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Numero do processo: 13807.004530/00-58
Turma: Terceira Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Apr 09 00:00:00 UTC 2008
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA
SEGURIDADE SOCIAL - COFINS
Período de apuração: 01/07/1999 a 31/12/1999
SÚMULA N°01
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo
sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade
processual, antes ou depois do lançamento de oficio, com o
mesmo objeto do processo administrativo.
Recurso negado.
Numero da decisão: 203-12.840
Decisão: ACORDAM os Membros da TERCEIRA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: Cofins- proc. que não versem s/exigências de cred.tributario
Nome do relator: Eric Moraes de Castro e Silva
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ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Período de apuração: 01/07/1999 a 31/12/1999 SÚMULA N°01 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de oficio, com o mesmo objeto do processo administrativo. Recurso negado.
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Recorrida DRJ EM SÃO PAULO/SP - ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Período de apuração: 01/07/1999 a 31/12/1999 SÚMULA N°01 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de oficio, com o mesmo objeto do processo administrativo. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da TERCEIRA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTR BUINTES, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. • • e der ILSON • CEIO ROSENBURG FILHO Presidente 01.62402-. ata- ERIC MORAES DE CASTRO E SILVA . _ . . . Relator _ . Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Emanuel C rlos Dantas de Assis, Odassi Guerzoni Filho, Jean Cleuter Simões Mendonça, José Adão Vi rino • de Morais, Fernando Marques Cleto Duarte e Dalton Cesar Cordeiro de Miranda. ;.F-SEGUNDO CONSELHO DECONTRIBUINTES CONFERE COM O ORIGINAL Brasília, (1,91G / / Marido Urino de Ofivona Met Slape 91650 • Processo n° 13307.004530/00-58 CCO2/CO3 Acórdão n.° 203-12.840 Fls. 204 • MF-SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES • CONFERE COM O ORIGINAL Enastra. .1.94 • ift Marido Cursino de Oliveira Mat. Sla e 91850 • Relatório Trata-se de Pedido de Restituição c/c Compensação, datado de 15/02/2001 referente ao PIS dos períodos de apuração de outubro/90 a agosto/94, que foi indeferido em • face da opção da contribuinte em discutir a lide na esfera judicial (fl. 184). Sendo o Recurso Voluntário de fls. 174/200 é a reiteração exata da Manifestação de Inconformidade apresentada às fls. 138/158, adoto na íntegra o relatório da decisão recorrida de lis 164/171, verbis: _ _ "A contribuinte acima identcada requereu em 15/02/2001, junto à Delegacia da Receita Federal em Divinópolis/MG, a restituição/compensação de valores recolhidos a título de PIS, no montante de R$67.899,63 (fls. 01/07), período de apuração de • outubro/90 a agosto/94, com débitos de PIS, fazendo menção ao processo judicial 2000.38.00.033728-9. A DRF Divinópolis /MG analisou a solicitação (Decisão de fls. 124/125), concluindo pelo não conhecimento do pleito, em face da constatação de estar ainda tramitando a precitada ação judicial, conforme documento de fl. 110. Tomando ciência da decisão em 05/06/2003 (fl. 129), a interessada • apresenta em 07/07/2003, por intermédio de seus representantes • nomeados pelo documento de fl. 157, a manifestação de • inconformidade, às fls. 130/156, com as argumentações abaixo sintetizadas:• Discorre sobre a ação judicial impetrada em 06/10/2000, antes da entrada em vigor da Lei Complementar 104/2001, a qual acrescentou ao artigo 170 do CTN a vedação quanto à compensação de tributo • antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. Cita a decisão judicial de P' Instância (fl. 164) quando se concedeu em parte a segurança, "para declarar a inexistência de relação jurídico- • tributária que obrigue as impetrantes a recolherem o PIS, nos termos dos Decretos-leis 2.445 e 2.449/88, e via de conseqüência, o direito de compensarem os valores recolhidos a maior a título de PIS com • parcelas vincendas da contribuição ao PIS, ressalvando-se o direito da • autoridade Administrativa de aferir os valores e períodos a ser compensados". Esclarece que em 15/02/2001 formalizou pedido de compensação administrativa, cujo crédito a ser compensado totalizou R$67.899,63, . . não obstante haver compensado naquela oportunidade apenas R$2.304,92, tendo apresentado em seguida novos pedidos relativos ao mesmo crédito, tendo a autoridade fazendá ria optado por formalizar novos processos de n°13676.000349/2002-li; 13676.000005/2003-92; 13676.000023/2003-74; e 13676.000036/2003-43. • 02 . - •• Processo n° I 3807.004530/00-58 • CCO2/CO3 Acórdão n.° 203-12.540 Fls. 205 Volta a falar do andamento do processo judicial, informando que o mesmo se encontra atualmente no cimbito do Superior Tribunal de Justiça. • Trata, em seguida, da Declaração de Inconstitucionalidade da cobrança do PIS com fundamento nos precitados Decretos-lei. Neste • sentido, cita doutrina e jurisprudência que apontam para a não aplicação da determinação contida no artigo 170 do C77V, aos casos ocorridos antes da sua vigência. Em seqüência, discorre sobre o direito à compensação, confrontando o art. 170 do CTN com o art. 66 da Lei 8.383/91, a par de detalhar os fundamentos do seu pedido, em vista da inconstitucionalidade da sistemática prevista nos Decretos-lei n° 2.445 e 2.449, de 1988, trazendo de volta o previsto na Lei Complementar 07/70. Nesse sentido, cita jurisprudência administrativa e judicial. _ Acrescenta que tal determinação caracteriza ofensa ao direito de propriedade, e cria modalidade de empréstimo compulsório, ao • postergar seu direito de compensação estabelecido pelo art. 66 da Lei 8.383/91, violando, também, o principio do pleno acesso ao poder judiciário. Requer, finalmente, efeito suspensivo ao seu recurso, com relação aos débitos objeto da compensação pleiteada, e a reconsideração da decisão, para homologar as compensações promovidas". É o relatório. ME-SEGUNDO CONSELHO DE CONIY2IBUINTES• CONFERE COMO ORIGINAL BrasIlia,_e€2,62 Matilde Cursmo de OrNern Mat. Sins 91850 (r!) 3 Processo n° 13807.004530/00-58 CCO2/CO3 Adira° n.° 203-12.840 Fls. 206 Voto Conselheiro ERIC MORAES DE CASTRO E SILVA, Relator É incontroverso, nos termos delimitados na Impugnação, na decisão Recorrida e • no próprio Recurso Voluntário, que o presente processo administrativo federal tramitou paralelamente à ação judicial de mesmo objeto, proposta pela contribuinte. Assim sendo, à espécie aplica-se a Súmula n° 01 destes Conselhos, verbis: "Importa renúncia as instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de açãojudicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de oficio, com o mesmo objeto do processo administrativo". • Pelo exposto, voto pelo não provimento do Recurso Voluntário, com a manutenção da decisão recorrida. É como voto. • Sala das Sessões, em 09 de abril de 2008. , r ERIC Mo 4r, ES D ASTRO E SILVA • MF-SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES • CONFERE COM O ORIGINAL 1319 1 i (93 • Merkle Met Slepe 91650 4 Page 1 _0024600.PDF Page 1 _0024700.PDF Page 1 _0024800.PDF Page 1
score : 1.0
Numero do processo: 11762.720001/2013-00
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Mar 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/06/2010 a 30/11/2011
IMPORTAÇÃO. CESSÃO DO NOME A TERCEIROS. MULTA.
A pessoa jurídica que ceder seu nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros, com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, está sujeira à multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada.
Numero da decisão: 3201-002.077
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cassio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira.
Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Eduardo Oleari, OAB/ES nº 21540.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/06/2010 a 30/11/2011 IMPORTAÇÃO. CESSÃO DO NOME A TERCEIROS. MULTA. A pessoa jurídica que ceder seu nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros, com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, está sujeira à multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cassio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira. Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Eduardo Oleari, OAB/ES nº 21540.
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CESSÃO DO NOME A TERCEIROS. MULTA. A pessoa jurídica que ceder seu nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros, com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, está sujeira à multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cassio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira. Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Eduardo Oleari, OAB/ES nº 21540. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 76 2. 72 00 01 /2 01 3- 00 Fl. 4776DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.777 2 Por bem descrever a matéria de que trata este processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida. Trata o presente processo de auto de infração, lavrado em 04/02/2013, em face do contribuinte em epígrafe, formalizando a exigência de multa equivalente ao valor aduaneiro e multa proporcional no valor de R$ 1.006.346,50 em virtude dos fatos a seguir descritos. A fiscalização apurou que a empresa em epígrafe não é a real adquirente das mercadorias importadas e que a mesma operava como interposta pessoa em comércio exterior, praticando assim infração à legislação aplicável à matéria com previsão de pena de perdimento às mercadorias transacionadas. Face ao que determina o art. 23, inciso V, c/c o §3º, do Decreto Lei n° 1.455, de 07 de abril de 1976, foi lavrado o presente Auto de Infração para a aplicação de multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas pela impossibilidade de apreensão de tais mercadorias. Face ao que determina o art. 33 da Lei 11.488/07, foi lavrado o presente Auto de Infração para a aplicação de multa proporcional ao valor aduaneiro das mercadorias importadas. Cientificado do auto de infração, pessoalmente, em 25/02/2013 (fls. 4.273), o contribuinte, protocolizou impugnação, tempestivamente em 28/03/2013, na forma do artigo 56 do Decreto nº 7.574/2011, de fls. 4.278 à 4.303, instaurando assim a fase litigiosa do procedimento. O impugnante alegou que: Os parcos recursos iniciais dos sócios somente permitiu a integralização de 10 mil reais, a titulo de capital social. O dinheiro saiu da conta corrente do Sr. Rafael Sales (ANEXO A), por ordem bancária e teve destino a C/C da sociedade. A integralização dessa módica parcela do capital social ocorreu em 23/03/2010. O pequeno valor do capital social era limitador das atividades empresariais, razão pela qual, com o aval do pai do Sócio Rafael Sales, a Brasplanet lançou mão de empréstimos bancários (Doc. 01 exemplificativamente) capital de giro que possibilitaram a alavancagem inicial do negócio e serviram de origem para o pagamento das primeiras importações. Feito o relato inicial das atividades empresarias da IMPUGNANTE, analisemos as alegações fiscais, postas na introdução do relatório, sobre a primeira DI registrada pela Brasplanet. D I n° 10/09288808 Fl. 4777DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.778 3 Com efeito, Eminente Julgador, os bens acobertados pela DI n° 10/09288808, fatura comercial n° R/10/10051 de 08/01/2010, foram adquiridos com recursos obtidos por meio de empréstimos bancários contraídos pela IMPUGNANTE (Doc. 02). Veja que a IMPUGNANTE negociou os produtos em janeiro de 2010, mas somente em abril daquele ano (28/04/2010), após obter empréstimos bancários, é que foi possível quitar o produto, momento que o exportador fez o embarque, sem histórico de compras, o câmbio tinha que ser antecipado. Portanto, temse como certo que a IMPUGNANTE adimpliu sua obrigação comercial, não com o valor referente ao capital social, mas com recursos lícitos, em que pese fruto de endividamento bancário. Tal prática, endividamento empresarial, infelizmente é muito usual, o empresário brasileiro literalmente “corre atrás”. No caso estamos falando de dois jovens empreendedores, no inicio de suas vidas empresariais, nada mais natural. Dito isso, provado, por enquanto, a origem dos recursos para a DI n° 10/09288808, retornemos a análise do relatório fiscal. O MPF n° 07154002012002192 A motivação para a seleção foi o fato da visita fiscal, realizada ao domicilio da IMPUGNANTE, ter encontrado a empresa “de portas fechadas”. A justificativa foi dada: era véspera de carnaval e a empresa não teve atividades no dia, até mesmo por recomendação dos órgãos públicos para evitar transtornos com o trânsito. Tamanha a gravidade do procedimento especial previsto na IN/SRF n° 228/02 inviabilizador de atividade empresarial e considerando o motivo fútil 'a seleção, a IMPUGNANTE viuse compelida a buscar socorro judicial, tanto que acatou a justificativa concedendo a tutela. O MPF n° 0715400/2012/005213 As operações da Brasplanet. Apenas com visita feita ao site da empresa e leitura do contrato social, a AFRF passa a sustentar que a IMPUGNANTE atua “por encomenda”, contudo, e ao contrário do que deve ser uma correta autuação fiscal, não traz prova única do que alega. Transcreve trecho do Relatório Fiscal. Sinceramente não se sabe onde a Autoridade Fiscal queria chegar com essas informações, a uma porque o fato do contrato social prever uma gama vasta de atividades e possibilidades, não quer dizer que sejam praticadas, nem tampouco que pelo simples fato de constar no contrato social a possibilidade de importar embarcação, que a IMPUGNANTE deva manter um píer. Fl. 4778DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.779 4 De concreto o que é possível assegurar, Digno Julgador, é que a IMPUGNANTE possui contrato para armazenagem de mercadorias com a TRANSBIRDAY (Doc.03) e que a fiscalização não foi até lá. O fato da IMPUGNANTE possuir armazém terceirizado, servirá, muito em breve, como justificativa para o modelo de gestão de vendas desenvolvido pela BRASPLANET. Em seqüência, a autoridade fiscal, buscando sustentação para a sua “certeza” de que a IMPUGNANTE opera por “encomenda”, indicou algumas importações, cujas vendas no mercado interno ocorreram rapidamente ato contínuo ao desembaraço ou em poucos dias. Com todas as vênias, Digno Julgador, mas até ai nada de mais. Não há qualquer ilícito em realizar venda ágil, nem tampouco a apenas um comprador. O que a norma coíbe é a compra direcionada e não declarada ao fisco, haja vista a burla ao IPI. Relevante notar que a lima. AFRF não trouxe nenhum indicativo de que a IMPUGNANTE tenha recebido adiantamentos de recursos para realizar as compras não há nenhuma prova de que a IMPUGNANTE não foi a responsável pelas negociações internacionais. A alegação de cessão de nome (de interposição fraudulenta) deve possuir lastro em PROVA ROBUSTA, não em ilações, em “meias palavras”, em mera construção argumentativa. Junta textos da Jurisprudência Administrativa a respeito do assunto: ACÓRDÃO N° 0710040 de 22 de Junho de 2007. Junta textos da Jurisprudência Administrativa do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais a respeito do assunto: ACÓRDÃO 310200.581. Quanto ao fato da IMPUGNANTE realizar vendas no mercado interno com grande rapidez, se considerarmos apenas o desembaraço aduaneiro, a explicação é muito simples: Uma compra de produtos na China, agente motriz de todo comércio internacional demora, se considerarmos apenas o trânsito, cerca de 30 (trinta) dias para chegar ao BRASIL; Se considerarmos todo o processo de fabricação, teremos prazos ainda mais elásticos, de até 05 (cinco) meses da compra até a entrega. A BRASPLANET, conforme constatou a agente fiscal, não possui depósito próprio, tem esse custo com armazém terceirizado. A sua estratégia de venda, portanto, partiu dessa necessidade: reduzir custo de armazenagem. Fl. 4779DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.780 5 Pois bem, tomemos como exemplo as Declarações de Importação indicadas pela fiscalização (fls. 21 do auto), venda imediata após desembaraço: A norma editada pela Receita Federal não é agente motivador da ineficiência mas busca coibir a compra direcionada. Caberia a fiscal ter provado que quando a IMPUGNANTE adquiriu no exterior, a mercadoria, ali já era conhecido a quem seria entregue e mais que aquele sujeito oculto teria financiado a importação, ou até mesmo negociado com o exportador. Situações que de fato não ocorreram. O equivoco da autoridade lançadora foi ter adotado como paradigma para a venda de bens importados, o pós desembaraço. A norma proíbe a compra para encomendante prédeterminado, após embarque da mercadoria, ultimada a compra sem comprador estabelecido, nada impede que, após embarque da carga, a empresa importadora inicie o procedimento de venda, otimizando, portanto a logística operacional. É o que faz a BRASPLANET. Junta textos da Jurisprudência Administrativa a respeito do assunto: (ACÓRDÃO N° 1754134 de 22 de Setembro de 2011) e (ACÓRDÃO N° 1754134 de 22 de Setembro de 2011). Após adquirir produtos no exterior, seja de que linha for: bazar, equipamentos para construção civil, etc, a IMPUGNANTE passa a fazer oferta, em território nacional, do lote fechado, muito diferente de uma compra para atender encomenda prévia. Isso permite que o comprador obtenha preços mais atraentes, haja vista que custos como o de estocagem serão suprimidos pela BRASPLANET. NCM 2903.3911 GÁS Tetrafluoretano. Aqui está um dos maiores, por assim chamar, desacertos da autuação fiscal. Certamente o Gás Tetrafluoretano não pode ser objeto de simples importação, depende de licença prévia, além de controle por órgãos governamentais estaduais. O pressuposto de que as importações do Gás Tetrafluoretano foram encomendas da Refrigeração Alternativa, partem de premissa equivocada, aliás, grave erro: que ULTRON é nome fantasia da Refrigeração Alternativa. Com efeito, se um pouco mais de cautela tivesse sido adotada, constataria, a Douta Fiscal, que a marca ULTRON é registrada no INPI, desde 14/09/2010, pela IMPUGNANTE BRASPLANET (doc. 04). Fl. 4780DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.781 6 A marca Ultron está presente em todas as garrafas do gás importado pela Brasplanet, com especial referência sobre importação e comercialização (Doc.05) e a IMPUGNANTE, também possui aval do INEA órgão Estadual de Controle Ambiental (Doc. 06). Ora, a LI deve ser obtida ANTES do embarque, não é esperado que a empresa cautelosa, cumpridoras de suas obrigações, obste o embarque até obter a licença do Governo Brasileiro para importar o produto? NCM 8413.70.80 Bombas centrífugas. A sistemática de venda já foi previamente esclarecida, convém, entretanto, a análise de pontuais alegações em relação as vendas realizadas do produto acobertado pela NCM em referência. Quanto a alegação de que a BRASPLANET determinava a impressão da logoarca BAR MOTOBOMBAS nos equipamentos: É PROCEDENTE, mas não indica qualquer irregularidade, nem tampouco prova encomenda. Novamente vêse a atuação intempestiva da fiscalização: a marca BAR MOTOBOMBAS era de propriedade da BRASPLANET, regularmente averbada perante o INPI (Doc. 07). NCM 8464.9019 e 8475.2990 Novamente o que existe é um questionamento sobre a sistemática de venda, haja vísta que não trouxe nenhuma prova de que a compradora estava oculta. Sustenta a alegação no fato da gerente administrativa ter dito que a Brasplanet não importava máquinas. Com todas as vênias, mas a Sra. Ana Maria Dias é gerente administrativa, não de importação. E o fato de a BRASPLANET ter realizado importação de duas máquinas, não é indicativo que trabalhe (situação perene e constante), com tais produtos. Tentou esse filão, mas a lucratividade e a dificuldade de obter compradores a desencorajou. AS RESPOSTAS APRESENTADAS PELAS EMPRESAS INTIMADAS, TEORICOS SUJEITOS OCULTOS. Com exceção das empresas que NÃO responderam a intimação, todas declararam que compraram mercadoria no Brasil, que não compram no exterior, desconhecem o trâmite dessa importação e remuneraram a Brasplanet após entrega dos produtos. Como pode a IMPUGNANTE ter cedido seu nome a essas empresas? Elas desconhecem, totalmente, o procedimento de importação? Entretanto, novamente sem sabermos o sentimento que motivou a auditora fiscal, ela desprestigia todas as informações que Fl. 4781DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.782 7 conduzem a certeza da inexistência da compra por encomenda voltando o foco para uma singela frase: “após a visita do representante da Brasplanet a sede desta empresa, pelo qual houve apresentação da amostra do produto, foi efetuada a compra do mesmo” e faz um elo (artificial) com outra resposta, pagamento de duas boletas de 16 mil. A BRASPLANET prospectava cliente para adquirir o seu gás ULTRON, dentre os quais a Refrigeração Alternativa, que aprovou a qualidade do produto, por diversas vezes adquiriu mercadoria e realizou diversos pagamentos, conforme atestam os documentos acostados nos autos, sempre após recebimento do produto. A Auditora encerra a análise das importações realizadas pela BRASPLANET, errando, novamente, o fato da marca Ultron pertencer a IMPUGNANTE. Com base das ilações, haja vista que carentes de qualquer prova, encerra o tema com as mesas suposições: aparentemente as importações são encomenda. O que, como PROVOU essa IMPUGNANTE, muito além de supor, que atua de forma plenamente regular. Mas as Ilações não pararam por ai, tiveram o ápice no subitem que passaremos a analisar, verdadeiro absurdo. A CONSTITUIÇÃO DE BRASPLANET Não se sabe a lógica, mas a análise deste item, “Constituição da Brasplanet”, que logicamente deveria fazer parte do inicio dos fatos, soa como fora de tempo. Transcreve fragmento do Relatório Fiscal. Qual o objetivo da fiscalização em juntar diversas pesquisas realizadas na internet do conta do valor dos imóveis? São imóveis de classe média, adquiridos mediante longuíssimos financiamentos, perfeitamente condizentes com os ganhos dos sócios. Com todas as vênias, mas uma autuação fiscal, TOTALMENTE desprovida de provas, recheada de inverdades, distorções, ilações e até mesmo preconceito, não pode ser acatada. Em verdade, Caro Julgador, caberia, de oficio, representação contra a fiscal autuante. Transcreve fragmento do Relatório Fiscal. Veja que parece roteiro de filme policial, mas está apenas descrevendo que o PAI do sócio Rafael Sales era o avalista dos empréstimos contraídos pela Brasplanet. Ora, não é o esperado de um PAI, que seja fiador do seu filho? Estranho seria ausência de aval, empréstimos sem lastro, como, por exemplo, os do mensalão: fictícios. Fl. 4782DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.783 8 Estamos falando de empréstimos lícitos, ofertados por banco de grande credibilidade nacional, Bradesco, quitados em diversas parcelas, com incidência de juros, como é a regra do mercado financeiro. A INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL A Douta AFRF não aceita a justificativa para a integralização inicial de R$ 10.000,00, razão pela qual, Caro Relator, convém apresentar esclarecimentos e provas para desconstituir o alegado. Deixou para o final, a Douta Fiscal, a análise sobre a integralização inicial de R$ 10.000,00 (Dez mil) reais, a titulo de capital social. O Sr. Rafael Sales, sócio da Brasplanet e responsável pelo inicial aporte de R$ 10.000,00, residia no exterior, onde atuava como animador de festas, DJ (Doc. 10 fotos). Pelo trabalho informal, recebia remuneração que lhe garantia o sustento no exterior e propiciou economia total de R$ 53.000,00, que trouxe, não de uma vez, mas sempre que retornava ao Brasil (Doc. 11) e declarou em IRPF (vide anexo A). Com efeito, o Sr. Rafael Sales entrava no Brasil com dinheiro brasileiro, reais, trocados na saída da Espanha, e nunca trouxe valores superiores ao limite estabelecido pelo órgão de controle de capitais, razão pela qual, segundo resolução BACEN n° 2.524/98, desnecessário o informe. Quando retornou ao País, isso em 2009, necessitando iniciar sua vida empresarial, declarou os recursos que obteve no exterior, bem como outros valores que recebe no Pais, da mesma forma, animando festas na função de DJ são as Receitas declaradas como recebidas de Pessoas Físicas. A sua declaração de Renda é precisa e indica toda essa movimentação, não há nada escamoteado, simulado, aliás, como tentou incutir, a Douta Fiscal, ao longo de toda peça fiscal. Com efeito, a própria Lei Federal n° 9.481/97 artigo 4º, em alteração à Lei n° 9.430/96, assegura que valores creditados em conta corrente, desde que interiores, individualmente, a R$ 12.000,00, sequer podem ser encarados como omissão de Receita. A fiscalização busca exterminar uma empresa sadia, por não aceitar a integralização de R$ 10.000,00 (Dez mil) reais. Agora, por derradeiro, façamos a análise da origem dos recursos de todas as operações indicadas como sem origem. Antes, porém, convém destacarmos que a autoridade lançadora deixou de realizar elementares fluxos financeiros para desacreditar a origem dos recursos, também não fez a indispensável análise individualizada por operação, Fl. 4783DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.784 9 simplesmente apontou, sem sabermos o motivo, algumas importações como carente de prova da origem dos recursos para o pagamento do câmbio. Situação idêntica à hipótese de cessão de nome, a fiscal deixou de fazer análise individualizada, escolheu algumas Dl's e com argumentos insustentáveis, conforme provado ao longo da defesa, supôs pratica irregular. Entretanto, passemos, mediante prova documental, a PROVAR a origem dos recursos empregados nas operações escolhidas pela fiscal autuante (fls.4 do Relatório fiscal). Demonstra, às folhas 4.301 e 4.302, a origem dos recursos empregados no fechamento de câmbio das importações relacionadas pela fiscalização. Junta textos da Jurisprudência Administrativa a respeito do assunto: (ACÓRDÃO N° 0721519 de 15 de Outubro de 2010) e (ACÓRDÃO n° 0715650 1o Turma da DRJ/FNS). Esta defesa PROVOU a efetiva existência de seus recursos, a ausência de ocultação de empresas e a integralização da parcela inicial do seu capital. Sobreveio decisão da 23ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I/SP, que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido encontramse consubstanciados na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 19/12/2008 Dano ao Erário por infração de ocultação do verdadeiro interessado nas importações, mediante o uso de interposta pessoa. Pena de perdimento das mercadorias, comutada em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria. A atuação da empresa interposta em importação tem regramento próprio, devendo observar os ditames da legislação sob o risco de configuração de prática efetiva da interposição fraudulenta de terceiros. Cessão de nome. Ocultação do verdadeiro interessado nas importações, mediante o uso de interposta pessoa. Dano ao erário por infração de não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas importações. Pena de perdimento das mercadorias, comutada em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria. Fl. 4784DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.785 10 A presunção decorre de lei e implica na inversão do ônus da prova, atribuindo ao importador a responsabilidade da demonstração da forma de financiamento de suas importações. Inconformada com a decisão, apresentou a recorrente, tempestivamente, o presente recurso voluntário. Na oportunidade, reiterou os argumentos colacionados em sua defesa inaugural. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A recorrente alega que os indícios colacionados pela Fiscalização não demonstram a ocorrência de importação por encomenda de terceiros. Antes de ingressarmos efetivamente no ponto objeto do recurso, mostramse necessários alguns esclarecimentos acerca da matéria, iniciandose pelo seu histórico legislativo, em especial pela Medida Provisória nº 2.15835/01, que modificou o artigo 32 do Decretolei 37/66: Art. 32 É responsável pelo imposto: [...] Parágrafo único. É responsável solidário: [...] III – o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Art. 95 Respondem pela infração: [...] V – conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. A citada norma tratou de disciplinar os efeitos tributários das operações de importação realizadas por conta e ordem de terceiros. O adquirente da mercadoria importada por sua conta e ordem tornouse responsável solidário pelo Imposto de Importação devido pelo importador, assim como por infrações cometidas. A MP nº 2.15835/01, em seus artigos 79 e 81, trata ainda de equiparar o contratante de importação por conta e ordem à estabelecimento industrial, tornandoo Fl. 4785DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.786 11 contribuinte de direito do Imposto sobre Produtos Industrializados, bem como define a aplicação para este das normas de incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS próprias do importador: Art. 79. Equiparamse a estabelecimento industrial os estabelecimentos, atacadistas ou varejistas, que adquirirem produtos de procedência estrangeira, importados por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Art. 81. Aplicamse à pessoa jurídica adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora, as normas de incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS sobre a receita bruta do importador. Ainda seguindo as alterações promovidas por este diploma legal, o artigo 80 da MP nº 2.15835/01 permite à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) estabelecer os requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora por conta e ordem de terceiro: Art. 80. A Secretaria da Receita Federal poderá: I – estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora por conta e ordem de terceiro; e II – exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com o capital social u o patrimônio líquido do importador ou do adquirente. A matéria foi regulamentada pela Instrução Normativa nº 225/02, que estabeleceu as regras para consecução da importação por conta e ordem de terceiro. Restou definido em seu artigo 1º, parágrafo único, que a operação por conta e ordem de terceiro corresponde à importação promovida no nome da pessoa jurídica para mercadoria adquirida por outra, mediante contrato previamente firmado. Art. 1º O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que opere por conta e ordem de terceiros será exercido conforme o estabelecido nesta Instrução Normativa. Parágrafo único. Entendese por importador por conta e ordem de terceiro a pessoa jurídica que promover, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadoria adquirida por outra, em razão de contrato previamente firmado, que poderá compreender, ainda, a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial. Merece destaque ainda a previsão contida no inciso I do artigo 4º desta IN, segundo o qual as informações a respeito da operação devem, obrigatoriamente, retratar a realidade, sob pena de perdimento das mercadorias: Fl. 4786DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.787 12 Art. 4º Sujeitarseá à aplicação de pena de perdimento a mercadoria importada na hipótese de: I – inserção de informação que não traduza a realidade da operação, seja no contrato de prestação de serviços apresentado para efeito de habilitação, seja nos documentos de instrução da DI de que trata o art. 3º (art. 105, inciso VI, do Decretolei nº 37, de 18 de novembro de 1966); [...] Após a publicação da IN SRF nº 225 de 2002, o artigo 23 do Decretolei 1.455/76 foi alterado pela Lei 10.637/02, criando previsão específica de infração punível com a perda dos bens no caso de inobservância dos critérios definidos pela RFB para importação por conta e ordem: Art. 59. O art. 23 do DecretoLei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, passa a vigorar com as seguintes alterações: "Art. 23. ...................................................................................... V – estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. § 2º Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. § 3º A pena prevista no § 1º convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. § 4º O disposto no § 3º não impede a apreensão da mercadoria nos casos previstos no inciso I ou quando for proibida sua importação, consumo ou circulação no território nacional."(NR) No ano seguinte, a Lei nº 10.833/2003 tratou de excluir da incidência do Imposto de Importação as mercadorias cuja pena de perdimento tenha sido convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria: Art. 77. Os arts. 1º, 17, 36, 37, 50, 104, 107 e 169 do Decreto Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966, passam a vigorar com as seguintes alterações: "Art. 1º ........................................................................... ........................................................................... § 4º O imposto não incide sobre mercadoria estrangeira: [...] Fl. 4787DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.788 13 III – que tenha sido objeto de pena de perdimento, exceto na hipótese em que não seja localizada, tenha sido consumida ou revendida." (NR) Posteriormente, ainda na busca de adequar o ordenamento jurídico ao comércio internacional, tratou a Lei 11.281/06, em seu artigo 11, de disciplinar uma nova modalidade de importação, denominada importação por encomenda: Art. 11. A importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros. § 1o A Secretaria da Receita Federal: I estabelecerá os requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora na forma do caput deste artigo; e II poderá exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do encomendante. § 2o A operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma do § 1o deste artigo presumese por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. § 3o Considerase promovida na forma do caput deste artigo a importação realizada com recursos próprios da pessoa jurídica importadora, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior. (Incluído pela Lei nº 11.452, de 2007) Restou mantida a atribuição da RFB de definir os critérios e as exigências as quais devem se submeter os interessados. Foi publicada, então, a IN nº 634/06, definindo as regras à serem observadas nas importações realizadas por encomenda, como a prevista no artigo 2º: Art. 2º O registro da Declaração de Importação (DI) fica condicionado à prévia vinculação do importador por encomenda ao encomendante, no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). § 1º Para fins da vinculação a que se refere o caput, o encomendante deverá apresentar à unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF) de fiscalização aduaneira com jurisdição sobre o seu estabelecimento matriz, requerimento indicando: I – nome empresarial e número de inscrição do importador no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ); e II – prazo ou operações para os quais o importador foi contratado. Fl. 4788DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.789 14 § 2º As modificações das informações referidas no § 1º deverão ser comunicadas pela mesma forma nele prevista. § 3º Para fins do disposto no caput, o encomendante deverá estar habilitado nos termos da IN SRF nº 455, de 5 de outubro de 2004 . Do exposto, constatase que foram definidas regras rígidas para a atuação de empresas prestadoras de serviço de importação, regras que almejam não apenas sujeitar o adquirente ou encomendante da mercadoria importada por sua conta e ordem às mesmas regras e condições próprias do importador, mas também evitar que a negociação fosse dissimulada, definindoa, se assim ocorresse, como hipótese de ocultação e/ou interposição fraudulenta de terceiros. Dentro deste panorama, foi inserida em nosso ordenamento jurídico pela Lei nº 11.488/2007, em seu artigo 33, a multa por acobertamento de operações de comércio exterior mediante a cessão de nome: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Esta norma apresenta forte ligação com o já citado artigo 23 do DecretoLei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, em especial quanto ao seu inciso V, que estabelece a pena de perdimento de mercadoria importada quando verificada a ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, bem como a conversão em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria quando esta não for localizada ou tenha sido consumida: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: [...] V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, Fl. 4789DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.790 15 disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3 A pena prevista no § 1o convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) (redação vigente à época dos fatos suscitados neste processo) § 4o O disposto no § 3o não impede a apreensão da mercadoria nos casos previstos no inciso I ou quando for proibida sua importação, consumo ou circulação no território nacional.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) A conduta infracional corresponde, portanto, a ocultação dolosa de algum dos participantes de procedimentos de importação ou exportação, quais sejam do sujeito passivo, do real vendedor, do comprador, ou do responsável pela operação. Ressaltese, de pronto, que entre estes sujeitos ocultos encontrase o encomendante predeterminado de mercadorias importadas. Este entendimento fica claro à luz do § 2º do artigo 11 da Lei 11.281/06, que estabelece que a operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos estabelecidos pela RFB presumese por conta e ordem de terceiro. Exigese, contudo, para o aperfeiçoamento da infração, que a conduta tenha sido praticada mediante fraude ou simulação, inclusive mediante interposição fraudulenta de terceiros. Não basta, portanto, ocultar o sujeito passivo; há de se fazer mediante fraude ou simulação, que pode se dar por qualquer meio, inclusive pela interposição fraudulenta de terceiros. O conceito de fraude encontrase previsto no art. 72 da Lei nº 4.502/64, sendo que, para a sua configuração, é necessária uma ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a obrigação tributária. A interposição fraudulenta de terceiros, por sua vez, corresponde a presunção legal estabelecida no parágrafo 2º deste mesmo art. 23 do Decretolei nº 1.455/76, segundo a qual “Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados”. Destacase, contudo, a possibilidade de desconstituição da presunção legal pela comprovação, segundo as peculiaridades próprias de cada caso e mediante elementos de prova igualmente particulares, que se tratou de mero erro formal escusável. Ainda em relação as condutas descritas no artigo em comento, a sua prática, por expressa determinação legal, configura dano ao erário independentemente de demonstração da efetiva ocorrência de prejuízo aos cofres públicos. Isto pois o que a norma legal claramente intenta coibir é a forma de agir do administrado, potencialmente lesiva ao interesse coletivo. A penalidade tem origem em um histórico de transações praticadas de forma simulada por operadores do comercio internacional, que impediam ou, no mínimo, causavam grande dificuldades à atuação da Fiscalização Tributária. Buscouse, assim, prevenir o abuso Fl. 4790DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.791 16 de forma, o negócio jurídico atípico e sem motivação aparente, de conformação nitidamente lesiva ao interesse público. No tocante à figura da simulação, este instituto é conceituado por De Plácido e Silva como “o artifício ou o fingimento na prática ou na execução de um ato, ou contrato, com a intenção de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro, ou lhe dando aparência que não possui (...) No sentido jurídico, sem fugir ao sentido normal, é o ato jurídico aparentado enganosamente ou com fingimento, para esconder a real intenção ou para subversão da verdade. Na simulação, pois, visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuízo de terceiros” (Silva, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Ed. Forense, 1990). Luciano Amaro complementa que “a simulação seria reconhecida pela falta de correspondência entre o negócio que as partes realmente estão praticando e aquele que elas formalizam.” (Amaro, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 13ª Ed. Ed Saraiva, 2007, p. 231) Simulação corresponde, portanto, a realização de atos ou negócios jurídicos através de forma prescrita ou não defesa em lei, mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relação jurídica. O ato existe apenas aparentemente; é um ato fictício, uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. Ainda a respeito do tipo infracional, verificase que o mesmo tem por propósito coibir a ocultação do real adquirente da mercadoria na importação ou do vendedor da mercadoria na exportação. Ao dificultar o controle da valoração aduaneira e do preço de transferência praticado entre partes relacionadas, o infrator pode obter a redução indevida dos tributos incidentes da importação (IPI, II, PIS/Pasep, Cofins, ICMS), do IPI devido na comercialização no mercado interno da mercadoria importada, bem como do IRPJ e da CSLL. Logo, nas operações de importação, a infração é caracterizada sempre que um determinado sujeito passivo denominado importador oculto , visando a evasão dos órgãos de fiscalização, age em conluio com outrem importador ostensivo para que este figure formalmente como importador e omita a identificação do real adquirente perante as autoridades competentes. Uma questão a ser dirimida é a de se saber se houve, no procedimento fiscal, comprovação material da infração e, para tanto, algumas considerações acerca de direito probatório, ou mais especificamente sobre como se chega à comprovação material de um dado fato, são necessárias. Na busca pela verdade material – princípio este informador do processo administrativo fiscal –, a comprovação material de uma dada situação fática pode ser feita, em regra, por uma de duas vias: ou por uma prova única, direta, concludente por si só, ou por um conjunto de elementos/indícios que, se isoladamente nada atestam, agrupados têm o condão de estabelecer a certeza daquela matéria de fato. Não há, em sede de processo administrativo, uma hierarquização préestabelecida dos meios de prova, sendo perfeitamente regular o estabelecimento da convicção a partir do cotejamento de elementos de variada ordem, desde que estejam estes, por óbvio, devidamente juntados ao processo. É a consagração da chamada prova indiciária, de largo uso no direito. Fl. 4791DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.792 17 A comprovação fática do ilícito raramente é passível de ser produzida por uma prova única, isolada; aliás, só seria possível, praticamente, a partir de uma confissão expressa do infrator, coisa que dificilmente se terá, por mais evidentes que sejam os fatos. O uso de indícios não pode ser confundido com a utilização de presunções legais. Diferem a presunção e o indício pela circunstância de que àquele o direito atribui, isoladamente, o vigor de um verdadeiro conformador de uma outra situação de fato que a lei presume, por uma aferição probabilística que ocorra no mais das vezes. Já o indício não tem esta estatura legal, uma vez que a ele, isoladamente, pouca eficácia probatória é dada, ganhando ele relevo apenas quando, olhado conjuntamente com outros indícios, transfere a convicção de que apenas um resultado fático seria verossímil. Fazse necessário ainda lembrar que no direito administrativo tributário é permitido, em princípio, todo meio de prova, uma vez que não há limitação expressa, ressaltando que predominam a prova documental, a pericial e a indiciária. Pois é exatamente a associação da primeira com a última que se permite concluir a respeito da correção e validade do lançamento. Desta forma, as provas indiretas – indícios e presunções simples – podem ser instrumentos coadjuvantes do convencimento da autoridade julgadora quando da apreciação do conjunto probatório do processo administrativo tributário. As presunções legais ou absolutas independem de prova, assim como a ficção jurídica. As presunções relativas admitem prova em contrário. As presunções simples devem reunir requisitos de absoluta lógica, coerência e certeza para lastrear a conclusão da prova da ocorrência do fato gerador de tributo. Alberto Xavier, em “Do lançamento. Teoria Geral do Ato do Procedimento e do Processo Tributário”, Ed. Forense, 2ª ed., 1998, pág. 133, ao tratar das presunções e da verdade material, assim se pronuncia: A questão está em saber se os métodos probatórios indiciários, aí aonde são autorizados a intervir, são, em si mesmo, compatíveis com o princípio da verdade material. Nos casos em que não existe ou é deficiente a prova direta pré constituída, a Administração Fiscal deve também investigar livremente a verdade material. É certo que ela não dispõe agora de uma base probatória fornecida diretamente pelo contribuinte ou por terceiros; e por isso deverá ativamente recorrer a todos os elementos necessários à sua convicção. Tais elementos serão, via de regra, constituídos por provas indiretas, isto é, por fatos indiciantes, dos quais se procura extrair, com o auxílio de regras da experiência comum, da ciência ou da técnica, uma ilação quanto aos fatos indiciados. A conclusão ou a prova não se obtém diretamente, mas indiretamente, através de um juízo de relacionação normal entre o indício e o tema da prova. Objeto de prova em qualquer caso são os fatos abrangidos na base de cálculo (principal ou substituta) prevista na lei: só que a verdade material se obtém de modo direto e nos quadros de um modo indireto, fazendo intervir ilações, presunções e juízos de probabilidade ou de normalidade. Tais juízos devem ser, contudo, suficientemente Fl. 4792DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.793 18 sólidos para criar no órgão de aplicação do direito a convicção da verdade. Por fim, em se tratando especificamente da verificação da presença de simulação, os atos praticados pelos contribuintes precisam ser analisados em conjunto, não sendo suficiente a constatação da validade formal do ato visto de forma isolada dos demais. Analisase o filme e não apenas a foto. Pois bem, retornando ao caso concreto, foi imputada à recorrente a multa prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/07, consubstanciada na ocultação dos reais adquirentes da mercadorias importadas. e a multa prevista no artigo 23, V, §§ 1.°, 2.° e 3.°, do Decretolei n.° 1.455/76, por presunção de interposição fraudulenta decorrente da não comprovação de origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. As infrações, que tem fundamento em diferentes declarações de importação, serão analisadas em tópicos específicos deste voto. Da multa decorrente da conversão da pena de perdimento presunção de interposição fraudulenta. A RFB intenta aplicar à recorrente a multa prevista no artigo 23, V, §§ 1.°, 2.° e 3.°, do Decretolei n.° 1.455/76, por presunção de interposição fraudulenta, em relação à 14 Declarações de Importação, por meio do questionamento das origens do patrimônio dos sócios. Verificase, com base nas declarações rendimentos apresentadas à RFB, que os sócios não possuíam capacidade econômica e financeira para integralizar o capital social da empresa, declarado como de R$100.000,00, no ano de 2009, e tido como totalmente integralizado, em espécie, em 2010. A recorrente, contudo, comprovou que as importações ora apenadas foram realizadas por meio de empréstimos bancários (fls. 4306 a 4320), e o fato de que tais operações financeiras foram garantidas pelo pai de um dos sócios não modifica a comprovação da origem dos recursos. Ademais, a autoridade fiscal não demonstrou, por meio de fluxos financeiros individualizados por Declaração de Importação, a alegada ausência de recursos próprios suficientes para concluir as operações de comércio exterior, impedindo o aperfeiçoamento da presunção legal em comento. Desta forma, deve ser cancelada a exigência fiscal referente à multa prevista no artigo 23, V, §§ 1.°, 2.° e 3.°, do Decretolei n.° 1.455/76 . Da multa pela ocultação dos reais adquirentes Exigese da recorrente a multa prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/07, decorrente da ocultação dos reais adquirentes da mercadorias importadas, em relação à 140 Declarações de Importação. A multa por cessão do nome da pessoa jurídica, conforme já explicitado, tem por finalidade punir a empresa que foi utilizada no acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários. Fl. 4793DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.794 19 Punese, portanto, a real adquirente por meio da pena de perdimento da mercadoria, que pode ser convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria quando a mercadoria não seja localizada ou tenha sido consumida, e a empresa que cedeu irregularmente seu nome para a importação com a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada. Observase, ainda, a respeito das penalidades em comento, que o parágrafo único do artigo 33 da Lei nº 11.488/07 estipula como consequência da aplicação da multa de dez por cento a exclusão da hipótese de declaração de inaptidão da empresa cedente do nome. Dito isto, iniciase a análise do conjunto probatório trazido pela fiscalização com o objetivo de comprovar a ocorrência da infração, por meio da demonstração do modus operandi da autuada. Tratase de farta documentação, obtida por meio de procedimentos fiscais junto à recorrente e às empresas adquirentes destas mercadorias importadas, listadas abaixo: REFRIGERAÇÃO ALTERNATIVA LTDAEPP, CNPJ n.° 73.818.783/000199; RIO 388 IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA., CNPJ n.° 08.711.102/000127; SEGURA RIO COMÉRCIO DE FERRAMENTAS E MÁQUINAS LTDAME, CNPJ n.° 12.002.988/000107; B A R COMERCIAL IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA ME, CNPJ n.° 13.198.572/000179; e SUDESTE IMPORT COMERCIAL LTDAME, CNPJ n.° 13.313.343/000158. Iniciando a análise do funcionamento da recorrente, constatase que a mesma, entre junho de 2010 e novembro de 2011, realizou importações no montante de R$ 5.186.156,00 (fls. 4.148/4.160). Tratase de um valor expressivo, considerandose uma empresa com capital social declarado de R$100.000,00, integralizado em espécie apenas em 2010. A primeira importação realizada pela recorrente (DI n.° 10/09288808, valor CIF R$13.196,00, 04/06/2010) foi, inclusive, em valor superior ao seu capital integralizado (R$ 10.000,00) Verificase ainda que a empresa não possui bens imobilizados; não dispõe de depósito próprio, não utiliza regime de entreposto aduaneiro, e não atua como trading. Em consulta aos bancos de dados do comércio exterior nacional, constatase que a mesma realizou todas as suas operações de importação por meio da modalidade por conta própria, não tendo efetuado nenhuma importação por conta e ordem ou por encomenda. Observase, contudo, que as mercadorias importadas são sempre inteiramente revendidas logo após o seu desembaraço, a poucos ou a um único cliente (fls. 737/3.799, fls. 3.904/3.948 e fls. 4.148/4.160). Fl. 4794DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.795 20 O Relatório Fiscal fornece exemplos de DIs de entrega imediata (fls. 4.203) e DIs com entrega em até uma semana após o desembaraço aduaneiro (fls. 4204): Este tipo de operação, com a revenda praticamente imediata de produtos importados, não se mostra usual em se tratando de importações por conta própria, sendo comum, contudo, em importações na modalidade por conta e ordem ou por encomenda. Esclarecese, neste ponto, que foram objeto da penalidade apenas as Declarações de Importação registradas no período de junho de 2010 a dezembro de 2011 em que a fiscalização entendeu terem ocorrido mediante pedidos prévios, conforme a perfeita sincronia entre as datas de desembaraço e as datas de saída, com reversão completa de suas mercadorias em vendas. Corroborando o entendimento da fiscalização, a recorrente, em seu site na internet, mostrase como uma empresa especializada em importações a pedido de seus clientes, que querem importar, mas não sabem como. Consta do site de Recorrente: Fl. 4795DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.796 21 A empresa BrasPlanet, visando o mercado brasileiro, identificou uma grande dificuldade nos trâmites de IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO, e por isso, desenvolveu estruturas e ferramentas para simplificar todo o processo para seus clientes. Após anos de pesquisa e vivência no seguimento, a BrasPlanet identificou que as empresas que comercializavam produtos internacionais tinham dificuldades em crescer e manterse no mercado, devido a grande burocracia de logística e de importação e exportação. Pensando nisso, a BrasPlanet Comércio Exterior foi estruturada para simplificar de forma acessível todas operações de compra e venda no exterior, garantindo uma comodidade na entrega do produto no seu estabelecimento. [...] Encontramos rapidamente o fabricante no exterior do seu produto assim, de uma maneira rápida e simples você pode solicitar um orçamento. A BrasPlanet analisa sua necessidade para viabilizar o melhor Procedimento Aduaneiro para seu segmento diminuindo o tempo de trabalho e automaticamente o custo operacional. [...] QUER IMPORTAR E NÃO SABE COMO? NÓS IMPORTAMOS PARA VOCÊ. (grifo nosso) A Fiscalização, para comprovar que as mercadorias importadas foram importadas por encomenda, e com a ocultação do encomendante, traz ainda aos autos excertos da correspondência virtual entre a recorrente e seus fornecedores, como as abaixo transcritas: Em 18/02/2011 (fls. 303/306). Em negociação de termômetros digitais, BRASPLANET insiste: I cant lose this costumer, if my costumer likes your product she will buy more with you for a project (...) Tradução Livre: Eu não posso perder este cliente, se meu cliente gostar de seu produto ela irá comprar mais com você para um projeto (...). Em 04/03/2011 (fls. 307/312). Em negociação por um teclado, BRASPLANET informa a mudança no pedido: My costumer changed his request. Tradução Livre: Meu cliente mudou sua requisição. Fl. 4796DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.797 22 Fato relevante à lide corresponde à especificidade dos produtos importados, que apresentam um restrito rol de possíveis compradores. Entre tais produtos encontramse Tetrafluoretano e Bombas Centrífugas de vazão igual ou menor a 300 litros por minuto, produtos que já eram importados com a embalagem contendo o nome do futuro adquirente no País, e duas máquinas para indústria vidraceira pesando cada uma cerca da 3.000 kg. Transcrevese, a este respeito, excertos extraído do relatório fiscal: Em correspondências que se estenderam ao longo de junho de 2011 (fls. 3.987/4.017). BRASPLANET negocia com o fornecedor chinês do mencionado produto o preço com impressão das caixas fornecida pelo seu próprio cliente, ULTRON, nome fantasia de REFRIGERAÇÃO ALTERNATIVA, CNPJ n.° 73.818.783/000199 (fls. 4.018/4.020 e 4.164), para o qual cada uma daquelas DIs foi vendida em sua integralidade o dia de seus respectivos desembaraços (fls. 3.904/3.948 e 4.148/4.160). Flagrantemente podese comparar os modelos de impressão enviados por BRASPLANET para o fornecedor e as embalagens de ULTRON que surgem na própria página virtual deste cliente "About the design, I mean if its possible to print ULTRON on the cylinder too." ("Acerca do desenho, suponho que seja possível imprimir ULTRON no cilindro também.", envia BRASPLANET, fls. 3.992/3.994) Fl. 4797DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.798 23 [...] NCM 8413.70.80, outras bombas centrífugas de vazão menor ou igual a 300 litros por minuto (Dl n.° 11/23653196, 11/13762910, 11/03068964 e 11/01100127 vendidas integralmente a SUDESTE IMPORT COMERCIAL, CNPJ n.° 13.313.343/000158, e B A R COMERCIAL IMPORTAÇÃO, CNPJ n.° 13.198.572/000179) (fls. 3.904/3.948 e 4.148/4.160). Em 19/08/2011, BRASPLANET envia ao fornecedor estrangeiro modelos para a impressão da caixa ("art box") e informa (fls. 3.962): "I think my costumer will have the 3rd order next week." ("Acho que meu cliente fará o terceiro pedido na próxima semana."). Ao final da seqüência de emails, está a imagem das caixas onde seriam acomodadas as bombas centrífugas, com evidente logomarca de "B A R MOTOBOMBAS" (fls. 3.971/3.972). Fl. 4798DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.799 24 [...] A Dl n.° 11/11332268 trouxe duas máquinas para indústria vidraceira, NCM 8464.9019 e 8475.2990, cada uma pesando cerca de 3.000 kg, a de NCM 8464 valorada em cerca de USD 18.000,00 e a outra, em cerca de USD7.000,00 (FOB) (fls. 2.900/2.905). Com desembaraço em 21/06/2011 (fls. 4.148/4.160), sua saída foi registrada logo no dia seguinte, 22/06/2011, as duas seguindo para SERVI TEMPER VIDRAÇARIA E DECORAÇÕES, CNPJ n.° 30.037.360/000129 (fls. 3.938) Outro aspecto que leva ao entendimento de que as operações de importação ocultaram o real importador é que as empresas adquirentes das mercadorias, como a RIO 888 e a SUDESTE IMPORT, estavam habilitadas para realizar importações na modalidade simplificada, submodalidade "pequena monta", o que significa que poderia realizar importações até o limite de U$ 150 mil. Desta forma, restava a estas empresas, para ser possível ultrapassar o limite de U$ 150 mil, sem solicitar a habilitação na modalidade ordinária, que exige à análise da compatibilidade entre as estimativas de operações e a capacidade econômica e financeira da empresa e de seus sócios, ocultarse do Fisco por meio da utilização da recorrente como importadora das mercadorias. Tais fatos, analisados em conjunto, levam a conclusão de que as mercadorias importadas pela empresa recorrente já possuíam destinação certa no momento da importação, e que este real adquirente foi ocultado do Fisco. Mostrase correto, portanto, o lançamento fiscal ao exigir a multa prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/07, decorrente da ocultação dos reais adquirentes da mercadorias importadas Diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, para manter o acórdão recorrido em relação à exigência da multa prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/07, e cancelando a exigência no tocante à multa prevista no artigo 23, V, §§ 1.°, 2.° e 3.°, do Decretolei n.° 1.455/76. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator Fl. 4799DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 11762.720001/201300 Acórdão n.º 3201002.077 S3C2T1 Fl. 4.800 25 Fl. 4800DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Numero do processo: 11080.002183/2001-61
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Oct 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1997
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO
São tributáveis as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, apurado mensalmente, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2802-002.754
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos conhecer em parte o recurso voluntário e NEGAR PROVIMENTO, nos temos do voto da Relatora.
