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Numero do processo: 12448.734996/2011-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MOLÉSTIA GRAVE. ALIENAÇÃO MENTAL. ISENÇÃO. LAUDO MÉDICO OFICIAL.
Os rendimentos provenientes de aposentadoria recebidos pelo portador de alienação mental são isentos do imposto sobre a renda, desde que devidamente caracterizada a moléstia grave, relativamente ao ano-calendário a que se refere os proventos, mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial.
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. JUROS MORATÓRIOS. DIFERENÇAS DE BENEFICIO PREVIDENCIÁRIO INCIDÊNCIA.
Incide imposto de renda sobre os juros de mora recebidos em ação ajuizada com a finalidade de revisão do cálculo do benefício previdenciário de aposentadoria.
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). RECURSO EXTRAORDINÁRIO (RE) Nº 614.406/RS. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA.
A decisão definitiva de mérito no RE nº 614.406/RS, proferida pelo STF na sistemática da repercussão geral, deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
O imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos acumulados percebidos no ano-calendário de 2009 deve ser apurado com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, calculado de forma mensal, e não pelo montante global pago extemporaneamente.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2401-004.432
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário e, no mérito, por maioria, dar-lhe provimento parcial para determinar, em relação aos rendimentos de aposentadoria recebidos acumuladamente, relativos ao ano-calendário 2009, o recálculo do imposto sobre a renda, com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte (regime de competência). Vencido o Conselheiro Rayd Santana Ferreira que dava provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Alexandre Tortato e Luciana Matos Pereira Barbosa, quanto à incidência de tributação sobre os juros moratórios recebidos em ação de revisão de benefício previdenciário. Processo julgado no dia 13/7/16 às 9h.
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins e Andréa Viana Arrais Egypto.
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MOLÉSTIA GRAVE. ALIENAÇÃO MENTAL. ISENÇÃO. LAUDO MÉDICO OFICIAL. Os rendimentos provenientes de aposentadoria recebidos pelo portador de alienação mental são isentos do imposto sobre a renda, desde que devidamente caracterizada a moléstia grave, relativamente ao ano-calendário a que se refere os proventos, mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. JUROS MORATÓRIOS. DIFERENÇAS DE BENEFICIO PREVIDENCIÁRIO INCIDÊNCIA. Incide imposto de renda sobre os juros de mora recebidos em ação ajuizada com a finalidade de revisão do cálculo do benefício previdenciário de aposentadoria. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). RECURSO EXTRAORDINÁRIO (RE) Nº 614.406/RS. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA. A decisão definitiva de mérito no RE nº 614.406/RS, proferida pelo STF na sistemática da repercussão geral, deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. O imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos acumulados percebidos no ano-calendário de 2009 deve ser apurado com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, calculado de forma mensal, e não pelo montante global pago extemporaneamente. Recurso Voluntário Provido em Parte
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MOLÉSTIA GRAVE.. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE (RRA). Recorrente LUIZ HENRIQUE DA SILVA GRAÇA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MOLÉSTIA GRAVE. ALIENAÇÃO MENTAL. ISENÇÃO. LAUDO MÉDICO OFICIAL. Os rendimentos provenientes de aposentadoria recebidos pelo portador de alienação mental são isentos do imposto sobre a renda, desde que devidamente caracterizada a moléstia grave, relativamente ao anocalendário a que se refere os proventos, mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. JUROS MORATÓRIOS. DIFERENÇAS DE BENEFICIO PREVIDENCIÁRIO INCIDÊNCIA. Incide imposto de renda sobre os juros de mora recebidos em ação ajuizada com a finalidade de revisão do cálculo do benefício previdenciário de aposentadoria. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). RECURSO EXTRAORDINÁRIO (RE) Nº 614.406/RS. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA. A decisão definitiva de mérito no RE nº 614.406/RS, proferida pelo STF na sistemática da repercussão geral, deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. O imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos acumulados percebidos no anocalendário de 2009 deve ser apurado com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 73 49 96 /2 01 1- 41 Fl. 281DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 01/08/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 12448.734996/201141 Acórdão n.º 2401004.432 S2C4T1 Fl. 282 2 calculado de forma mensal, e não pelo montante global pago extemporaneamente. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário e, no mérito, por maioria, darlhe provimento parcial para determinar, em relação aos rendimentos de aposentadoria recebidos acumuladamente, relativos ao ano calendário 2009, o recálculo do imposto sobre a renda, com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte (regime de competência). Vencido o Conselheiro Rayd Santana Ferreira que dava provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Alexandre Tortato e Luciana Matos Pereira Barbosa, quanto à incidência de tributação sobre os juros moratórios recebidos em ação de revisão de benefício previdenciário. Processo julgado no dia 13/7/16 às 9h. Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins e Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 282DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 01/08/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 12448.734996/201141 Acórdão n.º 2401004.432 S2C4T1 Fl. 283 3 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 18ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1), cujo dispositivo considerou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Transcrevo a ementa do Acórdão nº 1253.627 (fls. 132/137): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MOLÉSTIA GRAVE. É de se manter a omissão, quando o laudo ou parecer emitido por serviço médico oficial não atesta ser o contribuinte portador de moléstia grave, que justifique a isenção prevista no artigo 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713/1988, com a redação dada pela Lei nº 11.052, de 29 de dezembro de 2004, proventos provenientes de aposentadoria reforma ou pensão. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido 2. Em face do contribuinte foi emitida a Notificação de Lançamento nº 2010/234143413402608, relativa ao anocalendário 2009, decorrente de procedimento de revisão de Declaração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF), em que foi apurada a omissão de rendimentos tributáveis recebidos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no valor de R$ 15.865,08, assim como de rendimentos oriundos de pagamento em ação judicial, no importe de R$ 459.561,95 (fls. 6/11). 2.1 A Notificação de Lançamento alterou o resultado de sua Declaração de Ajuste Anual (DAA), exigindo o Fisco imposto suplementar, acrescido de juros de mora e multa de ofício. 3. Cientificado da notificação por via postal em 12/9/2011, às fls. 129, o contribuinte, por meio de seu procurador, impugnou a exigência fiscal (fls. 2/5). 4. Intimado em 20/8/2014, por via postal, da decisão do colegiado de primeira instância, às fls. 138/142, o recorrente, representado pelo seu irmão, interpôs recurso voluntário no dia 18/9/2014, com os seguintes argumentos de defesa (fls. 145/151). i) o contribuinte é aposentado por invalidez pelo INSS, sendo portador de doença grave e irreversível, caracterizada como alienação mental, com quadro de distúrbio psiquiátrico persistente e estado de consciência alterado, que o incapacita para os atos mais simples e básicos da vida; Fl. 283DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 01/08/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 12448.734996/201141 Acórdão n.º 2401004.432 S2C4T1 Fl. 284 4 ii) os valores decorrentes da ação judicial referemse a diferenças do benefício de aposentadoria por invalidez; iii) no caso da incidência do imposto de renda sobre os rendimentos pagos acumuladamente devem ser observados os valores mensais, e não o montante global auferido; iv) os valores recebidos a título de juros de mora têm natureza indenizatória; e v) tendo em conta os fatos expostos, é cabível a restituição do imposto sobre a renda retido na fonte. É o relatório. Fl. 284DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 01/08/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 12448.734996/201141 Acórdão n.º 2401004.432 S2C4T1 Fl. 285 5 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess, Relator Juízo de admissibilidade 5. Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Mérito a) Isenção por moléstia grave 6. A respeito do gozo da isenção do imposto sobre a renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, dispõe o art. 39 do Regulamento do Imposto sobre a Renda (RIR/99), veiculado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, "in verbis": Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...) XXXI os valores recebidos a título de pensão, quando o beneficiário desse rendimento for portador de doença relacionada no inciso XXXIII deste artigo, exceto a decorrente de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XXI, e Lei nº 8.541, de 1992, art. 47); (...) XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º); Fl. 285DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 01/08/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 12448.734996/201141 Acórdão n.º 2401004.432 S2C4T1 Fl. 286 6 (...) § 4º Para o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle (Lei nº 9.250, de 1995, art. 30 e § 1º). § 5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicamse aos rendimentos recebidos a partir: I do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; II do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. § 6º As isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII também se aplicam à complementação de aposentadoria, reforma ou pensão. (grifouse) (...) 6.1 Percebese que para a fruição da isenção, concernente a determinado ano calendário, a legislação exige o preenchimento cumulativo de 3 (três) requisitos: i) rendimentos provenientes de aposentadoria, reforma ou pensão1; ii) rendimentos percebidos por portador de moléstia grave indicada de forma exaustiva em lei; e iii) moléstia comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. 7. Como se vê, os rendimentos provenientes de aposentadoria recebidos pelo portador de alienação mental são isentos do imposto sobre a renda, desde que caracterizada a moléstia grave, relativamente ao anocalendário a que se refere os proventos, mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial. 8. Há prova que o autuado é aposentado por invalidez pelo INSS desde 1º/7/1988 (fls. 25). Além disso, os rendimentos recebidos acumuladamente, relativos ao Processo Judicial nº 8800403921, ajuizado em face do INSS, dizem respeito à revisão de cálculo de seu benefício previdenciário, correspondendo os pagamentos ao período de 07/1988 a 03/2007 (fls. 222/257). 1 Acrescento, nessa lista, os rendimentos provenientes de reserva remunerada, tendo em vista o enunciado da Súmula Carf nº 63. Fl. 286DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 01/08/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 12448.734996/201141 Acórdão n.º 2401004.432 S2C4T1 Fl. 287 7 9. Quanto à existência de moléstia grave, a documentação acostada aos autos é farta no sentido de que o contribuinte, de longa data, é portador de epilepsia lobo temporal e de distúrbios neurológicos, classificados como perturbação orgânica da personalidade, necessitando de medicação rotineira, tratamento ambulatorial e atendimento em hospitais. 10. Porém, por tratarse de enfermidade neuropsíquica, conforme salienta a petição recursal, a identificação exata da patologia a que está acometido o contribuinte exige indiscutivelmente a sua caracterização por definição do médico especialista, dado que o diagnóstico do acometimento de alienação mental não obedece a uma única característica ou sintomatologia constatada no paciente, necessitando também de avaliação da evolução do quadro clínico da enfermidade. 11. Nesse contexto, a análise dos atestados e laudos médicos revela que o contribuinte foi diagnosticado, antes do anocalendário 2009, como portador de transtornos de personalidade, patologia classificada na CID F07.0, com controle parcial das crises de epilepsia (CID G 40) pelo uso de medicamentos específicos (fls. 156/162). 12. Apenas a partir de 2011, identifico documentos médicos nos autos caracterizando o quadro clínico como alienação mental, devido às crises de epilepsia (fls. 166/170). 13. Existem diversos procedimentos clínicos e análises médicas necessários para caracterizar o enquadramento da patologia como alienação mental, conforme se observa do Manual de Diretrizes de Conduta MédicoPericial em Transtornos Mentais do INSS, fls. 40/116, do Protocolo Técnico de Inspeção Médica Pericial para Isenção de Imposto de Renda do Município de São Paulo, fls. 117/122, e do Ato nº 59/2009 do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, fls. 123/126. 13.1 Não há dúvidas que estados de demência, psicoses esquizofrênicas crônicas e oligofrenias graves são hipóteses de alienação mental. Já os casos de epilepsia associada a psicoses, quando comprovadamente crônicas e apresentando surtos psicóticos freqüentes, podem ser considerados alienação mental. Todavia, tornase imprescindível a expressa caracterização médica por meio do laudo pericial. 14. Dessa forma, entendo ausente prova hábil e suficiente nos autos de que o contribuinte estava acometido de alienação mental no anocalendário 2009, quando do recebimento dos proventos de aposentadoria. b) Rendimentos Recebidos Acumuladamente (RRA) 15. Segundo nosso ordenamento jurídico, a lei tributária tem efeitos prospectivos. Nesse sentido, os arts. 105 e 144 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, que veicula o Código Tributário Nacional (CTN): Art. 105. A legislação tributária aplicase imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116. (...) Fl. 287DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 01/08/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 12448.734996/201141 Acórdão n.º 2401004.432 S2C4T1 Fl. 288 8 Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.(grifouse) (...) 16. Excepcionalmente é admitida a retroatividade nas hipóteses de lei expressamente interpretativa e de lei tributária penal mais benéfica ao infrator. Eis o art. 106 do CTN: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. 17. O art. 12A da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, acrescido pela Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, alterou a sistemática de tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente correspondentes a anoscalendário anteriores ao do recebimento. 17.1 Tais rendimentos passaram a serem tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, submetidos à tabela progressiva do imposto sobre a renda. Eis a redação atual do preceptivo de lei, com a alteração promovida pela Lei nº 13.149, de 21 de julho de 2015: Art. 12A. Os rendimentos recebidos acumuladamente e submetidos à incidência do imposto sobre a renda com base na tabela progressiva, quando correspondentes a anoscalendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. § 1º O imposto será retido pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento ou pela instituição financeira depositária do crédito e calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito. (...) Fl. 288DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 01/08/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 12448.734996/201141 Acórdão n.º 2401004.432 S2C4T1 Fl. 289 9 § 7º Os rendimentos de que trata o caput, recebidos entre 1º de janeiro de 2010 e o dia anterior ao de publicação da Lei resultante da conversão da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, poderão ser tributados na forma deste artigo, devendo ser informados na Declaração de Ajuste Anual referente ao anocalendário de 2010. (...) 17.2 A mudança no regime de tributação, exclusivamente na fonte, implicou alterações nos elementos componentes da regramatriz de incidência tributária do imposto sobre a renda. Longe de um caráter meramente elucidativo, explicitador ou procedimental, tratouse de inovação da legislação tributária. 17.3 Por isso, em consonância com as prescrições contidas no CTN, a aplicabilidade do art. 12A da Lei nº 7.713, de 1988, restringese aos rendimentos recebidos acumuladamente a partir do anocalendário de 2010. 18. Com relação aos fatos geradores até o anocalendário de 2009, ora hipótese dos autos, a tributação continuou a regerse pelo art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, o qual acabou revogado recentemente pela Lei nº 13.149, de 2015. Copio sua redação à época do rendimentos acumulados percebidos pelo contribuinte, no ano de 2009: Art. 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. 18.1 De acordo com o art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, o imposto incidirá no mês da percepção dos valores acumulados, utilizandose as tabelas e alíquotas vigentes na época do recebimento dessas parcelas, quando auferida a renda, independentemente do período que deveriam ter sido adimplidos, adotandose como parâmetro o montante global pago a destempo. 19. Acontece que em sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) realizada no dia 23/10/2014, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 614.406/RS, com repercussão geral reconhecida, redator para o acórdão Ministro Marco Aurélio, o Plenário da Corte reconheceu a inconstitucionalidade do art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, quanto à sistemática de cálculo para a incidência do imposto sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, por violar os princípios da isonomia e da capacidade contributiva. 19.1 Com efeito, afastando o regime de caixa, o Tribunal acolheu o regime de competência para o cálculo mensal do imposto sobre a renda devido pela pessoa física, com a utilização das tabelas progressivas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Eis a ementa desse julgado: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. 19.2 Em 9/12/2014, o Recurso Extraordinário nº 614.406/RS transitou em julgado. Fl. 289DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 01/08/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 12448.734996/201141 Acórdão n.º 2401004.432 S2C4T1 Fl. 290 10 20. Diante desse contexto fático, o § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho RICARF , aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015, com a redação dada pela Portaria MF nº 152, de 3 de maio de 2016, assim estabelece: Art. 62. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. 21. Como visto, a exigência de que o imposto incidirá no mês da percepção dos valores, sobre o total de rendimentos acumulados, aplicandose a tabela progressiva vigente no mês desse recebimento, foi considerada em descompasso com o texto constitucional, em decisão definitiva de mérito proferida pelo STF, na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil. Esse entendimento da Corte Suprema deverá ser reproduzido no âmbito deste Conselho. 22. Desse modo, no tocante aos rendimentos tributáveis de aposentadoria recebidos acumuladamente pelo recorrente, relativos ao anocalendário de 2009, a incidência do imposto sobre a renda ocorre no mês de recebimento ou crédito, porém o cálculo deve considerar as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos, realizandose o cálculo de forma mensal, e não pelo montante global pago extemporaneamente. c) Juros Moratórios 23. No que tange à tributação pelo imposto sobre a renda dos juros moratórios recebidos em ação judicial, encontra fundamento nos §§ 1º e 4º do art. 3º da Lei nº 7.713, de 1988, abaixo reproduzido: Lei nº 7.713, de 1988 Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. (Vide Lei 8.023, de 12.4.90) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. (grifouse) (...) § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. Fl. 290DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 01/08/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 12448.734996/201141 Acórdão n.º 2401004.432 S2C4T1 Fl. 291 11 24. Como se percebe da letra da lei, via de regra, incide imposto de renda sobre os juros de mora. 25. Entretanto, escapam à tributação do imposto sobre a renda os juros moratórios decorrentes do recebimento em atraso de verbas trabalhistas, independentemente da natureza destas, pagas no contexto da rescisão do contrato do trabalho, em reclamatória trabalhista ou não (Recurso Especial nº 1.227.133/RS, julgado na sistemática dos recursos repetitivos pelo Superior Tribunal de Justiça, com os esclarecimentos do Recurso Especial nº 1.089.720/RS). 25.1 Não se sujeitam à incidência do imposto, igualmente, os juros de mora decorrentes do recebimento de verbas que não acarretam acréscimo patrimonial ou que são isentas ou não tributadas (em razão da regra de que o acessório segue o principal). 26. Acontece que, na hipótese dos autos, os juros moratórios têm origem no recebimento em atraso de diferenças de aposentadoria, situação em que não há previsão para a não incidência do imposto sobre a renda. d) Restituição do imposto retido na fonte 27. Especificamente no que tange ao pedido de restituição do imposto retido na fonte, esclareço que ultrapassa os limites da controvérsia fixada pela notificação fiscal e impugnação, estando a matéria fora do presente litígio. Tal pleito é de competência da Delegacia da Receita Federal do Brasil de jurisdição do domicílio tributário do recorrente, observados os requisitos formais e materiais a ele inerentes. Conclusão Ante o exposto, voto por CONHECER do recurso voluntário e, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO PARCIAL para determinar, em relação aos rendimentos de aposentadoria recebidos acumuladamente, relativos ao anocalendário 2009, o recálculo do imposto sobre a renda, com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte (regime de competência). É como voto. Cleberson Alex Friess Fl. 291DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 01/08/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS
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Numero do processo: 10950.002816/2002-62
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 12 00:00:00 UTC 2003
Numero da decisão: 202-000.537
Decisão: RESOLVEM os Membros da Segunda Câmara do Segundo Conselho de
Contribuintes, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator.
Matéria: PIS - ação fiscal (todas)
Nome do relator: Raimar da Silva Aguiar
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' ' , ,, , , ' / ' j ,\ " Q' ',-,2CC7MF_i FI. " / .; . / , I 'i' . '''''''", " .' ,I" ,\ , " ,,. \ J, J I " I' . \ , \ ,O' / \ RESOLUÇÃOjN° 202-00.5'37 ,I : ' ' , -t .' • I , ' ,', ,I /, •••• o" , I 'I '\ ,/ 10950.0028161200,2-62 ~ ,"123.1'08", ' ,/ , Sala das Sessõés; em 12de agosto de 2003 .•. ',' Ministério da Faz@da', , _ I ~ . " Segundo ConseJho dec<3ntribuinteS ' ' . "', . , Proéesso n° 'Recurso n° / Recorrente -:' EDUCANDÁRIO CARLOSDRUMOND,DE ANDRtADÉS/CL'fDA. r ~- . . ,RecQrridà ' DRJ em C,uritjba, ...PR Por bem relatar o processo em t'ela, transcrevo o Relatório da DelegaCia da Receita Federal de Julgamento em CuritibalPR, fi. 323: / RELATÓRIO ... I UC-MF IF\. ,/ 10950.002816/2002-62 123.108 EDUC~DÁRIO CARLOS DRUMOND DE ANDRADE S/C LTDA. 2. Às fls. 40/44, a interessada fundamenta seu pedido na declaração de inconstit'!J,cionalidi;lde da "retroatividade do fato gerador do PIS a 01/11/1995 ", do art. 18 daLei n° 9.715, de 25 de novembro de 1998, na Ação 1)ireta de Inconstitucionalidade 1.417:-0 DF, de 02/08/1999, publicação em 13/08/1999, originário do art. 17 da Medida Provisória n° 1.212, de 28 de novemoro de 1995, e reedições, razão pela qual, aduz, -inexistiria fato gerádor de novembro/1995 até'novembro/1999. ' "Trata o processo de pedido de restituição/compensação (fls. 1/2) da contribuição ao Programa de Integração Social - PIS, no valor. de R$ 6.319,98, atinentes aos períodos de apuração de 11/1995, 01/1996 'a 02/1999 e.04/1999 a 11/1999 (fls. 37/39), protocolizado em 18/06/2002. / Ministério da Fazenda Segundo Conselho de Contribuintes Recorrente Processo nO Recurso nÓ' 3. Às' fls.. 37/39, planilhas demonstrativas dos valores pleiteados, atualizados até 04/2002; às fls. 03/19, originais dos Documentos , I de Arrecadação de Receitas Federais;- DARF, referente aos recolhimentos dos períodos de apuração 11/1995, 01/1996 a 02/1999 e 04/1999 a 11/1999, além defotocópias desses mesmos DARF àsfls. 20/36. 4. O pedido foi ta"!bém instruído com: declarações de que não possui ação Judicial e ,de que não utilizou os créditos pleiteados para compensação de outros débitos, fls. 45/46; procuração ad Juditia et extra, fl. 47; cópias da legislação referida em seu pedido, e informações processuais da Ação Direta df! Inconstituçionalidade - ADIn n° 1.417-0/DF; fls. 48/73; de documentos da empresa, do sócio e societários, fls. 74/78; e de declarações de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, anos-calendário 1996 a 1999, fls. 79/274. \ 5. Posteriormente, em 28/08/1999, a interessada protocolizou aditamento de fls. 28'0/283 às razões de seu pedido original de fls. 40/44, requerendo o reconhecimento de seu direito creditório, referente ao período que entendequ.e inexistia fato gerador entre 01/11/1995 a 01/02/1999, com a imediata 'compensação com débitos vencidos, se houve;, e compensação com débitos futuros ou vinc~ndos, a serem protocolizados oportunamente. 6. A Delegacia da Receita Federal em Maringá/PR, às fls. 284/293, i'!,deferiu o pedido, emitindo a seguinte. decisão: "Tendo em vista a 1)1' ?ROPOSlÇAO apresentada e com fundamento nos arts. 165, inciso l, ambos do il l CTN; Parecer PGFN/CAT n.o 1.538/99;" Ato Declaratória SRF n.o 096•.de; d~t' 3 , "Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Solicitação Indeft:rida ". -12'C. C-Me IFI: 10950.00281612002-62 123.108 Ministério da Fazenda Segundo Conselho de Contribuintes A part~r de 10 de março de 1996, a contribuição ao PIS é exigível com base na LCno7, de 1970, com as alterações introduzidas pela MP n° 1.212, de 1995, e~ reedições, convalidadas pe(G Lei n° 9. 715, de 1998. o período de apumção: 01/06/1997 a 28/02/1999 Ementa: BASE LEGAL. A decadência do direito de pleitear a restituição ocorre em cinco anos contados da extinção do crédito peJo pagamento .. Período de apuração: 01/11/1995 a 31/05/1997 , ' Assunto: Contribuiçiiopara o PIS/Pasep -' - ,.., \ ...•• 'Ementa: PEDIDO DE RESTITUIÇAo. DECADENCIA. novembro de 1999; e ainda ,!O uso das atribuições do art. r daInstrução Normativa SRF n.o 21, de 10 de março de 1997,'{DECIDO pelo indeferimento do pleito da interessada , por terem sido fulminados pelo decurso do prazo decadencial para • o pleiteá-los, os valores recolhidos entre as datas de 15 de dezembro ç/e 1995 e 12 de junho de 1997, epelo fato de que a legislação vigente (Medida Provi~ória 1.212/95 e suas reedições, posteriormente convertida na Lei 9~715/98) não Jcomportava o alegado pleito, os recolhimentos' efetuados no períod~ de 15 dejulho de 1997 a 15 de março de 1999 ". o Em 29 de janeiro de 2003, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento o em Curitiba/PRomanifestou-se por meio do Acórdão,n° 2.961, fl. 321, que foi assim ementado: , \' Processo n° Recurso nO' Em 14 de fe~ereiro de 2003 a Recorrente tomou ciência da Decisão, fl~332. Inconformada com a. decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba/PR, a Recorrente apresentou, em' 28 de fevereiro de 2003, fls. 135/365, Recurso Voluntário a este Egrégio Conselho de Contribuintes onde repisa os argumentos expendidos 'na I manifestação de inconformidade' e pugna pela reforma da decisão recorrida é.,o conseqüente ..f;f' ,deferi~ento do pedido de compensação dos créditos pleiteados. . / ~/ / .É o relatório. I~ , J É o meu voto'. 4 .2ºCC-MF FI. / 1/ , ! VOTO DO CONSELHEIRO.J~.ELA TOR RAIMAR DA SILVA AGUIAR 10950.002816/2002-62 123.108 Ministério da Fazenda Seg~ndo Conselho de Contribuintes I Processo n° Recurso n° ar para as empresas vendedoras de m~rcadorias ou mistas, à alíquota de 0,65% sobre o faturamento mensal, assim entendido a receita bruta de vendas de mercàdorias, serviçqs ou mercadorias e serviços (PIS-F ATURAMENTd); b) para as instituições financeiras, sociedades seguradoras e outras empresas que não realizam operac'ões de venda de mercadorias, mediante dedução do Imposto de Renda Devido, na proporção de 5%, e com recursos pr:óprios de valor idêntico ao assim apurado (PIS-REPIQUE e PIS-DEDUÇÃO). o recurso é tempestivo é Qele tomo conhecimento, T;ata o processo de restitui9ão/compensação (fls. 1/2) da Contribuição ao Programa de Inte~ação Social - PIS,' no vaior de R$ 6.319,98, atinentes aos períodQsde apuração de novembro/95 a fevereiro/l~99 (fls. 37/39~, protocolizados eri118/06/20~2. Sala das' Sessões, em 12 de agosto de 2003 . , ~ ... /~ ... ~/. , "../ '. /{ ,/ 1 .,/ aÜk.' {L.-'r';':/.>(;;--':;> ./ RAIMAR DA SI 'VA AGUIAR. / . '/ PIS-FATURAMENTO e o PIS-REPIQUE O PIS' tem dois regimes de cobrança da base de cálculo, dependendo da natureza da empresa: ' i J ., O deslinde da questão reside na forma\ de apuração do PIS no período, considerados indevidos ps respectivos recolhimentos. A Lei Complementar nO07, de 07109/1970, alterada pela Lei Complementar n° 17,de 12/12/1973, determina que' a contribuição paia o Programa de.Integração Social- PIS será calculada: Considerando que a recorrente não apresentouélementos 'que possibilitem a verificação dê-natureza da base de cálculo sobre a origem de suas receitas e em busca da verdade material, intimamente ligada a prova, Voto no' sentido de converter os p~esentes autos de recurso em diligência a fim de que a DRF em Curitiba/PR faça juntada de elementos que esclareçam o objeto em questão. . . 00000001 00000002 00000003 00000004
score : 1.0
Numero do processo: 11128.004961/2008-39
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 30 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do Fato gerador: 05/09/2007
PRESUNÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. INTIMAÇÃO PRÉVIA. CONTRIBUINTE. NECESSIDADE.
Não se configura a presunção de interposição fraudulenta de terceiros na importação quando a operação não teve a origem de seus recursos analisada pela fiscalização, a qual sequer intimou a contribuinte para a comprovação da licitude dos recursos nela empregados.
O fato de, em ação fiscal da precedente, ter-se apurado a não comprovação da origem lícita, disponibilidade e transferência de recursos empregados nas operações de comércio exterior realizadas em determinado período não autoriza tal conclusão para as operações posteriores, que não foram objeto de fiscalização.
