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Numero do processo: 10480.910517/2012-59
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2006
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO.
O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. As informações prestadas unicamente na DIPJ não têm o condão de provar o direito creditório que o contribuinte alega possuir.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3302-003.684
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Orlando Rutigliani Berri, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ÔNUS DA PROVA. Recorrente ARMAZÉM CORAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. As informações prestadas unicamente na DIPJ não têm o condão de provar o direito creditório que o contribuinte alega possuir. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Orlando Rutigliani Berri, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 91 05 17 /2 01 2- 59 Fl. 204DF CARF MF Processo nº 10480.910517/201259 Acórdão n.º 3302003.684 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de PER/DCOMP em que a Contribuinte informa ter efetuado recolhimento a maior que o devido. A DRF/Recife proferiu Despacho Decisório indeferindo o pleito sob o fundamento de que o DARF discriminado no PER/DCOMP foi localizado, mas encontrase integralmente utilizado para quitação de débitos declarados do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição/compensação. Cientificada da decisão, a Recorrente apresentou manifestação de inconformidade alegando, em síntese, que houve mera falha em não retificar a DCTF, mas que devem ser reconhecidas as informações de sua DIPJ retificadora, que atesta a ocorrência de pagamento a maior. Em análise dos argumentos apresentados pela Recorrente, a DRJ/Recife julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 11040.576. O Colegiado a quo entendeu que a Contribuinte não havia comprovado o suposto pagamento a maior. Cientificada da decisão de piso, a Recorrente interpôs recurso voluntário sustentando, em síntese: (i) que o erro cometido pela Recorrente de não retificar as DCTFs não anula a existência dos créditos, vez que decorrem da realização de pagamento efetuados a maior; e (ii) que a existência de pagamento a maior é constatada pela simples verificação das DIPJs retificadoras, onde constam os ajustes necessários para atestar a existência do crédito pleiteado. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulede, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.657, de 22 de fevereiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10480.910482/201258, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.657): "I Tempestividade Fl. 205DF CARF MF Processo nº 10480.910517/201259 Acórdão n.º 3302003.684 S3C3T2 Fl. 4 3 A Recorrente foi intimada da decisão de piso 25.06.2013 e protocolou Recurso Voluntário em 01.07.2013, dentro do prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 33, do Decreto 70.235/721. Desta forma, considerando que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II Questões de Mérito Conforme exposto anteriormente, a Recorrente alega (i) que o erro cometido pela Recorrente de não retificar as DCTFs não anula a existência dos créditos, vez que decorrem da realização de pagamento efetuados a maior; e (ii) que a existência de pagamento a maior é constatada pela simples verificação das DIPJs retificadoras, onde constam os ajustes necessários para atestar a existência do crédito pleiteado. Com todo respeito aos argumentos explicitados pela Recorrente, não concordo com suas alegações. Isto porque, a alegação de que a existência do crédito poderia ser facilmente comprovado por meio das Declarações de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (DIPJ) em nada socorre a Recorrente, posto que além da DIPJ não se constituir em confissão de dívida como é o caso da DCTF, não consta dos autos qualquer documento, a exemplo de livros e documentos fiscais e contábeis, que viesse evidenciar a apuração da contribuinte na sua DIPJ retificadora. Com efeito, a DIPJ contêm dados e informações declarados pelo próprio contribuinte que devem ser lastreados com a correspondente documentação fiscal que comprove os lançamentos contábeis, do contrário, o direito ao crédito não deve ser reconhecido. Ora, a simples apresentação de cópias das referidas declarações são insuficientes para comprovar a origem do pretenso crédito almejado pela Recorrente, inviabilizando a confirmação dos valores registrados nas declarações. Não bastasse isso, os argumentos apresentados pela Recorrente não fazem prova de crédito algum, sequer demonstram qual a composição e/ou origem do crédito que ela alegar possuir. Mais uma vez, repitase, que é necessário que sejam colacionados aos autos excertos da escrituração contábil e fiscal do contribuinte, lastreados em documentação idônea que dê suporte a tais lançamentos. Logo, dúvida não há quanto a inexistência do direito creditório perseguido pela Recorrente. Diante deste cenário, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário." No que diz respeito à tempestividade, o recurso apresentado neste processo também é tempestivo (ciência em 25/06/2013, apresentação do RV em 01/07/2013). E, da mesma forma que no processo paradigma, a Contribuinte também não juntou nestes autos "excertos da escrituração contábil e fiscal do contribuinte, lastreados em documentação idônea" capaz de comprovar a legalidade e materialidade do direito creditório alegado. 1 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 206DF CARF MF Processo nº 10480.910517/201259 Acórdão n.º 3302003.684 S3C3T2 Fl. 5 4 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 207DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.720045/2015-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2014 a 30/09/2014
CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 150, INCISO VI, alínea d da CF. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO.
A aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade decorra do art. 150, inciso VI, alínea d da Constituição Federal (livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão) não gera crédito de IPI, em face de a previsão para manutenção de créditos prevista no artigo 11 da Lei no 9.779/99 alcançar apenas insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, caso a imunidade decorra de exportação.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3401-003.320
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 150, INCISO VI, alínea “d” da CF. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO. A aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade decorra do art. 150, inciso VI, alínea “d” da Constituição Federal (livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão) não gera crédito de IPI, em face de a previsão para manutenção de créditos prevista no artigo 11 da Lei no 9.779/99 alcançar apenas insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, caso a imunidade decorra de exportação. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 00 45 /2 01 5- 51 Fl. 59DF CARF MF Processo nº 11065.720045/201551 Acórdão n.º 3401003.320 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Versa o presente sobre o Pedido de Ressarcimento com Declaração de Compensação (PER/DCOMP), invocando crédito do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), relativo ao período de apuração acima identificado. Por meio do Despacho Decisório exarado pelo Seort/DRF/ Novo Hamburgo, o pedido de restituição foi indeferido e a compensação não homologada, sob o fundamento de que o valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado, por ter havido glosa em procedimento fiscal. Cientificado da decisão, o contribuinte interpôs manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que: (a) não houve mandado de procedimento fiscal para o procedimento de análise do crédito, sendo inválido o ato administrativo; (b) a fundamentação para a negativa de crédito é improcedente e está centrada no fato de a empresa ser abrangida por imunidade objetiva; (c) para aplicação da não cumulatividade constitucionalmente assegurada, pouco importa se a última operação foi ou não onerada pelo IPI; e (d) não houve constituição do crédito tributário, e embora o documento da glosa seja intitulado de auto de infração, não se concretizou o lançamento, ensejando a impossibilidade de ser o crédito glosado. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto por intermédio do Acórdão 14 057.393, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2014 a 30/09/2014 IPI. RESSARCIMENTO. PRODUTO N/T. Inexiste direito de crédito pela entrada de insumos para fabricação de produtos que estão fora do campo de incidência do imposto, pois neste caso o IPI deve ser contabilizado como custo Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada do acórdão da DRJ, a empresa apresenta Recurso Voluntário, sustentando que: (a) a juntada posterior de Mandado de Procedimento Fiscal não tem o condão de validar o ato praticado ao seu desabrigo; (b) o crédito não pode ser exigido por absoluta ausência de lançamento; e (c) a imunidade se constitui em cláusula pétrea inserida nas limitações constitucionais ao poder de tributar. Pede, ao fim, exame para fins de pré questionamento, mormente no que se refere aos artigos 142 e 149 do Código Tributário Nacional (CTN). É o relatório. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 11065.720045/201551 Acórdão n.º 3401003.320 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.313, de 25 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 11065.900523/201423, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401003.313): "O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. No Despacho Decisório, a razão para o indeferimento do direito de crédito, e a consequente não homologação da compensação, é a seguinte (fl. 22): O valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado/utilizado em razão do(s) seguinte(s) motivos(s): Constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado. Ocorrência de glosa de créditos considerados indevidos, em procedimento fiscal. Informações complementares da análise do crédito estão disponíveis na página Internet da Receita Federal, e integram este despacho. No próprio despacho decisório há orientações (aqui seguidas, em nome da verdade material) sobre como encontrar tais "informações complementares da análise de crédito", no sítio eletrônico da RFB (menu principal, opção "onde encontro" / "PERDCOMP" / "consulta despacho decisório", indicando o CNPJ da empresa e o número do PER/DCOMP. Nas informações complementares, percebo que há link para o relatório fiscal (Clique aqui para Download do arquivo: RELATORIO FISCAL GRUPO SINOS.PDF). Evidencio, então, que o Relatório Fiscal se presta a este e a outros nove processos administrativos de ressarcimento, e que ali realmente se encontram as razões detalhadas para as glosas: (a) a empresa tem como principal atividade a edição integrada à impressão de jornais, sendo detentora de registro especial de papel imune, e os produtos resultantes de seu processo de industrialização têm a classificação "NT" (não tributáveis) relativamente à incidência do IPI, em razão de benefício de imunidade constitucional; e (b) os créditos pleiteados se referem à aquisição de insumos utilizados para produção de jornais e revistas imunes, no período considerado, e, portanto, não encontram guarida normativa para fruição. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 11065.720045/201551 Acórdão n.º 3401003.320 S3C4T1 Fl. 5 4 Verificadas as motivações específicas para as glosas, cabe avaliar se as razões de defesa são aptas a afastálas, e a confirmar a regularidade do crédito. A primeira alegação de defesa se referia à ausência de Mandado de Procedimento Fiscal. No entanto, o Mandado de Procedimento Fiscal, como bem destacou o julgador de piso, foi emitido, havendo no próprio relatório da ação fiscal a informação de seu número (10.1.07.00 2014.002302) e a aposição de mensagem de que estava disponível para consulta no endereço <http://receita.fazenda.gov.br/aplicacoes/atpae/mpf/default.asp>, com a utilização do código de acesso 29365075. Também em nome da verdade material acessei o referido sítio, com a senha de acesso concedida na ação fiscal, verificando a existência do MPF, que sempre esteve disponível para consulta por parte da empresa. Improcedentes, assim, tanto a alegação de ausência de MPF, suscitada na manifestação de inconformidade, quanto a de que tal MPF teria sido juntado apenas posteriormente, presente no recurso voluntário. A segunda alegação da empresa, de que deveria ter havido lançamento para exigência do crédito, é absolutamente desconectada da realidade fática destes autos. Vejase que o presente processo não trata de lançamento para exigência de crédito, mas de reconhecimento de direito de crédito pleiteado pela empresa. As glosas efetuadas impedem a fruição do crédito, devendo a postulante do ressarcimento (e da compensação) carrear aos autos documentação que comprovem a liquidez e a certeza do crédito. Descabe, assim, a demandada análise (ainda que para fins de prequestionamento) dos artigos 142 e 149 do CTN, afetos ao lançamento. Cabe retomar, então, a análise no sentido de ter ou não havido prova apresentada pela empresa apta a afastar as razões de glosa (ausência de fundamento normativo para tomada de crédito em relação a insumos destinados a industrialização de jornais e revistas imunes). Sobre o tema, a empresa, em seu recurso voluntário, endossa que industrializa produtos imunes com os insumos adquiridos, mas entende que, por ser a imunidade cláusula pétrea, faz jus ao crédito. Tais alegações seriam relevantes se o fisco estivesse a exigir o IPI em relação aos produtos imunes, mas esse não é o caso em análise nestes autos, limitado a demanda de crédito, por parte da empresa, em relação à aquisição de insumos para fabricação de produtos imunes. Não se está, repitase, a analisar tributação de operação imune, mas a avaliar se a empresa faz jus a crédito sobre operação não tributada em função de imunidade. E, nesse sentido, cabível verificar o teor do artigo 11 da Lei no 9.779/1999: Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado Fl. 62DF CARF MF Processo nº 11065.720045/201551 Acórdão n.º 3401003.320 S3C4T1 Fl. 6 5 à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. (grifo nosso) Vejase que o dispositivo legal expressamente assume a possibilidade de crédito em relação a insumos aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero (silenciando em relação aos imunes e não tributados). E vejase também que a fruição fica condicionada à observância das normas expedidas pela RFB. A RFB expediu, em relação ao tema, a Instrução Normativa no 33/1999, que, em seu artigo 4o, já não silenciou em relação a produtos imunes: Art. 4o O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei No 9.779, de 1999, do saldo credor do IPI decorrente da aquisição de MP, PI e ME aplicados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos ou tributados à alíquota zero, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos no estabelecimento industrial ou equiparado a partir de 1o de janeiro de 1999. (grifo nosso) Mas a própria RFB, no Ato Declaratório Interpretativo no 6/2008, esclareceu que: Art. 1o Os produtos a que se refere o art. 4o da Instrução Normativa SRF no 33, de 4 de março de 1999, são aqueles aos quais ao legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) garante o direito à manutenção e utilização dos créditos.http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action ?idArquivoBinario=0 Art. 2o O disposto no art. 11 da Lei no 9.779, de 11 de janeiro de 1999, no art. 5o do Decretolei no 491, de 5 de março de 1969, e no art. 4o da Instrução Normativa SRF no 33, de 4 de março de 1999, não se aplica aos produtos: I com a notação "NT" (nãotributados, a exemplo dos produtos naturais ou em bruto) na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), aprovada pelo Decreto no 4.542, de 26 de dezembro de 2002; II amparados por imunidade; III excluídos do conceito de industrialização por força do disposto no art. 5o do Decreto no 4.544, de 26 de dezembro de 2002 Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (RIPI). Parágrafo único. Excetuamse do disposto no inciso II os produtos tributados na TIPI que estejam amparados pela imunidade em decorrência de exportação para o exterior." (grifo nosso) Assim, a empresa poderia utilizar o saldo credor, na forma do artigo 11 da Lei no 9.779/1999, apenas se as aquisições de insumos fossem efetivamente para um processo industrial de fabricação de produto imune, destinado à exportação. No entanto, no presente processo, sequer se esforça a recorrente para demonstrálo, pecando em seu dever de Fl. 63DF CARF MF Processo nº 11065.720045/201551 Acórdão n.º 3401003.320 S3C4T1 Fl. 7 6 carrear ao processo elementos que atestem a liquidez e a certeza do direito de crédito. Ainda que se afaste a imperfeição, às vezes presente na Tabela de Incidência do IPI, de considerar como "NT" (não tributados) produtos que, em verdade, são efetivamente resultantes de um processo de industrialização, mas imunes, permanece sem amparo o direito de crédito, visto não se verificar, nos autos, ser o produto destinado à exportação. Nesse sentido tem decidido este CARF: CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 150, INCISO III, alínea “d” da CF. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO. Não gera crédito de IPI a aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade decorra do art. 150, inciso III, alínea “d” da Constituição Federal. A previsão para manutenção dos créditos previsto no art. 11, da Lei no 9.779/99, alcança exclusivamente aqueles insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, caso a imunidade decorrer da exportação. (Acórdão no 3201002.096, Rel. Cons. Charles Mayer de Castro Souza, unânime, sessão de 15 mar. 2016) (a menção deveria ser ao inciso VI e não ao inciso III do art. 150 da CF) (No mesmo sentido, e também unânime, o Acórdão no 3301 002.280, de 27 mar. 2014) Por derradeiro, destaquese que também o Superior Tribunal de Justiça tem leitura não alargada do artigo 11 da Lei no 9.779/1999 (REsp no 1.015.855/SP). Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 64DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.003265/2007-97
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 02 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-000.880
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o presente julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram a presente Resolução.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o presente julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram a presente Resolução. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
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score : 1.0
Numero do processo: 13971.722501/2011-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006, 2007
DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. PENALIDADES.
Verifica-se que o art. 753, do Decreto nº 6.759/2009, prevê o prazo de cinco anos a contar da data da ocorrência da infração para impor penalidade.
PROCEDIMENTO ESPECIAL DE FISCALIZAÇÃO. IN SRF 228/2002. AUSÊNCIA DE NECESSIDADE.
Quando todas as provas já estão presentes para a elaboração do auto de infração, não há necessidade do procedimento especial.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2006, 2007
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS.
Quando há envio de depósitos para fechamentos de câmbio, e-mails e outras provas robustas, fica configurada a interposição fraudulenta de terceiros nas operações de importação.
SUBFATURAMENTO/ SUPERFATURAMENTO.
O subfaturamento e o superfaturamento ocorre quando os preços declarados nas faturas comerciais não consubstanciam a realidade, sendo que elas passaram por falsificações e há provas, nesse sentido, como a existência de carimbos de fornecedores, e-mails, notas de débito e de crédito.
MULTA PROPORCIONAL AGRAVADA. DOLO. EXISTÊNCIA.
O dolo de sonegação fica configurado quando expressamente provado por uma série de provas cabais.
Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Ano-calendário: 2006, 2007
MULTA REGULAMENTAR DO IPI. VALOR COMERCIAL DA MERCADORIA. AFASTAMENTO.
