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Numero do processo: 10410.005839/2010-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jul 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008
MULTA. INFRAÇÃO À LEI TRIBUTÁRIA.
Deve ser aplicada multa no percentual de 50% ao sócio que receber participação paga pela pessoa jurídica que estiver em débito, não garantido, para com a União.
MULTA. DECADÊNCIA. REGRA GERAL.
A regra geral de contagem do prazo decadencial, nos lançamentos de ofício, é aquela prevista no art. 173, inciso I, do CTN.
INCIDÊNCIA DE MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE.
A comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo determina a qualificação da multa de ofício.
INCIDÊNCIA DE MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. COMPROVAÇÃO DO FALTA DE ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES FISCAIS.
Deve ser reduzido o percentual da multa de ofício agravada por não atendimento, no prazo, à intimação fiscal para prestar esclarecimentos, quando não estão presentes nos autos elementos suficientes para caracterizar a exigência.
OBTENÇÃO DE PROVAS POR MEIO ILÍCITO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
É lícita a obtenção de provas por meio de mandado de busca e apreensão quando por ordem judicial, sendo prescindível a participação de Auditor Fiscal da Receita Federal no cumprimento do mandado.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PERSONALÍSSIMOS POR PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 129 DA LEI Nº 11.196/05. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
O artigo 129 da Lei nº 11.196/05 determina que a relação tributária na prestação de serviços por pessoa jurídica tem os efeitos fiscais e previdenciários típicos da contratação de pessoa jurídica. Porém, no caso de confusão patrimonial ou desvio de finalidade na empresa prestadora, ou da caracterização da relação de emprego, o manto da personalidade jurídica deverá ser desconsiderado.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. RECOLHIMENTOS DE TRIBUTOS DE MESMA ESPÉCIE. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE.
Havendo a desconsideração da personalidade jurídica da empresa prestadora de serviços personalíssimos com o consequente lançamento de imposto sobre a renda da pessoa física, deve-se compensar o tributo sobre a renda efetivamente pago pela pessoa jurídica quando a renda tributada por ambos for, comprovadamente, a mesma.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS DO FISCO.
Verificada a ocorrência da compra de imóveis sem disponibilidade financeira, cabível o lançamento de imposto sobre a renda por omissão, decorrente de acréscimo patrimonial a descoberto.
Numero da decisão: 2201-003.247
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para determinar a compensação dos pagamentos efetivamente recolhidos pela empresa MR Consultoria Ltda. Vencido o Conselheiro Carlos Cesar Quadros Pierre que dava provimento parcial em maior extensão para desqualificar a multa de ofício sobre a omissão de depósito bancário. Fez sustentação oral o Dr. Saulo de Tarso Muniz dos Santos, OAB/AL nº 12.954.
(assinado digitalmente)
EDUARDO TADEU FARAH - Presidente.
(assinado digitalmente)
RELATOR CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Relator.
EDITADO EM: 04/07/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente), Carlos Henrique de Oliveira, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Carlos Alberto Mees Stringari, Carlos Cesar Quadros Pierre, Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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INFRAÇÃO À LEI TRIBUTÁRIA. Deve ser aplicada multa no percentual de 50% ao sócio que receber participação paga pela pessoa jurídica que estiver em débito, não garantido, para com a União. MULTA. DECADÊNCIA. REGRA GERAL. A regra geral de contagem do prazo decadencial, nos lançamentos de ofício, é aquela prevista no art. 173, inciso I, do CTN. INCIDÊNCIA DE MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo determina a qualificação da multa de ofício. INCIDÊNCIA DE MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. COMPROVAÇÃO DO FALTA DE ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES FISCAIS. Deve ser reduzido o percentual da multa de ofício agravada por não atendimento, no prazo, à intimação fiscal para prestar esclarecimentos, quando não estão presentes nos autos elementos suficientes para caracterizar a exigência. OBTENÇÃO DE PROVAS POR MEIO ILÍCITO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 00 58 39 /2 01 0- 46 Fl. 2063DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 2 É lícita a obtenção de provas por meio de mandado de busca e apreensão quando por ordem judicial, sendo prescindível a participação de Auditor Fiscal da Receita Federal no cumprimento do mandado. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PERSONALÍSSIMOS POR PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 129 DA LEI Nº 11.196/05. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. O artigo 129 da Lei nº 11.196/05 determina que a relação tributária na prestação de serviços por pessoa jurídica tem os efeitos fiscais e previdenciários típicos da contratação de pessoa jurídica. Porém, no caso de confusão patrimonial ou desvio de finalidade na empresa prestadora, ou da caracterização da relação de emprego, o manto da personalidade jurídica deverá ser desconsiderado. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. RECOLHIMENTOS DE TRIBUTOS DE MESMA ESPÉCIE. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Havendo a desconsideração da personalidade jurídica da empresa prestadora de serviços personalíssimos com o consequente lançamento de imposto sobre a renda da pessoa física, devese compensar o tributo sobre a renda efetivamente pago pela pessoa jurídica quando a renda tributada por ambos for, comprovadamente, a mesma. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS DO FISCO. Verificada a ocorrência da compra de imóveis sem disponibilidade financeira, cabível o lançamento de imposto sobre a renda por omissão, decorrente de acréscimo patrimonial a descoberto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para determinar a compensação dos pagamentos efetivamente recolhidos pela empresa MR Consultoria Ltda. Vencido o Conselheiro Carlos Cesar Quadros Pierre que dava provimento parcial em maior extensão para desqualificar a multa de ofício sobre a omissão de depósito bancário. Fez sustentação oral o Dr. Saulo de Tarso Muniz dos Santos, OAB/AL nº 12.954. (assinado digitalmente) EDUARDO TADEU FARAH Presidente. (assinado digitalmente) Fl. 2064DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.063 3 RELATOR CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Relator. EDITADO EM: 04/07/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente), Carlos Henrique de Oliveira, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Carlos Alberto Mees Stringari, Carlos Cesar Quadros Pierre, Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de Recurso de Ofício e Voluntário interposto contra acórdão da 1ª Turma da DRJ Recife que manteve, parcialmente, lançamento tributário relativo ao IRPF supostamente devido nos anos calendário de 2004 a 2008, em razão omissão de rendimentos decorrente de movimentação financeira, ganho de capital e variação patrimonial a descoberto. Tal crédito foi constituído por meio do auto de infração (fls. 04 do processo digitalizado), devidamente explicitado no Termo de Verificação Fiscal (folhas 30), pelo qual foi apurado o crédito tributário de R$ 9.351.500,73, que compreende imposto (R$ 1.981.520,07), juros de mora (R$ 478.834,67), multa proporcional (R$ 4.307.736,54), e multa regulamentar (R$ 2.583.409,45), valores consolidados em 25 de outubro de 2010. A ciência do auto de infração, que contém o lançamento referente ao IRPF dos anos calendário 2004 a 2008, ocorreu em 26 de outubro de 2010, na pessoa da procuradora do contribuinte. Em 24 de novembro de 2010 (fls 1659), foi apresentado impugnação ao lançamento. A decisão da 1ª Turma da DRJ RJ/1 contém o seguinte relatório, que adoto por sua precisão e clareza (fls 1848): "Contra o contribuinte acima identificado foi lavrado o Auto de Infração no qual é cobrado o Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), relativamente aos anoscalendário de 2004, 2005, 2006, 2007 e 2008, no valor de R$ 1.981.520,07, acrescido de multa de lançamento de ofício e de multa regulamentar, além de juros de mora calculados até30/09/2010, perfazendo um crédito tributário total de R$ 9.351.500,73. 2.A ação fiscal foi iniciada por meio do Termo Início de Fiscalizarão de fls. 47 a 48, tendo sido solicitado ao contribuinte que apresentasse extratos bancários e documentação relativa aos rendimentos auferidos e à aquisição e alienação de bens, em relação aos anoscalendário de 2004 a 2007. 3.Em atendimento foram obtidos documentos, conforme cartas resposta de fls. 4s a 51 e 52 a 53, entre os quais os extratos da conta corrente 3646, agência 3411 do Bradesco abrangendo o período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Fl. 2065DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 4 4.Houve novas intimações ao sujeito passivo, por meio dos Termos de fls. 54 e 57, inclusive para comprovação da origem dos valores depositados junto aos Bancos Bradesco e Safra, relacionados às fls. 64 a 66. 5.Em resposta, foram apresentados os esclarecimentos de fls. 55 a 56 e 60. 6.No intuito de obter informações relativas aos débitos tributários relacionados às fls. 103 a 107, foi realizada diligência junto à pessoa jurídica Mareio Raposo Imóveis Ltda, CNPJ 12.974.820/000163, empresa da qual o contribuinte é sócio majoritário, conforme Termo de fls. 67, tendo sido prestados os esclarecimentos de fls. 68 a 102 e de fls. 108 a 140. 7.O fiscalizado foi novamente intimado (fls. 141) para apresentação da documentação relativa ao empreendimento imobiliário denominado Rancho Terapia, tendo sido fornecidos os elementos de fls. 142 a 476. 8.Por meio dos Termos de Intimação de fls. 477, 491 e 492 o contribuinte foi intimado a fornecer documentos referentes à aquisição de veículos e aos valores depositados em suas contas bancárias, tendo fornecido as informações de fls. 489 e 494. 9.Novos Termos (fls. 611 e 658) foram encaminhados ao autuado para solicitação de documentos comprobatórios da propriedade de imóveis, além dos extratos de cartões de crédito dos anos calendário de 2004 a 2008, em razão dos quais foram apresentados esclarecimentos e documentos relativamente a imóveis alienados (fls. 612 e 819). 10.Há referência no processo à documentação apreendida por meio do Mandado de Busca e Apreensão n° 003.0013486/2008, decorrente do Inquérito Policial n° 2005.80.0060058765 da Polícia Federal. 11.A fiscalização concluiu, em razão das investigações promovidas junto à MR Consultoria Imobiliária Ltda, pela desconsideração da personalidade jurídica da citada sociedade, conforme elementos de fls. 820 a 1.630. 12.A autoridade fiscal, então, lavrou o Auto de Infração em virtude de terem sido constatadas as seguintes infrações à legislação tributária, conforme descrição dos fatos e enquadramentos legais de fls. 04 a 11 e Relatório de Procedimento Fiscal de fls. 28 a 45: 12.1 omissão de rendimentos caracterizada por acréscimo patrimonial a descoberto (omissão no valor de R$ 593.620,46, fato gerador em 31/12/2004). Sobre essa infração foi aplicada multa qualificada no percentual de 150%; 12.2ganhos de capital na alienação de bens e direitos (ganhos de capital omitidos no valor de R$ 114.897,95, fato gerador em 31/05/2007). Sobre essa infração foi aplicada multa qualificada no percentual de 150%; Fl. 2066DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.064 5 12.3 omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada (omissão no valor de R$ 89.453,52, fato gerador em 31/12/2004; omissão . valor de R$ 165.502,69, fato gerador em 31/12/2005; omissão no valor de R$ 515.628,48, fato gerador em 31/12/2006; omissão no valor de R$ 416.698,60, fato gerador em 31/12, 007; e omissão no valor de R$ 148.000,00, fato gerador em 31/12/2008). Sobre essa infração foi aplicada multa qualificada no percentual de 150%, e agravada para o percentual de 225%; 12.4 omissão de rendimentos decorrente da descaracterização da personalidade da pessoa jurídica (omissão no valor de R$ 1.841.659,92, fato gerador em31/12/2007; omissão no valor de R$ 3.306.439,78, fato gerador em 31/12/2008). Sobre essa infração foi aplicada multa qualificada no percentual de 150%, e agravada para o percentual de 225%; 12.5 multa proporcional pelo recebimento de participações de empresa em débito não garantido (multas aplicadas conforme relacionadas às fls. 14, no anocalendário de 2004, às fls. 16, no anocalendário de 2005, às fls. 19, no anocalendário de 2006 e às fls.22, no anocalendário de 2007). 13. Foi efetuada representação fiscal para fins penais, protocolada sob Processo n° 10410.005840/201071. 14.Ciência do lançamento em 26/10/2010 conforme fls. 03, por meio de procurador (instrumento de fls. 46). 15.Não concordando com a exigência, o contribuinte apresentou em 24/11/2010 a impugnação de fls. 1.633 a 1.655, juntamente com a documentação de fls. 1.682 a 1.811, alegando em síntese: 15.1 que houve utilização de provas contratos de compra e venda e de permuta de imóveis, de escrituras de compra e venda de imóveis e de contratos de prestação de serviços obtidas por meios ilícitos, com lesão ao princípio consagrado no inciso LVI do art. 5o da Constituição Federal, para fins de caracterização do acréscimo patrimonial a descoberto, dos ganhos de capital e da desconsideração da personalidade jurídica da MR Consultoria Imobiliária Ltda, uma vez que: (i)o Mandado de Busca e Apreensão (doe. 01) determina unicamente a busca e apreensão de elementos relacionados com "as operações de compra e venda de imóveis daquela empresa", no caso, a pessoa jurídica Mareio Raposo Imóveis Ltda, situada na Av.Robert Kennedy, 2486, Ponta Verde, Maceió; (ii)os documentos referidos na autuação não têm pertinência com a citada empresa, mas pertencem ao contribuinte e foram apreendidos em sua sala de trabalho,conforme último item do Auto Circunstanciado de Busca (doc. 02); (iii)foi descumprida a determinação judicial que ordenou que a busca e apreensão fosse acompanhada por Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, pois não consta do Auto Fl. 2067DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 6 Circunstanciado registro da presença desses servidores mas apenas da equipe policial;/ 15.2 que a autoridade fiscal apurou indevidamente um acréscimo patrimonial a descoberto no anocalendário de 2004, no valor de R$ 593.620,46, por considerar que o contribuinte adquiriu sete apartamentos do Edifício Neo à Cipesa Engenharia, por R$ 642.374,63, pagos em 02/08/2004, quando somente possuía renda líquida acumulada até agosto de 2004 no valor de R$ 48.754,17; (i) que a apuração foi baseada em contratos particulares obtidos ilicitamente; (ii)que a escritura pública de permuta (doe. 03) indica que os sete apartamentos n°s 106, 108, 119, 216, 418, 517 e 518 do Ed. Neo, situado na Rua Júlio Plech Filho, 60, Pajuçara, Maceió, foram negociados diretamente entre a Cipesa Engenharia e o Sr.José Guido do Rego Santos; (iii)que os contratos particulares de promessa de compra e venda e depermuta foram celebrados "com o único objetivo de tornar possível a aquisição da Fazenda Jacaré pela CIPESA, dado que o clima hostil reinante à época entre esta e o proprietário da Fazenda invibializaria a operação, caso se desse a conhecer"; (iv)que não foram considerados os depósitos efetuados nas contas bancárias do contribuinte até agosto de 2004, e submetidos à tributação; (v)que também não foram computados os lucros distribuídos pela empresa Marcio Raposo Imóveis Ltda ao contribuinte e sobre os quais foi aplicada multa de 50%; (vi)que o fato gerador, ocorrido em agosto de 2004, encontrava se decadente em outubro de 2010, data do lançamento; 15.3 que foi apurado ganho de capital decorrente da alienação por permuta por quatro apartamentos, em 20/05/2007, pelo valor de R$ 240.000,00, de um terreno adquirido em 09/05/2001 com custo de aquisição de R$ 70.000,00; (i)que confirma a aquisição do referido imóvel na data e no valor supracitados; (ii)que, no entanto, a permuta do referido terreno "pelos apartamentos401, 402, 403 e 404 aconteceu no dia 23/01/2004, conforme contrato particular de fls. 637 a642, substituídos pelos apartamentos 204, 701, 702 e 703, conforme aditivo celebrado aos25/08/2004, fls. 644 e 645, estando a operação de permuta declarada na DIRF do exercício de2005"; (iii)que os ganhos de capital são sujeitos à tributação definitiva e ao lançamento por homologação, de modo que a contagem do prazo decadencial é regida pelo § 4odo art. 150 do Código Tributário Nacional, em razão do que o termo inicial é a data da ocorrência do fato gerador;. Fl. 2068DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.065 7 (iv)que, tendo o fato gerador ocorrido em 23/01/2004 (data da permuta) e o lançamento ocorrido em 26/10/2010 (data da ciência do auto de infração), deve ser declarado decadente o direito da Fazenda Nacional constituir o crédito tributário Cita jurisprudência administrativa em apoio a suas alegações; 15.4 que o lançamento dos depósitos bancários compreende o período de janeiro de 2004 a abril de 2008 e, no entanto, os depósitos relativos ao anocalendário de 2008não foram individualizados como determina o § 3o do art. 42 da Lei n ° 9.430/1996; (i)que os termos de intimação e de reintimação n° 0001, referentes ao depósitos bancários mantidos junto aos bancos Safra e Bradesco em 2008 não continham relação individualizada ou identificada dos valores cuja origem deveria ser comprovada, não podendo prevalecer o lançamento a eles relativo; (ii)que os rendimentos decorrentes de depósitos bancários "são considerados rendimentos de tributação definitiva, inexistindo previsão legal para que tais rendimentos sejam acrescidos aos rendimentos tributados na declaração de ajuste anual", nos termos do § 4°do art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Que a auditoria fiscal incidiu em irregularidade insanável ao submeter os valores correspondentes aos depósitos bancários à tributação anual; (iii)que, sendo os rendimentos decorrentes de depósitos bancários sujeitos ao lançamento por homologação, o direito de constituir créditos relativos a fatos geradores ocorridos até setembro de 2005 foi atingido pela decadência conforme previsto no § 4o do art.150 do CTN; (iv)que transitaram por suas contas bancárias valores que lhe foram entregues por terceiros destinados ao pagamento do sinal de aquisições intermediadas em razão de sua profissão de corretor de imóveis ("às vezes porque o comprador não quer, de logo, se identificar perante o vendedor, outras porque o comprador reside em local diverso daquele em que se situa o imóvel que pretende adquirir"). Que esses valores não se incorporam ao patrimônio do contribuinte e não podem ser tributados como rendimentos; 15.5— que a desconsideração da personalidade jurídica da empresa MR Consultoria Imobiliária LTDA desatendeu ao disposto no art. 129 da Lei n° 11.196/2005. (i)que a referida norma é interpretativa e trata da possibilidade de serem constituídas sociedades para a prestação de serviços intelectuais dispensandolhes o mesmo tratamento tributário conferido às sociedades civis de profissão legalmente regulamentada, isto é, uma sociedade sem empresa, tributada sob regime de lucro presumido; Fl. 2069DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 8 (ii)que o art. 50 do Código Civil determina que o procedimento da desconsideração da personalidade jurídica deve ser submetido ao crivo do Poder Judiciário,conforme doutrina transcrita; (iii)que a receita bruta da MR Consultoria Imobiliária Ltda não pode ser tributada como rendimento do contribuinte; (iv)que, caso venha a prosperar o lançamento, requer sejam considerados como antecipação do imposto os valores pagos pela pessoa jurídica conforme DARF em anexo(doe. 04); 15.6 que as multas previstas no § 2o do art. 32 da Lei n ° 4.367/1964,relativas aos fatos geradores ocorridos até 30/09/2005 encontramse abrangidas pela decadência, uma vez que o contribuinte somente foi notificado do lançamento em 26/10/2010 (i) que as multas ultrapassaram 50% do valor total dos débitos nao garantidos em cada um dos anoscalendário, conforme demonstrativos anexos (doc. 05): Anocalendário Débitos não garantidos (R$) Multa (R$) 2004 123.448,73 182.306,94 2005 166.359,57 614.653,00 2006 546.025,35 1.326.956,00 2007 1.133.346,50 1.074.526,51 (ii) que todos os débitos se encontravam com a exigibilidade suspensa por adesão a parcelamentos ordinários e especiais, havendo a Márcio Raposo Imóveis desistido daqueles em que já se enquadrava para aderir ao parcelamento previsto na Lei n° 11.941/2009, conforme documentos em anexo (does. 06, 07, 08 e 09); 15.7 que houve equívoco por parte da fiscalização ao enquadrar o agravamento da multa nos incisos I e II do art. 44 da Lei n° 9.430/1996, quando o correto seria o § 2o, I, do referido artigo; (i)que, quanto aos depósitos bancários de origem não comprovada, houve o atendimento à intimação ocorrida em 08/06/2009 (Termo de Início de Fiscalização), com apresentação dos extratos em 29/06/2009, dentro do prazo de 20 dias assinalado. Que o Termo de Intimação n° 5, datado de 24/05/2010 foi atendido em 14/07/2010 e em 01/08/2010; (ii)que não houve intimação relativa à omissão de rendimentos desconsideração da personalidade jurídica, razão pela qual o agravamento é descabido; (iii)que durante o período em que se estendeu a ação fiscal de junho de2009 a outubro de 2010 foram emitidos oito termos de intimação, e apenas um único termo de reintimação, relacionado ao termo de n° 5; Fl. 2070DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.066 9 15.8 que a multa aplicada foi qualificada em desatendimento às regras previstas nos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502/1964 e à jurisprudência emanada do CARF,conforme Súmula n° 25; (i)que a autoridade fiscal justificou a qualificação com base na reiteração na conduta de efetuar depósitos bancários mês após mês, ano após ano, sem comprovar suas origens; (ii)que o Relatório fiscal descreve que os atos foram cometidos de forma reiterada, indicando a evidente intenção da prática do "crime de sonegação definido no art. 71da Lei n° 4.502/1964 e os crimes contra a ordem tributária definidos nos arts. Io e 2o da Lei n°8.137/1990"; (iii)que não há prova, no processo, da conduta prevista no art. 71 da Lei n°54.502/1964, tornando incabível a qualificação da multa; 15.9 por fim, requer seja declarada a nulidade do processo face à ilicitude do meio de obtenção da prova ou, caso ultrapassada a preliminar, seja reconhecida a improcedência do lançamento, a decadência das infrações apontadas e desqualificadas e desagravadas as multas aplicadas. É o Relatório" A decisão de primeira instância restou assim ementada (Acórdão 1132.803, fls 1846): "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. São tributáveis os valores relativos ao acréscimo patrimonial, quando não justificados pelos rendimentos tributáveis, isentos/não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos informados para acobertar seus dispêndios gerais e aquisições de bens e direitos, que não pode ser substituída por meras alegações. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de Io de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. Fl. 2071DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 10 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, que não pode ser substituída por meras alegações. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 IRPF. DATA DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. O fato gerador do imposto sobre a renda da pessoa física é complexivo e só se perfaz em 31 de dezembro do anocalendário, salvo exceções expressamente previstas em lei, quando os rendimentos se submetem apenas à tributação definitiva ou exclusiva na fonte, sem possibilidade de ajuste anual. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO.GANHOS DE CAPITAL. DECADÊNCIA.f Não tendo havido qualquer pagamento antecipado a homologar, aplicase aos ganhos de capital a regra geral de contagem do prazo decadencial, nos lançamentos de ofício, é aquela prevista no art. 173, inciso I, do CTN. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO E DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. FRAUDE FISCAL. DECADÊNCIA. Para os tributos sujeitos a lançamento por homologação a contagem do prazo decadencial, na hipótese de ocorrência de dolo, fraude ou simulação, regese pelo art. 173,1, do CTN. MULTA. DECADÊNCIA. REGRA GERAL. A regra geral de contagem do prazo decadencial, nos lançamentos de ofício, é aquela prevista no art. 173, inciso I, do CTN. INCIDÊNCIA DE MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo determina a qualificação da multa de ofício. INCIDÊNCIA DE MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. COMPROVAÇÃO DO FALTA DE ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES FISCAIS. Deve ser reduzido o percentual da multa de ofício agravada por não atendimento, no prazo, à intimação fiscal para prestar esclarecimentos, quando não estão presentes nos autos elementos suficientes para caracterizar a exigência. MULTA. INFRAÇÃO À LEI TRIBUTÁRIA. Fl. 2072DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.067 11 Deve ser aplicada multa no percentual de 50% ao sócio que receber participação paga pela pessoa jurídica que estiver em débito, não garantido, para com a União. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MEIOS DE PROVA DA INFRAÇÃO TRIBUTÁRIA. A prova ilícita é somente aquela que afronta uma previsão legal impeditiva de sua produção, ou que seja dela derivada. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelos órgãos colegiados não se constituem em normas gerais, posto que inexiste lei que lhes atribua eficácia normativa, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. EXONERAÇÃO DE IMPOSTO E MULTAS. RECURSO DE OFICIO Em razão do valor das parcelas eximidas, deve o Acórdão ser levado à apreciação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em grau de recurso de ofício. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte" O contribuinte foi cientificada, via postal, da decisão que parcialmente contrariou seus interesses em 05 de abril de 2011. Em 03 de maio seguinte, tempestivamente, interpôs recurso voluntário (fls. 1902), contendo, basicamente, os mesmos argumentos da sua impugnação. Em 17 de novembro de 2015, o Recorrente apresenta petição que denomina "Segundo aditamento ao Recurso Voluntário", folhas 2017, na qual reafirma os argumentos constantes do Recurso Voluntário. Em 29 de janeiro de 2016, o Recorrente novamente apresenta petição, agora denominada "Terceiro aditamento ao Recurso Voluntário", acostado às folhas 2.037, onde novamente reitera, na essência, os mesmos argumentos constantes do Voluntário e do "Segundo aditamento" O recurso foi distribuído por sorteio eletrônico para este Conselheiro. É o relatório do necessário. Voto Fl. 2073DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 12 Conselheiro Relator Carlos Henrique de Oliveira Os recursos de ofício e voluntário preenchem os requisitos legais para suas admissibilidades e por isso passo a apreciálos. Recurso de Ofício A 1ª Turma da DRJ Recife recorre de ofício em razão do valor do crédito tributário exonerado. Analisemos o recurso na ordem do voto condutor da decisão. Do reconhecimento de decadência relativa aos períodos anteriores ao quarto trimestre de 2004, e da redução da multa aplicada pela distribuição de participação aos sócios na existência de débitos não garantidos. Assim decidiu a 1ª instância quanto à decadência arguída (fls 1857): "Tendo o contribuinte sido cientificado do lançamento em 26/10/2010 (fls.03), tais fatos geradores, correspondentes aos 1o a 3o trimestre de 2004, encontravamse nesta data abrangidos pela decadência. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir do 4º trimestre de 2004 (de outubro a dezembro de 2004), notase que a multa relativa o esse trimestre poderia ter lido lançada a partir de 0101/2005. Assim, o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, conforme regra prevista no inciso I do art. 173 do CTN, foi o dia 01/01/2006, que corresponde ao termo inicial da contagem do prazo decadencial. Para esse caso, o termo ad quem seria o dia 01/01/2011, sendo possível cientificar o sujeito passivo do lançamento até 31/12/2010. Tendo em vista que o lançamento das multas correspondentes a fatos geradores ocorridos no 4o trimestre de 2004 e nos Io a 4o trimestres de 2005 a 2007 foi cientificado ao sujeito passivo em 26/10/2010 (fls. 03), tais fatos geradores ainda não se encontravam abrangidos pela decadência. Assim, julgo devam estar excluídas as multas previstas no artigo 32 da Lei nº 4.357/1964, aplicadas em março, junho e setembro de 2004, por decadente o direito da Fazenda Pública" (destaques nossos) Não há reparos nas considerações relativas a extinção do direito da Fazenda Pública constantes do voto condutor do Acórdão de Impugnação acima transcrito. Aplicase às penalidades a regra geral quanto à contagem do prazo decadencial, ou seja, aplicase as prescrições constantes do inciso I do artigo 173 do CTN. As datas consideradas pela decisão de piso são as que se observa no processo administrativo. Fl. 2074DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.068 13 Corretos os prazos 'a quo' e 'ad quem' e a contagem do interregno temporal legal previsto para extinguir o direito do Fisco, imperioso reconhecer a procedência do pedido do Contribuinte, e portanto, o acerto da decisão recorrida Quanto ao mérito da redução da multa aplicada, após voto minucioso e bem fundamentado no qual foi examinado e confrontadas as bases constantes do lançamento e as alegações da impugnante quanto aos valores dos débitos, assim concluiu a 1ª Turma da DRJ Recife (fls. 1863): "Enfim, restado comprovado que a pessoa jurídica possuía, nos anoscalendário de 2005 a 2007, débitos não abrangidos por causa de suspensão da exigibilidade, devendo ser aplicada a multa prevista no art. 32 da Lei n° 4.357/1964. Quanto ao valor da referida multa, devese verificar sua adequação aos seguintes limites em relação aos anoscalendário de 2005 a 2007: limite de 50% sobre o valor da participação indevida (Lei n° 4.357/1964, art. 32, §1°, inc. II) e, cumulativamente, sobre o valor dos débitos não garantidos (Lei n° 4.357/1964, art. 32, §°2). As multas devidas pelo contribuinte constam da última coluna do quadro abaixo, e correspondem a 50% do valor dos débitos não garantidos ou das participações recebidas, dos dois o menor, pois atendido ao menor limite, atendese automaticamente ao maior deles, atendendose a ambos: Ano calendario/Trimestre Débitos não garantidos limite da Lei n° 4.357/1964, art. 32, §°2 ( R S ) Participações recebidas limite da Lei n° 4.357/1964, art. 32, §1°, inc. II (R$) Multa de 50% sujeita aos dois limites (R$) 4° Trimestre 2004 36.744,80 174.271,28 18.372,40 Total em 2004 18.372,40 1° Trimestre 2005 40.805,70 306.335,71 20.402,85 2° Trimestre 2005 5.666,85 144.381,08 2.833,43 3° Trimestre 2005 27.953,73 452.312,19 13.976,87 4° Trimestre 2005 81.157,56 439.258,73 40.578,78 Total em 2005 77.791,93 1° Trimestre 2006 159.612,71 757.964,20 79.806,36 2° Trimestre 2006 170.847,49 752.761,32 85.423,75 3o Trimestre 2006 92.498,67 0,00 0,00 4o Trimestre 2006 131.482,29 80.000,00 40.000,00 Total em 2006 205.230,11 1° Trimestre 2007 116.196,48 280.000,00 58.098,24 2o Trimestre 2007 116.913,24 200.000,00 58.456,62 3o Trimestre 2007 736.326,39 1.400.000,00 368.163,20 4o Trimestre 2007 163.910,39 268.253,02 81.955,20 Total em 2007 566.673,26 Novamente a decisão de piso vai ao encontro da melhor decisão para o caso em concreto. Acerta no cotejamento dos valores limitadores do débito existente com as participações percebidas pelo Recorrente, adotando o limite legal para a autuação fiscal. Fl. 2075DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 14 Recurso de ofício negado também nesta parte. Quanto ao ganho de capital decorrente de permuta de terreno por apartamentos a decisão recorrida de ofício entendeu pela decadência do direito de constituição do crédito tributário. Vejamos seus argumentos (fls. 1884): "O contribuinte alienou, por permuta, um terreno situado na Rua Desemb. Valente de Lima, n° 11, Mangabeiras, Maceió, por R$ 240.000,00, nos termos do contrato particular de fls. 637 a 642. Como descrito às fls. 32 e 33 do Relatório de Procedimento Fiscal o referido terreno havia sido adquirido em 09/05/2001 por R$ 70.000,00 conforme escritura de compra e venda de fls. 657. A autoridade fiscal apurou o ganho de capital conforme demonstrativo anexado às fls. 672 a 674: (i)data de aquisição: 09/05/2001 (ii)custo de aquisição: R$ 70.000,00 (iii)data de alienação por permuta: 20/05/2007 (iv)valor de alienação por permuta: R$ 240.000,00. O contribuinte reconhece ter adquirido e alienado o referido imóvel, alegando todavia que a permuta do referido terreno "pelos apartamentos 401, 402, 403 e 404 aconteceu no dia 23/01/2004, conforme contrato particular de fls. 637 a 642, substituídos pelos apartamentos 204, 701, 702 e 703, conforme aditivo celebrado aos 25/08/2004, fls. 644 e 645, estando a operação de permuta declarada na DIRF do exercício de 2005". Conforme consta do Relatório de Procedimento Fiscal de fls. 32, a fiscalização considerou como data de alienação do bem no caso, o terreno situado na Rua Desemb. Valente de Lima aquela constante do demonstrativo de ganhos de capital de fls. 667 a 668, que se refere à alienação de um dos apartamentos havidos em razão da permuta realizada anteriormente o apartamento de n° 703 e que corresponde à data de aquisição dessa unidade habitacional, como se verifica do demonstrativo de fls. 667 a 668.' No entanto, a alienação do terreno (que possuía custo de aquisição de R$ 70.000,00) por permuta por quatro unidades imobiliárias a serem construídas no futuro (no valor de R$ 240.000,00) ocorreu no momento em que foi firmado o contrato de fls. 637 a 642 e seu aditivo de fls. 644 e 645, isto é, em 23/01/2004 pois, de acordo com o contrato, nesta data o "a primeira permutante recebe em permuta o bem descrito no sub item LI retro que passará a integrar o seu patrimônio" ,(fls. 638). (...) Assim, verificase caber razão à defesa no que se refere à data da ocorrência do fato gerador que, tendo sido a data da alienação por permuta, se deu em 23/01/2004 (fls. 637 a 645) e não em 20/05/2007 como considerou a fiscalização em seu demonstrativo de fls. 667 a 668. Ressaltese que, ainda que o pagamento do preço acordado R$ 240.000,00 somente tenha Fl. 2076DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.069 15 ocorrido em data futura, tal fato caracteriza o diferimento do ganho de capital, mas não a postergação da data de ocorrência do fato gerador. (...) Dessa forma podese concluir que, no caso presente, como não houve a satisfação do pagamento do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital apurado no Auto de Infração relativamente ao anocalendário de 2004, e sendo este tributado em separado dos demais rendimentos sujeitos ao ajuste anual recebidos no anocalendário, o prazo para o direito da Fazenda de proceder ao lançamento em questão teria como data de início no Io dia do exercício seguinte (ano de 2005) ao exercício em que o lançamento poderia ter sido ífetuado (o ano de 2004). Logo, o termo inicial seria o dia 01/01/2005, com término em 01/01/2010. O último dia para cientificar o sujeito passivo seria, in casu, o dia 31 de dezembro de 2009. Tendo em vista que a ciência do Auto de Infração somente ocorreu em 26/10/2010, não seria mais possível constituir o crédito tributário decorrente da omissão dos ganhos de capital ocorrida em janeiro de 2004. Julgo improcedente, portanto, o lançamento, pois houve equívoco na determinação do momento de ocorrência do fato gerador, que se deu em 23/01/2004, data inclusive já abrangida pela decadência na ocasião em que constituído o referido crédito." (destaques nossos) Concordo com a decisão de piso. O ganho de capital, embora deva constar da Declaração de Ajuste Anual, DAA, deve ser tributado no mês de sua ocorrência, assim entendido a competência que se verifica o ganho. Nesse sentido, a apuração do ganho decorrente da permuta dos bens imóveis deve se dar na data da efetiva permuta, que no caso em tela, ocorre quando há a troca do terreno pelas futuras unidades e não no caso da venda desta como adotado pela Autoridade Autuante (Demonstrativo de Apuração de Ganho de Capital mencionado no Relatório Fiscal fls 35). Nesse sentido, devese considerar ocorrido o ganho de capital em 23 de janeiro de 2004. Recordandose que a ciência do AI, que perfaz a constituição do crédito tributário, se deu em 26 de outubro de 2010, verificase, como acertadamente observa a decisão de 1º grau, ocorrida a decadência do direito do Fisco. Recurso de ofício negado também nessa parte. Por fim, recorre a DRJ da decisão que agravou a multa de ofício. São os motivos da decisão (fls 1887): "A lei estabelece o agravamento da multa de ofício naquelas hipóteses em que o contribuinte não atende às intimações a ele encaminhadas, exatamente visando aplicar penalidade Fl. 2077DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 16 diferenciada a este, quando comparado com o contribuinte que apresenta os documentos que lhe são solicitados, facilitando o trabalho desenvolvido pela autoridade administrativa O artigo 44 da Lei n° 9.430/1996, seja em sua redação original, seja nos textos decorrentes das alterações posteriores (Lei n° 9.532/1997, Mpv n° 303/2006, Medida Provisória n° 351/2007, Lei n° 11.488/2007 e Lei n° 12.249/2010), prevê o agravamento em mais 50% sobre o valor da multa de ofício se o contribuinte não atender, no prazo marcado, à intimação para prestar esclarecimentos. A expressão "no prazo marcado" referida no § 2° do art. 44 da Lei n° 9.430/1996 objetiva, apenas, reforçar o fato este sim fundamental do nãoatendimento à intimação. Logo, o agravamento da multa de ofício seria penalidade demasiada a ser aplicada na hipótese de que se trata, caracterizada pela apresentação, ainda que parcial, de esclarecimentos e de diversos documentos, muitos deles utilizados inclusive para fundamentar a constituição do crédito tributário. Como exposto pela própria defesa, a ação fiscal se desenvolveu durante mais de um ano, conforme se verifica da data de lavratura do Termo de Início, em 08/06/2009 (fls. 47) e do Auto de Infração, 25/10/2010 (fls. 02), tendo sido emitidos diversos termos de intimação atendidos pela contribuinte, ainda que de forma incompleta. Constam do processo as seguintes cartasresposta do sujeito passivo, em atendimentos às intimações: fls. 49 a 51, 52 a 53, 55 a 56, 60, 142, 149, 494 e 495, 659 e 660. Assim, o percentual da multa de ofício a ser aplicado deve ser reduzido de 225% para 150%, para as infrações em que houve o agravamento: omissões de rendimento apuradas em razão depósitos bancários de origem não comprovada e das atividades praticadas em nome da pessoa jurídica MR Consultoria Ltda." (destaques nossos) Verificase que a decisão de piso interpreta que o agravamento da multa de ofício se dá somente quando o contribuinte deixa de atender às intimações fiscais para que preste esclarecimentos, devendo ser considerado que a locução adverbial no prazo marcado não permite que o atendimento se dê no prazo de interesse do contribuinte e sim dentro daquele determinado pela Fiscalização. Concordo com a interpretação, que determina que a letra da lei deve ser realizada dentro das raias do bom senso, ainda mais no caso concreto. Observase no caso em tela que o contribuinte por vezes prestou os esclarecimentos solicitados, se omitindo em outras. Diante de tal situação, a decisão recorrida opta por agravar a multa de ofício nos casos em que não a prestação das informações solicitadas, afastando o agravamento nas demais. Tal decisão implica na redução da multa de ofício para 150% nos lançamentos relativos ao depósitos bancários de origem não comprovada e aos decorrentes dos rendimentos obtidos pelo Recorrente por meio da MR Consultoria Ltda. Fl. 2078DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.070 17 Por concordar com a decisão de primeira instância e diante dos argumentos expostos, nego provimento ao recurso de ofício nesta parte. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso de ofício em sua inteireza. Recurso Voluntário Antes de mais nada, necessário recordar que o recurso voluntário, tempestivamente interposto, foi, posteriormente na verdade anos depois aditado. Sobre tais aditamentos, por expressa vedação legal, não me pronunciarei. Não cabem as alegações sobre o conteúdo dos adendos versarem sobre questões de ordem pública. Não observo tais questões, ao reverso, vejo alguma inovação de argumentos sobre questões jurídicas já abordadas na peça recursal. Tal procedimento, que me parece tendente a tumultuar o processo administrativo, encontra vedação expressa no parágrafo 5º do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72. Ressaltese o exagerado decurso de prazo entre o recurso, interposto em maio de 2011, o denominado segundo aditamento (novembro de 2015), e as alegações constantes do terceiro aditamento (janeiro de 2016). Tal entendimento é assente na doutrina e jurisprudência deste Colegiado. Passemos a analisar as questões argüidas no Voluntário, na ordem de sua apresentação. Preliminares: ILICITUDE DO MEIO DE OBTENÇÃO DA PROVA Sustenta a recorrente que as provas que embasaram o lançamento foram obtidas ilicitamente, uma vez que decorrente de mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça Federal na sede da empresa Márcio Raposo Imóveis, do qual o Recorrente é sócio majoritário. Tal ordem judicial determinava que a Polícia se fizesse acompanhar de Auditores Fiscais da Receita o que, de fato, não ocorreu. Alega ainda a Recorrente, que tais fatos foram desprezados pela decisão de piso, pois (fls 1905) "A decisão recorrida distorce o conteúdo do documento de fls. 1.683 Mandado de Busca e Apreensão que é do seguinte teor "0(A) Dr.(a) PAULO MACHADO CORDEIRO, Juiz Federal, na forma da lei, etc... MANDA a qualquer Oficial de Justiça Avaliador deste Juízo ou ao DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL, a quem este for apresentado, que em seu cumprimento proceda à BUSCA E APREENSÃO. DURANTE O DIA, nos termos do art. 240. § 1°.'e'e 'h' do CPP, no(s) endereço(s) de abaixo declinado(s), das CPUs de computador e meios de armazenamento digital, Fl. 2079DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 18 especialmente CD ROMs, DVDROMs, PENDRIVEs, cartões de memória, drives externos, zipsdrives, discosrígido externos e disquetes, contratos de compra e venda de imóveis, livros contábeis e fiscais, notas fiscais, documentos contábeis e fiscais diversos e demais objetos relacionados com as operações de compra e venda de imóveis daquela empresa, com o acompanhamento dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, de modo a orientar os policiais federais quanto ao interesse fiscal de cada documento,..." O Mandado de Busca e Apreensão, como se vê, não foi um cheque em branco assinado pelo juiz para ser preenchido pela polícia federal. A busca e apreensão ordenada se restringiu a computadores, meios de armazenamento digital, contratos de compra e venda, livros e documentos fiscais e contábeis e demais objetos relacionados com as operações de compra e venda de imóveis da empresa. A licitude e a idoneidade da busca e apreensão se subordinam ao cumprimento dessa condição. Diferentemente do que afirma a decisão recorrida, o juiz não deu permissão para que pudessem ser apreendidos documentos outros não relacionados com as operações de compra e venda de imóveis da empresa que, a critério da Receita Federal tivessem interesse fiscal. O que foi ordenado pelo magistrado foi que os Auditores Fiscais acompanhassem a diligência para orientar os policiais federais quanto ao interesse fiscal de cada documento que, necessariamente, haveria de estar relacionado com as operações de compra e venda de imóveis da empresa. Desse modo, resta induvidoso que, não somente porque foi desatendida a determinação judicial de que a busca e apreensão fosse acompanhada por Auditores Fiscais, mas também e sobremaneira porque ao cumprir o Mandado de Busca e Apreensão a polícia federal apreendeu e repassou à Receita Federal documentos pertencentes ao Recorrente que estão fora do objeto da busca e apreensão determinada pelo juiz (...)" (destaques constam do recurso) Não se pode observar ilegalidade em ato emanado de autoridade, no caso Juiz de Direito competente, cuja finalidade estava suficientemente comprovada e cujo resultado foi, novamente por decisão judicial, partilhado com órgão de Estado, no caso a Receita Federal do Brasil, demandada a executar o seu mister, no caso a Fiscalização do cumprimento das obrigações tributárias. Em acréscimo, como bem apontado demonstrado no Relatório Fiscal, as provas do lançamento tributário foram obtidas diretamente no procedimento fiscalizatório, devidamente instaurado, e junto aos interessados nos negócios jurídicos que ensejaram fatos geradores tributários desencadeadores das obrigações tributárias que se buscava fiscalizar. Ressalta tal afirmação, que como reconhecido por diversas vezes pelo próprio Recorrente, vários documentos foram apresentados diretamente pelo interessado, pelo sujeito passivo, que cumpriu, assim, seu dever de colaboração com o Fisco. Fl. 2080DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.071 19 A alegada ausência de Autoridade Tributária no cumprimento