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Numero do processo: 13971.722494/2011-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Aug 02 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Período de apuração: 14/03/2006 a 02/11/2008
DECADÊNCIA. INFRAÇÕES ADUANEIRAS. NORMA ESPECIAL.
Em se tratando de infrações aduaneiras, a decadência segue o regramento especial disposto no art. 139 do Decreto-lei nº 37/66, que dispõe que o prazo de decadência para impor penalidades é de 5 anos a contar da data da infração.
MULTA REGULAMENTAR DO IPI. CONSUMO. INTRODUÇÃO REGULAR. BIS IN IDEM. CONFLITO APARENTE DE NORMAS.
A multa regulamentar pela introdução irregular ou clandestina de mercadorias estrangeiras no País, prevista no art. 83, I da Lei nº 4.502/64, tem caráter residual no âmbito aduaneiro, somente sendo aplicável na hipótese de não haver tipificação mais específica. No caso, tendo ocorrido subfaturamento e superfaturamento, revela-se mais específica a infração punível com a multa administrativa pela diferença entre o preço declarado e o preço praticado.
DANO AO ERÁRIO. OCULTAÇÃO DO RESPONSÁVEL PELA OPERAÇÃO. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PREJUÍZO AO ERÁRIO.
O dano ao Erário é presumido quando se configura as infrações tipificadas no art. 23 do Decreto-lei nº 1.455/76, não havendo necessidade de se comprovar o efetivo prejuízo ao Erário.
Tendo ocorrido o cometimento da infração de "ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros" na importação, veiculada pelo art. 23, V do Decreto-lei nº 1.455/76, está caracterizado o dano ao Erário.
Recurso Voluntário provido em parte
Numero da decisão: 3402-003.144
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial aos recursos voluntários para: i) exonerar a multa pelo consumo de mercadorias estrangeiras introduzidas fraudulentamente no país, prevista no art. 83, I, da Lei 4.502/64; e ii) em face da decadência, no que concerne à multa equivalente ao perdimento em face da interposição fraudulenta, exonerar a parcela relativa à Declaração de Importação nº 06/0541715-0, registrada em 11/05/2006; e, em relação à multa administrativa, deve ser exonerada a parcela relativa às importações realizadas no ano de 2006, eis que registradas até 26/10/2006. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto que deram provimento integral. O Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto apresentou declaração de voto. Sustentou pela recorrente, utilizando-se do tempo regulamentar e da prorrogação, o Dr. Nelson Antonio Reis Simas Júnior, OAB/SC nº 22.332.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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E EXP. LTDA E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 14/03/2006 a 02/11/2008 DECADÊNCIA. INFRAÇÕES ADUANEIRAS. NORMA ESPECIAL. Em se tratando de infrações aduaneiras, a decadência segue o regramento especial disposto no art. 139 do Decretolei nº 37/66, que dispõe que o prazo de decadência para impor penalidades é de 5 anos a contar da data da infração. MULTA REGULAMENTAR DO IPI. CONSUMO. INTRODUÇÃO REGULAR. BIS IN IDEM. CONFLITO APARENTE DE NORMAS. A multa regulamentar pela introdução irregular ou clandestina de mercadorias estrangeiras no País, prevista no art. 83, I da Lei nº 4.502/64, tem caráter residual no âmbito aduaneiro, somente sendo aplicável na hipótese de não haver tipificação mais específica. No caso, tendo ocorrido subfaturamento e superfaturamento, revelase mais específica a infração punível com a multa administrativa pela diferença entre o preço declarado e o preço praticado. DANO AO ERÁRIO. OCULTAÇÃO DO RESPONSÁVEL PELA OPERAÇÃO. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PREJUÍZO AO ERÁRIO. O dano ao Erário é presumido quando se configura as infrações tipificadas no art. 23 do Decretolei nº 1.455/76, não havendo necessidade de se comprovar o efetivo prejuízo ao Erário. Tendo ocorrido o cometimento da infração de "ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros" na importação, veiculada pelo art. 23, V do Decretolei nº 1.455/76, está caracterizado o dano ao Erário. Recurso Voluntário provido em parte AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 24 94 /2 01 1- 11 Fl. 1397DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial aos recursos voluntários para: i) exonerar a multa pelo consumo de mercadorias estrangeiras introduzidas fraudulentamente no país, prevista no art. 83, I, da Lei 4.502/64; e ii) em face da decadência, no que concerne à multa equivalente ao perdimento em face da interposição fraudulenta, exonerar a parcela relativa à Declaração de Importação nº 06/05417150, registrada em 11/05/2006; e, em relação à multa administrativa, deve ser exonerada a parcela relativa às importações realizadas no ano de 2006, eis que registradas até 26/10/2006. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto que deram provimento integral. O Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto apresentou declaração de voto. Sustentou pela recorrente, utilizandose do tempo regulamentar e da prorrogação, o Dr. Nelson Antonio Reis Simas Júnior, OAB/SC nº 22.332. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em São Paulo I que julgou improcedente a impugnação da contribuinte e dos responsáveis solidários. Trata o processo de autos de infração, lavrados em 18/11/2011, dos quais os interessados foram cientificados em 25/11/2011, para a exigência de Imposto de Importação e PIS/Pasepimportação e Cofinsimportação acrescidos de juros de mora e multa proporcional, multa ao controle administrativo, e multa proporcional ao valor aduaneiro, no valor total de R$511.625,37 até 31/10/2011; bem como de multa regulamentar do IPI, no valor de R$1.623.646,91, na seguinte forma: (...) 1. Imposto de Importação, Cofins e Pis/Pasep incidentes na importação, todos acompanhados de juros de mora e multa proporcional (150%); 2. Multa Administrativa (100% da diferença apurada entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado), prevista no art. 169, II, e § 6º do DecretoLei n.º 37/66, com a redação dada pelo art. 2º da Lei n.º 6.562/197864, regulamentados à época dos Fl. 1398DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Processo nº 13971.722494/201111 Acórdão n.º 3402003.144 S3C4T2 Fl. 1.398 3 fatos pelo art. 633, I, do Decreto n.º 4.543/200265 – v. Planilha III (totais); 3. Multa pelo consumo de mercadorias estrangeiras introduzidas fraudulentamente no país (valor da mercadoria), prevista no art. 83, I, da Lei 4.502/6466 e art. 1.º,alteração 2ª, do DecretoLei n.º 400/68 – por Subfaturamento/Superfaturamento – v.Planilha III (totais); 4. Multa pela conversão da pena de perdimento das mercadorias importadas através da Interposição Fraudulenta de pessoas (Art. 23, § 3º, do DecretoLei 1.455/76, com a redação dada pelo art. 59 da MP 66/2002 – convertida na Lei 10.637/2002 – regulamentado pelo art. 618, XXII e § 1.º do Decreto n.º 4.543/02, posteriormente sucedido pelo art. 68967, XXII e § 1º, do Decreto n.º 6.759/2009 – Regulamento Aduaneiro). Assim, com base no quadro exposto no item 5.1, chegamos a um total de R$ 198.302,43. (...) A ação fiscal originouse da análise do material apreendido quando da realização da operação denominada “Ouro Verde”, desencadeada em 30/03/2007, em diversos pontos do território nacional, inclusive na sede da empresa D&A COMÉRCIO SERVIÇOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. em Blumenau/SC, em cumprimento ao Mandado de Busca e Apreensão expedido pela Vara Federal Criminal de Florianópolis/SC, nos autos do processo nº 2006.72.00.0105049 (IPL n.º 285/2006/DPF/JVE/SC), aberto para investigação da empresa D&A Com. Serv. Imp. E Exp., onde também é determinado o compartilhamento dos objetos apreendidos que contenham informações úteis na apuração de ilícitos fiscais com a Receita Federal. Em síntese, a investigação policial constatou que o grupo bancário clandestino (Grupo Roger) oferecia – entre outros – serviços de remessa de divisas ao exterior à margem do controle oficial por parte do Banco Central, tendo várias empresas como clientes, entre elas a D&A COMÉRCIO SERVIÇOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO, que por seu turno, prestava serviços de comércio exterior a outros clientes, servindo tais remessas ao pagamento de fornecedores no exterior, de forma a enviar a diferença de valores em importações subfaturadas. No decorrer da Operação “Ouro Verde” foram apreendidos vários documentos e objetos, dentre eles, um "Conjunto de Carimbos de fornecedores estrangeiros encontrados em uma caixa, na empresa D&A, rotulados no momento da apreensão como “item 15”", inclusive da Câmara de Comércio de Taiwan”, responsável pela emissão de certificados de origem daquele país. No presente processo foram apuradas as irregularidades de interposição fraudulenta e de subfaturamento/superfaturamento de preços em operações de comércio exterior, como se segue: 1. Interposição Fraudulenta em relação às Declarações de Importação (DI´s), especificadas abaixo, eis que a contribuinte nelas informou que seria ela própria a adquirente Fl. 1399DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 4 das mercadorias, quando, em análise dos documentos coletados, constatou a fiscalização que, na verdade, essas importações eram destinadas à empresa Via Blumenau. 2. Subfaturamento/superfaturamento em relação às DI´s a seguir, resultando em novo valor aduaneiro para as importações, conforme quadro mais abaixo: Foram arrolados como responsáveis solidários a empresa VIA BLUMENAU INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, e as pessoas físicas CAIO MARCELO DEBOSSAN, de CPF 936.292.65987, e ÉRICA DEBOSSAN REINERT, CPF 919.869.82904, na condição de sócios de fato ou administradores da D&A. A responsável solidária VIA BLUMENAU apresentou sua impugnação, alegando, em síntese: a) em preliminar, a ilegitimidade passiva da impugnante, a ausência de responsabilidade solidária pelas multas, utilização de prova sem autorização judicial e ausência de prejuízo ao Fisco; b) no mérito: b.1) tinha crédito comercial junto ao exportador, o qual era compensado em operações cujo valor superava a tabela mínima de preços, b.2) ausência de dolo ou fraude, b.3) decadência do direito de lançar, b.4) inaplicabilidade da multa pela Fl. 1400DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Processo nº 13971.722494/201111 Acórdão n.º 3402003.144 S3C4T2 Fl. 1.399 5 diferença de preço quando a mercadoria está corretamente descrita na DI, b.5) com relação à multa pela conversão da pena de perdimento, ela não lhe seria aplicável, eis que tais operações eram isentas de IPI e que não pode ser responsabilizada pela utilização de carimbos apócrifos nos documentos, b.6) A multa do art. 631 do Regulamento Aduaneiro não poderia ser aplicada, pois aquela prevista no art. 633, I desse Regulamento é mais específica, e b.7) inadequação do agravamento da multa. Os contribuintes D&A COMERCIO E SERVICOS IMP. E EXP. LTDA, CAIO MARCELO DEBOSSAN e ÉRICA DEBOSSAN REINERT protocolizaram impugnação conjunta, alegando, em síntese: a) ilicitude e imprestabilidade das provas emprestadas, b) irregularidade no MPF, c) ausência de individualização do lançamento, d) ilegitimidade passiva das pessoas físicas, e) ilegitimidade passiva da D&A em relação às importações realizadas exclusivamente pela Via Blumenau, f) ilegitimidade passiva da D&A para a aplicação da pena de perdimento e multa equivalente, g) ausência de prova do consumo das mercadorias, h) inocorrência de subfaturamento, i) indevida rejeição do primeiro método de valoração das mercadorias, j) inexistência de fraude, sonegação e conluio, k) inexistência de quebra de cadeia do IPI, l) extinção do direito de realizar revisão aduaneira, m) inocorrência de interposição fraudulenta, n) enquadramento legal incorreto em relação à multa por consumo de mercadorias estrangeiras, o) não incidência de tributos sobre mercadorias objeto de pena de perdimento, p) relevação da pena de perdimento em face da ausência de elemento danoso, e, por fim, q) necessidade de aplicação da penalidade mais favorável. Mediante o Acórdão nº 1650.671 23ª Turma da DRJ/SP1, de 25 de setembro de 2013, as impugnações foram julgadas improcedentes, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 27/01/2006 Dano ao Erário por infração de ocultação do verdadeiro interessado nas importações, mediante o uso de interposta pessoa. Pena de perdimento das mercadorias, comutada em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria. A atuação da empresa interposta em importação tem regramento próprio, devendo observar os ditames da legislação sob o risco de configuração de prática efetiva da interposição fraudulenta de terceiros. Declarações de Importação submetidas à despacho aduaneiro estavam instruídas com documentação que continha informação falsa para ajustar à razão Valor FOB (US$) / Peso Líquido (kg), de modo a atender o limite mínimo de valores tolerados pelo DECEX. A aplicação da pena de perdimento não deriva da sonegação de tributos, muito embora tal fato possa se constatar como efeito subsidiário, mas da burla aos controles aduaneiros, já que é o objetivo traçado pela Receita Federal do Brasil possuir controle absoluto sobre o destino de todos os bens importados por empresas nacionais. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Fl. 1401DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 6 A responsável solidária VIA BLUMENAU apresentou seu recurso voluntário, em 13/11/2013, alegando, em preliminar, ilegitimidade passiva, ausência de responsabilidade solidária pelas multas, irregularidade das provas e decadência e, no mérito, ausência de prejuízo ao Fisco, descabimento da exigência de imposto de importação, ausência de dolo ou fraude, indevida exigência da multa administrativa, descabimento da multa pela conversão da pena de perdimento à recorrente, inocorrência da infração punível com a multa regulamentar do IPI, e inadequação de aplicação da multa agravada. Os contribuintes D&A COMERCIO E SERVICOS IMP. E EXP. LTDA, CAIO MARCELO DEBOSSAN e ÉRICA DEBOSSAN REINERT protocolizaram recurso voluntário conjunto, alegando, em síntese: 2.1. ILICITUDE E IMPRESTABILIDADE DAS PROVAS EMPRESTADAS – AUSÊNCIA DE PROVAS –NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO 2.1.1. Compartilhamento de Provas – Inobservância do Contraditório e da Ampla Defesa –Inobservância de Condição para o Compartilhamento – Nulidade do Procedimento Fiscal 2.1.2. Apreensão de Documentos – Empresa Diversa da Investigada – Ausência de Mandado Judicial Específico – Ilicitude das Provas Nulidade 2.1.3. Apreensão de Documentos – Investigação Criminal – Inexistência de Correlação Entre os Crimes Investigados e as Infrações Apuradas – Ilicitude das Provas 2.2. AUSÊNCIA DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL DE FISCALIZAÇÃO (MPFF) FISCALIZAÇÃO IRREGULAR – NULIDADE DO PROCEDIMENTO FISCAL E DO AUTO DE INFRAÇÃO 2.3. EXCESSO DE PRAZO NA CONCLUSÃO PROCEDIMENTAL – AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO SOBRE AS PRORROGAÇÕES DO MPFF – NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO 2.4. DOIS SUJEITOS PASSIVOS NO MESMO AUTO DE INFRAÇÃO – AUSÊNCIA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DO LANÇAMENTO – NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO [não há o item 2.5 no recurso voluntário] 2.6. ILEGITIMIDADE DE CAIO MARCELO DEBOSSAN E ERICA DEBOSSAN REINERT PARA FIGURAREM SOLIDARIAMENTE NO PÓLO PASSIVO DO AUTO DE INFRAÇÃO 2.7. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA D&A QUANTO ÀS IMPORTAÇÕES DIRETAS REALIZADAS EXCLUSIVAMENTE PELA VIA BLUMENAU 2.8. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA D&A PARA APLICAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO E MULTA DE CONVERSÃO 2.9. AUSÊNCIA DE PROVA DO CONSUMO DAS MERCADORIAS – MERA PRESUNÇÃO –CERCEAMENTO DE Fl. 1402DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Processo nº 13971.722494/201111 Acórdão n.º 3402003.144 S3C4T2 Fl. 1.400 7 DEFESA – IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO EM MULTA 2.10. INOCORRÊNCIA DE SUBFATURAMENTO OU SUPERFATURAMENTO 2.11 INEXISTÊNCIA DE SONEGAÇÃO, FRAUDE, CONLUIO 2.12. INEXISTÊNCIA DE QUEBRA DA CADEIA DO IPI 2.13. EXTINÇÃO DO DIREITO DE REALIZAR A REVISÃO ADUANEIRA – TRANSCURSO DO PRAZO DE 5 ANOS – DECADÊNCIA 2.14. INOCORRÊNCIA DE INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA 2.15. INAPLICABILIDADE DA MULTA POR CONSUMO DE MERCADORIAS ESTRANGEIRAS “INTRODUZIDAS FRAUDULENTAMENTE NO PAÍS” – ENQUADRAMENTO LEGAL INCORRETO –VÍCIO MATERIAL – ANULAÇÃO DO AUTO 2.16. NÃO INCIDÊNCIA DE TRIBUTOS SOBRE MERCADORIAS OBJETO DE PENA DE PERDIMENTO 2.17. AUSÊNCIA DO ELEMENTO DANOSO – RELEVAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO 2.18. NECESSIDADE DE APLICAÇÃO DA PENALIDADE MAIS FAVORÁVEL É o relatório. Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora Conforme bem esclarecido pela DRFBlumenau, os recursos são tempestivos: (...) Analisando o contido nos presentes autos, constatamos a tempestividade do recurso voluntário apresentado pelo sujeito passivo D&A Comércio, Serviços de Importação e Exportação Ltda (CNPJ nº 05.630.873/000100), tendo em vista que a ciência do Acórdão nº 1650.671, proferido pela 23ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I, ocorreu em 21/10/2013 (fls. 1.102/1.235 e 1.257), e o protocolo do questionamento, em 20/11/2013 (fls. 1.291/1.387). Informamos, outrossim, que os sujeitos passivos solidários Érica Debossan Reinert (CPF nº 919.869.82904) e Caio Marcelo Debossan (CPF nº 936.292.65987) interpuseram recurso voluntário em conjunto com o contribuinte supracitado, e dentro do prazo legal, uma vez que a ciência de mencionado Acórdão Fl. 1403DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 8 ocorreu, igualmente, em 21/10/2013 (fls. 1.236/1.241, 1.242/1.247, 1.254 e 1.255), e o protocolo do questionamento, em 20/11/2013 (fls. 1.291/1.387). Por sua vez, o sujeito passivo solidário Via Blumenau Indústria e Comércio Ltda (CNPJ nº 00.230.492/000101) apresentou tempestivamente o recurso voluntário contra a decisão supracitada, tendo em vista que a ciência de referida decisão ocorreu em 18/10/2013 (fls. 1.248/1.253 e 1.256) e o protocolo de seu recurso, em 13/11/2013 (fls. 1.259/1.286). Os documentos comprobatórios de regular representação nestes autos foram oportunamente apresentados pelos contribuintes supracitados, de acordo com o contido no r. despacho de fls. 961/962. Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento dos recursos voluntários. Do Conflito aparente de normas Bis in idem Embora a vedação ao bis in idem não esteja expressamente prevista na Constituição Federal, o princípio do non bis in idem é reconhecido pela doutrina como decorrência direta dos princípios constitucionais da legalidade, da tipicidade, do devido processo legal e da proporcionalidade. Da mesma forma que “ninguém pode ser condenado ou processado duas ou mais vezes por um mesmo fato” no direito penal, não pode a Administração impor uma segunda sanção administrativa a quem já sofreu uma outra sanção em face da mesma conduta1. Quando há uma única conduta para a qual parece haver a possibilidade de aplicação de duas normas tipificadoras, para que não haja bis in idem, é imprescindível que se verifique qual delas deve ser aplicada ao caso concreto, o que pode ser resolvido com o instituto do "conflito aparente de normas" do direito penal. O reconhecimento de um "conflito aparente de normas" no Direito Penal se dá pelos seguintes elementos: unidade de fato, pluralidade de normas, aparente aplicação de todas as normas e efetiva aplicação de somente uma delas. O conflito de normas é apenas “aparente”, vez que deve existir regras gerais no próprio ordenamento jurídico para determinação de qual deve ser a única norma tipificadora aplicável àquela conduta. Conforme esclarece Julio Fabbrini Mirabete2, a doutrina tem se utilizado para solucionar o conflito aparente de normas penais dos seguintes princípios: especialidade, subsidiariedade, consunção (ou absorção) e alternatividade. No presente caso concreto, observase que a conduta que caracterizou o Subfaturamento/Superfaturamento foi duplamente penalizada: pela multa administrativa de 100% da diferença entre o preço declarado e o preço praticado e pela multa pelo consumo de mercadorias introduzidas fraudulentamente no país. Conforme se vê abaixo, a multa administrativa, prevista no art. 88, parágrafo único da Medida Provisória nº 215835, que diz a respeito à diferença entre o preço declarado e o praticado, é muito mais específica para designar a prática de subfaturamento e 1 MELLO, Rafael Munhoz de. Princípios Constitucionais de Direito Administrativo Sancionador. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 210/211. 2 Manual de Direito Penal – Parte Geral, 19ª ed., São Paulo: Atlas, 2003, p. 120/121. Fl. 1404DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Processo nº 13971.722494/201111 Acórdão n.º 3402003.144 S3C4T2 Fl. 1.401 9 superfaturamento do que a segunda multa, que pune qualquer tipo de introdução fraudulenta ou clandestina de mercadoria no País: Art. 88. No caso de fraude, sonegação ou conluio, em que não seja possível a apuração do preço efetivamente praticado na importação, a base de cálculo dos tributos e demais direitos incidentes será determinada mediante arbitramento do preço da mercadoria, em conformidade com um dos seguintes critérios, observada a ordem seqüencial: (...) Parágrafo único. Aplicase a multa administrativa de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado, sem prejuízo da exigência dos impostos, da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e dos acréscimos legais cabíveis. Nesse sentido, releva mencionar o art. 704, parágrafo único do Regulamento Aduaneiro 2009, embora não vigente à época dos fatos, que orienta no sentido de que a referida multa, proveniente da legislação do IPI, tem caráter residual, sendo aplicável somente quando não haja outra infração mais específica para a introdução irregular da mercadoria estrangeira no País: Art. 704. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na multa igual ao valor comercial da mercadoria os que entregarem a consumo, ou consumirem mercadoria de procedência estrangeira introduzida clandestinamente no País ou importada irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da declaração da importação, ou desacompanhada de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso (Lei nº 4.502, de 1964, art. 83, inciso I; e DecretoLei no 400, de 30 de dezembro de 1968, art. 1o, alteração 2ª). Parágrafo único. A pena a que se refere o caput não se aplica quando houver tipificação mais específica neste Decreto. Assim, entendo que deve ser exonerada "a multa pelo consumo de mercadorias estrangeiras introduzidas fraudulentamente no país (valor da mercadoria), prevista no art. 83, I, da Lei 4.502/64". Da decadência Analisemos agora a questão da decadência dos tributos e multas no presente auto de infração, para a qual a fiscalização utilizouse do prazo previsto no art. 173, I do CTN, tendo em vista a caracterização de fraude: (...) Apesar do manso e pacífico entendimento judicial e administrativo de que em casos de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial segue a regra geral estabelecida pelo artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, ou seja, Fl. 1405DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 10 iniciase no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, o fato é que há casos em que as partes autuadas buscam guerrear em sentido contrário, muitas vezes por ausência de qualquer outro apoio a se agarrar. Observando esta possibilidade de pugna, ainda que remota, consideramos relevante lavrar o presente tópico acerca do tema, conquanto notoriamente exaurido. (...) No caso concreto, não restam dúvidas acerca das práticas fraudulentas perpetradas, conforme visto à exaustão. Portanto, a partir das DIs registradas no ano de 2006, temos a contagem do prazo decadencial iniciandose em 01/01/2007 e terminando em 31/12/2011. Desta forma, haja vista que o lançamento ocorreu dentro do prazo estabelecido em lei para ser considerado válido, fica desde já espancada qualquer eventual alegação de decadência. (...) No entanto, com relação especificamente às multa aduaneiras, o prazo de decadência para impor penalidades é de 5 anos a contar da data da infração, nos termos do art. 139 do Decretolei nº 37/66, regulamentado pelo art. 669 do Regulamento Aduaneiro/2002, vigente à época dos fatos: Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração. Art. 669. O direito de impor penalidade extinguese em cinco anos, a contar da data da infração (Decretolei no 37, de 1966, art. 139). Assim, deve ser regido por esse prazo especial de decadência aplicação das multas aduaneiras, quais sejam, a multa equivalente ao perdimento em face da interposição fraudulenta e a multa administrativa pela diferença entre os preços declarado e praticado. Como os autuados foram cientificados dos autos de infração em 25/11/2011, devem ser exoneradas em face da decadência as parcelas dessas multas aduaneiras que se referem a importações registradas até 25/11/2006. Dessa forma, in concreto, no que concerne à multa equivalente ao perdimento em face da interposição fraudulenta deve ser exonerada a parcela relativa à Declaração de Importação nº 06/05417150, registrada em 11/05/2006; e em relação à multa administrativa, deve ser exonerada a parcela relativa às importações realizadas no ano de 2006, eis que registradas até 26/10/2006, conforme quadros parciais abaixo: Multa equivalente ao perdimento DI exonerada Multa administrativa DI´s exoneradas: Fl. 1406DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Processo nº 13971.722494/201111 Acórdão n.º 3402003.144 S3C4T2 Fl. 1.402 11 Analisemos agora os tópicos específicos dos recursos voluntários em relação às preliminares. Das preliminares suscitadas pela VIA BLUMENAU Sustenta, inicialmente, a ilegitimidade passiva relativamente aos tributos e a ausência de responsabilidade com relação às multas aplicadas. Com relação aos tributos, a responsabilidade da VIA BLUMENAU foi fundamentada no art. 124, I do CTN, por se caracterizar, na condição de real adquirente das mercadorias, como uma pessoa jurídica que tem interesse comum na situação que constitua o fato gerador, qual seja, a importação das mercadorias, no que agiu bem a fiscalização. Relativamente às multas, a responsabilidade da VIA BLUMENAU, na condição de adquirente oculta das mercadorias importadas, que se beneficiou da prática da infração, restou perfeitamente caracterizada em face da determinação contida no art. 95, I, V e VI do Decretolei nº 37/66: Art 95. Respondem pela infração: I Conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; (...) V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora (incluído pelo art. 78 da Medida Provisória nº 2.158/2001. Vide art. 5º da IN/SRF nº 225/2002). VI conjunta ou isoladamente, o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora (incluído pelo art. 12 da Lei nº 11.281/2006). Assim, havendo disposição expressa em lei que determina a responsabilização da VIA BLUMENAU pelas infrações aduaneiras, na condição de adquirente, encomendante predeterminado ou beneficiário direto da irregularidade, independentemente da natureza da infração ou da intenção do agente, não pode o agente administrativo agir de modo diferente. Sustenta também a VIA BLUMENAU que inexistiria autorização judicial para utilização de dados/correspondência eletrônica enviada por ela, razão pela qual seria nulo o auto de infração em face da ilicitude da prova. Fl. 1407DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 12 Conforme esclarecido pela fiscalização, nos autos do processo n.º 2006.72.00.0105049 (IPL n.º 285/2006/DPF/JVE/SC), da Vara Federal Criminal de Florianópolis/SC, nos autos do processo n.º 2006.72.00.0105049 (IPL n.º 285/2006/DPF/JVE/SC), foi determinado o compartilhamento da interceptação telefônica, bem como "das provas obtidas a partir da busca e apreensão" já deferida nesses autos. (...) No caso de uso desta prova [interceptação telefônica] pela Receita Federal para fins de instauração de procedimento administrativofiscal, entendo, na linha do que tem sido feito até agora, que este procedimento não viola a Constituição Federal.(...). Por fim, está se deferindo nesta decisão, porque este é o objeto do pedido da autoridade policial, o compartilhamento das provas obtidas a partir da busca e apreensão deferida nestes autos, bem como a participação deste órgão no procedimento de execução da busca. (...) b) decreto a quebra do sigilo telemático e de informática, (...). (...) Assim, independentemente de outra autorização judicial para a utilização de dados/correspondência eletrônica enviada pela VIA BLUMENAU, as provas coletadas no referido inquérito policial, que foram compartilhadas com a RFB por expressa ordem do Poder Judiciário, podem e devem ser usadas para instruir as exigências de tributos e multas em face da empresa D&A, nas quais a VIA BLUMENAU é também arrolada como responsável solidária. A legitimidade do uso dessas provas não pode ser questionada administrativamente enquanto vigente a referida ordem judicial de compartilhamento de provas, o que, obviamente, não impede a recorrente de eventualmente contestar o conteúdo dessa decisão judicial no âmbito do próprio Poder Judiciário. Relativamente à decadência, alega a VIA BLUMENAU que o prazo aplicável seria aquele do art. 150, §4º do CTN, tendo em vista que o Imposto sobre Importações e as contribuições sociais PIS/Cofinsimportação são tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Conforme esclarece o Voto condutor do Relator Manoel Coelho Arruda Junior no Acórdão nº 9202003.589– 2ª Turma da CSRF, de 03 de março de 2015, a questão sobre a aplicação do art. 173, I do CTN ou do art. 150, §4º do CTN nos tributos sujeitos a lançamento por homologação já se encontra resolvida pela aplicação do entendimento do STJ no julgamento do recurso repetitivo REsp 973.733/SC, de aplicação obrigatória pelos membros do CARF: (...) Ocorre que este Código prevê a aplicação de duas regras, aparentemente conflitantes, tomando a primeira como termo inicial o pagamento indevido (art. 150, §4º), e a segunda o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento Fl. 1408DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Processo nº 13971.722494/201111 Acórdão n.º 3402003.144 S3C4T2 Fl. 1.403 13 poderia ter sido realizado (art. 173, I). Cumpre transcrever os referidos dispositivos legais: (...) Harmonizando as normas acima transcritas, o Superior Tribunal de Justiça esclareceu a aplicação do art. 173 para os casos em que o tributo sujeitarse a lançamento por homologação: 1) Quando não tiver havido pagamento antecipado; 2) Quando tiver ocorrido dolo, fraude ou simulação; 3) Quando não tiver havido declaração prévia do débito. Cumpre transcrever o acórdão prolatado em sede de Recurso Especial representativo da controvérsia: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). (...) 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Fl. 1409DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 14 (...) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009). No voto lavrado no referido REsp 973.733/SC, foi transcrito entendimento firmado em outros julgamento (REsp 766.050∕ PR, Rel. Ministro Luiz Fux, DJ 25.02.2008), que limitam a aplicação do art. 150, §4º do CTN às hipóteses que tratam de tributo sujeito a lançamento por homologação, "quando ocorrer pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, nem sido notificado pelo Fisco de quaisquer medidas preparatórias". Assim, no presente caso, em que houve fraude, conforme será debatido no mérito, correta a aplicação do art. 173, I do CTN para a contagem do prazo de decadência, não obstante se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação. Relativamente às multas aduaneiras, como já analisado neste Voto, aplicase o prazo específico do Regulamento Aduaneiro, de 5 anos a contar da data da infração, resultando em exoneração parcial dessas multas. Por fim, quanto à multa proporcional ao valor do imposto, que não se trata de uma multa aduaneira, tratandose da exigência de multa e não de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo geral de decadência previsto no art. 173, I do CTN de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Das preliminares suscitas pelos recorrentes D&A, CAIO MARCELO DEBOSSAN E ÉRICA DEBOSSAN 2.1. ILICITUDE E IMPRESTABILIDADE DAS PROVAS EMPRESTADAS – AUSÊNCIA DE PROVAS –NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO Como já esclarecido neste Voto, todas as provas coletadas no referido inquérito policial, foram compartilhadas com a RFB por expressa ordem do Poder Judiciário. Além dessas provas, foram colhidas outras no âmbito da própria RFB seja por intermédio de intimações ou de consultas aos sistemas internos em procedimento fiscal regular, em conformidade com o disposto nos arts. 194 a 198 do CTN. Por certo, não há necessidade de se aguardar a conclusão do inquérito policial quando os elementos já coletados são suficientes à comprovação do fato gerador do tributo e do cometimento de infração administrativa, incumbindo à autoridade administrativa efetuar imediatamente o correspondente lançamento tributário, nos termos do art. 142 do CTN. Sobre a alegada ausência de contraditório e de ampla defesa, esses são garantidos com a impugnação do lançamento, mediante a qual o contribuinte tem a oportunidade de contestar todos os fatos a ele atribuídos e apresentar todas as provas que julgue necessárias. O procedimento preparatório do lançamento, e o próprio lançamento, é ato inquisitório, não havendo que se falar em violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa nessa fase pela não manifestação do contribuinte sobre as provas colhidas nessa fase do procedimento fiscal. Nesse sentido é a Súmula CARF nº 46, abaixo reproduzida: Fl. 1410DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Processo nº 13971.722494/201111 Acórdão n.º 3402003.144 S3C4T2 Fl. 1.404 15 Súmula CARF nº 46: O lançamento de ofício pode ser realizado sem prévia intimação ao sujeito passivo, nos casos em que o Fisco dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário. 2.2. AUSÊNCIA DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL DE FISCALIZAÇÃO (MPFF) FISCALIZAÇÃO IRREGULAR – NULIDADE DO PROCEDIMENTO FISCAL E DO AUTO DE INFRAÇÃO Alegam os recorrentes irregularidade na conversão do Mandado de Procedimento Fiscal de Diligência MPFD em Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização MPF (fls. 145/147), o que não faz qualquer sentido. Se o procedimento de diligência destinase justamente a "as ações destinadas a coletar informações ou outros elementos de interesse da administração tributária, inclusive para atender exigência de instrução processual", nada há de mais regular que, verificando a fiscalização a necessidade de apuração mais detalhada, instaure depois o procedimento de fiscalização, obviamente com o aproveitamento das provas já coletadas. 2.3. EXCESSO DE PRAZO NA CONCLUSÃO PROCEDIMENTAL – AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO SOBRE AS PRORROGAÇÕES DO MPFF – NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO Reclamam também os recorrentes que a contribuinte não foi intimada das prorrogações do MPF. No entanto, como já bem esclareceu a fiscalização à contribuinte (fls. 130/133), não há previsão na legislação para tal. Conforme determinado pelos artigos abaixo da Portaria RFB nº 11371, de12 de dezembro de 2007, vigente à época, as informações sobre o procedimento fiscal e suas prorrogações são disponibilizadas à contribuinte por intermédio de código de acesso na Internet: Art. 4º O MPF será emitido exclusivamente em forma eletrônica e assinado pela autoridade outorgante, mediante a utilização de certificado digital válido, conforme modelos constantes dos Anexos de I a III desta Portaria. Parágrafo único. A ciência pelo sujeito passivo do MPF, nos termos do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, com redação dada pelo art. 67 da Lei nº 9.532, de 10 de novembro de 1997, darseá por intermédio da Internet, no endereço eletrônico www.receita.fazenda.gov.br, com a utilização de código de acesso consignado no termo que formalizar o início do procedimento fiscal. Art. 9º As alterações no MPF, decorrentes de prorrogação de prazo, inclusão, exclusão ou substituição de AFRFB responsável pela sua execução ou supervisão, bem como as relativas a tributos ou contribuições a serem examinados e período de apuração, serão procedidas mediante registro eletrônico efetuado pela respectiva autoridade outorgante, conforme modelo aprovado por esta Portaria. Parágrafo único. Na hipótese de que trata o caput, o AFRFB responsável pelo procedimento fiscal cientificará o sujeito passivo das alterações efetuadas, quando do primeiro ato de ofício praticado após cada alteração. Fl. 1411DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 16 Art. 18. Os MPF emitidos e suas alterações permanecerão disponíveis para consulta na Internet, mediante a utilização do código de acesso de que trata o art. 4º, parágrafo único, mesmo após a conclusão do procedimento fiscal correspondente. Ademais, a competência para a autoridade fiscal efetuar o lançamento decorre da lei, razão pela qual a jurisprudência no CARF caminha no sentido de que eventual irregularidade na emissão, alteração ou prorrogação do Mandado de Procedimento Fiscal não acarretaria a nulidade do lançamento (vide Acórdãos nºs 1802001.864, de 09/10/2013; 2403 002.571, de 15/04/2014; e 3401002.564, de 23/04/2014). 2.4. DOIS SUJEITOS PASSIVOS NO MESMO AUTO DE INFRAÇÃO – AUSÊNCIA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DO LANÇAMENTO – NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO Quanto à alegação de falta de individualização do lançamento não assiste razão às recorrentes, vez que os lançamentos objeto do presente processo foram legitimamente efetuados, nos termos do art. 142 do CTN, apontando como sujeito passivo a referida contribuinte e os responsáveis solidários pelos tributos e pelas infrações, em conformidade com o CTN e com o art. 95 do Decretolei nº 37/66. Não se vislumbra a possibilidade de se lavrar um auto de infração para cada integrante do polo passivo, vez que significaria exigir o mesmo montante, de forma independente, várias vezes, da contribuinte e dos responsáveis. As exigências tributárias são únicas, mas, em face do que dispõe a lei, são efetuadas em face de vários sujeitos passivos, com a reunião das provas necessárias para a caracterização dos responsáveis para a satisfação do crédito tributário, sendo que o pagamento efetuado por um dos autuados aproveita aos demais e o pedido de parcelamento deferido a um dos autuados suspende a exigibilidade do crédito tributário em relação aos demais. Do mérito: alegações das recorrentes D&A, CAIO MARCELO DEBOSSAN E ÉRICA DEBOSSAN 2.6. ILEGITIMIDADE DE CAIO MARCELO DEBOSSAN E ERICA DEBOSSAN REINERT PARA FIGURAREM SOLIDARIAMENTE NO PÓLO PASSIVO DO AUTO DE INFRAÇÃO Alegam as recorrentes que, afora a relação familiar entre os seus sócios, as empresas D&A e Debossan Despachos Aduaneiros Ltda. possuem objetos sociais distintos e específicos, cada uma com seu motivo negocial claro e aparente, sendo administradas cada qual pelo seu sócioadministrador, não havendo o que se falar em ‘sóciooculto’ por qualquer razão que seja. No entanto, essa tese não pode prosperar, conforme já decidido no Acórdão nº 3302002.874 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 19 de março de 2015, Relator Walber José da Silva, em processo que trata de situação semelhante da contribuinte: (...) Quanto a alegação de ilegitimidade do Sr. Caio Marcelo Debossan e Érica Debossan Reinert para figurar no pólo passivo do auto de infração, conforme demonstrado na Descrição dos Fatos que levaram à autuação, devidamente comprovado no "Anexo Probante da Sociedade de Fato CaioÉrica", os irmãos e Despachantes Aduaneiros, Sra. Érica e Sr. Caio efetivamente Fl. 1412DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Processo nº 13971.722494/201111 Acórdão n.