Afasta-se a multa regulamentar do IPI, equivalente ao valor comercial da mercadoria, quando houver no Regulamento Aduaneiro - Decreto 6.759/09- multa com tipificação mais específica. No caso concreto, é o dispositivo que prevê a multa contida no § 1º, do inciso XXII, do artigo 689 do Regulamento, tipificada como infração por dano ao erário, por interposição fraudulenta
Numero da decisão: 3302-003.506
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado em, por unanimidade de votos, conceder parcial provimento ao Recurso Voluntário para excluir a multa equivalente ao valor comercial da mercadoria e as multas cujos fatos geradores ocorreram de 01/01/2006 a 24/11/2006.
(assinatura digital)
Ricardo Paulo Rosa
Presidente
(assinatura digital)
Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza
Relatora
Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
Estiveram presentes o Dr. Ademir Gilli - OAB 20.741 - SC e o Dr. Jeferson E. D. Borges - OAB 11.155 - SC
Nome do relator: SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2006, 2007 DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. PENALIDADES. Verifica-se que o art. 753, do Decreto nº 6.759/2009, prevê o prazo de cinco anos a contar da data da ocorrência da infração para impor penalidade. PROCEDIMENTO ESPECIAL DE FISCALIZAÇÃO. IN SRF 228/2002. AUSÊNCIA DE NECESSIDADE. Quando todas as provas já estão presentes para a elaboração do auto de infração, não há necessidade do procedimento especial. Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2006, 2007 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. Quando há envio de depósitos para fechamentos de câmbio, e-mails e outras provas robustas, fica configurada a interposição fraudulenta de terceiros nas operações de importação. SUBFATURAMENTO/ SUPERFATURAMENTO. O subfaturamento e o superfaturamento ocorre quando os preços declarados nas faturas comerciais não consubstanciam a realidade, sendo que elas passaram por falsificações e há provas, nesse sentido, como a existência de carimbos de fornecedores, e-mails, notas de débito e de crédito. MULTA PROPORCIONAL AGRAVADA. DOLO. EXISTÊNCIA. O dolo de sonegação fica configurado quando expressamente provado por uma série de provas cabais. Assunto: Imposto sobre a Importação - II Ano-calendário: 2006, 2007 MULTA REGULAMENTAR DO IPI. VALOR COMERCIAL DA MERCADORIA. AFASTAMENTO. Afasta-se a multa regulamentar do IPI, equivalente ao valor comercial da mercadoria, quando houver no Regulamento Aduaneiro - Decreto 6.759/09- multa com tipificação mais específica. No caso concreto, é o dispositivo que prevê a multa contida no § 1º, do inciso XXII, do artigo 689 do Regulamento, tipificada como infração por dano ao erário, por interposição fraudulenta
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em, por unanimidade de votos, conceder parcial provimento ao Recurso Voluntário para excluir a multa equivalente ao valor comercial da mercadoria e as multas cujos fatos geradores ocorreram de 01/01/2006 a 24/11/2006. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo. Estiveram presentes o Dr. Ademir Gilli - OAB 20.741 - SC e o Dr. Jeferson E. D. Borges - OAB 11.155 - SC
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 21; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1751; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13971.722501/201176 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302003.506 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de janeiro de 2017 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO II Recorrente D & A COMÉRCIO SERVIÇOS IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO LTDA E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006, 2007 DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. PENALIDADES. Verificase que o art. 753, do Decreto nº 6.759/2009, prevê o prazo de cinco anos a contar da data da ocorrência da infração para impor penalidade. PROCEDIMENTO ESPECIAL DE FISCALIZAÇÃO. IN SRF 228/2002. AUSÊNCIA DE NECESSIDADE. Quando todas as provas já estão presentes para a elaboração do auto de infração, não há necessidade do procedimento especial. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006, 2007 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. Quando há envio de depósitos para fechamentos de câmbio, emails e outras provas robustas, fica configurada a interposição fraudulenta de terceiros nas operações de importação. SUBFATURAMENTO/ SUPERFATURAMENTO. O subfaturamento e o superfaturamento ocorre quando os preços declarados nas faturas comerciais não consubstanciam a realidade, sendo que elas passaram por falsificações e há provas, nesse sentido, como a existência de carimbos de fornecedores, emails, notas de débito e de crédito. MULTA PROPORCIONAL AGRAVADA. DOLO. EXISTÊNCIA. O dolo de sonegação fica configurado quando expressamente provado por uma série de provas cabais. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 25 01 /2 01 1- 76 Fl. 4690DF CARF MF 2 Anocalendário: 2006, 2007 MULTA REGULAMENTAR DO IPI. VALOR COMERCIAL DA MERCADORIA. AFASTAMENTO. Afastase a multa regulamentar do IPI, equivalente ao valor comercial da mercadoria, quando houver no Regulamento Aduaneiro Decreto 6.759/09 multa com tipificação mais específica. No caso concreto, é o dispositivo que prevê a multa contida no § 1º, do inciso XXII, do artigo 689 do Regulamento, tipificada como infração por dano ao erário, por interposição fraudulenta Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em, por unanimidade de votos, conceder parcial provimento ao Recurso Voluntário para excluir a multa equivalente ao valor comercial da mercadoria e as multas cujos fatos geradores ocorreram de 01/01/2006 a 24/11/2006. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo. Estiveram presentes o Dr. Ademir Gilli OAB 20.741 SC e o Dr. Jeferson E. D. Borges OAB 11.155 SC Relatório Tratase de recurso voluntário, apresentado em face do acórdão da DRJ/São Paulo I. Do auto de infração, fls. 1471/16731, extraemse trechos importantes para a elucidação do caso: A presente fiscalização originouse da análise do material apreendido quando da realização da operação denominada “Ouro Verde”, desencadeada em 30/03/2007 em diversos pontos do território nacional, em especial, no que tange ao caso concreto, na sede da empresa D&A COMÉRCIO SERVIÇOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, de Blumenau/SC, em cumprimento ao Mandado de Busca e Apreensão expedido pela 1 Todas as páginas referenciadas correspondem ao eprocesso. Fl. 4691DF CARF MF Processo nº 13971.722501/201176 Acórdão n.º 3302003.506 S3C3T2 Fl. 3 3 Vara Federal Criminal de Florianópolis/SC, nos autos do processo n.º 2006.72.00.0105049 (IPL n.º 285/2006/DPF/JVE/SC), aberto para investigação da empresa D&A Com. Serv. Imp. E Exp., onde também é determinado o compartilhamento dos objetos apreendidos que contenham informações úteis na apuração de ilícitos fiscais com a Receita Federal, assim (Doc. 10504): (...) Em apertada síntese, a investigação policial constatou que o grupo bancário clandestino (Grupo Roger) oferecia – entre outros – serviços de remessa de divisas ao exterior, à margem do controle oficial (Banco Central), tendo várias empresas como clientes, entre elas a D&A COMÉRCIO SERVIÇOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO, que por seu turno, prestava serviços de comércio exterior a outros clientes, servindo tais remessas ao pagamento de fornecedores no exterior, de forma a enviar a diferença de valores em importações subfaturadas. (...) A fiscalização encontrou um vasto material probatório para a lavratura do auto de infração em baila, inclusive, vários carimbos de fornecedores estrangeiros, fls. 1483: Não é crível que uma importadora mantenha em seu poder carimbos de seus fornecedores estrangeiros respaldandose em eventuais justificativas plausíveis para tão inusitada coleção. Resta cristalina, pois, a falsidade material. Qualquer alegação em sentido diverso seria espancar o senso comum, em detrimento da perspicácia do leitor. Ademais, no trâmite das investigações, observouse que a importadora não era a real adquirente das mercadorias em questão, nesse sentido, foi imputada responsabilidade solidária às seguintes pessoas, fls. 1488: Como Contribuinte (Importador): • D&A COMÉRCIO SERVIÇOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, doravante designada somente como “D&A”, CNPJ 05.630.873/000100, de endereço informado à RFB como sendo o da Rua General Osório, 1155, 1.º andar, Velha, Blumenau/SC, de quadro societário informado à RFB como sendo composto por Josiane Denise dos Santos Debossan, CPF 029.725.55929 (sóciaadministradora, com 95% do capital social) e Ivan Luiz Reinert, CPF 901.426.83949 (sócio, com 5%). Como Responsável Solidária (Adquirente)1: • TÊXTIL FARBE LTDA, doravante designada somente como “FARBE”, CNPJ 81.303.463/000124, de endereço informado à RFB como sendo o da rua Dr. Blumenau, 7.625, Encano, Indaial/SC (CEP 89.130000). O quadro societário é informado à RFB como sendo composto por Ricardo Axt, CPF Fl. 4692DF CARF MF 4 761.289.20900 (sócioadministrador) e Fabrício Axt, CPF 000.611.27906. Como Responsáveis Solidários Pessoais (Sócios de Fato/Administradores da D&A): • CAIO MARCELO DEBOSSAN, doravante designado somente como “CAIO”, CPF 936.292.65987, de endereço informado à RFB como sendo o da rua Helena Ohf, 28, Velha, Blumenau/SC (CEP 89.042326); • ÉRICA DEBOSSAN REINERT, doravante designada somente como “ÉRICA”, CPF 919.869.82904, de endereço informado à RFB como sendo o da rua Paulo Luiz Reinert, 213, casa, Velha, Blumenau/SC (CEP 89.041340); O auto de infração contempla algumas infrações, fls. 1494: O presente auto de Infração contempla dois tipos de infração praticadas pela organização ora estudada: A Interposição Fraudulenta e o Subfaturamento/Superfaturamento de Preços em operações de comércio exterior. As citadas fraudes, de distintas características, foram divididas em tópicos a seguir, apenas com fins didáticos, com vistas a facilitar o entendimento. Além disso, ele descreve minuciosamente o modus operandi das empresas no caso da interposição fraudulenta, fl. 1509, 1512: 6.2 – Análise da Interposição Fraudulenta: a Adquirente promovendo a importação das mercadorias (previamente ao registro da DI) / Utilização dos Recursos da Adquirente na importação das mercadorias. Na análise individual das DIs, a seguir, veremos que a documentação acostada comprova irrefutavelmente que a empresa Farbe foi a principal promovente da importação, além de suportarlhe o ônus financeiro. (...) Nesse passo, temos outro arquivo, de 22/02/07, elaborado pela D&A, também em nome de “Têxtil Farbe Ltda”, onde são discriminadas todos os depósitos creditados e os custos da importação. Dos créditos, observase que são sempre efetuados antes de um dispêndio, de forma a suprir os recursos da importação. (...) Dos registros contábeis da D&A, temos a escrituração dos valores acima, sempre com a indicação da Têxtil Farbe em seus históricos e sempre a crédito da conta “Adiantamento Importação Por conta e Ordem”, ou seja, em seus controles contábeis, a empresa definiu a operação tal qual sua essência, ao reverso do simulado documentalmente: uma operação de importação direta, seguida por uma revenda no mercado interno (...) Fl. 4693DF CARF MF Processo nº 13971.722501/201176 Acórdão n.º 3302003.506 S3C3T2 Fl. 4 5 No transcorrer do auto, há uma série de emails e documentos, que demonstram a interposição fraudulenta, fls. 1522 e seguintes. Posteriormente, o auto trata cabalmente do subfaturamento/superfaturamento e valoração das DIs, fls. 1537 e seguintes: É o que sinaliza o arquivomensagem, de 19/11/03, entre Erica (da D&A) e uma cliente de nome Alexandra, onde aquela explica, em síntese, que Caio [Debossan] está em contato... que precisam descobrir o preço mínimo [das mercadorias], e que esta é uma informação sigilosa, mas estão sondando o pessoal do Banco do Brasil (...) (fls. 1541) (...) Conforme veremos à exaustão adiante, os registros desta planilha possibilitam a exata valoração das DIs, pois o real valor transacionado encontrase disposto em formas de notas às suas células. Ademais, há informações que curiosamente sugerem o responsável pelas remessas à margem oficial, nos casos de subfaturamento, embora não seja possível a identificar a todos, cfe. fig. abaixo: (fls. 1547) (...) Por derradeiro, registrase que a constatação da forja das faturas (e demais documentos instrutivos do despacho), seja com vistas à interposição, ao Superfaturamento, ou ao Subfaturamento é objetiva, prescindindo da demonstração dos objetivos do grupo fraudador, sendo a documentação probante mais que suficiente para caracterização da fraude. Não obstante, sempre que possível, esta fiscalização buscará demonstrar os benefícios e os fins a que se destinava a fraude, embora, repisa se, com finalidades meramente ilustrativas, para compreensão de todo o conjunto fático. (fls. 1550) A fiscalização faz uma organização didática para identificar o fornecedor, o preço real e o quanto foi declarado: Fornecedor: REGIANT INDUSTRIAL DI n.º 2360 (07/01590151), declarada a 3,80 US$/kg FOB e valorada em 2,80 US$/kg FOB (v. Doc. Regiant2360): (fls. 1550) (...) Fornecedor: PT MUTU GADING TEKSTIL DI n.º 2106 (06/13529892), declarada a 1,45 US$/kg FOB e valorada em 1,60 US$/kg FOB (v. Doc. Mutu2106): (fls. 1560) (...) Fornecedor: LEALEA ENTERPRISE Fl. 4694DF CARF MF 6 (...) Na seqüência, temos um arquivomensagem, de 20 a 21/09/05, onde Elisete (da D&A) solicita à Inês (da Bluchemical) – com cópia para Caio (da D&A) e Ricardo (da Farbe) – alteração das 04 proformas em tela, para conter o valor [subfaturado] de 1,37 US$/kg. ( fls. 1564) (...) Aqui temos o descortinar do esquema fraudulento, haja vista que o subfaturamento pode aparecer de duas formas: (1) através de uma dupla de faturas, uma verdadeira (de maior valor) e outra falsa (de menor valor) ou (2) através de uma fatura única, de menor valor acompanhada de um documento denominado, no caso concreto, de DN, ou Debit Note, contendo a diferença subfaturada, para controle das partes envolvidas. (fls. 1565) (...) Fornecedor: ADS TEXTILE ENTERPRISE DI n.o 1870 (06/10861659), declarada a 3,60 US$/kg FOB; e DIs n.os 2168 (07/04001190), e 2169 (07/01963071) ambas declaradas a 3,80 US$/kg FOB e valoradas consoante quadro abaixo (portanto, todas superfaturadas) (fls. 1586) (...) Fornecedor: PT APAC INTI CORPORA DI n.o 1422 (06/00512430) e DI n.o 1423 (06/00660464), ambas declaradas a 2,66 US$/kg CFR e valoradas a US$ 2,37/kg CFR, portanto, superfaturadas (v. Doc. Apac1422 1423). As DIs em tela foram registradas diretamente em nome da Farbe; porém, os arquivos em poder da D&A não deixam dúvidas acerca da plena responsabilidade desta na fraude. (fls. 1590) (...) Fornecedor: DO BEST (....) Fornecedor: CHINA NINGBO CIXI IMPORT AND EXPORT CORP (...) Fornecedor: ALOK INDUSTRIES LIMITED A contribuinte, bem como os responsáveis solidários foram cientificados a respeito do auto de infração e apresentaram impugnações. Do acórdão da DRJ/ São Paulo I, extraemse trechos que retratam as impugnações apresentadas, fls. 4366/4372: Os contribuintes D&A COMERCIO SERVICOS IMPORTACAO E EXPORTACAO LTDA., CAIO MARCELO DEBOSSAN e ÉRICA DEBOSSAN REINERT, apresentaram sua impugnação, Fl. 4695DF CARF MF Processo nº 13971.722501/201176 Acórdão n.º 3302003.506 S3C3T2 Fl. 5 7 conjuntamente, às fls. 4115 a 4192, e anexos, na qual alegam, em apertado resumo: 1. Que em 2005 a empresa D&A obteve junto ao Governo do Estado de Santa Catarina um Regime Especial de Apuração do ICMS, o qual lhe permitia a importação por conta e ordem com alíquota de 4%, e a importação para revenda à alíquota de 6%, ao passo que a alíquota normal do Estado é de 17%. Que essa era a razão para que diversas empresas terceirizassem suas importações através da impugnante, qual seja, a economia tributária de ICMS. 2. Que nas importações que realizava, as negociações com o exportador estrangeiro (fornecedor) eram invariavelmente efetuadas pelo adquirente, não pela D&A. Dessa forma alega – os preços das mercadorias importadas já estavam acordados. Nessa linha, afirma que caso tenha havido“subfaturamento”, tal não teria sido praticado pela impugnante, pois que nenhuma atuação teve quando dos acordos dos preços entre os reais adquirentes e os fornecedores. 3. Que diversos dos documentos e computadores apreendidos não pertencem à empresa D&A, mas sim à empresa Debossan Despachos Aduaneiros que o mandado de busca e apreensão tinha por objetivo encontrar provas da relação entre a empresa D&A e o Grupo Roger Tur que por não haver sido encontradas provas de tal relação, o inquérito policial do qual adveio o mandado de busca e apreensão não foi concluído. 4. Que a conversão do MPFD (mandado de procedimento fiscal de diligência) em MPFF (mandado de procedimento fiscal de fiscalização) não foi cientificada à impugnante. Que ao final da fiscalização, não foi apurada nenhuma diferença de recolhimento de tributo ou contribuição, e que a Autoridade Fiscal autuou a impugnante por entender haver sido "ocultado” o adquirente final da DI. 5. Que a “Ré” (sic), decerto referindose equivocadamente à Autoridade Fiscal autuante (fls. 4120 do eprocesso) ocorreu em erro no lançamento, por haver aplicado duas vezes a multa no valor de 100% o valor das mercadorias, o que, conforme alega, não é lógico nem legalmente possível. 