo a contribuinte interposto recurso voluntário. É o relatório. Fl. 275DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 3 do Acórdão n.º 2202-005.859 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10325.720809/2017-07 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator Das razões recursais Como já destacado, o presente julgamento segue a sistemática dos recursos repetitivos, nos termos do art. 47, §§ 1º e 2º, Anexo II, do RICARF, desta forma reproduzo o voto consignado no Acórdão nº 2202-005.858, de 15 de janeiro de 2020, paradigma desta decisão. Compulsando os autos, verifica-se que o recurso de ofício foi interposto visto que a decisão recorrida exonerou a contribuinte em valor superior a R$ 2.500.000,00 (considerados o imposto mais a multa), limite estabelecido pelo art. 1º da Portaria MF nº 63/17, com amparo no inciso I do art. 34 do Decreto nº 70.235/72. A NFLD Nº 03202/00007/2017 veiculava, no somatório de tributo e multa, R$ 6.655.746,61. Havendo sido reduzido o valor do imposto suplementar para R$ 32.926,40, constata-se que a exoneração promovida pela vergastada foi em montante superior ao valor de alçada fixado pela Portaria MF nº 63/17, devendo ser conhecido o recurso de ofício. De pronto, assinale-se não haver motivos para reforma da recorrida, com esteio no reexame necessário. No curso do procedimento fiscal, apesar de intimada, a interessada não carreou ao processo elementos de prova hábeis a comprovar a existência de reserva legal na propriedade em comento. Não obstante, juntou à impugnação não só Ato Declaratório Ambiental tempestivo, como também na Certidão de Inteiro Teor do imóvel, devidamente registrada pelo 6° Ofício de Registros de Imóveis e Tabelionato de Notas de Imperatriz/MA, atestando que a área de reserva legal está devidamente gravada na propriedade, tendo sido inclusive gravado Termo de Responsabilidade de Averbação de Reserva Legal firmado junto ao IBAMA em 02/06/1999, cuja área corresponde exatamente à informada na DITR. Conforme explica o acórdão de primeiro grau: No presente caso, o requerente acostou aos autos o ADA – Exercício 2012, às fls. 88, protocolado no IBAMA, em 13.09.2012, contemplando a área de reserva legal de 7.498,6 ha, que se pretende para fins de exclusão do ITR/2012, providência essa tempestiva para o exercício em questão. Quanto à área de reserva legal, fazia-se necessário, ainda, comprovar nos autos a sua averbação, em tempo hábil, à margem da matrícula do imóvel. A exigência específica de que a área de reserva legal esteja averbada à margem da matrícula do imóvel, até 01.01.2012 (data do fato gerador do ITR/2012, art. 1º da Lei nº 9.393/1996), encontrava-se prevista no art. 16, § 8º, da Lei nº 4.771/1965 (até o exercício 2012) e, atualmente, nos artigos 18, 29 e 30 da Lei nº 12.651/2012, para exercícios posteriores a 2012 e que não estejam inscritas no Fl. 276DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 4 do Acórdão n.º 2202-005.859 - 2ª Sejul/2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10325.720809/2017-07 CAR; art. 11, § 1º, da IN/SRF nº 256/2002 e art. 12, § 1º do Decreto nº 4.382/2002 – RITR. Para comprovar o cumprimento dessa exigência, o interessado instruiu a sua defesa com a Certidão de Matrícula nº 33.658, às fls. 71/86, do Cartório de Registro de Imóveis de Imperatriz. Constata-se nos autos que uma área de reserva legal de 7.498,6 ha, às fls. 83/84, foi averbada em 11.10.2001, junto à citada Matrícula nº 33.658, proveniente do Termo de Responsabilidade de Averbação de Reserva Legal, de 02.06.1999, no AV-2/33.658, sendo tal providência, também, tempestiva para o exercício de 2012. Desta forma, cabe restabelecer a área de reserva legal de 7.498,6 ha, comprovadamente averbada e informada no ADA/2012, para fins de exclusão da área tributável do imóvel. O reconhecimento dessa área levou aos recálculos do lançamento, que acarretaram em substancial decréscimo do crédito tributário apurado. Anote-se, aliás, que o entendimento da decisão de piso vai ao encontro do entendimento sumulado do CARF: Súmula CARF nº 122: A averbação da Área de Reserva Legal (ARL) na matrícula do imóvel em data anterior ao fato gerador supre a eventual falta de apresentação do Ato declaratório Ambiental (ADA). (Vinculante, conforme Portaria ME nº 129, de 01/04/2019, DOU de 02/04/2019). Tem-se, por conseguinte, que não merece reparos a decisão da DRJ/BSB, não prosperando o recurso de ofício. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício. Conclusão Importa registrar que nos autos em exame a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada na decisão paradigma, de tal sorte que, as razões de decidir nela consignadas, são aqui adotadas. Dessa forma, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, reproduzo o decidido no acórdão paradigma, no sentido de negar provimento ao recurso de ofício. (documento assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 277DF CARF MF Documento nato-digital
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