Busca Facetada
Turma- Primeira Turma Ordinária (2,467)
- Segunda Turma Ordinária d (2,136)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (2,029)
- Primeira Turma Ordinária (2,020)
- Segunda Turma Ordinária d (1,975)
- Primeira Turma Ordinária (1,897)
- Primeira Turma Ordinária (1,392)
- Segunda Turma Extraordiná (1,311)
- Segunda Turma Ordinária d (1,213)
- Primeira Turma Ordinária (1,059)
- Segunda Turma Ordinária d (1,050)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (1,026)
- Primeira Turma Ordinária (990)
- Terceira Turma Extraordin (983)
- Primeira Turma Ordinária (974)
- Quarta Câmara (8,552)
- Terceira Câmara (6,740)
- Segunda Câmara (5,118)
- 3ª SEÇÃO (2,029)
- 2ª SEÇÃO (1,026)
- 1ª SEÇÃO (665)
- Pleno (2)
- Terceira Seção De Julgame (12,313)
- Segunda Seção de Julgamen (7,770)
- Primeira Seção de Julgame (6,524)
- Câmara Superior de Recurs (3,722)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (1,542)
- ROSALDO TREVISAN (1,206)
- WALDIR NAVARRO BEZERRA (1,191)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (1,098)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (1,040)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (916)
- MIRIAM DENISE XAVIER (420)
- LUIZ TADEU MATOSINHO MACH (410)
- THIAGO DUCA AMONI (385)
- MONICA RENATA MELLO FERRE (326)
- FERNANDA MELO LEAL (307)
- VIRGILIO CANSINO GIL (303)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (297)
- LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GON (279)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (278)
- 2019 (25,839)
- 2018 (4,420)
- 2013 (51)
- 2017 (50)
- 2016 (44)
- 2014 (31)
- 2012 (17)
- 2015 (9)
- 2009 (2)
- 2011 (1)
- 2019 (30,464)
- os (30,448)
- presidente (30,429)
- e (30,427)
- do (30,425)
- de (30,421)
- membros (30,407)
- participaram (30,403)
- conselheiros (30,297)
- colegiado (30,288)
- por (30,191)
- julgamento (29,992)
- assinado (29,435)
- digitalmente (29,354)
- votos (28,843)
- recurso (27,392)
Numero do processo: 23034.030734/2004-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2000 a 30/06/2002
CONTRIBUIÇÕES PARA TERCEIROS. FNDE. SALÁRIO-EDUCAÇÃO. FALTA DE RECOLHIMENTO. OBRIGATORIEDADE. LANÇAMENTO. NOTIFICAÇÃO DE RECOLHIMENTO DE DÉBITO. PROCEDÊNCIA.
É procedente o lançamento consignado em Notificação de Recolhimento de Débito por falta de recolhimento de Salário-Educação, quando o contribuinte, devidamente cientificado, não apresenta conjunto probatório suficiente a elidir a exação.
Numero da decisão: 2402-006.840
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201812
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/2000 a 30/06/2002 CONTRIBUIÇÕES PARA TERCEIROS. FNDE. SALÁRIO-EDUCAÇÃO. FALTA DE RECOLHIMENTO. OBRIGATORIEDADE. LANÇAMENTO. NOTIFICAÇÃO DE RECOLHIMENTO DE DÉBITO. PROCEDÊNCIA. É procedente o lançamento consignado em Notificação de Recolhimento de Débito por falta de recolhimento de Salário-Educação, quando o contribuinte, devidamente cientificado, não apresenta conjunto probatório suficiente a elidir a exação.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 23034.030734/2004-63
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944444
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2402-006.840
nome_arquivo_s : Decisao_23034030734200463.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
nome_arquivo_pdf_s : 23034030734200463_5944444.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
dt_sessao_tdt : Thu Dec 06 00:00:00 UTC 2018
id : 7560174
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051144543010816
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1530; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 104 1 103 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 23034.030734/200463 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402006.840 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 06 de dezembro de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. SALÁRIO EDUCAÇÃO. FNDE Recorrente BRASIL TELECOM S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2000 a 30/06/2002 CONTRIBUIÇÕES PARA TERCEIROS. FNDE. SALÁRIOEDUCAÇÃO. FALTA DE RECOLHIMENTO. OBRIGATORIEDADE. LANÇAMENTO. NOTIFICAÇÃO DE RECOLHIMENTO DE DÉBITO. PROCEDÊNCIA. É procedente o lançamento consignado em Notificação de Recolhimento de Débito por falta de recolhimento de SalárioEducação, quando o contribuinte, devidamente cientificado, não apresenta conjunto probatório suficiente a elidir a exação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 23 03 4. 03 07 34 /2 00 4- 63 Fl. 104DF CARF MF Processo nº 23034.030734/200463 Acórdão n.º 2402006.840 S2C4T2 Fl. 105 2 Cuida o presente de Recurso Voluntário em face da Decisão proferida pelo Presidente do FNDE (fls.46), ancorada na Informação nº 3015/2004 DIADE/CGEOF/DIFIN/FNDE/MEC de fls. 45. Referida Decisão de Deferimento Parcial referiuse à Defesa do sujeito passivo, que por sua vez, insurgiuse contra a Notificação para Recolhimento de Débito NRD, cuja ciência foi dada ao recorrente em 05.08.2004 (fls. 24). Naquela NRD, consoante se extraí da Informação citada acima, cobrouse débitos das competências de 07/2000, 08/2000, 04/2001, 06/2001 e 06/2002, no importe principal de R$ 2.646,00, relacionados ao CNPJ 76.535.764/003076, em função de deduções tidas por indevidas quando dos recolhimentos do Salário Educação pela empresa. Tais deduções indevidas foram apuradas após avaliações realizadas nas informações constantes no "Sistema de Manutenção do Ensino fundamental SME", decorrentes da divergência entre o valor das deduções e aquele correspondente ao número de alunos indenizados informado pela própria empresa àquele órgão por meio do programa "Relação de Alunos Indenizados RAI". Em sua Defesa de fls. 22, a recorrente alegou que as deduções nos meses de 07 e 08 de 2000 e 04/2001 seriam, em verdade, compensações referentes ao 2º semestre de 1999 e 1º e 2º semestres de 2000. No julgamento da Defesa, a autoridade competente admitiu, após a transmissão, pela empresa, dos arquivos digitais, a correção das deduções no tocante à parte das competências que constaram naquela NRD, mantendo, entretanto, os débitos das competências de 04 e 06 de 2001. Já em seu Recurso Voluntário de fls. 50, a recorrente insiste na alegação de que os valores em aberto naquelas duas competências remanescentes seriam compensações dos meses de 06, 07 e 08 de 2000. É o relatório. Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator A recorrente tomou ciência da decisão recorrida em 31.01.2005, consoante se nota de fls. 48. Vejase: Fl. 105DF CARF MF Processo nº 23034.030734/200463 Acórdão n.º 2402006.840 S2C4T2 Fl. 106 3 O recurso apresentado às fls. 50, sob o protocolo 37923/056, em que pese não trazer a data de seu protocolo, teria sido datado em 01.03.2005. Assim sendo, em homenagem aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, essa será a data aqui utilizada, no mesmo sentido em que caminhou a informação de fls.102. Com efeito, observados os demais requisitos de admissibilidade, dele passo a conhecer. Quanto ao mérito, insiste a recorrente na compensação daquelas duas competências remanescentes. Por outro lado, a decisão de piso foi incisiva ao assentar que a manutenção das glosas deveuse à ausência parcial de informações perante o Programa RAI, confirase: Fl. 106DF CARF MF Processo nº 23034.030734/200463 Acórdão n.º 2402006.840 S2C4T2 Fl. 107 4 A rigor, as compensações decorrem do excesso de deduções eventualmente não utilizadas nos recolhimentos de períodos anteriores. Em outras palavras, o valor a ser recolhido não teria sido reduzido em função das deduções a que supostamente teria direito. Nesse sentido, os valores relativos a deduções, ainda que de períodos anteriores, devem ser auditados a partir das informações que oportunamente povoaram o Sistema de Manutenção do ensino Fundamental SME, o que, consoante se extrai da decisão recorrida, não foi feito. Notese que são informações imprescindíveis para a conferência, sistêmica, dos valores deduzidos nos respectivos recolhimentos. Doutro giro, a documentação apresentada não é capaz de demonstrar a certeza do crédito alegadamente utilizado. Não foram acostadas aos autos as declarações prestadas pelo(a) empregado(a), cópia da certidão de nascimento, com vistas a identificar a relação de dependência e se há, na mesma ou em outra empresa, o pagamento cumulativo do benefício; cópia do comprovante de pagamento que contenha o CNPJ da Escola; comprovação do vínculo empregatício entre o declarante e a empresa, assim com da freqüência escolar do aluno, dentre outros. Face ao exposto, VOTO no sentido de CONHECER do recurso para NEGARLHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 107DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.722016/2014-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.524
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente).
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13888.722016/2014-94
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5945085
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-001.524
nome_arquivo_s : Decisao_13888722016201494.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 13888722016201494_5945085.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. (assinado digitalmente) CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente).
dt_sessao_tdt : Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
id : 7561221
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:24 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051144576565248
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1614; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13888.722016/201494 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201001.524 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 25 de outubro de 2018 Assunto RESTITUIÇÃO DE DÉBITO INDEVIDAMENTE COMPENSADO. RECOF. SUSPENSÃO DO PIS/COFINS. Recorrente WIPRO DO BRASIL INDUSTRIAL S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. (assinado digitalmente) CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente). RELATÓRIO Por bem descrever os fatos do presente processo, reproduzo fragmentos do relatório da DRJ: Tratase de Pedido de Restituição de suposto pagamento indevido ou a maior formalizado em papel. Na apreciação do Pedido de Restituição, por meio do Despacho Decisório (...), a autoridade fiscal disse que, na inicial, a contribuinte destacou que um de seus principais clientes é a empresa Caterpillar Brasil Ltda, a qual, consoante Ato Declaratório Executivo ADE SRF nº 8, de 18/03/2004, é pessoa jurídica homologada no RECOF –Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 88 .7 22 01 6/ 20 14 -9 4 Fl. 489DF CARF MF Processo nº 13888.722016/201494 Resolução nº 3201001.524 S3C2T1 Fl. 3 2 Explicou que, a Caterpillar, por ser homologada no RECOF, seu cliente usufrui, além da não incidência do IPI e ICMS, da suspensão do PIS e COFINS e ainda, informou que a peticionante, como fornecedor da Caterpillar, não aplicou a suspensão prevista em relação ao PIS e COFINS, apurando tais tributos a maior e os extinguindo por meio de compensação (Declaração de Compensação – DCOMP) com saldo de crédito proveniente de ressarcimento de IPI. O Auditorfiscal observou que no presente processo a interessada não pagou ou recolheu qualquer débito por meio de DARF ou GPS, mas, sim, realizou a declaração de compensação de débito de COFINS com crédito de ressarcimento de IPI, por meio de apresentação de DCOMP com crédito de ressarcimento de IPI e ainda: Embora tanto o pagamento como a compensação sejam modalidades de extinção do crédito tributário – conforme incisos I e II, do artigo 156 do CTN –, tais modalidades possuem institutos jurídicos distintos, não sendo possível a aplicação de um em outro. Tanto é assim que a compensação tem seu regramento fundamentado nos artigos 170 e 170A, os quais estão disciplinados, na esfera federal, no artigo 74 da Lei 9.430/96. Quanto ao pagamento, o regramento está disciplinado nos artigos 157 a 164 do CTN, e a restituição de eventual pagamento indevido encontrase nos artigos 165 a 169 do aludido diploma legal. A autoridade administrativa explicou que o crédito utilizado na compensação de débitos não se originou de pagamento indevido ou a maior, mas, sim, de ressarcimento de IPI e que ressarcimento não é sinônimo de restituição, uma vez que o ressarcimento tem natureza de beneficio fiscal, o qual decorre de política estatal, não havendo um prévio pagamento indevido ou a maior. Já a restituição pressupõe a existência de um prévio pagamento indevido, que foi, de fato, recolhido pelo contribuinte e completou: Portanto, além de a pretensão do contribuinte não se tratar de restituição de pagamento indevido ou a maior, tampouco a DCOMP, declarada pelo contribuinte, estava amparada em crédito de pagamento indevido ou a maior. Observou, também, que embora a contribuinte tenha solicitado a restituição do crédito (ressarcimento) informado sem amparo legal, não caberia atualização por falta de previsão legal. Situação diferente de quando o crédito é originado de pagamento indevido ou a maior, hipótese em que há previsão legal de atualização. O Auditorfiscal entendeu que outro óbice ao pedido seria o pedido ter sido protocolizado após a homologação da DComp pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, fato jurídico que não permitiria a retificação da DComp e a consequente redução do valor do débito, isto porque, a compensação declarada só poderá ser retificada na hipótese de a mesma se encontrar pendente de decisão administrativa à data do envio do documento retificador. (...) Cientificada do Despacho Decisório, a interessada apresentou a Manifestação de Inconformidade (...), tecendo seus argumentos conforme segue: Inicialmente informa que a RKM Equipamentos Hidráulicos S/A passou a se denominar WIPRO DO BRASIL INDUSTRIAL S/A. Após narrar os fatos contidos no processo, faz a abertura de sua argumentação em fase preliminar: Fl. 490DF CARF MF Processo nº 13888.722016/201494 Resolução nº 3201001.524 S3C2T1 Fl. 4 3 Da possibilidade de deferimento do pedido de restituição no formato realizado 1) Quitação dos tributos por meio de compensação de crédito de ressarcimento de IPI – crédito oriundo do princípio da nãocumulatividade que pressupõe o pagamento antecipado pelo contribuinte 2) Artigo 165 do CTN que não contempla a restrição proposta – 3) Prevalência do direito material sobre o rigor formal – 4) Violação dos princípios que regem a Administração Pública (artigo 2º e seguintes da Lei nº 9.784/99) Explica que a negativa preliminar proposta pela autoridade fiscal se pauta no sentido da impossibilidade de deferimento do pedido de restituição formulado, uma vez que o indébito sustentado decorreu de uma compensação a maior realizada com crédito de ressarcimento de IPI e não por meio de recolhimento em DARF ou GPS. Para basear sua tese, sustenta que a IN RFB nº 1300/2012 apenas permite a restituição de valores pagos pelos contribuintes por meio de DARF ou GPS. Ainda, que a liquidação por meio de compensação de crédito de ressarcimento de IPI não permitiria aludido pleito, uma vez que o ressarcimento teria natureza de benefício fiscal decorrente de política estatal, enquanto que a restituição pressupõe um prévio pagamento indevido, seu cliente (Caterpillar) está habilitado no regime do RECOF, ele, como fornecedor, deveria ter efetuado a venda com suspensão do PIS e COFINS. (...). Entende que os créditos originados dos pedidos de ressarcimento de IPI não decorrem de benefício fiscal, mas sim do estrito atendimento ao princípio da nãocumulatividade previsto na Constituição Federal, que visa evitar o efeito cascata da incidência tributária e não possui qualquer caráter de benesse estatal. Argúi que o caso em comento não guarda qualquer relação com o processo de ressarcimento de IPI, mas com pedido de restituição da COFINS que foi quitada por meio de PER/DCOMP com origem no ressarcimento de IPI. Sob essa premissa, o que foi pugnado junto à União Federal é a devolução de valor efetivamente quitado da COFINS, cujo montante restou reduzido após a recomposição de sua base de cálculo. Discorda do contido no Despacho Decisório, pois o Código Tributário Nacional não impõe qualquer restrição e/ou formato de quitação do tributo objeto do indébito: E nem se alegue que a limitação ao pleito se baseia exclusivamente no disposto pela IN RFB nº 1300/2012. Isto porque, é insuscetível a aplicação isolada de ato administrativo em desacordo com o contido no Código Tributário Nacional. Extraise do texto da lei, que de forma ampla estabeleceu regra geral quanto à possibilidade de restituição, não destacando nenhuma hipótese de exceção e/ou restrição, concernente ao formato de pagamento. Esposa o entendimento de que se o Código Tributário Nacional não pretendeu restringir os direitos dos contribuintes no exercício do direito de restituição dos valores indevidamente recolhidos aos cofres públicos, não poderia a Receita Federal, por meio de interpretação isolada em Instrução Normativa, sob o pretexto de regulamentação, impor limites à previsão legal e: O objetivo da lei sempre foi fornecer aos contribuintes mecanismos de reaver os valores indevidamente cobrados pela administração pública ou objeto de equívoco por parte dos sujeitos passivos. Fl. 491DF CARF MF Processo nº 13888.722016/201494 Resolução nº 3201001.524 S3C2T1 Fl. 5 4 Importante salientar, que na hipótese em comento, conforme já consignado no pleito de restituição, a única forma da Manifestante reaver o que lhe é de direito consistia no deferimento do pedido de restituição, sob pena de esvaziamento do direito legalmente assegurado. Isto porque, uma vez homologada a compensação que liquidou o débito a maior da COFINS, insuscetível de qualquer retificação/cancelamento, sendo de rigor o único formato adotado pela Manifestante, que, inclusive, se baseou em orientação verbal da própria Receita Federal em atendimento no plantão fiscal. Cita a os princípios constitucionais (artigo 37, da CF) que regem a relação entre fisco e contribuintes e a Lei nº 9.784/99, afirmando que tais comandos devem ser seguidos, pois são os pilares do ordenamento jurídico. Entende que em nenhum momento o texto da lei estabelece que somente será passível de restituição os valores pagos em DARF ou GPS, tal como fez crer a autoridade fiscal em seus fundamentos e também: Na hipótese tratada, a violação ao princípio da legalidade potencializase na medida em que o pedido de restituição era a única forma da Manifestante buscar seu direito em face da União Federal, uma vez não previsto na legislação qualquer outro formato para as circunstâncias narradas. Entende cabíveis os princípios da proporcionalidade, razoabilidade, oficialidade e da verdade material e que não podem ser mitigados pelo formalismo: Para que o formalismo não se torne um instrumento que restringe a observância da forma e distancia a verdade material, deve a administração alcançar a função social do processo para que haja a prevalência da justiça sobre a forma, uma vez que está submissa ao princípio da legalidade, sendolhe imposto, inclusive, para o alcance da norma, o poderdever de revisão de ofício seus próprios atos. Em outras palavras, não deve o formalismo se sobrepor à matéria e à verdade dos fatos e a autoridade tem o dever de buscar a verdade material, não devendo se satisfazer com as informações trazidas pelas partes. Cita doutrina e jurisprudência que entende aplicáveis ao caso e conclui: Diante dos argumentos traçados, com amparo na melhor doutrina e jurisprudência pátrias, inconteste a possibilidade da administração pública analisar os pleitos dos contribuintes evitandose o formalismo excessivo e considerando a boafé das relações, tudo em busca ao alcance da verdade material e respeito aos preceitos estampados no artigo 37, da Constituição Federal e artigo 2º, da Lei nº 9.784/99. Após ou argumentos preliminares, a interessada continua sua defesa com o título "Do direito": Do efetivo amparo legal para suspensão de PIS e COFINS objeto de venda realizada à empresa habilitada no RECOF – Inexistência de obrigatoriedade de cohabilitação para fornecimento – Benefícios legais destinados à compradora que produzem efeitos automáticos – Direito material que pode ser aferido com base nos elementos probatórios ainda que existente erro formal no preenchimento das Notas Fiscais. Inicialmente a interessada explica que no exercício de suas atividades dentro dos períodos de 2007 a 2011, a Manifestante realizou diversas vendas em favor da Caterpillar Brasil Ltda, inscrita no CNPJ sob nº. 61.064.911/000177, que, por sua vez, consoante Ato Declaratório Executivo SRF nº 8, de 18 de março de Fl. 492DF CARF MF Processo nº 13888.722016/201494 Resolução nº 3201001.524 S3C2T1 Fl. 6 5 2004 e Ato Declaratório Executivo SRF nº 53, de 24 de julho de 2006 é homologada no RECOF (Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado) (doc. anexo aos autos) instituído através do Decreto n° 2.412 de 3 de Dezembro de 1997. Expõe sua compreensão do funcionamento do Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Aduaneiro Informatizado (RECOF), o qual permite à empresa beneficiária importar ou adquirir no mercado interno, com suspensão do pagamento de tributos, mercadorias a serem submetidas a operações de industrialização de produtos destinados à exportação ou mercado interno. É também permitido que Parte da mercadoria admitida no regime, no estado em que foi importada ou depois de submetida a processo de industrialização, seja despachada para consumo. A mercadoria, no estado em que foi importada, poderá também ser exportada, reexportada ou destruída. Desta feita, informa os benefícios: Na época dos fatos em exame, o RECOF era regulamentado pela Instrução Normativa SRF 757/2007, que, além de estabelecer todos os requisitos impostos às empresas habilitadas, dentre vários benefícios oferecidos pelo regime é de que a empresa homologada goza da permissão de importar todos os insumos com suspensão de II, IPI e PIS/COFINS, bem como efetuar compras nacionais com a suspensão do IPI e PIS/COFINS, conforme estabelecido em seu artigo 28. Diante dos benefícios contidos nas normas citadas, a interessada defende que em que pese ter fornecido para empresa homologada no RECOF – Caterpillar do Brasil Ltda, não excluiu de sua base de cálculo tributável a suspensão de PIS e COFINS previstas na legislação, mas sim, equivocadamente, apurou e recolheu A MAIOR os citados tributos. Em outras palavras, ao constituir sua base de cálculo de PIS e do COFINS não desconsiderou as vendas para a Caterpillar Brasil Ltda, portanto, a empresa recolheu mais do que deveria. É certo, que os valores das vendas com suspensão de PIS e COFINS não podem contemplar a base de cálculo para fins de tributação dessas contribuições, sob pena de esvaziamento da benesse legal/normativa do RECOF. A interessada cita a SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 28 de 26 de Setembro de 2007 ASSUNTO: Regimes Aduaneiros EMENTA: Regime Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado Recof. Somente as mercadorias de origem nacional remetidas às empresas autorizadas a operar o regime Recof poderão sair do estabelecimento do fornecedor nacional com suspensão do IPI, da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. A venda de mercadorias de origem nacional à empresas que estão no regime Recof, com suspensão do IPI e das Contribuição para o PIS/Pasep e da cofins, não geram direito à manutenção dos créditos. E conclui que diante do equívoco no cômputo na base de cálculo das contribuições das vendas a Caterpillar com suspensão de PIS e COFINS, a Manifestante reconstituiu sua escrita suprimindo essas operações da base tributável, o que motivou a redução dos valores devidos na competência objeto dos presentes autos. Informa que retificou a Dacon e a DCTF do período e ainda que: Fl. 493DF CARF MF Processo nº 13888.722016/201494 Resolução nº 3201001.524 S3C2T1 Fl. 7 6 Por outro lado, a fim de complementar as informações e documentos anexados aos autos, que por si só comprovariam o direito sustentado, a Manifestante apresenta “Laudo Técnico Contábil”, assinado por profissional devidamente habilitado no Conselho Regional de Contabilidade – CRC/SP, contratado para fins de corroborar as questões trazidas à julgamento, que, além das informações constantes do seu corpo, contempla documentação anexa que permite essa conclusão, com o fito de exaustivamente comprovar a origem e procedência do direito creditório. Entende que os fornecedores de mercadorias às empresas habilitadas no RECOF não necessitam de cohabilitação no regime, uma vez que nessa hipótese os únicos beneficiados da operação são as adquirentes dos bens: A cohabilitação prevista pelos artigos 8º e seguintes, da IN RFB nº 757/2007, além de facultativa, permite aos fornecedores industriais das empresas habilitadas se beneficiarem conjuntamente dos benefícios do regime do RECOF, com a aquisição/importação de partes, peças e componentes necessários à produção dos bens que industrializar também com suspensão tributária prevista na legislação. (...) A interpretação contida no despacho decisório impugnado é deveras equivocada, uma vez ausente a imposição de cohabilitação em toda a legislação do RECOF para os casos de simples fornecimento às empresas habilitadas. Até porque, caso a legislação exigisse a cohabilitação de todos os fornecedores das empresas habilitadas, o RECOF não sairia do papel, uma vez que dificilmente as empresas de porte inferior que fornecem os bens contemplariam todos os requisitos impostos pelos artigos 4º e 5º, da IN RFB 757/2007. Argumenta que a falta de registro nas notas fiscais de saída dos produtos com suspensão das referidas contribuições, seria somente formalidade, confirase: Por sua vez, é sabido que também existe a exigência do artigo 28, do mesmo texto normativo, que indica as informações a serem imprimidas nas Notas Fiscais de saída dos fornecedores (“Saída com suspensão do IPI, da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, para estabelecimento habilitado ao Recof ADE SRRF nº xxx, de xx/xx/xxxx"), as quais de fato não compuseram as notas emitidas pela Manifestante. Porém, consoante já sustentado nesta peça, a formalidade de informação em Nota Fiscal não pode se sobrepor ao direito material decorrente do RECOF, haja vista inequívoca comprovação de que a destinação das mercadorias objeto de análise foram à empresa devidamente habilitada no regime (Caterpillar), a qual é a efetiva destinatária da norma e não pode ser prejudicada por eventual lapso de informação na Nota Fiscal de compra. É certo, portanto, que eventual equívoco formal não deve prevalecer sobre a verdade material consubstanciada nos demais meios probatórios existentes no processo administrativo fiscal, sobretudo quando não há prejuízo a fazenda nacional. Cita jurisprudência administrativa na qual consta que demonstrados nos autos os erros nos procedimentos adotados pelo contribuinte, há que ser reapreciado o pleito desconsiderandose tais equívocos, haja vista inexistir prejuízo à fazenda nacional e conclui: Fl. 494DF CARF MF Processo nº 13888.722016/201494 Resolução nº 3201001.524 S3C2T1 Fl. 8 7 Nesse sentido, em que pese as Notas Fiscais emitidas à Caterpillar não terem feito menção à saída com suspensão de PIS e COFINS, restando comprovada a destinação das mercadorias no formato da legislação à empresa habilitada no RECOF, é de rigor seja admitido o lançamento da suspensão prevista na legislação, que, conforme parágrafo único, do artigo 27, da IN RFB 757/2007 se consuma automaticamente. Por fim, solicita: Preliminarmente: 1) Considerando todas as premissas adotadas, com convicção acerca da possibilidade de análise material do direito de restituição pleiteado pela Manifestante, ainda que sob outra roupagem ou mesmo sobre o formato de revisão da compensação que liquidou a maior o valor objeto do pedido, em como a busca pela verdade material e formalismo moderado, é de rigor seja admitida a aferição material do pleito realizado. No mérito: 1) Diante da inexistência de obrigatoriedade da Manifestante se cohabilitar no regime do RECOF para fornecimento à empresa habilitada, sem prejuízo da insofismável viabilidade de mitigação de erro formal no preenchimento das Notas Fiscais de saída, prestigiandose a verdade material, necessário se faz o reconhecimento do direito creditório sustentado, com o consequente deferimento da restituição pleiteada. Seguindo a marcha processual normal, irresignado com r. decisão proferida pela DRJ/Ribeirão Preto, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário repisando os argumentos apresentados na Manifestação de Inconformidade, requerendo total reforma do julgado. VOTO Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3201001.492, de 24/10/2018, proferida no processo 13888.721005/201497, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3201001.492): "O Recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. No caso em tela reclama o Contribuinte que efetuava venda de produtos para empresa Caterpillar Brasil, qual era detentora do RECOF. Que a Caterpillar como adquirente de produtos da Contribuinte, a saída dos produtos teria isenção tributária. Em caso idêntico, o assunto foi enfrentado por esse CARF no acórdão no. 3401001.275, com o seguinte fundamento: Fl. 495DF CARF MF Processo nº 13888.722016/201494 Resolução nº 3201001.524 S3C2T1 Fl. 9 8 "(...) observo que o fundamento inicial da não homologação da compensação realizada se lastreou em uma suposta utilização do direito creditório para “quitação” de outros tributos, de forma tal que não haveria saldo disponível para a compensação realizada. Na linha adotada pela decisão de primeira instância, o acolhimento da manifestação de inconformidade, em situações como estas, exigiria a demonstração cabal dos argumentos deduzidos, através de documentação hábil suficiente a amparálos. Todavia, entendo draconiano impor ao sujeito passivo a intuição de qual acervo probatório deveria dispor para atender suficientemente as expectativas do julgador administrativo. É inconteste que, tratandose de restituição de tributos, é do contribuinte o encargo de provar o direito vindicado, ex vi do art. 36 da Lei nº 9.784/99 e art. 373, I, do novo Código de Processo Civil, de tal sorte que deveria haver uma prova mínima das razões aventadas, não sendo suficiente a tal desiderato a mera juntada de declarações retificadoras, pois, como adrede exposto, não amparam direito à restituição de tributo pago indevidamente. No caso vertente, entretanto, constam dos elementos coligidos aos autos, ainda na manifestação de inconformidade, cópias das notas fiscais de venda à CATERPILLAR, empresa beneficiária do RECOF e, por conseqüência, com benefício da suspensão do PIS/Pasep e Cofins em suas aquisições no mercado interno, com discriminação dos documentos e a pretensa demonstração que essas faturas compuseram a base de cálculo daquelas exações. Como pontuado alhures, não é possível exigir que o sujeito passivo traga, de imediato, toda a documentação, que reputa o julgador necessária à demonstração do indébito, em um extremado exercício de predição. Nessa toada, à luz dos termos do despacho decisório eletrônico, parecialhe suficiente a justificativa da retificação, a demonstração dos cálculos e as notas fiscais respectivas, agregandose, após decisão de primeiro grau administrativo, o extrato do livro Registro de Saídas. Poderseia indagar acerca da preclusão temporal para coleção da prova documental complementar, à luz do art. 16 do Decreto nº 70.235/72, como fez a decisão recorrida, contudo, não se pode olvidar que o despacho decisório contestado é fruto de verificações automáticas de sistema, realizadas a partir de declarações prestadas pelo contribuinte, sem qualquer participação das autoridades administrativas, que sequer assinam o despacho decisório, pois validado por meio de chancela eletrônica. Não se deseja, aqui, ser refratário à modernidade ou às inovações tecnológicas, porém, não se pode perder de vista os princípios norteadores do processo administrativo fiscal, valendo registrar que esta Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem orientado sua jurisprudência no sentido que, em situações como a deste processo, onde há um robusto princípio de prova, formado não apenas por declarações ou debates eminentemente retóricos, deve o julgamento ser convertido em diligência para análise da procedência do direito postulado. (...) Com isso, adoto nos exatos termos como fundamento os argumentos exteriorizado pelo Conselheiro Robson José Bayerl, para converter o feito em diligência para a unidade preparadora realize: Fl. 496DF CARF MF Processo nº 13888.722016/201494 Resolução nº 3201001.524 S3C2T1 Fl. 10 9 Aferição da procedência e quantificação do direito creditório indicado pelo contribuinte, empregado sob forma de compensação; Informação se, de fato, o crédito foi utilizado para outra compensação, restituição ou forma diversa de extinção do crédito tributário, como registrado no despacho decisório; Informação se o crédito apurado é suficiente para liquidar a compensação realizada; e, Elaboração de relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados e conclusões alcançadas. Após, vista ao contribuinte se manifestar pelo prazo de 30 (trinta) dias, retornando os autos a este Conselho." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que a unidade de origem realize: a) aferição da procedência e quantificação do direito creditório indicado pelo contribuinte, empregado sob forma de compensação; b) informação se, de fato, o crédito foi utilizado para outra compensação, restituição ou forma diversa de extinção do crédito tributário, como registrado no despacho decisório; c) informação se o crédito apurado é suficiente para liquidar a compensação realizada; e, d) elaboração de relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados e conclusões alcançadas; e) após, vista ao contribuinte para se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias. Cumprida a diligência, os autos devem retornar a este Conselho para julgamento. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 497DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.004919/2009-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/04/2009 a 30/04/2009
COFINS. COMPENSAÇÃO. REQUISITO. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E DA LIQUIDEZ DO CRÉDITO.
