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Numero do processo: 18471.001569/2006-13
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 07 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003, 2004
Ementa:
GLOSAS DE DESPESAS INCORRIDAS COM SERVIÇOS TOMADOS – PESSOAS JURÍDICAS “CONTRATADAS”
Do teor das correspondências e da documentação nos autos, as prestações de
serviços à contribuinte são indiscutíveis, matéria cuja prova, em regra, é
indireta, por se tratar de bens imateriais. Sob a aparência de pessoas jurídicas
contratadas, a efetiva contratada e prestadora dos serviços era a pessoa natural, colaboradora de elevada hierarquia da recorrente. Noutra contratação, a pessoa natural, a efetiva contratada e prestadora dos serviços, era diretora estatutária da contribuinte, comparecendo como ilusão de ótica a pessoa jurídica como a contratada e prestadora dos serviços.
Como, porém, as prestações de serviços foram comprovadas, ademais do que
a remuneração de administradores não possui mais mensalidade nem limite
para dedução, e o motivo das glosas é a incomprovação da efetividade das
prestações dos serviços, resultam derruídas as glosas das despesas.
GLOSA DE DESPESAS – PAGAMENTO PARA NÃO CONCORRÊNCIA
O motivo da glosa das despesas é a prestação de serviços incomprovada.
Contudo, trata-se de preço pago para não concorrência direta e para não
concorrência indireta – esta representada pelo sigilo a informações obtidas no
exercício de atividades na contribuinte. Por demais comum haver preço para
que a pessoa que prestava serviços à contribuinte assuma a proibição de se
exercer seu capital humano por certo período. Não é incomum haver preço
para sigilo absoluto a informações a que tenha tido acesso a pessoa natural
que ocupava elevada posição na contribuinte, e não cobertas pela proteção de
domínio. Glosa de despesas que não sobrevive.
IRRF – PAGAMENTO SEM CAUSA
Exigência prejudicada, que é decorrente das anteriores.
DECADÊNCIA – IRPJ, CSLL
Comprovado haver pagamentos de IRPJ e de CSLL referentes aos 1º, 2º e 3º
trimestres do ano-calendário de 2001, é de se reconhecer a decadência quanto
aos lançamentos sobre tais períodos, que se aperfeiçoaram em 15/12/06.
ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO
Se o autuante entende não ser aplicável a taxa de depreciação consignada em
laudo do Instituto Nacional de Tecnologia, por reputar provável que os bens
tenham vida útil maior em caso de adoção de manutenção adequada dos bens,
como é ressalvado na parte final do laudo, ao autuante compete, mediante
laudo de entidade oficial de pesquisa, atestar qual é esse prazo de vida útil
diverso. O fato de os bens continuarem a ser usados após o prazo de 5 anos
não desnatura tal prazo de vida útil apurado no referido laudo.
Numero da decisão: 1103-000.729
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR
provimento ao recurso de ofício, e, por maioria, DAR provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro, que deu provimento parcial para excluir da base de cálculo as despesas correspondentes a ARC Consultoria Ltda., PJM
Consultoria Empresarial Ltda., Major Assessoria Empresarial Ltda. e Rafani Consultoria Empresarial Ltda. e afastar a exigência do imposto de renda na fonte, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - glosa de compensação de prejuízos fiscais
Nome do relator: MARCOS TAKATA
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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano-calendário: 2001, 2002, 2003, 2004 Ementa: GLOSAS DE DESPESAS INCORRIDAS COM SERVIÇOS TOMADOS – PESSOAS JURÍDICAS “CONTRATADAS” Do teor das correspondências e da documentação nos autos, as prestações de serviços à contribuinte são indiscutíveis, matéria cuja prova, em regra, é indireta, por se tratar de bens imateriais. Sob a aparência de pessoas jurídicas contratadas, a efetiva contratada e prestadora dos serviços era a pessoa natural, colaboradora de elevada hierarquia da recorrente. Noutra contratação, a pessoa natural, a efetiva contratada e prestadora dos serviços, era diretora estatutária da contribuinte, comparecendo como ilusão de ótica a pessoa jurídica como a contratada e prestadora dos serviços. Como, porém, as prestações de serviços foram comprovadas, ademais do que a remuneração de administradores não possui mais mensalidade nem limite para dedução, e o motivo das glosas é a incomprovação da efetividade das prestações dos serviços, resultam derruídas as glosas das despesas. GLOSA DE DESPESAS – PAGAMENTO PARA NÃO CONCORRÊNCIA O motivo da glosa das despesas é a prestação de serviços incomprovada. Contudo, trata-se de preço pago para não concorrência direta e para não concorrência indireta – esta representada pelo sigilo a informações obtidas no exercício de atividades na contribuinte. Por demais comum haver preço para que a pessoa que prestava serviços à contribuinte assuma a proibição de se exercer seu capital humano por certo período. Não é incomum haver preço para sigilo absoluto a informações a que tenha tido acesso a pessoa natural que ocupava elevada posição na contribuinte, e não cobertas pela proteção de domínio. Glosa de despesas que não sobrevive. IRRF – PAGAMENTO SEM CAUSA Exigência prejudicada, que é decorrente das anteriores. DECADÊNCIA – IRPJ, CSLL Comprovado haver pagamentos de IRPJ e de CSLL referentes aos 1º, 2º e 3º trimestres do ano-calendário de 2001, é de se reconhecer a decadência quanto aos lançamentos sobre tais períodos, que se aperfeiçoaram em 15/12/06. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO Se o autuante entende não ser aplicável a taxa de depreciação consignada em laudo do Instituto Nacional de Tecnologia, por reputar provável que os bens tenham vida útil maior em caso de adoção de manutenção adequada dos bens, como é ressalvado na parte final do laudo, ao autuante compete, mediante laudo de entidade oficial de pesquisa, atestar qual é esse prazo de vida útil diverso. O fato de os bens continuarem a ser usados após o prazo de 5 anos não desnatura tal prazo de vida útil apurado no referido laudo.
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SUCESSORA DE JAHU INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2004 Ementa: GLOSAS DE DESPESAS INCORRIDAS COM SERVIÇOS TOMADOS – PESSOAS JURÍDICAS “CONTRATADAS” Do teor das correspondências e da documentação nos autos, as prestações de serviços à contribuinte são indiscutíveis, matéria cuja prova, em regra, é indireta, por se tratar de bens imateriais. Sob a aparência de pessoas jurídicas contratadas, a efetiva contratada e prestadora dos serviços era a pessoa natural, colaboradora de elevada hierarquia da recorrente. Noutra contratação, a pessoa natural, a efetiva contratada e prestadora dos serviços, era diretora estatutária da contribuinte, comparecendo como ilusão de ótica a pessoa jurídica como a contratada e prestadora dos serviços. Como, porém, as prestações de serviços foram comprovadas, ademais do que a remuneração de administradores não possui mais mensalidade nem limite para dedução, e o motivo das glosas é a incomprovação da efetividade das prestações dos serviços, resultam derruídas as glosas das despesas. GLOSA DE DESPESAS – PAGAMENTO PARA NÃO CONCORRÊNCIA O motivo da glosa das despesas é a prestação de serviços incomprovada. Contudo, tratase de preço pago para não concorrência direta e para não concorrência indireta – esta representada pelo sigilo a informações obtidas no exercício de atividades na contribuinte. Por demais comum haver preço para que a pessoa que prestava serviços à contribuinte assuma a proibição de se exercer seu capital humano por certo período. Não é incomum haver preço para sigilo absoluto a informações a que tenha tido acesso a pessoa natural que ocupava elevada posição na contribuinte, e não cobertas pela proteção de domínio. Glosa de despesas que não sobrevive. Fl. 2260DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.090 2 IRRF – PAGAMENTO SEM CAUSA Exigência prejudicada, que é decorrente das anteriores. DECADÊNCIA – IRPJ, CSLL Comprovado haver pagamentos de IRPJ e de CSLL referentes aos 1º, 2º e 3º trimestres do anocalendário de 2001, é de se reconhecer a decadência quanto aos lançamentos sobre tais períodos, que se aperfeiçoaram em 15/12/06. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO Se o autuante entende não ser aplicável a taxa de depreciação consignada em laudo do Instituto Nacional de Tecnologia, por reputar provável que os bens tenham vida útil maior em caso de adoção de manutenção adequada dos bens, como é ressalvado na parte final do laudo, ao autuante compete, mediante laudo de entidade oficial de pesquisa, atestar qual é esse prazo de vida útil diverso. O fato de os bens continuarem a ser usados após o prazo de 5 anos não desnatura tal prazo de vida útil apurado no referido laudo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício, e, por maioria, DAR provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro, que deu provimento parcial para excluir da base de cálculo as despesas correspondentes a ARC Consultoria Ltda., PJM Consultoria Empresarial Ltda., Major Assessoria Empresarial Ltda. e Rafani Consultoria Empresarial Ltda. e afastar a exigência do imposto de renda na fonte, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Takata Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marcos Shigueo Takata, Mário Sérgio Fernandes Barroso, Eduardo Martins Neiva Monteiro, Cristiane Silva Costa, Hugo Correia Sotero e Aloysio José Percínio da Silva. Fl. 2261DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.091 3 Relatório DO LANÇAMENTO Tratase de autos de infração de IRPJ, CSL e IRRF, referentes aos anos calendário de 2001, 2002, 2003 e 2004, cujos instrumentos específicos se encontram às fls. 1456 a 1515. 1 Despesas Operacionais – Encargos de Depreciação: Segundo o termo de verificação fiscal, de fls. 1441 a 1450, os lançamentos decorreram da verificação de que a recorrente utilizava a taxa de depreciação anual de 20%, equivalente a 5 anos de vida útil, para apuração do encargo de depreciação dos itens de seu ativo permanente. Através do termo de intimação lavrado em 17/03/2005, fl. 301, foram solicitados esclarecimentos à recorrente para que justificasse o procedimento por ela utilizado para apuração da depreciação de seus bens frente à legislação em vigor. Em sua resposta, datada de 28/04/2006, por meio de ofício de fls. 307 e 308, confirmou a utilização da taxa de depreciação anual de 20%, baseandose no Laudo Técnico emitido pelo INT, de nº 1405/82, de 18/08/1982, anexo às fls. 309 e 310. Em 17/03/2006, foi lavrado o termo de início de fiscalização, fls. 297 e 298, respondido pela recorrente em 20/04/2006, com o relatório “Bens de Locação por Lotes”. Através deste, a fiscalização verificou que a recorrente “acompanhava detalhadamente” a data de entrada em operação dos itens de seu ativo imobilizado e, ainda, que a vida útil desses bens era superior a 5 anos. Novamente intimada, em 28/04/2006, a recorrente atendeu às solicitações em correspondências datadas de 28/05/2006 e 5/05/2006, às fls. 312 e 313, apresentando em via impressa e em meio magnético o relatório “Bens de Locação por Lotes” referente aos meses de dezembro de 2001, 2002, 2003 e 2004, fls. 314 a 948. A fiscalização verificou uma incongruência entre a utilização do Laudo Técnico emitido pelo INT e a posterior constatação, através da análise dos relatórios auxiliares à contabilidade, da ocorrência de vidas operacionais superiores a 5 anos. A recorrente foi, então, novamente intimada, em 8/05/2006 (fls. 949 e 950), para esclarecer essa situação. E, ainda, para justificar a ressalva feita pelo Laudo Técnico de que, em havendo adoção de manutenção adequada, provável seria a ampliação dos prazos de vida útil estimados pelo INT. Em 18/05/2006, a recorrente apresentou resposta, de fl. 951, apenas confirmando a utilização do procedimento previsto no já citado Laudo. Novamente intimada, em 3/07/2006, a apresentar a fundamentação legal para justificar o procedimento utilizado para cálculo do valor do encargo de depreciação, apresentou resposta de fl. 978, em 11/07/2006. Afirmou, “de forma pouco convincente”, que a Fl. 2262DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.092 4 determinação da taxa de depreciação empregada teve como fundamento as previsões legais dos arts. 305, 307, 309 e 310 do RIR/99. Reintimada em 23/08/2006, através do termo de fls. 978 e 979, apresentou resposta em 15/09/2006, conforme fls. 982 a 985, apenas reiterando a metodologia de cálculo da taxa anual de depreciação já relatada. Concluiuse, portanto, que a recorrente não obteve sucesso em esclarecer a incompatibilidade verificada. Sendo assim, a fiscalização elaborou um demonstrativo (fl. 1451), com base no relatório entregue em 5/05/2006, dispondo percentual de peças em operação na empresa por mais de 5 anos no dia 31 de dezembro dos anos de 2001, 2002, 2003 e 2004, tendo sido, inclusive, expressiva a participação de ativos imobilizados com idade operacional superior a 5 anos. A fiscalização verificou que a contabilidade da recorrente não considerou esses resultados para determinar o encargo de depreciação, afrontando a previsão do art. 310 do RIR/99. Assim, produziu elevação indevida do referido encargo, ocasionando flagrante infração à legislação tributária. Foram excluídos da autuação os encargos de depreciação incidentes sobre “Bens de Locação – Formas – Conta 1.3.20.30.30”, “Bens de Locação – Formas IPC 90 – Conta 1.3.20.30.31” e “Bens de Locação – Vigas de Madeira – Conta 1.3.20.30.50”, tendo em vista que tiveram o cálculo de sua depreciação baseado na taxa de 10%, conforme informado às fls. 307, 308, 982 a 985. O acima exposto teve enquadramento nos arts. 249, I; 251, § 1º; 299 e 310, do RIR/99, havendo, portanto, “glosa dos excessos de encargo de depreciação deduzidos pelo contribuinte do Lucro Real em desacordo com a legislação tributária em vigor”. 2 Despesas Operacionais – Serviços Prestados por Pessoa Jurídica: Em análise a conta “Serviços de Consultoria – Interna – Conta 5.1.30.55.10”. Ressaltouse, primeiramente, que para reduzir o Lucro Real as despesas operacionais devem observar as previsões dos arts. 247; 248; 249, I; 251, parágrafo único e 274 e seus parágrafos, do RIR/99. Contudo, não houve observação dos referidos dispositivos por parte da recorrente. Isso porque as notas fiscais apresentadas não foram o suficiente para caracterizar prova cabal e inequívoca da efetiva prestação dos serviços. Além dos requisitos formais, deveriam também possuir suporte de idoneidade material. Deveria a recorrente informar de maneira detalhada quais os serviços prestados, os materiais e recursos humanos aplicados em sua produção, apresentar correspondências trocadas, propostas técnicas elaboradas pelos prestadores, relatórios de acompanhamento e seus resultados, por exemplo. Houve, portanto, dedução do Lucro Real de despesas operacionais relativas a prestação de serviços sem comprovação de sua efetiva realização, configurando infração ao disposto nos arts. 248; 249, I; 251, parágrafo único; 274 e parágrafos e 300, do RIR/99. Fl. 2263DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.093 5 Nesse sentido, a fiscalização procedeu com a glosa da redução indevida do Lucro Real nos períodos de apuração contemplados pelos anosbase de 2001, 2002, 2003 e 2004 e registrada na conta ora em análise. De forma reflexa, há que incidir o IRRF sobre os pagamentos efetuados em virtude das despesas operacionais glosadas, na forma do disposto no art. 61 e parágrafos, da Lei 8.981/95 (art. 674 e parágrafos, do RIR/99). Nesse sentido, a fiscalização procedeu com o lançamento de crédito tributário em auto de infração relativo à retificação da alíquota do IRRF. DA IMPUGNAÇÃO Irresignada, a recorrente, apresentou impugnação em 15/01/2007, de fls. 1544 a 1572, em que aduz, em síntese, o que segue. Preliminarmente, a recorrente aduziu pela decadência de parte do crédito tributário lançado pela fiscalização. Para dar base a sua argumentação, apontou a previsão do art. 150, § 4º, do CTN, bem como apresentou jurisprudência administrativa emitida pela CSRF e pelo 1º Conselho de Contribuintes. Isso porque, durante o período autuado, a recorrente apurou IRPJ e CSL trimestralmente, de forma que os períodosbase encerravamse em 31/03, 30/06, 30/09 e 31/12 de cada ano. Advertiu ser este um fato incontroverso, reconhecido pela fiscalização, mas que, ainda assim, juntou comprovante de entrega de DIPJ/2002 (fl. 1591). Em consequência, afirmou que restaram decaídos os créditos tributários relativos ao IRPJ e CSL dos trimestresbase encerrados em 31/01/2001, 30/06/2001 e 30/09/2001, tendo em vista que o auto de infração foi lavrado no dia 15/12/2001. Alegou também ser improcedente a glosa dos encargos de depreciação. Primeiramente porque ainda que extensas as listas em que constam os prazos de vida útil das várias espécies de bens, a última lista publicada pela Receita Federal, encontrada na IN SRF 162/98, alterada pela IN SRF 130/99, não cobre todos os bens adquiridos ou fabricados pela empresa. Sendo assim, não foi possível obter o perfeito enquadramento de seu ativo imobilizado de metal destinado à locação. Com o objetivo de “ter o devido suporte técnico quanto à taxa de depreciação”, a recorrente solicitou a elaboração de Lauto Técnico pelo INT na década de 80. A recorrente afirmou que, em havendo dúvida, seria possível que solicitasse perícia ao INT por expressa previsão legal, do art. 57, § 4º, da Lei 4.506/64. Tendo procedido dessa forma, o Laudo Técnico de nº 1.405/82 foi a resposta obtida pela recorrente, que o utilizou por mais de 20 anos para cálculo da depreciação de seus bens. Acrescentou que todo o período foi fiscalizado pela SRF e jamais houve questionamento. Fl. 2264DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.094 6 Ademais, deve haver a prevalência do Laudo Técnico até o advento de um outro também idôneo, no termos do art. 310, § 3º, do RIR/99 e, ainda, do art. 30 do Decreto 70.235/72. Afirmou que a fiscalização desrespeitou o Lauto Técnico quando, ao invés disso, poderia ter solicitado um novo ao INT ou outro órgão técnico oficial. Sequer tendo indicado qual seria a real vida útil dos bens, ao que apenas alegou prevalecer “a taxa geral de 10% para quaisquer ‘instalações’”, ocasionando ausência de prova técnica sobre esta acusação e “invertendo o ônus da prova em desfavor do contribuinte”. Por fim, mesmo que prevalecesse o lançamento de IRPJ e CSL, deveriam ser excluídos da tributação os juros moratórios e a multa de ofício, conforme previsto pelo art. 100, parágrafo único, do CTN. Acerca da glosa das despesas com serviços, primeiramente, esclareceu que os pagamentos efetuados à empresa PJM Consultoria Empresarial LTDA., no 3º trimestre de 2002, não tiveram como causa prestação de serviço à recorrente. Foram pagos a título de indenização à referida empresa para que não concorresse nem revelasse a terceiros informações gerenciais da recorrente obtidas durante a prestação de serviços em períodos anteriores. Acrescentou ainda que o termo de quitação e transação assinado pela empresa PJM e seu principal sócio, Pierre Antaki, já havia sido apresentado à fiscalização em atendimento à intimações que precederam os presentes autos de infração. Não havendo, portanto, que se falar em não comprovação da efetividade de suposta prestação de serviço no valor de R$ 333.893,33. E, ainda, que devido à metodologia seguida na operação e acordada entre as empresas envolvidas, em função da confidencialidade pretendida, não foram produzidos documentos que materializassem a consultoria, o que impede que a recorrente forneça prova escrito da prestação dos serviços. Por outro lado, a referida particularidade não impede que a despesa seja dedutível para fins de IRPJ e CSL, visto que se encontra suportada por outros documentos como contratos, notas fiscais e comprovantes de pagamento e fazem prova a favor do contribuinte, conforme previsão do art. 9º, §§ 1º e 2º, do DecretoLei 1.598/77. Ademais, o art. 894, § 1º, do RIR/99 é claro em determinar que os esclarecimentos prestados pelo contribuinte somente podem ser impugnados pela fiscalização “com elemento seguro de prova ou indício veemente de falsidade ou inexatidão”. No mesmo sentido os julgados emitidos pelo 1º Conselho de Contribuintes trazidos aos autos. Quanto às despesas com serviços prestados pelas empresas Arc Consultoria LTDA., PJM, Vianello & Alvarez LTDA., Major Assessoria Empresarial LTDA. e Rafani Consultoria Empresarial LTDA., a recorrente alegou corresponderem a consultoria administrativa e empresarial contratada com objetivo de melhorar seus controles internos e desempenho comercial. Sobre a glosa de IRPJ e CSL devidos, no caso da empresa Arc, a recorrente afirma estarem extintos por decadência. Razão pela qual foram dispensadas maiores demonstrações. Quanto aos pagamentos efetuados à Vianello & Alvarez, informou que foram realizados em virtude de serviços de consultoria prestados por um de seus sócios, Ernesto Jorge Fl. 2265DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.095 7 Alvarez, com o fito de melhorar o desempenho da recorrente especialmente em São Paulo. Pontuou, inclusive, quais as medidas apresentadas à recorrente à época da consultoria e informou juntar provas anexas em doc. 5 (fl. 1557). Posteriormente os serviços da Vianello & Alvarez foram substituídos pela empresa Major, contudo, foi mantido o Sr. Ernesto Jorge Alvarez como responsável primário pela execução dos trabalhos. A esse respeito, a fiscalização entendeu por bem glosar as despesas realizadas para pagamento daquela empresa, sob o fundamento de que a receita auferida pelo prestador de serviço não teria sido apresentada à tributação. Nesse sentido, apresentou entendimento do STJ de que documentos emitidos por pessoa jurídica inidônea não prejudicam o direito ao crédito do ICMS do adquirente da mercadoria. E, especificamente sobre o IRPJ, entendimento do TRF da 1ª Região de que a inidoneidade do fornecedor não acarreta glosa dos custos das mercadorias, vez que não comprovada a efetividade da operação de compra e venda. Por fim entendimento também do 1º Conselho de Contribuintes. Acerca dos serviços prestados pela Rafani, apontou quais as medidas apresentadas pela empresa à recorrente à época da contratação e afirmou que os relatórios e gráficos que fizeram parte do serviço foram elaborados por Antonio Francisco da Silva, sócio majoritário, e que foram juntados aos presentes autos em doc. 6. Afirma também haver entendimento pacífico da jurisprudência administrativa no sentido de que qualquer meio lícito de prova que constitua vigoroso indício da efetividade do serviço torna descabida a glosa de despesa. Como forma de comprovação, apresenta julgado da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Entendeu, assim, ter restado demonstrada a total improcedência da glosa efetuada sobre as despesas com serviços. Prosseguiu afirmando que, tendo sido demonstrada a efetividade dos serviços através das informações acima descritas, também o auto de IRRF deveria ser cancelado. E, ainda que assim não se entendesse, duas seriam as linhas de argumentação que conduziriam à improcedência do auto de IRRF. A primeira, oriunda da evolução legislativa, partindo do art. 8º do Decreto Lei 2.065/83, art. 35 da Lei 7.713/88, art. 44, §§ 1º e 2º, da Lei 8.541/92 e, finalmente, arts. 61 da Lei 8.981/95. O art. 44 da Lei 8.541/92 foi revogado pela Lei 9.249/95, que estabeleceu que as receitas omitidas apenas seriam adicionadas à base de cálculo do IRPJ. De sorte que o art. 61 da Lei 8.981/95 passou a ser aplicado restritivamente aos casos em que o pagamento a beneficiário não identificado ou sem causa e que não tivesse acarretado exigência de IRPJ e CSL. Assim, ocorreu o “desaparecimento do sistema de tributação na fonte nas hipóteses em que já se tributou na pessoa jurídica o lucro não oferecido à tributação”. Colacionou julgado da 4ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes com o entendimento de que os arts. 61 da Lei 8.981/95 e art. 44 da Lei 8.541/92 não eram compatíveis entre si, de modo que, ainda que por presunção, quando “o rendimento era distribuído aos sócios tinha aplicação o art. 44, nunca o 61”. E, a segunda linha, justifica o descabimento da exigência de IRRF em razão de sua natureza penal. Isso porque o pagamento sem causa ou sem que o beneficiário seja Fl. 2266DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.096 8 identificado somente se concretizam com a lavratura dos autos de infração. Caso possuísse natureza tributária, e não de penalidade, sua implementação poderia ser efetuada mediante cumprimento voluntário da obrigação, o que não ocorre. Dessa forma, a exigência de IRRF à alíquota de 35%, com caráter de sanção, ocasionaria duas consequências: a invalidade da exigência por descumprimento do conceito de tributo previsto pelo art. 3º do CTN; e a inaplicabilidade quando o fato já tenha sido penalizado com exigência de IRPJ, CSL e multa de ofício. Entendeu que, sendo o IRRF um tributo, não poderia figurar como sanção a quem efetua pagamento sem causa ou sem identificar seu beneficiário. Afirmou que a alíquota de 35% possui caráter penal, somente sendo aplicável para sancionar condutas que viessem a impedir a identificação da causa ou do beneficiário, quando não tivessem acarretado exigência de IRPJ e CSL. Descabida seria a cobrança em caso contrário. Por todo o exposto, requereu a improcedência dos autos de infração, para que sejam cancelados os créditos tributários neles lançados, tendo em vista que a recorrente utilizou taxa de depreciação respaldada em lei e não efetuou pagamentos sem causa. DA DECISÃO DA DRJ Em 12/12/2008, acordaram os julgadores da 8ª Turma da DRJ do Rio de Janeiro I, por maioria de votos, julgar procedentes em parte os lançamentos efetuados, acrescidos da multa de ofício de 75% e dos juros moratórios incidentes até a data do efetivo pagamento. Deste ato, o Presidente da Turma recorreu de ofício ao 1º Conselho de Contribuintes. Acerca da preliminar de decadência, verificouse a ocorrência de pagamento de IRPJ relativo aos quatro trimestres de 2001 e de CSL relativo aos 1º, 3º e 4º trimestres de 2001. Considerando o fato de que a CSL também se enquadra no lançamento por homologação, a estes trimestres aplicase a regra do art. 150, § 4º, do CTN. Quanto ao 2º trimestre de 2001, onde não houve pagamento de CSL, aplicase a regra do art. 173 do CTN. De acordo com a ocorrência dos fatos geradores sob análise, restou decaído o direito de lançamento da fiscalização quanto ao IRPJ dos 1º, 2º e 3º trimestres, e CSL dos 1º e 3º trimestres de 2001. Foram desfeitas as compensações de prejuízo fiscal na autuação dos 1º e 2º trimestres e da base de cálculo negativa da CSL na autuação do 1º trimestre de 2001, através dos formulários do sistema interno SAPLI, restaurando, devidamente, prejuízo fiscal e base negativa da recorrente. Quanto à glosa da taxa utilizada para depreciação, foram considerados, a título de IRPJ, o período compreendido entre o 4º trimestre de 2001 e o 4º trimestre de 2004 e, a título de CSL, os períodos entre o 2º e o 4º trimestre de 2001 e a partir do 1º trimestre de 2002 até o 4º trimestre de 2004. Fl. 2267DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.097 9 Apontou considerações sobre as Instruções Normativas que prevêem as taxas de depreciação de bens e afirmou que a recorrente agiu de maneira correta ao solicitar o laudo do INT, em cumprimento das previsões do RIR e da Lei 4.506/64. Acrescentando que, tendo o auditor fiscal entendido indevida a vida útil de 5 anos para os bens do ativo imobilizado da empresa, deveria ter solicitado nova perícia ao INT, ou outro órgão, para esclarecimento de sua dúvida. Para aumentar a vida útil projetada para os bens, o fiscal deveria, ou possuir novo laudo técnico oficial determinando outra taxa, ou apresentar decisão judicial ou administrativa superior. Não tendo procedido com nenhuma das alternativas, foi julgado improcedente o lançamento efetuado no concernente às glosas de despesas de depreciação. Analisou as glosas com despesas por serviços prestados separadamente, avaliando um prestador de serviços por vez. Quanto à empresa PJM, avaliou que se o pagamento da indenização foi em virtude da manutenção do sigilo da recorrente, deveria ter havido retenção de IRRF, e não houve. Também não foram apresentadas provas reais da execução dos serviços, apenas notas fiscais, pagamentos e as DIRFs. Assim, foi mantida a glosa quanto a essa empresa. A recorrente alegou ter ocorrido o fenômeno da decadência quanto às despesas relativas à empresa ARC, no 1º trimestre de 2001. A decadência foi reconhecida. Sobre a empresa Vianello & Alvarez Ltda., entendeuse que os pagamentos eram realizados, em verdade, ao diretor Ernesto Jorge Alvarez Rocha. Assim, ocorreu de forma a evitar a tributação pela tabela progressiva quanto ao IRPJ, tendo sido utilizada a alíquota de 1,5% de IRRF. Em outras palavras, honorários foram pagos em forma de prestação de serviços, de modo que foi mantida a glosa. Sobre a empresa Rafani, observouse que foi contratada através do Sr. Antônio Francisco Silva, seu sócio. O Sr. Antônio foi posteriormente encontrado na posição de controller da recorrente e, posteriormente, de diretor da mesma. Novamente, a tributação pela tabela progressiva de IRPJ foi evitada através do IRRF sob a alíquota de 1,5%. Também neste caso foi mantida a glosa. Quanto à tributação do IRRF, concluiuse que, “ao livrar os administradores do pagamento do IRPF, o interessado assumiu” o ônus do eventual pagamento de IRRF “e se tornou responsável pelo seu recolhimento (pagamento)” à alíquota de 35% sobre a base de cálculo reajustada. Foi mantida, portanto, a exigência do IRRF. DO RECURSO VOLUNTÁRIO Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso voluntário de fls. 1962 a 2000, em 30/01/2009, reiterando, basicamente, o que alegado em sede de impugnação e acrescentando, em síntese, o que segue. Alegou que, embora a fiscalização tenha quantificado corretamente o IRPJ e a CSL devidos após a dedução da parcela extinta pela decadência, o valor identificado na ata da decisão excede em R$ 33.781,18 o somatório das parcelas por incluir também o IRPJ Fl. 2268DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.098 10 incidente sobre as despesas registradas no 2º trimestre de 2001, já extinto, de forma que solicitou a retificação do valor. Afirmou ainda que não haveria razão para glosar as despesas feitas ao Sr. Pierre Janil Antaki, reconhecido, na decisão recorrida, como rendimentos adicionais pagos a diretor (da PJM). Isso porque não há no Brasil limite de dedutibilidade para remuneração de dirigentes, tornandose irrelevante o destinatário dos pagamentos efetuados. Mesmo que fosse imputado ao Sr. Pierre, na qualidade de diretor da recorrente, os rendimentos decorrentes do contrato celebrado com a PJM, continuariam a ser dedutíveis para fins de determinação do IRPJ e CSL da recorrente, visto que é este o tratamento aplicável a rendimentos pagos a dirigentes de pessoas jurídicas. Sobre a indenização paga a título da confidência do sigilo, afirmou que, ao contrário do que constante da decisão, a cláusula de confidencialidade e nãoconcorrência é bastante usual em contratos que envolvem a prestação de serviços e que pressupõem a obtenção de informações estratégicas. O livre acesso do Sr. Pierre, enquanto principal diretor da empresa, às informações da recorrente, justifica a negociação e existência da cláusula. E, ainda, que a referida cláusula importa em restrição das atividades passíveis de exploração por terceiros que lhes gerariam rendimentos, de forma que é razoável que receba uma contrapartida financeira, razão pela qual não deve ser mantida a glosa. Sobre o IRRF considerado devido pela decisão recorrida, afirmou ser equivocado o referido entendimento pelo fato de não se tratar de prestação de serviço. E, ainda que devido fosse, este fato somente poderia ensejar cobrança do IRRF, mas não a glosa de despesa decorrente de obrigação contratual devidamente comprovada. Ainda, o fato de a recorrente não ter contabilizado despesa relativa a pagamento efetuado a seu diretor não pode interferir na dedutibilidade de despesa de outra natureza – relativa à indenização à PJM – tendo em vista que apenas importou em prejuízo para si, na medida em que seu lucro líquido foi refletido a maior. No caso da empresa Vianello & Alvarez, a decisão entendeu que os pagamentos a ela efetuados foram contrapartida de serviços prestados pelo Sr. Ernesto Jorge Alvarez na qualidade de diretor. Sendo assim, se tornou irrelevante para dedutibilidade da despesa que o pagamento tenha sido efetuado à empresa da qual é sócio e não à pessoa física diretamente. Isso porque continuaria sendo indedutível o pagamento, tendo em vista ser esse o tratamento aplicável a rendimentos pagos a dirigentes de pessoas jurídicas. Acerca da exigência de IRRF sobre os supostos pagamentos sem causa, restou decidido que a recorrente evitou a tributação para livrar seus administradores do pagamento do IRPF e, com isso, restou também evidente o descabimento da alíquota de 35%. Isso porque não se está diante da hipótese de pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado previstas pelo art. 61 da Lei 8.981/95. Os pagamentos foram, na realidade, efetuados a pessoas jurídicas identificadas e que tiveram como causa serviços efetivamente prestados por seus sócios à recorrente. Ainda, mesmo que fosse possível imputar às pessoas físicas prestadoras dos serviços a titularidade dos rendimentos recebidos pelas pessoas jurídicas das quais são sócios, o IRRF que incidiria na hipótese seria aquele devido com base na tabela progressiva, a título de Fl. 2269DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.099 11 antecipação do IRPF devido pelos beneficiários no encerramento de cada períodobase. Assim, a responsabilidade da recorrente pela nãoretenção e não pagamento do referido tributo se encerraria na data da apresentação da declaração de rendimentos do períodobase em que cada um dos beneficiários tivesse auferido o rendimento, nos termos do Parecer Normativo 1/02. Ainda que se considere que a efetividade dos serviços não tenha sido comprovada, duas linhas de raciocínio conduziriam à improcedência do auto de IRRF, a saber: “A primeira delas decorre da análise da evolução da legislação relativa à redução indevida do lucro líquido e conduz à conclusão de que o art. 61 da Lei 8.981/95 não se aplica às situações em que o pagamento sem causa ou a beneficiário nãoidentificado tenha servido de justificativa à exigência de IRPJ e CSL, como ocorreu no presente caso. (...) o art. 8º do DecretoLei 2.065/83, previa que a diferença verificada nos resultados da pessoa jurídica, por omissão de receita ou qualquer procedimento que implicasse redução no lucro líquido, além da incidência do IRPJ cabível, passaria a ser considerada automaticamente distribuída aos sócios, acionistas ou titular da empresa individual, sendo tributada exclusivamente na fonte pela alíquota de 25%. (...) A Lei 8.541/92, alterou novamente o regime de tributação na fonte sobre os lucros distribuídos, já que seu art. 44 voltou a prever a tributação na fonte, à alíquota de 25%, sem prejuízo do IRPJ, para as hipóteses de receitas omitidas e de diferenças verificadas na determinação dos resultados das pessoas jurídicas por redução indevida do lucro líquido. (...) A partir de 1º/01/1995, a Lei 8.981/95, em seu art. 62, alterou para 35% a alíquota do IRF previsto no art. 44 da Lei 8.541/92; no art. 61, previu a incidência do IRF, também à alíquota de 35%, para os casos de pagamentos a beneficiários não identificados ou sem comprovação da operação ou da sua causa.. (...) As hipóteses de incidência de IRF previstas no art. 44 da Lei 8.541/92 e no art. 61 da Lei 8.941/95 eram, portanto, autônomas e independentes, já que, quando, ainda que por presunção, o rendimento era distribuído aos sócios, tinha aplicação a primeira lei, e não esta. A aplicação do art. 61 da Lei 8.98195 ficou reservada às situações de subtração de resultados ainda não tributados, pela dedução de despesas/custos pagas a beneficiários não identificados ou relativos a operações sem causa. A Lei 9.249, de 26/12/1995, revogou o art. 44 da Lei 8.541/92 (art. 36, IV) e estabeleceu que as receitas omitidas apenas seriam adicionadas à base de cálculo do IRPJ art. 24). Como consequência, temos o desaparecimento do sistema de tributação na fonte nas hipóteses em que já se tributou na pessoa jurídica o lucro anteriormente não oferecido à tributação. Fl. 2270DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.100 12 Nesse passo, a aplicação do art. 61 da Lei 8.981/95 passou a ficar restrita aos casos em que o pagamento a beneficiário nãoidentificado ou sem causa já não tenham acarretado exigência de IRPJ e CSL.” No mesmo sentido, colacionou acórdão 10421757, de 27/07/2006, proferido pela 4ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, transcrevendo excerto do entendimento de seu relator Conselheiro Remis Almeida Estol. A outra linha de raciocínio é a seguinte. A exigência de IRF prevista no art. 61 da Lei 8.981/95 tem como hipótese de incidência a não identificação do beneficiário ou da causa do pagamento efetuado. Tal exigência somente se concretiza quando formalizada de ofício, mediante a lavratura de auto de infração, o que indica a sua natureza de sanção de conduta do contribuinte. Dessa natureza sancionatória decorrem duas consequências lógicas: a invalidade da sua exigência, por violação do conceito de tributo previsto no art. 3º do CTN, ou, senão isso, a sua inaplicabilidade quando o fato já é penalizado com a exigência do IRPJ e da CSL e da multa de ofício. Pelo exposto, reiterou o pedido preliminar de reconhecimento da decadência ao fato gerador ocorrido em 30/06/2001, requereu que sejam julgados improcedentes os autos de infração e, alternativamente, que seja retificado o valor do crédito fiscal mantido sobre o IRPJ quantificado a maior pela decisão recorrida. É o relatório. Fl. 2271DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.101 13 Voto Conselheiro Marcos Shigueo Takata O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade (fls. 1961 e 2060). Dele, pois, conheço. Principio com o exame do recurso voluntário. Há uma preliminar de mérito, correspondente a suposta decadência em relação à CSL do 2º trimestre do anocalendário de 2001. O órgão julgador de origem reconheceu a concreção do fenômeno decadencial do “direito” de lançar: o IRPJ dos 1º, 2º e 3º trimestres do anocalendário de 2001; a CSL dos 1º e 3º trimestres do anocalendário de 2001. Isso, por haver pagamento quanto aos tributos desses períodos, com incidência do art. 150, § 4º, do CTN. Os lançamentos de IRPJ e de CSL se aperfeiçoaram em 15/12/06 (fls. 1456, 1478 e 1528). Conforme o documento, de fl. 2040, acostado aos autos com a peça recursiva (cópia de DARF, sob o código 2372), vejo que há pagamento de CSL relativa ao 2º trimestre de 2001 – 2ª e 3ª parcelas. Aliás, noto que houve pagamento de CSL correspondente ao 2º trimestre de 2001, constatado no sistema SINAL07, referente à 3ª parcela, sob o código 6012, conforme fl. 1846. O código correto é o 6012, para quem apura lucro real, e sob tal código consta pagamento no sistema SINAL07. Houve, pois, outro pagamento da 3ª parcela do 2ª trimestre de 2001, conforme a cópia do DARF juntada aos autos, mas sob código incorreto, 2372, que é referente à CSL para quem apura lucro presumido ou lucro arbitrado. Em tais termos, reconheço a consecução da decadência quanto ao lançamento de CSL correspondente ao 2º trimestre do anocalendário de 2001. Passo ao exame do mérito. No que pertine ao IRPJ e à CSL (pois há exigência de IRRF), as questões se cingem à glosa de despesas por serviços prestados. As despesas alcançadas pela glosa, nos 1º, 2º e 3º trimestres de 2001, são as incorridas com a prestação de serviços da ARC Consultoria Ltda., da PJM Consultoria Empresarial Ltda. e com a Rafani Consultoria Empresarial Ltda. Isso é o que constato do Anexo 1 (fl. 1153) que integra a resposta à intimação de 1º/11/06 (fl. 1149). Fl. 2272DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.102 14 Da mesma resposta à intimação – Anexos 1 a 4 (fls. 1153 a 1159), noto que: a) as despesas com a prestação de serviços da ARC Consultoria Ltda. foram incorridas somente no 1º trimestre de 2001; b) as despesas com a PJM Consultoria Empresarial Ltda. foram incorridas em todos os trimestres de 2001 e ainda em um trimestre de 2002; c) as despesas com a prestação de serviços da Rafani Consultoria Empresarial Ltda. foram incorridas em todos os trimestres de 2001, 2002, 2003 e 2004; d) há ainda as despesas com a prestação de serviços da Vianello & Alvarez Ltda. e com a Major Assessoria Empresarial Ltda., incorridas a partir do 4º trimestre de 2001, até o 4º trimestre de 2004. As despesas com a Vianello & Alvarez se deram até 31/12/03 e a partir de 2004, os serviços com ela contratados foram substituídos pela Major Assessoria Empresarial. Diante do fenômeno decadencial, a querela resulta limitada à glosa das despesas com a Vianello & Alvarez, com a Major, com a Rafani e com a PJM, vez que as despesas incorridas com a ARC se incluem integralmente no período coberto pela decadência. Inicio com a apreciação das despesas incorridas com a Vianello & Alvarez e com a Major. Do exame dos documentos acostados aos autos, constato o seguinte. A documentação indica que a efetiva contratada prestou serviços para melhoria dos índices de produtividade, de apuração de market share, com indicação de estratégias, acompanhamento e levantamento dos índices de produtividade. Nesse contexto, indica e acompanha modos de eficiência e de produtividade para redução de custos e de níveis de ociosidade. Também, há a implantação de programa de melhoria de aparência, organização, empilhamento dos materiais, de escoraços, dos pátios, e logística a eles relacionados, bem como especificação de melhorias no software de CAD, como recurso para ganhos de eficiência, acompanhamento do resultado da nova versão do software. O remetente das correspondências (emails) emitidas pela contratada e prestadora dos serviços é sempre o sr. Ernesto Jorge Alvarez, sócio principal da Vianello & Alvarez, e também o principal executor da Major. Até aí, nada demais. Noto que o email do remetente é da caixa ou conta de endereços da recorrente. Seus emails, como remetente, são jarjahu@terra.com.br, a identificar Jorge Alvarez, e gnv@andaimesjahu.com.br, a indicar Jorge Alvarez Rocha. O uso do email indicativo da recorrente e de sua conta, de per se, e isoladamente, não permite concluir que a real contratada e prestadora dos serviços é a pessoa do sr. Ernesto Jorge Alvarez, ao invés da pessoa jurídica da qual é o principal sócio ou executor, a Vianello & Alvarez e a Major (que substituiu aquela). Fl. 2273DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.103 15 É como vejo, ao contrário do que seria possível inferir numa análise apressada sem maior reflexão. Interessa ver, entretanto, o teor das mensagens remetidas pela contratada e prestadora de serviços. Transcrevo excertos de alguns emails por ela emitidos (fls. 1625, 1641, 1653, 1677, 1680, 1686, 1691 e 1697): De: “Jorge Alvarez” <jarjahu@terra.com.br> Para: “Antonio Francisco” <jahuctl@ajato.com.br>; “CARLOS ALBERTO – FÁBRICA” <fabrica@andaimesjahu.com.br> Assunto: PLANOS E BONUS Oi Francisco e Carlos, conforme combinamos seguem para avaliação: Plano de faturamento 2º trimestre 2003 Plano de Ebitda 2003 Bônus do primeiro trimestre (...) De: “Jorge Alvarez” <jarjahu@terra.com.br> Para: ...