do mandado de busca e apreensão não macula o ato de lançamento, este sim privativo do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e por ele praticado. Com essa fundamentação, afasto a preliminar de nulidade por ilegalidade na obtenção de provas. Passemos ao mérito recursal. DA MULTA PELA DISTRIBUIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO No sentir do Recorrente, houve decadência do direito do Fisco em aplicar as multas pela distribuição de lucros ao sócios estando em débito com o Fisco e que os débitos não estavam constituídos. Argumenta (fls 1.907): "A decisão recorrida, entendendo que o prazo decadencial aplicável é o previsto no art. 173, I, do Código Tributário Nacional, acolheu a decadência das multas relativas aos 3 (três) primeiros trimestres do anocalendário de 2004 e rejeitou a decadência das multas relativas ao último trimestre do ano calendário de 2004 e aos 3 (três) primeiros trimestres do ano calendário de 2005. Ocorre que, sendo todos os tributos apontados como ensejadores das multas em questão sujeitos ao lançamento por homologação, estas também se sujeitam à mesma modalidade de lançamento, e, neste caso, o prazo decadencial é o previsto no art. 150, § 4o, do CTN, que é de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. Diante disso, como a notificação do lançamento ocorreu em 26/10/2010, cumpre seja reconhecida a decadência do direito de constituir o crédito tributário referente às multas relativas ao último trimestre do anocalendário de 2004 e aos 3 (três) primeiros trimestres do anocalendário de 2005. De outra parte, embora a própria decisão recorrida tenha trazido à baila, no item 30, a Nota Técnica COSIT n° 2/2006 que, esclarecendo o art. 32 da Lei n° 4.357/1964, norma instituidora da sanção, diz que ela só pode ser imposto nas situações em que o crédito tributário estiver constituído pelo lançamento, faz incidir a multa sobre todos os débitos apontados como não transferidos no Extrato Completo do Contribuinte (fls. 88/101), sem a demonstração de que se trata de débitos constituídos. Ademais, havendo a empresa aderido a diversos parcelamentos, tanto ordinários como especiais, dos quais somente desistiu quando aderiu ao parcelamento da Lei n° 11.941/2009, na conformidade dos documentos trazidos com a impugnação, é pouco crível que somente estejam com a exigibilidade suspensa .a em decorrência de parcelamento os poucos débitos assim classificados no referido Extrato Completo do Contribuinte, Fl. 2081DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 20 representativos de apenas R$ 8.154,50 relativos à COFINS, R$ 5.197,59 relativos à CSLL, R$ 8.662,65 relativos ao IRPJ e R$ 1.725,28 relativos ao PIS." Não concordo com as alegações do contribuinte. O prazo do direito do Fisco de constituir o crédito tributário, segundo o Código Tributário Nacional, é de 5 anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao que o referido crédito poderia ter sido exigido. Essa regra, chamada regra geral, é a esculpida no artigo 173 do referido diploma legal. Como exceção expressa, encontramos a previsão constante do artigo 150, § 4º, do Códex Tributário. Segundo o dispositivo legal aplicável aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, em que tenha existido o pagamento do tributo, ainda que inferior ao devido, o prazo decadencial é de 5 anos a partir da ocorrência do fato gerador. E mais, tal termo inicial para contagem do prazo decadencial só é aplicável quando além da existência de pagamento específico do tributo que se analisa não existir, por parte do sujeito passivo ou de alguém em seu nome a prática de fraude, dolo ou simulação. Com tais exigências e especificidades, tornase nítido o caráter excepcional da regra prevista no parágrafo 4º do artigo 150 do CTN. Ora, no caso das multas, até por não serem tributos em si, não se pode nem ao menos considerar que o prazo aplicável seria o excepcional, vez que tal condição só se aplica por estrita disposição legal ao tributos sujeitos ao chamado auto lançamento, o que por óbvio não é o caso de penalidades aplicadas no caso de descumprimento de normas estabelecidas na legislação tributária. Do exposto, nego provimento ao recurso quanto ao prazo decadencial para aplicação da multa em apreço, mantendo in totum a decisão de primeira instância, vez que corretamente aplicado o prazo prescrito no artigo 173, I, do CTN. Analisando a questão da possibilidade de aplicação da multa em razão da exigibilidade dos eventuais débitos existentes, novamente não assiste razão ao Recorrente. Como mencionado, linhas atrás, quando do julgamento do Recurso de Ofício, a decisão de piso tratou da questão com esmero e atenção ao detalhes e acertadamente, afastou as questões comprovadamente obstativas da aplicação da penalidade. Pelo fato da questão já ter sido suficientemente enfrentada no recurso de ofício, inclusive com reprodução do quadro comparativo elaborado pela DRJ Recife (fls 11 e 12 acima), entendo ser despiciendo enfrentar novamente as alegações, uma vez que o recurso voluntário traz as mesmas considerações da impugnação. Pelo motivos ali exposto, nego provimento ao recurso voluntário nessa parte. RENDIMENTOS DECORRENTES DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA Insurgese o Recorrente contra a desconsideração da personalidade jurídica da empresa MR Consultoria, da qual o contribuinte é sócio majoritário. Argumenta que ( fls. 1908): Ao ler o auto de infração e sobretudo a decisão recorrida na parte em que se ocupam deste ponto ficanos a nítida impressão Fl. 2082DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.072 21 de que ambos datam de época anterior à edição da Lei n° 11.196, de 21 de novembro de 2005, cujo art. 129 contém a seguinte redação: "Art 129. Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tãosomente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil". É que, com a edição deste artigo 129 era de se esperar que autuações como esta, desconsiderando a personalidade jurídica de empresas legalmente constituídas e formalizando o lançamento contra a pessoa dos sócios, já não mais freqüentassem o nosso mundo jurídicotributário, uma vez que o dispositivo veio à luz com o intuito de pacificar as discussões sobre o regime tributário aplicável às sociedades constituídas para a prestação de serviços de caráter pessoal, afastando, às definitivas, a insegurança jurídica dos prestadores de serviços organizados em forma de pessoa jurídica freando as tentativas do fisco de exigirlhes obrigações tributárias próprias de pessoas física Decisões desse jaez revelam pouco apreço pelos princípios da legalidade e da livre iniciativa, pois não havia qualquer disposição legal que impedisse a constituição de pessoa jurídica para a prestação de serviços profissionais. Após a edição do art. 129 da Lei n° 11.196/2005, norma dirigida eminentemente aos agentes fiscais, determinando expressamente que os serviços de caráter personalíssimo não podem ser descaracterizados para fins previdenciários e tributários, a autuação e a decisão recorrida que a mantém se constituem em flagrante desobediência ao mandamento legal. Além de manter a tributação das receitas da pessoa jurídica como rendimento do Recorrente, a decisão recorrida manteve a aplicação da multa qualificada e se negou a apreciar o pedido de que os valores recolhidos pela pessoa jurídica fossem considerados como antecipação do imposto cobrado da pessoa física, uma vez que vinculados à receita transformada em rendimento, dizendo tratarse de matéria estranha à lide." (destacamos) Consta do Relatório Fiscal (fls 36), extensa explanação sobre as verificações realizadas pela Autoridade Autuante que ensejaram a desconsideração da personalidade jurídica da empresa MR Consultoria. Vejamos: Da Desconsideração da Personalidade Jurídica Inicialmente intimamos a MR CONSULTORIA IMOBILIÁRIA LTDA a apresentar, no prazo dc 10 dias, os Fl. 2083DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 22 elementos enumerados nos itens 1 a 12 do Termo de Inicio de Fiscalização, datado dc 18/12/2009. Em sua carta resposta, a empresa apresentou alguns documentos c deixou de apresentar outros, sendo que para os quais foi dilatado o prazo de entrega para 20/01/2010, ao passo que, ao mesmo tempo, informou que não existe folha de pagamento de mão de obra referente à construção do imóvel Rancho Terapia; afirmou, também, que a obra foi realizada pelo sistema de empreitada, porém continuou a afirmar que não existe contrato de empreitada referente à construção do mesmo imóvel. Afirmou, ainda, não possuir a matricula CEI tia mesma obra, não atendendo, assim, ao que foi solicitado nos itens 4, 5 e 6 do Termo de Inicio de Fiscalização. Diante dos fatos acima apontados, foi instaurado o procedimento fiscal de nº 0440100.2009.00843, com o objetivo de apurar as Contribuições Sociais omitidas, relativas à construção da obra Rancho Terapia, sendo que ao final foi constada a omissão, e então apurado o crédito, formalizado conforme o DEBCAD 37.247.297.4 dc 17/10/2010. Dentre os documentos apresentados destaca se o contrato social de constituição da MR .CONSULTORIA IMOBILIÁRIA LTDA, datado de 31/05/2007. que cm sua cláusula 1ª1 estabelece que a sede e domicilio da empresa será no número 31 do Conjunto Ana Raquel Gama, bairro Alto da Saudade, Messias AL. Já na cláusula 2ª dispõe que o Capital Social será de R$ 10.000,00 dividido cm dez mil cotas de valor R$ 1.00 cada, tendo sido atribuída a participação social para o Sr. Antônio Márcio Brito Raposo no percentual de 98% das cotas e de 1% para cada um dos dois outros sócios: Sr. Augusto César Brito Raposo c Sr. Antônio Márcio Brito Raposo Filho. Destacase, ainda, a cláusula 7a ao estabelecer que a administração da sociedade será exercida pelo sócio administrador, Sr. Antônio Márcio Brito Raposo, competindolhe lodos os poderes necessários à administração e ^representação da sociedade. Tratase de uma sociedade apenas de capital, constituída com quase totalidade das colas por um único sócio, no caso o Sr. Antônio Márcio Brito Raposo, sendo que os outros dois sócios, seus filhos, detêm cola social mínima, de valor desprezível, e mais, constatase uma desproporção entre o valor do capital social, de dez mil reais, e os valores dos contratos firmados pela mesma, os quais são de valores vultuosos, como pode ser visto nas notas fiscais em anexo. Em 14/05/2010, realizamos diligencia no endereço sede e domicilio da empresa estabelecido na cláusula 1:| acima referida, e obtemos a declaração, da Senhora Fátima Vilor da Silva, proprietária da residência situada no Conjunto Ana Raquel Gama n°31, bairro Alto da Saudade, Messias AL, a qual a declarante afirma que desde 2002 até a data da declaração nunca funcionou nenhuma empresa na sua residência. Fl. 2084DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.073 23 A residência da Senhora Fátima, cujas fotos estão anexadas, situase na área de periferia da cidade de Messias e não está adequada a ser utilizada como endereço comercial, com a finalidade de se praticar os atos comerciais a que a empresa diz ler realizado em suas operações. Caracterizase, assim, a constituição de pessoa jurídica meramente formal, e comprovase, dessa forma, a ocorrência de atos simulados na constituição da empresa MR CONSULTORIA LTDA. Por meio do Termo de Intimação Fiscal n° 01, datado de 30/12/2009. solicitamos da empresa MR CONSULTORIA os comprovantes de recolhimento das contribuições providenciarias relativas â construção da obra Rancho terapia, bem como os contratos das intermediações de vendas e os contratos das consultorias realizadas c declaradas nas notas fiscais dc serviços. Em sua carta resposta, datada em 20/01/2010, a MR CONSULTORIA apresentou seis contratos de prestações de serviço e deixou de apresentar os comprovantes de recolhimento das contribuições providenciarias das obras de construção do Rancho Terapia. Dentre os contratos apresentados consta o celebrado entre o Senhor Luiz dc Gonzaga Mendes de Barros c a MR CONSULTORIA. Contudo, chamounos a atenção o fato dc. no material apreendido pelo Departamento da Policia Federal e encaminhado a Receita Federal, termos encontrado um outro contrato, celebrado entre a pessoa física do Senhor Antônio Márcio Brito Raposo e o Senhor Luiz de Gonzaga Mendes de Barros. Comparandose os dois contratos, verificase que são iguais em tudo: mesmo objeto . mesmo valor e mesmas condições, exceto nas datas de celebração, que são respectivamente 20/12/2006 e 06/12/2006. e no sujeito contratado, que no contraio mais recente foi a empresa, e no mais antigo, o próprio contribuinte Antônio Márcio Antônio Raposo. Caracterizandose. assim, a comprovação de um ato simulado. Por meio do Termo dc Intimação Fiscal n° 01A, datado cm 20/01/2010. intimamos a MR CONSULTORIA a apresentar " a relação de empregados utilizados na intermediação de vendas, sendo que a empresa informou em sua cartaresposta, datada de 25/01/2010, que lodo o trabalho de consultoria imobiliária desenvolvido é exercido única e exclusivamente por seus sócios, não havendo utilização de empregados na intermediação de vendas, ou seja: MR CONSULTORIA não possui um único empregado. Através do Termo de Intimação Fiscal nº 02, datado em 06/05/2010, intimamos a MR CONSULTORIA a apresentar os contratos de mútuo referente aos empréstimos Fl. 2085DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 24 efetuados para os sócios, solicitamos, ainda, a cópia dos cheques listados no item '"c" do Termo acima referido, bem como a cópia dc todos os cheques lançados a débito da conta "• EMPRÉSTIMOS A SÓCIOS" (conta 112218). Em sua cartaresposta, datada de 26/05/2010, a MR CONSULTORIA afirma que não existem contratos mútuos para os empréstimos efetuados aos sócios, e afirma, ainda, que a maior parte dos valores lançados nesta conta se referem a pagamentos de despesas particulares dos sócios. Demonstrase. desse modo. a mistura de contas entre o controlador e a sociedade (...) Por meio do Termo dc Intimação Fiscal n° 04, datado de 20/05/2010, intimamos a MR CONSULTORIA a apresentar as cópias dos cheques depositados na conta corrente n° 010.6075. ag. 06500 do Banco. Safra, conforme consta no extrato bancário, bem como esclarecer a que se refere o crédito de R$ 20.000,00, efetuado na conta corrente acima referida, por Pedro Soares Vieira, por meio de TED, em 18/12/2007. Em sua cartaresposta, flsj5£$ :i £2T£, datadas em 30/05/2010 c 17/06/2010. a MR CONSULTORIA não apresentou as cópias dos cheques depositados na conta corrente acima referida, nem esclareceu a que se refere o crédito também acima referido. Em 20/07/2010 intimamos a MR CONSULTORIA, por meio do Termo deIntimação Fiscal n° 05, a apresentar o seguinte esclarecimento: a que se deveram (quais as razões?) as emissões dos cheques listados nos itens "a" a "bl". da conta corrente 10.6075, ag.065. do BancoSafra . do Termo acima referido, e apresentar contrato ou qualquer outro documento que embasem tais emissões. Em sua cartaresposta , a MR CONSULTORIA apresenta os esclarecimentos para todos os cheques emitidos, sendo que a maioria deles se referem a despesas particulares dos sócios lançadas na conta de "adiantamento a sócios" c outros sc relerem a aquisição de materiais diversos,dos quais foram lançados na conta "benfeitoria em imóveis de terceiros" Chamounos a atenção a existência da conta contábil n° 2218 "empréstimos a sócios" no livro razão da MR CONSULTORIA contendo vários lançamentos a débito, quase que diários, importando um' saldo final da conta em 31/12/2007 no valor dc R$ 629.062,13. Nesta mesma conta consta o lançamento, em 20/0972007, do cheque n° 27 no valor de R$ 57.000.00, relativo ao pagamento do terreno cm PiaçabuçuAL, onde fora construído o Rancho Terapia. Destacase que alguns dos cheques acima referidos destinaramse a pagamentos de despesas pessoais dos sócios tais como as que se deram a Recife Termas e a Lugue Táxi Aéreo. Fl. 2086DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.074 25 Em 2008 a mesma conta acima referida continua a receber lançamentos a débito quase que diariamente em favor do sócio Antônio Márcio Brito Raposo, sendo que o saldo final dessa conta cm 31/12/2008 foi no valor de R$ 647.998,22. A conta contábil acima referida era usada pelo sócio Antônio Márcio Brito Raposo para cobrir suas despesas pessoais, sendo que ao final dc cada um dos dois exercícios foram feitos lançamentos a crédito, respectivamente nos valores de R$ 200.000,00 e R$ 145.339,26, tendo como contra partida a conta lucros acumulados. Destacase, também, a existência da conta contábil n° 132090 "Benfeitorias Imóveis de Terceiros", conta essa que contem lançamentos a débitos, todos destinados ao pagamento de despesas relativas a construção do imóvel denominado Rancho Terapia. O saldo final dessa conta em cada um dos dois exercícios importou no valor de R$ 351.012,48, em 31/12/2007, e R$ 628.190,88, cm 31/12/2008. E mais, A Anotação de Responsabilidade Técnica ART do CREAAL, datada de 17/12/2009, referente à construção da obra Rancho Terapia, tem como contratante c proprietário da obra o Sr. Antônio Márcio Brito Raposo, enquanto que o Alvará de Construção n° 61/2010 da mesma obra, tem como requerente a MR CONSULTORIA IMOBILIÁRIA, c ainda, o Habitese da mesma obra, fl. dado pela Prefeitura Municipal de Piaçabuçu, tem como Proprietário a MR CONSULTORIA IMOBILIÁRIA. Pelos fatos acima expostos fica caracteriza um verdadeira confusão patrimonial entre o sócio, amplamente majoritário, Antônio Márcio Brito Raposo e empresa MR CONSULTORIA IMOBILIÁRIA LTDA." (destaques nossos) Do trechos reproduzidos da imputação fiscal e do recurso voluntário, observamos que a lide nesse ponto se instaura no tocante à tributação dos rendimentos auferidos pela prestação de serviços de intermediação imobiliária. O Fisco afasta a personalidade jurídica da empresa da qual o Recorrente é sócio majoritário e tributa os valores percebidos como se fossem rendimentos da própria pessoa física, o que é combatido pelo Recorrente com fundamento no artigo 129 da Lei 11.196/05., vigente portanto para a maioria do período objeto da ação fiscal que culminou no presente lançamento. Assiste razão ao Recorrente quando alega que o artigo 129 da Lei 11.196/05 garante o tratamento de pessoa jurídica à prestação de serviços, mesmo que personalíssimos, quando este serviços são efetivamente prestados pela pessoa jurídica. Fl. 2087DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 26 Quis o legislador pátrio encerrar a celeuma tributária sobre os efeitos da prestação de serviços intelectuais pelas sociedades, quanto mais quando essas sociedades eram formadas basicamente pelos sócios, sem auxílio de empregados ou outros contribuintes individuais, sendo que efetivamente todos os serviços eram realizados pelos sócios das empresas prestadoras. Nesse caso, por expressa disposição legal, o tratamento tributário deve ser aquele previsto nas normas tributárias para as pessoas jurídicas que atuam no segmento econômico da prestação de serviços. Nesse sentido, milita a presunção legal em favor do Recorrente. Porém, é assente que no caso de haver nos negócios jurídicos entabulados entre os particulares, surge o poder/dever da Administração Tributária de afastálos, e verificando a efetiva ocorrência do fato gerador, lançar o tributo devido. Os vícios ensejadores do procedimento extremado da desconsideração dos negócios jurídicos praticados são aqueles previstos no artigo 149, inciso VII, do Código Tributário Nacional, ou seja, a fraude, o dolo ou a simulação. Necessário recordar que tal artigo tem por cabeça a determinação para que o Fisco proceda o lançamento ou o revise de ofício. Não obstante o permissivo legal mencionado, o próprio CTN ainda contém outra determinação de mesmo conteúdo axiológico, quando ao tratar da ocorrência e dos efeitos do fato gerador, no artigo 116, expressamente autoriza a Administração Tributária a desconsiderar os negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. Porém, no caso em apreço, nem se torna necessário a busca nos fundamentos constantes da lei complementar tributária. O próprio artigo 129 da Lei nº 11.196/05, mencionado pelo Recorrente já embasa o entendimento adotado pela Autoridade Fiscal. Consta do dispositivo legal, no final de sua redação, a limitação da aplicação de suas disposições. Vejamos: "Art 129. Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tãosomente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil". (destaques não constam do texto legal) Ora, a determinação de que o tratamento tributário aplicável à prestação de serviços, mesmo que personalíssimo, realizado por pessoa jurídica deve ser o previsto para as pessoas jurídicas encontra sua limitação, como não poderia deixar de ser, na consideração da personalidade jurídica, ou seja, nos limites legais para que um negócio jurídico esteja em conformidade com o Direito. Tal consideração consta expressamente do Código Civil que, em seu artigo 50, explicita que será desconsiderada a personalidade jurídica daquela empresa que atuar em desacordo com seu objeto social (desvio de finalidade) ou em confusão patrimonial, ou seja, imiscuindo as características patrimoniais dos sócios pessoas físicas e da entidade, ficção jurídica. Fl. 2088DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.075 27 Por óbvio que tais vícios, quando comprováveis, maculam o negócio jurídico 'empresa' com a pecha da simulação, pois se observa um negócio quando na verdade existe outro. Nítida a coerência entre a norma tributária e o direito comum. Assentes quanto ao tratamento teórico aplicável, voltemos ao caso em concreto. Disse acima, que milita em favor do Recorrente o permissivo legal constante do artigo 129 da Lei nº 11.196/05. Logo, para que o Fisco deixe de aplicálo deve restar provado que houve um dos vícios previstos no artigo 50 do Código Civil. Nítido que a Autoridade Fiscal soube se livrar do ônus probante. É patente, por tudo o exposto no relatório fiscal e devidamente comprovado nos autos, que houve nítida confusão patrimonial entre o Recorrente e a empresa da qual é sócio majoritário. Tais fatos são reconhecido pelo próprio Recorrente que ao responder às intimações fiscais, esclarece (fl. 39): "a MR CONSULTORIA apresenta os esclarecimentos para todos os cheques emitidos, sendo que a maioria deles se referem a despesas particulares dos sócios lançadas na conta de "adiantamento a sócios" c outros sc relerem a aquisição de materiais diversos,dos quais foram lançados na conta "benfeitoria em imóveis de terceiros" Chamounos a atenção a existência da conta contábil n° 2218 "empréstimos a sócios" no livro razão da MR CONSULTORIA contendo vários lançamentos a débito, quase que diários, importando um' saldo final da conta em 31/12/2007 no valor dc R$ 629.062,13. Nesta mesma conta consta o lançamento, em 20/0972007, do cheque n° 27 no valor de R$ 57.000.00, relativo ao pagamento do terreno cm PiaçabuçuAL, onde fora construído o Rancho Terapia. Destacase que alguns dos cheques acima referidos destinaramse a pagamentos de despesas pessoais dos sócios tais como as que se deram a Recife Termas e a Lugue Táxi Aéreo. Em 2008 a mesma conta acima referida continua a receber lançamentos a débito quase que diariamente em favor do sócio Antônio Márcio Brito Raposo, sendo que o saldo final dessa conta cm 31/12/2008 foi no valor de R$ 647.998,22. A conta contábil acima referida era usada pelo sócio Antônio Márcio Brito Raposo para cobrir suas despesas pessoais, sendo que ao final dc cada um dos dois exercícios foram feitos lançamentos a crédito, respectivamente nos valores de R$ 200.000,00 e R$ 145.339,26, tendo como contra partida a conta lucros acumulados." Fl. 2089DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 28 Empréstimos, mútuos, distribuição de lucros, pagamento de despesas pessoais e outros artifícios contábeis ensejadores da confusão patrimonial imputada pelo Fisco e comprovada por este. Assim, afastada a determinação legal constante do artigo 129, exsurge, comprovadamente, o poder/dever do Fisco em realizar o lançamento, restando ao contribuinte a comprovação de fato impeditivo, extintivo ou modificativo desse direito, o que não se observou na impugnação, tampouco no voluntário. Não obstante o direito de constituição do crédito tributário na pessoa física, necessário que se permita a compensação dos valores pagos pela pessoa jurídica a título de imposto sobre a renda devido sobre os rendimentos imputados à pessoa física. Tal compensação decorre da expressa vedação constitucional sobre a bitributação. Não pode o mesmo fato gerador tributário, a renda proveniente da prestação de serviços de intermediação, ser tributada pelo imposto sobre a renda duas vezes, uma na pessoa física, lançado no auto de infração que aqui se discute, e outra sobre a mesma verba na pessoa jurídica. Porém, entendo que tal compensação não é ônus exclusivo da Administração Tributária. Explico. Como se verifica, e é reiteradamente alegado pelo contribuinte, a MR Consultoria Ltda. é useira e vezeira em firmar acordos de parcelamento de débitos tributários, sejam eles ordinários ou especiais. De certo, portanto, que tal encontro de contas não é de fácil realização. Não obstante a dificuldade em se observar o acerto entre os valores pagos sobre as mesmas verbas aqui lançadas, os princípios formadores do processo administrativo tributário determinam que os fatos modificativos do direito do autor devem ser provado por este. Uma vez provado o direito do Fisco ao lançamento, cabe ao Recorrente apresentar as contas dos valores efetivamente recolhido pela pessoa jurídica a título de imposto sobre a renda incidente sobre os mesmos rendimentos sobre qual foi realizado o lançamento Pelo exposto, dou parcial provimento ao recurso nessa parte. DO ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO Insurgese o Contribuinte contra o lançamento decorrente do acréscimo patrimonial a descoberto. São suas alegações (fls. 1916): "Segundo o auto de infração, o Recorrente, no anocalendário de 2004, teria adquirido da empresa CIPESA ENGENHARIA S/A, pelo preço de R$ 642.374,63, sete (7) apartamentos de um mesmo edifício e, no ano seguinte, 2005, os teria permutado, sem torna, por um imóvel rural, com o Sr. JOSÉ GUIDO REGO DOS SANTOS, . não /declarando essas operações nas respectivas DIRPF's e nem possuindo renda suficiente para a aquisição, vez que a renda declarada era de apenas R$ 48.754,17, resultando em um acréscimo patrimonial a descoberto da ordem de R$ 593.620,46. Fl. 2090DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.076 29 Na impugnação, o Recorrente esclareceu que a celebração dos contratos particulares de promessa de compra e venda e de permuta em seu nome foi uma engenharia negocial por ele concebida para possibilitar a aquisição, pela CIPESA, da Fazenda Jacaré, uma vez que se o seu proprietário, o Sr. GUIDO SANTOS, soubesse que a adquirente do imóvel era a CIPESA, a operação não se realizaria, dado que entre eles reinava à época um clima de grande e aberta hostilidade. Em respaldo dessa alegação juntou a Escritura Pública de Permuta de fls. 1.690/1.691, na qual figuram as verdadeiras partes envolvidas, a CIPESA ENGENHARIA S/A e o Sr. JOSÉ GUIDO DO REGO SANTOS. Inobstante a prova do alegado, a decisão da primeira instância julgadora manteve a exigência, cuja procedência a mera leitura do Instrumento Particular de Permuta de Bens Imóveis com Sub Rogação de Direitos e Outras Avenças de fls. 798/804, por si só, desaconselharia, dada a existência de disposições inusitadas e inusuais em contratos da espécie." Em que pese as alegações do Recorrente que a Escritura Pública comprova as alegações que não houve o negócio jurídico ensejador do acréscimo patrimonial tributado, não se pode concordar. A escritura pública compra sim a permuta ocorrida entre as partes, pela qual uma entregou as unidades habitacionais e a outra a fazenda mencionada. Decerto que sobre tal documento não pode pairar nenhuma dúvida. O problema que tal documento não tem o condão de afastar peremptoriamente o fato gerador tributário apontado pelo Fisco. A Autoridade Fiscal foi claríssima no relatório ao afirmar (fls. 35): "Do material apreendido pela Polícia Federal constam dois contratos: um celebrado entre o contribuinte, juntamente com sua esposa, e a CIPESA ENGENHARIA S/A, CNPJ: 12.272.753/000135. cujo objeto foi a aquisição por parte do contribuinte dos apartamentos n° 106, 108, 119, 216, 418.517 c 518 do edifício NEO, pelo valor total de R$ 642.374.63. a ser pago a vista em 02 de agosto de 2004; outro,celebrado entre o contribuinte, juntamente com sua esposa, c o Sr. José Guido Rego dos Santos, juntamente com sua esposa, cujo objeto foi a permuta sem torna, realizada cm 04/08/2005, entre os imóveis acima descritos e a Fazenda Jacaré, situada cm Jacarecica. Macció AL. Vale salientar que os bens acima descritos não constam nas D1PF de Antônio Márcio Brito Raposo, nem nas de sua esposa, respectivamente nos exercício de 2005 e 2006. a que estavam obrigados a declarar, nem nos exercícios posteriores, inclusive em nenhuma das várias DIPF retificadoras que o contribuinte apresentou, conforme se pode observar em todas as DIPF anexadas .. Fl. 2091DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 30 Diante da omissão de declarar os imóveis, descritos no subitem anterior, nas Declarações de Bens nos exercícios a que estava obrigado a declarar, verificamos a possibilidade de Variação Patrimonial a Descoberto c constatamos sua ocorrência, já que a renda líquida acumulada do contribuinte, juntamente com a de sua esposa. Maria Tereza Rocha Raposo, até agosto de 2004 totalizou R$ 48.754,17, conforme planilhas anexas, enquanto que o contribuinte adquiriu os 07 apartamentos descritos no subitem anterior por R$ 042.374.63, á vista, em 02 agosto de 2004. conforme consta no contrato. . Assim ficou constatado um Acréscimo Patrimonial a Descoberto no valor de R$ 593.620.46." (destaques não constam do Relatório Fiscal) Ora, do relato fiscal observamos que o acréscimo patrimonial observado é afeto à aquisição pelo contribuinte de 7 unidades habitacionais entabuladas com a CIPESA, sendo que tal aquisição, comprovada por meio de contrato anexado aos autos, não encontra respaldo em seus rendimentos declarados. A escritura apresentada versa sobre negócio jurídico diverso, firmado por partes distintas, não elidindo sob nenhum primado lógico, a aquisição das unidades habitacionais pelo Recorrente. Ao reverso, a lógica mais singela permitiria inferir que a escritura pública, firmada em 2007, demonstraria que os apartamentos foram revendidos à construtora ou ainda, que a efetiva permuta teria se dado entre o Recorrente e o proprietário da fazenda escriturada. Assim, não pode o Recorrente apresentar prova da inocorrência do acréscimo patrimonial demonstrado pelo Fisco. Recurso voluntário negado nessa parte. MULTA DE OFÍCIO APLICÁVEL AOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA O contribuinte não concorda com a qualificadora da multa de ofício aplicada no lançamento quanto aos depósitos bancários de origem não comprovada. Alega que (fls 1918): "O Recorrente concorda com a decisão recorrida no sentido de que a argumentação oferecida na impugnação não tem o condão de elidir a presunção legal de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Contudo, entende que a omissão de rendimentos por si só não autoriza a qualificação da multa, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses do arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64, entendimento este concorde com a Súmula CARF n° 25, de efeito vinculante determinado pela Portaria MF n° 383/2010, comprovação esta que a autoridade fiscal não logrou fazer, conforme demonstrado na impugnação" As alegações do contribuinte apresentam fundamento jurídico. A multa de ofício só pode ser qualificada na presença comprovada de uma das hipóteses dos artigos 71, 72 ou 73 da Lei nº 4.502/64. Nesse sentido a determinação da Súmula CARF nº 25: Fl. 2092DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10410.005839/201046 Acórdão n.º 2201003.247 S2C2T1 Fl. 2.077 31 "Súmula CARF nº 25 (VINCULANTE): A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64." Logo, para que se aplique a multa qualificada ao caso em apreço, deve estar explicitado nos autos a ocorrência de fraude, sonegação ou conluio, consoante as hipóteses constantes dos artigos mencionados da Lei nº 4.502/64. O dolo, leciona Luiz Regis Prado (Curso de Direito Penal Brasileiro, 6ª ed. Ed. Revista dos Tribunais, p. 113), se observa quando "(...) age dolosamente o agente que conhece e quer a realização dos elementos da situação fática ou objetiva, sejam descritivos, sejam normativos, que integram o tipo legal do delito." (negritamos) Transportando para a seara tributária, podemos dizer que age dolosamente o contribuinte que conhecendo a incidência tributária, sabendo que determinada conduta enseja o fato gerador, dela procura se afastar, não com vista a não praticar o fato ensejador da incidência, mas sim, buscando de alguma forma, se escusar ao cumprimento da obrigação tributária. Nesse sentido a dicção da Lei nº 4.502/64, que conceitua fraude como sendo toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador ou a reduzir as suas características essenciais de modo a reduzir o montante do tributo devido. Já a sonegação, nos dizeres legais, é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador ou das condições pessoais do contribuinte ou do crédito tributário. Claro resta que a intenção do agente, do contribuinte é determinante para caracterização da fraude e da sonegação nos termos da Lei nº 4.502/64. E mais, deve ser provada pela Fisco. Mas como a Autoridade Fiscal pode verificar a intenção do contribuinte, se a verificação do cumprimento das obrigações tributárias é realizada, praticamente sempre, tempos após o surgimento dessas obrigações? A lição de Vasco Branco Guimarães, reproduzida por Paulsen (Direito Tributário Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência, 15ª ed., Livraria do Advogado Editora, p. 1117), nos auxilia: "A fraude fiscal pode ser definida como a conduta ilegítima tipificada que visa a obtenção indevida de vantagem mediante: não liquidação, entrega ou pagamento de prestação tributária; aquisição de benefício fiscal indevido; aquisição de qualquer outra vantagem patrimonial à custa de receitas tributárias" Fl. 2093DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 32 Ora, patente no relatório fiscal que as condutas do Recorrente visavam impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador ou reduzir suas condições essenciais com vista a obtenção de vantagem por meio da postergação ou não pagamento do tributo devido. Sem número de situações foram comprovadas pelo Fisco quanto às condutas, as mais diversas, desde a utilização indevida de pessoas jurídicas, até a simples omissão de bens e valores de suas declarações, contribuíram para o convencimento deste julgador da ocorrência das condições legais ensejadoras da qualificação da multa de ofício. Despiciendo a reprodução dos trechos constantes do relatório fiscal que versam sobre a questão. Recurso voluntário negado nessa parte. Conclusão Por todo o exposto e com base nos fundamentos apresentados, voto por conhecer do recurso de ofício para negarlhe provimento. Quanto ao recurso voluntário, dele conheço, para, afastando a preliminar de ilegalidade na obtenção das provas, no mérito, darlhe parcial provimento para determinar que o contribuinte seja intimado a comprovar os pagamentos do imposto de renda recolhido pela empresa MR Consultoria Ltda. relativo aos mesmos rendimentos constantes do presente lançamento, para que se proceda a compensação. É como voto. Relator Carlos Henrique de Oliveira Relator Fl. 2094DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/ 07/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/07/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
score : 1.0
Numero do processo: 11065.100827/2009-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jun 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. Os embargos só se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material, porventura, existentes no acórdão, não servindo à rediscussão da matéria julgada pelo colegiado no recurso.
Embargos de declaração não conhecidos
Numero da decisão: 3301-002.856
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer os embargos de declaração formulados, por ausência de omissão, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Hélcio Lafetá Reis, Paulo Roberto Duarte Moreira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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AUSÊNCIA DE OMISSÃO. Os embargos só se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material, porventura, existentes no acórdão, não servindo à rediscussão da matéria julgada pelo colegiado no recurso. Embargos de declaração não conhecidos Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer os embargos de declaração formulados, por ausência de omissão, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. Semíramis de Oliveira Duro Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Hélcio Lafetá Reis, Paulo Roberto Duarte Moreira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 10 08 27 /2 00 9- 21 Fl. 160DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 25/0 3/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 11065.100827/200921 Acórdão n.º 3301002.856 S3C3T1 Fl. 11 2 Relatório Tratase de lançamento tributário consubstanciado na notificação de lançamento de multa por atraso na entrega do Dacon, no valor de R$ 11.806, 05, referente a maio de 2009, cujo prazo final era 07/08/2009, tendo sido entregue em 16/09/2009. Os presentes embargos de declaração foram opostos em face do Acórdão prolatado pela extinta 1ª Turma Especial, que manteve a exigência da multa por atraso na entrega da DACON: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2009 DACON. MULTA POR ATRASO. A apresentação do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon) a destempo enseja o lançamento da penalidade pelo atraso na sua entrega. Recurso Voluntário Negado. A embargante requer o conhecimento e o provimento dos embargos de declaração, para o sobrestamento do feito até a decisão de mérito pelo STF na repercussão geral no RE 640.452, e para sanar a omissão apontada no acórdão embargado, com efeitos infringentes. É o relatório. Voto A embargante reitera o pedido de sobrestamento do feito, tendo em vista o reconhecimento em sede de repercussão geral pelo STF de tema que acredita ter influência sobre o presente caso, nos seguintes termos: Precipuamente, cumpre ressaltar a necessidade de verificação de fato capaz de modificar completamente o rumo da decisão ora embargada. Tratase da existência de Recurso Extraordinário com reconhecimento de repercussão geral em trâmite junto ao Supremo Tribunal Federal, cuja relatoria é do Ministro Roberto Barroso, que trata exatamente da mesma matéria discutida no presente Processo Administrativo Fiscal. Assim ementado o acórdão de reconhecimento da Repercussão Geral da discussão da matéria: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PUNIÇÃO APLICADA PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DEVER Fl. 161DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 25/0 3/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 11065.100827/200921 Acórdão n.º 3301002.856 S3C3T1 Fl. 12 3 INSTRUMENTAL RELACIONADO À OPERAÇÃO INDIFERENTE AO VALOR DE DÍVIDA TRIBUTÁRIA (PUNIÇÃO INDEPENDENTE DE TRIBUTO DEVIDO). "MULTA ISOLADA". CARÁTER CONFISCATÓRIO. PROPORCIONALIDADE. RAZOABILIDADE. QUADRO FÁTICOJURÍDICO ESPECÍFICO. PROPOSTA PELA EXISTÊNCIA DA REPERCUSSÃO GERAL DA MATÉRIA CONSTITUCIONAL DEBATIDA. Proposta pelo reconhecimento da repercussão geral da discussão sobre o caráter confiscatório, desproporcional e irracional de multa em valor variável entre 40% e 05% aplicada à operação que não gerou débito tributário. (RE 640452 RG, RElator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, julgado em 06/10/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe 232 DIVULG 06122011 PUBLIC 07122011 RT v. 101, n. 917, 2012, p. 643651). Não merece acolhida o pleito de sobrestamento, pois a Portaria n. 545/2013 revogou os parágrafos 1º e 2º do artigo 62A do Regimento Interno do CARF. Desse modo, sem mesmo adentrar na similitude do tema deste processo com o da repercussão geral, o disposto nos parágrafos 1º e 2º do artigo 62A não mais se aplica, ou seja, incabível o sobrestamento aqui alegado por ter sido revogado pela Portaria do MF n. 545/2013. Alega a embargante que houve omissão no acórdão citado, nos seguintes termos: Outrossim, no Recurso Voluntário apresentado foram expressamente veiculados argumentos no sentido de que o fato de não ter sido cumprida tempestivamente a obrigação acessória de apresentação da DACON não deveria ensejar a aplicação de multa. Além disso, o contribuinte elaborou argumentação no sentido de infirmar a base de cálculo da multa supostamente devida. Isso por que não é razoável que se aplique uma multa por descumprimento de obrigação acessória, tendo como base de cálculo a mesma da obrigação principal, nos casos em que a obrigação principal, nos casos em que a obrigação principal tenha sido devidamente cumprida. Vejase, nesse sentido, que a Embargante apresentou argumentos razoáveis e bem articulados no sentido de que a base de cálculo da multa por descumprimento de obrigação acessória não poderia ser a mesma base de cálculo da obrigação principal. Assim, argumentou o contribuinte, em seu Recurso Voluntário. Em nenhum momento houve o descumprimento no pagamento do tributo, razão pela qual não se pode vincular uma obrigação acessória a uma obrigação principal que possui fato gerador completamente diferente. É importante deixar claro que a multa tributária é espécie de sanção fiscal oriunda de atos omissivos relativos ao descumprimento de obrigação tributária principal ou acessória. Fl. 162DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 25/0 3/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 11065.100827/200921 Acórdão n.º 3301002.856 S3C3T1 Fl. 13 4 A norma legal estabelece que a base de cálculo para apuração da multa devida é o montante do tributo declarado, mesmo que pago integralmente. Cumpri referir que a base de cálculo é um critério ou referência para medir um fato tributário, possibilitando a quantificação da grandeza financeira. Beira ao absurdo vincular o critério material da multa a uma obrigação principal que possui o fato gerador completamente diferente da penalidade imposta. A exigência de multa pelo atraso do Dacon aplicada à embargante tem expresso fundamento legal. É o artigo 7º da Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002, com redação dada pela Lei nº 11.051, de 29 de dezembro de 2004, verbis: Art. 7º. sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica D1PJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRE e Demonstrativo de Apuração de contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei 11.051, de 2004) (...) III de 2% (dois por cento) ao mês calendário ou fração, incidente sobre o montante da Cofins, ou, na sua falta, da contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3 deste artigo; e (Redação dada pela Lei no 11.051, de 2004) (...) § 1º Para efeito de aplicação das multas previstas nos incisos I, II e III do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, da lavratura do auto de infração. (Redação dada pela Lei n°11.051, de 2004) § 2º Observado o disposto no § 3º, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de oficio; II – a setenta e cinco por cento, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 25/0 3/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 11065.100827/200921 Acórdão n.º 3301002.856 S3C3T1 Fl. 14 5 § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de pessoa física, pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto na Lei n.º 9.317, de 1996; II R$ 500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos. ...” No caso concreto, é incontroverso que a DACON foi entregue em atraso, portanto, a situação fática subsumese à penalidade prevista no inciso IV, 3º do artigo 7º da Lei n. 10.426/2002. Todos os traços da multa aplicada estão previstos em lei, atendendo ao princípio da legalidade, nos termos dos artigos 5º, II e 37, caput da Constituição e artigo 97 do CTN. Cumpre salientar ainda que, de acordo com o parágrafo único do art. 142 do CTN, a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Assim, constatado o atraso na entrega do Dacon, a autoridade fiscal não só está autorizada como, por dever funcional, está obrigada a proceder ao lançamento de ofício da multa pertinente. Por isso, deve ser afastada a alegação de que "Beira ao absurdo vincular o critério material da multa a uma obrigação principal que possui o fato gerador completamente diferente da penalidade imposta." Os embargos de declaração objetivam suprir obscuridade, omissão e contradição, porventura, verificados na decisão recorrida, não se prestam, portanto à rediscussão da matéria decorrente de inconformismo com o resultado do julgamento. Portanto, não tendo havido qualquer omissão, voto pelo não conhecimento dos embargos de declaração interpostos. Sala de Sessões, em 25 de fevereiro de 2016. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 164DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 25/0 3/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
score : 1.0
Numero do processo: 10580.722507/2008-53
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE - - MAGISTRADOS DA BAHIA - ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL.
Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria.
IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV.
Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN.
