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Numero do processo: 11618.722859/2014-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. APOSENTADORIA. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico ofícial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-004.340
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negar-lhe provimento, nos termos do relatório e voto.
Maria Cleci Coti Martins - Presidente
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Rosemary Figueiroa Augusto, Theodoro Vicente Agostinho, Miriam Denise Xavier Lazarini, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2013 ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. APOSENTADORIA. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico ofícial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Recurso Voluntário Negado.
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MOLÉSTIA GRAVE. APOSENTADORIA. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico ofícial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 8. 72 28 59 /2 01 4- 45 Fl. 111DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 9/07/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negarlhe provimento, nos termos do relatório e voto. Maria Cleci Coti Martins Presidente Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Rosemary Figueiroa Augusto, Theodoro Vicente Agostinho, Miriam Denise Xavier Lazarini, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 112DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 9/07/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS Processo nº 11618.722859/201445 Acórdão n.º 2401004.340 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeiro grau que negou provimento à impugnação apresentada pelo contribuinte. Em 22/04/2014, foi lavrada notificação de lançamento referente ao exercício de 2013, AnoCalendário 2012, na qual foi constatada a omissão de rendimentos do trabalho com vínculo e/ou sem vínculo empregatício, sujeitos a tabela progressiva, no valor de R$ 108.456,28 (cento e oito mil, quatrocentos e cinquenta seis reais e vinte oito centavos), recebidos pelo titular. A fim de comprovar o acometimento de moléstia grave pelo contribuinte, foi juntado aos autos Laudo Pericial emitido pela Previdência Social (fls. 9), dispondo que o contribuinte é portador de Cardiopatia Grave. Inconformado com a notificação apresentada, que se refere a período posterior ao indicado pelo Laudo como início da incapacidade em 15/04/2009, o contribuinte protocolizou impugnação alegando que os rendimentos em análise eram isentos em razão do reconhecimento da sua incapacidade por Laudo Médico de Órgão Oficial. E apresentou ainda cópia de acórdão proferido no Mandado de Segurança nº 999.2012.0012763/001, julgado pelo Tribunal de Justiça da Paraíba, que determinou sua aposentadoria e reconheceu o direito a isenção do Imposto de Renda. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo (SP) manteve o crédito tributário, com a seguinte consideração: “Embora o contribuinte alegue que o Mandado de Segurança tenha garantido seu direito à isenção desde abril de 2009, o que se observa dos autos é que o acórdão determinou a isenção de imposto de renda incidente sobre seus proventos de aposentadoria, em face de laudos médicos atestando sua condição de portador de cardiopatia grave desde abril de 2009. Em nenhum momento a decisão judicial determinou a isenção de imposto sobre os vencimentos percebidos pelo interessado anteriormente à data de sua aposentadoria.” Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual o contribuinte alegou que havia sido diagnosticado com Cardiopatia grave em 15/04/2009, conforme exames, mas a aposentadoria só teria sido concedida três anos após por morosidade do órgão que a concedeu. Alegando ainda, que não poderia ser prejudicado pela demora do Órgão em efetivar a aposentadoria. Por fim, alega que o artigo 30 da Lei nº 9.250, de 1995 veio exigir Laudo Pericial de Órgão Oficial para reconhecimento de isenção por doença grave, não podendo Fl. 113DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 9/07/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 4 prevalecer sobre essa Lei a Instrução Normativa SRF nº 15, de 06/02/2001, especificamente no artigo 5, §2º, inciso I, que diz que a isenção tão somente será a partir do rendimento do mês da concessão da aposentadoria. É o relatório. Fl. 114DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 9/07/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS Processo nº 11618.722859/201445 Acórdão n.º 2401004.340 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa, Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate no dia 03/11/2014, conforme termo de ciência às fls. 86, e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 25/11/2014, razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. DO MÉRITO Cuidase o presente lançamento de omissão de rendimentos tributáveis no valor de R$ 108.456,28 (cento e oito mil, quatrocentos e cinquenta seis reais e vinte oito centavos), recebidos de Pessoa Jurídica indevidamente declarados como isentos ou não tributáveis, em razão de a contribuinte não estar aposentado á época, nos termos da legislação em vigor, para fins de isenção do imposto de renda. Acerca da matéria, os incisos XIV e XXI, artigo 6º, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com redação dada pelas Leis nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, e nº 11.052, de 19 de dezembro de 2004, determinam: “Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; XXI os valores recebidos a título de pensão quando o beneficiário desse rendimento for portador das doenças relacionadas no inciso XIV deste artigo, exceto as decorrentes de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão.” Fl. 115DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 9/07/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 6 Nesse sentido, o artigo 30 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, passou a veicular a exigência de que a moléstia grave fosse comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial. Confirase: “Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.” Assim, a isenção sob análise requer a consideração do binômio: moléstia grave e natureza específica do rendimento, qual sejam, provenientes de aposentadoria, reforma ou pensão. Inexistindo dúvida acerca da doença do recorrente, fazse necessário a análise acerca da natureza dos rendimentos percebidos. Verificase que o cerne da controvérsia em questão é a possibilidade de isenção do Imposto de Renda do contribuinte anteriormente a concessão da Aposentadoria pelo Órgão Oficial competente para tal, em virtude da morosidade em sua concessão e reconhecimento anterior da Cardiopatia Grave. Cumpre esclarecer que embora o Laudo oficial reconheça a existência de patologia grave desde 2009, a aposentadoria do contribuinte só foi publicada no diário Oficial em 02/08/2012, conforme se extrai do documento de fls. 6. Nesse descortino, ao contrário do que alega o recorrente, em nenhum momento a decisão judicial juntada aos autos determinou a isenção de imposto de renda sobre os proventos anteriormente à data de sua aposentadoria. Recordese: “Assim, tendo sido comprovado que o impetrante preencheu os requisitos previstos no art. 40 da CF/88 com redação dada pela Emenda Constitucional nº 70/2012, art. 19, §§ 5º e 6º da lei nº 7.517/2003, alterada pela Lei 9.721/2012 e art. 6º, XIV da Lei nº 7.713/88, modificada pela Lei n 1.052/04, verificase que o requerente tem direito líquido e certo a aposentadoria com proventos integrais, garantida a paridade, bem com à isenção do Imposto de renda sobre seus proventos.” (fls. 24) Assim, não resta dúvida sobre o direito do recorrente a aposentadoria, bem como a isenção destes proventos. No entanto, não existe decisão judicial, nem amparo legal para o pedido de isenção de proventos anteriores a aposentadoria em virtude da existência de doença grave preexistente. Por todo o exposto, e tendo em vista que a documentação anexada demonstrou que a aposentadoria só ocorreu em 02/08/2012 (fls. 6), os rendimentos percebidos até essa data não gozam da isenção requerida. Fl. 116DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 9/07/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS Processo nº 11618.722859/201445 Acórdão n.º 2401004.340 S2C4T1 Fl. 5 7 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGAR PROVIMENTO, mantendo o crédito, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. É como voto. Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 117DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 9/07/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS
score : 1.0
Numero do processo: 35366.000315/2007-77
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2004
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. COMPROVAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. REGRA DO ART. 150, §4o., DO CTN.
O § 2º do art. 62 do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 - SC, decidido na sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, o que faz com que a ordem do art. 150, §4o, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173 nas demais situações.
SÚMULA CARF nº 99.
Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. No presente caso, existe, nos autos, evidência de recolhimento antecipado para as competências lançadas, devendo-se assim aplicar, para fins de reconhecimento de eventual decadência, o disposto no citado art. 150, § 4°, do CTN.
Recurso especial conhecido e negado.
Numero da decisão: 9202-004.442
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2004 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. COMPROVAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. REGRA DO ART. 150, §4o., DO CTN. O § 2º do art. 62 do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 - SC, decidido na sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, o que faz com que a ordem do art. 150, §4o, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173 nas demais situações. SÚMULA CARF nº 99. Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. No presente caso, existe, nos autos, evidência de recolhimento antecipado para as competências lançadas, devendo-se assim aplicar, para fins de reconhecimento de eventual decadência, o disposto no citado art. 150, § 4°, do CTN. Recurso especial conhecido e negado.
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SÚMULA CARF Nº 99. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado LUA NOVA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2004 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543C DO CPC. COMPROVAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. REGRA DO ART. 150, §4o., DO CTN. O § 2º do art. 62 do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 SC, decidido na sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil, o que faz com que a ordem do art. 150, §4o, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173 nas demais situações. SÚMULA CARF nº 99. Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. No presente caso, existe, nos autos, evidência de recolhimento antecipado para as competências lançadas, devendose assim aplicar, para fins de reconhecimento de eventual decadência, o disposto no citado art. 150, § 4°, do CTN. Recurso especial conhecido e negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 36 6. 00 03 15 /2 00 7- 77 Fl. 740DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Trata o presente processo de notificação fiscal de lançamento NFLD DEBCAD nº 37.010.1987, cientificado à contribuinte em 27/01/2007 (efl. 193), com relatório fiscal às efls. 76 a 78. A notificação é referente a contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à contribuição dos segurados, à destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, as destinadas a terceiros (SalárioEducação, SESI, SENAI, SEBRAE e INCRA). Em procedimento fiscal foi constatado que a empresa realizava pagamentos a seus empregados sem incluir tais pagamentos na base de contribuição da folha de salários, dandolhes o tratamento de pagamento feito a trabalhador autônomo, recolhendo à Previdência Social apenas a parcela relativa à parte patronal. O crédito lançado atingiu o montante de R$ 1.873.355,80, consolidado na data de 22/12/2006, para o período de apuração de 01/1998 a 12/2004. A NFLD foi impugnada, às efls. 198 a 261, em 09/02/2007. Já a 9ª Turma da DRJ/SPOII, no acórdão nº 1720.323, prolatado em 13/09/2007, às efls. 405 a 415, considerou, por unanimidade, o lançamento procedente. Inconformada, em 19/12/2007, a contribuinte, interpôs recurso voluntário, às efls. 422 a 491. Em apertado resumo, extraído do relatório do acórdão ora recorrido, os argumentos foram: i) a nulidade do lançamento tributário, por existirem intervalos entre o encerramento dos Mandados de Procedimento Fiscal MPF e a ciência da empresa por MPF complementares, havida apenas após o término dos anteriores; ii) haveria ainda nulidade da exação fiscal com arbitramento de contribuições de segurados contribuintes individuais pois não existiriam as condições para arbitramento, tendo em vista que sequer foi emitido auto de infração pela não apresentação de documentos relativos a folhas de pagamento de seus resumos, Fl. 741DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 35366.000315/200777 Acórdão n.º 9202004.442 CSRFT2 Fl. 741 3 bem como escrituração contábil apresentada inclusive em meio magnético; iii) por fim, seria nula a notificação em razão da auditoria fiscal não ter fornecido os relatórios fiscais em arquivos digitais conforme prevê a Instrução Normativa SRP nº 03/2005; iv) o lançamento seria equivocado, pois houve apenas pagamento a maior de contribuições previdenciária, segundo a impugnante os valores pagos na condição de contribuintes individuais referese ao pagamento por trabalho em férias não gozadas, férias indenizadas; assim, houve pagamento quando do lançamento de férias e agora com a NFLD. v) entende que como se trata de indenização de férias, sequer deveria ter recolhido a contribuição de 20% sobre os pagamentos como se fosse pagamento a autônomos, por isso, considera que tem direito à restituição de valores; vi) a multa aplicada seria confiscatória bem como a taxa SELIC inconstitucional; vii) parte do lançamento estaria abrangido pela decadência pela aplicação das disposições do Código Tributário Nacional; viii) haveria equivoco cometido pela auditoria fiscal que constitui num vicio e diz respeito à circunstância de ter sido invocada responsabilidade solidária pelo pagamento do crédito tributário, para recair também nas pessoas dos sócios e procuradores da impugnante. O recurso voluntário foi apreciado pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento em 11/05/2011, resultando no acórdão 2402001.715, às efls. 649 a 661, que tem a seguinte ementa: MPF NULIDADE INEXISTÊNCIA A intimação do contribuinte da prorrogação da ação fiscal ocorrida posteriormente ao término da vigência do MPF anterior não representa qualquer nulidade, assim como não é nulo o lançamento cientificado ao contribuinte após o término da vigência do MPF RESPONSÁVEIS LEGAIS PÓLO PASSIVO NÃO INTEGRANTES Os representantes legais da empresa elencados pela auditoria fiscal no Relatório de CoResponsáveis não integram o pólo passivo da lide, não lhes sendo atribuída qualquer responsabilidade pelo crédito lançado, seja solidária ou subsidiária. A relação tem como finalidade subsidiar a Procuradora da Fazenda Nacional na eventual necessidade de identificar as pessoas que poderiam ser responsabilizadas na esfera judicial, caso seja constatada a prática de atos com infração de leis. Fl. 742DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 INCONSTITUCIONALIDADE/ILEGALIDADE É prerrogativa do Poder Judiciário, em regra, a argüição a respeito da constitucionalidade ou ilegalidade e, em obediência ao Principio da Legalidade, não cabe ao julgador no âmbito do contencioso administrativo afastar aplicação de dispositivos legais vigentes no ordenamento jurídico pátrio sob o argumento de que seriam inconstitucionais DECADÊNCIA ARTS 45 E 46 LEI N° 8.212/1991 INCONSTITUCIONALIDADE STF SÚMULA VINCULANTE De acordo com a Súmula Vinculante n° 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange decadência o que dispõe o § 4° do art. 150 ou art. 173 e incisos do Código Tributário Nacional, nas hipóteses de o sujeito ter efetuado antecipação de pagamento ou não. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal CONVERSÃO DA TOTALIDADE DAS FÉRIAS EM PECONIA IMPOSSIBILIDADE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO A legislação prevê que não há incidência de contribuição previdenciária sobre o valor relativo à conversão em pecúnia de até 1/3 do período de férias. A conversão integral das férias em pecúnia, além de não ter amparo legal, integra o salário de contribuição por não atender a regra de exceção prevista na lei Recurso Voluntário Provido em Parte O acórdão teve o seguinte teor: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de voto, em dar provimento parcial para reconhecer a decadência até a competência 12/2001, inclusive, com base no Art. 150 § 40 do CTN e acolher a preliminar quanto a coresponsabilidade para reconhecer que a relação apresentada no lançamento sob o titulo de "Relação de Coresponsável" apenas identifica os sócios e diretores da empresa sem por si só atribuirlhes responsabilidade solidária ou subsidiária pelo crédito constituído Embargos da Procuradoria Em 30/06/2011 (efl. 663), a Procuradora da Fazenda interpôs embargos de declaração em 05/07/2011, às efls. 665 e 666, no tocante à discussão proposta apenas em sede de recurso voluntário sobre coresponsabilidade. Contudo estes não foram conhecidos, conforme despacho nº 2402074, às efls. 667 a 669, em 30/08/2011. RE da Fazenda Nacional Fl. 743DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 35366.000315/200777 Acórdão n.º 9202004.442 CSRFT2 Fl. 742 5 Ciente do resultado dos embargos, em 27/09/2011, a Procuradora manejou recurso especial de divergência RE (efls. 673 a 677) ao citado acórdão, em 04/10/2011, entendendo que o aresto diverge de entendimentos firmados no CARF para duas matérias. A primeira matéria diz respeito ao prazo decadencial, para o qual o acórdão recorrido adotou o prazo previsto no art. 150, § 4º do CTN, acolhendo a preliminar de decadência para as contribuições sociais apuradas até dezembro de 2001. O acórdão paradigma nº 230100253, da 1ª Turma da 3ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, aponta para a aplicação do praz decadencial previsto no art. 173 do CTN quando ausentes pagamentos antecipados sobre as rubricas lançadas. Em sua argumentação a Procuradora informa que o "discriminativo analítico de fls.22" (efl. 23), indicaria que não ocorreu antecipação de recolhimento de tributo da apuração de 12/2001, por isso aplicável o a contagem do prazo do art. 173, I, do CTN. Argumenta ainda que nos casos de contribuições previdenciárias sobre remunerações não pode ser tomada como únicas, pois verbas trabalhistas não têm pagamentos aglutinados e os pagamentos só poderiam ser antecipados em relação a cada fato remuneratório. No tocante à segunda matéria, preliminar sobre o relatório que aponta os co responsáveis pelo crédito tributário, o acórdão a quo apreciouo, entendendo que não havia razão para o inconformismo da contribuinte quanto ele, pois este tem apenas função informativa. O acórdão paradigma nº 230100.283 da 5ª Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, apesar de esposar o mesmo entendimento de mérito (função informativa) rejeita o acolhimento de tal preliminar, por entender que esta não faz parte da lide. O RE da contribuinte foi apreciado pelo Presidente da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, que, nos termos dos arts. 68 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 256 de 22/06/2009, por meio do despacho nº 2400253/2012, datado de 14/05/2012, às efls. 680 a 684. Naquele despacho entendeu por dar seguimento à primeira divergência arguida, mas denegar o da segunda, por não vislumbrar similitude fática nos acórdãos recorrido e paradigmático, por não apresentarem teses conflitantes. Em reexame da admissibilidade do RE, à efl. 685, o Presidente do CARF, no despacho nº 2400494R/2012, de 20/08/2012, recepcionou e manteve o despacho nº 2400 253/2012, denegando o prosseguimento da segunda divergência arguida, com base no art. 71 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 256 de 22/06/2009. Contrarrazões da contribuinte A contribuinte foi cientificada do RE interposto pela Fazenda Nacional e dos despachos: de admissibilidade nº 2400253/2012 e reexame da admissibilidade nº 2400 494R/2012, por meio da intimação nº 744/201 (efl. 690), em 05/11/2012 (efl. 692). Em 19/11/2012, a contribuinte apresentou suas contrarrazões ao RE da Procuradoria, às efls. 694 a 704, onde em suma: a) afirma que a própria fiscalização reconheceu, em seu relatório fiscal, no "inciso 2º", a realização de pagamentos pela empresa aos seus empregados e que estes teriam Fl. 744DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 sido incluídos na base de contribuição da folha de salários, com recolhimento previdenciário da parcela patronal; b) afirma também que o Parecer PGFN/CAT nº 1617 de 1º/08/2008, que afirma não ser necessário o lançamento de tributos declarados em DCTF ou GFIP, apenas das diferenças não declaradas, e considerando os prazos decadenciais conforme a existência ou não de pagamentos parciais; em nenhum momento o referido parecer discute a necessidade de declaração ou pagamentos por rubricas. Por essas razões pleiteia que o RE não seja conhecido ou provido. Em 03/07/2013, foi juntada aos autos, às efls. 715 a 719, manifestação da contribuinte relativamente a diversas NFLD e seus processos que estão em diversas fases de apreciação, sendo todos relativos à mesmo procedimento fiscal. Tal manifestação decorreu de diligência solicitada pela Presidente em exercício da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento, visando identificar a qual processo pertenceria cada NFLD e em que fase processual se encontrariam. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Verifico, a propósito, que cingese o litígio aos períodos de apuração objeto de lançamento que poderiam estar fulminados pelo efeito decadencial, ao se considerar a aplicação do art. 150 §4º do CTN ou, alternativamente, o art. 173, I do CTN. A propósito, a decadência dos tributos lançados por homologação é questão tormentosa que vem dividindo a jurisprudência administrativa e judicial há tempos. No âmbito dos antigos Conselhos de Contribuintes, e agora no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, praticamente todas as interpretações possíveis já tiveram seu espaço. É notório que as inúmeras teses que versam sobre o assunto surgiram do fato do nosso Código Tributário Nacional CTN possuir duas regras de decadência, uma para o direito de constituir o crédito tributário (art. 173), e outra para o direito de não homologar o pagamento antecipado de certos tributos previstos em lei (art. 150, §4o). Apesar de serem situações distintas, o efeito atingido é o mesmo, pois, uma vez homologado tacitamente o pagamento, o crédito tributário estará definitivamente extinto, não se permitindo novo lançamento, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Na verdade, a celeuma não está no prazo da decadência, que é de cinco anos nas duas situações, mas na data de início de sua contagem. Enquanto o art. 173 fixa essa data no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou no dia em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, o art. 150, §4o, determina o marco inicial na ocorrência do fato gerador. Fl. 745DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 35366.000315/200777 Acórdão n.º 9202004.442 CSRFT2 Fl. 743 7 Pacificando essa discussão, o Superior Tribunal de Justiça – STJ, órgão máximo de interpretação das leis federais, firmou o entendimento de que a regra do art. 150, §4o, do CTN, só deve ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nos demais casos. Vejase a ementa do Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/0176994 0), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. Fl. 746DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 8 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (...) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) Observese que o acórdão do REsp nº 973.733/SC foi submetido ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil, reservado aos recursos repetitivos, o que significa que essa interpretação deverá ser aplicada pelas instâncias inferiores do Poder Judiciário. A Portaria MF no 152, de 2016, deu nova redação ao § 2º do art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 343 de 09/06/2015, com a seguinte redação: § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Desta forma, este CARF forçosamente deve abraçar a interpretação do Recurso Especial nº 973.733 – SC, de que a regra do art. 150, §4o, do CTN, só deve ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173 nos demais casos. A polêmica, no caso em questão, em verdade, está na existência ou não de pagamento antecipado. Pois bem, a Fazenda Nacional defende que, a decisão a quo utilizouse do art. 150 do CTN e seu § 4º, porém, não havendo pagamento relativo ao período de apuração de 12/2001, o dispositivo aplicável seria aquele do art. 173, I, do CTN. Além disso, argumenta que mesmo em havendo recolhimento parcial, esse não se referiria às mesmas rubricas do lançamento. A propósito, faço notar que editou este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais a Súmula no 99, aprovada por esta 2a. Turma desta Câmara Superior em 09 de dezembro de 2013 e que assim reza: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.(Grifei.) Fl. 747DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 35366.000315/200777 Acórdão n.º 9202004.442 CSRFT2 Fl. 744 9 Ou seja, para fins de aplicação da Súmula supra na situação sob análise, deve haver convicção de que há recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte nas competências dos fatos geradores a que se referem a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo destes recolhimentos, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração, a fim de que se possa decidir pela aplicação, para fins de contagem do prazo decadencial, do disposto no art. 150, §4o da Lei no 5.172, de 1966 (no caso de existência de recolhimento, ainda que parcial) ou do art. 173, I do mesmo Código (no caso da inexistência de recolhimento). A leitura do relatório da notificação fiscal de lançamento, à efl. 76, no seus itens 2 e 2.1, esclarece a questão, nos seguintes termos: 2 No transcorrer dos trabalhos de fiscalização da empresa constatamos que a empresa realiza pagamentos a seus empregados sem incluir tais pagamentos na base de contribuição da folha de salários, dandolhes o tratamento de pagamento feito a trabalhador autônomo, recolhendo à Previdência Social apenas a parcela relativa à parte patronal, deixando de proceder ao recolhimento das contribuições devidas à terceiros ( 5,8%) , a contribuição para custeio do seguro de acidentes dos trabalho ( 3%) e a contribuição dos empregados. 2.1 — Esta constatação foi inicialmente alcançada pelo exame da DIRF —declaração do imposto retido na fonte , na qual os pagamentos mensais feitos a cada um dos trabalhadores envolvidos nesta prática aparecem discriminados por espécie, sob os códigos 0588 — pagamento a trabalhador sem vinculo empregatício — e 0561 — pagamento feito a trabalhador com vínculo. Posteriormente , no exame da GFIP — guia de recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social — verificouse que tais pagamentos também são lançados neste documento discriminados sob dupla classificação: 1 trabalhador empregado e 13 — trabalhador autônomo. (Grifei.) Observase, do que se encontra acima reproduzido, que a infração imputada à recorrida consistiu em considerar como parte do salário a empregado também a parcela a ele paga na qualidade de trabalhador autônomo. Isso é claramente verificável da leitura do item 2.2 do já referido relatório fiscal, que refere verbas pagas por trabalhos extraordiários ou no transcurso do período de férias, conforme a seguir: 2.2 Entendemos que sobre tais pagamentos , feitos em contraprestação por trabalhos extraordinários ou no transcurso de períodos de férias, devem também incidir as taxas relativas às demais contribuições, posto que a natureza do contrato existente entre as partes é de empregador e empregado, não se subtraindo dela no transcurso da prestação destes trabalhos características como a habitualidade, a pessoalidade e a subordinação. Ora, se parte da verba paga ao empregado foi reclassificada, temos por decorrência lógica que outra parte existe, foi paga a título de salário e, sobre ela, houve recolhimento. Fl. 748DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 10 Aliás, a conclusão acima é confirmada pelo Relatório de Documentos Apresentados RDA (fls. 51 a 55), no qual encontramse os valores das parcelas que foram deduzidas das Contribuições apuradas e constituídas, por recolhimentos, confissão espontânea ou por lançamento em notificações anteriores. Nesse relatório, podese observar, à efl. 55, que houve pagamento relativo à competência de 12/2001. Por isso entendo que recolhimentos naqueles períodos houve. Em face da existência de pagamentos, ainda que parciais, no período autuado e, a partir do teor da Súmula CARF nº 99, entendo aplicável a contagem do prazo decadencial do art. 150, § 4º do CTN. Destarte, tendo a fiscalização constituído o crédito previdenciário com a devida ciência da contribuinte em 27/01/2007, a exigência fiscal só atingiria os fatos geradores havidos em 01/2002, apuração de remunerações da competência de 12/2001, caso não houvesse pagamento relativo àqueles fatos, pois a contagem se iniciaria em 01/2003. Considerando que houve pagamento, a aplicação do art. 150, §4o, do CTN, impõe seja decretada a improcedência do feito relativamente àquele mês. Em se tratando das competências anteriores, mesmo que se aplicasse a contagem com fulcro no art. 173, inc. I do CTN, todos estariam decaídos a partir de 01/01/2007. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional para, no mérito, negarlhe provimento, aplicandose a contagem do prazo decadencial na forma do disposto no art. 150, §4o da Lei no 5.172, de 1966, nos moldes do acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 749DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10380.006039/2005-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
RESSARCIMENTO DE COFINS. CORREÇÃO DE CRÉDITOS PELA TAXA SELIC. VEDAÇÃO EXPRESSA DE LEI.
A Lei n. 10.833/2003 impede a aplicação da taxa SELIC nas hipóteses de ressarcimento de créditos de COFINS. Aplicação da Súmula CARF n. 02.
Numero da decisão: 3201-001.633
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki Presidente
(assinado digitalmente)
Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo- Relatora
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Joel Miyazaki (Presidente), Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Wilson Sampaio Sahade Filho, Daniel Mariz Gudino.
Nome do relator: Relator
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 RESSARCIMENTO DE COFINS. CORREÇÃO DE CRÉDITOS PELA TAXA SELIC. VEDAÇÃO EXPRESSA DE LEI. A Lei n. 10.833/2003 impede a aplicação da taxa SELIC nas hipóteses de ressarcimento de créditos de COFINS. Aplicação da Súmula CARF n. 02. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki – Presidente (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Joel Miyazaki (Presidente), Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Wilson Sampaio Sahade Filho, Daniel Mariz Gudino. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 60 39 /2 00 5- 80 Fl. 194DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 05/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 2 Referese o presente processo a pedido de ressarcimento de Cofins. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de pedido de ressarcimento de créditos de Cofins (fl. 01), no valor de R$ 2.965.426,16, correspondente ao 2° trimestre de 2005, com fundamento na Lei n° 10.833/2003. Foram apensadas aos autos declarações de compensação. O Serviço de Fiscalização da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Fortaleza, por intermédio do Termo de Informação Fiscal de fls. 41/43, concluiu pelo deferimento do pleito. A unidade de origem, com base no referido Termo, decidiu, conforme informação fiscal e despacho decisório de fls. 55/57, reconhecer o direito creditório, no valor de R$ 2.965.426,16, sem incidência de juros selic, homologando as compensações declaradas até o limite do crédito reconhecido. Inconformado com a decisão, de que tomou ciência em 07/02/2008, o sujeito passivo apresentou manifestação de inconformidade (fls. 60/69) na qual argumenta, em síntese, que: a) A DRF/Fortaleza deferiu parcialmente o seu pedido de ressarcimento ao não garantir a incidência da taxa Selic. Quando o art. 6°, § % da Lei n° 10.833/2003 garantiu a compensação dos crédits da Cofins garantiu aos contribuintes o direito de utilizarem o benefício fiscal no montante em que foi concedido, que é equivalente ao poder econômico do crédito na data de sua geração. A correção monetária não tem o efeito de aumentar a quantia a ser aproveitada, por ser notório que o seu fim é o de somente garantir uma equivalência real entre dois valores. b) Como o art. 6°, § 1% da Lei n° 10.833/2003 assegura originariamente o direito de compensar, sobre o valor do crédito objeto desta compensação deverá ser aplicada a correção monetária, como estabelece o § 3° do art. 66 da Lei n° 8.383/1991, o qual não se limita às hipóteses de pagamento indevido ou a maior de tributos. Em decorrência da aplicação da correção monetária ao crédito objeto da compensação, o valor a ser ressarcido em moeda deverá suportar a mesma incidência, por ser derivado da quantia que deixou de ser compensada. c) Ainda se não existisse previsão legal para a incidência de correção monetária, persistiria o direito à atualização monetária. A própria Advocacia Geral da União ratifica que a correção monetária não se constitui em acréscimo de valor, nos termos do Parecer n° 01, de 11/06/1996, com a conclusão de que a correção monetária não se constitui plus a exigir expressa previsão legal. d) A Lei n° 9.250/1995 garante a utilização da Taxa Selic. Cita o § 4° do artigo 39, aduzindo que o mesmo aplicarseia a toda hipótese de compensação, bem como que do emprego da isonomia tributária resultaria o direito à atualização pela taxa selic. Cita decisão administrativa. Fl. 195DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 05/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 10380.006039/200580 Acórdão n.º 3201001.633 S3C2T1 Fl. 94 3 e) Pelo emprego da analogia, resultaria do § 4° do artigo 39 da Lei n° 9.250/1995 que, se na recuperação de valores por compensação se aplica a taxa selic, também deve ser admitido o mesmo efeito sobre o crédito da Cofins. Ademais, mesmo que não fosse admitida a aplicação da taxa Selic na condição de juros, ainda assim persistiria o direito a sua aplicação a título de atualização monetária, em substituição à UFIR. Requereu, assim, que seja garantido o seu direito ao ressarcimento dos valores com o acréscimo da taxa Selic, contada a partir da data de geração do direito ao crédito ou, ao menos, sucessivamente, contada a partir da data do protocolo do pedido. A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade, em decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelos órgãos colegiados não constituem normas gerais, razão pela qual seus julgados não aproveitam a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. JUROS SELIC. RESSARCIMENTO. Descabe a incidência de juros compensatórios no ressarcimento de créditos do IPI, por carência de amparo legal. ATO NORMATIVO. ILEGALIDADE. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. A autoridade administrativa não possui atribuição para apreciar a argüição de ilegalidade de dispositivos da legislação tributária. Os textos normativos regularmente editados gozam de presunção de legitimidade. Solicitação Indeferida Na decisão ora recorrida entendeuse, em síntese, que o art. 39, §4°, da Lei n° 9.250, de 26 de dezembro de 1995, somente se refere à atualização de pedidos de restituição, não se fazendo aplicável aos pedidos de ressarcimento. Ademais, o § 5o, do artigo 72 da Instrução Normativa RFB n° 900, de 30 de dezembro de 2008, prescreveria expressamente que não incidirão juros compensatórios "no ressarcimento de créditos do IPI, da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, bem como na compensação de referidos créditos", da mesma forma que previam as instruções normativas que lhe antecediam. Em sede de recurso voluntário, a Recorrente reiterou os argumentos da manifestação de inconformidade. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 05/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 4 É o relatório. Voto Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Relatora O presente recurso preenche as condições de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. O objeto do presente recurso é o direito à incidência da taxa SELIC, incidentes sobre os créditos de Cofins, que foi integralmente concedido nas instâncias anteriores. A aplicação da taxa SELIC para aproveitamento de créditos é vedada expressamente pela Lei n. 10.833/2003, conforme se verifica: Art. 13 . O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Assim, pela aplicação da Súmula CARF n. 2, fica impedido o colegiado o apreciar a constitucionalidade da lei. Em face do exposto, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Fl. 197DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 05/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720087/2014-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jan 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2010
MULTA QUALIFICADA. PROVA DA CONDUTA DOLOSA. IMPROCEDÊNCIA.
A interpretação equivocada da legislação tributária não é suficiente para que seja atribuída ao contribuinte a conduta dolosa ou fraudulenta. É ônus do Fisco fazer prova da conduta dolosa, o que não ocorreu no caso sob exame.
JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC.
A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic.
JUROS MORATÓRIOS. TERMO INICIAL DE INCIDÊNCIA.
Afastada a causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário, o termo inicial para a incidência dos juros moratórios sobre a multa de ofício é a data da constituição do crédito tributário, a saber, a data do lançamento.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. VALOR INFERIOR AO CORRETO. AGRAVAMENTO EM SEDE DE JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. IMPROCEDÊNCIA.
Mesmo constatando que o lançamento foi feito em valor inferior àquele que seria o correto, não cabe ao julgador administrativo agravar o lançamento de ofício.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2010
LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR POR CONTROLADA. ART. 74 DA MP Nº 2.158-35/2001. TRATADO CONTRA DUPLA TRIBUTAÇÃO BRASIL-HOLANDA. TRATADO CONTRA DUPLA TRIBUTAÇÃO BRASIL-ARGENTINA. COMPATIBILIDADE.
O art. 7º do TDT Brasil-Holanda não impede a aplicação do art. 74 da MP nº 2.158-35/2001 pois este dispositivo não frustra o objetivo do referido art. 7º que é assegurar que cada país tribute seu próprio residente, impedindo que os lucros de uma mesma pessoa fiquem sujeitos à tributação por dois países diferentes. O mesmo se pode afirmar acerca do TDT Brasil-Argentina.
ART. 74 DA MP Nº 2.158-35/2001. NORMA ANTI-ELISIVA. CONVENÇÃO OCDE.
O art. 74 da MP nº 2.158-35/2001 destina-se a anular ou impedir os efeitos de procedimentos elisivos, o que está em conformidade com os objetivos dos tratados elaborados conforme o modelo OCDE.
BASES DE CÁLCULO DO IRPJ e CSLL. LUCROS OBTIDOS POR CONTROLADAS NO EXTERIOR.
Os valores adicionados pela fiscalização às bases de cálculo do IRPJ e CSLL correspondem ao lucro contábil das controladas no exterior, proporcionalizados segundo o percentual de participação da interessada em cada sociedade controlada. Não se trata, em absoluto, de tributação do resultado positivo da equivalência patrimonial.
IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO.
A compensação do imposto pago no exterior pode ser feita nos moldes do artigo 395 do RIR/99. O contribuinte deve ter apurado imposto a pagar e comprovado imposto efetivamente pago no exterior. Ademais, os documentos relativos aos recolhimentos devem ser reconhecidos pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto.
SOCIEDADES CONTROLADAS NO EXTERIOR. EXERCÍCIO FISCAL. ERRO NA APURAÇÃO DA BASE TRIBUTÁVEL
Ao se comprovar a alegação da interessada de que a sociedade controlada no exterior possui exercício fiscal diverso daquele previsto pela legislação brasileira, e que a incorreta consideração desse fato conduziu a erro na apuração da base de cálculo pelo Fisco, deve ser afastada a tributação da parcela indevidamente exigida.
GLOSA DE DESPESAS DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESA VEÍCULO. IRREGULARIDADES NO LAUDO. LANÇAMENTO MANTIDO.
Verificado que o contribuinte utilizou empresa veículo com o único intuito de reduzir o lucro tributável, além de irregularidades no laudo apresentado, deve o lançamento de ofício ser mantido.
JUROS SOBRE EMPRÉSTIMOS A EMPRESAS CONTROLADAS.
Deve o lançamento de ofício ser mantido, caso o contribuinte não traga aos autos quaisquer documentos que comprovem a alegação de transformação dos mútuos em adiantamento para futuro aumento de capital, conclusão extensiva aos reflexos de CSLL, PIS e COFINS.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2011
RECURSO DE OFÍCIO. CORREÇÃO DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. RECURSO NEGADO.
Ao se verificar a correção da decisão de primeira instância, no que se refere às exigências parcialmente afastadas, deve ser negado provimento ao recurso de ofício.
ARGUMENTO SUSCITADO DE OFÍCIO PELO RELATOR. MATÉRIA PRECLUSA. NÃO CONHECIMENTO
Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e nem mesmo vêm a ser demandadas na petição de recurso, e que não consistem em matéria de Ordem Pública, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar as regras do Processo Administrativo Fiscal. Não cabe ao julgador administrativo suscitar, de ofício, argumento que sequer foi ventilado pela parte interessada.
Numero da decisão: 1301-002.158
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: Recurso de Ofício: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. Recurso Voluntário: (i) No que se refere à matéria lucros auferidos no exterior pelas controladas na Argentina e na Holanda: por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL para afastar apenas a incidência tributária no segundo semestre de 2009 da controlada na Argentina, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, José Eduardo Dornelas Souza e José Roberto Adelino da Silva, que davam provimento integral. (ii) No que se refere à matéria lucros auferidos no exterior pelas controladas no Uruguai: por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL apenas para afastar o agravamento do lançamento sobre a controlada Tacuarembó. (iii) No que se refere à matéria ágio: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. Os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza e Waldir Veiga Rocha acompanharam o Relator apenas pelo segundo fundamento (irregularidades nos laudos). (iv) no que se refere à multa qualificada: por maioria de votos, DAR provimento para reduzir a multa para 75%, vencidos os Conselheiros Flávio Franco Corrêa e Milene de Araújo Macedo, que negavam provimento. (v) No que se refere à matéria juros e variações cambiais de empréstimos: por voto de qualidade, NEGAR provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, José Eduardo Dornelas Souza e Roberto Silva Júnior, que davam provimento parcial para afastar as exigências de PIS e COFINS. (vi) No que se refere à matéria juros sobre multa: por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Eduardo Dornelas Souza, que davam provimento. (vii) No que se refere ao pedido subsidiário sobre a data de início da incidência dos juros sobre a multa: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso
(documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha Presidente e Redator designado.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
O julgamento teve início na sessão realizada em 14 de setembro de 2016, da qual participaram os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Milene de Araújo Macedo, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado). O julgamento prosseguiu e foi concluído na sessão realizada em 05 de outubro de 2016, da qual participaram os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Milene de Araújo Macedo e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro.
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: Recurso de Ofício: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. Recurso Voluntário: (i) No que se refere à matéria lucros auferidos no exterior pelas controladas na Argentina e na Holanda: por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL para afastar apenas a incidência tributária no segundo semestre de 2009 da controlada na Argentina, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, José Eduardo Dornelas Souza e José Roberto Adelino da Silva, que davam provimento integral. (ii) No que se refere à matéria lucros auferidos no exterior pelas controladas no Uruguai: por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL apenas para afastar o agravamento do lançamento sobre a controlada Tacuarembó. (iii) No que se refere à matéria ágio: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. Os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza e Waldir Veiga Rocha acompanharam o Relator apenas pelo segundo fundamento (irregularidades nos laudos). (iv) no que se refere à multa qualificada: por maioria de votos, DAR provimento para reduzir a multa para 75%, vencidos os Conselheiros Flávio Franco Corrêa e Milene de Araújo Macedo, que negavam provimento. (v) No que se refere à matéria juros e variações cambiais de empréstimos: por voto de qualidade, NEGAR provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, José Eduardo Dornelas Souza e Roberto Silva Júnior, que davam provimento parcial para afastar as exigências de PIS e COFINS. (vi) No que se refere à matéria juros sobre multa: por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Eduardo Dornelas Souza, que davam provimento. (vii) No que se refere ao pedido subsidiário sobre a data de início da incidência dos juros sobre a multa: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente e Redator designado. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator. O julgamento teve início na sessão realizada em 14 de setembro de 2016, da qual participaram os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Milene de Araújo Macedo, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado). O julgamento prosseguiu e foi concluído na sessão realizada em 05 de outubro de 2016, da qual participaram os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Milene de Araújo Macedo e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro.
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2010 MULTA QUALIFICADA. PROVA DA CONDUTA DOLOSA. IMPROCEDÊNCIA. A interpretação equivocada da legislação tributária não é suficiente para que seja atribuída ao contribuinte a conduta dolosa ou fraudulenta. É ônus do Fisco fazer prova da conduta dolosa, o que não ocorreu no caso sob exame. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. JUROS MORATÓRIOS. TERMO INICIAL DE INCIDÊNCIA. Afastada a causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário, o termo inicial para a incidência dos juros moratórios sobre a multa de ofício é a data da constituição do crédito tributário, a saber, a data do lançamento. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. VALOR INFERIOR AO CORRETO. AGRAVAMENTO EM SEDE DE JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. IMPROCEDÊNCIA. Mesmo constatando que o lançamento foi feito em valor inferior àquele que seria o correto, não cabe ao julgador administrativo agravar o lançamento de ofício. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2010 LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR POR CONTROLADA. ART. 74 DA MP Nº 2.158-35/2001. TRATADO CONTRA DUPLA TRIBUTAÇÃO BRASIL-HOLANDA. TRATADO CONTRA DUPLA TRIBUTAÇÃO BRASIL-ARGENTINA. COMPATIBILIDADE. O art. 7º do TDT Brasil-Holanda não impede a aplicação do art. 74 da MP nº 2.158-35/2001 pois este dispositivo não frustra o objetivo do referido art. 7º que é assegurar que cada país tribute seu próprio residente, impedindo que os lucros de uma mesma pessoa fiquem sujeitos à tributação por dois países diferentes. O mesmo se pode afirmar acerca do TDT Brasil-Argentina. ART. 74 DA MP Nº 2.158-35/2001. NORMA ANTI-ELISIVA. CONVENÇÃO OCDE. O art. 74 da MP nº 2.158-35/2001 destina-se a anular ou impedir os efeitos de procedimentos elisivos, o que está em conformidade com os objetivos dos tratados elaborados conforme o modelo OCDE. BASES DE CÁLCULO DO IRPJ e CSLL. LUCROS OBTIDOS POR CONTROLADAS NO EXTERIOR. Os valores adicionados pela fiscalização às bases de cálculo do IRPJ e CSLL correspondem ao lucro contábil das controladas no exterior, proporcionalizados segundo o percentual de participação da interessada em cada sociedade controlada. Não se trata, em absoluto, de tributação do resultado positivo da equivalência patrimonial. IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO. A compensação do imposto pago no exterior pode ser feita nos moldes do artigo 395 do RIR/99. O contribuinte deve ter apurado imposto a pagar e comprovado imposto efetivamente pago no exterior. Ademais, os documentos relativos aos recolhimentos devem ser reconhecidos pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto. SOCIEDADES CONTROLADAS NO EXTERIOR. EXERCÍCIO FISCAL. ERRO NA APURAÇÃO DA BASE TRIBUTÁVEL Ao se comprovar a alegação da interessada de que a sociedade controlada no exterior possui exercício fiscal diverso daquele previsto pela legislação brasileira, e que a incorreta consideração desse fato conduziu a erro na apuração da base de cálculo pelo Fisco, deve ser afastada a tributação da parcela indevidamente exigida. GLOSA DE DESPESAS DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESA VEÍCULO. IRREGULARIDADES NO LAUDO. LANÇAMENTO MANTIDO. Verificado que o contribuinte utilizou empresa veículo com o único intuito de reduzir o lucro tributável, além de irregularidades no laudo apresentado, deve o lançamento de ofício ser mantido. JUROS SOBRE EMPRÉSTIMOS A EMPRESAS CONTROLADAS. Deve o lançamento de ofício ser mantido, caso o contribuinte não traga aos autos quaisquer documentos que comprovem a alegação de transformação dos mútuos em adiantamento para futuro aumento de capital, conclusão extensiva aos reflexos de CSLL, PIS e COFINS. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2011 RECURSO DE OFÍCIO. CORREÇÃO DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. RECURSO NEGADO. Ao se verificar a correção da decisão de primeira instância, no que se refere às exigências parcialmente afastadas, deve ser negado provimento ao recurso de ofício. ARGUMENTO SUSCITADO DE OFÍCIO PELO RELATOR. MATÉRIA PRECLUSA. NÃO CONHECIMENTO Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e nem mesmo vêm a ser demandadas na petição de recurso, e que não consistem em matéria de Ordem Pública, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar as regras do Processo Administrativo Fiscal. Não cabe ao julgador administrativo suscitar, de ofício, argumento que sequer foi ventilado pela parte interessada.
