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Numero do processo: 13161.720010/2010-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2006 a 28/02/2006
MULTA QUALIFICADA
Provado que a conduta da empresa se enquadra no art. 71 da Lei 4.502/64, deve a multa ser qualificada nos termos do então vigente art. 44, II, da Lei 9.430/96.
Recurso negado.
Numero da decisão: 3402-003.231
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
Jorge Olmiro Lock Freire - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2006 a 28/02/2006 MULTA QUALIFICADA Provado que a conduta da empresa se enquadra no art. 71 da Lei 4.502/64, deve a multa ser qualificada nos termos do então vigente art. 44, II, da Lei 9.430/96. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Antônio Carlos Atulim Presidente. Jorge Olmiro Lock Freire Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 16 1. 72 00 10 /2 01 0- 44 Fl. 710DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 29/08/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13161.720010/201044 Acórdão n.º 3402003.231 S3C4T2 Fl. 711 2 Relatório Versam os autos lançamento de ofício de COFINS com acréscimos de mora e aplicação de multa qualificada (150%). Informa o Fisco (fl. 276) que durante o procedimento de fiscalização foi verificado que o sujeito passivo não declarou receitas de vendas e nem os respectivos impostos e contribuições federais. Intimado, deixou de apresentar contrato social e alterações, livros contábeis (diário, razão e LAIUR), arquivos digitais (contabilidade e documentos fiscais) e Declarações de Imposto de Renda dos anos calendários de 2006 e 2007, apresentando somente os livros fiscais de entradas, saídas e apuração do ICMS, fato que culminou no arbitramento do lucro, com base na receita bruta conhecida, tendo em vista a impossibilidade de apuração do lucro real. "O agravamento da multa se deu em função do sujeito passivo, por dois anos consecutivos, deixar de declarar as receitas e os respectivos impostos e contribuições ao Fisco Federal, caracterizando a infração descrita no Artigo 71 da Lei 4502/64". A empresa impugnou (fls. 293/300) somente a qualificação da multa. A DRJ/CGE (fls. 680/684), julgou improcedente a impugnação. Não resignada, recorreu (fls. 693/702) a autuada a este Colegiado, alegando, em síntese, que tanto a afirmação contida na r. decisão, quanto na descrição dos fatos e enquadramento legal constante do auto de infração, o fato imputável se enquadra como "mera omissão de receitas", e que "deixar de declarar as receitas e os respectivos impostos e contribuições ao Fisco Federal nada mais é do que omitir do Fisco informações e/ou receitas que deveriam ter sido declaradas anteriormente". Ademais, alega que no "Conselho" é pacífico que "a apuração de omissão de receitas não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de fraude", transcrevendo ementas que entende darem guarida a seu entendimento. Averba que "não houve em momento algum por parte da recorrente evidente intuito de fraude". É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, relator. A questão posta a nosso conhecimento cingese à irresignação da recorrente quanto à qualificação da multa de ofício, feita com arrimo no art. 44, II, da Lei 9.430/96. Entende ela que mesmo tendo deixado de apresentar declarações obrigatórias ao Fisco e ser sua escrita imprestável para verificar suas obrigações tributárias, tanto que arbitrada para fins do lançamento de ofício, esse fato não caracterizaria fraude, mas mera omissão de receita, o que não ensejaria a incidência da qualificadora a que alude aquela norma. Aduz o Fisco que o lançamento deuse pelo no arbitramento do lucro "com base nos livros fiscais apresentados e com agravamento da multa, tendo em vista a reincidência do sujeito passivo em auferir rendas e não declarar as mesmas ao fisco federal, co intuito de suprimir tributos, por dois anos consecutivos". Fl. 711DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 29/08/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13161.720010/201044 Acórdão n.º 3402003.231 S3C4T2 Fl. 712 3 Igualmente, o relato fiscal informa (fls. 271/273 276) que mesmo os livros fiscais apresentados originariamente (registro de entradas e saídas, e livro do ICMS) não estavam devidamente autenticados. Os demais livros obrigatórios sequer foram apresentados. E embora a situação da empresa nos sistemas da RFB constasse como "ativa", a última DIPJ entregue referiase ao anocalendário 1999. E mais, no curso da ação fiscal vários termos de intimação não foram atendidos, sendo que nas DCTF de 2006 e 2007 foram declarados apenas débitos de IRRF. E embora a empresa apresentasse expressivo faturamento nesse período, não houve recolhimento algum de COFINS. Forte em todo esse arcabouço fático, a mim resta evidente que a empresa agiu como dolo específico de sonegar o imposto sob análise, fato que, estreme de dúvida faz incidir na espécie a norma do art 71 da Lei 4.502, que prescreve: Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; Resta claro que ao omitir declarações obrigatórias ao Fisco, não recolher a COFINS e ainda ter uma escrituração imprestável, tanto que sequer se insurge contra o arbitramento de seu lucro, a mim resta evidente sua conduta omissiva no sentido de impedir que as autoridades tributárias pudessem ter conhecimento do fato gerador daquela contribuição, bem como de suas circunstância materiais. Em outros termos, resta evidente o intuito de fraudar o recolhimento de tributo. Assim, a motivação fática que ensejou a qualificação da multa não foi fraude, mas sim os fatos a que aludem a norma suso transcrita. E esse foi o enquadramento legal que fundou a qualificação. Vejase o que consignou o agente fiscal: "O agravamento da multa se deu em função do sujeito passivo, por dois anos consecutivos, deixar de declarar as receitas e os respectivos impostos e contribuições ao Fisco Federal, caracterizando a infração descrita no Artigo 71 da Lei 4502/64". E a multa foi qualificada com arrimo no então vigente art. 44, II, da Lei 9.430/96, que tinha a seguinte dicção: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: ... II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Portanto, sem reparos à r. decisão. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Jorge Olmiro Lock Freire relator. Fl. 712DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 29/08/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13161.720010/201044 Acórdão n.º 3402003.231 S3C4T2 Fl. 713 4 Fl. 713DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 29/08/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 19515.720788/2012-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 03 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2202-000.714
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada – Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Em desfavor do contribuinte em epígrafe foi lavrado Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Retido na Fonte, do ano calendário de 2007, no total de R$ 1.216.341,64, acrescido de multa proporcional de 150% e mais juros de mora, com base na taxa Selic. A ciência foi dada pessoalmente ao contribuinte em 15/04/2012. Em resumo, narra a Autoridade Fiscal responsável pelo feito, em seu Termo de Verificação Fiscal de fls. 1227 e seguintes, que: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .7 20 78 8/ 20 12 -4 4 Fl. 2544DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.720788/201244 Resolução nº 2202000.714 S2C2T2 Fl. 2.545 2 1 O contribuinte foi intimado a apresentar documentos e explicações sobre o exercício de sua atividade que, segundo o contrato social, era de "factoring", qual seja, a prestação de serviços de orientação de gestão de negócios, a administração de ativos financeiros de terceiros e a administração de caixa, contas a pagar e contas a receber de terceiros; 2 De acordo com tal contrato social, havia um sócio minoritário, o brasileiro João Luís Gil, e um sócio estrangeiro, pessoa jurídica com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, a Bfactor International Ltd. A fiscalização traça comentários sobre particularidades na administração da empresa, envolvendo esses dois sócios e a empresa Uabi Comissária Mercantil Ltda, representada por André Zinn; 3 Houve intimação para apresentação de extratos bancários, parcialmente atendida, no entender da fiscalização, o que motivou a emissão de RMF (requisição de informações sobre movimentação financeira) aos bancos detentores das contas bancárias, sobretudo com base na constatação de "interposta pessoa" ("laranjas") na movimentação das mesmas. Constatouse a omissão de receitas com base em depósitos bancários sem origem comprovada; 4 Constatouse ainda a existência de transferência eletrônica de valores (TED) efetuadas pela PROMEIOS, pelo que foi intimada a apresentar documentação de suporte dessas operações. Algumas comprovações não foram aceitas, pelos motivos que elencou a fiscalização, que enfim concluiu que seriam considerados pagamentos sem causa todas as transferências por ordem de outras empresas, não comprovadas, visto que o contribuinte não logrou comprovar a operação ou a causa dos mesmos, contabilizados ou não, sujeitandose à alíquota de 35% de imposto, exclusivamente na fonte, a título de "pagamento a beneficiário sem causa". Enquadrou a infração no artigo 61 da Lei nº 8.981, de 1995; 5 Voltando à questão da interposição de terceiros na movimentação das contas bancárias, esclareceu que André Zinn, Jorge Kaminsky e Betina Lea Zinn Kaminsky (sócios da Uabi Comissária) foram intervenientes nas operações de crédito da PROMEIOS e que deveriam responder pelo crédito tributário como verdadeiros sócios da pessoa jurídica, na condição de "solidariamente responsáveis", pois têm interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação tributária; 6 Entendeu ainda, nessa situação, pela existência de "evidente intuito de fraude", que autorizaria a qualificação da multa de ofício, elevandoa ao percentual de 150%, nos termos do artigo 44, da Lei nº 9.430, de 1996. O contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, na folha 1.320, acompanhada de extensa documentação. Pede reconhecimento parcial de decadência e anulação total do lançamento. Na folha 2.288 consta impugnação apresentada por André Zinn, para tratar da questão da "exclusão de sua responsabilidade pelos tributos gerados neste auto de infração, tendo em vista que não possui qualquer responsabilidade pelo débito", como resume em seu pedido. Na folha 2.312, impugna Jorge Luiz Kaminsky, fazendo o mesmo pedido. As impugnações tem o mesmo teor. Ao analisar a Impugnação, a DRJ em São Paulo/SP I, entendeu, conforme expresso na ementa do Acórdão, que: PAGAMENTO SEM CAUSA. TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA NA FONTE. Fl. 2545DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.720788/201244 Resolução nº 2202000.714 S2C2T2 Fl. 2.546 3 Por expressa disposição legal, a feitura de pagamentos sem causa sujeitase à tributação exclusivamente na fonte, com reajustamento da base de cálculo, arcando a fonte pagadora com o ônus do tributo. Nestes termos, não demonstrada a pertinência das operações de fomento mercantil que pretensamente justificaram da realização dos desembolsos financeiros levados a efeito pela empresa, torna imperativo a manutenção eficácia da tributação levada a efeito com base no art. 674 do RIR/99. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DOLO. FRAUDE. SIMULAÇÃO. Configurada a prática de dolo, fraude ou simulação o regramento normativo autoriza a inauguração da contagem do prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento do crédito tributário poderia ter sido efetuado pela autoridade tributária competente. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DE TERCEIROS. INTERESSE COMUM. ADMISSIBILIDADE DE ATRIBUIÇÃO DA SUJEIÇÃO PASSIVA AOS ADMINISTRADORES DE FATO DA SOCIEDADE. ATOS PRATICADOS DE FORMA REITERADA E SISTEMÁTICA COM ABUSO DE DIREITO E INFRAÇÃO À LEI. OCULTAÇÃO DE OPERAÇÕES CORPORATIVAS MEDIANTE INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS. De acordo com a legislação de regência, os administradores e/ou sócios de fato respondem solidariamente pelos créditos tributários autuados em face do sujeito passivo da obrigação tributária principal nas circunstâncias em que revelado o exercício fraudulento de atos de gestão, mercantis e financeiros praticados com abuso de direito e infração à lei, bem assim a ocultação de suas práticas por meio de interpostas pessoas. Demonstrado o vínculo jurídico das infrações tipificadas na autuação fiscal com a prática de operações dissimuladas exercidas pelos responsáveis inseridos no pólo passivo da obrigação tributária, resta caracterizada a admissibilidade de eficácia dos termos de sujeição passiva firmada pela autoridade lançadora.(destaquei) Destaco ainda que, no início de seu Voto, aquela Autoridade Julgadora fez constar que (fl. 2375): Denotase que a defesa conduzida nos presentes autos, de conteúdo similar àquela instruída no Processo nº 19515.720787/201208, revelam a pretensão do impugnante em afastar a legitimidade das autuações, primeiramente, amparado em argüições que protestam a decadência de parcela dos valores constituídos pela autoridade lançadora. No plano do mérito da autuação, a empresa pautou suas assertivas com base em acervo documental que depreende bastante para comprovar e trazer maiores esclarecimentos acerca das operações de factoring destinadas à prestação de serviços de administração da carteira de recebíveis e obrigações que mantêm relação com os Fl. 2546DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.720788/201244 Resolução nº 2202000.714 S2C2T2 Fl. 2.547 4 desembolsos financeiros considerados na determinação das bases imponíveis da aludida tributação na fonte. Finalmente, no tocante à responsabilidade solidária atribuída aos Srs. André Zinn e Jorge Luiz Kaminsky, cada qual se opõe às inferências reportadas pela autoridade lançadora assentandose, em síntese, a inexistência de vínculo societário ou na gestão da empresa autuada. Sob esta perspectiva, registrese de antemão que as razões para a aplicação da multa de ofício qualificada e para a atribuição da responsabilidade solidária em face da Sra. Gisela Zinn, CPF nº 187.754.03820 e da Uabi Comissária Mercantil Ltda., CNPJ nº 04.794.180/000181, não foram objeto de oposição de contrarrazões, configurandose, assim, a preclusão do direito de instauração do contencioso tributário no que concerne a estas matérias. Encerrado tais comentários inaugurais, passase a analisar a presente controvérsia. (destaquei) A empresa PROMEIOS foi cientificada da decisão da DRJ em 06/11/2014, conforme Aviso de Recebimento na folha 2.396, apresentando recurso voluntário em 04/12/2014, com protocolo na folha 2.398. Em sede de recurso faz histórico da atividade de factoring e sua regulamentação no Brasil; fala também do Trustee e de fomento mercantil. Explica sua operação e defende a licitude da mesma. Pugna pela decadência parcial do lançamento. Trata dos pagamentos realizados, para justificálos. Fala também de depósitos bancários e de base de cálculo da CSLL. PEDE reconhecimento parcial da decadência do crédito lançado; anulação integral do crédito em debate, referindose a IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. A DRF de origem, anotando a apresentação de recurso voluntário tempestivo, encaminhou o processo ao CARF (fl. 2542). É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. A solidariedade tributária de que tratam as situações previstas no artigo 124, I, do CTN, pressupõe a existência de dois sujeitos passivos praticando conduta lícita, descrita na regra matriz de incidência tributária. Do fato gerador, nestas situações, decorre a possibilidade do sujeito ativo exigir o pagamento de tributos de qualquer um dos sujeitos que integrou a relação jurídicotributária. Fl. 2547DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.720788/201244 Resolução nº 2202000.714 S2C2T2 Fl. 2.548 5 Por sua vez, a responsabilidade tributária decorrente das situações previstas no artigo 135 do CTN, está ligada à prática de atos com excesso de poderes, infração de lei, contrato social ou estatutos, por quem não integra a relação jurídicotributária, mas é chamado a responder pelo crédito tributário em virtude do ilícito praticado. A Fiscalização, ao concluir seu trabalho, enviou Termo de Sujeição Passiva Solidária a André Zinn (fl. 1253/1264), Jorge Luiz Kaminsky (fl. 1265/1276), Gisela Zinn (fl. 1277/1300) e Uabi Comissária Mercatil Ltda (fl. 1288/1312), porque entendeu que para essas três pessoas físicas e uma pessoa jurídica (fl. 1261/2): Como ficou provado, os atos financeiros da Promeios foram outorgados à terceira pessoa, estranha ao Contrato Social e verdadeira interessada no negócio (sócios de fato), caracterizando o que em Direito, se denomina “interposição de pessoas”. Respondem pelo crédito tributário os verdadeiros sócios da pessoa jurídica, acobertados por terceiras pessoas (“laranjas”) que apenas emprestavam o nome para que eles realizassem operações em nome da pessoa jurídica, da qual tinham todo o poder para gerir seus negócios e suas contas correntes bancárias. Como são sócios de fato, serão solidariamente obrigadas pois tem interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Restando comprovado que, efetivamente, tais pessoas administram a sociedade, é correta a atribuição da responsabilidade solidária pelos impostos e contribuições devidos pela Promeios. Enquadramento Legal: Para Interposta Pessoa: Arts. 124, I e 135, II e III do CTN ; Arts. 990 e 967 do Código Civi l ( Lei n º 10.406/02 ); Art. 150 do RIR/99 Conforme as folhas acima citadas, todos foram cientificados da sujeição passiva solidária, registrandose que para Gisela Zinn a ciência se deu por Edital. Como registrou a DRJ em seu julgamento, André Zinn e Jorge Kaminsky impugnaram essa responsabilização solidária, tendo decidido aquela instância julgadora pela improcedência da suas impugnações, tal como relatado aqui. Ocorre que apenas a pessoa jurídica PROMEIOS foi cientificada da decisão de 1ª instância, abrindose prazo para a interposição de recurso voluntário (fls. 2395, 2396 e 2398). Não localizei nestes autos a ciência de André Zinn e Jorge Kaminsky sobre o resultado de suas impugnações regularmente apresentadas (despacho fl. 2340) e que foram indeferidas pela DRJ (fl. 2387 e ss.). Sendo assim, entendo que existe uma impropriedade na formalização dos autos e, dessa feita, VOTO pela conversão do julgamento em diligência para que a DRF de origem: a) Intime as pessoas físicas ANDRÉ ZINN, CPF nº 033.848.18857 e JORGE LUIZ KAMINSKY, CPF nº 010.529.46836 do Acórdão nº 1662.365 7ª Turma da DRJ/SP1, nos mesmos termos da intimação que foi enviada à empresa PROMEIOS, como consta da folha 2395, abrindose prazo de trinta dias para a apresentação de recurso voluntário. Após, retornem os autos a este CARF para prosseguimento do julgamento. Fl. 2548DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.720788/201244 Resolução nº 2202000.714 S2C2T2 Fl. 2.549 6 Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 2549DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004044/2003-98
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 19 00:00:00 UTC 2010
Ementa: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO - CSLL
Exercício: 1999
CSLL - CORREÇÃO ADICIONAL DO IPC/90 - CUSTO DE AQUISIÇÃO
DE BEM BAIXADO
Não se justifica a exigência de CSLL sobre a correção adicional do IPC/90 sobre o custo de aquisição de bem baixado do ativo permanente quando a baixa foi feita por força de desapropriação do bem pelo Poder Público, tendo em vista que o ganho de capital nesse caso é imune à tributação.
Numero da decisão: 1802-000.491
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: José de Oliveira Ferraz Corrêa
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos teiinos do relatório-e voto que integram o presente julgado. _ ER MARQUES LINS -a SA - Preside - ,--7 _ JO O FRANCISCO BIAN - Relator EDITADO EM: '0 8 al 201 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente de Turma), José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Gilberto Baptista (Suplente Convocado), Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, João Francisco Bianco (Vice Presidente de Turma). — Processo n° 19515.004044/2003-98 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00.491 Fl. 2 Relatório Tratam os presentes autos de exigência de CSLL (fls 93), relativa ao exercício de 1999, em decorrência de a recorrente não ter adicionado à base de cálculo da contribuição os valores relativos à parcela adicional do custo de aquisição de bem do ativo permanente, em virtude da correção monetária complementar (diferença IPC/BTNF), bem . esse que foi baixado por força de desapropriação efetivada pelo Poder Público. No teimo de verificação (fls. 86) alegam as autoridades fiscais que o custo adicional do bem do ativo permanente, decorrente da correção monetária complementar, deveria ser neutro de efeitos fiscais. E tendo havido a baixa do bem, o acréscimo do custo de aquisição deveria ser adicionado à base de cálculo da CSLL, com o objetivo de neutralizar de efeitos fiscais a correção monetária complementar calculada sobre o valor do bem. Intimada, a . recorrente apresentou sua impugnação (fls. 103) alegando, em síntese, que a presente autuação relaciona-se ao processo administrativo n°. 19515.004043/2003-43, no qual discute a inclusão dos ganhos com a indenização devida pela desapropriação na base de cálculo do 11113J e CSLL. Isso porque entende que, se não for admitida a tributação sobre o resultado auferido com a desapropriação, não há que se falar em lucro no exercício de 1998, o que, por conseqüência, afastaria a alegação de que houve lucro líquido para deduzir dele custos não autorizados. A DRJ manteve a exigência fiscal (fls. 138) sob o fundamento de que o Decreto n°. 332/91 expressamente dispõe sobre a obrigação de o contribuinte adicionar à base de cálculo da CSLL a parcela do custo de baixa de bens do ativo permanente decorrente da correção monetária complementar IPC/BTNF. Além disso, sustentou que os argumentos trazidos à baila no processo administrativo n°. 19515.004043/2003-43 foram devidamente rebatidos nos próprios autos daquele processo. Neste sentido, considerou que a recorrente apurou base de cálculo positiva da contribuição, sendo devida a exigência ora enfrentada. Inconfounada, a recorrente apresentou recurso voluntário (fls. 133), reiterando os termos de sua manifestação anterior. É o relatório. ,. 2 Processo n° 19515.004044/2003-98 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00.491 Fl. 3 Voto Conselheiro Relator João Francisco Bianco, Relator O recurso atende aos requisitos de admissibilidade. Passo a apreciá-lo. A matéria em discussão nestes autos versa sobre a necessidade ou não de ser adicionada à base de cálculo da CSLL a parcela da correção monetária adicional, da diferença entre o IPC e o BTNF, do custo de aquisição dos bens baixados. Com efeito, o artigo 3° da Lei n. 8200, de 1991, prevê que o cálculo da correção monetária do balanço relativo às demonstrações financeiras encerradas em 1990 deveria ser realizado utilizando-se a diferença entre o IPC e o BTNF. Mas esse dispositivo trata especificamente da correção monetária adicional para fins de apuração do lucro real, o que poderia levar o intérprete à conclusão de que essa correção adicional não deveria produzir efeitos para fins de apuração da CSLL. Esse entendimento foi sustentado pelo Decreto n. 332, de 1991, cujo artigo 41 determinava que o resultado de correção monetária adicional não influiria na apuração da base de cálculo da CSLL. Ocorre que está pacificado na jurisprudência administrativa o entendimento no sentido da ilegalidade do artigo 41 do Decreto n. 332, de 1991. São várias e reiteradas as manifestações nesse sentido, inclusive da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Pessoalmente, nunca tive dúvidas sobre a correção do entendimento jurisprudencial. E nem o que restou decidido pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário n. 201.465-6/MG, de 02.05.2002, que decidiu pela constitucionalidade do inciso I do artigo 3° da Lei n. 8200, de 1991, autoriza uma revisão desse entendimento pois as matérias são completamente diversas. Desse modo, a adição adicional na base de cálculo da CSLL, exigida na presente autuação, não tem base legal válida e não pode ser mantida. Esse entendimento, no entanto, não foi acompanhado pela maioria dos demais membros desta Tuinia, onde restei vencido. Passo então à análise do segundo fundamento apresentado pela recorrente em seu recurso. E com base nesse fundamento, impõe- se a conclusão no sentido de que a autuação não se sustenta. Isso porque, no caso de que tratam estes autos, o ganho de capital é imune à tributação. Com efeito, a baixa do bem do ativo permanente, cuja correção monetária adicional se exige, foi decorrente de desapropriação, confoline reconhecido no Termo de Verificação (fls 86). Ora, os ganhos gerados em função de desapropriação de bens imóveis não podem ser objeto de tributação, conforme reconhecido por pacifica jurisprudência de nossos tribunais. //(f 3 Processo n° 19515.004044/2003-98 81-TE02 Acórdão n.° 1802-00.491 Fl. 4 Neste próprio Conselho, a matéria já foi decidida no sentido aqui sustentado. Confira-se: , "GANHO DECORRENTE DE DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEL — O conceito de justa indenização não pode sofrer reduções de qualquer natureza, inclusive por via de tributação, sob pena de redundar em quebra da garantia constitucional. Segundo jurisprudência do STF, na desapropriação não se opera uma venda, não havendo que cogitar da existência de lucro, havendo sim um ato jurídico complexo de direito público, um ato • de soberania, por força do qual se dá a perda da propriedade de pessoa fisica ou jurídica, por necessidade ou utilidade pública ou por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro". (acórdão n. 101-94.164, de 16.04.2003) Ora, se o ganho de capital é imune à tributação, por ter sido apurado em função de alienação do bem do ativo permanente por desapropriação, a adição ou não da parcela da correção monetária adicional aplicada ao custo de aquisição não deveria acarretar efeitos fiscais pois o resultado será sempre imune à tributação. Em outras palavras, o que pretende a fiscalização é simplesmente o aumento do valor do ganho de capital mediante a glosa de parte do custo de aquisição do bem. Mas como o ganho de capital é imune à tributação, o procedimento adotado pela recorrente não ocasionou prejuízo ao fisco. O critério adotado pela fiscalização, pelo contrário, está exigindo tributo sobre parcela do ganho de capital que é imune à tributação. Por vias indiretas, pretende a fiscalização exigir tributo sobre o ganho auferido com a desapropriação de bem imóvel, o que é vedado segundo entendimento filme da jurisprudência. É bem verdade que a tributação do ganho de capital auferido pela recorrente com a desapropriação foi objeto de autuação e estava sendo julgada em processo administrativo separado. Ocorre que a 5' Câmara do 1° Conselho de Contribuintes, no acórdão n. 105-17.314, de 12.11.2008, deixou de apreciar o mérito da questão em virtude de a recorrente ter interposto recurso voluntário após o decurso do prazo legal de 30 dias. Assim, a questão acabou sendo decidida em caráter definitivo pela Administração Pública, mas sem exame de mérito, o que permite que, neste processo, a tributação do ganho de capital com a desapropriação possa ser apreciada. Diante de todo o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso. Sala das Sessões, em 19 de maio de 2010 --P,. , 1.1'1-4 r ,a,...., Joi r, o Francisco Bianco 4 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS Processo : 19515.004044/2003-98 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 3° do artigo 81 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Portaria MF n° 259/2009), intime-se o(a) Senhor(a) Procurador(a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Primeira Seção do CARF, a tomar ciência do inteiro ter do Acórdão n° 1802-00.491. Brasília - DF, em 08 de julho de 2010 Tose Roberto Ffarga-----/ Secretà7 da r Câmara da Primeira Seção CARF Ciente, com a observação abaixo: [ ] Apenas com Ciência [ ] Com Recurso Especial [ ] Com Embargos de Declaração Data da ciência: Procurador(a) da Fazenda Nacional 1
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Numero do processo: 13839.913789/2009-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 26/07/2005 a 26/07/2005
NULIDADE. INEXISTÊNCIA
Não é nulo o despacho decisório que se fundamenta no cotejo entre documentos apontados como origem do crédito (DARF) e nas declarações apresentadas que demonstram o direito creditório (DCTF).
APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE. DEMONSTRAÇÃO DE INDÍCIO DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO ANTERIORMENTE AO DESPACHO DECISÓRIO. VERDADE MATERIAL.
Indícios de provas apresentadas anteriormente à prolação do despacho decisório que denegou a homologação da compensação, consubstanciados na apresentação de DARF de pagamento e DCTF retificadora, ratificam os argumentos do contribuinte quanto ao seu direito creditório. Inexiste norma que condiciona a apresentação de declaração de compensação à prévia retificação de DCTF, bem como ausente comando legal impeditivo de sua retificação enquanto não decidida a homologação da declaração.
ROYALTIES. REMUNERAÇÃO EXCLUSIVA PELO USO DE LICENÇA E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. INEXISTÊNCIA DE SERVIÇOS CONEXOS. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS/COFINS-IMPORTAÇÃO.
A disponibilização de "informações técnicas" e "assistência técnica", por intermédio de entrega de dados e outros documentos pela licenciadora estrangeira, para utilização na fabricação de produtos licenciados no País, não configura prestação de serviços conexos ao licenciamento para efeitos de incidência de Contribuições para o PIS/Pasep-importação e Cofins-importação.
À luz do contrato de licenciamento e dos efetivos pagamentos realizados ao exterior, não incidem as Contribuições para o PIS/Pasep-importação e Cofins-importação, pois tais pagamentos, cujos cálculos baseiam-se nas vendas líquidas de produtos licenciados, referem-se, exclusivamente, à remuneração contratual pela transferência de tecnologia, com natureza jurídica de royalties.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3201-002.414
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Incidência sobre remessas ao exterior para pagamento de royalties. Recorrente CONTINENTAL DO BRASIL PRODUTOS AUTOMOTIVOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 26/07/2005 a 26/07/2005 NULIDADE. INEXISTÊNCIA Não é nulo o despacho decisório que se fundamenta no cotejo entre documentos apontados como origem do crédito (DARF) e nas declarações apresentadas que demonstram o direito creditório (DCTF). APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE. DEMONSTRAÇÃO DE INDÍCIO DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO ANTERIORMENTE AO DESPACHO DECISÓRIO. VERDADE MATERIAL. Indícios de provas apresentadas anteriormente à prolação do despacho decisório que denegou a homologação da compensação, consubstanciados na apresentação de DARF de pagamento e DCTF retificadora, ratificam os argumentos do contribuinte quanto ao seu direito creditório. Inexiste norma que condiciona a apresentação de declaração de compensação à prévia retificação de DCTF, bem como ausente comando legal impeditivo de sua retificação enquanto não decidida a homologação da declaração. ROYALTIES. REMUNERAÇÃO EXCLUSIVA PELO USO DE LICENÇA E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. INEXISTÊNCIA DE SERVIÇOS CONEXOS. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS/COFINS IMPORTAÇÃO. A disponibilização de "informações técnicas" e "assistência técnica", por intermédio de entrega de dados e outros documentos pela licenciadora estrangeira, para utilização na fabricação de produtos licenciados no País, não configura prestação de serviços conexos ao licenciamento para efeitos de incidência de Contribuições para o PIS/Pasepimportação e Cofins importação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 91 37 89 /2 00 9- 04 Fl. 589DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 3 2 À luz do contrato de licenciamento e dos efetivos pagamentos realizados ao exterior, não incidem as Contribuições para o PIS/Pasepimportação e Cofinsimportação, pois tais pagamentos, cujos cálculos baseiamse nas vendas líquidas de produtos licenciados, referemse, exclusivamente, à remuneração contratual pela transferência de tecnologia, com natureza jurídica de royalties. Recurso Voluntário Provido. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Relatório CONTINENTAL DO BRASIL PRODUTOS AUTOMOTIVOS LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins. A DRF Jundiaí emitiu Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade a contribuinte alegou, em síntese, que é coligada de empresa localizada da Alemanha, com a qual possui contrato de licença de uso de marca e fornecimento de tecnologia, efetuando remessas ao exterior a título de royalties. Todavia, a contribuinte afirmou que, equivocadamente, incluiu na base de cálculo da Cofins Importação e do PISImportação os valores pagos ao exterior a título de royalties. Procurando demonstrar a existência do direito creditório juntou ao processo cópia da DCTF retificadora. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 05038.925. A DRJ afastou a preliminar de nulidade do despacho Decisório e, no mérito, não reconheceu o direito ao crédito alegado, por considerar que o contribuinte não juntara aos autos provas suficientes para concluir que teria ocorrido tributação indevida sobre remessas a título de royalties. Inconformada, a recorrente apresentou, tempestivamente, recurso voluntário repisando os argumentos anteriormente apresentados. Fl. 590DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 4 3 Submetido à julgamento na 1º Turma Especial da 3ª Seção, em preliminar, o relator entendeu não configurada a suscitada nulidade do despacho decisório por ausência de fundamentação e o conseqüente cerceamento ao direito de defesa. No mérito, o julgamento foi convertido em diligência, nos termos da Resolução n° 3801000.731, nos seguintes termos: Ante ao exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência, para que a Delegacia de origem: a) Em relação aos valores remetidos ao exterior que teriam dado ensejo ao direito creditório pleiteado, intime a recorrente a apresentar cópia dos contratos firmados com a empresa beneficiária das remessas (Continental Teves AG & Co. oHG), devendo ser apresentada a tradução juramentada para o idioma nacional, caso estejam em língua estrangeira; cópia das faturas comerciais (invoices) ou documentação suplementar que embasaram as remessas e cópias digitalizadas dos registros, no livro Razão, referentes às remessas relacionadas a pagamento de royalties; b) apure a legitimidade do crédito pleiteado decorrente de pagamento indevido ou a maior a título de Contribuição para o PIS/PASEPImportação e a COFINSImportação sobre as importâncias remetidas ao exterior conforme as operações apontadas, com base nos documentos acostados aos autos, na escrituração fiscal e contábil e demais documentos que julgar necessários; c) cientifique a interessada quanto ao resultado da diligência para, desejando, manifestarse no prazo de 30(trinta) dias. Após a conclusão da diligência, retornar o processo a este CARF para julgamento. Retornou o processo da unidade de origem com Relatório de Diligência Fiscal elaborado pela SAORT/DRF Camaçari/BA, cujas conclusões foram: 12. Como podese verificar, o royalty tem presença no contrato, que mostram a existência de uma licença para uso da propriedade industrial e intelectual. 13. No entanto, também estão presentes no contrato outros elementos, que configuram serviços. Por exemplo, o contrato prevê o fornecimento de informações técnicas. Conforme item 1.4, nessas informações técnicas está incluída o fornecimento de “desenhos, especificações incluindo especificações de teste e qualidade, outros dados de knowhow e outra assistência técnica”. Ou seja, a assistência técnica, que configura claramente uma obrigação de fazer, está incluída no contrato. 14. No item 4.2.2 está prevista outra clara obrigação de fazer para a licenciadora: “fornecer informações, na medida em que estiverem à disposição da LICENCIADORA, em resposta a consultas técnicas razoáveis recebidas”. 15. Estando presente características de royalties e de serviços, resta verificar se o contrato estabelece a sua remuneração de cada um de forma individualizada. O item 5 do contrato Fl. 591DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 5 4 (Remuneração), não estabelece essa individualização. Ele prevê uma forma única de remuneração (4% sobre o valor das vendas, posteriormente alterado por aditivo para 3%), sem distinguir royalties e serviços. 16. Portanto, pela aplicação da Solução de Divergência Cosit nº 11, de 2011, que preconiza a necessidade dessa individualização, não deve ser reconhecido o direito creditório sobre os recolhimentos em questão. A interessada foi cientificada do Relatório de Diligência e apresentou argumentos e contrapontos ao entendimento exarado pela autoridade fiscal, assim sintetizados: a) o Auditor aponta cláusula contratual ("1.4 Informações Técnicas") com previsão de prestação de serviços, contudo, sem discriminálos; b) aduz que "informações técnicas" compreendem o fornecimento de dados atinentes aos produtos licenciados e, portanto, tem por natureza uma obrigação de "dar", não de "fazer", como asseverou a autoridade; c) explicita que "informações técnicas" são orientações de uso disponibilizadas à licenciada, sem intervenção física ou deslocamento com finalidade de prestação de serviço; d) consigna que as atividades de fornecimentos/disponibilizações de manuais e outras informações não se encontram listados no Anexo da Lei Complementar nº 116/03 para configurem a materialidade a que incide o ISS; e) argumenta que a "Assistência Técnica", presente no Anexo da IN 116/03, impõe a prestação de serviço por um profissional, o que não se verifica no caso; f) o contrato celebrado tem por objeto licença para uso de marca e não compreende qualquer prestação de serviço. A licenciadora apenas fornece as instruções para a fabricação dos produtos licenciados em estabelecimento da licenciada; g) conclui afirmando que os documentos acostados apontam para um contrato de transferência de uso de marca e tecnologia no qual se obriga com o pagamento de royalties. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.395, de 28/09/2016, proferido no julgamento do processo 13839.912959/200925, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.395): Fl. 592DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 6 5 "O recurso voluntário fora recebido como tempestivo, razão pela qual o Colegiado que o apreciou em julgamento anterior dele tomou conhecimento. Quanto a preliminar de nulidade, pactuo com os argumentos e conclusões do Relator, assentadas na sessão de 24/04/2014, por inexistirem razões para sua decretação, as quais reproduzo: Preliminarmente, quanto à alegação de nulidade no despacho decisório por ausência de fundamentação e o conseqüente cerceamento ao direito de defesa entendo que não assiste razão à recorrente. O instituto da compensação está previsto no artigo 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com redação dada pela Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1° A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2° A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. In casu, o contribuinte apresentou declaração de compensação de débitos de PIS, e apontou o documento de arrecadação (DARF) referente a PISImportação, como origem do crédito, alegando “pagamento indevido ou a maior”, conforme disposto nas normas regulamentadoras. O direito creditório não existiria, segundo o despacho decisório inicial, porque os pagamentos constantes do pedido estariam integralmente vinculados a débitos já declarados. A fundamentação da não homologação da compensação pleiteada reside no cotejo entre as próprias declarações apresentadas pelo contribuinte e os documentos apontados como origem do direito creditório. Apesar do contribuinte informar ter retificado a DCTF posteriormente, a analise eletrônica do PERDCOMP se deu com base nas declarações ativas quando da apresentação do mesmo. Embora os critérios dessa análise possam ser insuficientes para criar um juízo de certeza da inexistência ou insuficiência do crédito do contribuinte, esse fato por si só não ensejaria a decretação da nulidade do despacho por cerceamento de defesa, qual seja, a impossibilidade de o impugnante defenderse da não homologação, por falta de compreensão do motivo da não homologação. Fl. 593DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 7 6 Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, consoante a regra basilar extraída do Código de Processo Civil, artigo 333, inciso I. Ou seja, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito à compensação, mediante a apresentação da PERDCOMP, de tal sorte que, se a RFB resiste à pretensão do interessado, não homologando a compensação, incumbe a ele, o contribuinte, na qualidade de autor, demonstrar seu direito. Por certo, na sistemática da análise dos PERDCOMPs de pagamento indevido ou a maior, na qual é feito um batimento entre o pagamento informado como indevido e sua situação no conta corrente – disponível ou não, não se está analisando efetivamente o mérito da questão, cuja análise somente será viável a partir da manifestação de inconformidade apresentada pelo requerente, na qual, esperase, seja descrita a origem do direito creditório pleiteado e sua fundamentação legal. Foi o que ocorreu no presente caso, em que a recorrente já na fase litigiosa informou a origem do indébito e, posteriormente, juntou a documentação comprobatória que embasaria o seu direito. Não resta caracterizada a nulidade se o impugnante, a partir do despacho decisório, assimila as conseqüências do fato que deu origem à rejeição da compensação, que lhe possibilitem saber quais pontos devem ser esclarecidos em sua defesa, para comprovação de seu direito creditório. Passemos à análise do mérito. A 1ª Turma Especial enfrentou preliminarmente questão relativa à preclusão consumativa do direito à apresentação da DCTF retificadora após a transmissão do PER/DCOMP e antes da prolação do Despacho Decisório, documento este informativo do direito creditório decorrente do pagamento indevido da Contribuição. Compartilho do entendimento exarado pelo Relator original, o qual transcrevo como parte deste voto: Apesar da complementação das alegações da recorrente e a correspondente documentação comprobatória terem sido apresentadas apenas em sede de Recurso Voluntário, o que, em tese, estaria atingida pela preclusão consumativa, o entendimento predominante deste Colegiado é no sentido da prevalência da verdade material, com respaldo ainda na alínea “c” do § 4º art. 16 do PAF (Decreto nº 70.235/1972), quando a juntada de provas destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos, mormente quando a Turma de Julgamento de primeira instância manteve a decisão denegatória da compensação, com base no argumento de que não foram apresentadas as provas adequadas e suficientes à comprovação do crédito compensado, quando tal questão não fora abordada no âmbito do Despacho Decisório guerreado. Fl. 594DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 8 7 Neste sentido, os dados da DCTF retificadora e os documentos colacionados são indícios de prova dos créditos e, em tese, ratificam os argumentos apresentados. No caso em tela, não existe norma procedimental condicionando a apresentação de PER/DCOMP à prévia retificação de DCTF, embora seja este um procedimento lógico. O comando contido no inciso III do § 2º do art. 11 da IN RFB nº 903/2008, vigente à época, abaixo reproduzido, não se refere a decisão em pedido do contribuinte, que não é procedimento fiscal, em sentido estrito, ou seja, procedimento tendente a apurar débito do contribuinte. Art. 11 . A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (grifei). Portanto, não há impedimento legal algum para a retificação da DCTF, que considero tratarse de prova indiciária, em qualquer fase do pedido de restituição ou compensação, desde que anteriormente à inscrição em dívida ativa, sendo que este somente pode ser deferido após a comprovação do direito creditório Considero, também, suplantada a questão da não incidência das Contribuições de que trata a Lei nº 10.865/2004 em relação aos royalties, uma vez que estes são remunerações da propriedade industrial ou intelectual em razão de sua cessão, direito de uso ou transferência de tecnologia uma obrigação de dar, não caracterizada como prestação de serviço. A questão de mérito apresentase em concluir se o pagamento do PIS Importação (código 54341), no valor de R$ 70.896,74, referente ao 2º trimestre/2004, é indevido em decorrência dos valores pagos a título de royalties compreender tão somente parcela devida pela cessão, direito de uso e transferência de tecnologia à licenciada na fabricação de produtos, ou se tal parcela comporta igualmente remuneração advinda de outra modalidade de prestação de serviço conexa ou acessória ao contrato de licença. Fl. 595DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 9 8 Esta foi a dúvida suscitada da qual decorreu a conversão do julgamento, de 24 de abril de 2014, em Diligência à unidade de origem. Salientase que a Solução de Divergência nº 11/2011, da Coordenação Geral de Tributação (Cosit) SD Cosit nº 11/2011, pacificou o entendimento de que não há incidência das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, vinculados à importação, sobre o valor pago a título de royalties, se o contrato discriminar destes os valores relativos aos pagamentos dos serviços técnicos e da assistência técnica de forma individualizada. No ponto em que se encontra os autos e realizada a Diligência determinada por Colegiado deste CARF, mister se faz apreciar os documentos e manifestações da contribuinte em face do relatório de diligência elaborado pela SAORT/DRF Camaçari/BA, bem como o teor deste (relatório). Em que pese a constatação de que os documentos coligidos pela Unidade de Origem apresentaramse "SEM ATESTE", entendo superada a insuficiência de autenticidade pois que no retorno da Diligência para juntada de documentos da contribuinte e apuração da legitimidade do crédito pleiteado, com base nos documentos acostados, a autoridade fiscal atestou a correlação entre invoices, contratos de câmbio, pagamentos e certificado de averbação, assim consignado (fl. 620): 04. Com relação aos documentos, os invoices e contratos de câmbios apresentados na manifestação de inconformidade demonstram que os pagamentos se referem ao contrato com certificado de averbação INPI NR. 991197/03. Repisando, a Diligência teve por escopo (1) obter do contribuinte licenciado cópias do contrato celebrado com a licenciadora, das faturas comerciais e dos registros no Livro Razão, relacionados com o pagamento de royalties que ensejaram o direito creditório pleiteado, e (2) a apuração pela Delegacia de origem da legitimidade do crédito pleiteado em face dos documentos coligidos. De um lado a outro, os argumentos cingiramse em afirmar (Auditor Fiscal) ou infirmar (contribuinte) a previsão de prestação de serviços pela licenciadora em razão da presença, nas cláusulas do contrato de Licença, dos termos "informações técnicas" e "assistência técnica". Assim, defendeu o AuditorFiscal a impossibilidade de afastar a incidência do PIS/PasepImportação sobre os pagamentos de royalties em razão dos valores comportarem também pagamentos decorrentes da prestação de serviços pela licenciadora. Em contrapartida, a contribuinte sustenta a não incidência da Contribuição pois as remessas de valores tem fundamento exclusivo no pagamento pela cessão, direito de uso e transferência de tecnologia, sem abarcar quaisquer serviços prestados. Analiso os argumentos suscitados para então decidir o litígio, iniciandose com a manifestação da autoridade fiscal em seu Relatório de Diligência (fls. 620/624). A autoridade fiscal preocupase em trazer a definição de royalties e seu conteúdo semântico para demonstrar a exclusão de "serviço técnico" e "assistência Fl. 596DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 10 9 técnica" da abrangência de seu conceito. Para isso, utilizouse das definições contidas na IN SRF nº 252/2002, que trata de royalties para fins da incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte. Aduz que no contrato de licenciamento constam, além da licença para uso da propriedade industrial e intelectual, "outros elementos, que configuram serviços". Fundamenta seus argumentos apontando para três cláusulas contratuais: a. O subitem "1.4" cujo título é "Informações Técnicas" no qual se insere cláusula de fornecimento de materiais técnicos (desenhos, especificações e outros dados) e de assistência técnica, concluindo, quanto a esta (assistência técnica), tratarse de uma obrigação de fazer, que vislumbra característica de prestação de serviço; b. O subitem "4.2" que prescreve "Tarefa do Correspondente Técnico da Licenciadora" dispõe sobre fornecimento de informações à licenciada com relação "dispositivos licenciados e informações técnicas", concluindo também tratarse de obrigação de fazer prestação de serviço na medida em que tais informações são disponibilizadas à licenciada; c. No subitem "5. Remuneração" que estabelece a forma de cálculo da remuneração e seu percentual a título de royalties não se verifica individualização quanto à parcelas relativas à prestação de serviços. Ao final de seu relatório, arremata pelo não reconhecimento do direito creditório à luz da Solução de Divergência Cosit nº 11/2011 que exige a individualização da remuneração licença de uso e prestação de serviços para efeitos de pagamento de royalties e cálculo das contribuições. Entendo não assistir razão à autoridade fiscal. A conceituação de royalties na IN SRF nº 252/2002 está prevista no inciso I, do § 1º do art. 17, in verbis: Art. 17. As importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a pessoa jurídica domiciliada no exterior a título de royalties de qualquer natureza e de remuneração de serviços técnicos e de assistência técnica, administrativa e semelhantes sujeitamse à incidência do imposto na fonte à alíquota de quinze por cento. § 1º Para fins do disposto no caput: I classificamse como royalties os rendimentos de qualquer espécie decorrentes do uso, fruição, exploração de direitos, tais como: a) direito de colher ou extrair recursos vegetais, inclusive florestais; b) direito de pesquisar e extrair recursos minerais; c) uso ou exploração de invenções, processos e fórmulas de fabricação e de marcas de indústria e comércio; d) exploração de direitos autorais, salvo quando recebidos pelo autor ou criador do bem ou obra; Fl. 597DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 11 10 Os termos "serviço técnicos" e "assistência técnica" estão definidos no inciso II, do mesmo artigo: II considerase: a) serviço técnico o trabalho, obra ou empreendimento cuja execução dependa de conhecimentos técnicos especializados, prestados por profissionais liberais ou de artes e ofícios; b) assistência técnica a assessoria permanente prestada pela cedente de processo ou fórmula secreta à concessionária, mediante técnicos, desenhos, estudos, instruções enviadas ao País e outros serviços semelhantes, os quais possibilitem a efetiva utilização do processo ou fórmula cedido. Pois bem, fato é que o dispositivo do IRRF distingue royalties de serviço técnicos e assistência técnica para efeito de incidência de pagamentos e remunerações nessas rubricas. Quanto ao serviço técnico, a prestação é realizada por "profissionais liberais ou de artes e ofícios", portanto, é trabalho realizado por pessoa física, desenvolvendo atividade atinente a suas habilidades técnicas/artísticas em caráter pessoal. Não se prevê o trabalho realizado em nome de uma pessoa jurídica e no meu entender não se amolda às cláusulas contratuais em análise. "Assistência técnica a assessoria permanente" diz respeito àquela prestada por quem cede licença de processo ou fórmula secreta cujo trabalho (assistência) fazse necessário de modo permanente a possibilitar a efetiva utilização do processo ou fórmula cedida. Não é a situação que envolve licenciadalicenciadora, pois o objeto é transferência de tecnologia para fabricação de peças automotivas, que não se confunde com um "processo" ou fórmula secreta" ou "outros serviços" que possibilitem a efetiva utilização do processo ou fórmula cedida. A utilização dos conceitos inseridos na IN SRF nº 252/2002 para estabelecer diferenças entre pagamentos de royalties e de serviço técnico/assistência técnica implica o ônus de se observar o conteúdo e aplicação desses termos na análise do Contrato de licenciamento e o objeto da atividade da recorrente. Dito de outra forma, a autoridade fiscal emprestou os as definições da IN tão somente para segregar pagamentos ao exterior relativos à royalties, serviços técnicos e em assistência técnica; contudo, não utilizou seus significados na interpretação das atividades previstas no contrato, que por certo, não se tratam de licenças relativas a processos industriais ou à fórmula secreta, como conceituado na IN. A conclusão, ainda que até aqui preliminar, é no sentido de que o contrato de licenciamento não contempla "serviço técnico" e assistência técnica" tal como conceituados na IN SRF nº 252/2002 para fins de segregação e apuração dos valores de royalties remetidos ao exterior aos quais não incidirão as Contribuições nos termos da SD Cosit nº 11/2011. Fl. 598DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 12 11 Serão, também, analisadas as cláusulas contratuais e a forma de apuração da remuneração dos royalties, que contêm expressões relativas a "informações técnicas", "assistências técnicas" e outros termos abordados no relatório para demonstrar a inexistência de prestação de serviços no contrato de licenciamento da contribuinte. Antes, passo à análise da manifestação da contribuinte (fls. 629/636) que contrapõe os argumentos da autoridade fiscal no Relatório de Diligência. Confronta a contribuinte os fundamentos do relatório da diligencia sob o argumento de que não houve a indicação dos serviços contemplados no contrato de licenciamento que foram efetivamente prestados pela licenciadora. Alega que as "informações técnicas" não se caracterizam prestações de serviços, mas orientações disponibilizadas pela licenciadora por meio de manuais, guias de orientação, sem