º 3402003.144 S3C4T2 Fl. 1.405 17 dirigiam a empresa D&A, praticando atos típicos de gerência da empresa, que vai desde a negociação com clientes à ascendência sobre os empregados, passando por propaganda onde eles se apresentam como executivos e sócios da D&A, inclusive no site da própria D&A (www.deacomex.com.br), conforme acima se disse. Eventuais negociações com empresas e órgãos intervenientes no comércio, que poderiam ser terceirizadas e que foram efetuadas pelos referidos Despachantes Aduaneiros, não são suficientes para desconstituir os demais atos de efetiva gestão consignados no Auto de Infração, ainda mais quando desacompanhado de contrato específico de prestação desses serviços especializados e da respectiva nota fiscal relativo ao preço do serviço contratado. Por outro lado, a farta documentação probatória juntada aos autos reflete, indubitavelmente, uma intensa atividade de gestão dos negócios da D&A pelos sócios e gestores de fato, Sra. Érica e Sr. Caio. Portanto, está sobejamente provado nos autos que os ditos responsáveis solidários conduziam tanto os negócios da empresa D&A como da empresa Debossan Despachos Aduaneiros e, externamente, as duas empresas se apresentavam como sendo do "Grupo D&A", sendo que as ações de ambas eram sobrepostas, como bem ficou provado na Descrição dos Fatos e no "Anexo Probante da Sociedade de Fato CaioÉrica". Formalmente, na qualidade de sócios da empresa Debossan Despachos Aduaneiros, os dois atuavam pessoalmente também como despachante aduaneiro nas importações realizadas pela empresa D&A e não foi diferente com as DI objeto da autuação. Portanto, sem reforma a decisão recorrida que manteve a Sra. Érica e o Sr. Caio como responsáveis solidários do crédito tributário lançado. (...) A título de ilustração dos vários atos de gestão dessas pessoas físicas na empresa D&A que convergem no sentido de que detinham de fato poder de gerência nesta empresa, cabe transcrever alguns trechos do "Anexo Probante da Sociedade de Fato Caio Érica" com informações extraídas de arquivos digitais apreendidos e de outros documentos: (...) Érica busca fornecedores chineses para um cliente da D&A: “Bem como vc sabe trabalho com comércio exterior e além de desembaraço aduaneiro, emissão de doctos em exportação e importação. Recentemente nossa empresa vem prestanto tb um tipo de assessoria em exportar e importar produtos para alguns clientes na região. Mas por que existem muitos clientes que não cadastraram ainda no RADAR e não querem perder o negócio. Gostamos da brincadeira e estamos levando a sério, não somos trading apenas fazendo uns negócinhos... Então, estou tentando localizar na China fabricantes (...) Fl. 1413DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 18 Mas aproveitando a oportunidade, meu irmão (que é meu sócio) está perguntando (...)”. (...) Érica faz as tratativas junto à empresa de aviação ABSA, para credenciamento da D&A como agente de carga. (...) Érica determina hierárquica e minuciosamente às funcionárias da D&A como devem ser operacionalizados determinados procedimentos dentro da empresa. (...) Érica faz tratativas para confecção de xícaras e canecas com o logotipo da D&A; aduz ao desenvolvedor que em sua ausência o Sr. Caio poderá resolver. (...) Caio repreende a funcionária Andressa, após erro desta junto a um cliente: “Caramba Andressa, esse erro é muito bobo. Please ATENÇÃO no que vc faz”. (...) Caio informa hierárquica e gerencialmente a todos da D&A que dá por terminado todo e qualquer trabalho com a empresa Yellow; o sócio desta, responde a Caio: “apostei bastante na sua empresa”. (...) O informe comercial veiculado no jornal, sobre a D&A, não deixa dúvidas (g.n.): “A empresa evoluiu de uma pequena sala de 25 metros quadrados onde atuavam os empresários Caio Marcelo Debossan e Erica Debossan Reinert, para uma sede de 400 metros quadrados, onde atuam 35 pessoas.”. (...) Os sócios da empresa, Caio Debossan e Erica Debossan Reinert, afirmam que os números são resultados de uma receita entre profissionais competentes, clientes em crescimento e a aposta em um estilo diferenciado de se trabalhar com comércio exterior. “Oferecemos um serviço com duas características primordiais: completo, já que temos desde desembaraço aduaneiro até assessoria em legislação aduaneira, e personalizado”, explica Erica. Caio completa que em 2010 a D&A diversificou mercados e cresceu em 26% o número de clientes. (...) No site de relacionamentos Facebook, o Sr. Caio Debossan informa que é sóciodiretor da empresa D&A, desde maio de 2003 até agora (11/11/2011). Fl. 1414DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Processo nº 13971.722494/201111 Acórdão n.º 3402003.144 S3C4T2 Fl. 1.406 19 (...) Ademais, não prospera a alegação de que não teria sido atendido ao disposto no art. 135 do CTN, vez que, conforme demonstrado na autuação (vide trechos abaixo), Caio e Érica Debossan agiram com infração à lei: (...) No caso em comento, a participação consciente dos sócios ocultos, Sr. Caio Debossan e Sra. Érica Debossan Reinert, com poderes de fato sobre a gestão da D&A à época dos fatos geradores é de clareza solar, conforme demonstrará a documentação acostada. Como agravante, é de se considerar a réproba conduta no uso de seus respectivos cônjuges, a figurar no quadrosocietário de direito como meros “prestanomes”, ou “laranjas”, respectivamente, Sra. Josiane Debossan e Sr. Ivan Luiz Reinert. Tal arranjo ou conluio objetivava manter ocultos os sócios de fato, Caio/Érica, do impedimento legal de serem sócios administradores da importadoraexportadora D&A, por serem despachantes aduaneiros, na forma do art. 10, I, do Decreto 646/923, vigente à época c/c art. 76 da Lei 10.833/034 (o que é somente permitido a sócios de empresas comissárias de despacho, como o são da empresa Debossan Despachos Aduaneiros, CNPJ n.º 07.081.778/000111). (...) Do exposto, concluise, em apertada síntese, que os ocultos sóciosadministradores de fato Caio e Érica Debossan também são responsáveis solidários pelo crédito tributário constituído na presente auditoria, nos termos dos arts. 124 e 135, da Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional). (...) Nesse passo, considerando que o cerne restante da questão desta responsabilização tributária é a prova da administração oculta da sociedade pela dupla citada, acostamos ao presente processo todo um cabedal de provas neste sentido, que é parte integrante deste(s) Auto(s) de Infração: v. Anexo Probante da Sociedade de Fato CaioÉrica. Nesse tirocínio, o fato é que os dois sóciosadministradores ocultos emergem como principais responsáveis pessoais pelas fraudes perpetradas, carregando desta forma toda uma carteira de clientes, como é comum em uma trading deste teor. Do quadro probante, constatase o nível de minudência administrativogerencial a que descem os citados sócios de fato. Desta forma, não é crível que não soubessem ou não participassem diretamente das práticas fraudulentas. Em sentido contrário, a participação salta aos olhos, haja vista – somente para citar alguns fatos – a referência ao Sr. Caio na documentação obtida judicialmente pela Polícia Federal junto Fl. 1415DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 20 ao grupo doleiro e a farta quantidade de carimbos de fornecedores encontrada nas dependências da D&A, a servir, por óbvio, à forja documental. (...) De fato, observase, em várias situações, como as ilustradas abaixo, o envolvimento direto de Erica e Caio Debossan nas irregularidades objeto do presente processo: Fl. 1416DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Processo nº 13971.722494/201111 Acórdão n.º 3402003.144 S3C4T2 Fl. 1.407 21 2.7. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA D&A QUANTO ÀS IMPORTAÇÕES DIRETAS REALIZADAS EXCLUSIVAMENTE PELA VIA BLUMENAU Relativamente à interposição fraudulenta somente foram objeto de autuação as importações objeto de duas declarações de importação abaixo, tem sido a primeira delas excluída no presente Voto em face da decadência. Nessas importações específicas, a D&A informou que seria ela própria a adquirente das mercadorias, quando, em análise das provas coletadas, constatou a fiscalização que, na verdade, eram destinadas à empresa Via Blumenau: Assim, eventuais importações diretas da VIA BLUMENAU não estão inseridas na parte da autuação referente à interposição fraudulenta. 2.8. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA D&A PARA APLICAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO E MULTA DE CONVERSÃO Alegam os recorrentes que contra a D&A somente poderia ter sido aplicada a multa prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007, mas jamais a multa equivalente ao perdimento, em face de bis in idem. No entanto, tendo em vista que a conduta de ocultação fraudulenta da real adquirente nas importações foi praticada pela D&A, na condição de importadora ostensiva, não há como isentála da infração caracterizada pela "ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros" na importação. Quem primeiro responde por uma infração é o seu próprio agente, no caso, a importadora D&A, assim considerado, nos termos do art. 94 do Decretolei nº 37/66, a pessoa física ou jurídica que incorre na omissão ou ação, voluntária ou involuntária, que importe inobservância de norma legal estabelecida. De outra parte, a responsabilização da VIA BLUMENAU por essa infração deuse com fundamento no art. 95, I, V e VI do Decretolei 37/66, como já esclarecido neste Voto. Quanto à alegação de bis in idem, também não prospera. Tratandose de infrações distintas a infração que ora se julga e aquela prevista no art. 33 da Lei 11.488/2007, que tutelam bens jurídicos diversos, não seria o caso de bis in idem. Nesse sentido, no Acórdão n° 310100.431 1ª Camara / 1ª Turma Ordinária, de 25 de maio de 2010, Redator designadoTarásio Campelo Borges, foi decidido que "O dano ao erário nas infrações enumeradas no caput do artigo 23 do Decretolei 1.455, de 1976, com as modificações introduzidas pela Lei 10.637, de 2002, não é fato típico para a exigência da multa cominada no artigo 33 da Lei 11.488, de 2007". Também este Colegiado decidiu recentemente, por unanimidade, no Acórdão nº 3402003.008– 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 26 de abril de 2016, Relator: Antonio Fl. 1417DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 22 Carlos Atulim, no sentido de que a multa por cessão de nome não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa equivalente substitutiva ao perdimento. 2.9. AUSÊNCIA DE PROVA DO CONSUMO DAS MERCADORIAS – MERA PRESUNÇÃO –CERCEAMENTO DE DEFESA – IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO EM MULTA Conforme previsto no art. 23, §3º do Decretolei nº 1455/76, a multa equivalente ao valor da mercadoria, em substituição à aplicação da pena de perdimento, é cabível quando a mercadoria não seja localizada ou tenha sido consumida. De forma que foi correto o procedimento adotado pela fiscalização de aplicar a multa substitutiva do perdimento em relação às importações com interposição fraudulenta, tendo em vista a "impossibilidade material" de apresentação das mercadorias alegada pela VIA BLUMENAU em resposta à intimação para que o fizesse. 2.10. INOCORRÊNCIA DE SUBFATURAMENTO OU SUPERFATURAMENTO Tendo em vista a exoneração parcial neste Voto em face da decadência, relativamente à multa administrativa em face do subfaturamento/superfaturamento, restaram na autuação apenas as quatro importações abaixo registradas no ano de 2007: Para todas as importações acima, foi possível, com as provas coletadas, apurar o real valor de transação efetuado total, com a aplicação do 1º método de valoração do AVA/GATT. Ressalvese que apenas em relação à DI nº 06/11155162, o valor das mercadorias foi, motivadamente arbitrado, vez que a documentação juntada não possibilitou obter o seu real valor, mas essa importação foi excluída da autuação neste Voto em face da decadência. A questão de fundo para o subfaturamento e superfaturamento encontrase nos "preços mínimos" no deferimento das Declarações de Importação pelo DECEX. A fiscalização encontrou um arquivoplanilha contendo uma lista de NCMs com o seu respectivo preço mínimo (fls. 513), inclusive com controle dinâmico de atualização de valores. Em arquivomensagem de 19/11/03, entre Erica Debossan (da D&A) e Alexandra (da Via Blumenal), que remonta à época do possível início da parceria em importações, Erica explica, em síntese, que Caio [Debossan] está em contato... que precisam descobrir o preço mínimo [das mercadorias], e que esta é uma informação sigilosa, mas estão sondando o pessoal do Banco do Brasil (fls. 512). Fl. 1418DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Processo nº 13971.722494/201111 Acórdão n.º 3402003.144 S3C4T2 Fl. 1.408 23 Constatou a fiscalização que as importações eram, ora superfaturadas e ora subfaturadas, com intuito de burlar a sistemática da análise do Decex no que tange ao preço mínimo. As importadoras/adquirentes não enviavam recursos a mais ao fornecedor para não terem prejuízo, utilizandose de uma sistemática compensatória de débitocrédito entre os próprios fornecedores do grupo. O subfaturamento restou explícito à fiscalização por meio do documento DN Nota de Débito (Debit Note) e o superfaturamento era documentado no documento CN Nota de Crédito (Credit Note). Para ilustrar, especificamente para as Declarações de Importação registradas em 2007, apurou a fiscalização o valor aduaneiro das mercadorias na seguinte forma: DI 07/03865794, de 26/03/07 declarada a US$ 39.657,60 CFR (1,62US$/kg): A proforma encontrada (fls. 532) indica um valor de 1,80 US$/kg, portanto, o valor real transacionado, com a exata valoração da DI é de US$ 44.064,00 CFR (1,80 US$/kg) – ou US$ 44.335,25 CIF. DI 07/03395666, de 16/03/07 declarada a US$ 112.946,40 CFR (2,49 US$/kg): A partir de dois arquivosmensagens, de 24/11/06, folhas 533 a 535, apurouse o valor exato das mercadorias a 2,40 US$/kg. Portanto, o valor real transacionado, com a exata valoração da DI é de US$ 108.864,00 CFR (2,40 US$/kg) – ou US$ 109.565,36 CIF. DI 07/05737602, de 04/05/07 declarada a US$ 122.759,18 FOB: Os documentos das fls. 540/544, em particular a Credit Note, ou Nota de Crédito”refletem a diferença entre o valor Superfaturado e o valor real transacionado: US$ 33.479,77 (1,05 US$/kg x 31.885,50 kg). Portanto, somando ambos os embarques/notas de crédito, temse o valor real transacionado, isto é, a valoração da DI em US$ 89.279,40 FOB (2,80 US$/kg) – ou US$ 97.576,70 CIF. DI 07/07229558, de 04/06/07 declarada a US$ 122.246,35 FOB (duas adições: ambas declaradas a 3,85 US$/kg): As proformas e credit notes anexadas revelam o valor real transacionado de 2,80 US$/kg. Portanto, temos a importação foi valorada em US$ 88.906,44 FOB (US$ 98.124,93 CIF). Assim, diante das robustas provas trazidas aos autos, não pode prosperar a alegação dos recorrentes de que inexistiria o subfaturamento ou superfaturamento. 2.11 INEXISTÊNCIA DE SONEGAÇÃO, FRAUDE, CONLUIO Tendo em vista as informações que já constam neste Voto acerca de subfaturamento/superfaturamento e compensações de valores entre empresas, para burlar os "preços mínimos" do DECEX; ocultação fraudulenta do real adquirente das mercadorias; e exercício de gestão de fato na empresa D&A por despachantes aduaneiros; não prospera a alegação de ausência de fraude, sonegação ou conluio. Também não é verdade que todos os tributos incidentes na operação foram regularmente recolhidos, como alegam os recorrentes, vez que do novo valor aduaneiro apurado pela fiscalização, resultou em exigência de tributos no presente auto de infração. As questões atinentes a eventual lesão das multas a princípios constitucionais, que, acaso procedentes, conduziriam a inconstitucionalidade da lei que as veicula, não podem ser conhecidas na esfera administrativa, vez que o agente administrativo está vinculado à lei. Fl. 1419DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 24 2.12. INEXISTÊNCIA DE QUEBRA DA CADEIA DO IPI Nesse aspecto, há de se esclarecer que a fiscalização quando menciona a "quebra da cadeia do IPI" discorre, em ordem genérica, sobre alguns dos fins pretendidos pelo legislador ordinário para coibir a interposição fraudulenta nas operações de comércio exterior, entretanto, a existência de quebra do cadeia do IPI, in concreto, não integra o tipo infracional. Dessa forma, mesmo que, no presente caso, não ocorra a quebra da cadeia do IPI, esse fato, por si só, não socorre os recorrentes para o afastamento de infração cometida em conformidade com o disposto no art. 23, V do Decretolei nº 1.455/76. 2.13. EXTINÇÃO DO DIREITO DE REALIZAR A REVISÃO ADUANEIRA – TRANSCURSO DO PRAZO DE 5 ANOS – DECADÊNCIA A análise de decadência foi efetuada no início deste Voto, no que assiste razão em parte aos recorrentes. 2.14. INOCORRÊNCIA DE INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA Apurouse que a recorrente D&A informou, em duas declarações de importação, que se trataria de importação própria, quando, em verdade, apurouse que tais operações ocorreram por conta e ordem de terceiro Via Blumenau. O procedimento correto que deveria ter seguido pela importadora é aquele previsto nos artigos 2º e 3º da Instrução Normativa SRF nº 225/20023, apresentando previamente à fiscalização o contrato de prestação de serviços com a outra recorrente para a sua habilitação para atuar por conta e ordem de terceiro no comércio exterior, bem como informando, em campo próprio das declarações de importação a identificação da verdadeira interessada nas mercadorias importadas, em consonância com a fatura comercial na qual também seria necessária identificála. Apurou a fiscalização que as importações eram por conta e ordem da Via Blumenau, com base, dentre outros elementos, em mensagens enviadas pela D&A a Via Blumenau com pedido de numerário e informação de saldo residual de importação; depósitos efetuados pela Via Blumenau para suprir os custos da importação e registros na contabilidade da D&A de adiantamentos em "importação por conta e ordem". Com relação a DI nº 08/19740700, que resta na autuação pela interposição fraudulenta, foi possível obter a comprovação do suprimento dos recursos, conforme demonstram os trechos abaixo: 3 Art. 2º A pessoa jurídica que contratar empresa para operar por sua conta e ordem deverá apresentar cópia do contrato firmado entre as partes para a prestação dos serviços, caracterizando a natureza de sua vinculação, à unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF), de fiscalização aduaneira, com jurisdição sobre o seu estabelecimento matriz. Parágrafo único. O registro da Declaração de Importação (DI) pelo contratado ficará condicionado à sua prévia habilitação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), para atuar como importador por conta e ordem do adquirente, pelo prazo previsto no contrato. Art. 3º O importador, pessoa jurídica contratada, devidamente identificado na DI, deverá indicar, em campo próprio desse documento, o número de inscrição do adquirente no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). § 1º O conhecimento de carga correspondente deverá estar consignado ou endossado ao importador, configurando o direito à realização do despacho aduaneiro e à retirada das mercadorias do recinto alfandegado. § 2º A fatura comercial deverá identificar o adquirente da mercadoria, refletindo a transação efetivamente realizada com o vendedor ou transmitente das mercadorias. Fl. 1420DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Processo nº 13971.722494/201111 Acórdão n.º 3402003.144 S3C4T2 Fl. 1.409 25 (...) A alegação de que não teria havido o efetivo prejuízo ao Erário para o cabimento da pena de perdimento não prospera. As hipóteses de "dano ao Erário", definidas pelo legislador ordinário no art. 23 do Decretolei n° 1.455/76, tratamse de autênticas presunções legais de dano ao Erário, não se fazendo necessária qualquer comprovação adicional de efetivo prejuízo financeiro ao Erário ou à atividade fiscalizatória. Quando ocorrem, no mundo concreto, as infrações tipificadas nos incisos desse dispositivo legal, está presumido o dano ao Erário. Tendo, no caso sob análise, ocorrido o cometimento da infração de "ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros" na importação, veiculada pelo art. 23, V do Decretolei nº 1.455/76, está caracterizado o "dano ao Erário". 2.15. INAPLICABILIDADE DA MULTA POR CONSUMO DE MERCADORIAS ESTRANGEIRAS “INTRODUZIDAS FRAUDULENTAMENTE NO PAÍS” – ENQUADRAMENTO LEGAL INCORRETO –VÍCIO MATERIAL – ANULAÇÃO DO AUTO O pleito das recorrentes já foi atendido no início deste Voto, tendo sido exonerada a parcela da autuação decorrente da multa regulamentar do IPI. 2.16. NÃO INCIDÊNCIA DE TRIBUTOS SOBRE MERCADORIAS OBJETO DE PENA DE PERDIMENTO Ao contrário do que pregam os recorrentes, conforme ressalvam os dispositivos abaixo transcritos, o Imposto sobre a Importação e as contribuições para o PIS e Fl. 1421DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 26 Cofins na importação incidem na situação em que é aplicada a multa substitutiva do perdimento da mercadoria em face da sua não localização, consumo ou revenda: [Decretolei nº 37/66] Art.1º O Imposto sobre a Importação incide sobre mercadoria estrangeira e tem como fato gerador sua entrada no Território Nacional. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) (...) § 4o O imposto não incide sobre mercadoria estrangeira: (Incluído pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) III que tenha sido objeto de pena de perdimento, exceto na hipótese em que não seja localizada, tenha sido consumida ou revendida. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) [Lei nº 10.865/2004] Art. 2o As contribuições instituídas no art. 1o desta Lei não incidem sobre: (...) III bens estrangeiros que tenham sido objeto de pena de perdimento, exceto nas hipóteses em que não sejam localizados, tenham sido consumidos ou revendidos; 2.17. AUSÊNCIA DO ELEMENTO DANOSO – RELEVAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO Além de ter havido a falta de recolhimento de tributos em face da valoração das mercadorias, o CARF não é competente para a análise de relevação da pena de perdimento. A competência para sua apreciação, atribuída originariamente ao Ministro da Fazenda através do art. 4º do DecretoLei nº 1.042/1969, foi delegada ao Secretário da Receita Federal mediante a Portaria MF nº 214/79. 2.18. NECESSIDADE DE APLICAÇÃO DA PENALIDADE MAIS FAVORÁVEL Tendo sido perfeitamente configuradas as infrações objeto de autuação e não sendo o caso de mera omissão ou prestação de informação inexata ou incompleta, não há que se falar em aplicação de multa prevista no art. 711 do Regulamento Aduaneiro de 2009. Do mérito: alegações da recorrente VIA BLUMENAU Da Ausência de qualquer prejuízo ao Fisco: Neste tópico, alega a recorrente questões atinentes a quebra de cadeia do IPI, ausência de prejuízo ao Erário e relevação da pena de perdimento, as quais já foram abordadas acima neste Voto. Do Imposto de Importação Constituído: Fl. 1422DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Processo nº 13971.722494/201111 Acórdão n.º 3402003.144 S3C4T2 Fl. 1.410 27 Alega a recorrente que agiu em respeito ao preço mínimo, o que não a isenta de nada, pelo contrário, corrobora a tese da fiscalização de que se praticava subfaturamento/superfaturamento para atender aos preços mínimos do DECEX: Como se sabe, o preço correto a ser declarado pelas importadoras nas DI´s seria aquele efetivamente praticado para cada importação, em conformidade ao 1º método de valoração aduaneira valor da transação, sem as alegadas compensações com o exportador. Relativamente à alegação de recolhimento de valores recolhidos a maior, não se presta o presente processo para esse fim, sendo que eventuais pedidos de restituição de tributos podem ser feitos em outro processo, em conformidade com os procedimentos previstos na legislação pertinente. Da ausência de dolo ou fraude: Conforme a farta comprovação que constam nos autos, em especial, mensagens de funcionários da empresa, depósitos prévios às importações, registros contábeis, proformas e demais documentos das importações, a Via Blumenau participou ativamente da interposição fraudulenta e do subfaturamento/superfaturamento, como ilustram alguns trechos abaixo da autuação, não havendo que se falar em boafé de sua parte. Fl. 1423DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 28 Multa da diferença entre o preço declarado e preço efetivamente praticado: Conforme já demonstrado neste Voto, a subsunção dos fatos à infração punível com a multa administrativa restou demonstrada pela fiscalização em face do subfaturamento e do superfaturamento, nada tendo a ver com o disposto no Ato Declaratório Normativo Cosit nº 12/97 acerca de outra multa administrativa, por falta de Licenciamento de Importação. Multa pela conversão da pena de perdimento: Também o cometimento da infração em face da interposição fraudulenta restou devidamente provado nos autos, com o claro envolvimento da VIA BLUMENAU, conforme já exposto, não tendo relação direta com os carimbos de fornecedores encontrados no estabelecimento da empresa D&A. Multa pelo consumo ou entrega a consumo de produto estrangeiro em situação irregular A referida multa já foi exonerada neste Voto. Da inadequada aplicação da multa agravada. Tendo efetivamente havido fraude, sonegação e conluio não há que se falar em inadequação da multa agravada, legalmente prevista, tampouco no desconhecimento do ilícito por parte da VIA BLUMENAU. Assim, por todo o exposto, voto no sentido de dar provimento parcial aos recursos voluntários para: i) exonerar a multa pelo consumo de mercadorias estrangeiras introduzidas fraudulentamente no país, prevista no art. 83, I, da Lei 4.502/64; ii) em face da decadência, no que concerne à multa equivalente ao perdimento em face da interposição fraudulenta, exonerar a parcela relativa à Declaração de Importação nº 06/05417150, registrada em 11/05/2006; e, em relação à multa administrativa, deve ser exonerada a parcela relativa às importações realizadas no ano de 2006, eis que registradas até 26/10/2006. É como voto. (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 1424DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Processo nº 13971.722494/201111 Acórdão n.º 3402003.144 S3C4T2 Fl. 1.411 29 Declaração de Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto Verificase nos autos que a autuação fiscal foi instruída com as provas obtidas através da operação "Ouro Verde", conforme relatório deste acórdão: A ação fiscal originouse da análise do material apreendido quando da realização da operação denominada “Ouro Verde”, desencadeada em 30/03/2007, em diversos pontos do território nacional, inclusive na sede da empresa D&A COMÉRCIO SERVIÇOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. em Blumenau/SC, em cumprimento ao Mandado de Busca e Apreensão expedido pela Vara Federal Criminal de Florianópolis/SC, nos autos do processo nº 2006.72.00.0105049 (IPL n.º 285/2006/DPF/JVE/SC), aberto para investigação da empresa D&A Com. Serv. Imp. E Exp., onde também é determinado o compartilhamento dos objetos apreendidos que contenham informações úteis na apuração de ilícitos fiscais com a Receita Federal. Em síntese, a investigação policial constatou que o grupo bancário clandestino (Grupo Roger) oferecia – entre outros – serviços de remessa de divisas ao exterior à margem do controle oficial por parte do Banco Central, tendo várias empresas como clientes, entre elas a D&A COMÉRCIO SERVIÇOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO, que por seu turno, prestava serviços de comércio exterior a outros clientes, servindo tais remessas ao pagamento de fornecedores no exterior, de forma a enviar a diferença de valores em importações subfaturadas. No decorrer da Operação “Ouro Verde” foram apreendidos vários documentos e objetos, dentre eles, um "Conjunto de Carimbos de fornecedores estrangeiros encontrados em uma caixa, na empresa D&A, rotulados no momento da apreensão como “item 15”", inclusive da Câmara de Comércio de Taiwan”, responsável pela emissão de certificados de origem daquele país. No presente processo foram apuradas as irregularidades de interposição fraudulenta e de subfaturamento/superfaturamento de preços em operações de comércio exterior, como se segue: Todavia, devese observar que a referida operação cujo inquérito foi utilizado como prova emprestada na apuração dos ilícitos tributários discutidos neste processo visava identificar os responsáveis por crimes contra o sistema financeiro nacional, especialmente os Fl. 1425DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 30 tipificados nos arts. 16 e 22 da Lei 7492/86, como se verifica no site da Justiça Federal do Rio Grande do Sul (https://www2.jfrs.jus.br/operacaoouroverde7avarafederaldeportoalegre condena17porcrimescontraosistemafinanceiro/), verbis: Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração (Vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio: Pena Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do País: Pena Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. No âmbito dos procedimentos judiciais e administrativos a liberdade probatória não é plena, mas deve obedecer a regras específicas, especialmente em se tratando de prova emprestada, produzida em outro contexto investigatório. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, por meio de seu Órgão Pleno, já se manifestou, por unanimidade, no sentido de ser vedado o compartilhamento de informações do Inquérito Policial com a Receita Federal, salvo os casos em que o delito investigado seja da mesma natureza daquele apurado pelo Fisco. A ementa do Inq. 2593 AgR é bastante elucidativa a esse respeito: EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. INQUÉRITO. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. COMPARTILHAMENTO DAS INFORMAÇÕES COM A RECEITA FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I Não é cabível, em sede de inquérito, encaminhar à Receita Federal informações bancárias obtidas por meio de requisição judicial quando o delito investigado for de natureza diversa daquele apurado pelo fisco. II Ademais, a autoridade fiscal, em sede de procedimento administrativo, pode utilizarse da faculdade insculpida no art. 6º da LC 105/2001, do que resulta desnecessário o compartilhamento in casu. III Agravo regimental desprovido.(Inq 2593 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 09/12/2010) Desse modo, diante do objeto da investigação policial ser de natureza diversa daquele investigado pela fiscalização tributária, devese reconhecer a nulidade das provas que instruíram a autuação. A referida nulidade tem o condão de afastar a motivação do ato administrativo, tornandoo nulo, diante da ausência de outras provas que sustentem a autuação fiscal. Desse modo, dou provimento ao Recurso Voluntário, reconhecendo a nulidade do auto de infração. Fl. 1426DF CARF MF Impresso em 02/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 7/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 01/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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Numero do processo: 17933.720661/2014-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu May 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2012
IRRF RETIDO E RECOLHIDO. DIREITO A COMPENSAÇÃO.
Quando comprovada a retenção, o imposto pode ser compensado na declaração de ajuste anual, independentemente do efetivo recolhimento pela fonte pagadora.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2301-004.627
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
João Bellini Junior - Presidente
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, IVACIR JULIO DE SOUZA, FABIO PIOVESAN BOZZA, LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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DIREITO A COMPENSAÇÃO. Quando comprovada a retenção, o imposto pode ser compensado na declaração de ajuste anual, independentemente do efetivo recolhimento pela fonte pagadora. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. João Bellini Junior Presidente Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, IVACIR JULIO DE SOUZA, FABIO PIOVESAN BOZZA, LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 93 3. 72 06 61 /2 01 4- 31 Fl. 90DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que manteve a glosa de compensação pelo recorrente no ajuste anual do imposto de valor retido pela fonte pagadora, sem comprovação do efetivo recolhimento. O fundamento adotado pela decisão recorrida parte da condição de diretor e, portanto, de responsabilidade solidária pelo imposto retido do contribuinte que, no caso, são a mesma pessoa o recorrente que sofreu a retenção do imposto é diretor da pessoa jurídica fonte do rendimento: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2013 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. COMPENSAÇÃO. Somente pode ser restabelecido o imposto de renda retido na fonte declarado pelo contribuinte e glosado pela autoridade fiscal, quando ficar comprovada a retenção e o pagamento, no caso de sócio administrador. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido ... Motivou o lançamento a constatação de dedução indevida de imposto retido na fonte, na monta de R$ 33.995,37, relativo aos valores recebidos da fonte pagadora Sociedade Simples Cultura e Educação. ... Após análise dos documentos carreados aos autos foi emitido o Termo Circunstanciado de fls. 42 a 44, ratificado pelo Despacho Decisório nº 05, de 26 de fevereiro de 2015 (fl. 45), concluindo a autoridade lançadora que a exigência deveria ser mantida, tendo em vista o interessado ser sócio da empresa e não ter comprovado o pagamento do imposto de renda. ... Considerandose a solidariedade passiva, a dedução do IRRF no valor total de R$ 33.995,37, na Declaração de Ajuste Anual do sujeito passivo, somente pode ser deferida se houver a comprovação do efetivo recolhimento. No caso dos autos, o litigante não trouxe à colação a comprovação do alegado parcelamento de débitos, não restando nada que demonstre que os valores informados a título de imposto retido na fonte realmente foram ou estão sendo recolhidos. Fl. 91DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 17933.720661/201431 Acórdão n.º 2300004.627 S2C3T0 Fl. 91 3 Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário alegando em síntese as razões trazidas na impugnação: 1. não concorda com a glosa de imposto retido na fonte efetuada pela fiscalização, pois sofreu a retenção de imposto de renda sobre os rendimentos recebidos; 2. a fonte pagadora apresentou Dirf, estando parcelado o débito perante o órgão; 3. ainda que não tenha sido pago integralmente o débito, a exigência do tributo deve ser dirigida à fonte pagadora; 4. não exerceu administração financeira da sociedade, mas sim a coordenação pedagógica da instituição, não participando do recolhimento de tributos; 5. não pode lhe ser imputada a responsabilidade tributária. É o Relatório. Fl. 92DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Atendidos os pressupostos processuais, conheço do recurso. A norma vigente à época do exercício já determinava a responsabilidade solidária dos representantes legais da pessoa jurídica fonte pagadora dos rendimentos pelo IRRF não recolhido: RIR99 Decreto nº 3.000 de 26 de Março de 1999 Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Art. 723. São solidariamente responsáveis com o sujeito passivo os acionistas controladores, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, pelos créditos decorrentes do não recolhimento do imposto descontado na fonte (DecretoLei nº 1.736, de 20 de dezembro de 1979, art. 8º ). Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas referidas neste artigo restringese ao período da respectiva administração, gestão ou representação (DecretoLei no 1.736, de 1979, art. 8o, parágrafo único). No presente caso, o fundamento do lançamento e da decisão recorrida é que sendo um dos diretores, o recorrente seria responsável pelo imposto dele retido na condição de contribuinte beneficiário dos rendimentos, e nessa condição somente seria aceita a compensação na DAA com a efetiva comprovação do recolhimento. Acontece que o lançamento em exame, embora procure fundamento legal na responsabilidade solidária, foi pela glosa da compensação na DAA da pessoa física, na condição de contribuinte beneficiário de rendimentos, fls. 15, devidamente comprovados no documento às fls. 19: a) Total de Rendimentos R$ 160.483,45; e b) Imposto de Renda Retido R$ 33.995,37, A fiscalização não realizou diligência ou a busca de qualquer informação sobre a fonte pagadora que não fosse a consulta sobre a condição do recorrente como diretor, fls. 43, apresentandose como responsável pela coordenação pedagógica da instituição de ensino. Conseqüentemente, a fiscalização não trouxe a pessoa jurídica fonte pagadora para o pólo passivo da exigência: A condição de diretor da empresa não é contestada em nenhum momento na impugnação apresentada, exceto quando afirma que “não exerceu administração financeira da Sociedade, mas sim coordenação pedagógica da Instituição, e deste modo, não tinha Fl. 93DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 17933.720661/201431 Acórdão n.º 2300004.627 S2C3T0 Fl. 92 5 conhecimento e nem participava de atos de gestão que se vinculam ao recolhimento de tributos”. Em consulta ao CNPJ Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas, o contribuinte consta desde agosto de 2007 como sócio, na condição de diretor da empresa. De acordo com o Parecer Normativo COSIT nº 01, de 25/09/2002, independentemente do efetivo recolhimento pela fonte pagadora, o contribuinte tem o direito de compensação com o imposto retido: IRRF RETIDO E NÃO RECOLHIDO. RESPONSABILIDADE E PENALIDADE. Ocorrendo a retenção e o não recolhimento do imposto, serão exigidos da fonte pagadora o imposto, a multa de ofício e os juros de mora, devendo o contribuinte oferecer o rendimento à tributação e compensar o imposto retido. ... Imposto retido e não recolhido 17. Ocorrendo a retenção do imposto sem o recolhimento aos cofres públicos, a fonte pagadora, responsável pelo imposto, enquadrase no crime de apropriação indébita previsto no art. 11 da Lei nº 4.357, de 16 de julho de 1964, e caracterizase como depositária infiel de valor pertencente à Fazenda Pública, conforme a Lei nº 8.866, de 11 de abril de 1994. Ressaltese que a obrigação do contribuinte de oferecer o rendimento à tributação permanece, podendo, nesse caso, compensar o imposto retido. Nesse sentido, pela responsabilidade exclusive da fonte pagadora: Processo nº 13746.720735/201312 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401004.149– 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de fevereiro de 2016 Matéria IRPF COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IRRF Recorrente SYLVERIO DO ESPIRITO SANTO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 IRPF. GLOSA COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. APRESENTAÇÃO DE PROVAS DA RETENÇÃO COMPENSADA PELO CONTRIBUINTE. VALIDADE. De conformidade com a jurisprudência administrativa, tendo a recorrente comprovado o imposto de renda retido na fonte objeto de compensação em sua Declaração de Imposto de Renda, impõese rechaçar a glosa procedida pela fiscalização, Fl. 94DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 6 devendo ser restabelecido seu Ajuste Anual na forma apresentada pelo contribuinte. Recurso Voluntário Provido. ... Também a precedentes nas turmas dessa segunda seção que inverte o ônus da prova em desfavor do contribuinte nos casos em que há indícios de fraude. No caso apresentado por aquela turma, além do grau de parentesco do contribuinte com os sócios da fonte pagadora havia indícios de que não houve a prestação do serviço que justificasse os rendimentos e correspondente retenção do imposto: Processo nº 13855.722971/201417 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.192– 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 17 de fevereiro de 2016 Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Recorrente EDITH BERTHA SABLEWSKY DE OLIVEIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2013 GLOSA DE IRRF. INDÍCIOS DE FRAUDE. RELAÇÃO DE PARENTESCO DO CONTRIBUINTE COM A FONTE PAGADORA. Nos casos de suspeitas de fraude e de inidoneidade do comprovante de rendimentos, o imposto retido na fonte somente poderá ser deduzido na declaração de rendimentos quando a retenção restar devidamente comprovada por meio de outros documentos, hábeis e idôneos, ou, ainda, por meio da comprovação dos respectivos recolhimentos. ÔNUS DA PROVA. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVAS. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Recurso Voluntário Negado ... Entendo que o dever de comprovar a retenção na fonte cabe a fonte pagadora, e não à contribuinte. Porém tratase de caso atípico, pois há relação de parentesco entre a contribuinte e sua fonte pagadora, sendo o sócioadministrador da fonte pagadora filho da contribuinte, cabe nestes casos ao contribuinte o ônus de apresentar elementos probatórios inequívocos de que houve a retenção. Ademais, há de ser salientado que a contribuinte foi intimada a apresentar outros documentos que viessem a comprovar a alegada retenção de imposto de renda na fonte, tais como contracheques, contrato de prestação de serviços e/ou respectivo termo de rescisão e carteira de trabalho (fls. 30 e 02). No entanto, limitouse a juntar aos autos o comprovante de Fl. 95DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 17933.720661/201431 Acórdão n.º 2300004.627 S2C3T0 Fl. 93 7 rendimentos já apresentado e não aceito pelo Fisco para comprovar a referida retenção (fls. 34), bem como o recibo de fls. 37/38, sem assinatura do signatário. E, em recurso voluntário, apresenta recibo com assinatura (fls. 64/65). Por tudo, voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 96DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
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Numero do processo: 10140.720819/2014-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed May 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE DECORRENTES DE RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. DEDUÇÃO INDEVIDA. AUSÊNCIA DE PROVAS DA CONTRIBUIÇÃO À PREVIDÊNCIA OFICIAL POR PARTE DO CONTRIBUINTE.