A comprovação da certeza e da liquidez do crédito constitui requisito essencial à acolhida de pedidos de compensação.
Numero da decisão: 3201-004.293
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/04/2009 a 30/04/2009 COFINS. COMPENSAÇÃO. REQUISITO. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E DA LIQUIDEZ DO CRÉDITO. A comprovação da certeza e da liquidez do crédito constitui requisito essencial à acolhida de pedidos de compensação.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10935.004919/2009-21
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944541
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-004.293
nome_arquivo_s : Decisao_10935004919200921.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 10935004919200921_5944541.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
dt_sessao_tdt : Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
id : 7560715
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051144652062720
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1527; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10935.004919/200921 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201004.293 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de outubro de 2018 Matéria COMPENSAÇÃO. PROVA DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. Recorrente COOPAVEL COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/04/2009 a 30/04/2009 COFINS. COMPENSAÇÃO. REQUISITO. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E DA LIQUIDEZ DO CRÉDITO. A comprovação da certeza e da liquidez do crédito constitui requisito essencial à acolhida de pedidos de compensação. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o Acórdão n.º 06049.864 3ª Turma da DRJ/CTA, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade mantendo o indeferimento da restituição pleiteada, bem como a não homologação das compensações declaradas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 49 19 /2 00 9- 21 Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10935.004919/200921 Acórdão n.º 3201004.293 S3C2T1 Fl. 3 2 Em seu pedido de restituição, a contribuinte alega que sofreu a retenção do PIS e da Cofins (no percentual de 3,65%) sobre as operações de comercialização de produtos rurais e prestações de serviço de armazenamento que realizou com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), e que não conseguiu realizar a dedução dos valores retidos na contribuição devida, uma vez que, estando submetida a apuração da contribuição na modalidade não cumulativa, não apurou valor a pagar da contribuição no período, em face de os créditos gerados terem sido superiores ao valor do débito da contribuição. Por sua vez, a SAORT, da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Cascavel – PR, após analisar o pleito constante do presente processo, emitiu Despacho Decisório indeferindo o pedido de restituição formulado pela interessada. Sustenta a autoridade administrativa, em resumo, que a interessada não logrou êxito na comprovação do direito creditório solicitado, uma vez que não foi possível, com base nos documentos apresentados (arquivos digitais), confirmar se as Notas Fiscais emitidas para a Conab constam declaradas nas receitas que compõem as bases de cálculo das contribuições que foram informadas no Dacon. Diante do indeferimento do pedido de restituição, as compensações declaradas com lastro no pedido de restituição em comento não foram homologadas. A DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade. O Acórdão n.º 06049.864 3ª Turma da DRJ/CTA, está assim ementado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/04/2009 a 30/04/2009 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO. Inexistindo comprovação do direito creditório informado em Pedido de Restituição ou em Declaração de Compensação DCOMP, é de se indeferir o crédito solicitado e de considerar não homologada a compensação declarada. Inconformada, a ora Recorrente apresentou, no prazo legal, Recurso Voluntário, por meio do qual requer que a decisão da DRJ seja reformada, alegando, em síntese: Dos Fatos Inicialmente a Recorrente argui que a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Cascavel equivocouse ao analisar o pedido, fazendo confusão com isenções, não incidências e imunidades, e análises que não tem qualquer relação com o pedido formulado, como se o pedido de restituição tivesse sido realizado com base e fundamento no artigo 27 da Instrução Normativa 900 de 2008. A Recorrente argumenta que o pedido de restituição se refere a créditos retidos de COFINS, pela prestação de serviços da ora Recorrente à CONAB. Alega ainda que o pedido restituição não se encontra prescrito. Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10935.004919/200921 Acórdão n.º 3201004.293 S3C2T1 Fl. 4 3 Do Direito A Recorrente sustenta ter havido pagamento a maior do que o valor devido de COFINS para o período em análise (retenção indevida). Fundamenta o pedido restituição no artigo 12, da Instrução Normativa SRF 900/2008. Informa não haver conseguido utilizar os valores retidos na fonte a título de COFINS para pagar débitos da mesma espécie no mesmo mês. Assim, adotou o procedimento constante do artigo 34 da IN RFB 900/2008, que trata da compensação de débitos próprios de tributos administrados pela RFB. Sustenta que a única prova necessária para fazer valer o seu direito ao crédito seria da existência da retenção e da quitação dos tributos quando for positiva a sua apuração, o que, segundo a mesma, ocorrera no presente processo. Argumenta quando a suspensão da exigibilidade do crédito nos termos do inciso III, do artigo 151, do Código Tributário Nacional (Lei n° 5.172/1966). Do Pedido Ao final do RV a Recorrente pede que seja dado provimento ao recurso a fim de reformar o acórdão da DRJ com a restituição/compensação das contribuições devidamente acrescida de juros pela taxa acumulada da Selic. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201004.280, de 23/10/2018, proferido no julgamento do processo 10935.000340/200817, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201004.280): "O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A seguir passo a análise de cada um dos pontos do Recurso Voluntário. De forma objetiva, a lide cingese quanto a certeza e liquidez do crédito. No julgamento de primeira instância consta exatamente que a Recorrente não conseguiu comprovar tais créditos. Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10935.004919/200921 Acórdão n.º 3201004.293 S3C2T1 Fl. 5 4 Sustenta a autoridade administrativa, em resumo, que a interessada não logrou êxito na comprovação do direito creditório solicitado, uma vez que não foi possível, com base nos documentos apresentados (arquivos digitais), confirmar se as Notas Fiscais emitidas para a Conab constam declaradas nas receitas que compõem as bases de cálculo das contribuições que foram informadas no Dacon. (Acórdão DRJ, efl. 206) As manifestações de inconformidade da Recorrente não colaboraram para o esclarecimento da dúvida da autoridade administrativa. Ao contrário, parecem enveredar por caminhos diversos da comprovação fática de retenção nas Notas Fiscais emitidas pela Conab. Sobre a necessidade de comprovação, cito trecho do Acórdão de primeira instância. Entendeu a autoridade fiscal que para se usufruir do direito à restituição/compensação previsto na legislação acima, é necessário que se comprove: (i) a retenção realizada; e (ii) o valor da contribuição devida no mês, a qual deve ser realizada pela demonstração da respectiva base de cálculo, composta por todas as receitas tributáveis e as possíveis exclusões (receitas isentas, não tributáveis, suspensões, imunidades e, no caso, receitas decorrentes de atos cooperativos), bem como dos créditos da não cumulatividade. No entanto, conforme se observa pela leitura do despacho decisório, a auditoria realizada pela fiscalização não conseguiu firmar convicção sobre o direito creditório requerido, uma vez que os documentos apresentados (arquivos digitais) não espelham (ou confirmam) as receitas de bens e serviços declaradas no Dacon, não se podendo afirmar com certeza se os valores das Notas fiscais emitidas para a CONAB constam dentro das receitas tributadas que compõem a base de cálculo da contribuição, e, por conseqüência, se houve a configuração da hipótese de restituição/compensação acima tratada. Ou seja, a autoridade a quo concluiu que o direito à restituição/compensação restou prejudicado, posto que não houve a comprovação material do mesmo. (Acórdão DRJ, efl. 209) O juízo a quo entendeu que a Recorrente pouco colaborou para esclarecer a certeza e liquidez. Cito trecho e uso como razão de fundamentar como se meu fosse: Nesse ponto, é bom que se lembre, que a autoridade a quo não mediu esforços para seu intento, mas, infelizmente, a contribuinte pouco colaborou. Talvez, digase, em face de um entendimento equivocado. E assim dessa mesma forma, como se vê na manifestação de inconformidade, a interessada prossegue insistindo em sua tese. Inverte os papéis, age como se não precisasse provar nada e, também, como se autoridade tributária fosse obrigada a reconhecer o seu suposto direito creditório sem a necessidade de qualquer verificação documental (ou de arquivos eletrônicos). Ora, a interessada esquece, ou simplesmente ignora, que a administração pública tem a sua atividade vinculada à lei e que, no presente caso, a legislação é clara no sentido de que o direito creditório (com direito à restituição ou compensação) somente é devido quando se comprove a impossibilidade de dedução dos valores retidos dos valores a pagar da contribuição no período, consubstanciada, em síntese, na demonstração da base de cálculo e na inexistência da contribuição. Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10935.004919/200921 Acórdão n.º 3201004.293 S3C2T1 Fl. 6 5 Com efeito, é de se dizer que a comprovação da existência de crédito junto à Fazenda Nacional é atribuição da contribuinte, cabendo à autoridade administrativa, por sua vez, examinar a liquidez e certeza de que teriam sido repassadas aos cofres públicos importâncias superiores àquelas devidas pela contribuinte de acordo com a legislação pertinente, autorizando, após confirmação de sua regularidade, a restituição ou compensação do crédito conforme vontade expressa da contribuinte. (Acórdão DRJ, efl. 209) Sobre a necessidade de certeza e liquidez, há farta jurisprudência deste órgão de julgamento. CARF Acórdão nº 3403001.477 do Processo 13882.000037/200271 – Data: 20/03/2012 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ORIGEM CERTEZA. LIQUIDEZ. Compensação de crédito independe de autorização, entretanto, deve ser certo e liquido, constatado por meio de diligência fiscal a certeza, a liquidez decorre do próprio procedimento fiscal, impõe reconhecer o crédito e homologar as compensações efetivadas até o limite dos créditos apurados. CARF Acórdão nº 3403002.579 do Processo 10983.902416/200867 – Data: 24/10/2013 COFINS. COMPENSAÇÃO. REQUISITO. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E DA LIQUIDEZ DO CRÉDITO. A comprovação da certeza e da liquidez do crédito constitui requisito essencial à acolhida de pedidos de compensação. Conclusão Por todo o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, de forma a manter o indeferimento da restituição pleiteada, bem como a não homologação das compensações declaradas na Dcomp nº 25265.65884.020408.1.3.046583." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado NEGOU PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, de forma a manter o indeferimento da restituição pleiteada, bem como a não homologação das compensações declaradas. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 142DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18470.732443/2012-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DO VALOR DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. MOMENTO DA VERIFICAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 103.
A Portaria MF nº 63/2017 elevou para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) o valor mínimo da exoneração do crédito e penalidades promovida pelas Delegacias Regionais de Julgamento para dar ensejo à interposição válida de Recurso de Ofício.
Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
Ainda que, quando da prolatação de Acórdão que cancela determinada exação, a monta exonerada enquadrava-se na hipótese de Recurso de Ofício, o derradeiro momento da verificação do limite do valor de alçada é na apreciação do feito pelo Julgador da 2ª Instância administrativa.
Numero da decisão: 1402-003.542
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 15521.000284/2009-79, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2009 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DO VALOR DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. MOMENTO DA VERIFICAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 103. A Portaria MF nº 63/2017 elevou para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) o valor mínimo da exoneração do crédito e penalidades promovida pelas Delegacias Regionais de Julgamento para dar ensejo à interposição válida de Recurso de Ofício. Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Ainda que, quando da prolatação de Acórdão que cancela determinada exação, a monta exonerada enquadrava-se na hipótese de Recurso de Ofício, o derradeiro momento da verificação do limite do valor de alçada é na apreciação do feito pelo Julgador da 2ª Instância administrativa.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 18470.732443/2012-34
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944330
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1402-003.542
nome_arquivo_s : Decisao_18470732443201234.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO MATEUS CICCONE
nome_arquivo_pdf_s : 18470732443201234_5944330.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 15521.000284/2009-79, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio.
dt_sessao_tdt : Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
id : 7559814
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:04 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051145606266880
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1789; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 2 1 1 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18470.732443/201234 Recurso nº 1 De Ofício Acórdão nº 1402003.542 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 18 de outubro de 2018 Matéria CONHECIMENTO RECURSAL Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MERCEARIA CRAVO E CANELA DE COPACABANA LTDA ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DO VALOR DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. MOMENTO DA VERIFICAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 103. A Portaria MF nº 63/2017 elevou para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) o valor mínimo da exoneração do crédito e penalidades promovida pelas Delegacias Regionais de Julgamento para dar ensejo à interposição válida de Recurso de Ofício. Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Ainda que, quando da prolatação de Acórdão que cancela determinada exação, a monta exonerada enquadravase na hipótese de Recurso de Ofício, o derradeiro momento da verificação do limite do valor de alçada é na apreciação do feito pelo Julgador da 2ª Instância administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 15521.000284/200979, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente Substituto e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 0. 73 24 43 /2 01 2- 34 Fl. 1201DF CARF MF Processo nº 18470.732443/201234 Acórdão n.º 1402003.542 S1C4T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio. Relatório Trata de Recurso de Ofício oposto em face do cancelamento de exações sofridas pela Contribuinte, promovido pela DRJ a quo, dando provimento às razões de Impugnação opostas contra o lançamento de ofício procedido. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.484, de 18/10/2018, proferido no julgamento do Processo nº 15521.000284/2009 79, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.484): "Inicialmente, analisando os requisitos de admissibilidade do Recurso de Ofício, constatase que tal apelo foi tirado de v. Acórdão que exonerou débito tributário (considerando, aqui, principal e multas) em monta inferior ao atual valor de alçada que propiciaria seu manejo e consequente conhecimento por este E. CARF. Posto isso, tal montante está abaixo do mínimo de R$ 2.500.000,00 fixados pela Portaria MF nº 63/2017, acarretando no seu não conhecimento, considerandose definitivamente exonerado tal crédito fiscal, nos precisos termos e limites da r. decisão da DRJ a quo. Fl. 1202DF CARF MF Processo nº 18470.732443/201234 Acórdão n.º 1402003.542 S1C4T2 Fl. 4 3 Tais circunstâncias e ocorrência também atraem a incidência da Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Como se extrai de tal entendimento sumular plenamente vigente deste E. Conselho, ainda que quando da prolatação do v. Acórdão recorrido a monta do débito cancelado enquadravase na hipótese de Recurso de Ofício, o derradeiro momento da verificação do limite do valor de alçada é na apreciação do feito pelo Julgador de 2ª Instância administrativa. In casu, como mencionado, tal evento ocorre após a vigência Portaria MF nº 63/2017, não havendo mais justificativa e motivação para o conhecimento recursal. Diante de todo o exposto, voto por não conhecer do Recurso de Ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de não conhecer do recurso de ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103, conforme voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 1203DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13746.000052/2003-65
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do Fato Gerador: 15/01/2003
Ementa:
CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA. SÚMULA CARF Nº 1.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Numero da decisão: 3302-006.243
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário quanto à limitação imposta pelo artigo 74 da Lei nº 9.430/1996 para a compensação de débitos próprios com créditos de terceiros e a validade do despacho que indeferiu a habilitação dos créditos, cabendo à unidade administrativa de origem dar cumprimento às decisões judiciais vigentes, e, na parte conhecida, em lhe dar parcial provimento para afastar o fundamento da inexistência de demonstração do saldo credor.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Gilson Rosemburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Rodolfo Tusboi (Suplente Convocado).
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do Fato Gerador: 15/01/2003 Ementa: CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA. SÚMULA CARF Nº 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13746.000052/2003-65
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5945147
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3302-006.243
nome_arquivo_s : Decisao_13746000052200365.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 13746000052200365_5945147.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário quanto à limitação imposta pelo artigo 74 da Lei nº 9.430/1996 para a compensação de débitos próprios com créditos de terceiros e a validade do despacho que indeferiu a habilitação dos créditos, cabendo à unidade administrativa de origem dar cumprimento às decisões judiciais vigentes, e, na parte conhecida, em lhe dar parcial provimento para afastar o fundamento da inexistência de demonstração do saldo credor. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Gilson Rosemburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Rodolfo Tusboi (Suplente Convocado).