intervenção de pessoa física. Destaca que o objeto do contrato é uma licença para uso de marca estrangeira para fabricar produtos e realizar vendas na modalidade "OEM", "OES" E "AM" e tal licença inclui a utilização das informações técnicas acerca dos produtos. Argúi que a licenciadora fornece as instruções necessárias à execução das atividades (fabricação de produtos automotivos) no País. Entendo assistir razão à recorrente. As cláusulas contratuais são claras suficientes para apontar não somente a inexistência de prestação de serviços como um de seus objetos, ainda que secundário ou acessório, impõe também concluir que o cálculo da remuneração dos royalties contempla exclusivamente receitas de vendas dos produtos licenciados, o que exclui o pagamento pela prestação de serviços conexos ao licenciamento. Primeiro, passo à análise do "Contrato de Licença" e do seu "Aditivo ao Contrato de Licença", celebrado entre a recorrente e a empresa estrangeira Continental Teves AG & CO. OHG, a qual será realizada mediante a investigação e interpretação dos vocábulos e expressões utilizadas que permitem extrair o seu objeto e, em especial, a previsão de (in)existência de serviços conexos à licença. a. "Dispositivos Licenciados" referemse aos produtos automotivos (peças) listados na "Tabela A" (fls. 447/450) licenciados à fabricação. Referida tabela compõe de peças veiculares de fabricação nacional. Portanto, não contemplam serviços. b. "Patentes Licenciadas", relacionadas na "Tabela B" (fl. 451), referemse a patentes possuídas pela licenciadora que se relacionam ou se aplicam aos "dispositivos licenciados". Portanto, não se tratam de serviços. c. "Informações Técnicas" referemse à disponibilização de informações orais ou por escrito relativas aos "dispositivos licenciados". As "informações" estão discriminadas na "Tabela C" (fls. 452/456) e compõem exatamente da mesma relação de dispositivos da "Tabela A". Portanto, não se tratam de outro serviço conexo, são mera prestações de informações, por intermédio de desenhos, especificações e outros dados. Fl. 599DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 13 12 d. Os termos "OEM", "OES" e "AM" referemse à fornecimento de peças e sobressalentes aos fabricantes de carros. e. "Atividades de B&C" referemse à produção e venda de sistemas de freios e seus acessórios. f. A cláusula "2.1 Licença Concedida" trata do objeto do contrato, que se resume à licença para fabricar as peças automotivas relacionadas nas tabelas e vender os dispositivos como "OEM", "OES E "AM", incluindose a licença para usar informações técnicas e as patentes licenciadas. Tais cláusulas são precisas para delas depreender a inexistência de prestações de serviços no âmbito do contrato celebrado. g. O tópico "4. Informações técnicas" trata do fornecimento de informações, o qual dispõe no item "4.1.1", "A LICENCIADA receberá da LICENDIADORA as Informações técnicas abaixo descritas"; h. Da leitura da cláusula "4.2" inferese que "dar informação" corresponde a colocar à disposição da licenciada cópias da documentação descrita na "Tabela C" e demais dados técnicos relativos e necessários à fabricação dos dispositivos licenciados, o que inclui respostas a consultas técnicas formuladas e recebidas, em relação aos dispositivos licenciados. Atentese que a atividade objeto do contrato de licenciamento é o fornecimento de licença de uso ou cessão para a transferência de tecnologia para a fabricação e venda de peças automotivas. Não há previsão de quaisquer prestações de serviços conexos ao licenciamento, isto é, inexiste qualquer obrigação de fazer; restringese o contrato a uma obrigação de dar. A definição de prestação de serviço, construída pela doutrina jurídica, é estabelecida nos termos em que há um esforço humano dirigido a terceiro, com conteúdo econômico, em caráter negocial e profissional, realizada sob regime de direito privado, cujo objeto é a realização de atividade da qual resulte um bem material ou imaterial. Assim dispõe a doutrina de Paulo de Barros de Carvalho1 em seu escólio acerca da prestação de serviço sujeita ao ISS: A mais desse fator, é forçoso que a atividade realizada pelo prestador apresentese sob a forma de "obrigação de fazer". Eis aí outro elemento caracterizador da prestação de serviços. Só será possível a incidência do ISS se houver negócio jurídico mediante o qual uma das partes se obrigue a praticar certa atividade, de natureza física ou intelectual, recebendo, em troca, remuneração. Por outro ângulo, a incidência do ISS pressupõe atuação decorrente do dever de fazer algo até então inexistente, não sendo exigível quando se tratar de obrigação que imponha a mera entrega, permanente ou temporária, de algo que já existe. 1 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário linguagem e método, 3. ed.. São Paulo: Noeses, 2009, p. 768 Fl. 600DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 14 13 Destarte, a previsão contratual de disponibilização de "informações técnicas" e "assistência técnica", por intermédio de entrega de dados e outros documentos pela licenciadora estrangeira, para utilização na fabricação de produtos licenciados no País, não configura prestação de serviços conexos ao licenciamento para efeitos de incidência de Contribuição para o PIS/Pasepimportação e à Cofins importação. A segunda análise recai sobre a forma de cálculo e a modalidade do pagamento dos royalties remetidos ao exterior em cumprimento às cláusulas estipuladas no contrato de licença. A remuneração do contrato de licença está previsto em sua cláusula "5.1 Royalty reincidente" (fl. 439) a qual estipula a taxa de 4% (quatro por cento) sobre "todos os Preços de Fábrica de vendas de Dispositivos Licenciados e quaisquer outras peças de veículos automotivos fabricados em conformidade com as Informações Técnicas e/ou pela utilização das Patentes Licenciadas." Referida taxa sofreu alteração por meio do "Aditivo ao Contrato de Licença", de 28/10/2004, que em suas folhas 2/4 e 3/4 (efls. 459/460) dispôs que "A LICENCIADA pagará à LICENCIANTE um Royalty Reincidente não restituível que remontará a 3% (três por cento) de todas as Vendas Líquidas." Resta claro qual deve ser a composição dos valores sobre os quais incidirão os royalties: preços de venda (na fábrica) ou vendas líquidas, em determinado período. Desses valores estão excluídos quaisquer parcelas relativas a pagamentos por serviços conexos à licença tomados pela contribuintelicenciada. Isto porque há previsão expressão na cláusula "5.2 Pagamento de royalty e Relatório de Royalty" de que o pagamento dos royalties será acompanhado de relatório a ser prestado pela contribuinte à licencidadora contendo (i) relação dos artigos e números dos dispositivos licenciados vendidos ou utilizados; (ii) o montante de "Preços de Fábrica recebidos por Dispositivos licenciados e suas peças" e (iii) a discriminação (origem / "derivação") das quantias pagas à licenciadora, conforme as informações prestadas. Completada a análise quanto aos valores que compõem o cálculo do pagamento dos royalties devidos à licenciadora, cumpre verificar a correspondência desse com os demais documentos coligidos e a sua regularidade conforme exigências da legislação. Os documentos em apreço são: invoice (fatura comercial), contrato de câmbio e correspondente registro na escrituração contábil. A invoice nº nº 90343232 (fl. 591/594) emitida pela licenciadora informa pagamento relativo a "Taxas de Royalties referentes à Taxa de Licença Contrato de 12 de novembro de 1999 (...)", com valor total de USD 1.300.811,16. De fato, o valor consignado não é o efetivamente remetido pois, conforme cláusula contratual, o pagamento deve ser líquido de impostos e taxas no país do licenciado. Assim, efetuada a retenção legal de 15% relativo ao IRRF (conforme informado no campo "outras especificações" do contrato de câmbio de fl. 204 e Fl. 601DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 15 14 lançamento no livro Razão à fl. 600), o valor a ser remetido é de USD 1.105.689,49 (R$ 3.454.395,10), exatamente como consignado na "Planilha de Cálculo" (fl. 201) e Contrato de Câmbio nº 04/03489, de 23/06/200 (fls. 203/205), corroborado com extrato emitido pelo UNIBANCO, que comprova sua liquidação. Passo seguinte é verificar a regularidade da remessa cambial a título de royalties. A disciplina acerca das remessas de valores para o exterior a título de royalties ou qualquer outro título (inclusive "assistência técnica") foi estabelecida pela Lei nº 4.131, de 03/09/1962, com o controle pela Superintendência da Moeda e do Crédito SUMOC. Atualmente regulamentada pelo Banco Central do Brasil pela Circular nº 3.689/2013, que dispõe sobre o capital estrangeiro no País e sobre o capital brasileiro no exterior. De fato, em ambos diplomas não se verifica qualquer distinção quanto ao pagamento a título de royalties ou de outros serviços para o exterior. Não obstante, a Circular nº 3.689/2013, na Subseção I, que trata de "Royalties, serviços técnicos e assemelhados", do capítulo "Operações financeiras", dispõe sobre os registros das operações contratadas e discrimina sus espécies, como transcrito: Subseção I Royalties, serviços técnicos e assemelhados Art. 101. Esta subseção dispõe sobre o registro, no módulo ROF do RDE, das operações contratadas entre pessoa física ou jurídica residente, domiciliada ou com sede no País, e pessoa física ou jurídica residente, domiciliada ou com sede no exterior, relativas a: I licença de uso ou cessão de marca; II licença de exploração ou cessão de patente; III fornecimento de tecnologia; IV serviços de assistência técnica; V demais modalidades que vierem a ser averbadas pelo INPI; e VI serviços técnicos complementares e as despesas vinculadas às operações enunciadas nos incisos I a V deste artigo não sujeitos a averbação pelo INPI. Resta evidente que o regulamento estabeleceu diferenças entre royalties e serviços nos incisos "I" a "III" (royalties), "IV" (serviços de assistência técnica) e "V" (serviços técnicos complementares). Desde a edição da CartaCircular nº 2803/98, vigente em 01/07/1998, que contempla as operações da recorrente no ano de 2003/2004, as diferenças entre remessas por pagamento de royalties e de outros serviços estão especificadas segundo Tabela com os códigos atribuídos à natureza da operação, quando da prestação dessas informações no preenchimento do contrato de câmbio. Fl. 602DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 16 15 Conforme a transcrição de Tabela, resta caracterizada a natureza do pagamento ao exterior com a verificação do código informado no contrato de câmbio: XIV SERVIÇOS DIVERSOS NATUREZA DA OPERAÇÃO Nº CÓDIGO 1 EXPORTAÇÃO/IMPORTAÇÃO DE SERVIÇOS 1/ PATENTES 2/ licença de exploração/cessão 45625 MARCAS 2/ licença de uso/cessão 45618 FORNECIMENTO DE 2/ tecnologia 45632 serviços de assistência técnica 45649 serviços e despesas complementares 45584 FRANQUIAS 2/ 45591 IMPLANTAÇÃO OU INSTALAÇÃO DE PROJETO técnicoeconômico 45656 industrial 45663 de engenharia 45670 SERVIÇOS TÉCNICOS ESPECIALIZADOS 3/ projetos, desenhos e modelos industriais 45687 projetos, desenhos e modelos de engenharia 45694 montagem de equipamentos 45704 outros serviços técnicosprofissionais 45711 In casu, verificando a natureza da operação informada pela recorrente no Contrato de Câmbio nº 04/03489 (fl. 203) constatase tratarse do código de prefixo "45632", que conforme inciso III, do art. 101 da Circular do BCB nº 3.689/2013, corresponde ao pagamento ao exterior em decorrência do fornecimento de tecnologia, que evidencia pagamento de roylaties. Na hipótese do pagamento corresponder à prestação de serviço de assistência técnica ou de serviços complementares, os códigos seriam, respectivamente, 45634 e 45584, o que não se verifica nos autos. Assim, os documentos coligidos nos autos, relativos à apuração e ao pagamento dos valores devidos e remetidos ao licenciador estrangeiro, com a utilização de código cambial vinculado a pagamentos de royalties, comprovam tratarse de remessa a título de royalties previsto em contrato para a transferência de tecnologia para fabricação de produtos licenciados. Fl. 603DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 17 16 Finalizando, concluo que, à luz do contrato de licenciamento e os efetivos pagamentos realizados ao exterior, não incide as Contribuições para o PIS/Pasepimportação e Cofinsimportação, pois tais pagamentos, cujos cálculos baseiamse nas vendas líquidas de produtos licenciados, referemse exclusivamente à remuneração contratual pela transferência de tecnologia, com natureza jurídica de royalties, inexistindo parcelas relativas à serviços conexos à licença a serem individualizados no contrato. Evidenciase assim, pagamento indevido o recolhimento efetuado pela recorrente, para o qual se pleiteia restituição do valor recolhido, por meio do DARF, código 5434 (fl. 202). Diante do exposto, voto no sentido de reconhecer o direito creditório da recorrente e dar provimento ao recurso voluntário." Retornando ao caso deste processo, importante ressaltar que todos os documentos analisados no julgamento do paradigma encontram correspondência com os documentos juntados ao presente, a saber: a) "Contrato de Licença" e seu "Aditivo ao Contrato de Licença", celebrado entre a Continental do Brasil e a empresa estrangeira Continental Teves AG & CO. OHG (fls. 433 a 460 mesmo contrato que o analisado no julgamento do paradigma); b) invoice nº 90455654 (fls. 527) emitida pela licenciadora informando pagamento relativo a "Taxas de Royalties referentes à Taxa de Licença Contrato de 12 de novembro de 1999 (...)", no valor total de USD 1.619.197,00; c) contrato de cambio nº 05/049655, no valor de USD 1.376.317,45 (fls. 197 a 199), que comprova a remessa ao exterior de USD 1.376.317,45 (R$ 3.251.687,61), corroborado com extrato emitido pelo UNIBANCO que comprova sua liquidação; d) o valor da remessa, conforme cláusula contratual, corresponde ao valor total da invoice menos o desconto do IRRF de 15%, conforme lançamentos no razão fl. 537) e planilha de cálculo de fl. 195; e) a natureza da operação no Contrato de Câmbio nº 05/049655 foi especificada com o código de prefixo "45632", que, conforme inciso III do art. 101 da Circular do BCB nº 3.689/2013, corresponde ao pagamento ao exterior em decorrência do fornecimento de tecnologia, o que evidencia pagamento de royalties; f) DARF de fl. 196. Portanto, constatase que neste processo o contribuinte juntou os mesmos documentos que foram considerados hábeis à comprovação do direito creditório no caso do paradigma, variando apenas o número dos documentos e os valores envolvidos. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório em litígio. Winderley Morais Pereira Fl. 604DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.913789/200904 Acórdão n.º 3201002.414 S3C2T1 Fl. 18 17 Fl. 605DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Numero do processo: 10665.720074/2008-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 10/03/2003 a 31/12/2006
ISENÇÃO. DECRETO-LEI Nº 288/67. APROVEITAMENTO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Não há autorização legal para o aproveitamento de crédito de IPI sobre produtos adquiridos com a isenção de que trata o art. 9º do Decreto-lei nº 288/67, regulado pelo art. 69, incisos I e II do RIPI/2002.
MATÉRIAS-PRIMAS E PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. INTERPRETAÇÃO DA DECISÃO PROFERIDA NO RESP 1.075.508/SC. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF.
O aproveitamento do crédito de IPI relativo aos insumos que não integram o produto pressupõe o consumo, ou seja, o desgaste de forma imediata (direta) e integral do produto intermediário durante o processo de industrialização e que o produto não esteja compreendido no ativo permanente da empresa.
A decisão proferida no Resp 1.075.508/SC, submetido à sistemática de que trata o artigo 543-C do anterior CPC, acolhe a tese do contato físico e do desgaste direto em contraposição ao desgaste indireto, a qual deve ser acolhida nos julgamentos do CARF em conformidade com o seu Regimento Interno.
MULTA PUNITIVA. RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. FATO GERADOR OCORRIDO ANTES DA INCORPORAÇÃO. TESE FIRMADA PELO STJ. REGIMENTO INTERNO DO CARF.
O STJ, no julgamento do REsp nº 923.012/MG, submetido ao regime do artigo 543-C, do anterior CPC, transitado em julgado em 04/06/2013, de aplicação obrigatória pelos membros do CARF, firmou a tese de que a responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos antes da sucessão, o que, inclusive, é tema da Súmula nº 554 do STJ, publicada em 15/12/2015.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-003.227
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 10/03/2003 a 31/12/2006 ISENÇÃO. DECRETO-LEI Nº 288/67. APROVEITAMENTO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Não há autorização legal para o aproveitamento de crédito de IPI sobre produtos adquiridos com a isenção de que trata o art. 9º do Decreto-lei nº 288/67, regulado pelo art. 69, incisos I e II do RIPI/2002. MATÉRIAS-PRIMAS E PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. INTERPRETAÇÃO DA DECISÃO PROFERIDA NO RESP 1.075.508/SC. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF. O aproveitamento do crédito de IPI relativo aos insumos que não integram o produto pressupõe o consumo, ou seja, o desgaste de forma imediata (direta) e integral do produto intermediário durante o processo de industrialização e que o produto não esteja compreendido no ativo permanente da empresa. A decisão proferida no Resp 1.075.508/SC, submetido à sistemática de que trata o artigo 543-C do anterior CPC, acolhe a tese do contato físico e do desgaste direto em contraposição ao desgaste indireto, a qual deve ser acolhida nos julgamentos do CARF em conformidade com o seu Regimento Interno. MULTA PUNITIVA. RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. FATO GERADOR OCORRIDO ANTES DA INCORPORAÇÃO. TESE FIRMADA PELO STJ. REGIMENTO INTERNO DO CARF. O STJ, no julgamento do REsp nº 923.012/MG, submetido ao regime do artigo 543-C, do anterior CPC, transitado em julgado em 04/06/2013, de aplicação obrigatória pelos membros do CARF, firmou a tese de que a responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos antes da sucessão, o que, inclusive, é tema da Súmula nº 554 do STJ, publicada em 15/12/2015. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
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DECRETOLEI Nº 288/67. APROVEITAMENTO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Não há autorização legal para o aproveitamento de crédito de IPI sobre produtos adquiridos com a isenção de que trata o art. 9º do Decretolei nº 288/67, regulado pelo art. 69, incisos I e II do RIPI/2002. MATÉRIASPRIMAS E PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. INTERPRETAÇÃO DA DECISÃO PROFERIDA NO RESP 1.075.508/SC. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF. O aproveitamento do crédito de IPI relativo aos insumos que não integram o produto pressupõe o consumo, ou seja, o desgaste de forma imediata (direta) e integral do produto intermediário durante o processo de industrialização e que o produto não esteja compreendido no ativo permanente da empresa. A decisão proferida no Resp 1.075.508/SC, submetido à sistemática de que trata o artigo 543C do anterior CPC, acolhe a tese do contato físico e do desgaste direto em contraposição ao desgaste indireto, a qual deve ser acolhida nos julgamentos do CARF em conformidade com o seu Regimento Interno. MULTA PUNITIVA. RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. FATO GERADOR OCORRIDO ANTES DA INCORPORAÇÃO. TESE FIRMADA PELO STJ. REGIMENTO INTERNO DO CARF. O STJ, no julgamento do REsp nº 923.012/MG, submetido ao regime do artigo 543C, do anterior CPC, transitado em julgado em 04/06/2013, de aplicação obrigatória pelos membros do CARF, firmou a tese de que a responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 72 00 74 /2 00 8- 61 Fl. 829DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 2 ocorridos antes da sucessão, o que, inclusive, é tema da Súmula nº 554 do STJ, publicada em 15/12/2015. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Juiz de Fora que julgou improcedente a impugnação da contribuinte. Trata o processo de auto de infração relativo ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no montante de R$ 2.579.858,54, acrescido de multa proporcional, no valor de R$ 1.934.893,51, além dos juros de mora, no valor de R$ 928.631,60 até 31/01/2008, sob as seguintes rubricas: A) "Creditamento indevido de Imposto sobre Produtos Industrializados, como se devido fosse, sobre aquisições de produtos adquiridos com isenção na Amazônia Ocidental e Zona Franca de Manaus (rolhas metálicas e filme plástico, conforme relação anexa) para os quais não há previsão legal de direito de manutenção de crédito, visto tal incentivo fiscal se restringe às aquisições de "produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos industriais localizados na Amazônia Ocidental, cujos projetos tenham sido aprovados pelo Conselho de Administração da SUFRAMA" art. 175, c/c 82, II1, do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados, aprovado pelo Decreto 4.544/2002". B) "Utilização indevida de créditos sobre aquisição de produtos destinados a manutenção reparação de máquinas e equipamentos, conforme relação anexa, que não se enquadram no conceito legal de matéria prima, produtos intermediário ou material de embalagem." Fl. 830DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 10665.720074/200861 Acórdão n.º 3402003.227 S3C4T2 Fl. 830 3 Cientificada da autuação, a contribuinte apresentou impugnação, alegando, em síntese: Os incentivos concedidos aos produtos industrializados na Zona Franca de Manaus são maiores do que os concedidos à Amazônia Ocidental e, portanto, estaria garantido o seu direito ao creditamento dos materiais de embalagem oriundo daquela região. O artigo 1° do Decreto nº 2.346/97 impõe a observância pela Administração Pública Federal das decisões do Supremo Tribunal Federal que fixarem de forma inequívoca a interpretação do texto constitucional, sendo desnecessário que tal decisão tenha sido proferida em sede de Ação Declaratória de Inconstitucionalidade. Os produtos cujo crédito foi glosado foram elaborados e adquiridos em Manaus, dentro, de sua Zona Franca, o que, ipso fato, automaticamente habilita seus adquirentes ao gozo de todos os incentivos fiscais, inclusive o direito ao crédito presumido do tributo sobre eles incidente. Deste modo, improcede a glosa, devendo o crédito ser restabelecido, como de direito. Acerca das glosas do creditamento referente a produtos de manutenção, a fiscalização equiparou tais itens à máquinas e equipamentos aos quais são incorporados, o que inexiste na lei, além do que a fiscalização não demonstrou que tais bens são efetivamente classificados no ativo permanente. A legislação não exige, para fins de garantir o direito ao creditamento, que o produto intermediário se incorpore ao produto final ou de desgaste pelo contato direito sobre o produto em fabricação. Impossibilidade de responsabilização da empresa incorporadora (caso da impugnante) pelas multas referentes a período anterior à incorporação societária. Mediante o Acórdão nº 0935.144 3ª Turma da DRJ/JFA, de 20 de maio de 2011, foi julgada improcedente a impugnação, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 10/03/2003 a 31/12/2006 AMAZÔNIA OCIDENTAL. DIREITO AO CRÉDITO. O direito ao crédito relativo a aquisições de produtos isentos oriundos da Amazônia Ocidental está condicionado à utilização, na elaboração de tais produtos, de matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais produzidos por estabelecimentos também localizados na Amazônia Ocidental, devendo, é claro, tais produtos destinados para emprego como MP, PI e ME, na industrialização de produtos sujeitos ao imposto. CRÉDITO DO IMPOSTO. INSUMOS ENSEJADORES DE CREDITAMENTO. Ensejam o creditamento as matériasprimas, os produtos intermediários e materiais de embalagem que integram o produto ou sejam consumidos no processo de industrialização, entendidos esses últimos como os produtos que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, nos termos do Parecer Normativo CST nº 65/79. CRÉDITOS BÁSICOS. Fl. 831DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 4 A aquisição de insumos isentos, nãotributados ou tributados à alíquota zero, não confere ao contribuinte direito ao crédito do IPI. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 10/03/2003 a 31/12/2006 SUCESSÃO. RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PENALIDADES. Na sucessão empresarial, a sucessora é responsável pelos créditos tributários devidos pela sucedida, não somente aqueles relativos a tributos, mas também os decorrentes de penalidades pecuniárias devidos pelo descumprimento das obrigações tributárias, principal e acessória, independentemente do lançamento de ofício ocorrer antes ou depois do evento sucessório. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. Às instâncias administrativas não competem apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade das normas tributárias, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A contribuinte foi regularmente cientificada do Acórdão de primeira instância, pela via postal, em 13/06/2011. Em 11/07/2011, a contribuinte postou recurso voluntário, mediante o qual alega e requer, em síntese: Inicialmente, verificase não ter a Fiscalização, nem a decisão recorrida atentado para o disposto no art. 69, inciso II, do Decreto nº 4.544/2002, pois tendo os produtos sido fabricados e adquiridos na Zona Franca de Manaus, salvo quando eles houvessem sido industrializados pelas modalidades de acondicionamento ou reacondicionamento, quer dizer, até prova em contrário, eles atendiam ao disposto no referido dispositivo regulamentar. Em segundo lugar, de acordo com os Recursos Extraordinários 353.657 e 370.682, o entendimento do Supremo Tribunal Federal aponta no sentido de que há direito a crédito mesmo quando na operação anterior não houver pagamento de tributo, ou seja, é admitido crédito ainda quando nas aquisições de insumos não pagamento de IPI, como é o caso dos produtos adquiridos com isenção. Na verdade o FISCO equiparara o regime dos produtos sujeitos à não incidência, alíquota zero e isenção, embora sejam institutos completamente distintos como se demonstrará. O direito ao crédito do IPI decorre do principio constitucional da não cumulatividade, previsto no art. 153 da CF, norma da maior hierarquia, suporte de toda a legislação tributária. Quanto aos créditos do item em epígrafe [DEMAIS CASOS], também não assiste razão ao FISCO, pois invoca o disposto no Fl. 832DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 10665.720074/200861 Acórdão n.