São admitidas, a título de dedução, apenas as contribuições cujo ônus tenha sido comprovadamente do próprio contribuinte.
Ausentes as provas dos descontos previdenciários suportados pelo contribuinte (parte do segurado/empregado), não há direito à dedução da contribuição oficial.
Numero da decisão: 2201-003.192
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente.
EDUARDO TADEU FARAH - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 20/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: EDUARDO TADEU FARAH (Presidente), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Presente aos julgamentos a Procuradora da Fazenda Nacional SARA RIBEIRO BRAGA FERREIRA.
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DEDUÇÃO INDEVIDA. AUSÊNCIA DE PROVAS DA CONTRIBUIÇÃO À PREVIDÊNCIA OFICIAL POR PARTE DO CONTRIBUINTE. São admitidas, a título de dedução, apenas as contribuições cujo ônus tenha sido comprovadamente do próprio contribuinte. Ausentes as provas dos descontos previdenciários suportados pelo contribuinte (parte do segurado/empregado), não há direito à dedução da contribuição oficial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente. EDUARDO TADEU FARAH Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 20/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: EDUARDO TADEU FARAH (Presidente), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 72 08 19 /2 01 4- 50 Fl. 71DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 2 convocada), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Presente aos julgamentos a Procuradora da Fazenda Nacional SARA RIBEIRO BRAGA FERREIRA. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que negou provimento à impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Em 31/03/2014, foi lavrada notificação de lançamento referente ao exercício 2012, anocalendário 2011, fl. 27 a 35, devido à glosa da dedução indevida de Previdência Oficial relativa a Rendimentos Recebidos Acumuladamente Tributação Exclusiva, no valor de R$ 81.981,22, em razão da documentação apresentada ser insuficiente para comprovar valores da contribuição à previdência social relativa ao empregado. Assim, foi efetuado o lançamento do Imposto de Renda Pessoa Física Suplementar no valor de R$ 22.544,84 (vinte e dois mil quinhentos e quarenta e quatro reais e oitenta e quatro centavos) acrescidos de multa de ofício de 75% e dos juros de mora. Irresignado, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 2 a 4, alegando, em síntese, que estava juntando a prova do recolhimento da previdência oficial relativa aos rendimentos recebidos da ação movida contra a Volkswagen do Brasil Ltda; que só conseguiu a prova apresentada, pelo que protesta a apresentação posterior de provas. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis manteve o crédito tributário, em sua totalidade, com a seguintes considerações: a) as contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dedutíveis na base de calculo do imposto devido na Declaração de Ajuste Anual, são aquelas cujo ônus tenha sido do sujeito passivo, ou seja, as contribuições descontadas dos segurados sobre as respectivas remunerações pagas e as recolhidas na condição de contribuinte individual (autônomo); b) as contribuições sociais previdenciárias a cargo da empresa, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991, e das contribuições devidas a outras entidades e fundos (terceiros) representam encargos patronais e não podem ser deduzidas da base de cálculo do imposto de renda na declaração de ajuste anual do contribuinte; c) o único documento apresentado pelo impugnante é a Guia da Previdência Social – GPS, fls. 8, código de pagamento 2909 Reclamatória Trabalhista, no valor total de R$ 81.981,22, composto das seguintes verbas: Valor do INSS R$ 61.710,14 e Valor de Outras Entidades R$ 16.271,22; d) se de fato houve, na reclamatória trabalhista, desconto de previdência oficial do reclamante, parte do Fl. 72DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10140.720819/201450 Acórdão n.º 2201003.192 S2C2T1 Fl. 72 3 segurado/empregado, este fato não restou comprovado. Portanto, mantémse a glosa da Previdência Oficial relativa a Rendimentos Recebidos Acumuladamente – Tributação Exclusiva, no valor de R$ 81.981,22. Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, fl. 56 a 58, no qual o contribuinte teceu alegações no sentido sejam aceitas as provas juntadas em sede de recurso, bem como, devido a dificuldade de conseguir prova junto à ré e a Caixa, que seja permitida a juntada posterior de provas. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Cuida o presente lançamento de dedução indevida de Previdência Oficial relativa a Rendimentos Recebidos Acumuladamente Tributação Exclusiva. Conforme consta dos autos, a questão controvertida referese à ausência de apresentação de provas aptas à demonstração do pagamento pelo contribuinte de valores referentes à previdência oficial relativa aos rendimentos recebidos acumuladamente por meio da Caixa Econômica Federal (referente ao processo n.º 0036700242004.5.01.0020, da 20ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, no qual figurou como ré a Volkswagen do Brasil Ltda). Cumpre destacar que o contribuinte foi especificamente intimado para apresentar o comprovante de recolhimento da Contribuição à Previdência Social; comprovantes de todos os rendimentos pelo contribuinte e/ou seus dependentes no anocalendário; sentença judicial ou acordo homologado judicialmente (planilha das verbas contendo o cálculo de liquidação de sentença com a comprovação do número de meses declarados, planilha com a relação das parcelas de previdência patronal e do empregado); alvará de levantamento com a autenticação mecânica do banco ou extrato da conta corrente judicial; DARF do recolhimento do IRRF; e recibos de honorários advocatícios, entre outros documentos, fl. 24. Contudo, foram apresentadas como provas a Guia da Previdência Social, na qual consta o valor total de R$ 81.981,22 (INSS 65.710,14 e R$ 16.271,08 OUTRAS ENTIDADES); o comprovante do IRRF no valor de R$ 47.058,06; a planilha elaborada pelo advogado do contribuinte; e a cópia da nota fiscal dos serviços advocatícios. Diante da análise da documentação apresentada, não foi possível inferir que o valor referente ao pagamento da previdência oficial foi realizado pelo empregado, considerando que o valor utilizado na dedução possivelmente referese integral ou parcialmente à cota patronal, bem como parte destinada a outras entidades e fundos. Fl. 73DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 4 Assim, mantémse a glosa, conforme consta da notificação, em razão da ausência de comprovação do ônus do pagamento da contribuição oficial por parte do recorrente. Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 74DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
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Numero do processo: 10120.729089/2013-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue May 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011, 2012, 2013
NORMAS GERAIS. SIGILO BANCÁRIO. EXAME DE EXTRATOS. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. DISPENSABILIDADE.
O Supremo Tribunal Federal decidiu que é lícito ao Fisco verificar a movimentação bancária dos contribuintes, motivo da negativa de provimento ao recurso, neste ponto.
LANÇAMENTO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESUNÇÃO.
A Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento.
No presente caso, os beneficiários da movimentação bancária, apesar de devidamente intimados, não comprovaram, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento, motivo da negativa de provimento ao recurso, neste ponto.
NORMAS GERAIS. INTERPOSTA PESSOA. LANÇAMENTO. RESPONSABILIDADE DO BENEFICIADO.
Quando provado que os valores creditados na conta de depósito pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta.
No presente caso, restou claramente demonstrado que a movimentação nas contas bancárias tinham terceiros, sujeitos passivos, contribuinte e solidários, como beneficiários, motivo da negativa de provimento ao recurso, neste ponto.
NORMAS GERAIS. MULTA QUALIFICADA.
É lícita a imposição da multa qualificada de 150% quando constatada a omissão de rendimentos apurados mediante depósitos bancários de origem não comprovada, feitos por intermédio de interposta pessoa e diante da caracterização da fraude, na forma da Súmula Carf nº 34.
NORMAS GERAIS. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA.
A instância administrativa é incompetente para manifestar-se sobre a constitucionalidade da legislação que ampara a exigência fiscal.
NORMAS GERAIS. ARGUMENTO SEM PROVA.
Alegações apresentadas devem ser devidamente comprovadas por documentos hábeis.
No pressente caso, argumentos de contestação do lançamento, oriundos de fatos materiais, não foram comprovados, motivo da negativa de provimento ao recurso, neste ponto.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.197
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Marcelo Oliveira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Marcelo Malagoli da Silva, Wilson Antonio de Souza Correa, João Victor Ribeiro Aldinucci, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: MARCELO OLIVEIRA
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SIGILO BANCÁRIO. EXAME DE EXTRATOS. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. DISPENSABILIDADE. O Supremo Tribunal Federal decidiu que é lícito ao Fisco verificar a movimentação bancária dos contribuintes, motivo da negativa de provimento ao recurso, neste ponto. LANÇAMENTO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESUNÇÃO. A Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. No presente caso, os beneficiários da movimentação bancária, apesar de devidamente intimados, não comprovaram, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento, motivo da negativa de provimento ao recurso, neste ponto. NORMAS GERAIS. INTERPOSTA PESSOA. LANÇAMENTO. RESPONSABILIDADE DO BENEFICIADO. Quando provado que os valores creditados na conta de depósito pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta. No presente caso, restou claramente demonstrado que a movimentação nas contas bancárias tinham terceiros, sujeitos passivos, contribuinte e solidários, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 90 89 /2 01 3- 18 Fl. 2426DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 como beneficiários, motivo da negativa de provimento ao recurso, neste ponto. NORMAS GERAIS. MULTA QUALIFICADA. É lícita a imposição da multa qualificada de 150% quando constatada a omissão de rendimentos apurados mediante depósitos bancários de origem não comprovada, feitos por intermédio de interposta pessoa e diante da caracterização da fraude, na forma da Súmula Carf nº 34. NORMAS GERAIS. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. A instância administrativa é incompetente para manifestarse sobre a constitucionalidade da legislação que ampara a exigência fiscal. NORMAS GERAIS. ARGUMENTO SEM PROVA. Alegações apresentadas devem ser devidamente comprovadas por documentos hábeis. No pressente caso, argumentos de contestação do lançamento, oriundos de fatos materiais, não foram comprovados, motivo da negativa de provimento ao recurso, neste ponto. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Marcelo Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Marcelo Malagoli da Silva, Wilson Antonio de Souza Correa, João Victor Ribeiro Aldinucci, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 2427DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10120.729089/201318 Acórdão n.º 2402005.197 S2C4T2 Fl. 2.427 3 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra Decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), fls. 02096 1 ,que julgou impugnação improcedente, nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 a 2013. PRELIMINAR. SIGILO BANCÁRIO. EXAME DE EXTRATOS. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. DISPENSABILIDADE. É lícito ao Fisco, na forma da Lei Complementar nº 105/2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, independentemente de autorização judicial, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis. Inexistindo decisão do Supremo Tribunal Federal, estabelecendo efeito vinculante e/ou aplicação erga omnes em relação a julgado que considerou inconstitucional a quebra do sigilo bancário, deve a Autoridade Administrativa, em obediência ao princípio da legalidade, seguir os ditames da legislação vigente. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. INTERPOSTA PESSOA. Quando provado que os valores creditados na conta de depósito pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta. MULTA QUALIFICADA. É lícita a imposição da multa qualificada de 150% quando constatada a omissão de rendimentos apurados mediante depósitos bancários de origem não comprovada, feitos por 1 Numeração conforme processo eletrônico. Fl. 2428DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 intermédio de interposta pessoa e diante da caracterização da fraude, na forma da Súmula Carf nº 34. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. A instância administrativa é incompetente para manifestarse sobre a constitucionalidade da legislação que ampara a exigência fiscal. IMPUGNAÇÃO. PROVA. No âmbito do processo administrativo as alegações apresentadas na impugnação devem ser devidamente comprovadas por documentos hábeis, sob pena de serem desconsideradas. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. Estando comprovado o interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal, é cabível a aplicação da sujeição passiva solidária, com fundamento no artigo 124, inciso I, da Lei nº 5.172/1966. PERÍCIA. Comportando o processo administrativo fiscal todos os elementos necessários à apreciação e julgamento, tornase prescindível a realização de perícia. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Acórdão Acordam os membros da 4ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade, indeferir o pedido de realização de perícia e, no mérito, julgar improcedente as impugnações, mantendose o crédito tributário lançado. Segundo a fiscalização, de acordo com o Termo de Verificação de Infração (TVI), fls. 01822, como bem relatado na decisão a quo, os motivos do lançamento foram: “As infrações relatadas a seguir foram verificadas a partir da fiscalização da empresa ADÉCIO & RAFAEL CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES LTDA, de CNPJ 11.965.762/000149, no MPF n° 01.2.02.00201200294 1. Ao longo do referido procedimento, constatamos que a ADÉCIO & RAFAEL é inexistente de fato, e que foi utilizada pelo sujeito passivo acima qualificado, Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos, para movimentar recursos financeiros próprios na rede bancária, sem oferecêlos à tributação. A empresa ADÉCIO & RAFAEL aparece nas investigações que resultaram na "Operação SaintMichel", deflagrada em 25/04/2012, com base em denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal, apontando o Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos como líder de um grupo que tinha o objetivo de Fl. 2429DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10120.729089/201318 Acórdão n.º 2402005.197 S2C4T2 Fl. 2.428 5 fraudar a licitação do sistema de bilhetagem eletrônica do transporte público do DF. A empresa ADÉCIO & RAFAEL também apareceu nas investigações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito conhecida como "CPI do Cachoeira", destinada a investigar o Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos por práticas desvendadas nas operações "Vegas" e "Monte Carlo", da Polícia Federal. Em razão da não localização da empresa e de seus sócios encaminhamos representação ao Chefe da SAFIS/DRF/ANÁPOLISGO, propondo que o Delegado da Receita Federal em AnápolisGO promovesse a baixa do CNPJ 11.965.762/000149, da empresa ADÉCIO & RAFAEL CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES LTDA, por ser INEXISTENTE DE FATO. A partir da análise dos extratos bancários constatouse que a conta da ADÉCIO & RAFAEL recebera 75 créditos , todos da empresa DELTA CONSTRUÇÕES S/A, totalizando R$ 33.025.458,00. Os valores eram rapidamente retirados da conta, através de saques em dinheiro e transferências para contas de outras titularidades. Todas as saídas continham a assinatura do sócio administrador ADÉCIO CONCEIÇÃO. Em depoimento os funcionários da UNICRED afirmaram que nunca viram o Sr. ADÉCIO CONCEIÇÃO, sócio administrador da ADÉCIO & RAFAEL, na agência da UNICRED em Anápolis. Segundo os esclarecimentos prestados pelos três funcionários da UNICRED, era o Sr. GEOVANI PEREIRA DA SILVA quem sempre aparecia na agência, para efetuar os saques e transferências, já trazendo os cheques e TEDs assinados/endossados pelo sócio da ADÉCIO & RAFAEL, Sr. Adécio Conceição. Como decorrência da "Operação SaintMichel", a Juíza de Direito Ana Claudia de Oliveira Costa Barreto, da 5a Vara Criminal de Brasília, proferiu sentença no processo 2012.01.1.0511634, condenando os Srs. CARLOS AUGUSTO DE ALMEIDA RAMOS e GEOVANI PEREIRA DA SILVA pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico de influência. Na referida sentença, a Juíza Ana Claudia demonstra, através das provas conseguidas através de investigação policial, que a conta da empresa ADÉCIO & RAFAEL, na UNICRED, era utilizada para dar suporte financeiro ao grupo investigado. O Sr. GEOVANI, atuando como tesoureiro, movimentava a conta sob o comando do Sr. CARLOS AUGUSTO, o verdadeiro dono dos recursos ali depositados. Foram abertas várias diligências para pedir informações às pessoas físicas e jurídicas que receberam recursos da conta da Fl. 2430DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 ADÉCIO & RAFAEL. Uma dessas pessoas foi o Sr Jacinto Lúcio Borges, que recebeu R$ 2.225.00,00. Em sua resposta o Sr. Jacinto informou que o dinheiro era pagamento de um imóvel que vendera para a Sra. ANDRÉA APRÍGIO DE SOUZA, ex esposa do Sr. CARLOS AUGUSTO DE ALMEIDA RAMOS. Quando foi fiscalizada a Sra. Andréa Aprígio apresentou declaração do Sr. CARLOS AUGUSTO, afirmando que este imóvel era, na verdade, uma doação feita por ele a seu filho, menor de idade. Como resultado da "Operação Monte Carlo", os Srs. Carlos Augusto de Almeida Ramos e Geovani Pereira da Silva, entre outros, são réus em ação penal que corre na 11a Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás (processo n° 9272 09.2012.4.01.3500), com sentença condenatória prolatada pelo Juiz Federal Alderico Rocha Santos, em 07/12/2012. O Juiz Federal Alderico Rocha Santos destaca, na referida sentença, que o Sr. CARLOS AUGUSTO, sempre auxiliado pelo Sr. GEOVANI, utilizava empresas de fachada (como no caso que estamos analisando), para movimentar recursos próprios, na rede bancária. Vese, então, que utilizar empresas de fachada para movimentar grandes valores, no mercado financeiro, é procedimento comumente adotado pelo Sr. CARLOS AUGUSTO, com participação de seu funcionário, Sr. Geovani. Diante do que foi apresentado concluiuse que o Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos é o real beneficiário da conta cadastrada em nome da empresa ADÉCIO & RAFAEL CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES LTDA, na UNICRED CENTRO NORTE GOIANO. Na verdade, Sr. Carlos Augusto, utilizou a referida conta para movimentar grandes somas de recursos próprios através do sistema bancário, devendo ser considerado o efetivo titular da conta analisada, conforme determina o artigo 42, § 5o, da Lei n° 9.430/96. Considerando que nem o sujeito passivo, Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos, nem o seu funcionário, Sr. Geovani Pereira da Silva, explicaram a origem/natureza dos valores creditados na sua conta mantida na UNICRED, e considerando o fato de que tais valores não foram declarados nas DIRPFs do sujeito passivo relativas aos anoscalendário de 2010, 2011, e 2012, fica caracterizada a omissão de rendimentos, de acordo com artigo 42 da Lei n° 9.430/96. Por isso, os valores omitidos foram lançados de ofício, na pessoa física do Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos. Ao utilizar, intencionalmente, conta bancária em nome de uma pessoa jurídica inexistente de fato (interposta pessoa), para não aparecer como real beneficiário dos recursos que transitaram pela referida conta, o sujeito passivo agiu com evidente intuito de fraude, ensejando a aplicação da multa qualificada de 150% (cento e cinqüenta por cento), conforme o artigo 44, § Io, da Lei n° 9.430/96. Obviamente, o Sr. Geovani tinha interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação tributária aqui Fl. 2431DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10120.729089/201318 Acórdão n.º 2402005.197 S2C4T2 Fl. 2.429 7 evidenciada, pois era figura de destaque na organização citada pela Juíza de Direito Ana Claudia de Oliveira Costa Barreto, justamente com a função de operar a conta da empresa inexistente de fato. Em procedimento de diligência o Sr. Pedro Ivo Manoel Barreto informou que todo o dinheiro recebido da ADÉCIO & RAFAEL pertencia ao Sr. GEOVANI PEREIRA DA SILVA. Informou ainda que sacava o dinheiro em espécie, utilizandoo, em menor parte, para pagar contas do Sr. Geovani, sendo que este ficava com todo o resto do dinheiro sacado. Também em procedimento de diligência o Sr. Wesley José Carneiro, representando a empresa GH TURISMO, informou que o dinheiro vindo da ADÉCIO & RAFAEL era todo do Sr. Geovani Pereira da Silva. Que o dinheiro era utilizado para pagamento de contas do Sr. Geovani (cartões de crédito, pacotes turísticos, etc). Destaquese que um dos depósitos analisados, de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), era, na verdade, pagamento de um empréstimo concedido pela GH TURISMO ao Sr. Geovani Pereira da Silva. Pelo exposto concluise que o Sr. GEOVANI PEREIRA DA SILVA, é sujeito passivo solidário em relação ao crédito tributário lançado em desfavor do Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos, em decorrência dos depósitos efetuados na conta cadastrada em nome da ADÉCIO & RAFAEL. O Sr. CLÁUDIO DIAS DE ABREU é outro que atuava junto ao sujeito passivo, Sr. CARLOS AUGUSTO DE ALMEIDA RAMOS, fazendo a interface entre este e a empresa DELTA CONSTRUÇÕES S/A. A Juíza de Direito Ana Claudia de Oliveira Costa Barreto expôs, de forma clara, em sua sentença, que o Sr. CLÁUDIO ABREU era funcionário da DELTA CONSTRUÇÕES S/A, com poderes para movimentar as contas daquela construtora, que, conforme constatamos, alimentava a conta mantida pelo Sr. CARLOS AUGUSTO DE ALMEIDA RAMOS, na agência da UNICRED de Anápolis (GO). Ademais, o Sr. CLÁUDIO ABREU também era cabeça pensante na organização liderada pelo Sr. CARLOS AUGUSTO, envidando esforços para que a empresa DELTA ganhasse o sistema de bilhetagem automática do Distrito Federal (DF), como restou comprovado nas investigações policiais que embasaram a "Operação SaintMichel". Por isso, também foi condenado pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico de influência. Dentre as pessoas físicas e jurídicas que receberam recursos da conta da ADÉCIO & RAFAEL, encontramos as empresas WTE Engenharia e TECAR Caminhões, o Sr. Marcus Vinícius de Andrade Xavier, e o 1o Tabelionato de Notas e Registro de Imóveis de Palmeiras de Goiás. Fl. 2432DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 8 A WTE Engenharia Ltda, recebeu R$ 316.800,00 (trezentos e dezesseis mil, e oitocentos reais), referentes à compra de algumas salas comerciais pelo Sr. CLÁUDIO DIAS DE ABREU, no Edifício Palmas Medical Center. O Sr. Marcus Vinícius de Andrade Xavier, recebeu R$ 100.000,00 (cem mil reais), referentes a uma "negociação imobiliária" com o Sr. CLÁUDIO DIAS DE ABREU. A TECAR Caminhões e Serviços Ltda, recebeu R$ 207.000,00 (duzentos e sete mil reais), referentes à venda de caminhões para a empresa VALESUL, empresa aberta em maio/2010, e cujo sócio administrador é ninguém menos que o Sr. CLÁUDIO DIAS DE ABREU. O 1o Tabelionato de Notas e Registro de Imóveis de Palmeiras de Goiás, recebeu R$ 73.000,00 (setenta e três mil reais), referentes a "pagamentos de emolumentos vinculados à regularização relativa a aquisição de imóvel pela empresa VALESUL CONSULTORIA, CONSTRUÇÕES E ADMINISTRAÇÃO LTDA, que pertence ao Sr. CLÁUDIO DIAS ABREU. Diante de tantas evidências do conluio entre os Srs. CARLOS AUGUSTO DE ALMEIDA RAMOS, GEOVANI PEREIRA DA SILVA e CLÁUDIO DIAS DE ABREU, não há como negar que este último também é sujeito passivo solidário em relação ao crédito tributário lançado em desfavor do Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos”. Os motivos que ensejaram o lançamento estão descritos no lançamento nos demais anexos que o configuram. Em 17/10/2013, fls. 02090, foi dada ciência do lançamento. Contra o lançamento, foram apresentadas impugnações, em 14/11/2013, fls. 02090, acompanhadas de anexos, argumentando, como muito bem demonstra a decisão a quo, em síntese, que: " Impugnação de Carlos Augusto de Almeida Ramos: “O auto de infração é nulo, pois ele viola a reserva constitucional de jurisdição, para o afastamento do sigilo bancário do contribuinte. O acesso às informações da sociedade empresária, SEGURADAS POR SIGILO CONSTITUCIONALMENTE QUALIFICADO, se deu mediante MERA NOTIFICAÇÃO À INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. A autoridade fazendária, com esteio no artigo 42, §§ Io E 5o, da Lei 9.430, de 1996, afastou o sigilo bancário da sociedade empresária ADÉCIO E RAFAEL CONSTRUÇÕES, requerendo as informações de depósitos em contas, nas diversas instituições bancárias. Com base nos dados obtidos, baseandose no fato de a sentença penal ter considerado a referida sociedade empresária como interposta pessoa do senhor CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA Fl. 2433DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10120.729089/201318 Acórdão n.º 2402005.197 S2C4T2 Fl. 2.430 9 RAMOS, entendeuse ser ele o real titular dos valores movimentados. Viuse, entrementes, que a autoridade fazendária, por seu bel talante, obteve os dados bancários que entendeu necessários, por meio de mera requisição às instituições bancárias. Tal ato, porém, macula o lançamento fiscal, pois o afastamento de sigilo bancário está no espectro da denominada reserva constitucional da jurisdição. Apenas o magistrado pode afastar o sigilo bancário. O fato de haver sentença penal a estabelecer a existência de interposta pessoa não afasta o dever de a administração pública obter, pela via judicial, a autorização para afastar seu sigilo bancário, pois as esferas de atuação são independentes. Esta preliminar de nulidade do auto de infração deve ser conhecida, para anulálo, pois o lançamento fiscal se baseou em PROVA MACULADA POR INCONSTITUCIONALIDADE, pois dados bancários da sociedade empresária ADÉCIO E RAFAEL CONSTRUÇÕES foram obtidos por ato próprio da autoridade fazendária autuante, violando, assim, premissas básicas do estado de direito democrático. Ao contrário do imediatismo indevido feito pela autuação, não é toda e qualquer ação praticada com o objetivo de impedir a ocorrência do fato gerador do tributo que pode ser qualificada como fraude. O que caracteriza a fraude, do ponto de vista fiscal, é o dolo. Fraude, conforme legalmente definido, é a ação ou omissão dolosa tendente a impedir a ocorrência do fato gerador do tributo. O dolo presente na definição de fraude é aquele definido pelo direito penal. Necessariamente, portanto, a fraude fiscal é aquela caracterizada pela prática de uma ação ou omissão intencionalmente criminosa, tendente a impedir a ocorrência do fato gerador do tributo. A conduta do contribuinte, no caso da autuação, não almejou o impedimento da ocorrência do fato gerador. A acusação que lhe é feita é a de omitir dados da movimentação financeira, a qual pode ser aferida mediante cruzamento de dados da Receita Federal. Desta feita, impossibilitada está o aferimento de conduta dolosa. O contribuinte, no caso, não agiu com o intuito de impedir, retardar, excluir ou modificar as características essenciais do tributo. Isso, por si só, descaracteriza o conceito de fraude, a evitar seja majorada a multa, da forma em que realizada pela autoridade fazendária. Fl. 2434DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 10 A multa aplicada (150%) no caso concreto é inconstitucional, pois se afigura confiscatória. O Supremo Tribunal Federal já foi instigado a se manifestar sobre essa espécie de multa, que exorbita o próprio valor do tributo. Não há dúvida que o efeito confiscatório da multa atenta contra o patrimônio do contribuinte, eis que o Estado, sem o devido processo legal material no caso, a norma de incidência tributária quer dar maior vazão ao acessório do que ao principal. Desta feita a parte do auto de infração que impôs a incidência de multa deve ser anulada, eis que tem, em si, uma nítida essência confiscatória, uma vez que ela se amolda em exatidão no caso já julgado pela Suprema Casa, no qual se declarou a inconstitucionalidade do dispositivo que impôs multa confiscatória”. Impugnação de Cláudio Dias de Abreu: “Que alienou uma propriedade imóvel urbana à senhora ANDRÉIA APRÍGIO DE SOUZA, C.P.F. 435.047.01153, tendo recebido a contraprestação pecuniária em parcelas, as quais, utilizou para adquirir outros bens móveis e imóveis. Assim, recebeu cronograma de quitação pela alienação do bem imóvel alienado a senhora ANDRÉIA APRÍGIO SOUZA, realizando comando para que se executasse as transações diretamente aos seus credores, de outros negócios, não havendo qualquer ilicitude. Prometida pela Receita Federal do Brasil RFB a disponibilização do inteiro teor do processo em comento para o dia 31 de outubro de 2013, o que, somente se efetivou em 05 de novembro de 2013, via arquivo digital. Veja que os prazos se afunilaram ante a ação da Receita Federal do Brasil, o que aduziu, indubitavelmente, prejuízos à defesa do Impugnante. O Impugnante não é titular, sócio ou sequer beneficiário de qualquer ação decorrente das operações financeiras apontadas no sistema da agência bancária UNICRED de AnápolisGO. Demonstrou a alienação de imóvel, situado a RUA A 33, QUADRA 14 A, LOTE 2, JARDINS ATENAS, GOIÂNIAGO, de propriedade do Impugnante à senhora ANDRÉIA APRÍGIO. Na operação, compensou com transferência de ônus financeiros do Impugnante ou de sua empresa VALESUL CONSULTORIA, CONSTRUÇÕES E ADMINISTRAÇÃO LTDA, para com terceiros, à adquirente, efetuando pagamentos diretamente às empresas. O Impugnante não era o responsável por qualquer, repito, qualquer depósito na conta corrente de ADÉCIO & RAFAEL, oriundo da empresa DELTA CONSTRUÇÕES S/A. As operações financeiras da empresa era de responsabilidade da diretoria financeira daquela empresa, sediada no Rio de JaneiroRJ. Fl. 2435DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10120.729089/201318 Acórdão n.º 2402005.197 S2C4T2 Fl. 2.431 11 Não há nos depoimentos dos funcionários do banco UNICRED qualquer, repito mais uma vez, qualquer menção ao nome ou operações de titularidade do Impugnante, restando claro a não solidariedade em qualquer atividade escopo da presente constatação fiscal. As operações realizadas sob o crivo do Impugnante são todas licitas, decorrentes de suas atividades laborais devidamente amparadas no estrito cumprimento às leis, com percebimento compatível com suas movimentações financeiras e patrimoniais Apela pelo principio da isonomia, considerando que o senhor JACINTO LÚCIO BORGES foi excluído da sujeição solidária passiva, com fundamento em operação de alienação de bem imóvel, com as mesmas características da alienação de propriedade realizada pelo Impugnante. Notese que não se trata, no caso em exame, de solidariedade atribuída a pessoas expressamente designadas em lei, mas, como dito nos fundamentos da autuação, a pessoas que, de acordo com o entendimento da autoridade lançadora, teriam interesse comum no fato gerador do imposto. Ora, o entendimento da autoridade administrativa quanto a esse aspecto da matéria tributária é passível de contestação, da mesma forma que os demais aspectos do lançamento. Que o Impugnante encontrase em situação totalmente oposta ao FATO GERADOR na hipótese de incidência imputada, tendo em vista que subsumiu à relação de compra e venda de bem imóvel, devidamente declarado à Receita Federal do Brasil e atuou em nome da DELTA S/A, limitandose ao que se positiva no Estatuto da empresa. O cerceamento do direito de defesa decorre da incerteza quanto à imputação realizada. Se a solidariedade implica em que a cobrança possa ocorrer a qualquer um dos devedores, tal condição deveria ficar claramente explicitada nos autos. Aduz os senhores AuditoresFiscais que o Impugnante era o responsável, como funcionário da empresa DELTA S.A., em alimentar a conta corrente da empresa ADECIO & RAFAEL, na agência do banco UNICRED de Anápolis – GO. Neste sentido se faz necessário a realização de perícia de forma a se buscar nos autos elementos que possam comprovar tal alegação”. Impugnação de Geovani Pereira da Silva: “O auto de infração é nulo, pois ele viola a reserva constitucional de jurisdição, para o afastamento do sigilo bancário do contribuinte. O acesso às informações da sociedade empresária, SEGURADAS POR SIGILO CONSTITUCIONALMENTE QUALIFICADO, se deu mediante MERA NOTIFICAÇÃO À INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. Fl. 2436DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 12 A autoridade fazendária, com esteio no artigo 42, §§ Io E 5o, da Lei 9.430, de 1996, afastou o sigilo bancário da sociedade empresária ADÉCIO E RAFAEL CONSTRUÇÕES, requerendo as informações de depósitos em contas, nas diversas instituições bancárias. Com base nos dados obtidos, baseandose no fato de a sentença penal ter considerado a referida sociedade empresária como interposta pessoa do senhor CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA RAMOS, entendeuse ser ele o real titular dos valores movimentados. Viuse, entrementes, que a autoridade fazendária, por seu bel talante, obteve os dados bancários que entendeu necessários, por meio de mera requisição às instituições bancárias. Tal ato, porém, macula o lançamento fiscal, pois o afastamento de sigilo bancário está no espectro da denominada reserva constitucional da jurisdição. Apenas o magistrado pode afastar o sigilo bancário. O fato de haver sentença penal a estabelecer a existência de interposta pessoa não afasta o dever de a administração pública obter, pela via judicial, a autorização para afastar seu sigilo bancário, pois as esferas de atuação são independentes. Esta preliminar de nulidade do auto de infração deve ser conhecida, para anulálo, pois o lançamento fiscal se baseou em PROVA MACULADA POR INCONSTITUCIONALIDADE, pois dados bancários da sociedade empresária ADÉCIO E RAFAEL CONSTRUÇÕES foram obtidos por ato próprio da autoridade fazendária autuante, violando, assim, premissas básicas do estado de direito democrático. Ao contrário do imediatismo indevido feito pela autuação, não é toda e qualquer ação praticada com o objetivo de impedir a ocorrência do fato gerador do tributo que pode ser qualificada como fraude. O que caracteriza a fraude, do ponto de vista fiscal, é o dolo. Fraude, conforme legalmente definido, é a ação ou omissão dolosa tendente a impedir a ocorrência do fato gerador do tributo. O dolo presente na definição de fraude é aquele definido pelo direito penal. Necessariamente, portanto, a fraude fiscal é aquela caracterizada pela prática de uma ação ou omissão intencionalmente criminosa, tendente a impedir a ocorrência do fato gerador do tributo. A conduta do contribuinte, no caso da autuação, não almejou o impedimento da ocorrência do fato gerador. A acusação que lhe é feita é a de omitir dados da movimentação financeira, a qual pode ser aferida mediante cruzamento de dados da Receita Federal. Desta feita, impossibilitada está o aferimento de conduta dolosa. Fl. 2437DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10120.729089/201318 Acórdão n.º 2402005.197 S2C4T2 Fl. 2.432 13 O contribuinte, no caso, não agiu com o intuito de impedir, retardar, excluir ou modificar as características essenciais do tributo. Isso, por si só, descaracteriza o conceito de fraude, a evitar seja majorada a multa, da forma em que realizada pela autoridade fazendária. A multa aplicada (150%) no caso concreto é inconstitucional, pois se afigura confiscatória. O Supremo Tribunal Federal já foi instigado a se manifestar sobre essa espécie de multa, que exorbita o próprio valor do tributo. Não há dúvida que o efeito confiscatório da multa atenta contra o patrimônio do contribuinte, eis que o Estado, sem o devido processo legal material no caso, a norma de incidência tributária quer dar maior vazão ao acessório do que ao principal. Desta feita a parte do auto de infração que impôs a incidência de multa deve ser anulada, eis que tem, em si, uma nítida essência confiscatória, uma vez que ela se amolda em exatidão no caso já julgado pela Suprema Casa, no qual se declarou a inconstitucionalidade do dispositivo que impôs multa confiscatória”. A Delegacia analisou o lançamento e as impugnações, julgando improcedentes as impugnações. Os recorrentes foram cientificados nas seguintes datas: 1. Carlos Augusto de Almeida Ramos, em 25/03/2014, fls. 02133; 2. Geovani Pereira da Silva, em 26/03/2014, fls. 02134; e 3. Cláudio Dias de Abreu, em 25/03/2014, fls. 02132. Os recorrentes, inconformados com a decisão, apresentaram recursos voluntários nas seguintes datas: 1. Carlos Augusto de Almeida Ramos, em 22/04/2014, fls. 02235; 2. Geovani Pereira da Silva, em 22/04/2014, fls. 02211; e 3. Cláudio Dias de Abreu, em 23/04/2014, fls. 02136. Em seus recursos, o s recorrentes alegam, em síntese, que: CARLOS AUGUSTO DE ALMEIDA RAMOS: 1. Somente é permitido acesso a dados bancários com autorização judicial,, caso contrário descumprese a Constituição Federal; Fl. 2438DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 14 2. Cabe à fiscalização provara a existência de renda a ser tributada, o fato gerador do tributo, e não ao contribuinte; 3. O fato gerador do tributo não pode ser o depósito bancário, mas sim a renda; 4. A qualificação da multa é ilegal; 5. A multa é inconstitucional, pois é confiscatória; 6. Pede, por fim, o acolhimento e o provimento de seu recurso. GEOVANI PEREIRA DA SILVA: 7. Somente é permitido acesso a dados bancários com autorização judicial,, caso contrário descumprese a Constituição Federal; 8. A qualificação da multa é ilegal; 9. A multa é inconstitucional, pois é confiscatória; 10. Pede, por fim, o acolhimento e o provimento de seu recurso. CLÁUDIO DIAS DE ABREU: 11. Solicita devolução do prazo de defesa, pois houve equívoco em sua intimação; 12. Solicita aditamento de seu recurso; 13. Questiona seu enquadramento como sujeito passivo solidário; 14. Apresenta motivos para desconfigurar sua relação com o fato gerador e, conseqüentemente, sua responsabilização; 15. Solicita realização de perícia; 16. Indica perito; 17. Questiona se houve respeito ao devido processo legal, pois a ausência de possibilidade de perícia prejudicou seu direito à defesa; 18. Pede o acolhimento e o provimento de suas razões recursais; 19. Em aditamento ao recurso, fls. 02387, o contribuinte Cláudio alega, em síntese, que: 20. Somente é permitido acesso a dados bancários com autorização judicial,, caso contrário descumprese a Constituição Federal; 21. A vedação ao seu pedido de perícia gerou a nulidade da decisão de primeira instância; 22. Não deve haver a responsabilidade solidária, pelos motivos que expõem; Fl. 2439DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10120.729089/201318 Acórdão n.