“João Leite” <jljah@terra.com.br> ... Cc: “Antonio Francisco” <jahuctl@ajato.com.br>; “CARLOS ALBERTO – FÁBRICA” <fabrica@andaimesjahu.com.br> ... (...) Assunto: Engenharias Sres, Está pronta a nova versão do Software Jahu de Engenharia! Em minha opinião o resultado é excelente e acabamos de ganhar um recurso capaz de elevar radicalmente a eficiência e precisão de nossas engenharias. (...) De: “Jorge Alvarez” <jarjahu@terra.com.br> Para: “Francisco” <ctl@andaimesjahu.com.br>; “Carlos Alberto” <gerfab@andaimesjahu.com.br> (...) Assunto: ultimo trimestre anexo plano para outubro, novembro e dezembro. (...) De: “Jorge Alvarez” <jarjahu@terra.com.br> Fl. 2274DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.104 16 Para: “Antonio Francisco” <jahuctl@ajato.com.br>; “CARLOS ALBERTO – FÁBRICA” <fabrica@andaimesjahu.com.br> Assunto: ... Senhores, finalmente chegamos a um trimestre onde temos planejamento de faturamento e de Ebitda. Antes de relatar minhas recomendações gostaria de chamar vocês a reflexão sobre alguns aspectos que nortearam meu trabalho de planejamento. (...) De: “Jorge Alvarez” <jarjahu@terra.com.br> Cc: “CARLOS ALBERTO – FÁBRICA” <fabrica@andaimesjahu.com.br>;”Antonio Francisco” <jahuctl@ajato.com.br> Assunto: DIM_DIM Senhores, o melhor momento da batalha! DIMDIM no bolso (deposita hoje, credita amanhã) Se é realizador receber o “De acordo” do acionista, desta vez foi melhor ainda pois no caso de SAO e BHZ houve um plus direto à nossa recomendação do 5º ... Parabéns a todos vocês. (...) De: “Jorge Alvarez” <jarjahu@terra.com.br> Cc: “Antonio Francisco” <jahuctl@ajato.com.br>;“Carlos Alberto” <gerfab@andaimesjahu.com.br> Assunto: BONUS – FELICIDADE NO BOLSO! Sres. Segue detalhe das bonificações do 2º trimestre. Temos 4 filiais em 100%!!! (...) De: “Jorge Alvarez Rocha” <gnv@andaimesjahu.com.br> Para: “João” <gersao@andaimesjahu.com.br> Cc: “Carlos Alberto” <gerfab@andaimesjahu.com.br> (...) Assunto: ... (...) Precissamos (sic.) correr para montar dossiê que utilizaremos com a empresa.... Daqui a uma semana verei com vcs o que conseguiram juntar. (...) (destaques nossos) Correspondência a uma empresa estrangeira: Fl. 2275DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.105 17 De: “Jorge Alvarez Rocha” <gnv@andaimesjahu.com.br> Para:... Cc: “Carlos Alberto” <gerfab@andaimesjahu.com.br>; “Francisco” <ctl@andaimesjahu.com.br> Assunto: ... Caro ..., achamos muito interessante e completa sua proposta de colaboração comercial e todos aqui estamos muito animados como a possibilidade de trabalho em conjunto. Discutimos sua correspondência aqui em Brasil e acabamos de enviarlá (sic.) para nosso acionista ( do qual teremos que aguardar resposta para prosseguir). (...) (destaques nossos) Disso extraio o seguinte. Notase que, para as correspondências internas, em geral, é usado o endereço jarjahu@terra.com.br, e quando a correspondência é externa, usase o endereço gnv@andaimesjahu.com.br. Aliás isso se vê também no endereço do diretor sr. Antonio Francisco, que, como destinatário ou copiado em mensagens internas, em geral, seguemlhe ao email jahuctl@ajato.com.br e, em mensagem externa, ao email ctl@andaimesjahu.com.br. Vêse, do teor das correspondências, o grau de intimidade, e, sobretudo, o caráter orgânico, para não dizer hierárquico, das mensagens com os membros corporativos da recorrente. O conjunto desses dados de fato constantes nos autos indica que o sr. Ernesto Jorge Alvarez era o real contratado e prestador de serviços à recorrente. É como vejo. Nesse passo, concordo com o entendimento do órgão julgador de origem de que não era a Vianello & Alvarez e, posteriormente, a Major, quem prestava os serviços à recorrente. Sob a aparência da pessoa jurídica contratada, evitouse tributar a pessoa natural, para quem a carga tributária seria muito mais onerosa do que a incidente em relação à pessoa jurídica (assumindose a incidência do adicional de alíquota de IR e se arredondando para cima, uma carga tributária de 14,53% contra quase 27,5% na pessoa física – sem cogitar ainda da contribuição previdenciária). Parece, inclusive, que o sr. Ernesto Jorge Alvarez prestava serviços como dirigente ou como colaborador de elevada hierarquia da recorrente. Em que pese a recorrente se referir ao direito de organização de atividades, mediante sociedade, como constitucionalmente garantido pelos arts. 5º, II e XVII, ela não se insurge categoricamente quanto à qualidade de dirigente do sr. Ernesto Jorge Alvarez (fls. 1982 a 1984). Dúvida não há quanto a esse direito de organização de atividades, mediante sociedade, para prestação de serviços, inclusive personalíssimos, e pessoalmente, através de seu sócio. A questão é se efetivamente se põe, no caso concreto, a pessoa jurídica como Fl. 2276DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.106 18 contratada e prestadora dos serviços, ou se realmente é a pessoa do sócio a contratada e prestadora dos serviços. De toda forma, é inegável que houve a prestação de serviços à recorrente, correspondente às despesas incorridas e escrituradas pela recorrente como prestados pela Vianello & Alvarez e pela Major, ainda que se tenha como prestados pelo sócio delas “em si”. Diante disso tudo, não há como prosperar a glosa das despesas em dissídio. Ainda que o prestador dos serviços à recorrente seja seu dirigente, a glosa das despesas não poderia ser mantida. Sucede que as despesas com remuneração de administradores, dirigentes ou diretores não possuem mais a limitação de dedutibilidade – a última delas, prevista nos arts. 29 e 30, do Decretolei 2.341/87. Sobre isso irei deduzir maiores considerações adiante, ao tratar das despesas com a Rafani. Para não haver dúvidas, importa acentuar 2 pontos. Primeiro. Disse, ainda que o sr. Ernesto Jorge Alvarez seja dirigente da recorrente. Mas não afirmei que o seja categoricamente, pelas razões que já deduzi. Segundo e o mais importante. O motivo da glosa das despesas não é por ser o real contratado e prestador dos serviços o sr. Ernesto Jorge Alvarez, tampouco o fato de ele poder ser dirigente ou colaborador de elevada hierarquia da recorrente. O motivo da glosa foi simplesmente a falta de comprovação da efetividade das despesas (fls. 1445 e 1446, Termo de Constatação que integra os lançamentos). Nessa linha de considerações, dou provimento ao recurso para afastar a glosa das despesas com a Vianello & Alvarez e com a Major. Prossigo, com a questão da glosa das despesas com a Rafani. Compulsando os autos, vejo que as notas fiscais emitidas pela Rafani praticamente coincidem em valores com os das despesas glosadas a ela relativas fls. 1178 a 1193, 1230 a 1245, 1295 a 1309, 1344 a 1361. Noto que foram juntados aos autos documentos referentes à prestação de serviços. A documentação acostada se refere relatórios de gestão com demonstrações financeiras – Management Report and Financial Statements. A Rafani Consultoria Empresarial Ltda. se encontra baixada no CNPJ, conforme acesso ao site da Receita Federal. Consultando na internet, vi que se tratava de escritório de contabilidade. O que interessa e chama a atenção, aqui, é o seguinte. Dos documentos referentes a 2001 e 2002, figura o sr. Antônio Francisco da Silva, como controller, ao assinar as demonstrações financeiras (fls. 1707 a 1751, e Fl. 2277DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.107 19 especificamente fls. 1716 a 1718, 1745 a 1747 e 1752). Nos emails cujos excertos transcrevi, consta o sr. Antônio Francisco da Silva sob emails indicativo da recorrente e da conta desta, igualmente já transcritos, a saber, jahuctl@ajato.com.br e ctl@andaimesjahu.com.br. Nos documentos de 2003 e de 2004, acusase o nome do sr. Antônio Francisco da Silva, como diretor da recorrente, assinando as demonstrações financeiras dessa (fls. 1754 a 1792 e seguintes, e especificamente fls. 1768 a 1770, 1790 a 1792). Ainda em 2005 o sr. Antonio Francisco da Silva permanecia como diretor da recorrente, juntamente com o sr. Carlos Alberto de Azevedo, de um total de 3 diretores, como se vê da alteração contratual da recorrente, para deliberação de prorrogação do mandato de seus diretores para 31/12/06 – fls. 1516, 1517, 1520 e 1524, também fls. 2072, 2073, 2076 e 2080. Notese que na transcrição de excertos de emails que fiz, sublinhei também os emails do sr. Carlos Alberto de Azevedo reproduzoos novamente: fabrica@andaimesjahu.com.br e gerfab@andaimesjahu.com.br. Nos emails que vi, geralmente ele segue como destinatário ou como copiado junto com o sr. Antônio Francisco da Silva. Em 2008, a recorrente e Kina Participações Ltda., sociedade do mesmo grupo, foram incorporadas pela Mills Estruturas e Serviços de Engenharia Ltda., igualmente do grupo e controladora da Kina e da recorrente (indiretamente). Como se constata do protocolo de incorporação da recorrente e da Kina – fls. 2020 a 2022 – o sr. Antônio Francisco da Silva aparece também como o diretor da Kina, juntamente com o sr. Carlos Alberto de Azevedo, o que é perfeitamente compreensível e esperado. Afinal, a Kina possuia 99,69% do capital da recorrente (551.127 quotas de um total de 552.857 quotas fl. 1.519) – essa era quase uma subsidiária integral da Kina. Aqui, não resta dúvida de que o real contratado e prestador dos serviços era o sr. Antônio Francisco da Silva, sob a aparência da contratação da pessoa jurídica e da prestação de serviços por ela, através de seu sócio. Sob uma aparente capa da pessoa jurídica Rafani, evitouse tributar a pessoa natural. Aqui a pessoa jurídica somente comparece como aparente contratada e como ilusão de ótica de seja a prestadora de serviços mediante seu sócio. E aqui é indisfarçável que o sr. Antônio Francisco da Silva era diretor da recorrente. Da apreciação de toda essa documentação constante nos autos, não remanesce dúvida de que prestação de serviços houve à recorrente. Mas pelo sócio da Rafani, como pessoa natural, e como a efetiva contratada da recorrente. Entretanto, mesmo tendo sido o prestador dos serviços correspondente às despesas glosadas diretor da recorrente, não vejo como essa glosa possa ser mantida. Como já disse, as despesas com remuneração de administradores ou diretores não possuem mais a limitação de dedutibilidade. Por outro lado, de há muito se encontra superada a restrição da dedução das despesas com administradores, dirigentes ou diretores, para remunerações mensais e fixas. O Fl. 2278DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.108 20 art. 357, parágrafo único, I, do RIR/991 à guisa de reproduzir o art. 43, § 1º, “b”, do Decretolei 5.844/43, fala de remuneração mensal e fixa dos administradores, sócios, titular de empresa individual e conselheiros fiscais e consultivos, para sua dedutibilidade. Mas, vejase a dicção do citado preceito legal: Art. 43. A base do imposto será dada pelo lucro real ou presumido correspondente ao ano social ou civil anterior ao exercício financeiro em que o imposto for devido. § 1º. Serão adicionados ao lucro real, para tributação em cada exercício financeiro: a) as quantias aplicadas na aquisição de bens de qualquer natureza, quando levadas a lucros e perdas; b) as retiradas não debitadas em despesas gerais ou contas subsidiárias, e as que, mesmo escrituradas nessas contas, não correspondam à remuneração mensal fixa por prestação de serviços; c) as importâncias excedentes aos limites fixados nos §§ 2º, 3º e 4º do art. 5º; d) os ordenados e porcentagens pagos a membros das diretorias das sociedades por ações, que não residem no país; e) os juros sobre o capital ou quota social atribuídos ao titular e sócios das firmas e sociedades; Aí não se fala de remuneração de administradores. Por outro lado, a interpretação lógica com as demais alíneas leva à conclusão de que a restrição contida na alínea “b” do § 1º do art. 43 se refere à remuneração dos sócios. Isso fica claro pela expressão “retiradas” utilizada na alínea em questão, pela referência a percentuais quando se trata de administradores (diretores), isso na alínea “d”, e pela remissão a titular e sócios quanto a juros sobre o capital próprio na alínea “e”. Retiradas são de sócios ou titular das firmas (alínea “b”). Para membros da diretoria residentes no País, não havia a restrição para dedução ordenados e percentuais pagos – a restrição era para diretores residentes no exterior (alínea “d”). Ora, percentuais levam a remuneração não fixa. Além disso, percentuais não levam a remuneração mensal necessariamente – em que pese este argumento provar demais. Aliese a isso a referência a titular e sócios, não mais quanto a “retiradas”, mas para juros sobre o capital próprio (alínea “e”). A conjugação dessas alíneas conduz a interpretação de que a restrição contida na aliena “b” é para sócios ou titular de firma individual. Essa a primeira razão. 1 Art. 357. Serão dedutíveis na determinação do lucro real as remunerações dos sócios, diretores ou administradores, titular de empresa individual e conselheiros fiscais e consultivos (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). Parágrafo único. Não serão dedutíveis na determinação do lucro real (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 43, § 1º, alíneas "b" e "d"): I as retiradas não debitadas em custos ou despesas operacionais, ou contas subsidiárias, e as que, mesmo escrituradas nessas contas, não correspondam à remuneração mensal fixa por prestação de serviços (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 43, § 1º, alíneas "b" e "d"); II as percentagens e ordenados pagos a membros das diretorias das sociedades por ações, que não residam no País. Fl. 2279DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.109 21 Mas, mesmo quanto a sócios e titular de firma individual, a restrição do art. 43, § 1º, “b”, do Decretolei 5.844/43, e mais ainda quanto a administradores ou diretores, já havia sido superada pelos arts. 47, §§ 5º e 7º e 51, da Lei 4.506/642, que deram nova regulação à dedutibilidade das despesas de remuneração com sócios, titular de firma individual, e aí sim regulando também a remuneração de administradores, diretores ou dirigentes. O § 1º do art. 51 da Lei 4.506/64 traçou regras detalhadas para dedutibilidade das despesas com remuneração de sócios e diretores. Mais. Em momento bem posterior, os arts. 29 e 30, do Decretolei 2.341/87 regularam novamente a matéria – aliás, regularam integralmente a matéria, tal como a precitada lei – relativa à remuneração mensal dos sócios, diretores ou administradores, inclusive membros do conselho de administração, bem como de titulares de firmas individuais, e à remuneração dos membros dos conselhos fiscais e consultivos. Mais uma vez, o § 4º do art. 29 do Decretolei 2.341/87 rechaçava a necessidade de remuneração fixa: § 4º. Para apuração da montante mensal da remuneração, serão computados todos os pagamentos efetuados pela pessoa jurídica em caráter de retribuição pelo exercício da função, inclusive as despesas de representação. 2 Art. 47. (...) § 5º. Os pagamentos de quaisquer natureza a titular, sócio ou dirigente da empresa, ou a parente dos mesmos, poderão ser impugnados pela administração do imposto, se o contribuinte não provar: a) no caso de compensação por trabalho assalariado, autônomo ou profissional, a prestação efetiva dos serviços; b) no caso de outros rendimentos ou pagamentos, a origem e a efetividade da operação ou transação. (...) § 7º. Incluemse, entre os pagamentos de que trata o § 5º, as despesas feitas, direta ou indiretamente, pelas empresas, com viagens para o exterior, equiparandose os gerentes e dirigentes de firma ou sociedade. Art. 51. O valor da remuneração dos sóciosgerentes, diretores ou administradores, individual ou colegialmente considerados, de sociedades comerciais ou civis, de qualquer espécie, assim como a dos negociantes em firma individual, não poderá exceder: I Cr$ 200.000,00 (duzentos mil cruzeiros) mensais, quando o capital da firma ou sociedade for até Cr$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de cruzeiros); II Cr$ 300.000,00 (trezentos mil cruzeiros) mensais quando o capital da firma ou sociedade for superior a Cr$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de cruzeiros) e inferior a Cr$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de cruzeiros); III Cr$ 400.000,00 (quatrocentos mil cruzeiros) mensais, quando o capital da firma ou sociedade for superior a Cr$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de cruzeiros) e inferior a Cr$ 500.000.000.00 (quinhentos milhões de cruzeiros); IV Cr$ 600.000,00 (seiscentos mil cruzeiros) mensais, quando o capital da firma ou sociedade for superior a Cr$ 500.000.000.00 (quinhentos milhões de cruzeiros) e inferior a Cr$ 1000.000.000,00 (um bilhão de cruzeiros); V Cr$ 1.000.000,00 (um milhão de cruzeiros) mensais, quando o capital da firma ou sociedade for superior a Cr$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de cruzeiros). § 1º. Para efeito de dedutibilidade da remuneração dos sóciosgerentes ou diretores de firmas ou sociedades, na apuração do lucro operacional da empresa, serão observadas as seguintes normas: a) quando o capital realizado for inferior a Cr$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de cruzeiros), o total de diretores ou gerentes não poderá exceder o número de 3 (três) beneficiados; b) quando o capital realizado ficar compreendido entre Cr$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de cruzeiros) e Cr$ 100.000 000,00 (cem milhões de cruzeiros), o total de diretores ou gerentes não poderá exceder o número de 5 (cinco) beneficiados, c) quando o capital realizado ultrapassar de Cr$ 100.000.000,00 (cem milhões de cruzeiros) o total de diretores ou sóciosgerentes não poderá exceder o número de 7 (sete) beneficiados. § 2º. A remuneração de cada um dos conselheiros fiscais ou consultivos de sociedades comerciais ou civis, de qualquer espécie, não poderá ultrapassar a Cr$ 500.000,00 (quinhentos mil cruzeiros) anuais. Fl. 2280DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.110 22 Num passado não muito distante, os arts. 29 e 30, do Decretolei 2.341/873 foram revogados pelo art. 88, XIII, da Lei 9.430/96. Com isso, o limite de dedutibilidade das despesas com administradores, dirigentes, diretores, sócios e titulares de firma individual deixou de existir. Essa a segunda razão. Ainda, conectase com ou complementa a segunda razão que ora deduzi a seguinte interpretação. O art. 358 do RIR/99, com suporte no art. 74 da Lei 8.383/91, previu o tratamento dos chamados fringe benefits. As despesas com esses benefícios “indiretos” pagos a administradores, diretores são dedutíveis, desde que pagos a beneficiários individualizados e identificados, devendo ser integrado ao “salário” (remuneração) deles, para fins de incidência na fonte do IR: Art. 358. Integrarão a remuneração dos beneficiários (Lei nº 8.383, de 1991, art. 74): I a contraprestação de arrendamento mercantil ou o aluguel ou, quando for o caso, os respectivos encargos de depreciação: a) de veículo utilizado no transporte de administradores, diretores, gerentes e seus assessores ou de terceiros em relação à pessoa jurídica; b) de imóvel cedido para uso de qualquer pessoa dentre as referidas na alínea precedente; II as despesas com benefícios e vantagens concedidos pela empresa a administradores, diretores, gerentes e seus assessores, pagas diretamente ou através da contratação de terceiros, tais como: a) a aquisição de alimentos ou quaisquer outros bens para utilização pelo beneficiário fora do estabelecimento da empresa; b) os pagamentos relativos a clubes e assemelhados; 3 Art. 29. A despesa operacional relativa à remuneração mensal dos sócios, diretores ou administradores da pessoa jurídica, inclusive os membros do conselho de administração, assim como a dos titulares da empresa individuais, não poderá exceder, para cada beneficiário, a 15 (quinze) vezes o valor fixado como limite de isenção na tabela de desconto do imposto de renda na fonte sobre rendimentos do trabalho assalariado, vigorante no mês a que corresponder a despesa. § 1º. O valor total da remuneração colegial a que se refere este art. não poderá ultrapassar a 08º (oito) vezes o valor da remuneração individual. § 2º. A dedução das remunerações de que trata este art., em cada períodobase, não poderá ser superior a 50 % (cinqüenta por cento) do lucro real antes na compensação de prejuízos e de serem computados os valores correspondentes às remunerações. § 3º. Em qualquer hipótese, mesmo no caso de prejuízo, será admitida, para cada um dos beneficiários, remuneração mensal igual ao dobro do limite de isenção para efeito de desconto do imposto de renda na fonte sobre rendimentos ou trabalhos assalariados. § 4º. Para apuração da montante mensal da remuneração, serão computados todos os pagamentos efetuados pela pessoa jurídica em caráter de retribuição pelo exercício da função, inclusive as despesas de representação. Art. 30. A despesa operacional relativa à remuneração de cada um dos conselheiros fiscais ou consultivos não poderá ultrapassar 10 (dez por cento) do limite da remuneração individual, estabelecido no artigo anterior, admitido para o períodobase. Fl. 2281DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.111 23 c) o salário e respectivos encargos sociais de empregados postos à disposição ou cedidos, pela empresa, a administradores, diretores, gerentes e seus assessores ou de terceiros; d) a conservação, o custeio e a manutenção dos bens referidos no inciso I. § 1º. A empresa identificará os beneficiários das despesas e adicionará aos respectivos salários os valores a elas correspondentes, observado o disposto no art. 622 (Lei nº 8.383, de 1991, art. 74, § 1º). § 2º. A inobservância do disposto neste artigo implicará a tributação dos respectivos valores, exclusivamente na fonte, observado o disposto no art. 675 (Lei nº 8.383, de 1991, art. 74, § 2º, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 61, § 1º). § 3º. Os dispêndios de que trata este artigo terão o seguinte tratamento tributário na pessoa jurídica: I quando pagos a beneficiários identificados e individualizados, poderão ser dedutíveis na apuração do lucro real; II quando pagos a beneficiários não identificados ou beneficiários identificados e não individualizados (art. 304), são indedutíveis na apuração do lucro real, inclusive o imposto incidente na fonte de que trata o parágrafo anterior. Ora, tais benefícios (fringe benefits) são, por excelência, variáveis e podem não ser inclusive mensais. Como então os benefícios pagos em dinheiro a administradores seriam indedutíveis se não forem fixos e mensais? Isso não convive lógica nem sistematicamente com o tratamento dado às despesas com remuneração em espécie (bens ou utilidades), e sobretudo, reafirma a superação de há muito da referida regra (mensal e fixa). Tratase, pois, de interpretação de conciliação, no que é possível, do art. 357 com o art. 358 do RIR/99, e conforme a lei. De tudo quanto expus, fica muito claro que a dedução de despesas com administradores ou diretores não se limita à remuneração fixa e mensal. E inexiste a limitação de dedutibilidade das despesas com remuneração de administradores ou diretores. De outra parte, a glosa das despesas não se deu sob motivo de se revelarem não necessárias. Só por isso, já resulta derruída a glosa das despesas em dissídio. Outro ponto cuja importância sobressai, aliás, é determinante. O motivo da glosa das despesas não é por ser o real contratado e prestador dos serviços o sr. Antônio Francisco da Silva. Aliás, o autuante sequer chega a falar do sr. Antônio Francisco da Silva. O motivo da glosa foi simplesmente a falta de comprovação da efetividade das despesas (Termo de Constatação que integra os lançamentos, fls. 1445 e 1446). Diante disso e de tudo quanto deduzi, a glosa das despesas em questão se encontra iniludivelmente vitimada. Fl. 2282DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.112 24 O que se deveria ter dado era a exigência de IR das pessoas naturais, o sr. Antônio Francisco da Silva e o sr. Ernesto Jorge Alvarez, mediante o aprofundamento das investigações, e exigência de multa e juros da recorrente, e eventualmente de contribuição previdenciária dessa. Só não caberia o IRRF exclusivo na fonte à alíquota majorada de 35%, da recorrente, com fundamento no art. 358 c/c o art. 675, do RIR/994, por não ser hipótese de remuneração indireta ou fringe benefits a diretor, administrador ou assessor. Por toda essa ordem de razões, dou provimento ao recurso para afastar a glosa das despesas com a Rafani. Prossigo, passando ao exame da glosa das despesas com a PJM. O motivo de as despesas em questão terem sido glosadas pelo autuante é igual ao das precedentes já examinadas, ou seja, falta de comprovação da efetividade da prestação dos serviços consumidos como despesas. A bem ver, as despesas em causa não são decorrentes prestação de serviços, como se vê do documento de fls. 1596 e 1597. Cuidase de pagamento feito à PJM em face da extinção do contrato de prestação de serviços com a recorrente. Tal pagamento, que a recorrente chama de indenização, tem por objeto: a) o dever de sigilo absoluto pelo período de 5 anos, sobre as informações a que tiveram acesso os sócios da PJM, srs. Pierre Jamil Antaki e Marlene Souza Taguatinga Antaki; b) o dever de não desenvolver, assessorar ou participar de qualquer trabalho ou consultoria em outra empresa de atividade igual, semelhante ou correlata à da recorrente. O valor pago, conforme o contrato, e glosado pelo autuante, é de R$ 333.893,37. De início, noto que o sr. Pierre Jamil Antaki era, durante o período em que formalmente a PJM fora contratada pela recorrente, diretor superintente dessa. Isso se constata das fls. 1720 a 1722, em que o sr. Pierre Jamil Antaki assina as demonstrações financeiras de 2001, como diretor superintendente da recorrente. Nesse passo, a situação da PJM e assim do sr. Pierre, seu sócio principal, não difere, a meu ver, da já apreciada, do sr. Antônio Francisco da Silva, sócio principal da Rafani. O efetivo contratado e prestador de serviços era o sr. Pierre Jamil Antaki, que era diretor da recorrente, sob a aparência da contratação da pessoa jurídica PJM e da prestação de serviços por essa, mediante seu sócio principal. Entretanto, o ponto central para o desenlace da questão não é esse. Relembro que o motivo da glosa de tais despesas é a incomprovação da efetividade da prestação dos serviços. O que vejo aqui é contratação cujo efeito são deveres ou obrigações de não fazer, cuja contraprestação é pagamento de preço. 4 Ambos com suporte no art. 74 da Lei 8.383/91 quanto ao aspecto material da incidência de IRRF. Fl. 2283DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.113 25 Pagamento de preço para não concorrência direta e para não concorrência indireta – esta representada pelo sigilo a informações obtidas no exercício das atividades do sr. Pierre na recorrente. Com o pagamento de preço para não concorrência direta, o sr. Pierre fica interditado, por prazo de 18 meses, de aplicar seu capital humano em empresa de atividade igual ou semelhante ao da recorrente. Ora, ao se assumir a proibição de não se exercer a expertise, a aplicação de seu capital humano, para empresa de atividade semelhante ou igual à recorrente, é de se esperar que não se assuma isso gratuitamente. Estranho e incomum seria o contrário: ficar interditado de explorar sua expertise, e não cobrar preço por isso. De outra parte, é de interesse da recorrente que uma pessoa de elevada posição na sua empresa, com grande conhecimento e habilidades, não atue durante certo tempo em prol de suas concorrentes. No que se refere ao dever de sigilo absoluto quanto a informações que o sr. Pierre Jamil Antaki teve em face de sua atividade na recorrente, também não me causa espécie haver o pagamento de preço para tanto. Sobretudo em face da elevada posição que o sr. Pierre ocupava na empresa da recorrente, e que, em função disso, e da suposta desenvoltura sua, é de grande importância a manutenção do sigilo absoluto sobre informações a que tenha tido acesso. Não se pode confundir propriedade intelectual, pertencente a uma empresa na qual um diretor ou um funcionário tenha atuado, com informações intelectuais e outras, que não são cobertas pela proteção de domínio. Pode ser de extrema importância para a empresa a salvaguarda obrigacional de toda informação que possa escapar da proteção da propriedade intelectual, nomeadamente, diante da posição ocupada pelo sr. Pierre Jamil Antaki. O contrato prevê que, caso haja violação, seja do dever de sigilo absoluto em questão, seja do dever de não concorrência, é aplicável multa de R$ 500.000,00, além de compensação por perdas e danos. Evidentemente, por outro lado, o valor em dissídio, que totaliza R$ 333.893,37 constitui rendimento tributável da pessoa natural, o sr. Pierre Jamil Antaki. Também aqui a exigência que teria cabimento seria de IR do sr. Pierre, e de multa e juros sobre a recorrente. Feitas todas essas considerações, reputo como descabida a glosa das despesas em discussão. Outrossim, dou provimento ao recurso para afastar a glosa das despesas com a PJM. Diante disso tudo, fica prejudicado o lançamento de IRRF por pagamento sem causa. Por conseguinte, dou provimento ao recurso quanto a essa questão. Nessa linha de considerações e juízo, dou provimento ao recurso voluntário. Fl. 2284DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.114 26 RECURSO DE OFÍCIO Passo à apreciação da remessa de ofício, ou, na linguagem do PAF, do recurso de ofício. As questões controvertidas em relação às quais o órgão julgador de origem reputou derruídas as exigências se identificam: na decadência do lançamento sobre fatos geradores de IRPJ dos 1º, 2º e 3º trimestres do anocalendário de 2001, e do lançamento sobre fatos geradores de CSL dos 1º e 3º trimestres do anocalendário de 2001; na glosa parcial das despesas de depreciação de materiais para andaimes e elevadores de carga, similares, e suas partes e peças, destinadas à locação. Os lançamentos de IRPJ e de CSL se aperfeiçoaram em 15/12/06 – fls. 1456 e 1478. Conforme consta no sistema SINAL07, nas fls. 1844 a 1846, vejo que há pagamentos de IRPJ referentes 1º, 2º e 3º trimestres de 2001, bem como pagamentos de CSL correspondentes ao 1º e 3º trimestres de 2001. Aliás, noto que figura pagamento também da 3ª parcela da CSL do 2º trimestre de 2001, como já havia adiantado no exame do recurso voluntário. Outrossim, no que concerne à questão da decadência, nego provimento ao recurso de ofício. Quanto às despesas de depreciação, como já dito, elas são relativas a materiais para andaimes e elevadores de carga, similares, e suas partes e peças, destinadas à locação. O autuante reputou injurídico o uso da taxa de depreciação informada pelo laudo do Instituto Nacional de Tecnologia, glosando as despesas de depreciação superiores à aplicação da taxa de 10% ao ano, prevista no Anexo II da Instrução Normativa SRF 162/98. Aponta que a contribuinte acompanhava detalhadamente a data de entrada em operação dos bens em comentário de seu ativo imobilizado, e o uso de tais bens, com relatórios mensais, nos quais se verifica a utilização de tais bens por prazo superior a 5 anos. Logo, para o autuante, a contribuinte tinha informações a respeito da vida útil dos ativos em questão, e, portanto, não poderia se louvar no laudo do INT, que só poderia ser invocado em caso de dúvida. Ainda, acentua que o laudo técnico do INT ressalva que provavelmente a vida útil dos bens seja superior à indicada com a adoção de manutenção adequada. Além disso, deduz que a taxa de depreciação admitida pela legislação tributária, com fundamento no art. 310, § 2º, do RIR/99, é de 10% ao ano, conforme o Anexo II da Instrução Normativa SRF 162/98. Fl. 2285DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.115 27 O art. 310 do RIR/99, ao reproduzir o art. 57, §§ 2º, 4º e 12, da Lei 4.506/64, dispõe: Art. 310. A taxa anual de depreciação será fixada em função do prazo durante o qual se possa esperar utilização econômica do bem pelo contribuinte, na produção de seus rendimentos (Lei nº 4.506, de 1964, art. 57, § 2º). § 1º. A Secretaria da Receita Federal publicará periodicamente o prazo de vida útil admissível, em condições normais ou médias, para cada espécie de bem, ficando assegurado ao contribuinte o direito de computar a quota efetivamente adequada às condições