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Numero do processo: 13888.904224/2009-42
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/01/2001
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.089
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente CRISTINA APARECIDA FREDERICH & CIA LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/01/2001 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 42 24 /2 00 9- 42 Fl. 274DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904224/200942 Acórdão n.º 9303004.089 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3303002.511, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 275DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904224/200942 Acórdão n.º 9303004.089 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 276DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904224/200942 Acórdão n.º 9303004.089 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 277DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904224/200942 Acórdão n.º 9303004.089 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 278DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904224/200942 Acórdão n.º 9303004.089 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 279DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904224/200942 Acórdão n.º 9303004.089 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 280DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904224/200942 Acórdão n.º 9303004.089 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 281DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10909.720514/2011-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Dec 27 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 24/09/2009
DOMICÍLIO ELEITO. CADASTRO. INTIMAÇÃO. REGULARIDADE.
É regular a intimação efetuada, por via postal, com prova de recebimento no no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, assim considerado o endereço postal por ele fornecido à Administração Tributária para fins cadastrais.
Não pode a Administração tributária, que agiu em conformidade com a lei, restar prejudicada pela falta de cumprimento pelo contribuinte de seu dever de manter as informações cadastrais atualizadas perante o órgão público.
MULTA SUBSTITUTIVA AO PERDIMENTO. MULTA PELA CESSÃO DE NOME. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE.
A multa por cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa que lhe substitui, prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decreto-lei nº 1.455/76.
Configuradas as materialidades das duas infrações aduaneiras, não há como se afastar a aplicação das penalidades respectivas aos seus agentes diretos e aos responsáveis pelas infrações na forma da lei.
SUBFATURAMENTO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. CONDUTAS INDEPENDENTES. PENALIDADES. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE.
Tendo se configurado numa mesma importação, de forma individualizada, as materialidades das condutas de subfaturamento e de interposição fraudulenta, impõe-se a aplicação das penalidades correspondentes às duas infrações.
O §1º-A do art. 703 do Regulamento Aduaneiro/2009 não coíbe a aplicação concomitante de duas penalidades numa mesma importação, mas sim a dupla penalização de uma "mesma conduta ilícita", em consonância ao princípio do non bis in idem.
A importação é um procedimento que envolve múltiplas condutas dos intervenientes, importadores, transportadores e exportadores, as quais são puníveis quando importem inobservâncias de normas estabelecidas na legislação aduaneira.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-003.440
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em negar provimento aos recursos voluntários da seguinte forma: a) pelo voto de qualidade, manteve-se a EMPRESA PARTNER no pólo passivo da autuação; manteve-se a multa de 10% pela cessão nome em relação a todos os responsáveis solidários; e manteve-se a multa substitutiva do perdimento em relação a todos os responsáveis solidários. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto; b) por maioria de votos, negou-se provimento quanto à exclusão da multa do art. 88 da MP 2.158-35/2001. Vencido, o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto. Designada a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula.
(Assinatura Digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente
(Assinatura Digital)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator
(Assinatura Digital)
Maria Aparecida Martins de Paula - Redatora Designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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CADASTRO. INTIMAÇÃO. REGULARIDADE. É regular a intimação efetuada, por via postal, com prova de recebimento no no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, assim considerado o endereço postal por ele fornecido à Administração Tributária para fins cadastrais. Não pode a Administração tributária, que agiu em conformidade com a lei, restar prejudicada pela falta de cumprimento pelo contribuinte de seu dever de manter as informações cadastrais atualizadas perante o órgão público. MULTA SUBSTITUTIVA AO PERDIMENTO. MULTA PELA CESSÃO DE NOME. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. A multa por cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa que lhe substitui, prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decretolei nº 1.455/76. Configuradas as materialidades das duas infrações aduaneiras, não há como se afastar a aplicação das penalidades respectivas aos seus agentes diretos e aos responsáveis pelas infrações na forma da lei. SUBFATURAMENTO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. CONDUTAS INDEPENDENTES. PENALIDADES. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. Tendo se configurado numa mesma importação, de forma individualizada, as materialidades das condutas de subfaturamento e de interposição fraudulenta, impõese a aplicação das penalidades correspondentes às duas infrações. O §1ºA do art. 703 do Regulamento Aduaneiro/2009 não coíbe a aplicação concomitante de duas penalidades numa mesma importação, mas sim a dupla penalização de uma "mesma conduta ilícita", em consonância ao princípio do non bis in idem. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 72 05 14 /2 01 1- 76 Fl. 750DF CARF MF 2 A importação é um procedimento que envolve múltiplas condutas dos intervenientes, importadores, transportadores e exportadores, as quais são puníveis quando importem inobservâncias de normas estabelecidas na legislação aduaneira. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em negar provimento aos recursos voluntários da seguinte forma: a) pelo voto de qualidade, mantevese a EMPRESA PARTNER no pólo passivo da autuação; mantevese a multa de 10% pela cessão nome em relação a todos os responsáveis solidários; e mantevese a multa substitutiva do perdimento em relação a todos os responsáveis solidários. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto; b) por maioria de votos, negouse provimento quanto à exclusão da multa do art. 88 da MP 2.15835/2001. Vencido, o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto. Designada a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. (Assinatura Digital) Antônio Carlos Atulim Presidente (Assinatura Digital) Carlos Augusto Daniel Neto Relator (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Trata o presente processo de autuação com pluralidade de sujeitos passivos, PARTNER TRADING IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, doravante denominada PARTNER; ANTARES COMÉRCIO E SERVIÇOS, doravante denominada ANTARES; ANTÔNIO THAUMATURGO RODRIGUES DE ARAÚJO, doravante denominado ANTÔNIO THAUMATURGO e INDIANARA TAVARES COSTA ME, doravante denominada INDIANARA, cujos lançamentos estão formalizados nos Autos de Infração de fls. 02/23, referentes ao Imposto sobre produtos Industrializados, vinculado à importação, acrescido de juros de mora e da multa de 150% no total de R$ 5.023,13; à COFINS Importação, acrescida de juros de mora e da multa de 150%, no total de R$ 3.465,04; e PIS/PASEPImportação, acrescido de juros de mora e da multa de 150% no total de R$ 752,27; à Multa prevista no art. 88, parágrafo único, da Medida Provisória nº 2.15835/2001, em face da diferença apurada entre o preço declarado na Declaração de Importação DI e o preço efetivamente praticado, no valor de R$ 12.548,78; à Multa por interposição fraudulenta na importação, no valor de R$ 31.614,59 e à multa por cessão de nome, no valor de R$ 5.000,00 Fl. 751DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 751 3 totalizando o montante de R$ 58.403,81, em decorrência das seguintes situações identificadas pela fiscalização: a) Diferença Apurada entre o Preço Declarado e o Preço Efetivamente Praticado; b) Cessão do Nome da Pessoa Jurídica com Vistas ao Acobertamento dos reais dos Reais Intervenientes ou Beneficiários; c) Interposição Fraudulenta na Importação Impossibilidade de Apreensão da mercadoria. Em favor da minúcia do relatório do Acórdão da DRJ, aproveitarseá aqui trechos daquele: DA CIÊNCIA DO AUTO DE INFRAÇÃO Constatase pelo despacho de fl. 1001 que a ANTARES foi cientificada por via postal em 27/07/2011(quartafeira), conforme Aviso de Recebimento (AR) à fl. 1.000. A PARTNER TRADING (AR à fl. 997), a ACTISA (AR à fl. 998) e INDIANARA T. COSTA ME (AR à fl. 999) foram cientificadas em 26/07/2011(terçafeira). Devidamente cientificadas do auto de Infração, as empresas ANTARES e INDIANARA comparecerceram aos autos através das petições a seguir identificadas. ANTARES, fls. 1002/1025, em 25/08/2011(quintafeira). INDIANARA, fls.1027/1.039 em 29/08/2011(segundafeira). As empresas PARTNER e ACTISA não apresentaram impugnação. A Impugnação apresentada pro INDIANARA T COSTA ME foi considerada imtempestiva e não foi conhecida. Em sua Impugnação, a ANTARES sustentou os seguintes argumentos: a) nulidade do Auto de Infração por ilicitude das provas; b) idoneidade e valor probatório dos documentos contábeis da empresa; c) ausência de motivação; d) bis in idem na aplicação de multas; e) aplicação da regra penal da absorção às infrações imputadas; f) a não ocorrência de subfaturamento; g) desproporcionalidade da multa do art.33 da lei 11.488/2007; h) impossibilidade de solidariedade tributária nas multas. A DRJ/Fortaleza decidiu o pleito em acórdão cuja ementa se reproduz, por sintetizar bem a demanda: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 13/08/2009 a 22/07/2010 IMPUGNAÇÃO. PRAZO. REVELIA. PRECLUSÃO. É preclusivo o prazo de trinta dias, contado da data da ciência do auto de infração, facultado ao sujeito passivo Fl. 752DF CARF MF 4 para apresentação de impugnação contra o lançamento tributário. Expirado tal prazo, sem que o sujeito passivo tenha exercido esse direito, será declarada a sua revelia, em razão do que ficará impedido de intervir litigiosamente no processo, aproveitandolhe, contudo, a suspensão da exigibilidade motivada por impugnação ofertada por qualquer dos demais sujeitos passivos solidários. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO E/OU IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA. REVELIA. EFEITOS. A ausência de impugnação por parte de sujeito passivo solidário acarreta, contra os revéis, a preclusão temporal do direito de praticar os atos impugnatórios, prosseguindo, o litígio administrativo, em relação aos demais. Todavia, havendo pluralidade de sujeitos passivos, a impugnação tempestiva apresentada por um dos autuados suspende a exigibilidade do crédito tributário em relação aos demais. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 13/08/2009 a 22/07/2010 DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA POR INFRAÇÕES. DA SUJEIÇÃO PASSIVA. Respondem de forma conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora, não cabendo benefício de ordem. DO ARTIGO 112 DO CTN. NÃO APLICABILIDADE. Diante da inexistência de dúvidas quanto: à capitulação legal dos fatos; à natureza ou às circunstâncias materiais do fato ou à natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade ou punibilidade; nem à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação, tornase inaplicável o art. 112 e incisos do CTN. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 13/08/2009 a 22/07/2010 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. MULTA. A ocultação do sujeito passivo, do real comprador ou do responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, consistem em infrações puníveis com a pena de perdimento, devendo ser substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou tenha sido consumida. CESSÃO DE NOME. ACOBERTAMENTO DE INTERVENIENTES. Fl. 753DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 752 5 MULTA. PROCEDÊNCIA A pessoa jurídica que ceder seu nome, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros, com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, observado o valor mínimo de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). IMPORTAÇÃO FRAUDULENTA. DIFERENÇA ENTRE O PREÇO DECLARADO E O PREÇO EFETIVAMENTE PRATICADO NA IMPORTAÇÃO. APLICAÇÃO DA MULTA DE 100% PREVISTA NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 88 DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.15835, de 2001. Aplicável ao caso, a multa de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação e/ou o preço declarado e o preço arbitrado, prevista no parágrafo único do artigo 88 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 13/08/2009 a 22/07/2010 VALOR ADUANEIRO. SUBFATURAMENTO. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. Comprovado que os reais valores transacionados nas operações de importações são superiores aos valores declarados, fato que caracteriza o subfaturamento, cabe exigir a diferença do imposto que deixou de ser recolhida, acrescida dos juros de mora e das multas. FRAUDE. MULTA QUALIFICADA. Em caso de infração praticada mediante fraude, aplicase a multa qualificada por insuficiência de recolhimento, no percentual de 150% sobre a diferença do imposto, sem prejuízo de outras penalidades cabíveis. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 13/08/2009 a 22/07/2010 COFINS IMPORTAÇÃO. PIS/PASEPIMPORTAÇÃO. VALOR ADUANEIRO. RECONSTITUIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. Reconstituído o valor aduaneiro declarado pelo importador, cabe reconstituir o valor tributável dos demais tributos incidentes na importação, para exigir as diferenças que deixaram de ser recolhidas por ocasião do despacho aduaneiro, acrescidas dos juros de mora e das multas. Fl. 754DF CARF MF 6 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em seu Recurso Voluntário, a ANTARES repisou as razões de sua impugnação, pelo que deixo de reiterálas aqui. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Relator Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário da ANTARES é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, e dele tomo conhecimento. Anteriormente à análise do Recurso Voluntário da ANTARES, há que se apontar vício processual relativo à empresa PARTNER. Quanto à primeira, verificase que, em 23/09/2010, a PARTNER foi cientificada do Termo de Início de Procedimento Fiscal (fl. 22), no endereço abaixo indicado: Da mesma forma, o contribuinte também foi intimado a apresentar documentos e esclarecimentos acerca de suas operações de comércio exterior, conforme Termo de Intimação Fiscal n° 133/2010 (fls. 2631), bem como a providenciar o comparecimento dos sócios da pessoa jurídica na repartição, conforme Termo de Intimação Fiscal n° 134/2010 (fl. 32), no mesmo endereço: Fl. 755DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 753 7 E da mesma forma procedeu a fiscalização nos demais atos registrados nas fls.2238 do processo, sempre realizando a intimação fiscal no endereço Av. Marcos Konder, 1313, Sala 606, Centro, Itajaí/SC, que de resto corresponde ao endereço da sede da empresa conforme o 8º Instrumento Particular de Alteração Contratual (fls.7986), registrado em 03/02/2009 (fl.86) endereço este alterado para a Av. Joca Brandão, nº744, sala 02, Centro, ItajaíSC, CEP 88.301441, conforme o 12º Instrumento Particular de Alteração Contratual (fls.109115), registrado em 24/09/2010 (com protocolo em 14/09/2010, conforme fl.115). Tal alteração fora constatada pessoalmente pelo próprio fiscal, conforme relato no Termo de Intimação Fiscal e outros (fl.22, fl.24): Todavia, a PARTNER foi notificada da autuação fiscal no endereço Rua Luiz Berlim, 321, Centro, ItajaíSC, conforme o Aviso de Recebimento de fls.997, datado de 26/07/2011: Fl. 756DF CARF MF 8 Diante da notificação feita em endereço distinto daquele onde consta no contrato social, o qual tinha posse o AuditorFiscal da Receita Federal, a empresa não apresentou qualquer impugnação, sobrevindo a decisão da DRJ, a qual foi novamente intimada no endereço da notificação, conforme o AR abaixo colacionado, de fl.1208: A intimação do resultado do julgamento de 1ª instância retornou com um documento do escritório de advocacia SCHAPIESKI E TOMAZONI, informando que recebeu equivocadamente a intimação em seu endereço profissional, consignando não representar a intimada em qualquer procedimento e desconhecendo os representantes ou sua sede (fl.1209). Em razão disso, procedeu o Fisco à intimação por via editalícia (fl.1211), com base no art. 23, § 1º, inciso II, do Decreto nº 70.235/72, que determina que: § 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua Fl. 757DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 754 9 inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) I no endereço da administração tributária na internet; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) III uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. Acerca da notificação e intimação do contribuinte, determina o próprio Decreto 70.235/72, em seu art.23,II que: Art. 23. Farseá a intimação: II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; Verificase nos autos que não há qualquer demonstração ou documento que denote eleição expressa de domicílio tributário, pelo que há que se aplicar in casu o art.127 do Código Tributário Nacional: Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considerase como tal: I quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; II quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; III quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade tributante. Portanto, no caso em tela, há que se considerar o domicílio tributário como aquele onde a empresa realiza suas atividades econômicas, qual seja, aquele indicado em seu contrato social como local de sua sede que fora claramente identificado pela autoridade fiscalizadora na Av. Marcos Konder, 1313, Sala 606, Centro, Itajaí/SC, haja vista que os termos de intimação durante a fiscalização foram lavrados no endereço da sede da empresa à época. Todavia, como se verifica das imagens colacionadas acima, tanto a notificação do auto de infração quanto a intimação da decisão da DRJ foram feitas em endereço absolutamente diferente daquele onde o Termo de Intimação Fiscal fora lavrado, e igualmente distinto daquele constante no contrato social da empresa. A respeito das intimações realizadas no endereço acima indicado, causa espécie a sua realização, vista que o mesmo AuditorFiscal da Receita Federal, Rolf Abel Fl. 758DF CARF MF 10 (Matrícula 676.300), foi o responsável pela realização da fiscalização pessoal no local correto da sede da empresa, desde o início do procedimento fiscalizatório, através do qual recebeu plena cooperação da PARTNER, com apresentação de todos os documentos solicitados e comparecimento presencial de seus sócios para esclarecimentos, mas em se tratando da notificação do auto de infração, o fez em endereço que tinha ciência não ser mais ocupado pela PARTNER (como de resto fora depreendido dos documentos societários e da fiscalização in loco) e com a perfeita ciência do endereço ocupado pela empresa à época, fato declarado expressamente pelo próprio nos termos de fiscalização adrede colacionados. Há, claramente, um vício na notificação do lançamento e na intimação da decisão da DRJ, que impossibilitou a defesa administrativa da empresa PARTNER, haja vista que os atos informativos se deram em endereço distinto daquele em que a empresa mantém domicílio fiscal, qual seja, o endereço de sua sede (Av. Joca Brandão, nº744, sala 02, Centro, ItajaíSC, CEP 88.301441, conforme último aditivo contratual constante nos autos). Frisese, ademais, que como cabalmente demonstrado, o Fisco tinham inteira ciência do local onde as atividades da empresa se desenvolviam, como de resto fica claro dos Termos de Intimações Fiscais de fls.2238, inclusive indo ao endereço citado no parágrafo anterior para efetuar os atos fiscalizatórios. A Lei 9.784/1999, reguladora do processo administrativo federal, possui diversos dispositivos que pretigiam expressamente o direito e a garantia do contribuinte à informação e ao direito de defesa, verbis: Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: II ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas; III formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; É por demais minuciosa a legislação procedimental acerca do direito de ampla defesa e contraditório, que abarca inclusive o direito de comunicação de atos administrativos e procedimentais, com vistas a possibilitar manifestação do contribuinte. Fl. 759DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 755 11 Acerca especificamente das intimações, verificase que a lei não é silente: Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências. § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade. Portanto, a intimação feita sem respeito à lei é nula de pleno direito, não se prestando a qualquer efeito. Conforme demonstrado anteriormente, por meio da aplicação do art. 23, II do Decreto 70.235, cumulado com o art.127, II do CTN, a intimação realizada em local distinto da sede da empresa à época do ato deve ser tratada como nula. Ademais, a constituição efetiva do crédito tributário se dá, nos termos do art.145 do CTN, com notificação regular do sujeito passivo, isto é, com a notificação deste em seu domicílio fiscal, bem como com atendimento aos demais requisitos formais do ato. A necessidade de respeito ao direito de defesa do contribuinte não passou desapercebida, também, pelo Decreto 70.235, que em seu art.59 determina: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. Art. 61. A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade. Pois bem, os dispositivos mencionados acima não apenas determinam que nos casos em que despachos ou decisões gerem preterição do direito de defesa devem ser tratados como nulos, como atribui a este Colegiado, em seu art.61, a competência para declarar a sua nulidade e dos atos posteriores que dele dependam ou dele sejam consequência. Resta no caso evidente o intuito do fiscal de prejudicar o direito de defesa da PARTNER, vez que, tendo ciência do local onde estava sediada, optou por enviar a notificação para endereço que sabia não mais estar estabelecida a empresa. Se não se trata de algo mais grave, que demandaria uma investigação específica e não conjecturas, minimamente é um vício de moralidade administrativa com vistas ao prejuízo do direito de defesa do contribuinte. Portanto, em se tratando o vício na notificação do auto de infração de uma nulidade absoluta deste ato, nos termos de todas os dispositivos acima mencionados, sem prejuízo de farta e pacífica jurisprudência judicial e administrativa acerca disto, é mister Fl. 760DF CARF MF 12 compreender o dever deste Colegiado de reconhecêla ex officio, em vista da sua natureza de questão de ordem pública. Em razão disso, entendo nula a notificação da autuação, bem como os atos que lhe seguiram, nominalmente: a decisão da DRJ, a intimação da PARTNER no endereço equivocado, e o edital de intimação que lhe sucedeu. Portanto, reconheço de ofício a nulidade da notificação de lançamento e da decisão da DRJ, determinando a exclusão da PARTNER do polo passivo da obrigação tributária. b) Da ilicitude das provas Alega a Recorrente ter havido coação na obtenção dos arquivos de dados, especialmente os emails, junto à PARTNER, que foram utilizados como provas no Auto de Infração, além de alegar inconstitucional quebra do sigilo das comunicações. Diferentemente do alegado pela Recorrente, parecenos que o procedimento fiscalizatório foi feito dentro das balizas legais traçadas pelo Código Tributário Nacional, em seus arts. 194, 195, 196 e 200, bem como do Decreto nº 7.212/2010, art. 510, verbis: Art. 510. A entrada dos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil nos estabelecimentos, bem como o acesso às suas dependências internas, não estarão sujeitos à formalidade diversa da sua imediata identificação, pela apresentação de identidade funcional aos encarregados diretos e presentes ao local de entrada. No mesmo sentido também é