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2010 MULTA QUALIFICADA. PROVA DA CONDUTA DOLOSA. IMPROCEDÊNCIA. A interpretação equivocada da legislação tributária não é suficiente para que seja atribuída ao contribuinte a conduta dolosa ou fraudulenta. É ônus do Fisco fazer prova da conduta dolosa, o que não ocorreu no caso sob exame. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. JUROS MORATÓRIOS. TERMO INICIAL DE INCIDÊNCIA. Afastada a causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário, o termo inicial para a incidência dos juros moratórios sobre a multa de ofício é a data da constituição do crédito tributário, a saber, a data do lançamento. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. VALOR INFERIOR AO CORRETO. AGRAVAMENTO EM SEDE DE JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. IMPROCEDÊNCIA. Mesmo constatando que o lançamento foi feito em valor inferior àquele que seria o correto, não cabe ao julgador administrativo agravar o lançamento de ofício. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2010 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 87 /2 01 4- 23 Fl. 3332DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.333 2 LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR POR CONTROLADA. ART. 74 DA MP Nº 2.15835/2001. TRATADO CONTRA DUPLA TRIBUTAÇÃO BRASILHOLANDA. TRATADO CONTRA DUPLA TRIBUTAÇÃO BRASILARGENTINA. COMPATIBILIDADE. O art. 7º do TDT BrasilHolanda não impede a aplicação do art. 74 da MP nº 2.15835/2001 pois este dispositivo não frustra o objetivo do referido art. 7º que é assegurar que cada país tribute seu próprio residente, impedindo que os lucros de uma mesma pessoa fiquem sujeitos à tributação por dois países diferentes. O mesmo se pode afirmar acerca do TDT BrasilArgentina. ART. 74 DA MP Nº 2.15835/2001. NORMA ANTIELISIVA. CONVENÇÃO OCDE. O art. 74 da MP nº 2.15835/2001 destinase a anular ou impedir os efeitos de procedimentos elisivos, o que está em conformidade com os objetivos dos tratados elaborados conforme o modelo OCDE. BASES DE CÁLCULO DO IRPJ e CSLL. LUCROS OBTIDOS POR CONTROLADAS NO EXTERIOR. Os valores adicionados pela fiscalização às bases de cálculo do IRPJ e CSLL correspondem ao lucro contábil das controladas no exterior, proporcionalizados segundo o percentual de participação da interessada em cada sociedade controlada. Não se trata, em absoluto, de tributação do resultado positivo da equivalência patrimonial. IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO. A compensação do imposto pago no exterior pode ser feita nos moldes do artigo 395 do RIR/99. O contribuinte deve ter apurado imposto a pagar e comprovado imposto efetivamente pago no exterior. Ademais, os documentos relativos aos recolhimentos devem ser reconhecidos pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto. SOCIEDADES CONTROLADAS NO EXTERIOR. EXERCÍCIO FISCAL. ERRO NA APURAÇÃO DA BASE TRIBUTÁVEL Ao se comprovar a alegação da interessada de que a sociedade controlada no exterior possui exercício fiscal diverso daquele previsto pela legislação brasileira, e que a incorreta consideração desse fato conduziu a erro na apuração da base de cálculo pelo Fisco, deve ser afastada a tributação da parcela indevidamente exigida. GLOSA DE DESPESAS DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESA VEÍCULO. IRREGULARIDADES NO LAUDO. LANÇAMENTO MANTIDO. Verificado que o contribuinte utilizou empresa veículo com o único intuito de reduzir o lucro tributável, além de irregularidades no laudo apresentado, deve o lançamento de ofício ser mantido. JUROS SOBRE EMPRÉSTIMOS A EMPRESAS CONTROLADAS. Deve o lançamento de ofício ser mantido, caso o contribuinte não traga aos autos quaisquer documentos que comprovem a alegação de transformação Fl. 3333DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.334 3 dos mútuos em adiantamento para futuro aumento de capital, conclusão extensiva aos reflexos de CSLL, PIS e COFINS. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2011 RECURSO DE OFÍCIO. CORREÇÃO DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. RECURSO NEGADO. Ao se verificar a correção da decisão de primeira instância, no que se refere às exigências parcialmente afastadas, deve ser negado provimento ao recurso de ofício. ARGUMENTO SUSCITADO DE OFÍCIO PELO RELATOR. MATÉRIA PRECLUSA. NÃO CONHECIMENTO Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e nem mesmo vêm a ser demandadas na petição de recurso, e que não consistem em matéria de Ordem Pública, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar as regras do Processo Administrativo Fiscal. Não cabe ao julgador administrativo suscitar, de ofício, argumento que sequer foi ventilado pela parte interessada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: Recurso de Ofício: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. Recurso Voluntário: (i) No que se refere à matéria lucros auferidos no exterior pelas controladas na Argentina e na Holanda: por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL para afastar apenas a incidência tributária no segundo semestre de 2009 da controlada na Argentina, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, José Eduardo Dornelas Souza e José Roberto Adelino da Silva, que davam provimento integral. (ii) No que se refere à matéria lucros auferidos no exterior pelas controladas no Uruguai: por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL apenas para afastar o agravamento do lançamento sobre a controlada Tacuarembó. (iii) No que se refere à matéria ágio: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. Os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza e Waldir Veiga Rocha acompanharam o Relator apenas pelo segundo fundamento (irregularidades nos laudos). (iv) no que se refere à multa qualificada: por maioria de votos, DAR provimento para reduzir a multa para 75%, vencidos os Conselheiros Flávio Franco Corrêa e Milene de Araújo Macedo, que negavam provimento. (v) No que se refere à matéria juros e variações cambiais de empréstimos: por voto de qualidade, NEGAR provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, José Eduardo Dornelas Souza e Roberto Silva Júnior, que davam provimento parcial para afastar as exigências de PIS e COFINS. (vi) No que se refere à matéria juros sobre multa: por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Eduardo Dornelas Souza, que davam provimento. (vii) No que se refere ao pedido subsidiário sobre a data de início da incidência dos juros sobre a multa: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso Fl. 3334DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.335 4 (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha – Presidente e Redator designado. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. O julgamento teve início na sessão realizada em 14 de setembro de 2016, da qual participaram os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Milene de Araújo Macedo, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado). O julgamento prosseguiu e foi concluído na sessão realizada em 05 de outubro de 2016, da qual participaram os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Milene de Araújo Macedo e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro. Relatório Por bem sintetizar a lide em questão, adoto o relatório elaborado pela 15ª Turma da DRJ/POR no Acórdão n° 1458.183 (fls. 2973/3058): Trata o presente processo de autos de infração lavrados contra a contribuinte em referência por meio do qual se exigem IRPJ, CSLL, Pis e Cofins valor total de R$ 83.910.224,51, incluídos a multa de ofício e os juros de mora consolidados em 17/09/2014. Da Acusação Fiscal Os fatos que motivaram as autuações foram contextualizados no Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 2549/2590, cujo teor é relatado a seguir. A ação fiscal da qual resultou as autuações em exame foi iniciada em 02/02/2013, com o objetivo de se verificar regularidade fiscal da interessada no que toca ao IRPJ e à CSLL “incidentes nos Lucros, Rendimentos e Ganhos de Capital auferidos no Exterior e outros, no anocalendário (AC) de 2009”. Além da tributação atinente aos lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, é também objeto das autuações glosa de dedução de amortização de ágio das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL do ano calendário 2009. A contribuinte fiscalizada é uma sociedade anônima de capital aberto que tem o seguinte objeto social, segundo o artigo 3º do extrato social: (a) exploração das atividade frigoríficas, com abate de bovinos, eqüinos, suínos, caprinos, ovinos, aves, bufalinos e a industrialização e comercialização de produtos e subprodutos de origem animal, comestíveis ou não, incluindose mas não limitado à industrialização e comercialização de produtos e subprodutos de couro, em estabelecimento próprio ou de terceiros; (b) compra, venda, distribuição, Fl. 3335DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.336 5 representação, importação e exportação de produtos alimentícios em geral, inclusive bebidas alcoólicas ou não e outros; (c) compra e venda de bovinos, eqüinos, suínos, caprinos, ovinos, aves, bufalinos em pé; (d) fornecimento de mão de obra efetiva junto a outras empresas; (e) exploração de atividade agropecuária; (f) participação como sócia ou acionista em qualquer empresa de caráter comercial ou civil; (g) distribuição e comercialização de produtos alimentícios em geral; (h) produção, distribuição e comercialização de sabões, preparações pra lavagem, desinfetantes, amaciantes e outros produtos de higiene e limpeza; (i) cogeração, produção e comercialização de energia e biodiesel; (j) participação de produtos derivados de leguminosas e vegetais, bem como de todos os seus derivados e sucedâneos; rações, conservas, enlatados e gorduras; e (l) transporte de seus produtos e de terceiros; representações e outros empreendimentos correlatos e que forem necessários aos objetivos sociais. Parágrafo único – A companhia poderá explorar outros ramos de negócio que tenham afinidade com o objeto expresso no artigo 3°. DAS PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS NO BRASIL E NO EXTERIOR Na sequência, o AuditorFiscal expõe um quadro que retrata as participações da fiscalizada em empresas controladas no Brasil e no exterior bem como os resultados da equivalência patrimonial relativos a elas, conforme declarados na DIPJ 2010 AC 2009. Prossegue a Fiscalização apresentando as demonstrações atinentes às empresas controladas diretas localizadas no exterior e cotejandoas com as informações declaradas em DIPJ (lucros disponibilizados no exterior no montante de R$ 19.485.675,10 e impostos sobre lucros, rendimentos e ganhos de capital pagos no exterior no valor de R$ 7.203.529,69). A respeito da controlada uruguaia Frigorífico Tacuarembó S/A, em relação à qual a participação da contribuinte era de 93,45% em 2009, informa a Fiscalização que a demonstração da Apuração do Resultado indicou lucro tributável de US$ 6.253.529, convertido para R$ 10.888.645 conforme a taxa de R$ 1,7412 (31/12/2009). Aplicando o percentual de 93,45% sobre o resultado de R$ 10.888.645,00, chegase ao valor tributável de R$ 10.175.439,00. Considerando que a fiscalizada havia oferecido à tributação a quantia de R$ 9.683.082,00, houve uma diferença de R$ 492.357,00 a ser tributada, nos termos do artigo 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001. A Fiscalização examinou, em seguida, a empresa uruguaia Prestcott International S/A, da qual a fiscalizada possui 100% das ações: De acordo com a Demonstração de Resultado constante das demonstrações contábeis da empresa apresentadas pela fiscalizada, o Lucro Líquido antes do IR em 2009, apurado no balanço de 31 de dezembro de 2009, em dólares americanos, é de USD 5.683.863, equivalente em 31/12/2009 a R$ 9.896.742. Considerando que o contribuinte ofereceu à tributação o valor de R$ 9.800.593, indica diferença a ser tributada no total de R$ 96.147. Acerca da empresa uruguaia Inaler S/A, outra controlada integral da fiscalizada, a Autoridade Fiscal tece os seguintes comentários: Fl. 3336DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.337 6 Observase que no balanço apresentado pelo contribuinte, sobre o qual foi baseado o cálculo da equivalência patrimonial, era um balanço com encerramento em 30/09/2009 que apresentava um prejuízo, logo nada foi oferecido a tributação. Entretanto, quando se examina o balanço encerrado em 31/12/2009 constatase a apuração do lucro antes do imposto de renda no total de USD 4.623.547, equivalente e 31/12/2009 a R$ 8.050.520 que deve ser tributado. A respeito da controlada holandesa Marfrig Holding BV, expõe o Auditor Fiscal que o balanço de 31/12/2009 apresentado pela interessada indicava um patrimônio líquido de € 247.026.468,00, quando o saldo do investimento da fiscalizada era de R$ 744.660.695,08. Tais valores seriam aceitáveis se a taxa de câmbio fosse de R$ 3,0145. Todavia, era de R$ 2,5019. Instada a justificar a discrepância, foi apresentado um demonstrativo de mutação do patrimônio líquido que, segundo a AuditoriaFiscal, não esclareceu o problema. Depois de nova intimação, a seguinte resposta foi apresentada: Resp.: Encaminhamos nova DMPL de Dezembro/2009 em Dólar (a), onde ocorreu o aumento de capital no montante de 370.071.552 (a1), correspondente a 70% do montante devido, sendo que os 30% restantes foram capitalizados no ano seguinte, conforme planilha “DEMONSTRATIVO DE MÚTUO" em anexo, totalizando um PL de 427.670.552 que, aplicandose a taxa de conversão de 1,7412, chegamos no valor de R$ 744.660.695,08, que corresponde ao valor indicado no balancete (a2). (...) Diante disso, concluiu a Fiscalização: Assim demonstrado, o que nos pareceu próximo da realidade, indica, sem sombra de dúvida o aferimento de lucros na ordem de USD 39.453.000, que transformado em reais pela taxa de conversão de 31/12/2009 R$ 1,7412, chegamos ao lucro que deveria ter sido oferecido a tributação no valor de R$ 68.695.564,00. Por fim, a controlada argentina Quickfood S.A, em relação à qual nenhum “lucro disponibilizado no exterior” foi declarado na DIPJ 2010 AC 2009. No entanto, o balanço apresentado pela fiscalizada, atinente ao período de julho a dezembro, informou lucro de 40.891.256,00 pesos, equivalente a R$ 18.715.641,63 (fls. 222). Assevera o AuditorFiscal: Considerando que Fiscalizado detém 81,48% de participação nessa controlada, o valor do lucro passível de disponibilização no Brasil é de R$ 15.249.504,80, correspondente ao período de julho a dezembro de 2009. No que tange ao período de janeiro a junho, a fiscalizada não apresentou o balanço, não obstante insistentes intimações. Foi, por este motivo, examinado o relatório dos “Estados Contables por el período de 6 (seis) meses finalizado el 31 de deciembre de 2009”, a fls. 240, o qual permitiu se verificar a mutação do patrimônio líquido: (...) Raciocina o AuditorFiscal: Fl. 3337DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.338 7 Pelo quadro demonstrado acima é perfeitamente conclusivo que o valor do patrimônio líquido encerrado em 31/12/2008 totaliza P$ 178.831.956,00 e o patrimônio líquido encerrado em 30/06/2009 aponta P$ 213.088.047,00, como não houve nenhuma outra movimentação em contas do grupo de patrimônio líquido (aumento de capital, aumento de reservas e etc.) é de se deduzir que lucro líquido do período janeiro a junho de 2009 seja de P$ 34.256.091,00 e a partir deste número, estimar o lucro antes do imposto de renda tendo por base o resultado do período de julho a dezembro de 2009 e os percentuais encontrados. (...) E finaliza: Como, apesar de intimado o contribuinte não respondeu ou esclareceu este ponto, e como este número é o único que dispomos, não restou alternativa senão comparar com o segundo semestre para chegarmos proporcionalmente ao valor do lucro antes do imposto de renda, ou seja, P$ 62.408.096,05 equivalente a R$ 28.563.748,71 cuja participação da fiscalizada (81,48%) indica o valor tributável de R$ 23.273.742,45. Cabe observar que o resultado líquido de P$ 22.445.399,00 da mutação encerrada em 31/12/09 é demonstrado e fecha com o demonstrativo de resultado do exercício apresentado no quadro anterior Esse lucro é passível de disponibilização para o fim de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL do fiscalizado no Brasil, nos termos do art. 74 da Medida Provisória n° 2.15835. O quadro abaixo sintetiza os valores apurados pelo Fisco: (...) Em seguida, relata o AuditorFiscal que a contribuinte deduziu, do cálculo do IRPJ, o valor de R$ 7.203.529,69 a título de imposto de renda pago no exterior, consoante informado na linha 13 da Ficha 12A da DIPJ 2010. Tal medida está prevista no artigo 395 do RIR/991, a qual prevê certas condições para a compensação, dentre elas a necessária apuração de resultado positivo no Brasil, o que não se verificou visto que a contribuinte declarou lucro real negativo de R$ 61.287.302,32, conforme salientou o AuditorFiscal. Ademais, as demonstrações financeiras apresentadas indicam que o imposto de renda pago totaliza US$ 1.003.026 [= 331.005 (Tacuarembó) + 547.115 (Inaler) + 124.906 (Prestcott)], ao passo que a contribuinte declarou ao Fisco ter pagado US$ 3.777.413 [= 1.986.635 (Tacuarembó) + 504.297 (Inaler) + 1.286.481 (Prestcott)]. As mencionadas divergências levaram a Fiscalização a requisitar novas informações, conforme relatado abaixo: Intimado a apresentar documentação comprobatória, semelhante ao nosso DARF, ou mesmo comprovação inequívoca através de extrato bancário, o contribuinte remeteu a mesma composição já anteriormente enviada com muitas diferenças de valores, acrescentando a declaração de imposto de renda local, na linguagem nativa, ou seja não traduzida nem tampouco reconhecida no Consulado da Embaixada do Brasil no Uruguai. Fl. 3338DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.339 8 As diferenças mencionadas a seguir reproduzidas, embora registrem que as primeiras correspondem ao período de outubro de 2008 a setembro de 2009 e a segunda informação referente janeiro a dezembro de 2009 não são suficientes, no nosso entendimento, para fazer prova se realmente foram liquidados. (...) Ante a incoerência das informações prestadas, não se considerou comprovada a legitimidade da compensação pleiteada. Por fim, registra o AuditorFiscal ser imprescindível que o imposto de renda pago no exterior seja registrado no Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto, procedimento cuja realização não foi demonstrada pela Fiscalizada. Conclui pela improcedência da compensação e intima a autuada a retificar a DIPJ com vista a não se aproveitar o valor declarado (R$ 7.203.529,69) no ano calendário seguinte. Na continuação, discorre a Autoridade Fiscal acerca dos Tratados para Evitar a Bitributação (TDT) celebrados entre Brasil e Argentina (Decreto n° 87.976/1982) bem como Brasil e Holanda (Decreto Legislativo n° 60/1990). Dispõe o parágrafo 1 do Artigo VII dos aludidos tratados: ARTIGO VII Lucros das empresas 1. Os lucros de uma empresa de um Estado Contratante só são tributáveis nesse Estado, a não ser que a empresa exerça sua atividade no outro Estado Contratante por meio de um estabelecimento permanente aí situado. Se a empresa exercer sua atividade na forma indicada, seus lucros são tributáveis no outro Estado, mas unicamente à medida em que sejam atribuíveis a esse estabelecimento permanente. O aludido parágrafo reproduz o parágrafo 1º do artigo 7º da Convenção Modelo da OCDE, o qual é objeto do Comentário elaborado pela citada organização, abaixo traduzido pelo AuditorFiscal: 10.1 O propósito do artigo 7, § 1° é traçar limites ao direito de um Estado Contratante tributar os lucros de empresas situadas em outro Estado Contratante. O parágrafo não limita o direito de um Estado Contratante tributar seus residentes com base nos dispositivos relativos a sociedades controladas no exterior encontradas em sua legislação interna, ainda que tal tributo, imposto a esses residentes, possa ser computado em relação à parte dos lucros de uma empresa residente em outro Estado Contratante atribuída à participação desses residentes nessa empresa. O tributo assim imposto por um estado sobre seus próprios residentes não reduz os lucros da empresa de outro Estado e não se pode dizer, portanto, que teve por objeto tais lucros. Destaca que os tratados em questão não têm por objetivo conceder isenções de impostos, mas sim evitar a dupla tributação jurídica, o que afasta a tese de que o lucro de pessoa jurídica domiciliada em país signatário de acordo com o Brasil somente poderia ser tributado nesse país. Fl. 3339DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.340 9 Transcreve as palavras de Alonso Vera Herz sobre a matéria (in Los CDI Y su abuso – un acercamiento al tema): independente do conceito de dupla tributação que se adote, o certo é que de nenhuma maneira pode ser suposta uma exoneração de rendas, de tal forma que se em virtude de um acordo para evitar dupla tributação um contribuinte de um estado contratante não tributa no dito Estado, é porque será feito no outro estado. Prossegue o AuditorFiscal: Reforçam ainda esse entendimento, os comentários da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sobre o MODELO DE CONVENÇÃO TRIBUTÁRIA (versão condensada), de julho de 2010, tradução: DEMAREST E ALMEIDA advogados, que assim dispõe sobre o parágrafo 1 do Artigo 7 da Convenção, no item 14 da página 140: 14. O propósito do parágrafo 1 é limitar o direito de um Estado Contratante de tributar os lucros das empresas do outro Estado Contratante. O parágrafo não limita o direito de um Estado Contratante de tributar seus próprios residentes segundo as disposições referentes a empresas estrangeiras controladas contidas em sua legislação interna, embora o imposto incidente sobre esses residentes possa ser calculado por referência à parcela dos lucros de empresa residente no outro Estado Contratante atribuída à participação desses residentes na empresa. O imposto exigido dessa forma por um Estado de seus próprio s residentes não reduz os lucros da empresa do outro Estado e não se poderá, dizer que está sendo exigido sobre tais lucros (vide também o parágrafo 23 do Comentário ao Artigo 1 e os parágrafos 37 a 39 do Comentário ao Artigo 10). (grifos nossos) Arremata lembrando que o artigo 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, que os lucros no exterior serão tributados ao serem adquiridos “na forma de aumento patrimonial da empresa brasileira decorrente do reconhecimento desses lucros por equivalência patrimonial”, sendo possível a realização de compensação nos termos do artigo 26 da Lei nº 9.249, de 1995. O próximo tema tratado no TVF diz respeito à tributação em bases universais (TBU). Neste tópico, é lembrado que os artigos 25 a 27 da Lei nº 9.249, de 1995, introduziram normas para a aplicação do princípio da universalidade da tributação, o qual já era previsto no inciso I do § 2º do artigo 153 da Constituição Federal. Cita as diversas leis, medidas provisórias e instruções normativas que trataram da matéria bem como a alteração da redação do artigo 43 Código Tributário Nacional por meio da Lei Complementar nº 104, de 2001. Avisa, ainda, que as normas da TBU passaram a ser aplicadas à CSLL a partir de 01/10/1999, com a edição do art. 19 da Medida Provisória n° 1.8586, de 1999. No que tange ao momento da disponibilização dos lucros obtidos no exterior, invoca o artigo 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 20012, para concluir que os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior passaram a ser considerados disponibilizados na data do balanço em que forem apurados, o que está em conformidade com o artigo 43 do Código Tributário Nacional3, que prevê que o fato gerador ocorre com a disponibilidade econômica ou jurídica da renda ou provendo de qualquer natureza. Fl. 3340DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.341 10 Transcreve os artigos 1º e 7º da Instrução Normativa SRF nº 2134, de 2002, e explica: método da equivalência patrimonial consiste, basicamente, em registrar no resultado do exercício da investidora as variações verificadas no Patrimônio Líquido correspondente à porcentagem detida por ela no capital social de sua coligada ou controlada. No caso de apuração de resultado positivo na avaliação de investimento feito em empresa sediada no Brasil, a legislação fiscal permite que esse valor seja excluído da base de cálculo do imposto de renda da investidora, pois presume que essa parcela do lucro da investida, reconhecido contabilmente pela investidora, já foi tributado em seu nascedouro. Já no caso de investimentos em sociedades situadas no exterior, por força da instituição da tributação em bases universais para as pessoas jurídicas, o valor referente aos lucros auferidos no exterior deve ser oferecido à tributação no curso do anocalendário ou, por ocasião do levantamento do balanço de 31 de dezembro. DAS AMORTIZAÇÕES DE ÁGIO • Quickfood / Blue Horizon Expõe o AuditorFiscal: Pelo contrato de compra e venda celebrado em Buenos Aires/Argentina em 13 de novembro de 2007, os cidadãos argentinos Luis Miguel Bameule, Carlos Bameule e Adrian Bameule venderam à Marfrig Alimentos S/A 100% das ações ordinárias da empresa Blue Horizon Trading Co, LLC, sediada no Estado de Delaware, JSA, correspondendo a 70,51% de participação na empresa argentina Quickfood, pelo valor de USD 140.875.000,00. A aquisição retro mencionada significa a aquisição indireta de um pacote acionário de 10.000.000 ações ordinárias, nominativas, não endossáveis, classe A, de um peso de valor nominal cada uma e com direito a três votos por ação; e 11.419.606 ações ordinárias nominativas, não endossáveis, classe B, de um peso de valor nominal cada uma e com direito a um voto por ação que representam, todas elas, 71,28% do capital social e 100% dos votos da Quickfood, considerando, inclusive os aportes irrevogáveis por conta de futuras emissões de ações e qualquer outro aporte que tenham feito os vendedores à Quickfood na data do encerramento. Ao ler o contrato de compra e venda, concluiu a Autoridade Fiscal “que o verdadeiro interesse do comprador (fiscalizada) era na Quickfood já que a Blue Horizon tinha apenas e tão somente investimento na empresa argentina e capital no mesmo montante constituído no mesmo dia em que as pessoas físicas venderam suas ações para a fiscalizada, precisamente 13 de novembro de 2007”. Destaca: É importantíssimo registrar que o contrato de compra e venda foi celebrado em 13 de novembro de 2007, mesma data em que os sócios pessoas físicas cederam suas ações na empresa Quickfood para a Blue Horizon, indicando, claramente um planejamento tributário visando a amortização de ágio pela compradora brasileira a partir da incorporação da Blue Horizon ocorrida em 01 de dezembro de 2008. A informação da transferência das ações das pessoas físicas para a Blue Horizon foi retirada do relatório de auditoria datado de 31/12/2007 e 31/12/2008, pois embora Fl. 3341DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.342 11 intimado a apresentar livros societários e atas correspondentes, o fiscalizado não o fez. Relata que o ágio de R$ 209.225.083,26 foi calculado mediante confrontação do valor de venda R$ 249.095.175,00 contra 100% do patrimônio líquido da Blue Horizon, que vem a ser idêntico à conta de investimento equivalente a 71,28 % do patrimônio líquido da Quickfood em balanço levantado em 30 de setembro de 2007 (R$ 39.870.091,74). Acrescenta: O laudo de avaliação elaborado pela empresa Privh Contabilidade Ltda, foi feito com base no balanço de 30 de setembro de 2008 da Blue Horizon, tendo o acervo líquido valorizado em R$ 72.650.712,22. Neste relatório de avaliação está registrado que a avaliação foi efetuada na Blue Horizon, e simplesmente, levou em conta a avaliação feita na Quickfood pela auditoria executada na Argentina, sem qualquer critica. É necessário informar que o laudo de avaliação da Quickfood não foi fornecido pelo contribuinte. Informa, em seguida, as amortizações deduzidas, explicando que, no ano calendário 2009, computou amortizações realizadas em 2009 e em 2008 que haviam sido adicionadas ao lucro real apurado neste ano calendário (amortização complementar). “O valor mensal das amortizações levou em conta o précálculo apurado a partir do laudo de avaliação (não repassado à fiscalização) e mais propriamente do valor EBTIDA estimado para cada exercício”. A tabela abaixo, sintetiza as amortizações em questão: Anota, por fim: (...) Também é importante registrar que o Sr. Luis Miguel Bameule passou de sócio vendedor da empresa para diretor da empresa vendida e até ocupando a presidência. Assim como, é importante registrar que se tratando de empresa incorporada, no caso a Blue Horizon, os livros e documentações desta empresa deveriam estar de posse da contribuinte, e apesar de intimado, cobrado via email e até referendado em reunião pessoal, o contribuinte não apresentou qualquer documentação a respeito. • Establecimientos Colonia / Zanzibar Relativamente a estas empresas, a operação realizada teve as mesmas características atinentes às empresas Quickfood e Blue Horizon. As mesmas pessoas físicas envolvidas venderam 100% das ações da empresa Zanzibar Capital, LCC, sediada em Delaware, à Marfrig Alimentos S/A no mesmo dia em que a venda da Blue Horizon foi realizada (13/11/2007). Esta compra significou a aquisição indireta da empresa Establecimientos Colonia, a qual representava o verdadeiro interesse do comprador, uma vez que a empresa Zanzibar tinha como único investimento a aludida empresa uruguaia. Fl. 3342DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.343 12 O laudo de avaliação também foi elaborado pela empresa Privh Contabilidade Ltda, que considerou os resultados da auditoria realizada por auditores locais (do Uruguai) sem qualquer crítica. Os valores amortizados foram apresentados pela Fiscalização, merecendo ser destacado que houve para o presente caso, também, a denominada “amortização complementar”. Por fim, registra a Fiscalização que os livros e documentação da empresa Zanzibar não lhe foram entregues, não obstante sua apresentação tenha sido requisitada. Apresenta, em seguida, informações constantes em relatórios de auditoria que comprovariam que as empresas Quickfood e Establecimientos Colonia “funcionaram como veículo”: Prossegue o AuditorFiscal: (...) Não há como combater o fato de que no mesmo dia (13 de novembro de 2007) ocorreram os fatos destacados cuja finalidade única era a economia de tributos prejudicando unicamente os cofres públicos. Em 01 de dezembro de 2008 a Marfrig incorporou as duas empresas, Blue Horizon e Zanzibar, passando a ser controladora direta nas empresas Quickfood e Colonia completando afinal o planejamento tributário objeto dos procedimentos descritos. Assim o aproveitamento do ágio pela fiscalizada foi mediante a utilização de empresas sediadas em Delaware, utilizadas apenas como veículo, com realização de transações que não se revestem de substância econômica a não ser visando a economia tributária via amortização do ágio. Como o artigo 391 do RIR 99 não autoriza a dedução da amortização direta do ágio decorrente da aquisição de investimentos avaliados pelo patrimônio líquido, ressalvada a hipótese do disposto no seu artigo 426 (valor contábil para efeito de determinar o ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação de investimento em coligada ou controlada avaliado pelo patrimônio líquido), a possibilidade de deduzir a amortização do ágio na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, restringese à hipótese prevista no artigo 386, III, do RIR de 1999, qual seja, em que a pessoa jurídica absorve o patrimônio de outra em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, ou em que a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a participação societária (controladora), com fundamento em rentabilidade futura. Acrescentese que na hipótese em que o fundamento do ágio for a rentabilidade futura da investida, subentendese no evento que o investidor terá o retorno do capital aplicado na forma de lucros produzidos nas operações sociais da investida, enquanto a despesa de amortização do ágio representa sua alocação ao longo do período em que ele será recuperado. Neste caso, a diferença na apuração dos resultados mantida ou não ligação indireta com as empresas Quickfood e Colônia, seriam idênticos, apenas que tais resultados transitariam pelas empresas Blue Horizon e Zanzibar, concluindo que a diferença entre um e outro modelo está Fl. 3343DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.344 13 exatamente na possibilidade de amortização do ágio, e somente os cofres públicos seria prejudicado. (...) Em nosso entendimento o planejamento executado pelo contribuinte atendeu precisamente ao aspecto da economia tributária, dada a ênfase dada ao ágio. As acionistas pessoas físicas de naturalidade argentina, qualificados como vendedores de ambas as empresas cederam suas ações tanto na Quickfood como na Colonia para as empresas Blue Horizon e Zanzibar, no mesmo dia em que houve a celebração do contrato de compra e venda com a Marfrig, precisamente em 13 de novembro de 2007. E não há como os vendedores argentinos efetuarem o procedimento que fizeram sem que fosse orientado a assim proceder pelos compradores (representantes da fiscalizada), pois, não seria concebível que eles tivessem conhecimento de nossa legislação sobre o aproveitamento do ágio para fins tributários no Brasil e mais ainda, a vantagem a ser obtida somente beneficiaria o comprador (no caso a fiscalizada). As empresas Blue Horizon e a Zanzibar são empresas com características de holding, sem funcionários e estabelecidas no mesmo endereço em Estado nos Estados Unidos caracterizados como local de "paraíso fiscal” pela nossa legislação, logo sem qualquer propósito negocial, a não ser pela utilização como ponte para objetivos de economia tributária, já que detiveram ações dasempresas Quickfood e Colonia, a partir do mesmo dia em que as empresas foram vendidas para a fiscalizada (13/11/2007) até a incorporação (01/08/2008). Neste espaço de tempo a fiscalizada amortizou o ágio de janeiro a novembro de 2008 neutralizando o impacto no resultado da empresa via Lalur. Este valor foi incorporado nas amortizações que de fato influenciaram no resultado ao ser distribuído pelos restantes 48 meses de amortização. O laudo de avaliação que ampara tal procedimento leva em conta apenas o valor do investimento, aliás único item do ativo das empresas de Delaware, e quando cita este fato, ou seja a participação nas empresas do Uruguai e da Argentina, cita que não foi feita nenhuma comprovação dos números apresentados pelas auditorias feitas na Quickfood e na Colonia, e que foram considerados os números apresentados pelos auditores que lá elaboraram tal levantamento, mas não nos apresentaram estes laudos. O propósito fundamental da negociação foi a aquisição das empresas Quickfood e Colonia, a interposição das empresas Blue Horizon e Zanzibar (Delaware/USA) pela cessão das ações das empresas de real interesse da fiscalizada às empresas holding, foi efetivamente usálas como veículo para o planejamento tendo em vista que somente usufruiria dos benefícios fiscais da amortização do ágio se ocorresse a incorporação, fusão ou cisão. A afirmação do parágrafo anterior é perfeitamente clara quando do exame mais profundo tanto do contrato de compra e venda como do laudo de avaliação, onde a Quickfood e a Colonia são mencionadas inúmeras vezes em contraposição às empresas Blue Horizon e Zanzibar. É de se registrar que o contribuinte foi inquirido a apresentar atas e outros documentos das empresas americanas, especificamente quanto a atas e outros documentos das empresas cujas ações foram transferidas, sobretudo aquelas que provassem a passagem de titularidade das pessoas físicas argentinas para as Fl. 3344DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.345 14 empresas americanas, como por exemplo o livro de sócios e ou acionistas, além de explicar a real intenção neste procedimento e não providenciou qualquer resposta. Tanto a Blue Horizon como a Zanzibar foram constituídas no dia 12 de janeiro de 2007 tendo por acionistas Srs. Adrian Bameule, Luis Miguel Bameule e Guilhermo Carlos Bameule, pessoas físicas naturais da Argentina. De todas as atas de diretoria que foram enviadas nenhuma delas trata da cessão das ações da Quickfood para a Blue Horizon, apenas em algumas delas apontam alguma menção, tal como: ata de 15/02/2008 faz referência em reunião da diretoria do qual o Sr. Luis Miguel Bameule como segundo vice presidente (note que a venda ocorreu em 13/11/2007, logo o vendedor ainda participa das decisões da empresa, como diretor) que a pedido do novo acionista majoritário de forma indireta (a fiscalizada), com o objetivo de obter informação que seja de utilidade para avaliar a sociedade nas suas demonstrações contábeis datada de 30/09/2007, para fins de equivalência patrimonial. ata de 21 de fevereiro de 2008, foi registrado que “reunidos os membros da Diretoria (Srs. Luis Miguel Bameule, na qualidade de presidente, Guilhermo Carlos Bameule entre outros) houve a manifestação que, como informado pela Sociedade à comissão Nacional de valores e Bolsa de Comércio de Buenos Aires com data de 14 de novembro de 2007 os Srs. Luis Miguel Bameule, Guilhermo Carlos Bameule e Adrian Bameule (os acionistas vendedores) celebraram com a Marfrig Frigoríficos e Comércio de Alimentos S/A, com data de 13 de novembro de 2007, um contrato de compra e venda em virtude do qual os acionistas vendedores transferiram à Marfrig indiretamente ações representativas de 70,51% do capital da sociedade (Quickfood)”. ata de diretoria de 26 de março de 2008 registra que: “reunidos os membros da diretoria da Sociedade, Srs. Luis Miguel Bameule (como presidente, Guilhermo Carlos Bameule, ........................................Ordem do dia: autorização de inicio do trâmite de transferência de oferta publica e cotação das 10.000.00 ações da classe A adquiridas indiretamente pela Marfrig Frigoríficos e Comércio de Alimentos SA. Fazendo uso da palavra o Sr. Presidente manifesta que, como foi informado pela Sociedade à comissão Nacional de Valores (CNV) e à Bolsa de Comércio de Buenos Aires (BCBA) com data de 14 de novembro de 2007, os Sr.s Luis Miguel Bameule, Guilhermo Carlos Bameule e Adrián Bameule (os acionistas vendedores) celebraram com a Marfrig.......... , em 13 de novembro de 2007, um contrato de compra e venda em virtude do qual os acionistas vendedores transferiram à Marfrig indiretamente (i) 10.000.000 ações da Classe A e (ii) 5.102.493 ações da Classe B” Das atas acima referenciadas, apenas como exemplo, nada menciona da Blue Horizon, mas informa a manutenção na Quickfood dos vendedores como diretores e até presidente na realização da ata. Quanto à Zanzibar, da mesma forma que a Blue Horizon foi constituída em 12/01/2007 e também tinha como acionistas os Srs. Luis Miguel Bameule e Guilhermo Carlos Bameule. Em verificação das atas de diretoria da Colonia, da mesma forma, nada se menciona com relação à Zanzibar, como por exemplo a ata de: Fl. 3345DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.346 15 ata de 03 de setembro de 2009, destaca como único acionista a Marfrig e cita que o sócio representa a totalidade do capital integralizado que soma $ 403.237.385, segundo livro de registro de acionistas. Por tudo que foi aqui registrado fica claro a intenção da fiscalizada em se aproveitar do beneficio fiscal da amortização do ágio através da utilização das duas empresas veículos localizadas em Delaware/USA combinado com a orientação às vendedores pessoas físicas argentinas dos procedimentos de, no mesmo dia em que se celebravam o contrato de compra e venda, cederem as ações da Quickfood e da Colonia para aquelas empresas norteamericanas, como movimento preparatório para a incorporação ocorrida cerca de 1 ano após. Transcreve a lição de Marco Aurélio Greco: o elemento relevante quando se está perante uma pessoa jurídica não é apenas a sua existência formal. Em matéria tributária, tão ou mais importante que o preenchimento das formalidades para sua constituição é a identificação do empreendimento que justifica sua existência. A criação de uma empresa tem sentido na medida em que corresponda “a investimenta jurídica de um determinado empreendimento econômico ou profissional”. A idéia de empresa é o núcleo a ser investigado. O Código Civil define no caput do artigo 966 que ‘considerase empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços’. Informa que o mencionado autor cita dois exemplos que seriam perfeitamente aplicáveis à situação descrita: a empresa de passagem, criada para servir de canal de passagem de um patrimônio, e a sociedade efêmera, que nasce para morrer tão logo cumpra o seu papel. Foi o caso, a seu ver, da Blue Horizon e da Zanzibar. Considerando que empresas veículo foram utilizadas sem propósito negocial, concluiu ser abusivo o planejamento fiscal em exame, o que o levou a glosar a exclusão do valor das amortizações do ágio, na apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Prossegue: A teoria contábil dá respaldo apenas ao ágio pago numa negociação entre comprador e vendedor não relacionados entre si, no caso em estudo, verificamos que o relacionamento passou a ser intimo na medida em que o vendedor se transformou em dirigente da mesma empresa, ambiente propício para o planejamento engendrado, sem portanto qualquer propósito negocial. Lembra que Eliseu Martins sustenta que o ágio é admitido apenas em transações em que haja “um processo de barganha negocial não viciado”, o que não seria o caso em análise, tendo em vista a sua execução no mesmo dia da concretização do negócio. Enfatiza que “admitir a amortização desse ágio, da forma como foi planejado e processado, é aceitar um ônus a ser pago por toda a sociedade brasileira em favor dos sócios que se beneficiam tributariamente de uma transação sem propósito negocial realizada fora das nossas fronteiras”. Invoca julgados do CARF e da DRJ Brasília em que se decidiu que as reorganizações societárias, para serem legítimas, devem decorrer de atos efetivamente existentes (Acórdãos nos 10196.724, 0360.401 e 10323.290). Fl. 3346DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.347 16 Acrescenta que a despesa de amortização de ágio gerado sem propósito negocial é desnecessária, indedutível nos termos do artigo 299 do RIR/99. Arremata: Mostrase com clareza a flagrante intenção do grupo econômico de utilizar as empresas BLUE HORIZON e ZANZIBAR com o fim único de aproveitamento do ágio. Tratase de um caso típico de "empresa veículo”, criada com este único intuito. A recente jurisprudência administrativa vem sendo firmada no sentido de se exigir um propósito negociai em operações societárias que visem apenas e tão somente a alcançar benefícios fiscais, tal como no caso “sub examine”. A subseqüente incorporação da Blue Horizon e da Zanzibar pela Marfrig, após a transferência das ações da Quickfood e da Colonia também denota claramente o intuito ardiloso da operação, qual seja, desfrutar estritamente de um benefício fiscal derivado da amortização do ágio. Registra que, com base nos mesmos fatos geradores, é exigida a CSLL. JUROS SOBRE EMPRÉSTIMOS A CONTROLADAS NO EXTERIOR O AuditorFiscal observou a existência de contratos de mútuo firmados entre a fiscalizada e as empresas Marfrig BV, Tacuarembó e Inaler, os quais previam a incidência de juros, calculados em função da “variação do Libor acrescidos de juros de 3% ao ano”. Uma vez que já estava consumada a “disponibilização jurídica de receita”, assevera que os juros em questão deveriam ter sido registrados na contabilidade, incidindo sobre eles o IRPJ, nos termos do artigo 373 do RIR/99 bem como do artigo 17 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, do artigo 76, § 2º, da Lei nº 8.981, de 1995 e do artigo 11, § 3º, da Lei nº 9.249, de 1995. Complementa: No caso de mútuos com empresas sediadas no exterior devem, também, ser reconhecidas as variações cambiais produzidas pelos ajustes de taxa de conversão de juros calculados e não contabilizados, ou em outras palavras, oferecidos à tributação, conforme se depreende da leitura do artigo 375 do RIR99, ao tratar das variações ativas, portanto, consideradas também como receitas financeiras ou, dependendo da taxa de câmbio, despesas financeiras. Acerca das variações cambiais, relata que, na contabilidade da fiscalizada, somente se verificam variações do principal da dívida, sem qualquer menção aos juros. Procedeu a Fiscalização com o cálculo dos juros, conforme quadros de fls. 2583/2585. Na tabela abaixo, é consolidada a conclusão fiscal: (...) QUALIFICAÇÃO DA MULTA No aludido tópico, fundamentouse a exigência da multa qualificada com base nas seguintes argumentações: Fl. 3347DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.348 17 Por tudo o que foi exaustivamente demonstrado entendemos que o capítulo relativo à amortização do ágio é aquele em que concluímos pela qualificação da multa, pois ficou inequívoca a intenção da contribuinte em se aproveitar de um planejamento que propiciasse a economia tributária. Verificouse que as empresas, que embora criadas em data anterior à negociação de compra e venda, foi utilizada com a finalidade de recepcionar as ações das empresas efetivamente produtivas e alvos da negociação e no passo seguinte se extinguir pela incorporação da compradora (a contribuinte). Pelo exposto, fica patente a caracterização do intuito fraudulento, justificandose plenamente a aplicação da multa qualificada. (...) Pelo exposto, fica patente a caracterização do intuito fraudulento, por meio de atos societários diversos, desprovidos de substância econômica e cuja finalidade era a economia tributária, justificandose plenamente a aplicação da multa qualificada exclusivamente para