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Numero do processo: 16832.001030/2009-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005, 2007
Indenizações Trabalhistas. Lei, Contrato, Convenção e Acordo Coletivos de Trabalho. Dedutibilidade.
São dedutíveis da base de cálculo do IRPJ as indenizações trabalhistas fundadas em lei, contrato de trabalho, convenção ou acordos coletivos.
Prejuízo Fiscal Acumulado. Compensação. Limite de 30% do Lucro Líquido Ajustado. Incorporação. Aplicabilidade.
Aplica-se à compensação de prejuízo fiscal de exercícios anteriores o limite de 30% do lucro líquido ajustado, ainda que se trate de extinção da pessoa jurídica em face de incorporação da empresa.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2005
CSLL e IRPJ. Identidade de Matéria Fática. Mesma Decisão.
Quando os ajustes relativos ao IRPJ e à CSLL tiverem origem nos mesmos fatos, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo.
Numero da decisão: 1301-002.830
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para restabelecer a dedução de despesas de R$ 1.028.579,02 das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Roberto Silva Junior - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: ROBERTO SILVA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005, 2007 Indenizações Trabalhistas. Lei, Contrato, Convenção e Acordo Coletivos de Trabalho. Dedutibilidade. São dedutíveis da base de cálculo do IRPJ as indenizações trabalhistas fundadas em lei, contrato de trabalho, convenção ou acordos coletivos. Prejuízo Fiscal Acumulado. Compensação. Limite de 30% do Lucro Líquido Ajustado. Incorporação. Aplicabilidade. Aplica-se à compensação de prejuízo fiscal de exercícios anteriores o limite de 30% do lucro líquido ajustado, ainda que se trate de extinção da pessoa jurídica em face de incorporação da empresa. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2005 CSLL e IRPJ. Identidade de Matéria Fática. Mesma Decisão. Quando os ajustes relativos ao IRPJ e à CSLL tiverem origem nos mesmos fatos, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2007 INDENIZAÇÕES TRABALHISTAS. LEI, CONTRATO, CONVENÇÃO E ACORDO COLETIVOS DE TRABALHO. DEDUTIBILIDADE. São dedutíveis da base de cálculo do IRPJ as indenizações trabalhistas fundadas em lei, contrato de trabalho, convenção ou acordos coletivos. PREJUÍZO FISCAL ACUMULADO. COMPENSAÇÃO. LIMITE DE 30% DO LUCRO LÍQUIDO AJUSTADO. INCORPORAÇÃO. APLICABILIDADE. Aplicase à compensação de prejuízo fiscal de exercícios anteriores o limite de 30% do lucro líquido ajustado, ainda que se trate de extinção da pessoa jurídica em face de incorporação da empresa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2005 CSLL E IRPJ. IDENTIDADE DE MATÉRIA FÁTICA. MESMA DECISÃO. Quando os ajustes relativos ao IRPJ e à CSLL tiverem origem nos mesmos fatos, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para restabelecer a dedução de despesas de R$ 1.028.579,02 das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 83 2. 00 10 30 /2 00 9- 27 Fl. 832DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 833 2 (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rothschild. Relatório Tratase de recurso interposto por SOCIEDADE TÉCNICA E INDUSTRIAL DE LUBRIFICANTES SOLUTEC LTDA. (sucessora de SERVACAR COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA, e sucedida por COSAN LUBRIFICANTES E ESPECIALIDADES S.A.), pessoa jurídica já qualificada nos autos, contra o Acórdão nº 12 29.553 (fls. 298 a 303), da 2ª Turma da DRJ Rio de Janeiro I, que negou provimento à impugnação apresentada pela recorrente. A autoridade fiscal encontrou duas infrações, e as descreveu no Termo de Constatação Fiscal de fl. 109. A primeira, no ano base 2005, consistiu na dedução de despesas que não atendiam as condições de dedutibilidade. A infração está assim descrita: 1 No ano calendário de 2005 foram deduzidas como despesas operacionais no valor total de R$ 1.615.474,74, e referentes a Conta 41517000 Indenizações Espontâneas, despesas efetuadas por mera liberalidade uma vez que tais dispêndios não se encontram expressamente definidos na legislação trabalhista, conforme Termo de Intimação Fiscal 006, de 01/out/2009 e sua respectiva carta resposta de 08/out/2009. A infração redundou em lançamento de IRPJ e de CSLL. O segundo ilícito foi o excesso de compensação de prejuízo fiscal acumulado, assim retratado no termo de constatação: 2 No ano calendário de 2007 foi efetuada compensação de Prejuízo Fiscais sem a observância do limite legal de 30%, tendo em vista que o Lucro Real declarado era da ordem de R$ 11.004.512,26 o limite de 30% seria de R$ 3.301.353,67, entretanto foi compensado R$ 6.819.859,17, evidenciando assim uma compensação indevida no valor de R$ 3.518.505,50. Aqui a autuação ficou restrita ao IRPJ. Fl. 833DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 834 3 Contestado o lançamento, o processo foi remetido à DRJ RJ1, que negou provimento à impugnação, em acórdão cuja ementa recebeu a seguinte redação: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 PROVA DOCUMENTAL. APRESENTAÇÃO. DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. A prova documental das alegações deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. LIMITE DE 30% DO LUCRO REAL. EMPRESA INCORPORADA. Para determinação da base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, a partir do anocalendário de 1995, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento. Ainda que a empresa tenha sido incorporada, inexiste amparo legal para utilização plena do saldo de prejuízos fiscais acumulados, sem observância do limite de trinta por cento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Não resignada, a recorrente interpôs recurso (fls. 309 a 325), repisando os mesmos argumentos apresentados na impugnação. Quanto à primeira infração, disse que o título "indenizações espontâneas" não consta do plano de contas, e que a conta 41517000 é denominada de Despesas de Empregados Próprios por Término de Serviço. A conta recebe lançamento de despesas sempre que haja extinção de cargo e, em decorrência disso, demissões. Demissões que não são motivadas pelo desempenho dos empregados. Nesse sentido, aduz a recorrente: Portanto a empresa como parte de sua política de salários e benefícios, a qual objetiva a atração e retenção de talentos, desenvolveu um plano que possibilita compensar o empregado que apresenta desempenho satisfatório, mas é demitido nas situações em que a posição ocupada pelo mesmo é EXTINTA, sem possibilidade de recolocação interna. Nestes casos em que a demissão é INEVITÁVEL, é adotado o Plano existente há vários anos, o qual é de conhecimento público de TODOS os funcionários e que visa oferecer àqueles impactados por reestruturações administrativas, uma quantia determinada por critério igualitário, para que este empregado consiga se manter, enquanto procura outra colocação no mercado. Cumpre destacar que as referidas compensações, tornamse obrigatórias para Recorrente na medida em que faz parte de sua Política de Salários e Benefícios adotada de forma INDISTINTA, sem segregações. Desta forma concluise com absoluta clareza quanto a razoabilidade e necessidade de compensar o empregado desligado por extinção de cargo decorrente de uma reorganização administrativa, por esta razão os custos em questão Fl. 834DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 835 4 constituem legítima e necessária compensação pelos potenciais danos causados aos trabalhadores, deixando de ser uma mera liberalidade como alega o Sr. Fiscal, pois como demonstrado há todo um caráter sócio econômico associado à matéria. (grifos da recorrente) Concluiu afirmando que, do valor glosado, R$ 1.028.579,02 consiste em indenizações previstas na Consolidação das Leis do Trabalho CLT; e que apenas R$ 586.895,72 seriam as indenizações espontâneas. Defendeu o direito de apresentar provas depois da impugnação. No que concerne à segunda infração, a compensação de prejuízo fiscal acumulado, disse a recorrente que a não observância do limite de 30% do lucro líquido ajustado se deu em face da descontinuidade da empresa SERVACAR, incorporada pela recorrente. Sustentou que a limitação de 30% é aplicável apenas quando existe possibilidade de compensação do prejuízo fiscal acumulado com lucros futuros. Nessa linha de argumentação, ponderou a recorrente: Este procedimento, qual seja, a incorporada compensar todo o seu prejuízo fiscal sem o limitador de que trata o artigo 15 da Lei n° 9.065/95 encontra apoio nas inúmeras decisões do Conselho de Contribuintes bem como no âmbito do Eg. Superior Tribunal de Justiça (STJ) que claramente, cuidou da legalidade da restrição de 30% de aproveitamento de prejuízo fiscal, somente para as sociedades NÃO EXTINTAS, o que não é o caso da SERVACAR que deixou de existir em decorrência da incorporação pela SOLUTEC, portanto este posicionamento jurisprudencial esta insitamente ligado ao Princípio da Continuidade da empresa, o que definitivamente não ocorre nos casos de incorporação, onde há extinção da incorporada. Em reforço dessa tese, citou alguns julgados do antigo Conselho de Contribuintes e do CARF. Ao final, pugnou pela reforma da decisão recorrida. Os autos vieram a julgamento, e a 3ª Turma Ordinária da 1ª Câmara resolveu, conforme a Resolução nº 1103000.109 (fls. 352 a 357), admitir os documento e realizar diligência nos seguintes termos: Pelo exposto, constatase a necessidade de complementação da instrução processual para adequado conhecimento dos fatos, em observância ao princípio da verdade material, orientador do processo administrativo tributário, devolvendose os autos à unidade de origem para realização de diligência na qual a autoridade fiscal deverá adotar as providências adiante relacionadas: a) dar ciência desta resolução à recorrente, entregandolhe cópia; b) intimar a recorrente para (i) elaborar demonstrativo dos dispêndios lançados na conta 41517000 efetivamente decorrentes da legislação trabalhista no valor alegado de R$ 1.028.579,02 (fls. 230/232) e (ii) apresentar documentação comprobatória. A autoridade fiscal encarregada do procedimento deverá (i) examinar a comprovação apresentada pela contribuinte, (ii) elaborar relatório de diligência Fl. 835DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 836 5 detalhado e conclusivo, indicando de forma individualizada os itens cuja comprovação foi acolhida ou rejeitada, ressalvadas a prestação de informações adicionais e a juntada de documentação que entender necessárias, (iii) entregar cópia do relatório à contribuinte e (iv) concederlhe prazo de 30 (trinta) dias para apresentação de contrarrazões em observância às prescrições do art. 35, parágrafo único, do Decreto 7.574/2011, após o que o processo deverá retornar a esta Turma para prosseguimento do julgamento. A Fiscalização, como resultado da diligência, produziu o relatório de fls. 696 a 700, que foi contestado pela recorrente nas contrarrazões de fls. 703 a 718. Diante disso, a Fiscalização produziu novo relatório (fls. 825 a 827), acolhendo as ponderações da recorrente, que, sendo intimada (fl. 828), dessa vez, não se manifestou. O relatório da Fiscalização apresentou as seguintes conclusões: Análise aspectos legais O valor de R$ 1.028.579,02 é composto das seguintes rubricas: AVISO PRÉVIO 451.660,17 MÉDIA DO AVISO PRÉVIO 196.934,66 AVISO ESPECIAL 2.651,07 IND. ART. 477 CLT 15.081,63 IND. GESTANTE 118.084,18 IND. ACID. TRABALHO 372,81 IND. LEI 7.238/84 5.866,90 BÔNUS 237.927,60 1.028.579,02 A interessada em sua resposta datada de 12/04/2016, em atendimento à intimação fiscal, informou a natureza jurídica dos itens acima: • O "AVISO PRÉVIO", "MÉDIA DO AVISO PRÉVIO" e a "INDENIZAÇÃO ART. 477" estão previstos na Consolidação das Leis do Trabalho CLT, conforme esclarecido no documento entregue. • A "INDENIZAÇÃO LEI 7.238/84" está prevista no art. 9º desta lei. • O "AVISO ESPECIAL", "INDENIZAÇÃO GESTANTE" e "INDENIZAÇÃO ACIDENTE DE TRABALHO" são decorrentes da Convenção Coletiva de Trabalho, de caráter normativo previsto no art. 611 da CLT. Este Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) está presente as fls. 471/488 deste processo. • Por fim o "BÔNUS", que de acordo com a citada resposta da empresa, foi "pago no contexto da política de salários e benefícios, para compensar o empregado que apresentava desempenho satisfatório, mas que foi demitido porque a posição foi extinta, sem possibilidade de recolocação interna". Esclarece ainda ser uma política existente há anos e extensiva a todos, com a dedutibilidade garantida pelo art. 299, parágrafo 3o do RIR/99. Com exceção da rubrica "BÔNUS", todos os outros itens estão previstos na legislação trabalhista. Análise documental Fl. 836DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 837 6 O contribuinte detalhou em planilha os nomes das pessoas físicas, valor e descrição da rubrica a que se referem as indenizações trabalhistas, que somam R$ 1.028.579,20, conforme fls. 634/684 e ainda o arquivo não paginável fl. 685. Nesta nova análise dos valores que compõem as verbas pagas, informadas pela empresa conforme planilhas citadas acima, esta diligência analisou a Folha de Pagamento de pessoal, não encontrando diferenças. Desta forma, o somatório dos valores comprovados, frente à Folha de Pagamentos, resulta em R$ 1.028.579,02. (fls. 826 e 827) Transcorrido o prazo sem que a recorrente se manifestasse, os autos retornaram ao CARF, para prosseguir o julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Roberto Silva Junior, Relator Admissibilidade O exame de admissibilidade foi feito quando da Resolução nº 1103000.109, ocasião em que entendeuse estarem presentes todos os requisitos necessários para o conhecimento do recurso. Despesas operacionais A autoridade fiscal entendeu que as deduções registradas contabilmente como indenizações espontâneas não seriam passíveis de dedução das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, pois, decorrendo de mera liberalidade da recorrente, não seriam necessárias, nem usuais ao exercício da atividade econômica. A recorrente, por seu turno, asseverou que o valor glosado, no montante de R$ 1.615.474,74, seria o saldo de uma conta, no qual estariam incluídas as demais indenizações trabalhistas previstas na CLT. Tais indenizações atingiriam o total de R$ 1.028.579,02. A diligência determinada pelo CARF confirmou exatamente esse valor, sem contestação pela recorrente. O exame do relatório de diligência (fls. 825 a 827) mostra que o montante de R$ 1.028.579,02 não pode ser considerado como fruto de mera liberalidade da recorrente. São, pelo que se depreende do relatório, despesas oriundas da relação de emprego. Importa dizer que as obrigações trabalhistas podem encontrar fundamento diretamente na lei, como era o caso da antiga "multa" de 40% do FGTS, exigível nos casos de dispensa sem justa causa; podem ter fundamento em normas criadas por convenção ou acordo coletivo, elaboradas com a intervenção dos sindicatos, e por sentença normativa da Justiça do Trabalho. Fl. 837DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 838 7 As obrigações trabalhistas, ademais, podem derivar do contrato de trabalho. E, nesse ponto, é importante notar que se incorporam ao contrato de trabalho as regras veiculadas nos regulamentos internos da empresa, que criam obrigações para o empregador. O art. 468 da CLT abriga o princípio que veda a alteração contratual lesiva ao empregado. Na esteira dessa norma, o C. Tribunal Superior do Trabalho TST editou a Súmula 51, cujo enunciado tem a seguinte dicção: NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT. I As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. II Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. (g.n.) As regras estabelecidas em regulamento interno da empresa aderem ao contrato de trabalho e não podem ser alteradas, nem mesmo pelo advento de um novo regulamento interno, se essa mudança for prejudicial ao empregado. Vem daí a conclusão de que uma verba, tenha ela caráter remuneratório ou indenizatório, paga por força de norma inserida em regulamento interno de empresa não pode ser tido como mera liberalidade. A norma é cogente e cria obrigações que vinculam o empregador, com a mesma força de uma norma legal. Portanto, as despesas identificadas no quadro constante do relatório de diligência (acima reproduzido), no total de R$ 1.028.579,02, devem ser aceitas como dedutíveis, pois têm respaldo na lei, em convenção coletiva, ou no próprio contrato de trabalho. Quanto à parcela remanescente de R$ 586.895,72, a glosa deve ser mantida, dada a falta de comprovação de seu fundamento. Compensação de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa de CSLL A infração aqui é o excesso de compensação de prejuízo fiscal, pois ultrapassou o limite de 30% do lucro líquido ajustado. A recorrente admite o fato, mas nega ter existido qualquer irregularidade, porquanto os prejuízos pertenciam à empresa Servacar, extinta por incorporação. Nessa hipótese não se aplicaria a trava dos 30%, a qual, segundo a recorrente, pressupõe o prosseguimento do exercício da atividade empresarial. Sobre a matéria é importante destacar alguns pontos. O primeiro deles é que prejuízo e lucro, inclusive os de natureza fiscal, decorrem do exercício da atividade da empresa e são inerentes ao risco a que todo empresário está sujeito. Sendo resultante das operações realizadas em determinado lapso de tempo, o prejuízo fiscal não pode ser tido como um crédito do contribuinte contra a Fazenda. A apuração de prejuízo, por si só, não cria direito oponível ao Fisco. Fl. 838DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 839 8 A compensação de prejuízo fiscal, segundo entendimento do E. Supremo Tribunal Federal STF, é benefício e, como tal, passível de ser concedido ou suprimido, ampliado ou limitado, segundo a discricionariedade do legislador. A lei estabeleceu que a compensação de prejuízo deve observar o limite de 30% do lucro líquido ajustado. Tal limite só pode ser afastado por disposição expressa que abra exceção à regra geral. A recorrente alega que, na hipótese de incorporação de empresa, a trava de 30% implicaria a perda do saldo de prejuízo fiscal acumulado. Embora isso possa ocorrer, o descarte do prejuízo fiscal não foi introduzido pelas Leis 8.981 e 9.065. Situação semelhante já existia na sistemática anterior, na qual o direito à compensação estava jungido ao prazo de decadência de quatro anos, ao fim do qual o saldo de prejuízo remanescente havia de ser descartado. Nos dias atuais, o mesmo descarte ocorre nos casos de cisão parcial, relativamente ao prejuízo que corresponde à parte cindida. Embora esses pontos revelem a validade do limite à compensação de prejuízo fiscal, inclusive nos casos de incorporação e cisão de empresa, a matéria ainda suscita divergências no âmbito do CARF. Entretanto, o entendimento mais afinado com o art. 15 da Lei nº 9.065/1995, e da legislação do IRPJ, em geral, foi expresso no Acórdão nº 1101 001.161, cujos fundamentos se encontram no voto da ilustre Conselheira Edeli Pereira Bessa, os quais estão abaixo reproduzidos: Esta Relatora já expressou seu entendimento contrário à pretensão central da recorrente, ao proferir voto vencedor no julgamento de recurso voluntário interposto nos autos do processo administrativo n° 19515.0013929/201004, apreciado por esta Turma de Julgamento na sessão de 16 de março de 2012. Considerando que todos os argumentos veiculados no recurso voluntário aqui interposto foram enfrentados naquele voto, transcrevese, na seqüência, seu conteúdo: O presente voto expressa o entendimento majoritário desta Turma de Julgamento, no sentido de que a limitação de 30% para compensação de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas é também aplicável no último período de atividades da pessoa jurídica, por ocasião de sua extinção. Argumenta o I. Relator que a lei, ao estabelecer tal limite, não objetivou eliminar, tampouco restringir o direito das empresas de compensação dos resultados negativos, visto que a norma legal assegurou esse direito, independentemente do prazo necessário para a compensação de todo o montante. Demais disto, a exposição de motivos da Medida Provisória n° 998/95 explicitaria que tal restrição não se prestava a retirar do contribuinte o direito de compensar. Dispõe a Lei n° 9.065/95, fruto da conversão da Medida Provisória n° 998/95: Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do ano calendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado. Fl. 839DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 840 9 Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação. Art. 16. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, quando negativa, apurada a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensada, cumulativamente com a base de cálculo negativa apurada até 31 de dezembro de 1994, com o resultado do período de apuração ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da referida contribuição social, determinado em anoscalendário subseqüentes, observado o limite máximo de redução de trinta por cento, previsto no art. 58 da Lei n° 8.981, de 1995. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios da base de cálculo negativa utilizada para a compensação. Importante destacar, de início, que, como se observa nesta transcrição, a Lei n° 9.065/95 não mencionou a possibilidade de posterior compensação dos prejuízos não utilizados em razão do limite então fixado. Este registro constava do dispositivo anterior da Lei n° 8.981/95, fruto da conversão da Medida Provisória n° 812/94: Art. 42. A partir de 1° de janeiro de 1995, para efeito de determinar o lucro real, o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do Imposto de Renda, poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento. Parágrafo único. A parcela dos prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, não compensada em razão do disposto no caput deste artigo poderá ser utilizada nos anoscalendário subseqüentes, (negrejouse) Assim, a lei que rege o período de apuração autuado limitase a permitir a compensação de prejuízos fiscais e bases negativas anteriores devidamente comprovados na escrituração comercial e fiscal, mas até o limite de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação. A Exposição de Motivos da Medida Provisória n° 998/95 ["Arts. 15 e 16 do Projeto: decorrem de Emenda do Relator, para restabelecer o direito à compensação de prejuízos, embora com as limitações impostas pela Medida Provisória n° 812/94 (Lei 8.981/95). Ocorre hoje vacatio legis em relação à matéria. A limitação de 30% garante uma parcela expressiva da arrecadação, sem retirar do contribuinte o direito de compensar, até integralmente, num mesmo ano, se essa compensação não ultrapassar o valor do resultado positivo."], por sua vez, somente esclarece que a limitação de 30% garante uma parcela expressiva da arrecadação, sem retirar do contribuinte o direito de compensar, até integralmente, num mesmo ano, se essa compensação não ultrapassar o valor do resultado positivo. Inexiste qualquer menção à garantia de compensação dos saldos acumulados até o seu esgotamento. Em termos numéricos, a citação extraída da Exposição de Motivos em referência apenas admite que uma empresa que detenha saldo de R$ 1.000 de prejuízos fiscais acumulados compenseos integralmente em um período de apuração no qual apure lucro líquido ajustado de R$ 3.400. Ou seja, a compensação de prejuízos fiscais e bases negativas acumuladas passou a depender, necessariamente, da produção de resultados positivos em montante do qual pudesse ser destacado, apenas 30% para tal utilização. Fl. 840DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 841 10 Os demais argumentos que fundamentam as decisões favoráveis invocadas no voto do I. Relator dizem respeito à impossibilidade de utilização dos saldos de prejuízos e bases negativas após a extinção da pessoa jurídica, aspecto que remete a análise à determinação da natureza da compensação autorizada em lei. Ensina Ricardo Mariz de Oliveira, em sua obra Fundamentos do Imposto de Renda (Editora Quartier Latin do Brasil, São Paulo: 2008, p. 895/900), ao tratar do poder legal para impedir, condicionar ou limitar a compensação de prejuízos fiscais: Para os que sustentam haver um direito verdadeiramente imanente à obrigação tributária relativa ao imposto de renda, inatingível por lei ordinária, portanto um metadireito que até prescinde de declaração por lei ordinária, o seu fundamento está no fato de que a hipótese de tributação é sempre um acréscimo patrimonial, e acréscimo patrimonial exige que se deduzam prejuízos anteriores para que somente possa ser alvo de incidência o valor que representar efetivo aumento ao capital trazido pelos sócios para o empreendimento gerador do lucro. Se assim não for, estarseá tributando o próprio capital ou o patrimônio do contribuinte, descaracterizando e desnaturando o fato gerador do imposto de renda. E, sendo assim, não poderia haver limite de prazo ou de valor, assim como outras condições não poderiam ser impostas para o exercício (já que aquisição sempre existiria) desse direito. Muito menos ele poderia ser eliminado. Contrariamente a esta colocação, apresentamse diversos fundamentos. O primeiro prendese a que todo empreendimento econômico tem que ser segmentado em seu desenvolvimento temporal, para inúmeros efeitos empresariais e jurídicos, sob pena de que, somente no encerramento definitivo da própria atividade econômica que se pretende desenvolver através da pessoa jurídica, seria possível determinar com segurança e em definitivo a existência e o montante do incremento patrimonial produzido por tal atividade. Daí a lei predeterminar a segmentação da atividade em exercícios sociais, para fins de direito privado, e em períodosbase, para fins tributários, nos quais se compara se, entre o início e o final de cada um deles, houve ou não aumento de patrimônio, sendo que a diferença entre o patrimônio líquido no início e no final de cada período, descontadas as transferências patrimoniais, representa o lucro obtido nesse entretempo, se a mutação tiver sido positiva, ou o prejuízo suportado, se tiver sido negativa. Numa sociedade empresarial de prazo indeterminado, ou de longo prazo, essa segmentação não é apenas uma exigência legal, mas uma imposição natural, ante conveniências e necessidades múltiplas, nestas incluídas principalmente duas: a necessidade, porque objetivo, de partilhar lucros entre os sócios, até face à mutabilidade do quadro social; a necessidade de cobrir gastos públicos através da tributação da renda. Outrossim, a arrecadação tributária também é constitucionalmente segmentada em períodos orçamentários, não havendo, na Carta Republicana, qualquer dispositivo que impeça a fragmentação da vida das empresas em períodos de apuração dos seus resultados ou que imponha que a apuração se faça sempre por forma acumulada, isto é, necessariamente deduzindose dos ganhos atuais as eventuais perdas passadas. Fl. 841DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 842 11 Nestas condições, a determinação de períodosbase é matéria de lei ordinária, assim como a determinação, quanto aos prejuízos, da independência absoluta de cada período em relação aos demais, na qual prejuízos não se transferem para frente ou para trás, ou a interdependência dos períodos, na qual se admite a comunicação de prejuízos anteriores com os lucros presentes (o chamado "carry forward"), ou dos presentes prejuízos com os lucros do passado (o chamado "carry back"). Qualquer dessas possibilidades, para se efetivar, depende de norma legal. Mesmo o parágrafo 2o, inciso I, do art. 153 da Constituição Federal, segundo a qual o imposto de renda deve ser informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, não socorre à existência do direito impostergável e inalterável ora em comento. Muito pelo contrário, os princípios a que esse inciso alude conduzem inequivocamente à segmentação da vida dos contribuintes para fins do imposto de renda. Em primeiro lugar, esses princípios, que estudamos no capítulo III, são previstos para serem fixados e delineados por lei, dada a cláusula final do dispositivo constitucional, "na forma da lei". É verdade que a lei fixa a forma de aplicação dos referidos critérios, mas não pode ignorálos ante a textual designação constitucional de que o imposto "será" informado por eles. Todavia, a aplicação desses princípios requer a separação dos períodos base, pois, se todo o período de vida empresarial necessariamente tivesse que ser considerado, sempre em conjunto por seus efeitos acumulados, deveria sêlo para todos os efeitos, inclusive para aplicação da própria progressividade da tabela de alíquotas de cálculo do imposto. Mas não é assim, pois em cada períodobase se reinicia a progressão da aplicação das alíquotas, sobre a respectiva base de cálculo. Além disso, se, como visto, apenas ao final do empreendimento se poderá ter certeza absoluta de que haverá ganho a tributar, qualquer cobrança de imposto de renda antes desse final poderia assumir a condição de mero empréstimo compulsório, eis que os lucros até então gerados poderiam ser total ou parcialmente consumidos por prejuízos supervenientes. Em vista de tudo, a divisão da vida econômica da empresa em períodos de tempo chega a ser uma imposição natural e inevitável, tanto que, como vimos no capítulo III, dos mesmos princípios decorre uma exigência inafastável, que é a periodização da apuração do aumento patrimonial. Ademais, o que exsurge das garantias constitucionais, de forma clara e insofismável, é a irretroatividade das leis, qualificada pela exigência da anterioridade, de tal arte que fatos econômicos presentes, vale dizer, ocorridos na vigência das leis presentes, podem ser tomados em consideração para gerarem obrigações tributárias presentes, sem necessária consideração a fatos e ocorrências do passado. Daí a compensação de prejuízos ser matéria de lei ordinária, que pode dála ou não, para frente ("carryforward") ou para trás ("carryback"), com ou sem prazo, com ou sem limite de valor, com ou sem outras condições, apenas Fl. 842DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 843 12 devendo ser observadas as exigências constitucionais quanto à vigência da lei, assim como os demais preceitos constitucionais aplicáveis. Outra argumentação comumente desenvolvida baseiase em que a Lei n. 6.404 exige a dedução dos prejuízos de exercícios sociais anteriores, o que obrigaria o legislador tributário a seguir idêntica trilha, mormente face ao art. 110 do CTN, segundo o qual a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance dos institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados pela Constituição Federal para definir as competências tributárias. Já vimos várias vezes a invalidade deste argumento, que decorre principalmente da própria Lei n. 6.404, a qual admite a existência de critérios de apuração das demonstrações financeiras distintos daqueles que ela preconiza, fixados em outras leis para finalidades diversas, situações em que prevê o registro destas outras demonstrações em livros auxiliares (art. 177, parágrafos 2o e 7o). Mais decisivo ainda é o fato de que o referido parágrafo 2o ressalva expressamente critérios distintos decorrentes de "disposições da lei tributária", e é isto que ocorre com todas as regras de ajustes no lucro líquido para determinação do lucro real, que é a base de cálculo do imposto de renda, cujos ajustes são previstos na lei fiscal e registrados no livro auxiliar fiscal, que é o LALUR. Ora, dentre os ajustes previstos pela legislação tributária, feitos para fins exclusivamente fiscais e não integrados na contabilidade do lucro líquido, encontrase exatamente a compensação de prejuízos fiscais. Portanto, a Lei n. 6.404 não contém uma definição de lucro que seja imutável perante a legislação tributária, nos termos dos art. 109 e 110 do CTN. Aliás, exatamente por isso são diferentes em seus montantes os prejuízos fiscais e os prejuízos apurados contabilmente. Voltando ao argumento mais comum de que somente é possível tributar o aumento patrimonial e este somente existe após compensação de prejuízos anteriores, é necessário que se leve em conta um dado relevante, qual seja, o de que, na compensação de prejuízos fiscais, está em causa a apuração do aumento patrimonial dentro de um específico período de tempo. Sem qualquer dúvida, como já dito muitas vezes, o imposto de renda pressupõe a existência de acréscimo patrimonial, e este é o resultado dos ingressos ao patrimônio anterior, menos os gastos incorridos para produzir os ingressos. Se assim não for, ou se estará tributando a receita bruta, ou se estará tributando o próprio patrimônio, mas nenhuma destas alternativas se compadecerá com a competência da União para tributar a renda. A partir desta afirmação, não pode restar muita dúvida quanto à ilegitimidade da vedação da dedução de gastos essenciais à produção do acréscimo patrimonial no segmento de tempo que a lei tiver fixado como períodobase, mesmo porque acréscimo somente haverá após os ingressos cobrirem os gastos incorridos para a sua obtenção. Vale dizer, somente