Recurso Especial do Procurador Provido
Numero da decisão: 9202-004.193
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos à turma a quo, para análise das demais questões postas no recurso voluntário, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe negaram provimento.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos à turma a quo, para análise das demais questões postas no recurso voluntário, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe negaram provimento. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (Assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
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PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE MAGISTRADOS DA BAHIA ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN. Recurso Especial do Procurador Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 25 07 /2 00 8- 53 Fl. 273DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, com retorno dos autos à turma a quo, para análise das demais questões postas no recurso voluntário, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe negaram provimento. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. Fl. 274DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.722507/200853 Acórdão n.º 9202004.193 CSRFT2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, correspondente aos anos calendário de 2004, 2005 e 2006, por meio do qual se exige crédito tributário no valor de R$ 165.798,70, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal constantes no auto de infração, fls. 1/6, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003. Essas diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, e conseqüentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador/BA julgado o lançamento procedente, fls. 65 a 69. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. No Acórdão de Recurso Voluntário, o Colegiado, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso, fls. 130/138. Portanto, em sessão plenária de 12/03/2013, deuse provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 2102002.481, assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Exercícios: 2005, 2006, 2007 RESOLUÇÃO STF Nº 245/2002. DIFERENÇAS DE URV CONSIDERADAS PARA A MAGISTRATURA DA UNIÃO E PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL COMO VERBAS ISENTAS DO IMPOSTO DE RENDA PELO PRETÓRIO EXCELSO. DIFERENÇAS DE URV PAGAS AOS MAGISTRADOS DA BAHIA. NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. A Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003 pagou as diferenças de URV aos Membros da Magistratura local, as quais, no caso dos Membros do Ministério Público Federal, tinham sido excluídas da incidência do imposto de renda pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº Fl. 275DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 9.655/98, com supedâneo na Resolução STF nº 245/2002, conforme Parecer PGFN nº 923/2003, endossado pelo Sr. Ministro da Fazenda. Ora, se o Sr. Ministro da Fazenda interpretou as diferenças do art. 2º da Lei federal nº 10.477/2002 nos termos da Resolução STF nº 245/2002, excluindo da incidência do imposto de renda, exemplificadamente, as verbas referentes às diferenças de URV, não parece juridicamente razoável sonegar tal interpretação às diferenças pagas a mesmo título aos membros da magistratura da Bahia, na forma da Lei Estadual da Bahia nº 8.730/2003. Recurso Voluntário Provido.” O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 24/02/2014 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional opôs, tempestivamente, em 24/02/2014, Embargos de Declaração alegando omissão e contradição, uma vez que o acórdão embargado deu provimento ao recurso do contribuinte sob o fundamento de que o Sr. Ministro de Estado da Fazenda havia afastado a tributação de Imposto de Renda sobre diferenças de URV, calcado no Parecer PGFN nº 923/2003, sendo que a situação fática destes autos difere daquela enfrentada no dito Parecer. Tais embargos foram rejeitados por meio do despacho s/nº de 16/04/2014, fls. 192/194. Novamente intimada, em 05/05/2014, para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010, a Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 05/05/2014, o Recurso Especial. Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido de modo a ser reconhecida a legalidade do auto de infração. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/nº da 1ª Câmara, de 24/04/2015, fls. 249 a 251. Em seu Recurso Especial, a Recorrente traz, preliminarmente, as seguintes alegações: · o contribuinte enquadrou no campo de rendimentos isentos e não tributáveis de suas declarações de ajuste anual, valores recebidos do tribunal de Justiça por entendelas isentas de imposto de renda à luz de legislação estadual, e por analogia à Resolução nº 245, de 2002, do STF, que teria deixado claro que o abono conferido aos magistrados federais em razão das diferenças de URV possui natureza indenizatória. · de acordo com a Resolução do STF nº 245/2002, o abono, tratado no art. 2º da Lei nº 10.474/2002 e no art. 6º da Lei nº 9.655/98, foi considerado de natureza indenizatória, mas o referido ato atribui natureza jurídica indenizatória ao abono variável devido apenas aos Magistrados do Poder Judiciário Federal, e somente com o advento da Lei nº 10.477/02, os membros do Ministério Público da União passaram a fazer juz ao abono variável. · o contribuinte, no caso dos autos, não faz parte dos quadros da Magistratura Federal nem do Ministério Público da União, pertencendo ao Ministério Público do Estado da Bahia, não podendo tal Resolução ser estendida às verbas pagas ao recorrente, pois isto resultaria na concessão de isenção sem lei federal específica. Fl. 276DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.722507/200853 Acórdão n.º 9202004.193 CSRFT2 Fl. 4 5 · é defeso ao aplicador do direito valerse da analogia para excluir rendimentos do campo de incidência tributária, mas as exceções fiscais devem constar expressamente do texto legal, em conformidade com o disposto no art. 11 do CTN. Após essas preliminares, a Recorrente apresenta um Parecer da d. Parecerista, Dra. Cláudia Gusmão, respondendo ao Gabinete do AdvogadoGeral da União, onde o mesmo solicita uma análise técnicojurídica prévia, no intuito de subsidiar a resposta a ser fornecida ao Procurador Geral de Justiça, aos Presidentes do Tribunal de Contas, do Tribunal de Justiça, e ao Procurador Geral, todos do Estado da Bahia, que apresentaram pedido de parecer à AGU, em função de intimação para recolher débito decorrente de lançamento de ofício do fisco federal, relacionados à mesma cobrança de que trata o auto de infração do presente processo. Esse documento, Parecer PGFN/CAT nº 1.140/2010, compõe praticamente todos os fundamentos da Fazenda Nacional no seu Recurso Especial, para que seja restabelecido o crédito tributário do auto de infração na sua integralidade. Cientificado do Acórdão nº 2102002.481, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 26/05/2015, o contribuinte apresentou, tempestivamente, contrarrazões em 08/06/2015. Em suas contrarrazões, o contribuinte alega que: · a própria Lei Estadual de nº 8.730/2003 que instituiu o pagamento das verbas, decorrentes da conversão da remuneração de Cruzeiro Real pra URV, identificou a sua natureza como sendo indenizatória, não cabendo a incidência do Imposto de Renda sobre as mesmas; e que essa Lei goza de presunção de validade e permanece eficaz, uma vez que jamais teve sua Constitucionalidade questionada pelas vias pertinentes. · o próprio Conselho de Contribuintes, ao analisar casos idênticos ao presente concluiu pelo caráter indenizatório da parcela recebida a título de URV, assim como o Ministério Público do Estado do Maranhão. · a autuação e inscrição em dívida ativa que deram origem ao mandamus sob análise nasceu eivada de vícios e nulidades, sendo a desconsideração de lei Estadual em face de suposta incompatibilidade com a Constituição Federal, sem prévio controle de Constitucionalidade nos moldes definidos em lei, a mais evidente de todas, não podendo sob nenhuma hipótese prosperar. · cabia à Fazenda Nacional ajuizar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, nos termos do art. 102, I, “a” da Carta Magna, mas, jamais poderia proceder da forma como fez, desconsiderando Lei Estadual válida e eficaz, e que a própria Constituição Federal equipara a Legislação Federal e Estadual para efeitos de controle de constitucionalidade. Fl. 277DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 · diante da falta de qualquer controle de constitucionalidade capaz de afastar a aplicabilidade da Lei Ordinária nº 8.730/2003, permanecendo esta válida e eficaz no mundo jurídico, não há que se falar em incidência de Imposto de Renda sobre a verba de natureza reconhecidamente indenizatória e cuja incidência de IR foi afastada pela própria detentora da verba, que já se manifestou reiteradamente pela sua falta de interesse em arrecadar o produto de tal imposto. É o relatório. Fl. 278DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.722507/200853 Acórdão n.º 9202004.193 CSRFT2 Fl. 5 7 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme despacho de Admissibilidade, a fls. 274/275. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. DO MÉRITO DELIMITAÇÃO DA LIDE Em face do RE e do conteúdo do acórdão recorrido, cingese a discussão ao caráter indenizatório dos rendimentos relativos aos pagamentos recebidos pelos membros do Magistratura da Bahia. A base do fundamento do acórdão recorrido encontrase na própria ementa do acórdão, assim descrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 RESOLUÇÃO STF Nº 245/2002. DIFERENÇAS DE URV CONSIDERADAS PARA A MAGISTRATURA DA UNIÃO E PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL COMO VERBAS ISENTAS DO IMPOSTO DE RENDA PELO PRETÓRIO EXCELSO. DIFERENÇAS DE URV PAGAS AOS MAGISTRADOS DA BAHIA. NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. A Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003 pagou as diferenças de URV aos Membros da Magistratura local, as quais, no caso dos Membros do Ministério Público Federal, tinham sido excluídas da incidência do imposto de renda pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº 9.655/98, com supedâneo na Resolução STF nº 245/2002, conforme Parecer PGFN nº 923/2003, endossado pelo Sr. Ministro da Fazenda. Ora, se o Sr. Ministro da Fazenda interpretou as diferenças do art. 2º da Lei federal nº 10.477/2002 nos termos da Resolução STF nº 245/2002, excluindo da incidência do imposto de renda, exemplificadamente, as verbas referentes às diferenças de URV, não parece juridicamente razoável sonegar tal interpretação às diferenças pagas a mesmo título aos Membros da Magistratura da Bahia, na forma da Lei Estadual da Bahia nº 8.730/2003. Recurso Voluntário Provido. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE IR Primeiramente, conforme descrito no acórdão a Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003., consignaria o caráter indenizatório dos rendimentos, todavia, entendo que a competência para legislar sobre imposto de renda é da União, conforme Fl. 279DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 disposto no art. 153, IV, da CF/88. Dessa forma, fazse necessário realizar a análise da natureza jurídica dos valores recebidos, de forma a se determinar seu caráter indenizatório ou salarial. Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: [...] III renda e proventos de qualquer natureza; [...[ § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. § 2º O imposto previsto no inciso III: I será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei; Neste ponto, convém diferenciar a natureza salarial que se subssume ao citado dispositivo face a configuração de nítido acréscimo patrimonial das verbas com natureza indenizatórias, cujo fundamento para exclusão configurase como a reparação por um dano sofrido, ou mesmo as verbas legalmente descritas como indenizatórias. Nessa linha de raciocínio, entendo que a referida lei estadual não buscou, por meio do pagamento das diferenças, a recomposição de um prejuízo, ou dano material sofrido pelo contribuinte, mas a compensação em razão da ausência da devida correção salarial decorrentes de alteração da moeda. Portanto, tais valores integram a remuneração percebida pelo sujeito passivo, constituindo parte integrante de seus vencimentos. Concluindo, em relação a este item, entendo incabível tomar como absoluta para exclusão da incidência do IR lei de outro ente da federação (no caso, o Estado da Bahia), face a competência instituida pelo texto constitucional. INCIDÊNCIA SOBRE VALORES DE DIFERENÇAS DE URV Quanto ao mérito, é sabido que as verbas recebidas a título de “Valores Indenizatórios de URV” advêm de diferenças salariais decorrentes da conversão da remuneração dos servidores beneficiados, quando da implantação do Plano Real. Em função disso, constatase que tais valores tem ligação direta com a remuneração, ou seja, se referem a remuneração (vencimentos) não percebidos anteriormente e acabam por importar diferenças ao longo dos anos subsequentes. Nesse sentido, podemos concluir que o objetivo de ações judiciais sob esse fundamento ou mesmo da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003, da Bahia (que apenas reconheceu esse direito) foi simplesmente pagar ao recorrente aquilo que antes deixou de ser pago, ou seja, diferença de salários. Considerando o nítido caráter salarial diferenças pagas a posteriori, penso que a verba trazida à discussão encontrase sujeita à incidência do IR, conforme dispõe o art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Fl. 280DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.722507/200853 Acórdão n.º 9202004.193 CSRFT2 Fl. 6 9 § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Nesse sentido, estáse diante de acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, entendimento que fora inclusive salientado pelo acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA). Frente as considerações acima, também afasto os fundamentos adotados pelo julgador da turma a quo para definir a natureza das diferenças de URV. Segundo o acórdão recorrido a verba recebida pelos servidores estaduais possui a mesma natureza daquela percebida pelos seus pares da União e, portanto, não se poderia dispensar tratamento diferenciado àqueles que se encontram em mesma situação. Entendo, que não há como igualar as situações dos membros do Ministério Público Federal e Magistratura Federal com os pertencentes aos quadros do Estado da Bahia, haja vista inexistir lei federal determinando o mesmo tratamento tributário, pois a norma que concede isenção deve ser interpretada sempre literalmente, conforme inciso II do art. 111 do CTN. Com efeito, o Código Tributário Nacional veda o emprego da analogia ou de interpretações extensivas para alcançar sujeitos passivos em situação semelhantes. Pensar diferente implicaria concessão de isenção sem lei federal própria, o que ofenderia o § 6º do art. 150 da CF e o art. 176 do CTN. Dessa forma, ao contrário do exposto pelo julgador a quo entendo que ao adotar mesmo tratamento tributário, alterando a natureza dos pagamentos, estaria sim, me valendo da analogia para definir fato gerador e base de cálculo de imposto sob a competência da União. A Resolução do Supremo Tribunal Federal (STF) nº 245/2002 conferiu natureza jurídica indenizatória ao abono variável apenas aos Magistrados do Poder Judiciário Federal e, posteriormente, aos membros do Ministério Público da União (Lei nº 9.655/1998 e Lei nº 10.474/2002). No mesmo sentido, a PGFN, por meio do Parecer PGFN/Nº 529/2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, reconheceu a natureza indenizatória do abono apenas para a Magistratura Federal e MP Federal, respeitando a interpretação do STF: Por fim, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2º e parágrafos da Lei n.º 10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1º trouxe a forma de cálculo deste abono: “I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)”. A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono Fl. 281DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.º 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. Pelos fundamentos expostos, entendo que a verba em exame deve ser tributada. Quanto ao caráter salarial das verbas pagas a título de URV, já se pronunciou este conselho em outras ocasiões acerca do tema, ao qual cito julgados que corroboram com o encaminhamento aqui formulado: ACÓRDÃO 9202003.659 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Recurso especial provido. ACÓRDÃO 9202.003.585 Fl. 282DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.722507/200853 Acórdão n.º 9202004.193 CSRFT2 Fl. 7 11 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Precedentes do STF e do STJ. Recurso especial provido. ACÓRDÃO 2201002.491 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 PAF. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. O julgador administrativo não está obrigado a rebater todas as questões levantadas pela parte, mormente quando os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. Falece competência a este órgão julgador para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. RESPONSABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 12. “Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção”. IRRF. COMPETÊNCIA. A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza Fl. 283DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 12 salarial, razão pela qual estão sujeitos aos descontos de Imposto de Renda. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda. IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. TABELA MENSAL. APLICAÇÃO DO ART. 62A DO RICARF. O imposto de renda incidente sobre os rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente deve ser calculado com base nas tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, conforme dispõe o Recurso Especial nº 1.118.429/SP, julgado na forma do art. 543C do CPC. Aplicação do art. 62A do RICARF (Portaria MF nº 256/2009). IRPF. MULTA. EXCLUSÃO. SÚMULA CARF Nº 73. “Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício”. IRPF. JUROS DE MORA SOBRE VERBAS TRIBUTADAS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. No julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que apenas os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do inciso V do art. 6º da Lei n° 7.713/1988. Frente as questões colocadas acima, entendo que as verbas recebidas a título de “Valores Indenizatórios de URV" consistem em diferenças salariais sujeitas a incidência de IR, sendo incabível acatar a argumentação de que a natureza salarial da referida verba seja alterada por legislação estadual, qual seja, a Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003, ou mesmo que Resolução nº 245 do STF lastreada em Lei federal com destinação específica possa ser aplicada por analogia a outros casos que não os expressamente nela descritos. QUANTO A NECESSIDADE DE PRÉVIA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUTCIONALIDADE DA LEI ESTADUAL Quanto a argumentação de que necessário, antes de efetivar ao lançamento, ter declarada a inconstitucionalidade da lei Estadual, entendo não ser esse o melhor entendimento aplicável. Conforme acima esclarecido a competência para legislar sobre IR recai sobre a União, não podendo ser alterada a natureza jurídica da verba para efeitos de definição do fato gerador. Contudo, não pode o agente fiscal entender ou mesmo questionar a constitucionalidade de lei Estadual, cujo ente Estadual possui competência para definir não apenas a natureza jurídica da verba, como a incidências sobre os tributos cuja competência para legislar esteja sob sua égide. Por exemplo, a definição da natureza jurídica para efeitos de definição da natureza tributos de´contribuição previdenciária para regime próprio de previdência. Assim, ao fisco Federal compete apreciar se a verba recebida pelos Magistrados Fl. 284DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.722507/200853 Acórdão n.º 9202004.193 CSRFT2 Fl. 8 13 da Bahia, encontrase abarcada como fato gerador de IR, utilizandose dos fundamentos dessa legislação para apuração do fato gerador, da natureza jurídica do pagamento e da base de cálculo e montante do tributos apuráveis. Dessa forma, afasto a argumentação, de que necessário primeiramente declarar a constitucionalidade da legislação estadual. Quanto a incompetência do CARF para afastar lei sob o fundamento de inconstitucionalidade, entendo não ser essa a questão aplicável ao caso concreto. Realmente nos termos do art. 62 do CARF: "é vedado aos membros das turmas de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob o fundamento de inconstitucionalidade", todavia, a competência básica dos membros desse colegiado é identificar se o lançamento se amolda as exigências legais e se os argumentos apontados pelo recorrente seriam suficientes para a desconstituição do lançamento. Bem, conforme foi apreciado acima, entendo correto o procedimento adotado pela autoridade fiscal ao lançar as contribuições, posto que os valores recebidos, pela análise da legislação aplicável ao caso concreto, quais sejam, CF/88, CTN e legislação do IR incorreto considerar os rendimentos como isentos ou não tributáveis. Assim, esse julgador em momento algum descumpri ou fere dispositivo regimental, pelo contrário, entendo que ao acatar os argumentos do recorrente pela aplicabilidade da legislação estadual e resolução 245/STF, aí sim, estaria afastando dispositivo legal. Ante ao exposto, voto no sentido dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. CONCLUSÃO Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, para no mérito DARLHE PROVIMENTO, com o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do sujeito passivo. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 285DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 03/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 16643.000022/2009-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004
AÇÃO JUDICIAL. MESMO OBJETO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. RENÚNCIA.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Súmula CARF nº 1.
TRIBUTOS DECORRENTES. CSLL.
A solução dada ao litígio principal, relativo ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, estende-se, no que couber, ao lançamento da CSLL, quando tiver por fundamento o mesmo suporte fático.