de depreciação de seus bens, desde que faça a prova dessa adequação, quando adotar taxa diferente (Lei nº 4.506, de 1964, art. 57, § 3º). § 2º. No caso de dúvida, o contribuinte ou a autoridade lançadora do imposto poderá pedir perícia do Instituto Nacional de Tecnologia, ou de outra entidade oficial de pesquisa científica ou tecnológica, prevalecendo os prazos de vida útil recomendados por essas instituições, enquanto os mesmos não forem alterados por decisão administrativa superior ou por sentença judicial, baseadas, igualmente, em laudo técnico idôneo (Lei nº 4.506, de 1964, art. 57, § 4º). § 3º. Quando o registro do imobilizado for feito por conjunto de instalação ou equipamentos, sem especificação suficiente para permitir aplicar as diferentes taxas de depreciação de acordo com a natureza do bem, e o contribuinte não tiver elementos para justificar as taxas médias adotadas para o conjunto, será obrigado a utilizar as taxas aplicáveis aos bens de maior vida útil que integrem o conjunto (Lei nº 4.506, de 1964, art. 57, § 12). O órgão julgador a quo rechaçou a glosa perpetrada pelo autuante ao deduzir o seguinte. A taxa de depreciação dos bens em discussão não se encontra prevista na Instrução Normativa (IN) SRF 162/98. Mas ainda que para tais bens estivesse prevista a taxa de depreciação na referida IN, a contribuinte poderia utilizar taxa de depreciação diversa, desde que comprovada, na conformidade do § 2º do art. 310 do RIR/99. Não havendo a previsão de taxa de depreciação na IN SRF 162/98, é notória a conveniência, para não dizer necessidade, de se socorrer ao § 2º do art. 310 do RIR/99. Foi o que fez a contribuinte, e o que o fisco igualmente poderia ter feito. O que não pode é o autuante “achar” que por se encontrarem os bens conservados, o prazo de vida útil deles é superior ao previsto no laudo do Instituto Nacional de Tecnologia, e, com isso, impor outro prazo de vida útil. Precisa, a meu ver, a interpretação do órgão julgador de origem. Vejamos. Os ativos objeto da depreciação em dissídio são materiais para andaimes e elevadores de carga, similares, e suas partes e peças. Sua classificação na NCM se dá sob os códigos 7308.40.00, 7308.40.90.90 e 8431.31, como esclarecido pela contribuinte no procedimento fiscal e não contestado pelo autuante. Fl. 2286DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.116 28 Eis a descrição para tais códigos de classificação na NCM: 73.08 CONSTRUÇÕES E SUAS PARTES (POR EXEMPLO: PONTES E ELEMENTOS DE PONTES, COMPORTAS, TORRES, PÓRTICOS, PILARES, COLUNAS, ARMAÇÕES, ESTRUTURAS PARA TELHADOS, PORTAS E JANELAS, E SEUS CAIXILHOS, ALIZARES E SOLEIRAS, PORTAS DE CORRER, BALAUSTRADAS), DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO, EXCETO AS CONSTRUÇÕES PRÉFABRICADAS DA POSIÇÃO 94.06; CHAPAS, BARRAS, PERFIS, TUBOS E SEMELHANTES, DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO, PRÓPRIOS PARA CONSTRUÇÕES 7308.10.00 Pontes e elementos de pontes 7308.20.00 Torres e pórticos 7308.30.00 Portas e janelas, e seus caixilhos, alizares e soleiras 7308.40.00 Material para andaimes, para armações (cofragens*) e para escoramentos 7308.90 Outros 7308.90.10 Chapas, barras, perfis, tubos e semelhantes, próprios para construções 7308.90.90 Outros 84.31 PARTES RECONHECÍVEIS COMO EXCLUSIVA OU PRINCIPALMENTE DESTINADAS ÀS MÁQUINAS E APARELHOS DAS POSIÇÕES 84.25 A 84.30 8431.10 Das máquinas e aparelhos da posição 84.25 8431.10.10 Do item 8425.19.10 ou das subposições 8425.39, 8425.42 ou 8425.49 8431.10.90 Outras 8431.20 De máquinas ou aparelhos da posição 84.27 8431.20.1 De empilhadeiras 8431.20.11 Autopropulsadas 8431.20.19 De outras empilhadeiras 8431.20.90 Outras 8431.3 Das máquinas e aparelhos da posição 84.28 8431.31 De elevadores, montacargas ou de escadas rolantes 8431.31.10 De elevadores 8431.31.90 Outras 8431.39.00 Outras 8431.4 Das máquinas e aparelhos das posições 84.26, 84.29 ou 84.30 8431.41.00 Caçambas (baldes*), mesmo de mandíbulas, pás, ganchos e tenazes 8431.42.00 Lâminas para "bulldozers" ou "angledozers" 8431.43 Partes das máquinas de sondagem ou de perfuração das subposições 8430.41 ou 8430.49 8431.43.10 De máquinas de sondagem rotativas 8431.43.90 Outras 8431.49 Outras 8431.49.10 Das máquinas e aparelhos da posição 84.26 8431.49.20 Das máquinas e aparelhos das posições 84.29 ou 84.30 Fl. 2287DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.117 29 A Instrução Normativa SRF 162/98 não prevê a taxa de depreciação dos ativos classificados na NCM sob os códigos 7308.40.00, 7308.40.90.90 e 8431.31: Anexo I Bens relacionados na Nomenclatura Comum do MERCOSUL – NCM Capítulo 73 OBRAS DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO 7308 CONSTRUÇÕES, DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO, EXCETO AS CONSTRUÇÕES PRÉFABRICADAS DA POSIÇÃO 9406 7308.10 Pontes e elementos de pontes 25 4 % 7308.20 Torres e pórticos 25 4 % 7309 RESERVATÓRIOS, TONÉIS, CUBAS E RECIPIENTES SEMELHANTES PARA QUAISQUER MATÉRIAS (EXCETO GASES COMPRIMIDOS OU LIQUEFEITOS), DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO, DE CAPACIDADE SUPERIOR A 300 LITROS, SEM DISPOSITIVOS MECÂNICOS OU TÉRMICOS, MESMO COM REVESTIMENTO INTERIOR OU CALORÍFUGO 10 10 % 7311 RECIPIENTES PARA GASES COMPRIMIDOS OU LIQUEFEITOS, DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO 5 20 % 7321 AQUECEDORES DE AMBIENTES (FOGÕES DE SALA), CALDEIRAS DE FORNALHA, FOGÕES DE COZINHA (INCLUÍDOS OS QUE POSSAM SER UTILIZADOS ACESSORIAMENTE NO AQUECIMENTO CENTRAL), CHURRASQUEIRAS (GRELHADORES), BRASEIRAS, FOGAREIROS A GÁS, AQUECEDORES DE PRATOS, E APARELHOS NÃO ELÉTRICOS SEMELHANTES, DE USO DOMÉSTICO, DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO 10 10 % 7322 RADIADORES PARA AQUECIMENTO CENTRAL, NÃO ELÉTRICOS, DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO; GERADORES E DISTRIBUIDORES DE AR QUENTE (INCLUÍDOS OS DISTRIBUIDORES QUE POSSAM TAMBÉM FUNCIONAR COMO DISTRIBUIDORES DE AR FRIO OU CONDICIONADO), NÃO ELÉTRICOS, MUNIDOS DE VENTILADOR OU FOLE COM MOTOR, DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO 10 10 % 7322 RADIADORES PARA AQUECIMENTO CENTRAL, NÃO ELÉTRICOS, DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO; GERADORES E DISTRIBUIDORES DE AR QUENTE (INCLUÍDOS OS DISTRIBUIDORES QUE POSSAM TAMBÉM FUNCIONAR COMO DISTRIBUIDORES DE AR FRIO OU CONDICIONADO), NÃO ELÉTRICOS, MUNIDOS DE VENTILADOR OU FOLE COM MOTOR, DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO 10 10 % Capítulo 76 obras DE Alumínio 8430 OUTRAS MÁQUINAS E APARELHOS DE TERRAPLENAGEM, NIVELAMENTO, RASPAGEM, ESCAVAÇÃO, COMPACTAÇÃO, EXTRAÇÃO OU PERFURAÇÃO DA TERRA, DE MINERAIS OU MINÉRIOS; BATEESTACAS E ARRANCAESTACAS; LIMPANEVES 10 10 % 8432 MÁQUINAS E APARELHOS DE USO AGRÍCOLA, HORTÍCOLA OU FLORESTAL, PARA PREPARAÇÃO OU TRABALHO DO SOLO OU PARA CULTURA; ROLOS PARA GRAMADOS (RELVADOS), OU PARA CAMPOS DE ESPORTE 10 10 % Fl. 2288DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.118 30 Anexo II Demais Bens Bens Prazo de vida útil (anos) Taxa anual de depre ciação Instalações 10 10 % Edificações 25 4 % É óbvio, portanto, que não merece reproche o procedimento da contribuinte de buscar o laudo de entidade oficial de pesquisa científica ou tecnológica, no caso o INT, que, inclusive, é expressamente citado no § 2º do art. 310 do RIR/99. É o teor do laudo elaborado pelo Centro de Avaliação Tecnológica do Instituto Nacional de Tecnologia (fls. 309 e 310 e novamente nas fls. 1596 e 1597): "3. A seguir relação dos bens objeto da consulta com as respectivas vidas úteis recomendadas por este Instituto: ITEM DESCRIÇÃO DOS BENS VIDA ÚTIL MÉDIA (ANOS) COEF. ANUAL DE DEPRECIAÇÃO 3.1 Andaime suspenso leve 5 20% 3.2 Andaime suspenso pesado 5 20% 3.3 Andaime tubular 5 20% 3.4 Escora 5 20% 3.5 Forma metálica 10 10% 3.6 Guia e travessa metálica 5 20% 4. É provável que a adoção de manutenção adequada faça com que os bens ultrapassem os períodos de utilização indicados, pois a vida útil indicada é aquela em que o bem é economicamente útil, isto é, aquela em que o bem propicia melhores condições de rentabilidade. É o parecer." Se o autuante entende que não é possível a adoção da taxa de depreciação consignada no item 3 e subitens do laudo, por reputar provável que os bens tenham vida útil maior em caso de adoção de manutenção adequada dos bens, como é ressalvado na parte final do laudo, ao autuante compete, mediante laudo de entidade oficial de pesquisa, atestar qual é esse prazo de vida útil diverso. Sobre questão semelhante, já tive oportunidade de me manifestar no Acórdão 140100.013, da sessão de 11/03/09: Fl. 2289DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.119 31 Aqui, observo que é preciso muita cautela e diligência por parte da fiscalização para afirmar que peças e partes adquiridas e aplicadas nas máquinas importam em aumento de sua vida útil em mais de 1 ano, ou que as peças e partes implicam maisvalia efetiva agregada às máquinas, vale dizer, importam em melhorias – caso em que basta a vida útil dessas, e não das máquinas, ser superior a 1 ano. Não se pode esquecer que, nessa questão, o ônus da prova é da fiscalização. E qual seria essa cautela e diligência judiciosas a serem observadas pela fiscalização? O apoio em laudos de órgãos ou entidades técnicas para avaliação da questão em comentário.(grifamos) Ainda, a circunstância de os bens continuarem sendo utilizados após o prazo de 5 anos ou poderia ser após o prazo de vida útil estabelecido pela Receita Federal, caso houvesse não tem o condão de desnaturar o prazo de vida útil apurado pelo INT conforme seu laudo. O fato de não serem sucateados os bens após aquele prazo, ou mesmo de eles se apresentarem conservados após referido prazo, não significa alteração do prazo de vida útil dos bens. Imaginese um microcomputador, que tem prazo de vida útil de 5 anos fixado na Instrução Normativa SRF 4/85 e repetido na Instrução Normativa SRF 162/98. Ainda que ele esteja em perfeito estado de conservação e continue sendo utilizado, aquele prazo não se altera. Imaginese que seja obtido laudo de entidade oficial de pesquisa tecnológica ou científica que ateste ser o prazo de vida útil daquele mesmo microcomputador, por ex., 2 anos e meio – sabese que os equipamentos de informática se tornam rapidamente obsoletos. A continuidade de seu uso mesmo após os 2 anos e meio não significa que seu prazo de vida útil seja alterado. O exemplo poderia ser estendido indefinidamente, com uma mesa, uma cadeira, etc. Segue daí ficar evidente, a meu ver, o equívoco perpetrado na autuação. Mais. Se o prazo de vida útil dos bens em discussão é, no entender do autuante, superior a 5 anos, qual seria o prazo de vida útil deles? Esta pergunta ficou sem resposta na autuação. Então como aplicar taxa de depreciação diversa à empregada? O que fez o autuante foi usar taxa de depreciação da IN SRF 162/98 prevista para bens outros, não correspondentes aos do objetivado na discussão. Por essas razões também fica claro o dislate da autuação. Em tais termos, nego provimento ao recurso de ofício sobre a questão da glosa das despesas de depreciação. Fl. 2290DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 18471.001569/200613 Acórdão n.º 110300.729 S1C1T3 Fl. 2.120 32 Sob essa ordem de considerações e juízo nego provimento ao recurso de ofício. É o meu voto. Sala das Sessões, em 7 de agosto de 2012 (assinado digitalmente) Marcos Takata Relator Fl. 2291DF CARF MF Impresso em 14/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 18/08/201 2 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA
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Numero do processo: 16707.006690/2009-30
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 06 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004, 2005
Ementa:
NULIDADE - AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA ACESSO AOS EXTRATOS BANCÁRIOS
Houve autorização judicial para a obtenção dos extratos bancários. Não aplicação do art. 6º da Lei Complementar 105/01.
NULIDADE - FALTA DE MOTIVO PARA IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONSABILIZADOS SOLIDARIAMENTE - ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DAS NORMAS LEGAIS DE MULTA QUALIFICADA
A ausência de motivo ou seu erro - e não sua insubsistência - fulmina o lançamento por vício substancial. Não há ausência nem erro de motivo seja para a multa qualificada, seja para a responsabilização solidária. Quanto a esta, inconfundível é a questão de fundo para a legitimidade passiva. O mero erro na capitulação legal não vitima o lançamento.
NULIDADE - OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL - ART. 3º DA LEI 9.784/99
A exegese extraível da Lei 9.784/99 é a de que o processo administrativo nele referido corresponde ao processo administrativo fiscal propriamente dito, ou seja, ao que se instala com a pretensão resistida (contencioso), e não ao procedimento fiscal. Inexistência de agressão ao devido processo legal.
OMISSÃO DE RECEITAS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM INCOMPROVADA - SALDO CREDOR DE CAIXA
Os lançamentos não se deram por omissão de receitas por saldo credor de caixa. Este se prestou a reforçar a outra presunção legal de omissão de receitas, base dos lançamentos - a de depósitos bancários de origem incomprovada, que foram apurados com o preenchimento dos requisitos legais, nomeadamente, a individualização dos créditos para intimação da comprovação de sua origem. Contraprova não produzida pelas recorrentes.
GLOSA DE PREJUÍZOS FISCAIS E BASES NEGATIVAS DE CSLL
Glosa consequente à apuração de receitas omitidas é de rigor. Se derruídos os lançamentos de IRPJ e de CSLL, restabelecem-se os prejuízos fiscais e as bases negativas de CSL.
IRRF - PAGAMENTO SEM CAUSA
O sentido da lei ao falar de pagamento sem causa é: como não se identifica a causa da transferência de recurso a terceiro, tem-na como rendimento por ele auferido e omitido, recaindo a incidência tributária na fonte pagadora. A essa presunção legal relativa não foram apresentadas contraprovas.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
A omissão de receitas associada ao uso de laranjas como sócios e ao conjunto probatório dos autos denuncia a concorrência de interesse comum da Cactus Mão de Obra, da sra. Jeane e do sr. José Lino, nas situações configuradoras dos fatos geradores das obrigações tributárias.
MULTA QUALIFICADA
A simulação subjetiva, com uso de homens-de-palha sem capacidade econômica, associada à omissão de receitas fortalecida com a evidência de saldo credor de caixa denuncia o elemento subjetivo do tipo. Juízo de valor preponderante para e pela simulação subjetiva a acusar o concurso de dolo específico, para manutenção da multa qualificada.
DECADÊNCIA
Mantida a multa qualificada, fica prejudicada a questão da decadência, por ser aplicável o prazo do art. 173, I, do CTN.
Numero da decisão: 1103-000.819
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade e negar provimento aos recursos, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Aloysio José Percínio da Silva- Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Takata - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marcos Shigueo Takata, Mário Sérgio Fernandes Barroso, Eduardo Martins Neiva Monteiro, Sérgio Luiz Bezerra Presta e Aloysio José Percínio da Silva.
Nome do relator: MARCOS SHIGUEO TAKATA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2004, 2005 Ementa: NULIDADE - AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA ACESSO AOS EXTRATOS BANCÁRIOS Houve autorização judicial para a obtenção dos extratos bancários. Não aplicação do art. 6º da Lei Complementar 105/01. NULIDADE - FALTA DE MOTIVO PARA IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONSABILIZADOS SOLIDARIAMENTE - ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DAS NORMAS LEGAIS DE MULTA QUALIFICADA A ausência de motivo ou seu erro - e não sua insubsistência - fulmina o lançamento por vício substancial. Não há ausência nem erro de motivo seja para a multa qualificada, seja para a responsabilização solidária. Quanto a esta, inconfundível é a questão de fundo para a legitimidade passiva. O mero erro na capitulação legal não vitima o lançamento. NULIDADE - OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL - ART. 3º DA LEI 9.784/99 A exegese extraível da Lei 9.784/99 é a de que o processo administrativo nele referido corresponde ao processo administrativo fiscal propriamente dito, ou seja, ao que se instala com a pretensão resistida (contencioso), e não ao procedimento fiscal. Inexistência de agressão ao devido processo legal. OMISSÃO DE RECEITAS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM INCOMPROVADA - SALDO CREDOR DE CAIXA Os lançamentos não se deram por omissão de receitas por saldo credor de caixa. Este se prestou a reforçar a outra presunção legal de omissão de receitas, base dos lançamentos - a de depósitos bancários de origem incomprovada, que foram apurados com o preenchimento dos requisitos legais, nomeadamente, a individualização dos créditos para intimação da comprovação de sua origem. Contraprova não produzida pelas recorrentes. GLOSA DE PREJUÍZOS FISCAIS E BASES NEGATIVAS DE CSLL Glosa consequente à apuração de receitas omitidas é de rigor. Se derruídos os lançamentos de IRPJ e de CSLL, restabelecem-se os prejuízos fiscais e as bases negativas de CSL. IRRF - PAGAMENTO SEM CAUSA O sentido da lei ao falar de pagamento sem causa é: como não se identifica a causa da transferência de recurso a terceiro, tem-na como rendimento por ele auferido e omitido, recaindo a incidência tributária na fonte pagadora. A essa presunção legal relativa não foram apresentadas contraprovas. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA A omissão de receitas associada ao uso de laranjas como sócios e ao conjunto probatório dos autos denuncia a concorrência de interesse comum da Cactus Mão de Obra, da sra. Jeane e do sr. José Lino, nas situações configuradoras dos fatos geradores das obrigações tributárias. MULTA QUALIFICADA A simulação subjetiva, com uso de homens-de-palha sem capacidade econômica, associada à omissão de receitas fortalecida com a evidência de saldo credor de caixa denuncia o elemento subjetivo do tipo. Juízo de valor preponderante para e pela simulação subjetiva a acusar o concurso de dolo específico, para manutenção da multa qualificada. DECADÊNCIA Mantida a multa qualificada, fica prejudicada a questão da decadência, por ser aplicável o prazo do art. 173, I, do CTN.
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RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS: CACTUS MÃO DE OBRA LTDA., JEANE ALVES DE OLIVEIRA, JOSÉ LINO DA SILVA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005 Ementa: NULIDADE AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA ACESSO AOS EXTRATOS BANCÁRIOS Houve autorização judicial para a obtenção dos extratos bancários. Não aplicação do art. 6º da Lei Complementar 105/01. NULIDADE FALTA DE MOTIVO PARA IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONSABILIZADOS SOLIDARIAMENTE ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DAS NORMAS LEGAIS DE MULTA QUALIFICADA A ausência de motivo ou seu erro e não sua insubsistência fulmina o lançamento por vício substancial. Não há ausência nem erro de motivo seja para a multa qualificada, seja para a responsabilização solidária. Quanto a esta, inconfundível é a questão de fundo para a legitimidade passiva. O mero erro na capitulação legal não vitima o lançamento. NULIDADE OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL ART. 3º DA LEI 9.784/99 A exegese extraível da Lei 9.784/99 é a de que o processo administrativo nele referido corresponde ao processo administrativo fiscal propriamente dito, ou seja, ao que se instala com a pretensão resistida (contencioso), e não ao procedimento fiscal. Inexistência de agressão ao devido processo legal. OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM INCOMPROVADA SALDO CREDOR DE CAIXA Os lançamentos não se deram por omissão de receitas por saldo credor de caixa. Este se prestou a reforçar a outra presunção legal de omissão de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 70 7. 00 66 90 /2 00 9- 30 Fl. 2964DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.578 2 receitas, base dos lançamentos a de depósitos bancários de origem incomprovada, que foram apurados com o preenchimento dos requisitos legais, nomeadamente, a individualização dos créditos para intimação da comprovação de sua origem. Contraprova não produzida pelas recorrentes. GLOSA DE PREJUÍZOS FISCAIS E BASES NEGATIVAS DE CSLL Glosa consequente à apuração de receitas omitidas é de rigor. Se derruídos os lançamentos de IRPJ e de CSLL, restabelecemse os prejuízos fiscais e as bases negativas de CSL. IRRF PAGAMENTO SEM CAUSA O sentido da lei ao falar de pagamento sem causa é: como não se identifica a causa da transferência de recurso a terceiro, temna como rendimento por ele auferido e omitido, recaindo a incidência tributária na fonte pagadora. A essa presunção legal relativa não foram apresentadas contraprovas. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA A omissão de receitas associada ao uso de “laranjas” como sócios e ao conjunto probatório dos autos denuncia a concorrência de interesse comum da Cactus Mão de Obra, da sra. Jeane e do sr. José Lino, nas situações configuradoras dos fatos geradores das obrigações tributárias. MULTA QUALIFICADA A simulação subjetiva, com uso de homensdepalha sem capacidade econômica, associada à omissão de receitas fortalecida com a evidência de saldo credor de caixa denuncia o elemento subjetivo do tipo. Juízo de valor preponderante para e pela simulação subjetiva a acusar o concurso de dolo específico, para manutenção da multa qualificada. DECADÊNCIA Mantida a multa qualificada, fica prejudicada a questão da decadência, por ser aplicável o prazo do art. 173, I, do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade e negar provimento aos recursos, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Takata Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marcos Shigueo Takata, Mário Sérgio Fernandes Barroso, Eduardo Martins Neiva Monteiro, Sérgio Luiz Bezerra Presta e Aloysio José Percínio da Silva. Fl. 2965DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.579 3 Relatório DO LANÇAMENTO Tratase de autos de infração de IRPJ, PIS, CSL, COFINS e IRRF referentes aos anoscalendário de 2004 e 2005, cujos instrumentos específicos dos autos de infração se encontram nas fls. 2 a 19 (IRPJ), 20 a 33 (CSL), 34 a 44 (PIS), 45 a 61 (COFINS) e 62 a 77 (IRRF). Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias da empresa autuada, foram apuradas as seguintes infrações: omissão de receitas por depósitos bancários de origem não comprovada; glosa de prejuízos compensados indevidamente; pagamentos sem causa. A contribuinte tomou ciência da ação em 29/11/2006 e, findo o prazo de 20 (vinte) dias para apresentação dos livros e documentos solicitados, sem qualquer manifestação em apresentálos, foi novamente intimada em 22/01/2007, tomando ciência em 26/01/2007, conforme fl. 91 dos presentes autos. Conforme o termo de intimação de fls. 213 a 230, foi solicitada apresentação de documentação hábil e idônea para comprovação dos débitos constantes no Anexo I e créditos constantes no Anexo II. Em análise aos extratos bancários, Livro Razão e respostas da contribuinte, a autoridade fiscal verificou ser inidônea a escrituração contábil mantida e apresentada pela recorrente. Sendo assim, restou claro ser irreal a justificativa de que a conta caixa fosse a origem e também a saída dos créditos bancários. A contribuinte registrou créditos na conta caixa contra débitos na conta bancos, mas se tornou evidente que estes valores, na verdade, foram transferências feitas por outras pessoas jurídicas. Observouse também que o contribuinte escriturou débitos na conta caixa contra créditos na conta bancos, contudo, tornouse inequívoco que as saídas foram, na verdade, para outras empresas. Além disso, não foram identificadas na contabilidade operações que justificassem os depósitos realizados por terceiros, vale dizer, não há registro contábil na conta clientes a dar amparo a depósitos nas contas bancárias. O autuante reconstituiu a conta caixa, excluindo as saídas que não ocorreram e desconsiderando entradas que também não ocorreram, de forma que a conta caixa passou a apresentar saldo credor, conforme fls. 1021 a 1187. Dessa forma, os créditos bancários de fls. 1208 a 1209, bem como os de fls. 1210 a 1212 não se encontram justificados pela escrituração contábil, caracterizando omissão de receitas por depósitos bancários de origem não comprovada conforme art. 42 da Lei 9.430/96. Além disso, há créditos bancários, fls. 1210 a 1212, que não foram escriturados contabilmente. Foram reconstituídos também os prejuízos fiscais e bases negativas da CSL constantes do sistema SAPLI. Não foram discriminados os créditos nos demonstrativos de fls. 1204 a 1212 porque estes foram considerados comprovados. Fl. 2966DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.580 4 Intimada e reintimada a contribuinte a comprovar a razão das saídas das contas bancárias, não logrou esclarecer a finalidade, tampouco comproválas, e não pôde ser justificado pela contabilização, caracterizando pagamentos sem causa, em face do que se exigiu IRRF. Outros fatos tornaram também constatado ajuste doloso entre diversas pessoas físicas e jurídicas com o intuito de não recolher os tributos devidos. De acordo com os documentos de fls. 179 a 182, a recorrente alega não ter ligação com as empresas do grupo Cactus/ADS. Por outro lado, provas acostadas aos autos deixaram evidente a ligação entre as empresas em questão. Entre elas, as seguintes. A sra. Jeane Alves de Oliveira, sócia da empresa Cactus Locação de Mão de Obra Ltda., possui procuração das contas bancárias da empresa fiscalizada. Em diversas oportunidades, funcionários da ADS dirigiamse à autoridade fiscal para entregar os documentos por ela solicitados, usando, inclusive, uniforme e crachá de identificação, conforme se observa do documento à fl. 194, entregue pelo sr. Manoel Raimundo da Costa Filho, em que há registro da indumentária por ele utilizada nesta oportunidade. DAS IMPUGNAÇÕES Irresignada, a empresa Trevizzano, fiscalizada, apresentou impugnação em 5/01/2010, de fls. 1320 a 1349, em que aduz, em síntese, o que segue. Pugna a recorrente, preliminarmente, pela nulidade dos lançamentos sob a argumentação de haver decaído o direito da autoridade fiscal de realizálos. E, ainda, que não houve apresentação de provas a corroborarem a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, bem como não foi concedido à recorrente o direito de defenderse de tais acusações, sendolhe tolhidas as garantias constitucionais do devido processo legal, caracterizando, portanto, cerceamento de defesa. Alega ser nula a utilização das informações financeiras e extratos bancários, tendo em vista não ter a autoridade fiscal apresentado qualquer prova sobre a obtenção e fornecimento de tais documentações, sequer ofícios trocados entre o fisco, as instituições financeiras e o Poder Judiciário. No que concerne à origem dos recursos, afirma ter optado por forma diferente, porém lícita, para escriturar suas movimentações bancárias, que consiste em escriturar no caixa as entradas e saídas de numerário, e as movimentações bancárias em separado em suas contas próprias. Acrescenta ainda que cabe ao fisco apresentar contraprova de que as provas apresentadas pela recorrente não têm força para infirmar os fundamentos do lançamento. Sobre a glosa de prejuízos fiscais, afirma estar a matéria sub judice, não podendo a fiscalização efetuar qualquer glosa de prejuízos fiscais e/ou bases de cálculo negativas de CSL antes do deslinde da causa. Fl. 2967DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.581 5 Argui nulidade dos autos de infração por erro de direito, no caso erro de tipo legal, na imputação das multas qualificadas. Acerca da cobrança do IRRF, alega que a tributação da omissão de receitas não pode conviver com a exigência daquele. Uma vez reconhecida como omissão de receitas, o valor tido como tal se encontra livre para movimentação, inclusive para distribuição aos sócios. Não subsiste a exigência de IRRF por pagamento sem causa, diante da exigência de IRPJ e de CSL por omissão de receitas. Informa que os saques ocorridos na conta banco não evidenciam realização de pagamentos, mas simples retiradas das contas bancárias, podendo seus valores serem utilizados de diversas formas, a depender da escrituração contábil da própria conta caixa. Entende, inclusive, ser ilegal o ajuste realizado na base de cálculo. Quanto ao agravamento da multa de ofício, pugna pela não ocorrência, tendo em vista não ter ocorrido o requisito básico para sua caracterização, qual seja, o evidente intuito de fraude. Ademais, toda a tributação foi realizada com base em presunção relativa. Requereu a extinção da totalidade do crédito tributário em razão de decadência, inaplicabilidade e ilegalidade da exigência de multa agravada, do erro de direito, bem como em função de todos os fundamentos fáticos e jurídicos expostos. Também insatisfeita, a empresa Cactus, o sr. José Lino da Silva e a sra. Jeane Alves de Oliveira, responsáveis solidários, apresentaram impugnação em 8/01/2010, de fls. 1359 a 1384, em que aduzem, em síntese, o que segue. Informam eles, caracterizados como responsáveis solidários, não terem sido intimados de qualquer ato do procedimento fiscal, não lhes havendo sido facultado manifestar se sobre os documentos utilizados pela fiscalização para os vincular à Trevizzano Locação de Mão de Obra Ltda. Alegam impossibilidade de instrumentalização da relação de solidariedade entre os recorrentes José Lino da Silva e Jeane Alves de Oliveira e a empresa Trevizzano, tendo em vista que a pessoa física não pode praticar fato gerador de obrigação tributária própria de pessoas jurídicas em virtude de vedação legal. E ainda porque embasado em documento cujas disposições não constam dos autos. Entendem não haver motivação para o lançamento, vez que os motivos em que se assenta o termo de sujeição passiva solidária não se encontram nos autos, o que torna o lançamento presuntivo e subjetivo, sem qualquer prova documental, não existindo os pressupostos fáticos e jurídicos hábeis a embasar o enquadramento dos recorrentes como contribuinte do tributo exigido. Aduz a inconstitucionalidade do procedimento, sob o argumento de ferir o princípio do devido processo legal, já que, ausente a fundamentação, ficam os recorrentes impedidos de exercitar seu direito de defesa por não terem conhecimento das acusações que lhe são imputadas. Requerem seja declarada inexistente a relação jurídica de sujeição passiva entre os impugnantes e a Trevizzano Locação de Mão de Obra Ltda., e a exoneração daqueles da responsabilidade pelo crédito tributário. Fl. 2968DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.582 6 DA DECISÃO DA DRJ Em 16/09/2010 acordaram os membros da 3ª Turma de Julgamento da DRJ de Recife, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação, mantendo integralmente o crédito tributário lançado, a ser exigido com aplicação da multa de 150% e juros de mora, de acordo com o entendimento que segue. Não se observou dos autos nenhum indício de que se proferiu despacho com cerceamento do direito de defesa ou de que o lançamento tenha sido efetuado por agente incapaz. Tampouco há dúvidas sobre a origem dos documentos anexados aos autos. De acordo com o documento de fl. 171, o processo de nº 2006.84.00.0031700 foi encaminho à Delegacia da Receita Federal em Natal “de forma a possibilitar as investigações em curso referentes às pessoas físicas e jurídicas nele mencionadas”. Bem como foram juntados aos autos, para comprovação, cópias do Ofício 0002.0018133/2006, originário da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte – Segunda Vara e do Ofício 425/DRF NAT/Safis, originário da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Natal e da decisão acima citada, ao contrário do que alegado pela recorrente. Acerca da alegação de decadência do prazo para lançamento, entendese que, apesar do disposto no art. 150, § 4º, do CTN, deve ser observada a ressalva realizada ao final do dispositivo de que não será aplicado quando da ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o que leva necessariamente à observação do art. 173, I, do CTN. E, no caso em questão, na apreciação da qualificação da multa de ofício, constatouse a intenção de fraudar o fisco. Sendo assim, o prazo decadencial relativo ao fato gerador mais longínquo (janeiro/2004) tem como termo inicial o primeiro dia de 2005, não tendo transcorrido mais de cinco anos entre a data da ciência dos autos de infração e esse dia, não havendo, portanto, decadência. Não merece prosperar também alegação de necessidade de comprovação da omissão de receitas por presunção legal por depósitos bancários de origem incomprovada. À vista de fato jurídico que enseje a formalização do crédito tributário, a administração pública vêse obrigada a efetuálo, tendo em vista ser a sua atividade vinculada e obrigatória, salvo se houver declaração de inconstitucionalidade em decisão definitiva do STF, o que não é o caso. Esclarece que não compete à autoridade fiscal a apresentação de provas sobre a omissão de receita por presunção legal, e sim ao contribuinte, quando intimado, para apresentar documentação hábil e idônea que justifique a origem, o valor e data da percepção do crédito. Acentua que o erro na capitulação legal não é caso de nulidade dos lançamentos. Quanto à alegação de que não poderia conviver a tributação de omissão de receita com a de IRRF, esclarece que quando não comprovada a operação ou a sua causa há incidência de IRRF, o que efetivamente ocorreu quanto aos débitos relacionados às fls. 1213 a 1219. Dessa forma, menor importância afigurase a alegação de que não teria havido comprovação de pagamentos. E, ainda, por toda a documentação analisada, não restaram dúvidas sobre a intenção deliberada (dolo) de burlar o fisco por meio da prática de sonegação e conluio. No concernente à sujeição passiva solidária, esclarecese que o tema não há de ser abordado pela DRJ, visto que não surtiria qualquer efeito frente à ausência de Fl. 2969DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.583 7 competência para tanto. A competência, neste caso, é da Procuradoria da Fazenda Nacional. E, ainda que não conste do termo de inscrição o nome dos coresponsáveis, a Procuradoria, no curso do processo, pode solicitar o redirecionamento da execução. O que se decidiu quanto ao lançamento do IRPJ estendese aos lançamentos dele decorrentes, em virtude da íntima relação de causa e efeito que os vincula. DO RECURSO VOLUNTÁRIO Inconformada com a decisão, a recorrente Trevizzano apresentou recurso voluntário de fls. 1432 a 1461, em 1º/02/2011, alegando, em síntese, as mesmas razões da impugnação, e ainda o que segue. Acrescenta a recorrente Trevizzano que o fisco obteve dados bancários da recorrente de modo artificial e sem autorização judicial para tanto. Entende que, com base na Lei Complementar 105/01 e no Decreto 3.724/01, a fiscalização violou o sigilo de dados do contribuinte com a sua obtenção sem qualquer amparo legal. Afirma não ser aceita a quebra de sigilo bancário sem ordem judicial, razão pela qual acredita ser imperativo o cancelamento dos autos de infração por serem lastreados em informações obtidas pela Receita Federal em decorrência de quebra de seu sigilo bancário. E, após irresignação quanto à decisão da 3ª Turma da DRJ/Recife sobre não enfrentamento da sujeição passiva solidária por se tratar de matéria alheia a sua competência, alega não terem sido os sujeitos passivos solidários intimados de todos os atos do procedimento fiscal, o que lhes cerceou o direito de defesa. Afirma que a DRJ furtouse de apreciar as impugnações apresentadas pelos arrolados como solidários das obrigações decorrentes dos lançamentos, o que implica a impossibilidade de, no futuro, responderem por fatos conjecturados pelo auditor fiscal. Fundamenta, ainda, que a circunstância de relacionamento entre empresas do mesmo ramo não tem condão de gerar responsabilidade pelo cumprimento de obrigações fiscais vinculadas à relação. Também, as ligações entre os sócios da recorrente com outras empresas do mesmo ramo e das relações familiares com o sr. José Lino da Silva e sra. Jeane Alves de Oliveira não são suficientes para provar o fato imputado, de acordo com o art. 368 do Código de Processo Civil. E, ainda, a mera presunção não é admitida para caracterizar a solidariedade, ainda que fosse possível sua caracterização quanto à pessoa física. Pelo exposto, requer a exclusão dos responsáveis solidários da relação jurídica em comento e, alternativamente, a determinação de apreciação da impugnações apresentadas pelos sujeitos passivos solidários, assegurandolhes o devido processo legal, bem como o duplo grau de jurisdição administrativa, corrigindo a supressão de instância perpetrada pela DRJ. Requer o cancelamento das exigências constantes dos autos de infração em razão da decadência, inaplicabilidade e ilegalidade da multa agravada e do erro de direito. DO ACÓRDÃO DO CARF Fl. 2970DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.584 8 Em sessão do dia 8/5/2012, a 3ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF, mediante o Acórdão nº 110300.676, por unanimidade de votos, decidiu dar provimento parcial ao recurso para que os autos retornem ao órgão julgador (ou poderia ser a 3ª Turma da ....) de origem para elaboração de decisão enfrentando a questão relativa à responsabilidade tributária solidária da Cactus Locação de Mão de Obra Ltda., da sra. Jeane Alves de Oliveira e do sr. José Lino da Silva. O acórdão foi assim ementado: RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA – APRECIAÇÃO PELO ÓRGÃO JULGADOR ADMINISTRATIVO Aos responsabilizados solidariamente assiste o direito de reação