dt_sessao_tdt : Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
id : 7561445
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051146810032128
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1875; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 317 1 316 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13746.000052/200365 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302006.243 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 28 de novembro de 2018 Matéria Processo Administrativo Fiscal Recorrente ELIANE ARGAMASSAS E REJUNTES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do Fato Gerador: 15/01/2003 Ementa: CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA. SÚMULA CARF Nº 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário quanto à limitação imposta pelo artigo 74 da Lei nº 9.430/1996 para a compensação de débitos próprios com créditos de terceiros e a validade do despacho que indeferiu a habilitação dos créditos, cabendo à unidade administrativa de origem dar cumprimento às decisões judiciais vigentes, e, na parte conhecida, em lhe dar parcial provimento para afastar o fundamento da inexistência de demonstração do saldo credor. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Gilson Rosemburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Rodolfo Tusboi (Suplente Convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 74 6. 00 00 52 /2 00 3- 65 Fl. 317DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 318 2 Relatório Trata de pedido de compensação com créditos com débitos de terceiros, efetuado por ELIANE ARGAMASSAS E REJUNTES LTDA (contribuinte devedor) com créditos de NITRIFLEX S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO, apurados no processo de origem nº 10735.000001/9918. O Parecer SEORT nº 566/2008 (efls. 16 e ss) foi aprovado pelo Despacho Decisório de efls. 22, declarou a nãohomologação das compensações com créditos de terceiros, por ofensa ao caput do artigo 74 da Lei nº 9.430/1996, que, a partir de 1º/10/2002, autorizou a entrega de declaração de compensação apenas com débitos próprios, entendendo que as ações judiciais que autorizavam as cessionárias dos créditos cedidos pela NITRIFLEX a compensar seus débitos não analisaram a legislação superveniente, especialmente o artigo 49 da MP nº 66/2002, bem como por falta de habilitação do direito creditório no processo nº 13746.000191/200551. O relatório elaborado no Acórdão nº 0928975 (decisão de primeira instância às efls. 125 e ss) bem descreve os fundamentos do despacho decisório, o qual transcrevo abaixo: "A empresa Nitriflex S A Indústria e Comércio transmitiu créditos para a filial 0002 da ELIANE ARGAMASSAS E REJUNTES LTDA (PAREX BRASIL IND. E COM. DE ARGAMASSAS LTDA CNPJ: 88.028.873/003098), créditos esses que a Nitriflex S A estaria autorizada judicialmente a transferir a terceiros em virtude de decisão favorável obtida no Mandado de Segurança n° 2001.02.01.0352326 (processo originário n° 2001.51.1.00010250), onde foi pedido o afastamento dos efeitos da IN SRF n° 41, de 2000, que vedava a utilização de créditos de terceiros na compensação. Utilizandose destes créditos a ELIANE ARGAMASSAS E REJUNTES LTDA (PAREX BRASIL IND. E COM. DE ARGAMASSAS LTDA CNPJ:88.028.873/003098), acima qualificada apresentou através de seu procurador (fls.10), o formulário de fls. 01, com o objetivo de compensar o débito nele apontado, com créditos de terceiros, pertencentes a Nitriflex S A e constantes do processo administrativo n° 137465.000533/200117, que se encontra apensado ao de n° 10735.000001/9918. 0 Parecer Seort n° 566, de 2008 e respectivo Despacho Decisório (fls.15121), ambos proferidos pela Delegacia da Receita Federal em Nova Iguaçu/RJ, concluíram em síntese que: A sociedade empresária Nitriflex S A Indústria e Comércio ajuizou ... a Ação Mandamental (Mandado de Segurança) n° 98.00166580 no sentido de reconhecer o seu direito ao crédito presumido de IPI ... referente as aquisições de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagens isentos, não tributados ou que foram tributados a aliquota zero ..., bem como seu direito de compensálo com o imposto (IPI) a recolher no Fl. 318DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 319 3 final do processo industrial, obtendo decisão favorável, transitada em julgado em 18.04.2001 após acórdão exarado pelo Tribunal Regional Federal da Segunda Região. Como a decisão transitada em julgado no Mandado de Segurança n° 98.00166580 somente lhe permitia utilizar o seu crédito ... com débitos relativos a este mesmo imposto, sociedade empresária Nitriflex S A Indústria e Comércio impetrou junto à 5° Vara Federal de Sao Joao de Menti — RJ um outro Mandado de Segurança (MS), o de n° 2001.51100010250, esse visando afastar a incidência dos efeitos da Instrução Normativa SRF n°41/2000, obtendo sentença favorável que, em 12.09.2003, também transitou em julgado no sentido de reconhecer e de declarar o seu direito de ceder parte do seu crédito a terceiros para que estes utilizem em compensação tributária. ... a sociedade empresária Nitriflex S A ... realizou diversas compensações tributárias de débitos próprios e, além disso cedeu grande parte do saldo remanescente a terceiros... ... a Procuradoria ajuizou ... a Ação Rescisória n° 2198 visando desconstituir a sentença proferida no Mandado de Segurança n° 98.00166580 transitada em julgado, obtendo vitória parcial, uma vez que houve mudança no tocante ao período sobre o qual recaiu o direito ao crédito, que passou de 10 (dez) para 5 (cinco) anos, o que também reduziu em muito o valor primitivo do crédito. Após ter sido proferida a sentença da ação rescisória e já na vigência da IN SRF n° 517, de 2005, a Nitriflex S A Indústria e Comércio pretendeu habilitar créditos junto Secretaria da Receita Federal para prosseguir realizando compensaçôes tributárias com débitos de terceiros. 0 pedido de habilitação (processo n° 13746.000191/200551) foi indeferido administrativamente, sendo que, mais uma vez a Nitriflex S A buscou na via judicial o reconhecimento do direito à habilitação do crédito, não obtendo êxito na P instância de julgamento. O Seort da DRF/Nova Iguaçu/RJ indeferiu o pedido de habilitação contido no processo n° 13746.000191/200551. 0 Parecer Seort no 566, de 2008, continua seu relato aduzindo que: ... o ponto nevrálgico repousa em saber se o contribuinte pode ou não compensar seus débitos tributários mediante a utilização de crédito que lhe foi cedido pela Nitriflex SA ..., pois numa época em que não havia lei mas apenas norma infralegal (IN/SRF n° 41/2000) vedando a utilização de crédito de um 3 DF CARF MF Fl. 127 contribuinte para compensar débito de outro, a pessoa jurídica cedente do crédito obteve sentença transitada em julgado ... reconhecendo o seu direito de cede10 a terceiro... ...sobre o assunto, a Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Nova Iguaçu — RJ se pronunciou no sentido de que a nova regra contida no artigo 74 da Lei n°9.430/96 após a alteração que Fl. 319DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 320 4 lhe foi dada pelo artigo 49 da MP 66, de 29.08.2002 convertido no artigo 49 da Lei n° 10.637/02 tem o condão de restringir a utilização do crédito em questão, sem contudo ofender à autoridade da coisa julgada e sem que represente aplicação retroativa da lei. ... quando o Mandado de Segurança n° 2001.51.10.0010250 ... foi ajuizado inexistia lei expressa que dispusesse sobre a compensação tributária de débito de um contribuinte mediante a utilização de crédito de terceiros, embora a Instrução Normativa SRF n°41/2000 já vedasse esta espécie de compensação tributária. Assim, ... somente os pedidos de compensação tributária formalizados antes do dia 29.08.2002, data da publicação da Medida Provisória n° 66/02 ... é que estão amparados pelo MS n° 2000.51100010250 e, desta forma, somente naqueles pedidos é que pode ser utilizado crédito cedido pela sociedade empresária Nitriflex S A. A DRF/Nova IguaçuRJ, continua em sua decisão, transcrevendo partes do parecer expedido pela PSFN/Nova Iguaçu/RJ, dentre as quais cumpre evidenciar: ... quando ajuizado o MS 2001.51.100010250, vigorava a IN SRF no 41/00, cujo artigo 1° vedava a compensação de débitos do sujeito passivo com créditos de terceiros, administrados pela SRF, sendo que a Lei n°9.430/96 em seus arts. 73 e 74, dispositivos estes expressamente mencionados no voto do relator, eram omissos a respeito, dai a razão pela qual ter o tribunal ad quem afastado a limitação imposta pela IN SRF 41/00. Entretanto, os referidos arts. 73 e 74 sofreram total reformulação através do art. 49 da MP n°66/02, converida na Lei n°10.637/2002 ... ... se de uma decisão judicial decorre a coisa jul2ada, é certo que este efeito não prevalecerá se ocorerrem mudanças nas normas jurídicas que tratam da questão transitada em julgado. ... hoje a situação fáticajurídica é diversa. A Lei n° 9.430/96 que era omissa sobre o tema, a partir de 30 de agosto de 2002 passou a ser clara ao prever como única possibilidade de compensação de tributos administrados pela SRF, inclusive os judiciais transitados em julgado, a efetividade entre créditos e débitos do próprio sujeito passivo. ... Assim, a coisa julgada não pode ser invocada quando direito superveniente repercute na relação jurídica sobre o qual a coisa julgada se operou. Ressalvamse, pois, os efeitos jurídicos dos pedidos de compensação efetivamente realizados por conta da decisão judicial considerados fatos consumados, até a edição da MP 66, de 29.08.2002, convertida na Lei n°10.637/2002. Fl. 320DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 321 5 Registrese: a lei nova não esta a alcançar fatos passados, compensações efetivadas perante a ordem jurídica anterior e com espeque em decisão judicial transitada em julgado. A nova lei alcança, isto sim, os fatos novos ocorridos sob a sua égide e sobre a qual a coisa julgada não pode surtir efeitos, já que estamos diante de no'vos regramentos jurídicos. Logo, após as alterações da MP 66/02, convertida na Lei no 10.637/02, as pretendidas compensações com débitos de terceiros não podem ser admitidas eis que não permitidas pela Lei, não sendo a mesma objeto de qualquer discussão judicial. Não há que se falar de violação coisa julgada e o suposto direito adquirido, como evidente, relacionase As compensações requeridas — fatos consumados sob efeitos da coisa julgada, jamais aos pedidos de compensação formulados depois das alterações legislativas supervenientes à coisa julgada. Ao final o parecerista houve por bem adotar o entendimento da PSFN para propor a não homologação da compensação pleiteada. 0 Despacho Decisório de fls. 21, aprovou integralmente o parecer e determinou fosse dada continuidade à cobrança e tomadas as demais providencias cabíveis. O processo foi encaminhado A. ARF/Criciiima/SC, domicilio fiscal da interessada para ciência da decisão. A interessada tomou ciência do Parecer Seort/DRF/NIU/RJ n° 566, de 2008 e respectivo Despacho Decisório em 20/10/2008 (fls. 24). Pelo requerimento de fls. 25/26 a empresa requereu o efeito suspensivo para que o crédito tributário tivesse sua exigibilidade suspensa e, pelo arrazoado de fls. 27/60, a interessada manifestou sua inconformidade contrariamente à não homologação da compensação, alegando em síntese que:" Referida decisão julgou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos da ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 15/01/2003 a 31/01/2003 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE TERCEIROS. HOMOLOGAÇÃO TACITA. INOCORRÊNCIA. TÍTULO JUDICIAL. INAPLICABILIDADE 1.Não ocorre a homologação tácita em compensações baseadas em créditos de terceiros na vigência da Lei n° 10.637, de 2002. 2.As compensações declaradas a partir de 1 2 .de outubro de 2002, de débitos do sujeito passivo com crédito de ierceiros, esbarram em inequívoca disposição legal MP n° 66, de 2002, convertida na Lei n° 10.637, de 2002 impeditiva de compensações da espécie. É descabida a pretensão de legitimar Fl. 321DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 322 6 compensações de débitos do requerente, com crédito de terceiros, declaradas após 1 2 de outubro de 2002, pretensão essa fundada em decisão judicial proferida anteriormente àquela data, que afastou a vedação, outrora existente, em instrução normativa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 15/01/2003 a 31/01/2003 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA. 1.Não cabe apreciar questões relativas à ofensa a princípios constitucionais, tais como da legalidade, da nãocumulatividade ou da irretroatividade de lei, competindo, no âmbito administrativo, tão somente aplicar o direito tributário positivado. 2.A doutrina trazida ao processo não é texto normativo, não ensejando, pois, subordinação administrativa. 3.A jurisprudência administrativa e judicial colacionadas não possuem legalmente eficácia normativa, não se constituindo em normas gerais de direito tributário. Manifestação de Inconformidade Improcedente Crédito Tributário Mantido A DRJ afastou a homologação tácita por não se aplicar às compensações com créditos de terceiros. No mérito, afastou a aplicação das decisões proferidas nos Mandados de Segurança nº 98.00166580, por impertinente à defesa das compensações e no MS nº 2001.51.10.0010250, por perda de objeto, seguindo o entendimento esposado no despacho decisório, bem como por inexistência de demonstração de saldo credor em favor da NITRIFLEX. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, alegando: 1. A homologação tácita das compensações, fundada no §5º do artigo 74 da Lei nº 9.430/1996; 2. Que as compensações efetuadas decorrem das decisões proferidas nos Mandados de Segurança nº 98.00166580 e 2001.51.10.0010250, defendendo que a decisão transitada em julgado no MS nº 98.00166580 reconheceu não só o direito ao crédito presumido de IPI (aquisições desoneradas) como também sua plena disposnibilidade, que a possibilidade de compensações seria mera consequência desta plena disponibilidade e que a impetração preventiva do MS nº 2001.51.10.0010250 destinavase a assegurar tal interpretação, o que foi obtido. 3. Que as decisões no MS nº 2001.51.10.0010250 afastaram a aplicação da IN SRF nº 41/2000, por ofensa ao princípio da irretroatividade das leis a fatos consumados, juntando Parecer Jurídico elaborado para a NITRIFLEX corroborando o entendimento defendido no sentido de ser ilegal a aplicação de legislação superveniente aos fatos ocorridos entre julho de 1988 e julho de 1998, em razão da coisa julgada no MS nº 98.00166580. Fl. 322DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 323 7 4. Que o despacho decisório que indeferiu a habilitação de crédito no processo nº 13746.000191/200551 "caiu por terra", em razão da suspensão da ação rescisória nº 2003.02.01.0056758; 5. Que é inadmissível a nãohomologação com base na falta de demonstração do saldo credor pedido nos diversos processos de ressarcimento e que, em caso de dúvida, caberia ao Fisco apurar o saldo na NITRIFLEX; Discorreu, ainda, sobre o fundamento de validade da legislação infraconstitucional e da utilização das doutrinas e jurisprudências como fortalecimento das alagações deduzidas Na forma regimental, o processo foi distribuído a este por conexão com o processo principal nº 10735.000001/9918. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O recurso interposto é tempestivo, atende aos demais pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Em preliminar, a recorrente alega a ocorrência de homologação tácita nos termos do §5º do artigo 74 da Lei nº 9.430/1996, uma vez que o Pedido de Compensação de Crédito com Débito de Terceiros foi protocolado em 15/01/2003 e a ciência do despacho decisório ocorreu em 20/10/2008, portanto em mais de cinco anos. Esta matéria foi apreciada por esta turma no Acórdão nº 3302004.263, cujas razões expostas na Declaração de Voto elaborada pelo Conselheiro José Fernandes do Nascimento transcrevo abaixo e adoto como razão de decidir: “A recorrente a alegou que, nos termos do art. 150, §§ 1º e 4º, do CTN, a autoridade administrativa tinha o prazo de 5 (cinco) anos, contado da data da formação do pedido, para homologar as compensações em apreço, porém, como a decisão não homologatória fora proferida em 10/6/2008, após 6 (seis) anos e meses, estaria consumada a decadência do direito de constituir o crédito tributário. Equivocase a recorrente. O art. 150, §§ 1º e 4º, do CTN trata da homologação tácita do lançamento em que há pagamento antecipado do tributo. No caso, além de não ter havido pagamento, mas compensação, não há que se falar homologação tácita do lançamento, haja vista que, por iniciativa própria, a recorrente procedeu a constituição dos débitos tributários compensados, por meio da DCTF. Assim, se os débitos foram devidamente constituídos, obviamente, a etapa de lançamento ou constituição do crédito está superada, portanto, a decadência Fl. 323DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 324 8 suscitada pela recorrente é matéria superada e, portanto, estranha aos autos Dessa forma, resta saber se no caso em tela, de fato, houve a alegada homologação tácita das compensações em referência. Nesse sentido, previamente, cabe consignar que, até 01/10/2002, quando entrou em vigor a sistemática de compensação por declaração, introduzida pelo art. 49 da Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, convertida na Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, não havia previsão legal para a homologação tácita da compensação. No período em que vigeu a redação originária do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, alterada pelos citados preceitos legais, e regulamentada pela da Instrução Normativa SRF nº 21, de 10 de março de 1997, não havia prazo para homologação dos pedidos de compensação formulados pelos contribuinte. Tal previsão somente passou a existir com a novel alteração supra mencionada. A propósito do assunto em comento, é oportuno enfatizar que, no âmbito dos tributos administrados pela RFB, a compensação do crédito de terceiro não tinha (e continua não tendo) amparo legal. Nesse sentido, atualmente há determinação legal expressa (art. 74, § 12, II, “a”, da Lei nº 9.430, de 1996, acrescido pela Lei nº 11.051, de 2004) atribuindo o efeito de compensação não declarada a utilização de crédito de terceiro e tipificando tal conduta como infração sancionada com a multa fixada no § 4º do art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003, com as alterações posteriores. A despeito da falta de previsão legal, o art. 15 da Instrução Normativa SRF nº 21, de 1997, em total afronta ao princípio da estrita legalidade, da supremacia do interesse público e da hierarquia das normas, num curto período de tempo, autorizou a compensação de crédito de um contribuinte com débito de outro, com a seguinte dicção: Art. 15. A parcela do crédito a ser restituído ou ressarcido a um contribuinte, que exceder o total de seus débitos, inclusive os que houverem sido parcelados, poderá ser utilizada para a compensação com débitos de outro contribuinte, inclusive se parcelado. (...). (grifos não originais). [...] Ainda que desprovido de suporte legal, o referido art. 15 da Instrução Normativa SRF nº 21, de 1997, vigeu até 10/4/2000, data em que foi expressamente revogado pelo art. 2º da Instrução Normativa SRF nº 041 de 07 de abril de 2000. Em consonância com as disposições legais vigentes, este ato normativo também proibiu a compensação de débitos de um sujeito passivo, relativos a impostos ou contribuições administrados pela RFB, com créditos de terceiros (art. 1º). Fl. 324DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 325 9 Logo, diferentemente do alegado pela recorrente, na data em que ela formalizou as compensações em apreço, o referido art. 15 da Instrução Normativa SRF nº 21, de 1997, que, sem fundamento legal, autorizara a compensação com crédito de terceiros, já se encontrava expressamente revogado e, ao contrário do disposto no citado preceito normativo, o art. 1º da Instrução Normativa SRF nº 041, de 2000, passou expressamente a proibir essa modalidade de compensação, com os seguintes termos, in verbis: Art. 1º É vedada a compensação de débitos do sujeito passivo, relativos a impostos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, com créditos de terceiros. Parágrafo único. A vedação referida neste artigo não se aplica aos débitos consolidados no âmbito do Programa de Recuperação Fiscal REFIS e do parcelamento alternativo instituídos pela Medida Provisória no 2.0045, de 11 de fevereiro de 2000, bem assim em relação aos pedidos de compensação formalizados perante a Secretaria da Receita Federal até o dia imediatamente anterior ao da entrada em vigor desta Instrução Normativa. (grifos não originais) Cabe esclarecer ainda que, além dos pedidos de compensação de crédito com débitos próprios pendentes de análise em 1/10/2002, ainda existiam, em fase de análise, pedidos de compensação de crédito com débitos de terceiros formalizados até 9/4/2000, data do término da vigência do art. 15 da da Instrução Normativa SRF nº 21, de 1997, aos quais foram assegurados, pela própria Administração Tributária, o direito de compensação até então vigente. De qualquer modo, não se pode desconhecer que o art. 49 da Medida Provisória nº 66, de 2002, estabeleceu um regramento de transição para os pedidos de compensação pendentes de apreciação até 1/10/2002, nos termos do § 4º acrescido ao art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, a seguir transcrito: “Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo”. Em face das regras de transição anteriormente apresentadas, as questões a serem respondidas são as seguintes: os pedidos de compensação de crédito com débitos de terceiros, pendentes de análise em 9/4/2000, estão sujeitos a qual regramento? Ao que vigeu até 30/9/2002 ou ao vigente a partir de 1/10/2002, que introduziu o novel regime de compensação por declaração? Afirmativamente, tais pedidos ficaram submetidos à disciplina legal sobre compensação vigente em 9/4/2000 e que vigeu até 30/9/2002, pelos seguintes motivos: a) o novo regime de compensação aplicase apenas à “compensação de débitos próprios”, nos termos do caput do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1976, com a nova redação da Lei nº 10.637, de 2002; Fl. 325DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 326 10 b) a declaração de compensação, prevista na nova sistemática, deve ser entregue pelo próprio sujeito passivo detentor do crédito e do débito a serem compensados, nos termos do § 1º do art. da Lei nº 9.430, de 1996, acrescido pela Lei nº 10.637, de 2002; e c) há previsão expressa no § 13 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, acrescido pela Lei nº 11.051, de 2004, no sentido de que a compensação de crédito de terceiros não se submete ao novel regime jurídico de compensação por declaração. Dessa forma, os pedidos de compensação de crédito de um contribuinte com débito de outro, formulados até 9/4/2000, pendentes de apreciação na data de início do regime de compensação declarada, por não atender a tais condições, obviamente, não se converteram em declaração de compensação. Assim, com muito mais razão, os pedidos de compensações com crédito de terceiro, formulados a partir de 10/4/2000, como no caso em tela, protocolados após a referida data, quando já não expressa vedação, inclusive, em atos normativos da Receita Federal, induvidosamente, inequivocamente, também não se converteram em declaração de compensação. Assim, os débitos compensados por meio dos citados pedidos não estão sujeitos ao regime de extinção sob condução resolutória da sua ulterior homologação, nem tampouco ao prazo de 5 (cinco) determinado para efetivação da homologação expressa, previstos no art. 74, §§ 2ºe 5º, da Lei nº 9.430, de 1996. Além disso, por se trata de um direito subjetivo de natureza material, o regime jurídico da compensação realizada pelo contribuinte é aquele previsto na norma legal vigente na data do exercício desse direito (a data da compensação), logo, havendo mudança de regime jurídico, os novos preceitos legais somente se aplicam aos fatos e situações futuras (a partir da vigência). Tratase de aplicação da regra geral de direito intertemporal, prevista no art. 101 do CTN, combinado com o disposto no art. 6º da Lei de Introdução ao Código Civil. Nesse sentido, a doutrina de Hugo de Brito Machado1, explicitada no excerto a seguir reproduzido: (...). Em princípio, o fato regulase juridicamente pela lei em vigor na época de sua ocorrência. Essa é a regra geral do chamado direito intertemporal. A lei incide sobre o fato que, concretizando sua hipótese de incidência, acontece durante o tempo em que é vigente. Surgindo uma lei nova para regular fatos do mesmo tipo, ainda assim, aqueles fatos acontecidos durante a vigência da lei anterior foram por ela qualificados juridicamente e a eles, portanto, aplicase a lei antiga. (grifos do original) 1 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 28 ed. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 127 Fl. 326DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 327 11 Não se pode olvidar que a norma jurídica, apenas em caráter excepcional, retroage para qualificar juridicamente os fatos ocorridos antes do início de sua vigência. No âmbito tributário, as hipóteses de retroatividade da norma são aquelas taxativamente enumeradas no art. 106 do CTN, em que não se incluem as situações ou fatos extintivos do crédito tributário por meio da compensação. Em relação ao procedimento de compensação, evidentemente, não pode ser diferente, uma vez que o regime de compensação a que tem direito sujeito passivo é aquele previsto na lei vigente na data da realização da compensação tributária, o que, no âmbito dos tributos administrados pela RFB, corresponde a data da entrega do pedido ou da declaração de compensação. [...]." Corroborando este posicionamento, o Acórdão nº 9303007.444, proferido em 19/09/2018 pela CSRF, com a seguinte ementa e concisos fundamentos: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/03/1990 a 31/03/1995 COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. CONVERSÃO EM DCOMP. Os pedidos de compensação de CRÉDITOS DE TERCEIROS não foram convertidos em declaração de compensação e, portanto, a eles não se aplicam as regras de homologação tácita previstas na Lei n° 10.833/2003 Fundamentos: "Entendo que o voto do i. conselheiro José Antonio Francisco, redator do voto vencedor no acórdão a quo, abordou de forma correta e concisa a matéria sob divergência. Observemos o texto legal: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (...) § 4º Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pela sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega Fl. 327DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 328 12 da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (Negritei.) A conversão dos pedidos de compensação em declaração de compensação, a partir de outubro de 2002, com a publicação da Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, que incluiu o § 4º no art. 74 da Lei nº 9.430/1996, não pode ser tomada isoladamente do seu caput, alterado pela mesma norma, que determinou que o contribuinte só poderia utilizar créditos por ele apurados para compensação de "débitos próprios". Ora, o parágrafo pode explicar, restringir ou modificar o caput, mas não pode ser interpretado sem qualquer referência aos débitos que se podem compensar, eles só podem ser compensados por declaração sendo débitos próprios, não de terceiros. Assim, não sendo os pedidos da contribuinte passíveis de conversão em declaração de compensação, por consequência, não há se falar em prazo de homologação para compensações declaradas, referido no § 5º." Com fulcro nos argumentos acima, rejeito a preliminar argüida. No mérito, o litígio diz respeito à possibilidade de compensação de débitos da recorrente com créditos de terceiros, no caso a NITRIFLEX, tendo em vista as decisões judiciais proferidas e a aplicação da restrição contida no caput do artigo 74 da Lei nº 9.430/1996, a partir de 1º/10/2002. Referida matéria já foi objeto de várias decisões nesta turma, tanto em compensações pleiteadas pela NITRIFLEX, quanto por concessionários. Assim, adoto parte da decisão proferida nos autos do processo nº 11516.000804/200376, Acórdão nº 3302005.552, nos termos do §1º do artigo 50 da Lei nº 9.784/1999: ""Em breve relato, a Nitriflex obteve decisão transitada em julgado favorável, em 18/04/2001, no MS nº 98.00166580, para se creditar de IPI sobre aquisições isentas e ou sujeitas à alíquota zero, adquiridos no período de julho de 1989 a julho de 1998, conforme certidão de efls. 908. A União ajuizou as Ações Rescisórias nº 1.788DF e nº 2003.02.01.0056758, com o intuito de rescindir decisões proferidas no MS 98.00166580, tendo a primeira sido extinta sem julgamento do mérito, com trânsito em julgado em 13/05/2009. Relativamente à segunda ação, a União obteve decisão parcialmente favorável, o que motivou o ajuizamento da Reclamação nº 9.790 no STF pela recorrente. Em 28/03/2012, o Pleno do STF julgou procedente a reclamação para cassar as decisões proferidas pelo TRF da 2º Região na Ação Rescisória nº 2003.02.01.0056758, com trânsito em julgado ocorrido em 19/10/2012. Fl. 328DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 329 13 Assim, inexiste incerteza quanto à aplicação da coisa julgada no MS 98.00166580, sendo legítimos os créditos de IPI decorrentes das aquisições isentas e de alíquota zero no período referido no mandado de segurança e já reconhecidos nos processos 10735.000001/9918 e 10735.000202/9970, que aqui não estão discutidos, mas apenas a compensação com débitos da ELIANE. De outro giro, o MS nº 2001.51.10.0010250 objetivou o afastamento da vedação imposta pela IN SRF 41/2000 de compensação de débitos do sujeito passivo com créditos de terceiros, decisão transitada em julgado em 12/09/2003. O entendimento defendido pela recorrente é de que a coisa julgada alcançaria não apenas o direito creditório em si, mas também a forma como a Nitriflex poderia dispor deste direito, o que não poderia ser afastado por legislação superveniente, em decorrência do princípio da irretroatividade e da segurança jurídica. Este posicionamento se coadunou com o esposado no OfícioIntimação nº 289/2002 SUB, de 13/11/2002, mediante o qual o Delegado da Receita Federal fora intimado do seguinte: "Senhor Delegado, Comunico a V. Sª que, nos autos da APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA N.