Recursos Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 1402-002.227
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário pela existência de ação judicial em concomitância com a matéria objeto do lançamento, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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MESMO OBJETO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. RENÚNCIA. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Súmula CARF nº 1. TRIBUTOS DECORRENTES. CSLL. A solução dada ao litígio principal, relativo ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, estendese, no que couber, ao lançamento da CSLL, quando tiver por fundamento o mesmo suporte fático. Recursos Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário pela existência de ação judicial em concomitância com a matéria objeto do lançamento, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 64 3. 00 00 22 /2 00 9- 91 Fl. 2379DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16643.000022/200991 Acórdão n.º 1402002.227 S1C4T2 Fl. 2.380 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone. Fl. 2380DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16643.000022/200991 Acórdão n.º 1402002.227 S1C4T2 Fl. 2.381 3 Relatório TI BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA a este Conselho em face do acórdão nº 1449.396 proferido pela 1ª Turma da DRJ em Ribeirão Preto que julgou improcedente a impugnação apresentada, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF). Por bem refletir o litígio até aquela fase, adoto excertos do relatório da decisão recorrida, complementandoo ao final: Em ação fiscal levada a efeito no contribuinte acima identificado, constatouse que ele, no ano calendário de 2004, apurou o IRPJ pela sistemática do lucro real e importou insumos junto a pessoas vinculadas, razão pela qual é necessária a apuração do preço parâmetro desses insumos, consoante as regras que regulam os preços de transferência, para avaliar a dedutibilidade dos custos incorridos com eles. Relata a autoridade autuante, no “Termo de Verificação Fiscal” de fls. 18661884, que o contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2005.61.00.0285947, por meio do qual pretende afastar a aplicação das regras previstas na Instrução Normativa SRF nº 243/2002 do método do Preço de Revenda menos Margem de Lucro de 60% PRL 60%. Segundo alega na referida ação judicial, a substituição da Instrução Normativa SRF nº 32/2001 pela Instrução Normativa SRF nº 243/2002 lhe foi prejudicial, pois as novas regras deixam de considerar o peso proporcional ao valor agregado do beminsumo importado, no país, de acordo com o grau de nacionalização do produto final. Aduz que, pelas novas regras, o preço de venda é considerado o preço de revenda desses bens, distorcendo a realidade, já que tais bens não são revendidos, mas aplicados na fabricação de um novo produto a ser vendido. Houve concessão de liminar determinando que a apuração dos preços de transferência decorrente da aplicação da Lei nº 9.430/1996 observasse as regras previstas na Instrução Normativa SRF nº 32/2001, afastandose as regras veiculadas pela Instrução Normativa SRF nº 243/2002. Posteriormente, foi prolatada sentença denegando a segurança e cassando a liminar anteriormente concedida. O contribuinte ajuizou, então, a medida cautelar nº 2009.03.00.014268 3, junto ao TRF da 3ª Região, na qual foi concedida liminar, mantendo suspensa a exigibilidade dos créditos tributários discutidos no referido mandado de segurança. Em conseqüência das medidas judiciais acima mencionadas, a autoridade autuante apurou os preços de transferência consoante as regras previstas na Instrução Normativa SRF nº 243/2002, lavrando os autos de infração de IRPJ (fls. 18521854) e de CSLL (fls. 18571858) para constituição dos créditos tributários decorrentes das diferenças apuradas. O lançamento tem sua exigibilidade suspensa em razão da liminar concedida na medida cautelar nº 2009.03.00.0142683. Também em virtude dessa liminar, não houve imposição de multa de ofício, conforme determina o art. 63 da Lei nº 9.430/1996, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.158 35/2001. Fl. 2381DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16643.000022/200991 Acórdão n.º 1402002.227 S1C4T2 Fl. 2.382 4 Inconformado, o contribuinte protocolizou a impugnação de fls. 22182242, na qual deduz as alegações a seguir resumidamente discriminadas: O destino do crédito tributário de que trata o presente processo administrativo está vinculado à decisão definitiva a ser proferida nos autos do mandado de segurança nº 2005.61.00.0285947, por meio do qual pretendese afastar a aplicação das regras previstas na Instrução Normativa SRF nº 243/2002, no tocante ao método de cálculo de preços de transferência designado como Preço de Revenda menos Lucro de 60% (PRL60). Tendo em conta a referida vinculação à ação judicial, deve ser reconhecido o sobrestamento do processo administrativo, conforme determina o art. 265, IV, “a”, do Código de Processo Civil. A intenção precípua do legislador ao regular os preços de transferência na Lei nº 9.430/1996 foi coibir a transferência indireta de lucros (não tributados) para o exterior, por meio da pactuação de preços artificiais em operações de importação e exportação realizadas entre pessoas jurídicas vinculadas. Nos termos do art. 18, II, da Lei nº 9.430/1996, o método PRL60 é definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos (M), deduzida do somatório (S) dos descontos incondicionais concedidos, além de impostos e contribuições incidentes sobre vendas, comissões e corretagens pagas e da margem de lucro presumida de: a) 60% na hipótese de bens importados aplicados à produção, calculado sobre o preço de revenda (M), após as deduções já referidas (S) e do valor agregado no País (VA); b) 20%, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. Assim, na hipótese de importação de bens aplicados à produção, tal qual a versada nos autos, o preço parâmetro é calculado consoante a seguinte fórmula: PRL = M – S – [(M – S – VA) x 60%]. Com base nesta fórmula, concluise que, quanto maior o valor agregado no Brasil ao insumo importado, vale dizer, quanto maior o nível de nacionalização do produto final a ser revendido, maior o preço parâmetro calculado e, conseqüentemente, menor o ajuste (adição) a ser realizado nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. O legislador, destarte, teve a intenção de proteger a indústria nacional. A Instrução Normativa SRF nº 32/2001 manteve intacta a sistemática prevista na Lei nº 9.430/1996 para a apuração do preço parâmetro mediante o método PRL60. Posteriormente, a despeito da ausência de alteração na redação do art. 18, II, da Lei nº 9.430/1996, foi publicada a Instrução Normativa SRF nº 243/2002, que introduziu, por meio de seu art. 12, § 11º, a interpretação de que o preço líquido de revenda, para efeito de aplicação da margem de 60%, não mais seria o preço do produto final vendido, mas o preço de revenda das partes e peças importadas agregadas ao produto final. Com a nova regulação, a margem de lucro de 60% passou a incidir sobre a participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido. A regra prevista na Instrução Normativa SRF nº 243/2002 pode ser traduzida na seguinte fórmula matemática: PRL = [(M – S) x (VI/VA + VI)] {60% x [(M – S) x (VI/VA + VI)]}. Em síntese, a Instrução Normativa SRF nº 243/2002 determina a tributação de lucro em patamar muito superior àquele previsto pela Lei nº 9.430/1996, em flagrante violação ao princípio da legalidade. A inovação veiculada pela referida Instrução Normativa age, ademais, em desfavor da indústria nacional, pois incentiva a importação de produtos já manufaturados ou de bens para simples revenda. Isso porque quanto maior o valor agregado no País, menor será o preço limite a ser pago pelo insumo importado e, conseqüentemente, maior será o ajuste a ser realizado na base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Na redação do art. 18, II, da Lei nº 9.430/1996, por outro lado, o valor agregado no País funciona como um redutor do valor de revenda, incentivando a utilização de insumos nacionais. Fl. 2382DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16643.000022/200991 Acórdão n.º 1402002.227 S1C4T2 Fl. 2.383 5 A Instrução Normativa SRF nº 243/2002 presume que um contribuinte brasileiro que importe determinado insumo para a produção local terá, no mínimo, 60% de lucro sobre o valor desse insumo quando for efetuar a venda do produto final manufaturado, considerando, para tal finalidade, que o insumo importado estivesse sendo presumida e isoladamente revendido. Ocorre que o preço de revenda de bens importados já está sujeito a uma margem de lucro presumida de 20%, conforme previsto no art. 18, II, da Lei nº 9.430/1996 e no art. 12 da própria Instrução Normativa SRF nº 243/2002, que regulam o método de Preço de Revenda menos Lucro de 20% (PRL20). Assim, se tanto no PRL20 como no PRL60 a Receita Federal considera isoladamente o valor de revenda do bem importado para a aplicação das margens de lucro, não há discrime objetivo a permitir que um mesmo bem, de mesmo valor, isoladamente considerado, possa, em determinadas ocasiões, gerar um lucro de 60% e, em outras, um lucro de 20%. Há, no caso, violação ao princípio da isonomia, dada a diversidade entre o tratamento conferido aos contribuintes que importam bens de suas vinculadas para posterior aplicação à produção local e aquele conferido aos que importam bens para simples revenda. Por fim, pede o sobrestamento do processo administrativo, até que seja proferida decisão final nos autos do mandado de segurança nº 2005.61.00.0285947. Caso assim não se entenda, requer sejam os autos de infração julgados improcedentes. Analisando a impugnação apresentada, a turma julgadora de primeira instância consideroua improcedente, uma vez que constatouse que o contribuinte teria ingressado com demanda judicial com o mesmo objeto do lançamento de ofício. O contribuinte foi cientificado da decisão em 08 de abril de 2014 (fl. 95), apresentando em 24 de abril de 2014 recurso voluntário de fls. 22992330. Em resumo, reafirma os termos de sua impugnação, requerendo o sobrestamento do feito até que fosse proferida decisão final nos autos do mandado de segurança nº 2005.61.00.0285947, ou, se superado tal pedido, a decretação da integral improcedência do lançamento. É o relatório. Fl. 2383DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16643.000022/200991 Acórdão n.º 1402002.227 S1C4T2 Fl. 2.384 6 Voto Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE O recurso é tempestivo e preenche os demais pressupostos para sua admissibilidade. Dele, portanto, tomo conhecimento. 2 OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL – SÚMULA CARF Nº 1 O lançamento foi realizado para prevenir a decadência, com base no disposto no art. 63 da Lei nº 9.430/96. No recurso voluntário apresentado, repetindo o que já ocorrera em sede de impugnação, a Recorrente requer o sobrestamento do feito até que a demanda judicial proposta sobre a mesma matéria a que se refere o presente lançamento seja julgada definitivamente pelo Poder Judiciário. Não se questiona qualquer outro aspecto do lançamento. A respeito da propositura de demanda judicial sobre a mesma matéria objeto do lançamento, o assunto está absolutamente pacificado no âmbito do CARF, tendo sido inclusive editada súmula a esse respeito, a saber: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Portanto, tratandose de renúncia à esfera administrativa, o recurso sequer deve ser alvo de conhecimento. No mais, reproduzo as razões da decisão recorrida que muito bem abordam o tema: A impugnante, com base no art. 265, IV, “a”, do Código de Processo Civil, requer o sobrestamento do presente processo administrativo, tendo em conta que a matéria tributada de que trata os autos de infração lavrados está sendo discutida nos autos do mandado de segurança nº 2005.61.00.0285947, havendo inclusive decisão judicial suspendendo a exigibilidade do crédito tributário, proferida nos autos da medida cautelar nº 2009.03.00.0142683. A aplicação subsidiária do art. 265, IV, “a”, do Código de Processo Civil, pretendida pela impugnante, é descabida, pois há norma legal expressa determinando a constituição do crédito tributário, por meio do lançamento, mesmo quando a respectiva exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V Fl. 2384DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16643.000022/200991 Acórdão n.º 1402002.227 S1C4T2 Fl. 2.385 7 do art. 151 do CTN. Esse é o comando contido no art. 63 da Lei nº 9.430/1996, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, in verbis: Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. § 1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo. § 2º A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição. Por conseguinte, ainda que suspensa a exigibilidade do crédito tributário, nos moldes do art. 151 do CTN, o lançamento (ou auto de infração) deve ser sempre levado a cabo. E a razão disto é imediata. Materializada a hipótese de incidência, isto é, dado o fato jurídicotributário, começa a fluir o prazo decadencial contra o direito subjetivo da Fazenda Pública que acaba de vir a lume. Necessário se faz, portanto, assegurar este direito. Alega a impugnante que o art. 12, § 11º, da Instrução Normativa SRF nº 243/2002, ao regulamentar o método PRL60 para fins de apuração de preços de transferência na importação de bens aplicados à produção no País, violou os princípios da legalidade e da isonomia, dispondo de maneira diversa àquela disposta no art. 18, II, da Lei nº 9.430/1996. Quanto a essas alegações, autoridade administrativa não dispõe de competência para apreciar inconstitucionalidade e/ou invalidade de norma legitimamente inserida no ordenamento jurídico nacional. Com efeito, a apreciação de assuntos desse tipo achase reservada ao Poder Judiciário, pelo que qualquer discussão quanto aos aspectos da inconstitucionalidade e/ou invalidade das normas jurídicas deve ser submetida ao crivo desse Poder. O Órgão Administrativo não é o foro apropriado para discussões dessa natureza. Os mecanismos de controle da constitucionalidade, regulados pela própria Constituição Federal, passam, necessariamente, pelo Poder Judiciário que detém, com exclusividade, essa prerrogativa. É inócuo, então, suscitar tais alegações na esfera administrativa. Em verdade, a autoridade encontrase vinculada ao estrito cumprimento da legislação tributária, estando impedida de ultrapassar tais limites para examinar questões outras como as suscitadas na contestação em exame, uma vez que às autoridades tributárias cabe simplesmente cumprir a lei e obrigar seu cumprimento. Por oportuno, assinalese que tal é a determinação do art. 26A do Decreto 70.235/1972, incluído pelo art. 25 da Lei n° 11.941/2009: Art. 25. O Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.” Fl. 2385DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16643.000022/200991 Acórdão n.º 1402002.227 S1C4T2 Fl. 2.386 8 Ademais, esses mesmos argumentos foram deduzidos pela impugnante no mandado de segurança nº 2005.61.00.0285947, no qual ainda não há decisão judicial transitada em julgado, de modo que a matéria encontrase sub judice. A propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, importa renúncia às instâncias administrativas. Tal comando consta de vários atos legais, como o art. 26 da Portaria MF nº 341/2011, o art. 38 da Lei nº 6.830/1980 e o art. 1º do Decretolei nº 1.373/1979. Também o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF acolhe tal entendimento, conforme se infere da seguinte Súmula: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. A Secretaria da Receita Federal já se manifestou expressamente sobre o tema da concomitância entre processo administrativo e judicial. Nesse sentido, foi expedido o ADN nº 3/96, da Coordenação Geral do Sistema de Tributação da Secretaria da Receita Federal, esclarecendo que: a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda, de ação judicial por qualquer modalidade processual antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto, importa renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto. Por fim, não há que se falar também em sobrestamento do feito a fim de se aguardar a decisão judicial transitada em julgado, uma vez que a suspensão da exigibilidade do crédito tributário foi revogada pelo próprio Poder Judiciário. Logo, sobrestar o presente feito, após sequer conhecerse do mérito do recurso voluntário, implicaria revigorar a suspensão da exigibilidade do crédito que o próprio Poder Judicário entendeu por bem não fazêlo. 3 CONCLUSÃO Isso posto, voto por não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO – Relator Fl. 2386DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 11128.006391/2004-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue May 10 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3201-000.674
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por UNANIMIDADE de votos, em converter o julgamento em diligência.
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO- Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Elias Fernandes Eufrásio, Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisario e Winderley Morais Pereira. Ausente, justificadamente, a conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO
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CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Elias Fernandes Eufrásio, Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisario e Winderley Morais Pereira. Ausente, justificadamente, a conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. RELATÓRIO Por bem descrever a matéria de que trata este processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida. O importador, por meio da declaração de importação DI n° 01/07395295, de 25/07/2001, importou a mercadoria descrita como "FLOODWAX CONCENTRADO AP2240 CERA DE PETRÓLEO MICROCRISTALINA", classificando na NCM 2712.90.00, com alíquotas de 6,5 % de imposto de importação e 0,0 % do imposto sobre produtos industrializados. Segundo a fiscalização, a classificação fiscal correta para o produto é a NCM 3404.90.29, com alíquota do imposto de importação de 16,5 % e alíquota do imposto sobre produtos industrializados de 15,0%. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 11 28 .0 06 39 1/ 20 04 -9 8 Fl. 284DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11128.006391/200498 Resolução nº 3201000.674 S3C2T1 Fl. 285 2 Baseouse a autuação no Laudo Labana n° 2875.01 de 16/11/2001, fls. 20 e seguintes. Através do Auto de Infração de fls. 01 a 27, cobraramse as diferenças de imposto de importação, imposto sobre produtos industrializados, juros, multa de ofício e multa pela falta de guia de importação. Intimada do Auto de Infração em 08/12/2004 (fl. 27), a interessada apresentou impugnação e documentos em 06/01/2005, juntados às folhas 30 e seguintes, alegando em síntese: 1. Preliminarmente, alega a nulidade do laudo realizado pois apenas os agentes do fisco puderam formular quesitos. Cita como fundamento o art. 18 do PAF (Decreto n° 70.235/72). Alega que a mercadoria está sobre procedimento fiscal desde o registro da declaração de importação, nos termos do art. 7 do mesmo PAF e art. 73, I e 485 do Regulamento Aduaneiro (Decreto n° 4.543/02). Cita jurisprudência administrativa e judicial sobre o tema. 2. Alega que o produto encontrase corretamente enquadrado. Cita as NESH do capítulo 27, 34 e da subposição 3404.90. Cita as regras de classificação do Sistema Harmonizado 2 "b", 3 "a" e 6. 3. Alega que, na hipótese de não ver reconhecida sua classificação, também não estaria correta a adotada pela fiscalização. Alega que o produto importado não é uma cera preparada. Cita o art. 112 do CTN. Cita jurisprudência administrativa e judicial sobre o tema. 4. Alega ser incabível a multa do art. 44,1 da Lei n° 9.430/96, por aplicação do Parecer C.S.T. n° 477/88 e do ADI SRF n° 13/2002. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. 5. Alega ser incabível a multa por falta de guia de importação, tendo em vista que para ambas as classificações o licenciamento se processa de forma automática. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. 6. Alega a ilegalidade /inconstitucionalidade da taxa SELIC. 7. Solicita a produção de provas complementares, apresenta quesitos e indica assistente técnico. 8. Solicita, por fim, que seja considerada improcedente a presente autuação. Sobreveio decisão da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo II/SP, que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido encontramse consubstanciados na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 25/07/2001 Ementa: CLASSIFICAÇÃO FISCAL. O produto de denominação comercial FLOODWAX CONCENTRADO AP2240, presente neste auto de infração, encontra correta classificação tarifária na NCM 3404.90.29. Fl. 285DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11128.006391/200498 Resolução nº 3201000.674 S3C2T1 Fl. 286 3 Inconformada com a decisão, apresentou a recorrente, tempestivamente, o presente recurso voluntário. Na oportunidade, reiterou os argumentos colacionados em sua defesa inaugural. A 1ª Turma da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF, em sessão de 30/06/2010, decidiu pela conversão do julgamento em diligência, para que fosse produzido novo laudo técnico, feito pelo Instituto Nacional de Tecnologia INT, no qual se responda os quesitos formulados pelo contribuinte no item 7.3 de sua impugnação (fls. 59 a 60), acrescidos dos quesitos formulados pela fiscalização (fls. 19). A recorrente foi intimada a apresentar os quesitos a serem respondidos pelo INT, bem como a fornecer o produto a ser periciado. Em resposta, reafirmou os quesitos já apresentados na impugnação, bem como informou que não dispõe mais de amostras dos produtos que ensejaram na autuação fiscal, requerendo que a perícia seja então realizada com a apresentação da amostra em poder do LABANA/8ª R.F.FALCÃO BAUER, à época da emissão do Laudo Técnico n° 2.875.1/2.001. O citado LABANA, intimado a se pronunciar acerca da amostra em seu poder, afirmou que o mesmo se encontra com a data de validade vencida. A unidade de origem, com base nestes fatos, apresentou relatório de instrução, no qual considerou prejudicada a diligência, encaminhando o processo novamente a este Conselho. VOTO A informação fiscal de fls. 244/245 não foi cientificada as partes, não lhes sendo concedido prazo para manifestação. Desta forma, como o objetivo de sanar as falhas processuais, mostrase necessário que as partes sejam cientificadas dos documentos anexados aos autos em sede de diligência fiscal, sendolhes concedida a oportunidade de manifestarse acerca destes novos elementos trazidos aos autos. Diante do exposto, voto por que se CONVERTA O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para que seja dada ciência à recorrente dos novos elementos trazidos aos autos em decorrência da diligência demandada, em respeito ao princípio do contraditório, bem como seja concedido prazo de 30 dias para manifestação. Por fim, devem os autos retornar a este conselheiro para prosseguimento no julgamento. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Relator Fl. 286DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Numero do processo: 11020.720146/2012-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
IRPF. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE.
Comprovado, através de laudo oficial, que o contribuinte é portador de moléstia grave prevista em lei e que seus proventos são decorrentes de benefício de aposentadoria, é forçoso reconhecer o seu direito à isenção do Imposto de Renda, conforme previsto no art. 6º, incisos XXI e XIV da Lei nº 7.713/88.
Recurso Provido
Numero da decisão: 2301-004.664
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(Assinado digitalmente)
João Bellini Junior - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Alice Grecchi - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Alice Grecchi, Amilcar Barca Teixeira Junior, Ivacir Julio da Rosa, Fabio Piovesan Bozza, Andrea Brose Adolfo, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Julio Cesar Vieira Gomes
Nome do relator: ALICE GRECCHI
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ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. Comprovado, através de laudo oficial, que o contribuinte é portador de moléstia grave prevista em lei e que seus proventos são decorrentes de benefício de aposentadoria, é forçoso reconhecer o seu direito à isenção do Imposto de Renda, conforme previsto no art. 6º, incisos XXI e XIV da Lei nº 7.713/88. Recurso Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (Assinado digitalmente) João Bellini Junior Presidente. (Assinado digitalmente) Alice Grecchi Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Alice Grecchi, Amilcar Barca Teixeira Junior, Ivacir Julio da Rosa, Fabio Piovesan Bozza, Andrea Brose Adolfo, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Julio Cesar Vieira Gomes AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 72 01 46 /2 01 2- 03 Fl. 54DF CARF MF Impresso em 30/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 Relatório Contra o contribuinte acima referido, foi lavrada Notificação de Lançamento (fls. 17/20) em procedimento de revisão da Declaração de Ajuste Anual Exercício 2011 – Ano Calendário 2010, por omissão de rendimentos recebidos do INSS, no valor de R$ 31.828,22. Na apuração do imposto devido foi compensado o imposto de renda retido sobre os rendimentos omitidos no valor de R$ 852,59. O enquadramento legal e o resumo dos fatos constam no Auto de Infração à fl. 18. O contribuinte apresentou impugnação (fl. 02/04), acompanhada de documentos (fls. 05/08). Informou que em fevereiro de 2011 tomou conhecimento de que, por ser portador de moléstia grave, era isento de tributação em relação aos rendimentos recebidos de aposentadoria por tempo de serviço. Informou que entregou Laudo de Conclusão de Perícia Médica em 24/11/2011 à Secretaria da Receita Federal. Aduziu que houve má interpretação do Laudo e que não houve "recuperação clínica completa", conforme Atestado emitido pelo Dr. Francisco Wisintainer, CREMERS 15459, em 30/11/2011 (fl. 05). A Turma de Primeira Instância julgou improcedente a impugnação apresentada com o fundamento de que o contribuinte só enquadrouse para isenção do imposto de renda no período de 08/11/96 a 04/12/97. A ciência do Acórdão nº 1037.4978ª Turma da DRJ/POA (fl. 41/44), ocorreu em 05/04/2012, mediante Aviso de Recebimento AR (fl. 47). Sobreveio recurso voluntário em 10/04/2012 (fl. 48/49), acompanhado de documentos (fls. 50/51). Tratouse de recurso genérico com a informação de que o contribuinte se enquadra na legislação para isenção do imposto de renda por ser portador de neoplasia maligna. Voto Conselheira Relatora Alice Grecchi O recurso voluntário ora analisado, possui os requisitos de admissibilidade do Decreto nº 70.235/72, motivo pelo qual merece ser conhecido. Alega o contribuinte ser portador de patologia identificada como neoplasia maligna, Doença de Hodgkin C81.9 EC IV B PL+S+, prevista no art. 6°, inciso XIV, da Lei n° 7.713/1988, conforme testado emitido pelo Dr. Francisco Wisintainer, CREMERS 15459, em 30/11/2011 (fl. 05). Subtraio abaixo, excertos do julgado para bem elucidar a questão: [...] Fl. 55DF CARF MF Impresso em 30/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 11020.720146/201203 Acórdão n.º 2301004.664 S2C3T1 Fl. 55 3 O Laudo Médico Pericial da Previdência Social apresentado (fls. 06/07) é claro ao afirmar que houve o enquadramento para isenção do imposto de renda no período de 08/11/96 a 04/12/97 e que atualmente (data de 22/02/2011) não há incapacidade devido à recuperação clínica completa, sem recidivas neoplásicas. [...] Em obediência a norma acima exposta, embora reste comprovado tratarse de proventos de aposentadoria recebidos em 2010, não se enquadra em qualquer das hipóteses de isenção previstas na legislação porque o Laudo Pericial emitido por serviço médico oficial da União INSS identifica o período em que o contribuinte esteve enquadrado, não contemplando o ano calendário de 2010 em tela. [...] Sabese que para o deferimento do benefício pleiteado, o artigo 6º da Lei nº. 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com as alterações do art. 47 da Lei n° 8.541, de 23 de dezembro de 1992 e art. 30, § 2º da Lei nº. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, estabeleceu a concessão da isenção do IRPF nos seguintes casos: a) os valores recebidos serem de proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço; e b) ser portador de moléstia prevista no texto legal e comprovada por meio de laudo médico pericial emitido pelo serviço médico oficial da União, Estados, Distrito Federal ou dos Municípios (caput art. 30 da Lei nº 9.250/1995). Quanto ao primeiro requisito, restou incontroverso que os proventos percebidos pelo contribuinte são de aposentadoria por tempo de serviço, nas palavras do julgador "a quo" "...embora reste comprovado tratarse de proventos de aposentadoria recebidos em 2010...". No tocante ao segundo requisito, a lei faz duas exigências: (i) que a moléstia da qual o contribuinte sofre seja uma daquelas previstas e (ii) que a comprovação seja feita por meio de laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município. Compulsando os autos, verificase que o contribuinte acostou Conclusão da Perícia Médica INSS (fls. 06/07), datado de 22/02/2011 e assinado pelo Médico Perito Previdenciário Fernando Crivellaro, Matrícula 1501349, atestando que o recorrente se enquadra na legislação de isenção devido a doença maligna correspondente entre o período de 08/11/1996 e 04/12/1997. Daí inferese que a Turma de Primeira Instância baseouse neste documento para prolatar decisão desfavorável para o contribuinte. Entretanto, importante observar que em sede recursal o recorrente trouxe a RETIFICAÇÃO do Laudo Pericial (Conclusão da Perícia Médica INSS). O novo documento assinado pelo mesmo médico perito e datado de 14/02/2013 (fls. 50/51), dá guarida a alegação do contribuinte, uma vez que conclui que o requerente É PORTADOR de doença neoplásica maligna (Doença de Hodgkin), com diagnóstico em 1996. Fl. 56DF CARF MF Impresso em 30/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 O art. 6º, inciso XIV, da Lei 7.713/88, com redação dada pelo art. 47 da Lei 8.541/92, que passou a vigorar com a nova redação dada pelo art. 1º da Lei 11.052/04, evidencia que o recorrente se enquadra nas hipóteses previstas na legislação para isenção do importo de renda, abaixo transcrito: Art. 1o O inciso XIV do art. 6o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pela Lei no 8.541, de 23 de dezembro de 1992, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (grifei) Portanto, verificase que o apesar de ter sido diagnosticada em 1996, a doença persiste, motivo pelo qual se faz necessário o acompanhamento médico, conforme Atestado do médico particular à fl. 05. Assim, conforme se verifica do dispositivo legal supra, a moléstia suportada pelo sujeito passivo se enquadra entre as doenças isentivas do IRPF, (neoplasia maligna), conforme foi comprovado pelo documento acostado em fls. 50/51. Ante ao exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso. (Assinado Digitalmente) Alice Grecchi Relatora Fl. 57DF CARF MF Impresso em 30/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 15504.002504/2011-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jul 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2011
Simples Nacional. Débitos Tributários. Possibilidade de Opção.