º 2402005.197 S2C4T2 Fl. 2.433 15 23. Não lhe pertencem os recursos movimentados na conta da suposta interposta pessoa; 24. Não há motivos para a qualificação da multa; 25. Pede, por fim, o acolhimento e o provimento de seu recurso. Posteriormente, os autos foram enviados ao Conselho, para análise e decisão. É o relatório. Fl. 2440DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 16 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira, Relator Sendo tempestivo, CONHEÇO DO RECURSO e passo ao exame de seus argumentos. DA PRELIMINAR Preliminarmente, todos os recorrentes questionam a legalidade do acesso aos dados bancários sem autorização judicial. Esclarecemos aos recorrentes que o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu na sessão do dia 24/02/2016 o julgamento conjunto de cinco processos que questionavam dispositivos da Lei Complementar (LC) 105/2001, que permitem à Receita Federal do Brasil receber dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial. Nesse julgamento, por maioria de votos – 9 a 2 – , prevaleceu o entendimento de que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição Federal. Portanto, como decidido pelo STF, não há razão no argumento. Em outro ponto os recorrentes questionam a constitucionalidade da multa aplicada, alegando ser esta confiscatória. Esclarecemos aos recorrentes que o CARF não possui competência para analisar e decidir sobre matéria constitucional, conforme súmula vigente, de utilização obrigatória, conforme regimento do órgão: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Como o dispositivo legal que trata da qualificação da multa está em vigor e como o CARF não é competente para se pronunciar sobre sua constitucionalidade, não há razão no argumento dos recorrentes. O recorrente Cláudio Dias de Abreu apresenta outras questões preliminares, que iremos analisar. A primeira delas referese a erro na sua intimação para apresentação de defesa, o que, segundo ele, prejudicou seu direito. Como demonstra documento no processo, aviso de recebimento, o senhor Cláudio foi cientificado sobre a autuação e sua sujeição passiva em 17/10/2013, fls. 01921, apresentando sua impugnação, tempestivamente, em 14/11/2013, fls. 01932. Destaquese que houve, inclusive, fornecimento de cópia do processo ao sr Cláudio, em 04/11/2013, fls. 01926. Fl. 2441DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10120.729089/201318 Acórdão n.º 2402005.197 S2C4T2 Fl. 2.434 17 Portanto, não há que se falar em cerceamento de sua defesa e nulidade da decisão de primeira instância, por equívoco na intimação. Em outro ponto, o recorrente Cláudio afirma que sua defesa foi cerceada, pois foi negado seu pedido de perícia. Novamente buscando esclarecer o recorrente, transcreveremos o contido na decisão recorrida, que, corretamente, negou o pleito à perícia, pelos motivos abaixo: "Justifica o impugnante o seu pedido de perícia sob o argumento de que a autoridade fiscal teria afirmado “que o impugnante era o responsável, como funcionário da empresa Delta S/A, em alimentar a conta corrente da empresa Adécio & Rafael, na agência do banco UNICRED de Anápolis – GO”. Analisando o Termo de Verificação Fiscal observase a seguinte redação: “A Juíza de Direito Ana Claudia de Oliveira Costa Barreto expôs, de forma clara, em sua sentença, que o Sr. CLÁUDIO ABREU era funcionário da DELTA CONSTRUÇÕES S/A, com poderes para movimentar as contas daquela construtora (fls. 483), que, conforme constatamos, alimentava a conta mantida pelo Sr. CARLOS AUGUSTO DE ALMEIDA RAMOS, na agência da UNICRED de Anápolis (GO)”. Pois bem extraise da leitura do parágrafo transcrito acima que a informação de que o impugnante tinha poderes para movimentar as contas bancárias da Delta Construções S/A teve origem no processo judicial (sentença). Extraise, também, que a autoridade fiscal constatou que era a Delta Construções S/A que enviava recursos financeiros para a conta em nome da empresa Adécio & Rafael. Fica claro, portanto, que em nenhum momento a autoridade fiscal afirmou que fora o impugnante o responsável por enviar recursos financeiros para a conta em nome da empresa Adécio & Rafael. Neste sentido, entendo que estando a questão levantada plenamente esclarecida, não há o que se apurar dentre os elementos e documentos constantes do processo administrativo, pelo que, indefiro o pedido de realização de perícia, por ser prescindível, nos termos do disposto no art. 18 do Decreto 70.235/1972, com redação dada pelo art. 1º da Lei 8.748/1993. Portanto, não há necessidade de perícia sobre algo que está claro nos autos. Por todo o exposto, rejeito as preliminares e passo ao exame do mérito. DO MÉRITO Quanto ao mérito, em primeiro lugar, os contribuintes questionam a conceituação como renda dos depósitos bancários. Informamos aos recorrentes que é a legislação quem determina essa conceituação. Fl. 2442DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 18 Lei 9.430/1996: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Os recorrentes foram intimados para comprovar a origem dos recursos e não obtiveram êxito, motivo da caracterização dos depósitos como receita ou rendimento. Portanto, como a lei determina o procedimento que foi aplicado, não há razão no argumento. Em outro ponto, os recorrentes alegam que a qualificação da multa é ilegal. Esclarecemos aos recorrentes que a qualificação da multa está determinada em lei. Lei 9.430/1996: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de setenta e cinco por cento sobre a totalidade ou diferença de tributo, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; ... § 1º O percentual da multa de que trata o inciso I do caput será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1.964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.” Nos autos está demonstrado, assim como em processo judicial citado, com riqueza de detalhes, que os recorrentes utilizaram conta corrente de pessoa jurídica que não possuíam relação direta para movimentar somas que lhes pertenciam, conforme consta na decisão recorrida: "Foi constatado pela fiscalização que Carlos Augusto de Almeida Ramos e Geovani Pereira da Silva se valeram de uma série de artifícios para esconder a ocorrência dos fatos geradores do Imposto de Renda, utilizandose da pessoa jurídica Adécio & Rafael Construções e Incorporações Ltda, constituída com sócios aparentes, empresa esta cuja sede não foi localizada no endereço cadastrado da Receita Federal do Brasil, caracterizando sua inexistência de fato. Indubitavelmente, o Interessado, ao efetuar movimentação bancária por meio de interposta pessoa, teve o propósito deliberado de impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento, por parte do Fisco, da ocorrência do fato gerador do imposto de renda." Assim, configurado está o dolo e a motivação para a qualificação da multa, conforme determina a legislação. Fl. 2443DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10120.729089/201318 Acórdão n.º 2402005.197 S2C4T2 Fl. 2.435 19 O recorrente Cláudio questiona sua responsabilização solidária. Conforme o TVF, o senhor Cláudio foi beneficiado com valores originados da conta corrente da pessoa interposta. Em sua impugnação, o recorrente afirma que vendeu imóvel para Andréia Aprígio de Souza, ex esposa do senhor Carlos, e, em contrapartida, solicitou que os valores fossem depositados em conta de seus credores. Na análise do argumento, pela decisão recorrida, está demonstrado, e o recorrente não nega, pelo contrário, confirma, que foi beneficiário de valore oriundos da pessoa jurídica interposta. A decisão recorrida não acompanha a alegação do recorrente que os recursos eram oriundos de venda de imóvel à ex esposa do recorrente Carlos pois não foi apresentado nenhum documento que confirme tal transação. Em seu recurso, novamente, o recorrente não traz documentação alguma sobre a transação imobiliária. Ora, não é crível que uma transação imobiliária, que contém valores elevados e transferência de bem, não tenha sido embasada com alguma documentação. Se o recorrente trouxesse aos autos contratos, escrituras, etc, poderseia causar dúvidas quanto a seu favorecimento pelo recebimento de valores oriundos de conta de pessoa interposta, mas só alegação não possui força probante para que essa dúvida ocorra. Assim, até o momento não há prova alguma de que o recorrente Cláudio não foi favorecido pelos valores que transitaram na conta da pessoa interposta, motivo da manutenção de sua condição como responsável solidário. CONCLUSÃO Em razão do exposto, Voto por negar provimento aos recursos apresentados, nos termos do voto. Marcelo Oliveira. Fl. 2444DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO
score : 1.0
Numero do processo: 10120.723879/2013-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2012
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. DEFICIÊNCIAS. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO.
O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) possibilita ao contribuinte certificar-se da autenticidade do termo de início de fiscalização, mediante acesso ao sítio da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Também gera efeitos jurídicos, para fins de aplicação do instituto da denúncia espontânea (art. 138, CTN). Todavia, eventuais omissões ou vícios em sua emissão não acarreta a automática nulidade do lançamento de ofício promovido, se o contribuinte não demonstrar o prejuízo à realização da sua defesa.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS POR COOPERATIVAS DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO STF NA SISTEMÁTICA DE REPERCUSSÃO GERAL. VINCULAÇÃO DO CARF.
No julgamento do Recurso Extraordinário 595.838, com repercussão geral reconhecida, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 22, inc. IV, da Lei nº 8.212/91, que previa a incidência de contribuição previdenciária, à alíquota de 15%, sobre o valor de serviços prestados por meio de cooperativas de trabalho. Aplicação aos julgamentos do CARF, conforme artigo 62, § 2º, do RICARF/2015.
Numero da decisão: 2301-004.766
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
João Bellini Júnior Presidente.
(assinado digitalmente)
Fábio Piovesan Bozza Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Júlio César Vieira Gomes, Alice Grecchi, Andréa Brose Adolfo, Fábio Piovesan Bozza, Marcela Brasil de Araújo Nogueira, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Amílcar Barca Teixeira Junior.
Nome do relator: FABIO PIOVESAN BOZZA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2012 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. DEFICIÊNCIAS. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) possibilita ao contribuinte certificar-se da autenticidade do termo de início de fiscalização, mediante acesso ao sítio da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Também gera efeitos jurídicos, para fins de aplicação do instituto da denúncia espontânea (art. 138, CTN). Todavia, eventuais omissões ou vícios em sua emissão não acarreta a automática nulidade do lançamento de ofício promovido, se o contribuinte não demonstrar o prejuízo à realização da sua defesa. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS POR COOPERATIVAS DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO STF NA SISTEMÁTICA DE REPERCUSSÃO GERAL. VINCULAÇÃO DO CARF. No julgamento do Recurso Extraordinário 595.838, com repercussão geral reconhecida, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 22, inc. IV, da Lei nº 8.212/91, que previa a incidência de contribuição previdenciária, à alíquota de 15%, sobre o valor de serviços prestados por meio de cooperativas de trabalho. Aplicação aos julgamentos do CARF, conforme artigo 62, § 2º, do RICARF/2015.
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DEFICIÊNCIAS. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) possibilita ao contribuinte certificarse da autenticidade do termo de início de fiscalização, mediante acesso ao sítio da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Também gera efeitos jurídicos, para fins de aplicação do instituto da denúncia espontânea (art. 138, CTN). Todavia, eventuais omissões ou vícios em sua emissão não acarreta a automática nulidade do lançamento de ofício promovido, se o contribuinte não demonstrar o prejuízo à realização da sua defesa. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS POR COOPERATIVAS DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO STF NA SISTEMÁTICA DE REPERCUSSÃO GERAL. VINCULAÇÃO DO CARF. No julgamento do Recurso Extraordinário 595.838, com repercussão geral reconhecida, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 22, inc. IV, da Lei nº 8.212/91, que previa a incidência de contribuição previdenciária, à alíquota de 15%, sobre o valor de serviços prestados por meio de cooperativas de trabalho. Aplicação aos julgamentos do CARF, conforme artigo 62, § 2º, do RICARF/2015. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 38 79 /2 01 3- 81 Fl. 596DF CARF MF Impresso em 09/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por FABIO PIOVESAN BOZZA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por FABIO PIOVESAN BOZZA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 (assinado digitalmente) João Bellini Júnior – Presidente. (assinado digitalmente) Fábio Piovesan Bozza – Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Júlio César Vieira Gomes, Alice Grecchi, Andréa Brose Adolfo, Fábio Piovesan Bozza, Marcela Brasil de Araújo Nogueira, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Amílcar Barca Teixeira Junior. Relatório Em 30/04/2013, a fiscalização lavrou auto de infração contra a ora Recorrente (DEBCAD nº 51.035.4394), em virtude da suposta falta de recolhimento de contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre o valor dos serviços que lhe teriam sido prestados pela cooperativa de trabalho Unimed Goiânia Cooperativa de Trabalho Médico, à alíquota de 15%, no período de janeiro/2009 a dezembro/2012. O fundamento legal para a exigência encontrase no art. 22, inc. IV da Lei nº 8.212/91. Inconformada, a Recorrente apresentou impugnação contestando os lançamentos de ofício, mas o acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ) no Rio de Janeiro/RJ refutou os argumentos de defesa e manteve integralmente a cobrança. Irresignado, a Recorrente apresenta recurso voluntário a este CARF, repisando os mesmos argumentos desenvolvidos na impugnação, quais sejam, em essência, a nulidade do lançamento, por vício no Mandado de Procedimento Fiscal – MPF, e a inconstitucionalidade da cobrança. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Fábio Piovesan Bozza A intimação do acórdão de primeira instância ocorreu em 10/03/2014 e o recurso voluntário foi interposto em 08/04/2014. Por ser tempestivo e por cumprir com as formalidades legais, dele tomo conhecimento. Da Nulidade do Lançamento em Razão de Vício no MPF A Recorrente alega vício nas emissões e no cumprimento de prazos constantes dos Mandado de Procedimento Fiscal – MPF a afetar a validade do lançamento de ofício. Fl. 597DF CARF MF Impresso em 09/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por FABIO PIOVESAN BOZZA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por FABIO PIOVESAN BOZZA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10120.723879/201381 Acórdão n.º 2301004.766 S2C3T1 Fl. 597 3 O MPF é instrumento que assegura maior transparência às relações entre o Fisco e os contribuintes, ao tornar disponível a consulta no sítio da Secretaria da Receita Federal das fiscalizações iniciadas. Com isso, o contribuinte sob fiscalização tem condições de se certificar da autenticidade do termo de início lavrado. Também há efeitos jurídicos que deverão ser considerados. A ciência do MPF registra o início da fiscalização, afastando a possibilidade de o contribuinte beneficiarse dos efeitos da denúncia espontânea, presente no art. 138 do CTN. A espontaneidade, no entanto, é readquirida pelo contribuinte após o transcurso de certo prazo, contado do vencimento do MPF que não for renovado. Por outro lado, eventuais omissões ou incorreções afligindo o MPF não contaminam automaticamente a autuação, pois a atividade de lançamento é obrigatória e vinculada, a teor do art. 142 do CTN. Há a necessidade de o contribuinte provar que a presença do vício ocasionou prejuízo em sua defesa. Esse é o atual posicionamento da jurisprudência dominante no CARF: PROCEDIMENTO FISCAL. FALTA DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. O Mandado de Procedimento Fiscal visa o controle administrativo das ações fiscais da RFB, não podendo afastar a vinculação da autoridade tributária à Lei, nos exatos termos do art. 142 do CTN, sob pena de responsabilização funcional. O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, no pleno gozo de suas funções, detém competência exclusiva para o lançamento, não podendo se esquivar do cumprimento do seu dever funcional em função de portaria administrativa e em detrimento das determinações superiores estabelecidas no CTN, por isso que a inexistência de MPF não implica nulidade do lançamento. Acórdão nº 9303003.876, de 19/05/2016 MPF – NULIDADE. Não é nulo o lançamento por prorrogação de MPF além do prazo regulamentar, quando não comprovado o prejuízo à defesa do contribuinte. A falta de prorrogação do MPF no prazo correto, por si só, não configura cerceamento do direito de defesa e não se equipara à ausência de MPF. Acórdão nº 9101002.132, de 26/02/2015 Considerando que não há qualquer comprovação de prejuízo à defesa da Recorrente em decorrência de eventuais vícios na emissão do MPF, rejeito a preliminar de nulidade do lançamento. Da Inconstitucionalidade da Cobrança de Contribuição Previdenciária sobre Serviços Prestados por Cooperativa de Trabalho O crédito tributário ora exigido teve como fundamento o artigo 22, inc. IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999, que assim dispunha: Fl. 598DF CARF MF Impresso em 09/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por FABIO PIOVESAN BOZZA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por FABIO PIOVESAN BOZZA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) IV – quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. Entretanto, no julgamento do Recurso Extraordinário 595.838, com repercussão geral reconhecida, tal exigência foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Em 25/02/2015, foi publicada a decisão definitiva do STF, proferida na sessão de 18/12/2014, nos seguintes termos: (...) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO (RE) 595.838/SP EMENTA: Embargos de declaração no recurso extraordinário. Tributário. Pedido de modulação de efeitos da decisão com que se declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Declaração de inconstitucionalidade. Ausência de excepcionalidade. Lei aplicável em razão de efeito repristinatório. Infraconstitucional. (...)” De acordo com o artigo 62, §2º do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 343, de 2015, as decisões definitivas de mérito do STF e do STJ, na sistemática dos artigos 543B e 543C, da Lei nº 5.869, de 1973 (Código de Processo Civil CPC), devem ser reproduzidas pelas Turmas do CARF. Assim, resta a este colegiado dar provimento ao Recurso Voluntário. Conclusão Por todo o exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. Fábio Piovesan Bozza – Relator Fl. 599DF CARF MF Impresso em 09/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por FABIO PIOVESAN BOZZA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por FABIO PIOVESAN BOZZA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 11516.723522/2012-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jul 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
PRAZO DE DECADÊNCIA. COM ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO OU COMPENSAÇÃO. REsp 973733/SC. SUSPENSÃO DO PRAZO. INEXISTÊNCIA.
Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, em se tratando de tributo sujeito ao lançamento por homologação (IPI) e havendo pagamento antecipado, o prazo de decadência deve ser contado nos termos do art. 150, §4º, do CTN.
IPI. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. CASCOS DE EMBARCAÇÕES.
Deve ser mantida a classificação fiscal empregada pelo Fisco no lançamento, se baseada em criteriosa análise dos produtos fabricados pelo Contribuinte, pois havendo conhecimento prévio da natureza das embarcações para os quais se destinam os cascos fabricados, a Nota 1 do Capítulo 89 da TIPI determina que o produto deve ser classificado no mesmo código das embarcações de destino.
IPI. INCIDÊNCIA. REVENDA DE PRODUTOS IMPORTADOS. ESTABELECIMENTO EQUIPARADO A INDUSTRIAL. BIS IN IDEM. INEXISTÊNCIA.
No Recurso Repetitivo 1403532/SC o STJ o firmou o entendimento no sentido de que os produtos importados estão sujeitos à incidência do IPI no momento do despacho aduaneiro, bem como na operação de revenda (saída do estabelecimento importador, independentemente de haver ou não industrialização do produtos), pois se tratam de fatos geradores distintos.
MULTA DE OFÍCIO. FALTA DE LANÇAMENTO DO IPI. IMPOSTO COM COBERTURA DE CRÉDITO.
Correta a imposição de multa de oficio, proporcional ao valor do imposto que deixou de ser destacado na nota fiscal de saída (imposto não lançado), mesmo havendo créditos para abater parcela desse imposto.
MULTA CONFISCATÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. CARF.
A argumentação sobre o caráter confiscatório da multa aplicada no lançamento tributário não escapa de uma necessária aferição de constitucionalidade da legislação tributária que estabeleceu o patamar das penalidades fiscais, o que é vedado ao CARF, conforme os dizeres de sua Súmula n. 2.
SELIC. APLICABILIDADE. SÚMULA CARF N. 4.
Nos termos da Súmula CARF n. 4, aplica-se a SELIC a título de juros moratórios sobre os débitos tributários exigidos a partir de 1º de abril de 1995.
Recurso de ofício negado. Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.103
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(Assinado com certificado digital)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
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ementa_s : Assunto: Classificação de Mercadorias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 PRAZO DE DECADÊNCIA. COM ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO OU COMPENSAÇÃO. REsp 973733/SC. SUSPENSÃO DO PRAZO. INEXISTÊNCIA. Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, em se tratando de tributo sujeito ao lançamento por homologação (IPI) e havendo pagamento antecipado, o prazo de decadência deve ser contado nos termos do art. 150, §4º, do CTN. IPI. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. CASCOS DE EMBARCAÇÕES. Deve ser mantida a classificação fiscal empregada pelo Fisco no lançamento, se baseada em criteriosa análise dos produtos fabricados pelo Contribuinte, pois havendo conhecimento prévio da natureza das embarcações para os quais se destinam os cascos fabricados, a Nota 1 do Capítulo 89 da TIPI determina que o produto deve ser classificado no mesmo código das embarcações de destino. IPI. INCIDÊNCIA. REVENDA DE PRODUTOS IMPORTADOS. ESTABELECIMENTO EQUIPARADO A INDUSTRIAL. BIS IN IDEM. INEXISTÊNCIA. No Recurso Repetitivo 1403532/SC o STJ o firmou o entendimento no sentido de que os produtos importados estão sujeitos à incidência do IPI no momento do despacho aduaneiro, bem como na operação de revenda (saída do estabelecimento importador, independentemente de haver ou não industrialização do produtos), pois se tratam de fatos geradores distintos. MULTA DE OFÍCIO. FALTA DE LANÇAMENTO DO IPI. IMPOSTO COM COBERTURA DE CRÉDITO. Correta a imposição de multa de oficio, proporcional ao valor do imposto que deixou de ser destacado na nota fiscal de saída (imposto não lançado), mesmo havendo créditos para abater parcela desse imposto. MULTA CONFISCATÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. CARF. A argumentação sobre o caráter confiscatório da multa aplicada no lançamento tributário não escapa de uma necessária aferição de constitucionalidade da legislação tributária que estabeleceu o patamar das penalidades fiscais, o que é vedado ao CARF, conforme os dizeres de sua Súmula n. 2. SELIC. APLICABILIDADE. SÚMULA CARF N. 4. Nos termos da Súmula CARF n. 4, aplica-se a SELIC a título de juros moratórios sobre os débitos tributários exigidos a partir de 1º de abril de 1995. Recurso de ofício negado. Recurso Voluntário Negado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2235; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 111 1 110 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11516.723522/201231 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 3402003.103 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 21 de junho de 2016 Matéria IPI Recorrentes F MARINE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PRODUTOS NÁUTICOS LTDA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 PRAZO DE DECADÊNCIA. COM ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO OU COMPENSAÇÃO. REsp 973733/SC. SUSPENSÃO DO PRAZO. INEXISTÊNCIA. Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, em se tratando de tributo sujeito ao lançamento por homologação (IPI) e havendo pagamento antecipado, o prazo de decadência deve ser contado nos termos do art. 150, §4º, do CTN. IPI. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. CASCOS DE EMBARCAÇÕES. Deve ser mantida a classificação fiscal empregada pelo Fisco no lançamento, se baseada em criteriosa análise dos produtos fabricados pelo Contribuinte, pois havendo conhecimento prévio da natureza das embarcações para os quais se destinam os cascos fabricados, a Nota 1 do Capítulo 89 da TIPI determina que o produto deve ser classificado no mesmo código das embarcações de destino. IPI. INCIDÊNCIA. REVENDA DE PRODUTOS IMPORTADOS. ESTABELECIMENTO EQUIPARADO A INDUSTRIAL. BIS IN IDEM. INEXISTÊNCIA. No Recurso Repetitivo 1403532/SC o STJ o firmou o entendimento no sentido de que os produtos importados estão sujeitos à incidência do IPI no momento do despacho aduaneiro, bem como na operação de revenda (saída do estabelecimento importador, independentemente de haver ou não industrialização do produtos), pois se tratam de fatos geradores distintos. MULTA DE OFÍCIO. FALTA DE LANÇAMENTO DO IPI. IMPOSTO COM COBERTURA DE CRÉDITO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 35 22 /2 01 2- 31 Fl. 1554DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 2 Correta a imposição de multa de oficio, proporcional ao valor do imposto que deixou de ser destacado na nota fiscal de saída (imposto não lançado), mesmo havendo créditos para abater parcela desse imposto. MULTA CONFISCATÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. CARF. A argumentação sobre o caráter confiscatório da multa aplicada no lançamento tributário não escapa de uma necessária aferição de constitucionalidade da legislação tributária que estabeleceu o patamar das penalidades fiscais, o que é vedado ao CARF, conforme os dizeres de sua Súmula n. 2. SELIC. APLICABILIDADE. SÚMULA CARF N. 4. Nos termos da Súmula CARF n. 4, aplicase a SELIC a título de juros moratórios sobre os débitos tributários exigidos a partir de 1º de abril de 1995. Recurso de ofício negado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente. (Assinado com certificado digital) Thais De Laurentiis Galkowicz Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de Auto de Infração para cobrança de valores devidos a título de Imposto sobre Produtos Industrializados (“IPI”), lavrado em 19/12/2012 e levado a ciência do contribuinte em 20/12/2012. No lançamento exigese R$ 5.048.504,47, a título de imposto, acrescido de multa de oficio de 75% do valor do imposto, além de juros de mora. Por bem consolidar os fatos ocorridos neste processo, colaciono os principais trechos do relatório do Acórdão n. 1536.546, exarado pela 4ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento (DRJ) e Salvador (SDR), in verbis: Fl. 1555DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 11516.723522/201231 Acórdão n.º 3402003.103 S3C4T2 Fl. 112 3 Na Descrição dos Fatos, fls. 843/844, o autuante relata que no procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigatórias tributárias apurou as seguintes infrações, por falta de lançamento de imposto na saída do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial: (i) de produtos tributados (barcos com motor e sem motor importados, da marca SEA RAY e BAYLANER, classificados no código NCM 8903.92.00, tributados à alíquota de 10%; e (ii) de produtos tributados, barcos incompletos (cascos para embarcação sem motor), de RECREIO OU ESPORTE, da marca FIBRAFORT, modelos FOCKER, com falta, insuficiência de lançamento do IPI, por erro de classificação fiscal e/ou erro de alíquota, conforme detalhado no item 4.1 do Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal Consta do Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal, fls. 863 a 877, em síntese, as seguintes informações: O estabelecimento matriz da empresa F.MARINE IND E COM DE PROD NAUTICOS LTDA, cuja marca registrada é FIBRAFORT, tem como objetivo social a exploração no ramo de indústria e comércio de embarcações de fibra, motores de popa,comércio varejista de artigos de fibra e peças e acessórios para lanchas e motores de popa, o qual foi alterado a partir da 5ª Alteração Contratual, datada de 24/01/2008 para a exploração no ramo de indústria e comércio de cascos para embarcações para motores fora de borda, importação, comércio e representações de embarcações; Em visita à fábrica em 23/10/2012 e confirmado através do site http://www.fibrafort.com.br/, basicamente a empresa industrializa barcos de recreio e esporte, sendo que os barcos são vendidos em sua grande maioria sem motor e esporadicamente, com motor. Os barcos de recreio e esporte, fabricados para uso com motor fora de borda classificamse na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), no código 8903.99.00 e com motor de centro no código 8903.92.00, ambos tributados à alíquota de 10%; _Da análise dos arquivos digitais, das notas fiscais de entradas e saídas, arquivos constantes no SINTEGRA fornecidos pela empresa (ano de 2008) e pela Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina (anos 2007 e 2008), circularização com os clientes da fiscalizada e dos livros e documentos fiscais, constatei as seguintes irregularidades: 1. Erro de classificação fiscal dos barcos incompletos (sem motor) de recreio ou esporte, da marca FIBRAFORT. O contribuinte estava classificando no código da NCM 8906.90.00, tributandoos com alíquota de 5%, até 13/08/2007 e posteriormente com alíquota zero, enquanto que o correto é no código NCM 8903.99.00 para barcos incompletos (casco sem motor) para uso com motor fora de borda, com alíquota de 10%; Fl. 1556DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 4 2. Da análise das importações efetuadas pelo contribuinte no sistema https://dwcorporativo.receita.fazenda/dwcorporativo/asp/main.a spx foi constatado que o estabelecimento importou nos anos de 2007 e 2008, barcos/cascos, das marcas SEA RAY e BAYLINER, classificados na NCM no código 8903.92.00, tributados à alíquota do IPI de 10%, conforme detalhado na Planilha de Importações de Barcos F Marine (fl.171 a 182). Nas saídas de seu estabelecimento (IMPORTADOR) a empresa NÃO destacou o IPI devido, na condição de contribuinte, equiparado a industrial, conforme determina o inciso I do artigo 9º e inciso III do artigo 24, do Decreto 4.544/2002 (RIPI/2002). Cientificado da exigência fiscal em 20/12/2012, fl. 878, a autuada apresentou, em 11/01/2013, impugnação de folhas 881 a 934, alegando, em síntese, que: Preliminar: 1. Da decadência parcial dos débitos de IPI apurados pela agente fiscal: Alega decadência dos créditos tributários apurados no período de janeiro a novembro 2007, visto que a ciência se deu em 20.12.2012, e por se tratar de tributo sujeito ao lançamento por homologação incide a regra do art. 150, §4º do CTN; Mérito: 1. Da indevida desconsideração do saldo credor de janeiro de 2007: Ao refazer a conta gráfica da empresa, em virtude das infrações apuradas no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2008, o agente fiscal reconheceu todos os créditos escriturados nos livros da impugnante, mas desconsiderou o saldo credor escriturado em janeiro de 2007, no valor de R$ 342.884,37. A justificativa do agente fiscal para zerar o saldo credor de janeiro de 2007 no cálculo do IPI a ser cobrado por meio do lançamento impugnando foi o débito do imposto constituído no Processo Administrativo nº 10909.005544/200772, referente aos anos de 2005 e 2006; Ocorre que o débito de IPI dos anos de 2005 e 2006, que foi utilizado pela fiscalização para zerar o saldo credor de janeiro de 2007 é objeto de discussão administrativa até o presente momento, como denotam os andamentos em anexo e o Acórdão nº 330101.468 do CARF, que proferiu decisão anulando o julgamento de primeira instância; Assim, o débito de IPI dos anos de 2005 e 2006, além de não possuir certeza e liquidez, está com a sua exigibilidade suspensa, nos exatos termos do art. 151. inc. III, do Código Tributário Nacional, não podendo ser cobrado, ainda que por vias Fl. 1557DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 11516.723522/201231 Acórdão n.º 3402003.103 S3C4T2 Fl. 113 5 transversas, a exemplo do discurso apresentado pelo nobre fiscal para zerar saldo credor devidamente escriturado, como no caso dos autos; Portanto, só a partir do trânsito em julgado do Processo Administrativo nº 10909.005544/200772 é que seria válida a atribuição ao débito de IPI dos anos de 2005 e 2006 do efeito pretendido pelo agente fiscal, com a consequente ilegitimidade da desconsideração do saldo credor de janeiro de 2007, que resultou na cobrança a maior, por meio do Auto de Infração impugnado, da importância de R$ 342.884,37 a título de IPI, com os reflexos sobre os acréscimos legais e a multa Tendo em vista o exposto, é necessária a recomposição do demonstrativo de apuração de IPI dos anos calendários 2007 e 2008, com a inclusão do saldo credor de janeiro de 2007, a título de saldo credor de janeiro de 2007, reduzindo assim o imposto exigido por meio do Auto de Infração ora impugnado e seus reflexos sobre os acréscimos legais e sobre a multa; 2. Da equivocada reclassificação fiscal que embasou o auto de infração: nulidade do lançamento (...) A reclassificação fiscal que fundamentou o Auto de Infração é incorreta, pois as mercadorias vendidas pela impugnante efetivamente enquadramse no código NCM 8906.90.00, em virtude das suas características e das regras interpretativas aplicáveis no procedimento de classificação, com alíquota de 5% ou alíquota zero; O correto enquadramento dáse a partir das características essenciais das mercadorias e da posição correspondente mais específica na TIPI; A regra interpretativa empregada pelo agente fiscal para reclassificar as mercadorias da impugnante passou longe da especialidade ou especificidade, pois desconsiderou as suas características essenciais, sobretudo no que diz respeito à ausência de motor e, portanto, da funcionalidade inerente aos barcos, tratandose de meros cascos, com o consequente enquadramento equivocado nos códigos 8903.99.00 e 8903.92.00, que são genéricos diante das peculiaridades que envolvem aquelas mercadorias que são bem identificadas pelo código NCM 8906.90.00, do qual a empresa sempre se utilizou; De acordo com a Nota 1 do Capítulo 89 da TIPI, tratase o código NCM 89.06 de um código específico com relação às características essenciais das mercadorias que são fabricadas e/ou importadas pela Impugnante, as quais, reiterase, possuem por elemento peculiar a ausência de motor e, assim, da funcionalidade para a navegação, necessitando de nova etapa de Fl. 1558DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 6 industrialização para se tornarem aptas a navegar, por meio do acoplamento de motor do tipo fora de borda. 3. Da ilegitimidade da multa sobre o IPI não lançado com cobertura de crédito: Além de cobrar débito de IPI que, de acordo com o entendimento do agente fiscal, seria devido pela impugnante, com a aplicação sobre o seu valor de multa proporcional de 75%, de modo a totalizar penalidade na quantia de R$ 1.350.273,95, exigiu, ainda, multa no percentual de 75% sobre o valor do IPI que seria devido, mas que não está sendo cobrado em razão do encontro em conta gráfica com créditos do imposto lançados na escrituração da impugnante, multa que atingiu o montante de R$ 1.084.160,20; Não estando configurado o inadimplemento de obrigação tributária, em razão do encontro em conta gráfica com os créditos do imposto, resta ilegítima a penalização do contribuinte por meio da aplicação de multa sobre o imposto não lançado com cobertura de crédito, haja vista a inexistência de conduta ilícita, de atuação contrária ao ordenamento jurídico; Tendo em vista a devida escrituração dos créditos de IPI pela impugnante, resta patente, também, a inexistência de descumprimento de obrigação acessória, o qual, mesmo que hipoteticamente estivesse presente, daria ensejo à aplicação da correspondente multa formal; O cálculo da multa isolada, constante do “Demonstrativo de Apuração Imposto sobre Produtos Industrializados – Reconstituição da Escrita Fiscal Multa sobre IPI não Lançado com Cobertura de Crédito” (fls. 851 e 852) não possui um critério lógico, tendo ocorrido a segregação aleatória por períodos dos valores de IPI supostamente devidos, sobre parcela dos quais incidiu a multa isolada ora combatida; A confrontação do próprio “Demonstrativo de Apuração Imposto sobre Produtos Industrializados – Reconstituição da Escrita Fiscal Multa sobre IPI não Lançado com Cobertura de Crédito” (fls. 851 e 852) com a “Planilha de Reconstituição da Escrita de IPI” (fls. 860 e 861), comprova a contradição, uma vez que, nesta segunda planilha, os saldos credores situamse no período de janeiro de 2007 a setembro de 2007, e não no período de abril a dezembro de 2008, eleito pelo fiscal na primeira planilha como o período de cobertura pelos créditos; 4. Do caráter confiscatório das multas aplicadas multa de oficio e multa isolada: Tanto a multa de 75% do tributo exigido ou do tributo não cobrado em virtude de cobertura por créditos devidamente escriturados é confiscatória, na medida em que onera, de forma brutal, a esfera financeira do contribuinte, fugindo ao que se pode considerar razoável e proporcional aos fins que fundamentam a previsão e a aplicação das multas tributárias. 