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Numero do processo: 19515.721902/2013-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
REGIME DE APURAÇÃO. NÃO-CUMULATIVIDADE. CONSTRUÇÃO CIVIL.
Estão excluídas da sistemática não-cumulativa de apuração somente as receitas comprovadas e preponderantemente decorrentes de administração por empreitada ou subempreitada de obras de construção civil.
PROVAS.
De acordo com a legislação, a impugnação mencionará, dentre outros, os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir o direito alegado ao sujeito passivo.
TAXA SELIC. AUTO DE INFRAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 04.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Numero da decisão: 3302-007.274
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator e Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente).
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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NÃOCUMULATIVIDADE. CONSTRUÇÃO CIVIL. Estão excluídas da sistemática nãocumulativa de apuração somente as receitas comprovadas e preponderantemente decorrentes de administração por empreitada ou subempreitada de obras de construção civil. PROVAS. De acordo com a legislação, a impugnação mencionará, dentre outros, os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir o direito alegado ao sujeito passivo. TAXA SELIC. AUTO DE INFRAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 04. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator e Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 19 02 /2 01 3- 34 Fl. 2009DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 144 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente). Relatório Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: A contribuinte acima identificada teve contra si lavrados os autos de infração relativos à Cofins e à contribuição para o PIS/Pasep (AIs e demonstrativos às fls. 1.172 a 1.191) dos períodos de apuração janeiro a dezembro de 2009. Em relação à Cofins, foi constituído o crédito tributário no valor de R$ 2.534.769,30, sendo R$ 852.045,58 de contribuição, R$ 404.655,31 de juros de mora e R$ 1.278.068,41 de multa de ofício qualificada (150%). Quanto à contribuição para o PIS/Pasep, o crédito tributário lançado foi no valor de R$ 575.808,06, sendo R$ 193.390,14 de contribuição, R$ 92.332,67 de juros de mora e R$ 290.085,25 de multa de ofício qualificada (150%). Os fundamentos legais encontramse nos próprios autos de infração. O total do crédito tributário lançado e controlado neste processo é de R$ 3.110.577,36 (fl. 1.172). Os juros foram calculados até agosto de 2013. Consta no Termo de Constatação Fiscal (fl. 1.159): Analisando os dados informados no DACON Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais, os dados da escrituração contábil e demais elementos apresentados, constatouse insuficiência de recolhimento do PIS e da Cofins decorrentes (I) da falta de comprovação das receitas submetidas à incidência cumulativa das contribuições; (II) falta de comprovação do diferimento e do efetivo recebimento das receitas (III) da apuração indevida de créditos das contribuições e da (IV) compensação em duplicidade de crédito de importação (set/2008). Nesse mesmo termo (fls. 1.159 a 1.171) estão demonstradas detalhadamente todas as infrações, dele constando, ainda, os demonstrativos relativos à apuração efetuada. A ciência quanto aos autos de infração ocorreu em 30 de agosto de 2013, conforme Aviso de Recebimento (AR) de fls. 1.192 e 1.193. Em 25 de setembro de 2013, foram protocoladas as impugnações de fls. 1.218 a 1.244 (Cofins) e 1.245 a 1.271 (PIS/Pasep), ambas com o mesmo teor, tendo sido alegado, em apertada síntese, que: Fl. 2010DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 145 3 a) de acordo com a Lei nº 10.833/03, art. 10, inciso XX, permanecem sujeitas à apuração cumulativa das contribuições PIS/Pasep e Cofins, até 31 de dezembro de 2015, “as receitas decorrentes da execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil”; b) o autuante desconsiderou que parte das receitas auferidas não seria decorrente de serviços de construção civil, tendo entendido que não houve a apresentação de documentação hábil e idônea que comprovasse que tais receitas estavam submetidas ao regime cumulativo; c) com a análise das notas fiscais anexas, pode ser verificado que essas receitas enquadramse na exceção do art. 10, inciso XX, da Lei nº 10.833/03; d) no caso presente, foram glosados os valores compensados a título de despesas necessárias ao custo de produção; e) os autos devem baixar em diligência para análise das notas fiscais apresentadas com a impugnação, em face do princípio da verdade material; f) conforme notas fiscais apresentadas, as receitas são relativas à construção civil, enquadrandose no art. 7º da Lei nº 9.718/98, podendo ser diferido o pagamento das contribuições em tela; g) de acordo com notas fiscais de aquisição de bens e serviços e documentos relativos a aluguel contratado, todos representam insumos utilizados na prestação de serviços, podendo haver o respectivo creditamento para fins da apuração não cumulativa das contribuições; h) não é cabível a aplicação da taxa de juros Selic aos débitos lançados; i) não pode prevalecer a multa qualificada uma vez não haver prova da conduta dolosa ou fraudulenta; j) a multa aplicada tem caráter confiscatório. Ao final, é requerido o cancelamento integral dos autos de infração. Requerse, ainda, a baixa dos autos em diligência para análise e revisão da documentação acostada à impugnação.: A Segunda Turma da DRJ em Campo Grande (MS) julgou a impugnação procedente em parte, nos termos do Acórdão nº 0435.539, de 20 de maio de 2014, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Fl. 2011DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 146 4 Considerase não impugnada a matéria não contestada expressamente. DILIGÊNCIA. IMPRESTABILIDADE. A diligência deve ser deferida nos casos em que se necessita a elucidação de questões de difícil deslinde ou se apontados erros ou interpretações divergentes das do autuante e que não possam ser clareadas pela simples análise das provas carreadas aos autos. CONSTRUÇÃO CIVIL. EMPREITADA. RECEITAS. APURAÇÃO CUMULATIVA E DIFERIMENTO DO PAGAMENTO. Havendo comprovação que as receitas auferidas enquadramse nas condições estabelecidas pela legislação, pode ser aplicada a apuração cumulativa da contribuição para o PIS/Pasep no caso de construção civil, assim como o diferimento do pagamento da contribuição pode ocorrer se os tomadores dos serviços ou adquirentes das mercadorias forem pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas e sociedades de economia mista. CRÉDITOS DE COFINS. APURAÇÃO NÃO CUMULATIVA. PRESCRIÇÕES LEGAIS. Os créditos relativos à Cofins não cumulativa só são reconhecidos no caso de as operações que lhe deram origem estarem balizadas nas estritas raias das prescrições legais. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. MULTA QUALIFICADA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DOLO. NÃO CABIMENTO. É incabível a aplicação de multa qualificada, com percentual de 150%, quando não restar comprovada a conduta dolosa do sujeito passivo, observandose que a divergência entre as informações contidas nas declarações e as constantes dos livros fiscais e contábeis, por si só, não caracteriza dolo. MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. EXAME NA ESFERA ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. É defeso na esfera administrativa o exame de constitucionalidade de lei, bem como o da violação pelo ato normativo a princípios constitucionais, entre eles o da vedação ao confisco. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. SIMILITUDE DOS MOTIVOS DE AUTUAÇÃO E RAZÕES DE IMPUGNAÇÃO. Fl. 2012DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 147 5 Aplicamse à contribuição para o PIS/Pasep os mesmos argumentos expendidos para a Cofins, em face da similitude dos motivos de autuação e razões de impugnação. Impugnação Procedente em Parte Inconformado com a decisão da DRJ, apresentou recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) A autoridade fiscal entendeu que todas as receitas auferidas pela recorrente estavam submetidas ao regime nãocumulativo das contribuições. Contudo, a apresentação das notas fiscais com a impugnação, bem como as que foram juntadas no recurso voluntário demonstram que totalidade de sua receita estava sujeita ao regime cumulativo. Inclusive que manteve todos os esforços para levantamento da documentação comprobatória do auferimento de receitas sujeitas ao regime cumulativo das contribuições, relacionadas à prestação de serviços de construção civil. Cita quatro notas fiscais para demonstrar que está sujeita ao regime cumulativo, no valor total de R$ 934.270,37; b) Com relação ao enquadramento no regime de apuração do diferimento, restou amplamente comprovado pelas notas fiscais anexadas à impugnação de fls 1.31/1.660 que as receitas auferidas são referentes aos serviços de construção civil, de forma que, a recorrente tem a faculdade de diferir o pagamento das contribuições até a data do recebimento do preço. Restou demonstrada as datas do efetivo pagamento dos valores pela recorrente, por meio da juntada de planilha demonstrativa, comprovando que o diferimento do pagamento se deu de forma correta e de acordo com o que preceitua a legislação aplicável à espécie; d) Foi devidamente comprovada a emissão de notas fiscais de serviços relacionados à construção civil para órgãos públicos, bem como seu recebimento posterior, balizando, assim, a não tributação das receitas advindas de tais serviços no mês em que geradas, a qual será realizada apenas no mês em que realizado o pagamento, em atendimento à regra do diferimento prevista no art. 7º da Lei nº 9.718/98; e) Quanto à glosa dos créditos das contribuições levado a efeito pela fiscalização, ressaltese que a glosa foi teve como objeto a totalidade dos créditos tomados pela recorrente em sua unidade denominada "bento de Andrade". Cabe à fiscalização provar que as despesas sofridas pela recorrente não poderiam gerar créditos, não sendo admissível, como ocorreu no presente caso, a glosa em bloco, isto é, do montante total dos créditos tomados pela recorrente. Assim, resta demonstrado que é totalmente indevida a glosa dos créditos dos custos e das despesas creditados, restando indevidos os valores da contribuição assim calculados, de forma que também nesta parte é totalmente improcedente o auto de infração; Termina petição recursal requerendo a improcedência do auto de infração, com o consequente cancelamento do crédito tributário. Alternativamente, que o julgamento seja convertido em diligência para que seja analisada individualmente cada uma das despesas que deram origem aos créditos tomados pela recorrente. É o breve relatório. Voto Fl. 2013DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 148 6 Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise. a) Diligência. Créditos de insumos Reclama a recorrente que a glosa dos insumos teve como objeto a totalidade dos créditos tomados pela recorrente em sua unidade denominada "bento de Andrade". Que caberia à fiscalização provar que as despesas sofridas pela recorrente não poderiam gerar créditos. A recorrente requer a conversão do julgamento em diligência para que seja apurados os créditos da nãocumulatividade a que tem direito. Como já foi relatado, o objeto do processo é um auto de infração que teve como um dos fundamentos glosas de créditos apurados no regime da não cumulatividade das contribuições, que, segundo a autoridade fiscal, não se subsumem ao conceito de insumo, previsto no art. 3º, inciso II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. A pergunta que surge é sobre o ônus da prova: A quem cabe provar que os créditos glosados pela fiscalização se subsumem ao conceito de insumo, ao sujeito passivo ou à Fiscalização. Endento que a prova nos casos de apuração de créditos a serem descontados das contribuições apuradas no regime da nãocumulatividade é do sujeito passivo, pois ele é quem alega ter o direito e o Fisco apenas se insurge contra sua alegação. Fazendo um comparativo com o processo civil, é como se o detentor do direito fosse o autor e o resistente a esse direito fosse o réu. Aplicando o art. 373 do CPC, cabe ao autor a prova de fato constitutivo de seu direito. Definida a regra que direciona o onus probandi no âmbito do processo administrativo fiscal, resta estabelecer o conceito de prova, sua finalidade e seu objeto. O conceito de prova retirado dos ensinamentos de Moacir Amaral Santos: No sentido objetivo, como os meios destinados a fornecer ao julgador o conhecimento da verdade dos fatos. Mas a prova no sentido subjetivo é aquela que se forma no espírito do julgador, seu principal destinatário, quanto à verdade desse fatos. A prova, então, consiste na convicção que as provas produzidas no processo geram no espírito do julgador quanto à existência ou inexistência dos fatos. Compreendida como um todo, reunindo seus dois caracteres, objetivo e subjetivo, que se completam e não podem ser tomados separadamente, apreciada como fato e como indução lógica, ou como meio com que se estabelece a existência positiva ou negativa do fato probando e com a própria certeza dessa existência. Para Carnelutti: Fl. 2014DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 149 7 As provas são fatos presentes sobre os quais se constrói a probabilidade da existência ou inexistência de um fato passado. A certeza resolvese, a rigor, em uma máxima probabilidade. Dinamarco define o objeto da prova: ....conjunto das alegações controvertidas das partes em relação a fatos relevantes para todos os julgamentos a serem feitos no processo. Fazem parte dela as alegações relativas a esses fatos e não os fatos em si mesmos. Sabido que o vocábulo prova vem do adjetivo latino probus, que significa bom, correto, verdadeiro, seguese que provar é demonstrar que uma alegação é boa, correta e portanto condizente com a verdade. O fato existe ou inexiste, aconteceu ou não aconteceu, sendo portanto insuscetível dessas adjetivações ou qualificações. Não há fatos bons, corretos e verdadeiros nem maus, incorretos mendazes. As legações, sim, é que podes ser verazes ou mentirosas e daí a pertinência de proválas, ou seja, demonstrar que são boas e verazes. Já a finalidade da prova é a formação da convicção do julgador quanto à existência dos fatos. Em outras linhas, um dos principais objetivos do direito é fazer prevalecer a justiça. Para que uma decisão seja justa, é relevante que os fatos estejam provados a fim de que o julgador possa estar convencido da sua ocorrência Em virtude dessas considerações, é importante relembrar alguns preceitos que norteiam a busca da verdade real por meio de provas materiais. Dinamarco afirma: Todo o direito opera em torno de certezas, probabilidades e riscos, sendo que as próprias certezas não passam de probabilidades muito qualificadas e jamais são absolutas porque o espírito humano não é capaz de captar com fidelidade e segurança todos os aspectos das realidades que o circulam. Para entender melhor o instituto “probabilidade” mencionado professor Dinamarco, aduzo importante distinção feita por Calamandrei entre verossimilhança e probabilidade: É verossimil algo que se assemelha a uma realidade já conhecida, que tem a aparência de ser verdadeiro. A verossimilhança indica o grau de capacidade representativa de uma descrição acerca da realidade. A verossimilhança não tem nenhuma relação com a veracidade da asserção, não surge como resultante do esforço probatório, mas sim com referência à ordem normal das coisas. A probabilidade está relacionada à existência de elementos que justifiquem a crença na veracidade da asserção. A definição do provável vinculase ao seu grau de fundamentação, de credibilidade e aceitabilidade, com base nos elementos de prova disponíveis em um contexto dado., resulta da consideração dos Fl. 2015DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 150 8 elementos postos à disposição do julgador para a formação de um juízo sobre a veracidade da asserção. Desse modo, a certeza vai se formando através dos elementos da ocorrência do fato que são colocados pelas partes interessadas na solução da lide. Mas não basta ter certeza, o julgador tem que estar convencido para que sua visão do fato esteja a mais próxima possível da verdade. Como o julgador sempre tem que decidir, ele deve ter bom senso na busca pela verdade, evitando a obsessão que pode prejudicar a justiça célere. Mas a impossibilidade de conhecer a verdade absoluta não significa que ela deixe de ser perseguida como um relevante objetivo da atividade probatória. Quanto ao exame da prova, defende Dinamarco: (...) o exame da prova é atividade intelectual consistente em buscar, nos elementos probatórios resultantes da instrução processual, pontos que permitam tirar conclusões sobre os fatos de interesse para o julgamento. Já Francesco Carnelutti compara a atividade de julgar com a atividade de um historiador: (...) o historiador indaga no passado para saber como as coisas ocorreram. O juízo que pronuncia é reflexo da realidade ou mais exatamente juízo de existência. Já o julgador encontrase ante uma hipótese e quando decide converte a hipótese em tese, adquirindo a certeza de que tenha ocorrido ou não o fato. Estar certo de um fato quer dizer conhecêlo como se houvesse visto. No mesmo sentido, o professor Moacir Amaral Santos afirma que a prova dos fatos fazse por meios adequados a fixálos em juízo. Por esses meios, ou instrumentos, os fatos deverão ser transportados para o processo, seja pela sua reconstrução histórica, ou sua representação. Assim sendo, a verdade encontrase ligada à prova, pois é por meio desta que se torna possível afirmar idéias verdadeiras, adquirir a evidência da verdade, ou certificarse de sua exatidão jurídica. Ao direito somente é possível conhecer a verdade por meio das provas. Posto isto, concluímos que a finalidade imediata da prova é reconstruir os fatos relevantes para o processo e a mediata é formar a convicção do julgador. Os fatos não vêm simplesmente prontos, tendo que ser construídos no processo, pelas partes e pelo julgador. Após a montagem desse quebracabeça, a decisão se dará com base na valoração das provas que permitirá o convencimento da autoridade julgadora. Assim, a importância da prova para uma decisão justa vem do fato dela dar probabilidade às circunstâncias a ponto de formar a convicção do julgador. Regressando aos autos, conforme já relatado, a recorrente se restringiu a alegar que a fiscalização não provou que as despesas sofridas pela recorrente não poderiam gerar créditos. Acontece que a prova de legalidade dos créditos cabe ao sujeito passivo, devendo ser providenciada no momento processual adequado, no caso, na impugnação. Não foi o que ocorreu. Fl. 2016DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 151 9 A diligência não se presta para ajudar o recorrente a instruir o processo quando ele não o fez no momento previsto na legislação. Ainda mais quando ele teve todas as oportunidades para fazêlo, seja na fase instrutória, seja na interposição do recurso em primeiro grau. Diante dessa considerações, nego a diligência suscitada e mantenho as glosas efetuadas pela fiscalização. b) Apuração cumulativa das contribuições. Possibilidade. A questão de mérito está centrada na aplicação da exceção para o regime da nãocumulatividade prevista no inciso XX do art. 10 da Lei 10.833/03 ao caso concreto. Veja se o texto legal: Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 8o: (...) XX – as receitas decorrentes da execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, até 31 de dezembro de 2015; Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) V nos incisos VI, IX a XXVII do caput e nos §§ 1º e 2º do art. 10 desta Lei;” Importa assim saber se as receitas obtidas pela recorrente foram oriundas de construção civil e, para tanto, é imprescindível definir o alcance de “obra de construção civil”. A legislação tributária dispõe de algumas definições, cabendo aqui colecionar algumas delas, com ênfase nos tributos federais: DECRETO nº 3.048/1999: Art. 257. (...) § 13. Entendese como obra de construção civil a construção, demolição, reforma ou ampliação de edificação ou outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo. ATO DECLARATÓRIO NORMATIVO COSIT nº 30/1999: “O COORDENADORGERAL DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO, no uso das atribuições que lhe confere o art. 199, inciso IV, do Regimento Interno aprovado pela Portaria MF Nº 227, de 3 de setembro de 1998, e tendo em vista as disposições do inciso V do art. 9º da Lei Nº 9.317, de 5 de Fl. 2017DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 152 10 dezembro de 1996 , com as alterações promovidas pelo art. 4º da Lei Nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997. Declara, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento e aos demais interessados, que a vedação ao exercício da opção pelo SIMPLES, aplicável à atividade de construção de imóveis, abrange as obras e serviços auxiliares e complementares da construção civil, tais como: 1. a construção, demolição, reforma e ampliação de edificações; 2. sondagens, fundações e escavações; 3. construção de estradas e logradouros públicos; 4. construção de pontes, viadutos e monumentos; 5. terraplenagem e pavimentação; 6. pintura, carpintaria, instalações elétricas e hidráulicas, aplicação de tacos e azulejos, colocação de vidros e esquadrias; e 7. quaisquer outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. LEI COMPLEMENTAR nº 116/2003 Anexo Único Lista de Serviços – Item 7.02: 7.02 – Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos; INSTRUÇÃO NORMATIVA nº 971/2009: Art. 322. Considerase: I obra de construção civil, a construção, a demolição, a reforma, a ampliação de edificação ou qualquer outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo, conforme discriminação no Anexo VII; ...... X serviço de construção civil, aquele prestado no ramo da construção civil, tais como os discriminados no Anexo VII; ...... XXVII contrato de construção civil ou contrato de empreitada (também conhecido como contrato de execução de obra, contrato de obra ou contrato de edificação), aquele celebrado entre o proprietário do imóvel, o incorporador, odono da obra ou o condômino e uma empresa, para a execução de obra ou serviço de construção civil, no todo ou em parte, podendo ser: Fl. 2018DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 153 11 a) total, quando celebrado exclusivamente com empresa construtora, definida no inciso XIX, que assume a responsabilidade direta pela execução de todos os serviços necessários à realização da obra, compreendidos em todos os projetos a ela inerentes, com ou sem fornecimento de material; b) parcial, quando celebrado com empresa construtora ou prestadora de serviços na área de construção civil, para execução de parte da obra, com ou sem fornecimento de material; Ainda, a CoordenaçãoGeral de Tributação, mesmo adotando a abordagem mais abrangente, correspondente ao entendimento consubstanciado no ADN 30/99, supracitado, assim ementou sobre a situação abaixo (SC Cosit 02/2010): Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Expressão "obras de construção civil". Significado na legislação referente à Cofins nãocumulativa. As atividades de locação de andaimes, de formas e escoramentos utilizados em obras de construção civil não se enquadram na expressão “obras de construção civil” para efeitos de gozo do benefício tributário previsto no inciso XX do art. 10 da Lei no 10.833, de 2003. Portanto, as receitas auferidas com a exploração dessas atividades sujeitamse à incidência da alíquota de 7,6% da Cofins. Obras de construção civil, no que se refere à incidência da Cofins nãocumulativa, alcançam as atividades da mesma natureza daquelas exemplificadas no Ato Declaratório Normativo Cosit no 30, de 14/10/1999. Dispositivos Legais: Inciso XX do art. 10 da Lei no 10.833, de 2003, com a redação atual dada pelo art. 17 da Lei nº 11.945, de 2009; e Ato Declaratório Normativo Cosit no 30, de 1999. Assim, mesmo atividades necessárias ou relacionadas à determinada obra ou empreendimento do qual faça parte construção civil, não necessariamente estão subsumidas à exclusão prevista no art. 10, XX, da Lei 10.833/03. Na Solução de Divergência Cosit nº 11/2014, é adotado também, para interpretação da construção civil prevista na Lei 10.833/03, o conceito do ADN 30/99, ou seja, aquele que inclui as atividades auxiliares e complementares de construção civil. A despeito disso, o próprio documento explica o seguinte em sua fundamentação: “43. Contudo, cumpre ressaltar que o citado dispositivo é expresso em estabelecer a aplicação do regime de apuração cumulativa das contribuições em estudo às receitas decorrentes da “execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil”. Assim, tal preceptivo alcança apenas as receitas decorrentes das prestações dos serviços que menciona, e, como não estabelece ressalva, alcança também as receitas decorrentes de eventual fornecimento de bens na Fl. 2019DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 154 12 prestação de tais serviços. Diferentemente, o mencionado dispositivo não alcança a venda de bens, ainda que haja alguma prestação de serviços acessória, bem como a prestação de serviços diversos dos arrolados por ele. 44. Para ilustrar as diferenciações de tratamento tributário apresentadas no parágrafo anterior, analisamse algumas situações possíveis envolvendo o ramo de arescondicionados: a) contratação de uma pessoa jurídica para preparação da estrutura e instalação de arcondicionado central em um edifício. Nessa hipótese, o contrato é preponderantemente de prestação de serviço auxiliar em obra de construção, sendo o fornecimento de bens etapa necessária para a prestação. Destarte, aplicável às receitas auferidas com a prestação de tal serviço o regime de apuração cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, conforme inciso XX do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003; b) aquisição de arcondicionado a ser entregue instalado na parede do edifício. Nessa hipótese, o contrato é preponderantemente de compra e venda de bens, sendo o serviço de instalação apenas acessório. Assim, não são aplicáveis à espécie as disposições do mencionado dispositivo legal, sendo o regime de apuração das contribuições relativas à receita de venda estabelecido conforme as regras gerais. 45. Portanto, para a correta aplicação do inciso XX do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, nas hipóteses em que o contrato envolve fornecimento de bens, é necessário verificar a preponderância da relação econômica estabelecida. Caso se trate de prestação de serviço de “execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil”, com acessório fornecimento de bens, mostrase aplicável o citado dispositivo. De outra banda, caso de trate de fornecimento de bens, com acessória prestação de serviço de construção civil, não se pode aplicar tal preceptivo. 46. Ademais, quase desnecessário asseverar que não se podem aplicar as disposições do dispositivo em lume às receitas decorrentes da prestação de serviços que não caracterizam “execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil”, como os serviços de manutenção de máquinas, etc”. Assim, para plena inclusão no regime cumulativo, o essencial deve ser a caracterização dos serviços como execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, daí sim abarcando atividades auxiliares e complementares. Cravada a premissa, passase ao exame das provas que possam demonstrar que as receitas obtidas pela recorrente foram oriundas de serviços prestados de construção civil. Para comprovar a natureza jurídica do serviço prestado, é fundamental a análise dos contratos avençados pela recorrente. Já para identificar o valor da receita, Fl. 2020DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 155 13 necessário se faz cotejar as notas fiscais emitidas pela recorrente com os registros fiscais na contabilidade. Após análise aprofundada nos autos do processo, constatase que a recorrente não apresentou nenhuma cópia dos contratos que alega terem sido de construção civil. Não há sequer uma planilha com a discriminação dos contratos, dos valores pagos a cada um, da sociedade contratante, etc... Sem as cópias dos contratos de prestação de serviço, fica inviável a análise da natureza jurídica de cada serviço prestado pela recorrente. Sendo necessário o julgamento com os elementos constantes nos autos. Ressalto que não faltou oportunidade e informação para recorrente da imprescindibilidade de constarem nos autos as cópias dos contratos de serviços, pois a primeira instância alertou para esse fato, conforme se pode constatar pela transcrição de trecho do voto condutor: Em primeiro lugar, as notas fiscais emitidas são elementos robustos de prova, mas não absolutos. Principalmente no caso de prestações de serviços de construção civil, para corroborar o quanto contido nas notas fiscais, há a necessidade de apresentação dos contratos firmados com os tomadores dos serviços. Tais contratos não foram apresentados nem durante o procedimento fiscalizatório, após intimação, nem constam destes autos. Se for considerada, ainda, a alegação de que uma grande parte dos serviços foi prestada a órgãos públicos, autarquias e sociedades de economia mista, o contrato é imprescindível como elemento de prova. Também, a alegação perde substância em face do estado das notas fiscais apresentadas (fls. 1.316 a 1.660). É que a esmagadora maioria delas está ilegível e, das legíveis, boa parte encontrase cancelada. Pelas assertivas feitas, e tendo por premissa que cabe ao sujeito passivo a prova de que suas receitas eram oriundas de contratos de prestação de serviço de construção civil, e que não há elementos probantes que lastreiam suas alegações, voto no sentido de manter a decisão recorrida para manter o regime nãocumulativo para as receitas auferidas pela recorrente no período compreendido entre 01/01/2009 e 31/12/2009 c) Diferimento do pagamento das contribuições com base no art. 7º da Lei nº 9.718/98. Nos termos do art. 7º da Lei nº 9.718/98, o pagamento das contribuições para o Pis e para Cofins poderá ser diferido, pelo contratado, até a data do recebimento do preço, quando ficar comprovado que o serviço prestado foi de construção por empreitada ou de fornecimento a preço predeterminado de bens ou serviços, contratados por pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias. A DRJ negou provimento a esse capítulo sob o fundamento de que faltou provas de que a recorrente só teria efetuado o diferimento de receitas advindas de contratos Fl. 2021DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 156 14 com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista e suas subsidiárias. A recorrente alega, em recurso voluntário, que foi devidamente comprovada a emissão de notas fiscais de serviços relacionados à construção civil para órgãos públicos, bem como seu recebimento posterior, com base na regra do diferimento prevista no art. 7º da Lei nº 9.718/98. Mais uma vez o direito da recorrente não foi devidamente provado. Após análise dos autos, não foram identificados provas fundamentais que subsidiariam as alegações da recorrente, tais como: escrita contábil, comprovação do recebimento e os contratos celebrados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista e suas subsidiárias. Constam no processo planilhas com a composição da base de cálculo das contribuições e planilhas com a menção de vários clientes. Contudo, como já dito, não há documentação contábil que comprove os dados constantes nas mencionadas planilhas. Diante da falta de elementos probantes, mantenho a decisão a quo sobre esse capítulo. d) Inaplicabilidade da Taxa Selic Reclama que a taxa Selic não serve como sanção por atraso no cumprimento de uma obrigação tributária. Essa matéria já foi pacificada com a aprovação do enunciado de Súmula CARF nº 04, publicada no DOU de 22/12/2009, in verbis: Súmula CARF nº 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Impende observar que as súmulas do Carf são de observância obrigatória, sob pena de perda de mandato. Conclusão Por todas as razões de direito e de fato expostas, nego provimento ao recurso voluntário do sujeito passivo. É como voto. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 2022DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 157 15 Fl. 2023DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13501.000026/2003-18
Turma: Primeira Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Jun 03 00:00:00 UTC 2009
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI
Ano-calendário: 1995
RESSARCIMENTO DE CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. PRESCRIÇÃO.
O direito de solicitar o ressarcimento de crédito presumido do IPI fica sujeito ao prazo de prescrição de cinco anos, contados do encerramento do trimestre de referência.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2102-000.195
Decisão: ACORDAM os Membros da SEGUNDA TURMA ORDINÁRIA da PRIMEIRA CÂMARA da SEGUNDA SEÇÃO do CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: IPI- processos NT- créd.presumido ressarc PIS e COFINS
Nome do relator: WALBER JOSÉ DA SILVA
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PRESCRIÇÃO. O direito de solicitar o ressarcimento de crédito presumido do IPI fica sujeito ao prazo de prescrição de cinco anos, contados do encerramento do trimestre de referência. Recurso Voluntário Negado. Vistos relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da SEGUNDA TURMA ORDINÁRIA da PRIMEIRA CÂMARA da SEGUNDA SEÇÃO do CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. 4.¥ _ OÁÀO/CVU:a- c9-1 G SE A MARLI COEL O MARQUES Presidente WALBERJGS GA SI ê‘ A Relator - \ Participarani, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Maurício Taveira e Silva, Fabiola Cassiano Keramidas, Fernando Luiz da Gama Lobo D'Eça, José Antonio Francisco, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Processo n° 13501.000026/2003-18 S2-C1 T2 Acórdão n.° 2102-00.195 - SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Fl. 275 CONFERE COM O ORIGINAL Brasília, 024 I t9 q? Relatório No dia 26/12/2002 a empresa BRESPEL COMPANHIA INDUSTRIAL BRASIL ESPANHA, já qualificada nos autos, apresentou pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI, relativo ao ano de 1995, nos termos da Lei n° 9363, de 1997, e na Portaria MF n°38, de 1997. Nos termos do Despacho Decisório DRF/CCI n° 0351/2007, o pedido foi indeferido em face da extinção do direito de a recorrente pleitear o ressarcimento. Não se conformando com a decisão acima, a empresa interessada ingressou com manifestação de inconformidade, cujas alegações estão resumidas no relatório da decisão recorrida, que leio em sessão. A 4 Turma de Julgamento da DRJ em Salvador - BA indeferiu a solicitação da recorrente e não homologou as compensações, nos termos do Acórdão ri' 15-15.678, de 14/05/2008, cuja ementa abaixo transcrevo: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados — IPI Ano-calendário: 1995 CRÉDITO PRESUMIDO DO IN. PRESCRIÇÃO. O direito a requerer o ressarcimento do crédito presumido do IPI referente ao ano de 1995 fica sujeito ao prazo prescricional de 5 anos, contado da data de encerramento do balanço anual Desta decisão a empresa interessada tomou ciência no dia 20/06/2008, conforme AR de fl. 250, e, no dia 16/07/2008, ingressou com o recurso voluntário de fls. 251/259, no qual repisa os argumentos da manifestação de inconformidade sobre a tempestividade de seu pleito na medida em que este processo é uma continuação dos processos n°13501.000185/99-85 e 13501.000144/00-11, iniciados dentro do prazo prescricional, e que a desistência dos mesmos foi feita para segregar o pedido em outros processos e este procedimento não pode importar na desconsideração do pedido anteriormente realizado. Deve- se homenagear o princípio da verdade material, da razoabilidade e da informalidade. Na forma regimental, o processo foi a mim distribuído no dia 02/12/2008, conforme despacho exarado na última folha dos autos - fl. 273. É o Relatório. #1(., 2 • Processo n° 13501.000026/2003-18 S2-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.195 Fl. 276 . c,.--•,..3ELGUásIgtOFCE c2À Brastlb, RENSCEOLL810 ORéIG-6n NALN1r--__ Voto Conselheiro WALBER JOSÉ DA SILVA, Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende às demais exigências legais, razão pela qual dele conheço. Com o seu protesto, a empresa interessada pretende que este Colegiado reforme a decisão recorrida para considerar seu pedido de ressarcimento dentro do prazo prescricional sob a alegação de que o crédito aqui pleiteado fora objeto de pedido apresentado em 1999 e 2000, cujo processo pediu desistência para segregar o pedido. A decisão recorrida não merece reforma. Tem o administrado o direito de peticionar perante a administração pública. E este direito deve ser exercido livremente, como também livremente é o direito do administrado de desistir de qualquer pleito formulado junto à administração pública. No caso em tela, a recorrente apresentou pedidos de ressarcimento de crédito presumido de IPI nos anos de 1999 e 2000 e, por entender que os mesmos não cumpriam os requisitos formais exigidos pela legislação, solicitou a desistência dos mesmos e apresentou novos pedidos de ressarcimento envolvendo os mesmos créditos presumidos anteriormente pleiteados. O pedido de desistência extinguiu o processo administrativo, sem julgamento do mérito do pedido. O fato de a recorrente ter efetuado outro pedido contendo parte ou totalidade do pedido que desistiu não importa em dar algum efeito ao processo extinto a seu pedido, ainda mais o relativo à prescrição. Não há que se falar em continuidade dos processos administrativos, posto que distintos e autônomos. Neste processo, o pedido foi efetuado em dezembro de 2002 e diz respeito a crédito presumido de IPI, instituído pela Lei n 2 9.363/96, vinculado a exportações que ocorreram no ano de 1995. Tratando-se de crédito relativo ao IPI, correspondente a um estímulo fiscal de natureza orçamentária, ou seja, crédito não decorrente de um pagamento a maior ou indevido de tributo ou contribuição, portanto, não sujeito repetição, aplica-se a regra do art. 1 2 do Decréto n2 20.910/32, verbis: "Art. 1° - As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem." 44, • 3 Processo n° 13501.000026/2003-18 S2-C1T2 • Acórdão n.° 2102-00.195 Fl. 277 No mais, com fulcro no art. 50, § l,da Lei n 9.784/1999 1 , adoto os fundamentos do acórdão de primeira instância. Por tais razões, que reputo suficientes ao deslinde, ainda que outras tenham sido alinhadas, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Sala das Ses s, em O de junho de 2009 r .1F - SEGUNDO CONSELHO DE. CONTRia... CONFERE COM O ORIGINAL WALBE' J • SÉ DA S LVA Brasília. CJÁ. 1 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (• • .) § 1' A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. 4
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Numero do processo: 16643.000387/2010-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
REEXAME NECESSÁRIO. CRÉDITO EXONERADO ACIMA DO LIMITE DE ALÇADA PELA DECISÃO A QUO. RECURSO DE OFÍCIO CONHECIDO..
Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. (Súmula CARF nº 103)
PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. AJUSTE DECORRENTE DO EXCESSO APURADO NA ALIENAÇÃO OU BAIXA DO ATIVO. PREÇO PARÂMETRO.
O art. 45, §2º da Lei nº 10.637/02 autoriza que a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido.
Nesses casos, eventual ajuste deve ser calculado considerando exclusivamente os dados relativos ao momento da importação do bem, ou seja, se o preço praticado no momento da importação estava de acordo com o preço parâmetro no momento da importação, não fazendo sentido a utilização de dados relativos ao momento da venda desse bem.
Apenas com a introdução com o art. 48 da Lei nº 12.715/2012, que introduziu o §15º ao art. 18 da Lei nº 9.430/96, que no caso de ser utilizado o método PRL, o preço parâmetro deverá ser apurado considerando-se os preços de venda no período em que os produtos forem baixados dos estoques para resultado, entretanto o presente caso é anterior a essa mudança legislativa.
ERRO DE CÁLCULO. CONHECIMENTO DE OFÍCIO.
Mero erro de cálculo é matéria cognoscível de ofício na esfera administrativa - sobretudo por ser passível de pedido de revisão de ofício na fase de cumprimento dessa decisão, conforme Parecer Normativo Cosit nº 02/2016.
LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL.
O lançamento decorrente (CSLL) segue a sorte do lançamento principal (IRPJ), em face dos mesmos fatos e elementos de prova, inexistindo razão jurídica para decidir diversamente.