A regra geral do artigo 17 da Lei Complementar nº 123/06 dispõe que, para optar pelo Simples Nacional, o contribuinte deve regularizar eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, até o término do prazo da opção, sujeitando-se ao indeferimento da opção em caso contrário. Todavia, o artigo 31 do mesmo diploma legal, em seu § 2º, autoriza a permanência do contribuinte no regime de tributação favorecido, diferenciado e simplificado, mediante a comprovação da regularização do débito ou do cadastro fiscal no prazo de até 30 (trinta) dias contados a partir da ciência da comunicação da exclusão.
Numero da decisão: 1302-001.903
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes Wipprich Relatora
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Ana de Barros Fernandes Wipprich, Rogério Aparecido Gil, Marcelo Calheiros Soriano, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH
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ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2011 Simples Nacional. Débitos Tributários. Possibilidade de Opção. A regra geral do artigo 17 da Lei Complementar nº 123/06 dispõe que, para optar pelo Simples Nacional, o contribuinte deve regularizar eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, até o término do prazo da opção, sujeitando-se ao indeferimento da opção em caso contrário. Todavia, o artigo 31 do mesmo diploma legal, em seu § 2º, autoriza a permanência do contribuinte no regime de tributação favorecido, diferenciado e simplificado, mediante a comprovação da regularização do débito ou do cadastro fiscal no prazo de até 30 (trinta) dias contados a partir da ciência da comunicação da exclusão.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Ana de Barros Fernandes Wipprich, Rogério Aparecido Gil, Marcelo Calheiros Soriano, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
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DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. POSSIBILIDADE DE OPÇÃO. A regra geral do artigo 17 da Lei Complementar nº 123/06 dispõe que, para optar pelo Simples Nacional, o contribuinte deve regularizar eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, até o término do prazo da opção, sujeitandose ao indeferimento da opção em caso contrário. Todavia, o artigo 31 do mesmo diploma legal, em seu § 2º, autoriza a permanência do contribuinte no regime de tributação favorecido, diferenciado e simplificado, mediante a comprovação da regularização do débito ou do cadastro fiscal no prazo de até 30 (trinta) dias contados a partir da ciência da comunicação da exclusão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich– Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Ana de Barros Fernandes Wipprich, Rogério Aparecido Gil, Marcelo Calheiros Soriano, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 00 25 04 /2 01 1- 21 Fl. 51DF CARF MF Impresso em 26/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente e m 14/07/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente em 26/07/2016 por LUIZ TADE U MATOSINHO MACHADO 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela empresa em epígrafe, efls. 37 a 40, contra o Acórdão nº 0357474/11, proferido pela Terceira Turma de Julgamento da DRJ em Brasília/DF, efls 32 a 34, que manteve o indeferimento da opção da empresa pelo Simples Nacional, para o anocalendário de 2011, em vista de a não regularização de débitos em aberto no prazo da opção, consoante determinado pela norma tributária. O aresto restou assim ementado: SIMPLES NACIONAL. DECISÃO INDEFERITÓRIA DA OPÇÃO DE INGRESSO. NÃO REGULARIZAÇÃO DAS PENDÊNCIAS NO PRAZO REGULAMENTAR. A regularização de eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional deve ser feita enquanto não vencido o prazo para a solicitação. O Termo de Indeferimento da opção, efls. 06, acusou a existência de dois débitos em aberto, que motivaram o indeferimento da opção, a saber multas por atraso/falta de entrega de DIPJ (2006 e 2008), nos valores de R$200,00 cada débito. A recorrente apresenta DARF de pagamentos dos débitos às efls. 14 e 15, realizados em 16 de fevereiro de 2011, confirmados pela RFB (Secretaria da Receita Federal do Brasil) às efls. 24 e 25. A empresa interpôs tempestivamente1 o Recurso de efls. 37 a 40, reiterando os termos da defesa exordial, na qual argumentou que pagou os débitos apontados no Termo de Indeferimento tão logo fora cientificada da sua existência, e acrescentou considerações a respeito do direito dos contribuintes em permanecerem no Simples, invocando os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, isonomia tributária, invocando julgado proferido pelo Supremo Tribunal Federal (ADI 1.543) e, ainda, tecendo considerações sobre exclusão de contribuinte do Simples quando possui despesas superiores a 20% do faturamento anual, matéria estranha a este litígio. É o suficiente para o relatório. Passo ao voto. 1 AR – 06/12/13, efls. 35; Recurso – 18/12/13, efls. 37 Voto Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich, Relatora Conheço do Recurso Voluntário, por tempestivo. Fl. 52DF CARF MF Impresso em 26/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente e m 14/07/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente em 26/07/2016 por LUIZ TADE U MATOSINHO MACHADO Processo nº 15504.002504/201121 Acórdão n.º 1302001.903 S1C3T2 Fl. 3 3 O artigo 17 da Lei Complementar nº 123/06, em seu inciso V, dispõe: Das Vedações ao Ingresso no Simples Nacional Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: (...) V que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; E o artigo 31, §2º, tem a seguinte redação: Art. 31. A exclusão das microempresas ou das empresas de pequeno porte do Simples Nacional produzirá efeitos: (...) § 2o Na hipótese dos incisos V e XVI do caput do art. 17, será permitida a permanência da pessoa jurídica como optante pelo Simples Nacional mediante a comprovação da regularização do débito ou do cadastro fiscal no prazo de até 30 (trinta) dias contados a partir da ciência da comunicação da exclusão. A despeito do artigo 17 disciplinar o ingresso no Simples Nacional e o artigo 31 cuidar das hipóteses legais de exclusão do referido regime de tributação, entendo que ao citar expressamente o inciso e o artigo que impedem o ingresso, a norma insculpida no artigo 31 acaba por favorecer os contribuintes que, dentro do prazo de trinta dias, regularizam a situação fiscal, após serem cientificados de quais os débitos que possuem em aberto por meio do próprio Termo de Indeferimento de opção. A norma complementar não poderia fazer distinção das situações entre os contribuintes, aqueles que querem ingressar e aqueles que já estão usufruindo do regime de favor fiscal, sendo o relevante para as fazendas públicas os recolhimentos dos débitos em atraso e a regularização da situação fiscal. Assim entendo que o dispositivo legal, artigo 31, § 2º, ao remeter expressamente à situação descrita no artigo 17, inciso V, acaba por estender o prazo para a regularização das pendências com débitos e permitindo o gozo do benefício fiscal, igualando a situação dos contribuintes interessados no regime favorecido e diferenciado, sendo discriminatória a diferença de tratamento apenas pelo fato de já estar no Simples Nacional ou querer ingressar neste. Há ainda que se invocar que, desta forma, ao contribuinte faltoso é dada a oportunidade de sanar as causas impeditivas, após ser regularmente cientificado de sua existência. No caso em concreto, a recorrente foi cientificada dos débitos com a Fazenda Nacional, consubstanciado em duas multas por atraso/falta de entrega de DIPJ, em 15 de fevereiro de 2011 e procedeu aos pagamentos em 16 de fevereiro, regularizando a sua situação fiscal. Fl. 53DF CARF MF Impresso em 26/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente e m 14/07/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente em 26/07/2016 por LUIZ TADE U MATOSINHO MACHADO 4 Diante destas considerações, deixo de me manifestar sobre os princípios constitucionais invocados pela recorrente e outras ilações, que, ademais, estão preclusas por não terem sido aventadas nas defesas anteriores. Voto, pelo exposto, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich Fl. 54DF CARF MF Impresso em 26/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente e m 14/07/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente em 26/07/2016 por LUIZ TADE U MATOSINHO MACHADO
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002015/2004-72
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Jun 24 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003
Requisitos de admissibilidade do recurso.
Condições Obiter Dictum
As razões expostas em sede de obiter dictum, que não se incorporam ao conteúdo do julgado, não dão azo ao recurso especial de divergência.
Similaridade Fática
Demonstrado que o acórdão apontado como paradigma debruçou-se sobre matéria fática diversa da debatida descabe admitir o recurso especial de divergência
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003
Base de Cálculo. Variações Cambiais
As variações cambiais integram a base de cálculo da Cofins, a partir de janeiro de 2000, devem ser submetidas à tributação pelo regime de caixa desde que o mesmo critério seja seguido para efeito de apuração das bases de cálculo do IRPJ, da CSLL e da Contribuição para o PIS/Pasep.
Recurso especial conhecido em parte, e, na parte conhecida, Negado
Numero da decisão: 9303-003.894
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer, parcialmente, do recurso especial e, na parte conhecida, por maioria, em negar provimento. Vencidas as Conselheiras Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Julgamento iniciado na sessão de 26/4/2016, em que votaram o Relator e os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Érika Costa Camargos Autran e Charles Mayer de Castro Souza, tendo sido interrompido em face do pedido de vista da Conselheira Vanessa Marini Cecconello e concluído nesta data.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Henrique Pinheiro Torres - Relator
Participaram do Julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López.
Nome do relator: HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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Interessado Fazenda Nacional ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO. CONDIÇÕES OBITER DICTUM As razões expostas em sede de obiter dictum, que não se incorporam ao conteúdo do julgado, não dão azo ao recurso especial de divergência. SIMILARIDADE FÁTICA Demonstrado que o acórdão apontado como paradigma debruçouse sobre matéria fática diversa da debatida descabe admitir o recurso especial de divergência ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÕES CAMBIAIS As variações cambiais integram a base de cálculo da Cofins, a partir de janeiro de 2000, devem ser submetidas à tributação pelo regime de caixa desde que o mesmo critério seja seguido para efeito de apuração das bases de cálculo do IRPJ, da CSLL e da Contribuição para o PIS/Pasep. Recurso especial conhecido em parte, e, na parte conhecida, Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer, parcialmente, do recurso especial e, na parte conhecida, por maioria, em negar provimento. Vencidas as Conselheiras Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 20 15 /2 00 4- 72 Fl. 3178DF CARF MF Impresso em 24/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/06/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 15/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.002015/200472 Acórdão n.º 9303003.894 CSRFT3 Fl. 3.179 2 Julgamento iniciado na sessão de 26/4/2016, em que votaram o Relator e os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Érika Costa Camargos Autran e Charles Mayer de Castro Souza, tendo sido interrompido em face do pedido de vista da Conselheira Vanessa Marini Cecconello e concluído nesta data. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Henrique Pinheiro Torres Relator Participaram do Julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López. Relatório Tratase de recurso especial de divergência, por meio do qual a Contribuinte pleiteia a reforma do Acórdão 20402.381, cuja ementa se transcreve a seguir, na fração que interessa ao presente julgamento: VARIAÇÕES CAMBIAIS. ADOÇÃO REGIME DE COMPETÊNCIA. As variações cambiais ativas integram a base de cálculo da contribuição por expressa determinação legal, e se tributadas pelo regime de competência, por opção do contribuinte, devem ser reconhecidas por período de apuração, independentemente da efetiva liquidação das operações que as geraram. INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL. CONTRATO DE CESSÃO. Comprovada a indisponibilidade do "Bem Cedido" para fins de integralização de capital, correto o procedimento fiscal que conclui pela inexistência, para fins tributários, da transferência de titularidade do mesmo. No acórdão recorrido, como é possível extrair da ementa, considerouse que o regime de competência impõe o reconhecimento das receitas ao final de cada período de apuração do tributo, ainda que não tenha ocorrido a liquidação do contrato. Outra matéria decidida desfavoravelmente à Contribuinte foi a referente à inclusão da receita obtida com ativo alegadamente cedido a coligada (zero cupom bond) na base de cálculo. Estas são as matérias recursais admitidas pelo despacho de fls. 3.085 e seguintes1 e que, consequentemente, devem ser enfrentadas por este Colegiado. Em suas contrarrazões, a Douta Procuradoria da Fazenda Nacional, em síntese, pleiteia a manutenção do acórdão por suas próprias razões e cita decisão desta Terceira 1 O presente processo foi digitalizado e, consequentemente, renumerado. Qualquer referência a numero de folha, salvo ressalva, diz respeito à numeração digital. Fl. 3179DF CARF MF Impresso em 24/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/06/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 15/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.002015/200472 Acórdão n.º 9303003.894 CSRFT3 Fl. 3.180 3 Turma, que, analisando os mesmos fatos, relativos à mesma contribuinte, decidiu pela manutenção da exigência da Contribuição para o PIS/Pasep (Acórdão 9303002.0172). Não foi apresentado recurso pela Fazenda Nacional, conforme termo de intimação à fl. 1.431. Esclareçase, por oportuno, que a Recorrente pretendeu ainda discutir, em sede de recurso especial, o "alargamento" da base de cálculo da Cofins, mas tal matéria não teve prosseguimento, em razão de que, diferentemente do que se verificou no paradigma, a Contribuinte seria parte em ação judicial ajuizada com o objetivo de discutir esse tema. Finalmente, cabe destacar que o Sujeito Passivo não apresentou recurso acerca da decadência, em razão de que esta parcela, segundo consignado no recurso, teria sido reconhecida de ofício pelo órgão preparador. É o Relatório. 2 Conselheiro Júlio Cesar Alves Ramos (Redator Designado). Voto de qualidade. Voto Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, Relator Entendo que o recurso preenche parcialmente as condições de admissibilidade. Assim, antes de se adentrar no julgamento do mérito, julgo relevante revisitar o exame de admissibilidade que deu seguimento a duas das matérias recorridas, mais precisamente no que se refere à incidência sobre receitas relativas a títulos alegadamente transferidos a coligadas. Em apertada síntese, sustenta a recorrente que o acórdão recorrido desconsiderou a transferência de ativos para a Ciminas Ltda., por entender que a operação, a despeito da sua realização dentro da legalidade, não possuiria nenhuma razão lógica, senão a economia de impostos. Esclareçase que a discussão acerca desse ponto seria crucial para se avaliar a tributação dos ganhos inerentes à valorização desses ativos alegadamente cedidos a coligada. Caso seja considerado que tal transferência atingiu seus efeitos, estarseia diante de resultado positivo da equivalência patrimonial, excluído da base de cálculo da Cofins. Caso contrário, de ganho auferido pela recorrente, incluído na referida base de cálculo. Pois bem. A meu ver, diferentemente do alegado em sede de recurso, o acórdão recorrido não se limitou a questionar a suposta ausência de lógica (ou propósito) da operação, questionou a sua efetividade. Confirase os seguintes excertos do votocondutor. Fl. 3180DF CARF MF Impresso em 24/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/06/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 15/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.002015/200472 Acórdão n.º 9303003.894 CSRFT3 Fl. 3.181 4 Dessarte, concluise que parte dos recursos provenientes do empréstimo de US$ 100.000.000,00 foi destinada à aplicação financeira no valor de US$ 28.611.531,38, dada em garantia de empréstimo captado no exterior, conforme Contrato de Custódia. E mais, os direitos e benefícios relativos a esses Títulos do Tesouro Americano "Zero Coupons Bonds", mantidos em conta de custódia, foram cedidos para The Law Debênture Trust Corporation p.l.c., em 25/07/1989. No entanto, o contribuinte. em 20/09/1994, através de seus representantes legais, conforme Ata da Reunião do Conselho de Administração Registro JUCESP 143.410/945, aprovou a proposta de participação societária, na CIMINAS INVESTMENT LTD, empresa sediada nas Ilhas Cayman, British West Indies. sendo deliberado que a integralização no capital social da empresa . seria feita mediante a transferência de propriedade dos Títulos do Tesouro Americano "Zero Coupons Bonds"; mantidos em conta de custódia, e cedidos ao The Law Debênture Trust Corporation pic., avaliados à época em USS 45.013.352,36. Ou seja, foram cedidos os mesmos Títulos vinculados ao empréstimo junto ao Citibank NALondres, e já anteriormente cedidos ao The Law Debênture Trust Corporation p.l.c. (...) Pela análise dos diversos contratos anexados aos autos, verifica se que a Holcim Brasil S/A, na realidade, em 1994. não dispunha de liberdade para negociar os Títulos do Tesouro Americano — "Zero Coupons Bonds'', mantidos em conta de custódia, já cedidos em 1989 para o Agente Fiduciário, The Law Debênture Trust Corporation p.l.c. Também, resta bem claro, pelas Cláusulas do Contrato de Cessão, celebrado em 1994 entre a Holcim Brasil S/A e a Ciminas Investment Ltd, que a Cessionário "receberia o Bem Cedido", que, ressaltese, todos os direitos sobre este já estavam cedidos desde 1989, não sendo a esta disponibilizada qualquer liberdade negocia em relação a referido bem que estava, de maneira formal, integrando o seu patrimônio. Ora, as Cláusulas relativas às "Obrigações de Não Fazer" constantes do Contrato de Cessão demonstram, de forma cabal, serem corretas as conclusões a que chegou a autoridade fiscal. Com efeito, observase que nenhuma disponibilização sobre o "Bem Cedido"foi outorgada à Cessionária. Então, perguntase, o que na realidade foi cedido à Ciminas Investment Ltd, haja vista que esta encontravase impedida de todo ato negocial em relação ao bem? Na verdade o que o Contrato de Cessão, formalizado em 1994, registra, é um amontoado de impedimentos. Impedimentos da Cedente e da nova Cessionária. Dessarte, como se concluir pela efetivação da integralização de capital, para efeitos tributários, se as duas, Holcim Brasil S/A e Ciminas Investment Ltd, Fl. 3181DF CARF MF Impresso em 24/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/06/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 15/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.002015/200472 Acórdão n.º 9303003.894 CSRFT3 Fl. 3.182 5 assumem de forma conjunta um acumulado de impedimentos?. Qual, na realidade, foi a tradição que ocorreu? Como é possível verificar, um dos fundamentos para a manutenção do lançamento é a impossibilidade jurídica da operação de cessão de títulos que já haviam sidos cedidos, conforme consignado na própria ementa. O segundo, é a conclusão de que o único fim almejado com a operação societária seria a busca por reduzir o pagamento de tributos. Já o acórdão paradigma partiu do pressuposto de que as operações societárias teriam sido praticadas em conformidade com a legislação de regência e que não teria restado demonstrado que a intenção da Contribuinte seria a economia de impostos. As considerações acerca da redução do ônus tributário corresponderiam a uma consideração em sede de obiter dictum. Confirase os seguintes excertos do votocondutor (destaques acrescidos): Os institutos de direito privado adotados (distribuição de dividendos —eventos "2" e "7", venda de quotas evento "3", aumento de capital eventos "4" e "6", redução de capital evento "9") são coerentes a realidade exteriorizada transferência de propriedade das quotas, tanto examinando cada ato separadamente como no seu conjunto. (...) Ainda que se entendesse que desde o primeiro ato a intenção do Recorrente fosse distribuir dividendos de 3SIL ao Recorrente sem tributação no Brasil, o que não resta demonstrado nos autos até pelo tempo decorrido entre os atos e pela circunstância de que o Recorrente decidiu se retirar em definitivo do país após a redução de capital de 4DIL e 5BIL, entendo, com base nos parâmetros acima referidos, que não há demonstração de que os atos praticados sejam irreais ou substancialmente diferentes daqueles declarados. Admitindose, apenas para argumentar, que tivesse havido a intenção de economia fiscal e que esta tivesse se ultimado com a redução de capital referida no evento "9", pela qual os recursos financeiros de titularidade de SIL teriam sido recebidos pelo Recorrente sem a tributação que seria aplicável caso tais recursos tivessem sido distribuídos como dividendos (evento "7"), tal resultado mais vantajoso estaria, a meu ver, tutelado pelo ordenamento, caracterizando a elisão fiscal face à ausência de simulação pelas razões acima apontadas. Em outras palavras, se o Recorrente dispunha, para alcançar o objetivo de receber recursos de titularidade de sua controlada no exterior, de duas formas jurídicas igualmente lícitas, não há nada no ordenamento que o obrigasse a adotar aquela fiscalmente mais onerosa. Como é facilmente verificável, mesmo que se admitisse que referência alheia ao litígio, efetivamente, enfrentado pelo acórdão paradigma, pudesse ser levada em consideração, para efeito de avaliação de divergência jurisprudencial, haveria questão fática 3 SIL Santana Internacional Ltd. 4 DIL Desiderata Investments Ltd. 5 BIL Brasfina Investment Ltd. Fl. 3182DF CARF MF Impresso em 24/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/06/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 15/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.002015/200472 Acórdão n.º 9303003.894 CSRFT3 Fl. 3.183 6 antecedente que, por si só, afastaria a demonstração da divergência dada a evidente ausência de similaridade fática. Recordese, o voto condutor do acórdão apontado como paradigma analisou operações diversas da que se discutiu no presente processo e concluiu que nada há de questionável em tais operações enquanto que, aqui, partiuse do pressuposto de que a cessão de direitos não atingira seus efeitos, em face da impossibilidade de sua efetivação. Acrescentese, ademais, que não é possível, no presente recurso especial, rediscutir a interpretação do órgão a quo acerca dos efeitos dos contratos analisados, salvo se demonstrado que outro colegiado deste CARF ou dos extintos Conselhos de Contribuintes analisando contratos idênticos, chegou à conclusão diversa. Com essas considerações, entendo que o recurso do sujeito passivo, nessa matéria, não merece ser conhecido. Passada a fase do conhecimento, passemos ao mérito, com relação à matéria que deve ter seguimento, no caso, a apuração da Cofins incidente sobre receitas cambiais, entendo que não assiste razão ao sujeito passivo. Com relação a este ponto, entendo perfeitamente aplicáveis as razões de decidir expostas no voto condutor do acórdão recorrido, reproduzidas no Acórdão 9303 002.017, de lavra do Conselheiro Júlio Cesar Alves Ramos, que adoto como razões de decidir. Após longa meditação, já manifestei minha posição no sentido de que ela integra a base de cálculo da Cofins uma vez incidindo a Lei n° 9.718, a partir de fevereiro de 1999. E o fundamento é simples. O § 1º do artigo 3° da Lei n° 9.718/98 aduz que "Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica". E o legislador, artigo 9° da citada Lei, conceituou "as variações monetárias dos direitos de crédito" como receita financeira. Os pressupostos para incidência do PIS e da Cofias, como costumo asseverar, é ser receita e própria. E este é o caso, pois a lei define que a variação monetária ativa é receita e o direito dela decorrente é da autuada. Também nesse sentido rumou o Ato Declaratório SRF n" 73/1999, averbando que, a partir de 01/02/1999, as variações monetárias ativas, das as variações cambiais são espécies, deveriam ser computadas na determinação da base de calculo do P1S/Pasep e da Cofins, eis que representam o ingresso de receitas financeiras. O artigo único do citado ato administrativo dispõe: "Artigo Único. As variações monetárias ativas auferidas a partir de I" de fevereiro de 1999 deverão ser computadas, na condição de receitas financeiras, na determinação das bases de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS." Nada obstante, quanto ao momento do auferimento da referida receita, e a conseqüente incidência da norma impositiva, na espécie é por período de apuração, uma vez que a recorrente, no Fl. 3183DF CARF MF Impresso em 24/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/06/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 15/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.002015/200472 Acórdão n.