o Decreto nº 6.759/2009, que em seu art.19 assevera: Art. 19. As pessoas físicas ou jurídicas exibirão aos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, sempre que exigidos, as mercadorias, livros das escritas fiscal e geral, documentos mantidos em arquivos magnéticos ou assemelhados, e todos os documentos, em uso ou já arquivados, que forem julgados necessários à fiscalização, e lhes franquearão os seus estabelecimentos, depósitos e dependências, bem assim veículos, cofres e outros móveis, a qualquer hora do dia, ou da noite, se à noite os estabelecimentos estiverem funcionando (Lei n o 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 94 e parágrafo único; e Lei n o 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 34). §1 º As pessoas físicas ou jurídicas, usuárias de sistema de processamento de dados, deverão manter documentação técnica completa e atualizada do sistema, suficiente para possibilitar a sua auditoria, facultada a manutenção em meio magnético, sem prejuízo da sua emissão gráfica, quando solicitada (Lei n o 9.430, de 1996, art. 38). §2º As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Fl. 761DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 756 13 Federal do Brasil, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária Conforme se verifica no TVF, os AuditoresFiscais compareceram ao estabelecimento do contribuinte, coletando documentos e arquivos magnéticos os quais foram retidos e lacrados conforme termos correspondentes de fls. 2325, ficando intimado o Contribuinte a comparecer na repartição competente para o procedimento de deslacração dos arquivos. Consta no termo de deslacração de fls. 3541 que o procedimento foi acompanhado por funcionário da empresa, atendendo aos requisitos procedimentais cabíveis. À partir daí foi a ANTARES intimada à apresentação de documentos e esclarecimentos acerca de certas Declarações de Importação, amparado pelo Mandado de Procedimento Fiscal n° 09278002011000516, tendo por objetivo, nos termos do art. 638 do Regulamento Aduaneiro, apurar a exatidão das informações prestadas nas Declarações de Importação, nas quais a ANTARES constou como adquirente da mercadoria importada. Ademais, registrese que a empresa ANTARES após intimações e reintimações ofereceu à fiscalização a escrituração contábil referente aos anos de 2009/2010, bem como os extratos bancários referentes ao período de maio/2009 a junho/2010 e agosto/2010 a novembro/2010 possibilitando à fiscalização empreender as verificações necessárias para a perfeita compreensão dos fatos consignados no já referenciado relatório fiscal. Verificase que todo o procedimento fiscalizatório correu sob o trilho da legalidade, com ciência das fiscalizadas de todos os atos de fiscalização, inclusive com assinatura de seus representantes legais. A respeito do sigilo de documentos e livros relacionados a obrigações tributárias, a jurisprudência assente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem orientação no sentido de que documentos e livros relacionados com as obrigações tributárias não estão protegidos por nenhum tipo de sigilo e são, inclusive, de apresentação obrigatória por ocasião das atividades fiscais, sendo passíveis de exame e apreensão pela administração fazendária, conforme se verifica no RHC 8.679/SC e no HC 18.612/RJ. Ademais, o precedente invocado pelo Recorrente, relativo ao HC 82.788 8/RJ, julgado no Supremo Tribunal Federal, pressupõe o ingresso forçado, contra a vontade do dono do estabelecimento, com recurso à violência ou à força o que não se verificou, visto não haver nos autos qualquer prova de que o acesso dos Auditores Fiscais tenha sido rechaçado em algum momento. Quanto ao precedente invocado do HC 80.949/RJ, julgado pelo STF, o mesmo se refere a comunicações telefônicas, especialmente à instalação de grampos, e não ao acesso a emails presentes nos sistemas e meios magnéticos apreendidos. Ante os argumentos fundantes acima expendidos, concluise pela admissibilidade, no processo administrativo, da prova documental trazida pela fiscalização, uma vez que foi obtida por meio lícito, com observância das garantias constitucionais e da legislação processual, inexistindo assim qualquer ofensa aos incisos LV e LVI do art. 5º da Constituição Federal, rejeitandose de plano a nulidade suscitada pela Recorrente. Fl. 762DF CARF MF 14 c) Da existência do bis in idem em relação à multa do art. 88 da MP nº 2.15835/2001. Alega o Recorrente que há bis in idem entre a Multa do Controle Administrativo (parágrafo único do artigo 88 da MP nº 2.15835/2001) e a Multa pecuniária substitutiva do perdimento (parágrafo 3º do art. 23 do Decretolei nº 1.455/1976). Nesse caso, correta a alegação do Recorrente. Há que se verificar, na aplicação das sanções, a regra da especificidade, conforme o §1ºA do art. 703 do RA/2009 deixa especialmente claro, em relação às multas analisadas: Art.703.Nas hipóteses em que o preço declarado for diferente do arbitrado na forma do art. 86 ou do efetivamente praticado, aplicase a multa de cem por cento sobre a diferença, sem prejuízo da exigência dos tributos, da multa de ofício referida no art. 725 e dos acréscimos legais cabíveis (Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 88, parágrafo único).(Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). § 1ºA Verificandose que a conduta praticada enseja a aplicação tanto de multa referida neste artigo quanto da pena de perdimento da mercadoria, aplicase somente a pena de perdimento. (Incluído pelo Decreto nº 8.010, de 2013) (grifei) §2oO disposto neste artigo não prejudica a aplicação da penalidade referida no inciso VI do art. 689, na hipótese de ser encontrada, em momento posterior à aplicação da multa, a correspondente fatura comercial falsificada ou adulterada. (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). No mesmo sentido, é a solução da CoordenaçãoGeral de Contencioso Administrativo e Judicial – Cocaj, conforme Consulta Interna nº 01/2013, verbis: (...) A rigor, a multa equivalente a cem por cento sobre a diferença de preços só deve ser aplicada para as demais situações que não caracterizem dano ao Erário e desde que este dano só venha a exteriorizarse em momento posterior à aplicação dessa penalidade.(...) A partir do que foi dito acima, compartilhase da conclusão do Julgador Ricardo Serra Rocha de que o entendimento mais acertado é que nos casos de dano ao Erário, a penalidade a ser aplicada deve ser a pena de perdimento ou, como conseqüência, sua multa pecuniária substitutiva, não sendo estas cumuladas com a multa prevista pelo parágrafo único do artigo 88 da MP nº 2.15835/2001, nem tampouco substituídas pela referida reprimenda. Tal afirmativa fica claro ao fugirmos de uma interpretação rasa do art. 663 e 634, I do RA/2002, que dava a entender à primeira vista que tais multas poderiam ser cumuladas, senão vejamos: Art. 633. Aplicamse, na ocorrência das hipóteses abaixo tipificadas, por constituírem infrações administrativas ao controle das importações, as seguintes multas (Decretolei no 37, de 1966, art. 169 e § 6o, com a redação dada pela Lei no 6.562, de 18 de setembro de 1978, art. 2o): Fl. 763DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 757 15 I de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado (Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 88, parágrafo único); Art. 634. As infrações de que trata o art. 633 (Lei no 6.562, de 1978, art. 3o): I não excluem aquelas definidas como dano ao Erário, sujeitas à pena de perdimento; (...) Parágrafo único. Para os efeitos do inciso I, as multas relativas às infrações administrativas ao controle das importações somente poderão ser lançadas antes da aplicação da pena de perdimento da mercadoria. Como se vê em leitura mais atenta, o parágrafo único do art. 634 já assentava que a multa do parágrafo único art. 88 da MP 2.15834/2001 somente poderá ser aplicada antes da pena de perdimento, de modo que, se constatado que o caso é punível com ela, esta deverá ser aplicada, vedandose a cumulação de punições. Ainda que não se reconheça a procedência do argumento delineado, há que se reconhecer a retroatividade benigna do §1ºA do art. 703 do RA/2009, de modo que a penalidade a ser aplicada na ocorrência de dano ao Erário deve ser a pena de perdimento ou, sua multa substitutiva. Desse modo, afasto a aplicação da multa do parágrafo único art. 88 da MP 2.15834/2001, decorrente de subfaturamento. d) Da nulidade por vício formal de ausência de motivação Alega o Recorrente que não há motivação em provas inidôneas para a imputação de interposição fraudulenta na importação. Tal alegação foi trazida pelo Recorrente apenas em seu Recurso Voluntário, estando, devendo a matéria não ser conhecida com fulcro no art. 58 do Decreto 7.574/2011 (Art.58.Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.). A despeito disso, como enfrentado acima, há farta produção probatória idônea, apta a fundamentar pelo menos aprioristicamente, já que o mérito será enfrentado adiante a autuação fiscal. e) Da nulidade por ausência da individualização da pena Alega o Recorrente nulidade por ausência da individualização das penas. Fl. 764DF CARF MF 16 Tal alegação foi trazida pelo Recorrente apenas em seu Recurso Voluntário, estando, devendo a matéria não ser conhecida com fulcro no art. 58 do Decreto 7.574/2011 (Art.58.Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.). Todavia, conforme se verifica no TVF em fls. 987995, o AuditorFiscal fez a individualização das penas em relação aos sujeitos passivos, ainda que em relação a certas multas tal imputação tenha se dado equivocadamente, como verificado anteriormente. Não há uma imputação genérica que prejudique o direito de defesa dos Contribuintes, mas uma aplicação individualizada das penas, o que afasta a alegação de nulidade. II) Do Mérito a) Da existência de bis in idem em relação à multa do art. 33 da Lei nº 11.488/2007 Alega o Recorrente a existência de bis in idem na aplicação das multas administrativas, pois entende que se neste processo lhe é cobrada a multa do artigo 33 da Lei nº 11.488, de 2007, por cessão de nome, não caberia a aplicação, pelos mesmos fatos, da multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, conforme previsto no art. 23, inc. V e § 3º, do DecretoLei nº 1.455, de 1976. Alega, ademais, que a multa por cessão de nome deveria preponderar sobre a multa da interposição fraudulenta. Este tema, assaz polêmico, foi enfrentado com acerto pelo Conselheiro Fernando Luiz Da Gama D’Eça, no Processo n. 10314.724447/201230, Acórdão n. 3402002.362, com razões às quais adiro aqui: Por derradeiro, entendo que com o advento da multa de 10% instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488/07 aplicável à hipótese de pessoa jurídica que ceder o nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários – não mais se justifica a aplicação ao importador ostensivo da multa de 100% prevista no art. 23, inc. V do Decretolei nº 1455/76, somente aplicável ao real comprador, interveniente ou responsável pela operação de importação, oculto “mediante fraude ou simulação”. A aplicação cumulativa dessas sanções sobre a importadora ostensiva não somente viola o princípio da especialidade, como constitui um ilegal bis in idem. Realmente, tratandose de dispositivos legais que tipificam uma única conduta “acobertamento” ou “ocultação” dos reais intervenientes ou beneficiários das operações de comércio exterior, evidenciase o conflito aparente de normas, que impõe a observância do princípio da especialidade que por sua vez determina a prevalência da norma especial, não sendo lícito ao fisco cumulála ou agravála sequer pela via transversa de suposta solidariedade em penalidade aplicada a outro infrator, pois como expressamente determina o art. 100 do Decretolei nº 37/66, “in verbis”: Fl. 765DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 758 17 “Art. 100 – Se do processo se apurar responsabilidade de duas ou mais pessoas, será imposta a cada uma delas a pena relativa à infração que houver cometido.” Considerando que para a caracterização dos atos típicos de interposição fraudulenta “há necessidade de dois sujeitos de direito distintos” (cf. Acórdão nº 320100398 da 1ª TO da 2ª Turma da 3ª Seção do CARF, Rec. nº 140.698, Proc. nº 12466 004068/200673, em sessão de 08/12/10, Rel. Cons. Alfredo Ribeiro Nogueira; cf. tb. Acórdão nº 320100.515 da 1ª TO da 2ª Câm. da 3ª Seção do CARF, Rec. n° 344.701, Proc. n° 10936.000499/200813, em sessão de 01/07/10, Rel. Cons. Luciano Lopes de Almeida Moraes), parece evidente que a única multa aplicável à Recorrente seria a de 10% instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488/07, prevista para quem ceder o nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, caso não fosse elidida a presunção de interposição fraudulenta de terceiros pela suposta “não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados” (art. 23, § 2º do Decretolei nº 1455/76, na redação da Lei nº 10.637, de 30.12.2002). Nesse sentido já decidiu esta C. Turma como se pode ver da seguinte e elucidativa ementa: “ (...). IMPORTAÇÃO – INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA – MULTA APLICÁVEL AO IMPORTADOR OSTENSIVO CESSÃO DE NOME PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE DA SANÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO. Com o advento da multa de 10% instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488/07, em face do princípio da especialidade da sanção, não mais se justifica a aplicação ao importador ostensivo da multa de 100% prevista no art. 23, inc. V do Decretolei nº 1455/76, sob pena de ilegal bis in idem.” (cf. Acórdão nº 3402002.262 da 2ª TO da 4ª Câm. da 3ª Seção do CARF, Proc. nº 10314.724447/201230, em sessão de 23/04/14, Rel. Gilson Macedo Rosenburg Filho) Ressalto ainda que tal entendimento em nada contradiz o quanto disposto no artigo 727, §3º do Regulamento Aduaneiro, cujo conteúdo estabelece que: Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). (...) Fl. 766DF CARF MF 18 § 3o A multa de que trata o caput não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação ou na exportação. (grifei) Ou seja, com advento do artigo 33 da Lei nº 11.488/07, esta passou a ser a multa aplicável ao importador ostensivo, com a permanência da perda de perdimento como penalidade atribuída ao importador oculto, conforme art. 23, inciso V e §3º do Decretolei n. 1.455/76. Vale dizer, a multa de 10% do valor da operação pela cessão de nome não prejudica a pena de perdimento das mercadorias na importação ou exportação, justamente como impõe do §3º do artigo 727 do Regulamento Aduaneiro. De fato, ambas as penalidades serão aplicáveis em caso de constatação de interposição fraudulenta, contudo sendo cada qual imposta para o respectivo infrator das normas aduaneiras, e não conjuntamente para um único sujeito passivo. Portanto, não se aplica a penalidade imposta pelo artigo 23, inciso V e §3º do Decretolei n. 1.455/76 ao importador ostensivo, mas sim aquela de 10% do valor da operação peça cessão de nome (artigo 33 da Lei nº 11.488/07), devendo, portanto, ser cancelada a presente autuação fiscal enquanto lhe imputa a multa equivalente à pena de perdimento das mercadorias importadas. Além disso, há que se reconhecer que a mesma deve incidir exclusivamente sobre a empresa que cedeu seu norma para a operação de interposição fraudulenta, como o próprio caput do art.727 do Regulamento Aduaneiro deixa claro. Desse modo, a Multa de cessão de nome deve ser aplicada de modo exclusivo àquela pessoa jurídica que cedeu o nome não havendo falar em solidariedade das demais pessoas jurídicas apontadas, quais sejam: Actisa Comércio de Materiais Ltda., Partner Trading Importação e Exportação Ltda., e Indianara Tavares Costa ME. Com a vigência da Lei nº 11.488/2007, nos casos que ela especifica, não há mais que se aplicar o disposto no art. 81 da Lei nº 9.430/96, relativa à declaração de inaptidão de CNPJ, pois o legislador assim o prescreveu por considerar a Multa por cessão de nome uma reprimenda menos danosa do que a declaração de inaptidão de CNPJ, certamente, por não ocasionar ao menos de modo direto uma descontinuidade nas atividades empresariais da apenada. Portanto, o sentido da lei é que a Multa de cessão de nome foi estabelecida para ser utilizada no lugar da declaração de inaptidão de CNPJ nos casos em que especifica, devendo ser destinada exclusivamente à pessoa jurídica que cedeu seu nome. Nesse sentido é a Solução de Consulta Interna nº 9 COSIT de 22/04/2014, ao tratar da qualificação dos sujeitos passivos envolvidos na interposição fraudulenta na importação: 15. Vêse que, no caso de importação com interposição fraudulenta, tanto o importador oculto como o ostensivo possuem relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. Embora a operação seja formalmente registrada em nome da interposta pessoa, em regra, é o real interessado quem toma a iniciativa e impulsiona o processo de importação. Portanto, ambos podem ser qualificados como contribuintes dos tributos e penalidades incidentes, exceto quanto à multa por cessão do nome, que é específica do importador ostensivo. (...) Fl. 767DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 759 19 Conclusão (...) 18.1 Na importação realizada com interposição fraudulenta de terceiro, em que for identificado o real adquirente da mercadoria, tanto o importador oculto como o ostensivo podem ser qualificados como contribuintes dos tributos e penalidades incidentes na operação, exceto em relação à multa por cessão do nome, que é específica da interposta pessoa. Portanto, há no caso erro na identificação do sujeito passivo da infração relativa ao art. 33 da Lei nº 11.488/07, devendo tal multa incidir apenas sobre a PARTNER (importadora ostensiva) e a ANTARES (adquirente ostensiva), que se interpuseram no intuito de ocultar a ACTISA (real adquirente), cedendo indevidamente os próprios nomes, devendo ser autuadas em Autos de Infração individualizados, pela Multa por cessão de nome. Diferentemente do alegado pelo Recorrente no seu Recurso Voluntário, tal vício não determina a nulidade do Auto de Infração, mas apenas a exclusão daqueles a quem a multa foi indevidamente estendida. Além disso, não há qualquer dúvida quanto a aplicação das sanções que justifique a invocação do art. 112 do CTN, alegado genericamente pela Recorrente em sua peça. As duas sanções coexistem em relação àqueles que cederam seu nome para acobertar os reais intervenientes ou beneficiários, devendo ser excluída em relação aos demais. Desse modo, voto pela exclusão da multa por cessão de nome em relação aos sujeitos passivos ACTISA e INDIANARA. Por fim, frisese que não cabe à autoridade administrativa graduar a multa do art. 33 da Lei nº 11.488/07. A cominação de uma penalidade ex vi do art. 97 do CTN está inserida nas hipóteses adstritas à reserva legal, estando a fixação de seu quantum pela autoridade julgadora permitida somente nas hipóteses acima discriminadas, logo não dispõe essa autoridade julgadora de competência para requantificar a multa ora exigida em face da proporcionalidade arguída pela defesa, visto a que o artigo 33 da Lei nº 11.488, de 2007 como norma cogente fixa o percentual sobre o valor da operação e o valor mínimo para sua cominação, logo não há respaldo legal para que seja acatada a tese quanto à proporcionalidade suscitada pela defesa. b) Da ausência de solidariedade quanto às multas Alega o Recorrente que não há que se falar em solidariedade passiva das empresas no caso de multas, tendo em vista o art. 124 do CTN. Todavia, não há que se olvidar que a lei aduaneira definiu as relações entre os coobrigados no caso de infrações conforme a seguir indicado: DecretoLei nº 37, de 1966: Fl. 768DF CARF MF 20 Art.95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...] a pessoa natural ou jurídica, em razão do despacho que promover, de qualquer mercadoria. conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória n° 2.15835, de 2001). Decreto nº 6.759, de 2009: Art.674.Respondem pela infração (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 95): I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie; [...]V conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 95, inciso V, com a redação dada pela Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 78); e (grifei) [...]Parágrafo único. Para fins de aplicação do disposto no inciso V, presumese por conta e ordem de terceiro a operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos deste, ou em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma da alínea “b” do inciso I do §1o do art. 106 (Lei nº 10.637, de 2002, art. 27; e Lei nº 11.281, de 2006, art. 11, §2º). Portanto, o instituto da solidariedade não está afeto apenas à co responsabilidade quanto ao pagamento do tributo mas também com relação ao vínculo obrigacional entre os coobrigados responsáveis pela prestação pecuniária decorrente do cometimento de infrações, conforme definido em lei como acima exposto. Caracterizada a responsabilidade solidária da empresa ANTARES, e das demais empresas que integram o pólo passivo visto que restou demonstrada a forma de participação de cada uma delas no cometimento dos ilícitos praticados, resta igualmente configurado o vínculo de responsabilidade quanto às infrações já demonstradas. Naturalmente, a responsabilidade solidária cingese à multa decorrente do art. 23, inc. V e § 3º, do DecretoLei nº 1.455, de 1976, e não as demais, que foram tratadas anteriormente. c) Da existência de subfaturamento. Quanto à existência de subfaturamento na DI nº 10/03613391, de 05/03/2010, destacou a fiscalização que: Fl. 769DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 760 21 A mercadoria importada compreende 2.073,6 m2 de revestimento cerâmico (porcelanato) em diversas dimensões e referências, no valor FOB de US$ US$ 14.204,16, correspondendo ao valor aduaneiro de R$ 36.956,35. São documentos instrutivos do despacho aduaneiro, as faturas comerciais n°s LG10021A e LG 10021B, de 28/01/2010 (fls. 410411), packing l ists de mesmo número (fls. 413413) e o Conhecimento de transporte n° ENZEA1001029, de 28/01/2010 (fls. 414415). O pagamento da mercadoria ao exportador foi efetuado em 18/01/2010, conforme Contratos de Câmbio n° 10/000836, no valor de US$ 7.464,96 (fls. 181184), e 10/000837, no valor de US$ 9.849,60 (fls. 185188), num total de US$ 17.344,56 (valor superior ao declarado, por ter ocorrido subfaturamento, conforme será demonstrado). Os referidos contratos foram celebrados pela PARTNER TRADING, na condição da importadora,(gn). Os câmbios contratados em 18/01/2010 foram amparados justamente por estas proformas. O Contrato n° 10/000837, de US$ 9.849,60 corresponde a Proforma n° LG10012A, e o Contrato n° 10/000836, de US$ 7.464,96 corresponde a Proforma n° 10012B. Tal fato demonstra que são esses os preços de venda acordados. No caso da operação de importação relativa à DI nº 10/03613391, de 05/03/2010, constatouse a ocorrência de subfaturamento. O despacho aduaneiro encontrase amparado por duas faturas comerciais: Nas faturas comerciais ou na DI não consta o nome do fabricante, mas sabese que não é o exportador, posto que este é de Hong Kong e a mercadoria é proveniente da China. Porém, nas faturas proformas correspondentes consta que o fabricante é FOSHAN LUNGO CERAMICS CO. LTD. Na DI nº 09/1631151 6, de que trata o item 5.2, a importação foi efetuada diretamente da FOSHAN LUNGO CERAMICS e, entre as referências importadas, consta a ref. 2 CCK8110, nas dimensões Fl. 770DF CARF MF 22 800x800mm, adquirida ao preço unitário de US$ 8,20/m2. Já na importação em questão, que teria ocorrido com a intervenção de uma terceira empresa sediada em Hong Kong, o preço do produto de mesma referência reduziuse de US$ 8,20 para US$ 6,55/m2. Em mensagem do dia 15/01/2010, enviada pela ACTISA à PARTNER, estavam anexadas as faturas proformas de números LG1012A e LG1012B, emitidas por FAVOUR WORLD INTERNATIONAL. Nesses documentos, os preços são superiores: Os câmbios contratados em 18/01/2010 foram amparados justamente por estas proformas. O Contrato nº 10/000837, de US$ 9.849,60 corresponde a Proforma nº LG10012A, e o Contrato nº 10/000836, de US$ 7.464,96 corresponde a Proforma nº 10012B. Tal fato demonstra que são esses os preços de venda acordados. Além disso, foram localizadas trocas de mensagens entre MARCELO/ACTISA e HENRY HUO (fls. 569570), do departamento de exportação da empresa FOSHAN LUNGO CERAMICS, relativas à operação. Em 28/01/2010 (data do embarque no exterior), HENRY HUO envia para MARCELO o rascunho do conhecimento de transporte e cópia das faturas para verificação. Com razão o juízo a quo, no arbitramento do valor aduaneiro diante da constatação da fraude, como por ele explicitado nos termos abaixo reproduzidos: O Acordo sobre a Implementação do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio GATT 1994, constante do Anexo 1A ao Acordo Constitutivo da Organização