Assinado digitalmente
Jorge Cláudio Duarte Cardoso - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Redator Designado ad hoc.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martin Fernandez, Dayse Fernandes Leite (Suplente convocada), Carlos André Ribas de Mello e Julianna Bandeira Toscano (Relatora).
Nome do relator: JULIANNA BANDEIRA TOSCANO
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Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos conhecer em parte o recurso voluntário e NEGAR PROVIMENTO, nos temos do voto da Relatora. Assinado digitalmente Jorge Cláudio Duarte Cardoso Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Redator Designado ad hoc. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martin Fernandez, Dayse Fernandes Leite (Suplente convocada), Carlos André Ribas de Mello e Julianna Bandeira Toscano (Relatora). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 21 83 /2 00 1- 61 Fl. 245DF CARF MF Impresso em 26/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/10/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/10/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11080.002183/200161 Acórdão n.º 2802002.754 S2TE02 Fl. 246 2 A Relatora originária, Conselheira Julianna Bandeira Toscano, deixou de integrar o Colegiado sem formalizar o presente acórdão, razão pela qual fui designado como Redator ad hoc, conforme despacho de fls. 244. Reproduzo o conteúdo lido em sessão pela Relatora e disponibilizado no repositório oficial do CARF. Tratase de recurso voluntário interposto pelo contribuinte em face do acórdão da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento DRJ em Porto Alegre, que julgou procedente o lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física do exercício de 1997, decorrente da apuração acréscimo patrimonial a descoberto. A referida decisão delimitou com muita clareza a matéria colocada em julgamento, razão pela qual adoto o seu relatório, a seguir transcrito: Através do Auto de Infração de fl.1, acompanhado da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal de fls. 2/3, e dos demonstrativos, fls. 4/7, exigese do contribuinte acima qualificado o recolhimento da importância de R$ 59.077,85 a título de Imposto de Renda das Pessoas Físicas, o qual acrescido de multa de oficio de 75% e de juros moratórios perfaz o total de R$ 152.261,33. O lançamento é decorrente da omissão: de rendimentos tendo em vista acréscimo patrimonial a descoberto no anocalendário de l996, nos meses e valores discriminados à fl. 4, que evidenciam a renda auferida e não declarada, conforme Demonstrativo à fl. 7. A base legal da referida exigência se encontra nos arts. 1º a 3º e §§ da Lei nº 7.713/1988, arts.1º a 4º da Lei n.° 8.134/1990, arts. 4º a 6º da Lei n.° 8.383/1991 e art. 3º , 8º, 11º e 44, § 1º , inciso I da Lei n.° 9.430/1995. Em sua defesa (fls. 74/5) o contribuinte alega que, no caso específico, é desnecessária a prova do ingresso no Brasil dos ganhos obtidos na Nigéria, país onde o impugnante estava autorizado a permanecer até 06/08/1996. Entende que a documentação apresentada durante o procedimento fiscal comprova a origem dos rendimentos pelo que discorda da presunção do fisco de que os valores trazidos do exterior teriam sido gastos no próprio país de origem. Argumenta que até a vigência da Lei n° 9.069, de 29/06/1995 e a Resolução do Banco Central do Brasil n° 2.564, de 30/06/1995, a entrada e saída de moeda estrangeira promovida pela pessoa física no País não estava sujeita a qualquer formalidade administrativa ou Fazendária. Cita o Decreto n° 42.820, de 16/12/1957, ementa de decisão proferida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região para ratificar o entendimento de que "o ingresso e saída de numerário Fl. 246DF CARF MF Impresso em 26/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/10/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/10/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11080.002183/200161 Acórdão n.º 2802002.754 S2TE02 Fl. 247 3 é livre, só se justificando a sua apreensão, se for produto do crime". Prossegue transcrevendo a opinião de tributaristas, ementas de decisões judiciais relativamente a presunções no direito tributário, concluindo que a presunção não pode ser fato gerador do imposto de renda nos termos do artigo 142 do CTN. Diz que não pode produzir a prova negativa de que não consumiu no exterior a renda auferida na Nigéria e que o fisco não encontrou evidências de consumo exagerado EM relação a renda declarada nem tão pouco incremento patrimonial inexplicável. Quanto a integralização do capital na empresa Gheita do Brasil Ltda., esclarece que de fato, foi integralizado tãosomente R$ 18.000,00 e que o montante de R$ 180.000,00 constou no Contrato Social e na contabilidade "por razões estritamente comerciais".(sic) Enfatiza que o contrato social e os registros contábeis não podem prevalecer sobre a realidade material, ou seja, a integralização de apenas R$ 18.000,00. Informa ainda que o valor "de R$ 180.000,00, embora registrado na contabilidade e com a respectiva contrapartida no caixa, na realidade não existe (pelo menos naquele valor), pois ninguém, hodiernamente, pode conceber que montante tão significativo esteja em poder do caixa, na empresa, sem qualquer rendimento"(sic). Por fim, apresenta o demonstrativo por ele elaborado do saldo das contas Caixa e Capital Social para comprovar que os registros contábeis não correspondem a verdade material, solicitando a insubsistência do Auto de Infração. A DRJ em Porto Alegre manteve integralmente o lançamento em decisão cuja ementa é a seguinte: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 1997 Ementa: ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO – São tributáveis as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, apurado mensalmente, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, isentos ou não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. Lançamento Procedente Irresignado, o contribuinte apresentou recurso voluntário (fls. 108/124), em que reitera as alegações trazidas na impugnação. Fl. 247DF CARF MF Impresso em 26/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/10/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/10/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11080.002183/200161 Acórdão n.º 2802002.754 S2TE02 Fl. 248 4 O referido recurso teve seu seguimento negado, nos termos do despacho de fls. 160, tendo em vista alegada irregularidade no arrolamento de bens e direitos e o débito foi encaminhado para cobrança. Em 31 de julho de 2006 o débito foi inscrito em Dívida Ativa da União, tendo o contribuinte apresentado pedido administrativo de revisão do débito e, em seguida, proposto a Ação Ordinária nº 2006.71.000424578/RS, cujo objeto era a revisão do lançamento descrito no auto de infração nº MPF 1010100/01071/99, não considerando como tributável o valor de R$ 93.551,40 (noventa e três mil e quinhentos e cinqüenta e um reais e quarenta centavos), valor oriundo de rendimentos auferidos e tributados na Nigéria, conforme consta na cópia da sentença juntada às fls. 195/196. Com o trânsito em julgado foi requerido pela Procuradoria da Fazenda Nacional, às fls. 204, a adequação do crédito tributário aos termos da decisão judicial proferida nos autos da Ação Ordinária nº 2006.71.00.00.424578, da 2ª Vara Federal Tributária da Subseção Judiciária de Porto Alegre, para considerar nãotributável o valor de R$ 93.551,40, revisando o Auto de Infração nº MPF 1010100/01071/99. Após a adequação dos créditos tributários aos termos da decisão judicial transitada em julgado, proferida na Ação Ordinária nº 2006.71.00.0424578, foi proposto o encaminhamento do processo a esse Colegiado para julgamento, se for o caso, do Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida Redator Designado ad hoc A Relatora originária, Conselheira Julianna Bandeira Toscano, deixou de integrar o Colegiado sem formalizar o acórdão. Tendo sido nomeado ad hoc para formalização do acórdão, registro que não necessariamente concordo com a conclusão ou com os fundamentos da Relatora. Reproduzo o conteúdo lido em sessão pela Relatora e disponibilizado no repositório oficial do CARF. O recurso é tempestivo. Inicialmente, aponto que o recurso voluntário interposto (fls. 108/124) versa sobre dois argumentos distintos: (i) quanto a integralização do capital na empresa Gheita do Brasil Ltda., que de fato foi integralizado tãosomente R$ 18.000,00 e que o montante de R$ 180.000,00 constou no Contrato Social e na contabilidade “por razões estritamente comerciais”, e (ii) o que diz respeito à aplicação de recursos na compra de dólares, no montante correspondente a R$ 96.431,40, que os recursos foram auferidos e tributados na Nigéria com trabalho em empresas de engenharia e trazidos ao Brasil em moeda estrangeira de novembro de 1993 a janeiro de 1995, quando dos esporádicos retornos ao País de origem, Brasil. Fl. 248DF CARF MF Impresso em 26/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/10/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/10/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11080.002183/200161 Acórdão n.º 2802002.754 S2TE02 Fl. 249 5 Noto que a argumentação relativa ao acréscimo patrimonial a descoberto em razão da integralização do capital social da empresa Gheita do Brasil Ltda. não foi objeto de apreciação na Ação Ordinária nº 2006.71.00.0424578. A despeito do despacho de negativa de seguimento do recurso voluntário às fls. 160, em face do não atendimento ao disposto no artigo 33, § 3º, do Decreto nº 70.235 e o art. 2º, § 5º da Instrução Normativa SRF 264/2002, que tratava da exigência do arrolamento de bens como requisito de admissibilidade do recurso, entendo que a parte do recurso não apreciada pelo Poder Judiciário pode ser objeto de discussão no CARF. Com efeito, o E. Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade da exigência prévia de depósito ou arrolamento de bens como requisito para a interposição de recurso administrativo. Eis o teor da Súmula Vinculante nº 21, publicada no Diário de Justiça em 27/11/2009: Súmula Vinculante nº 21 – É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. Como não poderia deixar de ser, a Receita Federal do Brasil se curvou ao entendimento emanado pelo STF quando do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1976 e publicou, em 6/6/2007, antes mesmo da aprovação do enunciado da Súmula Vinculante nº 21, o Ato Declaratório Interpretativo nº 9, cujo teor é o seguinte: Art. 1º Não será exigido o arrolamento de bens e direitos como condição para seguimento do recurso voluntário. Art. 2º A autoridade administrativa de jurisdição do domicílio tributário do sujeito passivo providenciará o cancelamento, perante os respectivos órgãos de registro, dos arrolamentos já efetuados. Nesse sentido a Procuradoria da Fazenda Nacional editou o Parecer PGFN/CRJ nº 1.973, determinando o cancelamento das inscrições em dívida ativa da União e o prosseguimento com o juízo de admissibilidade do recurso administrativo antes inadmitido, verbis: “cancelar as inscrições em DAU daqueles créditos fiscais que estejam na situação acima referida (oriundos de processos administrativos em que houve a inadmissão do recurso em razão da ausência de depósito/arrolamento prévios pelo sujeito passivo), de ofício ou a pedido do interessado, independentemente do tempo já decorrido desde a divulgação da decisão que inadmitiu o recurso administrativo; em seguida, deverão promover a remessa dos correspondentes processos administrativos ao órgão da Administração Pública Federal competente para efetuar o novo juízo de admissibilidade do recurso administrativo antes inadmitido;” Desta forma, ultrapassada a questão relativa ao arrolamento de bens e direitos, o recurso interposto às fls. 109/124 atende aos demais requisitos de admissibilidade e dele tomo conhecimento com relação ao argumento a respeito do acréscimo patrimonial Fl. 249DF CARF MF Impresso em 26/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/10/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/10/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11080.002183/200161 Acórdão n.º 2802002.754 S2TE02 Fl. 250 6 verificado em função da integralização do capital na empresa Gheita do Brasil Ltda., em outubro de 1996. Passo à análise dos fundamentos de mérito da peça recursal. O recorrente alega que não ocorreu o acréscimo patrimonial a descoberto no valor de R$ 149.240,00, em outubro de 1996, conforme apurado no lançamento. Sustenta que o referido acréscimo foi calculado considerando a integralização de R$180.000,00 no capital social da empresa Gheita do Brasil Ltda., quando o valor efetivamente integralizado teria sido de R$18.000,00. No entanto, entendo que não assiste razão ao recorrente. Com efeito, o contrato social da Gheita do Brasil Ltda., devidamente registrado na Junta Comercial do Rio Grande do Sul, está juntado aos autos, às fls. 47/49, constando em sua cláusula V a definição acerca do capital social: V) O Capital Social será de RS 200.000,00 (duzentos mil reais), para os efeitos deste contrato representados por 2.000 (duas mil) quotas de capital, ao valor nominal unitário de RS 100,00 (cem reais), estando assim distribuído entre os sócios: a) O sócio Nabil Youssef Fazah, neste ato subscreve e integraliza, em moeda corrente nacional, a importância de RS 180.000.00 (cento e oitenta mil reais), representados por 1.800 (mil e oitocentas) quotas de capital, ao valor nominal unitário de R$ 100.00 (cem reais), equivalentes a 90% (noventa por cento) do capital social; b) A sócia Lea Schiffner Santana, neste ato subscreve e integraliza, em moeda corrente nacional, a importância de 20.000,00 (vinte mil reais), representados por 200 (duzentas) quotas de capital, ao valor nominal unitário de RS 100,00 (cem reais), equivalentes a 10% (dez por cento) do capital social. (Grifei) Apenas pela disposição do contrato social já se depreende que o capital social foi completamente integralizado na constituição da sociedade, não havendo referência de que o mesmo seria apenas parcialmente aportado, como alega o recorrente. Os Livros Diário e Razão Analítico da empresa corroboram a integralização do capital social no montante de R$ 180.000,00, conforme comprovam as cópias anexadas às fls. 51/62 dos autos. Convém ressaltar que o Livro Diário, devidamente registrado na Junta Comercial do Rio Grande do Sul, revela o lançamento a título de capital social realizado em 31/10/1996 no valor de R$200.000,00 e, na mesma data, o lançamento desse valor na conta Caixa da empresa. Desta forma, concluo, pelas provas dos autos, que o recorrente integralizou o capital social da empresa no valor total de sua participação na sociedade, que era de R$180.000,00, sendo verificado o acréscimo patrimonial a descoberto objeto do lançamento. Fl. 250DF CARF MF Impresso em 26/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/10/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/10/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11080.002183/200161 Acórdão n.º 2802002.754 S2TE02 Fl. 251 7 Diante do exposto, voto por conhecer em parte do recurso voluntário e, nessa parte, por negarlhe provimento para manter a parte do lançamento que não foi objeto de revisão na esfera judicial, nos termos do extrato de fls. 211 do débito retificado. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida, Redator ad hoc Fl. 251DF CARF MF Impresso em 26/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/10/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/10/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
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Numero do processo: 18471.001005/2005-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 11 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3301-000.217
Decisão: Vistos relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram presente julgado.
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
Luiz Augusto do Couto Chagas Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram presente julgado. Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. Luiz Augusto do Couto Chagas Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 84 71 .0 01 00 5/ 20 05 -9 1 Fl. 845DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 08/02/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 18471.001005/200591 Resolução nº 3301000.217 S3C3T1 Fl. 845 2 Relatório Cuida se de auto de infração para exigência de PIS, nos períodos de apuração 31/03/2000, 30/06/2000, 31/07/2000, 30/09/2000, 31/12/2000, 31/03/2001, 30/06/2001, 31/08/2001, 30/09/2001, 31/10/2001, 30/11/2001, 31/12/2001, 31/03/2002, 31/05/2002, 30/06/2002, 31/07/2002 e 30/11/2002, resultante análise em procedimento de verificações obrigatórias, que constataram equívocos no procedimento de diferimento previsto no art. 7º da Lei nº 9.718/98 e do não oferecimento à tributação das variações cambiais ativas apuradas em contas passivas, exigindo da recorrente a Contribuição de R$ 202.307,11, Multa Proporcional R$ 151.730,20, Juros de Mora R$ 137.893,90, calculados até 30.06.2005, perfazendo o total de R$ 491.931,30. Em impugnação, o contribuinte sustentou que, em função do diferimento, reconhecia as receitas mensalmente e as estornava, dentro do próprio mês, enquanto não se concretizasse o recebimento, de maneira que a fiscalização, ao manter os estornos apenas nos meses em que emitida a primeira nota fiscal, acabou por tributar receitas inocorrentes; que as variações cambiais ativas em contas passivas equivalem a mera redução de despesa e não receita, bem assim, que sua tributação deve considerar o seu efetivo auferimento e não o mero registro contábil; que não houve prova, por parte da fiscalização, da adoção do regime de competência para escrituração das variações cambiais; e, por fim, que houve violação ao princípio da isonomia, tendo em conta a publicação do Decreto nº 5.442/2005. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento do Rio de Janeiro II/RJ manteve o lançamento mediante acórdão assim ementado: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/03/2000, 30/06/2000, 31/07/2000, 30/09/2000, 31/12/2000, 31/03/2001, 30/06/2001, 31/08/2001, 30/09/2001, 31/10/2001, 30/11/2001, 31/12/2001, 31/03/2002, 31/05/2002, 30/06/2002, 31/07/2002, 30/11/2002 BASE DE CÁLCULO A base de cálculo da Cofins, para as pessoas jurídicas de direito privado, é o valor do faturamento, que corresponde à receita bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas, independentemente da atividade por elas exercidas e da classificação contábil adotada para a escrituração das receitas, admitidas as exclusões previstas em lei. VARIAÇÃO MONETÁRIA PASSIVA. EXCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE. Inexiste previsão legal que permita excluir das receitas financeiras, para fins de apuração da base de cálculo da contribuição, as despesas financeiras correspondentes às variações monetárias e cambiais passivas. INCONSTITUCIONALIDADE Fl. 846DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 08/02/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 18471.001005/200591 Resolução nº 3301000.217 S3C3T1 Fl. 846 3 Não compete à autoridade administrativa julgadora apreciar argüições de inconstitucionalidade de norma legitimamente inserida no ordenamento jurídico, cabendo tal controle ao Poder Judiciário. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PERÍCIA. A autoridade julgadora de primeira instância indeferirá as perícias que considerar prescindíveis ou impraticáveis, fazendo constar do julgamento o seu indeferimento fundamentado. Em recurso voluntário o contribuinte insistiu na tributação de receita inocorrente, pela adoção do diferimento do art. 7º da Lei nº 9.718/98 e, na seqüência, pugnou pela aplicação do entendimento do Supremo Tribunal Federal em relação à inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo do PIS promovida pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. É o relatório. Fl. 847DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 08/02/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 18471.001005/200591 Resolução nº 3301000.217 S3C3T1 Fl. 847 4 Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas Relator O recurso é tempestivo a atende aos demais pressupostos para sua admissibilidade. A fiscalização, segundo o Termo de Constatação às fls.189/191, aceitou a prática do diferimento da receita facultada pelo art. 7º da Lei nº 9.718/98, porém, com ressalvas, registrando que promoveu a glosa de receitas de vendas, consubstanciadas nas notas fiscais emitidas, de valores diferidos que não se vinculavam aos meses em que estornadas pelo contribuinte. Exemplificativamente, excluiu os documentos do mês de maio/00 estornados no mês de junho/00; os documentos fiscais emitidos de maio/00 e junho/00 estornados em julho/00; e assim por diante. A fiscalização afirmou que as exclusões somente foram admitidas nos meses a que se referiam os documentos fiscais, isto é, documentos de maio/00 abatidos da receita apurada no mês de maio/00, as notas fiscais de junho/00 consideradas no faturamento de junho/00, e assim sucessivamente. O contribuinte, em sua defesa, alegou que o seu procedimento contábil consistia em reconhecer a receita mensalmente e, enquanto não efetivado o recebimento, providenciava o seu estorno, esclarecendo, por exemplo, que as notas fiscais emitidas em maio/00, com vencimento em junho/00, eram excluídas da receita de maio/00 e, posteriormente, adicionadas à receita do mês de junho/00. Acaso não recebidas em junho/00, estornavase da receita deste mês e incluíase na receita do mês de julho/00, até que confirmada a sua quitação. Diante deste panorama, sustentou a recorrente, ao glosar os estornos nos meses em que não houve recebimento, sem que fosse estornada também a receita correspondente, estarseia, a bem da verdade, a tributar receita inexistente. Reexaminando os documentos constantes dos autos, constatase que a fiscalização glosou, ilustrativamente, notas fiscais emitidas no mês de maio/00 e que o contribuinte estornou, a título de diferimento, nos meses de junho/00 e julho/00. À primeira vista, faz sentido a providência adotada pela fiscalização de não permitir o estorno, a título de diferimento, de vendas não realizadas no mês em que abatidas, mantendoas exclusivamente no mês a que se referem, no exemplo citado, maio/00. Mas, por outro lado, se o contribuinte estivesse estornando o mesmo documento fiscal repetidas vezes, tal conduta revelaria intuito fraudulento de reduzir indevidamente a base de cálculo do tributo, o que em momento algum foi cogitado no lançamento, militando em seu favor e beneficiandoo a incerteza, pois não ficou claro se ele ofereceu ou não tais verbas à tributação, como afirma, e não há nos autos elementos suficientes a afastar sua alegação. Fl. 848DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 08/02/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 18471.001005/200591 Resolução nº 3301000.217 S3C3T1 Fl. 848 5 A decisão de 1ª instância afirmou que faria o julgamento dos processos de PIS e Cofins em conjunto, para evitar decisões contraditórias, como vemos abaixo em trecho do voto condutor do acórdão: A – PRELIMINARMENTE, CONEXÃO COMO O MPF 071999/002118/2004/PIS. Quanto ao pedido de julgar o presente processo conjuntamente com o MPF 071999/002118/2004/COFINS, sob o argumento de conexão de causas, o presente procedimento, que versa sobre a exigência de PIS, não se confunde com aquele em que é exigido o Cofins, sendo ambos, processualmente independentes. Porém, por uma questão de economia processual a reivindicação da interessada será atendida, evitando assim, a emissão de decisões contraditórias. Entretanto, ao chegar ao CARF os processos tomaram rumos diversos, já que estamos analisando o processo de PIS enquanto o processo de Cofins já foi analisado pela 1ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, da 3ª Seção de Julgamento, que converteu o julgamento em diligência para a Delegacia de Maiores Contribuintes do Rio de Janeiro, Demac/RJ, onde ainda permanece. Mantendo o entendimento de evitar decisões contraditórias, diante da dúvida fundada acerca do ocorrido, para evitar a exigência de crédito tributário indevido, e em homenagem ao princípio da verdade material, regente do processo administrativo fiscal, proponho a conversão do julgamento em diligência para que se providencie o seguinte: 1. Investigar e informar se, de fato, nos meses em que houve glosa de diferimentos correspondentes a meses distintos (junho/00, julho/00, dezembro/00 e março/01), o contribuinte incluiu as receitas correspondentes na base de apuração do PIS, como afirma; 2. Elaborar relatório circunstanciado a respeito da situação encontrada; 3. Franquear prazo de 30 (trinta) dias para que o contribuinte possa se manifestar a respeito das verificações realizadas. Findo o procedimento, devolvamse os autos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF para prosseguimento do julgamento. No retorno ao CARF, que seja feita a conexão com o processo Nº 18471.001004/200547 que trata de auto de infração de Cofins lavrado em decorrência das mesmas infrações, para que sejam julgados em conjunto, evitando, mais uma vez a ocorrência de decisões contraditórias. Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas Relator (ASSINADO DIGITALMENTE) LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Fl. 849DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 08/02/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL
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Numero do processo: 16682.720049/2014-02
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Feb 02 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3402-000.748
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que se aguarde o desfecho do processo nº 15374.724372/2009-09.