6. Que a empresa adquirente/encomendante foi solidariamente autuada, embora não tenha “participado das fiscalizações” e que as pessoas físicas Caio e Érica Debossan, também autuadas como responsáveis, “em nenhum momento atuaram como sóciosadministradores da empresa D&A” (v. fl. 4120, 2º. e 3º. parágrafos). 7. Suscita a nulidade da autuação, ao argumento de que as provas emprestadas são ilícitas. Nessa linha, afirma que os documentos e HDs apreendidos no Mandado de Busca e Apreensão jamais poderiam ter sido utilizados como prova para a Fiscalização, pois: a) não foram submetidos ao contraditório e Fl. 4696DF CARF MF 8 à ampla defesa; b) o compartilhamento dos documentos apreendidos somente poderia ter havido após o término do inquérito policial, o que até o momento não ocorreu; c) a grande maioria dos documentos e computadores apreendidos não pertencem à empresa D&A Comércio Exterior, mas sim à empresa Debossan Despachos Aduaneiros (empresa que funcionava na sala ao lado), para a qual não havia mandado judicial para apreensão de documentos; e d) as infrações apuradas na autuação fiscal não guardam relação com os crimes apurados no inquérito policial, razão pela qual se tornam imprestáveis para tanto. Alega que a decisão judicial, no caso concreto, limitou temporalmente a utilização das provas, para quando se desse “o transito em julgado da ação penal” (v. fl. 4124 do eprocesso). (....) 9. Alega cerceamento ao direito de defesa, porquanto as Autoridades Fiscais cientificaram os ora impugnantes nos dias 24 e 25 de novembro de 2011, de 13 (treze) Autos de Infração, com 9045 páginas de relatórios e documentos, lhes dando apenas 30 (trinta) dias para impugnação. Alega ainda que a maioria dos documentos citada pelo Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil não está acostada aos autos (v. fl. 4130, ao final, do eprocesso). (...) 13. Argúi a ilegitimidade de CAIO MARCELO DEBOSSAN e de ÉRICA DEBOSSAN REINERT, para figurarem no pólo passivo da autuação fiscal, pois a empresa D&A possui como sócios, conforme contrato sociais juntados, JOSIANE E IVAN, e a empresa DEBOSSAN DESPACHOS ADUANEIROS é que possui como sócios CAIO e ÉRICA (v. fl. 4139 do eprocesso). Que apesar dos laços familiares entre as citadas pessoas (CAIO e JOSIANE são esposo e esposa; e IVAN e ÉRICA, por sua vez, também) o objeto social de cada uma das empresas são distintos,“não havendo que se falar em sóciooculto por qualquer razão que seja” (alega à fl. 4139 dos autos). (...) 17. Alega que grande parte das importações analisadas pela fiscalização, que redundaram na lavratura do Auto de Infração, foi efetuada na modalidade de importação direta pela empresa FABRE, sem nenhuma intervenção da D&A. Na argumentação dessa tese, frisa que em alguns documentos trazidos pela Autoridade Fiscal, consta o nome de ELISETE ARAÚJO, que é despachante aduaneira e empregada da empresa DEBOSSAN, não da empresa D&A. No ensejo, afirma que tal demonstra novamente que houve apreensão (ilegal) de documentos na sede da empresa DEBOSSAN, que não se confunde com a D&A (v. fl. 4157 dos autos). (...) 20. Quanto ao mérito da autuação, na parte relativa ao subfaturamento e superfaturamento, alega que desde o início a Fl. 4697DF CARF MF Processo nº 13971.722501/201176 Acórdão n.º 3302003.506 S3C3T2 Fl. 6 9 D&A não possuía qualquer ingerência sobre os preços praticados, que eram – conforme afirma – livremente negociados entre a FARBE e o fornecedor (exportador estrangeiro) – (v. p.e., fl. 4165 dos autos). Assevera que jamais ocorreu subfaturamento ou superfaturamento, mas tãosomente um controle, por meio de planilhas, do histórico dos preços objeto das LIs (Licenças de Importação) deferidas; que a manutenção dessas planilhas, pelo contribuinte, não pode fazer exsurgir a presunção da prática de ilícito. (...) 24. Afirma não ter havido interposição fraudulenta, pois que ambas as empresas, a D&A e a FARBE, possuíam pelas condições jurídicas para importar, tanto diretamente, quanto por conta e ordem de terceiros. E que, nessa linha, meros erros formais não são suficientes para a aplicação da pena de perdimento, que exige, para sua configuração, o dolo (síntese do alegado às fls. 4178 e 4181). (...) A responsável solidária, Textil Farbe Ltda, também apresentou impugnação, da qual se extrai trechos do v. acórdão da DRJ/São Paulo I, fls. 4372/4374: 1. Que é empresa familiar, constituída desde 1989; que atua no ramo de fabricação e comercialização de artigos têxteis; que para tanto utiliza insumos adquiridos no mercado interno, e também no externo. 2. Que possui cerca de 420 empregados; que se encontra em dia com suas obrigações tributárias, para o que acosta certidões negativas; que em 18102011 foi cientificada de intimação fiscal para que apresentasse as mercadorias importadas por meio das 161 DIs ali relacionadas; que a referida intimação fiscal anunciava a decretação da pena de perdimento, sem que a FARBE, ora impugnante, houvesse tomado ciência de qualquer procedimento de fiscalização anterior; que solicitou prazo adicional para o cumprimento da intimação (reunião e entrega das mercadorias); que porém em 24112011 tomou ciência do Auto de Infração em pauta. 3. Que tal procedimento não oportunizou a empresa FARBE manifestarse a respeito, em ofensa ao princípio do contraditório e ampla defesa. 4. Nessa linha, preliminarmente, suscita a nulidade da autuação, aos argumentos de que: a) não lhe foi possibilitado o exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa, pois não foi cientificado de qualquer procedimento de fiscalização; nem das provas que contra ela fora produzidas; b) que é parte ilegítima para figurar no pólo passivo da autuação, pois que não concorreu tampouco se beneficiou da prática das alegadas infrações; c) que o lançamento é nulo pela ocorrência de Fl. 4698DF CARF MF 10 decadência do direito de constituição do crédito, nos termos no art. 150, § 4º., do CTN. 5. No mérito, alega que não houve caracterização de interposição fraudulenta; nem quebra da cadeia de IPI, pois este tributo não é devido nas operações analisadas; nem burla ao Siscomex, estando a empresa apta a realizar importações; que não houve subfaturamento nem superfaturamento, mas os preços praticados refletem fielmente as transações comerciais entabuladas com os fornecedores estrangeiros (v. 6ª. lauda da impugnação; fl. 1819 dos autos – eprocesso). Nessa linha, alega que a autuação é nula, por não ter considerado o primeiro método de valoração (valor da transação). 6. Que é descabida a multa de 150%, por não se configurar dolo ou fraude. 7. Que a autuação deve ser anulada, por possuir caráter arrecadatório e confiscatório. 8. Certifica que era a “destinatária das mercadorias importadas por sua conta e ordem através de todas as DIs precitadas, tendo sido a responsável pela contratação da importadora “D&A” para intermediar a aquisição no exterior, e também tendo arcado com os recursos financeiros necessários para viabilizálas” (laudas 24 e 25 da impugnação; fls. 1837 e 1838 dos autos – eprocesso). 9. Que inexistiriam benefícios na suposta interposição fraudulenta, tendo em vista que a ora impugnante (empresa FARBE) possui habilitação para importar, estando regularmente inscrita no Siscomex nos termos da IN SRF 650/2006, e tendo sólida capacidade financeira para viabilizar suas operações (25ª. lauda da impugnação). 10. Que no período abarcado pela Fiscalização, foram concretizadas 161 operações de importação (DIs) por conta e ordem de terceiros entre a D&A e a impugnante, ou seja, um volume muito significativo antes as apenas 6 (seis) DIs nas quais se considerou hipoteticamente fraudulentas. 11. Que a verdade real é no sentido de que houve erro material por parte da empresa D&A, quando da elaboração das DIs, não informando, por lapso, ou seja, por erro não intencional, que a real adquirente das mercadorias seria a empresa FARBE (27ª. lauda da impugnação). 12. Que, de qualquer modo, não houve prejuízo ou dano ao Erário a justificar a autuação. 13. Acosta vasta jurisprudência de casos que, alega, seriam idênticos ou semelhantes. 14. Alega ainda a nulidade do procedimento fiscal, que aplicou a pena de perdimento com fundamento em interposição fraudulenta, por não ter instaurado o procedimento especial de fiscalização previsto na IN SRF n. 228/2002. Fl. 4699DF CARF MF Processo nº 13971.722501/201176 Acórdão n.º 3302003.506 S3C3T2 Fl. 7 11 15. Que onde a Fiscalização enxergou subfaturamento nos preços, na realidade se deve à obtenção de desconto pela empresa, ora impugnante (42ª. e 43ª. laudas da impugnação – fls. 1855 e 1856). 16. Que não é lícito à Fiscalização desconsiderar os negócios jurídicos do contribuinte, especificamente aqui em relação aos preços praticados (comprovados pelas faturas), em face de meros indícios, como emails etc. apreendidos na empresa D&A. 17. Que é inaplicável a multa regulamentar do IPI (art. 83, I, da Lei 4502/1964); que o art. 704 do Regulamento Aduaneiro estatui, em seu parágrafo único, não ser aplicável tal dispositivo se existente tipificação mais específica no referido decreto. Sobreveio então a decisão da DRJ/São Paulo I, cuja ementa é colacionada abaixo: Assunto: Imposto de Importação II INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. SUBFATURAMENTO E SUPERFATURAMENTO. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVA EMPRESTADA ORIUNDA DE JUDICIAL QUEBRA DE SIGILO. ACEITABILIDADE. EXEGESE DO ART. 5º, XII, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. Sendo a prova fruto de quebra de sigilo telefônico ou de dados e tendo esta sido obtida originalmente para fins de investigação criminal ou instrução processual penal, não há impedimento para sua utilização em processo administrativo fiscal, ressalvada a autorização por magistrado competente. PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. O Processo Administrativo Fiscal é de natureza inquisitória até o átimo do lançamento, sendo em seguida, não antes, o tempo de exercer o contraditório e a ampla defesa, o que se faz por meio das impugnações e dos recursos administrativos. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. CASO DE FRAUDE, DOLO E SIMULAÇÃO. INICIO DO PRAZO: 1° DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE AO FATO GERADOR. A regra é a contagem do prazo de decadência, nos casos de lançamento por homologação, a partir do fato gerador: art. 150, caput, do CTN. Entretanto, o § 4° do mesmo artigo ressalva os casos de dolo, fraude e simulação. Nestes, o dies a quo é o primeiro dia do exercício seguinte ao fato gerador (art. 173, I, CTN). MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). REVISÃO ADUANEIRA. Fl. 4700DF CARF MF 12 Art. 10 da Portaria 3014/2011. A ciência eletrônica das prorrogações do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) garante sua validade, especialmente quando ato fiscal algum foi praticado, relativamente a esse mesmo MPF, que determinasse sua ciência pessoal. Os procedimentos relativos à revisão aduaneira não requerem, para sua realização, emissão de MPF. Igualmente, prescinde desse instrumento a lavratura de Auto de Infração decorrente de procedimentos dessa natureza. BUSCA E PERDIMENTO DAS MERCADORIAS. Se fungível é a mercadoria, incabível exigirse que a Autoridade Aduaneira proceda à sua busca, em sede de diligência, bastando a intimação para que o importador ou real adquirente a apresente. Descumprida a intimação, é de se reputar não localizada, ou consumida, para efeito da inflicção da pena de multa, em conversão à pena de perdimento. MERCADORIA IMPORTADA IRREGULAR OU FRAUDULENTAMENTE. ENTREGA A CONSUMO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR DA MERCADORIA. Incorrerão em multa igual ao valor da mercadoria os que entregarem a consumo mercadoria de procedência estrangeira importada irregular ou fraudulentamente. INFRAÇÃO. MULTA. SOLIDARIEDADE. A pessoa, física ou jurídica, que concorra, de alguma forma, para a prática de atos fraudulentos ou deles se beneficie responde solidariamente pelo crédito tributário decorrente. Exegese do art. 95 do Decretolei 37/1966. QUESTIONAMENTO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE DA LEGISLAÇÃO. A ilegalidade e a inconstitucionalidade da legislação tributária não são oponíveis na esfera administrativa. RELEVAÇÃO DE PENALIDADES não se aplica à infração de que tenha resultado falta ou insuficiência de pagamento do Imposto de Importação. Do acórdão resultante da DRJ/São Paulo I, foi cientificada a contribuinte "D & A Comércio Serviços de Importação Exportação" em 15 de agosto de 2013, fls. 4624, o responsável tributário "Caio Marcelo Debossan" em 15 de agosto de 2013, fls. 4625, a responsável tributária "Érica Debossan Reinert" em 15 de agosto de 2013, fls. 4623, e a responsável tributária "Textil Farbe Ltda." em 19 de agosto de 2013, fls. 4626. A responsável tributária "Textil Farbe Ltda" apresentou recurso voluntário, onde repisou os argumentos da impugnação. É o relatório. Voto Fl. 4701DF CARF MF Processo nº 13971.722501/201176 Acórdão n.º 3302003.506 S3C3T2 Fl. 8 13 Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Relatora. 1. Dos requisitos de admissibilidade e objeto do recurso O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, sendo que a responsável Textil Farbe Ltda teve ciência em 19 de agosto de 2013 e o recurso foi protocolado em 17 de setembro de 2013, fls. 4628. Tratase de matéria de competência deste colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Cabe esclarecer que, em seu recurso voluntário, não houve questionamento a respeito da responsabilidade solidária. A contribuinte "D & A Comércio Serviços de Importação Exportação" e os responsáveis tributários "Caio Marcelo Debossan" e "Érica Debossan Reinert" não apresentaram recurso voluntário. Assim, consoante o art. 42, inciso I, do Decreto nº 70.235/1972, tornase definitiva a decisão de primeira instância quando não apresentado o recurso voluntário, salvo quanto às matérias de ordem pública, que podem ser conhecidas de ofício. 2. Preliminar 2.1. Procedimento especial de fiscalização IN SRF 228/2002 A Recorrente alega que deveria por imposição legal instaurar o procedimento especial de fiscalização de que trata a INRFB n° 228/02, que é, justamente, o ambiente adequado para tal perquirição, pois do contrário houve violação à ampla defesa e ao contraditório. Pela análise dos autos, não houve violação aos princípios da ampla defesa e do contrário. Do v. acórdão da DRJ/São Paulo I, extraise o seguinte trecho, fls. 4385: O procedimento da referida Instrução Normativa tem por escopo a verificação da capacidade econômica das empresas que operam no comércio exterior e o combate à interposição fraudulenta. Ora, o procedimento levado a cabo durante a fiscalização em tela tem exatamente o mesmo objetivo, revelar a existência de empresas de fachada e caracterizar uma situação de interposição fraudulenta. Totalmente irrelevante a nomenclatura adotada pelo processo. O essencial é o conteúdo material investigado. Ademais, foi oportunizada defesa à Recorrente, por meio de apresentação da impugnação administrativa, que é o momento no qual se instaura efetivamente o processo administrativo. A referida Instrução Normativa, qual seja a IN SRF 228/2002, nada mais é que um procedimento investigatório para a obtenção de provas para comprovação de eventual interposição fraudulenta de pessoas. No caso em análise, tal procedimento não foi necessário, tendo em que vista que houve um compartilhamento de provas, autorizado pela Justiça Federal, conforme se extrai do auto de infração, fls. 1472: Portanto, a partir da leitura de cópias dos autos do processo judicial n.º 2006.72.000081320 (2005.72.00.0134793), Doc. Fl. 4702DF CARF MF 14 0813213479, resta claro, desde aquela fase investigativa, o compartilhamento de provas com a Receita Federal, mormente ao Escritório de Pesquisa e Investigação da 09ª Região Fiscal (ESPEI/09), com a lista das empresas então investigadas, entre elas a empresa D&A Com. Serv. Imp. e Exp. Ltda. Assim, a Administração Pública, que se pauta pela eficiência administrativa, não necessita passar por um procedimento de inquisição se já possui as provas cabais e necessárias para a lavratura do auto de infração. No caso, a Recorrente apresentou impugnação administrativa com as provas que entendeu necessárias para a sua defesa, momento o qual, efetivamente, se instaura o contraditório e a ampla defesa por decorrência da existência do litígio. Por tal motivo, negase a preliminar suscitada. 3. Do mérito 3.1. Da prejudicial de mérito Da decadência Da análise dos autos, verificase que o auto de infração foi lavrado em 18 de novembro de 2011, sendo que a ciência ocorreu em 24 de novembro de 2011. Das DI's, que consubstanciaram o auto de infração, o período é de 10 de janeiro de 2006 a 26 de julho de 2007. Prevê a legislação aduaneira: Decreto nº 4.543/2002 DA REVISÃO ADUANEIRA Art. 669. O direito de impor penalidade extinguese em cinco anos, a contar da data da infração. Decreto nº 6.759/2009 Art. 753. O direito de impor penalidade extinguese em cinco anos, contados da data da infração . Assim, diante da previsão legal, reconhecese que algumas penalidades impostas às DI's, registradas de janeiro de 2006 a 24 de novembro de 2006, foram atingidas pelos efeitos da decadência. 