Recurso Voluntário provido
Numero da decisão: 3402-003.510
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Waldir Navarro Bezerra.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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COM. EXP. IMP. ELETR. LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do Fato gerador: 05/09/2007 PRESUNÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. INTIMAÇÃO PRÉVIA. CONTRIBUINTE. NECESSIDADE. Não se configura a presunção de interposição fraudulenta de terceiros na importação quando a operação não teve a origem de seus recursos analisada pela fiscalização, a qual sequer intimou a contribuinte para a comprovação da licitude dos recursos nela empregados. O fato de, em ação fiscal da precedente, terse apurado a não comprovação da origem lícita, disponibilidade e transferência de recursos empregados nas operações de comércio exterior realizadas em determinado período não autoriza tal conclusão para as operações posteriores, que não foram objeto de fiscalização. Recurso Voluntário provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Waldir Navarro Bezerra. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 49 61 /2 00 8- 39 Fl. 919DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em São Paulo II que julgou improcedente a impugnação da contribuinte, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do Fato gerador: 05/09/2007 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. OCULTAÇÃO DO REAL ADQUIRENTE. Com a presunção legal inserida no parágrafo 2° do art. 23 do Decretolei n° 1.455/76, pela Lei n° 10.637/2002, basta a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações para que o fisco caracterize a interposição fraudulenta na operação de comércio exterior. O recebimento de adiantamentos de clientes não é prova de origem de recursos econômicofinanceiros. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA. Considerase dano ao Erário a interposição fraudulenta de terceiros, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria. Lançamento Procedente Trata o processo de auto de infração, lavrado em 25/06/2008, relativamente à Declaração de Importação nº 07/12040360, para a exigência de multa equivalente ao valor aduaneiro, no valor de R$25.028,96, nos termos do art. 23, V e §§2 e 3º do Decretolei nº 1.455/76: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, Fl. 920DF CARF MF Processo nº 11128.004961/200839 Acórdão n.º 3402003.510 S3C4T2 Fl. 920 3 ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) § 4o O disposto no § 3o não impede a apreensão da mercadoria nos casos previstos no inciso I ou quando for proibida sua importação, consumo ou circulação no território nacional.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) Conforme consta na autuação, a referida Declaração de Importação, registrada em 05/09/2007, foi selecionada para o canal cinza de conferência aduaneira, tendo em vista o início do procedimento especial de fiscalização na empresa, previsto na IN SRF nº 228/2002, efetuado pela fiscalização de zona secundária na Alfândega do Porto de Santos, em face de indícios de incompatibilidade entre os volumes transacionados no comércio exterior e a capacidade econômica e financeira evidenciada. As mercadorias foram liberadas tendo em vista que o importador apresentou apólice de seguro em favor da União, nos termos do art. 7º da IN SRF nº 228/2002. O procedimento especial resultou na suspensão e proposta de inaptidão da inscrição no CNPJ da empresa, pelos seguintes motivos: 1. OCULTAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. Os produtos importados pela Brapar eram remetidos, logo após o seu desembaraço, diretamente a clientes predeterminados. As notas fiscais de remessas a esses clientes eram identificadas com o número do processo de importação, número esse que também consta no campo de dados complementares das respectivas declarações de importação, mostrando o vínculo existente entre processo de importação DIs e notas fiscais de venda. As mercadorias discriminadas nas notas fiscais são as mesmas que constam do campo de descrição detalhada da mercadoria das respectivas declarações de importação, inclusive com idêntica NCM. Os valores totais das notas fiscais de venda se aproximam muito dos custos reais de importação, característica das notas fiscais emitidas por importadores que operam por conta e ordem de terceiros. Isso tudo mostra que houve ocultação do adquirente real dos produtos importados ou, do ponto de vista tributário, ocultação do sujeito passivo. Os lançamentos contábeis mostram que antes da liquidação de câmbio e dos registros das DIs, muitos clientes depositavam os correspondentes valor em contas bancárias da Brapar; 2. REDUZIDOS PAGAMENTOS DE TRIBUTOS INTERNOS Em consequência do mencionado no item anterior, a Brapar recolhia pouquíssimos tributos internos (o IPI e quase nenhum mais), e o seu balanço contábil apresentava, anualmente, crescentes prejuízos acumulados, tendo em vista que, no período fiscalizado, o lucro bruto na conta de mercadoria, era de apenas 0,4986%; 3. PASSIVO FICTÍCIO e BAIXA DE OBRIGAÇÕES INEXISTENTES Em dezembro de 2005, conforme o descrito na Fl. 921DF CARF MF 4 parte IX deste relatório. efetuou lançamentos, num total aproximado de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) a débito de adiantamento de clientes tendo como contrapartida a conta de prejuízos acumulados, sem oferecer à tributação a respectiva receita. Tal fato caracteriza OMISSÃO DE RECEITA. Em 21/12/2007 a Brapar foi intimada a justificar esses lançamentos, entretanto, nada fez para isso, deixando de apresentar, caso existissem, provas em sentido contrário à presunção legal de omissão de receitas vista em linhas anteriores. 4. ORIGEM ILÍCITA DE RECURSOS FINANCEIROS Em virtude da omissão de receitas em comento, a Brapar, deixou de recolher ao Erário tributos que incidiriam sobre as receitas omitidas, caso os mesmos tivessem sido declarados. Por não ter declarado nem recolhido os tributos devidos, os mesmos entraram para o patrimônio da Brapar de forma ilícita, ou seja, em desacordo com a lei. Assim, em 03/06/2008, o importador foi intimado a devolver as mercadorias desembaraçadas, de acordo com as disposições contidas no artigo 12 da Instrução Normativa SRF 228/02, tendo ele nada informado sobre o destino da mercadoria e apenas afirmado que o procedimento especial de fiscalização, tendo como respaldo legal a IN SRF 228/02, encontravase pendente de análise de recurso administrativo. Tendo em vista que a inscrição da empresa estava suspensa pela prática irregular de operações no comércio exterior, a fiscalização considerou ineficazes todos os documentos emitidos por ela a partir de 01 de abril de 2004 e lavrou o presente lançamento. Inconformada a contribuinte apresentou impugnação, mediante a qual suscitou preliminares e, no mérito, aduziu, em síntese: Não restou caracterizada a infração tipificada no inciso V do artigo 23 do DL 1455/76, com redação do artigo 59 da Lei 10634/2002, pelos seguintes motivos: a) nas importações realizadas no período de abril/2004 a março/2007 não houve a ocultação do sujeito passivo, do real vendedor ou comprador, ou responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, conforme equivocadamente alega o Relatório de Conclusão do Procedimento Especial; b) não houve ocultação das pessoas jurídicas que forneceram os recursos financeiros para arcar com os custos das importações, vez que tais antecipações financeiras foram regularmente registradas em sua escrita fiscal; c) a posterior comercialização/revenda no mercado interno das mercadorias regularmente importadas pela impugnante foi efetuada com fiel observância da legislação vigente, inexistindo quaisquer irregularidades que pudessem ser apontadas pela fiscalização; Mesmo que restasse caracterizada a importação por conta e ordem e terceiros, na medida em que a origem dos recursos financeiros antecipados pelos clientes é lícita, quando muito, estaria a impugnante sujeita à aplicação de penalidades de multas acessórias pelo não cumprimento da legislação que disciplina a importação por conta e ordem de terceiros, e não a tão grave sanção como a pena de perdimento; A impugnante está amparada nas disposições contidas no artigo 33 da Lei nº 11.488/07 (multa de 10% do valor da operação acobertada). Ainda que subsista o entendimento de que a norma contida no artigo 33 da Lei 11488/07 não revogou a pena de perdimento, a ora impugnante estaria amparada pelo princípio "in dúbio pro contribuinte", contido no artigo 112 do CTN; No caso não houve dano ao Erário, pressuposto básico para aplicação da pena de perdimento, pois as mercadorias foram regularmente importadas com fiel observância da legislação vigente, havendo o integral recolhimento dos tributos devidos, o regular fechamento dos contratos de Fl. 922DF CARF MF Processo nº 11128.004961/200839 Acórdão n.º 3402003.510 S3C4T2 Fl. 921 5 câmbio, não havendo qualquer prejuízo à Fazenda Nacional, podendo, a fiscalização proceder à revisão aduaneira das importações da recorrente e formalizar quaisquer exigências que julgarem cabíveis; Caso ainda persista qualquer dúvida a respeito da questão ventilada nos autos, requer a produção oportuna de provas, especialmente a juntada de novos documentos, perícia técnica e conversão do julgamento em diligência à Alfândega do Porto de Santos. Formula, para tanto, os quesitos que pretende sejam respondidos. Requer, a requisição dos autos do processo nº 11128.001130/200813, donde poderão ser extraídos elementos fundamentais para dirimir os pontos conflitantes deste processo. Resolveram os membros da Turma Julgadora de primeira instância converter o julgamento em diligência para que fosse juntada cópia do Processo Administrativo Fiscal nº 11128.001130/200813. Após o cumprimento da diligência, foi proferida decisão pela procedência do lançamento. A contribuinte foi cientificada da decisão recorrida, por via postal, em 02/10/2009, e apresentou o recurso voluntário em 03/11/2009, repisando as alegações de mérito da impugnação e alegando, em preliminar, em síntese: O "Procedimento Especial de Fiscalização" instaurado contra a Requerente nos autos do Processo Administrativo n° 11128001.130/2008 13, com fundamento na Instrução Normativa SRF n° 228/2002, afrontou o "Devido Processo Legal", em face do comprovado cerceamento ao direito de defesa da Requerente, o que implica a nulidade do presente auto de infração. No caso da eventual procedência da "REPRESENTAÇÃO FISCAL" instaurada, e que venha resultar na "DECLARAÇÃO DA INAPTIDÃO DE SEU CNPF JUNTO A SRF/MF.", o que se admite apenas para argumentar, os efeitos desse Ato Administrativo somente poderá produzir efeitos legais para fatos geradores futuros, ou seja, que venham ocorrer após sua publicação no Diário Oficial da União. Relativamente à Declaração de Importação n° 07/12040360, formalizado o respectivo desembaraço aduaneiro, com fiel observância às normas legais previstas na legislação vigente, toda e qualquer exigência fiscal relacionada com tais importações (classificação tarifária, valor aduaneiro, etc.), somente poderá ser questionada pelo FISCO em ato de revisão aduaneira. Jamais poderiam os Ilustres Julgadores Monocráticos indeferir sumariamente o Pedido de Produção de Provas/Diligências formalizados pela Recorrente na Impugnação sem que houvesse a devida motivação/fundamentação legal, vez que, tais provas, eram de fundamental importância para defesa de seus direitos, não restando outra alternativa a não ser a declaração de sua nulidade, a teor do disposto no artigo 59, do Decreto n° 70.235/72, em face do flagrante cerceamento ao seu direito de defesa e ofensa ao "Devido Processo Legal". Mediante a Resolução nº 310100.226 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, de 21 de março de 2012, o julgamento foi convertido em diligência para que a autoridade preparadora informasse se o parcelamento referido no item 3.22 do Recurso Voluntário alcançaria o crédito tributário objeto do litígio, ou pelo menos parte dele. A Seort da Alfândega do Porto de Santos informou que processo não se encontrava parcelado/consolidado em nenhum tipo de parcelamento instituído pela RFB. Intimada a manifestarse, a recorrente aduziu, em síntese, O que o Requerente alegou no item 3.22 do Recurso Voluntário é que o débito apontado no Mandado de Procedimento Fiscal envolvendo período de fiscalização de abril/2.004 a março/2.007, havia sido incluído no regime especial de Parcelamento de que trata a Lei n° 10.684/2.003, cujo prazo para adesão expirouse em 31.07.2.003. Na questão posta nos autos, a Fl. 923DF CARF MF 6 Declaração de Importação que deu origem a exigência da multa correspondente ao valor aduaneiro, de n° 07/12040360, registrada no SISCOMEX em 05.09.2.007, razão pela qual, jamais poderia ser incluído no parcelamento de que trata a Lei n° 10.684/2003. O Mandado de Procedimento Fiscal, envolvendo fatos geradores ocorridos no período de abril/2004 a março/2.007, não pode ser utilizado como embasamento para lavratura do Auto de Infração de que trata o Processo Administrativo em tela. Portanto, o Auto de Infração deve ser declarado NULO. É o relatório. Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Conforme consta nos autos, anteriormente à presente autuação, a Equipe de Auditoria e Fiscalização da Alfândega do Porto de Santos, em 31/07/2007, iniciou o procedimento especial de fiscalização previsto na Instrução Normativa SRF nº 228/2002, para a verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior no período de abril de 2004 a março de 2007. O referido procedimento especial foi encerrado em 12 de fevereiro de 2008, com a representação para fins de inaptidão da inscrição do CNPJ e propositura da aplicação da pena de perdimento das mercadorias, nos seguintes termos: CONCLUSÃO [fls. 102/103] Os fatos descritos neste relatório comprovam, clara e insofismavelmente, que as importações efetuadas Brapar, no período de abril de 2004 a março de 2007, não eram por conta própria, mas para predeterminados clientes, sem comprovação da origem lícita dos respectivos recursos financeiros. Foram estes, em síntese, os principais fatos apurados por este procedimento especial de fiscalização: 1. OCULTAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO (...) 2. REDUZIDOS PAGAMENTOS DE TRIBUTOS INTERNOS (...) 3. PASSIVO FICTÍCIO e BAIXA DE OBRIGAÇÕES INEXISTENTES (...) 4. ORIGEM ILÍCITA DE RECURSOS FINANCEIROS (...) Pelo exposto, concluo o presente relatório, informando que, em conformidade com o parágrafo único do Art. 11 da IN/RFB n° 228/02, farei representação, em ato subsequente a este, propondo à autoridade competente declaração de inaptidão, com suspensão preliminar, da inscrição n° 46.049.136/000197 no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CNPJ do contribuinte Brapar Worldwide Service Comércio Exportação e Importação de Eletroeletrônicos Ltda. (...) No processo n° 11128.001130/200813, mediante o Parecer Conclusivo de 23/10/2008 e Decisão de 24/10/2008 (fls. 202/211) foram acolhidas as razões apresentadas pela Fl. 924DF CARF MF Processo nº 11128.004961/200839 Acórdão n.º 3402003.510 S3C4T2 Fl. 922 7 empresa, sob os fundamentos abaixo, afastandose a propositura de inaptidão da inscrição no CNPJ, com o consequente desfazimento da suspensão já imposta, permitindo a ela prosseguir com as suas atividades comerciais: 1) que a lei que estabeleceu a hipótese de declara inaptidão do Cnpj em decorrência da ocultação do real importador foi modificada pela Lei 11.488/07, que transformou a hipótese referida em multa de natureza pecuniária 2) que a referida Lei, segundo o entendimento do Judiciário na ação interposta pela parte "... exclui, expressamente a possibilidade de sanção de inaptidão do CNPJ" ; 3) que, segundo a alínea "c" do Inciso II do art. 106 Código Tributário Nacional: (...) 4) que a outra imputação, aquela decorrente da conduta de irregularidade em relação à origem, não materializou adequadamente a hipótese irregular prevista na lei, que ensejaria a aplicação da inaptidão proposta; (...) Conforme se vê do relatado acima, o procedimento especial de fiscalização da IN SRF nº 228/2002 foi desenvolvido, de 31/07/2007 a 12/02/2008, em zona secundária, em relação às operações de importação registradas no período de abril de 2004 a março de 2007, dentre as quais não se inclui a importação objeto da Declaração de Importação (DI) nº 07/12040360, registrada em 05/09/2007. Assim, a importação de que trata o presente processo não foi objeto de análise quanto à licitude dos recursos nela aplicados pela Equipe de Auditoria e Fiscalização da Alfândega do Porto de Santos. De outra parte, tendo em vista que a DI nº 07/12040360 foi parametrizada no canal cinza de conferência aduaneira, conforme determinava o art. 21, IV da IN RFB nº 680/2006, deveria essa importação ser submetida a procedimento especial de controle aduaneiro, então previsto nos arts. 65 a 69 da Instrução Normativa nº 206/2002, para verificar elementos indiciários de fraude, com a retenção da mercadoria até a sua conclusão. Ocorreu que, tendo em vista a apresentação de garantia, as mercadorias foram liberadas nos termos do art. 7º da IN SRF nº 228/2002. No entanto, não consta nos autos qualquer intimação da equipe autuante (EQPEC) visando à comprovação da origem lícita dos recursos aplicados na importação objeto da Declaração de Importação nº 07/12040360. Dessa forma, a importação sob análise não foi sequer analisada no que concerne à verificação da licitude da origem dos recursos nela aplicados, seja pelo procedimento especial da IN SRF nº 228/2002, realizado em zona secundária pela Equipe de Auditoria e Fiscalização, ou pela ação fiscal desenvolvida no âmbito do despacho aduaneiro pela EQPEC. Em verdade, a lavratura do auto de infração baseouse numa interpretação equivocada do art. 11 da IN SRF nº 228/20021, eis que a propositura da aplicação da pena de 1 Art. 11. Concluído o procedimento especial, aplicarseá a pena de perdimento das mercadorias objeto das operações correspondentes, nos termos do art. 23, V do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, na hipótese de: I ocultação do verdadeiro responsável pelas operações, caso descaracterizada a condição de real adquirente ou vendedor das mercadorias; Fl. 925DF CARF MF 8 perdimento referida no dispositivo somente é cabível para as operações que estão sob o procedimento especial da IN SRF nº 228/2002, dentro do período fiscalizado, tanto que o dispositivo diz “operações correspondentes”, o que não é o caso da importação objeto da DI nº 07/12040360. É verdade que, nos termos do art. 23, V e §2º do DecretoLei nº 1.455/76, é do próprio importador, e não da fiscalização, o ônus da prova da licitude dos recursos empregados na operação de comércio exterior, sendo que, se ele não obtém êxito nesse intento, formase em favor do Fisco a presunção de interposição fraudulenta na importação. Mas, certamente, o referido dispositivo não autoriza a fiscalização presumir a interposição fraudulenta sobre uma operação em face da qual a contribuinte foi sequer intimada a apresentar tais comprovações. Nessa esteira é que, nos contornos definidos pela Instrução Normativa SRF nº 228/2002 sobre a verificação pela fiscalização da comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações, prescrevese a intimação prévia à fiscalizada para, dentre outros pontos, comprovar a origem lícita, a disponibilidade e a efetiva transferência dos recursos necessários à prática das operações, conforme arts. 4º e 6º transcritos abaixo: Art. 4º O procedimento especial será iniciado mediante intimação à empresa para, no prazo de 20 dias: I comprovar o seu efetivo funcionamento e a condição de real adquirente ou vendedor das mercadorias, mediante o comparecimento de sócio com poder de gerência ou diretor, acompanhado da pessoa responsável pelas transações internacionais e comerciais; e II comprovar a origem lícita, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso, dos recursos necessários à prática das operações. § 1º Os elementos de prova deverão ser apresentados à unidade da SRF de fiscalização aduaneira com jurisdição sobre o domicílio fiscal do estabelecimento matriz da empresa. (...) Art. 6º Para efeito de cumprimento do disposto no inciso II do caput do art. 4º, além dos registros e demonstrações contábeis, poderão ser apresentados, dentre outros, elementos de prova de: I integralização do capital social; II transmissão de propriedade de bens e direitos que lhe pertenciam e do recebimento do correspondente preço; III financiamento de terceiros, por meio de instrumento de contrato de financiamento ou de empréstimo, contendo: a) identificação dos participantes da operação: devedor, fornecedor, financiador, garantidor e assemelhados; b) descrição das condições de financiamento: prazo de pagamento do principal, juros e encargos, margem adicional, valor de garantia, respectivos valoresbase para cálculo, e parcelas não financiadas; e II interposição fraudulenta, nos termos do § 2º do art. 23 do Decretolei nº 1.455, de 1976, com a redação dada pela Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, em decorrência da não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados, inclusive na hipótese do art. 10. Parágrafo único. Nas hipóteses previstas nos incisos I e II do caput, será ainda instaurado procedimento para declaração de inaptidão da inscrição da empresa no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Fl. 926DF CARF MF Processo nº 11128.004961/200839 Acórdão n.º 3402003.510 S3C4T2 Fl. 923 9 c) forma de prestação e identificação dos bens oferecidos em garantia. § 1º Quando a origem dos recursos for justificada mediante a apresentação de instrumento de contrato de empréstimo firmado com pessoa física ou com pessoa jurídica que não tenha essa atividade como objeto societário, o provedor dos recursos também deverá justificar a sua origem, disponibilidade e, se for o caso, efetiva transferência. § 2º Os elementos de prova referentes a transações financeiras deverão estar em conformidade com as práticas comerciais. § 3º No caso de comprovação baseada em recursos provenientes do exterior, além dos elementos de prova previstos no caput, deverá ser apresentada cópia do respectivo contrato de câmbio. § 4º Na hipótese do § 3º, caso o remetente dos recursos seja pessoa jurídica, deverão ser também identificados os integrantes de seus quadros societário e gerencial. Com efeito, considerando que a presunção de interposição fraudulenta se dá pela falta de comprovação pela contribuinte da origem, transferência e disponibilidade dos recursos constatada em procedimento fiscal, temse que, nos presentes autos, não há certeza de que os recursos empregados na DI nº 07/12040360 não teriam sua origem, disponibilidade ou transferência não comprovadas. Melhor dizendo, não há como presumir a interposição fraudulenta, nos termos do art. 23, §2º do Decretolei nº 1.455/76, quando não foi sequer dada a oportunidade à autuada para comprovação da licitude dos recursos empregados na importação objeto da DI nº 07/12040360. Faltam nos autos elementos fáticos que permitam a constatação da ocorrência da pretensão fiscal. Assim, independentemente das demais alegações da recorrente, em face da ausência de subsunção da norma veiculada pelo art. 23, V, §§2 e 3º do DecretoLei nº 1.455/76 ao presente caso concreto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário para exonerar integralmente o crédito tributário. (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 927DF CARF MF
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Numero do processo: 14479.000872/2007-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2006 a 01/12/2006
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
Verificado no acórdão de recurso voluntário ausência de enfrentamento de parte das razões levantadas pelo contribuinte, as quais teriam, caso acatadas, o condão de modificar a natureza do provimento, cabe o acolhimento dos embargos com o escopo de sanar tais omissões.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUSÊNCIA DE CUMULAÇÃO DE PENALIDADES.
Tendo por pressupostos fatos e fundamentação jurídica distintos, não há falar em cumulação de penalidades na coexistência de infrações relativas a obrigação principal e acessórias.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO AO ERÁRIO.
Tratando-se de infração de natureza precipuamente formal, a multa por descumprimento de obrigação acessória prescinde tanto do elemento volitivo do agente quanto da constatação de prejuízo ao Erário para sua verificação.
Embargos Acolhidos.
Numero da decisão: 2402-005.375
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, nos termos do voto do relator.
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2006 a 01/12/2006 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Verificado no acórdão de recurso voluntário ausência de enfrentamento de parte das razões levantadas pelo contribuinte, as quais teriam, caso acatadas, o condão de modificar a natureza do provimento, cabe o acolhimento dos embargos com o escopo de sanar tais omissões. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUSÊNCIA DE CUMULAÇÃO DE PENALIDADES. Tendo por pressupostos fatos e fundamentação jurídica distintos, não há falar em cumulação de penalidades na coexistência de infrações relativas a obrigação principal e acessórias. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO AO ERÁRIO. Tratandose de infração de natureza precipuamente formal, a multa por descumprimento de obrigação acessória prescinde tanto do elemento volitivo do agente quanto da constatação de prejuízo ao Erário para sua verificação. Embargos Acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 47 9. 00 08 72 /2 00 7- 41 Fl. 203DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, nos termos do voto do relator. Kleber Ferreira de Araújo Presidente Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 204DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 14479.000872/200741 Acórdão n.º 2402005.375 S2C4T2 Fl. 351 3 Relatório Em sessão realizada em 15/5/2013, a 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF julgou Recurso Voluntário, proferindo a decisão consubstanciada no Acórdão nº 2402003.559 (fls. 122/127), assim ementado: OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA DESCUMPRIMENTO INFRAÇÃO Consiste em descumprimento de obrigação acessória a empresa apresentar a GFIP Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias AUTO DE INFRAÇÃO. CORRELAÇÃO COM O LANÇAMENTO PRINCIPAL. Uma vez que já foram julgadas as autuações cujos objetos são as contribuições correspondentes aos fatos geradores omitidos em GFIP, a autuação pelo descumprimento da obrigação acessória só subsistirá relativamente àqueles fatos geradores em que as autuações correlatas foram julgadas procedentes LEGISLAÇÃO POSTERIOR MULTA MAIS FAVORÁVEL APLICAÇÃO A lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Recurso Voluntário Provido em Parte. O dispositivo do acórdão recebeu a seguinte redação: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial para adequação da multa ao artigo 32A da Lei n° 8.212/91, caso mais benéfica.” A contribuinte, cientificada da decisão em 27/8/2014 (fl. 150), interpôs embargos tempestivamente em 1º/9/2014 (fls. 160/165), manifestando inconformidade relativamente ao aresto, o qual teria sido omisso no enfrentamento dos pontos a seguir sintetizados: 1. Duplicidade do lançamento da multa: o acórdão, ao entender que a autuação acessória contestada subsistiria em razão do parcelamento do crédito principal, não considerou que o lançamento "busca cumulação de outra penalidade, que consiste na aplicação de pena autônoma pela ausência de declaração em GFIP de valores pagos aos empregados a título de empréstimo", sendo ilícito a exigência de multas cumuladas sobre o mesmo fato, consoante decisões que colaciona; Fl. 205DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 2. Ausência de prejuízo ao Erário: "isso, porque se a função da documentação fiscal da empresa é a identificação de todos os possíveis fatos geradores de contribuições previdenciárias, não se põe em dúvida que os documentos apresentados à D. Fiscalização atingiram esse objetivo". Os embargos foram admitidos por meio de Despacho datado de 19/11/2015 (fls. 199/201), o qual reconheceu a necessidade de enfrentamento das omissões supra mencionadas. É o relatório. Fl. 206DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 14479.000872/200741 Acórdão n.º 2402005.375 S2C4T2 Fl. 352 5 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator Sendo tempestivos os embargos, consoante apontado no precitado Despacho, e estando preenchidos os demais requisitos de admissibilidade, devem ser eles conhecidos. Registrese, inicialmente, que a empresa parcelou o débito da obrigação principal, NFLD 37.013.5512, correlacionada com a multa ora objeto de litígio. Assim informou a DERAT/SP (fl. 114) o que levou ao não provimento do recurso voluntário, sob a alegação, em síntese, de que a infração acessória segue o destino da principal. Apesar dessa fundamentação, houve, efetivamente, ausência de exame de duas matérias suscitadas em recurso pela contribuinte, as quais, se providas, dariam azo à reforma no lançamento. Inicialmente, no tocante à aventada duplicidade ou cumulação de penalidades, não merece prosperar o arrazoado da recorrente, pois foram aplicadas sanções distintas a fatos distintos, com supedâneo em prescrições legais diferenciadas. A mencionada NFLD 37.013.5512 trata de obrigação principal dos valores que deveriam ter sido recolhidos dada a ocorrência do fato gerador (a empresa não considerou os valores de empréstimos como base de cálculo da contribuição previdenciárias), tendo ela por objeto o pagamento do tributo, nos termos dos incisos I e II do art. 22 da Lei nº 8.212/91 (fls. 63/66). Já o Auto de Infração 37.013.5547, lavrado face a descumprimento de obrigação acessória, e veiculado neste processo, trata da informação em GFIP dos valores declarados nas folhas de pagamentos dos seus segurados. Essa informação foi prestada sem que fossem considerados, como base de cálculo para efeitos das contribuições devidas, os pagamentos a título de empréstimos, o que deu ensejo à multa prevista no § 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91, aplicável à época dos fatos (fls. 12/18). Cada uma das infrações, repitase, possui embasamento legal próprio, correspondendo a fatos diferentes previstos nas respectivas hipóteses de incidência. Portanto, não há falar em cumulação de penalidades. Melhor sorte não favorece à ilação de que não teria havido prejuízo ao Erário, pois a infração guerreada tem natureza meramente formal, independe do resultado efetivamente ocorrido, da vantagem obtida, da eventual falta de recolhimento de tributo ou da extensão da lesão ao Fisco. Como lembrado pela decisão de primeira instância, também não cogitou o Iegislador sobre o elemento volitivo subjacente à conduta, tal como estabelecido no art. 136 do Código Tributário Nacional: Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária Fl. 207DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Destarte, a investigação, seja de antecedente elemento volitivo, seja de prejuízo verificável, tornase irrelevante tanto para a tipificação da infração como para eventual afastamento da penalidade aplicada. Constatada a conduta em desconformidade com o disposto na legislação, cabe ao Fisco, mediante atuação vinculada, constituir o respectivo crédito tributário. Ante o exposto, voto no sentido de ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, sem efeitos modificativos, para suprir as omissões constatadas no acórdão de recurso voluntário. Ronnie Soares Anderson. Fl. 208DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 10930.003974/2005-11
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Nov 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001
IMPOSTO DE RENDA DE PESSOA FÍSICA. REQUISITOS DO AUTO DE INFRAÇÃO. DESCRIÇÃO DO FATO. METODOLOGIA DO CÁLCULO - INEXISTÊNCIA - CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
O auto de infração deve conter a clara demonstração da metodologia de cálculo adotada pela Fiscalização na apuração do imposto, sob pena de ocorrência de cerceamento de direito de defesa.
A ocorrência de vício em relação à esse elemento é considerado vício material, que conduz ao cancelamento do lançamento.