5. Da ilegalidade da aplicação da taxa selic para o cálculo dos juros de mora: Fl. 1559DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 11516.723522/201231 Acórdão n.º 3402003.103 S3C4T2 Fl. 114 7 É evidente que a aplicação da Taxa SELIC para a apuração dos juros de mora incidentes sobre o crédito tributário importa na sua majoração ao arrepio da lei, em virtude da própria natureza dos juros moratórios, que consistem em um plus, e não em mera reposição do valor da moeda. 6. Dos amplos reflexos da presente discussão administrativa: Tendo em vista que a fiscalização efetuada na sede da impugnante prosseguirá com relação aos anos calendário de 2009, 2010 e 2011, assim como destacado pelo agente fiscal na reconstituição da escrita fiscal, em que o saldo credor reconstituído ficou devedor na data de 31/12/2008, o saldo credor do período anterior do IPI escriturado no livro RAIPI no mês de janeiro de 2009, no valor de R$ 1.395.208,29 será zerado, é evidente que a presente demanda possui o condão de gerar reflexos gigantescos para a empresa, não só pelo seu exorbitante valor, mas também pelo efeito expansivo para anos calendário subsequentes. Sobreveio então o Acórdão 1536.546, da 4ª Turma da DRJ/SDR, dando provimento parcial à impugnação do contribuinte, cuja ementa foi lavrada nos seguintes termos: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 INDUSTRIALIZAÇÃO. CARACTERIZAÇÃO. A fabricação de cascos e/ou embarcações caracterizase como industrialização, sujeitando as operações à incidência do IPI. Havendo conhecimento prévio da natureza das embarcações para os quais se destinam os cascos fabricados, afastase a aplicação da Nota 1 do Capítulo 89 da TIPI, devendo o produto ser classificado no mesmo código da natureza das embarcações de destino. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 IPI. DECADÊNCIA. O direito de a Fazenda Pública rever lançamento por homologação extingue se no prazo de 5 (cinco) anos, contados da ocorrência do fato gerador, exceto quando o sujeito passivo tenha se utilizado de dolo, fraude ou simulação, ou quando ausente o pagamento antecipado, hipóteses em que o prazo é contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. IMPORTAÇÃO. EQUIPARAÇÃO A INDUSTRIAL. SAÍDA DOS PRODUTOS. INCIDÊNCIA DO IPI. A empresa que importar produtos tributados é equiparada a industrial e é contribuinte do IPI, tanto no desembaraço aduaneiro como na saída destes do Fl. 1560DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 8 estabelecimento, ainda que tais produtos não sejam submetidos a qualquer processo de industrialização. MULTA DE OFÍCIO. FALTA DE LANÇAMENTO DO IMPOSTO, COM COBERTURA DE CRÉDITO. É lícita a imposição de multa de ofício, proporcional ao valor do imposto que deixou de ser destacado na nota fiscal de saída, mesmo havendo créditos para abater parcela do imposto não lançado. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. JUROS DE MORA. SELIC. A cobrança de juros de mora com base no valor acumulado mensal da taxa referencial do Selic tem previsão legal. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Irresignado, o Contribuinte recorre a este Conselho, por meio de peça recursal de fls. 1434/1528, repisando os argumentos expostos em sua impugnação ao lançamento tributário. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz O contribuinte teve ciência do Acórdão proferido pela DRJ em 22/12/2014, conforme informação AR de fls. 1433 e apresentou em 19/01/2015 o recurso voluntário de fls. 1434/1528, conforme artigo 33 do Decreto 70.235/72. Assim, o recurso é tempestivo e os demais requisitos de admissibilidade encontramse preenchidos, então dele tomo conhecimento. Passo assim à análise do recurso de ofício e, em seguida, dos argumentos apresentados pela Recorrente em sua peça dirigida ao CARF. 1. Recurso de ofício: decadência do período de janeiro a novembro de 2007 A turma de julgamento a quo recorreu de ofício a este Colegiado em razão da exoneração de crédito tributário superior a R$ 1.000.000,00 Analisando o presente processo, verificase que i) tratase de tributo sujeito ao lançamento por homologação (IPI); ii) há prova nos autos de antecipação parcial do Fl. 1561DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 11516.723522/201231 Acórdão n.º 3402003.103 S3C4T2 Fl. 115 9 pagamento ou com a compensação do mesmo,1 conforme estabelece o artigo 124, parágrafo único, inciso III do (RIPI/2002); 2 iii) o contribuinte tomou ciência do auto de infração em 20.12.2012; iv) a autuação se refere a fatos ocorridos entre 01/01/2007 a 31/12/2008. Desse modo, deve ser mantida a decretação de decadência do direito do Fisco de exigir parte dos créditos tributários em discussão (período de janeiro a novembro de 2007), uma vez que, havendo antecipação do pagamento, o prazo de decadência tem como termo a quo o fato gerador do tributo. Com efeito, o Superior Tribunal de Justiça, valendose da sistemática prevista no art. 543, “c”, do CPC, pacificou, no REsp 973.733/SC, o entendimento de que, em se tratando de tributo sujeito ao lançamento por homologação, havendo pagamento antecipado, o prazo de decadência deve ser contado a partir da realização do fato gerador do tributo (artigo 150, §4º do CTN); do contrário, o prazo deve ser contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele que poderia ser cobrado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE.1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (...). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de 1 Nos termos do Acórdão recorrido (fls 1368): “No presente processo, considerandose que não restou caracterizado a ocorrência de dolo, fraude ou simulação e que o saldo do imposto apurado no período de janeiro a novembro de 2007 foi resultante da compensação escritural com créditos admitidos, conforme demonstrativo de reconstituição da escrita fiscal à fl. 860, devese aplicar a regra contida no art. 150, §4º, do CTN. 2 Art. 124. Os atos de iniciativa do sujeito passivo, no lançamento por homologação, aperfeiçoamse com o pagamento do imposto ou com a compensação do mesmo, nos termos dos arts. 207 e 208 e efetuados antes de qualquer procedimento de ofício da autoridade administrativa (Lei nº 5.172, de 1966, art. 150 e § 1º, Lei nº 9.430, de 1996, arts. 73 e 74, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 49). Parágrafo único. Considerase pagamento: I o recolhimento do saldo devedor, após serem deduzidos os créditos admitidos dos débitos, no período de apuração do imposto; II o recolhimento do imposto não sujeito a apuração por períodos, haja ou não créditos a deduzir; ou III a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto, dos créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher. Fl. 1562DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 10 tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e). (REsp 973733/SC, Rel. Min. LUIZ FUX, 1ª Seção, DJ 18/09/09 – Recurso Repetitivo) Por conta disso, devese aplicar ao presente caso o art. 62, §2º do Regimento Interno do CARF, o qual prescreve a necessidade de reprodução, pelos Conselheiros, das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça, na sistemática dos recursos repetitivos: § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Neste contexto, deve ser acolhida a arguição de decadência, assim como fora feito pelo Acórdão recorrido, com relação aos débitos oriundos dos fatos geradores de janeiro a novembro de 2007, nos termos do artigo 150, §4º do CTN. 2. Recurso voluntário 2.1.Preliminar de nulidade Como a própria Recorrente admite em sua petição (fls 1446), foi suscitada questão a título de preliminar, que, na realidade, confundese com o mérito do processo: O mesmo se diga sobre a alegada nulidade em função de erro na base de cálculo, exposta em fls 1491 da peça recursal: (...) Fl. 1563DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 11516.723522/201231 Acórdão n.º 3402003.103 S3C4T2 Fl. 116 11 Assim, não está configurada nulidade a ser sanada, seja no que diz respeito ao preceito do artigo 142 do Código Tributário Nacional, seja do artigo 59, incisos I e II do Decreto 70.235/72, segundo o qual são nulos somente os atos e termos lavrados por pessoa incompetente, os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fica reservada a análise do mérito do processo para os tópicos abaixo. 2.2. Mérito 2.2.1. Classificação fiscal O ponto nevrálgico da discussão sobre classificação fiscal neste processo consiste em saber se os cascos de embarcações vendidos pela empresa permitem a identificação da natureza das embarcações a que se destinam, para fins de aplicação da Nota 1 do Capítulo 89 da TIPI. Haja vista que a discussão dos presentes autos versa sobre a classificação fiscal de mercadorias, para fins de recolhimento do IPI, é válido tecer um breve esclarecimento a respeito da sistemática de classificação dos códigos na Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) para que, em seguida, seja possível a aplicação das regras estabelecidas pelas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (“NESH”) acerca da forma utilizada para a classificação de mercadorias. Pois bem. A sistemática de classificação dos códigos na Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) obedece à seguinte estrutura: 00 00 00 0 0 No presente caso, a classificação no NCM/SH pretendida pela Recorrente é a 8906.90.00, enquanto a posição sustentada pela Fiscalização no auto de infração e ratificada pela DRJ é a 8903.99.00. Vejamos abaixo os capítulos, posições, subposições itens e subitens que tais número representam: · classificação 8906.90.00 (entendimento do contribuinte): Capítulo 89: Embarcações e estruturas flutuantes Posição 06 outras embarcações, incluídos os navios de guerra e os barcos salvavidas, exceto os barcos a remo. Subposição 90: Outras Item/subitem 00: Outras Fl. 1564DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 12 · classificação 8903.99.00 (entendimento fazendário): Capítulo 89: Embarcações e estruturas flutuantes Posição 03 Iates e outros barcos e embarcações de recreio ou de esporte; barcos a remo e canoas. Subposição 99: Outros Item/subitem 00: Outros Ou seja, muito embora tenhamos certeza que a classificação como Embarcações e estruturas flutuantes é correta para as mercadorias sob discussão, permanece a dúvida com relação à Posição mais precisa, se a 06 (outras embarcações, incluídos os navios de guerra e os barcos salvavidas, exceto os barcos a remo) ou a 03 (iates e outros barcos e embarcações de recreio ou de esporte; barcos a remo e canoas). Dessa forma, fazse imperioso debruçarnos sobre as regras de interpretação do Sistema Harmonizado, na tentativa de dirimir a questão. São elas: REGRAS GERAIS PARA INTERPRETAÇÃO DO SISTEMA HARMONIZADO A classificação das mercadorias na nomenclatura regese pelas seguintes regras: REGRA 1 Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas Regras seguintes: REGRA 2 a) Qualquer referência a um artigo em determinada posição abrange esse artigo mesmo incompleto ou inacabado, desde que apresente, no estado em que se encontra, as características essenciais do artigo completo ou acabado. Abrange igualmente o artigo completo ou acabado, ou como tal considerado nos termos das disposições precedentes, mesmo que se apresente desmontado ou por montar. b) Qualquer referência a uma matéria em determinada posição diz respeito a essa matéria, quer em estado puro, quer misturada ou associada a outras matérias. Da mesma forma, qualquer referência a obras de uma matéria determinada abrange as obras constituídas inteira ou parcialmente por essa matéria. A classificação destes produtos misturados ou artigos compostos efetuase conforme os princípios enunciados na Regra 3. REGRA 3 Quando pareça que a mercadoria pode classificarse em duas ou mais posições por aplicação da Regra 2 b) ou por qualquer outra razão, a classificação deve efetuarse da forma seguinte: Fl. 1565DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 11516.723522/201231 Acórdão n.º 3402003.103 S3C4T2 Fl. 117 13 a) A posição mais específica prevalece sobre as mais genéricas. Todavia, quando duas ou mais posições se refiram, cada uma delas, a apenas uma parte das matérias constitutivas de um produto misturado ou de um artigo composto, ou a apenas um dos componentes de sortidos acondicionados para venda a retalho, tais posições devem considerarse, em relação a esses produtos ou artigos, como igualmente específicas, ainda que uma delas apresente uma descrição mais precisa ou completa da mercadoria. b) Os produtos misturados, as obras compostas de matérias diferentes ou constituídas pela reunião de artigos diferentes e as mercadorias apresentadas em sortidos acondicionados para venda a retalho, cuja classificação não se possa efetuar pela aplicação da Regra 3 a), classificamse pela matéria ou artigo que lhes confira a característica essencial, quando for possível realizar esta determinação. c) Nos casos em que as Regras 3 a) e 3 b) não permitam efetuar a classificação, a mercadoria classificase na posição situada em último lugar na ordem numérica, dentre as suscetíveis de validamente se tomarem em consideração. REGRA 4 As mercadorias que não possam ser classificadas por aplicação das Regras acima enunciadas classificamse na posição correspondente aos artigos mais semelhantes. REGRA 5 Além das disposições precedentes, as mercadorias abaixo mencionadas estão sujeitas às Regras seguintes: a) Os estojos para aparelhos fotográficos, para instrumentos musicais, para armas, para instrumentos de desenho, para jóias e receptáculos semelhantes, especialmente fabricados para conterem um artigo determinado ou um sortido, e suscetíveis de um uso prolongado, quando apresentados com os artigos a que se destinam, classificamse com estes últimos, desde que sejam do tipo normalmente vendido com tais artigos. Esta regra, todavia, não diz respeito aos receptáculos que confiram ao conjunto a sua característica essencial. b) Sem prejuízo do disposto na Regra 5 a), as embalagens contendo mercadorias classificamse com estas últimas quando sejam do tipo normalmente utilizado para o seu acondicionamento. Todavia, esta disposição não é obrigatória quando as embalagens sejam claramente suscetíveis de utilização repetida. REGRA 6 A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de subposição respectivas, assim como, Fl. 1566DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 14 mutatis mutandis, pelas Regras precedentes, entendendose que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. Para os fins da presente Regra, as Notas de Seção e de Capítulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário. Verificase que a classificação fiscal é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo. A Regra 1 é clara sobre isso, de maneira que a classificação fiscal pode ser feita sem a necessidade de se recorrer às demais regras de interpretação. Também é clara a Regra 1 sobre a preponderância dos dizeres das posições e da Notas de Seção ou de Capítulo, que prevalecem, para determinação de classificação de mercadorias, sobre qualquer outra consideração. Assim, antes de adentrar na discussão sobre qualquer outra regra de interpretação do sistema harmonizado, cumpre analisar se as mercadorias objeto do auto de infração não pode ser classificadas pelos dizeres da Regra 1. As mercadorias são cascos de embarcações, e sobre isso não divergem as partes. Tampouco divergem, como já dito que tais cascos se classificam no Capítulo 89 da TIPI, sobre “embarcações e estruturas flutuantes”. Pois bem. Este Capítulo da TIPI possui a Nota 1, cujo conteúdo transcrevo abaixo: As embarcações incompletas ou por acabar e os cascos de embarcações, mesmo desmontados ou por montar, bem como as embarcações completas, desmontadas ou por montar, classificamse, em caso de dúvida sobre a natureza das embarcações a que dizem respeito, na posição 89.06. (grifei) Cumpre destacar o início das Considerações Gerais sobre esse Capítulo 89 da TIPI: CONSIDERAÇÕES GERAIS O presente Capítulo compreende as embarcações de qualquer tipo e para todos os usos, de propulsão mecânica ou não, bem como as diversas estruturas flutuantes tais como caixões, bóias de amarração, embarcadouros, bóias. Compreende também os veículos de colchão (almofada) de ar (hovercraft) concebidos para se deslocarem sobre a água (mar, estuários, lagos), mesmo que possam pousar em praias ou desembarcadouros ou deslocarse também sobre superfícies de gelo (Ver a Nota 5 da Seção XVII). Classificamse também neste Capítulo: A) As embarcações incompletas ou inacabadas como, por exemplo, as estruturas desprovidas das suas máquinas propulsoras, dos seus instrumentos de navegação, dos seus instrumentos de elevação e de movimentação, dos seus móveis. B) Os cascos, qualquer que seja a matéria de que se constituam. As embarcações incompletas ou inacabadas, e os cascos mesmo desmontados, bem como as embarcações completas desmontadas, classificamse como embarcações, conforme a Fl. 1567DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 11516.723522/201231 Acórdão n.º 3402003.103 S3C4T2 Fl. 118 15 natureza, segundo as características que apresentem, ou, em casos de dúvida sobre a natureza das embarcações a que dizem respeito, na posição 89.06. Depreendese da nota que cascos de embarcações classificamse como as próprias embarcações, conforme a natureza e finalidade da embarcação, segundo as características que possuam. Fica evidente aqui a questão nodal apresentada alhures. Afinal, somente na hipótese de dúvida sobre a natureza das embarcações a que dizem respeito é que os cascos devem ser classificados na posição 89.06, como quer a Recorrente. Outrossim a Nota não deixa dúvida sobre ser prescindível o debate de o casco ser “parte” do “todo” embarcação, apresentada pela Recorrente. O casco classificase de acordo com a finalidade da embarcação que, se não conhecida (no caso concreto, de acordo com o objeto social e os negócios praticados pela Recorrente, e não de forma geral e abstrata pela afirmação de que nunca se sabe qual o destino dos cascos, por ainda não se tratarem de embarcações completas), ensejará a utilização da posição 89.06, sem maiores delongas, e sem necessidade de recurso à Regra 2 do Sistema Harmonizado. Então, a que se destinam os cascos de embarcação comercializados pela Recorrente? A Fiscalização promoveu amplo esforço probatório para demonstrar que os cascos se destinam a barcos de recreio e esporte, fato este que, segundo a autoridade lançadora, é de conhecimento da Recorrente. Assim, autoridade fiscal desincumbiuse do ônus da prova que possuiu ao lavrar o auto de infração contra o Contribuinte (artigo 373 do Novo Código de Processo Civil). Sobre esse conjunto probatório, destaco trecho do acórdão recorrido: Além das informações encontradas no site, as fotos, catálogos e notas fiscais anexas, fls. fls. 747/788 e 411/730, comprovam que a empresa fabrica barcos incompletos (cascos para embarcações sem motor) de recreio ou esporte, conforme descrito no termo de verificação fiscal, fls. 863 a 877, onde consta a especificação detalhadamente dos modelos Focker 160, Focker 205 e Focker 310 GT. Ressaltese que as fotos de cascos fabricados pela autuada para embarcações de busca e salvamento (barcos salvavidas e ambulância), fls. 1409/1410, anexadas pela contribuinte no processo nº 10909.005544/200772, mostram as diferenças de forma, características e visual destes com os cascos para lazer e esporte, que podem ser visualizados no site retromencionado. Verificase, das notas fiscais e demonstrativos constantes dos autos, que os clientes a que se destinam os “cascos” vendidos são pessoas físicas e empresas náuticas, cujo objeto social é o comércio varejista de embarcações e outros veículos recreativos, que dificilmente comprariam cascos para fabricação de lanchas para policiamento ou “ambulanchas”. Deste modo, podese inferir que não só a contribuinte tem condições de definir a natureza da embarcação ao qual o casco se destina, como até mesmo pode identificar a qual modelo o casco se refere. Fl. 1568DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 16 Adiciono a este conjunto probatório que a Recorrente possui como CNAE (código de descrição da atividade econômica principal) a Construção de embarcações para esporte e lazer (30.12100), e como atividade econômica secundária o comércio varejista de embarcações e outros veículos recreativos, peças e acessórios (47.63605). A seu turno, sobre a questão do conhecimento prévio da natureza da embarcação à qual os cascos são destinados, a Recorrente retoma seus argumentos sobre os cascos constituírem simples parte de um todo composto (barcos), para depois afirmar (fls 1466): Contudo, não procede o argumento da Recorrente. A Fiscalização não efetuou o lançamento com base em presunção, mas sim em diversas provas que lhe levaram a entender que a classificação adotada pela Contribuinte estava equivocada. Cabia à Recorrente, então, provar seu direito, conforme determina o artigo 373, inciso II do NCPC. Nesse sentido, verifico que a Recorrente trouxe aos autos ofício de diligência realizada em processo judicial que faz parte, perante a Justiça Estadual de Santa Catarina (fls 1397 – DOC 11 da Impugnação). Contudo tal documento referese a específico e determinado barco, de nota fiscal n. 382, e sua classificação fiscal, sendo, portanto, imprestável para qualificar todos os cascos de embarcação objeto do presente processo administrativo. Saliento que não é possível depreender desse documento se o barco em questão é o mesmo dos analisados pela Fiscalização no caso sob exame, o que também não foi informado pela Recorrente. Já no DOC. 12 da Impugnação (fls 1400) a Recorrente apresenta Consulta formulada à Delegacia da Capitania dos Portos em Itajaí – Marinha do Brasil, que muito embora esteja manifestandose sobre os termos náuticos e técnicos requeridos pela Consulente, esclarece que eventuais dúvidas remanescentes sobre a classificação de mercadorias devem ser apresentadas perante a Receita Federal. Em síntese, esse último documento vai na mesma linha da defesa da Recorrente, ao explicar detalhadamente o conceito de embarcação, para concluir que os cascos são somente partes da embarcação, ainda sem finalidade específica, que só virá com a destinação efetiva conferida pelo proprietárioadquirente da mesma, expressada na sua inscrição ou transferência. Ora, mas é justamente a prova de que a Recorrente tem esse conhecimento prévio do destino dos cascos qual seja, para barcos de recreio e esporte, que desta forma serão qualificados em sua inscrição e transferência , que a Fiscalização efetuou. A Recorrente, por sua vez, somente insistiu no fato de que antes de completa a embarcação não se sabe o destino Fl. 1569DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 11516.723522/201231 Acórdão n.º 3402003.103 S3C4T2 Fl. 119 17 dos cascos, questão esta que não resolve o presente problema de classificação fiscal, uma vez a própria Nota 1 do Capítulo 89 determina que o casco será classificado conforme a natureza da embarcação, ou seja, a regra pressupõe que na importação/fabricação dos cascos a empresa, de acordo com seu objeto social e espécies de negócios praticados, já sabe para que tipo de embarcação serão destinados. A lógica da regra foi demonstrada no caso concreto pela Fiscalização, de acordo com fotos, catálogos, notas fiscais, sítio eletrônico, clientes, dentre outros elementos capazes de confirmar que os cascos em questão são invariavelmente destinados a embarcações de recreio e esporte. Disto concluo que a Recorrente não foi capaz de contradizer as provas apresentação pela Fiscalização. Afinal, a questão não se esgotava no fato de os cascos serem parte da embarcação, pois a Nota 1 do Capítulo 89 da TIPI impõe que, para fins de classificação fiscal, a parte será considerada como o todo. Assim, cabia à Recorrente demonstrar que os casos com os quais trabalha possuem outro destino que não barcos de recreio e esporte, o que não foi feito nestes autos. Ficou claro que os cascos comercializados pela Recorrente servem para barcos de recreio e esporte, de modo que está correto o ajuste da classificação das mercadorias para a posição 8903.99.00, destinada iates e outros barcos e embarcações de recreio ou de esporte; barcos a remo e canoas. Registro que foi nesse mesmo sentido, embora por fundamentos diferentes, que decidiu a 1ª Seção do CARF em julgamento da mesma Contribuinte, a receita das mesmas mercadorias: OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO LEGAL. RECEITAS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. INCIDÊNCIA DO IPI. ALÍQUOTA APLICÁVEL. Apuradas receitas cuja origem não seja comprovada, ainda que por presunção legal, correta a incidência do IPI sobre tais receitas. Na impossibilidade de separação por elementos da escrita, o imposto será quantificado mediante a aplicação da alíquota mais elevada, ou a única, daquelas praticadas pelo sujeito passivo. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. Deve ser mantida a classificação fiscal empregada pelo Fisco no lançamento, se baseada em criteriosa análise dos produtos fabricados e confirmada por diligência anterior ao julgamento de primeira instância. Havendo conhecimento prévio da natureza das embarcações para os quais se destinam os cascos fabricados, afastase a aplicação da Nota 1 do Capítulo 89 da TIPI, devendo o produto ser classificado no mesmo código das embarcações de destino. MULTA DE OFÍCIO. FALTA DE LANÇAMENTO DO IPI. IMPOSTO COM COBERTURA DE CRÉDITO. Correta a imposição de multa de oficio, proporcional ao valor do imposto que deixou de ser destacado na nota fiscal de saída (imposto não lançado), mesmo havendo créditos para abater parcela desse imposto. (Número do Processo 10909.003793/200561, F MARINE INDUSTRIA E COMERCIO DE Fl. 1570DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 18 PRODUTOS NAUTICOS LTDA Data da Sessão 26/08/2014, Relator WALDIR VEIGA ROCHA, Acórdão 1302001.491) Por essas razões, não acolho as razões da Recorrente a respeito da classificação fiscal das mercadorias. 2.2.2. Incidência de IPI sobre a revenda de bens importados. Estabelecimento equiparado a industrial A Recorrente se insurge contra a autuação fiscal em relação a vendas de produtos importados (barcos/cascos, das marcas SEA RAY e BAYLINER, classificados no código 8903.92.00, tributados à alíquota do IPI de 10%), sobre as quais a Fiscalização entendeu haver falta de recolhimento do IPI, uma vez que a empresa constitui estabelecimento equiparado a industrial para fins de incidência do imposto federal. A Recorrente traz contundente argumentação sobre a impossibilidade de tal cobrança, respaldada por entendimento jurisprudencial que por muito anos prevaleceu nos Tribunais Judiciários. Em suas palavras: Entretanto, em dezembro de 2015 o STJ julgou o EREsp 1403532/SC, recurso repetitivo, que envolvia justamente a legitimidade da cobrança de IPI na revenda de produtos importados no mercado interno, quando já houve seu recolhimento pela empresa importadora, considerando que o fato gerador ocorre no desembaraço aduaneiro. Nessa oportunidade, reviu seu entendimento anterior, como se constata da ementa do julgado colacionada a seguir: EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI. FATO GERADOR. INCIDÊNCIA SOBRE OS IMPORTADORES NA REVENDA DE PRODUTOS DE PROCEDÊNCIA ESTRANGEIRA. FATO GERADOR AUTORIZADO PELO ART. 46, II, C/C 51, PARÁGRAFO ÚNICO DO CTN. SUJEIÇÃO PASSIVA AUTORIZADA PELO ART. 51, II, DO CTN, C/C ART. 4º, I, DA LEI N. 4.502/64. PREVISÃO NOS ARTS. 9, I E 35, II, DO RIPI/2010 (DECRETO N. 7.212/2010). 1. Seja pela combinação dos artigos 46, II e 51, parágrafo único do CTN que compõem o fato gerador, seja pela combinação do art. 51, II, do CTN, art. 4º, I, da Lei n. 4.502/64, art. 79, da Medida Provisória n. 2.15835/2001 e art. 13, da Lei n. 11.281/2006 – que definem a sujeição passiva, nenhum deles até então afastados por inconstitucionalidade, os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando de sua saída do estabelecimento importador na operação de revenda, mesmo que não tenham sofrido industrialização no Brasil. Fl. 1571DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 11516.723522/201231 Acórdão n.º 3402003.103 S3C4T2 Fl. 120 19 2. Não há qualquer ilegalidade na incidência do IPI na saída dos produtos de procedência estrangeira do estabelecimento do importador, já que equiparado a industrial pelo art. 4º, I, da Lei n. 4.502/64, com a permissão dada pelo art. 51, II, do CTN. 3. Interpretação que não ocasiona a ocorrência de bis in idem, dupla tributação ou bitributação, porque a lei elenca dois fatos geradores distintos, o desembaraço aduaneiro proveniente da operação de compra de produto industrializado do exterior e a saída do produto industrializado do estabelecimento importador equiparado a estabelecimento produtor, isto é, a primeira tributação recai sobre o preço de compra onde embutida a margem de lucro da empresa estrangeira e a segunda tributação recai sobre o preço da venda, onde já embutida a margem de lucro da empresa brasileira importadora. Além disso, não onera a cadeia além do razoável, pois o importador na primeira operação apenas acumula a condição de contribuinte de fato e de direito em razão da territorialidade, já que o estabelecimento industrial produtor estrangeiro não pode ser eleito pela lei nacional brasileira como contribuinte de direito do IPI (os limites da soberania tributária o impedem), sendo que a empresa importadora nacional brasileira acumula o crédito do imposto pago no desembaraço aduaneiro para ser utilizado como abatimento do imposto a ser pago na saída do produto como contribuinte de direito (nãocumulatividade), mantendose a tributação apenas sobre o valor agregado. 4. Precedentes: REsp. n. 1.386.686 SC, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 17.09.2013; e REsp. n. 1.385.952 SC, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 03.09.2013. Superado o entendimento contrário veiculado nos EREsp. nº 1.411749PR, Primeira Seção, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. p/acórdão Min. Ari Pargendler, julgado em 11.06.2014; e no REsp. n. 841.269 BA, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 28.11.2006. 5. Tese julgada para efeito do art. 543C, do CPC: "os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando de sua saída do estabelecimento importador na operação de revenda, mesmo que não tenham sofrido industrialização no Brasil". 6. Embargos de divergência em Recurso especial não providos. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Percebese que o STJ firmou o entendimento no sentido de que os produtos importados estão sujeitos à incidência do IPI no momento do despacho aduaneiro e que há uma nova incidência de IPI na operação de revenda (saída do estabelecimento importador, independentemente de haver ou não industrialização dos produtos), pois esses constituem fatos geradores distintos. Com essa decisão o Egrégio Tribunal reverteu seu entendimento anterior de modo definitivo. Fl. 1572DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 20 Por tratarse de julgamento em sede de recurso repetitivo, é preciso aplicar ao presente caso o art. 62, §2º do RICARF, já citado alhures, uma vez que seu conteúdo prescreve a necessidade de reprodução, pelos Conselheiros, das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça, na sistemática dos recursos repetitivos. Ex positis, não acolho a defesa do contribuinte no que diz respeito à não incidência de IPI sobre a revenda de bens importados por estabelecimento equiparado a industrial. 2.2.3. Saldo credor de período anterior Ao refazer a conta gráfica da empresa, a autoridade fiscal desconsiderou o saldo credor escriturado em janeiro de 2007, no montante de R$ 342.884,37, porque os saldos do IPI dos anos calendários de 2005 e 2006 haviam sido zerados em outro procedimento fiscal, que deu origem ao PAF n. 10909.005544/200772. Assim, o saldo era devedor em janeiro de 2007. Argumenta a Recorrente que não poderia ter assim procedido a fiscalização, uma vez que o débito de IPI constante do PAF n. 10909.005544/200772 não se reveste de certeza e liquidez, além de estar com exigibilidade suspensa, uma vez que encontrase sob discussão administrativa. Ocorre que, por expressa determinação do artigo 63 da Lei n. 9.430/96, o Fisco tem o direito de lavrar auto de infração para prevenir decadência de tributo. Assim, muito embora esteja ainda sob discussão o PAF n. 10909.005544/200772, é possível que a Fiscalização efetue o lançamento tributário levando tal processo em consideração, como fez no presente caso. 2.2.4. Multa sobre o IPI não lançado com cobertura de crédito A argumentação apresentada pela Recorrente acerca da exigência de multa de ofício, prevista no artigo 80 da Lei n. 4.502/64, no caso concreto foi bem enfrentada pelo acórdão recorrido, sendo irretocável a decisão nesse ponto. Dessarte, por questão de brevidade e eficiência, colaciono abaixo trecho do acórdão da DRJ sobre a matéria: Então, a multa de ofício para a mencionada infração é sempre proporcional (75%) ao IPI não lançado na nota fiscal, incidindo sobre todas as operações praticadas pela contribuinte com essa irregularidade. Com isso, a referida multa de ofício independe se, da reconstituição da escrita implementada pelo Fisco no período em que ocorreram as operações irregulares Fl. 1573DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 11516.723522/201231 Acórdão n.º 3402003.103 S3C4T2 Fl. 121 21 supracitadas, foi apurado um eventual saldo devedor ou credor de IPI. A única implicação advinda dessa apuração de saldo devedor ou credor é uma divisão no auto de infração, meramente operacional, daquela multa de ofício sobre o IPI não lançado, feita pelo sistema eletrônico da Receita Federal que processa a lavratura do auto de infração. Tal sistema divide a aludida multa de ofício em duas rubricas no auto de infração: (i) multa de ofício sobre o IPI não lançado sem cobertura de crédito; e (ii) multa de ofício sobre o IPI não lançado com cobertura de crédito. A soma dos valores da multa ofício aplicada sobre o IPI não lançado sem cobertura de crédito e sobre o IPI não lançado com cobertura de crédito totaliza exatamente o montante da multa de ofício aplicada sobre todas as operações irregulares praticadas pela contribuinte em razão do não lançamento (destaque) do IPI nas notas fiscais de saída. Ou seja, a multa de ofício sobre o IPI não lançado é sempre o somatório dos valores alocados naquelas rubricas. Sobre o assunto, cabe destacar ementa do Parecer Normativo CST nº 39, de 1976, publicado no Diário Oficial da União em 23/06/1976: “A multa, por falta de lançamento, apurada pela fiscalização, é sempre aplicável, independentemente do imposto não lançado estar ou não coberto por eventuais créditos.” Em suma, não há qualquer multa isolada consignada no lançamento. O que há é a mesma multa de ofício lançada na presença de falta de recolhimento aplicada por falta de lançamento ou lançamento a menor do IPI nas saídas de produtos tributados, conforme descrição dos fatos constante do auto de infração, fls. 841/845, e termo de verificação fiscal, fls. 863/877. Adoto os citados dizeres como razões de decidir nesse julgamento, nos moldes do artigo 50, §2º da Lei n. 9.784/99, para não acolher a defesa da Recorrente nesse ponto. 2.2.5. Multa confiscatória A Recorrente brada ainda pela decretação do caráter confiscatório da multa que lhe foi aplicada, com base no artigo 150 inciso IV, além do princípio da proporcionalidade e da razoabilidade, todos estampados na Constituição Federal. Entretanto, a argumentação da Recorrente não escapa de uma necessidade de aferição de constitucionalidade da legislação tributária que estabeleceu o patamar das Fl. 1574DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 22 penalidades fiscais, o que é vedado ao CARF, conforme os dizeres de sua Súmula n. 2, in verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ademais, no âmbito do processo administrativo fiscal é expressamente vedado afastar a aplicação de lei sob fundamento de inconstitucionalidade, por força do artigo 59 do Decreto no 7.574/2011. Portanto, não conheço da alegação de que a multa seria confiscatória e, portanto, inconstitucional. 2.2.6. Inaplicabilidade de juros equivalentes à SELIC sobre os débitos tributários Por fim, clama a Recorrente pela inaplicabilidade da taxa SELIC sobre os débitos que lhe são exigidos. Todavia, a matéria está consolidada pelo no CARF, como se depreende da Súmula n. 4, vazada nos seguintes termos: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais., vazadas Sem dúvidas, portanto, a respeito a validade do auto de infração quando aplicou a taxa Selic ao débito tributário objeto do lançamento. Conclusão Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício e negar provimento ao recurso voluntário. Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz Fl. 1575DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 0 1/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ
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Numero do processo: 12466.002351/2008-22
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jun 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 05/01/2004 a 05/04/2004
PROCEDIMENTO FISCAL. FALTA DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO.