º 3402003.227 S3C4T2 Fl. 831 5 art. 164 do RIPI/2002 e, a inteligência do Parecer Normativo 065/79, dado que esses dispositivos não servem de amparo à glosa, como abaixo será demonstrado. Data venia, como se verifica da justificação acima, a D. Fiscalização glosou os créditos utilizandose de uma equiparação inexistente na lei. Esta apenas veda o crédito dos bens classificáveis no ativo imobilizado, conforme se verifica do dispositivo regulamentar abaixo (...) Como se vê da norma transcrita não é exigido, quando se trata de produto intermediário, que se incorpore ao produto final ou se desgastem, pelo contato direto sobre o produto em fabricação. Basta que seja empregado no produto fabricado. Frisese que os produtos cujos créditos foram glosados pelo Fisco embora não possam ser qualificados como matérias primas ou material de embalagem são integralmente utilizados no processo produtivo da impugnante. Ao contrário do sustentado pela Fiscalização, todos os produtos, cujo crédito foi glosado, se ajustam ao conceito esposado no PN/CST n° 65/79 que, no item 11 assim se manifesta: (...) Como reconhece a própria Fiscalização, os produtos foram consumidos ou gastos para que se dê o processo industrial, embora não tenham tido contato físico direto, nem sofreram ou exerceram diretamente ação no produto industrializado. Atualmente é pacífica a jurisprudência de nossos Tribunais tanto judiciais como administrativos no sentido de que a responsabilidade por sucessão não abrange o pagamento das penalidades eventualmente devidas. Confirase, somente a titulo exemplificativo, as seguintes decisões abaixo É o relatório. Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora O recurso é tempestivo e foi apresentado por legítimo representante da contribuinte, pelo que dele tomo conhecimento. Relativamente ao creditamento de Imposto sobre Produtos Industrializados sobre aquisições de rolhas metálicas e filme plástico com isenção, a recorrente esclarece, no início do seu recurso, que se trata da isenção a que se refere o art. 69, inciso II, do Decreto nº 4.544/2002, assim, a controvérsia diz respeito somente ao direito ao aproveitamento na aquisição de produtos adquiridos com tal isenção: Art. 69. São isentos do imposto (Decretolei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, art. 9º, e Lei nº 8.387, de 30 de dezembro de 1991, art. 1º): Fl. 833DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 6 (...) II os produtos industrializados na ZFM, por estabelecimentos com projetos aprovados pelo Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus SUFRAMA, que não sejam industrializados pelas modalidades de acondicionamento ou reacondicionamento, destinados a comercialização em qualquer outro ponto do Território Nacional, excluídos as armas e munições, fumo, bebidas alcoólicas e automóveis de passageiros e produtos de perfumaria ou de toucador, preparados ou preparações cosméticas, salvo quanto a estes (posições 33.03 a 33.07 da TIPI) se produzidos com utilização de matériasprimas da fauna e flora regionais, em conformidade com processo produtivo básico; e (...) Como bem esclareceu a Ilustre Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, no Voto Condutor do Acórdão nº 3402002.933 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 24 de fevereiro de 2016, a discussão sobre o direito ao crédito de IPI decorrente de produtos oriundos da região amazônica deve ser tratada em separado, como um assunto especial em relação aos demais casos relativos às aquisições com isenção, alíquota zero e não incidência do IPI, sendo que a "diferenciação entre as duas situações se depreende com nitidez tanto do esclarecimento do Ministro Marco Aurélio no julgamento do RE 566.819, como do RE n. 592.891, que trata especificamente do crédito de IPI decorrente de produtos munidos de isenção da Zona Franca de Manaus, cuja repercussão geral foi reconhecida mesmo depois da consolidação do entendimento do STF sobre o “assunto geral” do crédito de IPI". Nessa esteira, leciona a Ilustre Relatora que: (...) A legislação do IPI traz duas situações distintas sobre o direito ao crédito de IPI relativo a produtos da região amazônica, quais sejam: i) o artigo 9º do Decretolei n. 288/67, regulado pelo artigo 69, incisos I e II do RIPI/2002, que concede a isenção porém não traz previsão expressa para o aproveitamento do crédito presumido; ii) o artigo 6º do Decreto n. 1.435/75, regulado pelo artigo 82, inciso III do RIPI/2002, o qual expressamente estabelece o direito ao aproveitamento do crédito de IPI “calculado como se devido fosse” (sob condição de cumprimento de seus requisitos, como discutido no tópico acima). (...) Com relação aos precedentes dos tribunais colacionados pela recorrente, como não se tratam ainda de decisões definitivas de mérito produzidas sob a sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869/73 ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105/2015 Código de Processo Civil, não são de aplicação obrigatória pelos membros do CARF, nos termos do art. 62, §2º do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) Fl. 834DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 10665.720074/200861 Acórdão n.º 3402003.227 S3C4T2 Fl. 832 7 § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Assim, diante da ausência de autorização legal para o creditamento pleiteado ou de medida judicial que ampare a pretensão da recorrente, entendo que deve ser mantida a glosa sobre as aquisições de produtos isentos da Zona Franca de Manaus. No que concerne às demais glosas, de itens de manutenção e reparação de máquinas (gaxetas, mangueiras, aneis de vedação, selo mecânico, disco separador, retentor, etc.), elas foram efetuadas pela fiscalização pelo fato de os produtos adquiridos não se enquadrarem no conceito de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem. Não obstante a técnica da não cumulatividade do IPI tenha amparo no art. 153, §3° da Constituição Federal, esse dispositivo, por si só, não assegura o direito ao crédito do IPI sobre os produtos adquiridos, havendo a necessidade de lei ordinária, regulamento e normas complementares (art. 100 do CTN) que tragam as condições e as formas para que esse crédito possa ser aproveitado pelo contribuinte, conforme já decidido no Acórdão nº 3302 002.127 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, j. 22/05/2013, Rel. Gileno Gurjão Barreto. Nesse contexto é que dispõe o art. 226, I do Regulamento do IPI/2010, e dispunha o art. 164, I do RIPI/2002, vigente à época dos fatos geradores, que os estabelecimentos industriais e os que lhe são equiparados podem creditarse do imposto relativo às matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de fabricação, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente. Também os Pareceres Normativos CST nº 65/79 e nº 181/74, que são atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas, nos termos do art. 100, I do CTN, auxiliam na determinação do sentido e alcance das normas legais e do regulamento acerca de quais insumos ensejam aproveitamento de créditos do IPI. Com efeito, dispõem o item 11 do Parecer Normativo CST nº 65/79 e o item 13 do Parecer Normativo nº 181/74 que: [Parecer Normativo CST nº 65/79] 11 Em resumo, geram o direito ao crédito, alem dos que se integram ao produto final (matériasprimas e produtos intermediários, “stricto senso”, material de embalagens), quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação; ou viceversa, proveniente de ação exercida diretamente pelo bem em industrialização, desde que não devam, Fl. 835DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 8 em face dos princípios contábeis geralmente aceitos, ser incluídos no ativo permanente. [Parecer Normativo nº 181/1974] (...) 13 Por outro lado, ressalvados os casos de incentivos expressamente previstos em lei, não geram direito ao crédito do imposto os produtos incorporados às instalações industriais, as partes, peças e acessórios de máquinas equipamentos e ferramentas, mesmo que se desgastem ou se consumam no decorrer do processo de industrialização, bem como os produtos empregados na manutenção das instalações, das máquinas e equipamentos, inclusive lubrificantes e combustíveis necessários ao seu acionamento. Entre outros, são produtos dessa natureza: limas, rebolos, lâmina de serra, mandris, brocas, tijolos refratários usados em fornos de fusão de metais, tintas e lubrificantes empregados na manutenção de máquinas e equipamentos etc.” [grifos da Relatora] Assim, em consonância aos dispositivos e atos normativos acima mencionados, o aproveitamento do crédito de IPI relativo aos insumos que não integram o produto pressupõe o consumo, ou seja, o desgaste de forma imediata (direta) e integral do produto intermediário durante o processo de industrialização e que o produto não esteja compreendido no ativo permanente da empresa. De forma que não há como acolher a pretensão da recorrente de ter reconhecido o direito ao crédito do IPI sobre tudo aquilo que contribui para o processo produtivo. Neste mesmo sentido decidiu o Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso repetitivo (REsp nº 1.075.508), cujos termos vincula este colegiado consoante regra referida acima contida no Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. O RECURSO ESPECIAL Nº 1.075.508 SC (2008/01532905), representativo de controvérsias, nos termos do artigo 543C do CPC, traz a seguinte ementa: EMENTA PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E AO USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. RATIO ESSENDI DOS DECRETOS 4.544/2002 E 2.637/98. 1. A aquisição de bens que integram o ativo permanente da empresa ou de insumos que não se incorporam ao produto final ou cujo desgaste não ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrialização não gera direito a creditamento de IPI, consoante a ratio essendi do artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (Precedentes das Turmas de Direito Público: AgRg no REsp 1.082.522/SP, Rel.Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 16.12.2008, DJe 04.02.2009; AgRg no REsp 1.063.630/RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 16.09.2008, DJe 29.09.2008; REsp 886.249/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 18.09.2007, DJ 15.10.2007; REsp 608.181/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Fl. 836DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 10665.720074/200861 Acórdão n.º 3402003.227 S3C4T2 Fl. 833 9 Turma, julgado em 06.10.2005, DJ 27.03.2006; e REsp 497.187/SC, Rel. Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, julgado em 17.06.2003, DJ 08.09.2003). 2. Deveras, o artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (assim como o artigo 147, I, do revogado Decreto 2.637/98), determina que os estabelecimentos industriais (e os que lhes são equiparados), entre outras hipóteses, podem creditarse do imposto relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose ‘aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente’. 3. In casu, consoante assente na instância ordinária, cuidase de estabelecimento industrial que adquire produtos ‘que não são consumidos no processo de industrialização (...), mas que são componentes do maquinário (bem do ativo permanente) que sofrem o desgaste indireto no processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de custos do produto final’, razão pela qual não há direito ao creditamento do IPI. 4. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Nesta esteira, em julgamento anterior deste Conselho Administrativo, no Acórdão nº 3302002.475, da 3ª Câmara/2ª Turma Ordinária desta Terceira Seção de Julgamento, cuja ementa segue abaixo, foi adotado o entendimento do referido Recurso Especial: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2003 (...) PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. DESGASTE INDIRETO. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO DE IPI. RECURSO REPETITIVO STJ. Os produtos intermediários que geram direito de crédito de IPI, nos termos do REsp nº 1.075.508, julgado em sede de recurso repetitivo, são aqueles que são consumidos ou sofrem desgaste de forma imediata e integral no processo produtivo, sendo incabível quanto aos valores do IPI pagos quando da aquisição de máquinas, equipamentos, suas partes e peças, combustível empregado em máquinas e equipamentos, bem como quando da aquisição de produtos cujo desgaste se dê apenas de forma indireta. Recurso Voluntário Negado. Fl. 837DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 10 No caso, a recorrente não discorda que os produtos adquiridos para manutenção e reparação não tenham tido contato físico direto, nem sofreram ou exerceram diretamente ação no produto industrializado. No entanto, o desgaste geral das peças e equipamentos, decorrentes de sua utilização normal, e não por ação direta no produto em fabricação, não dá o direito ao creditamento do IPI, conforme se depreende as normas acima transcritas. De outra parte, a glosa não se deu em face de tais bens integrarem o ativo permanente, sendo desnecessária tal comprovação pelo Fisco, como sustentado pela recorrente. Por fim, quanto à responsabilidade por sucessão sobre as multas, o STJ, no julgamento do REsp nº 923.012/MG, submetido ao regime do artigo 543C do revogado Código de Processo Civil, transitado em julgado em 04/06/2013, decidiu no sentido de que: "A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão". Nessa esteira, em 15/12/2015 foi também publicada a Súmula nº 554 do STJ, com o seguinte teor: "Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão". Dessa forma, sendo esse entendimento de aplicação obrigatória pelos membros do CARF, não há como acatar a tese da recorrente de que a responsabilidade por sucessão não abrangeria as penalidades em fato de infrações praticadas pela sucedida. Assim, conforme acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 838DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 29/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM
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Numero do processo: 11128.004458/2005-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 25/05/2004, 15/02/2005, 22/02/2005
MULTA. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. DECLARAÇÃO INEXATA. NÃO COMPROVAÇÃO. INAPLICABILIDADE.
Não havendo declaração inexata da mercadoria importada e correta a classificação adotada pelo contribuinte, é vedada a aplicação da multa em razão do disposto no Art. 112, 113 e 142 do CTN.
Numero da decisão: 3201-002.253
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar e no mérito dar provimento ao Recurso Voluntário. Os conselheiros Mércia Trajano D'Amorim, José Luiz Feistaur, Paulo, Jorge Folena Rubem Folena de Oliveira e Winderley Morais Pereira votaram pelas conclusões. A Conselheira Mércia Trajano D'Amorim fará declaração de voto. Ausente, justificadamente, os Conselheiros Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Charles Mayer de Castro Souza. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o Advogado Eduardo Gonçalves. OAB 284974.
(assinatura digital)
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente-substituto.
(assinatura digital)
PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: WINDERLEY MORAIS PEREIRA (Presidente-substituto), PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA, JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, CÁSSIO SCHAPPO, PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, JORGE RUBEM FOLENA DE OLIVEIRA.
Nome do relator: PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA
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CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. DECLARAÇÃO INEXATA. NÃO COMPROVAÇÃO. INAPLICABILIDADE. Não havendo declaração inexata da mercadoria importada e correta a classificação adotada pelo contribuinte, é vedada a aplicação da multa em razão do disposto no Art. 112, 113 e 142 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar e no mérito dar provimento ao Recurso Voluntário. Os conselheiros Mércia Trajano D'Amorim, José Luiz Feistaur, Paulo, Jorge Folena Rubem Folena de Oliveira e Winderley Morais Pereira votaram pelas conclusões. A Conselheira Mércia Trajano D'Amorim fará declaração de voto. Ausente, justificadamente, os Conselheiros Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Charles Mayer de Castro Souza. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o Advogado Eduardo Gonçalves. OAB 284974. (assinatura digital) WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidentesubstituto. (assinatura digital) PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: WINDERLEY MORAIS PEREIRA (Presidentesubstituto), PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 44 58 /2 00 5- 31 Fl. 387DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA 2 JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, CÁSSIO SCHAPPO, PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, JORGE RUBEM FOLENA DE OLIVEIRA. Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 228 interposto em face de decisão de primeira instância de procedimento administrativo fiscal de âmbito Federal proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de São Paulo DRJ/SP de fls. 214 que considerou integralmente procedente o lançamento da multa de 1% sobre o valor aduaneiro prevista no Art. 84, I, da Medida Provisória 215835, decorrente de "001 Mercadoria Classificada Incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul" (Auto de Infração fls. 02). Sendo costume deste Conselho a transcrição do Relatório das decisões de primeira instância, segue para apreciação: "Trata o presente processo de Auto de Infração lavrado em 28/06/2005, para a cobrança da multa regulamentar prevista no inciso I do artigo 84 da MP 2.158/01, tendo em vista desclassificação fiscal da mercadoria importada. Consta da "Descrição dos Fatos" (folha 02), que faz parte integrante do citado auto de infração, em síntese que: através das DIs n° 04/04949562, 05/01552264 e 05/0184657 8 o contribuinte importou o produto THIAMEETHOXAM, classificandoo no código tarifário NCM 2934.10.90; em ato de conferência física foi retirada amostra do produto para exame laboratorial, sendo, então, emitidos pela FUNCAMP — Fundação de Desenvolvimento da UNICAMP — os Laudos 1495.01, 0562.01 e 0563.01; analisando os resultados dos Laudos constatouse que o produto tratavase de "3 — (( 2Cloro — 5 — tiazolil)Metil)Tetrahidro5MetilNNitro4H1,3,5Oxadiazino 4Imina (Thiamethoxam), outro composto cuja estrutura contém Heteroatomos de Nitrogênio, Enxofre e Oxigênio, Qualquer Outro Composto Heterociclico", com classificação fiscal correta no código NCM 2934.99.99, de acordo com as Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado; a fiscalização solicitou à FUNCAMP um aditamento ao Laudo 1495.01, onde foram respondidos diversos quesitos adicionais; face ao exposto lavrouse o presente auto de infração para a cobrança do crédito tributário. A empresa regularmente cientificada da autuação, no dia 11/07/2005(fl. 01), apresentou tempestivamente Impugnação, em 13/07/2005 (fls. 121/ss), onde alega em síntese que: Fl. 388DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Processo nº 11128.004458/200531 Acórdão n.º 3201002.253 S3C2T1 Fl. 387 3 a classificação fiscal adotada para o produto importado THIAMETHOXAM TÉCNICO NCM 2934.10.90 — encontrase em perfeita harmonia com a descrição do produto na NCM; solicitou um laudo técnico junto ao LAAP — Engenharia, Peritagem, Consultoria e Análise Ltda, onde obteve a seguinte definição: "o produto estudado THIAMETHOXAM TÉCNICO tratase de um composto orgânico de constituição química definida, apresentado isoladamente, caracterizandose como um composto heterociclico e, mais particularmente, como um composto cuja estrutura contém um ciclo tiazol (não hidrogenado) não condensado e um ciclo oxadizol (não hidrogenado) condensado, utilizado na indústria química como ingrediente ativo na produção de preparações inseticidas". extraise dos dois laudos técnicos apresentados que o produto THIAMETHOXAM TÉCNICO é um produto químico orgânico de constituição definida, o que indica seu posicionamento no Capitulo 29. 0 referido composto se caracteriza por ser um composto heterociclico, o que justifica seu enquadramento na Posição 2934. Até ai não há divergência entre a impugnante e a fiscalização; a classificação fiscal adotada pela autoridade fiscal é extremamente genérica; o laudo técnico da FUNCAMP pouco definiu quanto à natureza fisicoquímica do THIAMETHOXAM TÉCNICO, sendo que o laudo do LAAP cuidou de detalhar a composição de forma clara, definindo que o produto caracterizase como um composto heterociclico e, mais particularmente, como um composto cuja estrutura contém um ciclo tizol (não hidrogenado) não condensado e um ciclo oxadizol (não hidrogenado) condensado. portanto, fica demonstrado que o produto THIAMETHOXAM TECNICO é composto de um Ciclo Tiazol e, portanto, enquadra se perfeitamente na classificação adotada pela impugnante, que é uma posição especifica para o produto, ou seja, a subposição 2934.10 mostrase a mais adequada; o laudo técnico do LAAP afirma que "6 nossa opinião que o produto estudado, THIAMETHOXAM TÉCNICO, classificase no seguinte código tarifário: 2934.10.90"; a multa regulamentar prevista no artigo 69 da Lei 10.833/03 e no artigo 84, inciso I, da MP no. 215835/01 carece de objeto e fundamentação, visto que a classificação fiscal adotada está correta; requer a realização de prova pericial adicional. Apresenta os quesitos e indica seu perito." Na decisão de primeira instância, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo DRJ/SP, julgou o lançamento procedente, conforme Decisão n° 17 30.683, de 19/03/2009, fls. 214: Fl. 389DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA 4 "Assunto: Classificação de Mercadorias Data do fato gerador: 25/05/2004, 15/02/2005, 22/02/2005 Classificação fiscal do produto THIAMEETHOXAM TÉCNICO. 0 produto denominado THIAMEETHOXAM TÉCNICO, identificado por Laudos de Análises da FUNCAMP como 342 Cloro5 Tiazolil)Metil)Tetrahidro5MetilNNitro4H1,3,5 Oxadiazino4 Imina (Thiamethoxam), Outro Composto cuja estrutura contém exclusivamente Heteroátomos de Nitrogênio, Enxofre e Oxigênio, Qualquer Outro Composto Heterociclico, deve ser classificado no código NCM/SH 2934.99.99, em decorrência da aplicação das RGI/SH no. 01 e 06. Lançamento Procedente." Inconformado com a manutenção do lançamento, regularmente cientificado o contribuinte tempestivamente protocolou Recurso Voluntário. Em julho de 2010 este Conselho acolheu o Recurso Voluntário e converteu o julgamento em diligência por meio de Resolução de fls. 277. Após o cumprimento da Resolução que determinou a diligência, foi juntado seu retorno Relatório de Ensaio 460/15 I.N.T. fls. 368. Os autos foram distribuídos conforme regimento interno deste Conselho a este Conselheiro Titular Relator para julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Com fundamento na legislação, nas provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros Titulares, conforme Portaria de Condução e Regimento Interno, apresento e relato o seguinte Voto. Por conter matéria preventa desta 3.ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do tempestivo Recurso Voluntário. Diante da análise do autos verificase que o ponto central da lide entre o contribuinte e a União não se resume somente à classificação da mercadoria Tiametoxam, se trata também de uma análise e revisão do lançamento em segunda instância administrativa com o objetivo de solucionar a lide no sentido de definir se deve ou não prosperar a multa lançada. Fl. 390DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Processo nº 11128.004458/200531 Acórdão n.º 3201002.253 S3C2T1 Fl. 388 5 Logo, se a lide não trata somente da classificação fiscal da mercadoria, a solução da lide encontrase necessariamente em outros dispositivos e normas gerais de Direito Tributário. É importante trazer aos autos que há corrente doutrinária e jurisprudencial tributária que entende que o Art. 112 do CTN não é só aplicado para dirimir dúvidas na manutenção de autuações, é um dispositivo que antecede e norteia a própria análise da aplicação ou não de multas e infrações, de forma que há presunção favorável ao contribuinte em seus atos e atividades e, consequentemente, no acerto da classificação por ele adotada, sendo possível a aplicação de multa somente com a procedência do lançamento conforme Art. 142 do CTN, se respeitados os requisitos e se os fatos comprovadamente subsumirem à norma elencada conforme §1.