Mundial de Comércio (OMC), comumente conhecido como Acordo de Valoração Aduaneira (AVA), foi concebido para ser aplicado nas operações legítimas e leais de comércio, nas quais, segundo a acusação da fiscalização, as do presente caso concreto não se enquadram. Assim, o AVA remete para a legislação de cada país o tratamento a ser dado nos casos de prática de infrações ou crimes. No Brasil, o art. 88 da Medida Provisória (MP) nº 2.15835, de 2001, determina expressamente a valoração das mercadorias, segundo os critérios que especifica, quando da ocorrência de fraude, sonegação ou conluio com a seguinte redação: Art. 88. No caso de fraude, sonegação ou conluio, em que não seja possível a apuração do preço efetivamente praticado na importação, a base de cálculo dos tributos e demais direitos incidentes será determinada mediante arbitramento do preço da mercadoria, em conformidade com um dos seguintes critérios, observada a ordem seqüencial: I preço de exportação para o País, de mercadoria idêntica ou similar; II preço no mercado internacional, apurado: a) em cotação de bolsa de mercadoria ou em publicação especializada; Fl. 771DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 761 23 b) de acordo com o método previsto no Artigo 7 do Acordo para Implementação do Artigo VII do GATT/1994, aprovado pelo Decreto Legislativo no 30, de 15 de dezembro de 1994, e promulgado pelo Decreto no 1.355, de 30 de dezembro de 1994, observados os dados disponíveis e o princípio da razoabilidade; ou c) mediante laudo expedido por entidade ou técnico especializado. Parágrafo único. Aplicase a multa administrativa de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado, sem prejuízo da exigência dos impostos, da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e dos acréscimos legais cabíveis. Nesse contexto, observase pelos excertos acima transcritos do relatório da fiscalização, que a infração constatada e demonstrada no presente auto de infração ficou tipicamente caracterizada pelo subfaturamento nas operações de importação, haja vista a declaração de preço inferior ao efetivamente praticado, na medida em que restou constatado pela fiscalização a existência de proformas invoices, utilizadas para fechamento do câmbio em valor superior ao valor declarado na DI respectiva, cujas faturas que a instruíam com idênticas referências da mercadoria importada, consignavam valor inferior, restando assim caracterizada a falsificação documental dos documentos instrutórios do despacho, com o intuito de alterar preços e outras informações, como o nome do nome do exportador. Assim, na importação analisada pela fiscalização, restou demonstrado que os valores declarados na DI são inferiores aos valores efetivamente praticados, conforme apurado através as faturas proformas de números LG1012A e LG1012B, emitidas por FAVOUR WORLD INTERNATIONAL. É importante assinalar que não houve a comparação de valores com uma DI de importação anterior para fundamentar a existência de subfaturamento, apenas como reforço argumentativo mencionou a fiscalização essa DI visto tratarse de mesmo fabricante e idênticas mercadorias: Porém, nas faturas proformas correspondentes consta que o fabricante é FOSHAN LUNGO CERAMICS CO. LTD. Na DI n° 09/16311516, de que trata o item 5.2, a importação foi efetuada diretamente da FOSHAN LUNGO CERAMICS e, entre as referências importadas, consta a ref. 2CCK8110, nas dimensões 800x800mm, adquirida ao preço unitário de US$ 8,20/m2. Já na importação em questão, que teria ocorrido com a intervenção de uma terceira empresa sediada em Hong Kong, o preço do produto de mesma referência reduziuse de US$ 8,20 para US$ 6,55/m2. Restou assim caracterizada a prática de subfaturamento, por meio de declarações inexatas, inclusive, de falsificações dos documentos instrutórios das DIs. Desse modo, não procedem as alegações do Recorrente a esse respeito. Fl. 772DF CARF MF 24 d) Da ocorrência da interposição fraudulenta Em primeiro lugar, devese frisar que o Recorrente sequer esboça alguma defesa técnica acerca da interposição fraudulenta caracterizada no Auto de Infração e suas peças anexas, tampouco apresentando qualquer elemento probatório contrário ao farto caderno probatório levantado na atividade fiscalizatória. Em sua defesa, limitase a alegar que a narrativa do TVF é frágil e inverídica, reafirmando a idoneidade e valor probatório dos documentos contábeis, e que os recursos utilizados na importação são pertencentes à Recorrente. Compulsando a decisão a quo, verificase que não apenas o TVF foi excepcionalmente minucioso, como também a decisão da DRJ foi especialmente analítica, apontando precisamente os elementos caracterizadores da interposição para cada uma das DIs sob análise. Esclarece a fiscalização: Através de mensagens de correio eletrônico coletadas por ocasião da diligência realizada na PARTNER TRADING é possível reconstituir a sequência de ações que deram origem à parceria entre a PARTNER TRADING, a ACTISA e a ANTARES, com objetivo de efetuar importações de mercadorias adquiridas pela ACTISA, declarandose falsamente se tratar de aquisições efetuadas pela ANTARES. De fato, verificase farta quantidade de mensagens eletrônicas trocadas entre as empresas autuadas, revelando o esquema praticado para a interposição, com vistas à chegada da mercadoria à ACTISA, a real adquirente. A Recorrente teve sua insuficiência de recursos demonstrada na decisão a quo nos seguintes termos: Como demonstrado pela fiscalização, em análise minudente dos lançamentos contábeis da empresa ANTARES relativos aos anos de 2009/2010, conforme item 6 do relatório fiscal, inclusive com a elaboração de planilhas demonstrando a situação financeira da citada empresa, bem como a análise para cada DI objeto deste processo quanto à contabilização da operação de importação, restou evidenciado: a) durante a maior parte do período a ANTARES mantinha concomitantemente saldo negativo na conta corrente e empréstimos junto ao Banco do Brasil, enquanto declarava possuir valores vultosos na conta caixa; b) não há qualquer lançamento contábil que demonstre que a empresa ANTARES adiantou recursos à PARTNER ou a SOULLER, dessa forma restou evidenciado que a empresa ANTARES utiliza o seu saldo de caixa para ocultar a origem dos recursos recebidos e para simular desembolso de recursos como se tivessem sido efetuados por ela, quando o foram por terceiro. Da análise do subitem 6.3 do relatório, relativo à DI n° 10/03613391 esse fato está cabalmente demonstrado pela discrepância dos lançamentos contábeis na empresa PARTNER e ANTARES com relação à mesma operação, ficando evidente o Fl. 773DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 762 25 intuito de dissimular o adiantamento de fato pela empresa ACTISA, real adquirente da operação de importação; c) que a escrituração contábil da ANTARES é inidônea, visto que elaborada com o intuito de dissimular os fatos e negócios efetivamente ocorridos, tal como discriminados com relação à cada DI nos subitens 6.1 a 6.6 do relatório, fazendo nesse caso prova a favor do fisco, uma vez que os lançamentos contábeis foram efetuados sem observância das formalidades exigidas na legislação de regência, DecretoLei n° 486, de 1969, artigos 1º e 8º; d) a empresa ANTARES é orientada a ocultar a origem dos recursos em suas contas correntes e na contabilidade. A PARTNER, por sua vez, se compromete a simular trocas de mensagens com os fornecedores estrangeiros "falando em nome" da ANTARES, com o objetivo de "fundamentar a compra", bem como encaminhar uma purchase order (pedido de compra,) ao fornecedor. Também fica claro que a ANTARES não efetuará qualquer pagamento sem antes receber a antecipação dos recursos financeiros. Desse modo, a ANTARES não corre qualquer risco na operação e será remunerada unicamente pelo fato de ceder seu nome para viabilizar importações de terceiros. E acerca da documentação bancária asseverou: Conforme se verifica, na maior parte do período, enquanto a conta CAIXA apresentava saldos elevados, a conta corrente bancária possuía saldo negativo e a ANTARES mantinha valores consideráveis de empréstimos bancários. Mesmo no período em que a conta corrente bancária apresentava saldo positivo seria totalmente injustificável a existência de empréstimos bancários, face à suposta existência de valores muito superiores a tais empréstimos no caixa da empresa. Constatase que a situação financeira da empresa era, na verdade, precária, já que precisava manter empréstimos bancários e saldo negativo em conta corrente para financiar suas atividades, bem como que o saldo contábil da conta caixa é FICTÍCIO, pois ou a empresa não mantém recursos em espécie ou os mantém em quantia pouco significativa, apenas para pagamento de pequenas despesas. Resta demonstrado que a escrituração contábil da ANTARES é INIDÔNEA, elaborada para dissimular os fatos e negócios efetivamente ocorridos. Diante dos fatos e provas acima explicitados ficou demonstrado pela fiscalização que a empresa ANTARES não tinha capacidade econômica para o pagamento, pela via cambial, da importação. Não tinha portanto suficiência de recursos, seja quanto à origem, disponibilidade ou transferência para promover as operações de comércio exterior através da DIs já identificadas no litígio em exame. E quanto à interposição fraudulenta comprovada, adiro à fundamentação a quo, vazada nos seguintes termos: Fl. 774DF CARF MF 26 Após a análise quanto à validade jurídica dos meios de prova utilizados pela fiscalização e constatado, a) que os recursos financeiros utilizados nas operações de importação não se originaram da empresa ANTARES; b) a antecipação de recursos pela empresa ACTISA (empresa que de fato promoveu as operações de importação, porque dela se originaram os recursos financeiros), cujos valores eram depositados em contas de pessoas físicas vinculadas às empresas PARTNER e ANTARES restou demonstrado que a PARTNER TRADING IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA submeteu a despacho aduaneiro as Declarações de Importação n°s 09/10653687, 09/16311516, 10/03613391, 10/05021980, 10/08606385 e 10/12405208, declarando como adquirente das mercadorias a empresa ANTARES COMÉRCIO E SERVIÇOS, quando o efetivo adquirente responsável pela compra internacional e pelo aporte de recursos financeiros foi a ACTISA COMÉRCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA (adquirente oculta nas respectivas operações de importação). Essas três empresas, juntamente com a SOULLER ASSESSORIA (INDIANARA TAVARES COSTA ME que também recebia depósitos da empresa ACTISA para dissimular a verdadeira importação), em conluio, promoveram importações mediante INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA, dissimulando o negócio jurídico verdadeiramente ocorrido. A ocultação do real adquirente (empresa ACTISA) na espécie dos autos restou explicitada por um encadeamento de ações de natureza simulatória que tiveram o intuito de dissimular a real operação e consequentemente a real adquirente da mercadoria, pressuposto fático que se subsume ao tipo legal disposto no artigo 23, inciso V, §§ 1º e 3º, do DecretoLei nº 1.455, de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002. As ações perpetradas com vistas a ocultar a empresa que efetivamente promoveu a importação das mercadorias através das citadas DIs foram efetivadas através de falsa declaração a Aduana dos reais intervenientes na operação de comércio exterior, além de falsidade documental quanto aos documentos de instrução das referidas DIs, situação que se enquadra no conceito de fraude e conluio, por força do art. 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. Notese que o elemento subjetivo da conduta das autuadas visando mascarar perante a Aduana a real transação ocorrida, fica evidenciado não apenas nos lançamentos contábeis e na pulverização da antecipação de recursos nas contas das pessoas físicas visando impedir ao fisco a identificação da origem dos recursos utilizados, mas bem explicitados pelos excertos das mensagens eletrônicas, colacionadas nos autos e parcialmente já reproduzidas no presente voto que exteriorizam o modus operandi utilizado e a participação das empresas que compõem o polo passivo na prática da ocultação da verdadeira adquirente das mercadorias. Portanto, não restam dúvidas da ocorrência da interposição fraudulenta na importação pelas autuadas. Fl. 775DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 763 27 III) Conclusão Ante o exposto, dou PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário para: a) De ofício, excluir a PARTNER do polo passivo em razão de vício na notificação do Auto de Infração. b) Excluir a aplicação da multa substitutiva do perdimento à importadora ostensiva, ANTARES, aplicandose a ela apenas a multa por cessão de nome. c) Excluir a multa por cessão de nome em relação aos sujeitos passivos ACTISA e INDIANARA. d) Afastar a aplicação da multa do parágrafo único art. 88 da MP 2.158 34/2001, decorrente de subfaturamento. e) Manter a autuação quanto as demais ponto. É como voto. Relator Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 776DF CARF MF 28 Voto Vencedor Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Redatora Designada Na sessão de julgamento deste processo ousei divergir do Ilustre Relator, no que fui acompanhada por outros conselheiros, somente quanto à parte dos recursos voluntários que ele daria provimento parcial (itens "a" a "d" da Conclusão do Voto Vencido acima). i) Responsabilidade da empresa PARTNER: Sobre a intimação no processo administrativo fiscal, assim estabelece o art. 23 do Decreto nº 70.235/72: Art. 23. Farseá a intimação: (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) (...) § 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) § 2° Considerase feita a intimação: § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) (...) No caso concreto, a empresa PARTNER foi regularmente intimada, por via postal, no endereço por ela fornecido à Receita Federal para fins cadastrais (vide extrato do seu CNPJ nos autos), tanto do auto de infração como da decisão de primeira instância, sendo que, neste último caso, diante da recusa de recebimento, foi efetuada a intimação editalícia, como se vê, tudo em conformidade com o disposto no dispositivo transcrito acima. Também não há qualquer discrepância com o disposto no art. 127 do CTN, vez que não há que se falar em "falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário", quando a própria contribuinte forneceu o endereço à Receita Federal no cadastro do seu CNPJ. Nessa esteira, bem esclarece Paulo de Barros Carvalho (Curso de Direito Tributário, 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 1996, p. 210) que: "Todas as comunicações fiscais, de avisos e esclarecimentos, bem como os atos, propriamente, de intercâmbio procedimental intimações e notificações serão dirigidas àquele lugar escolhido, que consta dos cadastros das repartições tributárias, e onde o fisco espera encontrar a pessoa, para a satisfação dos mútuos interesses." Fl. 777DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 764 29 Assim, foi plenamente regular as intimações efetuadas à empresa PARTNER no âmbito do presente processo administrativo, não havendo qualquer nulidade nesse aspecto. Ademais, não poderia a Administração tributária, que agiu em conformidade com a lei, restar prejudicada pela falta do cumprimento pela própria contribuinte de seu dever de manter as suas informações cadastrais atualizadas perante o órgão público. ii) Multa por cessão de nome: Alega a recorrente a existência de bis in idem na aplicação da multa por cessão de nome, prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007, conjuntamente com a multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, veiculada pelo art. 23, inc. V e § 3º, do Decreto Lei nº 1.455, de 1976. Em matéria de infrações administrativas no âmbito aduaneiro, a pessoa física ou jurídica pode ser punida como agente direto da infração, que praticou a ação ilícita ou incorreu na omissão ilícita, nos termos do art. 94 do Decretolei nº 37/66, ou como "responsável" pela infração, em conformidade com o disposto no art. 95 desse Decretolei: Art. 94 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. § 1º O regulamento e demais atos administrativos não poderão estabelecer ou disciplinar obrigação, nem definir infração ou cominar penalidade que estejam autorizadas ou previstas em lei. § 2º Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; II conjunta ou isoladamente, o proprietário e o consignatário do veículo, quanto à que decorrer do exercício de atividade própria do veículo, ou de ação ou omissão de seus tripulantes; III o comandante ou condutor de veículo nos casos do inciso anterior, quando o veículo proceder do exterior sem estar consignada a pessoa natural ou jurídica estabelecida no ponto de destino; IV a pessoa natural ou jurídica, em razão do despacho que promover, de qualquer mercadoria. V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) VI conjunta ou isoladamente, o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Lei nº 11.281, de 2006) Fl. 778DF CARF MF 30 No caso dos autos, tratase da possibilidade de cumulação da multa por cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, com a multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria em face da ocultação do sujeito passivo na importação mediante fraude ou simulação, prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decretolei nº 1.455/76: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (Incluído pela Lei n° 10.637, de 30.12.2 002) § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) (...) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) No caso da infração por ocultação do sujeito passivo na importação mediante fraude ou simulação, como não está expresso no art. 23, V do Decretolei nº 1.455/76, o agente direto da infração deve ser deduzido da conduta coibida por esse dispositivo, qual seja, a ocultação do sujeito passivo, daí se concluindo que o agente direto dessa infração é o importador ostensivo, que é quem efetivamente pratica a ação de "ocultar" o verdadeiro sujeito passivo na importação, sem prejuízo de outras pessoas poderem também responder por essa infração com fundamento do art. 95 do Decretolei nº 37/66, em especial, o adquirente da mercadoria na importação por sua conta e ordem ou o encomendante predeterminado, se for o caso. Ocorre, no entanto, que na hipótese da aplicação da pena de perdimento às mercadorias, em que a fiscalização encontrálas, não obstante o agente direto da infração prevista no art. 23, V do Decretolei nº 1.455/76 seja mesmo o importador ostensivo, como se disse acima, sendo a ele aplicada a penalidade, quem pode acabar ao final suportando o efeito dessa penalidade é o importador oculto real adquirente da mercadoria no exterior, que será privado do seu uso e gozo. Fl. 779DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 765 31 Nessa esteira, é que o legislador ordinário optou por inserir no ordenamento jurídico a multa prevista no art. 33 da Lei 11.488/2007 com intuito de penalizar concretamente a conduta irregular do importador ostensivo, que cedeu seu nome a outrem, eis que ele poderia restar sem punição na hipótese de aplicação da pena de perdimento às mercadorias. Com efeito, no caso da infração por cessão de nome, consta consignado no art. 33 da Lei nº 11.488/2007 que o agente direto da infração é a "A pessoa jurídica que ceder seu nome (...)", que é o importador ostensivo, sem prejuízo, obviamente, de outras pessoas poderem figurar no polo passivo do auto de infração com base no disposto no art. 95 do Decretolei nº 37/66, se for o caso. Assim, independentemente de qualquer juízo de valor acerca de o importador ostensivo ser duplamente penalizado, entendo que a segunda multa, por cessão de nome, foi criada pelo legislador ordinário para conviver com a pena de perdimento das mercadorias e, em consequência, também a multa que lhe substitui, o que se confirma com o disposto no art. 727, §3o do Regulamento Aduaneiro/2009: Art.727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). §1oA multa de que trata o caput não poderá ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais)(Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). §2oEntendese por valor da operação aquele utilizado como base de cálculo do imposto de importação ou do imposto de exportação, de acordo com a legislação específica, para a operação em que tenha ocorrido o acobertamento. §3oA multa de que trata o caput não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação ou na exportação. (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). No Acórdão n° 310100.431 1ª Camara / 1ª Turma Ordinária, de 25 de maio de 2010, Redator designadoTarásio Campelo Borges, foi decidido que "O dano ao erário nas infrações enumeradas no caput do artigo 23 do Decretolei 1.455, de 1976, com as modificações introduzidas pela Lei 10.637, de 2002, não é fato típico para a exigência da multa cominada no artigo 33 da Lei 11.488, de 2007". Também este Colegiado decidiu recentemente, por unanimidade, no Acórdão nº 3402003.008– 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 26 de abril de 2016, Relator: Antonio Carlos Atulim, no sentido de que a multa por cessão de nome não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa substitutiva ao perdimento. Assim, configuradas as materialidades das duas infrações aduaneiras acima, não há como este Conselho Administrativo afastar a aplicação das penalidades respectivas aos seus agentes diretos e aos responsáveis pelas infrações. iii) Multa administrativa pela diferença de preço: Fl. 780DF CARF MF 32 Alega, sem razão, a recorrente que haveria bis in idem entre a Multa do Controle Administrativo (parágrafo único do artigo 88 da MP nº 2.15835/2001) e a Multa pecuniária substitutiva do perdimento (parágrafo 3º do art. 23 do Decretolei nº 1.455/1976). Conforme disposto no §1ºA do art. 703 do RA/2009, abaixo transcrito, o que se veda é que a "conduta praticada", certamente ilícita, seja penalizada duas vezes, pelo perdimento ou pela multa administrativa pela diferença de preços: Art. 703. Nas hipóteses em que o preço declarado for diferente do arbitrado na forma do art. 86 ou do efetivamente praticado, aplicase a multa de cem por cento sobre a diferença, sem prejuízo da exigência dos tributos, da multa de ofício referida no art. 725 e dos acréscimos legais cabíveis (Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 88, parágrafo único).(Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). § 1ºA Verificandose que a conduta praticada enseja a aplicação tanto de multa referida neste artigo quanto da pena de perdimento da mercadoria, aplicase somente a pena de perdimento. (Incluído pelo Decreto nº 8.010, de 2013) (negritei) §2oO disposto neste artigo não prejudica a aplicação da penalidade referida no inciso VI do art. 689, na hipótese de ser encontrada, em momento posterior à aplicação da multa, a correspondente fatura comercial falsificada ou adulterada. (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). O que tal dispositivo tutela é o princípio do non bis in idem, de que ninguém pode ser condenado duas ou mais vezes por uma mesma conduta, que é reconhecido pela doutrina como decorrência direta dos princípios constitucionais da legalidade, da tipicidade, do devido processo legal e da proporcionalidade. A importação é um procedimento que envolve uma série de condutas dos intervenientes, importadores, transportadores e exportadores, as quais podem, eventualmente, ser puníveis quando importem inobservâncias de normas estabelecidas na legislação aduaneira. Com efeito, o §1ºA do art. 703 do RA/2009 não coíbe a aplicação concomitante das duas multas numa mesma importação, mas tão somente a dupla penalização de uma mesma conduta ilícita. No presente caso, conforme se observa no Voto acima do Relator, configurouse, de forma individualizada, as materialidades das duas condutas, de subfaturamento e de interposição fraudulenta, não sendo o caso de afastar a multa pela diferença de preços com base no §1ºA do art. 703 do RA/2009. Assim, tendo em vista as divergências acima apontadas em relação ao Voto do Ilustre Relator, e acompanhandoo quanto aos demais pontos, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinatura digital) Maria Aparecida Martins de Paula, Redatora Designada Fl. 781DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 766 33 Fl. 782DF CARF MF
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Numero do processo: 10860.900271/2008-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003
Ementa:
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PIS. PROVA DO CRÉDITO EM DCTF E DIPJ RETIFICADORAS APRESENTADAS EM SEDE RECURSAL
Em sede de recurso voluntário o contribuinte apresentou DCTF e DIPJ retificadoras que atestam seu direito creditório, o que foi chancelado por meio de diligência fiscal. Crédito reconhecido.