° 2001.02.01.0352326 (Origem: 200151100010250), em que figuram como APELANTE: N1TRIFLEX S/A INDUSTRIA E COMÉRCIO e, como APELADO: UNIAO; FEDERAL / FAZENDA NACIONAL, foi proferido despacho às fls. 253, do seguinte teor: '...2 Intimese a digna autoridade impetrada para ciência e cumprimentei do v. acórdão que invalidou limitação a compensação de créditos da impetrante com débitos de terceiros, tal conto previsto nu INSRF n° 41/00, repetida na 1NSRF n° 210 de 30 de setembro de 2002, sob as penas previstas no art. 14 do CPC...". Em 11/11//200Z ROGERIO CARVALHO —Relator. [...] ROGÉRIO VIEIRA DE CARVALHO Desembargador Federal Relator Presidente da 4º Turma TRF 2º Região Verificase que a comunicação informou estar invalidada a limitação à compensação de créditos da Nitriflex com débitos de terceiros, tal como prevista na IN SRF 41/2000, bem como na IN SRF nº 210/2002, a qual foi editada já sobre a vigência da MP nº 66/2002. Posteriormente, a NITRIFLEX peticionou nos autos do MS nº 2001.51.10.0010250 informando o descumprimento de ordem judicial e ofensa à coisa julgada por parte da Receita Federal, sob o argumento de que a partir de 29/08/2002, em razão da alteração do artigo 74 da Lei nº 9.430/96 pelo artigo 49 da MP Fl. 329DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 330 14 nº 66/2002, estaria vedada a compensação de créditos de um sujeito passivo com débitos de outro. Em 25/03/2014, foi proferida decisão no seguinte teor: "Por conseguinte, considerando que a impetrada não trouxe aos autos qualquer alegação capaz de relativizar os efeitos da coisa julgada, DEFIRO O PEDIDO de fls. 1272/1279, para determinar que cumpra imediatamente a r. decisão transitada em julgado, adotando todas as providências necessárias nos autos dos processos administrativos relativos às compensações objeto da ação n° 98.00166580 (PA 10735.000001/9918 e apensos), efetuando em definitivo a análise dos pedidos de compensação com débitos de terceiros não optantes do REFIS, conforme limites objetivos do título judicial exequendo, atentando para o fato de que o advento da Lei n. 10.637/02 não pode ser óbice à homologação do pedido de compensação da impetrante." Depreendese, pois, que a discussão principal travada neste processo quanto à aplicação ou não da nova redação do artigo 74, alterado pela MP nº 66/2002, no sentido de vedar a entrega de declaração de compensação após 1º/10/2002 com utilização de créditos de terceiros, foi levada ao Judiciário ante a decisão acima proferida no processo 2001.51.10.0010250 em 25/03/2014, determinando o cumprimento da coisa julgada, afastando qualquer óbice trazido pela Lei nº 10.637/2002 (conversão da MP nº 66/2002). Assim, não cabe a este conselho proferir julgamento de mérito sobre a matéria levada à discussão judicial, nos termos da Súmula CARF nº 1, cujo enunciado dispõe que "Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.". Reforçando a conclusão, informase a existência de ação rescisória de nº 2005.02.01.0071872, com decisão em recurso especial favorável à União, questionando a segurança concedida no MS 2001.51100010250. Verificando o andamento processual do referido mandado, consta decisão proferida em 18/01/2016 pela Juíza Federal Vanessa Simione Pinotti, com o seguinte teor: JUSTIÇA FEDERAL SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO 01ª Vara Federal de Execução Fiscal de São João de Meriti Processo nº 000102518.2001.4.02.5110 (2001.51.10.0010250) Autor: NITRIFLEX S/A COM/ IND/. Réu: DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DE NOVA IGUACU. Decisão Tratase de embargos de declaração opostos pela impetrante em face da decisão de fls. 1533/1536, sustentando ter ocorrido omissão às normas processuais dos artigos 125, inciso I, 128 e Fl. 330DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 331 15 473 do CPC, ao argumento de que o Juízo não teria observado os princípios da igualdade e inércia, e que a decisão modificada pela ora impugnada fere decisão já preclusa. Alega, ainda, a existência de contradição, por ter considerado suspensa a exigibilidade do título executivo proferido neste processo em razão do ajuizamento de ação rescisória, já que não houve deferimento de efeito suspensivo pelo TRF. A impetrante aditou sua petição de embargos de declaração às fls. 1598/1601 requerendo que, se não houvesse o cancelamento da decisão ora embargada que, ao menos, houvesse a suspensão da exigência dos créditos de terceiros. Diante dos possíveis efeitos infringentes dos embargos de declaração, foi dada vista à Fazenda Nacional, que sustentou que os embargos não cumprem os requisitos do artigo 535 do Código de Processo Civil, diante da inexistência de omissão, contradição ou obscuridade. É o relatório. Passo a decidir. Inexiste a omissão a normas processuais apontadas pela impetrante. A notícia da existência de ação rescisória tendo por objeto o título executivo da presente demanda foi trazida aos autos por certidão de servidor da Secretaria do Juízo (fls. 1464/1514), em momento posterior à prolação da decisão de fls. 1458/1459, que deferiu a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários da sociedade que se pretende compensar com créditos da impetrante. Tratase, portanto, de fato até então desconhecido por esse Juízo, mas já sabido pelas partes desse feito. Frisese que ambas as partes já se manifestaram nesse processo após o ajuizamento e a apresentação de resposta na ação rescisória, porém não fizeram qualquer menção desse fato. Diante dessa nova situação, que, salientese, já era conhecida pelas partes dessa demanda, esse Juízo cuidou para que o princípio da efetividade da demanda, notadamente a ação rescisória, pudesse ser alcançado. Destaquese que o título executivo proveniente dessa ação permite que o crédito tributário que a impetrante tem para com o Fisco seja repassado a terceiros, que, conforme mesmo aduz a impetrante, são muitos. Além disso, como também já explicitado nesse feito, o cumprimento da aludida decisão é situação complexa e que exige uma série de procedimentos. Logo, na eventual hipótese de desconstituição do título executivo, no mínimo, demandará um lapso temporal razoável para se desfazer o encontro de contas já realizado. Por tudo isso e com escoro no poder geral de cautela, esse Juízo entendeu que a melhor forma de assegurar o princípio da Fl. 331DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 332 16 efetividade da ação rescisória seria suspender o cumprimento do acórdão transitado em julgado a fim de que não houvesse prejuízo a qualquer das partes, respeitando, pois, a igualdade entre as partes. Nessa trilha, não se está decidindo para além da lide proposta a uma, porque a lide já restou decidida, havendo, inclusive, o trânsito em julgado; e, a duas, porque a emanação dos influxos do princípio da efetividade da ação rescisória permite que o magistrado, no uso do seu poder geral de cautela, adote as medidas que entenda necessárias para salvaguardar o resultado útil do processo, sob pena de a demanda restar decidida e aquele que tiver seus interesses acolhidos não conseguir executála. Cabe ainda ponderar que não se está a discutir questão já preclusa nesse feito, visto que, como dito, é matéria nova ao menos para esse Juízo e nesse feito. Por tudo isso, não há que se falar em omissão às normas processuais em foco. Com relação à contradição alegada, embora o egrégio Tribunal Regional Federal da 2ª Região não tenha conferido efeito suspensivo à ação rescisória, não resta dúvida de que o Tribunal já assentou, no julgamento da apelação nº 2011.51.20.0011037, que a decisão do STJ que anulou o julgamento da rescisória “já restou reconhecida a nulidade do título [...] em razão da aplicação da teoria da causa madura em face de sentença terminativa e antes da vigência da Lei nº 10.352/01, que acrescentou o §3º ao art. 515 do CPC” (fl. 1529). Ademais, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região assentou que não há ofensa ao artigo 489 do Código de Processo Civil mesmo sem a concessão do efeito suspensivo prevista no referido dispositivo, visto que a decisão do Superior Tribunal de Justiça é mais que provimento precário, é julgamento de mérito de instância superior. Nem se alegue que a referida apelação nº 2011.51.20.0011037 não tem relação com a presente demanda, pois se trata de apelação em mandado de segurança no qual a impetrante daqueles autos pretende compensar seus débitos com créditos tributários da NITRIFLEX, tendo como causa de pedir o direito reconhecido no presente mandado de segurança. Por outro lado, deve ser reconhecida a contradição apontada pela embargante quando sustenta que, a despeito do estado de incerteza quanto à manutenção do título existente nesse feito, há, ainda, coisa julgada que, também, emite os seus efeitos. De fato, enquanto não julgada definitivamente a ação rescisória, o título executivo subsiste, até que seja confirmada ou não sua eventual rescisão, emitindo, portanto, efeitos. Entretanto, não resta dúvida que a existência da ação rescisória põe em questão a certeza da coisa julgada produzida Fl. 332DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 333 17 anteriormente, devendo ser analisados com cautela os efeitos do imediato cumprimento da sentença. Como dito, na hipótese dos autos, a execução imediata do título executivo permite a compensação de créditos da impetrante com débitos de outras sociedades empresariais. Caso cumprido imediatamente, eventual rescisão do julgado causaria, no mínimo, enorme transtorno e lapso temporal, haja vista que a Receita Federal do Brasil teria que rever um incalculável número de processos administrativos de compensação. Assim, forte no poder geral de cautela suprarreferido, nos termos do artigo 798 do Código de Processo Civil, entendo que deve ficar suspensa a exigibilidade da coisa julgada produzida nos presentes autos até o julgamento final da ação rescisória nº 2005.02.01.0071872. Por tudo isso, nem se deve levar a cabo o encontro de contas de débitos de terceiro com os créditos da impetrante, nem se pode tolerar que a Receita Federal do Brasil e a Procuradoria da Fazenda Nacional exijam os mesmos débitos de terceiros, respeitando, assim, a igualdade entre as partes. Diante do exposto, CONHEÇO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO E A ELES DOU PARCIAL PROVIMENTO para alterar a parte final da decisão de fls. 1533/1536, a partir de fl. 1536, que passa a constar com a seguinte redação: “Ademais, considerando a existência de ação rescisória a colocar em cheque a certeza do título executivo produzido nos presentes autos, não se pode realizar o cumprimento imediato do que restou decidido nesse processo. Por outro lado, tendo sido reconhecido o direito da impetrante em promover a compensação de seus créditos com débitos de terceiros, a coisa julgada produz efeitos, ao menos até o julgamento final da ação rescisória. Por tudo isso, nem se deve levar a cabo o encontro de contas de débitos de terceiro com os créditos da impetrante, nem se pode tolerar que a Receita Federal do Brasil e a Procuradoria da Fazenda Nacional exijam os mesmos débitos de terceiros. Dessa forma: TORNO SEM EFEITO a decisão de fls. 1363/1365, a fim de não mais impor à Administração o cumprimento imediato do acórdão prolatado neste feito; MANTENHO SUSPENSA A EXIGIBILIDADE dos créditos tributários constantes dos Processos Administrativos 10880.720940/200616 e 10880.721107/200684; OFICIESE à 5ª Vara Federal de São João de Meriti, para ciência desta decisão e eventuais providências cabíveis; Fl. 333DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 334 18 SUSPENDASE o presente mandado de segurança até julgamento final da ação rescisória nº 2005.02.01.0071872.” OFICIESE com a máxima urgência a Delegacia da Receita Federal de Nova Iguaçu, bem como a Procuradoria da Fazenda de Nova Iguaçu, para ciência das modificações aqui produzidas. Publiquese. Intimemse. São João de Meriti, 18 de janeiro de 2016. VANESSA SIMIONE PINOTTI Juíza Federal Substituta 1ª Vara Federal de Execução Fiscal de São João de Meriti Documento assinado eletronicamente Portanto, concluise que a decisão, acima transcrita, proferida nos autos do MS 2001.51100010250 suspendeu os efeitos da coisa julgada no sentido de a Administração Tributária não se compelida ao cumprimento do acórdão transitado, bem como suspendeu a exigibilidade do crédito tributário compensado, até o julgamento final da ação rescisória nº 2005.02.01.0071872. Destarte, a matéria principal de mérito subida a este conselho, qual seja, a relativização da coisa julgada no MS 2001.51100010250, em razão da aplicação da limitação imposta pelo artigo 74 da Lei nº 9.430/96 (com a redação dada pelo artigo 49 da MP nº 66/2002), vedando a compensação com créditos de terceiros, é objeto de discussão judicial, devendo não ser conhecido o recurso voluntário nesta parte. Prosseguindo em sua defesa, a recorrente pugnou pela certeza e liquidez dos créditos cedidos pela NITRIFLEX e pela nulidade do despacho de indeferimento da habilitação de crédito, reproduzo as razões externadas no Acórdão nº 3302005.457, processo nº 10735.000001/9918, referente ao pedido de ressarcimento do direito creditório: "[...] No que diz respeito à eficácia do MS nº 2005.51.10.0026900, informou a Procuradoria que referido não transitou em julgado. Referido mandado fora impetrado para afastar a aplicação da IN SRF 517/2005 e suspender a eficácia do DD nº 70/2005 que indeferiu a habilitação do crédito transitado em julgado nos autos do MS nº 98.00166580 por entender que o mesmo carecia dos pressupostos de liquidez e certeza, em função da vigência de decisão proferida nos autos da Ação Rescisória nº 2003.02.01.0056758, que reduzia o período do crédito de 10 para 5 anos. Assiste razão à Procuradoria quanto à inexistência do trânsito em julgado à época do julgamento do acórdão embargado. Quanto ao mérito, a decisão proferida pelo TRF2, conforme acórdão publicado em 14/02/2011 e transitado em julgado em 17/11/2015, reconheceu o direito de a NITRIFLEX utilizar os créditos de IPI em compensações, independente de prévio pedido Fl. 334DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 335 19 de habilitação de crédito, o que afastou a aplicabilidade da IN/SRF n º 517/05 e cancelou a eficácia do DD n º 070/2005, conforme a informação fiscal de efls. 8034, prestada pela EQMACO/SEORT/DRF/NIURJ abaixo transcrita: “Desta forma, desde 17/11/2015 (data do trânsito em julgado do REsp n º 1371591/RJ), restou definitiva a decisão proferida pela 4ª Turma Especializada do TRF2, que reconheceu o direito da NITRIFLEX utilizar os créditos de IPI em compensações independente de prévio pedido de habilitação de crédito, devendo entretanto ser observada a norma prevista no art. 170 A da CF, o que na prática afastou a aplicabilidade da IN/SRF n º 517/05 e cancelou a eficácia do DD n º 070/2005. Ocorre que a decisão embargada, no item (iii) Da IN/SRF 517/05 – Necessidade de Habilitação do Crédito e Liquidez e Certeza, adentrou o mérito da necessidade de habilitação do crédito, matéria esta que não poderia ser conhecida, pois que a questão foi levada ao Judiciário no MS nº 2005.51.10.0026900, expressamente reconhecido pela relatora, o que levaria à inexorável conclusão de impossibilidade de apreciação da matéria em observância à Sumula CARF nº 12. Destarte, neste ponto, deve o acórdão embargado ser integrado pelas razões aqui expostas, no sentido de não conhecer do recurso voluntário quanto à matéria "necessidade de habilitação prévia prevista na IN SRF nº 517/2005, devendo a unidade de origem apenas aplicar a decisão vigente no MS nº 2005.51.10.0026900." Destarte, a discussão sobre a validade do despacho que indeferiu a habilitação dos créditos é matéria levada à esfera judicial, não devendo ser conhecida por este colegiado, cabendo tão somente à unidade responsável pela execução do acórdão cumprir as decisões judiciais vigentes. Quanto à inexistência de demonstração de saldo credor, cabe razão à recorrente no que tange à gerência do referido saldo. A Receita Federal possui as informações necessárias ao controle de utilização do referido crédito obtido pela Nitriflex e cedido à recorrente, conforme informações do processo nº 10735.000001/9918, no qual foram juntadas planilhas com o histórico das compensações. Ademais, não seria razoável exigir do cessionário do crédito o controle de sua utilização, uma vez que este não possui o controle da utilização do direito creditório pela própria cedente ou por outro eventual cessionário. Diante do exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso voluntário quanto à limitação imposta pelo artigo 74 da Lei nº 9.430/1996 para a compensação de débitos próprios com créditos de terceiros e a validade do despacho que indeferiu a habilitação dos créditos, cabendo à unidade administrativa de origem dar cumprimento às decisões judiciais vigentes, e, na parte conhecida, em lhe dar parcial provimento para afastar o fundamento da inexistência de demonstração do saldo credor. 2 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial Fl. 335DF CARF MF Processo nº 13746.000052/200365 Acórdão n.º 3302006.243 S3C3T2 Fl. 336 20 (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 336DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10314.722768/2016-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2011 a 03/12/2011
AUTO DE INFRAÇÃO. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO DEMONSTRAÇÃO. QUALIFICAÇÃO DA MULTA. IMPOSSIBILIDADE. CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. ALTERAÇÃO.
Não demonstrada pela autoridade fiscal a existência de dolo, fraude ou simulação, a qualificação da multa de ofício deve ser afastada, restabelecendo-se o percentual de 75 % (setenta e cinco por cento).
Afastados os motivos que levaram à contagem do prazo decadencial como sendo o art. 173, I, do Código Tributário Nacional, a contagem dar-se-á pelo art. 150, § 4º, do CTN.
GRATIFICAÇÃO ESPECIAL.
Por se tratar de gratificação ajustada, incide contribuições sobre a verba paga aos trabalhadores na rescisão de contrato de trabalho sem justa causa.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. INFRINGÊNCIA LEGAL. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES. POSSIBILIDADE.
O pagamento de participação nos lucros ou resultados em desacordo com a lei de regência viabiliza a incidência das contribuições devidas à Seguridade Social, das contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, bem como das contribuições destinadas a outras entidades ou fundos.
Numero da decisão: 2201-004.761
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente
(assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2011 a 03/12/2011 AUTO DE INFRAÇÃO. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO DEMONSTRAÇÃO. QUALIFICAÇÃO DA MULTA. IMPOSSIBILIDADE. CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. ALTERAÇÃO. Não demonstrada pela autoridade fiscal a existência de dolo, fraude ou simulação, a qualificação da multa de ofício deve ser afastada, restabelecendo-se o percentual de 75 % (setenta e cinco por cento). Afastados os motivos que levaram à contagem do prazo decadencial como sendo o art. 173, I, do Código Tributário Nacional, a contagem dar-se-á pelo art. 150, § 4º, do CTN. GRATIFICAÇÃO ESPECIAL. Por se tratar de gratificação ajustada, incide contribuições sobre a verba paga aos trabalhadores na rescisão de contrato de trabalho sem justa causa. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. INFRINGÊNCIA LEGAL. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES. POSSIBILIDADE. O pagamento de participação nos lucros ou resultados em desacordo com a lei de regência viabiliza a incidência das contribuições devidas à Seguridade Social, das contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, bem como das contribuições destinadas a outras entidades ou fundos.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10314.722768/2016-23
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944432
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2201-004.761
nome_arquivo_s : Decisao_10314722768201623.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : DANIEL MELO MENDES BEZERRA
nome_arquivo_pdf_s : 10314722768201623_5944432.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
dt_sessao_tdt : Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
id : 7560078
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:09 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051146820517888
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 23; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1837; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 5.954 1 5.953 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10314.722768/201623 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 2201004.761 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 06 de novembro de 2018 Matéria Contribuições Sociais Previdenciárias Recorrentes VOTORANTIM CIMENTOS S.A. FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 03/12/2011 AUTO DE INFRAÇÃO. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO DEMONSTRAÇÃO. QUALIFICAÇÃO DA MULTA. IMPOSSIBILIDADE. CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. ALTERAÇÃO. Não demonstrada pela autoridade fiscal a existência de dolo, fraude ou simulação, a qualificação da multa de ofício deve ser afastada, restabelecendose o percentual de 75 % (setenta e cinco por cento). Afastados os motivos que levaram à contagem do prazo decadencial como sendo o art. 173, I, do Código Tributário Nacional, a contagem darseá pelo art. 150, § 4º, do CTN. GRATIFICAÇÃO ESPECIAL. Por se tratar de gratificação ajustada, incide contribuições sobre a verba paga aos trabalhadores na rescisão de contrato de trabalho sem justa causa. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. INFRINGÊNCIA LEGAL. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES. POSSIBILIDADE. O pagamento de participação nos lucros ou resultados em desacordo com a lei de regência viabiliza a incidência das contribuições devidas à Seguridade Social, das contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, bem como das contribuições destinadas a outras entidades ou fundos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 72 27 68 /2 01 6- 23 Fl. 5954DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.955 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Relatório Tratamse de Recursos de Ofício e Voluntário contra o acórdão nº 0963.622 5a Turma da DRJ/JFA, que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Adotamos, em parte, o relatório da decisão de primeira instância, por bem sintetizar os fatos: Tratase de Auto de Infração acostado às fls.4350/4563, emitido em 13/12/2016, para cobrança das contribuições previdenciárias patronais destinadas ao custeio da Seguridade Social, no valor de R$ 45.724.861,84 relativo ao período de 01/01/2011 a 30/12/2011, abrangendo vários estabelecimentos da empresa, no percentual de 20% (vinte por cento) e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho (SAT/RAT), incidentes sobre a remuneração de segurados empregados com fixação de multa de ofício qualificada de 150%. Neste processo às fls. 3898/4348 foram exigidas as contribuições destinadas ao custeio da outras entidades e fundos SENAC; SESC; SESI, SENAI, INCRA; SALÁRIOEDUCAÇÃO; SEBRAE, no montante de R$ 11.000.639,60 incidentes sobre a remuneração de segurados empregados, com fixação de multa de ofício qualificada no percentual de 150%. Os fatos geradores relativos à contribuição patronal, ao GILRAT e diferença da FAP, foram identificados como verbas não oferecidas à tributação relativas a: Prêmios; Ajuda de Custo; Gratificação; PLR Participação nos Lucros ou Resultados. Somente com a exigência da contribuição patronal foram apurados os fatos geradores decorrentes de: Valores Pagos a Contribuintes Individuais. Fl. 5955DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.956 3 o Auditor apresenta, por estabelecimento, planilhas contendo: fls. 4568/ 4569 o valor, fls.4591/4594 a identificação dos trabalhadores recebedores da ajuda de custo; fls 4570/4576 as diferenças entre GFIP e FP na base de calculo de pagamentos a Carreteiros , diretores e contribuintes individuais diversos; fls.4577 o valor, fls. 4595 a identificação dos diretores não empregados com FGTS que receberam gratificação na competência 02/2011; fls. 4578 o valor e fls. 4597/4598 a identificação dos trabalhadores que receberam gratificação de liberalidade; fls. 4579 o valor e fls. 4598/4598 a identificação dos empregados que receberam o prêmio de inovação em três estabelecimentos nas competências 02/2011; 05/2011 e 11/2011; fls. 4580/4590 o valor por competência e fls. 4599/4949 a identificação dos trabalhadores que receberam parcelas do programa, antecipações e diferenças de PLR; fls. 4950/4952 quadro comparativo entre os valores recebidos a título de salários ou de prólabore. No Termo de Verificação Fiscal do Auto de Infração de fls.3861/3897 o Auditor, após descrever, detalhadamente, todas as intimações feitas durante a ação fiscal, indicando as datas e os seus motivos, justifica a apuração dos fatos geradores, nos seguintes termos: Como se vê, da leitura do art. 22, I e do art, 28, I da Lei n° 8.212/91 e, ainda, do art. 201, § 1° do RPS, que somente é exigido o requisito da habitualidade no que diz respeito ao "salário in natura”, por incluir, expressamente, no conceito de remuneração os "ganhos habituais sob a forma de utilidades", sem fazer menção ao requisito habitualidade para os pagamentos em espécie. Logo, como as verbas foram pagas em espécie, não há que se falar em habitualidade ou não, devendo a empresa ter declarado o valor em GFIP. Ad argumentandum tantum, caso fosse entendido pela empresa que as referidas verbas pagas aos empregados e aos contribuintes individuais tivessem a natureza de verbas eventuais, estando, portanto, amparadas pela isenção concedida pelo art. 28, § 9°, alínea "e", item "7", da Lei n° 8.212/91, também estaria cometendo um equívoco a empresa, pois a eventualidade aqui trazida referese tãosomente a casos fortuitos, ou seja, que não são previsíveis. Convém reforçar que os maiores valores das Gratificações por Liberalidade e à Diretoria, bem como, Ajuda de Custo foram pagos a gerentes e gestores da empresa, o que demonstra total Fl. 5956DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.957 4 vinculação desses pagamentos às remunerações a que tinham direito. Anexamos planilha que demonstram, por amostragem, os valores pagos no ano de 2011, a título de Gratificações por Liberalidade aos segurados empregados e a contribuintes individuais. É de se perceber que as gratificações correspondem a grande parcela dos salários dos segurados, podendo ainda em alguns casos, serem bem maiores que o salário anual e que, coincidentemente, os contribuintes individuais receberam a Gratificação de Diretoria no mesmo mês que os empregados receberam PPR. Quanto ao Prêmio Inovação, também não há nada na legislação que exonere a incidência da contribuição social sobre esta rubrica. Por fim, não há qualquer embasamento legal, ou judicial, que autorizasse a empresa a deixar de declarar e recolher a contribuição previdenciária e a contribuição devida a outras entidades e fundos sobre essas rubrica à Diretoria, bem como, Ajuda de Custo foram pagos a gerentes e gestores da empresa, o que demonstra total vinculação desses pagamentos às remunerações a que tinham direito. Em razão da falta de declaração em GFIP de todos os fatos geradores relacionados aos pagamentos efetuados a contribuintes individuais, os mesmos também são objeto do presente levantamento. Sobre o Programa de Participação nos Resultados PLR no Termo de Verificação Fiscal (fls. 3884), o Auditor primeiro indicada toda a legislação de regência e, especificamente, com relação a representação dos empregados, como irregularidades diz que: o Instrumento Particular de Acordo da Participação nos Resultados está datado de 20/12/2011, contém assinaturas de dois representantes da empresa, constam os nomes da comissão dos empregados, mas assinatura de apenas um deles, o campo de assinatura dos demais está em branco, não consta nome do representante sindical que assinou. a Procuração dos representantes, Sra. Merinalva Correa Fontes, Sr Christiano de Aguiar Moreno e Sr. Rodrigo Rios, que homologaram o Acordo Coletivo de Trabalho e os Acordos sobre o Programa de Participação nos Resultados da Empresa, continha data posterior às assinaturas do referido Acordo. os representantes do Sindicato constantes nas atas como participantes das negociações do acordo, Hermes Ricardo Lima Pertence e José Aparecido Duarte, não constam do próprio Acordo, que menciona como representante do Sindicato, Sr Sidnei Fernandes Cruz. não ficou demonstrado quem assinou pelos sindicatos, pois no campo do Sindicato de SP existe somente uma rubrica. Os Fl. 5957DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.958 5 campos destinados às assinaturas dos representantes legais dos outros sindicatos envolvidos (Bauru, Piracicaba, São José dos Campos, Campinas, Santo André, Embu, São Miguel Paulista) estão em branco. mesmo intimada várias vezes, a empresa não comprovou o arquivamento do acordo celebrado na respectiva entidade Sindical. algumas das procurações de Sindicatos de empregados, autorizando o Sr. Sidnei Cruz (nome contido no corpo do Acordo), a representálos na negociação, estavam totalmente ilegíveis, outras, em folha de papel simples, sem timbre do respectivo Sindicato, apenas com assinaturas, sem firma reconhecida e sem identificar quem assinou e se o mesmo tinha poderes para tanto, e, num dos casos, a data da procuração era de ano posterior à assinatura do Acordo, 2012. a Procuração da unidade Piracicaba apresentada estava totalmente ilegível e pareceu constar no corpo da mesma, poderes para o ano de 2009 e a assinatura data de 11/2011; nas procurações de Santo André e de Bauru, os poderes de representação são para negociações coletivas de data base em 01/10/2011, não especifica negociações de PPR, sendo que para esta última, nem mesmo papel timbrado do Sindicato foi utilizado. A de São José dos Campos está com data de 28/09/2012, ano posterior ao ano em fiscalização que é 2011. deixou de apresentar a Ata de Eleição da Comissão constituída para representar os empregados na negociação do PPR. Atendendo a este pedido apresentou o termo de Acordo Coletivo já apresentado anteriormente, pela Ata de Negociação foi possível constatar que o representante do Sindicato questionou à identidade e legitimidade da Comissão eleita pela empresa, pois alegou não ter existido a participação do Sindicato na eleição e na composição, deixa expresso que não reconhece a Comissão eleita e que gostaria