O Mandado de Procedimento Fiscal visa o controle administrativo das ações fiscais da RFB, não podendo afastar a vinculação da autoridade tributária à Lei, nos exatos termos do art. 142 do CTN, sob pena de responsabilização funcional. O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, no pleno gozo de suas funções, detém competência exclusiva para o lançamento, não podendo se esquivar do cumprimento do seu dever funcional em função de portaria administrativa e em detrimento das determinações superiores estabelecidas no CTN, por isso que a inexistência de MPF não implica nulidade do lançamento.
Recurso Especial do Contribuinte Negado
Numero da decisão: 9303-003.876
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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FALTA DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. O Mandado de Procedimento Fiscal visa o controle administrativo das ações fiscais da RFB, não podendo afastar a vinculação da autoridade tributária à Lei, nos exatos termos do art. 142 do CTN, sob pena de responsabilização funcional. O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, no pleno gozo de suas funções, detém competência exclusiva para o lançamento, não podendo se esquivar do cumprimento do seu dever funcional em função de portaria administrativa e em detrimento das determinações superiores estabelecidas no CTN, por isso que a inexistência de MPF não implica nulidade do lançamento. Recurso Especial do Contribuinte Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 23 51 /2 00 8- 22 Fl. 1432DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS 2 (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência à Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), apresentado tempestivamente pelo contribuinte acima, em face do acórdão n° 30134.369, de 23/04/2008, do qual resultou a ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 05/01/2004 a 05/04/2004 PROCEDIMENTO FISCAL. LANÇAMENTO. COMPETENTE. AUTORIDADE Decisão judicial em sede de Medida Cautelar em Ação Rescisória ajuizada pela Procuradoria da Fazenda Nacional assegurou à Autoridade Tributária o direito de proceder ao lançamento com o fim de prevenir a decadência em face da suspensão dos efeitos de decisão judicial anterior que assegurara o direito à compensação de débitos da Recorrente com créditos de terceiros CréditoPrêmio de IPI. Nos termos do art. 9º, § 3º, do Decreto n° 70.235/1972 Processo Administrativo Fiscal (PAF), a formalização do auto de infração previne a jurisdição e prorroga a competência da autoridade que dela primeiro conhecer. No âmbito federal, a competência para lavratura de auto de infração é do AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil. PROCEDIMENTO FISCAL. FALTA DE MPF. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. A instituição do MPF visa ao melhor controle administrativo das ações fiscais da Secretaria da Receita Federal do Brasil e foi dirigida aos recursos humanos desse órgão, não devendo ser entendida como instrumento capaz de afastar a vinculação da autoridade administrativa à Lei, sujeita a sua atividade à responsabilidade funcional nos exatos termos do que dispõe o art. 142 do CTN. O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, no pleno gozo de suas funções, detém competência exclusiva para o lançamento, não podendo se esquivar do cumprimento do seu dever funcional em função de portaria administrativa e em detrimento das determinações superiores estabelecidas no CTN, por isso que a inexistência de MPF não implica nulidade do lançamento. Fl. 1433DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS Processo nº 12466.002351/200822 Acórdão n.º 9303003.876 CSRFT3 Fl. 714 3 PROCEDIMENTO FISCAL. MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO RESCISÓRIA. LEGITIMIDADE PASSIVA. Nas hipóteses de alienação de coisa ou direito litigioso os efeitos da sentença são extensivos ao adquirente ou cessionário (art. 42, § 3º , CPC). Nos casos da espécie, em se tratando de impostos incidentes na importação de mercadorias cujo pagamento tenha sido promovido com créditos adquiridos de terceiros, ainda objeto de apreciação judicial, e que tenham como importador o cessionário desses direitos, é lícito que este figure como sujeito passivo da relação tributária. Recurso Voluntário Não Conhecido. A recorrente suscitou divergência quanto à nulidade do Auto de Infração por ausência de mandado de procedimento fiscal. Foi admitido o recurso especial. A recorrente trouxe o seguinte paradigma: Acórdão nº 230201.371 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2002 MPF. AUSÊNCIA DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF confere aos lançamentos e autuações legitimidade de que decorreram dos motivos e informações nele declarados. É também instrumento de controle da atividade de fiscalização. A ausência de MPF torna nulo todo o procedimento. (...) Nas contrarazões, a Fazenda Nacional sustenta que a Egrégia Turma, acertadamente, entendeu que não houve qualquer mácula capaz de ensejar a nulidade da autuação, sendo certo, ainda, que a decisão impugnada encontra pleno apoio na jurisprudência consolidada no âmbito desse eg. Conselho. Ao final, requer negativa de provimento ao recurso especial. É o relatório Voto O recurso interposto pelo contribuinte é tempestivo, atende aos demais pressupostos de admissibilidade e deve ser admitido. Fl. 1434DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS 4 As duas teses vêm se digladiando há algum tempo nas Turmas do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e inclusive já tiveram oportunidade de serem cotejadas nesta Câmara Superior de Recursos Fiscais, com vantagem para o afastamento da preliminar de nulidade do MPF, por vícios, e manutenção do lançamento (acórdãos nºs CSRF/0105.558, de 4/12/2006; 9303001.194, de 25/10/2010 e 9202003.063, de 13/02/2014). No âmbito do Poder Judiciário a matéria não é muito recorrente nos tribunais, todavia, o entendimento de que precisaria haver descumprimento de lei para a decretação de nulidade do lançamento, e ser demonstrada a ocorrência de prejuízo para a defesa do contribuinte, está estampada nesse aresto do TRF da 5ª Região: TRIBUTÁRIO E PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. NFLD's. ALTERAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR EM SEDE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE. INTIMAÇÃO DO CONTRIBUINTE FORA DO PRAZO FIXADO NO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. FALHA NA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL INDICADA NOS LANÇAMENTOS FISCAIS. VÍCIOS FORMAIS NÃO CONFIGURADOS. IMPROVIMENTO DA APELAÇÃO. 1. (...) 2. A despeito de o contribuinte ter sido intimado das NFLD's em apreço no dia 05/12/2002, após o término do último prazo de prorrogação do Mandado de Procedimento Fiscal MPF (30/11/2002), inexiste, nesse particular, vício formal a ensejar a nulidade das aludidas NFLD's. 3. A uma, porque não havia, à época dos fatos, previsão legal no sentido de que a intimação do contribuinte fosse feita antes do término do prazo de validade do MPF; a duas, porque o Fisco expediu as NFLD's, pela via postal, em 29/11/2002 (fl. 889), ou seja, antes do término do último prazo de prorrogação do citado MPF, sendo desarrazoada a exigência, na hipótese em apreço, da intimação do contribuinte somente dentro do aludido prazo de validade do procedimento fiscal; e, a três, pelo fato de não ter sido demonstrada a ocorrência de prejuízo para a defesa do contribuinte em decorrência desse pequeno atraso na entrega das notificações dos mencionados lançamentos fiscais, já que foi garantido àquele, na esfera administrativa, o exercício do contraditório e da ampla defesa. 4. Rejeitada, ainda, a alegação de vício formal quando à ausência de fundamentação legal nas NFLD's em estudo, uma vez que a documentação acostada aos autos (fls. 21/64 e 195/208) demonstra o contrário. 5. Apelação cujo provimento é negado. Apelação Cível 200782000016553 4ª T TRF5 Des Edílson Nobre DJE 04/10/2012 Pág 900 Assim é que o auto de infração, e conseqüentemente o lançamento, somente seria nulo se tivesse sido lavrado por pessoa incompetente ou sem fundamentação legal, conforme dispõe o Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, art. 59, inciso I: “Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; (...).” Fl. 1435DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS Processo nº 12466.002351/200822 Acórdão n.º 9303003.876 CSRFT3 Fl. 715 5 No presente caso, o auto de infração em discussão foi lavrado por Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, servidor competente para exercer fiscalizações externas de pessoas jurídicas e, se constatadas faltas na apuração do cumprimento de obrigações tributárias, por parte da fiscalizada, tem competência legal para a sua lavratura, com o objetivo de constituir os créditos tributários por meio do lançamento de ofício. Possíveis incorreções e/ ou deficiências, ou mesmo ausência do MPF, não o tornam nulo nem anulável e sim defeituoso ou ineficaz até a sua retificação. Contudo, nada disto foi demonstrado. O MPF tem tripla função: a) materializa a decisão da administração, trazendo implícita a fundamentação requerida para a execução do trabalho de auditoria fiscal; b) atende ao princípio constitucional da cientificação e define o escopo da fiscalização; e, c) faz reverência ao princípio da pessoalidade. Questões ligadas ao seu descumprimento, inclusive falta de assinatura, ainda que comprovada, deve ser resolvida no âmbito do processo administrativo disciplinar e não tem o condão de tornar nulo o lançamentos tributário que atendeu aos requisitos do CTN, art. 142, e do Decreto nº 70.235, de 1972, art. 10. Além disto, instrumento de controle administrativo, como o MPF, criado por portaria, não se pode sobrepor ao Código Tributário Nacional que determina a realização do lançamento que é vinculado e obrigatório. Dessa forma não há que se cogitar da nulidade do lançamento por ausência ou possíveis falhas no MPF. Demais disso, ainda dois argumentos militam em prol da higidez do lançamento ora discutido, como bem arrematou o Redator Designado do acórdão recorrido: De outra parte, mesmo que compulsória fosse tal exigência, estaria a ação fiscal protegida pela exceção estabelecida no Decreto nº 3.724/2001 e na Portaria SRF nº 6.087/2005, visto que tais atos dispensam tal documento quando de ações fiscais efetuadas com base em procedimento de fiscalização interna de revisão de declarações e de revisão aduaneira. Finalmente, mesmo que os outros anteriores argumentos não fossem suficientes, o MPF estaria dispensado no caso presente tendo em vista que a ação fiscal foi efetuada a partir de autorização judicial para constituir o crédito tributário, objetivando evitar a decadência do direito da Fazenda Nacional. Na esteira disso tudo, penso que a decisão recorrida não merece qualquer reparo, pois além de bem fundamentada está em consonância com a jurisprudência administrativa e dos tribunais federais. Posto isso, NEGO PROVIMENTO ao recurso especial. Fl. 1436DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS 6 Rodrigo da Costa Possas Relator Fl. 1437DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS
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Numero do processo: 10410.721632/2012-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Apr 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008
NULIDADE. INOCORRÊNCIA
Não há que se falar em nulidade se não houve cerceamento ao direito de defesa, os autos foram lavrados por servidor competente e não se observa qualquer outra hipótese de nulidade.
NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
RESPONSABILIDADE PELO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
São solidariamente responsáveis pelo crédito tributário apurado as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei os mandatários, prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
MULTA QUALIFICADA.
A multa de ofício qualificada é aplicável nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964.
Numero da decisão: 1401-001.474
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento aos recursos.
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Luiz Gomes de Mattos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregorio e Aurora Tomazini Carvalho.
Nome do relator: FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 NULIDADE. INOCORRÊNCIA Não há que se falar em nulidade se não houve cerceamento ao direito de defesa, os autos foram lavrados por servidor competente e não se observa qualquer outra hipótese de nulidade. NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA RESPONSABILIDADE PELO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. São solidariamente responsáveis pelo crédito tributário apurado as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei os mandatários, prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. MULTA QUALIFICADA. A multa de ofício qualificada é aplicável nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento aos recursos. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Presidente (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 72 16 32 /2 01 2- 84 Fl. 10991DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 3 2 Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregorio e Aurora Tomazini Carvalho. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto e transcrevo parcialmente o relatório que integra a decisão de piso, fls. 10861096: Contra a empresa acima qualificada foram lavrados Autos de Infração, acompanhados de seus Demonstrativos, conforme fls. 02 a 93, para exigência de créditos tributários referentes aos fatos geradores de 2009, nos totais a seguir especificados: 2. Conforme descrições dos fatos, fls. 06 a 07, 14 a 15, 19 a 20, e 30 a 31, os lançamentos foram decorrentes de: IRPJ – Lucro Arbitrado 0001 – RECEITAS OPERACIONAIS (ATIVIDADE NÃO IMOBILIÁRIA). REVENDA DE MERCADORIAS. Valor apurado conforme Demonstrativo de Créditos nas Contas Bancárias – Receita Tributável, em anexo.” (períodos de 2008) PIS/Pasep 0001 – FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS. Valor apurado conforme Demonstrativo de Créditos nas Contas Bancárias – Receita Tributável, em anexo.” (períodos de 2008) COFINS 0001 – FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS. Valor apurado conforme Demonstrativo de Créditos nas Fl. 10992DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 4 3 Contas Bancárias – Receita Tributável, em anexo.” (períodos de 2008) CSLL – Lucro Arbitrado 0001 – CSLL SOBRE O LUCRO ARBITRADO Valor apurado conforme Demonstrativo de Créditos nas Contas Bancárias – Receita Tributável, em anexo.” (períodos de 2008) 3. No Termo de Encerramento (fls. 35 a 47), é informado ainda que: 3.1. o Termo de Início do Procedimento Fiscal foi enviado ao endereço da matriz constante do cadastro da RFB, voltando com observação de endereço insuficiente, o mesmo ocorrendo quando enviado para uma filial e quando enviado para a segunda filial voltou com informação que o contribuinte havia se mudado; 3.2. tratandose de estabelecimento bem conhecido do ramo comercial de materiais para construção, de nome fantasia Tenda Home Center, foram efetuadas diligências no endereço da matriz, das filiais e no endereço onde funcionava a empresa, constatando que os endereços fornecidos nos cadastros da RFB estavam incompletos “e que onde a empresa conhecidamente funcionava, a mesma já não existe”, sendo este endereço onde funcionava, e que consta dos cadastros dos bancos, a Av. Fernandes Lima, 3263, Farol, MaceióAL; 3.3. enviadas intimações aos sócios para os endereços cadastrados na RFB, aquela para o sócio Antônio Semi Valente voltou com informação de terse mudado, e para o sócio Admir Batista da Silva, voltou com a informação de que o mesmo se recusou a recebêla. Intimado, o sócio Antônio Semi Valente, no endereço do contrato social, a correspondência voltou informando que o número de residência não existe; 3.4. desta forma foi dada ciência do Termo de Início de Procedimento Fiscal através de edital em 24/01/2012, no qual foram solicitados resumidamente livros e documentos fiscais e contábeis, que relaciona, além de extratos bancários, DIPJ AC 2008, uma vez que o contribuinte se encontra omisso neste ano, não tendo o contribuinte apresentado nenhum dos livros e documentos solicitados; 3.5. tendo o contribuinte movimentação financeira de 19 milhões, conforme informação da CPMF, foram os bancos intimados a fornecer os extratos bancários e informações e fichas cadastrais; 3.6. com base nos extratos bancários, foi elaborado o Demonstrativo de Créditos nas Contas Bancárias Total, com o montante de R$ 19.728.333,21. O contribuinte foi intimado via edital, através do Termo de Intimação Fiscal 0001 a justificar a origem dos recursos relacionados no citado demonstrativo, e nenhuma resposta foi apresentada; Fl. 10993DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 5 4 3.7. através da análise dos históricos contidos nos extratos bancários foram identificados os créditos na conta que não configuram receita tributável, sendo, assim, expurgados valores de empréstimos, cheques devolvidos, estornos, conta garantida etc, após o que foi elaborado o Demonstrativo de Créditos nas Contas Bancárias – Receita Tributável, no qual constam créditos tributáveis totalizados por mês, sendo o total anual de receita de R$ 12.098.035,66, encontrandose no demonstrativo Resumo da Movimentação Financeira os totais dos créditos recebidos nas contas bancárias do contribuinte relativos aos anos de 2007, 2008 e 2009; 3.9. “Efetuamos uma relação de processos de execução/cautelar no Tribunal de Justiça de Alagoas tendo como réu a Palmeira e Filhos Ltda”; 3.10. o contribuinte não apresentou nenhum dos livros e documentos solicitados no Termo de Início de Procedimento Fiscal, ensejando o arbitramento do lucro, conforme legislação, com base na receita bruta conhecida apurada no Demonstrativo de Créditos nas Contas Bancárias – Receita Tributável; 3.11. “Através das informações prestadas pelos bancos, para a nossa surpresa, foi informado que quem possuía autorização para movimentar as contas bancárias eram os antigos sócios”, assim para dirimir qualquer dúvidas os bancos foram novamente intimados informarem especificamente quem movimentava as contas bancárias a partir de 12/02/2009, data da transferência da empresa aos sócios atuais, e fornecer cópia dos cartões de autógrafo; 3.12. com exceção do banco Real/Santander, que não localizou os cartões de autógrafo e informou que a única informação cadastral que possuía era a 18ª alteração no quadro social de 12/02/2009, na qual figuram os novos sócios Admir Batista da Silva e Antônio Semi Valente, as demais instituições financeiras confirmam o que já haviam informado anteriormente e apresentam cópias do cartão de autógrafos das pessoas autorizadas a movimentar as contas bancárias após a transferência das quotas aos sócios atuais, sendo informado pelas instituições bancárias que as pessoas autorizadas continuam sendo os antigos sócios: Benedito Palmeira – CPF 016.611.16434, Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira – CPF 087.788.17404, Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira Júnior – CPF 027.618.00460, Maria Aparecida Palmeira Cavalcante – CPF 240.476.27453, e Carlos Margeno da Rocha Barros Palmeira – CPF 139.863.68434; 3.13. “Não constam das informações bancárias nenhuma exclusão de sócio que estava autorizado a movimentar as contas bancárias antes das transferências das quotas e que deveria estar impedido a partir de 12/02/2009, data da transferência das quotas para os novos sócios”; 3.14. “Desta forma, fica evidenciado quem geria as contas bancárias da empresa Palmeira & Filhos Ltda, inclusive após a Fl. 10994DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 6 5 transferência das quotas da empresa em 12/02/2009. Os antigos sócios acima relacionados, ainda movimentaram em 2009, ano do encerramento das atividades da empresa (junho 2009) R$ 2.436.584,85. Vide demonstrativo Resumo Movimentação Financeira”; 3.15. conforme já mencionado, os sócios atuais foram intimados, porém sem sucesso. O Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira foi intimado a prestar esclarecimentos, respondendo, resumidamente que: 1) a pessoa com poder de gerência até 12/02/2009 era o mesmo e após esta data os Srs. Admir Batista da Silva e Antônio Semi Valente; 2) a empresa encerrou suas atividades 4 meses após ser transferida para os novos sócios, com sentença de falência em 19/01/2010; 3) a empresa não foi vendida, tratandose de uma cessão onerosa de quotas sociais realizada em 12/02/2009; 4) cedeu suas cotas na empresa porque queria se aposentar; 5) a empresa fechou suas portas devido à gestão ruinosa do Sr. Admir Batista da Silva, que conheceu em evento social de fornecedor em comum, e o outro sócio, Sr. Antônio Semi Valente, conheceuo apenas na hora da assinatura do contrato em 12/02/2009, tendo acrescentado que estava há muito evidenciada a má intenção do Sr. Admir Batista da Silva ao celebrar o negócio que “meteuse na empresa a se apoderar do resultado das vendas das mercadorias do estoque, sem o repor, nem pagar os fornecedores. Isso, além remeter constantemente mercadorias do estoque para as unidades de Comercial Batista Ltda. Havendo ... notícias de que ele, Sr. Admir Batista da Silva, depois de fechar as portas da empresa, desviou o restante das mercadorias de seu estoque para um depósito clandestino situado à Rua Beno Maia Gomes, n. 145b, Ponta Grossa, nesta urbe, conforme ... o auto de apreensão ... da SEFAZ e as declarações dos fretistas...”; 6) não precisou ter conhecimento sobre a capacidade financeira dos compradores porque não se tratou de compra e venda com preço estipulado a ser pago, possuindo o Sr. Admir Batista da Silva um vasto patrimônio imobiliário e era sócio da empresa Comercial Batista há mais de 25 anos; 7) sobre o preço da transação, declarou não se tratar de venda e sim cessão de cotas, logo não havendo valor de venda, ficando estipulado uma pensão alimentícia de R$ 7.000,00 mensais, que nunca foi paga; 8) “quanto à comprovação do recebimento do valor da venda e contrato de venda, declarou que caso existisse recibo estaria com quem pagou e anexou contrato”; 9) que a empresa, embora tivesse ativos, tinha muitas dívidas; 3.16. “a gestão financeira da empresa nunca deixou de ser da família do Sr. Benedito Palmeira, este declara patrimônio na sua DIPF, enquanto os demais sócios, praticamente não declaram renda e patrimônio, provavelmente prevendo processos de execução judicial, já que os nomes de alguns constavam com sócios antes da transferência para os atuais sócios”. O exsócio Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira Júnior é neto do Sr. Benedito Palmeira e os demais exsócios são seus filhos; 3.17. “o banco Itaú, por exemplo, informa textualmente ... que o Fl. 10995DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 7 6 responsável por movimentar as contas bancárias ... após 12/02/2009 era o Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira. Embora no cadastro do banco conste os Srs. Admir Batista da Silva e Antônio Semi Valente como sócios. Alguns bancos receberam essa alteração contratual, talvez apenas para o caso de execução das dívidas bancárias, porém, os mesmos não tinham autorização para movimentar as contas bancárias, conforme já foi dito”; 3.18. “A CEF informa que a conta bancária ... ainda está ativa e apresenta além do cartão de autógrafo de todos os sócios, o do Sr. Benedito Palmeira, que já havia se retirado da sociedade há algum tempo, ainda possuindo poderes para movimentar a conta no referido banco”; 3.19. “... em 23/09/2009, período que não era mais sócio, o Sr. Fernando Antônio recebeu relatório de consultoria por ele solicitada”; 3.20. “... corrobora a ligação do Sr. Benedito Palmeira nos negócios da fiscalizada... uma operação triangulada, ou seja, uma doação que ele e sua esposa, Dulce da Rocha Barros Palmeira, CPF 925.493.65453 (dependente do Sr. Benedito Palmeira), fizeram ao Sr. Fernando Antônio, no valor de R$ 871.306,38, os quais, o Sr. Fernando Antônio informou que foram depositados diretamente nas contas bancárias da fiscalizada para suprimento de caixa, dos quais R$ 615.414,35 consta como empréstimo na DIPF AC 2008 do Sr. Fernando Antônio à fiscalizada. Na DIPF AC 2008, do Sr. Benedito Palmeira, ainda consta um empréstimo à fiscalizada com saldo em 2007 de R$ 131.700,00 e em 2008 de R$ 73.700,30... ”; 3.21. pelo procedimento de transferência de mercadorias pelo Sr. Admir Batista da Silva da Tenda, nome fantasia da Palmeira & Filhos Ltda, para a empresa Comercial Batista, pertencente ao Sr. Admir Batista da Silva, conforme auto de apreensão de mercadorias de emissão da SEFAZAL, segundo o qual as mercadorias estavam sendo transportadas sem nota fiscal, e consoante declarações do caminhoneiro, “percebese que a fiscalizada foi transferida para o Sr. Admir Batista da Silva para que o mesmo se desfizesse do patrimônio da empresa antes que os processos de execução chegassem à fase final e a eminente falência fosse decretada”; 3.22. fica caracterizado o conluio, nos termos do art. 73 da lei 4.502/64, entre o Sr. Admir Batista da Silva e o Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira, o qual, “quando solicitado à comprovação do valor da venda não atendeu o questionamento, item 8 acima”; 3.23. “Não foi solicitado recibo e sim comprovante que efetivamente havia recebido o valor da venda, ou seja, extrato bancário indicando o crédito. O Sr. Fernando Antônio informou que nunca recebeu o valor da pensão acertada com o Sr. Admir Batista da Silva. Não apresentou nenhum extrato bancário para Fl. 10996DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 8 7 comprovar, como também se negou a fornecêlos em fiscalização específica em sua pessoa”; 3.24. segundo a DIPJ 2008 AC 2007 da empresa Comercial Batista, o Sr. Admir Batista da Silva detém 39% dessa empresa, que também pertence aos seus familiares, conforme registros da RFB, e possuía patrimônio líquido de R$ 4.047.337,71 e faturamento de R$ 13.683.736,87 estando a DIPJ AC 2008 com todas as informações em branco e em 2009 está omissa “até a presente data” e suas demais empresas estão com CNPJ cancelado por irregularidade; 3.25. “Que interesse teria um empresário do mesmo ramo da fiscalizada, com uma empresa quase do mesmo porte da fiscalizada, considerando faturamento declarado, em por seu nome em uma sociedade endividada (vide resposta do Sr. Fernando Antônio, na parte do passivo e relação de processos judiciais), em vias de falência, com muitos processos de execução em fase já adiantada, sem poder movimentar as contas bancárias, que não fosse tirar algum proveito dos seus estoques e patrimônio, como o próprio Sr. Fernando Antônio informou?”; 3.26. “O Sr. Antônio Semi Valente apresentou apenas declaração do imposto de renda pessoa física – DIPF relativa ao ano calendário de 2007”, com rendimentos anuais de R$ 100,00 com bens e direitos zero, estando omisso nos demais anos. “Acreditamos que o mesmo seja um ‘laranja’ ...”; 3.27. o contribuinte encerrou as atividades em junho e teve falência decretada em 19/01/2009. “Até a presente data, seu cadastro continua ativo em nossos registros, com o CNPJ indicando ainda estar em atividade”; 3.28. “o contribuinte não realizou os procedimentos previstos em lei para situação de encerramento de atividades e extinção da sociedade, perante a Receita Federal do Brasil, como declaração de encerramento e baixa da inscrição do CNPJ, caracterizando assim dissolução irregular da sociedade”, ensejando a responsabilidade pessoal dos sócios administradores, Sr. Admir Batista da Silva e Sr. Antônio Semi Valente, pelos débitos devidos pela empresa Palmeira & Filhos Ltda, uma vez que a sociedade não existe mais, considerando o disposto no art. 135, II e III do CTN; 3.29. “Considerando que o Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira era a pessoa que administrava financeiramente a empresa Palmeira e Filhos, juntamente com seus familiares que podiam movimentar as contas bancárias da fiscalizada isoladamente, ficam os mesmos solidariamente responsáveis pelos débitos devidos, uma vez que tinha interesse comum na situação fática”, nos termos do art. 124, I, do CTN; 3.30. “Conforme acima mencionado, o sócio pessoalmente responsável em função da dissolução irregular da sociedade, Sr. Admir Batista da Silva, intimado, se recusou a prestar esclarecimentos. A empresa devidamente intimada, não forneceu Fl. 10997DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 9 8 nenhum documento solicitado no termo de início de ação fiscal. Os Srs. Admir Batista da Silva e Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira praticaram conluio. Assim, fica agravada e qualificada a multa de ofício...”. 4. Cientificados dos autos de infração e Termo de Sujeição Passiva solidária, conforme fls. 800 a 818, e 909 a 913 — sendo as fls. 800 a 809 referentes aos Termos de Sujeição Passiva, com respectivas ciências profícuas, e as fls. 810 a 817 e 909 a 913 referentes às ciências do Auto de Infração, sendo estas por: 1) AR: para a empresa, com ciência improfícua (fls. 810, 817 e 913); para o sócio atual Antonio Semi Valente, com ciência improfícua (fls. 815 e 816); para o sócio Admir Batista da Silva, com ciência improfícua (fls. 910 a 912); para responsáveis solidários, com ciências profícuas (fls. 811 a 813 e 909); e 2) por Edital 21/2012, fl. 818, com ciência em 30/04/2012, para a empresa e seus representantes legais, em função das suas ciências iniciais terem sido improfícuas — apenas os responsáveis solidários apresentaram impugnações (idênticas), estando a do Sr. Benedito Palmeira nas fls. 916 a 931, a do Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira nas fls. 949 a 964, a da Sra. Maria Aparecida Palmeira Cavalcante nas fls. 982 a 997, a do Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira Júnior nas fls. 1015 a 1030, e a do Sr. Carlos Margeno da Rocha Barros Palmeira nas fls. 1048 a 1063, com os seguintes conteúdos, em síntese: 4.1.1. a fiscalização afirma que foi elaborado o Demonstrativo de Crédito nas Contas Bancárias Total com montante de crédito no valor de R$ 19.728.33,21 a partir de extratos bancários fornecidos pelos bancos, porém não juntou tais extratos; 4.1.2. diz que intimou o contribuinte via edital através do Termo de Intimação Fiscal 001 a justificar a origem dos recursos, porém não juntou referido Edital; 4.1.3. noticiou uma relação de processos de execução/cautelar no Tribunal de Justiça de Alagoas tendo réu Palmeira & Filhos Ltda, porém não juntou essa relação; 4.1.4. referese às informações prestadas pelos bancos, mas não juntou tais informações, de que quem possuía autorização para movimentar as contas bancárias eram os antigos sócios Benedito Palmeira, CPF 016.611.16434, Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira, CPF 087.788.17404, Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira Júnior, CPF 027.618.00460, Maria Aparecida Palmeira Cavalcante, CPF 240.746.27453, e Carlos Margeno da Rocha Barros Palmeira, CPF 139.863.68434; 4.1.5. aduz que não existe das informações bancárias nenhuma exclusão de sócios que estavam autorizados a movimentar as contas antes da transferência das cotas, porém não juntou tais informações; 4.1.6. declina conjectura de que quem geriria as contas bancárias da empresa, inclusive após a transferência das cotas Fl. 10998DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 10 9 em 12/02/2009, seriam os antigos sócios relacionados e que esses movimentaram em 2009 R$ 2.436.584,85, porém sem apontar quais contas foram movimentadas; 4.1.7. não há indicação das provas que demonstrem a efetiva movimentação das supostas contas, que é atividade registrada pela instituição bancária que identifica a pessoa que a executou; 4.1.8. faz referência a inúmeras informações prestadas por Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira, mais uma vez sem juntar tais informações; 4.1.9. conjectura que “a gestão financeira da empresa nunca deixou de ser da família do Sr. Benedito Palmeira”, que este declara patrimônio na sua DIRPF e “os demais sócios praticamente não declaram renda, provavelmente prevendo processos de execução judicial”, o que é mera especulação; 4.1.10. cita que o Banco Itaú informa que o responsável por movimentar as contas bancárias após 12/12/2009 era o Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira, embora nos seus cadastros constasse o Sr. Ademir Batista da Silva e Antônio Semi Valente como sócios, mas não juntou tal resposta, e admite que “alguns bancos receberam essa alteração contratual, talvez apenas para o caso de execução das dívidas bancárias”, sem declinar quais os bancos receberam essa alteração, a qual não juntou, sendo mera especulação sobre eventuais execuções de dívidas bancárias; 4.1.11. quer fazer crer, o autuante, que a instituição bancária permitia um terceiro, não sócio, deter poderes de movimentar as contas bancárias, enquanto os representantes da mesma, ao arrepio da legislação bancária e empresaria, não podiam movimentálas, ilação totalmente desmerecedora de crédito; 4.1.12. “que a CEF informa que a conta bancária da fiscalizada ainda está ativa e apresenta além do cartão de autógrafo de todos os sócios, o do Sr. Benedito Palmeira, que já havia se retirado da sociedade há algum tempo, ainda possuindo poderes para movimentar a conta bancária”, mas não juntou os cartões dos sócios nem do Sr. Benedito Palmeira, havendo vagueza sobre quando este teria se retirado da empresa; 4.1.13. não há indicação de prova pertinente à efetiva movimentação da conta, pois um cartão de assinatura no banco não implica que ele tenha movimentado a conta; 4.1.14. observa que o Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira recebera em 23/09/2009 relatório de consultoria por ele solicitado, mas não juntou tal relatório; 4.1.15. afirma que outro fato que corrobora a ligação do Sr. Benedito Palmeira nos negócios da fiscalizada é a doação que o mesmo e sua consorte fazem no montante de R$ 871.306,38 ao Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira, em face do valor ser depositado na conta da fiscalizada, mencionando ainda Fl. 10999DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 11 10 a existência de saldos de empréstimo em favor do Sr. Benedito Palmeira relativos aos exercícios 2007 e 2008 na contabilidade da empresa, sendo mais uma incoerência, uma vez que pretende extrair de negócios legítimos declarados à RFB pelas pessoas físicas envolvidas e pela pessoa jurídica, e registrados em sua contabilidade, como os demais negócios que praticava por ano; 4.1.16. se tal raciocínio fosse legítimo, as instituições financeiras e grandes fornecedores do sujeito passivo principal estariam na mesma condição de sujeito passivo solidário que se tenciona imputar ao Sr. Benedito Palmeira, sendo absurdo; 4.1.17. “o autuante diz que ‘a fiscalizada foi transferida para o Sr. Ademir Batista da Silva, para que o mesmo se desfizesse do patrimônio da empresa antes que os processos de execução chegassem à fase final e a eminente falência fosse decretada’”, sendo vaga a referência aleatória a processos em execução e à decretação iminente de falência sem apontar o processo pertinente, já que a falência, segundo o seu próprio relato, só foi decretada em 2010; 4.1.18. “Isso porque, segundo essa autoridade, o Sr. Fernando Antônio relata que o Sr. Ademir Batista da Silva estava liquidando as mercadorias da fiscalizada, inclusive transferindo mercadorias para sua empresa Comercial Batista. Não juntou esse relato”; 4.1.19. referese, para provar o seu relato, a um auto de apreensão de mercadorias da SEFAZ –AL no qual as mercadorias estavam sendo transportadas sem nota fiscal e o caminhoneiro declarara que foi contratado para transportar as mercadorias do depósito da Tenda, nome comercial da empresa Palmeira & Filhos, para a empresa Comercial Batista, pertencente ao Sr. Ademir Batista da Silva, mas não juntou o auto nem prova de tal declaração; 4.1.20. a fiscalização em face de tal episódio, insinua a existência de conluio entre Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira e Sr. Ademir Batista da Silva, nos termos do art. 43 da lei 4.502/64, com ajuste doloso para o desvio de mercadorias da fiscalizada, porque “o primeiro, de boafé, cooperando com a fiscalização forneceu elementos que provam que o segundo referido estava desviando, ele por si, tais mercadorias”; 4.1.21. “Em termos ainda mais simples, conclui pelo conluio entre os Srs. Fernando e Admir, porque o Sr. Fernando noticiou e provou que o Sr. Admir estava desviando as mercadorias! Absurdo, mais uma vez, isso seria o mesmo que imputar coautoria a uma testemunha que delatasse um crime! Vício de inferência patente”; 4.1.22. aduz que o Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira não atendeu a solicitação de comprovante do recebimento do valor da venda, mas não juntou a solicitação; Fl. 11000DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 12 11 4.1.23. como poderia apresentar o extrato comprovando o crédito que não recebeu? Como comprovar aquilo que não aconteceu? “Exigirse isso é exigir o que a doutrina chama de Prova Diabólica, não há como ser produzida”, ocorrendo vício de inferência; 4.1.24. afirma que a fiscalizada estava endividada em vias de falência com muitas execuções em fase adiantada, reportandose a resposta do Sr. Fernando Antônio, mas não juntou a resposta; 4.1.25. divaga, sem apresentar provas, sobre a condição do Sr. Antônio Semi Valente quando diz que “acreditamos que o mesmo seja um ‘laranja’”, no entanto, o auditor não aponta quem seria a interposta pessoa que usara desse expediente, muito menos aponta ou juntou os elementos de prova; 4.1.26. por fim, afirma que a sociedade encerrou suas atividades e teve a falência decretada, deixando de dar baixa na Receita Federal, deixou de juntar vários documentos, dentre os quais, a declaração de encerramento e baixa do CNPJ, sendo caracterizada dissolução irregular, contudo deixou de juntar o comprovante cadastral de que a empresa está ativa bem como não juntou prova de que a empresa não tenha entregado dos documentos referidos; 4.1.27. há contradição quando a própria autoridade afirma que houve encerramento irregular da empresa e noticia a decretação da sua falência, uma das formas previstas em lei de extinção regular da sociedade; 4.1.28. em face da extrema deficiência da fundamentação, não há como prosperar as exigências; 4.1.29. “... todos os fatos em que se fundam os Autos de Infração ora discutidos carecem de prova, vez que, sequer, foram juntados os extratos bancários, com base nos quais supostamente se apurou o faturamento da empresa em questão”; 4.1.30. “não há sequer prova de que os representantes legais da contribuinte foram intimados..., já que não foram juntados os termos de intimação e editais referidos pela autoridade”; 4.1.31. por desatender ao comando do art. 9º do Decreto 70.235/72, é que devem ser nulos os Autos de Infração; 4.1.32. a despeito da nulidade total dos autos, não devem surtir efeitos contra o impugnante, uma vez que materializarem obrigação pessoal, ele deveria ser intimado em nome próprio para satisfação da exigência, o que não ocorreu, mas apenas a sua intimação da imputação da sujeição passiva solidária, o que não substitui a intimação pessoal nos termos do inciso VI do art. 10 do Decreto 70.235/72, de modo que sem intimação do impugnante para satisfazer a exigência não há como prosperarem os autos de infração, restando defeito formal insuperável e nulidade; Fl. 11001DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 13 12 4.1.33. a autoridade autuante não conseguiu demonstrar a sujeição passiva do impugnante, não fazendo a prova devida. Referese a documentos bancários, termos, informações, relatos, mas não colaciona nenhuma das provas pertinentes, acarretando a nulidade do Termo de Sujeição Passiva Tributária Solidária em questão; 4.1.34. a autoridade tributária pretendeu aplicar o art. 124, I, do CTN, mas mesmo que tivesse sido devidamente provado, o que não foi, que o Sr. Fernando Antônio e seus familiares administrassem as contas da fiscalizada, isso não induziria à sujeição passiva do impugnante, pois sua conduta não se amolda à previsão normativa; 4.1.35. “... somente aqueles que realizam o fato gerador na realização de interesse jurídico público próprio é que pode ser solidariamente obrigado perante o Fisco”, citando como exemplo duas pessoas que compram determinado imóvel, em relação ao ITBI, ou de dois ou mais proprietários de veículo em relação ao IPVA, que seriam pessoas que assumiriam o pólo passivo da relação tributária, nesse caso, tendo interesse jurídico comum no fato gerador, cuja realização deflagra a solidariedade; 4.1.36. “... mesmo que se admitisse a absurda hipótese de que o impugnante administrava a fiscalizada, não seria o mesmo sujeito passivo das obrigações em tela, vez que não praticou conjuntamente com esta nenhum dos fatos geradores relatados nos Autos de infração combatidos, vez que administrar a empresa não é conduta colhida pela hipótese de incidência nem do IRPJ, nem do PIS/Pasep, nem da Cofins, muito menos, da CSLL”, e “não realizando conjuntamente o fato gerador, não haveria como imputar ao impugnante a sujeição passiva tributária solidária...”; 4.1.37. requer a improcedência “de todos os autos de infração... em face de sua total nulidade”; 4.1.38. “... superada a nulidade total, que sejam os mesmos declarados em relação ao impugnante por falta de intimação pessoal” (sic); 4.1.39. “... que o Termo de Sujeição Passiva seja declarado nulo por falta de prova. E, por fim, superada a nulidade desse termo, que seja o mesmo julgado improcedente por falta de adequação do fato narrado com a hipótese normativa que estabelece a solidariedade tributária”. 