Numero da decisão: 3402-003.784
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para reconhecer o direito de crédito nos termos da diligência efetuada.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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Recorrida UNIÃO ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003 Ementa: COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PIS. PROVA DO CRÉDITO EM DCTF E DIPJ RETIFICADORAS APRESENTADAS EM SEDE RECURSAL Em sede de recurso voluntário o contribuinte apresentou DCTF e DIPJ retificadoras que atestam seu direito creditório, o que foi chancelado por meio de diligência fiscal. Crédito reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para reconhecer o direito de crédito nos termos da diligência efetuada. Antonio Carlos Atulim Presidente. Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Por bem retratar os fatos aqui analisados, me valho do Relatório desenvolvido por este Tribunal administrativo quando da resolução n. 3801000.471 (fls. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 90 02 71 /2 00 8- 56 Fl. 441DF CARF MF 2 123/128), da lavra do Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, o qual adoto como meu nos termos abaixo: (...). Tratase de Declaração de Compensação (DCOMP) com aproveitamento de suposto pagamento a maior. A Delegacia da Receita Federal de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico de não homologação da compensação (fl. 6), tendo em vista que o pagamento apontado como origem do direito creditório estaria integralmente utilizado na quitação de débito do contribuinte. Cientificada do despacho decisório em 05/05/2008 (fl. 7), a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em 03/06/2008 (fl. 8/13), na qual alegou que o despacho decisório decorre do fato de não terem sido retificadas as DCTFs que identificam os pagamentos realizados durante o ano de 2003 e em janeiro de 2004 em relação aos débitos de PIS, e informa que estava apresentando as correspondentes declarações retificadoras, conforme cópia que anexava aos autos. A interessada alegou, ainda, que, em conformidade ao disposto no § 10 do art. 11 da Instrução Normativa RFB no 786, de 2007, a declaração retificadora substitui integralmente a original, sendo que os valores corretos devidos a titulo de PIS são aqueles declarados na DIPJ 2004. Assim, conclui que os créditos decorrentes de pagamento indevido ou a maior de PIS foram devidamente demonstrados por meio das DCTF retificadoras, restando comprovado que o crédito que possui é suficiente para compensar os débitos da DCOMP. Ao final, entendendo que o procedimento adotado estava em consonância com a legislação vigente ã época, a contribuinte requer a nulidade do despacho decisório.” A Delegacia de Julgamento em Campinas (SP) proferiu a seguinte decisão, nos termos da ementa abaixo transcrita: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003 DCOMP. CREDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. PROVA. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados. O reconhecimento do direito creditório aproveitado em DCOMP não homologada requer a prova de sua existência e montante. Faltando ao conjunto probatório carreado aos autos elementos que permitam a legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido”. Fl. 442DF CARF MF Processo nº 10860.900271/200856 Acórdão n.º 3402003.784 S3C4T2 Fl. 3 3 Inconformada, a contribuinte recorre a este Conselho, conforme recurso de fls. 2937, onde reprisa as razões apresentadas na manifestação de inconformidade de fls. 0914. Aduz ainda que a autoridade competente não observou o procedimento previsto no art. 65 da Instrução Normativa nº 900, de 2008, devendo ser aplicado ao caso o princípio da verdade material, uma vez que ocorreu erro material na apuração do crédito, por parte da recorrente, o que foi levado a conhecimento da DRF posteriormente através da apresentação regular da PER/DCOMP, requerendo seja conhecido e provido o recurso para seja reconhecido o direito creditório relativo aos pagamentos efetuados a maior ou indevidos de IPI, acrescidos de juros equivalentes a taxa SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês subseqüente ao do pagamento indevido ou a maior que o devido até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada, podendo ainda estes valores serem compensados com quaisquer tributos ou contribuições sob a administração da SRF, ainda que não sejam da mesma espécie nem tenham a mesma destinação constitucional. 2. Uma vez distribuído o recurso voluntário interposto neste tribunal, o então Relator do caso, acompanhado pela turma julgadora, baixou o processo diligência nos seguintes temos: (...). Não obstante a ausência de parte da documentação comprobatória necessária na origem, motivo do indeferimento do pedido de homologação, a contribuinte recorre a este Conselho de Contribuintes anexando às suas razões a integralidade da documentação comprobatória necessária, o que justifica uma nova análise do seu pedido de homologação da compensação. Desta forma, verificada a documentação apresentada juntamente com o presente recurso, fazse necessária a análise do seu conteúdo probatório. (...). No caso dos autos, ainda que juntada posteriormente ao despacho decisório, bem como à decisão da DRJ de origem, a prova trazida aos autos deve ser apreciada para a melhor solução da controvérsia, uma vez que, de fato, comprova o alegado. Se o contribuinte alega ter o direto ao crédito,o qual requer a compensação, e traz aos autos, ainda que somente nesta fase processual, a prova deste direito, não há razão para negarlhe a homologação da compensação. Ante ao exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a Delegacia de origem: Fl. 443DF CARF MF 4 a) aprecie e informe a existência de créditos e débitos, especialmente pela análise da DIPJ onde consta o crédito apontado e a alegada a veracidade das suas informações; b) cientifique a interessada quanto ao teor da diligência para, desejando, manifestarse no prazo de dez dias.julgamento. É assim que voto. 3. Realizada a diligência, assim concluiu a fiscalização (fls. 433/434): (...). Primeiramente, cabe destacar que com o advento da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro real e cujas receitas não se enquadrassem naquelas para as quais a forma de apuração foi mantida nos moldes da legislação anterior, passaram a apurar o PIS, a partir de dezembro de 2002, sob o regime nãocumulativo. Assim, a única possibilidade do interessado (optante do Lucro Real) haver apurado débitos de PIS para o período de 2003 seria no caso de ter auferido alguma das receitas dentre aquelas que permaneceram no regime cumulativo. Verificando as DIPJ/2004 apresentadas à Receita Federal do Brasil pelo interessado, constatase que foram apresentadas três DIPJ, a saber: ® DIPJ Original – apresentada em 29/06/2004 (fls. 173/253); ® DIPJ Retificadora – apresentada em 01/09/2004 (fls. 254/334); ® DIPJ Retificadora – apresentada em 29/08/2008 (fls. 335/415). Da análise dos dados informados em cada uma das DIPJ, em especial na ficha 21 – Cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP – Regime Nãocumulativo, verificase que desde a DIPJ original, cuja apresentação à RFB se deu em junho de 2004, não fora apurado qualquer valor de PIS a pagar, seja na modalidade cumulativa ou na nãocumulativa. As alterações efetuadas por intermédio das DIPJ Retificadoras, em relação ao PIS e a COFINS, resumemse no aumento do valor das referidas contribuições no mês de dezembro/2003. As outras alterações efetuadas referiramse ao IRPJ e a CSLL. Da mesma sorte, os DACON apresentados pelo interessado, conforme tela de consulta à fl. 152, foram todos entregues entre os meses de março e setembro de 2004 e sem qualquer valor de PIS a pagar apurado (fls. 153/172). (...). As DCTF Retificadoras, cancelando os débitos de PIS informados nas ORIGINAIS (entregues entre os meses de maio de 2003 e fevereiro de 2004), foram apresentadas à RFB em 03/06/2008 quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade (fls. 425/432). Fl. 444DF CARF MF Processo nº 10860.900271/200856 Acórdão n.º 3402003.784 S3C4T2 Fl. 4 5 Analisando as informações acerca do PIS e da COFINS constantes nas DCTF originais observase que foram informados débitos de PIS como se a pessoa jurídica estivesse no regime cumulativo, ou seja, sem o desconto de créditos permitido pelo novo regime (art. 3º da Lei nº 10.637/2002), porém com a alíquota nãocumulativa de 1,65%, pois conforme se constata pelos valores, a seguir demonstrados, a relação percentual entre os valores declarados de PIS e de COFINS é a mesma entre os valores das alíquotas utilizadas pelo interessado na apuração das referidas contribuições (1,65 / 3,00 => 0,55 %). (...). Portanto, verificase que o erro na apuração dos valores do PIS deuse em função do interessado, quando da apuração dos débitos a serem informados nas DCTF, não ter se atentado para o desconto dos créditos previstos no art. 3º da Lei nº 10.637/2002, situação essa que não ocorreu nas apurações constantes na DIPJ e respectivos DACON. Em 19/11/2013 o interessado foi intimado a declarar, sob as penas da Lei, se se enquadrou, no período de 2003, nas hipóteses previstas no art . 8º da Lei nº 10.637/2002 (fls. 132/134). Em resposta, o interessado declarou, em 03/12/2013, sob as penas da Lei, não haver se enquadrado, no período de 2003, nas hipóteses previstas no art. 8º da referida Lei, exceto no caso das receitas previstas no item “a” do inciso VII do seu art. 8º (receitas decorrentes da venda de produtos de que trata a Lei 10.485/2002), cuja alíquota à época era 0 (zero) (fls. 135/137). (...). 4. Diante deste quadro, o contribuinte foi intimado para se manifestar a respeito, ficando inerte. 5. É o relatório. Voto Conselheiro Diego Diniz Ribeiro 6. O recurso sub judice preenche os pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual passo ao seu conhecimento. I. Do crédito compensado 7. Em suma, o contribuinte apresentou Compensação (DCOMP) alegando que houve equívoco no preenchimento da DCTF remetida à Receita Federal, o que foi posteriormente corrigido por intermédio da entrega da DCTF retificadora, corroborada pelas informações constantes nas DIPJ's original e retificadoras apresentadas. Fl. 445DF CARF MF 6 8. A Delegacia da Receita Federal entendeu por não homologar a compensação ao fundamento que o pagamento apontado como origem do direito creditório fora integralmente utilizado na quitação de débitos da contribuinte. 9. Em manifestação de inconformidade o contribuinte não apresentou toda a documentação necessária para atestar seu crédito, em especial DCTF retificadora e DIPJ's retificadoras, o que só foi realizado em sede de recurso voluntário, fato este, inclusive, que motivou a diligência aqui tratada. 10. Referida diligência foi conclusiva no sentido de que, diante da retificação alhures mencionada, o contribuinte não possuía débito de PIS para o período mencionado, o que redundou no crédito utilizado na presente compensação em indevidamente glosado pela fiscalização. Dispositivo 11. Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Voluntário, de modo a reconhecer o crédito pleiteado pelo contribuinte e, por conseguinte, homologar a compensação perpetrada. Diego Diniz Ribeiro Relator Fl. 446DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.934835/2009-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.763
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT HARALD S A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 48 35 /2 00 9- 79 Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10980.934835/200979 Acórdão n.º 3402003.763 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de PIS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10980.934835/200979 Acórdão n.º 3402003.763 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10980.934835/200979 Acórdão n.º 3402003.763 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 126DF CARF MF Processo nº 10980.934835/200979 Acórdão n.º 3402003.763 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 127DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15467.720043/2015-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
ISENÇÃO. SÚMULA N.º 63 DO CARF. COMPROVAÇÃO DA MOLÉSTIA GRAVE POR MEIO DE LAUDO PERICIAL OFICIAL. NEOPLASIA MALIGNA. DOENÇA NÃO PASSÍVEL DE CONTROLE. AUSÊNCIA DE PRAZO DE VALIDADE DO LAUDO.
Cumpridos os requisitos referentes à natureza dos rendimentos provenientes de aposentadoria e à comprovação do acometimento de moléstia grave, por meio de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, o contribuinte faz jus à isenção do imposto de renda.
O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, apenas no caso de moléstias passíveis de controle.
Numero da decisão: 2201-003.324
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 06/09/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE E ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2013 ISENÇÃO. SÚMULA N.º 63 DO CARF. COMPROVAÇÃO DA MOLÉSTIA GRAVE POR MEIO DE LAUDO PERICIAL OFICIAL. NEOPLASIA MALIGNA. DOENÇA NÃO PASSÍVEL DE CONTROLE. AUSÊNCIA DE PRAZO DE VALIDADE DO LAUDO. Cumpridos os requisitos referentes à natureza dos rendimentos provenientes de aposentadoria e à comprovação do acometimento de moléstia grave, por meio de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, o contribuinte faz jus à isenção do imposto de renda. O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, apenas no caso de moléstias passíveis de controle.
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SÚMULA N.º 63 DO CARF. COMPROVAÇÃO DA MOLÉSTIA GRAVE POR MEIO DE LAUDO PERICIAL OFICIAL. NEOPLASIA MALIGNA. DOENÇA NÃO PASSÍVEL DE CONTROLE. AUSÊNCIA DE PRAZO DE VALIDADE DO LAUDO. Cumpridos os requisitos referentes à natureza dos rendimentos provenientes de aposentadoria e à comprovação do acometimento de moléstia grave, por meio de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, o contribuinte faz jus à isenção do imposto de renda. O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, apenas no caso de moléstias passíveis de controle. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 06/09/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 46 7. 72 00 43 /2 01 5- 90 Fl. 63DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 2 JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE E ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Tratase de Notificação de Lançamento (fls. 12/15) lavrada em procedimento de revisão da Declaração de Ajuste Anual Exercício 2013 – Ano Calendário 2012, por omissão de rendimentos recebidos do INSS, no valor de R$ 22.141,86, considerado o imposto de renda retido na fonte, no valor de R$ 44,90. Com esse lançamento foi apurado o imposto suplementar no valor de R$ 6.044,11, acrescido de multa de ofício e juros de mora calculados até 30/01/2015, resultando no crédito tributário de R$ 11.608,91. O contribuinte apresentou impugnação tempestiva (fls. 02/03), alegando que o valor recebido do INSS é isento por se tratar de proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, recebidos por portador de moléstia grave. Anexa documentos de prova. Extrato do Processo (fl. 25). foram processadas em 04/2015. Anexa documentos de fls 06/31. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre julgou improcedente a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2013 RENDIMENTOS DO TITULAR. ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. São isentos os proventos de aposentadoria ou pensão recebidos por portador de moléstia grave, comprovada mediante laudo emitido por serviço médico oficial municipal, estadual ou federal. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Fl. 64DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 15467.720043/201590 Acórdão n.º 2201003.324 S2C2T1 Fl. 3 3 Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustenta, em síntese, o direito à isenção, e anexa os seguintes documentos: carta de concessão de aposentadoria do INSS; laudo de anatomia patológica emitido pelo Instituto Nacional de Câncer; relatório médico do procedimento cirúrgico de nefrectomia radical esquerda (retida do rim esquerdo), com respectivo CID, emitido pelo Instituto Nacional de Câncer; comprovante de rendimentos pagos pelo INSS; intimação 2015/Acódão 1055.501; e Carteira de Identidade Profissional. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Conforme relatado, o presente lançamento tratase da omissão de rendimentos indevidamente considerados isentos por portador de moléstia grave. O acórdão de primeira instância negou o direito à isenção do contribuinte sob o fundamento de que "o relatório médico emitido pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer, fls. 10/11) não atende ao previsto na Instrução Normativa SRF n.º 15/2001, então vigente", pois identifica o contribuinte e a data em que a doença foi diagnosticada (11/05/1998), mas não informa se a doença é passível de controle, conforme trecho abaixo transcrito: O contribuinte anexa cópia do Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte emitido pelo INSS para o anocalendário 2012 (fl. 05), no qual consta que a natureza dos rendimentos recebidos, no valor de R$ 22.141,86, é aposentadoria por tempo de contribuição. É anexada também a cópia da Carta de Concessão da Aposentadoria (fls. 08/09), a qual teve início em 11/07/1998. Todavia, entendese que o Relatório Médico emitido pelo INCA Instituto Nacional de Câncer (fls. 10/11) não atende ao previsto na Instrução Normativa SRF n° 15/2001, então vigente. O Relatório foi emitido pelo INCA que é órgão do Ministério de Saúde do Brasil (serviço médico oficial da União), identifica o contribuinte em questão e a data (11/05/1998) em que a doença (neoplasia maligna da pelve renal CID C65) foi diagnosticada, porém, não informa se é doença passível de controle ou não. Em seu recurso voluntário, o recorrente reitera as razões da impugnação e efetua a juntadas de documentos que corroboram o pleito da isenção. Fl. 65DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 4 Sobre da matéria, os incisos XIV e XXI, art. 6º, da Lei n.º 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com redação dada pelas Leis n.º 8.541, de 23 de dezembro de 1992, e n.º 11.052, de 29 de dezembro de 2004, assim determinam: Art. 6o Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Pagel (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (...) XXI os valores recebidos a título de pensão quando o beneficiário desse rendimento for portador das doenças relacionadas no inciso XIV deste artigo, exceto as decorrentes de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão. Por sua vez, o art. 30 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, passou a veicular a exigência de que a moléstia fosse comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, nos termos a seguir: Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6° da Lei n" 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com redação dada pelo art. 47 da Lei n°8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. § 2º Na relação das moléstias a que se refere o inciso XIV do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, fica incluída a fibrose cística (mucoviscidose). Salientase que a isenção por moléstia grave, quando estabelecida em 1988 pela Lei 7.713, não fazia referência quanto à forma de sua comprovação. Contudo, com a superveniência da Lei 9.250, em 1995, foi instituída forma específica para reconhecimento da moléstia pelas autoridades tributárias. Fl. 66DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 15467.720043/201590 Acórdão n.º 2201003.324 S2C2T1 Fl. 4 5 A partir da edição da mencionada lei, tornouse indispensável a apresentação do laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Dessa forma, a isenção sob análise requer a consideração do binômio: moléstia (grave) e natureza específica do rendimento (provenientes de aposentadoria, reforma, pensão ou reserva remunerada), sendo o laudo pericial oficial requisito objetivo para a demonstração da moléstia grave. Nesse contexto, considerando o teor da Súmula CARF n.º 63, que dispõe expressamente sobre a isenção do portador de moléstia grave, observase que os proventos decorrentes de aposentadoria ensejam o direito à isenção, quando cumulativamente considerados com a comprovação de moléstia grave, como segue: Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Acerca da comprovação do acometimento de moléstia grave pelo recorrente, cumpre esclarecer que, apesar de o laudo médico não informar se a doença é passível ou não de controle, pelo que se depreende do § 1º do art. 30 da Lei nº 9.250/1995, entendese que, no presente caso, a doença não é passível de controle, pois o serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. Assim, restam atendidos os requisitos legais concessivos do direito à isenção, pois foi devidamente apresentado laudo médico pericial especificando a moléstia grave (neoplasia maligna), bem como se tornou incontroverso que os rendimentos auferidos são provenientes de aposentaria. Diante do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 67DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 6 Fl. 68DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 11543.003201/2005-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
Ementa:
SUSPENSÃO. ART. 9º DA LEI Nº 10.925/2004. EFICÁCIA DESDE 1º DE AGOSTO DE 2004.
Em conformidade com o disposto no art. 17, III da Lei nº 10.925/2004, aplica-se desde 1º de agosto de 2004 a suspensão da incidência do PIS e da Cofins prevista no art. 9º da Lei nº 10.925/2004.
REGIME NÃO CUMULATIVO. DESCONTOS OBTIDOS. RECEITA FINANCEIRA.Nos termos do art. 373 do RIR/99, os descontos são considerados receitas financeiras, sujeitando-se à alíquota zero das contribuições sociais não cumulativas por força do Decreto nº 5.442/05, vigente à época dos fatos.
DEPRECIAÇÃO. BENS DO ATIVO IMOBILIZADO. VAGÕES. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
Os encargos de depreciação do ativo imobilizado só geram direito ao crédito das contribuições no regime não cumulativo quando vinculados a bens do ativo imobilizado diretamente empregados na produção. Tratando-se de bens do ativo imobilizado empregados no transporte de produtos acabados entre a fábrica e o porto, a depreciação dos vagões não gera direito a crédito.
Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3402-003.505
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: a) excluir da base de cálculo das contribuições dos valores relativos às contas 388130 (Distribuição de Despesas com exportação), 411050 e 411550 (descontos nas compras de matéria-prima); b) reconhecer o benefício pleiteado de suspensão de que trata o art. 9º da Lei nº 10.925/2004; c) reverter as glosas do crédito presumido dos valores das compras para recebimento futuro, registradas sob o CFOP 1.922; e d) reverter as glosas dos dispêndios com classificação de mercadorias. Vencido o Conselheiro Jorge Freire, que deu provimento parcial em menor extensão, apenas quanto ao item b), reconhecendo apenas o direito em relação às vendas efetuadas pela filial Porto Alegre. Sustentou pela recorrente o Dr. Diogo de Andrade Figueiredo, OAB/SP nº 222.503.
assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais de Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 Ementa: SUSPENSÃO. ART. 9º DA LEI Nº 10.925/2004. EFICÁCIA DESDE 1º DE AGOSTO DE 2004. Em conformidade com o disposto no art. 17, III da Lei nº 10.925/2004, aplicase desde 1º de agosto de 2004 a suspensão da incidência do PIS e da Cofins prevista no art. 9º da Lei nº 10.925/2004. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESCONTOS OBTIDOS. RECEITA FINANCEIRA.Nos termos do art. 373 do RIR/99, os descontos são considerados receitas financeiras, sujeitandose à alíquota zero das contribuições sociais não cumulativas por força do Decreto nº 5.442/05, vigente à época dos fatos. DEPRECIAÇÃO. BENS DO ATIVO IMOBILIZADO. VAGÕES. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Os encargos de depreciação do ativo imobilizado só geram direito ao crédito das contribuições no regime não cumulativo quando vinculados a bens do ativo imobilizado diretamente empregados na produção. Tratandose de bens do ativo imobilizado empregados no transporte de produtos acabados entre a fábrica e o porto, a depreciação dos vagões não gera direito a crédito. Recurso voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: a) excluir da base de cálculo das contribuições dos valores AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 54 3. 00 32 01 /2 00 5- 61 Fl. 1566DF CARF MF 2 relativos às contas 388130 (Distribuição de Despesas com exportação), 411050 e 411550 (descontos nas compras de matériaprima); b) reconhecer o benefício pleiteado de suspensão de que trata o art. 9º da Lei nº 10.925/2004; c) reverter as glosas do crédito presumido dos valores das compras para recebimento futuro, registradas sob o CFOP 1.922; e d) reverter as glosas dos dispêndios com classificação de mercadorias. Vencido o Conselheiro Jorge Freire, que deu provimento parcial em menor extensão, apenas quanto ao item b), reconhecendo apenas o direito em relação às vendas efetuadas pela filial Porto Alegre. Sustentou pela recorrente o Dr. Diogo de Andrade Figueiredo, OAB/SP nº 222.503. assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais de Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da 5ª Turma da DRJ/Rio de Janeiro II, de 28 de setembro de 2010, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte, conforme ementa abaixo transcrita: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PERÍCIA. DILIGÊNCIAS. A autoridade julgadora de primeira instância indeferirá as diligências e perícias que considerar prescindíveis ou impraticáveis, fazendo constar do julgamento o seu indeferimento fundamentado. VENDAS COM SUSPENSÃO. ARTIGO 9º DA LEI 10.225/2004. APLICAÇÃO. A suspensão da exigibilidade da Cofins prevista no artigo 9o da Lei 10.225/2004 só se aplica a partir de 4 de abril de 2006, após a sua regulamentação pela Instrução Normativa SRF 636/2006, posteriormente revogada pela Instrução Normativa SRF 660/2006. COFINS NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da Cofins no regime de incidência nãocumulativo é o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. COFINS NÃOCUMULATIVA. CRÉDITOS. INSUMOS. Para fins de apuração de créditos da nãocumulatividade, consideram se insumos os bens e serviços diretamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto. ALUGUÉIS DE PRÉDIOS. COMPROVAÇÃO. Os créditos calculados em relação a despesas com aluguéis de prédios devem ser comprovados através de contratos, faturas ou comprovantes de pagamento. AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEL. INSUMO. Fl. 1567DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.567 3 Os combustíveis utilizados ou consumidos em veículos ou equipamentos diretamente empregados na execução do serviço contratado geram créditos do regime de apuração nãocumulativa da Cofins. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ALEGAÇÃO SEM PROVAS. Cabe ao contribuinte no momento da apresentação da manifestação de inconformidade trazer ao julgado todos os dados e documentos que entende comprovadores dos fatos que alega. AVISO DE COBRANÇA. DRJ. INCOMPETÊNCIA. Não compete às Delegacias da Receita Federal de Julgamento (DRJ) apreciar recurso do contribuinte de caráter impugnatório a avisos ou cartas de cobrança. Por retratar os fatos que sucederam no processo até a apresentação da manifestação de inconformidade, adotase aqui o relatório da decisão recorrida, que abaixo se transcreve: Relatório Trata o presente processo de Declaração de Compensação de débitos de IRPJ e IRRF com créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS nãocumulativa de que trata o art. 3o da Lei 10.833/2003 apurados no terceiro trimestre de 2005. A DRF/VITÓRIA exarou o Despacho Decisório de fls. 476/477, com base no Parecer SEORT nº 783/2009 de fls. 458 a 476 deferindo parcialmente o pedido da interessada para reconhecer o direito creditório no valor de R$ 500.268,15 referente ao saldo remanescente da apuração nãocumulativa da Cofins concernente ao mês de julho de 2005 e, por conseguinte, homologar as compensações efetuadas, até o limite do crédito reconhecido. No Parecer Conclusivo consta consignado, em resumo, que: 1) A empresa atua na comercialização e industrialização de óleo de soja, além de atuar na comercialização de fertilizantes. A partir de 02/2004, a empresa interessada ficou sujeita ao regime de incidência nãocumulativo da Cofins; 2) Ao analisar o DACON e as Planilhas de Apuração enviadas pelo sujeito passivo, foi constatada divergência entre os valores informados. A análise da escrituração contábil, das planilhas e outros elementos apresentados demonstraram inconsistências nos valores dos créditos compensados. Conseqüentemente, foram realizados ajustes e foi gerada a Planilha de Glosas dos Créditos a Descontar, a fim de discriminar por filiais as eventuais glosas efetuadas; 3) O sujeito passivo equivocouse ao excluir da base de cálculo da Cofins nãocumulativa os valores decorrentes das vendas de mercadorias com suspensão. A ADM não poderia fazer jus ao benefício da suspensão prevista no art. 9o da Lei 10.925/04 anteriormente à edição da IN SRF 660 em 04/04/2006. 4) A ADM não se enquadra na definição de cerealista definida pela IN SRF 660/2006, conforme resposta ao Termo de Solicitação de Documentos 0203/2008. Também não se enquadra na definição de atividade agropecuária e nem de cooperativa de produção agropecuária delineada pelos incisos II e III do § 1o da mencionada IN; Fl. 1568DF CARF MF 4 5) As rubricas “desconto na compra de m. prima e diversos outras rendas”, registradas nos balancetes sob a codificação fiscal 411550, 411050 e 748950 deixaram de ser adicionadas à base de cálculo. Em outras situações, foram informados valores a menor em relação ao registrado nos balancetes; 6) Destarte, foram realizadas as devidas adições nas Planilhas de Apuração das Contribuições nãocumulativas, com vistas a atender ao que dispõe a legislação; 7) Foram excluídos créditos calculados sobre aquisições de água mineral, bens de informática, materiais de higiene pessoal, de vestuários e medicamentos por não se caracterizarem no conceito de insumos. Também foram excluídas aquisições dos setores administrativos como por exemplo lápis, caneta, papel, dentre outros e dos setores de segurança, como por exemplo manutenção nos equipamentos de segurança e vestuário do pessoal encarregado; 8) O contribuinte apresentou Planilhas de Apuração das Contribuições nãocumulativas por filiais e consolidado. Foram efetuadas glosas nos itens “bens utilizados insumo industrialização: compras p/ material intermediário” nas filiais de Campo Grande, Joaçaba, Paranaguá, Passo Fundo e Uberlândia, por não se enquadrarem na definição de insumos; 9) A partir dos relatórios enviados em meio magnético, foram elaboradas as Planilhas 1 (fls. 408/416), discriminando por filiais os bens desconsiderados no cálculo dos créditos. Tais valores foram transportados para a Planilha de Glosas dos Créditos a Descontar (fls. 451) e posteriormente para a Planilha de Apuração das Contribuições nãocumulativas (fls 452/457); 10) Foram glosados os valores informados a maior nas Planilhas de Apuração das Contribuições nãocumulativas em relação ao que foi informado nos relatórios em meio magnético, no que tange às filiais de Campo Grande, Paranaguá e Uberlândia, conforme Planilha 2 (fls. 417/443); 11) Com relação ao item “Bens utilizados insumo industrialização: compras p/ industrialização material de embalagem”, foi apurada diferença entre as Planilhas de Apuração das Contribuições nãocumulativas e os relatórios em meio magnético na filial de Campo Grande. As diferenças foram demonstradas na Planilha 3 (fls. 444); 12) Foram efetuadas glosas no item “serviços utilizados como insumo na industrialização: despesa com classificação” visto que estes serviços não se enquadram na definição de insumos delineada pela legislação; 13) No que se refere ao item “serviços utiliz. Insumos industrializ.:MãodeObra P. Jurídica (Manutenção/ Conservação/Limpeza Máq. e Equip.)”, foi constatada a inclusão de serviços não aplicados ou consumidos na fabricação do produto, no que tange às filiais de Catalão, Joaçaba, Paranaguá, Rondonópolis e Uberlândia. Por não se caracterizarem no conceito de insumo foram glosados os serviços discriminados na Planilha 4 (fls. 445/449); 14) Pelos mesmos motivos foram glosados no item “serviços utilizados como insumos nas atividades portuárias: Unidades Santos e Vitória”, serviços destinados à área de comercialização; Fl. 1569DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.568 5 15) O contribuinte foi intimado a apresentar os contratos de locação e comprovantes de pagamentos dos aluguéis da filial Santos. Da análise dos comprovantes, constatouse que foram informados valores a maior nas Planilhas de Apuração das Contribuições nãocumulativas. A diferença foi considerada não comprovada e excluída da base de cálculo dos créditos; 16) Foram excluídos da apuração dos créditos, os encargos de depreciação referentes às aquisições de vagões pela filial de Rondonópolis, por não serem utilizados na produção dos bens, mas sim no transporte dos bens produzidos. As glosas foram efetuadas nos meses de 2004, mas com impacto nos meses de 2005, visto que os encargos de depreciação se exaurem em 48 meses; 17) Foram efetuadas glosas no item energia elétrica nas filiais de Santos e Uberlândia, por não ter sido apresentada documentação comprobatória que lastreasse a totalidade dos valores informados; 18) Foram constatadas irregularidades na apuração dos créditos presumidos relacionados à filial de Uberlândia. Não é possível o aproveitamento de créditos decorrentes de compra para recebimento futuro (CFOP 1.922). Dos relatórios em meio magnético foi constatado o aproveitamento de crédito de compras registradas sob o CFOP 1.922 e nas compras registradas sob o CFOP 1.116, quando da entrada real da mercadoria. A Planilha 5 (fls. 450) discrimina as compras que foram desconsideradas para fins de cálculo dos créditos; 19) Uma vez preenchidas as Planilhas de Apuração das contribuições nãocumulativas, pôdese constatar que ao final do mês de julho de 2005, o sujeito passivo possuía saldo de créditos decorrentes do mercado externo no valor de R$ 500.268,15 passível de compensação. Este saldo foi integralmente utilizado para fins de compensação, não restando saldo de crédito a transferir para o mês seguinte. Nos meses de agosto e setembro não foi apurado saldo de créditos a compensar, mas sim saldo de Cofins a pagar. Destarte, foi emitido Auto de Infração para os referidos meses; 20) A despeito de o sujeito passivo ter informado no DACON saldo de créditos a compensar de períodos anteriores, ele não apresentou pedido de ressarcimento com vistas a compensar suposto saldo. Portanto, o saldo credor de períodos anteriores foi desconsiderado na análise da declaração de compensação de que trata o presente processo; 21) O processo administrativo nº 11543.003200/200516 foi apensado ao presente processo por se referir ao mesmo trimestrecalendário. Cientificada da decisão em 03/07/2009 (fls. 485/486), a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade em 04/08/2009 (fls. 490 a 539), alegando, em síntese que: 1) Merece correção o posicionamento do agente Fiscal exposto no item 12, no sentido de desprezar as informações do DACON e considerar as planilhas fornecidas pela empresa. Agindo assim, passou a excluir saldos legitimamente apurados. Tal premissa Fl. 1570DF CARF MF 6 não encontra guarida no ordenamento legal e deve ser reparada; 2) Verificase a necessidade expressa de se realizar perícia contábil a fim de não restar dúvida quanto à existência de créditos por parte da contribuinte, bem como sobre a regularidade do procedimento de compensação adotado, sob pena de eivar de nulidade a decisão a ser proferida. Formula os quesitos a serem respondidos; 3) Com relação a vendas de mercadorias com suspensão, a Lei 10.925/04 não é norma de eficácia contida, até porque contém todos os elementos necessários (hipóteses de incidência, condições de aplicabilidade e momento da ocorrência do fato gerador). A simples demora por parte da Receita em publicar Instrução Normativa não pode ensejar vacância legal; 4) A IN 636/06 dispôs que seus efeitos retroagiam à publicação da Lei em abril de 2004. A referida IN foi revogada pela IN 660/06 que deixou de informar a retroatividade de seus efeitos. Nem mesmo esta IN veio dispor de forma contrária aos procedimentos adotados. O Sr. Auditor deixou de citar que uma das principais atividades é o comércio de vegetais a granel, o que se constata pelo CNAE das dezenas de filiais comerciais espalhadas pelo Brasil; 5) Com relação ao item Outras Receitas Operacionais, as alegações fiscais maculam a segurança jurídica, vez que não existem demonstrações do que fora supostamente encontrado. Na conta 388130 consta no mês de abril de 2005 a adição feita pela autoridade no montante de R$ 4.848.139,96, sendo que a parte relativa à referida conta representa R$ 4.520.085,81; 6) A conta 381020 considerada pelo fiscal como outras receitas operacionais a tributar se refere a faturamento de serviços tendo sido tributada normalmente pela manifestante. Para comprovar, junta todos os lançamentos contábeis feitos nestas contas; 7) Com relação à glosa de créditos calculados sobre bens utilizados como insumos, é importante destacar que, segundo o disposto na legislação brasileira, os insumos incluem todos os itens que são comprados e utilizados intrinsecamente na produção de bens. Alguns dos itens excluídos contrariam até mesmo orientação da Receita Federal, conforme Solução de Consulta 174/2009; 8) O serviço de classificação de mercadorias é absolutamente inerente e imprescindível na aquisição de soja e outros vegetais. Tanto é verdade que existem normas do Ministério da Agricultura que demonstram que não se trata de serviço administrativo; 9) O serviço de tratamento de água e efluentes é inerente ao processo de fabricação de óleo de soja, como é o caso da unidade de Três Passos. Foram apresentados à fiscalização os documentos que suportaram o lançamento deste item na contabilidade; 10) Como suporte dos serviços adquiridos de pessoa jurídica tais como limpeza e manutenção de máquinas e equipamentos foram apresentadas à fiscalização notas fiscais, contratos e relatórios detalhados; 11) A unidade de Santos localizase no porto e contrata serviços de despachantes aduaneiros, de controle de qualidade e inspeção, como insumo para que possa realizar a prestação de Fl. 1571DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.569 7 serviços a terceiros. Existe uma racionalização dos cálculos dos créditos, ao realizar o rateio dos embarques, que passa a juntar pela presente. O mesmo ocorre na unidade em Vitória; 12) Com relação às despesas com aluguéis de prédios é importante destacar que os valores constantes da DACON são os corretos e seu suporte são os contratos com a CODESP; 13) Foram glosados os valores referentes à depreciação de vagões adquiridos para transporte de farelo de produção da manifestante, portanto o uso das máquinas é intrínseco às atividades de produção e ao seu escoamento devendo ser mantido; 14) Tal qual constam das planilhas de apuração da regional Uberlândia e dos bancos de dados fornecidos pela empresa, os cálculos foram feitos tão somente sobre as notas de remessas 1.922 e não duplamente como afirmado, o que se comprova pelos relatórios e bancos de dados juntados ao presente. O crédito calculado pela manifestante foi de 35% e não 80%; 15) A autoridade fiscal desconsiderou os saldos credores de períodos anteriores constantes da DACON e passou a fazer a apuração por mês isoladamente, contrariando as disposições da Lei e da IN 600/05; 16) A fiscalização, ao cometer o erro de desconsiderar o saldo de meses anteriores e refazer a planilha de apuração, consumiu indevidamente os créditos decorrentes de exportação; 17) Tendo a manifestante direito a utilizar a Cofins paga nas entradas de insumos para abater débito de Cofins pelas saídas tributadas, cuidou de corretamente fazer tal dedução, de maneira a preservar os créditos relativos à exportação, para que estes valores pudessem ser objeto de pedido de compensação; 18) O Conselho de Contribuintes tem proferido reiteradas decisões no sentido de que a verdade material deve prevalecer em todo o processo administrativo; 19) A autoridade administrativa tem total liberdade investigativa, devendo apurar e lançar exclusivamente com base na verdade material. Se os elementos probatórios não foram examinados anteriormente, os mesmos não podem deixar de ser considerados por ocasião do exame da manifestação de Inconformidade; 20) O agente fiscal, ao proferir o Despacho Decisório, entendeu como devida a multa de mora, que deve ser excluída, por não haver qualquer ilícito tributário que justifique a sua imputação, já que a manifestante não agiu com máfé, baseandose o seu pedido de ressarcimento em direito amparado na legislação federal (art. 6º da Lei nº 10.833/03); 21) O legislador infraconstitucional estabeleceu, tanto na lei 10.637/02 quanto na Lei 10.833/03 que o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes; 22) O entendimento da SRF sobre o tema fica claro em seu sítio na internet e na Solução de Consulta 215/09 da SRRF da 9a Região Fiscal. Assim, o tratamento dispensado pelo Agente Fiscal destoa dos princípios basilares da nãocumulatividade e da própria legislação aplicável; Fl. 1572DF CARF MF 8 23) O novo ordenamento jurídico imposto pela IN SRF 660/06 não tem razão de ser, uma vez que contradiz estrutura lógica disposta anteriormente de maneira clara pela IN SRF 636/06 de forma a revogála expressamente, sem nenhuma mudança na obrigação principal, em afronta aos princípios da segurança jurídica e da legalidade; 24) É equivocada a interpretação restritiva oficial manifestada no art. 66 § 5o, inciso I da IN SRF 247/02, inserido pela IN SRF 358/03 e repetida no art. 8o, § 4o, inciso I da IN SRF 404/04. Essa interpretação está influenciada pelo conceito de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem que geram créditos de IPI e ICMS. A afirmação das normas infralegais citadas não encontram respaldo legal. (...) A contribuinte foi regularmente cientificada da decisão de primeira instância em 20/12/2012, tendo apresentado Recurso Voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) em 19/01/2013, alegando, em síntese: II PRELIMINARMENTE II.1Da Superficialidade do Trabalho Fiscal / Ofensa ao Princípio da Verdade Material Caberia à Fiscalização analisar todos os fatos para fins de verificação da existência, ou não, do crédito apurado pela Recorrente e, não somente, como efetivamente ocorreu, proceder ao lançamento com base em análises superficiais das planilhas de apuração da Cofins elaboradas pela Recorrente. O exame da documentação apresentada durante a fiscalização revela que os valores apurados nas contas n°s 381020 e 396020 referemse a receitas de serviços já tributados pela Recorrente, bem como que a conta n° 388130 é usada apenas para rateio de gastos com exportação entre unidades de negócios da Recorrente, não havendo impacto fiscal. Sendo assim, jamais poderia a Fiscalização considerar como não tributadas as receitas decorrentes de prestação de serviços registradas nas contas n°s 381020 e 396020, bem como, como não comprovados as despesas relativas ao consumo de energia elétrica ou, ainda, os dispêndios com aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos (sem falar nos créditos presumidos referentes à filial Uberlândia), sem realizar, contudo, o devido exame de toda a documentação fiscal apresentada. Assim, por não ter a Fiscalização buscado a verdade material, nem tampouco apresentado motivação para tanto, temse que a decisão proferida pela DRJ não poderá subsistir. II.2 Da Nulidade da Decisão da DRJ / Do Cerceamento do Direito de Defesa O indeferimento do pedido de perícia na decisão recorrida, por se tratar de típico caso em que se demanda o juízo técnico de um contabilista, caracterizase como cerceamento do direito de defesa da Recorrente, conforme é o entendimento manifestado pela jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes, o que enseja a nulidade da decisão, nos termos do artigo 59 do Decreto n° 70.235/72. III DO MÉRITO: III.1 Outras Receitas Operacionais (a) Receitas Financeiras Descontos Obtidos nas Aquisições de Mercadorias Fl. 1573DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.570 9 A Turma Julgadora entendeu correta a classificação dos valores registrados a título de descontos obtidos nas aquisições de mercadorias como receitas operacionais, feita pelo Sr. Agente Fiscal, e não como receitas financeiras, conforme haviam sido registrados pela Recorrente, o que não pode prosperar. O DecretoLei n° 1.598, de 26 de dezembro de 1977, estabelece, em seu artigo 171, quais receitas têm natureza financeira. São elas: (i) os juros; (ii) o desconto; (iii) a correção monetária prefixada; (iv) o lucro na operação de reporte; e (v) o prêmio de resgate de títulos ou debêntures, ganhos pelo contribuinte. Dessa forma, a legislação do imposto sobre a renda e, consequentemente, o conceito aplicável à COFINS não dá margem a dúvidas: os descontos obtidos na aquisição de mercadorias e/ou produtos são considerados receita financeira e, portanto, devem se submeter ao tratamento tributário inerente a tais receitas. Aliás, a própria Secretaria da Receita Federal do Brasil traz no "Perguntas e Respostas DIPJ 2010", disponibilizado em seu endereço eletrônico, quais receitas são consideradas financeiras, dentre as quais incluemse os descontos obtidos. Nos termos do Decreto n° 5.442/05, os descontos obtidos pela Requerente nas operações comerciais, por serem considerados receitas financeiras, estão beneficiados pela alíquota zero da COFINS, aliás, tal entendimento já foi também confirmado pela Superintendência Regional da Receita Federal da 9ª Região Fiscal, com a edição da Solução de Consulta n° 10/06. (b) Contas n°s 388130 e 304530 Rateio de Gastos com Exportação De acordo com o entendimento do Sr. Agente Fiscal, a Recorrente teria deixado de computar, para fins de apuração da COFINS, os "resultados auferidos" na conta n° 388130, razão pela qual adicionou o montante de R$ 15.793.164,69 na base de cálculo da COFINS, referente aos meses de julho a setembro de 2005. Contudo, conforme se passará a demonstrar, os valores creditados na conta n° 388130 tiveram por débito a conta n° 304530, tratandose de mero alocamento de custos entre divisões da Recorrente, não havendo, dessa forma, impacto contábil. A contrapartida de tais lançamentos ocorre na conta n° 304530 DESPESAS C/EXPORTAÇÃO onde são registradas todas as notas de débito emitidas pela divisão portuária (filial Santos) contra as demais filiais da Recorrente (doc. 04). A Recorrente elaborou a conciliação anexa (doc. 05), por meio da qual restou demonstrado que os lançamentos a crédito realizadas na Conta n° 388130 no 3º trimestre de 2005, no valor total de R$ 15.793.164,69, foram debitados na conta n° 304530, nesse mesmo montante. Os valores creditados na conta n° 388130 representam apenas e tão comente a contabilização das notas de débito emitidas pela filial Santos, de modo a alocar custos e despesas com o escoamento da produção para cada filial competente, não havendo que se falar de adição de tais valores na base de cálculo da COFINS. Estando devidamente comprovado, por meio dos documentos contábeis e planilha de conciliação, que os valores registrados a crédito na conta n° 388130 correspondem " Art. 17. Os juros, o desconto, a correção monetária prefixada, o lucro na operação de reporte e o prêmio de resgate de títulos ou debêntures, ganhos pelo contribuinte, serão incluídos no lucro operacional e, quando derivados de