Numero da decisão: 9202-004.500
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2001 IMPOSTO DE RENDA DE PESSOA FÍSICA. REQUISITOS DO AUTO DE INFRAÇÃO. DESCRIÇÃO DO FATO. METODOLOGIA DO CÁLCULO - INEXISTÊNCIA - CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. O auto de infração deve conter a clara demonstração da metodologia de cálculo adotada pela Fiscalização na apuração do imposto, sob pena de ocorrência de cerceamento de direito de defesa. A ocorrência de vício em relação à esse elemento é considerado vício material, que conduz ao cancelamento do lançamento.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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REQUISITOS DO AUTO DE INFRAÇÃO. DESCRIÇÃO DO FATO. METODOLOGIA DO CÁLCULO INEXISTÊNCIA CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. O auto de infração deve conter a clara demonstração da metodologia de cálculo adotada pela Fiscalização na apuração do imposto, sob pena de ocorrência de cerceamento de direito de defesa. A ocorrência de vício em relação à esse elemento é considerado vício material, que conduz ao cancelamento do lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 00 39 74 /2 00 5- 11 Fl. 499DF CARF MF 2 Relatório Contra o contribuinte em epígrafe foi lavrado Auto de Infração em decorrência de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica decorrentes de ação trabalhista, no ano calendário 2000. Inconformado, o contribuinte apresentou regularmente Impugnação, que foi julgada parcialmente procedente. Assim sendo, tempestivamente, foi apresentado Recurso Voluntário pelo Contribuinte. No julgamento do Voluntário a 2ª Turma Especial, da 2ª Seção de Julgamento foi dado provimento ao recurso, por maioria de votos, tendo em vista o vício insanável no auto de infração, que gerou o cerceamento do direito de defesa do contribuinte, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001 NORMAS PROCESSUAIS. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. O auto de infração deve conter a descrição completa dos fatos oponíveis ao contribuinte, bem como trazer clara demonstração da metodologia de cálculo adotada pela Fiscalização na apuração do imposto de renda suplementar, sob pena de ocorrência de cerceamento de direito de defesa e consequente nulidade do auto de infração. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso interposto, tendo em vista a existência de vício insanável no Auto de Infração litigado, conforme o voto do Relator. Vencida a Conselheira Dayse Fernandes Leite (Suplente convocado). Dessa decisão foram opostos embargos de declaração pela União, com o objetivo de ver esclarecido se a nulidade constatada no lançamento decorria de vício formal ou material. No julgamento dos embargos, por unanimidade a Turma entendeu tratarse de vício material, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NULIDADE. NATUREZA DO VÍCIO. A declaração de nulidade sem indicação expressa acerca de ser uma nulidade por vício material ou por vício formal por implicar Fl. 500DF CARF MF Processo nº 10930.003974/200511 Acórdão n.º 9202004.500 CSRFT2 Fl. 500 3 prejuízo à defesa da Fazenda Nacional constitui omissão a ser sanada pela via dos embargos. NORMAS PROCESSUAIS. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. O auto de infração deve conter a descrição completa dos fatos oponíveis ao contribuinte, bem como trazer clara demonstração da metodologia de cálculo adotada pela Fiscalização na apuração do imposto de renda suplementar, sob pena de ocorrência de cerceamento do direito de defesa e consequente nulidade do auto de infração por vício material. Embargos acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos ACOLHER os embargos para incluir no acórdão a descrição de que a motivação da nulidade foi um vício material. Regularmente intimada da decisão a Fazenda Nacional, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, trazendo como paradigmas o Acórdãos nº 204 01794 e 30334.252, afirmando que a orientação ali exposta foi no sentido de que o erro na identificação do sujeito passivo é vício formal não material. Na análise de admissibilidade, foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto, dada a demonstrada divergência, pois acórdão recorrido entende que é nulo o auto de infração que não traga uma clara demonstração da metodologia de cálculo adotada pela fiscalização, ao passo que os acórdãos paradigmas entendem que o lançamento é válido, mesmo que ausente a demonstração da metodologia de cálculo adotada pela Fiscalização. Regularmente intimado, o Contribuinte apresentou contrarrazões, alegando, em apertada síntese: 1. Os vícios contidos no auto de infração lavrado contra o recorrido estão diretamente ligados a materialidade do crédito tributário, pois repercutem diretamente na confirmação da existência do fato gerador, definição das verbas tributáveis e da forma de cálculo do imposto. por tais razões pede o reconhecimento da inadmissibilidade do Recurso da União; 2. Nesse contexto, pede o não provimento do recurso da União. É o relatório. Voto Conselheiro Gerson Macedo Guerra Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade do Recurso Especial, passo à análise de mérito. Fl. 501DF CARF MF 4 A doutrina faz a diferenciação de vício formal e vício material e seus efeitos em relação ao lançamento tributário. O primeiro acarreta a nulidade do auto de infração, enquanto o segundo acarreta seu cancelamento. Mas qual a diferença entre referidos vícios? Conforme Renata Elaine Silva o vício formal “é o erro de forma, de processo, na construção do lançamento, em outras palavras, na formação da norma individual e concreta que é o produto obtido do processo de lançamento.” Nos ensinamentos da referida autora, referido processo de lançamento inicia se com a abertura do procedimento fiscal e findase com a notificação do contribuinte da lavratura do Auto de Infração. No processo administrativo federal os artigos 7º ao 11º, do Decreto 70.235, cuidam do processo de construção do lançamento tributário. Tais vícios formais, quando identificados, autorizam a anulação do lançamento e a lavratura de novo Auto de Infração. O vício material, por sua vez, diz respeito ao núcleo do lançamento e sua constatação leva ao cancelamento do auto de infração. Conforme ensina Renata Elaine Silva, se referem à conformação do crédito, os vícios materiais dizem respeito à essência do lançamento, melhor dizendo, aos elementos que compõe o fato jurídico e a relação jurídica. São exemplos de vícios materiais a não comprovação da ocorrência do fato, em qualquer dos seus critérios material, pessoal, espacial, e temporal, tendo em vista as provas apresentadas. Pois bem. No presente caso o erro no lançamento ocorreu em relação à formação do cálculo do imposto, na medida em que faltou trazer clara demonstração da metodologia de cálculo adotada pela Fiscalização. A meu ver tal vício é uma clara afronta ao artigo 142, do CTN, que traz como um dos requisitos do lançamento tributário o correto cálculo do tributo devido, nos seguintes termos: “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.” Assim, sendo, em minha ótica o vício evidenciado no presente caso é material. Nesse contexto, voto por negar provimento ao recurso da União, mantendo, in totum, a decisão a quo. (assinado digitalmente) Fl. 502DF CARF MF Processo nº 10930.003974/200511 Acórdão n.º 9202004.500 CSRFT2 Fl. 501 5 Gerson Macedo Guerra Fl. 503DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.720929/2007-29
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 08 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/1996
COFINS PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE PROFISSÃO REGULAMENTADA.
As sociedades civis de prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada, constituídas exclusivamente por pessoas físicas domiciliadas no País e registradas no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, até 31 de março de 1997, independentemente do regime de tributação do imposto de renda a que estavam sujeitas, faziam jus à isenção da Cofins. Por conseguinte, a contribuição paga no período é passível de restituição/compensação.
Recurso Especial da Procuradoria negado.
Numero da decisão: 9303-004.375
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram do Julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Possas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/1996 COFINS PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE PROFISSÃO REGULAMENTADA. As sociedades civis de prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada, constituídas exclusivamente por pessoas físicas domiciliadas no País e registradas no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, até 31 de março de 1997, independentemente do regime de tributação do imposto de renda a que estavam sujeitas, faziam jus à isenção da Cofins. Por conseguinte, a contribuição paga no período é passível de restituição/compensação. Recurso Especial da Procuradoria negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Relator Participaram do Julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Possas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello.
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ISENÇÃO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado FLAMINGO 2001 CURSO FUNDAMENTAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/1996 COFINS PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE PROFISSÃO REGULAMENTADA. As sociedades civis de prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada, constituídas exclusivamente por pessoas físicas domiciliadas no País e registradas no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, até 31 de março de 1997, independentemente do regime de tributação do imposto de renda a que estavam sujeitas, faziam jus à isenção da Cofins. Por conseguinte, a contribuição paga no período é passível de restituição/compensação. Recurso Especial da Procuradoria negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 72 09 29 /2 00 7- 29 Fl. 435DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram do Julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Possas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional PFN contra o Acórdão nº 3401002.402, de 26/09/2013, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção deste CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/1996 DECADÊNCIA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECENAL. RE 566.621. ART. 62A DO RICARF (PORTARIA MF 256/09). Consoante disposto no art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF 256/09, as decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, sob sistemática da repercussão geral, deverão ser reproduzidas por este Colégio Administrativo nas decisões administrativas exaradas por seus integrantes, de modo que, a teor da decisão exarada no RE 566.621/RS, os processos formalizados em data anterior à vigência da LC 118/05, ou seja, anteriormente a 09/06/2005, contam a decadência do direito à repetição de indébito pelo prazo decenal (tese dos “5 + 5”), com termo inicial de contagem na data de ocorrência do fato gerador. DECLARAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação, como termo inicial, e a ciência do despacho decisório que a analisa, como termo final do lapso temporal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/1996 Fl. 436DF CARF MF Processo nº 10880.720929/200729 Acórdão n.º 9303004.375 CSRFT3 Fl. 435 3 ISENÇÃO. ART. 6º, II DA LC 70/91. SOCIEDADE CIVIS. REGIME DE TRIBUTAÇÃO PELO IRPJ. OBSERVÂNCIA. DESNECESSIDADE. Consoante art. 6º, II da LC 70/91, são isentas da Cofins as sociedades civis de que trata o art. 1º do DL 2.397/87, isto é, aquelas que exercem atividade de prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada, registradas no Registro Civil das Pessoas Jurídicas e constituídas exclusivamente por pessoas físicas domiciliadas no País, pouco importando o regime de tributação adotado para apuração do IRPJ. Recurso voluntário provido em parte. No Recurso Especial, por meio do qual pleiteou, ao final, a reforma do decisum, a Recorrente suscitou divergência em relação ao entendimento de que o regime de tributação do IRPJ adotado ser irrelevante para a configuração da isenção da LC nº 70, de 1991. Visando comprovar as divergências, apresentou, como paradigmas, os Acórdãos nº 20176.769, de 26/02/2003, cuja ementa está transcrita no recurso. O exame de admissibilidade do Recurso Especial encontrase às fls. 425/426. As contrarrazões, às 431/433. É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos, tal como proposto no exame de admissibilidade, que o recurso especial deve ser conhecido. Conforme lá foi destacado, o simples confronto entre as ementas comprova a divergência jurisprudencial, uma vez que, enquanto, no acórdão recorrido, ao tratar da mesma matéria, tributo e períodos de apuração anteriores a 1997, entendeuse isentas da Cofins as sociedades civis de profissão legalmente regulamentada, independentemente do regime de tributação adotado para apuração do IRPJ, no acórdão paradigma, chegouse a uma conclusão oposta: a de que a opção pela tributação com base no lucro presumido – é o caso da contribuinte – não possibilitaria a fruição do benefício. Porém, embora conhecido, ao recurso deve ser negado provimento. É que, conforme ressaltado pelo relator da decisão recorrida, o art. 6º, II, da Lei Complementar – LC nº 70, de 1991, fez referência às sociedades civis de que trata o art. 1° do Decretolei n° 2.397, de 1987, sem o estabelecimento de quaisquer outras condições, bastando que seja de profissão legalmente regulamentada, registradas no Registro Civil das Pessoas Jurídicas e constituídas exclusivamente por pessoas físicas domiciliadas no País, pouco importando o regime de apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ adotado. A só leitura dos dispositivos legais esclarecem o fato: Fl. 437DF CARF MF 4 LC nº 70, de 1991: Art. 6° São isentas da contribuição: (...) II as sociedades civis de que trata o art. 1° do DecretoLei n° 2.397, de 21 de dezembro de 1987; (...) Decretolei nº 2.397, de 1987: Art. 1° A partir do exercício financeiro de 1989, não incidirá o Imposto de Renda das pessoas jurídicas sobre o lucro apurado, no encerramento de cada períodobase, pelas sociedades civis de prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada, registradas no Registro Civil das Pessoas Jurídicas e constituídas exclusivamente por pessoas físicas domiciliadas no País. Esse é, ademais, o entendimento que restou consignado no Parecer Normativo Cosit nº 3, de 25 de março de 1994 ((Publicado(a) no DOU de 28/03/1994, seção 1, pág. 4443), já citado no acórdão recorrido e que, em parte, passamos a transcrever: Em exame o alcance da isenção da Contribuição Social para Financiamento da Seguridade SocialCOFINS, prevista no inciso II do Art. 6º da Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, em face do disposto no art. 71 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991 e no art. 1º da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992. 2. De acordo com o inciso II do art. 6º da Lei Complementar nº 70/91, estão isentas da contribuição as sociedades civis de que trata o art. 1º do Decretolei nº 2.397de 21 de dezembro de 1987. 2.1. O referido dispositivo legal deve ser interpretado literalmente, tendo em vista o que dispõe o art. 111, inciso II, do CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966). 3. O art. 1º do Decreto nº 2.397/87, assim determina: "Art. 1º A partir do exercício financeiro de 1989, não incidirá o imposto de renda das pessoas jurídicas sobre o lucro apurado, no encerramento de cada períodobase, pelas sociedades civis de prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada, registradas no Registro Civil das Pessoas Jurídicas e constituídas exclusivamente por pessoas físicas domiciliadas no País." 4. Do exame do dispositivo legal em tela, observase que, somente está abrangida pela não incidência do imposto de renda das pessoas jurídicas, a sociedade civil que obedeça, cumulativamente, os requisitos a seguir discriminados e que, por consequência, estão isentas da Contribuição Social sobre o Faturamento: Fl. 438DF CARF MF Processo nº 10880.720929/200729 Acórdão n.º 9303004.375 CSRFT3 Fl. 436 5 a) seja sociedade constituída exclusivamente por pessoas físicas domiciliadas no Brasil; b) tenha por objetivo a prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada; e c) esteja registrada no Registro Civil das Pessoas Jurídicas. 5. Nesse sentido, o subitem 3.2 da Exposição de Motivos nº 104, de 23/12/87, que ensejou a edição do Decretolei nº 2.397/87, assim esclareceu: "Os rendimentos das sociedades civis são de natureza eminentemente pessoal, pertencentes e indissociáveis dos sócios, o lucro apurado será integralmente submetido à tributação nas pessoas físicas dos sócios, de acordo com a participação societária de cada um, independentemente de ocorrer distribuição efetiva ou não. Não haverá tributação na pessoa jurídica" grifouse). 6. Com efeito, considerando o regime de tributação pelo imposto de renda diferenciado das demais sociedades, aplicável às sociedades civis enquadradas no Decretolei nº 2.397/87, ou seja, aquelas cujo lucro é tributado integralmente nas pessoas físicas dos sócios, podese afirmar que a Lei Complementar nº 70/91 isentou as sociedades civis da contribuição social por não se caracterizarem como pessoa jurídica para fins da legislação tributária. Em reforço à tese aqui adotada, as seguintes decisões prolatadas por esta mesma CSRF, assim ementadas: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/1996 a 30/11/1996 COFINS PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE PROFISSÃO REGULAMENTADA. As sociedades civis de prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada, constituídas exclusivamente por pessoas físicas domiciliadas no País e registradas no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, até 31 de março de 1997, independentemente do regime de tributação do imposto de renda a que estavam sujeitas, faziam jus à isenção da Cofins. Por conseguinte, a contribuição paga no período é passível de restituição/compensação. Recurso Especial do Contribuinte Provido. (Acórdão nº 9303 002.244, de 07/05/2013, rel. Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas). Fl. 439DF CARF MF 6 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/1996 a 31/12/1996 COFINS. ISENÇÃO. SOCIEDADE CIVIL PRESTADORA DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS RELATIVOS AO EXERCÍCIO DE PROFISSÃO LEGALMENTE REGULAMENTADA. PERÍODO DE APURAÇÃO ANTERIOR À PUBLICAÇÃO DA LEI 9.430/96. IRRELEVANTE O REGIME TRIBUTÁRIO. Deve ser reconhecida a isenção para sociedade civil prestadora de serviços profissionais em período anterior à publicação da Lei 9.430/96, sendo irrelevante o regime tributário que esta adote para fins do Imposto de Renda, conforme prevê a Súmula 276 do STJ. Recurso Especial do Procurador Negado. (Acórdão nº 9303 002.036, de 10/07/2012, rel. Conselheira Nanci Gama). Ante o exposto, conheço do recurso especial e negolhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 440DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001263/2009-19
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica — IRPJ
Exercício: 2004, 2005.
OMISSÃO DE RECEITA. EXTRATOS BANCÁRIOS. HISTÓRICOS.
PROVA.
Históricos de créditos nas contas correntes, indicando que se trata de pagamento de operações mercantis, são elemento de prova de que os ingressos correspondem a receitas da empresa.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2004, 2005.
OMISSÃO DE RECEITA. ELEMENTOS DE PROVA. EXTRATOS
BANCÁRIOS.
Extratos bancários que revelam, nos históricos dos lançamentos à crédito nas contas correntes, tratarem-se de pagamento de venda são provas diretas das receitas auferidas pela empresa, ainda mais quando associados a
circularização que confirma as operações mercantis.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Exercício: 2006, 2007
RECURSO VOLUNTÁRIO. CONTESTAÇÃO DOS FATOS. AUSÊNCIA.
Se o contribuinte não contesta os fatos sustentados na autuação, não cabe ao julgador fazê-lo.
SONEGAÇÃO. ELEMENTOS DE PROVA.
Restando demonstrado que o contribuinte deixou de registrar expressivas compras e respectivos pagamentos, resta demonstrada a sonegação de fatos tributáveis ao Fisco, cabendo a a cação da mu4 de 150%.
CONSTITUCIONALIDADE DE LEI.
Não é possível analisar a constitucionalidade de leis, ou adequação das leis ao CTN, em processo administrativo. As leis têm presunção de
constitucionalidade e devem ser aplicadas pela Administração, salvo determinação em contrário da Justiça.
SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS. ART.
135 DO CTN. A responsabilidade prevista no art. 135 do CTN é subsidiária, de sorte que apenas surge quando demonstrada a impossibilidade de cobrança da divida do devedor. SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS. ART.
124 DO CTN. A responsabilidade prevista no art. 124 do CTN não se aplica a tributos como IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, nos quais o pólo passivo é constituído unicamente pelo contribuinte. Só é possível haver a incidência do art. 124 do CTN se as pessoas estiverem na mesma posição jurídica em relação ao fato gerador.TERMOS DE SUJEIÇÃO PASSIVA. NULIDADE.
nulo o termo de sujeição passiva lavrado sem amparo na legislação. ARTIGO 124 DO CTN.
0 art. 124 ao mencionar "interesse comum" diz interesse idêntico e isso significa que para serem solidários as pessoas precisam co-realizar o fato
gerador. ARTIGO 135 DO CTN
Uma das possibilidades de responsabilização de gerentes, com base no art. 135 do CTN, é que o débito tributário decorra de sonegação, que o gerente tenha estado na administração da empresa no momento em que ocorreu a sonegação, e que não seja possível cobrar da empresa.
Numero da decisão: 1101-000.736
Decisão: Acordam os membros do colegiado: 1) por unanimidade de votos, NEGAR
PROVIMENTO ao recurso de oficio; 2) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário de Denwa Video Foto, Som, Comércio e Importação; 3) por maioria de votos ANULAR o termo de sujeição passiva, divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e João Carlos de Figueiredo Neto, que negavam provimento ao recurso voluntário de Alberto Mucciolo; 4) por unanimidade de votos, NÃO CONHECER da petição de Yoshe Sugahara Ishii. Fará declaração de voto a Conselheira Edeli Pereira Bessa.
Nome do relator: Carlos Eduardo De Almeida Guerreiro
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OMISSÃO DE RECEITA. EXTRATOS BANCÁRIOS. HISTÓRICOS. PROVA. Históricos de créditos nas contas correntes, indicando que se trata de pagamento de operações mercantis, são elemento de prova de que os ingressos correspondem a receitas da empresa. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2004, 2005. OMISSÃO DE RECEITA. ELEMENTOS DE PROVA. EXTRATOS BANCÁRIOS. Extratos bancários que revelam, nos históricos dos lançamentos à crédito nas contas correntes, tratarem-se de pagamento de venda são provas diretas das receitas auferidas pela empresa, ainda mais quando associados a circularização que confirma as operações mercantis. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2006, 2007 RECURSO VOLUNTÁRIO. CONTESTAÇÃO DOS FATOS. AUSÊNCIA. Se o contribuinte não contesta os fatos sustentados na autuação, não cabe ao julgador fazê-lo. SONEGAÇÃO. ELEMENTOS DE PROVA. Restando demonstrado que o contribuinte deixou de registrar expressivas compras e respectivos pagamentos, resta demonstrada a sonegação de fatos tributáveis ao Fisco, cabendo a a cação da mu4 de 150%. /a. Processo n° 19515.001263/2009-19 SI-C I TI Acórdão n.° 1101-00.736 Fl. 1.463 CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. Não é possível analisar a constitucionalidade de leis, ou adequação das leis ao CTN, em processo administrativo. As leis têm presunção de constitucionalidade e devem ser aplicadas pela Administração, salvo determinação em contrário da Justiça. SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS. ART. 135 DO CTN. A responsabilidade prevista no art. 135 do CTN é subsidiária, de sorte que apenas surge quando demonstrada a impossibilidade de cobrança da divida do devedor. SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS. ART. 124 DO CTN. A responsabilidade prevista no art. 124 do CTN não se aplica a tributos como IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, nos quais o pólo passivo é constituído unicamente pelo contribuinte. Só é possível haver a incidência do art. 124 do CTN se as pessoas estiverem na mesma posição jurídica em relação ao fato gerador. TERMOS DE SUJEIÇÃO PASSIVA. NULIDADE. nulo o termo de sujeição passiva lavrado sem amparo na legislação. ARTIGO 124 DO CTN. 0 art. 124 ao mencionar "interesse comum" diz interesse idêntico e isso significa que para serem solidários as pessoas precisam co-realizar o fato gerador. ARTIGO 135 DO CTN Uma das possibilidades de responsabilização de gerentes, com base no art. 135 do CTN, é que o débito tributário decorra de sonegação, que o gerente tenha estado na administração da empresa no momento em que ocorreu a sonegação, e que não seja possível cobrar da empresa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: 1) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de oficio; 2) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário de Denwa Video Foto, Som, Comércio e Importação; 3) por maioria de votos ANULAR o termo de sujeição passiva, divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e João Carlos de Figueiredo Neto, que negavam provimento ao recurso voluntário de Alberto Mucciolo; 4) por unanimidade de votos, NÃO CONHECER da petição de Yoshe Sugahara Ishii. Fará declaração de voto a Conselheira Edeli Pereira Bessa. VALMAR FONSECA I ENEZES - Presidente. 2 Processo n° 19515.001263/2009-19 Acórdão n.° 1101-00.736 SI-CITI Fl. 1.464 CARLOS EDUARII5ö DE ALMEIDA GUERREIRO - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Lisboa Cardoso, Benedicto Celso Benicio Júnior, Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, Edeli Pereira Bessa, João Carlos de Figueiredo Neto e Valmar Fonseca de Menezes (presidente da turma). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Nara Cristina Takeda Taga e José Ricardo da Silva. Relatório Trata-se de recurso voluntário e de recurso de oficio contra decisão que considerou parcialmente procedente impugnação a auto de infração. Em 15/04/2009, é lavrado relatório fiscal para solicitar autorização de arbitramento do lucro (proc. fls. 1265 a 1267). Conforme relatório, o contribuinte apresentou declaração pelo Simples para o ano de 2003 e declaração de inatividade para os anos de 2004 e 2005. Mas, foi constatada vultosa movimentação financeira e expressivas vendas. A fiscalização diz que o contribuinte só apresentou os extratos bancários, não apresentando os demais documentos e livros, nem prestando esclarecimentos. Consigna que foi lavrada autuação referente ao ano de 2003, dentro da sistemática do Simples, com base nos extratos bancários. Informa que para os anos de 2004 e 2005 o lançamento adotará a sistemática do lucro arbitrado, pois a empresa não apresentou os livros e documentos, razão pela qual solicita autorização para o arbitramento. Adiciona que a empresa não é encontrada no seu domicilio fiscal e seus sócios não foram localizados. Explica que um advogado se apresentou para representar os sócios com base em uma procuração de uma das sócias da empresa, sendo este advogado que apresentou os extratos. Informa estes extratos permitiram quantificar as receitas omitidas e permitiram identificar procurador que movimentava as contas bancárias, nas quais ingressaram R$ 125 milhões nos 3 anos, enquanto a empresa declarou apenas ínfimos valores relativos a 2003 e se declarou sem atividade em 2004 e 2005. Em 14/04/2009, é lavrado termo de verificação, descrevendo os fatos (proc. fls. 1268 a 1281). No termo, a fiscalização diz que foi ao local da sede da empresa, conforme domicilio fiscal cadastrado, e encontro a empresa "Jacarezinho Escola de Educação Infantil", que funcionava no local desde dezembro de 2006, conforme explicou a sócia Magda Aparecida Bersani Nunes. Informa que a empresa autuada consta como inapta nos sistemas da Receita. Explica que intimou sócios (Yoshie Sugahara Ishii, Hermelinda Alves da Silva Demenciana) e o representante da empresa (José Chaves Sobrinho), não logrando encontrar no domicilio fiscal outra sócia (Francisleide Eugenia Eloia) e o ex-sócio (Nilson Soares da Silva). Frente ao não atendimento, diz que essas pessoas foram reintimadas, mas continuaram sem atender. Informa que, em 12/06/2008, o advogado Carlos Eduardo de Oliveira Pereira compareceu na repartição fiscal munido de procuração de Alberto Mucciolo, que por sua vez representava Yoshie Sugahara Ishii, conforme procuração pública lavrada em 29/08/2002, mas vencida em 28/09/2003. Explica que o mesmo advogado compareceu em 20/06/2008, desta vez 3 Processo n° 19515.001263/2009-19 SI-C1T1 Acórdão n.° 1101-00.736 Fl. 1.465 munido de procuração da sócia administradora Yoshie Sugahara Ishii, o que permitiu considerar intimada a empresa, na pessoa de sua sócia administradora, sendo exigido a apresentação de livros e documentos. Informa que o advogado apresentou apenas extratos bancários de 3 contas no Bradesco. Diz que os extratos foram analisados e (depois de excluídos ingressos que correspondessem a transferência entre contas, estornos, cheques devolvidos, etc) foram feitas planilhas, parte integrante do presente termo, localizadas nas folhas 394 a 466. Conforme a fiscalização, essas planilhas mostram ingressos de R$ 58.741.209,62 e R$ 53.964.611,22, respectivamente, em 2005 e 2006, enquanto o contribuinte apresentou declaração de inatividade para estes anos. Esclarece que a análise dos históricos demonstra que "os valores creditados referem-se a recebimentos de empresas especializadas no comércio varejista, na forma de transferências bancárias e depósitos identificados, bem como liquidação de cobranças, que evidenciam serem, os valores recebidos pelo contribuinte fiscalizado, oriundos de transações comerciais, cujos valores não foram informados nas Declarações de Inatividade de Pessoa Jurídica, referentes aos anos base de 2004 e 2005". Explica que a análise detalhada dos extratos bancários mostra que os ingressos decorrem de vendas, corn as seguintes palavras: A análise detalhada dos extratos bancários permitiu verificar que os valores creditados nas contas correntes estão associados a operações de vendas de produtos, cujos valores foram recebidos com históricos dos extratos como "LIQUIDACAO DE COBRANCA", por intermédio do Banco Bradesco S/A., em alguns casos, em outros por pagamento por transferência bancária, com históricos como "DOC CREDITO AUTOMÁTICO", "RECEB POR 1 FORNECIMENTO" e "TED TRANSE ELETR DISPON", de clientes como AMERICANAS COM S/A COM ELETR; TV SKY SHOP; SIGLA SIST GL GRAV A VISA LTDA; SUBMARINO SA; MOBILITA COM IND E REPRES LTDA; WAL MART BRASIL LTDA; PANASHOP COML LTDA; LOJAS AMERICANAS SA; CARREFOURCOM E IND LTDA; SONAE DISTRIBUICAO B S.A; BLACKBIRD MUSIC SHOP LTDA ME; FNAC BRASIL LTDA; LIV El PAPELARIA SARAIVA S/A; KELLERS RECORDS; MUCAFA MUSIC; entre outras operações de vendas (fls. 108 a 393) Conforme o relatório, para confirmar que os ingressos nas contas bancárias correspondiam h comercialização de produtos, foi feita circularização aos clientes identificados nos históricos dos extratos. Explica que foram selecionados os 5 maiores cliente e eles foram intimados a apresentar seus livros e as 20 notas fiscais mais expressivas. Informa que a resposta das empresas intimadas confirma que os créditos bancários correspondem a vendas, pois esses documentos demonstram expressivas vendas, e os valores correspondem aos ingressos nas contas correntes @roc. fls. 825 a 1170). Conclui que "dessa forma, a movimentação financeira incompatível, que já indicava omissão de receitas e se constituía em objeto de presunção legal dessa infração, converte-se em omissão de receita com prova direta da realização de transações comerciais 4 Processo n° 19515.001263/2009-19 SI-CITI Acórdão n.