Numero da decisão: 1301-003.870
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, de ofício, conhecer a alegação de erro de cálculo aduzida pelo contribuinte para reduzir a base de cálculo do lançamento mantida pela DRJ para R$ 3.536.256,83, nos termos do voto do redator designado. Vencido o Conselheiro Nelso Kichel (relator) que votou por dar provimento ao recurso de ofício. Designado o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Redator Designado.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild, substituída pelo Conselheiro José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: NELSO KICHEL
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CRÉDITO EXONERADO ACIMA DO LIMITE DE ALÇADA PELA DECISÃO A QUO. RECURSO DE OFÍCIO CONHECIDO.. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. (Súmula CARF nº 103) PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. AJUSTE DECORRENTE DO EXCESSO APURADO NA ALIENAÇÃO OU BAIXA DO ATIVO. PREÇO PARÂMETRO. O art. 45, §2º da Lei nº 10.637/02 autoriza que a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido. Nesses casos, eventual ajuste deve ser calculado considerando exclusivamente os dados relativos ao momento da importação do bem, ou seja, se o preço praticado no momento da importação estava de acordo com o preço parâmetro no momento da importação, não fazendo sentido a utilização de dados relativos ao momento da venda desse bem. Apenas com a introdução com o art. 48 da Lei nº 12.715/2012, que introduziu o §15º ao art. 18 da Lei nº 9.430/96, que no caso de ser utilizado o método PRL, o preço parâmetro deverá ser apurado considerandose os preços de venda no período em que os produtos forem baixados dos estoques para resultado, entretanto o presente caso é anterior a essa mudança legislativa. ERRO DE CÁLCULO. CONHECIMENTO DE OFÍCIO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 64 3. 00 03 87 /2 01 0- 59 Fl. 2822DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.823 2 Mero erro de cálculo é matéria cognoscível de ofício na esfera administrativa sobretudo por ser passível de pedido de revisão de ofício na fase de cumprimento dessa decisão, conforme Parecer Normativo Cosit nº 02/2016. LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL. O lançamento decorrente (CSLL) segue a sorte do lançamento principal (IRPJ), em face dos mesmos fatos e elementos de prova, inexistindo razão jurídica para decidir diversamente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, de ofício, conhecer a alegação de erro de cálculo aduzida pelo contribuinte para reduzir a base de cálculo do lançamento mantida pela DRJ para R$ 3.536.256,83, nos termos do voto do redator designado. 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Fl. 2823DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.824 3 Relatório Os autos deste processo subiram a esta instância recursal ordinária do CARF por força do Recurso de Ofício, para reexame necessário da decisão da 5ª Turma da DRJ/São Paulo I (efls. 2755/2755) que, ao julgar Impugnação parcialmente procedente, exonerou crédito tributário acima do limite de alçada. Quanto aos fatos, consta dos autos: que, em 15/12/2010, a fiscalização da RFB, unidade local DEMAC/São Paulo lavrou Autos de Infração do IRPJ e reflexo (CSLL), regime do lucro real anual, ano calendário 2005 (efls. 1475/1489), ao imputar a seguinte infração, in verbis: (...) 001 ADIÇÕES PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA NÃO ADIÇÃO DE PARCELA DE CUSTOS, DESPESAS, ENCARGOS BENS, SERVIÇOS, DIREITOS ADQUIRIDOS NO EXTERIOR PESSOA VINCULADA Valor apurado conforme Termo e V e r i f i c a ç ã o Fiscal em Anexo que faz parte integrante deste Auto de Infração. Fato Gerador Valor Tributável Apurado (R$) Multa (%) 31/12/2005 15.945.845,57 75,00 ENQUADRAMENTO LEGAL: Art . 241 do RIR/99. (...) que integra o lançamento fiscal o Termo de Verificação Fiscal TVF (efl. 1433/1473) e do qual se extrai quanto aos fatos apurados pelo Fisco, in verbis: (...) 3. Do contribuinte (...), a SKF é uma empresa global de conhecimento em engenharia com 120 fábricas em 25 países, cuja proximidade com seus clientes é garantida por meio de uma rede de mais de 15.000 distribuidores autorizados em mais de 130 países. O grupo SKF é líder mundial no suprimento de produtos, soluções e serviços na área de Rolamentos e Unidades, Vedantes, Mecatrônica, Serviços e Sistemas de Lubrificação. A história da SKF começou em 1907 e no Brasil ela iniciou em meados da segunda década do século passado, em 1915. 4. Dos Fatos Fl. 2824DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.825 4 4.1 Da Cronologia das intimações realizadas no curso da ação fiscal O mandado de procedimento MPF 08.1.71.002009002280 (fl. 02), supracitado, determinou a verificação, em relação ao Contribuinte acima identificado, quanto à observação da legislação que. rege o Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas, Preços de Transferência1 , no que diz respeito às importações efetuadas pelo contribuinte durante o ano calendário de 2005. (...) Planilhas apresentadas pelo contribuinte em resposta ao Termo de Início de Fiscalização: (...) 4) Arquivo SKFPRL 20 MPF.xls 4a) Planilha "CÁLCULO PRL 20": Esta planilha em meio digital, corresponde à planilha de que foi também entregue impressa "Planilha de apuração dos Preços de Transferência na Importação" (fl. 70 a 129). Contém o resumo da apuração dos preços de transferência para cada item importado sujeito a este controle, informando detalhes tais como Preço Praticado, Preço Parâmetro, método adotado, quantidade consumida (quantidade vendida), ajuste total (campo Diferença Tributável), entre outros (...) Após análise dos documentos e arquivos digitais entregues em resposta ao Termo de Início, esta fiscalização constatou algumas inconsistências nos dados informados, (...). Na Demonstração do Lucro Real constante da DIPJ2006 AC 2005, ficha 09, linha "07.Ajustes Decorrentes de Métodos Preço de Transferência", o contribuinte adicionou R$ 5.615.526,54 ao Lucro Líquido. (...) O contribuinte então, em 28/10/2010, apresentou nova apuração de Transfer Price para o AnoCalendário 2005, através do relatório impresso "Base de Cálculo de TP2005 PRL20" (fl. 421 a 541). Esta planilha também foi entregue em meio digital, gravados em CD, acompanhado do respectivo recibo digital de fl. 420. Neste CD também está gravada a base de dados de importação com a devida correlação das linhas do arquivo do Siscomex, fornecido pelo fisco, com os correspondentes código dos produtos importados. O contribuinte apurou o valor de ajuste de R$ 8.262.514,62 (fl. 541verso). Após análise da apuração realizada e entregue em 28/10/2010, o fisco intimou o contribuinte, por meio do Termo de Intimação 03, fl. 543, a corrigir os seguintes erros: Fl. 2825DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.826 5 (...) O contribuinte então apresentou resposta ao Termo de Intimação 05, de fl. 703, acompanhada de CDRom e respectivo Recibo de Entrega de Arquivos Digitais (fl. 704), por meio da qual da qual informou ter efetuado as seguintes correções: (...) Todas as alterações relacionadas foram contempladas no arquivo apresentado "Cálculo de Transfer Price PRL 20 corrigido em 30112010", bem como na planilha impressa de página 01 a 119, fl. 705 a 764. O contribuinte apurou, nesta planilha, o ajuste total de R$ 9.199.115,50, com base nas quantidades importadas em 2005 e de R$ 21.561.372,11, com base nas quantidades vendidas em 2005, (fl. 768). (...) 4.2 Do procedimento adotado pelo contribuinte para apuração de Preço de Transferência nas operações de Importação e da apresentação de novos cálculos após intimação do fisco O contribuinte ofereceu espontaneamente à tributação, por meio da DIPJ AC 2005, ajuste total de R$ 5.615.526,54, decorrente das operações de importações para empresas vinculadas e/ou situadas em países de tributação favorecida, conforme se verifica da ficha 32 da DIPJ 2006 (fls. 5 verso). (...) O contribuinte adotou, para todos os produtos importados, o método Preço de Revenda menos Lucro com margem de 20%, tendo em vista que os produtos importados são revendidos da mesma forma como são importados. (...) A fiscalização então procedeu à verificação das bases de dados e dos cálculos efetuados pelo contribuinte a fim de investigar se a apuração de Transfer Price na importação realizada pelo contribuinte após intimação estava correta ou não. Assim sendo, por meio dos Termos de Intimação 01 a 05, conforme já relatado no item 4.1 deste Termo, o fisco apontou os erros detectados na apuração do contribuinte que foram sendo corrigidos pela empresa à medida que transcorria a fiscalização. Por fim, o contribuinte, após correção de todos os erros apontados pelo fisco, chegou ao valor final de ajuste de R$ 21.561.372,11 da planilha de fl. 76. Este valor tem como base de ajuste as quantidades vendidas assim como foi calculado o ajuste no ano anterior (AC 2004) e como prescreve a legislação no parágrafo primeiro do artigo 5º da IN SRF 243/2002, abaixo transcrito: .... Fl. 2826DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.827 6 Se observarmos a planilha final de apuração de ajustes (fl. 768), verificase que o ajuste calculado com base nas quantidades importadas (R$ 9.199.115,5) é bastante inferior ao ajuste calculado com base nas quantidades vendidas (R$ 21.561.372,11. O contribuinte havia alegado que sempre realizava ajuste do total da quantidade importada, independentemente se a mercadoria era ou não levada a custo no ano da importação. Esta fiscalização até se dispôs a averiguar tal alegação e solicitou ao contribuinte que apresentasse o levantamento dos ajustes realizados no ano calendário anterior, qual seja, 2004, a fim de constatar as alegações do contribuinte. No entanto, o arquivo apresentado pelo contribuinte demonstrou claramente que o contribuinte realizou os ajustes em 2004 com base na quantidade vendida dos produtos importados, conforme já foi relatado anteriormente. Para apurar o valor de ajuste total de Preços de Transferência nas operações de importação no valor de R$ 21.561.372,11, foram utilizados, basicamente os seguintes dados: 1. Dados de Importações: planilha final no arquivo "Relatório DI SKF DO BRASIL_consolidado.XLS" (gravado no CD em anexo). Esta planilha contém detalhes das operações de importação que constituem as compras do ano de 2005, que foram extraídos do sistema Siscomex. (...) 2. Dados de Inventário: planilha "ESTOQUES", contida no arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls" (gravado no CD em Anexo). Esta planilha contém as quantidades do item importado em estoque inicial e final para o ano de 2005. O valor dos estoques iniciais é ponderado com os valores das importações para apuração do preço praticado, conforme se pode verificar na coluna "PREÇO PRATICADO C/ESTOQUE INICIAL" da planilha "CÁLCULO PRL 20", do arquivo "SKF TP2005PPvL20corrigido20101130.xls" (gravado no CD em Anexo). 3. Vendas: : planilha do arquivo "saídas importado 20111130.xls" (gravado no CD em anexo). Esta planilha contém detalhes das operações de vendas dos itens importados realizadas ano de 2005. A partir destes dados, o contribuinte realizou consolidação dos dados de vendas , e gerou as planilhas "RESUMO SAÍDAS COM VINCULADAS" (versão sem exclusão das vendas para vinculadas) e "RESUMO SAÍDAS SEM VINCULADAS" (versão com exclusão das vendas para vinculadas), contida no arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls" (gravado no CD em Anexo). A partir dos valores contidos nesta planilha é realizado o cálculo do preço parâmetro pelo método PRL com margem de 20% Preço de Revenda menos Lucro com margem de 20% para a revenda. Esta planilha apresenta os seguintes campos: Valor total da venda, descontos e impostos incidentes sobre as vendas (ICMS, PIS e COFINS). A partir destes valores é realizado o Fl. 2827DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.828 7 cálculo do preço parâmetro, na planilha "CÁLCULO PRL20", do arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls". 4. Cálculo dos preços praticados, dos preços parâmetros e dos ajustes : Planilha "CÁLCULO PRL20", do arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls". Contém o resumo da apuração dos preços de transferência para cada item importado sujeito a este controle, informando detalhes da apuração do Preço Praticado, da apuração do Preço Parâmetro, Dados de estoque inicial, quantidade vendida, ajuste total, etc. Esta planilha foi juntada às folhas 705 a 764 e será descrita detalhadamente mais adiante. 4.3 Da Apuração dos Preços de Transferência: 4.3.1 Apuração do Preço Praticado: O preço praticado nas importações é determinado, basicamente, pela média do valor das importações realizadas no ano, ponderada com os estoques iniciais. As planilhas a seguir detalham como foram obtidos os dados e como os cálculos foram realizados. Importações : Esta planilha contém detalhes das operações de importação que constituem as compras do ano de 2005, as quais foram extraídos do sistema Siscomex e entregues ao contribuinte, por meio do Termo de Constatação e entrega de arquivo de fl. 417 (...) Dados consolidados das importações: estes dados são encontrados na planilha "RESUMO DE ENTRADAS", contida no arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls" (gravado no CD em Anexo). Nesta planilha é realizada a consolidação dos dados contidos no arquivo de Importações, descrito no item anterior. Assim sendo, este arquivo contém a soma de todas as importações de cada produto no ano de 2005. Este dado serve como base para cálculo do custo médio de importação para cada item importado de empresas vinculadas. (...) Saldos de Inventário : estes dados são encontrados na planilha "ESTOQUES', contida no arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls" (gravado no CD em Anexo). Esta planilha detalha, para cada item importado, os saldos iniciais e finais dos produtos em estoque. Isto é, a planilha relaciona a quantidade e o respectivo valor dos estoques inicias e finais do ano de 2005. O valor dos estoques iniciais será ponderado com os custos de importação para obtenção da média ponderada, conforme determinação do parágrafo 3º do artigo 12, da IN SRF 243/2002. (...) Fl. 2828DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.829 8 Apuração de Preços Praticados: Estes dados são encontrados na Planilha "CÁLCULO PRL20", do arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls". Esta planilha contém o resumo da apuração dos Preços de Transferência para cada item importado sujeito a este controle, informando detalhes da apuração do Preço Praticado, da apuração do Preço Parâmetro, dados de estoque inicial, quantidade vendida, ajuste total,etc. (...) Tabela 13 Lista dos campos da planilha "CÁLCULO PRL20", necessários ao cálculo do preço praticado na importação. Esta tabela está contida no arquivo "SKF TP2005 PRL20comgido20101130.xls ". A seguir foi transcrito um exemplo de dados preenchidos: O preço praticado é obtido pela média ponderada entre o custo de importação e o estoque inicial. A sua fórmula de cálculo é: PREÇO PRATICADO C/ ESTOQUE INICIAL (linha AA) = CUSTO TOTAL IMP R$ (linha J > ESTOQUE SI 31/12/2004 VALOR (linha N) ESTOQUE SI 31/12/2004 QUANTIDADE(linha L)+ QUANTIDADE IMPORTADA (linha D) O "CUSTO TOTAL IMP R$", por seu turno, é dado pelo Valor FOB, acrescido do Frete Internacional, do Seguro Internacional e do Imposto de Importação, conforme fórmula a seguir: CUSTO TOTAL IMP R$ (linha J) = VALOR FOB R$ (linha E)+ FRETE (linha F)+ IMP. IM P0RTAÇÂ0(linha G)+ SEGURO(linha H) Os valores FOB, de Frete, Seguro e II são originados da planilha de "Dados Consolidados de Importações". Este procedimento permite determinar com precisão o preço praticado nas importações que no exemplo em tela foi de R$ 35,90304. 4.3.2 Apuração do Preço Parâmetro pelo método PRL; O Método Preço de Revenda menos Lucro (PRL) prevê a apuração do preço parâmetro com base no preço de revenda da Fl. 2829DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.830 9 mercadoria do qual são deduzidas algumas parcelas, incluindo a margem de lucro. Na prática, o método exige uma margem de lucro mínima na operação de revenda para que não ocorra ajuste de preços de transferência. Nos casos em que o item importado é revendido diretamente, a margem de lucro prevista na legislação é de 20%. Nestes casos, são relacionadas todas as vendas do produto no ano e, sobre o valor destas vendas são calculadas as deduções previstas na legislação e as médias do preço de venda por produto, apurando assim o preço parâmetro unitário. As planilhas a seguir demonstram a origem dos dados e os cálculos realizados para apuração do preço parâmetro. Vendas : estes dados são encontrados na planilha "SAÍDAS IMPORTADO", contida no arquivo "saídas importado20101130.xls" (gravado no CD em Anexo). Esta planilha detalha cada operação de vendas realizada no ano de 2005, confonne. Estes dados foram consolidados na planilha "RESUMO SAÍDAS SEM VINCULADAS" , (...). Resumo de Vendas : estes dados são encontrados nas planilhas "RESUMO SAÍDAS SEM VINCULADAS". Esta planilha está contida em dois arquivos: "saídas importado20101130.xls" e "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls". (...) Cálculo do Preço Parâmetro : Estes dados são encontrados na Planilha "CÁLCULO PRL20", do arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls". Esta planilha contém o resumo da apuração dos Preços de Transferência para cada item importado sujeito a este controle, informando detalhes da apuração do Preço Praticado, da apuração do Preço Parâmetro, dados de estoque inicial, quantidade vendida, ajuste total, etc. (...) Tabela 17 Lista dos campos da planilha "CÁLCULO PRL20", necessários ao cálculo do preço parâmetro PRL com margem de 20% . Esta tabela está contida no arquivo "SKF TP2005 PPL20corrigido2010ll30.xls ". A seguir foi transcrito um exemplo de dados preenchidos: Fl. 2830DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.831 10 Primeiramente foi calculado o "PLV Unitário" que é dado pela expressão a seguir. Destaquese que o contribuinte não opera com descontos incondicionais e por este motivo esta parcela não foi computada. PLV Unitário = (VALOR BRUTO VENDA ICMS PIS COFINS)/QTDE VENDA SEM VINC O preço Parâmetro PRL20 é então obtido pela dedução da margem de 20% do "PLV Unitário" . A margem de 20% unitária, por sua vez, é calculada sobre o valor bruto das vendas. PREÇO PARÂMETRO UNITÁRIO = PREÇO LÍQVENDA (PLV) MARGEM 20% UNIT 4.3.3 Apuração dos Ajustes: (...) Nesta Planilha, é finalmente apurado o ajuste individual de cada item importado de empresa vinculada que será oferecido à tributação. No caso do exemplo abaixo, o ajuste unitário apurado foi de R$ 26.085,35. Tabela 18 Lista de alguns campos da planilha "CÁLCULO PRL20". Esta tabela está contida no arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls ". A seguir foi transcrito um exemplo de dados preenchidos: Fl. 2831DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.832 11 A versão integral da planilha citada na tabela 17 foi entregue impressa e rubricada pelo contribuinte e foi juntada às fls. 705 a 764. (...) 5. Das verificações realizadas pelo Fisco (...) O contribuinte foi intimado a apresentar, por amostragem, cópia de Notas Fiscais escolhidas pelo fisco que deram suporte às planilhas de vendas, por meios do Termo de Intimação 01, conforme já relatado, que servem de base para apuração do preço parâmetro pelo método preço de revenda menos lucro (PRL). Os dados constantes destes documentos foram confrontados com aqueles constantes nas memórias de cálculos (Planilha de Vendas) e nenhuma divergência foi encontrada. Foram realizadas verificações do valores constantes da planilha de "ESTOQUES" em confronto com as cópias dos livros de registro de inventários de folhas 782 a 956 e nenhuma divergência foi encontrada. Assim sendo, verificamos que, ao final desta fiscalização, o contribuinte terminou por apurar corretamente o preço parâmetro de acordo com o método PRL, previstos na legislação pertinente (IN SRF 243/2002), obtendo um valor total de ajuste de R$ 21.561.372,11 da planilha de fl. 705 a 764. No entanto, na Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (DIPJ), anocalendário 2005, a fiscalizada adicionou valor de ajuste de R$ 5.615.526,54 (fl. 5verso). Este valor, no entanto, não pôde ser analisado pelo fisco, tendo em vista que o contribuinte, apesar de intimado e reintimado a apresentar o memória de cálculo de apuração do ajuste oferecido à tributação, não logrou êxito em fazêlo, conforme já relatado. Desta forma, esta fiscalização apurou diferença positiva entre o valor de ajuste correto e aquele oferecido à tributação. Portanto, a diferença apurada será adicionada ao lucro líquido, para determinação do lucro real, e exigida por meio de Auto de Infração. Fl. 2832DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.833 12 (...) 7. Base de Cálculo Diferenças apuradas Conforme já relatado acima, o valor do ajuste para cada produto foi obtido mediante a aplicação da seguinte fórmula: Ajuste Total item* = (Preço médio Praticado Unitário Preço médio Parâmetro Unitário) x Quantidade ajustada. (* somente foi realizado ajuste quando o "Preço Praticado" resultou maior que o "Preço Parâmetro ", acrescido de 5%) O valor do ajuste oferecido à tributação pelo contribuinte, informado na DIPJ, foi de: Ajuste total oferecido à tributação R$ 5.615.526,54 (DIPJ AC 2005 fl. 5verso). Ajuste total apurado após correção: R$ 21.561.372,11 (Planilha fl. 764) Tendo em vista que o contribuinte adicionou ao lucro líquido, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor de R$ 5.615.526,54, a título de ajustes de preços de transferência, conforme ficha de apuração do lucro real da DIPJ AC 2005, este valor será deduzido do montante do ajuste ora apurado, R$ 21.561.372,11, tendo em vista que aquele valor já foi oferecido à tributação. O valor de R$ 15.945.845,57será adicionado ao lucro líquido, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, e tributado no IRPJ e da CSLL. Os respectivos tributos serão constituídos por meio de autos de infração, passando o presente termo a fazer parte integrante inseparável destes. (...) que o crédito tributário lançado de ofício, na data de lavratura dos autos de infração do IRPJ e da CSLL, perfaz o montante de R$ 8.679.798,88, assim especificado: Fl. 2833DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.834 13 Auto de Infração Principal (R$) Juros de Mora Calculados até 30/11/2010 (R$) Multa de Ofício 75% Total (R%) IRPJ 2.790.522,96 1.498.789,88 2.092.892,22 5.382.205,06 CSLL 1.004.588,27 539.564,35 753.441,20 2.297.593,82 Total 8.679.798,88 Ciente do lançamento em 16/12/2010, pelo representante legal c/ assinatura aposta no auto de infração, o sujeito passivo apresentou Recurso Voluntário em 14/01/2011 (e fls. 1496/1528), cujas razões, em síntese, constam do relatório da decisão recorrida e que transcrevo, nessa parte, in verbis: (...) DO EQUÍVOCO QUANTO À TRIBUTAÇÃO DOS BENS IMPORTADOS NO ANOCALENDÁRIO DE 2004 (...) Não se deve aplicar para os bens importados em determinado ano o ajuste referente ao anocalendário subseqüente. Contudo, foi exatamente esse um dos equívocos cometidos pela fiscalização. A fiscalização constatou que o ajuste de preço de transferência relativo ao anocalendário de 2004 se restringiu às mercadorias vendidas, como, aliás, determina a legislação em vigor. Diante disso, em total afronta ao que determina a legislação, a fiscalização adicionou às mercadorias importadas em 2005 o estoque final das mercadorias adquiridas em 2004 e calculou o ajuste dos preços de transferência relativo a 2005 com base no total das vendas realizadas. Em outras palavras, a fiscalização, ao apurar o ajuste do preço de transferência com base na totalidade das mercadorias vendidas em 2005, incluiu os itens importados em 2004. (...) Em resumo, nos cálculos realizados pela fiscalização verificase que, independentemente do ano em que o bem teria sido importado – 2004 ou 2005, os ajustes dos preços de transferência com base no PRL20 foram indistintamente feitos com base na apuração para o anocalendário de 2005. Importante observar que o método adotado pela fiscalização acabou por reconhecer a necessidade de ajuste de preço de transferência sobre mercadorias que não tiveram ajuste no ano de 2004 e que, portanto, jamais poderiam compor o ajuste de 2005. Observemse alguns exemplos à fl. 1020. Fl. 2834DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.835 14 Frisese que a legislação é clara ao dizer que o custo dos bens importados deve ser ajustado de acordo com valores obtidos para o anocalendário em que foram importados. Por fim, cumpre ressaltar que esse não é o único equívoco encontrado nos cálculos da fiscalização. DO EQUÍVOCO QUANTO À QUANTIDADE DE MERCADORIAS REVENDIDAS Além do vício acima relatado, o cálculo apresentado pela fiscalização leva em consideração quantidades equivocadas de mercadorias vendidas e submetidas ao ajuste e preço de transferência. A simples análise da planilha utilizada como base para a autuação aponta que a quantidade de mercadorias vendidas é muito superior à quantidade importada somada à quantidade mantida em estoque quando da abertura do anocalendário. Tomando como exemplo a mercadoria classificada sob código “1204ETN9” (fl. 705verso), verificase que durante o ano calendário de 2005 a impugnante importou 230 unidades desse item, sendo que em 31/12/2004 constavam 444 unidades desse mesmo item em estoque. Somadas essas quantidades obtémse o total de 674 unidades, sendo que o ajuste de preço de transferência foi calculado sobre 2.205 unidades, valor esse que consta, como quantidade revendida, do campo “Estoque Venda c/ Vinculada” da planilha utilizada pela fiscalização. Ou seja, existe uma diferença de 1.531 unidades. Notese que a fiscalização não atentou para o fato de que não poderia a impugnante revender quantidade superior àquela importada somada com a que se encontrava em estoque, de forma que os cálculos foram efetuados sobre quantidade fictícia. Importante ressaltar que, de um total de 11.353 mercadorias submetidas ao controle de preços de transferência, foram identificados 7.372 erros quanto à quantidade revendida, o que, por si só, invalida qualquer cálculo efetuado pela fiscalização e o próprio Auto de Infração dele decorrente. Assim, resta mais do que evidente que não pode prosperar o Auto de Infração, eis que eivado de vícios insanáveis quanto à quantificação do quanto supostamente devido. DA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO MELHOR MÉTODO PARA O CONTRIBUINTE De acordo com o artigo 18 da Lei nº 9.430/96, são 3 os métodos estabelecidos para o controle dos preços de transferência nas importações: métodos PIC (Preços Independentes Comparados), PRL (Preço de Revenda menos Lucro) e CPL (Custo de Produção mais Lucro). Fl. 2835DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.836 15 E o § 4º desse artigo 18 prevê que, na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado. Portanto, quando do lançamento, a fiscalização deveria ter demonstrado que o cálculo utilizado (PRL) representa o menor ajuste entre aqueles possíveis (PRL, CPL e PIC). (...) DAS PREMISSAS EQUIVOCADAS NO CÁLCULO DO PRL ADOTADO PELA FISCALIZAÇÃO – UTILIZAÇÃO DO PREÇO CIF COMO PARÂMETRO Os demonstrativos da fiscalização partem para a aferição do preço parâmetro pelo método PRL contemplando no universo de amostras comparadas os custos de frete e seguro (preço CIF). No entanto, o controle dos preços de transferência, por sua lógica e fundamento, só pode ser bem realizado se considerado o preço FOB das mercadorias, sob pena de contaminação e exposição, no resultado, de um preço que não atende ao princípio “arm’s lenght”. Conforme se observa no caput do artigo 18 da Lei nº 9.430/96, o controle dos preços de transferência, via limitação da dedução de custos, é restrito às operações realizadas com pessoas vinculadas, pois é em relação a tais contratações que se poderia transferir lucros. Assim, qualquer outra contratação, ainda que atrelada à operação realizada com vinculada, não poderia se sujeitar às limitações da legislação de preços de transferência, haja vista que não estaria presente o nexo entre a redução indevida de lucros e o negócio entabulado. Em princípio, concluise que fretes e seguros contratados com pessoas independentes e, com muito maior razão, tributos incidentes na importação, não poderiam se sujeitar a nenhum limite de dedutibilidade. Quanto ao § 6º do artigo 18 da Lei nº 9.430/96, este não tem outro intuito senão o de repisar a necessária agregação de tais parcelas de despesas ao custo das mercadorias adquiridas. Assim, o preço a ser considerado na apuração do PRL deve ser necessariamente o preço FOB. Ocorre que a IN SRF nº 243/2002 prevê expressamente a utilização do preço CIF. No entanto, em que pese a literalidade de tal dispositivo, ele é ilegal, uma vez que submete ao controle dos preços de transferência valores transacionados por partes não vinculadas, o que afronta os princípios norteadores dessas regras. Fl. 2836DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.837 16 Assim impõemse, mais uma vez, a condenação dos cálculos realizados pela autoridade lançadora, cancelandose a cobrança veiculada no Auto de Infração. DAS CONCLUSÕES QUANTO À IMPROCEDÊNCIA DO AUTO Pelo que foi até aqui exposto, não há como o lançamento se manter, eis que, resumidamente: a) A autuação se baseia em cálculos realizados de forma equivocada, eis que não levam em consideração o fato de que parte das mercadorias submetidas ao controle de preços de transferência ter sido importada no anocalendário de 2004 e, portanto, sujeitarse ao ajuste com base no preço parâmetro determinado para esse período; b) A quantidade de mercadorias revendidas utilizada como base para o cálculo do ajuste total devido é muito superior ao da soma das quantidades importadas e mantidas em estoque em 31/12/2004, de forma que o valor assim obtido está claramente viciado; e c) Em completa contrariedade das leis brasileiras de preços de transferência, o cálculo do preço parâmetro pelo método PRL20 foi realizado com base no preço CIF acrescido do imposto de importação, em detrimento do correto cálculo, com base no preço FOB. DO PEDIDO Ante o exposto, a impugnante requer o integral cancelamento do Auto de Infração. Outrossim, protesta pela oportuna juntada, ainda que por amostragem, de documentos comprobatórios de todas as alegações apresentadas, notadamente aqueles pertinentes à comprovação dos cálculos de ajustes de preços de transferência. (...) Em face das alegações do sujeito passivo, a DRJ São Paulo I devolveu os autos do processo à unidade de origem da RFB para manifestação da Fiscalização, conforme despacho (efls. 1877/1880), in verbis: (...) Na DIPJ/2006 da contribuinte consta, como o ajuste de preços de transferência na importação o montante de R$ 5.615.526,54, tendo sido utilizado o método PRL20 (Preço de Revenda menos Lucro de 20%). Após algumas intimações e correções de dados e procedimentos (sintetizadas às fls. 951/967), a contribuinte apresentou à fiscalização a planilha de fls. 705/764 (também utilizando o método PRL20), apurando o ajuste total de R$ 9.199.115,58, com base nas quantidades importadas em 2005, e de R$ Fl. 2837DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.838 17 21.561.372,11, com base nas quantidades vendidas em 2005 (fl. 764). A fiscalização adotou como correto ajuste calculado com base nas quantidades vendidas em 2005 (R$ 21.561.372,11). Em face do exposto, foi apurada a diferença tributável de R$ 15.945.845,57, conforme a seguir demonstrado (valores em reais): (...) Em sua defesa, a impugnante (...) fls. 1825/1871, apresentando, entre outras, as seguintes alegações: Do equívoco quanto à tributação dos bens importados no ano calendário de 2004 No anocalendário de 2004, a contribuinte, no cálculo do ajuste de preço de transferência, levou em consideração o total de mercadorias importadas; no entanto, somente o ajuste relativo às mercadorias vendidas foi levado a resultado. De acordo com o artigo 45 da Lei n° 10.637/2002 e o artigo 5º da IN SRF n° 243/2002,(...). Em suma, os bens importados em 2004, ainda que comercializados em 2005, devem ser ajustados de acordo com o cálculo do preço de transferência para o mesmo anocalendário de 2004, enquanto os bens adquiridos em 2005 devem ter seu custo retificado conforme o cálculo do preço de transferência para o anocalendário de 2005. Não se deve aplicar para os bens importados em determinado ano o ajuste referente ao anocalendário subseqüente. A fiscalização, contudo, ao apurar o ajuste do preço de transferência com base na totalidade das mercadorias vendidas em 2005, incluiu indevidamente os itens importados em 2004. Importante observar que o método adotado pela fiscalização acabou por reconhecer a necessidade de ajuste de preço de transferência sobre mercadorias que não tiveram ajuste no ano de 2004 e que, portanto, jamais poderiam compor o ajuste de 2005. Observemse alguns exemplos à fl. 1020. Frisese que a legislação é clara ao dizer que o custo dos bens importados deve ser ajustado de acordo com valores obtidos para o anocalendário em que foram importados. Do equívoco quanto à quantidade de mercadorias revendidas Fl. 2838DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.839 18 Além do vício acima relatado, o cálculo apresentado pela fiscalização leva em consideração quantidades equivocadas de mercadorias vendidas e submetidas ao ajuste e preço de transferência. A simples análise da planilha utilizada como base para a autuação aponta que a quantidade de mercadorias vendidas é muito superior à quantidade importada somada à quantidade mantida em estoque quando da abertura do anocalendário. Tomando como exemplo a mercadoria classificada sob código "1204ETN9" (fl. 705verso), verificase que durante o ano calendário de 2005 a impugnante importou 230 unidades desse item, sendo que em 31/12/2004 constavam 444 unidades desse mesmo item em estoque. Somadas essas quantidades obtémse o total de 674 unidades, sendo que o ajuste de preço de transferência foi calculado sobre 2.205 unidades, valor esse que consta, como quantidade revendida, do campo "Estoque Venda c/ Vinculada" da planilha utilizada pela fiscalização. Ou seja, existe uma diferença de 1.531 unidades. Notese que a fiscalização não atentou para o fato de que não poderia a impugnante revender quantidade superior àquela importada somada com a que se encontrava em estoque, de forma que os cálculos foram efetuados sobre quantidade fictícia. Importante ressaltar que, de um total de 11.353 mercadorias submetidas ao controle de preços de transferência, foram identificados 7.372 erros quanto à quantidade revendida, o que, por si só, invalida qualquer cálculo efetuado pela fiscalização e o próprio Auto de Infração dele decorrente. DAS CONSTATAÇÕES E DA PROPOSTA A contribuinte apresentou à fiscalização a planilha de fls. 705/764, apurando o ajuste total de R$ 9.199.115,58, com base nas quantidades importadas em 2005, e de R$ 21.561.372,11, com base nas quantidades vendidas em 2005 (fl. 764). Como o ajuste com base apenas nas quantidades importadas em 2005 não contemplava as importações realizadas em 2004 (estoque inicial de 2005), a fiscalização adotou como correto o ajuste calculado com base nas quantidades vendidas em 2005 (R$ 21.561.372,11). Apesar de a planilha que deu origem à autuação haver sido fornecida pela própria contribuinte, ela contesta os valores das quantidades vendidas utilizadas pela fiscalização, por serem superiores à soma das quantidades em estoque no início de 2005 com as quantidades importadas nesse mesmo ano. A contribuinte alega que, de um total de 11.353 mercadorias submetidas ao controle de preços de transferência, foram identificados 7.372 erros quanto à quantidade revendida. Fl. 2839DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.840 19 Em que pese o fato de que não nos foi possível comprovar essa alegação, o exemplo citado, relativo à mercadoria classificada sob código "1204ETN9" (fl. 705verso), demonstra que essa inconsistência, pelo menos em alguns casos, de fato existe. Nesse exemplo, verificase que, de fato, a quantidade vendida (2.205) é inexplicavelmente superior à soma do estoque inicial (444) com as quantidades importadas (230). Essa inconsistência poderia ser explicada, por exemplo, se parte da quantidade vendida fosse originada de compras no mercado interno (não sujeitas a ajustes de preços de transferência); mas não há nos autos nada acerca dessa informação. A contribuinte também contesta a apuração do ajuste relativo aos produtos que se encontravam no estoque inicial (produtos importados em 2004 e não vendidos nesse mesmo ano), para os quais a fiscalização adotou o mesmo ajuste unitário calculado para os produtos importados e vendidos em 2005. Alega, interpretando o disposto no artigo 45 da Lei n° 10.637/2002 e no artigo 5º da IN SRF n° 243/2002, que os bens importados em 2004, ainda que comercializados em 2005, devem ser ajustados de acordo com o cálculo do preço de transferência para o mesmo anocalendário de 2004. Assim, por todo o exposto, proponho o encaminhamento do presente processo à DEMAC/SÃO PAULO, para a Auditora Fiscal autuante: • Manifestarse acerca das alegações da contribuinte; • Verificar quais as quantidades efetivamente sujeitas a ajuste, segregando o estoque inicial (produtos importados em 2004 e não vendidos nesse mesmo ano) das importações realizadas em 2005; e Refazer o cálculo dos ajustes e da matéria tributável, considerando as quantidades corretas e, com relação ao estoque inicial, os ajustes individuais apurados em 2004 (observar os exemplos à fl. 1020). (...) O Termo de Conclusão de Diligência foi juntado aos autos, com resultado (e fls. 2704/2714). Intimada do Relatório de Diligência, o sujeito passivo apresentou suas razões (efls. 2722/2731). Na sessão de 06/06/2013, a 5ª Turma da DRJ/São Paulo I julgou a Impugnação parcialmente procedente, ao exonerar parte do crédito tributário pela redução do valor tributável da infração imputada, conforme Acórdão (efls. 2755/2755), cuja ementa, parte dispositiva e conclusão do voto condutor, transcrevo, in verbis: (...) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Fl. 2840DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.841 20 Anocalendário: 2005 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO MAIS FAVORÁVEL. A escolha do método mais favorável ao contribuinte é uma prerrogativa do contribuinte, mas não uma imposição à fiscalização. MÉTODO PRL. PREÇOS PRATICADOS. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS. Na apuração dos preços praticados segundo o método PRL (Preço de Revenda menos Lucro), devese incluir o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, e os tributos incidentes na importação. ILEGALIDADE DA INSTRUÇÃO NORMATIVA. Não compete à esfera administrativa a análise da legalidade ou inconstitucionalidade de normas jurídicas. BENS IMPORTADOS EM ANOS ANTERIORES. AJUSTE. Considerando que os bens importados em determinado ano, ainda que comercializados em anos posteriores, devem ser ajustados de acordo com o ajuste apurado no ano da importação, exonerase parcialmente a exigência. QUANTIDADES SUJEITAS A AJUSTE. EQUÍVOCO NA AUTUAÇÃO. Considerando que a quantidade sujeita a ajuste não pode ser superior ao estoque inicial somado às importações de vinculadas no anocalendário, exonerase parcialmente a exigência. CSLL. DECORRÊNCIA. O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplica se à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte (...) ACORDAM os membros da 5ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar PROCEDENTE EM PARTE A IMPUGNAÇÃO, nos termos do voto do relator. (...) Voto (...) Fl. 2841DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.842 21 DA TRIBUTAÇÃO DOS BENS IMPORTADOS NO ANO CALENDÁRIO DE 2004 E DAS QUANTIDADES SUJEITAS A AJUSTE Analisando as alegações da impugnante relatadas nos itens “DO EQUÍVOCO QUANTO À TRIBUTAÇÃO DOS BENS IMPORTADOS NO ANOCALENDÁRIO DE 2004” e “DO EQUÍVOCO QUANTO À QUANTIDADE DE MERCADORIAS REVENDIDAS”, em conjunto com as peças juntadas aos autos, verificouse, com relação à autuação, que: 1) na apuração do ajuste relativo aos produtos que se encontravam no estoque inicial de 2005 (produtos importados em 2004 e não vendidos nesse mesmo ano), a fiscalização adotou o mesmo ajuste unitário calculado para os produtos importados e vendidos em 2005, ao invés de utilizar os ajustes individuais apurados em 2004; e 2) em diversos casos a quantidade ajustada do produto é superior ao estoque inicial somado às importações de vinculadas no anocalendário. Com relação à primeira constatação, há uma divergência de entendimento entre a fiscalização (que adotou, como mencionado, o mesmo ajuste unitário tanto para as mercadorias importadas em 2004, quanto para as importadas em 2005) e a contribuinte (que defende a tese de que os bens importados em 2004, ainda que comercializados em 2005, devem ser ajustados de acordo com o cálculo do preço de transferência para o mesmo anocalendário de 2004). Neste ponto, compartilho do entendimento da contribuinte, em face da legislação vigente (em especial o artigo 45 da Lei nº 10.637/2002 e o artigo 5º da IN SRF nº 243/2002) e dos princípios que regem os preços de transferência. (...) Como bem sintetizou a impugnante, de acordo com essas normas, após a apuração dos preços de transferência em determinado anocalendário, o contribuinte pode (i) contabilizar o excesso de custo na conta em que os bens importados tenham sido registrados, de forma que seu valor corresponda exatamente àquele aceitável para fins da legislação de controle de operações internacionais ou (ii) adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido. Para que essas 2 opções do contribuinte sejam equivalentes, há que se utilizar, para bens importados em determinado ano e vendidos nos anos seguintes, o ajuste unitário apurado no ano da importação (que deve ser multiplicado pela quantidade vendida em cada ano). Notese que o fato de se utilizar o ajuste unitário apurado no ano da importação implica a utilização do preço praticado e do preçoparâmetro também desse ano da importação. Fl. 2842DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.843 22 Quanto à análise considerando os princípios que regem os preços de transferência (na importação), há que se destacar que a finalidade é se verificar se a importação está sendo realizada em conformidade com os preços de mercado. Dessa forma, eventual ajuste deve ser calculado tomando exclusivamente os dados relativos ao momento da importação do bem, ou seja, se o preço praticado no momento da importação estava de acordo com o preçoparâmetro no momento da importação, não fazendo sentido a utilização de dados relativos ao momento da venda desse bem. Com relação à segunda constatação, não há qualquer controvérsia, posto que a quantidade sujeita a ajuste não pode ser superior ao estoque inicial somado às importações de vinculadas no anocalendário, mesmo que a quantidade vendida seja superior (essa aparente inconsistência poderia ser explicada, por exemplo, se parte da quantidade vendida fosse originada de compras no mercado interno ou de empresas não vinculadas, não sujeitas a ajustes de preços de transferência; mas essa informação não consta dos autos). Diante dessas constatações, o presente processo foi encaminhado por esta Delegacia de Julgamento à DEMAC/SÃO PAULO, para a Auditora Fiscal autuante: • Verificar quais as quantidades efetivamente sujeitas a ajuste, segregando o estoque inicial (produtos importados em 2004 e não vendidos nesse mesmo ano) das importações realizadas em 2005; e • Refazer o cálculo dos ajustes e da matéria tributável, considerando as quantidades corretas e, com relação ao estoque inicial, os ajustes individuais apurados em 2004. Apesar de discordar da segregação do estoque inicial das importações realizadas em 2005, a Auditora Fiscal refez os cálculos, apurando o ajuste total de R$ 9.151.783,37 (R$ 1.160.627,38 referente ao ajuste dos estoques iniciais e R$ 7.991.155,99 referente ao ajuste das quantidades importadas em 2005). A impugnante, em sua manifestação, concorda com segregação, mas não concorda com a adoção do preço CIF acrescido do imposto de importação e reitera a necessidade de se comprovar a aplicação do principio do melhor método para o contribuinte, argumentos estes já analisados e rejeitados nesta decisão (itens “DA INCLUSÃO DO FRETE, DO SEGURO E DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO NO PREÇO PRATICADO NO MÉTODO PRL” e “DA UTILIZAÇÃO DO MELHOR MÉTODO PARA O CONTRIBUINTE”). Diante do exposto, há que se validar os cálculos efetuados pela fiscalização e alterar o ajuste total objeto da autuação, de R$ 15.945.845,57, para R$ 9.151.783,37. Fl. 2843DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.844 23 DO CÁLCULO DOS TRIBUTOS MANTIDOS Considerando que a matéria tributável foi alterada para R$ 9.151.783,37, há que se recalcular os tributos devidos correspondentes e se alterar, com base nos formulários FAPLI e FACS (em anexo), o sistema SAPLI da RFB (que controla as compensações de resultados negativos), conforme a seguir demonstrado (valores em reais): (...) DA CONCLUSÃO Diante do exposto, voto no sentido de se considerar PROCEDENTE EM PARTE A IMPUGNAÇÃO. Crédito tributário parcialmente mantido, conforme a seguir demonstrado (valores em reais): (...) Fl. 2844DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.845 24 É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Nelso Kichel Relator. Tratase do Recurso de Ofício, reexame necessário, da decisão da 5ª Turma da DRJ/São Paulo I que, ao julgar a Impugnação parcialmente procedente, exonerou crédito tributário acima do limite de alçada. O Limite de alçada da DRJ, instância a quo, de R$ 2.500.000,00 (Dois milhões e quinhentos mil reais) está definido na Portaria MF nº 63, de 09/02/2017. O valor exonerado do crédito tributário (principal + multa de ofício) foi superior ao citado limite de alçada e consta discriminado no demonstrativo já transcrito, anteriormente, no relatório. Portanto, conheço do recurso de ofício. IMPUTAÇÃO DO FISCO Como já relatado, o Fisco imputou a infração do IRPJ e reflexo (CSLL) ADIÇÕES PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL E DA BASE DE CÁLCULO DA CSLL, quanto ao anocalendário 2005: Fato Gerador Valor Tributável Apurado (R$) Multa (%) 31/12/2005 15.945.845,57 75,00 Obs: Consta do Termo de Verificação Fiscal TVF (efls. 1433/1473): (...) Com a globalização, houve crescimento das empresas multinacionais e, respectivamente, da quantidade de suas subsidiárias ao redor do mundo. As operações entre empresas e suas subsidiárias, às quais a legislação atribui o nome de pessoas vinculadas, facilitou o livre fluxo de capitais. Este processo deu início a um grande problema: as transferências de lucros e capitais disfarçadas pelas operações Intercompany (entre empresas). Objetivando controlar estas remessas, cada país passou a adotar normas e leis para regulamentar as operações de importação, exportação e empréstimos entre companhias e como tributar o Preço de Transferência dos bens, produtos e serviços para acabar com a evasão de divisas disfarçadas por estas operações. No Brasil, a Lei 9.4360/96 inaugurou um novo regime para dedutibilidade de custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos Fl. 2845DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.846 25 documentos de importação ou aquisição nas operações efetuadas com pessoas vinculadas. Nas operações de importação, a empresa deve comprovar que o custo incorrido na operação, também chamado de preço praticado, foi equivalente ao preço de mercado. Custo ou preço praticado pela empresa é a média aritmética ponderada dos preços pelos quais a empresa efetivamente comprou ou vendeu um determinado produto, durante o anocalendário. Deve ser calculado, obrigatoriamente, produto a produto. Custo ou preço médio calculado, ou preço parâmetro, é a média aritmética ponderada de preços praticados em operações entre empresas independentes coletados e ajustados, conforme método definido em lei, escolhido pelo contribuinte. Também deve ser calculado, produto a produto. Assim sendo, nas operações de importação sujeitas ao controle de Preços de Transferência, caso o custo seja maior que o preço parâmetro, haverá ajuste (adição ao lucro líquido, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL) no Lucro Real, alterando o imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro líquido. Quando o custo for menor que o preço parâmetro, não haverá ajuste. (...) ARGUMENTOS DA DEFESA DO SUJEITO PASSIVO Na instância a quo, a contribuinte impugnou a exigência fiscal, argumentando: a) que a Fiscalização laborou em equívoco quanto à tributação dos bens importados: a Fiscalização, ao apurar o ajuste do preço de transferência com base na totalidade das mercadorias vendidas em 2005, incluiu os itens importados em 2004; em resumo, nos cálculos realizados pela fiscalização, verificase que, independentemente do ano em que o bem teria sido importado – 2004 ou 2005, os ajustes dos preços de transferência com base no PRL20 foram indistintamente feitos com base na apuração para o anocalendário de 2005; importante observar que o método adotado pela Fiscalização acabou por reconhecer a necessidade de ajuste de preço de transferência sobre mercadorias que não tiveram ajuste no ano de 2004 e que, portanto, jamais poderiam compor o ajuste de 2005. Observemse alguns exemplos à efl. 1020; frisese que a legislação de regência é clara ao dizer que o custo dos bens importados deve ser ajustado de acordo com valores obtidos para o anocalendário em que foram importados. b) que a Fiscalização cometeu equívoco quanto à quantidade de mercadorias revendidas: Fl. 2846DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.847 26 que o cálculo apresentado pela Fiscalização leva em consideração quantidades equivocadas de mercadorias vendidas e submetidas ao ajuste e preço de transferência; que a simples análise da planilha utilizada como base para a autuação aponta que a quantidade de mercadorias vendidas é muito superior à quantidade importada somada à quantidade mantida em estoque quando da abertura do anocalendário; que, tomando como exemplo a mercadoria classificada sob código “1204ETN9” (fl. 705verso), verificase durante o anocalendário de 2005 que a Contribuinte importou 230 unidades desse item, sendo que em 31/12/2004 constavam 444 unidades desse mesmo item em estoque. Somadas essas quantidades obtémse o total de 674 unidades, sendo que o ajuste de preço de transferência foi calculado sobre 2.205 unidades, valor esse que consta, como quantidade revendida, do campo “Estoque Venda c/ Vinculada” da planilha utilizada pela fiscalização. Ou seja, existe uma diferença de 1.531 unidades; que se note Fiscalização não atentou para o fato de que não poderia a Contribuinte revender quantidade superior àquela importada somada com a que se encontrava em estoque, de forma que os cálculos foram efetuados sobre quantidade fictícia; que, importante ressaltar, de um total de 11.353 mercadorias submetidas ao controle de preços de transferência, foram identificados 7.372 erros quanto à quantidade revendida, o que, por si só, invalida qualquer cálculo efetuado pela fiscalização e o próprio Auto de Infração dele decorrente. DILIGÊNCIA FISCAL Em face da irresignação da contribuinte, a DRJ/São Paulo I, antes do julgamento, devolveu os autos à Fiscalização da unidade de origem da RFB, no caso DEMAC/São Paulo, para diligência e manifestação da Fiscalização. Efetuada a diligência fiscal, com manifestação da Fiscalização e da Contribuinte, os autos retornaram à DRJ/São Paulo I para julgamento. Pois bem. A Fiscalização, sem suma, consignou no Relatório de Diligência a inexistência de erro ou equívoco no lançamento fiscal e reiterou os fundamentos da autuação. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA A 5ª Turma da DRJ/São Paulo I, em sentido contrário ao entendimento da Fiscalização (AJUSTE UNITÁRIO) e acatando a argumentação da contribuinte, segregou o AJUSTE (adotou ajuste individual: um, para 2004 e, outro, para 2005), reduzindo o valor tributável da infração imputada, conforme voto condutor cuja fundamentação, nessa parte, transcrevo: Fl. 2847DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.848 27 (...) DA TRIBUTAÇÃO DOS BENS IMPORTADOS NO ANO CALENDÁRIO DE 2004 E DAS QUANTIDADES SUJEITAS A AJUSTE Analisando as alegações da impugnante relatadas nos itens “DO EQUÍVOCO QUANTO À TRIBUTAÇÃO DOS BENS IMPORTADOS NO ANOCALENDÁRIO DE 2004” e “DO EQUÍVOCO QUANTO À QUANTIDADE DE MERCADORIAS REVENDIDAS”, em conjunto com as peças juntadas aos autos, verificouse, com relação à autuação, que: 1) na apuração do ajuste relativo aos produtos que se encontravam no estoque inicial de 2005 (produtos importados em 2004 e não vendidos nesse mesmo ano), a fiscalização adotou o mesmo ajuste unitário calculado para os produtos importados e vendidos em 2005, ao invés de utilizar os ajustes individuais apurados em 2004; e 2) em diversos casos a quantidade ajustada do produto é superior ao estoque inicial somado às importações de vinculadas no anocalendário. Com relação à primeira constatação, há uma divergência de entendimento entre a fiscalização (que adotou, como mencionado, o mesmo ajuste unitário tanto para as mercadorias importadas em 2004, quanto para as importadas em 2005) e a contribuinte (que defende a tese de que os bens importados em 2004, ainda que comercializados em 2005, devem ser ajustados de acordo com o cálculo do preço de transferência para o mesmo anocalendário de 2004). Neste ponto, compartilho do entendimento da contribuinte, em face da legislação vigente (em especial o artigo 45 da Lei nº 10.637/2002 e o artigo 5º da IN SRF nº 243/2002) e dos princípios que regem os preços de transferência. (...) (Lei nº 10.637/2002) “Art. 45. Nos casos de apuração de excesso de custo de aquisição de bens, direitos e serviços, importados de empresas vinculadas e que sejam considerados indedutíveis na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, apurados na forma do art. 18 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a pessoa jurídica deverá ajustar o excesso de custo, determinado por um dos métodos previstos na legislação, no encerramento do período de apuração, contabilmente, por meio de lançamento a débito de conta de resultados acumulados e a crédito de: Fl. 2848DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.849 28 I – conta do ativo onde foi contabilizada a aquisição dos bens, direitos ou serviços e que permanecerem ali registrados ao final do período de apuração; ou II – conta própria de custo ou de despesa do período de apuração, que registre o valor dos bens, direitos ou serviços, no caso de esses ativos já terem sido baixados da conta de ativo que tenha registrado a sua aquisição. § 1º No caso de bens classificáveis no ativo permanente e que tenham gerado quotas de depreciação, amortização ou exaustão, no anocalendário da importação, o valor do excesso de preço de aquisição de importação deverá ser creditado na conta de ativo em cujas quotas tenham sido debitadas, em contrapartida à conta de resultados acumulados a que se refere o caput. § 2º Caso a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido, o valor total do excesso apurado no período de aquisição deverá ser excluído do patrimônio líquido, para fins de determinação da base de cálculo dos juros sobre o capital próprio, de que trata o art. 9º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, alterada pela Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 3º Na hipótese do § 2º, a pessoa jurídica deverá registrar o valor total do excesso de preço de aquisição em subconta própria que registre o valor do bem, serviço ou direito adquirida no exterior”. (IN SRF nº 243/2002) “Art. 5º Após apurados por um dos métodos de importação, os preços a serem utilizados como parâmetro, nos casos de importação de empresas vinculadas, serão comparados com os constantes dos documentos de aquisição. § 1º Se o preço praticado na aquisição, pela empresa vinculada domiciliada no Brasil, for superior àquele utilizado como parâmetro, decorrente da diferença entre os preços comparados, o valor resultante do excesso de custo, despesas ou encargos, considerado indedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, será ajustado contabilmente por meio de lançamento a débito de conta de resultados acumulados do patrimônio líquido e a crédito de: I conta do ativo onde foi contabilizada a aquisição dos bens, direitos ou serviços e que permanecerem ali registrados ao final do período de apuração; ou II conta própria de custo ou de despesa do período de apuração, que registre o valor dos bens, direitos ou serviços, no caso de já terem sido baixados da conta de ativo que tenha registrado a sua aquisição. Fl. 2849DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.850 29 § 2º No caso de bens classificáveis no ativo permanente e que tenham gerado quotas de depreciação, amortização ou exaustão, no ano calendário da importação, o valor do excesso de preço de aquisição na importação deverá ser contabilizado conforme o disposto no inciso II do § 1º. Na hipótese de valores ainda não baixados, o excesso de preço de aquisição na importação será creditado diretamente na conta de ativo, em contrapartida à conta de resultados acumulados a que se refere o § 1º. § 3º Caso a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido, o valor total do excesso apurado no período de aquisição deverá ser excluído do patrimônio líquido, para fins de determinação da base de cálculo dos juros sobre o capital próprio, de que trata o art. 9º da Lei nº 9.249, de 23 de dezembro de 1995. § 4º Na hipótese do § 3º, a pessoa jurídica deverá registrar o valor total do excesso de preço de aquisição em subconta própria da que registre o valor do bem, serviço ou direito adquirido no exterior. § 5º Se o preço praticado na aquisição pela empresa vinculada, domiciliada no Brasil, for inferior àquele utilizado como parâmetro, nenhum ajuste com efeito tributário poderá ser efetuado”. Como bem sintetizou a impugnante, de acordo com essas normas, após a apuração dos preços de transferência em determinado anocalendário, o contribuinte pode (i) contabilizar o excesso de custo na conta em que os bens importados tenham sido registrados, de forma que seu valor corresponda exatamente àquele aceitável para fins da legislação de controle de operações internacionais ou (ii) adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido. Para que essas 2 opções do contribuinte sejam equivalentes, há que se utilizar, para bens importados em determinado ano e vendidos nos anos seguintes, o ajuste unitário apurado no ano da importação (que deve ser multiplicado pela quantidade vendida em cada ano). Notese que o fato de se utilizar o ajuste unitário apurado no ano da importação implica a utilização do preço praticado e do preçoparâmetro também desse ano da importação. Quanto à análise considerando os princípios que regem os preços de transferência (na importação), há que se destacar que a finalidade é se verificar se a importação está sendo realizada em conformidade com os preços de mercado. Dessa forma, eventual ajuste deve ser calculado tomando exclusivamente os dados relativos ao momento da importação Fl. 2850DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.851 30 do bem, ou seja, se o preço praticado no momento da importação estava de acordo com o preçoparâmetro no momento da importação, não fazendo sentido a utilização de dados relativos ao momento da venda desse bem. Com relação à segunda constatação, não há qualquer controvérsia, posto que a quantidade sujeita a ajuste não pode ser superior ao estoque inicial somado às importações de vinculadas no anocalendário, mesmo que a quantidade vendida seja superior (essa aparente inconsistência poderia ser explicada, por exemplo, se parte da quantidade vendida fosse originada de compras no mercado interno ou de empresas não vinculadas, não sujeitas a ajustes de preços de transferência; mas essa informação não consta dos autos). Diante dessas constatações, o presente processo foi encaminhado por esta Delegacia de Julgamento à DEMAC/SÃO PAULO, para a Auditora Fiscal autuante: • Verificar quais as quantidades efetivamente sujeitas a ajuste, segregando o estoque inicial (produtos importados em 2004 e não vendidos nesse mesmo ano) das importações realizadas em 2005; e • Refazer o cálculo dos ajustes e da matéria tributável, considerando as quantidades corretas e, com relação ao estoque inicial, os ajustes individuais apurados em 2004. Apesar de discordar da segregação do estoque inicial das importações realizadas em 2005, a Auditora Fiscal refez os cálculos, apurando o ajuste total de R$ 9.151.783,37(R$ 1.160.627,38 referente ao ajuste dos estoques iniciais e R$ 7.991.155,99 referente ao ajuste das quantidades importadas em 2005). A impugnante, em sua manifestação, concorda com segregação, mas não concorda com a adoção do preço CIF acrescido do imposto de importação e reitera a necessidade de se comprovar a aplicação do principio do melhor método para o contribuinte, argumentos estes já analisados e rejeitados nesta decisão (itens “DA INCLUSÃO DO FRETE, DO SEGURO E DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO NO PREÇO PRATICADO NO MÉTODO PRL” e “DA UTILIZAÇÃO DO MELHOR MÉTODO PARA O CONTRIBUINTE”). Diante do exposto, há que se validar os cálculos efetuados pela fiscalização e alterar o ajuste total objeto da autuação, de R$ 15.945.845,57, para R$ 9.151.783,37. (...) Portanto, a decisão a quo acatou a segregação do Ajuste defendida pela Impugnante: um, para anocalendário 2004 e, outro, para anocalendário 2005. Fl. 2851DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.852 31 Passo a analisar o Recurso de OFício, quanto ao mérito. NECESSIDADE DE REFORMA DA DECISÃO A QUO. INCABÍVEL A SEGREGAÇÃO DO AJUSTE. É verdade, sim, que o art. 48 da Lei nº 12.715/2012, que introduziu o §15º ao art. 18 da Lei nº 9.430/96, acabou com a opção de que tratava o art. 45 da Lei nº 10.637/2002 e art. 5º da IN SRF nº 243/2002, então vigente. Veja. A opção de que tratava o art. 45 da Lei nº 10.637/2002 (e regulamentada pelo art. 5º da IN SRF nº 243/2002), em resumo, consistia no seguinte: a) o ajuste do excesso de preço de transferência importação de empresa ligada poderia ser efetuado no próprio ano da importação sobre a totalidade da importação do ano do produto, independentemente de totalidade, ou não, de vendas desse produto importado do ano (ajuste unitário: preço praticado e preço parâmetro, do próprio ano da importação); ou, b) o ajuste do excesso de preço de transferência importação de empresa ligada poderia ser efetuado, no caso de estoque remanescente (produto importado e não vendido no próprio ano da importação), no período de apuração da alienação ou baixa do ativo. Mas, neste caso, o preço parâmetro de venda seria do ano da alienação ou baixa do ativo e não do ano da importação (IN SRF nº 243, 2002, art. 12, §3º). Entretanto, a recorrente, interpretando a legislação de regência ao seu talante (art. 45 da Lei 10.637/20070 e art. 5º da IN SRF nº 243/2002): a) não fez o Ajuste quanto ao estoque de 2004 no anocalendário 2004 (ajuste unitário do excesso de preço de transferência do ano da importação, não ofereceu à tributação o excesso de preço de transferência do produto importado não revendido nesse ano de importação); e, b) também não fez o Ajuste em 2005, ano da alienação ou baixa do ativo (estoque final de 2004). Não ofereceu à tributação o excesso de preço de transferência do estoque final de 2004. O fato exigiu, então, ação de Fiscalização externa da RFB (atividade repressiva de fiscalização) que implicou aplicação de auto de infração para exigência do crédito tributário. Assim, diversamente do entendimento sufragado pela decisão recorrida, entendo na mesma linha da Fiscalização que não existem os alegados erros ou equívocos na apuração do AJUSTE do preço de transferência (AJUSTE ÚNICO 2005 para o estoque final de 2004 comercializado em 2005 e das importações de 2005), conforme muito bem restou consignado pela Fiscalização no Relatório de Diligência que, nessa parte, adoto e transcrevo, in verbis: Fl. 2852DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.853 32 (...) Após análise dos dados e dos documentos apresentados pelo contribuinte, passo à resposta dos quesitos formulados pela DRJ/ SPOI na folha 1394 do processo convencional (vide doc. eprocesso "Volume V 7") • "Manifestarse acerca das alegações do contribuinte". Cabem aqui diversas considerações sobre as alegações do contribuinte: 1) Do "equívoco quanto à tributação dos bens importados no anocalendário de 2004". Conforme foi verificado pela fiscalização no curso da ação fiscal, o contribuinte não realizou quaisquer ajustes contábeis ou fiscais referentes ao estoque de mercadorias, sujeitas ao controle de preços de transferência, remanescente do anocalendário 2004 para o ano subseqüente O próprio contribuinte, em sua impugnação, ratificou a falta de adoção de quaisquer ajustes referentes ao estoque, conforme se verifica das folhas de numeração original 1019 e 1020 (doc. e processo VOLUME 6 V6 1 a parte): "Ato contínuo, a fiscalização constatou que o ajuste de preço de transferência relativo ao ano calendário de 2004 se restringiu as mercadorias vendidas, como, aliás, determina a legislação em vigor." ... "De fato, no ano calendário de 2004, a Impugnante só levou a resultado o ajuste de preço de transferência das mercadorias vendidas, como dispõe a legislação de regência." Verificase, pois, que o contribuinte realizou, em 2004, o ajuste das quantidades vendidas naquele ano. Isto é, foi realizado o ajuste de custo do total das quantidades levadas a resultado. Este procedimento está de acordo com os princípios contábeis. Da mesma forma, o mesmo procedimento foi adotado pelo fisco para o ano calendário de 2005. A legislação prevê a possibilidade de ajuste contábil do estoque remanescente no fim do período. No entanto, este procedimento não foi adotado pelo contribuinte. Assim sendo, o ajuste de custo decorrente de preços de transferência deve ser realizado quando os custos correspondentes forem levados a resultado. Fl. 2853DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.854 33 Não faz sentido segregar o estoque inicial da quantidade vendida, pois este estoque faz parte integrante do custo que foi levado a resultado. O preço parâmetro é calculado no período em que os bens são levados a resultado. Esta é a essência do método adotado pelo contribuinte, qual seja o PRL. O Preço de Revenda menos Lucro é o parâmetro obtido no momento da revenda. Como pode ser calculado o preço parâmetro de bem que ainda não foi vendido utilizando o método PRL? A legislação não determina, em momento algum, que sejam realizados, num mesmo exercício, ajustes diferentes para os bens vendidos caso sejam originários do estoque ou importados no período. Estabelece, ao contrário, na IN SRF 243/2002, artigo 12, parágrafo 3o, que os estoque iniciais sejam computados na média ponderada dos preços. Desta forma, esta fiscalização ratifica os ajustes realizados de acordo com os princípios contábeis e a legislação em vigor. (...). Portanto, como demonstrado, incabível a segregação do Ajuste do Excesso de Preço de Transferência Ajuste Único 2005 (estoque final de 2004 e importações de 2005). QUANTIDADE DE MERCADORIAS VENDIDAS EM 2005. INEXISTÊNCIA DE ERRO OU ERROS. O sujeito passivo, nas razões da Impugnação na instância a quo, alegou: que a simples análise da planilha utilizada como base para a autuação aponta que a quantidade de mercadorias vendidas é muito superior à quantidade importada somada à quantidade mantida em estoque quando da abertura do anocalendário; que, tomando como exemplo a mercadoria classificada sob código “1204ETN9” (fl. 705verso), verificase durante o anocalendário de 2005 que a contribuinte importou 230 unidades desse item, sendo que em 31/12/2004 constavam 444 unidades desse mesmo item em estoque. Somadas essas quantidades obtémse o total de 674 unidades, sendo que o ajuste de preço de transferência foi calculado sobre 2.205 unidades, valor esse que consta, como quantidade revendida, do campo “Estoque Venda c/ Vinculada” da planilha utilizada pela fiscalização. Ou seja, existe uma diferença de 1.531 unidades Fl. 2854DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.855 34 que, importante ressaltar, de um total de 11.353 mercadorias submetidas ao controle de preços de transferência, foram identificados 7.372 erros quanto à quantidade revendida, o que, por si só, invalida qualquer cálculo efetuado pela fiscalização e o próprio Auto de Infração dele decorrente. Não procede a irresignação da recorrente. Diversamente do entendimento da decisão recorrida, aqui também adoto o resultado da Diligência Fiscal e que transcrevo, in verbis: (...) 2) Do "equívoco quanto à quantidade de mercadorias revendidas". O contribuinte alega que a fiscalização teria realizado cálculos de ajustes sobre quantidade fictícia de bens vendidos tendo em vista que ocorreram diversos casos em que a quantidade vendida do produto é superior ao valor constante do Estoque Inicial somadas às importações do ano calendário, conforme texto a seguir extraído da folha de numeração convencional 1393 (doc. eprocesso "Volume V6): ... Sem maiores elucubrações, teóricas, a simples análise da planilha utilizada como base para a autuarão pela fiscalização aponta que a quantidade de mercadorias vendidas é muito superior à quantidade importada somada à quantidade mantida em estoque quando da abertura do anocalendário. Ou seja, o valor.do ajuste calculado pela fiscalização para cada bem/mercadoria importada fora aplicado sobre quantidade muito superior àquela efetivamente revendida, o que implicou exigência tributária igualmente superior. Tomemos, como exemplo, a mercadoria classificada sob código "1204 ETN9". Durante o anocalendário 2005 a impugnante importou 230 unidades desse item, sendo que em 31/12/2004 constavam 444 unidades do mesmo item em seu estoque. Somadas essas quantidades, quais seja, de mercadorias importadas e a dos itens em estoque, temos o total de 674 unidades. Entretanto, consta do campo :" Estoque Venda c/ Vinculada" da planilha utilizada pelo Fisco o total de 2205 unidades revendidas, sendo que o valor do ajuste de preço de transferência devido para essa mercadoria foi indevidamente calculado sobre esse mesmo número. Ou seja, existe diferença de 1531 unidades entre o total revendido, e a soma das quantidades importadas e mantidas em estoque em 31.12.2004. Notase que a fiscalização não se atentou ao fato de que.não poderia a Impugnante revender quantidade superior àquela importada e mantida em estoque, de forma que os cálculos foram efetuados sobre quantidade fictícia Fl. 2855DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.856 35 ... Primeiramente cabe considerar que os dados sobre quantidades vendidas foram fornecidos pelo próprio contribuinte, através da planilha de vendas, detalhando inclusive as Notas Fiscais que acobertaram cada uma das vendas realizadas. A fiscalização, à época, realizou cruzamento, por amostragem, de documentos com os arquivos magnéticos apresentados e considerou os dados de vendas consistentes com os documentos solicitados. Aproveitando o exemplo citado pelo contribuinte em sua defesa, qual seja, o das vendas do produto "1204 ETN9", a fiscalização intimou, nesta diligência (doc. eprocesso "Termo de Intimação da diligência"), o contribuinte a apresentar todas as 192 notas fiscais que acobertaram a saída das 2.205 unidades. Os documentos apresentados pelo contribuinte foram verificados um a um pela fiscalização e constatouse que de fato, a quantidade vendida foi de 2.205, conforme tabela abaixo, onde todas as colunas, com exceção da última, foram extraídas do arquivo de vendas fornecido pelo contribuinte. Na última coluna, que foi preenchida pelo fisco, consta o nome do arquivo pdf, apresentado pelo contribuinte, onde foi encontrado o documento citado, bem como a folha do respectivo documento. Estes documentos, entregues pelo contribuinte, foram anexados pelo fisco ao eprocesso (doc. "Cópias de Notas Fiscais"). Os arquivos originalmente apresentados com nome de "parte 8" a "Parte 18" foram consolidados em apenas 1 (um) documento pdf, tendo em vista o pequeno tamanho final. Fl. 2856DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.857 36 Fl. 2857DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.858 37 Fl. 2858DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.859 38 Fl. 2859DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.860 39 Assim sendo, verificase que a alegação de que o contribuinte não poderia ter revendido a quantidade de 2.205 unidades do produto 1204 ETN9 não é verdadeira. Para corroborar tal afirmação verificouse que a quantidade vendida já havia sido informada pelo próprio contribuinte em seus dados fornecidos ao fisco no curso da fiscalização foi ratificada documentalmente através das Notas Fiscais apresentadas pelo contribuinte e analisadas pelo fisco no curso desta diligência, de acordo com a tabela demonstrativa das páginas anteriores. Fl. 2860DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.861 40 (...) Como demonstrado, não houve o alegado erro ou "equívoco quanto à quantidade de mercadorias revendidas. Na verdade, houve, sim, venda, revenda, de 2.205 unidades do produto "1204 ETN9" em 2005. Nesse sentido, em face da diligência fiscal, a Fiscalização intimou, no procedimento de diligência, a contribuinte a apresentar todas as 192 notas fiscais que acobertaram a saída das 2.205 unidades. Os documentos foram apresentados pela contribuinte e verificados um a um pela Fiscalização e constatouse que, de fato, a quantidade vendida produto "1204 ETN9", em 2005, foi sim de 2.205 unidades, conforme demonstrativo já transcrito anteriormente. Ainda nas razões apresentadas após ciência do resultado Relatório de Diligência (efls. 2723/2731), a própria contribuinte constando suas alegações infundadas tratou de esclarecer, in verbis: (...) 20. Cumpre esclarecer que não se pretendeu alegar que a Recorrente teria vendido volume de mercadorias inferior ao contido no Auto de Infração. Em verdade, a Recorrente demonstrou, ao apontar que a quantidade de mercadorias revendidas seria superior àquela importada em 2005 somada ao estoque inicial (...), que a diferença na quantidade das mercadorias decorria de inconsistência no estoque considerado. 21.Tal inconsistência aponta que parte das mercadorias cujo custo foi submetido ao ajuste de preços de transferência referentes ao anocalendário de 2005 foram importados em períodos anteriores e que, assim, seria necessário, em respeito ao princípio da verdade material, realizar novos procedimentos tendentes a apurar o efetivo ajuste devido. (...) No mesmo diapasão, quanto à alegação da contribuinte que do total de 11.353 mercadorias submetidas ao controle de preços de transferência de que teria identificado 7.372 erros quanto à quantidade revendida, também não merece respaldo tal alegação, pois a contribuinte não comprovou suas alegações de que teria falhas no estoque. A propósito consta do TVF a inexistência de erros ou falhas no estoque, in verbis: (...) 5. Das verificações realizadas pelo Fisco Fl. 2861DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.862 41 (...) O contribuinte foi intimado a apresentar, por amostragem, cópia de Notas Fiscais escolhidas pelo fisco que deram suporte às planilhas de vendas, por meios do Termo de Intimação 01, conforme já relatado, que servem de base para apuração do preço parâmetro pelo método preço de revenda menos lucro (PRL). Os dados constantes destes documentos foram confrontados com aqueles constantes nas memórias de cálculos (Planilha de Vendas) e nenhuma divergência foi encontrada. Foram realizadas verificações do valores constantes da planilha de "ESTOQUES" em confronto com as cópias dos livros de registro de inventários de folhas 782 a 956 e nenhuma divergência foi encontrada. Assim sendo, verificamos que, ao final desta fiscalização, o contribuinte terminou por apurar corretamente o preço parâmetro de acordo com o método PRL, previstos na legislação pertinente (IN SRF 243/2002), obtendo um valor total de ajuste de R$ 21.561.372,11 da planilha de fl. 705 a 764. No entanto, na Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (DIPJ), anocalendário 2005, a fiscalizada adicionou valor de ajuste de R$ 5.615.526,54 (fl. 5verso). Este valor, no entanto, não pôde ser analisado pelo fisco, tendo em vista que o contribuinte, apesar de intimado e reintimado a apresentar o memória de cálculo de apuração do ajuste oferecido à tributação, não logrou êxito em fazêlo, conforme já relatado. Desta forma, esta fiscalização apurou diferença positiva entre o valor de ajuste correto e aquele oferecido à tributação. Portanto, a diferença apurada será adicionada ao lucro líquido, para determinação do lucro real, e exigida por meio de Auto de Infração. (...) Como dito, diversamente do alegado, a Fiscalização, durante o procedimento de investigação, não encontrou erros no registro do estoque. Por sua vez, a contribuinte não demonstrou os supostos erros que alegara, de forma genérica, na Impugnação. Pelo contrário a diligência fiscal desmentiu a versão da contribuinte. Ora, alegar e não comprovar, é o mesmo que não alegar. Ora, é ônus do sujeito passivo a comprovação da existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito constitutivo do Fisco (CPC, Lei nº 13.105, de 2015, ar. 373, II). Ademais, foi a própria contribuinte que apresentou à Fiscalização a planilha de ajuste, durante o procedimento de investigação (efls. 705/764), apurando o ajuste total de R$ 21.561.372,11, com base nas quantidades vendidas em 2005. Fl. 2862DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.863 42 Ajuste total apurado pela própria contribuinte, após correção solicitada pelo Fisco no procedimento de Fiscalização (antes da lavratura do lançamento fiscal): R$ 21.561.372,11 (Planilha fl. 764) Tendo em vista que a contribuinte adicionou ao lucro líquido, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, apenas, o valor de R$ 5.615.526,54, a título de ajustes de preços de transferência, conforme ficha de apuração do lucro real da DIPJ AC 2005, foi lançado de ofício a diferença: Portanto, correto o valor de R$ 15.945.845,57 que foi adicionado, de ofício, ao lucro líquido, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL do ano calendário 2005 A Contribuinte ainda alegou outras matérias em suas manifestações nos autos: utilização do melhor método ao contribuinte; inclusão do frete, seguro e imposto de importação no preço praticado Método PRL. Quanto a esses pontos suscitados, adoto a própria fundamentação da decisão recorrida que os enfrentou adequadamente, rechaçando, de plano, a pretensão da contribuinte, in verbis: (...) DA UTILIZAÇÃO DO MELHOR MÉTODO PARA O CONTRIBUINTE Inicialmente, cumpre observar que a fiscalização manteve em seus cálculos o método adotado pela contribuinte em sua DIPJ/2006 para o cálculo dos ajustes de preços de transferência na importação (método PRL20). De fato, pode a contribuinte, ao apurar os ajustes em sua DIPJ, optar pelo método que lhe for mais benéfico, nos termos do artigo 18, § 4º, da Lei nº 9.430/96, (...). Há que se observar, no entanto, que a supracitada norma não impõe à fiscalização a apuração dos preços de transferência por mais de um método e a escolha do mais favorável ao Fl. 2863DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.864 43 contribuinte. Essa é uma prerrogativa do contribuinte, mas não uma imposição à fiscalização, que pode aplicar apenas um método, face ao disposto no § único do artigo 40 da IN SRF nº 243/2002, (...). Não procede, portanto, a alegação da impugnante de que a fiscalização deveria ter demonstrado que o cálculo utilizado (PRL) representa o menor ajuste entre aqueles possíveis (PRL, CPL e PIC). DA INCLUSÃO DO FRETE, DO SEGURO E DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO NO PREÇO PRATICADO NO MÉTODO PRL Sobre a inclusão dos custos de frete, seguro e imposto de importação no cálculo dos preços praticados segundo o método PRL, há que se considerar o disposto no artigo 18, § 6º, da Lei nº 9.430/96, e no artigo 4º, § 4º, da IN SRF nº 243/2002 (...). (...) O supra transcrito artigo 18, § 6º, da Lei nº 9.430/96, é claro ao determinar que o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação integram o custo. Tal procedimento, na apuração do preço de transferência pelo método PRL, é obvio. Esse método parte do preço de revenda praticado pelo contribuinte (média aritmética), e, daí, são excluídos alguns valores (descontos incondicionais concedidos, impostos e contribuições incidentes sobre as vendas, comissões e corretagens pagas, e margem de lucro, nos termos do artigo 18, item II, da Lei nº 9.430/96, supra transcrita, e do artigo 12 da IN SRF nº 243/2002), para se chegar ao preçoparâmetro, que será comparado ao preço considerado pela contribuinte como custo. Como, evidentemente, a contribuinte considerou, na formação do preço de revenda, todos os seus custos, inclusive os de frete e seguro, por ela assumidos, e os tributos incidentes na importação, o preçoparâmetro, formado a partir do preço de revenda, também tem nele embutido os citados custos, ou seja, tratase de preço CIF, e não FOB, como quer fazer crer a impugnante. Assim, para que não ocorram distorções na comparação do preçoparâmetro com o preço praticado pela contribuinte, também o preço praticado deverá ter, em sua composição, tais custos. Comparar nada mais é do que subtrair um do outro, de modo que o efeito de tais custos na apuração de eventual ajuste a ser feito no Lucro Real e na base de cálculo da CSLL será nulo. É justamente dessa forma que se elimina a influência das parcelas do custo de aquisição que não têm qualquer relação de Fl. 2864DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.865 44 vinculação entre as empresas importadora e exportadora, e se analisa apenas o valor da mercadoria importada. Nesse mesmo sentido, a IN SRF nº 243/2002, vigente à época dos fatos, ao dispor, em seu artigo 4º, § 4º, que “serão integrados ao preço praticado na importação os valores de transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e os de tributos não recuperáveis, devidos na importação”, nada mais faz do que regulamentar os aspectos relativos a preço de transferência expostos na Lei nº 9.430/96. Por oportuno, destaquese que (...) não cabe apreciar questões acerca da eventual ilegalidade das instruções normativas editadas pela Secretaria da Receita Federal – SRF (atual Secretaria da Receita Federal de Brasil – RFB), pois, por força de sua vinculação ao texto da norma legal e ao entendimento que a ele dá o Poder Executivo (através da edição de regras administrativas, como a referida instrução normativa), deve limitarse a aplicar as disposições ali contidas, sem emitir qualquer juízo de valor acerca da sua legalidade, constitucionalidade ou outros aspectos de sua validade. Improcede, assim, a alegação da impugnante contrária à inclusão dos valores relativos ao frete, ao seguro e ao imposto de importação no cálculo do preço praticado. (...) Por tudo que foi exposto, voto para conhecer e dar provimento ao Recurso de Ofício. É como voto. (assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 2865DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.866 45 Voto Vencedor Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto Redator Designado. Peço vênia ao Ilustre Conselheiro Nelso Kichel para apresentar as razões de minha divergência quanto ao seu minucioso voto. De forma bastante sintética, verificase nos autos que o Recorrente realizou os ajustes decorrentes das regras de preços de transferências no ano de 2005, mas a fiscalização apurou que o ajuste calculado com base nas quantidades importadas (R$ 9.199.115,5) é bastante inferior ao ajuste calculado com base nas quantidades vendidas (R$ 21.561.372,11). O Recorrente apresentou arquivo demonstrando que no ano de 2004 realizou ajustes apenas levando em conta a quantidade vendida de produtos importados, de modo que uma parcela desses produtos não foi baixado no mesmo ano de sua importação, sendo vendido apenas no ano seguinte (2005). A fiscalização, ao analisar a situação, adicionou às mercadorias importadas em 2005 o estoque final das mercadorias adquiridas em 2004 e calculou o ajuste dos preços de transferência relativo a 2005 com base no total das vendas realizadas. Apurando o preço parâmetro para as importações realizadas no ano de 2005, pelo método PRL20, obteve um valor total de ajuste de R$ 21.561.372,11 (fl. 705764), ao passo que o contribuinte adicionou o valor de ajuste de R$ 5.615.526,54 na sua DIPJ/2006, restando como base de cálculo a diferença entre esses valores. O contribuinte aduziu o erro da fiscalização ao aplicar o ajuste com base no preço parâmetro relativo às importações de 2005 aos bens que apenas foram vendidos neste ano, mas importados em ano anterior (2004). Nesse ponto, entendo ter razão o contribuinte, especialmente à luz do que dispõe o art. 45 da Lei nº 10.637/02, verbis: Art. 45. Nos casos de apuração de excesso de custo de aquisição de bens, direitos e serviços, importados de empresas vinculadas e que sejam considerados indedutíveis na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, apurados na forma do art. 18 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a pessoa jurídica deverá ajustar o excesso de custo, determinado por um dos métodos previstos na legislação, no encerramento do período de apuração, contabilmente, por meio de lançamento a débito de conta de resultados acumulados e a crédito de: I conta do ativo onde foi contabilizada a aquisição dos bens, direitos ou serviços e que permanecerem ali registrados ao final do período de apuração; ou II conta própria de custo ou de despesa do período de apuração, que registre o valor dos bens, direitos ou serviços, no Fl. 2866DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.867 46 caso de esses ativos já terem sido baixados da conta de ativo que tenha registrado a sua aquisição. § 2º Caso a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido, o valor total do excesso apurado no período de aquisição deverá ser excluído do patrimônio líquido, para fins de determinação da base de cálculo dos juros sobre o capital próprio, de que trata o art. 9o da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, alterada pela Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Como se vê da simples leitura do dispositivo, o legislador estabeleceu duas opções para que o contribuinte realize os ajustes de preço de transferência, ficando tal escolha ao seu critério. Assim, o contribuinte pode: a) realizar o ajuste decorrente do excesso de custo na conta em que o ativo tenha sido registrado, no final do período de apuração, seja reduzindo o próprio valor do ativo, seja lançando um custo ou despesa no caso da baixa do ativo para venda, de modo que o valor contábil desse ativo seja correspondente àquele calculado de acordo com os procedimentos de apuração do preço parâmetro (inciso I e II); ou b) adicionar, na determinação do lucro real e na base de cálculo da CSLL, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa do ativo (parágrafo 2º). Nesse ponto, surge a dúvida posta no presente Recurso de Ofício: no caso de adição feita somente na alienação ou baixa do ativo, o valor do excesso deverá ser apurado com base do preço parâmetro calculado no período de apuração da importação ou no período de apuração da alienação ou baixa do ativo? Não temos dúvida em afirmar que se deve levar em conta o preço parâmetro do período de apuração em que ocorreu a importação. Ora, as regras de preços de transferência tem uma finalidade muito clara: evitar que o contribuinte aloque territorialmente lucros e custos da forma como preferir, através de operações entre empresas vinculadas situadas em jurisdições tributárias diferentes, por meio da prática de preços incompatíveis com aqueles praticados no mercado. Desse modo, os métodos de cálculo do preço parâmetro tem como finalidade, ao fim e ao cabo, identificar um paradigma de acordo com o mercado, que será usado como base para a verificação de eventuais excessos de custo na aquisição de algum ativo, neutralizando os efeitos fiscais desse sobrevalor. Nesse sentido, se se busca identificar eventual excesso de custo na operação de aquisição do ativo de parte vinculada (via importação), não há como se utilizar outro preço parâmetro senão aquele do período de apuração em que ocorrera a importação – será o que reflete de forma fiel o excesso que deverá ser neutralizado fiscalmente. Nesse sentido, a decisão recorrida é irreparável ao aduzir: “Dessa forma, eventual ajuste deve ser calculado tomando exclusivamente os dados relativos ao momento da importação do bem, ou seja, se o preço praticado no momento da importação estava de acordo com o preço parâmetro no momento da importação, não fazendo sentido a utilização de dados relativos ao momento da venda desse bem.”. Fl. 2867DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.868 47 Novamente, é de se ressaltar que a redação do art. 45, §2º da Lei nº 10.637/02 é enfática ao ressaltar que será adicionado “o valor do excesso apurado em cada período de apuração”, por ocasião da baixa ou alienação do ativo – há claramente dois momentos temporais distintos: o período de apuração relativo à importação, onde surgirá o excesso de custo, e o momento da baixa ou alienação do ativo, em que deverá esse valor ser adicionado na apuração dos tributos sobre a renda. Reforça ainda mais essa conclusão a alteração introduzida pelo art. 48 da Lei nº 12.715/2012, que introduziu o §15º ao art. 18 da Lei nº 9.430/96, para determinar que na utilização do PRL, o preço parâmetro utilizado deve ser aquele com base na média ponderada aritmética do ano em que a mercadoria for vendida, verbis: “§ 15. No caso de ser utilizado o método PRL, o preço parâmetro deverá ser apurado considerandose os preços de venda no período em que os produtos forem baixados dos estoques para resultado”. Apenas com a introdução do referido dispositivo é que o legislador estabeleceu que se considere o preço parâmetro do exercício da baixa ou alienação do ativo, alterando a sistemática praticada anteriormente, exposta acima. Tendo em visto que os fatos em questão são anteriores a essa alteração legislativa, entendo ter razão a decisão recorrida nesse ponto. Quanto ao erro de cálculo apontado pelo contribuinte, entendo que lhe assiste razão. Compulsemos, inicialmente, a planilha de fls. 2703: Fl. 2868DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.869 48 Como se pode ver, houve uma redução dos ajustes totais de R$ 21.561.372 para um ajuste de R$ 1.160.627 em 2004 e outro de R$ 7.991.155 em 2005. O problema é que a própria fiscalização já tinha reconhecido um valor oferecido à tributação na DIPJ/2006, de R$ 5.615.526, que reduziu a base de cálculo apurada, como evidenciado em planilha no relatório do voto do relator: Portanto, em vez de reconhecer que a fiscalização reduziu a base tributável de R$ 21.561.372,11 para R$ 9.151.783,37, de modo que a diferença não tributada pela Recorrida cairia de R$ 15.945.845,57 para R$ 3.536.256,83, a decisão da DRJ aduziu equivocadamente que o total não tributado teria sido reduzido de R$ 15.945.845,57 para R$ 9.515.783,37. A seguinte planilha deixa evidente o erro de cálculo praticado pela fiscalização e pela DRJ: Fl. 2869DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.870 49 Por se tratar de erro de cálculo, entendo que a matéria é cognoscível de ofício na esfera administrativa – sobretudo por ser passível de pedido de revisão de ofício na fase de cumprimento dessa decisão, conforme Parecer Normativo Cosit n 02/2016. Conclusão Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício e, de ofício, conhecer a alegação de erro de cálculo aduzida pelo contribuinte, para darlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Fl. 2870DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15983.720259/2017-88
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA (IRPJ)
Ano-calendário: 2011, 2012, 2013, 2014
IRPJ/CSLL. DESPESAS GLOSADAS. PAGAMENTOS DE SUBORNOS OU PROPINAS. VIOLAÇÃO À ORDEM ECONÔMICA E OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA E DA LIVRE CONCORRÊNCIA. INDEDUTIBILIDADE.
Inadmissível a pretensão da recorrente de equiparar pagamentos com vistas ao cometimento de atos de corrupção à despesas necessárias e decorrentes as atividade normais e usuais da empresa. O pagamento de subornos a agentes públicos ou privados atenta contra a função social da empresa consagrada no direito brasileiro e ofende os princípios constitucionais voltados para assegurar a ordem econômica fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa. Os atos concernentes ao pagamentos de propinas a agentes públicos e privados, atentam diretamente contra a função social da empresa e à liberdade concorrencial e, por óbvio, é inadmissível que os efeitos econômicos de tais infrações, por mera liberalidade do administrador da companhia, sejam compreendidos como necessários ao desenvolvimento das atividades normais e usuais da empresa.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF)
Ano-calendário: 2011, 2012, 2013, 2014
IRRF. PRESSUPOSTOS DO ART. 61 DA LEI N° 8.981/95 PARA COBRANÇA.
Comprovado pelo Fisco o pagamento sem causa, sobre este incide a norma prevista no art. 61, da Lei n° 8.981, de 1995, para cobrança do IRRF.
IRRF. PAGAMENTOS SEM CAUSA. RECURSOS DESVIADOS MEDIANTE INTERPOSIÇÃO DE TERCEIROS COM FINALIDADE ILÍCITA DE PAGAMENTO DE VANTAGENS INDEVIDAS.
Os pagamentos a diversas empresas por serviços que não foram efetivamente prestados, efetuados como meios preparatórios para o desvio dos recursos que seriam posteriormente empregados nos pagamentos de vantagens indevidas a terceiros (propina), embora identifique sua finalidade não validam sua causa primária. Estes pagamentos não tem causa (no sentido econômico), pois não correspondem a serviços efetivamente prestados. Além disso, os reais beneficiários de tais recursos não são identificados nestas operações, pois estão encobertos por documentos que apontavam outros beneficiários (as emitentes das notas fiscais) dos pagamentos.
CSLL. BASE DE CÁLCULO. GLOSA DE DESPESAS. INEXISTÊNCIA DE FATO DA DESPESA. CABIMENTO.
A base de cálculo da CSLL tem como ponto de partida o resultado líquido apurado na contabilidade. Assim, as despesas comprovadamente inexistentes não podem compor o resultado líquido do exercício, do qual parte a apuração tanto do IRPJ quanto da CSLL. Os atos ilícitos não podem produzir quaisquer efeitos tributários na apuração do resultado dos exercícios fiscalizados. É remansosa a jurisprudência administrativa no sentido de dar o mesmo efeito à CSLL na glosa de despesas fictícias da base de cálculo do IRPJ .
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano-calendário: 2011, 2012, 2013, 2014
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
Os diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica respondem pessoalmente, de forma solidária com a Contribuinte, pelos créditos tributários correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. CABIMENTO.
Cabível a imposição da multa qualificada de 150%, quando demonstrado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo (solidários incluídos) se enquadra nas hipóteses definidas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964.
Há que se manter a qualificação da multa, uma vez demonstrada a conduta dolosa com o fito de impedir ou retardar o conhecimento do Fisco das circunstâncias materiais do fato gerador, pelo uso de notas fiscais e contratos ideologicamente falsos para lastrear saídas de caixa, ocultando do Fisco a verdadeira causa e/ou o real beneficiário de pagamentos.
ESTIMATIVAS RECOLHIDAS A MENOR. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO. MESMA MATERIALIDADE. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. POSSIBILIDADE.
Nos casos de lançamento com aplicação de multa de ofício, cumulado com lançamento de multa isolada por não recolhimento das estimativas, cabível a aplicação do princípio da consunção em razão de, decorrendo da aplicação do princípio, a multa aplicada em razão da infração maior (de ofício) absorver a multa relativa à menor infração (isolada) até o limite do valor da multa de ofício lançada.
COMPENSAÇÃO. DÉBITOS LANÇADOS. SALDO NEGATIVO. IRPJ.
Constatado que débitos de IRPJ e de CSLL ora lançados de ofício, relativos ao ano calendário de 2014, foram objeto de compensação em outros processos, por meio de saldo negativo de IRPJ e de Base de Cálculo negativa, reconhecidos em Despacho Decisório, de se alocar tais débitos nos pertinentes processos.
Numero da decisão: 1401-003.495
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. Acordam ainda, em dar provimento parcial: (i) por unanimidade de votos, afastar as alegações de decadência; (ii) por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário no sentido de que os débitos lançados de IRPJ e de CSLL (ambos de 2014), relativos ao presente processo, nas importâncias de R$ 3.814.023,85 e R$ 1.373.048,59, respectivamente, sejam devidamente alocados como débitos compensados nos processos de compensação de protocolo nºs 10923.720041/2017-14 e 10923.720042/2017-69, respectivamente; (iii) por maioria de votos, dar provimento ao recurso em relação à multa isolada; vencidos os Conselheiros Cláudio de Andrade Camerano, Carlos André Soares Nogueira e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. (iv) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso em relação aos demais pontos; (v) por unanimidade de votos, negar provimento aos recursos voluntários dos responsáveis solidários. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto.
(documento assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Sousa Gonçalves - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Cláudio de Andrade Camerano - Relator
(documento assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto - Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Carlos André Soares Nogueira, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Mauritânea Elvira de Sousa Mendonça (Suplente convocada), Daniel Ribeiro Silva, Eduardo Morgado Rodrigues e Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: CLAUDIO DE ANDRADE CAMERANO
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ementa_s : ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA (IRPJ) Ano-calendário: 2011, 2012, 2013, 2014 IRPJ/CSLL. DESPESAS GLOSADAS. PAGAMENTOS DE SUBORNOS OU PROPINAS. VIOLAÇÃO À ORDEM ECONÔMICA E OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA E DA LIVRE CONCORRÊNCIA. INDEDUTIBILIDADE. Inadmissível a pretensão da recorrente de equiparar pagamentos com vistas ao cometimento de atos de corrupção à despesas necessárias e decorrentes as atividade normais e usuais da empresa. O pagamento de subornos a agentes públicos ou privados atenta contra a função social da empresa consagrada no direito brasileiro e ofende os princípios constitucionais voltados para assegurar a ordem econômica fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa. Os atos concernentes ao pagamentos de propinas a agentes públicos e privados, atentam diretamente contra a função social da empresa e à liberdade concorrencial e, por óbvio, é inadmissível que os efeitos econômicos de tais infrações, por mera liberalidade do administrador da companhia, sejam compreendidos como necessários ao desenvolvimento das atividades normais e usuais da empresa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF) Ano-calendário: 2011, 2012, 2013, 2014 IRRF. PRESSUPOSTOS DO ART. 61 DA LEI N° 8.981/95 PARA COBRANÇA. Comprovado pelo Fisco o pagamento sem causa, sobre este incide a norma prevista no art. 61, da Lei n° 8.981, de 1995, para cobrança do IRRF. IRRF. PAGAMENTOS SEM CAUSA. RECURSOS DESVIADOS MEDIANTE INTERPOSIÇÃO DE TERCEIROS COM FINALIDADE ILÍCITA DE PAGAMENTO DE VANTAGENS INDEVIDAS. Os pagamentos a diversas empresas por serviços que não foram efetivamente prestados, efetuados como meios preparatórios para o desvio dos recursos que seriam posteriormente empregados nos pagamentos de vantagens indevidas a terceiros (propina), embora identifique sua finalidade não validam sua causa primária. Estes pagamentos não tem causa (no sentido econômico), pois não correspondem a serviços efetivamente prestados. Além disso, os reais beneficiários de tais recursos não são identificados nestas operações, pois estão encobertos por documentos que apontavam outros beneficiários (as emitentes das notas fiscais) dos pagamentos. CSLL. BASE DE CÁLCULO. GLOSA DE DESPESAS. INEXISTÊNCIA DE FATO DA DESPESA. CABIMENTO. A base de cálculo da CSLL tem como ponto de partida o resultado líquido apurado na contabilidade. Assim, as despesas comprovadamente inexistentes não podem compor o resultado líquido do exercício, do qual parte a apuração tanto do IRPJ quanto da CSLL. Os atos ilícitos não podem produzir quaisquer efeitos tributários na apuração do resultado dos exercícios fiscalizados. É remansosa a jurisprudência administrativa no sentido de dar o mesmo efeito à CSLL na glosa de despesas fictícias da base de cálculo do IRPJ . ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2011, 2012, 2013, 2014 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Os diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica respondem pessoalmente, de forma solidária com a Contribuinte, pelos créditos tributários correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. CABIMENTO. Cabível a imposição da multa qualificada de 150%, quando demonstrado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo (solidários incluídos) se enquadra nas hipóteses definidas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. Há que se manter a qualificação da multa, uma vez demonstrada a conduta dolosa com o fito de impedir ou retardar o conhecimento do Fisco das circunstâncias materiais do fato gerador, pelo uso de notas fiscais e contratos ideologicamente falsos para lastrear saídas de caixa, ocultando do Fisco a verdadeira causa e/ou o real beneficiário de pagamentos. ESTIMATIVAS RECOLHIDAS A MENOR. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO. MESMA MATERIALIDADE. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. POSSIBILIDADE. Nos casos de lançamento com aplicação de multa de ofício, cumulado com lançamento de multa isolada por não recolhimento das estimativas, cabível a aplicação do princípio da consunção em razão de, decorrendo da aplicação do princípio, a multa aplicada em razão da infração maior (de ofício) absorver a multa relativa à menor infração (isolada) até o limite do valor da multa de ofício lançada. COMPENSAÇÃO. DÉBITOS LANÇADOS. SALDO NEGATIVO. IRPJ. Constatado que débitos de IRPJ e de CSLL ora lançados de ofício, relativos ao ano calendário de 2014, foram objeto de compensação em outros processos, por meio de saldo negativo de IRPJ e de Base de Cálculo negativa, reconhecidos em Despacho Decisório, de se alocar tais débitos nos pertinentes processos.
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DESPESAS GLOSADAS. PAGAMENTOS DE SUBORNOS OU PROPINAS. VIOLAÇÃO À ORDEM ECONÔMICA E OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA E DA LIVRE CONCORRÊNCIA. INDEDUTIBILIDADE. Inadmissível a pretensão da recorrente de equiparar pagamentos com vistas ao cometimento de atos de corrupção à despesas necessárias e decorrentes as atividade normais e usuais da empresa. O pagamento de subornos a agentes públicos ou privados atenta contra a função social da empresa consagrada no direito brasileiro e ofende os princípios constitucionais voltados para assegurar a ordem econômica fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa. Os atos concernentes ao pagamentos de propinas a agentes públicos e privados, atentam diretamente contra a função social da empresa e à liberdade concorrencial e, por óbvio, é inadmissível que os efeitos econômicos de tais infrações, por mera liberalidade do administrador da companhia, sejam compreendidos como necessários ao desenvolvimento das atividades normais e usuais da empresa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF) Ano-calendário: 2011, 2012, 2013, 2014 IRRF. PRESSUPOSTOS DO ART. 61 DA LEI N° 8.981/95 PARA COBRANÇA. Comprovado pelo Fisco o pagamento sem causa, sobre este incide a norma prevista no art. 61, da Lei n° 8.981, de 1995, para cobrança do IRRF. IRRF. PAGAMENTOS SEM CAUSA. RECURSOS DESVIADOS MEDIANTE INTERPOSIÇÃO DE TERCEIROS COM FINALIDADE ILÍCITA DE PAGAMENTO DE VANTAGENS INDEVIDAS. Os pagamentos a diversas empresas por serviços que não foram efetivamente prestados, efetuados como meios preparatórios para o desvio dos recursos que seriam posteriormente empregados nos pagamentos de vantagens indevidas a terceiros (propina), embora identifique sua finalidade não validam sua causa primária. Estes pagamentos não tem causa (no sentido econômico), pois não correspondem a serviços efetivamente prestados. Além disso, os reais AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 3. 72 02 59 /2 01 7- 88 Fl. 19301DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 beneficiários de tais recursos não são identificados nestas operações, pois estão encobertos por documentos que apontavam outros beneficiários (as emitentes das notas fiscais) dos pagamentos. CSLL. BASE DE CÁLCULO. GLOSA DE DESPESAS. INEXISTÊNCIA DE FATO DA DESPESA. CABIMENTO. A base de cálculo da CSLL tem como ponto de partida o resultado líquido apurado na contabilidade. Assim, as despesas comprovadamente inexistentes não podem compor o resultado líquido do exercício, do qual parte a apuração tanto do IRPJ quanto da CSLL. Os atos ilícitos não podem produzir quaisquer efeitos tributários na apuração do resultado dos exercícios fiscalizados. É remansosa a jurisprudência administrativa no sentido de dar o mesmo efeito à CSLL na glosa de despesas fictícias da base de cálculo do IRPJ . ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2011, 2012, 2013, 2014 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Os diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica respondem pessoalmente, de forma solidária com a Contribuinte, pelos créditos tributários correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. CABIMENTO. Cabível a imposição da multa qualificada de 150%, quando demonstrado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo (solidários incluídos) se enquadra nas hipóteses definidas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. Há que se manter a qualificação da multa, uma vez demonstrada a conduta dolosa com o fito de impedir ou retardar o conhecimento do Fisco das circunstâncias materiais do fato gerador, pelo uso de notas fiscais e contratos ideologicamente falsos para lastrear saídas de caixa, ocultando do Fisco a verdadeira causa e/ou o real beneficiário de pagamentos. ESTIMATIVAS RECOLHIDAS A MENOR. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO. MESMA MATERIALIDADE. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. POSSIBILIDADE. Nos casos de lançamento com aplicação de multa de ofício, cumulado com lançamento de multa isolada por não recolhimento das estimativas, cabível a aplicação do princípio da consunção em razão de, decorrendo da aplicação do princípio, a multa aplicada em razão da infração maior (de ofício) absorver a multa relativa à menor infração (isolada) até o limite do valor da multa de ofício lançada. COMPENSAÇÃO. DÉBITOS LANÇADOS. SALDO NEGATIVO. IRPJ. Constatado que débitos de IRPJ e de CSLL ora lançados de ofício, relativos ao ano calendário de 2014, foram objeto de compensação em outros processos, por meio de saldo negativo de IRPJ e de Base de Cálculo negativa, reconhecidos em Despacho Decisório, de se alocar tais débitos nos pertinentes processos. Fl. 19302DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. Acordam ainda, em dar provimento parcial: (i) por unanimidade de votos, afastar as alegações de decadência; (ii) por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário no sentido de que os débitos lançados de IRPJ e de CSLL (ambos de 2014), relativos ao presente processo, nas importâncias de R$ 3.814.023,85 e R$ 1.373.048,59, respectivamente, sejam devidamente alocados como débitos compensados nos processos de compensação de protocolo nºs 10923.720041/2017-14 e 10923.720042/2017-69, respectivamente; (iii) por maioria de votos, dar provimento ao recurso em relação à multa isolada; vencidos os Conselheiros Cláudio de Andrade Camerano, Carlos André Soares Nogueira e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. (iv) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso em relação aos demais pontos; (v) por unanimidade de votos, negar provimento aos recursos voluntários dos responsáveis solidários. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto. (documento assinado digitalmente) Luiz Augusto de Sousa Gonçalves - Presidente (documento assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano - Relator (documento assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto - Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Carlos André Soares Nogueira, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Mauritânea Elvira de Sousa Mendonça (Suplente convocada), Daniel Ribeiro Silva, Eduardo Morgado Rodrigues e Letícia Domingues Costa Braga. Relatório Trata o presente processo de Recurso de Ofício e de Recurso Voluntário ao Acórdão de nº 03-080.848, proferido pela 4ª Turma da DRJ/BSB em que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pela Contribuinte, ocasião em que manteve em parte o crédito tributário exigido. Transcrevo excertos do relatório do voto condutor da DRJ: Versa o presente processo sobre impugnações apresentadas pela contribuinte (UTC Participações S/A) e pelos responsáveis tributários (Ricardo Ribeiro Pessoa e Walmir Pinheiro Santana) em face dos autos de infração de: a) Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ (a fls. 15209 e segs.), pelo qual foi constituído crédito no montante de R$ 161.349.869,63, Fl. 19303DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 relativo aos ACs 2011, 2012, 2013 e 2014, sendo os fatos descritos como: custos não comprovados e falta de pagamento do IRPJ-estimativa; b) Contribuição Social sobre o Lucro (a fls. 15234 e segs.), pelo qual foi constituído crédito no montante de R$ 58.194.686,78, relativo aos ACs 2011, 2012, 2013 e 2014, sendo os fatos descritos como: custos não comprovados e falta de pagamento do CSLL-estimativa; c) Imposto de Renda Retido na Fonte (a fls. 15256 e segs.), pelo qual foi constituído crédito no montante de R$ 491.278.704,99, relativo a fatos geradores dos ACs 2012, 2013 e 2014, sendo que vale a transcrição da descrição dos fatos e do enquadramento legal: "PAGAMENTO SEM CAUSA OU BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO INFRAÇÃO: IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SOBRE PAGAMENTOS SEM CAUSA OU DE OPERAÇÃO NÃO COMPROVADA. Valor do Imposto de Renda na Fonte, incidente sobre pagamento(s) sem causa ou de operação(ões) não comprovada(s) contabilizadas ou não, no(s) valor(es) abaixo especificado(s)”. Cientificada dos lançamentos em 24/11/2017 (AR a fls. 18253), a contribuinte (UTC Participações S/A) apresentou impugnação (a fls. 524 e segs.) em 26/12/2017 (Termo a fls. 18372 e segs.), assinada digitalmente (Termo no verso da fls. 581) por Ana Cristina de Castro Ferreira, a qual foi investida de poderes para representar a contribuinte por meio da procuração a fls. 18465. Nessa impugnação, são apresentadas as seguintes razões de defesa: a)quanto ao cancelamento dos Autos de Infração de IRPJ e CSLL em relação aos Anos-Calendário de 2013 e 2014 "Depois de promover a glosa das despesas relativas aos pagamentos efetuados pela IMPUGNANTE e pelos Consórcios de que fazia parte, a fiscalização promoveu ajustes no resultado dos anos-calendários de 2011 a 2014 e apurou ao final de cada período saldo devedor de IRPJ e de CSLL, promovendo o respectivo lançamento da diferença do imposto que supostamente não fora recolhido. Contudo, ao promover a reconstituição da apuração do IRPJ e da CSLL dos anos calendários de 2013 e 2014, a fiscalização incorreu em erro de cálculo, na medida em que ela não promoveu a compensação das estimativas pagas durante o ano pela IMPUGNANTE, na forma como determinam os incisos III e IV do § 4º do artigo 2º da Lei nº 9.430/96, que seguem abaixo transcritos. E, por conseguinte, obteve resultado diverso do real. [...] Ora, se a fiscalização tivesse efetivado a devida compensação do montante pago a título de estimativas mensais de IRPJ e de CSLL durante os anos-calendários de 2013 e 2014, ela teria apenas reduzido o montante do saldo negativo e da base de cálculo negativa anteriormente apurados pela IMPUGNANTE nestes anos calendários (ex vi das DIPJ anexas – Doc. 04). Fl. 19304DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Isto porque, mesmo depois de promover as glosas e o devido ajuste no resultado dos anos de 2013 e 2014, o valor pago a título de estimativas mensais permaneceu maior do que o montante de IRPJ e de CSLL efetivamente devidos com base no lucro real apurado. Consequentemente, o resultado dos anos-calendário de 2013 e 2014 continuou a apresentar saldo negativo de IRPJ e base de cálculo negativa de CSLL, e não saldo devedor a ser recolhido em espécie pela IMPUGNANTE, conforme evidenciam as tabelas abaixo transcritas: [...] Destarte, ao contrário do que concluiu a fiscalização tributária, o reflexo da efetivação das glosas das despesas seria tão-somente a redução do saldo negativo de IRPJ e de base negativa de CSLL e não a apuração de saldo devedor de IRPJ e de CSLL. De forma que a diferença do IRPJ e da CSLL apurados pela fiscalização em razão da glosa das despesas teria sido devidamente e integralmente quitada pelo valor já pago a título de estimativas mensais de IRPJ e de CSLL durante os anos-calendário de 2013 e 2014. E assim sendo, não restaria em aberto qualquer valor a ser pago a título de IRPJ e de CSLL a justificar a lavratura dos autos de infração e imposição de multa nos anos-calendário de 2013 e 2014. Com efeito, é de rigor o cancelamento dos Autos de Infração e Imposição de Multa de CSLL e IRPJ em relação aos anos calendário de 2013 e 2014." b) quanto ao erro de Cálculo na Apuração do IRRF: "Conforme noticiado nos fatos acima narrados, os D.Agentes Fiscais promoveram o lançamento de IRRF em face da ora IMPUGNANTE, por ter reputado sem causa os pagamentos efetuados por ela para às empresas listadas no Item 8 do Relatório Fiscal e igualmente os valores pagos a título de Fee de Liderança pelos Consórcios dos quais a IMPUGNANTE fazia parte. Quando do lançamento do IRRF, os D. Agentes Fiscais consideraram todo o pagamento tido como sem causa como sendo o valor líquido e reajustaram a base de cálculo nos termos previstos pelo § 3º do artigo 61 da Lei nº 8.981/95. [...] Ocorre que os D. Agentes Fiscais acabaram por promover o reajustamento previsto no mencionado § 3º do artigo 61 duas vezes, e, por consequência, levaram à tributação uma base de cálculo maior do que a definida pela norma, conforme valores abaixo:[...] Fato este que ensejou a indevida apuração a maior do IRRF para os anos- calendário de 2012 a 2014, no importe de R$ 57.451.997,78 (cinquenta e sete milhões, quatrocentos e cinquenta e um mil, novecentos e noventa e sete reais e setenta e oito centavos). [...] Fl. 19305DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 c) quanto à impossibilidade de Exigência Simultânea com o IRPJ e a CSLL Lançados em Razão das Glosas de Despesas [...] "De acordo com o Relatório Fiscal que ensejou o auto de infração ora impugnado, em razão das declarações do Sr. RICARDO RIBEIRO PESSÔA e do Sr.WALMIR PINHEIRO SANTANA no curso das investigações criminais mencionadas no Relatório Fiscal, supostamente restou comprovado que as contratações realizadas pela UTC das empresas acima indicas eram em sua maior parte fictícias e que o dinheiro objeto dessas operações era destinado ao pagamento de taxa em favor de integrantes da Administração Pública Federal para viabilizar a vitória da UTC nas licitações promovidas pela empresa PETROBRÁS. Em razão disso, a Autoridade Fiscal glosou as despesas contabilizadas pela UTC decorrentes dessas operações, incluindo os valores pagos a título de fee de liderança pelos Consórcios de que fazia parte, acrescendo-as ao Lucro Líquido do anos-calendário de 2011 a 2014 e, sobre essa base de cálculo, lançou IRPJ e CSLL, acrescidos de multa de ofício qualificada, no percentual de 150%, e juros de mora. Adicionalmente, a Autoridade Fiscal considerou os valores decorrentes dessas operações como pagamento sem justa causa ou a beneficiário não identificado e, novamente, tributou esses valores pelo IRRF à alíquota de 35%, nos moldes do art. 61 da Lei nº 8.981/1995, regulamentado pelo art. 674 do Decreto nº 3000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda), também acrescido de multa de ofício qualificada (150%) e juros de mora. Indevidamente, a Autoridade Fiscal tributou a mesma operação duas vezes, uma pelo IRPJ e CSLL, e outra pelo IRRF. Tanto é assim que as notas fiscais que embasam os pagamentos considerados indevidos pela Autoridade Fiscal, os quais ensejaram a tributação pelo IRRF, são as mesmas que originaram as despesas glosadas pela fiscalização, que acarretaram a autuação pelo IRPJ e CSLL. Diante desse fato, surge o seguinte questionamento: o ordenamento jurídico tributário permite que o Fisco Federal exija o IRRF nos termos do art. 61 da Lei nº 8.981/1995, e ao mesmo tempo proceda a glosa das despesas para a apuração do IRPJ e CSLL? Nesse ponto, cumpre registrar que tanto a legislação, quanto a jurisprudência pátria, são contrárias a essa cumulação (glosa de despesas e tributação de IRRF), impondo-se o cancelamento do auto de infração, como será adiante pormenorizado. A legislação de imposto de renda sempre cuidou de coibir práticas que implicassem na redução indevida do Lucro Líquido a ser levado à tributação. Sobre o tema, o art. 44 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, posteriormente revogado pelo art. 36, IV, da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, dispunha o seguinte: [...] De acordo com esse dispositivo legal, em regra, sempre que fosse verificada a redução imprópria do Lucro Líquido, presumia-se transferência indevida de receita para o sócio a ensejar tributação pelo IRRF à alíquota de 25%, que Fl. 19306DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 posteriormente foi majorada para 35% em razão do disposto no art. 62 da Lei nº8.981, de 20 de janeiro de 1995, a seguir elencado:[...] Por meio do art. 44 da Lei nº 8.541/1992, o legislador criou uma presunção de recebimento de receita pelo sócio quando fosse verificada a redução indevida o Lucro Líquido pela pessoa jurídica, a justificar a tributação cumulativa pelo IRPJ e pelo IRRF sobre o mesmo fato. Nesse caso, o IRRF tinha natureza de penalidade a ser adicionalmente aplicada ao contribuinte em razão do desvirtuamento do Lucro Líquido, tanto que esse dispositivo legal se encontrava no “Capítulo II - Da Omissão de Receita” do “Título IV - Das Penalidades”. Por outro lado, neste mesmo artigo 44, em seu parágrafo 2º, acima transcrito, resta evidente que essa tributação na fonte de 35% “não se aplica a deduções indevidas que, por sua natureza, não autorizem presunção de transferência de recursos do patrimônio da pessoa jurídica para o dos seus sócios”. Ou seja, somente há possibilidade de cumulação do IRPJ com o IRRF quando possa presumir que o valor glosado, que implicou na redução indevida do lucro líquido, tenha sido transferido a um dos sócios ou acionistas. Assim, a aplicação do art. 61 da Lei nº 8.981/1995, invocado na autuação ora em análise, ficou restrito às situações nas quais o Fisco constatasse a existência de um pagamento, cujo beneficiário ou causa não fosse comprovada, vejamos:[...] Nesses termos, cumpre registrar, também o art. 674 do Decreto nº3.000/1999, que regulamenta tal dispositivo legal:[...] Esse dispositivo legal era reservado àquelas situações em que o Fisco Federal verificava a existência de pagamento, mas não do seu beneficiário ou causa, ressalvadas as hipóteses previstas no art. 44 da Lei nº 8.541/1992. Tanto é assim que o art. 61 da Lei n.º 8.981/1995 expressamente ressalva o “disposto em normas especiais”. Não sendo possível a tributação da operação pelo IRPJ, ante a inexistência das informações necessárias para tanto, atrai-se a norma do art. 61 da Lei nº 8.981/1995. Era vedada, no entanto, a cumulação do IRPJ e do IRRF em razão desses pagamentos, porque essa era hipótese especificamente tratada pelo art. 44 da Lei nº 8.541/1992. A prova de que esses dispositivos legais (art. 44 da Lei nº 8.541/1992 e art. 61 da Lei nº 8.981/1995) não tratavam da mesma hipótese tributária é que a Lei nº 8.981/1995 que instituiu o art. 61 e, simultaneamente, majorou a alíquota do IRRF do art. 44 da Lei nº 8.541/1992 de 25% para 35%. Se os dispositivos tratassem da mesma hipótese tributária, não haveria razão para a equiparação de suas alíquotas, bastava revogar um dos dispositivos. Demais disso, quando o legislador quis prever a possibilidade de cobrança cumulativa do IRRF e do IRPJ em razão da redução indevida do Lucro Líquido, o fez expressamente, como no art. 44 da Lei nº 8.541/1992, em que autorizou a cobrança do IRRF “sem prejuízo da incidência do imposto sobre a renda da pessoa jurídica.” E mais: para evitar abuso por parte do Fisco, o art. 44, § 2º, da Lei nº8.541/92 expressamente consignou que “O disposto neste artigo não se aplica a deduções Fl. 19307DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 indevidas que, por sua natureza, não autorizem presunção de transferência de recursos do patrimônio da pessoa jurídica para o dos seus sócios.”. Ou seja, a redução do Lucro Líquido a permitir a presunção de transferência de receita a pessoa física e, consequentemente, a tributação pelo IRRF e pelo IRPJ era excepcional e, por isso, nem toda glosa de despesa poderia atrair a aplicação da norma disposta nesse art. 44. No entanto, com o advento da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, a norma disposta no art. 44 da Lei nº 8.541/1992 foi revogada. Foi excluída do ordenamento jurídico a hipótese de tributação pelo IRRF cumulada com o IRPJ e CSLL em razão de operação que implique redução indevida do Lucro Líquido, seja pela omissão de receitas, seja pela glosa de despesas. Demais disso, a Lei nº 9.249/1995 optou por tributação segregada do rendimento, ou seja, se o rendimento foi tributado na pessoa jurídica não será mais tributado em pessoa física ou em outra pessoa jurídica que eventualmente seja beneficiária desse recurso, como consta do seu art. 24, adiante indicado:[...] Após a promulgação da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, que é posterior à edição do art. 61 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, a incidência do IRRF à alíquota de 35% ganhou novo contorno. A Lei nº 9.249/1995 buscou prestigiar, a incidência do tributo alternativamente, face a pessoa jurídica ou face a pessoa física. A única hipótese em que a legislação expressamente previa essa cumulação (IRRF e IRPJ – e reflexos) em função da redução indevida do Lucro Líquido foi revogada (art. 44 da Lei nº 8.541/1992). Se o legislador desejasse manter no ordenamento jurídico essa hipótese, certamente teria previsto na Lei nº 9.249/1995, o que não ocorre no caso. Interpretando-se o art. 61 da Lei nº 8.981/1995 de forma sistêmica, verifica-se que, após o advento da 9.249/1995, não é possível fazer incidir sobre a mesma situação fática tributação pelo IRPJ e CSLL em razão da glosa de despesas e pelo IRRF em virtude do não reconhecimento dos pagamentos realizados dessas mesmas despesas. Isto porque, atualmente não há disposição legal que ampare esta prática no ordenamento jurídico pátrio. Sendo assim Nobres julgadores, diante da ausência de norma que ampare a exigência cumulativa do IRRF e do IRPJ e seus reflexos, é evidente que se o fisco já promoveu a glosas das despesas e está exigindo o pagamento do IRPJ e a CSLL respectivo ao montante glosado, não pode exigir cumulativamente o IRRF sobre o pagamento dessa despesa com base no art. 61 da Lei nº 8.981/1995, como o fez no caso concreto, uma vez que isto implicaria em bis in idem e confisco. Há, portanto, limites e condições para a aplicação do art. 61 da Lei nº 8.981/1995, que se restringe às hipóteses em que não foi possível o recálculo do Lucro Líquido, ou quando os contribuintes estão sujeitos à tributação pelo regime do Lucro Presumido ou Simples Nacional. Não custa repetir: as disposições do art. 61 da Lei nº 8.981/1995 aplicam-se aos casos em que o Fisco Federal não consegue calcular o IRPJ e a CSLL, o que não é o caso do auto de infração ora impugnado. Fl. 19308DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Se o Fisco Federal entende que a contratação não foi efetivamente realizada, pode desconsiderar esses valores como despesa da contratante (se não há serviços, não há despesa) ou considerar que a empresa contratante transferiu recurso indevidamente a terceiros sem razão; mas não pode realizar ambas as ações e tributar o contribuinte duas vezes sobre o mesmo fato jurídico. Aliás, o CARF tem inúmeros precedentes pela impossibilidade de cumular a cobrança de IRRF e IRPJ e reflexos sobre uma mesma situação fática, especialmente na hipótese de glosa de despesa de empresa optante pelo Lucro Real. Há, inclusive, precedentes da sua Câmara Superior nesse sentido, o que demonstra que a jurisprudência administrativa resta consolidada em favor do contribuinte e contra o lançamento tributário ora impugnado, como constam das ementas adiante transcritas:[...] Essas decisões da Câmara Superior de Recurso Fiscais, ambas julgadas definitivamente, representam o posicionamento do CARF sobre o tema, a corroborar com os argumentos já expostos pela empresa. Tanto é assim que as Câmaras do CARF têm replicado o entendimento pela impossibilidade de cumulação da cobrança do IRPJ e CSLL em razão de glosa de despesas e do IRRF com fundamento na ocorrência de pagamento sem causa ou a beneficiário desconhecido. Do extenso catálogo de julgados sobre a tema, indicamos as seguintes ementas:[...] Ante as razões ora expostas, bem como a jurisprudência deste Tribunal sobre o tema, a IMPUGNANTE requer o cancelamento do lançamento na parte que imputa ao contribuinte o IRRF, acrescido de multa de ofício qualificada e juros de mora, objeto do art. 61 da Lei nº 8.981/1995, ante a completa ausência de autorização legal para sua cobrança em concomitância com o IRPJ e a CSLL oriundos de glosas de despesas." d) quanto à ausência de subsunção dos aftos à regra de incidência do artigo 61, parágrafo 1º da Lei nº 8.981/95 - pagamentos realizados a beneficiários identificados e com causa determinada Como visto, a despeito das glosas de IRPJ e CSLL, a fiscalização também procedeu ao lançamento do IRRF à alíquota de 35% em face da IMPUGNANTE, invocando, para tanto, o disposto no artigo 61 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, in verbis:[...] Em que pese as empresas beneficiárias terem sido identificadas, os Srs. Agentes Ficais asseveraram no TVF que o fundamento da autuação fiscal seria o “pagamento a beneficiário não identificado”: [...] Ou seja: apesar de ter alegado que os pagamentos realizados pela IMPUGNANTE teriam sido efetivados para beneficiários não identificados, a fiscalização sempre teve amplo conhecimento acerca de todas as empresas recebedoras dos recursos financeiros. Esta simples constatação, infirmaria, a um só tempo, a aplicação da norma disposta no citado artigo 61 da Lei nº 8.981/95 e o presente lançamento de ofício, fadado ao insucesso, uma vez que jamais se ocultou a identificação dos beneficiários dos pagamentos. Pelo contrário, os beneficiários dos pagamentos efetuados pela RECORRENTE sempre foram conhecidos. Fl. 19309DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 De fato, os pagamentos refutados pelo Fisco não careciam de nenhum dos elementos indispensáveis para que ocorresse a sua correta imputação aos respectivos beneficiários, os quais, por sua vez, certamente reconheceram estas receitas e as tributaram. Ora, em momento algum a autoridade fiscal se preocupou em verificar se estas receitas auferidas pelas empresas beneficiárias foram por elas tributadas! Deveras, ao contrário do que fora alegado pelos Srs. Agentes, o dispositivo legal em estudo não comporta juízo de valor quanto à licitude da causa, mas sim quanto a sua existência. Isso porque a finalidade de tal previsão legal é tributar, em regime de substituição tributária, aquela fonte pagadora que não possibilitar ao Fisco a tributação do real beneficiário dos pagamentos. Assim, na remota hipótese de se considerar que o raciocínio dos Srs.Agentes Fiscais está correto, restou incontroversa, no próprio TVF, a identificação dos beneficiários dos pagamentos realizados pela RECORRENTE, razão pela qual se verifica que não há qualquer impedimento para a tributação das pessoas jurídicas que, eventualmente, sofreram os acréscimos patrimoniais decorrentes dos pagamentos em exame. II) Quanto à Causa dos Pagamentos: Descabe invocar, ainda, para o caso em tela, a aplicação do §1º do artigo 61 da Lei nº 8.981/95, pois ela abriga e se relaciona apenas àquelas situações em que, existindo pagamentos, não for comprovada a sua causa, dando azo à incidência de IRRF à alíquota de 35%. Inobstante a dicção expressa no sentido de tributar os pagamentos sem causa, os Srs. Agentes Fiscais defenderam no TVF a tributação pelo IRRF, com fundamento no aludido dispositivo legal, sob a alegação de que os pagamentos realizados pela RECORRENTE careceriam de motivo lícito e que não teria sido comprovado no caso concreto a causa dos pagamentos efetivados, a se justificar a aplicação das disposições do § 1º do artigo 61 da Lei nº 8.981/95. O equívoco cometido pelos Srs. Agentes Fiscais é patente, mas compreensível sob o ponto de vista doutrinário, uma vez que as expressões causa e motivo sempre geraram dúvidas aos operadores do Direito. Contudo, este equívoco não poderá ser mantido por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, já que não se pode confundir a causa de uma obrigação com os motivos que levaram a sua criação, pois estes últimos (motivos) são pessoais e particulares, sendo irrelevantes para o Direito, como ensina Sílvio de Salvo Venosa:[...] Os trechos acima transcritos fixam importantes premissas que devem nortear o julgamento da situação que verte dos presentes autos, quais sejam: (i) sob o prisma jurídico não se pode confundir o motivo com a causa; (ii) os motivos pessoais e particulares são irrelevantes ao Direito e (iii) apenas a causa tem relevância jurídica. Justamente por entender dessa maneira é que o legislador, em matéria tributária, estabeleceu no § 1º, do artigo 61, da Lei nº 8.981/95 que apenas os pagamentos sem causa estão sujeitos à cobrança do IRRF à alíquota de 35%. Fl. 19310DF CARF MF Fl. 11 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Como se pode perceber, a licitude da causa possui apenas relevância para análise acerca da validade dos negócios jurídicos. Nesse sentido, uma vez percebido algum vício com relação à causa do negócio jurídico, ele será considerado sem efeitos. Destarte, sob a ótica do Direito Tributário, se (i) houver um contrato de prestação de serviços; (ii) com causa lícita; (iii) cujo serviço prestado seja usual e necessário à atividade da pessoa jurídica contratante, logo (iv) poderá ocorrer a dedutibilidade da despesa das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL com fundamento no artigo 299 do RIR/99. No raciocínio em questão, onde a licitude da causa é relevante, tem-se as seguintes consequências caso o objeto do negócio jurídico seja considerado ilícito: invalidade do contrato de prestação de serviços celebrado e glosa das despesas cujos pagamentos sejam decorrentes de tal contrato. Na situação analisada no presente caso, como já se mencionou, já ocorrera o lançamento de ofício, com glosas de despesas supostamente não comprovadas e a consequente adição dos valores outrora deduzidos às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL a fim de se exigir da IMPUGNANTE a diferença de tributos apurada. Assim, para fins tributários, a ilicitude com relação à causa do negócio jurídico já trouxe como reflexo a glosa das despesas incorridas, porém, jamais poderia ser desconsiderada tal causa, utilizando tal situação para justificar a exigência do IRRF, como pretendeu fazer a autoridade fiscal. Ademais, visando a demonstração acerca da necessidade de cancelamento do IRRF em espeque, ainda se faz necessário expor os demais equívocos cometidos pelos Srs. Agentes Fiscais. Em diversas passagens do Relatório Fiscal, a fiscalização empreendeu grande esforço para consignar, de forma equivocada, que a causa dos pagamentos realizados pela IMPUGNANTE era o pagamento de propinas e não a contratação de serviços. Apenas ad argumentandum, considerando-se que os pagamentos realizados pela IMPUGNANTE tiveram como causa o pagamento de valores destinados a agentes públicos e políticos, por certo que o motivo seria a realização de obras para a Petrobrás. Nessa toada, ainda que a redação do § 1º do artigo 61 da Lei nº8.981/95 estabelecesse que, além da sua causa, houvesse a necessidade de comprovação do motivo do pagamento, no presente caso existiria a comprovação dos dois elementos (causa e motivo). Por todo o exposto, como restou devidamente demonstrado, inocorre no presente caso a subsunção dos fatos narrados à hipótese de incidência tributária do IRRF (artigo 61, caput e §1º, da Lei nº 8.981/95), na medida em que há a correta identificação (i) dos beneficiários dos pagamentos e (ii) da sua causa, razão pela qual outra não é conclusão senão a de que deve haver o cancelamento integral do crédito tributário cobrado a título de IRRF. e) quanto às regras para tributação do IRRF: Fl. 19311DF CARF MF Fl. 12 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 [...] "Se o IRRF não fosse uma mera antecipação do IRPJ devido ao final do ano- calendário, a legislação não permitiria o seu abatimento na apuração do imposto devido. Nestes termos, independente da discussão sobre a prestação efetiva dos serviços pelas pessoas jurídicas elencadas no item 8 do Relatório Fiscal, fato é que não existem dúvidas de que os pagamentos foram efetuados pela UTC ENGENHARIA em razão dos contratos firmados. Ressalte-se que a própria fiscalização reconhece a existência destes pagamentos, apenas questionando a licitude das operações. E como os pagamentos efetuados foram contabilizados como receitas pelas mencionadas empresas e levados à tributação do IRPJ pelas mesmas, o que poderá ser confirmado pelo fisco federal em diligência a ser realizada in loco em seus estabelecimentos, a IMPUGNANTE não poderia ser responsabilizada pelo recolhimento de imposto incidente sobre receita já contabilizada e tributada pelo contribuinte de fato. Veja-se nobres Julgadores, que a intenção do legislador com a criação do instituto previsto no artigo 61 da Lei nº 8.981/95 foi garantir o recolhimento do imposto de renda sobre o rendimento (receita) auferido quando não identificado o beneficiário do pagamento. Assim sendo, como no caso concreto todos os beneficiários foram identificados, inclusive pela própria fiscalização, e os pagamentos efetuados pela IMPUGNANTE foram devidamente contabilizados e tributados pelos contribuintes de fato (que são as empresas jurídicas listadas no item 8 do Relatório Fiscal), inexiste qualquer razão para que seja imputado à IMPUGNANTE o dever de recolher o IRRF no importe de 35%, nos moldes consignados pelo artigo 61 da Lei nº8.981/95. Ora não é plausível e tampouco legal, exigir que a IMPUGNANTE pague novamente o imposto que já foi recolhido pelo contribuinte de fato. Ademais, cumpre salientar que como a autuação foi promovida depois de encerrados os anos-calendários de 2011 a 2014, caberia ao fisco exigir o Imposto de Renda devido diretamente dos contribuintes de fato e não da empresa IMPUGNANTE, que é mero agente retentor. Sendo que, a IMPUGNANTE cumpriu devidamente com o seu papel, tendo promovido a retenção em relação aos pagamentos efetuados às empresas que foram listados no Item 8 do Relatório Fiscal, quando a prestação do serviço assim exigia. Aliás, a própria fiscalização reconheceu que a RECORRENTE promoveu a devida retenção do IR em relação aos pagamentos que efetuou durante os anos calendários fiscalizados, tendo efetivado o devido abatimento de tais valores quando do cálculo do IRRF, conforme evidencia o Demonstrativo de Cálculo de fls.15268/15272. Fl. 19312DF CARF MF Fl. 13 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Nestes termos, é de rigor o cancelamento da autuação de IRRF no caso concreto, a fim de evitar a dupla tributação de uma mesma receita e a responsabilização indevida da empresa IMPUGNANTE. f) quanto à comprovação da prestação dos serviços contratados: "No que se refere a autuação de IRPJ e CSLL, tem-se que, em que pese a IMPUGNANTE ter trazido à baila contratos de prestação de serviços firmados com as empresas ROCK STAR PRODUCOES, COMERCIO E SERVICOS LTDA – EPP; TWC PARTICIPACOES LTDA; TACLA DURAN SOCIEDADE DE ADVOGADOS; - EPGN ENGENHARIA LTDA; AUGURI EMPREENDIMENTOS E ASSESSORIA COM. LTDA; PIEMONTE EMPREENDIMENTOS LTDA; TREVISO DO BRASIL EMPREENDIMENTOS LTDA; D3TM - CONSULTORIA E PARTICIPAÇÕES LTDA; MRTR GESTÃO EMPRESARIAL LTDA; MANWIN SERVIÇOS, PARTICIPAÇÕES E ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA; MANWIN HIUNDAI SERVIÇOS AUTOMOBILISTICOS LTDA; JD ASSESSORIA E CONSULTORIA LTDA; ACP ENGENHARIA CONSULTIVA LTDA; RENCK CONSULTORES LTDA; ENCONSULT ENGENHARIA E CONSULTORIA LTDA; RIOMARINE OIL E GAS ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS LTDA e HUGHES E HUGHES ADVOGADOS ASSOCIADOS, as correlatas notas fiscais e os comprovantes de pagamento do quanto avençado, a fiscalização entendeu pela glosa destes que foram declarados pela IMPUGNANTE como custos/ despesas necessárias e inerente à própria consecução de sua atividade empresária. Ocorre que, contrariamente ao asseverado pela fiscalização, nos anos de 2011 a 2014, houve sim efetiva prestação parcial de serviços por parte das empresas citadas pela fiscalização, como restou declarado pelo Sr. Ricardo Ribeiro Pessôa em seus depoimentos. Seguem abaixo exemplos de contratações cujos serviços foram efetivamente prestados, total ou parcialmente pelas empresas listadas no item 8 do Relatório Fiscal: ROCK STAR PRODUÇÕES, COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. O contrato firmado com a empresa “ROCK STAR” que tinha como objeto o patrocínio da equipe do piloto de stock car Allan Khodair na temporada de 2012 foi parcialmente prestado, não se tratando de negócio ficto, conforme ponderou Sr.Ricardo Pessôa na Declaração nº 03 que foi prestada ao Ministério Público: [...] Tanto assim o é, que o Sr. Ricardo Pessôa esclareceu na Declaração nº02 que a prestação de serviços existia, sendo que apenas a parte excedente decorrente do superfaturamento dos serviços retornava para a UTC para fins de financiar o esquema da Lava Jato (fls. 15512): [...] Corroborando com estas declarações que foram prestadas pelo Sr.Ricardo Pessoa, seguem anexas à presente defesa as Notas Fiscais que foram emitidas pela empresa “ROCK STAR”, o contrato e fotos de corridas das quais o piloto participou divulgando o nome do patrocinador (“UTC”), nas quais facilmente se Fl. 19313DF CARF MF Fl. 14 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 pode encontrar o logo “UTC” no carro do piloto, em bonés e camisas utilizadas pela equipe e também por convidados que assistiam a corrida, além de banners colocados em locais de acesso e na pista. (Doc. 06). Assim sendo, é inegável que a IMPUGNANTE comprovou por intermédio de provas que parte do serviço foi efetivamente contratado e devidamente prestado, não tendo sido utilizado para o fim único de pagamento de agentes públicos. Ademais, a IMPUGNANTE justificou a razão da contratação do serviço e igualmente que esta despesa era sim necessária, pois se tratou claramente de contratação para divulgação da sua marca, a possibilitar a realização de novos negócios. TACLA DURAN SOCIEDADE DE ADVOGADOS O contrato firmado com a TACLA DURAN SOCIEDADE DE ADVOGADOS tinha como objeto o acompanhamento prévio dos processos em que a IMPUGNANTE era parte, conforme esclarecido pelas informações prestadas tanto pelo Sr. Ricardo Pessôa, como pelo Sr. Walmir Pinheiro Santana, no termo de Declaração nº 02. Como parte da prestação de serviços contratada, a TACLA DURAN SOCIEDADE DE ADVOGADOS deveria trimestralmente apresentar relatório relativo aos acompanhamentos processuais realizados mensalmente. E no caso concreto, a TACLA DURAN SOCIEDADE DE ADVOGADOS realmente cumpriu com o objeto pactuado, já que efetivamente promoveu o levantamento e acompanhamento dos processos existentes em nome da IMPUGNANTE junto ao Tribunal de Contas e perante os demais tribunais. Sem contar que igualmente apresentou trimestralmente os relatórios respectivos, como inclusive reconheceu a própria fiscalização tributária no bojo do seu Relatório Fiscal às fls. 15523: (...) Além desses documentos, foi apresentado um grande número de consultas a processos do Tribunal de Contas da União – TCU; foram apresentadas consultas a 2.598 processos (...). Ocorre que a despeito de a TACLA DURAN SOCIEDADE DE ADVOGADOS ter cumprido com o pactuado junto à IMPUGNANTE, a fiscalização tributária desconsiderou os relatórios apresentados, simplesmente por possuírem supostamente informações rasas a respeito dos processos e por entender que não houve prova da intervenção da sociedade de advogados nos processos da UTC, o que não deve prosperar. Primeiro porque as informações constantes dos relatórios apresentados são suficientes para a compreensão do status do processo, e, portanto, eles servem sim para o fim que foram produzidos. Segundo porque, o contrato não exige a apresentação de análise pormenorizada dos processos ou dos riscos das demandas e tampouco contempla a intervenção nos processos da UTC. Sem contar que o valor contratado de R$ 50,00 para o acompanhamento de cada processo está dentro da normalidade e observa a prática adotada pelos demais escritórios no mercado. Fl. 19314DF CARF MF Fl. 15 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Ademais, a IMPUGNANTE apresentou todos os demais documentos à fiscalização que comprovam a existência do negócio jurídico firmado, e, consequentemente as despesas incorridas com o pagamento dos serviços prestados, devem sim ser reconhecidas pelo fisco, afastando-se a glosa promovida. D3TM - CONSULTORIA E PARTICIPAÇÕES LTDA. Consta do Termo de Acordo de Colaboração Premiada firmado com o Ministério Público em 13 de maio de 2015 declaração do Sr. Ricardo Pessôa reconhecendo que os serviços contratados junto à D3TM foram efetivamente prestados. Aliás, o próprio Sr. Ricardo Pessôa apresentou à fiscalização tributária em 31/03/2016 os documentos que comprovam a efetivação da prestação dos serviços pela D3TM, tendo entregue um volume de quase 720 páginas. Entretanto, com todo o respeito, a fiscalização tributária não promoveu a devida análise de toda a documentação apresentada como prova da prestação de serviços da D3TM à IMPUGNANTE, limitando-se listar alguns documentos identificados. Ora, ao contrário do sustentado pelos D. Agentes Fiscal os documentos apresentados são sim suficientes para comprovar a efetiva prestação dos serviços pela D3TM, e, assim sendo, é de rigor o afastamento da glosa das despesas incorridas em razão dos pagamentos promovidos pela IMPUGNANTE à D3TM pelos serviços prestados. MANWIN SERVIÇOS, PARTICIPAÇÕES E ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA E MANWIN HINDAI SERVIÇOS AUTOMOBILISTICOS LTDA. Às fls. 15567 do Relatório Fiscal consta declaração prestada por Rodrigues Morales que controlava as empresas MANWIN SERVIÇOS e MANWIN HINDAI, reconhecendo expressamente que os contratos firmados a título de consultoria eram parcialmente prestados, senão vejamos: [...] Aliás, a própria fiscalização não refuta devidamente a declaração prestada pelo Sr. Rodrigues Morales, bem como foram apresentadas as notas fiscais, os respectivos comprovantes de pagamento pelos serviços de consultoria realizados. Consequentemente, é de rigor o reconhecimento de parte das despesas incorridas com os pagamentos promovidos à MANWIN SERVIÇOS e MANWIN HINDAI. ACP ENGENHARIA CONSULTIVA LTDA e RENCK CONSULTORES LTDA. Ao contrário do sustentado pela fiscalização tributária, a IMPUGNANTE apresentou sim documentos que comprovam a efetiva prestação de serviços pelas empresas ACP e RENCK no caso concreto. Fl. 19315DF CARF MF Fl. 16 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Veja-se que a IMPUGNANTE forneceu mídia digital contendo as autorizações de serviço, as notas fiscais, os contratos, relatórios, atas de reunião, que evidenciam, sem sombra de dúvidas, que os serviços pactuados com as mencionadas empresas foram efetivamente prestados. Aliás, o Sr. Ricardo Pessôa afirma expressamente no Termo de Declaração nº 11 prestado à RFB em 09/03/2016 que os serviços contratados foram prestados. De forma que esta declaração vem ratificar o teor dos documentos fornecidos pela IMPUGNANTE à fiscalização tributária, de que os serviços de consultoria contratados foram devidamente prestados. Na verdade, os D. Agentes Fiscais simplesmente desconsideraram os documentos apresentados, sem, contudo, cotejar cada um deles de forma expressa, com o fim de justificar a glosa das despesas, o que não deve prosperar! Diante do exposto, uma vez reconhecido que parte dos serviços, foi, de fato, contratada; que os serviços foram prestados e devidamente pagos pela IMPUGNANTE, outra não é a conclusão senão a de que consubstanciam despesas dedutíveis das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL em cobro nos presentes auto. E ainda que a DD. Fiscalização entendesse que tais despesas não seriam necessárias, ensejando na tributação do IRPJ e CSLL, tais despesas jamais poderiam ser consideradas não comprovadas a ponto de ser base de cálculo para o IRRF. Ora, a fiscalização pode até não concordar com as despesas, mas alegar que foram a beneficiário não identificado ou sem causa, é um completo absurdo. Destarte, imperioso que, no mínimo, seja devidamente subtraído das bases de cálculo consideradas pela fiscalização o montante correspondente aos serviços efetivamente prestados, conforme declarado pelo Sr. Ricardo Pessôa, seja em relação ao IRPJ/CSLL, seja para o IRRF. g) quanto à despesas/custos necessárias à atividade da IMPUGNANTE [...] "Isto porque, ainda que pudéssemos afirmar que parte dos valores pagos às empresas citados no item 8 do relatório fiscal foram destinadas para gerar “caixa dois”, possibilitando assim o pagamento de valores para agentes públicos no exercício de funções ligadas à alta cúpula da PETROBRAS, e, igualmente, para agentes políticos, filiados a diversos partidos com expressão no cenário do Poder Legislativo e Poder Executivo, somente o foram para que a IMPUGNANTE pudesse ser contratada pela PETROBRAS. Definitivamente a IMPUGNANTE viu-se compelida a se utilizar deste expediente. Veja-se que, ainda que a real causa de parte das despesas glosadas tenha sido declarada sob outra roupagem, em verdade, esta necessidade de arrumar um meio de justificá-las, reforça a imprescindibilidade de sua ocorrência para que a RECORRENTE reunisse as condições indispensáveis para continuar a operar na área de sua expertise, qual seja, a área de Gás e Petróleo, sobretudo em prol da PETROBRAS! Fl. 19316DF CARF MF Fl. 17 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Como que em uma encruzilhada, não restava alternativa à IMPUGNANTE, caso quisesse continuar atuando junto à estatal, senão ceder à praxe sistêmica de arcar com os custos de pagamentos de valores tanto para Diretores do alto escalão da empresa, quanto para políticos embrenhados no esquema. Era, pois, pressionada em ambas as frentes (Diretoria e políticos), pressão esta facilmente visualizada na ilustração utilizada pelo próprio MPF (Ministério Público Federal) para sintetizar o fluxo de corrupção investigado na “Operação Lava Jato”, a qual já fora colacionada anteriormente. Assim, as empreiteiras, tais quais a IMPUGNANTE, tinham que realizar pagamentos i) para as Diretorias da PETROBRAS supramencionadas, ii) para os denominados operadores deste sofisticado esquema e iii) para os políticos que, igualmente, se beneficiavam - e muito! – desta prática de mercado, que tinham por fito garantir que as empresas pudessem continuar a celebrar contratos e realizar obras públicas, em fiel cumprimento ao seu objeto social. Nesse passo, despojado de qualquer juízo de valor que pudesse recair sobre a conduta da IMPUGNANTE, haja vista que este incumbe à seara penal, no âmbito tributário, resta claro e inconteste que tais custos objeto das glosas perpetradas, na verdade, subsumem-se, inquestionavelmente, ao conceito de despesa necessária, dedutível da base de cálculo das exações em epígrafe. Isso porque, efetivamente incorridas (não há dúvidas de que foram pagas as quantias), regularmente escrituradas e declaradas ao Fisco (como se extrai do próprio Relatório Fiscal), há inapelável incidência do que preleciona o art. 299 do RIR/1999, in verbis:[...] Note-se, pois, que os gastos gerados pelo imprescindível pagamento de valores para agentes públicos e políticos atendem plenamente ao conceito do § 1º supratranscrito, na medida em que para que toda e qualquer contratação pela PETROBRAS fosse realizada, exigia-se da IMPUGNANTE, essencialmente, o desembolso dos valores por ela declarados, para que, assim, pudesse concretizar a exploração das atividades, principais ou acessórias, vinculadas às suas fontes produtoras de rendimentos. O pagamento de tais valores, era, portanto, uma conditio sine qua nom para que a IMPUGNANTE desempenhasse as suas atividades empresariais, obtendo receitas indispensáveis à sua manutenção e sobrevivência, mormente em tempos de crise e estagnação de outros clientes do setor privado. Ademais, não se pode olvidar que as despesas relacionadas ao pagamento dos aludidos valores, tal como preleciona o § 2º do artigo 299 do RIR/99, ocorria comumente no tipo de operação entabulada entre a IMPUGNANTE e a PETROBRAS, caracterizando a usualidade ou habitualidade da despesa na realização desta espécie de negócio/contratação. Prova disso é o quantum desembolsado pela IMPUGNANTE ao longo dos anos-calendários de 2011 a 2014, em prol das empresas listadas no Item 8 do Relatório Fiscal que acompanha os autos de infração lavrados e ora guerreados, a fim de assegurar sua contratação para a realização de suas atividades. Ressalte-se, inclusive, que algumas empresas foram beneficiárias de pagamentos periódicos. Fl. 19317DF CARF MF Fl. 18 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 E da mesma forma, o reiterado pagamento do Fee de Liderança pelos Consórcios de que a IMPUGNANTE faz parte, evidencia a usualidade e a habitualidade desta despesa, que foi devidamente apropriada pela UTC à proporção de sua participação em cada um dos Consórcios descritos no Item 9 do Relatório Fiscal. Assim, conclui-se que, além de ser compelida a aderir a tal prática, para que pudesse se manter em condições de paridade com as demais empreiteiras atuantes no mercado, a IMPUGNANTE teve de fazê-lo reiteradas vezes, com a habitualidade exigida para que novas contratações pudessem se efetivar e ela pudesse continuar operante na área de Gás e Petróleo. Posto isso, não pode o Fisco, restringir a admissibilidade de despesas que, à luz da norma tributária e de sua interpretação teleológica, preenchem, a um só tempo, o conceito de necessidade e usualidade, apenas e tão-somente para promover glosas fiscais em detrimento dos contribuintes. Veja-se, que neste ponto é importante discernir as consequências penais das tributárias. No âmbito penal tal prática já foi penalizada, de acordo com a legislação de regência, através dos Acordos de Colaboração firmados pelos Srs. Ricardo Ribeiro Pessôa e Walmir Pinheiro Santana. No âmbito da pessoa jurídica, o Acordo de Leniência foi firmado com o Ministério da Transparência Fiscalização e Controle –CGU. Contudo, na seara tributária há que se interpretar e aplicar a lei específica, e, assim o fazendo, não restam dúvidas quanto à dedutibilidade integral das despesas em tela. Assim, não há que falar que a IMPUGNANTE pretende se beneficiar da sua própria torpeza, especialmente considerando que em relação aos aspectos tributários estão presentes os elementos exigidos pela legislação para que a despesa seja reconhecida como necessária para fins de dedutibilidade da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Nessa senda, não há porque assentir com entendimento adotado pela DRJ em Brasília/DF e tampouco com a manutenção do Auto de Infração relacionado à exigência de IRPJ e CSLL nos anos-calendários de 2011 a 2014, haja vista que decorre de glosas nitidamente improcedentes, dado que o pagamento de valores à Diretoria da PETROBRAS, aos operadores do esquema e aos políticos envolvidos era sistêmico e intrínseco à manutenção da participação da IMPUGNANTE nos certames licitatórios e na realização de obras públicas para as quais tem vasto know-how, deflagrando-se, assim, o caráter de imprescindibilidade e usualidade com que tais despesas eram pagas pela IMPUGNANTE. E tanto estas despesas eram necessárias, que sem a realização das mesmas a IMPUGNANTE não teria auferido as receitas que foram devidamente declaradas e tributadas pelo Fisco Federal. Ademais, segundo o princípio contábil da confrontação das despesas, as receitas apenas existem em razão das despesas incorridas para tal fim e, por este motivo é que as despesas e receitas relacionadas a um mesmo fato econômico devem ser contabilizadas e reconhecidas simultaneamente. Fl. 19318DF CARF MF Fl. 19 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Em outras palavras, a despesa é o sacrifício realizado para obtenção de uma receita, de forma que não há que se falar em receita, sem que uma despesa seja devidamente contabilizada e reconhecida no âmbito da contabilidade. Neste mesmo sentido, seguem as disposições constantes do Pronunciamento Contábil Técnico CPC nº 30, abaixo transcritas:[...] Convergindo com este entendimento, segue igualmente o princípio contábil do regime de competência segundo o qual as despesas e as receitas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independente do recebimento ou pagamento. Nestes termos, verifica-se com clareza que sem o dispêndio das despesas em questão não haveria que se falar em receita e, portanto, resta inegável a imprescindibilidade destas despesas para a realização do negócio da IMPUGNANTE, sendo de rigor o afastamento da glosa perpetrada." h) quanto à ausência de legislação aplicável em relação à CSLL quanto às glosas de despesas necessárias "Corroborando com as alegações já realizadas, especificamente em relação à CSLL, vale asseverar que tal improcedência se dá ainda em razão da ausência de legislação aplicável às glosas de despesas desnecessárias no cálculo da referida contribuição, senão vejamos. A Lei n.º 4.506/64, ainda vigente em nossa legislação, dispõe em seu artigo 47 que para fins de IRPJ serão dedutíveis as despesas operacionais necessárias à atividade da empresa. Ocorre que, para fins da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido –CSLL (Lei 7.689/88), não há menção expressa na legislação de que as despesas operacionais devam ser necessárias à atividade da empresa. Logo, pode-se concluir que todas as despesas são dedutíveis na apuração da CSLL, exceto aquelas que forem expressamente excluídas por legislação específica para tal. Especificamente no que tange à CSLL, as autoridades fiscais tentam usualmente aplicar a disciplina do artigo 299 do RIR/99 à determinação da base de cálculo da CSLL, exatamente como procedeu a fiscalização no caso concreto. Essa aplicação decorre de uma interpretação ampla do artigo 57 da Lei 8.981, de 20 de janeiro de 1995 (com redação dada pela Lei n° 9.065 de 20 de junho de 1995), no sentido de estender toda e qualquer regra de apuração do lucro real à CSLL. Esse entendimento, contudo, estaria equivocado. A confirmar o equívoco do entendimento mencionado acima, recentemente o artigo 50 da Lei 12.973/2014 determinou expressamente que os novos comandos legais atinentes ao IRPJ previstos nessa lei devem ser aplicados para a CSLL também. Tal técnica legislativa demonstra que os comandos legais relacionados com o IRPJ não são aplicáveis de forma automática para CSLL, de tal sorte que restrições e previsões de qualquer natureza do IRPJ somente devem ser estendidas para a CSLL caso haja legislação em vigor dispondo nesse sentido, confirmando que não há uma coincidência necessária entre o lucro real e a base de cálculo da CSLL, uma vez que, juridicamente, esses conceitos representam grandezas notadamente independentes e diferentes no ordenamento jurídico nacional. Fl. 19319DF CARF MF Fl. 20 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 No Termo de Verificação Fiscal o agente fiscalizador esclarece que está glosando as despesas por entender que a RECORRENTE não fez prova da efetiva prestação de serviços, baseando-se nos artigos 299 e parágrafo único do artigo 217, ambos do RIR/99 e que tratam especificamente do Imposto de Renda. Em seguida, alterando sua argumentação, o agente fiscal continua sua explanação agora com base no artigo 304, também do RIR/99, entendendo que as glosas se referem a “comissões, bonificações, gratificações ou semelhantes” sem causa ou sem identificação do beneficiário. Ocorre que, da mesma forma, este dispositivo se refere exclusivamente ao IRPJ, não podendo ser estendido à CSLL. A própria Receita Federal, diferente do observado nas fiscalizações, já esclareceu através da Solução de Divergência COSIT nº 39/13, em discussão acerca da imunidade, que a base de cálculo da CSLL não necessariamente deve ser a mesma da prevista na apuração do lucro real para fins da apuração do IRPJ e do Adicional de IR, segue trecho da solução de divergência: [...] Assim, ainda que o órgão julgador entenda que as despesas incorridas são desnecessárias à atividade da IMPUGNANTE, o que se admite apenas a título de argumentação, este fato não autoriza sua glosa para fins da determinação da base de cálculo da CSLL, devendo, portanto, ser afastada. i) quanto à tributação das receitas decorrentes das operações realizadas e do aproveitamento dos valores pagos no caso concreto "Todavia, caso sejam mantidas as glosas das despesas que foram promovidas pela fiscalização tributária, sob o fundamento de que os negócios jurídicos firmados pela IMPUGNANTE com as empresas descritas no Item 8 do Relatório Fiscal eram ilícitos e de que as operações contratadas não foram efetivamente realizadas, estes negócios deverão ser integralmente desconstituídos pelo fisco, a fim de que os efeitos tributários também alcancem as receitas contabilizadas. Ora, se o negócio jurídico firmado foi considerado pelo fisco como ilícito e as operações pactuadas inexistentes, todas as despesas e receitas a ele vinculadas devem ser desconsideradas, de forma a anular o seu efeito no ordenamento jurídico. Não há como promover de um lado a glosa das despesas que foram reconhecidas pela empresa e de outro manter incólume os lançamentos relativos as receitas decorrentes do mesmo ato, devendo, pois, ser afastado o entendimento firmado pela DRJ em Brasília em sentido contrário. Admitir entendimento contrário implica em conferir tratamento diferenciado ao mesmo negócio jurídico, em suas etapas, o que não deve prosperar. Sem contar, que a manutenção do reconhecimento das receitas decorrentes do negócio que foi declarado ilícito pelo fisco, enseja o favorecimento indevido por parte do fisco federal. Isto porque, no caso concreto os pagamentos efetuados pela IMPUGNANTE - e que foram classificados por ela como despesas dedutíveis-, certamente também Fl. 19320DF CARF MF Fl. 21 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 foram contabilizados como receita pelas empresas mencionadas no item 8 do relatório Fiscal e levadas à tributação do IRPJ e da CSLL pelas mesmas. Não bastasse este fato, a própria IMPUGNANTE promoveu a retenção de parte do IR e da CSLL devido pelas referidas empresas em decorrência dos pagamentos efetivados, como evidenciam o quadro abaixo (vide fls. 15268/15272):[...] Consequentemente, é inegável que os valores retidos pela RECORRENTE a título de IRPJ e CSLL e igualmente os montantes que foram levados à tributação diretamente pelas empresas listadas no item 8 do Relatório Fiscal, foram destinados ao fisco federal, que acabou se beneficiando indevidamente de negócio jurídico por ele mesmo declarado ilícito. Nesse sentido, imbuída de múnus que lhe é afeto, a fiscalização poderia, ao invés de promover lançamento de ofício ao léu, ter intimado tais beneficiários a fim de apurar, vez por todas, se ofereceram regularmente à tributação os pagamentos recebidos. E caso paire qualquer dúvida acerca do reconhecimento e tributação das receitas oriundas desses negócios jurídicos pelas empresas listadas no Item 8 do Relatório Fiscal, a IMPUGNANTE requer que esta DRJ determine a realização de diligências em cada uma das referidas empresas para apurar este dado ou, subsidiariamente, que a própria Receita Federal apresente tais dados uma vez que em seu banco de dados certamente se pode constatar os pagamentos efetuados pelas empresas beneficiárias. Nestes termos, é premente que este Tribunal desconstitua integralmente os negócios jurídicos firmados com a IMPUGNANTE, a fim de alcançar igualmente as receitas que foram contabilizadas e levadas à tributação. Diante disso, o que de fato se verifica no presente caso, é a manipulação em prol da reiterada tributação sobre o mesmo signo presuntivo de riqueza, numa distorção dos fatos e normas de incidência senão em prol de um intuito arrecadatório que precisa ser refreado! Posto isso, ainda que se admitisse, no campo das possibilidades, pela incolumidade das conclusões extraídas do Relatório Fiscal, é necessário reconhecer que o poder de punir do Fisco deve encontrar um limite, não se possibilitando a geração de um crédito totalmente desproporcional à riqueza a ele relacionada. Por conseguinte, uma vez desconstituídos integralmente os negócios jurídicos em questão, é premente que os valores que foram retidos pela IMPUGNANTE e aqueles pagos a título de IRPJ e CSLL em decorrência do reconhecimento destas receitas, sejam aproveitados nesta autuação, reduzindo-se o montante exigido de IRPJ e CSLL nos anos-calendários de 2011 a 2014. Até porque nobres Julgadores, de fato, quem suportou o pagamento dos impostos decorrentes dos atos praticados com fins de financiar o esquema da Lava Jato foi a empresa IMPUGNANTE, na medida em que ela embutiu o valor destes impostos nos montantes que foram repassados às empresas. j) quanto aos Valores Pagos a título de Fee de Liderança pelos Consórcios Fl. 19321DF CARF MF Fl. 22 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 "Conforme consta do Relatório Fiscal que acompanham os autos de infração lavrados e ora combatidos, os Consórcios de que a IMPUGNANTE participava promoveram ao longo dos anos-calendário de 2012 a 2014 o pagamento de Fee de Liderança para a empresa consorciada definida como líder no contrato de constituição. Esta taxa de liderança, em regra, era definida no próprio contrato de constituição do Consórcio ou em seus aditivos. Mas, em alguns casos foi estabelecida diretamente nas normas operacionais do Consórcio. O pagamento desta taxa (Fee de Liderança) foi contabilizada como despesa dedutível, de forma a reduzir o resultado levado à tributação nos anos- calendário de 2012 a 2014. E como os Consórcios não possuem personalidade jurídica, cada empresa participante do consórcio deve apropriar as despesas incorridas e também as receitas apuradas, proporcionalmente à sua participação no empreendimento, conforme documento arquivado no órgão de registro, e de acordo com o disposto na Instrução Normativa RFB n. 1.199/2011:[...] Assim sendo, a IMPUGNANTE apropriou-se das despesas incorridas com o pagamento do Fee de Liderança, à proporção de sua participação em cada um dos Consórcios listados no item 9 do Relatório Fiscal. Como estas despesas eram necessárias à consecução das atividades da IMPUGNANTE como consorciada, ela deduziu as mesmas na apuração do resultado do exercício dos anos-calendário de 2012 a 2014. Ocorre que os D. Agentes Fiscais concluíram que não houve a efetiva contraprestação da IMPUGNANTE ou do Consórcio pelo recebimento dos valores pagos a título de Fee de Liderança e que, na verdade, esta taxa objetivava ressarcir o consorciado líder pelo pagamento das propinas. Segundo relatou a fiscalização, era o Consorciado Líder o responsável por efetivar o pagamento da propina aos agentes do esquema da Lava Jato. Consequentemente, os D. Agentes Fiscais glosaram as despesas relativas ao pagamento do Fee de Liderança que foram deduzidas pela IMPUGNANTE, apurando saldo a pagar a título de IRPJ e CSLL para os anos-calendário de 2012 a 2014. Contudo nobres Conselheiros, se os D. Agentes Fiscais glosaram as despesas em questão por entender que os serviços contratos não foram efetivamente prestados e que o negócio jurídico era ilícito, eles deveriam ter igualmente desconsiderado receitas recebidas pela IMPUGNANTE a título de pagamento do Fee de Liderança. Isto porque, a IMPUGNANTE recebeu o Fee de Liderança por ser a consorciada líder, conforme demonstram os documentos anexos (Doc. 07) e a tabela abaixo transcrita: [...] Acrescente-se ainda, que a IMPUGNANTE reconheceu devidamente estas receitas e as tributou pelo IRPJ e pela CSLL nos anos de 2012 e 2013, como Fl. 19322DF CARF MF Fl. 23 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 comprovam os documentos contábeis ora colacionados, os quais denotam com clareza que esta taxa de liderança foi incluída na base de cálculo do IRPJ e da CSLL da DIPJ de cada ano. Tanto assim o é que o valor das receitas líquidas lançadas na DIPJ é o mesmo do apurado no Balancete Contábil (Doc. 07 da Impugnação). Assim sendo, ao contrário do que foi sustentado pela fiscalização tributária às fls. 151 do Relatório Fiscal (item 9.8), as receitas decorrentes do pagamento do Fee de Liderança foram sim todas oferecidas à tributação pela IMPUGNANTE:[...] Com efeito, se a glosa das despesas com o pagamento do Fee de Liderança for mantida no caso concreto, o que se admite apenas a título de argumentação, esta DRJ deverá desconstituir integralmente toda operação em questão, para alcançar também as receitas recebidas e contabilizadas pela IMPUGNANTE a título de pagamento de taxa de liderança. Ora, se a fiscalização entendeu que os serviços não foram efetivamente prestados e que o negócio na verdade era ilícito, todas as despesas e receitas a ele vinculadas devem ser desconsideradas, de forma a anular o seu efeito no ordenamento jurídico. Não há como promover a glosa das despesas que foram reconhecidas pela empresa e manter incólume os lançamentos relativos as receitas decorrentes do mesmo ato. Até porque, se o negócio é ilícito para fins de apropriação das despesas, ele também tem que ser considerado ilícito quando do reconhecimento das receitas, especialmente considerando que são os mesmos fatos e as mesmas operações!!! Por conseguinte, uma vez promovida a glosa das receitas recebidas pela IMPUGNANTE a título de Fee de Liderança, os valores pagos a título de IRPJ e CSLL em razão do reconhecimento e da tributação destas receitas tornam-se indevidos e devem ser deduzidos pelo fisco do montante apurado de IRPJ e CSLL, sob pena de aproveitamento indevido por parte do órgão fazendário. Destarte, diante destas considerações, a IMPUGNANTE requer que os valores pagos por ela a título de IRPJ e CSLL em relação as receitas de Fee de Liderança sejam aproveitados igualmente nestes autos, para fins de reduzir o montante apurado pela fiscalização tributária de IRPJ e CSLL. k) quanto à multa isolada "Inobstante a constituição do crédito tributário de IRPJ e CSLL com a aplicação da multa qualificada de 150%, foi ainda aplicada pela fiscalização a multa isolada sobre as parcelas de estimativa mensal de IRPJ e CSLL dos anos- calendários de 2012 a 2014 que não foram recolhidas, conforme elucida o Relatório Fiscal (fls. 15652 e seguintes):[...] E nem se diga que a exigência concomitante da multa isolada e a de ofício é legítima por não haver no caso concreto unidade de conduta, em razão de se tratar de duas situações fáticas diferentes para as quais aplicam-se normas diversas, como pretendeu fazer entender a DRJ em Brasília no bojo do v. acórdão recorrido. Fl. 19323DF CARF MF Fl. 24 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Isto porque, as hipóteses previstas nos incisos II, alínea “a” e “b” da Lei nº 9.430/96 não trazem novas hipóteses de cabimento de multa. A melhor exegese revela que não são multas distintas, mas apenas formas distintas de aplicação da multa do artigo 44, em consequência de, nos casos ali descritos, não haver nada a ser cobrado a título de obrigação tributária principal. As chamadas multas isoladas, apenas servem aos casos em que as multas não possam ser exigidas juntamente com o tributo devido (inciso I do artigo 44 da Lei nº 9.430/96), na medida em que elas são apenas uma forma de exigir as multas descritas no caput . De fato, a infração que pretende repreender com a exigência isolada da multa (ausência de recolhimento mensal do IRPJ e CSLL por estimativa) é completamente abrangida por eventual infração que acarrete ao final do ano calendário, o recolhimento a menor dos tributos. Portanto, sob este enfoque, não pode ser exigida concomitantemente a multa isolada e a multa de ofício por falta de recolhimento de tributo apurado ao final do exercício, devendo ser mantida apenas a cobrança da multa de ofício. Até porque, com base no princípio da consunção, que é adotado tanto pelo STJ, como por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais em matéria tributária, a infração mais grave deve abranger aquela menor que lhe é preparatória ou subjacente. Admitir entendimento contrário, implica permitir que o contribuinte seja penalizado duas vezes pela mesma conduta, qual seja, a de não tributar parte do lucro que foi apurado em decorrência da exclusão das despesas, o que não deve persistir. Destarte, além do quanto já explanado, forçoso concluir pela exclusão daquela penalidade inserta no inciso II do artigo 44 da Lei 9.430/96, exigida da IMPUGNANTE sob a rubrica de multa isolada, diante da impossibilidade de haver concomitância entre a multa de ofício e a isolada, a fim de que no contribuinte não seja duplamente penalizado. Se mais não bastasse, ainda que se mantenha a exigência da multa isolada, o que admite a título de argumentação, houve um erro de cálculo na apuração das estimativas de CSLL e de IRPJ, a título de exemplo, vide os meses de fevereiro de 2013 e janeiro 2014, na medida em que a fiscalização não promoveu a imputação dos pagamentos feitos por meio de retenção na fonte relativos aos meses anteriores. Dessa forma, em relação a estes meses a autuação deve ser reduzida, para excluir a base de cálculo as retenções na fonte. l) quanto à inexistência de intenção de fraudar o fisco e inocorrência de crime contra à ordem tributária Inobstante os argumentos já consignados nos tópicos anteriores serem suficientes para a exoneração da autuação e, consequentemente, da multa qualificada, imperioso tecer alguns esclarecimentos a fim de que dúvidas não restem acerca da necessidade de cancelamento da penalidade sob exame. Fl. 19324DF CARF MF Fl. 25 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Segundo exposto no Relatório Fiscal, a IMPUGNANTE teria supostamente praticado condutas caracterizadoras de sonegação e de fraude fiscal, em conluio com outras empresas, tipificadas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64, o que, por sua faz, implica da incidência da multa de ofício qualificada no importe de 150% (art. 44, § 1º da Lei 9.430/96). Ocorre que a fiscalização tributária, na realidade, promoveu evidente confusão no caso concreto, na medida em que está deturpando os conceitos de fraude e sonegação descritos nos referidos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64, pois pretende de fato punir crimes de outras naturezas. Conforme já demonstrado alhures, os procedimentos adotados pela IMPUGNANTE não podem ser reputados e considerados crime fiscal, seja ele de sonegação ou de fraude, especialmente considerando que ela efetivou regularmente o registro contábil de todas as despesas, custos e receitas decorrentes das contratações das empresas listadas no Item 8 do Relatório Fiscal, bem como os recursos utilizados foram devidamente transferidos a outrem. Veja-se nobres Julgadores que na esfera tributária não deve ser analisada a licitude dos contratos firmados ou das operações da Lava Jato, mas sim a regularidade dos lançamentos fiscais e dos tributos pagos pela IMPUGNANTE! Até porque, a questão da licitude dos contratos é objeto de verificação na esfera penal, sendo que, inclusive, já houve a devida penalização dos envolvidos no esquema Lava Jato pela prática de tais atos no curso dos processos penais instaurados pelo Ministério Público Federal. Ora, não se pode admitir que uma ação fiscal seja utilizada para punir a empresa ou indivíduos acusados de crimes de outras naturezas, como pretende fazer os D. Agentes Fiscais no caso concreto. Assim sendo, não deve prosperar a alegação tecida pela fiscalização tributária, de que a RECORRENTE teria incorrido nas práticas dos crimes descritos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Neste ponto, cumpre analisar a existência, no caso concreto, das condutas previstas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64, senão vejamos: [...] Das referidas normas jurídicas, resta evidente que, para que haja “sonegação”, “fraude” ou “conluio”, com a consequente aplicação da multa de 150%, é necessário que a fiscalização comprove, de forma inequívoca, que o contribuinte agiu dolosamente na execução de alguma das condutas previstas nos citados artigos, não bastando meros indícios de sua conduta ilícita. A sonegação resta caracterizada quando, uma vez ocorrido o fato gerador, são adotadas condutas (ação ou omissão) para impedir o CONHECIMENTO do fato já ocorrido. Exige-se, portanto, a comprovação do propósito deliberado de impedir ou retardar o conhecimento do fato gerador ou de condições pessoais do contribuinte que possam afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Fl. 19325DF CARF MF Fl. 26 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Já a fraude caracteriza-se em momento anterior, ou seja, são adotados meios que interferem na OCORRÊNCIA do fato gerador. Exige-se, portanto, a comprovação do propósito deliberado de modificar a característica do fato gerador do imposto ou impedir a sua ocorrência. Por seu turno, o conluio é a reunião de pessoas objetivando fraudar ou sonegar, exigindo-se que haja “ajuste doloso”. Tais exigências se justificam em razão da dificuldade na definição do ato doloso e para que o agravamento da multa não se torne medida aplicável à vista de qualquer infração. Contudo, no caso dos autos, em hipótese alguma houve dolo, ou seja, intenção da IMPUGNANTE de sonegar ou fraudar!! Em verdade, a IMPUGNANTE viu-se compelida a adotar prática comum e mandatória para que sua contratação para realização de serviços de engenharia se efetivasse, consistente no pagamento de valores para agentes públicos da alta cúpula da PETROBRAS, bem como para agentes políticos de diversos partidos. A prática era comum, pois todas as empresas do mesmo ramo de atuação da IMPUGNANTE dela participavam. Veja-se, no Relatório Fiscal (fls. 15488), são mencionadas várias outras empreiteiras como a MENDES JUNIOR, GALVÃO, IESA, ENGEVIX, OAS, etc. E era mandatória, pois, quem dela não participasse não seria contratado. Isso é o retrato da corrupção sistêmica instaurada em nosso país! A UTC, ora IMPUGNANTE, uma das principais empresas brasileiras na área de serviços industriais, especialmente nos seguimentos de Petróleo e Gás, reconhecida pelo mercado por sua experiência, capacidade técnica e inovações tecnológicas, mesmo possuindo todas as características para ser contratada facilmente e realizar um trabalho de extrema qualidade, não viu outra saída que não sucumbir à prática do pagamento de valores para agentes públicos e políticos para que pudesse se manter em funcionamento, gerando riquezas e empregando milhares de trabalhadores. Não há dúvidas de que a realização de tais pagamentos era condição “sine qua non” para a contratação. Ora, como se pode entender por dolosa uma conduta sistêmica, arraigada na cultura da contratação pública? Vejam ínclitos Conselheiros, todos os valores que foram pagos pela IMPUGNANTE às empresas beneficiárias indicadas na presente autuação jamais retornaram, seja para a IMPUGNANTE, seja para seus acionistas ou diretores. Segundo De Plácido e Silva (In Vocabulário Jurídico. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, pp. 287-288), para que fique caracterizado o dolo, indispensável para a configuração da sonegação e da fraude, é necessário que se verifique especialmente o “ânimo” de quem pratica a conduta. Fl. 19326DF CARF MF Fl. 27 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Assim, de acordo com o renomado jurista, o dolo “ é ato de má fé, razão por que se diz fraudulento, sendo, como é, o intuito da própria fraude, ou de fraudar, pois sem fraude ou prejuízo preconcebido não se terá dolo em seu exato sentido. ” Com efeito, a IMPUGNANTE não agiu com ânimo de prejudicar ou fraudar o Fisco; a conduta adotada não tinha este objetivo, buscava apenas permitir que a empresa existisse!! Ainda que se pudesse admitir como indevida a conduta da IMPUGNANTE de deduzir despesas da apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, é evidente que tal conduta não se revestiu em momento algum de qualquer vestígio de dolo para que pudesse ser qualificada como fraude ou sonegação, e nem mesmo em conluio. Ademais, para que se caracterize o vício do dolo em uma relação jurídica, não basta que uma das partes aja com o intuito de prejudicar alguém, é imprescindível que haja também prova cabal de que houve a intenção perniciosa. Neste sentido é o entendimento manifestado pela jurisprudência administrativa, senão vejamos: “IRPJ – MULTA AGRAVADA – DOLO – PROVA – PROCEDÊNCIA – Comprovado o intuito de reduzir a base de cálculo do IRPJ, mediante a utilização de documentos manifestamente falsos, é cabível a aplicação da multa agravada de 150% - art. 72, Lei 4.502/64.” (Acórdão nº 103-21.204) Por suposto, quem age com intuito de fraudar ou sonegar, quando fiscalizado, procura sob todas as formas “camuflar” essas operações, alterando documentos e utilizando-se que de documentos falsos e inidôneos, etc. Por este motivo, é evidente que a atividade do Fisco, para configuração de conduta dolosa, exige trabalho árduo, minucioso e detalhado. Desse modo, a caracterização do intuito doloso é tarefa dificilmente passível de ser empreendida sem que se lance mão de um minucioso cotejamento de evidências de variadas ordens. Todavia, no caso em tela, a IMPUGNANTE jamais teve como intuito impedir ou retardar a ocorrência de fatos geradores ou afetar de qualquer forma as suas obrigações tributárias. Fato que comprova tal afirmação é que, como já mencionado, toda a base de cálculo autuada foi devidamente fornecida pela própria IMPUGNANTE e todos os contratos, notas fiscais e comprovantes de pagamento dos serviços localizados foram apresentados à fiscalização, inexistindo qualquer relato de eventual tentativa de embaraço à fiscalização. Merece registro o fato de que toda a base de cálculo autuada no âmbito dos presentes autos estava devidamente registrada na Escrituração Contábil Digital (“ECD”) da IMPUGNANTE. Logo, é também completamente descabida a aplicação ao presente processo do artigo 1º, incisos I e II, e o artigo 2º, inciso I, ambos da mencionada Lei nº 8.137/1990, que definiram os fatos denominados por sonegação fiscal como crimes contra a ordem tributária. Fl. 19327DF CARF MF Fl. 28 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Portanto, na medida em que evidente a ausência de atos fraudulentos que tenham permeado a conduta da IMPUGNANTE, como lhe impingir o estigma negativo que embasaria a elevação da multa de ofício, majorada ao percentual de 150% (cento e cinquenta por centos) dos tributos em cobro? Por derradeiro, no tocante à imprecisa alegação de que houve conluio da IMPUGNANTE com outras empresas, é necessário consignar que, ainda que se pudesse admitir sua existência, os supostos benefícios/vantagens dele decorrentes não foram verificados no âmbito tributário. Ademais, não houve qualquer prova contrária produzida pela fiscalização neste sentido. Assim, tendo em vista que a fraude, a sonegação e o conluio pressupõem a existência de artifícios maliciosos empreendidos por quem tem a intenção de burlar ou enganar terceiros ou ainda lesar os cofres públicos, obtendo vantagens e benefícios que não lhe são devidos, é notório que o elemento subjetivo necessário à sua caracterização não se evidencia no caso dos autos. Ora, aceitar a imputação de tais ilícitos, no caso, seria admitir que toda conduta que caracterize infração à legislação é dotada de má fé. Entretanto, este não é o objetivo da lei, que prevê a incidência de multa majorada apenas nos casos em que seja comprovado de maneira inequívoca a intenção dolosa do contribuinte (fraude, sonegação ou conluio). Há de se ponderar, portanto, que não obstante tratar-se de caso de grande repercussão e comoção no cenário político e social, em verdade, na seara tributária, que é a única que está a ser examinada, não se verifica qualquer causa para a qualificação da multa de ofício, razão pela qual exsurge a necessidade de que tal penalidade seja imediatamente cancelada, bem como extinta a representação fiscal para fins penais. m) quanto à impossibilidade de cumulação do IRRF com a multa qualificada: "A incidência do IRRF está prevista no artigo 61 da Lei nº 8.981/95 que assim dispõe: “Art. 61. Fica sujeito à incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais.” Segundo a redação do referido dispositivo, resta claro que a previsão de cobrança do IRRF à alíquota de 35% sobre os pagamentos realizados a beneficiários não identificados ou sem causa, implica, na realidade, em verdadeira penalidade aplicada ao contribuinte, afastando-se completamente do conceito legal de tributo determinado pelo artigo 3º do CTN, in verbis:[...] Conforme se depreende da leitura do artigo acima transcrito, os tributos não podem ter como hipótese de incidência um ilícito, porém é o que se verifica no presente caso. Nessa toada, é possível afirmar que o artigo 61 da Lei nº 8.981/95 não fixa hipótese de responsabilidade tributária, nos termos delineados no artigo 45, parágrafo único, do CTN, mas sim, verdadeira penalidade tributária, já que constitui o caminho por meio do qual o Fisco, impossibilitado de cobrar o Fl. 19328DF CARF MF Fl. 29 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 imposto do efetivo beneficiário ( o que no caso em tela não ocorreu, diga-se de passagem), exige da fonte pagadora o imposto retido na fonte, a uma alíquota majorada (35%) e sobre base de cálculo reajustada. Desta forma, em virtude do nítido caráter punitivo do IRRF, tem-se que, na hipótese de manutenção de tal exação, não se pode admitir a incidência concomitante da multa qualificada, uma vez que se trataria de inquestionável dupla penalização ou “bis in idem”, a qual é vedada pelo ordenamento jurídico pátrio. [...] Desse modo, concatenando todos os argumentos até então despendidos, requer- se o cancelamento da multa qualificada por esse órgão julgador, posto que, se mantido for o IRRF cobrado em face da IMPUGNANTE, ela restará duplamente penalizada, e a ocorrência de “bis in idem” é vedada na seara do Direito Tributário Brasileiro. n) quanto à natureza confiscatória da multa qualificada: Sendo assim, mesmo que não se admita a improcedência do Auto de Infração, o que, diante de todo o exposto acima, se admite apenas por remota hipótese, também pelo caráter confiscatório da multa qualificada imposta à IMPUGNANTE, imperioso que seja cancelada ou, alternativamente, que seja minorada ao patamar máximo de 100% do valor do tributo devido. o) quanto à decadência parcial dos débitos de IRRF: "Em consonância com o já exposto, não há que se falar nem em sonegação e nem em fraude na conduta praticada pela empresa por lhe faltar elemento indispensável, qual seja, o dolo, a ensejar a aplicação da norma contida no artigo 173, inciso I do CTN para fins de decadência. Isso porque, em momento algum a conduta da empresa teve por intenção burlar o fisco, seja adotando condutas para impedir o conhecimento do fato gerador, seja interferindo na sua ocorrência. Repise-se, todos os valores pagos às pessoas jurídicas como prestação de serviços efetivamente foram devidamente declarados ao fisco e saíram do caixa da empresa, nunca mais retornando, seja para ela ou ainda para seus acionistas. A IMPUGNANTE, em verdade, para que pudesse prestar serviços à PETROBRAS se viu impelida a participar do sistema existente, assim como as demais empreiteiras do mesmo ramo, citadas por diversas vezes na operação “Lava Jato”. Por este motivo, tratando-se de tributo sujeito ao lançamento por homologação, havendo pagamento antecipado e inexistindo dolo, não há motivo para que seja aplicada a norma decadencial inserta no artigo 173, inciso I, do CTN. Nestes casos, para fins de contagem do prazo decadencial, deve ser indubitavelmente aplicado o disposto no artigo 150, § 4º do CTN. Nesse espeque, inobstante os contundentes argumentos desvelados até o presente momento, deixando patente, a olhos nus, a insubsistência dos Autos de Fl. 19329DF CARF MF Fl. 30 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Infração vergastados, não se pode olvidar que parte dos valores de IRRF foi lançada após o decurso do prazo decadencial quinquenal estabelecido pelo artigo 150, §4º, do CTN. Senão vejamos: Conforme se dessume da leitura do Auto de Infração lavrado para a cobrança do IRRF relativo aos anos de 2012 a 2014, tal ato administrativo ocorrera em 21/11/2017:[...] A IMPUGNANTE fora dele intimada em 24/11/2017, via Correio. Ocorre que, como se há de convir, parte dos supostos fatos geradores relacionados no mesmo Auto de Infração de IRRF ocorreu entre 01/01/2012 e 31/10/2012, ou seja, houve transcurso de mais de 05 (cinco) anos entre a ocorrência dos fatos geradores e a ciência da IMPUGNANTE acerca da constituição do crédito tributário. Ademais, no que tange ao início do termo a quo para a contagem do prazo decadencial em tela, não há dúvidas de que o fato gerador ocorre na data do pagamento considerado como sem causa, nos termos do disposto no § 2º, do artigo 61 da Lei nº 8.981/95:[...] Pelas razões acima expostas, as quais dispensam maiores delongas ou digressões, considerando-se que (i) o artigo 150, §4º, do CTN determina que o lançamento do crédito tributário deve ocorrer no prazo de 05(cinco) anos a contar da ocorrência dos fatos geradores, e que (ii) a ciência da IMPUGNANTE acerca da lavratura do Auto de Infração guerreado ocorreu em 24/11/2017, temos que deve ser reconhecida a decadência do crédito tributário de IRRF referente aos supostos fatos geradores ocorridos entre 01/01/2012 e 31/10/2012, decretando-se sua extinção por essa I. Turma Julgadora com fundamento no artigo 156, V, do CTN. [...] Posto isso, independente do prisma pela qual se olhe a questão, inexistindo qualquer caractere que denote a ocorrência de dolo, fraude ou simulação (como já adiantado e adiante pormenorizado) e existindo pagamento antecipado do tributo nas competências em que é exigido, é inexorável que o lançamento do IRRF em cobro fora parcialmente fulminado pela decadência, razão pela qual o lançamento de ofício não há como prosperar em relação ao período compreendido entre 01/01/2012 a 31/10/2012." p) quanto à decadência parcial dos débitos de IRPJ e CSLL Consoante acima apontado, uma vez afastada a aplicação da multa qualificada no caso concreto, aplica-se para fins de cômputo do prazo decadencial o dies a quo previsto no artigo 150, § 4º do CTN, mesmo nas hipóteses de pagamento parcial, nos termos do entendimento consolidado pelo STJ quando do julgamento do Recurso Especial nº 973733 na sistemática dos recursos repetitivos. Entendimento este que vincula toda a administração fazendária, inclusive os órgãos julgadores, como consignado pelo artigo 62, § 1º, inciso II, alínea “b” do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Fl. 19330DF CARF MF Fl. 31 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Assim sendo, com base nestas premissas, verifica-se igualmente que o fisco federal promoveu o lançamento de parte dos débitos de IRPJ, CSLL e de multa isolada depois de ultrapassado o prazo decadencial previsto no mencionado artigo 150, § 4º do CTN, conforme a seguir será demonstrado. [...] Eis, portanto, o porquê de dever ser reconhecida que a decadência atingiu o direito do Fisco lançar a multa isolada, relativa às competências de janeiro/2012 a outubro/2012, posto que do lançamento tributário de indigitada penalidade a RECORRENTE só fora notificada em 24/11/2017, após o transcurso de mais de cinco anos da ocorrência dos fatos geradores que suportariam sua exigência, igualmente como ocorreu com o IRPJ e CSLL do ano-calendário de 2011. q) quanto à ilegalidade da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício: [...] DA IMPUGNAÇÃO DO RESPONSÁVEl SOLIDÁRIO Sr. Ricardo Ribeiro Pessoa c) quanto à ausência de comprovação do dolo c.1) que o impugnante, na qualidade de acionista majoritário da UTC Engenharia S/A, se utilizou de questionável expediente para viabilizar sua contratação pela Petrobrás, qual seja: o pagamento de valores para agentes públicos no exercício de funções ligadas a alta cúpula da PETROBRÁS, e, igualmente, para agentes políticos, filiados a diversos partidos com expressão no cenário do Poder Legislativo e Poder Executivo; c.2) que o intuito de burlar o Fisco jamais esteve presente na conduta do defendente, de modo que, ainda que maneira diversa daquela que transparecia a verdade real e a causa dos pagamentos efetuados, não houve receita não declarada ou lucro ocultado a fim de ludibriar o Erário e com isso obter suposta vantagem tributária; c.3) que ainda que restassem desnaturadas as prestações de serviços que deram ensejo a formação de "caixa dois" para propiciar o posterior pagamento de agentes públicos e políticos do esquema, ainda assim, tais valores despendidos configurariam uma despesa operacional com a qual a "UTC" tinha de arcar periodicamente; c.4) que, da análise fria dos fatos e circunstâncias peculiares que cercam o presente caso, lícito afirmar que, em verdade, tais valores caracterizavam verdadeiro pagamento de comissão aqueles que estavam envolvidos no esquema; c.5) que nunca houve, nem por parte da UTC nem por parte do impugnante intenção de burlar ao Fisco, já que oferecida à tributação toda e qualquer receita que a ela se sujeitava, bem assim que inexistiu, no caso em tela, a perseguição Fl. 19331DF CARF MF Fl. 32 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 de benefício tributário de qualquer espécie, porquanto, houve o efetivo desembolso de tais despesas; c.6) que, tanto não houve qualquer intenção de burtar o Fisco que, na primeira oportunidade que teve, o impugnante prontamente se dispôs a colaborar com o Estado, firmando Acordo de Delação Premiada, com o fito de trazer o maior número de elementos possíveis a fim de que o Ministério Público Federal e, em última análise, o próprio Fisco, estivessem fornidos das informações necessárias para apurar o cometimento de ilícitos e penalizar quem de direito; c.6) que, tanto não houve qualquer intenção de burtar o Fisco que, na primeira oportunidade que teve, o impugnante prontamente se dispôs a colaborar com o Estado, firmando Acordo de Delação Premiada, com o fito de trazer o maior número de elementos possíveis a fim de que o Ministério Público Federal e, em última análise, o próprio Fisco, estivessem fornidos das informações necessárias para apurar o cometimento de ilícitos e penalizar quem de direito; c.7) que em momento algum fora demonstrada, com provas e elementos irrefutáveis, a prática, por parte do impugnante, de atos dolosos, de forma personalíssima, elemento este indispensável para a aplicação da responsabilidade tributária solidária prevista no artigo 135, III, do CTN; c.8) que, em não havendo comprovação de qualquer indício de intenção dolosa por parte dos Defendente, a acusação fiscal transmuda-se em mera ilação, vazia de conteúdo e inapta a suportar a aplicação da responsabilidade tributária nos termos do artigo 135 do CTN; c.9) que RICARDO RIBEIRO PESSOA, objetivando manter a sua empresa ativa, adotou prática sistêmica de pagamento de valores a agentes públicos e políticos; c.10) que tal conduta em nada dialoga com eventual intenção de lesar o Fisco, por este motivo, que competia a autoridade fiscal elucidar e comprovar quais teriam sido os atos praticados pelo impugnante, supostamente acobertados pelo art. 135, III, do CTN; c.11) que tendo em vista a ausência de comprovação do dolo necessário para a aplicação da responsabilidade prevista no artigo 135, inciso III, do CTN, ela deve ser imediatamente afastada; d) quanto à ausência de provas acerca do excesso de poderes ou da infração de lei: d.1) que não se dessume dos autos, mormente do Relatório fiscal, a identificação pormenorizada de quais, efetivamente, teriam sido os atos praticados por este com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos; d.2) que não há sequer menção a qual dispositivo do Estatuto Social da UTC Engenharia S/A teria sido infringido pelo impugnante, sendo que tal deficiência resvala na primeira causa de insubsistêntia da pretensa responsabilização tributária do Defendente nos moldes do artigo 135 do CTN; d.3) que, no que tange a infração à lei que legitimaria, também, a responsabilização do impugnante pelo crédito tributário lançado e face da Fl. 19332DF CARF MF Fl. 33 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 "UTC", nem se alegue que o eventual não recolhimento de tributos supostamente devidos configurariam tal infração; d.4) que a fiscalização que tinha sobre si o ônus de comprovar, solidamente, que suas alegações e conclusões não estavam calcadas em meras presunções carregadas de ideias pré-concebidas com o único objetivo de promover a autuação, na forma mais onerosa possível; d.5) que era requisito fundamental para a configuração da responsabilidade prevista no mencionado artigo 135 do CTN a descrição do fato concreto de forma detalhada, acompanhada de prova inequívoca de seu cometimento; d.6) que a responsabilidade tributária aventada simplesmente em razão dos cargos ocupados pelos solidários (diretores), sem a descrição de qualquer conduta concreta que teria sido praticada por estes indivíduos é absolutamente incabível e inaceitável do ponto de vista jurídico; d.7) que, nessa toada, premente se faz repelir a sujeição passiva a que fora submetido o impugnante também porquanto os elementos em que se baseia passa ao largo da razoabilidade e da possibilidade de comprovação factível, o que impõe, ato contínuo, sua imediata desoneração da responsabilidade pelos tributos supostamente devidos pela UTC; f) que, a despeito de todo o explanado, ainda que se entenda que o impugnante poderia ser responsabilizado por atos praticados pela ''UTC", o que se admite a título meramente argumentativo, fato é que a fiscalização pretendeu manipular os fatos de modo a aplicar, ainda que desnaturada e indiretamente, a teoria da desconsideração da personalidade jurídica; g) que requer que esta Turma Julgadora se digne de conhecer e julgar procedente a presente Impugnação Administrativa a fim de excluir a responsabilidade tributária imposta ao impugnante. DA IMPUGNAÇÃO DO RESPONSÁVEl SOLIDÁRIO Sr. Walmir Pinheiro Santana c) quanto à ausência de comprovação do dolo c.1) que apenas agiu conforme as ordens que lhe eram determinadas pelo Sr. Ricardo Pessoa, que por seu turno, agia de acordo com as regras do meio em que autuava; c.2) que não houve, nem por parte da UTC nem por parte do WALMIR PINHEIRO SANTANA, a intenção de burlar ao Fisco, já que oferecida à tributação toda e qualquer receita que a ela se sujeitava, bem assim que inexistiu, no caso em tela, a perseguição de benefício tributário de qualquer espécie, porquanto, houve o efetivo desembolso de tais despesas; c.3) que, tanto não houve qualquer intenção de burtar o Fisco que, na primeira oportunidade que teve, WALMIR PINHEIRO SANTANA prontamente se dispôs a colaborar com o Estado, firmando Acordo de Delação Premiada, com o fito de trazer o maior número de elementos possíveis a fim de que o Ministério Fl. 19333DF CARF MF Fl. 34 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Público Federal e, em última análise, o próprio Fisco, estivessem fornidos das informações necessárias para apurar o cometimento de ilícitos e penalizar quem de direito; c.4) que em momento algum fora demonstrada, com provas e elementos irrefutáveis, a prática, por parte do Defendente, de atos dolosos, de forma personalíssima, elemento este indispensável para a aplicação da responsabilidade tributária solidária prevista no artigo 135, III, do CTN; c.5) que, em não havendo comprovação de qualquer indício de intenção dolosa por parte dos Defendentes, a acusação fiscal transmuda-se em mera ilação, vazia de conteúdo e inapta a suportar a aplicação da responsabilidade tributária nos termos do artigo 135 do CTN; c.6) que WALMIR PINHEIRO SANTANA, na função de Diretor Financeiro celetista, cumpria ordens de seu superior; c.7) que tal conduta em nada dialoga com eventual intenção de lesar o Fisco, por este motivo, que a autoridade fiscal, além de não elucidar quais teriam sido esses atos, muito menos os comprovou; c.8) que tendo em vista a ausência de comprovação do dolo necessário para a aplicação da responsabilidade prevista no artigo 135, inciso III, do CTN, ela deve ser imediatamente afastada; d) quanto à ausência de provas acerca do excesso de poderes ou da infração de lei: d.1) que não se dessume dos autos, a identificação pormenorizada de quais, efetivamente, teriam sido os atos praticados por este com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos; d.2) que não há sequer menção a qual dispositivo do Estatuto Social da "UTC" teria sido infringido pelo impugnante, sendo que tal deficiência resvala na primeira causa de insubsistêntia da pretensa responsabilização tributária do impugnante nos moldes do artigo 135 do CTN; d.3) que, no que tange a infração à lei que legitimaria, também, a responsabilização dos defendentes pelo crédito tributário lançado e face da "UTC", nem se alegue que o eventual não recolhimento de tributos supostamente devidos configurariam tal infração; d.4) que a fiscalização que tinha sobre si o ônus de comprovar, solidamente, que suas alegações e conclusões não estavam calcadas em meras presunções carregadas de ideias pré-concebidas com o único objetivo de promover a autuação, na forma mais onerosa possível; d.5) que era requisito fundamental para a configuração da responsabilidade prevista no mencionado artigo 135 do CTN a descrição do fato concreto de forma detalhada, acompanhada de prova inequívoca de seu cometimento; d.6) que a responsabilidade tributária aventada simplesmente em razão dos cargos ocupados em empresa terceira, que não a UTC Participações, sem a descrição de qualquer conduta concreta que teria sido praticada por estes indivíduos é absolutamente incabível e inaceitável do ponto de vista jurídico; Fl. 19334DF CARF MF Fl. 35 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 e) que, a despeito de todo o explanado, ainda que se entenda que o Defendente poderia ser responsabilizado por atos praticados pela 'UTC Participações, o que se admite a título meramente argumentativo, fato é que a fiscalização pretendeu manipular os fatos de modo a aplicar, ainda que desnaturada e indiretamente, a teoria da desconsideração da personalidade jurídica; g) que requer que esta Turma Julgadora se digne de conhecer e julgar procedente a presente Impugnação Administrativa a fim de excluir a responsabilidade tributária imposta ao impugnante. Voto Vencido Conselheiro Cláudio de Andrade Camerano. Preenchidos os requisitos de admissibilidade dos Recurso de Ofício e Voluntário, de se conhecer seus termos. DA ANÁLISE Da alegação de erro de cálculo na apuração do IRPJ e de CSLL (lançados) por não consideração da compensação de estimativas mensais de IRPJ e de CSLL Neste item a Recorrente, basicamente, repetiu os argumentos trazidos na sua peça impugnatória, alegando que teria apurado estimativas nos anos de 2013 e 2014 e que deveria a Fiscalização ter promovido a compensação dos valores lançados, pois sua utilização resultaria em redução do saldo negativo nos anos de 2013 e 2014. Entendo que até poderia a Fiscalização verificar a correção do saldo negativo de IRPJ e proceder à sua dedução (do IRPJ lançado), mas não o fez e não vejo problema algum se assim não procedeu. Eventual saldo negativo de IRPJ e/ou base de cálculo negativa de CSLL pode ser utilizado para fins de compensação de débitos ou pode ser solicitada a sua restituição, mas isto é uma prerrogativa do Contribuinte, é uma opção sua, nos termos do art.2º da Lei nº 9.430 de 1996, não cabendo, necessariamente, à Fiscalização fazer tal procedimento, até porque não há norma legal que autorize tal solicitação da Recorrente. A Recorrente descreve, ainda, situações em seu Recurso que não foram abordadas em sua impugnação: Isto porque, a Receita Federal possui sistema integrado que compila os dados e as informações transmitidas pelo contribuinte e, portanto, o órgão fazendário possui à disposição ferramenta hábil a efetivar o cruzamento dos dados relacionados à utilização do saldo negativo de IRPJ e de CSLL do contribuinte. Fl. 19335DF CARF MF Fl. 36 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Tanto é assim, que nos autos dos processos nº 10923.720041/2017-14 e 10923.720042/2017-69 – nos quais a RECORRENTE requereu, respectivamente, a restituição do saldo negativo de IRPJ e de CSLL do ano- calendário de 2014-, a fiscalização tributária identificou que em decorrência do presente processo haveria a redução do valor inicial apurado a título de saldo negativo destes tributos. Por conseguinte, o D. Agente Fiscal reduziu do saldo negativo de IRPJ e de CSLL pleiteado nos processos 10923.720041/2017-14 e 10923.720042/2017- 69, os valores de IRPJ e de CSLL que foram apurados nestes autos em decorrência da glosa promovida, com o fim de evitar que o mesmo valor seja abatido duplamente. É o que denotam os trechos extraídos dos Despachos Decisórios proferidos nestes processos que seguem abaixo transcritos (Doc. 02): Processo nº 10923.720041/2017-14 [...] Ora, não se pode considerar como líquido e certo um crédito oriundo de Saldo Negativo de IRPJ onde o contribuinte requer uma utilização em duplicidade. Sendo assim, não é possível reconhecer a parte do crédito onde se requisitou o abatimento do lançamento do IRPJ no auto de infração cobrado no processo 15983.720259/2017-88, sendo glosado neste despacho o valor de R$ 3.814.023,85. Processo nº 10923.720042/2017-69 Fl. 19336DF CARF MF Fl. 37 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Apesar de não ter trazido tais alegações em sede de impugnação, entendo que o que foi decidido naqueles processos tem repercussão nos débitos objeto do presente lançamento. De se mostrar. No processo administrativo fiscal de nº 10923.720041/2017-14 cuidou-se de apuração/reconhecimento de saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2014, então pleiteado pela Contribuinte da ordem de R$ 55.642.411,54 para fins de compensação com os débitos lá indicados. No processo supra, no DESPACHO DECISÓRIO DRF/SBC/SEORT Nº11, de 26 de janeiro de 2018, foi reconhecido o direito creditório de R$ 50.103.801,26, cuja apuração foi obtida, conforme QUADRO DE APURAÇÃO DO SALDO NEGATIVO DE IRPJ: O valor de R$ 3.814.023,85, apontado no quadro supra, refere-se ao valor do IRPJ e do adicional relativo ao ano calendário de 2014, conforme consta no Demonstrativo de Apuração - Auto de Infração, do presente processo em análise, fls.15209 a 15233. Entendo que a Unidade de Origem não deveria deduzir do saldo negativo de IRPJ que já reconheceu naquele processo de compensação, a importância de R$ 3.814.023,85, entretanto, fez a dedução, de forma que se mantivermos a cobrança deste valor neste processo, estaríamos procedendo à uma cobrança em duplicidade. Assim, este valor ora lançado e da ordem de R$ 3.814.023,85 deve ser objeto de compensação naquele processo, ou seja, como já foi lá deduzido deve a Unidade de Origem proceder à sua alocação naquele processo, como um débito compensado ou a ser compensado, afinal este lançamento fiscal foi ora mantido neste Voto. O mesmo procedimento supra determinado deve ser adotado também para a CSLL ora lançada e relativa ao ano calendário de 2014, na importância de R$ 1.373.048,59. No processo administrativo fiscal de nº 10923.720042/2017-69 cuidou-se de apuração/reconhecimento de saldo negativo de CSLL do ano calendário de 2014, então Fl. 19337DF CARF MF Fl. 38 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 pleiteado pela Contribuinte da ordem de R$ 16.112.562,88 para fins de compensação com os débitos lá indicados. No processo supra, no DESPACHO DECISÓRIO DRF/SBC/SEORT Nº12, de 26 de janeiro de 2018, foi apurado a título de SALDO NEGATIVO DE CSLL o valor de R$ 16.077.570,54, obtido conforme QUADRO DE APURAÇÃO DO SALDO NEGATIVO DE CSLL: Então, deste crédito já reconhecido, a Unidade de Origem naquele Despacho Decisório, deduziu a CSLL ora lançada e relativa ao ano de 2014: SALDO NEGATIVO DE CSLL - 2014 R$ 16.077.570,54 CSLL Lançada de ofício, de 2014 ( 1.373.048,59) Direito Creditório Reconhecido R$ 14.704.521,95 É o que foi reconhecido naquele processo: Diante do exposto, pelas competências atribuídas pela Portaria SRRF08 nº 8, de 12 de janeiro de 2017 E Portaria SRRF08 nº 62/2017 c/c Portaria MF nº 430/2017, art. 286, I, dentro dos procedimentos previstos pela Portaria Conjunta SUARA/SUFIS nº 01/2016, arts. 9º e 10º e Instrução Normativa nº 1.717/2017, art. 161, I e II, RECONHEÇO DIREITO CREDITÓRIO, em favor do contribuinte UTC ENGENHARIA S/A, CNPJ 44.023.661/00001-08, no valor de R$ 14.704.521,95 (catorze milhões, setecentos e quatro mil, quinhentos e vinte e um reais e noventa e cinco centavos) e HOMOLOGO AS COMPENSAÇÕES DECLARADAS até o limite do crédito reconhecido. Assim, este valor ora lançado e da ordem de R$ 1.373.048,59 deve ser objeto de compensação naquele processo, ou seja, como já foi lá deduzido deve a Unidade de Origem proceder à sua alocação naquele processo, como um débito compensado ou a ser compensado, afinal este lançamento fiscal foi ora mantido neste Voto. Fl. 19338DF CARF MF Fl. 39 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Com relação ao ano-calendário de 2013, não houve situação como esta que ora se mostrou, de forma que não há dedução a fazer de débito lançado neste Autos com eventual saldo negativo de IRPJ e ou de CSLL. Da alegação de erro de cálculo na apuração do IRRF Neste item a Recorrente tem razão, uma vez que a autoridade autuante, de fato, ao levar para o Auto de Infração as bases de cálculo ajustadas dos valores de IRRF, as considerou, indevidamente, como rendimentos pagos e procedeu a um novo reajustamento o que ocasionou o alegado erro na apuração do IRRF, conforme destacou a Recorrente. A decisão de piso acatou o demandado pela Contribuinte: Quanto ao cálculo do IRRF: Alega a impugnante que os "Agentes Fiscais acabaram por promover o reajustamento previsto no mencionado parágrafo 3º do artigo 61 duas vezes, e, por consequência, levaram à tributação uma base de cálculo maior do que a definida pela norma." Ao se cotejar a planilha elaborada pela Fiscalização a fls. 18206/18220 com a planilha constante do auto de infração a fls. 15268/15272, verifica-se que a impugnante tem razão, pois os valores apurados que a Fiscalização levou para o campo da descrição dos fatos no referido auto de infração (a fls. 15259/15266) já eram as bases ajustadas, não cabendo portanto fazer outro reajustamento de base na planilha a fls. 15268/15272 constante do mesmo auto de infração. Vejamos, então, quais os valores devidos após anular o segundo reajustamento da base de cálculo: [...] Posto isso, voto por reduzir o montante do IRRF lançado de R$ 162.357.062,14 para R$ 104.905.064,16. A planilha elaborada pela Fiscalização supracitada encontra-se em Documentos Comprobatórios - Outros - Anexo b1 IRRF Relação de Pagamentos para Noteiras, às fls.18206 a 18220). Acertada, portanto, a correção no lançamento de IRRF promovida pela DRJ, de forma que deve ser negado o provimento ao Recurso de Ofício. Da alegação de improcedência das glosas de despesas com prestação de serviços contratados As alegações trazidas no Recurso Voluntário repetem, praticamente, as mesmas alegações trazidas na Impugnação e já relatoriadas. Acerca da glosas dos serviços tidos como prestados por aquelas empresas, oportuno reproduzir excertos do RELATÓRIO FISCAL: Fl. 19339DF CARF MF Fl. 40 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 4.2.9. De acordo com as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal, desvelou-se a existência de um grande esquema criminoso envolvendo a prática de crimes contra a ordem econômica, corrupção e lavagem de dinheiro, com a formação de um grande e poderoso cartel do qual participaram, dentre outras, as empresas OAS, ODEBRECHT, UTC, CAMARGO CORRÊA, TECHINT, ANDRADE GUTIERREZ, MENDES JÚNIOR, PROMON, MPE, SKANSKA, QUEIROZ GALVÃO, IESA, ENGEVIX, SETAL, GDK e GALVÃO ENGENHARIA. 4.2.19.Com efeito, demonstraremos que a UTC entabulou diversos contratos com noteiras2 e/ou outras empresas, utilizadas pelo operador Alberto Youssef, Mário Góes, Júlio Camargo e pelo empresário Augusto Ribeiro de Mendonça, bem como com outras pseudopessoas jurídicas, todas ideologicamente falsas, com objetivo de possibilitar o fluxo financeiro da propina para os agentes (políticos e privados) envolvidos. Ou seja, restará comprovado que nestes contratos não houve a efetiva prestação de serviços, até porque as empresas de fachada não possuíam capacidade operacional para tanto. Pelas informações prestadas por delatores participantes do núcleo dos empreiteiros e dos operadores, não havia pagamentos efetuados pela Petrobras sem que a propina não estivesse acertada e fosse recebida. Para as obras terem seu curso normal nas diretorias de serviços, engenharia e internacional necessariamente teria que haver a propina negociada. Além disso, o núcleo realizou inúmeros saques, transportes e depósitos de grandes valores em espécie, com justificativas falsas, assim como serviu-se de contratos de importação fraudulentos, de empréstimos e de investimentos no exterior fictícios para efetuar remessas de valores para o exterior. Os operadores utilizavam-se de offshores, constituídas em paraísos fiscais, para o envio da propina aos corrompidos Público e notório o envolvimento da Recorrente e de seus principais executivos na operação Lava Jato, de forma que não se precisa aqui ficar descrevendo como tudo começou, os desdobramentos, etc, conforme minuciosamente detalhado no Relatório Fiscal. De forma que passaremos a discorrer sobre as constatações da Fiscalização no que se refere às empresas então contratadas pela Recorrente. ROCK STAR PRODUÇÕES, COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. Conforme demonstrativo no item 8.1.1 do Relatório Fiscal, esta empresa recebeu da UTC um total de R$ 4.282.090,00. No item 8. Dos Pagamentos Feitos para as Pessoas Jurídicas através da Simulação de Prestação de Serviços e/ou Venda de Mercadorias para a UTC, constam os vários Termos de Colaboração, decorrentes de Acordo de Colaboração assinado pelo Sr. RICARDO RIBEIRO PESSOA com o Ministério Público Federal. A Recorrente em seu recurso transcreve uma pequena parte de um destes Termos de Acordo, onde ali já ficou patente a utilização da empresa ROCK STAR PRODUÇÕES, COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA., para levantar dinheiro em espécie. Além dos vários relatos feitos ao MPF, o Sr. RICARDO PESSOA ratificou os fatos narrados nos Termos de Colaboração nº 02, 05 e 25, conforme declaração prestada à Receita Federal do Brasil (Termo de Declaração nº03, em 09/03/2016: Fl. 19340DF CARF MF Fl. 41 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Estas informações foram corroboradas pelo Sr. WALMIR PINHEIRO nos Termos de Colaboração 2 e 24 (Item 8.1.6 do Relatório Fiscal), ou seja, muito nítido que o objetivo principal de contratar esta empresa era gerar dinheiro em espécie para pagamento de propina, de forma que só resta partilhar da conclusão do Fisco: 8.1.8. Conclui-se que o objeto principal da contratação da ROCK STAR foi a geração de recursos em espécie para o pagamento de personagens envolvidos no esquema criminoso que envolveu as obras da PETROBRAS, bem como outras obras. Tal objeto é claramente ilícito, tendo em vista se tratar de conduta acessória a atos tipificados como crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Quaisquer serviços que eventualmente tenham sido prestados no âmbito de tal contratação foram acessórios ao principal, que, repise-se, tratava- se da geração de recursos em espécie. TWC PARTICIPAÇÕES LTDA. e TACLA DURAN SOCIEDADE DE ADVOGADOS Conforme demonstrativo no item 8.2.1 e item 8.2.2. do Relatório Fiscal, estas empresas receberam da UTC um total de R$ 27.900.130,00 (TWC) e R$ 20.073.342,94 (TACLA DURAN). No Relatório Fiscal (item 8.2.4 em diante) consta que não houve apresentação dos contratos firmados com TACLA DURAN ADVOGADOS, só havendo recibos de honorários. Em seu recurso a Recorrente enfatiza que a própria Fiscalização admitiu que esta empresa teria feito cerca de 2.598 consultas junto ao TCU, o que comprovaria a efetividade dos serviços pactuados junto à empresa. Não é bem assim, veja o que de fato foi constatado: 8.2.5. Além desses documentos, foi apresentado um grande número de consultas a processos do Tribunal de Contas da União – TCU; foram apresentadas consultas a 2.598 processos, dos quais eram 2.483 processos únicos, e na grande maioria deles, a UTC Engenharia não era parte. Nessas consultas, é apresentada uma síntese do processo, seu andamento e um “parecer”, que nada mais é do que a posição da UTC em relação à sua Fl. 19341DF CARF MF Fl. 42 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 possibilidade ou não de continuar a contratar com o poder público, levando em conta a empresa ser parte ou não no processo. Não houve, em nenhum dos processos consultados, qualquer documento que comprovasse a utilização dos serviços advocatícios da TACLA DURAN ADVOGADOS na defesa ou intervenção em nome da UTC. Nada além de simples consulta a processos do TCU. Cabe lembrar que a TACLA DURAN ADVOGADOS recebeu, no período de 2012 a 2014, cerca de R$ 20 milhões. Assim como era feito com a empresa ROCK, aqui também os valores recebidos pela TACLA DURAN eram para gerar caixa para pagamento de propinas (Termo de Declaração 02 dado por Walmir Pinheiro, item 8.2.7). Com relação à empresa TWC (controlada por RODRIGO TACLA DURAN, item 8.2.9) só houve apresentação de notas fiscais e comprovantes de pagamentos, não havendo contratos, que em pesquisa efetuata verificou-se que no endereço da empresa constava um estabelecimento comercial (foto, item 8.2.13). Vejam-se trechos do Termo de Declaração 02 de Walmir Pinheiro, item 8.2.19 do Relatório Fiscal: Além de não haver provas dos serviços contratados, os próprios contratantes admitiram a contratação desta empresa para outros fins. Assim arrematou o relato fiscal: 8.2.22.1. Que os próprios contratantes da TWC e da TACLA DURAN ADVOGADOS, personificados nos srs. RICARDO PESSOA e WALMIR PINHEIRO, admitiram que a contratação das empresas teve o propósito específico de gerar recursos em espécie; 8.2.22.2. Que não há evidência alguma da prestação de serviço da TWC e que ficou evidente que os serviços da TACLA DURAN ADVOGADOS foram superfaturados; 8.2.22.3. Que sequer foi apresentado o contrato ou qualquer tipo de controle em relação aos valores cobrados pela TWC; Fl. 19342DF CARF MF Fl. 43 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 8.2.23.Isto posto, restou exaustivamente comprovado que os supostos serviços NUNCA FORAM PRESTADOS. As declarações prestadas pelos contribuintes ao fisco não têm eficácia absoluta, apenas relativa. Elas devem ser suportadas por documentos que comprovem, como no caso em questão, a efetiva prestação dos serviços contratados. Não basta que sejam apresentadas notas fiscais e os pagamentos efetuados; tem de ser demonstrado que os serviços contratados são suportados por documentação consistente, sólida, objetiva e que dê respaldo e sustentação inequívoca às declarações prestadas. Como foi demonstrado nesse Relatório, a UTC não apresentou nenhum documento que comprovasse a efetividade da prestação dos serviços. D3TM - CONSULTORIA E PARTICIPAÇÕES LTDA. Conforme demonstrativo no item 8.5. do Relatório Fiscal, esta empresa recebeu da UTC um total de R$ 1.944.000,00. Que só teria havido apresentação de notas fiscais e comprovantes de pagamentos, sem contratos, não havendo nenhum outro documento que comprovasse a efetividade do serviço prestado. Que tal empresa tem como sócio administrador o Sr. Renato de Souza Duque, figura notória e envolvida em diversas denúncias do MPF. Afirma a Recorrente que o Sr.Ricardo Pessoa teria dito em Acordo de Colaboração Premiada que os serviços prestados junto à D3TM foram efetivamente prestados e que ele teria apresentado uma vasta documentação. Segundo consta no Relatório Fiscal , tais documentos não seriam adequados à comprovação dos serviços prestados. Eis o relato fiscal: 8.5.13.Tais documentos, apesar de seu grande volume (720 páginas), apresentam apenas 20 documentos produzidos efetivamente pela D3TM, listados abaixo. E, em todos os casos, são notas extremamente resumidas e curtas sobre supostas reuniões e documentos produzidos por terceiros, sejam esses a própria UTC, a PETROBRAS, a ANP ou outros consultores. • Afretamento de plataformas Bilhete manuscrito 13/12/12 Proposta escrita 17/12/12 Ata de reunião - 08/01/2013 (p.9) [...] Ata de reunião - 04/06/2014 (p.192) Carta encerramento - 07/06/2014 (p.244) • 11º Rodada de Leilões da ANP 17/12/2012 - Proposta comercial 06/02/2013 - ata de reunião Fl. 19343DF CARF MF Fl. 44 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 10/04/2013 - ata de reunião (p.199) 03/05/2013 - lista de documentos disponibilizados no escritório da D3TM (p.288) 15/05/2013 - ata de reunião (p.343) 26/06/2013 - ata de reunião (p.371) Em assim sendo, devo concordar que tais documentos não podem comprovar pagamentos que totalizaram R$ 1.944.000,00 à empresa D3TM. A acertada conclusão fiscal: MANWIN SERVIÇOS, PARTICIPAÇÕES E ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA. E MANWIN HINDAI SERVIÇOS AUTOMOBILÍSTICOS LTDA. Conforme demonstrativo no item 8.6. do Relatório Fiscal, estas empresas receberam da UTC um total de R$ 25.325.177,00, que só teria havido apresentação de notas fiscais e comprovantes de pagamentos, sem contratos, não havendo nenhum outro documento que comprovasse a efetividade do serviço prestado, que não foi apresentado nem contrato entre a UTC e as referidas empresas. Que tal empresa tem como sócio administrador o Sr. Renato de Souza Duque, figura notória e envolvida em diversas denúncias do MPF. A Recorrente cita em seu recurso um trecho do Relatório Fiscal onde um dos sócios/controladores destas empresas reconhecia "expressamente que os contratos firmados a título de consultoria eram parcialmente prestados.." Fl. 19344DF CARF MF Fl. 45 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 A Recorrente refere-se a um termo de declaração prestado perante ao Auditor Fiscal: Em depoimento prestado junto ao Ministério Público Federal, em Curitiba, para fins de acordo de colaboração premiada, o Sr. ROBERTO TROMBETA, contador e que, segundo consta no item 8.6.7 do Relatório Fiscal "alugava" estas empresas para a prestação de serviços fictícios, prestou as seguintes informações, conforme consta no TERMO DE COLABORAÇÃO 3, item 8.6.10: QUE especificamente em relação ao tema GRUPO UTC/CONSTRAN o declarante a partir do ano de 2010 começou a prestar serviços através de suas empresas, serviços estes de especialidade de suas empresas pertinentes a contabilidade, assuntos fiscais e assuntos societários e que a partir do ano de 2011 o mesmo foi requisitado para prestação de serviços fictícios a fim de gerar dinheiro em espécie para o GRUPO UTC/CONSTRAN. QUE nestes serviços fictícios não houveram a devida prestação dos mesmos, senão "pró-forma" com o único intuito de gerar dinheiro em espécie para o GRUPO UTC/CONSTRAN; Neste mesmo Termo, o outro controlador destas empresas o Sr RODRIGO MORALES presa as mesmas informações, então ratificadas por RICARDO PESSOA conforme TERMO DE COLABORAÇÃO Nº 20, item 8.6.11 do relatório Fiscal. Ainda, em oitiva perante a RFB, o Sr. RICARDO PESSOA novamente corrobora tudo que já foi apontado nos termos anteriores, conforme Termo de Declaração nº 02: Fl. 19345DF CARF MF Fl. 46 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Ante tudo que se mostrou, correta a conclusão fiscal: 8.6.14.1. Que os controladores da empresa MRTR e controladores de fato das empresas MANWIN e MANWIN HIUNDAI informam que usaram essa e outras empresas com o propósito específico de gerar recursos em espécie para abastecer o esquema criminoso que ocorria na PETROBRÁS; 8.6.14.2. Que os próprios contratantes da MRTR, MANWIN e MANWIN HIUNDAI personificados nos srs. RICARDO PESSOA e WALMIR PINHEIRO, admitiram que a contratação dessas empresas teve o propósito específico de gerar recursos em espécie; 8.6.14.3. Que não há evidência alguma da prestação de serviço dessas empresas. 8.6.14.5. A única conclusão a que se pode chegar é que tais serviços NUNCA FORAM PRESTADOS. As declarações prestadas pelos contribuintes ao fisco não têm eficácia absoluta, apenas relativa. Elas devem ser suportadas por documentos que comprovem, como no caso em questão, a efetiva prestação dos serviços contratados. Não basta que sejam apresentadas notas fiscais e os pagamentos efetuados; tem de ser demonstrado que os serviços contratados são suportados por documentação consistente, sólida, objetiva e que dê respaldo e sustentação inequívoca às declarações prestadas. Como foi demonstrado nesse Relatório, a UTC não apresentou nenhum documento que comprovasse a efetividade da prestação dos serviços. ACP ENGENHARIA CONSULTIVA LTDA e RENK CONSULTORES LTDA. Conforme demonstrativo no item 8.8.1. do Relatório Fiscal, estas empresas receberam da UTC um total de R$ 1.781.929,95 (ACP) e de R$ 1.204.284,00 (RENK), que teria havido apresentação de notas fiscais e comprovantes de pagamentos, não havendo nenhum outro documento que comprovasse a efetividade do serviço prestado. Que tais empresas tem como sócios controladores ex-funcionários da PETROBRÁS e assim concluem: Não há como afirmar que, tanto a ACP como a RENCK, tenham prestado serviços; nenhum dos relatórios, atas de reuniões ou qualquer outro documento possui a assinatura dos responsáveis por estas empresas ou de seus empregados; não há sequer um único documento em que haja o timbre dessas empresas; não há nenhum documento elaborado por elas. A Recorrente menciona em seu recurso que o Sr. RICARDO PESSOA afirmou "expressamente no Termo de Declaração nº11 prestado à RFB em 09/03/2016 que os serviços contratados foram prestados." Fl. 19346DF CARF MF Fl. 47 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 No item 8.8.6 do Relatório Fiscal, a autoridade fiscal esclarece que "apesar de o sr. Ricardo Pessoa afirmar que os serviços foram prestados, a UTC não entregou documentos que comprovariam essas afirmações." Acrescenta, ainda (item 8.8.8), que segundo contrato firmados com estas empresas o sócio controlador da ACP e representante junto à UTC das duas empresas, o Sr. Antonio Carlos Alvares Justi, deveria estar presente em reuniões semanais com UTC, relatórios de análises, medições e avaliações, e, mesmo assim, nada teria sido apresentado que pudesse comprovar "a efetiva e real prestação dos serviços constantes nos contratos." Como se não bastasse, ainda detectou a autoridade autuante: 8.8.9. Além da falta desses documentos, também não foram apresentados os comprovantes de despesas suportadas pelas contratadas em viagens, hospedagens e alimentação para deslocamentos realizados para fora do Município do Rio de Janeiro que deveriam ser ressarcidas pela UTC (cláusula 4.3 de ambos os contratos). Cabe ressaltar, que no primeiro contrato, deveria haver a avaliação do canteiro de obras localizado no Município de Macaé/RJ, e no segundo contrato deveria haver a avaliação do lay-out das instalações localizadas em Niterói e em Macaé, ambos Município do Estado do Rio de Janeiro. De forma que só me resta concordar com a conclusão da autoridade autuante: 8.8.10. Mais uma vez a UTC Engenharia não logrou êxito em demonstrar, através de documentos suficientes, que a prestação de serviços foi realizada pelas empresas. Não restam dúvidas de que os serviços nunca foram realizados pela ACP e pela RENCK. Tratou-se, mais uma vez, de simulação de pagamentos por serviços que nunca existiram e, dessa forma, não possuem respaldo para servir como despesas dedutíveis da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, além de ter reflexos no IRRF. Da alegação de que as despesas com propinas seriam, no caso específico, despesas dedutíveis do IRPJ Sobre este item, a DRJ já se encarregou de, acertadamente, cortar as pretensões da Recorrente em ver como dedutíveis despesas com pagamentos a título de suborno/propina, então bancados pela Recorrente junto à dezenas de empresas. Reproduzo uma passagem do voto condutor da DRJ: En passant, vale salientar que a impugnante não é uma vítima da corrupção institucional, como tenta se apresentar, pois as verdadeiras vítimas foram as empresas que, por não participarem do esquema criminoso, não conseguiram se estabelecer nesse mercado ou simplesmente tiveram suas atividades podadas por não conseguirem contratar com a Petrobrás. Assim, o pagamento de propinas para conseguir contratos com a Petrobrás ofende também princípios basilares da Ordem Econômica, insculpidos no Título VII da Constituição Federal de 1988, quais sejam, os princípios da livre iniciativa e da livre concorrência. Fl. 19347DF CARF MF Fl. 48 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Sobre a matéria em foco, reproduzo fundamentos extraídos do decidido em acórdão deste Colegiado, mas de outra Turma, que apreciou argumentos idênticos aos ora apresentados no recurso voluntário. De fato, eis: Inadmissível a pretensão da recorrente de equiparar pagamentos com vistas ao cometimento de atos de corrupção à despesas necessárias e decorrentes das atividade normais e usuais da empresa, como comissões sobre vendas. Ora, o pagamento de subornos a agentes públicos ou privados atenta contra a função social da empresa consagrada no direito brasileiro, seja no art. 170 da CF/88, seja na lei que rege as sociedades anônimas (Lei nº 6.404/1976). A Constituição Federal estabelece no seu art. 170 os princípios voltados para assegurar a ordem econômica fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, destacando-se especialmente os princípios da função social da propriedade e da livre concorrência. A função social da propriedade é o princípio do qual deriva a função social do contrato, a natureza social da posse, a exigência de boa fé aos negócios jurídicos e, sem dúvida, constitui-se também na matriz da função social da empresa. A lei das S/A consagra o respeito por parte dos sócios e dirigentes à função social da empresa, como se extrai dos art. 116, §único e 154, verbis: "Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembléia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia. Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender. [...] Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as exigências do bem público e da função social da empresa. § 1º O administrador eleito por grupo ou classe de acionistas tem, para com a companhia, os mesmos deveres que os demais, não podendo, ainda que para defesa do interesse dos que o elegeram, faltar a esses deveres. § 2° É vedado ao administrador: a) praticar ato de liberalidade à custa da companhia; Fl. 19348DF CARF MF Fl. 49 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 b) sem prévia autorização da assembléia-geral ou do conselho de administração, tomar por empréstimo recursos ou bens da companhia, ou usar, em proveito próprio, de sociedade em que tenha interesse, ou de terceiros, os seus bens, serviços ou crédito; c) receber de terceiros, sem autorização estatutária ou da assembléia-geral, qualquer modalidade de vantagem pessoal, direta ou indireta, em razão do exercício de seu cargo. § 3º As importâncias recebidas com infração ao disposto na alínea c do § 2º pertencerão à companhia. § 4º O conselho de administração ou a diretoria podem autorizar a prática de atos gratuitos razoáveis em benefício dos empregados ou da comunidade de que participe a empresa, tendo em vista suas responsabilidades sociais." Sem dúvida que os atos praticados pelos recorrentes, concernentes ao pagamentos de propinas a agentes públicos e privados, atentam diretamente contra a função social da empresa e à liberdade concorrencial e, por óbvio, é inadmissível que os efeitos econômicos de tais infrações, por mera liberalidade do administrador da companhia, sejam compreendidos como necessários ao desenvolvimento das atividades normais e usuais da empresa. Infelizmente, parece que, não obstante tenham assinado Termos de Colaboração Premiada e Acordos de Leniência, os recorrentes não tem o menor grau de consciência do prejuízo social causado pelos atos de corrupção praticados, e ainda buscam extrair benefícios fiscais das condutas ilícitas, que tanto prejuízo causaram à sociedade brasileira. Porém, sua pretensão não tem guarida no nosso direito, seja ele penal, civil ou tributário, que repudia que a má fé e a conduta antiética sejam premiadas de qualquer forma. De se negar provimento ao recurso voluntário quanto ao item em questão. Da alegação de que a glosa das despesas, para fins de IRPJ, não pode ser objeto de lançamento de CSLL Neste item a DRJ já se manifestou de maneira correta, fazendo uma citação ao art.13 da Lei 9.249/95, que a Recorrente entendeu como uma espécie de inovação de defesa, mas disso não se trata. Tal artigo apenas prevê, para efeito de apuração de lucro real e base de cálculo da CSLL, a vedação de algumas deduções, mesmo que sejam despesas necessárias, apenas isto. Ratificando a conclusão do voto condutor, reitero que o artigo 57 da Lei 8.981/95 reflete a intenção do legislador de evitar a repetição desnecessária de comandos legais para disciplinar a metodologia de determinação das bases imponíveis das duas exações, naquilo em que as sistemáticas tinham de comum. Por exemplo: como as bases imponíveis do IRPJ e da CSLL partem do lucro líquido - ou o resultado contábil do período de apuração - torna-se dispensável repetir os conceitos de receita bruta, receita líquida, custos e despesas operacionais, etc, aplicáveis à CSLL, se os mesmos estão devidamente definidos na legislação do IRPJ. Também seria desnecessário a existência de um comando legal que autorize a exclusão, por exemplo, dos resultados positivos de participação societária (investimentos), na Fl. 19349DF CARF MF Fl. 50 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 determinação da base de cálculo da CSLL, exatamente por adoção do artigo 57 da Lei 8.981/95 em questão, que, no caso, decorre da própria lógica contábil da metodologia de escrituração daqueles investimentos, construída pela legislação comercial e fiscal, buscando a manutenção dos referidos ganhos à margem da incidência tributária. Em sentido contrário, como a legislação do IRPJ determina a adição dos resultados negativos de participação societária (avaliados pelo Equity) na determinação do lucro real, objetivando igualmente a que esses valores deduzidos na escrituração contábil não influenciem o lucro real do período, igualmente devem ser adicionados na apuração da base de cálculo da CSLL, em conformidade com a intenção do legislador de mantê-los distanciados da tributação das aludidas operações, agora pelo lado da redução da base imponível. No que tange à CSLL, a exigência fiscal apurada no IRPJ ocasiona insuficiência na determinação da base de cálculo desta contribuição, o que ensejou a lavratura do respectivo auto de infração. A exigência fiscal relativa a esta contribuição é mera decorrência dos fatos apurados no auto de infração do imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ). Subsistindo a matéria fática que ensejou o lançamento matriz (IRPJ), igual sorte deve colher aquele auto de infração lavrado por mera decorrência, tendo em vista o nexo causal entre eles. Portanto, de se negar provimento ao recurso voluntário, naquilo que se refere ao lançamento de CSLL. Da alegação de que os valores pagos a título de IRPJ e de CSLL pelas empresas que receberam os pagamentos da UTC sejam aproveitados nesta autuação Não tenho nada a acrescentar diante desta inusitada alegação. O voto condutor já disse o suficiente: Ora, há que se esclarecer que uma despesa pode ser indedutível para o tomador do serviço e a receita ser tributada para o prestador do serviço, pois a legislação tributária estipula condições específicas para a dedutibilidade de uma despesa. Assim, por exemplo, uma despesa ilícita (v.g., o pagamento de propina) não é dedutível, já que a infração a lei não pode ser tida como necessária, usual e habitual para manutenção da fonte de renda. Por outro lado, uma receita advinda de uma atividade ilícita é tributável, pois, no Direito Tributário, aplica-se o princípio do pecunia non olet (art. 118 do CTN). Assim, totalmente absurdo o pleito da impugnante, ou seja, querer compensar tributos lançados nos autos de infração em julgamento com possíveis tributos pagos pelas pessoas jurídicas que receberam pagamentos em decorrência de contratos simulados com a impugnante. Da alegação relativa ao Fee de Liderança No item 9. "Fee de Liderança" - Taxa de Liderança do Relatório Fiscal, a autoridade autuante descreve os vários consórcios em que a UTC teria participado, em cerca de oito consórcios, cinco participou na condição de líder. Fl. 19350DF CARF MF Fl. 51 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 No item 9.4.1.5, um uma das narrativas de um dos consórcios, Consórcio TUC Construções, a autoridade autuante deteve-se nos pagamentos efetuados a título de "fee" de liderança, onde constou no documento do referido Consórcio que seria pago a dois de seus componentes as importâncias de R$ 63.660.000,00 para a Consorciada Odebrecht e R$ 83.660.000,00 para a consorciada UTC. Eis o relato fiscal: 9.4.1.7. Causou estranheza a esta Auditoria o pagamento de valores a apenas duas das três integrantes do consórcio em desproporção aos percentuais de participação de cada qual, ficando sem recebimento a TOYO e mesmo entre as receptoras desses valores não houve proporcionalidade. Dessa forma a fiscalizada foi intimada a se manifestar a respeito. 9.4.1.8. Em sua resposta, a empresa afirma que uma das finalidades do “fee” de liderança era o ressarcimento das propinas pagas em decorrência do contrato firmado pelo Consórcio, conforme trecho a seguir colacionado: [...] Em outros Consórcios dos quais a fiscalizada é partícipe, houve a utilização deste mesmo artifício, o pagamento de “fee” de liderança, com vistas a ressarcir as consorciadas pelo pagamento de propinas ajustadas em cada empreendimento. [...] 9.5. Por todo o exposto, restou comprovado que os valores pagos a título de “fee” de liderança, tanto os percebidos pela UTC, como os percebidos pelas outras consorciadas eram, na verdade, ressarcimento pelo pagamento de propinas devidas pela assinatura dos diversos contratos firmados com a Petrobras. E tal prática era corriqueira entre as empresas participantes dos diversos consórcios aqui citados e em períodos bem anteriores ao objeto deste levantamento. No mesmo sentido da outra alegação da recorrente, incabível igual. Se algo foi contabilizado em receita, não se sabe e pouco importa (além do mais como vincular a despesa com a eventual receita?), porque estamos aqui diante de glosa de dispêndios desta natureza ("Fee" liderança). Sem reparos a conclusão do Relatório Fiscal: 9.7. Sendo assim, estes valores não poderiam servir como despesas dedutíveis destes Consórcios em sua apuração do IRPJ e da CSLL e, desta forma, serão objeto de glosa para a recomposição das bases de cálculo desses tributos. 9.8. Por certo esses valores também não foram oferecidos à tributação na própria UTC, pois, conforme tudo o que foi exposto, foram utilizados para o pagamento de propinas através da simulação de contratos com empresas inexistentes de fato ou cujos serviços e/ou aquisição de materiais/equipamentos nunca se concretizaram de fato. Além disso, não é possível sabermos para quais empresas ou pessoas físicas esses valores foram repassados ou ainda, quais despesas foram “criadas” para desviar esses valores para que pudessem chegar Fl. 19351DF CARF MF Fl. 52 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 aos destinatários da ilicitude, ou seja, não há como vincular a entrada desses valores com a sua saída. Da aplicação da Multa isolada A instância de piso já tratou de maneira correta e rica em detalhes acerca da possibilidade legal de aplicação das multas de ofício e isolada. Também mostrou que não houve qualquer erro na base de cálculo dos meses, então aventado na Impugnação. De fato, conforme já dito pela DRJ, havia uma certa controvérsia sobre a aplicabilidade, ou não, da multa sobre as estimativas de IRPJ e da CSLL não pagas, instaurada na redação hoje decaída do art. 44 da Lei nº 9.430/96, sendo que atualmente há um novo cenário normativo. É que o legislador fez publicar a Lei nº 11.488/2007, e deu nova redação ao art. 44 da Lei nº 9.430/96, como acima transcrito, reforçando a aplicação da multa isolada sobre as estimativas não pagas, mesmo quando o contribuinte tivesse apurado prejuízo fiscal, sem qualquer exceção. Efetivamente, com a nova redação do art. 44 da Lei nº 9.430/96, ficou difícil sustentar a tese da inaplicabilidade da multa isolada de ofício, pois o legislador, à luz da controvérsia que já existia, impôs novamente tal ônus, sem qualquer exceção. E, observe-se, as infrações aqui em comento vieram à luz na nova redação do art. 44 da Lei nº 9.430/96, trazida pela Lei nº 11.488/2007. Oportuno acrescentar ao presente voto, uma parcial transcrição de recente acórdão da CSRF, o Acórdão da CSRF nº 9101-003.832 - 1ª Turma, proferido em 02 de outubro de 2018, processo nº 10935.721604/2011-67, pelo Conselheiro Rafael Vidal de Araújo, Presidente da 1ª Seção de Julgamento deste Colegiado: A multa isolada objeto de controvérsia nos presentes autos, devida por ausência de pagamento das estimativas mensais de IRPJ e CSLL, era prevista da seguinte forma até o advento da MP nº 351/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007: "Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I - de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II - cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 1° As multas de que trata este artigo serão exigidas: (...) Fl. 19352DF CARF MF Fl. 53 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 IV - isoladamente, no caso de pessoa jurídicas sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro liquido, na forma do art. 2°, que deixar de fazê-lo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro liquido, no ano-calendário correspondente; (...)" Com as alterações introduzidas pela Lei nº 11.488/2007, passou a dispor a mesma Lei nº 9.430/1996: "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I - de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II - de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (...) b) na forma do art. 2 o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano-calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (...)" Observem-se as alterações efetivas operadas pela mudança de redação: (i) a multa isolada não é mais calculada sobre "a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição", passando a incidir sobre o valor do pagamento mensal que deixar de ser recolhido na forma prevista no art. 2º da mesma lei; e (ii) o percentual aplicável no cálculo da multa passa de 75% para 50%. A antiga redação do art. 44 efetivamente não deixava tão clara a distinção entre as multas de ofício e isolada. A base sobre a qual as multas incidiam era prevista de forma conjunta, no caput do artigo ("calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição"). O percentual aplicável para ambas as multas também era fixado no mesmo dispositivo, o inciso I do artigo ("setenta e cinco por cento"). Somente no inciso IV do § 1º é que existia a previsão específica da exigência de multa isolada pelo não pagamento de IRPJ ou CSLL na forma do art. 2º da Lei nº 9.430/1996 (estimativas mensais com base na receita bruta do período). A falta de clareza na antiga redação do art. 44 e o fato de parte das previsões das duas multas constarem dos mesmos dispositivos (mesma base de cálculo, inclusive) foram, em grande medida, responsáveis pela sedimentação do entendimento desta Corte no sentido da impossibilidade de cobrança simultânea das multas isolada e de ofício. Por conta disso, editou-se a já Súmula CARF nº 105: Fl. 19353DF CARF MF Fl. 54 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 "Súmula CARF nº 105 : A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício." Com o advento da MP nº 351, de 22/01/2007, e sua posterior conversão na Lei nº 11.488, de 15/06/2007, julgo terem sido extirpadas as fontes de dúbia interpretação do art. 44 no que diz respeito à previsão das multas isolada e de ofício. A nova redação é clara em relação às hipóteses de incidência de cada uma das multas, suas bases de cálculo e percentuais aplicáveis. Reitero meu posicionamento, já externado em outros julgamentos, de não considerar razoável a ilação de que possa ter sido casual a expressa menção, pela Súmula CARF nº 105, do dispositivo que tipificou a multa isolada ali mencionada. A Súmula foi editada pela 1ª Turma da CSRF em 08/12/2014, muitos anos após as mudanças redacionais introduzidas pela Lei nº 11.488/2007. Caso a egrégia Turma quisesse se referir indiscriminadamente a qualquer multa isolada, anterior ou posterior à alteração da redação do art. 44, o teria feito simplesmente deixando de mencionar o art. 44, § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996. Ao citar expressamente o dispositivo, a Súmula deixa claro que a cobrança concomitante a que se opõe é aquela que envolve a multa isolada fundamentada na antiga redação do art. 44, antes das alterações promovidas pela Lei nº 11.844/2007. Neste mesmo sentido já se manifestou esta 1ª Turma da CSRF, no recente Acórdão nº 9101003.597, cujo voto condutor trouxe: "Já em primeiro plano se verifica que a multa isolada, antes incidente sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição estimada, conforme a prescrição original do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, passou a incidir sobre o valor do pagamento mensal que, na forma do artigo 2º da mesma lei, deixar de ser efetuado, caso a falta de pagamento não esteja justificada em balanços de suspensão ou redução, estabelecidos pelo artigo 35 da Lei nº 8.981/95. A alteração legislativa decorreu do claro propósito de contornar a jurisprudência dominante, ao trazer ao mundo jurídico que a multa isolada não mais incidirá sobre um tributo antecipado, como o próprio caput do artigo 44 sugeria, em sua redação original, ao estabelecer que, “nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição”. Com a Lei nº 11.488/2007, a multa isolada é aplicada sempre que o contribuinte não efetuar o pagamento integral da estimativa que compõe o esperado fluxo de caixa da União, embora não mais incidente sobre a totalidade ou diferença da antecipação de tributo não recolhida, mas incidente sobre o valor do pagamento mensal que deixar de ser efetuado, ainda que o contribuinte apure prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa de CSLL, ao final do ano-calendário, caso lhe falte o devido suporte em balanço de suspensão ou redução. A nova disposição do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488/2007, não deixa dúvida a respeito de duas multas distintas: a primeira, no inciso I, de 75%, sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição (multa de ofício), aplicável nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, falta de declaração e declaração inexata; a segunda, no inciso II, de 50% (multa isolada), calculada sobre o valor do pagamento de estimativa que Fl. 19354DF CARF MF Fl. 55 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 deixar de ser efetuado, devida sempre que o contribuinte não efetuar o pagamento da totalidade da estimativa apurada na forma do artigo 2º, sem o apoio de balanço de suspensão ou redução. A ressalva constante da redação atual do inciso II do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, no sentido de que a multa é exigida isoladamente do tributo devido ao final do ano-calendário, já traduz, por outro lado, que a multa do inciso I sempre é exigida em conjunto com o tributo devido. Tanto é assim que a multa do inciso I não é aplicada em caso de apuração, no balanço do encerramento do ano-calendário, de prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa de CSLL, ao passo que a multa do inciso II independe da apuração de lucro ou prejuízo fiscal, ou de base de cálculo positiva ou negativa de CSLL. Esta última deve ser exigida se o contribuinte deixar de efetuar o pagamento integral da estimativa sem a cobertura de um balanço de suspensão ou redução, ainda que, ao final do ano-calendário, seja apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa de CSLL. Pode-se ver que os fatos geradores dessas multas são distintos: para o inciso I do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, falta de pagamento ou recolhimento do tributo apurado em declaração de ajuste, falta de declaração e declaração inexata; para o inciso II, falta de pagamento, ou pagamento insuficiente, das estimativas apuradas, desprovida de lastro em balanço de suspensão ou redução. Portanto, são infrações distintas, com graduações distintas e decorrentes de fatos geradores distintos. Não há, por conseguinte, bis in idem." (destaques no original) Diante de todo o exposto, não vislumbro óbice à cobrança cumulativa das multas isolada (art. 44, inciso II, alínea "b", da Lei nº 9.430/1996) e de ofício (art. 44, inciso I, da mesma Lei) para infrações ocorridas a partir de janeiro de 2007, quando teve início a vigência da MP nº 351/2007, posteriormente convertida na Lei nº 11.844/2007. A recorrente salienta, ainda, mencionado uma ementa de decisão judicial em que não é parte, que "a impossibilidade de exigir do contribuinte penalidades concomitantes é pronunciada, inclusive, pela Egrégia Corte Superior, tendo em vista que, em prestígio ao princípio da consunção, aquela penalidade mais gravosa absorve aquela de menor gravidade..." Acerca da utilização deste princípio, no âmbito tributário, trago o texto produzido pela instância de piso, que bem abordou a matéria: Da inviabilidade de aplicação do princípio da consunção. O princípio da consunção é princípio específico do Direito Penal, aplicável para solução de conflitos aparentes de normas penais, ou seja, situações em que duas ou mais normas penais podem aparentemente incidir sobre um mesmo fato. Primeiramente, há que se ressaltar que a norma sancionatória tributária não é norma penal stricto sensu. Vale aqui a lembrança que o parágrafo único do art. 273 do anteprojeto do CTN (hoje, art. 112 do CTN), elaborado por Rubens Gomes de Sousa, previa que os princípios gerais do Direito Penal se aplicassem como métodos ou processos supletivos de interpretação da lei tributária, especialmente da lei tributária que definia infrações. Esse dispositivo foi Fl. 19355DF CARF MF Fl. 56 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 rechaçado pela Comissão Especial de 1954 - que elaborou o texto final do anteprojeto, sendo que tal dispositivo não retornou ao texto do CTN que veio a ser aprovado pelo Congresso Nacional. À época, a Comissão Especial do CTN acolheu os fundamentos de que o direito penal tributário não tem semelhança absoluta com o direito penal (sugestão 789, p. 513 dos Trabalhos da Comissão Especial do CTN) e que o direito penal tributário não é autônomo ao direito tributário, pois a pena fiscal mais se assemelha a pena cível do que a criminal (sugestão 787, p.512, idem). Não é difícil, assim, verificar que, na sua gênese, o CTN afastou a possibilidade de aplicação supletiva dos princípios do direito penal na interpretação da norma tributária, logicamente, salvo aqueles expressamente previstos no seu texto, como por exemplo, a retroatividade benigna do art. 106 ou o in dubio pro reo do art. 112. Da Multa Qualificada Conforme relatoriado, a Recorrente entende que não cabe qualificação da multa porque está tudo contabilizado, que teve de agir como agiu senão não conseguia realizar seus serviços de engenharia, além de que o IRRF lançado teria caráter de penalidade sendo inaplicável a multa de ofício. Tanto o Relatório Fiscal, quanto o voto condutor da DRJ, demonstram a correção da aplicação da multa qualificada, que adoto: Relatório Fiscal 14.5. Demonstrou-se ao longo dos autos e pelos recortes legais, acima em destaque, que a fiscalizada cometeu, em tese, crime contra a ordem tributária, incorrendo na prática de sonegação fiscal ao deduzir como custo ou despesa, na determinação da base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), valores pagos a um destinatário irreal, inapto, inexistente de fato, baseada em uma operação igualmente irreal, inexistente, sem comprovação, circunstâncias que caracterizam o pagamento sem causa, sujeito à incidência do IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte, à alíquota de 35%. 14.6. A ação dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento, justifica a multa qualificada. Assim, como neste caso, há evidência nos autos deste processo de que a autuada utilizou um esquema de emissão de Notas Fiscais / Recibos inidôneos, em que a fiscalizada desde a contratação destas empresas, até o momento do lançamento destes valores na sua contabilidade e nas Declarações entregue à Receita Federal do Brasil tinha conhecimento da falta de capacidade operacional da empresa prestar os serviços declarados nos documentos fiscais. Houve um conluio, que é “o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando produzir os efeitos referidos nos artigos 71 e 72 da Lei nº 4.502, de 30/11/1964”, ou seja, a sonegação e a fraude. Voto DRJ Fl. 19356DF CARF MF Fl. 57 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 DA MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA Quanto à alegação de IRRF tem natureza de penalidade Equivoca-se rotundamente a impugnante quando tenta sustentar a natureza de penalidade do IRRF incidente sobre pagamentos sem causa. Primeiro, tributo não se constitui em sanção por ato ilícito, nos termos do art. 3º do CTN. Segundo, a cobrança do IRRF exclusivamente na fonte pagadora decorre apenas de uma impossibilidade de o Fisco identificar a causa ou o beneficiário do pagamento, logo, não se trata de uma sanção. A tributação exclusiva na fonte ocorre em várias outras hipóteses, com por exemplo em aplicações financeiras de pessoas físicas, o que jamais pode ser entendido como penalidade, mas como simples opção do legislador tributário em caso de situações especiais, como por exemplo quando a fonte pagadora não tem condições de informar a causa ou o beneficiário do pagamento. Quanto à conduta dolosa Note-se que o impugnante valeu-se de contratos fraudulentos para justificar saídas de caixa para formação de "caixa dois" e, assim, ter recursos à margem da sua contabilidade, para o pagamento de propinas a agentes públicos e políticos. Observe-se que não estamos diante de um simples lançamento em razão de pagamento sem causa identificada, mas de pagamentos sem causa identificada pelo uso de contratos fraudulentos. Assim, perfeito o enquadramento da situação fática posta na hipótese do art. 71 da Lei 4.502/64. Por sua vez, a alegação de que teria sido compelida a corromper agentes públicos para que pudesse contratar com a Petrobrás é irrelevante para fins tributários, pois não a exime das consequências no campo tributário da sua conduta dolosa. Ademais, conforme já amplamente abordado, a impugnante tenta se coloca como vítima, quando, em verdade, foi uma das grandes beneficiárias de todo esquema criminoso. Ainda que o ilícito tributário decorrente da simulação dos contratos de prestação de serviço não tenha sido o seu objetivo primário, ele ocorreu e a contribuinte nada fez para evitar os benefícios tributários dele advindo. Ou seja, poderia a impugnante fazer os pagamentos das propinas sem contabilizá-los como despesas dedutíveis das bases tributáveis, hipóteses em que não haveria despesa a ser glosada e, consequentemente, não haveria prejuízo fiscal e base negativa a ser reduzida. Todavia, a impugnante não se contentou em cometer apenas ilícitos penais, mas quis também se beneficiar tributariamente da conduta ilícita ao contabilizar os pagamentos como despesas dedutíveis das bases tributáveis. Assim, é falaciosa a alegação de que a sua conduta ilícita não teve intuito de fraudar o Fisco. Quanto à alegação de que a multa imposta seria confiscatória, este Colegiado não é competente para apreciá-la, pois importaria em emitir um juízo de constitucionalidade do art. 44, inciso I e § 1º da Lei 9.430/96, o que é vedado pelo art. 26-A do Decreto nº 70235/72. Assim, enquanto não houver uma decisão judicial com efeito erga omnes que declarade a inconstitucionalidade de uma norma legal, essa norma goza de presunção de constitucionalidade e não pode ter sua eficácia suspensa por julgamento deste Colegiado. Fl. 19357DF CARF MF Fl. 58 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Da Decadência - Lançamento de IRPJ e CSLL Desde há muito que o lançamento de imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ) se reveste da modalidade de lançamento por homologação e, como tal, sujeito ao prazo decadencial do art.150 do CTN, ou seja, cinco anos contados da ocorrência do fato gerador do tributo. No caso em questão, o fato gerador do IRPJ, por exemplo, relativo ao ano calendário de 2011, ocorre em 31 de dezembro de cada ano, pois a contribuinte optou pelo Lucro Real Anual, e, nestes casos, o período de apuração do IRPJ é anual. Ocorre que o § 4º do art.150 do CTN, faz uma ressalva, excetuando da contagem a que alude seu texto, naquelas situações onde constatada/comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Isto não quer dizer que, na ocorrência de dolo, a Fazenda não tenha limites temporais para a determinação de crédito tributário. Nesta situação, onde constatada a atitude dolosa da contribuinte, o prazo decadencial desloca-se do § 4º do art.150 para o inciso I do art.173, ambos do CTN. Como vimos, temos como exceção à regra da aplicação do parágrafo 4.º do artigo 150 do CTN, a aplicabilidade do inciso I do artigo 173 do mesmo CTN para os casos em que o dolo, a fraude ou a simulação se mostrarem presentes. Eis o que dispõe o inciso I e art.173 do CTN: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue- se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; [...] Assunto já sumulado por este Colegiado: Súmula CARF nº72 (súmula vinculante para toda a administração tributária federal, em razão da ordem ministerial constante da Portaria MF nº 277/2018): Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial rege-se pelo art.173, inciso I, do CTN. Assim sendo, já verificada nos anos de 2011 a 2014 (objeto do lançamento) que a conduta da contribuinte esteve associada às situações previstas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64, o prazo de decadência rege-se, não mais pelas regras do art.150, mas pelas regras do art.173, ambos do CTN. Fato Gerador IRPJ/CSLL Exercício Possível de Lançamento 1º Dia do Exercício Seguinte Cinco Anos após 31/12/2011 2012 01/01/2013 31/12/2017 Fl. 19358DF CARF MF Fl. 59 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Multa Isolada 31/01/2012 2012 01/01/2013 31/12/2017 Como o lançamento correspondente ao ano calendário de 2011 (lucro real, fatos gerador anual) foi cientificado à contribuinte em 24 de novembro de 2017, não restaram decaídas quaisquer exigências lançadas a título de IRPJ e de CSLL correspondente aos anos objeto do lançamento. Relativamente à Multa isolada, não se trata de lançamento por homologação, de forma que a contagem do prazo decadencial se faz pelas regras do art.173 do CTN, que, considerando o fato gerador mais antigo do lançamento, também não ocorreu decadência para nenhum período. Assunto já sumulado por este Colegiado: Súmula CARF nº104 (súmula vinculante para toda a administração tributária federal, em razão da ordem ministerial constante da Portaria MF nº 277/2018): Lançamento de multa isolada por falta ou insuficiência de recolhimento por estimativa de IRPJ ou de CSLL submete-se ao prazo decadencial previsto no art.173, inciso I, do CTN. Do Lançamento de IRRF A instância de piso já analisou de maneira adequada as questões trazidas referente ao IRRF, quando da apreciação da Impugnação, cujos argumentos são os mesmos trazidos no recurso voluntário, em assim sendo, de se utilizar a faculdade prevista ao Conselheiro Relator nos termos do parágrafo 3 do art.57 do Regimento Interno do CARF: Art.57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: [...] Parágrafo 1º. A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. [...] 2 A exigência do Parágrafo 1º. pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF n. 329, 2017). Na apreciação da questão, o acórdão recorrido mostrou-se sólido em suas conclusões e encontra-se adequadamente fundamentado. Portanto, adoto como minhas razões Fl. 19359DF CARF MF Fl. 60 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 de decidir a decisão recorrida, pelos seus próprios fundamentos, cujo voto condutor do Acórdão transcrevo a seguir. DO LANÇAMENTO DO IRRF Quanto à alegação de bis in idem Alega a impugnante que, quando o legislador quis prever a possibilidade de cobrança cumulativa do IRRF e do IRPJ em razão da redução indevida do Lucro Líquido, o fez expressamente, como no art. 44 da Lei nº 8.541/1992. Ora, trata-se de um rotundo equívoco conceitual da impugnante, pois o aludido art. 44 criou um presunção legal, já que, em se tratando de apuração de omissão de receitas, não há que se falar, a priori, de incidência de IRRF. O Capítulo II da referida Lei 8.541/92 (arts. 43 e 44) instituiu uma tributação em separado de bases omitidas, ou seja, apurado um saldo credor de caixa, um passivo fictício ou suprimento de caixa etc., tal base seria tributada em separado pelo IRPJ à uma alíquota de 25%. Note-se que, em casos de apuração de omissão de receitas, ordinariamente, não havia que se falar em incidência de IRRF, mas entendeu o legislador ordinário à época de fazer incidir o IRRF sobre tal base omitida, por criar uma presunção ao considerar que tal receita omitida seria considerada recebida pelos sócios. Hoje, com a revogação do arts. 43 e 44 da Lei 8.541/92, ao se apurar uma receita omitida, não há mais a previsão de tributação em separado, mas sim a recomposição da base tributável, nem há que se falar em presunção de distribuição da base omitida aos sócios. Ora, o já revogado regime de tributação de omissão de receita criado pela Lei 8.541/92 absolutamente nada tem a ver com a tributação instituída pelo art. 61 da Lei 8.981/95, o qual é a base legal da autuação sub examine. Se os art. 43 e 44 da Lei 8541/92 tratavam de tributação pelos IRPJ e IRRF sobre receitas omitidas; por sua vez, o art. 61 da Lei 8.981/95 trata da incidência de IRRF sobre pagamentos sem causa ou a beneficiários não identificados, ou seja, no primeiro temos ingressos de recursos não contabilizados e, no segundo, saídas de recursos não devidamente identificadas, logo, situações diametralmente opostas. Assim, se no caso de omissões de receitas, houve a necessidade de o revogado art. 44 prever uma presunção legal de distribuição aos sócios, para que houvesse a incidência do IRRF sobre a receita omitida; no caso em tela, que não trata de omissão de receitas, mas de pagamento sem causa, a incidência do IRRF decorre da aplicação direta do art. 61 da Lei 8.981/95, sem prejuízo do lançamento do IRPJ e da CSLL caso haja também a glosa da despesa. Sobre isso é importante ressaltar que não existe qualquer relação de causa e efeito entre o lançamento do IRRF sobre pagamento sem causa e do IRPJ/CSLL em virtude da glosa de despesa. Note-se que um pagamento sem causa não terá qualquer impacto na base tributável do IRPJ e da CSLL, desde que o contribuinte não o tenha contabilizado como despesa dedutível, ou seja, se a impugnante tivesse adicionado ao lucro líquido as despesas referentes a tais pagamentos sem causa, não haveria prejuízo fiscal e base negativa a serem reduzidos. Por sua vez, se o contribuinte contabilizou um pagamento sem causa ou sem identificação do beneficiário como despesa dedutível das bases do IRPJ e da CSLL, estamos diante de uma despesa indevida, a qual deverá ser glosada, para fins de cálculo do resultado fiscal (seja prejuízo ou lucro). Fl. 19360DF CARF MF Fl. 61 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Assim, totalmente descabida a alegação de que haveria um bis in idem pela cobrança de IRRF em conjunto com o IRPJ e CSLL. Primeiramente, a impugnante responde pelo IRRF na condição de fonte pagadora (art. 45 do CTN combinado com art. 61 da Lei 8.981/95); já pelos IRPJ e CSLL, responde na condição de contribuinte (sujeito passivo direto). Em segundo, as reduções do prejuízo fiscal e da base negativa da CSLLL são devidas pelo recálculo das bases tributáveis a partir da glosa da despesa, pois a impugnante não logrou provar a efetiva ocorrência das operações; já com relação ao IRRF, o lançamento decorre da incidência do IRRF sobre os pagamentos que a impugnante - fonte pagadora – não logrou provar as suas causas.[...] Quanto à responsabilidade do IRRF previsto no art.61: Ora, ainda que restasse provado o oferecimento de tais pagamentos à tributação, restou demonstrado que o destinatário dos pagamentos não eram as prestadoras de serviço contratadas, já que nenhum serviço prestaram à impugnante para fazer jus a pagamentos. Na verdade, elas serviam para dissimular os verdadeiros beneficiários, os quais certamente não ofereceram os pagamentos à tributação, já que não tinham como justificar a fonte. Logo, é irrelevante para fins de lançamento do IRRF sobre pagamentos sem causa perquirir se as prestadoras de serviço, signatárias de contratos simulados, ofereceram ou não os pagamentos recebidos à tributação. Por sua vez, a literalidade do art. 61 da Lei 8.981/95 impõe o lançamento do IRRF quando verificada, pelo menos, uma de duas hipóteses: a não identificação da causa ou do beneficiário do pagamento, apenas isso, sendo irrelevante se houve ou não oferecimento dos pagamentos sem causa à tributação pelo beneficiário (identificado ou não). Note-se que a impugnante tenta se beneficiar da própria torpeza, pois simulou contratos de prestação de serviços, para dissimular fins e destinatários dos seus pagamentos, e agora quer contestar o lançamento do IRRF com a alegação de que tais empresas podem ter oferecido à tributação os valores por ela pago. [...]. Quanto à alegação de que os fatos não se subsumem à regra de incidência do IRRF em debate, de se dizer que quando da análise das glosas das despesas, ficou fartamente demonstrado que não houve a devida comprovação dos serviços prestados então citados em notas fiscais/contratos, junto daquelas empresas. Teria havido apenas o pagamento e que a documentação que dava suporte aos pagamentos eram simuladas. Da alegada decadência parcial do impugnado IRRF Questão já sumulada por este Colegiado, e agora de maneira vinculante à Administração Tributária Federal: PORTARIA Nº 129, DE 1º DE ABRIL DE 2019 Atribui a súmulas do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF efeito vinculante em relação à Administração Tributária Federal. O MINISTRO DE ESTADO DA ECONOMIA, no uso das atribuições previstas no art. 87, parágrafo único, incisos I e II da Constituição Federal, e tendo em Fl. 19361DF CARF MF Fl. 62 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 vista o disposto no art. 75 do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015, resolve: Art. 1º Fica atribuído às súmulas do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, relacionadas no Anexo Único desta Portaria, efeito vinculante em relação à Administração Tributária Federal. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. PAULO GUEDES Súmula CARF nº 114 O Imposto de Renda incidente na fonte sobre pagamento a beneficiário não identificado, ou sem comprovação da operação ou da causa, submete-se ao prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN. Fato Gerador IRRF - mais antigo Exercício Possível de Lançamento 1º Dia do Exercício Seguinte Cinco Anos após 10/01/2012 2012 01/01/2013 31/12/2017 Como o lançamento de IRRF foi cientificado à contribuinte em 24 de novembro de 2017, não restaram decaídas quaisquer exigências lançadas a título de IRRF correspondente ao fatos geradores objeto do lançamento. Da incidência de juros sobre multa de ofício Questão já sumulada por este Colegiado, e agora de maneira vinculante à Administração Tributária Federal: PORTARIA Nº 129, DE 1º DE ABRIL DE 2019 Atribui a súmulas do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF efeito vinculante em relação à Administração Tributária Federal. [...] Súmula CARF nº 108 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. DOS RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS Sr. Ricardo Ribeiro Pessoa e Walmir Pinheiro Santana Fl. 19362DF CARF MF Fl. 63 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Tanto na Impugnação quanto no recurso voluntário, as alegações são basicamente as mesmas, apenas algumas passagens com roupagens um pouco diferentes, mas as mesmas alegações Independente da natureza da infração, se houve ou não constatação de ter havido uma intenção deliberada em lesar o Fisco, o fato é que a exigência do tributo, aí incluída a devida multa de ofício (qualificada ou não) recai sobre o sujeito passivo definido nos termos do art.123 do CTN: Art.121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo Único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I - Contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Ora, quem tem a "relação pessoal e direta com a situação que constitua o fato gerador" é, no caso, a pessoa jurídica, pois esta é quem tem o débito a recolher como sujeito passivo, é de seu patrimônio que irá retirar recursos e satisfazer ao credor ativo (União), enquanto o responsável não se reveste da condição de contribuinte. Entretanto, o responsável pode ser chamado a participar no polo passivo, por determinação legal. No caso, as pessoas de Ricardo Ribeiro Pessoa Neto e Walmir Pinheiro Santana, empresário/presidente da UTC e diretor financeiro, respectivamente, foram apontadas como responsáveis nos termos do inciso III do art.135 do CTN, descrito no Relatório Fiscal - item17, onde, acertadamente, concluiu tratar-se de responsabilidade solidária: "Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: (...) III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado." A instância de piso já se encarregou de rebater as alegações, de maneira adequada e nos termos da legislação que rege o assunto, de forma que adoto seus bons fundamentos então aplicáveis ao presente caso: Inicialmente, cabe esclarecer que RICARDO RIBEIRO PESSOA era presidente da impugnante (UTC Engenharia S/A), além de controlador de todo o Grupo (UTC Participações). O impugnante alega ainda que não se dessume dos autos, mormente do Relatório fiscal, a identificação pormenorizada de quais, efetivamente, teriam sido os atos praticados por este com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto. Fl. 19363DF CARF MF Fl. 64 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Ora, é verdade que o art. 135 do CTN exige que, em situações ordinárias, o Fisco prove que o responsável tributário praticou um ato ilegal ou ultra vires societatis. No caso em tela, porém, esse ônus de provar não se estabeleceu para o Fisco, pois RICARDO RIBEIRO PESSOA, além de ter a qualificação exigida pelo inciso III do art. 135 em tela, confessou a prática de atos ilícitos e, até mesmo, ultra vires societatis ( já que nenhum estatuto poderia autorizar a formação de caixa dois para pagamento de propinas). Ele confessou , ao MP e à RFB a práica reiterada de lavagem de dinheiro, mediante a celebração de contratos inidôneos com empresas controladas por diferentes operadores, cujo principal objetivo real era a obtenção de valores em espécie para abastecer o esquema criminoso e informou à RFB, em oitiva realizada em 06/03/2016 , que era ele quem autorizava a contratação de serviços fictícios com o objetivo de gerar recursos em espécie. Assim, resta provado por confissão do próprio impugnante a prática de atos ilegais que, como antes fartamente demonstrado, tiveram efeitos no campo tributário. Por essas razões, sustento inquestionável o enquadramento da responsabilidade de RICARDO RIBEIRO PESSOA no art. 135, III, do CTN. Com efeito, ele não nega as ilicitudes cometidas, apenas questiona que o intuito de burlar o Fisco jamais esteve presente na sua conduta e que, ainda que restassem desnaturadas as prestações de serviços que deram ensejo a formação de "caixa dois" para propiciar o posterior pagamento de agentes públicos e políticos do esquema, ainda assim, tais valores despendidos configurariam uma despesa operacional com a qual a "UTC" tinha de arcar periodicamente. Ora, conforme tudo antes exposto, não há falar que uma despesa com pagamento de propina possa ser considerada dedutível das bases tributáveis do IRPJ e da CSLL; segundo, é falaciosa alegação de que não quis burlar o Fisco, pois contabilizou como despesa dedutível das bases tributárias pagamentos de propinas, além de ter simulado contratos de prestação de serviços para lastrear os registros das despesas e dissimular a causa dos pagamentos feitos; e, terceiro, o impugnante não era vítima da corrupção institucional, mas um de sues beneficiários. Por essas razões, voto por negar provimento à impugnação de RICARDO RIBEIRO PESSOA. Quanto à WALMIR PINHEIRO SANTANA, ressalto que: a) ele era diretor financeiro (empregado) com vínculo de celetista da UTC Engenharia S/A, sendo assim hipótese prevista no art. 135, III, do CTN; b) que agiu conforme as ordens que lhe eram determinadas pelo sr. RICARDO PESSOA; c) que assinou contratos sabidamente simulados, conforme bem demonstrado no item 17.2.2.2 do TVF. Ora, WALMIR PINHEIRO SANTANA também confessou a prática de atos ilícitos que tiveram consequências no campo tributário, ou seja, da celebração de contratos fictícios com as empresas de Trombeta e Morales (MRTR e MANWIN), para a formação de caixa dois”para pa a en o de propinas.. Fl. 19364DF CARF MF Fl. 65 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 O fato de ter agido por ordem do Sr. Ricardo Pessoa não afasta a sua responsabilidade tributária, pois o que se deve verificar é o enquadramento nas condições do art. 135, III, do CTN, o qual assim versa: Art.135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: (...) III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direi o privado.”. É indiscutível que Walmir Pinheiro praticou infringiu a lei quando celebrou (assinou) contratos sabidamente simulados, os quais serviram para lastrear lançamentos de dispêndios como se despesas dedutíveis fossem, além de dissimular a verdadeira causa dos pagamentos. Além disso, como facilmente se depreende, o fato de alguém estar subordinado a um superior não impede o enquadramento nas condições subjetivas do art. 135, III, do CTN, pois nelas se incluem também empregados, sejam gerentes ou representantes, ou mesmo diretores com vínculo celetista. Por essas razões, voto por negar provimento às impugnações dos responsáveis tributários. CONCLUSÃO Oriento meu voto no sentido de (i) negar provimento ao Recurso de Ofício, de (ii) de dar provimento em parte ao recurso voluntário no sentido apenas de que os débitos lançados de IRPJ e de CSLL (ambos de 2014), relativos ao presente processo, nas importâncias de R$ 3.814.023,85 e R$ 1.373.048,59, respectivamente, sejam devidamente alocados como débitos compensados nos processos de compensação de protocolo nºs 10923.720041/2017-14 e 10923.720042/2017-69, respectivamente, e (iii) negar provimento ao recurso voluntário dos responsáveis solidários. (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano Voto Vencedor Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto Inicio parabenizando o Conselheiro relator pela profundidade da análise empreendida. Discordando do mesmo apenas no tocante à aplicação da multa isolada, restou-me designada a tarefa de redação do voto vencedor que passo agora a cumprir. Fl. 19365DF CARF MF Fl. 66 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Contesta o recorrente a aplicação cumulativa das multas isolada e de ofício. Entende que tal incidência provoca uma dupla penalização da empresa em relação à ocorrência de um único fato. Para tanto apresenta jurisprudência do CARF e do Poder judiciário no sentido de aplicar o princípio da consunção em relação a estas multas, pelo qual a de maior gravidade absorve à de menor gravidade. Com relação ao auto de infração relativo a aplicação de multa isolada pela falta de recolhimento por estimativa, por diversas vezes este tema foi objeto de discussão nesta Câmara, existindo três diferentes vertentes de opinião: 1) A primeira segue no sentido de que a aplicação de multa de ofício relativo ao período de apuração anual do imposto impede a aplicação da multa isolada pela falta de recolhimento por estimativa em função de tratar-se, em essência do mesmo tributo exigido no exercício e, assim, o contribuinte estaria sendo penalizado em duplicidade. 2) A segunda corrente advoga no sentido de que as multas de ofício e isolada punem condutas distintas e assim, podem subsistir concomitantemente sem qualquer empecilho, visto que os fatos geradores são distintos e também distintas as bases de cálculo. 3) A terceira posição interpretativa segue no sentido de que os fatos geradores sendo complementares as sanções, visto que uma pune a falta de antecipação durante o exercício e a outra pune a falta do pagamento no ajuste anual, a maior penalidade deve prevalecer até o montante em que consuma integralmente a punição pela falta de antecipação, somente subsistindo esta se comportar montante maior do que a multa de ofício. Pessoalmente sou adepto da terceira corrente e da adoção do princípio da consunção, conforme abaixo demonstrado e extraído do acórdão deste mesmo relator de nº 1401- 003.058, de 13 de dezembro de 2018. Por isso, transcrevo os valiosos fundamentos do Conselheiro Guilherme Adolfo Mendes no Acórdão 1201-000.235: "As regras sancionatórias são em múltiplos aspectos totalmente diferentes das normas de imposição tributária, a começar pela circunstância essencial de que o antecedente das primeiras é composto por uma conduta antijurídica, ao passo que das segundas se trata de conduta lícita. Dessarte, em múltiplas facetas o regime das sanções pelo descumprimento de obrigações tributárias mais se aproxima do penal que do tributário. Pois bem, a Doutrina do Direito Penal afirma que, dentre as funções da pena, há a PREVENÇÃO GERAL e a PREVENÇÃO ESPECIAL. A primeira é dirigida à sociedade como um todo. Diante da prescrição da norma punitiva, inibe-se o comportamento da coletividade de cometer o ato Fl. 19366DF CARF MF Fl. 67 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 infracional. Já a segunda é dirigida especificamente ao infrator para que ele não mais cometa o delito. É, por isso, que a revogação de penas implica a sua retroatividade, ao contrário do que ocorre com tributos. Uma vez que uma conduta não mais é tipificada como delitiva, não faz mais sentido aplicar pena se ela deixa de cumprir as funções preventivas. Essa discussão se torna mais complexa no caso de descumprimento de deveres provisórios ou excepcionais. Hector Villegas, (em Direito Penal Tributário. São Paulo, Resenha Tributária, EDUC, 1994), por exemplo, nos noticia o intenso debate da Doutrina Argentina acerca da aplicação da retroatividade benigna às leis temporárias e excepcionais. No direito brasileiro, porém, essa discussão passa ao largo há muitas décadas, em razão de expressa disposição em nosso Código Penal, no caso, o art. 3°: Art. 3" - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. O legislador penal impediu expressamente a retroatividade benigna nesses casos, pois, do contrário, estariam comprometidas as funções de prevenção. Explico e exemplifico. Como é previsível a cessação da vigência de leis extraordinárias e certo, em relação às temporárias, a exclusão da punição implicaria a perda de eficácia de suas determinações, uma vez que todos teriam a garantia prévia de, em breve, deixarem de ser punidos. É o caso de uma lei que impõe a punição pelo descumprimento de tabelamento temporário de preços. Se após o período de tabelamento, aqueles que o descumpriram não fossem punidos e eles tivessem a garantia prévia disso, por que então cumprir a lei no período em que estava vigente? Ora, essa situação já regrada pela nossa codificação penal é absolutamente análoga à questão ora sob exame, pois, apesar de a regra que estabelece o dever de antecipar não ser temporária, cada dever individualmente considerado é provisório e diverso do dever de recolhimento definitivo que se caracterizará no ano seguinte. Nada obstante, também entendo que as duas sanções (a decorrente do descumprimento do dever de antecipar e a do dever de pagar em definitivo) não devam ser aplicadas conjuntamente pelas mesmas razões de me valer, por terem a mesma função, dos institutos do Direito Penal. Nesta seara mais desenvolvida da Dogmática Jurídica, aplica-se o Princípio da Consunção. Na lição de Oscar Stevenson, "pelo princípio da consunção ou Fl. 19367DF CARF MF Fl. 68 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 absorção, a norma definidora de um crime, cuja execução atravessa fases em si representativas desta, bem como de outras que incriminem fatos anteriores e posteriores do agente, efetuados pelo mesmo fim prático". Para Delmanto, "a norma incriminadora de fato que é meio necessário, fase normal de preparação ou execução, ou conduta anterior ou posterior de outro crime, é excluída pela norma deste". Como exemplo, os crimes de dano, absorvem os de perigo. De igual sorte, o crime de estelionato absorve o de falso. Nada obstante, se o crime de estelionato não chega a ser executado, pune-se o falso. É o que ocorre em relação às sanções decorrentes do descumprimento de antecipação e de pagamento definitivo. Uma omissão de receita, que enseja o descumprimento de pagar definitivamente, também acarreta a violação do dever de antecipar. Assim, pune-se com multa proporcional. Todavia, se há uma mera omissão do dever de antecipar, mas não do de pagar, pune-se a não antecipação com multa isolada." No presente caso, em razão do elevado valor da autuação levada à efeito contra o contribuinte entendo que devo tecer outras considerações a respeito, até mesmo porque tenho conhecimento de que a Câmara Superior de Recursos Fiscais proferiu julgamento em sentido contrário ao deste entendimento. No julgamento que tomei conhecimento a aplicação do Princípio da Consunção foi negada na seara do direito tributário em razão do entendimento de que os princípios de direito penal não poderiam ser utilizados na seara do direito tributário. Data venia o devido respeito e consideração que tenho com as decisões proferidas pela Câmara Superior deste CARF, até mesmo porque sigo alguns de seus ensinamentos em diversos pontos, não concordo com esse posicionamento. Desde os tempos dos bancos escolares na Faculdade de Direito sempre recebi e acolhi o ensinamento de que é menos grave infringir uma norma do que um princípio. Este ensinamento decorre do fato de que os princípios do direito são normas não escritas que vigoram acima das normas positivadas e servem de guia para a sua produção e de guia para os intérpretes. Por isso os princípios são tão importantes na vida dos operadores do direito. Apresentamos a lição de renomados juristas acerca dos princípios no direito. Conforme Celso Antônio Bandeira de Mello: Princípio é, pois, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para exata compreensão e inteligência delas, exatamente porque define a lógica e a racionalidade do sistema normativo, conferindo-lhe a tônica que lhe dá Fl. 19368DF CARF MF Fl. 69 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico. (MELLO, 2009, p. 53) Segundo Miguel Reale Júnior: Princípios são, pois, verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos ordenados em um sistema de conceitos relativos a dada porção da realidade. Às vezes, também se denominam princípios certas proposições que, apesar de não serem evidentes ou resultantes de evidências, são assumidas como fundamentos da validez de um sistema particular de conhecimento com seus pressupostos necessários. (REALE, 1991, p. 59) Veja-se que o nosso código tributário adota, ele próprio, diversos princípios do direito penal, como se pode observar pela leitura dos seguintes dispositivos. Princípio da Legalidade no direito penal: nullum crimen, nulla poena sine lege Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. ...... Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça, ressalvado, quanto à majoração, o disposto nos artigos 21, 26 e 65; ........... Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: .......... V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; Princípio da Anterioridade: Nullum crimen, nulla poena sine lege praevia; Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: Fl. 19369DF CARF MF Fl. 70 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 I - que instituem ou majoram tais impostos; II - que definem novas hipóteses de incidência; III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178. Princípio da Retroatividade Benigna Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Princípio da Intervenção Mínima e da Gradação da Pena Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I - à capitulação legal do fato; II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Especificamente, em relação ao Princípio de Intervenção Mínima apresentamos a lição de César Roberto Bittencourt. Fl. 19370DF CARF MF Fl. 71 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 O princípio da intervenção mínima, também conhecido como ultima ratio, orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico. Se outras formas de sanção ou outros meios de controle social revelarem-se suficientes para a tutela desse bem, a sua criminalização é inadequada e não recomendável. Se para o restabelecimento da ordem jurídica violada forem suficientes medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser empregadas e não as penais. Por isso, o Direito Penal deve ser a ultima ratio, isto é, deve atuar somente quando os demais ramos do Direito revelarem-se incapazes de dar a tutela devida a bens relevantes na vida do indivíduo e da própria sociedade. (BITENCOURT, 2009, p. 13, grifo no original) O Princípio da Consunção, nasce então da necessidade de aplicação da gradação das penas e de intervenção mínima. Por isso, novamente nos utilizamos na lição de César Roberto Bittencourt para demonstrar a construção jurídica do Princípio da Consunção. Pelo princípio da consunção, ou absorção, a norma definidora de um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime. Em termos bem esquemáticos, há consunção quando o fato previsto em determinada norma é compreendido em outra, mais abrangente, aplicando-se somente esta. Na relação consuntiva, os fatos não se apresentam em relação de gênero e espécie, mas de minus e plus, de continente e conteúdo, de todo e parte, de inteiro e fração. Por isso, o crime consumado absorve o crime tentado, o crime de perigo é absorvido pelo crime de dano. A norma consuntiva constitui fase mais avançada na realização da ofensa a um bem jurídico, aplicando-se o princípio major absorbet minorem Assim, as lesões corporais que determinam a morte são absorvidas pela tipificação do homicídio, ou o furto com arrombamento em casa habitada absorve os crimes de dano e de violação de domicílio etc. A norma consuntiva exclui a aplicação da norma consunta, por abranger o delito definido por esta. Há consunção quando o crime-meio é realizado como uma fase ou etapa do crime-fim, onde vai esgotar seu potencial ofensivo, sendo, por isso, a punição somente da conduta criminosa final do agente. Não convence o argumento de que é impossível a absorção quando se tratar de bens jurídicos distintos. A prosperar tal argumento, jamais se poderia, por exemplo, falar em absorção nos crimes contra o sistema financeiro (Lei n. 7.492/86), na medida em que todos eles possuem uma objetividade jurídica específica. É conhecido, entretanto, o entendimento do TRF da 4ª Região, no sentido de que o art. 22 absorve o art. 6º da Lei n. 7.492/86. Na verdade, a diversidade de bens jurídicos tutelados não é obstáculo para a configuração da consunção. Inegavelmente – exemplificando – são diferentes os bens jurídicos tutelados na invasão de domicílio para a prática de furto, e, no Fl. 19371DF CARF MF Fl. 72 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 entanto, somente o crime-fim (furto) é punido, como ocorre também na falsificação de documento para a prática de estelionato, não se punindo aquele, mas somente este (Súmula 17 do STJ). No conhecido enunciado da Súmula 17 do STJ, convém que se destaque, reconheceu-se que o estelionato pode absorver a falsificação de documento. Registre-se, por sua pertinência, que a pena do art.297é de dois a seis anos de reclusão, ao passo que a pena do art. 171 é de um a cinco anos. Não se questionou, contudo, que tal circunstância impediria a absorção, mantendo-se em plena vigência a referida súmula. Não é, por conseguinte, a diferença dos bens jurídicos tutelados, e tampouco a disparidade de sanções cominadas, mas a razoável inserção na linha causal do crime final, com o esgotamento do dano social no último e desejado crime, que faz as condutas serem tidas como únicas (consunção) e punindo-se somente o crime último da cadeia causal, que efetivamente orientou a conduta do agente.(BITTENCOURT, in http://www.cezarbitencourt.adv.br/index.php/artigos/36-conflito-aparente- entre-a-lei-n-8-666-93-e-o-decreto-lei-n-201-67) Além dessa positivação de alguns princípios existem outros, como o da presunção de inocência que são utilizados pela administração tributária e pela fiscalização sem que ao menos se perceba. Veja-se, ao iniciar a fiscalização o agente, mesmo que plenamente convicto da existência de irregularidades cometidas pelo contribuinte não pode, simplesmente, lavrar uma autuação sem qualquer prova material. Justamente pela aplicação do princípio da presunção da inocência é que se exige e, neste ponto, este CARF é sempre rigoroso, a demonstração da infração cometida, do seu enquadramento legal e a juntada de provas de todo o alegado. Mesmo assim, ainda que muito bem constituída a autuação, o processo administrativo de constituição do crédito tributário apenas se inicia com a ciência do lançamento. O contribuinte não é nem pode ser cobrado neste momento pois, em atenção ao princípio da presunção de inocência ele só poderá ser cobrado após o esgotamento de todas as instâncias de julgamento administrativo. Demonstra-se, neste caso, que em nenhum lugar está escrito que o contribuinte não é cobrado em face da presunção de inocência, no entanto a norma que determina a suspensão da exigibilidade do crédito tributário baseou-se neste princípio para sua formação. Por isso talvez, não sendo norma escrita em nenhum lugar, às vezes princípios jurídicos que não são tão comuns, podem causar estranheza e a refração de alguns intérpretes. Com relação ao princípio da Consunção que, reconheço, não é se sabença geral em sua completude, a estranheza decorre do fato de se afastar a aplicação de Fl. 19372DF CARF MF Fl. 73 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 uma norma legal (a de aplicação de multa isolada por falta de recolhimento por estimativa) em razão de um princípio não escrito. Mas o princípio da Consunção funciona exatamente desta forma. Quando existem condutas praticadas pelos particulares que se amoldem a mais de uma infração, há de se aplicar a pena relativa à maior infração capitulada e deixar de aplicar a pena da menor infração até o limite daquela. Vejamos um exemplo prático do direito penal. O sujeito que pratica lesões corporais graves em outrem que é levado para o hospital e depois vem a óbito. Neste agir o sujeito está agindo da forma capitulada em dois tipos penais: o de lesão corporal grave e o de homicídio. O de lesão tem uma pena menor e o de homicídio tem uma penar maior, mas veja que a mesma ação deu azo à tipificação de dois crimes. Pela aplicação do princípio da Consunção o sujeito, sendo provada sua culpa, cumprirá a pena exclusivamente pelo crime de homicídio (que é o mais amplo e absorve o menos amplo) e não receberá a pena cumulada de lesão corporal e homicídio. É aplicação direta do princípio. No direito tributário, havendo a mesma ratio, há de haver a mesma conclusão. Não é o fato de o princípio ser afeito ao direito penal que o torna inaplicável ao direito tributário. Veja-se que o próprio Superior Tribunal de Justiça, em sede de análise de Recurso Especial já se manifestou pela possibilidade de aplicação do princípio ao direito tributário em relação ao mesmo problema. 1.1.1.1 Processo AgRg no REsp 1576289 / RS AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - 2015/0325937-8 1.1.1.2 Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) 1.1.1.3 Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA 1.1.1.4 Data do Julgamento 19/04/2016 1.1.1.5 Data da Publicação/Fonte DJe 27/05/2016 Fl. 19373DF CARF MF Fl. 74 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 1.1.1.6 Ementa TRIBUTÁRIO. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. ART. 44, I E II, DA LEI 9.430/1996 (REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.488/2007). EXIGÊNCIA CONCOMITANTE. IMPOSSIBILIDADE NO CASO. PRECEDENTES. 1. A Segunda Turma do STJ tem posição firmada pela impossibilidade de aplicação concomitante das multas isolada e de ofício previstas nos incisos I e II do art. 44 da Lei 9.430/1996 (AgRg no REsp 1.499.389/PB, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/9/2015; REsp 1.496.354/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 24/3/2015). 2. Agravo Regimental não provido. 1.1.1.7 Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justiça: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo interno, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." 1.1.1.8 Processo REsp 1496354 / PR RECURSO ESPECIAL 2014/0296729-7 1.1.1.9 Relator(a) Ministro HUMBERTO MARTINS (1130) 1.1.1.10 Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA 1.1.1.11 Data do Julgamento 17/03/2015 1.1.1.12 Data da Publicação/Fonte DJe 24/03/2015 1.1.1.13 Ementa PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA DA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. MULTA ISOLADA E DE OFÍCIO. ART. 44 DA LEI N. 9.430/96 (REDAÇÃO DADA Fl. 19374DF CARF MF Fl. 75 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 PELA LEI N. 11.488/07). EXIGÊNCIA CONCOMITANTE. IMPOSSIBILIDADE NO CASO. 1. Recurso especial em que se discute a possibilidade de cumulação das multas dos incisos I e II do art. 44 da Lei n. 9.430/96 no caso de ausência do recolhimento do tributo. 2. Alegação genérica de violação do art. 535 do CPC. Incidência da Súmula 284 do Supremo Tribunal Federal. 3. A multa de ofício do inciso I do art. 44 da Lei n. 9.430/96 aplica-se aos casos de "totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata". 4. A multa na forma do inciso II é cobrada isoladamente sobre o valor do pagamento mensal: "a) na forma do art. 8° da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) e b) na forma do art. 2° desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano-calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei n. 11.488, de 2007)". 5. As multas isoladas limitam-se aos casos em que não possam ser exigidas concomitantemente com o valor total do tributo devido. 6. No caso, a exigência isolada da multa (inciso II) é absorvida pela multa de ofício (inciso I). A infração mais grave absorve aquelas de menor gravidade. Princípio da consunção. Recurso especial improvido. 1.1.1.14 Acórdão "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Og Fernandes, Mauro Campbell Marques (Presidente) e Assusete Magalhães votaram com o Sr. Ministro Relator. Fl. 19375DF CARF MF Fl. 76 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Os princípios não são de um direito ou de outro, são princípios de direito como um todo. Por questões de usualidade estuda-se mais em um determinado ramo, mas estes não deixam de poder ser aplicados a qualquer ramo do direito, senão, repisemos, cometeríamos a heresia de quebrar um princípio de direito ao negar- lhe aplicação. Quanto à isto existe norma posta? por óbvio que não, no entanto, é norma implícita que deve ser atendida pelos operadores do direito. Assim, com relação à aplicação do Princípio da Consunção na análise da aplicação cumulativa das multas isolada e de ofício entendo da seguinte forma: 1. O sujeito passivo deixou de cumprir uma norma jurídica que determinava o recolhimento mensal da CSLL devida por estimativa, como forma de antecipação da CSLL devida ao final do ano-calendário; 2. Em seguida, encerrado o exercício, o contribuinte não apura nem recolhe a CSLL devida na sistemática adotada de apuração anual da contribuição. 3. Chegada a fiscalização verifica as duas ações diversas que são, em síntese, o não pagamento de tributo. O primeiro de forma antecipada e o segundo de forma integral ao final do exercício. Assim, verificando duas ações, aplica duas sanções, uma de 50% pelo não recolhimento da estimativa e outra de 75% pelo não recolhimento da contribuição anual apurada. Ora a aplicação do Princípio da Consunção decorre do fato de que a primeira conduta é parte integrante da segunda conduta. Não existe um tributo denominado CSLL por estimativa e outro tributo denominado CSLL da apuração anual. O que se recolhe por estimativa são pedaços da CSLL que, por conveniência da administração tributária tem de ser recolhidas de forma antecipada, mesmo sem haver o conhecimento do lucro tributável. Veja-se, se a fiscalização chega ao contribuinte durante o exercício e aí aplica a multa isolada pelo não recolhimento da estimativa devida é um fato. Se a fiscalização chega ao contribuinte após o encerramento do exercício não pode nem mesmo lançar a estimativa devida, mas apenas o tributo devido ao final do exercício, como poderia então lançar a multa isolada pelo não recolhimento de partes deste tributo, quando a empresa já está sendo penalizada com a multa de 75% incidente sobre todo o imposto devido. O ato que está sendo punido pela fiscalização é um só. O de não recolher o tributo devido. Por isso, nos casos em que o valor lançado relativamente à multa de ofício excede o valor lançado em relação à multa isolada pela falta de recolhimento das estimativas a multa mais grave absorve a multa menos grave a, assim, aplica-se a consunção. Por isso, na aplicação da consunção não há de se falar simplesmente em exoneração da multa isolada. Em verdade o que se diz e como demonstram os diversos julgados desta mesma turma, a consunção da exclusão da multa Fl. 19376DF CARF MF Fl. 77 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 isolada só ocorre integralmente nos casos em que a multa de ofício aplicada lhe é superior. Assim, nos casos em que a multa isolada é superior ao valor da multa de ofício, a exoneração é parcial e limitada ao montante da multa de ofício, devendo nestas hipóteses ser mantida a punição isolada em relação ao montante que superou a multa de ofício. Parece estranho, mas não é. Como a estimativa é uma antecipação do imposto, ocorrem casos em que, na apuração anual a empresa verifica a existência de exclusões do lucro real que não são utilizadas no cálculo das estimativas e, assim, o tributo apurado ao final do exercício termina por ser inferior à soma dos tributos devidos por estimativas. Nestes casos a consunção se aplica parcialmente e mantém-se a parcela da multa de 50% que superou o montante da multa de ofício. Acrescente-se a tudo isso que a novel interpretação instituída por meio do Parecer Normativo nº 02, de 03 de dezembro de 2018, analisando o tema relativo às estimativas e o valor do tributo devido, conclui que: Síntese conclusiva 13.De todo o exposto, conclui-se: a) os valores apurados mensalmente por estimativa podiam ser quitados por Dcomp até 30 de maio de 2018, data que entrou em vigor a Lei nº 13.670, de 2018, que passou a vedar a compensação de débitos tributários concernentes a estimativas; b) os valores apurados por estimativa constituem mera antecipação do IRPJ e da CSLL, cujos fatos jurídicos tributários se efetivam em 31 de dezembro do respectivo ano-calendário; não é passível de cobrança a estimativa tampouco sua inscrição em DAU antes desta data; c) no caso de Dcomp não declarada, deve-se efetuar o lançamento da multa por estimativa não paga; os valores dessas estimativas devem ser glosados; não há como cobrar o valor correspondente a essas estimativas, e este tampouco pode compor o saldo negativo de IRPJ ou a base de cálculo negativa da CSLL. d) no caso de Dcomp não homologada, se o despacho decisório que não homologou a compensação for prolatado antes de 31 de dezembro, e não foi objeto de manifestação de inconformidade, não há formação do crédito tributário nem a sua extinção; não há como cobrar o valor não homologado na Dcomp, e este tampouco pode compor o saldo negativo de IRPJ ou a base de cálculo negativa da CSLL; Fl. 19377DF CARF MF Fl. 78 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 e) no caso de Dcomp não homologada, se o despacho decisório for prolatado após 31 de dezembro do ano-calendário, ou até esta data e for objeto de manifestação de inconformidade pendente de julgamento, então o crédito tributário continua extinto e está com a exigibilidade suspensa (§ 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996), pois ocorrem três situações jurídicas concomitantes quando da ocorrência do fato jurídico tributário: (i) o valor confessado a título de estimativas deixa de ser mera antecipação e passa a ser crédito tributário constituído pela apuração em 31/12; (ii) a confissão em DCTF/Dcomp constitui o crédito tributário; (iii) o crédito tributário está extinto via compensação; não é necessário glosar o valor confessado, caso o tributo devido seja maior que os valores das estimativas, devendo ser as então estimativas cobradas como tributo devido; f) se o valor objeto de Dcomp não homologada integrar saldo negativo de IRPJ ou a base negativa da CSLL, o direito creditório destes decorrentes deve ser deferido, pois em 31 de dezembro o débito tributário referente à estimativa restou constituído pela confissão e será objeto de cobrança; g) a SCI Cosit nº 18, de 2006, deve ser lida de acordo com o Parecer PGFN/CAT/Nº 88/2014, motivo pelo qual ratifica-se o disposto nos seus itens 12, 12.1, 12.1.1, 12.1.3 e 12.1.4 e 13 a 13.3, revogando-se o seu item 12.1.2. A interpretação, assim estabelecida, reforça o entendimento deste relator de que o recolhimento por estimativa é parte constante do débito apurado de IRPJ ou CSLL anual, assim o tratamento relativo à falta de pagamento das estimativas e do tributo devido ao final do exercício deve ser analisado em conjunto e não como se tratando de normas independentes e que tem de ter aplicação indistinta sem qualquer moderação. Assim, reforçado com o parecer acima, e com base na utilização dos princípios do direito penal já tratados acima, entendo perfeitamente aplicável o princípio da consunção aos casos de aplicação concomitante de multa isolada com multa de ofício pela falta de recolhimento do tributo. No presente caso, percebe-se que o valor da multa de ofício lançada superou em muito o valor da multa isolada, assim, aplicando-se o princípio da consunção a multa isolada será integralmente absorvida pela multa de ofício, sendo integralmente exonerada. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto – Redator Designado Fl. 19378DF CARF MF Fl. 79 do Acórdão n.º 1401-003.495 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15983.720259/2017-88 Fl. 19379DF CARF MF
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Numero do processo: 13609.720191/2015-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano-calendário: 2010
OMISSÃO. PEDIDO DE PERÍCIA. NÃO APRECIAÇÃO. ACOLHIMENTO DEVIDO
Verificado que houve pedido de perícia na impugnação e reapresentado no recurso voluntário, cumpre ao Carf a análise específica a respeito. Não contemplando o acórdão tal apreciação, cumpre acolher os embargos de declaração para afastar tal omissão.
CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO DE PERÍCIA. REALIZAÇÃO INVIÁVEL. CONTABILIDADE INEXISTENTE
A falta de registros contábeis referentes aos recursos informados como pertencentes a terceiros, inviabiliza a perícia, pois não poderá alterar a situação fática encontrada, tampouco modificar o entendimento da autoridade julgadora, no que tange à não comprovação da origem dos valores creditados em contas bancárias pertencentes à titularidade da reclamante.
Numero da decisão: 1302-003.620
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e acolhê-los, sem efeitos infringentes, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Rogério Aparecido Gil - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: ROGERIO APARECIDO GIL
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2010 OMISSÃO. PEDIDO DE PERÍCIA. NÃO APRECIAÇÃO. ACOLHIMENTO DEVIDO Verificado que houve pedido de perícia na impugnação e reapresentado no recurso voluntário, cumpre ao Carf a análise específica a respeito. Não contemplando o acórdão tal apreciação, cumpre acolher os embargos de declaração para afastar tal omissão. CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO DE PERÍCIA. REALIZAÇÃO INVIÁVEL. CONTABILIDADE INEXISTENTE A falta de registros contábeis referentes aos recursos informados como pertencentes a terceiros, inviabiliza a perícia, pois não poderá alterar a situação fática encontrada, tampouco modificar o entendimento da autoridade julgadora, no que tange à não comprovação da origem dos valores creditados em contas bancárias pertencentes à titularidade da reclamante. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e acolhê-los, sem efeitos infringentes, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 9. 72 01 91 /2 01 5- 17 Fl. 3653DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 1302-003.620 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13609.720191/2015-17 Relatório Trata-se de embargos de declaração oposto pela contribuinte, face ao acórdão nº 1302-002.765, de 12/04/2018, em que alega contradição e omissão. O acórdão embargado manteve as conclusões da DRJ, considerando-se como receitas os valores referentes a cheques de terceiros depositados em contas bancárias de titularidade da embargante (extratos, fls. 11/226). Sustentou-se que os cheques eram recebidos de caminhoneiros para pagamento de combustíveis e que a embargante devolvia "troco" aos portadores. Nesse sentido, os valores depositados em contas bancárias não eram totalmente receitas da embargante. Prestou-se informações e juntou-se documentos, julgados insuficientes para demonstrar de forma inequívoca as suas argumentações a respeito. Em embargos de declaração, a contribuinte sustenta que no acórdão haveria contradição e omissão. Contradição pelo fato de o voto analisar as informações e documentos nos autos e chegar à mesma conclusão da DRJ. E omissão, pelo fato de o voto não registrar, precisamente, conclusão sobre o pedido de perícia da embargante. Nos termos do despacho de admissibilidade (fls. 3646/3651), rejeitou-se a alegação de contradição. Assim, admitiram-se os embargos de declaração somente em relação à alegação de que estaria caracterizada omissão no acórdão, no que diz respeito à apreciação do pedido de perícia, com o objetivo de apurar quais os valores deveriam ser considerados como receita e não o total dos cheques depositados em contas bancárias da embargante. Sobre esse ponto, o acórdão embargado registrou que para apreciar o pedido de perícia era necessário analisar matérias e documentos que se entrelaçavam com as questões de mérito. Todavia, ao final do voto, ao serem mantidas as conclusões da DRJ, faltou consignar o indeferimento do pedido de perícia e as razões para tal negativa. É o relatório. Voto Conselheiro Rogério Aparecido Gil - Relator Os embargos de declaração são tempestivos e foram parcialmente admitidos, conforme despacho de fls. 3646/3651. Portanto, conheço dos embargos. Na forma relatada, as alegações relativas à contradição foram rejeitadas em definitivo. Quanto à alegada omissão relativa ao pedido de perícia, apresentamos o quanto segue. Fl. 3654DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 1302-003.620 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13609.720191/2015-17 Por ocasião do recurso voluntário, a embargante, no bojo de sua preliminar de cerceamento de defesa, requereu a realização de perícia. Sustentou que o cerceamento de defesa estaria caracterizado pela falta de aprofundamento do agente fiscal, na análise dos documentos e informações apresentados durante os procedimentos de fiscalização. Assim, a perícia seria necessária para assegurar à embargante o seu direito à ampla defesa. Sobre esse ponto específico, o acórdão embargado assim registrou: Mérito A questão, portanto, reside em verificar se deve ou não permanecer o entendimento de que, os valores depositados nas contas bancárias da recorrente, totalizados por mês, no ano calendário 2010, conforme quadro abaixo, constituem receitas da recorrente; se está ou não comprovado que tais valores, abatendo-se as quantias relativas à aquisição dos produtos comercializados pela recorrentes (combustíveis etc.), foram efetivamente devolvidos aos portadores dos respectivos cheques emitidos por empresas siderúrgicas. Nessa linha de raciocínio, vejamos quais foram as conclusões a que chegou a fiscalização e a DRJ, no que diz respeito às informações e documentos apresentados pela recorrente: ...os documentos juntados com a finalidade de demonstrar o recebimento do "troco" não reúne força para tanto, porque, embora contenham dados da instituição financeira, o valor, a data e a assinatura de um funcionário da Recorrente, não ostenta a assinatura do recebedor do numerário. ...quanto ao esclarecimento de que cada lançamento a crédito encontrado nos extratos bancários engloba diversos cheques creditados, necessário seria, para fazer valer esta colocação, a apresentação de demonstrativo individualizando os lançamentos, os beneficiários, os valores do abastecimento, os respectivos cupons fiscais e os valores do "troco". Tudo isso de forma contextualizada, sistemática, racional e de fácil leitura. Verifica-se, portanto, que a fiscalização concluiu que: (i) não há prova inequívoca de que o alegado "troco" teria sido realmente entregue ao portador do cheque (nominal ou não) emitido por empresas siderúrgicas; (ii) não há prova de que o portador tenha realmente abastecido ou adquirido algum produto comercializado no posto de combustíveis (recorrente); (iii) não há prova de que realmente o portador do cheque tenha mantido qualquer relação comercial com a empresa emitente do cheque, em virtude da qual fizesse jus ao recebimento do valor representado por cheques; (iv) não foi Fl. 3655DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 1302-003.620 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13609.720191/2015-17 demonstrado qual, efetivamente, era a relação jurídica existente entre a recorrente e as empresas emitentes dos cheques, a ponto de aceitar "vales" para serem restituídos em dinheiro, posteriormente, ou mesmo receber cheques em valores representativos, sem qualquer garantia de que seriam honrados. Em sequência, o acórdão embargado registra os fundamentos que adota como razões de decidir e conclui por negar provimento ao recurso voluntário sem, contudo, manifestar- se especificamente sobre o pedido de perícia em questão. Sendo assim, cumpre suprir a omissão. Come segue. À vista de tais constatações da fiscalização, entendo que não há nos autos documentos e informações que possam ser considerados como hábeis e idôneos para embasar perícia, capaz de demonstrar fatos e valores não condizentes com os apurados pela fiscalização. Nessa linha, adoto as seguintes razões da DRJ: Requereu a interessada que, na hipótese de a presente impugnação ser reputada insuficiente para comprovar a origem dos depósitos relacionados pela autoridade fiscal, este órgão julgador defira a produção de prova pericial com a finalidade específica de atestar que os valores depositados nas instituições financeiras originaram-se da Conta Caixa da empresa. Ocorre que, como suficientemente esclarecido neste ato administrativo, o sujeito passivo deixou de efetuar registros contábeis distintos para a parcela dos cheques que são referentes à sua atividade operacional, a venda de combustíveis, e para a parcela relacionada com o "troco" dos cheques, cujo valor é devolvido aos caminhoneiros, na versão que foi apresentada pela interessada, de forma que a perícia ou diligência proposta não tem como alterar a decisão ora adotada, qual seja, a incontestável ausência de contabilização da operação de "troco às avessas" que foi aventada pela impugnante, o que subsume a situação ao determinado pelo art. 18 do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), fundamento com base no qual indefiro o pedido de perícia propugnado, em face de sua prescindibilidade. Pelo exposto, voto por acolher os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para suprir a omissão alegada, conforme acima. (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Fl. 3656DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 1302-003.620 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13609.720191/2015-17 Fl. 3657DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.920326/2012-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Data do fato gerador: 13/08/2004
INCLUSÃO DO ICMS E DO ISS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE.
O ICMS e o ISS não compõem a base de cálculo do PIS/COFINS, conforme pacificado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 574.706, aplicável analogamente ao presente caso.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO
O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. A juntada dos documentos deve observar a regra prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto 70.235/72.
Numero da decisão: 3302-007.125
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato de Deus e Denise Madalena Green.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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IMPOSSIBILIDADE. O ICMS e o ISS não compõem a base de cálculo do PIS/COFINS, conforme pacificado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 574.706, aplicável analogamente ao presente caso. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. A juntada dos documentos deve observar a regra prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto 70.235/72. Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato de Deus e Denise Madalena Green. Relatório Trata o presente processo de manifestação de inconformidade apresentada em face do despacho decisório proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Curitiba, que indeferiu a restituição solicitada por meio de Pedido de Restituição Eletrônico - PER. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 92 03 26 /2 01 2- 64 Fl. 76DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3302-007.125 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920326/2012-64 Dito pedido foi indeferido, após análise eletrônica pelo sistema de processamento da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Em despacho decisório assinado pelo titular da unidade, apontou-se, como causa do indeferimento do pedido de restituição, o fato de que, embora localizado o pagamento indicado no PER como origem do crédito, o valor correspondente teria sido totalmente utilizado em outra declaração de compensação ou na extinção de outro débito. Devidamente cientificada, a contribuinte interpôs Manifestação de Inconformidade, em que relata que o pedido de restituição refere-se a créditos decorrentes de pagamentos a maior de PIS e/ou Cofins em razão da inclusão do ISS na base de cálculo dessas contribuições. Ao defender a legalidade do crédito pleiteado, argumenta que, de acordo com as Leis instituidoras da contribuição para o PIS e da Cofins, bem como o art. 195 da Constituição Federal vigente, caberia à Receita Federal “reconhecer como base de cálculo para o PIS e a COFINS a receita ou o faturamento, não possuindo autorização para incluir em sua base o valor pago a título de ISS, visto que tal valor constitui ônus fiscal e não-faturamento. O valor do ISS está embutido no preço dos serviços prestados. Portanto, tal valor constitui ônus fiscal e não-faturamento.” Aduz que a base de cálculo não pode extravasar, sob o ângulo do faturamento, o valor do negócio, ou seja, a parcela recebida com a operação mercantil ou similar. Invoca o art. 110 do Código Tributário Nacional, alegando que “há que se atentar, também, para o princípio da razoabilidade, pressupondo-se que o texto constitucional se mostre fiel, no emprego dos institutos, de expressões e vocábulos, ao sentido próprio que eles possuem, não merecendo outras interpretações. Argumenta que os contribuintes do PIS e da Cofins não faturam ISS, porque tal imposto não é receita da empresa, mas um desembolso que beneficia o Município, o qual detém a competência para cobrá-lo. Por seu turno, a DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, por entender que: (i) o ISS compõe a base de cálculo do PIS/Cofins, inexistindo previsão legal para sua exclusão; e (ii) inexistiriam nos autos prova da origem do crédito apurado pela recorrente. Regularmente cientificada da decisão, a recorrente interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese que o ISS não compõe a base de cálculo do PIS/Cofins, conforme já decidido no RE 574.706 que trata do ICMS, aplicável ao caso sob análise. Juntou documentos para respaldar suas pretensões. É o relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3302- 007.101, de 22 de maio de 2019, proferido no julgamento do processo 10980.920300/2012-16, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 77DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3302-007.125 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920326/2012-64 Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3302-007.101): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Conforme exposto anteriormente, a Recorrente apresentou o PER/DCOMP nº 24161.20960.061108.1.2.04-0381 para compensar seu débito com crédito de COFINS. O crédito apurada pela Recorrente foi indeferido e sua declaração de compensação foi considerada "não homologado", considerando que o crédito já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte. Irresignada com a decisão, Recorrente apresentou manifestação de inconformidade, alegando que o crédito tem origem no recolhimento indevido da COFINS incidente sobre o ISS. Não juntou documentos na manifestação de inconformidade para comprovar seu direito. A decisão recorrida, por sua vez, afastou as pretensões da Recorrente, por entender (i) que o ISS compõe a base de cálculo da COFINS e (ii) inexistir nos autos prova da origem do crédito apurado pela Recorrente. Já em sede recursal, a Recorrente traz argumentos mais robustos sobre o direito ao crédito, bem como sobre o erro na base de cálculo da contribuição apurada, acompanhado de documentos para embasar suas pretensões. Pois bem. A controvérsia está em determinar se é devida a inclusão do ISS na base de cálculo do PIS e da COFINS. A matéria já foi pacificada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 574.706, o qual, por maioria e nos termos do voto da Relatora, ao apreciar o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: “O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins”. A questão, portanto, encontra-se pacificada, de modo que não cabe mais discussão a esse respeito. Tal entendimento, baseado no fato de o ICMS não compor o faturamento, base de cálculo das contribuições, também pode ser aplicado ao ISS, eis que este também não a integra, o que garante a segurança jurídica em relação ao tema. A aplicação da decisão proferida do RE nº 574.706 ao presente caso, foi alvo de decisão proferida no RE 592.616, onde restou decidido por sobrestar o feito até julgamento daquele RE. Neste eito, entendo que razão assiste à Recorrente. Contudo, entendo que os documentos carreados autos pela Recorrente, ainda que se prestem à comprovar seu pretenso direito, não devem ser considerados para julgamento do presente processo, considerando a preclusão prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72, que assim preceitua: Art. 16. A impugnação mencionará: I - a autoridade julgadora a quem é dirigida; II - a qualificação do impugnante; III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 78DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 Fl. 4 do Acórdão n.º 3302-007.125 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920326/2012-64 V - se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerar-se-á não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Com efeito, os documentos carreados no recurso deveriam ter sido trazidos em sede de manifestação de inconformidade, admitindo, no caso de negativa por parte da DRJ, a juntada complementar de documentos para contrapor as razões da decisão recorrida. No presente caso, a Recorrente não trouxe nenhum documento em sua manifestação para comprovar seu direito, sendo, totalmente, inadmissível o fazer nessa faze processual, em razão da preclusão prevista no §4º daquele dispositivo. Diante do exposto, nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário do contribuinte. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator Fl. 79DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm#art113 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii
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Numero do processo: 10920.723734/2015-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-002.023
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso Voluntário em diligência. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10920.723601/2015-51, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Presidente Substituto e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisário, Laércio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente Substituto). Ausente, justificadamente, o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10920.723601/201551, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Presidente Substituto e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisário, Laércio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente Substituto). Ausente, justificadamente, o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Relatório Tratase de Pedido de Ressarcimento de créditos de contribuição não cumulativa, que não restou integralmente reconhecido. A análise do crédito se deu a partir da análise da documentação e das informações apresentadas pelo Contribuinte para comprovação do direito aos créditos pleiteados em confronto com os dados nas bases da RFB, SPED Fiscal e SPED Contribuições. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 20 .7 23 73 4/ 20 15 -2 7 Fl. 1835DF CARF MF Processo nº 10920.723734/201527 Resolução nº 3201002.023 S3C2T1 Fl. 3 2 A fiscalização realizou diversas glosas, por entender que derivavam de valores que não se geravam direito ao crédito pleiteado, consoante despacho decisório acostado aos autos. A recorrente apresentou manifestação de inconformidade que restou julgada improcedente pelo colegiado a quo. O Recurso Voluntário da Recorrente foi interposto de forma hábil e tempestiva, contendo, em breve síntese, os seguintes argumentos: II – Dos Fatos A Recorrente informa que a fiscalização glosou os créditos de (i) bens utilizados como insumos; (ii) serviços utilizados como insumos; (iii) energia elétrica/Térmica; (iv) despesas com alugueis, máquinas e equipamentos; (v) armazenagem e frete na operação de venda; (vi) importação – serviços utilizados como insumos e (vii) crédito presumido da agroindústria, todos oriundos do seu Pedido de Ressarcimento e Declaração de Compensação. III – Preliminar a) Da indispensável conversão do julgamento em diligência A Recorrente alega ausência de motivação do ato fiscal para as glosas dos créditos cujo ressarcimento foi requerido por meio de PER/DCOMP. Sustenta que os itens de créditos glosados são considerados insumos, e assim são classificados em vista do entendimento adotado ao termo e já pacificado no âmbito desse Tribunal Administrativo. Ademais alega que a glosa foi realizada sem a devida motivação. Como reforço ao argumento, cita doutrina, jurisprudência e faz menção ao princípio da verdade material. Ao final desse ponto, a Recorrente conclui quanto a necessidade de conversão do julgamento em diligência, a fim de confirmar a relação dos itens glosados com o processo produtivo da Recorrente. IV – Do Direito a) Do crédito de PIS/COFINS – Princípio da nãocumulatividade – Conceito de Insumos A Recorrente afirma que o conceito de insumos utilizado pela fiscalização está superado. Assim, o entendimento das Instruções Normativas nº 247/2002 (PIS) e nº 404/2004 (COFINS) não mais subsiste. Nessa linha, afirma que as Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03 admitem a não cumulatividade das parcelas de PIS/COFINS, como forma primordial de promover a redução da carga tributária buscando a desoneração pelo pagamento destas contribuições. Reforça o argumento com jurisprudência da CSRF deste CARF. Sustenta que na lógica atual devese analisar o conceito de insumo sob a ótica da essencialidade/necessidade. Cita trecho do REsp nº 1.221.170, proferido em 23/09/2015. Colaciona doutrina. b) Das glosas efetuadas pela fiscalização Fl. 1836DF CARF MF Processo nº 10920.723734/201527 Resolução nº 3201002.023 S3C2T1 Fl. 4 3 A Recorrente relaciona as glosas efetuadas pela fiscalização, a saber: (i) Bens utilizados como insumos: entradas de bens não enquadrados como insumos, dentre eles: aquisição de pneus; produtos para tratamento de efluentes; materiais de embalagem; despesas com serviços de frete entre filiais, despesas com serviços tomados de pessoa física, aquisições de combustíveis; (ii) Serviços utilizados como insumos – entradas se serviços não enquadrados como insumos; (iii) Crédito extemporâneo; (iv) Crédito Presumido Agroindústria. Em seguida aborda cada uma das glosas. b.1) Dos bens utilizados como insumos A Recorrente elenca bens que teriam sido glosados, dentre os quais: b.1.1) pneus; b.1.2) produtos para tratamento de efluentes; b.1.3) lonas, pallets; b.1.4) frete entre filiais; b.1.5) fretes na aquisição de produtos de pessoa física; e b.1.6) óleo diesel (combustível). Em sua defesa, para reverter as glosas cita extensa jurisprudência do CARF. c) Do Crédito Extemporâneo A Recorrente contesta a glosa dos créditos extemporâneos. Nesse ponto alega que a apuração dos créditos da contribuição em voga toma por base as despesas ocorridas no mês de apuração, conforme indicam os incisos I a IV do § 1º do art. 3º da Lei nº 10.833/03. Faz referência a orientação prevista no § 4º do art. 3º da Lei nº 10.833/03. Cita o Ato Declaratório Executivo COFIS nº 34/2010. Alega que fez a utilização dos créditos tidos por extemporâneos dentro do prazo estabelecido no art. 1º do Decreto nº 20.910/32. Faz referência ao Acórdão nº 3403002.420. Defende que não haveria necessidade de prévia retificação do DACON por parte do contribuinte. d) Serviços Utilizados como Insumos A Recorrente deseja afastar a alegação fazendária quanto a preclusão atinente a supostas glosas não contestadas. Discorre sobre os créditos relativos a: d.1) manutenção predial/veicular Quanto ao item manutenção, temse que correspondem a reparos necessários em veículos utilizados nos transportes de produção e transportes comerciais, conforme já devidamente esclarecido e descrito no item “pneus” anteriormente exposto. No mesmo sentido, a Manifestante também se utiliza de manutenções preventivas na estrutura da empresa, para conservação desta estrutura predial específica da produção. Fl. 1837DF CARF MF Processo nº 10920.723734/201527 Resolução nº 3201002.023 S3C2T1 Fl. 5 4 d.2) Cursos Mesmo entendimento se aplicam aos cursos, posto que relacionado a qualificação dos funcionários do setor da produção, que aplicam o conhecimento adquirido na execução dos trabalhos produtivos, tal como: habilitação para exercer a atividade de Operador de Empilhadeira, Operador de Caldeira, etc d.3) Despesas de importação frete/despachante Dito isso, cabe ainda à Recorrente demonstrar seu inconformismo quanto às glosas efetuadas pela Autoridade Pública no que tange às despesas oriundas de fretes de importação de matériaprima, bem como de despesas com desembaraço aduaneiro destas mercadorias do Porto até o efetivo internamento no estabelecimento da empresa. d.4) Energia elétrica e térmica Relata o Termo de Informação Fiscal a glosa parcial de créditos apurados pela Recorrente sobre despesas relacionadas à aquisição de energia elétrica, na medida em que tais valores não refletiriam a energia elétrica efetivamente consumida, mas sim valores relativos à Cosit, juros e multas. Tal entendimento não merece prosperar, na medida em que tais valores integram, de maneira indissociável, o custo de aquisição da energia elétrica, não sendo possível se cogitar da impossibilidade de apuração do crédito correspondente sobre a totalidade do valor pago na operação. A cobrança da taxa de iluminação pública, assim como a aquisição de energia elétrica por meio de demanda contratada em tensão previamente estabelecida, serve de valioso exemplo para a análise da medida em questão, uma vez que tais despesas não podem ser dissociadas da fatura corresponde à remuneração paga pela energia elétrica efetivamente consumida. d.5) demais glosas No mesmo item referente aos “Serviços utilizados como insumos”, a Autoridade Pública informa outras glosas, quais sejam, de comissões de compras/vendas, mãodeobra temporária, dentre outros. Por consequência, a sua manutenção no acórdão recorrido também se operou devido ao conceito aplicado a termo insumo. e) Crédito Presumido Agroindústria A Recorrente alega que a fiscalização glosou de forma equivocada as aquisições referentes à emissão fora dos períodos em análise/apuração. V – Da Ausência de preclusão no Processo Administrativo Fiscal | Princípio da Verdade Material Fl. 1838DF CARF MF Processo nº 10920.723734/201527 Resolução nº 3201002.023 S3C2T1 Fl. 6 5 A Recorrente argumenta quanto a ausência de preclusão no Processo Administrativo Fiscal e sobre o princípio da verdade material. VI – Da Atualização Monetária/Incidência da SELIC A Recorrente alega que quando do ressarcimento dos créditos faz jus aos acréscimos de correção monetária e juros correspondentes, sob pena de constituir evidente enriquecimento sem causa da Administração em prejuízo ao contribuinte. É o relatório. Voto Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201001.981, de 24 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 10920.723601/201551, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução nº 3201001.981): "O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. Em apertada síntese, a Recorrente sustenta que a fiscalização: a) glosou os créditos de PIS/COFINS sem analisar efetivamente o processo produtivo da empresa; b) aplicou o conceito restritivo de insumo para glosar créditos; c) negou a utilização de créditos extemporâneos; d) glosou indevidamente serviços utilizados como insumos; e) negou equivocadamente crédito presumido da agroindústria. De forma geral, no tocante a reversão das glosas, cabe razão a recorrente. O STJ, por meio do Recurso Especial nº 1.221.170/PR, em decisão de 22/02/2018, proferida na sistemática dos recursos repetitivos, firmou as seguintes teses em relação aos insumos para creditamento do PIS/COFINS: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. Fl. 1839DF CARF MF Processo nº 10920.723734/201527 Resolução nº 3201002.023 S3C2T1 Fl. 7 6 Assim, em vista do disposto pelo STJ no RE nº 1.221.170/PR quanto a ilegalidade das Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, bem como da jurisprudência deste CARF, a discussão seria centrada na análise dos para verificar se atendem ou não aos requisitos da essencialidade, relevância ou imprescindibilidade conforme ensinamento do superior tribunal. Entretanto, quando do início do julgamento do processo na sessão de abril de 2019, foi suscitada dúvida na parte relativa a linha 26 crédito presumido agroindústria. Nesse ponto a Recorrente alega que a fiscalização glosou de forma equivocada as aquisições referentes à emissão fora dos períodos em análise/apuração. Seriam as notas fiscais com emissão de 2007 a 2009. De um lado, a decisão de primeira instância leva a crer que o problema estaria na retificação do demonstrativo da Dacon para ter direito ao crédito. Notese que a menção de que “os créditos presumidos de agroindústria, calculados à época, foram utilizados para desconto das próprias contribuições em seus respectivos períodos” importa na medida em que demonstra que houve a apuração e o desconto deste tipo de crédito no Dacon referente à época da emissão das notas ora glosadas. Assim, se àquela época, a interessada, como alega, não as incluiu na base de cálculo do crédito presumido demonstrado no Dacon daquele período, cabia então retificar tal demonstrativo e somente então trazer o eventual crédito remanescente para desconto no Dacon ora em análise. (efl. 3379) (...) E o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon é o instrumento que a legislação estabelece como meio através do qual o contribuinte deve informar ao Fisco, entre outros dados, os montantes das receitas auferidas (tributada no mercado interno, não tributada no mercado interno e de exportação) e demonstrar a apuração do valor devido da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não cumulativas e dos créditos que entende possuir. No que se refere à base de cálculo dos créditos, o referido demonstrativo possui fichas e linhas específicas para cada hipótese legalmente prevista de geração de crédito, que devem necessariamente refletir a real composição da base de cálculo do crédito apurado, identificando corretamente os custos e despesas que a compõem, ocorridos ao longo do respectivo período de apuração; ou seja, os custos que compõem a base de cálculo de cada tipo de crédito apurado no Dacon devem estar corretamente neste informados, conforme a sua natureza, a fim de que reste perfeitamente demonstrada a origem do crédito a que o contribuinte declara ter direito, para fins de viabilizar a oportuna e necessária análise e conferência deste pela autoridade administrativa fazendária competente para deferir ou não o pleito do contribuinte, no caso, a Delegacia da Receita Federal do Brasil Fl. 1840DF CARF MF Processo nº 10920.723734/201527 Resolução nº 3201002.023 S3C2T1 Fl. 8 7 – DRF com jurisdição no domicílio fiscal do contribuinte/pleiteante. Assim é que não se pode prescindir das informações que estão declaradas no Dacon e das formalidades de que se reveste este demonstrativo/declaração. A declaração válida à época do pedido tem que ser considerada para todos os efeitos legais, visto que os fatos ali descritos devem representar de forma inequívoca o direito da contribuinte e a sua natureza, a fim possibilitar a confirmação, pela DRF, de seu valor e forma de apuração, bem como o meio possível de utilização pelo contribuinte. Em situações como esta, em que os dados utilizados pela Receita Federal para analisar a procedência do crédito e sua utilização são extraídos de registros informatizados baseados em valores declarados pelo sujeito passivo, cabe ao próprio sujeito passivo o ônus de retificar as declarações incorretas anteriormente encaminhadas. Portanto, como o crédito e a apuração deste deve estar perfeitamente demonstrada no Dacon, havendo qualquer eventual erro de declaração é ônus do contribuinte corrigilo em tempo hábil, a fim de se assegurar que a análise de seu pleito seja realizada de fato sobre o direito creditório que acredita possuir. Por conta disso, não resta dúvidas que a análise do pedido formulado (PER/DCOMP) limitase ao escopo do que consta no Dacon. E esta é a razão pela qual, ao contrário do que entende a Recorrente, a Autoridade Administrativa pode perfeitamente negar o direito ao crédito incluído no pedido, mas informado de forma diversa ou não constante deste demonstrativo, em respeito à sua função precípua, visto que se assim não fosse, ao Fisco restaria inviabilizada a correta aferição da certeza e liquidez do crédito e o controle do real aproveitamento deste pelo contribuinte. Portanto, ao não informar nos Dacon anteriores créditos remanescentes passíveis de desconto no Dacon ora em análise, a contribuinte retirou a possibilidade de análise e reconhecimento pela DRF da procedência e legitimidade de eventual crédito existente à época. (efl. 3380) Diante disso, é que não cabe à Autoridade Administrativa julgadora assentir com o desconto de créditos de períodos anteriores, não informados no respectivo Dacon, em detrimento da natureza deste demonstrativo e, sobretudo, da competência originária da DRF para analisar e decidir sobre a existência e procedência do crédito declarado pelo contribuinte ao Fisco. Salientese que não se está aqui a negar eventual direito de crédito a que a contribuinte tenha direito em relação as notas fiscais em tela, mas apenas negando que seus valores possam integrar a base de cálculo do crédito do período ora em análise. Diante disso, não há como restabelecer a presente glosa. (efl. 3381) Fl. 1841DF CARF MF Processo nº 10920.723734/201527 Resolução nº 3201002.023 S3C2T1 Fl. 9 8 De outro lado, a Recorrente alega a possibilidade de comprovação da existência dos créditos presumidos. Ou seja, comprovandose a existência dos créditos presumidos suficientes, além daqueles já utilizados inicialmente, comprovase o correto procedimento de ressarcimento efetuado pela Recorrente, devendo os mesmos serem reconhecidos e deferidos em sua integralidade. (efl. 3462) É que não se fale em retificação da DACON, pois, quando do aproveitamento destes créditos presumidos, os mesmos são tratados como extemporâneos pela Recorrente e são devidamente lançados em DACON’s dos períodos ora analisados. Ou seja, utilizou a Recorrente os créditos presumidos de 2007 a 2009 para desconto das contribuições dos períodos de 2010 a 2013, além daqueles já anteriormente utilizados como afirmado pelo fiscal, mas, não sendo os mesmos já utilizados anteriormente. (efl. 3464) Portanto, estamos falando de créditos distintos, conforme relação de notas fiscais apresentadas na manifestação anterior. Por consequência, e a fim de justificar o equívoco fiscal, apresentou a Recorrente planilha demonstrando os saldos de cada período, inclusive com as notas fiscais que originaram o crédito de 2007 a 2009 utilizados naquele período, bem como a relação das notas fiscais de aquisição de 2007 a 2009 utilizadas nos períodos de 2010 a 2013 ora questionados. Tratase de prova produzida em sede de Manifestação de Inconformidade, mas não apreciada no acórdão recorrido. (efl. 3465) Diante das colocações de ambos os lados, a turma julgadora considerou por bem converter o julgamento em diligência para verificar se realmente sobrou crédito para ser utilizado. A conversão em diligência é para apurar nas NFs e livros de entrada o valor do crédito presumido e confrontar tais valores com os créditos utilizados no próprio período e nos períodos subsequentes. A Recorrente informa que fez o controle dos créditos presumidos no livro de entrada e que produziu prova em sede de manifestação de inconformidade que não fora apreciada. O CARF possui o reiterado entendimento de ser possível a conversão do feito em diligência, com base no artigo 29, combinado com artigo 16, §§4º e 6º, do PAF– Decreto 70.235/72, com a produção de relatório conclusivo sobre o assunto. Assim, entendo que no presente processo há dúvida razoável acerca de tais créditos, justificando a conversão do feito em diligência, não sendo prudente julgar o recurso em prejuízo da Recorrente, sem que a questão levantada seja dirimida. Diante do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência à repartição de origem, para que aprecie a documentação de Fl. 1842DF CARF MF Processo nº 10920.723734/201527 Resolução nº 3201002.023 S3C2T1 Fl. 10 9 comprovação da existência dos alegados créditos, bem como, caso necessário, proceda a intimação da Recorrente para no prazo de 30 (trinta) dias, renovável uma vez por igual período, a apresentar outros documentos, porventura, ainda necessários aptos a comprovar os valores pretendidos. Ao final deve a autoridade da repartição de origem informar se há ou não o direito creditório alegado pela Recorrente. Isto posto, deve ser oportunizada à Recorrente o conhecimento dos procedimentos efetuados pela repartição fiscal, inclusive do relatório elaborado pela fiscalização, com abertura de vistas pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável uma vez por igual período, para que se manifeste, para, na sequência, retornarem os autos a este colegiado para prosseguimento do julgamento." Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência à repartição de origem, para que aprecie a documentação de comprovação da existência dos alegados créditos, bem como, caso necessário, proceda a intimação da Recorrente para no prazo de 30 (trinta) dias, renovável uma vez por igual período, a apresentar outros documentos, porventura, ainda necessários aptos a comprovar os valores pretendidos. Ao final deve a autoridade da repartição de origem informar se há ou não o direito creditório alegado pela Recorrente. Isto posto, deve ser oportunizada à Recorrente o conhecimento dos procedimentos efetuados pela repartição fiscal, inclusive do relatório elaborado pela fiscalização, com abertura de vistas pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável uma vez por igual período, para que se manifeste, para, na sequência, retornarem os autos a este colegiado para prosseguimento do julgamento (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira. . Fl. 1843DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16636.001405/2009-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004
PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.