º do Art. 113 do CTN. Em análise da preliminar alegada em Recurso Voluntário, é importante trazer aos autos que a Receita Federal tem autoridade para reavaliar a classificação fiscal e, neste sentido, o simples fato de o produto ter sido desembaraçado não impede a revisão da classificação do produto por parte da Autoridade representante da Receita Federal, como levantou o contribuinte em fls. 240. Assim, não merecendo provimento a preliminar trazida pelo contribuinte, será necessário entrar no mérito da presente lide para a sua solução. Verificase em fls. 253, no Contrato Social do contribuinte, o "Objeto" da sociedade, conforme segue: "3. A Sociedade tem por objeto: I — A produção, a industrialização, a comercialização, a importação, a exportação, a distribuição, a consignação e a representação de: (a) produtos químicos em geral, e particularmente de defensivos agrícolas de qualquer natureza ou finalidade; (b) raticidas e inseticidas de uso doméstico, industrial e na saúde pública e produtos domissanitários em geral; e (c) produtos veterinários de qualquer espécie. II — A produção e condução de programas de marketing relacionados com a produção, administração e desenvolvimento de cultivos agrícolas, florestais e agropecuários; III — A importação, a exportação, e a comercialização de produtos agrícolaecereais em geral, bem como de sementes agrícolas; IV — A importação, a exportação e a comercialização de outros bens e produtos, por conta própria ou de terceiros; V — A representação e a intermediação comercial de produtos de terceiros; VI — A realização de pesquisas e investigações cientificas de natureza agronômica, de defensivos agrícolas, de produtos Fl. 391DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA 6 veterinários, de produtos domissanitários, e de produtos de uso na saúde pública, bem como o exercício de atividades correlatas, visando o desenvolvimento e aperfeiçoamento de qualquer produto, substância, composição ou mistura química; VII — A prestação de serviços técnicos e administrativos inerentes às atividades acima enunciadas, bem como a prestação de serviços de engenharia agronômica em geral; VIII — A preparação, a publicação e a distribuição, por conta própria e de terceiros, de jornais, revistas, catálogos, periódicos, livros e quaisquer outros meios físicos ou eletrônicos de divulgação em multimídia de materiais, promocionais em geral, para a divulgação de informações técnicas, cientificas, profissionais e culturais relacionadas ao objeto social da sociedade; e IX — A participação em outras sociedades, comerciais ou civis, como sócia, acionista ou quotista, desde que previamente aprovada pelo sócio ou sócios representando a maioria do capital social." A empresa comercializa inseticidas e não há dúvida que o Tiametoxam é um inseticida, assim como não é controverso que o produto em questão é o Tiametoxam. Em ambas as classificações não haveria sequer prejuízo ao erário uma vez que as alíquotas de II e IPI são idênticas (vide A.I. em fls 04), sendo 2% para o II e 0% para o IPI. Mas tendo ciência de que a partir de iniciativas da própria União em conjunto com a Organização Mundial das Alfândegas, o Brasil aderiu à Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias em 1986, assim como o Regulamento Aduaneiro vigente à época prevê que a interpretação do conteúdo das posições seriam feitas pelas Regras Gerais (RG), foi que a fiscalização motivou o lançamento a partir destas regras para interpretação do sistema harmonizado. O lançamento então, construído sobre a base legal das Regras Gerais para interpretação do sistema harmonizado, tem como fundamento principal para a reclassificação o fato de o Laudo Oficial Funcamp de fls. 24 afirmar que o produto "Não se trata de Outro Composto cuja estrutura contém um ciclo tiazol", seria "qualquer outro composto heterociclico" conforme fls. 05 do A.I, transcrito a seguir: "...concluiu conforme Laudos n°s.: 1495.01 emitido em 16/06/2.004; 0562.01 e 0563.01 ambos emitidos em 09/03/2.005,tratarse de "3[(2 Cloro5Tiazolil)Metil] Tetrahidro5MetilNNitro4H1,3,5Oxadiazino4 limina;(Thiamethoxam), Outro Composto cuja estrutura contém heteredtomos de Nitrogênio, Enxofre e Oxigênio, Qualquer outro composto Heterociclico," o que leva a classificação tarifária para o código 2934.99.99 da NCM, com aliquotas de 2% para o I.I. e 0% para o I.P.I." Em clara contradição, simultaneamente o lançamento foi fundamentado no fato de que o ciclo tiazol não é o único elemento da mercadoria e por isso não seria possível a aplicação na NCM 2934.10.90 adotada pelo contribuinte, conforme fls. 05 e 06 do A.I, conforme segue: Fl. 392DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Processo nº 11128.004458/200531 Acórdão n.º 3201002.253 S3C2T1 Fl. 389 7 A estrutura química da mercadoria de denominação comercial Thiamethoxam 440 contém: ' CicloaTiazol que é um composto Heterociclico de.heteredtomos de enxofre e Nitrogênio; e Ciclo Oxadiazol que é um Composto Heterociclico de HetereAtomos de Nitrogênio e lbxigênio. Portanto, entendemos que o produto não se enquadra como um Composto que contem, somente, um Ciclo Tiazol que é uma classe mais especifica de Compostos que contem HetereAtomos de Enxofre e Nitrogênio, e nem de um Composto que contem, somente, um Ciclo Oxadiazol, que é uma classe de Compostos que contém Heteredtomos de Nitrogênio e Oxigênio. O produto tem sua melhor caracterização quando é levado em conta os dois Ciglos que o compõe, ou seja, tratase de um Composto Heterociclico que eciAtém HeteroAtomos de Nitrogênio, Enxofre e Oxigênio, e portanto, ratiqslmos integralmente o Laudo de Análises n° 1495.01 de 16 de junho de 2.404, referente ao Pedido de Exame 1459/GRUPEA, ou seja, tratase de 3u4t( 2 CloroTiazoli) Metil] Tetrahidro5MetilNNitro4H1,3,5 OxadiaziTio74 , Imina;(Thiamethoxam), Qualquer Outro Composto Heterociclico." Isto posto, tendo sido ratificada a conclusão do Laudo Laboratorial 1495.01 e a vista do resultado dos laudos n ° s.: 0562.01 e 0563.01, entendemos que a classificação tarifária a ser adotada para a mercadoria de denominação comercial Thiamethoxan seja o código 2934.99.99 da NCM." Ainda, há um fato que não foi mencionado no lançamento e nem na decisão de primeira instância: há um Aditamento ao Laudo Funcamp em fls. 54 dos autos e este afirma que a mercadoria analisada, o Tiametoxam, possui um ciclo tiazol. Ora, não parece ser possível afirmar que "Não se trata de Outro Composto cuja estrutura contém um ciclo tiazol" como foi afirmado no lançamento e na decisão de primeira instância. Também, na analise da NCM adotada pelo contribuinte, verificase que o texto código 2934.10.90 "composto cuja estrutura contém um ciclo tiazol" não se trata de uma exigência ou restrição de que a mercadoria tenha "somente" um ciclo tiazol, verificase que a partir do código 2934.10 (a partir do numero 10), aceitase a classificação das substâncias que tenham também um ciclo tiazol. Nos outros códigos, inclusive no apontado pela fiscalização, não há menção a qualquer das substâncias ou outros ciclos nos textos, o que tornariam os textos "outros" referente ao código 2934.90 e "outros" referente ao código 2934.90.90, menos específicos e divergentes do que prega a RG1, em razão do texto não corresponder ao produto. Em uma correta iniciativa, a Turma anterior deste Conselho decidiu por converter o julgamento em diligência para que fossem sanadas as divergências e contradições apresentadas no lançamento, conforme os seguintes requisitos: Fl. 393DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA 8 "1) Ser informado se o produto em tela possui um ciclo tiazol (hidrogenado ou não) não condensado e um ciclo oxadiazol (não hidrogenado) condensado; 2) Apresentar a perfeita descrição técnicocientifica relativa ao produto conhecido como Thiamethoxan Técnico; 3) Esse composto químico (Thiamethoxan Técnico) apresenta em sua estrutura quais grupos heterociclicos?; 4) Um dos grupos Heterociclicos existentes nesse composto orgânico denominase ciclo tiazol?; 5) A presença de outro grupo heterociclico (ciclo oxadiazol) nesse composto orgânico descaracterizao como um composto cuja estrutura contem um ciclo tiazol?; 6) 0 ciclo tiazol é um composto heterociclico de heteroatomos de enxofre e nitrogênio?; 7) 0 ciclo oxadiazol é um composto heteróciclico deheteroatomos de nitrogênio e oxigênio?; 8) Em sendo afirmativa as respostas para os quesitos 1, 6 e 7 acima: responder e justificar em qual das descrições abaixo o produto "Thiamethoxan Técnico" está melhor caracterizado: "um composto heterociclico que contém heterodtomos de nitrogênio, enxofre e oxigênio" ou; "um composto cuja estrutura contém um ciclo tiazol (hidrogenado ou não) não condensado." Em seguida, conforme o Retorno da Diligência Relatório de Ensaio 460/15 Instituto Nacional de Tecnologia INT de fls. 368, verificouse que o produto possui mesmo um Ciclo Tiazol, que esse composto químico possui grupos heterocíclicos com heteroátomos como Nitrogêneo, Oxigênio e Enxofre, que o produto possui exatemente dois grupos hetericíclicos, o Ciclo Tiazol e o Ciclo Oxadiazina, que a presença de outro grupo heterocíclico não descaracteriza o produto como um composto químico que possui o ciclo tiazol, que o Enxofre e o Nitrogênio também são heteroátomos do Ciclo Tiazol e que o produto Tiametoxam estaria melhor carcterizado como um composto cuja estrutura contém um ciclo tiazol. Inclusive verificase em referências como o Certificado de Registro de Agrotóxicos do Ministério da Agricultura em fls. 61 e 65, ou como em publicações da Organização Americana de Agricultura (Food and Agriculture Organization of The United States) e publicações da Entidade Européia de Segurança em Alimentação (European Food Safety Authority) que o produto é amplamente conhecido, que atende à finalidade para qual foi importado e que possui o Ciclo Tiazol. Verificase nos documentos juntados pelo contribuinte em fls. 266 e 267 que o Laboratório de Análises da Falcão Bauer identifica o Tiametoxam como um "produto cuja estrutura contém um Ciclo Tiazol". E por fim e novamente, não foi sequer levantado a hipótese de o produto não ser o Thiametoxam, simplesmente se discutiu no lançamento a sua classificação. Fl. 394DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Processo nº 11128.004458/200531 Acórdão n.º 3201002.253 S3C2T1 Fl. 390 9 Assim, para reforçar ainda mais a classificação adotada pelo contribuinte, verificase que este tem decisão a seu favor neste próprio Conselho conforme Acórdão de n.º 310200.811, que reconheceu sua NCM como a correta, a 2934.10.90. Seguem as posições 2934.10.90 (contribuinte) e 2934.99.99 (fiscalização) transcritas a seguir para comparação: "Contribuinte: Classificação Thiamethoxam Técnico Químico Capítulo 29 Produtos Químicos Orgânicos 29.34 (...) Outros Compostos Heterocíclicos 2934.10 (...) Compostos cuja estrutura contém um ciclo Tiazol (hidrogenado ou não) não condensado. 2934.10.90 Outros (2% II e 0% IPI) (...) Fiscalização: Classificação Thiamethoxam Técnico Químico Capítulo 29 Produtos Químicos Orgânicos 29.34 (...) Outros Compostos Heterocíclicos 29.34.99 (...) Outros 2934.99.99 Outros (2% II e 0% IPI)." Logo, não se aplicaria em favor do lançamento a Nota 3 do Cap. 29, como pretendeu a fiscalização, no sentido de que a classificação mais adequada estaria "na posição situada em último lugar na ordem numérica", porque não tem conexão com os fatos e com os componentes da mercadoria. Inclusive a Nota 2 das Notas de Subposições prevê que "A Nota 3 do Capítulo 29 não se aplica às subposições do presente capítulo". Em breve análise das Regras Gerais para interpretação do sistema harmonizado, verificase que a classificação do Tiametoxam é primeiro resolvida na Regra Geral n. 01, porque o texto prevê o ciclo tiazol a partir do número 10 (dez) no código 29.34.10, onde exatamente difere do código adotado pela fiscalização. Se ainda assim não fosse considerada a Regra Geral n.º 01 como a correta, em análise da Regra n.º 03 verificase que o código adotado pelo contribuinte é o mais específico porque prevê um dos componentes principais a formula química, o ciclo tiazol, sendo que em outros códigos não há sequer menção à qualquer outra substancia do produto como já mencionado anteriormente. Fl. 395DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA 10 Dessa forma, o produto continua sendo um "29 Produto Químico Orgânico", de "2934 Outro Composto Heterocíclico", "2934.10 Compostos cuja estrutura contém um ciclo Tiazol (hidrogenado ou não) não condensado" e "2934.10.90 Outros". O entendimento deste voto é convergente com a clássica formulação doutrinária fatovalornorma, que nas palavras do Ilustre Professor Doutor Ives Gandra Martins em “Uma Teoria do Tributo” (fls. 436), defende que “tal formulação somente teria sentido, na medida em que a valoração do fato seja feita em coerência com a lei natural, não sendo suficiente apenas o ato de valorar, mas o do valorar corretamente, único caminho para a identificação entre o direito natural e o direito positivo”. Logo, a conclusão mais acertada para este ponto central da lide é reconhecer o acerto do contribuinte e a ausência/fragilidade de motivação no lançamento, o que conflita com o disposto no art. 93, inciso IX da Constituição Federal, bem como ao prescrito no art. 31 do Decreto n. 70.235/723 e art. 2.º da lei n. 9.784/99. CONCLUSÃO Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso voluntário em sua integralidade para exonerar toda a cobrança e considerar como correta a classificação do Tiametoxam na posição NCM 2934.10.90, com fundamento no Art. 112, 113 e 142 do Código Tributário Nacional, art. 31 do Decreto n. 70.235/723 e art. 2.º da lei n. 9.784/99 e Regras Gerais para interpretação do Sistema Harmonizado n.º 01 e 03. Este é o voto. (assinatura digital) Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Declaração de Voto Conselheira MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM Com o devido respeito aos fundamentos do voto do relator; seguem abaixo os motivos, mediante os quais exponho o acompanhamento do meu voto pelas conclusões, em relação à classificação fiscal do produto Tiametoxan Técnico, para este caso. Versa o presente processo sobre a cobrança da multa regulamentar prevista no inciso I do artigo 84 da MP 2.158/01, tendo em vista desclassificação fiscal da mercadoria importada. A recorrente importou o produto THIAMEETHOXAM (Tiametoxan), classificandoo no código tarifário NCM 2934.10.90, por sua vez, a autoridade fiscal classificou no código NCM/SH 2934.99.99, em decorrência da aplicação das RGI/SH 01 e 06. Fl. 396DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Processo nº 11128.004458/200531 Acórdão n.º 3201002.253 S3C2T1 Fl. 391 11 A decisão de piso, acompanhou a autoridade fiscal, bem como, baseouse em três Laudos de Análises pela FUNCAMP Fundação de Desenvolvimento da Unicamp de números 1495.01, 0562.01 e 0563.01, informando que o produto não está bem identificado como um composto que contenha "somente, um Ciclo Tiazol" e que "o produto tem sua melhor caracterização quando é levado em conta os dois Ciclos que o compõe, ou seja, tratase de um Composto Heterocíclico que contém Heteroiátomos de Nitrogênio, Enxofre e Oxigênio". Transcrevo trecho do voto de primeira instância: ...... Assim, os Laudos de Análise da FUNCAMP acima referidos foram peremptórios ao afirmarem, em resposta ao quesito No. 01, que o produto análise “não se trata de um Outro Composto cuja estrutura contém um Ciclo Tiazol.”. Portanto, da aplicação da RGI No. 01 combinada com a RGI No. 06 já fica afastado o código tarifário adotado pelo contribuinte, ou seja, a própria descrição do Laudo indica que não pode ser adotado o código NCM/SH 2934.10.90, pois a subposição 2934.10 refere se aos compostos cuja estrutura contêm um ciclo tiazol. ....... Por sua vez, alega a recorrente que o laudo FUNCAMP apresentado pela autoridade fiscal pouco acrescenta sobre a natureza do produto importado além de levar a uma classificação extremamente genérica, assim como comenta sobre a presença do grupo Tiazol, determinante da classificação fiscal nessa posição da TEC. Daí, o processo foi convertido em diligência através de Resolução de n° 320100.158, de 09/07/2010, para fim de auxílio na definição da correta da classificação fiscal; a qual foi concluída, conforme expedição do Relatório de Ensaio do Instituto Nacional de Tecnologia I.N.T. Verificase, pois que o litígio é sobre a correta classificação fiscal do produto denominado THIAMETHOXAN TÉCNICO. Conforme as REGRAS GERAIS PARA INTERPRETAÇÃO DO SISTEMA HARMONIZADO, a classificação das Mercadorias na Nomenclatura regese pelas seguintes regras: 1 Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas Regras seguintes: ...”(grifei) O importador classificou o produto na NCM 2934.10.90 e a autoridade fiscal entende como correta a NCM 2934.99.99: Observase, então, que a classificação escolhida pelo recorrente é no código destinado aos compostos cuja estrutura contém um ciclo tiazol2934.10.90 e a classificação determinada pela autoridade fiscal no código próximo, reservado aos outros, ou seja, aqueles que não contém um ciclo tiazol, 2934.99.99. Fl. 397DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA 12 Seguem os dois desdobramentos dos códigos em discussão: 2934 ÁCIDOS NUCLÉICOS E SEUS SAIS, DE CONSTITUIÇÃO QUÍMICA DEFINIDA OU NÃO; OUTROS COMPOSTOS HETEROCÍCLICOS. 2934.10 Compostos cuja estrutura contém um ciclo tiazol (hidrogenado ou não) não condensado. 2934.10.90 Outros 2934.99 Outros 2934.99.9 Outros 2934.99.99 Outros” (grifei) O texto dos enquadramentos discutidos, acima, fica evidente que a presença do ciclo tiazol é fator determinante para o julgamento da lide. Por sua vez, as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH), que são reconhecidas como fonte subsidiária de interpretação do conteúdo das posições e desdobramentos da Nomenclatura Comum do Mercosul. Logo, a NESH do subcapítulo X do capítulo 29 da NCM, dispõe: Denominamse heterocíclicos, os compostos orgânicos, em que o núcleo (anel), constituído por um ou vários ciclos, inclui, além dos átomos de carbono da cadeia, átomos de outros elementos, tais como oxigênio, nitrogênio (azoto), enxofre; derivam dos seguintes grupos heterocíclicos: A. HETEROCÍCLOS PENTAGONAIS ................................................................................................. 2) Contendo dois heteroátomos: ................................................................................................. b) Um de enxofre e outro de nitrogênio (azoto): grupo do tiazol (posição 29.34).” Pois, a figura disponível na NESH, que representa o tiazol está previsto na subposição 2934.10, “Compostos cuja estrutura contém um ciclo tiazol (hidrogenado ou não), não condensado”, é a mesma apresentada pelo laudo do INT, decorrente da Resolução. Além do mesmo informar que o produto tratase de “thiamethoxan”, aduz que o produto possui um “ciclo tiazol (não hidrogenado) não condensado” e traz, inclusive, figura que identifica tal ciclo. E ainda, constam como informações relevantes que o produto é conhecido como Thiamethoxam e sua fórmula química, ser de constituição química definida e ser matéria prima para a indústria de inseticidas (ingrediente ativo na preparação de inseticidas), no controle de insetos. Claro está que o produto objeto do lançamento possui um ciclo tiazol (hidrogenado ou não), não condensado. Logo, a classificação escolhida pela recorrente alberga Fl. 398DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Processo nº 11128.004458/200531 Acórdão n.º 3201002.253 S3C2T1 Fl. 392 13 os compostos cuja estrutura contenha um ciclo tiazol e não exclusivamente um (apenas) ciclo tiazol, então, irrelevente a análise que outros ciclos integrem o produto. Dessa forma, o conjunto probatório considerado demonstra que o produto possui um ciclo tiazol não hidrogenado e não condensado, sendo corretamente posicionado na subposição 2934.10: “Compostos cuja estrutura contém um ciclo tiazol (hidrogenado ou não) não condensado.” Nesse mesmo sentido, foi o voto do relator Ricardo Rosa, no processo de n° 11128.003746/200578, acórdão n° 310200.811, de 28/10/2010, da mesma empresa; conforme ementa transcrita abaixo: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 03/08/2004, 18/10/2004 CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS MISTURADAS. REGRAS DE CLASSIFICAÇÃO. POSIÇÃO MAIS ESPECÍFICA. De acordo com a Regra Geral 3 "a" para interpretação do Sistema Harmonizado, a posição mais especifica prevalece sobre as mais genéricas, a menos que duas ou mais posições se refiram, cada uma delas, a apenas uma paste das matérias constitutivas. Recurso Voluntário Provido ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Destarte, não merece guarida o enquadramento da nomenclatura atribuído pela autoridade fiscal, por isso, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM Fl. 399DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA
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Numero do processo: 10943.000224/2007-18
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 17/03/2003
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.064
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Data do fato gerador: 17/03/2003 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 3. 00 02 24 /2 00 7- 18 Fl. 145DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de auto de infração, DEBCAD: 35.449.6190, lavrado contra o contribuinte identificado acima, em decorrência do descumprimento da obrigação acessória de Fundamento Legal 68 (apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias) no período de 01/00 a 08/02. Conforme informações contidas no relatório fiscal, fls. 02: Consta do relatório fiscal da infração, fls. 02, que a empresa autuada nas competências acima, efetuou lançamentos nas contas de lucros distribuídos antecipadamente, conservação do imobilizado e conservação e manutenção, cujos comprovantes foram solicitados, mas não foram apresentados, motivo que levou a fiscalização a considerálos como prólabore indireto e como tal deveriam ser informados em GFIP. 3. A multa foi aplicada com base no artigo 32, IV, § 50 da Lei n. 8.212/91, regulamentado pelo art. 284, II, do Decreto n. 3.048/99 RPS, com valores atualizados segundo a Portaria MPS n. 525/2002, art. 12, no valor de R$ 90.616,92 (noventa mil e seiscentos e dezesseis reais e noventa e dois centavos), posteriormente retificado por meio do Despacho Decisório n. 21.434.4/0027/2003 para R$ 87.023,21 (oitenta e sete mil e vinte e três reais e vinte e um centavos), face ã alegação, devidamente comprovada pela fiscalização, de que parte do prólabore indireto tratavase de outras despesas devidamente comprovadas. A autuada apresentou impugnação, tendo sido proferido despacho decisório julgado o lançamento procedente em parte, fls. 40. a decisão foi assim encaminhada: Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 27/7/2011, foi dado provimento parcial ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2403000.845 (fls. 117/123), cujo resultado: "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para que se recalcule a multa, com base na redação dada pela lei 11.941/2009 ao artigo 32A da Lei 8.212/91, com a prevalência da mais benéfica ao contribuinte." O acórdão encontrase assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10943.000224/200718 Acórdão n.º 9202005.064 CSRFT2 Fl. 3 3 Período de apuração: 01/01/2000 a 31/08/2002 GFIP. ERROS NOS DADOS RELACIONADOS AOS FATOS GERADORES. INFRAÇÃO. Constitui infração, punível na forma da Lei, a apresentação de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme disposto na Legislação. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN) a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO À COBRANÇA DE TRIBUTOS. É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. O processo foi encaminhado, para ciência da Fazenda Nacional, em 28/11/2011, para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 06/1/2012, o Recurso Especial. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho da 4ª Câmara, de 01/8/2012, fls. 137/138. Em seu recurso visa seja dado total provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A, da Lei ny 8.212/91, em detrimento do art. 35A, do mesmo diploma legal, para que seja esposada a tese de que a autoridade preparadora deve verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da MP n<J 449/2008. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho fls. 1342 a 1345. Cientificado do Acórdão nº 2403000.845, do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade do Recurso Especial, por edital em em 26/11/2012, o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Fl. 147DF CARF MF 4 Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Do mérito Aplicação da multa retroatividade benigna Quanto ao questionamento sobre a multa aplicada, a qual deseja o recorrente ver reformado o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A, da Lei ny 8.212/91, entendo que razão assiste ao recorrente. Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10943.000224/200718 Acórdão n.º 9202005.064 CSRFT2 Fl. 4 5 A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos Fl. 149DF CARF MF 6 previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, Fl. 150DF CARF MF Processo nº 10943.000224/200718 Acórdão n.º 9202005.064 CSRFT2 Fl. 5 7 “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Fl. 151DF CARF MF 8 Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10943.000224/200718 Acórdão n.º 9202005.064 CSRFT2 Fl. 6 9 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 153DF CARF MF 10 § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 154DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.728833/2012-48
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jan 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
ÁGIO INTERNO. AMORTIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
Inadmissível a formação de ágio por meio de operações internas, sem a intervenção de partes independentes e sem o pagamento de preço.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
ÁGIO INTERNO. QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO APLICADA. INEXISTÊNCIA DE ÁGIO. SIMULAÇÃO.
Qualifica-se a multa de ofício aplicada quando o pretenso ágio interno" trata-se de uma mera grandeza criada artificialmente, a que se pretendeu dar a aparência de ágio que, na realidade, nunca existiu.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CTN.
Incide na hipótese do art. 135, inciso III, do CTN os sócios-gerentes que praticam atos com infração de lei, aí entendida também a legislação tributária.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMAS QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ.
Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. (AgRg no REsp 1.335.688/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 10/12/2012).