3.2. Da interposição fraudulenta de terceiros A Recorrente alega que não cometeu qualquer infração, sendo descabida a conclusão de interposição fraudulenta de terceiros, e por conseguinte, inaplicável a multa proporcional ao valor aduaneiro. Ademais, expõe que não obteve qualquer tipo de benefício, que já possuía habilitação para importar, estando regularmente inscrita no Siscomex nos perfeitos moldes prescritos na legislação aplicável (INRFB 650/06), muito antes de começar as operações versadas nas aludidas DI's, além de ostentar sólida capacidade financeira para viabilizar suas operações, advinda do exercício plenamente lícito de suas atividades sociais, e, também, estrutura operacional para as tratativas inerentes ao mercado exterior. Ocorre que, por meio da análise dos autos, há prova vastíssima, que ocorreu a chamada interposição fraudulenta de terceiros, ou seja, há uma série de fatos, que demonstram que a real destinatária das mercadorias, era a responsável tributária Textil Farbe Ltda, fls. 1509 e seguintes: Fl. 4703DF CARF MF Processo nº 13971.722501/201176 Acórdão n.º 3302003.506 S3C3T2 Fl. 9 15 Na análise individual das DIs, a seguir, veremos que a documentação acostada comprova irrefutavelmente que a empresa Farbe foi a principal promovente da importação, além de suportarlhe o ônus financeiro. (...) Na seqüência, temos um arquivoplanilha, datado de 10/01/07, criado por Caio Marcelo Debossan, endereçado à “Têxtil Farbe (Att.: Sr. Francisco), onde a D&A solicita o numerário correspondente à DI 2281, no valor de R$ 43.640,96 – figs. abaixo. (...) Nesse passo, temos outro arquivo, de 22/02/07, elaborado pela D&A, também em nome de “Têxtil Farbe Ltda”, onde são discriminadas todos os depósitos creditados e os custos da importação. Dos créditos, observase que são sempre efetuados antes de um dispêndio, de forma a suprir os recursos da importação. Assim, temos, p. ex. o valor de R$ 43.640,96 creditado em 11/01/07, ou seja, logo após a solicitação de numerário de 10/01/07, analisada acima. Em 16/01/07 começaram as despesas inerentes ao despacho de importação (lembremos que a DI foi registrada em 18/01/07) – fig. abaixo. (...) Dos registros contábeis da D&A, temos a escrituração dos valores acima, sempre com a indicação da Têxtil Farbe em seus históricos e sempre a crédito da conta “Adiantamento Importação Por conta e Ordem”, ou seja, em seus controles contábeis, a empresa definiu a operação tal qual sua essência, ao reverso do simulado documentalmente: uma operação de importação direta, seguida por uma revenda no mercado interno – v. figs. abaixo. (...) Na seqüência, temos um arquivo, de 27/10/06, contendo mensagem de Itaci Marques (da empresa Agobras, representante da fornecedora chinesa), a Ricardo Axt (sócioadministrador da Farbe), onde aquele anexa as proformas de Poliéster 30/1, cfe. fig. abaixo: (...) Ao abrir o arquivoanexo acima, observamos a proforma correspondente à negociação das mercadorias constantes da futura DI 2352: onde aparece a D&A no campo Consignee e a empresa Têxtil Farbe no campo Notify; como exportador temos a empresa “China Ningbo Cixi Import & Export corp.” e como produtor a empresa “Cixi Rongwei Textile Co” – v. fig. abaixo. (...) Fl. 4704DF CARF MF 16 Assim, os arquivos acima não deixam dúvidas que a empresa Farbe, na pessoa de seu sócioadministrador, era a responsável por promover a importação, já que recebia inicialmente as proformas dos fornecedores chineses, para verificação, conquanto viesse a se apresentar, posteriormente, como uma mera compradora das mercadorias, da D&A, no mercado nacional (lembremos que a DI foi registrada em 15/02/07). Tratase de um nítido caso de importação por conta e ordem de terceiros, onde não foi devidamente informada à Receita Federal, infringindo a legislação, vide a seguinte instrução normativa: IN SRF nº 225 de 18 de outubro de 2002 Art. 1º O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que opere por conta e ordem de terceiros será exercido conforme o estabelecido nesta Instrução Normativa. Parágrafo único. Entendese por importador por conta e ordem de terceiro a pessoa jurídica que promover, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadoria adquirida por outra, em razão de contrato previamente firmado, que poderá compreender, ainda, a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial. Art. 2º A pessoa jurídica que contratar empresa para operar por sua conta e ordem deverá apresentar cópia do contrato firmado entre as partes para a prestação dos serviços, caracterizando a natureza de sua vinculação, à unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF), de fiscalização aduaneira, com jurisdição sobre o seu estabelecimento matriz. Parágrafo único. O registro da Declaração de Importação (DI) pelo contratado ficará condicionado à sua prévia habilitação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), para atuar como importador por conta e ordem do adquirente, pelo prazo previsto no contrato. Ademais, a Recorrente alega que não pode ser aplicada a multa proporcional ao valor aduaneiro, pela conversão da pena de perdimento, pois não ficou comprovado o intuito doloso, colacionando acórdão deste Egrégio Tribunal Administrativo sobre a existência de prova inequívoca. Com a devida vênia, a prova acostada ao auto de infração é vastíssima e demonstra de forma inequívoca que a responsável tributária Textil Farbe Ltda participou das operações de importação com adiantamento de recursos, assim, deve ser mantida a multa proporcional ao valor aduaneiro, com previsão no art. 23, § 3º, do Decretolei nº 1455/1976 e art. 689, XXII, do Decreto 6759/2009 RA: Decreto 6759/2009 Art. 689. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decreto Lei nº 37, de 1966, art. 105; e DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, caput e § 1º, este com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): Fl. 4705DF CARF MF Processo nº 13971.722501/201176 Acórdão n.º 3302003.506 S3C3T2 Fl. 10 17 (...) XXII estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 1972 (DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, § 3º, com a redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010, art. 41). Pela motivação acima exposta, reconhecese a interposição fraudulenta e mantémse a multa proporcional ao valor aduaneiro. 3.3. Subfaturamento/Superfaturamento A Recorrente alega que o valor declarado deve ser considerado equivalente ao valor aduaneiro e seu questionamento haverá de ser realizado de forma fundamentada, com base em provas hábeis do descompasso. Além disso, argumenta no sentido de que há legalidade no preço praticado e que recebeu um desconto no preço originalmente acordado, sendo que a fiscalização baseouse em meros indícios, sendo incabível a multa administrativa. Da análise do auto de infração, fica completamente provado que houve subfaturamento/superfaturamento, a prova é cabal e vastíssima, diferente do alegado pela Recorrente. A começar pela existência de carimbos de fornecedores estrangeiros na empresa D & A Comércio Serviços de Importação Exportação, que no v. acórdão da DRJ/São Paulo I assim o explicitou: Cuidamse de carimbos que devem (ou melhor, que deveriam) ser utilizados na confecção, no exterior, das faturas comerciais (Invoices), que são documentos essenciais num despacho aduaneiro, fundamentais na elaboração de uma Declaração de Importação (pois trazem, dentre outros dados, a descrição, a quantidade e o preço das mercadorias). O fato, aparentemente simples para um leigo, de se encontrarem tais carimbos no interior de uma empresa importadora, faz prova de que ali se falsificavam faturas estrangeiras. Há também uma série de emails, que comprovam o acordo de preços e a busca pelo preço mínimo. Apenas para exemplificar em alguns momentos, colacionamse trechos do auto de infração, fls. 1537 e seguintes: Além de todos os documentos carreados aos autos – já analisados ou por analisar – que não permitem deitar fé às faturas apresentadas, convém relembrar, por oportuno, que dentre os carimbos de fornecedores encontrados na D&A, há Fl. 4706DF CARF MF 18 pelo menos alguns dos fornecedores referenciados nesta peça fiscal, (...) (...) Temos um arquivomensagem, de 10/08/05, onde Ricardo (da Farbe) envia a planilha citada à Elisete (da D&A), para controle das importações em andamento à época – v. Doc. Controle Importações e fig. abaixo: (...) A planilha propriamente dita, anexada à mensagem acima, é a “CONTROLE IMP 09.08.05.xls”, de diversas “abas” e múltiplas colunas de controles (v. fig. abaixo), o que não permite sua impressão por completo em uma única peça; todavia, é fácil notar que possui uma ampla gama de informações, p. ex.: valores reais de transação, valores enviados por subfaturamento (Debit Noted), e superfaturamento (Credit Noted), controle de créditos, etc. (...) A encerrar as preambulares, convém ressaltar que o Subfaturamento, como visto, resta explícito em um documento denominado DN – Nota de Débito (Debit Noted). Em sentido contrário, veremos que o Superfaturamento restará documentado em um documento denominado CN – Nota de Crédito (Credit Note). Dada a prova nítida de que houve subfaturamento/superfaturamento das importações, lastreada por uma série de provas, confirmase a aplicação da multa administrativa prevista no art. 88, parágrafo único, da MP nº 2158/2001, e art. 169, inciso II, § 6º, do Decretolei nº 37/1966: MP nº 2158/2001 Art. 88. No caso de fraude, sonegação ou conluio, em que não seja possível a apuração do preço efetivamente praticado na importação, a base de cálculo dos tributos e demais direitos incidentes será determinada mediante arbitramento do preço da mercadoria, em conformidade com um dos seguintes critérios, observada a ordem seqüencial: (...) Parágrafo único. Aplicase a multa administrativa de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado, sem prejuízo da exigência dos impostos, da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e dos acréscimos legais cabíveis. Seja pela existência de carimbos de fornecedores, pela vasta quantidade de e mails, pela existência de uma Nota de Débito e uma Nota de Crédito, provase, então, por diversos meios, a existência de fraude, sonegação e conluio no valor aduaneiro declarado nas declarações de importação, objeto do auto de infração, que fundamenta o presente processo administrativo, mantendose a multa administrativa de 100%. Fl. 4707DF CARF MF Processo nº 13971.722501/201176 Acórdão n.º 3302003.506 S3C3T2 Fl. 11 19 3.4. Multa proporcional agravada A Recorrente considera ilegal a multa proporcional agravada em 150%, com previsão no art. 44, da Lei nº 9.430/1996. Ela alega que a documentação apresentada é idônea e reflete com veracidade as operações praticadas, os preços adotados e as partes envolvidas, inexistindo qualquer ação, omissão, simulação ou ocultação que denote intenção de causar dano à fazenda pública, revelandose totalmente infundada a acusação de interposição fraudulenta e de manipulação dos preços das transações comerciais. Por todo o exposto até o presente, percebese por uma ampla existência de provas, que se está diante de evidente caso de sonegação fiscal, devidamente provado o dolo existente nas condutas, por tal motivação, mantémse a multa agravada em 150%. 3.5. Multa regulamentar do IPI A Recorrente alega que o v. acórdão da DRJ/São Paulo I não analisou o tópico referente à multa regulamentar do IPI e que a previsão legal da multa regulamentar do IPI não se amolda ao caso em análise. O v. acórdão tratou das multas em tópico intitulado das múltiplas alegações de bis in idem, não se vislumbra, dessa forma, a alegação que não foi analisado. Inclusive, no precedente colacionado no v. acórdão há reflexão sobre a multa que incide sobre o IPI. A Recorrente alega que esta espécie de penalidade não se aplica para as hipóteses versadas nesta autuação; mais do que isso, na verdade revela nítido e repudiável intuito arrecadatório e caráter confíscatório. Ela diz que a multa regulamentar do IPI, prevista no aludido dispositivo legal, diz com situações envolvendo importações de produtos de procedência estrangeira, introduzidos clandestinamente no país, irregular ou fraudulentamente e faz uma interpretação cumulativa do previsto no art. 83, inciso I, da Lei nº 4.502/1964 e no art. 704, do Decreto nº 6.759/2009: Lei nº 4.502/1964 Art . 83. Incorrem em multa igual ao valor comercial da mercadoria ou ao que lhe é atribuído na nota fiscal, respectivamente: I Os que entregarem ao consumo, ou consumirem produto de procedência estrangeira introduzido clandestinamente no País ou importado irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dêle saído ou nêle permanecido desacompanhado da nota de importação ou da notafiscal, conforme o caso; Decreto nº 6.759/2009 Art. 704. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na multa igual ao valor comercial da mercadoria os que entregarem a consumo, ou consumirem mercadoria de procedência estrangeira introduzida clandestinamente no País ou importada irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da Fl. 4708DF CARF MF 20 declaração da importação, ou desacompanhada de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso (Lei nº 4.502, de 1964, art. 83, inciso I; e DecretoLei no 400, de 30 de dezembro de 1968, art. 1o, alteração 2ª). Parágrafo único. A pena a que se refere o caput não se aplica quando houver tipificação mais específica neste Decreto. (grifos não constam no original) Afastase a multa regulamentar do IPI, equivalente ao valor comercial da mercadoria, quando houver no Regulamento Aduaneiro Decreto 6.759/09 multa com tipificação mais específica. No caso concreto, é o dispositivo que prevê a multa contida no § 1º, do inciso XXII, do artigo 689 do Regulamento, tipificada como infração por dano ao erário, por interposição fraudulenta, vide norma em questão: Decreto nº 6.759/2009 Art. 689. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decreto Lei nº 37, de 1966, art. 105; e DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, caput e § 1º, este com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): (...) XXII estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 1972 (DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, § 3º, com a redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010, art. 41). (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013 Assim, como o próprio regulamento aduaneiro, em seu artigo 689, inciso XXII, § 1º, Decreto nº 6.759/2009, prevê a questão da especialidade, por conseguinte, quando houver tipificação mais específica, a norma especial derroga a norma geral. Logo, afastase a multa regulamentar do IPI. 4. Conclusão Por todo o exposto, conheço do recurso voluntário, acolho a preliminar de decadência, prejudicial de mérito, concedendo provimento parcial para reconhecer os efeitos do instituto da decadência em relação às penalidades das DI's registradas de janeiro de 2006 a 24 de novembro de 2006 e, no mérito, concedo provimento para excluir a multa equivalente ao valor comercial da mercadoria. Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Fl. 4709DF CARF MF Processo nº 13971.722501/201176 Acórdão n.º 3302003.506 S3C3T2 Fl. 12 21 Fl. 4710DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13826.000001/00-75
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Dec 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Ano-calendário: 1989, 1990
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE PAGAMENTOS REALIZADOS COM BASE EM NORMA DECLARADA INCONSTITUCIONAL PELO STF. DECRETOS-LEIS NºS 2.445/88 E 2.449/88. PRAZO PARA A REPETIÇÃO DE INDÉBITOS.
Para a contagem de prescrição de indébito decorrente de pagamento de tributo feito com base em norma tida como inconstitucional, o STJ atualmente aplica as regras do CTN, e ainda afirma que a declaração de inconstitucionalidade de norma de direito tributário material, tanto no controle direto como no difuso, é irrelevante para fins da contagem da prescrição do indébito (REsp nº 1.110.578-SP). A declaração de inconstitucionalidade que embasaria a repetição do indébito, portanto, não é marco inicial para contagem de prescrição, não interrompe prazo de prescrição em curso, e nem reabre prazo para repetição de indébitos já prescritos. Quanto aos prazos prescricionais do CTN, há súmula do CARF, embasada em decisão do STF sob a sistemática de repercussão geral (RE nº 566.621), de que "ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador". Conforme o § 2º do artigo 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, com a redação dada pela Portaria MF nº 152/2016, esta Corte Administrativa deve reproduzir as decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF e STJ, na sistemática prevista nos artigos 543-B e 543-C do CPC. Como o pedido de restituição/compensação foi apresentado em 04/01/2000 (e não 04/11/2000, como afirmado pela recorrente), estão prescritos os direitos creditórios referentes aos fatos geradores ocorridos antes de 04/01/1990.