º 9303003.894 CSRFT3 Fl. 3.184 7 período sob exação, optou pela tributação no regime de competência. E aqui me valho das bem lançadas razões da decisão objurgada, quando consignou que: O regime de competência consiste no reconhecimento da receita da empresa no período a que a mesma se referir, independentemente de seu efetivo recebimento. Tratandose de tributação do PIS e da Cofins, em que os fatos geradores ocorrem mensalmente, as receitas devem ser reconhecidas e tributadas em cada período mensal. Tal regime é adotado por força de determinação legal e a sua substituição só pode ocorrer no caso de haver legislação específica autorizativa. No caso das variações monetárias em função de índices e coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual não há previsão legal que permita a adoção do regime de caixa para efeitos de tributação pelo PIS e Cofins. Entretanto, algumas diferenças são observadas no tratamento fiscal dado às receitas de variação cambial, como veremos a seguir. Até dezembro de 1999, o regime de competência era utilizado como regra geral de tributação pela Cofins e pelo PIS/Pasep sobre as receitas provenientes de variações monetárias, seja em função da taxa de câmbio, seja em função de outros índices aplicáveis por disposição legal ou contratual. Em relação às variações cambiais, contudo, essa regra foi alterada com a edição da Medida Provisória n° 1.85810, de 26 de outubro de 1999, e reedições, com as alterações da Medida Provisória n°2.15835, de 24 de agosto de 2001, contendo no artigo 30 a seguinte redação: Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 2000, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio , serão consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro liquido, da contribuição para o P1S/PASEP e da COFINS, bem assim da determinação do lucro da exploração, quando da liquidação da correspondente operação. § 1° À opção da pessoa jurídica, as variações monetárias poderão ser consideradas na determinação da base de cálculo de todos os tributos e contribuições referidos no capta deste artigo, segundo o regime de competência. § 2° A opção prevista no § 1º aplicarseá a todo o ano calendário. § 3º No caso de alteração do critério de reconhecimento das variações monetárias, em anoscalendário subseqüentes, para efeito de determinação da base de cálculo dos tributos e das contribuições, serão observadas as normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal." (grifos não são do original) Fl. 3184DF CARF MF Impresso em 24/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/06/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 15/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.002015/200472 Acórdão n.º 9303003.894 CSRFT3 Fl. 3.185 8 A partir de janeiro de 2000, portanto, por determinação legal, a regra foi alterada apenas em relação às variações monetárias em função da taxa de câmbio. A norma permitiu a apropriação das referidas receitas pelo regime de caixa, facultando à pessoa jurídica o direito de optar pelo regime de competência na determinação do IRPJ, CSLL, PIS e da Coibis, observandose, neste caso, que a opção prevalecerá para todo o anocalendário. Assim. em relação aos jatos geradores ocorridos a partir de 2000. objeto do presente lançamento, a lei facultava à Contribuinte o direito de optar pelo regime de apropriação das receitas cambiais. Conforme demonstrado, neste período a regra geral passou a ser a adoção do regime de caixa para efeito de tributação da variação cambial, podendo ser adotado o regime de competência a critério do contribuinte. Cabe ao sujeito passivo, portanto, analisar a conveniência da adoção de um ou outro regime, levando em conta os efeitos fiscais decorrentes de sua opção. (grifei) Se por um lado a adoção do regime de competência pode representar uma desvantagem ao Contribuinte para efeito de apuração da Cofins e do PIS, como alega o impugnante, por outro lado, tal sistemática pode ser mais conveniente na apuração de tributos calculados sobre o resultado como o 1RPJ e a CSLL, em razão da possibilidade de considerar as despesas financeiras na determinação do lucro operacional, de acordo com os arts. 375 e 377 do RIR199. Se o autuado tinha o direito garantido por lei de apurar o IR, a CSLL, o PIS e a Cofins incidentes sobre as variações cambiais quando da efetiva liquidação, .ou seja, pelo regime de caixa e optou pelo regime de competência, não cabe agora vir contestar a sistemática por ele mesmo escolhida, pretendendo modificar a base de cálculo utilizada no auto de infração, levantada com base nos demonstrativos e registros contábeis da empresa. Pelo exposto concluise que as variações monetárias ativas verificadas na contabilidade da empresa em função da taxa de câmbio ou em função de outros índices aplicáveis, devem ser computadas de acordo com o regime de competência para fins de incidência da Cofins, seja por opção do contribuinte, no caso das variações cambiais, seja por falta de previsão legal para utilização de outro regime de apuração, no caso das variações monetárias em função de outros índices. E não há que se falar em um terceiro regime de tributação, como nos ensina o Dr. Júlio César Alves Ramos no recurso 123.809. Não existe, na ciência contábil, um terceiro regime segundo o qual as variações monetárias só poderiam ser tributadas quando do vencimento do direito ou obrigação, por somente ai se tornarem "certas". Tal critério, baseado em doutrina de duvidoso valor, além de não ser previsto na boa técnica contábil, carece de toda lógica. De fato, numa transação com moeda estrangeira, o único valor certo é aquele nela expresso, objeto do contrato entre as partes. O valor em moeda nacional Fl. 3185DF CARF MF Impresso em 24/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/06/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 15/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.002015/200472 Acórdão n.º 9303003.894 CSRFT3 Fl. 3.186 9 dependerá sempre da taxa cambial. O exportador não tem como saber quantos reais receberá pela venda até que haja o efetivo pagamento e sua conversão em moeda nacional junto à Autoridade Monetária. No momento do vencimento o que se torna exigível é aquele valor em moeda estrangeira.. Essa exigibilidade não é, de modo algum, garantia de recebimento e. se este não ocorre, o crédito poderá ainda tomar um novo valor, inclusive menor, por força de eventual variação na taxa de câmbio. No caso de uma venda a prazo no mercado interno não é diferente (lembremse a propósito os acordos entre credor e devedor que muitas vezes importam renuncia ao recebimento de uma parte do crédito já reconhecido contabilmente). Utilizome, igualmente, das doutas observações do Dr. Júlio César Ramos, no referido recurso, para refutar o argumento que se põe quanto à aplicação do principio contábil da prudência para o reconhecimento das receitas para fins de tributação da Cofins na hipótese da tributação pelo regime de competência. Aqui, vale mencionar que o principio da prudência ou conservadorismo que alguns pretendem aplicar ao caso das variações cambiais, não tem aplicação à situação abordada. Isto porque, tal principio determina que se avaliem os itens do ativo pelo menor valor sempre que, no momento da elaboração da demonstração, haja dúvida quanto ao correto valor a considerar, ou haja mais de uma possibilidade de avaliação. Ora, na presente situação, como já se disse, o valor, no momento da elaboração da demonstração é perfeitamente determinado, não cabendo igualmente dúvida de que o valor em moeda estrangeira é já de direito crédito da empresa. Logo, há de ser reconhecido em moeda nacional na exata medida determinada pelo valor daquela moeda na data de elaboração da demonstração. E, com efeito, não há que se falar em compensação das variações monetárias passivas, pois no caso das variações monetárias de direitos e obrigações do contribuinte, o art. 9º da Lei nº 9.718/98 não deixa antever qualquer possibilidade de que as variações monetárias passivas sejam consideradas despesas financeiras e que os ganhos sejam compensados com as perdas tributandose apenas o ganho líquido das variações cambiais. Os ingressos positivos hão de ser tributados, ainda que haja perdas no mesmo período. Diante dessas considerações, entendo que sobre as variações monetárias ativas, nos termos da Lei n° 9.718, incide a Cofins. Com essas considerações, voto no sentido de não conhecer o recurso especial no que tange aos efeitos da cessão de títulos para integralização de capital de coligada e, na outra matéria, apuração da Cofins devida sobre variações cambiais ativas, conhecer e negarlhe provimento. Henrique Pinheiro Torres Fl. 3186DF CARF MF Impresso em 24/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/06/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 15/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 19311.000351/2009-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jun 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/2004 a 30/12/2004
AUTO DE INFRAÇÃO. REGISTROS CONTÁBEIS. LANÇAMENTO PRINCIPAL JULGADO IMPROCEDENTE. RELAÇÃO DE CONEXÃO E ACESSORIEDADE. NECESSIDADE DE CANCELAMENTO DA MULTA. Tendo em vista que o presente lançamento é acessório ao processo principal no qual foram julgadas improcedentes as contribuições previdenciárias que justificaram a aplicação da multa pelo descumprimento de obrigação acessória, outra não pode ser a conclusão, senão pela anulação da multa aplicada.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-005.146
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Marcelo Oliveira e Ronnie Soares Anderson, que negavam provimento.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Lourenço Ferreira do Prado - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: LOURENCO FERREIRA DO PRADO
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CULT. E EDUC ATIBAIENSE LTDAACEA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 30/12/2004 AUTO DE INFRAÇÃO. REGISTROS CONTÁBEIS. LANÇAMENTO PRINCIPAL JULGADO IMPROCEDENTE. RELAÇÃO DE CONEXÃO E ACESSORIEDADE. NECESSIDADE DE CANCELAMENTO DA MULTA. Tendo em vista que o presente lançamento é acessório ao processo principal no qual foram julgadas improcedentes as contribuições previdenciárias que justificaram a aplicação da multa pelo descumprimento de obrigação acessória, outra não pode ser a conclusão, senão pela anulação da multa aplicada. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 00 03 51 /2 00 9- 81 Fl. 98DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/0 5/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O 2 Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Marcelo Oliveira e Ronnie Soares Anderson, que negavam provimento. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Lourenço Ferreira do Prado Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/0 5/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O Processo nº 19311.000351/200981 Acórdão n.º 2402005.146 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto por ASSOCIAÇÃO CULTURAL E EDUCACIONAL ATIBAIENSE em face de acórdão que manteve a integralidade do Auto de Infração n. 37.170.4260, lavrado para a cobrança de multa por ter deixado a recorrente de registrar em sua contabilidade os valores de gratuidades concedidas a seus empregados, no caso bolsas de estudo, consideradas pela fiscalização como remuneração indireta, omitindo, portanto fatos geradores de contribuições previdenciárias. O lançamento compreende o período de 01/2004 a 12/2004, tendo sido o contribuinte cientificado em 22/07/2008 (fls. 01). Devidamente intimado do julgamento em primeira instância (fls.64), a recorrente interpôs o competente recurso voluntário, através do qual sustenta: a. a necessidade do julgamento em conjunto do presente Auto de Infração com os demais processos nos quais se discute a obrigação principal, qual seja a incidência ou não das contribuições sobre a concessão de bolsas de estudo; b. que não houve qualquer equívoco na escrituração contábil, uma vez que, em não sendo as bolsas de estudo base de cálculo de contribuições previdenciárias, todos os lançamentos efetuados estavam corretos; c. requereu, portanto, a anulação da multa; Processado o recurso sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, subiram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 100DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/0 5/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O 4 Voto Conselheiro Lourenço Ferreira do Prado Relator CONHECIMENTO Tempestivo o recurso e presentes os pressupostos de admissibilidade, dele conheço. Conforme já relatado, o presente auto de Infração fora lavrado para a cobrança de multa por ter a recorrente deixado de informar em GFIP todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias a seu cargo, no caso o pagamento de valores a título de bolsas de estudos aos dependentes de seus funcionários. Todavia, no processo principal nº 19311.000347/200913/ Debcad nº 37.170.4227, a Egrégia 3ªTO/4ªCÂMARA/2ªSEJUL/CARF/MF entendeu por julgar procedente o Recurso Voluntário da Recorrente, senão vejamos o teor da emenda: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004 BOLSAS DE ESTUDO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. NÃO INTEGRAÇÃO. A bolsa de estudo destinase a ressarcir os valores pagos a título de mensalidades escolares dos próprios empregados ou de seus filhos, não possuindo natureza salarial. É um incentivo para o trabalho, e não pelo trabalho. Por tal razão, os valores que por ventura forem expendidos a este título não integrarão o salário de contribuição. Recurso Voluntário Provido." Dessa forma, em se tratando presente lançamento de obrigação acessória conexa o referido lançamento, outra conclusão não pode ser adotada, senão pela necessidade de que também seja julgado improcedente o lançamento da multa nos autos do presente processo, pelo fato da relação de acessoriedade deste lançamento. Assim, entendo por prejudicadas as alegações do recurso voluntário. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/0 5/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O Processo nº 19311.000351/200981 Acórdão n.º 2402005.146 S2C4T2 Fl. 4 5 Ante todo o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao presente recurso voluntário, para julgar improcedente o lançamento da multa objeto do presente auto de infração. É como voto. Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 102DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/0 5/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O
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Numero do processo: 10880.032297/99-81
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/10/1988 a 30/09/1995
EMBARGOS INOMINADOS . INEXATIDÃO MATERIAL . OCORRÊNCIA
Ocorrendo inexatidões materiais devidas a lapso manifesto deve-se proceder ao saneamento mediante a prolação de um novo acórdão.
Embargos Acolhidos
Numero da decisão: 9303-004.178
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os embargos de declaração de contribuinte para rerratificar o acórdão embargado, sem efeitos infringentes, a fim de sanar a inexatidão material, nos termos deste voto.]
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Relator e Presidente Interino
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran, Robson José Bayerl, Vanessa Marini Cecconello, Valcir Gassen e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente Interino). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente) e Demes Brito.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/10/1988 a 30/09/1995 EMBARGOS INOMINADOS . INEXATIDÃO MATERIAL . OCORRÊNCIA Ocorrendo inexatidões materiais devidas a lapso manifesto deve-se proceder ao saneamento mediante a prolação de um novo acórdão. Embargos Acolhidos
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os embargos de declaração de contribuinte para rerratificar o acórdão embargado, sem efeitos infringentes, a fim de sanar a inexatidão material, nos termos deste voto.] (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Relator e Presidente Interino Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran, Robson José Bayerl, Vanessa Marini Cecconello, Valcir Gassen e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente Interino). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente) e Demes Brito.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/1988 a 30/09/1995 EMBARGOS INOMINADOS . INEXATIDÃO MATERIAL . OCORRÊNCIA Ocorrendo inexatidões materiais devidas a lapso manifesto devese proceder ao saneamento mediante a prolação de um novo acórdão. Embargos Acolhidos Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os embargos de declaração de contribuinte para rerratificar o acórdão embargado, sem efeitos infringentes, a fim de sanar a inexatidão material, nos termos deste voto.] (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Relator e Presidente Interino Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran, Robson José Bayerl, Vanessa Marini Cecconello, Valcir Gassen e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente Interino). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente) e Demes Brito. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 03 22 97 /9 9- 81 Fl. 809DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 01/08/2 016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.032297/9981 Acórdão n.º 9303004.178 CSRFT3 Fl. 3 2 Tratase de embargos de declaração (efls. 736 a 743) apresentados contra o Acórdão no 930302.308, de 20 de junho de 2013, da 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (efls. 635 a 637), que, relativamente ao pedido de restituição da Contribuição para o PIS/Pasep, negou provimento ao recurso especial do Procurador, nos termos de sua ementa, a seguir reproduzida: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 21/06/1991 a 13/10/1995 RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. Para os pedidos de restituição protocolizados antes da vigência da Lei Complementar nº 118/2005, o prazo prescricional é de 10 anos a partir do fato gerador, em conformidade com a tese cognominada de cinco mais cinco. As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo. Recurso Especial do Procurador Negado A embargante, que tomou ciência do acórdão em 25 de fevereiro de 2013 (e fls. 726), tempestivamente, protocolou os referidos embargos em 28 fevereiro de 2013, em que alegou os seguintes vícios no julgado embargado: a) erro de fato quanto ao período abrangido pelo pedido de restituição; e b) omissão quanto ao critérios de correção monetária do valor do crédito pleiteado. Os embargos foram parcialmente admitidos pelo Presidente da CSRF, para fim de correção do erro indicado, mediante a prolação de um novo acórdão, conforme Despacho de fls. 800/802. É o relatório. Fl. 810DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 01/08/2 016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.032297/9981 Acórdão n.º 9303004.178 CSRFT3 Fl. 4 3 Voto O artigo 66, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, estabelece que os erros verificados na decisão ensejam a oposição de Embargos Inominados, para correção mediante a prolação de um novo acórdão. Na redação do relatório e da ementa do acórdão embargado foram referidos equivocadamente como sendo o pedido de restituição da Contribuição para o PIS relativo aos pagamentos efetuados a maior no período de apuração de 21/06/1991 a 13/10/1995, quando, de fato, compulsando a planilha de fls. 16/18, verificase que o pedido de restituição em apreço (fl. 5) abrange os valores indevidos recolhidos entre 10/5/89 e 13/10/1995, que correspondem aos períodos de apuração da citada contribuição (mês de competência) de 10/1988 a 09/1995. Corroborado ainda com o observado no relatório do acórdão de primeira instância (efl. 313): Trata o presente processo do pedido de restituição formulado em 10 de novembro de 1999 (fl. 01), conforme explicações constantes do requerimento de fls. 02/07, relativos aos valores que teria pago a maior que o devido a titulo de contribuição para o PIS dos períodos de apuração de outubro de 1988 a setembro de 1995, cujo direito à restituição teria sido reconhecido judicialmente, recalculados com base na Lei Complementar n° 07, de 1970, por força da inconstitucionalidade dos Decretosleis nºs 2.445 e 2.449, ambos de 1988. Junta a planilha de cálculo de fls. 12/14 e cópias dos respectivos DARF's (fls. 35/129), O acórdão da DRJ entendeu que não cabe a restituição dos créditos originados de pagamentos a maior ou indevido de valores de PIS efetivados em datas anteriores a novembro de 1994, eis que decaído o direito de pleitear restituição daqueles valores quando da formulação do pedido administrativo. O acórdão de recurso voluntário, por sua vez, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso para reconhecer a semestralidade e aplicar a prescrição qüinqüenal, contados a partir do pedido, considerandose o determinado na ação judicial proposta pela recorrida, ficando consignado no voto vencedor que estariam prescritos os períodos de outubro de 1988 a janeiro de 1991 e agosto de 1991 a março de 1994, mas que os períodos de fevereiro a julho/91 e de abril/94 a setembro/95 não haviam sido alcançados pela prescrição qüinqüenal. Já o entendimento exarado no acórdão embargado é de que, de acordo com a decisão prolatada pelo pleno do STF, no RE nº 566.621, em 04/08/2011, em julgamento de mérito de tema com repercussão geral, o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, relativamente a fatos geradores e pedidos de restituição efetuados anteriormente à vigência da LC nº 118/05 (09/06/2005), é de cinco anos para a homologação do pagamento antecipado, acrescido de mais cinco para pleitear o indébito, em conformidade com a cognominada tese Fl. 811DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 01/08/2 016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.032297/9981 Acórdão n.º 9303004.178 CSRFT3 Fl. 5 4 dos cinco mais cinco, sendo, portanto, de dez anos contados da data do fato gerador o prazo para pleitear a restituição do pagamento indevido. Assim, visto que a interessada protocolizou seu pedido de restituição em 10/11/1999, ficou consignado que somente os pleitos referentes aos fatos geradores ocorridos anteriormente a 10 anos dessa data estariam com o eventual direito de restituição extinto, tendo em vista terem sido alcançados pela prescrição. Considerando que o pedido da Fazenda Nacional foi que se considerasse prescrito os pagamentos efetivados em data anterior a 10/11/1994, que não foram objeto da ação ordinária nº 92.00124186, decidiuse por negar provimento ao recurso interposto pela PGFN. Constato, destarte, o lapso cometido no acórdão recorrido, pois a ementa que constou do acórdão contém erro na informação do período de apuração, que foi indicado como de “21/06/1991 a 13/10/1995”, quando, de fato, deveria ser de “01/10/1988 a 30/09/1995”, que é o período constante no pedido de restituição, relativos aos valores que teriam sido pagos a maior que o devido a titulo de contribuição para o PIS, devendo ser substituído o período de referência da ementa do acórdão original, mantendose o entendimento quanto ao prazo prescricional para pleitear a restituição do indébito de dez anos contados da data do fato gerador. Portanto, acolho os embargos, sem efeitos infringentes, para rerratificar o acórdão embargado a fim de sanar a inexatidão material conforme proposto acima. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Relator Fl. 812DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 01/08/2 016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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