° 1101-00.736 Fl. 1.466 geradoras de receitas omitidas da escrituração e por completo das declarações apresentadas ao fisco". Explica que, frente a falta de apresentação de livros, só cabe aplicação da sistemática do lucro arbitrado. Enfatiza que a empresa procurou esconder os fatos tributáveis, pois declarou como inativa nos anos de 2005 e 2006 e que esta circunstância implica na aplicação da multa de 150%. 0 Fisco diz que tentou solicitar a empresa, por meio de intimação a seus sócios e seu procurador, explicação dos fatos acima relatados, mas não obteve retorno. Informa que a única manifestação da empresa foi de que os livros e documentos estavam extraviados e que, por isso, não era possível atender a intimação. Destaca que a empresa se calou sobre as perguntas que independiam de livros ou documentos e que indagavam das transações e origem das mercadorias comercializadas. A fiscalização explica que constatou, por amostragem, que cheques e autorizações de transações bancárias da empresa foram assinados por Alberto Mucciolo em 2004 e 2005. Diz que tal fato seria de se supor, frente a procuração vencida que foi inicialmente apresentada. Sustenta que isso caracteriza a responsabilidade desta pessoa, já que ela podia dispor e administrar sozinha os recursos da empresa. O relatório também sustenta que Alberto Mucciolo movimentou as contas bancárias da empresa e assinou os documentos de transações financeiras. Diz que foi comprovado que ele tinha procuração passada por Yoshie Sugahara Ishii, de 29/08/2002 até 28/08/2003, bem como assinou documentos bancários em 2004 e 2005. Argumenta que os sócios formais não tem patrimônio compatível com a movimentação financeira e que não tinham autonomia para movimentar as contas bancárias. Responsabiliza solidariamente Alberto Mucciolo, nos termos do art. 124, inciso I, e do art. 135, incisos II e II, ambos do CTN. Indica a base de cálculo dos tributos lançados de oficio como sendo a soma dos ingressos nas contas bancárias. Em 30/04/2009, o contribuinte é cientificado dos autos de infrações (proc. fls. 1282 a 1316). Na mesma data, Alberto Mucciolo é notificado dos créditos exigidos, como responsável solidário (proc. fls. 1318 e 1319), por meio de seu procurador Carlos Eduardo de Oliveira Pereira (proc. fls. 1320). A empresa apresenta impugnação (proc. fls. 1323 a 1340). Resumidamente, a empresa alega o seguinte: a) Erro na aplicação da base de cálculo; (Lucro Real ou Arbitrado não se deve considerar a totalidade dos depósitos como receita); b) Excesso na qualificação da multa; (a falta de escrituração não impede a ocorrência do fato gerador, portanto, não pode ser presumida a fraude); c) Erro no procedimento de fiscalização; (se em AC2003 foi ultrapassado o limite, há que ser a empresa desenquadrada do SIMPLES, posteriormente, ser requerida a reconstituição dos livros fiscais na sistemática do lucro real, pois os montantes superam os R$ 48 milhões); 5 Processo n° 19515.001263/2009-19 SI-CITI Acórdao n.° 1101-00.736 Fl. 1.467 d) Erro na determinação e responsabilização de solidário ; (Sr. Alberto não possuía procuração válida a partir de 2003); e) Decadência parcial para os anos-calendário de 2004 e 20 5. (no Lucro Real e no Lucro Arbitrado, a sistemática de apuração do PIS e da COFINS é mensal, enquanto a CSLL e o IRPJ é trimestral), portanto, decaídos estão os tributos: - PIS e COFINS - até Margo de 2005; - CSLL e IRPJ - até 10 Trimestre de 2005; 0 contribuinte alega que a fiscalização presumiu que os ingressos bancários correspondiam a receitas, sem sequer intimar a empresa a apresentar a demonstração do lucro real. Diz que o Fisco obteve a informação de clientes sobre as vendas e deveria ter utilizado estes valores, ao invés de totalizar os ingressos nas contas bancárias. Afirma que não houve fraude e que não cabe a multa qualificada. Diz que o fiscal aplicou o arbitramento, mas que não poderia ter feito isto, pois a empresa estava no Simples e deveria ter sido intimada a optar pelo sistema do lucro real. Argumenta que só se a empresa tivesse ganho as mercadoria poderia ter sido desconsiderado os custos. Lembra que sequer as despesas operacionais foram consideradas. Diz que os valores que circularam pelas contas bancárias da empresa não pertenciam a empresa, na sua totalidade. Argumenta que a base de cálculo da CSLL é o lucro liquido ajustado e não o somatório dos ingressos na conta bancária, valendo o mesmo argumento para o PIS e a Cofins. Alega que o ICMS deve ser retirado da base de cálculo da contribuição ao PIS e da Cofins, e que estes devem ser retirados da base de cálculo da CSLL e do IRPJ. Em 22/05/2009, Alberto Mucciolo apresenta sua impugnação (proc. fls. 1349 a 1367). Repete os mesmos argumentos apresentados pela empresa e refuta sua responsabilidade. Diz que a procuração apresentada era válida apenas até 28/08/2003, e que não foi comprovado qualquer beneficio que tenha tido. Em 06/08/2009, a la Turma da DRJ I em São Paulo considera procedente em parte os lançamentos e recorre de oficio de sua decisão (proc. fls. 1369 a 1390). Diz que os autos de infração não são nulos e que não ocorreu a decadência, pois a ciência ocorreu em 30/04/2009 e, em razão da fraude, o prazo se conta pelo art. 173 do CTN. Informa que não houve cerceamento de defesa e que o arbitramento ocorreu por falta de apresentação dos livros. Também diz que a quantificação da base de cálculo está correta, pois as notas fiscais de vendas a comprovam. Lembra que a autuação foi feita por prova direta de omissão de receitas, obtida por circularização de clientes e não pela simples suposição de que os valores creditados correspondiam a vendas. Recapitula que foram circularizadas grandes empresas que eram clientes da autuada, que confirmaram operações. Indica estas empresas e a localização de suas respostas no processo: "Mobilltá Com. Ind. e Representações Ltda., CNPJ 32.121.786/0001-10 (lis. 836 a 906); Livraria e Papelaria Saraiva S/A, CNPJ 61.254.454/0001-83 (fls. 907 a 1023 ); FNAC Brasil Ltda., CNPJ 02.634.926/0001-64 «is. 1024 a 1110); Carrefour Comércio e Indústria Ltda., CNPJ 45.543.915/0001-81 (lis. 1111 a 1144); Lojas Americanas S/A, CNPJ 33.014.556/0001-96 (fls. 1145 a 1170)". Explica que no lucro arbitrado não cabe a consideração de custos ou despesas, como pretendeu a impugnante e 6 Processo n° 19515.001263/2009-19 S 1 -CI TI Acórdão n.° 1101-00.736 Fl. 1.468 afirma que o percentual de arbitramento foi correto. Alega que a apuração pelo lucro arbitrado afasta as argumentações do contribuinte relativas a exclusão de tributos da base de cálculo de outros tributos. Entende que é aplicável a multa de 150% porque o contribuinte declarou não ter movimento, enquanto o Fisco demonstrou que existiram expressivas receitas. Afirma que a responsabilidade de Alberto Mucciolo foi demonstrada, não só pela procuração, mas pela movimentação das contas bancárias em 2004 e 2005. Lembra que tem cheques assinados pelo Alberto em 2004 e 2005. Cancela as cobranças trimestrais de PIS e COFINS, mantendo apenas o montante referente às receitas mensais de março, junho, setembro e dezembro de 204 e 2005. Em 19/11/2009, Alberto (proc. fl. 1407), Yoshe Sugahara Ishii (proc. ff 1417) são cientificados do acórdão. Correspondência com o acórdão é enviada para a empresa e retorna sem ser entregue por mudança de endereço (proc. fl. 1426). Na seqüência, a ciência é dada por edital (proc. fl. 1428) Em 18/12/2009, por via postal, a empresa apresenta recurso voluntário, onde repete os argumentos apresentados na impugnação (proc. fls. 1430 a 1436). Diz que, se o auditor conseguiu identificar os 5 maiores clientes e algumas operações feitas, deveria ter feito todo o levantamento, ao invés de supor que todos os ingressos na conta bancária correspondem a receitas. Afirma que a base de cálculo está errada e que não há fraude. Diz que, se a base era determinável, o auditor não poderia adotar amostragem. Conclui que o auto é nulo. Em 18/12/2009, por via postal, Alberto Mucciolo apresenta recurso voluntário, onde repete seus argumentos consignados na impugnação e os argumentos apresentados no recurso voluntário da empresa (proc. fls. 1437 a 1444). Diz que o fato de existir cheques assinados por ele nos anos de 2004 e 2005 "não implica necessariamente que estes tenham sidos emitidos pelo próprio, pois os talões de cheques poderiam estar previamente assinados e antes do término da validade da procuração recebida". Alega que, se a procuração lhe dava poderes até o ano de 2003, as assinaturas posteriores seriam inválidas. Em 05/01/2010, Yoshe Sugahara Ishii apresenta manifestação/petição (proc. fls. 1945 a 1948). Diz que foi intimada de decisão em 23/11/2009 e que compareceu na Receita em 15/12/2009. Diz que na repartição, tomou ciência do processo, onde explicou o seguinte: Informei ao atendente que, não podia ser responsabilizada pelos débitos constante no processo, pelo motivo de não ser sócia da empresa, o verdadeiro sócio responsável é o Sr. ALBERTO MUCCIOLO. Comentei ao atendente, que eu nunca assinei nenhum documento perante a RECEITA FEDERAL, nem outras repartições públicas. 0 fato 6, que conheço o Sr. Alberto Mucciolo, há mais de trinta, anos. Ele me visitou, e alegando problemas de saúde, me pediu um favor. Pediu se eu poderia entrar na sociedade por um período de dois meses. Disse também, que não me prejudicaria em nada. Pela amizade aceitei, logo em seguida, sai da sociedade. Na seqüência, Yoshe Sugahara Ishii diz que "não quero entrar no mérito, quanto aos valores apurados pelo fisco e quanto a empresa tem de débitos junto a RECEITA 7 Processo n° 19515.001263/2009-19 SI-C IT I Acórdão n.° 1101-00.736 FL 1.469 FEDERAL, e não estou pedindo o CANCELAMENTO de qualquer lançamento tributário, o que peço, é que a responsabilidade de todos os atos praticados pela empresa, seja atribuído ao verdadeiro responsável de fato e de direito Sr. ALBERTO MUCCIOLO". Afirma que todos os atos praticados pela empresa tinha a assinatura isolada de Alberto Mucciolo. Informa que recebe uma aposentadoria de 1 salário mínimo, é honesta, é doente, vive em um apartamento da filha, os filhos ajudam no seu sustento. Diz que nunca assinou nada referente a empresa, nem participou de qualquer decisão sobre a empresa, e nunca foi a sede da empresa. Explica que quem atendeu ao Fisco na fase de fiscalização foi o advogado Carlos Eduardo de Oliveira Pereira, do escritório Máster Consulth, contratado por Alberto Mucciolo. Voto Conselheiro Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro. 0 recurso de oficio decorre do cancelamento de parte dos valores lançados de PIS e Cofins. Tal decisão decorreu da constatação de equívocos no lançamento. Conforme percebe-se nos autos de infração, a fiscalização, ao invés de apurar mês a mês a Contribuição para o PIS e a COFINS devidas, lançou apenas os meses de março, junho, setembro e dezembro, de 2004 e 2005 (proc. fls. 1292 a 1308). Além disso, utilizou como base de cálculo, não as receitas desses meses, mas a receita de todo o trimestre. Assim, foi correta a decisão de primeira instancia que manteve apenas a cobrança do PIS e COFINS dos meses de março, junho, setembro e novembro, de 2004 e 2005, sobre o montante de receitas omitidas daqueles meses. Por isso, voto por negar provimento ao recurso de oficio. Quanto ao recurso voluntário, cabe inicialmente determinar um aspecto relevante no caso, mas não explicitado pelo Fisco ou contribuinte. Conforme se lê no relatório que solicita autorização para utilizar a sistemática do lucro arbitrado nos anos de 2004 e 2005, o contribuinte declarou como Simples o ano de 2003 e declarou como inativo os anos de 2004 e 2005. Também, se lê que a fiscalização efetuou o lançamento referente ao ano de 2003 pela sistemática do Simples (controlado em outro processo) e o lançamento referente aos anos de 2004 e 2005 pelo lucro arbitrado (controlado neste processo). Isso levaria a crer que o contribuinte pudesse ser optante do Simples. Porém, se assim o fosse, seria necessária a sua exclusão do Simples, antes do lançamento referente a 2004 e 2005. Por outro lado, o contribuinte não alega que tenha optado pelo Simples e que estivesse, comprovadamente, nesse sistema. Não apresenta cópia do termo de opção e nem apresenta qualquer documento que o enquadrasse no Simples. Também, não reclama de ausência de ato de exclusão prévio ao lançamento de 2004 e 2005. Apenas, argumenta que se foi desenquadrado do Simples, deveria lhe ter sido oportunizado o lucro real, pois os custos que teve não foram considerados no lucro arbitrado. Ainda, o contribuinte não menciona a existência de qualquer pedido de inclusão retroativo ao Simples, feito antes do lançamento. Todos estes aspectos corroboram a percepção de que o contribuinte não é optante do Simples. 8 Processo n° 19515.00126312009-19 SI-C1T1 Acórdão n.° 1101-00.736 Fl. 1.470 Consultando os autos, encontra-se cópia dos dados cadastrais do contribuinte (sistema CNPJ), onde não existe qualquer menção a opção pelo Simples (proc. fl. 70). Isso demonstra que o contribuinte não optou pelo Simples. De outra banda, documento do mesmo sistema informa que o contribuinte declarou de 2000 a 2005 como inativa, salvo o ano de 2003, que declarou como Simples (proc. fl. 71). Mas, o fato de apresentar declaração como Simples, não significa que tenha optado por este sistema. Enfim, ponderando todos estes elementos, cabe concluir que o contribuinte não é optante do Simples, de sorte que não seria necessário sua exclusão prévia ao lançamento, não havendo este vicio na presente autuação. Se ocorreu algum erro, foi no lançamento do ano de 2003, feito pela sistemática do Simples, para contribuinte não optante. Porém, tal matéria não é objeto de análise no presente processo. Quanto As receitas apuradas pela fiscalização, o contribuinte se insurge contra a forma pela qual o fiscal identificou e considerou provadas as receitas omitidas. 0 contribuinte diz que o levantamento foi feito por amostragem e que isso não pode ser admitido. Diz que apenas as receitas identificadas na circularização deveriam ser consideradas receitas e que este erro na base de cálculo implica em nulidade de todo o auto. Porém, o argumento do contribuinte não considera o trabalho fiscal na sua totalidade. Além disso, não é verdade que o Fisco concluiu que os créditos bancários correspondiam a receitas, e não é verdade que a circularização foi o único elemento de convicção. Existiram outros trabalhos prévios e outros elementos de prova que são importantes na demonstração feita pelo fiscal, mas que o contribuinte não menciona. Como relatado, o primeiro passo da fiscalização foi analisar os extratos e depurar todos os ingressos que poderiam corresponder a receitas. Isso foi feito excluindo aqueles créditos cujo históricos permitiam concluir não corresponderem A receitas. Assim, foram excluídos créditos que correspondessem a transferência entre contas, estornos, cheques devolvidos, etc. Na seqüência, a autoridade fiscal elaborou planilha contendo todos os créditos que poderiam corresponder a receitas. Assim, fez tabelas por conta bancária, indicando dia, valor e histórico (proc. fls. 394 a 466). Na descrição dos fatos, a fiscalização destaca que os históricos desses lançamentos demonstram que se tratam de receitas da empresa e informa que tais planilhas fazem parte integrante do relatório fiscal. No trecho do relatório em que os extratos são analisados (proc. 1271), o fiscal explica o seguinte: Verificados os históricos dos referidos ingressos, nas citadas contas bancárias, observou-se que os valores creditados referem-se a recebimentos de empresas especializadas no comércio varejista, na forma de transferências bancárias e depósitos identificados, bem como liquidação de cobranças, que evidenciam serem, os valores recebidos pelo contribuinte fiscalizado, oriundos de transações comerciais, cujos valores não foram informados nas Declarações de Inatividade de Pessoa Jurídica, referentes aos anos base de, 2004 e 2005 9 Processo n° 19515.001263/2009-19 Acórdão n.° 1101-00.736 S 1-CI TI Fl. 1.471 Este ponto do relatório fiscal é bastante importante, pois é a partir desta constatação que a fiscalização entende ter comprovado de modo direto que os créditos bancários correspondem a receitas omitidas. Por isso, não se pode dizer que a fiscalização tenha extrapolado da amostra inferência para o universo. Como se viu, em primeiro lugar existiu um trabalho de depuração dos créditos. Depois, houve uma análise dos históricos. A percepção de que os créditos correspondem à vendas decorre dessa análise dos históricos, e não da amostragem, que serviu apenas para confirmar aquilo que os históricos já informavam. No que tange a pertinência ou ao acerto desta percepção do Fisco, cabe a analisar as planilhas mencionadas. Observando-se as planilhas confeccionada pela fiscalização (proc. fls. 394 a 466), constata-se que créditos correspondente a mais de 95% do valor total apontado pelo fisco como receita omitida tem por histórico "liquidação de cobrança" ou correspondem a um crédito daquelas empresas circularizadas. Portanto, os históricos consistem um forte elemento de convicção de que os créditos retratam receitas omitidas. Por outro lado, de fato existem alguns históricos (expressivos em números, mas ínfimos no valor que representam do todo) que não permite concluir tratar-se de pagamento de venda. Mas, neste aspecto, cabe notar que o contribuinte não se preocupou em fazer qualquer demonstração de que existisse algum crédito que não decorresse de operações comerciais. Inclusive, o contribuinte não nega que tais créditos decorram de vendas que fez, apenas reclama do que entendeu ser o modo pelo qual a fiscalização entendeu comprovar a omissão de receitas. Frente a estes fatos, considerando a robustez das provas apresentadas pelo Fisco (históricos e resultado da circularização), bem como a ausência de refutação por parte do contribuinte (ou a ausência de qualquer demonstração de que algum dos valores indicados nas tabelas não corresponde a vendas), cabe admitir como correto o entendimento do fiscal de que os valores indicados na tabela correspondem a receitas omitidas. Por isso, a base de cálculo está correta e não procede o argumento do contribuinte de que o auto é nulo porque teria sido feito por amostragem. Quanto a alegação do contribuinte contrária ao arbitramento, cabe destacar que a fiscalização tentou mas não conseguiu obter os livros, de sorte que a aplicação da sistemática do lucro arbitrado foi obrigatória e necessária. Quanto a alegação do contribuinte de que não é aplicável a multa de 150%, o contribuinte também não tem razão. Em primeiro lugar, cabe afastar os argumentos de cunho constitucional, já que tais juizos não são possíveis no julgamento administrativo. Em segundo lugar, ficou claramente demonstrado que o contribuinte sonegou tributos, declarando não ter atividade, quando negociava expressivos valores. Ainda, a caracterização da interposição de pessoas demonstrada nos autos, corrobora a certeza de fraude. Por isso, é correta a aplicação da multa de 150%. Por estas razões, voto por negar provimento ao recurso voluntário. 10 Processo n° 19515.001263/2009-19 SI-CITI Acórdão n.° 1101-00.736 Fl. 1.472 Quanto a responsabilização de Alberto Mucciolo, não é aplicável o art. 124 do CTN e estão presente clime todos os elementos da responsabilização, nos termos do art. 135 do CTN. Porém, no momento da lavratura não estavam presentes todos os requisitos exigidos pelo art. 135 para surgimento da responsabilidade, ou eles não foram apontados pelo fiscal. É que a responsabilidade prevista no art. 135 do CTN é subsidiária. Assim, antes ficar demonstrada a impossibilidade de cobrar a divida do contribuinte, ou antes de ficar demonstrada a extinção da pessoa jurídica (que implica na impossibilidade de cobrança da divida do contribuinte), não é possível admitir que o responsável seja colocado em polo passivo. Porém, pelos fatos demonstrados nos autos (sonegação), ficando caracterizada a impossibilidade de cobrar o débito da empresa (quer por falta de recursos, quer por baixa) imediatamente surgirá a responsabilidade de Alberto Mucciolo. Sobre o conteúdo e alcance dos arts. 124 e 135 segue transcrição de votos de minha lavra que tratam do tema: Feita esta considerações periféricas, cabe aprofundar a análise dos termos de sujeição passiva solidária lavrados, estudando a base legal pela qual o fiscal pretendeu trazer o Sr. XX e a Sra. YY para o pólo passivo (inciso I do art. 124 e art 135, ambos do CT1V). Em unia primeira abordagem, apenas com base na tópica dos artigos no código, se percebe que eles alcançam situações totalmente distintas. 0 art. 124 está localizado no capitulo IV "sujeito passivo", enquanto o art. 135 está localizado no capitulo V "responsabilidade tributária". 0 art. 124 aponta pessoas que estão no pólo passivo em razão de unia conexão com o fato tributável (como propõe o capitulo IV), ao passo que o art. 135 indica pessoas que respondem por divida tributária de outrem por conexão ao devedor (como propõe o capitulo V). Isso mostra que os artigos não podem constar juntos da mesma acusação, sob pena de nulidade. Afinal, se a acusação não é clara, não é possível a defesa. A única possibilidade dos dois artigos constarem da mesma acusação seria ficar cabalmente demonstrado que o apontado como solidário atende às hipóteses de incidência de ambos os artigos. Mas, no presente caso, isso não foi feito pela fiscalização. Inclusive, não houve nenhuma preocupação do Fisco em demonstrar que os apontados atendiam aos requisitos de uni e do outro artigo, quanto mais dos dois ao mesmo tempo. Ou seja, para o fiscal ter imputado solidariedade aos responsabilizados com base nos dois dispositivos deveria ter explicado como eles se relacionam C0171 as situações alcançadas em cada artigo. Mas, isso não é observado nos termos de sujeição passiva. Nesses documentos se constata apenas a descrição de alguns eventos ocorridos durante a fiscalização, sem qualquer explicação sobre quais destes eventos realizam a Processo n° 19515.001263/2009-19 SI-C IT! Acórdão n.° 1101-00.736 Fl. 1.473 hipótese do inciso I do art. 124 e quais eventos realizam a hipótese do art. 135. Com isso, há evidente prejuízo para a defesa que não sabe ao certo qual situação deve refutar ou esclarecer. Por oportuno, vale lembrar que, sendo a presente questão tão complexa e com tão ampla divergência doutrinária e jurisprudencial, caberia ao fiscal ter sido o mais claro o possível. Inclusive, não bastaria demonstrar como cada unia das hipótese de incidência teria sido realizada pelos responsabilizados, mas seria conveniente que definisse o alcance de cada dispositivo. S6 assim, ficaria evidenciada a regra aplicada e s6 assim seria permitida a defesa. A ausência de explicações sobre o alcance da regra e a ausência de demonstração de realização da hipótese de incidência também implica na nulidade do ato. Na sequencia desta análise, cabe agora transcrever e analisar os artigos em pauta, iniciando pelo art. 124, in verbis: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II - as pessoas expressamente designadas por lei. Da leitura do art. 124, percebe-se seu aspecto didático, adequado ao status de norma geral (lei nacional), bem como a natureza de código. Conforme o inciso I, são solidárias as pessoas que se coloquem na mesma posição (tenham interesse comum), no que tange ao fato gerador. Assim, por exemplo, os co-proprietários de itnóvel são devedores solidários do IPTU ou os co-adquirentes de imóvel são devedores solidários do ITBI. Ou seja, são solidários aquelas pessoas que co-realizam o fato gerador. Já o inciso II diz que são solidários aquelas pessoas apontadas na lei (da União, ou Estados, ou Municípios, no que pertine aos seus tributos respectivamente). Assim, por exemplo, se a legislação estadual estabelecer, o vendedor do imóvel será devedor solidário do ITBI com o comprador. Ou seja, mesmo não realizando conjuntamente o fato gerador, a solidariedade pode decorrer da lei Como visto, com a exegese proposta, o art. 124 de (do didático poderia ser tido como desnecessário. 0 que serviria de argumento para pretender que a expressão "interesse comum na situação que constitua o fato gerador" alcançasse outras pessoas além daquelas que estejam na mesma posição em relação ao fato gerador. Mas, mesmo com a interpretação didática propugnada, o art. 124 tem forte razão para existir, o que sustenta a interpretação defendida e afasta outras. Primeiro, ele divide e distingue os 17 Processo n° 19515.001263/2009-19 SI -CIT1 Acórddo n.° 1101 -00.736 Fl. 1.474 casos de solidariedade que existem em razão dos fatos tributáveis (inciso I) daqueles que existem em razão da lei e de outros fatos (inciso II). Segundo, garante que a solidariedade só decorra da lei, quer pela realização da hipótese de incidência do tributo (inciso I), quer pela realização da previsão legal de solidariedade estabelecida pelo legislador do ente tribut ante por razões de administração tributária (inciso Enfim, ao dizer "interesse comum", o CTN diz interesse idêntico. Se o interesse é idêntico, significa que as pessoas co- realizam o fato gerador. Deste modo, se percebe que é incabível pretender sustentar, como quis o fiscal, que o sócio gerente, o administrador e a pessoa jurídica estejam na mesma posição em relação aos fatos geradores de tributos da empresa. Os fatos tributáveis realizado pela empresa são delas e os sócios e administradores não têm participação nestes fatos, embora representem a empresa ou a administrem. 0 sistema jurpidico e o direito tributário reconhece a personalidade jurídica da empresa, que é distinta da dos seus sócios, gerentes e administradores. Os atos e fatos da empresa são delas e de mais ninguém. Os atos e fatos dos sócios e dos administradores são deles e não da empresa. Dessarte, fica claro que o sócio-gerente ou o procurador não podem estar na mesma posição em relação ao fato tributável da empresa. De outra banda, é preciso registrar que não há o menor sentido em se pretender que "interesse comum na situação que constitua o fato gerador" signifique algo diferente que a mesma posição em relação ao fato gerador. Admitir tal possibilidade é admitir que o CTN pretendesse criar unia instabilidade nas relações jurídicas. Ou seja, não é razoável imaginar que uma norma geral, voltada a regular a produção normativa tributária dos entes da federação ou a estabelecer alguns padrões normativos de âmbito nacional, fosse deixar ao aplicador da lei (da Unido, dos Estados e dos Municípios) um espaço tão grande para interpretação. Pretender que o aplicador da lei pudesse definir, com toda a sua subjetividade, o que seria "interesse comum na situação que constitua o fato gerador" é o equivalente a pretender que o Código Tributário Nacional visasse a instabilidade das relações jurídicas. As pessoas têm infinitos interesses e podem comungar algum destes interesses em unia situação que seja o fato gerador de algum tributo, sem que estejam na posição do sujeito passivo. Por exemplo, o corretor de imóveis, e talvez até o tabelião que lavra a escritura, pode ter interesse na venda e nisso seu interesse coincide com o interesse do comprador e o interesse do vendedor. Mas, cada uni deles é uma pessoa distinta e ocupa uma posição jurídica diferente na compra e venda do imóvel e tem motivações próprias da posição que ocupam. 13 Processo n° 19515.001263/2009-19 SI-CITI Acórdão n.° 1101-00.736 Fl. 1.475 Não é possível confundir vontade parecida, interesse coincidente, desejo semelhante, ou qualquer outra proximidade de intenção, com interesse comum na situação que constitua o fato gerador. Por isso, não é possível atribuir ao inciso I do art. 124 do CTN o condão de estabelecer a solidariedade em razão da semelhança de vontades ou coincidência de interesses. A própria frouxidão que resultaria de tal interpretação é suficiente para refutá-la. Deste modo, não fosse pelo próprio texto, até por segurança jurídica, é preciso entender que o art. 124 ao mencionar "interesse comum" diz interesse idêntico e isso significa que para serem solidários as pessoas precisam co-realizar o fato gerador. Estabelecido o significado do inciso I do art. 124 do CTN, cabe indagar: no caso em concreto, qual seria o interesse comum (idêntico) dos responsabilizados e da empresa na realização dos fatos tributados? Ora, não há qualquer interesse em comum. A empresa realiza suas operaçoes de venda e de prestação de serviço para realizar sua finalidade social. A sócia-gerente e o administrador representam e administram a empresa. 0 sistema jurídico, há muito atribui a cada um seus próprios atos. Pretender que o art. 124 torne os sócios-gerentes ou administradores solidários com os tributos da empresa é defender um retrocesso de centena de anos na definição da personalidade jurídica das pessoas. Mas, consta do termo também a afirmação de que os responsabilizados teriam, em tese, cometido crime contra a ordem tributária e violado o contrato social. Cabe a pergunta: no que isso tornaria os interesses deles comuns com os da empresa em relação aos fatos tributáveis? Também aqui não há como enquadrar a conduta dos responsabilizados no inciso I do art. 124. 0 fato de a empresa ter sonegado e da conduta do gerente poder ser tipificada penalmente, não significa que eles tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador. Assim, se constata que o inciso Ido art. 124 do CTN é totalmente impróprio a estabelecer solidariedade entre a empresa e os responsabilizados. De outra banda, o IRPJ anual e/ou trimestral é um tributo, por definição, realizado por uma única pessoa. Ou seja, não há como aplicar a solidariedade determinada no inciso I, do artigo 124 do CTN ao IRPJ anual e/ou trimestral, pois este tributo pressupõe um único sujeito passivo. Cabe agora analisar o art. 135, também mencionado no termo. 0 texto é o seguinte: 14 Processo n° 19515.001263/2009-19 SI-CIT1 Acórdão n.° 1101-00.736 Fl. 1.476 Art.135. Selo pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Como se percebe, é preciso uma análise construtiva para dar significado à regra, já que seu texto não permite uma compreensão imediata. Assim, antes de se falar se cabe ou não a aplicação do artigo ao caso concreto, é preciso construir e enunciar com clareza a hipótese legal da regra veiculada pelo artigo. Para tanto, dois pontos de partida são adotados: 1°) a regra visa claramente proteger o Fisco do inadimplemento, por parte da empresa (isso decorre da interpretação sistemática do CTN, em especial dos artigos do capitulo V); 2°) tal proteção deve se dar dentro de limites razoáveis. Então, se a finalidade da regra é a de garantir o adimplemento, parece ponderado que ela incida quando ocorre o inadimplemento absoluto. Afinal, se a regra pretende evitar que o Fisco seja prejudicado, não parece necessário que ela incida enquanto a devedora ainda pode satisfazer o débito com seus bens. Portanto, resta claro que um dos elementos da hipótese de incidência é a impossibilidade de cobrar da empresa o débito tributário. Outro elemento bastante evidente é a necessidade de alguma conduta ilícita por parte da pessoa que vai ser responsabilizada. Inclusive o art. 135 é expresso em exigir que o responsabilizado tenha agido com infração de lei. Obviamente existem diversas possibilidades das pessoas apontadas nos incisos agirem coin infração de lei. Mas, considerando que a finalidade da regra é proteger o Fisco do inadimplemento absoluto de débito tributário, é razoável que a atuação da pessoa que será responsabilizada tenha a ver com este débito tributário pelo qual responderá. Com base nesta interpretação, uma das condutas que estariam alcançadas pelo dispositivo é a pessoa estar no comando da empresa quando a empresa sonega tributos (oculta do fisco a ocorrência de fatos tributáveis). Agora, juntando os dois elementos, tem-se que para reponsabilizar o gerente ou administrador é preciso que o débito tributário decorra de sonegação, que ele tenha estado na administração da empresa no momento em que ocorreu a sonegação, e que não seja possível cobrar da empresa. Outra conduta passível de responsabilizar seria a dissipação irregular de patrimônio de empresa devedora do Fisco. Nesses 15 Processo n° 19515.001263/2009-19 SI-CIT1 Acórdão n.