Numero da decisão: 9900-001.000
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Extraordinário da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, com retorno dos autos à unidade de origem, nos termos do voto do relator.
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Ano-calendário: 1989, 1990 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE PAGAMENTOS REALIZADOS COM BASE EM NORMA DECLARADA INCONSTITUCIONAL PELO STF. DECRETOS-LEIS NºS 2.445/88 E 2.449/88. PRAZO PARA A REPETIÇÃO DE INDÉBITOS. Para a contagem de prescrição de indébito decorrente de pagamento de tributo feito com base em norma tida como inconstitucional, o STJ atualmente aplica as regras do CTN, e ainda afirma que a declaração de inconstitucionalidade de norma de direito tributário material, tanto no controle direto como no difuso, é irrelevante para fins da contagem da prescrição do indébito (REsp nº 1.110.578-SP). A declaração de inconstitucionalidade que embasaria a repetição do indébito, portanto, não é marco inicial para contagem de prescrição, não interrompe prazo de prescrição em curso, e nem reabre prazo para repetição de indébitos já prescritos. Quanto aos prazos prescricionais do CTN, há súmula do CARF, embasada em decisão do STF sob a sistemática de repercussão geral (RE nº 566.621), de que "ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador". Conforme o § 2º do artigo 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, com a redação dada pela Portaria MF nº 152/2016, esta Corte Administrativa deve reproduzir as decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF e STJ, na sistemática prevista nos artigos 543-B e 543-C do CPC. Como o pedido de restituição/compensação foi apresentado em 04/01/2000 (e não 04/11/2000, como afirmado pela recorrente), estão prescritos os direitos creditórios referentes aos fatos geradores ocorridos antes de 04/01/1990.
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Ano-calendário: 1989, 1990 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE PAGAMENTOS REALIZADOS COM BASE EM NORMA DECLARADA INCONSTITUCIONAL PELO STF. DECRETOS-LEIS NºS 2.445/88 E 2.449/88. PRAZO PARA A REPETIÇÃO DE INDÉBITOS. Para a contagem de prescrição de indébito decorrente de pagamento de tributo feito com base em norma tida como inconstitucional, o STJ atualmente aplica as regras do CTN, e ainda afirma que a declaração de inconstitucionalidade de norma de direito tributário material, tanto no controle direto como no difuso, é irrelevante para fins da contagem da prescrição do indébito (REsp nº 1.110.578-SP). A declaração de inconstitucionalidade que embasaria a repetição do indébito, portanto, não é marco inicial para contagem de prescrição, não interrompe prazo de prescrição em curso, e nem reabre prazo para repetição de indébitos já prescritos. Quanto aos prazos prescricionais do CTN, há súmula do CARF, embasada em decisão do STF sob a sistemática de repercussão geral (RE nº 566.621), de que "ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador". Conforme o § 2º do artigo 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, com a redação dada pela Portaria MF nº 152/2016, esta Corte Administrativa deve reproduzir as decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF e STJ, na sistemática prevista nos artigos 543-B e 543-C do CPC. Como o pedido de restituição/compensação foi apresentado em 04/01/2000 (e não 04/11/2000, como afirmado pela recorrente), estão prescritos os direitos creditórios referentes aos fatos geradores ocorridos antes de 04/01/1990. Fl. 458DF CARF MF Processo nº 13826.000001/00-75 Acórdão n.º 9900-001.000 CSRF-T1 Fl. 3 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Extraordinário da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, com retorno dos autos à unidade de origem, nos termos do voto do relator. (documento assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Possas - Presidente. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Heitor de Souza Lima Junior, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gerson Macedo Guerra, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello, Érika Costa Camargos Autran, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Rodrigo da Costa Possas (Presidente em exercício do CARF). Relatório Trata-se de recurso extraordinário apresentado pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional - PGFN ao pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais - CSRF, com fulcro no artigo 9º do Regimento Interno da CSRF, aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, c/c artigo 3º do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, em que se alega divergência entre turmas da CSRF quanto ao que se decidiu sobre prescrição de direito creditório reivindicado pela contribuinte em pedido de restituição/compensação. A PGFN insurgi-se contra o Acórdão nº 02-03.675, de 26/11/2008, por meio do qual a 2 a Turma da CSRF negou provimento a recurso especial da PGFN para, por unanimidade de votos, manter afastada a prescrição do direito creditório reivindicado em decorrência de pagamentos indevidos de PIS/Repique nos períodos de apuração de novembro de 1989 a outubro de 1995, que foram realizados com base nos Decretos-Leis nºs 2.445/88 e 2.449/88, julgados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. O acórdão recorrido contém a ementa e os fundamentos descritos abaixo: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/11/1989 a 31/10/1995 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - REPETIÇÃO DE INDÉBITO - DECADÊNCIA. Fl. 459DF CARF MF Processo nº 13826.000001/00-75 Acórdão n.º 9900-001.000 CSRF-T1 Fl. 4 3 Somente após a publicação do acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal em Ação Declaratória de Inconstitucionalidade é que se forma o indébito e, portanto, inicia-se o prazo decadencial para sua repetição, "dies a quo". Recurso especial negado. [...] VOTO Conselheiro GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Relator O recurso é tempestivo e satisfaz os demais requisitos de admissibilidade, dele devendo-se tomar conhecimento. Sendo assim, dele tomo conhecimento e passo a examiná-lo. A controvérsia se instaurou por entendimentos divergentes quanto ao termo "a quo" para contagem do prazo decadencial relativo ao direito de repetição do indébito em face da Resolução do Senado nº 49/95. Para a solução da presente lide adoto, como razões de decidir, entendimento do Conselheiro Julio César Vieira Gomes, vazado nos seguintes termos: [...] Portanto, entendo que somente após a publicação da resolução do Senado nº 49, de 10 de outubro de 1995 é que se formou o indébito, caracterizando o "dies a quo" para a contagem do prazo decadencial. A PGFN afirma que o acórdão recorrido, exarado pela 2 a Turma da CSRF, deu à lei tributária interpretação divergente da que foi dada por outra turma da CSRF e pelo próprio pleno da CSRF, especificamente quanto ao que se decidiu sobre prescrição de direito creditório reivindicado pela contribuinte em pedido de restituição/compensação. Para o processamento de seu recurso extraordinário, a PGFN desenvolve os argumentos descritos abaixo: DO CABIMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO – DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL - no presente caso, há nítida divergência entre a decisão atacada e os acórdãos paradigmas declinados abaixo: Acórdão nº 9303-003.031 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 1990, 1991, 1992, 1993, 1994, 1995 PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TESE DOS “CINCO MAIS CINCO”. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e Fl. 460DF CARF MF Processo nº 13826.000001/00-75 Acórdão n.º 9900-001.000 CSRF-T1 Fl. 5 4 pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos “cinco mais cinco”. Acórdão nº 9900-000.742 - Pleno Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/1990 a 31/03/1992 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. Quando do julgamento do RE nº 566.621/RS, interposto pela Fazenda Nacional, sendo relatora a Ministra Ellen Gracie, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118/2005, momento em que estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. Diante das decisões proferidas pelos nossos Tribunais Superiores a respeito da matéria, aplica-se ao caso os estritos termos em que foram prolatadas, considerando-se o prazo prescricional de 5 (cinco) anos aplicável tão-somente aos pedidos formalizados após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir dos pedidos protocolados nas repartições da Receita Federal do Brasil do dia 09 de junho de 2005 em diante. Para os pedidos protocolados anteriormente a essa data (09/06/2005), vale o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4º, com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5), ou seja, a contagem do prazo prescricional dar-se-á a partir do fato gerador, devendo o pedido ter sido protocolado no máximo após o transcurso de 10 (dez) anos a partir dessa data (do fato gerador). - a semelhança dos quadros fáticos expostos e discutidos nos acórdãos confrontados e a divergência em relação à tese jurídica ficam devidamente comprovados pela simples transcrição das ementas; - todavia para que não pairem dúvidas acerca da configuração do dissídio, impõe-se a transcrição de trechos dos acórdãos indicados: Acórdão nº 9303-003.031 [...] Conforme relatado acima, o presente processo trata de pedido de restituição de contribuições para o Programa de Integração Social – PIS, Fl. 461DF CARF MF Processo nº 13826.000001/00-75 Acórdão n.º 9900-001.000 CSRF-T1 Fl. 6 5 formulado em 09/10/2000 (fls. 04), relativo aos fatos geradores compreendidos entre janeiro de 1990 a maio de 1995 (fls. 06 a 11). A Colenda Turma a quo, em síntese, entendeu que, como o Excelso Supremo Tribunal Federal declarou incidentalmente a inconstitucionalidade dos Decretos-lei nº 2.445 e 2.449, ambos de 1988, e o Senado Federal suspendeu a sua execução através da Resolução nº 49, publicada em 10/10/1995, esta data é o dies a quo do prazo prescricional, sendo, portanto, o dies ad quem do direito de pleitear a restituição/compensação o dia 10/10/2000. Como o pedido de restituição foi formulado em 09/10/2000, considerou não ocorrente a decadência/prescrição. Agora, considerando a tese dos “cinco mais cinco”, o dies ad quem para restituição/compensação do indébito referente a janeiro de 1990 a maio de 1995 passa a ser, respectivamente, janeiro de 2000 e maio de 2005. Considerando que o pedido de restituição foi formulado em 09/10/2000, verifica-se que ocorreu o transcurso do prazo prescricional quanto as parcelas referentes aos fatos geradores anteriores a 09/10/1990. Por conseguinte, em face de todo o exposto, e com arrimo no artigo 62-A do RICARF, voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso especial da Fazenda Nacional, a fim de reconhecer a prescrição do direito de pleitear a restituição de indébito e realização de compensação quanto aos fatos geradores anteriores a 09/10/1990. Acórdão nº 9900-000.742 – Pleno Conforme relatado, a questão que se põe à apreciação deste Colegiado diz respeito exclusivamente à preliminar de prescrição do direito à repetição de indébitos fiscais, merecendo ressaltar que o acórdão paradigma considerou irrelevante que o indébito tenha por fundamento a declaração de inconstitucionalidade ou simples erro, aplicando o prazo quinquenal a partir da extinção do crédito tributário, conforme se extrai da leitura da ementa transcrita no recurso extraordinário, a seguir: [...] Sendo assim, diante dessas decisões proferidas pelos nossos Tribunais Superiores, outra não poderia ser minha posição a respeito da matéria, senão a de aplicar ao caso os estritos termos das sobreditas decisões do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, considerando-se o prazo prescricional de 5 (cinco) anos aplicável tão- somente aos pedidos formalizados após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir dos pedidos protocolados nas repartições da Receita Federal do Brasil do dia 9 de junho de 2005 em diante. Para os pedidos protocolados anteriormente a essa data (09/06/2005), valeria o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4º com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5), ou seja, a contagem do prazo prescricional dar-se-ia a partir do fato gerador, devendo o pedido ter sido protocolado no máximo após o transcurso de 10 (dez) anos a partir dessa data (do fato gerador). Fl. 462DF CARF MF Processo nº 13826.000001/00-75 Acórdão n.º 9900-001.000 CSRF-T1 Fl. 7 6 No presente caso, a data de protocolo do pedido de restituição/compensação foi formalizado em 17/04/2000, e se refere a fatos geradores ocorridos entre 01/1990 e 03/1992. Sendo assim, encontram-se alcançados pela prescrição o direito à repetição referente aos fatos geradores ocorridos até 17/04/1990. Isto posto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso, para considerar prescritos os indébitos fiscais sobre os fatos geradores ocorridos até 17/04/1990, devendo o processo retornar à repartição de origem para que seja analisada a viabilidade do pedido quanto às questões de mérito, sua liquidez, demais matérias não examinadas e adoção das providências que considerar cabíveis, devendo o processo, posteriormente, seguir seu trâmite de acordo com o Decreto nº 70.235/1972, que rege o Processo Administrativo Fiscal – PAF. - a comprovação da divergência é cristalina; - a decisão ora recorrida aplicou prazo qüinqüenal para pedido de restituição contado a partir da data da Resolução do Senado que suspendeu, com eficácia erga omnes, a execução de dispositivo legal declarado inconstitucional pelo STF; - todavia, ao assim decidir o Colegiado contrariou as decisões tomadas pelo STF e pelo STJ na sistemática dos arts. 543-B e 543-C do CPC, os quais decidiram que, para pedidos protocolizados antes de 09/06/2005, o prazo prescricional para repetição de indébito é de dez anos, contados do fato gerador da obrigação, sendo irrelevante a análise de eventual data de publicação do Senado Federal que suspenda, com eficácia erga omnes, a execução de dispositivo legal declarado inconstitucional pelo STF; - de fato, para pedidos de restituição protocolizados anteriormente a 09/06/2005, o prazo para restituição é decenal, contado do fato gerador, conforme decidido pelo STF em sede de repercussão geral, bem como pelo STJ em recurso repetitivo. No mesmo sentido, em 09.12.2013, o Pleno da CSRF aprovou a proposta de Súmula n. 91, segundo a qual “ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador”. Portanto, a partir da edição dessa Súmula restou pacificado o entendimento de que pedido administrativo equivale a ação judicial para fins de contagem do prazo decadencial; - aplicando-se a tese adotada em repercussão geral pelo STF no julgamento do RE n.º 566.621/RS, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito será de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN, desde que os pedidos sejam formulados antes de 09/06/2005, data em que entrou em vigor a LC n.º 118/2005; - ademais, o Colegiado a quo também findou por contrariar a jurisprudência dominante do CARF. É o que se extrai dos acórdãos paradigmas indicados, que aplicaram corretamente a decisão tomada pelo STF e pelo STJ na sistemática prevista nos arts. 543-B e 543-C do CPC sobre o tema do prazo prescricional para pedidos de restituição protocolizados antes de 09/06/2005, data em que entrou em vigor a LC nº 118/2005, fixando ser tal prazo de dez ou cinco anos, contados do fato gerador ou de cada pagamento indevido, a depender da data do pedido; Fl. 463DF CARF MF Processo nº 13826.000001/00-75 Acórdão n.