o caso do ágio, permanecendo os demais itens enquadrados no art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430/96. Isto porque, entendemos que a ação perpetrada por agente que agia sabendo que estava agindo e querendo agir daquela maneira para alcançar a meta de obter redução tributária. Da Impugnação Da Impugnação Cientificada da autuação por via postal em 22/09/2014, consoante AR de fls. 2595, a interessada ofereceu sua impugnação em 22/10/2014, a qual foi juntada aos autos a fls. 2600/2680. Apresenta uma breve síntese das autuações e passa a oferecer as razões de defesa. DO DIREITO Descreve a evolução legislativa que versa sobre a Tributação em Bases Universais, discorrendo sobre as Leis no 9.249/95, que instituiu o aludido sistema de tributação, bem como a Lei nº 9.532/97 e a Medida Provisória nº 2.15835/2001, que trataram da disponibilização do lucro. Argumenta que a aludida MP considerou disponibilizado o lucro no momento do levantamento do balanço patrimonial da coligada ou controlada, o que teria implicado a tributação do mero resultado de equivalência patrimonial, conforme estabelecido nos artigos 247 e 248 da Lei nº 6.404, de 1976, e no § 6º do artigo 25 da Lei nº 9.249, de 1995. Isso a leva a alegar que a nova tributação ofenderia o “princípio constitucional de renda”. A seu ver, a apuração do lucro na data do balanço não corresponde à disponibilização jurídica ou econômica do lucro, a qual depende de deliberação tomada em AssembleiaGeral. Cita os entendimentos exarados por Ministros do Supremo Tribunal Federal no RE nº 172.058, pela não tributação dos lucros que ainda não tivessem sido efetivamente disponibilizados aos seus titulares. Fl. 3348DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.349 18 Transcreve, também, voto do Ministro Marco Aurélio proferido na ADIN nº 2588, bem como a lição de Alberto Xavier. Conclui que o artigo 74 da MP nº 2.15835, de 2001, é inconstitucional por ter criado novo fato gerador, “equiparando, por meio de uma ficção jurídica, o momento de disponibilização dos lucros ao de sua apuração”. Destaca, ao final: Importante considerar que o STF não apreciou a constitucionalidade do art. 74 da MP 2.158/2001 em definitivo no que tange a controladas que não estejam situadas em paraíso fiscal sendo certo que os lucros controvertidos neste feito derivam exclusivamente de sociedades que, de acordo com a interpretação da Receita Federal do Brasil, enquadramse nessa hipótese, é dizer, não estão sitas em paraísos fiscais. • Das Empresas Uruguaias (Tacuarembó, Prescott e Inaler) Na continuação, discute a periodicidade que deve ser considerada na apuração do lucro exterior. Informa que a legislação uruguaia concernente ao Impuesto a las Rentas de las Actividades Economicas (IRAEV), equivalente ao nosso IRPJ, prevê o período de apuração de 01 de outubro a 30 de setembro de cada ano, conforme demonstrado nos relatórios de auditoria e na tradução juramentada da legislação uruguaia. O Decreto nº 704/73, trazido aos autos, determina que o exercício fiscal para a atividade econômica dos frigoríficos se encerra em 30 de setembro de cada ano, quando é publicado o balanço. Reproduz o disposto no artigo 74 da MP nº 2.15835, de 2001, e no § 2º do artigo 25 da Lei nº 9.249, de 19955, para defender que a tributação no Brasil deve incidir sobre os valores apurados no balanço elaborado em 30/09/2009, dia do encerramento do exercício fiscal das sociedades uruguaias. Argumenta: Igualmente, o § 2° do art. 25 da Lei n. 9.249/95 é claro ao dispor que os lucros auferidos no exterior devem ser considerados pela investidora de acordo com os exercícios fiscais das investidas, devendose apenas do ponto de vista formal observar os ditames da legislação brasileira quanto ao modo de sua demonstração. Em outras palavras, devese observar a periodicidade da apuração COMPLETA do resultado da sociedade estrangeira investida para fins de verificação do momento em que tais resultados devam ser tidos como disponibilizados para a investidora brasileira. E arremata: Nesse contexto, percebese com facilidade o equívoco cometido pela r. autoridade fiscal quando da lavratura das autuações em apreço, eis que desprezou os lucros apurados nos balanços atinentes ao fim do exercício fiscal (dia 30 de setembro de 2009) para considerar os lucros correspondentes às demonstrações financeiras de 31 de dezembro de 2009, que não se confundem com os lucros apurados pelas investidas uruguaias ao final do respectivo exercício fiscal! Fl. 3349DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.350 19 Transcreve excertos do Termo de Verificação Fiscal que confirmariam o procedimento fiscal contestado, ratifica os valores oferecidos à tributação e declarados em DIPJ e requer o cancelamento das autuações. Registra, ao final, que o último trimestre de 2009 foi considerado no balanço encerrado em 30/09/2010, tendo sido o lucro apurado oferecido à tributação na DIPJ 2011 AC 2010, consoante documentos os quais protesta juntar. Discute, em seguida, a questão da compensação do imposto pago no Uruguai. Explica que a aproveitamento do crédito recolhido no exterior (foreign tax credit) decorre do princípio da tributação da renda em bases universais e está previsto no artigo 26 da Lei nº 9.249, de 19956. Depois de mostrar o mencionado dispositivo legal, sustenta: Desta feita, resta óbvio, que em caso de subsistência do auto para os resultados positivos apurados pelas empresas uruguaias no anocalendário de 2009, no mínimo devem ser diminuídos do imposto lançado de oficio os valores recolhidos pelas controladas a título do imposto de renda, na esteira dos documentos acostados a esta exordial (doc 05), devendose observar o procedimento previsto no supratranscrito §3° do art. 26. Além disso, caso o imposto pago no exterior ultrapasse o valor do IRPJ devido no Brasil, o excedente pode ser utilizado na dedução da CSLL, consoante o artigo 15 da IN SRF nº 213, de 2002 e a Solução de Consulta nº 471/09, da SRRF da 8ª Região Fiscal. Lembra que o direito pleiteado não foi reconhecido por falta de apresentação de provas durante a ação fiscal. Por isso, junta tradução juramentada de demonstrativo que atesta o recolhimento do imposto (doc. 05), assinalando “que a respectiva consularização será providenciada em muito breve, razão pela qual se protesta por sua juntada ulterior, em atenção à verdade material e em homenagem à ampla defesa”. Encerra a questão aduzindo que, caso as autuações sejam mantidas, é necessário que os impostos pagos no exterior sejam levados em consideração a fim de se abater o crédito tributário exigido (IRPJ e CSLL, no que exceder). • Das Empresas Argentina (Quickfood) e Holandesa (Marfrig BV Holding) No presente tópico, a impugnante discute a aplicação dos tratados celebrados entre Brasil e Argentina e entre Brasil e Holanda, com vistas a evitar a bitributação dos resultados provenientes das aludidas empresas. Antes de expor sua defesa, lembra que o lucro da Quickfood referente ao período de janeiro a julho foi apurado a partir do “quadro de mutação do patrimônio líquido”, fazendo incidir a tributação sobre “variação positiva do patrimônio líquido da investida”, não sobre os lucros auferidos. Por mais que o procedimento fiscal tenha respaldo no § 1º do artigo 7º da IN SRF nº 213, de 20027, o STJ entende “que a contrapartida do resultado positivo da equivalência patrimonial não pode ser objeto de tributação do IRPJ e da CSLL, tendo em vista que inexiste base legal a dar esteio a esse procedimento”, mesmo que considerado o artigo 74 da MP nº 2.15835/2001. Reproduz ementa de decisão proferida nos autos do REsp 1.211.882/RJ. Fl. 3350DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.351 20 (...) IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA IRPJ E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL. EMPRESAS CONTROLADAS E COLIGADAS SITUADAS NO EXTERIOR. TRIBUTAÇÃO DO RESULTADO POSITIVO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. IMPOSSIBILIDADE NAQUILO QUE EXCEDE A PROPORÇÃO A QUE FAZ JUS A EMPRESA INVESTIDORA NO LUCRO AUFERIDO PELA EMPRESA INVESTIDA. ILEGALIDADE DO ART. 7º, §1º, DA IN/SRF N. 213/2002. (...) 3. É ilícita a tributação, a título de IRPJ e CSLL, pelo resultado positivo da equivalência patrimonial, registrado na contabilidade da empresa brasileira (empresa investidora), referente ao investimento existente em empresa controlada ou coligada no exterior (empresa investida), previsto no art. 7º, §1º, da Instrução Normativa SRF n. 213/2002, somente no que exceder a proporção a que faz jus a empresa investidora no lucro auferido pela empresa investida, na forma do art. 1º, §4º, da Instrução Normativa SRF n. 213, de 7 de outubro de 2002. 4. Muito embora a tributação de todo o resultado positivo da equivalência patrimonial fosse em tese possível, ela foi vedada pelo disposto no art. 23, caput e parágrafo único, do DecretoLei n. 1.598/77, para o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ, e pelo art. 2º, §1º, "c", 4, da Lei n. 7.689/88, para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, mediante artifício contábil que elimina o impacto do resultado da equivalência patrimonial na determinação do lucro real (base de cálculo do IRPJ) e na apuração da base de cálculo da CSLL, não tendo essa legislação sido revogada pelo art. 25, da Lei n. 9.249/95, nem pelo art. 1º, da Medida Provisória n. 1.602, de 1997 (convertida na Lei n. 9.532/97), nem pelo art. 21, da Medida Provisória n. 1.8587, de 29, de julho de 1999, nem pelo art. 35, Medida Provisória n. 1.99115, de 10 de março de 2000, ou pelo art. 74, da Medida Provisória n. 2.15834, de 2001 (edições anteriores da atual Medida Provisória n. 2.15835, de 24 de agosto de 2001). (...) Conclui: Ou seja, nobilíssimos julgadores, o fato de a r. autoridade autuante não ter logrado identificar os LUCROS da investida na Argentina para sobre eles fazer incidir o IRPJ e a CSLL – fazendoo, muito pelo contrário, sobre a variação do patrimônio líquido dessa controlada, consoante expressamente afirma no Termo de Verificação Fiscal – macula de morte as autuações em relevo, eis que inexiste permissivo legal a respaldar que essa grandeza – que é manifestamente diversa dos Lucros seja gravada pelos tributos sub examen. Nada obstante, ainda que se considere hígido o lançamento no que tange à escorreita apreensão das bases imponíveis, o fato é que os lucros auferidos pela Quickfood no anocalendário 2009 – assim como os lucros auferidos pela holandesa Marfrig Holding BV – não devem ser acrescidos ao lucro líquido para a formação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL da Impugnante, tendo em vista que a isenção dos tributos em epígrafe é garantida pelos Tratado para Evitar a Bitributação firmados entre o Brasil e a Argentina e entre o Brasil e a Holanda. Depois de lembrar que os tratados internacionais celebrados pelo Brasil integram o ordenamento jurídico pátrio, nos termos do artigo 98 do CTN, contrapõe se ao entendimento da Fiscalização, defendendo que o artigo VII dos tratados em exame “expressamente assevera que os lucros de uma empresa de um Estado Contratante só são tributáveis nesse Estado”. Fl. 3351DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.352 21 Considera falaciosa a argumentação da Fiscalização que de os lucros da coligada não representam lucros do sócio. Isto porque, a “Impugnante em hipótese alguma poderia perceber lucros em virtude da apuração de resultados positivos de sua investida na Argentina ou de sua investida na Holanda, mas unicamente dividendos”. Segundo sua argumentação, os lucros auferidos no exterior somente poderiam ser atribuídos à impugnante caso a Quickfood e a Marfrig BV Holding fossem estabelecimentos permanentes do sujeito passivo. Defende, assim, que a interpretação da Fiscalização resulta em inocuidade da convenção internacional, fazendo incidir, no caso vertente, apenas o disposto no artigo 26 da Lei nº 9.249, de 1995. Considera que a Fiscalização distorceu o significado do disposto no item 14 dos Comentários da OCDE, o qual foi transcrito na impugnação em sua versão em inglês: 14. The purpose of paragraph 1 is to limit the right of one Contracting State to tax the business profits of enterprises of the other Contracting State. The paragraph does not limit the right of a Contracting State to tax its own residents under controlled foreign companies provisions found in its domestic law even though such tax imposed on these residents may be computed by reference to the part of the profits of an enterprise that is resident of the other Contracting State that is attributable to these residents' participation in that enterprise. Tax so levied by a State on its own residents does not reduce the profits of the enterprise of the other State and may not, therefore, be said to have been levied on such profits (see also paragraph 23 of the Commentary on Article 1 and paragraphs 37 to 39 of the Commentary on Article 10). Considera que o AuditorFiscal traduziu grosseiramente a expressão under controlled foreign companies provisions dandolhe um significado “literal” fruto de “simples e rasteira” tradução. Expõe: Deveras, os Comentários da OCDE aqui questionados asseveram que o parágrafo 1º do Artigo VII da Convenção Modelo não afasta o direito de um Estado Contratante tributar seus residentes através de Provisões CFC, provisões essas que se constituem em regime especialmente confeccionado para evitar a erosão de bases tributáveis domésticas pela alocação ARTIFICIAL de rendas a jurisdições com tributação favorecida, de modo que os Comentários em apreço não se reportam aos lucros discutidos no tópico vertente. Transcreve excerto de relatório elaborado pela Deloitte sobre “controlled foreign company (CFC) regimes”: Controlled foreign company (CFC) regimes are used in many countries as a means to prevent erosion of the domestic tax base and to discourage residents from shifting income to jurisdictions that do not impose tax or that impose tax at low rates. While the rules applicable to CFCs and the attributes of a CFC differ from country to country, the hallmark of CFC regimes in general is that they eliminate the deferral of income earned by a CFC and tax residents currently on their proportionate share of a CFCs income. Fl. 3352DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.353 22 Typical conditions for the application of such regimes are that a domestic taxpayer "control" the CFC; that the CFC be located in a "low tax" jurisdiction or a jurisdiction that imposes a tax rate lower than the rate (as specifically defined) in the shareholder's country, or. alternatively that the CFC be located in a "black" or "grey" list jurisdiction (as opposed to a favored "white" listjurisdiction); and that the CFC derive specific types of income (e.g. passive income in some regimes, but all types of income in others). Defende que a interpretação fiscal não percebeu corretamente o conceito de CFC a que fez alusão os Comentários da OCDE, “sendo estreme de dúvidas que não há que se falar em regras CFC quanto às controladas situadas na Argentina ou na Holanda!”. Afinal, se a Holanda e a Argentina não eram considerados pela RFB, à época, como jurisdições de tributação favorecida, não há regras CFC a serem aplicadas aos lucros auferidos por controladas localizadas nestes países. Alega que a própria Secretaria da Receita Federal do Brasil, quando da ação fiscal que resultou do auto de infração objeto do processo nº 16643.720021/2011 81, decidiu que o acordo celebrado entre Brasil e Argentina impedia a tributação do IRPJ sobre os lucros auferidos pela controlada sediada em solo argentino. Transcreve parte do Acórdão nº 1638.148, proferido pela 1ª Turma da DRJ São Paulo: 22. Em relação aos lucros apurados pelas empresas sediadas na Argentina, a autoridade fiscal tributou apenas para fins de CSLL os resultados da controlada direta AB&P e a título de IRPJ e de CSLL os lucros da controlada indireta Quick Food. A impugnante reclama desta distinção que, no seu entender ofendeu o artigo 98 do CTN e o artigo XXIII "2" do Decreto n° 87.976/1982 (Tratado para Evitar a Bitributação celebrado com a República Argentina), já que a fiscalização trata a holding intermediária americada Blue Horizon LLC, controlada 100% pela fiscalizada e que por sua vez controlava 70,51% do capital da Quick Food, como mero ente translúcido. 23. De fato, a fiscalização no Termo de Verificação (fl. 1802) parte da seguinte premissa: Partindo do princípio que a Blue Horizon LLC acusa em seus balanços apenas a participação na Quick Food (70,51%) vamos tratar dos resultados apurados nesta controlada (...) A Blue Horizon LLC apresenta em seus balancetes duas linhas apenas: investimentos na Quick Food no valor de USD 21.979.607,00, equivalente a R$ 38.932.477,00 e patrimônio líquido no mesmo valor. 24. A partir daí, a autoridade fiscal fundamenta o lançamento e identifica os lucros inteiramente nos resultados e documentos da empresa Argentina (fls. 639 e 640), tratando esta como se fosse uma controlada direta e a holding americana como se não existisse. Diante disso, entendo que se estão sendo tributados diretamente lucros auferidos com sede na Argentina. estes resultados devem ser tributados conforme as regras do Tratado celebrado com a Argentina que contém norma que prevê a isenção do imposto de renda para resultados de lá oriundos, isenção esta que foi aplicada no caso dos lucros auferidos pela controlada direta argentina AB&P. 25. Em que pese a discussão existente na doutrina acerca da posição hierárquica dos tratados internacionais em relação à legislação interna, o STF já se posicionou no sentido de que tais normas incorporamse ao direito pátrio com força Fl. 3353DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.354 23 de lei ordinária. A princípio, portanto, uma lei ordinária poderia dar um tratamento a determinado fato de forma diferente do previsto em um Tratado Internacional. 26. No âmbito tributário, porém, o artigo 98 do Código Tributário Nacional determina a observância, pela legislação interna, dos tratados e convenções internacionais, in verbis: (...) 27. Assentado que o tratado para evitar a dupla tributação entre Brasil e Argentina deve ser aplicado ao caso em tela, fazse necessário reproduzir a norma isentiva contida no mesmo, que foi promulgado no Brasil pelo Decreto n° 87.976, de 22 de dezembro de 1982: Artigo VII (...) 28. Sendo assim, devem ser excluídos do auto de infração os valores correspondentes ao lucro da empresa Quick Food com sede na Argentina, no que se refere ao IRPJ. Argui que a tributação pretendida nos autos de infração contestados resulta da introdução de critério jurídico novo e complementa: Ora, em se tratando da introdução de novo critério jurídico, é manifesto que essa alteração apenas pode prosperar em relação a fatos geradores havidos após a referida modificação, razão pela qual não pode prosperar em relação ao ano calendário 2009, ante a expressa vedação inserta no art. 146 do Código Tributário Nacional. Defende, por fim, que, caso os lucros auferidos pelas investidas sejam considerados dividendos, o Artigo X9 das Convenções discutidas impede a tributação. Frisa que existe termo idêntico no acordo celebrado entre Brasil e Holanda. Prossegue, defendendo que as convenções em discussão se aplicam, também, à CSLL, em virtude da disposição expressa no Artigo II10 de que se aplicarão “também a quaisquer impostos idênticos ou substancialmente semelhantes que forem posteriormente introduzidos”. E ressalta que “nem sempre os tratados internacionais são elaborados com atenção às tecnicidades tributárias, acabando por confundir as figuras dos impostos, contribuições, etc., até porque as denominações dos tipos tributários nem sempre são coincidentes, e o Brasil é especialmente pródigo em criar novas espécies”. Lembra que, em 16/05/2000, Brasil e Portugal celebraram acordo para evitar a bitributação. Nesta mesma data, foi celebrado protocolo contendo disposições adicionais, no qual fezse menção expressa à CSLL11. Argui: Nem se diga que estamos face a uma exceção específica, pois tal como neste caso se fez, outros países com os quais o Brasil celebrou acordos para evitara dupla tributação da renda podem, a nosso ver, lidimamente invocar o tratamento Fl. 3354DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.355 24 dispensado a Portugal, escudandose, outrossim, na cláusula de natureza idêntica ou semelhante. Ora digníssimo julgador, não se pode ter dois pesos e duas medidas: quando se quer autuar o contribuinte pela falta de adições relacionadas a tributos com exigibilidade suspensa e multas fiscais na base de cálculo da CSLL, esta contribuição e o IRPJ têm bases idênticas (lucro ajustado). Agora, para fins de aplicação de tratados internacionais elas não seriam semelhantes? Não há lógica em se ter uma resposta negativa para essa questão. E questiona: “se o imposto de renda pago no exterior sobre os lucros apurados por controlada/coligada, que excede ao imposto de renda brasileiro pode ser compensado com a CSLL incidente sobre tais lucros, porque a isenção aplicável ao IRPJ não poderia ser aplicada a CSLL?”. Continua, argumentando que a CSLL recebeu a alcunha de contribuição por uma questão orçamentária, evitandose, deste modo, a repartição do montante arrecadado com os demais entes da Federação. Transcreve declaração de voto proferida pelo AuditorFiscal Eduardo Shimabukuro, julgador da DRJ São Paulo, nos autos do Processo nº 16643.720021/201181, favorável à aplicação do tratado internacional à CSLL. Subsidiariamente, repisando a tese exposta no item 3.2 de sua impugnação, requer que o valor do imposto pago no exterior seja utilizado para compensar a CSLL exigida, sob pena de ofensa ao artigo 26 da Lei nº 9.249, de 1995. Informa estar “diligenciando junto aos fiscos locais e aos consulados brasileiros na Argentina e na Holanda a certificação dos documentos de arrecadação, para que os mesmos sejam juntados ao processo antes do julgamento desta Impugnação, razão pela qual protesta desde já pela sua ulterior juntada, arrimada no princípio da verdade material que deve nortear o processo administrativo tributário”. Requer, ainda, que seja levado em consideração o exercício fiscal da empresa Quickfood, que vai de 1º de julho a 30 de junho de cada ano, conforme demonstrariam as declarações entregues pela empresa. Lembra que a questão já foi devidamente esclarecida no item 3.1 da impugnação. DA GLOSA DAS DESPESAS RECONHECIDAS EM CONTRAPARTIDA À AMORTIZAÇÃO DE ÁGIOS Depois de resumir o entendimento da Fiscalização sobre o tema, aduz que é “notória fabricante de produtos alimentícios de origem animal, efetivamente buscava ampliar as suas atividades na Argentina e no Uruguai, sendo certo que vislumbrou tal possibilidade de ampliação ao se deparar com as atividades empresarias desenvolvidas por empresas controladas pela Família Bameule”. Em fins do anocalendário 2007, foram iniciadas as tratativas com vistas à aquisição das empresas Quickfood e Establecimientos Colonia S/A, “em absoluta congruência com o declinado objetivo de expansão regional”. Prossegue: Nesse contexto, observase que, por interesse exclusivo dos vendedores – quais sejam, os integrantes da Família Bameule as ações que esses detinham nas sociedades operacionais argentina e uruguaia foram cedidas a duas empresas que tais vendedores haviam constituído anteriormente no Estado norteamericano de Fl. 3355DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.356 25 Delaware, sendo que as ações da Quickfood foram cedidas à Blue Horizon LLC, ao passo que as ações da Colônia foram cedidas à Zanzibar LLC. É importantíssimo salientar que tanto a Blue Horizon quanto a Zanzibar foram constituídas pelos integrantes da Família Bameule antes que esses entabulassem quaisquer tratativas com a Impugnante com vistas à venda das sociedades sediadas na Argentina e no Uruguai. Diz não poder precisar os motivos que levaram a família Bameule a insistir na transferência das ações às empresas norteamericanas. Supõe que tenham procurado escapar da tributação por ganho de capital na Argentina e no Uruguai. As ações das sociedades argentina e uruguaia passaram, então, a compor as contas de investimentos das empresas Blue Horizon e Zanzibar, as quais, ao serem adquiridas pela impugnante ensejaram a formação do ágio em debate, “eis que o preço pago pela autuada por tais participações societárias extrapolava consideravelmente o valor do Patrimônio Líquido dessas empresas”. Destaca “que os ágios em apreço – fundados na expectativa de rentabilidade futura dos investimentos adquiridos – foram devidamente respaldados por laudos que jamais foram contestados pela r. autoridade fiscal, sendo certo que o custo de aquisição dos investimentos aqui controvertidos composto pelas maisvalias e também pelo valor dos respectivos patrimônios líquidos ao tempo da aquisição – foi pago aos alienantes, na esteira dos Razões e dos contratos de câmbio anexos”. Protesta “pela ulterior juntada da integralidade dos comprovantes de pagamento do preço das participações societárias (valor de patrimônio líquido mais ágio) aos vendedores integrantes da Família Bameule; nada obstante, é certo que as autuações em momento algum colocam em dúvida a efetividade desse pagamento, de modo que sequer haveria a necessidade da produção dessa prova”. Comunica a juntada dos contratos de compra e venda das ações da Blue Horizon e da Zanzibar (doc. 06) bem como a avaliação econômica das aludidas empresas (doc. 07 e 08). Protesta contra o entendimento da Fiscalização de que o ágio teria sido pago a parte relacionada, pois, em momento algum, ficou demonstrada a vinculação entre os vendedores e a impugnante antes das compras e vendas controvertidas. Neste sentido, argumenta, o fato de o Sr. Luis Miguel Bameule ter se tornado executivo das empresas não revela o pagamento de ágio a pessoa vinculada, sendo que, “em casos de transferências de controle de sociedades, é muito natural que um ou mais antigos controladores venha a ocupar cargos de direção na nova estrutura social” com o objetivo de minimizar eventuais problemas na fase de transição. Aduz que se depreende do TVF que o principal motivo que teria levado à glosa das despesas reconhecidas em contrapartida à amortização das maisvalias seria a utilização das empresas veículo cuja incorporação ensejou o tratamento fiscal inserto no inciso III do art. 386 do RIR/99. Antes de prosseguir com sua exposição, alega que as empresas norte americanas foram constituídas bem antes do início das tratativas, em janeiro de 2007, o que a leva a contestar o entendimento da fiscalização de que tais empresas teriam sido criadas “para engendrar a amortização fiscal do ágio” e complementa: É preciso salientar, aqui, o caráter manifestamente conspiratório das autuações em destaque, sendo certo que o Sr. Auditor Fiscal cria toda uma teoria – Fl. 3356DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.357 26 jamais comprovada a partir de elementos objetivamente verificáveis – acerca da razão de ser da transferência das ações da Quickfood e da Colônia para a Blue Horizon e para a Zanzibar, chegando inclusive a tecer considerações categóricas sobre os conhecimentos dos vendedores (ou, mais especificamente, sobre a falta desse conhecimento) quanto à legislação pátria respeitante à amortização fiscal do ágio. Ironiza a conclusão fiscal, dizendo que somente se o AuditorFiscal fosse dotado de poderes especiais poderia ter consciência dos conhecimentos dos vendedores acerca da legislação brasileira (fl. 2660). Apresenta situações em que o ágio poderia ter sido amortizado sem o “emprego das pretensas sociedades veículos Blue Horizon e Zanzibar”: Realmente, bastava que as participações societárias da Quickfood e da Colonia tivessem sido adquiridas pela ora Impugnante – de modo que constariam do ativo do sujeito passivo tanto os investimentos mensurados pelos respectivos patrimônios líquidos quanto as maisvalias em apreço – para que, após eventual incorporação dessas investidas com, verbi gratia, a transformação dessas investidas em estabelecimentos filiais da Impugante a contrapartida das amortizações desses ágios pudesse reduzir as bases do IRPJ e da CSLL da autuada. Igualmente, caso a Impugnante tivesse procedido às aquisições das participações societárias da Quickfood e da Zanzibar e, em seguida, passasse por cisão parcial com ulterior incorporação desse patrimônio vertido (composto pelas participações societárias sub examen), para que se consolidasse a concentração societária que enseja o aproveitamento fiscal dessas maisvalias. Com isso, defende não ser aceitável a conclusão de que a dedutibilidade da amortização do ágio seria apenas viabilizada com a utilização das empresas norte americanas. Sustenta, ainda, que a incorporação da Blue Horizon e da Zanzibar só foi efetivada um ano depois da aquisição delas e que, caso a sua intenção “fosse meramente possibilitar o aproveitamento fiscal dos ágios, então seria de se esperar que as incorporações das sociedades (...) ocorresse imediatamente após a compra dessas participações”. Transcreve parte das ementas dos Acórdãos nos 1402001.409, 1102000.982, do CARF, em que a utilização de empresas veículos não obstou a dedutibilidade do ágio, se o seu surgimento não decorreu do emprego delas. Reproduz, também, em sete páginas, parte do voto condutor proferido no Acórdão nº 10516.395, do Conselho de Contribuintes. Encerra o tema argumentando que as deduções não poderiam ter sido glosadas, porquanto foi pago valor superior ao valor de patrimônio líquido dos investimentos adquiridos a parte não vinculada. Ademais, à época o Estado de Delaware não era tido pela Receita Federal como uma jurisdição com tributação favorecida ou paraíso fiscal. DOS JUROS SOBRE EMPRÉSTIMOS A CONTROLADAS NO EXTERIOR No que tange ao presente tópico, argumenta que, não obstante os contratos examinados pela Fiscalização efetivamente darem conta da existência de mútuos Fl. 3357DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.358 27 onerosamente a impugnante e suas controladas, na realidade, as transferências realizadas consubstanciavam adiantamentos para futuro aumento de capital. Inexistem, a seu ver, quaisquer receitas financeiras decorrentes destes repasses os quais foram capitalizados nas investidas, não havendo motivos para reconhecêlas. Comunica: A ora Impugnante está a diligenciar com vistas à obtenção dos documentos que demonstrarão hialinamente que todos os pretensos empréstimos materializavam unicamente os discutidos adiantamentos para aumento de capital, de modo que não há que se falar em quaisquer receitas financeiras. Por essa razão, protesta desde já pela ulterior juntada dessa documentação, em atenção ao princípio delineado no parágrafo acima. Argumenta, na sequência, que são ilegítimas as autuações correspondentes ao Pis e à Cofins incidentes sobre as receitas financeiras, uma vez que estes tributos não foram sequer mencionados no Termo de Verificação Fiscal. Sustenta que a falta de motivação resultou em infringência ao disposto no artigo 142 do CTN. Salienta “que tanto o Auto de Infração da COFINS (fls. 2530) quanto a autuação de PIS (fl. 2539) expressamente aludem ao Relatório Fiscal; contudo, basta ler esse relatório fiscal – leiase, o Termo de Verificação Fiscal – para se chegar à conclusão de que a r. autoridade autuante jamais tratou dessas contribuições”. Arremata: É certo que essa completa omissão das autuações quanto aos fundamentos da constituição de ofício dos créditos tributários ora analisados macula de morte esses lançamentos, eis que é induvidoso que essa omissão acabou por dificultar sobremaneira a defesa do sujeito passivo, o que não pode prosperar. DA IMPOSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO A alegação em questão tem por base a natureza dos juros moratórios, os quais indenizam o Estado pelo inadimplemento no pagamento de tributos, nos termos do artigo 61 da Lei nº 9.430, de 1996. A multa de ofício, por outro lado, está prevista no artigo 44, I, da citada lei, não havendo qualquer previsão de incidência de juros sobre punição em comento. A seu ver, a falta de previsão legal para a incidência de juros sobre multa afasta a pretensão fiscal. Menciona julgamento da Câmara Superior de Recursos Fiscais (Acórdão nº 0203133). A propósito, reproduz relatório da votação da Lei n. 9.430, na Câmara dos Deputados, que aborda o mencionado artigo 61 (cuja numeração inicial era 63), aprovado pelo plenário na sessão de 20/11/199612. Defende que o relatório prevê a incidência de juros “sobre os débitos cujos fatos geradores venham a ocorrer”, o que indica que os débitos em questão são tributos. Fl. 3358DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.359 28 Ademais, a nova disposição legal veio para substituir o artigo 84 da Lei nº 8.981, de 1995, o qual prevê a incidência de juros de mora sobre tributos. Conclui não haver qualquer intenção oculta do legislador em fazer incidirem os juros sobre a multa de ofício. Sucessivamente, relembra “que apenas parte do crédito tributário exigido no auto ora impugnado tem como fato gerador a imposição de multa (arts. 113, §1° c/c 139 do CTN) e, sendo certo que a presente impugnação suspende a sua exigibilidade (art. 151, III, CTN), é inegável que não transcorreu o prazo para adimplemento da multa de oficio aplicada. Não vencida a obrigação, são descabidos quaisquer encargos moratórios”. Defende que a jurisprudência do STJ leva em conta a cobrança dos juros sobre a multa em sede de execução fiscal, depois de encerrado o processo administrativo. Neste contexto, o crédito exequível é composto pela junção do crédito tributário e das penalidades pecuniárias. Em não sendo aceitas suas argumentações, requer que os juros sobre a multa tenham como termo inicial “o dia subsequente àquele prazo que o contribuinte teria para adimplemento voluntário da obrigação, nos termos do artigo 21, §3°, do Decreto n. 70.235/72”. Requer, ao final, o provimento da impugnação oferecida e consequente cancelamento das autuações contestadas. Protesta pela ulterior juntada de documentos. Da Complementação da Impugnação Em petição protocolizada em 06/11/2014, juntada a fls. 2597 e seguintes, a interessada complementou sua impugnação inicial, trazendo alegações atinentes à multa de ofício qualificada. Argumenta que, caso suas alegações sobre o mérito das autuações não sejam acatadas, não deve ser aceita a conclusão fiscal de que teria agido com intuito de fraude, visto que “quando menos, se cuida de mero erro de interpretação da legislação de regência por parte do sujeito passivo, equívoco esse que não tem o condão de engendrar a majoração da penalidade imposta”. Assevera que não houve a prática de ato simulado, por ser “estreme de dúvidas que as mais valias aqui discutidas efetivamente foram pagas a terceiros com os quais a Impugnante não mantinha qualquer vinculação até o momento das aquisições das participações societárias, conforme fartamente demonstrado nas linhas acima”. Salienta que, conforme reconhecido pela Fiscalização, as empresas norte americanas já existiam antes de qualquer negociação de compra e venda, “o que afasta qualquer ilação no sentido de que foram especificamente constituídas para o aproveitamento fiscal das maisvalias”. Considera a fundamentação da autuação genérica, uma vez que o Auditor Fiscal não apontou em qual dos dispositivos da Lei nº 4.502, de 1964, mencionados pelo § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996, a conduta da impugnante teria se enquadrado. Entende que a falta de indicação precisa teria cerceado o seu direito de defesa. Transcreve julgados do CARF a respeito. Fl. 3359DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.360 29 Argui que foi constituída na forma de sociedade anônima de capital aberto e que todos os investimentos relevantes que realiza são amplamente divulgados ao mercado, “o que revela que tudo foi feito completamente às claras, sem que qualquer elemento dessas operações tenha permanecido velado”. Conclui que a qualificação das penalidades “decorreu exclusivamente do furor arrecadatório da r. autoridade fiscal”. A 15° Turma da DRJ/RPO julgou, por unanimidade de votos, procedente em parte a impugnação apresentada, mantendo em parte o crédito tributário exigido. Tratase de decisão sujeita a reexame por este Colegiado, na forma do art. 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72 e Portaria do Ministro da Fazenda nº 3/2008. Ademais, o contribuinte interpôs recurso voluntário às fls. 3071/3245, em que repisa os argumentos apresentados em sede de impugnação e combate as alegações trazidas pela DRJ. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou razões ao recurso de ofício, bem como contrarrazões ao recurso voluntário (fls. 3253/3313). Apenso aos autos, tramita o processo administrativo n° 16561.720095/2014 70, o qual trata de representação fiscal para fins penais. Eis a síntese do necessário. Passo a decidir. Voto Vencido Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator O Recurso Voluntário e o Recurso de Ofício preenchem os requisitos de admissibilidade, razão pela qual deles conheço. Cuida o presente processo de autos de infração que exigem IRPJ e CSLL decorrentes das seguintes infrações realizadas no anocalendário de 2009: (i) não tributação dos lucros auferidos por controladas no exterior nos termos do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835; (ii) aproveitamento fiscal do ágio apurado utilizandose empresa veículo, sendo aplicada multa qualificada de 150% em relação a esta infração; e (iii) não tributação de juros e variações cambiais decorrentes de empréstimos concedidos a controladas no exterior, o que ensejou autuações reflexas de PIS e COFINS. A DRJ julgou o lançamento tributário apenas parcialmente procedente, excluindo do valor tributável o montante de R$ 7.299.749,00 referente aos lucros auferidos pela controlada uruguaia Inaler S/A. Feitas essas considerações iniciais, farei, inicialmente, uma introdução acerca da legislação que circunda a matéria para, posteriormente, adentrar na análise do recurso de ofício e, então, no mérito do recurso voluntário. Fl. 3360DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.361 30 1. INTRODUÇÃO LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. Conforme apurado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 2549/2590), a Recorrente, durante o anocalendário de 2009, era controladora de pessoas jurídicas estabelecidas no Uruguai, na Argentina e na Holanda. A fiscalização apurou que o contribuinte ofereceu à tributação lucros em valor inferior ao efetivamente apurado pelas controladas uruguaias: (i) em relação à controlada Frigorífico Tacuarembó S/A, a fiscalizada havia oferecido à tributação a quantia de R$ 9.683.082,00, sendo verificada uma diferença de R$ 492.357,00 a ser tributada; (ii) já em relação à Prestcott International S/A, o fisco considerouse que o contribuinte ofereceu à tributação o valor de R$ 9.800.593,00, sendo indicada diferença a ser tributada no total de R$ 96.147,00; e (iii) no que tange à Inaler S/A, a fiscalização observou que no balanço apresentado pelo contribuinte, sobre o qual foi baseado o cálculo da equivalência patrimonial, era um balanço com encerramento em 30/09/2009 que apresentava um prejuízo, logo nada foi oferecido a tributação. Contudo, examinandose o balanço encerrado em 31/12/2009 constata se a apuração do lucro antes do imposto de renda no total de USD 4.623.547,00 equivalente e 31/12/2009 a R$ 8.050.520 a ser tributado. Por seu turno, a fiscalização observou que não foi oferecido à tributação o valor de R$ 68.695.564,00 em relação à controlada holandesa Marfrig Holding BV. Por último, foi apurado em procedimento fiscalizatório que nenhum “lucro disponibilizado no exterior” foi declarado na DIPJ 2010 no que tange à controlada argentina Quickfood S.A, o valor do lucro passível de disponibilização no Brasil é de R$ 15.249.504,80, correspondente ao período de julho a dezembro de 2009. No período de janeiro a junho, a fiscalizada não apresentou o balanço, razão pela qual a autoridade autuante procedeu à comparação com o balanço de julho a dezembro e concluiu deveria ter sido oferecido à tributação o valor de R$ 23.273.742,45. Na seqüência, o AuditorFiscal informa que o contribuinte deduziu na apuração do IRPJ o valor de R$ 7.203.529,69 a título de imposto de renda pago no exterior. Contudo, foram constatadas as seguintes divergências, conforme relatado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 2549/2590): Conforme regulamentado no art. 395, existem alguns procedimentos a serem adotados para que seja possível a compensação de imposto de renda pago no exterior, a saber: a) será proporcional ao total de imposto e adicional devidos pela pessoa jurídica no Brasil, ora se a pessoa jurídica brasileira apurou resultados negativos não há imposto de renda a pagar no Brasil, logo não há o que se compensar no Brasil. No que tange à fiscalizada, observamos que apurou um Lucro Real negativo de R$ 61.287.302,32 e lucro líquido negativo (conforme ficha 07A) de R$ 26.188.167,96. b) As demonstrações financeiras apresentadas indicam o valor de imposto de renda na quantia de: Tacuarembó USD 331.005, Inaler Usd 547.115, valores positivos, isto é, ao lucro antes do imposto de renda é somado o valor indicado como imposto de renda para se chegar ao lucro Fl. 3361DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.362 31 liquido e na Prestcott há indicação de pagamento de USD 124.906 que reduz o lucro antes do imposto de renda. Já na relação dos supostos pagamentos efetuados no caso da Tacuarembo aponta USD 1.986.635 e na Inaler USD 504.297 e na Prestcott aponta USD 1.286.481. Isto indicado, não há como afiançar que tais valores foram efetivamente pagos, porque não se fecham. Na intimação nº 1 e 2 a fiscalizada foi convocada a apresentar extratos bancários comprobatórios. Intimado a apresentar documentação comprobatória, semelhante ao nosso DARF, ou mesmo comprovação inequívoca através de extrato bancário, o contribuinte remeteu a mesma composição já anteriormente enviada com muitas diferenças de valores, acrescentando a declaração de imposto de renda local, na linguagem nativa, ou seja não traduzida nem tampouco reconhecida no Consulado da Embaixada do Brasil no Uruguai. As diferenças mencionadas a seguir reproduzidas, embora registrem que as primeiras correspondem ao período de outubro de 2008 a setembro de 2009 e a segunda informação referente janeiro a dezembro de 2009 não são suficientes, no nosso entendimento, para fazer prova se realmente foram liquidados. Portanto, considerando os valores tidos como imposto de renda nos balanços e os demonstrativos acima, temos diversos valores sob a nomenclatura de imposto de renda pago no exterior tornandose difícil aceitar como comprovação real. c) Para ser compensado o imposto de renda pago no exterior é imprescindível que seja registrado pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em for devido o imposto, como não foi apresentado documento pertinente, não há que se compensar o imposto de renda. Na declaração de imposto de renda do ano calendário de 2009, o valor do imposto de renda pago no exterior foi apresentado na ficha 12A, linha 13 (R$ 7.203.529,69). Como não foi apurado imposto de renda a pagar no período tal valor ficou como se imposto de renda tivesse sido pago e que deverá ser compensado no ano calendário seguinte. Isto posto e demonstrado que não deveria ter sido aproveitado tal valor é de se intimar o contribuinte a ajustar a declaração de imposto de renda do ano calendário de 2009 com vista ao não aproveitamento do valor no ano calendário seguinte. Pois bem. A autuação tem como base legal os arts. 25 e §§ da Lei 9.249/95; art. 16 da Lei nº 9.430/96; artigos, alíneas e incisos da Lei nº 9.532, art. 207, inciso III e inciso I do parágrafo único, art. 249, inciso II e art. 394, do RIR/99, combinado com os artigos 21 e 74 da Medida Provisória nº 2.15835. Fl. 3362DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.363 32 Todavia, acredito que para o deslinde da questão se faz mister um arrazoado legislativo para que possamos entender mais claramente a evolução do tema, bem como alguns pontos polêmicos discutidos em nossa doutrina e jurisprudência. Pois bem. Não é necessário muitas digressões para compreendermos que a Medida Provisória 2.15835/2001, tratou de consolidar um entendimento da União Federal, que iniciou a busca pela tributação dos lucros do exterior com a edição da Lei 9.249/1995. Nesse começo da aplicação do princípio da universalidade a Lei 9.249/1996 encontrou obstáculos legislativos (falta de fundamento de validade) em lei complementar, suprida posteriormente com a edição da Lei Complementar 104/2001, que alterou o Código Tributário Nacional, incluindo enunciados permissivos à tributação de receita ou rendimentos oriundos do exterior. Com a aplicação da tributação da renda utilizandose do princípio da universalidade, o País promoveu a alteração de foco, antes repousado sobre a territorialidade, que tributava apenas a renda produzida no País, para o elemento de conexão “contribuinte brasileiro”, que passou a controlar ou coligarse a empresas no exterior, algo inevitável no mundo globalizado. Diante da edição da Lei 9.249 de 26.12.1995, a União passou a tributar os lucros auferidos no exterior por coligadas ou controladas de empresas brasileiras.O objetivo da, então novel legislação, era a proteção da base tributária de cada país, sem gerar um problema no processo de globalização, expansão e internacionalização das empresas, além de combater a elisão fiscal, como se extrai da exposição de motivos do referido diploma legal, em seu item 14. Podemos observar também da edição da Lei 9.249/1995 que além da necessidade de trazer recursos tributários ao Brasil sobre os lucros auferidos por empresas no exterior, com o critério de conexão “contribuinte brasileiro”, a regra buscou dar tratamento igualitário a todas as empresas que possuíssem filiais, sucursais, controladas ou coligadas no exterior de forma universal. Porém, essa regra se esqueceu de separar empresas estabelecidas em países que NÃO possuem tributação favorecida, países com os quais o Brasil possui Tratado para Evitar a Dupla Tributação e países que possuem tributação favorecida, gerando diversas distorções interpretativas. Além da omissão quanto ao tratamento a ser dado aos contribuintes, levando em consideração questões distintas que poderiam ser contempladas na regra, o que repercutiu de forma negativa à Lei 9.249/1995 foi a definição do momento em que ocorre o fato jurídico tributário para fins de apuração dos tributos no Brasil. A discussão foi pautada na tributação mediante o reconhecimento dos lucros do exterior quando do encerramento do balanço em 31 de dezembro de cada ano, sendo que em muitos casos não havia sido realizada a disponibilização econômica ou jurídica: creditamento ou pagamento daquele lucro à controladora ou coligada brasileira. Diante disso, como forma de atender o disposto no Código Tributário Nacional (art. 43), a despeito de se usar a via inadequada, pois o problema da ilegalidade Fl. 3363DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.364 33 deveria ser resolvido por meio da alteração da Lei 9.249/1996, a Receita Federal editou a IN 38/1996, que trouxe em seu texto a inclusão da expressão “disponibilizados”. Os mencionados eventos ainda estavam relacionados com a definição tradicional do fato gerador do imposto de renda imposta pelo Código Tributário Nacional (CTN), que, em seu art. 43, estabelece se tratar da aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica. A mesma norma previa a apuração do resultado das participações em empresas no exterior de modo individualizado. Como os conceitos trazidos na IN 38/1996 poderiam representar uma extrapolação da autonomia regulamentar da Receita Federal, novas leis foram editadas para tratar da forma de apuração e dos critérios que permitiriam considerar disponibilizados os lucros auferidos no exterior, ainda sob as limitações impostas pelo CTN quanto à verificação da disponibilidade econômica ou jurídica. Nesse sentido, a Lei 9.430/1996 tratou da apuração individualizada dos lucros decorrentes de investimentos detidos no exterior e instituiu a possibilidade de arbitramento de tais rendimentos, caso não fossem devidamente demonstrados. Já a Lei 9.532/1997, posteriormente alterada pela Lei 9.559/2000, avançou na conceituação da disponibilidade, para fins de tributação dos lucros no exterior. Na norma aludida acima, que pela primeira vez foi legalmente introduzida a figura da disponibilidade imediata, aplicada a lucros provenientes de filiais ou sucursais no exterior. Nos termos do art. 1.