operações ou títulos com vencimento posterior ao encerramento do exercício social, poderão ser rateados pelos períodos a que competirem." Fl. 1574DF CARF MF 10 à contabilização das notas de débito emitidas pela filial Santos para fazer o rateio de gastos com o escoamento de produtos com as demais unidades de negócio da Recorrente, temse que a adição de tais valores na base de cálculo da COFINS não poderá prevalecer, devendo a decisão proferida pela DRJ ser reformada por esse E. Conselho. (c) Contas n°s 381020 e 396020 Receitas de Serviços já Tributadas Conforme comprovam os documentos acostados ao presente recurso, os valores registrados nas contas n°s 381020 e 396020, por corresponderem a receitas decorrentes da prestação de serviços, já foram devidamente tributadas pela Recorrente. III.2 Da venda de mercadorias com suspensão A Lei n° 10.925/04 é autoaplicável e não prevê alternativa a sua aplicação. Não fosse assim, a IN SRF n° 636, de 24 de março de 2006, não teria retroagido os seus efeitos aos fatos ocorridos a partir de 1o de agosto de 2004. Ora, a própria Secretaria da Receita Federal do Brasil reconheceu e corroborou a autoaplicação do dispositivo contido na Lei n° 10.925/04, ao retroagir os seus efeitos para a data de sua publicação. Nesse contexto, temse cronologicamente que i) a Lei n° 10.925/04 é autoaplicável e contém os requisitos necessários à sua aplicabilidade; ii) a IN SRF n° 636/06 trouxe novos requisitos de observância obrigatórios pelos contribuintes, retroagindo os seus efeitos até a data de publicação da Lei n° 10.925/04, ou seja, os novos requisitos deveriam ser observados desde julho de 2004; e iii) a IN SRF 660/06 trouxe requisitos complementares à aplicação da Lei n° 10.925/10, já alterados pela IN SRF n° 636/06, com observância obrigatória a partir de abril de 2006. Dessa forma, ao aplicar a suspensão, a Recorrente deveria ter observado, primeiramente, a partir de agosto de 2004 até abril de 2006, a Lei n° 10.925/04 com normatização pela IN SRF n° 636/06 e, posteriormente, a partir de abril de 2006, a Lei n° 925/04 com normatização pela IN SRF n° 660/06. Por fim, mencionese que a IN SRF n° 660/06 não permite outra interpretação, vez que o seu artigo 11 expressamente prevê que as regras atinentes ao crédito presumido, previstas nos seus artigos 5o a 8o, retroagem a agosto de 2004. Ora, o crédito presumido e a suspensão são institutos independentes, mas interligados e a aplicação de regras diversas, com prazos de vigência diversos, geraria um desalinhamento entre ambos os institutos. Portanto, deve haver outra interpretação que não a exposta no presente recurso, razão pela qual temse que a decisão proferida pela DRJ não poderá prosperar, devendo ser reformada por essa colenda Turma de Julgamento. III.3 Créditos Presumidos Relativos à Filial Uberlândia/ Legitimidade do Procedimento Adotado pela Recorrente Conforme se passará a demonstrar, a decisão da DRJ não poderá subsistir, devendo ser reformada por esse E. Conselho, tendo em vista que, de acordo com a documentação acostada ao presente recursos, que, contempla, inclusive, vários documentos já disponibilizados ao Sr. Agente Fiscal, não houve a tomada de créditos em duplicidade pela Recorrente. Como pessoa jurídica produtora de mercadoria de origem vegetal destinada à alimentação humana ou animal que é, a Recorrente encontrase sujeita às disposições do artigo 8o da Lei n° 10.925/04, que confere a possibilidade de tomada de crédito presumido de PIS e COFINS, calculado sobre o valor dos bens utilizados como insumos na sua produção, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. Fl. 1575DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.571 11 Sendo assim, nos meses de julho e agosto de 2005, a Recorrente, embora tenha realizado aquisições, geradoras de crédito presumido nos termos do referido artigo 8o, nos montantes de R$ 13.658.760,82 e R$ 9.619.199,92, respectivamente, utilizou, para fins de cálculo do crédito presumido, apenas o montante de R$ 8.380.455,96, como base para o mês de julho, e R$ 10.165.852,89, relativamente ao mês de agosto. Tais fatos podem ser facilmente constatados por meio da análise dos livros Razão referentes aos meses de julho e agosto de 2005 (doe. 54), bem como pelo exame da Planilha de Apuração da Base de Cálculo dos meses de julho e agosto de 2005, relativamente à filial Uberlândia (doc. 36), e das Planilhas de Apuração Consolidadas por Regional da Recorrente, referentes a esses períodos (doc. 37). Ressaltese que, conforme se verifica pela análise dos Livros Razão da Recorrente (doc. 54), bem como por meio de um exame da planilha de aquisição de insumos por ela elaborada (doc. 38), não houve a apropriação de créditos presumidos referentes às notas registradas sob o Código Fiscal de Operações e Prestações ("CFOP") n° 1.116. Não houve sequer lançamentos contábeis, para fins de tomada do crédito presumido, de notas efetuadas com o CFOP, aplicável às notas de "Compra para industrialização originada de encomenda para recebimento futuro". Tal fato, por si só, já descaracteriza toda a argumentação fiscal no sentido de que a Recorrente teria se creditado tanto das compras efetuadas sob o CFOP n° 1.922, quanto das compras registradas sob o CFOP 1.116. Ademais, conforme se observa pela análise dos Livros Razão, bem como por meio de um exame da planilha de aquisição de insumos elaborada pela Recorrente, ela não só não teve lançamentos, para fins de apuração do crédito presumido previsto no artigo 8o da Lei n° 10.925/04, de compras registradas sob o CFOP 1.116, como também excluiu, para fins de cálculo do aludido crédito, todas as compras efetuadas sob o CFOP n° 1.922. Verificase, portanto, que a Recorrente não só não se creditou duas vezes quando da compra para recebimento futuro e quando da entrada efetiva da mercadoria no estabelecimento como não se considerou, para fins de apuração do crédito presumido da COFINS, nenhuma das compras efetuadas sob o CFOP em questão, quer sob o n° 1.116, quer sob o n° 1.922. Dessa forma, estando devidamente comprovado e demonstrado, inclusive por meio do Livro de Entradas e Saídas de Mercadorias (doc. 54) referente ao período em questão, que não houve o aproveitamento de créditos em duplicidade pela Recorrente, temse que o entendimento da DRJ no sentido de que "diante da falta de elementos comprobatóríos capazes de sustentar as alegações do contribuinte, deve ser mantida a glosa efetuada pela fiscalização" não poderá prosperar, devendo ser reformado por essa colenda Turma Julgadora, a fim de que seja devidamente reconhecido o direito creditório da Recorrente. III.4 Da Sistemática Não Cumulativa do PIS/ Da Legitimidade dos Créditos Apropriados pela Recorrente (i) Bens e Serviços utilizados como insumos Diferentemente do que ocorre com o IPI, em que a definição de insumo está atrelada à formação de um produto industrializado, a acepção do vocábulo "insumo" na sistemática não cumulativa da COFINS é muito mais abrangente, englobando todo e qualquer dispêndio inerente ao processo de prestação de serviços ou de produção de um bem ou produto, ou seja, todos e quaisquer dispêndios que participam da formação da receita. Dessa forma, estando devidamente demonstrado que os bens e serviços adquiridos pela Recorrente enquadramse dentro do conceito de insumos previsto no artigo 3o, inciso II, da Lei n° 10.833/03, aguardase que esse E. Conselho dê provimento ao presente Fl. 1576DF CARF MF 12 recurso, reformandose a decisão proferida pela DRJ e reconhecendose o direito creditório da Recorrente. (ii) Dispêndios com classificação de mercadorias Não há dúvidas de que a classificação da soja seja inerente à sua venda e/ou produção de óleo, farelo, dentre outros. De fato, como matériaprima que é, a soja vinda de vários lugares precisa ser segregada de modo a identificar o nível de umidade, de ardidos, de queimados, se há picadas de insetos, se existem grãos verdes etc. Tanto é assim que, em 15 de maio de 2007, sobreveio a Instrução/Normativa n° 11 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ("MAPA"), a qual, por meio do seu artigo 1o, estabeleceu "o regulamento técnico da Soja, definindo o seu padrão oficial de classificação, com os requisitos de identidade e qualidade extrínseca, a amostragem e a marcação ou rotulagem". Notese que o artigo 4o, parágrafo 1o, do Anexo da referida instrução normativa é expresso ao estabelecer que, de acordo com o uso proposto, a soja será classificada em dois grupos, sendo o interessado (leiase a Recorrente) responsável por essa informação. Dependendo da classificação da soja ela terá uma destinação, isto é, a soja classificada no Grupo I, por exemplo, seguirá para o consumo, ao passo que a soja classificada/no Grupo II será destinada à produção de óleo e farelo de soja. Dessa forma, tendo em vista que os serviços de classificação da soja são necessários ao fator de produção da Recorrente e que, portanto, são considerados insumos nos termos do artigo 3º, inciso II, da Lei n° 10.637/02, temse que a decisão da DRJ não poderá prosperar, devendo ser reformada por esse E. Conselho, no que tange à glosa de créditos relativos aos serviços de classificação de soja contratados pela Recorrente. (iii) Encargos e depreciação de máquinas e equipamentos A Recorrente tem o direito de apropriação de créditos relativamente à aquisição de vagões utilizados, tanto para viabilizar o recebimento de matériaprima como no transporte de farelo de soja por ela produzido, nos termos do artigo 3º, inciso VI da Lei n° 10.637/02. Os vagões são registrados no ativo imobilizado da Companhia, nos termos do artigo 179 da Lei n° 6.404/76. Além de cumprir com o pressuposto objetivo, não é necessário esforço para concluir que também está presente, no caso concreto, o pressuposto funcional, ou seja, o fato de que os vagões são adquiridos para integrarem o ciclo produtivo destinado à venda de farelo de soja produzido pela Recorrente, auxiliando, decisivamente, na obtenção de receitas sobre as quais incidirá a Cofins. (iv) Energia Elétrica O Sr. Agente Fiscal houve por bem glosar créditos decorrentes do consumo de energia elétrica pela Recorrente, nos meses de julho e agosto de 2005, nos valores de R$ 52.913,45 e R$ 1.522,88. Nos termos do artigo 3o, inciso III, da Lei n° 10.833/03, as pessoas jurídicas podem descontar créditos, para fins de redução do montante de COFINS devida em um determinado período de apuração, calculados em relação à energia elétrica consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. Sendo assim, no mês de julho de 2005, a Recorrente, pessoa jurídica sujeita ao regime não cumulativo do PIS/COFINS, apurou créditos de energia elétrica, relativamente à filial de Santos, tendo como base o montante de R$ 288.710,12 (doc. 39). Salientese que, conforme demonstram as "Notas Fiscais Conta de Energia Elétrica" acostadas ao presente recurso (doc. 40), o valor efetivamente despendido pelos estabelecimentos da Recorrente, no mês de julho e relativamente à filial Santos, monta a Fl. 1577DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.572 13 quantia de R$ 290.701,61. Contudo, por um equívoco, a Recorrente creditouse de valor tendo como base o montante de R$ 288.710,12. Isto é R$ 1.991,49 inferior ao montante despendido pela Recorrente a título de energia elétrica consumida nos estabelecimentos referentes à filial Santos. Tal fato pode ser facilmente constatado por meio da análise do Livro Razão (doc. 41), bem como por meio do exame do "Demonstrativo do Reconhecimento de Crédito de PIS/COFINS Energia Elétrica Julho", elaborado pela Recorrente (doc. 42) De outro lado, relativamente ao mês de agosto de 2005, a Recorrente apurou créditos de PIS/COFINS decorrente do consumo de energia elétrica na filial Uberlândia, tendo como base o montante de R$ 374.494,18 (doc. 43). Para comprovar o consumo de energia elétrica e, consequentemente, os valores utilizados como base para a tomada do crédito, a Recorrente está anexando ao presente recurso as "Notas Fiscais Conta de Energia Elétrica" emitidas pela CEMIG Distribuição S/A contra a Recorrente (doc. 44), bem como "Demonstrativo do Reconhecimento de Crédito de PIS/COFINS Energia Elétrica Agosto", elaborado pela Recorrente (doc. 45). Portanto, que os montantes glosados pela Fiscalização encontramse devidamente escriturados nos registros contábeis da Recorrente, bem como podem ser comprovados por meio das "Notas Fiscais Conta de Energia Elétrica" emitidas em nome da Recorrente, não podendo a decisão recorrida prevalecer. (v) Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos A Recorrente apurou créditos de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica e utilizados em suas atividades, relativamente à filial de Santos, tendo como base o montante de R$ 334.659,65 (doc. 46). Salientese que, diferentemente do que informado na planilha de apuração do PIS e da COFINS, relativamente à filial Santos e referente ao mês de julho de 2005, elaborada pela Recorrente (doc. 46), o valor de R$ 334.659,65 não se refere apenas aos dispêndios da Recorrente com o aluguel de prédios, mas é formado por todas as despesas da Recorrente com aluguéis pagos para pessoa jurídica e utilizados nas suas atividades, sejam eles de prédios, máquinas e equipamentos. Tal fato pode ser constatado por meio da análise do Livro Razão (doc. 49), bem como por meio do exame do "Demonstrativo do Reconhecimento de Crédito de PIS/COFINS Locação de Prédios, Máquinas e Equipamentos Julho", elaborado pela Recorrente (doc. 47), e comprovantes fiscais de locação (doc. 48). De outro lado, relativamente ao mês de agosto de 2005, a Recorrente apurou créditos de COFINS decorrente da locação de prédios, máquinas e equipamentos, tendo como base o montante de R$ 368.160,59 (doc. 50). Salientese que, a exemplo do mês de julho de 2005, o valor de R$ 368.160,59 não se refere apenas aos dispêndios da Recorrente com o aluguel de prédios, mas é formado por todas as despesas da Recorrente com aluguéis pagos para pessoa jurídica e utilizados nas suas atividades, sejam eles de prédios, máquinas e equipamentos. Para comprovar o alegado e, consequentemente, os valores utilizados como base para a tomada do crédito, a Recorrente está anexando ao presente recurso os comprovantes fiscais de locação emitidos contra a Recorrente (doc. 51), bem como cópia do Livro Razão (doc. 52) e "Demonstrativo do Reconhecimento de Crédito de PIS/COFINS Locação de Prédios, Máquinas e Equipamentos Agosto", elaborado pela Recorrente (doc. 53). Temse, portanto, que eventual diferença entre o montante informado a título de aluguel de prédios pela Requerente incluiu, por um equívoco, os valores despendidos a título de locação de máquinas e equipamentos, repitase, pagos a pessoas jurídicas e utilizados nas atividades da Recorrente. De qualquer forma, diante dos documentos juntados ao recurso voluntário, não há dúvidas de que os montantes glosados pela Fiscalização encontramse Fl. 1578DF CARF MF 14 devidamente escriturados nos registros contábeis da Recorrente, bem como podem ser comprovados por meio das comprovantes fiscais emitidos em nome da Recorrente Assim, estando devidamente demonstrado o direito aos créditos de aluguel de prédios, máquinas e equipamentos apurados pela Recorrente, concluise que a decisão recorrida não poderá prevalecer, devendo ser reformada por essa colenda Turma Julgadora. III.5 Da Glosa dos Créditos de PIS e seus Efeitos na Apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido No processo de fiscalização ao Sr. Agente Fiscal entendeu por bem glosar créditos de Cofins, relacionados as diversas despesas incorridas pela Recorrente. Especificamente, foram glosados os créditos de Cofins calculados sobre, por exemplo, aquisição de água mineral, energia elétrica, de equipamentos, tomada de serviços de classificação, serviços de atividades portuárias, entre outros, sob o fundamento de que tais bens ou serviços adquiridos não se enquadram no conceito de "insumos", previsto pela legislação tributária vigente (aplicável ao IPI). Contudo, conforme já exaustivamente analisado no decorrer do presente Recurso, a glosa dos créditos de Cofins não pode prosperar. No entanto, ainda que esse E. Conselho entenda pela manutenção das glosas efetuadas pelo Sr. Agente Fiscal, e mantidas pela DRJ, o que se admite somente para fins de argumentação, devese analisar mais detidamente os seus efeitos na apuração de Lucro Real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucros ("CSLL"). Ao adquirir bens e serviços relacionados com a sua atividade, a Recorrente acertadamente contabilizou o seu valor líquido (descontado os créditos de Cofins) em ativo ou conta de resultado, a depender do bem ou serviço adquirido, e os créditos de Cofins como um ativo a recuperar. Dessa forma, a contabilização considerou, em todos esses casos, dois lançamentos distintos: i) o reconhecimento do valor/líquido do bem ou serviço adquirido, e ii) ativo a recuperar (crédito de Cofins). Se as glosas do Sr. Auditor Fiscal restarem mantidas, o que somente se admite a título de argumentação, então, o valor do crédito de Cofins anteriormente registrado em ativo "a recuperar", deverá ser baixado em contrapartida a conta de resultado; mais especificamente, a baixa do ativo recuperável aumentará o custo da mercadoria vendida ("CMV"), reduzindo o lucro. Conforme jurisprudência colacionada, a Autoridade Julgadora pode, ao entender improcedente a declaração de compensação efetuada, determinar a compensação de outro tributo recolhido indevidamente pelo contribuinte com débitos cobrados no mesmo processo ou relativos a outros tributos administrados pela RFB. Logo no presente caso, é plenamente possível o aproveitamento dos créditos IRPJ e CSLL resultantes de eventual, mas improvável, confirmação da não homologação das declarações de compensação efetuadas pela Recorrente, para abatimento do IRPJ devido. Em sendo assim, na remota hipótese de prevalecer a não homologação das declarações de compensação realizadas pela Recorrente, o que se admite apenas a título argumentativo, deverá, ao menos, essa colenda Turma Julgadora reconhecer os créditos de IRPJ e CSLL e autorizar a compensação com eventuais créditos tributários a serem apurados/cobrados neste processo administrativo. Requer, ao final, a Recorrente a reforma da r. decisão proferida pela 5a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro II, julgando procedente o Recurso Voluntário e, consequentemente, reformandose, in totum, o Despacho Decisório DRFA/IT/ES, que acolheu integralmente o Parecer SEORT n° 783/2009, a fim de que sejam homologadas as declarações de compensação apresentadas. Fl. 1579DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.573 15 Mediante a Resolução nº 3402000.756 deste Colegiado, de 23 de fevereiro de 2016, o julgamento foi convertido em diligência nos seguintes termos: (...) Assim, por todo o exposto no presente Voto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para solicitar à fiscalização da Unidade RFB de Origem que: a) Requisite Laudo Técnico, para detalhamento, por profissional habilitado, da atividade exercida pela recorrente, em especial, se algumas de suas filiais exerce, efetivamente, a atividade de "cerealista", tal como definida no art. 8º, §1° da Lei nº 10.925/04, antes de comercializar os seus produtos in natura de origem vegetal. b) Caso alguma de suas filiais exerça efetivamente a atividade de "cerealista", considerando, preliminarmente, vigente no período de apuração a suspensão prevista no art. 9º da Lei nº 10.925/2004, analise conclusivamente se a contribuinte faz jus ou não ao benefício de suspensão pleiteado e, sendo o caso, efetue o ajuste do saldo do valor a ressarcir ou compensar. c) Apresente Relatório com os esclarecimentos solicitados acima, relativamente aos seguintes itens do recurso voluntário: III.1 (b) Contas n°s 388130 e 304530/Rateio de Gastos com Exportação e (c) Contas n°s 381020 e 396020 Receitas de Serviços já Tributadas; III.2 Da venda de mercadorias com suspensão; III.3 Créditos Presumidos Relativos à Filial Uberlândia/ Legitimidade do Procedimento Adotado pela Recorrente; III.4 (iv) Energia Elétrica e (v) Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos; e III.5 Da Glosa dos Créditos de PIS e seus Efeitos na Apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido; bem como outras informações que entender relevantes à solução da lide. d) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe o prazo de 30 (trinta) dias para manifestação, nos termos do art. 35 do Decreto nº 7.574/2011. e) Devolva os autos a este Conselho Administrativo para prosseguimento após decorrido prazo de manifestação da interessada. (...) Os fatos apurados na diligência constam no Termo de Encerramento de Diligência, do qual a recorrente foi cientificada e apresentou manifestação. É o relatório Voto Fl. 1580DF CARF MF 16 Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade e dele se toma conhecimento. As preliminares suscitadas pela recorrente de nulidade do despacho decisório ou decisão recorrida não podem prosperar. Como se sabe, nos casos de pedidos do contribuinte de reconhecimento de direito creditório, como o presente, o ônus da prova se inverte ao contribuinte, a quem cabe a demonstração cabimento do seu pleito, nos termos do art. 36 da Lei nº 9.784/99. Assim, exige se do requerente a apresentação dos documentos comprobatórios da existência do direito creditório alegado para o seu reconhecimento. Com efeito, entendendo a autoridade fiscal, competente para análise e reconhecimento do crédito pleiteado, que os documentos e informações produzidas pelo contribuinte não são hábeis a demonstrar, de forma inequívoca, o crédito pretendido, cabe negar o direito, total ou parcialmente, explicitando claramente sua motivação, como aconteceu no despacho decisório sob análise, sem qualquer lesão à verdade material. Em nada macula o trabalho fiscal, pelo contrário, atende à verdade material, a utilização de planilhas elaboradas pela própria contribuinte, interessada no reconhecimento do direito creditório pleiteado, em conjunto com as declarações, livros fiscais e documentos que os amparam, como já bem esclarecido pela decisão recorrida: (...) Preliminarmente cumpre esclarecer que a adoção, pela autoridade fiscal, das planilhas apresentadas pela interessada e anexadas às fls. 88 a 90 como base para o levantamento do crédito a ser ressarcido, em detrimento das informações constantes do DACON é procedimento correto e que não invalida de forma alguma a apuração fiscal e as conclusões expressas no Parecer contestado. O próprio contribuinte é o responsável pelas informações contidas tanto no DACON quanto nas planilhas citadas. A utilização das planilhas, contudo, justificase por serem estas muito mais detalhadas, uma vez que especifica os diversos componentes de cada item informado no DACON, seja no demonstrativo da base de cálculo da contribuição, seja no demonstrativo da base de cálculo dos créditos a descontar. Além disso, as planilhas complementares em fls. 92 a 215 demonstram os créditos e débitos apurados por cada filial. É importante frisar ainda que as planilhas apresentadas pela interessada em resposta à intimação fiscal foram adotadas apenas como suporte para a conferência dos débitos e créditos no período em análise. No entanto, os valores considerados pela fiscalização foram aqueles efetivamente apurados nos livros fiscais da empresa, notas fiscais, relatórios e diversos elementos disponibilizados pela interessada durante o procedimento de diligência. (...) A decisão recorrida também foi proferida sem qualquer cerceamento do direito de defesa. O julgador de primeira instância apresentou seu conceito de bens e serviços Fl. 1581DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.574 17 utilizados como insumo para fins de creditamento das contribuições não cumulativas, em consonância com as Instruções Normativas que regem a matéria, e a seguir, decidiu, motivadamente sobre todas as glosas objeto de contestação cotejandoas com os argumentos apresentados pela ora recorrente. Tampouco houve qualquer nulidade no indeferimento do pedido de perícia contábil, conforme o disposto no art. 18 c/c art. 28 do Decreto nº 70.235/72, sob o fundamento de que "o próprio auditorfiscal lotado na unidade de jurisdição da contribuinte é capaz de realizar tal exame", o que, inclusive, é matéria sumulada neste Conselho: "Súmula CARF nº 8: O Auditor Fiscal da Receita Federal é competente para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador". No mais, as outras questões aventadas preliminarmente pela recorrente não demandariam nulidade da decisão recorrida que considerou ausentes as provas das alegações da então impugnante, mas acarretariam somente as correspondentes modificações na