à pretensão fiscal contra eles dirigida, a qual só se pode dar com o devido motivo, subsistente ou não – matéria de fundo da legitimidade passiva. O direito à ampla defesa e ao contraditório, uma vez ultimados os lançamentos, não pode ser subtraído a quem se imputa a sujeição passiva, no processo administrativo. A Carta Maior assegura aos acusados em geral esse direito em processo administrativo, com os meios e recursos a ele inerentes. O PAF não deserta o sujeito passivo, na qualidade de responsável solidário, do direito de ampla defesa e do contraditório, em dupla instância. Autos que devem retornar ao órgão julgador de origem para enfrentamento da questão. DA NOVA DECISÃO DA DRJ Em 31/7/2012 acordaram os membros da 3ª Turma de Julgamento da DRJ de Recife, por unanimidade de votos, confirmar a imputação da sujeição passiva de Cactus Locação de Mão de Obra Ltda., Jeane Alves de Oliveira e José Lino de Oliveira, de acordo com o entendimento que segue. Entendeuse ser inelutável o fato de que os recorrentes se enquadram na previsão do art. 124, I, do CTN, visto que tiveram interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal. Esse interesse se evidenciou através do conluio, o “ajuste doloso” entre as partes, almejando a sonegação. A respeito do assunto, apresentou, à fl. 2909, entendimento de Hugo de Brito Machado e julgados proferidos pelo TRF da 4ª Região e pelo antigo 2º Conselho de Contribuintes. Conforme se viu no voto condutor do Acórdão DRJ nº 1131.075, os sócios da empresa Trevizzano eram, na verdade, “laranjas”, pelo fato de não possuírem capacidade econômica compatível com o porte da empresa, “a qual estava umbilicalmente ligada à Cactus Locação de Mão de Obra Ltda.”, bem como à sra. Jeane Alves de Oliveira e ao sr. José Lino de Oliveira, conforme documentos de fls. 1543 a 1570. O fato de as pessoas físicas não serem contribuintes dos tributos lançados não constitui impedimento para a imputação do art. 124, I, do CTN, da mesma maneira que não há impedimento no caso de se tratar de sócio da empresa. Acerca do lançamento do IRRF, caso estivessem corretas as alegações das recorrentes, afirmou que o “pagamento sem causa efetuado a empresa sob o mesmo controle Fl. 2971DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.585 9 ficaria fora do campo de incidência da regra matriz” – art. 61, § 1º, da Lei 8.981/95 – fato que não possui respaldo lógico ou legal. Quanto à ausência de intimação na fase fiscalizatória, afirmou que esta é marcada pelo princípio inquisitivo, caracterizado, grosso modo, pela busca da verdade real, independentemente de iniciativa ou de colaboração da parte interessada. Para finalizar, afirmou que os princípios do contraditório e da ampla defesa, na esfera tributária, devem ser observados após a instauração do litígio, que ocorre a partir da apresentação da impugnação. DO NOVO RECURSO VOLUNTÁRIO Inconformadas com a nova decisão, as recorrentes responsabilizadas solidariamente apresentaram recurso voluntário de fls. 2918 a 2944, em 26/9/2012, alegando, em síntese, o que segue. Inicialmente trataram sobre a ausência de motivação do lançamento tributário, sob o argumento de que a fiscalização não teria carreado aos autos elementos de prova que configurassem a relação de sujeição passiva dos recorrentes face à obrigação tributária. Assim, deixando de cumprir a necessidade de identificação dos sujeitos passivos. Nesse sentido, colacionou à fl. 2924 julgado proferido pelo antigo 1º Conselho de Contribuintes. Também foi alegada violação ao princípio do devido processo legal. Isso porque as recorrentes não puderam ter acesso aos argumentos e razões de direito do ato administrativo que lhe imputaram a responsabilidade solidária junto à empresa Trevizzano Locação de Mão de Obra Ltda. Dessa forma os recorrentes ficaram impedidos de exercitar seu direito à ampla defesa e ao contraditório, tendo em vista o fato de não terem tomado conhecimento das imputações que lhe foram dirigidas. Ponderaram que, além do que ocorre quanto ao desrespeito ao princípio do devido processo legal, outras razões também ensejam a nulidade do presente processo. A esse respeito, afirmou que os sujeitos passivos constantes dos autos de infração não receberam nenhuma intimação, nem referente ao início da fiscalização, nem acerca de qualquer outro ato do procedimento fiscal, o que fez com que não pudessem se pronunciar sobre os documentos juntados como prova emprestada ao presente processo oriunda de processo judicial. Sobre a manutenção da sujeição passiva das recorrentes expressa no acórdão recorrido, afirmou que esse se fundamentou em excerto de voto proferido em outro feito, sem nenhuma referência ou identificação do processo administrativo no qual foi exarado. Dessa forma, não poderia ser lançado ao presente processo, uma vez que foi baseado em conjunto de fatos e provas diverso, sem poder ser comprovada a adequação supostamente existente entre ambos. Equivale a dizer que não há nenhuma indicação de que as circunstâncias apuradas nos autos de que se louvou a DRJ de Recife versam sobre os mesmos fatos jurídicos, sujeitos passivos, tributos, período de apuração e quaisquer outros elementos que justificassem sua utilização no presente processo. Fl. 2972DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.586 10 Ademais, a previsão do art. 124, I, do CTN, exige que as pessoas envolvidas tenham interesse comum na situação ensejadora do fato gerador da obrigação principal, o que não ocorreu no presente caso. E, ainda que se comprovasse serem os recorrentes os verdadeiros sócios da pessoa jurídica, isso não resultaria em sujeição passiva solidária, tendo em vista que não praticaram o fato gerador da obrigação tributária. Na verdade, poderiam figurar apenas como responsáveis pelo adimplemento do débito fiscal na condição de terceiros, conforme previsão do art. 135 do CTN ou art. 50 do Código Civil. Quanto às pessoas físicas, não houve nenhum fato capaz de comprovar que tenham sido beneficiárias de numerários advindos da Trevizzano Locação de Mão de Obra Ltda.. Também não foram apresentados elementos suficientes a comprovar que a Trevizzano Locação de Mão de Obra Ltda. e a Cactus Locação de Mão de Obra Ltda. se tratassem de uma só empresa. Outro fato que tem o fito de evidenciar a inexistência de solidariedade entre as empresas é a cobrança do IRRF supostamente devido sobre pagamentos sem causa. Isso porque a empresa Cactus recebeu quantias pagas pela empresa Trevizzano. Se solidárias fossem, a Cactus teria efetuado pagamentos sem causa que teriam sido realizados por ela mesma. Ocorreria, portanto, a contraditio in terminis, visto que aquele que recebeu foi responsabilizado pela realização do pagamento. Após tecer considerações sobre as possibilidades de solidariedade e responsabilidade de terceiros, afirmou que a sujeição passiva solidária imputada às recorrentes não possui respaldo jurídico apto a sustentála, tendo em vista que a fiscalização não logrou demonstrar sua participação na realização dos fatos geradores. Com o intuito de corroborar suas alegações, apresentou entendimento doutrinário, bem como julgados proferidos pelo STJ e pelo CARF. Pelo exposto, requereu a modificação do acórdão de nº 11037.742, proferido pela 3ª Turma da DRJ de Recife, para declarar a inexistência de relação jurídica de sujeição passiva solidária entre as recorrentes e a Trevizzano Locação de Mão de Obra Ltda., exonerandoas da responsabilidade pelo crédito tributário veiculado através da autuação fiscal. É o relatório. Fl. 2973DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.587 11 Voto Conselheiro Marcos Takata Os recursos são tempestivos e atendem aos demais requisitos de admissibilidade. Deles, pois, conheço. Como se viu do relatório, os autos deste feito haviam retornado ao órgão julgador de origem para enfrentamento da questão dos responsabilizados solidariamente, conforme o acórdão nº 110300.676, de minha relatoria, da sessão de 8/5/12. A 3ª Turma da DRJ/Recife decidiu a respeito dos responsabilizados solidariamente, mantendoos como sujeitos passivos, nos termos do acórdão nº 1137.742. Toda a matéria controvertida agora é devolvida a este órgão julgador ad quem. Principio com a apreciação das preliminares de nulidade. As recorrentes invocam nulidade dos lançamentos por inexistir autorização judicial para o acesso aos extratos bancários da recorrente. Alega que não houve a autorização para tanto no processo 2006.84.00.0031700, em curso na Justiça Federal de RN. Assim, a aplicação do art. 6º da Lei Complementar 105/01 ofende o direito fundamental ao sigilo bancário. Como se vê dos autos (v. entre outras, as fls. 170 a 173), é inegável a consecução da autorização judicial para a obtenção dos extratos bancários em dissídio. Descabida também a alegação de ilegitimidade processual para a Receita Federal para obtenção de tal autorização judicial. Inexiste, no caso vertente, aplicação do art. 6º da Lei Complementar 105/01, conformando o acesso aos extratos e dados bancários mediante autorização judicial. Rejeito, portanto, essa preliminar de nulidade. Arguem as recorrentes nulidade dos lançamentos por erro na indicação das normas legais de multa qualificada, bem como por falta de motivo quanto à identificação dos supostos responsáveis solidários. Por diversas vezes já me manifestei que o mero erro na capitulação legal não é causa de nulidade. Fundamental é o motivo do lançamento. A ausência desse ou seu erro (e não simplesmente insubsistência) fulmina o lançamento por vício substancial, ainda que a capitulação legal se encontre correta. Não há ausência nem erro de motivo para aplicação da multa qualificada, tampouco para as responsabilizações solidárias. A inovação do lançamento, que sabidamente é vedada ao órgão julgador, se dá quando ele modifica ou inclui motivo do lançamento. Daí também não existir, a meu ver, inovação “negativa” do órgão julgador, quando este derrui o lançamento por fundamento jurídico diverso ao articulado pelo contribuinte. Motivo do lançamento é equivalente à causa Fl. 2974DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.588 12 petendi da ação judicial, e não se confunde com fundamentação jurídica, tampouco com capitulação legal. O cerne é o motivo do lançamento. O motivo dos lançamentos se encontr claramente deduzido – como aliás se evidenciará ao longo do voto, quando passar a enfrentar as questões meritum causae. O que não significa ser subsistente ou insubsistente, total ou parcialmente. Ainda, diversa coisa é a questão de fundo quanto à legitimidade passiva dos supostos responsáveis solidários, como já havia dito no acórdão nº 110300.676, no qual se determinou o retorno dos autos ao órgão julgador a quo, para exame da responsabilidade solidária. Essa questão de fundo ou de “mérito” da legitimidade passiva irei examinála adiante. Por consequente, rejeito tal preliminar de nulidade. As recorrentes alegam nulidade, por ofensa ao princípio do devido processo legal, do direito à ampla defesa e do contraditório, e, sua concreção mediante a Lei 9.784/99, especialmente seus art. 3º, 26 e 28, da Lei 9.784/991, por falta de intimação às pessoas 1 Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: I ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; II ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas; III formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; IV fazerse assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação, por força de lei. Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências. § 1º. A intimação deverá conter: I identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa; II finalidade da intimação; III data, hora e local em que deve comparecer; IV se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazerse representar; V informação da continuidade do processo independentemente do seu comparecimento; VI indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. § 2º. A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data de comparecimento. § 3º. A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado. § 4º. No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial. § 5º. As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade. Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado. Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla defesa ao interessado. Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse. Fl. 2975DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.589 13 responsabilizadas solidariamente, quanto aos atos praticados durante o procedimento que desembocou nos atos de lançamento. O procedimento fiscal que desemboca no ato do lançamento não se confunde com processo administrativo (na dicção do art. 142 do CTN, o lançamento é “o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível”). O lançamento e o procedimento fiscal para tanto são governados pelo princípio inquisitório, ao passo que o contencioso inaugurado pela resistência à pretensão fiscal é dominado pelo princípio do contraditório e da ampla defesa. Daí se dizer que o procedimento fiscal para o lançamento é informado pelo princípio do formalismo, e o processo administrativo gerado pela pretensão resistida é dominada pelo princípio do informalismo. Não por menos, a doutrina italiana distingue a chamada instrução primária da instrução secundária. Aquela orienta a relação jurídicoformal do lançamento, e a última governa a relação jurídicoprocessual. A instrução primária é ônus da fiscalização. A instrução secundária é a decorrente do contraditório e da ampla defesa. Transplantando a aplicação subsidiária da Lei Geral do Processo Administrativo Federal (Lei 9.784/99) ao processo administrativo fiscal federal, a exegese extraível é a de que o processo administrativo referido pela Lei 9.784/99 é a de que (Lei Geral do Processo Administrativo Federal) corresponde ao processo administrativo fiscal propriamente dito, i.e., ao que se instala com a pretensão resistida (contencioso), não ao procedimento administrativo fiscal. A isso conduz também a interpretação sistemática da Lei 9.784/99. O processo administrativo versado nesse diploma não é o procedimento fiscal que culmina no ato de lançamento. Isso fica claro até do art. 3º, II, dessa lei invocado pela recorrente (“tramitação dos processos”, “vista dos autos” – que só se formam após o lançamento, “decisões”). Conquanto seja comum se falar em fase inquisitória do processo administrativo, para designar o procedimento fiscal que culmina no ato do lançamento, e em fase contenciosa do processo administrativo, para identificar o processo propriamente dito, não me resulta dúvidas de que o processo administrativo, tal como referido pela Lei 9.784/99, cuida do processo administrativo propriamente dito, em matéria tributária. Vício haveria, e substancial, nos lançamentos (fim do procedimento fiscal) se o contribuinte não tivesse sido intimado, por ex., para comprovação da origem dos depósitos bancários. Corolário do quanto deduzido é a inexistência de agressão ao devido processo legal e ao amplo direito de reação dos sujeitos passivos. Outrossim, rejeito a preliminar de nulidade em causa. Fl. 2976DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.590 14 Há ainda a preliminar de mérito de decadência posta pela recorrente. Disso tratarei adiante, em face da imputação de multa qualificada. Passo ao exame do mérito. OMISSÃO DE RECEITAS: DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM INCOMPROVADA – SALDO CREDOR DE CAIXA Alega a contribuinte que o autuante não apresentou prova de que os valores sacados da conta banco não ingressaram na conta caixa. Também que, uma vez desconsideradas as entradas na conta caixa, impunhase excluir igualmente as saídas correspondentes, na recomposição da conta caixa, vez que se os valores pagos saíram da conta banco, não haveriam como ter sido lançados contra conta caixa. Ainda, articula que os depósitos bancários têm origem nas receitas das atividades empresariais da contribuinte. Em nenhuma hipótese poderia o autuante dizer que os depósitos não se originaram de receitas. E, para saldo credor da conta caixa, necessário que as saídas sejam superiores às entradas e ao saldo anterior, de modo que se há saldo credor e este denuncia omissão de receitas, significa que os depósitos tiveram origem em receitas. Noutras palavras, não se poderia alegar omissão de receitas por depósitos bancários de origem incomprovada. Prossegue bradando com veemência que o saldo credor da conta caixa não impede o uso dos recursos de caixa para comprovação dos depósitos bancários, e, se estes concorrem para apuração de saldo credor de caixa, é porque os depósitos têm sua origem comprovada, a conta caixa. De início, pontuo o seguinte. Parece não ter percebido a contribuinte que o motivo da autuação, ou melhor, a apuração da omissão de receitas não se deu com base em saldo credor de caixa, mas com suporte em depósitos bancários de origem incomprovada, presunção legal juris tantum de omissão de receitas (art. 42 da Lei 9.430/96). Ora, ao afirmar a contribuinte que os depósitos bancários sem causa tiveram origem em receitas de sua atividade empresarial, ela simplesmente confessa que sua escrituração contábil se encontrava desfalcada do registro de tais receitas como contrapartida do ingresso na conta banco (ou como contrapartida de ativo “a receber”, não contabilizado, e quando do recebimento, o lançamento a débito na conta banco contra a baixa – lançamento a crédito – em “a receber”). Quer dizer, a contribuinte simplesmente confessa que a origem dos créditos era incomprovada, segundo sua escrituração contábil, ao registrar errônea ou falsamente (não ingressarei no juízo sobre erro ou falsidade) a contrapartida do lançamento a débito na conta banco (ingressos ou depósitos bancários) a crédito na conta caixa (quando seria a crédito de receitas, ou a crédito de “a receber” como descrito acima). Fl. 2977DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.591 15 Noutro ângulo, a contribuinte, ao invés de fazer a contraprova de que os depósitos bancários não correspondem a omissão de receitas – pois o ônus da prova é dela em face da presunção legal juris tantum – reforça essa presunção de omissão de receitas. E reforça também a confissão e a escrituração contábil errônea ou falsa, ao consignar que o lançamento da contrapartida dos depósitos bancários se dera a crédito da conta caixa, com aparecimento do saldo credor de caixa. O saldo credor de caixa detectado pelo autuante, mediante a reconstituição da conta caixa, se prestou para reforçar outra presunção legal de omissão de receitas: a de depósitos bancários de origem incomprovada, i.e., de que a contribuinte deixara de reconhecer receitas correspondentes aos depósitos bancários, escriturando indevidamente entradas e saídas das contas de depósito bancárias na conta caixa. Por que o saldo credor de caixa é eleito como presunção legal de omissão de receitas (reproduzida no art. 281, I, do RIR/99)? Simplesmente porque sua detecção, que, ordinariamente se faz por reconstituição da conta caixa, denuncia uma pretérita omissão de receitas ocorrida, ao se manter à margem da escrituração contábil recursos que haviam sido recebidos, os quais em determinado momento posterior se faz necessário ou conveniente ter seu uso registrado contabilmente para baixa de um passivo contabilmente registrado ou contra uma despesa. É claro que, ordinariamente, uma pessoa não deixará a conta caixa com saldo credor formalmente. A cobertura do saldo credor efetivo da conta caixa se dá por registro a débito nessa conta sem correspondência com a realidade. Por ex., em contrapartida a um fictício adiantamento de clientes (a crédito) ou mesmo em contrapartida a uma irreal destinação de uso de recursos da conta banco (a crédito na contabilidade do contribuinte). Pois bem. O autuante verificou que os ingressos bancários tiveram sua contrapartida contábil registrada a crédito na conta caixa, e que as saídas bancárias tiveram sua contrapartida contábil registrada a débito na conta caixa. A conta caixa foi usada como “ponte irreal“ para os ingressos e saídas bancárias estas eram destinadas à conta caixa (débito nesta conta) e as saídas da conta caixa (crédito) eram registradas contra os ingressos bancários (débito na conta bancos na contabilidade da contribuinte). Esclareço. Examinando os extratos bancários, o Livro Razão e os esclarecimentos da contribuinte, o autuante constatou que os depósitos bancários não tiveram origem na conta caixa (crédito nessa conta), mas em valores depositados por outras pessoas jurídicas. E que as saídas bancárias não foram para a conta caixa (débito nessa conta), mas para contas bancárias de outras pessoas, i.e., os recursos saíram da conta bancária para contas de outras pessoas. Isso se encontra discriminado nas fls. 1204 a 1207. É óbvio que houve muito mais saídas bancárias registradas em contrapartida 7 da conta caixa (ingressos irreais nessa conta). Dessa forma, o autuante reconstituiu a conta caixa, expurgando os débitos e créditos irreais, aflorando o saldo credor de caixa. Fl. 2978DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.592 16 Mais. Os lançamentos não se deram com base em omissão de receitas por saldo credor de caixa. Como já disse, este se prestou a reforçar a omissão de receitas por depósitos bancários de origem incomprovada. Ou seja, o saldo credor de caixa evidenciou a escrituração contábil incorreta dos depósitos bancários, e que, se corretamente escriturados, acusariam o registro contábil de receitas – presunção legal de omissão de receitas por deópistos bancários de origem incomprovada, reforçada por aquela escrituração contábil com aparecimento do saldo credor de caixa. A propósito ainda do saldo credor de caixa, contraditória é a alegação da contribuinte ao sustentar que se impunha a exclusão das saídas da conta caixa na recomposição desta. É que, para tanto, alega: “se os valores pagos foram retirados diretamente pela conta banco não haveriam de ser lançados na conta caixa”. Ora, tal arguição é de flagrante contradição: a saída da conta banco lançada contra a conta caixa é o lançamento a débito (entrada) na conta caixa! Quer dizer, o que poderia é haver a entrada na conta caixa, para se pretender dizer que tal entrada deve ser reconhecida (e não excluída) na recomposição da conta caixa. O descrito pela contribuinte, conforme a transcrição retro, não é saída da conta caixa (lançamento a crédito), então, como falar que a saída da conta caixa se impunha ser excluída? E se excluir a entrada da conta caixa só contribui para aflorar o saldo credor de caixa. Mesmo diante dessa contradição, tratarei da exclusão das saídas da conta caixa logo adiante. Constato que houve o preenchimento dos requisitos legais para a aplicação da hipótese legal de presunção de omissão de receitas em comentário. Houve intimação e reintimação para a contribuinte comprovar a origem dos depósitos bancários devidamente individualizados (fls. 213, 224 a 229), e constantes no Anexo II do Termo da Intimação Fiscal de 17/06/09. Houve parcial comprovação dessa origem, resultando a aplicação da hipótese legal presuntiva de omissão de receitas sobre a parte incomprovada, em que a escrituração contábil não correspondeu à realidade quanto à origem dos depósitos bancários. E a contribuinte não apresentou contraprova de que os depósitos bancários não correspondem a omissão de receitas. Desnecessárias mais palavras para se constatar o despautério da contribuinte em sua enfática increpação contra os lançamentos. Aliás, contrariamente ao alegado por ela, na reconstituição da conta caixa, foram expurgadas as saídas (lançamentos a crédito) de caixa irreais lançadas em contrapartida a débito na conta bancos na contabilidade da contribuinte (ingresso de recursos bancários). É a exclusão que havia mencionado abordar. Sob o manto dessas considerações, nego provimento ao recurso quanto à omissão de receitas por depósitos bancários de origem incomprovada, para fins de IRPJ, de CSL, de PIS e de COFINS. GLOSA DE PREJUÍZOS FISCAIS E BASES NEGATIVAS DE CSL Fl. 2979DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.593 17 A contribuinte lança irresignação contra a glosa de prejuízos fiscais e de bases negativas de CSL, ao argumento de que, como os lançamentos de IRPJ e de CSL não tiveram seu julgamento concluído, a glosa é indevida. Nenhum respaldo possui tal insurgência. É evidente que a glosa de prejuízos fiscais e de bases negativas de CSL, que é consectária da omissão de receitas, é de rigor. Se os lançamentos de IRPJ e de CSL forem derruídos, restabelecemse os saldos de prejuízos fiscais e de bases negativas de CSL. Faço aqui um paralelismo com o lançamento efetuado para prevenir a decadência. O crédito tributário se encontra sob exigibilidade suspensa, mas o lançamento é feito justamente para prevenção da decadência. Igualdade de razões para a glosa em comentário. Outrossim, nego provimento ao recurso sobre a questão. IRRF – PAGAMENTO SEM CAUSA Passo ao exame da questão de IRRF por pagamento sem causa. A contribuinte alega que, uma vez caracterizada a omissão de receitas por depósitos bancários de origem incomprovada, é descabida a exigência de IRRF por pagamento sem causa, vez que aqueles valores estariam livres para qualquer destinação, inclusive distribuição aos sócios. Noto que houve a devida intimação da contribuinte para justificação dos débitos bancários (fls. 213 a 223) figurados no Anexo I do Termo de Intimação Fiscal de 17/06/09. Acentuo que, em minha intelecção, a hipótese de incidência de IRRF por pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado cuida de uma presunção legal de rendimento auferido pelo beneficiário do pagamento, ou melhor, do recurso a ele transferido, e por este omitido. Daí se tributar exclusivamente na fonte pagadora esse valor. A meu ver, há de se fazer uma distinção. Em casos em que se entrevê nexo causal ou ligação entre os depósitos bancários e as saídas de recursos, em regra, entendo que cabe somente a exigência de IRRF por pagamento sem causa, não havendo lugar para exigência por omissão de receitas. Em tais circunstâncias, em regra, o autuado é somente a ponte para o real beneficiário dos recursos. No caso vertente, não se constata essa ligação entre os depósitos bancários e as saídas de recursos bancários. Não me convence a tese de que, uma vez tributados os depósitos bancários como omissão de receitas, aqueles estariam livres para qualquer destinação, sem tributação nos beneficiários dos recursos que saíram das contas bancárias, correspondentes aos valores anteriormente depositados e tributados. Uma coisa é a receita do primeiro beneficiário dos recursos depositados, no caso, da contribuinte, e que compõe seu lucro tributável. Outra coisa são os rendimentos de terceiros beneficiários dos recursos que saíram da conta bancária da contribuinte, ainda que sejam os mesmos recursos depositados e tributados na autuada. Fl. 2980DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.594 18 Imaginese que a empresa “x” preste serviços e receba o preço mediante depósito bancário, cujo valor não foi reconhecido como receita da empresa “x”. Esta usa esses recursos para pagar às pessoas “y” e “z” que lhe prestam serviços. Evidentemente, tais recursos representam receitas ou rendimentos das pessoas “y” e “z”. Não identificado que os recursos bancários foram transferidos a “y” e a “z” ou a que título, não há por que se afastar a hipótese legal de incidência de IRRF por pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado. Na hipótese em dissídio, as saídas de recursos bancários não tiveram identificação de causa. O art. 674 do RIR/99 é claro ao prever a incidência de IRRF, exclusivamente na fonte, à alíquota majorada de 35%, no pagamento sem causa. Por sua vez, diversamente do alegado pela contribuinte, a base de cálculo do IRRF é o valor dos pagamentos feitos reajustados com a inclusão do IRRF. Não há sentido no argumento da contribuinte de que o reajustamento é uma faculdade e não um dever, e de que tal reajustamento pode ser para baixo. Rechaça o entendimento da contribuinte, o § 3º do art. 674 do RIR/99 (que reproduz o § 3º do art. 61 da Lei 8.981/95) ao falar que o rendimento representado pelo pagamento é considerado líquido. Ora, se esse valor é rendimento líquido, e a incidência recai sobre o rendimento bruto, como é expresso o mesmo § 3º do art. 674 do RIR/992, como se falar de reajustamento da base de cálculo para baixo? Sem sentido. É textual a norma ao prever que a incidência do IRRF recai sobre o rendimento bruto, para o qual é reajustado o rendimento líquido. Alega a contribuinte que saída bancária não é sinônimo de pagamento, que aquela pode representar mútuo ou outro negócio jurídico. Com efeito, saída bancária pode não representar pagamento. Mas o ponto é outro. A lei, ao dizer pagamento sem causa, está a se referir à transferência de recurso a terceiro sem causa identificada. O sentido da lei é: como não se identifica a causa da transferência de recurso a terceiro, temna como rendimento por ele auferido e omitido, recaindo a incidência tributária na fonte pagadora. Como disse alhures, tenho para mim que se cuida de uma hipótese de presunção legal de rendimento auferido pelo beneficiário do recurso transferido. 2 Art. 674. Está sujeito à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61). § 1º. A incidência prevista neste artigo aplicase, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61, § 1º). § 2º. Considerase vencido o imposto no dia do pagamento da referida importância (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61, § 2º). § 3º. O rendimento será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61, § 3º). Fl. 2981DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.595 19 Não identificada a causa da transferência de recurso, a norma legal toma essa materialidade como rendimento do beneficiário do recurso, tributandoo exclusivamente na fonte pagadora. Aliás, se estivesse a lei cuidando de pagamento em estrito sentido jurídico, haveria contradição de termos. Se é pagamento, não há como sêlo sem causa. Pagamento é forma extintiva ordinária de dever (obrigação). Se não há dever (obrigação), não há pagamento (fato jurídico ou atofato jurídico ou ato jurídico, ou mesmo negócio jurídico em certos casos, tudo a depender da doutrina a que se filie). O único sentido extraível da norma legal é o de que ela referiu a transferência de recurso sem causa identificada como rendimento do beneficiário da transferência, por presunção legal – juris tantum, a inverter o ônus da prova de que não se está diante de rendimento. Daí não se poder agasalhar tal argumento. E nenhum elemento de contraprova a derruir tal presunção legal foi acostado aos autos. Invoca a contribuinte que tal tributação, que chega à alíquota efetiva próxima a 54%, constitui estupro à justiça fiscal. Se tal incidência tributária passa ou não pelo teste de constitucionalidade, tratase de questão cuja apreciação escapa à competência deste órgão julgador, conforme a Súmula nº 2 do CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.. Posto isso, nego provimento ao recurso quanto à questão do IRRF por pagamento sem causa. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E MULTA QUALIFICADA Passo ao exame da questão da responsabilidade solidária da Cactus Locação de Mão de Obra Ltda., da sra. Jeane Alves de Oliveira e do sr. José Lino da Silva. E, depois, ao da multa qualificada. Como se vê dos autos, a sra. Jeane Alves de Oliveira, sócia da Cactus Locação de Mão de Obra Ltda., possuía procuração para movimentação das contas bancárias da contribuinte (fl. 1254 e Anexo I do Termo de Intimação Fiscal de 17/06/09). O outro sócio da Cactus é o sr. José Lino da Silva. Por sua vez, a Cactus tinha íntima ligação com a contribuinte, para dizer o mínimo. Isso é evidenciado pelos Anexos 31, 32 e 34. Neles figuram cópias coletadas pelo autuante, a saber, resumo de pagamentos a serem feitos pela contribuinte e pela Cactus em mesmas folhas, planilha de provisão de pagamento da contribuinte e da Cactus (além de provisão da ADS e da ADT), sem nenhum elemento indicativo para razão de se encontrarem conjuntos. Fl. 2982DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.596 20 Reforçam essa conexão da contribuinte com a Cactus e com a ADT, ADS e a José Lino & Associados – os Anexos 29 e 33. O Anexo 29 contém cópia de folha em que constam os logotipos da contribuinte e da Cactus (além do da ADS, ADT e da José Lino & Associados), e o Anexo 33 apresenta cópia de planilha de mapa de acompanhamento dos contratos da contribuinte, da ADS e da ADT. Se a Cactus não era sócia efetiva da contribuinte, como estarem nas mesmas folhas e planilhas, pagamentos a serem feitos pela Cactus e pela contribuinte, imiscuídos, bem como a provisão de pagamento da Cactus e da contribuinte? Notase que a Cactus, bem como a ADT, a ADS, a José Lino & Associados, juntamente com a contribuinte, a bem ver, são todas empresas do mesmo grupo, embora nelas figurem como sócios pessoas distintas que, formalmente, não levariam a essa conclusão. Inclusive, no atendimento à fiscalização, funcionários da ADS entregavam os documentos da contribuinte, com uso inclusive de farda e crachá, caso do sr. Manoel Raimundo da Costa Filho (fl. 194, escrito à mão pelo autuante, não contestado pela contribuinte). Por sua vez, quanto ao sócio no período objetivado pela autuação, sr. Jonielson Pereira de Oliveira, constatase o seguinte. Sobre ser sobrinho da sra. Jeane Alves Oliveira, ele fora empregado da contribuinte até o mês anterior ao ingresso em seu quadro societário, recebendo salário inferior a R$ 600,00, além de ter sido empregado de outras empresas do grupo anteriormente com salários que não chegavam a R$ 500,00 (fl. 1230), e residia em conjunto residencial de baixa renda (foto, fls. 1233 e 1234). Além disso, apresentava movimentação financeira baixíssima (fls. 1229 a 1235 e 1256), à vista da dimensão econômica da contribuinte da qual figura como sócio. Quanto ao outro sócio da contribuinte, sr. Caio Silvestre da Silva Souza, verificase o seguinte. Sobre ser sobrinho do sr. José Lino da Silva, ele era empregado da Cactus de 2002 a 2003, com salário não superior a R$ 500,00, e, mesmo após se tornar sócio da contribuinte, continuou como empregado da Cactus até 1º/04/03, além de figurar como sócio também da ADS, tendo assinado documentos dessa como gerente comercial, responsável técnico e administrador. Igualmente, apresentou movimentação financeira baixíssima de 2001 a 2005, considerando a dimensão econômica da contribuinte, e morava em conjunto residencial de baixa renda (fls. 1234 a 1237; fotos nas fls. 1236 e 1237). Em contraste, a movimentação financeira dos srs. Jeane Alves de Oliveira e José Lino da Silva, é dramaticamente superior à dos sócios da contribuinte, inclusive com conta bancária no exterior (fls. 1246 a 1249), e é compatível com a dimensão econômica da contribuinte. Esse conjunto probatório evidencia que os srs. Jonielson Pereira de Oliveira e Caio Silvestre da Silva Souza eram “laranjas”, “testasdeferro” ou strohmann da contribuinte. E que os efetivos sócios da contribuinte eram a própria Cactus Locação de Mão de Obra e seus sócios, sra. Jeane Alves de Oliveira e sr. José Lino da Silva. Ela, inclusive, com procuração da contribuinte para movimentação de suas contas bancárias. Fl. 2983DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16707.006690/200930 Acórdão n.º 1103000.819 S1C1T3 Fl. 1.597 21 A omissão de receitas associada ao uso de strohmann ou “laranjas” e ao conjunto probatório suprarreferido denuncia a concorrência de interesse comum da Cactus, da sra. Jeane e do sr. José Lino, com a contribuinte, nas situações configuradoras de fatos geradores das obrigações tributárias em dissídio. Essa a minha cognição. Prossigo, com a questão da multa qualificada. A concreção de omissão de receitas por depósitos bancários de origem incomprovada não é suficiente para tipificação da hipótese de multa qualificada, a meu ver. Entretanto, a simulação subjetiva, com uso de homensdepalha (strohmann), sem capacidade econômica para arcar com eventual responsabilização tributária da contribuinte, associada à omissão de receitas que, apesar de ser presuntiva, no caso vertente, ficou robustecida com a evidência do saldo credor de caixa (a omissão de receitas correspondente aos depósitos bancários) é denunciadora do elemento subjetivo do tipo. Vale dizer, esse conjunto, com juízo de valor preponderante para e pela simulação subjetiva, acusa o concurso de dolo, precisamente, de dolo específico, no comportamento recriminado. Sob tais ponderações, nego provimento ao recurso quanto à responsabilidade solidária da Cactus Locação de Mão de Obra, dos srs. Jeane Alves de Oliveira e José Lino da Silva, e quanto à multa qualificada. Diante da manutenção da multa qualificada, resulta prejudicada a questão da decadência, vez que de toda forma resulta aplicável o prazo decadencial do art. 173, I, do CTN. Sob essa ordem de considerações e juízo, nego provimento ao recurso. É o meu voto. Sala das Sessões, em 6 de março de 2013 (assinado digitalmente) Marcos Takata Relator Fl. 2984DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2013 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 31/03/201 3 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA
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Numero do processo: 15586.001145/2007-46
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 12 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2003, 01/07/2004 a 31/07/2004
Ementa:
Recurso voluntário não conhecido por falta de requisitos de admissibilidade, já que interposto intempestivamente.Art. 126, da Lei n°8.213/91, combinado com artigo 305, parágrafo 1° do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.°3048/99.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 2302-001.064
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não
conhecer do recurso voluntário pela intempestividade.