há acréscimo quando as receitas ingressadas forem maiores do que os custos e as despesas que tiverem sido necessárias para a geração daquelas mesmas receitas. Fl. 843DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 844 13 Em outras palavras, a base de cálculo, para ser representativa do efetivo aumento patrimonial e não desvirtuar a incidência tributária sobre este, deve refletir a diferença entre os ingressos ocorridos nesse patrimônio e as saídas dele ocorridas para aquisição dos ingressos. E tal mutação patrimonial universal deve ser medida entre dois pontos no tempo, predeterminados pela lei tributária. Já os prejuízos de períodos anteriores ao atual não interferem com o fato neste ocorrido, embora se reflitam no patrimônio da pessoa jurídica contribuinte. No períodobase corrente, é inelutável a medição do acréscimo ou do decréscimo ocorrido no patrimônio do contribuinte, a partir do valor desse mesmo patrimônio na data de abertura deste mesmo período. Para que a mutação presente, em vias de processamento, seja adequadamente considerada, não se tolera a repartição do patrimônio de forma a medir variações em suas diversas partes, dissociadas e independentes umas das outras. O princípio da universalidade do lucro impõe a apuração global de todo o aumento ou de toda a redução do patrimônio em cada períodobase, o que exige, portanto, a dedução dos prejuízos neste ocorridos, porque estes são fatos presentes, indissociáveis dos demais fatos que acarretam aumento ou redução na universalidade que constitui o patrimônio do contribuinte. Mas os prejuízos anteriores não interferem com a mutação ocorrida no período em curso, porque são o resultado de fatos do passado, pertencentes a outros períodosbase, que já se refletiram num patrimônio menor na data inaugural do período atual, quando se inicia a apuração de uma nova mutação patrimonial, para mais ou para menos. Enfim, tudo isto pode ser resumido na afirmação de que o fato gerador do imposto de renda é o acréscimo patrimonial ocorrido num períodobase e é constituído pela diferença entre a universalidade patrimonial no início desse período e a universalidade patrimonial no final do mesmo, sendo essa diferença matematicamente formada pela universalidade de fatores positivos e negativos que afetam esse patrimônio durante o mesmo lapso temporal, descontadas as transferências patrimoniais. Ora, os prejuízos de períodosbase anteriores não integram essa universalidade de fatores positivos e negativos. Daí a lei, sem descaracterizar a base de cálculo própria dos tributos sobre a renda, poder admitir ou não a compensação das perdas passadas ou permitila sob determinadas condições, ou sob determinada limitação temporal, ou sob determinadas limitações de valor em relação ao montante da mutação patrimonial presente, (negrejouse) Concluise do exposto que a sucessão de leis autorizando, reiteradamente, a compensação de prejuízos fiscais na apuração da base de cálculo do IRPJ, não altera a essência do acréscimo patrimonial da pessoa jurídica, suscetível de tributação: diferença entre a universalidade patrimonial no início desse período e a universalidade patrimonial no final do mesmo, descontadas as transferências patrimoniais, e naquela diferença não se inserem os prejuízos e as bases negativas apurados em períodos anteriores. Esta concessão legislativa pode existir, ou não, e ainda assim a tributação da renda não padecerá de inconstitucionalidade. Fl. 844DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 845 14 Vejase que no mesmo sentido já havia se posicionado a autoridade julgadora de 1a instância, na decisão recorrida, embora pautandose em outros referenciais normativos e doutrinários: Neste cenário, conquanto as respeitáveis ponderações inseridas no bojo das decisões forenses e administrativas mencionadas pelo impugnante em favor da tese conduzida na peça impugnatória, exordialmente, importa acentuar que representa ponto incontradito as asserções que visam conduzir o campo de incidência da tributação do imposto de renda à configuração de um acréscimo patrimonial auferido em decorrência da aquisição econômica ou jurídica da renda ou proventos de qualquer natureza. Sob o aspecto do conceito de renda, todavia, vale destacar aquilo que foi traçado na obra do insigne jurista Leandro Paulsen, instruído na lição de Roque Antonio Carraza: "(...) renda é disponibilidade de riqueza nova, havida por dois momentos distintos (...) é o acréscimo patrimonial experimentado pelo contribuinte, ao logo de um determinado tempo, Ou, ainda, é o resultado positivo de uma subtração que tem, por minuendo, os rendimentos brutos auferidos pelo contribuinte, entre dois marcos temporais, e por subtraendo, o total das deduções ou abatimentos, que a Constituição e as leis que com ela se afinam permitem fazer. (...) tanto a renda quanto os proventos de qualquer natureza pressupõem ações que revelem mais valias, isto é incrementos na capacidade contributiva. Só diante de realidades econômicas novas, que se incorporam ao patrimônio da pessoa é que podemos juridicamente falar em renda ou proventos de qualquer natureza (Paulsen, Leandro, Impostos Federais, Estaduais e Municipais, Livraria do Advogado, Porto Alegre/RS, 5a ed. rev. e atual., 2010, p. 48/49)." Por sinal, as aferições do acréscimo patrimonial ou do resultado positivo de determinado exercício financeiro traduzem fatos jurídicotributários para concretude do nascimento da obrigação tributária passível de incidência do imposto de renda, aplicável às pessoas jurídicas tributadas com base no Lucro Real, nos moldes da Lei n° 9.430, de 27/12/1996, cuja apuração emerge, primordialmente, da resultante da confrontação do montante de despesas incorridas e receitas realizadas no encerramento do período de referência, que, por sua vez, em respeito ao princípio da competência, devem ser autônomos em relação ao resultado demonstrado em anos base distintos. Ante este enfoque, cabe observar os fundamentos reguladores estabelecidos pela legislação societária quanto à produção dos pertinentes acréscimos patrimoniais, bem como a influência que a compensação de prejuízos de períodos anteriores exerce sobre o resultado final demonstrado no patrimônio líquido da entidade ao final do exercício financeiro. Tal aspecto fica evidente pela observância do teor do art. 187 da Lei n° 6.404, de 15/12/1976 (Lei das S/A), abaixo reproduzido sob a redação aplicável à época dos fatos geradores, na qual se nota a forma verticalizada de composição da Demonstração do Resultado do Exercício, principiandose da receita operacional bruta e agregandose, na seqüência, o conjunto de operações econômicas computadas em obediência ao princípio da competência para fins de obtenção do lucro ou prejuízo líquido da entidade: "Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: Fl. 845DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 846 15 I a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais; V o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados; VII o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social." Outrossim, o art. 189 do referido diploma legal determina que se deduzam do resultado do exercício os prejuízos acumulados antes de qualquer das participações, cuja aferição não traz nenhum efeito no sentido de transfigurar a apuração do lucro do exercício, mas, tão somente, determinar o valor de referência sobre o qual serão calculadas as importâncias destinadas às importâncias especificadas no art. 190 da mesma norma. Neste cenário, podese inferir tal exegese pela observação concomitante com os termos do art. 191 da Lei das S/A, uma vez que se define o conceito de Lucro Líquido do Exercício como sendo a demonstração da variação monetária entre o resultado do exercício e as mencionadas participações: "Art. 189. Do resultado do exercício serão deduzidos, antes de qualquer participação, os prejuízos acumulados e a provisão para o Imposto sobre a Renda. Parágrafo único. o prejuízo do exercício será obrigatoriamente absorvido pelos lucros acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem. Art. 190. As participações estatutárias de empregados, administradores e partes beneficiárias serão determinadas, sucessivamente e nessa ordem, com base nos lucros que remanescerem depois de deduzida a participação anteriormente calculada. Parágrafo único. Aplicase ao pagamento das participações dos administradores e das partes beneficiárias o disposto nos parágrafos do artigo 201. Art. 191. Lucro líquido do exercício é o resultado do exercício que remanescer depois de deduzidas as participações de que trata o artigo 190." Assim sendo, fica patente que a caracterização do Lucro Líquido ou Lucro Contábil do exercício financeiro, demonstrado em observância com os ditames estabelecidos pela legislação societária, provém da hipótese de apuração de um resultado positivo contingente à incidência da tributação do pertinente imposto de renda e CSLL do períodobase, a despeito a coexistência ou não de prejuízos Fl. 846DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 847 16 acumulados de períodos anteriores a serem absorvidos no cômputo do patrimônio líquido da entidade. E, se a lei pode admitir ou não a compensação de perdas passadas, ou permiti la sob determinadas condições, como dito por Ricardo Mariz de Oliveira no excerto antes transcrito, é possível concluir que a compensação de prejuízos fiscais e bases negativas, quando autorizada por lei, tem natureza de isenção, que atinge o critério material da hipótese de incidência, subtraindo parte do complemento de seu verbo, ou seja, parte da renda. Esta é a conclusão que se extrai da fenomenologia das isenções tributárias, exposta por Paulo de Barros Carvalho em sua obra Curso de Direito Tributário (Editora Saraiva, 17a edição, São Paulo:2005, p. 489/491): De que maneira atua a norma de isenção, em face da regra matriz de incidência? É o que descreveremos. Guardando a sua autonomia normativa, a regra de isenção investe contra um ou mais dos critérios da normapadrão de incidência, mutilandoos parcialmente. É óbvio que não pode haver supressão total do critério, porquanto equivaleria a destruir a regramatriz, inutilizandoa como norma válida no sistema. O que o preceito de isenção faz é subtrair parcela do campo de abrangência do critério do antecedente ou do conseqüente. [...] Outro exemplo: o queijo tipo Minas é isento do IPI. Quer significar que u'a norma de isenção foi dirigida contra a regra matriz daquele gravame federal, mutilando o critério material da hipótese, precisamente no tópico do complemento do verbo. Com isso, a amplitude do núcleo hipotético, que abarcava até aquele instante todos os produtos industrializados, perde um elemento de seu conjunto o queijo tipo Minas. [...] E assim por diante, sempre o mesmo fenômeno: o encontro de duas normas jurídicas, sendo uma a regramatriz de incidência tributária e outra a regra de isenção, com seu caráter supressor da área de abrangência de qualquer dos critérios da hipótese ou da conseqüência da primeira (regramatriz). Importa referir que o legislador muitas vezes dá ensejo ao mesmo fenômeno jurídico de recontro normativo, mas não chama a norma mutiladora de isenção. Não há relevância, pois aprendemos a tolerar as falhas do produto legislado e sabemos que somente a análise sistemática, iluminada pela compreensão dos princípios gerais do direito, é que poderá apontar os verdadeiros rumos da inteligência de qualquer dispositivo de lei. [...] Não confundamos subtração do campo de abrangência do critério da hipótese ou da conseqüência com mera redução de base de cálculo ou da alíquota, sem anulá las. A diminuição que se processa no critério quantitativo, mas que não conduz ao desaparecimento do objeto, não é isenção, traduzindo singela providência modificativa que reduz o quantum de tributo que deve ser pago. O nome atribuído pelo direito positivo e pela doutrina é isenção parcial. Fl. 847DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 848 17 A Lei n° 9.065/95, contrapondose à regramatriz do IRPJ e da CSLL, que tem por base de cálculo o lucro da pessoa jurídica aferido em determinado período de apuração, em observância ao princípio da universalidade, reduz seu campo de incidência, afirmando que não é renda 30% do lucro precedido de apuração deficitária. Nega, portanto, a existência de acréscimo patrimonial até que sejam esgotados os prejuízos fiscais e bases negativas acumulados, mas observandose o limite de 30% do lucro apurado. De outro lado, ainda que se enquadre esta determinação como mera redução de base de cálculo, minimamente a isenção parcial estaria presente, integrante do conjunto de exclusões do crédito tributário, referidas no art. 175 do Código Tributário Nacional. Consoante expresso na Exposição de Motivos da Medida Provisória n° 998/95, a limitação desta isenção teve cunho arrecadatório: o alcance máximo de sua aplicação é estabelecido em razão do lucro líquido ajustado do período de apuração, de modo que ao menos 70% do lucro seja tributado, caso o sujeito passivo faça uso do benefício fiscal. E este objetivo deve ser respeitado, ainda que se trate do último período de apuração da pessoa jurídica. Isto porque a interpretação da norma em referência deve ser literal, consoante dispõe o Código Tributário Nacional: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. (negrejouse) Ao assim determinar, o Código Tributário Nacional impede o intérprete de aprofundarse nos planos semânticos e pragmáticos, segundo entendimento de Paulo de Barros Carvalho, na obra antes citada (p. 107). No caso em análise, inviabiliza conjecturas acerca da impossibilidade de utilização futura dos prejuízos e bases negativas não compensados até o momento da extinção, e de eventual ofensa ao princípio da capacidade contributiva. A esta mesma conclusão chegou a I. Conselheira Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, ao relatar caso semelhante e ter seu posicionamento acolhido por voto de qualidade na Câmara Superior de Recursos Fiscais, consubstanciado no Acórdão n° 910100.401. De seu voto, extraise: Confesso seduzirme, inicialmente, a tese defendida pela Recorrente, de sorte que no acórdão paradigma, da então 8ª do Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, com ela concordei. Todavia, melhor refletindo, revi meu posicionamento pelos motivos que neste voto discorro. Um dos exemplos trazidos a lume, também como paradigma, é a decisão proferida no recurso 126597, Ac. CSRF/0104.258 de 01/12/2002, do i. Conselheiro Celso Alves Feitosa, que negou provimento ao recurso da Fazenda Nacional e está assim decidido e ementado: Fl. 848DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 849 18 (...) Por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Cândido Rodrigues Neuber e Verinaldo Henrique da Silva. COMPENSAÇÃO. PREJUÍZO E BASE NEGATIVA No caso de incorporação, uma vez que vedada a transferência de saldos negativos, não há impedimento legal para estabelecer limitação, diante do encerramento da empresa incorporada. Nesse julgado a decisão afirma que não há óbice à compensação integral, nos casos de declaração de encerramento de atividades, tanto do imposto de renda das pessoas jurídicas, quanto da contribuição social sobre o lucro E na mesma linha, com o brilhantismo habitual, o i. patrono da Recorrente sustenta que o limite imposto através do artigo 15 da Lei 9.065/1995 não se aplica nos casos de extinção da pessoa jurídica em virtude de incorporação pois, caso contrário, a empresa incorporada perderia o direito à compensação de prejuízos, o que não corresponde à finalidade do mencionado artigo, conforme entendimento até então majoritário da jurisprudência deste Colegiado. Mas, esta não é a melhor interpretação para o conteúdo semântico do artigo 15 da Lei 9065/1995. Os Tribunais Superiores já definiram que na compensação de prejuízos não se trata de direito adquirido, mas sim de uma expectativa de direito, como demonstram decisões do Superior Tribunal de Justiça, como exemplo o Recurso Especial n° 307.389 RS, que ao enfrentar semelhante questão pronunciase da forma seguinte: O princípio da legalidade, do mesmo modo que impõe a exigência de cobrança a tributo só por lei expressa, também, exige que a compensação de prejuízos com lucros para fins tributários somente ocorra com autorização legislativa. Insubsistente a tese da recorrente de que não há proibição da compensação pretendida. No regime de direito público, especialmente no campo do direito tributário, a relação jurídica decorre de norma positiva. O silêncio da lei não cria direitos para nenhuma das panes: sujeito ativo e sujeito passivo. Outrossim, no trato de qualquer beneficio fiscal, mesmo concedido por lei, a interpretação é restritiva. Também o STF se pronunciou acerca do tema, em 25/03/2009, no RE 344.9940 do Paraná, cujo Relator inicial, o Ministro Marco Aurélio restou vencido. Redige o voto vencedor o Ministro Eros Grau, acórdão assim ementado: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. LIMITAÇÕES. ARTIGOS 42 E 58 DA LEI N 8.981/95. CONSTITUCIONALIDADE, AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 150, INCISO III, ALÍNEAS "A" E "B", E 50, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de beneficio fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido. A Lei n. 8.981/95 não incide sobre fatos geradores ocorridos antes do Fl. 849DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 850 19 inicio de sua vigência. Prejuízos ocorridos em exercícios anteriores não afetam fato gerador nenhum. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Neste recurso pretendia o autor que a trava não incidisse sobre os saldos de prejuízos ocorridos até dezembro de 1994, sob argumento de que se estava diante de um direito adquirido à compensação de todo prejuízo e a nova lei não poderia restringir tal direito. Aliás, quanto a interpretação teleológica pretendida no paradigma trazido à colação, no que toca aos prejuízos fiscais, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em sua composição Plenária, que a compensação de prejuízos fiscais tem natureza de benefício fiscal e pode, como instrumento de política tributária, ser revisto pelo legislador sem implicar, sequer, no direito adquirido. Destaque é de ser dado ao voto da Ministra Ellen Gracie, que bem traduz a lógica do que aqui defendemos e neutraliza os argumentos da Recorrente nos seguintes termos: 4. Já quanto à limitação da compensação das prejuízos fiscais apurados até 31.12.1994, destaco, por oportuno, as palavras sucintas e rigorosamente claras com que rejeitou o pedido de liminar, ocasião em que o eminente Juiz Federal Antônio Albino Ramos de Oliveira assentou quanto importa para o deslinde da questão. "A lei questionada limitou as deduções de prejuízos da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social referentes a exercício futuro. Vedado estaria fazêlo em relação a fatos geradores já ocorridos quando de sua publicação, ou para exigência no mesmo exercício. " (fl 44) 5. (...) Entendo, com vênia ao eminente Relator, que os impetrantes tiveram modificada pela Lei 8.981/95 mera expectativa de direito donde o nãocabimento da impetração. 6. Isto porque, o conceito de lucro é aquele que a lei define, não necessariamente, o que corresponde às perspectivas societárias ou econômicas. Ora, o Regulamento do Imposto de Renda RIR, que antes autorizava o desconto de 100% dos prejuízos fiscais, para efeito de apuração do lucro real, foi alterado pela Lei 8.981/95, que limitou tais compensações a 30% do lucro real apurado no exercício correspondente. 7. A rigor, as empresas deficitárias não têm crédito oponível à Fazenda Pública. Lucro e prejuízo são contingências do mundo dos negócios. Inexiste direito liquido e certo à "socialização" dos prejuízos, como a garantir a sobrevivência de empresas ineficientes. É apenas por benesse da política fiscal atenta a valores mais amplos como o da estimulação da economia e o da necessidade da criação e manutenção de empregos que se estabelecem mecanismos como o que ora examinamos, mediante o qual é autorizado o abatimento dos prejuízos verificados, mais além do exercício social em que constatados. Como todo favor fiscal, ele se restringe às condições fixadas em lei. E a lei vigorante para o exercício fiscal que definirá se o beneficio será calculado sobre 10, 20 ou 30%, ou mesmo sobre a totalidade do lucro líquido. Mas, até que encerrado o exercício fiscal, ao longo do qual se forma e se conforma o fato gerador do Imposto de Renda, o contribuinte tem mera expectativa de direito quanto à manutenção dos patamares fixados pela legislação que regia os exercícios anteriores. Fl. 850DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 851 20 Não se cuida, como parece claro, de qualquer alteração de base de cálculo do tributo, para que se invoque a exigibilidade de lei complementar. Menos ainda, de empréstimo compulsório. Não há, por isso, quebra dos princípios da irretroatividade (CF, art. 150, 111, a e b) ou do direito adquirido (CF, art 5°, XXXVI) (...) 8. Por tais razões, peço licença para seguir a linha da divergência inaugurada pelo Ministro Eros Grau. Em sendo a compensação de prejuízos fiscais espécie incentivo fiscal outorgado por lei e não um patrimônio do contribuinte a ser socializado, não se pode ampliar o sentido da lei nem ampliar o seu significado eis que a norma que cuida de benefícios fiscais devem ser interpretadas de forma restritiva nos termos do artigo 111 do Código Tributário Nacional. Neste sentido é a jurisprudência consoante arestos a seguir elencados: Ementa: A legislação pertinente ao Simples ao prever exclusão do crédito tributário deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111, I do CTN (STJ REsp 825.012/MG Rel: Min. Castro Meira, 2ª Turma. Decisão: 16/05/06. DJ de 26/05/06, p. 250.) Ementa: I. Da leitura do art. 151 do CTN dessumese que as possibilidades de suspensão da exigibilidade do crédito tributário nele estão exauridas, não comportando interpretação extensiva do seu conteúdo, ante o teor do art 111, inciso I, do CTN..." (STJ. Resp 782.729/PR, Rel.: Min Castro Meira, 2ª Turma, Decisão: 06/12/05. DJ de 01/02/06, p. 506.) "Ementa: I. O art. 111 do CTN, que prescreve a interpretação literal da norma, não pode levar o aplicador do direito à absurda conclusão de que esteja ele impedido, no seu mister de apreciar e aplicar as normas de direito, de valerse de uma equilibrada ponderação dos elementos lógicosistemático, histórico e finalístico ou teleológico, os quais integram a moderna metodologia de interpretação das normas jurídicas (STJ. REsp 192.531/RS, Rel.: Min. Octavio de Noronha, 2ª Turma. Decisão: 17/02/05. DJ de 16/05/05, p. 275.) "Ementa: II. Nos termos do art. 111 do CTN, a interpretação das normas de índole tributária não comportam ampliações ou restrições, e, sendo possível mais de uma interpretação, todas razoáveis, deve prevalecer aquela que mais se aproxima do elemento literal. ..." (TRF 2ª Região, AMS 94.02.140859/RJ Rel.: Des. Federal Poul Erik Dyrlun, 6ª Turma. Decisão: 15/12/04 DJ de 10/01/05, p. 52.) De fato, quando a lei quis que fosse liberado o limite a compensação de 30% dos prejuízos fiscais, o fez de forma expressa, como foi o caso dos lucros auferidos pelas empresas inseridas no regime Befiex, como se vê no artigo 95 da Lei 8.981/1995, com a redação inserida através do artigo 1º, da Lei 9.065/1995, a saber: "Art. 95. As empresas industriais titulares de Programas Especiais de Exportação aprovados até 3 de junho de 1993, pela Comissão para Concessão de Beneficias Fiscais a Programas Especiais de Exportação BEFIEX, poderão compensar o prejuízo fiscal verificado em um períodobase com o lucro real determinado nos seis anoscalendário subseqüentes, independentemente da distribuição de lucros ou dividendos a seus sócios ou acionistas." Fl. 851DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 852 21 Nesta esteira a Instrução Normativa SRF n° 11, de 21 de fevereiro de 1996, vem determinando, quanto a Compensação de Prejuízos Fiscais, o seguinte: Art. 35. Para fins de determinação do lucro real, o lucro líquido, depois de ajustado pelas adições e exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do imposto de renda, poderá ser reduzido pela compensação de prejuízos fiscais em até, no máximo, trinta por cento. (...) § 4o O limite de redução de que trata este artigo não se aplica aos prejuízos fiscais decorrentes da exploração de atividades rurais, bem como aos apurados pelas empresas industriais titulares de Programas Especiais de Exportação aprovados até 3 de junho de 1993, pela Comissão para Concessão de Benefícios Fiscais a Programas Especiais de Exportação BEFIEX, nos termos do art. 95 da Lei n°8.981 com a redação dada pela Lei n° 9.065, ambas de 1995. Nesta normativa, também, a confirmação do que dispunha o artigo 14 da Lei 8.023/1990, no que tange ao tratamento diferenciado concedido às empresas que exercem atividades rurais que podiam compensar todos os prejuízos incorridos, sem limites. Lei 8.023/1990: Art. 14. O prejuízo apurado pela pessoa física e pela pessoa jurídica poderá ser compensado com o resultado positivo obtido nas anosbase posteriores. O permissivo é posteriormente ampliado para a CSLL através do art. 41 da MP 2.11332, de 21/06/2001, como segue: MP 2.11332 de 21/06/2001 Art.41. O limite máximo de redução do lucro líquido ajustado, previsto no art. 16 da Lei n° 9.065, de 20 de junho de 1995, não se aplica ao resultado decorrente da exploração de atividade rural, relativamente à compensação de base de cálculo negativa da CSLL. A interpretação fundada em argumentos finalísticos serve de auxílio à interpretação, mas não pode ser fundamento para negar validade à interpretação jurídica consagrada aos conceitos tributários. Dessa forma, em homenagem ao comando legal do art. 111 do CTN, que impõe restrição de interpretação das normas que concedem benefícios fiscais, como é o caso, descabe o elastério interpretativo pretendido pela Recorrente. O destaque feito pela I. Conselheira às palavras da Ministra Ellen Gracie bem reflete a finalidade da norma em comento: socializar os prejuízos de empresas deficitárias para garantir sua sobrevivência. Admitese excluir o crédito tributário correspondente a até 30% do lucro da pessoa jurídica, em razão de prejuízos e bases negativas pretéritos, como estímulo à subsistência da empresa em dificuldades. Logo, nenhuma razão há para ampliação deste benefício, mormente em face da extinção desta empresa. Portanto, se a isenção não foi ampliada pelo legislador, de modo a alcançar maior percentual do lucro da pessoa jurídica no momento de sua extinção, caso ainda disponíveis prejuízos e bases negativas para compensação, não pode o intérprete conferirlhe este alcance. Fl. 852DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 853 22 Relevante observar que Ricardo Mariz de Oliveira, embora reconheça ao legislador o direito de vedar qualquer compensação de prejuízos fiscais, manifesta se favoravelmente à compensação superior ao limite de 30% no último período de apuração da pessoa jurídica, na mesma obra antes referida (p. 864/865): Quanto ao limite de trinta por cento, a jurisprudência administrativa, firmou se no sentido de não ser aplicável no períodobase da pessoa jurídica extinta por incorporação, tendo em vista que a instituição do mesmo não visou impedir a total compensação dos prejuízos, mas apenas limitála em cada período, com transferência do saldo para os períodos posteriores. Assim, como após a incorporação o saldo de prejuízo fiscal até então não compensado não pode ser transferido para a incorporadora, por expressa disposição legal proibitiva, na última apuração de lucro real da pessoa jurídica a ser incorporada, que é feita exatamente para efeito da incorporação, a compensação não sofre a referida limitação. O mesmo ocorre com o lucro real final apurado na extinção da pessoa jurídica ou na sua fusão ou cisão, sendo que, se a cisão for parcial, a não aplicação do limite se dá sobre a porcentagem dos prejuízos fiscais correspondente à porcentagem do patrimônio líquido a ser vertido, porque é sobre ela que se dará a impossibilidade de compensação futura. Essa construção jurisprudencial tem fundamentos corretos e sólidos, que se resumem ao seguinte: é necessário, para a correta compreensão da norma legal, que o intérprete perquira sobre a sua finalidade e leve em conta a "mens legis"; a análise da exposição de motivos da Medida Provisória n. 998, de 1995, que foi posteriormente convertida na Lei n. 9.065, evidencia que o legislador, em momento algum, pretendeu eliminar a compensação dos prejuízos fiscais; conforme concluiu o relator do acórdão do "leading case", "a expressão sem retirar do contribuinte o direito de compensar reforça o meu entendimento de que, em casos de descontinuidade da empresa, na declaração de encerramento cabe integral compensação dos prejuízos acumulados, sendo inaplicável a trava"; a própria lei proíbe a transferência do prejuízo fiscal não compensado até o ato de fusão, incorporação ou cisão, para a sucessora da pessoa jurídica que tinha o prejuízo fiscal. Na verdade, a exclusão do limite de compensação, nos casos de incorporação, fusão e cisão, conta com um fundamento muito forte, não existente nos casos de liquidação da pessoa jurídica, para os quais apenas os demais são aplicáveis. Entretanto, nessas três operações, a exclusão decorre da combinação da norma limitadora, que não excluiu a compensação integral, mas apenas a limitou em cada períodobase, com a norma proibitiva da transferência da compensação para as pessoas jurídicas sucessoras. Realmente, se a lei não impede a compensação integral, pois apenas a posterga, mas se ela não permite que a compensação venha a ser feita futuramente pela sucessora, o impasse se resolve através da permissão de compensação integral pela sucedida, em situação que não está abrangida pela hipótese de incidência da norma de limitação. Este tema ainda não se pacificou nas câmaras administrativas, pois existem algumas decisões em contrário à grande maioria que segue aquele entendimento. Fl. 853DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 854 23 Não obstante, o entendimento predominante tem lastro inclusive em manifestações do Superior Tribunal de Justiça, não especificamente sobre este tema, mas sobre o limite de compensação. São julgados que, ao apreciarem a validade jurídica do limite de trinta por cento, entre outros fundamentos, manifestaram que a lei não vedou a compensação de prejuízos, mas apenas a transferiu para períodos futuros. Porém, como dito, por veicular exclusão do crédito tributário, a Lei n° 9.065/95 não permite tal extensão interpretativa, e, demais disso, consoante explicitado no início deste voto, a referida Lei deixou de trazer a referência antes contida na Lei n° 8.981/95 acerca da possibilidade de compensação posterior dos saldos de prejuízos e bases negativas não utilizados em razão do limite estabelecido, assim como a Exposição de Motivos da Medida Provisória que a originou apenas ressalta a possibilidade de compensação integral se 30% do lucro apurado a comportasse. Por estas razões, correta se mostra a glosa procedida pela autoridade lançadora e, por conseqüência, a exigência do crédito tributário principal aqui lançado [...]. Assim, também aqui deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente ao principal exigido. CSLL O lançamento da CSLL cingiuse à glosa da dedução de R$ 1.615.474,74 de sua base de cálculo, relativa ao ano de 2005. Os fundamentos de fato e de direito que levaram à glosa são os mesmos declinados pela autoridade fiscal para o IRPJ. Portanto, a solução a ser dada aqui é, em tudo, semelhante à adotada para aquele imposto. Vale dizer, deve ser restabelecida parcialmente a dedução, admitindo a despesa de R$ 1.028.579,02, e mantendo a glosa de R$ 586.895,72. Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer do recurso, para no mérito darlhe parcial provimento, restabelecendo a dedução de R$ 1.028.579,02 das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Fl. 854DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.002798/2010-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
RECURSO VOLUNTÁRIO QUE REPRODUZ LITERALMENTE A IMPUGNAÇÃO. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE. REGIMENTO INTERNO DO CARF.
Recurso voluntário que não apresente indignação contra os fundamentos da decisão supostamente recorrida ou traga qualquer motivo pelos quais deva ser modificada autoriza a adoção, como razões de decidir, dos fundamentos da decisão recorrida, por expressa previsão do regimento interno do CARF.
LUCRO ARBITRADO. HIPÓTESES DE CABIMENTO.
O artigo 530 do RIR/99 prevê que o lançamento de tributos com base no lucro arbitrado deve ocorrer, dentre outros casos, quando a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária, ou para determinar o lucro real, bem como na hipótese em que o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal.
LUCRO ARBITRADO. OMISSÃO DE RECEITAS.
Incluem-se na base de cálculo dos tributos a serem apurados no regime do lucro arbitrado o valor das receitas omitidas detectadas mediante análise de extratos bancários.