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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score : 1.0
Numero do processo: 10880.731950/2011-36
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Dec 18 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1999, 2000
DECISÃO PROFERIDA POR DETERMINAÇÃO DE ACÓRDÃO DA CSRF SUBMETIDO A EMBARGOS. EFEITO SUSPENSIVO. NULIDADE.
É nulo o acórdão proferido em razão de determinação contida em acórdão da CSRF que, submetido a embargos, teve sua eficácia suspensa.
Numero da decisão: 1302-001.728
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER e PROVER os embargos, com efeitos infringentes, para ANULAR o acórdão nº 1101-001.180, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Rogério Aparecido Gil, Talita Pimenta Félix. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Eduardo Andrade.
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1999, 2000 DECISÃO PROFERIDA POR DETERMINAÇÃO DE ACÓRDÃO DA CSRF SUBMETIDO A EMBARGOS. EFEITO SUSPENSIVO. NULIDADE. É nulo o acórdão proferido em razão de determinação contida em acórdão da CSRF que, submetido a embargos, teve sua eficácia suspensa.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER e PROVER os embargos, com efeitos infringentes, para ANULAR o acórdão nº 1101-001.180, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA - Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Rogério Aparecido Gil, Talita Pimenta Félix. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Eduardo Andrade.
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EFEITO SUSPENSIVO. NULIDADE. É nulo o acórdão proferido em razão de determinação contida em acórdão da CSRF que, submetido a embargos, teve sua eficácia suspensa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER e PROVER os embargos, com efeitos infringentes, para ANULAR o acórdão nº 1101001.180, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Rogério Aparecido Gil, Talita Pimenta Félix. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Eduardo Andrade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 73 19 50 /2 01 1- 36 Fl. 1833DF CARF MF Impresso em 18/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10880.731950/201136 Acórdão n.º 1302001.728 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Nos autos do processo administrativo nº 16327.0014484/200401 foram formalizadas exigências de IRPJ e CSLL exoneradas por meio do Acórdão nº 10196.053. A Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial, em razão do qual a CSRF restabeleceu a exigência de IRPJ e determinou o retorno dos autos à Câmara Baixa para apreciação dos argumentos subsidiários apresentados contra a exigência de CSLL, mas não apreciados no Acórdão nº 10196.053. A autoridade administrativa local, porém, ao receber os autos da CSRF, apartou o crédito tributário relativo à CSLL do processo administrativo nº 16327.001484/2004 01, transferindoo para o presente processo, remetido à 1ª Seção de Julgamento para prosseguimento. Apreciando a exigência de CSLL na sessão de julgamento de 28 de agosto de 2014, a 1ª Turma da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, acolhendo proposta de voto desta Conselheira, decidiu, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício, rejeitar a arguição de nulidade do lançamento e negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão nº 1101001.180, assim ementado: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 1999, 2000 ADICIONAL. EXIGÊNCIA NÃO DEMONSTRADA. Correta a decisão de 1a instância que exonera crédito tributário correspondente a adicional de CSLL que não encontra correspondência com os demonstrativos de cálculo destas parcelas. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EXIGÊNCIA FUNDADA NOS MESMOS ELEMENTOS DE PROVA DO IRPJ. DESNECESSIDADE DE MPF ESPECÍFICO. Além de a lei permitir que a autoridade fiscal formalize a exigência concomitante de outros tributos que tenham por base os elementos de prova do lançamento principal, o Mandado de Procedimento Fiscal é mero instrumento de controle administrativo, e a falta de sua ampliação para alcance, também, da CSLL, não acarreta a nulidade do lançamento. DESPESAS DESNECESSÁRIAS. A base de cálculo da CSLL é o resultado do exercício e este, em razão do princípio da entidade, não pode ser afetado por despesas desnecessárias. Ademais, o art. 13 da Lei nº 9.249/95 expressamente estende as disposições do art. 47 da Lei nº 4.506/64 à apuração da CSLL. Cientificada do Acórdão nº 1101001.180 em 09/01/2015, a contribuinte opôs embargos, tempestivamente, em 12/01/2015, no qual noticiou que também embargara o Acórdão nº 910100.288, observando que os embargos iniciais suspenderam os efeitos daquela decisão, tornando também sem efeito o ato administrativo de desmembramento da discussão quanto à CSLL. Confirmada a oposição de embargos contra o Acórdão nº 910100.288, e evidenciada omissão de ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma, os embargos foram admitidos por meio do despacho de fls. 1830/1831, com sua distribuição para relatoria desta Fl. 1834DF CARF MF Impresso em 18/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10880.731950/201136 Acórdão n.º 1302001.728 S1C3T2 Fl. 4 3 Conselheira, relatora do acórdão embargado na extinta 1ª Turma da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento. Fl. 1835DF CARF MF Impresso em 18/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10880.731950/201136 Acórdão n.º 1302001.728 S1C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA Como relatado, a contribuinte opôs embargos ao Acórdão nº 910100.288, proferido nos autos do processo administrativo nº 16327.001484/200401. Consulta recente aos autos deste processo administrativo evidencia que referidos embargos somente foram analisados em 11 de novembro de 2014, restando rejeitados por inexistência de obscuridade, omissão ou contradição, em despacho cientificado à contribuinte em 09/01/2015. Naqueles autos há notícias, também, de novos embargos opostos contra o referido despacho, os quais não foram admitidos por falta de previsão regimental, sendo a contribuinte disto cientificada em 15/09/2015. Ocorre que a decisão proferida em 28 de agosto de 2014 nestes autos, objeto do Acórdão nº 1101001.180, tem em conta a determinação contida no voto condutor do Acórdão nº 910100.288. Em outros termos, a competência da Câmara Baixa voltar a se manifestar sobre os recursos voluntário e de ofício interpostos nos autos do processo administrativo nº 16327.001484/200401 resultou da decisão exarada no Acórdão nº 9101 00.288, à época atacado pelos embargos ainda pendentes de apreciação. O art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 349/2015 somente trata do efeito suspensivo dos embargos tempestivamente opostos contra decisão passível de questionamento por meio de recurso especial. Todavia, os embargos de declaração objetivam a continuidade do julgamento atacado, suprindose obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou omissão acerca de ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. Tal recurso, portanto, restabelece o processo à situação anterior à do julgamento, impedindo que ele produza qualquer efeito enquanto não apreciado, ainda que em sede de admissibilidade, o questionamento deduzido pelo interessado. Confirmado, assim, que os embargos foram opostos e que sequer sua admissibilidade fora promovida à época em que proferido o Acórdão nº 1101001.180, resta clara a incompetência da 1ª Turma da 1ª Câmara desta 1ª Seção de Julgamento para se manifestar sobre os recursos de ofício e voluntário aqui interpostos, impondose a declaração de nulidade daquela decisão nos termos do art. 59, inciso II do Decreto nº 70.235/72. Com referência ao ato administrativo de desmembramento da discussão quanto à CSLL, porém, não se vislumbra qualquer irregularidade. O crédito tributário relativo à CSLL pode permanecer controlado nestes autos sem qualquer prejuízo ao sujeito passivo, porém, na medida em que sua exigibilidade está condicionada ao litígio formado nos autos do processo administrativo nº 16327.001484/200401, deve ser providenciada a transposição, para estes autos, de cópia das peças daquele processo que evidenciem a definitividade do Acórdão nº 910100.288, para que se possa dar consequência ao que ali determinado. Por todo o exposto, os embargos devem ser CONHECIDOS e ACOLHIDOS, com efeitos infringentes, para ANULAR o Acórdão nº 1101001.180, com posterior juntada a estes autos dos elementos presentes no processo administrativo nº 16327.001484/200401 que Fl. 1836DF CARF MF Impresso em 18/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10880.731950/201136 Acórdão n.º 1302001.728 S1C3T2 Fl. 6 5 confirmem a definitividade, no âmbito administrativo, do Acórdão nº 910100.288, com seu retorno a esta 1ª Seção de Julgamento para as providências determinadas no referido decisium. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Relatora Fl. 1837DF CARF MF Impresso em 18/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA
score : 1.0
Numero do processo: 12898.000012/2010-46
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. REQUISITOS DO SEGURADO EMPREGADO, AUSÊNCIA.
São segurados obrigatórios da Previdência Social, na qualidade de segurados empregados, os trabalhadores que prestam serviços à empresa, quando configurados os pressupostos do art. 12, I, a, da Lei 8.212/1991.
Pode o Auditor Fiscal desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado, quando preenchidas as condições necessárias. Art. 33, caput da Lei 8.212/1991 c/c o art. 229, § 2º, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/1999.
Como o Fisco não comprovou todos os requisitos que caracterizam o segurado como empregado, o lançamento não deve prosperar.
CONTRIBUIÇÕES GILRAT.
A empresa é obrigada a recolher as contribuições a seu cargo para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho GILRAT, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados.
Numero da decisão: 2803-004.168
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Sustentação oral Advogado Dr Rubem Tadeu C. Perlingeiro, OAB/RJ nº 71.430.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos
PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO.
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira
Relator ad hoc na data da formalização.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA (Presidente), RICARDO MAGALDI MESSETTI, AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, OSEAS COIMBRA JUNIOR, GUSTAVO VETTORATO (Relator), EDUARDO DE OLIVEIRA.
Nome do relator: GUSTAVO VETTORATO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. REQUISITOS DO SEGURADO EMPREGADO, AUSÊNCIA. São segurados obrigatórios da Previdência Social, na qualidade de segurados empregados, os trabalhadores que prestam serviços à empresa, quando configurados os pressupostos do art. 12, I, a, da Lei 8.212/1991. Pode o Auditor Fiscal desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado, quando preenchidas as condições necessárias. Art. 33, caput da Lei 8.212/1991 c/c o art. 229, § 2º, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/1999. Como o Fisco não comprovou todos os requisitos que caracterizam o segurado como empregado, o lançamento não deve prosperar. CONTRIBUIÇÕES GILRAT. A empresa é obrigada a recolher as contribuições a seu cargo para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho GILRAT, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados.
turma_s : Terceira Turma Especial da Segunda Seção
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Sustentação oral Advogado Dr Rubem Tadeu C. Perlingeiro, OAB/RJ nº 71.430. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator ad hoc na data da formalização. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA (Presidente), RICARDO MAGALDI MESSETTI, AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, OSEAS COIMBRA JUNIOR, GUSTAVO VETTORATO (Relator), EDUARDO DE OLIVEIRA.
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REQUISITOS DO SEGURADO EMPREGADO, AUSÊNCIA. São segurados obrigatórios da Previdência Social, na qualidade de segurados empregados, os trabalhadores que prestam serviços à empresa, quando configurados os pressupostos do art. 12, I, “a”, da Lei 8.212/1991. Pode o Auditor Fiscal desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado, quando preenchidas as condições necessárias. Art. 33, caput da Lei 8.212/1991 c/c o art. 229, § 2º, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/1999. Como o Fisco não comprovou todos os requisitos que caracterizam o segurado como empregado, o lançamento não deve prosperar. CONTRIBUIÇÕES GILRAT. A empresa é obrigada a recolher as contribuições a seu cargo para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho GILRAT, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Sustentação oral Advogado Dr Rubem Tadeu C. Perlingeiro, OAB/RJ nº 71.430. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 8. 00 00 12 /2 01 0- 46 Fl. 1069DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/12/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 12898.000012/201046 Acórdão n.º 2803004.168 S2TE03 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator ad hoc na data da formalização. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA (Presidente), RICARDO MAGALDI MESSETTI, AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, OSEAS COIMBRA JUNIOR, GUSTAVO VETTORATO (Relator), EDUARDO DE OLIVEIRA. Fl. 1070DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/12/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 12898.000012/201046 Acórdão n.º 2803004.168 S2TE03 Fl. 4 3 Relatório Conselheiro Marcelo Oliveira Relator designado ad hoc na data da formalização Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo relatório ter deixado o colegiado antes de sua formalização, fui designado AD HOC para fazê lo. Esclareço que aqui reproduzo o relato deixado pelo conselheiro nos sistemas internos do CARF, com as quais não necessariamente concordo. Feito o registro. Tratase de Recurso Voluntário que manteve o lançamento de créditos oriundos de contribuições ao SAT/GILRAT, incidente sobre diferenças de valores pagos à colaboradores que foram caracterizados como empregados, e não como contribuintes individuais como registrado pela recorrente. O período de lançamento abrange de 01/01/2005 a 31/12/2005. O Recurso Voluntário alega ser improcedente o lançamento em razão dos seguintes motivos, resumidamente: que a relação entre a recorrente e colaboradores não caracterizaria vínculo empregatício e inconstitucionalidade do SAT/GILRAT. É o relatório. Fl. 1071DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/12/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 12898.000012/201046 Acórdão n.º 2803004.168 S2TE03 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira Relator designado ad hoc na data da formalização. Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo voto ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado AD HOC para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo integralmente as razões de decidir do então conselheiro, constantes dos arquivos do CARF, com as quais não necessariamente concordo. Feito o registro. I O recurso foi apresentado tempestivamente, conforme supra relatado, atendido os pressupostos de admissibilidade, assim deve o mesmo ser conhecido. II – Ao que se observa no relatório fiscal, o lançamento foi realizado com base nos pagamentos feitos que caracterizariam a relação de emprego, conforme uma lista de funcionários, cumulado com o termo de acordo trabalhista de firmado entre a recorrente e um único funcionário (Paulo José Petrelli Toledo), que estão juntados no processo conexo (1289000012201046) A relação entre a recorrente e demais colaboradores não receberam qualquer demonstração probatória além da afirmação de pagamentos contínuos e atividade fim. Após a leitura dos autos, verificase que efetivamente para fins de caracterização de vínculo empregatício somente há elementos de prova para o Sr. Paulo José Petrelli Toledo, em razão de acordo judicial individual entre a recorrente e tal colaborador, inclusive conforme juntado nos autos, tais contribuições já foram pagas. Entretanto, tal acordo não pode emanar efeitos à terceiros (art. 472, do CPC). Na indicada lista anexa, demonstra que os pagamentos aos supostos empregados não eram contínuos, bem como pelos documentos trazidos pela Recorrente os colaboradores prestam serviços a outras empresas (Declarações de Ajuste de Imposto de Renda e outros) Tais fatos por si, já demonstram a ausência das características da relação de emprego, na forma do art. 144, da CLT, subordinação, habitualidade e relação personalíssima. Para manter o lançamento deveria ter sido trazido maiores elementos, que suplantassem as provas trazidas pela parte. Conforme o que dispõe o art. 142, do CTN, c/c art. 33 e 37 da Lei n. 8.212/2010, o lançamento tributário deve ser demonstrar claramente quais são os seus fundamentos fáticos e jurídicos, sob pena de nulidade. Isso inclui o ônus probatório da Administração em trazer elementos probantes e legais que subsidiem a constituição do crédito tributário, para em um segundo momento demonstrar de forma clara o fenômeno da subsunção da norma aos eventos por eles representados (art. 9º, do Dec. 70.235/172). O lançamento objeto Fl. 1072DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/12/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 12898.000012/201046 Acórdão n.º 2803004.168 S2TE03 Fl. 6 5 da decisão recorrida deve preencher os requisitos da legalidade impostos pelo art. 142, do CTN, bem como da legislação ordinária, em especial o art. 33 e 37 da Lei n. 8.212/1991 e Decreto n. 70.235/1971. Tais determinações são necessárias inclusive para que haja o real respeito à garantia de contraditório e ampla defesa e ao devido processo legal (art. 5, LV da CF/1988) “sendo, o lançamento, o ato através do qual se identifica a ocorrência do fato gerador, determinase a matéria tributável, calculase o montante devido, identificase o sujeito passivo e, em sendo o caso, aplicase a penalidade cabível, nos termos da redação do art. 142 do CTN, certo é que do documento que formaliza o lançamento deve constar referência clara a todos estes elementos, fazendose necessário, ainda, a indicação inequívoca e precisa da norma tributária impositiva incidente” (PAUSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência. 3ª ed., Porto Alegre : Livraria do Advogado, 2001, p. 706 ). Pelas razões acima, observase que a norma individual e concreta em que não demonstra todas as suas facetas, prejudica a sua aplicação e a possibilidade de defesa do contribuinte perante o Fisco (art. 59, I, do Dec. 70.235/1972). A deficitária construção da norma individual e concreta do tributo ou da sanção, algo além da mera formalidade extrínseca do ato de constituição do crédito, afetando o seu âmago. Conforme jurisprudência do Conselho de Contribuintes: "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO EX OFFICIO — É nulo o Ato Administrativo de Lançamento, formalizado com inegável insuficiência na descrição dos fatos, não permitindo que o sujeito passivo pudesse exercitar, como lhe outorga o ordenamento jurídico, o amplo direito de defesa, notadamente por desconhecer, com a necessária nitidez, o conteúdo do ilícito que lhe está sendo imputado. ratase, no caso, de nulidade por vício material, na medida em que alta conteúdo ao ato, o que implica inocorrência da hipótese reincidência." (1° Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, Recurso nº132.213 — Acórdão n°10194049, Sessão de 06/12/2002, unânime) Dessa forma, está claro que com meras alegações circunstanciais, e com os documentos probantes na forma apresentada nos autos, não se poderia constituir o crédito tributário impugnado contra a Recorrente. Os elementos trazidos nos autos apenas fundamentam o lançamento com base aos pagamentos ao Sr. Paulo José Petrelli Toledo, o qual foi considerado não litigioso e informado pago pela parte. Não sendo objeto do recurso e do crédito remanescente cobrado. Por final, quanto à suposta inconstitucionalidade de tal aplicação das contribuições é vedado aos Conselheiros do CARFMF afastarem a aplicação da lei ou decreto sob tal argumento, salvo nas exceções expressas dos artigos 62 e 62A, do Anexo II, do Regimento Interno do CARFMF. Fl. 1073DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/12/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 12898.000012/201046 Acórdão n.º 2803004.168 S2TE03 Fl. 7 6 Conclusão Isso posto, meu voto é para CONHECER O RECURSO VOLUNTÁRIO, CONCEDENDO TOTAL PROVIMENTO, no sentido de reformar a decisão a quo e cancelar o lançamento Foi assim que o conselheiro votou na sessão de julgamento, conforme registro. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator ad hoc na data da formalização Fl. 1074DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/12/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Numero do processo: 10805.722298/2012-42
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jan 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/05/2008 a 30/11/2008
PROCESSOS CONEXOS. AUTUAÇÃO DECORRENTE DO DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL NULIFICADA. NULIDADE DA OBRIGAÇÃO DE DECLARAR AS CONTRIBUIÇÕES APURADAS
Sendo declarada a nulidade do crédito relativo à exigência da obrigação principal, deve seguir o mesmo destino a lavratura decorrente da falta de declaração das contribuições na GFIP.
OMISSÃO DE FATOS GERADORES NA DECLARAÇÃO DE GFIP. INFRAÇÃO
Apresentar a GFIP sem a totalidade dos fatos geradores de contribuição previdenciária caracteriza infração à legislação previdenciária, por descumprimento de obrigação acessória.
CONFECÇÃO DE FOLHAS DE PAGAMENTO EM DESCONFORMIDADE COM OS PADRÕES NORMATIVOS. INFRAÇÃO.
A elaboração de folhas de pagamento em desconformidade com os padrões estabelecidos pela Administração Tributária caracteriza infração, por descumprimento de obrigação acessória.
AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ NO COMETIMENTO DE INFRAÇÕES. IRRELEVÂNCIA PARA FINS DE APLICAÇÃO DA MULTA POR INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO.
A responsabilidade por infração à legislação tributária independe da intenção do agente ou do resultado da conduta.
CORREÇÃO DA INFRAÇÃO APÓS O INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. IMPOSSIBILIDADE DE ALEGAÇÃO DE OCORRÊNCIA DE DENÚNCIA ESPONTÂNEA.
A denúncia espontânea somente pode ser argüida se o sujeito passivo saneou a infração antes de qualquer procedimento fiscalizatório relacionado ao ilícito administrativo praticado.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Na vigência da MP n.º 446/2008 e Lei n.º 12.101/2009, o descumprimento de obrigações acessórias previstas na legislação tributária impede a fruição da imunidade da cota patronal previdenciária/terceiros.
CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE O VALOR DAS FATURAS RELATIVAS A SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERADOS INTERMEDIADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE.
Conforme decisão definitiva do STF, em julgamento com repercussão geral reconhecida, é inconstitucional a contribuição incidente sobre as faturas relativas a serviços prestados por cooperados intermediados por cooperativa de trabalho.
Numero da decisão: 2402-004.739
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial para: I) anular por vício formal o AI n.º 51.004.235-0, para as competências de 05 a 10/2008 e os AI n.º 51.004.236-8 e n.º 51.004.238-4, estes para o período de 02 a 11/2009; e II) excluir do AI n.º 51.004.236-8, para as competências remanescentes, os levantamentos "CO - Cooperativas de Trabalho" e "CO2 - Cooperativas de Trabalho".