Matéria: Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
Nome do relator: LIEGE LACROIX THOMASI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2003, 01/07/2004 a 31/07/2004 Ementa: Recurso voluntário não conhecido por falta de requisitos de admissibilidade, já que interposto intempestivamente.Art. 126, da Lei n°8.213/91, combinado com artigo 305, parágrafo 1° do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.°3048/99. Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário pela intempestividade. Marco Andre Ramos Vieira Presidente. Liege Lacroix Thomasi Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Andre Ramos Vieira (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Liege Lacroix Thomasi, Wilson Antonio de Souza Correa, Manoel Coelho Arruda Junior, Adriana Sato. Fl. 189DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 22/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 Relatório Trata a notificação lavrada em 30/11/2007, com ciência pelo sujeito passivo em 05/12/2007, de contribuições previdenciárias incidentes sobre valores pagos aos segurados a título de empréstimo, sem a devida quitação por parte dos mesmos. O crédito foi apurado nas competências de 12/2003 e 07/2004. Após a apresentação de defesa, Acórdão de fls. 165/170, julgou o lançamento procedente. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso onde alega em síntese: a) que o artigo 22 da Lei n.º 8.212/91, não traz a previsão de que as contribuições previdenciárias devem incidir sobre o empréstimo; b) que a CLT não caracteriza empréstimo como salário; c) que as contribuições previdenciárias somente podem incidir sobre remuneração. Requer o provimento do recurso para que seja julgado insubsistente o lançamento tributário e excluída a exigibilidade dos créditos. Requer também a produção de provas e a posterior juntada de documentos. É o relatório. Fl. 190DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 22/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 15586.001145/200746 Acórdão n.º 230201.064 S2C3T2 Fl. 195 3 Voto Conselheira Liege Lacroix Thomasi Da Admissibilidade O recurso é INTEMPESTIVO, razão pela qual dele não se deve tomar conhecimento. Cientificado o sujeito passivo do Acórdão de fls. 165/170, em 16/07/2008, fls.172, o prazo para interposição de recurso, que é de 30 (trinta) dias, conforme o art. 126, caput, da Lei n.º 8.213/91, combinado com o art. 305, § 1º, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99, iniciaria em 17/07/2008, fruindo até 15/08/2008. Entretanto, o recurso foi interposto apenas em 26/08/2008, conforme protocolo de fls.181, configurandose, portanto, sua intempestividade. Lei n° 8213/91 Art. 126. Das decisões do Instituto Nacional do Seguro SocialINSS nos processos de interesse dos beneficiários e dos contribuintes da Seguridade Social caberá recurso para o Conselho de Recursos da Previdência Social, conforme dispuser o Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) Regulamento da Previdência Social/ Decreto n° 3.048/99 Art.305. Das decisões do Instituto Nacional do Seguro Social e da Secretaria da Receita Previdenciária nos processos de interesse dos beneficiários e dos contribuintes da seguridade social, respectivamente, caberá recurso para o Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), conforme o disposto neste Regulamento e no Regimento do CRPS. (Alterado pelo Decreto nº 6.032 de 1º/2/2007 DOU DE 2/2/2007) § 1º É de trinta dias o prazo para interposição de recursos e para o oferecimento de contrarazões, contados da ciência da decisão e da interposição do recurso, respectivamente. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003) Pelo exposto, considerando que a recorrente não argúi a tempestividade, na peça recursal e considerando o artigo 35, do Decreto n°70.235/72, que dispõe: “Art. 35. O recurso , mesmo perempto, será encaminhado ao órgão de segunda instância, que julgará a perempção.” Fl. 191DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 22/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 Voto por não conhecer o recurso, por falta de requisito para sua admissibilidade, mantendo a decisão de primeira instância proferida. Liege Lacroix Thomasi Relatora Fl. 192DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 22/08/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
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Numero do processo: 19647.011083/2007-70
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 30 00:00:00 UTC 2011
Numero da decisão: 2801-000.080
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora.
Nome do relator: AMARYLLES REINALDI E HENRIQUES RESENDE
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora. Assinado digitalmente Antonio de Pádua Athayde Magalhães Presidente Assinado digitalmente Amarylles Reinaldi e Henriques Resende Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio de Pádua Athayde Magalhães, Amarylles Reinaldi e Henriques Resende, Sandro Machado dos Reis, Tânia Mara Paschoalin, Luiz Cláudio Farina Ventrilho e Carlos César Quadros Pierre. Relatório AUTUAÇÃO Contra o contribuinte acima identificado foi lavrado o Auto de Infração de fls. 06 a 12, referente a Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2003, formalizando a exigência de imposto suplementar no valor de R$77.429,21, acrescido de multa de ofício e juros de mora. A autuação decorreu de omissão rendimentos recebidos de Pessoa Jurídica, decorrentes de trabalho com vinculo empregatício no valor de R$ 346.490,55 (alterando os rendimentos declarados de R$279.071,50 para R$625.562,05), bem como de glosa de despesas médicas no montante de R$189,82. Fl. 107DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por AMARYLLES REINALDI E HENRIQUES RESENDE, Assinado digitalm ente em 13/12/2011 por AMARYLLES REINALDI E HENRIQUES RESENDE, Assinado digitalmente em 14/12/2011 p or ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 19647.011083/200770 Resolução n.º 2801000.080 S2TE01 Fl. 105 2 Esclareceu a autoridade lançadora que os rendimentos tributáveis considerados contemplam: R$ 250.676,53, percebidos do Ministério Público da União; R$43.335,00, do Comando da Marinha e, R$ 331.550,52, referente ao Precatório nº 47547 e o valor de R$ 14.990,00, informado pelo contribuinte como isento e não tributável, uma vez que o interessado não apresentou documentação referente à substituição de regime. IMPUGNAÇÃO Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou a impugnação (fls. 01 a 04), acatada como tempestiva. Alegou, em apertada síntese, que a quantia de R$346.490,55 é parcela isenta por se referir a valor pago a anistiado político, consoante teor da Medida Provisória nº 65, de 28 de agosto de 2002. ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA A 2ª Turma da DRJ Recife/PE, conforme Acórdão de fls. 62 a 70, julgou a impugnação improcedente, mantendo o lançamento. RECURSO AO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS (CARF) Cientificado da decisão de primeira instância em 26/11/2009 (fls. 73), o contribuinte apresentou, em 17/12/2009, o Recurso de fls. 74 a 84, protestando em apertada síntese, pela reforma integral do acórdão recorrido. Assevera que sua declaração é a expressão da verdade, sendo certo que os erros não teriam sido cometidos pelo contribuinte, mas pela autoridade lançadora, que teria se equivocado na interpretação da legislação aplicável ao caso e na leitura dos documentos que apresentou. Defende que rendimentos de indenização política não podem ser considerados como rendimentos obtidos com trabalho empregatício, sendo claro o caráter indenizatório das verbas em questão e, em decorrência, a exclusão da incidência do imposto de renda, à luz do disposto no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, art. 8º. Relativamente às provas, pondera que, por ocasião da fiscalização, apresentou todos os documentos solicitados, sendo descabido exigir que torne a juntálos. De qualquer sorte, traz aos autos, novamente, os documentos anteriormente apresentados. O processo foi distribuído a esta Conselheira, numerado até as fls. 103, que também trata do envio dos autos a este Conselho. É o Relatório. Voto Conselheira Amarylles Reinaldi e Henriques Resende, Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. Fl. 108DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por AMARYLLES REINALDI E HENRIQUES RESENDE, Assinado digitalm ente em 13/12/2011 por AMARYLLES REINALDI E HENRIQUES RESENDE, Assinado digitalmente em 14/12/2011 p or ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 19647.011083/200770 Resolução n.º 2801000.080 S2TE01 Fl. 106 3 No caso, examinando os documentos que constam dos autos, verifico que o dossiê de malha/fiscalização não foi juntado. Assim, não consta dos autos, por exemplo, cópia da DIRF apresentada pela fonte pagadora Comando da Marinha e documentos que comprovem a situação de anistiado político do contribuinte, prejudicando a análise do direito invocado pelo sujeito passivo. Dessa forma, a fim de formar um juízo acerca da matéria em litígio, entendo que os autos devam retornar à repartição de origem para juntada do dossiê referente ao Auto de Infração de fls. 06 a 12. Na hipótese de tal dossiê não constar dos arquivos da repartição ou não conter os documentos abaixo relacionados, solicitase que o interessado seja intimado a apresentar os documentos: Ø que comprovem sua situação de anistiado político (data em que foi concedida, ato de concessão, bem como quaisquer outros que entender relevantes para a solução da lide), Ø documentos referentes à ação nº 9200009972, que tramitou na 10ª Vara Federal de Pernambuco, em especial aqueles que permitam conhecer o teor da petição inicial, decisão, valores e datas de pagamentos efetuados, Ø documento que comprove qual o valor pago a título de contribuição mensal ao Plan Assiste que se refere à Maria Dilza M. Franco (cônjuge). Solicitase, ainda, que se junte uma cópia da DIRF apresentada pelo Comando da Marinha, na hipótese de não constar do referido dossiê. Diante do exposto, voto por converter o julgamento em diligência. Assinado digitalmente Amarylles Reinaldi e Henriques Resende Fl. 109DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por AMARYLLES REINALDI E HENRIQUES RESENDE, Assinado digitalm ente em 13/12/2011 por AMARYLLES REINALDI E HENRIQUES RESENDE, Assinado digitalmente em 14/12/2011 p or ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALHAES
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Numero do processo: 10283.721301/2008-61
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 2003 IRPJ. CSLL. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PREÇO PARÂMETRO PRL. SISTEMÁTICA DE APURAÇÃO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS A EMPRESAS COLIGADAS. LEI Nº. 9.430/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF Nº. 243/2002. INCOMPATIBILIDADE. INEXISTÊNCIA 1 -A Lei nº. 9.430/96 estabelece que a margem de lucro será de “sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção”, enquanto que a IN 243/2002 estabelece que a margem de lucro será de 60% da parcela do preço líquido de venda do produto referente à participação dos bens, serviços ou direitos importados. 2 - A Instrução Normativa SRF nº. 243/2002 não inova o ordenamento jurídico, estabelecendo critérios de fixação do custo de aquisição de bens importados a empresas coligadas em conformidade com as disposições inscritas na Lei nº. 9.430/96. 3 - A consideração do montante do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a ser deduzido da operação deve ser feita com observância do benefício fiscal concedido pelo Estado do Amazonas Recurso voluntário parcialmente provido. Recurso de ofício desprovido.
Numero da decisão: 1103-000.672
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício e DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, para determinar a dedução do ICMS nos termos do benefício fiscal concedido pelo Estado do Amazonas. O Conselheiro Marcos Shigueo Takata apresentará declaração de voto.
Nome do relator: HUGO CORREIA SOTERO
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2003 IRPJ. CSLL. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PREÇO PARÂMETRO PRL. SISTEMÁTICA DE APURAÇÃO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS A EMPRESAS COLIGADAS. LEI Nº. 9.430/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF Nº. 243/2002. INCOMPATIBILIDADE. INEXISTÊNCIA 1 A Lei nº. 9.430/96 estabelece que a margem de lucro será de “sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção”, enquanto que a IN 243/2002 estabelece que a margem de lucro será de 60% da parcela do preço líquido de venda do produto referente à participação dos bens, serviços ou direitos importados. 2 A Instrução Normativa SRF nº. 243/2002 não inova o ordenamento jurídico, estabelecendo critérios de fixação do custo de aquisição de bens importados a empresas coligadas em conformidade com as disposições inscritas na Lei nº. 9.430/96. 3 A consideração do montante do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a ser deduzido da operação deve ser feita com observância do benefício fiscal concedido pelo Estado do Amazonas Recurso voluntário parcialmente provido. Recurso de ofício desprovido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício e DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, para determinar a dedução do ICMS nos termos do benefício fiscal concedido pelo Estado do Amazonas. O Conselheiro Marcos Shigueo Takata apresentará declaração de voto. Fl. 527DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 21 2 (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Hugo Correia Sotero Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Aloysio José Percínio da Silva, Mário Sérgio Fernandes Barroso, Marcos Shigueo Takata, Hugo Correia Sotero, Eric Moraes de Castro e Silva e José Sérgio Gomes. Relatório O contribuinte, Technos da Amazônia Indústria e Comércio Ltda, teve contra si formalizado lançamento de ofício relativo ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e ao Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). O lançamento de ofício teve dois fundamentos: (a) falta de adição ao lucro líquido da parcela do custo de bens importados que excede ao preço parâmetro de transferência (IRPJ e CSLL); e, (b) diferença entre o valor do tributo escriturado e o declarado (IPI e IRRF). Do Termo de Verificação Fiscal (fls. 133139) se extrai: “Conforme já nos manifestamos anteriormente, entendemos que o procedimento adotado pela empresa para cálculo do preço parâmetro, consoante o método escolhido (PRL 60), está em desacordo com a metodologia indicada no § 11, Incisos I a V, do art. 12 da Instrução Normativa SRF n° 243, de 11 de novembro de 2002. Enfatizamos que todo o trabalho de auditoria foi realizado com base em informações prestadas pelo próprio contribuinte, através de vários arquivos magnéticos por ele disponibilizados e consoante valores indicados nas planilhas "TECHNOSPREÇO DE TRANSFERÊNCIA 2003", devidamente comparados, por amostragem, com os respectivos lançamentos no Livro Razão. Além disso, verificamos que as referidas informações estão em consonância com àqueles valores declarados na DIPJ 2004, na FICHA 04A, como "CUSTO DOS PRODUTOS DE FABRICAÇAO PROPRIA VENDIDOS" e os relativos à Receita de Venda, no mercado interno, de produtos de fabricação Fl. 528DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 22 3 própria e demais custos (Linhas 07 e 11 a 18) da Ficha 06A— Demonstração do Resultado. Comparamos, então, esses preços parâmetros com os preços dos componentes importados de HongKong constante nos documentos de aquisição, conforme planilha anexa. De acordo com o art. 3º da IN SRF n° 243/2002, os custos constantes dos documentos de importação ou de aquisição somente serão dedutíveis na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos métodos de que tratam os arts. 8° a 13, neste caso o PRL — 60. Diante do exposto, tributamos todo o excesso de custo de aquisição de bens importados de empresas situadas em Hong Kong, conforme demonstrado na planilha anexa ao auto de infração, considerada a margem de divergência de 5% (art. 38 da IN SRF n° 243/2002), em razão desse custo ser considerado indedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, tudo apurado na forma do art. 18 da Lei n° 9.430, de 1996. Os valores de excesso de custo de matériasprimas apurados foram os seguintes: R$ 4.575.576,82 (Caixa); R$ 426.565,98 (Coroa); R$ 1.220.691,55 (Fundo); R$ 2.141.903,56 (Maquinismo); R$ 742.564,52 (Mostrador); R$ 1.958.598,85 (Pulseira). Tributamos, então, o total do excesso de custo apurado, no valor de R$ 11.065.901,28.” Notificada, apresentou o contribuinte impugnação (fls. 366382), suscitando: (a) nulidade do lançamento por aplicação de apuração do custo de aquisição dos produtos importados incompatível com os parâmetros estabelecidos pela Lei nº. 9.430/96 para definição dos preços de transferência; (b) a fiscalização considerou indevidamente, na apuração do preço líquido de venda, uma alíquota de ICMS de 12%, em um total de R$ 13.336.407,85, ao invés dos R$ 9.991.192,21 efetivamente recolhidos; e, (c) a fiscalização, ao determinar o preço médio líquido de venda, diminuiu o montante de R$ 3.864.883,71, relativo às vendas efetuadas às empresas ligadas, sem, contudo, diminuir a quantidade de bens vendidos a estas empresas na determinação do preço médio líquido de venda (art. 12, § 1º, IN SRF 243/02). Em relação à exigência relativa ao IPI e ao IRRF reconheceu a procedência do lançamento e procedeu ao recolhimento do valor exigido. O lançamento foi julgado parcialmente procedente pela Delegacia de Julgamento de Belém (PA), nestes termos: “INSTRUÇÃO NORMATIVA. ILEGALIDADE. As autoridades julgadoras de 1ª. instancia não possuem competência para apreciar a ilegalidade da Instrução Normativa expedida por autoridade hierárquica superior. Fl. 529DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 23 4 INSTRUÇÃO NORMATIVA. OBSERVÂNCIA. As Instruções Normativas gozam de presunção de legalidade e são de observância obrigatória pelos servidores subordinados à autoridade que expediu o ato normativo. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PREÇO PARÂMETRO PRL. RESTITUIÇÃO DO ICMS. O beneficio fiscal de restituição do ICMS não modifica o resultado operacional da pessoa jurídica beneficiada. Na hipótese, para efeitos de cálculo do preço parâmetro de transferência pelo método PRL, o valor de ICMS a ser considerado na determinação do preço líquido de venda do bem é aquele correspondente à alíquota nominal do imposto. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PREÇO PARÂMETRO PRL. OPERAÇÕES COM VINCULADA. As operações com vinculadas devem ser excluídas da apuração do preço parâmetro PRL. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PREÇO PRATICADO. APURAÇÃO DO EXCESSO. Para efeito de comparação com o preço parâmetro PRL, o preço ponderado praticado será apurado considerandose as quantidades e valores correspondentes a todas as operações de compra praticadas durante o período de apuração sob exame. Impugnação Procedente em Parte.” A Delegacia de Julgamento acatou parcialmente a impugnação apresentada pelo contribuinte, consignando que “a fiscalização atentou por excluir as operações com coligadas do valor das vendas, mas não fez o mesmo com a quantidade de mercadoria comercializada, distorcendo para menor o resultado do ‘Preço médio de venda do bem’”, bem como que “a fiscalização apurou o excesso a partir da comparação do preço parâmetro com o preço praticado a cada operação de importação utilizada na produção, o cálculo deve ser modificado a fim de permitir a comparação entre o preço parâmetro com o preço praticado ponderado.” As incorreções identificadas pela Delegacia de Julgamento redundaram na apuração de crédito tributário superior ao devido, o que ensejou a alteração dos cálculos de apuração e exclusão parcial da exigência, sendo a exclusão objeto de recurso de ofício, nos termos da legislação de regência. A impugnação apresentada pelo contribuinte foi rejeitada em relação a dois aspectos: (a) arguição de incompatibilidade dos critérios de apuração estabelecidos pela Instrução Normativa SRF nº. 243/2002 com aqueles enunciados pela Lei Federal nº. 9.430/96, consignando a Delegacia de Julgamento não ser competente para aferir a legalidade dos atos normativos expedidos por autoridades hierarquicamente superiores; e, (b) arguição de incorreção na sistemática de apuração do preço líquido de venda por ter a autoridade lançadora apurado o montante do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a ser deduzido da operação sem considerar o benefício fiscal concedido pelo Estado do Amazonas. Em face da decisão interpôs o contribuinte recurso voluntários (fls. 444462), consignando: Fl. 530DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 24 5 “As regras previstas na IN SRF n° 243/02 extrapolam os preceitos do legislador instituídos pela Lei n° 9.430/96, com as alterações introduzidas pela Lei n° 9.959/00, uma vez que sua aplicação gera resultados mais restritivos para o controle de preços de transferência. Isto porque, o critério de proporcionalidade (para os bens importados aplicados na produção) do preço de venda líquido para efeito de cálculo da margem de lucro, exigido pela mencionada IN (243102), impõe, conseqüentemente, restrição não contida em Lei, aumentando injustificadamente a base de cálculo dos tributos incidentes sobre o lucro. Logo, o AI em epígrafe deve ser considerado totalmente nulo, pois a Autoridade Fiscal considerou os procedimentos da IN SRF n° 243102, para apuração de um suposto excesso de custo a ser adicionado nas bases imponíveis do IRPJ e CSLL, violando claramente o princípio da legalidade esculpido no art. 150, I, da Constituição Federal, quando o correto seria aplicar as normas relativas ao preço de transferência trazida pela Lei n° 9.430/96. ... Com este procedimento, a fiscalização considerou indevidamente uma alíquota de ICMS de 12%, apurandose um valor de R$ 13.336.407,85, o qual foi utilizado para apuração do preço líquido de venda, para fins de apuração do preço de transferência. Entretanto, este procedimento não pode ser considerado, uma vez que o valor apurado pelo Sr. Fiscal não foi o valor efetivamente cobrado pelo poder público, conforme preceitua o § 7°, do próprio art. 12, da IN SRF n° 243/02.” É o relatório. Voto Conselheiro Hugo Correia Sotero Relator Recurso de ofício que atende os requisitos legais. Recurso voluntário tempestivo, preenchidos os requisitos de admissibilidade. Por ter o contribuinte, nas razões de recurso voluntário, suscitado preliminar de nulidade do lançamento por incompatibilidade da Instrução Normativa SRF nº. 243/2002 com as disposições insertas na Lei Federal nº. 9.430/96, analiso inicialmente a questão prejudicial de mérito. Segundo entende o contribuinte, a Instrução Normativa SRF nº. 243/2002, ao regulamentar o método “Preço de Revenda Menos o Lucro (PRL)”, utilizado para fixação do custo dos bens adquiridos de empresa coligada (preço de transferência), teria estabelecido critérios mais restritivos que aqueles dispostos no art. 18 da Lei nº. 9.430/96. Fl. 531DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 25 6 Aduz a Recorrente: “Conforme acima demonstrado, a fórmula de cálculo de apuração do preço de transferência pelo método PRL, prevista no artigo 18 da Lei n° 9.430/96, foi plenamente adotada pela IN SRF n° 32/01, isto quer dizer que não havia divergência entre a fórmula legal e aquela prevista na regulamentação da lei. Entretanto, a IN SRF n° 243/02, ao revogar a IN SRF n° 32/01, criou uma nova fórmula, violando frontalmente o disposto no artigo 18, inciso II, da Lei n° 9.430/96, fazendo distinção na apuração do PRL entre o valor agregado no Brasil e a parcela dos bens, serviços ou direitos importados. Sob este aspecto, é de se ressaltar que, como regra basilar de direito, não é cabível ao intérprete estabelecer restrições onde a Lei não o faz, bem como ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de Lei.” A restrição incompatível com a regra do art. 18 da Lei nº. 9.430/96 seria o estabelecimento, pela Instrução Normativa SRF nº. 243/2002, de “regra de proporcionalidade” relativa ao valor agregado no país, o que determinaria a diminuição do “preço parâmetro” e consequentemente a majoração do excedente indedutível. Confirase a redação do art. 18 da Lei nº. 9.430/96 vigente à época da ocorrência do fato gerador: “Art.18.Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: I–Método dos Preços Independentes ComparadosPIC: definido como a média aritmética dos preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, apurados no mercado brasileiro ou de outros países, em operações de compra e venda, em condições de pagamento semelhantes; II–Método do Preço de Revenda menos LucroPRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a)dos descontos incondicionais concedidos; b)dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c)das comissões e corretagens pagas; d)da margem de lucro de: 1.sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor Fl. 532DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 26 7 agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; 2.vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses.” Tratando da questão, esta a expressão do art. 12 da Instrução Normativa SRF nº. 243/2002: “Art. 12.A determinação do custo de bens, serviços ou direitos, adquiridos no exterior, dedutível da determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, poderá, também, ser efetuada pelo método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), definido como a média aritmética ponderada dos preços de revenda dos bens, serviços ou direitos, diminuídos: I dos descontos incondicionais concedidos; II dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; III das comissões e corretagens pagas; IV de margem de lucro de: a) vinte por cento, na hipótese de revenda de bens, serviços ou direitos; b) sessenta por cento, na hipótese de bens, serviços ou direitos importados aplicados na produção. ... § 10. O método de que trata a alínea "b" do inciso IV do caput será utilizado na hipótese de bens, serviços ou direitos importados aplicados à produção. § 11. Na hipótese do § 10, o preço parâmetro dos bens, serviços ou direitos importados será apurado excluindose o valor agregado no País e a margem de lucro de sessenta por cento, conforme metodologia a seguir: I preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido: a relação percentual entre o valor do bem, serviço ou direito importado e o custo total do bem produzido, calculada em conformidade com a planilha de custos da empresa; III participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido: a aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme o inciso II, sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com o inciso I; Fl. 533DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 27 8 IV margem de lucro: a aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado de acordo com o inciso III; V preço parâmetro: a diferença entre o valor da "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado conforme o inciso III, e a margem de lucro de sessenta por cento, calculada de acordo com o inciso IV.” Por relevante, necessário dissecar as disposições insertas na Instrução Normativa SRF nº. 32/2001, assim: “Art. 12. A determinação do custo de bens, serviços ou direitos, adquiridos no exterior, dedutível da determinação do lucro real, poderá, também, ser efetuada pelo método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: I dos descontos incondicionais concedidos; II dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; III das comissões e corretagens pagas; IV de margem de lucro de: a) vinte por cento, na hipótese de revenda de bens; b) sessenta por cento, na hipótese de bens importados aplicados na produção. (…) § 10. O método de que trata a alínea "b" do inciso IV do caput será utilizado na hipótese de bens aplicados à produção. § 11. Na hipótese do parágrafo anterior, o preço a ser utilizado como parâmetro de comparação será a diferença entre o preço líquido de venda e a margem de lucro de sessenta por cento, considerandose, para este fim: I preço líquido de venda, a média aritmética dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II margem de lucro, o resultado da aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a média aritmética dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas, das comissões e corretagens pagas e do valor agregado ao bem produzido no País.” Fl. 534DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 28 9 Cotejados os regramentos de regência da hipótese, é forçoso reconhecer, em primeiro lugar, a deficiência redacional da regra posta no 18, II, “d”, “1”, da Lei 9.430/96. Por outro lado, interpretação e aplicação da Instrução Normativa nº. 32/01 conduzia a uma profunda distorção na apuração do preço parâmetro, pois implicava adicionar o valor agregado no cômputo do preço parâmetro. Isso é ilustrado pelo diagrama: PLV = CI + VA + L PP = PLV – 0,6 x (PLV – VA) PP = CI + VA + L 0,6PLV + 0,6VA PP = CI + VA + L 0,6CI 0,6VA –0,6L + 0,6VA PP = 0,4CI + 0,4L + VA Onde: CI = custo dos insumos importados; L = lucro bruto; VA = valor agregado; PLV = preço líquido de venda. Discordo que tal formulação constitua intenção do legislador e da lei de incentivar a produção nacional, na medida em que, quanto maior o valor agregado no País, maior o preço parâmetro. Nesse passo, assiste razão à Fazenda, quando argui que isso seria agredir a isonomia, invertendo os valores nela implicados, pois seria beneficiar aqueles que se sujeitam às regras de preços de transferência em detrimento daqueles que não se sujeitam a tais regras, em flagrante contramão à livre concorrência. Ademais disso, regras de preços de transferência, que são antielisivas, nada têm de ver com regras de incentivos fiscais. Cumpre indagar, nessa perspectiva, se a única interpretação possível à regra do art. 18, II, “d”, “1”, da Lei 9.430/96, é aquela expressa na Instrução Normativa nº. 32/2001 e, assim, as disposições postas na Instrução Normativa nº. 243/2002 teria se afastado dos balizamentos legais e inovado o ordenamento jurídico. Pela IN SRF 243/02, o preço líquido de venda, para fins de apuração do preço parâmetro, é determinado pela proporcionalização do custo dos bens importados em relação ao custo total e esta proporcionalidade é aplicada sobre o preço líquido de venda. Ou seja, tomase como preço líquido de venda o preço proporcional à vista do quanto representa o custo dos insumos importados em relação ao custo total. Mantendose essa mesma base de parâmetro, reduzse a margem de lucro de 60%, isto é, a margem de lucro a ser subtraída se dá sobre o mesmo preço líquido de venda proporcional à vista de quanto representa o custo dos insumos importados em relação ao custo total. Com isso, temse a fórmula: PP = PLV x (CI/CT) – 0,6 x PLV x (CI/CT) A lógica dessa formulação é que se descola, na apuração do preço parâmetro, tudo que não esteja intimamente vinculado ao custo dos insumos importados objeto do preço de transferência, para se denominar todo o valor descolado disso como valor agregado. Por outro lado, o conhecido efeito circular gerado por essa formulação, é de certa forma explicável pelo fato de tal método não recompor integralmente a margem de lucro Fl. 535DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 29 10 de 60%, ou melhor, de o método não expurgar integralmente a margem de 60% de lucro. Daí ao se apurar preço parâmetro encimado em valor superfaturado de importação, e se usar novamente esse preço parâmetro, chegarse a novo ajuste, a um novo preço parâmetro. Noutra via, bem verdade que, ao se inflar o custo dos bens importados, pode se chegar a ajuste menor, ou mesmo a nenhum ajuste. Mas isso ocorrerá sobretudo quando a margem de lucro embutida, sobretudo nos insumos nacionais, for muito grande. De toda forma, forçoso se reconhecer que a interpretação da IN SRF 243/02 também leva a distorções. Tal, no entanto, não conduz à declaração de sua ilegalidade. Diante da deficiência redacional do art. 18, II, “d”, “1”, da Lei 9.430/96, não me parece que a IN 243/02 tenha ultrapassado o limite da moldura legal. Ela tem sua lógica no isolamento de todos os valores não vinculados diretamente aos bens importados, ao interpretar o que corresponde a valor agregado. Mais importante, sua lógica se coloca, ao que me parece, dentro da fronteira da norma legal posta, que permite isolar o valor agregado no País, proporcionalmente, do preço de revenda e do cálculo da margem de lucro a ser expurgada, na determinação do preço parâmetro. Ademais, o fato de a MP 478/10 reproduzir literalmente a fórmula da IN SRF 243/02 e, mais recentemente, a MP 563/12 (mas, adequadamente, com expurgo de margens de lucro menores e diferenciadas), não significa necessariamente que, até então, tal fórmula era ilegal. Sucede que, diante da imperfeição redacional que pode conduzir a diversas interpretações e discussões, houve por bem o legislador lançar uma pá de cal sobre a questão, ao praticamente interditar tais discussões e diversidades de interpretação. Nestes termos, rejeito a alegação de ilegalidade da Instrução Normativa nº. 243/2002. Quanto ao mérito, especificamente quanto à redução do ICMS na apuração do preço parâmetro em valor superior ao efetivamente pago e devido, entendo que assiste razão à Recorrente. Com efeito, não é cabível se reduzir do preço de revenda valor de ICMS à alíquota de 12%, quando ele não é efetivamente devido e pago sob tal alíquota. Isso contraria a lógica contida na lei. A mesma IN SRF 243/02 corretamente interdita o procedimento adotado pela autoridade lançadora, assim: “§ 7º. Para efeito deste artigo, serão considerados como: I – incondicionais, os descontos concedidos que não dependam de eventos futuros, ou seja, os que forem concedidos no ato de cada revenda e constar da respectiva nota fiscal; II – impostos, contribuições e outros encargos cobrados pelo Poder Público, incidentes sobre vendas, aqueles integrantes do preço, tais como ICMS, ISS, PIS/Pasep e Cofins; III – comissões e corretagens, os valores pagos e os que constituírem obrigação a pagar, a esse título, relativamente às vendas dos bens, serviços ou direitos objeto de análise.” Fl. 536DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 30 11 No aspecto, censurável o lançamento de ofício. Com estas considerações, conheço do recurso voluntário para darlhe parcial provimento, alterando o lançamento no aspecto relativo à consideração do montante do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a ser deduzido da operação com observância do benefício fiscal concedido pelo Estado do Amazonas. Passo a analisar o recurso de ofício. Como dito, a Delegacia de Julgamento acatou parcialmente a impugnação apresentada pelo contribuinte, consignando que “a fiscalização atentou por excluir as operações com coligadas do valor das vendas, mas não fez o mesmo com a quantidade de mercadoria comercializada, distorcendo para menor o resultado do ‘Preço médio de venda do bem’”, bem como que “a fiscalização apurou o excesso a partir da comparação do preço parâmetro com o preço praticado a cada operação de importação utilizada na produção, o cálculo deve ser modificado a fim de permitir a comparação entre o preço parâmetro com o preço praticado ponderado.” As incorreções identificadas pela Delegacia de Julgamento redundaram na apuração de crédito tributário superior ao devido, o que ensejou a alteração dos cálculos de apuração e exclusão parcial da exigência. Não há reparos a fazer, no tópico, à decisão pronunciada pela Delegacia de Julgamento, já que se limitou a ajustar incorreções perpetradas pela autoridade lançadora no procedimento de apuração do crédito tributário. Nego provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Hugo Correia Sotero Relator Fl. 537DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 31 12 Declaração de Voto Conselheiro Marcos Takata Rendo minhas homenagens ao nobre relator, cujo entendimento acompanhei. Minha declaração de voto se presta à questão relativa à legalidade da Instrução Normativa SRF 243/02 quanto ao método PRL 60. A vexata quaestio deste feito é a da legalidade ou não da formulação consagrada pela IN SRF 243/02 quanto ao método PRL 60 previsto no art. 18, II, “a” a “d”, e “1”, da Lei 9.430/96, com a redação dada pela Lei 9.959/00. Efetivamente tormentosa a questão, pelo percalço da dicção legal. Sua incorreção e mesmo deficiência redacional é a grande geradora de dissídio interpretativo. Eis a redação do art. 18, II, da Lei 9.430/96, com as alterações feitas pela Lei 9.959/00 fruto da conversão nessa lei da MP 1.924/99, a qual decorreu das contestações de diversos setores econômicos, quanto à pretensão fiscal de impedir a aplicação do PRL, quando o bem ou item importado for utilizado na produção de outro bem ou utilidade: Art. 18. (...) II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de: (Redação dada pela Lei nº 9.959, de 2000) 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; (Incluído pela Lei nº 9.959, de 2000) 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. (Incluído pela Lei nº 9.959, de 2000) Já num primeiro momento interpretativo, duas interpretações possíveis sobressaem. Uma exegese parte da constatação de que há erro meramente gramatical, quando, no item “1” da alínea “d” do inciso II do art. 18 da Lei 9.430/96, é dito que a margem de lucro de 60% é calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores das alíneas anteriores e “do” valor agregado, ao invés de “o” valor agregado. Aí quando se diz “do” se quis dizer “o”: margem de lucro de 60% calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores das alíneas anteriores e “o” valor agregado. Aqui se está diante de uma possível interpretação da norma legal. Fl. 538DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 32 13 Ou, então, o “do” valor agregado se refere não a “deduzidos”, mas a “diminuídos”. Então, por que não se acresceu outra alínea (no caso, “e”)? Pela técnica usada pelo legislador, não se abriu outra alínea para a hipótese do PRL 20, i.e., quando não há agregação de valor ao bem ou item importado. Como a diminuição do valor agregado só cabe para uma das hipóteses da alínea “d”, quem sabe por isso não se inseriu “do valor agregado”, em alínea distinta, como elemento de diminuição do preço de revenda? Evidente que haveria aí um erro de técnica redacional ou deficiência de técnica. Mas, diante da preposição “do” aposto a valor agregado, essa é outra possível interpretação da norma legal. Tratase de outra interpretação possível da norma legal. A IN 32/01 (art. 12, IV, “b” e §§ 10 e 11) agasalhou a primeira interpretação descrita: Art. 12. (...) § 11. Na hipótese do parágrafo anterior, o preço a ser utilizado como parâmetro de comparação será a diferença entre o preço líquido de venda e a margem de lucro de sessenta por cento, considerandose, para este fim: I preço líquido de venda, a média aritmética dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II margem de lucro, o resultado da aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a média aritmética dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas, das comissões e corretagens pagas e do valor agregado ao bem produzido no País. A fórmula que representa essa interpretação é decomponível nos seguintes termos, como já o havia feito Victor Borges Polizelli1 (uso as mesmas siglas do relator, para facilitar a leitura): PLV = CI + VA + L PP = PLV – 0,6 x (PLV – VA) PP = CI + VA + L 0,6PLV + 0,6VA PP = CI + VA + L 0,6CI 0,6VA –0,6L + 0,6VA PP = 0,4CI + 0,4L + VA Onde: PLV = preço líquido de venda; CI = custo do insumo importado; L = lucro bruto; VA = valor agregado; PP = preço parâmetro. 