O inconformismo diante de decisão contrária às pretensões firmadas em recurso não permite concluir pelo cerceamento de defesa, mormente quando resta assegurado à contribuinte o prosseguimento da lide, ocasião em que pode reafirmar seu pleito e, se for o caso, obter decisão que lhe é satisfatória, e também quando a referida decisão é fundamentada, pauta-se na análise do caso de acordo com a legislação e provas dos autos.
PRELIMINAR. PERÍCIA. DESNECESSIDADE.
Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia.
PIS/COFINS. SERVIÇOS PRESTADOS A PESSOA JURÍDICA NO EXTERIOR. NÃO INCIDÊNCIA. REQUISITOS. CUMPRIMENTO.
Os documentos carreados aos autos confirmam a efetiva prestação de serviços a pessoas jurídicas domiciliadas no exterior e, consequentente, o ingresso de divisas. O fato de haver um terceiro mandatário intermediando o pagamento não desconfigura o ingresso de divisas necessário para que tal pagamento chegue ao prestador brasileiro, eis que o ingresso divisas é decorrência lógica da natureza deste tipo de operação, não sendo ônus da Recorrente a apresentação de contrato cambial para a sua comprovação.
Numero da decisão: 3301-006.243
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, DAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Relator e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004 PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. O inconformismo diante de decisão contrária às pretensões firmadas em recurso não permite concluir pelo cerceamento de defesa, mormente quando resta assegurado à contribuinte o prosseguimento da lide, ocasião em que pode reafirmar seu pleito e, se for o caso, obter decisão que lhe é satisfatória, e também quando a referida decisão é fundamentada, pauta-se na análise do caso de acordo com a legislação e provas dos autos. PRELIMINAR. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. PIS/COFINS. SERVIÇOS PRESTADOS A PESSOA JURÍDICA NO EXTERIOR. NÃO INCIDÊNCIA. REQUISITOS. CUMPRIMENTO. Os documentos carreados aos autos confirmam a efetiva prestação de serviços a pessoas jurídicas domiciliadas no exterior e, consequentente, o ingresso de divisas. O fato de haver um terceiro mandatário intermediando o pagamento não desconfigura o ingresso de divisas necessário para que tal pagamento chegue ao prestador brasileiro, eis que o ingresso divisas é decorrência lógica da natureza deste tipo de operação, não sendo ônus da Recorrente a apresentação de contrato cambial para a sua comprovação.
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CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. O inconformismo diante de decisão contrária às pretensões firmadas em recurso não permite concluir pelo cerceamento de defesa, mormente quando resta assegurado à contribuinte o prosseguimento da lide, ocasião em que pode reafirmar seu pleito e, se for o caso, obter decisão que lhe é satisfatória, e também quando a referida decisão é fundamentada, pauta-se na análise do caso de acordo com a legislação e provas dos autos. PRELIMINAR. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. PIS/COFINS. SERVIÇOS PRESTADOS A PESSOA JURÍDICA NO EXTERIOR. NÃO INCIDÊNCIA. REQUISITOS. CUMPRIMENTO. Os documentos carreados aos autos confirmam a efetiva prestação de serviços a pessoas jurídicas domiciliadas no exterior e, consequentente, o ingresso de divisas. O fato de haver um terceiro mandatário intermediando o pagamento não desconfigura o ingresso de divisas necessário para que tal pagamento chegue ao prestador brasileiro, eis que o ingresso divisas é decorrência lógica da natureza deste tipo de operação, não sendo ônus da Recorrente a apresentação de contrato cambial para a sua comprovação. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, DAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira – Relator e Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 63 6. 00 14 05 /2 00 9- 75 Fl. 4772DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Cuida-se de Recurso Voluntário interposto contra o Acórdão que manteve o Despacho Decisório que negou a compensação declarada em PER/DCOMP carreada aos autos. Verifica-se inicialmente que a contribuinte supracitada solicitou restituição de Cofins para fins de compensação com débitos. O suposto direito creditório da contribuinte se fundamenta na alegação de que a prestação de serviços portuários não sofre a incidência do PIS e da Cofins sobre as receitas decorrentes destes, quando efetuados para pessoa física ou jurídica, residentes ou domiciliadas no exterior, cujo pagamento represente o ingresso de divisas, sendo que a intermediação do agente ou representante, no Brasil, de empresa estrangeira, tomadora de serviços portuários, não descaracteriza a exportação deste serviços. Tal argumentação é fundamentada no art.6º, inciso II da Lei 10.833/2003, com redação dada pela Lei 10.865/2004, e na Circular BACEN nº 3.280/2005, bem como na Solução de Consulta nº 58, de 07/04/2006, da 10ª SRRF, na qual a contribuinte é solicitante. Após análise pela DRF de origem, o pleito de restituição foi negado e, por conseguinte, as compensações realizadas pela contribuinte não foram homologadas. Foi consignado que, intimado o contribuinte para comprovação dos fatos, não restou caracterizada a prestação de serviços para pessoa situada no exterior, em relação aos fatos geradores ocorridos no período litigado, nem tampouco que os pagamentos recebidos pela interessada representam ingresso de divisas no país. Irresignada, a contribuinte apresenta manifestação de inconformidade, manejando, inicialmente, os argumentos a seguir sintetizados: __ presta serviços portuários às empresas transportadoras sediadas e domiciliadas no exterior, cujas embarcações atracam em seu porto para as operações, dentre outras, de embarque e desembarque de mercadorias, sendo que as empresas transportadoras estrangeiras a contratam, através de seus agentes, representantes no Brasil, para execução de serviços portuários; __ as transferências dos recursos do exterior e para o exterior, são disciplinadas pelo Banco Central do Brasil - BACEN, através da Circular n° 3.280, de 09 de março de 2005, sendo obrigatória a intervenção de uma agência marítima como representante da empresa de navegação estrangeira, nos termos do § 2o, art. 4o, da IN RFB N° 800, de 27 de dezembro de 2007; __ há duas hipóteses de transferência de valores entre o transportador estrangeiro e o agente marítimo no País, regulados pela Circular n° 3.280, de 09 de março de 2005: o envio de divisas do exterior para o País, abordando a questão das despesas portuárias, e o envio do País para o exterior, envolvendo o pagamento do transporte internacional e dedução das despesas portuárias. Nas duas hipóteses citadas, ao final das operações cambiais, o saldo no balanço de Fl. 4773DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 pagamentos na conta de transações correntes é o mesmo e existem contratos de câmbio, celebrados entre o transportador estrangeiro e a agência de navegação, que evidenciam as operações de prestação de serviços, considerando que a manifestante não é responsável pelo fechamento do câmbio, já que o contrato de câmbio é celebrado entre o transportador estrangeiro e a agência marítima, seu representante no Brasil; __ descreve o relacionamento do transportador estrangeiro, do agente do transportador estrangeiro, e do prestador do serviço (manifestante/contribuinte), informando que 70% (setenta por cento) de sua receita tem origem na prestação de serviços a transportadores estrangeiros, fato que pode ser confirmado através de perícia técnica a ser realizada em seu estabelecimento. No mérito, salienta que origem do crédito decorre de receitas auferidas na prestação de serviços para pessoa jurídica domiciliada no exterior, sendo isenta das contribuições de PIS e Cofins, nos termos do II, do art. 6º, da Lei nº 10.833/2003 e inciso II do art. 5º, da Lei nº 10.637/2002, na redação dada pelo art. 21 da Lei nº 10.865/2004 e ainda pela IN SRF n° 247, de 21 de novembro de 2002, devendo o valor pago indevidamente sobre as receitas mencionadas ser objeto de restituição. Para comprovar nexo causal do ingresso de divisas, faz nova juntada de alguns contratos celebrados com os transportadores estrangeiros e de amostragem das notas fiscais emitidas contra estes, aos cuidados de sua agência marítima ou de seu representante no Brasil. Afirma que a existência das agências de navegação, que seria uma terceira pessoa na relação contratual com os transportadores, não desfigura o efetivo ingresso de divisas, pois estas representam os transportadores e fazem os pagamentos e recebimentos por estes. Ainda ressalta que os contratos de câmbio celebrados entre os transportadores estrangeiros e as agências marítimas são de propriedade destas, não podendo ser exigidos da manifestante, sendo que apresenta alguns contratos de empresa do seu grupo empresarial para comprovar as relações entre a instituição financeira, o agente de navegação e o transportador estrangeiro. Sustenta que o ingresso de divisas também ficaria comprovado nos contratos formais firmados entre esta e os transportares estrangeiros, trazendo aos autos alguns exemplos. Nesta relação de atividade, seria frequente o contrato informal (solicitações por e-mail ou por telefone), que não desfiguraria a relação jurídica, sendo que poderia comprovar o relacionamento jurídico por outros instrumentos, como nota fiscal emitida contra o transportador estrangeiro ou contra seu agente/representante no Brasil, registros contábeis, ou, ainda, através de perícia técnica. Traz cópias de contratos traduzidos para o português para alicerçar sua defesa. Também afirma que os serviços administrativos e operacionais do terminal, quando executados para atender navios estrangeiros, compõem toda a atividade portuária, não podendo de forma nenhuma serem segregados uns dos outros, já que todos integram a atividade da empresa, pois sem a prestação destes serviços o atendimento ao transportador estrangeiro não ocorreria. Para reforçar sua alegação apresenta solução de consultas concluindo pela não incidência/isenção de PIS/Pasep e da Cofins sobre as receitas decorrentes de prestação de serviços a pessoas jurídicas domiciliadas ou com sede no exterior, mesmo mediante a intermediação do agente/representante do transportador estrangeiro no Brasil, haja vista a efetividade do ingresso de divisas. Por conseguinte, argumenta que estariam provados seus os crédito decorrentes da não incidência/isenção do PIS e da Cofins sobre a receita oriunda da prestação de serviços de Fl. 4774DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 operação portuária ao transportador estrangeiro, pessoa jurídica domiciliada ou com sede no exterior, cujo pagamento configura o ingresso de divisas no País, ainda que realizado mediante intermediação de agente/representante do transportador estrangeiro no Brasil. Como também estaria comprovado o crédito da contribuição relativo às despesas da manifestante com bens e serviços utilizados como insumos, aluguel de prédio locado de PJ, aluguel de máquina e equipamentos, contraprestação de arrendamento mercantil, encargos de amortização de edificações e benfeitorias e quanto ao crédito a descontar pela aquisição de bens do ativo imobilizado. Por fim, requer a conversão do julgamento em diligência a ser realizada por servidor estranho aos autos, a fim de que fique comprovado o pagamento a maior da contribuição em face dos serviços prestados aos transportadores estrangeiros, bem como seja confirmado o crédito a descontar relativo a bens do ativo imobilizado adquiridos pela contribuinte/manifestante. Por seu turno, a DRJ, por maioria de votos, rejeitou o pedido de diligência/perícia e desconheceu da Manifestação de Inconformidade no que tange a matérias que não tenham sido indeferidas no Despacho Decisório (que não constituem parte litigiosa), julgando improcedente a Manifestação de Inconformidade quanto às demais alegações. Concluiu a instância a quo que a isenção para a receita de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior é condicionada à comprovação documental das operações e do ingresso de divisas no país. Nesse sentido, é obrigação do contribuinte comprovar o alegado, nos termos do art.333, inciso II do CPC. Irresignada com a decisão, a contribuinte apresenta Recurso Voluntário em que reafirma os argumentos apresentados em sua Manifestação de Inconformidade. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3301- 006.232, de 25 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 16636.001408/2009-17, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301-006.232): O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido e apreciado. Preliminares Cerceamento de Defesa e Pedido de Perícia Segundo a Recorrente, o v. acórdão 10-48.968, proferido pela 2ª Turma da DRJ/POA aponta, mormente no voto divergente, que a análise dos documentos juntados pela Recorrente à Impugnação passou ao largo da unidade de origem, que sequer questionou Fl. 4775DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 os demonstrativos juntados ao processo, assim como a documentação carreada aos autos, afirmando categoricamente que, se caso persistissem dúvidas quanto à documentação, seria de se cogitar, inclusive, a hipótese de remessa dos autos em perícia para que a unidade de origem verificasse de maneira mais acurada a documentação pertinente às operações embasadoras do direito creditório. Portanto, o CARF, na sua função imparcial de "juízo" dos litígios tributários em segunda instância administrativa, não pode negar à análise da documentação acostada aos autos, bem como toda aquela que se encontra no estabelecimento da Recorrente, que comprova a realidade inerente às operações realizadas pela Recorrente, objetivando o reconhecimento da não incidência do PIS/Cofins na prestação de serviços portuários efetuada a armadores estrangeiros domiciliados no exterior. Consequentemente, a realização de diligência já requerida quando do oferecimento da Manifestação de Inconformidade, deve agora ser deferida para a realização de perícia técnica, e por servidor estranho aos autos, a fim de que fique comprovado o pagamento indevido do PIS e da Cofins, sob pena de cerceamento de defesa. Passo à correspondente análise. De fato, é robusta a documentação acostada aos autos pela Recorrente. Vejo que a Recorrente se esforçou para reunir a gama de documentos aqui juntados, diversos carreados, inclusive, após a apresentação de sua Manifestação de Inconformidade. No entanto, o indeferimento de pedido de conversão do julgamento em diligência/perícia, quando fundamentado, como o foi pelo órgão julgador a quo, não tem o condão de representar cerceamento de defesa, mormente quando resta assegurado à contribuinte o prosseguimento da lide, ocasião em que pode reafirmar seu pleito e, se for o caso, obter decisão que lhe é satisfatória. O inconformismo diante de uma decisão contrária às pretensões firmadas em recurso não permite concluir pelo cerceamento de defesa, e também quando a referida decisão é fundamentada, pauta-se na análise do caso de acordo com a legislação e provas dos autos. Ademais, a despeito da apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente a sua convicção, conforme determina o Decreto nº 70.235, de 1.972, ao dispor na Seção VI acerca do julgamento de primeira instância. Logo, não há que se falar em cerceamento de defesa quando o julgador a quo proferiu decisão devidamente motivada, explicitando as razões pertinentes à formação de sua livre convicção. Neste ponto, ressalto haver limites estipulados no Decreto n° 70.235, de 1972, e que devem ser observados, sobretudo para fins de apresentação a destempo de novos documentos aos autos, cabendo ao contribuinte o ônus de demonstrar as razões que ensejariam a admissibilidade da prova documental apresentada a posteriori. Contudo, a autoridade julgadora de segunda instância pode apreciar a prova acostada aos autos, sob o prisma da verdade material, e por ser destinatária dela (prova), o que, inclusive, será feito por este julgador, lembrando que, na apreciação da prova, este julgador formará livremente sua convicção. Assim, a insatisfação do contribuinte, sobre este ponto, não tem o condão de anular a decisão de primeira instância, sendo matéria atinente à interposição de recurso voluntário, a ser objeto de deliberação pelo colegiado de segunda instância. Quanto à reafirmação do pedido de perícia, entendo por sua desnecessidade, porquanto a realização de perícia se justificaria na hipótese de necessidade de apreciações técnicas, por especialistas com conhecimento específico em determinadas matérias, com o intuito de esclarecer aspectos controvertidos que não ficaram suficiente mente demonstrados pelas provas aportadas ao processo. Fl. 4776DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 Entretanto, essa não é a hipótese presente nos autos, visto que não se faz necessária a apreciação técnica de especialista para subsidiar o julgamento da lide. Portanto, estas preliminares hão de ser rechaçadas. Mérito Os autos tratam da análise do PER/DCOMP nº 07634.97230.301008.1.3.04-5435, por meio do qual a Recorrente informa crédito de pagamento indevido ou a maior cuja gênese seria o recolhimento, em 15/02/2005, para a Cofins, código de receita 5856 (Cofins não cumulativa), período de apuração 01/2005, no valor de R$ 841.704,65, do qual o valor creditória seria R$ 560.998,25. Por intermédio do Despacho Decisório nº 168, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Pelotas/RS não homologou a Declaração de Compensação, em razão da inexistência de crédito. No bojo do referido despacho, a unidade de origem salientou que a DCOMP 07634.97230.301008.1.3.04-5435 foi lastreada em crédito referente a pagamento a maior de Cofins em decorrência de retificações na DACON feitas com base no entendimento de que a contribuinte faz jus a não incidência da Cofins sobre receitas oriundas de prestação de serviços para pessoas domiciliadas ou residentes no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas. Em sua análise, porém, a unidade de origem concluiu que "não foi comprovada a prestação de serviços para pessoa situada no exterior, como também não foi comprovado que os pagamentos recebidos pelo interessado representam ingresso de divisas. Em conseqüência da falta de comprovação das condições necessárias para que o interessado faça jus a não incidência da Cofins, previstas no inciso II do art. 6º da Lei nº 10.833/2003, com redação dada pela Lei 10.865/2004, não existe base legal que ampare as retificações na DACON. Sendo assim, não foi apurado pagamento a maior de Cofins para o período". A partir de então, com a abertura de prazo para apresentação de Manifestação de Inconformidade, instaurou-se o litígio administrativo tendo como tema central a possibilidade, ou não, de a Recorrente valer-se da não incidência da Cofins sobre as receitas decorrentes de operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas. Inicialmente, faz-se necessário transcrever a norma que disciplina o assunto em debate, em sua redação original: Lei 10.833/2003 Art. 6 o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: [...] II - prestação de serviços para pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior, com pagamento em moeda conversível; Posteriormente, essa norma foi alterada pelo art. 21 da Lei 10.865/2004, que passou a produzir seus efeitos a partir de 01/05/2004, consoante art. 53 do mesmo diploma legal, com nova redação a seguir: Lei 10.833/2003 Art. 6 o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: [...] II - prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)” Da leitura da norma, extraímos a necessidade do preenchimento de dois requisitos cumulativos para a configuração da não incidência da Cofins quanto ao caso, a saber: Fl. 4777DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.865.htm#art21art6ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.865.htm#art21art6ii Fl. 7 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 a) prestação de serviços para a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior; e b) cujo pagamento represente ingresso de divisas. Na analise do presente caso, entendo que os referidos requisitos foram satisfeitos pela Recorrente. Vejamos. A Recorrente tem como objeto principal a exploração do terminal de contêineres do Porto de Rio Grande/RS, na qualidade de operador portuário. E, nessa condição, presta serviços portuários (carga, descarga etc.) a empresas transportadoras sediadas e domiciliadas no exterior, mediante contratos. Para a consecução de suas atividades e, em razão natureza inerente a essas atividades, as empresas transportadoras estrangeiras - pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, que operam linhas de transporte marítimo internacional de carga relativas a importações e exportações brasileiras - contratam a Recorrente, através de seus agentes, representantes no Brasil, para execução de serviços portuários, sendo estes os responsáveis pelo pagamento dos serviços prestados pela Recorrente mediante prestação de contas junto ao transportador estrangeiro. Essa relação de intermediação e seus conceitos são expostos pela Recorrente em seu recurso. Vale transcrevê-la: a) Transportador Estrangeiro São as empresas transportadoras estrangeiras, pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, que operam linhas de transporte marítimo internacional de cargas relativas a importações e exportações brasileiras e que contratam a Recorrente, através de seus agentes/representantes no Brasil, para a execução de serviços portuários. b) Agente do Transportador Estrangeiro (agência marítima) É o representante obrigatório no Brasil dos interesses do transportador estrangeiro, administrando os contratos de prestação de serviços em nome do seu principal. Ele recebe do exterior (câmbio tipo 03) ou utiliza receitas auferidas pelo transportador estrangeiro, transferíveis ao exterior, para fazer face aos pagamentos dos serviços contratados pelo transportador estrangeiro. Assim, a agência de navegação efetua a contratação do câmbio, conforme Carta Circular nº 3.280, de 09/05/2005, emitida pelo Banco Central do Brasil e paga aos fornecedores e efetua a prestação de contas junto ao transportador estrangeiro. c) Prestador de Serviços Ele executa as operações de embarque, descarga, movimentação e armazenagem de mercadorias destinadas ou oriundas do ou ao exterior, cumprindo o contrato firmado com o transportador estrangeiro. Também fatura tais serviços ao transportador estrangeiro aos cuidados do seu agente no Brasil e recebe os valores em reais do agente no Brasil, através dos recursos provenientes do exterior, conforme as normas emitidas pelo Banco Central do Brasil. A presença de intermediário, agente do transportador estrangeiro, na operação não descaracteriza a situação de não incidência da Cofins. Nesse sentido foi a conclusão da Solução de Consulta SRRF/08 nº 58, de 07/04/2006, exarada no Processo Administrativo nº 11050.003099/2005-45, em resposta à demanda da própria Recorrente, levando em conta sua situação particular: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ementa: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EXPORTAÇÃO. NÃO-INCIDÊNCIA. A Cofins não incide sobre as receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo Fl. 4778DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 pagamento represente ingresso de divisas. A intermediação de agente ou representante, no Brasil, de empresa estrangeira tomadora de serviços portuários, por si só, não é suficiente para descaracterizar a situação. Dispositivos Legais: Lei nº 10.833, de 2003, art. 6º, II com a redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004; Circular Bacen nº 3.280, de 2005. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ementa: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EXPORTAÇÃO. NÃO-INCIDÊNCIA. A Contribuição para o PIS/Pasep não incide sobre as receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas. A intermediação de agente ou representante, no Brasil, de empresa estrangeira tomadora de serviços portuários, por si só, não é suficiente para descaracterizar a situação. Dispositivos Legais: Lei nº 10.637, de 2002, art. 5º, II com a redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004; Circular Bacen nº 3.280, de 2005. Nos termos acima, tem-se, ainda, já com a alteração das redações das contribuições não cumulativas do PIS e da Cofins pela Lei nº 10.865/2004, a Solução de Consulta SRRF/07 nº 23, 22/03/2011, no Processo Administrativo nº 10768.007322/2010-41, cuja ementa é a seguinte: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins NÃO INCIDÊNCIA OU ISENÇÃO. Para fins de não incidência ou isenção da Cofins sobre a receita decorrente da prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, o pagamento deve necessariamente representar ingresso de divisas no País. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM FAVOR DE ARMADOR ESTRANGEIRO. REPRESENTANTE DO ARMADOR ATUANDO NO PAÍS COMO MERO MANDATÁRIO. Na hipótese de prestação de serviços, efetuada por empresa domiciliada no País, para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, a existência de terceira pessoa agindo na condição de mero mandatário da pessoa no exterior não descaracteriza a relação jurídica a que aludem o art. 6º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, e o art. 14, III, da Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, para fins de reconhecimento da não incidência ou isenção da Cofins. [...] Ainda, tem-se a Solução de Consulta Cosit nº 346, de 26 de junho de 2017, com a seguinte ementa (trecho): [...] Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins NÃO-INCIDÊNCIA. ISENÇÃO. RECEITAS DECORRENTES DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA RESIDENTE OU DOMICILIADA NO EXTERIOR. POSSIBILIDADE DE MERA INTERMEDIAÇÃO ENTRE A PRESTADORA DOS SERVIÇOS E A PESSOA RESIDENTE OU DOMICILIADA NO EXTERIOR. EFETIVIDADE DO INGRESSO DE DIVISAS. A existência de terceira pessoa, desde que agindo como mera mandatária, ou seja, cuja atuação não seja em nome próprio, mas em nome e por conta do mandante estrangeiro, entre a pessoa física ou jurídica residente, domiciliada ou com sede no exterior e a prestadora de serviços nacional, não afeta a relação jurídica negocial exigida para enquadramento nos arts. 6°, inciso II, Fl. 4779DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 da Lei n° 10.833, de 2003, e 14, inciso III, da MP 2.158-35, de 2001, para o fim de reconhecimento da não-incidência/isenção da Cofins. [...] Enfim, a Administração Tributária reconhece que a existência de terceira pessoa agindo na condição de mero mandatário da pessoa no exterior não descaracteriza a relação jurídica a que alude o art. 6º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, para fins de reconhecimento da não incidência ou isenção da Cofins. Portanto, neste ponto não há controvérsia. A controvérsia pauta-se na comprovação da efetiva prestação de serviços ao transportador estrangeiro e, consequentemente, no ingresso de divisas. A farta documentação carreada aos autos pela Recorrente, abrangendo notas fiscais de serviço, contratos com armadores estrangeiros, bem como declarações firmadas por estes, e respectivas tabelas de preços praticados, demonstram a efetividade dos serviços prestados e, por decorrência, o ingresso de divisas. Verifica-se nos documentos acostados aos autos que a Recorrente, em virtude de contrato de prestação de serviços com armadores no exterior, às fls. 798-1.277 (Manifestação de Inconformidade) e 1.904-2.157 (Recurso Voluntário), presta serviços portuários a estes e emite nota fiscal de serviços, às fls. 1.300-1.344 (Manifestação de Inconformidade) e 1.829-1.903 (Recurso Voluntário), em nome dos tomadores estrangeiros, mas aos cuidados de seus representantes/agentes marítimos, os quais atuam como intermediários nessa operação. Considero, portanto, ser incontroversa a comprovação dos serviços prestados diante de arcabouço documental que traz os detalhes da operação de prestação de serviços. No que diz respeito ao ingresso de divisas, embora a fiscalização e a DRJ tenham concluído competir à Recorrente a apresentação dos contratos cambiais para sua comprovação, entendo não ser ônus da dela a apresentação de tais documentos. Conforme mencionado anteriormente, a própria Fazenda Pública entende não descaracterizada a situação de não incidência da Cofins quando, na operação de prestação de serviço para pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior, haja representante do armador estrangeiro atuando no país como mero mandatário. Nessa situação, havendo o intermediário na operação, este é quem legalmente detém os referidos contratos, em razão da sistemática deste tipo de operação. Logo, não pode a Recorrente ser compelida a apresentar documento da qual não é proprietária e da qual sequer tem posse. Por sua vez, a norma isentiva da Cofins, Lei 10.833, de 2003, não estipulou que competiria ao prestador de serviço a comprovação do ingresso de divisas, em especial nessa situação em que há operação de intermediação. Dessa forma, sendo permitida a intermediação de mandatário do armador estrangeiro na prestação de serviço sem descaracterizar a não incidência da Cofins, a exigência dos contratos cambiais - como único instrumento de comprovação dos ingressos de divisas - a quem não os detenha acaba por impossibilitar, na prática, o uso deste benefício fiscal (não incidência legal), o que, certamente, não é a finalidade da norma isentiva. Dessa forma, compreendo que o ingresso divisas é decorrência lógica da natureza deste tipo de operação, não sendo ônus da Recorrente a apresentação de contrato cambial para a sua comprovação. A corroborar as conclusões acima, valho-me da pertinente análise do mesmo assunto e mesmo contribuinte efetuada pelo Conselheiro Walker Araújo no bojo do Processo Administrativo nº 17437.720221/2015-65, Resolução nº 3302-000.772, de 21/06/2018: O fato da Recorrente não ter apresentado cópia dos contratos de câmbio - diga- se, documentos que não pertencem è ela, logo não poderia haver exigência nesse sentido -, não pode servir único fundamento/justificativa para fiscalização Fl. 4780DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 afastar o direito do contribuinte e, desconsiderar os demais documentos hábeis à comprovar a origem dos registros contábeis. Com efeito, restou comprovado nos autos que a Recorrente firmou contratos com diversos transportadores estrangeiros (fls.1.007-1.615) para prestar serviços de embarque, descarga, movimentação e armazenagem de mercadorias em embarcações utilizadas para navegações de longo curso. Referidos transportadores estrangeiros nomeiam agentes marítimos para intermediar os negócios objeto dos contratos firmados entre as partes e, realizar os pagamentos à Recorrente pela prestação dos serviços anteriormente citados, na condição de mandatários dos transportadores estrangeiros. A Recorrente, por sua vez, emite nota fiscal de serviços (fls.1.616-2.604) em nome dos transportadores estrangeiros, mas aos cuidados de seus agentes marítimos. Tais fatos operacionais estão totalmente de acordo com o artigo 4º, da Instrução Normativa 800/2007 que, obriga aos transportes estrangeiros utilizarem agentes marítimos, senão vejamos: Art. 4o A empresa de navegação é representada no País por agência de navegação, também denominada agência marítima. § 1o Entende-se por agência de navegação a pessoa jurídica nacional que represente a empresa de navegação em um ou mais portos no País. § 2o A representação é obrigatória para o transportador estrangeiro. § 3o Um transportador poderá ser representado por mais de uma agência de navegação, a qual poderá representar mais de um transportador. Nestes termos, o argumento utilizado pela RFB no sentido de que a Recorrente não teria comprovado o ingresso de divisa no país por meio de contratos câmbio, deve ser totalmente rechaçado, posto que os documentos colacionados aos autos comprovam que as receitas registradas em sua contabilidade decorrem de operações de prestação de serviços à pessoas jurídicas domiciliadas no exterior. Portanto, entendo que não deve haver a incidência das contribuições ao PIS e COFINS, porque (i) os documentos carreados autos confirmam a efetiva prestação de serviços à pessoas jurídicas domiciliadas no exterior e, consequentente o ingresso de divisa; e (ii) o fato de haver um terceiro mandatário intermediando o pagamento não desconfigura o ingresso de divisas necessário para que tal pagamento chegue ao prestador brasileiro. Reforça o direito da Recorrente, a Solução de Consulta nº 58, de 07/04/2006, da 10ª SRRF, contida no processo administrativo 11050.003099/200545, de solicitação da própria contribuinte, no sentido de que o pagamento por Agente Marítimo em nome de Transportador Estrangeiro denota ingresso de divisas, conforme se verifica na ementa abaixo: [...] IV. Conclusão Diante do exposto, afasto as preliminares de nulidade e, no mérito, dou provimento ao recurso voluntário. É como voto. Em razão de todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário, afastar as preliminares nele suscitadas e, no mérito, dar-lhe provimento. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Fl. 4781DF CARF MF Fl. 11 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, DAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira – Relator Fl. 4782DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.901012/2014-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jul 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2012 a 31/10/2012
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA.
Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, não sendo nulo, por ausência de fundamentação, o despacho decisório que deixar de homologar a compensação por não haver investigado a origem do crédito pleiteado.
Numero da decisão: 3401-006.266
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Fernanda Vieira Kotzias, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2012 a 31/10/2012 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, não sendo nulo, por ausência de fundamentação, o despacho decisório que deixar de homologar a compensação por não haver investigado a origem do crédito pleiteado.
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ÔNUS PROBATÓRIO. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, não sendo nulo, por ausência de fundamentação, o despacho decisório que deixar de homologar a compensação por não haver investigado a origem do crédito pleiteado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Fernanda Vieira Kotzias, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 10 12 /2 01 4- 41 Fl. 114DF CARF MF 2 Tratase de recurso voluntário em face da decisão da Delegacia de Julgamento em Curitiba que julgou improcedente a manifestação de inconformidade, conforme ementa abaixo transcrita: (...) PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. Diferentemente da hipótese de lançamento de ofício, em que o Fisco deve comprovar a infração cometida, no caso de pedido de restituição ou ressarcimento cabe à parte interessada, que pleiteia o crédito, provar que possui o direito invocado. DÉBITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. ERRO. ÔNUS DA PROVA. O crédito tributário também resulta constituído nas hipóteses de confissão de dívida previstas pela legislação tributária, como é o caso da DCTF. Tratandose de suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado, o contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado. Cientificada do acórdão de piso, a empresa interpôs Recurso Voluntário requerendo a reforma de decisão de primeira instância para que seja declarada a nulidade do despacho decisório por haver sido proferido com ausência de fundamentação e homologada a compensação. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevsan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3401006.261, de 17 de junho de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 10865.901009/201427. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3401006.261): "A Recorrente acusa o despacho decisório que não homologou a compensação declarada no PER/DCOMP, por ausência de fundamentação, uma vez que este não teria indicado as razões da inexistência de crédito disponível. Ora, verificase que a referida decisão deixou de homologar a compensação pelo fato de o valor do DARF ter sido integralmente alocado à quitação de outro débito. Este fundamento era suficiente para a negativa, sobretudo porque, como a própria Recorrente veio a informar na Manifestação de Inconformidade, a DCTF só fora retificada Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10865.901012/201441 Acórdão n.º 3401006.266 S3C4T1 Fl. 3 3 posteriormente e o DACON também, de sorte que os sistemas da Receita Federal não dispunham de outra informação que não aquela constante do DCTF original. Assim, não merece prosperar a alegação de nulidade do despacho decisório por carência de fundamentação, visto que analisou acertadamente o direito creditório à luz da circunstância fática vigente à época, que incluía a confissão do débito em DCTF no seu valor original.. Ademais, a posterior retificação da DCTF com o fito de reduzir o valor do débito não tem, per si, o condão de comprovar o direito creditório da Recorrente se desacompanhada de documentos hábeis e idôneos que suportem as alterações realizadas. Em se tratando de pedidos de compensação/ressarcimento, o ônus probatório incumbe ao postulante, conforme reiterada jurisprudência deste Conselho: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) "“CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos relativos a ressarcimento tributário, incumbe ao postulante ao crédito o dever de comprovar efetivamente seu direito.” (Acórdãos 3401004.450 a 452, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes, sessão de 22.mar.2018) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a Fl. 116DF CARF MF 4 respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado”. (Acórdão 3401004.923 – paradigma, Rel. Cons. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, unânime, sessão de 21.mai.2018) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.” (Acórdão 3401005.460 – paradigma, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 26.nov.2018) Em sua Manifestação de Inconformidade, a Recorrente veiculou genericamente a alegação de ter se valido de uma base de cálculo ampliada para o PIS/COFINS, com a inclusão de receitas que não comporiam o faturamento, o que ensejara a retificação da DCTF, sem carrear aos autos qualquer documentação que comprove o alegado, desejando transferir à fiscalização o ônus de perscrutar a origem do crédito pleiteado. No presente Recurso Voluntário, limitase à alegação de nulidade do despacho decisório, mesmo ciente de que o mesmo foi proferido antes da retificação que promovera na DCTF, o que já se refutou, silenciando quanto à origem e quantificação do crédito. Ante o exposto, voto por CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao mesmo." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao mesmo. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevsan Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10865.901012/201441 Acórdão n.º 3401006.266 S3C4T1 Fl. 4 5 Fl. 118DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.904040/2014-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2010
COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADA APÓS DESPACHO DECISÓRIO. LUCRO PRESUMIDO. REVISÃO DE BASES TRIBUTÁRIAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DEVIDA
Ainda que a DCTF tenha sido retificada após despacho decisório eletrônico, havendo comprovação de que houve pagamento indevido ou a maior, em virtude de equívoco na formação da base para a apuração da CSLL, no lucro presumido, cumpre homologar as compensações declaradas até o montante do direito creditório reconhecido.
Numero da decisão: 1302-003.532
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 11080.904043/2014-43, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2010 COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADA APÓS DESPACHO DECISÓRIO. LUCRO PRESUMIDO. REVISÃO DE BASES TRIBUTÁRIAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DEVIDA Ainda que a DCTF tenha sido retificada após despacho decisório eletrônico, havendo comprovação de que houve pagamento indevido ou a maior, em virtude de equívoco na formação da base para a apuração da CSLL, no lucro presumido, cumpre homologar as compensações declaradas até o montante do direito creditório reconhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 11080.904043/2014-43, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
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ESTIMATIVA DE CSLL. Recorrente CLV EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2010 COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADA APÓS DESPACHO DECISÓRIO. LUCRO PRESUMIDO. REVISÃO DE BASES TRIBUTÁRIAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DEVIDA Ainda que a DCTF tenha sido retificada após despacho decisório eletrônico, havendo comprovação de que houve pagamento indevido ou a maior, em virtude de equívoco na formação da base para a apuração da CSLL, no lucro presumido, cumpre homologar as compensações declaradas até o montante do direito creditório reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 11080.904043/201443, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 90 40 40 /2 01 4- 18 Fl. 449DF CARF MF Processo nº 11080.904040/201418 Acórdão n.º 1302003.532 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto face ao Acórdão nº 1293.654, da 4ª Turma da DRJ no Rio de Janeiro (RJ) que, por unanimidade, julgou improcedente a manifestação de conformidade, registrandose a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2010 INEXISTÊNCIA DE EMENTA. O acórdão resultante do julgamento de processo administrativo fiscal decorrente de despacho decisório emitido por processamento eletrônico não conterá ementa, de acordo com a Portaria RFB nº 2724, de 27 de setembro de 2017. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A recorrente é sociedade de propósito específico regularmente constituída na forma de sociedade limitada, tendo por objeto social promover, mediante incorporação, desenvolvimento, implantação e venda, o empreendimento imobiliário constituído de um condomínio horizontal composto por unidades autônomas, desenvolvido no local denominado "Cruz das Almas", Sito na Rodovia Estadual RS040, em Viamão (RS), bem como, complementarmente, a comercialização de bens e direitos que vierem a ser recebidos em permuta ou dação em pagamento nas transações inerentes ao seu objeto. A recorrente teria revisado suas bases tributárias, referentes a exercícios anteriores e teria identificado equívocos na apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Alega que houve equívoco na composição da base de cálculo dos tributos apurados pelo lucro presumido, ao desconsiderar que as receitas financeiras provenientes da comercialização de imóveis, e apuradas por meio de índices ou coeficientes previstos em contratos, deviam ser consideradas receita bruta para fins de cálculo do lucro presumido. Tais receitas, foram, equivocadamente, consideradas como acréscimos à base de cálculo apurada mediante percentuais sobre a receita bruta, sendo adicionadas em sua integralidade à base apurada. Assim, apurou diferenças nos valores finais devidos. Apresentou quadros demonstrativos da retificação dos valores devidos de IRPJ e CSLL e indicou os períodos e os fatos geradores. Destacou que as DCOMPs não foram homologadas, com base na conclusão de que os valores pagos (DARF) teria sido integralmente utilizado. Fl. 450DF CARF MF Processo nº 11080.904040/201418 Acórdão n.º 1302003.532 S1C3T2 Fl. 4 3 A recorrente identificou que a não homologação das DCOMPs deveuse à falta de indicação dos valores corretos nas respectivas DCTFs, retificandoas após o despacho decisório. Após as retificadoras, apresentou manifestações de inconformidade e documentos, por meio dos quais teria comprovado a existência e validade do crédito. Ressalta que houve intimações específicas sobre as DCTFs retificadoras, devidamente atendidas, mediante prestação de esclarecimentos necessários e juntada de documentação relacionada. Fundamenta o pedido de homologação das DCOMPs, com base nas disposições do Parecer COSIT n° 2, de 28 de agosto de 2015, e no entendimento do CARF de que, o fato de a retificação da DCTF ter ocorrido após a transmissão da DCOMP, não impede a homologação da compensação realizada. A DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, sob o entendimento de que a documentação apresentada não seria suficiente para comprovar a existência do crédito objeto da DCOMP. A recorrente foi devidamente intimada do acórdão recorrido e interpôs recurso voluntário, tempestivamente. Sustentou, resumidamente, que o acórdão merece ser reformado pelas seguintes razões: a) a decisão recorrida alega que não está comprovado o crédito utilizado na compensação por falta de documentos, mas sequer aponta quais seriam os documentos que não teriam sido apresentados e não analisa os que foram; b) quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade, já estava comprovada a existência e validade do crédito utilizado para as compensações formalizadas; e, mesmo que não o fossem, a documentação acostada à impugnação comprova a existência e validade do crédito em questão. É o relatório. Fl. 451DF CARF MF Processo nº 11080.904040/201418 Acórdão n.º 1302003.532 S1C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302003.530, de 17/04/2019, proferido no julgamento do Processo nº 11080.904043/2014 43, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302003.530): À vista da interposição tempestiva do recurso voluntário e do atendimento aos demais requisitos de admissibilidade, cumpre conhecer do recurso. Em conformidade com o despacho decisório eletrônico, localizaramse um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para a quitação de débitos da recorrente, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na PER/DCOMP em questão. Diante da conclusão quanto à inexistência de crédito, não foi homologada a compensação declarada. A recorrente sustenta que a referida decisão, quanto à não homologação da compensação, relacionada a crédito de CSLL pago a maior, referente ao 2° trimestre de 2010, não se fundamentou na falta de comprovação do crédito por ausência de apresentação de documentos. Defende que, o despacho decisório só identificou que o referido DARF já havia sido utilizado, pelo fato de que ainda não havia sido retificada a DCTF, quando da análise da DCOMP. Ressalta que, ainda que já iniciados os procedimentos de fiscalização, a retificação foi efetuada, antes do prazo para a manifestação de inconformidade. Com essa retificação teria ficado evidenciada a existência de crédito suficiente à compensação em questão. Com esse entendimento, a recorrente alega que, o acórdão recorrido deveria ter se limitado ao que já havia sido levantado no processo administrativo, ou seja, que foi realizada a retificação da DCTF, conforme comprovou, por meio dos seguintes documentos, anexos à impugnação, em relação aos quais salienta que seriam suficientes para comprovar a validade da compensação realizada: a) despacho decisório que originou a Manifestação de Inconformidade; b) DCOMP analisada; c) DCTF original, DCTF retificadora; e Fl. 452DF CARF MF Processo nº 11080.904040/201418 Acórdão n.º 1302003.532 S1C3T2 Fl. 6 5 d) DIPJ Exercício 2011, anocalendário 2010; Ressaltou, ainda, que não teriam sido analisados pela DRJ os argumentos trazidos pela recorrente, nem os documentos acostados ao processo administrativo, sendo apresentados apenas argumentos genéricos para justificar a manutenção da decisão de não homologação da compensação. O acórdão recorrido concluiu que embora o Parecer COSIT n° 2, de 28 de agosto de 2015, admita a retificação da DCTF depois da transmissão do DCOMP não impede a homologação da compensação realizada, determina, também, que o crédito seja comprovado através de documentos, nos seguintes termos: "Portanto, como ressaltado no Parecer n° 2, a transmissão de DCTF retificadora, por si só, não seria suficiente para a comprovação do pagamento indevido ou a maior, sendo necessário, em face da legislação vigente, que os valores informados na mencionada DCTF estivessem coerentes com outras declarações enviadas à RFB, tendo ainda como suporte documentos contábeis e/ou fiscais." A recorrente rebate, frisando que, utilizandose de uma interpretação equivocada do que foi efetivamente dito no Parecer COSIT, o acórdão recorrido concluiu pela improcedência da manifestação de inconformidade, face à ausência de comprovação da existência do crédito, porém sequer teria analisado os documentos apresentados e tampouco teriam sido apontados quais seriam os documentos faltantes essenciais para comprovação do crédito em questão. Conforme ressaltado pela recorrente, esta Turma, ao analisar situação semelhante ao presente caso, concluiu pela validade da argumentação apresentada, analisou a DCTF retificadora e concluiu que assistia razão à recorrente (acórdão nr. 1302002.082). A conclusão do referido acórdão foi no sentido de que, ainda que a DCTF tenha sido retificada após despacho decisório eletrônico, verificase, no caso, há indicativos de que houve pagamento indevido ou a maior, tendo em vista, a evidenciação pela recorrente, quanto ao referido equívoco na formação da base para a apuração da CSLL sobre lucro presumido. Destacamse, nesse mesmo sentido, as seguintes razões da recorrente: (...) o equívoco em questão ocorreu, em função de terse ignorado, por ocasião da apuração original dos referidos tributos e respectivo preenchimento e transmissão da DCTF, a circunstância de que, com base nas disposições do art. 30 da Lei n° 8.981/95, combinadas com o contido nos §§ 4° do art. 15 e 2° do art. 20, ambos da Lei n° 9.249/95, as receitas financeiras provenientes da comercialização de imóveis e apuradas por meio de índices ou coeficientes previstos em contratos, devem ser consideradas receita bruta para fins de cálculo do lucro presumido. O art. 30 da Lei n° 8.981/95 determina que deve ser considerado como receita bruta o montante efetivamente recebido, relativo às unidades imobiliárias vendidas, pelas pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativas à incorporação imobiliária e venda de imóveis construídos: Fl. 453DF CARF MF Processo nº 11080.904040/201418 Acórdão n.º 1302003.532 S1C3T2 Fl. 7 6 "Art. 30. As pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativa a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, deverão considerar como receita bruta o montante efetivamente recebido, relativo às unidades imobiliárias vendidas." Ao mesmo tempo, desde o advento da Lei n° 11.196/05, os §§ 4° do art. 15 e 2° do art. 20, ambos da Lei n° 9.249/95, estabelecem que, para efeitos de cálculo do lucro presumido, para fins de incidência do IRPJ e CSLL, devem ser integrados os valores recebidos a título de receita financeira da pessoa jurídica que explore atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para a revenda, quando decorrente da comercialização de imóveis e for apurada por meio de índices ou coeficientes previstos em contrato: "Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995. (...) § 4° O percentual de que trata este artigo também será aplicado sobre a receita financeira da pessoa jurídica que explore atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para a revenda, quando decorrente da comercialização de imóveis e for apurada por meio de índices ou coeficientes previstos em contrato. (... ) Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts. 27 e 29 a 34 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do anocalendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1° do art. 15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento. (... ) § 2° O percentual de que trata o caput deste artigo também será aplicado sobre a receita financeira de que trata o § 4° do art. 15 desta Lei." Entendo que assiste razão à recorrente, quanto ao entendimento de que, para fins de apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL na sistemática do lucro presumido, na hipótese de atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, o percentual de presunção também será aplicado sobre a receita financeira quando decorrente da comercialização de imóveis e apurada por meio de índices ou coeficientes previstos em contrato. Fl. 454DF CARF MF Processo nº 11080.904040/201418 Acórdão n.º 1302003.532 S1C3T2 Fl. 8 7 A recorrente demonstrou que são corretas e que devem ser acolhidas, as retificações efetuadas e que devem produzir os efeitos esperados, para corrigir a base de cálculo utilizada para apurar o valor devido de CSLL, para o 2° trimestre de 2010, e evidenciar o crédito utilizado nas DCOMPs em questão. Exame da Disponibilidade do Crédito Utilizado em DCOMPs Assim, resta verificar se é possível concluir quanto à disponibilidade do crédito utilizado pela recorrente nas DCOMPs em questão. A recorrente sustenta que é devida a integral homologação das DCOMPs em questão. Sustenta que, após a verificação do referido equívoco, revisou as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, apurandose diferenças nos valores finais devidos. Vejamse, mais uma vez, as seguintes razões; Em relação ao 2° trimestre de 2010 período gerador do crédito objeto da DCOMP analisada no despacho decisório que originou o presente processo administrativo (fls. 35) cabe demonstrar a diferença apurada e informada em DCTF, conforme demonstrativo abaixo: CSLL Competência DARF 2372 (1) DCTF antiga (2) Nova Apuração (3) Diferença (1) (3) 2° TRI 2010 201.519,88 201.519,88 65.986,03 135.533,85 Com base nesse contexto, apuraramse indébitos tributários no montante de R$ 135.533,85, a título de CSLL, em valores originais, os quais foram objeto de formalização por meio da correspondente retificação da DCTF (fls. 44/81). Para utilizar o crédito apurado nessa diferença recolhida a maior, a recorrente optou por realizar compensações, da seguinte forma (DCOMP analisada fls. 37/42): N° Per/Dcomp DARF Pago a Maior Valor Original do Crédito Inicial Crédito Original na Data da Transmissã o Saldo do Crédito Original Impostos Compensados 41787.99026.300414.1.3.041818 PA: 30/06/2010 Cód.Receita: 2372 Vencimento: 30/07/2010 Valor: R$ 165.639,09 135.533,85 82.747,30 IRPJ e CSLL Competência 1° trimestre/2014 33379.72656.230514.1.3.040196 Idem acima Idem acima 82.747,30 60.416,60 PIS Abril/2014 R$ 5.394,39 COFINS Abril/2014 R$ 24.897,20 32215.35378.200614.1.3.040460 Idem acima Idem acima 60.416,60 49.203,17 IRRF Competência Maio/2014: 1708: R$ 264,53 3208: R$ 15.044,05 (Vera Barcellos) 33319.37063.250614.1.3.048608 Idem acima Idem acima 49.203,17 38.134,07 PIS Maio/2014 R$ 2.691,10 COFINS Maio/2014 R$ 12.420,44 18539.89944.250714.1.3.048052 Idem acima Idem acima 38.134,07 25.838,21 COFINS Junho/2014 R$ 16.887,13 01072.15868.310714.1.3.047599 Idem acima Idem acima 25.838,21 2.468,50 CSLL 2° trimestre/2014 R$ 32.095,96 04581.54684.310714.1.3.041095 Idem acima Idem acima 2.648,50 IRPJ 2° trimestre/2014 Parcial 2/3 R$ 3.637,45 Fl. 455DF CARF MF Processo nº 11080.904040/201418 Acórdão n.º 1302003.532 S1C3T2 Fl. 9 8 Ocorre, porém, que, ao examinar as primeiras DCOMP (41787.99026.300414.1.3.041818, 33379.72656.230514.1.3.040196, 32215.35378.200614.1.3.040460 e 33319.37063.250614.1.3.048608), o Agente Fiscal não homologou a compensação declarada por entender que o DARF discriminado nas DCOMP havia sido utilizado para pagar a CSLL do período. Ao receber a notificação da decisão de não homologação das DCOMP, a recorrente verificou que não havia promovido a correta retificação da DCTF anterior e, em 19/08/2014, promoveu as correções necessárias (declaração n° 100.2010.2014.1881746666 fls. 65/81). Cabe ainda frisar que, em conformidade com o dossiê específico, apresentado juntamente com o recurso voluntário, a fiscalização examinou a DCTF retificadora e concluiu pela existência do referido crédito de pagamento a maior. Observase, portanto, que a recorrente demonstrou a existência e a disponibilidade do crédito de R$135.533,85, utilizado nas DCOMPs indicadas no quadro acima reproduzido. Por todo o exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário para homologar as compensações até o limite do crédito reconhecido. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar provimento ao recurso voluntário para homologar as compensações até o limite do crédito reconhecido. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 456DF CARF MF
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