Numero da decisão: 9101-002.487
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, (1) em relação ao ágio interno, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio, que lhe deram provimento e (2) em relação à exigibilidade dos juros de mora sobre a multa de ofício aplicada, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Cristiane Silva Costa e Daniele Souto Rodrigues Amadio , que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que não conheceram quanto à responsabilidade tributária. Votou pelas conclusões o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. No mérito, (1) em relação à qualificação da multa de ofício aplicada, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Cristiane Silva Costa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe negaram provimento; (2) em relação à decadência, por unanimidade de votos, em dar-lhe provimento e (3) em relação à responsabilidade tributária, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Cristiane Silva Costa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe negaram provimento. O conselheiro André Mendes de Moura acompanhou o relator pelas conclusões em relação à responsabilidade tributária. Solicitaram apresentar declaração de voto os conselheiros Cristiane Silva Costa e Demetrius Nichele Macei. Julgamento iniciado na sessão de 22/09/2016 no período da tarde e concluído na sessão de 23/11/2016 período da manhã.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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(Responsáveis tributários: Adilton Boff Cardoso e Adalberto Boff Cardoso) e FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 ÁGIO INTERNO. AMORTIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Inadmissível a formação de ágio por meio de operações internas, sem a intervenção de partes independentes e sem o pagamento de preço. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007, 2008, 2009 ÁGIO INTERNO. QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO APLICADA. INEXISTÊNCIA DE ÁGIO. SIMULAÇÃO. Qualificase a multa de ofício aplicada quando o pretenso “ágio interno" tratase de uma mera grandeza criada artificialmente, a que se pretendeu dar a aparência de ágio que, na realidade, nunca existiu. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CTN. Incide na hipótese do art. 135, inciso III, do CTN os sóciosgerentes que praticam atos com infração de lei, aí entendida também a legislação tributária. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMAS QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: “É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário.” (AgRg no REsp 1.335.688/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 10/12/2012). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 88 33 /2 01 2- 48 Fl. 2581DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.582 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, (1) em relação ao ágio interno, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio, que lhe deram provimento e (2) em relação à exigibilidade dos juros de mora sobre a multa de ofício aplicada, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Cristiane Silva Costa e Daniele Souto Rodrigues Amadio , que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que não conheceram quanto à responsabilidade tributária. Votou pelas conclusões o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. No mérito, (1) em relação à qualificação da multa de ofício aplicada, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Cristiane Silva Costa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe negaram provimento; (2) em relação à decadência, por unanimidade de votos, em darlhe provimento e (3) em relação à responsabilidade tributária, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Cristiane Silva Costa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe negaram provimento. O conselheiro André Mendes de Moura acompanhou o relator pelas conclusões em relação à responsabilidade tributária. Solicitaram apresentar declaração de voto os conselheiros Cristiane Silva Costa e Demetrius Nichele Macei. Julgamento iniciado na sessão de 22/09/2016 no período da tarde e concluído na sessão de 23/11/2016 período da manhã. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Por bem descrever os fatos, reproduzo o relatório da decisão recorrida, no que interessa à presente lide (destaques do original): MAGIUS METALÚRGICA INDUSTRIAL S/A., Adilton Boff Cardoso e Adalberto Boff Cardoso, já qualificados nos autos, recorrem de decisão proferida pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Curitiba/PR que, por unanimidade de votos, julgou PARCIALMENTE PROCEDENTE a impugnação interposta contra lançamento formalizado em 07/12/2012, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 19.169.087,16. No Termo de Verificação Fiscal de fls. 785/812, a autoridade lançadora inicialmente descreve as alterações do quadro social da autuada; reportase a laudo de sua avaliação em 23/12/2004, atribuindolhe o valor econômico de R$ 37 milhões (aí considerados terrenos, benfeitorias, máquinas e equipamentos, Fl. 2582DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.583 3 no valor total de R$ 17.827.000,00); registra a constituição de Boff Cardoso Participações S/A. em 23/12/2004, tendo como acionistas Magius Participações Ltda., Adilton Boff Cardoso e Adalberto Boff Cardoso (seus diretorespresidentes), bem como sua extinção em 31/03/2005, mediante incorporação pela autuada; e demonstra a constituição de Magius Participações Ltda. em 22/12/2004, mediante conferência da totalidade das ações que os sócios detinham na autuada. A Fiscalização demonstra que o único lançamento contábil, nos registros de Boff Cardoso Participações S/A., em 2004, foi a abertura da empresa, resultando na ativação de investimento em Magius Participações Ltda., no valor de R$ 5.799.998,00, e correspondente ágio de R$ 25.519.002,00. Já em 2005, houve apenas um único lançamento de equivalência patrimonial, em 31/03/2005, no valor de R$ 1.975.901,73. Questionada acerca destas operações, a contribuinte alegou tratarse de uma operação onerosa, com a conferência das ações a valor de mercado, acarretando um ônus para a Boff Cardoso Participações S/A., mediante entrega de ações de seu próprio capital. Enfatizou que a forma de integralização do capital se deu mediante a conferência de ações que os sócios possuem no capital social da Magius Metalúrgica Industrial S/A., conforme consta no Contrato Social de Constituição. A autoridade fiscal constata, assim, que, em 20/12/2004, a autuada foi transformada de sociedade limitada para sociedade anônima de capital fechado e, na sequência, em 22/12/2004, suas ações foram transferidas por seus acionistas para a recém constituída Magius Participações Ltda., mediante integralização de seu capital social. Em 23/12/2004, é constituída Boff Cardoso Participações S/A. e seu capital é integralizado por Magius Participações Ltda., mas no valor de R$ 31.319.000,00, em razão do valor atribuído aos bens da autuada, surgindo, neste momento, o ágio questionado, na medida em que o custo do investimento seria de R$ 5.799.998,00. Em 31/03/2005, a autuada incorporou Boff Cardoso Participações S/A., e, diante deste contexto, a autoridade lançadora concluiu que a empresa BOFF CARDOSO PARTICIPAÇÕES S/A. foi constituída basicamente para dissimular a ocorrência de operações de compra e venda de participação societária, simulando a ocorrência de eventos societários consecutivos, com a contabilização de um ágio interno que supostamente seria pela compra da MAGIUS METALÚRGICA S/A., contabilizado em 23/12/2004, e retornando em forma de INCORPORAÇÃO para o sujeito passivo em 31/03/2005, operações realizadas em curto período a menos de 100 dias, sem a ocorrência de qualquer pagamento. Reproduzindo o quadro social das empresas envolvidas, a autoridade fiscal demonstra que elas são compostas, direta ou indiretamente, pelos mesmos sócios ou acionistas (Adilton Boff Cardoso, Adalberto Boff Cardoso, Aldo Boff Cardoso, Márcia de Souza Cardoso, Marlene Souza Cardoso e Tânia Mara de Souza Cardoso). Acrescenta que as empresas envolvidas no planejamento tributário apresentam em comum o endereço, os Fl. 2583DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.584 4 sócios e os diretores, sendo no cargo de Diretor Presidente ADILTON BOFF CARDOSO e Diretor VicePresidente ADALBERTO BOFF CARDOSO. Demonstra, por fim, que, em cada anocalendário, de 2007 a 2009, foi amortizado o montante de R$ 5.104.000,44, passível de glosa, por se tratar de ágio constituído sem fundamento econômico, realizado no mesmo grupo empresarial, composto pelos mesmos sócios/acionistas. Enunciando novamente os eventos societários ocorridos, reportase a pronunciamento da Comissão de Valores Mobiliários no sentido de que o ágio somente surge quando há pagamento, ou seja, dispêndio para se obter algo de terceiros, inexistindo, do ponto de vista econômico, geração de riqueza decorrente de transação consigo mesmo. Assim, ainda que, do ponto de vista formal, os atos societários tenham atendido à legislação aplicável, tais transações não se revestem de substância econômica e da indispensável independência entre as partes, para que seja passível de registro, mensuração e evidenciação pela contabilidade. [...]. Uma vez revertidos para lucro os prejuízos fiscais e bases negativas apurados no 1º e 2º trimestres do anocalendário 2008, a autoridade fiscal também glosa a compensações destas parcelas na apuração do 3º trimestre de 2008. Aos valores apurados em razão das amortizações de ágio foi aplicada multa qualificada, em razão do que assim exposto: No tocante à penalidade, diante da cristalina presença do elemento subjetivo do dolo, não restando dúvida quanto à intenção do contribuinte em reduzir a base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro, manobras que tiveram a finalidade de mascarar o resultado, causando prejuízo aos cofres públicos mediante a falta e/ou redução do pagamento dos tributos devidos, é de aplicarse a todas as infrações aqui apontadas, nos termos da legislação de regência, a qualificação da multa de ofício de 150%. A multa de ofício qualificada, aplicável ao caso em tela, está prevista conforme dispõe o artigo 44, inciso I e § 1º, da Lei nº 9.430/96 com a redação dada pelo artigo 14 da Lei nº 11.488/2007, sem prejuízo da aplicação de outras sanções, conforme dispõe a Lei 8.137/90, artigos 1º e 2º, e tem como pressuposto para sua aplicação a existência de “evidente intuito de fraude definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964”. No âmbito da representação fiscal para fins penais, acrescenta que foram constatados fatos que, em tese, configuram crime contra a ordem tributária, pela prática de não oferecer à tributação do IRPJ e CSLL, pela simulação da operação de alienação societária com ágio, impedindo ou retardando, total ou parcialmente, o conhecimento, por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador dos tributos devidos administrados pela RFB. Fl. 2584DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.585 5 Por fim, constatando que a empresa apresentou para arrolamento apenas veículos de valor inexpressivo, que, após a criação do ágio, os bens imóveis, que foram objeto de reavaliação constando do Laudo de Avaliação, passaram a não constar do Ativo Imobilizado da Pessoa Jurídica, e que as decisões foram tomadas pelos diretores Adilton Boff Cardoso e Adalberto Boff Cardoso, a autoridade fiscal imputoulhes responsabilidade solidária pelo crédito tributário, nos termos do art. 124, I, c/c art. 135, ambos do CTN. Impugnando a exigência, a pessoa jurídica discorreu sobre as justificativas econômicas da reestruturação societária promovida no grupo, reportouse à avaliação do investimento e ao reconhecimento de ganho de capital por Magius Participações Ltda., com tributação diferida na forma do art. 36 da Lei nº 10.637/2002, de modo que o ágio seria dedutível e que a riqueza a ser tributada pertenceria aos antigos controladores, [...]. Arguiu a decadência de parte do crédito tributário, e apontou vício material por desconsideração do IRRF passível de dedução na apuração do IRPJ. Defendeu a inexistência de óbices legais à amortização promovida, porque observados os requisitos do art. 20 do Decretolei nº 1.598/77, afirmando a regularidade do custo de aquisição reconhecido contabilmente, à semelhança do que decidido pelo CARF no Caso Gerdau. Invocou também manifestações do CARF acerca da evidenciação do propósito negocial em tais operações, mediante análise do “filme”, e não apenas das “fotos”, e argumentou que a incorporação de Boff Cardoso Participações autorizou a dedução do ágio, na forma dos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532/97. [...]. Discordou da qualificação da penalidade, em razão de interpretações diferentes adotadas pelo Fisco e pelo contribuinte, bem como da imputação de juros de mora sobre a multa de ofício. Os responsáveis tributários alegaram imprecisão na imputação dos fatos que ensejaram a atribuição de responsabilidade solidária, negaram a existência de interesse comum, e argumentaram que a imputação de responsabilidade com base no art. 135 do CTN seria pessoal e excluiria a responsabilidade da pessoa jurídica. Ademais, a divergência de interpretação entre o Fisco e o contribuinte não é motivo suficiente para atribuição de culpa exclusiva dos diretores por infração à lei. A autoridade julgadora de 1ª instância [...]. No mais, a exigência foi mantida, pelas razões assim sintetizadas na ementa do acórdão recorrido e sob reexame: [...]. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO INTERNO. FUNDAMENTO ECONÔMICO EM EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. TRANSAÇÃO DOS SÓCIOS COM ELES MESMOS. AUSÊNCIA DE SUBSTÂNCIA ECONÔMICA. Fl. 2585DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.586 6 É descabida a amortização de ágio interno, com fundamento econômico em expectativa de rentabilidade futura da empresa investida, pois não é possível reconhecer uma maisvalia de um investimento quando originado de transação dos sócios com eles mesmos; ainda que, do ponto de vista formal, os atos societários atendam à legislação aplicável, do ponto de vista econômico, tais transações não se revestem de substância econômica e da indispensável independência entre as partes para merecer registro, mensuração e evidenciação pela contabilidade. ÁGIO INTERNO. REJEIÇÃO PELA CIÊNCIA CONTÁBIL, LEGISLAÇÃO COMERCIAL E LEI TRIBUTÁRIA. A contribuinte é obrigada, pela lei tributária, a apurar o lucro líquido de acordo com a lei societária que, por seu turno, determina que este lucro seja obtido através da observância da escrituração e dos preceitos da Ciência Contábil; logo, se a contabilidade não aceita o ágio interno gerado na aquisição de participação societária, este também será rejeitado pela legislação comercial e pela lei tributária, na medida em que ele trará reflexos indevidos na apuração do lucro líquido da pessoa jurídica. ÁGIO COM EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. SOMENTE O ÁGIO EFETIVAMENTE PAGO PODE SER AMORTIZADO. RECUPERAÇÃO DO CAPITAL APLICADO. É condição indispensável para apuração do ágio que haja sempre um preço ou custo de aquisição, ou seja, um dispêndio para se obter algo de terceiros; somente o ágio efetivamente pago, com expectativa de rentabilidade futura, pode ser amortizado dentro do período pelo qual se pagou pelos lucros futuros da investida, cujos valores não representam um ganho efetivo, já que a investidora por eles pagou antecipadamente, mas uma recuperação do capital aplicado. [...]. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM COM A SITUAÇÃO QUE CONSTITUIU O FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. ATOS PRATICADOS COM EXCESSO DE PODERES OU INFRAÇÃO DE LEI, CONTRATO SOCIAL OU ESTATUTOS. Os sócios controladores devem compor o rol dos responsáveis solidários pelo crédito tributário em face de terem interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal, além de as obrigações tributárias resultarem de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, porquanto participaram diretamente de todas as operações que possibilitaram à interessada amortizar o ágio gerado artificialmente sobre o seu próprio patrimônio líquido, tendo sido beneficiados, mediante remuneração e distribuição de lucros e dividendos, com os ganhos indevidos de natureza tributária decorrentes da amortização desse ágio interno. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Fl. 2586DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.587 7 Anocalendário: 2007, 2008, 2009 DECADÊNCIA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Caracterizada a existência de dolo, fraude ou simulação, aplica se o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN, tendo como termo inicial o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. Aplicável a multa qualificada de 150% quando caracterizado o intuito de fraude para possibilitar à contribuinte a amortização de ágio gerado artificialmente sobre o seu próprio patrimônio líquido, pois os sócios administradores estavam perfeitamente conscientes da falta de propósito negocial do ágio gerado em operações realizadas intragrupo, em transações que não se revestem de substância econômica, sem efetivo pagamento e da indispensável independência entre as partes. [...]. A pessoa jurídica autuada foi cientificada da decisão de primeira instância em 26/08/2013 (fl. 1998) e interpôs recurso voluntário, tempestivamente, em 25/09/2013 (fls. 2088/2170), bem como apresentou contrarrazões ao recurso de ofício (fls. 2230/2246). No recurso voluntário discorre, inicialmente, acerca da reestruturação societária, mencionando a constituição de Magius Participações, na condição de holding, e da nova empresa Boff Cardoso Participações S/A., que passou a ser controladora da autuada, em operação que teria o objetivo precípuo de fortalecer a estrutura do Grupo Econômico e, especialmente, atrair novos parceiros para obter numerário e possibilitar crescimento sustentável da Empresa. Reportase à avaliação a valor de mercado pelo método de rentabilidade futura da autuada e observa que a Fiscalização não questionou referido laudo. E enfatiza que Magius Participações pagou a integralização de capital de Boff Cardoso Participações, no valor de R$ 31.319.000,00, em subscrição onerosa de suas ações, mediante conferência das quotas que possuía na autuada, ensejando o surgimento do ágio de R$ 25.520.002,00. Acrescenta que Magius Participações reconheceu o correspondente ganho de capital, cujo tratamento tributário é regido pelo art. 36 da Lei nº 10.637/2002. Contudo, no curso do ano de 2005, o Grupo Econômico constatou que os objetivos pretendidos com a criação da BOFF PARTICIPAÇÕES não foram alcançados, já que NÃO houve a entrada de novos parceiros comerciais, bem como não houve a obtenção de novos recursos financeiros junto ao mercado, aprovouse a incorporação de Boff Cardoso Participações pela autuada, para fortalecer, ainda mais, a estrutura operacional da Empresa. Destaca que, no protocolo e justificação de incorporação, consignouse que a operação tem como justificativa a redução dos custos e incentivo da geração de caixa futuro da INCORPORADA. Fl. 2587DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.588 8 Conclui, assim, que, ao final da reestruturação societária, realizada dentro da mais estrita legalidade, a recorrente passou a ter estrutura mais enxuta e operacional; o que auxiliou, inclusive, no restabelecimento de suas operações, com o consequente aumento da receita líquida dos anos posteriores. E entende demonstrada a veracidade e validade das operações de reestruturação societária que culminaram na alienação da Recorrente para outro Grupo Econômico, bem como o fortalecimento da estrutura e crescimento sustentável da Companhia, justificando todo o propósito negocial das operações. Na sequência, em preliminar, argúi a nulidade do lançamento por erro intencional na identificação do sujeito passivo, pois a riqueza gerada com a operação questionada favoreceu o antigo controlador da recorrente (Magius Participações), que, no momento da integralização de capital de Boff Cardoso Participações com ações da autuada com ágio, auferiu, inegavelmente, ganho de capital. Acrescenta que a decisão recorrida não analisou, efetivamente, a questão, cerceando seu direito de defesa, e cita julgado deste Conselho em favor da tributação do ganho de capital em operação de incorporação de ações, ali estando, inclusive, exposta a desnecessidade de pagamento para a existência de ágio e o direito à sua amortização. Diz que a renda auferida por Magius Participações foi tributada de maneira disfarçada na recorrente, mediante a glosa da amortização do ágio, e destaca que o diferimento da tributação do ganho de capital em nada altera o raciocínio por ela exposto. Acrescenta que o ganho de capital se verifica mesmo em operações entre partes relacionadas, e daí decorre o dever de tributálo, no mais tardar quando da alienação/realização do investimento (que de fato ocorreu). Cita doutrina em favor da tributação do ganho de capital e jurisprudência acerca da nulidade do lançamento. Argúi, também, a decadência dos créditos tributários lançados do 1º ao 3º trimestres de 2007, na medida que, em 07/12/2012, quando cientificada do lançamento, já havia transcorrido o prazo previsto no art. 150, § 4º, do CTN. Afirma a ausência de dolo, e invoca as manifestações do Superior Tribunal de Justiça no rito do art. 543C do Código de Processo Civil, visto que demonstrada a existência de pagamentos nas DIPJ acostadas aos autos. [...]. No mérito, defende a dedutibilidade do ágio gerado na operação de subscrição de quotas/ações da autuada, questionando a exigência fiscal de fluxo de riqueza entre as partes envolvidas, observando que o art. 20 do Decretolei nº 1.598/77 confere o mesmo tratamento ao ágio e ao deságio, e que o desdobramento do custo de aquisição era obrigatório no momento da referida subscrição. Aduz que a autoridade fiscal não questionou a veracidade do ágio ou do laudo apresentado, que a lei não traz qualquer referência a um negócio jurídico específico para que Fl. 2588DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.589 9 esta aquisição seja realizada e que o direito privado admite diversas formas jurídicas de aquisição. Cita doutrina acerca do conceito de aquisição, destaca que a legislação tributária não faz restrição à operação de subscrição de ações/quotas para aquisição de participação societária, e que o art. 36 da Lei nº 10.637/2002 estimula a possibilidade de conferências de capital em bens a valor de mercado, mediante diferimento do correspondente ganho de capital, e destas operações decorre a geração de um ágio na aquisição de investimentos, por estrita previsão legal. Afirma que a diferença entre o valor contábil e de mercado era real e prevista em lei, e que não cabia ao contribuinte lançar essa diferença em outra rubrica contábil que não ágio na aquisição de investimentos. A Fiscalização e a autoridade julgadora afirmam a necessidade de pagamento, mas a operação realizada foi onerosa, não prevalecendo o argumento de ausência de fluxo de riqueza. Reportase a julgados da Câmara Superior de Recursos Fiscais em favor da subscrição como forma de aquisição, e defende que o reconhecimento do ganho de capital pelos antigos controladores não pode ser dissociado do reconhecimento do ágio na adquirente. Ressalta que o ágio está fundamentado em expectativa de rentabilidade futura, reafirma a lisura do laudo de avaliação e destaca que a rentabilidade foi confirmada no presente. Insiste que o pagamento não é essencial, cita doutrina, reportase à manifestação desta Turma Ordinária no Caso Gerdau, e argumenta que as autoridades lançadora e julgadora confundem “pagamento” com “custo”, e este resta demonstrado por ter havido efetiva aquisição, bem como está respaldado em laudo de avaliação, confirmando que está correta a apuração do ágio. Acrescenta que a acusação fiscal só faria sentido se a lei limitasse a aquisição à operação de venda e compra. Aduz que a legislação permite a escolha de um dos fundamentos previstos em lei para o ágio, reafirma válida a fundamentação em rentabilidade futura, novamente justifica as operações realizadas, e invoca as disposições do art. 36 da Lei nº 10.637/2002, vigente à época, para desmerecer os argumentos da autoridade julgadora com base na teoria contábil, em normas da CVM (inaplicáveis à recorrente) e outros dispositivos legais. Enfatiza que os critérios contábeis não podem afetar os efeitos tributários previstos na legislação editada especificamente para disciplinar a tributação do ágio, e observa que a Resolução CFC nº 1110/2007, citada na decisão recorrida e sob reexame, é posterior à operação em questão, e expressamente alcança, apenas, os exercícios encerrados a partir de dezembro de 2008. Ademais, as operações foram realizadas totalmente conforme os parâmetros de mercado e, reconhecido o ganho de capital, também deve ser reconhecido o ágio. Assevera que não existe na legislação fiscal conceito de “dentro de casa”, e se opõe à referência ao entendimento do doutrinador Eliseu Martins, citando o voto condutor do julgado que apreciou o Caso Gerdau, bem como invoca o art. 109 do CTN para Fl. 2589DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.590 10 discordar da utilização de conceitos extraídos de normativos contábeis. Por estas razões, também discorda da aplicação do Ofício nº 01/2007 e cita doutrina em reforço aos seus argumentos, reiterando que vários atos invocados pelas autoridades são posteriores às operações questionadas. Argumenta que o tratamento do ágio tem disciplina específica no âmbito fiscal, opõe à exigência de capital externo na operação os argumentos expostos no voto condutor do julgado que apreciou o Caso Gerdau, e conclui que o ágio em questão possuía substrato econômico e amparo na legislação fiscal. Prossegue abordando o propósito negocial das operações societárias, invocando os princípios constitucionais da livre iniciativa e da livre concorrência, e reafirmando a finalidade das operações realizadas, para concluir que todos os atos societários praticados inseriramse, congruentemente, nas atividades desenvolvidas pela Recorrente, ao passo que a autoridade fiscal analisou as operações societárias isoladamente, e não como um todo, na forma da doutrina que transcreve. Defende que deveriam ser verificados os efeitos posteriores das operações, seus benefícios futuros, mas ressalva que a legislação tributária também não condicionou o aproveitamento do ágio à demonstração do propósito negocial, consoante doutrina que cita. Diz que deve ser afastado o argumento de utilização de empresa veículo, e se opõe aos questionamentos da autoridade julgadora acerca da impossibilidade de reconhecimento de acréscimo de riqueza em decorrência de transações dos acionistas com eles próprios. Reitera a motivação da reestruturação societária, diz que a expressão “empresa veículo” é pejorativa e observa que não há vedação legal a tal prática, citando julgados administrativos que admitem seu uso. Enfatiza que a dedução da despesa de ágio passou a ser possível a partir da incorporação de Boff Cardoso Participações, na forma dos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532/97, e que o mesmo efeito fiscal se verificaria se a autuada tivesse sido incorporada por Boff Cardoso Participações, assim não se procedendo apenas porque não seria condizente com o objetivo da reestruturação societária do Grupo, pois extinguiria a recorrente, que possui nome reconhecido no mercado, exigindo todo um processo de aprovação com fornecedores em relação à nova empresa. Finaliza a discussão desta infração destacando que o referido ágio também iria existir integralmente no momento em que Magius Metalúrgica fosse alienada para outro Grupo Econômico por valor superior ao valor do patrimônio líquido. [...], e que a decisão recorrida fundamentase em premissas equivocadas, porque a parcela do ágio, constante no patrimônio líquido da recorrente, decorreu de regulares movimentações societárias, de caráter oneroso e com o cumprimento de todas as formalidades legais. Reitera seus argumentos acerca das exigências legais para registro do ágio, acrescenta que seu valor se encontra devidamente subscrito no patrimônio líquido da recorrente, e que os registros contábeis observaram o item 33 do CPC 15. Conclui que a eventual indedutibilidade do ágio não Fl. 2590DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.591 11 tem o condão de tornálo inexistente, tampouco afeta o Patrimônio Líquido da Recorrente, pois a legislação somente exclui deste montante o valor decorrente de reserva de reavaliação. Quanto à glosa de compensação de prejuízos fiscais, afirma ter observado a legislação de regência, e sendo regulares as amortizações de ágio procedidas, não se verifica a alegada absorção dos prejuízos fiscais. Discorda, também, na inadmissibilidade das pretendidas deduções de IRRF, pois as compensações opostas pela autoridade julgadora de 1ª instância restaram não homologadas, sem manifestação de inconformidade e concomitante parcelamento dos débitos compensados. Afirma absurda, imoral e desarrazoada a qualificação da penalidade, bem como a sua manutenção na decisão recorrida em razão de suposto descumprimento de princípios contábeis (que não guardam correlação com a legislação fiscal). Invoca o posicionamento favorável deste Conselho no caso Gerdau, para questionar como se consideraria como dolosa uma prática que já foi validada por este Conselho? Entende que se trata, aqui, de interpretações diferentes sobre a mesma legislação, não se verificando qualquer adulteração de documentos fiscais ou contábeis, ausência de atendimento às intimações no curso da fiscalização ou qualquer outro ato tendente a omitir ou ocultar qualquer ato praticado pela empresa. A decisão recorrida, inclusive, corroboraria a regularidade dos atos praticados, os quais seriam públicos e submetidos a registro. Complementa que o dolo deve ser provado, e restar inconteste na instrução processual, ao passo que a autoridade fiscal insiste equivocadamente em presumilo para aplicação da sanção de 150%. Reportase a excertos da decisão recorrida e ressalta que não houve utilização de qualquer empresa fictícia, falsificação ou adulteração de livros, guias ou documentos exigidos pela legislação tributária, nem qualquer inserção de elementos falsos ou utilização dolosa de documentos, estando sua escrituração integralmente regular. Ademais, a amortização do ágio é admitida na legislação tributária e as deduções foram declaradas em DIPJ, porque a contribuinte fez o que entendia correto. Entende indispensável a análise integral da operação, e assim não teria procedido a autoridade julgadora de 1ª instância, por deixar de analisar a necessidade e os propósitos da reestruturação societária. Reitera que os argumentos da acusação não estão presentes na legislação, mas sim em princípios contábeis, e invoca julgados administrativos contrários à caracterização de fraude por mero erro de interpretação da lei, ou nos casos em que a operação já tenha sido aprovada pelo próprio CARF. Cita outros julgados administrativos frente situações de ágio interno, nos quais foi aplicada multa de 75%, confirmando o Fl. 2591DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.592 12 CARF que, na pior das hipóteses, haveria abuso de direito, caso em que não seria aplicável a multa agravada. Finaliza opondose à aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício, defendendo a possibilidade de discussão desta matéria no contencioso administrativo, e discordando da fundamentação no art. 61 da Lei nº 9.430/96, na forma de ementas de julgados deste Conselho, que transcreve. [...]