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Kleber Ferreira de Araújo - Relator
Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. POSSIBILIDADE DE CANCELAMENTO DE ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. Mesmo após a suspensão liminar pelo STF das regras constantes no art. 55 da Lei n.º 8.212/1991 alterados/incluídos pela Lei n. 9.732/1988, permaneceu a possibilidade de cancelamento da isenção da cota patronal previdenciária/terceiros pela administração tributária, para as entidades que descumprissem os requisitos legais. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. REGRAS DE ISENÇÃO. ART. 14 DO CTN. Não se aplicam às contribuições sociais as regras do art. 14 do Código Tributário Nacional. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. LANÇAMENTO EFETUADO SOB A VIGÊNCIA DA LEI N.º 10.101/2009. RITO PROCEDIMENTAL. Para os lançamentos efetuados após a vigência da Lei n.º 12.101/2009, o fisco deve verificar se a entidade cumpre os requisitos previstos na legislação vigente na data dos fatos geradores, todavia, adotando o procedimento da lei nova. Na peça de acusação, portanto, não basta mencionar a inexistência de ato declaratório de isenção ou sua cassação, há a necessidade de que se apresente quais os requisitos legais necessários ao gozo do benefício fiscal deixaram de ser cumpridos. Para os créditos constituídos na vigência da legislação anterior, aplicamse os procedimentos ali traçados. ERRO DE PROCEDIMENTO. VÍCIO FORMAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 72 22 98 /2 01 2- 42 Fl. 1896DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 Quando o fisco adota rito procedimental inadequado à legislação vigente na data do lançamento, este merece ser nulificado por vício formal. COTA PATRONAL. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. IMPEDIMENTO PARA GOZO DA IMUNIDADE. Na vigência da MP n.º 446/2008 e Lei n.º 12.101/2009, o descumprimento de obrigações acessórias previstas na legislação tributária impede a fruição da imunidade da cota patronal previdenciária/terceiros. CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE O VALOR DAS FATURAS RELATIVAS A SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERADOS INTERMEDIADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE. Conforme decisão definitiva do STF, em julgamento com repercussão geral reconhecida, é inconstitucional a contribuição incidente sobre as faturas relativas a serviços prestados por cooperados intermediados por cooperativa de trabalho. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 DECISÕES DEFINITIVAS DO CRPS. REVISÃO PELO CARF. IMPOSSIBILIDADE. Inexiste a possibilidade legal do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF alterar as decisões definitivas exaradas pelo Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU ATO NORMATIVO. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO NA SEARA ADMINISTRATIVA. À autoridade administrativa, via de regra, é vedado o exame da constitucionalidade ou legalidade de lei ou ato normativo vigente. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/05/2008 a 30/11/2008 PROCESSOS CONEXOS. AUTUAÇÃO DECORRENTE DO DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL NULIFICADA. NULIDADE DA OBRIGAÇÃO DE DECLARAR AS CONTRIBUIÇÕES APURADAS Sendo declarada a nulidade do crédito relativo à exigência da obrigação principal, deve seguir o mesmo destino a lavratura decorrente da falta de declaração das contribuições na GFIP. OMISSÃO DE FATOS GERADORES NA DECLARAÇÃO DE GFIP. INFRAÇÃO Apresentar a GFIP sem a totalidade dos fatos geradores de contribuição previdenciária caracteriza infração à legislação previdenciária, por descumprimento de obrigação acessória. CONFECÇÃO DE FOLHAS DE PAGAMENTO EM DESCONFORMIDADE COM OS PADRÕES NORMATIVOS. INFRAÇÃO. Fl. 1897DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.722298/201242 Acórdão n.º 2402004.739 S2C4T2 Fl. 1.897 3 A elaboração de folhas de pagamento em desconformidade com os padrões estabelecidos pela Administração Tributária caracteriza infração, por descumprimento de obrigação acessória. AUSÊNCIA DE MÁFÉ NO COMETIMENTO DE INFRAÇÕES. IRRELEVÂNCIA PARA FINS DE APLICAÇÃO DA MULTA POR INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO. A responsabilidade por infração à legislação tributária independe da intenção do agente ou do resultado da conduta. CORREÇÃO DA INFRAÇÃO APÓS O INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. IMPOSSIBILIDADE DE ALEGAÇÃO DE OCORRÊNCIA DE DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A denúncia espontânea somente pode ser argüida se o sujeito passivo saneou a infração antes de qualquer procedimento fiscalizatório relacionado ao ilícito administrativo praticado. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial para: I) anular por vício formal o AI n.º 51.004.2350, para as competências de 05 a 10/2008 e os AI n.º 51.004.2368 e n.º 51.004.2384, estes para o período de 02 a 11/2009; e II) excluir do AI n.º 51.004.2368, para as competências remanescentes, os levantamentos "CO Cooperativas de Trabalho" e "CO2 Cooperativas de Trabalho". Ronaldo de Lima Macedo Presidente Kleber Ferreira de Araújo Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 1898DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 Relatório Tratase de recurso interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão n.º 05 39.953 de lavra da 9.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ em Campinas (SP), que julgou improcedente a impugnação apresentada para desconstituir os seguintes Autos de Infração – AI: a) AI n. 51.004.2350: aplicação de multa por descumprimento da obrigação acessória de transmitir a GFIP com informações corretas e sem omissões; b) AI n. 51.004.2368: exigência das contribuições previdenciárias patronais; c) AI n. 51.004.2384: exigência de contribuições para outras entidades ou fundos; e d) AI n. 51.004.2392: aplicação de multa por descumprimento da obrigação acessória de preparar as folhas de pagamentos nos padrões estabelecidos pela legislação. As lavraturas referemse ao período de 01 a 12/2009 (exceto o AI relativo a falhas na GFIP, este de 05/2008 a 11/2008) e foram cientificadas ao sujeito passivo em 24/08/2012. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal, os fatos geradores contemplados nos lançamentos foram as remunerações pagas a segurados empregados e contribuintes individuais, além de serviços prestados por cooperados intermediados por cooperativas de trabalho. Afirmase que a autuada é uma pessoa jurídica de direito privado, constituída sob a forma de sociedade civil sem fins lucrativos e que se declarava imune ao recolhimento da cota patronal previdenciária. Segundo o fisco, a Fundação do ABC – FUABC entregou as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP relativas ao período fiscalizado declarandose devedora apenas das contribuições dos segurados empregados e contribuintes individuais, recolhendo os valores que reconheceu devidos. Informase que a autuada perdeu o direito à imunidade das contribuições sociais pelo Ato Cancelatório de Isenção de Contribuições Sociais n. 21.432/002/2003, de 16/12/2003, cuja validade foi atestada pelo Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS mediante o Acórdão n. 3.030/2005, que manteve o cancelamento da imunidade, ao julgar recurso interposto pela FUABC. De acordo com o fisco, a falta de ato administrativo reconhecendo o benefício fiscal representou desobediência ao § 1. do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991. Nesse sentido, o enquadramento da autuada como imune foi irregular. Acrescentase que, por força da MP n. 446/2008, o pedido de certificação de entidade beneficente de assistência social efetuado pela FUABC, que se encontrava pendente, foi automaticamente deferido, abrangendo inclusive o período auditado. Ressaltase ainda que Fl. 1899DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.722298/201242 Acórdão n.º 2402004.739 S2C4T2 Fl. 1.898 5 no período de vigência da referida MP (11/2008 a 01/2009) deixou de haver necessidade de requerimento da imunidade à administração tributária, desde que cumpridos os demais requisitos previstos nesta norma. Segundo o entendimento da Autoridade Lançadora, após a rejeição da MP n. 446/2008, a partir de 12/02/2009 o art. 55 da Lei n.º 8.212/1991 recuperou a vigência, sendo novamente exigível para gozo da isenção da cota patronal previdenciária o ato declaratório de isenção. Asseverou o fisco que, mesmo na vigência da MP n. 446, o gozo do benefício fiscal estava condicionado a inexistência de remuneração a diretores e conselheiros da entidade, exigência esta que não teria sido cumprida pela autuada, conforme dados constantes em folhas de pagamento e nas GFIP exibidas durante o procedimento fiscal. A auditoria detectou ainda outra desconformidade com regra estabelecidas na MP n. 446, qual seja, o descumprimento de obrigação acessória, posto que a entidade teria deixado de declarar na GFIP e folha de pagamento a remuneração dos segurados relacionados no Anexo IV, bem como, de inserir na GFIP os pagamentos efetuados a cooperativas de trabalho, fato que motivou autuações por descumprimento de obrigações acessórias. O crédito tributário relativo às contribuições da empresa foram apurados em razão do incorreto enquadramento como entidade isenta, bem como pela falta de inclusão na GFIP dos seguintes fatos geradores: a) a segurados empregados, apuradas pelas FOPAG, documento em que a base de cálculo total era superior à GFIP; b) a contribuintes individuais, apuradas por meio da DIRF, cujo montante apresentouse muito superior ao contido em FOPAG e ao declarado em GFIP; e c) pagamentos a cooperativas de trabalho sem qualquer informação em GFIP. A multa, ressaltase no relatório fiscal, foi imposta levandose em consideração as alterações promovidas pela MP n.º 449/2008, posteriormente convertida na Lei n.º 11.941/2009, optandose pelo valor mais favorável ao sujeito passivo, quando se comparou a multa aplicada com base na legislação vigente no momento da ocorrência dos fatos geradores e aquela calculada com esteio na norma atual. O AI referente ao descumprimento da obrigação de declarar todos os fatos geradores na GFIP referese ao período de 05 a 11/2008 e decorreu da declaração incorreta da condição de imune; da omissão de remunerações de segurados empregados e contribuintes individuais, além da falta de declaração das quantias pagas às cooperativas de trabalho. A apresentação pela autuada de folhas de pagamento sem incluir a totalidade dos segurados contribuintes individuais a seu serviço acarretou na aplicação da multa constante no AI n. 51.004.2392. Foi lavrada Representação Fiscal para Fins Penais em razão do preenchimento da GFIP com incorreção no "código FPAS", da omissão de fatos geradores em GFIP, bem como da não inclusão de remunerações em FOPAG, condutas que, em tese, constituem os crimes Contra a Ordem Tributária e de Sonegação Fiscal, de acordo com o artigo Fl. 1900DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 art. 1º da Lei nº 8.137, de 27/12/90 e o artigo 337A, I e III do Código Penal Decretolei nº 2.848, de 07/12/1940 – na redação dada pela Lei n° 9.983, de 14/07/2000, respectivamente. De acordo com o relatório do acórdão recorrido, a autuada apresentou impugnação tempestiva, aduzindo as seguintes alegações: “I – DEBCAD 51.004.2350 (fls. 1337/1383) Ressalva que foi registrada no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), desde 1974; que recebeu o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) em 1975; que, “... em conformidade com a legislação reguladora da matéria, encontrase reconhecida como Entidade Filantrópica, motivo pelo qual teria direito à imunidade tributária ...”. Invoca as disposições constitucionais do parágrafo sétimo do artigo 195, que assegurariam a imunidade, da qual, justamente por ter arrimo na Constituição Federal, somente poderia ser tratada por lei complementar, em face das disposições do inciso II do artigo 146 da magna lei. Recorre, também, às disposições do artigo 14 do CTN, cuja aplicabilidade no seu caso assegura estar reconhecida e atestada pela jurisprudência. Neste contexto legislativo, seriam inconstitucionais as disposições do artigo 55 da Lei 8.212/1991 (lei ordinária) que teria acrescentado novas exigências legais à fruição do benefício fiscal. Sustenta que o cancelamento da isenção teria fulcro nos incisos II, III e IV do artigo 55 da Lei 8.212/1991. Mas, que ao Contribuinte cumpriria o requisito do inciso II e que, em face das alterações introduzidas pela Lei 9.732/1998, as disposições dos incisos III e V, estariam com a eficácia suspensa por decisão do STF (ADIn 2.0285/DF). Ainda, como efeito da aludida decisão do STF, “... que suspendeu os efeitos do artigo 1º, na parte em que alterou a redação do artigo 55, inciso III, da Lei nº.8.212/91 e acrescentoulhe os §§ 3º, 4º e 5º, retirou do INSS o poder de cancelar a isenção se verificado o descumprimento do disposto no artigo 55, da Lei 8.212/91”. O Ato Cancelatório não teria, assim, validade. Segue, argumentando que a Fundação cumpriria as disposições originais do artigo 55 da Lei 8.212/1991, pois detém títulos de utilidade pública, concedidos pelo Ministério da Justiça e, na época a que se refere o lançamento, pela Municipalidade; é detentora do CEBAS; seu objeto social atende às exigência do inciso III do artigo 55; não remunera seus dirigentes. Aliás, quanto à questão, defende teria se equivocado a Fiscalização, pois as pessoas, apontadas como dirigentes, não integrariam a Diretoria da Fundação (aquelas enumeradas no artigo 22 do Estatuto), e teriam apenas “cargo de direção” nas “unidades mantidas”, o que já teria sido inclusive reconhecido pelo CRPS; aplica integralmente o resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de suas finalidades institucionais. Fl. 1901DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.722298/201242 Acórdão n.º 2402004.739 S2C4T2 Fl. 1.899 7 Destaca que, mesmo com o advento da Lei 12.101/2009, a Fundação permaneceu cumprindo as respectivas exigências legais. Quanto ao cumprimento das obrigações tributárias acessórias, reconhece a ocorrência de erro em transmissão de GFIP “complementar”, o que teria “apagado” a declaração anteriormente apresentada; tratarseia de “erro formal” e que “... a Fundação do ABC está envidando todos os seus esforços para recuperar a base de dados correta e proceder a sua transmissão à base de dados da RFB, regularizando, portanto, o apontamento apresentado pelo expert auditor”. Ainda, em relação aos dados que devem ser insertos em GFIP, argumenta que, tendo direito à imunidade, não estaria obrigada a informar em GFIP ou em folhas de pagamentos aqueles feitos a cooperativa de cessão de mãodeobra. Mesmo durante o período a que se refere o lançamento, e posteriormente, a Fundação foi detentora do CEBAS. Sendo o Contribuinte detentor do direito à imunidade, conforme seu entendimento, não haveria irregularidade na utilização do código FPAS 639. II – DEBCAD 51.004.2368 (fls. 1420/1463), DEBCAD 51.004.2384 (fls. 1500/1543) e DEBCAD 51.004.2392 (fls. 1580/1626) As Impugnações relativas aos lançamentos DEBCAD 51.004.2368, DEBCAD 51.004.2384 e DEBCAD 51.004.2392 repetem os mesmos argumentos opostos na Impugnação relativa ao lançamento DEBAD 51.004.2350.” Na decisão de primeira instância (ver fls. 1.671/1.695), não foram enfrentadas as questões de constitucionalidade invocadas na defesa, alegando o órgão de julgamento que não seria a instância própria para tal discussão. Foi afastada a alegação de que a ADIN n. 2.0285 teria influência sobre as conclusões do fisco acerca da perda de isenção da autuada, sob o fundamento de que, uma vez suspensas pelo STF as alterações do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991 pela Lei n. 9.732/1998, os dispositivos alterados teriam recuperado a vigência. Para a DRJ os dispositivos do art. 14 do CTN não seriam aplicáveis às contribuições sociais, posto que expressamente destinado a regular a isenção da espécie tributária “impostos”. Para verificar a condição de imune da FUABC, o órgão recorrido valeu das disposições da MP n. 446/2008 (período de 01/2009); art. 55 da Lei n.º 8.212/1991 (período de 02 a 10/2009), e Lei n. 12.101/2009 (período de 11 a 13/2009). O fundamento do fisco baseado na suposta remuneração de diretores e conselheiros da autuada foi afastado pela DRJ, por entender que não foram juntadas elementos suficientes para a comprovação deste fato. Fl. 1902DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 8 Para o órgão a quo, para o período de vigência do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991 a empresa não faria jus a isenção em razão da falta do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS e do requerimento da isenção à administração tributária. Com relação às competências 01 e 11 a 13/2009, a DRJ entendeu que a entidade não comprovou ter requerido a certificação ao Ministério de sua área de atuação, além de que teria deixado de atender ao requisito relativo ao cumprimento das obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária, em razão de haver omitido fatos geradores de contribuições na GFIP e não ter preparado as folhas de pagamento com todos os segurados a seu serviço. Inconformado, o sujeito passivo interpôs recurso voluntário, no qual, em apertada síntese, alegou que: a) o Ato Cancelatório de Isenção n. 21.432/002/2203, bem como o Acórdão CRPS n. 3.030/2005 são nulos, posto que fundamentados em total desacordo com entendimento manifestado pelo STF no bojo da ADI n. 2.028/DF; b) não tendo validade o referido Ato Cancelatório, descaberia para a entidade a obrigação de requerer o benefício, pois o reconhecimento anterior continuaria válido; c) o CARF deve reconhecer a inconstitucionalidade do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991, posto que é matéria já apreciada pelo STF quando julgou a ADI mencionada; d) foi registrada no Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS em 05/07/1974, tendo recebido o seu primeiro certificado em 27/08/1975; e) teve regularmente renovado o seu Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social até o triênio 2008/2010; f) no que se refere ao triênio 2011/2013, requereu tempestivamente a renovação, nos termos das inovações trazidas pela Lei n. 12.101/2009; g) sendo reconhecida como entidade filantrópica tem direito à imunidade tributária prevista na Constituição de 1988; h) a imunidade frente às contribuições sociais é uma limitação ao poder de tributar, assim, as exigências para o gozo do benefício somente poderiam ser estabelecidas mediante lei complementar; i) de acordo com o STF (RMS n. 22.1929 – DF), as condições impostas pelo art. 14 do CTN é que devem ser observadas para que uma determinada entidade venha a ser considerada imune ao recolhimento das contribuições; j) a Lei n.º 8.212/1991, ao exigir requisitos não previstos no CTN, está limitando o alcance da imunidade, sendo, portanto, inconstitucional nesse aspecto; k) comprova mediante os documentos juntados que atende a todos os requisitos da Lei n.º 8.212/1991; l) reúne as condições previstas no art. 29 da Lei n. 12.101/2009 para gozo da benesse fiscal prevista no § 7. do art. 195 da Constituição Federal; Fl. 1903DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.722298/201242 Acórdão n.º 2402004.739 S2C4T2 Fl. 1.900 9 m) corrigiu as falhas decorrentes de omissão de fatos geradores em GFIP, assim, merece a aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN; n) a utilização do Código FPAS 639 para declaração da GFIP está em consonância com a sua condição de entidade imune, devendo ser declarada improcedente a multa decorrente desse informação. Ao final, pede o cancelamento das autuações. A Turma do CARF resolveu converter o julgamento em diligência mediante a Resolução n.º 2401000.367, de 14/05/2014, fls. 1.864/1.873, na qual o colegiado determinou o retorno dos autos à autoridade lançadora para que esta se manifestasse sobre Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP colacionadas pela recorrente. Em resposta a determinação do CARF foi exarada a Informação Fiscal de fls. 1.874/1.890, na qual o fisco concluiu que os documentos acostados não eram hábeis a modificar os lançamentos. Ali a autoridade lançadora esclarece que após o início do procedimento fiscal houve o bloqueio no sistema informatizado para o envio de novas GFIP relativas ao período sob auditoria, de modo a evitar a recepção de declarações após a perda da espontaneidade prevista no art. 138 do CTN. Concluiu que no lançamento fiscal foram apreciadas apenas as GFIP enviadas até a data imediatamente anterior ao início da fiscalização. Ressalta a auditoria fiscal que as GFIP acostadas com o recurso foram envidas somente após a ciência dos autos de infração e, ainda assim, não contêm as informações de todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias. Dessa informação fiscal o sujeito passivo não foi cientificado, motivo pelo qual o processo retornou à unidade de origem para cumprimento desse ato processual (ver Resolução n.º 2401000.435, fls. 1.891/1.893) A ciência requerida deuse em 13/05/2015, fl. 1.895, não tendo o contribuinte se manifestado no prazo legal. Assim, retornaram os autos para julgamento no CARF. É o relatório. Fl. 1904DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 10 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade O recurso merece conhecimento, posto que preenche os requisitos de tempestividade e legitimidade. Entidades Beneficentes de Assistência Social – isenção da cota patronal previdenciária – legislação aplicável Abordarei de início uma questão que me parece essencial para o deslinde da contenda sob enfoque, qual seja, a aplicação temporal das regras jurídicas reguladoras do gozo da isenção do recolhimento das contribuições previdenciárias pelas entidades beneficentes de assistência social, restringindo a análise ao período do lançamento, para não ser por demais enfadonho. Para as contribuições destinadas à Seguridade Social, o legislador constituinte reservou o § 7.º do art. 195, quando pretendeu desonerar as entidades beneficentes de assistência social. Eis o dispositivo: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (...) § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. (...) Para regulamentar esse preceptivo da Carta Magna foi inserido no ordenamento o hoje revogado art. 55 da Lei n. 8.212/1991, o qual regulou a matéria na época da ocorrência de parte dos fatos geradores (01 a 10/2008). Eis o texto: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; II seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; Fl. 1905DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.722298/201242 Acórdão n.º 2402004.739 S2C4T2 Fl. 1.901 11 III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. § 1º Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trata este artigo será requerida ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despachar o pedido. § 2º A isenção de que trata este artigo não abrange empresa ou entidade que, tendo personalidade jurídica própria, seja mantida por outra que esteja no exercício da isenção. (...) Durante sua vigência, o art. 55 da Lei n.º 8.212/1991 sofreu algumas alterações, merecendo destaque aquelas promovidas pela Lei n. 9.732/1988, que se deu nos seguintes termos: Art. 1o Os arts. 22 e 55 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, passam a vigorar com as seguintes alterações: (...) Art.55. (...) III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; (...) § 3o Para os fins deste artigo, entendese por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem dela necessitar. § 4o O do INSS cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo. § 5o Considerase também de assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento. Fl. 1906DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 12 Contra essas alterações a Confederação Nacional da Saúde, Hospitais, Estabelecimentos e Serviços ajuizou a ADI n. 2.0285. O STF, por unanimidade, referendou a concessão da medida liminar para suspender, até a decisão final da ação direta, a eficácia do art. 1º, na parte em que alterou a redação do art. 55, inciso III, da Lei nº 8.212, de 24/7/1991, e acrescentoulhe os § § 3º, 4º e 5º. O mérito desta ADI ainda não teve julgamento, estando os autos conclusos ao Relator Teori Zavascki desde 08/04/2015. O efeito da suspensão das alterações promovidas pela Lei n. 9.732/1988 foi a restauração da redação original do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991. Em 10/11/2008 foi publicada a MP n. 446, revogando o art. 55 da Lei n.º 8.212/1991 e promovendo alterações na sistemática de reconhecimento da isenção das entidades beneficentes de assistência social. Este ato normativo teve curtíssima vigência, uma vez que foi rejeitado pela Câmara dos Deputados em sessão realizada no dia 09/02/2009. Todavia, os atos praticados durante a vigência e com base na MP permanecem válidos, posto que o Congresso Nacional não editou o decreto legislativo previsto § 11 do art. 62 da Constituição Federal. Revoga a MP n. 446/2008, retorna ao cenário legal o art. 55 da Lei n.º 8.212/1991, até que em 30/11/2009 foi editada a Lei n. 12.101/2009, dispondo sobre a certificação das entidades beneficentes de assistência social e regulando os procedimentos de isenção de contribuições para a Seguridade Social. Esse marco legal sepultou em definitivo o dispositivo da Lei n.º 8.212/1991 que tratava da matéria. Verificase que no período dos lançamento tiveram vigência o art. 55 da Lei n.º 8.212/1991 (05 a 10/1998); a MP n. 446/2009 (11/2008 a 01/2009), o art. 55 da Lei n.º 8.212/1991 (02/2009 a 11/2009) e Lei n.º 12.101/2009 (12/2009). Feita essa rápida passagem pela legislação que regula a isenção das contribuições, já é possível iniciar a análise da contenda. Nulidade do Ato Cancelatório de Isenção A recorrente inaugura a sua peça de inconformismo suscitando a nulidade do Ato Cancelatório de Isenção n. 21.432/002/2003. Alega que, com a suspensão das alterações promovidas pela n. 9.732/1998 pela decisão liminar no bojo da ADI n. 2.028/DF, o INSS estaria impedido de cancelar o benefício fiscal das entidades beneficentes de assistência social. A nulidade também alcançaria o Acórdão CRPS n. 3.030/2005, que negou provimento ao recurso da entidade autuada contra o Ato Cancelatório de Isenção, uma vez que a decisão teria sido emitida em desconformidade com o entendimento do STF. Com o entendimento de que à administração estaria vedada a possibilidade de cancelar as imunidades referentes às contribuições sociais, verificase que a recorrente defende a tese do direito adquirido incondicional, ou seja, no seu entender, uma vez reconhecido o direito, a imunidade jamais poderia ser cancelada, independentemente do cumprimento pelas entidades dos requisitos legais exigidos para seu funcionamento. Essa tese há muito foi afastada pelos Tribunais Superiores. A manutenção do direito ao benefício fiscal previsto no § 7. do art. 195 da Carta Magna é condicionado ao cumprimento dos requisitos previstos na legislação superveniente. Vou me poupar de efetuar Fl. 1907DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.722298/201242 Acórdão n.º 2402004.739 S2C4T2 Fl. 1.902 13 pesquisa sobre essa jurisprudência, aproveitando as transcrições feitas pelo órgão recorrido, as quais passo a apresentar: STF EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. IMUNIDADE. CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CEBAS. RENOVAÇÃO PERIÓDICA. CONSTITUCIONALIDADE. DIREITO ADQUIRIDO. INEXISTÊNCIA. OFENSA AOS ARTIGOS 146, II e 195, § 7º DA CB/88. INOCORRÊNCIA. 