de conversar em particular com 100% das pessoas da comissão, sem interferência do DHO, como também, solicita relação dos empregados eleitos para a Comissão. Outro questionamento é a retirada das cláusulas do PPR referente a diferenciação de GS (Grupo Salarial), que entendem ser discriminatório aos empregados (são pagos valores diferenciados às pessoas que tem cargo de gestão). Com relação ao conteúdo dos Termos de Formalização dos programas o Auditor registra que foram fixadas metas coletivas e mistas e que o enquadramento dos empregados observou os seguintes critérios: Os empregados enquadrados até o GS (grupo salarial) 31 estão sujeitos ao cumprimento de metas coletivas. Os empregados enquadrados no GS 32 e acima, estão sujeitos a metas mistas Fl. 5958DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.959 6 (individuais e coletivas) por ocuparem cargos de gestão, são os ocupantes de cargo de diretoria, gerência e coordenação. Na composição dos pagamentos aos gestores, constantes do GS 36 e acima, verificouse a existem valores pagos como metas diferidas, de acordo com as tabelas de apuração do cálculo dos pagamentos apresentadas, no entanto, a referida meta não está prevista no Acordo Coletivo apresentado, não faz parte de nenhuma cláusula do Acordo. Não há regras claras que disponha sobre esta modalidade diferenciada de participação nos resultados, apenas é mencionado em Termo Aditivo, vide item 65 acima, onde se cita que permanecem inalterados os critérios do PPR Diferido. Intimada a esclarecer a meta diferida informou que são pagas três anos depois de sucessivos cumprimentos de metas. A empresa possui próximo de 200 estabelecimentos, sendo que a maioria deles foi por incorporação em setembro de 2010. Foram solicitados instrumentos de negociação para a totalidade dos estabelecimentos que fazem pagamento de PPR e não estão contidos no Acordo apresentado, porém, foram apresentados apenas alguns, para a maioria, não. Sobre a definição prévia dos índices de produtividade, qualidade ou lucratividade, programa de metas, resultados e prazos comprovouse que o acordo foi firmado depois de transcorridos quase 100% de todo período base de conclusão das metas. No quadro explicativo do Pagamento constante no anexo I apresentado, lêse que: "Até 15 de agosto de 2011 será realizado adiantamento de valores aos funcionários (50% do resultado apurado até junho/11) Este pagamento está vinculado à assinatura deste acordo” Neste caso, o pagamento do adiantamento foi feito de forma irregular, uma vez que o acordo nem tinha sido assinado no momento do pagamento, agosto de 2011, pois, o mesmo só foi assinado em 20/12/2011. Quanto à fixação das regras de participação no PLR diz o Auditor: No acordo e seus anexos não ficaram demonstradas regras claras e objetivas, bem como, nenhum documento apresentado indica clara e objetivamente como foram previamente pactuados obrigações e direitos ou a ciência destes pelos participantes. Os anexos do Acordo não apresentam critérios claros quanto àprodutividade, quanto ao mecanismo de aferição para cada setor produtivo, quanto às exigências para obtenção da remuneração, quais objetivamente os requisitos necessários para alcançar a meta e o pagamento, ou seja, o que deveriam fazer Fl. 5959DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.960 7 para receber o quanto, como poderiam os empregados aumentar produtividade ou lucros. No anexo II, o quadro "Apuração" menciona que cada funcionário é responsável pela criação de seu painel de metas no sistema assim como seu preenchimento, (no caso das metas mistas). Neste caso, fica demonstrado o caráter de retribuição pelo trabalho prestado individualmente em razão da função desempenhada, dando lhe caráter de gratificação ajustada e, assumindo, portanto, natureza salarial, na forma do parágrafo primeiro, do art. 457 da CLT. Os documentos não demonstram como deve ser calculado o valor para cada empregado ou como cada conceito dado se converte em valor. Em relação à Memória de cálculo dos 20 maiores valores pagos a título de PPR, informou que "os 20 maiores valores pagos se enquadram no Programa de Metas Mistas", sem, no entanto, apresentar qualquer cálculo que demonstrasse a composição dos valores pagos. Posteriormente, apenas apresentou algumas tabelas que por si só não demonstravam os cálculos. No caso da Meta Coletiva, simplesmente indica o resultado de 118,39 e 102,00, por amostragem, dos funcionários Alvim Antônio de Andrade e Maria de Lourdes Zabot, sem demonstrar como o empregado atingiu tal índice. Igualmente procedeu em relação à demonstração dos demais pagamentos relativos às metas mistas e diferidas. Posteriormente apresentou mais 5 quadros, vide exemplos no item 46 acima. Os poucos quadros apresentados como memória de cálculo não indicam como se atingiu os índices constantes dos mesmos ou o critério objetivo de referência para obtenção do valor pago a cada segurado. No item intitulado " Vedado antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil" diz a fiscalização que: O interstício entre os pagamentos e antecipações de valores classificados pela empresa como PLR desobedecem literalmente ao parágrafo 2°, do artigo 3° da Lei 10.101. Temos pagamentos feitos em quase todos os meses do ano a saber: Antecipação de PPR pagas nos meses de agosto, setembro, novembro e dezembro; Diferenças de PPR pagas nos meses de março, abril, maio, setembro, outubro, novembro e dezembro; Fl. 5960DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.961 8 PPR pagos em fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro, outubro e dezembro. Justificando a qualificação da multa o Auditor no item IV, fls. 3892/3893, diz o seguinte: 1 A aplicação da multa qualificada de 150% é justificada nos casos em que fique comprovada a ação dolosa com intuito evidente de sonegação e fraude. É posta em nosso ordenamento para que iniba a conduta fraudulenta. 2 A simetria necessária entre direitos e deveres da sociedade com a Previdência Social é peça chave para o bemestar de toda a população. O dever de recolher a contribuição tem significado para toda a coletividade e qualquer conduta que intente deteriorar o bemestar coletivo em beneficio próprio deve ser punida com os rigores da Lei. Neste contexto, resta evidente o abuso na medida em que a empresa, propositalmente, tenta evitar a ocorrência da obrigação com o Fisco, omitindo informações e enquadrando seus pagamentos de uma forma que lhe seja mais benéfica, à revelia do disposto na legislação. Quanto às gratificações, a fraude tornase mais evidente quando se percebe que os gestores da empresa recebem as maiores gratificações. E não é só isso, como já dito anteriormente alguns gestores receberam salários menores que as próprias gratificações. Tais segurados não foram, tampouco serão, prejudicados quanto a eventuais benefícios previdenciários que venham exigir, pois a maior parte deles já recebia remuneração acima do teto previdenciário, que é o valor máximo que serve de base para o pagamento de benefícios. Neste caso especifico, somente a Previdência Social foi prejudicada em razão da redução da contribuição previdenciária não recolhida. Desse modo, a empresa é a única beneficiária com a não inclusão dessas rubricas na base de cálculo da previdência. Outrossim, não foram declaradas em GFIP a totalidade dos pagamentos efetuados a contribuintes individuais por serviços prestados, em especial aos carreteiros autônomos. Como é sabido, ao realizar a apuração da contribuição previdenciária devida, o contribuinte deve incluir todas as rubricas, exceto aquelas excluídas por força de lei ou que possua decisão judicial favorável. Isso se deve ao fato de que a Previdência Social deve ser financiada por toda a sociedade e pelo Estado, pois tem como pilar principal custear o beneficio máximo de um trabalhador brasileiro, que é a aposentadoria. Outrossim, a legislação de regência deixa muito claro que a relação de rubricas sobre as quais não incide a contribuição Fl. 5961DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.962 9 previdenciária é taxativa, não cabendo aos contribuintes interpretála da forma que lhe aprouver. Dessa forma, restam caracterizados os fatores que ensejam a aplicação da multa qualificada, ante a nítida fraude com intuito específico de não oferecer à tributação a contribuição previdenciária e a contribuição devida a outras entidades e fundos incidentes sobre totalidade das remunerações pagas, quais sejam, Ajuda de Custo, Gratificação Liberalidade, Gratificação Diretoria e Prêmio Inovação, aos seus funcionários e gestores, bem como a totalidade dos pagamentos efetuados a Contribuintes Individuais. Por fim o Auditor informa que em razão da falta de declaração em GFIP de todos os fatos geradores foi formalizada Representação Fiscal para Fins Penais, em face da comprovação em tese dos ilícitos: "crime de sonegação de Contribuição Previdenciária, previsto no artigo 337A, inciso III, do Código Penal, com redação dada pela Lei n° 9.983, de 14/07/2000. As contribuições destinadas a outras entidades e fundos configuram, em tese, Crime Contra a Ordem Tributária, previsto na Lei n° 8.137/90, arts. 1°, inciso II e 2°, inciso I”. Cientificada eletronicamente empresa, conforme Termo de Solicitação de Juntada de documentos, acostado às fls. 4960, com data de 12/01/2017 oferece a impugnação de fls. 4961/5008 onde após descrever o histórico da fiscalização, no item intitulado: Inexistência de Fraude que tem como consequência a impossibilidade de exigência de Multa Qualificada de 150%, e a necessidade de aplicação da Decadência nos termos do artigo 150, §4°, do Código Tributário Nacional, discorre sobre a conduta da fiscalização, ocasião em que registra reclamação quanto à formalização "diante da perspectiva de que se aproximava o prazo decadencial para exigências relativas a partir de janeiro de 2.011, preferindo logo cobrar estas supostas diferenças, sem dar oportunidade ao contribuinte de demonstrar o porquê das diferenças". Sustenta que as diferenças de base de cálculo não configuram sonegação, fraude ou tentativa de ludibriar a fiscalização. Após transcrever a legislação e o conteúdo do Relatório Fiscal que justificou a qualificação da multa ressalta que: Com a devida vênia, não se verifica no presente caso qualquer pálido indício de sonegação ou fraude praticados pela Impugnante, necessárias para justificar a multa qualificada, que como acima visto, está fundada em meras suposições de que o PPR não teria obedecido aos ditames legais e, por isto, os valores pagos aos empregados representariam salário, diante do que, segundo sustenta a fiscalização, seria devida a contribuição previdenciária. Da mesma forma, a Impugnante entendia (e continua entendendo) que sobre a Ajuda de Custo, Gratificações e Prêmios pagos, ora questionados pela fiscalização, não incide a Fl. 5962DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.963 10 contribuição previdenciária, e por este motivo não efetuou o lançamento na GFIP. NÃO HÁ QUALQUER COMPORTAMENTO FRAUDULENTO NESTA CONDUTA!!! As justificativas constantes do Termo de Verificação Fiscal para aplicação da multa qualificada não são verdadeiras, pois a Impugnante em momento algum propositadamente omitiu informações da fiscalização. Pelo contrário, como se verifica em diversos itens do mesmo, a Impugnante sempre apresentou os documentos solicitados pela fiscalização, bem como prestou os devidos esclarecimentos (vide, por exemplo, itens 17, 19, 26, 27, 38, 45, 50, 55, 57, 61, 62, 65, 77, 79, 81, 82, 83, 89, 92, 93). E justamente com base nessas informações é que foram lavrados os Autos de Infração ora combatidos. Como é sabido, a fraude não pode ser presumida, e deve ser efetivamente comprovada pela fiscalização para justificar a aplicação da multa qualificada, o que não se verificou no presente caso. 21. Com a devida vênia, a quantificação da penalidade imposta ao contribuinte deve guardar relação com a suposta falta praticada. Se estivermos diante de hipótese de contribuinte que atua de forma fraudulenta, razão assiste ao legislador em aplicar a multa qualificada. Por outro lado, se estivermos diante de hipótese de contribuinte com escrituração regular, como é o caso da Impugnante, que atendeu corretamente à fiscalização e franqueou toda a sua documentação, agindo com boafé e sem qualquer intenção de fraudar o fisco, não faz o menor sentido penalizála com a multa qualificada. Em hipótese em que a Impugnante apenas tem entendimento diverso do Fisco quanto ao recolhimento da contribuição previdenciária, o erro na determinação da dosimetria penal traz sérias implicações e deve ser corrigido. Corroborando com o seu ponto de vista, cita doutrinadores e várias decisões do CARF, destacando ser a jurisprudência administrativa pacífica no sentido da manutenção da multa qualificada somente na hipótese em que o contribuinte realiza verdadeiro planejamento tributário, criando até outras empresas para alocação de funcionários e segregação de atividades, com vistas a burlar o fisco. Cita ainda que, no caso, é claro tratarse de entendimento diverso da fiscalização sem qualquer intuito sonegatório ou fraudulento. Alega ainda a natureza de confisco da multa em valor tão elevado. Em consequencia, aduz que, sem a comprovação do dolo, afasta se a aplicação do artigo 173, 1, do Código Tributário Nacional, dai a contagem do prazo decadencial, no caso, deverá obedecer ao disposto no artigo 150, parágrafo 4°, do Código Tributário Nacional. Fl. 5963DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.964 11 Sobre este aspecto diz o seguinte: 33. No presente caso, da simples análise do lapso temporal ocorrido entre (i) o surgimento da obrigação tributária (fatos geradores anteriores a 14.12.2011) e (ii) a data da constituição do crédito tributário, ocorrida em 14.12.2016, pela cientificação da Impugnante dos autos de infração ora combatidos, operouse a DECADÊNCIA do direito do Fisco de exigir o referido crédito tributário previdenciário, visto que já se exauriu o prazo de cinco anos para sua constituição, considerado, desta forma, "homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito" (trecho do artigo 150, parágrafo 4° do CTN g.n.). 39. No caso concreto, a fiscalização, para lançar os valores das contribuições previdenciárias que estão sendo exigidos nos autos de infração ora combatidos deveria têlo feito no prazo de cinco anos, contados da data da ocorrência dos fatos geradores. Em não o fazendo, a fiscalização decaiu do seu direito e nada poderá exigir da Impugnante, em razão da extinção do respectivo crédito tributário (artigo 150, parágrafo 4°do CTN). Ampara seus argumentos em citações doutrinárias, transcreve decisões do CARF e a Súmula 99 editada pelo CARF, onde foi consolidada a jurisprudência administrativa quanto à aplicação da regra decadencial do art. 150 §4°, para as contribuições previdenciárias . "Súmula CARF n° 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, §4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração." No mérito, sustenta a não incidência das contribuições previdenciárias sobre a Gratificação Liberalidade, Ajuda de Custo, Prêmio Inovação, e Programa de Participação nos Resultados PPR, pagos a segurados empregados, e sobre as Gratificações pagas aos contribuintes individuais (Diretores Estatutários), por terem caráter indenizatório e não existir habitualidade. Cita que a não incidência sobre tais verbas tem guarida no art. 28 §9° alínea "e" itens 5,7 e alínea "g" da Lei 8.212/1991. Especificamente, sobre a verba paga aos empregados a título de Gratificação Liberalidade, diz que tem natureza indenizatória e se incluem no item 5 da alínea "e" do art. 28 da Lei 8.212/1991 como sendo "Gratificação de Demissão/Desligamento". Entendimento este manifesto em decisões do CARF, que transcreve. Sobre situações pontuais de alguns empregados, destaca o seguinte: Fl. 5964DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.965 12 Ainda com relação à "Gratificação de Demissão / Desligamento" importa destacar que os valores pagos ao Sr. Álvaro Luis Veloso (Diretor de Negócios que se desligou da empresa em 30.04.2010) e à Sra. Lilian Taniguchi (Gerente de Novos Negócios desligada da empresa em 23.07.2009), também se configuram como verbas eventuais e indenizatórias. No caso do Sr. Álvaro, que já havia recebido uma gratificação no ano de 2010 quando do seu desligamento, a empresa apenas efetuou o pagamento de ajustes de diferenças em razão de sua expatriação. Já com relação à Sra. Lilian, que em 2010 também recebeu uma gratificação quando do seu desligamento, o pagamento efetuado em 2011 refere se à denominada "cláusula de noncompete ", verba absolutamente eventual, que objetiva a não transferência imediata do empregado para algum concorrente. Enfim, em razão da inexistência de habitualidade, bem como de seu caráter indenizatório, as verbas relacionadas com a "Gratificação de Demissão / Desligamento" paga aos funcionários, não estão sujeitas à incidência da contribuição previdenciária. No que tange à empregada Jesiele Cristina Chaves Cabral Stanchak, o valor foi pago pela Impugnante como "Gratificação de Admissão" Sobre a "Gratificação de Admissão" aduz que 63. No presente caso, não se verifica nos autos qualquer prova por parte da fiscalização de que o pagamento da "Gratificação de Admissão " se deu de forma compulsória, por exigência de uma das partes. Tratase, sim, de mera liberalidade da Impugnante, que voluntariamente ofereceu este bônus para que o novo funcionário passasse a integrar o seu quadro. Com relação aos pagamentos a título de "Bônus / Adicional de Desempenho”, que foram realizados a gerentes da estrutura, no ano seguinte às contratações, destaca a natureza indenizatória, eventual e a formalização por mera liberalidade, bem como ser verba de não incidência prevista no item 7, do parágrafo 9° do artigo 28 da Lei n2 8.212/91. Quanto à "Ajuda de Custo Transferência", diz que foram pagas em razão da mudança de local de trabalho dos funcionários indicados no Anexo identificado como doc.6. Tal situação também está abrangida pela exclusão de incidência prevista na alínea "g" do §9° do art. 28 da Lei 8.212/1991. Sustentando seu ponto de vista, transcreve Acórdão do STJ. Sobre a rubrica "Prêmio Inovação" paga a 28 empregados diz que representa verdadeiro abono único, pago de forma eventual, completamente desvinculado do salário, que também se enquadra na exceção da alínea "e", item 7, do parágrafo 9° do artigo 28 da Lei 8.212/91, e que, portanto, não pode estar sujeita à incidência da contribuição previdenciária. Fl. 5965DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.966 13 No tocante ao PLR a autuada, após transcrever os itens do Relatório Fiscal onde foram apontadas as irregularidades, aduz que as conclusões da Fiscalização são inverídicas. Como supedâneo da regularidade dos seus programas cita que no período de 2001 a 2006, também ocorreu questionamento por parte da fiscalização, no entanto, a regularidade foi confirmada pelo CARF no Processo 14485.001784/200787; Acórdão 2803 001.388, da 32 Turma Especial, da Segunda Seção de Julgamento do CARF, julgado em sessão de 12.03.2012. Sobre a composição da comissão de negociação, informa que anexou à peça de impugnação documentos que comprovam a regularidade da eleição dos responsáveis pela elaboração dos termos do programa para o ano de 2010 e 2011. Cita que: 86. De qualquer forma, como se verifica da ata de reunião realizada em 12 de julho de 2011 (doc 13), a documentação relativa à eleição da comissão foi devidamente entregue ao Sindicato. Ora. Srs. Julgadores, devese ter em mente que o espírito da lei foi devidamente respeitado, com uma negociação democrática, contando com a participação de representante do sindicato e de funcionários escolhidos em eleição específica. Ressalta que se comparados os Acordos coletivos anteriores é possível verificar que sempre existiu regras "bastante claras, objetivas e idênticas desde 2009 (os Anexos I e II de cada acordo contêm as regras e diretrizes básicas para o pagamento do PPR), não havendo qualquer "surpresa" para os funcionários." Esclarece que: O que divergiu em 2011, foi o fato de que, após demorada negociação, restou acordado em benefício de um grupo de funcionários mais graduados, com Metas Coletivas, que caso atingissem 120% da meta estabelecida, poderiam receber até 3 (três)salários nominais, e, ainda, estabeleceuse a possibilidade de um PPR Diferido (que constou em Termo Aditivo) para os Grupos Salariais 36 a 39, representado por uma parcela adicional da remuneração variável, com carência de 3 anos para pagamento. E justamente em razão da demora desta negociação é que se acabou assinando o acordo no final de 2011, que, como visto, beneficiou ainda mais os empregados (ou seja, mais uma vez foi respeitado o espírito da legislação). As perguntas que devem ser respondidas são: Algum prejuízo tiveram os funcionários com o fato do PPR de 2011 ter sido assinado no final de 2011? Desconheciam os funcionários as regras do PPR, que vigoravam desde 2009? Sobre este aspecto, para sustentar a inexistência de prejuízo aos empregados, transcreve acórdãos do CARF. Fl. 5966DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.967 14 Com relação ao pagamento do PLR explica que a primeira parcela do PPR é adiantada em agosto, e o saldo final é liquidado em fevereiro do ano seguinte. Assim sendo, no ano de 2011, a maior parte dos valores pagos pela Impugnante a título de PPR, que ocorreu em fevereiro/2011, se refere ao saldo final/liquidação do PPR do ano de 2010, que em momento algum foi questionado pela fiscalização (basta verificar a autuação de 2010, ora em discussão no Processo n2 1 0314.728381/201508). Neste contexto, por qualquer ângulo que se analise esta questão, esses valores não podem estar sujeitos à incidência da contribuição previdenciária, e devem ser excluídos destes autos de infração. Por seu turno, os pagamentos efetuados em março/2011, referemse aos empregados desligados em 2010, como consta do acordo celebrado. Já em agosto de 2011 foi apenas adiantada parte do PPR daquele ano, que só foi efetivamente ajustado/finalizado em fevereiro de 2012, razão pela qual a assinatura do acordo no final de 2011 não causou nenhum prejuízo aos empregados da Impugnante. Vale repisar, aqui, que a assinatura do acordo de PPR ao final do ano de 2011 se deu única e exclusivamente em razão de ampliação da negociação, que gerou um termo aditivo que beneficiou ainda alguns funcionários, que passaram a ter a possibilidade de receber um PPR diferido e, em atingindo 120% das metas, receber até 3 salários. Os demais pagamentos que ocorreram em 2011 cuidam apenas de ajustes do PPR (seja do adiantamento de 2011, seja do saldo final de 2010), em razão da aplicação dos dissídios anuais relacionados aos Acordos Coletivos de Trabalho celebrados com os diversos sindicatos que representam cada uma das categorias a que pertencem os milhares de empregados da Impugnante. Em suma, nunca houve descumprimento da legislação, pois o PPR sempre foi pago em duas parcelas, nos exatos termos do acordo celebrado. Conclui que cumpriu todas as exigência legais da Lei 10.101/2000 tendo sido realizadas negociações transparentes e democráticas, com a participação dos representantes do Sindicato. "As metas, objetivos e prazos dos PPRs sempre foram estipulados com a participação do Sindicato, e ao que tudo indica vem sendo aceitos e estão dando os devidos resultados, já que as regras básicas permanecem as mesmas desde 2009. Quanto à verba intitulada "Gratificação de Diretoria" alega que é legítima em face do disposto no artigo 9° §2° do Estatuto Social da autuada que prevê a participação dos diretores nos lucros dos exercícios sociais, por esta razão estão incluídos no Programa de Participação, especificamente no Programa de Metas Mistas. Aduz que a jurisprudência do CARF é no sentido da não incidência da contribuição previdenciária sobre os valores Fl. 5967DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.968 15 pagos a título de participação nos lucros e resultados. Colaciona decisões do CARF. Por fim, protesta pela juntada de novas provas e resume os seus pedidos nos seguintes itens: diante da comprovação inequívoca da inexistência de qualquer comportamento fraudulento ou sonegatório da Impugnante, que apenas possui entendimento diverso da fiscalização quanto à incidência da contribuição previdenciária sobre os pagamentos ora em discussão, seja afastada a multa qualificada de 150%, bem como aplicado ao caso o artigo 150, §4, do Código Tributário Nacional, que resultará na decadência integral do direito do Fisco de efetuar o lançamento, e, consequentemente, no cancelamento das exigências dos Autos de Infração ora combatidos; diante da demonstração de que a contribuição previdenciária não incide sobre os pagamentos ora em discussão, que não são habituais, possuem verdadeiro caráter indenizatório, e se enquadram nas excepcionalidades do parágrafo 92 do artigo 28 da Lei n2 8.212/91, declararse a insubsistência dos Autos de Infração ora combatidos, determinandose o cancelamento das respectivas exigências e, ao final, o arquivamento do processo com a consequente baixa no sistema da Receita Federal do Brasil, ou, no mínimo, caso assim não se entenda, sejam excluídos da base de cálculo destas autuações os valores pagos em fevereiro de 2011 a título de Programa de Participação nos Resultados PPR, já que estes pagamentos estão relacionados ao PPR do ano de 2010, que não foi objeto de questionamento pela fiscalização. É o Relatório. A decisão de primeira instância restou ementada nos termos abaixo (fls. 5859/5888): FALTA DE COMPROVAÇÃO PELO FISCO DA OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SONEGAÇÃO. AFASTAMENTO DA MULTA QUALIFICADA. Não deve prevalecer a multa qualificada, quando o fisco deixa de demonstrar que o sujeito passivo incorreu em fraude, dolo ou sonegação. PRÊMIO. GRATIFICAÇÃO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Prêmio ou gratificação, não estando expressamente excluídas do salário de contribuição pelo § 9°, do art. 28 da Lei n° 8.212/91, têm natureza salarial e integram a remuneração para efeito de contribuição à Previdência Social. Fl. 5968DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.969 16 Em face da decisão supra, da qual o sujeito passivo foi cientificado em 03/07/2017 (fl.5914), foi interposto Recurso Voluntário, tempestivamente, em 01/08/2017, em que se reiterou as razões já expostas por ocasião do protocolo da peça defensiva. É o Relatório. Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Recurso de Ofício Admissibilidade O Recurso de Ofício preenche aos requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Do mérito A decisão recorrida não considerou suficientemente demonstrada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, e, conseqüentemente, afastou a qualificação da multa de ofício, além de transmudar a regra de contagem do prazo decadencial para o art. 150, § 4º, do CTN. Assim, restou hígida no presente lançamento apenas a competência 12/2011, sem a qualificação da multa de ofício. As demais competências (01/2011 a 11/2011) foram fulminadas pela decadência. O julgador a quo formou sua convicção baseado nas seguintes constatações: Em consonância com votos exarados em outros processos já manifestei minha posição de que a aplicação de penalidade mais grave, mediante a majoração da multa de ofício, somente tem cabimento em situações específicas, onde fique evidenciado o comportamento anormal do sujeito passivo, seja no tocante ao dolo, conluio ou fraude, situações que, por sua gravidade, devem ensejar reprimenda punitiva de maior monta, com o fito de punir o infrator que assim age, extrapolando a conduta do mero inadimplente, e desestimular novos procedimentos desta natureza. Conforme se depreende da legislação, para que a multa seja qualificada, é necessária a conduta dolosa por parte do agente. Ensina a Doutrina que “dolo ocorre quando o indivíduo age de máfé, sabendo das consequências que possam vir a ocorrer, e o pratica para de alguma forma beneficiarse de algo”. Assim, para que haja dolo deve haver a intenção de “burlar a lei”, enganando o próximo em proveito próprio ou alheio, o que, no meu sentir, não ocorre no caso concreto. A Lei 4.502/1964, nos artigos 71 a 73, tratou das situações caracterizadoras da ocorrência de sonegação, fraude e conluio. Dentre essas questões, há a exigência de ação ou omissão dolosa Fl. 5969DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.970 17 com finalidade de deixar de recolher o tributo ou fazêlo a menor, in verbis: No presente caso não observo as hipóteses da legislação supratranscrita, que justifiquem a qualificação da multa aplicada. O fato de o contribuinte omitir informações na GFIP verbas que entende estarem inseridas no § 9° do art. 28 da Lei 8.212/1991, portanto, excluídas de isenção, sem a comprovação de subterfúgios com vistas a camuflar, dificultar o conhecimento destas condutas, não se traduz em dolo, mas, sim, conforme alegado, em entendimento jurídico diverso e em conseqüência em inadimplemento no pagamento. “Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” Para facilitar o entendimento repito aqui as justificativas do Auditor para a qualificação da multa. A aplicação da multa qualificada de 150% é justificada nos casos em que fique comprovada, a ação dolosa com intuito evidente de' sonegação e 'fraude. É posta em nosso ordenamento para que iniba a conduta fraudulenta. A tentativa de constituir rubricas com nomenclaturas distintas àquelas associadas à incidência da contribuição previdenciária denota evidente intuito de ludibriar a fiscalização e torna piores contornos se considerarmos a consequência social que uma fraude à Previdência acarreta. A simetria necessária entre direitos e deveres da sociedade com a Previdência Social é peça chave para o bemestar de toda a população. O dever de recolher a contribuição tem significado para toda a coletividade e qualquer conduta que intente deteriorar o bemestar coletivo em beneficio próprio deve Ser punida com os rigores da Lei Neste contexto, resta evidente o abuso na medida em que a empresa, propositalmente, tenta evitar a ocorrência da Fl. 5970DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.971 18 obrigação com o Fisco, omitindo informações e enquadrando seus pagamentos de uma forma que lhe seja mais benéfica, à revelia do disposto na legislação. Quanto às gratificações, a: fraude tornase mais evidente quando se percebe que os gestores da empresa recebem as maiores gratificações. E não é só isso, como já dito anteriormente alguns gestores receberam salário menores que as próprias gratificações. Tais segurados não foram, tampouco serão, prejudicados quanto a eventuais benefícios previdenciários que venham exigir, pois a maior parte deles já recebia remuneração acima do teto previdenciário, que é o valor. Máximo que serve de base para o pagamento de benefícios. Neste caso específico, somente a Previdência Social 'foi prejudicada em razão da redução da contribuição previdenciária não recolhida. Desse modo, a empresa é a única beneficiária com a não inclusão dessas rubricas na base de cálculo da previdência. Como é sabido, ao realizar a apuração da contribuição previdenciária devida, o contribuinte deve incluir todas as rubricas, exceto aquelas excluídas por força de lei ou que possua. decisão judicial favorável. Isso se deve ao fato de que a Previdência Social deve ser financiada por toda a sociedade e pelo Estado, pois tem como pilar principal custear o beneficio máximo de um' trabalhador brasileiro, que é a aposentadoria. Outrossim; a legislação de regência deixa muito claro que a relação de rubricas sobre as quais não incide a contribuição previdenciária é taxativa, não cabendo aos contribuinte interpretála da forma que lhe aprouver. No presente caso não observo as hipóteses da legislação supratranscrita, que justifiquem a qualificação da multa aplicada. O fato de o contribuinte omitir informações na GFIP verbas que entende estarem inseridas no § 9° do art. 28 da Lei 8.212/1991, portanto, excluídas de isenção, sem a comprovação de subterfúgios com vistas a camuflar, dificultar o conhecimento destas condutas, não se traduz em dolo, mas, sim, conforme alegado, em entendimento jurídico diverso e em conseqüência em inadimplemento no pagamento. A decisão recorrida não merece retoque. Extraise dos apontamentos do relatório fiscal que não restou suficientemente comprovada a conduta dolosa do sujeito passivo com o intuito evidente de simulação ou fraude. O fato de ter sido descaracterizado o Programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), bem como consideradas como integrantes do salário de contribuição, as gratificações que a recorrente considerava como parcelas indenizatórias, ou omitir informações na GFIP, por si só, não podem ser tidas como condutas a justificar a qualificação da multa. Inexistindo conduta dolosa, com conluio, simulação ou fraude, incabível a qualificação da multa de ofício. Como consequência, deve ser aplicado ao caso concreto a Fl. 5971DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.972 19 regra de contagem do praz decadencial inserta no art. 150, § 4º, do CTN, uma vez que, à toda evidência, houve antecipação de pagamento. Nos termos do Termo de Verificação Fiscal, a contribuinte foi intimada a apresentar esclarecimentos acerca da divergência entre o valor declarado em DIRF em GFIP. Do Recurso Voluntário Das parcelas integrantes do salário de contribuição A controvérsia cingese na natureza da gratificação paga os trabalhadores como ajuda de custo e por incentivo à demissão ser considerada ou não salário de contribuição, nos termos do art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991. Na definição de salário de contribuição, o legislador adotou o conceito bem mais amplo de remuneração para efeitos de apuração da contribuição previdenciária, abrangendo o salário, com todos os componentes, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma. Neste sentido, também é o § 11 do art. 201 da Constituição Federal: " § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Segundo a recorrente, a gratificação especial aos funcionários desligados que era um plano de incentivo à demissão. Não há previsão legal para incidência sobre esta parcela.Não se trata esse verba de indenização, posto que não é disponibilizada para ressarcir um prejuízo do trabalhador decorrente de sua prestação laboral ou mesmo para reembolsálo de despesas que tenha feito na execução do contrato de trabalho. A meu ver, tratase de uma gratificação ajustada que é paga ao final do contrato de trabalho. É um prêmio dado ao trabalhador pelo tempo que esteve à disposição do empregador e por não haver dado causa à demissão. Transcrevemos a seguir o art. 28 da Lei n.° 8.212/1991, no que pertine ao conceito de salário de contribuição: " Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa;" Se um ganho tem por finalidade retribuir o trabalho, independente da forma como seja pago deve integrar o salário de contribuição, quer pelo trabalho efetivamente prestado, quer pelo tempo que tenha ficado à disposição do empregador. Fl. 5972DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.973 20 Há quem defenda que este tipo de gratificação deve ser excluído da base de cálculo por representar um ganho eventual, o que atrairia a aplicação do item 7 da alínea "e" do § 9.° do art. 28 da Lei n.° 8.212/1991, assim redigido: "§ 9° Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) e) as importâncias: (...) 7.recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; (...) Não concordo com esse entendimento. Eventual é uma característica do que é incerto, que se realiza por uma causa não esperada. A gratificação sob enfoque não pode ser considerada uma verba eventual, mas se vincular ao salário e se encontram na expectativa do trabalhador. Nesse sentido, entendo que a gratificações denominadas prêmio inovação por desempenho devem integrar o salário de contribuição. Melhor sorte não assiste ao recorrente, no que diz respeito à denominada ajuda de custo por mudança de local de trabalho. O § 9.° do art. 28 da Lei n.° 8.212/1991, está assim redigido: "§ 9° Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT” Não há nenhuma prova nos autos de que houve o pagamento em parcela única e que se destinou a custear despesas pela mudança no local da prestação dos serviços. O documento nº 6, anexado à impugnação, mencionado pelo recorrente, trata de uma planilha unilateral e que sequer faz menção à mudança do legal de trabalho dos obreiros, sendo imprestável como prova das alegações recursais. Destarte, não merece provimento o voluntário quanto à não incidência de contribuição previdenciária sobre as gratificações pagas pela recorrente. A participação dos empregados no lucro das empresas tem sede constitucional no Capítulo que trata dos Direitos Sociais. Eis o que preleciona a Carta Magna: Art. 7° São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) Fl. 5973DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.974 21 XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; (...) Para regulamentar o dispositivo constitucional foi editada a Medida Provisória n° 794/2004, sucessivamente reeditada até a conversão na Lei n° 10.101/2000. O art. 1.° da Lei n° 10.101/2000, estabelece: Art. 1° Esta lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. Esse diploma veio normatizar diversos aspectos atinentes à participação dos trabalhadores no resultado do empregador, tais como: forma de negociação, impossibilidade de substituição da remuneração por esse benefício, periodicidade, isenção tributária etc. Como já abordado, a Lei n° 8.212/1991, alínea “j” do § 9° do art. 28, que regula a isenção previdenciária sobre a participação nos lucros, prevê que não haverá a incidência de contribuições previdenciárias sobre a citada verba, mas condiciona o benefício fiscal ao pagamento da parcela dos resultados em conformidade com a lei específica, no caso a Lei n.° 10.101/2000. Não é exaustivo repetir o dispositivo: Art. 28. (...) § 9 Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; (...) De acordo com o Relatório Fiscal, o fisco concluiu que houve desobediência à Lei n° 10.101/2000. A redação do §2° do art. 3o da Lei n° 10.101/2000, vigente na data dos fatos geradores, veda o pagamento da PLR em duas vezes no mesmo semestre civil. Para a fruição do benefício fiscal, o § 2° do art. 3° da Lei n° 10.101/2000, estabeleceu regras quanto à periodicidade dos pagamentos realizados a título de participação nos lucros ou resultados. Na redação vigente à época dos fatos geradores, o legislador fixou o limite anual de 2 (dois) pagamentos, desde que efetuados num intervalo mínimo de um semestre: Art. 3° A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. (...) § 2° É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou Fl. 5974DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.975 22 resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil.(Grifouse). A finalidade da instituição pelo legislador desse critério básico para a não incidência da contribuição previdenciária foi buscar evitar a utilização da parcela como uma forma disfarçada de substituição ou complementação da remuneração devida ao segurado empregado. De acordo com a autoridade lançadora, a empresa realizou o pagamento da PLR em quase todos os meses do exercício, em desacordo com o § 2° do art. 3° da Lei n° 10.101/2000. A lei não prevê exceção à regra geral que possa abarcar a tese de defesa, prevendo taxativamente que é vedado pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de PLR, mais de uma vez no mesmo semestre civil ou mais de duas vezes dentro do mesmo ano, segundo a redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores. De outro lado, são abalizadas as teses que se formaram neste Conselho acerca do momento da assinatura do PLR. Alguns firmaram entendimento no sentido de que a formalização do plano deve ser anterior ao exercício a que corresponde; outros entendem que essa formalização pode ocorrer mesmo após o início do período de apuração dos critérios pertinentes ao programa de PLR. É sabido que a assinatura do plano representa o encerramento formal de todo um ciclo de negociações, muitas vezes pautadas por inúmeras reuniões para se chegar a um acordo de PLR, que atenda aos objetivos traçados pela legislação de regência. Todavia, mesmo não me filiando ao entendimento dos que pensam que a assinatura do programa deve ser obrigatoriamente anterior ao exercício a que se refere, entendo que a formalização do PLR/PPR deverá se dar anteriormente ao pagamento de qualquer uma de suas parcelas, bem como a formalização deverá ocorrer, se não antes, ao menos no decorrer do exercício a que se refere. No caso dos autos, o Auditor notificante assinala que o PPR foi assinado no dia 20/12/2011. A primeira parcela do PPR foi paga ainda no mês de agosto/2011. A ausência de assinatura antes do pagamento de quaisquer uma de suas parcelas, a meu ver, descaracteriza o programa, eis que, a rigor, houve o pagamento sem a fixação de regras para o seu recebimento. Ainda que se possa dizer que as regras estariam estabelecidas no decorrer das negociações, a ausência de formalização do acordo, não gera qualquer garantia que as regras que estavam sendo negociadas seriam as definitivas. Destarte, entendo que o pagamento de parcela em agosto/2011, e a assinatura do acordo de PPR apenas no final do exercício (dezembro/2011), culminaram no descumprimento da obrigação imposta na Lei n° 10.101/2010, de que as metas deverão ser previamente pactuadas. Assim, nego provimento ao recurso nesse tocante. Conclusão Diante de todo o exposto, voto por negar provimento aos recursos de Ofício e Voluntário. Fl. 5975DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.976 23 (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Fl. 5976DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.724780/2013-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2001 a 31/05/2005
NULIDADE DO LANÇAMENTO ANTERIOR. VÍCIO MATERIAL. NOVO LANÇAMENTO. DECADÊNCIA.
Reconhecido, no lançamento anterior, o cerceamento de defesa na realização de auditoria em endereço diverso do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo, que levou à decretação da invalidade da autuação fiscal fundamentada na ausência de apresentação de documentos, fica caracterizada a existência de vício material. Uma vez efetuado o novo lançamento em relação aos mesmos fatos geradores somente ao final do ano de 2013, operou-se a extinção do crédito tributário pela decadência.
Numero da decisão: 2401-005.863
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a decadência do crédito tributário lançado.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada).
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/2001 a 31/05/2005 NULIDADE DO LANÇAMENTO ANTERIOR. VÍCIO MATERIAL. NOVO LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. Reconhecido, no lançamento anterior, o cerceamento de defesa na realização de auditoria em endereço diverso do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo, que levou à decretação da invalidade da autuação fiscal fundamentada na ausência de apresentação de documentos, fica caracterizada a existência de vício material. Uma vez efetuado o novo lançamento em relação aos mesmos fatos geradores somente ao final do ano de 2013, operou-se a extinção do crédito tributário pela decadência.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10680.724780/2013-51
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944159
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2401-005.863
nome_arquivo_s : Decisao_10680724780201351.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CLEBERSON ALEX FRIESS
nome_arquivo_pdf_s : 10680724780201351_5944159.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a decadência do crédito tributário lançado. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada).
dt_sessao_tdt : Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
id : 7559456
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:33:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051146918035456
conteudo_txt : Metadados => date: 2018-12-12T19:46:01Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2018-12-12T19:46:01Z; Last-Modified: 2018-12-12T19:46:01Z; dcterms:modified: 2018-12-12T19:46:01Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2018-12-12T19:46:01Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2018-12-12T19:46:01Z; meta:save-date: 2018-12-12T19:46:01Z; pdf:encrypted: true; modified: 2018-12-12T19:46:01Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2018-12-12T19:46:01Z; created: 2018-12-12T19:46:01Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; Creation-Date: 2018-12-12T19:46:01Z; pdf:charsPerPage: 1488; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2018-12-12T19:46:01Z | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 957 1 956 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.724780/201351 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401005.863 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 7 de novembro de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS LANÇAMENTO SUBSTITUTIVO DECADÊNCIA Recorrente M.I. MONTREAL INFORMÁTICA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2001 a 31/05/2005 NULIDADE DO LANÇAMENTO ANTERIOR. VÍCIO MATERIAL. NOVO LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. Reconhecido, no lançamento anterior, o cerceamento de defesa na realização de auditoria em endereço diverso do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo, que levou à decretação da invalidade da autuação fiscal fundamentada na ausência de apresentação de documentos, fica caracterizada a existência de vício material. Uma vez efetuado o novo lançamento em relação aos mesmos fatos geradores somente ao final do ano de 2013, operou se a extinção do crédito tributário pela decadência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a decadência do crédito tributário lançado. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 47 80 /2 01 3- 51 Fl. 957DF CARF MF Processo nº 10680.724780/201351 Acórdão n.º 2401005.863 S2C4T1 Fl. 958 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada). Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (DRJ/JFA), por meio do Acórdão nº 0963.974, de 14/07/2017, cujo dispositivo considerou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido (fls. 913/923): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2001 a 31/05/2005 VÍCIO FORMAL. AUTO DE INFRAÇÃO SUBSTITUTIVO. Vício formal se caracteriza nos elementos extrínsecos do ato administrativo. O novo auto de infração deve ser efetuado com os mesmos elementos do anterior, a menos do fato irregular efetuado e tem, por prazo de decadência, o previsto no art. 173, II do CTN. Impugnação Improcedente Extraise do Relatório Fiscal, às fls. 60/77, que o processo administrativo é composto do Auto de Infração (AI) nº 37.410.6088, relativo à contribuição previdenciária destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre valores pagos pela empresa a seus empregados a título de "reembolso de despesas", nas competências 07/2001 a 05/2005. Segundo o agente fazendário, o auto de infração teve por finalidade a substituição da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) nº 37.004.8687, controlada no Processo nº 12267.000339/200820, que foi tornada nula em razão da constatação de vício formal, conforme decidido no Acórdão nº 230100.195, de 05/05/2009, prolatado pela 1ª Turma da 3ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Os pagamentos de reembolsos de despesas em benefício dos segurados empregados foram constatados nas contas contábeis "Custos Recursos Humanos Custos Vinculados a Recursos Humanos Reembolso de Custos CPD´s" (4.7.5.11) e "Despesas Administrativas Recursos Humanos Custos Vinculados a Recursos Humanos Reembolso de Despesas CPD´s" (5.7.5.11), para as quais a pessoa jurídica deixou de apresentar os respectivos documentos comprobatórios da natureza dos dispêndios realizados. Fl. 958DF CARF MF Processo nº 10680.724780/201351 Acórdão n.º 2401005.863 S2C4T1 Fl. 959 3 Por tais motivos, e com base nos documentos constantes do Processo nº 12267.000339/200820, a fiscalização considerou os desembolsos efetuados pela empresa como salário indireto pago a contribuinte individual, integrante da base de cálculo das contribuições previdenciárias. A falta de apresentação de documentos justificou o levantamento do crédito tributário por arbitramento, mediante aferição indireta, a partir dos registros da contabilidade. A autuada tomou ciência do auto de infração, por via postal, em 16/12/2013, tendo impugnado a exigência fiscal (fls. 575 e 585/594). Intimada da decisão de primeira instância em 09/08/2017, data em que efetuou consulta no endereço eletrônico atribuído pela administração tributária, a empresa autuada protocolou recurso voluntário no dia 08/09/2017, em que aduz os seguintes argumentos de fato e de direito (fls. 924/927 e 928/941): (i) ao contrário do que afirmou a decisão de piso, o lançamento original não foi anulado por vício formal, mas em função do cerceamento do direito de defesa da recorrente; (ii) em diversos acórdãos, sobre os mesmos fatos, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais se pronunciou pela existência de vício material, ante a impossibilidade de apresentação de documentos e a prestação de esclarecimentos úteis à ação fiscalizatória; (iii) considerando que o lançamento fiscal em discussão diz respeito a obrigações tributárias do período de 07/2001 a 05/2005, há que se reconhecer a extinção do crédito tributário pela decadência; e (iv) alternativamente, mesmo que o lançamento substitutivo não estivesse fulminado pela decadência, houve nítido cerceamento do direito de defesa da recorrente ao constituir o crédito tributário por arbitramento, na medida em que o único documento exigido pela fiscalização para a lavratura do auto de infração foi a última alteração do contrato social da recorrente. É o relatório. Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Juízo de admissibilidade Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Fl. 959DF CARF MF Processo nº 10680.724780/201351 Acórdão n.º 2401005.863 S2C4T1 Fl. 960 4 Decadência Como se observa da narrativa acima, tratase de lançamento substitutivo relativo às competências de 07/2001 a 05/2005, com ciência do auto de infração pelo sujeito passivo em 16/12/2013. Quanto ao lançamento original, que faz parte do Processo nº 12267.000339/200820, apenso aos autos, em nenhum momento as decisões administrativas explicitaram a natureza do vício, se formal ou material, que levou à decretação da nulidade da NFLD nº 37.004.8687. Em contrapartida, se reconheceu o cerceamento do direito de defesa do contribuinte na realização de auditoria em endereço diverso do seu domicílio tributário eleito. Com efeito, toda a celeuma instaurouse com a exigência de documentos pela fiscalização previdenciária em estabelecimento da empresa distinto daquele eleito como seu local centralizador, a partir de orientação dada pela ProcuradoriaGeral Federal, à época responsável pela área de assessoramento e consultoria em matéria jurídica no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Desde o início do procedimento fiscal, nos anos de 2005/2006, a empresa questionou a determinação do agente fazendário para apresentação de documentos na sua filial da cidade do Rio do Janeiro, em razão de que o seu domicílio fiscal, conforme indicado no respectivo contrato social, localizavase no estabelecimento sede no município de Rio das Flores (RJ). Posteriormente ao término da ação fiscal, no processo autuado originalmente sob o nº 2003.51.01.0224300, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF/2ª Região) proferiu decisão, transitada em julgado, em que considerou procedente o pedido da empresa, ora recorrente, para declarar como domicílio tributário a sua sede, na Rua Capitão Jorge Soares nº 04, município de Rio da Flores (RJ). Além de vincular a Administração Tributária, a declaração de validade do domicílio eleito pelo sujeito passivo, conforme acórdão do TRF/2ª Região, acarretou a ilegalidade do atos praticados pela fiscalização que, desprovidos de justificação válida, desconsideraram o estabelecimento da empresa localizado no município de Rio das Flores (RJ) como aquele onde a pessoa jurídica deveria manter os elementos necessários aos procedimentos fiscais, com obrigação legal de disponibilizálos à fiscalização sempre que solicitados. A postura do agente fiscal em exigir a apresentação dos documentos em estabelecimento, ainda que da mesma empresa, localizado em município diverso do eleito pelo contribuinte como centralizador, no qual estava a documentação necessária e suficiente à fiscalização integral, configura, após a avaliação do caso concreto, evidente prejuízo ao autuado. Não foi outro o entendimento do Acórdão nº 230100.195, de 05/05/2009, da 1ª Turma da 3ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento, ao apreciar o recurso voluntário no Processo nº 12267.000339/200820. Para melhor compreensão do decidido, reproduzo excertos do votocondutor do acórdão (fls. 78/91): (...) Fl. 960DF CARF MF Processo nº 10680.724780/201351 Acórdão n.º 2401005.863 S2C4T1 Fl. 961 5 No caso sob exame temos que o sujeito passivo, logo após a ciência dos MPF e TIAD, manifestouse através de requerimento sobre o domicílio tributário eleito, apontando alteração de seus atos constitutivos e informando que sua documentação se encontrava no estabelecimento centralizador eleito. A resposta ao requerimento se limitou às alegações trazidas pela Procuradoria do INSS, já expostas no relatório, que em síntese são: (...) Assim procedendo, preferiu o órgão fiscalizador não demonstrar qual hipótese legal, impossibilidade ou dificuldade para a realização da ação fiscal, se configurou para a recusa do domicílio eleito pelo sujeito passivo, já que a matéria estava sendo deduzida em juízo e não havia até aquela data decisão judicial deferindo as pretensões do sujeito passivo. (...) Sobre a documentação da empresa, a fiscalização não deixou de admitir que, de fato, era mantida no domicílio eleito, tal como previsto no artigo 743 da Instrução Normativa n° 03, de 14/07/2005; porém, embora seja esse o critério para fixação de oficio do domicílio, ainda assim se manteve em outro estabelecimento da empresa. E pior, os documentos solicitados pela fiscalização através dos Termos de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD foram transportados para o estabelecimento no Rio de Janeiro, resultando autuações e lançamentos por arbitramento, como conseqüência da impossibilidade de atendimento integral das intimações. Reconheço a existência de cerceamento de defesa, o que acabou se evidenciando através das autuações por falta de documentos e recusa em prestar esclarecimentos além dos inúmeros lançamentos por arbitramento. O acompanhamento da ação fiscal por técnico habilitado, prestando os esclarecimentos necessários e exibindo os documentos que justificam os fatos constatados pela fiscalização, constitui direito do contribuinte alinhado com os preceitos constitucional garantidores da ampla defesa e do contraditório. Por todo o exposto, uma vez transitada em julgado a sentença reconhecendose por fim que o domicílio tributário e estabelecimento centralizador do recorrente está situado na Rua Capitão Soares, 04 Rio das Flores Volta Redonda/RJ, somente resta a este órgão administrativo julgador acatar a decisão judicial c, conseqüentemente, a preliminar ora examinada, restando prejudicado o exame de mérito. Por tudo, acato a preliminar de domicílio tributário e não conheço das questões de mérito. Fl. 961DF CARF MF Processo nº 10680.724780/201351 Acórdão n.º 2401005.863 S2C4T1 Fl. 962 6 CONCLUSÃO Em razão do exposto, voto pela anulação do lançamento. (...) Dessa decisão administrativa, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional interpôs recurso especial na forma regimental, que foi negado provimento, conforme Acórdão nº 920201.428, de 12/04/2011, da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 93/98). Como assentado na doutrina e jurisprudência, o lançamento substitutivo decorrente de vício formal deve pautarse nos mesmos elementos de prova do procedimento anterior, mediante o saneamento do defeito do instrumento de constituição do crédito tributário, ficando vedada, por outro lado, qualquer inovação no próprio lançamento. No entanto, o lançamento anterior, consubstanciado na NFLD nº 37.004.8687, foi anulado em decorrência do cerceamento do direito de defesa do sujeito passivo, evidenciado pela exigência do crédito tributário com fundamento na falta de apresentação de documentação pela empresa para demonstrar a inexistência de natureza remuneratória das parcelas pagas. Em tal hipótese de invalidade, o lançamento substitutivo não é executável sem alteração do conteúdo do lançamento, porque, antes de mais nada, sob pena de acarretar um outro cerceamento de defesa, a autoridade fiscal deve oportunizar ao contribuinte, no seu domicílio tributário, a apresentação de todos os documentos e informações necessários à atividade fiscalizatória, para só depois, se for o caso, proceder ao novo lançamento. É de se notar, portanto, que no caso em apreço não se reconheceu a existência de vício formal, na medida em que o defeito do lançamento, segundo a decisão no Processo nº 12267.000339/200820, afetou a própria fundamentação em que se sustentou a imputação infracional. De fato, a conduta fiscal não implicou tão somente desrespeito às normas atinentes à realização de procedimento de auditoria, concentradas que são, via de regra, no estabelecimento centralizador da empresa. É inegável que o vício no procedimento fiscal tem relação direta com os fundamentos adotados para a autuação, haja vista que o lançamento de ofício estava escorado na existência de conduta omissiva da empresa na apresentação de documentação comprobatória, autorizando a lei ordinária a constituição do crédito previdenciário, com inversão do ônus probatório quanto à natureza não remuneratória das parcelas apuradas pelo agente fiscal (art. 33, § 3º, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991). Em razão disso, a falha do lançamento original está associada ao conteúdo do ato e, desse modo, a mácula atinge a própria motivação do ato administrativo, configurando um vício material. O lançamento fiscal controlado no Processo nº 12267.000339/200820 revelou vício intrínseco, na sua origem, que contaminou o fundamento do arbitramento por ausência de apresentação de documentação comprobatória dos reembolsos de despesas em benefício dos segurados empregados, de modo que a validade do lançamento fiscal somente era possível a partir da edição de um novo ato administrativo com alteração de conteúdo (motivação). Fl. 962DF CARF MF Processo nº 10680.724780/201351 Acórdão n.º 2401005.863 S2C4T1 Fl. 963 7 Nesse cenário, o prazo decadencial para o novo lançamento não se submete à regra do inciso II do art. 173 do Código Tributário Nacional (CTN), veiculado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, como acatado pelo colegiado de primeira instância, que se posicionou pela existência de vício formal. Na hipótese de vício material, como ora se cuida, a contagem do prazo decadencial para o novo lançamento segue a disciplina do § 4º do art. 150 ou do inciso I do art. 173, ambos do CTN. Em qualquer das duas regras, levandose em consideração que o AI nº 37.410.6088, lavrado em substituição à NFLD nº 37.004.8687, diz respeito a fatos geradores do período de 07/2001 a 05/2005, com ciência do lançamento fiscal pelo sujeito passivo no dia 16/12/2013, é forçoso reconhecer a extinção do crédito tributário, em virtude da decadência quinquenal (art. 156, inciso V, do CTN). Não obstante o reconhecimento da decadência, acrescento que mesmo na hipótese de vício formal e, portanto, um lançamento substitutivo dentro do prazo de cinco anos da data em que se tornou definitiva a decisão que anulou o lançamento anteriormente efetuado, o que se cogita apenas para fins de raciocínio, também não prospera o presente lançamento fiscal. É que, de acordo com os termos de intimação carreados aos autos pela própria fiscalização, o único documento exigido do contribuinte para a lavratura do AI nº 37.410.6088 foi a última alteração do contrato social. Nada mais foi pedido pela autoridade fiscal, segundo consta, lastreando o lançamento tributário exclusivamente nos fatos verificados no procedimento anterior (fls. 35/43). Assim sendo, avultase, novamente, o cerceamento do direito de defesa, dado que a fiscalização justificou o lançamento com base na omissão do contribuinte na apresentação de documentos e/ou informações, sem oferecer a oportunidade para a sua exibição e/ou prestar esclarecimentos. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário e DOULHE PROVIMENTO, reconhecendo a decadência do crédito tributário lançado. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 963DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.721520/2013-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2001 a 31/05/2005
NULIDADE DO LANÇAMENTO ANTERIOR. VÍCIO MATERIAL. NOVO LANÇAMENTO. DECADÊNCIA.