º, § 1.º, a, da Lei 9.532/1997, a mera apuração de lucros por filiais ou sucursais detidas no exterior já era suficiente para que os valores fossem considerados disponíveis e passíveis de tributação na pessoa jurídica de sua matriz domiciliada no Brasil. Nessa situação em específico, por se tratarem de estabelecimentos de uma mesma pessoa jurídica, com sede no Brasil, considerase que a disposição ainda não cria uma disponibilidade fictícia, mas apenas reconhecem como juridicamente disponíveis à matriz brasileira os resultados de filiais e sucursais no momento de sua apuração. Por outro lado, reafirmase que a tributação dos lucros provenientes de controlada ou coligada no exterior depende de sua disponibilização econômica ou jurídica (art. 1.º, § 1.º, b, da Lei 9.532/1997). Seguindose a evolução legislativa do tema, observase que, no ano de 2001, as disposições do Código Tributário Nacional que tratam do fato gerador do imposto de renda foram alteradas pela edição da Lei Complementar 104/2001, sendo editada essa regra para dar fundamento de validade à medida provisória que logo seria editada com o intuito de aplicar a disponibilização imediata dos lucros do exterior. Deste modo, foi instituída a possibilidade de criação de exceções à regra geral de que o fato gerador do imposto de renda deve estar necessariamente vinculado à disponibilidade econômica ou jurídica de proventos, no que toca aos rendimentos oriundos do exterior. Fl. 3364DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.365 34 Na esteira da mencionada modificação do Código Tributário Nacional, a Medida Provisória 2.15835/2001, por meio de seu art. 74, criou a figura da disponibilização ficta de lucros auferidos por controladas ou coligadas no exterior. Esse dispositivo não faz nenhuma referência à necessidade de efetiva disponibilidade econômica ou jurídica dos valores. Ao contrário, institui a presunção legal de que lucros auferidos por controladas ou coligadas no exterior estão automaticamente disponíveis tão logo sejam apurados. Por um lado, há pontos controversos, não abordados pelo texto do art. 74 da MP 2.15835/2001, quanto a algumas situações nas quais os lucros são considerados disponibilizados, indicadas no art. 2.º da IN 213/2002. As discussões relacionadas a esse artigo da IN 213/2002 tratam da extrapolação da determinação contida no art. 74 da MP 2.15835/2001, que se limita a considerar disponibilizados os lucros apurados, com o fim de tributar lucros eventualmente existentes na ocorrência de eventos como liquidação, alienação, cisão, fusão ou incorporação. Já o art. 7.º da IN 213/2002, por sua vez, está ligado ao principal ponto do debate sobre a tributação de lucros no exterior. Nesse mister, a pretexto de tributar os lucros apurados no exterior, mediante presunção de sua disponibilização imediata, a Receita Federal determina a tributação do resultado positivo de equivalência patrimonial apurado em 31 de dezembro de cada ano. Aqui as divergências giram em torno da potencial divergência de valores na apuração contábil do resultado de equivalência patrimonial e do lucro, uma vez que, por exemplo, o lucro pode ser destinado à constituição de reservas, sem a sua efetiva disponibilização. Feitas tais considerações, as quais enfrentaremos no presente litígio, passemos a análise das questões debatidas em sede recursal. 2. RECURSO DE OFÍCIO CONTROLADA URUGUAIA INALER S/A. O contribuinte alega (fl. 2613) que o exercício fiscal uruguaio se inicia em 1º de outubro e se encerra em 30 de setembro. Foi acostada aos autos a tradução juramentada do Decreto Uruguaio nº 704/973 (fls. 2730), que fixa a data de 30 de setembro de cada ano como encerramento do balanço anual dos frigoríficos habilitados a exportar. A DRJ concluiu que restou "demonstrado pela impugnante que a legislação do Uruguai fixa que a data de encerramento dos balanços anuais em 30 de setembro de cada ano", salientando que "os documentos de fls. 2733/2747 registram que os balanços das empresas Establecimientos Colonia S.A, Cledinor S.A, Tacuarembó S.A e Inaler S.A encerramse em 30 de setembro". Verificado que o exercício fiscal uruguaio termina em 30 de setembro de cada ano, passemos a análise do que prevê a legislação brasileira. Vejamos o dispõe o artigo 25 da Lei nº 9.249/95: Fl. 3365DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.366 35 Art. 25. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano. (...) § 2º Os lucros auferidos por filiais, sucursais ou controladas, no exterior, de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil serão computados na apuração do lucro real com observância do seguinte: I as filiais, sucursais e controladas deverão demonstrar a apuração dos lucros que auferirem em cada um de seus exercícios fiscais, segundo as normas da legislação brasileira; (...) § 7o Os lucros serão apurados segundo as normas da legislação comercial do país de domicílio. Por seu turno, o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835 estabelecia o quanto segue: Art. 74. Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, nos termos do art. 25 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e do art. 21 desta Medida Provisória, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento Parágrafo único. Os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida, antes desta data, qualquer das hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor. Observase, pois, que a legislação de regência prevê que os lucros das controladas estrangeiras devem ser apurados de acordo com a legislação do país de domicílio e que não há regra que estabeleça, expressamente, que o lucro tem que ser apurado conforme balanço levantado em 31 de dezembro. Aproveito a oportunidade para transcrever a doutrina de Douglas Yamashita sobre o tema e que foi trazida pela DRJ em sua decisão: Nesse caso de aplicação da legislação contábil estrangeira, se o ano contábil de algum dos países das controladas for distinto do anocalendário, valerão as demonstrações financeiras oficiais desse país, por exemplo, de outubro de 2008 a setembro de 2009. Aliás, o próprio art. 74 da MP nº 2.15835/2001 dispõe que “os lucros auferidos por controlada (...) no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora (...) no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados”. O item 086 Fl. 3366DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.367 36 do Perguntas e Respostas do Capítulo XIX da DIPJ de 2009 confirma esse mesmo entendimento” [destaques do original]. 1 A DRJ também transcreveu as disposições do Perguntas e Respostas disponível no site da RFB: 086 – Como deverão ser considerados (para fins de apuração do lucro real) os lucros auferidos por intermédio de controladas ou coligadas sediadas no exterior a partir do anocalendário de 2002? A partir de 1º/01/2002, os lucros auferidos por intermédio de controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço em que tiverem sido apurados. Diversa não poderia ser a conclusão da doutrina mais abalizada. Isso porque o artigo 43 do Código Tributário Nacional CTN2, ao circunscrever o âmbito de incidência do imposto de renda, estabelece a necessidade de haver um acréscimo patrimonial, em um determinado período de tempo, para fins de ocorrência do fato gerador do tributo. Ocorre que, para fins de determinação da ocorrência, ou não, de efetivo acréscimo patrimonial, devem ser confrontados dois momentos temporais, os quais são marcados por um termo inicial e por um termo final definidos na legislação tributária. Assim, os rendimentos do contribuinte não podem ser considerados de forma isolada, o que ocasionaria a tributação dos ingressos obtidos em um único momento. Logo, é imperioso que seja considerado o exercício fiscal determinado pela lei do país em que se encontra domiciliada a controlada estrangeira, para que seja tributado somente o que constituir efetivo acréscimo patrimonial. Entendo, portanto, que a apuração dos lucros obtidos em controladas no exterior deve obedecer o exercício fiscal determinado pela legislação do país de domicílio da pessoa jurídica. No caso dos autos, os lucros auferidos pelas controladas uruguaias devem ter como data base o dia 30 de setembro, pois somente então será possível verificar se houve, ou não, acréscimo patrimonial naquele exercício. Feitas essas considerações iniciais, adoto o quanto decidido pela DRJ para que a tributação dos lucros auferidos no exterior tenha como base o balanço encerrado em 30 de setembro de 2009: 1 No artigo "Controladas Indiretas no Exterior: Controvérsias de se Regime Tributário" In Revista Dialética de Direito Tributário nº 179, págs. 28 e seguintes 2 Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. Fl. 3367DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.368 37 Concluído que, no lucro real apurado pela contribuinte de 31/12/2009, devem ser considerados os lucros auferidos pelas controladas uruguaias ao final de cada exercício fiscal, disponibilizados nos balanços encerrados em 30/09/2009, passo a examinar os valores que devem compor a base de cálculo tributável. As controladas uruguaias cujos resultados contribuíram para a formação do lucro real e da base de cálculo da CSLL são a Tacuarembó S/A, a Prestcott Internacional S/A e a Inaler S/A. (...) O balanço elaborado pela Tacuarembó S/A, encerrado em 30/09/2009, encontrase a fls. 74 dos autos. Nele se verifica que o lucro antes do imposto de renda totaliza 6.576 milhões de dólares (US$), o que equivale a R$ 11.672.785,60, utilizandose a cotação do dólar no dia 30/09/2009 (R$ 1,7781), momento em que o rendimento foi disponibilizado para a contribuinte. Uma vez que a impugnante tem participação de 93,45% na sociedade, o lucro que lhe cabe totaliza R$ 10.926.210,00, valor superior ao tributado pela Fiscalização (R$ 10.175.439,00). (...) Quando se discutiu o teor da legislação uruguaia, chegouse à conclusão de que, realmente, impõese o encerramento do balanço em 30 de setembro. Todavia, tal determinação é aplicável apenas aos frigoríficos exportadores. Transcrevo a tradução juramentada do artigo 1º do Decreto nº 740/973: Artigo 1º É fixada a data de 30 de setembro de cada ano para o encerramento do balanço dos frigoríficos exportadores compreendidos no decreto 64/972 de 26 de janeiro de 1972. As reformas de estatutos sociais que sejam necessárias a fim de dar cumprimento à disposição precedente ficam exoneradas de qualquer ônus fiscal. Compulsando os autos, verificase que a condição de frigorífico exportador da empresa Tacuarembó S/A é evidente. O próprio relatório fiscal registrou esta situação: A Frigorífico Tacuarembó S/A é uma sociedade anônima, instalada na cidade de Tacuarembó, no Uruguai. Exerce atividades frigoríficas e de produção de hamburguers e produtos de carnes com valor agregado, sendo distribuídos e comercializados no mercado local e no exterior. No entanto, não se depreende, dos autos, que a Prestcott International S/A seja um frigorífico exportador. As informações juntadas aos autos dão a impressão de que a Prestcott é a empresa que controla 100% da Cledinor S/A, esta sim, um frigorífico. (...) Acrescentese a isso que o AuditorFiscal somente teve acesso ao balanço encerrado em 31/12/2009, não lhe tendo sido entregue qualquer balanço com encerramento em 30/09/2009: De acordo com a Demonstração de Resultado constante das demonstrações contábeis da empresa apresentadas pela fiscalizada, o Lucro Líquido antes do IR Fl. 3368DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.369 38 em 2009, apurado no balanço de 31 de dezembro de 2009, em dólares americanos, é de USD 5.683.863, equivalente em 31/12/2009 a R$ 9.896.742. Considerando que o contribuinte ofereceu à tributação o valor de R$ 9.800.593, indica diferença a ser tributada no total de R$ 96.147. Por fim, quando a impugnante trouxe aos autos informações sobre o exercício fiscal das controladas uruguaias (fls. 2733/2747), em momento algum informouse que o ano fiscal da Prestcott se encerraria em setembro. Sem provas efetivas de que a empresa Prestcott International S/A está sujeita ao encerramento do balanço em 30 de setembro, não há motivos para se retificar o lançamento fiscal. No TVF não consta que a mencionada empresa seja um frigorífico exportador. Todavia, registrase que o balanço apresentado foi encerrado em 30 de setembro: Observase que no balanço apresentado pelo contribuinte, sobre o qual foi baseado o cálculo da equivalência patrimonial, era um balanço com encerramento em 30/09/2009 que apresentava um prejuízo, logo nada foi oferecido a tributação. Entretanto, quando se examina o balanço encerrado em 31/12/2009 constatase a apuração do lucro antes do imposto de renda no total de USD 4.623.547, equivalente e 31/12/2009 a R$ 8.050.520 que deve ser tributado. A informação de que o balanço é encerrado em 30 de setembro é confirmada a fl. 2734: (...) Além disso, consulta realizada na rede mundial de computadores indica que a empresa Inaler S/A é um frigorífico exportador, sendo mencionada na lista de frigoríficos que possuem autorização para exportar para a Costa Rica (http://www.senasa.go.cr/anterior/Documentos/DIPOA/Establecimientos_aprobados _para_exportar_a_Costa_Rica/ESTABLECIMIENTOS_AUTORIZADOS_A_EXP ORTAR_A_COSTA_RICA_SETIEMBRE_2009.pdf), na lista de associados da Associação de la Industria Frigorífica del Uruguay (http://www.foromercosurdelacarne.org/institucional/miembros/112asociacionde laindustriafrigorificadeluruguayadifu.html), na lista de exportadores registrados no Instituto Nacional de Carnes – INAC (http://www.inac.gub.uy/innovaportal/file/10676/1/lista_de_frigorificos2.pdf), dentre outros. Já foi transcrito acima, o trecho do TVF que tratou da apuração do lucro da Inaler S/A, o qual permite constatar que, no balanço de 30/09/2009, não houve lucro apurado. O lucro apenas foi verificado no balanço de 31/12/2009. Considerando que a legislação uruguaia impõe o encerramento do balanço em 30 de setembro, entendo que este deve ser o balanço a ser examinado pelas Autoridades Fiscais brasileiras. Por este motivo, não procede a inclusão, na base de cálculo do IRPJ e da CSLL apurada em 31/12/2009, do lucro indicado no balanço de mesma data. Em resumo, aplicandose o entendimento adotado no presente voto, para a empresa Tacuarembó S/A, deve ser adicionado ao lucro apurado pela contribuinte o valor de R$ 1.243.128,00 (= 10.926.210,00 9.683.082). Fl. 3369DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.370 39 Para a empresa Prestcott International S/A, o lucro apurado no exterior não oferecido à tributação pela contribuinte totaliza R$ 96.147,00, conforme indicado no TVF. Quanto à empresa Inaler S/A nenhum lucro foi apurado, posto que o balanço encerrado em 30/09/2009 apontava prejuízos. (...) Logo, em relação aos lucros auferidos pela empresa Inaler S.A, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento ao recurso voluntário, mantendo a exclusão dos lucros auferidos por esta empresa da base de cálculo do lançamento tributário. No que tange as demais controladas uruguaias, Prestcott Internacional S.A. e Tacuarembó S/A, e à controlada argentina, por se tratar de matéria relativa ao recurso voluntário, passarei a decidir sobre o tema no tópico 3.3 deste voto. 3. RECURSO VOLUNTÁRIO 3.1. DA APLICAÇÃO DO ART. 74 DA MEDIDA PROVISÓRIA 2.158 35/01 As regras de transparência fiscal, também conhecidas como Controlled Foreign Corporation Rules (“CFC”) visam imputar as controladoras os lucros acumulados pelas sociedades controladas no exterior. Nesse sentido, ensina o Jurista Heleno Taveira Tôrres: “transparência fiscal não significa mais do que a possibilidade de imputar aos sócios ou acionistas residentes, por transparência, os lucros produzidos pela sociedade constituídas e localizadas no estrangeiro, geralmente em países com tributação favorecida, fazendo incidir o imposto aplicável aos lucros produzidos no exterior, pelas sociedades ali localizadas, e das quais aqueles sujeitos são acionistas, automaticamente, como se fossem produzidos internamente, mesmo se não distribuídos sob a forma de dividendos”.1 Entendo, portanto, que, no Brasil, as regras de transparência fiscal foram introduzidas pela controversa Medida Provisória nº 2.158 35/01, cujo artigo 74 determinava a chamada “tributação automática dos lucros”, isto é, a tributação dos lucros mesmo que não haja distribuição de dividendos. Confirase sua redação: Art. 74. Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, nos termos do art. 25 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e do art. 21 desta Medida Provisória, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento. Parágrafo único. Os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida, antes desta data, qualquer das hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor. Fl. 3370DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.371 40 Após muitos debates sobre a constitucionalidade desse dispositivo, a dialética resultou em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (“ADIn”), recentemente julgada pelo Supremo Tribunal Federal (“STF”). Em apertada síntese, decidiuse,por maioria de votos, que a regra CFC brasileira se aplica às controladas de empresas brasileiras com sede em “paraíso fiscal”(black list) ou que se achem sob regime fiscal privilegiado (gray list). Por outro lado não foi alcançado quórum no que tange à aplicação à tributação do lucro em coligadas sediadas em países com regime de tributação normal e que possam comprovar o seu propósito negocial e substância econômica. Adicionalmente, foi rejeitada a retroatividade da regra para alcançar lucros auferidos antes do ano calendário de 2002. Destacase que, apesar do julgamento da ADIn, por conta do dito acima, ainda permanece incerto o tratamento a ser aplicado (i) às controladas residentes em países não considerados paraísos fiscais, inclusive quando existir um tratado para evitar a dupla tributação; e (ii) às coligadas sediadas em paraísos fiscais. Além disso, não há definição clara quanto à interpretação a ser dada ao conceito de “paraíso fiscal”, uma vez que a decisão não fez vinculação clara do termo ao disposto nos artigos 24 e 24A da Lei n° 9.430/96 (e IN SRF n° 1.037/10). Assim, caberá ao fisco federal comprovar, por meio dos mecanismos à sua disposição, a ausência de “propósito negocial” e a qualificação de dada jurisdição como paraíso fiscal. Apesar disso, na seqüência, o STF decidiu que o art. 74 seria também aplicável também às controladas sediadas em países que não se caracterizem como paraísos fiscais ou que se encontrem sob regime fiscal privilegiado. É o que se depreende da análise do Recurso Extraordinário 541.090/SC, julgado em 10/04/2013, cuja ementa encontrase adiante transcrita: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. LUCROS PROVENIENTES DE INVESTIMENTOS EM EMPRESAS COLIGADAS E CONTROLADAS SEDIADAS NO EXTERIOR. ART. 74 DA MEDIDA PROVISÓRIA 2.15835/2001. 1. No julgamento da ADI 2.588/DF, o STF reconheceu, de modo definitivo, (a) que é legítima a aplicação do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/2001 relativamente a lucros auferidos por empresas controladas localizadas em países com tributação favorecida (= países considerados “paraísos fiscais”); e (b) que não é legítima a sua aplicação relativamente a lucros auferidos por empresas coligadas sediadas em países sem tributação favorecida (= não considerados “paraísos fiscais”). Quanto às demais situações (lucros auferidos por empresas controladas sediadas fora de paraísos fiscais e por empresas coligadas sediadas em paraísos fiscais), não tendo sido obtida maioria absoluta dos votos, o Tribunal considerou constitucional a norma questionada, sem, todavia, conferir eficácia erga omnes e efeitos vinculantes a essa deliberação. 2. Confirmase, no presente caso, a constitucionalidade da aplicação do caput do art. 74 da referida Medida Provisória relativamente a lucros auferidos por empresa controlada sediada em país que não tem tratamento fiscal favorecido. Todavia, por ofensa aos princípios constitucionais da anterioridade e da irretroatividade, afirmase a inconstitucionalidade do seu parágrafo único, que trata dos lucros apurados por controlada ou coligada Fl. 3371DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.372 41 no exterior até 31 de dezembro de 2002. 3. Recurso extraordinário provido, em parte. Posteriormente, com o intuito de cumprir o quanto decidido na ADIN n° 2588 e de aproximar a legislação do entendimento exarado pelo STF, o artigo 74 foi revogado pela Lei nº 12.973/14. Atualmente, os artigos 76 a 91 do referido diploma legal tratam da tributação em bases universais. Em suma, conforme prevê o artigo 77 da Lei nº 12.973/142, foi mantida a transparência fiscal de controladas no exterior de empresas brasileiras, sendo expressamente determinada a tributação não apenas das controladas diretas, mas também das indiretas. No presente caso, resta claro, que as controladas uruguaias, argentina e holandesa. submetemse à regime fiscal dito “normal” e transparente. Portanto, impende aplicar o quanto decidido pelo STF em relação à possibilidade de aplicação do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/01 aos lucros auferidos por controlada no exterior, esteja esta submetida, ou não, à tributação “normal”. Todavia, no que se refere às controladas uruguaias, ainda é preciso verificar a possibilidade de compensação do imposto pago no exterior, bem como a correta aferição do exercício fiscal uruguaio. Por sua vez, em relação a duas controladas objeto da autuação, tal aplicação possui uma peculiaridade bastante específica, qual seja a existência de TDT entre Brasil e Holanda e entre Brasil e Argentina e, portanto, a questão deve ser analisada levandose em consideração esse cenário, que ao meu ver corrobora com a não aplicação do art. 74 da MP 2.15835/01. 3.2. DO TRATADO PARA EVITAR DUPLA TRIBUTAÇÃO FIRMADO ENTRE O BRASIL E O REINO DOS PAÍSES BAIXOS E ENTRE O BRASIL E A ARGENTINA. Primeiramente se faz mister tecer alguns comentários sobre a interpretação dos tratados, bem como elucidar a questão sobre a prevalência dos tratados em detrimento da legislação interna. Para tanto, socorrome de trecho da obra do Ilustre Prof. Alberto Xavier, "Direito Tributário Internacional do Brasil": "a conclusão de que os tratados têm supremacia hierárquica sobre a lei interna e se encontram numa relação de especialidade em relação a esta, é confirmada em matéria tributária, pelo artigo 98 do Código Tributário Nacional que, em preceito declaratório dispõe que 'os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna e serão observados pela que lhes sobrevenha'. Observase, em homenagem à exatidão, que é incorreta a redação deste preceito quando se refere a revogação da lei interna pelos tratados. Com efeito, não se está aqui perante um fenômeno abrogativo, já que a lei interna mantém a sua eficácia plena fora dos casos subtraídos à sua explicação pelo tratado. Tratase, isso sim, de delimitação da eficácia da lei que se torna Fl. 3372DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.373 42 relativamente inaplicável a certo círculo de pessoas e situações, limitação esta que caracteriza precisamente o instituto da derrogação e decorre da relação de especialidade entre tratados e leis. Cumpre notar que a supremacia hierárquica dos tratados sobre as leis internas tem com o efeito exclusivo proibir a sua revogação por leis internas subseqüentes, não sendo porém o fundamento da sua 'aplicação prevalecente'. É que, ainda que tratado e lei ordinária tivessem paridade de valor hierárquico, a aplicação prevalecente do primeiro resulta diretamente de uma relação de especialidade". No tocante à aplicação da regra CFC em detrimento aos acordos internacionais, cumprese preliminarmente destacar os efeitos do art. 98 do Código Tributário Nacional, que assim preceitua: “Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela lei que lhes sobrevenha”. Temse que os tratados internacionais prevalecem sobre a legislação interna. Nesse sentido, vale citar o acórdão do 1° Conselho de Contribuintes que, ao tratar da questão da supremacia ou não dos tratados e convenções internacionais, acabou adotando o seguinte entendimento: “TRATADO E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS. Não obstante o STF tenha se posicionado no sentido de inexistência de primazia hierárquica do tratado internacional, em se tratando de Direito Tributário a prevalência da norma internacional decorre de sua condição de lei especial em relação à norma interna.” (Acórdão n° 10194.910. 1º CC, 1ª Câmara. Rel. Cons. Sandra Maria Faroni. DJ: 13/04/2005) Claro está, portanto, que as disposições do Acordo devem prevalecer sobre as normas domésticas brasileiras, bem como devem ser interpretadas de acordo com as normas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ainda que o Brasil não seja um membro da referida organização. Destarte, a aplicação do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/01 viola o disposto no art. 7º do Acordo firmado entre o Brasil e o Reino dos Países Baixos para evitar a dupla tributação sobre a renda, cujo teor do parágrafo 1º encontrase abaixo transcrito: ARTIGO 7 Lucros das Empresas 1. Os lucros de uma empresa de um Estado Contratante só são tributáveis nesse Estado; a não ser que a empresa exerça, sua atividade no outro Estado Contratante, por meio de um estabelecimento permanente ali situado. Se a empresa exerce suas atividades na forma indicada, seus lucros podem ser tributados no outro Estado, mas unicamente na medida em que forem atribuíveis àquele estabelecimento permanente. Fl. 3373DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.374 43 No mesmo sentido, é a redação do art. 7º do Acordo firmado entre o Brasil e a Argentina: ARTIGO VII Lucros das empresas Os lucros de uma empresa de um Estado Contratante só são tributáveis nesse Estado, a não ser que a empresa exerça sua atividade no outro Estado Contratante por meio de um estabelecimento permanente aí situado. Se a empresa exercer sua atividade na forma indicada, seus lucros são tributáveis no outro Estado, mas unicamente à medida em que sejam atribuíveis a esse estabelecimento permanente. Da leitura dos artigos supra, concluise não ser permitido que um Estado Contratante tribute os lucros auferidos por uma pessoa jurídica residente no outro Estado contratante, a não ser que a empresa exerça sua atividade no outro Estado Contratante por meio de um estabelecimento permanente aí situado. Evidenciase, portanto, a regra de tributação de lucros exclusivamente no Estado de Residência de coligadas e controladas. Desse modo, verificase que o art. 74 da Medida Provisória nº 2.158 35/01 é incompatível com o art. 7° das ConvençãoModelo da OCDE, de tal modo que os lucros produzidos no exterior estariam abrangidos pelo referido art. 7°. Ademais, entendo que os valores relativos aos resultados positivos de equivalência patrimonial em investimentos no exterior não devem ser considerados no lucro do período para fins do cálculo de IRPJ e CSLL. Isso porque o art. 7°, §1º, da IN/SRF 213/2002 extrapola o limite legal trazido pelo art. 25, § 6º, da Lei nº 9.249/95, conquanto este apenas autoriza à adição do resultado do balanço patrimonial na empresa controlada ou coligada no Brasil, proporcionalmente à sua participação acionária para fins de determinação do lucro real e a base de cálculo da CSLL, in verbis: Art. 25, Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano § 6º Os resultados da avaliação dos investimentos no exterior, pelo método de equivalência patrimonial, continuarão a ter tratamento previsto na legislação vigente, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º, 2º e 3º. Vêse, claramente, que o citado regulamento é flagrantemente ilegal, posto que é dado ao instituto dos regulamentos um campo de ação restrito ao que texto legal aduz e sempre em harmonia com o comando secudum lege e, nunca extra lege. Dessa maneira, é imposição lógica que os regulamentos, sempre infralegais, não podem inovar no ordenamento jurídico. Sobre a questão da equivalência patrimonial, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC 02, item 2, conceitua a equivalência patrimonial como um método de contabilização, por meio do qual “o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e posteriormente ajustado pelo reconhecimento da participação atribuída ao investidor nas alterações Fl. 3374DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.375 44 dos ativos líquidos da investida. O resultado do período do investidor deve incluir a parte que lhe cabe nos resultados gerados pela investida”. Assim, a equivalência patrimonial consiste em atualizar o valor contábil ao valor equivalente à participação da investidora no patrimônio líquido da investida, bem como o reconhecimento dos seus efeitos na demonstração do resultado do exercício. O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou por meio do Resp 1.211.882/RJ, em situação similar, a saber: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA IRPJ E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDOCSLL. EMPRESAS CONTROLADAS E COLIGADAS SITUADAS NO EXTERIOR. TRIBUTAÇÃO DO RESULTADO POSITIVO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. ILEGALIDADE DO ART. 7º, § 1º, DA IN/SRF N. 213/2002 “(...) 3. É ilícita a tributação, a título de IRPJ e CSLL, pelo resultado positivo da equivalência patrimonial, registrado na contabilidade da empresa brasileira (empresa investidora), referente ao investimento existente em empresa controlada ou coligada no exterior (empresa investida), previsto no art. 7.º, § 1.º, da IN SRF 213/2002, somente no que exceder a proporção a que faz jus a empresa investidora no lucro auferido pela empresa investida, na forma do art. 1.º, § 4.º, da IN SRF 213, de 07.10.2002. 4. Muito embora a tributação de todo o resultado positivo da equivalência patrimonial fosse em tese possível, ela foi vedada pelo disposto no art. 23, caput e parágrafo único, do Declei 1.598/1977, para o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, e pelo art. 2.º, § 1.º, c, 4, da Lei 7.689/1988, para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, mediante artifício contábil que elimina o impacto do resultado da equivalência patrimonial na determinação do lucro real (base de cálculo do IRPJ) e na apuração da base de cálculo da CSLL, não tendo essa legislação sido revogada pelo art. 25 da Lei 9.249/1995, nem pelo art. 1.º da MedProv 1.602/1997 (convertida na Lei 9.532/1997), nem pelo art. 21 da MedProv 1.8587, de 29.07.1999, nem pelo art. 35 da MedProv 1.99115, de 10.03.2000, ou pelo art. 74 da MedProv 2.15834/2001 (edições anteriores da atual MedProv 2.15835, de 24.08.2001). (...)” (REsp 1.211.882/RJ, 2.ª T., j. 05.04.2011, rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 14.04.2011). “1. ‘É ilícita a tributação, a título de IRPJ e CSLL, pelo resultado positivo da equivalência patrimonial, registrado na contabilidade da empresa brasileira (empresa investidora), referente ao investimento existente em empresa controlada ou coligada no exterior (empresa investida), previsto no art. 7.º, § Fl. 3375DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.376 45 1.º, da IN SRF 213/2002, somente no que exceder a proporção a que faz jus a empresa investidora no lucro auferido pela empresa investida, na forma do art. 1.º, § 4.º, da IN SRF 213, de 07.10.2002’.” (AgRg no REsp 1.307.054/RJ, 2.ª T., j. 28.05.2013, rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 04.06.2013). O mencionado art. 1.º, § 4.º, da IN 213/2002, faz referência, especificamente, aos lucros de filial, sucursal, coligada ou controlada, na proporção em que a empresa brasileira faça jus eles. Portanto, o tribunal superior decidiu de modo a eliminar a incongruência (ilegalidade) gerada pela IN 213/2002 que, sob o pretexto de tributar lucros no exterior, tributava o resultado positivo da avaliação de investimentos por equivalência patrimonial. Diante dessas decisões do STJ, entendo que a Recorrente tem importantes precedentes em seu favor, em caso de um caminho judicial a ser seguido na discussão da tributação integral do resultado de equivalência patrimonial de participações no exterior, na parte em que exceda os lucros devidos à empresa brasileira. No meu sentir não há razão econômica para que um Estado negocie um tratado com outro Estado e, repetidas vezes descumpra tais disposições, por conta da sanha fiscal. Vejam o tratado Brasil Holanda foi recepcionado e após ratificado pelo Decreto nº 355 em 03 de Dezembro de 1991, já o tratado BrasilArgentina foi recepcionado e ratificado pelo Decreto n° 87.976 em 22 de dezembro de 1982. O objetivo desses acordos é justamente promover o ingresso de divisas no país, bem como fomentar a economia entre os Estados contratantes. Portanto, a não observância dessas regras acordadas poderia até terminar em um incidente diplomático, como ocorrido na denúncia do tratado Brasil – Alemanha, por parte da Alemanha. Com base nesses fundamentos, considero que os tratados firmados entre o Brasil e os Países Baixos e a Argentina para evitar a dupla tributação afasta o lançamento ora discutido no que tange às controladas Marfrig Holding BV.e Quickfood S.A, devendo ser dado provimento ao recurso voluntário em relação a este ponto. Restam também, portanto, prejudicados os argumentos do Fisco quanto à aplicabilidade deste tratado à CSLL, por força do disposto no art. 2o e 3º dos aludidos acordos. Em relação à Holanda: 2. Os impostos atuais aos quais se aplica a Convenção são: a) no caso do Brasil o imposto federal sobre a renda, excluídos o imposto suplementar de renda e o imposto sobre atividades de menor importância, (doravante designado "imposto brasileiro"); b) no caso da Holanda: Fl. 3376DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.377 46 o imposto de renda; o imposto sobre salários; o imposto sobre sociedades, inclusive a participação do Governo nos lucros líquidos da exploração de recursos naturais, cobrada conforme o Mijnwet 1810 (Lei de Mineração, de 1980) relativamente a concessões feitas a partir de 1967, ou conforme o Mijnwet Continental Plat 1965 (Lei de Mineração na Plataforma Continental do Reino dos Países Baixos de 1965); o imposto sobre dividendos (doravante designados como "imposto holandês"). 3. A Convenção aplicase também a quaisquer impostos idênticos ou substancialmente semelhantes que forem estabelecidos após a data de sua assinatura, adicionalmente ou em substituição aos impostos mencionados no parágrafo 2. As autoridades competentes dos Estados Contratantes notificarseão mutuamente sobre quaisquer modificações substanciais que ocorram em suas respectivas legislações tributárias. Em relação à Argentina: ARTIGO II Impostos visados 1. Os impostos atuais aos quais se aplica a presente Convenção são: a) na República Federativa do Brasil: o imposto sobre a renda, com exclusão das incidências sobre remessas excedentes e sobre atividades de menor importância (doravante denominado "imposto brasileiro"); b) na República Argentina: o imposto sobre os ganhos (" impuesto a Ias ganancias "); o imposto sobre os lucros eventuais (" impuesto a los beneficio eventuales ") (doravante denominado "imposto argentino"). 2. A presente Convenção se aplicará também a quaisquer impostos idênticos ou substancialmente semelhantes que forem posteriormente introduzidos, seja em adição aos existentes, seja em sua substituição. As autoridades competentes dos Estados Contratantes notificarseão mutuamente sobre qualquer modificação significativa que tenha ocorrido em suas respectivas legislações tributárias. Sob a perspectiva brasileira, desde 09 de dezembro de 2015, o Tratado se aplica não apenas ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Física e da Pessoa Jurídica (“IRPF” e “IRPJ”) e ao Imposto de Renda Retido na Fonte (“IRRF”), mas também à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (“CSLL”). Fl. 3377DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.378 47 No tocante à CSLL, embora esse tributo não seja expressamente mencionado no Tratado, é importante destacar que ele foi criado depois de sua assinatura, e como um substituto parcial do IRPJ. Além disso, a Lei nº 13.202/2015 incluiu um artigo que esclarece que os tratados contra a dupla tributação assinados pelo Brasil devem incluir a CSLL: Art. 11. Para efeito de interpretação, os acordos e convenções internacionais celebrados pelo Governo da República Federativa do Brasil para evitar dupla tributação da renda abrangem a CSLL. Entendo, portanto, pela improcedência da autuação no que tange também ao lançamento da CSLL, sendo dado provimento ao recurso voluntário neste ponto. Em sendo adotado o entendimento acima exposto, restariam prejudicados os demais argumentos trazidos pelo contribuinte, em especial, em relação à periodicidade do exercício fiscal argentino e à inadequação da base de cálculo utilizada pelo fisco para apuração do valor tributável da controlada argentina. Entretanto, durante as discussões, a maioria do Colegiado decidiu de modo diferente, rejeitando os argumentos atinentes à aplicabilidade dos tratados internacionais para evitar a dupla tributação (conforme se verá no Voto Vencedor). Diante disso, adquire relevância o argumento trazido pela recorrente no que se refere à controlada Argentina: o contribuinte requer seja levado em consideração o exercício fiscal da empresa Quickfood, que vai de 1º de julho a 30 de junho de cada ano, conforme demonstrariam as declarações entregues pela empresa. A mesma argumentação utilizada em relação às controladas uruguaias (vide tópico a seguir) deve ser aplicada ao caso da Quickfood, de forma que deve ser afastada a tributação do segundo semestre de 2009, para essa controlada. 3.3. CONTROLADAS URUGUAIAS EXERCÍCIO FISCAL E COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR E CONTROLADAS ARGENTINAS – EXERCÍCIO FISCAL. Conforme visto no tópico 2 deste voto, o contribuinte alega (fl. 2613) que o exercício fiscal uruguaio se inicia em 1º de outubro e se encerra em 30 de setembro. No caso dos autos, os lucros auferidos pelas controladas uruguaias devem ter como data base o dia 30 de setembro, pois somente então será possível verificar se houve, ou não, acréscimo patrimonial naquele exercício. Feitas essas considerações iniciais, adoto o quanto decidido pela DRJ para que a tributação dos lucros auferidos no exterior tenha como base o balanço encerrado em 30 de setembro de 2009: Concluído que, no lucro real apurado pela contribuinte de 31/12/2009, devem ser considerados os lucros auferidos pelas controladas uruguaias ao final de cada exercício fiscal, disponibilizados nos balanços encerrados em 30/09/2009, passo a examinar os valores que devem compor a base de cálculo tributável. Fl. 3378DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.379 48 As controladas uruguaias cujos resultados contribuíram para a formação do lucro real e da base de cálculo da CSLL são a Tacuarembó S/A, a Prestcott Internacional S/A e a Inaler S/A. (...) O balanço elaborado pela Tacuarembó S/A, encerrado em 30/09/2009, encontrase a fls. 74 dos autos. Nele se verifica que o lucro antes do imposto de renda totaliza 6.576 milhões de dólares (US$), o que equivale a R$ 11.672.785,60, utilizandose a cotação do dólar no dia 30/09/2009 (R$ 1,7781), momento em que o rendimento foi disponibilizado para a contribuinte. Uma vez que a impugnante tem participação de 93,45% na sociedade, o lucro que lhe cabe totaliza R$ 10.926.210,00, valor superior ao tributado pela Fiscalização (R$ 10.175.439,00). (...) Quando se discutiu o teor da legislação uruguaia, chegouse à conclusão de que, realmente, impõese o encerramento do balanço em 30 de setembro. Todavia, tal determinação é aplicável apenas aos frigoríficos exportadores. Transcrevo a tradução juramentada do artigo 1º do Decreto nº 740/973: Artigo 1º É fixada a data de 30 de setembro de cada ano para o encerramento do balanço dos frigoríficos exportadores compreendidos no decreto 64/972 de 26 de janeiro de 1972. As reformas de estatutos sociais que sejam necessárias a fim de dar cumprimento à disposição precedente ficam exoneradas de qualquer ônus fiscal. Compulsando os autos, verificase que a condição de frigorífico exportador da empresa Tacuarembó S/A é evidente. O próprio relatório fiscal registrou esta situação: A Frigorífico Tacuarembó S/A é uma sociedade anônima, instalada na cidade de Tacuarembó, no Uruguai. Exerce atividades frigoríficas e de produção de hamburguers e produtos de carnes com valor agregado, sendo distribuídos e comercializados no mercado local e no exterior. No entanto, não se depreende, dos autos, que a Prestcott International S/A seja um frigorífico exportador. As informações juntadas aos autos dão a impressão de que a Prestcott é a empresa que controla 100% da Cledinor S/A, esta sim, um frigorífico. (...) Acrescentese a isso que o AuditorFiscal somente teve acesso ao balanço encerrado em 31/12/2009, não lhe tendo sido entregue qualquer balanço com encerramento em 30/09/2009: De acordo com a Demonstração de Resultado constante das demonstrações contábeis da empresa apresentadas pela fiscalizada, o Lucro Líquido antes do IR em 2009, apurado no balanço de 31 de dezembro de 2009, em dólares americanos, é de USD 5.683.863, equivalente em 31/12/2009 a R$ 9.896.742. Considerando que o contribuinte ofereceu à tributação o valor de R$ 9.800.593, indica diferença a ser tributada no total de R$ 96.147. Fl. 3379DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.380 49 Por fim, quando a impugnante trouxe aos autos informações sobre o exercício fiscal das controladas uruguaias (fls. 2733/2747), em momento algum informouse que o ano fiscal da Prestcott se encerraria em setembro. Sem provas efetivas de que a empresa Prestcott International S/A está sujeita ao encerramento do balanço em 30 de setembro, não há motivos para se retificar o lançamento fiscal. No TVF não consta que a mencionada empresa seja um frigorífico exportador. Todavia, registrase que o balanço apresentado foi encerrado em 30 de setembro: Observase que no balanço apresentado pelo contribuinte, sobre o qual foi baseado o cálculo da equivalência patrimonial, era um balanço com encerramento em 30/09/2009 que apresentava um prejuízo, logo nada foi oferecido a tributação. Entretanto, quando se examina o balanço encerrado em 31/12/2009 constatase a apuração do lucro antes do imposto de renda no total de USD 4.623.547, equivalente e 31/12/2009 a R$ 8.050.520 que deve ser tributado. A informação de que o balanço é encerrado em 30 de setembro é confirmada a fl. 2734: (...) Além disso, consulta realizada na rede mundial de computadores indica que a empresa Inaler S/A é um frigorífico exportador, sendo mencionada na lista de frigoríficos que possuem autorização para exportar para a Costa Rica (http://www.senasa.go.cr/anterior/Documentos/DIPOA/Establecimientos_aprobados _para_exportar_a_Costa_Rica/ESTABLECIMIENTOS_AUTORIZADOS_A_EXP ORTAR_A_COSTA_RICA_SETIEMBRE_2009.pdf), na lista de associados da Associação de la Industria Frigorífica del Uruguay (http://www.foromercosurdelacarne.org/institucional/miembros/112asociacionde laindustriafrigorificadeluruguayadifu.html), na lista de exportadores registrados no Instituto Nacional de Carnes – INAC (http://www.inac.gub.uy/innovaportal/file/10676/1/lista_de_frigorificos2.pdf), dentre outros. Já foi transcrito acima, o trecho do TVF que tratou da apuração do lucro da Inaler S/A, o qual permite constatar que, no balanço de 30/09/2009, não houve lucro apurado. O lucro apenas foi verificado no balanço de 31/12/2009. Considerando que a legislação uruguaia impõe o encerramento do balanço em 30 de setembro, entendo que este deve ser o balanço a ser examinado pelas Autoridades Fiscais brasileiras. Por este motivo, não procede a inclusão, na base de cálculo do IRPJ e da CSLL apurada em 31/12/2009, do lucro indicado no balanço de mesma data. Em resumo, aplicandose o entendimento adotado no presente voto, para a empresa Tacuarembó S/A, deve ser adicionado ao lucro apurado pela contribuinte o valor de R$ 1.243.128,00 (= 10.926.210,00 9.683.082). Para a empresa Prestcott International S/A, o lucro apurado no exterior não oferecido à tributação pela contribuinte totaliza R$ 96.147,00, conforme indicado no TVF. Quanto à empresa Inaler S/A nenhum lucro foi apurado, posto que o balanço encerrado em 30/09/2009 apontava prejuízos. Fl. 3380DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.381 50 (...) Em relação à empresa Tacuarembó S/A, inobstante a DRJ tenha corretamente observado que a deve ser adicionado ao lucro apurado pelo contribuinte o valor de R$ 1.243.128,00, não cabe a este órgão julgador agravar o lançamento de ofício, sob pena de invadir a competência privativa da autoridade administrativa para constituição do crédito tributário pelo lançamento, nos termos do art. 142 do CTN. 3 No que se refere à Prestcott International S/A, o contribuinte se limitou a afirmar, em seu recurso voluntário, que por ser uma holding pura, cujo único investimento é a participação na empresa Cledinor, é natural que seu exercício fiscal coincida com o exercício fiscal de sua única controlada. Entretanto, não trouxe aos autos qualquer prova que permita afirmar que esse é, efetivamente, o procedimento adotado e exigido pela legislação uruguaia. Importante frisar que, ao contrário do que quer fazer crer o contribuinte, eventual erro na base de cálculo do tributo lançado não constitui motivo suficiente para determinar a nulidade do auto de infração. A revisão da base de cálculo é inerente ao julgamento do lançamento por este Colegiado e, quando procedente, constitui, no máximo, motivo de improcedência da autuação e não de nulidade. Assim sendo, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário para: (i) manter o lucro apurado no exterior pelas empresas Prestcott International S/A e Tacuarembó S/A, nos moldes do Termo de Verificação Fiscal.. Por último, no que se refere à compensação do imposto pago no Uruguai, mantenho o quanto decidido pela DRJ por entender que as informações prestadas pelo contribuinte não foram suficientes para se autorizar a compensação. Nos termos do art. 26, § 2º, da Lei n° 9.249/95, "para fins de compensação, o documento relativo ao imposto de renda incidente no exterior deverá ser reconhecido pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto". O contribuinte alegou, em seu recurso, que estava providenciando a consularização e a tradução juramentada dos documentos relativos ao imposto de renda incidente no exterior. Em 10/08/2016, o contribuinte enviou, por email, documentação que, em tese, corresponderia aos documentos de arrecadação do imposto no exterior devidamente consularizados. No dia seguinte, protocolou petição requerendo a juntada de documentos diversos de apuração de impostos no Uruguai. Importante frisar que a maioria dos citados documentos não foi apresentada pelo contribuinte em sede de fiscalização, defesa ou recurso. 