1 Cf. "Parâmetros para a definição de valor agregado e interpretações possível da Lei nº 9.959/2000 quanto ao método PRL de preços de transferência". In "Revista de Direito Tributário Internacional nº 2". São Paulo: Quartier Latin, 2006, p. 222. Fl. 539DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 33 14 Notase que, se o valor agregado for elevado, o preço parâmetro é que será extremamente elevado, tornando ineficaz a norma antielisiva, ao permitir a manipulação do custo de importação do bem ou item da pessoa vinculada. Já, se o valor agregado for ínfimo, a margem de lucro será demasiadamente elevada, para obtenção do preço parâmetro. Aliás, mesmo se a lei seguisse a mesma formulação feita para o PRL 20, apenas aumentando a margem de lucro para 60%, diante de um valor agregado elevado, o preço parâmetro também se revelaria muito elevado, permitindo a manipulação do custo de importação. Vale dizer, isso sucederia, ainda que a lei não previsse a interferência do valor agregado na obtenção do preço parâmetro. Com efeito, com o insumo importado de valor pequeno comparativamente ao valor agregado (grande), ainda que se subtraísse a margem de lucro de 60% do preço de revenda, o preço parâmetro resultaria superestimado. O mesmo se diga, com o sinal invertido, no caso de valor agregado mínimo, i.e., vale a primeira asserção feita no parágrafo anterior a margem de lucro se mostraria alta demais com distorção para baixo do preço parâmetro. Com a interferência do valor agregado para se chegar ao preço parâmetro, diante de valor agregado de grande monta, a distorção do preço parâmetro para cima se torna ostensiva. O valor agregado é somado (a percentual do custo do insumo importado e a percentual de margem de lucro) para obtenção do preço parâmetro. Na interpretação em comentário da norma legal, a norma antielisiva não só é ineficaz como é conivente, ou melhor, chancela o superfaturamento de bem ou item de pessoa vinculada, e que se pretende interditar. Tomandose um exemplo extremo, imaginese que o bem importado seja o limpador de parabrisas na produção do carro. Para se chegar ao preço independente do limpador de parabrisas, somase o resto do valor do carro. A interferência do valor agregado no preço parâmetro se dá em sentido contrário. O superfaturamento daquele bem fica credenciado pela lei. Quanto ao argumento de que a norma legal, com isso, criou um incentivo fiscal à produção nacional, minha discordância se dá pelas mesmas razões expostas pelo ilustre relator, de modo que me poupo de as repetir. Ademais, incentivo fiscal à produção nacional não se confunde com autorização legal para superfaturamento de importação de bem ou item de pessoa vinculada, como disse acima. Entretanto, em que pesem as distorções possíveis, reconheço que a interpretação dada pela IN SRF 32/01 não desborda os limites da norma legal. O problema é da lei. Ou seja, tratase de uma interpretação possível da malsinada norma legal. Por outro lado, também entendo que a segunda interpretação posta no início deste voto não extravasa a moldura da norma legal. Vale dizer, reputo como interpretação possível a exegese de que a preposição “do” com o posposto valor agregado se referem ao termo “diminuídos” previsto na cabeça do inciso II do art. 18 da Lei 9.430/96. Aqui, a fórmula que representa tal interpretação é: PP = PLV – 0,6 x PLV VA Fl. 540DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 34 15 Onde: PLV = preço líquido de venda; VA = valor agregado; PP = preço parâmetro. Essa interpretação não carrega as distorções acusadas anteriormente, mas traz uma margem de lucro extremamente elevada, mesmo se considerando que nela podem estar incluídas despesas relacionadas ao bem importado usado na produção do produto acabado. Há ainda o problema do que se deva entender por valor agregado, que deve ser subtraído “no final” (ou diretamente do preço líquido de revenda) para se chegar ao preço parâmetro. Por outro lado, há também o problema da importação de vários itens sendo que apenas um ou alguns deles os são de pessoa vinculada. Esse problema pode ser desdobrado no que se pode considerar como valor agregado, i.e., se os outros itens o integram. A essa altura, é possível notar que há dois elementos na consecução do preço parâmetro que concorrem à sua distorção: a margem de lucro de 60% e o valor agregado, ou melhor, o que é e como isolar o valor agregado na apuração do preço parâmetro conforme a lei. O problema da margem de lucro não há como o eliminar sem alteração da lei. Resta o problema do valor agregado. Com relação ao valor agregado, há outra interpretação, dada pela IN 243/02, conquanto as duas interpretações já apreciadas se revelem juridicamente possíveis, segundo entendo. A IN SRF 243/02, revogando a IN SRF 32/01, incorporou o seguinte método para concreção da norma legal em discussão: Art. 12. (...) § 11. Na hipótese do § 10, o preço parâmetro dos bens, serviços ou direitos importados será apurado excluindose o valor agregado no País e a margem de lucro de sessenta por cento, conforme metodologia a seguir: I preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido: a relação percentual entre o valor do bem, serviço ou direito importado e o custo total do bem produzido, calculada em conformidade com a planilha de custos da empresa; III participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido: a aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme o inciso II, sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com o inciso I; IV margem de lucro: a aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a "participação do bem, serviço ou direito Fl. 541DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 35 16 importado no preço de venda do bem produzido", calculado de acordo com o inciso III; V preço parâmetro: a diferença entre o valor da "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado conforme o inciso III, e a margem de lucro de sessenta por cento, calculada de acordo com o inciso IV. A fórmula representativa de tal interpretação é a seguinte: PP = PLV x (CI/CT) – 0,6 x PLV x (CI/CT) PP = 0,4 x PLV x (CI/CT) ou 40% de PLV x (CI/CT) Onde : PLV = preço líquido de venda; CI = custo do insumo importado; CT = custo total; PP = preço parâmetro. Esta foi a forma de se resolver a questão do que é valor agregado e de como se isolálo da apuração do preço parâmetro, ou na via contrária, de como isolar o bem ou insumo importado sujeito ao controle de preços de transferência. Entra aí a proporcionalidade ou proporcionalização para tal mister. Isolase o insumo importado de pessoa vinculada empregado na produção do bem acabado mediante a relação entre o valor daqueles e o valor do custo total. De início, reconheço que o raciocínio interpretativo que leva à proporcionalização do custo do insumo importado de pessoa vinculada em relação ao custo total é de mais fácil acomodação legal se estivéssemos diante da dicção original do art. 18, II, da Lei 9.430/96. Quer dizer, mais fácil se acomodar a interpretação com tal proporcionalização se a lei falasse simplesmente diminuído de margem de lucro de X% calculada sobre o preço de revenda. Com a incorreção ou deficiência redacional da norma legal posta com a Lei 9.959/00, o caminho é mais tortuoso, e demanda passar por aquelas etapas e interpretações anteriores para visualizar com clareza a referida deficiência redacional e de técnica. Mas assim se obtém reitero, com todas as deficiências que o dispositivo da lei carrega o isolamento do valor agregado da apuração do preço parâmetro, e o que é o valor agregado. Isto a lei não define. Então, a proporcionalização entre o custo do insumo importado de pessoa vinculada e o custo total, em si, não me parece ter rompido os limites da norma legal. É o “olhar” que procura extrair do colocado deficientemente pela linguagem da lei o que é o valor agregado especialmente quando há diversos itens importados entre os quais não de pessoa vinculada e o como isolar o valor agregado, que são os grandes problemas na formulação deficiente do dispositivo legal, além da margem de lucro de 60% (mas este percentual é expressamente consagrado pela lei). Vejase que, como consectário da afirmação supra, a margem de lucro exigida pela lei não contém (ou não suporta) os custos e despesas dissociados (ao menos diretamente) do insumo importado de pessoa vinculada. Nessa linha de considerações, podese Fl. 542DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 36 17 dizer que isso é da inteligência extraível da lei (mens legis), ao por o valor agregado como elemento a ser pesado (por expurgo) na determinação do preço parâmetro. Discutível é, repita se, a margem de lucro exigida pela lei. A proporcionalização entre o custo do insumo importado de pessoa vinculada e o custo total permite definir o alcance de valor agregado – o que, reitero, a lei não define. Pela via inversa, a proporcionalização em pauta proporciona o isolamento do insumo importado de pessoa vinculada de todo o resto que possa comparecer no produto final. Este é o cerne da proporcionalização. Segue daí que a proporcionalização no cálculo da margem de lucro (o subtraendo da fórmula) e, por conseguinte, no preço líquido de revenda (o minuendo da fórmula), leva à determinação da participação do insumo importado no preço de revenda líquido. Dito de forma mais clara, a proporcionalização nos termos expostos leva à determinação da proporção do insumo importado relativamente ao preço de revenda líquido, ou à parcela do preço líquido de revenda correspondente ao insumo importado. Desse modo, conseguese o isolamento do insumo importado de pessoa vinculada de todo o resto que possa comparecer no produto final, incluindose aí a parcela correspondente do preço líquido de revenda de todo o resto. Essa parte final acaba redundando no alcance e definição de valor agregado. Mas, registrese que parcela do preço líquido de revenda correspondente ao item importado é muito diverso de se pegar o item importado e sobre ele se aplicar uma margem de lucro de X% (60%). Podemse confundir essas duas coisas tomandosea por iguais, mas não as são. Impõese cuidado para não fazer tal confusão. Pois bem. Partindose dessa concepção, se torna válida a demonstração algébrica feita por Ricardo Marozzi Gregório2 da verdade da proposição a respeito da fórmula da proporcionalização. Diante do cerne da proporcionalização e do consequente alcance e definição de valor agregado, obtémse o seguinte: a parcela do valor líquido de revenda que corresponde ao item importado somada ao valor agregado deve resultar no valor líquido final. Então se tem: PLV x (CI/CT) + VA = PLV. E todo resto no preço líquido de revenda informa o valor agregado (em face do isolamento já esclarecido). Assim, o valor agregado é: ([1 – (CI/CT)] x PLV). Aplicase, desse modo, a identidade para a proposição: 2 Cf. seu “Preços de transferência: uma avaliação da sistemática do método PRL”. “In”: Luís Eduardo Schoueri (coord.). “Tributos e preços de transferência – 3º volume”. São Paulo: Dialética, 2009, pp. 189 e 190. Fl. 543DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 37 18 PLV x (CI/CT) + ([1 – (CI/CT)] x PLV) = PLV PLV x (CI/CT) + PLV – PLV x (CI/CT) = PLV PLV = PLV → proposição verdadeira Eis a verdade da proposição demonstrada por Ricardo Marozzi Gregório3. Isso é válido, à luz das considerações que fiz, notadamente quanto ao cerne da proporcionalização. E, como igualmente disse, a proporcionalização em si não me parece romper a barreira legal, por conta da deficiência da linguagem da lei e do sentido que se pode extrair dessa formulação legal, com as razões já expostas. Importa acentuar o seguinte. Uma vez que se aceite a proporcionalização no cálculo da margem de lucro (o subtraendo da formulação para se chegar ao preço parâmetro), a proporcionalização tem de se dar necessária e igualmente no PLV (minuendo da formulação). Reproduzo a fórmula não sintetizada, para clareza do que se coloca: PP = PLV x (CI/CT) – 0,6 x PLV x (CI/CT). A proporcionalização do PLV (o minuendo) é consequência necessária da proporcionalização do cálculo da margem de lucro a ser subtraída (o subtraendo). Se a proporcionalização ocorre no subtraendo, e o minuendo (PLV) não for proporcionalizado, a operação passa a ser totalmente destituída de lógica jurídica como de lógica matemática. Sem isso, não há o isolamento do insumo importado de todo o resto que possa comparecer no produto final, no que se inclui a parcela correspondente do preço líquido de revenda de todo o resto. Alegouse que a formulação veiculada pela IN SRF 243/02 foi adotada pela Medida Provisória 478/10 (que caducara), e recentemente pela Medida Provisória 563/02 (corrigindo a margem de lucro fixa independentemente do setor produtivo e ‘‘desajustadamente’’ elevada). Isso seria a evidência de que a IN SRF 243/02 teria inovado o ordenamento jurídico. O argumento, em tese, é poderoso. Digo, em tese, pois, nomeadamente na esfera tributária, por vezes se se depara com norma legal que efetivamente não inova o ordenamento jurídico, inclusive sem precisar ser referenciada textualmente como norma interpretativa. Também é sabido o problema hermenêutico de existência ou não de norma legal interpretativa. Porém, o exercício hermenêutico nos conduz vez por outra a aparentes perplexidades com a exegese de não ter havido inovação por determinada norma legal. Para não ficar no caso da IN SRF 38/96, em face do art. 1º da Lei 9.532/97 e do art. 25 da Lei 9.249/95, art. 1º da Lei 9.532/97, situação que pode gerar boa discussão, cito o art. 42 da Medida Provisória 1.99115/00 (atual art. 41 da Medida Provisória 2.15835/01), que previu a inaplicabilidade da ‘‘trava’’ de 30% para compensação de bases negativas de CSL decorrentes da atividade rural. A jurisprudência do CARF se sedimentou no sentido de reconhecer que mesmo antes dessa norma legal, a referida ‘‘trava’’ de 30% para compensação 3 Cf. “op. cit.”, p. 190. Fl. 544DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 38 19 de bases negativas de CSL já era inaplicável. A tal ponto que foi sumulada (Súmula CARF nº 53). Diante de tudo quando foi deduzido anteriormente, pareceme ser extraível aqui a mesma exegese. A MP 563/12 ‘‘aproveitou’’ as alterações na margem de lucro para corrigir (já que a MP 478/10 não fora convertida em lei) as deficiências redacional e técnica da Lei 9.959/00 que provoca as discussões interpretativas no grau que estão postas, para as espancar. Não vejo, dessa forma, rompimento da norma legal pela IN SRF 243/02 pela referida via argumentativa. De outra parte, a presente interpretação também conduz a distorções. Porém, a respeito de distorções provocadas pela interpretação em comentário, cabem alguns apontamentos. Uma distorção é a do chamado efeito circular provocado pela IN SRF 243/02, i.e., ainda que se use o valor ajustado, ao se aplicar a fórmula em discussão novamente sobre aquele valor já ajustado, chegase a um novo valor para ajuste, e assim sucessivamente. Quanto a esse efeito circular, isso se dá porque o ajuste prescrito pela fórmula não chega a recompor a margem de lucro de 60%, mas recompõe uma margem de lucro inferior. Daí o efeito circular, caso se use a formulação novamente sobre o valor já ajustado. Outra distorção. É dito que, ao se aplicar uma margem mínima de lucro sobre o insumo importado, casos há em que isso não conduz a nenhum ajuste, gerando, pelo contrário, uma margem ou ajuste negativo. Sobre isso, ganha relevo a seguinte observação. Em exemplos utilizados para se chegar a tal resultado, dissociase a margem de lucro aplicada sobre o insumo importado utilizado na produção do bem da margem de lucro aplicada sobre o custo agregado. E se aplica uma margem de lucro muito elevada sobre o custo agregado: uma margem de lucro superior a 60%. Vejase que falei custo agregado, ao versar sobre as margens de lucro utilizadas distintamente. Quer dizer, usamse margens de lucros distintas, e a empregada sobre o custo agregado é justamente superior a 60%. E a margem de lucro total sobre o preço de revenda se revela no mínimo de 60% (ou seja, considerandose a margem usada sobre o insumo importado e a margem sobre o custo agregado). Por isso não se chega a nenhum ajuste, ou o ajuste indicado é negativo (que é o mesmo que nenhum ajuste). Além disso, o comum na prática empresarial é se calcular uma margem de lucro bruta sobre o custo total. Mas, ainda que não se use uma única margem de lucro sobre o custo total, a questão é se empregar uma margem de lucro sobremaneira elevada justamente para o custo agregado, para se fazer o exercício. Ademais, é importante registrar que o preço parâmetro obtenível segundo a interpretação dada pela IN SRF 243/02 não se dá com o uso de margem de lucro sobre o insumo importado, como é feito nos exemplos. Esclareço. Fl. 545DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10283.721301/200861 Acórdão n.º 1103000.672 S1C1T3 Fl. 39 20 Na interpretação da IN SRF 243/02, a margem de lucro é calculada sobre o preço de revenda proporcionalizado entre insumo importado e custo total. Isso é diferente de se calcular a margem de lucro simplesmente sobre o insumo importado. Notese que o ora acentuado corresponde à advertência que fiz anteriormente. Parcela do preço líquido de revenda correspondente ao item importado é muito diverso de se pegar o item importado e sobre ele se aplicar uma margem de lucro de X% (60%). Não se podem confundir essas duas coisas. Mais uma distorção acusada é a de que mesmo se aplicando uma margem de 60% sobre o insumo importado, a formulação em dissídio gera ajuste. Aqui tem lugar a mesma consideração que acabara de fazer. A margem de lucro não é calculada sobre o insumo importado, segundo a IN SRF 243/02, mas sobre o preço de revenda proporcionalizado entre o insumo importado e o custo total. Isto é, sobre a participação ou proporção do item importado relativamente ao preço de revenda líquido. Enfim, como disse alhures, os dois grandes problemas da regra legal do PRL 60 são a margem de lucro de 60% aplicável para obtenção do preço parâmetro e o que é e como tratar o valor agregado, em face da incorreção ou deficiência redacional, inclusive técnica, do dispositivo de que emana a regra legal. A margem de lucro de 60% só se contorna com mudança de lei. Reservouse a questão do valor agregado e o limite da moldura legal. De todo modo, por tudo quanto deduzi, a conclusão a que chego é a de que a interpretação dada pela IN SRF 243/02 se coloca nas fronteiras da norma legal. No que toca à dedução do valor de ICMS, que deve incluir o do benefício fiscal, igualmente acompanho o ilustre relator. Sobre o recurso de ofício, irretorquível o entendimento consagrado pelo acórdão a quo, ao expurgar a quantidade de mercadorias revendidas para pessoa ligada na aplicação do método de ajuste PRL 60. Nessa ordem de considerações e juízo, dou provimento parcial ao recurso voluntário para deduzir o valor do ICMS correspondente ao benefício fiscal do Estado de Amazonas da apuração do preço líquido de revenda, e nego provimento ao recurso de ofício. É o meu voto. (assinado digitalmente) Marcos Takata Conselheiro Fl. 546DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/201 2 por HUGO CORREIA SOTERO, Assinado digitalmente em 05/12/2012 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado d igitalmente em 06/12/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA
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Numero do processo: 19515.720168/2011-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 19 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Apr 02 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006, 2009
OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS.
Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítida inobservância da primazia da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a conseqüente tributação do novo ganho de capital apurado.
MULTA QUALIFICADA
Em suposto planejamento tributário, quando identificada a convicção do contribuinte de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios, não há como ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, elemento este constante do caput dos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502/64.
TAXA SELIC. JUROS DE MORA INCIDENTE SOBRE MULTA DE OFICIO. INAPLICABILIDADE.
Os juros de mora equivalente à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC não incidem sobre a multa de oficio lançada juntamente com o tributo ou contribuição, por absoluta falta de previsão legal.
Recurso provido em parte.
Numero da decisão: 2202-002.166
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, QUANTO A MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA: por unanimidade de votos, desqualificar a multa de ofício, reduzindo-a ao percentual de 75%. QUANTO A EXCLUSÃO DA MULTA DE OFÍCIO POR ERRO ESCUSÁVEL: por maioria de votos, negar provimento. Vencido o Conselheiro Pedro Anan Junior, que votou pela exclusão da multa de ofício. QUANTO A EXCLUSÃO DA INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO: por maioria de votos, excluir da exigência da taxa Selic incidente sobre a multa de ofício. Vencidos os Conselheiros Antonio Lopo Martinez (Relator) e Nelson Mallmann, que negaram provimento ao recurso nesta parte. Designado para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga. QUANTO AS DEMAIS QUESTÕES: por maioria de votos, negar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Guilherme Barranco de Souza, que provia integralmente o recurso voluntário. Manifestaram-se, quanto ao processo, o contribuinte através de seu advogado Dr. Luís Claudio Gomes Pinto, inscrito na OAB/RJ sob nº 88.704 e a Fazenda Nacional, através de seu representante legal Dra. Indiara Arruda de Almeida Serra (Procuradora da Fazenda Nacional).
(Assinado digitalmente)
Nelson Mallmann Presidente
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez Relator
(Assinado digitalmente)
Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga Redatora designada
Composição do colegiado: Participaram do julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Rafael Pandolfo.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2006, 2009 OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítida inobservância da primazia da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a conseqüente tributação do novo ganho de capital apurado. MULTA QUALIFICADA Em suposto planejamento tributário, quando identificada a convicção do contribuinte de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios, não há como ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, elemento este constante do caput dos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502/64. TAXA SELIC. JUROS DE MORA INCIDENTE SOBRE MULTA DE OFICIO. INAPLICABILIDADE. Os juros de mora equivalente à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC não incidem sobre a multa de oficio lançada juntamente com o tributo ou contribuição, por absoluta falta de previsão legal. Recurso provido em parte.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 24; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2214; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.720168/201124 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202002.166 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 19 de fevereiro de 2013 Matéria IRPF Recorrente JAMES MARCOS DE OLIVEIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006, 2009 OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítida inobservância da primazia da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a conseqüente tributação do novo ganho de capital apurado. MULTA QUALIFICADA Em suposto planejamento tributário, quando identificada a convicção do contribuinte de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios, não há como ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, elemento este constante do caput dos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502/64. TAXA SELIC. JUROS DE MORA INCIDENTE SOBRE MULTA DE OFICIO. INAPLICABILIDADE. Os juros de mora equivalente à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC não incidem sobre a multa de oficio lançada juntamente com o tributo ou contribuição, por absoluta falta de previsão legal. Recurso provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 01 68 /2 01 1- 24 Fl. 886DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA 2 Acordam os membros do Colegiado, QUANTO A MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA: por unanimidade de votos, desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. QUANTO A EXCLUSÃO DA MULTA DE OFÍCIO POR ERRO ESCUSÁVEL: por maioria de votos, negar provimento. Vencido o Conselheiro Pedro Anan Junior, que votou pela exclusão da multa de ofício. QUANTO A EXCLUSÃO DA INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO: por maioria de votos, excluir da exigência da taxa Selic incidente sobre a multa de ofício. Vencidos os Conselheiros Antonio Lopo Martinez (Relator) e Nelson Mallmann, que negaram provimento ao recurso nesta parte. Designado para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga. QUANTO AS DEMAIS QUESTÕES: por maioria de votos, negar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Guilherme Barranco de Souza, que provia integralmente o recurso voluntário. Manifestaramse, quanto ao processo, o contribuinte através de seu advogado Dr. Luís Claudio Gomes Pinto, inscrito na OAB/RJ sob nº 88.704 e a Fazenda Nacional, através de seu representante legal Dra. Indiara Arruda de Almeida Serra (Procuradora da Fazenda Nacional). (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga – Redatora designada Composição do colegiado: Participaram do julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Rafael Pandolfo. Fl. 887DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.720168/201124 Acórdão n.º 2202002.166 S2C2T2 Fl. 3 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, JAMES MARCOS DE OLIVEIRA, foi lavrado, em 03/05/2011, o Auto de Infração de fls. 535/540, acompanhado dos demonstrativos de fls. 02 e 532/534 e do Termo de Verificação Fiscal de fls. 512/531, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anoscalendário 2006 e 2009, por meio do qual foi apurado crédito tributário no montante de R$ 12.529.151,29 (doze milhões, quinhentos e vinte e nove mil, cento e cinqüenta e um reais e vinte e nove centavos), sendo R$ 4.541.064,27 referentes ao imposto, R$ 6.811.596,40, à multa de ofício e R$ 1.176.490,62, aos juros de mora (calculados até 29/04/2011).. Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 556/557), o procedimento resultou na apuração da seguinte infração:: .Omissão de Ganhos de Capital na Alienação de Ações/Quotas Não Negociadas em Bolsa Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto (R$) Multa (%) 31/12/2006 45.373.184,03 150 30/09/2009 71.399.429,11 150 Segundo o Termo de Verificação Fiscal de fls. 512/531, em dezembro de 2006, após um complexo processo de reorganização societária, o contribuinte alienou à empresa UBS Brasil Participações Ltda a participação que possuía no Banco Pactual, representada por 36.857.523 (trinta e seis milhões, oitocentas e cinqüenta e sete mil, quinhentas e vinte e três) ações ordinárias. Tal alienação resultou na apuração de um ganho de capital no valor aproximado de R$ 116,8 milhões e de um imposto de renda pessoa física da ordem de R$17,5 milhões, sendo R$ 6,8 milhões no ano de 2006 e R$ 10,7 milhões em 2009. Afirma a autoridade lançadora que, antes de concluir a venda de sua participação no Banco Pactual S/A à UBS Brasil Participações Ltda, o contribuinte elevou indevidamente o custo de aquisição dessa participação, utilizandose de sofisticados artifícios contábeis, engendrados através de diversos negócios societários, que, resumidamente, consistiram na elevação do capital em empresas investidoras, via equivalência patrimonial com as empresas investidas e a quase simultânea extinção das holdings que detinham participação societária no Banco Pactual, por meio de sucessivas incorporações reversas, culminando com a alienação das ações do Banco diretamente pelos acionistas pessoas físicas da instituição. Com isto, o contribuinte inflou artificialmente o custo das ações que pretendia vender, com o propósito de reduzir o montante de seu ganho de capital e consequentemente o valor do IR incidente sobre essa alienação. De acordo ainda com o Termo de Verificação Fiscal, esse artifício se torna flagrante ao compararmos a evolução do Patrimônio Líquido do Banco, que atingiu 84,45% no período de 31/12/2005 a 31/11/2006, com o aumento do custo de aquisição pretendido pelo contribuinte de 293,76% no mesmo período. Fl. 888DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA 4 Segundo o TVF, a reorganização societária ocorreu da seguinte forma: Aumento de Capital na “Nova Pactual PARTICIPAÇÕES” em 13/10/2006 mediante capitalização dos créditos detidos pelos sócios quotistas em face da sociedade. Na mesma data, a controladora (Nova Pactual PARTICIPAÇÕES LTDA.) foi incorporada pela sua controlada PACTUAL S.A., ocorrendo a denominada incorporação inversa. Em 13/10/2006, aumentouse o capital social da Pactual HOLDINGS S.A., mediante a capitalização dos créditos detidos pelos sócios quotistas em face da sociedade. Na mesma data, a controladora (PACTUAL HOLDINGS S.A.) foi incorporada pela sua controlada (PACTUAL S.A.), ocorrendo a denominada incorporação inversa. Em 01/11/2006, aumentouse o capital social da PACTUAL S.A. mediante a capitalização dos créditos detidos pelos sócios quotistas contra a sociedade. Por fim, em 01/12/2006, a controladora (PACTUAL S.A.) foi incorporada pela sua controlada (BANCO PACTUAL S.A.) No mesmo dia 01/12/2006, o contribuinte aliena a sua participação no BANCO à UBS BRASIL. Segundo o Termo de Verificação Fiscal observase que os negócios perpetrados pelo “ GRUPO PACTUAL” entre 13/10/2006 e 01/12/2006, tinha o padrão de promover o aumento de capital em uma determinada empresa, através de créditos detidos por seus sócios pessoa físicas, e sua subsequente incorporação em outra empresa, que por sua vez, sofrerá novo aumento de capital e nova incorporação. E ainda que os ativos das empresas incorporadas se constituíam quase que integralmente, ou integralmente no último caso, do investimento na incorporadora. Conclui, então, o fiscal autuante que a análise em conjunto de todas as operações que antecederam a alienação das ações representativas do capital social do Banco Pactual, realizadas entre o grupo Pactual e o contribuinte, evidenciam que este incorreu na prática de ato simulado, ao inflar artificialmente o custo de aquisição das ações, com Fl. 889DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.720168/201124 Acórdão n.º 2202002.166 S2C2T2 Fl. 4 5 capitalização cumulativa de valores derivados dos lucros apurados por equivalência patrimonial, nas operações de incorporações inversas, com o propósito de lesar terceiros, no caso a Fazenda Nacional, configurandose a hipótese de incidência prevista no inciso I, do parágrafo primeiro, do art. 167 do Código Civil, combinado com seu parágrafo 2º. Assim, para efeito da correta apuração do ganho de capital ocorrido na alienação da participação societária que o contribuinte possuía no Banco Pactual S/A, foi expurgado, para fins de cálculo de seu efetivo custo de aquisição, o efeito produzido pelas capitalizações de lucros e/ou reservas nas empresas Nova Pactual Participações e Pactual Holdings, ocorridas em 13/10/2006, nos respectivos valores de R$ 686 milhões e de R$ 202,5 milhões, uma vez que, como acima evidenciado, esse efeito foi utilizado em duplicidade e está embutido na capitalização de lucros da “PACTUAL”, realizada em 01/11/2006, no valor de R$996.087.876,00. Expurgandose o acréscimo promovido pelo contribuinte no custo de aquisição de suas ações, em razão capitalização da empresa Nova Pactual Participações, no valor de R$ 30.233.762,00 e, foi apurado o valor correto do custo de aquisição das ações alienadas, que somou R$ 53.685.036,83 (R$ 83.918.799,83 R$ 30.233.762,00). Cientificado da autuação em 06/05/2011 (fls. 541), o interessado apresentou, em 22/08/2011, por meio de seu representante legal, a impugnação de fls. 545/584, por meio da qual alega, em síntese, o que segue: 1. antes da reestruturação, o impugnante era titular de investimentos representativos de 1,62% da Nova Pactual Participações Ltda, sociedade holding titular de investimentos representativos de 78,18% do capital de Pactual S.A., holding titular de investimentos representativos de 100% do capital do Banco Pactual; 2. os investimentos representativos dos demais 21,82% do capital da Pactual S/A eram de propriedade de Pactual Holdings S.A., sociedade holding na qual o impugnante não tinha qualquer participação; 3. os principais atos da reestruturação questionados pelo Auto de Infração foram: i) aumento de capital de Nova Pactual, realizado em 13/10/2006, mediante a capitalização de lucros gerados pelo Banco Pactual e por ela reconhecidos em razão da aplicação do Método de Equivalência Patrimonial (MEP), resultando em acréscimo do custo dos investimentos do impugnante de R$ 30.233.762,00; ii) aumento de capital de Pactual Holdings, na mesma data, mediante a capitalização de lucros gerados pelo Banco Pactual e por ela reconhecidos em razão da aplicação do MEP, o qual é irrelevante no caso concreto porque, como visto acima, o impugnante não era titular de investimentos na Pactual Holdings; iii) incorporação da Nova Pactual (e Pactual Holdings, o que não é relevante no caso) por Pactual, sua controlada (incorporação reversa), e transferência ao impugnante, em substituição à sua participação no capital da incorporada, de investimentos diretos na incorporadora, ou seja, em Pactual; iv) aumento de capital de Pactual, em 03/11/2006, mediante a capitalização de lucros gerados pelo Banco Pactual Fl. 890DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA 6 e por ela reconhecidos em razão da aplicação do MEP, resultando em aumento do custo dos investimentos do impugnante de R$ 32.372.856,00, correspondente à soma do custo dos investimentos em Nova Pactual e Pactual Holdings; v) incorporação de Pactual pelo Banco Pactual (incorporação reversa), tendo o impugnante recebido, em substituição à sua participação no capital da incorporada, extinta com a incorporação, investimentos diretos na incorporadora, ou seja, no Banco Pactual; 4. depois da incorporação da Pactual pelo Banco Pactual, as ações deste último das quais o impugnante se tornou proprietário foram alienadas à UBS Brasil Participações Ltda, pelo preço total de R$ 170.457.649,97, do qual uma parcela foi paga a vista, em 2006 (R$ 66.233.049,97), e outra parcela, em 2009 (R$ 104.227.600,00); 5. dos R$ 713.076.094,11 pagos em 2009, parte ocorreu em dinheiro (R$ 541.937.831,52) e o restante (R$171.138.262,59), em ações representativas de aumento de capital de BTG Pactual Participações II S.A.; 6. após a implementação da reestruturação, o custo dos investimentos do impugnante no Banco Pactual passou a ser de R$ 83.917.208,36 e, assim, a venda de suas ações gerou um ganho de capital no valor de R$ 86.497.375,81 e a incidência de IRPF, que foi devidamente recolhido ao cofres públicos; 7. no Termo de Verificação Fiscal anexo ao Auto de Infração, a fiscalização afirma que a reestruturação: i) implicou na majoração indevida do custo de aquisição dos investimentos do impugnante no Banco Pactual, a qual decorreria de uma interpretação equivocada do art. 135 do RIR com relação aos efeitos das incorporações inversas; ii) consubstanciou ato simulado cujos efeitos, nos termos do art. 116, § único, do CTN, poderiam ser desconsiderados para fins fiscais; iii) implicou na caracterização cumulativa de todas as hipóteses previstas nos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502/64, quais sejam, sonegação, fraude e conluio, motivando a aplicação da multa de 150%; 8. em razão do exposto, a fiscalização desconsiderou parte do acréscimo do custo de aquisição dos investimentos do impugnante no Banco Pactual, qual seja, aquele decorrente da capitalização de lucros pelas holdings do Banco Pactual (Nova Pactual e Pactual S.A), no que excederam os lucros existentes no próprio Banco Pactual; 9. o auto indica, como enquadramento legal, uma série de dispositivos que apenas contém regras gerais relativas à apuração e à tributação dos ganhos de capital auferidos por pessoas físicas, e nenhum deles foi infringido pelo impugnante; 10. o Grupo Pactual era composto por diversas holdings existentes há mais de dez anos e constituídas em uma época em que as pessoas físicas integrantes do grupo sequer cogitavam alienar seus investimentos no Banco Pactual; 11. os objetivos das holdings eram exclusivamente os de organizar o exercício do controle do Banco Pactual e a Fl. 891DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.720168/201124 Acórdão n.º 2202002.166 S2C2T2 Fl. 5 7 distribuição de seus resultados e, dessa forma, a alienação do Banco Pactual a terceiros faria com que as mesmas se tornassem totalmente desnecessárias; 12. em tese, as holdings poderiam ser extintas antes ou depois da concretização da venda do Banco Pactual, sendo que, na primeira hipótese, os controladores figurariam no polo vendedor da operação, ao passo que, na segunda, as holdings ocupariam essa posição; 13. pela natureza do negócio celebrado com o UBS Brasil, optouse pela extinção das holdings antes da realização do negócio; 14. como é comum nas vendas de instituições financeiras com as características do Banco Pactual, seus principais acionistas assumem obrigações de caráter personalíssimo, como a de não competirem com a sociedade vendida e mesmo de nela continuarem atuando até que seu fundo de comércio tenha se consolidado após a transferência de seu controle acionário; 15. assim, nada mais lógico que eles fossem parte no negócio, e não meros intervenientes. 16. o caminho trilhado pelos controladores para se tornarem vendedores do Banco Pactual foi o mais lógico, rápido e econômico possível e o acréscimo de custo de seus investimentos é mera consequência da aplicação das normas em vigor; 17. entre as diversas variantes que poderiam ser adotadas para fazer com que os controladores figurassem como vendedores, tais como: i) a liquidação das holdings com a entrega dos ativos (no que se incluiriam as ações do Banco Pactual) aos controladores em devolução do capital; ii) a redução do capital das holdings, mediante entrega dos investimentos no Banco Pactual aos controladores; iii) incorporações diretas; ou tradicionais, cujos inconvenientes são enormes, ressaltando que a incorporação de um banco como o Pactual por outra empresa, sobretudo uma que não seja instituição financeira, seria extremamente complexa e onerosa; iv) a venda, pelos controladores, de investimentos diretos nas holdings, hipótese em que seria desnecessária qualquer reestruturação societária prévia; a última variante disponível, a incorporação reversa das holdings pelo Banco Pactual, sem dúvida, era a mais conveniente do ponto de vista prático, operacional, negocial e fiscal; 18. desde que o art. 8° da Lei n° 9.532, de 10/12/1997, definiu os efeitos fiscais das incorporações inversas, as incorporações de holdings têm sido a primeira opção para a eliminação de empresas cuja existência se torna desnecessária; 19. não procede, assim, a alegação de que a opção pelas incorporações inversas consistiu em um artifício motivado exclusivamente pela economia fiscal; Fl. 892DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA 8 20. nas incorporações, a incorporadora recebe um conjunto patrimonial (bens, direitos e obrigações) e “paga” aos acionistas da incorporada pelo mesmo, em ações representativas de aumento de seu capital; 21. não se apuram resultados na substituição de ações da incorporada por ações da incorporadora e, por essa razão, as ações da incorporadora recebidas pelos acionistas da incorporada tem o mesmo custo de seus investimentos na incorporada, declarados extintos na incorporação; 22. a incorporação das holdings pelo Banco Pactual é um exemplo de incorporação “inversa” ou “reversa”, na qual a investida (Banco Pactual) sucede as investidoras (as holdings) em todos os seus bens, direitos e obrigações, dentre os quais figuram os investimentos da investidora/incorporadora na investida/incorporada, cabendo à investida aumentar seu capital social e entregar as ações representativas desse aumento aos acionistas da investidora/incorporadora; 23. contudo, a investida/incorporadora passa a ter ações representativas de seu próprio capital social, que são canceladas no próprio ato ou, opcionalmente, mantidas em tesouraria, na hipótese de a investida dispor de lucros ou reservas suficientes à subsistência das ações; 24. ocorre, assim, um aumento de capital (para a emissão de ações destinadas aos acionistas da investidora/incorporada) e uma subsequente redução do capital para cancelamento das ações representativas do próprio capital da investida, caso a mesma não possa ou não queira mantêlas em tesouraria; 25. o conjunto patrimonial destinado à realização do aumento de capital corresponde à diferença entre o valor dos ativos e das obrigações da incorporada, isto é, ao seu patrimônio líquido; 26. a parcela do patrimônio líquido da incorporada, representada por lucros ou reservas de lucro, por exemplo, transformase em capital da incorporadora no processo de incorporação e, por essa razão, é indiferente que, antes da incorporação, os lucros da incorporada sejam ou não capitalizados; 27. a automática conversão de todas as contas do patrimônio líquido da incorporada em capital da incorporadora é reconhecida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e até mesmo pelo fisco; 28. não fosse a distribuição e capitalização prévia de lucros assim, a incorporação faria com que as quotas da incorporadora (Pactual S.A.), destinadas aos quotistas da Nova Pactual Participações Ltda em substituição de suas participações na mesma, fossemlhes atribuídas na proporção do capital social, fazendo com que os lucros acumulados até então fossem distribuídos também nesta proporção; 29. em vista disto, os lucros de Nova Pactual foram distribuídos em bases desproporcionais e reaplicados na empresa, acertando Fl. 893DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.720168/201124 Acórdão n.