º 9900-001.000 CSRF-T1 Fl. 8 7 - ambos os acórdãos paradigmas afirmam a necessidade de reproduzir, no âmbito do CARF, as decisões tomadas pelo STF e pelo STJ na sistemática prevista nos arts. 543-B e 543-C do CPC, em face do que dispõe o art. 62-A do RICARF/2009, atual art. 62, § 2º, do RICARF; - assim, inquestionável a caracterização da divergência, que reside no termo inicial para contagem do prazo prescricional quinquenal ou decenal para repetição de indébito, em relação ao disposto nos arts. 150, § 4º; 156, VII; 165 e 168, I, do CTN; artigos 3º e 4º da LC n. 118/2005, bem como em relação ao enunciado n. 91 da Súmula do CARF e às decisões tomadas pelo STF (RE nº 566.621/RS) e pelo STJ (RESP nº 1110578) na sistemática prevista nos arts. 543-B e 543-C do CPC, que devem ser obrigatoriamente reproduzidas no seio deste Conselho em face do que dispõe o art. 62-A do RICARF/2009, atual art. 62, § 2º, do RICARF; - enquanto o acórdão recorrido entendeu que o prazo de cinco anos conta-se da data da publicação da Resolução do Senado que suspendeu a execução de dispositivo legal declarado inconstitucional pelo STF, os acórdãos paradigmas concluíram que o prazo qüinqüenal ou decenal conta-se da data de cada pagamento indevido ou do fato gerador da obrigação, a depender da data do pedido de restituição; - logo, demonstrada a divergência jurisprudencial, restam cumpridos os requisitos de admissibilidade do presente recurso; DA NECESSIDADE DE REFORMA DO ACÓRDÃO RECORRIDO - o cerne da questão que se discute no presente feito é saber qual o termo inicial para a contagem do prazo que o contribuinte possui para pleitear a restituição do PIS, com base em diplomas legais que vieram a ser declarados inconstitucionais pelo Excelso Pretório e retirados do mundo jurídico por Resolução do Senado; - no presente feito, trata-se de pedido de restituição protocolizado em 04/11/2000 (fl. 01), em que se busca a repetição de valores pagos a título de PIS referentes aos períodos de 11/1989 a 10/1995 (fatos geradores); - o acórdão recorrido afastou a decadência, sob o entendimento de que o prazo qüinqüenal para repetição de indébito deve ser contado a partir da data da publicação da Resolução do Senado, que suspendeu a execução de norma declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal; - com a devida vênia, a União entende que o acórdão recorrido violou o disposto nos arts. 150, § 4º; 156, VII; 165 e 168, I, do CTN; artigos 3º e 4º da LC n. 118/2005, bem como contrariou o enunciado n. 91 da Súmula do CARF e as decisões tomadas pelo STF (RE nº 566.621/RS) e pelo STJ (REsp nº 1.269.570MG) na sistemática prevista nos arts. 543-B e 543-C do CPC, que devem ser obrigatoriamente reproduzidas no seio deste Conselho em face do que dispõe o art. 62-A do RICARF/2009, atual art. 62, § 2º, do RICARF; - portanto, no presente caso, como o pedido de restituição foi protocolado em 04/11/2000, antes da data limite fixada pelo Supremo Tribunal Federal (08/06/2005), o prazo para a repetição é de dez anos e ele deve ser contado da data em que ocorreu o respectivo fato gerador da obrigação; Fl. 464DF CARF MF Processo nº 13826.000001/00-75 Acórdão n.º 9900-001.000 CSRF-T1 Fl. 9 8 - ora, tendo em vista que o pedido de restituição foi protocolizado na data de 04/11/2000, ocorreu a decadência parcial do direito de pleitear a restituição das competências anteriores a 04/11/1990; - frise-se, ainda, por oportuno, que o Superior Tribunal de Justiça trilhou a mesma linha de pensamento, a contrario sensu, manifestando-se especificamente sobre o termo inicial para contagem do prazo prescricional. Com efeito, por ocasião do julgamento do RESP nº 1110578, decidido na sistemática dos recursos repetitivos, previsto no art. 543-C do CPC, o STJ concluiu que o prazo de cinco anos para repetição de indébito deve ser contado da data em que se considera extinto o crédito tributário, qual seja, a data do efetivo pagamento do tributo, sendo irrelevante a análise de eventual data de publicação do Senado Federal que suspenda, com eficácia erga omnes, a execução de dispositivo legal declarado inconstitucional pelo STF; - cabe ainda lembrar que, existindo posicionamento do STF e do STJ sobre o tema, no rito dos arts. 543-B e 543-C do CPC, esse deve ser aplicado ao caso em comento, tendo em vista o teor do art. 62-A do RICARF/2009 e cujo teor foi reproduzido no art. 62, § 2º, do RICARF/2015, no sentido de que “as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF”; - nesse contexto, revela-se imperiosa a necessidade de reforma do acórdão recorrido, a fim de que o prazo prescricional decenal para repetição de indébito seja contado a partir do fato gerador de cada obrigação tributária; - diante de todas as razões acima expostas, é forçoso concluir que o aresto ora atacado merece reforma. Quando do exame de admissibilidade do recurso extraordinário da PGFN, o Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por meio do despacho exarado em 18/08/2015, reconheceu a existência da divergência suscitada e deu seguimento ao recurso, nos seguintes termos: [...] No confronto entre os acórdãos mencionados, constata-se que os julgamentos realmente apresentam decisões divergentes. No julgado recorrido, o prazo decadencial de cinco anos previsto no CTN para se pedir a repetição de indébito de tributo sujeito ao lançamento por homologação inicia-se com a retirada do mundo jurídico da legislação que instituía sua cobrança, pela declaração de sua inconstitucionalidade, enquanto que os acórdãos divergentes consignam que esse prazo é de dez anos e se inicia com o fato gerador, ou seja, do pagamento indevido. Ademais, cabe ressaltar que a matéria recorrida encontra-se sumulada com o entendimento seguinte, verbis: Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Fl. 465DF CARF MF Processo nº 13826.000001/00-75 Acórdão n.º 9900-001.000 CSRF-T1 Fl. 10 9 Considerando que o pedido de restituição foi protocolizado em 04/11/2000 e que se busca a repetição de valores pagos a título de PIS referentes aos períodos de 11/1989 a 10/1995 (recolhimento indevido - fatos geradores), faz-se necessário o reconhecimento da decadência em relação a parte dos fatos geradores, nos termos da Súmula CARF nº 91. Pelo exposto, verificando presentes todos os pressupostos de admissibilidade, DOU seguimento ao recurso extraordinário da PGFN. Em 04/12/2015, a contribuinte foi intimada do Acórdão nº 02-03.675, do recurso extraordinário da PGFN, e do despacho que admitiu esse recurso, e ela não apresentou contrarrazões ao recurso da PGFN. É o relatório. Fl. 466DF CARF MF Processo nº 13826.000001/00-75 Acórdão n.º 9900-001.000 CSRF-T1 Fl. 11 10 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. Conheço do recurso, pois este preenche os requisitos de admissibilidade. O presente processo tem por objeto pedido de restituição/compensação apresentado em 04/01/2000 (e não 04/11/2000, como afirmado pela PGFN), com base em direito creditório referente à contribuição para o PIS/Repique nos períodos de apuração de novembro de 1989 a outubro de 1995. O direito creditório que a contribuinte reivindica é decorrente de recolhimentos indevidos ou a maior efetuados com base nos Decretos-Leis nºs 2.445/88 e 2.449/88, julgados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. A controvérsia que chega a essa fase de recurso extraordinário diz respeito à divergência jurisprudencial em relação à prescrição do direito creditório. O acórdão recorrido negou provimento a recurso especial da PGFN, para fins de manter afastada a prescrição do referido direito creditório. O acórdão recorrido segue o entendimento de que o prazo de cinco anos para apresentação de pedido de restituição/compensação, relativamente aos recolhimentos efetuados sob a vigência da norma tida como inconstitucional no controle difuso, inicia-se na data da publicação da resolução do Senado Federal que deu efeitos erga omnes ao pronunciamento do STF (Resolução nº 49 do Senado Federal, de 10/10/1995). Além disso, a declaração de inconstitucionalidade teria efeitos "ex-tunc", de modo que a contribuinte poderia, em relação ao passado, repetir todos os valores pagos indevidamente ou em excesso. Com seu recurso extraordinário, a PGFN pretende reverter essa decisão, invocando o entendimento manifestado pelo STF em julgamento de matéria de repercussão geral (RE 566.621), e sumulado pelo CARF (Súmula nº 93), de que "ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador". A PGFN também registra o entendimento manifestado pelo STJ, na sistemática de julgamento de recursos repetitivos (REsp nº 1110578), quando se concluiu que o prazo de cinco anos para repetição de indébito deve ser contado da data em que se considera extinto o crédito tributário, qual seja, a data do efetivo pagamento do tributo, sendo irrelevante a análise de eventual data de publicação do Senado Federal que suspenda, com eficácia erga omnes, a execução de dispositivo legal declarado inconstitucional pelo STF. De acordo com a PGFN, como o pedido de restituição foi protocolizado na data de 04/11/2000 (sic), ocorreu a decadência parcial do direito de pleitear a restituição das competências anteriores a 04/11/1990. Fl. 467DF CARF MF Processo nº 13826.000001/00-75 Acórdão n.º 9900-001.000 CSRF-T1 Fl. 12 11 A linha de interpretação adotada pelo acórdão recorrido não traz questões apenas em relação à simples definição do marco temporal para o início da contagem da prescrição. O que essa interpretação também faz é tornar sem efeito os prazos de prescrição previstos no CTN, para que a possibilidade de repetição de indébito se estenda indefinidamente em relação ao passado. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), por algum tempo, editou decisões que, examinando indébito decorrente de pagamento feito com base em norma declarada inconstitucional, afastavam os prazos para repetição de indébito previstos no Código Tributário Nacional (p/ ex., REsp nº 534.986-SC, de 04/11/2003), o que reforçava a tese sustentada pelo acórdão recorrido, no sentido de que a possibilidade de repetição de indébito, nesses casos, não tem nenhum limite em relação ao passado. Contudo, o STJ revisou a sua jurisprudência, e passou a entender que, nesse mesmo tipo de situação, os prazos para repetição de indébito previstos no Código Tributário Nacional devem ser aplicados, tanto no caso de a inconstitucionalidade ser decretada no controle concentrado, quanto no caso de ser decretada no controle difuso. É importante transcrever a ementa e o voto do julgamento do REsp nº 1.110.578-SP, exarado em 12/05/2010 na sistemática do art. 543-C do CPC: EMENTA TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA. TRIBUTO DECLARADO INCONSTITUCIONAL. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO DE OFÍCIO. 1. O prazo de prescrição quinquenal para pleitear a repetição tributária, nos tributos sujeitos ao lançamento de ofício, é contado da data em que se considera extinto o crédito tributário, qual seja, a data do efetivo pagamento do tributo, a teor do disposto no artigo 168, inciso I, c.c artigo 156, inciso I, do CTN. (Precedentes: REsp 947.233/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/06/2009, DJe 10/08/2009; AgRg no REsp 759.776/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2009, DJe 20/04/2009; REsp 857.464/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2009, DJe 02/03/2009; AgRg no REsp 1072339/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/02/2009, DJe 17/02/2009; AgRg no REsp. 404.073/SP, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJU 31.05.07; AgRg no REsp. 732.726/RJ, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, Primeira Turma, DJU 21.11.05) 2. A declaração de inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo em controle concentrado, pelo STF, ou a Resolução do Senado (declaração de inconstitucionalidade em controle difuso) é despicienda para fins de contagem do prazo prescricional tanto em relação aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, quanto em relação aos tributos sujeitos ao lançamento de ofício. (Precedentes: EREsp 435835/SC, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, Rel. p/ Acórdão Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/03/2004, DJ 04/06/2007; AgRg no Ag 803.662/SP, Rel. Ministro Fl. 468DF CARF MF Processo nº 13826.000001/00-75 Acórdão n.º 9900-001.000 CSRF-T1 Fl. 13 12 HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/02/2007, DJ 19/12/2007) 3. In casu, os autores, ora recorrentes, ajuizaram ação em 04/04/2000, pleiteando a repetição de tributo indevidamente recolhido referente aos exercícios de 1990 a 1994, ressoando inequívoca a ocorrência da prescrição, porquanto transcorrido o lapso temporal quinquenal entre a data do efetivo pagamento do tributo e a da propositura da ação. [...] VOTO O EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX (Relator): Preliminarmente, preenchidos os requisitos de admissibilidade do presente apelo, impõe-se o seu conhecimento. Versa a controvérsia acerca do termo inicial de contagem do prazo prescricional para ajuizamento da ação de repetição de indébito relativo a tributo instituído por lei municipal declarada inconstitucional, in casu, a lei instituidora da Taxa de Iluminação Pública referente aos exercícios de 1990 a 1994, cuja declaração de inconstitucionalidade, em sede de Ação Civil Pública, transitou em julgado em 09/04/96 (fls. 825). O Tribunal a quo entendeu que não seria hipótese de ocorrência da prescrição em relação aos créditos tributários em tela, porquanto não decorrera mais de um lustro entre o trânsito em julgado da decisão da ACP e a propositura da demanda. Deveras, o presente tema - termo inicial do prazo prescricional para ajuizamento da ação de repetição de indébito relativa a tributo declarado inconstitucional - sofreu alterações ao longo do tempo, tendo a jurisprudência desta Corte Superior adotado o entendimento de que o prazo prescricional somente se iniciaria a partir do trânsito em julgado da declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal (controle concentrado) ou da publicação da Resolução do Senado Federal (controle difuso). À guisa de exemplo, os seguintes precedentes: [...] Não obstante, a egrégia Primeira Seção deste colendo Superior Tribunal de Justiça, houve por bem afastar, por maioria, a tese acima esposada, para adotar o entendimento segundo o qual, para as hipóteses de devolução de tributos lançados por homologação declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, a prescrição do direito de pleitear a restituição se dá após expirado o prazo de cinco anos, contados do fato gerador, acrescido de mais cinco anos, a partir da homologação tácita, sendo despiciendo o fato de haver ou não declaração de inconstitucionalidade da lei instituidora pelo Supremo Tribunal Federal, nem a suspensão da execução da lei por Resolução expedida pelo Senado Federal (cf. Informativo de Jurisprudência do STJ nº. 203, de 22 a 26 de março de 2004). Confira-se a ementa do julgado: Fl. 469DF CARF MF Processo nº 13826.000001/00-75 Acórdão n.º 9900-001.000 CSRF-T1 Fl. 14 13 [...] Destarte, a partir de então, aplica-se a mesma ratio essendi em relação aos tributos sujeitos ao lançamento de ofício, considerando-se como início do prazo prescricional a data em que se considera extinto o crédito tributário, qual seja, a data do efetivo pagamento do tributo, a teor do disposto no artigo 168, inciso I, c.c artigo 156, inciso I, do CTN. Nesse sentido inúmeros julgados: [...] Ex positis, DOU PROVIMENTO ao recurso especial. Porquanto tratar-se de recurso representativo da controvérsia, sujeito ao procedimento do art. 543-C do Código de Processo Civil, determino, após a publicação do acórdão, a comunicação à Presidência do STJ, aos Ministros dessa Colenda Primeira Seção, aos Tribunais Regionais Federais, bem como aos Tribunais de Justiça dos Estados, com fins de cumprimento do disposto no parágrafo 7º do artigo 543-C do Código de Processo Civil (arts. 5º, II, e 6º, da Resolução 08/2008). (grifos acrescidos) Vê-se que o STJ, examinando situação semelhante à destes autos, decidiu pela prescrição do direito creditório, em razão do lapso temporal transcorrido entre os pagamentos e o pedido de restituição. O que é importante perceber é que para a contagem de prescrição de indébito decorrente de pagamento de tributo feito com base em norma tida como inconstitucional, o STJ atualmente aplica as regras do CTN, e ainda afirma que a declaração de inconstitucionalidade de norma de direito tributário material, tanto no controle direto como no difuso, é irrelevante para fins da contagem da prescrição do indébito. A declaração de inconstitucionalidade que embasaria a repetição do indébito, portanto, não é marco inicial para contagem de prescrição, não interrompe prazo de prescrição em curso, e nem reabre prazo para repetição de indébitos já prescritos. Conforme o § 2º do artigo 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, com a redação dada pela Portaria MF nº 152/2016, esta Corte Administrativa deve reproduzir as decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF e STJ, na sistemática prevista nos artigos 543-B e 543-C do CPC. Desse modo, a inconstitucionalidade dos Decretos-leis nºs 2.445/88 e 2.449/88 declarada pelo STF, acompanhada da Resolução nº 49 do Senado Federal, de 10/10/1995, são aspectos que não devem influenciar a contagem do prazo prescricional em questão. Os prazos a serem aplicados para a contagem da prescrição são mesmo os previstos no CTN, conforme a referida decisão do STJ, exarada na sistemática do art. 543-C do CPC. E quanto aos prazos prescricionais do CTN, já há súmula do CARF, embasada em decisão do STF sob a sistemática de repercussão geral (RE 566.621), de que "ao Fl. 470DF CARF MF Processo nº 13826.000001/00-75 Acórdão n.º 9900-001.000 CSRF-T1 Fl. 15 14 pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador". Assim, estão prescritos os direitos creditórios referentes aos fatos geradores ocorridos antes de 04/01/1990. Desse modo, voto o sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso extraordinário da PGFN para fins de reconhecer a prescrição dos indébitos referentes aos fatos geradores ocorridos antes de 04/01/1990, determinando o retorno dos autos à unidade de origem para análise do pretenso direito creditório. É como voto. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 471DF CARF MF
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Numero do processo: 10280.722443/2011-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 11 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1302-000.487
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Alberto Pinto Souza Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Gustavo Guimarães da Fonseca.