5. Observase que após a assinatura das respectivas impugnações, fls. 926, 959, 992, 1025 e 1058, ainda constam as seguintes observações, nas fls. 927 a 931, 960 a 964, 993 a 997, 1026 a 1030, e 1059 a 1063: 5.1. que a fiscalização aduz a intimação ao endereço do Sr. Antônio Semi Valente voltou informando terse o mesmo mudado, mas não juntou essa informação; Fl. 11002DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 14 13 5.2. não juntou a informação de que a intimação ao Sr. Admir Batista da Silva voltou informando que o mesmo se recusou a recebêla; 5.3. não juntou a informação de que a intimação enviada ao endereço Sr. Antônio Semi Valente constante do contrato social voltou informando número de residência não existente; 5.4. não juntou o edital por meio do qual fora efetivado o Termo de Início de Procedimento Fiscal; 5.5. repete que teriam sido juntados os extratos bancários fornecidos pelos bancos, nem o edital de ciência do Termo de Intimação Fiscal 0001, além de repetir outras informações já constantes da respectiva impugnação. A 4ª Turma da DRJ/REC, por unanimidade, decidiu pela improcedência das impugnações apresentadas pelos responsáveis solidários (Sr. Benedito Palmeira, Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira, Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira Júnior, Sr. Carlos Margeno da Rocha Barros Palmeira e Sra. Maria Aparecida Palmeira Cavalcante), para manter integralmente os lançamentos, bem como manter as sujeições passivas, tanto desses responsáveis solidários como dos responsáveis pessoais (Sr. Antonio Semi Valente e Sr. Admir Batista da Silva). Com relação a estes últimos, não se instaurou o contencioso, posto que eles não apresentaram impugnação. O referido Acórdão recebeu a seguinte ementa, fls. 1085: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2008 RESPONSABILIDADE PELO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. As pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador são solidariamente responsáveis pelo crédito tributário apurado. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei os mandatários, prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. MULTA QUALIFICADA. A multa de ofício qualificada (art. 44, §1º, da Lei 9.430/96) é aplicável nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 NULIDADE. HIPÓTESES NÃO VERIFICADAS. Não há que se falar em nulidade se não houve cerceamento ao direito de defesa, os autos foram lavrados por servidor Fl. 11003DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 15 14 competente e não se observa qualquer outra hipótese de nulidade. O quadro abaixo informa a data de ciência do Acórdão e a data de apresentação do recurso voluntário, por parte de cada um dos responsáveis solidários: Responsável Ciência Fls. Recurso Fls. Benedito Palmeira 12/11/12 3097 10/12/12 30983110 Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira 12/11/12 1142 10/12/12 31162127 Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira Júnior 22/11/12 1143 10/12/12 50825093 Carlos Margeno da Rocha Barros Palmeira 13/11/12 1139 10/12/12 70487059 Maria Aparecida Palmeira Cavalcante 12/11/12 1138 11/12/12 90149025 Todas as peças recursais apresentam conteúdo idêntico, limitandose a reproduzir os argumentos de defesa anteriormente apresentados na fase impugnatória. É o relatório. Voto Conselheiro Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator Os recursos atendem aos requisitos legais, razão pela qual devem ser conhecido. Delimitação da lide Conforme relatado, desde a fase impugnatória, não foi questionado o mérito em si das autuações, no que se refere às receitas não oferecidas à tributação, omitidas, inclusive quanto aos depósitos bancários de origem não comprovada, que serviram para apuração da base de cálculo dos tributos lançados. De igual forma, desde a fase impugnatória, também não foi contestado o procedimento de arbitramento do lucro, nem as multas agravadas em 50% por falta de atendimento de intimações. Consequentemente, em relação a tais matéria não se instaurou o contencioso nos termos dos arts. 14 e 17 do Decreto 70.235/72. Mérito Arguições relativas à ausência de provas Fl. 11004DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 16 15 Os recorrentes alegaram, novamente, que a fiscalização não teria juntado aos autos os extratos bancários, a partir dos quais foi elaborado o Demonstrativo de Crédito nas Contas Bancárias Alegação improcedente, posto que a impressão dos aludidos extratos bancários (fornecidos em meio magnético pelos respectivos bancos) consta das fls. 331 a 519. Os recorrentes também repetiram a alegação de que não consta dos autos o Termo de Intimação Fiscal que solicitou à empresa autuada que justificasse a origem dos recursos ali relacionados Alegação improcedente, posto que o referido Edital consta às fl. 851 e 856 908. Os recorrentes reclamaram da ausência, nos autos, da relação de processos de execução/cautelar no Tribunal de Justiça de Alagoas, tendo como réu Palmeira & Filhos Ltda. Alegação improcedente, posto que tal relação encontrase às fls. 852 a 855. Os recorrentes também alegaram que não constavam nos autos as informações dos bancos de que quem possuía autorização para movimentar as contas bancárias eram os antigos sócios, ora indicados como responsáveis solidários. Alegação improcedente, posto que às fls. 207 a 330 encontramse as informações bancárias de que, mesmo após a suposta transferência de propriedade da empresa em fevereiro de 2009, quem tinha poderes para gerir as contas bancárias eram os familiares Palmeira supra mencionados. Vale lembrar, outrossim, que o presente processo fiscal referese ao anocalendário de 2008 (período anterior à suposta transferência de propriedade). A decisão de piso detalhou bem este fato, conforme se verifica às fls. 1097 1098: 12.1. Na informação prestada pela Caixa Econômica Federal, em 16/02/2012, por exemplo, fls. 207 a 215, em resposta a requisição de 24/01/2012 para informar quem estava autorizado a movimentar as contas bancárias da empresa Palmeira & Filhos Ltda, inclusive sobre a existência de procurações, a partir de 12/02/2009 até a data da requisição, este Banco informa os cartões de autógrafos das pessoas autorizadas a movimentar as contas bancárias da empresa e informa especificamente na fl. 207 que “não há registro de instrumento de procuração outorgando poderes para movimentação da referida contas por terceiros”, estando os cartões de autógrafo em nome do Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira (fl. 209), do Sr. Benedito Palmeira (fl. 211), do Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira Júnior (fl. 213), da Sra. Maria Aparecida Palmeira Cavalcante (fl. 215). 12.2. Na informação prestada pelo Bradesco em 06/10/2011, fl. 228, este Banco informa que “localizamos o cartão de crédito n. 451870002271675, denominado Visa Business International Card, em nome da Palmeira & Filhos Ltda, sendo utilizado pelo Sr. Fernando A. R. Palmeira. Fl. 11005DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 17 16 12.2.1. Além disso, o Bradesco, em resposta a intimação semelhante àquela feita à Caixa Econômica Federal e aos outros bancos, apresenta cadastro do cliente Palmeira & Filhos Ltda, com data de 06/10/2011, fls. 229 a 243, e posteriormente com data de 09/02/2012, fls. 267 a 270, em que constam como sócios diretores da empresa, perante este Banco, o Sr. Carlos Margeno da Rocha Barros Palmeira e o Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira (fls. 230, 234, 238, 241, 268 ) e como representantes com amplos poderes de movimentação financeira de contas o Sr. Carlos Margeno da Rocha Barros Palmeira (fl. 242), o Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira (fls. 232, 236, 239, 243 e 270) e o Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira Júnior (fls. 231, 235 e 269), além de ficha de abertura de conta e de autógrafos do Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira Júnior (fls. 271 a 272), do Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira (fls. 273 a 275), da Sra. Maria Aparecida Palmeira Cavalcante (fls. 276 a 277) e ainda informações que se repetem, nas fls. 278 a 304. Observase não constar outras pessoas autorizadas a movimentar as contas no Banco Bradesco, apesar de na intimação o Banco ter sido questionado sobre a as pessoas com tais poderes após 12/02/2009. 12.3. Acompanhando resposta com data de 30/09/2011, o Banco Itaú Unibanco apresenta ficha cadastral da empresa em que aparecem como sócios os Sr. Admir Batista da Silva e o Sr. Antônio Semi Valente, conforme fls. 309 a 311, mas na correspondência datada de 1º/03/2012, fl. 320, este Banco informa que “a pessoa com poderes de assinar/movimentar as contas abaixo é o Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira, CPF 087.788.17404”. 12.4. O Banco Real/Santander, na resposta de fl. 330, de 24/02/2012, informa que a única coisa que encontrou foi a 18ª Alteração Contratual, que informa que a partir de 12/02/2009 os sócios Fernando Antonio da Rocha Barros Palmeira e Carlos Margeno da Rocha Barros Palmeira se retiram da sociedade e cedem suas cotas para o Sr. Admir Batista da Silva e o Sr. Antonio Semi Valente, que ficam com a administração da sociedade, não tendo sido localizados os cartões de autógrafos. 12.4.1. Vêse, portanto, que esta última informação está incompleta, na medida em que não forneceu os cartões de autógrafos com os efetivos poderes de movimentação das contas, pois o fato de haver alteração contratual não necessariamente implica em afastar os antigos sócios ou qualquer pessoa para a qual houvesse sido dada procuração, se fosse o caso, para movimentar as contas, se os novos sócios não vão fazer os seus próprios cartões de autógrafos para movimentar as contas antigas ou realizar abertura de novas. 12.4.2. As demais informações bancárias, ao contrário do que alegaram as defesas, constam dos autos e demonstram que os cartões de autógrafos não sofreram alterações e nem constam procurações para outras pessoas movimentar as contas Fl. 11006DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 18 17 bancárias da empresa, mesmo após a data de transferências das cotas em 12/02/2009, demonstrando assim o interesse dos membros da família Palmeira ainda nos negócios da empresa mesmo após a alegada cessão de cotas. 12.5. Quanto ao argumento da defesa de que a fiscalização não teria juntado a informação de que das exclusões bancárias não existe nenhuma exclusão dos antigos sócios que estavam autorizados a movimentar as contas, tal assertiva da defesa também não procede, pois das informações bancárias de fls. 205 a 330, de fato não consta qualquer exclusão das pessoas autorizadas a movimentar as contas, havendo, inclusive, a informação expressa da Caixa Econômica Federal na fl. 207 de que “não há registro de instrumento de procuração outorgando poderes para movimentação da referida conta por terceiros”, o que demonstra ausência de delegação de poderes por parte daqueles que constam com assinaturas nos cartões de autógrafos, que continuaram sendo os antigos sócios. Com relação às argumentações da defesa de que a fiscalização não teria apontado quais contas foram movimentadas, quando a fiscalização se refere que quem gerenciava as contas bancárias da empresa, inclusive após a transferência das cotas em 12/02/2009, seriam os antigos sócios e que esses movimentaram em 2009 R$ 2.436.584,85, temse a observar que as contas em questão foram aquelas contas relacionadas pela fiscalização com os créditos cuja origem não foi comprovada, relativamente ao ano de 2008, cujos extratos magnéticos transcritos se encontram nas fls. 331 a 519 e que constam do Demonstrativo de Créditos Bancários nas Contas Bancárias, anexo ao Termo de Intimação 0001, fls. 856 a 908, que ainda foi referenciado pelo Edital nº 08/2012, constante da fl. 851. De toda sorte, no que se refere às movimentações do ano de 2009, após a suposta transferência de propriedade da empresa, temse a esclarecer que o presente processo referese apenas, como já mencionado, aos créditos ocorridos no anocalendário de 2008, embora os antigos sócios tenham continuado com os mesmos poderes de movimentação das contas mesmo após a suposta transferência de propriedade, como atestam os cartões de autógrafos não alterados e demais informações de fls. 205 a 330. Mais adiante, os recorrentes afirmam que a fiscalização fez referência a inúmeras informações prestadas por Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira, mas que, tais supostas informações não constavam dos autos. Mais uma vez, tal alegação se revela improcedente, posto que tais informações constam, sim, dos autos (v. fls. 122 a 123 e 130 a 157). Por derradeiro, os recorrentes alegaram que não há sequer prova de que os representantes legais da contribuinte tenham sido intimados, pois não teriam sido juntados os termos de intimação e editais referidos pela autoridade fiscal. Também esta alegação não procede, conforme bem demonstrou a decisão de piso, fls. 1102, verbis: Fl. 11007DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 19 18 [...] constam intimações das fls. 94 a 103, 110 a 115, 116 a 118, 119 a 121 (com resposta às fls. 122 a 123), 124 a 129 (com resposta às fls. 130 a 157 e documentos acompanhando esta nas fls. 158 a 201), 800 a 817, 520 a 522 e 540 (com respostas às fls. 523 a 539 e 541 a 544) e editais de intimação, tendo em vista que algumas intimações postais se mostraram improfícuas, nas fls. 818 (Edital nº 21/2012, para ciência do Auto de Infração), fl. 850 (Edital 02/2012, para ciência do Termo de Início do Procedimento Fiscal) e fl. 581 (Edital nº 08/2012 para ciência do Termo de Intimação Fiscal 0001, de fl. 856, para justificar a origem de créditos bancários conforme anexo de fls. 857 a 908), o que demonstra mais uma vez que as defesas apresentam alegações de ausência de documentos nos autos que não condizem com o que se verifica nos mesmos, demonstrando argumentos não condizentes, ou sem respaldo, na realidade dos documentos. Diante de todo o exposto, considero que, em relação ao presente item, os recursos voluntários apresentados pelos responsáveis solidários não merecem provimento. Arguições relativas à insuficiência de demonstraçao da efetiva movimentação das contas bancárias Em relação a este item, assim se manifestaram os recorrentes: […] não há, sequer, a indicação das provas que demonstrem a efetiva movimentação das supostas contas, uma vez que movimentação de conta é conduta comissiva e necessariamente registrada pela instituição bancária, que dentre outras coisas, identifica precisamente a pessoa que a executou tal (Ausência de prova 01) […] não há indicação do elemento de prova pertinente à efetiva movimentação da conta, uma vez que o simples fato de ter um cartão de assinatura no banco não implica que ele tenha movimentado a conta. Conforme bem apontado pela decisão de piso, tais argumentos não visam justificar a origem em si dos créditos na conta bancária, limitandose a afirmar que não haveria prova de quem teria efetivamente movimentado a conta. Nessa linha de raciocínio, os recorrentes argumentam que “o simples fato de ter um cartão de assinatura no banco não implica que ele tenha movimentado a conta”. Tal argumento não pode prosperar. De plano, esclareçase que não restam dúvidas quanto à existência da movimentação das contas bancárias em nome da empresa no anocalendário 2008 (objeto do presente processo). Os extratos bancários que revelam tais movimentações, conforme já referido no corpo do presente voto, foram fornecidos pelos bancos em meio magnético, mas forma impressos e constam dos autos, fls. 331 a 519. Nesses extratos constam todos os depósitos/créditos em relação aos quais a empresa e/ou seus sócios foram intimados a comprovar a origem (v. Termo de Intimação 0001 e Demonstrativo de Créditos Bancários nas Contas Bancárias, fls. 856 a 908 e também Edital nº 08/2012, fls. 851). Fl. 11008DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 20 19 Ressaltese, por oportuno, que conforme as informações bancárias, fls. 205 a 330, mesmo após a data da suposta transferência das cotas societárias, ocorrida em 12/02/2009, tais cartões continuaram em nome dos mesmos antigos sócios, sem que houvesse transferência de poderes de movimentação. No entanto, considerando que a movimentação bancária relevante para o presente processo é aquela de 2008 (anterior à suposta transferência de cotas societárias), não restam dúvidas de que os responsáveis por tais movimentações, à época dos fatos, eram os antigos sócios, ora recorrentes, na condição de responsáveis solidários. Sobre o tema, manifestouse com muita propriedade a decisão de piso, fls. 1100 12.8. De acordo com a presunção legal prevista no art. 42 da Lei 9.430/96, constituemse em receitas tributáveis do contribuinte, pessoa física ou jurídica, os créditos cuja origem não foi comprovada em suas contas correntes, após para isso ser intimado. Assim, no caso de créditos bancários, o ônus de provar a origem é da autuada, que para isso foi intimada, conforme descrito no Termo de Encerramento e ainda o Edital de Intimação nº 008/2012, além da ciência dos autos de infração, mas não procedeu a tal prova. Quanto à prova da efetiva movimentação das contas e de que estas eram de responsabilidade dos antigos sócios, tal prova consta, como já mencionado, dos autos os extratos em nome da empresa no ano de 2008, fls. 331 a 519, e das informações bancárias de quais eram as pessoas autorizadas a movimentar tais contas, fls. 205 a 330, o que já foi objeto de análise, especialmente nos subparágrafos 12.1 a 12.5 acima. Nestes termos, considero que, também em relação ao presente tema, a decisão de piso não merece quaisquer reparos. Arguições relativas à suposta mudança de propriedade da pessoa jurídica autuada Conforme bem apontado pela decisão de piso, muitas das alegações apresentadas pelos responsáveis solidários referemse ao anocalendário de 2009, período em que houve a suposta mudança de controle societário da pessoa jurídica autuada. É este o caso, por exemplo da alegação dos recorrentes de que o Banco Itaú informa que o responsável por movimentar as contas bancárias após 12/02/2009 era o Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira, embora nos seus cadastros constasse o Sr. Ademir Batista da Silva e Antônio Semi Valente como sócios. Observase, no caso, de toda sorte, a permanência do antigo sócio como responsável pela movimentação bancária. A decisão de piso, fls. 1100, foi muita precisa ao identificar que o único efeito concreto dessa mudança de controle societário foi a inclusão dos novos sócios (Admir Batista da Silva e Antonio Semi Valente) no pólo passivo da presente autuação, sem qualquer influência sobre a responsabilidade pregressa dos antigos sócios. Afinal, devese ter em conta que a presente autuação se refere ao anocalendário de 2008, período em que ocorreu a movimentação bancária objeto do presente processo. Nesta época, inquestionavelmente os antigos sócios da família Palmeira ainda preservavam a conduição de sócios da empresa e, indubutavelmente, detinham os poderes de transacionar as contas da empresa. Reiterese, por Fl. 11009DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 21 20 oportuno, que este estado de coisas (poderes dos antigos sócios para movimentar as contas bancárias da empresa) não se alterou, nem mesmo depois da suposta transferência de cotaspara os senhores Admir Batista da Silva e Antonio Semi Valente. Importante relembrar, também, que os srs. Antonio Semi Valente e Admir Batista da Silva sequer apresentaram impugnação em relação às presentes autuações, não se instaurando para eles o contencioso. Sobre o presente tema, a decisão de piso manifestouse de forma muita objetiva e precisa, razão pela qual adoto e transcrevo parcialmente suas razões de decidir, fls. 11001102, verbis: 15. A defesa argumenta, em relação à Caixa Econômica Federal, que, embora a fiscalização afirme que a conta bancária da fiscalizada ainda está ativa e apresenta além do cartão de autógrafo de todos os sócios, o do Sr. Benedito Palmeira, que já havia se retirado da sociedade há algum tempo, embora ainda possuindo poderes para movimentar a conta bancária, não juntou, a fiscalização, os cartões dos sócios nem do Sr. Benedito Palmeira, havendo vagueza sobre quando este teria se retirado da empresa. Não procedem tais alegações, pois os referidos cartões de autógrafos da Caixa Econômica Federal constam especificamente das fls. 209 a 215. 16. A contribuinte diz ser absurdo considerar o vínculo do Sr. Benedito Palmeira com as atividades da empresa, em função da doação que o mesmo e sua consorte teriam feito no montante de R$ 871.306,38 ao Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira, em face do valor ser depositado na conta da fiscalizada, e devido à existência de saldos de empréstimo em favor do Sr. Benedito Palmeira relativos aos exercícios 2007 e 2008 na contabilidade da empresa, o que seria mais uma incoerência, uma vez que a fiscalização estaria pretendendo extrair suas conclusões de negócios legítimos declarados à RFB pelas pessoas físicas e pela pessoa jurídica envolvidas, e registrados em sua contabilidade, como os demais negócios que praticava por ano. 17. Destaquese, porém, que não é o fato de algo ser declarado como tal, em sendo o caso, a exemplo de uma doação ou um empréstimo, que isto lhe assegura tal natureza e efetiva existência nestes termos. As declarações estão sujeitas a comprovação de suas informações, a exemplo de o seu registro documental, com efeitos inclusive perante terceiros, e, no caso de doações, a comprovação do pagamento do Imposto de Transmissão Causa Mortis ou Doação – ITCD, e no caso de empréstimos, a existência de contratos de mútuo, pagamentos em devolução do empréstimo etc, principalmente em se tratando de altos valores, como é o caso da monta de R$ 871.306,38, observandose não ter sido localizada nos autos tais comprovações, restando demonstrado o interesse comum nos negócios da empresa não apenas por isso, mas também pelos demais elementos constantes dos autos, a exemplo da doação ao Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira ter sido Fl. 11010DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 22 21 depositada na conta da fiscalizada (empresa Palmeira & Filhos Ltda), dos saldos de “empréstimo” em favor do Sr. Benedito Palmeira relativos aos exercícios 2007 e 2008 constarem da contabilidade da empresa, mas principalmente pela própria participação dos membros da família Palmeira citados nos autos no quadro societário da empresa até 12/02/2009, data da transferência das quotas para os novos sócios, observandose que os fatos geradores objeto do auto de infração foram relativos ao anocalendário de 2008, e ainda considerando que os mesmos permaneceram com poderes de gerir e movimentar as contas bancárias da empresa mesmo após essa data, tendo tais sócios movimentado em 2009 até junho, quando ocorreu o encerramento das atividades da empresa a quantia de R$ 2.436.584,85, conforme descrito no procedimento fiscal (vide fl. 39). 18. Com relação aos argumentos de defesa contrários à informação da fiscalização, que teria dito que a transferência da empresa para o Sr. Admir Batista da Silva, se deu para que a fiscalizada se desfizesse do patrimônio antes que os processos de execução chegassem à fase final e a iminente falência fosse decretada, temse a observar que o presente processo referese ao ano de 2008, período em que não há qualquer questionamento de que a empresa pertencia a membros da família Palmeira, pois a “transferência” para o Sr. Admir Batista da Silva só viria a ocorrer no ano de 2009, conforme documentos de fls. 797 a 799 (vide também Termo de Encerramento, fls. 35 a 47). 19. De toda sorte, restou caracterizado no procedimento fiscal uma transferência societária com intuito de esvaziar o patrimônio da empresa e tentativa de afastar os antigos sócios de suas responsabilidades, muito embora os antigos sócios continuassem com poderes de movimentar as contas da empresa, tendo, portanto, interesses comuns nas transações bancárias e créditos. Se os novos sócios Admir Batista da Silva e Antônio Semi Valente já são pessoalmente responsáveis, por serem adquirentes da empresa e terem agido com infração da lei, pelo menos quanto à sua dissolução irregular, os antigos sócios, de toda maneira, eram sócios em 2008, anocalendário em questão, e são também responsáveis solidários por terem interesse comum, uma vez que os fatos geradores ocorridos no presente processo, para o ano de 2008, ocorreram em função da movimentação bancária sobre a qual os mesmos tanto tinham amplos poderes em 2008, além de terem continuado com tais poderes após a transferência das cotas, já que nenhuma restrição sobre as mesmas contas bancárias da empresa foi imposta aos mesmos, mesmo após tal transferência societária. 20. Quanto aos argumentos da defesa de que a fiscalização não teria juntado a solicitação que o Sr. Fernando Antônio da Rocha Barros Palmeira não atendeu, para apresentar comprovante do recebimento do valor da venda, tal não procede, pois tal solicitação consta dos Termos de Intimação Fiscal de fls. 119 a 121 e 126 a 129, com ciências nas fls. 124 e 125, tendo o mesmo Fl. 11011DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 23 22 Sr. Fernando Antonio, inclusive, apresentado a extensa resposta de fls. 130 a 157, na qual o Sr. Fernando Antonio faz referência ao endividamento e ao processo de falência, o que também contradiz a afirmação da defesa de que a fiscalização não teria juntado tal resposta do mesmo Sr. Fernando Antonio. 21. No que se refere à condição do Sr. Antônio Semi Valente, em relação ao qual a defesa argumenta que houve divagação da fiscalização ao acreditar ser o mesmo um “laranja”, argumentando a contribuinte que o auditor não aponta quem seria a interposta pessoa que usara desse expediente, há de se esclarecer que se compreende que interposta pessoa, se utilizada fraudulentamente, pode ser aquela denominada popularmente como “laranja”, sendo, em casos assim, os efetivos donos e interessados na pessoa jurídica aquelas que se utilizam da interposta pessoa. No presente caso, pelo que se depreende, conforme os autos e conteúdo do procedimento fiscal, os membros da família Palmeira mencionados nos autos foram arrolados como responsáveis solidários, pois mesmo após a transferência das cotas, permaneceram como reais interessados nos negócios da empresa, inclusive com poderes de movimentação financeira das contas da empresa. Diante do exposto, também em relação ao presente item, voto no sentido de negar provimento aos recursos voluntários. Arguições relativas à responsabilidade tributária solidária Assim como haviam feito na fase impugnatória, os recorrentes alegaram que os presentes lançamentos não devem surtir efeitos contra as pessoas físicas indicaddas como responsáveis solidários, posto que se trata de uma obrigação pessoal. Consequentemente, no entender dos recorrentes, eles deveriam ter sido intimados em nome próprio para satisfação da exigência, o que efetivamente não ocorreu. Sustentaram que a intimação da imputação da sujeição passiva solidária não substitui a intimação pessoal, referida no inciso VI do art. 10 do Decreto 70.235/72. Tal alegação foi corretamente enfrentada pela decisão de piso, razão pela qual adot e transcrevo parcialmente as suas razões de decidir, fls. 1103: 26. Ora, o inciso VI do Decreto 70.235/72, tal como mencionado pela contribuinte não trata de intimação, mas se refere à assinatura do autuante e indicação do seu cargo ou função e matrícula, o que consta dos autos de infração. 27. De toda sorte, com relação à ciência do Auto de Infração e do Termo de Sujeição Passiva Solidária, os impugnantes foram intimados por via postal, com ciência no dia 09/04/2012, na qualidade de responsável tributário solidário, conforme fls. 811 a 814 e fl. 909, estando correto tal procedimento, tendo em vista a previsão legal do art. 23 do Decreto 70.235/72, nada havendo que se ventilar em termos de nulidade no procedimento. Semelhantemente, a empresa e os seus últimos sócios e representantes legais, estes considerados responsáveis pessoais, uma vez que suas intimações por via postal se mostraram Fl. 11012DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 24 23 improfícuas, conforme fls. 810, 817 e 913 (relativamente à ciência da empresa), fls. 815 e 816 (relativamente à ciência do Sr. Antonio Semi Valente) e fls. 910 a 912 (relativamente à ciência do sócio Sr. Admir Batista da Silva), foram os mesmos cientificados através do Edital nº 021/2012, em 30/04/2012, conforme fl. 818, encontrandose, portanto, perfeito o procedimento fiscal neste aspecto. Também alegaram os recorrentes que não teria sido suficientemente demonstrada a sujeição passiva das pessoas físicas, por ausência de documentos bancários, termos, informações, relatos etc. Não merece prosperar tal alegação. Compulsando os autos, é fácil verificar que encontramse anexados os documentos bancários (fls. 205 a 330 – informações bancárias, e fls. 331 a 519 – extratos bancários), bem como os termos de intimação (fls. 94 a 103, 110 a 115, 116 a 118, 119 a 121, 124 a 129 , 800 a 817, 520 a 522 e 540. Constam também os editais de intimação (fls. 818, 850, 581, 856 a 908) e demais informações e relatos (em todos os autos de infração, especialmente fls. 02 a 93). No tocante ao interesse comum dos membros da família Palmeira, devese ter em conta que, em relação aos fatos geradores de 2008, eles figuravam como sócios reais (materiais) e formais da empresa. Conforme exaustivamente repetindo ao longo do presente voto, mesmo após a suposta transferência das quotas para o Sr. Admir Batista Silva e Sr. Antonio Semi Valente (em 12/02/2009, ou seja, 4 meses antes do encerramento das atividades da empresa), os antigos sócios continuaram gerindo as contas bancárias da empresa, tendo o Sr. Fernando Palmeira, inclusive, recebido relatório de consultoria por ele solicitada referente a “Avaliação Quantitativa Global de Estoque de Mercadorias”, com data de 23/11/2009. Ao contrário do que afirmaram os recorrentes, o aludido relatório encontrase anexado aos autos (fls. 193194). É inquestionável, no presente caso, o interesse comum no fato gerador demonstrado por esse conjunto de informações, principalmente pelos poderes para movimentar as contas bancárias da empresa, tanto em 2008 (anocalendário em questão) como mesmo após a transferência formal de cotas em 12/02/2009. Os recorrentes sustentaram que somente aqueles que realizam o fato gerador na realização de interesse jurídico próprio é que pode ser solidariamente obrigado perante o Fisco. Não é essa, contudo, a inteligência do art. 124, I do CTN, verbis: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; (...) Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Nesta mesma linha de raciocínio, os recorrentes afirmaram o seguinte: Fl. 11013DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 25 24 [...] mesmo que se admitisse a absurda hipótese de que o impugnante administrava a fiscalizada, não seria o mesmo sujeito passivo das obrigações em tela, vez que não praticou conjuntamente com esta nenhum dos fatos geradores relatados nos Autos de infração combatidos, vez que administrar a empresa não é conduta colhida pela hipótese de incidência nem do IRPJ, nem do PIS/Pasep, nem da Cofins, muito menos, da CSLL”, e “não realizando conjuntamente o fato gerador, não haveria como imputar ao impugnante a sujeição passiva tributária solidária [...]”. Tal alegação foi corretamente enfrentada pela decisão proferida pelo colegiado julgador a quo. Assim sendo, mais uma vez adoto e transcrevo parcialmente as suas razões de decidir, fls. 11041105: 33. Quanto a estes argumentos, devese observar que a solidariedade prevista legalmente se deve ao interesse comum nos fatos geradores, o que não se pode afastar para os sócios da empresa que tanto na época dos fatos geradores (2008) como mesmo após a transferência de suas cotas, somente ocorrida em 12/02/2009 (4 meses do encerramento das atividades da empresa), tinha efetivos poderes de administrar, gerir e movimentar livremente as contas das empresas. Portanto, não há que se falar nem improcedência nem em nulidade, seja dos autos de infração, seja das sujeições passivas, pessoal e solidárias, atribuídas, porque não houve cerceamento ao direito de defesa e os autos foram lavrados por servidor competente, além do que não se verifica qualquer outra hipótese de nulidade. Convém ter em mente que os responsáveis pessoais pelo presente crédito tributário, srs. Admir Batista da Silva e Sr. Antonio Semi Valente, não apresentaram impugnação no presente processo. Não obstante este fato, convém analisar a situação destas pessoas físicas, para fazer um contraste em relação à situação de solidariedade passiva tributária, atribuída aos antigos sócios da pessoa jurídica autuada (ora recorrentes). Para traçar tal paralelo, adoto e transcrevo as objetivas e precisas considerações constantes da decisão de piso, fls. 11041105 34. Quanto à responsabilidade pessoal do Sr. Admir Batista da Silva e Sr. Antonio Semi Valente, como descrito no Termo de Encerramento, fls. 44 e 45, ainda se observa que houve a dissolução irregular da sociedade, que “encerrou suas atividade em junho de 2009 e teve falência decretada em 19/01/2010” (fl. 44), mas manteve seu cadastro ativo nos registros da Receita Federal do Brasil – RFB, com CNPJ indicando ainda estar em atividade, conforme documentos (telas do sistema CNPJ) de fls. 104 a 106 e, especialmente a fl. 549 (onde a empresa consta como ativa na data daquela consulta em 21/03/2012), que demonstram tal registro, ao contrário da alegada falta de comprovação ventilada pela defesa, embora não tenha entregue declaração de encerramento e baixa de inscrição no CNPJ, o que caracterizou a dissolução irregular da sociedade, pela ausência de realização dos procedimentos previstos em lei para encerramento da atividade e extinção da sociedade perante a Fl. 11014DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 26 25 RFB, com a declaração de encerramento e baixa de inscrição no CNPJ. 35. Diante da dissolução irregular, infração legal que é, e considerandose que a sociedade encerrou suas atividades, embora tenha permanecido como ativa nos sistemas da RFB, foi atribuída no procedimento fiscal, fls. 44 e 45, a responsabilidade pessoal aos administradores da pessoa jurídica dissolvida, Sr. Admir Batista da Silva e Antônio Semi Valente, pelos débitos da empresa Palmeira & Filhos Ltda, em função do art. 135, III do CTN. CTN Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. 36. Além disso, ficou caracterizado, através da suposta transferência do quadro societário (embora não tenha ocorrido a efetiva transferência nos bancos de pessoas com poderes para movimentar as contas da empresa) e participação do Sr. Admir Batista da Silva, o intuito de esvaziar o patrimônio da empresa, que se encaminhou para a decretação de sua falência. 36.1. O próprio Sr. Fernando Antonio da Rocha Barros Palmeira informou, fls. 130 a 157 (em especial na fl. 152), e anexou documento da SEFAZ, de apreensão de mercadorias, bem como declarações do motorista, conforme fls. 195 a 202, relativamente às mercadorias que estavam sendo transportadas sob a responsabilidade do Sr. Admir Batista da Silva para a sua empresa Comercial Batista Ltda, tendo ficado caracterizado, conforme se depreende do procedimento e descrição fiscais informados no Termo de Encerramento e demais peças integrantes dos autos, o intuito do novo sócio e também responsável pela empresa, Sr. Admir Batista da Silva, em conjunto com os supostos antigos sócios da família Palmeira, no esvaziamento do patrimônio da empresa, a despeito do aparente desentendimento entre o antigo sócio (Sr. Fernando Antonio) e o novo (Sr. Admir Batista da Silva), pelas palavras do primeiro, o que, de toda forma, tal aparente desentendimento, não afasta a coparticipação entre os antigos sócios, que continuaram a ter poderes de movimentação financeira/bancária sobre a empresa, e o novo sócio, Sr. Admir Batista da Silva, empresário do mesmo ramo de atividade, de vasto patrimônio e experiência, que, como bem destacou a fiscalização, mesmo sem poder movimentar as contas bancárias, pode dispor do estoque e patrimônio que restava da empresa, constituindose em artifício doloso com o fito de esvaziar o patrimônio e impossibilitar a adimplemento das execuções fiscais perante a Fazenda Pública (vide relação Fl. 11015DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10410.721632/201284 Acórdão n.º 1401001.474 S1C4T1 Fl. 27 26 de processos de execução, fls. 189 a 192, 852 a 855) ao que a fiscalização caracterizou como conluio entre o Sr. Admir Batista da Silva e os antigos sócios para o esvaziamento patrimonial da empresa antes da sua falência, tendo por base o art. 73 da Lei 4.502/64, ensejando, inclusive, a qualificação da multa de ofício, a qual não merece ser afastada. Nestes termos, considero que em relação ao presente tema (responsabilidade solidária), a decisão recorrida não merece quaisquer reparos. Conclusão Diante de todo o exposto, voto no sentido de negar provimento aos recursos voluntários. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Fl. 11016DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO
score : 1.0
Numero do processo: 18239.008938/2008-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed May 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004
DESPESAS COM SAÚDE. PROVA.