3 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Fl. 3381DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.382 51 O processo administrativo fiscal regese pelo princípio da verdade material, segundo o qual fatos inexistentes ou erros evidentes não devem prosperar em detrimento da verdade material, inobstante a presunção de veracidade relativa dos atos administrativos. Igualmente, em decorrência deste princípio, impõese sejam sanadas as falhas, omissões e enganos eventualmente cometidos pelo Fisco. Quer dizer, em se tratando de ocorrência do fato gerador, vigora o princípio da verdade material, o qual determina que a conseqüência tributária somente incidirá se efetivamente o evento se der no plano fenomênico. Logo, é dever deste Colegiado sempre buscar aferir se realmente ocorreu ou não o fato gerador ou a infração à legislação tributária que se discute nos autos. Contudo, o princípio da verdade material deve ser sopesado com princípios corolários do devido processo legal. No caso em questão, o contribuinte trouxe novos documentos somente no dia em que o processo estava pautado para julgamento, inexistindo tempo hábil suficiente para apreciação das provas. Igualmente, a Fazenda Nacional não teve a oportunidade de se manifestar sobre a nova documentação, visto que já havia decorrido o prazo de contrarrazões ao Recurso Voluntário. Entendo, portanto, que o acolhimento dos documentos trazidos em 10/08/2016 pelo contribuinte fere o princípio do contraditório e da ampla defesa, razão pela qual esta documentação não deve influenciar no resultado deste julgamento. Ademais, ao analisar os anexos enviados, não é possível afirmar que foi realizada a consularização pelo Consulado da Embaixada Brasileira no Uruguai. Tratamse de documentos aparentemente notarizados somente perante o governo uruguaio. Em algumas páginas, observase um carimbo que, possivelmente, é do Consulado brasileiro, porém este carimbo é, na prática, ilegível. Portanto, prevalece o entendimento adotado pela autoridade autuante no sentido de que a contribuinte não tem direito à compensação de impostos pagos no exterior no montante de R$ 7.203.529,69, devendo ser negado provimento ao recurso voluntário. 3.4. APROVEITAMENTO FISCAL DO ÁGIO. Em relação à autuação decorrente do aproveitamento fiscal do ágio, adoto o resumo dos fatos elaborado pela DRJ: Em 13 de novembro de 2007, duas operações foram realizadas, a cessão das ações da família Bameule para as empresas norteamericanas e a compra delas pela Marfrig, operação esta realizada mediante pagamento de ágio, registrado na contabilidade. Em 1º de dezembro de 2008, as empresas norteamericanas foram incorporadas pela Marfrig, o que ensejou a dedutibilidade da amortização do ágio. Argumentou o AuditorFiscal que a família Bameule, por não residir no Brasil, não teria condições de conhecer a legislação tributária brasileira, o que o levou a concluir que a transferência das ações para as empresas norteamericanas teria sido provocada pela Marfrig. Fl. 3382DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.383 52 A impugnante, por outro lado, defende a regularidade da dedução, posto que o negócio foi realizado entre partes independentes. Quanto à utilização das empresas norteamericanas, alegou que concordou com o procedimento em virtude da insistência dos vendedores e supôs que eles tenham, com isso, evitado tributação mais gravosa em seu país de residência: Pois bem. Conforme dispõe o artigo 248 da Lei n° 6.404/76, os investimentos relevantes detidos em empresas em coligadas ou controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum devem ser avaliados e reconhecidos no resultado da pessoa jurídica investidora segundo o Método de Equivalência Patrimonial MEP. Disto decorre que os investimentos serão avaliados pelo valor que representam no patrimônio líquido de cada sociedade coligada ou controlada, no momento em que tais resultados são gerados nas empresas investidas. Assim, quando um investimento for adquirido por valor superior ao seu valor patrimonial haverá ágio e, quando adquirido em valor inferior, a diferença corresponderá a um deságio. Nos termos do art. 20 do DecretoLei nº 1.598/77 vigente à época da operação ora em análise, por ocasião da aquisição de participação societária, o custo de aquisição deveria ser desdobrado em (i) valor de patrimônio líquido na época da aquisição; e (ii) ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor do patrimônio líquido. Nos casos de incorporação, fusão ou cisão envolvendo a absorção de patrimônio da empresa investidora pela investida, ou viceversa, é permitida a dedutibilidade fiscal da amortização do ágio, nos moldes do art. 7º, III, da Lei nº 9.532/97. Assim, à vista desta legislação pertinente, o ágio pago em razão da rentabilidade futura pode ser deduzido à razão de 1/60 avos, no máximo, para cada mês do período de apuração, levantados durante os cinco anoscalendário subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão. Ocorre que, no caso dos autos, para fins de validação do aproveitamento fiscal do ágio, não basta que os atos praticados sejam formalmente perfeitos ou à licitude de cada etapa da operação individualmente considerada. Devese observar a validade do negócio como um todo, incluindose nessa análise a substância econômica que justifica os atos praticados. Sob o fundamento da teoria do propósito negocial (business purpose theory) investigase a substância econômica da operação, aferindose se esta foi realizada com algum propósito empresarial ou apenas com o intuito de economizar tributos. Portanto, sob a ótica tributária, a validade do negócio jurídico está vinculada à licitude do negócio geral, e não a cada etapa individualmente considerada. A economia de tributo é, pois, justificada no planejamento tributário desde que respeitada a finalidade dos institutos do direito privado. Fl. 3383DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.384 53 No caso ora analisado, resta evidente a utilização de empresa veículo para aproveitamento do ágio, sendo certo que o objetivo da operação sempre foi a aquisição das empresas Quickfood e Colonia e não das holdings de Delaware. Esse intuito é muito bem relatado pela decisão da DRJ ora recorrida: Não tenho dúvidas de que a negociação foi realizada entre a impugnante e os sócios da Quickfood e da Colonia com o objetivo de comprar as ações a eles pertencentes. Não havia sentido em se adquirir as empresas norteamericanas se, até o dia 13/11/2007, elas não tinham qualquer participação nos frigoríficos. Neste contexto, são extremamente relevantes as informações da Fiscalização de que as atas da diretoria da Quickfood não tratam da cessão das ações da Quickfood para Blue Horizon, apenas descrevendo a transferência indireta das ações para a Marfrig: ata de 15/02/2008 faz referência em reunião da diretoria do qual o Sr. Luis Miguel Bameule como segundo vice presidente (note que a venda ocorreu em 13/11/2007, logo o vendedor ainda participa das decisões da empresa, como diretor) que a pedido do novo acionista majoritário de forma indireta (a fiscalizada), com o objetivo de obter informação que seja de utilidade para avaliar a sociedade nas suas demonstrações contábeis datada de 30/09/2007, para fins de equivalência patrimonial. ata de 21 de fevereiro de 2008, foi registrado que “reunidos os membros da Diretoria (Srs Luis Miguel Bameule, na qualidade de presidente, Guilhermo Carlos Bameule entre outros) houve a manifestação que, como informado pela Sociedade à comissão Nacional de valores e Bolsa de Comércio de Buenos Aires com data de 14 de novembro de 2007 os Sr.s Luis Miguel Bameule, Guilhermo Carlos Bameule e Adrian Bameule (os acionistas vendedores) celebraram com a Marfrig Frigoríficos e Comércio de Alimentos S/A, com data de 13 de novembro de 2007, um contrato de compra e venda em virtude do qual os acionistas vendedores transferiram à Marfrig indiretamente ações representativas de 70,51% do capital da sociedade (Quickfood)”. ata de diretoria de 26 de março de 2008 registra que: “reunidos os membros da diretoria da Sociedade, Srs Luis Miguel Bameule (como presidente, Guilhermo Carlos Bameule, ........................................Ordem do dia: autorização de inicio do trâmite de transferência de oferta publica e cotação das 10.000.00 ações da classe A adquiridas indiretamente pela Marfrig Frigoríficos e Comércio de alimentos AS. Fazendo uso da palavra o Sr. Presidente manifesta que, como foi informado pela Sociedade à comissão Nacional de Valores (CNV) e à Bolsa de Comércio de Buenos Aires (BCBA) com data de 14 de novembro de 2007, os Sr.s Luis Miguel Bameule, Guilhermo Carlos Bameule e Adrián Bameule (os acionistas vendedores) celebraram com a Marfrig.......... , em 13 de novembro de 2007, um contrato de compra e venda em virtude do qual os acionistas vendedores transferiram à Marfrig indiretamente (i) 10.000.000 ações da Classe A e (ii) 5.102.493 ações da Classe B” Estes fatos, por si só, demonstram a inexistência de qualquer propósito negocial na participação das empresas norteamericanas na aquisição das ações da Quickfood e dos Estabelecimentos Colonia. Logo, a transferência das ações das empresas Quickfood e Colonia às holdings de Delaware possibilitou que o contribuinte procedesse à amortização do ágio e Fl. 3384DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.385 54 posterior dedução das parcelas do lucro real, sem qualquer repercussão nas operações das empresas na Argentina e no Uruguai. Este Colegiado já se manifestou em outra oportunidade que é essencial que a incorporação se verifique entre a empresa investida e a investidora para que a amortização do ágio possa gerar efeitos no lucro real. Nesse sentido, transcrevo trecho do Acórdão 101000.962 da 1°Seção de Julgamento, 1ª Câmara,1° Turma Ordinária, sessão de 08 de outubro de 2013: Contudo, é fundamental que a incorporação se verifique entre investida e investidora, com conseqüente confusão patrimonial e extinção do investimento para que a amortização do ágio gere efeitos na apuração do lucro tributável. Aqui, porém, ao término das operações,nada mudou, pois o Santander Hispano permaneceu com a mesma quantidade de ações e na mesma condição de controlador do Banespa Esta distorção, aliás, é reconhecida pela própria Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ao analisar a incorporação promovida por meio de uma sociedade veículo,assim expondo na Nota Explicativa à Instrução CVM n°349/2001, que alterou a redação da Instrução CVM n°319/99: A Instrução CVM n°319/99 ao prever que a contrapartida do ágio pudesse ser registrada integralmente em conta de reserva especial (art 6o, § Io), acabou possibilitando, nos casos de ágio com fundamento econômico baseado em intangíveis ou em perspectiva de rentabilidade futura, o reconhecimento de um acréscimo patrimonial sem a efetiva substância econômica.A criação de uma sociedade com a única finalidade de servir de veículo para transferir, da controladora original para a controlada,o ágio pago na sua aquisição, acabou por distorcer a figura da incorporação em sua dimensão econômica.Esta distorção ocorre em virtude de que, quando concluído o processo de incorporação da empresa veículo, o investimento e, conseqüentemente, o ágio permanecem inalterados na controladora original. Significa dizer que embora transferido o ágio para empresa veículo, e na seqüência para a incorporadora desta, os efeitos econômicos do ágio originalmente contabilizado na controladora subsistem. Assim,a definição acerca do atendimento à finalidade dos arts 7o e 8o da Lei nº 9.532/97 passa, primeiramente, pelo exame da validade da transferência do ágio originalmente contabilizado pela investidora para a Santander Holding, mediante subscrição de seu capital com o investimento por ela detido no Banespa. Não se exige, aqui, uma lei autorizadora de transferência de ágio por meio de subscrição de aumento de capital. Se não há vedação legal e os atos societários são realizados com observância dos requisitos formais, e têm por objeto ágio efetivo e pago,seria necessário disposição legal específica para se negar validade aos atos societários no âmbito tributário. Fl. 3385DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.386 55 Contudo, é necessário verificar se a incorporação entre a investida e esta empresa para a qual foi transferido o ágio atende aos requisitos legais para que a amortização deste afete o lucro tributável. Recordese o que diz a Lei nº 9.532/97: Art. 7º A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão,na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977: (Vide Medida Provisória nº 135, de 30.10.2003) I deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "a" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "c" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, em contrapartida a conta de ativo permanente, não sujeita a amortização; II poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do §2° do art. 20 do Decretolei n° 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração (Redação dada pela Lei nº 9.718, de 1998) IV deverá amortizar o valor do deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados durante os cinco anoscalendários subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no mínimo, para cada mês do período de apuração. [...] Art.8º O disposto no artigo anterior aplicase,inclusive, quando: a) o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor de patrimônio líquido; b)a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária.(negrejouse) Claro está que as empresas envolvidas na incorporação devem ser, necessariamente, a adquirente da participação societária com ágio e a investida adquirida. Em que pese a lei não vede a transferência consoante antes demonstrado, este procedimento não extingue, na real adquirente, a parcela do investimento correspondente ao ágio, de modo que ao final dos procedimentos realizados, com a incorporação da empresa veículo pela investida, a propriedade da participação societária adquirida Fl. 3386DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.387 56 com ágio subsiste no patrimônio da investidora, diversamente do que cogita a lei. Em tais condições, a amortização do ágio que passou a existir no patrimônio da investida (Banespa) somente poderia surtir efeitos na apuração do seu lucro real caso se verificasse a sua extinção, ou da investidora (Santander Hispano), mediante incorporação, fusão ou cisão entre elas promovida, por meio da qual o ágio subsistisse evidenciado apenas no patrimônio resultante desta operação, na forma do art. 7o da Lei nº 9.532/97. Pertinente citar, novamente, abordagem contida na obra Ágio em Reorganizações Societárias (Aspectos Tributários), antes referida. Nela, o autor Luís Eduardo Schoueri preliminarmente expõe o entendimento de que o ágio, para o investidor, é custo que deve ser considerado em caso de alienação do investimento. Os resultados auferidos com este investimento são reconhecidos, no patrimônio do investidor, como resultados da equivalência patrimonial, não sujeitos a tributação nesta ótica. Seguindo a mesma lógica, a amortização contábil do ágio por rentabilidade futura, por parte do investidor, também não deve afetar o lucro tributável. Diante deste contexto, o autor reputa incabível afirmar que o ágio, ainda que fundamentado na rentabilidade futura, pode ser considerado realizado antes da incorporação de uma das pessoas jurídicas envolvidas (exceto se antes disso tiver ocorrido baixa da participação societária adquirida, quando, em regra o ágio será realizado) (Op. cit. p. 73). E complementa mais à frente: com a incorporação, alertese, já não há mais que falar em investimento nem em ágio. Ambas as figuras desaparecem (Op. cit. p. 74). Entende o referido autor que a partir da incorporação, os lucros passam a ser tributados na investidora, pois antes disso no máximo haverá receita de equivalência patrimonial, não tributável(Op. cit. p. 79). Aqui, porém, os lucros permanecem tributados na investida, que os reduz mediante amortização de ágio decorrente de investimento que subsiste no patrimônio da investidora original.(...) Assim, como bem sustentado pela Fazenda Nacional em suas contrarrazões, "a finalidade do disposto nos arts. 7° e 8° da Lei 9.532/97 é regular o efeito fiscal da recuperação do ágio na aquisição do investimento, quando este é extinto mediante a incorporação. Se é essa a finalidade do dispositivo legal, não faz sentido permitir a amortização quando não há extinção nem do investidor e nem do investimento ". Ademais, o contribuinte não trouxe aos autos qualquer prova capaz de demonstrar a existência de propósito negocial na transferência das ações às holdings americanas ou quaisquer documentos que indiquem que o emprego das empresas norte americanas era condição para a realização do negócio. O laudo também não traz fundamentação para o ágio, vez que utilizou informações constantes em resultado de auditoria sem qualquer crítica. Além disso, o laudo Fl. 3387DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.388 57 não serve para efeito de comprovação da rentabilidade futura, posto que, inobstante haja a referência a um laudo, o mesmo não foi acostado aos autos. Entendo que a utilização das citadas empresas veículo é motivo suficiente para manter o lançamento de ofício, pois em momento algum ficou comprovado nos autos a razão econômica/negocial para que elas existissem, razão pela qual mantenho o quanto decidido pela DRJ a fim de manter a glosa de despesas de amortização do ágio e negar provimento ao recurso voluntário nesta questão. Discordo, contudo, da aplicação da multa qualificada, nos termos do § 1º, do artigo 44, da Lei nº 9.430/96. A qualificação da multa, na forma prevista pelo § 1º, do artigo 44, da Lei nº 9.430/96, 4 pode ser aplicada tãosomente aos casos em que o contribuinte incorra em uma das hipóteses descritas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Não pode ser presumida pela autoridade fiscalizadora a atividade de sonegação, fraude ou conluio, devendo o lançamento da multa qualificada de 150% ser minuciosamente descrito e comprovado pelo agente fiscal. É certo que o contribuinte buscou deduzir do lucro real as parcelas de amortização do ágio, utilizandose de empresa veículo para realizar uma incorporação que não gera união do patrimônio da empresa investida na investidora. Contudo, é preciso asseverar que o ágio decorre de operações entre empresas não relacionadas e que, em momento algum, foi questionada o seu efetivo pagamento pela empresa investidora. Entendo, portanto, que a interpretação equivocada da legislação tributária não é suficiente para que seja atribuída ao contribuinte a conduta dolosa ou fraudulenta. Corroborando este entendimento, cito, novamente, o Acórdão 101000.962 da 1°Seção de Julgamento, 1ª Câmara,1° Turma Ordinária, sessão de 08 de outubro de 2013: (...) TRANSFERÊNCIA DE ÁGIO PARA EMPRESA VEÍCULO SEGUIDA DE SUA INCORPORAÇÃO PELA INVESTIDA. SUBSISTÊNCIA DO INVESTIMENTO NO PATRIMÔNIO DA INVESTIDORA ORIGINAL. Para dedução fiscal da amortização de ágio fundamentado em rentabilidade futura é necessário que a incorporação se verifique entre a investida e a pessoa jurídica que adquiriu a participação societária com ágio. Não é possível a amortização se o investimento subsiste no patrimônio da investidora original. REFLEXO NA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DA CSLL. Deve ser anulada contabilmente a amortização de ágio que, após transferência mediante a utilização de empresa veículo, surge sem substância econômica no patrimônio da investida. 4 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Fl. 3388DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.389 58 GLOSA DE COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS E BASES NEGATIVAS. Deve ser afastada glosa injustificada de compensação de base negativa declarada pela contribuinte. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. FRAUDE. INOCORRÊNCIA. Existindo ágio pago em processo licitatório, a interpretação equivocada do sujeito passivo acerca da possibilidade de sua amortização não é suficiente para a qualificação da penalidade aplicável aos tributos que deixaram de ser recolhidos em razão da amortização daquele valor. Assim sendo, por entender não estar devidamente consubstanciado nos autos a atividade fraudulenta do contribuinte, julgo improcedente a aplicação de multa qualificada, nos termos do § 1º, do artigo 44, da Lei nº 9.430/96, dando provimento ao recurso voluntário neste quesito. 3.5. JUROS E VARIAÇÕES CAMBIAIS DE EMPRÉSTIMOS COM CONTROLADAS NO EXTERIOR. Durante o trabalho fiscalizatório, foi constatada a existência de contratos de câmbio e contratos de mútuos das empresas Marfrig BV, Tacuarembo e Inaler, os quais continham previsão de juros a serem registrados nestas transações. Contudo, conforme apurado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 2549/2590), o contribuinte não registrou em sua contabilidade os juros pertinentes aos referidos contratos, inobstante já ter ocorrido a disponibilização jurídica da receita quando da celebração dos mútuos, bem como deixou de reconhecer as variações cambiais, que tiveram como contrapartida a conta 2.4.04.02.03 – Variação Cambial – mútuo s/investimentos. Em seu recurso voluntário, o contribuinte alega que as transferências de numerários realizadas pelo contribuinte em favor de suas controladas se tratam, na realidade, de adiantamentos para futuro aumento de capital, inexistindo, portanto, receitas financeiras a serem tributadas. Alega, ainda, que está a diligenciar com vistas à obtenção dos documentos que demonstrarão que os pretensos empréstimos materializavam somente adiantamentos para futuro aumento de capital, protestando pela ulterior juntada de documentação. Ademais, sustenta que o Termo de Verificação Fiscal não trata dos lançamentos do PIS e da COFINS, prescindindo de fundamentação legal e de motivação o referido ato administrativo. Até o presente momento, não foram acostados aos autos quaisquer documentos capazes de comprovar que os contratos de mútuo analisados pela fiscalização tratamse, na realidade, de adiantamentos para futuro aumento de capital. Em relação ao PIS e COFINS, inobstante o Termo de Verificação Fiscal não faça alusão às referidas contribuições, estes tributos são exigidos por tributação reflexa ao IRPJ. Ademais, os autos de infração do PIS e da COFINS fazem menção, expressa, ao Termo de Verificação Fiscal. Fl. 3389DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.390 59 Considero, portanto, que não houve qualquer prejuízo à defesa do contribuinte em relação às contribuições em comento, visto que, por decorrer de tributação reflexa, os argumentos trazidos em relação ao IRPJ também são aplicáveis ao PIS e a COFINS. Contudo, no que tange ao PIS e à COFINS, a autuação não merece prosperar vez que, na época do lançamento tributário, estava vigente o Decreto nº 5.442/05, o qual reduzia a zero as alíquotas das referidas contribuições incidentes sobre as receitas financeiras. Isto posto, mantenho o lançamento de ofício no que tange aos juros e variações cambiais de empréstimos no exterior concernentes ao IRPJ e CSLL, no entanto, afasto a tributação reflexa das contribuições do PIS e da COFINS, por conta do Decreto 5.442/05 ainda vigente na época do lançamento tributário, sendo, portanto, dado parcial provimento ao recurso voluntário. 3.6. DOS JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. O contribuinte pugna pela não incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício calculada na forma do art. 44 da Lei n° 9.430/96. O art. 161 do CTN, cumulado com o art. 61, § 3º, da Lei n° 9.430/96, constituem os fundamentos sobre os quais se exigem os juros de mora sobre a multa de ofício. Os referidos dispositivos encontramse adiante transcritos: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária (...) Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Da leitura atenta dos dispositivos acima transcritos, denotase que a taxa SELIC deve ser aplicada "sobre os débitos a que se refere este artigo". Por seu turno, o caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 dispõe sobre "débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal". Fl. 3390DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.391 60 Não há, portanto, qualquer dispositivo legal que permita a incidência de juros de mora sobre as multas de ofício. Notese que a multa de ofício é uma punição imposta ao contribuinte pelo descumprimento do dever legal de pagar o tributo, isto implica dizer que esta penalidade não é um débito decorrente de tributos e contribuições federais. Julgo, por conseguinte, procedente o pedido do contribuinte no que se refere à não incidência dos juros sobre a multa de ofício decorrente do descumprimento da obrigação principal tributária, devendo ser dado provimento ao recurso voluntário em relação a esta questão. Subsidiariamente há o pedido do contribuinte para que o juros sobre a multa passe a incidir somente a partir da constituição definitva do crédito. Nesse mister afasto o pedido formulado subsidiariamente, pois o termo inicial da incidência de juros, uma vez extinta a causa suspensiva do crédito, passa a ser a data de sua constituição, ou seja, a data do lançamento. 4. CONCLUSÃO Ante o exposto, conheço dos recursos de ofício e voluntário e, no mérito, nego provimento ao recurso de ofício e dou parcial provimento ao recurso voluntário, a fim de: (i) cancelar o lançamento no que tange aos lucros auferidos no exterior pelas controladas situadas na Argentina e na Holanda; (ii) impedir o agravamento do lançamento de ofício no que tange à tributação dos lucros da controlada Tacuarembó S/A; (iii) aplicar multa de ofício de 75% ao lançamento relativo ao ágio; (iv) no que tange aos juros e variações cambiais de empréstimos com controladas no exterior, afastar a tributação reflexa das contribuições do PIS e da COFINS, por conta do Decreto 5.442/05 ainda vigente na época do lançamento tributário e (v) reconhecer a não incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Por via reflexa, aplicase o quanto decidido ao IRPJ à CSLL. É como voto. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator Fl. 3391DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.392 61 Voto Vencedor Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Redator designado Em que pese o bem elaborado e fundamentado voto do ilustre Relator, durante as discussões ocorridas por ocasião do julgamento do presente litígio surgiu divergência que levou a conclusão diversa, exclusivamente no que diz respeito: (1) à tributação dos lucros auferidos no exterior pelas controladas na Argentina e Holanda; (2) à incidência tributária de PIS e COFINS sobre os juros e variações cambiais de empréstimos; e (3) à incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício. Passo a expor os fundamentos das divergências e as conclusões às quais chegou o Colegiado, para cada uma dessas situações. (1) Acerca da tributação dos lucros auferidos no exterior pelas controladas na Argentina e Holanda. O ilustre Relator considerou que os tratados internacionais firmados entre o Brasil e os Países Baixos (Holanda) e entre o Brasil e a Argentina, em especial o art. 7º de cada um desses tratados, seriam aplicáveis ao caso concreto, fazendo assim afastar os lançamentos aqui discutidos. Essa discussão não é nova no CARF, nem para este Colegiado, tendo sido objeto de extensas discussões que, afinal, conduziram ao Acórdão nº 1301002113, prolatado em 10/08/2016. Naquela oportunidade, ao analisar exatamente o art. 7º do Tratado firmado entre Brasil e Holanda, o insigne Conselheiro Roberto Silva Júnior apresentou declaração de voto que reflete com clareza e exatidão o entendimento majoritário deste Colegiado. Peço vênia para transcrever, a seguir, a referida declaração de voto, desde já adotandoa como razões de decidir, nos termos do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/1999: [...] O lançamento foi motivado pela falta de adição ao lucro líquido, quando da apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, dos lucros auferidos no exterior no ano de 2009. Inconformada, a contribuinte apresentou impugnação, alegando os seguintes pontos: a) O procedimento, considerado irregular pela Fiscalização, encontraria amparo no artigo 7 do tratado celebrado entre Brasil e Holanda (TDT Brasil Holanda), o qual visa a proteger os lucros auferidos pela empresa localizada em um dos países contratantes de forma objetiva, não permitindo que a tributação recaia sobre a pessoa residente no outro país contratante, enquanto os lucros não tiverem sido efetivamente distribuídos e enviados para o país de residência do beneficiário. É irrelevante quem suporta o impacto econômico da tributação. b) O artigo 7 do TDT BrasilHolanda prevalece sobre o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/ 2001, como estabelece o art. 98 do Código Tributário Nacional CTN. Além disso, a aplicação do art. 74 da medida provisória contraria o disposto no artigo 10 do TDT BrasilHolanda, pois incidiria sobre dividendo ficto. Fl. 3392DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.393 62 c) No caso concreto, seria inaplicável o regime de transparência fiscal, dada a ausência dos pressupostos estabelecidos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE. d) A obrigatoriedade de aplicação à CSLL do mesmo regime dispensado ao IRPJ, tendo em vista a natureza idêntica de ambos os tributos. e) Impossibilidade de emprego do método de equivalência patrimonial MEP, dada a neutralidade de que se reveste para fins de tributação. f) Impossibilidade de exigir juros de mora sobre a multa e de exigir a retificação do saldo de prejuízos fiscais enquanto a autuação estiver pendente de julgamento. [...] No recurso interposto contra o acórdão da DRJ, a recorrente reproduziu os mesmos fundamentos da impugnação. Em linhas gerais, são esses os pontos relevantes. O tratado para evitar dupla tributação, segundo o modelo da OCDE O tratado firmado pelo Brasil e o Reino dos Países Baixos seguiu o modelo proposto pela OCDE. A recorrente sustenta que o escopo do artigo 7 do tratado, no modelo da OCDE, é a proteção objetiva dos lucros auferidos pela empresa localizada no exterior. Nessa linha de raciocínio, o objetivo seria "proteger o lucro da sociedade estrangeira e não o sujeito passivo dessa obrigação, de forma que pouco importa se quem está sendo tributada é a empresa brasileira ou a sua controlada no exterior, o que importa é o objeto dessa tributação, no caso, os lucros auferidos por empresa controlada localizada no exterior, que não são passíveis de tributação no Brasil" (fls. 1.391 e 1.392). Esse entendimento é respeitável. Mas não parece que a norma do artigo 7 do tratado estabeleça um critério puramente objetivo de tributação do lucro. Se fosse assim, o lucro só poderia ser tributado uma única vez, e no país de origem, onde foi apurado, não sendo passível de nova tributação, mesmo depois de distribuído sob a forma de dividendos. Isso numa dimensão exclusivamente objetiva de proteção do lucro. Entretanto se, ao ser distribuído, o lucro pode sofrer nova tributação (como de fato ocorre, basta ler os parágrafos 1 e 2 do artigo 7 e os parágrafos 1, 2 e 4 do artigo 10 do TDT), é porque o tratamento estabelecido leva em conta não apenas aspectos objetivos referentes ao lucro, mas também aspectos subjetivos ligados à pessoa que suporta a tributação. Segundo o disposto no TDT, o lucro pode ser tributado pelo país em que resida a pessoa que o apurou. Esse mesmo lucro está sujeito à nova tributação quando distribuído. Pode ser alcançado pela tributação do país de residência da pessoa que paga os dividendos ou da pessoa que os recebe. O artigo 7, todavia, embora autorize a tributação dos dividendos, define a competência de um Estado contratante, com exclusão da competência do outro. O referido artigo 7 protege, da dupla tributação, a pessoa que aufere o lucro. O que se quer é impedir que a mesma pessoa tenha o lucro tributado por dois países Fl. 3393DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.394 63 diferentes. O objetivo é assegurar que cada país tribute o seu residente, observando o respectivo regime jurídico de tributação. Não é por acaso que o parágrafo 1 do artigo 7 do TDT dispõe que "os lucros de uma empresa de um Estado Contratante só são tributáveis nesse Estado; a não ser que a empresa exerça, sua atividade no outro Estado Contratante, por meio de um estabelecimento permanente ali situado". A expressão estabelecimento permanente, nesse contexto, é empregada para indicar a existência de uma entidade personificada, considerada, para fins de tributação, como pessoa residente no país em que se encontra estabelecida. Destarte, fica essa pessoa sujeita à tributação de seus lucros apenas pelo país em que reside. O país de residência da pessoa que controla o estabelecimento permanente no outro país só poderá tributar os dividendos distribuídos. Essa é a razão pela qual se afirma que, mais do que proteger a tributação do lucro, o objetivo do artigo 7 é garantir que cada país tribute o seu residente, impedindo, que a mesma pessoa tenha a sua renda alcançada pela incidência de tributos de dois países diferentes. Portanto, é possível concluir que, se o objetivo do artigo 7 do TDT no modelo da OCDE é garantir que cada país tribute o seu residente, excluindo a competência do outro país, então a violação ao tratado só ocorrerá se a legislação interna de um dos Estados contratantes, de alguma forma, frustrar aquele propósito. O art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/ 2001 Outro ponto levantado pela recorrente diz respeito à validade da aplicação do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/ 2001 em face do artigo 7 do TDT Brasil Holanda. Além disso, alega a recorrente a impossibilidade de incidência do IRPJ e da CSLL sobre dividendoficto, bem como a inaplicabilidade do regime de transparência fiscal, em razão da ausência dos pressupostos definidos pela OCDE. É importante, de plano, deixar consignado que na ADI nº 2.588, o E. Supremo Tribunal Federal STF afastou, com eficácia erga omnes, a aplicação do art. 74 às empresas coligadas situadas em países sem tributação favorecida, ou seja, que não se enquadrem como "paraísos fiscais". Por outro lado, reconheceu, de forma expressa, e também com eficácia erga omnes, a constitucionalidade da norma para aplicação aos lucros de empresas controladas situadas em países que não tributem a renda, ou o façam em patamares muito inferiores aos adotados pelos demais países, e que sejam desprovidos de controles societários e fiscais adequados. São os países classificados como "paraísos fiscais". Entre esses dois extremos, existem várias situações a que, em tese, o art. 74 seria aplicável, mas para as quais o colegiado do STF não obteve o necessário consenso para decidir. Portanto, para todos os casos que se encontrem entre aqueles dois extremos, o art. 74 deve ser tido pelo CARF como constitucional por força do princípio da presunção de constitucionalidade que milita em favor da lei. O CARF, entretanto, pode legitimamente afastar a aplicação do art. 74 da MP nº 2.15835, se entender que esse dispositivo está em conflito com norma de tratado internacional firmado pelo Brasil. Pelo critério da especialidade, o tratado deve prevalecer sobre as normas internas, cuja eficácia fica suspensa enquanto em vigor a disciplina dada pelo tratado internacional. Fl. 3394DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.395 64 No caso em exame, a controvérsia consiste em verificar se as disposições do art. 74 da MP nº 2.15835 são compatíveis com o artigo 7 do TDT BrasilHolanda. O art. 74 é majoritariamente classificado pela doutrina como uma norma CFC (controlled foreign corporation), e como tal se destina a eliminar os efeitos de práticas elisivas adotadas por empresas situadas no Brasil, mediante a utilização de empresas controladas ou coligadas situadas no exterior. A adoção de normas CFC pode gerar conflito, real ou aparente, com normas assentadas em tratados internacionais. A esse respeito, a OCDE divulgou comentário, entendendo que as normas que buscam coibir práticas elisivas podem ser aplicadas, a despeito da existência de tratado internacional para evitar a dupla tributação, nos moldes da convenção da própria OCDE. Naquilo que interessa ao problema aqui tratado, reproduzemse abaixo os comentários da OCDE: Uma questão sempre levantada quando do exame das relações entre tratados internacionais e regras de tributação de lucros do exterior consiste no fato de a OCDE, nos comentários à sua Convenção Modelo, deixar claro que, salvo disposição específica negociada pelos Estados Contratantes, as regras previstas no tratado não afastariam a aplicação de regras antielusivas no formato CFC. Vejase, neste sentido, a seguinte passagem: "O uso de 'base companies' pode ser controlado através do uso de regras a respeito de 'controlled foreign companies'. Um número significativo de países membros e não membros adotaram este tipo de legislação. Embora o design desse tipo de legislação varie consideravelmente entre os países, uma característica comum dessas regras, que atualmente são reconhecias internacionalmente como um instrumento legítimo de proteção da base tributável doméstica, é que elas resultam em um Estado Contratante tributar seus residentes sobre renda atribuível à sua participação em certas entidades estrangeiras. Temse argumentado, com base em certa interpretação de regras da Convenção como o parágrafo 1 do artigo 7 e o parágrafo 5 do artigo 10, que esta característica comum da legislação sobre 'controlled forein companies' conflitaria com esses dispositivos. Pelas razões explicadas nos parágrafos 14 do Comentário sobre o Artigo 7 e 37 do Comentário sobre o Artigo 10, essa interpretação não está de acordo com o texto de tais dispositivos. Ela também não prospera quando os mesmos são lidos em seu contexto. Portanto, embora alguns países tenham achado ser útil esclarecer, em suas convenções, que a legislação sobre "controlled fereign companies" não conflita com a Convenção, tal esclarecimento não é necessário. É reconhecido que a legislação sobre 'controlled foreing companies' estruturada dessa maneira não é contrária às regras da Convenção. (g.n.) (citado por Sérgio André Rocha no artigo Tributação de Lucros do Exterior, o Supremo Tribunal Federal e os Tratados Internacionais Tributários Celebrados pelo Brasil. Fl. 3395DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.396 65 Em Grandes Questões Atuais do Direito Tributário, 17º Volume / Coordenador Valdir de Oliveira Rocha. São Paulo: Dialética, 2013.) Os comentários da OCDE não vinculam, nem precisam ser adotados de forma obrigatória. Mas seu posicionamento diante do problema é importante, tendo em vista que o TDT BrasilHolanda adotou o modelo da OCDE. Além disso, o referido tratado não busca apenas evitar a dupla tributação, mas também evitar as práticas tendentes à evasão fiscal. Não é por outra razão que o art. 1º do Decreto nº 355/1991, que promulgou o TDT firmado entre o Brasil e o Reino dos Países Baixos, menciona expressamente esse objetivo. Art. 1° A Convenção Destinada a Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Imposto sobre a Renda, entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo do Reino dos Países Baixos, apensa por cópia ao presente Decreto, será executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém. A interpretação das cláusulas do tratado, que adote o modelo da OCDE, deve levar em contra esses objetivos. Por isso, a própria OCDE afirma que as normas CFC não conflitam com a Convenção, nem são contrárias às suas regras. Quanto à alegada inaplicabilidade do "regime de transparência fiscal", pela falta de requisitos para a aplicação de normas CFC, é necessário lembrar que, de acordo com os comentários da OCDE, o desenho desse tipo de legislação varia constantemente de país para país. Não há padrão previamente definido no que tange aos pressupostos específicos de aplicação da norma CFC. O que lhe confere esse caráter é a finalidade a que se prende, que é anular ou impedir os efeitos de procedimentos elisivos. Em suma, o artigo 7 do TDT BrasilHolanda não impede a aplicação do art. 74 da MP nº 2.15835, porquanto este dispositivo não frustra o objetivo do referido artigo 7, que é assegurar que cada país tribute seu próprio residente, impedindo que os lucros da mesma pessoa fiquem sujeitos à tributação por dois países diferentes. Por outro lado, o art. 74 inibe práticas elisivas, o que está em conformidade com os objetivos dos tratados elaborados segundo o modelo da OCDE. Tributação de dividendo ficto A recorrente sustenta que a tributação de dividendo ficto, caracterizada pela exigência de IRPJ e CSLL sobre lucros ainda não distribuídos aos sócios, ou seja, não pagos, nem creditados, estaria a um só tempo violando o artigo 10 do TDT BrasilHolanda e o próprio conceito do fato gerador do IRPJ (e da CSLL) construído pelo ordenamento jurídico nacional, que consiste na aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda. A suposta ofensa ao artigo 10 do TDT não existe, pois o destinatário dessa regra é o país onde está situada a empresa que apura os lucros (no caso em exame, a Holanda), e não o país de residência do beneficiário dos dividendos. Quanto à apreciação do segundo ponto (inobservância do conceito jurídico de renda), tratase de uma forma de exercer, por vias transversas, o controle de Fl. 3396DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.397 66 constitucionalidade de lei, o que é vedado pelo art. 26A do Decreto nº 70.235/1972 e pela Súmula Carf nº 2. A abordagem dessa questão (dividendo ficto) poderia, sem nenhum prejuízo, parar aqui. Porém, avançando um pouco mais no exame da matéria, considerando os contornos do caso concreto, se chegará à conclusão de que efetivamente não se tem aqui dividendo ficto ou presumido, mas dividendo real e efetivo. A recorrente detinha, ao tempo dos fatos referidos nos autos, o controle da entidade empresarial Yolanda Netherlands B.V. Para ser mais preciso, a recorrente detinha 100% do capital total e do capital votante, conforme indicado na ficha 62 da DIPJ (fl. 1.103). Isso implica dizer que todos os atos de gestão e todas as decisões gerenciais da empresa residente na Holanda dependiam exclusivamente da vontade da recorrente, inclusive a destinação de lucros apurados ao final de cada período. Uma vez apurados os lucros por Yolanda Netherlands B.V., a recorrente adquiria de imediato, sobre esses lucros, a total disponibilidade, sem que o exercício desse direito pudesse ser impedido, obstado ou embaraçado por quem quer que fosse. O E. STF, no julgamento do RE nº 172.0581/ SC, em que se discutia a constitucionalidade do Imposto de Renda na fonte sobre o lucro líquido, ao declarar constitucional a incidência do imposto nos casos de pessoa física titular de empresa individual, adotou entendimento semelhante, como revela a parte da ementa abaixo transcrita: IMPOSTO DE RENDA. RETENÇÃO NA FONTE. TITULAR DE EMPRESA INDIVIDUAL. O artigo 35 da Lei nº 7.713/88 encerra explicitação do fato gerador, alusivo ao imposto de renda, fixado no artigo 43 do Código Tributário Nacional, mostrandose harmônico, no particular com a Constituição Federal. Apurado lucro liquido da empresa, a destinação fica ao sabor de manifestação de vontade única, ou seja, do titular, fato a demonstrar a disponibilidade jurídica. Situação fática a conduzir à pertinência do principio da despersonalização. (g.n.) Na mesma linha, caminhou o voto da Ministra Ellen Gracie, no julgamento da ADI nº 2.588. Desse voto, é oportuno transcrever o seguinte trecho: 4.2 No caso das empresas controladoras situadas no Brasil, em relação aos lucros auferidos pelas empresas controladas localizadas no exterior, temse verdadeira hipótese de aquisição da disponibilidade jurídica desses lucros no momento da sua apuração no balanço realizado pela controladora. O art. 243 da Lei das Sociedades Anônimas (Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976, com as modificações da Lei n° 9.457, de 5 de maio de 1997), no seu parágrafo 2o, define empresa controlada como sendo aquela em relação à qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. A disponibilidade dos lucros auferidos pela Fl. 3397DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.398 67 empresa controlada, assim, depende única e exclusivamente da empresa controladora, que detém o poder decisório sobre o destino desses lucros, ainda que não remetidos efetivamente, concretamente pela empresa controlada, situada no exterior, para a controladora localizada no Brasil. Em consequência, a apuração de tais lucros caracteriza aquisição de disponibilidade jurídica apta a dar nascimento ao fato gerador do imposto de renda, não havendo nenhum descompasso entre o disposto no art. 74, caput da medida provisória em questão com o contido no caput e no parágrafo 2o do art. 43 do Código Tributário Nacional (acrescentado pela Lei Complementar n° 104/2001) e tampouco com os arts. 146, inciso III, alínea a e 153, inciso III da Constituição Federal. Pelas razões acima, é lícito afirmar que, no caso em exame, não se trata de dividendo ficto, nem presumido. A recorrente adquiriu efetivamente a disponibilidade da renda, em relação ao lucro apurado por Yolanda Netherlands B.V. [...] Tratamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido No que tange à CSLL, devem ser observadas todas as razões e fundamentos aplicáveis ao IRPJ. Portanto, mesmo que se entenda que as disposições do TDT BrasilHolanda alcancem também a CSLL, nenhum prejuízo haverá para o lançamento. A recorrente questiona, ainda, que a tributação teria incidido sobre o resultado positivo da equivalência patrimonial e não sobre os lucros auferidos no exterior. Do exame dos autos, entretanto, não é o que se verifica. A detalhada descrição da forma de apuração dos valores tributáveis se encontra no Termo de Verificação Fiscal às fls. 2552 e segs. Ali se observa que o Fisco buscou determinar o lucro apurado no exterior por cada uma das controladas. É certo que, para tanto, foram cotejados documentos e informações diversas, tais como balancetes, mapas de mutação do patrimônio líquido e mesmo as informações de resultado de equivalência patrimonial constantes da DIPJ da então fiscalizada. As conversões entre as várias moedas envolvidas também foram demonstradas pela Fiscalização. Ao final, o Fisco apresentou o valor do lucro líquido em reais, antes do IR, apurado por cada uma das sociedades controladas no exterior, aplicando sobre esse valor o percentual de participação da interessada a fim de determinar o quanto deveria ser adicionado ao resultado da interessada, no Brasil, para fins de tributação. Em outras palavras, o valor adicionado às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL não foi determinado mediante equivalência patrimonial, de modo que a discussão sobre a validade do emprego desse método para apurar o quantum tributável é matéria estranha ao lançamento. A recorrente não logrou comprovar erro na metodologia de cálculo apontada pelo Fisco, muito menos que os lucros efetivamente auferidos no exterior pelas sociedades controladas tivessem valores distintos daqueles aos quais chegou o Fisco e sobre os quais incidiu a tributação. Fl. 3398DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.399 68 Em assim sendo, o Colegiado considerou improcedentes as alegações de que a tributação houvesse incidido sobre o resultado positivo da equivalência patrimonial e negou provimento ao recurso voluntário, neste ponto. Todas as considerações acima feitas quanto ao tratado internacional firmado entre Brasil e Holanda são igualmente aplicáveis ao tratado firmado entre Brasil e Argentina, o mesmo se podendo afirmar quanto às conclusões. Finalmente, vale lembrar o recente julgamento realizado em 04/05/2016, pela Câmara Superior de Recursos Fiscais deste CARF, ocasião em que também se debateu a incidência do art. 7º do TDT BrasilHolanda em relação ao art. 74 da MP nº 2.15835/2001. A decisão proferida, sob a relatoria do ilustre Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão, também concluiu pela inexistência de incompatibilidade entre os citados dispositivos legais, em decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 LUCROS OBTIDOS POR CONTROLADA NO EXTERIOR. DISPONIBILIZAÇÃO. Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda da pessoa jurídica (IRPJ) e da CSLL os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior são considerados disponibilizados para a controladora no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados. Lançamento procedente. LUCROS OBTIDOS POR CONTROLADA NO EXTERIOR. CONVENÇÃO BRASILPAÍSES BAIXOS DESTINADA A EVITAR A DUPLA TRIBUTAÇÃO E PREVENIR A EVASÃO FISCAL EM MATÉRIA DE IMPOSTO SOBRE A RENDA. ART. 74 DA MP Nº 2.15835/2001. NÃO OFENSA. Não há incompatibilidade entre a Convenção BrasilHolanda (Países Baixos) e a aplicação do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, não sendo caso de aplicação do art. 98 do CTN, por inexistência de conflito. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS DE CONTROLADA NO EXTERIOR COM OS SEUS PRÓPRIOS PREJUÍZOS. Os prejuízos apurados por uma controlada ou coligada, no exterior, podem ser compensados com lucros dessa mesma controlada ou coligada. Recurso Especial do Contribuinte Negado. (Acórdão nº 9101002.332, Sessão de 04/05/2016) Ressaltese, quanto a esta matéria, que o Colegiado decidiu afastar a tributação do segundo semestre de 2009 apenas para a controlada Quickfood (Argentina), acolhendo o argumento acerca do exercício fiscal daquela sociedade, que vai de 1º de julho a Fl. 3399DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.400 69 30 de junho de cada ano. Sobre este ponto, a decisão do Colegiado foi unânime, conforme resta registrado no voto do ilustre Relator, nos parágrafos a seguir transcritos: [...] Entretanto, durante as discussões, a maioria do Colegiado decidiu de modo diferente, rejeitando os argumentos atinentes à aplicabilidade dos tratados internacionais para evitar a dupla tributação (conforme se verá no Voto Vencedor). Diante disso, adquire relevância o argumento trazido pela recorrente no que se refere à controlada Argentina: o contribuinte requer seja levado em consideração o exercício fiscal da empresa Quickfood, que vai de 1º de julho a 30 de junho de cada ano, conforme demonstrariam as declarações entregues pela empresa. A mesma argumentação utilizada em relação às controladas uruguaias (vide tópico a seguir) deve ser aplicada ao caso da Quickfood, de forma que deve ser afastada a tributação do segundo semestre de 2009, para essa controlada. Em conclusão, quanto a este ponto, a decisão do Colegiado foi pelo provimento parcial ao recurso voluntário, afastando a incidência tributária no segundo semestre de 2009 da controlada na Argentina (Quickfood). (2) Acerca da incidência de PIS e COFINS sobre os juros e variações cambiais de empréstimos. Neste ponto, o ilustre Relator ressaltou que “durante o trabalho fiscalizatório, foi constatada a existência de contratos de câmbio e contratos de mútuos das empresas Marfrig BV, Tacuarembo e Inaler, os quais continham previsão de juros a serem registrados nestas transações”. No entanto, a contribuinte deixou de registrar em sua contabilidade os juros referentes a esses contratos. A autuação recaiu, portanto, sobre IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Diante da falta de comprovação documental da alegação da recorrente de que os contratos de mútuo analisados pela fiscalização seriam, na verdade, adiantamentos para futuro aumento de capital, o Colegiado considerou o lançamento procedente, no que tange ao IRPJ e à CSLL. Não houve divergência sobre este ponto. No entanto, no que se refere às exigências de PIS e COFINS, o Relator consignou em seu voto: Contudo, no que tange ao PIS e à COFINS, a autuação não merece prosperar vez que, na época do lançamento tributário, estava vigente o Decreto nº 5.442/05, o qual reduzia a zero as alíquotas das referidas contribuições incidentes sobre as receitas financeiras. Este, pois, o cerne da divergência. É que o Decreto em questão não foi trazido à discussão, seja no momento do lançamento, na impugnação, na decisão de primeira instância nem no recurso voluntário. Sua aplicabilidade foi suscitada de ofício, com o que não concordou a maioria dos Conselheiros, considerando tratarse de matéria preclusa, a teor do que dispõe o art. 17 do Decreto nº 70.235/1972, na redação que lhe foi dada pela Lei nº 9.532/1997. Fl. 3400DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.401 70 Art. 17.Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) Acerca do instituto da preclusão, assim leciona Humberto Theodoro Júnior5: A essência da preclusão, para Chiovenda, vem a ser a perda, extinção ou consumação de uma faculdade processual pelo fato de se haverem alcançado os limites assinalados por lei ao seu exercício. Decorre a preclusão do fato de ser o processo uma sucessão de atos que devem ser ordenados por fases lógicas, a fim de que se obtenha a prestação jurisdicional, com precisão e rapidez. Sem uma ordenação temporal desses atos e sem um limite de tempo para que as partes os pratiquem, o processo se transformaria numa rixa infindável. Do exposto, sobressai a falta de competência da Autoridade Julgadora de segunda instância para tomar conhecimento dessa matéria em sede de recurso voluntário, ainda mais se, como foi o caso, suscitada de ofício. É verdade que, em algumas situações, exceções são admitidas a esse princípio. A título ilustrativo, no Direito positivado encontramos o § 3º do art. 485 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal6: Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: [...] IV verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; VI verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; [...] IX em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e X nos demais casos prescritos neste Código. [...] § 3oO juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. 5 THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 40ª Ed., Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 480. 6 Disposições muito semelhantes eram encontradas no art. 267 do antigo Código de Processo Civil, Lei nº 5.869/1973. Fl. 3401DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.402 71 [...] A doutrina cuida do assunto sob o nome de questões de ordem pública. Tais questões são aquelas em que o interesse protegido é do Estado e da sociedade e, em geral, referemse à existência e admissibilidade da ação e do processo, refletindose na própria segurança jurídica. Os exemplos acabados a serem citados, especialmente aplicáveis ao processo administrativo fiscal, são a decadência, as condições da ação (possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade de parte), além dos pressupostos processuais de existência e validade. Em tais situações, a jurisprudência administrativa tem admitido o exame em segundo grau mesmo na ausência de préquestionamento na fase impugnatória ou, ainda, que o relator ou qualquer dos julgadores suscite de ofício matéria não impugnada nem recorrida. Bem se vê, entretanto, que no caso em tela não está em discussão questão que possa ser entendida como sendo de ordem pública. Descabe ao julgador administrativo introduzir na lide discussão sobre matéria que a parte interessada sequer ventilou. Com esses fundamentos, o Colegiado decidiu, por voto de qualidade, não conhecer da matéria suscitada de ofício pelo Relator e, no mérito, aplicar às exigências de PIS e COFINS incidentes sobre juros e variações cambiais de empréstimos a mesma decisão já proferida por unanimidade quanto ao IRPJ e à CSLL, negando provimento ao recurso voluntário. (3) Acerca da incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício. A matéria tem sido objeto de discussões ao longo do tempo, comportando decisões por vezes divergentes. A incidência de juros sobre a multa proporcional, aplicada no lançamento de ofício, conforme procedimento das Autoridades Administrativas, encontra seu fundamento no artigo 61 da Lei nº 9.430/1996 e, ainda, no art. 161 c/c art. 139, ambos da Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário Nacional – CTN), os quais transcrevo para maior clareza: Lei nº 9.430/1996: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Fl. 3402DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.403 72 Lei nº 5.172/1966 (CTN): Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. A polêmica gira em torno da abrangência que se há de atribuir à expressão “débitos para com a União, decorrentes de tributos”, presente no caput do art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Tenho que os débitos decorrentes de tributos não podem se restringir ao principal, mas igualmente devem abranger os débitos pelo descumprimento do dever de pagar, ou seja, as multas proporcionais aplicadas de ofício ao lançamento. Nesse sentido, a abrangência dos débitos para com a União deve ser a mesma atribuída ao crédito tributário de que trata o CTN. O débito do contribuinte para com a União, visto pela ótica do sujeito passivo da obrigação tributária, é o crédito tributário em favor da União, visto pela ótica do sujeito ativo da mesma obrigação. Essa discussão já foi travada na Câmara Superior de Recursos Fiscais. Peço vênia para transcrever, por sua clareza e por espelhar com exatidão meu pensamento sobre o assunto, excerto do voto condutor do acórdão CSRF/0400.651, de 18/09/2007, da lavra do ilustre Conselheiro Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho. Desde já, adoto seus fundamentos também aqui como razões de decidir (grifo consta do original). Consoante relatado, a matéria ora posta à apreciação deste Colegiado se circunscreve à questão atinente a incidência de juros de mora, à taxa SELIC, sobre a multa de oficio proporcional aplicada. O art. 139 do CTN determina que o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. O art. 113 do CTN, por sua vez, determina, em seu parágrafo primeiro, que a obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como da penalidade pecuniária dela decorrente. Entendo, assim, que a obrigação tributária principal compreende tanto os próprios tributos e contribuições, como, em razão de seu descumprimento, e por isso igualmente dela decorrente, a multa de oficio proporcional, que é exigível juntamente com o tributo ou contribuição não paga. Observese que tanto o tributo quanto a multa de oficio proporcional serão devidos com a consumação do fato gerador. A multa de oficio proporcional, embora seja um acréscimo ao tributo, não se trata de obrigação acessória, que se caracteriza pelo objeto não pecuniário, classificandose como uma obrigação de fazer. A obrigação tributária principal consiste, assim, em todo e qualquer pagamento devido, incluindose o tributo, a multa ou penalidade pecuniária. Em decorrência, o crédito tributário, a que se reporta o art. 161 do CTN, corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo seus acréscimos legais, notadamente a multa de oficio proporcional. Fl. 3403DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.404 73 O art. 61, parágrafo terceiro, da Lei n. 9.430/97, fundamento legal da multa aplicada no caso concreto, prevê a aplicação de juros de mora sobre os débitos decorrentes de tributos e contribuições cujos fatos geradores ocorreram a partir de 01 de janeiro de 1997. Dentre os débitos decorrentes dos tributos e contribuições, entendo, pelas razões indicadas acima, incluemse as multas de oficio proporcionais, aplicadas em função do descumprimento da obrigação principal, e não apenas os débitos correspondentes aos tributos e contribuições em si. Frisese, por oportuno, que dito parágrafo terceiro determina a aplicação dos juros sobre o valor dos débitos indicados no caput do artigo, e não sobre seu valor acrescido da multa de mora prevista no mesmo caput. Por outro lado, se o caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 admite a aplicação da multa de mora sobre valor que, a depender das circunstancia do lançamento, pode (considerando, por exemplo, a espontaneidade ou não do pagamento e o beneficio da denuncia espontânea), estar acrescido da multa de oficio proporcional, cabe ao aplicador da norma afastar a respectiva concomitância, cuja eventual aplicação, contudo, não tem o condão de modificar a legislação sobre a matéria, afastando a inclusão da multa de oficio proporcional na obrigação principal. Não é correta a afirmação de que toda penalidade pecuniária que se converte em obrigação principal é decorrente da observância de obrigação acessória. Não pagar tributo é o descumprimento de uma obrigação principal, constituindo parte desta. O fato de o dispositivo legal atribuir, à penalidade por descumprimento de obrigação acessória, a natureza de obrigação principal, não significa que toda e qualquer penalidade pecuniária é, em sua origem, uma obrigação acessória. Ou seja: a multa de oficio proporcional não é resultante do descumprimento de obrigação acessória, mas de obrigação principal. É obrigação principal em sua natureza, independentemente de conversão. Ressaltese, com relação aos juros de mora, que o art. 161 do CTN determina que o crédito não integralmente pago no vencimento será acrescido de juros de mora à taxa de 1% ao mês, caso a lei não disponha de modo diverso, e a Lei n. 9430/96 determina a aplicação da taxa Selic aos casos em questão. Como dito crédito, deve ser entender, pelas razões expostas, a obrigação tributária principal como um todo, incluindo a multa de oficio proporcional. Adicionalmente, especificamente quanto ao art. 43 da Lei n° 9.430/96, invocado pelo Contribuinte em sua defesa, destaquese que esse dispõe sobre a hipótese de "Auto de Infração Sem Tributo", razão pela qual não disciplina a aplicação da juros sobre a multa de oficio proporcional, que somente é exigida com o tributo. Ao final, por maioria de votos, a Câmara Superior decidiu conforme ementa abaixo: JUROS DE MORA — MULTA DE OFICIO — OBRIGAÇÃO PRINCIPAL— A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. (Ac. CSRF/04 Fl. 3404DF CARF MF Processo nº 16561.720087/201423 Acórdão n.º 1301002.158 S1C3T1 Fl. 3.405 74 00.651, de 18/09/2007, proc. 16327.002231/200285, Rel. Cons. Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho) A matéria retornou à discussão na Câmara Superior em março de 2010, sendo prolatado o acórdão assim ementado, confirmando o entendimento aqui exposto: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Ac. 910100.539, de 11/03/2010, proc. 16327.002243/9971, Rel. Cons. Valmir Sandri, Redatora Designada Cons. Viviane Vidal Wagner) Pelas mesmas razões, quanto a esta matéria, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário interposto. Ainda quanto a este ponto, de se esclarecer que, no que toca ao pedido subsidiário da recorrente, não houve qualquer divergência e o Colegiado acompanhou à unanimidade o voto do ilustre relator, nos seguintes termos: Subsidiariamente há o pedido do contribuinte para que o juros sobre a multa passe a incidir somente a partir da constituição definitva do crédito. Nesse mister afasto o pedido formulado subsidiariamente, pois o termo inicial da incidência de juros, uma vez extinta a causa suspensiva do crédito, passa a ser a data de sua constituição, ou seja, a data do lançamento. Conclusão Em todos os demais aspectos, a decisão se deu conforme o voto do ilustre Relator. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 3405DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.721108/2013-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Nov 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2009
SUSPENSÃO DO JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE DO PROCEDIMENTO DE OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS VIA RMF.
O STF fixou que o art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal.
A Portaria MF nr. 545/2013, art. 1º, revogou os §§ 1º e 2º do art. 62-A do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 que obrigava o sobrestamento dos julgamentos de recursos, quando houvesse também o sobrestamento pelo Supremo Tribunal Federal - STF de recursos extraordinários da mesma matéria, até que fosse proferida decisão nos termos do então art. 543-B, do CPC.
IRPJ. CLSS. COFINS. PIS. LANÇAMENTOS CONEXOS.
Aplica-se a possibilidade de lançamentos conexos sobre o lançamento que lhes deu origem, eis que possuem os mesmos elementos de prova.
ILEGALIDADE DA MANUTENÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO E SEU AGRAVAMENTO
A alegação da impossibilidade de arbitramento do lucro e da aplicação da multa não encontra amparo na legislação, quando o interessado silencia-se sobre às intimações, impondo acréscimo de 50% na multa. Não se pode dar o mesmo tratamento àquele que colabora com a fiscalização e àquele que se mantém silente às intimações.
Numero da decisão: 1302-001.994
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR as preliminares de nulidade e, no mérito, em NEGAR provimento ao recurso voluntário, votando pelas conclusões os Conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Talita Pimenta Felix; e, por unanimidade em NEGAR provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do relator.
(documento assinado digitalmente)
LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
ROGÉRIO APARECIDO GIL - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Ana de Barros Fernandes Wipprich, Alberto Pinto Souza Júnior, Marcelo Calheiros Soriano, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Talita Pimenta Félix.
Nome do relator: ROGERIO APARECIDO GIL
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2009 SUSPENSÃO DO JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE DO PROCEDIMENTO DE OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS VIA RMF. O STF fixou que o art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. A Portaria MF nr. 545/2013, art. 1º, revogou os §§ 1º e 2º do art. 62A do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 que obrigava o sobrestamento dos julgamentos de recursos, quando houvesse também o sobrestamento pelo Supremo Tribunal Federal STF de recursos extraordinários da mesma matéria, até que fosse proferida decisão nos termos do então art. 543B, do CPC. IRPJ. CLSS. COFINS. PIS. LANÇAMENTOS CONEXOS. Aplicase a possibilidade de lançamentos conexos sobre o lançamento que lhes deu origem, eis que possuem os mesmos elementos de prova. ILEGALIDADE DA MANUTENÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO E SEU AGRAVAMENTO A alegação da impossibilidade de arbitramento do lucro e da aplicação da multa não encontra amparo na legislação, quando o interessado silenciase sobre às intimações, impondo acréscimo de 50% na multa. Não se pode dar o mesmo tratamento àquele que colabora com a fiscalização e àquele que se mantém silente às intimações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 11 08 /2 01 3- 91 Fl. 2158DF CARF MF Processo nº 19515.721108/201391 Acórdão n.º 1302001.994 S1C3T2 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR as preliminares de nulidade e, no mérito, em NEGAR provimento ao recurso voluntário, votando pelas conclusões os Conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Talita Pimenta Felix; e, por unanimidade em NEGAR provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do relator. (documento assinado digitalmente) LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Presidente. (documento assinado digitalmente) ROGÉRIO APARECIDO GIL Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Ana de Barros Fernandes Wipprich, Alberto Pinto Souza Júnior, Marcelo Calheiros Soriano, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Talita Pimenta Félix. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pela contribuinte face ao acórdão nº 1259.923 (fls. 2087/2097), proferido pela 2ª Turma da DRJ no Rio de Janeiro em que acordaram, por unanimidade, em dar provimento parcial às impugnações para considerar devidos o IRPJ, no valor de R$2.741.204,61, a CSLL no valor R$ 1.241.642,08, COFINS no valor de R$ 3.449.005,75 e PIS no valor de R$ 747.284,57; determinar multa de ofício de 112,5%, encargos moratórios e excluir do polo passivo os devedores solidários Rogério Alves da Cunha, Jaira Emaculada da Cunha e Alberto Pedro da Silva Filho. A DIFIS/SP registrou no Termo de Verificação de Fiscal (fl. 1743) os seguintes fatos e fundamentos: a) a fiscalização iniciouse, em 30/07/2012, com a intimação da contribuinte; b) requisitaramse informações sobre movimentação financeira às instituições financeiras detentoras de contas da contribuinte (Bradesco, Santander/Real, Daycoval, Banco do Brasil, Itaú/Unibanco). A requisição se deu, pelo fato de que a empresa não atendeu às intimações; c) constituíramse créditos tributários, com base em valores verificados nas informações bancárias da contribuinte, considerados omissão de receita decorrente da atividade da empresa (Tabela A do TVF: Câmbio Exp., Cobrança Cartório e Líquido Cobrança); excluíramse as transferências entre contas. Os valores de depósitos bancários, sem identificação de origem foram somados na Tabela B do TVF; d) agravouse a multa em 50%, em virtude do não atendimento às intimações (Lei nº 9.430/1996, art. 44, incs. I e II); Fl. 2159DF CARF MF Processo nº 19515.721108/201391 Acórdão n.º 1302001.994 S1C3T2 Fl. 4 3 e) considerouse como Crime contra a Ordem Tributária (Lei nº 8.137/1990, art. 1º) a omissão de receitas consideradas advindas da atividade da empresa (referida Tabela A); f) não foram apresentadas DIPJ e DCTF no ano calendário 2009; g) não foram apresentadas escrituração contábil e fiscal solicitadas durante a auditoria fiscal; h) a empresa não prestou os esclarecimentos solicitados por meio de Termos de Intimação; i) arbitrouse o lucro (janeiro a agosto/2009), conforme RIR/99, arts. 529 e 530; j) sobre os valores da Tabela A, multa de 225% (Receita da Atividade da Empresa: R$34.206.707,31); da Tabela B, multa de 112,5% (Créditos/Depósitos Bancários Não Comprovados: R$80.760.151,45) (arts. 957, 958 e 959, RIR/99); k) são responsáveis solidários os sócios diretores, Rogério Alves da Cunha, Jaira Emaculada da Cunha e Alberto Pedro da Silva, em relação aos créditos tributários lançados em decorrência da omissão de receitas (art. 124, inc. I da Lei nº 5.712/66 – Interesse Comum na Situação que Constitua o Fato Gerador da Obrigação Principal); E l) tais sócios devem responder pessoalmente pelo fato de serem diretores da contribuinte (art. 135, inc. III, CTN). As razões de decidir registradas no acórdão recorrido, em síntese, foram as seguintes: DA SUSPENSÃO DO ANDAMENTO DO PROCESSO O art. 543B do CPC aplicase exclusivamente aos processos judiciais e o art. 62A da Portaria MF nº 256/2009 trata de processos em curso no CARF. Tais dispositivos não são extensivos aos processos a serem apreciados pelas DRJs. DAS QUESTÕES INCONSTITUCIONAIS A alegação de que a obtenção dos extratos bancários por parte da fiscalização nas instituições financeiras, sem prévia autorização judicial, configuraria infração à norma constitucional, não é oponível à instância administrativa, por ser matéria reservada aos órgãos judiciais. Neste sentido, o art. 26A do Decreto nº 70.235/1972 trata do processo administrativo fiscal. Logo, o procedimento adotado está de acordo com a legislação. DO ARBITRAMENTO DO LUCRO A alegação da recorrente de que sua situação cadastral indicava a situação de “inapta” antes da fiscalização, não invalida os meios utilizados para se dar ciência à recorrente dos Termos de Intimação Fiscal TIF, primeiro pelo correio e depois por edital. Fl. 2160DF CARF MF Processo nº 19515.721108/201391 Acórdão n.º 1302001.994 S1C3T2 Fl. 5 4 Diante da falta de comprovação dos valores depositados/creditados nas contas bancárias, tais valores se caracterizaram como omissão de receitas. Não é condição do arbitramento que o contribuinte tenha receita em todos os meses do ano. Como a fiscalização só conseguiu apurar receitas nos meses de janeiro a agosto/2009, sobre tais meses recaíam as tributações. DAS MULTAS APLICADAS Ao caso, sobre os valores tributados com base nas quantias depositadas nas contas bancárias a título de “câmbio exp”, “cobrança cartório” e “líquido cobrança”, aplicouse a multa de 225%. A justificativa para tanto foi por haver configurado omissões de receitas de atividades da empresa, em tese, crime contra a ordem tributária, e também pela falta de apresentação das respectivas DIPJ e das DCTF de 2009. A DRJ concluiu que, as justificativas apresentadas pela fiscalização não preenchem os requisitos legais para tal multa de 225%. Em momento algum o sujeito passivo e seus sócios administradores atenderam às intimações. O único pronunciamento se deu com o pedido de prorrogação do prazo para comprovar as operações bancárias. Que não foi cumprida. Logo, a alegação de impossibilidade de arbitramento do lucro e da aplicação da multa não encontram amparo na legislação, e caso o interessado houvesse respondido, não seria devido o acréscimo de 50% sobre a multa de ofício de 75%. A falta de resposta, portanto, enseja a multa de 112,5%. DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA INEXISTÊNCIA Como inexiste nos autos prova de que os recursos mantidos à margem da tributação foram desviados para o patrimônio do administrador ou dos sócios, bem como não ficou evidenciado qual o interesse comum na situação que se constituiu fato gerador da obrigação principal, devem ser afastadas do polo passivo as pessoas físicas consideradas solidárias. E, apesar da revelia do sócio Alberto Pedro da Silva Filho, os efeitos desta decisão lhe são aplicados. DOS LANÇAMENTOS CONEXOS Os efeitos da apuração da infração no lançamento do IRPJ se estendem à CSLL, ao Pis e à Cofins. Face à exoneração dos devedores solidários, houve Recurso de Ofício, em cumprimento às disposições do art.34, do Decreto nº 70.235, de 06/03/1972. Devidamente intimada do acórdão da DRJ, em 08/10/2013 (fl. 2118), e irresignado com o teor do acórdão que deu parcial provimento às impugnações, a empresa interpôs recurso voluntário, em 29/10/2013 (fls. 2120/2152), cujas razões são sintetizadas a seguir: PRELIMINARMENTE: DA NECESSIDADE DE SUSPENSÃO DO JULGAMENTO ATÉ DA DECISÃO DE MÉRITO NOS AUTOS DO RE Nº 601.314/SP Dada a natureza dos lançamentos em estudo, haveria a necessidade de suspensão do curso do litigio instaurado no bojo deste processo administrativo até que o Supremo Tribunal Federal profira decisão meritória definitiva no bojo do RE nº 601.314/SP. Fl. 2161DF CARF MF Processo nº 19515.721108/201391 Acórdão n.º 1302001.994 S1C3T2 Fl. 6 5 Conforme o próprio TVF, o trabalho fiscal se iniciou com a obtenção, pelo Fisco junto às instituições financeiras nacionais e sem prévia autorização judicial, de dados relativos à movimentação bancária da INTERBEEF, atreladas aos meses de 01.2009 a 08.2009. que a possibilidade de a RFB acessar tais informações, mediante emprego do insidioso ferramental representado pelas RMFs, sem prévio apelo ao Judiciário, está em discussão no STF. DA POSSIBILIDADE DE DECLARAÇÃO DA INCONSTITUCIONALIDADE DO PROCEDIMENTO DE OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS VIA RMF Acaso superada a preliminar suscitada, impõese o reconhecimento da inconstitucionalidade do procedimento adotado pelo Fisco na obtenção de dados bancários sigilosos sem a devida autorização judicial precedente. Nesse cenário, parece evidente que, cuidando a RFB de interesses arrecadatórios, inconfundíveis com a persecução penal, não poderia ela agredir o sigilo dos dados bancários dos contribuintes, sequer por meio de prévia autorização judicial. que a Lei nº 105/2001, no ponto em que autorizou o acesso fazendário aos dados bancários e financeiros dos contribuintes, sem autorização e com escopo que nada toca à investigação ou à instrução penal, é agressivamente inconstitucional. A investigação fiscal sob ataque, desta maneira, é igualmente ilegítima, assim como o é o AII que dela decorreu. que seja cancelado o AII sob ataque, haja vista que o procedimento que levou à aferição da suposta matéria tributável – nomeadamente, a obtenção oficiosa de dados bancários sigilosos mediante emissão de RMFs – contraria o texto constitucional e os precedentes definitivos do Pleno do STF; fere direitos do contribuinte. DO DESCABIMENTO DO ARBITRAMENTO DO LUCRO TRIBUTÁVEL De acordo com a fundamentação apresentada pela Fazenda, a cominação do mecanismo arbitral, in casu, deveuse ao suposto fato de a recorrente não ter entregue, a despeito de intimada, os livros contábilfiscais obrigatórios, capazes de elucidar a apuração do lucro tributável. Noutras palavras, o Fisco buscou justificar o arbitramento em tela no art. 530, inc II do RIR/99. O próprio agente fazendário, no TCF anexo ao TVF contou ter solicitado documentos fiscais, ao contribuinte, apenas uma vez, por meio da alegada entrega de Termo de Início de Ação Fiscal. E, logo depois desta tentativa, o Fisco, sem adotar qualquer outra diligência, resolveu adotar medida externa do arbitramento, sem sequer ter certeza quanto à real ciência da INTERBEEF acerca do pedido de apresentação de “arquivos contábeis em meio magnético”. O citado Sr. Adilson Barbosa não é conhecido da INTERBEEF. O próprio TVF noticiou que esta pessoa natural havia informado a mudança de endereço da autuada, negandose a receber o TIF datado de 18.03.2013. Tanto havia certeza fazendária de que a recepção postal do TIAF não serviria a cientificar a impugnante que o próprio agente buscou a ulterior intimação editalícia. O Fisco não engendrou todos os esforços necessários a intimar, efetivamente, a INTERBEEF, de maneira a solicitar a apresentação dos documentos e dos escritos contábil fiscais obrigatórios. O mecanismo arbitral constitui medida extrema, que só se justifica se a Fazenda não consegue apurar o lucro tributável. DA INAPLICABILIDADE DA PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECIETAS DO ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430/1996 Fl. 2162DF CARF MF Processo nº 19515.721108/201391 Acórdão n.º 1302001.994 S1C3T2 Fl. 7 6 A opção pelo arbitramento do lucro não se sustenta, uma vez terem sido adotadas providências menos gravosas que poderiam evitar aquela mais nociva. Quando o mecanismo arbitral é posto a funcionar pelo Fisco, qualquer outra forma de quantificação das bases imponíveis, ainda que eleita pelo sujeito passivo, é suplantada por aquela. O arbitramento não permite qualquer outro modo simultâneo de apuração, direto ou indireto – inclusive por presunção. Todos os depósitos bancários devem ser tratados homogeneamente, para fins de composição da receita bruta conhecida. A justificação dos créditos cobrados nos termos do art. 42 configura vício óbvio de fundamentação e de definição da matéria tributável, capaz de nulificar o próprio AII, forte em ofensa ao art. 142 do CTN. DA IMPOSSIBILIDADE DE QUALIFICAÇÃO DAS MULTAS PUNITIVAS IMPOSTAS A distinção entre os lançamentos calcados em arbitramento do lucro, de um lado, e em presunção de omissão de receitas objeto de depósitos bancários, de outro, serviu, também, como discriminem para a imposição de penalidades diferenciadas. A Fazenda, com efeito, interpretou haver motivos para a qualificação da multa referente a receitas supostamente atreladas à atividade da INTERBEEF, não entrevendo similar circunstância exasperante para os demais rendimentos presumidamente omitidos. É fundamental, portanto, a desqualificação de todas as multas punitivas cominadas, eis inexistirem quaisquer evidências de ocorrência de comportamentos capazes de subsunção aos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964. DA IMPOSSIBILIDADE DE AGRAVAMENTO DAS MULTAS PUNITIVAS IMPOSTAS Afora não ser lícita a qualificação, também é inviável o agravamento das penas impingidas, vez que a justificativa para o agravamento foi apontado como relativa à falta de atendimento às intimações fiscais que, de um lado, solicitaram a apresentação de “arquivos fiscais em meio magnético”, e, de outro lado, pleitearam elucidação documental a respeito das origens dos créditos bancário aferidos. Sucede, porém, que tais “omissões” já deram causa ao arbitramento do lucro à presunção de omissão de receitas, e, determinar o agravamento das penalidades em virtude destas circunstâncias representaria imposição de duplo efeito pernicioso. Uma vez mantidos os lançamentos – conclusão que não poderia aceitar – deveriam, ao menos, ser minoradas as multas aplicadas, até o percentual de 75%. É o relatório. Voto Conselheiro ROGÉRIO APARECIDO GIL Na forma acima, a recorrente interpôs recurso voluntário tempestivamente e está regularmente representada. Assim, presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso. Preliminarmente, a recorrente alegou a necessidade de suspensão do julgamento, até decisão de mérito nos autos do RE nº 601.314/SP. No entanto, o referido Recurso Extraordinário já foi julgado pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal STF, em Fl. 2163DF CARF MF Processo nº 19515.721108/201391 Acórdão n.º 1302001.994 S1C3T2 Fl. 8 7 24/02/2016, no qual, por maioria de votos, fixouse que o art. 6º da Lei Complementar nº 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. Nesse sentido, não há como acolher a preliminar de sobrestamento do processo. Ainda em preliminar, a recorrente alega que há vícios materiais no Auto de Infração que imporiam a anulação do ato. Nesse sentido, alega que não se buscou localizar os contribuintes; que houve quebra de sigilo bancário, sem prévia autorização do Poder Judiciário; que inexiste prova de ocorrência de acréscimo patrimonial do contribuinte; e que depósitos em constas bancárias não se prestariam a tanto. Após a análise das informações e documentos nos autos, verificase que não há nulidade nas intimações por via postal e por edital. Quanto aos outros dois pedidos, que se confundem com o mérito em questão, concluise que também não há quebra de sigilo bancário, à vista dos fundamentos acima. Do mesmo modo, nos termos da Súmula CARF nº 26, "a presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada." Em sequência, a recorrente sustenta que há a possibilidade de declaração de inconstitucionalidade pelo Carf, no que diz respeito ao procedimento de obtenção de informações sigilosas, via RMF. Nos termos de Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprovou o novo Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em seu art. 62, "fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto sob fundamento de inconstitucionalidade. Essa regra também está determinada, nos termos da Súmula CARF nº 2, em que, "o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Dessa forma, também não há como acolher o pedido de declaração de inconstitucionalidade quanto ao procedimento de obtenção de informações sigilosas, via RMF. Com relação aos referidos lançamentos conexos, a recorrente silenciouse a respeito, até o momento em que o acórdão da DRJ determinou a extensão dos efeitos do lançamento do IRPJ para os demais tributos (CSLL, PIS e COFINS). Não constitui cerceamento ao direito de defesa a elaboração de relatório fiscal que engloba vários lançamentos, mesmo que conexos, ainda mais, quando presente a narrativa individual acerca de cada exigência, de modo a não prejudicar o entendimento da acusação fiscal. Assim, aplicase a possibilidade de lançamentos conexos sobre o lançamento que lhes deu origem, eis que possuem os mesmos elementos de prova. Fl. 2164DF CARF MF Processo nº 19515.721108/201391 Acórdão n.º 1302001.994 S1C3T2 Fl. 9 8 No tocante às alegações quanto à impossibilidade de arbitramento do lucro, verificase que as razões de decidir da DRJ basearamse no fato de que também não houve emissão de notas fiscais referentes às vendas de produtos de fabricação própria, conforme consignado no auto de infração, à fl. 2039, o que caracteriza omissão de receita da atividade. Também não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas perante instituições financeiras, fl. 2040, o que caracteriza omissão de receita por presunção legal, conforme relatório fiscal anexo ao auto de infração. Diante do não atendimento às intimações enviadas à recorrente para apresentar tais documentos e analisandose o auto de infração e demais documentos nos autos, verificase que foram observadas as regras de arbitramento, com base nas disposições do art. 530, inc II do RIR/99 e em conformidade com as disposições do art. 42 da Lei nº 9.430/96 e art. 142 do CTN. Nesse sentido, não há como acolher a alegação de que seria indevido o arbitramento do lucro por omissão de receita de atividade e por omissão de receita por presunção legal. Para a apreciação dos argumentos da recorrente quanto à ilegalidade na manutenção da multa de ofício e seu agravamento, transcrevese os seguintes fundamentos consignados pela DRF: A aplicação da multa qualificada requer a apuração da conduta dolosa do agente. Precisa estar evidenciado que o agente teve a intenção deliberada de sonegar, fraudar ou praticar o conluio para fins sonegar ou fraudar o Fisco. As justificativas apresentadas pela fiscalização não preenchem os requisitos legais da qualificação da multa. De outro modo, no que se refere ao agravamento da multa, prevista no § 2º do art. 44, da Lei nº 9.430/1996, que impõe acréscimo de 50%, em função do não atendimento do sujeito passivo das intimações, a penalidade aplicada se adequa ao caso. Pois, em nenhum momento o sujeito passivo e seu sócio administrador atenderam às solicitações. O único pronunciamento se deu com o pedido de prorrogação do prazo para comprovar as operações bancárias (fl. 1735). A alegação da impossibilidade de arbitramento do lucro e da aplicação da multa não encontra amparo na legislação. Caso o interessado tivesse respondido, por exemplo, que não dispunha da documentação contábil, o agravamento da multa não seria aplicável. Mas a falta de resposta às intimações impõe acréscimo de 50% na multa. Não se pode dar o mesmo tratamento àquele que colabora com a fiscalização e àquele que se mantém silente às intimações. A recorrente, portanto, não atendeu às intimações para apresentar o livros contábeis e fiscais obrigatórios. Tais registros realizados pela Fiscalização demonstram que a multa de ofício deve ser acrescida da metade (75% + 37,5 = 112,5%) em virtude do não atendimento pela recorrente às intimações da DRF, em conformidade com o que determina o § 2º do art. 44, da Lei nº 9.430/1996. Sobre o não atendimento às intimações a recorrente alega que "que o Fisco não engendrou todos os esforços necessários a intimar, efetivamente, a Interbeef, de maneira a solicitar a apresentação dos documentos e dos escritos contábilfiscais obrigatórios. Inexistem dúvidas nesse ponto." As intimações foram devidamente cumpridas e assim respeitadas as oportunidades de prestação de informações e de defesa. Fl. 2165DF CARF MF Processo nº 19515.721108/201391 Acórdão n.