º 2202002.166 S2C2T2 Fl. 6 9 as participações dos acionistas no patrimônio líquido antes da incorporação; 30. tal assertiva é comprovada pela simples análise da capitalização de lucros de Nova Pactual, realizada nos termos de sua 4a Alteração Contratual, datada de 13/10/2006 oportunidade em que o capital de Nova Pactual foi aumentado em R$ 686.000.000,00, mediante a conversão de créditos detidos por seus quotistas, créditos estes decorrentes do direito ao recebimento de lucros; 31. antes da capitalização desproporcional, o impugnante era titular de investimentos representativos de 4,16% do capital de Nova Pactual; 32. assim, partindose de sua posição anterior no capital de Nova Pactual, caberlheiam lucros no valor de R$28.537.600,00, os quais, tão logo fossem capitalizados, aumentariam o custo de seus investimentos no mesmo valor; 33. todavia, em função da dita distribuição desproporcional de lucros, só lhe couberam lucros no valor de R$24.589.386,00, os quais, quando capitalizados, aumentaram o custo de seus investimentos no mesmo valor; 34. verificase, portanto, que, em função da capitalização desproporcional de lucros de Nova Pactual, o custo dos investimentos do impugnante na mesma foi menor em R$3.948.214,00; 35. se os efeitos da capitalização de lucros da Nova Pactual fossem ignorados, o custo dos investimentos do impugnante no Banco Pactual, na época da vendas de suas ações, seria maior, na medida em que: i) a redução de sua participação no capital de Nova Pactual de 4,16% para 3,84% seria desconsiderada; e ii) tocaria ao impugnante uma parcela maior dos lucros capitalizados pela Pactual S.A, aumentando, por conseguinte, o custo das ações desta, subsequentemente substituídas por ações do Banco Pactual; 36. em vista disto, se, por absurdo, fosse mantido o auto de infração, o ganho de capital do recorrente deveria ser recalculado e quantificado com base na participação que o mesmo teria no Banco Pactual se a capitalização de lucros de Nova Pactual, e consequente redução de sua participação, não tivesse ocorrido; 37. a legislação do Imposto de Renda determina, no art. 130, §1º e art. 135 do RIR, que o custo de aquisição de ações ou quotas de titularidade de uma pessoa física corresponde ao custo original do investimento acrescido do montante dos lucros ou reservas de lucros capitalizados; 38. nas incorporações inversas, se, por um lado, os acionistas da incorporadora recebem ações da incorporada por custo idêntico ao das ações da incorporadora, por outro lado, ocorre a Fl. 894DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA 10 capitalização de lucros ou reservas eventualmente existentes na incorporada e o novo custo de aquisição das ações dos acionistas da incorporada passa a corresponder ao valor original de seu investimento acrescido do montante dos lucros e reservas de lucros da incorporada; 39. no caso concreto, a capitalização de lucros e reservas de lucros das holdings foi deliberada antes da incorporação, mas a capitalização existiria independentemente desta deliberação; 40. o ajuste de custo do valor dos investimentos se verificaria, quer houvesse deliberação expressa específica no sentido da capitalização dos lucros das holdings, como houve, quer não; 41. a legislação em vigor prevê que a capitalização dos lucros gera acréscimo de custo para os acionistas pessoas físicas, sem cogitar da natureza do lucro; 42. quer a capitalização dos lucros das holdings tivesse resultado de deliberação específica, quer houvesse ocorrido no processo de incorporação, seus sócios ou acionistas eram os vendedores e, dentre eles, estava o impugnante e, assim, o ajuste do custo dos seus investimentos decorre da aplicação da lei, não havendo como rejeitálo; 43. a opção de eliminaremse as holdings mediante incorporações reversas era o caminho lógico, natural e admitido por lei para viabilizar a venda das ações do Banco Pactual pelos controladores e o aumento de custo das ações do impugnante foi mera consequência da adoção dessa opção legítima e essencial aos negócios; 44. ainda que a majoração dos investimentos do impugnante no Banco Pactual seja em montante superior aos lucros auferidos pelo próprio Banco e que esta seja encarada como uma distorção, ela resulta da aplicação das normas societárias em vigor; 45. não se pode esperar que o contribuinte deixe de aplicar a lei em razão de a mesma lhe favorecer, pela peculiaridade de determinada situação; por outro lado, o fisco também não pode deixar de aplicála por considerar que ela beneficia indevidamente o contribuinte; 46. as distorções decorrentes da aplicação do método de equivalência patrimonial ocorrem não só nas hipóteses de incorporações reversas, mas também em outras situações; 47. o 1º Conselho de Contribuintes já decidiu que “a existência de falhas na legislação” não pode ser suprimida pelo julgador, ou, ainda, que “não cabe à autoridade fiscal ignorar o preceito representativo da vontade do legislador”; 48. as distorções que ocorrem devem ser corrigidas por quem tem competência para isso, o legislador, estando o intérprete e o aplicador da lei adstritos aos seus termos, não lhes cabendo deixar de aplicála por considerar que deveria ter tratado de forma diversa uma situação específica; Fl. 895DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.720168/201124 Acórdão n.º 2202002.166 S2C2T2 Fl. 7 11 49. ao afirmar que o impugnante deveria ter baixado uma parcela do custo de aquisição de seus investimentos quando ocorreu a incorporação reversa das holdings do Grupo Pactual, a fiscalização quer impor a adoção de procedimento sem base legal e sequer previsto em norma editada pela Receita Federal do Brasil; 50. além disso, faltaria até lógica a esse procedimento, pois, ao fazêlo, a venda do investimento após a incorporação reversa (e redução de custo) importaria no reconhecimento de injustificável ganho de capital; 51. o art. 167, §1º, inciso I, do Código Civil contempla situação em que pessoas sem qualquer interesse real (as chamadas interpostas pessoas) participam de negócios jurídicos com o único objetivo de ocultar um de seus verdadeiros participantes; 52. no caso concreto, não houve simulação por interposição de pessoa, pois em nenhum momento aparentouse conferir direitos a pessoa distinta com o objetivo de ocultar a que efetivamente os recebeu, não tendo havido em qualquer etapa da reestruturação a interposição de parte oculta; 53. a alienação do Banco Pactual foi celebrada entre seus proprietários e o UBS Brasil, tendo a reestruturação sido feita às claras para viabilizar a negociação das ações do Banco Pactual diretamente pelos controladores e, nesse particular, ela não foi contestada.; 54. os bens transferidos aos controladores foram ações do Banco Pactual e não direitos caracterizados pela majoração artificial do custo de aquisição das ações alienadas do Banco Pactual S/A; 55. ainda que a legislação vedasse a elevação dos custos do investimento do impugnante, a reestruturação teria ocorrido exatamente da mesma forma que ocorreu, pois ela representava a maneira mais rápida e econômica de viabilizar o negócio; 56. de acordo com a maior parte dos precedentes do 1º CC, a caracterização de simulação por interposta pessoa, prevista no art. 167, §1º, do CC/02, verificase quando direitos são entregues a pessoas que não são seus verdadeiros proprietários e sequer têm ingerência sobre eles; A DRJ ao julgar as razões do contribuinte, julgou o lançamento procedente nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006, 2009 ENQUADRAMENTO LEGAL GENÉRICO. O fato de constar do auto de infração vários dispositivos legais concernentes a aspectos gerais relativos à tributação dos Fl. 896DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA 12 rendimentos de ganho de capital não macula o lançamento, quando restar caracterizado que não houve prejuízo ao contribuinte, seja porque a descrição da infração lhe possibilita ampla defesa, seja porque a impugnação apresentada revela pleno conhecimento da infração imputada. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. VALIDADE. Só é considerado válido o planejamento tributário, conjunto de medidas e atos adotados pelo contribuinte na organização de sua vida econômico fiscal, se este anteceder o fato gerador e pautarse pela legalidade, com o afastamento de qualquer forma de simulação em relação aos atos e negócios praticados. OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. INCORPORAÇÕES REVERSAS. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a consequente tributação do novo ganho de capital apurado. SIMULAÇÃO. OPERAÇÕES ESTRUTURADAS EM SEQUÊNCIA. O fato de cada uma das transações dentro do grupo societário, isoladamente e do ponto de vista formal, ostentar legalidade, não garante a legitimidade do conjunto de operações, quando restar comprovada a simulação, visto que, por trás da verdade declarada, uma aparente reorganização societária representada por um conjunto de alterações contratuais, existia uma outra verdade, qual seja, a majoração artificial docusto das ações do acionista pessoa física e a obtenção de benefícios fiscais, que, de outra forma, não poderiam ser alcançados. MULTA QUALIFICADA. É cabível, por disposição literal de lei, a incidência de multa de ofício sobre o valor do imposto apurado em procedimento de ofício, que deverá ser exigida juntamente com o imposto não pago espontaneamente pelo contribuinte, independentemente do motivo determinante da falta. No caso em exame, tendo sido comprovado o intento doloso do contribuinte de reduzir indevidamente sua base de cálculo, a fim de se eximir do pagamento do imposto devido, cabível é a aplicação da multa qualificada. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Considerando que a multa de ofício é classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é correta a incidência dos juros de mora sobre os valores da multa de ofício não pagos, a partir de seu vencimento. Fl. 897DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.720168/201124 Acórdão n.º 2202002.166 S2C2T2 Fl. 8 13 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O contribuinte teve ciência de tal decisão e contra ela interpôs o Recurso Voluntário, por meio do qual assim resumiu os fatos que motivaram o lançamento: Primeiramente, reiterou as razões da impugnação; No que toca a decisão indica que é totalmente equivocada e não contém argumento jurídico, refutando todas as argumentações e argumentos do recorrente; Trouxe diversos exemplos para ilustrar seu raciocínio, bem como jurisprudência em favor de suas alegações. Por fim, discorreu sobre a inexistência de simulação na espécie, defendendo que seria inaplicável ao caso a qualificação da multa de ofício, pugnando pela reforma da decisão recorrida. Quando os autos já haviam sido encaminhados a este Conselho para julgamento, o Recorrente anexou aos autos parecer exarado por Ricardo Mariz de Oliveira acerca da inocorrência da simulação no caso em que se examina. O parecer tinha como objetivo oferecer resposta à seguinte indagação: "12. Diante do exposto, indaga Gilberto Sayão da Silva se, na reestruturação realizada previamente à alienação do BANCO, para que a mesma fosse realizada por seus controladores finais, houve a prática de algum ato (ou de um conjunto de atos) que possa ser qualificado como simulado, nos termos do art. 167 do Código Civil." A conclusão a que o signatário do mesmo chegou foi a de que: A única razão apresentada pela fiscalização autuante, e confirmada pela decisão da DRJ no respectivo processo administrativo, é a indevida (segundo o entendimento dessas instâncias fiscais) aplicação do art 135 do RIR/99, que teria majorado indevidamente o custo das ações vendidas. Entretanto, as possíveis conseqüências tributárias dos atos não são hábeis para caracterizálos como simulados, isto por um elementar raciocínio lógico: se fosse assim, toda vez que o art. 135 fosse aplicável ter seia que admitir ter havido simulação e ele deixaria de poder ser aplicado. (...) Como falei em passagem anterior, parece haver uma inconformidade da fiscalização com a duplicação de efeitos das capitalizações de lucros, em virtude de os lucros que existiam na Nova Pactual e na Pactual Holdings derivavam dos lucros da Pactual S.A. Todavia, isto não é resultado de simulação, mas, quando muito, insuficiência do comando legislativo, envolvendo tanto o art. 135 do RIR/99 quanto todo o método de equivalência patrimonial, não cabendo ao destinatário da norma, nem ao seu intérprete ou aplicador, corrigiIa a pretexto de interpretação, Fl. 898DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA 14 pois a correção necessariamente deve ser objeto de alteração legislativa, assim como não lhes é dado distinguir onde a norma legal não distingue, ou acrescentar a ela requisitos ou condições nela inexistentes. Seja como for, qualquer discussão em torno do art. 135 do RIR não depende necessariamente de ter havido simulação, e nem permite afirmar ter havido simulação. Concluo, pois, não ter ocorrido simulação perpetrada pelo Sr. Gilberto Sayão da Silva ou por qualquer das pessoas envolvidas nos atos e negócio jurídicos de que ele participou. É meu parecer. Em seguida (fls. 984 e seguintes), a d. Procuradoria da Fazenda Nacional apresenta suas contra razões ao Recurso Voluntário, aduzindo, em síntese, e após um breve relato dos fatos, que teria havido o aumento irregular do custo de aquisição das ações do BANCO PACTUAL S.A., tendo em vista que o Banco era a única fonte produtora de riqueza para todo o grupo, e os lucros não distribuídos (e capitalizados) pelas demais empresas foram apurados através do método da equivalência patrimonial. Eis um trecho do entendimento esposado na referida peça: Ora, as operações de capitalização e incorporação inversas não podem ser consideradas isoladamente, como pretende o contribuinte. Com efeito, a opção feita pelo contribuinte , no sentido de aproveitar os lucros e reservas de capital para aumentar o capital social , trará consequências para todas as suas empresas . Dessa forma, os dividendos não distribuídos c que estavam presentes na NOVA PACTUAL PARTICIPAÇÕES LTDA. e na PACTUAL HOLDINGS S.A., por meio do método da equivalência patrimonial, podem ser utilizados para a capitalização dessas empresas. Por sua vez, a incorporação dessas empresas pela PACTUAL S.A. provocará a incidência do art. 135 do RIR/99, com o conseqüente aumento do custo de aquisição das ações. Entretanto, unia vez utilizados os lucros e reservas de capital nessa operação, não é admissivel que eles possam lastrear unta futura capitalização da PACTUAL S.A. e o eventual aumento no custo de aquisição das ações dessa pessoa jurídica na incorporação inversa pelo BANCO PACTUAL S.A. Por fim, a PFN reitera o pedido para que seja mantida a qualificação da multa de ofício. É o Relatório Fl. 899DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.720168/201124 Acórdão n.º 2202002.166 S2C2T2 Fl. 9 15 Voto Vencido Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O recurso voluntário está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. O processo versa fundamentalmente sobre a validade do procedimento adotado pelo recorrente para a apuração do custo de aquisição da ações do Banco Pactual que foram alienadas a UBS Brasil. No entendimento da autoridade recorrida, a operação deve ser verificada no seu efeito total, e não pela validade isolada das partes. “nos casos de alegada “reorganização empresarial”, na qual se verifica a existência de um conjunto de atos é importante analisar o todo e não apenas cada ato isoladamente. O exame abrangente da situação permitirá identificar se cada operação é autônoma ou se faz parte de uma operação maior e que se esteja pretendendo ocultar do fisco. Nas operações de planejamento tributário, as questões formais têm menor relevância na análise da oponibilidade das operações perante o Fisco, devendo ser analisada primordialmente a essência do conjunto de operações Argumenta a autoridade recorrida que a essencialidade do lançamento não pode ser desprezada. Tais operações geraram um aumento importante do custo de aquisição das ações pertencentes ao contribuinte antes da alienação, por ocasião da capitalização de dividendos da holding Nova Pactual Participações S/A e da incorporadora Pactual S/A. Entretanto, conclui a fiscalização, de forma acertada, que os aumentos de capital promovidos pelo interessado e utilizados como justificativa para esses aumentos de custo tiveram origem em um único fato econômico: o lucro obtido pelo Banco Pactual S/A, sendo que os demais aumentos de custo foram destituídos de qualquer amparo material e econômico. Pretendeuse aumentar o custo do Banco Pactual não através de recursos, mas através de reflexos/imagens de recursos, o que se torna patente ao compararmos o aumento do patrimônio líquido do Banco Pactual no período de 31/12/2005 a 31/11/2006 (84,45%) ao acréscimo do custo de aquisição das ações do contribuinte no mesmo período (293,76%). O aumento do custo de aquisição das ações não pode superar a riqueza produzida pela sociedade. Não há sentido econômico em tal fato, mas sim uma distorção, que não decorreu do texto de lei, mas de procedimento que capitalizou os mesmos dividendos por duas vezes, considerando que as reservas e Fl. 900DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA 16 lucros capitalizados por Nova Pactual Participações S/A e Pactual S/A são o resultado da equivalência patrimonial do Banco Pactual. Da análise do caso concreto, identifico que a operação ainda que revestida de aparente legalidade no que toca as partes isoladas, cria no conjunto uma situação irreal e artificial, que não condiz com o que o nosso sistema tributário almeja. No caso concreto não tenho dúvidas que houve o aumento do custo de aquisição, fundamentado no procedimento adotado, deliberado e intencionalmente, materializado para assegurar o aumento do custo de aquisição pelo efeito multiplicativo dos resultados do Banco Pactual. Entendo que no processo de hermenêutica, o operador do direito tributário deve empreender um esforço, para a aplicação da norma tributária mais consistente e rigorosamente compatível com o princípio da certeza do direito, na adequação da verdade material como exige o nosso artigo 145, parágrafo primeiro da Constituição., Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Segundo o recorrente, a validade do método encontra respaldo no artigo 135 do RIR: Art. 135. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital ou incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista (Lei nº 9.249, de 1995, art.10, parágrafo único). Nas operações em cotejo, os lucros apurados decorrem de lucros reconhecidos no Banco Pactual, materializados nos resultados de equivalência patrimonial. O método de Equivalência Patrimonial é assim denominado, pois o seu cálculo se baseia no valor do patrimônio líquido da empresa coligada ou controlada, diferentemente do método do custo, que somente considera o valor efetivamente desembolsado no momento da aquisição. Urge preliminarmente destacar, que inobstante o procedimento contábil adotado, destaquese que para a Contabilidade, os registros contábeis em conjunto devem refletir a essência e a realidade econômica, tal como se destaca da análise da estrutura conceitual da contabilidade que enfatiza a primazia da essência sobre a forma. A equivalência patrimonial não é mais do que uma forma de atualização contínua do valor do investimento, que consiste na avaliação na empresa investidora, dos investimentos pelas variações do patrimônio líquido da empresa investida, mediante reconhecimento direto das variações apuradas, lucros, perdas ou prejuízos, para os fins de determinação do aumento ou da redução do valor investido. Fl. 901DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.720168/201124 Acórdão n.º 2202002.166 S2C2T2 Fl. 10 17 Entrementes, a equivalência patrimonial prestase para a determinação do capital aplicado que pertence ao seu titular e suas variações patrimoniais no período, pois há de levar em conta: (i) o patrimônio líquido atual da controlada ou coligada; (ii) o custo de aquisição da participação societária e (iii) o valor do investimento, com os reflexos do resultado da controlada ou coligada. Toda a apuração da equivalência patrimonial, portanto, dependerá da determinação contábil do patrimônio líquido da sociedade investida, conforme exige o art. 248, I, da Lei nº 6.404/76. E a razão é evidente: "os conceitos de patrimônio líquido e de capital próprio representam o mesmo objeto a quotaparte ideal de capital existente no ativo que é de propriedade do titular do patrimônio". Assim, a conta de investimentos da controladora variará segundo a variação do patrimônio líquido na controlada ou coligada, ou ainda pelo percentual da respectiva participação. De modo resumido, a equivalência patrimonial tem a função de atualizar os investimentos relevantes em empresas controladas ou coligadas conforme os resultados forem sendo apurados nestas entidades, independentemente da distribuição dos lucros apurados. E para investimentos que não se qualificarem como relevantes, empregase o método de custo de aquisição (art. 183, III, da Lei nº 6.404/76) . O método de equivalência patrimonial deve refletir sempre a essência econômica, o verdadeiro valor do investimento da controladora, com os ajustes inerentes ao lucro ou prejuízo obtido e seus efeitos fiscais, o que se depreende da interpretação sistemática da legislação fiscal, compreendida à luz dos conceitos contábeis. A patrimonialidade vinculase ao conteúdo econômico, porque está intimamente vinculada ao valor econômico dos bens e direitos. Por isso, no Direito, a patrimonialidade somente tem sentido quando vinculada ao conceito de "direitos" (subjetivos), sobre coisas (reais) ou contra pessoas (pessoais). Daí que, sendo o patrimônio composto não de bens materiais, mas de direitos, qualquer acréscimo patrimonial há de ser de direitos (reais ou pessoais), logo, como uma "disponibilidade jurídica" efetiva, e não apenas artificial. Para dar destaque a irregularidade do procedimento adotado pelo recorrente cabe apontar aquilo que prescreve ao CPC 18, que versa sobre os procedimentos para a equivalência patrimonial. 26. Muitos dos procedimentos que são apropriados para a aplicação do método da equivalência patrimonial são similares aos procedimentos de consolidação, descritos no Pronunciamento Técnico CPC 36 – Demonstrações Consolidadas. Além disso, os conceitos que fundamentam os procedimentos utilizados para contabilizar a aquisição de controlada devem ser também adotados para contabilizar a aquisição de investimento em coligada ou em empreendimento controlado em conjunto. Fl. 902DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA 18 27. A participação de grupo econômico em coligada ou em empreendimento controlado em conjunto é dada pela soma das participações mantidas pela controladora e suas outras controladas no investimento. As participações mantidas por outras coligadas ou empreendimentos controlados em conjunto do grupo devem ser ignoradas para essa finalidade. Quando a coligada ou empreendimento controlado em conjunto tiver investimentos em controladas, em coligadas ou em empreendimentos controlados em conjunto (joint ventures), o lucro ou prejuízo, os outros resultados abrangentes e os ativos líquidos considerados para aplicação do método da equivalência patrimonial devem ser aqueles reconhecidos nas demonstrações contábeis da coligada ou do empreendimento controlado em conjunto (incluindo a participação detida pela coligada ou pelo empreendimento controlado em conjunto no lucro ou prejuízo, nos outros resultados abrangentes e nos ativos líquidos de suas coligadas e de seus empreendimentos controlados em conjunto), após a realização dos ajustes necessários para uniformizar as práticas contábeis (ver itens 35 e 36). Esse mesmo procedimento deve ser aplicado à figura da controlada no caso das demonstrações contábeis individuais. 28. Os resultados decorrentes de transações ascendentes (upstream) e descendentes (downstream) entre o investidor (incluindo suas controladas consolidadas) e a coligada ou o empreendimento controlado em conjunto devem ser reconhecidos nas demonstrações contábeis do investidor somente na extensão da participação de outros investidores sobre essa coligada ou empreendimento controlado em conjunto, desde que esses outros investidores sejam partes independentes do grupo econômico a que pertence a investidora. As transações ascendentes são, por exemplo, vendas de ativos da coligada ou do empreendimento controlado em conjunto para o investidor. As transações descendentes são, por exemplo, vendas de ativos do investidor para a coligada ou para o empreendimento controlado em conjunto. A participação do investidor nos resultados resultantes dessas transações deve ser eliminada. 28A. Os resultados decorrentes de transações descendentes (downstream) entre a controladora e a controlada não devem ser reconhecidos nas demonstrações contábeis individuais da controladora enquanto os ativos transacionados estiverem no balanço de adquirente pertencente ao mesmo grupo econômico. O disposto neste item deve ser aplicado inclusive quando a controladora for, por sua vez, controlada de outra entidade do mesmo grupo econômico. 28B. Os resultados decorrentes de transações ascendentes (upstream) entre a controlada e a controladora e de transações entre as controladas do mesmo grupo econômico devem ser reconhecidos nas demonstrações contábeis da vendedora, mas não devem ser reconhecidos nas demonstrações contábeis individuais da controladora enquanto os ativos transacionados estiverem no balanço de adquirente pertencente ao grupo econômico. 28C. O disposto nos itens 28A e 28B deve produzir o mesmo resultado líquido e o mesmo patrimônio líquido para a Fl. 903DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.720168/201124 Acórdão n.º 2202002.166 S2C2T2 Fl. 11 19 controladora que são obtidos a partir das demonstrações consolidadas dessa controladora e suas controladas. Devem também, para esses mesmos itens, ser observadas as disposições contidas na Interpretação Técnica ICPC 09 Demonstrações Contábeis Individuais, Demonstrações Separadas, Demonstrações Consolidadas e Aplicação do Método da Equivalência Patrimonial.. Por sua vez, assim define o CPC 36 que versa sobre as demonstrações consolidadas: B86. Demonstrações consolidadas devem: (a) combinar itens similares de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas, despesas e fluxos de caixa da controladora com os de suas controladas; (b) compensar (eliminar) o valor contábil do investimento da controladora em cada controlada e a parcela da controladora no patrimônio líquido de cada controlada (o Pronunciamento Técnico CPC 15 explica como contabilizar qualquer ágio correspondente); (c) eliminar integralmente ativos e passivos, patrimônio líquido, receitas, despesas e fluxos de caixa intragrupo relacionados a transações entre entidades do grupo (resultados decorrentes de transações intragrupo que sejam reconhecidos em ativos, tais como estoques e ativos fixos, são eliminados integralmente). Os prejuízos intragrupo podem indicar uma redução no valor recuperável de ativos, que exige o seu reconhecimento nas demonstrações consolidadas. O Pronunciamento Técnico CPC 32 – Tributos sobre o Lucro se aplica a diferenças temporárias, que surgem da eliminação de lucros e prejuízos resultantes de transações intragrupo. Desse modo, inegavelmente, aumentase o custo do Banco Pactual não através de recursos, mas através de reflexos/imagens de recursos, o que se torna patente ao compararmos o aumento do patrimônio líquido do Banco Pactual no período de 31/12/2005 a 31/11/2006 ao acréscimo do custo de aquisição das ações do contribuinte no mesmo período, tal como apontado pela fiscalização e pela autoridade recorrida. O custo de aquisição apontado não representa fidedignamente a realidade econômica, alterando o montante do tributo apurado, e desrespeitando o principio da capacidade contributiva. Igualmente correto, o procedimento adotado de se expurgar o efeito da capitalização na Participações e nas Holdings, tendo em vista que a metodologia proposta pelo recorrente implicaria numa capitalização duplicada, e sem fundamentação econômica. A escolha é oportuna tendo em vista que a origem primária dos lucros é o Banco Pactual S.A. Não se acolhe o argumento do recorrente de que o expurgo foi feito incorretamente dada a distribuição desproporcional de lucros. Numa capitalização seqüencial, como no caso concreto, a manutenção da capitalização da etapa que expressa mais genuinamente o Lucro com o Banco Pactual S.A não pode ser entendida como incorreta. Selecionar para exclusão aquela capitalização que seja mais favorável para o recorrente, é visivelmente oportunista., e não se coaduna com o espírito das normas tributarias. O que Fl. 904DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA 20 recorrente parece propor é que segundo o contexto especifico, caberia ao fisco expurgar a capitalização que fosse mais favorável ao contribuinte, que implicasse para aquele especificamente o menor tributo. Isto posto, não vejo reparos a realizar no procedimento adotado pela fiscalização. No que toca a base de cálculo e fundamentação, o tributo foi apurado conforme o valor de cotas apontadas pelo próprio recorrente em sua declaração de ajuste anual. O procedimento revestese deste modo de legalidade e nenhum vício se identificou, não merecendo prosperar quaisquer dos vícios apontados pelo recorrente. Divergências de opiniões e interpretação distintas do direito são muitas vezes apontadas na Impugnação e Recurso Voluntário com grande eloqüência e garantindo que a razão estaria sempre com o recorrente, entretanto, com a devido respeito, s.m.j., a pratica adotada não encontra respaldo em nosso sistema tributário. Esse é o entendimento que firmo e com base no qual não reconheço a validade do procedimento adotado pelo recorrente. No relativo a qualificação da multa, não consigo identificar a simulação apontada pela fiscalização e pela autoridade recorrida. Entendo que configurase como simulação , o comportamento do contribuinte em que se detecta uma inadequação ou inequivalência entre a forma jurídica sob a qual o negócio se apresenta e a substancia ou natureza do fato gerador efetivamente realizado, ou seja, dáse pela discrepância entre a vontade querida pelo agente e o ato por ele praticado para exteriorização dessa vontade. Não é o caso nos autos tendo em vista que os fatos são transparentes e refletem o que realmente ocorreu, encontrando inclusive possível propósito negocial para a sua realização. No caso concreto, o suposto planejamento tributário realizado é certamente uma matéria controversa, sem precedentes jurisprudenciais contrários à nova qualificação dos fatos pelo seu verdadeiro conteúdo, e não pelo aspecto meramente formal. Nesse contexto implica escusável desconhecimento da ilicitude do conjunto de atos praticados, ocorrendo na espécie erro de proibição. Tendo o contribuinte informado as operações com absoluta transparência, e assim permitindo ao fisco fiscalização e qualificação do fato, está ausente na espécie o evidente intuito de fraude. Neste contexto, afastase a qualificação da multa de ofício. No que referese ao argumento, suscitado pelo Conselheiro Pedro Anan Junior, de que caberia afastarse a multa de ofício completamente, tendo em vista o erro escusável, não concordo com o mesmo. O recorrente não se trata de um mero funcionário da organização que recebe seus informes de rendimentos passivo e que poderia ter deixado se enganar pelo procedimento. Tratase de executivo de grande relevância no contexto do grupo, sócio e administrador atuante, deste modo não acolho o argumento de erro escusável para afastar toda a multa. A multa de ofício de 75% é oportuna e própria para a conduta envolvida, ainda que não tenha sido realizado com dolo. Finalmente, cabe observar que no que toca a incidência de juros sobre a multa de ofício, diversas decisões judiciais e administrativas reconhecem a legalidade da incidência do juros sobre a multa de ofício. No STJ, a duas turmas já adotaram o posicionamento defendido pela Fazenda. No âmbito do CARF também diversos julgados confirmam esse entendimento. Desse modo, deve ser mantida a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Fl. 905DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.720168/201124 Acórdão n.º 2202002.166 S2C2T2 Fl. 12 21 Ante ao exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa a percentual de 75%. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 906DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA 22 Voto Vencedor Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Redatora Designada Em que pese o merecido respeito a que faz jus o Ilustre Relator, peço vênia para dele discordar quanto à incidência da Taxa Selic sobre a multa de ofício. A incidência dos juros de mora está prevista no art. 61 do Código Tributário Nacional – CTN, in verbis (grifei): Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Para a devida interpretação do dispositivo acima transcrito é necessário buscar o conceito de “crédito” a partir de outros artigos do mesmo código. Assim dispõe o art. 113 do CTN: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1o A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2o A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3o A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Depreende do artigo acima transcrito que a obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador que pode ter dois objetos: pagamento de tributo ou penalidade pecuniária, esta última decorrente da inobservância de uma obrigação acessória. Inferese, assim, que o conceito de obrigação principal não inclui a multa de ofício vinculada, mas tão somente a multa pelo descumprimento da obrigação acessória. Dessa forma, uma vez que “O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta.” (art. 139 do CTN), este também não abrange a multa de ofício proporcional exigida junto com o tributo ou contribuição. Reforçando nosso Fl. 907DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.720168/201124 Acórdão n.º 2202002.166 S2C2T2 Fl. 13 23 entendimento, o art. 161 do CTN deixa claro que os juros serão exigidos “sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis”. Entendo, assim, que a aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício não encontra amparo na lei complementar. Resta agora analisar a legislação ordinária que prevê a aplicação da Taxa Selic, transcrevendose, inicialmente, o art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Art.61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O dispositivo acima prevê os acréscimo moratórios (multa e juros de mora) incidentes sobre os débitos decorrentes de tributos e contribuições não pagos nos prazos, ou seja, sobre o valor do principal, que não se confunde com a multa de ofício vinculada. Caso a multa de ofício estivesse incluída no conceito de “débito” estarseia defendendo a incidência de multa de mora sobre multa de ofício, o que não se admite. É cediço que a multa de mora é aplicada tão somente em recolhimentos de tributos e contribuições pagos após o vencimento, efetuados espontaneamente pelo sujeito passivo, enquanto que a multa de ofício é aplicada nos de falta de pagamento apurada em procedimento de ofício. Ademais, a aplicação concomitante das duas multas (de mora e de ofício) é vedada pelo art. 950, §3o, do Decreto no 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99. A incidência cumulativa da Taxa Selic está prevista apenas nos casos de lançamento isolado de multa ou juros de mora, nos termos do art. 43 da Lei no 9.430, de 1996: Art.43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Fl. 908DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA 24 Concluise, assim, que também na legislação ordinária não existe previsão para a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Pelos fundamentos expostos, voto por DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário para excluir a aplicação da Taxa Selic sobre a multa de ofício. (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga Fl. 909DF CARF MF Impresso em 02/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 26/03/201 3 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2013 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digit almente em 11/03/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA
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Numero do processo: 10980.015272/2008-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 19 00:00:00 UTC 2012
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2006 LANÇAMENTOS. DÉBITOS. PAGAMENTOS. INTIMAÇÃO. NULIDADES. A falta de intimação para o pagamento, até o vigésimo dia subseqüente à data de recebimento do termo de início de fiscalização, dos débitos tributários não declarados nas respectivas Declarações de Débito e Créditos Tributários Federais (DCTFs), não constitui causa de nulidade dos lançamentos. MULTA DE OFÍCIO Nos lançamentos de ofício, para constituição de créditos tributários, incide multa punitiva calculada sobre a totalidade ou diferença do tributo ou contribuição lançados, segundo a legislação vigente. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2006 VALORES DECLARADOS/DEVIDOS. DIFERENÇAS APURADAS. As diferenças apuradas entre os valores da contribuição declarada nas respectivas DCTFs e os efetivamente devidos sobre o faturamento mensal, informados em Demonstrativos de Apuração de Contribuições Sociais (Dacons) e/ ou em Declarações de Informações Econômico Fiscais (DIPJs), estão sujeitos a lançamento de ofício, acrescidas das cominações legais. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2004 VALORES DECLARADOS/DEVIDOS. DIFERENÇAS APURADAS. As diferenças apuradas entre os valores da contribuição declarada nas respectivas DCTFs e os efetivamente devidos sobre o faturamento mensal, Fl. 325 DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓPIA Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 13 /08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 informados em Demonstrativos de Apuração de Contribuições Sociais (Dacons) e/ ou em Declarações de Informações Econômico Fiscais (DIPJs), estão sujeitos a lançamento de ofício, acrescidas das cominações legais. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO
Numero da decisão: 3301-001.557
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto Relator.