decisão recorrida acaso procedentes com as provas posteriormente apresentadas, as quais foram devidamente analisadas na diligência no âmbito deste CARF e serão objeto de decisão abaixo no mérito. Outras Receitas Operacionais (a) Receitas Financeiras Descontos Obtidos nas Aquisições de Mercadorias Segundo o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, os descontos obtidos pela recorrente nas aquisições de mercadorias incluemse entre as receitas financeiras: Seção IV Outros Resultados Operacionais Subseção I Receitas e Despesas Financeiras Receitas Art. 373. Os juros, o desconto, o lucro na operação de reporte e os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa, ganhos pelo contribuinte, serão incluídos no lucro operacional e, quando derivados de operações ou títulos com vencimento posterior ao encerramento do período de apuração, poderão ser rateados pelos períodos a que competirem (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 17, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 76, § 2º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 11, § 3º). (sem os destaques no original) Dessa forma, a decisão recorrida deve ser reformada nessa parte, para a exclusão da tributação dos valores relativos a descontos nas compras de matériaprima, eis que se tratam de receitas financeiras, sujeitas à alíquota zero das contribuições não cumulativas, nos termos do Decreto nº 5.442/2005, vigente à época. (b) Contas n°s 388130 e 304530 Rateio de Gastos com Exportação Alega a recorrente que os valores creditados na conta n° 388130 tiveram por débito a conta n° 304530, sem impacto contábil, o que foi confirmado pela fiscalização na diligência, nesses termos: "Ao analisar as contas 388130 e 304530, podese constatar que se Fl. 1582DF CARF MF 18 tratavam de mera alocação de custos e despesas entre as diversas unidades da empresa, e, por essa razão, a conta 388130 deve ser excluída da base de cálculo das contribuições não cumulativas". Assim, a decisão recorrida deve ser reformada nesse sentido. (c) Contas n°s 381020 e 396020 Receitas de Serviços já Tributadas Sustenta a recorrente que os valores registrados nas contas n°s 381020 e 396020, por corresponderem a receitas decorrentes da prestação de serviços, já foram devidamente tributadas, o que foi ratificado na diligência pela fiscalização, a qual verificou, entretanto, que não houve nenhuma inclusão ou adição dessa conta na base de cálculo das contribuições, nada havendo a modificar na decisão recorrida nesta parte. Da venda de mercadorias com suspensão Entendeu a fiscalização que a contribuinte não poderia fazer jus ao benefício da suspensão prevista no art. 9º da Lei nº 10.925/2004 anteriormente à edição da IN SRF 660 em 04/04/2006, bem como que ela não se enquadraria na definição de cerealista, nem de atividade agropecuária e nem de cooperativa de produção agropecuária. Sobre a suspensão das contribuições não cumulativas, dispõe o art. 9º da Lei nº 10.925/2004: Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1º do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) § 2º A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Conforme expresso no art. 17 da própria Lei nº 10.925/2004, a referida suspensão deveria produzir efeitos a partir de 1º de agosto de 2004: Art. 17. Produz efeitos: (...) III a partir de 1º de agosto de 2004, o disposto nos arts. 8º e 9º desta Lei; (...) A então Secretaria da Receita Federal veio regulamentar a referida suspensão, nos termos do §2º do art. 9º acima transcrito, com a Instrução Normativa SRF nº 636, de 24/03/2006, que entrou em vigor na data de sua publicação 04/04/2006, mas produzia efeitos desde 1º de agosto de 2004, em consonância ao disposto no art. 17 da Lei. Ocorre que, posteriormente, essa Instrução Normativa foi revogada pela IN SRF nº 660/2006, a qual veio dispor que a suspensão das contribuições produziria efeitos a partir de 04/04/2006, data da publicação da primeira regulamentação (Instrução Normativa SRF nº 636/2006). Assim, a fiscalização excluiu o benefício da recorrente relativo ao primeiro trimestre de 2006, pois anterior a 04/04/2006. A matéria não comporta, a meu ver, maiores digressões, eis que a própria Lei nº 10.925/2004 determinou que o referido benefício produziria efeitos a partir de 1º de agosto de 2004. Fl. 1583DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.575 19 Estando perfeitamente definida a data do início da suspensão pela Lei, é certo que a regulamentação reservada à Secretaria da Receita Federal, nos termos do §2º do art. 9º da Lei, não dizia respeito a esse aspecto. Nesse sentido, a primeira regulamentação da suspensão dada pela Instrução Normativa SRF nº 636/2006, já tinha reconhecido a sua produção de efeitos retroativa, a partir de 1º de agosto de 2004. Conforme bem lembrou a recorrente, a matéria já foi objeto de análise por esse CARF no Acórdão nº 3401002.078 da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária desta 3ª Seção, j. 28.11.2012, Relator Emanuel Carlos Dantas de Assis, no qual se fixou o entendimento de que a suspensão das contribuições prevista no art. 9º da Lei nº 10.925/2004 aplicase desde 1º de agosto de 2004, conforme trecho da ementa abaixo: (...) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 VENDA DE PRODUTOS IN NATURA. SOJA E CAFÉ. SUSPENSÃO. ART. 9º DA LEI Nº 10.925, DE 2004. EFICÁCIA DESDE 1º DE AGOSTO DE 2004. Em conformidade com o art. 17, III, da Lei nº 10.925, de 2004, e a Instrução Normativa nº 636, de 2006, aplicase desde 1º de agosto de 2004 a suspensão da incidência do PIS e da Cofins prevista no art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, que atinge a venda de soja e café in natura efetuada pelos cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os referidos produtos, por pessoa jurídica e por cooperativa que exerçam atividades agropecuárias, para pessoa jurídica tributada com base no Lucro Real. (...) Também no Acórdão nº 3402003.171, 20/07/2016, este Colegiado, por unanimidade de votos, reconheceu para a ora recorrente o benefício pleiteado de suspensão de que trata o art. 9º da Lei nº 10.925/2004, no período de apuração de 01/01/2006 a 31/03/2006. Quanto à questão da recorrente fazer jus ou não ao benefício da suspensão previsto na Lei, o julgamento foi convertido em diligência para tal apuração, concluindo a fiscalização que: (...) No tocante à essa descrição por filiais, constatamos que as filiais de Campo Grande, Rondonópolis, Três Passos e Uberlândia realizaram a produção de óleo vegetal, e por essa razão, agiram como indústria, não sendo possível considerálas como empresas cerealistas, muito embora também tenham realizado as etapas de limpeza, padronização e armazenamento de soja. No arquivo digital apresentado pela empresa durante o procedimento fiscal, no tocante à filial de Rondonópolis, foram informadas vendas de mercadorias com suspensão nos montantes de R$ 3.392.168,87, R$ 4.228.125,67, e R$ 3.196.219,88 nos meses de julho, agosto e setembro de 2005, respectivamente. Fl. 1584DF CARF MF 20 Consequentemente, foram mantidas as glosas, já que, segundo o entendimento da presente diligência, tal filial realizou atividades industriais, e não de empresas estritamente cerealistas. As filiais de Balsas, Correntina e Paranaguá não desenvolveram todas as etapas características de empresas cerealistas, e as filiais de Santa Maria da Serra, Perdeneiras, São Paulo, Santos e Panorama desenvolveram outros tipos de atividades, como atividades meios e de produção e comercialização de fertilizantes. Mas como no arquivo digital apresentado pela empresa durante o procedimento fiscal não foram informadas vendas com suspensão para estas filiais, nenhum ajuste se mostrou necessário. O restante das filiais, segundo a documentação apresentada pela empresa na presente diligência, desenvolveram atividades de empresas cerealistas. A despeito disso, no arquivo digital apresentado pela empresa durante o procedimento fiscal, foram informadas vendas com suspensão apenas pela filial de Porto Alegre, além da filial de Rondonópolis, conforme mencionado acima. Assim sendo, em atendimento à Resolução, foram realizados ajustes, com vistas a garantir a suspensão apenas em relação às vendas realizadas pela filial de Porto Alegre, já que para a filial de Rondonópolis a suspensão não foi reconhecida. (...) De outra parte, em sua manifestação, sustenta com razão a recorrente, dentre outros pontos, que a legislação não determina que, para gozar da suspensão, a empresa deva exercer exclusivamente a atividade de cerealista, sendo que, caso desenvolva diversas atividades, a suspensão das contribuições deveria recair apenas sobre as receitas decorrentes da atividade de cerealista. Assim, há de ser concedido o benefício da suspensão pleiteado, reformando se a decisão recorrida nesta parte. Créditos Presumidos Relativos à Filial Uberlândia A fiscalização excluiu da base de apuração dos créditos presumidos, em relação à filial Uberlândia, os valores das compras para recebimento futuro, registradas sob o CFOP 1.922, em razão de ter constatado, através dos relatórios enviados em meio magnético, que a interessada teria se aproveitado dos referidos créditos em duplicidade, apropriandoos no momento da compra para recebimento futuro e também quando da entrada real da mercadoria. A recorrente alegou não ter havido a referida duplicidade, uma vez que não foram computadas as notas fiscais referentes a compras efetuadas para entrega futura, o que poderia ser constatado pela análise dos relatórios e bancos de dados. Em análise de tal questão na diligência, concluiu a fiscalização que assiste razão à recorrente: (...) III.3 Créditos Presumidos Relativos à Filial Uberlândia/ Legitimidade do Procedimento Adotado pela Recorrente; Fl. 1585DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.576 21 Ao analisar o arquivo digital apresentado pela empresa, de fato não há registros de créditos com o CFOP 1.116, apenas no CFOP 1.922. Neste sentido, não houve lançamento em duplicidade com relação ao crédito presumido. (...) Assim, a decisão recorrida deve ser reformada para a reversão das glosas do crédito presumido dos valores das compras para recebimento futuro, registradas sob o CFOP 1.922. Da Sistemática Não Cumulativa do PIS/ Da Legitimidade dos Créditos Apropriados pela Recorrente (i) Bens e Serviços utilizados como insumos Insurgiuse, genericamente, a recorrente em face da interpretação da fiscalização e da autoridade julgadora de primeira instância do conceito restrito de insumos para o reconhecimento dos créditos das contribuições não cumulativas, levando em consideração a regulamentação das Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004. Ocorre que este Conselho Administrativo não tem adotado, para fins de aproveitamento de créditos do PIS/Pasep e da Cofins, a interpretação restrita de insumos veiculada pelas Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004, e nem tão amplo como o da legislação do Imposto de Renda, conforme bem esclarece o Acórdão nº 3403002.656, julgado em 28/11/2013, Relator Conselheiro Rosaldo Trevisan, cuja ementa ora se transcreve parcialmente: (...) O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...) Filiome ao entendimento deste CARF que tem aceitado os créditos relativos a bens e serviços utilizados como insumos que são pertinentes e essenciais ao processo produtivo ou à prestação de serviços, ainda que neles sejam empregados indiretamente, conforme ilustra a parte da ementa abaixo do Acórdão nº 3403003.052, julgado em 23/07/2014, por voto condutor do Relator Conselheiro Alexandre Kern: (...) Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social não cumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Fl. 1586DF CARF MF 22 (...) Há de se ressaltar, no entanto, com relação à insurgência genérica de recorrente ao conceito de insumo aplicado nas glosas, que o fato de este Colegiado ter entendimento divergente da autoridade de primeira instância no que concerne ao conceito de insumos para fins de creditamento das contribuições não cumulativas não acarreta, de forma alguma, a revisão total das glosas mantidas pela decisão recorrida, a qual foi legitimamente emitida em conformidade com a regulamentação trazida pelas referidas Instruções Normativas. Não há que se olvidar que cada órgão julgador age, dentro da sua esfera de competência, segundo o princípio da livre persuasão racional. Por certo, não basta ao contribuinte contestar genericamente a interpretação da legislação adotada pela fiscalização e pela Delegacia de Julgamento, sem apresentar todas as razões de fato e de direito com que contesta as glosas efetuadas pela fiscalização e mantidas pelo órgão julgador de primeira instância. O direito ao crédito da Cofins e do PIS/Pasep não é tão abrangente como quer a recorrente e deve ser interpretado com as peculiaridades e restrições que lhe são próprias. A não cumulatividade das contribuições está totalmente regulamentada por lei ordinária, na qual houve a opção de enumerar, de forma exaustiva, os custos, encargos e despesas que são capazes de gerar o direito ao crédito. Com efeito, no presente caso concreto, incumbe a análise por este Colegiado, dentro do seu livre convencimento racional, das glosas que foram especificamente contestadas pela recorrente. (ii) Dispêndios com classificação de mercadorias Esclarece a recorrente que a classificação da soja é inerente à sua venda e/ou produção de óleo, de farelo e de outros produtos, eis que, como matériaprima que é, a soja vinda de vários lugares precisa ser segregada de modo a identificar o nível de umidade, de ardidos, de queimados, se há picadas de insetos, se existem grãos verdes, etc. Tanto é assim que a Instrução/Normativa n° 11 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ("MAPA"), por meio do seu artigo 1o, estabelece "o regulamento técnico da Soja, definindo o seu padrão oficial de classificação, com os requisitos de identidade e qualidade extrínseca, a amostragem e a marcação ou rotulagem". Assim, por serem essenciais ao produto final destinado à venda, conforme o conceito de insumo adotado neste Voto, devem ser revertidas as glosas dos dispêndios com classificação de mercadorias. (iii) Encargos e depreciação de máquinas e equipamentos A recorrente alega que o transporte dos produtos da fábrica para o porto é absolutamente essencial às suas atividades fabris, de forma que a depreciação dos vagões deve dar direito a crédito do PIS e da COFINS, sendo que o artigo 3º, inciso IX da Lei n.° 10.833/2004 prevê a geração de créditos sobre fretes de produtos acabados. Assim, se o pagamento a terceiros de frete gera direito a crédito, não haveria porque negar o crédito de depreciação de vagão que faz exatamente a mesma função que um transportador terceirizado. Os vagões utilizados para transportar produtos da fábrica para o porto, embora sejam essenciais às atividades da recorrente, não se tratam de equipamentos utilizados no seu processo produtivo, conforme exige o art. 3º, VI da Lei 10.637/2002 ("VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para Fl. 1587DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.577 23 locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços;"). Nesse mesmo sentido foi decidido no Acórdão nº 3403002.761, da 4ª Câmara/3ª Turma Ordinária desta Seção, j. 25/02/2014, em outro processo de interesse da recorrente, em relação a vagões utilizados para o transporte de produtos entre a fábrica e o porto, conforme trecho abaixo transcrito do Voto do Relator Antonio Carlos Atulim, que ora adoto como fundamentação, nos termos do art. 50, §1° da Lei nº 9.784/99: (...) DEPRECIAÇÃO DE ITENS DO ATIVO IMOBILIZADO (VAGÕES) A fiscalização motivou esta glosa no fato de que os vagões não são bens utilizados diretamente na produção. A recorrente alegou, em síntese, que os vagões são utilizados no transporte de produtos entre a fábrica e o porto. Alegou que se o art. 3º, IX, da Lei nº 10.833/03 autoriza a tomada do crédito sobre fretes de produtos acabados, não haveria motivo para negar o crédito sobre a depreciação dos vagões, que cumprem a mesma função de um transportador terceirizado. O problema no argumento da recorrente é que o custo com frete na operação de venda está previsto expressamente na lei como hipótese autorizadora do crédito, enquanto que em relação a bens do imobilizado esse direito só existe em relação aos bens aplicados diretamente na produção, conforme dispõem os arts. 3º, VI, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. Também o art. 290, III, do RIR/99 estabelece que a despesa de depreciação só será considerada como custo de produção se estiver vinculada a bem aplicado na produção. No caso concreto, não há direito de tomar o crédito sobre a depreciação dos vagões, pois é incontroverso que os vagões não são utilizados na produção de bens ou na prestação de serviços. (...) Assim nada há a reformar nesta parte da decisão recorrida. (iv) Energia Elétrica Relativamente à filial Santos, no mês de julho de 2005, a contribuinte apurou o valor de R$288.710,12 a título de despesa de energia elétrica. Tendo em vista que ela apresentou à fiscalização somente as notas fiscais nos valores de R$30.152,44; R$57.345,88 e R$148.298,35, no total de R$235.796,67, foi glosado o montante de R$52.913,45. No recurso voluntário a contribuinte apresentou duas notas fiscais adicionais, mas que não se referiam a despesas de energia elétrica, mas de água e esgoto, conforme apurado na diligência: (...) Ao analisar as notas fiscais apresentadas (doc. 41), constatamos que a empresa apresentou como prova uma nota fiscal no valor de R$ 52.952,88 e outra de R$ 1.938,93, ambas referentes a despesas com água e esgoto, e não de energia elétrica. Fl. 1588DF CARF MF 24 E, de acordo com o Demonstrativo de créditos apresentado, foram identificadas no item “I” nas linhas 5 e 7, as seguintes rubricas de créditos: 5. Energia Elétrica consumida nos estabelecimentos de Pessoa Jurídica, no valor de R$ 288.710,12; 7. Tabela I, II, Condomínio Portuário, Movimentação, Classificação, Água (CODESP) 514200501 /2/4/5/ 516120, no valor de R$ 1.978.267,48; Notese que existe uma linha própria para apuração de créditos para as despesas de água e uma outra linha exclusivamente para as despesas de energia elétrica. As notas fiscais de montantes R$ 52.952,88 e R$ 1.938,93 não são decorrentes da linha 5, e sim da linha 7. Por essa razão, as notas fiscais trazidas à baila pela empresa não tiveram o condão de comprovar a alegação de que sua despesa de energia elétrica no mês de julho, para a filial de Santos, foi de R$ 288.710,12, ou muito menos de R$ 290.701,61. (...) Em sua manifestação, a recorrente alega que não se mencionou na diligência as demais notas apresentadas, que demonstrariam as despesas de energia elétrica no montante de R$290.701,61, conforme tabela abaixo: Ocorre que as notas fiscais nºs 36662, 36663 e 36664 já foram consideradas no despacho decisório e a nota fiscal nº 237993333 referese à competência de junho de 2005. De forma que nada há a reformar na decisão recorrida no que concerne às glosas de julho/2005 da filial Santos. No que concerne à filial Uberlândia, no mês de agosto de 2005, a contribuinte apurou créditos de PIS/Cofins decorrente do consumo de energia elétrica na filial Uberlândia, tendo como base o montante de R$ 374.494,18. Tendo em vista que ela apresentou à fiscalização somente as notas fiscais nos valores de R$106.601,02, R$233.679,70 e R$32.690,58, no total de R$372.971,30, foi glosado o montante de R$1.522,88. Os documentos adicionais apresentados pela recorrente foram examinados na diligência, tendo a fiscalização consignado que: (...) Ao analisar as notas fiscais apresentadas (doc. 45), verificamos que foram apresentadas apenas as notas fiscais nos montantes de R$ 32.690,58, R$ 106.601,02, e R$ 761,44, que somadas chegam a R$ 140.053,04, sendo que esta última no valor R$ 761,44 é referente ao mês de competência de julho de 2005 e não de agosto de 2005. No Demonstrativo apresentado (doc. 46), de fato houve o lançamento de R$ R$ 374.494,18. No entanto, não só não foram apresentadas todas essas notas fiscais, como a última apresentada no valor R$ 761,44 é referente ao mês de competência de julho de 2005 e não de agosto de 2005. Fl. 1589DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.578 25 Pelos motivos expostos acima, entendese que a empresa não logrou êxito ao tentar comprovar tais despesas. (...) Em sua manifestação, sustenta a recorrente que: Ocorre a nota fiscal de R$233.679,70 já foi computada nos dispêndios de energia elétrica no mês de agosto no despacho decisório, como acima relatado, além do que a nota fiscal de R$761,44 (doc. 06 da manifestação) referese à competência do mês de julho de 2005. Assim, devem ser mantidas as glosas de energia elétrica efetuadas pela fiscalização. (v) Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos Sobre esse item, na diligência apurou a fiscalização que: (...) Ao analisar as alegações trazidas à baila pela empresa, foi constatado que foram informados como documentos comprobatórios despesas de Locação da área da Tabela II e Locação da área da Tabela V (água e esgoto), justamente itens específicos no Demonstrativo de créditos, qual seja: item “7. Tabela I, II, Condomínio Portuário, Movimentação, Classificação, Água (CODESP) 514200501 /2/4/5/ 516120”. Ademais, no mês de julho de 2005 deixaram de ser comprovadas despesas no montante de R$ 1.192,20 (GAP doc. 48). Neste sentido, entendese que a empresa não logrou êxito em sua comprovação, uma vez que as despesas de Locação da área da Tabela II e de Locação da área da Tabela V (água e esgoto) já compõem o item 7 da Planilha de apuração do PIS e da COFINS (Tabela I, II, Condomínio Portuário, Movimentação, Classificação, Água (CODESP) 514200501 /2/4/5/ 516120”). (...) A recorrente alega que tais itens não estariam incluídos no item 7 da planilha, mas nada demonstra nesse sentido, devendo a decisão recorrida ser mantida nessa parte. Da Glosa dos Créditos de PIS e seus Efeitos na Apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido Fl. 1590DF CARF MF 26 Alega a recorrente que, se as glosas restarem mantidas, o valor do crédito de Cofins anteriormente registrado em ativo "a recuperar", deveria ser baixado em contrapartida a conta de resultado; mais especificamente, a baixa do ativo recuperável aumentará o custo da mercadoria vendida ("CMV"), reduzindo o lucro. Assim entende que deveria esta Turma Julgadora reconhecer os créditos de IRPJ e CSLL e autorizar a compensação com eventuais créditos tributários a serem apurados/cobrados neste processo administrativo. Sobre essa questão, a fiscalização bem esclareceu na diligência que: (...) Caso a empresa desejasse, poderia ter revisto toda sua contabilidade, a partir dos ajustes efetuados por essa fiscalização, e, consequentemente apurado novos montantes de CMV e, decorrentemente, de IRPJ e CSLL. Não obstante, como tal análise não foi feita no tempo devido, houve a preclusão do direito da empresa de solicitar uma pretensa restituição de saldos negativos de IRPJ e CSLL. Ademais, conforme disposto no art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, abaixo transcrito, o desconto de créditos é uma faculdade da empresa, e não uma imposição, e na presente situação entendeu a fiscalização que a empresa ao exercer esse direito, no momento em que contabilizou os créditos de Pis e Cofins, abriu mão de apurar um saldo a menor de IRPJ e CSLL. (...) Ademais, não poderia esta turma julgadora autorizar a referida compensação, cuja competência originária é dos titulares das Unidades RFB, a qual deveria também ser precedida de requerimento em conformidade com as normas dispostas na legislação de regência. Assim, o pedido da recorrente nesse sentido deve ser indeferido. Assim, pelo exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para: a) excluir da base de cálculo das contribuições dos valores relativos as contas 388130 (Distribuição de Despesas com exportação), 411050 e 411550 (descontos nas compras de matériaprima); b) reconhecer o benefício pleiteado de suspensão de que trata o art. 9º da Lei nº 10.925/2004. c) reverter as glosas do crédito presumido dos valores das compras para recebimento futuro, registradas sob o CFOP 1.922; e d) reverter as glosas dos dispêndios com classificação de mercadorias. É como voto. (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 1591DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.579 27 Fl. 1592DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10930.903659/2012-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do Fato Gerador: 14/09/2005
PIS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas.
PIS - IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO.
Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.627
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(Assinado com certificado digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. PIS IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 36 59 /2 01 2- 14 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10930.903659/201214 Acórdão n.º 3402003.627 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Trata os presentes autos de Pedido de Restituição (PER), por meio do qual a Recorrente solicita a restituição do crédito decorrente do pagamento de PIS/PASEP IMPORTAÇÃO. No Despacho Decisório, a autoridade competente da DRF em Londrina/PR, indeferiu o pleito da interessada, uma vez que o DARF informado como origem do crédito estava integralmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, "não restando crédito disponível para restituição". Inconformada com a decisão proferida, a empresa apresentou manifestação de inconformidade na qual esclarece tratarse de pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi. Consigna que a Lei nº 10.865/2004 instituiu as contribuições do PIS e da COFINS sobre a importação de bens e serviços, mas não foi clara em relação à incidência sobre as quantias remetidas ao exterior a representantes comerciais a título de comissões sobre vendas, o que fez com que a Recorrente optasse por recolher as contribuições sobre essas operações. Entretanto, a Receita Federal do Brasil, em resposta a diversas consultas (cita duas), passou a vazar o entendimento de que as comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior, não estão sujeitas à incidência do PIS e da COFINS Importação. Isso porque, anota a Recorrente, essas operações não configuram hipótese de serviços prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Assim, uma vez ter efetuado o pagamento de tributo indevido, tem o direito à restituição na forma prevista no art. 165 do Código Tributário Nacional CTN, devidamente corrigido pela taxa SELIC, conforme prescreve a Lei nº 9.250, de 1995, "ainda que informado o débito em DCTF". Sobreveio, então, o Acórdão nº 06046.000, da DRJ em Curitiba (PR), negando provimento à Manifestação de Inconformidade. Irresignada com a referida decisão, foi interposto o presente recurso voluntário, cujas razões, em suma, são as seguintes: (i) diferente do que entendeu a autoridade julgadora, a empresa recorrente comprovou ser pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi; (ii) que demonstrou que a Lei n° 10.865, de 2004, que instituiu as contribuições ao PIS/Pasep e COFINS sobre a importação de bens e serviços, não foi clara ao determinar a incidência sobre as quantias pagas, ou remetidas ao exterior, a representantes comerciais domiciliados no exterior a título de comissões sobre vendas; Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10930.903659/201214 Acórdão n.º 3402003.627 S3C4T2 Fl. 4 3 (iii) para não sofrer sanções, optou por recolher as contribuições sobre as quantias remetidas ao exterior (para representantes domiciliados no exterior) incidentes sobre comissões sobre vendas, conforme (DARF's) apresentados; (iv) ocorre que, posteriormente, a própria RFB, através de inúmeras respostas a Soluções de Consultas, passou a definir que as "comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior não estão sujeitas à incidência da COFINS/PISImportação", por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Reproduz algumas dessas Solução de Consulta. (v) que o processo administrativo sempre deve buscar a verdade real ou material relativa aos fatos tributários, em decorrência da estrita legalidade tributária, que devem nortear todos os atos da administração fiscal. Com isto, não basta simplesmente argumentar que "prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido", para negar a existência do direito creditório; (vi) frisa que os erros contidos em declaração podem e devem ser retificados de ofício, por força da estrita legalidade tributária e nos moldes do art. 147, § 2º do CTN. (vii) que seja reconhecido que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis em valores devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95; (viii) requer que seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova ou esclarecimento de dúvidas relativas aos fatos trazidos neste processo. À vista do exposto, espera e requer seja julgado integralmente procedente o presente recurso, a fim de que seja reconhecido o direito creditório e assegurada a restituição das quantias recolhidas indevidamente. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.529, de 13 de dezembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10930.903656/201281, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.529): Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10930.903659/201214 Acórdão n.º 3402003.627 S3C4T2 Fl. 5 4 Emerge do relatado, que o objeto do pedido de ressarcimento tem como fundamento o indébito de PIS/Pasep sobre comissão de venda paga a representantes comerciais residentes/domiciliados no exterior. No referido Despacho Decisório restou consignado que, "(...) A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição". Consta dos autos que o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. Ou seja, ao que tudo indica, o contribuinte não retificou a DCTF no que pertine ao pleito em questão, por isso a conclusão do despacho decisório vestibular que o valor sob pedido de ressarcimento foi "integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte". Por outro lado, a Recorrente tenta demonstrar em seu recurso, que não há incidência de contribuições para o PIS Importação sobre remessas realizadas para o exterior para pagamento de comissões à agentes no exterior a título de comissões ali realizadas, por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique, e que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis e em montantes devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95. Tudo com base na Lei nº 10.865, de 2004 e Soluções de Consultas emitidas pela RFB que cita. Contudo, se de um lado a decisão recorrida tenha asseverado que "(...) como se vê uma das hipóteses de ocorrência do fato gerador das contribuições ao PIS e a COFINS, sobre importação de serviços, é a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação pelo serviço prestado", como alega a peticionante, por outro giro, deixou patente que o ônus da prova quanto ao indébito seria da ora Recorrente, nos seguintes termos: "(...) Mas, para a verificação se os valores remetidos ao exterior atendem às condições estabelecidas em lei para a incidência das contribuições sobre a importação de serviços ou, não se caracterizando o fato gerador da obrigação tributária, há, de fato, o indébito reclamado pela interessada, é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. Ocorre que, no presente caso, prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido. Nesse sentido, é bom lembrar que não se permite, depois de iniciado qualquer procedimento fiscal, que seja retificada declaração quando vise a reduzir ou a excluir tributo, a não ser mediante a comprovação do erro em que se funde. É o que Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10930.903659/201214 Acórdão n.º 3402003.627 S3C4T2 Fl. 6 5 determina o art. 147, § 1º, da Lei nº 5.172, de 25/10/1966. E, como visto, o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. (sublinhei) E conclui a decisão a quo: "(...) Assim, instaurado o contencioso administrativo, as alegações quanto ao suposto crédito decorrente de recolhimento indevido ou a maior, como no caso em análise, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da contribuinte. Dessa forma, uma vez que a conclusão emitida pela autoridade administrativa teve como pressuposto as informações prestadas pela própria interessada em declarações fiscais válidas a produzir efeitos na data da emissão do Despacho Decisório e não havendo prova hábil que contrarie as informações prestadas espontaneamente, demonstrando o pagamento indevido do tributo, é de se manter o indeferimento da restituição pleiteada". Portanto, a lide se resume na questão de atendimento de condições estabelecidas em lei e provas documentais trazidos aos autos, pois para o deslinde do litígio é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, mormente quando o pedido versa sobre suposto pagamento indevido. No caso em análise, por se tratar de pedido de restituição, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da recorrente. Documentação essa, frisese, de posse da recorrente por determinação legal, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. É de conhecimento que a regra fundamental do sistema processual adotado pelo legislador nacional, quanto ao ônus da prova, encontrase cravada no art. 373 do novo Código de Processo Civil, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída para o Fisco quando realiza o lançamento tributário e para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10930.903659/201214 Acórdão n.º 3402003.627 S3C4T2 Fl. 7 6 E, no presente caso, é fato que prova alguma foi trazida aos autos pela Recorrente que comprovem que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora ela tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, quer na impugnação, quer agora na fase recursal. Demais disso, o fundamento da decisão recorrida foi justamente este, qual seja, a falta de prova. Mas, contrariando os ditames do ônus da distribuição da prova para provar fato constitutivo de seu direito, insiste que "seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova". Ora, se toda a documentação para provar o direito que alega está em seu poder, deveria ter a Recorrente produzido tal prova quando da manifestação de inconformidade, ou mesmo em sede de recurso voluntário, o que não ocorreu. Diante desse quadro, entendo que a decisão da DRJ é merecedora de ser mantida pelos seus próprios fundamentos. Conclusão Assim, concluo que por falta de prova hábil acostadas nos autos, ônus seu de produzir, deve ser negado seu pleito. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 61DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.908649/2012-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
É vedada a compensação de débitos com créditos que não possuam os atributos da liquidez e certeza.
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL.
A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados.
Numero da decisão: 3201-002.265
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Votou pelas conclusões o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente.
José Luiz Feistauer de Oliveira - Relator.
Participaram ainda do julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano D'amorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA
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REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos que não possuam os atributos da liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Votou pelas conclusões o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente. José Luiz Feistauer de Oliveira Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 86 49 /2 01 2- 11 Fl. 67DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY M ORAIS PEREIRA 2 Participaram ainda do julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano D'amorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Relatório MAUES LOBATO COMERCIO E REPRESENTACOES LTDA transmitiu, em 29/04/2009, a Declaração de Compensação – DComp nº 31133.15637.290409.1.3.040403, visando à extinção de débito de IRPJ Demais PJ obrigadas ao lucro real/Balanço trimestral, PA 1º Trim/2009, com um alegado indébito de COFINS, no valor de R$ 4.812,79. A DRF RECIFE emitiu o Despacho Decisório Eletrônico nº 040122095, onde não homologou a compensação porque o pagamento indigitado foi integralmente utilizado para quitação de débito de COFINS do PA 12/2007, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na DComp. Em Manifestação de Inconformidade, o declarante alega que os créditos em questão seriam "relativos a pagamentos a maior ou indevidos de PIS ou COFINS" e que os mesmos "originaramse da retificação das DACON da empresa, após a realização de auditoria interna", onde teria sido constatado que diversos créditos, oriundos das contribuições PIS e COFINS não cumulativas, não teriam sido contabilizados. Neste sentido, a empresa teria realizado a retificação de seus DACON para, posteriormente, apresentar as respectivas PER/DComp. Assim, sustenta que os créditos oriundos dos alegados indébitos estariam plenamente demonstrados nos DACON retificadores entregues eletronicamente à SRF, desta forma não haveria a necessidade de juntada desta demonstração, conforme determinaria o Art. 37 da Lei 9.784/99. Ao final, reitera que o erro de não ter retificado tempestivamente suas DCTF´s não implicaria na inexistência de seus créditos, bem como informa que continuaria procedendo uma auditoria para o levantamento de novos elementos objetivando a comprovação do direito creditório alegado. A 4ª Turma de Julgamento da DRJ em Brasília (DF) julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente e não reconheceu o direito creditório. Conforme o Acórdão nº 0359.543, de 27 de fevereiro de 2014, cuja ementa a seguir transcrevemos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2007 APRESENTAÇÃO DE DECLARAÇÃO RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábilfiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de declaração retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Fl. 68DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY M ORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908649/201211 Acórdão n.º 3201002.265 S3C2T1 Fl. 3 3 Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cuidase agora de recurso voluntário contra a decisão da 4ª Turma da DRJ/Brasília, que inicia com demonstração de sua tempestividade, prosseguindo com uma síntese dos fatos relacionados à lide, onde reitera que a origem de seu direito creditório estaria demonstrada no DACON e que os valores que originaram os pagamentos a maior e retenções já estariam na base de dados da SRF. Neste ponto, reclama que não teria sido dada a oportunidade de conversão do julgamento em diligência nem teria sido intimada a juntar novas provas, o que teria prejudicado seu direito constitucional ao contraditório e ampla defesa. Por tudo isto, alega preliminarmente que teria havido cerceamento de sua defesa, para então solicitar a anulação da decisão da DRJ. Na seqüência, volta a afirmar que todas as informações já constariam na base de dados da SRF e se mesmo assim tais informações se revelassem improcedentes, deveria ter sido intimado a apresentar novos documentos para fundamentar seu direito creditório. Reclama que bastaria uma simples comparação dos DACON com os valores recolhidos pela empresa para verificar a procedência do direito pleiteado, alega que o parágrafo único do Art. 26 do Decreto 7.574/2011 determinaria expressamente que a prova da inveracidade dos fatos registrados caberia à autoridade fiscal, desta forma, estaria se impondo um ônus injustificado ao contribuinte. Reclama, ainda, que não teria havido uma recusa fundamentada acerca do pedido de produção de prova posterior, conforme determinaria o Art. 39, par. único, da Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo. Portanto a decisão recorrida deveria ser anulada, conforme determinaria o Art. 53 do mesmo diploma legal. Mais uma vez, procura sustentar que não haveria qualquer necessidade de apresentação de outros documentos por sua parte, posto que todas as informações necessárias à análise de seu pleito já constariam nos bancos de dados da SRF. Neste sentido, sustenta que as diretrizes da verdade material sejam observadas pelos agentes da administração e transcreve ementas de julgados que ilustrariam seus argumentos. Na continuação, alega que não teria havido uma devida atenção ao princípio da verdade material, por parte da DRJ Brasília, que também não teria atendido à informalidade do processo administrativo ao exigir a anexação prévia de documentos comprobatórios, quando a SRF já deteria todas estas informações e mesmo que tais informações fossem insuficientes, deveria ter solicitado a realização de diligência. Fl. 69DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY M ORAIS PEREIRA 4 Pede então a anulação da decisão recorrida, por alegadas violações aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade, informalidade e verdade material, conforme estaria exposto em vários dispositivos da Lei nº 9.784/99. Pede ainda que, após a anulação da decisão referida, seja reconhecido seu direito creditório, com a conseqüente homologação das compensações declaradas. Alternativamente, em caso de não homologação, requer a anulação da decisão recorrida, para que seja convertido o julgamento em diligência, caso haja necessidade de intimação da empresa para apresentar documentação necessária à realização de um novo julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Relator: José Luiz Feistauer de Oliveira Observados os pressupostos recursais, a petição de fls. 43 a 52 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJ/Brasília/4ª Turma, nº 0359.543, de 27 de fevereiro de 2014. O recorrente invoca, preliminarmente, o princípio processual da verdade material. O que deve ficar assente é que o referido princípio destinase à busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu ônus probandi. Em outras palavras, o principio da verdade material autoriza o julgador a ir além dos elementos de prova trazidos pelas partes, quando tais elementos de prova induzem à suspeita de que os fatos ocorreram não da forma como esta ou aquela parte afirma, mas de uma outra forma qualquer (o julgador não está vinculado às versões das partes). Mas isto, à evidência, nada tem a ver com propiciar à parte que tem o ônus de provar o que alega/pleiteia, a oportunidade de produzir algo que, do ponto de vista estritamente legal, já deveria compor, como requisito de admissibilidade, o pleito desde sua formalização inicial. Dito de outro modo: da mesma forma que não é aceitável que um lançamento seja efetuado sem provas e que se permita posteriormente, em sede de julgamento ou por meio de diligências, tal instrução probatória, também não é aceitável que um pleito, onde se objetiva a restituição de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. Com essa introdução, entendo que deve ser afastada a insinuação recursal, implícita no brado pelo princípio da verdade material, de que esta instância de julgamento estaria obrigada a acolher todos e quaisquer documentos que por ventura acompanhem o recurso, primeiro porque existe um evidente limite temporal para a apresentação de provas no rito instituído pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 – PAF que no presente caso é o momento processual da apresentação da manifestação de inconformidade, segundo porque o ônus probatório aqui é do contribuinte, quando este pleiteia um ressarcimento ou uma restituição de indébito, tem a obrigação de comprovar inequivocamente o seu alegado direito creditório no momento que contesta o despacho decisório e instaura o contencioso. No caso, a decisão recorrida não acolheu a alegação de erro na apuração da contribuição social, nem a simples retificação do DACON para efeito de alterar valores originalmente declarados, porque o declarante, em sede de manifestação de inconformidade, não se desincumbiu do ônus probatório que lhe cabia e não juntou nos autos seus registros Fl. 70DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY M ORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908649/201211 Acórdão n.º 3201002.265 S3C2T1 Fl. 4 5 contábeis e fiscais, acompanhados de documentação hábil, para infirmar a motivo que levou a autoridade fiscal competente a não homologar a compensação ou mesmo para eventualmente comprovar a alegada inclusão indevida de valores na base de cálculo das contribuições, que poderiam levar à reduções de valores dos débitos confessados em DCTF. Novamente, agora já em sede de recurso voluntário, o interessado não aportou aos autos qualquer documentação probatória, limitandose a bradar contra alegadas violações à princípios constitucionais e também a afirmar que todas as informações já constariam na base de dados da SRF, que portanto não haveria necessidade da juntada de quaisquer outros documentos e ainda, que caso tais informações se revelassem insuficientes, deveria ter sido solicitada a realização de diligência. Conforme bem apontou a decisão da DRJ, a declaração do contribuinte em DCTF constituise em confissão de dívida, o que confere liquidez e certeza à obrigação tributária. No atual momento processual, para se comprovar a liquidez e certeza do crédito informado na Declaração de Compensação seria imprescindível uma cabal demonstração na escrituração contábilfiscal da contribuinte, baseada em documentos hábeis e idôneos, da alegada diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. As alegações de defesa são faculdades do demandado, mas constituemse em verdadeiro ônus processual, uma vez que a juntada das provas aos autos dever ser praticada no tempo certo, sob pena de preclusão, isto porque o processo é um caminhar para a frente, não se admitindo, em regra, ressuscitar questões já ultrapassadas em fases anteriores. Conforme o § 4º do art. 16 do PAF, só é lícito deduzir novas alegações em supressão de instância quando: relativas a direito superveniente, demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Compete ainda ao julgador administrativo conhecer de ofício de matérias de ordem pública, a exemplo da decadência; ou por expressa autorização legal. Finalmente, o § 5º do mesmo dispositivo legal exige que a juntada dos documentos deve ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Fl. 71DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY M ORAIS PEREIRA 6 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) Contudo, no caso desses autos, o recorrente sequer se preocupou em trazer oportunamente os documentos que comprovariam suas alegações, ônus que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal: o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, segundo o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 36. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. No mesmo sentido o art. 330 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (CPC). Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. A comprovação do valor do tributo efetivamente devido (e, por conseqüência, do direito à restituição de eventual parcela recolhida a maior) no caso concreto deveria ter sido efetuada mediante apresentação oportuna de documentos contábeis e/ou fiscais capazes de efetivamente demonstrar que o valor da contribuição do período de apuração de interesse não teria atingido o valor informado na DCTF vigente quando da emissão do Despacho Decisório aqui analisado, mas apenas o valor informado na DCTF retificadora (que no presente caso sequer efeitos surte quanto à redução deste débito) e no DACON retificador, de caráter meramente informativo. Como o contribuinte sequer procurou juntar aos autos qualquer tipo de documentação na intenção de demonstrar que efetivamente seria titular do alegado direito creditório, eventuais créditos do contribuinte contra a Fazenda Pública ficam sem a devida comprovação de sua certeza e liquidez, atributos indispensáveis para a homologação da compensação pretendida, nos termos do art. 170 do CTN. Restam, portanto, descabidas as demais alegações quanto às supostas violações à ampla defesa, bem como aos demais princípios constitucionais da razoabilidade, proporcionalidade e informalidade. Sobre a jurisprudência trazida à colação pelo recorrente, devese contrapor que se tratam de decisões isoladas, que não se enquadram ao caso em exame e nem vinculam o presente julgamento, podendo cada instância decidir livremente, de acordo com suas convicções. Além disso, tratamse de precedentes que não constituem normas complementares, não têm força normativa, nem efeito vinculante para a administração tributária, pela inexistência de lei nesse sentido, conforme exige o art. 100, II, do CTN. Alertandose para a estrita vinculação das autoridades administrativas ao texto da lei, no desempenho de suas atribuições, sob pena de responsabilidade, motivo pelo qual tais decisões não podem ser aplicadas fora do âmbito dos processos em que foram proferidas. Fl. 72DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY M ORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908649/201211 Acórdão n.º 3201002.265 S3C2T1 Fl. 5 7 Com essas considerações, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. Sala das Sessões, em 24 de agosto de 2016 José Luiz Feistauer de Oliveira Relator Fl. 73DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY M ORAIS PEREIRA
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Numero do processo: 10140.001950/2003-61
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 12 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano calendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003
EMENTA: NORMAS PROCESSUAIS. INTEMPESTIVIDADE. Por
intempestivo, não se conhece do recurso voluntário protocolizado após o prazo dos trinta dias seguintes à ciência da decisão de primeira instância, nos termos do artigo 33 do Decreto n°70.235/72.
Numero da decisão: 1802-000.400
Decisão: Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, não conheceram do recurso por intempestivo, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF- lucro presumido(exceto omis.receitas pres.legal)
Nome do relator: Ester Marques Lins de Sousa
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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano calendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 EMENTA: NORMAS PROCESSUAIS. INTEMPESTIVIDADE. Por intempestivo, não se conhece do recurso voluntário protocolizado após o prazo dos trinta dias seguintes à ciência da decisão de primeira instância, nos termos do artigo 33 do Decreto n°70.235/72.
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INTEMPESTIVIDADE. Por intempestivo, não se conhece do recurso voluntário protocolizado após o prazo dos trinta dias seguintes à ciência da decisão de primeira instância, nos termos do artigo 33 do Decreto n°70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, não conheceram do recurso por intempestivo, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. " • MARQUES LINS OUSA — • esidente e Relatora. EDITADO EM: • O 8 ABR 10 Participaram d. sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente de Turma), José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso ICichel, Sérgio Luiz Bezerra Presta (Suplente Convocado), Edwal Casoni de Paula Femandes Júnior, João Francisco Bianco (Vice Presidente de Turma). - Relatório Por economia processual e bem representar a lide adoto o relatório da decisão de primeira instância que a seguir transcrevo: A contribuinte acima qualfflcada foi autuada no total do crédito tributário de R$ 119.230,16, sendo R$ 50.514,07 relativo ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica — IRPJ, R$ 30.83041 aos juros de mora calculados até 31/07/2003 e R$ 37.885,48 à multa proporcional, de oficio, de 75% (fls. 100/137), tendo em vista a constatação, durante o procedimento fiscal de venficação do cumprimento das obrigatórias tributárias, de divergências entre os valores declarados/pagos e os apurados com base em sua escrituração contábil e fiscal. A capitulação legal da autuação se encontra àfl. 102. Em cumprimento ao artigo 20 da Portaria SRF n° 6.129, de 02/12/2005, esta DRJ juntou a este, por anexação, o processo n° 10140.001951/2003-14, que trata do lançamento da CSLL. A contribuinte foi também autuada no total do crédito tributário de R$ 122.231,24, sendo R$ 51.930,01 relativo à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, R$ 31.353,77 aos juros de mora calculados até 31/07/2003 e R$ 38.947,46 à multa proporcional, de oficio, de 75% (fi g. 314/352), pelos motivos do lançamento do IRPJ, tendo-se baseado nos mesmos elementos de prova. A capitulação legal da autuação se encontra àfl. 317. A contribuinte foi cientificada dos autos de infração do PIS e da Cofins em 25/08/2003 (lls. 100 e 314), tendo apresentado impugnação contra o lançamento dos tributos em 24/09/2003 (fls. 146 e 361), alegando, resumidamente, que os cálculos efetuados pela fiscalização estão incorretos, pedindo a análise dos trabalhos periciais anexados (fls. 199/209 e 372/383). A pessoa jurídica foi cientificada da decisão de primeira instância proferida mediante o Acórdão n° 04-11.143, de 08/12/2006, da r.Turma da DAI/Campo Grande/MS, fls.445/449, conforme Aviso de Recebimento (AR), 11.460, em 08/01/2007,segunda feira, e, interpôs recurso ao Conselho de-Contribuintes, em 08/02/2007, quinta feira, f1.468/471. Na peça recursal a Recorrente, preliminarmente alega a caducidade do lançamento referente aos meses de abril, maio e junho de 1998 e, no mérito alega que os valores apurados pelo fisco estão declarados em DCTF e parcelados mediante o REFIS e pospriormente no PAES. Argúi que outro fato relevante foi a tributação indevida do valor das /exportações ocorridas no ano de 1999 que deveriam ser excluídas da base de cálculo, pois atendidas as premissas determinadas na MP n°2.113-26/2000. 2 Processo n0 10140.001950/2003-61 81-TE02 Acórdão n.° 1802-00.400 19,2 Ao final requer seja dado provimento ao recurso. É o relatório. 3 Voto Conselheira Relatora ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Conforme relatado acima, a interessada foi cientificada da decisão proferida mediante o Acórdão n° 04-11.143, de 08/12/2006, da r.Turma da DR.T/Campo Grande/MS, fls.445/449, conforme Aviso de Recebimento (AR), fl.460, em 08/01/2007,segunda feira, e, interpôs recurso ao Conselho de Contribuintes, somente em 08/02/2007, quinta feira, f1.468/471, portanto, a peça recursal fora apresentada após o prazo dos trinta dias seguintes à ciência da decisão de primeira instância, nos termos do art.33 do Decreto n° 70.235/72, que teria como prazo fatal o dia 07/02/2007 para a apresentação do referido recurso. Diante do exposto, concluo que o presente recurso, é intempestivo, não preenche as condições de admissibilidade, nos termos do art.33 do Decreto n° 70.235/72, razão pela qual voto por não eonhecê-lo. ..---- - er16 —..---Est ": ar o'qu e.. • - e oz. • 4
score : 1.0
Numero do processo: 10980.937533/2009-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/2003 a 30/04/2003
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.767
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2003 a 30/04/2003 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 75 33 /2 00 9- 52 Fl. 54DF CARF MF Processo nº 10980.937533/200952 Acórdão n.º 3402003.767 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de COFINS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 55DF CARF MF Processo nº 10980.937533/200952 Acórdão n.º 3402003.767 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10980.937533/200952 Acórdão n.º 3402003.767 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10980.937533/200952 Acórdão n.º 3402003.767 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 58DF CARF MF
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