° 1101-00.736 Fl. 1.477 termos, a responsabilidade decorre, não de sonegação, mas de dissipação do patrimônio da devedora sem observar as regras legais de privilégio de crédito. Em termos práticos, conclui-se que a responsabilidade prevista no art. 135 é subsidiária, e não solidária, e aplica-se, dentre outras situações, quando o débito decorre de sonegação. No caso concreto, conforme o fiscal autuante, o auto de infração formaliza débito decorrente de sonegação fiscal no ano- calendário de 2005 e de falta de declaração e pagamento no ano calendário de 2006. Assim, apenas seria possível haver a responsabilização da gerente ou do administrador no ano de 2005. No entanto, não há qualquer demonstração no auto ou no termo de sujeição passiva solidária de que a empresa não tenha condições de pagar o débito de 2005. Quanto a manifestação de Yoshe Sugahara Ishii, ela não pode ser tomada como um recurso, quer porque não existe tal previsão no Decreto n° 70.235, de 1972, quer porque foi intempestiva. Não obstante, é bastante reveladora e corrobora a tese da fiscalização de que Alberto Mucciolo era quem operava a empresa de fato e por isso sujeita-se a responsabilidade prevista no art. 135 do CTN a partir do momento em que ficar demonstrada a impossibilidade de cobrança da divida da empresa devedora. Em conclusão, o termo de sujeição passiva é nulo, por falta de base legal. Por estas razões, voto por declarar a nulidade dos termos de sujeição passiva solidária e por negar provimento ao recurso de oficio e ao recurso voluntário, não conhecer da petição da Yoshe. Carlos Eduardo de Aim eida Guerreiro 16 Processo n° 19515.001263/2009-19 SI-C ITI Acórcido n.° 1101-00.736 Fl. 1.478 Declaração de Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA Divirjo do I. Relator quanto A anulação do Termo de Sujeição Passiva Solidária lavrado contra Alberto Mucciolo. Vejo clara a hipótese o art. 124, inciso I do CTN, qual seja, a solidariedade daquela pessoa física em razão de seu interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da presente exigência. Demonstrou-se sua real atuação como responsável pela movimentação das contas bancárias nas quais foram creditados valores oriundos de evidentes operações comerciais não submetidas à tributação na pessoa jurídica, conjuntamente com a inexistência de escrituração comercial destas operações e indícios de atuação daquela pessoa física como sócio de fato da autuada. De fato, constatou a Fiscalização que a sócia Yoshie Sugahara Ishii conferiu procuração a Alberto Mucciolo com plenos poderes para movimentação das contas bancárias nas quais foram promovidos os créditos de origem não comprovada, evidenciando inequívoca correlação entre pelos menos uma das sócias da empresa e a pessoa que efetuou a vultosa movimentação financeira em nome da autuada. t certo que a Fiscalização entendeu que estes fatos caracterizariam a solidariedade entre essa sócia e os demais sócios com o procurador, mas a responsabilidade pessoal dos sócios de direito da sociedade não está aqui em debate, na medida em que não houve recurso administrativo por eles submetido a este Colegiado. É certo, também, que a procuração de fl. 101, conferida em 29/08/2002, tinha validade de apenas 1 (um) ano, mas, como noto às fls. 494/834, assinatura praticamente idêntica a de Alberto Mucciolo (fl. 100) está presente em vários cheques emitidos pela pessoa jurídica autuada, ou em documentos em nome dela firmados no período fiscalizado. Em verdade, a procuração para a prática destes autos apenas não veio aos autos porque embora a autoridade fiscal tenha intimado e re-intimado (fls. 1171 a 1174 e 1179 a 1182) o interessado a apresentar as demais procurações que constituíram Alberto Mucciolo como procurador no período de 28/08/2003 a 31/12/2005, não houve qualquer informação a este respeito. É inverossímil a alegação, apresentada em recurso voluntário, de que os talões de cheque poderiam estar previamente assinados e antes do termo da validade da procuração recebida. Ofende o senso comum acreditar que uma pessoa jurídica manteria em sua posse cheques em branco assinados por um antigo procurador, os quais seriam pagos pela instituição financeira sem qualquer questionamento, depois de vencido o prazo de validade da procuração. Demais disso, como disse, há vários outros documentos emitidos pela empresa, datados de 2004 e 2005, contendo a mesma assinatura. Acrescento a este cenário a conduta do responsável no curso do procedimento fiscal, que não deixa dúvidas acerca de seu poder na empresa autuada, como se vê, por exemplo, na correspondência por ele enviada ao Banco Bradesco em 07/10/2008, requerendo informações vinculadas a operações bancárias da pessoa jurídica (fls. 482). 17 Processo n° 19515.001263/2009-19 SI-CITI Acórdão n.° 1101-00.736 Fl. 1.479 Tais indícios conduzem à inevitável conclusão de que Alberto Mucciolo era a única pessoa física que agia em nome da empresa, e, especialmente, detinha o poder de destinar os valores creditados na conta bancária da pessoa jurídica, o que lhe permitia beneficiar-se, como sócio de fato, das operações comerciais cujos resultados foram subtraídos à tributação. Em tais condições, a pessoa física não dispõe da proteção que a legislação civil concede aos sócios de direito da pessoa jurídica, e passa a figurar ao lado dela, no pólo passivo da obrigação tributária, por ter auferido riqueza das operações comerciais sem qualquer legitimidade ou controle por meio da escrituração comercial. Dai a caracterização da solidariedade prevista no art. 124, inciso I do CTN. Reforça tal conclusão a declaração de Yoshie Sugahara Ishii, na petição de fls. 1945/1946, apresentada em 05/01/2010: No dia 15112/2009, compareci na sede da Receita Federal/DERAT- SPO/DICAT/EQCOB à Rua Luiz Coelho, 197 - São Paulo/SP, e 16 na presença do atendente, tomei CIÊNCIA de fato do processo. Informei ao atendente que, não podia ser responsabilizada pelos débitos constante no processo, pelo motivo de não ser sócia da empresa, o verdadeiro sócio responsável é o Sr. ALBERTO MUCCIOLO. Comentei ao atendente, que eu nunca assinei nenhum documento perante a RECEITA FEDERAL, nem outras repartições públicas. 0 fato é, que conheço o Sr. Alberto Mucciolo, há mais de trinta, anos. Ele me visitou, e alegando problemas de saúde, me pediu um favor. Pediu se eu poderia entrar na sociedade por um período de dois meses. Disse também, que não me prejudicaria em nada. Pela amizade aceitei, logo em seguida, sai da sociedade. Friso, ainda, que a empresa não dispunha de escrituração comercial, inclusive declarando-se inativa nos anos-calendário 2004 e 2005, nos quais movimentou, em cada ano, mais de R$ 50 milhões de créditos auferidos nas contas bancárias fiscalizadas. Ainda, as demais evidências reunidas pela autoridade lançadora deixaram patente o dolo na supressão dos tributos devidos, fatos suficientes para imputar a responsabilidade pelo crédito tributário lançado a Alberto Mucciolo, ainda que apenas na condição de procurador ou de gerente, consoante prevê o art. 135 do CTN, em seus inciso II e III. Art. 135. Selo pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados corn excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Diz o referido diploma legal que mandatários, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado respondem com seu patrimônio pessoal pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias que resultem de atos praticados com infração de lei. E, pelo exposto, a conduta de Alberto Mucciolo pode ser assim minimamente caracterizada, ainda que não se admita que ele atuou como sócio de fato da pessoa jurídica autuada. Ressalto que o art. 135 do CTN presta-se a ampliar as garantias do crédito tributário, permitindo a busca de sua satisfação no patrimônio pessoal daqueles çpe 18 DELI PEREIRA BESSA - Conselheira Processo n° 19515.001263/2009-19 SI-CIT1 Acórdão n.° 1101-00.736 Fl. 1.480 participaram da gestão da pessoa jurídica sem a necessária lisura, hábil a assegurar que não houve desvio da riqueza manifestada pelos fatos jurídicos tributáveis. Assim, se tais pessoas se conduzem com excesso de poderes, infração à lei ou ao contrato social, o Fisco tem o direito de também buscar a satisfação de seus créditos no patrimônio pessoal destes responsáveis, ainda que o representado detenha patrimônio suficiente para tanto, na medida em que esta situação patrimonial pode não decorrer necessariamente da riqueza tributável em debate e estar gravada por outras dividas, além de estar sujeita a flutuações que podem, no futuro, prejudicar a liquidação da obrigação tributária. De toda sorte, como relatado, a empresa declarou-se inativa nos períodos fiscalizados, e também não apresentou escrituração comercial de modo a permitir a averiguação dos efeitos patrimoniais das operações questionadas e dar alguma garantia A. satisfação do crédito tributário lançado. Correta, portanto, a conclusão fiscal expressa no Termo de Verificação Fiscal fl. 1277, que dá suporte à notificação fiscal que incluiu Alberto Mucciolo como responsável solidário pelos créditos tributários aqui lançados com fundamento nos artigos 124, I e 123, II e III da Lei n° 5.172/66 (fls. 1318/1319): Restando para a fiscalização apenas a alternativa de considerar corno interposição de pessoa, responsabilizando solidariamente o citado procurador, qualificando-o como sócio de fato da empresa, levando-se em conta que o mesmo usou os poderes que lhe foram outorgados com visível infração a lei, promovendo vultosas transações comerciais, com suposto embasamento no registro social e nos documentos fiscais da autuada, as quais foran2 omitidas das declarações de rendimentos da empresa, de forma a não permitir que fossem, tais transações, alcançadas pela tributação dos tributos federais, portanto com dolo. Por tais razões, entendo que deva ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário de Alberto Mucciolo. E como voto. 19
score : 1.0
Numero do processo: 16643.720032/2011-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006, 2007
LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS.
Os resultados auferidos por intermédio de outra pessoa jurídica, na qual a controlada no exterior, mantenha qualquer tipo de participação societária, serão consolidados, no balanço da controlada para efeito de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL da beneficiária no Brasil. Inexiste previsão legal para a adição direta dos resultados da controlada indireta nos resultados da controladora indireta.
LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. TRIBUTAÇÃO. CONSTITUCIONALIDADE.
O STF reconheceu, em controle difuso de constitucionalidade, a constitucionalidade do art. 74 da MP. 2158/2001-35, quanto a tributação dos lucros das empresas controladas no exterior não sediadas em "paraísos fiscais". Embora não proferida em caráter "erga omnes" a decisão reafirma a presunção de validade da norma. Falece competência aos membros do CARF para negar a validade ou apreciar a inconstitucionalidade de dispositivos de lei. Aplicação do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF e da Súmula CARF nº 2.
PESSOA VINCULADA NO EXTERIOR. EMPRÉSTIMO CONCEDIDO. RECEITA DE JUROS MÍNIMA OBRIGATÓRIA. CONSTITUCIONALIDADE.
Os membros do CARF não dispõem de competência para negar a validade ou apreciar a inconstitucionalidade de dispositivos de lei. Aplicação do art. 62 do Anexo I do Regimento Interno do CARF e da Súmula CARF nº 2.
Numero da decisão: 1302-001.947
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso de ofício, e em DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Marcelo Calheiros Soriano, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix.
Nome do relator: Luiz Tadeu Matosinho Machado
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CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS. Os resultados auferidos por intermédio de outra pessoa jurídica, na qual a controlada no exterior, mantenha qualquer tipo de participação societária, serão consolidados, no balanço da controlada para efeito de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL da beneficiária no Brasil. Inexiste previsão legal para a adição direta dos resultados da controlada indireta nos resultados da controladora indireta. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. TRIBUTAÇÃO. CONSTITUCIONALIDADE. O STF reconheceu, em controle difuso de constitucionalidade, a constitucionalidade do art. 74 da MP. 2158/200135, quanto a tributação dos lucros das empresas controladas no exterior não sediadas em "paraísos fiscais". Embora não proferida em caráter "erga omnes" a decisão reafirma a presunção de validade da norma. Falece competência aos membros do CARF para negar a validade ou apreciar a inconstitucionalidade de dispositivos de lei. 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AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 64 3. 72 00 32 /2 01 1- 61 Fl. 1500DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.445 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso de ofício, e em DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Marcelo Calheiros Soriano, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Fl. 1501DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.446 3 Relatório EAGLE DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS S.A., já qualificada nestes autos, foi autuada e intimada a recolher crédito tributário no valor total de R$ 145.307.105,11, discriminado no Demonstrativo Consolidado do Crédito Tributário do Processo, à fl. 03. O Acórdão recorrido faz uma breve síntese da autuação, a qual transcrevo para uma melhor compreensão do litígio, verbis: Em decorrência de ação fiscal direta, a contribuinte, acima identificada, foi autuada, em 23/11/2011 (fls. 779 a 780), e intimada a recolher o crédito tributário constituído relativo ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), multa de ofício e juros de mora, referente a fatos geradores ocorridos em 31/12/2006 e 31/12/2007. 2. Conforme descrito nos Autos de Infração e no Termo de Verificação Fiscal (fls. 796 a 833), a fiscalizada cometeu as seguintes infrações: 2.1.1 deixou indevidamente de adicionar ao lucro líquido apurado em 31/12/2006, para a determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, os lucros auferidos em 2006 por sua controlada direta (100%) Brahmaco, estabelecida em Gibraltar, no montante de R$473.152,23, e por suas controladas indiretas, estabelecidas no Uruguai, Cympay (98,31% controlada pela controlada direta (100%) Aspen, estabelecida nas Bahamas) e Monthiers S/A (100% controlada pela controlada direta (100%) Jalua, estabelecida na Espanha), respectivamente nos valores de R$32.249.002,49 e R$213.872.986,81; 2.1.2 deixou indevidamente de adicionar ao lucro líquido apurado em 31/12/2007, para a determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, os lucros auferidos em 2007 por sua controlada direta Brahmaco no montante de R$579.423,38, e por sua controlada indireta Cympay no valor de R$28.065.118,65; e 2.2. deixou indevidamente de adicionar ao lucro líquido apurado em 31/12/2006 e 31/12/2007, para a determinação do lucro real, os juros mínimos obrigatórios relativos a empréstimo existente em 2006 e 2007 e concedido a pessoa vinculada, a controlada (100%) Aspen Equities Corporation, estabelecida nas Bahamas, nos valores respectivos de R$19.836,92 e R$17.537,45. 3. Tendo em vista o apurado, foram lavrados, conforme preceitua o artigo 9º do Decreto n º 70.235, de 06 de março de 1972, os seguintes autos de infração: 3.1. IRPJ (fls. 779 a 782 e 832) com base nos artigos 25 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, 16, 22, 23 e 28 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, 3º da Lei nº 9.959, de 27 de janeiro de 2000, 243, § 1º, 249, inciso II, 394 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999) e 74 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, formalizando crédito tributário, calculado até 31/10/2011, no montante de R$106.848.779,37; e 3.2. CSLL (fls. 786 a 788) com base nos artigos 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, 1º da Lei nº 9.316, de 22 de novembro de 1996, 28 da Lei nº Fl. 1502DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.447 4 9.430/1996 e 37 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, formalizando crédito tributário, calculado até 31/10/2011, no montante de R$38.498.325,74. 4. O enquadramento legal dos juros de mora é o artigo 6º, § 2º, da Lei nº 9.430/1996 e da multa de ofício (75%) é o artigo 44, inciso I, da Lei nº 9.430/1996 (fls. 778 e 785). Intimada do lançamento, a interessa apresentou impugnação tempestiva, na qual traz as seguintes alegações sintetizadas no acórdão recorrido: 5. Irresignada, a empresa, representada por mandatário (fl. 904 a 917), apresentou a impugnação de fls. 847 a 904, protocolizada em 23/12/2011 e instruída com os documentos de fls. 905 a 1.315, na qual alega, em síntese, que: 5.1. a impugnação é tempestiva já que foi cientificada dos lançamentos em 23/11/2011, de modo que o prazo de 30 dias vence em 23/12/2011, nos termos do artigo 210 do CTN; 5.2. no presente caso não houve qualquer evento concreto de disponibilização efetiva de lucros auferidos no exterior e a distribuição ficta prevista no artigo 74 da Medida Provisória nº 2.15835/2001 confronta o artigo 43, § 2º, do CTN, que não delegou à lei ordinária a competência para alterar o fato gerador do imposto de renda e reafirmou a necessidade da disponibilidade econômica e jurídica de renda, como já decidiu o Supremo Tribunal Federal a propósito do ILL (RE nº 172.0581); 5.3. apesar de a legislação (artigo 1º, § 6º, da IN 213/2002) ser clara no sentido de que o resultado consolidado negativo poderá ser compensado com futuro resultado consolidado positivo (se não se entender assim, há a possibilidade de compensação em dobro de um mesmo prejuízo de uma investida indireta – uma vez reduzindo o resultado consolidado da investida direta e outra vez mediante compensação com seu próprio lucro), a fiscal autuante ignorou esta determinação em relação aos resultados auferidos pela Aspen e Jalua, controladas diretas da impugnante; 5.4. apesar de a fiscalização reconhecer expressamente que, em 2006 e 2007, a Aspen, controlada direta da impugnante, auferiu resultados positivos após o reconhecimento dos lucros da controlada indireta (Cympay) por equivalência patrimonial, que não seriam passíveis de tributação no Brasil por serem inferiores aos prejuízos acumulados (conforme documentos de fls. 78 a 86) e que, caso houvesse tributação dos lucros da Aspen, que controla quase a totalidade do capital social da Cympay, haveria consideração duplicada dos lucros, já que os resultados apurados pela Aspen são compostos essencialmente da equivalência patrimonial naquela empresa controlada, optou por tributar, única e exclusivamente, o resultado isolado da investida indireta Cympay ao invés de considerar o resultado consolidado acumulado negativo na investida direta; 5.5. “o mesmo entendimento foi adotado quanto à Jalua, em que embora reconhecido expressamente no item 5.3.1 ter aquela sociedade apurado resultados negativos no período em questão, a ilustre fiscal autuante simplesmente tributou diretamente o resultado da investida indireta Monthiers (itens 5.3.6 e 5.3.7 do TVF)”; 5.6. ainda que se entenda que o que ocorreu foi apenas uma modificação do critério jurídico adotado pela fiscalização em relação a lançamento anterior realizado contra a própria impugnante (Termo de Verificação Fiscal contido no processo 16327.000530/200528, cópia às fls. 918 a 928), este novo critério somente seria Fl. 1503DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.448 5 aplicável a partir de agora, relativamente aos fatos geradores futuros e jamais quanto aos fatos geradores anteriores a sua introdução, conforme determina o artigo 146 do CTN; 5.7. no lançamento realizado em 2005, em absoluta observância às normas da IN/SRF nº 213/2002, a fiscalização corretamente consolidou na Jalua (controlada direta) o resultado das investidas daquela sociedade (controladas indiretas), inclusive compensado o resultado negativo de uma delas com o positivo de outra; 5.8. a fiscalização, ao contrário do que dispõe o artigo 1º, § 4º, da Lei nº 9.537/1997, deixou de considerar os pagamentos que a Cympay, nos anos de 2006 e 2007, efetuou a título de imposto de renda, conforme comprovantes de fls. 931 a 1223 e demonstração de resultados de fl. 677, que, considerandose o disposto nos artigos 1º, § 6º, e 14, § 6º, da IN 213/2002, superam o valor dos tributos que seriam devidos no Brasil sobre o resultado consolidado na controlada direta Aspen, de acordo com memória de cálculo de fls. 929 e 930, o que demonstra que nenhum valor deveria ter sido oferecido à tributação em relação àquelas controladas; 5.9. ainda que se considere que o imposto pago no exterior não é compensável com o imposto devido no Brasil, este valor não poderia compor o lucro supostamente disponibilizado para a impugnante, porque representa despesa para a pessoa jurídica no exterior; 5.10. além disto, conforme resultados dos exercícios de fl. 677, parte do lucro auferido em 2006 foi destinado a composição de reserva legal obrigatória (o mesmo ocorreu com o lucro de 2007), que, conforme artigo 193 da Lei das S.As e artigo 93 da Lei uruguaia nº 16.060/89 (fls. 1224 e 1225), deve ser constituída (no mínimo 5% até atingir 20% do capital social) antes de qualquer outro fim; 5.11. jurisprudência do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes citada e colacionada (fls. 1226 a 1276) diz que o valor da reserva legal deve ser excluído dos lucros da filial de sociedade estrangeira estabelecida no Brasil que podem ser considerados automaticamente disponibilizados a sua matriz no exterior; 5.12. quanto à tributação dos lucros auferidos pela controlada indireta Monthiers, sociedade estabelecida no Uruguai e controlada direta pela Jalua, sociedade estabelecida na Espanha, a Jalua apresentou consulta formal ao Ministério de Economia Y Hacienda espanhol consignando expressamente ser uma sociedade inscrita no Registro Oficial de Entidades da Zona Especial Canária (“ZEC”) e que é 100% titular do capital da Monthiers, domiciliada no Uruguai e indagando se dividendos recebidos de sua controlada uruguaia e distribuídos a sua controladora brasileira estariam submetidos à tributação na Espanha, ao que foi respondido que seria tributado, conforme documento de fls. 1277 a 1289, o que demonstra a falsidade de premissa da autuação de que teria ocorrido “Treaty Shopping”; 5.13. a OCDE, a doutrina e a jurisprudência jamais vislumbraram caso de abuso de tratado o fato da controlada da impugnante ser uma holding e a OCDE somente admite que os países se oponham a supostos atos de Treaty Shopping por meio de cláusulas de salvaguarda expressas nos acordos internacionais celebrados, o que exclui tanto medidas legislativas unilaterais dos países e com mais razão iniciativas das autoridades fiscais, entendimento evidenciado em doutrina reproduzida; 5.14. a própria autoridade autuante admite que somente nos tratados mais recentes celebrados pelo Brasil foram incluídas cláusulas para combater o Treaty Shopping; Fl. 1504DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.449 6 5.15. as cláusulas antiabusivas, além de não constarem do tratado celebrado entre o Brasil e a Espanha, vigente desde 1976, negam os benefícios do tratado quanto à tributação na fonte de dividendos, juros e royalties, situação absolutamente distinta do presente caso no qual se tributa lucro auferido por empresa controlada no exterior; 5.16. também não amparam a pretensão fiscal cláusulas que excluam dos benefícios do tratado as sociedades residentes em algum dos estados membros se estes possuem regime fiscal privilegiado, já que tais cláusulas não existem entre Brasil e Espanha, apesar de existir, por exemplo, no tratado celebrado entre o Brasil e Luxemburgo em 1978 em relação às holdings luxemburguesas que gozam de tratamento fiscal especial; 5.17. diferentemente, no presente caso, como já dito, a Jalua não goza de nenhum tratamento fiscal especial atribuído pela legislação espanhola e privilégios semelhantes às das holdings luxemburguesas foram expressamente tolerados pelos Brasil nos tratados celebrados com Canadá, Bélgica e Portugal (este último o tratado antigo); 5.18. a autoridade lançadora apenas afirma, sem demonstrar, que a Jalua é um mero conector para aproveitamento dos benefícios tributários, não podendo, desta forma, uma sociedade legitimamente constituída sob as leis espanholas ser desconsiderada pela fiscalização sem qualquer justificativa para tanto, sob pena de ofensa a princípios do Direito Internacional, especialmente o “pacta sunt servanda” e o da independência da sociedade em relação aos sócios; 5.19. não tem sentido os comentários da autoridade lançadora às fls. 27 e 28 do TVF sobre estabelecimento permanente, já que a Jalua não é um estabelecimento da impugnante, mas sim uma pessoa jurídica distinta; 5.20. também não procedem as afirmações da fiscalização sobre “beneficiário efetivo”, pois muito embora cláusulas quanto a esta questão tenham sido previstas em mais da metade dos tratados celebrados pelo Brasil, como afirma a própria auditora fiscal, entre estes não se encontra o celebrado com a Espanha; 5.21. além disto, como observa a própria fiscal autuante, a cláusula do beneficiário efetivo se aplica nas situações em que o planejador (beneficiário efetivo) não reside nos países signatários do tratado, hipótese que não se aplica ao presente caso, já que a impugnante, que é o suposto beneficiário efetivo no entender da fiscalização, reside no Brasil, signatário do tratado com a Espanha; 5.22. mesmo nos casos em que há cláusulas de beneficiário efetivo e este de fato resida em país não signatário do acordo com o país da fonte dos dividendos, juros ou royalties, jurisprudência internacional (canadense) reproduzida tem repudiado tentativas de aplicar a regra para desconsiderar empresas que sejam controladas pelo suposto beneficiário efetivo e que tenham o controle de outras sociedades pelo fato de se encontrar a empresa desconsiderada no meio da cadeia de controles; 5.23. desta forma e conforme doutrina reproduzida, o lançamento viola o tratado entre o Brasil e a Espanha e o artigo 98 do CTN, segundo o qual, os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna e serão observados pela que lhes sobrevenha, norma válida e de eficácia plena, de acordo com jurisprudência pacífica de ambas as Turmas de Direito Público do Superior Tribunal de Justiça (ementas reproduzidas) e do Plenário do Supremo Tribunal Federal (ementa também citada); Fl. 1505DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.450 7 5.24. vem se firmando no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (seis casos citados) o entendimento de que, para efeitos de aplicação dos Tratados para evitar a duplatributação firmados pelo Brasil, os lucros disponibilizados fictamente por força do artigo 74 da MP nº 2.15835/2010 são dividendos presumidos sujeitos ao artigo 10 e não ao artigo 7º dos tratados, aplicandose as normas convencionais em vigor no momento desta disponibilização ficta; 5.25. em todos os casos citados, o Conselho concluiu que a tributação está recaindo sobre dividendos presumidos, aplicandose o artigo 10 dos tratados firmados, sendo legítima a tributação pelo Brasil, porque em todos os processos o método eleito para evitar a bitributação, previsto nos tratados, era o método de crédito; 5.26. ao se aplicar este entendimento no caso presente não há tributação, já que o tratado BrasilEspanha (fls. 1290 a 1300), diferentemente dos tratados que regulam os casos julgados pelo Conselho, prevê em seu artigo 23, § 4º, que o Brasil deve isentar os dividendos percebidos de suas controladas sediadas na Espanha, o que é confirmado na Portaria do Ministro da Fazenda nº 45, de 04 de fevereiro de 1976 (fls. 1301 e 1302), “sobretudo diante da comprovação de que a Espanha efetivamente tributará aqueles lucros quando de sua distribuição, sob pena de burla ao Tratado e ocorrência da bitributação que o mesmo visou evitar”; 5.27. ainda que se entenda que a norma aplicável seria o artigo 7º do Tratado (e não o artigo 10), a tributação é igualmente vedada no Brasil diante da determinação da legislação de consolidação dos resultados na controlada direta, sediada na Espanha, e atribuição pelo Tratado de competência exclusiva àquele país para tributação dos lucros; 5.28. as disposições contidas no Tratado com a Espanha também se aplicam à CSLL, que somente não está citada neste acordo porque ainda não existia à época (foi criada pela Lei nº 7.689/1988 que também reduziu a alíquota do IRPJ de 35% para 30%), mas cujo parágrafo 4º do artigo 2º (do Tratado) prevê sua aplicação aos impostos idênticos ou substancialmente semelhantes que fossem criados no futuro, característica da CSLL em relação ao IRPJ, conforme a legislação e doutrina e jurisprudência transcritas; 5.29. o entendimento de que os Tratados para Evitar a Bitributação também se aplicam à CSLL igualmente é das autoridades brasileiras, já que, embora a Convenção firmada entre o Brasil e Portugal em 16 de maio de 2000 tenha listado em seu artigo 2º apenas o imposto de renda, o protocolo firmado pelas partes diz que fica entendido que nos impostos visados no artigo 2º, nº 1, aliena “a” da Convenção está compreendida a CSLL (documento de fl. 1303 a 1315); 5.30. de acordo com doutrina citada, não se pode alegar que o fato de o Brasil não ter comunicado a Espanha da criação da CSLL, obrigação prevista na parte final do parágrafo 4 do artigo 2 da Convenção, prejudica a aplicação desta em relação a esta nova exação; 5.31. por todo o exposto, deve ser afastado ambos lançamentos sob pena de ofensa ao tratado Brasil – Espanha, especialmente aos artigos 7º, 10 e 23, bem como ao artigo 98 do Código Tributário Nacional e ao artigo 150, I, da Constituição Federal; 5.32. a norma veiculada no artigo 22 da Lei nº 9.430/1996, que pretende evitar suposta transferência de lucros entre empresas ligadas em operações de mútuo internacional, é absurda por estabelecer como receita mínima em caso de juros Fl. 1506DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.451 8 ativos (que deveria corresponder à mais baixa taxa de juros que um terceiro não relacionado conseguiria obter) o mesmo valor estabelecido como despesa máxima em caso de juros passivos (a mais alta taxa que se imagina ser exigida pelo mercado); 5.33. a exigência é ainda mais absurda e é caso de tributação em duplicidade pelo fato de que o mútuo em questão foi celebrado com a empresa Aspen, cujo suposto lucro auferido no exterior no mesmo período está sendo objeto do mesmo lançamento, já que à falta de reconhecimento pela impugnante de receita reclamada correspondeu o não reconhecimento de uma despesa de mesmo montante pela Aspen, mutuaria, majorando o lucro desta empresa sujeito à tributação no Brasil; 5.34. sendo improcedentes os lançamentos, impõese o restabelecimento dos prejuízos compensados de ofício pela fiscalização, ainda que parcialmente após a absorção de eventual crédito tributário remanescente; 5.35. como o Fisco vem exigindo em outros casos juros de mora sobre multa de ofício e para que não se alegue posteriormente que esta matéria não pode ser objeto de exame porque não foi abordada na defesa apresentada, cabe afirmar que a legislação somente autoriza a incidência de multa e juros sobre o valor atualizado do tributo ou contribuição, conforme vários acórdãos citados e votos transcritos do Conselho de Contribuintes; 5.36. se a expressão “crédito tributário” prevista no caput do artigo 161 do CTN não se referisse somente à obrigação principal, não haveria necessidade da ressalva no sentido de que a incidência de juros se dá “sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis”; 5.37. além disto, se se admitisse que a palavra “débitos” contida no caput do artigo 61 da Lei nº 9.430/1996 incluísse o principal e multa de ofício terseia que admitir que as multas de ofício, quando não pagas no vencimento, sofreriam também o acréscimo de multa de mora, e também sobre os juros de mora, que se incluiriam nos “débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições”, pudessem ser exigidos juros (juros sobre juros) e multa de mora, o que evidencia a improcedência desta interpretação; 5.38. se a expressão “débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições” constante no “caput” do artigo 61 da Lei nº 9.430/1996 contemplasse também a multa de ofício, não haveria necessidade da previsão do parágrafo único do artigo 43 da mesma Lei nº 9.430/1996, já que a incidência dos juros sobre multa de ofício lançada isoladamente nos termos do “caput” do artigo já decorreria diretamente do citado artigo 61; e 5.39. os juros de mora não podem ser exigidos na dimensão pretendida, porque estão sendo calculados com base na taxa Selic, que além de ser figura híbrida, composta de correção monetária, juros e valores correspondentes a remuneração de serviços das instituições financeiras, é fixada unilateralmente por órgão do Poder Executivo e extrapola muito o percentual de 1% previsto no artigo 161 do CTN. A 1ª Turma da DRJ em São Paulo I / SP analisou a impugnação apresentada pela contribuinte e, por via do Acórdão nº 1638.907, de 16 de maio de 2012 (fls. 1333/1355), considerou a impugnação procedente em parte, com a seguinte ementa: Fl. 1507DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.452 9 LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. CONTROLADA INDIRETA. CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS NA CONTROLADA DIRETA. Os resultados auferidos por intermédio de outra pessoa jurídica, na qual a controlada no exterior, mantenha qualquer tipo de participação societária, serão consolidados no balanço da controlada para efeito de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL da beneficiária no Brasil, não havendo previsão de tributação direta dos resultados da controlada indireta, ainda que a controlada direta esteja sediada em país com o qual o Brasil mantém tratado para evitar a bitributação e a controlada indireta esteja sediada em país não signatário de acordo com o Brasil, a menos que a fiscalização demonstre claramente, apontando fatos e provas, que se trata de planejamento abusivo inoponível ao Fisco. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. CONTROLADA DIRETA. ADIÇÃO NA CONTROLADORA BRASILEIRA. Os lucros auferidos por controlada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil, para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, na data do balanço no qual tiverem sido apurados. PESSOA VINCULADA NO EXTERIOR. EMPRÉSTIMO CONCEDIDO. RECEITA DE JUROS MÍNIMA OBRIGATÓRIA. No caso de mútuo com pessoa vinculada, a pessoa jurídica mutuante, domiciliada no Brasil, deverá reconhecer, como receita financeira correspondente à operação, no mínimo na taxa Libor, para depósitos em dólares dos Estados Unidos da América pelo prazo de seis meses, acrescida de três por cento anuais a título de spread, proporcionalizados em função do período a que se referirem os juros. Em breve resumo, o acórdão recorrido trouxe os seguintes fundamentos quanto as matérias exoneradas: 1. A alegação da impugnante de que o artigo 74 da citada MP seria inválido por desrespeitar o CTN e a necessidade de disponibilidade econômica e jurídica da renda não pode ser acatada porque esta norma é plenamente vigente e não foi revogada ou declarada inconstitucional pelo Poder Judiciário. 2. Com relação aos lucros auferidos pela empresa Cerveria e Malteria Paysandu S/A – Cympay, sediada no Uruguai foi, em 2006 e 2007, 98,31% controlada pela empresa Aspen Equities Corp., sediada nas Bahamas, que, por sua vez era 100% controlada pela autuada, a fiscalização deixou de observar o disposto no § 6º do artigo 1º da IN/SRF nº 213/2002, segundo a qual os resultados auferidos por intermédio de outra pessoa jurídica, na qual a controlada no exterior mantenha participação societária, devam ser consolidados no balanço da filial, sucursal, controlada ou coligada para efeito de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL da beneficiária no Brasil. Fl. 1508DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.453 10 3. Neste caso, a fiscalização preferiu tributar diretamente os lucros da controlada indireta simplesmente porque se estes fossem consolidados na controlada direta não haveria tributação devido à compensação com os resultados acumulados negativos da controlada direta. Ainda que se admita que a regra da consolidação na controlada direta contida no § 6º do artigo 1º da IN/SRF nº 213/2002 possa ser quebrada se houver fundamento razoável, a escolha pela fiscalização do método mais gravoso para a contribuinte com certeza não é motivo capaz de sustentar lançamento. Diante disso, cabe a exoneração desta parcela do lançamento. 4. Com relação à empresa Monthiers S.A, sediada no Uruguai foi, em 2006 e 2007, 100% controlada pela empresa Jalua S/A, sediada na Espanha, que, por sua vez era 100% controlada pela autuada foram tributados diretamente os lucros auferidos pela controlada indireta Monthiers no montante de R$213.872.986,81 (em 2007). 5. Aqui, apesar de também estarem sendo tributados diretamente os lucros auferidos por uma controlada indireta, a auditora justifica esta parcela do lançamento se utilizando da teoria das chamadas “Treaty Shopping” que, segundo afirma, são uma forma de abuso dos tratados internacionais que cria “figuras jurídicas fictícias com a finalidade de utilização das normas de acordos para evitar bitributação por pessoas que o tratado não designou como beneficiário”. Conforme explica, há a “constituição de uma rede de sociedades, que podem vincularse juridicamente (critério de residência) a um Estado membro de um acordo e, desta forma, se tornem incluídas indevidamente no campo de aplicação do tratado”. Desta forma, como o Brasil firmou tratado para evitar a bitributação com a Espanha, mas não possui tal espécie de tratado com o Uruguai, a existência da empresa espanhola Jalua, empresa “interposta” entre a autuada brasileira e a empresa uruguaia, somente se justificaria para evitar a tributação no Brasil dos lucros auferidos no Uruguai. Além de discorrer longamente sobre as “Treaty Shopping” (fls. 818 a 825), a fiscalização também fundamenta esta parte da autuação no Acórdão nº 10197.070, do antigo Conselho de Contribuintes, sessão de 17/12/2008, processo 16327.000530/200528, de interesse da mesma autuada e que manteve a tributação dos lucros auferidos em 2002 no Uruguai pela mesma controlada indireta Monthiers S.A controlada já àquela época pela mesma controlada direta espanhola Jalua S/A. 6. Apesar de não mencionado pela autoridade autuante, esta decisão no colegiado superior não foi unânime (cinco a três, vencida a relatora Sandra Maria Faroni que entendeu que se deveria aplicar o Tratado BrasilEspanha para cancelar da tributação os lucros da Jalua e de suas subsidiárias fora da Espanha). Também cabe mencionar que apesar de a ementa fundamentar a autuação no planejamento tributário, esta expressão não é utilizada em nenhuma ocasião pelo conselheiro elaborador do voto vencedor, que ao contrário concorda e transcreve o seguinte trecho do voto da relatora vencida que afirma categoricamente que naquele lançamento em nenhum momento a autoridade autuante afirmou que haveria planejamento fiscal inoponível ao Fisco (fl. 37 do Acórdão 10197.070. 7. O que embasou a manutenção daquele lançamento, e a conseqüente não aplicação ao caso do Tratado BrasilEspanha, foi simplesmente o entendimento de que os lucros das controladas indiretas podem ser oferecidos diretamente à tributação no Brasil porque, como provém de terceiro país, não estariam abrangidos pelo tratado. 8. Vêse aqui uma contradição entre o entendimento que prevaleceu na instância superior (que é indicativo para o julgador administrativo) e a determinação contida no § 6º do artigo 1º da IN/SRF nº 213/2002 que determina a consolidação Fl. 1509DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.454 11 dos resultados na controlada direta, cuja observância é obrigatória conforme escrito acima. A única solução razoável que encontro para este conflito é se no caso concreto a fiscalização demonstra que houve planejamento tributário abusivo inoponível ao Fisco, cujo um dos tipos é a “Treaty Shopping” . Do contrário, teríamos que decidir como se houvesse uma regra escrita dizendo que a consolidação não se aplica quando a controlada direta estiver em país com o qual o Brasil tenha tratado e a indireta em terceiro país. E também como se estivesse escrito no tratado entre o Brasil e a Espanha que os lucros auferidos por controladas de empresas sediadas nos Estados contratantes, mas domiciliadas em terceiros países, não estão abrangidos pelo Tratado, o que, de fato, não se encontra estabelecido. Isto não seria razoável porque atingiria indiscriminadamente, sem base legal ou regulamentar, situações em que as empresas envolvidas existem e atuam real e licitamente em vários países. 9. A fiscalização fala que a Jalua é um mero conector para aproveitamento dos benefícios tributários, que sua direção de fato é no Brasil e que não tem caráter imediatamente produtivo. Contudo, não diz porque ela é um mero conector, nem porque não possui caráter produtivo ou que as atividades declaradas em seus atos constitutivos não estejam sendo exercidas. Também não explicita porque chegou à conclusão de que a direção da espanhola Jalua é de fato no Brasil, o que poderia descaracterizála como estabelecimento permanente na Espanha e, conseqüentemente afastar a isenção de seus rendimentos no Brasil prevista no Tratado para Evitar a Dupla Tributação celebrado entre o Brasil e a Espanha, promulgado pelo Decreto nº 76.975, de 02 de janeiro de 1976. 10. Por meio da descrição do fato, são explicitados os motivos que levaram à autuação. Não é necessário que a descrição seja extensa, bastando que se articule de modo preciso os elementos de fato e de direito que levaram o auditor ao convencimento de que a infração deve ser imputada ao contribuinte. 11. No caso em discussão, entendo que a descrição dos fatos apresentada pela autoridade autuante é insuficiente para a manutenção da autuação, devendo também esta parcela do lançamento ser exonerada. 12. As demais alegações de mérito apresentadas pela impugnante quanto aos lucros auferidos pelas controladas indiretas uruguaias (Cympay e Monthiers), bem como os questionamentos quanto à CSLL e juros sobre multa e taxa Selic, deixam de ser apreciados, pois os argumentos já expostos foram suficientes para julgar o mérito destas parcelas do lançamento favoravelmente à impugnante e, conforme se demonstra ao final deste voto, estas exonerações são suficientes para cancelar todo o crédito tributário lançado (o montante das infrações mantidas é inferior aos prejuízos fiscais e base de cálculo negativas de CSLL dos próprios períodos de apuração). Como a exoneração de crédito tributário superou o limite de alçada (R$ 1000.000,00), a Turma Julgadora recorreu de ofício a este Colegiado nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/1972, com a redação dada pelo artigo 67 da Lei n.º 9.532, de 10 de dezembro de 1997, e da Portaria do Ministro da Fazenda n.º 003, de 03 de janeiro de 2008. Cientificada em 16/08/2012, a interessada interpôs recurso voluntário em 17/09/2012, quanto aos créditos tributário mantidos pelo acórdão recorrido, no qual reitera as razões trazidas na impugnação, aduzindo em síntese: a) a ilegitimidade da disponibilização ficta dos lucros, estabelecida no art. 74 da P. 215835/2001, em face das disposições do CTN e da Constituição Federal; Fl. 1510DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.455 12 b) a necessidade de reconhecimento do direito à compensação do imposto pago no exterior pela sua controlada Brahmaco, no ano de 2006, conforme evidenciado no próprio quadro elaborado pela fiscal autuante no TVF; c) caso não se reconheça o direito à compensação do imposto o montante pago no exterior deve ser abatido do montante de lucros tributados no Brasil a título de despesas, não podendo, assim. compor a base de cálculo tributável; d) quanto ao ajuste de preço de transferência em face de empréstimos a empresa vinculada no exterior alega "manifesta inconsistência desta norma legal, que a pretexto de evitar suposta transferência de lucros entre empresas ligadas, pela celebração de contratos em condições de favorecimento que não seriam celebrados entre partes não relacionadas, acaba estabelecendo como receita mínima que deve ser reconhecida a titulo de juros nas operações de mútuo (o que deveria corresponder a. mais baixa taxa de juros que um terceiro não relacionado conseguiria obter) o mesmo valor estabelecido como despesa maxima em caso de juros passivos (ou seja, a mais alta taxa que se imagine ser exigida pelo mercado), o que em si é um absurdo". e) que embora seja vedado ao julgador administrativo apreciar a constitucionalidade de dispositivos legais é seu dever "deixar de aplicar a dispositivos que se mostrem condizentes com a própria finalidade da lei que os instituiu, nos termos do art. 2º da Lei nº 9.784/99; f) por fim, solicita que sejam corrigidos os valores dos saldos negativos de CSLL que constaram de quadro no final do acórdão recorrido, tendo em vista que as infrações relativas ao ajuste de preço de transferência não resultaram em lançamento da CSLL, de sorte que sua manutenção pelo acórdão recorrido não pode influenciar a recomposição do saldo negativo, limitandose à infração relativa a adição de lucros no exterior obtido pela sua controlada Brahmaco. A Fazenda Nacional apresentou em 30/09/2012, suas Razões ao Recurso de Ofício (fls. 1361/1387), das quais transcrevo abaixo os principais argumentos: A decisão recorrida não merece prosperar. Tal como será aqui demonstrado, por meio do auto lavrado, o Auditor, ao constatar que o lucro sob análise era da MONTHIERS (Uruguai) e não da JALUA (Espanha), corretamente aplicou o artigo 74 da Medida Provisória nº 2.158‑ 35/2001, e afastou o Tratado Brasil‑ Espanha. a) Da origem do lucro tributado. Não obstante a decisão ora recorrida ter cancelado o tributo incidente sobre o lucro disponibilizado pela MONTHIERS sob a justificativa que o Auditor não caracterizou de forma suficiente o planejamento fiscal que envolveu a JALUA, da leitura do Termo de Verificação Fiscal se vê que a autuação não fora embasada somente na caracterização desse estratagema. Além de ter demonstrado de forma suficiente o planejamento ilícito praticado pelo contribuinte (tema que será tratado no item seguinte), o Fiscal consignou que o lucro da EAGLE sob análise estava sendo tributado pelo artigo 74 da MP nº 2.158 35/2001 em face da forma como o próprio contribuinte registrou esse lucro em seus assentos societários e contábeis e nos assentos da empresa espanhola JALUA. Fl. 1511DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.456 13 Com base nos documentos fornecidos pelo próprio contribuinte durante a fase fiscalizatória (DIPJ, memória de equivalência patrimonial, etc), o Auditor verificou que, em 2006, a EAGLE reconheceu, por equivalência patrimonial, o lucro apurado pela MONTHIERS (tal como determina a legislação brasileira), e que, todavia, esse mesmo lucro não fora reconhecido pela JALUA. Em outras palavras, o Fiscal constatou que o lucro apurado pela MONTHIERS foi reconhecido por sua controladora indireta (EAGLE), mas não reconhecido pela sua controladora direta (JALUA). Portanto, da leitura do Termo de Verificação Fiscal, vêse que a tributação do lucro “nascido” na MONTHIERS no ano de 2006 fora pautada em duas principais observações feitas pelo Auditor: (i) a EAGLE reconheceu por equivalência patrimonial o lucro apurado pela MONTHIERS; (ii) a JALUA não reconheceu por equivalência patrimonial o lucro apurado pela MONTHIERS; [...] Notase, assim, que o próprio contribuinte confessa que a JALUA não registrou o lucro da MONTHIERS. Sob a justifica de que a legislação espanhola não exige tal reconhecimento por equivalência patrimonial (mas também não impede!), ele atesta que o lucro da empresa uruguaia era registrado somente na EAGLE. Pois bem. Diante desses fatos, o Auditor concluiu que o lucro sob análise era da MONTHIERS, portanto, produzido no Uruguai, e fora disponibilizado de forma direta a EAGLE. Em que pese a JALUA ser a controlada direta da MONTHIERS, a falta de reconhecimento desse lucro em seus assentos atesta a origem e o destino desse lucro, senão vejamos (fl. 30 do TVF): [...] Em face da informação prestada pelo próprio contribuinte de que a EAGLE apurava em seus registros societários o lucro da MONTHIERS, e que esse mesmo lucro não era registrado na JALUA, o Auditor não tinha outra opção senão considerar que o lucro foi produzido no Uruguai e disponibilizado de forma direta à controladora brasileira. Devese ter em mente que, se nem o próprio contribuinte reconhece o lucro como da JALUA, não há que se exigir que o Auditor o faça. Sendo assim, com base nas informações fornecidas pela própria EAGLE, o Fiscal corretamente constatou que o lucro analisado foi produzido por uma empresa uruguaia (MONTHIERS) e disponibilizado de forma direta ao contribuinte (EAGLE), razão pela qual essa parcela econômica deveria ser tributada com base no artigo 74 da Medida Provisória nº 2.158‑ 35/2001, verbis” (fl. 31 do TVF): [...] Todavia, em face da alegação da empresa fiscalizada de que o lucro que estava sendo tributado era da empresa espanhola JALUA, e que sobre ele incidia o Tratado BrasilEspanha para evitar dupla tributação, o Fiscal foi obrigado a analisar a aplicação da referida convenção internacional. Fl. 1512DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.457 14 Assim, com base nos mesmos elementos fáticos (reconhecimento do lucro da MONTHIERS pela EAGLE e sua ausência pela JALUA), o Auditor ressaltou a origem do lucro glosado, e demonstrou a tentativa do contribuinte em impor um planejamento abusivo para evitar a sua tributação pelo artigo 74 da MP nº 2.158 35/2001. b) Do planejamento tributário abusivo. Da não aplicação do Tratado BrasilEspanha. Como já adiantado, além de ter tributado o lucro disponibilizado pela MONTHIERS com base no país em que ele foi produzido, e na disponibilização direta ao contribuinte brasileiro, o Auditor teve que pautar o lançamento em um segundo fundamento, haja vista a alegação de dupla tributação internacional apresentada pelo fiscalizado. Assim, tendo o contribuinte aduzido a aplicação do Tratado BrasilEspanha para defender a não tributação do lucro apurado pela MONTHIERS, o Fiscal fora instado a demonstrar que, nesse caso, tendo o lucro tributado sido produzido no Uruguai, o referido Tratado não é aplicável. Passese, portanto, à análise se o lucro apurado pela MONTHIERS estaria resguardado pelo Tratado BrasilEspanha, ou melhor, ao estudo do real alcance dos tratados para evitar a dupla tributação e a evasão fiscal. Com o intuito de definir o alcance do Tratado Brasil‑ Espanha, é necessário ter em mente a finalidade do acordo internacional, qual seja, facilitar o fluxo de rendimentos e capitais entre os EstadosContratantes, através da partilha da competência tributária e da previsão de métodos para inibir a bitributação, fomentando, assim, as relações comerciais entre os países signatários. Por conseguinte, inferese que a proteção dos tratados é voltada precisamente para as riquezas produzidas pelos residentes dos respectivos EstadosContratantes. Afinal, é evidente que o Tratado entre Brasil e Espanha não será celebrado com o escopo de beneficiar sociedades residentes em terceiros países. Portanto, tem‑ se como premissa básica à interpretação dos tratados para evitar dupla tributação o princípio da presença substancial, segundo o qual eles abrangem somente os lucros produzidos por empresas que residam nos EstadosContratantes, sob pena de se deturpar a finalidade desses acordos. Tal premissa básica decorre do princípio da presença substancial, segundo o qual o acordo internacional não alcança os lucros gerados por pessoa jurídica que não reside nos estados contratantes (no caso, lucros produzidos no Uruguai, por intermédio de sociedade na qual uma controlada do recorrente detém participação). Assim, no caso sob análise, pelo princípio da presença substancial, não há como o Tratado Brasil‑ Espanha abranger o lucro produzido no Uruguai pela MONTHIERS. Caso essa possibilidade seja admitida, o referido tratado internacional verá a sua finalidade ser completamente deturpada, haja vista que ele estará sendo aplicado sobre um lucro produzido por empresa que não é residente nem no Brasil, nem na Espanha. Com toda razão, se uma holding puder figurar como interposta pessoa na relação existente entre a sua investidora e as entidades das quais participa para que se invoque cláusula de proteção do acordo internacional, o tratado será desvirtuado, pois verá o seu alcance sendo estendido para o território de outros países não signatários. Fl. 1513DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.458 15 Ademais, no intuito de preservar os tratados contra a dupla tributação, a própria Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), nos comentários à convenção modelo, repudia expressamente a utilização abusiva da norma convencional, como ocorreria na presente hipótese. Confirase o seguinte comentário ao artigo 1º (tradução livre): Uso indevido da Convenção 7. O propósito das convenções de dupla tributação é o de promover as trocas de bens e de serviços e os movimentos de capitais e de pessoas, eliminando a dupla tributação internacional. Em contra partida não deverão facilitar a evasão e a fraude fiscais. (...) 8. É importante perceber que a ampliação da rede de convenções de dupla tributação aumenta o risco de abusos, pois torna possível, mercê de interpretações jurídicas muitas vezes artificiais, se valer simultaneamente dos benefícios fiscais previstos em algumas legislações nacionais e dos desagravamentos de imposto ao abrigo das convenções de dupla tributação.(...) 9.4. Tendo em vista ambas as abordagens, portanto, concorda se que os Estados não devem assegurar os benefícios dos tratados de dupla tributação, nas hipóteses em que se verifique arranjos’ que constituem abuso dos termos desses tratados.1 (grifo nosso) Concluise, portanto, que, em atenção à finalidade do Tratado BrasilEspanha, não é possível ampliar a sua proteção ao ponto de subtrair à tributação os lucros gerados por empresa residente no Uruguai. Logo, demonstrase que o lucro gerado pela MONTHIERS deveria ser oferecido à tributação no Brasil pela EAGLE, na proporção da respectiva participação societária, uma vez que ele nunca esteve sob o abrigo do Tratado BrasilEspanha, cujo alcance é restrito aos lucros produzidos nos respectivos EstadosContratantes. [...] Pelo exposto, demonstrase, então, quão acertada fora a conclusão adotada pelo Auditor responsável pelo lançamento, assim como a sua coesão com o conteúdo do Acórdão nº 101‑ 97.070. Em ambos os casos, a tentativa da EAGLE em atribuir o lucro da MONTHIERS como lucro da JALUA foi considerada um planejamento tributário abusivo. Por meio desse estratagema, o contribuinte procurava evitar a tributação do lucro da MONTHIERS no Brasil, alegando que ele tinha origem na Espanha, e que, assim, não deveria ser tributado por ordem do Tratado BrasilEspanha, assim como a sua tributação na Espanha, uma vez que não reconhecia essa parcela na JALUA por equivalência patrimonial. Acrescentase, por oportuno, que esse lucro também não foi tributado no Uruguai. Destarte, o planejamento abusivo resta caracterizado ante a utilização indevida do Tratado Brasil‑ Espanha por meio da JALUA. Com essa empresa espanhola, o contribuinte, com base em um tratado para evitar dupla tributação, Fl. 1514DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.459 16 tenta garantir a dupla isenção! Esse desvio de finalidade, sem sombra de dúvidas, não pode ser aceito. E, o principal aspecto de convencimento para tal conclusão fora a constatação da origem do lucro que estava sendo tributado (Uruguai), a qual foi alcançada com base nas informações prestadas pelo próprio contribuinte (reconhecimento do lucro da MONTHIERS pela EAGLE e sua ausência pela JALUA). Como já ressaltado no item anterior, o reconhecimento do lucro da MONTHIERS pela EAGLE, juntamente com a ausência desse fato pela JALUA, atesta que esse lucro não foi produzido na Espanha, ou que sequer passou por lá. Portanto, no que toca ao lucro da MONTHIERS, a JALUA é efetivamente utilizada pelo contribuinte apenas para tentar atrair a aplicação do Tratado BrasilEspanha para garantir uma dupla isenção! Assim, acertada fora a conclusão fiscal ao dispor que a EAGLE elaborou uma reorganização societária com o exclusivo escopo de evitar a tributação do lucro apurado pela MONTHIERS, controlada uruguaia, mediante a interposição de controlada na Espanha país com o qual o Brasil possui Tratado para evitar a dupla tributação e, além disso, que confere isenção aos lucros e dividendos auferidos por controladas e subsidiárias estrangeiras (“Participation Exemption”). Ora, o alcance dos tratados internacionais em espécie é para evitar a dupla tributação, inadmitindose a utilização pelo contribuinte de tratado internacional para alcançar a não tributação. [...] c) Da possibilidade de tributação direta dos lucros apurados por controladas indiretas. Aplicação da legislação brasileira. A legislação interna de tributação universal não alcança tãosomente as sociedades controladas diretamente pela investidora brasileira, conforme o conceito legal de “sociedade controlada” definido pela Lei nº 6.404/1976, e absorvido integralmente pela legislação fiscal. Com efeito, para fins societários a sociedade controla a é aquela na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores, nos termos dos artigos 116 e 243, § 2º, da Lei das S/A: [...] Na mesma linha, eis o que dispõe o Código Civil de 2002: Art. 1.098. É controlada: [...] É incontroverso, portanto, que a legislação societária equipara o controle direto ao indireto, equivale dizer, a definição legal de controlada engloba a sociedade controlada direta ou indiretamente. Por essa razão, a controladora brasileira é obrigada a avaliar pelo patrimônio líquido não apenas os investimentos detidos na controlada direta, mas também aqueles investimentos mantidos em controladas indiretas. Fl. 1515DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.460 17 Nesse diapasão, cumpre salientar que esse conceito foi adotado sem ressalvas pelo direito tributário, na forma dos artigos 384 e 466 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99): [...] Como se percebe, na esfera tributária também não há distinção entre controlada direta e indireta. Dessa forma, ao se referir a “sociedade controlada”, a legislação fiscal alcança as empresas sujeitas ao controle direto ou indireto, sem qualquer diferenciação. [...] Dessa forma, a legislação fiscal determina que os lucros auferidos através de controladas sejam adicionados ao lucro líquido da controladora, para determinação do lucro real, na proporção da participação societária (art. 25, § 2º, II, da Lei nº 9.249/1995). Por sua vez, o artigo 74 da MP nº 2.15835/2001 define o momento em que os lucros auferidos no exterior devem ser oferecidos à tributação no país: na data do balanço no qual tiverem sido apurados. É importante ressaltar, nesse passo, que o regime da universalidade não está restrito às controladas diretas. De fato, o § 2º do art. 25 da Lei nº 9.249/1995 determina que os lucros auferidos por controladas devem ser computados na apuração do lucro real, sem estabelecer distinção entre controladas diretas e indiretas. Em suma: não há qualquer dispositivo legal que exclua os resultados apurados por sociedade controlada indiretamente da tributação universal. [...] d) O Tratado BrasilEspanha não impede a tributação dos lucros auferidos por empresa brasileira (EAGLE) com base no artigo 74 da MP nº 2.15835/2001. Por oportuno, vale ressaltar que a existência de Tratado para evitar a bitributação entre Brasil e Espanha não impede a tributação da empresa brasileira, considerando os lucros que a sociedade estabelecida no Brasil auferiu via controlada ou coligada no exterior. É que o artigo 74 da MP nº 2.15835/2001 incide sobre os lucros do contribuinte brasileiro, auferidos no exterior, por intermédio de empresas controladas. Desse modo, essa norma não se refere às hipóteses de dupla tributação que são objeto dos tratados internacionais para evitar a dupla tributação, quais sejam: situações em que o mesmo contribuinte está submetido a duas legislações de países diferentes, sendo necessário limitar o escopo de uma dessas normas e assim evitar a dupla tributação. Percebase que a técnica adotada pelo artigo 74 da MP 2.15835/2001, de atribuição dos lucros de controladas no exterior ao contribuinte residente no Brasil na data em que houve a sua apuração contábil (e não com o seu efetivo pagamento ao residente no Brasil) foi inspirada em legislações usuais no exterior, denominadas normas CFC (abreviação de “controlled foreign companies”) que também possuem a finalidade precípua de impedir o diferimento na tributação dos lucros apurados no exterior e evitar fraudes ao Fisco. No âmbito internacional, entendese que essas normas são válidas em face dos tratados para evitar a dupla tributação. Fl. 1516DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.461 18 Confirase, por exemplo, o parágrafo 23 dos comentários da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ao artigo 1º da convenção modelo para evitar a dupla tributação (tradução livre): 23. A utilização de “companhias de base” [base companies”41 em inglês] também pode ser tratada através de normas sobre sociedades controladas no exterior [Controlled Foreign Companies/CFCs” em inglês]. Um número significativo de países membros e não membros adotou tal legislação. Enquanto a forma dessa legislação varia consideravelmente de país para país, um traço comum dessas regras, agora internacionalmente reconhecidas como um instrumento legítimo para proteger a base tributária local, é que elas resultam na tributação, por um Estado Contratante, de seus residentes relativamente à renda proveniente de sua participação em certas entidades estrangeiras. Argumentouse algumas vezes, com base numa determinada interpretação de dispositivos da Convenção tais como o art. 7º, § 1º, e o art. 10, § 5º, que esse traço comum da legislação sobre sociedades controladas no exterior estaria em conflito com tais dispositivos. Pelos motivos expostos nos parágrafos 10.1 dos “Comentários” ao art. 7º e 37 dos “Comentários” ao art. 10, tal interpretação não está de acordo com o texto dos dispositivos. A interpretação também não se sustenta quando os dispositivos são lidos em seu contexto. Portanto, enquanto alguns países consideraram útil esclarecer expressamente, em suas convenções, que a legislação das sociedades controladas no exterior não está em conflito com a Convenção, tal esclarecimento não é necessário. Reconhecese que a legislação das sociedades controladas no exterior tal como estruturada não é contrária aos dispositivos da Convenção. As normas “CFC” não estão em conflito com os tratados, porque está claro, no âmbito internacional, que