Nome do relator: JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS
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DÉBITOS. PAGAMENTOS. INTIMAÇÃO. NULIDADES. A falta de intimação para o pagamento, até o vigésimo dia subseqüente à data de recebimento do termo de início de fiscalização, dos débitos tributários não declarados nas respectivas Declarações de Débito e Créditos Tributários Federais (DCTFs), não constitui causa de nulidade dos lançamentos. MULTA DE OFÍCIO Nos lançamentos de ofício, para constituição de créditos tributários, incide multa punitiva calculada sobre a totalidade ou diferença do tributo ou contribuição lançados, segundo a legislação vigente. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2006 VALORES DECLARADOS/DEVIDOS. DIFERENÇAS APURADAS. 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As diferenças apuradas entre os valores da contribuição declarada nas respectivas DCTFs e os efetivamente devidos sobre o faturamento mensal, Fl. 325DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 13 /08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 informados em Demonstrativos de Apuração de Contribuições Sociais (Dacons) e/ ou em Declarações de Informações Econômico Fiscais (DIPJs), estão sujeitos a lançamento de ofício, acrescidas das cominações legais. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto Relator. (Assinado Digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. (Assinado Digitalmente) Jose Adão Vitorino de Morais – Redator Redator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Possas, Maria Teresa Martínez Lópes, José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Paulo Guilherme Déroulède e Andréa Medrado Darzé. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da DRJ Curitiba que julgou procedente em parte a impugnação interposta contra os lançamentos das contribuições para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e para o Programa de Integração Social (PIS), referentes aos fatos geradores dos meses de competência de outubro de 2003 a dezembro de 2006. Os lançamentos decorreram da falta e/ ou insuficiência de declaração/ pagamento das contribuições devidas, apuradas com base nos documentos fiscais e contábeis da recorrente, conforme descrição dos fatos e enquadramento legal de cada um dos autos de infração. Inconformada com a exigência dos créditos tributários, a recorrente impugnou os lançamentos, alegando razões assim resumidas por aquela DRJ: “No primeiro tópico (Do Lançamento em Duplicidade e da Mora no Pagamento e sua Penalidade) a interessada sustenta que a autoridade tributária realizou o lançamento dos tributos em duplicidade, uma vez que, no seu entendimento, os mesmos foram todos confessados por meio de comunicações realizadas à Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, através de Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declarações de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ e Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais DACON. Aduz que uma vez confessado à RFB o débito passa a ser exigível, inclusive perante o poder judiciário, não sendo necessário nenhum procedimento fiscal para o tributo se torne exigível. Alega que pelo fato de terem sido confessados anteriormente não é possível o lançamento da multa de ofício de 75 % sobre os tributos que deixaram de ser pagos. E sustenta, também, que o caso deveria ser tratado como inadimplência de pagamento, cobrandose os Fl. 326DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 13 /08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10980.015272/200837 Acórdão n.º 330101.557 S3C3T1 Fl. 326 3 tributos confessados acrescidos da Multa de Mora (prevista no Art. 61 da Lei 9.430/96), sem a necessidade do lançamento tributário realizado. Seguindo a mesma linha de raciocínio, no segundo tópico (Da Abertura de Prazo para Pagamento com Multa de Mora) a contribuinte alega que foi cerceada no direito de usufruir do Art. 47 da Lei 9.430/96. Esclarece que este dispositivo garante o direito ao pagamento dos débitos declarados com os acréscimos legais aplicáveis ao procedimento espontâneo, no prazo de 20 dias do início da fiscalização, e que a Multa de Ofício de 75 % somente poderia ser aplicada se não houvesse o pagamento pretendido após o transcurso deste prazo. Argumenta que o procedimento de fiscalização não concedeu a abertura do prazo previsto no citado artigo, pois não houve a confecção de um termo de início de fiscalização, que por conta deste fato o procedimento fiscal está contaminado por vício insanável desde a origem, e que os lançamentos são nulos e devem ser cancelados. Em sua última alegação (Da Decadência) a interessada destaca, caso não sejam aceitas as argumentações anteriores, que os débitos relativos ao mês de outubro encontravamse decaídos na data da ciência do lançamento. Sustenta que o prazo decadencial a ser aplicado às contribuições (PIS e COFINS) é do § 4º do Art; 150 do Código Tributário Nacional CTN, e que os fatos geradores ocorridos nomes de outubro de 2003 já estavam alcançados pela decadência no momento da ciência do lançamento que ocorreu em 03/11/2008, Os débitos do mês de outubro que encontravamse decaídos, segundo a interessada, são: PIS cumulativo no valor de R$ 28,03; PIS não cumulativo, no valor de R$ 5.114,65; e COFINS cumulativa no valor de R$ 13.828,52.” Analisada a impugnação, aquela DRJ julgoua procedente em parte, reconhecendo a suscitada decadência em relação aos créditos tributários lançados para o mês de outubro de 2003, e mantendo as exigências lançadas e exigidas para os demais períodos, conforme acórdão nº 0630.602, datado de 02/03/2011, às fls. 289/300, sob as seguintes ementas: “NULIDADE. PRESSUPOSTOS. Ensejam a nulidade apenas os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente e ou com preterição do direito de defesa. LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. PIS. COFINS. Declarada a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212, de 1991, por meio da Súmula Vinculante nº 8, editada pelo STF, para o lançamento de ofício do PIS e da COFINS, caso haja pagamento antecipado, ainda que parcial, deve ser observado o prazo de decadência estabelecido no art. 150 do Código Tributário Nacional, caso contrário a regra decadencial a ser observada é a do art. 173. inciso I, do mesmo código. INFORMAÇÃO DOS DÉBITOS EM DIPJ. A informação dos valores devidos em DIPJ não despensa o lançamento, na medida em que esta declaração é apenas informativa e não se presta a constituir o crédito tributário. INFORMAÇÕES DOS DÉBITOS EM DACON. Fl. 327DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 13 /08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 4 O DACON não é declaração, mas sim demonstrativo de apuração, e os valores nele expressos não configuram confissão de dívida, por inexistência de disposição legal. FALTA DE RECOLHIMENTO E DE DECLARAÇÃO. A falta de recolhimento, cumulada com a ausência de declaração do crédito tributário, não permite a mera cobrança do crédito tributário com acréscimos moratórios, e impõe ao Fisco o dever de previamente constituílo por meio do lançamento de ofício, com a aplicação da penalidade cabível. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. Presentes os pressupostos de exigência, cobrase multa de ofício na forma prevista na legislação.” Cientificada dessa decisão, a recorrente interpôs o recurso voluntário (fls. 306/323), requerendo, em preliminar, a nulidade dos lançamentos, sob a alegação de que não foi atendido o disposto no art. 47 da Lei nº 9.430, de 24/12/1996, que permite ao contribuinte sob ação fiscal pagar, até o vigésimo dia subquente à data de recebimento do termo de inicio de fiscalização, os débitos já declarados, com os acréscimos legais; e, no mérito, contestou apenas a multa, alegando, em síntese, que esta somente é cabível nos lançamentos de ofício e, no presente caso, exigemse apenas diferenças já confessadas, mediante Demonstrativos de Apuração de Contribuições Sociais (DACONs), Declarações de Informações Econômico Fiscais (DIPJs) e Declarações de Débito e Créditos Tributários Federais (DCTFs), não cabendo novo lançamento, uma vez que já foram constituídos pelo próprio contribuinte por meio destas declarações. É o relatório. Voto Conselheiro José Adão Vitorino de Morais O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele conheço. A suscitada preliminar de nulidade dos lançamentos, sob o argumento de que, antes de suas lavraturas, não foi obedecido ao disposto no art. 47 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, é equivocada e não se aplica aos lançamentos em discussão. No presente caso, conforme demonstrado nos respectivos autos de infração e termos de verificação fiscais, os valores lançados e exigidos correspondem exclusivamente às diferenças entre os valores declarados nas respectivas DCTFs e os apurados com base na escrituração contábil e fiscal pela própria recorrente e informados nos Dacon e nas DIPJs. Aquele diploma legal assim dispõe: “Art. 47. A pessoa física ou jurídica submetida a ação fiscal por parte da Secretaria da Receita Federal poderá pagar, até o vigésimo dia subseqüente à data de recebimento do termo de início de fiscalização, os tributos e contribuições já declarados, de que for sujeito passivo como contribuinte ou responsável, com Fl. 328DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 13 /08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10980.015272/200837 Acórdão n.º 330101.557 S3C3T1 Fl. 327 5 os acréscimos legais aplicáveis nos casos de procedimento espontâneo.” Conforme se verifica, este dispositivo legal se aplica somente aos débitos tributários declarados em DCTFs e que se encontravam pendentes de pagamentos na data de início do procedimento administrativo fiscal, em virtude destas declarações constituírem confissão de dívida dos débitos nelas declarados, nos termos do § 6º do art. 74, daquela mesma lei, que assim dispõe: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (...). § 6º A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (...).” Já a Instrução Normativa (IN) da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRF) nº 126, de 30/09/1998, que instituiu a DCTF, assim dispôs: “Art. 2º A partir do anocalendário de 1999, as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, deverão apresentar, trimestralmente, a DCTF, de forma centralizada, pela matriz. (...). Art. 7º. Todos os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. § 1º Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, serão enviados para inscrição em Dívida Ativa da União, imediatamente após a entrega da DCTF. (...). § 4º Os débitos apurados nos procedimentos de auditoria interna serão exigidos de ofício, com o acréscimo de juros moratórios e de multa, moratória ou de ofício, conforme o caso, efetuado com observância do disposto nas Instruções Normativas SRF nº 094, de 24 de dezembro de 1997, e nº 077, de 24 de julho de 1998.” Ao contrário do entendimento da recorrente, o Dacon e a DIPJ não constituem instrumentos de confissão de débitos neles apurados e informados. A constituição e a exigência dos créditos tributários correspondentes aos débitos apurados e informados naquele demonstrativo e naquela declaração somente é possível mediante o lançamento de ofício. Assim, não há que se falar em desobediência ao disposto no art. 47 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, e muito menos em nulidades dos lançamentos. Fl. 329DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 13 /08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 6 Além disto, de conformidade com o Decreto nº 70.235, de 1972, somente são nulas as autuações lavradas por pessoa incompetente: “Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; (...).” Os autos de infração em discussão foram lavrados por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, servidor competente para exercer fiscalizações externas de pessoas jurídicas e, se constatadas faltas na apuração do cumprimento de obrigações tributárias, por parte da fiscalizada, tem competência legal para as suas lavraturas, com o objetivo de constituir os créditos tributários por meio dos lançamentos de ofício. Em ambos os autos de infrações estão demonstradas e fundamentadas as infrações imputadas à recorrente, falta de declaração e pagamento das contribuições para o PIS e Cofins incidentes sobre o faturamento, nos termos das Leis nº 9.718, de 27/12/1998; nº 10.637, de 30/12/2002, e nº 10.833, de 29/12/2003. Possíveis incorreções e/ ou deficiências não os tornam nulos nem anuláveis e sim defeituosos ou ineficazes até as suas retificações. Contudo, inexiste a deficiência alegada pela recorrente. No mérito, a questão oposta nesta fase recursal se restringe ao lançamento e exigência da multa de ofício. A recorrente alega que esta seria incabível porque os lançamentos seriam indevidos e/ ou nulos e as diferenças lançadas e exigidas foram apuradas e informadas nos Dacons e nas DIPJs. Contudo, conforme demonstrado anteriormente, o Dacon e a DIPJ não constituem instrumentos legais e hábeis à confissão de débitos tributários, mas tão somente a DCTF. Dessa forma, corretas as exigências das diferenças das contribuições apuradas entre os valores declarados em DCTFs e os informados em Dacon e DIPJ por meio de lançamentos de ofício. A Lei nº 9.430, de 1996, determina que nos lançamentos de ofício incide multa, no percentual de 75,0 %, assim dispondo: "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de setenta e cinco por cento sobre a totalidade ou diferença de tributo, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...). A multa no lançamento de ofício tem como objetivo punir o sujeito passivo pela prática de infrações tributárias (falta de lançamento, de declaração e de pagamento da contribuição). Fl. 330DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 13 /08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10980.015272/200837 Acórdão n.º 330101.557 S3C3T1 Fl. 328 7 Em face do exposto e de tudo o mais que consta dos autos, rejeito a suscitada preliminar de nulidades dos lançamentos e, no mérito, nego provimento ao recurso voluntário. (Assinado Digitalmente) José Adão Vitorino de Morais Relator Fl. 331DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 13 /08/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
score : 1.0
Numero do processo: 10680.003391/2007-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2012
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DISSOCIAÇÃO ENTRE DISPOSITIVO E ACÓRDÃO.
Havendo dissociação ou contradição entre o dispositivo do voto do relator que julga o recurso e o que constou do acórdão, é de acolher-se os embargos de declaração para rerratificar o acórdão para que fique alinhado com o dispositivo do voto do relator que representa o resultado do julgamento.
Embargos conhecidos e acolhidos.
Numero da decisão: 1201-000.706
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em
conhecer e acolher os embargos de declaração para rerratificar o Acórdão nº 1201000.234, de 06.03.2010, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ
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Numero do processo: 10880.022340/99-81
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 1994
RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. TESE SUPERADA. SÚMULA 08 STF.
Nos casos em que o Recurso Especial tem fundamento na contrariedade à lei, a partir do momento em que é editada súmula encerrando a discussão sobre o tema, não deverá ser conhecido o recurso em razão da ausência de requisito de admissibilidade.
Numero da decisão: 9101-001.491
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais,
por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso.
(assinado digitalmente)
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA Presidente.
(assinado digitalmente)
JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente substituto), Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, José Ricardo da Silva, Jorge Celso Freire da Silva, Karem Jureidini Dias, Mário Sérgio Fernandes Barroso (suplente convocado), Valmir Sandri, Viviane Vidal Wagner (suplente convocada), João Carlos de Lima Junior e Susy Gomes Hoffmann.
Matéria: IRPJ - AF- omissão receitas - demais presunções legais
Nome do relator: JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 1994 RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. TESE SUPERADA. SÚMULA 08 STF. Nos casos em que o Recurso Especial tem fundamento na contrariedade à lei, a partir do momento em que é editada súmula encerrando a discussão sobre o tema, não deverá ser conhecido o recurso em razão da ausência de requisito de admissibilidade.
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NÃO CONHECIMENTO. TESE SUPERADA. SÚMULA 08 STF. Nos casos em que o Recurso Especial tem fundamento na contrariedade à lei, a partir do momento em que é editada súmula encerrando a discussão sobre o tema, não deverá ser conhecido o recurso em razão da ausência de requisito de admissibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA – Presidente. (assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente substituto), Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, José Ricardo da Silva, Jorge Celso Freire da Silva, Karem Jureidini Dias, Mário Sérgio Fernandes Barroso (suplente convocado), Valmir Sandri, Viviane Vidal Wagner (suplente convocada), João Carlos de Lima Junior e Susy Gomes Hoffmann. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 02 23 40 /9 9- 81 Fl. 259DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/0 3/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 13/01/2013 por JOAO CARLOS DE L IMA JUNIOR 2 Tratase de Recurso Especial (fls. 220/231) interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no artigo 7º, incisos I e II, do antigo Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda n° 147, de 25 de junho de 2007. Insurgiuse a Recorrente contra o acórdão nº 10516.192 de fls. 202/211 por meio do qual os membros da Quinta Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, acolheram a preliminar de decadência para os fatos geradores ocorridos até julho de 1994 em relação ao IRPJ, IRRF e, por maioria em relação à CSL e COFINS e, no mérito, por unanimidade de votos, deram provimento parcial ao recurso do contribuinte para afastar a exigência do PIS. O acórdão recorrido foi assim ementado: DECADÊNCIA Nos casos de tributos sujeito ao regime de lançamento homologação o prazo decadencial iniciase com a ocorrência do fato gerador. Lançamento realizado após a homologação tácita não subsiste. (Lei 5.172/66 art. 150 parágrafo 4°). OMISSÃO DE RECEITA LUCRO PRESUMIDO Anos de 1.994 e 199 Artigos 43 e 44 da Lei 8.541/92 Indevido o lançamento com base em 100% da receita omitida, por violar o conceito de presunção de custo contida na referida forma de tributação e, por afrontar o conceito de renda contida no artigo 43 do CTN. SALDO CREDOR DE CAIXA LUCRO PRESUMIDO – Havendo lançamento a débito de caixa e crédito de bancos no final do mês, em valores que superam o saldo credor transportado, e realocados os valores dos cheques em seus dias de saque no curso do mês desaparecem os saldos credores objeto da acusação, tornando improcede o lançamento. CSLL COFINS E IRRF Aos decorrentes aplicase a decisão dada ao IRPJ, em virtude da intima relação de causa e efeito que os une. PIS Indevido o lançamento cujos fatos geradores ocorreram até fevereiro de 1.996, que considera a base de cálculo do PIS o próprio mês da omissão SUMULA N° 15 do 1° CC. A Recorrente apresentou Recurso Especial insurgindose contra a parte que excluiu a exigência do IRPJ, IRRF, CSLL e COFINS, relativamente aos fatos geradores ocorridos até julho de 1994, em razão da decadência. Em suas razões recursais contestou a decadência do direito do Fisco em constituir crédito tributário relativo ao IRPJ e argumentou que no caso houve lançamento de Fl. 260DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/0 3/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 13/01/2013 por JOAO CARLOS DE L IMA JUNIOR Processo nº 10880.022340/9981 Acórdão n.º 9101001.491 CSRFT1 Fl. 260 3 ofício em razão da ausência de recolhimento do imposto devido e por isso o prazo aplicável é aquele do artigo 173, I, do CTN. Nesse ponto afirmou a existência de divergência jurisprudencial quanto ao prazo para o lançamento do imposto de renda e trouxe as ementas dos seguintes acórdãos paradigmas: IRPJ LANÇAMENTO EX OFFICIO PRAZO DECADENCIAL Tratandose de lançamento de oficio, o prazo decadencial é contado pela regra do artigo 173, inciso I do Código Tributário Nacional. (Acórdão CSRF/0103.103). IRF LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO X LANÇAMENTO DE OFICIO DECADÊNCIA: No lançamento por homologação o que se homologa é o pagamento. Constatada pelo Fisco falta de pagamento de tributo ou insuficiência do pagamento, objeto de auto de infração, a hipótese é de lançamento ex officio. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, quando ocorrer dolo, fraude ou simulação o termo inicial da decadência é um dos previstos no artigo 173 do Código tributário Nacional. (Acórdão CSRF/0101.994) Argumentou, em síntese, que o lançamento de oficio de tributo que deveria ter sido recolhido mediante o sistema de "lançamento por homologação", observa o prazo decadencial disposto no art. 173, I, do CTN, e não o prazo do art. 150, §4°, do CTN. Ademais, contestou a decadência do direito do Fisco em constituir crédito tributário relativo à CSLL e à COFINS e afirmou que o acórdão recorrido contrariou e negou vigência ao artigo 45 da lei 8212/91. Argumentou que o direito do Fisco de apurar e constituir seus créditos relativos às contribuições extinguese em 10 (dez) anos no termos do artigo 45 d Lei 8212/91. Por fim, requereu o provimento do recurso para que seja afastada a decadência dos lançamentos apontados pelo acórdão recorrido. Em sede de exame de admissibilidade do Recurso Especial, o presidente da Quinta Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, às fls. 247/249 negou seguimento ao recurso em relação ao IRPJ e IRRF, diante da inexistência da divergência argüida já que o acórdão paradigma tratou de fatos geradores ocorridos no exercício de 1.988, ano calendário de 1.987, quando ainda não estava em vigor a Lei 8.383/91, a partir da qual este Conselho passou a entender estar o IRPJ submetido ao lançamento por homologação e deu seguimento ao recurso na parte relacionada à decadência da CSLL e COFINS, fundamentada na contrariedade à lei. Da decisão que deu parcial seguimento ao recurso especial da Fazenda Nacional não foi interposto agravo. Fl. 261DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/0 3/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 13/01/2013 por JOAO CARLOS DE L IMA JUNIOR 4 É o relatório. Voto Conselheiro João Carlos de Lima Junior, Relator. Tratase de Recurso Especial, fundamentado na existência de contrariedade à lei, apresentado pela Fazenda Nacional em face do acórdão nº 10323105, na parte que excluiu a exigência da CSLL e da COFINS. O presente recurso especial é tempestivo, entretanto não preenche os demais requisitos de admissibilidade. Com efeito, não mais existe a contrariedade à lei alegada pela Fazenda Nacional, senão vejamos. Nas razões recursais apresentadas a Recorrente afirmou que a decadência não havia se consumado em função do disposto no artigo 45 da Lei 8.212/91. Entretanto, o dispositivo legal suscitado foi declarado inconstitucional, senão vejamos a redação da súmula vinculante nº 08 do STF publicada em 20/06/2008: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Assim, a tese arguida pela Recorrente está superada em razão da edição da súmula transcrita. Nesse contexto, cumpre observar o que dispõe o artigo 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela portaria de número 256, de 22 de junho de 2009: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF (...) Assim, considerando que a finalidade do Recurso Especial no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é uniformizar as decisões proferidas e considerando que, no caso, não existem decisões divergentes entre turmas e/ou câmaras porque o artigo suscitado foi declarado inconstitucional, o presente Recurso Especial perdeu seu objeto. Fl. 262DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/0 3/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 13/01/2013 por JOAO CARLOS DE L IMA JUNIOR Processo nº 10880.022340/9981 Acórdão n.º 9101001.491 CSRFT1 Fl. 261 5 Do exposto, tendo em vista a inexistência da alegada contrariedade à lei, bem como que o presente Recurso é fundamentado por tese superada diante da edição da súmula 08 do STF, não conheço do presente Recurso Especial. É como voto. João Carlos de Lima Junior – Relator. Fl. 263DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/0 3/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 13/01/2013 por JOAO CARLOS DE L IMA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 13973.000508/2003-11
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 10 00:00:00 UTC 2012
Ementa: NORMAS PROCESSUAIS. AUTO DE INFRAÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO
O lançamento deve descrever, com precisão, o fundamento em decorrência do que se faz a exigência. Se nele apenas consta inexistência da ação judicial declarada como origem do crédito compensado e esta tem sua existência comprovada, o lançamento improcede, não cabendo à instância julgadora “remotivá-lo”
a partir das informações trazidas pelo autuado em sua
impugnação.
Numero da decisão: 9303-002.046
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
Matéria: DCTF_PIS - Auto eletronico (AE) lancamento de tributos e multa isolada (PIS)
Nome do relator: Julio Cesar Alves Ramos
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AUTO DE INFRAÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO O lançamento deve descrever, com precisão, o fundamento em decorrência do que se faz a exigência. Se nele apenas consta inexistência da ação judicial declarada como origem do crédito compensado e esta tem sua existência comprovada, o lançamento improcede, não cabendo à instância julgadora “remotiválo” a partir das informações trazidas pelo autuado em sua impugnação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Maria Teresa Martínez López e Gileno Gurjão Barreto Relatório Fl. 148DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 13/08/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 01/08/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 2 Tratase de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional contra acórdão que afastou lançamento “eletrônico” de PIS que acusava a empresa de “proc jud não comprovad”. Feita a comprovação pela empresa em sua peça impugnatória, e constatado que a compensação informada na DCTF era objeto da ação judicial, a DRJ Curitiba considerou procedente o lançamento e apontou a concomitância entre a esfera judicial e a administrativa para sequer analisála. O recurso especial traz como paradigma acórdão que considerou possível essa atuação da DRJ, visto que o motivo do lançamento, ao fim e ao cabo, seria a falta de recolhimento, o que teria sido comprovado posteriomente. É o Relatório. Voto Conselheiro JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS A admissibilidade, neste caso, foi bem deferida na medida em que, de fato, o acórdão paradigma examinou situação idêntica e propôs solução inteiramente conflitante com o recorrido. Não obstante, entendo que ele não deva ser provido. É que partilho as considerações expendidas no acórdão guerreado: tendo o auto sido motivado em pretensa declaração inexata que o contribuinte logra comprovar não existir, improcede o lançamento. No julgamento proferido ainda na DRJ já se encontram muito bem resumidos os motivos pelos quais tenho, aqui, repudiado essa prática de muitas DRJ em reenquadrar malsinados lançamentos eletrônicos. Refirome à declaração de voto elaborada pelo julgador Jorge Frederico Cardoso de Menezes em que justifica a sua divergência em relação à posição que ali prevaleceu. Peço vênia para transcrevêla na íntegra, adotando como minhas as razões de decidir do julgador: "Declaração de Voto No caso dos autos, divirjo, respeitosamente do entendimento propugnado, tendo em vista que, a meu juízo, ante a equivocada incomprovação da existência do processo judicial, o Fisco, ao proceder o lançamento em causa, sequer tomou conhecimento de aspectos que só .foram carreados para os autos após a impugnação e que não corroboram, pois, bem ao contrário, até evidenciam a inexatidão do motivo que ensejou a autuação em exame, eis que, em razão da existência da ação judicial e dos depósitos relacionados à exigência fiscal resistida, outros passaram a ser os pressupostos que, em tese, autorizariam a lavratura do feito, além do que, na mesma esteira, a autoridade lançadora tampouco cientificou o contribuinte desses novos pressupostos. Nos casos que envolvem os chamados "autos de infração eletrônicos", tenho, aliás, acompanhado a Turma apenas na Fl. 149DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 13/08/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 01/08/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 13973.000508/200311 Acórdão n.º 9303002.046 CSRFT3 Fl. 2 3 hipótese em que se verifica a existência, de .fato, da declaração inexata que foi imputada ao contribuinte, isto é, apenas nos casos em que, muito embora exista o processo judicial informado, comprovase que a ação que corre (ou correu) em juízo não guarda qualquer relação com o procedimento declarado pelo sujeito passivo ou dela não se extrai os efeitos que, informados pelo declarante, o eximiriam, a princípio, do recolhimento do débito declarado (por exemplo, a inocorrência de suspensão de exigibilidade, quando esta é informada pelo declarante e o que se verifica é a inexistência de liminar ou de depósitos efetuados pelo montante integral do débito tributário". É dizer, considerados os estreitos limites de cognição que ensejaram a "autuação eletrônica", nos casos em que o contribuinte declara não ter pago o débito em face de ter obtido na .justiça a suspensão de sua exigibilidade, compete à autoridade administrativa inexoravelmente verificar qual fui o ato processual que ensejou a referida suspensão, se tal ato afasta, ou não, a aplicação de penalidades e, ademais disso, tendo sido informada a suspensão com base em depósitos, se os mesmos foram efetuados, de fato, pelo montante integral exigível, se houve, ou não, o trânsito em julgado da ação e, sobretudo, se tais depósitos foram, ou não, convertidos em renda da União e em que medida este último .fato afetou a exigibilidade do crédito. Nada disso, entretanto, foi objeto do procedimento em exame, Vejase, no ponto, que inclusive o Parecer PGFN/CRJN n° 1..064, de 1993, ao tratar da matéria relativa a lançamentos efetuados em face da suspensão de exigibilidade, não descurou da obrigatoriedade de a exigência .fiscal, à vista da suspensão judicial relativa à cobrança, conter precisamente o motivo que a justifica, a teor da conclusão consignada pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, à alinea "b" do precitado ato administrativo, e abaixo reproduzida in verbis, "19) uma vez efetuado o lançamento. deve ser regularmente notificado o sujeito passivo (artigo 145 do CTN c/c o artigo 7'; inciso 1 do Decreto n° 70,235/1972), com o esclarecimento de que a exigibilidade do crédito tributário apurado permanece suspensa, em face da medida liminar concedida (artigo 1.51 do CTN). " (grifei).. Neste contexto, demonstrada a veracidade do ,fato declarado pelo contribuinte, à época em que foi apresentada a DCTF, a meu ver, resta prejudicado o lançamento, na medida em que é possível comprovar a falsidade do motivo que o teria ensejado e, no caso dos autos, notase que, ao revés do que se encontra precariamente descrito no .feito, o que se comprova é, não só a existência do processo judicial, negligenciada pelo "procedimento eletrônico", mas também a existência de depósitos que indicam a ocorrência da suspensão de exigibilidade do crédito noticiada pelo declarante. Ora, o pressuposto de fato é parte essencial do motivo que serve de . fundamento ao ato administrativo, pois corresponde, precisamente, ao conjunto de circunstâncias que levaram à prática do ato, daí porque tanto a ausência de motivo quanto a Fl. 150DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 13/08/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 01/08/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 4 indicação de motivo .falso são ambos vícios que invalidam o ato administrativo, aquele por inquinálo de nulidade e este por evidenciar objetivamente a sua improcedência. Com efeito, sabemos todos que, no caso em pauta, o auto de infração foi lavrado mediante simples cruzamento de dados entre o que é informado pelo contribuinte e os demais registros contidos no sistema informatizado da Receita Federal. O procedimento in casu é totalmente eletrônico e não obstante a sua validade, visto que autorizado por autoridade competente, fundamentase apenas no estreito limite desse cruzamento de informações. A descrição do fato, além de ser requisito de validade do auto de infração é também elemento essencial ao exercício do direito à ampla defesa do sujeito passivo, e encontrase no âmbito de competência da autoridade lançadora, descabendo à autoridade julgadora (ou mesmo a preparadora) supri1o, ao argumento de que a exigência seria válida sob o prisma da "falta de recolhimento". Ora, a falta de recolhimento é, em sentido amplo e via de regra, a razão de ser de qualquer lançamento de oficio efetuado de modo a constituir o crédito tributário. Vale dizer, em linguagem mais simples, que o Fisco não pode, durante o procedimento, atirar no que vê e, então, a autoridade julgadora (ou mesmo a preparadora), já no âmbito do processo, fazêlo acertar no que não viu. É dizer, em uma frase não pode o Fisco autuar primeiro o contribuinte para só depois, acaso venha a ser impugnado o lançamento, procederse à respectiva fiscalização. Em apertada síntese, estas são as razões pelas quais, ante a insubsistência do ato que ensejou a lavratura do auto de infração em apreço, visto que agora são outros, em tese, os pressupostos que o ensejaram, divirjo, respeitosamente, da relatora e dos demais colegas julgadores que votaram pela procedência do feito, eis que, a meu .juízo, eivado de vício irremediável, impõese o cancelamento do auto de infração, cabendo ao Fisco efetuar o lançamento que achar devido, então já sob o pálio de novos pressupostos, e desde que dentro de prazo decadencial, Isto, posto, VOTO PELA IMPROCEDÊNCIA do lançamento, no sentido de cancelar a exigência de contribuição para o PIS, multas lançadas de oficio e juros de moratórios, Com essas mesmas considerações, que eu não expressaria melhor, voto por negar provimento ao recurso fazendário. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator Fl. 151DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 13/08/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 01/08/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 13973.000508/200311 Acórdão n.º 9303002.046 CSRFT3 Fl. 3 5 Fl. 152DF CARF MF Impresso em 02/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 13/08/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 01/08/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS
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