RELATÓRIO
Nome do relator: ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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Recorrente WHITE MARTINS GASES INDUSTRIAIS DO NORTE LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Gustavo Guimarães da Fonseca. RELATÓRIO Versa o presente processo sobre recurso voluntário, interposto pelo contribuinte em face do Acórdão nº 0126.522 da 1ª Turma da DRJ/BEL, cuja ementa assim dispõe: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. CRÉDITOS PRESUMIDOS DE RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 80 .7 22 44 3/ 20 11 -7 1 Fl. 887DF CARF MF Processo nº 10280.722443/201171 Resolução nº 1302000.487 S1C3T2 Fl. 883 2 ICMS. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO E SINCRONISMO. DESCARACTERIZAÇÃO. Os valores correspondentes ao benefício fiscal de redução de ICMS, decorrentes da obtenção de créditos que não possuam vinculação com a aplicação específica dos recursos em bens ou direitos referentes à implantação ou expansão de empreendimento econômico, não se caracterizam como subvenção para investimento, devendo ser computados na determinação do lucro real. JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. APLICAÇÃO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO. NÃO VINCULAÇÃO. São improfícuas as jurisprudências administrativas trazidas pelo sujeito passivo por não constituírem normas complementares do Direito Tributário. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2007 SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. CRÉDITOS PRESUMIDOS DE ICMS. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO E SINCRONISMO. DESCARACTERIZAÇÃO. Os valores correspondentes ao benefício fiscal de redução de ICMS, decorrentes da obtenção de créditos que não possuam vinculação com a aplicação específica dos recursos em bens ou direitos referentes à implantação ou expansão de empreendimento econômico, não se caracterizam como subvenção para investimento, devendo ser adicionados à base de cálculo da contribuição. Inaplicáveis as decisões judiciais citadas eis que somente produzem efeitos interpartes. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/12/2007 BASE DE CÁLCULO. SUBVENÇÕES. O PIS tem como base de cálculo o valor do faturamento (receita bruta) mensal auferido pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade exercida ou a classificação contábil adotada para suas receitas. As subvenções obtidas do poder público, tais como os créditos presumidos de ICMS, independentemente de sua classificação contábil, são receitas do subvencionado, devendo, portanto, integrar a base de cálculo da contribuição. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/12/2007 BASE DE CÁLCULO. SUBVENÇÕES. A COFINS tem como base de cálculo o valor do faturamento (receita bruta) mensal auferido pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade exercida ou a classificação contábil adotada para suas receitas. As subvenções obtidas do poder público, tais como os créditos presumidos de ICMS, independentemente de sua classificação contábil, são receitas do subvencionado, devendo, portanto, integrar a base de cálculo da contribuição. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A recorrente, cientificada do Acórdão nº 0126.522 em 13/09/2013 (sexta feira), cf. AR a fls. 615, interpôs, em 14/10/2013, recurso voluntário (doc. a fls. 616 e segs.), no qual alega as seguintes razões de defesa: Fl. 888DF CARF MF Processo nº 10280.722443/201171 Resolução nº 1302000.487 S1C3T2 Fl. 884 3 a) que, ao analisar a impugnação, a DRF/Belém desconsiderou toda a argumentação e a jurisprudência da CSRF apresentada pela recorrente e julgou improcedente o recurso com base no entendimento firmado na Solução de Divergência Cosit nº 15, de 1 de setembro de 2003; b) que o entendimento do julgador de primeira instância pode ser sintetizado no seguinte trecho extraído do acórdão, verbis: “Como se vê, não procede a utilização da restituição do ICMS no ano calendário 2007 como subvenção para investimento eis que desde 2003 e 2004 os projetos já se encontravam com as instalações concluídas, sendo impossível a vinculação dos valores subvencionados a aplicações específicas uma vez que é entendimento dessa Receita Federal do Brasil, ao interpretar o § 2º do art. 38 do D.L. 1.598/77, a necessidade de vinculação dos valores restituídos aos empreendimentos incentivados.”; c) que o Estado do Amazonas, visando fomentar seu desenvolvimento econômico, editou a Lei n° 1939 que regulamenta a política de incentivos fiscais e extrafiscais nos termos da Constituição do Estado do Amazonas e institui a possibilidade de restituição parcial ou total à empresa beneficiária, do ICMS pago; d) que, Posteriormente, foi editada a Lei Estadual nº 2390/96, que tomando como premissa o disposto na Lei nº 1939, instituiu regimes especiais de tributação como mecanismos para interiorizar o desenvolvimento e incrementar as atividades industriais; e) que alguns anos depois foi editada uma terceira lei para tratar do mesmo tema, nº 2826/03; f) com relação à fábrica de cilindros: f.1) que valendose do disposto na Lei estadual nº 2390/96, submeteu ao Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas – CODAM os seus projetos de ampliação e diversificação (Doc. 03 anexo à impunação) da sua fábrica, aos quais foi concedido, por meio do Decreto nº 20.876 (Doc. 04 anexo à impugnação), publicado em 27/04/2000, o regime especial de tributação de que trata a Lei nº 2390, que autorizou a restituição de 100% do ICMS devido na apuração, a título de crédito presumido, até 2004; g) que, posteriormente, pautada na previsão legal na Lei nº 2826/03, obteve, por meio do Decreto 24.558 (doc. 05 anexo à impugnação), a aprovação de seu projeto de diversificação, e a concessão do incentivo previsto no art. 13 da referida lei, consubstanciado na restituição de 90,25% do ICMS devido na apuração, a título de crédito estímulo; g) com relação à fábrica de gases: g.1) que apresentou projeto de expansão (doc. 06 anexo à impugnação) e obteve benefício fiscal por meio do Decreto nº 19.432/98 (doc. 07 anexo à impugnação), o qual concedeu 100% de restituição do ICMS Fl. 889DF CARF MF Processo nº 10280.722443/201171 Resolução nº 1302000.487 S1C3T2 Fl. 885 4 devido na apuração, a título de crédito presumido, até maio de 2004, em virtude do projeto; g.2) que, a partir de junho de 2004, passou a se beneficiar dos incentivos previstos no art. 13 da Lei nº 2826/03, os quais lhe foram concedidos por meio dos Decretos nº 24.194/04, 24.557/04 e 24.558/04 (todos anexos no doc. 08 da impugnação) e consistem na restituição de 90,25% do ICMS devido na apuração, a título de crédito estímulo; h) que, em virtude dos benefícios fiscais obtidos, a recorrente fez jus a restituição de parte do ICMS apurado, a título de crédito estímulo, quando da venda dos produtos especificados nos Decretos de concessão; i) que, especificamente com relação ao ano de 2007, foram apurados os valores de R$ 7.525.202,42, referentes à filial RBA 262 e R$ 1.951.616,97 para a filial RBA 299, conforme discriminado no doc. 09 anexo à impugnação; j) que esses valores são originalmente contabilizados na conta nº 2.1.3.202301 – ICMS a Recolher – do passivo circulante, foram transferidos para a conta nº 2.4.02.319107 – receita de incentivos fiscais ICMS – Lei 2390, do passivo/reserva de capital, conforme se infere do livro razão anexo (doc. 10 anexo à impugnação); l) que a autoridade lançadora entendeu que a impugnante não poderia ter realizado a transferência desses valores sem que passassem pela conta de resultado e integrassem o lucro real; m) que o entendimento do fiscal é que os valores restituídos à impugnante a título de ICMS e reinvestidos no projeto/região deveriam ser considerados como subvenção de custeio, a qual, nos termos do art. 392 do Decreto 3.000/99 devem ser computados na determinação do lucro operacional; n) que os incentivos concedidos pelo Estado do Amazonas visam promover investimentos na integração, expansão, modernização e consolidação dos setores econômicos do Estado; o) que a concessão do benefício está condicionada a determinados requisitos a serem atendidos pelas empresas beneficiárias, dentre eles, a apresentação de projeto técnico e de viabilidade econômica do empreendimento, aprovação das autoridades ambientais e do CODAM, além de laudo técnico de inspeção para comprovar a aplicação dos recursos; p) que não há como considerar que a renúncia fiscal promovida pelo Estado do Amazonas seja para recuperar custos de sua atividade operacional; q) que a Lei nº 1939/89 estabelece como critério para a concessão do benefício a presença do “fundamental interesse” ao desenvolvimento do Estado; r) que não merece subsistir o argumento utilizado pelo Fiscal lançador no sentido de que não existiria correspondência e vinculação entre a percepção do benefício e a aplicação dos recursos, pois basta que os recursos sejam registrados como “reserva de capital”; Fl. 890DF CARF MF Processo nº 10280.722443/201171 Resolução nº 1302000.487 S1C3T2 Fl. 886 5 s) que pouco importa se os valores discutidos referemse a restituição ocorrida no ano de 2007, após a finalização do projeto, se todo e qualquer valor recebido como contraprestação tem natureza precípua de investimento; t) que a transferência entre as rubricas contábeis realizada pela impugnante visa atender o disposto no §2º do art.38 do DL nº 1598/77; u) que a Câmara Superior de Recursos Fiscais teve a oportunidade de analisar recurso que tratava da mesma matéria, culminando no entendimento que se coaduna com as razões apresentadas pela ora impugnante. Na Sessão de Julgamento de 10 de dezembro de 2015, esta Turma converteu o julgamento em diligência, por meio da Resolução nº 1302000.383, se não vejamos a parte final do voto condutor da Resolução, in verbis: “Assim, como não há elementos nos autos para se cotejar o investimento realizado pelo contribuinte com o total das subvenções recebidas até o ano de 2007, proponho que o julgamento seja convertido em diligência para que: a) a recorrente demonstre, com os documentos de que ainda disponha, o valor do investimento realizado em ativo fixo e das subvenções recebidas até 2007 nos programas de incentivo fiscal objeto da autuação em tela; e b) que a DRF/Fortaleza analise e se manifeste sobre a resposta da recorrente, dandolhe ciência do relatório final de diligência e concedendolhe prazo para falar nos autos.” Conforme AR a fls. 708, a recorrente foi cientificada do Termo de Início de Diligência Fiscal (doc. a fls. 706) em 02/03/2016, pelo qual a recorrente foi intimada a apresentar a demonstração solicitada na Resolução. Posteriormente, a DRF/Belém intimou novamente a recorrente por meio do Termo de Intimação nº Em resposta ao Termo de Intimação nº 01, a recorrente apresentou a seguinte resposta: “No que tange à demonstração do investimento em aquisição de bens para o ativo fixo, a Requerente requer a juntada das planilhas anexas (DOC. 03) e (DOC. 04), que demonstram minuciosamente todos os bens adquiridos para esta destinação a partir do ano de 2003 para as referidas filiais, bem como as respectivas Declarações de Importação e notas fiscais comprobatórias (DOC. 05). Por fim, a Recorrente esclarece que, em virtude do tempo decorrido alguns documentos ainda não foram localizados sendo certo que serão juntados aos autos tão logo sejam identificados, em absoluto prestígio à verdade material.”. Fl. 891DF CARF MF Processo nº 10280.722443/201171 Resolução nº 1302000.487 S1C3T2 Fl. 887 6 A fls. 874 e segs., consta o Relatório de Diligência Fiscal, no qual a DRF/Belém assim concluiu após análisar os documentos apresentados pela recorrente: “6. O documento apresentado como Documento 01, fls 722 a 736, denominado como valores recebidos a título de subvenção filial 262, são cópias de apuração do ICMS que não identificamos os períodos a que se referem. Verificamos que essas demonstrações são do estabelecimento que recebe Inscrição Estadual 06.300.1276 Projeto de expansão e diversificação, onde há uma correlação de 90,25% do ICMS restituível em relação ao ICMS apurado. Excetuando essa correlação, não encontramos correspondência com os valores que compõe o processo em litígio. 7. Os documentos apresentados como Documento 2, fls 737 a 757, denominado como valores recebidos a título de subvenção filial 299, de igual modo, são cópias de apuração do ICMS nas quais também não conseguimos identificar os períodos a que se referem. Esses documentos contém duas apurações do estabelecimento cuja inscrição estadual é 04.194.6197 e mais 8 (oito) apurações do estabelecimento a que nos referimos no parágrafo anterior, e não são repetições daquelas. Nestas apurações não há uma correção fixa entre do ICMS restituível em relação ao ICMS apurado. 8. O documento 3 apresenta uma planilha produzida pela diligenciada relacionando aquisições ativo fixo a partir de 2003 filial 262, cujas informações vão até o ano de 2008, fls. 758 a 797, conforme totalizamos a seguir. (...) 9. De modo semelhante, o documento 4 apresenta uma planilha relacionando aquisições ativo fixo a partir do ano de 2003 filial 299, cujos valores vão até o ano de 2016, fls 798 a 813. (...) 10. Por fim, o documento 5 contém três Declarações de Importação DI, e respectivas notas fiscais NF e Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletronica DANFE. 11. A DI 09/08188794 registrada em 29/06/2009 e NF de entradas 2012, 2813, 2814 e 2815, todas emitidas em 28/07/2009 estao as fls. 815 a 857. 12. A Dl 09/15188060 registrada em 03/11 /2009 e a DANFE n° 8 estão as fls. 863 a 871. 13. Por derradeiro, a DI 10/17828955 registrada em 08/10/2010 e a DANFE 3998 emitida em 05/11/2010 estão as fls. 858 a 862. Fl. 892DF CARF MF Processo nº 10280.722443/201171 Resolução nº 1302000.487 S1C3T2 Fl. 888 7 IV CONCLUSÃO 14. Na conversão do julgamento transformado nesta diligencia, a decisão da 3ª Camara/2ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento do Conselho de Recursos Fiscais determinou que "a recorrente demonstre, com os documentos de que ainda disponha, o valor do investimento realizado em ativo fixo e das subvenções recebidas ate 2007 nos programas de incentivo fiscal objeto da autuação em tela". 15. Da análise da documentação apresentada, não foi possível identificar os períodos a que as apurações do ICMS se referem, documentos 1 e 2. Mesmo que se considere o ano de 2003 como sendo os meses das apurações apresentadas, os valores não correspondem, ao montante do ano de 2003 resumido no parágrafo 8 deste relatório. Por outro lado, somente as apurações e planilha não comprovam o investimento em ativo fixo realizado sem documentos de suporte. 16. Os documentos 3 e 4 são planilhas elaboradas pela empresa, não sendo apresentados nenhum documento de suporte. 17. No tocante ao documento 5, as DI, NF e DANFE se referem aos anos de 2009 e 2010, portanto posterior ao período definido pelo CARF, que foi até 2007. Dessa forma, não se prestam a trazer elementos de elucidação para o ano em litígio, 2007. 18. Diante de tudo o que foi exposto, salvo melhor juízo, entendo que as provas carreadas aos autos não esclarecem os investimentos em ativo fixo ate o ano de 2007.”. Conforme registro no Termo de Intimação Fiscal nº 2 a fls. 873, a recorrente foi cientificada do Relatório de Diligência Fiscal em 17/06/2016, sendolhe concedida prazo de 5 dias para se pronunciar sobre o Relatório de Diligência Fiscal. A DRF/Belém encaminhou os autos a este Colegiado em 27/06/2016, conforme despacho a fls. 880. É o relatório. . VOTO Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior Relator. O recurso voluntário é tempestivo e foi subscrito por mandatário com poderes para tal, razão pela qual dele conheço. Preliminarmente, sustento que não é razoável a concessão de um prazo de apenas 5 dias para que a recorrente se manifeste sobre as conclusões da autoridade diligenciada, sob pena de se caracterizar verdadeiro cerceamento do direito de defesa. Fl. 893DF CARF MF Processo nº 10280.722443/201171 Resolução nº 1302000.487 S1C3T2 Fl. 889 8 Cabe lembrar o que dispõe o art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7574/2011, in verbis: "Art. 35. A realização de diligências e de perícias será determinada pela autoridade julgadora de primeira instância, de ofício ou a pedido do impugnante, quando entendêlas necessárias para a apreciação da matéria litigada (Decreto no 70.235, de 1972, art. 18, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 9 de dezembro de 1993, art. 1o). Parágrafo único. O sujeito passivo deverá ser cientificado do resultado da realização de diligências e perícias, sempre que novos fatos ou documentos sejam trazidos ao processo, hipótese na qual deverá ser concedido prazo de trinta dias para manifestação.". Por essa razão, voto por converter o julgamento em diligência, para que a Unidade de Origem intime a recorrente a se manifestar sobre o Relatório de Diligência Fiscal, a fls. 874 e segs., no prazo de 30 dias. Após o que, retorne os autos a este Colegiado para prosseguimento do feito. Alberto Pinto Souza Junior Fl. 894DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001732/2006-78
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3301-000.283
Decisão: Por unanimidade de votos, converteu-se o processo em diligência, nos termos do voto do relator.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