º 1302001.994 S1C3T2 Fl. 10 9 Destacase, ainda, que não há fundamento para a fiscalização considerar como prova direta as indicações literais constantes dos extratos bancários (“Câmbio Exp.”), sem sequer requisitar os supostos contratos de câmbio. As indicações dos extratos não são suficientes para comprovar, em si, que tais valores se referiam à atividade da empresa. Esse ponto, também revela que haveria como se manter a multa de 100%. Assim, considero devida a manutenção, apenas, da multa de ofício de 75% e o seu agravamento em 50%, para totalizar 112,5%, independentemente do fato de ter se concluído pelo arbitramento do lucro. DO RECURSO DE OFÍCIO A Fiscalização (DEFIS/SP, fls. 1915/1918) lavrou Termo de Responsabilidade Tributária do qual destacamse os seguintes pontos: Responsáveis Tributários: Rogério Alves da Cunha, Jaira Imaculada da Cunha e Alberto Pedro da Silva Filho. O Contrato Social da empresa e suas alterações evidenciam que os três eram sócios diretores. A administração da empresa era exercida por eles, sem funções específicas. A empresa não atendeu aos Termos de Inumação Fiscal. Solicitouse, via Requisição de Movimentação Financeira, os dados e informações sobre a movimentação financeira da empresa. Por meio dos dados coletados perante as instituições financeiras, relacionados no Termo de Verificação Fiscal, efetuaramse novas intimações da empresa. Também não houve atendimento aos Termos de Intimação Fiscal encaminhados. Efetuaramse lançamentos de Oficio, com base nos históricos dos extratos bancários, identificados como "Omissão de Receitas" por meio dos lançamentos relativos aos Depósitos/Créditos não comprovados e Liquidação de Cobrança/Cobrança, devidamente discriminados no Termo de Verificação Fiscal do Auto de Infração. Pelo fato de a fiscalização não ter obtido explicações e justificativas satisfatórias da empresa, efetuaramse as respectivas autuações fiscais constantes do processo administrativofiscal em referência. O sujeito passivo foi alertado de que a não comprovação quanto a origem/natureza dos recursos utilizados nas operações de créditos bancários relacionados nos termos fiscais, na forma e prazo estabelecidos, ensejaria lançamento de oficio, a título de omissão de receitas, nos termos do artigo 849 do RIR/99, sem prejuízo de outras sanções legais que coubessem. Lavrouse o Auto de Infração do IRPJ/Reflexos no valor de R$23.138.946,75 (Processo Administrativo Fiscal nº 19515721.108/201391). Omissão de receitas representada por inúmeros e habituais créditos efetuados por terceiros nas contas bancárias da empresa (representados por Depósitos e por Liquidação de Cobrança) não explicados/justificados satisfatoriamente. O Termo registra, ao mesmo tempo, responsabilidade tributária e solidária dos três referidos sócios. Citamse os art. 124, incs. I e II; art. 135, incs. II e III; art. 136; art. 137 todos do CTN. Crimes Contra a Ordem Tributária, Lei nº 8.137/90, arts. 1º e 2º. Com base em tais dispositivos, consignou a responsabilidade pessoal dos três referidos responsáveis tributários e que devem responder pelos crimes cometidos e pelos créditos correspondentes às obrigações tributárias e resultantes de atos com infração de lei por eles praticados direta ou indiretamente, na gerência e administração da empresa. Fl. 2166DF CARF MF Processo nº 19515.721108/201391 Acórdão n.º 1302001.994 S1C3T2 Fl. 11 10 As impugnações apresentadas por Rogério Alves da Cunha e Jaira Emaculada da Cunha (Alberto Pedro da Silva Filho não apresentou impugnação) coincidem nos seguintes pontos a seguir destacados: Em relação ao art. 135 do CTN, alega que a cominação da responsabilidade pessoal em estudo só teria pertinência, caso houvesse provas de que as obrigações tributárias questionadas, originadoras dos créditos fiscais em cobrança, decorreriam de atos que constituíssem exacerbação de poderes ou inobservância de leis, contratos sociais ou estatutos. Alega que, não se cuida, como supõe a Fazenda, de mecanismo de reforço do crédito, mediante responsabilização de terceiros envolvidos. não haveria quaisquer atos ilegais, praticados culposa ou dolosamente pelos sócios diretores, que pudessem ser provados, pela Fazenda, a fim de legitimar a responsabilização guerreada. A existência de depósitos não declarados e não justificados não permitiria concluir qualquer dolo específico, essencial ao comando do artigo 135 do CTN. cita acórdãos do Carf, no sentido de que não se coadunaria com a infração prevista no art. 135 do CTN, o mero inadimplemento ou a falta de atendimento às intimações da fiscalização. Para tanto, seria necessário um conjunto de provas capazes de demonstrar procedimentos fraudulentos comprovados nos autos. citou a Súmula STJ nº 430 "o inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio gerente". que a solidariedade passiva visionada pela fiscalização jamais poderia ser fundamentada, similarmente, pelo comando do artigo 134, inciso VII, do CTN. Este preceito, a teor de sua redação, só possibilita, afinal, a responsabilização solidária dos sócios "no caso de liquidação de sociedade de pessoas". A toda certeza, tal não é a situação dos autos, uma vez que a INTERBEEF sempre se revestiu de roupagem de sociedade anônima exemplo máximo de "sociedade de capital". a sócia, Sra. Jaira Emaculada da Cunha, além desses mesmos argumentos do sócio Rogério Alves da Cunha, alegou que figurou como acionista da empresa por pouquíssimo tempo e jamais foi sua administradora. Diante dos registros da fiscalização e dessas razões de defesa dos recorrentes, a DRJ exonerou os três sócios da responsabilidade tributária, com base nos fundamentos a seguir sintetizados: 32 Tanto o termo de verificação fiscal (fls. 1749/1750), quanto o termo de responsabilidade tributária (fls. 1915/1918), não possuem a adequada fundamentação sobre a responsabilidade tributária. Basicamente, estes termos reproduzem os arts. 124, 135, 136 e 137 do CTN sem tipificar a conduta dos agentes. 33 A composição acionária do interessado foi alterada em 6/4/2009, com a saída do sócio Alberto Pedro da Silva Filho e a entrada da sócia Jaira Emaculada da Cunha (ata da AGE às fls. 16/18). Em 18/5/2009 (ata da AGE às fls. 20/21) esta sócia cede suas ações para a empresa Rogério Alves da Cunha ME (CNPJ 67.120.584/000100). A administração do interessado era exercida isoladamente pelo sócio Rogério Alves da Cunha, conforme disposição no art. 10, §1°, do estatuto social formalizado em 19/1/2009 (fls. 1727/1734), a saber: "Capítulo IV Da Administração Diretoria Art. 10. A sociedade será administrada por uma Diretoria composta de até 02 (dois) Diretores sem designação específica eleitos pela Assembléia Geral, competindolhes, primordialmente cumprir e fazer cumprir o presente Fl. 2167DF CARF MF Processo nº 19515.721108/201391 Acórdão n.º 1302001.994 S1C3T2 Fl. 12 11 Estatuto, as decisões das Assembléias Geral e a legislação em rigor, bem como administrar a Sociedade, promovendo tudo o que necessário for à realização do respectivo objeto social. Parágrafo 1º Conforme Ata da Assembleia Extraordinária realizada em 17 de janeiro de 2008, o acionista Rogério Alves da Cunha, brasileiro, empresário, casado sob regime de separação total de bens, portador da Cédula de Identidade nr. 20.299.265 SSP/SP e inscrito no CPF (MF) sob o nr. 147.895.01884, residente e domiciliado à Rua Vinte e Seis, 663. Centro. Barretos SP. CEP: 14780100 exercerá isoladamente o cargo de Administrador da Companhia. Parágrafo 2°. O prazo de gestão dos membros da Diretoria é de 03 (três) anos, permitida a reeleição." 34 Nos termos do art. 135. inc. III do CTN, a responsabilidade tributária é imputada não ao sócio, mas ao diretor, gerente ou representante da empresa. Ou seja, o sóciogerente é responsável não pelo simples taro de ser sócio, mas por exercer a função de administrador. Desta forma, somente podem ser incluídos no polo passivo da relação tornada os administradores designados no contrato social ou nos estatutos da sociedade e que tem seus poderes de gestão definidos em lei contrato social ou estatutos. 35 A expressão "pessoalmente responsáveis" constante do caput do art 135 não pode ser lida como "somente responsáveis", não limita a responsabilidade, exclusivamente, às pessoas ali arroladas, com exclusão do contribuinte originário (no caso, a sociedade). A responsabilidade do contribuinte pessoa jurídica continua, posto que só se deve admitir a exclusão do sujeito passivo originário se por lei expressa. 36 No caso sob exame, o único sócio que exerceu o cargo de administrador foi Rogério Alves da Cunha. De imediato, os demais sócios não seriam alcançados pelo art. 135, inciso III do CTN. Cabe ressaltar, também que o mero inadimplemento do pagamento de tributo não pode dar causa à responsabilização dos sóciosgerentes, conforme Súmula n° 430 do Superior Tribunal de Justiça STJ. Caso contrário, em vez de exceção à regra segundo a qual a responsabilidade é da pessoa jurídica (que não se confunde com seus membros), seria uma regra absoluta. Ou seja. os sóciosgerentes responderiam sempre, posto que o inadimplemento de um débito tributário configura infração de lei que, em condições ordinárias, é praticada pela pessoa jurídica e não pelo seu representante. 37 Na verdade, a expressão 'infração de lei', deve receber uma interpretação sistemática, necessariamente restritiva, para que se preserve a coerência do ordenamento jurídico. 38 Na visão de Marcos Vinícius Neder, a responsabilidade pessoal do administrador somente se aplica quando o administrador atua em benefício próprio, contra os fins e o interesse da pessoa jurídica fraude contra a pessoa jurídica (v.g. escrituração de notas frias pela pessoa jurídica, quando a diferença indevidamente deduzida da base de cálculo foi desviada para o patrimônio do administrador ou de interposta pessoa). 39 O lançamento ora em exame decorre da constatação de depósitos bancários de origens não comprovadas, o que nos termos do art. 42 da Lei n° 9.430/1996 constituise em presunção de omissão de receita. A suposta conduta fraudulenta do interessado foi afastada neste voto, por falta de comprovação de sua intenção dolosa. 40 Como inexiste nos autos prova de que os recursos mantidos à margem da tributação foram desviados para o patrimônio do administrador ou dos sócios, bem como não ficou evidenciado qual o interesse comum na situação que se constituiu fato gerador da obrigação Fl. 2168DF CARF MF Processo nº 19515.721108/201391 Acórdão n.º 1302001.994 S1C3T2 Fl. 13 12 principal (art. 124, inciso I, do CTN), devem ser afastadas do polo passivo as pessoas físicas consideradas solidárias. 41 Apesar da revelia do sócio Alberto Pedro da Silva Filho, os efeitos desta decisão lhe são aplicados, em decorrência do art. 509, parágrafo único, do Código de Processo Civil CPC: "Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns ". Frisese que, no Termo de Responsabilidade a fiscalização não demonstrou a a responsabilidade solidária dos diretores; não evidenciou a ocorrência das disposições do art. 124, CTN. Limitouse a citar o dispositivo, nada mais. Quanto à aplicação da multa de ofício (75%) qualificada (50%) e majorada (100%) aos sócios diretores, registrase que não há fundamento para o agravamento para 100%. A fiscalização não poderia considerar como prova direta as indicações literais constantes dos extratos bancários (“Câmbio Exp.”), sem sequer requisitar os supostos contratos de câmbio. As indicações dos extratos não são suficientes para comprovar, em si, que tais valores se referiam à atividade da empresa. Esse ponto, também revela que haveria como se manter a multa de 100%. Assim, analisados os registros da fiscalização; as razões de defesa dos envolvidos; e os fundamentos com base nos quais decidiu a DRJ, cujos principais pontos foram acima transcritos, concluise que é de se ratificar o acórdão recorrido, por não haver nos autos evidências a partir das quais fosse possível a atribuir a responsabilidade tributária aos sócios diretores (art. 135, CTN), nem mesmo para considerálos devedores solidários (art 124, CTN). Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao Recurso Voluntário da contribuinte e NEGAR provimento ao Recurso de Ofício. ROGÉRIO APARECIDO GIL Relator Fl. 2169DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13811.001554/99-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1991, 1992, 1993, 1994
REPETIÇÃO DO INDÉBITO. PRAZO.
Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo de dez anos, contado do fato gerador, para a referida homologação.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1991
RESTITUIÇÃO AUTOMÁTICA. COMPENSAÇÃO.
Vedada a restituição, cumulada com compensação, por intermédio de processo administrativo, de créditos de IRPJ, apurados em declaração e objeto de restituição automática por processamento eletrônico.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 1401-001.710
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a extinção do direito aos créditos atinentes ao período de janeiro de 1992 a maio de 1994 e determinar que a unidade de origem analise a parcela correspondente do direito creditório reivindicado.
Documento assinado digitalmente.
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Ricardo Marozzi Gregorio - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas-Bôas, Ricardo Marozzi Gregorio, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Julio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini de Carvalho, Livia De Carli Germano e Antonio Bezerra Neto.
Nome do relator: RICARDO MAROZZI GREGORIO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1991, 1992, 1993, 1994 REPETIÇÃO DO INDÉBITO. PRAZO. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo de dez anos, contado do fato gerador, para a referida homologação. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1991 RESTITUIÇÃO AUTOMÁTICA. COMPENSAÇÃO. Vedada a restituição, cumulada com compensação, por intermédio de processo administrativo, de créditos de IRPJ, apurados em declaração e objeto de restituição automática por processamento eletrônico. Recurso Voluntário Provido em Parte
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Recorrente BULL SOUTH AMERICA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1991, 1992, 1993, 1994 REPETIÇÃO DO INDÉBITO. PRAZO. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo de dez anos, contado do fato gerador, para a referida homologação. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1991 RESTITUIÇÃO AUTOMÁTICA. COMPENSAÇÃO. Vedada a restituição, cumulada com compensação, por intermédio de processo administrativo, de créditos de IRPJ, apurados em declaração e objeto de restituição automática por processamento eletrônico. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a extinção do direito aos créditos atinentes ao período de janeiro de 1992 a maio de 1994 e determinar que a unidade de origem analise a parcela correspondente do direito creditório reivindicado. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 15 54 /9 9- 44 Fl. 453DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 13811.001554/9944 Acórdão n.º 1401001.710 S1C4T1 Fl. 454 2 Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar VillasBôas, Ricardo Marozzi Gregorio, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Julio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini de Carvalho, Livia De Carli Germano e Antonio Bezerra Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto por BULL SOUTH AMERICA LTDA contra acórdão proferido pela DRJ/São Paulo I que concluiu pela improcedência da manifestação de inconformidade acerca do não reconhecimento de parte do crédito de sua titularidade indicado em pedido de restituição, cumulado com pedido de compensação com débitos de terceiros, protocolado em 17/06/1999. A parte não reconhecida corresponde aos créditos do IRPJ apurados antes de 18/06/1994. Em seu relatório, a decisão recorrida assim descreveu o caso: Trata o presente processo de pedido de restituição (fls. 01 e 11) de saldo negativo de IRPJ, correspondente ao anobase de 1991 e aos anoscalendário de 1992 a 1994, cumulado com pedidos de compensação com débitos de terceiros (fls. 151 a 153, 181, 206 e 236), objeto dos Processos n os 10882.001993/9943, 13807.002958/200433 e 13807.003033/200418. A DERAT/SPO/DIORT proferiu o Despacho Decisório de fls. 318 a 325, por meio do qual considerou decaído o direito à restituição no tocante aos créditos apurados antes de 18/06/1994 e deferiu o pleito em relação ao saldo negativo apurado em 31/12/1994, de 160.400,86 UFIR, equivalente a R$ 132.924,19, homologando as compensações declaradas neste processo, bem como outras compensações a ele vinculadas, até o limite do direito creditório reconhecido. Em 27/11/2006, a contribuinte tomou ciência dessa decisão (fl. 326, verso). Em 22/12/2006, representada por procuradora (fls. 351 a 362), apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 346 a 350. Alega a interessada, em síntese, que o seu crédito estaria sujeito à sistemática do lançamento por homologação e, assim, o prazo para a restituição do tributo seria de cinco anos contados da extinção do crédito, que ocorreria quando da homologação do pagamento ou, na inércia do Fisco, cinco anos após a ocorrência do fato gerador, segundo decisões judiciais citadas na defesa. Alternativamente, pleiteia o reconhecimento da validade do pedido relativo ao anocalendário de 1993, exercício de 1994, uma vez que a empresa teria cinco anos, Fl. 454DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 13811.001554/9944 Acórdão n.º 1401001.710 S1C4T1 Fl. 455 3 a partir da data fixada para a entrega da declaração de rendimentos respectiva, que deveria ser apresentada no mês de junho de 1994, para ingressar com o pedido de restituição. Por fim, pugna pela suspensão da exigibilidade dos créditos tributários informados nos Pedidos de Compensação de Crédito com Débito de Terceiros, objeto dos Processos nº 10882.001993/199943, 13807.002958/200433 e 13807.003033/000418. A 3ª Turma da já mencionada DRJ/São Paulo I proferiu, então, o Acórdão nº 1613.905, de 27 de junho de 2007, por meio do qual concluiu pela improcedência da manifestação de inconformidade. Assim figurou a ementa daquele julgado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/01/1991 a 31/12/1993 RESTITUIÇÃO AUTOMÁTICA. COMPENSAÇÃO. Vedada a restituição, cumulada com compensação, por intermédio de processo administrativo, de créditos de IRPJ, apurados em declaração e objeto de restituição automática por processamento eletrônico. RESTITUIÇÃO. APURAÇÃO MENSAL DO IRPJ. SALDO NEGATIVO. DECADÊNCIA. O prazo decadencial para pedir a restituição de saldo negativo de IRPJ, pelo sujeito passivo que optou pela apuração mensal do lucro real, começa a fluir a partir do primeiro dia do mês seguinte ao da apuração. COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO COM DÉBITO DE TERCEIROS. INOCORRÊNCIA DE CONVERSÃO EM DCOMP. Os pedidos de compensação de crédito com débito de terceiros não foram convertidos em declarações de compensação, não sendo objeto de análise nesta instância, cuja competência restringese, neste caso, ao reconhecimento do crédito. Solicitação Indeferida Inconformada, a empresa apresentou recurso voluntário onde, essencialmente, repete os argumentos deduzidos na manifestação de inconformidade. Cumpre esclarecer, no entanto, que a recorrente parece entender que a totalidade do seu crédito auferido no anocalendário de 1994 foi acatado e que não há, no recurso, contestação acerca da negativa da suspensão de exigibilidade dos débitos de terceiros indicados para compensação. É o relatório. Fl. 455DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 13811.001554/9944 Acórdão n.º 1401001.710 S1C4T1 Fl. 456 4 Voto Conselheiro Ricardo Marozzi Gregorio, Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Independentemente de qualquer juízo que se faça acerca do termo de início da contagem do prazo para a repetição do indébito relativo ao anocalendário de 1993 (considerando o pedido subsidiário da recorrente no sentido de que a contagem inicie a partir da data fixada para a entrega da declaração de rendimentos respectiva), o fato é que este Colegiado não poderá se pronunciar de forma diferente do que já está pacificado na Súmula CARF nº 91, verbis: Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Isso porque os julgados desta Casa devem observar os entendimentos sumulados. É o que está determinado no artigo 72 do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/15: Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. Portanto, não se pode concordar com a extinção do direito aos créditos do IRPJ apurados antes de 18/06/1994 se o contribuinte protocolou o pedido em 17/06/1999. As questões que subsistem referemse: (i) ao entendimento da DRJ relativo ao crédito apurado no ano de 1991 (51.477,32 UFIR, cf. demonstrativo de fls. 11), segundo o qual seria vedada a restituição, cumulada com compensação, por intermédio de processo administrativo; e (ii) ao entendimento da unidade de origem relativo aos valores de IRRF e IRPJ dos meses de janeiro a maio de 1994, que não foram considerados na análise dos créditos concernentes àquele anocalendário (fls. 321), com base na superada tese extintiva do direito reivindicado. Fl. 456DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 13811.001554/9944 Acórdão n.º 1401001.710 S1C4T1 Fl. 457 5 O referido entendimento da DRJ foi manifestado no seguinte trecho da decisão recorrida: Ademais, cabe observar o que prevê a legislação tributária quanto à restituição e compensação de créditos da pessoa jurídica, apurados em declaração de rendimentos e objeto de restituição automática. Notese que a Lei n° 8.383/1991, em seu artigo 66, ao permitir a compensação de tributos e contribuições pagos indevidamente ou a maior, estabeleceu, no § 4° do citado dispositivo, que "O Departamento da Receita Federal e o Instituto Nacional do Seguro Social INSS expedirão as instruções necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo ". Ao conferir competência aos órgãos administrativos para dispor acerca de instruções para a referida compensação, o legislador visou equipálos de mecanismos necessários ao controle de tal prerrogativa, de forma a viabilizar o próprio instituto da compensação. A Secretaria da Receita Federal, atendendo ao disposto na lei, regulamentou a compensação de tributos e contribuições de sua competência, por meio da Instrução Normativa (IN SRF) n° 67/1992, que, em seu artigo 9º assim estabelece: "Art. 9° Os créditos relativos ao imposto de renda das pessoas físicas e jurídicas, apurados em declaração e objeto de restituição automática por processamento eletrônico, não serão compensáveis, permanecendo sujeitos às normas previstas na legislação de regência" (destaques da transcrição). Nesse contexto, cabe ressaltar que incumbe ao julgador das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento, nos termos do artigo 7º da Portaria MF no 58/2006, observar o entendimento da Receita Federal expresso em atos normativos. Assim, a restituição dos créditos apurados nas declarações de rendimentos da pessoa jurídica, correspondentes aos períodos encerrados até 31/12/1991, permaneceu regida pelo disposto na Lei n° 7.799/1989, em seus artigos 72 e 73, e pela IN n° 38/1992, e seria efetuada por intermédio da rede arrecadadora ou, excepcionalmente, diretamente pelo Tesouro Nacional, mediante a emissão de cheque ou ordem bancária a favor do contribuinte. Desse modo, o crédito do sujeito passivo apurado na declaração de rendimentos relativa ao anobase de 1991 não poderia ser objeto de pedido de restituição, cumulado com pedido de compensação, por meio de processo administrativo. A partir do anocalendário de 1992, deixou de existir a restituição automática de créditos apurados nas declarações de rendimentos da pessoa jurídica, passando a ser permitida, por iniciativa do próprio contribuinte, a compensação de seus créditos com tributos e contribuições da mesma espécie relativos a períodos subseqüentes, facultada a opção pelo pedido de restituição, de acordo com o artigo 1º, caput, da IN RF no 67/1992, a seguir reproduzido: "Art. 1º A partir de 1º de janeiro de 1992, os contribuintes pessoas físicas e jurídicas, com direito à restituição de Fl. 457DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 13811.001554/9944 Acórdão n.º 1401001.710 S1C4T1 Fl. 458 6 tributos e contribuições federais por recolhimento ou pagamento indevido ou a maior, poderão compensar esses valores no recolhimento ou pagamento de tributos e contribuições apurados em períodos subseqüentes, nos termos desta Instrução Normativa, facultada a opção pelo pedido de restituição em processo específico ". Destarte, correto o entendimento da instância a quo, no sentido de que não havia previsão legal para o pedido formulado no que toca ao crédito apurado no ano de 1991. No que diz respeito ao entendimento da unidade de origem, há que se lembrar que a questão dos prazos extintivos para a repetição do indébito, não obstante as divergências doutrinárias acerca da sua natureza (decadencial ou prescritiva), são matéria de ordem pública. Portanto, mesmo que não suscitada pela recorrente, em razão de ter entendido que a totalidade do seu crédito auferido no anocalendário de 1994 teria sido acatado, essa questão deve ser invocada de ofício. Nesse sentido, não se deve concordar também com a extinção do direito aos créditos atinentes aos valores de IRRF e IRPJ dos meses de janeiro a maio de 1994. Pelo exposto, oriento meu voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a extinção do direito aos créditos atinentes ao período de janeiro de 1992 a maio de 1994 e determinar que a unidade de origem analise a parcela correspondente do direito creditório reivindicado. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio Relator Fl. 458DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO
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Numero do processo: 10935.000214/2003-40
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3201-002.260
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo, que davam provimento integral ao recurso voluntário. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o advogado Marcio Rodrigo Frizzo. OAB/PR 33.150.
(assinado digitalmente)
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Ausência justificada de Charles Mayer de Castro Souza.
Nome do relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO ESPECIAL 993.164. DECISÃO PROFERIDA PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. REGIME DE RECURSOS REPETITIVOS. APLICAÇÃO. As decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em Regime de Recursos Repetitivos, sistemática prevista no artigo 543C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização de Crédito Presumido do IPI descaracteriza referido crédito como escritural, exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco. No caso concreto, aplicase a correção monetária até a ciência do primeiro despacho decisório; a partir de então, não houve oposição à concessão do valor reconhecido.Recurso ao qual se dá provimento parcial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo, que davam provimento integral ao recurso voluntário. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o advogado Marcio Rodrigo Frizzo. OAB/PR 33.150. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 02 14 /2 00 3- 40 Fl. 2069DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 3/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAI S PEREIRA 2 WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Ausência justificada de Charles Mayer de Castro Souza. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho de Contribuintes, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Tratase de pedido de ressarcimento (fl. 04) de crédito presumido de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de que trata a Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, e a Portaria MF nº 38, de 27 de fevereiro de 1997, formalizado em 30/12/2002 e no montante de R$ 313.740,13, respeitante ao 4º trimestrecalendário de 1998, cumulado com as Declarações de Compensação (PER/DCOMP) às fls. 1482/1483, com débitos no total de R$ 108.400,40. Pelo Despacho Decisório nº 025/2007 (fls. 1507/1514), a DRFB em Cascavel/PR deferiu parcialmente o pleito, tendo sido glosadas as parcelas relativas às compras de pessoas físicas e cooperativas não contribuintes do PIS e da COFINS, às exportações de soja após limpeza e secagem e à atualização monetária pela SELIC do total requerido. O reconhecimento parcial do pedido de ressarcimento foi de R$ 25.839,54. Na manifestação de inconformidade (fls. 1524/1556), apresentada em 07/08/2007, foram alegadas ilegalidade e inconstitucionalidade de atos administrativos que restringem o benefício concedido pela lei, sendo que não importaria a origem dos insumos utilizados, pois todos que ingressassem na empresa com fins de exportação comporiam a base de cálculo do crédito presumido, sobre o qual inclusive incidiria a correção monetária, conforme julgados administrativos e judiciais mencionados. Neste ínterim, a interessada ajuizou o Mandado de Segurança nº 2007.70.05.0037088 pleiteando a inclusão das aquisições de pessoas físicas e cooperativas no cálculo do benefício, sendo que, antes que esta instância administrativa se pronunciasse, logrou obter o pedido deduzido no Agravo de Instrumento nº 2007.04.00.0321455/PR, que determinou o recálculo do crédito presumido com a inclusão das controvertidas aquisições. Fl. 2070DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 3/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAI S PEREIRA Processo nº 10935.000214/200340 Acórdão n.º 3201002.260 S3C2T1 Fl. 2.070 3 Assim, em 20/05/2008, foi proferido o Despacho Decisório nº 92/2008 (fls. 1514/1519) com o reconhecimento da parcela em questão do crédito presumido e a homologação total da Declaração de Compensação vinculada ao pedido de ressarcimento. Contudo, a requerente apresentou, em 08/07/2008, nova manifestação de inconformidade (fls. 1540/1547) com a alegação de que este processo não poderia seguir para arquivo, na medida em que não foram apreciadas no âmbito do contencioso administrativo de primeira instância as alegações relativas à inclusão na base de cálculo do crédito presumido das exportações de soja após limpeza e secagem e a atualização monetária, à taxa SELIC, do total requerido. Em 16/10/2008, foi proferido o Despacho Decisório nº 316/2008 (fl. 1649), com a homologação total das Declarações de Compensação, por força de decisão judicial nos autos do Agravo de Instrumento nº 2008.04.00.0010727 e conforme memorando à fl. 1640. Veio então a manifestação de inconformidade de 09/06/2009 (fls. 1678/1688) em relação a diversos processos atinentes a ressarcimento, inclusive este, com o pedido para apreciação de todos os recursos voluntários interpostos, sob pena de ofensa a direito líquido e certo. O Acórdão DRJ/RPO nº 1433.650 (fls. 1703/1707) foi prolatado em 11/05/2011, com o julgamento de improcedência da manifestação de inconformidade e o nãoreconhecimento do direito creditório. Em conseqüência, foi interposto em 27/07/2011 o recurso voluntário às fls. 1714/1775). Sobreviera, antes, o Acórdão (fls. 1795/1803), de 29/06/2011 (publicação em 07/07/2011) nos autos da Apelação Cível nº 2007.70.05.0037088/PR. Em 09/04/2013, no Despacho Decisório nº 197/2013 (fls. 1810/1815) foi decidido o seguinte: “a) Manter inalterado o reconhecimento PARCIAL do direito creditório constante do Despacho Decisório nº 025/2007, no VALOR de R$ 25.839,54 (vinte e cinco mil, oitocentos e trinta e nove reais e cinquenta e quatro centavos), relativo ao Crédito Presumido do IPI sobre as aquisições de insumos junto a contribuintes e utilizados no processo produtivo destinado a exportação; b) Manter inalterado o reconhecimento PARCIAL do direito creditório constante do Despacho Decisório nº 095/2008, no VALOR de R$ 148.096,07 (cento e quarenta e oito mil, noventa e seis reais e sete centavos), relativo ao Crédito Presumido do IPI sobre as aquisições de insumos junto a não contribuintes e utilizados no processo produtivo destinado a exportação; c) Manter a homologação das compensações declaradas pelo contribuinte e vinculadas ao presente pleito até o limite do valor do crédito reconhecido; d) Pela inconsistência apontada impõese a necessidade de revisão do despacho que Fl. 2071DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 3/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAI S PEREIRA 4 promoveu a compensação de ofício sob nº 316/2008 (fls. 1649), com o imediato cancelamento das compensações procedidas de ofício no presente processo, e que em ato contínuo, seja efetivada nova proposição de compensação de ofício, com observância as normas e rito processual e notificação prévia ao interessado; e) Atendendo determinação judicial, demonstrar o calculo da correção pela taxa SELIC, sobre a parcela do crédito indicada no “item B” acima, não reconhecida inicialmente pelo Fisco por restrição administrativa (IN 419, de 10/05/04, art. 2º, §2º), tendo como data inicial da contagem o dia 30/12/2002 (data da formalização do pleito) e como data final o mês anterior ao da efetivação da compensação ou ressarcimento em espécie e de 1% relativamente ao mês em curso que ocorrer o evento (art. 39, §4º, da Lei 9.250/95)”. (grifos do original) Depois da ciência em 07/05/2013 (AR à fl. 1844), foi oposta a manifestação de inconformidade (fls. 1870/1881), em 06/06/2013, firmada pelo representante legal da pessoa jurídica, qualificado na cópia de alteração de contrato social (fls. 1883/1890). Primeiramente, é defendida a tempestividade da manifestação de inconformidade. Em segundo lugar, sustenta que a taxa Selic deve incidir sobre todo o direito creditório requisitado, desde o início do procedimento, conforme doutrina aduzida, não somente sobre o montante de R$ 148.096,07, inicialmente indeferido por se tratar de aquisições de insumos de não contribuintes; do contrário, tratase locupletamento indevido do Fisco: decorreram dez anos do protocolo do pedido de compensação de créditos e débitos até a apreciação conclusiva pela Receita Federal, tendo sido corrigidos monetariamente somente os débitos; a atualização monetária deve incidir sobre todos créditos, inclusive os créditos homologados, e não apenas sobre os créditos não homologados no início do procedimento. Outrossim, denuncia dupla compensação de mesmo débito: R$ 17.768,83, com vencimento em 13/02/2004, relativo à DCOMP nº 10935.000593/2004 92, fl. 1518. Tratase de erro que pode ser sanado, conforme o PAF, art. 32. Por fim, requer que seja conhecida e provida integralmente a manifestação de inconformidade e homologadas as declarações de compensação, e, especialmente, que seja determinada a correção monetária pela Selic, até a data de encerramento da análise do processo administrativo de compensação de créditos e débitos, do direito creditório inicialmente homologado pela autoridade fiscal, à semelhança do que foi apenas reconhecido judicialmente; além disso, que seja anulada a dupla compensação de mesmo débito. O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão 1443.697 de 07/08/2013, proferida pelos membros da 12ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, cuja ementa dispõe, verbis: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/10/1998 a 31/12/1998 Fl. 2072DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 3/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAI S PEREIRA Processo nº 10935.000214/200340 Acórdão n.º 3201002.260 S3C2T1 Fl. 2.071 5 CRÉDITOS ESCRITURAIS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA PELA VARIAÇÃO DA TAXA SELIC. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. É incabível, por ausência de base legal, a atualização monetária de créditos escriturais do imposto, passíveis de ressarcimento, pela incidência da taxa Selic. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Discordando da decisão de primeira instância, a recorrente interpôs recurso voluntário, instruído com diversos documentos, cujo teor é sintetizado a seguir. Após relatar os fatos, no mérito sustenta que no se refere à incidência da SELIC sobre os créditos requeridos pela Recorrente, a matéria reassumiu a importância a partir do Despacho Decisório n. 197/2013, que entendeu que a SELIC somente deveria incidir sobre a parcela reconhecida judicialmente. Esclarece que a decisão guerreada conflita com a legislação aplicável ao caso. Isto porque é obrigatório que os débitos do contribuinte com o Fisco sejam ser atualizados pela SELIC, nos termos da Lei n. 9.065/95, art. 13. Pontua que o Supremo Tribunal Federal declarou que a taxa SELIC também deve ser aplicada nos casos de repetição de indébito. Recordese que o "direito de crédito" é um fenômeno inerente à incidência da lei tributária, de modo que a utilização pelo contribuinte dos créditos que a legislação lhe concede situase em momento temporal que (i) sucede o fato gerador do direito de crédito e (ii) que antecede a extinção do débito que se pretende ver compensado. Destaca que o PERDCOMP da Recorrente foi transmitido há mais de 10 (dez) anos. Desse modo, por culpa exclusivamente ao Fisco, o procedimento ainda não teve fim. Aliás, é importante destacar que, em meados de 2013, a DRJ reconheceu nova irregularidade nos procedimentos administrativos destes autos: compensação de ofício sem a prévia ciência da Recorrente, consoante determinava o art. 45 da IN RFB 900/08 (atual art. 61 da IN RFB 1300/2012). De outro lado, argumenta que o temse que o débito de valor R$ 17.768,63 vencido em 13/02/2004) apontado na DCOMP nº 10935.000593/200492 foi compensado em duplicidade. Vale dizer, foi compensado com os créditos originalmente reconhecidos pelo AFRFB e, após a decisão judicial, o mesmo débito foi novamente compensado com os créditos complementares. Insiste que o mesmo débito foi compensado em duplicidade: (i) com primeiro, com os créditos homologado no início do procedimento; (ii) após, com os créditos reconhecidos por força da decisão judicial. Fl. 2073DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 3/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAI S PEREIRA 6 Por fim requer que seu recurso seja conhecido e julgado para: determinar que a correção monetária pela Selic do crédito da Recorrente que foi inicialmente homologado pelo AFRFB, à semelhança do que apenas foi reconhecido via judicialmente até a data em que se encerrar a análise do processo administrativo de compensação de créditos e débitos; anular a dupla compensação do débito com vencimento em 13/02/2004 (cód. 2172), tendo em vista que este foi compensado com os créditos inicialmente ressarcidos e, novamente, com os créditos ressarcidos por força de decisão judicial. Através da Resolução de n° 3801000935, de 19/03/2015, foi convertido os autos em diligência para que: De início constatase que não é possível delimitar o litígio. Como relatado, este processo tem uma situação atípica. A tramitação processual foi conturbada em face dos três despachos decisórios, respectivas manifestações de inconformidade, duas decisões da DRJ e dois recursos voluntários. Reconhecese que os despachos decisórios foram complementares, todavia o litígio não ficou demarcado a partir da última decisão da DRJ. Entendese,a princípio, que a recorrente deveria em seu último recurso voluntário reafirmar as teses de seu primeiro recurso o. A simples menção a sua interposição não é suficiente para a apreciação de todas as alegações porque algumas perderam o seu objeto. De sorte que no primeiro recurso a recorrente questiona diversas matérias, enquanto no segundo recurso voluntário, a recorrente simplesmente reiterou de forma genérica as alegações do primeiro recurso e se insurgiu especificamente em relação à incidência da correção monetária pela Selic sobre a totalidade do crédito presumido da recorrente. Ocorre, todavia, que diversas matérias foram objeto de provimento pela primeira decisão a quo. Assim sendo, a reiteração genérica no segundo recurso voluntário inviabiliza a delimitação precisa das matérias ainda em litígio. Por outro lado, o não conhecimento do primeiro recurso voluntário implicaria em ofensa ao amplo direito de defesa. No caso vertente, em atenção ao princípio constitucional da ampla defesa e a fim de se evitar a caracterização da preterição do direito de defesa da interessada, a medida que se impõe é a intimação da recorrente para que consolide em uma única peça recursal devidamente fundamentada as matérias que ainda tem interesse em recorrer. Ante ao exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a Delegacia de origem intime a interessada para que consolide em uma única peça recursal as matérias que ainda tem interesse em agir no prazo de 30 (trinta) dias. Em sede de nova apresentação do recurso voluntário, como demandado pela Resolução acima, a recorrente narra os fatos, bem como, repisa todos os argumentos trazidos Fl. 2074DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 3/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAI S PEREIRA Processo nº 10935.000214/200340 Acórdão n.º 3201002.260 S3C2T1 Fl. 2.072 7 anteriormente dos citados recursos voluntários e peças de defesa apresentados (em 29/05/2015, às efls. 19782017). Não obstante apresentação da peça acima, a recorrente trouxe, em 27/11/2015, na forma de memoriais, na forma escrita, quando a mesma sintetiza, creio eu, o seu pleitode atualização monetária sobre todo o crédito do IPI, objeto do pedido de ressarcimento. Foi convertido o processo em diligência, através de Resolução complementar, de n° 3201000663. Apresentou o recurso voluntário, de forma demandada, onde ressalta o seu inconformismo pela a não aplicação da taxa Selic, na totalidade, desde o pedido, nos termos: Com base nas razões acima expostas, nos exatos termos da jurisprudência deste Conselho, bem como dos Tribunais Superiores, pugnase pelo provimento do Recurso Voluntário para determinar a incidência da atualização via TAXA SELIC dos pedidos de ressarcimento a partir da data do protocolo dos mesmos, sendo: a) DETERMINAR a correção pela Selic da primeira parcela de crédito reconhecida – quase 05 (cinco) anos após ao pedido de ressarcimento – desde o protocolo da Per/Dcomp até seu efetivo ressarcimento em moeda corrente ou compensação, nos termos expostos no item III.I.; b) DETERMINAR a Correção pela Selic do valor previsto no item “a” até seu ressarcimento ou utilização em compensação, uma vez que já deveria ter sido deferida no primeiro despacho decisório, nos termos expostos no item III.II. O processo digitalizado foi redistribuído e encaminhado a esta Conselheira para prosseguimento, de forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM O recurso voluntário é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, razão por que dele tomo conhecimento. Versa o pedido de ressarcimento de crédito presumido de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de que trata a Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, e a Portaria MF nº 38, de 27 de fevereiro de 1997, em 30/12/2002 e no montante de R$ 313.740,13, respeitante ao 4º trimestrecalendário de 1998, cumulado com as Declarações de Compensação (PER/DCOMP) às fls. 1482/1483 , com débitos no total de R$ 108.400,40. É prudente revisar as etapas dos autos, como já relatado, tendo em vista, diversos despachos decisórios, bem como manifestações de inconformidade, duas decisões Fl. 2075DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 3/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAI S PEREIRA 8 DRJ, bem como diversos recursos voluntários, o que redundou nas Resoluções acima, para que a recorrente delimitasse o seu pleito, o que foi finalmente posto. Transcrevo parte do relatório: Pelo Despacho Decisório nº 025/2007 (fls. 1507/1514), a DRFB em Cascavel/PR deferiu parcialmente o pleito, tendo sido glosadas as parcelas relativas às compras de pessoas físicas e cooperativas não contribuintes do PIS e da COFINS, às exportações de soja após limpeza e secagem e à atualização monetária pela SELIC do total requerido. O reconhecimento parcial do pedido de ressarcimento foi de R$ 25.839,54. Na manifestação de inconformidade (fls. 1524/1556), apresentada em 07/08/2007, foram alegadas ilegalidade e inconstitucionalidade de atos administrativos que restringem o benefício concedido pela lei, sendo que não importaria a origem dos insumos utilizados, pois todos que ingressassem na empresa com fins de exportação comporiam a base de cálculo do crédito presumido, sobre o qual inclusive incidiria a correção monetária, conforme julgados administrativos e judiciais mencionados. Neste ínterim, a interessada ajuizou o Mandado de Segurança nº 2007.70.05.0037088 pleiteando a inclusão das aquisições de pessoas físicas e cooperativas no cálculo do benefício, sendo que, antes que esta instância administrativa se pronunciasse, logrou obter o pedido deduzido no Agravo de Instrumento nº 2007.04.00.0321455/PR, que determinou o recálculo do crédito presumido com a inclusão das controvertidas aquisições. Assim, em 20/05/2008, foi proferido o Despacho Decisório nº 92/2008 (fls. 1514/1519) com o reconhecimento da parcela em questão do crédito presumido e a homologação total da Declaração de Compensação vinculada ao pedido de ressarcimento. Contudo, a requerente apresentou, em 08/07/2008, nova manifestação de inconformidade (fls. 1540/1547) com a alegação de que este processo não poderia seguir para arquivo, na medida em que não foram apreciadas no âmbito do contencioso administrativo de primeira instância as alegações relativas à inclusão na base de cálculo do crédito presumido das exportações de soja após limpeza e secagem e a atualização monetária, à taxa SELIC, do total requerido. Em 16/10/2008, foi proferido o Despacho Decisório nº 316/2008 (fl. 1649), com a homologação total das Declarações de Compensação, por força de decisão judicial nos autos do Agravo de Instrumento nº 2008.04.00.0010727 e conforme memorando à fl. 1640. Veio então a manifestação de inconformidade de 09/06/2009 (fls. 1678/1688) em relação a diversos processos atinentes a ressarcimento, inclusive este, com o pedido para apreciação de todos os recursos voluntários interpostos, sob pena de ofensa a direito líquido e certo. O Acórdão DRJ/RPO nº 1433.650 (fls. 1703/1707) foi prolatado em 11/05/2011, com o julgamento de improcedência da manifestação de inconformidade e o nãoreconhecimento do direito creditório. Fl. 2076DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 3/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAI S PEREIRA Processo nº 10935.000214/200340 Acórdão n.