Numero da decisão: 1401-002.364
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007 RECURSO VOLUNTÁRIO QUE REPRODUZ LITERALMENTE A IMPUGNAÇÃO. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE. REGIMENTO INTERNO DO CARF. Recurso voluntário que não apresente indignação contra os fundamentos da decisão supostamente recorrida ou traga qualquer motivo pelos quais deva ser modificada autoriza a adoção, como razões de decidir, dos fundamentos da decisão recorrida, por expressa previsão do regimento interno do CARF. LUCRO ARBITRADO. HIPÓTESES DE CABIMENTO. O artigo 530 do RIR/99 prevê que o lançamento de tributos com base no lucro arbitrado deve ocorrer, dentre outros casos, quando a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária, ou para determinar o lucro real, bem como na hipótese em que o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal. LUCRO ARBITRADO. OMISSÃO DE RECEITAS. Incluem-se na base de cálculo dos tributos a serem apurados no regime do lucro arbitrado o valor das receitas omitidas detectadas mediante análise de extratos bancários.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1913; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 939 1 938 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10935.002798/201017 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401002.364 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 11 de abril de 2018 Matéria LUCRO ARBITRADO. OMISSÃO DE RECEITAS Recorrente JORGE TOME EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 RECURSO VOLUNTÁRIO QUE REPRODUZ LITERALMENTE A IMPUGNAÇÃO. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE. REGIMENTO INTERNO DO CARF. Recurso voluntário que não apresente indignação contra os fundamentos da decisão supostamente recorrida ou traga qualquer motivo pelos quais deva ser modificada autoriza a adoção, como razões de decidir, dos fundamentos da decisão recorrida, por expressa previsão do regimento interno do CARF. LUCRO ARBITRADO. HIPÓTESES DE CABIMENTO. O artigo 530 do RIR/99 prevê que o lançamento de tributos com base no lucro arbitrado deve ocorrer, dentre outros casos, quando a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária, ou para determinar o lucro real, bem como na hipótese em que o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal. LUCRO ARBITRADO. OMISSÃO DE RECEITAS. Incluemse na base de cálculo dos tributos a serem apurados no regime do lucro arbitrado o valor das receitas omitidas detectadas mediante análise de extratos bancários. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 27 98 /2 01 0- 17 Fl. 939DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Tratase de auto de infração para cobrança de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins no regime de lucro arbitrado relativo ao anocalendário de 2007, com aplicação de multa de ofício de 75% para a insuficiência de recolhimento sobre as receitas escrituradas e de 150% sobre as receitas omitidas. Segundo a fiscalização, a pessoa jurídica, no anocalendário 2006, auferiu receitas muito superiores ao limite prescrito pela legislação para permanecer na sistemática do SIMPLES no anocalendário subsequente, ocasião em que deveria proceder à autoexclusão do SIMPLES FEDERAL em relação ao primeiro semestre de 2007, mas nada foi feito. A exclusão do sistema foi então proposta de ofício, com efeitos a partir de janeiro de 2007, culminando com a expedição do Ato Declaratório Executivo n° 48/2010 (fl. 570) e Termo de Exclusão do Simples Nacional n° 1/2010 (fl. 571). Pela mesma razão, o Contribuinte não estava habilitado a se inscrever no SIMPLES NACIONAL, instituído pela Lei Complementar n° 123, de 14/12/2006, mas resolveu aderir ou nele permanecer, no 2° semestre de 2007, a despeito das vedações estabelecidas. Ficou, assim, sujeito à exclusão de ofício. Os procedimentos de exclusão foram disciplinados pela Resolução CGSN n° 15, de 23/07/2007. A análise e a tributação relativa ao anocalendário 2006, pela forma do Simples, foi tratado no Processo n° 10935.002797/20107, cuja ciência pessoal foi dada em 31/05/2010. O relatório da decisão recorrida assim descreve os fatos e os argumentos da defesa em sua impugnação: O presente processo trata dos seguintes atos a serem analisados: a) manifestação de inconformidade ao conteúdo do Ato Declaratório Executivo n" 48 (fl.570), de 11/05/2010, que determinou a exclusão da contribuinte ao Simples Federal, desde 01/01/2007; b) manifestação de inconformidade ao conteúdo do Termo de Exclusão do Simples Nacional n 01/2010 (0.571), de 11/05/2010, com efeitos a partir de 01/07/2007 c; c) a impugnação aos autos de infração lavrados Fl. 940DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 940 3 pela sistemática do Lucro Arbitrado, relativos aos fatos geradores ocorridos no ano calendário de 2007, fls. 581599 e 602621, onde se exige o crédito tributário de R$ 136.276,53 de IRPJ (11.581), R$ 42.974,62 de PIS (11.591), R$ 197.933,95 de COFINS (fl.6()2) e, R$ 71.534,20 de CSLL (íl.611). Do Ato declaratório Executivo n 48, de 11/05/2010 Do Termo de Exclusão ao Simples Nacional n 1/2010 2. O ADE n° 48, de 11/05/2010 foi expedido cm face da Representação Fiscal de lis. 0103, onde restou comprovado que a contribuinte em análise, auferiu no ano calendário de 2006 receita no importe de R$ 5.775.787,65, com base na escrituração por cia mantida e na movimentação bancária, sendo que deste montante, ofereceu à tributação apenas R$ 69.168,25, tendo sido omitido o importe de R$ 5.490.756,30. A fundamentação para a emissão do ato foi afronta ao disposto no artigo 9o , inciso II. artigo 13, inciso II. alínea "a" e artigo 14, inciso I, todos da Lei n° 9.317, de 1996, com efeitos a partir de 01/01/2007. 3. Ainda em decorrência da extrapolação do limite de receitas, foi emitido o Termo de Exclusão do Simples Nacional n° 1/2010, fl. 571, tendo como base legal, o artigo 3 o da Lei Complementar n° 123, de 14/12/2005, e os artigos 12, inciso I, e 18, §§ 6°, 7° e 8° Da Resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional n° 4, de 30/05/2007, além do artigo 5°, inciso XI da Resolução CGSN n° 15, de 23/07/2007. 4. O contribuinte apresentou apenas uma manifestação de inconformidade contra os dois atos (fls.642647), alegando, em síntese que foram ignorados os limites previstos no Estatuto da Microempresa c da Empresa de Pequeno Porte , o que leva à situação esdrúxula de empresas que se encontram dentro dos limites previstos no Estatuto, mas em desacordo com os limites estabelecidos para o Simples, de modo que passam a ser tributadas como se grandes fossem, submetidas a elevada carga tributária e, obrigadas à escrituração de livros e ao cumprimento dc obrigações acessórias, incompatível com a proteção constitucional que lhes foi declinada. Prossegue afirmando que as empresas já excluídas do Simples estão impossibilitadas c a ele retornarem, haja vista serem desprezados os limites estabelecidos no mencionado estatuto. Solicita que sejam desconsiderados os valores de enquadramento previstos na Lei n° 9.317, dc 1996, devendo ser adotado o conceito do artigo 2° da Lei n° 9.841, dc 1999, com o reajuste determinado pelo Decreto n" 5.028, de 2004 e, desta forma, admitida sua permanência no Simples. 5. Transcreve o inciso IX do artigo 170, bem como o artigo 179, ambos da Constituição Federal e, afirma que a definição dc pequeno porte foi totalmente modificada com a edição do artigo 1° da Lei 9.841, de 1999, posto que a Lei n° 9.317, de 1996, dava como parâmetro um conceito dc renda bruta menor. Afirma que o fisco usou a norma que lhe foi mais benéfica e que sua exclusão não pode prosperar tendo em vista que os limites estipulados no estatuo das microempresas c das empresas dc pequeno porte lhe permite esta possibilidade. Solicita que seja aplicado o parágrafo 1° do artigo 2° da Lei de Introdução ao Código Civil, que estabelece: a Lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Do lançamento pelo Lucro Arbitrado ano calendário 2007 6. Em decorrência dos Atos de exclusão, para o ano calendário de 2007, a autoridade fiscal efetuou o lançamento pelo Lucro Arbitrado, posto o contribuinte Fl. 941DF CARF MF 4 ler deixado de apresentar os livros e documentos de sua escrituração ou de manifestar sua opção por outra forma de tributação cm relação ao 2° semestre de 2007, conforme faculta a Lei Complementar n° 123, de 2006 (art. 32, § 2°). Regularmente intimado, preferiu silenciar. 7. Assim, os autos de infração de fls. , fls. 581599 c 602621, onde se exige o crédito tributário de R$ 136.276,53 de IRPJ (11.581), R$ 42.974,62 de PIS (11.591), R$ 197.933,95 de COFINS (11.602) c, R$ 71.534,20 de CSLL (fl.611), acrescidos de multa de ofício à razão de 150% sobre os depósitos bancários de origem não comprovada e,75% sobre a receita bruta escriturada mas não declarada ao fisco, acrescidos de juros, referentes aos fatos geradores ocorridos em 2007. 8. Também cm relação ao ano calendário de 2007, está sendo imputada omissão de receitas caracterizada pela falta de contabilização e de comprovação da origem dos valores creditados/depositados cm contas correntes bancárias, sendo que em decorrência da exclusão da contribuinte ao Simples, foi realizada a realocação dos valores considerados na apuração da base de cálculo daquela sistemática. O outro item da autuação sc refere à tributação da receita bruta escriturada e não declarada ao fisco. Constituem a base legal para a exigência do IRPJ o disposto no artigo 47, inciso I, II, III e VII da Lei n° 8.981, de 1995, artigos 3", § 1°, 16 e 24 da Lei n° 9.249, de 1995, artigos 1°, 27, inciso I e artigo 42 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996 regulamentados pelos artigos 530, 532 e 537 do Decreto n° 3.000 de 26/03/1999RIR/99. 9. O suporte legal para a exigência dos demais tributos obedece ao seguinte: a. PIS artigos Io e 3° da Lei Complementar n° 7 de 07/09/1970, artigo 24, § 2° da Lei n° 9.249, de 26/12/1995, inciso I do artigo 8° da Lei n° 9.714, de 25/11/1998 e, artigos 2o , inciso I. alínea "a" e parágrafo único, 3°, 10, 22, 51 e 91 do Decreto n" 4.524, de 17/12/2002; b. COFINS artigo 2°, inciso II e parágrafo único, 3 o , 10, 22, 51 e 91 do Decreto n° 4.524, de 17/12/2002 e; c. CSLL artigo 2 o e §§, da Lei n° 7.689, de 15/12/1988, artigo 24 da Lei n° 9.249, de 26/12/1995, artigo 29 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996 e, artigo 37 da Lei n" 10.637, de 30/12/2002. 10. A peça de defesa de fls. 654675, apresentada em 13/08/2010, traz a seguinte argumentação: inicialmente faz um relato do lançamento c destaca que a multa exigida tem como fundamento um suposto dolo do contribuinte, em face de não haver contabilizado parcelas significativas da receita auferida. Alega que a autoridade fiscal colocou em dúvida a veracidade das cartasproposta de compra de cereais, firmadas pelas empresas interessadas na aquisição de feijão. Transcreve alguns parágrafos do Termo de Verificação Fiscal que se encontra às fls. 622634 e, afirma que a imputação de que o sujeito passivo teria saído à coleta de notas fiscais emitidas por produtores da região para vinculálas às cartasproposta de compra de cereais, não encontra guarida nos documentos que compõem o processo administrativo. Tal afirmativa do fisco estaria paulada nos documentos de fls. 452 c seguintes. Transcreve parte do requerimento protocolado cm 01/12/2009, onde tenta justificar parte dos depósitos havidos em suas contas correntes, bem como outro, protocolado em 25/01/2010 e afirma que, cm ambos os casos restaram claros os esclarecimentos prestados de que empresas de diversas localidades do País, mais acentuadamente das regiões Norte e Nordeste, contataram, a fim de adquirir e remeter feijão, diretamente do produtor, e que remetiam o numerário, como adiantamento para as aquisições, via conta corrente do ora sujeito passivo. Fl. 942DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 941 5 Sustenta que os documentos acostados não deixam dúvidas sobre a atitude adotada; que, em nenhum momento agiu de má fé, porém, esta não foi a conclusão a que chegou a autoridade fiscal. Comenta o fato de o auditor fiscal ter efetuado uma séria de anotações nas cartas proposta para, ao final, desprezar toda a documentação apresentada e que todas as cartas proposta estavam acompanhadas das notas fiscais de produtor rural. 11. Argumenta no sentido de que embora o valor expresso nas notas fiscais não corresponda exatamente aos valores dos depósitos bancários, estes eram aproximados, bem como as datas cm que ocorreram também o eram. Justifica a diferença cios valores ao argumento de que ali estariam embutidas outras verbas como verbi gratia e/ou o frete e rechaça a alegação de que a documentação apresentada seja frágil. 12. Contra ataca taxando de frágil a argumentação esposada pela autoridade fiscal que procurou invalidar a veracidade de seus esclarecimentos ao argumento de que seu objeto social não prevê a intermediação de negócios e, afirma que tal fato ocorreu por ausência de orientação do profissional contábil. Reafirma que atua na intermediação de negócios entre os produtores rurais e as empresas adquirentes dos produtos. 13. Discorda do falo de a autoridade fiscal insistentemente colocar a empresa como optante pelo Simples Nacional, a qual. por excesso de receita bruta anual e exercício de atividade vedada leria que ser excluída do benefício, para fins de cálculo do imposto devido e, ataca a exigência da multa qualificada, quando, em seu entender, o correto seria aplicar a multa de 75%. Invoca o princípio da menor onerosidade cm favor do devedor, previsto no artigo 620 do Código de Processo Civil e afirma que este mesmo princípio está insculpido no artigo 112 do Código Tributário Nacional, e deve prevalecer. Alega que deve ser observado, ainda, o instituto do in dúbio pro reo do Direito Penal, para que se aplique a lei de maneira mais benéfica ao contribuinte c que descabe afirmar que inexistem dúvidas no procedimento ora atacado, posto que a interpretação subjetiva por parte da autoridade fiscal não é inconteste; que a ganância c o exagero daquele não ficou somente no campo imaginário do cometimento de infração intencional, fazendo com que a multa fosse exageradamente alta. E mais, como se não bastasse, a exigência foi lavrada na modalidade do Simples, quando, poderia ter ocorrido o enquadramento no Lucro Arbitrado. 14. Transcreve o último parágrafo do Termo de Encerramento Parcial que diz: "Nada disso, entretanto, ficou comprovado. Para a fiscalização, os cereais adquiridos dos produtores representam custo das mercadorias vendidas. As vendas, representadas pelos depósitos não justificados, representam sua receita bruta, a maior parte dela, aliás, não escriturada." 15. Ao amparo de uma interpretação literal do parágrafo acima transcrito, sustenta que a autoridade fiscal leria sugerido que a solução seria a contabilidade pelo Lucro Real, já que os cereais adquiridos, acrescidos das demais despesas atinentes, representariam o custo das mercadorias vendidas c que, ante a falia de contabilidade organizada, o correto seria arbitrar o lucro e, mais, caso houvesse regularizado sua atividade, por meio da emissão de notas de venda, poderia, ainda, ter optado peio lucro presumido, porem, optou pela sistemática do Simples. Assim, a autoridade fiscal poderia ter lavrado o auto de infração pelo Lucro Arbitrado, o que teria reduzido em muito o valor da exigência. 16. Ataca a multa, taxandoa de confisco, injusta c divorciada do princípio da razoabilidade. Transcreve manifestação doutrinária e afirma que a Constituição Fl. 943DF CARF MF 6 contempla o princípio da capacidade contributiva c da vedação ao confisco, atingindo tanto as penas fiscais quanto os tributos. 17. Invoca que o lançamento foi emitido ao arrepio da norma, já que inexistindo o fato gerador, a tipificação legal descrita no enquadramento legal fica prejudicada, pois inexistente. Assevera que a legislação citada na descrição dos fatos c o enquadramento legal, trata da penalidade aplicada especificamente quanto à omissão de receita por depósitos bancários não escriturados. Novamente argumenta no sentido de que não c justo que seja apenado com o recolhimento dos tributos pela sistemática do Simples, já que a obrigação dali decorrente c impagável. Alega não ler agido de má fé, o que torna indevida a multa de 150%; que admitiu sua condição de intermediária de negócios; que os autos de infração caracterizam um verdadeiro festival de irregularidades e devem ser anulados; que estão sem embasamento legal, apoiados em hipóteses e presunções. 18. Pede, novamente, a aplicação do disposto no artigo 112 do Código Tributário Nacional; faz alusão ao artigo 196 do mesmo comando legal, contesta a lavratura da exigência fora dc seu estabelecimento; volta à carga acerca da interpretação mais benigna quanto às penalidades; transcreve vasta doutrina sobre o assunto e finaliza solicitando que os autos sejam anulados. A DRJ em Curitiba julgou a impugnação improcedente, nos termos do acórdão assim ementado (fl. 881 e segs): Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2007 PRELIMINAR DE NULIDADE. Comprovado que o processo obedece a todos os requisitos previstos em lei e que não se apresentam nos autos nenhum dos motivos de nulidades apontados no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, descabem as alegações do interessado. DECISÕES ADMINISTRATIVAS OU JUDICIAIS. A eficácia de decisões administrativas ou judiciais alcança apenas aqueles que originalmente figuraram na contenda. Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Anocalendário: 2007 SITUAÇÃO EXCLUDENTE Comprovado que a pessoa jurídica se enquadra em uma das situações excludentes impostas pela norma que rege o Simples, é de se manter os efeitos do ato declaratório. ESTATUTO DA MICROEMPRESA. EFEITOS TRIBUTÁRIOS. O tratamento tributário simplificado e favorecido das microempresas e das empresas de pequeno porte é o estabelecido pela Lei n° 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e alterações posteriores, não se aplicando, para esse efeito, as normas constantes da Lei n° 9.841, de 5 de outubro de 1999. ART. 179 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. TRATAMENTO FAVORECIDO. LEI nº 9.317/96. O art. 9º, inciso II, da Lei nº 9.317/96, é norma infraconstitucional que vem ofertar, justamente, eficácia jurídica ao que consignado no art. 179, in fine, da Constituição, que é norma constitucional de eficácia limitada. Assunto: Simples Nacional Anocalendário: 2007 Fl. 944DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 942 7 EXCLUSÃO AO SIMPLES NACIONAL. Embora a exclusão ao Simples Nacional não tenha sido explicitamente contestada, a ela aplicamse os mesmos argumentos dispensados em relação à exclusão do Simples Federal. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2007 ARBITRAMENTO DO LUCRO. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE CONTAS BANCÁRIAS. A falta de escrituração de contas bancárias torna a contabilidade imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, autorizando o arbitramento do lucro. PIS. COFINS. CSLL. DECORRÊNCIA. LANÇAMENTO REFLEXO. Versando sobre as mesmas ocorrências fáticas, aplicase ao lançamento reflexo alusivo ao PIS, à Cofins e à CSLL o que restar decidido no lançamento do IRPJ. Cientificada da decisão em 23/03/2011 (fls. 904), a contribuinte interpôs o recurso voluntário no dia 20 do mês seguinte (fls. 905), alegando, em síntese: (i) a acusação do Agente Fiscal de que as cartasproposta teriam sido forjadas não encontra guarida nos documentos que compõem a formação do processo administrativo, ficando somente no campo de sua imaginação. Transcreve, então, trecho do documento apresentado em 1/12/2009 no curso da fiscalização, (fls. 424 e segs) que explica que, por inexperiência do funcionário, inúmeros documentos foram inutilizados, e transcreve dados extraídos da conta corrente no Banco do Brasil referente a 3 notas fiscais. (ii) repete sua defesa de que "empresas de diversas localidades do País, mais acentuadamente da região Norte e Nordeste, contataram a empresa requerente, para adquirir e remeter FEIJÃO, diretamente do produtor, tendo como destinatárias aquelas empresas, remetendo o numerário, como adiantamento para tais aquisições, na conta corrente da empresa". (iii) reafirma que todas as cartasremessas foram devidamente acompanhadas das notas fiscais de Produtor Rural (fls. 424 e seguintes do caderno processual administrativo fiscal), observando que os valores das notas, apesar e a despeito de não corresponder exatamente aos valores dos depósitos bancários, tinham seus valores aproximados, bem como as datas dos depósitos bancários eram também aproximadas, quando não coincidentes. E explica que os valores não eram exatos tendo em vista que, via de regra, eram realizados com "demais verbas, tais como, verbi gratia, a própria comissão por saca de feijão e/ou frete já incluso em referido depósito". (iv) repete que juntou, à época, cópias de contas telefônicas a fim de provar que havia contato mais direto, através de telefonemas de confirmação, entre a empresa fiscalizada e as empresas interessadas em seu serviço de intermediação. (v) afirma novamente que não tinha a previsão de intermediação de negócios em seus atos constitutivos por ausência de orientação do profissional contábil (vi) clama aplicação do art. 112 do CTN por ter havido interpretação subjetiva do agente fiscal. (vii) afirma que " Resumindo, então, poderia perfeitamente o sr. Auditor Fiscal ter lavrado o Auto de Infração pelo método do lucro arbitrado, por falta de Fl. 945DF CARF MF 8 contabilidade, ao invés do SIMPLES, como o fez, o que teria diminuído em muito o valor do tributo e contribuições." (fl. 915). (viii) sustenta que a multa aplicada tem caráter confiscatório. O processo ficou sobrestado por envolver matéria relativa à RMF (Resolução n.º 110300.058) Recebi o processo em distribuição realizada em 26 de janeiro de 2018. Voto Conselheira Livia De Carli Germano Relatora O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos para a sua admissibilidade, portanto dele conheço. Como se percebe do relatório supra, a Recorrente não se insurgiu especificamente contra nenhum ponto da decisão da DRJ/CTA, repetindo basicamente os termos da impugnação e contestando apenas o procedimento de fiscalização. Por tal motivo, em alguns trechos deste voto farei referência literal aos fundamentos da decisão recorrida, conforme autoriza o artigo 57, § 3º, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Conforme detalhado no Termo de Verificação Fiscal, a fiscalização intimou o contribuinte por diversas vezes a apresentar documentos e esclarecimentos, atendendo aos diversos pedidos de prorrogação de prazo. No termo de intimação entregue em 31/05/2010 foram detalhados os elementos necessários à correta apuração da base de cálculo pelo regime do lucro real ou a necessidade de manifestação de tributação pelo lucro presumido. O prazo para atendimento da intimação venceu sem qualquer manifestação. Nesse contexto, e considerando também os indícios de imprestabilidade da escrituração abaixo descritos (em especial o fato de que o valor omitido representava 92,5% da receita total), a autoridade autuante calculou os tributos devidos pelo regime do Lucro Arbitrado, com base no artigo 530, incisos II e III, do RIR/99, utilizando se do regime de caixa para o reconhecimento de receita, haja vista que a maior parte dos valores foram apurados a partir de extratos bancários. Sobre a escrituração, a autoridade autuante verificou que para o ano calendário de 2007 a contribuinte escriturou receitas no montante de R$ 496.838,20 (fl. 56), mas declarou à Receita Federal somente R$ 157.922,41 (fls. 561, 568 e 569). Além disso, o levantamento das informações bancárias levou à constatação de expressivas diferenças entre os créditos levantados a partir dos extratos e os valores escriturados. Os indícios de omissão assim apurados totalizaram R$ 6.160.685,91 em 2007 e levaram a autoridade fiscal ao entendimento preliminar de que inúmeras operações protagonizadas pela contribuinte circularam à margem da contabilidade. Assim, a receita bruta total apurada, compreendendo a receita escriturada mais a receita omitida, totalizou R$6.657.524,11 em 2007. Intimada a se manifestar, a empresa limitouse a explicar o que repetiu em sua impugnação e na peça recursal, em síntese, que além praticar o comércio atuava também Fl. 946DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 943 9 como intermediário (representação comercial) na aquisição de produtos agrícolas, sendo remunerado por comissão, e que os pagamentos aos produtores eram realizados através de sua conta corrente, utilizandose dos recursos depositados remotamente pelos interessados, a título de adiantamento. Aduziu também que teve dificuldade na obtenção das provas em razão da inutilização de diversos documentos comprobatórios dessa intermediação causada por um inexperiente funcionário da empresa. Sobre a atividade de intermediação, a fiscalização observou que em nenhum momento a contribuinte quantificou as eventuais comissões recebidas, não identificou em sua contabilidade, registros de receitas a esse título e também não lhe foram disponibilizadas as respectivas notas fiscais relativas à prestação de serviços de intermediação. A contribuinte pretendeu comprovar que exercia as atividades de intermediação com a apresentação, a título de amostragem, de 25 cartasproposta e seus anexos (fls. 452525), na intenção de vincular diversas operações reais de venda de feijão realizadas por produtores da região com o seu pretenso papel de intermediadora. Não obstante, nas notas fiscais dos produtores não foram encontrados quaisquer indícios dessa intermediação, sendo que os únicos documentos que fazem referência ao nome da contribuinte na qualidade de intermediadora seriam as cartasproposta que, além de não estarem vinculadas aos créditos bancários relacionados pela fiscalização, apresentavam indícios de terem sido forjadas. Dentre tais indícios a fiscalização destacou: a) Todas as cartasproposta, menos uma, parecem terem saído da mesma fôrma (mesmo padrão, mesma formatação, mesma fonte), embora tenham sido emitidas, teoricamente, em datas e cidades diferentes. As cidades observadas foram 18 e significativamente distantes da sede do Fiscalizado, tais como Manaus/AM, Belém/PA, Ananindeua/PA, Itabaiana/SE, Gama/DF, Campo Grande/MS, Várzea Grande/MT e São José do Rio Preto/SP, entre outras; b) Somente uma das 25 cartasproposta contém data de emissão. Tratase de um elemento vital em qualquer proposta minimamente séria, haja vista as implicações legais decorrentes, em especial no que diz respeito ao prazo de validade; c) Todas as assinaturas dos subscritores das propostas são providencialmente ilegíveis e sem identificação, certamente para evitar um possível reconhecimento de firma; d) O antigo e desusado "carimbo do CGC" foi cirurgicamente aplicado nas cartasproposta, o que remete à lembrança de uma linha de produção. Da mesma forma, os aceites do titular indicam terem sido coletados seqüencialmente, embora em datas díspares; e) Um dos aceites ("Ciente e de acordo") foi datado fora do período da fiscalização (fl. 476) e outro corresponde a um domingo (fl. 483); e f) Por fim, vale a pena observar, também, o esforço empreendido pelo Contribuinte para reproduzir uma mesma assinatura, em Fl. 947DF CARF MF 10 dois documentos diferentes, supostamente emitidos pela mesma empresa (fls. 430478; fls. 472473). Diante disso, concluiu a autoridade autuante que a contribuinte não conseguiu comprovar que exercia a atividade de intermediação de negócios, tampouco comprovou que os créditos bancários relacionados pela fiscalização correspondiam a adiantamentos repassados por compradores de cereais. Por conseguinte, concluiu que as diferenças apontadas correspondem, sim, a receitas operacionais que circularam à margem da contabilidade, sem tributação. A fiscalização observou, ademais, que se lograsse comprovar o exercício da atividade de intermediação de negócios — o que em sua análise não conseguiu fazer — teria incorrido em hipótese de exclusão do SIMPLES, e com efeitos retroativos, nos termos dos artigos 9o, XIII, 13, "a", e 15, II, da Lei n° 9.317/1996. Em suas peças de defesa a contribuinte não trouxe qualquer fato ou informação nova que pudesse infirmar as conclusões da autoridade fiscal autuante. No caso, para a comprovação das atividades de intermediação seria imprescindível a apresentação das respectivas notas fiscais. Todavia, conforme observou a decisão recorrida, "22. Da análise das explicações apresentadas, a autoridade fiscal intimou o sujeito passivo a apresentar todas as notas fiscais de entrada e de saída, posto que o mesmo afirmou exercer atividade de agente comissionado. A maioria das notas fiscais apresentadas se referem a movimentação de mercadorias; as notas de prestação de serviços foram poucas e com lacunas de numeração, limitando a análise (...)". Ainda conforme apontou a decisão recorrida: "75. Conforme bem observado pelo sujeito passivo, a autoridade fiscal efetuou diversas anotações ao lado dos documentos apresentados, num verdadeiro exercício de paciência, a fim de tentar estabelecer se existia alguma relação entre os valores questionados e aqueles ali expressos, sem nada conseguir. O empenho do auditor veio suprir o trabalho que deveria ter sido feito pelo contribuinte, a quem competia afastar a presunção de omissão de receitas, por meio da vinculação entre os valores questionados c os documentos apresentados. O fato de ele ter desprezado as cartas proposta se justifica por serem elas os únicos documentos que estabeleceriam algum vínculo do interessado com as operações de vencia do feijão por produtores rurais da região. Em nenhuma nota fiscal existe qualquer menção a seu nome na qualidade de intermediador, nem tão pouco, existe menção a algum valor pago a título de comissão. E mais, as cartas proposta apresentam uma série de indícios de que tenham sido forjadas como o fato de não possuírem data de emissão; manterem sempre o mesmo padrão, embora, em tese, tenham origem em cidades dispares; divergência nas assinaturas e outros. Tudo isso foi minuciosamente descrito no Termo de Verificação Fiscal de fls. 622634." Assim, no caso, não vejo como as razões da Recorrente possam prosperar. Quanto à aplicação do art. 112 do CTN, devese ter em mente que os benefícios do "in dúbio pro reo" determinados no citado artigo só se aplicam a penalidades e não quanto ao principal de tributo. Além disso, sua aplicação está reservada ao caso de dúvidas quanto à capitulação legal do fato, à natureza ou às circunstâncias material do fato, ou à natureza dos seus efeitos, à autoria, imputabilidade ou punibilidade, ou à natureza da penalidade aplicável ou à sua graduação, o que não é o caso do presente processo, em que houve minuciosa descrição do procedimento fiscal e a completa ausência de provas do quanto alegado pela contribuinte. Fl. 948DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 944 11 Sobre o argumento de que a fiscalização "poderia perfeitamente o sr. AuditorFiscal ter lavrado o Auto de Infração pelo método do lucro arbitrado, por falta de contabilidade", foi exatamente o que o fiscal fez, do que se depreende que a Recorrente não contesta a sistemática de tributação utilizada para a lavratura do auto de infração. Por fim, quanto ao caráter confiscatório da multa, observo que esta está prescrita em lei e, nos termos da Súmula CARF n. 2, "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.". Isso também observou a decisão recorrida: 60. No caso em análise, ocorreu uma serie de fatos, minuciosamente descritos às fls.622634 que por si só caracterizam a intenção dolosa do agente, fazendo com que a imputação da multa no percentual maior (150%) esteja dc acordo com os ditames legais. Indubitavelmente, a prática contumaz do contribuinte, em omitir mais de 97% das receitas auferidas no ano em análise. 61. No presente caso, o interessado ocultou fatos tributáveis e assim, descumpriu a obrigação de efetuar o pagamento do imposto devido. Tendo esse valor de imposto devido ficado indisponível para o Estado, fazse, pois, necessário o ressarcimento por esta indisponibilidade monetária. Dispositivo Ante o exposto, oriento meu voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Fl. 949DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11060.001031/2010-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2004 a 29/04/2006
COFINS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. REGIME MONOFÁSICO.
As empresas varejistas de combustíveis submetidas ao regime monofásico de contribuição podem excluir da base de cálculo os valores relativos a essas vendas.
COFINS. BASE DE CÁLCULO. PRODUTOS DE ALÍQUOTA ZERO.
Excluem-se do lançamento fiscal as vendas de produtos submetidos à alíquota zero, conforme art. 1º dos Decretos 5.195/2004 e 5.630/2005.
COFINS. SUSPENSÃO. CEREALISTA.
As empresas cerealistas, vendedoras dos produtos indicados no art. 8º, §1º, inciso I, da Lei 10.925/2004, podem vender para as empresas industriais, submetidas ao lucro real, indicadas no art. 8º, caput, com a suspensão prevista no art 9º, inciso I, da Lei 10.925/2004, a partir de agosto de 2004.
COFINS. CRÉDITOS. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
A permissão para apropriação de créditos calculados sobre aquisição de combustíveis e lubrificantes é válida apenas no caso de produção de bens ou prestação de serviços, conforme no inciso II do art. 3º das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003, e não para a revenda de bens, indicada no inciso I do mesmo artigo, no regime monofásico.
COFINS. CRÉDITOS. NÃO-CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS QUE GERAM DIREITO A CRÉDITO. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
Na legislação do Pis e da Cofins não-cumulativos, os insumos que geram direito a crédito são aqueles vinculados ao processo produtivo ou à prestação dos serviços. As despesas gerenciais, administrativas e gerais, ainda que essenciais à atividade da empresa, não geram crédito. Além disso, não há qualquer previsão para crédito sobre combustíveis e lubrificantes para a atividade de revenda de mercadorias.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2005 a 29/04/2006
PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. REGIME MONOFÁSICO.
As empresas varejistas de combustíveis submetidos ao regime monofásico de contribuição podem excluir da base de cálculo os valores relativos a essas vendas.
PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. PRODUTOS DE ALÍQUOTA ZERO.
Excluem-se do lançamento fiscal as vendas de produtos submetidos à alíquota zero, conforme art. 1º dos Decretos 5.195/2004 e 5.630/2005.
PIS/PASEP. SUSPENSÃO. CEREALISTA.
As empresas cerealistas, vendedoras dos produtos indicados no art. 8º, §1º, inciso I, da Lei 10.925/2004, podem vender para as empresas industriais, submetidas ao lucro real, indicadas no art. 8º, caput, com a suspensão prevista no art 9º, inciso I, da Lei 10.925/2004, a partir de agosto de 2004.
PIS/PASEP. CRÉDITOS. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
A permissão para apropriação de créditos calculados sobre aquisição de combustíveis e lubrificantes é válida apenas no caso de produção de bens ou prestação de serviços, conforme no inciso II do art. 3º das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003, e não para a revenda de bens, indicada no inciso I do mesmo artigo.
PIS/PASEP. CRÉDITOS. NÃO-CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS QUE GERAM DIREITO A CRÉDITO. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
Na legislação do Pis e da Cofins não-cumulativos, os insumos que geram direito a crédito são aqueles vinculados ao processo produtivo ou à prestação dos serviços. As despesas gerenciais, administrativas e gerais, ainda que essenciais à atividade da empresa, não geram crédito. Além disso, não há qualquer previsão para crédito sobre combustíveis e lubrificantes para a atividade de revenda de mercadorias.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/2004 a 29/04/2006
JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. NULIDADE. NECESSIDADE DE PERÍCIA
A nulidade de julgamento administrativo deve reconhecida somente quando houver ausência de tratamento de matéria relevante para a solução da lide. Os tratamentos não exaustivos, mas suficientes, ou sucintos, ou divergentes do entendimento da recorrente, não ensejam nulidade. Os colegiados de julgamento podem indeferir o pedido de perícia, se a entenderem desnecessária.
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE.