. Os responsáveis tributários foram cientificados da decisão de primeira instância em 26/08/2013 (fl. 1999) e 27/08/2013 (fl. 2000), e interpuseram recurso voluntário conjunto, tempestivamente, em 25/09/2013 (fls. 2002/2085). Transcrevendo a acusação fiscal, asseveram que não foram indicados com precisão os fatos que ensejariam a atribuição de responsabilidade solidária aos Recorrentes, ofendendo o contraditório e a ampla defesa. Entendem, assim, que a ausência de fundamentação da sujeição passiva solidária e da produção de provas que comprovem as alegações da autoridade fiscal, implicam na inaplicabilidade do instituto da responsabilidade solidária. Quanto à imputação com base no art. 124, I, do CTN, aduzem que o critério “interesse comum”, utilizado pela DRJ, além de subjetivo, não restou comprovado, muito menos tinha característica fraudulenta. Houve presunção de fraude, não foi especificado o que se entende por interesse comum, e, nos termos da doutrina e jurisprudência que transcrevem, não se caracterizou o interesse comum, ainda que possa caracterizarse o interesse econômico. Afirmam que não eram sujeitos da relação jurídica, tampouco possuíam o interesse jurídico decorrente dos atos praticados, e a autoridade julgadora de 1ª instância não identificou qual o interesse verificado. Com referência à responsabilidade fundamentada no art. 135 do CTN, afirmam que atuaram em consonância com a legislação de regência para a concretização de cada ato societário, e, demais disso, a responsabilidade prevista naquele dispositivo é pessoal, excluindose a responsabilidade do contribuinte, no caso, a Magius Metalúrgica Industrial S/A., consoante excertos doutrinários que transcrevem. Assim, a Fiscalização deveria ter lavrado auto de infração exclusivamente contra a pessoa física e demonstrado os atos praticados com excesso de poderes, infração à lei, ao contrato social ou estatuto e que teriam culminado na autuação em tratativa. Contudo, a autoridade fiscal assim não procedeu, bem como não demonstrou o suposto abuso de poderes que teria gerado o crédito tributário. Acrescentam que a prática de atos fundamentada em interpretação da legislação divergente dos entendimentos das autoridades fazendárias não há de ser motivo justo e aceitável para a atribuição de culpa exclusiva dos Diretores por infração à lei, especialmente quando não há veto legal à dedução do ágio da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Fl. 2592DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.593 13 Asseveram que as operações foram transparentes e públicas, sendo improcedente a indicação de que, sob as orientações de seus diretores, a Magius Metalúrgica operou com o intuito de omitir e ludibriar a fiscalização. A legislação não veda a prática implementada, e a Fiscalização não comprovou a intenção da pessoa jurídica e de seus diretores de fraudar, ao passo que não houve utilização de qualquer empresa fictícia, falsificação ou adulteração de livros, guias ou documentos exigidos pela legislação tributária, nem qualquer inserção de elementos falsos ou utilização dolosa de documentos. Na medida em que as operações realizadas pela pessoa jurídica foram regidas pela interpretação das normas legais, o art. 135, III, do CTN foi utilizado inadequadamente e equivocadamente para fundamentar a responsabilização dos recorrentes. De toda sorte, os responsáveis reproduzem os argumentos deduzidos no recurso voluntário da pessoa jurídica, para afirmar a insubsistência do acórdão recorrido, caso não seja acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva dos recorrentes. Ao julgar o recurso, a Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF proferiu o Acórdão nº 1101001.100, de 7 de maio de 2014, cujas ementa e decisão transcrevo, respectivamente, no que interessa à presente lide: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: [...], 2007, 2008, 2009. [...]. ÁGIO INTERNO. AMORTIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Inadmissível a formação de ágio por meio de operações internas, sem a intervenção de partes independentes e sem o pagamento de preço. MULTA DE OFÍCIO. 150%. DESQUALIFICAÇÃO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. JURISPRUDÊNCIA DIVERGENTE SOBRE O TEMA À ÉPOCA DA EFETIVAÇÃO DOS NEGÓCIOS SUCESSIVOS. AUSÊNCIA DE POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE DO FATO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 112 DO CTN. Não se pode qualificar a multa para 150%, se não restar configurado, nos autos, evidente intuito de fraude. Este não se revela presente, pois que, à época da efetivação dos atos e negócios jurídicos, a jurisprudência oscilava relativamente ao tema de planejamento tributário. O intuito fraudulento resta por isso afastado. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. Impossível a reversão da glosa de compensação de prejuízos quando subsiste infração que infirma os valores utilizados pelo sujeito passivo. DEDUÇÃO. IRRF. Provado que o sujeito passivo desistiu da compensação de saldos negativos apurados nos períodos fiscalizados, parcelando os correspondentes débitos, admitese, na determinação do tributo lançado de ofício, a dedução do Fl. 2593DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.594 14 IRRF confirmado em DIPJ e não utilizado para reduzir o imposto devido no período. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 DECADÊNCIA. MATÉRIA DECIDIDA NO RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS. OBSERVÂNCIA. OBRIGATORIEDADE. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. APLICAÇÃO DO ART. 150 DO CTN. NECESSIDADE DE CONDUTA A SER HOMOLOGADA. O fato de o tributo sujeitar se a lançamento por homologação não é suficiente para, em caso de ausência de dolo, fraude ou simulação, tomarse o encerramento do período de apuração como termo inicial da contagem do prazo decadencial. CONDUTA A SER HOMOLOGADA. Além do pagamento antecipado e da declaração prévia do débito, sujeitase à homologação em 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador, a declaração, em DIPJ, de IRPJ e CSLL a pagar, ou de saldo negativo formado por retenções na fonte, se a autoridade fiscal não faz qualquer ressalva aos valores assim informados pelo sujeito passivo. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. Somente as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador podem ser arroladas como responsáveis pelo crédito tributário apurado. DIRETORES. Reconhecida a inexistência de prática caracterizada como crime contra a ordem tributária, bem como diante do cancelamento da qualificação da multa, não subsiste a imputação de responsabilidade tributária aos diretores da autuada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em: 1) relativamente à glosa de juros sobre o capital próprio, por unanimidade de votos, REJEITAR as arguições de nulidade da decisão recorrida e do lançamento, bem como DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário e NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício; 2) relativamente às glosas de amortização de ágio: 2.1) por unanimidade de votos, REJEITAR a arguição de nulidade do lançamento; 2.2) por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente ao principal exigido, divergindo os Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior, Marcos Vinícius Barros Ottoni e Antônio Lisboa Cardoso; 2.3) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à qualificação da penalidade, vencida a Relatora Conselheira Edeli Pereira Bessa, sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marcos Vinícius Barros Ottoni; 2.4) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à arguição de decadência, divergindo o Conselheiro José Sérgio Gomes e o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão; e 2.5) por voto de qualidade, Fl. 2594DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.595 15 NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente aos juros de mora sobre a multa de ofício, divergindo os Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior, Marcos Vinícius Barros Ottoni e Antônio Lisboa Cardoso; 3) relativamente à glosa de compensação de prejuízos, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário; 4) relativamente à dedução de retenções na fonte, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário; e 5) relativamente à responsabilidade tributária, por maioria de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencida a Relatora Conselheira Edeli Pereira Bessa, acompanhada nas conclusões pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marcos Vinícius Barros Ottoni, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Inconformada, a Fazenda Nacional apresenta recurso especial por divergência, argumentando, em síntese: a) que se apresenta sem qualquer mácula a majoração da multa qualificada imposta ao contribuinte, considerandose todo o corpo probatório e indiciário que instrui os presentes autos, bem demonstrando a materialidade da conduta dolosa do sujeito passivo; b) que a multa de 150% deve ser mantida, eis que as operações foram realizadas sem fundamentação econômica e propósito negocial, de modo fraudulento, com o único objetivo de gerar um benefício fiscal indevido, o qual foi alcançado por intermédio de um ágio inexistente (artificial), gerado dentro de empresas ligadas (ágio interno), enquadrando se nas situações elencadas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964; c) que o caráter circular das operações societárias levadas a efeito, fazendo com que, em pouco tempo, a situação voltasse a ser exatamente a mesma situação inicial, comprova o caráter simulado e doloso da conduta da recorrente e de seu grupo controlador; d) que todas as ações envolvidas tinham por fim único a criação de um ágio fictício, a ser transformado em benefício fiscal por força de um arranjo societário artificial; e) que a Turma reconheceu a decadência, firme no art. 150, § 4º, do CTN, bem como excluiu a responsabilidade dos sócios diretores, como decorrência lógica da desqualificação da multa de ofício; f) que, reformandose o acórdão para restabelecer a qualificação da multa, em razão do dolo/fraude na prática de operações societárias com vistas a criar uma maisvalia fictícia e deduzila na apuração do lucro tributável, o prazo decadencial será regido pelo art. 173, inciso I, do CTN, devendose afastar a decadência relativamente a fatos geradores ocorridos dos 1º ao 3º trimestres de 2007; g) que, reformandose o acórdão para restabelecer a qualificação da multa, em razão do dolo/fraude na prática de operações societárias com vistas a criar uma maisvalia fictícia e deduzila na apuração do lucro tributável, a responsabilidade dos sócios diretores deverá ser restabelecida; e h) que, desse modo, caso seja dado provimento ao recurso especial para restabelecer a qualificação, também, por decorrência lógica, devese afastar a decadência, em razão da aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, assim como restabelecer a responsabilização dos sócios diretores. Fl. 2595DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.596 16 O recurso especial foi admitido pelo presidente da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF. Devidamente cientificado, o contribuinte apresentou contrarrazões, a seguir resumidas: a) que, preliminarmente, é nulo o recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, na parte relativa à qualificação da multa de ofício, visto que não enfrenta as razões do voto vencedor do acórdão recorrido; b) que, ainda preliminarmente, a simples pretensão de reexame de provas, também nesta seara administrativa, encontra óbice na Súmula nº 7 do STJ, que veda a análise de provas/fatos em sede de recurso especial; c) que, também preliminarmente, inexiste similitude fática entre o acórdão recorrido e o suposto paradigma apresentado pela Fazenda Nacional, no que se refere à matéria de decadência do lançamento; e d) que, no mérito, deve ser mantido o acórdão recorrido, na parte em que reconheceu a decadência dos créditos tributários dos 1º ao 3º trimestres de 2007 e afastou a qualificação da multa aplicada. Devidamente cientificados, os responsáveis tributários apresentaram contrarrazões, a seguir resumidas (no que diversas das contrarrazões do contribuinte): a) que, preliminarmente, inexiste similitude fática entre o acórdão recorrido e os supostos paradigmas apresentados pela Fazenda Nacional, no tocante à matéria de responsabilidade tributária; e b) que, no mérito, deve ser mantido o acórdão recorrido, na parte em que afastou a responsabilidade dos recorridos em arcar com o crédito tributário lançado. Inconformado, o contribuinte apresenta recurso especial por divergência, distribuído nos seguintes tópicos (cujo conteúdo é o mesmo do recurso voluntário): III.1 Do direito à dedutibilidade do ágio gerado na operação de subscrição de ações da Magius Metalúrgica para Boff Participações; III.1.1 Da reestruturação societária do grupo empresarial; III.1.2 Do ágio gerado na operação de subscrição de quotas/ações da Magius Metalúrgica; III.1.3 Do propósito negocial das operações societárias – necessidade de reforma do acórdão recorrido; III.1.4 Da possibilidade de dedutibilidade do ágio em função da incorporação da Boff Participações pela Magius Metalúrgica; III.2 Da compensação de prejuízos fiscais; e III.3 Da não incidência de juros de mora (Selic) sobre a multa de ofício. Acrescenta o contribuinte, ainda, que, somente através do art. 22 da Lei nº 12.973, de 2014, é que a amortização de ágio entre partes dependentes passou a ser vedada. O recurso especial foi admitido pelo presidente da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF. Fl. 2596DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.597 17 Devidamente cientificada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, distribuídas nos seguintes tópicos: 2. Da indedutibilidade do ágio registrado pelo contribuinte. Ágio fictício: ágio de si mesmo. Despropósito negocial. Ausência de substrato econômico. Falta de pagamento do ágio; e 3. Da devida cobrança dos juros sobre a multa de ofício. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão Relator Os recursos são tempestivos, entendo que as divergências restaram comprovadas e, por isso, conheço dos especiais. Questões Preliminares Com relação à preliminar arguida pelo contribuinte, de nulidade do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, na parte relativa à qualificação da multa de ofício, por supostamente não enfrentar as razões do voto vencedor do acórdão recorrido, não a acolho. Reportase o contribuinte ao seguinte trecho do recurso especial da Fazenda Nacional (efls. 2.316, grifei): Analisando o feito, o voto da Relatora, apesar de vencida, consignou que, para a qualificação da multa, prevista no art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430/96, pressupõese a existência inequívoca do evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64, o que não foi demonstrado pela fiscalização. Afirma que, no presente caso, o negócio jurídico existiu de fato, os atos jurídicos praticados foram materialmente verdadeiros, mas a consequência pretendida, criação do ágio, não foi alcançada, em razão do entendimento contrário do fisco. Apesar da imprecisão do que constou acima (“o voto da Relatora, apesar de vencida”), essas afirmações constaram, sim, do voto vencedor (efls. 2.305 e 2.307), e não do voto vencido (negrito do original, sublinhei): Voto Vencedor Conselheiro MARCOS VINÍCIUS BARROS OTTONI Em que pese o brilhantismo, zelo e acuidade característicos dos votos da Conselheira Relatora, data maxima venia, no que pertine à qualificação da multa ora aplicada, ouso divergir de suas conclusões. Isto porque a qualificação da multa, prevista no artigo 44, Parágrafo 1º, da Lei nº 9.430/96 pressupõe a existência inequívoca do evidente intuito de fraude, cuja caracterização está definida nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64, a saber: [...]. [...]. Fl. 2597DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.598 18 No presente caso, o negócio jurídico existiu de fato, os atos jurídicos praticados foram materialmente verdadeiros, mas a consequência jurídica almejada (criação e amortização do ágio) é que não foi alcançada, face o entendimento contrário da administração tributária. No tocante à preliminar, também arguida pelo contribuinte, de pretender a Fazenda Nacional, com o seu recurso especial, a simples pretensão de reexame de provas, também não a acolho. É que, no caso, não se pretende o simples revolvimento de provas, mas, sim, discutese a aplicabilidade, ou não, do disposto no art. 44, inciso I e § 1º, da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 2007, à hipótese vulgarmente conhecida como “ágio interno”, em face de divergência de entendimento da turma da câmara recorrida com outra câmara e com outra turma de câmara do CARF. Ou seja, uma mesma legislação tributária (art. 44, inciso I e § 1º, da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 2007) foi interpretada de forma distinta, no que se refere ao seu alcance, cabendo, pois, a esta CSRF dirimir a questão, como, aliás, já o fez no Acórdão CSRF nº 9101002.300, de 7 de abril de 2016, da relatoria do eminente Conselheiro Rafael Vidal de Araújo, assim ementado nessa parte: ÁGIO INTERNO. AMORTIZAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. TRANSFERÊNCIA DE ÁGIO. IMPOSSIBILIDADE. O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos econômicos efetivamente existentes. A geração de ágio de forma interna, ou seja, dentro do mesmo grupo econômico, sem qualquer lógica negocial, sem alteração do controle das sociedades envolvidas e sem qualquer desembolso constitui prova da artificialidade do ágio e torna inválida sua amortização. [...]. MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO. A constatação de evidente intuito de fraudar o Fisco, pela intencional prática de atos simulados, enseja a qualificação da multa de ofício. Preliminar de não conhecimento do recurso especial da Fazenda questionamentos do paradigmas Ainda, no que se refere à preliminar, também arguida pelo contribuinte, de inexistir similitude fática entre o acórdão recorrido e o paradigma apresentado pela Fazenda Nacional, no que respeita à matéria de decadência do lançamento, também não a acolho. É que não se trata, na realidade, de matéria objeto de qualquer divergência, já que acordes, tanto o voto vencido, quanto o voto vencedor do acórdão recorrido, na aplicação do art. 173 do CTN em caso de dolo na prática de operações societárias (efls. 2.291 e 2.308, respectivamente, grifei): Decadência: confirmado o dolo na prática de operações societárias com vistas a criar uma maisvalia fictícia e deduzila na apuração do lucro tributável, o prazo decadencial é regido pelo art. 173 do CTN, e não se verifica a pretendida homologação tácita dos créditos tributários lançados Fl. 2598DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.599 19 07/12/2012, relativamente a fatos geradores ocorridos dos 1º ao 3º trimestres de 2007. Contudo, uma vez prevalecendo o entendimento da maioria do Colegiado contrariamente à aplicação da multa qualificada, deve ser acolhida a arguição de decadência das exigências pertinentes ao 1º, 2º e 3º trimestres/2007. [...]. Outrossim, conforme muito bem ressaltado pela ilustre Relatora do presente recurso, uma vez prevalecendo o entendimento contrário à aplicação da multa qualificada, deve ser acolhida a arguição de decadência das exigências pertinentes aos 1º, 2º e 3º trimestres/2007, pelas razões já expostas em seu robusto voto. Assim, conforme consta do recurso especial da Fazenda Nacional, “reformandose o acórdão para restabelecer a qualificação da multa, em razão do dolo/fraude na prática de operações societárias com vistas a criar uma maisvalia fictícia e deduzila na apuração do lucro tributável, o prazo decadencial será regido pelo art. 173, inciso I, do CTN, devendose afastar a decadência relativamente a fatos geradores ocorridos dos 1º ao 3º trimestres de 2007” (efls. 2.321). De todo modo, o acórdão paradigma apontado pela Fazenda Nacional (Acórdão nº 240100.249, de 2009), não obstante se refira ao dolo consistente na falta de recolhimento de contribuições previdenciárias arrecadadas de terceiros, compartilha do mesmo entendimento do voto vencido do acórdão recorrido (sublinhei): DECADÊNCIA ARTS 45 E 46 LEI Nº 8.212/1991 INCONSTITUCIONALIDADE STF SÚMULA VINCULANTE DOLO REGRA GERAL INCISO I, ART. 173 De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. No caso de lançamento por homologação, restando caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, deixa de ser aplicado o § 4º do art. 150, para a aplicação da regra geral contida no art. 173, inciso I, do CTN. Por fim, no concernente à preliminar, arguida pelos responsáveis tributários, de inexistir similitude fática entre o acórdão recorrido e os supostos paradigmas apresentados pela Fazenda Nacional, no que se relaciona à matéria de responsabilidade tributária, também não a acolho. É que não se trata, na verdade, de matéria objeto de qualquer divergência, já que acordes, tanto o voto vencido, quanto o voto vencedor, em que se aplica ao caso o contido no art. 135, inciso III, do CTN (efls. 2.304 e 2.308, respectivamente, destaquei): Fl. 2599DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.600 20 Assim, confirmada a supressão do recolhimento de tributos mediante fraude, resultante de atos sob a direção dos responsáveis indicados pela Fiscalização, correta a imputação de responsabilidade solidária a estes, com fundamento no art. 135 do CTN. [...]. Inicialmente, digno de destaque que o lançamento, quanto aos responsáveis tributários, se lastreou nos artigos 124, I, e 135 do CTN. No entanto, a própria Relatora do presente voluntário entendeu que não se aplica, ao caso, os ditames do artigo 124, I, do CTN, posto que tal artigo serve apenas para incluir um terceiro no pólo passivo da obrigação tributária, que não seja do quadro social da pessoa jurídica. No entanto, ainda persiste o lançamento em face dos diretores da autuada, forte no art. 135 do CTN, por vislumbrar que as tomadas de decisão que conduziram à infração caracterizada como crime contra a ordem tributária, e submetida à aplicação de multa qualificada, foram perpetradas pelos mesmos. Ocorre que, com o reconhecimento da inexistência de prática caracterizada como crime contra a ordem tributária, bem como diante do cancelamento da qualificação da multa, como corolário lógico, deve o presente lançamento, no que pertine à responsabilidade solidária, ser reformado, excluindose os diretores da autuada do presente lançamento. Assim, conforme consta do recurso especial da Fazenda Nacional, “reformandose o acórdão para restabelecer a qualificação da multa, em razão do dolo/fraude na prática de operações societárias com vistas a criar uma maisvalia fictícia e deduzila na apuração do lucro tributável, a responsabilidade dos sócios diretores deverá ser restabelecida” (efls. 2.324). De todo modo, o acórdão paradigma apontado pela Fazenda Nacional e admitido no exame de admissibilidade de recurso especial (Acórdão nº 1402001.316, de 2013), não obstante se refira a ganho de capital auferido em alienação onerosa de bem imóvel, compartilha do mesmo entendimento do voto vencido do acórdão recorrido (grifei): RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SÓCIO ADMINISTRADOR. FRAUDE FISCAL. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. A sequência de atos, robustamente comprovados nos autos, demonstra o intuito doloso da contribuinte em modificar as características essenciais da ocorrência do fato gerador, caracterizando a fraude fiscal, e corresponde a tipo previsto na lei de crimes contra a ordem tributária, razão pela qual os sóciosadministradores devem ser responsabilizados solidariamente com a pessoa jurídica, consoante norma do artigo 135, inciso III, do CTN. Assim, conheço de ambos os recursos, conforme foram remetidos às esta 1a T. da CSRF e passo ao mérito. As matérias postas à apreciação desta Câmara Superior referemse à: Recurso do contribuinte: Fl. 2600DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.601 21 a) “ágio interno”; e b) exigibilidade dos juros de mora sobre a multa de ofício aplicada. Recurso da Fazenda Nacional: a) qualificação da multa de ofício aplicada, no caso de “ágio interno”; b) decadência do lançamento relativo aos 1º ao 3º trimestres de 2007; e c) responsabilidade tributária dos sócios diretores. Recurso da Contribuinte Análise de Mérito Tema do "ágio interno" Que a “amortização do ágio é admitida na legislação tributária”, nas hipóteses expressamente previstas em lei, não se discute. A questão é se se está, no presente caso, diante de um efetivo ágio, ou apenas de uma grandeza criada artificialmente, a que se pretendeu dar a aparência de ágio. Afirma o contribuinte que “a incorporação de Boff Cardoso Participações autorizou a dedução do ágio”. Mas a questão é se este pretenso ágio, se caracteriza como ágio, e se é dedutível. Situação que ocorre nos presentes autos é que há uma criação de despesa de amortização sem que nenhum custo efetivo tenha sido incorrido. Para isto, os sócios Adilton Boff Cardoso e Adalberto Boff Cardoso integralizaram, em 22/12/2004, na empresa Magius Participações Ltda., criada na mesma data (22/12/2004), a totalidade das ações que possuíam na ora recorrente (Magius Metalúrgica Industrial S/A., transformada de sociedade limitada para sociedade anônima de capital fechado, em 20/12/2004), no valor de R$ 5.799.998,00. Aquela (Magius Participações Ltda.), por sua vez, integralizou, no dia seguinte (em 23/12/2004), na empresa Boff Cardoso Participações S/A., criada na mesma data (23/12/2004), essas mesmas ações, já ao valor de R$ 31.319.000,00, por força de um “laudo de avaliação”, datado também de 23/12/2004. Ou seja, as ditas ações passaram a valer — de um dia para o outro — mais de cinco vezes o que antes valiam, em face de um pretenso ágio de mais de vinte e cinco milhões de reais. Não se pode conceber que um laudo possa, validamente, indicar a rentabilidade futura de uma entidade, de modo a compor o seu valor, sem que haja um terceiro que reconheça essa projeção e se proponha a pagar a cifra nele apontada. Procedendose à “indispensável análise integral da operação”, ou seja, à “análise do ‘filme’", e não apenas das "fatos’”, como pleiteia o contribuinte, uma vez que, segundo ele, “a autoridade fiscal analisou as operações societárias isoladamente, e não como um todo”, o que se vê é o seguinte: ações originalmente valendo R$ 5.799.998,00, referentes às Magius Participações Ltda., e transferidas para Boff Cardoso Participações pertencente ao mesmos proprietários, i.e., à Família Cardoso (Adilton Boff Cardoso, Adalberto Boff Cardoso, Aldo Boff Cardoso, Márcia de Souza Cardoso, Marlene Souza Cardoso e Tânia Mara de Souza Cardoso) —, teriam passado, por essa mera troca de posições patrimoniais, a valer R$ 31.319.000,00, e resultando num pretenso ágio dedutível (na ocorrência de incorporação). Justifica o contribuinte que “as operações realizadas pela pessoa jurídica foram regidas pela interpretação das normas legais”. Acrescenta, ainda, que “o art. 36 da Lei nº 10.637/2002 estimula a possibilidade de conferências de capital em bens a valor de mercado, mediante diferimento do correspondente ganho de capital, e destas operações decorre a geração de um ágio na aquisição de investimentos, por estrita previsão legal.” Fl. 2601DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.602 22 Questiono: que norma legal permitiria que se transformasse, como num passe de mágica, a totalidade das ações da ora recorrente, no valor de R$ 5.799.998,00, para um valor de R$ 31.319.000,00, apenas, pela transferência dessas ações da empresa Magius Participações Ltda. para a empresa Boff Cardoso Participações S/A., pertencentes, ambas, aos mesmos proprietários ou Grupo Econômico? Ora, as transações entre empresas de um mesmo Grupo não geram efetivas mutações patrimoniais e econômicas no consolidado desse Grupo. Tanto é assim que, por exemplo, em demonstrações consolidadas, na forma do art. 250, inciso II, da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades Anônimas), os saldos de quaisquer contas existentes entre elas, entre outros valores, são devidamente excluídos. Dessa forma, somente em transações com terceiras partes independentes é que poderá haver reais ganho de capital e ágio, passíveis de considerações tributárias. E inexistindo, no presente caso, quaisquer ágio e ganho de capital nessas condições, insubsistentes são todas as razões neles pretensamente fundadas. Não é por outro motivo que a mesma legislação (art. 36 da Lei nº 10.637/2002, permite o diferimento do "ganho de capital" indefinidamente até a realização, liquidação ou baixa, efetiva do investimento (aí não compreendida a fusão, cisão ou incorporação)). Destaca o contribuinte “que o referido ágio também iria existir integralmente no momento em que Magius Metalúrgica fosse alienada para outro Grupo Econômico por valor superior ao valor do patrimônio líquido”. Nessa hipótese, sim, teríamos um efetivo ágio, materializado, este, pela intervenção de parte independente (“outro Grupo Econômico”), a qual, mediante o devido pagamento de preço, em condições de livre concorrência, legitimaria aquele aumento de valor. Antes, ou de outra forma, não é possível este reconhecimento. Como consta do voto condutor, nessa parte, da decisão recorrida (efls. 2.290): Subsistência do ágio em caso de alienação da autuada a terceiros: se um terceiro pagasse o valor pelo qual a autuada fosse avaliada, o ágio certamente se formaria, mas no patrimônio do adquirente, que somente poderia deduzilo, com efeitos fiscais, caso atendesse aos requisitos dos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532/97; Em resumo: ágio pressupõe, inegavelmente, sobrepreço pago por partes independentes. Nos campos contábil, econômico e societário, e com referência a vários entendimentos em contrário, externados pela teoria contábil, pela FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), por normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por resoluções do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por orientações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), etc., já se pronunciaram tanto a decisão da DRJ de CuritibaPR quanto a decisão recorrida, bem como diversas decisões desta própria CSRF (Acórdãos nºs 9101002.388 a 9101002.391, de 13 de julho de 2016, e 9101 002.300, de 7 de abril de 2016), motivo pelo qual, por economia processual, limitome apenas a me reportar expressamente a todas essas decisões. Assim, não há que se considerar a possibilidade, aventada pelo próprio contribuinte, de “fortalecimento da estrutura e crescimento sustentável da Companhia”, a partir da criação e da incorporação de empresa (Boff Cardoso Participações S/A.) que, segundo Fl. 2602DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.603 23 a fiscalização, nos anos de 2004 e 2005, apenas efetuou dois únicos lançamentos contábeis — um, o de sua abertura, e outro, o de equivalência patrimonial —, tendo vida efêmera, de menos de 100 (cem) dias. Destarte, pelos procedimentos adotados, tudo leva a crer que o objetivo perseguido pelo Grupo não era, propriamente, “a redução dos custos e incentivo da geração de caixa futuro da INCORPORADA”, mas, ao contrário, o aumento de despesas e redução de sua lucratividade, pela tentativa feita de amortização de uma grandeza criada artificialmente, a que se pretendeu dar a aparência de ágio. Sustenta o contribuinte “que a rentabilidade foi confirmada no presente”. Não é o que parece, pois, como aponta a fiscalização: “a empresa apresentou para arrolamento apenas veículos de valor inexpressivo”, sendo que “após a criação do ágio, os bens imóveis, que foram objeto de reavaliação, constando do Laudo de Avaliação, passaram a não constar do Ativo Imobilizado da Pessoa Jurídica”. Com relação à decisão proferida no Caso Gerdau, insistentemente brandida pelo contribuinte — como se a pretender, desse modo, justificar o seu procedimento —, anoto o que a esse respeito discorreu o voto condutor, nessa parte, da decisão recorrida (efls. 2.291): Qualificação da penalidade: [...]. E a validação da prática pelo Conselho, em verdade, é invocada com base em uma decisão ainda não definitiva, proferida posteriormente à prática questionada, e que não poderia, assim, ter influenciado a decisão de implementála. [...]. Com referência à alegação do contribuinte de que, somente através do art. 22 da Lei nº 12.973, de 2014, a amortização do ágio entre partes dependentes passou a ser vedada, reitero, conforme extensamente demonstrado, que é inadmissível a formação de ágio por meio de operações internas, sem a intervenção de partes independentes e sem o pagamento de preço. Por essas razões, voto por negar provimento ao recurso do contribuinte nesta matéria e manter a exigência fiscal relativa ao “ágio interno”. Tema dos juros de mora sobre a multa de ofício Por fim, quanto à exigibilidade dos juros de mora sobre a multa de ofício aplicada, é de ser mantida, em vista do entendimento já sedimentado no Superior Tribunal de Justiça (STJ) a esse respeito: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMAS QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: “É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário.” (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1335688/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 10/12/2012) Fl. 2603DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.604 24 Nesse mesmo sentido, aliás, decidiu esta Turma, por ocasião dos Acórdãos nºs 9101002.174, de 19 de janeiro de 2016, 9101002.181, 9101002.191, e 9101002.192, de 20 de janeiro de 2016, 9101002.209, de 2 de fevereiro de 2016, e 9101002.317, de 3 de maio de 2016, sendo o primeiro e o último, de minha relatoria. Por essas razões, voto por negar provimento ao recurso do contribuinte nesta matéria e manter a exigência fiscal relativa à exigibilidade dos juros de mora sobre a multa de ofício aplicada. Recurso da Fazenda Análise de Mérito a) qualificação da multa de ofício aplicada, no caso de “ágio interno” Por força de tudo o que acima foi dito, e conforme a acusação fiscal, inevitável se torna a qualificação da multa de ofício aplicada. Evidencio que participei da sessão que prolatou a decisão recorrida, e que agora, em sede de recurso especial, ao analisar os argumentos do recorrente, sou forçado a mudar meu a pensamento a respeito deste aspecto, pelas razões que seguem. É que não sendo aquela grandeza criada artificialmente, a que se pretendeu dar a aparência de ágio, um efetivo ágio, mas um simples artifício contábil, uma prosaica ficção, não há que se falar, no caso, em “interpretações diferentes adotadas pelo Fisco e pelo contribuinte” ou, como defendeu o voto condutor, nessa parte, da decisão recorrida, em “divergência de entendimentos legais, doutrinários e jurisprudenciais atinentes ao ágio” (efls. 2.307), mas em pura e simples simulação de ágio que, na realidade, nunca existiu. Em outras palavras, tivesse havido ágio, o qual, por um ou por outro motivo, não pudesse ser tributariamente admitido, não seria cabível a qualificação da multa de ofício. O voto vencido da decisão recorrida bem salienta esse ponto (efls. 2.291, grifei): Qualificação da penalidade: Por fim, em oposição aos julgados referidos pela recorrente nos quais não houve imposição de multa qualificada pela Fiscalização ou a exigência foi integralmente desconstituída, importa registrar que esta Turma Ordinária já manteve a qualificação da penalidade em casos semelhantes ao presente (Acórdão nº 110100.913), afastandoa nas hipóteses em que o ágio se formou, em efetiva aquisição com intervenção de terceiros, muito embora não tenham sido atendidos outros requisitos legais para sua amortização (1101 00.936, 110100.961 e 110100.962). Ainda, prova cabal de que o contribuinte, e o Grupo Econômico a que pertence, teriam praticado ação dolosa é o fato de nenhuma alteração concreta ter ocorrido em seu controle societário, após encerrada a tão prefalada “reestruturação societária”. Mesmo que as ações e transformações societárias tenham sido feitas seguindo as normas aplicáveis, o foram com intuito doloso, tipificável nos termos do art. 71 da Lei 4.502/1964, se amoldando à acusação fiscal de simulação (efls. e795 e 808, itens 6.6 e 12 do TVF) , como o evidente intuito de gerar uma despesa inexistente. Para isto foi consumido tempo, papel e dinheiro em diversas operações intragrupo absolutamente inúteis, para, ao final, permanecer tudo como dantes — mesmo controlador e mesma controlada —, com a única inovação, evidentemente, da criação de um grandeza artificial, a que se pretendeu dar a aparência de ágio. Vejase (efls. 2.396 e 2.399, respectivamente): Fl. 2604DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.605 25 [...]. Como bem ressalta a Fazenda Nacional, em seu recurso especial (efls. 2.335): O caráter circular das operações societárias levadas a efeito, fazendo com que, em pouco tempo, a situação voltasse a ser exatamente a mesma situação inicial, comprova o caráter simulado e doloso da conduta da recorrente e de seu grupo controlador. Por essas razões, voto por dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional nesta matéria e manter a qualificação da multa de ofício aplicada. b) decadência do lançamento relativo aos 1º ao 3º trimestres de 2007 Com relação à decadência do lançamento, e como decorrência do acima decidido (manutenção da qualificação da multa de ofício aplicada), o prazo decadencial passa a ser regido pelo art. 173, inciso I, do CTN, pelo que se afasta a decadência relativamente aos fatos geradores ocorridos dos 1º ao 3º trimestres de 2007, a qual havia sido declarada pelo voto vencedor da decisão recorrida unicamente sob o seguinte fundamento (efls. 2.308, grifei): Outrossim, conforme muito bem ressaltado pela ilustre Relatora do presente recurso, uma vez prevalecendo o entendimento contrário à aplicação da multa qualificada, deve ser acolhida a Fl. 2605DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.606 26 arguição de decadência das exigências pertinentes aos 1º, 2º e 3º trimestres/2007, pelas razões já expostas em seu robusto voto. A qualificação decorre da conduta dolosa, conforme prevista na parte final do § 4º do art. 150 do CTN (que trata da ocorrência de “dolo, fraude ou simulação”), o que desloca a contagem do prazo decadencial para o art. 173, inciso I, do CTN, o qual, ao incindir no caso, provoca o deslocamento do prazo decadencial para os fatos geradores ocorridos anteriormente a 31 de dezembro de 2006, tão somente. Por essas razões, voto por dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional nesta matéria e manter o lançamento relativamente aos 1º ao 3º trimestres de 2007. c) responsabilidade tributária dos sócios diretores No que se refere à responsabilidade tributária dos sócios diretores, e também como decorrência do acima decidido (manutenção da qualificação da multa de ofício aplicada art. 71 da Lei 4.502/1964), mantémse referida responsabilidade, a qual havia sido excluída pelo voto vencedor da decisão recorrida unicamente sob o seguinte fundamento (efls. 2.308, destaque do original, sublinhei): No entanto, ainda persiste o lançamento em face dos diretores da autuada, forte no art. 135 do CTN, por vislumbrar que as tomadas de decisão que conduziram à infração caracterizada como crime contra a ordem tributária, e submetida à aplicação de multa qualificada, foram perpetradas pelos mesmos. Ocorre que, com o reconhecimento da inexistência de prática caracterizada como crime contra a ordem tributária, bem como diante do cancelamento da qualificação da multa, como corolário lógico, deve o presente lançamento, no que pertine à responsabilidade solidária, ser reformado, excluindose os diretores da autuada do presente lançamento. Assim, mantida a qualificação se imporia, por decorrência lógica a responsabilização. Ademais art. 135, inciso II do CTN dispõe: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: [...]; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Assim, considerando os fatos do processo e que atuação dos sóciosgerentes indicados como responsáveis se amoldam ao que dispõe o art. 135, inciso II do CTN, posto que praticaram atos com infração de lei, no caso, a legislação tributária, entendo que deve ser mantido o lançamento, dando provimento ao recurso da Fazenda também nesta parte. Fl. 2606DF CARF MF Processo nº 10980.728833/201248 Acórdão n.º 9101002.487 CSRFT1 Fl. 2.607 27 Conclusão Do exposto, voto por dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional e negar provimento ao recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Conforme art. 63, §§ 6º e 7º do Anexo II do RICARF, tendo em vista que não foram apresentadas no prazo regimental, considerase não formuladas as declarações de voto. Fl. 2607DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10235.720193/2011-80
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 24 00:00:00 UTC 2016
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2008
VALOR DA TERRA NUA.
O Valor da Terra Nua - VTN médio extraído do SIPT, obtido com valores informados na DITR, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atente ao critério da capacidade potencial da terra. O arbitramento deve ser efetuado com base nos valores fornecidos pelas Secretarias Estaduais ou Municipais e nas informações disponíveis nos autos
em realçai aos tipos de terra que compõe imóvel.
Numero da decisão: 9202-004.609
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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O Valor da Terra Nua - VTN médio extraído do SIPT, obtido com valores informados na DITR, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atente ao critério da capacidade potencial da terra. O arbitramento deve ser efetuado com base nos valores fornecidos pelas Secretarias Estaduais ou Municipais e nas informações disponíveis nos autos em realçai aos tipos de terra que compõe imóvel. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício) A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 02 35 .7 20 19 3/ 20 11 -8 0 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Especial do Procurador Especial do Procurador 2ª Turma 2ª Turma novembro de 2016 mbro de 2016 FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL ISRAEL MARQUES CAJAI ISRAEL MARQUES CAJAI AA Fl. 181DF CARF MF 2 Relatório Trata-se de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra Acórdão nº 2101-002.574 que restou assim a ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2008 ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE. Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao recurso, para fins de restabelecer o VTN constante da DITR2008 (R$ 182,48 por hectare). Cuida-se de Notificação de Lançamento (e fls. 03 a 08), referente a Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) – Exercício 2008, decorrente da não comprovação pelo contribuinte em sede de ação fiscal de: a) Área declarada a título de preservação permanente no imóvel rural; b) Área declarada a título de interesse ecológico no imóvel rural ;e c) Valor da Terra Nua (VTN) declarado, a partir de Laudo de Avaliação. Na Demonstração de Apuração do Imposto devido à e fl.07, em ciência da notificação em 31/05/11, conforme AR de e fl. 09. Apresentando o contribuinte impugnação de e fls. 28 a 33, onde limitou-se a informar que havia levantamentos em andamento destinados a estabelecer as áreas de interesse ecológico e preservação permanente, bem assim encontrar a distribuição de Valores de Terra Nua, de forma a atender os critérios estabelecidos para fins de tributação da área. Note-se que a principio não trouxe o contribuinte, quaisquer dos documentos relevantes estabelecidos na legislação de regência para fins de apuração do valor tributável (ou seja, para fins de cálculo do valor devido a título de ITR), seja quanto às exclusões das áreas de preservação permanente e de interesse ecológico, seja quanto à apuração do correto Valor de Terra Nua (VTN) a ser adotado (a saber, Ato Declaratório Ambiental Laudo Técnico referente à Área de Preservação Permanente, Certidão e/ou atos específicos do órgão público, federal ou estadual competente e, finalmente, Laudo de Avaliação do VTN). O contribuinte limitou-se a solicitar o cancelamento da notificação por não possuir os referidos dados. Assim, a autoridade julgadora de 1a. instância (DRJ/BSB) houve por bem, através do Acórdão de e-fls.36 a 43, manter a exigência em sua totalidade. Fl. 182DF CARF MF Processo nº 10235.720193/2011-80 Acórdão n.º 9202-004.609 CSRF-T2 Fl. 181 3 Cientificado do resultado do julgamento em 27/09/2012 (e-fl.45,o contribuinte protocolizou, em 24/10/2012, Recurso Voluntário de e fls.49 a 51, onde se limita a repisar os argumentos tecidos em sede de impugnação. Em face do Recurso Voluntário do Contribuinte o acórdão decidiu em DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso do contribuinte , para que seja restabelecido o VTN constante da DITR-2008, a partir da invalidade do arbitramento efetuado utilizando-se do VTN SIPT sem consideração de aptidão agrícola. Em apelo o Procurador da Fazenda Nacional para tomar ciência do Acórdão e inconformado com a despacho proferido requer que seja conhecido e provido o Recurso, a afim, de reformar o acórdão recorrido no sentido de manter o valor do VTN . Como fundamento legal citou o Acórdão Paradigma 2102-01.664 : Acórdão nº 2102-01.664 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL – ITR Exercício: 2002 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXIGÊNCIA DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. (ADA) POR LEI. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. A partir do exercício de 2001, com a introdução do art. 17 na Lei nº 6.938, de 1981, por força da Lei nº 10.165, de 2000, o Ato Declaratório Ambiental (ADA) passou a ser obrigatório para fins de exclusão da área de preservação permanente da base de cálculo do ITR. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. A área de utilização limitada/reserva legal, para fins de exclusão do ITR, se fez necessária ser reconhecida como de interesse ambiental pelo IBAMA/órgão conveniado, ou pelo menos, que seja comprovada a protocolização, em tempo hábil, do requerimento do competente Ato Declaratório Ambiental (ADA), fazendo-se, também, necessária a sua averbação à margem da matrícula do imóvel até a data de início da ação fiscal. PARQUE ESTADUAL E PARQUE NACIONAL. A não incidência de imposto sobre as áreas desapropriadas para transformação em parques estaduais ou nacional se aplica a fatos geradores posteriores a criação dos referidos parques. Não se pode retroagir a data do fato gerador do ITR para justificar sua aplicação. Recurso Voluntário Negado. ” Transcrição de trechos do voto “Verifica-se na descrição dos fatos do auto de infração que o lançamento foi motivado pela glosa da área de reserva legal e Fl. 183DF CARF MF 4 valoração do VTN do imóvel rural denominado "Gleba Cedrobom/Parque Est. Ig. Juruena", com área total de 87.523ha, localizado no município de Cotriguaçu/MT. (...) Em função disso, a fiscalização não acatou o laudo e efetuou o arbitramento do valor da terra nua com base nas informações do Sistema de Preços de Terras (SIPT), correspondentes ao preço médio do hectare obtido nas DITRs apresentadas para os imóveis localizados no município de Cotriguaçu/MT, no exercício de 2002. Na mesma linha, entendo que o laudo técnico não serve para contestar o valor da terra nua, nem para comprovar as áreas de reserva legal. (...) Isto posto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso." Assim, afirma que o acórdão restou impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da inobservância ao requisito legal. Com fundamento no art. 67 do RICARF, foi dado seguimento ao Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional.(fls.78/80). Em Contrarrazões fls. 96/117, o contribuinte em resumo, requer preliminarmente, a nulidade do Lançamento por Falta de Notificação, alegando que não foi intimado do processo administrativo, cerceando-lhe o direito de defesa, oportunidade em que teria de apresentar documentos e demonstrar que a maior parte do debito constituído, não lhes são devidos. Aponta a nulidade do lançamento por inexistência de motivação da infração imputada, requerendo que o credito descrito no Auto de Infração e Imposição de Multa seja extinto com base na violação das formalidades necessárias para a sua validade. Procedimento que não permitiu ao contribuinte o exercício da Ampla Defesa, ficando o mesmo sem condições de se defender, pela falta da descrição clara, perfeita, objetiva da suposta infração. Para nós o argumento da inexistência imotivada da infração já encontrar-se superada , uma vez, que o contribuinte em ocasião anterior manifestou-se reconhecendo o credito a ele imputado. O objeto do litígio nesse momento, passar a ser apreciação do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional em face do Acórdão proferido pela 1ª Turma da 1ª Câmara da 2ª Seção, que por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte na aplicação do VTN declarado pelo contribuinte na DITR. É o Relatório. Fl. 184DF CARF MF Processo nº 10235.720193/2011-80 Acórdão n.º 9202-004.609 CSRF-T2 Fl. 182 5 Voto Conselheira Patrícia da Silva - Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. O presente Recurso possui o objetivo de rediscutir a validade do arbitramento do Valor da Terra Nua (VTN) com base no VTN médio das DITR entregues no município de localização do imóvel, contido no Sistema de Preços de Terras (SIPT). Para se dirimir a controvérsia, é importante destacar, do Imposto Territorial Rural , tributo sujeito ao regime de lançamento por homologação, a sistemática relativa à sua apuração e pagamento, em síntese, podemos dizer que o VTNm/ha representa a média ponderada dos preços mínimos dos diversos tipos de terras de cada microrregião, observando- se nessa oportunidade o conceito legal de terra nua previsto na legislação de regência sobre o assunto, utilizando-se como data de referência o último dia do ano anterior ao do lançamento. A utilização da tabela SIPT, para verificação do valor de imóveis rurais, a princípio, teria amparo no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996. Como da mesma forma, o valor do SIPT só é utilizado quando, depois de intimado, o contribuinte não apresenta elementos suficientes para comprovar o valor por ele declarado, da mesma forma que tal valor fica sujeito à revisão quando o contribuinte comprova que seu imóvel possui características que o distingam dos demais imóveis do mesmo município. Nota-se, que com fulcro no disposto nos art. 14§ 1º da Lei nº 9.396, de 1996, quando combinado com o art. 12 da Lei 8.629 , de 25 de fevereiro de 1993, só é de se aceitar arbitramento pelo SIPT quando efetuado com utilização do VTN médio que leve em consideração inclusive o fator de aptidão agrícola, verbis: Lei 9.393/96 Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios.(g.n.) Lei 8.629/93 Fl. 185DF CARF MF 6 Art.12.Considera -se justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos:(Redação dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) I- localização do imóvel;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) II- aptidão agrícola;(Incluído dada Medida Provisória nº2.18356, de 2001) III -dimensão do imóvel;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) IV- área ocupada e ancianidade das posses;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) V- funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias.(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) §1- Verificado o preço atual de mercado da totalidade do imóvel, proceder-se-á à dedução do valor das benfeitorias indenizáveis a serem pagas em dinheiro, obtendo-se o preço da terra a ser indenizado em TDA.(Redação dada Medida Provisória nº 2.18356,de 2001) §2-Integram o preço da terra as florestas naturais, matas nativas e qualquer outro tipo de vegetação natural, não podendo o preço apurado superar, em qualquer hipótese, o preço de mercado do imóvel.(Redação dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) No caso em questão , para fins de arbitramento pela autoridade fiscal, o VTN médio para o município do imóvel rural utilizado foi de R$ 482,54, não havendo qualquer tela de sistema ou outra evidencia que comprove a observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de arbitramento realizado, ainda que , a legislação do ITR faculte à autoridade fiscal a solicitação de esclarecimentos quanto às informações prestadas na DITR, não é pode subsistir um arbitramento que não obedeça aos ditames legais do fundamentam o procedimento. Diante do exposto, com fundamento na decisão ora recorrida , conheço do recurso e no mérito NEGO PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, de modo que seja estabelecido o VTN constante da DITR-2008 (R$ 182,48 por hectare). (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 186DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.000880/2007-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Feb 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2001 a 28/02/2007
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO.
Restando configurado o lançamento por homologação pelo pagamento antecipado do tributo, o prazo de decadência do direito de o Fisco efetuar o lançamento de ofício rege-se pela regra do art. 150, § 4º do CTN, operando-se em cinco anos, contados da data do fato gerador. Precedente do STJ RESP 973.733.
Recurso de Ofício Negado.
Numero da decisão: 3402-003.775
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO. Restando configurado o lançamento por homologação pelo pagamento antecipado do tributo, o prazo de decadência do direito de o Fisco efetuar o lançamento de ofício regese pela regra do art. 150, § 4º do CTN, operando se em cinco anos, contados da data do fato gerador. Precedente do STJ RESP 973.733. Recurso de Ofício Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 08 80 /2 00 7- 74 Fl. 1247DF CARF MF 2 Tratase de autos de infração relativos ao PIS e COFINS com ciência pessoal do contribuinte em 24/04/2007, lavrados para exigir diferenças apuradas entre os valores escriturados e os pagos/declarados, relativamente aos fatos geradores ocorridos entre fevereiro de 2002 e fevereiro de 2007 (PIS) e julho de 2001 e fevereiro de 2007 (COFINS). Por meio do Acórdão nº 25.727, de 18 de maio de 2009, a DRJ CAMPINAS julgou a impugnação parcialmente procedente e excluiu do lançamento o fato gerador do PIS ocorrido em 28/02/2002 e os fatos geradores da COFINS ocorridos entre 31/07/2001 e 28/02/2002, em virtude da decadência. Houve interposição de recurso de ofício por parte do presidente da turma de julgamento da DRJ Campinas. Por meio do Acórdão 3202002.485 este colegiado, com outra composição, deu provimento parcial ao recurso voluntário, mas não julgou o recurso de ofício. Quando da execução do Acórdão 3202002.485, a autoridade administrativa percebeu que o recurso de ofício não havia sido julgado e devolveu o processo ao CARF para o devido saneamento. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator. O dispositivo da decisão da DRJ consta à fl. 507, in verbis: "(...) (...)" Conforme se pode constatar, a DRJ considerou decaídos todos os valores lançados cujos fatos geradores ocorreram até 28/02/2002, por aplicação da regra do art. 150, § 4º do CTN. Em matéria de decadência do direito de lançar os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, este Colegiado deve obrigatoriamente aplicar a Súmula Vinculante nº 8 do STF e a decisão do STJ proferida no RESP nº 973.733, sob o regime do art. Fl. 1248DF CARF MF Processo nº 10882.000880/200774 Acórdão n.º 3402003.775 S3C4T2 Fl. 3 3 543C do CPC, que considera que o pagamento antecipado do tributo, antes de qualquer iniciativa do fisco, é relevante para caracterizar o lançamento por homologação. Eis a ementa do referido julgado: “RECURSO ESPECIAL Nº 973.733 SC (2007/01769940) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS REPR. POR : PROCURADORIAGERAL FEDERAL PROCURADOR : MARINA CÂMARA ALBUQUERQUE E OUTRO(S) RECORRIDO : ESTADO DE SANTA CATARINA PROCURADOR : CARLOS ALBERTO PRESTES E OUTRO(S) EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Fl. 1249DF CARF MF 4 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Analisando os demonstrativos de fls. 176 e seguintes, verificase que no período correspondente ao crédito tributário exonerado pela DRJ houve pagamento antecipado das contribuições, uma vez que sob a coluna "Créditos Apurados" a fiscalização registrou os pagamentos antecipados encontrados no período. Desse modo, não merece reparo a decisão recorrida na parte em que exonerou o crédito tributário lançado até fevereiro de 2002, por aplicação da regra do art. 150, § 4º do CTN. Com esses fundamentos, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício para manter a decisão de primeira instância por seus próprios e jurídicos fundamentos. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 1250DF CARF MF
score : 1.0