º 3201002.260 S3C2T1 Fl. 2.073 9 Em conseqüência, foi interposto em 27/07/2011 o recurso voluntário às fls. 1714/1775). Sobreviera, antes, o Acórdão (fls. 1795/1803), de 29/06/2011 (publicação em 07/07/2011) nos autos da Apelação Cível nº 2007.70.05.0037088/PR. Em 09/04/2013, no Despacho Decisório nº 197/2013 (fls. 1810/1815) foi decidido o seguinte: “a) Manter inalterado o reconhecimento PARCIAL do direito creditório constante do Despacho Decisório nº 025/2007, no VALOR de R$ 25.839,54 (vinte e cinco mil, oitocentos e trinta e nove reais e cinquenta e quatro centavos), relativo ao Crédito Presumido do IPI sobre as aquisições de insumos junto a contribuintes e utilizados no processo produtivo destinado a exportação; b) Manter inalterado o reconhecimento PARCIAL do direito creditório constante do Despacho Decisório nº 095/2008, no VALOR de R$ 148.096,07 (cento e quarenta e oito mil, noventa e seis reais e sete centavos), relativo ao Crédito Presumido do IPI sobre as aquisições de insumos junto a não contribuintes e utilizados no processo produtivo destinado a exportação; c) Manter a homologação das compensações declaradas pelo contribuinte e vinculadas ao presente pleito até o limite do valor do crédito reconhecido; d) Pela inconsistência apontada impõese a necessidade de revisão do despacho que promoveu a compensação de ofício sob nº 316/2008 (fls. 1649), com o imediato cancelamento das compensações procedidas de ofício no presente processo, e que em ato contínuo, seja efetivada nova proposição de compensação de ofício, com observância as normas e rito processual e notificação prévia ao interessado; e) Atendendo determinação judicial, demonstrar o calculo da correção pela taxa SELIC, sobre a parcela do crédito indicada no “item B” acima, não reconhecida inicialmente pelo Fisco por restrição administrativa (IN 419, de 10/05/04, art. 2º, §2º), tendo como data inicial da contagem o dia 30/12/2002 (data da formalização do pleito) e como data final o mês anterior ao da efetivação da compensação ou ressarcimento em espécie e de 1% relativamente ao mês em curso que ocorrer o evento (art. 39, §4º, da Lei 9.250/95)”. (grifos do original) Então ao caso, restringese o pleito em relação à aplicação ou não da taxa Selic, da parte deferida inicialmente no valor de R$ 25.839,54. , conforme Despacho Decisório de nº 25/2007, e não sobre o que já foi decidido sobre a taxa Selic, ou seja, taxa Selic incide sobre parcela reconhecida judicialmente. Consta o Despacho Decisório nº 025/2007, onde foi deferido parcialmente o pleito, tendo sido glosadas as parcelas relativas às compras de pessoas físicas e cooperativas não contribuintes do PIS e da COFINS, às exportações de soja após limpeza e secagem e à atualização monetária pela SELIC do total requerido. O reconhecimento parcial do pedido de ressarcimento foi de R$ 25.839,54. Então, no que diz respeito à correção monetária, por força do disposto no artigo 62A do Regimento Interno deste Conselho, aplicase a decisão tomada no Recurso Fl. 2077DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 3/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAI S PEREIRA 10 Especial nº 993.164, do Superior Tribunal de Justiça, decidido em Regime de Recursos Repetitivos. Para maior clareza, transcrevoo a seguir. RECURSO ESPECIAL Nº 993.164 MG (2007/02311873) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF. OBSERVÂNCIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA (ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO). CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC. INOCORRÊNCIA. 1. O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia ter sua aplicação restringida por força da Instrução Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode inovar no ordenamento jurídico, subordinandose aos limites do texto legal. 2. A Lei 9.363/96 instituiu crédito presumido de IPI para ressarcimento do valor do PIS/PASEP e COFINS, ao dispor que: "Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados , como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo . Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica se, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior." 3. O artigo 6º, do aludido diploma legal, determina, ainda, que "o Ministro de Estado da Fazenda expedirá as instruções necessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, inclusive quanto aos requisitos e periodicidade para apuração e para fruição do crédito presumido e respectivo ressarcimento, à definição de receita de exportação e aos documentos fiscais comprobatórios dos lançamentos, a esse título, efetuados pelo produtor exportador". 4. O Ministro de Estado da Fazenda, no uso de suas atribuições, expediu a Portaria 38/97, dispondo sobre o cálculo e a utilização do crédito presumido instituído pela Lei 9.363/96 e autorizando o Secretário da Receita Federal a expedir normas complementares necessárias à implementação da aludida portaria (artigo 12). 5. Nesse segmento, o Secretário da Receita Federal expediu a Instrução Normativa 23/97 (revogada, sem interrupção de sua força normativa, pela Instrução Normativa 313/2003, também revogada, nos mesmos termos, pela Instrução Normativa 419/2004), assim preceituando: "Art. 2º Fará jus ao crédito presumido a que se refere o artigo anterior a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. § 1º O direito ao crédito presumido aplicase inclusive: I Quando o produto fabricado goze do benefício da alíquota zero; II nas vendas a empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação. § 2º O crédito presumido relativo a produtos oriundos da atividade rural, conforme definida no art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990, utilizados como matériaprima, produto intermediário ou embalagem, na produção Fl. 2078DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 3/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAI S PEREIRA Processo nº 10935.000214/200340 Acórdão n.º 3201002.260 S3C2T1 Fl. 2.074 11 bens exportados, será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições, efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas às contribuições PIS/PASEP e COFINS ." 6. Com efeito, o § 2º, do artigo 2º, da Instrução Normativa SRF 23/97, restringiu a dedução do crédito presumido do IPI (instituído pela Lei 9.363/96), no que concerne às empresas produtoras e exportadoras de produtos oriundos de atividade rural, às aquisições, no mercado interno, efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas às contribuições destinadas ao PIS/PASEP e à COFINS. 7. Como de sabença, a validade das instruções normativas (atos normativos secundários) pressupõe a estrita observância dos limites impostos pelos atos normativos primários a que se subordinam (leis, tratados, convenções internacionais, etc.), sendo certo que, se vierem a positivar em seu texto uma exegese que possa irromper a hierarquia normativa sobrejacente, viciarseão de ilegalidade e não de inconstitucionalidade (Precedentes do Supremo Tribunal Federal: ADI 531 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 11.12.1991, DJ 03.04.1992; e ADI 365 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 07.11.1990, DJ 15.03.1991). 8. Conseqüentemente, sobressai a "ilegalidade" da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS (Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp 849287/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 19.08.2010, DJe 28.09.2010; AgRg no REsp 913433/ES, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 04.06.2009, DJe 25.06.2009; REsp 1109034/PR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 16.04.2009, DJe 06.05.2009; REsp 1008021/CE, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 01.04.2008, DJe 11.04.2008; REsp 767.617/CE, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 12.12.2006, DJ 15.02.2007; REsp 617733/CE, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 03.08.2006, DJ 24.08.2006; e REsp 586392/RN, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19.10.2004, DJ 06.12.2004). 9. É que: (i) "a COFINS e o PIS oneram em cascata o produto rural e, por isso, estão embutidos no valor do produto final adquirido pelo produtorexportador, mesmo não havendo incidência na sua última aquisição" ; (ii) "o Decreto 2.367/98 Regulamento do IPI , posterior à Lei 9.363/96, não fez restrição às aquisições de produtos rurais" ; e (iii) "a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes" (REsp 586392/RN). 10. A Súmula Vinculante 10/STF cristalizou o entendimento de que: "Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte." 11. Entrementes, é certo que a exigência de observância à cláusula de reserva de plenário não abrange os atos normativos secundários do Poder Público, uma vez não estabelecido confronto direto com a Constituição, razão pela qual inaplicável a Súmula Vinculante 10/STF à espécie. 12. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da nãocumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Fl. 2079DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 3/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAI S PEREIRA 12 Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). 13. A Tabela Única aprovada pela Primeira Seção (que agrega o Manual de Cálculos da Justiça Federal e a jurisprudência do STJ) autoriza a aplicação da Taxa SELIC (a partir de janeiro de 1996) na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco (REsp 1150188/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010). 14. Outrossim, a apontada ofensa ao artigo 535, do CPC, não restou configurada, uma vez que o acórdão recorrido pronunciouse de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Salientese, ademais, que o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão, como de fato ocorreu na hipótese dos autos. 15. Recurso especial da empresa provido para reconhecer a incidência de correção monetária e a aplicação da Taxa Selic. 16. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. 17. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Pelo exposto, fica autorizada, portanto, a incidência de correção monetária pela Taxa Selic no caso de pedidos baseados no benefício instituído pela Lei 9.363/96. Quanto a isso, imperioso delimitar o prazo de que a correção monetária é devida desde a oposição do Órgão estatal, impedindo a utilização do direito ao crédito. No caso concreto, ao meu ver, já não houve mais oposição à concessão do valor ora reconhecido quando do primeiro Despacho Decisório (25/2007). De fato, houve, posteriormente à emissão do despacho primeiro, demora, inclusive na apreciação de outros pleitos, tempo decorrido por conta das duas outras intimações, para trazer aos autos, documentos e prestar esclarecimentos e vários outros trâmites processuais; no entanto, o direito ao crédito do primeiro despacho já se encontrava disponível para sua utilização. Mesmo entendimento exemplificativo quanto à aplicação da taxa Selic em relação à delimitação do prazo, conforme se traduz na ementa do acórdão de nº 3102002.412, de 20/03/2015, processo 10280.005329/200615, de relatoria de Ricardo Rosa que transcrevo a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 CRÉDITO PRESUMIDO. PEDIDO ORIGINAL. EXCEDENTE APURADO PELA FISCALIZAÇÃO. CONCESSÃO. POSSIBILIDADE. PRAZO. PRESCRIÇÃO. Deve ser reconhecido o direito ao crédito não requerido originalmente no pedido de ressarcimento apresentado pelo contribuinte, mas apurado pela Fiscalização Federal na análise do pleito. Prescreve em cinco anos o direito de constituir o pedido de reconhecimento do crédito escriturado, na forma especificada pela Administração Tributária ou. Não sendo possível fazêlo na forma prescrita, atribuise o mesmo efeito à manifestação expressa apresentada pelo contribuinte no curso do procedimento. Fl. 2080DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 3/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAI S PEREIRA Processo nº 10935.000214/200340 Acórdão n.º 3201002.260 S3C2T1 Fl. 2.075 13 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO ESPECIAL 993.164. DECISÃO PROFERIDA PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. REGIME DE RECURSOS REPETITIVOS. APLICAÇÃO. As decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em Regime de Recursos Repetitivos, sistemática prevista no artigo 543C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização de Crédito Presumido do IPI descaracteriza referido crédito como escritural, exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Portanto, a oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização de Crédito Presumido do IPI descaracteriza referido crédito como escritural, exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco. No caso concreto, aplicase a correção monetária até a ciência do primeiro despacho decisório; a partir de então, não houve oposição à concessão do valor reconhecido. Por todo o exposto, dou provimento parcial ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Relator Fl. 2081DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 3/09/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAI S PEREIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10580.720966/2009-83
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DE VÍCIO MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE.
Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial.
IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA.
Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora.
Precedentes do STF e do STJ.
IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE.
Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se o regime de competência.
Recurso especial provido em parte.
Numero da decisão: 9202-004.053
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
EDITADO EM: 17/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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IMPOSSIBILIDADE. Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial. IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora. Precedentes do STF e do STJ. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose o regime de competência. Recurso especial provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 09 66 /2 00 9- 83 Fl. 260DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720966/200983 Acórdão n.º 9202004.053 CSRFT2 Fl. 23 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator EDITADO EM: 17/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10580.720254/200964. O presente Recurso Especial trata de pedido de Análise de Divergência motivado pelo Contribuinte, em face de Acórdão proferido em julgamento de recurso voluntário. Tratase de lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física dos exercícios 2005, 2006 e 2007, anoscalendário 2004, 2005, e 2006, em razão de a autoridade fiscal ter classificado como rendimentos tributáveis, valores declarados como isentos ou não tributáveis tal como informado pela Fonte Pagadora Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Referidos rendimentos correspondem a diferença entre a transformação de Cruzeiros Reais para Unidade Real de Valor – URV, reconhecidas e pagas em 36 meses, de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Estadual nº 8.730/2003 do Estado da Bahia. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas Fl. 261DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720966/200983 Acórdão n.º 9202004.053 CSRFT2 Fl. 24 3 quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, consequentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. Foi interposta impugnação foi indeferida em sede de julgamento de primeira instância. O Contribuinte interpôs Recurso, ao qual foi dado parcial provimento ao recurso para tão somente excluir a multa de ofício. O Contribuinte apresentou Recurso Especial ao qual foi dado parcial seguimento, para reapreciação apenas da matéria questão da natureza indenizatória, ou não. Em reexame, o exame de admissibilidade foi confirmado pelo Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Apresentadas contrarrazões pela Fazenda Nacional, vieram os autos conclusos. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.026, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10580.720254/200964, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.026): Em primeiro lugar, não conheço da preliminar de nulidade do lançamento, por vício material, suscitada de ofício pela Sra. Conselheira relatora. Com efeito, esta matéria não tendo sido admitida em sede de recurso especial, não está em discussão e, portanto, dela não conheço. Além disso, apenas para fins de esclarecimento, registrese que não vejo qualquer nulidade no lançamento da forma que ele foi realizado. Com efeito, o lançamento foi realizado com base em dispositivo vigente, cuja interpretação não havia sido considerada à época inconstitucional. Portanto, não há que se falar em nulidade. Entrando, agora, no mérito propriamente dito, entendo que a verba recebida tem caráter remuneratório e, assim, deve ser tributada. Questão dessa natureza já foi trazida, em 03/03/2015, Fl. 262DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720966/200983 Acórdão n.º 9202004.053 CSRFT2 Fl. 25 4 à 2ª Turma desta Câmara Superior, no acórdão 9202003.585. Naquela ocasião, acompanhei o voto do relator Alexandre Naoki Nishioka, entendendo tratarse de verba de natureza remuneratória, e por isso peço vênia para adotar aqui os mesmos argumentos como razão de decidir, assim transcrevendoos: (...) Conforme dispõe o art. 2º da referida Lei, tais valores são relativos a “diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV”. Da leitura do artigo, denotase que o pagamento de tais valores deveuse à necessidade de manutenção do valor real do salário, de forma a corrigir erros anteriores no cálculo da conversão da moeda nacional. A lei estadual acima citada não buscou, por meio do pagamento das diferenças, a recomposição de um prejuízo, ou dano material, sofrido pelo contribuinte, mas a compensação em razão da ausência de oportuna correção no valor nominal do salário, verificada quando da alteração da moeda. Portanto, tais valores integram a remuneração percebida pelo contribuinte, constituindo parte integrante de seus vencimentos. Estáse diante, pois, de acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional, entendimento que fora inclusive salientado pelo acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA). Buscando reforçar o argumento, requereu o contribuinte a aplicação da Resolução n.º 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pelo contribuinte, ao contrário do que decidiu o acórdão recorrido. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2º e parágrafos da Lei n.º10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1º trouxe a forma de cálculo deste abono: “I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)”. A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde Fl. 263DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720966/200983 Acórdão n.º 9202004.053 CSRFT2 Fl. 26 5 se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.º 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. Assim, com base na argumentação exposta, sendo verbas remuneratórias as diferenças de URV recebidas, sobre elas incide imposto de renda da pessoa física. Todavia, cumpre verificar o quantum devido. Entendo que o tributo devido deva ser calculado de acordo com as tabelas vigentes à época em que seriam devidas as diferenças recebidas. Sobre o tema, cabe referir a discussão travada no processo 11040.001165/200591, com voto vencedor da lavra do conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, cujos fundamentos, abaixo reproduzidos, acompanho. Fl. 264DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720966/200983 Acórdão n.º 9202004.053 CSRFT2 Fl. 27 6 Verifico, a propósito, que a matéria em questão foi tratada recentemente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome ao julgado vinculante, noto que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do STJ acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, inicialmente, de se ressaltar que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei nº 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento constantes de efl. 12, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Fl. 265DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720966/200983 Acórdão n.º 9202004.053 CSRFT2 Fl. 28 7 Assim, com a devida vênia ao posicionamento do relator, entendo que, a esta altura, ao se esposar o posicionamento de exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do RE do contribuinte na matéria admitida, por darlhe provimento em parte, para determinar o cálculo do crédito tributário devido, considerando o regime de competência. Em face do acima exposto, voto no sentido de não conhecer da preliminar de nulidade por vício material suscitada, conheço do Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 266DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 11080.720533/2013-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
DEDUÇÃO DE DESPESAS COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. COMPROVAÇÃO. POSSIBILIDADE.
Comprovado pelo contribuinte que incorreu em despesas com pensão alimentícia decorrente de acordo homologado judicialmente, faz jus a dedução dessas despesas da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, nos termos do art. 8º, II, f, da Lei nº. 9.250/95.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2401-004.313
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário para, no mérito, dar-lhe provimento, nos termos do voto do relator.
André Luís Marsico Lombardi - Presidente
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: André Luís Marsico Lombardi, Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
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COMPROVAÇÃO. POSSIBILIDADE. Comprovado pelo contribuinte que incorreu em despesas com pensão alimentícia decorrente de acordo homologado judicialmente, faz jus a dedução dessas despesas da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, nos termos do art. 8º, II, f, da Lei nº. 9.250/95. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 05 33 /2 01 3- 16 Fl. 165DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário para, no mérito, darlhe provimento, nos termos do voto do relator. André Luís Marsico Lombardi Presidente Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: André Luís Marsico Lombardi, Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva e Rayd Santana Ferreira. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 11080.720533/201316 Acórdão n.º 2401004.313 S2C4T1 Fl. 166 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº. 1042.366 (fls. 52/54), proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre (DRJ/POA), que julgou improcedente a impugnação (fls. 01/02) do contribuinte, conforme ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. São dedutíveis as importâncias efetivamente pagas a título de alimentos ou pensões, inclusive a prestação de alimentos provisórios, em face de normas do Direito de Família ou as admissíveis pela Lei Civil nos estritos termos fixados na decisão ou acordo judicial, desde que devidamente comprovadas Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A Notificação de Lançamento nº. 2019/645378381145954 de fls. 05/10 exigiu do contribuinte o recolhimento do imposto de renda pessoa física –suplementar acrescido de multa de ofício e juros de mora no valor de R$ 16.153,95, calculados até 28/12/2012, em virtude da constatação de irregularidades na declaração de ajuste anual referente ao exercício de 2009, anocalendário de 2008. Foi procedida a glosa de despesas com pensão alimentícia judicial no valor de R$ 27.497,57 e despesas médicas no valor de R$ 500,00. Na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 06) a fiscalização informa a glosa de R$ 27.497,57 correspondente à Dedução Indevida de Pensão Alimentícia Judicial e/ou por Escritura Pública, nos seguintes termos: Fl. 167DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 4 Em sede de impugnação (fls. 02/07), o contribuinte trouxe ao presente processo administrativo os seguintes argumentos: a) O valor de R$ 27.497,57 referese a pagamento (s) efetuado(s) a título de pensão alimentícia. A prestação de alimentos provisionais, em decorrência de decisão judicial, acordo homologado judicialmente ou de escritura pública, no caso de divórcio consensual.; b) O empregador desconta mês a mês da remuneração os valores da pensão judicial em razão de acordo judicial; c) Que concorda com a infração de “Dedução Indevida de Despesas Médicas”. Para a DRJ/POA, a impugnação foi considerada improcedente, mantendo a glosa de R$ 27.497,57 de despesas com pensão alimentícia judicial, sob o fundamento de ausência de acordo homologado judicialmente ou escritura pública conforme requisitado pelo Termo de Intimação Fiscal 2009/536629948213712. Devidamente intimado do acórdão proferido pela DRJ/POA em 18/02/2013 (A.R. fl. 59) o contribuinte apresentou o seu recurso voluntário de fls. 60/64 em 19/03/2013, alegando, em síntese: a) Por equívoco, deixou de acompanhar a impugnação, cópias da integralidade do processo de separação judicial, bem como da medida cautelar (onde se deu a fixação da verba alimentar, a qual restou confirmada no feito principal. Por esta razão, apresenta a juntada das cópias integrais, tanto da medida cautelar quando da separação judicial. b) A exesposa do contribuinte, Carmen Virgínia do Carmo Martins, ajuizou em 24/10/1983, medida cautelar de separação de corpos, cumulada com pedido de guarda provisória e alimentos (processo n° 012/3081196), a qual tramitou perante o juízo da 4° Vara de Famílias e Sucessões do Foro Central da Comarca de Porto Alegre. Fl. 168DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 11080.720533/201316 Acórdão n.º 2401004.313 S2C4T1 Fl. 167 5 c) Naquele feito, foi prolatada decisão liminar, na qual foram arbitrados alimentos provisórios em favor da mulher e dos dois filhos do casal (Tiago e Luiza) em valor equivalente a um terço dos rendimentos do contribuinte, afora os descontos obrigatórios da Previdência Social, com descontos em folha de pagamentos da fonte empregadora do alimentante. (os documentos foram anexados) d) Desde a dada do deferimento da liminar que concedeu os alimentos a sua exmulher e filhos, vem o contribuinte, religiosamente, adimplindo com a obrigação alimentar, descontada em folha pelo empregador. e) É indevida a glosa, porquanto a dedução do contribuinte foi embasada na decisão judicial que fixou os alimentos, com previsão expressa na Lei n° 7.713/1988, que determina serem dedutíveis as importâncias efetivamente pagas a título de alimentos e pensões, inclusive a prestação de alimentos provisórios, nos estritos termos fixados na decisão ou acordo judicial, desde que devidamente comprovadas. f) No que tange às despesas médicas,, o recorrente alega já ter efetivado o recolhimento dos valores devidos em 28 de fevereiro do ano corrente, juntamente com outros valores que foram glosados a título de despesas com dependentes e reconhecidos como devidos, conforme prova o DARF por ele anexada. É o relatório. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 6 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato – Relator Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Mérito Preliminar Inicialmente, não conheço da glosa de despesas médicas, eis que o contribuinte não impugnou a matéria, inclusive concordando com a cobrança na Impugnação apresentada. Dedução de Despesa com Pensão Alimentícia Judicial O recorrente pleiteia a exclusão da glosa sobre o valor de R$ 27.497,57, sob a alegação de que a verba alimentar, na medida em que fixada a favor da mulher e dos filhos possuía natureza intuito familie, tendo sido sempre recebida por Carmem Virgínia Gonçalves do Carmo, a quem compete oferecer a tributação perante a Receita Federal. A DRJ/POA apenas não reconheceu as despesas de pensão alimentícia por não constar nos autos cópia do procedimento cautelar que fixou os beneficiários dos alimentos. Diante da falta deste documento, reforçou o procedimento adotado pela fiscalização ao proceder a glosa da despesa, sob o fundamento de que não foi possível identificar os beneficiários. Como o contribuinte apresenta em seu Recurso Voluntário a íntegra do processo de separação judicial (, no qual consta, por sua vez, a citação da medida cautelar em que foi fixada verba alimentar Judicial (fl. 69/153), acabou por cumprir, anexando tais documentos, a exigência da fiscalização. E tal fato se verifica ante a análise de intimação do Juiz de Direito da 04° Vara de Família e Sucessões de Porto Alegre, vejamos (fl. 125): Fl. 170DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 11080.720533/201316 Acórdão n.º 2401004.313 S2C4T1 Fl. 168 7 Como se vê, de fato foi concedida a medida cautelar que fixou a verba alimentar, a qual restou confirmada no feito principal, no valor referente a um terço dos rendimentos do ora recorrente. Foi possível, através da análise dos documentos em anexo, comprovar a veracidade das alegações feitas pelo contribuinte, eis que no Processo n° 012/3081196(Medida Cautelar de separação de corpos, cumulada com pedido de guarda provisória e alimentos) a qual tramitou perante o juízo da comarca de Porto Alegre, foram arbitrados alimentos provisórios em favor da ex mulher e dos dois filhos do casal(fl. 148/150) Nesse caso, com a conjugação das provas trazidas ao processo administrativo fiscal (acordo do divórcio homologado judicialmente e cópia do procedimento cautelar que fixou os beneficiários dos alimentos) não restam dúvidas que o recorrente arcou com essa despesa e, por este motivo, deduziu do seu imposto de renda devida ante a permissão legal do art. 8º, II, “f”, da Lei nº. 9.250/95: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais; Assim, restou claro que o pagamento glosado indevidamente é “importância paga a título de pensão alimentícia”, conforme acordado entre o Sr.Domingos Martins Sobrinho, ora recorrente, e sua exesposa Carmem Virgínia Gonçalves do Carmo, conforme Termo de Divórcio de fls. 19/20. Fl. 171DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 8 O fato da alimentanda/beneficiária não ter informado o referido montante em sua declaração de ajuste anual não pode implicar em penalidade ao recorrente que, cumprindo fielmente com suas obrigações, realizou o pagamento a qual estava obrigado por força de acordo firmado judicialmente. Assim, o recurso voluntário merece provimento para afastar da glosa a título de “Dedução Indevida de Pensão Alimentícia Judicial” o montante de R$ 27.497,57 No que tange às despesas com dependentes, o recorrente juntou o efetivo recolhimento dos valores devidos em 28 de fevereiro do ano corrente, juntamente com outros valores que foram glosados a título de despesas médicas como devidos, comprovandoos através de DARF anexado no Recurso. (fl. 159): Quanto ao efetivo pagamento do crédito tributário decorrente do lançamento em virtude da glosa da dedução com dependentes e despesas médicas, caberá à autoridade preparadora verificar a ocorrência do pagamento e realizar a apropriação do pagamento. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por CONHECER do recurso voluntário e DARLHE PROVIMENTO para o fim de afastar o saldo residual da glosa de “Dedução Indevida de Pensão Alimentícia Judicial” para o fim de afastar o lançamento decorrente da glosa de “Dedução Indevida de Pensão Alimentícia Judicial”.. Quanto às glosas relacionada à "Despesas com dependentes” e despesas médicas caberá à autoridade preparadora verificar a autenticidade e correção do pagamento realizado conforme DARF de fl. 159 para fins de apropriação ao crédito tributário lançado. É como voto. Carlos Alexandre Tortato. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI
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Numero do processo: 16327.721375/2013-97
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2008
DESPESAS COM ÁGIO. DEDUTIBLIDADE.
A necessidade de manter a neutralidade tributária aos ajustes contábeis decorrentes da aplicação do método da equivalência patrimonial impede a dedutibilidade das despesas com ágio na base de cálculo da CSLL.
Numero da decisão: 1402-002.324
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio César Nader Quintella, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Demetrius Nichele Macei que votaram por dar provimento ao recuro.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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DEDUTIBLIDADE. A necessidade de manter a neutralidade tributária aos ajustes contábeis decorrentes da aplicação do método da equivalência patrimonial impede a dedutibilidade das despesas com ágio na base de cálculo da CSLL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio César Nader Quintella, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Demetrius Nichele Macei que votaram por dar provimento ao recuro. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 13 75 /2 01 3- 97 Fl. 169DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 2 Relatório Trata o presente de auto de infração referente à CSLL no anocalendário de 2008, que implicou no ajuste da base de cálculo negativa da contribuição originalmente apurada pelo sujeito passivo. A irregularidade decorreu da não adição de despesas com ágio à base de cálculo da CSLL o que, no entendimento do Fisco, caracterizaria desobediência às disposições contidas no inciso III, do art. 13, da Lei nº 9.249/95 c/c art. 57, da Lei nº 8.981/95. Impugnando o feito a autuada suscita, em apertada síntese, as diferenças na apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Defende que a aplicabilidade do art. 57 da Lei nº 8.981/95 dirigese à sistemática do recolhimento e não à base de cálculo ou alíquota. Acrescenta que apenas com norma específica, os ajustes previstos à base de cálculo do IRPJ podem ser estendidos à CSLL, o que não se aplicaria às amortizações contábeis do ágio. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo – SP, prolatou o Acórdão 1657.887 considerando improcedente a impugnação, em decisão consubstanciada na seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 31/12/2008 CSLL. DESPESAS. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. BASE DE CÁLCULO.DEDUTIBILIDADE. As despesas de amortização de ágio, para fins de apuração da base de cálculo da CSLL, estão sujeitas às mesmas regras de dedutibilidade aplicáveis à apuração do lucro real tributado pelo IRPJ. Devidamente cientificado, o sujeito passivo recorre a este colegiado ratificando em essência as razões expedidas na peça impugnatória. É o relatório. Fl. 170DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.721375/201397 Acórdão n.º 1402002.324 S1C4T2 Fl. 170 3 Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto O recurso é tempestivo e foi interposto por signatário devidamente legitimado, motivo pelo qual dele conheço. A questão primordial sob exame consiste na alegação do sujeito passivo de que não existiria previsão legal para adição do valor correspondente à amortização do ágio na apuração da base de cálculo da CSLL. Em termos gerais, penso que o art. 57, da Lei nº 8.981/95 tem amplitude maior do que o defendido pela interessada: Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995) Vêse que o texto legal estabelece a similitude entre os tributos sob exame no que se refere às normas de apuração e não apenas à sistemática de recolhimento como quer ver a recorrente. Tanto é assim que, com base no dispositivo em comento, este relator analisou a aplicação do limite legal de compensação de base de cálculo negativa da CSLL às empresas que exercem atividade rural e decidiu, mesmo ainda na inexistência de previsão legal expressa, que não caberia a imposição da restrição percentual pois aplicarseia a mesma regra do IRPJ para empresas daquela natureza. O voto é didático nesse ponto: A limitação imposta à compensação de prejuízos, para as pessoas jurídicas em geral, veio com a Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 que estabeleceu: Art. 42. A partir de 1º de janeiro de 1995, para efeito de determinar o lucro real, o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do Imposto de Renda, poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento. No que se refere à CSLL, a Lei nº 8.981/95 estabeleceu o mesmo tratamento: Art. 58. Para efeito de determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido por compensação da base de cálculo negativa, apurada em períodosbase anteriores em, no máximo, trinta por cento. Percebese a intenção do legislador de dar o mesmo tratamento ao imposto de renda e à CSLL , o que vai ao encontro da lógica. Se alguma dúvida ainda existisse quanto a esse fato, o artigo 57 dessa mesma norma é basilar: Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, Fl. 171DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 4 inclusive no que se refere ao disposto no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995) O mesmo paralelismo entre o IRPJ e a CSLL foi mantido na Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. Considerando que o artigo 12 dessa Lei estabeleceu a vigência dos artigos 42 e 58 da Lei nº 8.981/95 até 31/12/95, o texto legal previu o seguinte tratamento aos prejuízos fiscais e à base de cálculo negativa da CSLL, a partir dessa data: Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado. (.......) Art. 16. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, quando negativa, apurada a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensada, cumulativamente com a base de cálculo negativa apurada até 31 de dezembro de 1994, com o resultado do período de apuração ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da referida contribuição social, determinado em anoscalendário subseqüentes, observado o limite máximo de redução de trinta por cento, previsto no art 58 da Lei nº 8.981, de 1995. Todos os dispositivos citados referemse às pessoas jurídicas em geral. No que tange às empresas que exploram atividade rural, são regidas pela Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990. Essa norma, ao estabelecer em seu artigo 1º que os resultados provenientes da atividade rural estariam sujeitas ao Imposto de Renda conforme o nela disposto, deixa bem claro a especificidade da atividade exercida pelas empresas por ela reguladas. O artigo 14 da Lei nº 8.023/90 tratou da compensação dos prejuízos fiscais nos seguintes termos: Art. 14. O prejuízo apurado pela pessoa física e pela pessoa jurídica poderá ser compensado com o resultado positivo obtido nos anosbase posteriores. É razoável supor que se o legislador editou norma específica tratando das empresas que exploram atividade rural, devese usar de parcimônia ao transpor para essas pessoas jurídicas dispositivos normatizados como regra geral. Sob esse prisma, o artigo 14 supra transcrito não impõe restrições à compensação. Pelas disposições da Lei específica, não vejo como impor à atividade rural uma restrição contida em norma genérica. Esse entendimento consolidase com a Instrução Normativa SRF nº 39, de 28 de junho de 1996 que esclarece: Art. 2º À compensação dos prejuízos fiscais decorrentes da atividade rural, com lucro real da mesma atividade, não se aplica o limite de trinta por cento de que trata o art. 15 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. Considerando que o cerne da questão é a natureza da atividade exercida e tendo em vista que a legislação estabelece que sejam aplicadas à CSLL as mesmas normas de apuração e pagamento do Imposto de Renda, entendo que a insubmissão ao limite de trinta por cento deve abranger também a compensação da base de cálculo negativa da CSLL. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.721375/201397 Acórdão n.º 1402002.324 S1C4T2 Fl. 171 5 Especificamente no que se refere à amortização do ágio, não se pode olvidar que a legislação estabelece a neutralidade tributária dos ajustes de equivalência patrimonial, nos termos dos arts. 22, 23, 25 e 33, do Decreto nº 1.598/77 exceto nas situações de baixa do investimento: Art. 20. O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo 21; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o número I. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento. § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico: a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam as letras a e b do § 2º deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. (...) Art. 22. O valor do investimento na data do balanço (art. 20, I), depois de registrada a correção monetária do exercício (art. 39), deverá ser ajustado ao valor de patrimônio líquido determinado de acordo com o disposto no artigo 21, mediante lançamento da diferença a débito ou a crédito da conta de investimento. Parágrafo único Os lucros ou dividendos distribuídos pela coligada ou controlada deverão ser registrados pelo contribuinte como diminuição do valor de patrimônio líquido do investimento, e não influenciarão as contas de resultado. Art. 23. A contrapartida do ajuste de que trata o artigo 22, por aumento ou redução no valor de patrimônio liquido do investimento, não será computada na determinação do lucro real. (Redação dada pelo Decretolei nº 1.648, de 1978) Parágrafo único Não serão computadas na determinação do lucro real as contrapartidas de ajuste do valor do investimento ou da amortização do ágio ou deságio na aquisição, nem os ganhos ou perdas de capital derivados de investimentos em Fl. 173DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 6 sociedades estrangeiras coligadas ou controladas que não funcionem no País. (Incluído pelo Decretolei nº 1.648, de 1978). (...) Art. 25. As contrapartidas da amortização do ágio ou deságio de que trata o artigo 20 não serão computadas na determinação do lucro real, ressalvado o disposto no artigo 33. (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) (...) Art. 33. O valor contábil, para efeito de determinar o ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação do investimento em coligada ou controlada avaliado pelo valor de patrimônio líquido (art. 20), será a soma algébrica dos seguintes valores: I valor de patrimônio líquido pelo qual o investimento estiver registrado na contabilidade do contribuinte; II ágio ou deságio na aquisição do investimento, ainda que tenha sido amortizado na escrituração comercial do contribuinte, excluídos os computados, nos exercícios financeiros de 1979 e 1980, na determinação do lucro real. (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) Essa premissa aplicase tanto em relação à variação positiva ou negativa do valor do investimento em si por ocasião da avaliação pelo MEP (arts. 22 e 23), quanto em relação à amortização do ágio ou do deságio (art. 25). Quanto ao ágio, a neutralidade se manifesta no fato de que as contrapartidas da amortização são contabilizadas à conta de resultado mas adicionadas ou excluídas na apuração do lucro real até que ocorra a baixa do investimento. Não vejo como excluir dessa neutralidade a apuração do lucro líquido, ainda que sem menção expressa na lei. Trago como precedente o Acórdão nº 1301001.067 (Relator Wilson Fernandes Guimarães) com ideia central na linha do aqui exposto: [...] Aqui, o Colegiado alinhouse ao registrado no acórdão recorrido, que, reproduzindo excertos do acórdão nº 25.455, de 16 de abril de 2009, da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas, destacou que a indedutibilidade em questão “decorre da própria lógica contábil da metodologia de escrituração” dos investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial. Como é cediço, não obstante as disposições trazidas pelos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, a legislação tributária foi edificada no sentido de emprestar absoluta neutralidade tributária aos ajustes e amortizações contábeis derivadas da aplicação do método de equivalência patrimonial. Assim, os efeitos fiscais decorrentes da aplicação do referido método, observadas, obviamente, as disposições da já citada Lei nº 9.532/97, só são verificados na apuração do resultado da alienação da participação societária. Em que pese a referência feita, em algumas das disposições, ao lucro real, para o Colegiado, o preconizado pelos arts. 22, 23, 25 e 33 do DecretoLei nº 1.598/77, abaixo reproduzidos, deixam claro que, para fins fiscais, os efeitos decorrentes da aplicação do método da equivalência patrimonial nas contas de resultado só devem ser considerados na baixa do investimento. Assim, considerado o Fl. 174DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.721375/201397 Acórdão n.º 1402002.324 S1C4T2 Fl. 172 7 disposto no art. 2º da Lei nº 7.689, de 1988, não há que se falar em dedutibilidade do ágio. [...] No mesmo sentido o Acórdão 1302001.170 (Relator Alberto Pinto Souza Junior): [...] Entendo que a despesa de amortização do ágio é despesa indedutível na apuração da base de cálculo da CSSL, por força dos itens 1 e 4 do dispositivo acima transcrito, os quais deixam claro a finalidade da norma de tornar o MEP neutro na apuração da CSLL. A avaliação do investimento pelo MEP influencia o cálculo da CSLL em caso de alienação ou liquidação do investimento, já que esse seria o valor contábil do investimento a ser considerado. Além disso, se assim não fosse, contrario sensu, a receita decorrente da amortização do deságio seria tributada, o que não me parece razoável, mas seria inevitável chegar a tal conclusão caso se entenda dedutível a despesa de amortização do ágio. Notese que, se o ágio compõe o valor contábil do investimento e o MEP é apenas um método de avaliação do investimento, logo, é lógico que a amortização que reduz o ágio/deságio compõe “lato sensu” o resultado da avaliação do investimento pelo MEP, o qual seja positivo ou negativo não deve impactar a base da CSLL, como dispõe expressamente o dispositivo legal acima (itens 1 e 4 da alínea “c”do § 1º do art. 2º da Lei 7.689/88) [...] De todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Leonardo de Andrade Couto Relator Fl. 175DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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