Não há nulidade do Auto de Infração quando revestido de todas as formalidades legais, quando todas as infrações apontadas são fundamentadas juridicamente e os cálculos detalhados são cientificados ao contribuinte, oportunizando o contraditório e a ampla defesa.
MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE.
As diretrizes constitucionais tributárias da vedação ao confisco são dirigidas ao legislador e ao controle jurisdicional de constitucionalidade. A multa de ofício, legalmente prevista, não pode ser afastada por consideração de inconstitucionalidade. Súmula Carf. Nº 2. Art. 26-A do PAF.
MULTA DE OFÍCIO. LANÇAMENTO.
A multa de ofício aplicável no caso de lançamento de contribução não recolhida é aquela prevista no art. 44 da Lei 9.430/96.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3201-003.664
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para: 1 - reconhecer a validade da suspensão, prevista no art. 9°, inciso I, da Lei 10.925/2004, desde agosto de 2004; 2 -exclusão, da base de cálculo das contribuições, das vendas de combustíveis submetidos ao regime monofásico, nos valores constantes do DACON; 3 - exclusão, da base de cálculo das contribuições, das vendas de produtos sujeitos a alíquota zero, prevista no art. 1° dos Decretos 5.195/2004 e 5.630/2005, escriturados ou informados em DACON.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza- Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcelo Giovani Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cássio Schappo (suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2004 a 29/04/2006 COFINS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. REGIME MONOFÁSICO. As empresas varejistas de combustíveis submetidas ao regime monofásico de contribuição podem excluir da base de cálculo os valores relativos a essas vendas. COFINS. BASE DE CÁLCULO. PRODUTOS DE ALÍQUOTA ZERO. Excluem-se do lançamento fiscal as vendas de produtos submetidos à alíquota zero, conforme art. 1º dos Decretos 5.195/2004 e 5.630/2005. COFINS. SUSPENSÃO. CEREALISTA. As empresas cerealistas, vendedoras dos produtos indicados no art. 8º, §1º, inciso I, da Lei 10.925/2004, podem vender para as empresas industriais, submetidas ao lucro real, indicadas no art. 8º, caput, com a suspensão prevista no art 9º, inciso I, da Lei 10.925/2004, a partir de agosto de 2004. COFINS. CRÉDITOS. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. A permissão para apropriação de créditos calculados sobre aquisição de combustíveis e lubrificantes é válida apenas no caso de produção de bens ou prestação de serviços, conforme no inciso II do art. 3º das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003, e não para a revenda de bens, indicada no inciso I do mesmo artigo, no regime monofásico. COFINS. CRÉDITOS. NÃO-CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS QUE GERAM DIREITO A CRÉDITO. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Na legislação do Pis e da Cofins não-cumulativos, os insumos que geram direito a crédito são aqueles vinculados ao processo produtivo ou à prestação dos serviços. As despesas gerenciais, administrativas e gerais, ainda que essenciais à atividade da empresa, não geram crédito. Além disso, não há qualquer previsão para crédito sobre combustíveis e lubrificantes para a atividade de revenda de mercadorias. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2005 a 29/04/2006 PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. REGIME MONOFÁSICO. As empresas varejistas de combustíveis submetidos ao regime monofásico de contribuição podem excluir da base de cálculo os valores relativos a essas vendas. PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. PRODUTOS DE ALÍQUOTA ZERO. Excluem-se do lançamento fiscal as vendas de produtos submetidos à alíquota zero, conforme art. 1º dos Decretos 5.195/2004 e 5.630/2005. PIS/PASEP. SUSPENSÃO. CEREALISTA. As empresas cerealistas, vendedoras dos produtos indicados no art. 8º, §1º, inciso I, da Lei 10.925/2004, podem vender para as empresas industriais, submetidas ao lucro real, indicadas no art. 8º, caput, com a suspensão prevista no art 9º, inciso I, da Lei 10.925/2004, a partir de agosto de 2004. PIS/PASEP. CRÉDITOS. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. A permissão para apropriação de créditos calculados sobre aquisição de combustíveis e lubrificantes é válida apenas no caso de produção de bens ou prestação de serviços, conforme no inciso II do art. 3º das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003, e não para a revenda de bens, indicada no inciso I do mesmo artigo. PIS/PASEP. CRÉDITOS. NÃO-CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS QUE GERAM DIREITO A CRÉDITO. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Na legislação do Pis e da Cofins não-cumulativos, os insumos que geram direito a crédito são aqueles vinculados ao processo produtivo ou à prestação dos serviços. As despesas gerenciais, administrativas e gerais, ainda que essenciais à atividade da empresa, não geram crédito. Além disso, não há qualquer previsão para crédito sobre combustíveis e lubrificantes para a atividade de revenda de mercadorias. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/04/2004 a 29/04/2006 JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. NULIDADE. NECESSIDADE DE PERÍCIA A nulidade de julgamento administrativo deve reconhecida somente quando houver ausência de tratamento de matéria relevante para a solução da lide. Os tratamentos não exaustivos, mas suficientes, ou sucintos, ou divergentes do entendimento da recorrente, não ensejam nulidade. Os colegiados de julgamento podem indeferir o pedido de perícia, se a entenderem desnecessária. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não há nulidade do Auto de Infração quando revestido de todas as formalidades legais, quando todas as infrações apontadas são fundamentadas juridicamente e os cálculos detalhados são cientificados ao contribuinte, oportunizando o contraditório e a ampla defesa. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. As diretrizes constitucionais tributárias da vedação ao confisco são dirigidas ao legislador e ao controle jurisdicional de constitucionalidade. A multa de ofício, legalmente prevista, não pode ser afastada por consideração de inconstitucionalidade. Súmula Carf. Nº 2. Art. 26-A do PAF. MULTA DE OFÍCIO. LANÇAMENTO. A multa de ofício aplicável no caso de lançamento de contribução não recolhida é aquela prevista no art. 44 da Lei 9.430/96. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. REGIME MONOFÁSICO. As empresas varejistas de combustíveis submetidas ao regime monofásico de contribuição podem excluir da base de cálculo os valores relativos a essas vendas. COFINS. BASE DE CÁLCULO. PRODUTOS DE ALÍQUOTA ZERO. Excluemse do lançamento fiscal as vendas de produtos submetidos à alíquota zero, conforme art. 1º dos Decretos 5.195/2004 e 5.630/2005. COFINS. SUSPENSÃO. CEREALISTA. As empresas cerealistas, vendedoras dos produtos indicados no art. 8º, §1º, inciso I, da Lei 10.925/2004, podem vender para as empresas industriais, submetidas ao lucro real, indicadas no art. 8º, caput, com a suspensão prevista no art 9º, inciso I, da Lei 10.925/2004, a partir de agosto de 2004. COFINS. CRÉDITOS. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. A permissão para apropriação de créditos calculados sobre aquisição de combustíveis e lubrificantes é válida apenas no caso de produção de bens ou prestação de serviços, conforme no inciso II do art. 3º das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003, e não para a revenda de bens, indicada no inciso I do mesmo artigo, no regime monofásico. COFINS. CRÉDITOS. NÃOCUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS QUE GERAM DIREITO A CRÉDITO. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Na legislação do Pis e da Cofins nãocumulativos, os insumos que geram direito a crédito são aqueles vinculados ao processo produtivo ou à prestação dos serviços. As despesas gerenciais, administrativas e gerais, ainda que AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 0. 00 10 31 /2 01 0- 70 Fl. 537DF CARF MF 2 essenciais à atividade da empresa, não geram crédito. Além disso, não há qualquer previsão para crédito sobre combustíveis e lubrificantes para a atividade de revenda de mercadorias. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2005 a 29/04/2006 PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. REGIME MONOFÁSICO. As empresas varejistas de combustíveis submetidos ao regime monofásico de contribuição podem excluir da base de cálculo os valores relativos a essas vendas. PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. PRODUTOS DE ALÍQUOTA ZERO. Excluemse do lançamento fiscal as vendas de produtos submetidos à alíquota zero, conforme art. 1º dos Decretos 5.195/2004 e 5.630/2005. PIS/PASEP. SUSPENSÃO. CEREALISTA. As empresas cerealistas, vendedoras dos produtos indicados no art. 8º, §1º, inciso I, da Lei 10.925/2004, podem vender para as empresas industriais, submetidas ao lucro real, indicadas no art. 8º, caput, com a suspensão prevista no art 9º, inciso I, da Lei 10.925/2004, a partir de agosto de 2004. PIS/PASEP. CRÉDITOS. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. A permissão para apropriação de créditos calculados sobre aquisição de combustíveis e lubrificantes é válida apenas no caso de produção de bens ou prestação de serviços, conforme no inciso II do art. 3º das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003, e não para a revenda de bens, indicada no inciso I do mesmo artigo. PIS/PASEP. CRÉDITOS. NÃOCUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS QUE GERAM DIREITO A CRÉDITO. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Na legislação do Pis e da Cofins nãocumulativos, os insumos que geram direito a crédito são aqueles vinculados ao processo produtivo ou à prestação dos serviços. As despesas gerenciais, administrativas e gerais, ainda que essenciais à atividade da empresa, não geram crédito. Além disso, não há qualquer previsão para crédito sobre combustíveis e lubrificantes para a atividade de revenda de mercadorias. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2004 a 29/04/2006 JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. NULIDADE. NECESSIDADE DE PERÍCIA A nulidade de julgamento administrativo deve reconhecida somente quando houver ausência de tratamento de matéria relevante para a solução da lide. Os tratamentos não exaustivos, mas suficientes, ou sucintos, ou divergentes do entendimento da recorrente, não ensejam nulidade. Os colegiados de julgamento podem indeferir o pedido de perícia, se a entenderem desnecessária. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Fl. 538DF CARF MF Processo nº 11060.001031/201070 Acórdão n.º 3201003.664 S3C2T1 Fl. 538 3 Não há nulidade do Auto de Infração quando revestido de todas as formalidades legais, quando todas as infrações apontadas são fundamentadas juridicamente e os cálculos detalhados são cientificados ao contribuinte, oportunizando o contraditório e a ampla defesa. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. As diretrizes constitucionais tributárias da vedação ao confisco são dirigidas ao legislador e ao controle jurisdicional de constitucionalidade. A multa de ofício, legalmente prevista, não pode ser afastada por consideração de inconstitucionalidade. Súmula Carf. Nº 2. Art. 26A do PAF. MULTA DE OFÍCIO. LANÇAMENTO. A multa de ofício aplicável no caso de lançamento de contribução não recolhida é aquela prevista no art. 44 da Lei 9.430/96. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para: 1 reconhecer a validade da suspensão, prevista no art. 9°, inciso I, da Lei 10.925/2004, desde agosto de 2004; 2 exclusão, da base de cálculo das contribuições, das vendas de combustíveis submetidos ao regime monofásico, nos valores constantes do DACON; 3 exclusão, da base de cálculo das contribuições, das vendas de produtos sujeitos a alíquota zero, prevista no art. 1° dos Decretos 5.195/2004 e 5.630/2005, escriturados ou informados em DACON. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cássio Schappo (suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de Autos de Infração de Pis e Cofins, do período de 04/2005 a 04/2006, no valor consolidado original de R$ 1.764.978,93 (um milhão, setecentos e sessenta e quatro mil, novecentos e setenta e oito reais e noventa e três centavos), incluindo as contribuições, multa de ofício e juros de mora. O autuante informa que a empresa tem como objeto social a compra e venda de cereais, no atacado e varejo, e é tributada, no imposto de renda, pelo lucro real trimestral. Fl. 539DF CARF MF 4 No curso da fiscalização, o autuante informa ter constatado irregularidades que geraram insuficiência de recolhimento de Pis e Cofins, conforme o seguinte resumo: I – No período de 04/2005 a 04/2006, o contribuinte efetuou vendas de soja (NCM 12.01) e trigo (NCM 10.01) em grãos, a empresas industriais agropecuárias, sem tributação por parte do Pis e da Cofins. I.1 Embora a empresa tenha informado, no DACON, parte dessas vendas como exportadas, o autuante corrigiu a informação considerando o destinatário das vendas (a partir de planilha do contribuinte onde foi intimado a informar todas as vendas de exportação e vendas com suspensão pelo art. 9º, inciso I, da Lei 10.925/2004). Quando remetida a terminais alfandegados, considerou as vendas como exportação, e excluiu das bases de cálculo das contribuições, na apuração fiscal. Quando remetidas a empresas nacionais industriais agropecuárias, considerou as vendas como feitas com suspensão prevista no art. 9º, I, da Lei 10.025/2004. Nesse caso, não excluiu as vendas da base de cálculo das contribuições, pelos seguintes motivos: I.2 parte dessas vendas (R$ 151.254,00) foi feita a empresas não agroindustriais; não submetidas ao lucro real, e portanto, não sujeitas a suspensão; I.3 em relação ao restante (R$ 2.951.766,08), embora vendidas para empresas agroindustriais, não se aplicaria a suspensão porque não havia ainda a devida regulamentação, pela Receita Federal, prevista no §2º do art. art. 9º1, e efetivada pelas Instruções Normativas 636/2006 e 660/2006; II reajustou os saldos iniciais de créditos, em 2005, por glosa de créditos indevidos em 2003 e 2004: II.1 glosa em virtude de aproveitamento indevido de crédito presumido 2004 (art. 3º, §10, Lei 10.637/2002, revogado pelo art. 16, I, “a”, da Lei 10.924/2004) sobre aquisições de pessoas físicas, o qual era permitido apenas a empresas agroindustriais no período de 12/2002 a 07/2004; II.2 glosa de crédito presumido, no período de 02/2004 a 07/2004, previsto no §11 do art. 3º da Lei 10.833/2003 (revogado pelo art. 16, I, “b”, da Lei 10.925/2004), por ter a empresa utilizado o crédito presumido em duplicidade com crédito sobre insumos a exportar; II.3 – glosa de crédito calculado sobre as rubricas “Combustíveis e Lubrificantes”, código 30101050006, e “Manutenção e Conservação da Carreta”, código 30101050035, por discordância sobre o direito de crédito sobre tais insumos em operações de revenda; III glosa de crédito calculado sobre as rubricas “Combustíveis e Lubrificantes”, código 30101050006, e “Manutenção e Conservação da Carreta”, código 30101050035, por discordância sobre o direito de crédito sobre tais insumos em operações de revenda, no período de 2005 e 2006; IV o autuante considerou como base de cálculo, antes das exclusões, as receitas informadas em DACON, somadas com receitas das contas de resultado “Prestação de Serviços” e “Descontos Obtidos” (códigos 40101010003 e 40101030002). 1 § 2o A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF Fl. 540DF CARF MF Processo nº 11060.001031/201070 Acórdão n.º 3201003.664 S3C2T1 Fl. 539 5 Em virtude dessas irregularidades, o autuante recalculou o Pis e Cofins devidos, apurando as diferenças não confessadas e lançadas de ofício, conforme Anexo 5 (fls 58 a 61). Cientificada, a empresa apresentou Impugnação, na qual apresenta suas razões de defesa, em resumo: preliminarmente, pede pela nulidade do lançamento, em virtude da suposta falha de descrição; afirma a impugnante que não entendeu o que foi autuado; supõe que as infrações sejam: a – desconsideração da suspensão prevista no art. 9º da Lei 10.925/2004; b – incidência de Pis e Cofins nas vendas de combustíveis pela filial da impugnante que é um posto de combustíveis; c – Incidência de Pis e Cofins nas vendas de adubos, sementes e insumos agropecuários; d – glosas de créditos de Pis e Cofins referente ao consumo de combustíveis e lubrificantes nos veículos que compõem a frota da empresa, utilizados na prestação de serviços e comercialização; No mérito, defende a não incidência de Pis e Cofins sobre combustíveis e lubrificantes, porque estão sujeitos ao regime monofásico de incidência; sustenta a não incidência de Pis e Cofins sobre vendas de adubos, sementes e insumos agropecuários, em vista da alíquota ser zero; defende a legalidade de aproveitamento de créditos de Pis e Cofins sobre combustíveis e lubrificantes, apontando como base legal o inciso II do art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; argumenta pela validade da suspensão de Pis e Cofins nas vendas a empresas agroindustriais, conforme art. 9º da Lei 10.925/2004; assevera a validade desse dispositivo desde 04/2004; que a regulamentação da suspensão, apenas em 2006, pelas Instruções Normativas da Receita Federal nºs 636/2006 e 660/2006, não tem o condão de invalidar a suspensão legal; que o art. 9º citado é autoaplicável; que o lucro das cerealistas, em torno de 5%, é baixo e seria irrazoável a tributação de 9,25%; que a regulamentação atribuída à Receita Federal não poderia equivaler a veto da Lei; que a Lei não pode ter regulamentação limitadora; colaciona extensa doutrina e jurisprudência que entende lhe ser favorável; subsidiariamente, pede a validade da suspensão a partir da IN 636/2006; acusa efeito confiscatório da multa de ofício, trazendo jurisprudência pertinente; pede a aplicação, alternativa, da multa prevista nos artigos 90 da MP 2.15835/2001 e art. 18 da Lei 10.833/2003, ao invés da prevista no art. 44 da Lei 9.430/96; requer perícia para esclarecimento sobre os valores glosados de venda de combustíveis, lubrificantes, adubos e semelhantes. Fl. 541DF CARF MF 6 A DRJ/Porto Alegre/RS, por meio do acórdão 1041.441, de 23/11/2012, prolatado pela 2ª Turma, decidiu pela improcedência da Impugnação, mantendo integralmente o lançamento. Transcrevo a ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2005 a 31/03/2006 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. CONTRADITÓRIO. AMPLA DEFESA. Comprovado que o sujeito passivo tomou conhecimento pormenorizado da fundamentação fática e legal do lançamento e que lhe foi oferecido prazo para defesa, não há como prosperar a tese de nulidade por cerceamento do contraditório e da ampla defesa. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões administrativas e as judiciais não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência senão àquela objeto da decisão, à exceção das decisões do STF sobre inconstitucionalidade da legislação. PEDIDO DE PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. Apesar de ser facultado ao sujeito passivo o direito de solicitar a realização de perícias, compete à autoridade julgadora decidir sobre sua efetivação, podendo aquela ser indeferida por prescindível ou impraticável. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2005 a 31/03/2006 MULTA DE OFÍCIO APLICADA. EFEITO CONFISCATÓRIO. Ocorrida a infração, correta a aplicação da multa punitiva de 75% estabelecida em lei, uma vez que o princípio da vedação ao confisco é endereçado ao legislador e não ao aplicador da lei que a ela deve obediência. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2005 a 31/03/2006 REGIME NÃOCUMULATIVO. VENDAS COM SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO PIS. ART. 9º DA LEI Nº 10.925 DE 2004. VIGÊNCIA. Somente a partir de 04/04/2006, com a edição da IN SRF nº 660, de 2006, é que entraram em vigor as regras para a suspensão da exigibilidade do PIS nãocumulativo em relação às vendas efetuadas nos moldes do previsto no art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004. Fl. 542DF CARF MF Processo nº 11060.001031/201070 Acórdão n.º 3201003.664 S3C2T1 Fl. 540 7 REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. INSUMOS. No cálculo da contribuição o sujeito passivo somente poderá descontar créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens ou serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens e na prestação de serviços. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2005 a 31/03/2006 REGIME NÃOCUMULATIVO. VENDAS COM SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DA COFINS. ART. 9º DA LEI Nº 10.925 DE 2004. VIGÊNCIA. Somente a partir de 04/04/2006, com a edição da IN SRF nº 660, de 2006, é que entraram em vigor as regras para a suspensão da exigibilidade da COFINS nãocumulativa em relação às vendas efetuadas nos moldes do previsto no art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004. REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. INSUMOS. No cálculo da contribuição o sujeito passivo somente poderá descontar créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens ou serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens e na prestação de serviços. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A empresa interpôs o Recurso Voluntário, reiterando as razões da Impugnação. Acrescenta pedido de nulidade da decisão recorrida, por entender que não teria tratado adequadamente das matérias relativas às vendas com incidência monofásica e alíquota zero. É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Relator O Recurso é tempestivo, veicula matéria de competência desta Turma, e não havendo outros óbices, deve ser conhecido. Fl. 543DF CARF MF 8 Preliminar de nulidade da decisão recorrida A recorrente suscita a nulidade da decisão recorrida nos seguintes termos (fl. 487): “Neste ponto, cumpre esclarecer que dois dos itens sustentados pela Empresa nem sequer restou analisado (sic), quais sejam, a tributação na venda de combustíveis (monofásica) e na venda de produtos sujeitos à alíquota zero.. Também, a decisão merece ser anulada, eis que não deferiu a realização de perícia contábil, que se mostra imprescindível para a solução da controvérsia em questão.” A decisão recorrida trata da questão em pequeno trecho (fl. 471) Ainda que a contribuinte tenha referido, de forma insistente, a propósito da invalidade de tributação da venda de combustíveis e lubrificantes pela unidade de Capão do Cipó (produtos sujeitos à tributação monofásica) e venda de produtos sujeitos à alíquota zero (adubos, fertilizantes e insumos agropecuários), a atenta leitura do Relatório de Fiscalização permite inferir que tais temas não foram passíveis de verificação/apuração pelo Fisco. Não há, naquele Relatório, qualquer referência clara e específica sobre tais proposições, donde as argumentações postas na peça impugnatória a propósito de tais assertivas não serão, neste Voto, tratadas ou rebatidas. Verificase, portanto, que a decisão recorrida forma juízo acerca dessas matérias, de modo que não há espaço para a a suscitação de nulidade. A necessidade de diligência ou perícia é matéria de apreciação do colegiado, nos termos dos arts. 18 e 29 do PAF: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (ressaltei) Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. A decisão de primeira instância entendeu pela desnecessidade de diligência ou perícia. A divergência quanto à necessidade de diligência não enseja a nulidade, mas o recurso. A nulidade poderia ser arguida no caso de ausência de apreciação da matéria, de que decorresse cerceamento ao direito de defesa (art. 59 do PAF). Como a matéria foi enfrentada, constando inclusive da ementa, não há espaço para anulação da decisão. Preliminar de nulidade do auto de infração A recorrente suscita também a nulidade do lançamento, acusandoo de confuso, com descrição falha (fl. 486): Fl. 544DF CARF MF Processo nº 11060.001031/201070 Acórdão n.º 3201003.664 S3C2T1 Fl. 541 9 “Os Autos de Infração foram lavrados de forma confusa, impedindo a Empresa de constatar com precisão quais os pontos glosados, razão pela qual, além das questões meritórias, requereuse a anulação dos Autos de Infração pela falta de clareza e exatidão na descrição e vinculação entre o fato e sua autuação, bem como em relação a vinculação das supostas operações irregulares e o correspondente valor da autuação”. O relatório fiscal trata de diversas matérias de maneira sucinta, porém não há ausência de fundamentação. A apuração foi complexa, mas bem detalhada, com 5 anexos de demonstrativos. Não se desconhece, também, os serviços de esclarecimento prestados pelas unidades da Receita Federal, a que a empresa poderia recorrer para lhe ajudar a compreender a autuação. Desse modo, não verifico prejuízo para a defesa, que pudesse ensejar a nulidade. Mérito Delimitação do Litígio A recorrente não impugnou as infrações descritas aqui como I.1 (reclassificação de receitas exportadas como receitas com suspensão), I.2 (vendas a empresas não agroindustriais; não submetidas ao lucro real, e portanto, não sujeitas a suspensão), II.1 (glosa em virtude de aproveitamento indevido de crédito presumido em 2004 sobre aquisições de pessoas físicas, o qual era permitido apenas a empresas agroindustriais no período de 12/2002 a 07/2004, II.2 (glosa de crédito presumido, no período de 02/2004 a 07/2004, por ter a empresa utilizada o crédito presumido em duplicidade com crédito sobre insumos a exportar.e IV (adição, à base de cálculo, das receitas de serviços e descontos obtidos), e também não se defendeu delas no recurso voluntário. Portanto, tais matérias restam preclusas, nos termos do art. 17 do PAF2 , e não compõem o litígio a deslindar no presente julgamento. Por outro lado, a recorrente impugnou e recorreu da ausência de tratamento, por parte do Fisco, das exclusões relativas a vendas de combustíveis e lubrificantes, e venda de adubos, fertilizantes e outros insumos agropecuários. Estas matérias, embora não tenham sido tratadas pelo autuante, podem ser objeto de análise, porque, caso estejam compondo a base de cálculo utilizada pelo Fisco e não sejam tributadas, devem ser excluídas do lançamento. Vendas de combustíveis e lubrificantes A recorrente informa possuir uma filial com a atividade de posto de combustíveis, e entendendo ter havido infração lançada em relação a essas vendas, sustenta a não incidência de Pis e Cofins sobre combustíveis e lubrificantes, pelo fato de estarem submetidos ao regime monofásico de incidência. Com efeito, as gasolinas (exceto de aviação) têm alíquota zero na venda por varejistas, conforme art. 42, inciso I, da MP 2.15835/2001. Verificase, com efeito, que houve contabilização de vendas de combustíveis, cf. Anexo 3 à fl. 52 e ss., linha de conta 4010105000. Houve também informação, no DACON, 2 Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Fl. 545DF CARF MF 10 de sua exclusão da base de cálculo das contribuições, conforme Anexo 4, linha “Revenda de Produtos Suj. à Trib. Monof.” Por outro lado, na apuração fiscal, no anexo 5, não há exclusão dessas vendas, há somente exclusão das vendas classificadas como exportadas. Não há qualquer acusação, no relatório fiscal, que desclassifique essas vendas como vendas de gasolinas do regime monofásico. Aparentemente, o aututante não atentou para essa rubrica. Desse modo, a exclusão deve ser deferida. Portanto, dou provimento nesta parte, para excluir da base de cálculo das contribuições os valores informados em DACON relativos a vendas de produtos sujeitos à tributação monofásica, na atividade de comércio varejista da recorrente. Vendas de adubos, fertilizantes e insumos agropecuários Do mesmo modo, a recorrente informa ainda ter vendido adubos, fertilizantes e insumos agropecuários, cuja alíquota é zero, conforme art. 1º do Decreto 5.195/2004 e art. 1º do Decreto 5.630/2004. Não há, no DACON, informação específica para essas vendas, que estão informadas conjuntamente na linha “Receita Isentas, NT, Suspensão ou Alíq. Zero”. Conforme Anexo 5, na apuração fiscal não foi feita nenhuma exclusão a título de mercadorias tributadas à aliquota zero. A única motivação para a desconsideração de todas essas vendas foi a falta de regulamentação, para o período, da suspensão prevista no art. 9º, inciso I, da Lei 10.925/2004. Portanto, os valores de vendas de produtos tributados à aliquota zero, escriturados ou informados em DACON, não tratados pelo autuante, devem ser excluídos da base de cálculo. Suspensão do inciso I, art. 9º, da Lei 10.925/2004 O referido dispositivo legal, com a redação então vigente, previa a suspensão de Pis e Cofins na venda de empresas cerealistas a empresas industriais agropecuárias, tributadas pelo lucro real, de produtos das posições 09.01 (café), 10.01 a 10.08 (trigo, centeio, cevada, aveia, milho, arroz, sorgo, trigo mourisco, painço, alpiste, outros cereais), 12.01 (soja) e 18.01 (cacau): Art. 9o A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: I de produtos de que trata o inciso I do § 1o do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (...) § 1o O disposto neste artigo I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6o e 7o do art. 8o desta Lei. Fl. 546DF CARF MF Processo nº 11060.001031/201070 Acórdão n.º 3201003.664 S3C2T1 Fl. 542 11 § 2o A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF. O inciso I do §1º do art. 8º, referido no inciso I do art. 9º, tinha seguinte redação: Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 [trigo] a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 [soja] e 18.01, todos da NCM O art. 17 da mesma Lei dispôs sobre a respectiva vigência: Art. 17. Produz efeitos: (...) III a partir de 1o de agosto de 2004, o disposto nos arts. 8o e 9o desta Lei; O dispositivo legal foi regulamentado através da Instrução Normativa SRF n 636, de 24 de março de 2006, nos seguintes termos: Art. 2º Fica suspensa a exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda: I efetuada por cerealista, de produtos in natura de origem vegetal classificados na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI) sob os códigos: a) 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os códigos 1006.20 e 1006.30; Fl. 547DF CARF MF 12 b) 12.01 e 18.01; (...) III de produtos agropecuários, quando efetuada por pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária ou por cooperativa de produção agropecuária; e IV efetuada por pessoa jurídica que exerça atividade agrícola ou por cooperativa de produção agropecuária, de produto in natura de origem vegetal destinado à elaboração de mercadorias classificadas no código 22.04, da TIPI. § 1º Para os efeitos deste artigo, entendese por: I cerealista, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal; II atividade agropecuária, a atividade econômica de cultivo da terra e/ou de criação de peixes, aves e outros animais, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990; e III cooperativa de produção agropecuária, a sociedade cooperativa que exerça a atividade de comercialização da produção de seus associados, podendo também realizar o beneficiamento dessa produção. § 2º A suspensão de que trata este artigo alcança somente as vendas efetuadas à pessoa jurídica agroindustrial de que trata o art. 3º. § 3º A pessoa jurídica adquirente dos produtos deverá comprovar a adoção do regime de tributação pelo lucro real mediante apresentação, perante a pessoa jurídica vendedora, de declaração firmada pelo sócio, acionista ou representante legal da pessoa jurídica adquirente. § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a IV do caput o aproveitamento de créditos referentes à incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, quando decorrentes de aquisição de insumos relativos aos produtos agropecuários vendidos com suspensão da exigência dessas contribuições. Art. 3º A pessoa jurídica agroindustrial que apure o imposto de renda com base no lucro real, inclusive a sociedade cooperativa que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar podem descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à alimentação humana ou animal. (...) Art. 5º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1º de agosto de 2004. No entanto, a Instrução Normativa RF 660/2006 revogou a IN 636/2006, e alterou a data de produção dos efeitos da suspensão: Fl. 548DF CARF MF Processo nº 11060.001031/201070 Acórdão n.º 3201003.664 S3C2T1 Fl. 543 13 Art. 11. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: I em relação à suspensão da exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins de que trata o art. 2º, a partir de 4 de abril de 2006, data da publicação da Instrução Normativa nº 636, de 24 de março de 2006, que regulamentou o art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004; e II em relação aos arts. 5º a 8º, a partir de 1º de agosto de 2004. Art. 12. Fica revogada a Instrução Normativa SRF nº 636, de 2006 O autuante aplicou o entendimento de que a suspensão somente teve efeitos a partir de 4 de abril de 2006, e portanto, não excluiu da base de cálculo das contribuições as vendas consideradas como suspensas. A recorrente, por seu turno, apresenta diversos argumentos para que se considere o início da produção de efeitos da suspensão tratada como o mês de agosto de 2004, os quais repito aqui, em resumo: a regulamentação da suspensão, apenas em 2006, pelas Instruções Normativas da Receita Federal nºs 636/2006 e 660/2006, não tem o condão de invalidar a suspensão legal; o art. 9º citado é autoaplicável; o lucro das cerealistas, em torno de 5%, é baixo e seria irrazoável a tributação de 9,25%; a regulamentação atribuída à Receita Federal não poderia equivaler a veto da Lei; que a Lei não pode ter regulamentação limitadora; colaciona extensa doutrina e jurisprudência que entende lhe ser favorável; subsidiariamente, pede a validade da suspensão a partir da IN 636/2006; Assiste razão à recorrente. O artigo 17, inciso III, da Lei 10.925/2004 é bastante incisivo e claro quanto à produção dos efeitos, a partir de 1º de agosto de 2004, não comportanto extensões interpretativas. De fato, não há qualquer indicativo na Lei que pretenda instituir condição suspensiva a esses efeitos. De fato, o poder regulamentador atribuído à Receita Federal não poderia equivaler a veto integral dos efeitos da Lei, o que seria o resultado, na prática, caso adotássemos o entendimento do autuante. Se não houvesse regulamentação até hoje, restaria a Lei 10.925/2004, nesta parte, vetada pela Receita Federal, pela ausência de regulamentação, em afronta aos ditames constitucionais. A competência para regulamentar é atribuída para os necessários fins de controle, mas não para negar o direito, in totum, por dois anos. Ora, a interpretação possível para conciliar o poder regulamentador da Receita Federal, sem que resulte em poder de veto, está em que a regulamentação prevista seja observada a partir do momento em que seja publicada. Antes da sua publicação, o contribuinte Fl. 549DF CARF MF 14 que atendesse aos contornos legais estaria abrangido pela suspensão. A partir da regulamentação, a suspensão está condicionada à observância dos requisitos previstos na regulamentação, para fins de controle. Não se desconhece que esse arranjo legal e normativo resultou em problemas graves. As empresas industriais agropecuárias continuaram a creditarse integralmente dessas compras, sem considerar a suspensão ou crédito presumido, esperando a regulamentação da Receita Federal, e, a partir da IN 660/2006, ganharam respaldo normativo. As empresas cerealistas vendedoras vendiam com suspensão, firmes no dispositivo legal. Resultou disso a apropriação de créditos integrais de Pis e Cofins por parte das indústrias (ao revés de crédito presumido), sem a contrapartida de pagamento anterior, vulnerando os princípios norteadores da nãocumulatividade. De qualquer modo, a responsabilidade por tal arranjo não pode ser atribuída à recorrente. Portanto, a vigência da suspensão é válida a partir de agosto de 2004. No mesmo sentido de compreensão aqui explicitada, da validade da suspensão a partir dos efeitos legais, temos o Resp 1160835/RS, do STJ, e os precedentes do Carf, acórdãos 3403003.507, 3401002.078, 3402003.507, 3202000.378, dentre outros. Créditos calculados sobre compra de combustíveis e lubrificantes A glosa de créditos calculados sobre compra de combustíveis e lubrificantes foi correta, porque no caso de revendas, o crédito permitido é o valor de custo da mercadoria, cf. inciso I do art. 3º das Leis 10.637/20023 e 10.833/2003. No caso do estabelecimento varejista de combustíveis, o crédito é expressamente vedado, cf. art 3º, I, b, da Lei 10.833/2003. A compra de combustíveis e lubrificantes pode gerar créditos somente no caso de produção de bens ou prestação de serviços (inciso II, art. 3º4). Portanto, não dou provimento ao contribuinte nesta matéria. Créditos calculados sobre manutenção e conservação de carreta. No presente caso, a empresa em foco é revendedora de mercadorias, e não pode creditarse dos insumos utilizados para produção de bens ou prestação de serviços. Portanto, não há, no rol de direito a crédito (incisos I a XI do art. 3º das Lei 10637/2002 e 10.833/2003), qualquer previsão para albergar a pretensão da recorrente. Multa de Ofício. Efeito Confiscatório. O princípio constitucional da vedação ao confisco é dirigido ao legislador e ao controle jurisdicional da constitucionalidade. Não cabe ao Carf, como órgão administrativo do Poder Público, afastar multas previstas na legislação, ao argumento de inconstitucionalidade, conforme comandam o art. 26A do Decreto 70.235/72 e Súmula Carf nº 2. 3 I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; e b) no § 1o do art. 2o desta Lei; 4 II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; Fl. 550DF CARF MF Processo nº 11060.001031/201070 Acórdão n.º 3201003.664 S3C2T1 Fl. 544 15 “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.” “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Multa de Ofício. Multa prevista nos artigos 90 da MP 2.15835/2001 e 18 da Lei 10.833/2003. A recorrente pede que se aplique, ao invés da multa de ofício do art. 44 da Lei 9.430/96, a multa do art. 18 da Lei 10.833/2003. Tal pedido não pode ser atendido, porque essas multas tem objetos diferentes; a multa do art. 44 da Lei 10.943/96 é aplicada nos casos de lançamento de ofício de diferenças a pagar,enquanto a multa do art. 18 da Lei 10.833/2003 é aplicada no caso de restituição pedida e indevida. No presente caso, a multa foi aplicada sobre valores de Pis e Cofins lançados, somente sendo aplicável a multa da Lei 9.430/96. Pelo exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário, para: 1 – reconhecer a validade da suspensão, prevista no art. 9º, inciso I, da Lei 10.925/2004, desde agosto de 2004; 2 exclusão, da base de cálculo das contribuições, das vendas de combustíveis submetidos ao regime monofásico, nos valores constantes do DACON; 3 exclusão, da base de cálculo das contribuições, das vendas de produtos sujeitos a alíquota zero, prevista no art. 1º dos Decretos 5.195/2004 e 5.630/2005, escriturados ou informados em DACON. Marcelo Giovani Vieira, Relator. Fl. 551DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13884.901590/2008-07
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1999 a 30/09/2000
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE.
Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 3401-004.948
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 15 90 /2 00 8- 07 Fl. 72DF CARF MF Processo nº 13884.901590/200807 Acórdão n.º 3401004.948 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de declaração de compensação, realizada com base em suposto crédito de contribuição social originário de pagamento indevido ou a maior. A DRF de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico de não homologação da compensação, em razão da inexistência de crédito disponível. Cientificada desse despacho, a manifestante protocolou sua manifestação de inconformidade, alegando, em síntese e fundamentalmente, que: recolheu aos cofres públicos tributos superiores aos efetivamente devidos, pois não considerou os termos do parágrafo 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei no 9.718/98, quando apurou as bases de cálculos das contribuições; o único fundamento para a glosa das compensações é uma pretensa inexistência de crédito; não foi sequer solicitado ao contribuinte qualquer documento capaz de comprovar ou não o crédito; tivesse a autoridade intimado o contribuinte, teria acesso As planilhas de apuração, podendo verificar a regularidade do encontro de contas efetuado; pelas razões alegadas, deve ser anulado o despacho decisório, determinando que a autoridade efetue as diligências necessárias para comprovar a origem e existência do crédito utilizado, alternativamente, requer que seja logo homologada a compensação. Ao final pede deferimento da presente manifestação de inconformidade" . A Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) proferiu o Acórdão DRJ nº 0530.619, em que se decidiu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, sob o fundamento de que "os valores faturados, ainda que repassados a terceiros, compõem a base tributável da contribuição social, em face da inexistência de permissivo legal para sua exclusão". Devidamente notificada desta decisão, a recorrente interpôs tempestivamente o recurso voluntário ora em apreço, no qual reitera as razões vertidas em sua impugnação. É o relatório. Fl. 73DF CARF MF Processo nº 13884.901590/200807 Acórdão n.º 3401004.948 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.923, de 21 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 13884.900342/200831, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.923): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Reproduzse, abaixo, a decisão recorrida proferida pelo julgador de primeiro piso: Conforme relatado, a não homologação da DCOMP em tela decorreu do fato de estar o Darf informado na DCOMP integralmente utilizado para a quitação de débitos da contribuinte. No caso, a contribuinte transmitiu sua DCOMP compensando débito com suposto crédito de contribuição social decorrente de pagamento indevido ou a maior, apontando um documento de arrecadação como origem desse crédito. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte na DCOMP foi realizada também de forma eletrônica, cotejandoos com os demais por ela informados A. Receita Federal em outras declarações (DCTFs, DIPJ, etc), bem como com outras bases de dados desse órgão (pagamentos, etc), tendo resultado no Despacho Decisório em discussão. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, embora localizado o pagamento apontado na DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente fora utilizado para a extinção anterior de débito de Cofins da interessada. Assim, o exame das declarações prestadas pela própria interessada Administração Tributária revela que o crédito utilizado na compensação declarada não existia. Fl. 74DF CARF MF Processo nº 13884.901590/200807 Acórdão n.º 3401004.948 S3C4T1 Fl. 5 4 Por conseguinte, não havia saldo disponível (é dizer, não havia crédito liquido e certo) para suportar uma nova extinção, desta vez por meio de compensação. Dai a não homologação, não havendo qualquer nulidade nesse procedimento. Sobre o motivo da não homologação, como já antes explicitado neste voto, revelase procedente, pois, de acordo com as próprias informações prestadas pela contribuinte Receita Federal, o direito creditório apontado na DCOMP era inexistente. Não obstante, agora, em sede de manifestação de inconformidade, pretende a contribuinte demonstrar que seus débitos de contribuição social antes declarados e pagos são indevidos, pois não havia considerado, quando da apuração da base de cálculos das contribuições, o disposto no parágrafo 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei n° 9.718/1998. Em termos legais, significa ver excluídos da receita bruta os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para terceiros, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo. Neste ponto, fazse necessário destacar que, por força de sua vinculação aos atos legais, assim como àqueles emanados por autoridades que lhe são hierarquicamente superiores, este colegiado está adstrito à interpretação que a própria administração pública dá legislação tributária. 110 A Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Ato Declaratório SRF n°56, de 20 de julho de 2000, já se posicionou a respeito da situação em exame: Ato Declaratório SRF n° 56, de 2000: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições, e considerando ser a regulamentação, pelo Poder Executivo, do disposto no inciso III do art. 20 do art. 3° da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, condição resolutória para sua eficácia; Considerando que o referido dispositivo legal foi revogado pela alínea b do inciso IV do art. 47 da Medida Provisória n° 1.99118, de 9 de junho de 2000; Considerando, finalmente, que, durante sua vigência, o aludido dispositivo legal não foi regulamentado, não produz eficácia, para fins de determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS, no período de I° de fevereiro de 1999 a 9 de junho de 2000, eventual exclusão da receita bruta que Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13884.901590/200807 Acórdão n.º 3401004.948 S3C4T1 Fl. 6 5 tenha sido feita a titulo de valores que, computados como receita, hajam sido transferidos para outra pessoa jurídica" (destacouse). Esse entendimento torna sem força a argumentação alegada pela Contribuinte no sentido de que as provas dos alegados créditos, consistentes em planilhas de apuração da contribuição social, deveriam ser examinadas na busca da constatação da regularidade do encontro de contas, uma vez que o crédito calcado neste dispositivo é inexistente. Diante de tudo exposto, voto por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o disposto no despacho decisório da unidade de origem. Ressaltase, ademais, que, nos pedidos de compensação ou de restituição, como o presente, o ônus de comprovar o crédito postulado permanece a cargo da contribuinte, a quem incumbe a demonstração do preenchimento dos requisitos necessários para a compensação, pois "(...) o ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato",1 postura consentânea com o art. 36 da Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. 2 Neste sentido, já se manifestou esta turma julgadora em diferentes oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401 003.096, de 23/02/2016, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan: VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. 1 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros Editores, 26ª edição, 2010, p. 380. 2 Lei nº 9.784/1999 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 13884.901590/200807 Acórdão n.º 3401004.948 S3C4T1 Fl. 7 6 Verificase, portanto, a completa inviabilidade do reconhecimento do crédito pleiteado em virtude da carência probatória do pedido formulado pela contribuinte recorrente. Acrescese a tal constatação o intento da contribuinte de ver compensado seu débito com crédito fundado em quaestio jurídica que busca inaugurar em fase de instauração de contencioso administrativo posterior à apresentação de sua declaração de compensação, com a apresentação de sua impugnação, sob o pálio do argumento de que devem ser expurgados da receita bruta, ainda que assim escriturados, os valores que tenham sido transferidos para terceiros, nos termos do § 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei no 9.718/1998, argumento que se encontra em contrariedade com o preceptivo normativo do Ato Declaratório SRF n° 56, de 20/07/2000. Independentemente da discussão respeitante à matéria, no entanto, o que se constata é que a compensação tem por base direito creditório ilíquido e incerto, carente de prova de sua constituição definitiva, uma vez que a contribuinte somente poderia utilizar, na compensação de débitos próprios relativos a tributos administrados pela RFB, crédito passível de restituição ou de ressarcimento. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 77DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13502.720449/2015-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Período de apuração: 14/06/2010 a 24/06/2010
MULTA DE MORA E MULTA ISOLADA PELA NÃO HOMOLOGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COBRANÇA CONCOMITANTE. DUPLA SANÇÃO SOBRE MESMA INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
A cobrança de multa isolada prevista no § 17, do art. 74, da Lei nº 9.430/96, que decorre da não homologação de compensação, concomitantemente com a de multa de mora sobre o débito indevidamente compensado, que decorre da impontualidade do pagamento, não importa em dupla sanção sobre a mesma infração.
MULTA ISOLADA. FALTA DE TIPICIDADE
Não houve revogação da penalidade pelo compensação indevida (§ 17 do art. 74, da Lei nº 9.430/96), com a revogação da multa pelo indeferimento do respectivo crédito (§15 do art. 74, da Lei nº 9.430/96). São condutas distintas, que o legislador ordinário decidiu, por fim, punir tão somente a compensação, posto que, efetuada indevidamente, traz imediato prejuízo aos cofres públicos.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 14/06/2010 a 24/06/2010
AFRONTA A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. SÚMULA CARF N° 2
Este colegiado não tem competência para afastar a aplicação de dispositivo legal vigente, em razão de alegação de inconstitucionalidade - Súmula CARF n° 2.
Numero da decisão: 3301-004.690
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator
(assinado digitalmente)
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Período de apuração: 14/06/2010 a 24/06/2010 MULTA DE MORA E MULTA ISOLADA PELA NÃO HOMOLOGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COBRANÇA CONCOMITANTE. DUPLA SANÇÃO SOBRE MESMA INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. A cobrança de multa isolada prevista no § 17, do art. 74, da Lei nº 9.430/96, que decorre da não homologação de compensação, concomitantemente com a de multa de mora sobre o débito indevidamente compensado, que decorre da impontualidade do pagamento, não importa em dupla sanção sobre a mesma infração. MULTA ISOLADA. FALTA DE TIPICIDADE Não houve revogação da penalidade pelo compensação indevida (§ 17 do art. 74, da Lei nº 9.430/96), com a revogação da multa pelo indeferimento do respectivo crédito (§15 do art. 74, da Lei nº 9.430/96). São condutas distintas, que o legislador ordinário decidiu, por fim, punir tão somente a compensação, posto que, efetuada indevidamente, traz imediato prejuízo aos cofres públicos. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 14/06/2010 a 24/06/2010 AFRONTA A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. SÚMULA CARF N° 2 Este colegiado não tem competência para afastar a aplicação de dispositivo legal vigente, em razão de alegação de inconstitucionalidade - Súmula CARF n° 2.
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COBRANÇA CONCOMITANTE. DUPLA SANÇÃO SOBRE MESMA INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. A cobrança de multa isolada prevista no § 17, do art. 74, da Lei nº 9.430/96, que decorre da não homologação de compensação, concomitantemente com a de multa de mora sobre o débito indevidamente compensado, que decorre da impontualidade do pagamento, não importa em dupla sanção sobre a mesma infração. MULTA ISOLADA. FALTA DE TIPICIDADE Não houve revogação da penalidade pelo compensação indevida (§ 17 do art. 74, da Lei nº 9.430/96), com a revogação da multa pelo indeferimento do respectivo crédito (§15 do art. 74, da Lei nº 9.430/96). São condutas distintas, que o legislador ordinário decidiu, por fim, punir tão somente a compensação, posto que, efetuada indevidamente, traz imediato prejuízo aos cofres públicos. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 14/06/2010 a 24/06/2010 AFRONTA A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. SÚMULA CARF N° 2 Este colegiado não tem competência para afastar a aplicação de dispositivo legal vigente, em razão de alegação de inconstitucionalidade Súmula CARF n° 2. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 72 04 49 /2 01 5- 73 Fl. 293DF CARF MF Processo nº 13502.720449/201573 Acórdão n.º 3301004.690 S3C3T1 Fl. 294 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator (assinado digitalmente) Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). Fl. 294DF CARF MF Processo nº 13502.720449/201573 Acórdão n.º 3301004.690 S3C3T1 Fl. 295 3 Relatório Adoto o relatório da decisão de primeira instância: "Tratase de Impugnação, fls. 93/105, protocolizada aos 14/05/2015 contra o Auto de Infração de fls. 02/04, cientificado à contribuinte aos 17/04/2015 (fls. 89/90), por meio do qual é exigida multa por “COMPENSAÇÃO INDEVIDA EFETUADA EM DECLARAÇÃO PRESTADA PELO SUJEITO PASSIVO”, no valor total de R$ 22.920.787,85. 2. De acordo com a primeira lauda do Auto de Infração, a exigência foi instaurada em face do estabelecimento da pessoa jurídica cadastrada no CNPJ sob o nº 03.470.727/001607, como endereço na Av Henry Ford, 2000, Camaçari/BA, Bairro COPEC, CEP: 42.810000. 3. Expõe o Termo de Verificação Fiscal – TVF de fls. 06/08 que a contribuinte alegou possuir crédito decorrente de ressarcimento de IPI apurado em relação ao 4º trimestre de 2009, que foi utilizado nas Declarações de Compensação – DCOMP abaixo relacionadas: 4. Alude que as DCOMP acima, cujas cópias foram acostadas aos autos, “foram analisadas no processo administrativo nº 13502.909863/201132, resultando no deferimento total do direito creditório pleiteado no PER nº 13002.32076.200410.1.3.012900, no deferimento parcial do direito creditório pleiteado no PER nº 27318.61257.230410.1.3.017061 e indeferimento dos direitos creditórios pleiteados no PER's nºs 30754.80695.300410.1.3.012903, 30692.31777.270510.1.7.015053, 17972.22415.270510.1.7.010013, 11461.43230. 270510.1.7.010943, 19867.48857.310510.1.3.012194, 40872.56664.310510.1.3.019944, 15602.84516.140610.1.3.011042, 23267.65142.180610.1.3.010155 e 39966.65608. 240610.1.3.017900”. Fl. 295DF CARF MF Processo nº 13502.720449/201573 Acórdão n.º 3301004.690 S3C3T1 Fl. 296 4 5. Reproduz os §§17 e 18 e o caput da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, a partir dos quais concluiu que: (i) a multa isolada tem como fato gerador a compensação não homologada, ou seja, a data do fato gerador da multa isolada é a de entrega das DCOMP; (ii) a base de cálculo da multa isolada é o valor da compensação não homologada; e (iii) qualquer declaração, retificadora ou não, entregue na vigência da Lei nº 12.249, de 2010, está sujeita à aplicação das multas por ela previstas. 6. Esclarece que “Considerando que a data do fato gerador da multa isolada é a data de transmissão do PER/DCOMP, o quadro a seguir apresenta o cálculo da multa isolada, no percentual de 50% sobre o valor que não foi homologado na análise da declaração de compensação”: pela Superintendência da Receita Federal do Brasil em atenção à Resolução nº 11.001.894, desta 2ª Turma, apurou valores complementares passíveis de ressarcimento. 7. No recurso interposto, a contribuinte alega que, preliminarmente, que a autuação deveria ser revista para excluir a parte excedente ao percentual de 50% das compensações não homologadas no processo administrativo nº 13819.909863/2011 32. 8. É que, de acordo com a impugnante, apesar de ainda pender de julgamento a Manifestação de Inconformidade em supradito processo administrativo, a diligência realizada pela Superintendência da Receita Federal do Brasil em atenção à Resolução nº 11.001.894, desta 2ª Turma, apurou valores complementares passíveis de ressarcimento1. 9. Articula que “verificase na descrição dos fatos do presente auto de infração que o valor total considerado como compensação não homologada relativa ao 2º trimestre de 2009, era de R$ 101.363.641,11, sendo que através do mencionado Relatório de Diligência Fiscal, tal valor passou para R$ 98.466.660,89” e “Desta forma, considerando que no presente auto de infração foram lançados os valores relativos à não homologação das Dcomps relacionadas aos PAS nº 13819.904420/201317, 13819.904421/201361, 13819.904422/201314, devem ser respectivamente excluídos da base de cálculo do presente os valores já reconhecidos na Diligência Fiscal”. 10. Registra, ainda preambularmente, que “verificase através do termo de Verificação Fiscal, que não foram consideradas (corretamente) na autuação as Perd/Comps transmitidas em data anterior à Vigência da Lei nº 12.249/2010. Entretanto, foi incluída a Per/Comp nº 15602.84516.140610.1.3.011042, cuja transmissão ocorreu em 14/06/2010, ou seja, exatamente da data de publicação da lei. Por esta razão, os valores correspondentes à mencionada Dcomp também devem ser excluídos da base de cálculo da multa isolada”. 11. Continuando, argúi que, como os débitos cujas compensações foram não homologadas estão sendo exigidos com multa de mora ao percentual de 20%, a 1 Por equívoco patente, a contribuinte mencionou restituição, em vez de ressarcimento. Fl. 296DF CARF MF Processo nº 13502.720449/201573 Acórdão n.º 3301004.690 S3C3T1 Fl. 297 5 multa cobrada nos presentes autos estaria sendo cobrada de modo cumulativo sobre a mesma infração, o que não admite o ordenamento jurídico brasileiro. 12. Pondera que, apesar de a multa punitiva, relacionada a certas condutas dolosas do agente, distinguirse da mora, vinculada à coação por inadimplência, aqui ambas teriam caráter punitivo, pois quando compensado débito no seu prazo recolhimento, há adimplemento a termo e inexiste mora, mas, não homologada a compensação, passar a ser exigida a multa de mora, que deixa de ter caráter de adimplemento e passa ao de penalidade (sanção). 13. Conjectura que, neste contexto, a aplicação da multa de mora decorre da nãohomologação da compensação, assim como ocorre em relação à multa isolada, pelo que seria patente a ocorrência de “bis in idem”, o que conduziria à improcedência da autuação. 14. Reproduz ementas de decisões do CARF para amparar suas alegações. 15. Após, articula que a Lei nº 12.249, de 11/06/2010, previu originariamente, ao incluir os §§15 a 17 ao art. 74, da Lei nº 9.430/96, que “Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido” e que “Aplicase a multa prevista no § 15, também, sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo” – e, na compreensão da recorrente, a intenção do legislador foi a de apenar, especificamente, o pedido de restituição em si, caso ele fosse considerado indevido, e de estender a sanção para as hipóteses de compensação não homologada. 16. Advoga que, como só há compensação se houver reconhecimento de direito a crédito, a legislação ampliou, subsidiariamente, a aplicação da multa para alcançar as DCOMP. 17. Sustenta, assim, que a conduta típica inicialmente prevista como passível de apenação é o pedido de restituição de crédito indevido ou indeferido, sendo que, desde a edição da Medida Provisória nº 656, de 07/10/2014, foi revogado, ao que alega a impugnante em razão de inconstitucionalidade, o §15, do art. 74, da Lei nº 9.430/96, pelo que a multa deixou de ser5 aplicada aos pedidos de restituição. Critica que, apesar do §17 decorrer, única e expressamente, da previsão do §15 (dada a expressão “também”), aquele parágrafo não fora revogado, mas teve sua redação alterada para retirar a locução. 18. Aduz que da revogação do §15, do art. 74, da Lei nº 9.430/96, decorreria a revogação de todas as penalidades dali decorrentes, não sendo razoável a revogação da penalidade apenas para o pedido de ressarcimento e sua manutenção no tangente ao ‘pedido de compensação” (sic), eis que a intenção do legislador fora, sempre, punir “o pedido indevido”. E adita: o fato típico da conduta punível era o de requerer crédito ao qual não se detinha direito. 19. Diz que, ao ser retirada a expressão “também” do §17, teria sido alterado o tipo penal, que deixou de ser o pedido de reconhecimento de direito creditório e passou a ser a realização, em si, da compensação, desvirtuandose a intenção do legislador. 20. Reflete que “manter a multa apenas para os casos de Pedidos de Compensação não homologados, nada mais é do que manter a tipicidade, manter o Fl. 297DF CARF MF Processo nº 13502.720449/201573 Acórdão n.º 3301004.690 S3C3T1 Fl. 298 6 enquadramento legal de um e excluirlhe para outro, mesmo em se tratando de casos idênticos”. 21. Fala que a compensação é consequencia do pedido de restituição e, se o pedido de reconhecimento a crédito deixou de ser considerado conduta típica, não se pode desvirtuar a tipicidade da multa sem lei específica que considere a compensação conduta punível. 22. Assim, por mais esta razão, reputa improcedente a autuação. 23. Avante, alega que a questionada multa desrespeitaria os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, pois a aplicação indiscriminada de multa de 50% a todo e qualquer compensação não homologada enseja enorme insegurança jurídica aos contribuintes de boafé, submetidos à penalidade sempre que a compensação não for acatada, o que, por vias transversas, conduziria à extinção das compensações, pois o contribuinte, receoso da absurda e desproporcional multa, passaria a somente solicitar restituição e, apenas depois de reconhecido seu direito creditório, poderiam efetuar compensação, situação que a impugnante reputa ofensiva aos art. 74, da Lei nº 9.430/96, e ao art. 170, do CTN. 24. Outrossim, ventila violação aos constitucionais direitos de petição, do devido processo legal e do contraditório e da ampla defesa e sustenta que a multa em altercação apenas poderia ser exigida quando comprovada máfé do sujeito passivo. 25. Ampara suas alegações em precedente do TRF da 4ª Região. 26. Finalizando, a contribuinte requereu, mesmo que mantida a glosa após o julgamento do processo administrativo nº 13819.904874/201215, que o lançamento em testilha fosse julgado improcedente." A DRJ no Recife (PE) jugou a impugnação improcedente e o Acórdão n° 11 51.385, datado de 11/11/15, foi assim ementado: "ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 14/06/2010 a 24/06/2010 MULTA DE MORA E MULTA ISOLADA PELA NÃO HOMOLOGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COBRANÇA CONCOMITANTE. DUPLA SANÇÃO SOBRE MESMA INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. A cobrança de multa isolada prevista no § 17, do art. 74, da Lei nº 9.430/96, que decorre da não homologação de compensação, concomitantemente com a de multa de mora sobre o débito indevidamente compensado, que decorre da impontualidade do pagamento, não importa em dupla sanção sobre a mesma infração. MULTA ISOLADA DO § 17, DO ART. 74, DA LEI Nº 9.430/96. FATO GERADOR. O fato gerador da multa isolada prevista no § 17, do art. 74, da Lei nº 9.430/96, tanto na redação original do dispositivo incluído pela Lei nº 12.249/2010 quanto naquela conferida pela Lei nº 13.097/2013, é, de modo autônomo, a nãohomologação da Fl. 298DF CARF MF Processo nº 13502.720449/201573 Acórdão n.º 3301004.690 S3C3T1 Fl. 299 7 compensação, sem subsidiariedade em relação à multa pelo indeferimento de pedido de ressarcimento. COMPENSAÇÃO. NÃOHOMOLOGAÇÃO. LANÇAMENTO DE MULTA ISOLADA DE QUE TRATA O § 17, DO ART. 74, DA LEI Nº 9.430/96. RECONHECIMENTO DE CRÉDITO ADICIONAL. UTILIZAÇÃO TOTAL PARA A HOMOLOGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO ANTERIOR À LEI Nº 12.249/2010. MANUTENÇÃO INTEGRAL DA AUTUAÇÃO. O direito creditório, reconhecido em julgamento de primeira instância adicionalmente à parcela já admitida pela Unidade de Origem, que, em respeito à cronologia da apresentação das DCOMP, for totalmente utilizado em compensação de débitos declarada antes da edição da Lei nº 12.249/2010 não tem reflexo no lançamento da multa isolada exigida com fundamento no § 17, do art. 74, da Lei nº 9.430/96, incluído pela Lei nº 12.249/2010, que considerou apenas as compensações não homologadas objeto de DCOMP transmitidas após a edição desta Lei, devendo ser integralmente mantida a autuação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 14/06/2010 a 24/06/2010 DECRETO. FUNDAMENTO DE INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DA APLICAÇÃO OU INOBSERVÂNCIA PELOS ÓRGÃOS DE JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. VEDAÇÃO. Aos órgãos de julgamento administrativo é vedado, ressalvadas exceções não configuradas nos autos, afastar, sob fundamento de inconstitucionalidade, a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" Irresignado, o contribuinte interpôs recurso voluntário, em que repete os argumentos apresentados na impugnação. É o relatório. Fl. 299DF CARF MF Processo nº 13502.720449/201573 Acórdão n.º 3301004.690 S3C3T1 Fl. 300 8 Voto Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator O recurso voluntário preenche os requisitos de admissibilidade pelo que dele tomo conhecimento. Tratase de multa isolada, pela não homologação de compensações, formalizadas por meio da apresentação de DCOMP em 14/06/2010, 18/06/2010 e 24/06/2010. Decorre da glosa de créditos presumidos de IPI, efetuada em sede do processo administrativo n° 13819.909863/201132, o qual está nesta pauta de julgamento. Tanto na impugnação quanto no recurso voluntário, foram apresentados os seguintes argumentos de defesa para afastar a aplicação da multa isolada, os quais foram rechaçados pela DRJ: a) Preliminarmente, requereu a redução da multa, em razão do aumento do valor do crédito presumido de IPI originalmente acatado pela fiscalização, conferido pela DRJ, em sede do julgamento do processo administrativo n° 13819.909863/201132. b) Cumulação de duas multas sobre a mesma infração (bis in idem), o que não é admitido no ordenamento jurídico brasileiro: multa isolada de 50% sobre o débito objeto da DCOMP; e 20% de multa mora, pelo atraso no recolhimento do tributo que restou não liquidado, em razão da não homologação da DCOMP. c) Falta de tipicidade: com a revogação do §15 do art. 74 da Lei n° 9.430/96, que punia o indeferimento de créditos, a penalidade decorrente deste ato a não homologação de créditos também a foi. d) Ofensa aos princípios constitucionais da razoabilidade e proporcionalidade e da punição aos contribuintes que atuarem de boafé. e) Flagrante afronta aos princípios constitucionais do devido processo legal e direito de petição, com preterição direito à ampla defesa e ao contraditório. Não assiste razão à recorrente. Primeiro, cumpre transcrever os §§ 15 (revogado) e 17 do art. 74 da Lei n° 9.430/96, com as diversas redações que lhes foram dadas ao longo do tempo e até as que vigiam na data da autuação: "Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (. . .) Fl. 300DF CARF MF Processo nº 13502.720449/201573 Acórdão n.º 3301004.690 S3C3T1 Fl. 301 9 § 15. Aplicase o disposto no § 6o nos casos em que a compensação seja considerada não declarada. (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) § 15. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido. (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) (Revogado pela Medida Provisória nº 656, de 2014) (Vide Lei nº 13.097, de 2015) (Revogado pela Medida Provisória nº 668, de 2015) (Revogado pela Lei nº 13.137, de 2015) (Vigência) (. . .) § 17. O valor de que trata o inciso VII do § 3o poderá ser reduzido ou restabelecido por ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) § 17. Aplicase a multa prevista no § 15, também, sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) § 17. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do débito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. (Redação dada pela Medida Provisória nº 656, de 2014) § 17. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do débito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. (Redação dada pela Lei nº 13.097, de 2015)" Às alegações de defesa. Sobre a questão preliminar (letra "a"), reproduzo os argumentos da DRJ, dos quais faço minha razão de decidir (§ 1° do art. 50 da Lei n° 9.784/99): "35. A recorrente requereu que fosse excluído, da base de cálculo da autuação, o crédito adicional apurado ao final da diligência que foi realizada a pedido desta Turma nos autos do processo administrativo nº 13819.909863/201132, cuja conclusão reduziu a negativa do crédito de R$ 101.363.641,11 para R$ 98.466.660,89. 36. Segundo Acórdão proferido na presente sessão por esta 2ª Turma no processo administrativo nº 13819.909863/201132, foi reconhecido à contribuinte, em relação ao 4º trimestre de 2009, crédito adicional de R$ 2.900.331,32 (vide cópia às fls. 146/216). 37. Consoante tabela do item 3 acima, o crédito de IPI referente ao 4º trimestre de 2009 originalmente admitido pela Fiscalização foi suficiente apenas para extinguir as compensações objeto da DCOMP nº 13002.32076.200410.1.3.01 2900, transmitida aos 20/04/2010, e uma pequena parte daquelas realizadas por meio da DCOMP nº 27318.61257.230410.1.3.017061, enviada aos 23/04/2010 (da qual Fl. 301DF CARF MF Processo nº 13502.720449/201573 Acórdão n.º 3301004.690 S3C3T1 Fl. 302 10 restaram compensações não homologadas no total de R$ 27.183.905,03), não tendo sobejado crédito para as compensações declaradas através das DCOMP, cujos números de registro estão identificados na aludida tabela, apresentadas aos 30/04/2010, 14/05/2010, 20/05/2010, 25/05/2010, 30/05/2010, 14/06/2010, 18/06/2010 e 24/06/2010. 38. Como se sabe, o direito creditório deve ser aproveitado na ordem cronológica em que apresentadas as DCOMP originais a ele referentes, pelo que, in casu, o crédito adicional acima mencionado deve ser utilizado, primeiramente, nas compensações da DCOMP nº 27318.61257.230410.1.3.017061 e, se houver saldo, nas seguintes, de acordo com a ordem cronológica da transmissão das Declarações de Compensação Originais. 39. Ora, não é difícil concluir que o crédito de R$ 2.900.331,32, reconhecido por esta Turma no julgamento do processo administrativo nº 13819.909863/201132, é suficiente para reverter apenas pequena parte da nãohomologação (que, repiso, totalizou R$ 27.183.905,03) das compensações objeto da DCOMP nº 27318.61257.230410.1.3.017061, pelo que, evidentemente, não restará crédito a ser utilizado nas compensações declaradas por intermédio das DCOMP apresentadas aos 30/04/2010, 14/05/2010, 20/05/2010, 25/05/2010, 30/05/2010, 14/06/2010, 18/06/2010 e 24/06/2010, que continuarão não homologadas. 40. Significa dizer que, a despeito do crédito adicional de R$ 2.900,.331,32, manterseão não homologadas as compensações realizadas por meio das DCOMP 15602.84516.140610.1.3.011042, 23267.65142.110610.1.3.010155 e 39966.65608.240610. 1.3.017900, transmitidas, pela ordem, aos 14/06/2010, 18/06/2010 e 24/06/2010. E como apenas a negativa destas compensações foi considerada pela autuação (vide tabela do item 6 acima), porque somente elas foram objeto de DCOMP enviadas posteriormente à Lei nº 12.249/2010, concluise que referido crédito não tem qualquer reflexo na autuação examinada. 41. Logo, julgo improcedente a impugnação no tangente ao aspecto abordado." Sobre as alegações das letras "d" e "e"Assim dispõe a Súmula CARF nº 2: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Portanto, de pronto, afasto os argumentos dos itens "iii" e "iv". Quanto às demais, já me pronunciei várias vezes neste colegiado. Não há bis in idem (letra "b"), uma vez que a multa isolada (compensação indevida) e a multa de mora (recolhimento fora do prazo) punem condutas infracionais distintas. Outrossim, também não vislumbro "falta de tipicidade" (letra "c"). Minha interpretação é a de que não houve revogação da penalidade pelo ato de efetuar compensação indevida (§ 17), em razão da revogação da multa que punia o indeferimento do respectivo crédito (revogado §15). São condutas distintas (pedido ressarcimento e pedido de compensação), que o legislador ordinário decidiu, por fim, punir tão somente a compensação, posto que, efetuada indevidamente, traz imediato prejuízo aos cofres públicos. De todo o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Fl. 302DF CARF MF Processo nº 13502.720449/201573 Acórdão n.º 3301004.690 S3C3T1 Fl. 303 11 Destaco que, para fins de liquidação do acórdão, deverão ser observadas as decisões de primeira e segunda instâncias proferidas em sede do processo administrativo n° 13819.904863/201132, no qual discutese a legitimidade dos créditos utilizados para compensação. É como voto. Marcelo Costa Marques d'Oliveira (assinado digitalmente) Fl. 303DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.901089/2014-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
Numero da decisão: 1402-003.051
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão recorrida, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (presidente).