Reconhecido, no lançamento anterior, o cerceamento de defesa na realização de auditoria em endereço diverso do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo, que levou à decretação da invalidade da autuação fiscal fundamentada na ausência de apresentação de documentos, fica caracterizada a existência de vício material. Uma vez efetuado o novo lançamento em relação aos mesmos fatos geradores somente ao final do ano de 2013, operou-se a extinção do crédito tributário pela decadência.
Numero da decisão: 2401-005.859
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e dar-lhe provimento para reconhecer a decadência do crédito tributário.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada).
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/2001 a 31/05/2005 NULIDADE DO LANÇAMENTO ANTERIOR. VÍCIO MATERIAL. NOVO LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. Reconhecido, no lançamento anterior, o cerceamento de defesa na realização de auditoria em endereço diverso do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo, que levou à decretação da invalidade da autuação fiscal fundamentada na ausência de apresentação de documentos, fica caracterizada a existência de vício material. Uma vez efetuado o novo lançamento em relação aos mesmos fatos geradores somente ao final do ano de 2013, operou-se a extinção do crédito tributário pela decadência.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10680.721520/2013-24
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944155
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2401-005.859
nome_arquivo_s : Decisao_10680721520201324.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CLEBERSON ALEX FRIESS
nome_arquivo_pdf_s : 10680721520201324_5944155.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e dar-lhe provimento para reconhecer a decadência do crédito tributário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada).
dt_sessao_tdt : Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
id : 7559444
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:33:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051146952638464
conteudo_txt : Metadados => date: 2018-12-12T19:44:42Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2018-12-12T19:44:42Z; Last-Modified: 2018-12-12T19:44:42Z; dcterms:modified: 2018-12-12T19:44:42Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2018-12-12T19:44:42Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2018-12-12T19:44:42Z; meta:save-date: 2018-12-12T19:44:42Z; pdf:encrypted: true; modified: 2018-12-12T19:44:42Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2018-12-12T19:44:42Z; created: 2018-12-12T19:44:42Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; Creation-Date: 2018-12-12T19:44:42Z; pdf:charsPerPage: 1485; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2018-12-12T19:44:42Z | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 1.272 1 1.271 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.721520/201324 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401005.859 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 7 de novembro de 2018 Matéria TERCEIROS LANÇAMENTO SUBSTITUTIVO DECADÊNCIA Recorrente M.I. MONTREAL INFORMÁTICA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2001 a 31/05/2005 NULIDADE DO LANÇAMENTO ANTERIOR. VÍCIO MATERIAL. NOVO LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. Reconhecido, no lançamento anterior, o cerceamento de defesa na realização de auditoria em endereço diverso do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo, que levou à decretação da invalidade da autuação fiscal fundamentada na ausência de apresentação de documentos, fica caracterizada a existência de vício material. Uma vez efetuado o novo lançamento em relação aos mesmos fatos geradores somente ao final do ano de 2013, operou se a extinção do crédito tributário pela decadência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e darlhe provimento para reconhecer a decadência do crédito tributário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 15 20 /2 01 3- 24 Fl. 1272DF CARF MF Processo nº 10680.721520/201324 Acórdão n.º 2401005.859 S2C4T1 Fl. 1.273 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada). Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (DRJ/JFA), por meio do Acórdão nº 0963.966, de 14/07/2017, cujo dispositivo considerou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido (fls. 1.225/1.237): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2001 a 31/05/2005 VÍCIO FORMAL. AUTO DE INFRAÇÃO SUBSTITUTIVO. Vício formal se caracteriza nos elementos extrínsecos do ato administrativo. O novo auto de infração deve ser efetuado com os mesmos elementos do anterior, a menos do fato irregular efetuado e tem, por prazo de decadência, o previsto no art. 173, II do CTN. Impugnação Improcedente Extraise do Relatório Fiscal, às fls. 61/80, que o processo administrativo é composto do Auto de Infração (AI) nº 37.410.6002, relativo às contribuições devidas a terceiros Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Serviço Social do Comércio (Sesc) e Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) incidentes sobre valores pagos pela empresa a seus empregados a título de "assistência médica e odontológica", nas competências 07/2001 a 05/2005. Segundo o agente fazendário, o auto de infração teve por finalidade a substituição da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) nº 37.004.8342, controlada no Processo nº 35301.013532/200609, que foi tornada nula em razão da constatação de vício formal, conforme decidido no Acórdão nº 20500.879, de 05/08/2008, prolatado pela Quinta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda. Os pagamentos de despesas de assistência médica e odontológicas em benefício de segurados empregados foram constatados em diversas contas contábeis, para as quais a pessoa jurídica deixou de apresentar os respectivos documentos indispensáveis à análise da natureza dos dispêndios, tais como contratos e aditivos, notas fiscais e faturas, relação de usuários e relatórios de comprovação de despesas. Fl. 1273DF CARF MF Processo nº 10680.721520/201324 Acórdão n.º 2401005.859 S2C4T1 Fl. 1.274 3 Por tais motivos, e com base nos documentos constantes do Processo nº 35301.013532/200609, a fiscalização considerou os desembolsos efetuados pela empresa como salário indireto pago a segurado empregado, integrante da base de cálculo das contribuições previdenciárias, assim como das contribuições devidas a outras entidades e fundos (terceiros). A falta de apresentação de documentos justificou o levantamento do crédito tributário por arbitramento, mediante aferição indireta, a partir dos registros da contabilidade do contribuinte. A autuada tomou ciência do auto de infração, por via postal, em 16/12/2013, tendo impugnado a exigência fiscal (fls. 879 e 889/898). Intimada da decisão de primeira instância em 09/08/2017, data em que efetuou consulta no endereço eletrônico atribuído pela administração tributária, a empresa autuada protocolou recurso voluntário no dia 08/09/2017, em que aduz os seguintes argumentos de fato e de direito (fls. 1.238/1.241 e 1.242/1.255): (i) ao contrário do que afirmou a decisão de piso, o lançamento original não foi anulado por vício formal, mas em função do cerceamento do direito de defesa da recorrente; (ii) em diversos acórdãos, sobre os mesmos fatos, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais se pronunciou pela existência de vício material, ante a impossibilidade de apresentação de documentos e a prestação de esclarecimentos úteis à ação fiscalizatória; (iii) considerando que o lançamento fiscal em discussão diz respeito a obrigações tributárias do período de 07/2001 a 05/2005, há que se reconhecer a extinção do crédito tributário pela decadência; e (iv) alternativamente, mesmo que o lançamento substitutivo não estivesse fulminado pela decadência, houve nítido cerceamento do direito de defesa da recorrente ao constituir o crédito tributário por arbitramento, na medida em que o único documento exigido pela fiscalização para a lavratura do auto de infração foi a última alteração do contrato social da recorrente. É o relatório. Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Juízo de admissibilidade Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Fl. 1274DF CARF MF Processo nº 10680.721520/201324 Acórdão n.º 2401005.859 S2C4T1 Fl. 1.275 4 Decadência Como se observa da narrativa acima, tratase de lançamento substitutivo relativo às competências de 07/2001 a 05/2005, com ciência do auto de infração pelo sujeito passivo em 16/12/2013. Quanto ao lançamento original, que compõe o Processo nº 35301.013532/2006 09, apenso aos autos, em nenhum momento as decisões administrativas explicitaram a natureza do vício, se formal ou material, que levou à decretação da nulidade da NFLD nº 37.004.8342. Em contrapartida, se reconheceu o cerceamento do direito de defesa do contribuinte na realização de auditoria em endereço diverso do seu domicílio tributário. Com efeito, toda a celeuma instaurouse com a exigência de documentos pela fiscalização previdenciária em estabelecimento da empresa distinto daquele eleito como seu local centralizador, a partir de orientação dada pela ProcuradoriaGeral Federal, à época responsável pela área de assessoramento e consultoria em matéria jurídica no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Desde o início do procedimento fiscal, nos anos de 2005/2006, a empresa questionou a determinação do agente fazendário para apresentação de documentos na sua filial da cidade do Rio do Janeiro, em razão de que o seu domicílio fiscal, conforme indicado no respectivo contrato social, localizavase no estabelecimento sede no município de Rio das Flores (RJ). Posteriormente ao término da ação fiscal, no processo autuado originalmente sob o nº 2003.51.01.0224300, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF/2ª Região) proferiu decisão, transitada em julgado, em que considerou procedente o pedido da empresa, ora recorrente, para declarar como domicílio tributário a sua sede, na Rua Capitão Jorge Soares nº 04, município de Rio da Flores (RJ). Além de vincular a Administração Tributária, a declaração de validade do domicílio eleito pelo sujeito passivo, conforme acórdão do TRF/2ª Região, acarretou a ilegalidade do atos praticados pela fiscalização que, desprovidos de justificação válida, desconsideraram o estabelecimento da empresa localizado no município de Rio das Flores (RJ) como aquele onde a pessoa jurídica deveria manter os elementos necessários aos procedimentos fiscais, com obrigação legal de disponibilizálos à fiscalização sempre que solicitados. A postura do agente fiscal em exigir a apresentação dos documentos em estabelecimento, ainda que da mesma empresa, localizado em município diverso do eleito pelo contribuinte como centralizador, no qual estava a documentação necessária e suficiente à fiscalização integral, configura, após a avaliação do caso concreto, evidente prejuízo ao autuado. Não foi outro o entendimento do Acórdão nº 20500.879, de 05/08/2008, da Quinta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, ao julgar o recurso voluntário no Processo nº 35301.013532/200609. Para melhor compreensão do decidido, reproduzo excertos do votocondutor do acórdão (fls. 81/92): (...) Fl. 1275DF CARF MF Processo nº 10680.721520/201324 Acórdão n.º 2401005.859 S2C4T1 Fl. 1.276 5 11. No caso sob exame temos que o sujeito passivo, logo após a ciência dos MPF e TIAD, manifestouse através de requerimento sobre o domicílio tributário eleito, apontando alteração de seus atos constitutivos e informando que sua documentação se encontrava no estabelecimento centralizador eleito. 12. A resposta ao requerimento se limitou a negar o pleito do contribuinte, sem entretanto justificar devidamente a recusar nas hipóteses do §2°, do art. 127, do codex tributário, ou seja, qual hipótese legal, impossibilidade ou dificuldade para a realização da ação fiscal.: (...) 14. No entanto, ao se sujeitar a fiscalização integralmente aos argumentos trazidos pela Procuradoria do INSS, sem mencionar a hipótese para a recusa do domicílio tributário eleito e, após, demonstrála, o órgão fiscalizador assumiu que prevaleceria o desfecho do processo judicial, isto é, quando a sentença transitasse em julgado. Entendo que, equivocadamente, aplicou se ao caso o disposto no artigo 126, §3° da Lei n° 8.213/91 combinado com o artigo 307 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99: (...) 15. E digo equivocadamente porque se desejasse fazer uso da prerrogativa de recusar o domicílio eleito pelo sujeito passivo, caberia ao fisco tão somente demonstrar a ocorrência de uma das hipóteses previstas no citado artigo 127, §2° do CTN, j á que não havia à época tutela judicial que o impedisse. Ao fazêla apenas sob o argumento de que havia discussão sobre a matéria em processo judicial, o órgão fiscalizador adotou, desnecessariamente, postura de verdadeira submissão ao seu desfecho. 16. Registrese, porque importante que deve ser reconhecido o cerceamento do direito de defesa, o que acabou se evidenciando através das autuações por falta de documentos e recusa em prestar esclarecimentos além dos inúmeros lançamentos por arbitramento, todos realizados com enorme gravame para o sujeito passivo. 17. Sem falar que ficou prejudicado o direito da empresa em acompanhar a ação fiscal e prestar os esclarecimentos necessários, o que denota clara afronta aos preceitos constitucionais garantidores da ampla defesa e do contraditório. 18. Por fim, diante de todo o exposto e uma vez transitada em julgado a sentença reconhecendo que o domicílio tributário e estabelecimento centralizador do recorrente está situado na Rua Capitão Soares, 04 Rio das Flores Volta Redonda/RJ, somente resta a este órgão administrativo julgador acatar a decisão judicial e, conseqüentemente, a preliminar ora examinada, restando prejudicado o exame de mérito. Fl. 1276DF CARF MF Processo nº 10680.721520/201324 Acórdão n.º 2401005.859 S2C4T1 Fl. 1.277 6 CONCLUSÃO 19. Assim, voto pela anulação do lançamento. (...) Dessa decisão administrativa, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional interpôs recurso especial na forma regimental, que foi negado provimento, conforme Acórdão nº 920201.445, de 12/04/2011, da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 93/98). Na sequência, foram rejeitados os embargos declaratórios que solicitaram o pronunciamento sobre a espécie do vício no lançamento (fls. 99/101). Como assentado na doutrina e jurisprudência, o lançamento substitutivo decorrente de vício formal deve pautarse nos mesmos elementos de prova do procedimento anterior, mediante o saneamento do defeito do instrumento de constituição do crédito tributário, ficando vedada, por outro lado, qualquer inovação no próprio lançamento. No entanto, o lançamento anterior, consubstanciado na NFLD nº 37.004.8342, foi anulado em decorrência do cerceamento do direito de defesa do sujeito passivo, evidenciado pela exigência do crédito tributário com fundamento na falta de apresentação de documentação pela empresa para demonstrar a inexistência de natureza remuneratória das parcelas pagas. Em tal hipótese de invalidade, o lançamento substitutivo não é executável sem alteração do conteúdo do lançamento, porque, antes de mais nada, sob pena de acarretar um outro cerceamento de defesa, a autoridade fiscal deve oportunizar ao contribuinte, no seu domicílio tributário, a apresentação de todos os documentos e informações necessários à atividade fiscalizatória, para só depois, se for o caso, proceder ao novo lançamento. É de se notar, portanto, que no caso em apreço não se reconheceu a existência de vício formal, na medida em que o defeito do lançamento, segundo a decisão no Processo nº 35301.013532/200609, afetou a própria fundamentação em que se sustentou a imputação infracional. De fato, a conduta fiscal não implicou tão somente desrespeito às normas atinentes à realização de procedimento de auditoria, concentradas que são, via de regra, no estabelecimento centralizador da empresa. É inegável que o vício no procedimento fiscal tem relação direta com os fundamentos adotados para a autuação, haja vista que o lançamento de ofício estava escorado na existência de conduta omissiva da empresa na apresentação de documentação comprobatória, autorizando a lei ordinária a constituição do crédito tributário, com inversão do ônus probatório quanto à natureza não remuneratória das parcelas apuradas pelo agente fiscal (art. 33, § 3º, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991). Em razão disso, a falha do lançamento original está associada ao conteúdo do ato e, desse modo, a mácula atinge a própria motivação do ato administrativo, configurando um vício material. O lançamento fiscal controlado no Processo nº 35301.013532/200609 revelou vício intrínseco, na sua origem, que contaminou o fundamento do arbitramento por ausência de apresentação de documentação comprobatória da natureza das despesas com assistência médica e odontológica em benefício dos segurados empregados, de modo que a validade do Fl. 1277DF CARF MF Processo nº 10680.721520/201324 Acórdão n.º 2401005.859 S2C4T1 Fl. 1.278 7 lançamento fiscal somente era possível a partir da edição de um novo ato administrativo com alteração de conteúdo (motivação). Nesse cenário, o prazo decadencial para o novo lançamento não se submete à regra do inciso II do art. 173 do Código Tributário Nacional (CTN), veiculado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, como acatado pelo colegiado de primeira instância, que se posicionou pela existência de vício formal. Na hipótese de vício material, como ora se cuida, a contagem do prazo decadencial para o novo lançamento segue a disciplina do § 4º do art. 150 ou do inciso I do art. 173, ambos do CTN. Em qualquer das duas regras, levandose em consideração que o AI nº 37.410.6002, lavrado em substituição à NFLD nº 37.004.8342, diz respeito a fatos geradores do período de 07/2001 a 05/2005, com ciência do lançamento fiscal pelo sujeito passivo no dia 16/12/2013, é forçoso reconhecer a extinção do crédito tributário, em virtude da decadência quinquenal (art. 156, inciso V, do CTN). Não obstante o reconhecimento da decadência, acrescento que mesmo na hipótese de vício formal e, portanto, um lançamento substitutivo dentro do prazo de cinco anos da data em que se tornou definitiva a decisão que anulou o lançamento anteriormente efetuado, o que se cogita apenas para fins de raciocínio, também não prospera o presente lançamento fiscal. É que, de acordo com os termos de intimação carreados aos autos pela própria fiscalização, o único documento exigido do contribuinte para a lavratura do AI nº 37.410.6002 foi a última alteração do contrato social. Nada mais foi pedido pela autoridade fiscal, segundo consta, lastreando o lançamento tributário exclusivamente nos fatos verificados no procedimento anterior (fls. 35/43). Assim sendo, avultase, novamente, o cerceamento do direito de defesa, dado que a fiscalização justificou o lançamento com base na omissão do contribuinte na apresentação de documentos e/ou informações, sem oferecer a oportunidade para a sua exibição e/ou prestar esclarecimentos. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário e DOULHE PROVIMENTO, reconhecendo a decadência do crédito tributário lançado. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 1278DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.005347/2005-59
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005
CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
O cerceamento do direito de defesa se dá pela criação de embaraços ao conhecimento dos fatos e das razões de direito à parte contrária, ou então pelo óbice à ciência do ato administrativo -auto de infração e/ou despacho decisório, impedindo o sujeito passivo de se manifestar sobre os documentos e provas produzidos nos autos do processo.
DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
O atendimento aos preceitos estabelecidos no artigo 142 do CTN, a presença dos requisitos do artigo 10 do Decreto nº 70.235/1972 e a observância do contraditório e do amplo direito de defesa do contribuinte afastam a hipótese de nulidade do despacho decisório.
Numero da decisão: 3001-000.651
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Marcos Roberto da Silva, Renato Vieira de Avila, Francisco Martins Leite Cavalcante.
Nome do relator: ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201812
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2005 CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. O cerceamento do direito de defesa se dá pela criação de embaraços ao conhecimento dos fatos e das razões de direito à parte contrária, ou então pelo óbice à ciência do ato administrativo -auto de infração e/ou despacho decisório, impedindo o sujeito passivo de se manifestar sobre os documentos e provas produzidos nos autos do processo. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O atendimento aos preceitos estabelecidos no artigo 142 do CTN, a presença dos requisitos do artigo 10 do Decreto nº 70.235/1972 e a observância do contraditório e do amplo direito de defesa do contribuinte afastam a hipótese de nulidade do despacho decisório.