cada país pode dispor livremente sobre a base de cálculo do imposto de renda devido pelo residente, que investe no exterior, desde que impeça a dupla tributação. Aliás, podese dizer que essa é a regra fundamental para fins de interpretação dos tratados para evitar a dupla tributação. Essa conclusão está muito evidente no parágrafo 10.1 dos comentários ao artigo 7º da convenção modelo da OCDE, “verbis” (tradução livre): 10.1 O propósito do § 1º é traçar limites ao direito de um Estado Contratante tributar os lucros de empresas situadas em outro Estado Contratante. O parágrafo não limita o direito de um Estado Contratante tributar seus próprios residentes com base nos dispositivos relativos a sociedades controladas no exterior encontrados em sua legislação interna, ainda que tal tributo, imposto a esses residentes, possa ser computado em relação à parte dos lucros de uma empresa residente em outro Estado Contratante atribuída à participação desses residentes nessa empresa. O tributo assim imposto por um Estado sobre seus próprios residentes não reduz os lucros da empresa do outro Estado e não se pode dizer, portanto, que teve por objeto tais lucros 1 4 * “Base company”: uma companhia geralmente situada em um país de baixa ou nenhuma tributação, tipicamente um paraíso fiscal, usada para receber lucros que de outra forma caberiam diretamente ao contribuinte, reduzindo portanto os impostos no país do contribuinte. O contribuinte é freqUentemente capaz de gozar do benefício econômico dos lucros, p.ex., direcionando seu modo de emprego pela “companhia de base”. Exemplos de “companhias de base” podem incluir uma “holding company”, uma companhia cativa de seguros (“captive insurance company), ... Certos tipos de “conduit company” podem também ser consideradas “companhias de base” (fonte: “IBFD International Tax Glossary”/5ª edição/editado pelo "International Bureau of Fiscal Documentation”/Amsterdam). Fl. 1517DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.462 19 (ver também § 23 dos “Comentários” ao art. 1º e §§ 37 a 39 dos “Comentários” ao art. 10). Portanto, a MP nº 2.15835/2001 dispõe que os lucros das empresas controladas e coligadas no exterior também deverão compor os lucros da sociedade, controladora ou coligada, residente no Brasil, como a sociedade no exterior fosse “transparente” para fins fiscais. Como os lucros da sociedade no exterior são imputáveis à empresa brasileira, não há descumprimento do tratado, pois continuará havendo tributação de lucros de empresa brasileira. Nesse sentido, citase um precedente da Terceira Turma do TRF da 2ª Região (processo nº 2003.51.010029370), que, por unanimidade de votos, deu provimento parcial aos embargos de declaração opostos pelo contribuinte (Vale S.A), o qual apontava, dentre outros motivos, a existência de contradição, “pois o acórdão embargado, ao mesmo tempo em que reconhece que o artigo VII dos tratados contra a dupla tributação, celebrados pelo Brasil com outros países, onde estão domiciliadas as controladas da ora embargante, proíbe que o Brasil tribute os lucros de referidas empresas e que referidos tratados prevalecem face às leis internas (art. 98, do CTN), concluiu que tal disposição convencional não impediria a aplicação do artigo 74 da MP nº 2.15835/2001, preceito que consagrou regime de tributação incidente sobre os lucros das sociedades controladas estrangeiras. [...] e) Na hipótese de se entender pela indispensabilidade da aplicação do § 6º do artigo 1º da IN SRF nº 213/2002, as bases de cálculo apuradas devem ser retificadas. Por ultimo, caso seja entendido que, antes da tributação, os lucro disponibilizado pela MONTHIERS deve ser necessariamente consolidado com o resultado da empresa JALUA, destaca‑ se que tal entendimento não pode dar ensejo à exoneração total dos correspondentes créditos tributários. Como a consolidação prevista no § 6º do artigo 1º da IN SRF nº 213/2002 importa mera fórmula de apuração da base de cálculo, a sua aplicação deve acarretar apenas a retificação do valor lançado com a manutenção de eventual crédito remanescente. Por certo, tendo a Autoridade Fiscal corretamente identificado a matéria tributária, eventual erro na apuração da base de cálculo não pode ensejar a exoneração de todo o crédito constituído, mas apenas daquela parte que foi indevidamente calculada. Assim, no presente processo, caso seja entendido que a consolidação é indispensável, a base de cálculo deve ser novamente apurada mediante a compensação do lucro da MONTHIERS com o resultado da JALUA. [...] A análise do recurso de ofício foi sobrestada por meio da Resolução nº 1302 000.255, proferida por esta turma ordinária em 11/09/2013, nos termos do disposto nos § 1º e 2º do art. 62A do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF. nº 543/2009. Com a revogação dos dispositivos que autorizavam o sobrestamento dos processos o presente processo retornou para julgamento, sendo distribuído, por sorteio, a este relator. É o Relatório. Fl. 1518DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.463 20 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Os recursos de ofício e voluntário são tempestivos e atendem aos pressupostos legais e regimentais. Assim, deles conheço. Recurso de Ofício O acórdão recorrido exonerou parte do lançamento relativo a tributação de lucros auferidos no exterior por meio de empresas controladas pela interessada. Analiso cada uma das situações de forma isolada, nos mesmos moldes do acórdão recorrido. Lucros Auferidos pela Cympay A autoridade fiscal efetuou o lançamento dos lucros obtidos pela empresa Cerveria e Malteria Paysandu S/A – Cympay, sediada no Uruguai foi, nos montantes de R$32.249.002,49 (em 2006) e R$28.065.118,65 (em 2007), diretamente na apuração dos resultados da recorrente, sem considerar que a empresa Cympay era controlada pela empresa Aspen Equities Corp., sediada nas Bahamas, sendo apenas esta última controlada diretamente pela autuada. Neste caso, os lucros da Cympay estavam devidamente consolidados na Aspen, conforme descrito no TVF, citado pelo acórdão recorrido, verbis: 23. De fato, a autoridade fiscal demonstra ciência de que os lucros da Cympay estavam consolidados nas demonstrações financeiras da Aspen, como se nota no seguinte trecho do TVF: 5.2.8 (...) Observamos que nos dois anos acima elencados, o principal resultado obtido que é o lucro operacional ou do exercício, teve origem no aproveitamento da equivalência patrimonial, valor este que foi praticamente composto do controle acionário da Aspen Equities Corp. na controlada Cerveria e Malteria Paysandu S/A – Cympay. 5.2.9 Esclarecemos que apesar da Aspen ter auferido resultados positivos nos anos de 2006 e 2007, tais lucros não são passíveis de tributação, pois nestes anos os resultados acumulados têm valores negativos e portanto não há lucro excedente a ser distribuído. Também acrescentamos que caso houvesse tributação dos lucros da Aspen, que controla quase a totalidade do capital social da “Cympay”, haveria consideração duplicada dos lucros na medida em que os resultados apurados pela Aspen, são essencialmente compostos da equivalência patrimonial naquela empresa controlada. Fl. 1519DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.464 21 O colegiado a quo cancelou o lançamento nesta parte, sob o fundamento de que o tratamento dado pela autoridade fiscal não encontra respaldo no § 6º do art. 1º da IN.SRF. nº 213/2002, que regulamentou a tributação dos lucros no exterior, verbis: Art. 1º Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, por pessoa jurídica domiciliada no Brasil, estão sujeitos à incidência do imposto de renda das pessoas jurídicas (IRPJ) e da contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), na forma da legislação específica, observadas as disposições desta Instrução Normativa. § 1º Os lucros referidos neste artigo são os apurados por filiais e sucursais da pessoa jurídica domiciliada no Brasil e os decorrentes de participações societárias, inclusive em controladas e coligadas. (...) § 4º Os lucros de que trata este artigo serão adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL da pessoa jurídica no Brasil, integralmente, quando se tratar de filial ou sucursal, ou proporcionalmente à sua participação no capital social, quando se tratar de controlada ou coligada. § 5º Para efeito de tributação no Brasil, os lucros serão computados na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, de forma individualizada, por filial, sucursal, controlada ou coligada, vedada a consolidação dos valores, ainda que todas as entidades estejam localizadas em um mesmo país, sendo admitida a compensação de lucros e prejuízos conforme disposto no § 5º do art. 4º desta Instrução Normativa. § 6º Os resultados auferidos por intermédio de outra pessoa jurídica, na qual a filial, sucursal, controlada ou coligada, no exterior, mantenha qualquer tipo de participação societária, ainda que indiretamente, serão consolidados no balanço da filial, sucursal, controlada ou coligada para efeito de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL da beneficiária no Brasil. § 7º Os lucros, rendimentos e ganhos de capital de que trata este artigo a serem computados na determinação do lucro real e da base de cálculo de CSLL, serão considerados pelos seus valores antes de descontado o tributo pago no país de origem. Concluiu o acórdão recorrido, verbis: 24. O que se nota nesse trecho transcrito é que a fiscalização preferiu tributar diretamente os lucros da controlada indireta simplesmente porque se estes fossem consolidados na controlada direta não haveria tributação devido à compensação com os resultados acumulados negativos da controlada direta. Ainda que se admita que a regra da consolidação na controlada direta contida no § 6º do artigo 1º da IN/SRF nº 213/2002 possa ser quebrada se houver fundamento razoável, a escolha pela fiscalização do método mais gravoso para a contribuinte com certeza não é motivo Fl. 1520DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.465 22 capaz de sustentar lançamento. Diante disso, cabe a exoneração desta parcela do lançamento. Entendo correta a conclusão do acórdão recorrido ao cancelar a exigência, pois, com efeito, o § 6º do art. 1º da IN.SRF. nº 213/2002, é cristalino ao dispor sobre a forma de tributação do resultado de empresa no exterior, na qual a filial, sucursal, controlada ou coligada, no exterior, mantenha qualquer tipo de participação societária, ainda que indiretamente, determinando que este resultado deverá ser consolidado no balanço da filial, sucursal, controlada ou coligada para efeito de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL da beneficiária no Brasil. Neste diapasão, considerando que os resultados consolidados da empresa controladora da Cimpay no exterior (Aspen) embora positivos foram inteiramente absorvido por resultados negativos acumulados nos exercícios anteriores pela Aspen (cfe. Demonstrações às efls.81/86) , revelase correto o cancelamento da exigência neste ponto. Lucros Auferidos pela Monthiers A empresa Monthiers S.A, é sediada no Uruguai foi, em 2006 e 2007, 100% controlada pela empresa Jalua S/A, sediada na Espanha, que, por sua vez era 100% controlada pela autuada. O lançamentos foi também realizado mediante a tributação do resultado da Monthiers (controlada indireta da recorrente) mediante adição direta aos resultados da interessada, no montante de R$213.872.986,81 (em 2006). Neste caso, apesar de também terem sido tributados diretamente os lucros auferidos por uma controlada indireta, a autoridade fiscal justificou esta parcela do lançamento utilizandose da teoria das chamadas “Treaty Shopping” que, segundo afirma, são uma forma de abuso dos tratados internacionais que cria “figuras jurídicas fictícias com a finalidade de utilização das normas de acordos para evitar bitributação por pessoas que o tratado não designou como beneficiário”. De acordo com a autoridade autuante, há a “constituição de uma rede de sociedades, que podem vincularse juridicamente (critério de residência) a um Estado membro de um acordo e, desta forma, se tornem incluídas indevidamente no campo de aplicação do tratado”. Referese, também, à necessidade de presença substancial da empresa num dos estados contratantes para que esta se beneficie do tratado para evitar a dupla tributação. Aponta que a controlada Jalua Spain é mera conectora entre a interessada e a empresa Monthiers, com vistas ao aproveitamento dos benefícios tributário do Tratado BrasilEspanha. A autoridade fiscal apresenta longa explanação doutrinária no TVF, sobre situações que justificariam a não aplicação de tratados para evitar a dupla tributação, com vistas a fundamentar a adição dos resultados da Monthiers diretamente nos resultados da recorrente, entremeandoa com suas conclusões sobre o caso concreto, conforme excertos abaixo, verbis: [...] Ressaltamos que a Jalua S/A está localizada na Espanha e os resultados oriundos fora da Espanha não são tributados nesse país por conta do referido tratado para evitar a Dupla Tributação e logo, os lucros e/ou dividendos Fl. 1521DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.466 23 originados na Monthiers S/A, não foram tributados no Uruguai e nem foram oferecidos à tributação no Brasil. [...] Sobre a estrutura de um TDT (tratado de dupla tributação) cita que as pessoas visadas são aquelas residentes em Estados Contratantes, enquanto que, o domicílio fiscal, também denominado residência, definese utilizando primeiramente o critério de habitação permanente, posteriormente o de centro de interesses vitais, depois o de permanência habitual, em seguida o de nacionalidade e , finalmente, o de mútuo acordo entre os Estados Contratantes. Concluise, portanto, que para as pessoas jurídicas, o critério é o lugar de sua sede de direção efetiva, que no caso da fiscalização em análise representa o Brasil, pois entendemos que a Jalua S/A, sediada na Espanha é um mero conector para aproveitamento dos benefícios tributários. [...] Quanto ao estabelecimento permanente, ensina o autor acima que a sua função principal é a de propiciar o pressuposto para a sujeição da atividade econômica de um estrangeiro em um outro país, ou seja, designa uma instalação fixa de negócios em que a empresa exerça toda ou parte de sua atividade e compreende o lugar de direção da empresa (no caso, a direção de fato da empresa é no Brasil), sucursal ou filial, escritório , fábrica, oficina, mina, poços de gás ou petróleo, pedreira ou qualquer outro lugar de extração de recursos naturais, bem como um canteiro de obras ou de construção, montagem ou instalação, que se mantenha em período determinado (mais de 12 meses modelo OCDE). (...) Concluise, portanto, que o simples controle de uma sociedade residente em um Estado Contratante, por outra residente em outro Estado Contratante, não é suficiente para a caracterização de estabelecimento permanente e que são estabelecimentos estáveis as instalações que adquirirem ou realizam diretamente um lucro, tendo caráter imediatamente produtivo, o que não é o caso da Jalua S/A. [...] (...). Traz em sua definição (treaty shopping) o uso de um TDT por alguém, através da interposição de uma pessoa, para obter a proteção de um acordo de bi tributação que, de outro modo, não seria devida, enfatizando que não há que se falar em treaty shopping quando o contribuinte é movido por motivos extrafiscais, necessário assim que a interposição de terceira pessoa seja feita com o fim específico de haurir as vantagens do TDT. Surge no direito tributário internacional, a expressão "beneficial ownwer", trazida para o vernáculo como beneficiário efetivo, para designar aquele que na realidade auferirá as vantagens decorrentes do tratado, no caso de interposição de terceira pessoa. Tratase de alguém reconhecido como proprietário por equidade, por lhe pertencerem o uso e título da coisa emborao título legal pertença a outra pessoa. No Brasil, utilizadas nos modelos de tratados da OCDE, nos artigos 10 (dividendos), 101 (juros) e 12 (royalties), vemos ser mpi gado em mais da metde dos TDSs celebrados. Ou seja, no "Treaty Shopping" é designado aquele que por interposta pessoa aufere as vantagens do TDT, sem nele aparecer, sendo que o mesmo se concretiza quando preenche dois requisitos: possua direito de decidir se o seu investimento (capital e ativo) deve ou não produzir rendimentos e possua o direito Fl. 1522DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.467 24 de dispor livremente desse rendimento, o que se faz pela presença de busca planejada do melhor TDT, visando o resultado fiscal mais favorável, que o planejador (beneficiário efetivo) não reside nos países signatários do TDT, interposição de terceiro residente no país destinatário dos rendimentos e afastamento da tributação no país da fonte dos rendimentos por força do TDT. Por tudo o que foi arrazoado, entendemos que deve ser tributado o lucro auferido pela Monthiers S/A, domiciliada no Uruguai, junto à brasileira Eagle Distribuidora de Bebida S/A, por ser esta efetivamente a beneficiária de tal resultado. (grifos nossos) O colegiado recorrido afastou a exigência, ao entender que não restaram comprovadas as afirmações da autoridade fiscal no sentido de que a empresa Jalua Spain seria uma pessoa jurídica interposta (Treaty Shopping), unicamente com o objetivo de fugir à tributação dos resultados da Monthiers, mediante a utilização abusiva do Tratado Brasil Espanha, que, assim, seria inoponível ao Fisco. Também refutou a aplicação das conclusões contidas no Acórdão nº 101 97.070, indicado pela autoridade fiscal no TVF como fundamento adicional da autuação, tendo a recorrente também como interessada, no qual se manteve a tributação dos lucros auferidos em 2002 no Uruguai pela mesma controlada indireta Monthiers S.A, controlada já àquela época pela mesma controlada direta espanhola Jalua S/A. Seguem excertos das conclusões trazidas no voto condutor, verbis: 26. Aqui, apesar de também estarem sendo tributados diretamente os lucros auferidos por uma controlada indireta, a auditora justifica esta parcela do lançamento se utilizando da teoria das chamadas “Treaty Shopping” que, segundo afirma, são uma forma de abuso dos tratados internacionais que cria “figuras jurídicas fictícias com a finalidade de utilização das normas de acordos para evitar bitributação por pessoas que o tratado não designou como beneficiário”. Conforme explica, há a “constituição de uma rede de sociedades, que podem vincularse juridicamente (critério de residência) a um Estado membro de um acordo e, desta forma, se tornem incluídas indevidamente no campo de aplicação do tratado”. Desta forma, como o Brasil firmou tratado para evitar a bitributação com a Espanha, mas não possui tal espécie de tratado com o Uruguai, a existência da empresa espanhola Jalua, empresa “interposta” entre a autuada brasileira e a empresa uruguaia, somente se justificaria para evitar a tributação no Brasil dos lucros auferidos no Uruguai. Além de discorrer longamente sobre as “Treaty Shopping” (fls. 818 a 825), a fiscalização também fundamenta esta parte da autuação no Acórdão nº 10197.070, do antigo Conselho de Contribuintes, sessão de 17/12/2008, processo 16327.000530/200528, de interesse da mesma autuada e que manteve a tributação dos lucros auferidos em 2002 no Uruguai pela mesma controlada indireta Monthiers S.A controlada já àquela época pela mesma controlada direta espanhola Jalua S/A, ementado nos seguintes termos: [...] 28. De fato, no Termo de Verificação que fundamentou aquele lançamento também não há menção a planejamento tributário abusivo ou desconsideração de pessoa jurídica, conforme se nota na cópia apresentada pela impugnante às fls. 418 a 425. Pelo contrário, o que se observa é que aquela autoridade autuante consolidou os Fl. 1523DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.468 25 lucros da empresa uruguaia nos resultados na empresa espanhola como determina a IN/SRF nº 213/2002 citada acima. O problema que lá ocorreu é que o fiscal também nada disse a respeito do Tratado BrasilEspanha. [...] 30. Como se vê, o que embasou a manutenção daquele lançamento, e a conseqüente não aplicação ao caso do Tratado BrasilEspanha, foi simplesmente o entendimento de que os lucros das controladas indiretas podem ser oferecidos diretamente à tributação no Brasil porque, como provém de terceiro país, não estariam abrangidos pelo tratado. 31. Vejo aqui uma contradição entre o entendimento que prevaleceu na instância superior (que é indicativo para o julgador administrativo) e a determinação contida no § 6º do artigo 1º da IN/SRF nº 213/2002 que determina a consolidação dos resultados na controlada direta, cuja observância é obrigatória conforme escrito acima. A única solução razoável que encontro para este conflito é se no caso concreto a fiscalização demonstra que houve planejamento tributário abusivo inoponível ao Fisco, cujo um dos tipos é a “Treaty Shopping”. Do contrário, teríamos que decidir como se houvesse uma regra escrita dizendo que a consolidação não se aplica quando a controlada direta estiver em país com o qual o Brasil tenha tratado e a indireta em terceiro país. E também como se estivesse escrito no tratado entre o Brasil e a Espanha que os lucros auferidos por controladas de empresas sediadas nos Estados contratantes, mas domiciliadas em terceiros países, não estão abrangidos pelo Tratado, o que, de fato, não se encontra estabelecido. Isto não seria razoável porque atingiria indiscriminadamente, sem base legal ou regulamentar, situações em que as empresas envolvidas existem e atuam real e licitamente em vários países. [...] 33. A fiscalização fala que a Jalua é um mero conector para aproveitamento dos benefícios tributários, que sua direção de fato é no Brasil e que não tem caráter imediatamente produtivo. Contudo, não diz porque ela é um mero conector, nem porque não possui caráter produtivo ou que as atividades declaradas em seus atos constitutivos não estejam sendo exercidas. Também não explicita porque chegou à conclusão de que a direção da espanhola Jalua é de fato no Brasil, o que poderia descaracterizála como estabelecimento permanente na Espanha e, conseqüentemente afastar a isenção de seus rendimentos no Brasil prevista no Tratado para Evitar a Dupla Tributação celebrado entre o Brasil e a Espanha, promulgado pelo Decreto nº 76.975, de 02 de janeiro de 1976. [...] Na sequência do voto condutor, a autoridade julgadora de primeiro grau aponta para a ausência, na autuação, de demonstração da correlação entre os fatos apontados e as normas suscitadas e da impossibilidade do suprimento pelo julgador, verbis: 34. Daí, duas ordens de consideração: primeiro, da necessidade de se justificar, em discurso explícito, claro e congruente (artigo 50, § 1º, primeira parte, da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999), a correlação entre o fato jurídico observado no mundo real e a hipótese normativa (ou teórica) eleita; segundo, do momento em que isso deve ser feito. 35. Sobre o assunto, Celso Antonio Bandeira de Mello (in “Curso de Direito Administrativo”, 20 ed., Malheiros: São Paulo, 2006, p. 100), defende que, para Fl. 1524DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.469 26 efeito de se ter um ato administrativo justificado, com adequada e suficiente motivação, há que se exigir a intercorrência de três aspectos: (1) identificação do evento (fato jurídico), o que é feito com linguagem que o descreva e aponte sua prova para o Direito; (2) fundamento legal, isto é, a norma jurídica que pode assimilar aquele evento/fato (concreto) como uma possível realização de seu antecedente (abstrato); e (3) demonstração da correlação lógica entre os dois primeiros. Eis as palavras do Professor: [...] 36. Já sobre o momento em que se deve apresentar dita motivação, compreendida ela em sua integridade tripartite como acima aventado, tal só se compreende oportuno desde que antes ou quando da formalização do ato administrativo em consideração (lançamento tributário, no caso). Não se pode, agora, às escondidas do Contribuinte, bem como para sua surpresa, suprir eventual defeito da motivação e encontrar ou apontar agora qualquer outro argumento, prova ou documento que possa, eventualmente, justificar o ato sob discussão. (...): [...] 42. Por meio da descrição do fato, são explicitados os motivos que levaram à autuação. Não é necessário que a descrição seja extensa, bastando que se articule de modo preciso os elementos de fato e de direito que levaram o auditor ao convencimento de que a infração deve ser imputada ao contribuinte. 43. No caso em discussão, entendo que a descrição dos fatos apresentada pela autoridade autuante é insuficiente para a manutenção da autuação, devendo também esta parcela do lançamento ser exonerada. Examinando todos os elementos dos autos e a fundamentação do lançamento, nesta parte, verifico que a autoridade fiscal adotou aqui, também, a adição do resultado da empresa controlada indireta (Monthiers) diretamente nos resultados da recorrente, abstraindo a necessidade de consolidação na empresa controlada direta da interessada (Jalua), situada na Espanha, conforme determina o art. 6º da IN. SRF. 213/2002. Neste ponto verificase que a autoridade fiscal observou no TVF que a controlada Jalua não consolidou o resultado de sua controlada (Monthiers), por meio de equivalência patrimonial, em suas demonstrações, uma vez que na Espanha a contabilidade obedece às Normas Internacionais de Informações Financeiras (NIIF), que não obriga as empresas espanholas a contabilizar os ativos mobiliários, conforme pag. 30 TVF (efls. 825), verbis: A equivalência patrimonial positiva obtida por via empresa estabelecida no exterior, difere da equivalência patrimonial positiva auferida via controladas situadas no Brasil, exatamente porque estas últimas ao apurarem seus resultados sofrem a devida tributação. Na Espanha, a contabilidade obedece às Normas Internacionais de Informações Financeiras (NIIF), sendo que tal regime não obriga as empresas espanholas a contabilizar os ativos imobiliários (que no presente caso, é a empresa controlada Monthiers S/A). O Contribuinte entregou em 04/03/2001, no cumprimento à intimação inicial, as demonstrações financeiras da Jalua S/A, expressas em Euro e sua correspondente a conversão para Reais, utilizandose o câmbio do dia 31 de dezembro de cada ano. Fl. 1525DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.470 27 Para estes valores expressos em Reais, foram mantidas as mesmas contas utilizadas na Espanha e que portanto obedecem às regras da NIIF. É por esta razão que nas demonstrações financeiras da Jalua S/A não se visualizam as contas de ativo permanente investimento, nem a contrapartida de equivalência patrimonial nas demonstrações de resultado do exercício. O resultado líquido do exercício encerrado em 31/12/2006 apresenta o valor negativo de R$ 53.196,41 (cinqüenta e três mil, cento e noventa e seis reais e quarenta e um centavos). Sobre as demonstrações financeiras das filiais, sucursais, controladas e coligadas no exterior, assim dispõe o art. 6º da IN.SRF. nº 213/2002: Art. 6º As demonstrações financeiras das filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, serão elaboradas segundo as normas da legislação comercial do país de seu domicílio. § 1º Nos casos de inexistência de normas expressas que regulem a elaboração de demonstrações financeiras no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada, estas deverão ser elaboradas com observância dos princípios contábeis geralmente aceitos, segundo as normas da legislação brasileira. § 2º As contas e subcontas constantes das demonstrações financeiras elaboradas pela filial, sucursal, controlada ou coligada, no exterior, depois de traduzidas em idioma nacional e convertidos os seus valores em Reais, deverão ser classificadas segundo as normas da legislação comercial brasileira, nas demonstrações financeiras elaboradas para serem utilizadas na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL. [...] Como se viu na descrição do TVF, as demonstrações financeiras apresentadas pela fiscalizada, ora recorrente, relativas à empresa Jalua, seguiu as normas de contabilidade aplicadas na Espanha, que dispensa o reconhecimento dos ativos mobiliários da empresa e, por consequência, a equivalência patrimonial de suas controladas. A Procuradoria da Fazenda Nacional, nas razões apresentadas, afirma que a recorrente teria reconhecido o lucro da controlada indireta (Monthiers), diretamente em suas demonstrações pela equivalência patrimonial e que este também seria um dos fundamentos da autuação. Examinando detidamente o TVF e os documentos acostados aos autos não encontrei nada que desse suporte a esta afirmação. Aliás, não encontrei nos autos diversos documentos que teriam sido apresentados pela recorrente na resposta ao Termo de Intimação nº 01 e citados como anexos na resposta (efls. 24), que demonstrariam o tratamento dado pela recorrente com relação à equivalência patrimonial de suas controladas no exterior: Anexo V: Equivalência Patrimonial Memórias de Cálculo; Anexo VII: LALUR Parte "A" AC 2005/2006/2007/2008; Anexo XI: Balancetes 2006/2007/2008. Assim, sob este aspecto, a adição direta do resultado da equivalência patrimonial da Monthiers ao resultado da recorrente, não pode ter outra conclusão que a adotada em relação à Cimpay, no sentido de que o procedimento não encontra respaldo na Fl. 1526DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.471 28 regulamentação dada pelo Fisco à consolidação dos resultados, qual seja o § 6º do art. 1º da IN.SRF. 213/2002. No entanto, a autoridade fiscal autuante trouxe outro fundamento para o lançamento do resultado da Monthiers em adição ao da recorrente. O de que a empresa Jalua Spain é um mero conector entre a interessada e a empresa Monthiers, com vistas ao aproveitamento dos benefícios tributário do Tratado BrasilEspanha. Neste ponto, não há como discordar do entendimento dado pelo colegiado a quo ao analisar a infração apontada e os elementos trazidos aos autos, verbis: 33. A fiscalização fala que a Jalua é um mero conector para aproveitamento dos benefícios tributários, que sua direção de fato é no Brasil e que não tem caráter imediatamente produtivo. Contudo, não diz porque ela é um mero conector, nem porque não possui caráter produtivo ou que as atividades declaradas em seus atos constitutivos não estejam sendo exercidas. Também não explicita porque chegou à conclusão de que a direção da espanhola Jalua é de fato no Brasil, o que poderia descaracterizála como estabelecimento permanente na Espanha e, conseqüentemente afastar a isenção de seus rendimentos no Brasil prevista no Tratado para Evitar a Dupla Tributação celebrado entre o Brasil e a Espanha, promulgado pelo Decreto nº 76.975, de 02 de janeiro de 1976. De fato, embora traga extensa teoria doutrinária acerca da possibilidade de afastar o tratado de não tributação quando identificadas as chamadas "Treaty Shopping", e afirme que seja o caso da empresa Jalua Spain, a autoridade fiscal não trouxe ou apontou qualquer elemento concreto nesse sentido, nem parece ter se aprofundado na busca de tais elementos. Não há nos autos e no TVF qualquer discussão sobre se a empresa Jalua está submetida a um regime fiscal privilegiado perante o fisco Espanhol, como as chamadas Entidad de Tenencia de Valores Estranjeros (ETVE), que seria um indicativo de que, de fato, os lucros obtidos pela Monthiers jamais seriam tributados na Espanha. Ou, a despeito disso, demonstrando que a Jalua não tinha existência ou, pelo menos, qualquer atividade produtiva na Espanha, e o porque da afirmação de que o controle de fato da Monthiers é feito diretamente pela empresa brasileira. Afirma a autoridade fiscal, verbis: Ressaltamos que a Jalua S/A está localizada na Espanha e os resultados oriundos fora da Espanha não são tributados nesse país por conta do referido tratado para evitar a Dupla Tributação e logo, os lucros e/ou dividendos originados na Monthiers S/A, não foram tributados no Uruguai e nem foram oferecidos à tributação no Brasil. No entanto, não faz qualquer correlação entre os elementos por ela colacionados aos autos que dêem suporte às afirmações. Não justifica porque os resultados da empresa Monthiers não seriam tributados na Espanha, nem explica a afirmação de que não foram tributados no Uruguai. Tendo sido esses os dois fundamentos da autuação, entendo que é despiciendo discutir nesses autos a aplicabilidade do Tratado para Evitar a Dupla Tributação celebrado entre o Brasil e a Espanha aos resultados apurados pela empresa Jalua, como propõe Fl. 1527DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.472 29 a Fazenda Nacional nas suas razões recursais, sejam eles obtidos na Espanha ou por meio de sua controlada no exterior. A autuação, neste ponto, foi erigida em face dos resultados da Monthiers que foram adicionados diretamente aos resultados da recorrente, pelos fundamentos acima analisados e que foram afastados pelas razões retro expostas. Assim, entendo correto o cancelamento dessa exigência realizado pelo acórdão recorrido. Por todo o exposto, voto por negar seguimento ao recurso de ofício. Recurso Voluntário Passo a analisar as alegações trazidas pela recorrente no seu recurso voluntário. Ilegitimidade da disponibilização ficta dos lucros A recorrente alega como primeiro ponto do recurso voluntário a ilegitimidade da disponibilização ficta dos lucros, estabelecida no art. 74 da MP. 215835/2001, em face das disposições do CTN e da Constituição Federal; O art. 74 da MP. 215835/01 foi objeto de questionamento perante o Supremo Tribunal Federal STF, por meio da ADI nº 2588DF, que foi julgada pelo pleno em 10/04/2013, cujo acórdão tem a seguinte ementa: ADI 2588 / DF DISTRITO FEDERAL AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. ELLEN GRACIE Relator(a) p/ Acórdão: Min. JOAQUIM BARBOSA Julgamento: 10/04/2013 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJe027 DIVULG 07022014 PUBLIC 10022014 EMENT VOL0271901 PP00001 Parte(s) REQTE.