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão recorrida, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 10 89 /2 01 4- 41 Fl. 46DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório A origem do litígio aqui presente remonta ao Despacho Decisório exarado em relação ao pedido original da contribuinte expresso em PER/DCOMP apresentado perante a Autoridade Tributária de sua jurisdição e no qual buscou ver reconhecido seu direito creditório e consequente compensação com débitos de sua responsabilidade. O requerido foi indeferido sob entendimento do DD de que "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Irresignada, a contribuinte interpôs manifestação de inconformidade que, apreciada em 1ª Instância pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (fls. nos autos), foi julgada improcedente, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Discordando do r. decisum, a contribuinte interpôs recurso voluntário tempestivo no qual reafirma a correção de seu procedimento e requer a reforma da decisão de 1º Piso de forma a reconhecer o direito creditório buscado e homologar a compensação requerida, aduzindo, em síntese, os seguintes argumentos: PRELIMINARMENTE 1. que, “a r. decisão primitiva sequer detalhou ou especificou por quais razões o contribuinte ora recorrente não possuiria o crédito que alega possuir, eis que haviam vários outros elementos que poderiam, e deveriam, ser analisados, e se os fossem, certamente permitiriam inferirse de modo diverso, análise esta que era condição sine qua non para alicerçar as razões de decidir do despacho decisório”; 2. que, “em outras palavras, foi dificultado ao recorrente repelir, amplamente, a decisão do julgador de primeiro grau, o que é direito constitucionalmente assegurado. A falta destes elementos concretos, fundamentos embasados na legislação, e de dados que pudessem permitir ao contribuinte contra razoar o r. despacho rescisório implicam na anulação do mesmo, pois ao não garantir o amplo direito de defesa à recorrente, o r. despacho decisório avilta também, conseqüentemente, o princípio do devido processo legal”; 3. que, “na falta de elementos que confiram ao contribuinte chance de defenderse amplamente da r. decisão do órgão fiscal originário, o presente processo administrativo não terá seu deslinde normal, razão pela contrariouse o consagrado devido processo legal”; 4. que, “ante à ausência de fundamentos legais imprescindíveis, desde o momento em que foi exarado o r. despacho decisório o curso deste processo administrativo foi atingido por uma nulidade, o que somente poderá ser sanada Fl. 47DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 4 3 através da integral anulação do processo administrativo desde o início, inclusive do V. Acórdão recorrido que manteve o despacho decisório”; 5. que, “requerse que estes Ínclitos Julgadores em sede prelibatória anulem este processo administrativo desde o r. despacho decisório de origem, determinando o retorno dos autos à origem para que seja preferida decisão compatível com os princípios que norteiam os processos administrativos”. NO MÉRITO Depois de fazer breve histórico da COFINS e do PIS, aponta para decisão prolatada pelo STF acerca da inclusão do ICMS na base de cálculo naquelas contribuições. Literalmente: “Recentemente a matéria foi definitivamente arraigada pelo C. Supremo Tribunal Federal quando do julgamento do Recurso Extraordinário nº 240.7852 MG, onde o contribuinte se consagrou vencedor e foi definitivamente julgada a questão no sentido de que se deve excluir o ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS. Oportuno ressaltar os ensinamentos do Min. Marco Aurélio que nos autos do aludido julgamento cravou: (...) Assim, somente se pode concluir que o valor do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da COFINS e do PIS, por não ser incluído no conceito de "faturamento", mas mero "ingresso" na escrituração contábil das empresas, razão pela qual por todas as razões aqui expendidas, bem assim pelo quanto retro sustentado, é que se faz de solar clareza a necessidade de reformar a r. decisão guerreada e homologar as compensações levadas a termo através das PERDCOMPs cotejadas. Reiterese, porque se cuida de decisão recente e nova no mundo tributário, posto que o Supremo Tribunal Federal decidiu definitivamente que o ICMS não entra na base de cálculo da Cofins e do PIS (Recurso Extraordinário nº 240.7852 MG), de modo que a inclusão do ICMS na base de cálculo das Contribuições ao PIS e à Cofins é ilegítima e inconstitucional, pois fere o princípio da estrita legalidade previsto no artigo 150, I da CF/88 e 97 do CTN, o artigo 195, I, “b” da CF/88 e o art. 110 do CTN, porque receita e faturamento são conceitos de direito privado que não podem ser alterados, pois a Constituição Federal os utilizou expressamente para definir competência tributária, pelo que resta evidente o crédito da Recorrente e se requer a reforma do V. Acórdão neste particular para que sejam definitivamente homologadas as compensações levadas a termo pelo contribuinte recorrente”. DO DIREITO DO CONTRIBUINTE À COMPENSAÇÃO Prossegue argumentando ter direito à compensação em face da exclusão do ICMS das bases de cálculo do PIS e da COFINS e que, por este motivo, “caberia à Autoridade recorrida verificar o crédito do Recorrente, para aferir pela sua procedência ou não, sendo certo que se assim o fizesse a autoridade administrativa singular, certamente homologaria a compensação em Fl. 48DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 5 4 apreço, sendo que de tudo quanto exposto, somente se pode inferir que o V. Acórdão em questão deve mesmo ser reformado, o que se requer adiante”. DO PEDIDO E conclui requerendo “o regular processamento, ulterior apreciação, concessão de efeito suspensivo e PROVIMENTO TOTAL ao presente RECURSO VOLUNTÁRIO, para o fim de reformar o V. Acórdão exarado pela instância a quo, para que, preliminarmente, seja reformado o V. Acórdão recorrido para que seja anulado o vertente processo administrativo, nos moldes da fundamentação supra, tendo em vista a ofensa ao princípio do contraditório e do devido processo legal, e para que, no seu mérito, seja reformado o V. Acórdão recorrido para que sejam homologadas as almejadas compensações e finalmente reconhecido o crédito da Recorrente”. É o relatório do essencial, em apertada síntese. Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.018, de 11/04/2018, proferido no julgamento do Processo nº 13888.901078/2014 61, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.018): "O Recurso Voluntário é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que o recebo e dele conheço. Afasto, de plano, a preliminar de nulidade do acórdão a quo, tendo em vista não presentes quaisquer fatos que pudessem levar a esta decisão. De fato, o que se observa é a irresignação da recorrente em razão da decisão de 1º Piso lhe ter sido desfavorável e não porque tenha o aresto qualquer ponto ou item que afronte a legislação ou atos processuais e possa levar à sua anulação. Digase, o acórdão foi prolatado em estrita obediência às normas legais e regimentais, foram apreciadas todas as provas e Fl. 49DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 6 5 documentos acostados aos autos e analisada a manifestação da contribuinte. Se o decidido lhe foi desfavorável não significa nulidade. Só entendimento da Turma Julgadora. Preliminar rejeitada. Passo ao mérito. Sabidamente, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC/1973, art. 333, I; atual CPC, artigo 373, I). No caso de pedidos de ressarcimento ou restituição, o interessado deve trazer provas de que possui direito líquido e certo contra a Fazenda Pública e assim deve ser repetido tributariamente para recompor o patrimônio subtraído por pagamento de um tributo de forma indevida. Não o fazendo, suas alegações ficam meramente neste terreno e seu direito se perde. Em outro dizer, a existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). Pelo princípio da Indisponibilidade do Interesse Público e pela vinculação da função pública, é inadmissível que a RFB aceite a extinção do tributo por compensação com crédito que não seja comprovadamente certo nem possa ser quantificado. Concretamente, se o DARF indicado como crédito foi utilizado para pagamento de um tributo declarado pelo próprio contribuinte, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta. No caso, o DARF foi utilizado para pagamento do tributo confessado na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), informação da lavra da própria contribuinte. É certo que este quadro pode ser alterado. Mas isso exige prova concreta por parte da contribuinte, afinal é ela a autora e para modificar o ato administrativo cabelhe demonstrar onde está o erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Não o fazendo – como não o fez , o indeferimento permanece. Acresçase que, concretamente, a contribuinte não acostou um documento sequer, nem escrituração contábil ou fiscal que possa mostrar o direito que alega ter. Sua linha de argumento limitase em afirmar que a Suprema Corte (em decisão ainda sem efeito erga omnes) teria decidido pela exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições sociais (PIS e COFINS), sem sequer quantificar o reflexo disso em seus demonstrativos contábeis. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 7 6 Ou seja, meras alegações sem que tenham vindo aos autos quaisquer provas, cálculos ou decisão que lhe aproveitasse. Sabidamente, a base de cálculo das Contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS é o faturamento. E que só pode ser mudado por via legislativa ou decisão judicial, esta que aproveite individualmente a recorrente ou que seja prolatada com efeito erga omnes. Não há, no caso, nem um nem outro. Desse modo, especificamente quanto ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, somente podem ser excluídos da receita (base de cálculo do PIS e da COFINS) o ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário, no regime cumulativo, e a receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação em ambos os regimes. Admitir qualquer outra exclusão equivaleria a afastar a aplicação da lei, o que é vedado na esfera administrativa. Portanto, essa discussão é estéril em sede de julgamento administrativo. Finalmente, como bem observado pela decisão de 1º Piso, a recorrente transmitiu inúmeras declarações de compensação informando como crédito passível de compensação um único DARF e nos pedidos de compensação formalizados pela recorrente, os débitos que intenta compensar ultrapassam – e muito o valor desse suposto crédito. Por fim, não se olvide, só se permite compensação com a utilização de créditos dotados de liquidez e certeza (art. 170, do CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) E valores incomprovados não possuem estes requisitos. A jurisprudência administrativa é pacífica em torno do tema: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. ÔNUS DA PROVA. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o Fl. 51DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 8 7 pagamento indevido ou maior que o devido. (Acórdão nº 10323579, sessão de 18/09/2008) Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, mantendo a decisão recorrida.' Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, rejeito a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, nego provimento ao recurso voluntário mantendo a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 52DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.002902/2005-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2002
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. PRETERIÇÃO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE.
O fato de não ter sido fornecido ao contribuinte documento ao qual o Despacho Decisório faz referência pode ter prejudicado a compreensão da decisão contra a qual lhe competia se manifestar, importando portanto em cerceamento de direito de defesa.
NULIDADE. SUPERAÇÃO. MÉRITO FAVORÁVEL.
Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta (art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/1972).
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. NECESSIDADE DE LANÇAMENTO.
Para que o tributo possa ser considerado como devido não basta a mera revisão, pela autoridade fiscal, da declaração de ajuste anual, devendo necessariamente haver a constituição do crédito tributário como condição para a sua cobrança nos termos do artigo 142 do CTN.
DECLARAÇÃO MANUAL. ALTERAÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA MODELO ELETRÔNICO. RETIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE FACE À PECULIARIDADE DO CASO.
Embora a retificação da DCOMP para a inclusão de débitos novos (valores adicionais) esteja vedada, isso não impede a retificação de código de recolhimento declarado na DCOMP, mantendo-se os mesmos valores, no contexto dos autos em questão, em que houve primeiramente declaração manual, seguida de orientações para a transmissão eletrônica tendo em vista a alteração de procedimentos operada pela própria Receita Federal.
Numero da decisão: 1401-002.404
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, superar a nulidade apontada para, no mérito, dar integral provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LIVIA DE CARLI GERMANO
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. PRETERIÇÃO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. O fato de não ter sido fornecido ao contribuinte documento ao qual o Despacho Decisório faz referência pode ter prejudicado a compreensão da decisão contra a qual lhe competia se manifestar, importando portanto em cerceamento de direito de defesa. NULIDADE. SUPERAÇÃO. MÉRITO FAVORÁVEL. Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta (art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/1972). Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. NECESSIDADE DE LANÇAMENTO. Para que o tributo possa ser considerado como devido não basta a mera revisão, pela autoridade fiscal, da declaração de ajuste anual, devendo necessariamente haver a constituição do crédito tributário como condição para a sua cobrança nos termos do artigo 142 do CTN. DECLARAÇÃO MANUAL. ALTERAÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA MODELO ELETRÔNICO. RETIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE FACE À PECULIARIDADE DO CASO. Embora a retificação da DCOMP para a inclusão de débitos novos (valores adicionais) esteja vedada, isso não impede a retificação de código de recolhimento declarado na DCOMP, mantendo-se os mesmos valores, no contexto dos autos em questão, em que houve primeiramente declaração manual, seguida de orientações para a transmissão eletrônica tendo em vista a alteração de procedimentos operada pela própria Receita Federal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, superar a nulidade apontada para, no mérito, dar integral provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
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SALDO NEGATIVO. Recorrente VIA ENGENHARIA S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. PRETERIÇÃO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. O fato de não ter sido fornecido ao contribuinte documento ao qual o Despacho Decisório faz referência pode ter prejudicado a compreensão da decisão contra a qual lhe competia se manifestar, importando portanto em cerceamento de direito de defesa. NULIDADE. SUPERAÇÃO. MÉRITO FAVORÁVEL. Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta (art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/1972). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. NECESSIDADE DE LANÇAMENTO. Para que o tributo possa ser considerado como devido não basta a mera revisão, pela autoridade fiscal, da declaração de ajuste anual, devendo necessariamente haver a constituição do crédito tributário como condição para a sua cobrança nos termos do artigo 142 do CTN. DECLARAÇÃO MANUAL. ALTERAÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA MODELO ELETRÔNICO. RETIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE FACE À PECULIARIDADE DO CASO. Embora a retificação da DCOMP para a inclusão de débitos novos (valores adicionais) esteja vedada, isso não impede a retificação de código de recolhimento declarado na DCOMP, mantendose os mesmos valores, no AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 00 29 02 /2 00 5- 64 Fl. 956DF CARF MF 2 contexto dos autos em questão, em que houve primeiramente declaração manual, seguida de orientações para a transmissão eletrônica tendo em vista a alteração de procedimentos operada pela própria Receita Federal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, superar a nulidade apontada para, no mérito, dar integral provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Tratase de tratamento manual de diversos PER/DCOMP relacionados na planilha às fls. 628/633, originais e retificadores, onde o contribuinte efetuou compensações de débitos no valor total de R$ 4.983.117,26 com crédito de saldo negativo de IRPJ referente ao anocalendário 2002. Ao apreciar os PER/DCOMP, a autoridade fiscal entendeu no Despacho Decisório de fls. 635/639 que (i) o crédito informado pelo contribuinte como decorrente de saldo negativo de IRPJ de 2002 deveria ser assim tratado, apesar de o contribuinte ter informado em sua resposta à intimação fiscal que o referido crédito se referia, na realidade, à somatória dos saldos negativos de IRPJ (R$ 3.348.631,63) e de CSLL (R$ 1.705.092,36) apurados na DIPJ/2003; e (ii) em procedimento de Auditoria da aplicação de parcela do IRPJ no Finam concluiuse que houve excesso de aplicação dos incentivos fiscais em detrimento do IRPJ e, como conseqüência, foi apurado no ajuste imposto a recolher no valor de R$ 343.626,37. Intimada em 6 de março de 2008 (fl. 641), apresentou manifestação de inconformidade em 2 de abril (fls. 646655). Em 18 de junho de 2008 solicitou cópia do inteiro teor dos autos. Em 5 de novembro de 2008 apresentou "razões aditivas" de fls. 666679 alegando, em síntese: (i) nulidade do despacho decisório por vício na delegação de Fl. 957DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 957 3 competência e/ou sonegação de informação essencial à sua boa defesa e (ii) fato superveniente que justifica a complementação da defesa, qual seja: em 14 de maio de 2008 teve ciência do Despacho proferido no Processo 10166.005511/200330, no âmbito do qual foi realizada diligência acerca da DIPJ 2003 ano calendário 2002, a qual resultou, quanto ao IRPJ, apenas na redução do prejuízo fiscal em R$ 205.145,26, e, quanto à CSLL, em nenhuma restrição. Além disso, em tal diligência a autoridade fiscal diz, expressamente: "confirmase o saldo negativo apresentado na linha 42 da Ficha 17 da DIPJ/2003", em que se apresenta o valor de R$ 1.720.733,68. Em 29 de maio de 2009 a DRJ julgou a manifestação parcialmente procedente, em acórdão assim ementado (fl. 682695): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 RAZÕES DE DEFESA ADICIONAIS. PRECLUSÃO. O direito do contribuinte a apresentar razões de defesa preclui transcorrido o prazo de trinta dias contado da ciência da decisão que não homologou a compensação. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE IRPJ E DE CSLL. UMA DECLARAÇÃO PARA CADA CRÉDITO. Se o contribuinte pretende compensar débitos com créditos representados por saldo negativo de IRPJ e de CSLL, deve apresentar um PER/DCOMP para cada tipo de crédito. Não é permitida a inclusão em um PER/DCOMP da somatória dos referidos créditos. IMPOSTO ESTIMADO. PARCELA DESTINADA AO FINAM. VEDAÇÃO À RESTITUIÇÃO. O montante destinado ao Finam não pode integrar o montante deduzido no ajuste a título de imposto estimado pago e, por conseguinte, compor a formação do saldo negativo, vez que sua restituição é vedada, conforme art. 7° da IN SRF n° 210/2002. AUSÊNCIA DE PERC. PERDA DE PRAZO. IMPOSSIBILIDADE DE DISCUSSÃO ADMINISTRATIVA. Transcorrido o prazo para a apresentação de Perc destinado a revisar o resultado da auditoria que concluiu pela existência de excesso de destinação ao Finam e, por conseguinte, pela ausência de recolhimento de imposto estimado, preclui o direito do contribuinte de contestar administrativamente o não reconhecimento do incentivo pleiteado. SALDO NEGATIVO APÓS EXCLUSÃO DA PARCELA DESTINADA AO FINOR. DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DA COMPENSAÇÃO. Verificada a existência de saldo negativo mesmo após a exclusão do imposto estimado destinado ao Finam, é devido reconhecer o direito creditório neste montante e homologar as compensações efetuadas até o limite deste direito, devidamente atualizado. Solicitação Deferida em Parte Fl. 958DF CARF MF 4 Em resumo, a DRJ (i) manteve o indeferimento da CSLL, por entender que o PER/DCOMP deve indicar no crédito um único tributo ou contribuição, não sendo aceita assim a indicação de um crédito de saldo negativo de IRPJ quando este na verdade se refere ao somatório de saldos negativos de IRPJ e CSLL; e (ii) deferiu parte do IRPJ pleiteado, no montante de R$ 3.024.556,91, por considerar os resultados da auditoria da DIPJ 2003, a qual concluiu que houve excesso de aplicação dos incentivos fiscais em detrimento do IRPJ no ano calendário de 2002 tendo apurado, no ajuste, imposto a recolher no valor de R$ 343.626,37. Intimada em 11 de agosto de 2009 (fl. 698), a contribuinte interpôs recurso voluntário em 25 de agosto de 2009 (fls. 699714), sustentando, em síntese: (i) reitera os argumentos acerca da nulidade do despacho decisório por vício na delegação de competência e/ou sonegação de informação essencial à sua boa defesa. (ii) observa que a autoridade administrativa não reconheceu o direito creditório sob o argumento de que a empresa teria se recusado a fazer as retificações das DCOMP, que ocupam 499 folhas deste processo. Todavia, sustenta que não houve recusa de retificação e explica que a empresa, supondo que os termos ("... e, se for o caso") do penúltimo parágrafo da Intimação 271/2007 estivessem abrindo a possibilidade de se apresentar ao Fisco alguma ponderação quanto à conveniência ou não de se refazer todo o trabalho, argumentou pela conveniência de não refazer as DCOMP, ponderando pela hipótese de se fazerem, internamente, no âmbito da Receita Federal, os ajustes contábeis que pudessem comportar as compensações feitas. Assim, a despeito de reconhecer o engano, defende que, para uma mudança tão brusca e completa de procedimentos, no âmbito de matéria tão complexa, as instruções baixadas pela Receita Federal poderiam ter sido mais objetivas por exemplo, a IN SRF 414/2004 poderia ter explicitado que "com o advento do programa gerador, tomouse necessário entregar um PER/DCOMP para cada crédito distinto", mas não o fez. Argumenta que o Princípio da Razoabilidade, previsto no art. 2° da Lei 9.784, de 1999, que deve imperar nos atos da Administração Pública, não condiz com um procedimento tão severo que, existente fórmula alternativa licita, seja adotado uma fórmula de procedimento que implique punição tão vultosa, qual seja a perda de um direito no valor de R$ 1.705.092,36 (vejase a alínea 'b' do item 32), por conta de um engano formal. (iii) no item "Falta de Apuração dos Débitos Remanescentes às Compensações Homologadas" reitera argumentos que, se procedentes, conduziriam à nulidade do despacho decisório já defendida em item anterior. (iv) sobre os recolhimentos efetuados com o código do FINAM: sustenta que a parcela de RS 343.626,37, deve integrar o montante do direito creditório a ser reconhecido porque, conforme sustentou em suas Razões Aditivas, até meados de 2001 o simples recolhimento de parte do IRPJ em DARF específico (com código do FINAM) já correspondia a uma "opção" pelo incentivo fiscal (art 40 da Lei 9.532/97), no entanto ao final de 2001, com exceção das aplicações nos chamados "projetos próprios" já aprovados em 2001 (art. 90 da Lei 8.167/1991), as possibilidades das demais aplicações de incentivos fiscais em Fundos Regionais de Investimento foram todas revogadas, conforme incisos XVI e XVIII do art. 32 da Medida Provisória 2.1565/2001 e inciso IV do art. 32 da MP 2.1575/2001. Assim, os recursos recolhidos no ano de 2002 com códigos dos Fundos de Investimentos Regionais pelas empresas que não dispunham de "projetos próprios", como é o seu caso, não poderiam mais ser destinados ao FINAM e destinaramse, então, ao orçamento da união, o que justifica que os valores recolhidos, por engano, com o código do FINAM tenham sido computados no "saldo negativo do IRPJ" na DIPJ/2003. Neste sentido, argumenta que se aplica ao caso o disposto no terceiro parágrafo do item 3 do Anexo à Norma de Execução 7/2007 (fl. 608), cujo teor é o seguinte: Fl. 959DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 958 5 "Para as empresas não enquadradas no art. 9° da Lei 8.167/91, a MP 2.145, de 2 de maio de 2001, extinguiu o direito de aplicação do imposto de renda em incentivos regionais. Por essa razão, os DARF específicos recolhidos por essas empresas após 02/05/01 foram desconsiderados como opção por incentivos fiscais e, nesta auditoria, não serão computados como valores destinados aos Fundos." Em 26 de maio de 2011, esta Turma baixou o julgamento em diligência para, em síntese, transmutar a situação do crédito no valor de R$ 1.705.092,36, inicialmente na natureza de IRPJ para CSLL constante de outro processo (10166.005511/200330) e prosseguir na validação do saldo negativo desse crédito apurando a sua liquidez e certeza Resolução 1401000.072 (fls. 751758). A Recorrente foi cientificada do Relatório Final de Diligência, acatando na essência a transmutação solicitada e o valor do crédito, mas discordando em vários pontos do processo de compensação dos débitos apontados, seja no aspecto de valoração das compensações seja em retificações não consideradas pela fiscalização, haja vista as diversas DCOMPs retificadoras desconsideradas. Então, em 5 de março de 2013, esta Turma novamente baixou o processo em diligência, nos termos da Resolução 1401000.205: Eis, em resumo, abaixo, os termos da manifestação de inconformidade da Recorrente contra o resultado de diligência: A PRIMEIRA DIVERGÊNCIA: (...) 30. Vêse, pois, que a autoridade fiscal, ao expedir os Demonstrativos Analíticos de Compensação (DAC) de fls. 729/794, corrigiu acuradamente todos os equívocos apontados acima, que já tinham sido expostos nos itens 25/28 das Razões Aditivas de fls. 654/670. 31. Todavia, a autoridade fiscal fez surgir novas pequenas discrepâncias. As 195 compensações processadas por meio dos DAC de fls. 729/794 passaram a constituir, dentro do processo, mais uma relação de débitos, cuja soma alcança o valor de R$ 4.992.132,30, valor esse que volta a divergir da soma dos débitos compensados nas DCOMP. 32. Há uma diferença de R$ 507,89. 33. Constatouse que essa diferença foi provocada por dois fatores, expostos a seguir. 34. Em primeiro lugar, houve engano da autoridade fiscal em proceder à "compensação 044 de 195", no DAC de fl. 743, do débito de R$ 534,89, referente ao código 5987, como se explica a seguir. 34.1. Verificase, pela DCOMP 31078.85291.180204.1.3.025149 (f. 115/117), que nela foi declarado um "débito global" no valor de R$ 2.487,24, referente a "retenção de contribuições sobre pagamentos de Fl. 960DF CARF MF 6 pessoa jurídica a pessoa jurídica de direito privado CSLL, COFINS e PIS/PASEP", sob o código "59520". 34.2. Houve um engano de codificação, porque esse "débito", segundo observação explícita na própria DCOMP, engloba três tipos de contribuições distintas, as quais deveriam ter sido declaradas sob os códigos específicos de 5987 (CSLL), 5960 (COFINS) e 5979 (PIS), nos valores de R$ 534,89, R$ 1.604,67 e R$ 347,68. 34.3. A empresa tentou corrigir o engano, apresentando em 27.04.2004 a DCOMP retificadora 14609.23624.270404.1.7.021508 (f. 118/121) e, em 07.05.2004, a DCOMP retificadora 28073.36800.070504.1.7.024950 (f. 122/125), nas quais o "débito global" de R$ 2.487,24 foi devidamente apropriado aos códigos competentes, como se vê às fls. 120/121 e 124/125. 