A eficácia da prova de despesas com saúde, para fins de dedução da base de cálculo do imposto de renda pessoa física, está condicionada ao atendimento de requisitos objetivos, previstos em lei, e de requisitos de julgamento baseados em critérios de razoabilidade.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2301-004.621
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
João Bellini Júnior- Presidente.
Luciana de Souza Espíndola Reis - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior, Julio Cesar Vieira Gomes, Alice Grecchi, Luciana de Souza Espíndola Reis, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Ivacir Julio de Souza, Fabio Piovesan Bozza e Amilcar Barca Teixeira Junior.
Nome do relator: LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS
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PROVA. A eficácia da prova de despesas com saúde, para fins de dedução da base de cálculo do imposto de renda pessoa física, está condicionada ao atendimento de requisitos objetivos, previstos em lei, e de requisitos de julgamento baseados em critérios de razoabilidade. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. João Bellini Júnior Presidente. Luciana de Souza Espíndola Reis Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior, Julio Cesar Vieira Gomes, Alice Grecchi, Luciana de Souza Espíndola Reis, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Ivacir Julio de Souza, Fabio Piovesan Bozza e Amilcar Barca Teixeira Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 23 9. 00 89 38 /2 00 8- 13 Fl. 153DF CARF MF Impresso em 04/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 1259.018, da 19ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento Rio de Janeiro I, f. 75 78, que julgou parcialmente procedente a manifestação de inconformidade à exigência decorrente de lançamento de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), incidente no exercício 2005, anocalendário 2004, em razão de glosa de dedução indevida de despesas médicas, no valor de R$ 16.101,74, por falta de comprovação. O sujeito passivo apresentou impugnação, juntando documentos para comprovação das despesas médicas deduzidas na Declaração de Ajuste Anual e solicitando o cancelamento do crédito tributário. A impugnação foi objeto de revisão pela Delegacia da Receita Federal do Brasil Rio de Janeiro II, fl. 4955, a qual restabeleceu o valor glosado de R$ 1.402,00, correspondente ao valor pago em favor da Clínica neurológica Prof. Fernando Pompeu Ltda, CNPJ 00.320.520/000181, no valor de R$ 600,00 e de Eugênia Macedo da Costa Colaco, CPF 390.657.58704, no valor de R$ 802,00, alterando a glosa de dedução indevida de despesas médicas de R$ 16.101,74 para R$ 14.699,74. Contra essa decisão a interessada apresentou manifestação de inconformidade, apresentando documentos. A manifestação de inconformidade foi considerada parcialmente procedente pela DRJ, a qual restabeleceu o valor glosado de R$ 4.680,00, pago em favor de Marcos José do Couto Ferreira e de R$ 2.160,00, pago em favor de Fabiane Vargas Torres, alterando a glosa de dedução indevida de despesas médicas de R$ 14.669,74 para R$ 10.019,74. O sujeito passivo foi intimado da decisão recorrida em 16/09/2013, fls. 79. Em 11/10/2013 foi apresentado recurso, fls. 83, no qual a interessada alega que, incorretamente informou, em sua Declaração de Ajuste Anual, despesa médica em favor da Amil no valor de R$ 10.019,74, requerendo que ora seja considerado o valor correto de R$ 6.265,05. É o relatório. Fl. 154DF CARF MF Impresso em 04/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR Processo nº 18239.008938/200813 Acórdão n.º 2301004.621 S2C3T1 Fl. 154 3 Voto Conselheira Luciana de Souza Espíndola Reis, Relatora Conheço do recurso por constatar que atende os requisitos de admissibilidade. Despesas Médicas A dedução das despesas com saúde na Declaração de Ajuste Anual é permitida nos casos de prestação de serviço na área da saúde, realizada por médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como no caso de fornecimento de produtos de exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (art. 8o , inc. II “a” da lei 9.520, de 26/12/1995), quando o beneficiário da prestação do serviço ou o adquirente do produto for o contribuinte ou seus dependentes, e desde que o preço do serviço ou do produto tenha sido suportado pelo contribuinte (art. 8o § 2o, inc. II da lei 9.520, de 26/12/1995). O legislador restringiu a prova da despesa ao tipo documental, estipulando requisitos objetivos para sua eficácia, a saber: Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995: Art. 8º, § 2º O disposto na alínea a do inciso II: III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; No mais, é do contribuinte o ônus da prova das despesas com saúde deduzidas em sua Declaração de Ajuste Anual, quando exigida pelo Fisco, por força da determinação contida no DecretoLei 5.844/43, reproduzida no art. 73 do RIR, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). Logo, para desincumbirse do ônus da prova, ao contribuinte compete provar o fato que deu origem à despesa (serviço/produto) e também o pagamento efetuado. A Recorrente reconhece que cometeu um equívoco ao informar, em sua Declaração de Ajuste Anual, o pagamento de R$ 10.019,74, em favor de Amil/Amil Dental, conforme Tabela abaixo, ora admitindo que o pagamento feito à Amil Saúde corresponde, na verdade, ao valor de R$ 6.265,05. Fl. 155DF CARF MF Impresso em 04/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR 4 Tabela 1 CNPJ Prestador Serviço Nome Prestador Serviço Valor Declarado DAA Valor Glosado NFLD 29.309.127/000179 AMIL 9.064,54 9.064,54 29.309.127/007424 AMIL DENTAL 955,20 955,20 Total 10.019,74 10.019,74 A Recorrente apresentou extrato anual para imposto de renda ano base 2004 fl. 86, expedido pela Associação dos Servidores do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, declarando ter recebido da Recorrente, no ano de 2004, a título de pagamento à Amil Saúde, CNPJ 29.309.127/000179, o valor total de R$ 6.265,05, correspondente à parcela de R$ 504,20, nos meses de janeiro a julho, e de R$ 547,13, nos meses de agosto a dezembro. Consta, às fls. 92 e ss., contrato firmado entre Amil Assistência Médica Internacional Ltda e a Associação dos Servidores do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, datado de 07/07/1999, e aditivos. A data de nascimento da Recorrente é 27/05/1936, fl. 9, e no ano de 2004 contava com 68 anos de idade, sendo que o valor pago de R$ 547,13 é compatível com a tabela de valores vigente a partir de 06/07/2004, para essa faixa etária, anexa ao contrato, fl. 138. Portanto, considero eficazes as provas apresentadas e restabeleço em parte a dedução a título de despesas médicas, correspondente a R$ 6.265,05. Conclusão Com base no exposto, voto por conhecer do recurso e darlhe provimento. Luciana de Souza Espíndola Reis Fl. 156DF CARF MF Impresso em 04/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR
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Numero do processo: 10805.900196/2008-98
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 28 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2001
PER/DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. DEMONSTRAÇÃO DE CERTEZA E LIQUIDEZ.
O IRRF é antecipação do imposto devido no encerramento do período de apuração, constituindo dedução quando comprovado o oferecimento à tributação dos rendimentos correspondentes e apresentado o respectivo comprovante de rendimentos pagos, emitido pela fonte pagadora, nos termos da legislação vigente.
Numero da decisão: 1402-002.084
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, dar provimento ao recurso para reconhecer o direito creditório no valor de RS 4.995.759,00, homologando-se as compensações pleiteadas até esse limite.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI.
Nome do relator: FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, dar provimento ao recurso para reconhecer o direito creditório no valor de RS 4.995.759,00, homologando-se as compensações pleiteadas até esse limite. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI.
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DIREITO CREDITÓRIO. DEMONSTRAÇÃO DE CERTEZA E LIQUIDEZ. O IRRF é antecipação do imposto devido no encerramento do período de apuração, constituindo dedução quando comprovado o oferecimento à tributação dos rendimentos correspondentes e apresentado o respectivo comprovante de rendimentos pagos, emitido pela fonte pagadora, nos termos da legislação vigente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, dar provimento ao recurso para reconhecer o direito creditório no valor de RS 4.995.759,00, homologandose as compensações pleiteadas até esse limite. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 90 01 96 /2 00 8- 98 Fl. 506DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10805.900196/200898 Acórdão n.º 1402002.084 S1C4T2 Fl. 507 2 Relatório PROTEGE S/A PROTEÇÃO E TRANSPORTE DE VALORES recorre a este Conselho contra decisão de primeira instância proferida pela 2ª Turma da DRJ Campinas/SP, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por pertinente, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): “Trata o presente processo de manifestação de inconformidade apresentada contra o Despacho Decisório Eletrônico (DDE), nº de rastreamento 754358444 (fls. 57), cientificado à interessada em 07/04/2008 (fls. 333), no qual se decidiu pela não homologação da compensação de que tratam as PER/DCOMP nºs 14551.42750.091205.1.7.021108, 02319.62943.091205.1.7.021201, 00803.43768.091205.1.7.029186, 17641.92309.091205.1.7.020193, 38245.60686.091205.1.7.028032, 38956.48141.091205.1.7.020712, 13634.64919.091205.1.7.028132, 30520.15642.091205.1.7.027100, 07640.67399.091205.1.7.028725, 24583.49019.071205.1.7.022047, 00996.30563.080405.1.7.021403 e 27793.59747.070105.1.3.028620, por não restar confirmado o direito creditório do CNPJ detentor do crédito (CNPJ nº 00.995.378/000172), correspondente ao saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2001, constante do PER/DCOMP com demonstrativo do crédito nº 24583.49019.071205.1.7.022047, consoante a fundamentação abaixo: “Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, não foi possível confirmar a apuração do saldo negativo, pois não foi identificado o período de apuração a que se refere o crédito informado, uma vez que a forma de apuração do lucro real indicada no PER/DCOMP difere da informada na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) correspondente ao período de apuração do saldo negativo demonstrado no PER/DCOMP. CNPJ do detentor do crédito: 00.995.378/000172 Forma de Apuração no PER/DCOMP: ANUAL Forma de Apuração na DIPJ: TRIMESTRAL Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$ 4.995.759,00 Diante do exposto, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada nos seguintes PER/DCOMP: 14551.42750.091205.1.7.021108, 02319.62943.091205.1.7.021201, 00803.43768.091205.1.7.029186, 17641.92309.091205.1.7.020193, 38245.60686.091205.1.7.028032, 38956.48141.091205.1.7.020712, 13634.64919.091205.1.7.028132, 30520.15642.091205.1.7.027100, 07640.67399.091205.1.7.028725, 24583.49019.071205.1.7.022047, 00996.30563.080405.1.7.021403, 27793.59747.070105.1.3.028620 Valor devedor consolidado, correspondente aos débitos indevidamente compensados, para pagamento até 31/03/2008. PRINCIPAL MULTA JUROS 7.049.061,79 1.409.812,24 3.288.266,48 Fl. 507DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10805.900196/200898 Acórdão n.º 1402002.084 S1C4T2 Fl. 508 3 Para verificação de valores devedores e emissão de DARF, consultar o endereço www.receita.fazenda.gov.br, na opção Serviços ou através de certificação digital na opção eCAC, assunto PER/DCOMP Despacho Decisório. Enquadramento legal: Art. 1º a 3º, Parágrafo 1º do art. 6º e art. 28 da Lei 9.430, de 1996. Art. 5º da IN SRF 600, de 2005. Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” Inconformada, a interessada apresentou, em 07/05/2008, por intermédio de seu representante legal, manifestação de inconformidade de fls. 66/72, acompanhada de documentos de fls. 73/331. Afirma ter incorporado a empresa Profrota Administração de Frotas S/A, em 29/06/2004, sendo realizado o registro junto aos órgãos competentes em 10/08/2004. E que, no regular exercício de suas atividades, durante o anocalendário 2001, a “Requerente” prestou serviços a diversos clientes, investindo parte de seu capital em aplicações financeiras, as quais ensejaram a retenção do imposto na fonte. Porém, teria apurado prejuízo no período citado, implicando a apuração de saldo negativo, passível de restituição ou compensação. Diz que, visando o aproveitamento desse crédito, a “Requerente” apresentou as declarações de compensação aqui discutidas, para fazer frente a débitos de sua titularidade, relativos a outros tributos administrados pela RFB, com fundamento nos dispositivos legais vigentes (arts. 156, II e 170 do CTN; art. 74 da Lei nº 9.430/1996 e IN SRF nº 210/2002). E continua: “De acordo com o entendimento manifestado, as compensações realizadas não foram homologadas por que os PER/DCOMP apresentariam a indicação de que a forma de apuração do IRPJ terseia dado anualmente, quando, de fato, essa apuração deuse trimestralmente. Frisese que este é o único fundamento invocado para sustentar a referida rejeição das compensações realizadas pela Requerente. A inconsistência apontada pela autoridade fiscal, no entanto, não tem o condão de invalidar a compensação declarada pela Requerente, vez que se trata de simples erro cometido no preenchimento dos PER/DCOMP, e que em nada poderia influir no montante dos créditos declarados. Isto pois, como restará demonstrado, o valor dos créditos informado nos PER/DCOMP coincide rigorosamente com aquele efetivamente apurado na DIPJ/01, a qual, por seu turno, foi elaborada de maneira escorreita, nos termos da legislação pertinente. Esclareçase, ademais, que, em casos semelhantes ao presente, em que há divergências entre os dados da DIPJ e dos PER/DCOMP, a fiscalização tributária normalmente concede aos contribuintes oportunidade para esclarecer os motivos que ensejaram esse desencontro de informações, com a expedição de Termos de Intimação, a fim de que apresentem DIPJ ou PER/DCOMP retificadores. No caso vertente, no entanto, não houve a expedição do referido Termo de Intimação. Caso a autoridade administrativa tivesse dado à Requerente oportunidade para corrigir os erros constantes dos PER/DCOMP em questão, o que – repitase – geralmente ocorre na praxe da Receita Federal, todas as informações prestadas pela Requerente guardariam a devida coerência entre si, havendo o correto cruzamento de informações e a conseqüente homologação da compensação declarada. Fl. 508DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10805.900196/200898 Acórdão n.º 1402002.084 S1C4T2 Fl. 509 4 (...). A indicação incorreta, na DIPJ, da forma de apuração da DIPJ, não passa de uma formalidade, que em medida alguma pode prejudicar a idoneidade dos créditos compensados. Tais créditos, no montante em que se encontram discriminados nos PER/DCOMP, correspondem exatamente àqueles apurados na DIPJ/2001, a qual, por sua vez, foi elaborada refletindo a materialidade dos fatos, de acordo com as normas aplicáveis. Desse modo, o simples e insignificante equívoco cometido quando do preenchimento dos PER/DCOMP não pode ser tido como motivo hábil a justificar a rejeição das compensações declaradas pela Requerente. Isso é tanto verdade, que, como já frisado, o único motivo invocado pela autoridade fiscal para denegar a homologação dos PER/DCOMP foi esse pífio lapso, não se encontrando, no Despacho Decisório, qualquer menção aos valores ou à origem dos créditos. E isto nem poderia ocorrer, pois, como dito, os créditos declarados são legítimos, e plenamente passíveis de lastrear as compensações referidas, as quais, portanto, hão de ser homologadas. Diante do exposto, dúvidas não restam a respeito da improcedência do Despacho Decisório, razão pela qual os respectivos débitos compensados encontramse definitivamente extintos, nos termos do artigo 156, inciso II do CTN.” (negrejouse) Encerra protestando pelo provimento da manifestação de inconformidade, reformandose o Despacho Decisório recorrido a fim de homologar as compensações declaradas. Ainda, protesta que as todas intimações e notificações sejam encaminhadas aos procuradores, no endereço citado, com cópia à empresa, requerendo, ao final, provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente a juntada de novos documentos. Instruem a manifestação de inconformidade, entre outros, cópia integral da DIPJ/2002 (AC 2001), apresentada conforme o Lucro Real Trimestral, pela empresa incorporada, Profrota Administração de Frotas S/A (CNPJ 00.995.378/000172) – fls. 161/207; e cópia parcial da DIPJ/2004 (AC 2003), apresentada pela interessada (CNPJ 43.035.146/000185) – fls. 208/331.” A decisão de primeira instância, representada no Acórdão da DRJ nº 05 34.279 (fls. 414422) de 19/07/2011, por unanimidade de votos, considerou improcedente a manifestação de inconformidade. A decisão foi assim ementada. “Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2001 Provas. Nos pedidos de repetição de indébitos e de compensação é da contribuinte o ônus de demonstrar de forma cabal e específica seu direito creditório. A questão da apresentação de prova na fase do contencioso administrativo fiscal foi especificamente disciplinada no Decreto nº 70.235, de 1972, que regulamenta o Processo Administrativo Fiscal, diploma legal também aplicável aos casos de restituição e/ou compensação. A prova documental deve ser apresentada no momento da manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, a menos que demonstrado, Fl. 509DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10805.900196/200898 Acórdão n.º 1402002.084 S1C4T2 Fl. 510 5 justificadamente, o preenchimento de um dos requisitos constantes do art. 16, § 4º, do Decreto nº 70.235, de 1972, o que não se logrou atender neste caso. Endereçamento das Intimações. É prevista a intimação do sujeito passivo apenas no domicílio tributário, assim considerado o do endereço postal, eletrônico ou de fax, pelo contribuinte fornecido, para fins cadastrais, à Secretaria da Receita Federal. Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2001 PER/DCOMP. Saldo Negativo de IRPJ. A compensação de saldo negativo de IRPJ condicionase à demonstração da certeza e da liquidez do direito. O IRRF é antecipação do imposto devido no encerramento do período de apuração, constituindo dedução, quando comprovado o oferecimento à tributação dos rendimentos correspondentes e apresentado o respectivo Comprovante de Rendimentos Pagos, emitido pela fonte pagadora, nos termos da legislação vigente. Recompondose o resultado do período da pessoa jurídica sucedida, no qual foi efetuada a retenção do imposto informada no PER/DCOMP com demonstrativo do crédito, a fim de se computar o rendimento auferido e a dedução do IRRF correspondente, não se apura saldo negativo. Não reconhecido o direito creditório, não se homologam as compensações dele decorrentes.” Contra a aludida decisão, da qual foi cientificada em 27/02/2012 (documento ECT de fl. 432) a interessada interpôs recurso voluntário em 28/03/2012 (fls. 434457) onde apresenta os argumentos a seguir sintetizados. Preliminarmente: a) que o despacho decisório abordou apenas questão relativa ao período de apuração do IRPJ constante no PER/DCOMP e aquele apontado na DIPJ; b) que a decisão de primeira instância reconheceu o equívoco de motivação do despacho decisório, e, por conseqüência, a sua nulidade, restando homologado o PER/DCOMP: c) que, ao invés de homologar a compensação ou, no mínimo, determinar a prolação de um novo despacho decisório com a análise de mérito, a decisão de primeira instância exarou um novo, em clara supressão de instância; d) que, caracterizada a supressão de instância, verificase que houve (i) análise de PER/DCOMP por autoridade incompetente e (ii) cerceamento de defesa da Fl. 510DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10805.900196/200898 Acórdão n.º 1402002.084 S1C4T2 Fl. 511 6 Recorrente, que não teve o mérito do PER/DCOMP analisado em todas as instâncias processuais administrativas previstas em lei; e) que, diante disso, caso fosse possível suprir o vício de motivação do despacho decisório, deveria ser determinada a prolação de um novo, pela instância responsável, desta vez com análise de mérito, desde que obedecido o prazo de 5 anos contados da apresentação do PER/DCOMP, conforme artigo 74, §5°, da Lei n°. 9.430/96; e f) que, subsidiariamente, caso se entenda possível a modificação da motivação do despacho decisório pela decisão de primeira instância, devese atentar para o fato de que ela foi proferida mais de 5 anos após a apresentação do PER/DCOMP. Quanto ao direito de crédito da recorrente: g) que, seguindo o regime de competência, os rendimentos foram devidamente levados à tributação nos meses em que foram auferidos, conforme se depreende das DIPJs dos anoscalendário de 1999 (doc. 01) e 2001 (fls. 369/412), bem como dos respectivos razões contábeis (doc. 02/03); h) que a própria decisão de primeira instância reconhece a retenção de IRRF no valor de R$ 4.995.759,00 por meio da análise da DIRF (fl. 338) e da DCTF (fls. 339/340) da fonte pagadora; i) que, além disso, a referida retenção foi devidamente apontada na Ficha 43 da DIPJ 2002, à fl. 410; j) que, existindo dúvida quanto aos valores retidos e indicados na DIPJ, não poderia a decisão recorrida ignorar o artigo 112 do CTN, e utilizar a informação mais gravosa ao contribuinte. É o relatório. Fl. 511DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10805.900196/200898 Acórdão n.º 1402002.084 S1C4T2 Fl. 512 7 Voto Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Dele, portanto, tomo conhecimento. Da preliminar aventada Alega a recorrente que o despacho decisório teria abordado apenas questão relativa à divergência do período de apuração do IRPJ constante no PER/DCOMP e aquele apontado na DIPJ e que a decisão recorrida teria reconhecido o equívoco de motivação do despacho decisório, e, por conseqüência, a sua nulidade, restando homologado o PER/DCOMP em análise. De fato, conforme relatado, o despacho decisório traz como motivação para a nãohomologação a falta de correspondência entre a forma de apuração do lucro informado na Declaração de Informações EconômicoFiscais da PessoaJurídica (DIPJ) e aquela informada no PER/DCOMP. Contudo, diferente do que conclui a recorrente, entendo que a decisão recorrida não considera equívoco de motivação no despacho decisório, mas sim que o ponto apontado naquele despacho não seria o único a impedir a homologação do PER/DCOMP conforme pleiteado. Vejase o excerto da decisão recorrida quanto a esse ponto. "... Apesar de a motivação para a nãohomologação ter sido apenas a falta de correspondência entre a forma de apuração do lucro informado na Declaração de Informações EconômicoFiscais da PessoaJurídica (DIPJ) quando confrontada com aquela informada no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito, considerase que tal divergência pode ser suprida por esta instância administrativa, de forma a tornar possível a apreciação do direito creditório, até o limite do valor utilizado no PER/DCOMP para a compensação dos débitos declarados, em homenagem ao princípio da Verdade Material que permeia toda a estrutura do Processo Administrativo Fiscal. ..." A divergência apontada no trecho acima é o erro cometido pela interessada, ao trazer informações conflitantes entre DIPJ e PER/DCOMP. É, em resumo, o motivo, no despacho decisório, do indeferimento de homologação do PER/DCOMP. Não quer dizer, em absoluto, que estaria aquele despacho equivocado, mas sim que, ainda que se supere o erro da informação prestada pela interessada, que levou ao indeferimento de seu pedido, a homologação pleiteada não poderia prosperar. É o que se depreende da continuação da leitura do excerto da decisão recorrida, abaixo transcrito. "... Fl. 512DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10805.900196/200898 Acórdão n.º 1402002.084 S1C4T2 Fl. 513 8 A manifestação de inconformidade, transcrita no relatório, é bastante contraditória em seus fundamentos, pois nela ora se alega erro no preenchimento do PER/DCOMP, ora se alega erro no preenchimento da DIPJ, ora se afirma, contrariamente, que os créditos informados em ambos documentos (PER/DCOMP e DIPJ) são coincidentes e que tais dados refletem a materialidade dos fatos. A interessada não trouxe em sua defesa cópia da escrituração contábil e fiscal da sucedida, em comprovação de eventual erro no preenchimento da correspondente DIPJ/2002, tanto no que concerne à forma de apuração do Lucro Real (trimestral ou anual), quanto no que concerne à apuração de saldo negativo pretendido, apurado pela sucedida no valor de R$ 4.995.759,00. Apenas fez acostar aos autos cópia da DIPJ/2002 original (da referida sucedida), fls. 161/207, a qual, inclusive, já foi objeto de retificação, em 14/09/2004, confirmando a forma de apuração do Lucro Real Trimestral (fls. 346/367). Nesse contexto, partese do pressuposto de que o erro de preenchimento se deu no PER/DCOMP com demonstrativo do crédito (nº 24583.49019.071205.1.7.022047), onde se apontou a forma de apuração do Lucro Real Anual, e não Trimestral, como consta da DIPJ/2002 da sucedida (original e retificadora), detentora do crédito. De qualquer forma, tal erro é superado na presente decisão, em razão de que a retenção a qual teria originado o saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2001, no valor utilizado no PER/DCOMP com demonstrativo do crédito, de R$ 4.995.759,00, corresponde a um único fato gerador, ocorrido no mês de dezembro/2001, relativo ao 4º trimestre/2001. ..." Em resumo, considero que a decisão recorrida, na verdade, acolheu o despacho decisório, concordando com seus argumentos e não os modificando, e, indo além, entendeu que mesmo se superado o erro de informação da interessada, ainda assim a homologação de seu pedido estaria prejudicada pelos motivos que se mostrará mais a frente, quando da discussão do mérito Com efeito, uma vez que a decisão recorrida não considerou equívoco no despacho decisório, não há que se falar na prolação de novo despacho, supressão de instância, incompetência de autoridade (DRJ) para analisar PER/DCOMP ou cerceamento do direito de defesa da recorrente. Desse modo, rejeito a preliminar apontada pela recorrente. Do mérito Alega a defesa que não há dúvidas quanto ao seu direito creditório. Os rendimentos foram devidamente levados à tributação nos meses em que foram auferidos, conforme se depreende das DIPJs dos anoscalendário de 1999 (doc. 01) e 2001 (fls. 369/412), bem como dos respectivos razões contábeis (doc. 02/03). Nesse sentido, a própria decisão recorrida reconheceria a retenção de IRRF no valor de R$ 4.995.759,00 por meio da análise da DIRF (fl. 338) e da DCTF (fls. 339/340) da fonte pagadora. Continua, em sua defesa, argumentando que a própria DIPJ 2002 traria em sua ficha 43, à fl. 410 dos autos, a informação de que houve a mencionada retenção, mas que Fl. 513DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10805.900196/200898 Acórdão n.º 1402002.084 S1C4T2 Fl. 514 9 tal informação teria sido ignorada pela decisão recorrida, que se ateve apenas à informação contida na Ficha 12A da mesma DIPJ, relativa ao 4º trimestre do anocalendário de 2001. Ressalta que a informação constante na Ficha 43 da DIPJ 2002 não é repetida na Ficha 12A do mesmo documento "por problemas internos do próprio arquivo disponibilizado pela Receita Federal, que, ao invés de migrar informações de campos idênticos, não o faz, permitindo incongruências entre dados na mesma declaração.". Considera que, havendo tais incongruências, surge dúvida objetiva acerca dos dados divergentes constantes da mesma DIPJ 2002, inclusive aqueles que embasaram a decisão de primeira instância. E que, existindo dúvida quanto aos valores retidos e indicados na DIPJ, não poderia a decisão recorrida ignorar o artigo 112 do CTN, e utilizar a informação mais gravosa ao contribuinte. Com efeito, a decisão recorrida, em seu procedimento para recompor o resultado do 4º trimestre do anocalendário de 2001, se utilizou dos dados informados na DIPJ 2002. Vejase: "... De fato, conforme já observado na decisão recorrida, da análise do PER/DCOMP com demonstrativo do crédito (nº 24583.49019.071205.1.7.022047), constatase que o saldo negativo do anocalendário 2001, apurado pela sucedida (CNPJ 00.995.378/000172), teria sido formado pela retenção do imposto sob código 3426, no valor de R$ 4.995.759,00, retenção esta feita pela própria interessada no presente (CNPJ 43.035.146/000185), em razão do pagamento, em dezembro/2001, de rendimentos à sucedida (à época sua coligada), no valor de R$ 24.978.794,00, dados confirmados na DIRF entregue pela Protege S/A Proteção e Transporte de Valores (fls. 338), bem como na correspondente DCTF (fls. 339/340), a qual aponta que o imposto assim retido teria sido extinto por compensação, sem processo, com saldo negativo próprio de IRPJ de períodos anteriores (apurado pela Protege S/A Proteção e Transporte de Valores no anocalendário 2000). A retenção efetuada sob o código 3426 tem como fato gerador rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa (exceto fundos) e rendimentos de capital, tais como: (i) Rendimentos auferidos pela entrega de recursos à pessoa jurídica, sob qualquer forma e a qualquer título, independentemente de ser ou não a fonte pagadora instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil; e (ii) Rendimentos auferidos nas operações de mútuo de recursos financeiros entre pessoa física e pessoa jurídica e entre pessoas jurídicas, inclusive controladoras, controladas, coligadas e interligadas. O tratamento de tais rendimentos de capital é o mesmo conferido aos rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa, segundo o qual devem ser incluídos no lucro operacional, conforme estipulado no art. 373 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99. E a dedutibilidade do imposto em questão (cód. 3426), na determinação do IR calculado sobre o Lucro Real, é condicionada ao oferecimento à tributação dos rendimentos correspondentes, a teor do art. 943 do RIR/99; e art. 2º, § 4º, inciso III, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 514DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10805.900196/200898 Acórdão n.º 1402002.084 S1C4T2 Fl. 515 10 Porém, a DIPJ/2002 retificadora (ND: 1221562), apresentada pela sucedida (fls. 346/367), não indica, no 4º trimestre/2001, nem a dedução do IRRF de R$ 4.995.759,00 (linha 13 da Ficha 12A), nem apuração de saldo negativo (linha 18 da Ficha 12A) e nem o oferecimento à tributação do rendimento de R$ 24.978.794,00 (linha 24 da Ficha 06A), auferido no mês de dezembro/2001, que teria ensejado a retenção do imposto de R$ 4.995.759,00 (cód. 3426), o qual seria responsável pela origem do direito creditório aqui em questão, exatamente como informado no PER/DCOMP com demonstrativo do crédito (nº 24583.49019.071205.1.7.022047). Recompondose o resultado do 4º trimestre/2001, mediante a adição do rendimento de R$ 24.978.794,00, auferido no mês de dezembro/2001, a fim de se aproveitar da dedução do correspondente IRRF no valor informado no PER/DCOMP com demonstrativo do crédito (R$ 4.995.759,00), ainda assim não se apura saldo negativo no período, conforme demonstrado abaixo: DIPJ/2002 (AC 2001) retificadora ND: 1221562 CNPJ: 00.995.378/000172 4º trim/2001 Ficha 06A declarado retificado 18. Lucro Bruto 0,00 0,00 24. Outras Receitas Financeiras 0,00 24.978.794,00 31. () Despesas Operacionais 130,00 130,00 38. () Resultados Neg em Partic. Soc. 431.983,25 431.983,25 41. Lucro Operacional (432.113,25) 24.546.680,75 55. Lucro Líquido do Período de Apuração (432.113,25) 24.546.680,75 Ficha 09A declarado retificado 01. Lucro Líquido antes do IRPJ (432.113,25) 24.546.680,75 23. Soma das Adições 431.983,25 431.983,25 37. Soma das Exclusões 0,00 0,00 38. Lucro Real antes com. Prej. Próprio PA (130,00) 24.978.664,00 46. Lucro Real (130,00) 24.978.664,00 Ficha 12A declarado retificado IMPOSTO SOBRE O LUCRO REAL 01. À alíq. 15% 0,00 3.746.799,60 03. Adicional 0,00 2.491.866,40 DEDUÇÕES 13. () IRRF 0,00 4.995.759,00 18. IR a Pagar 0,00 1.242.907,00 Por todo exposto, VOTO no sentido de JULGAR IMPROCEDENTE a manifestação de inconformidade, NÃO RECONHECER o direito creditório correspondente ao saldo negativo do IRPJ do 4º trimestre/2001, da sucedida identificada pelo CNPJ 00.995.378/000172, e NÃO HOMOLOGAR as compensações trazidas a litígio." Como se constata, para chegar à conclusão de que a recorrente não teria oferecido os rendimentos à tributação, a decisão recorrida partiu da premissa de que tais rendimentos deveriam constar da DIPJ 2002, relativa ao 4º trimestre do anocalendário de 2001. Fl. 515DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10805.900196/200898 Acórdão n.º 1402002.084 S1C4T2 Fl. 516 11 Ocorre que tais rendimentos foram levados à tributação em períodos anteriores (anocalendário de 1999 e 1º, 2º e 3º trimestres do anocalendário de 2001), tendo em vista que esses rendimentos, quando auferidos por empresa tributada pelo lucro real, devem ser reconhecidos segundo o regime de competência. Essa é a jurisprudência deste Conselho, vejase: "SALDO NEGATIVO DE IRPJ. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SOBRE APLICAÇÕES FINANCEIRAS. Mostrase equivocada a decisão que negou aproveitamento de parte do IRRF sobre rendimentos de aplicações financeiras ao argumento de que, no mesmo anocalendário, as receitas de aplicação financeiras declaradas foram inferiores ao que seria de se esperar em face dos valores retidos e considerada a alíquota de 20%. Sendo os rendimentos oferecidos à tributação pelo regime de competência, parte das receitas correspondentes foram tributadas em períodos anteriores, como demonstrado pela Recorrente". (Acórdão nº 10709.303, de 05/03/2008). Para elucidar a questão, colaciona a recorrente a documentação resumida na planilha que se transcreve abaixo. De fato, há que se reconhecer que os rendimentos auferidos foram oferecidos à tributação, e que, quanto à retenção, não há questionamento (vide DIRF (fl. 361) e DCTF (fls. 362/363) da fonte pagadora). Por todo o exposto, voto por rejeitar as preliminares apresentadas para, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório no valor de RS 4.995.759,00, homologandose as compensações pleiteadas até esse limite. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator Fl. 516DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10805.900196/200898 Acórdão n.º 1402002.084 S1C4T2 Fl. 517 12 Fl. 517DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO
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