(S) : CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA CNI ADV.(A/S) : GUSTAVO DO AMARAL MARTINS E OUTROS INTDO.(A/S) : PRESIDENTE DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) : CONGRESSO NACIONAL Ementa: TRIBUTÁRIO. INTERNACIONAL. IMPOSTO DE RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA. PARTICIPAÇÃO DE EMPRESA CONTROLADORA OU COLIGADA NACIONAL NOS LUCROS AUFERIDOS POR PESSOA JURÍDICA CONTROLADA OU COLIGADA SEDIADA NO EXTERIOR. LEGISLAÇÃO QUE CONSIDERA DISPONIBILIZADOS OS LUCROS NA DATA DO BALANÇO EM QUE TIVEREM SIDO APURADOS (“31 DE DEZEMBRO DE CADA ANO”). ALEGADA VIOLAÇÃO DO CONCEITO CONSTITUCIONAL DE RENDA (ART. 143, III DA CONSTITUIÇÃO). APLICAÇÃO DA NOVA METODOLOGIA DE APURAÇÃO DO TRIBUTO PARA A PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS APURADA EM 2001. VIOLAÇÃO DAS REGRAS DA IRRETROATIVIDADE E DA ANTERIORIDADE. MP 2.15835/2001, ART. 74. LEI 5.720/1966, ART. 43, § 2º (LC 104/2000). 1. Ao examinar a constitucionalidade do art. 43, § 2º do CTN e do art. 74 da MP 2.158/2001, o Plenário desta Suprema Corte se Fl. 1528DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.473 30 dividiu em quatro resultados: 1.1. Inconstitucionalidade incondicional, já que o dia 31 de dezembro de cada ano está dissociado de qualquer ato jurídico ou econômico necessário ao pagamento de participação nos lucros; 1.2. Constitucionalidade incondicional, seja em razão do caráter antielisivo (impedir “planejamento tributário”) ou antievasivo (impedir sonegação) da normatização, ou devido à submissão obrigatória das empresas nacionais investidoras ao Método de de Equivalência Patrimonial – MEP, previsto na Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976, art. 248); 1.3. Inconstitucionalidade condicional, afastada a aplicabilidade dos textos impugnados apenas em relação às empresas coligadas, porquanto as empresas nacionais controladoras teriam plena disponibilidade jurídica e econômica dos lucros auferidos pela empresa estrangeira controlada; 1.4. Inconstitucionalidade condicional, afastada a aplicabilidade do texto impugnado para as empresas controladas ou coligadas sediadas em países de tributação normal, com o objetivo de preservar a função antievasiva da normatização. 2. Orientada pelos pontos comuns às opiniões majoritárias, a composição do resultado reconhece: 2.1. A inaplicabilidade do art. 74 da MP 2.15835 às empresas nacionais coligadas a pessoas jurídicas sediadas em países sem tributação favorecida, ou que não sejam “paraísos fiscais”; 2.2. A aplicabilidade do art. 74 da MP 2.15835 às empresas nacionais controladoras de pessoas jurídicas sediadas em países de tributação favorecida, ou desprovidos de controles societários e fiscais adequados (“paraísos fiscais”, assim definidos em lei); 2.3. A inconstitucionalidade do art. 74 par. ún., da MP 2.15835/2001, de modo que o texto impugnado não pode ser aplicado em relação aos lucros apurados até 31 de dezembro de 2001. Ação Direta de Inconstitucionalidade conhecida e julgada parcialmente procedente, para dar interpretação conforme ao art. 74 da MP 2.15835/2001, bem como para declarar a inconstitucionalidade da clausula de retroatividade prevista no art. 74, par. ún., da MP 2.158/2001. Esta decisão do Supremo Tribunal Federal transitou em julgado em 14/08/2014, com efeito erga omnes e vinculante a todos os órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, por força do disposto no § 2º do art. 102 da CF/88. Assim, restam incontroversos, neste Colegiado, os seguintes pontos: a) que o art. 74 da MP 2.15835/01 não se aplica às empresas nacionais coligadas a pessoas jurídicas sediadas em países sem tributação favorecida, ou que não sejam “paraísos fiscais; b) que o art. 74 da MP 2.15835/01 se aplica às empresas nacionais controladoras de pessoas jurídicas sediadas em países de tributação favorecida, ou desprovidos de controles societários e fiscais adequados (“paraísos fiscais”, assim definidos em lei); e c) que o parágrafo único do art. 74 é inconstituticional. Nas hipóteses de lucros de coligadas em “paraíso fiscal” e de lucros de controladas fora de “paraíso fiscal”, não se atingiu o juízo efetivo no julgamento da referida ADI, porquanto não se colheu a votação mínima de 6 votos, num sentido ou noutro. Fl. 1529DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.474 31 É oportuno registrar, porém, que o julgamento do RE nº 541.090SC, concluído igualmente em 10/4/13, deuse provimento parcial ao recurso, para reconheceu a constitucionalidade do art. 74 da MP 2.158/01 quanto a lucros de controlada fora de “paraíso fiscal", nos termos da ementa abaixo transcrita: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. LUCROS PROVENIENTES DE INVESTIMENTOS EM EMPRESAS COLIGADAS E CONTROLADAS SEDIADAS NO EXTERIOR. ART. 74 DA MEDIDA PROVISÓRIA 2.158 35/2001. 1. No julgamento da ADI 2.588/DF, o STF reconheceu, de modo definitivo, (a) que é legítima a aplicação do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/2001 relativamente a lucros auferidos por empresas controladas localizadas em países com tributação favorecida (= países considerados “paraísos fiscais”); e (b) que não é legítima a sua aplicação relativamente a lucros auferidos por empresas coligadas sediadas em países sem tributação favorecida (= não considerados "paraísos fiscais”). Quanto às demais situações (lucros auferidos por empresas controladas sediadas fora de paraísos fiscais e por empresas coligadas sediadas em paraísos fiscais), não tendo sido obtida maioria absoluta dos votos, o Tribunal considerou constitucional a norma questionada, sem, todavia, conferir eficácia erga omnes e efeitos vinculantes a essa deliberação. 2. Confirmase, no presente caso, a constitucionalidade da aplicação do caput do art. 74 da referida Medida Provisória relativamente a lucros auferidos por empresa controlada sediada em país que não tem tratamento fiscal favorecido. Todavia, por ofensa aos princípios constitucionais da anterioridade e da irretroatividade, afirmase a inconstitucionalidade do seu parágrafo único, que trata dos lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2002. 3. Recurso extraordinário provido, em parte. Assim, embora não tenha conferido eficácia erga omnes à decisão do referido RE, é certo que o STJ reconheceu, naquele julgamento a constitucionalidade do art. 74 em face da tributação das empresas controladas no exterior, não situadas em "paraísos fiscais". Por outro lado, não compete a este colegiado negar a validade ou apreciar a inconstitucionalidade de lei, nos termos do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF2 e da Súmula CARF nº 23. 2 Ricarf ( Anexo II, Portaria MF. 343/2015)_: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1° O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; Fl. 1530DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.475 32 Assim, resta prejudicada a apreciação da alegação de ilegitimidade do art. 74 da MP. 21582001. Compensação do Imposto pago no exterior pela controlada Brahmaco A recorrente suscita a necessidade de reconhecimento do direito à compensação do imposto pago no exterior pela sua controlada Brahmaco, no ano de 2006, que estaria evidenciado no próprio quadro elaborado pela fiscal autuante no TVF. Alternativamente, propugna que, caso não se reconheça o direito à compensação do imposto o montante pago no exterior deve ser abatido do montante de lucros tributados no Brasil a título de despesas, pois não poderia, assim. compor a base de cálculo tributável. Analisando o subitem 5.1 do TVF (pag. 14 do TVF efls.809 dos autos) verificase que, de fato, a autoridade fiscal aponta no "Demonstrativo 5" o valor de tributo sobre o resultado do exercício, em 31/12/2006, de USD 2.060,00. Sobre a compensação do imposto pago no exterior, a IN. SRF. nº 213/2002 assim dispõe: Art. 14. O imposto de renda pago no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada e o pago relativamente a rendimentos e ganhos de capital, poderão ser compensados com o que for devido no Brasil. § 1º Para efeito de compensação, considerase imposto de renda pago no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada ou o relativo a rendimentos e ganhos de capital, o tributo que incida sobre lucros, independentemente da denominação oficial adotada e do fato de ser este de competência de unidade da federação do país de origem. § 2º O tributo pago no exterior, a ser compensado, será convertido em Reais tomandose por base a taxa de câmbio da moeda do país de origem, fixada para venda, pelo Banco Central do Brasil, correspondente à data de seu efetivo pagamento. [...] § 8º Para efeito de compensação, o tributo será considerado pelo valor efetivamente pago, não sendo permitido o II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei n° 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar n° 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1973. [...] 3 Súmula CARF n° 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 1531DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.476 33 aproveitamento de crédito de tributo decorrente de qualquer benefício fiscal. [...] § 13. A compensação dos tributos, na hipótese de cômputo de lucros, rendimentos ou ganhos de capital, auferidos no exterior, na determinação do lucro real, antes de seu pagamento no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada, poderá ser efetuada, desde que os comprovantes de pagamento sejam colocados à disposição da Secretaria da Receita Federal antes de encerrado o anocalendário correspondente. § 14. Em qualquer hipótese, a pessoa jurídica no Brasil deverá colocar os documentos comprobatórios do tributo compensado à disposição da Secretaria da Receita Federal, a partir de 1º de janeiro do ano subseqüente ao da compensação. [...] (grifei) A legislação estabelece a compensação apenas sobre o imposto efetivamente pago no exterior pela empresa controlada e exige a comprovação do pagamento por parte da controladora. Assim, não basta a transcrição do imposto calculado nas demonstrações financeiras da controlada. É imprescindível a comprovação do pagamento pela interessada, o que não ocorreu no presente caso. Também não merece guarida o pleito de exclusão do valor do imposto apurado da base de cálculo tributada, porquanto a legislação estabelece que os lucros serão tributados pelos seus valores apurados, antes de descontado o tributo no país de origem. É como dispõe o art. 1º, § 7º da IN.SRF. nº 213/2002, verbis: Art. 1º Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, por pessoa jurídica domiciliada no Brasil, estão sujeitos à incidência do imposto de renda das pessoas jurídicas (IRPJ) e da contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), na forma da legislação específica, observadas as disposições desta Instrução Normativa. [...] § 7º Os lucros, rendimentos e ganhos de capital de que trata este artigo a serem computados na determinação do lucro real e da base de cálculo de CSLL, serão considerados pelos seus valores antes de descontado o tributo pago no país de origem. [...] (grifei) Ante ao exposto, voto por negar seguimento ao recurso voluntário nesta parte. Fl. 1532DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.477 34 Ajuste de Preço de transferência A recorrente alega, quanto ao ajuste de preço de transferência em face de empréstimos a empresa vinculada no exterior, a "manifesta inconsistência desta norma legal, que a pretexto de evitar suposta transferência de lucros entre empresas ligadas, pela celebração de contratos em condições de favorecimento que não seriam celebrados entre partes não relacionadas, acaba estabelecendo como receita mínima que deve ser reconhecida a titulo de juros nas operações de mútuo (o que deveria corresponder a. mais baixa taxa de juros que um terceiro não relacionado conseguiria obter) o mesmo valor estabelecido como despesa máxima em caso de juros passivos (ou seja, a mais alta taxa que se imagine ser exigida pelo mercado), o que em si é um absurdo". Sustenta que embora seja vedado ao julgador administrativo apreciar a constitucionalidade de dispositivos legais é seu dever "deixar de aplicar a dispositivos que se mostrem condizentes com a própria finalidade da lei que os instituiu, nos termos do art. 2º da Lei nº 9.784/99. Não ha como acolher a recorrente, pelos motivos já expostos quando da apreciação quanto a legitimidade da lei que estabelece a tributação dos lucros no exterior. Conforme asseverado, não podem os membros deste colegiado negar a validade ou apreciar a inconstitucionalidade de lei, nos termos do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF e da Súmula CARF nº 2. Ajustes do saldo negativo da CSLL A interessada, pleiteia que sejam corrigidos os valores dos saldos negativos de CSLL que constaram de quadro no final do acórdão recorrido, tendo em vista que as infrações relativas ao ajuste de preço de transferência não resultaram em lançamento da CSLL, de sorte que sua manutenção pelo acórdão recorrido não pode influenciar a recomposição do saldo negativo, limitandose à infração relativa a adição de lucros no exterior obtido pela sua controlada Brahmaco. De fato, o acórdão recorrido traz um quadro demonstrativo, abaixo reproduzido, relativo a redução de prejuízos fiscais e bases negativas da CSLL, após o cancelamento das exigências pelo colegiado "a quo": Anocalendário 2006 Infrações mantidas R$ 492.989,15 Prejuízo fiscal declarado do período / Base de cálculo CSLL negativa do período R$ 1.660.434,34 Matéria tributável mantida R$ 0,00 Prejuizo/Base de Cálculo remanescente do período R$ 1.167.445,19 Anocalendário 2007 Infrações mantidas R$ 596.960,83 Prejuízo fiscal declarado do período / Base de cálculo CSLL negativa do período R$ 768.529,38 Matéria tributável mantida R$ 0,00 Prejuizo/Base de Cálculo remanescente do período R$ 171.568,55 Fl. 1533DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16643.720032/201161 Acórdão n.º 1302001.947 S1C3T2 Fl. 1.478 35 Ocorre que o lançamento relativo ao preço de transferência somente foi realizado em face do IRPJ. Assim, sua manutenção não pode afetar o saldo de base negativa da CSLL apurada nos respectivos períodos. Assim, para efeitos de atualização dos saldos negativos da CSLL devem ser considerados os seguintes valores: Anocalendário 2006 Infrações mantidas (CSLL) R$ 473.152,23 Base de cálculo CSLL negativa do período R$ 1.660.434,34 Base de Cálculo da CSLL remanescente do período R$ 1.187.282,11 Anocalendário 2007 Infrações mantidas (CSLL) R$ 579.423,38 Base de cálculo CSLL negativa do período R$ 768.529,38 Base de Cálculo da CSLL remanescente do período R$ 189.106,00 Conclusão Por todo exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário, apenas para corrigir o erro material verificado na apuração do saldo de base negativa da CSLL nos anos de 2006 e 2007, decorrente da manutenção parcial das exigências. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator Fl. 1534DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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Numero do processo: 10930.903647/2012-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do Fato Gerador: 09/11/2005
PIS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas.
PIS - IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO.
Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.617
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(Assinado com certificado digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1823; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10930.903647/201290 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3402003.617 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de dezembro de 2016 Matéria PIS PEDIDO DE RESTITUIÇÃO Recorrente WYNY DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE COUROS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do Fato Gerador: 09/11/2005 PIS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. PIS IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 36 47 /2 01 2- 90 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10930.903647/201290 Acórdão n.º 3402003.617 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Trata os presentes autos de Pedido de Restituição (PER), por meio do qual a Recorrente solicita a restituição do crédito decorrente do pagamento de PIS/PASEP IMPORTAÇÃO. No Despacho Decisório, a autoridade competente da DRF em Londrina/PR, indeferiu o pleito da interessada, uma vez que o DARF informado como origem do crédito estava integralmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, "não restando crédito disponível para restituição". Inconformada com a decisão proferida, a empresa apresentou manifestação de inconformidade na qual esclarece tratarse de pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi. Consigna que a Lei nº 10.865/2004 instituiu as contribuições do PIS e da COFINS sobre a importação de bens e serviços, mas não foi clara em relação à incidência sobre as quantias remetidas ao exterior a representantes comerciais a título de comissões sobre vendas, o que fez com que a Recorrente optasse por recolher as contribuições sobre essas operações. Entretanto, a Receita Federal do Brasil, em resposta a diversas consultas (cita duas), passou a vazar o entendimento de que as comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior, não estão sujeitas à incidência do PIS e da COFINS Importação. Isso porque, anota a Recorrente, essas operações não configuram hipótese de serviços prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Assim, uma vez ter efetuado o pagamento de tributo indevido, tem o direito à restituição na forma prevista no art. 165 do Código Tributário Nacional CTN, devidamente corrigido pela taxa SELIC, conforme prescreve a Lei nº 9.250, de 1995, "ainda que informado o débito em DCTF". Sobreveio, então, o Acórdão nº 06045.989, da DRJ em Curitiba (PR), negando provimento à Manifestação de Inconformidade. Irresignada com a referida decisão, foi interposto o presente recurso voluntário, cujas razões, em suma, são as seguintes: (i) diferente do que entendeu a autoridade julgadora, a empresa recorrente comprovou ser pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi; (ii) que demonstrou que a Lei n° 10.865, de 2004, que instituiu as contribuições ao PIS/Pasep e COFINS sobre a importação de bens e serviços, não foi clara ao determinar a incidência sobre as quantias pagas, ou remetidas ao exterior, a representantes comerciais domiciliados no exterior a título de comissões sobre vendas; Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10930.903647/201290 Acórdão n.º 3402003.617 S3C4T2 Fl. 4 3 (iii) para não sofrer sanções, optou por recolher as contribuições sobre as quantias remetidas ao exterior (para representantes domiciliados no exterior) incidentes sobre comissões sobre vendas, conforme (DARF's) apresentados; (iv) ocorre que, posteriormente, a própria RFB, através de inúmeras respostas a Soluções de Consultas, passou a definir que as "comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior não estão sujeitas à incidência da COFINS/PISImportação", por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Reproduz algumas dessas Solução de Consulta. (v) que o processo administrativo sempre deve buscar a verdade real ou material relativa aos fatos tributários, em decorrência da estrita legalidade tributária, que devem nortear todos os atos da administração fiscal. Com isto, não basta simplesmente argumentar que "prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido", para negar a existência do direito creditório; (vi) frisa que os erros contidos em declaração podem e devem ser retificados de ofício, por força da estrita legalidade tributária e nos moldes do art. 147, § 2º do CTN. (vii) que seja reconhecido que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis em valores devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95; (viii) requer que seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova ou esclarecimento de dúvidas relativas aos fatos trazidos neste processo. À vista do exposto, espera e requer seja julgado integralmente procedente o presente recurso, a fim de que seja reconhecido o direito creditório e assegurada a restituição das quantias recolhidas indevidamente. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.529, de 13 de dezembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10930.903656/201281, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.529): Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10930.903647/201290 Acórdão n.º 3402003.617 S3C4T2 Fl. 5 4 Emerge do relatado, que o objeto do pedido de ressarcimento tem como fundamento o indébito de PIS/Pasep sobre comissão de venda paga a representantes comerciais residentes/domiciliados no exterior. No referido Despacho Decisório restou consignado que, "(...) A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição". Consta dos autos que o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. Ou seja, ao que tudo indica, o contribuinte não retificou a DCTF no que pertine ao pleito em questão, por isso a conclusão do despacho decisório vestibular que o valor sob pedido de ressarcimento foi "integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte". Por outro lado, a Recorrente tenta demonstrar em seu recurso, que não há incidência de contribuições para o PIS Importação sobre remessas realizadas para o exterior para pagamento de comissões à agentes no exterior a título de comissões ali realizadas, por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique, e que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis e em montantes devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95. Tudo com base na Lei nº 10.865, de 2004 e Soluções de Consultas emitidas pela RFB que cita. Contudo, se de um lado a decisão recorrida tenha asseverado que "(...) como se vê uma das hipóteses de ocorrência do fato gerador das contribuições ao PIS e a COFINS, sobre importação de serviços, é a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação pelo serviço prestado", como alega a peticionante, por outro giro, deixou patente que o ônus da prova quanto ao indébito seria da ora Recorrente, nos seguintes termos: "(...) Mas, para a verificação se os valores remetidos ao exterior atendem às condições estabelecidas em lei para a incidência das contribuições sobre a importação de serviços ou, não se caracterizando o fato gerador da obrigação tributária, há, de fato, o indébito reclamado pela interessada, é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. Ocorre que, no presente caso, prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido. Nesse sentido, é bom lembrar que não se permite, depois de iniciado qualquer procedimento fiscal, que seja retificada declaração quando vise a reduzir ou a excluir tributo, a não ser mediante a comprovação do erro em que se funde. É o que Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10930.903647/201290 Acórdão n.º 3402003.617 S3C4T2 Fl. 6 5 determina o art. 147, § 1º, da Lei nº 5.172, de 25/10/1966. E, como visto, o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. (sublinhei) E conclui a decisão a quo: "(...) Assim, instaurado o contencioso administrativo, as alegações quanto ao suposto crédito decorrente de recolhimento indevido ou a maior, como no caso em análise, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da contribuinte. Dessa forma, uma vez que a conclusão emitida pela autoridade administrativa teve como pressuposto as informações prestadas pela própria interessada em declarações fiscais válidas a produzir efeitos na data da emissão do Despacho Decisório e não havendo prova hábil que contrarie as informações prestadas espontaneamente, demonstrando o pagamento indevido do tributo, é de se manter o indeferimento da restituição pleiteada". Portanto, a lide se resume na questão de atendimento de condições estabelecidas em lei e provas documentais trazidos aos autos, pois para o deslinde do litígio é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, mormente quando o pedido versa sobre suposto pagamento indevido. No caso em análise, por se tratar de pedido de restituição, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da recorrente. Documentação essa, frisese, de posse da recorrente por determinação legal, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. É de conhecimento que a regra fundamental do sistema processual adotado pelo legislador nacional, quanto ao ônus da prova, encontrase cravada no art. 373 do novo Código de Processo Civil, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída para o Fisco quando realiza o lançamento tributário e para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10930.903647/201290 Acórdão n.º 3402003.617 S3C4T2 Fl. 7 6 E, no presente caso, é fato que prova alguma foi trazida aos autos pela Recorrente que comprovem que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora ela tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, quer na impugnação, quer agora na fase recursal. Demais disso, o fundamento da decisão recorrida foi justamente este, qual seja, a falta de prova. Mas, contrariando os ditames do ônus da distribuição da prova para provar fato constitutivo de seu direito, insiste que "seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova". Ora, se toda a documentação para provar o direito que alega está em seu poder, deveria ter a Recorrente produzido tal prova quando da manifestação de inconformidade, ou mesmo em sede de recurso voluntário, o que não ocorreu. Diante desse quadro, entendo que a decisão da DRJ é merecedora de ser mantida pelos seus próprios fundamentos. Conclusão Assim, concluo que por falta de prova hábil acostadas nos autos, ônus seu de produzir, deve ser negado seu pleito. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 61DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10469.905874/2009-58
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005
COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO INCONTROVERSO.
É de se reconhecer o direito creditório utilizado em compensação declarada pelo contribuinte quando ratificado pelo próprio Fisco em atendimento à diligência.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.275
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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DIREITO CREDITÓRIO INCONTROVERSO. É de se reconhecer o direito creditório utilizado em compensação declarada pelo contribuinte quando ratificado pelo próprio Fisco em atendimento à diligência. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório A empresa em epígrafe enviou PER/DCOM, com base em crédito oriundo de suposto "pagamento indevido ou a maior". Foi exarado despacho decisório eletrônico que não homologou a compensação sob o fundamento de que só foram encontrados pagamentos, "mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 90 58 74 /2 00 9- 58 Fl. 2730DF CARF MF Processo nº 10469.905874/200958 Acórdão n.º 3402003.275 S3C4T2 Fl. 3 2 O contribuinte manifestou sua inconformidade contra esse despacho, alegando que havia calculado as contribuições PIS/COFINS sobre seu faturamento total, quando, na verdade, a grande maioria de suas vendas são de frutas e verduras, as quais têm sua alíquota reduzida a 0% quando destinadas ao mercado interno, conforme art. 28 da Lei 10.865/2004. Contudo, alega que recalculou os impostos mas não retificou a DCTF, pelo que a RFB não teria encontrado a existência de crédito. Informa que para corrigir a situação foi feita retificação na DCTF relativa ao período. A DRJ/Recife julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Contra essa decisão a empresa manejou recurso voluntário, no qual repisa o disposto em sua manifestação de inconformidade, juntando notas fiscais. A 2ª Turma Especial desta 3ª Seção, por meio da Resolução 3802000.044, converteu o julgamento em diligência nos seguintes termos: Assim, diante dos elementos constantes dos autos, voto para a conversão do presente julgamento em diligência a fim de que a unidade preparadora, frente à documentação anexa ao processo e demais documentos e esclarecimentos que julgar necessários indagar à suplicante, se manifeste sobre a COFINS efetivamente devida no período de que trata o pleito. Considerando que o presente é um dos 31 processos em nome da interessada que trata de aduzido direito creditório pelo pagamento indevido da COFINS nos anosbase de 2005 e de 2006, poderão ser elaborados, para fins de atendimento à presente diligência, relatório e, sendo o caso, planilha demonstrativa única, em que sejam discriminadas as bases de cálculo mensais, a COFINS efetivamente devida e a COFINS paga em cada um dos períodos correspondentes. Em seu Relatório de Diligência Fiscal, a DRF/Natal reconheceu o direito creditório do contribuinte, em montante suficiente para homologar a compensação declarada, assim concluindo: (...)Assim sendo, esta unidade preparadora oferece ao CARF parecer pugnando pelo provimento do Recurso Voluntário apresentado nos processos em epígrafe relacionados. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.260, de 27 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10469.903727/200943, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.260): Fl. 2731DF CARF MF Processo nº 10469.905874/200958 Acórdão n.º 3402003.275 S3C4T2 Fl. 4 3 "Emerge do relatado que a própria RFB entende que o contribuinte tem direito ao crédito utilizado na compensação declarada. Assim, diante do resultado da diligência fiscal, é de ser reconhecido o crédito utilizado na compensação declarada, cujo montante é suficiente para sua homologação. Diante do exposto, dou provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório utilizado na compensação declarada. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 2732DF CARF MF
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