34.4. Todavia, a DIORT, ao examinar as três DCOMP, decidiu acolher a DCOMP original, fazendo o registro no PROFISC dos débitos consignados na fl. 117 (código 1708: R$ 802,34; código 3208: R$ 1.163,97; código 5952: R$ 2.487,24), como se vê pelos carimbos "PROFISC" apostos apenas na referida fl. 117. Foram, também, esses os débitos consignados, seja nos Relatórios do Profísc: o débito de R$ 802,34 à fl. 551, o débito de R$ 1.163,97 à fl. 560 e o débito de R$ 2.487,24 à fl. 562; seja nos Demonstrativos que integram a Carta de Cobrança: os três débitos à fl. 634. 34.5. Constatase, por essas razões, que a "compensação 044 de 195", feita no DAC de fl. 743, foi indevida. Cumpre ser cancelada, com o restabelecimento do crédito nela utilizado.: A SEGUNDA DIVERGÊNCIA: 35. Em segundo lugar, houve também engano da autoridade fiscal, quando, na "compensação 076 de 195", ao tratar os débitos da DCOMP 06741.70659.160304.1.3.023370 (fls. 248/251), atribuiu ao débito de código 3208 o valor de R$ 369,99, em vez do valor correto de R$ 396,99, como na DCOMP à fl. 250. 35.1. Haverá também que se corrigir esse segundo engano, utilizando se crédito adicional de R$ 27,00, na "compensação 076 de 195", que se refere ao débito de código 3208, no valor de R$ 396,99, declarado na DCOMP 06741.70659.160304.1.3.023370. 36. Finalmente, constatouse uma última discrepância que, embora não resulte em modificação do montante dos débitos compensados, precisa ser corrigida, para se resguardar a empresa de possíveis aborrecimentos futuros com cobrança indevida. 36.1. Tratase da indicação equivocada de código do tributo na "compensação 067 de 195". 36.2. Em relação à DCOMP 13766.84441.100504.1.7.020732 (fls. 236/238), retificadora da DCOMP 38211.75630.150304.1.3.023519 (fl. 230/232), cujos débitos foram tratados nos itens 067 e 068 do DAC de fl. 751, observase que a autoridade fiscal compensou o débito de R$ 9.630,92 como se fosse débito do código 6912, como consta na DCOMP original. Ocorre que, no presente caso, houve o acolhimento da DCOMP retificadora, de tal sorte que o débito de R$ 9.630,92 referese ao código 8109, como consta à fl. 238. Fl. 961DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 959 7 36.3. Haverá que se corrigir, portanto, a "compensação 067" do DAC de fl. 751. Pois, o código do débito de R$ 9.630,92 é "8109", conforme consta no Registro do Profísc (à fl. 571), bem como no Demonstrativo da Carta de Cobrança (à fl. 634). Por fim, a TERCEIRA DIVERGÊNCIA relativa a data da valoração das compensações: 39.Nesse contexto, dãose por atendidas as questões levantadas nos itens 77/78 e 86, 'd', do Recurso Voluntário: os DAC de fls. 729/794 atendem à exigência do item V do art. 55 da IN 900/2008, que tem lastro no art. 74, § 7o, da Lei 9.430/96. 40.Ora, se o trabalho fiscal foi, assim, bem realizado, como se explicaria a existência da insuficiência de crédito, no valor de R$ 135.979,72? 41.Essa falta de crédito explicase, basicamente, pela forma como a autoridade fiscal tratou os débitos da DCOMP 16039.84029.170305.1.3.020804 (f. 12/15). 41.1.Essa DCOMP foi transmitida com o objetivo de substituir a compensação que se fizera, em 13.08.2003, por meio de Declaração Manual formalizada no Processo 10166.009005/200310, conforme esclarecimentos prestados nos itens 03/05 e 08 do Recurso Voluntário (à fl. 689). 41.2.Encontramse, às fls. 143/148 do Processo 10166.005511/200330 ("disponível para consulta no eprocesso fl. 802", conforme item 5 do Relatório da Diligência), os elementos essenciais que constituem a compensação feita mediante formulário de preenchimento manual, protocolada em 13.08.2003. Por meio desses elementos é possível constatar que os débitos declarados na compensação manual são exatamente os mesmos que constam da DCOMP eletrônica de fls. 12/15, os quais foram tratados nas compensações de n° 190 a 195 dos DAC de fls. 792/792. 41.3.Por essas compensações (190 a 195 dos DAC), observase que a autoridade fiscal fez incidir sobre os débitos compensados na DCOMP de fls. 12/15 os encargos de multa e juros, considerando como data de liquidação dos débitos a data de "17.03.2005", data em que foi transmitida a DCOMP, e não a data de 13.08.2003, quando foi protocolada a compensação manual, conforme protocolo de abertura do Processo 10166.009005/200310, constante da fl. 143 do Processo 10166.005511/200330. 41.4.Com isso, houve incidência de multas e juros de mora, que não constam da DCOMP 16039.84029.170305.1.3.020804 (f. 12/15), provocando um consumo maior de crédito, conforme se vê pela comparação dos dois quadros apresentados a seguir: 41.5. A recorrente pleiteia que os encargos sejam calculados tendo como termo final da liquidação a data de 13.08.2003, situação que resultará em redução das multas e juros de mora, especialmente em relação às compensações 192 e 195. Fl. 962DF CARF MF 8 (...) Ainda no mesmo contexto dessa TERCEIRA DIVERGÊNCIA, questiona a forma de cálculo de três outras Dcomp: 42. Ademais, houve, ainda discrepâncias na forma de cálculo de encargos legais em relação a três DCOMP, como se explana a seguir. (...) 42.1. Em relação à DCOMP 41949.37154.070504.1.7.021834 (f. 24/27), retificadora Oda DCOMP 33178.71157.311003.1.3.020467 (f. 16/19), cujos débitos foram tratados nas compensações 001, 004, 005 e 006, realizadas nos DAC de fls. 729/730, embora esses débitos tenham sido compensados em data posterior às datas dos respectivos vencimentos, deixaram de ser computados os juros e as multas. 42.1.1.Mas, a autoridade fiscal não deixou de computar esses encargos, tomando, como base para aferir a pontualidade da liquidação, a data da DCOMP original, ou seja, 31.10.2003. 42.1.2.Assim sendo, a autoridade fiscal consumiu parcela do crédito disponível maior do que a parcela consumida pela empresa, como se vê pela comparação dos dois quadros a seguir: Como foi colocado na primeira Resolução, devese levar em consideração que os referidos pedidos foram feitos parte na sistemática de compensação manual e parte através da nova Sistemática (PER/Dcomp) o que é razoável se levar em conta a ocorrência de acontecer certos equívocos. Diante desse contexto, converto o feito novamente em diligência: Para que a fiscalização corrija as duas primeiras divergências, considerando a existência das Dcomps retificadoras, bem assim justifique o motivo pelo qual a forma de valoração adotada por ela discrepa da forma pretendida pela Recorrente e pontuada na Terceira divergência. Havendo equívoco, fazer as devidas correções. Intimar, se for o caso, o contribuinte a apresentar novas informações, esclarecimentos e retificações que entender pertinentes à solução da lide; Prosseguir na validação do saldo negativo desse crédito apurando a sua liquidez e certeza, após retificado os equívocos; Após as verificações acima, certificar se ainda resta algum débito remanescente a ser coberto, refazendo todas as imputações utilizando o Sistema pertinente da Receita Federal do Brasil; A autoridade fiscal deverá elaborar relatório conclusivo das verificações efetuadas nos itens anteriores sobre os pontos 34.5, 35.1, 36.3 e 41.5 da manifestação de inconformidade da Recorrente contra o resultado de diligência. Ao final entregar cópia do relatório à interessada e conceder prazo de 30 (trinta) dias para que ela se pronuncie sobre as suas conclusões, após o que, o processo deverá retornar a este CARF para prosseguimento do julgamento. Fl. 963DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 960 9 O resultado da diligência consta da Informação Fiscal 0746/2016/DIORT/DRF/BSB de fls. 886949, a qual observou, em síntese: quanto à primeira divergência, tratase da PER/DCOMP 31078.85291.180204.1.3.02 5149, que foi retificada pela PER/DCOMP 28073.36800.070504.1.7.024950, sendo que, em consulta ao sistema SIEF/PERDCOMP verificase que a retificação foi admitida pelo sistema. em relação à segunda divergência, nesta são apontados dois pontos: (i) de fato houve engano da autoridade fiscal quando, na "compensação 076 de 195", ao tratar os débitos da DCOMP 06741.70659.160304.1.3.023370 atribuindo ao débito de código 3208 o valor de R$ 369,99, uma vez do valor correto seria de R$ 396,99. Assim, a correção do valor para R$ 396,99 foi devidamente realizada conforme se verifica na “compensação 077 de 196”. (ii) adicionalmente, a contribuinte aponta divergência na “compensação 067 de 195”, alegando que houve a retificação da PER/DCOMP 38211.75630.150304.1.3.023519 pela PER/DCOMP13766.84441.100504.1.7.020732, de modo que o débito de código 6912, no valor de R$ 9.630,92, teria sofrido retificação de código para o 8109. Contudo, a retificação pretendida não fora acatada pelo sistema SIEF/PER DCOMP, haja vista que com a alteração do código do débito, em verdade, o que se buscou fazer foi compensar um débito diferente do contido na Dcomp original, fato este não permitido pela legislação de regência. (eprocesso 10166.002902/200564 – fl.629). Destarte, não admitida a retificação, permaneceu como vigente o débito contido na Dcomp original. “Compensação 068 de 196”, antiga “compensação 067 de 195”. sobre a terceira divergência, apenas reproduz as palavras do contribuinte para a apreciação deste CARF, visto ser de sua alçada apreciar e decidir sobre tais argumentos. Adicionalmente, observa que o Contribuinte alegou discrepância de valor no cálculo em função da retificação da PER/DCOMP 33178.71157.311003.1.3.020467 pela PER/DCOMP 41949.37154.070504.1.7.021834. Contudo, a PER/DCOMP retificadora não fora admitida, em função de inclusão de novo débito. A PER/DCOMP retificadora que fora admitida foi a de nº 35196.90327.260404.1.7.020105. Em que pese a retificação, a data utilizada para compensação dos débitos fora a data da Dcomp original, 31/10/2003. Contudo, os débitos referentes às compensações de nº 001, 004, 005 e 006 de 196 possuem data de vencimento anterior a 31/10/2003, fato que faz com que haja a incidência de multa e juros. Por fim, a Informação Fiscal justifica a dúvida suscitada na Resolução quanto aos motivos pelos quais a forma de valoração adotada pela fiscalização discrepa da forma pretendida pela Recorrente, observando que, como os débitos foram valorados até a data de transmissão da PER/DCOMP, houve a incidência de multa e juros decorrentes do atraso no pagamento. Contudo, este fato não fora calculado pelo contribuinte, que ainda recorre quanto a este ponto. Anexa então novo Demonstrativo Analítico de Compensação – DAC com as alterações detalhadas na Informação Fiscal. A contribuinte foi intimada do resultado desta segunda diligência em 25 de junho de 2016 (fl. 951952), não tendo apresentado manifestação. Fl. 964DF CARF MF 10 É o relatório. Voto Conselheira Livia De Carli Germano Relatora O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Conforme relatado, na fase atual o presente julgamento já foi por duas vezes convertido em diligência, tendo tanto o contribuinte quanto o Fisco acatado parte dos resultados apurados e refutado alguns deles. Assim, além dos argumentos constantes do recurso voluntário, estão em julgamento também o quanto determinado pelas diligências efetuadas. Passo a tratálos nesta ordem. Preliminarmente, sustenta a Recorrente a nulidade do despacho decisório sob dois argumentos. Em primeiro lugar, defende que há vícios na delegação de competência, eis que o Despacho Decisório foi proferido pelo Chefe da DIORT, quando a competência para proferir essa decisão seria do Delegado da Receita Federal, de acordo com o art. 47 da Instrução Normativa n° 600/2005, salvo na hipótese de delegação, pelo Superintendente da Receita Federal, segundo o §6° do mesmo art. 47. Nessa toada, aponta que a Portaria DRF/BSB n° 62, de 26/03/2003, foi expedida pela "Delegada da Receita Federal em Brasília/DF", e não pelo "Superintendente da Receita Federal", como determina o § 6o do art. 47 da IN SRF 600/2005. Ademais, observa que no Despacho Decisório a autoridade fiscal não menciona que estaria assinando o documento com base em delegação de competência, de maneira que o ato administrativo não traz a necessária "motivação". A Informação Fiscal de fls 846847 (resultado da diligência realizada em resposta à Resolução 1401000.072) refutou tal argumento de maneira clara, conforme passo a reproduzir: Fl. 965DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 961 11 Desse modo, adotando os fundamentos supra referidos, não há que se considerar nulo o despacho decisório por vício na delegação de competência. A Recorrente também ataca o despacho decisório sob o argumento de que teria havido cerceamento do direito de defesa pela sonegação de informações. Isso porque o resultado da soma dos débitos listados na Carta de Cobrança (R$ 4.431.820,53. fls. 626/632) é diferente do da soma dos débitos listados no "Anexo 01" citado na alínea IV do último parágrafo do Despacho Decisório (RS 4.983.117,26 fl. 624). Buscando investigar tal diferença, e considerando que não lhe foi remetida cópia do "Anexo 01" ou da "Tabela em anexo", mas somente cópia da "Carta de Cobrança", a Recorrente observa que providenciou cópia dos autos, após o que constatou que a Carta de Fl. 966DF CARF MF 12 Cobrança não reproduz todas as informações constantes da 'Tabela em anexo", as quais seriam indispensáveis à sua boa defesa. Dessa forma, aponta que, ao preparar sua manifestação de inconformidade, a Recorrente não tinha ciência de que algumas DCOMP retificadoras tinham sido recusadas e, por decorrência, não tinha ciência dos motivos da recusa, que lhe cabia contestar. Observo que o contexto narrado nos autos aponte que provavelmente a dúvida apontada pela Recorrente tenha surgido não à época da elaboração de sua defesa, mas com a investigação mais acurada procedida pela Recorrente muito tempo após apresentar a manifestação de inconformidade. De fato, se, ao elaborar a manifestação de inconformidade, a Recorrente realmente tivesse tido tamanha dúvida quanto aos valores não homologados, era de se esperar que ela tivesse requerido cópia dos autos dentro dos 30 dias que teve para o preparo de tal peça ou, pelo menos, logo em seguida ao seu protocolo. Todavia, conforme relatado, a Recorrente apenas veio a solicitar as cópias mais de 2 meses após a apresentação da manifestação de inconformidade, tendo apresentado as razões aditivas quase 5 meses após a obtenção das cópias. De qualquer forma, fato é que a discrepância de valores e o fato de não lhe ter sido fornecido documento referido no Despacho Decisório pode sim ter prejudicado a compreensão da decisão contra a qual competia à contribuinte se manifestar. O artigo 59, inciso II, do Decreto 70.235/1979 é claro em afirmar que são nulos os despachos e decisões proferidos com preterição do direito de defesa. Não obstante, o § 3º deste mesmo artigo 59 prevê que quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. Diante disso, e considerando a apresentação das Razões Aditivas, supero tal nulidade para, no mérito, reconhecer que assiste razão à Recorrente. No mérito, a Recorrente primeiramente sustenta que não houve recusa de retificação das DCOMPs e explica que a empresa, supondo que os termos ("... e, se for o caso") do penúltimo parágrafo da Intimação 271/2007 estivessem abrindo a possibilidade de se apresentar ao Fisco alguma ponderação quanto à conveniência ou não de se refazer todo o trabalho, argumentou pela conveniência de não refazer as DCOMP, em um total de 499 folhas, ponderando pela hipótese de se fazerem, internamente, no âmbito da Receita Federal, os ajustes contábeis que pudessem comportar as compensações feitas. Este CARF, por meio das Resoluções já emitidas no presente processo, acatou a justificativa acima quanto ao erro no preenchimento da DIPJ quando determinou, primeiramente a transmutação da situação do crédito no valor de R$ 1.705.092,36 inicialmente na natureza de IRPJ para CSLL e, posteriormente, a investigação das divergências em tal imputação de créditos. Assim ponderou a Resolução 1401000.079: "A recorrente se por um lado cometera erros formais que poderiam comprometer a operacionalidade do sistema, por outro deixou inequívoco que sua intenção era mesma aproveitar também o saldo negativo da CSLL do anocalendário de 2002. Em nome do princípio da verdade material e da fungibilidade, devese permitir a retificação da Dcomp quando é patente o erro material no seu preenchimento, o que ficou configurado no caso concreto, sendo isso inconteste. Por outro lado, devese levar em consideração que os referidos pedidos foram feitos parte na sistemática de compensação manual e parte através da nova Fl. 967DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 962 13 Sistemática (PER/Dcomp) o que é razoável se levar em conta a razoabilidade de acontecer certos equívocos. Outrossim, retrata a Recorrente em seu Recurso a existência de um outro processo de compensação (manual 10166.005511/200330) que se refere também à apuração de saldo da CSLL e IRPJ de 2002, o que torna mais incoerente ainda não se reconhecer o pedido conjunto de IRPJ e CSLL nestes autos: 17. Enquanto aguardava a decisão sobre a Manifestação de Inconformidade interposta em 02.04.2008, a empresa veio a ser notificada, em 14.05.2008, do Despacho Decisório proferido no Processo 10166.005511/200330, que culmina no efetivo reconhecimento do direito creditório referente ao "saldo negativo da CSLL", como se depreende do item 16. combinado com os itens 8 a 15, todos do Despacho Decisório proferido às fls. 175/180 do referido Processo 10166.005511/200330, conforme se vê pela cópia que se junta ao presente Recurso Voluntário, como Documento n° 01. 18. Pelo teor do Despacho proferido no Processo 10166.005511/200330, a empresa tomou conhecimento de que, nele, foram realizados exames fiscais sobre matéria comum aos dois processos, sem que os resultados apurados tenham sido referidos no processo em referência (de n° 10166.002902/200564). Assim, pelo fato de que tais exames fiscais levaram ao reconhecimento da correção e da procedência do saldo negativo da CSLL, no âmbito do Processo 10166.005511/200330, a empresa requereu cópia deste processo para examinar o assunto." De fato, é questão de razoabilidade ponderar que, se por um lado o contribuinte operou em equívoco, este era justificado considerando o contexto da apresentação das declarações de compensação ora em análise conforme explicou a Recorrente na peça de fls. 600608: 1 Na DIPJ 2003/2002 apurouse saldo negativo,, passível de compensação, no valor global de R$ 5.053.723,99. Naquela ocasião, o pedido de compensação era manual, conforme mostram documentos anexos. Bastava a discriminação dos créditos, sem a necessidade de segregar os códigos e respectivos valores. Assim, o pedido de compensação referente ao. saldo negativo de R$ 5.053.723,99 foi recebido pela SRF em 13/08/03 através do processo 10166.009005/200310. 1.1 Neste processo houve encaminhamento de Declaração de compensação, na forma do § 10 do artigo 21 da IN SRF 210/2002. 1.2 Na Declaração de Compensação, entregue em 13/08/2003, a empresa listou os créditos de pagamentos de tributos, com os respectivos códigos especificados, no montante de R$ 5.053.723,99, créditos esses que resultaram em saldos negativos de IRPJ e de CSLL, apurados na DIPJ de 2003/2002. 1.3 Pela IN 210/2002, NÃO ERA NECESSÁRIO FAZER DECLARAÇÕES DISTINTAS PARA IRPJ e CSLL." Fl. 968DF CARF MF 14 Assim, conforme já apontaram as resoluções proferidas no âmbito do presente processo, é de se admitir a alteração da situação do crédito no valor de R$ 1.705.092,36 da natureza de IRPJ para CSLL. A questão das divergências em tal imputação de créditos será tratada em item próprio a seguir. Quanto aos recolhimentos efetuados com o código do FINAM, entendo que também assiste razão à Recorrente, devendo a parcela de R$ 343.626,37 integrar o montante do direito creditório a ser reconhecido. A recusa de tal valor ocorreu como resultado da Auditoria de Revisão de Declaração do IRPJ anocalendário de 2002, exercício de 2003 de fl. 611, de seguinte teor (grifos nossos): Trata a presente auditoria de Revisão de Declaração Imposto de Renda Pessoa Jurídica, anocalendário de 2002, exercício de 2003, objetivando apurar o valor do imposto de renda pessoa jurídica recolhido a menor em decorrência de excesso na destinação feita ao FOR, FINAM e/ou FUNRES, Conforme § 7° do art. 601, Decreto n° 3.000/1999 (RIR); e §§ IN 6° e 7° do art. 4°, Lei n° 9.53211997. O contribuinte em questão recolheu DARF com código específico para o FINAM, no anocalendário de 2002, conforme cópias em anexo (código 6692). A Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), com base no(s) DARF recolhido(s) com código(s) específico(s) para o FINAM, e/ou com base na opção efetuada na DIPJ 2002 Ficha 29, apurou o Incentivo Fiscal a que o contribuinte teria direito, de acordo com as cópias das telas do sistema IRPJCONS. A RFB emitiu Extrato com as informações a respeito das aplicações efetuadas pela pessoa jurídica, não tendo havido manifestação por parte do interessado no prazo legal, que para o anocalendário de 2002 foi até 30.06.2006 (ADE/CORAT/67/2005). Como o processamento apurou pendência fiscal, o incentivo pleiteado não foi reconhecido, com base no art. 60 da Lei 9.069/95. Elaborouse Demonstrativo de Apuração Excesso de Aplicação em Incentivos Fiscais "(FINAMFENORFUNRES) em Detrimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica — ano calendário 2002 (com base na DIPJ 2003 ND 1132428), que se encontra de acordo com o preconizado na NE Codac n° 07, de 05 de novembro de 2007, tendo sido apurado crédito tributário de imposto no valor de R$ 343.626,37 a ser .constituído pelo setor competente da RFB, conforme Solução de Consulta Interna n° 26, de 20 de setembro de 2004, da Coordenação Geral de Tributação. Conforme grifamos acima, por meio de tal procedimento a Receita Federal reconheceu que a Recorrente não fazia jus ao FINAM e apontou que o crédito tributário de R$343.626,37 deveria ser constituído. Tal circunstância impede a cobrança do crédito tributário em questão, por duas razões. Fl. 969DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 963 15 A uma porque, ao declarar que a empresa não fazia jus ao incentivo fiscal, a Receita Federal reconheceu que o valor recolhido sob o código 6692 (FINAM) o foi equivocadamente. De fato, conforme sustentou a Recorrente, os recursos recolhidos no ano de 2002 com códigos dos Fundos de Investimentos Regionais pelas empresas que não dispunham de "projetos próprios", como é o seu caso, não poderiam mais ser destinados ao FINAM e destinaramse, então, ao orçamento da união, o que justifica que os valores recolhidos, por engano, com o código do FINAM tenham sido computados no "saldo negativo do IRPJ" na DIPJ/2003. Aplicase, ao caso, o disposto no terceiro parágrafo do item 3 do Anexo à Norma de Execução 7/2007 (fl. 617), cujo teor é o seguinte: "Para as empresas não enquadradas no art. 9° da Lei 8.167/91, a MP 2.145, de 2 de maio de 2001, extinguiu o direito de aplicação do imposto de renda em incentivos regionais. Por essa razão, os DARF específicos recolhidos por essas empresas após 02/05/01 foram desconsiderados como opção por incentivos fiscais e, nesta auditoria, não serão computados como valores destinados aos Fundos." Além disso, não consta dos autos registro de qualquer lançamento do valor apurado como devido no procedimento de auditoria da DIPJ/2003. Ora, não basta a mera revisão da declaração de ajuste anual, deve necessariamente haver a constituição do crédito tributário como condição para a sua cobrança nos termos do artigo 142 do CTN. Assim, também dou provimento ao recurso nesse ponto, devendo a parcela de R$ 343.626,37 integrar o montante do direito creditório a ser reconhecido a título de IRPJ. Divergências apuradas nas diligências Quanto à primeira divergência e ao primeiro ponto da segunda divergência, a Informação Fiscal 0746/2016/DIORT/DRF/BSB de fls. 886949 acatou as observações efetuadas pelo contribuinte, determinando as devidas retificações no sistema. Nada a se alterar. Sobre o segundo ponto da segunda divergência, referente à “compensação 067 de 195”, a Informação Fiscal apontou que houve a retificação da PER/DCOMP 38211.75630.150304.1.3.023519 pela PER/DCOMP13766.84441.100504.1.7.020732, de modo que o débito de código 6912, no valor de R$ 9.630,92, teria sofrido retificação de código para o 8109. Contudo, observa que tal retificação não fora acatada pelo sistema porque, com a alteração do código do débito, em verdade o que se buscou fazer foi compensar um débito diferente do contido na Dcomp original, fato este não permitido pela legislação de regência. (e processo 10166.002902/200564 – fl.629). Assim, não admitida a retificação, permaneceu como vigente o débito contido na Dcomp original. “Compensação 068 de 196”, antiga “compensação 067 de 195”. Ocorre que, como sustentou a Recorrente (item 35 das Razões Aditivas), não houve a inclusão de débitos novos mas apenas retificação de códigos de débitos declarados anteriormente. Isso fica claro ao se verificar que a soma dos débitos declarados nas DCOMP retificadoras confere exatamente com a soma dos débitos declarados nas DCOMP originais que foram retificadas. Fl. 970DF CARF MF 16 É importante que se estabeleça a diferença: uma coisa é a inclusão de débitos novos (valores adicionais), outra muito diferente é a retificação de código de recolhimento declarado na DCOMP, mantendose os mesmos valores, no contexto dos autos em questão, em que houve primeiramente declaração manual, seguida de orientações para a transmissão eletrônica tendo em vista a alteração de procedimentos operada pela própria Receita Federal. Com isso querse dizer que a questão dos presentes autos é muito peculiar e comporta um tratamento específico, não aplicável a todo e qualquer caso de alteração de código de recolhimento. De fato, no caso, além de o erro de preenchimento estar claro, a forma como se pretendeu corrigilo equivocada, no entender da Receita Federal não estava clara e foi justificada pelas alterações procedimentais perpetradas pelo próprio órgão. Assim, neste ponto, também assiste razão à Recorrente. Com relação à terceira divergência, esta se refere ao valor no cálculo em função da retificação da PER/DCOMP 33178.71157.311003.1.3.020467 pela PER/DCOMP 41949.37154.070504.1.7.021834, a qual não fora admitida em função de suposta inclusão de novo débito. A Informação Fiscal observa que a PER/DCOMP retificadora que fora admitida foi a de nº 35196.90327.260404.1.7.020105 mas, em que pese a retificação, a data utilizada para compensação dos débitos foi a data da Dcomp original, 31/10/2003 e, como os débitos referentes às compensações de nº 001, 004, 005 e 006 de 196 possuem data de vencimento anterior a 31/10/2003 houve incidência de multa e juros. Pelos mesmos argumentos acima reconhecimento de erro claro quanto ao código de preenchimento e não de inclusão de novo débito devese admitir a retificação tal como procedida pela Recorrente. Diante do exposto, voto por superar a nulidade apontada para, no mérito dar integral provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a procedência das alegações da Recorrente também quanto às divergências apuradas na diligência. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Fl. 971DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10111.720769/2013-77
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/07/2008 a 30/06/2012
CONTROLE ADUANEIRO DE MERCADORIAS. INFORMAÇÃO DE NATUREZA ADMINISTRATIVO-TRIBUTÁRIA, CAMBIAL OU COMERCIAL. INEXATIDÃO. INCOMPLETUDE. OMISSÃO. MULTA DE UM POR CENTO DO VALOR ADUANEIRO.
A inexatidão, incompletude ou omissão de informação especificada em ato normativo editado pelo Secretário da Receita Federal como sendo necessária ao procedimento de controle aduaneiro da mercadoria importada dá ensejo à aplicação da multa de um por cento do valor aduaneiro da mercadoria prevista no art. 84 da MP 2.158-35/01, combinado com o art. 69 da Lei 10.833/03.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2008 a 30/06/2012
DECISÃO. INSTÂNCIA AD QUEM. PREJUDICIAL DE MÉRITO. INOCORRÊNCIA. RETORNO DOS AUTOS À INSTÂNCIA A QUO.
A decisão da instância ad quem que afasta a prejudicial de mérito decidida pela instância a quo deve determinar o retorno dos autos para análise das demais questões de mérito, sob pena de supressão de instância e preterição do direito de defesa.