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jan 02 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10120.005347/2005-59
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5942811
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 02 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3001-000.651
nome_arquivo_s : Decisao_10120005347200559.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
nome_arquivo_pdf_s : 10120005347200559_5942811.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Marcos Roberto da Silva, Renato Vieira de Avila, Francisco Martins Leite Cavalcante.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
id : 7558082
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:33:56 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051147107827712
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1710; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T1 Fl. 219 1 218 S3C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10120.005347/200559 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3001000.651 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 12 de dezembro de 2018 Matéria DCOMP RESSARCIMENTO CRÉDITO COFINS Recorrente COMING INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COUROS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. O cerceamento do direito de defesa se dá pela criação de embaraços ao conhecimento dos fatos e das razões de direito à parte contrária, ou então pelo óbice à ciência do ato administrativo auto de infração e/ou despacho decisório, impedindo o sujeito passivo de se manifestar sobre os documentos e provas produzidos nos autos do processo. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O atendimento aos preceitos estabelecidos no artigo 142 do CTN, a presença dos requisitos do artigo 10 do Decreto nº 70.235/1972 e a observância do contraditório e do amplo direito de defesa do contribuinte afastam a hipótese de nulidade do despacho decisório. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Marcos Roberto da Silva, Renato Vieira de Avila, Francisco Martins Leite Cavalcante. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 53 47 /2 00 5- 59 Fl. 219DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 220 2 Cuidase de recurso voluntário (efls. 209 a 214) interposto contra a decisão consubstanciada no Acórdão 03041.181, da 4ª Turma Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF DRJ/BSB, referente ao julgamento realizado em 22.12.2010 (efls. 197 a 200). Da decisão de 1ª instância O acórdão recorrido julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo mantendose a homologação parcial da compensação declarada, por insuficiência do crédito do sujeito passivo. Cuja ementa transcrevo, verbis: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 Nulidade Cerceamento do Direito de Defesa Argüição Rejeitada Não há que se falar em cerceamento da defesa quando a decisão da autoridade administrativa se sustenta em processo instruído com todas as peças indispensáveis e não se vislumbra nos autos que o sujeito passivo tenha sido tolhido no direito que a lei lhe confere para se defender. A preterição do direito de defesa não pode ser alegada se a contribuinte foi cientificada do início de ação fiscal que apurou o crédito devido e examinou sua escrituração contábilfiscal, demonstrando perfeitamente todo o resultado em planilhas para cálculo de Cofins nãocumulativo. Compensação Possibilidade até no Limite do Crédito do Sujeito Passivo Comprovada nos autos a existência de crédito do sujeito passivo contra a Fazenda Nacional, para absorver o débito tributário, efetuase a compensação do débito tributário até no limite daquele crédito, dado que esta pressupõe existência de créditos para o encontro de contas débitos "versus" créditos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Da síntese dos fatos Por sua objetividade, peço licença para adotar, como síntese dos fatos, o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, verbis: Relatório Cuidam os autos de Per/Dcomp, débitos diversos, referentes aos anosbase de 2004 e 2005, com crédito de Cofins, incidência nãocumulativa, relativo ao primeiro trimestre/2005. Fl. 220DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 221 3 Irresignada com a homologação parcial da compensação pela instância "a quo", a interessada oferece manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que: A autoridade fiscal não cumpriu com o determinado na legislação pátria, deixando de consignar e fundamentar o ato de não homologação total do pleito feito pela impugnante de créditos da Cofins, apresentando apenas um relatório que não demonstrou o motivo pelo qual fora indeferido o pedido de aproveitamento do crédito indicado, tendo apenas suscitado a insuficiência de crédito; Assim, está patente o cerceamento ao direito de defesa na medida em que, sem os critérios e a fundamentação legal utilizada para não homologação, ou melhor, pela não demonstração do aproveitamento a menor do crédito, tornalhe impossível defenderse dos seus termos; Diante do exposto, pugna: (1) pela nulidade substancial do despacho decisório; senão (2) pelo julgamento do mérito, reconhecendo a total improcedência da decisão denegatória do total do crédito de Cofins pleiteado, consubstanciado nas razões de ordem fática e de direito deduzidas. Do recurso voluntário Irresignado com a decisão recorrida, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário; no entanto, tão somente para repetir os argumentos apresentados em sua Manifestação de Inconformidade. Do encaminhamento O presente processo, após digitalização, foi encaminhado em 29 de junho de 2011 para ser analisado por este Carf (efl. 217), sendo, posteriormente, distribuído para este relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Orlando Rutigliani Berri, Relator Da tempestividade O recurso voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade extrínsecos, pois há regularidade formal e apresentase tempestivo, na medida em que foi apresentado em 22.06.2011, conforme depreendese da chancela aposta em sua "Folha de Rosto" (efl. 209); após ter sido cientificado do acórdão recorrido em 30.05.2011, conforme observase do "AR RM 409. 17741 7 BR" (efl. 204), tendo respeitado o trintídio legal, conforme exige o artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal. Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 222 4 Conforme evidenciase do expediente do Serviço de Orientação e Análise Tributária Seort, da DRF/Goiânia (efl. 217), que reproduzo em parte, verbis: (...) A contribuinte supracitada foi cientificada do teor do acórdão de fls. 193/196 e intimada ao recolhimento do saldo devedor, em 30/05/2011 (fls. 198/200), e apresentou, tempestivamente, em 21/06/2011, recurso voluntário, juntado às fls. 204/209. (...) Da competência para julgamento do feito Observo, com espeque no artigo 23B, Anexo II, da Portaria MF nº 343, de 09.06.2015 RICARF, com redação da Portaria MF nº 329, de 2017, a competência deste Colegiado para prosseguir no feito. Do mérito Da adoção da decisão recorrida como fundamento Dispõe a Portaria MF nº 343 de 09.06.2015, que aprovou o Ricarf, verbis: (...) Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quórum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) (grifei) (...) Da fundamentação Fl. 222DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 223 5 No caso presente, verificandose que o recorrente reitera perante este colegiado, ipsis litteris, os argumentos de defesa apresentados na manifestação de inconformidade, ao amparo no permissivo regimental acima reproduzido, por concordar, in totum, com os argumentos do voto condutor da lavra do Relator Geraldo Expedito Rosso, novamente com a devida licença, adotoo, por seus próprios fundamentos, como razão de decidir no presente julgado. Razão pela qual cito trechos do acórdão recorrido, verbis: Voto (...) Nulidade Cerceamento do Direito de Defesa Argüição Rejeitada Como se vê na síntese do relatório, a contribuinte requer, em essência, a declaração de nulidade substancial da decisão administrativa que lhe concedeu parte do crédito solicitado, com fulcro no inciso II do art. 59 do Decreto 70.235/1972 (cerceamento do direito de defesa). Em que pese os bem fundados dizeres da contribuinte, sua pretensão não pode prosperar. Senão vejamos. O item 17 do despacho de folha 146/147 diz: Para apurar o valor do crédito em favor do contribuinte, o presente processo foi encaminhado ao Serviço de Fiscalização que, com suporte na documentação e informação apresentadas e nas disposições contidas nas normas que disciplinam o cálculo e a utilização do crédito oriundo da Cofins, com incidência nãocumulativa, concluise pela confirmação do crédito pleiteado, na forma e nos termos do Relatório de Fiscalização (fls. 112/130), no montante de R$ 645.030,25, concernente ao 1º trimestre do anocalendário de 2005. Por seu turno, para verificação da legitimidade dos créditos alegados foi instaurado procedimento fiscal através do Termo de Início do Procedimento Fiscal, lavrado em 21/12/2009 e dado ciência ao sujeito passivo em 12/02/2010, conforme fls. 125/129 (ver folha 130). De outra forma, na mesma folha 130, a Fiscalização faz registrar que: "Iniciados os trabalhos de fiscalização foi constatado que os créditos de Cofins referentes ao ano calendário de 2005, já foram objeto de ação fiscal anterior, conforme planilhas denominadas de "Planilha Para Cálculo de Cofins NãoCumulativo", fls. 113/116, sendo resumido por trimestre nas folhas 121/124". Portanto, não há que se falar em nulidade por cerceamento do direito de defesa, visto que o contribuinte foi notificado do início de procedimento fiscal que apurou o crédito pleiteado de forma correta, e certamente prestou esclarecimentos às notificações emitidas, justificando as diferenças encontradas pelo fisco que, por sua vez examinou toda sua documentação. Fl. 223DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 224 6 Notase, ainda, que não se sustenta a intenção da manifestante em pretender tornar nulo o despacho decisório de homologação parcial da compensação por falta de motivação e fundamentação, tendo em vista que consta do relatório daquele despacho a razão e os fundamentos legais e normativos em que se baseou a decisão de homologação parcial. Assim, não há que se falar em cerceamento da defesa quando a decisão da autoridade fiscal sustentase em processo instruído com todas as peças indispensáveis e não se vislumbra nos autos que o sujeito passivo tenha sido tolhido no direito que a lei lhe confere para se defender. Compensação Possibilidade até no Limite do Crédito do Sujeito Passivo No mérito, verificase que a Fiscalização procedeu ao exame da escrituração, apurando crédito de Cofins a favor da interessada no importe de R$ 645.030,25. Em outras palavras, em relação ao valor solicitado, foi glosado R$ 15.152,07, e como se disse alhures, a contribuinte foi cientificada do procedimento fiscal que apurou corretamente seu crédito e teve oportunidade para se defender da diferença apontada pelo fisco (ver folhas 113 a 130). Daí que, comprovada nos autos a existência de crédito do sujeito passivo para absorver o débito tributário, efetuase a compensação do débito tributário somente até no limite daquele crédito, pois a compensação pressupõe a existência de créditos para o encontro de contas débitos "versus" créditos. Confirmase isto no art. 170 do CTN, onde se diz que a compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, "in verbis": A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular; ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários cone créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Negritei). Do complemento em corroboração à decisão recorrida Da preliminar de nulidade Alega o recorrente a nulidade do despacho decisório, por ter cerceado o direito de defesa, haja vista que, ao seu talante, não fundamentou a não homologação, importando em sua nulidade. Contudo, como já visto no arrazoado do voto condutor da decisão recorrida, sem razão ao recorrente. Fl. 224DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 225 7 De início, reforço o entendimento no sentido de que agiu com acerto a decisão a quo tanto que a adotei como razão de decidir. O presente feito não demanda maiores elucubrações e está pronto para ser julgado, uma vez que o indeferimento parcial do pleito foi pautado na análise dos documentos colacionados nos sistemas eletrônicos da RFB, de pleno conhecimento do interessado, bem como pela dinâmica do ônus da prova. Prosseguindo na análise da alegação de nulidade, há que atentar para o fato de que a condução de determinada investigação por parte da autoridade fiscal é de exclusiva competência desta. Antônio da Silva Cabral, in “Processo Administrativo Fiscal”, Ed. Saraiva São Paulo, 1993, diferencia, com propriedade, dois momentos dentro do procedimento fiscal; o procedimento oficioso e o procedimento contencioso, verbis: O procedimento fiscal pode ser encarado sob duplo ângulo: como procedimento oficioso e como procedimento contencioso. O procedimento oficioso é específico da Administração. Uma vez ocorrido o fato gerador, a autoridade lançadora procede ao lançamento de ofício, isto é, procede oficiosamente. (...). O procedimento contencioso se inicia mediante a impugnação do sujeito passivo. Enquanto a fase oficiosa é de iniciativa da autoridade administrativa, o contencioso é de iniciativa do contribuinte. (p. 194). A atividade de lançamento, que vai desde a verificação do fato gerador até a intimação para que o sujeito passivo pague determinada quantia, instaura o processo fiscal, embora não implique a instauração de contencioso fiscal. O contribuinte pode conformarse com a exigência e pagar o que está sendo exigido. Não surge qualquer lide. (p. 190). Demais disso, revela salientar que o cerceamento do direito de defesa se dá pela ocorrência de embaraços ao conhecimento dos fatos e das razões de direito à parte contrária, ou então pelo óbice à ciência do ato administrativo, impedindo o contribuinte de se manifestar sobre os documentos e provas produzidos nos autos do processo, hipótese que não se verifica in casu. O contraditório é exercido durante o curso do processo administrativo, nas instâncias de julgamento, não tendo sido identificado qualquer hipótese de embaraço ao direito de defesa do recorrente. Na fase oficiosa, a fiscalização atua com poderes amplos de investigação, tendo liberdade para interpretar os elementos de que dispõe para efetuar o lançamento. O princípio do contraditório é garantido pela fase litigiosa do processo administrativo (fase contenciosa), a qual se inicia com o oferecimento da impugnação e/ou manifestação de inconformidade (que é o caso, embora o interessado insiste em trazer a baila as expressões "auto de infração" e "impugnação"). Não obstante, vale ressaltar que a oportunidade de manifestação do impugnante não se exaure na etapa anterior à efetivação do lançamento ou do despacho decisório de não acatou in totum seu pedido de compensação. Pelo contrário, na busca da preservação do direito de defesa do contribuinte, o processo administrativo fiscal, regulado pelo Decreto nº 70.235, de 1972, estendese por outra fase, a fase litigiosa, na qual o Fl. 225DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 226 8 interessado, se assim deseja, instaura o contencioso fiscal mediante apresentação de peça impugnatória, quando as suas razões de discordância serão levadas à consideração dos órgãos julgadores administrativos, sendolhe facultado pleno acesso à toda documentação constante do presente processo. Neste sentido inclusive o Superior Tribunal de Justiça, em situação análoga, assim já se manifestou, verbis: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ARBITRAMENTO. AFERIÇÃO INDIRETA. IRREGULARIDADE NA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. REVISÃO. MATÉRIA FÁTICOPROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 1. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou, com base na prova dos autos, que "o procedimento administrativo tributário, antes da consumação do lançamento fiscal, é eminentemente inquisitório, já que o contribuinte deve apenas suportar os poderes de investigação do fisco e colaborar com a prestação de informações e documentos, justamente para que a verdade material seja alcançada. Após a notificação do contribuinte acerca do lançamento, abrese a possibilidade de contraditório e de ampla defesa, o que de fato foi oportunizado à empresa embargante. Conquanto esse momento seja próprio para que o contribuinte apresente as provas e os documentos hábeis a refutar os vícios e as falhas na contabilidade que ensejaram o arbitramento, a empresa, na via administrativa, não cumpriu com o seu ônus a contento. Tentou suprir a falha na via judicial, juntando a este processo balancetes mensais e GRPS, contudo, não é possível, pelo simples exame desses elementos de prova, constatar que a desconsideração da contabilidade da empresa resulta da simples escrituração errônea de alguns fatos contábeis" (fl. 627, eSTJ). 2. A revisão desse entendimento implica reexame de fatos e provas, obstado pelo teor da Súmula 7/STJ. 3. Agravo Regimental não provido. (STJ AgRg no REsp: 1445477 SC 2014/00697732, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 27/05/2014, T2 SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/06/2014) Tendo a autoridade fiscal demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o indeferimento parcial do pedido de compensação em questão, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente dos artigos 142 do CTN e 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se falar em nulidade do lançamento. Ante o exposto, destaco, uma vez mais, que não vislumbro qualquer nulidade na hipótese dos autos, seja do lançamento tributário decorrente do indeferimento parcial da compensação pleiteada a que se combate ou mesmo da decisão proferida, não tendo sido constatada violação ao devido processo legal e à ampla defesa. Da conclusão Fl. 226DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 227 9 Desta feita, com amparo do parágrafo 3º do artigo 57, Anexo II, da Portaria MF nº 343, de 09.06.2015, que aprovou o Ricarf, com redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017, adotase como razão de decidir, nos seus exatos termos, os fundamentos da decisão recorrida. Por todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 227DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.911533/2016-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2012
DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte.
ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972.
Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização de parte do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil.
MULTA E JUROS DE MORA.
Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
JUROS DE MORA. SELIC. MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 108.
Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3402-005.791
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2012 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização de parte do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS DE MORA. SELIC. MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 108. Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 11020.911533/2016-72
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944223
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3402-005.791
nome_arquivo_s : Decisao_11020911533201672.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : WALDIR NAVARRO BEZERRA
nome_arquivo_pdf_s : 11020911533201672_5944223.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
id : 7559587
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:01 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051147162353664
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1836; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.911533/201672 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402005.791 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de outubro de 2018 Matéria DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COFINS Recorrente KEKO ACESSORIOS S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2012 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização de parte do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicandose o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS DE MORA. SELIC. MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 108. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 91 15 33 /2 01 6- 72 Fl. 185DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 2 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Recorrente, rejeitando as preliminares da defesa e não homologando as compensações apresentadas por não reconhecer o direito creditório postulado. O Despacho Decisório considerou que o crédito informado no PER/DCOMP foi parcialmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, restando saldo disponível inferior ao crédito pretendido, insuficiente para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Em manifestação de inconformidade alegou preliminarmente a Contribuinte que é legítima detentora de créditos apresentados para compensação originados de pagamentos realizados de maneira indevida ou a maior e o despacho decisório, que não reconheceu o direito creditório e deixou de homologar a compensação deve ser declarado nulo em razão de: i)Ausência de fundamentação, resultando em desvio de finalidade na busca pela verdade material, uma vez que não foi diligenciado para aferição do crédito pleiteado e não intimou a Contribuinte a prestar informações; Fl. 186DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 3 ii) É dever da Autoridade fiscal, por aplicação do artigo 7º do Decreto nº 70.235/72, instruir o procedimento fiscal, como a solicitação de informações ao Contribuinte, apreensão de documentos fiscais, diligências até a sede da Empresa, entre outros expedientes; iii) Não foi respeitado o contraditório, o devido processo legal e a ampla defesa. No mérito, alegou a Contribuinte que: iv) Deve ser possibilitada posterior juntada de documentos que comprovem as alegações trazidas em manifestação de inconformidade, em respeito ao princípio administrativo da verdade material, possibilitando a comprovação do direito creditório; v) É ilegal e inconstitucional a multa aplicada sobre o montante do tributo devido, devendo ser aplicados os princípios constitucionais do não confisco, razoabilidade e proporcionalidade; vi) O percentual de multa aplicado para o caso de descumprimento de obrigação principal, mesmo que expressamente previsto na legislação pertinente, deveria sempre guardar proporção com o valor da prestação tributária exigida, bem como adequarse e/ou assemelharse aos novos critérios de aplicação de multas estabelecidos para as relações contratuais que envolvem questões de direito privado. O Acórdão nº 02073.181 manteve o despacho decisório. Regularmente cientificada desta decisão, a Recorrente interpôs tempestivamente o Recurso Voluntário ora em apreço, onde repisa os argumentos expostos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.753, de 24 de outubro de 2018, proferido no julgamento do processo 11020.900612/201658, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402005.753): "Pressupostos legais de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, devendo ser conhecido. Fl. 187DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 4 Preliminar A Recorrente alega preliminarmente que o despacho decisório é nulo por não ser fundamentado e ferir os princípios constitucionais da ampla defesa, contraditório e devido processo legal, resultando em desvio de finalidade. Sem razão. Está correta a decisão recorrida ao concluir pela aplicação do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Com a detida análise dos autos é possível constatar que tanto o PERD/COMP, quanto a Manifestação de Inconformidade e o Recurso Voluntário, não estão instruídos com documentos passíveis de corroborar com as alegações da defesa. Ao invés de comprovar a certeza e liquidez ou, ainda, proceder à retificação da DCTF, demonstrando a suficiência do direito creditório para contrapor ao despacho decisório que não homologou a compensação, a Recorrente cingiuse em alegar a ausência das razões da não homologação, invocando os Princípios Constitucionais do Contraditório, Ampla Defesa e Devido Processo Legal, atribuindo o ônus da prova à Autoridade Fazendária. Ao contrário do que alega a Recorrente, aplicase o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito. Neste sentido, a 4ª Câmara da 1ª Turma Ordinária da 3ª Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais proferiu o Acórdão nº 3401003.907, acatando por unanimidade o voto do Conselheiro Relator Augusto Fiel Jorge D'Oliveira ao negar provimento ao Recurso Voluntário interposto no Processo Administrativo Fiscal nº 13832.000095/9970, conforme Ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1991 a 30/06/1992 ÔNUS DA PROVA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ARTIGO 170 DO CTN. Em processos que decorrem do indeferimento de pedido de restituição/compensação, o ônus da prova recai sobre o contribuinte, que deverá apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito (artigo 170, do CTN). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 188DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 5 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário interposto. Transcrevese abaixo parte do fundamento que embasou o respeitável voto do julgado acima citado: Em se tratando de pedido de restituição combinado com pedido de compensação, é ônus do contribuinte provar que possui o direito de crédito e no montante por ele alegado, o que implica a guarda da documentação necessária para tanto não pelo prazo de 5 (cinco) anos da realização dos pagamentos, como pretende ver reconhecido o Recorrente, mas até o encerramento da discussão administrativa ou judicial em que pretende ver aquele direito de crédito reconhecido. Nesse sentido, vejam os dispositivos legais a seguir: CTN: "Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram". (grifos nossos) Lei nº 10.406, de 2002 (Código Civil): "Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados" . (grifos nossos) Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99): "Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 4º). (...) Art.923.A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em Fl. 189DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 6 preceitos legais. (DecretoLei nº1.598, de 1977, art. 9º, §1º)". (grifos nossos) Neste caso, não se aplicam as hipóteses de nulidade previstas pelo artigo 59 do Decreto nº 70.235/1972, uma vez que tanto o despacho decisório, quanto o acórdão recorrido estão motivados pela ausência de crédito suficiente para compensação com os débitos declarados. E não há que se falar em preterição do direito de defesa da Contribuinte. Portanto, afasto as preliminares invocadas no recurso em análise. Mérito Princípio da Verdade Material A Recorrente invoca o Princípio da Verdade Material para alegar que deveria o Agente Fiscal apurar os fatos independentemente de suposições ou indícios, possibilitando à manifestante a posterior juntada de documentos para comprovar o direito creditório. Com efeito, a busca pela verdade material deve prevalecer, possibilitando ao Contribuinte apresentar todos os meios de provas necessários para comprovação de seu direito. No entanto, é da Contribuinte o ônus da prova passível de contrapor a constatação de utilização dos créditos declarados para compensação, o que não ocorreu no presente caso, pois a Recorrente não apresentou qualquer documento passível de comprovar o direito alegado, tampouco procedeu à Retificação da DCTF no prazo concedido para manifestação de inconformidade. O Artigo 37 da Lei nº 9.430/1996 prevê que "Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios". Reiterase a aplicação do artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, bem como a incidência do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Neste sentido, citase o Acórdão nº 3302005.292, proferido pela 3ª Câmara da 2ª Turma Ordinária da 3ª Seção deste Tribuna Administrativo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 Fl. 190DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 7 DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA. INDEFERIMENTO. O direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep será indeferido se o contribuinte não apresentar os documentos necessários a análise e confirmação do valor do crédito pleiteado/compensado. Para esse fim, o postulante deve apresentar à fiscalização, quando solicitado, os arquivos digitais e os documentos fiscais e contábeis necessários à comprovação dos créditos apropriados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de crédito decorrente do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, seja sob a forma de dedução, compensação ou ressarcimento, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros moratórios. COMPENSAÇÃO DECLARADA. ANÁLISE ANTES DE COMPLETADO O PRAZO DE CINCO ANOS. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há homologação tácita da compensação declarada quando o contribuinte é cientificado do despacho decisório não homologatório da compensação antes de completado o prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da correspondente declaração de compensação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA.. IMPRESCINDIBILIDADE DA NOVA PROVA. INDEFERIMENTO. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. PEDIDO DE PERÍCIA E DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E Fl. 191DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 8 ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. 1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica. 2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia. DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO. Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omitese de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Cofins pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, inequivocamente, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). DESPACHO DECISÓRIO PROFERIDO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDAE. Não é passível de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 9 Recurso Voluntário Negado. Da alegação de Inaplicabilidade da multa em face do Princípio Constitucional do Não Confisco e dos Princípios Administrativos da Razoabilidade e da Proporcionalidade. A Recorrente questiona a multa aplicada, alegando tratarse de penalidade confiscatória, ilegal e inconstitucional. Alega que: O valor lançado a título de multa, flagrantemente ilegal como a seguir demonstrarseá, é manifestamente excessivo, ferindo, desta maneira o princípio constitucional do não confisco e dos princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade. Neste contexto, é princípio básico que a pena, no caso a multa aplicada em face de infrações, não pode ultrapassar os estritos limites da lei – ou ainda, do direito como um todo valendo para o caso específico do direito tributário, a definição legal do tributo como insuscetível de servir como instrumento de penalização do contribuinte. (...) De outra banda, importa consignar que as obrigações acessórias, entre elas a multa, podem ter duas naturezas, sendo uma tributária e, neste caso, converterse em principal, e a outra de natureza punitiva, que, ipso jure, convertese também em principal. No primeiro caso, o que era princípio na legislação esparsa, convertese em mandamento constitucional e legal impeditivo da bitributação com a mesma base de cálculo, vedando o bis in idem a partir do mesmo fato gerador, expresso no art. 150, I da CF/88, antes focado. Ora ainda que tolerado durante a vigência da Constituição anterior e ainda que contrário ao princípio da tributação, o Código Tributário Nacional, como antes dito, mandava converter a obrigação acessória, qualquer que fosse sua natureza, administrativa ou punitiva, em obrigação principal. Contudo, a tolerância tinha origem na idéia de que a obrigação principal art. 113, 3º, do CTN surge com a ocorrência do fato gerador, e tinha por objeto não apenas o pagamento do tributo, mas também a penalidade pecuniária. (...) Assim, a multa em questão é totalmente inexigível, uma vez que fere explicitamente os princípios legais e constitucionais Fl. 193DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 10 acima referidos, devendo ser reformado o acórdão recorrido também neste ponto. Ocorre que o artigo 61 da Lei nº 9.430/1996 é taxativo ao estabelecer a fixação de juros de mora e multa: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. A multa aplicada atende ao limite de 20% (vinte por cento) estabelecido pelo § 2º acima transcrito. Portanto, não há que se alegar caráter confiscatório, tampouco ausência de razoabilidade e proporcionalidade. Por outro lado, incide a Súmula CARF nº 2, uma vez que este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Taxa Selic A Recorrente questiona a aplicação da Taxa Selic na correção do crédito tributário, argumentando pela ilegalidade do cálculo de juros moratórios sobre débitos tributários. Não assiste razão à Recorrente, considerando a incidência da Súmula CARF 108, que assim dispõe: Súmula CARF nº 108 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 11 Portanto, deve ser mantida a decisão recorrida. Dispositivo Ante o exposto, conheço o Recurso Voluntário, rejeito as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGO PROVIMENTO para manter na íntegra o acórdão recorrido. " Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 195DF CARF MF
score : 1.0