1. A imunidade das entidades beneficentes de assistência social às contribuições sociais obedece a regime jurídico definido na Constituição. 2. O inciso II do art. 55 da Lei n. 8.212/91 estabelece como uma das condições da isenção tributária das entidades filantrópicas, a exigência de que possuam o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social CEBAS, renovável a cada três anos. 3. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de afirmar a inexistência de direito adquirido a regime jurídico, razão motivo pelo qual não há razão para falarse em direito à imunidade por prazo indeterminado. 4. A exigência de renovação periódica do CEBAS não ofende os artigos 146, II, e 195, § 7º, da Constituição. Precedente [RE n. 428.815, Relator o Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ de 24.6.05]. 5. Hipótese em que a recorrente não cumpriu os requisitos legais de renovação do certificado. Recurso não provido. (RMS 27093, em branco, STF) EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE DE ENTIDADE BENEFICENTE. CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE CEBAS EMITIDO E PRETENSAMENTE RECEPCIONADO PELO DECRETOLEI 1.752/1977. DIREITO ADQUIRIDO. ART. 195, § 7º DA CONSTITUIÇÃO.DISCUSSÃO SOBRE O QUADRO FÁTICO. ATENDIMENTO OU NÃO DOS REQUISITOS LEGAIS. 1. Nenhuma imunidade tributária é absoluta, e o reconhecimento da observância aos requisitos legais que ensejam a proteção constitucional dependem da incidência da norma aplicável no momento em que o controle da regularidade é executado, na periodicidade indicada pelo regime de regência. 2. Não há direito adquirido a regime jurídico relativo à imunidade tributária. A concessão de Certificado de Entidade Beneficente Cebas não imuniza a instituição contra novas verificações ou exigências, nos termos do regime jurídico aplicável no momento em que o controle é efetuado. Relação jurídica de trato sucessivo. Fl. 1908DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 14 3. O art. 1º, § 1º do Decretolei 1.752/1977 não afasta a obrigação de a entidade se adequar a novos regimes jurídicos pertinentes ao reconhecimento dos requisitos que levam à proteção pela imunidade tributária. 4. Não cabe mandado de segurança para discutir a regularidade da entidade beneficente se for necessária dilação probatória. Recurso ordinário conhecido, mas ao qual se nega provimento. (RMS 26932, em branco, STF) STJ PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA.CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CEBAS. APLICAÇÃO DE VINTE POR CENTO DA RECEITA BRUTA EM GRATUIDADE. DECRETOS 752/93 E 2.536/98. LEGITIMIDADE DO REQUISITO. 1. A jurisprudência desta Corte firmouse no sentido de que é legítima a exigência relativa a aplicação de 20% da receita bruta em gratuidade, disciplinada pelos Decretos 752/93 e 2.536/98, para fins de obtenção do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social Cebas. Precedentes: EDcl no MS 10.893/DF, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 30/3/2009;MS 13.626/DF, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 6/10/2008; EDcl no REsp 733.375/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 12/2/2009; MS 10.595/DF, Rel. Ministra Eliana Calmon, Primeira Seção, DJ 19/11/2007. 2. Ordem denegada.(MS 200801570298, BENEDITO GONÇALVES, STJ PRIMEIRA SEÇÃO, 01/07/2009). PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. FUNGIBILIDADE. ENTIDADE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ISENÇÃO. IMUNIDADE. CEBAS. DIREITO ADQUIRIDO. INEXISTÊNCIA. 1. Embargos de Declaração recebidos como Agravo Regimental. Aplicação do princípio da fungibilidade recursal. 2. O STJ firmou entendimento de que: a) inexiste direito adquirido a regime jurídicofiscal, de modo que a imunidade da contribuição previdenciária patronal assegurada às entidades filantrópicas, prevista no art. 195, § 7º da Constituição, tem sua manutenção subordinada ao atendimento das condições previstas na legislação superveniente; b) é legítima a exigência prevista no art. 3º, VI, do Decreto 2.536/1998, no que se refere à demonstração de aplicação de um mínimo de 20% da receita bruta anual em gratuidade. Precedentes do STJ. 3. Aplicação da Súmula 352/STJ: "A obtenção ou a renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) não exime a entidade do cumprimento dos requisitos legais supervenientes." 4. Agravo Regimental não provido.(EDRESP 200500431080, HERMAN BENJAMIN, STJ SEGUNDA TURMA, 12/02/2009) Observese que toda a jurisprudência colacionada é posterior à decisão liminar do STF no bojo da ADI n. 2028, o que joga por terra o entendimento de que a Fl. 1909DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.722298/201242 Acórdão n.º 2402004.739 S2C4T2 Fl. 1.903 15 administração tributária estaria impedida de cancelar a isenção das entidades que não cumprissem os requisitos da legislação regulamentadora da matéria. Outra questão que deve ser sepultada desde já é a possibilidade do CARF cancelar uma decisão do CRPS já transitada em julgado. Embora tenham os processos administrativos fiscais de exigência de contribuições previdenciárias sido transferidos do CRPS para o CARF por força da Lei 11.457/2207, inexiste a possibilidade jurídica de se reabrirem, no órgão de segunda instância atualmente competente, causas que já tenham tido trânsito em julgado no órgão de julgamento do Ministério da Previdência Social. Inconstitucionalidade da Lei n.º 8.212/1991 Alega ainda o sujeito passivo que a regulamentação do § 7.º da Carta Maior por lei ordinária (Lei n.º 8.212/1991) seria inconstitucional, haja vista o que dispõe o art. 146, II, também da Constituição. Para enfrentar essa tese, é curial que, a priori, façamos uma abordagem acerca da possibilidade de afastamento por órgão de julgamento administrativo de ato normativo por inconstitucionalidade. Sobre esse tema, notese que o escopo do processo administrativo fiscal é verificar a regularidade/legalidade do lançamento à vista da legislação de regência, e não das normas vigentes frente à Constituição Federal. Essa tarefa é de competência privativa do Poder Judiciário. Além que, ao receber a sanção do Chefe do Poder Executivo, o ato normativo revestese da presunção de constitucionalidade, ferindo a lógica jurídica a idéia de que um órgão desse mesmo Poder tivesse a prerrogativa de vir a afastar a aplicação da norma por suposta desconformidade com a Constituição. O Regimento Interno do CARF, inserto no Anexo II da Portaria MF n.º 343, de 09/06/2015, é por demais enfático neste sentido, impossibilitando, regra geral, o afastamento de tratado, acordo internacional, lei ou decreto, a pretexto de inconstitucionalidade, nos seguintes termos: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal;Observese que, somente nas hipóteses ressalvadas no parágrafo único e incisos do dispositivo legal encimado poderá ser afastada a aplicação da legislação de regência. Fl. 1910DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 16 b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1973. Nessa linha de entendimento, dispõe o enunciado de súmula, abaixo reproduzido, o qual foi divulgado pela Portaria CARF n.º 106, de 21/12/2009 (DOU 22/12/2009): Súmula CARF Nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Essa súmula é de observância obrigatória, nos termos do “caput” do art. 72 do Regimento Interno do CARF1. Como se vê, este Colegiado falece de competência para se pronunciar sobre a alegação de inconstitucionalidade de lei trazida pela recorrente. Aplicação do art. 150, VI da CF e art. 14 do CTN A invocada imunidade da recorrente com base no art. 150, VI, da Constituição Federal não se sustenta. Vejamos: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 1 Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. (...) Fl. 1911DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.722298/201242 Acórdão n.º 2402004.739 S2C4T2 Fl. 1.904 17 (...) Como se pode ver do comando constitucional, a imunidade ali traçada diz respeito apenas aos impostos, que é espécie tributária diferente de contribuição, exação tratada no presente AI. Na verdade, o desdobramento infraconstitucional do inciso IV do art. 150 da Lei Maior encontrase na alínea “c” do inciso IV do art. 9.º e no art. 14, ambos do CTN, assim redigidos: Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) IV cobrar imposto sobre: (...) c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo; (Redação dada pela Lei Complementar nº 104, de 10.1.2001) (...) Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) II aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. (...) Percebese que esses dispositivos do CTN têm aplicação restrita à imunidade relacionada aos impostos. Para as contribuições destinadas à Seguridade Social, o legislador constituinte reservou o § 7.º do art. 195 quando pretendeu tratar de imunidade, dispositivo esse que foi regulamentado pelo art. 55 da Lei n.º 8.212/1991 e hoje é tem regramento ordinário na Lei n.º 12.101/2009. Portanto, não há de se aferir o direito à imunidade prevista no § 7.º do art. 195 da Carta Magna pelo cumprimento dos requisitos fixados no art. 14 do CTN. Das desconformidades apontadas pelo fisco Fl. 1912DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 18 O fisco concluiu que a entidade autuada não faria jus à isenção da cota patronal previdenciária alegando o suposto descumprimento dos seguintes requisitos legais: a) falta de ato declaratório de isenção; b) remuneração de dirigentes; e c) descumprimento de obrigações acessórias. A motivação decorrente da remuneração paga a diretores e conselheiros foi afastada pela DRJ, que entendeu que o fisco não demonstrou com precisão o fato narrado. Passemos, então à análise dos outros requisitos supostamente descumpridos. Há de se ressaltar ainda que a falta do certificado de entidade beneficente de assistência social, embora tenha sido tomado como fundamento no acórdão atacado, deixará de ser tratada nesse voto, posto que não constou das razões invocadas pelo fisco. Essa inovação nos motivos do lançamento não pode ser acatada nesse julgamento, por se caracterizar como claro atropelo ao devido processo legal. Ausência do ato declaratório de isenção Ressalvados os casos de direito adquirido, para gozo da imunidade relativa à cota patronal previdenciária, as entidades que cumprissem os requisitos estabelecidos no art. 55 da Lei n.º 8.212/1991 deveriam requerer o reconhecimento do benefício pela administração tributária. Essa previsão vinha estampada do § 1. do referido dispositivo. Essa mesma exigência constava no revogado art. 208 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048/2008, nos seguintes termos: Art.208. A pessoa jurídica de direito privado deve requerer o reconhecimento da isenção ao Instituto Nacional do Seguro Social, em formulário próprio, juntando os seguintes documentos: (Revogado pelo Decreto nº 7.237, de 2010). Com a revogação do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991 pela Lei n. 12.941/2009, não há mais a necessidade de requerimento à Administração Tributária para gozo do benefício. Assim, nos termos do art. 29 da referida Lei, as entidades beneficentes, desde que certificadas, devem apenas cumprir os requisitos ali elencados para passar a usufruir da isenção, que são os seguintes: Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: I não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos; II aplique suas rendas, seus recursos e eventual superávit integralmente no território nacional, na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais; Fl. 1913DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.722298/201242 Acórdão n.º 2402004.739 S2C4T2 Fl. 1.905 19 III apresente certidão negativa ou certidão positiva com efeito de negativa de débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS; IV mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, em consonância com as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade; V não distribua resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou pretexto; VI conserve em boa ordem, pelo prazo de 10 (dez) anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem e a aplicação de seus recursos e os relativos a atos ou operações realizados que impliquem modificação da situação patrimonial; VII cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária; VIII apresente as demonstrações contábeis e financeiras devidamente auditadas por auditor independente legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade quando a receita bruta anual auferida for superior ao limite fixado pela Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006. Sucede que há fatos geradores contemplados no lançamento cuja ocorrência se deu em período anterior à vigência da Lei n. 12.101/2009, todavia, os lançamentos se deram após esse marco normativo. Necessário então definir se para lançamento efetuado após a edição da Lei n. 12.101/2009, mas relativo a período anterior a sua vigência, a mera menção à falta de ato declaratório seria motivo suficiente para justificar a exigência de contribuições das entidades que se declaravam beneficiadas pela imunidade tratada no § 7.º do art. 195 da Constituição Federal. É cediço que a nova disciplina legal causou grande alteração nos procedimentos fiscais, posto que a legislação revogada exigia ao fisco, para efetuar o lançamento baseado na perda da isenção, primeiramente a emissão de informação fiscal demonstrando o descumprimento dos requisitos legais pela entidade, garantindose a esta a possibilidade de se contrapor à acusação em primeira e segunda instâncias. A partir da Lei n.º 12.101/2009, a auditoria fiscal, ao constatar a desconformidade da conduta do sujeito passivo com a norma de regência, pode de imediato efetuar o lançamento dos tributos devidos, indicando os dispositivos que teriam sido desrespeitados. É isso que se infere do seu art. 32: "Art. 32. Constatado o descumprimento pela entidade dos requisitos indicados na Seção I deste Capítulo, a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrará o auto de infração relativo ao período correspondente e relatará os fatos Fl. 1914DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 20 que demonstram o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção." Essa norma, inegavelmente tem caráter procedimental, uma vez que estabelece os atos a serem seguidos pelo fisco nas fiscalizações das entidades beneficentes de assistência social. Observese que a regra em tela não trata dos requisitos materiais necessários à isenção, mas apenas faz referência a esses e traça o procedimento a ser adotado em caso de desvio da norma de direito material. É oportuno esclarecer que, por se tratar de norma de natureza procedimental, o comando normativo veiculado pelo art. 32 da Lei nº 12.101/ 2009 deve ser aplicado na data da formalização do lançamento. É isso que dispõe o art. 144, § 1º, do CTN: "Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros." Não tenho dúvida de que o art. 32 da Lei n.º 12.101/2009 introduziu novo procedimento para o fisco, subsumindose inteiramente ao § 1.º do art. 144 do Código Tributário Nacional CTN, motivo pelo qual deve ser aplicado na data do lançamento, independentemente deste se referir a fatos geradores ocorridos sob os auspícios do regramento jurídico precedente. A conclusão que se pode extrair dessa interpretação jurídica é que, mesmo para fatos geradores ocorridos na vigência do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991, na constituição dos créditos após a sua revogação, o fisco deve lançar mão do procedimento previsto na Lei n.º 12.101/2009, ou seja, deve fundamentar o lançamento com a menção de quais os requisitos normativos necessários à fruição da imunidade deixaram de ser atendidos na data do fato gerador, não sendo suficiente a mera justificativa de que a entidade não teria requerido o benefício à administração tributária. Tanto isso é verdade que, os processos de pedido de reconhecimento e de cancelamento de isenção ainda pendentes de julgamento deixaram de seguir seu curso normal e passaram a ser devolvidos para as unidades competentes da Administração Tributária, conforme determinação do Decreto n.º 7.237, de 20/07/2010: “Art. 44. Os pedidos de reconhecimento de isenção não definitivamente julgados em curso no âmbito do Ministério da Fazenda serão encaminhados à unidade competente daquele órgão para verificação do cumprimento dos requisitos da isenção, de acordo com a legislação vigente no momento do fato gerador. Parágrafo único. Verificado o direito à isenção, certificarseá o direito à restituição do valor recolhido desde o protocolo do pedido de isenção até a data de publicação da Lei n.º 12.101, de 2009. Fl. 1915DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.722298/201242 Acórdão n.º 2402004.739 S2C4T2 Fl. 1.906 21 Art. 45. Os processos para cancelamento de isenção não definitivamente julgados em curso no âmbito do Ministério da Fazenda serão encaminhados à unidade competente daquele órgão para verificação do cumprimento dos requisitos da isenção na forma do rito estabelecido no art. 32 da Lei n.º 12.101, de 2009, aplicada a legislação vigente à época do fato gerador.” Observase que o Decreto que regulamentou à Lei n.º 12.101/2009 (posteriormente revogado pelo Decreto n.º 8.242/2014) era enfático ao determinar que os pedidos de reconhecimento de isenção e os processos de cancelamento de isenção submetamse à nova sistemática de reconhecimento deste benefício fiscal. Assim, de acordo com o texto regulamentar transcrito, os requisitos para gozo da isenção deverão ser aqueles previstos na legislação vigente à época do fato gerador, todavia, o rito procedimental há de se adequar a novel legislação. Diante dessas considerações, vejo que andou mal a autoridade lançadora quando, tendo efetuado o lançamento sob a égide da Lei n.º 12.101/2009, adotou, para os fatos geradores ocorridos entre 01 a 10/2008, o procedimento da lei antiga, desrespeitando o § 1.º do art. 144 do CTN. Essa conclusão encontrase em consonância com a jurisprudência desta turma de julgamento, como se pode observar dos acórdãos abaixo transcritos: Acórdão n.º 2402004.623, de 10/03/2015, Rel. Cons. Ronaldo de Lima Macedo ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 APLICAÇÃO DAS REGRAS PREVISTAS NA LEI 12.101/2009 E NO DECRETO 7.237/2010. POSSIBILIDADE. REGRAS PROCEDIMENTAIS. A nova Lei 12.101/2009, apesar de revogar o art. 55 da Lei 8.212/1991, estabeleceu que o auto de infração relatará os fatos que demonstram o não atendimento dos requisitos para o gozo da imunidade. LANÇAMENTO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DA AUTUAÇÃO. NULIDADE. VÍCIO FORMAL. OCORRÊNCIA. É nulo o lançamento efetuado se não há a demonstração de todos os requisitos determinados na legislação tributária, consignados na Lei 12.101/2009 e no Decreto 7.327/2010. A motivação por remissão (per relationem ou aliunde), que consiste em se reportar às razões fáticas consignadas na fundamentação de outro documento do Fisco, poderá ser utilizada, desde que não haja previsão expressa na legislação tributária exigindo o relato dos fatos dentro do período do lançamento e no próprio auto de infração. Em outras palavras, os fatos evidenciados pelo Fisco deverão constar no próprio Fl. 1916DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 22 auto de infração relativo ao período do lançamento, sob pena de configuração da nulidade formal. Recurso Voluntário Provido. No mesmo sentido caminhou o Acórdão n.º 2402003.246, cujo voto vencedor foi redigido pelo Conselheiro Thiago Taborda Simões: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ISENÇÃO. APRESENTAÇÃO DO CEBAS NÃO ACOMPANHADO DE ATO DECLARATÓRIO DE ISENÇÃO JUNTO AO INSS NOS TERMOS DO § 1° DO ART. 55 DA LEI N° 8.212/91. A Recorrente é entidade portadora do CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social que sofreu autuação sob o fundamento de que, apesar de reconhecidamente de natureza filantrópica, não atendeu a formalidade prevista no § 1° do art. 55 da Lei n° 8.212/91, segundo a qual a entidade deveria protocolar pedido de isenção junto ao INSS, a ser apreciado em 30 (trinta) dias e, somente a partir do deferimento, estaria esta alcançada pela isenção. DISPOSITIVO REVOGADO À ÉPOCA DA AUTUAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 106, II, DO CTN. RETROATIVIDADE DE NORMA SE MAIS BENÉFICA AO CONTRIBUINTE. O art. 55 da Lei n° 8.212/91, à época da autuação, já se encontrava revogado pela Lei n° 12.101/09. A partir da revogação e com a nova redação dada à matéria em questão, passouse a desconsiderar a indispensabilidade do requerimento previsto pelo §1°. Apesar de a autoridade fiscal ter justificado a autuação por terem os fatos geradores ocorrido quando da vigência do dispositivo, patente a observância do quanto disposto no art. 106, II, do Código Tributário Nacional. Uma vez revogado o dispositivo, ainda que ocorridos supostos fatos geradores quando de sua vigência, se a nova disposição legal for mais favorável ao contribuinte, possível a aplicação retroativa da nova norma. Portanto, ante a inexistência na norma vigente de previsão que imponha procedimento de formalidade junto ao INSS para fins de gozo da isenção, aplicase ao caso o quanto dispõe o art. 106, II, do CTN. CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE. ATO DECLARATÓRIO. EFEITO EX TUNC. Analisando a lógica imposta tanto pela previsão constitucional de imunidade quanto pela Lei n° 12.101/09, não se pode chegar a conclusão distinta daquela no sentido de que a concessão do CEBAS é ato meramente declaratório da condição da entidade e, em assim sendo, possua efeitos ex tunc. Neste sentido o Superior Tribunal de Justiça pacificou entendimento. Fl. 1917DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.722298/201242 Acórdão n.º 2402004.739 S2C4T2 Fl. 1.907 23 Citese como exemplo o julgamento do REsp n° 768.889/DF, de relatoria do Min. Castro Meira. Assim, considerando o quanto disposto no art. 106, II, do Código Tributário Nacional, bem como os efeitos retroativos concedidos ao CEBAS, voto pelo conhecimento e provimento do Recurso Voluntário, para reconhecer que a entidade Recorrente encontravase alcançada pela imunidade/isenção de contribuições previdenciárias. Recurso Voluntário Provido. Como se percebe, o entendimento majoritário desta Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara é de que seja adotada a tese de que, para os créditos constituídos após a edição da Lei n.º 12.101/2009, devese observar o rito procedimental ali previsto, não sendo suficiente para fundamentar o lançamento a mera citação de que a entidade não possuía ou teve cassado o ato declaratório de isenção. Frisese que esta interpretação referese apenas aos procedimentos fiscais levados a efeito após a edição da nova lei, não tratando dos créditos constituídos na vigência do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991. No caso sob comento, apreciandose o relatório fiscal, observase que a autoridade lançadora mencionou duas desconformidades que impediriam o gozo da imunidade: i) pagamento de remuneração a diretores (período de 01 e 12/2009) e ii) inexistência de ato declaratório, após a perda do benefício pelo Ato Cancelatório de Isenção de Contribuições Sociais n. 21.432/002/2003, de 16/12/2003 (período de 02 a 11/2009). O suposto descumprimento do inciso I do art. 29 da Lei n.º 12.101/2009 (pagamento de remuneração a membros da diretoria) foi desconsiderado pela DRJ, que entendeu que os fatos narrados na peça de acusação fiscal não foram suficientemente demonstrados. Verificase, assim, que para as competências abrangidas pelo período de vigência do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991 (02 a 11/2009) faltou ao fisco mencionar quais os requisitos legais não teriam sido cumpridos, adotando proceder que não se coaduna com a norma legal em vigência que exige a pormenorização dos fatos que excluem do sujeito passivo a imunidade frente às contribuições sociais. Esse vício, ocasionado por procedimento de fiscalização efetuado com base em legislação revogada para mim é motivo para que se decrete a nulidade do lançamento por defeito no rito da auditoria . A natureza da mácula é tema a ser tratado no tópico seguinte. Vício formal Inicialmente, devemos fazer um breve comentário acerca dos elementos que constituem o procedimento de lançamento, para depois tratar das consequências jurídicas advindas de vícios em cada uma das partes que compõem o ato procedimental de constituição do crédito tributário e, por fim, aplicar essa teorização ao caso trazido a lume. Compõem o ato de lançamento: a) Requisitos: são as formalidades que integram a substância do ato de lançamento, fazendo parte de sua própria estrutura. São tratados no art. 142 do CTN, verbis: Fl. 1918DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 24 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Assim, a descrição do fato gerador, a determinação da base de cálculo, a aplicação da alíquota para obter o valor do tributo e a identificação do sujeito passivo são considerados requisitos do lançamento. b) Pressupostos: são as formalidades que, malgrado não integrem a estrutura do lançamento, são imprescindíveis para a formação do ato, a exemplo de cientificação do início do procedimento fiscal, intimação para apresentação de documentos, cumprimento de normas internas de Administração Tributária que interferem no cálculo dos consectários legais do crédito, inadequação do procedimento de apuração à legislação de regência e equívoco na citação dos fundamentos legais, etc. c) Condições: são providências que dão eficácia ao ato de lançamento, que sucedem a realização do mesmo, como é o caso da notificação ao sujeito passivo. Quando a mácula situase nos requisitos do lançamento, devese fulminálo por vício material, nos casos em que a autoridade julgadora esteja convencida de que efetivamente ocorreu o fato gerador, todavia, tenha verificado a ocorrência de falha na sua descrição, no cálculo do tributo ou na identificação do sujeito passivo. Ao contrário, os vícios situados nos pressupostos e condições do lançamento pedem o seu saneamento ou a declaração de vício formal, quando a mácula não possa ser afastada. Nessas situações, o ato pode ser refeito, sem alteração nos seus aspectos substanciais, posto que a falha localizase em elemento exterior ao lançamento. Ainda sobre os requisitos do lançamento, para as situações em que as provas colacionadas e a motivação do fisco não trazem o convencimento da ocorrência do fato gerador, posto que o mesmo não restam suficientemente demonstrados pela Autoridade Fiscal, há de se declarar a improcedência do lançamento. Votemos ao caso concreto. A falha cometida pelo fisco sem dúvida não se deu nos requisitos do lançamento, posto que os fatos geradores, as bases de cálculo as alíquotas e a identificação do sujeito passivo estão apresentados com perfeição. O vício detectado situase em pressuposto do lançamento, referente ao rito procedimental observado na constituição do lançamento, que, fora de dúvida, não se confunde com os requisitos essenciais do crédito tributário. O fato do fisco, na sua narrativa, haver adotado como motivação para parte do período lançado apenas a inexistência de ato declaratório de isenção, quando deveria, nos termos do procedimento previsto na legislação vigente na data do lançamento, ter mencionado os requisitos legais que teriam sido descumpridos, não afeta o fato gerador, a base de cálculo, as alíquotas ou a identificação do sujeito passivo, tampouco impacta nos próprios requisitos necessários ao gozo da imunidade, que existem independentemente de haver um pronunciamento formal da administração quanto à existência do direito ao benefício fiscal. É certo dizer que este direito não se modifica em razão da análise ser feita mediante solicitação do sujeito passivo ou mediante procedimento de ofício. Fl. 1919DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.722298/201242 Acórdão n.