Numero da decisão: 9303-006.663
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto à possibilidade de utilização da IN SRF nº 680/2006 como base para multa, vencidos as conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso. No mérito, na parte conhecida, acordam, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento com retorno dos autos ao colegiado de origem, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/07/2008 a 30/06/2012 CONTROLE ADUANEIRO DE MERCADORIAS. INFORMAÇÃO DE NATUREZA ADMINISTRATIVO-TRIBUTÁRIA, CAMBIAL OU COMERCIAL. INEXATIDÃO. INCOMPLETUDE. OMISSÃO. MULTA DE UM POR CENTO DO VALOR ADUANEIRO. A inexatidão, incompletude ou omissão de informação especificada em ato normativo editado pelo Secretário da Receita Federal como sendo necessária ao procedimento de controle aduaneiro da mercadoria importada dá ensejo à aplicação da multa de um por cento do valor aduaneiro da mercadoria prevista no art. 84 da MP 2.158-35/01, combinado com o art. 69 da Lei 10.833/03. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/2008 a 30/06/2012 DECISÃO. INSTÂNCIA AD QUEM. PREJUDICIAL DE MÉRITO. INOCORRÊNCIA. RETORNO DOS AUTOS À INSTÂNCIA A QUO. A decisão da instância ad quem que afasta a prejudicial de mérito decidida pela instância a quo deve determinar o retorno dos autos para análise das demais questões de mérito, sob pena de supressão de instância e preterição do direito de defesa.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto à possibilidade de utilização da IN SRF nº 680/2006 como base para multa, vencidos as conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso. No mérito, na parte conhecida, acordam, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento com retorno dos autos ao colegiado de origem, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
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INFORMAÇÃO DE NATUREZA ADMINISTRATIVOTRIBUTÁRIA, CAMBIAL OU COMERCIAL. INEXATIDÃO. INCOMPLETUDE. OMISSÃO. MULTA DE UM POR CENTO DO VALOR ADUANEIRO. A inexatidão, incompletude ou omissão de informação especificada em ato normativo editado pelo Secretário da Receita Federal como sendo necessária ao procedimento de controle aduaneiro da mercadoria importada dá ensejo à aplicação da multa de um por cento do valor aduaneiro da mercadoria prevista no art. 84 da MP 2.15835/01, combinado com o art. 69 da Lei 10.833/03. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2008 a 30/06/2012 DECISÃO. INSTÂNCIA AD QUEM. PREJUDICIAL DE MÉRITO. INOCORRÊNCIA. RETORNO DOS AUTOS À INSTÂNCIA A QUO. A decisão da instância ad quem que afasta a prejudicial de mérito decidida pela instância a quo deve determinar o retorno dos autos para análise das demais questões de mérito, sob pena de supressão de instância e preterição do direito de defesa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto à possibilidade de utilização da IN SRF nº 680/2006 como base para multa, vencidos as conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso. No mérito, na parte conhecida, acordam, por voto de qualidade, em darlhe provimento com retorno dos autos ao colegiado de origem, vencidos os conselheiros Tatiana Midori AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 11 1. 72 07 69 /2 01 3- 77 Fl. 5666DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 9303006.663 CSRFT3 Fl. 3 2 Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional contra decisão tomada no Acórdão nº 3401003.217, de 24 de agosto de 2016 (efolhas 5573 e segs), que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/07/2008 a 30/06/2012 MULTA POR PRESTAR INFORMAÇÃO INEXATA EM DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO E DESPACHO ADUANEIRO. REQUISITO. Para justificar a multa prevista no artigo 69 da Lei n. 10.833/2003, é necessário caracterizar e demonstrar a infração, qual seja que a falta da informação ou a prestação inexata da informação influenciou, em pelo menos um caso, na determinação do controle aduaneiro apropriado. DEFINIÇÃO DA INFRAÇÃO. MULTA POR PRESTAR INFORMAÇÃO INEXATA EM DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. INFLUENCIA SOBRE A DETERMINAÇÃO DO PROCEDIMENTO ADUANEIRO APROPRIADO. Em revisão aduaneira, não corresponde ao tipo definido no artigo 69 da Lei 10.833/2003 a suspeita de que a informação sobre a existência de vínculo entre fornecedor/produtor e Fl. 5667DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 9303006.663 CSRFT3 Fl. 4 3 importador influenciaria o procedimento de valoração aduaneira. Recurso voluntário provido. A divergência suscitada no recurso especial (efolhas 5591 e segs) diz respeito à aplicação da multa de 1% (um por cento) do valor aduaneiro da mercadoria por prestação inexata de informação necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro, prevista no artigo 84 da MP n. 2.15835/ 2001, combinado com art. 69 da Lei nº 10.833/2003. Ainda em sede de recurso, a reclamante esforçase em demonstrar que havia vinculação entre os fornecedores/produtores e o importador1. O Recurso especial foi admitido conforme despacho de admissibilidade de e folhas 5618 e segs. Contrarrazões da contribuinte às efolhas 5638 e segs. Pede que não se dê seguimento ao recurso especial e, no mérito, que lhe seja negado provimento. É o Relatório. 1 A respeito desse assunto, não há divergência. A decisão recorrida omitiuse expressamente a respeito, "ex vi" teor do próprio dispositivo do acórdão à efolha 5.573. Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Relator. Conhecimento do Recurso Especial A contrarrazoante suscita diversas razões para que não seja conhecido o recurso especial. Inicia alegando que, embora a Turma julgadora tenha de fato decidido pela incompetência da IN SRF nº 680/2006 para estabelecer obrigação administrativofiscal sem Fl. 5668DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 9303006.663 CSRFT3 Fl. 5 4 previsão legal, esse não teria sido o fundamento isolado e tampouco o principal do acórdão recorrido. No seu entendimento, o racional de ambos acórdãos, recorrido e paradigma, é idêntico: "necessidade de comprovação de dano ao controle aduaneiro em razão da falta de informação na DI". Sem razão a contrarrazoante. Ainda que as decisões comparadas convirjam em determinados aspectos, o requisito de admissibilidade do recurso especial é a divergência na interpretação da legislação tributária e não a divergência integral dos fundamentos nos quais se alicerçam as decisões comparadas. No caso concreto, como a própria reclamante reconhece2, houve divergência sobre o entendimento a respeito da possibilidade de que um ato normativo editado pela Secretaria da Receita Federal determine as informações passíveis de ensejar a aplicação de penalidade. Também não há que se falar em situações fáticas distintas. Ambos os casos versam sobre multa decorrente de falta ou inexatidão da informação prestada pelo importador. O fato de o paradigma ter concluído que da omissão decorreu prejuízo ao controle aduaneiro, enquanto o recorrido entendeu o contrário, nada tem a ver com circunstâncias fáticas. Tratase, isto sim, de outra divergência, esta relacionada à interpretação que cada acórdão deu às ocorrências examinadas em cada um dos processos. Em outros termos, não é que num processo tenha havido prejuízo ao controle aduaneiro e noutro não. Em lugar disso, num entendeuse que a falta/inexatidão trazia prejuízo ao controle, noutro entendeuse que esse prejuízo não seria uma decorrência natural e automática da imprecisão nas informações prestadas pelo importador. Tampouco obsta o prosseguimento do feito a possibilidade de que seja necessária a reapreciação da integralidade dos elementos probatórios. Como dito, o requisito de admissibilidade do recurso é o dissenso jurisprudencial. Uma vez que admitido, o julgamento será processado e decidido no mérito, à luz de todos os elementos de convicção que instruem o processo. 2 À folha 5.642, no corpo das contrarrazões, afirma: "Com efeito, no processo sob exame, a Turma julgadora de fato entendeu que a IN nº. 680/2006 não teria condão de estabelecer obrigação administrativofiscal não prevista em lei (primeira razão de decidir acima transcrita). Porém, este não foi o fundamento isolado e tampouco o principal do acórdão recorrido. (...)" Fl. 5669DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 9303006.663 CSRFT3 Fl. 6 5 No que diz respeito à admissibilidade do recurso no que toca à vinculação entre MMCB e MMCO, assiste parcial razão à contrarrazoante. Se o acórdão recorrido não decidiu a esse respeito, não há como se falar em dissenso. Contudo, uma vez mais, é preciso levar em consideração o efeito devolutivo do recurso. De toda sorte, como mais tarde se verá, tratase de um entrave que merece uma reflexão particular para a qual será proposta uma solução que merece ser tratada separadamente no decorrer do vertente voto, por ocasião da análise de mérito. Mérito Discutese a imputação da multa prevista no artigo 84 da MP nº. 2.15835/ 2001, combinado com art. 69 da Lei nº 10.833/2003, que têm a seguinte redação. MP nº. 2.15835/ 2001 Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; ou II quantificada incorretamente na unidade de medida estatística estabelecida pela Secretaria da Receita Federal. § 1o O valor da multa prevista neste artigo será de R$ 500,00 (quinhentos reais), quando do seu cálculo resultar valor inferior. § 2o A aplicação da multa prevista neste artigo não prejudica a exigência dos impostos, da multa por declaração inexata prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e de outras penalidades administrativas, bem assim dos acréscimos legais cabíveis. Lei nº 10.833/2003 Art. 69. A multa prevista no art. 84 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, não poderá ser superior a Fl. 5670DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 9303006.663 CSRFT3 Fl. 7 6 10% (dez por cento) do valor total das mercadorias constantes da declaração de importação. § 1º A multa a que se refere o caput aplicase também ao importador, exportador ou beneficiário de regime aduaneiro que omitir ou prestar de forma inexata ou incompleta informação de natureza administrativotributária, cambial ou comercial necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. § 2º As informações referidas no § 1º, sem prejuízo de outras que venham a ser estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal, compreendem a descrição detalhada da operação, incluindo: I identificação completa e endereço das pessoas envolvidas na transação: importador/exportador; adquirente (comprador)/fornecedor (vendedor), fabricante, agente de compra ou de venda e representante comercial; II destinação da mercadoria importada: industrialização ou consumo, incorporação ao ativo, revenda ou outra finalidade; III descrição completa da mercadoria: todas as características necessárias à classificação fiscal, espécie, marca comercial, modelo, nome comercial ou científico e outros atributos estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal que confiram sua identidade comercial; IV países de origem, de procedência e de aquisição; e V portos de embarque e de desembarque. § 3º (Vide Medida Provisória nº 320, de 2006) A hipótese geral e abstrata contemplada na norma traz duas particularidades de grande relevo para solução da presente lide. A primeira é a previsão de que a multa aplicase no caso de (i) omissão, (ii) inexatidão ou (iii) incompletude de informação de natureza (i) administrativotributária, (ii) cambial ou (iii) comercial. Fl. 5671DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 9303006.663 CSRFT3 Fl. 8 7 A leitura das hipóteses contempladas na norma não deixa dúvidas de que o legislador não tinha a intenção de restringir seu alcance. Muito pelo contrário. É tarefa árdua imaginar uma informação inserida na declaração de importação que não possa ser reconhecida nem como de natureza administrativa nem tributária nem cambial e nem comercial3. E não é necessário que seja omitida, basta que seja inexata ou incompleta. A segunda e, talvez, a mais importante é que, nos termos do § 2º do art. 69 da Lei 10.833/03, foi assegurado à Secretaria da Receita Federal a competência para estabelecer outras informações que, no seu entender, importem em prejuízo ao controle aduaneiro quando omitidas ou informadas com imprecisão. De plano, portanto, devem ser rechaçadas quaisquer alegações que proponham, a priori, que a penalidade imposta não tem base legal. A teor do disposto na Lei, é incontroverso que foi delegado à Secretaria da Receita Federal a competência para determinar as informações que trariam a repercussão de que aqui se trata (além daquelas já especificadas nos incisos I a V do § 2º). No caso concreto, a informação que, segundo o Fisco, foi negligenciada, teria sido exigida pela Instrução Normativa SRF nº 680/2006, qual seja, o vínculo entre o comprador e o vendedor das mercadorias. Seguem excertos da Instrução Normativa, onde a informação é especificada. Art. 4º A Declaração de Importação (DI) será formulada pelo importador no Siscomex e consistirá na prestação das informações constantes do Anexo Único, de acordo com o tipo de declaração e a modalidade de despacho aduaneiro. (...) ANEXO ÚNICOhttp://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/an exoOutros.action?idArquivoBinario=0 INFORMAÇÕES A SEREM PRESTADAS PELO IMPORTADOR (...) 44 Valoração Aduaneira Método, acréscimos, deduções e informações complementares 3 Talvez as informações com fins estatísticos poderiam ser assim enquadradas. Fl. 5672DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 9303006.663 CSRFT3 Fl. 9 8 para composição do valor aduaneiro, base de cálculo do imposto de importação. 44.1 Método de Valoração Método utilizado para valoração da mercadoria, conforme a tabela "Método de Valoração", administrada pela SRF, e indicativo de vinculação entre o comprador e o vendedor. Indubitavelmente, há exigência da informação em epígrafe em norma infralegal. Da mesma forma, conforme antes demonstrado, indubitavelmente, há previsão em Lei para que a Secretaria da Receita Federal estabeleça quais informações considera necessárias à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. Uma vez que tudo isso, a meu sentir, esteja bastante claro, a dúvida que ainda pode remanescer acerca da competência da IN para especificar as informações cuja imprecisão daria ensejo à imposição da penalidade de que se trata, diz respeito, apenas, à indagação sobre se a Instrução Normativa SRF nº 680/2006 teria sido editada para esse fim. Em outras palavras, o Ato foi editado com esta finalidade e, corolário, tem competência para estabelecer informações de natureza administrativotributária, cambial ou comercial necessárias à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado? Foi essa uma das premissas acolhidas no voto vencedor, ora recorrido, para que fosse afastada a multa, se não vejamos (efolhas 5.588) 4: Mais especifica e objetivamente quanto ao caso em análise, essa instrução normativa não define que a informação a respeito da existência ou não de vínculo entre fornecedores/produtores estrangeiros e importador deve ser considerada relevante para os fins do artigo 69 da Lei n. 10.833/2003. A nosso ver, falta essa teleologia para e na Instrução Normativa adotada como base da autuação. Como se vê, para a maioria dos Conselheiros integrantes do Colegiado prolator do acórdão recorrido a IN SRF nº 680/2006 não se reveste da condição necessária à tornála apta à definição do que sejam informações necessárias à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. 4 A outra premissa foi a de que a IN não pode ser base legal para imposição de multa, já rechaçada nas considerações precedentes. Fl. 5673DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 9303006.663 CSRFT3 Fl. 10 9 Contudo, ouso também divergir da leitura empregada na decisão a quo. Reproduzo a seguir o enunciado da Instrução Normativa SRF nº 680/2006, gizado na parte que interessa à solução da controvérsia. O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso das atribuições que lhe confere o inciso III do art. 230 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF nº 30, de 25 de fevereiro de 2005, e considerando o disposto na Decisão MERCOSUL/CMC/DEC nº 50, de 16 de dezembro de 2004; no art. 41 da Medida Provisória nº 320, de 24 de agosto de 2006; no Decreto nº 1.765, de 28 de dezembro de 1995; nos arts. 73, 482 a 485, 491 a 496, 502 a 506 e 508 a 518 do Decreto nº 4.543, de 26 de dezembro de 2002; e no art. 392 do Decreto nº 4.544, de 26 de dezembro de 2002, resolve: Como se lê, uma das motivações da Instrução Normativa editada pelo Secretário da Receita Federal, portanto, são os arts. 73, 482 a 485, 491 a 496, 502 a 506 e 508 a 518 do Decreto nº 4.543, de 26 de dezembro de 2002. Esse Decreto é, justamente, o ato editado pelo Poder Executivo que aprovou o Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos controvertidos neste processo. Reproduzo, então, a seguir, apenas o art. 482 e o enunciado que o precede (grifos acrescidos). LIVRO V DO CONTROLE ADUANEIRO DE MERCADORIAS TÍTULO I DO DESPACHO ADUANEIRO CAPÍTULO I DO DESPACHO DE IMPORTAÇÃO Seção I Das Disposições Preliminares Art. 482. Despacho de importação é o procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos documentos Fl. 5674DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 9303006.663 CSRFT3 Fl. 11 10 apresentados e à legislação específica, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro. Todos os demais artigos supracitados, de 482 a 485, de 491 a 496, de 502 a 506 e de 508 a 518, estão sob o título Controle Aduaneiro das Mercadorias. Pois bem. Se uma das motivações da IN SRF nº 680/2006 foi disciplinar diversos dos artigos que normatizam o Controle Aduaneiro das Mercadorias, inclusive o art. 482, que trata especificamente do Despacho de Importação, como se pode admitir a interpretação de que o Ato não está definindo quais são as informações relevantes para os fins do artigo 69 da Lei n. 10.833/2003, que refere textualmente que "a multa (...) aplicase [àquele que] prestar de forma inexata ou incompleta informação (...) necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado"? Com a devida vênia às inúmeras considerações no sentido de que a imposição da multa objeto da lide carece de fundamento legal, o fato é que não consigo enxergar qualquer deficiência em todo o arcabouço normativo no qual baseouse o auto de infração. Há lei prevendo imposição da pena no caso de informações imprecisas. Há lei especificando, de antemão, algumas informações que dariam ensejo à pena e, simultaneamente, prevendo a inclusão de outras informações que o Secretário da Receita Federal considerasse relevantes ao controle aduaneiro. Há ato do Secretário especificando as informações assim consideradas. A exegese que conduziu ao entendimento de que a IN SRF nº 680/2006 não teve por escopo o art. 69 da Lei 10.833/03 é equivocada. O art. 69 não atribuiu competência ao Secretário da Receita Federal para especificar informações necessárias ao Controle Aduaneiro das Mercadorias. Em lugar disso, determinou que aquelas que, no uso da competência que lhe é inerente, fossem assim consideradas, ensejariam a imposição da penalidade ali prevista. De resto, é de se dizer que as inúmeras alegações apresentadas em sede de contrarrazões, embora bem articuladas, nem de perto merecem acolhimento. É óbvio que não é necessário que a Fiscalização altere o método de valoração ou ajuste o valor aduaneiro para que a penalidade seja imposta. Tratase de uma pena por prestação de informação indevida/incompleta/omissa. Outros procedimentos, como o de valoração aduaneira, de classificação fiscal de mercadorias, etc., transcendem o ato praticado pela autoridade fiscal no caso em apreço e trariam suas próprias consequências. Fl. 5675DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 9303006.663 CSRFT3 Fl. 12 11 Por exemplo, houvesse erro de classificação fiscal e, além de eventual multa por declaração inexata ou por importação ao desamparo de licença de importação, apuradas em procedimento fiscal próprio, seria também imposta a multa de que aqui se trata. Vale o mesmo em relação à valoração aduaneira das mercadorias. Assim, uma vez que tudo isso esteja resolvido, chego à conclusão de que a prejudicial de análise de mérito acerca da efetiva vinculação entre exportador e importador deve ser afastada, pois, no caso de chegarse à conclusão de que a vinculação existe, há, sim, suporte legal para imposição da pena neste controvertida e a circunstância material, qual seja, falta de indicativo de vinculação entre comprador e vendedor, estaria presente. Uma vez que o exame dessa matéria neste momento importaria em supressão de instância, voto por afastar a prejudicial de análise de mérito e determinar o retorno do feito ao Colegiado recorrido, para que decida sobre a existência ou não de vinculação entre exportador e importador nas operações que deram azo à autuação. Diante do exposto, voto por conhecer parcialmente do recurso especial somente em relação incompetência da IN SRF nº 680/2006 para estabelecer obrigação administrativofiscal, e não conheço o recurso quanto a discussão de mérito relativa à existência ou não de vínculo entre importador e exportador. Na parte conhecida, voto por lhe dar provimento e determinar o retorno dos autos a instância a quo para análise das demais questões de mérito. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Fl. 5676DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.923842/2011-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 30/11/2003
VALIDADE DA INTIMAÇÃO. DOMICÍLIO FISCAL. CIÊNCIA.
De acordo com a Súmula CARF nº 9 considera-se válida a ciência do Despacho Decisório por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/11/2003
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.375
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 30/11/2003 VALIDADE DA INTIMAÇÃO. DOMICÍLIO FISCAL. CIÊNCIA. De acordo com a Súmula CARF nº 9 considera-se válida a ciência do Despacho Decisório por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 30/11/2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen
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PIS/COFINS. ÔNUS DA PROVA. Recorrente PLÁSTICOS MACHINI LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/11/2003 VALIDADE DA INTIMAÇÃO. DOMICÍLIO FISCAL. CIÊNCIA. De acordo com a Súmula CARF nº 9 considerase válida a ciência do Despacho Decisório por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/11/2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 92 38 42 /2 01 1- 98 Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10880.923842/201198 Acórdão n.º 3301004.375 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte contra decisão consubstanciada no Acórdão nº 02052.714, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (DRJ/BHE), que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a Manifestação de Inconformidade, não conhecendo do direito creditório postulado e não homologando a compensação em litígio. O Despacho Decisório proferido pela unidade de origem não homologou a compensação declarada em PER/DCOMP pela contribuinte acima qualificada, sob o fundamento de que, a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresentou manifestação de inconformidade, tendo indicado endereço para onde deverão ser enviadas todas as notificações e intimações referentes ao presente processo. Também aduziu que o débito decorrente da não homologação da compensação está com a sua exigibilidade suspensa, consoante legislação especificada, alegando ainda, em síntese: "Em preliminar, argumenta que recebeu o despacho decisório questionado, mas o Aviso de Recebimento (AR) não foi juntado aos autos, como instrumento de prova, pelo fato de a Receita Federal não entregar cópia do documento em tempo hábil, apesar de solicitado pelo manifestante. Requer a anexação do termo de assinatura do AR pelos motivos que passa a discorrer. Alega que o despacho decisório teria sido recebido por pessoa não autorizada para recebimento da sua correspondência e que apenas o sócio, o representante legal da empresa ou qualquer pessoa legitimada poderiam ter recebido a correspondência que trata de intimação com aviso de recebimento. Transcreve doutrina relativa ao Código de Processo Civil que sustenta que as citações de pessoas jurídicas devem ser feitas aos seus representantes designados nos estatutos. No processo administrativo, expõe, as intimações devem ser realizadas de modo a garantir a ciência do interessado. Dada a importância da citação inicial e das repercussões de tal ato na lide e com vistas a garantir o pleno exercício do direito ao contraditório, conclui que, no caso de pessoas jurídicas, ela seja feita ao representante legal. Em não sendo observada a formalidade defendida, pugna pela nulidade dos atos processuais por cerceamento ao direito de defesa. Defende que os princípios da verdade material e da legalidade impõem à Administração rever seus atos contrários ao ordenamento jurídico, o que a leva a requerer a anulação da notificação do despacho decisório. Na possibilidade de que não ser acolhida a preliminar suscitada, passa a discorrer sobre o mérito da compensação. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10880.923842/201198 Acórdão n.º 3301004.375 S3C3T1 Fl. 4 3 Nas questões de fato, alega que efetuou compensação em conformidade com o disposto no artigo 66 da Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991, tendo feito menção ainda ao Código Tributário Nacional (CTN) e às instruções normativas que regularam a matéria. O sistema, na hipótese de crédito proveniente de decisão judicial, apenas aceita a compensação se corretamente informada a data do trânsito em julgado da decisão judicial que reconheceu o direito creditório. Entende ser descabida tal exigência, na medida em que as compensações são realizadas dentro da sistemática do lançamento por homologação, na qual o contribuinte apura por sua conta e risco o valor devido ao Fisco. Argui que o processo eletrônico a impede de esclarecer a origem do crédito (“declaração expressa de inconstitucionalidade do STF”) e de exercer seu direito constitucional de petição, a qual somente pode ser providenciada com a interposição da manifestação de inconformidade. Na parte que trata dos fundamentos legais, assevera que recolheu a Cofins na forma prevista pela Lei no 9.718, de 1998, a qual majorou a alíquota do tributo de 2% para 3%, inconstitucionalmente a seu ver, pois a Lei Complementar no 70, de 1991, previa a alíquota de 2%. Assim, se viu obrigado a recuperar os valores indevidamente recolhidos por meio da compensação. Destaca que o legislador editou a Lei Complementar 70, de 1991, que descreveu minuciosamente a regra matriz da hipótese de incidência da Cofins, sendo sua base de cálculo o faturamento. Em seguida, o Poder Executivo, por meio da Medida Provisória no 1.724, de 1998, teria alterado a base de cálculo da Cofins para receita bruta e majorado a alíquota para 3%, em afronta ao disposto no artigo 155 da Magna Carta, pois a tributação deveria recair apenas sobre o “faturamento”. Argumenta ainda que a inclusão das receitas financeiras no cálculo da Cofins somente foi permitida com a edição da Emenda Constitucional no 20, de 1998. Contudo, a Lei no 9.718, de 1998 foi editada em data anterior à emenda, e deveria ter respeitado o antigo texto do art. 195 da Constituição Federal, que não previa a cobrança de contribuições à seguridade social sobre receitas financeiras. Portanto, totalmente inconstitucional a alteração da base de cálculo da Cofins por lei ordinária, que não se convalida com a superveniência da Emenda Constitucional. Alega que a MP no 1.724, de 1998, convertida na Lei no 9.718, de 1998, que dispõe sobre a cobrança adicional de 1% da Cofins, fere o princípio da equidade na participação do custeio da seguridade social, tendo a Lei estabelecido que o acréscimo de 1% da Cofins deveria ser pago por todas as empresas, mas poderia ser compensado com a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Com isso, as empresas altamente lucrativas não sofreram os efeitos do aumento da carga tributária; somente as empresas que tiveram prejuízos ou lucro baixo, como o manifestante, é que arcaram com a majoração da Cofins. Passa, na continuação, a tratar do prazo prescricional para a repetição do indébito tributário. Fl. 88DF CARF MF Processo nº 10880.923842/201198 Acórdão n.º 3301004.375 S3C3T1 Fl. 5 4 Defende que, para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, a extinção do crédito tributário se dá com a homologação, expressa ou tácita, do Fisco. Adotada esta premissa, o prazo prescricional para a recuperação de valores indevidamente recolhidos deveria ter início cinco anos após a data do efetivo pagamento (a chamada tese dos cinco mais cinco). Salienta que a empresa “efetuou a restituição do COFINS dentro do prazo prescricional” (sic), em conformidade com as jurisprudências do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Conselho de Contribuintes, tendo o manifestante dez anos para pedir de volta o que foi pago indevidamente. Assevera que, para fundamentar sua decisão, o julgador monocrático aduziu que a Lei Complementar 118/05, dispondo sobre a interpretação do inciso I do art. 168, descreveu que a extinção do credito tributário nos tributos com lançamento por homologação ocorre no pagamento, entendimento que considera equivocado, uma vez que a lei interpretativa deve esclarecer o significado de texto legal controverso, o que não foi o caso, posto que a interpretação posta foi inovadora e contrária à jurisprudência. Ao final, requer o provimento da presente manifestação de inconformidade, para o fim de reformar o Despacho Decisório. Pede ainda que seja mantida vinculada a compensação ao processo, nos moldes da MP 135/03 transformada na Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, em seu art 17, § 11, e deste modo os valores compensados estarão suspensos conforme legislação pertinente." Tendo em vista a decisão consubstanciada no Acórdão ora recorrido, o Contribuinte ingressou com Recurso Voluntário para que seja reformada a referida decisão. É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.364, de 21 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.675899/200951, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.364): "O Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte, em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 0252.701, é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O ora analisado Recurso Voluntário visa reformar decisão que possui a seguinte ementa: Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10880.923842/201198 Acórdão n.º 3301004.375 S3C3T1 Fl. 6 5 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/03/2003 VALIDADE DA INTIMAÇÃO É válida a ciência do Despacho Decisório por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/03/2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O Contribuinte, por meio do ora analisado Recurso Voluntário, visa reformar o Acórdão referido por compreender que (i) há liquidez e certeza do crédito discutido; (ii) não foi respeitado o devido processo legal, no que diz respeito ao contraditório, uma vez que a notificação não foi feita na pessoa de seus sócios ou administradores; e (iii) deve ser excluído o valor devido de ICMS da base de cálculo das contribuições PIS/COFINS. Como a questão da (i) liquidez e certeza do crédito tributário tem reflexos na discussão acerca (iii) da exclusão ou não do ICMS da base de cálculo das contribuições PIS/COFINS, enfrentarseá primeiro a discussão do ponto sobre o (ii) devido processo legal e a ofensa ao contraditório no que tange a notificação, para posteriormente em conjunto tratar dos dois outros pontos. Do devido processo legal e contraditório O Contribuinte alega que houve violação ao devido processo legal, mais especificamente no seu direito ao contraditório, uma vez que a notificação não se deu na pessoa de seus sócios ou administradores, o que segundo ele, acaba por trazer a nulidade ao Despacho Decisório (fl. 2) em questão. Acerca deste argumento percebese, por meio do voto no Acórdão ora recorrido, que o Contribuinte, ciente do referido Despacho, foi capaz de apresentar sua Manifestação de Inconformidade (fls. 12 a 29) de forma tempestiva para questionar o objeto da Intimação. Cito a seguir trecho do voto do acórdão recorrido, como razões para decidir, que bem esclarece os fatos acerca da notificação e da alegada nulidade do Despacho Decisório por não respeitar o devido processo legal e contraditório (fls. 71 a 73): Fl. 90DF CARF MF Processo nº 10880.923842/201198 Acórdão n.º 3301004.375 S3C3T1 Fl. 7 6 Quanto à arguição de nulidade do Despacho Decisório, uma vez que teria sido recebido por pessoa não autorizada pela empresa, cumpre destacar o que prescreve o inciso II do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972: Art. 23. Farseá a intimação: [...] II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; Exige a norma legal que a entrega da intimação seja efetuada no domicílio eleito pelo sujeito passivo. Não se impõe que o sócio ou representante legal do sujeito passivo pessoa jurídica tenha diretamente recebido a intimação cientificada por via postal. Acerca do assunto em pauta, vale ressaltar também o entendimento expresso na Súmula nº 9 editada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), nos seguintes termos: Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Em consulta aos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), foi possível extrair o AR correspondente à ciência do Despacho Decisório ora contestado, que comprova que o documento foi entregue no domicílio tributário do sujeito passivo à época da intimação: (...) Conforme se vê, o contribuinte, ciente do Despacho Decisório, foi capaz de apresentar, tempestivamente, sua manifestação de inconformidade, questionando o ato administrativo objeto da intimação. As argumentações apresentadas pelo manifestante demonstram que a intimação cumpriu sua finalidade de cientificálo acerca da não homologação da compensação e consequente exigência do débito que não foi extinto, concedendolhe prazo para apresentar sua contestação. Tendo sido válida a intimação e analisada a manifestação de inconformidade no presente ato, não ficou configurada nenhuma hipótese de cerceamento do direito de defesa, devendo ser afastada a tese de nulidade do Despacho Decisório. Nesse sentido, considerando que a notificação sobre o Despacho Decisório se deu de forma legal, de acordo inclusive com o previsto na Súmula CARF nº 9, sem prejuízo ao direito ao contraditório, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário neste ponto. Da liquidez e certeza do crédito discutido e do ICMS integrar a base de cálculo de PIS/COFINS Fl. 91DF CARF MF Processo nº 10880.923842/201198 Acórdão n.º 3301004.375 S3C3T1 Fl. 8 7 O Contribuinte aduz que não é pressuposto para admissão da ação a definição sobre a liquidez e certeza do crédito discutido. Para tanto o Contribuinte cita o art. 170 do CTN, que, segundo ele e a doutrina colada aos autos, estabelece como requisito de liquidez e certeza se referem apenas a créditos da União e não do Contribuinte. Alega também que o valor de ICMS na sua nota fiscal é simplesmente para fins contábeis e que não devem ser incluídos na base de cálculo das contribuições PIS/COFINS, uma vez que não configura faturamento e que se caso assim fosse feriria o princípio da capacidade contributiva e teria como efeito o confisco. Em que pese os argumentos trazidos pelo Contribuinte acerca destas duas matérias, resta prejudicada a discussão acerca do ICMS integrar ou não a base de cálculo das contribuições, se não ficar demonstrado a liquidez e certeza do crédito discutido. Nesse sentido cito trechos do voto do acórdão recorrido que bem elucidam a discussão, bem como, as razões para decidir (fl. 74): (...) Para as pessoas jurídicas que se sujeitam ao regime cumulativo e apuram as contribuições com base na Lei nº 9.718, de 1998, o conceito de receita bruta deve ser entendido como proveniente das receitas oriundas da venda de mercadorias, de serviços ou da venda de mercadorias e prestação de serviços. Porém, cabe salientar que, no Processo Civil, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC, art. 333). No Processo Administrativo Fiscal não há uma regra própria relativamente aos processos de restituição ou compensação, por isso utilizase a existente no CPC. Em um processo de restituição, ressarcimento ou compensação, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, quer por pedido de restituição ou ressarcimento, quer por compensação, em ambos os casos mediante a apresentação do PER/DCOMP, de tal sorte que, se a RFB resistir à pretensão do interessado, indeferindo o pedido ou não homologando a compensação, incumbirá a ele – o contribuinte –, na qualidade de autor, demonstrar seu direito. Na situação dos autos, o contribuinte não apresentou nenhuma prova de que, na apuração da Cofins do período analisado, incluiu receitas financeiras na base de cálculo, de forma a caracterizar o pagamento indevido ou a maior de tributo. É bom lembrar ainda que a existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170), princípio este que também se aplica a pedido de restituição. Concluise, portanto, que deve a RFB indeferir o pedido ou não homologar a compensação, se ficar configurada a falta de certeza e liquidez, como evidenciado no caso em comento. Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10880.923842/201198 Acórdão n.º 3301004.375 S3C3T1 Fl. 9 8 (...) (Grifouse) Com o intuito de verificar a miúde se o Contribuinte fez prova em seu Recurso Voluntário, de que tenha feito o recolhimento a maior, cabe citar suas alegações (fls. 84 e 85): Portanto, constatase que como não foi comprovado a liquidez e certeza do crédito alegado, tanto na Impugnação, quanto no Recurso Voluntário, sendo Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10880.923842/201198 Acórdão n.º 3301004.375 S3C3T1 Fl. 10 9 requisito legal para a concessão da compensação e restituição, fica prejudicada a discussão e análise acerca do ICMS integrar ou não a base de cálculo das contribuições. Assim voto por negar provimento ao Recurso Voluntário no que tange a comprovação da liquidez e certeza do crédito e restando prejudicado a questão concernente a composição da base de cálculo da Cofins. Conclusão De acordo com os autos do processo e da legislação vigente, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar a liquidez e certeza do direito creditório pleiteado, restando prejudicada a questão concernente a composição da base de cálculo do PIS/COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 94DF CARF MF
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Numero do processo: 13433.900674/2012-18
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/01/2010
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3001-000.333
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleber Magalhães - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Ávila e Francisco Martins Leite Cavalcante.
Nome do relator: CLEBER MAGALHAES
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/01/2010 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado. Recurso Voluntário Negado
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente (assinado digitalmente) Cleber Magalhães Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Ávila e Francisco Martins Leite Cavalcante. Relatório Por bem resumir os fatos, adoto o relatório produzido pelo tribunal de origem, a 2ªTurma da DRJ/Belo Horizonte (efl. 34 e ss): DESPACHO DECISÓRIO AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 43 3. 90 06 74 /2 01 2- 18 Fl. 52DF CARF MF 2 O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra o Despacho Decisório nº rastreamento 31047008 emitido eletronicamente em 04/09/2012, referente ao PER/DCOMP nº 31243.79790.240610.1.3.046540. A Declaração de Compensação gerada pelo programa PER/DCOMP foi transmitida com o objetivo de compensar o(s) débito(s) discriminado(s) no referido PER/DCOMP com crédito de COFINS, Código de Receita 2172, no valor original na data de transmissão de R$1.171,50, decorrente de recolhimento com Darf efetuado em 25/02/2010. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN),art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório em 18/09/2012, o interessado apresentou a manifestação de inconformidade em 17/10/2012, tendo destacado, na exposição dos fatos, que a empresa desconhece a utilização total do crédito em outra DCOMP, porém reconhece a sua tentativa de utilização parcial desse crédito em outras declarações de compensação que, somadas, resultam no total do crédito pleiteado (R$41.253,73). Faz referência à legislação pertinente, para destacar que a autoridade administrativa tem que informar em que débito está alocado o crédito, acrescentando que, como prova, segue anexa cópia do Darf em que se funda o crédito alegado e não reconhecido na DCOMP. Caso haja algum erro de preenchimento, não se pode negar que se trata de erro de fato como já amplamente discutido no mundo jurídico, enfatizando ainda os seguintes pontos de discordância: a) o Darf de R$41.253,73 foi recolhido no dia 25/01/2010; b) o crédito não foi utilizado em nenhum débito que ultrapasse o valor dos débitos objeto de compensação nesta e em outras DCOMP que tem como base o mesmo Darf. No Recurso Voluntário, a Recorrente, em suma, repete as alegações já expressas na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Fl. 53DF CARF MF Processo nº 13433.900674/201218 Acórdão n.º 3001000.333 S3C0T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Cleber Magalhães Relator. O limite da competência das Turmas Extraordinárias do CARF é de sessenta salários mínimos, segundo o 23B, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, com redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017. O valor do saláriomínimo nacional é de R$ 954,00, segundo Decreto nº 9.255, de 29 de dezembro de 2017. Dessa forma, o limite de valor de litígio para processos a serem julgados pelas turmas extraordinárias é de R$ 57.240,00. Como o valor em litígio é de R$ 1.676,53 (efl. 7), a análise do p.p. está dentro da alçada das turmas extraordinárias. Em um processo de restituição, ressarcimento ou compensação, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, quer por pedido de restituição ou ressarcimento, quer por compensação, em ambos os casos mediante a apresentação do PER/DCOMP, de tal sorte que, se a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) resistir à pretensão do interessado, indeferindo o pedido ou não homologando a compensação, incumbirá a ele – o contribuinte –, na qualidade de autor, demonstrar seu direito. Levandose em conta que o crédito oferecido à compensação deve ser líquido e certo (art. 170 do CTN), concluise que deve a RFB não homologar a compensação se ficar configurada a falta de certeza e liquidez, notadamente com base em informações prestadas em DCTF, quando o contribuinte deixa de comprovar eventual erro cometido no preenchimento daquela declaração. Esse entendimento aplicase também à restituição. Se o Darf indicado como crédito foi utilizado para pagamento de um tributo declarado pelo próprio contribuinte, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta. Assim, para modificar o fundamento desse ato administrativo, cabe ao recorrente demonstrar erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Se não o fizer, o motivo do indeferimento permanece. No caso, o manifestante não comprova erro que possa alterar o fundamento do despacho decisório. Fl. 54DF CARF MF 4 Compete ao contribuinte comprovar o direito ao crédito postulado na Declaração de Compensação. Não se encontram nos autos, entretanto, smj, nenhuma prova robusta do solicitado. Não pode a administração tributária aquiescer com o pedido da Recorrente sem que ela apresente elementos que comprovem a justiça de seu pleito. Não há, assim, como acatar o pedido de reforma da decisão do tribunal a quo. Assim, por todo o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cleber Magalhães Fl. 55DF CARF MF
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