º 2402004.739 S2C4T2 Fl. 1.908 25 Observese que aqui os requisitos legais para imunidade são aqueles do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991, posto que os fatos geradores ocorreram sob a égide desta legislação, e essas exigências legais não sofrem qualquer interferência em razão do momento da verificação do seu cumprimento. Se houve o cumprimento dos requisitos materiais previstos na lei o direito ao benefício existirá, quer a análise deste direito seja feita previamente por impulso do sujeito passivo, quer seja realizada em ação fiscal. No meu entender, o vício decorrente de inadequação de procedimento de fiscalização, por não se situar nos requisitos do lançamento, é de natureza formal. Nesse mesmo caminho, embora com argumentos mais convincentes, trilhou o Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, quando ao relatar o processo no qual foi exarado o Acórdão n.º 2402004.623, cuja ementa transcrevi acima, lançou as seguintes ponderações: "Sobre o vício praticado entendo ser o mesmo de natureza formal, pois o Fisco delineou uma motivação instrumental (procedimental e processual) equivocada do contexto legal, ensejando um lançamento que, conquanto identifique a infração imputada, não atende de forma adequada a determinação da sua exigência nos termos da legislação tributárioprevidenciária. De mais a mais, com a declaração de nulidade por vício formal, a situação de fato e de direito que permeia o fato gerador da contribuição previdenciária patronal não se modificará, permanecendo intangível – tanto nos registros contábeis da Recorrente como na legislação aplicável à época de sua ocorrência – os elementos (ou aspectos) que compõem tal fato gerador. Logo, não há que se falar em vício material, já que o vício apontado anteriormente não atinge os elementos substanciais desse fato gerador; em outras palavras o vício evidenciado nos autos não atinge os elementos enumerados no art. 142 do Código Tributário Nacional (CTN). Lei 5.172/1966 – Código Tributário Nacional (CTN): Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. (g.n.) Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Em respeito à regra do art. 173, inciso II, do CTN, ressalto que o Fisco deverá cientificar o sujeito passivo dessa decisão e tomar as devidas providências estampadas na regra retromencionada, que concede ao Fisco um prazo de 5 (cinco) anos, da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulada, por vício formal, o lançamento anterior, para que o crédito seja constituído por meio de lançamento substitutivo. Código Tributário Nacional (CTN) – Lei 5.172/1966: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: Fl. 1920DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 26 I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. (g.n.)" Diante do exposto, concluo que, para o período de 02 a 11/2009, os lançamentos relativos à exigência das contribuições previdenciárias e para os terceiros devem ser anulados por vício formal, facultandose ao fisco, caso conclua pela inexistência do direito à imunidade, a possibilidade de lançar as contribuições, no prazo fixado no inciso II do art. 173 do CTN. Ocorrência de descumprimento de obrigação acessória O outro requisito apresentado pelo fisco como não cumprido diz respeito ao descumprimento de obrigações acessórias por parte da entidade autuada. Afirma o fisco que a empresa houvera deixado de declarar na GFIP os pagamentos efetuados a cooperativas de trabalho e parte da remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais, estas últimas também não registradas em folha de pagamento. Esse requisito não constava do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991, todavia, era previsto na MP n. 446, nos seguintes termos: Art.28.A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: I seja constituída como pessoa jurídica nos termos do caput do art. 1o; II não percebam, seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos; III aplique suas rendas, seus recursos e eventual superávit integralmente no território nacional, na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais; IV preveja, em seus atos constitutivos, em caso de dissolução ou extinção, a destinação do eventual patrimônio remanescente a entidades sem fins lucrativos congêneres ou a entidades públicas; V não seja constituída com patrimônio individual ou de sociedade sem caráter beneficente; VIapresente certidão negativa ou certidão positiva com efeito de negativa de débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e à dívida ativa da União, certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS e de regularidade em face do Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal CADIN; VII mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, Fl. 1921DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.722298/201242 Acórdão n.º 2402004.739 S2C4T2 Fl. 1.909 27 em consonância com os princípios contábeis geralmente aceitos e as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade; VIII não distribua resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou pretexto; IX aplique as subvenções e doações recebidas nas finalidades a que estejam vinculadas; X conserve em boa ordem, pelo prazo de dez anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem como os atos ou operações realizados que venham a modificar sua situação patrimonial; XI cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária; e XII zele pelo cumprimento de outros requisitos, estabelecidos em lei, relacionados com o funcionamento das entidades a que se refere este artigo.(grifei) A Lei 12.101/2009, acima transcrita, prevê esse mesmo requisito. Assim, o descumprimento de obrigação acessória prevista na legislação da previdência é motivo para retirar o gozo da isenção para as competências 01, 12 e 13/2009, as quais se encontram dentro do período de vigência, respectivamente, da MP n. 446/2009 e da Lei n. 12.101/2009. O descumprimento da obrigação de declarar os fatos geradores na GFIP foi confessado pelo sujeito passivo, todavia, alegou que as falhas decorreram de equívoco e que teriam sido saneadas, cabendo nessa situação a aplicação da denúncia espontânea para afastar a infração. Na situação sob enfoque a infração não deve ser afastada. Primeiro porque independe da intenção do agente a responsabilidade por infrações a legislação tributária, nos termos do art. 136 do CTN. Em segundo lugar, não se está diante da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN, uma vez que as GFIP que supostamente corrigiriam as faltas foram apresentadas somente depois de concluído o procedimento fiscal. Por outro lado, os documentos juntado sequer comprovam a correção da infração. É que ao recurso foram acostados dados das GFIP relativas ao estabelecimento 0005 e as falhas apontadas ocorreram também em outros estabelecimentos como se pode ver dos Discriminativos dos Débitos Apurados. Com relação as falhas relativas às folhas de pagamento, a empresa também não comprovou o saneamento das mesmas, posto que não foram apresentados documentos hábeis a demonstrar a inclusão das remunerações que deixaram de ser registradas. De se concluir os descumprimentos de obrigação acessória apontados pelo fisco, não foram corrigidos, consistindo esse fato em desconformidade com o inciso XI do art. 28 da MP n. 446/2009 e inciso VII do art. 29 da Lei n. 12.101/2009, situação que acarreta a suspensão da isenção nas competências em que ocorreu o descumprimento de obrigação acessória. Fl. 1922DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 28 Nesse sentido, devese considerar como procedentes as contribuições lançadas nas competências nas competências 01, 12 e 13/2009, haja vista que nesse período estavam em vigor, respectivamente, a MP n. 446/2008 e a Lei n.º 12.101/2009, as quais exigiam para a manutenção da isenção o cumprimento das obrigações acessórias previstas na legislação tributária. Ressalva seja feita, todavia, às contribuições sobre as faturas emitidas pelas cooperativas de trabalho. É que devo afastar de ofício possibilidade de se tributar os valores relativos aos pagamentos feitos às cooperativas que prestaram serviços à autuada. É que em sessão plenária realizada em 23/04/2014, o STF, ao decidir sobre o RE n. 595.838, declarou por unanimidade a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei n.º 8.212/1991. AI n. 51.004.2350 Esta lavratura referese apenas às competências 05 a 11/2008 e diz respeito a erros nos campos relacionados aos segurados não informados, no campo FPAS e no campo destinado aos valores pagos a cooperativas. O entendimento prevalente no CARF é que o lançamento para aplicação de multa por descumprimento de obrigação acessória relativa à GFIP deve ter o mesmo destino daquele lavrado para exigência das contribuições relativas aos mesmos fatos gerados. É que fora de dúvida se a obrigação principal não prospera não há de se exigir a multa por descumprimento da obrigação acessória. Assim, os resultados dos julgamentos das lavraturas para cobrança das contribuições tem sido aplicados automaticamente nas demandas em que é discutida a exigência de declaração dos fatos geradores correspondentes na GFIP. Vejam esse julgado da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROCESSOS CONEXOS. O presente auto de infração diz respeito à infringência ao art. 32, inciso IV, § 5° da Lei n° 8.212/91, por ter o contribuinte apresentado Guia de Recolhimento de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e informações à Previdência Social em GFIP, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Provido o recurso especial da Fazenda Nacional, no sentido de se afastar a nulidade por vício formal apontada no processo nº 35554.005633/200626. Em virtude da existência de conexão entre os processos, igual sorte merece o presente auto de infração. Foi declarado nulo em virtude da declaração da nulidade, por vício formal, da NFLD (processo nº 35554.005633/200626) que continha os lançamentos referentes aos fatos geradores tidos como não declarados, em decorrência da conexão existente entre o presente auto de infração e a referida NFLD. Provido o recurso especial da Fazenda Nacional, no sentido de se afastar a nulidade por vício formal apontada no processo nº 35554.005633/200626. Em virtude da existência de conexão entre os processos, igual sorte merece o presente auto de infração. Nos termos em que disciplina o art. 49, § 7º do anexo II da Portaria MF nº 256/2009, que aprovou o Regimento Interno do CARF, os processos conexos, decorrentes ou reflexos serão distribuídos ao mesmo relator, independentemente de sorteio. (Acórdão 9202001.244, Rel Conselheiro Elias Sampaio Freire, 08/02/2011) Observese no caso concreto. A aplicação da multa se deu em grande parte pela declaração supostamente incorreta da condição de imune da autuada (código FPAS) na Fl. 1923DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.722298/201242 Acórdão n.º 2402004.739 S2C4T2 Fl. 1.910 29 GFIP. No processo de exigência das contribuições, ficou decidido que o fisco não teria apontado quais os requisitos que, por não terem sido cumpridos, acarretariam na perda da imunidade da recorrente, por isso o lançamento deve ser nulificado por defeito formal. Ora se o fisco não conseguiu demonstrar a perda do benefício fiscal no processo principal, o processo reflexo, ou seja, o de aplicação de multa em razão da declaração incorreta da condição de imune, também não pode prosperar, devendo também ser declarado nulo pelo mesmo motivo, qual seja a ocorrência de vício formal. Observese, todavia, que a nulidade somente alcança as infrações relativas ao período de 05 a 10/2008 (vigência do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991), posto que as infrações ocorridas, posto que no julgamento do processo n.º 10805.722297/201206 as contribuições relativas à competência 11/2008 foram consideradas procedentes. Resumindo, a multa constante do AI n. 51.004.2350 também deve ser declarada nula por vício formal, a exceção da competência 11/2008, que deve ser mantida. AI n. 51.004.2392 A falta de inclusão dos contribuintes individuais na folha de pagamento afronta o 32, I, da Lei n.º 8.212/1991. Assim não tendo a recorrente trazido aos autos qualquer prova de que inocorreu a conduta apontada pelo fisco, devese também declarar procedente esta lavratura. Conclusão Voto por conhecer do recurso e por lhe dar provimento parcial para I) anular por vício formal o AI n.º 51.004.2350, para as competências de 05 a 10/2008 e os AI n.º 51.004.2368 e n.º 51.004.2384, estes para o período de 02 a 11/2009 e II) excluir do AI n.º 51.004.2368, para as competências remanescentes, os levantamentos "CO Cooperativas de Trabalho" e "CO2 Cooperativas de Trabalho". Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 1924DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO
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Numero do processo: 10830.002779/2008-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004, 2005
MULTA QUALIFICADA. AUSÊNCIA DE DOLO. INSUBSISTÊNCIA.
Descabe a imputação da multa qualificada quando a apuração fiscal teve por base informações contidas nos registros do sujeito passivo sem a ocorrência de omissão de receita e, concomitantemente, quando os fatos apurados induzem ao benefício da dúvida quanto à erro de interpretação ou conduta fraudulenta
Numero da decisão: 1402-002.080
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para acolher a decadência em relação aos trimestres do ano-calendário de 2002 e, no mérito, reduzir a multa de ofício ao percentual de 75%.
LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005 DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (STJ Primeira Seção de Julgamento, Resp 973.733/SC, Relator Ministro Luiz Fux, julgado em 12/08/2009, DJ 18/09/2009). ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005 PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO DO BACEN.UTILIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES NO PROCESSO FISCAL. REGULARIDADE. Não há irregularidade na utilização, no procedimento fiscal, das informações referentes à definição natureza das atividades exercidas pelo sujeito passivo, fornecidas pelo Órgão que por definição legal detém em caráter exclusivo esse mister. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005 MULTA QUALIFICADA. AUSÊNCIA DE DOLO. INSUBSISTÊNCIA. Descabe a imputação da multa qualificada quando a apuração fiscal teve por base informações contidas nos registros do sujeito passivo sem a ocorrência de omissão de receita e, concomitantemente, quando os fatos apurados induzem ao benefício da dúvida quanto à erro de interpretação ou conduta fraudulenta AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 27 79 /2 00 8- 44 Fl. 479DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/02 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para acolher a decadência em relação aos trimestres do ano calendário de 2002 e, no mérito, reduzir a multa de ofício ao percentual de 75%. LEONARDO DE ANDRADE COUTO – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 480DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/02 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10830.002779/200844 Acórdão n.º 1402002.080 S1C4T2 Fl. 470 3 Relatório Por bem resumir a controvérsia, adoto o relatório da decisão recorrida que abaixo transcrevo: Trata o presente processo de Auto de Infração relativo a Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ, formalizando crédito tributário no valor total de R$ 1.464.537,26, com os acréscimos legais cabíveis até 29/02/2008, em virtude apuração incorreta do imposto, na medida em que, em autoarbitramento, o contribuinte aplicou o coeficiente de 38,4% sobre as receitas de 2002, 2003, 2004 e 2005, e não o coeficiente de 45% estipulado para as empresas que atuam como instituição financeira. No Termo de Verificação Fiscal de fls. 08/31, o fiscal autuante consignou que a empresa fiscalizada declarou não exercer atividade de intermediação de recursos financeiros e sim a atividade de fomento comercial, já que a mesma adquire os títulos emitidos pelas empresas alienantes dos veículos. Contudo, em razão de Termo de Requisição de Documentos formalizado em face da empresa em 24/01/2006, por servidores da Gerência Técnica em São Paulo do Departamento de Supervisão de Cooperativas e Instituições nãoBancárias e de Atendimento a Demandas e Reclamações — DESUC, o Serviço de Fiscalização da DRF/Campinas encaminhou solicitação ao Banco Central do Brasil, para que este informasse qual a atividade exercida pela empresa. E, em 21/11/2007, a Procuradoria Regional da República na 3' Região cientificou o fiscal autuante de Ofício do DESUC dando conta do seu ramo de atividade nos seguintes termos: A propósito, informo que a conclusão do processo de fiscalização a que foi submetida a empresa investigada (Pt. 0601357926), determinou a instauração de Processo Administrativo nesta Autarquia por atuar como instituição financeira, sem autorização do Banco Central do Brasil (art. 17, caput, c% art. 18, caput, e §1°, da Lei 4.59511964), bem como, pela mesma irregularidade, foi proposta a comunicação dos fatos ao Ministério Público (art. 16 da Lei 7.49211986), que se encontra sob análise da ProcuradoriaGeral deste Banco Central. A autoridade lançadora então, reportandose às informações retromencionadas prestadas pelo Banco Central do Brasil, no sentido de que a fiscalizada, sem autorização deste, atuou como instituição financeira no período sob ação fiscal, segregou as receitas decorrentes da atividade financeira e determinou o IRPJ não recolhido, a partir do recálculo do lucro arbitrado com a aplicação do coeficiente de 45%. Ainda, afirmou que a fiscalizada, ao deixar de declarar ou recolher o IRPJ correto devido, REITERADAMENTE E DE FORMA CONSECUTIVA, nos anos calendário 2002, 2003, 2004 e 2005 incidiu na multa qualificada tipificada no artigo 44 da Lei 9.430196. E ressaltou não se tratar de erro escusável, por se estar frente a um determinado padrão da conduta delitiva associada a atos comissivos ou omissivos praticados de maneira reiterada. Acrescentou que ao agir sem a devida autorização do Banco Central do Brasil, a empresa operou à margem do sistema financeiro e, sem a devida fiscalização do Banco Central pôde, ao longo de quatro anos, retardar/impedir o conhecimento das autoridades de sua real condição de instituição financeira, e, por conseguinte declarar a menor o IRPJ devido. E, tendo em conta que o contribuinte havia Fl. 481DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/02 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 4 contratado auditoria de empresa especializada vários meses antes do início da ação fiscal, concluiu que não seria plausível que uma empresa especializada em auditoria não tivesse "alertado" a fiscalizada do IRPJ devido nos anoscalendário em comento. Restou, assim, caracterizada a hipótese prevista no art. 71, I da Lei n° 4.502/64, materializada pela omissão de declarar ou recolher ao Fisco o IRPJ devido, nos anoscalendário de 2002 a 2005. Por fim, a Fiscalização consignou que o lançamento estava sendo formalizado dentro do prazo previsto no art. 173 do CTN, tendo em vista a incidência demonstrada de dolo, fraude ou simulação. Cientificada da exigência em 28/03/2008, a empresa autuada, por seu procurador, apresentou em 25/04/2008 a impugnação de fls. 247/263, na qual alega, em síntese, o que segue: • Assevera que exclusivamente com base em informação prestada pelo Banco Central do Brasil (item 23 do Termo de Verificação Fiscal), concluiu a fiscalização que a impugnaste exerceu atividade de intermediação de recursos financeiros e, por isso, o percentual de arbitramento aplicável seria de 45%. Daí, a nulidade do lançamento fundado apenas "em conclusão emprestada" e não definitiva. • Ressalta que tem conhecimento sobre o entendimento pacificado na esfera administrativa, que reconhece como válida a prova obtida perante outros órgãos fiscalizatórios, e acrescenta que a nulidade aqui se impõe porque a i. Autoridade Fiscal não se aprofundou no trabalho de fiscalização, optando por formalizar a exigência com base única e exclusivamente na informação prestada pelo Banco Central do Brasil. Entende que não há prova formada e destaca que não há conclusão definitiva no Órgão Fiscalizador, mas apenas uma acusação, tempestivamente impugnada pela empresa fiscalizada. Assim, somente com a apreciação da defesa, terseá o efetivo pronunciamento do Banco Central, que também não é um ato definitivo, já que sujeito a recurso administrativo. • Reportase ao conteúdo do Ofício enviado pelo Banco Central do Brasil e assevera que a fiscalização do Banco Central concluiu por suposta irregularidade e determinou a instauração de processo administrativo, no qual a Impugnante vem fazendo valor seu inalienável direito de participação na formação do ato de competência daquela Autarquia. • Portanto, inexistiria prova do fato apontado pela Fiscalização Federal como justificativa para enquadrar a atividade exercida pela empresa no rol das Instituições Financeiras, revelandose imprópria a sustentação do lançamento em tal assertiva, quando sequer o Banco Central, instituição legitimada para tal aferição, ainda não se pronunciou definitivamente sobre tal questão. • E conclui: Destarte, sendo o lançamento calcado exclusivamente em conclusão — não e prova — emprestada e inconclusa, a decretação de sua nulidade é medida de rigor. • Ainda, no suposto de que se possa admitir que o oficio expedido pelo Banco Central possui caráter conclusivo, a nulidade se imporia por ausência de motivação própria e utilização de conclusões exaradas em procedimento diverso, dado que o entendimento externado pelos Colegiados Administrativos exige que, inobstante lícita a utilização da prova emprestada, esta possui natureza indiciária e deve ser Fl. 482DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/02 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10830.002779/200844 Acórdão n.º 1402002.080 S1C4T2 Fl. 471 5 corroborada por demais elementos de convicção que façam convergir com as conclusões alcançadas pela autoridade autuante. • Admissível seria o empréstimo da prova, sem que, contudo, isso desonere o agente fiscal de extrair a sua própria conclusão do procedimento por ele realizado, para assim transformála em prova direta, apta a respaldar o lançamento. E tais elementos não constam do questionado auto de infração. • No mérito, o impugnante destaca que, dado o fato de a Autoridade Fiscal ter se baseado exclusivamente no oficio enviado pelo Banco Central, e não no exame detido da contabilidade e dos contratos firmados, acabouse por averbar, apressadamente, o indicativo recebido do Banco Central. E aduz exercer atividades de fomento mercantil, realizando operações de compra de direitos de crédito, tal como disciplina o Código Civil Brasileiro em seus artigos 286 a 298, atividade que não depende de autorização do Banco Central do Brasil. • Descreve as operações que realiza e a origem da receita auferida, enfatizando que a caracterização como instituição financeira exige prova de que a interveniente faça captação e aplicação de recursos de terceiros, ao passo que em suas atividades utilizase de recursos próprios, aspecto não questionado pelo Fisco. 4• Na seqüência, opõese à aplicação da multa qualificada haja vista que a infração imputada em nada se subsume ao evidente intuito defraude, na medida em que este é inconciliável com a controvérsia acerca da atividade desenvolvida pelo sujeito passivo. Em suas palavras: Não encontra amparo a pretensão fiscal de imputar à Contribuinte a pecha de sonegadora, quando de fato a diferença entre as alíquotas aplicáveis decorre do litígio na conceituação jurídica da atividade preponderante exercida pela Defendente! E o alegado recolhimento a menor, Senhores Julgadores, tem sua punição: a multa de oficio no percentual de 75%. • Ressalta que é ônus do Fisco demonstrar a ocorrência das hipóteses que justificam a multa agravada, conforme ementas de acórdãos de diversas Câmaras do Conselho de Contribuintes, que exigem comprovação inequívoca do evidente intuito de fraude. Menciona que a imposição da multa agravada reclama prova d ireta do fato, e destaca que no toar da jurisprudência uníssona no Conselho de Contribuintes, a inexatidão da declaração, por si só, não justifica a aplicação da multa qualificada. • Entende que o percentual agravado pune o administrado justamente por este ter "deixado" que a administração tributária tomasse, via lançamento de oficio, as providências que lhe cabia, ou seja, a aferição, declaração e recolhimento do tributo sujeito a posterior homologação, e no presente caso o lançamento é suplementar, dado que as receitas declaradas e contabilizadas foram informadas pela empresa fiscalizada, e admitidas na íntegra pela Fiscalização, circunscrevendose a autuação à diferença de alíquota adotada. • Cita acórdão da Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, que rechaça a exasperação da multa em casos em que o lançamento se dê exatamente com base nos dados apresentados pelo próprio contribuinte durante o procedimento fiscal. Fl. 483DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/02 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 6 • E, demonstrada a impropriedade da aplicação da multa qualificada, • requer a extinção de parte do lançamento, uma vez que efetuado quando decorrido o prazo decadencial. Defende que o lançamento do IRPJ é regido pelo § 0 do art. 150 do CTN, e assim o prazo decadencial tem como termo inicial a data de ocorrência do fato gerador da obrigação tributária respectiva, o que evidencia o esforço da aludida Autoridade para caracterizar o intuito defraude nas atividades do contribuinte e, assim, deslocar a contagem do prazo decadencial para as regras previstas no art. 173, do CTN. • Inexistindo, portanto, motivo que desloque a contagem para o art. 173, I do CTN, entende que deve ser reconhecida a decadência dos créditos tributários relativos ao anocalendário 2002 e ao primeiro trimestre do anocalendário de 2003. • Opõese, por fim, à aplicação da taxa SELIC sobre a multa de ofício. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas prolatou o Acórdão 0522.280 considerando o lançamento integralmente procedente e negando provimento à impugnação. A decisão consubstanciouse na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005 INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. CARACTERIZAÇÃO. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO PRÓPRIA, DE CONCLUSÃO EMPRESTADA E NÃO DEFINITIVA. Regular é o procedimento fundado em fatos constatados pela autoridade fiscal e confirmados pelo Banco Central do Brasil, no exercício da sua competência de controle de operações de crédito, devendo o lançamento subsistir enquanto inexistir fato novo que enseje a sua revisão. LUCRO ARBITRADO. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. O lucro arbitrado decorrente de • receitas auferidas por instituição financeira é determinado mediante a aplicação do coeficiente de 45%. DESCARACTERIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES. FOMENTO MERCANTIL. Não compete ao julgamento administrativo, no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, manifestarse quanto à caracterização do contribuinte como instituição financeira, se tal fato foi firmado pelo Banco Central do Brasil. MULTA DE OFÍCIO. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. Provada a fraude, consistente na declaração sistemática e reiterada de valores de IRPJ menores que os verdadeiros, aplicável é a penalidade no percentual de 150%. DECADÊNCIA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Na hipótese de evidente intuito de fraude, a contagem do prazo de decadência do direito de a Fazenda Nacional formalizar a exigência tributária é regida pelo disposto no art. 173 do CTN. Fl. 484DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/02 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10830.002779/200844 Acórdão n.º 1402002.080 S1C4T2 Fl. 472 7 INTERRUPÇÃO. MEDIDA PREPARATÓRIA.Presente notificação preparatória do lançamento ulterior, hábil a interromper a fluência do prazo decadencial, válido é o lançamento formalizado antes do decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado a partir daquele ato. Devidamente cientificado, o sujeito passivo apresentou recurso voluntário a este colegiado ratificando as razões expedidas na peça impugnatória. É o Relatório. Fl. 485DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/02 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 8 Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto O recurso é tempestivo e foi interposto por signatário devidamente legitimado, motivo pelo qual dele conheço. A primeira questão a ser apreciada é a possibilidade de a Fiscalização da Receita Federal do Brasil formalizar auto de infração com base em informações obtidas a partir de procedimento fiscalizatório de competência do Banco Central do Brasil (Bacen). De imediato, admitese que assiste razão à recorrente quando afirma que o Fisco não realizou apuração própria. Fato é que o entendimento da autoridade lançadora no sentido de que a autuada exercia atividade financeira no período sob exame teve por base exclusivamente as conclusões do procedimento administrativo conduzido pelo Bacen. Tal circunstância fica ainda mais nítida no exame do procedimento fiscal de apuração do IOF para o mesmo sujeito passivo (referente aos anoscalendário 2002 e 2003) formalizado nos autos do processo 10830.010132/200713, com ciência à interessada em 26/11/2007, apenas três meses antes da formalização do presente lançamento. No Termo de Verificação contido no bojo daquele processo a autoridade lançadora – a mesma que lavrou a presente exigência – afirma que a fiscalizada exercia atividade de factoring: [...] 26 Assim, tendo em vista que a fiscalizada exercia a atividade de fomento mercantil (factoring) nos anoscalendário 2002 e 2003 e, conforme legislação de regência, a mesma deveria obrigatoriamente ter apurado, cobrado na operação de desconto, declarado e recolhido os valores devidos do IOF, fato esse, que não ocorreu. [...] Ainda assim, pelas circunstâncias fáticas não vislumbro irregularidade formal no procedimento fiscal sobre exame. Em primeiro lugar porque, seja como factoring ou como instituição financeira, o IOF seria devido da mesma forma sobre as operações por ela realizadas. Além disso, o Bacem manifestouse dentro de sua competência numa matéria que não exigiria procedimento complementar ao Fisco Federal para que fosse corroborada. Penso que a decisão recorrida bem enfrentou a questão. O voto condutor diferencia situações envolvendo procedimentos fiscalizatórios realizados por outro ente tributante, quando as infrações detectadas seriam meros indícios sujeitos a procedimento próprio da RFB para corroborálas, de casos como o presente onde estáse diante de análise efetuada por instituição que tem a competência de não apenas controlar mas, principalmente, identificar as operações de crédito em todos os aspectos. Sob esse prisma, ainda nos termos da decisão recorrida, se o Bacen entendeu que a interessada exerce a atividade de captação e aplicação de recursos de terceiros – e não fomento mercantil com recursos próprios como suscitado pela defesa – enquadrandose como Fl. 486DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/02 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10830.002779/200844 Acórdão n.º 1402002.080 S1C4T2 Fl. 473 9 instituição financeira, não caberia ao Fisco Federal ou à autoridade julgadora contestar tal entendimento. Em conclusão, sustenta o acórdão hostilizado que nas situações onde o Banco Central do Brasil exerce suas atribuições legais, o foro para eventual desconstituição das infrações imputadas à empresa fiscalizada é o contencioso administrativo que lhe é oferecido no âmbito do próprio Banco Central do Brasil, ou mesmo a via judicial. Quanto a essa última colocação, dois fatos merecem destaque. O primeiro deles é que ao contrário do suscitado pela defesa, o entendimento do Bacen quanto à natureza das atividades da interessada já havia se consolidado quando do presente lançamento. A recorrente foi intimada a apresentar defesa prévia em razão da prática de operações típicas e privativas de instituições financeiras. Os argumentos de defesa não foram aceitos o que implicou na imputação da multa regulamentar, ou seja, a aplicação da penalidade derivou do posicionamento já adotado pelo Bacen. O que estava ainda sob julgamento era justamente o procedimento de imputação da multa. O segundo fato consiste justamente no julgamento da cobrança da multa. Em consulta aos autos do processo BCB 0601359691 no sítio do Bacen constatase que o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional prolatou o Acórdão CRSFN/1177/13 em sessão realizada em 26/11/2013. A ementa do Acórdão é cristalina quanto às atividades exercidas pela interessada: RECORRENTE(S):‐EDIMOM LTDA.‐ RECORRIDO:‐BANCO CENTRAL DO BRASIL‐ EMENTA: RECURSO(S) VOLUNTÁRIO(S– Realização de operações privativas de instituição financeira (concessão de crédito a terceiros com fim lucrativo) sem prévia autorização do Banco Central do Brasil – Habitualidade – Não configuração de fomento mercantil Irregularidade caracterizada – Apelo a que se nega provimento. Vêse, portanto, que o posicionamento do Fisco está em perfeita consonância com o entendimento do Órgão responsável pela tipificação das atividades exercidas pelas instituições financeiras e assemelhadas. Ainda com base na decisão supra tornase inócuo qualquer argumento de defesa no sentido de que a instituição exerce atividade de fomento mercantil. No que se refere à multa qualificada, pareceme que assiste razão à demandante. Sob esse tema, é digno de realce que a autuação não envolveu qualquer omissão de receita e foi formalizada com base em informações disponíveis na escrituração do sujeito passivo. Não menos importante é o fato de que o valor tributável consistiu na diferença entre a aplicação sobre a base tributável do percentual para atividade de fomento mercantil (como entendido pelo sujeito passivo) e para as demais instituições financeiras (como entendido pelo Fisco) . Fl. 487DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/02 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 10 Em outras palavras, no entendimento da autoridade lançadora, a entrega das Declarações e a apuração do imposto com base no exercício da atividade de fomento mercantil representaria conduta fraudulenta. Pois bem. Nesse ponto ratifico o exposto em momento anterior deste voto no sentido de que o Termo de Verificação concernente à exigência do IOF, lavrado pela mesma autoridade lançadora responsável pelo presente lançamento, afirma que a interessada exercia atividade de factoring. Com um detalhe: Esse termo foi lavrado apenas três meses antes da conclusão do procedimento aqui sob exame. Ainda que tenha questionado a fiscalizada por diversas vezes durante o procedimento fiscal, apenas quando cientificado das conclusões do Bacen a autoridade lançadora mudou o enfoque e tratou formalmente a interessada como instituição financeira atuando sem autorização da autoridade do Órgão responsável. Ora, se o sujeito passivo recebe um documento formal da RFB atestando o exercício da atividade por ele defendido, penso que ao menos criouse o benefício da dúvida de que tal entendimento pudesse prevalecer no âmbito da administração tributária federal. O equívoco da interessada está sendo devidamente suprido com a autuação e a multa de ofício. Mas não vejo demonstrado o dolo quando a própria autoridade fiscal pode ter contribuído com a decisão da recorrente de adotar os percentuais não acatados neste procedimento. Pelo exposto,voto por reduzir a multa ao percentual de 75%. Excluída a qualificação da multa, passase à análise da decadência. Como regra geral o prazo decadencial foi definido no artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (.....) Por outro lado, dentre as modalidades de lançamento definidas pelo CTN, o art. 150 trata do lançamento por homologação. Nesse caso, o § 4º do dispositivo estabeleceu regra específica para a decadência: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (......) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto Fl. 488DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/02 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10830.002779/200844 Acórdão n.º 1402002.080 S1C4T2 Fl. 474 11 o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação Hodiernamente, a grande maioria dos tributos submetese ao lançamento por homologação. Assim, circunstancialmente, aquilo que representava uma regra específica tornouse norma geral para efeitos de contagem do prazo decadencial. Sob essa ótica, na inexistência de dolo fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial para os impostos e contribuições sujeitos ao lançamento por homologação deve ocorrer sob as regras do parágrafo 4º, do art. 150, do CTN, implicando em considerar como termo inicial de contagem do prazo a data do fato gerador. Entretanto, não se pode ignorar que o STJ consolidou entendimento em caráter definitivo (art. 543C, do CPC) no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, a questão do pagamento é relevante para definição do prazo (Resp 973733/SC, 1ª Seção, Dje 18/09/2009, Ministro Luiz Fux): PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). Fl. 489DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/02 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 12 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Vêse pela transcrição acima que a Corte submeteu a decisão ao art. 543C do Código de Processo Civil o que significa darlhe efeito repetitivo. Assim, qualquer recurso sobre essa matéria será decidido da mesma forma. Através das DCTFs acostadas aos autos constatase a existência de pagamentos parciais do IRPJ em todo os trimestres de 2002 e 2003. Assim, a análise da decadência terá como base o § 4º, do art. 150, do CTN. No presente caso, a ciência da autuação ocorreu em 28/03/2008. Com termo final de caducidade em 31/03/2007, 30/06/2007, 30/10/2007 e 31/12/2007; respectivamente, foram atingidos pela decadência todos os trimestres do ano calendário de 2002. O primeiro trimestre de 2003 (termo final em 31/03/2008) e, por óbvio, os posteriores a ele restam incólumes quanto a essa prejudicial. Em resumo do voto, dou provimento parcial ao recurso nos seguintes termos: Acolher a decadência para os fatos geradores correspondentes ao 1º, 2º, 3º e 4º trimestres de 2002; e: Reduzir a multa ao percentual de 75%. Leonardo de Andrade Couto Relator Fl. 490DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/02 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10830.002779/200844 Acórdão n.º 1402002.080 S1C4T2 Fl. 475 13 Fl. 491DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/02 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 13982.000875/2005-60
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Dec 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Feb 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/02/2001 a 31/07/2004
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA DE MORA. INCABÍVEL. ART. 138 do CTN.
A denúncia espontânea da infração acompanhada do pagamento do tributo acrescido dos juros moratórios, antes do início do procedimento de fiscalização, afasta a aplicação de multa, inclusive a de mora. Precedentes jurisprudenciais.
Recurso Especial da Contribuinte Provido.
Numero da decisão: 9303-003.365
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial.
Carlos Alberto Barreto - Presidente
Maria Teresa Martínez López - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Valcir Gassen, Joel Miyazaki, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ
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E TRANSPORTE DE MADEIRAS LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/02/2001 a 31/07/2004 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA DE MORA. INCABÍVEL. ART. 138 do CTN. A denúncia espontânea da infração acompanhada do pagamento do tributo acrescido dos juros moratórios, antes do início do procedimento de fiscalização, afasta a aplicação de multa, inclusive a de mora. Precedentes jurisprudenciais. Recurso Especial da Contribuinte Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial. Carlos Alberto Barreto Presidente Maria Teresa Martínez López Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Valcir Gassen, Joel Miyazaki, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 2. 00 08 75 /2 00 5- 60 Fl. 729DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13982.000875/200560 Acórdão n.º 9303003.365 CSRFT3 Fl. 730 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência tempestivo, interposto pela contribuinte ao amparo do art. 72, II, do antigo Regimento Interno da CSRF, em face do Acórdão nº. 20218.737, por meio do qual deuse provimento parcial ao recurso voluntário. A ementa dessa decisão, na parte objeto de recurso, está assim redigida: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/02/2001 a 31/07/2004 Ementa: PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADES. Não é nulo o auto de infração originado de procedimento fiscal que não violou as disposições contidas no art. 142 do CTN, nem as do art. 10 do Decreto nº. 70.235/72. NORMAS PROCESSUAIS. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138 DO CTN. Entre as penalidades excluídas pela denúncia espontânea não se inclui a multa moratória, não apenas porque inadimplemento não é infração tributária, mas também em razão da interpretação sistemática do Código Tributário Nacional que, a par de prever o instituto da denúncia espontânea em seu art. 138, determina, em seu art. 161, a imposição de penalidades cabíveis para as hipóteses de crédito tributário não integralmente pago no vencimento. RECOLHIMENTO APÓS 0 PRAZO DE VENCIMENTO, SEM INCLUSÃO DA MULTA DE MORA. IMPUTAÇÃO AOS VALORES DEVIDOS. EXIGÊNCIA DA DIFERENÇA NÃO PAGA COM MULTA DE OFÍCIO. A imputação de pagamentos é a única forma de amortização proporcional de débitos admitida pelo Código Tributário Nacional (art. 163, c/c o art. 167). (...) MULTA DE OFÍCIO DECORRENTE DA IMPUTAÇÃO DE PAGAMENTO. PERCENTUAL CABÍVEL. Sobre a parte do crédito tributário decorrente da imputação de pagamentos a multa exigida deve ser de 75%. A controvérsia suscitada cingese à questão da exigibilidade da multa de mora quando do recolhimento espontâneo de tributo após vencimento legal da obrigação. Como paradigmas da divergência, reportase a recorrente aos Acórdãos nºs. 10421.264 e 10420.653, cujas comprovações foram feitas às fls. 656 e seguintes. Fl. 730DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13982.000875/200560 Acórdão n.º 9303003.365 CSRFT3 Fl. 731 3 Por meio do Despacho nº 34001321, sob o entendimento de terem sido observados os requisitos legais, o recurso foi admitido. Nas contrarrazões apresentadas, a D. Procuradoria da Fazenda Nacional pede para que seja negado provimento ao recurso especial da contribuinte. Alega que “a toda evidência, a norma do art. 138 do CTN não exonera o contribuinte do pagamento da multa de mora nos casos de pagamento do tributo fora do seu prazo de vencimento.” É o relatório. Voto Conselheira Maria Teresa Martínez López, Relatora ADMISSIBILIDADE Do exame dos Acórdãos confrontados, verificase que restou efetivamente comprovada e demonstrada a divergência quanto à questão da exigibilidade da multa de mora nos casos de denúncia espontânea. Isto porque, enquanto no acórdão recorrido o Colegiado entendeu cabível a exigência daquele consectário legal, nos paradigmas colacionados, em situações fáticas semelhantes, entendeuse que nos casos de denúncia espontânea não é cabível a exigência da multa de mora. Presentes os pressupostos legais para admissibilidade do recurso, dele tomo conhecimento. DENÚNCIA ESPONTÂNEA MULTA A controvérsia suscitada cingese à questão da exigibilidade da multa de mora quando do recolhimento espontâneo de tributo após vencimento legal da obrigação. Tratase de auto de infração, cuja motivação deuse à constatação de "notas fiscais calçadas", ou seja, notas fiscais cujos valores lançados no seu livro razão não correspondem à totalidade do valor destacado nas notas fiscais disponibilizadas pelas empresas compradoras. Foi elaborado demonstrativo que relaciona as notas fiscais em que se observou tais acontecimentos. Ocorre que anteriormente a qualquer medida de fiscalização, a empresa havia efetuado alguns pagamentos espontâneos acompanhado de juros, justamente aos fatos narrados no Termo de Verificação. Os referidos pagamentos foram reconhecidos pela autoridade fiscal, que, todavia afastou os efeitos da denúncia espontânea (art. 138 do CTN), efetuando o cálculo do tributo com lançamento de multa equivalente a 150%, e lançando a diferença entre os valores recolhidos e os valores levantados já com a incidência da multa. A então Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, deu apenas parcial provimento ao recurso, reduzindo a multa de oficio, de 150 % para 75%, relativamente à parte do crédito tributário decorrente da imputação de pagamento (valores pagos anteriormente à fiscalização). Fl. 731DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13982.000875/200560 Acórdão n.º 9303003.365 CSRFT3 Fl. 732 4 Consta do voto da decisão recorrida no que diz respeito à denúncia espontânea: 2 – Da preliminar de nulidade do lançamento decorrente do pagamento fora do prazo sem a inclusão da multa de mora – imputação de pagamento Alega a recorrente que o auto de infração deve ser anulado porque nele são exigidos valores que já foram pagos espontaneamente. Não há qualquer questionamento em relação aos valores do imposto nãolançado e tampouco contestação dos fatos narrados, de que haveria discrepâncias entre os valores consignados nas notas fiscais de vendas destinadas aos seus clientes e os valores escriturados em sua escrita fiscal. Sendo assim, a questão aqui se resume a avaliar se os recolhimentos efetuados pela empresa foram suficientes para quitar os débitos relativos aos períodos de apuração pretendidos (indicados no Darf). O AuditorFiscal reconheceu e admitiu todos os recolhimentos espontâneos, excluindoos do lançamento. Entretanto, os valores excluídos foram os decorrentes do procedimento conhecido como de imputação de pagamentos e não os valores originários constantes dos Darfs. Na imputação de pagamentos, constante do demonstrativo de fls. 129/149, não se questiona a espontaneidade dos recolhimentos mas sim o fato de que eles, por não incluir a multa de mora, não foram suficientes para quitar integralmente os respectivos débitos. A recorrente, centrada no art. 138 do CTN, entende que a denúncia espontânea da infração, acompanhada do pagamento do tributo, exclui a aplicação da multa de mora. Entretanto, as penalidades excluídas pela denúncia espontânea são aquelas referidas no art. 137 do CTN, não se inserindo entre elas a multa de mora, como já concluiu este Colegiado no julgamento do Recurso nº 128.820, do qual adoto, e abaixo transcrevo, o seguinte trecho do voto vencedor, proferido pelo ilustre Conselheiro Marcelo Marcondes MeyerKozlowski: (...) Definida a questão do cabimento da multa de mora nos pagamentos espontâneos efetuados fora do prazo pela empresa, é certo que eles não foram capazes de extinguir a integralidade dos débitos que se pretendeu quitar. Para determinar o quantum quitado de cada débito, a fiscalização, como já se disse, realizou a imputação de pagamentos, objeto do demonstrativo de fls. 129/149. Na imputação de pagamentos, apurase, primeiramente, o valor devido com todos,os acréscimos legais, inclusive a multa de mora. Depois disto, por meio de uma regra de três simples, em que o total devido corresponde a 100% e o valor pago corresponde ao percentual visado, apurase o Percentual de Fl. 732DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13982.000875/200560 Acórdão n.º 9303003.365 CSRFT3 Fl. 733 5 quitação do débito. Multiplicandose o percentual assim obtido pelo valor original do débito, obtémse a parcela do valor original quitada com o pagamento em foco. Por último, excluindose a parcela assim encontrada do valor original do débito, encontraSe a parte que restou em aberto. Todo este procedimento recebe o nome de imputação de pagamentos ou método de amortização proporcional de débitos e se fundamenta no art. 163, c/c art. 167, do CTN. (...) Portanto, agiu acertadamente a fiscalização, ao efetuar a imputação proporcional dos recolhimentos espontâneos da contribuinte, realizados sem a multa de mora, aos valores devidos na data de cada pagamento, exigindo no auto de infração as diferenças não pagas. Se o lançamento, nos moldes em que foi efetuado, é perfeitamente legal e não se questiona a exatidão dos valores exigidos, há de ser rejeitada a preliminar de nulidade do lançamento dessas quantias, em face da existência de denúncia espontânea. (...) Não se contesta, nos autos, a ocorrência da infração imputada pelo Fisco. Entende a autuada que não cabe o agravamento da multa porque os débitos foram confessados antes do procedimento de oficio, quando efetuou' os pagamentos espontâneos. De fato, se a contribuinte denunciou espontaneamente a infração mediante o recolhimento do que entendia ser devido (principal e juros de mora), não se pode qualificar a multa de oficio, porque a confissão da infração aliada ao pagamento do tributo ilide a aplicação deste tipo de penalidade, a teor do disposto no art. 138 do CTN. No entanto, a denúncia espontânea afasta a ,incidência da multa de oficio mas não a da multa de mora. Sendo assim, os pagamentos efetuados pela empresa não foram suficientes para quitar os respectivos débitos, restando em aberto as parcelas resultantes da imputação realizada pela fiscalização. Sobre estas parcelas em aberto, se quitadas espontaneamente e antes do inicio do procedimento fiscal, incidiria a multa de mora. Como este pagamento não foi efetuado, cabível o lançamento de oficio para exigir tais parcelas. E neste tipo de lançamento, a multa a ser aplicada é de 75%, se a infração decorrer de simples inadimplência, e de 150% nos casos em que a falta de pagamento decorrer de qualquer das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº. 4.502/64. Portanto, no caso em que as parcelas exigidas decorrem da imputação de pagamentos, que se caracteriza com simples inadimplência, deve a multa lançada ser reduzida para 75%. Fl. 733DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13982.000875/200560 Acórdão n.º 9303003.365 CSRFT3 Fl. 734 6 As demais parcelas, não confessadas espontaneamente pela empresa, devem ser exigidas com a multa qualificada de 150%, uma vez que decorrem da utilização do artifício conhecido como notas calçadas, ou seja, a declaração de valores diferentes nas diversas vias de cada nota fiscal de venda. As parcelas sobre as quais mantémse a multa qualificada estão discriminadas no quadro abaixo: (...) MINHAS CONSIDERAÇÕES: Quanto à espontaneidade dos pagamentos, assim dispõe o artigo 138 do Código Tributário Nacional: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração” A jurisprudência de nossos tribunais já assentou em reiteradas oportunidades que o Código Tributário Nacional não distingue entre multa moratória e multa punitiva, de modo que na denúncia espontânea nenhuma delas pode ser exigida da contribuinte, mas apenas correção monetária e juros de mora. Neste sentido, o próprio Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento do RE n° 106.068SP (relator, o Ministro Rafael Mayer), assim decidiu: “ISS. INFRAÇÃO. MORADENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA . EXONERAÇÃO . ART. 138 DO CTN. O contribuinte do ISS, que denuncia espontaneamente, ao Fisco, o seu débito em atraso, recolhendo o montante devido, com juros de mora e correção monetária, está exonerado da multa moratória, nos termos do art. 138 do CTN. Recurso extraordinário não conhecido” – (RTJ 115/453). Também o STJ, em reiterados julgados, manteve este entendimento, como se verifica exemplificativamente através do teor da ementa do acórdão proferido nos autos do RESP n° 16.672SP, cujo relator foi o Ministro Ari Pargendler: “TRIBUTÁRIO – ICM – DENÚNCIA ESPONTÂNEA – INEXIGIBILIDADE DA MULTA DE MORA. O Código Tributário Nacional não distingue entre multa punitiva e multa simplesmente moratória, no respectivo sistema, a multa moratória constitui penalidade resultante de infração legal, sendo inexigível no caso de denúncia espontânea, por força do Fl. 734DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13982.000875/200560 Acórdão n.º 9303003.365 CSRFT3 Fl. 735 7 art. 138 Recurso especial conhecido e provido.” Acórdão RESP 169877/SP (98/00239561) DJ 24.08.98 – PG 064 Em face da jurisprudência de nossos Tribunais, foi editada a Súmula nº 360 ,do Superior Tribunal de Justiça, publicada em 08/09/2008, assim enunciada: O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. Vale dizer que apenas (pagamento) após a informação em declaração (DCTF) não mais se aplica a espontaneidade do art. 138 do CTN. O Superior Tribunal de Justiça já se posicionou, em sede de procedimento repetitivo, conforme art. 543C do CPC, no sentido do descabimento da exigência da multa nos casos de denúncia espontânea (Resp nº 1.149.022SP – DJE 09/06/10). No caso dos autos, extraise as seguintes informações: fl. 36 D – relação de pagamentos efetuados em 27/06/2005 reconhecidos pela DRF em Joaçaba; fls 97 a 130 D – DARF – pagamentos efetuados sem a multa, mas com juros de mora; início da fiscalização: 03/11/2005 (fl. 32D); DCTF retificadoras: ver fl. 84 D e seguintes. Foram juntadas pela fiscalização, sem a data da transmissão. Pelos fatos constantes no processo, (*) supostamente comprovam o requisito da espontaneidade, quais sejam, ser anterior ao início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração e não declarado por ocasião do seu recolhimento. (*) No entanto, a conferência da documentação deve ficar a encargo final da própria Delegacia da Receita Federal, principalmente no que diz respeito às DCTFs. CONCLUSÃO: Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso especial interposto pela contribuinte, de forma a permitir a exclusão da multa de ofício apenas sobre os pagamentos ocorridos antes da prática de qualquer ato de fiscalização por parte da Receita Federal do Brasil, e que tenham sido declarados ou não (DCTF) somente após o pagamento. Maria Teresa Martínez López Fl. 735DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13982.000875/200560 Acórdão n.º 9303003.365 CSRFT3 Fl. 736 8 Fl. 736DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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