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Por unanimidade de votos, converteu-se o processo em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas – Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira (suplente convocado), Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen. Relatório Trata-se de Pedido de Compensação de indébitos de Cofins, com Pedido de Habilitação, cujo crédito correspondente é oriundo do Mandado de Segurança nº 99.0022308- Fl. 4311DF CARF MF Processo nº 16327.001732/2006-78 Resolução nº 3301-000.283 S3-C3T1 Fl. 2 2 0, impetrado pelo contribuinte pedindo a inconstitucionalidade de diversos dispositivos da Lei 9.718/98. A segurança foi denegada totalmente pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Porém, em sede de Recurso Extraordinário, o STF decidiu por parcial provimento (RE 405568/RJ. Transcrevo: DECISÃO: - Vistos. O acórdão recorrido, em mandado de segurança, decidiu pela constitucionalidade do art. 3º, § 1º, e do art. 8º, caput, da Lei 9.718/98, que dispõe sobre as contribuições para o PIS e COFINS. Rejeitaram-se os embargos de declaração opostos. Daí o RE, interposto pelas contribuintes, sustentando-se, em síntese, a inconstitucionalidade dos arts. 3º, § 1º, e 8º, caput e § 1º, da Lei 9.718/98. Admitido o recurso, subiram os autos. Decido. Em 09.11.2005, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar os Recursos Extraordinários 346.084/PR, Relator p/ o acórdão o Sr. Ministro Marco Aurélio, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Relator o Sr. Ministro Marco Aurélio, conheceu dos recursos e deu- lhes parcial provimento para declarar a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, vencidos parcialmente os Srs. Ministros Cezar Peluso e Celso de Mello, que davam interpretação conforme ao caput do art. 3º. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 336.134/RS, Relator o Sr. Ministro Ilmar Galvão, decidiu pela constitucionalidade do art. 8º e § 1º da Lei 9.718/98, no que toca à majoração da alíquota de 2% para 3% e tendo em vista a compensação de até um terço com a contribuição sobre o lucro líquido - CSLL, quando o contribuinte registrar lucro no exercício, o que se afirmava ofensiva ao princípio da isonomia (“DJ” de 16.5.2003). Certo é que citada majoração há de ser observada, entretanto, tendo em consideração a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98. É dizer, a majoração da alíquota ocorrerá, apenas, relativamente às bases de cálculo inscritas no art. 2º da Lei Complementar 70, de 1991. Nestes termos, forte nos precedentes, dou provimento, em parte, ao recurso (CPC, art. 557, § 1º-A). Sem honorários (Súmula 512-STF). O crédito pretendido, atualizado até 10/2006, era de R$ 9.426.382,75. Consta às folhas 2.197 a 2.207, um primeiro Despacho Decisório homologando parcialmente a compensação. A parcela não reconhecida refere-se a indébitos de Cofins já compensados em outros pedidos de compensação, e divergências quanto a pagamentos efetuados. Não houve divergência quanto às bases de cálculo utilizadas. Reconheceu-se o indébito no valor de R$ 6.426.382, 75, atualizado até 10/2006. Houve Manifestação de Inconformidade, fls. 2.221 a 2.269. Sobreveio novo Despacho Decisório (2.725 a 2.739), retificando o anterior, e alterando as bases de cálculo, para abranger “receitas advindas da cobrança de tarifas (serviços bancários) e das operações bancárias (intermediação financeira)”, por adotar o Parecer PGFN 2.773/2007, do que decorreria como indébito de Cofins somente aquele incidente sobre receitas não operacionais das entidades financeiras. O novo resultado terminou por reconhecer como indébito o valor de R$ 1.087.808, 44, atualizado até 10/2006. Fl. 4312DF CARF MF Processo nº 16327.001732/2006-78 Resolução nº 3301-000.283 S3-C3T1 Fl. 3 3 Nova Manifestação de Inconformidade, fls. 2.745 a 2.795. A DRJ/São Paulo I/SP, por meio do Acórdão 16-21.237, de 29/04/2009 (fls. 2.807 a 2.869), decidiu pela improcedência total das Manifestações de Inconformidade. Transcrevo a ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Ano-calendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 PRELIMINARES. VÍCIOS FORMAIS. INEXISTÊNCIA. NULIDADE. DESCABIMENTO. Constatada a inexistência de vícios alegadamente formais na decisão da autoridade, deve ser rejeitado o pleito de declaração de nulidade da decisão, mormente se as pretensas falhas apontadas, por sua natureza, dizem mais com o Mérito do que com os pressupostos de constituição e desenvolvimento regular do processo fiscal. MÉRITO. NÃO CONSIDERAÇÃO DE CRÉDITOS. ERROS DE CALCULO E DE ATUALIZAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Comprovada a inexistência de irregularidades quanto a não consideração de indébitos de determinados períodos de apuração, e quanto a erros de atualização, rejeita-se o pleito de reconhecimento do direito creditório que dai derivaria. BASE DE CALCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. FATURAMENTO. RECEITA BRUTA. RECEITAS OPERACIONAIS. A base de cálculo da COFINS, a teor do estipulado no artigo 2°, da Lei Complementar 70/91 e nos artigos 2° e 3° da Lei 9.718/98 e consoante o entendimento pacificado do STF, é constituída pelo faturamento da pessoa jurídica, que corresponde à receita bruta definida como as receitas operacionais, decorrentes, portanto, das atividades normais e típicas da empresa, devendo, assim, no caso das instituições financeiras incluir, entre outras, as receitas de intermediação financeira, além das derivadas de tarifas por serviços financeiros prestados, por tais ingressos comporem as receitas operacionais destas entidades. DECISÃO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE, EM DESCONFORMIDADE COM A LEI. IMPERIOSIDADE DA REFORMA. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE JULGADORA. CONTROLE DE LEGALIDADE. INOCORRÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS OU MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. PREVALÊNCIA DO INTERESSE PÚBLICO E DO PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO BEM PÚBLICO. As instâncias fiscais julgadoras tem como atribuição decidir sobre a legalidade dos atos praticados pela administração fiscal ativa levando em conta, ainda, a predominância do interesse público sobre o privado e a indisponibilidade do bem público. Em razão da aplicação desses princípios, a decisão da instância julgadora em desfavor do contribuinte, in casu, reduzindo direito creditório reconhecido pela administração fiscal ativa, não configura situação de reformatio in Fl. 4313DF CARF MF Processo nº 16327.001732/2006-78 Resolução nº 3301-000.283 S3-C3T1 Fl. 4 4 pejus, nem de mudança de critério jurídico, nem de violação de direito adquirido, pois que de atos administrativos portadores de vícios que os não harmonizem com a lei, não se originam direitos, mormente se existe expressa autorização legal para a Administração anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis aos administrados, dentro do prazo decadencial. Solicitação Indeferida O contribuinte apresentou então o Recurso Voluntário, renovando as argumentos apresentados na manifestação de inconformidade, e acrescentando objeções ao acórdão recorrido. Apresento, em síntese, suas razões de recurso: - nulidade do Despacho Decisório, por diversos vícios formais, nos termos do art. 2º, inciso VIII, e do art. 50, inc. I, e §1º da Lei 9.784/99, e art. 59, inc. II do Decreto 70.235/72; - existência de contradição e falta de fundamentação legal do despacho decisório e de erros de cálculo constantes do demonstrativo de apuração do crédito; - o acórdão recorrido teria incorrido em “reformatio in pejus”, ao acatar o segundo despacho decisório; que o primeiro despacho decisório seria ato definitivo e sem possibilidade de alteração; que se estaria então vulnerando seu direito adquirido e a segurança jurídica; - que, conforme relatado, teria havido mudança de critério jurídico de fatos geradores passados, em confronto com o art. 146 do CTN; - sustenta a legitimidade dos créditos constantes das DCOMP´s canceladas e alega que houve, por parte da decisão recorrida, ausência de fundamentação na desconsideração de créditos referentes ao período de fevereiro de 1999 a fevereiro de 2000; - os pagamentos de multas de mora e juros por atraso nos considerados pagamentos indevidos também seriam crédito legítimos a ressarcir; - teriam sido, ainda, empregados índices equivocados de taxa Selic, e se deixado de aplicar a taxa Selic em alguns períodos; - a retificação do Despacho Decisório teria ofendido seu direito adquirido e o princípio da segurança jurídica, e constituiria mudança de critério jurídico, que seria vedada pelo art. 106 do CTN; É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Relator. Fl. 4314DF CARF MF Processo nº 16327.001732/2006-78 Resolução nº 3301-000.283 S3-C3T1 Fl. 5 5 Trata o presente processo de compensação de Cofins. O Recurso Voluntário é tempestivo. Inicialmente, deve-se apreciar questão preliminar surgida após o Recurso Voluntário. Às fls. 4.305 a 4.308, a autoridade tributária noticia a existência de ação judicial de repetição de indébito, cujos objetos seriam os mesmos indébitos discutidos no presente processo, quais sejam, os pagamentos de Cofins considerados indevidos, no período de 02/99 a 03/2006, por força do trânsito em julgado do RE 405-568-6, no Mandado de Segurança 99.0022308-0. Confirmando-se essa informação, haveria inapelavelmente a concomitância entre ambos e não se poderia tomar conhecimento do recurso, conforme Súmula Carf nº 1. Tal notícia adveio de solicitação, por parte da Procuradoria da Fazenda Nacional, de que se verificasse essa concomitância. Transcrevo trecho (fl. 4.305): “A presente manifestação tem por objeto o exame do Ofício nº 002.290/2015 – TMS/DIDE1/PRFN 3R/1ª VARA FEDERAL de 14/08/2015, que trata da ação de repetição/compensação de indébito tributário contida no processo judicial nº 0012509- 25.2010.4.03.6100 ajuizada pelo BANIF – Banco Internacional do Funchal (Brasil) S/A (CNPJ: 33.884.941/0001-94). Na referida medida judicial, a instituição financeira alega possuir um direito creditório em seu favor, formado a partir do recolhimento a maior da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS ocorridos nos meses de fevereiro de 1999 a março de 2006.” Portanto, no âmbito da ação de repetição de indébito o tema da concomitância foi discutido. Todavia, não se juntou ao presente processo nenhuma das peças processuais da ação de repetição de indébito. Desse modo, voto por converter o julgamento em diligência, a fim de que a unidade de origem promova a juntada ao presente processo do pedido e das decisões judiciais no âmbito da repetição de indébito 0012509-25.2010.4.03.6100, além de intimar o contribuinte a apresentar Certidão de Objeto e Pé atualizada. (assinado digitalmente) Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Relator Fl. 4315DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.720123/2009-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
EMBARGOS. OMISSÃO e OBSCURIDADE.
Configurada a omissão/obscuridade no julgado sobre ponto que a turma deveria se pronunciar, impõe-se a análise da matéria com vistas a sanar o vício.
OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS NÃO ESCRITURADAS E NÃO DECLARADAS. REPASSE A PARCEIROS.
Comprovado que parte da receita bruta do contribuinte verificada pela fiscalização trata-se de mero repasse financeiro ao mesmo parceiro na realização de eventos musicais, esta deve ser excluída da base de cálculo do lucro da empresa pelo regime presumido, nos moldes reconhecidos no acórdão embargado.
Numero da decisão: 1302-002.079
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em ACOLHER parcialmente os embargos, com efeitos infringentes ao acórdão embargado, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Alberto Pinto Souza Junior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2004, 2005, 2006 EMBARGOS. OMISSÃO e OBSCURIDADE. Configurada a omissão/obscuridade no julgado sobre ponto que a turma deveria se pronunciar, impõe-se a análise da matéria com vistas a sanar o vício. OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS NÃO ESCRITURADAS E NÃO DECLARADAS. REPASSE A PARCEIROS. Comprovado que parte da receita bruta do contribuinte verificada pela fiscalização trata-se de mero repasse financeiro ao mesmo parceiro na realização de eventos musicais, esta deve ser excluída da base de cálculo do lucro da empresa pelo regime presumido, nos moldes reconhecidos no acórdão embargado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em ACOLHER parcialmente os embargos, com efeitos infringentes ao acórdão embargado, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Alberto Pinto Souza Junior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
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OMISSÃO e OBSCURIDADE. Configurada a omissão/obscuridade no julgado sobre ponto que a turma deveria se pronunciar, impõese a análise da matéria com vistas a sanar o vício. OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS NÃO ESCRITURADAS E NÃO DECLARADAS. REPASSE A PARCEIROS. Comprovado que parte da receita bruta do contribuinte verificada pela fiscalização tratase de mero repasse financeiro ao mesmo parceiro na realização de eventos musicais, esta deve ser excluída da base de cálculo do lucro da empresa pelo regime presumido, nos moldes reconhecidos no acórdão embargado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em ACOLHER parcialmente os embargos, com efeitos infringentes ao acórdão embargado, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Alberto Pinto Souza Junior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich e Luiz Tadeu Matosinho Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 72 01 23 /2 00 9- 31 Fl. 1245DF CARF MF Processo nº 10283.720123/200931 Acórdão n.º 1302002.079 S1C3T2 Fl. 1.246 2 Relatório Tratase de embargos de declaração interposto por FÁBRICA DE EVENTOS LTDA, em face do Acórdão nº 1302001.527, de 21 de outubro de 2014, mediante o qual os membros deste colegiado acordaram, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, conforme sintetizado na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2004, 2005, 2006 OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS NÃO ESCRITURADAS E NÃO DECLARADAS. Comprovado que parte da receita bruta do contribuinte verificada pela fiscalização tratase de mero repasse financeiro, esta deve ser excluída da base de cálculo do lucro da empresa pelo regime presumido. Verificado que o contribuinte auferiu receitas não escrituradas e não declaradas caracterizase a omissão de receitas. MULTA AGRAVADA. FALTA DE ESCLARECIMENTOS. Não demonstrada a recusa injustificada do contribuinte, que durante o procedimento fiscal disponibilizou toda a documentação exigida e atendeu as intimações recebidas, incabível o agravamento da multa. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Exercício: 2004, 2005, 2006 CSLL. COFINS. PIS. Subsistindo o lançamento principal sobre determinados fatos que restaram constituídos ou caracterizados, acompanham a mesma sorte os demais lançamentos decorrentes dos mesmos fatos. Cientificada, em 23/02/2015, em razão da abertura dos documentos postados em sua caixa postal em 12/02/2015 (fls. 1220/1222), a contribuinte opôs embargos tempestivamente em 25/02/2015, no qual aponta contradição entre a decisão que reconheceu que a receita relativa à venda de ingressos nos eventos "Bloco das Piranhas" e "Musica Sertaneja" não lhe pertencia na integralidade e a planilha, na qual restaram consolidados os eventos nos quais haveria participação apenas parcial da contribuinte na receita do contrato, uma vez em que nesta deixouse de considerar vários contratos na mesma situação reconhecida pelo colegiado. Alega a embargante que, "não obstante a correta interpretação quanto à natureza do contrato, no momento em que Vossa Senhoria houve por discriminar os eventos, constou do Acórdão apenas a seguinte Fl. 1246DF CARF MF Processo nº 10283.720123/200931 Acórdão n.º 1302002.079 S1C3T2 Fl. 1.247 3 relação": Portanto, ao se mesclar os eventos não computados do “Bloco das Piranhas” e dos relativos à “música sertaneja”, se terá a seguinte tabela geral, a qual retrata exatamente o entendimento de Vossa Senhoria expressado no Acórdão embargado: Ressalta que "a relação posta não sugere qualquer modificação de entendimentos ou mesmo implica em negar uma relação jurídica inexistente; ao contrário, o resumo apenas reflete de forma precisa o conteúdo da Decisão". Ao final pede que sejam conhecidos e providos os embargos para sanar a contradição apontada e, aplicandolhes efeitos infringentes, seja alterado o valor a ser excluído da base de cálculo para R$ 2.092.241,10, em vez de R$ 792.473,00. A presidente da 2ª Turma desta 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF admitiu os embargos por meio do Despacho, exarado em 27/04/2016 (efls. 123/1236), ao concluir, verbis: Tais circunstâncias evidenciam, neste juízo de cognição sumária, que há contradição ou, ao menos, obscuridade nos critérios adotados no voto condutor do julgado para determinar a receita que deveria ser excluída da base de cálculo do lucro presumido. Assim, com fundamento no art. 65, §2o, e no art. 49, §5º, ambos do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, são ADMITIDOS os embargos de declaração opostos pela recorrente, com sua consequente inclusão em lotes para sorteio, na medida em que o Conselheiro Redator não mais integra o Colegiado embargado. É o relatório. Fl. 1247DF CARF MF Processo nº 10283.720123/200931 Acórdão n.º 1302002.079 S1C3T2 Fl. 1.248 4 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator Os embargos interpostos são tempestivos e foram devidamente admitidos pela presidente deste colegiado, na forma regimental. Conforme relatado, a contribuinte opôs embargos tempestivamente em 25/02/2015, no qual aponta contradição entre a decisão que reconheceu que a receita relativa à venda de ingressos nos eventos "Bloco das Piranhas" e "Musica Sertaneja" não lhe pertencia na integralidade e a planilha, na qual restaram consolidados os eventos nos quais haveria participação apenas parcial da contribuinte na receita do contrato, uma vez em que nesta deixouse de considerar vários contratos na mesma situação reconhecida pelo colegiado. No despacho de admissibilidade vislumbrouse que as circunstância relatadas pela embargante evidenciariam "que há contradição ou, ao menos, obscuridade nos critérios adotados no voto condutor do julgado para determinar a receita que deveria ser excluída da base de cálculo do lucro presumido". O acórdão embargado, ao examinar os contratos formais de parceria para realização de eventos concluiu, verbis: 1.2.1 Dos contratos formais de parceria para realização de eventos Em análise aos contratos apresentados, celebrados para a realização de eventos, verificase em alguns deles que à recorrente pertencia apenas uma fração da receita auferida pela venda de ingressos dos respectivos eventos (fls. 831/855). Vale dizer, grande parte do valor dos ingressos vendidos cabia aos artistas, como se observa do contrato para a apresentação artística do “Bloco as Piranhas” (fls. 851/853): CLÁUSULA III – PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Caberá à “ASSOCIAÇÃO” o direito a 80% (oitenta por cento) e à “FÁBRICA”, 20% (vinte por cento) do valor total da bilheteria bruta arrecadada (“cabeça”) com a venda de ingressos. […] CLÁUSULA VIII – OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS Parágrafo Primeiro – será de inteira responsabilidade da “FÁBRICA” os encargos relativos aa tributos devidos à municipalidade de Manaus. Parágrafo Segundo – No que concerne ao recolhimento dos tributos federais, cada uma das partes arcará com a tributação sobre sua respectiva receita, resultantes da apuração dos valores descritos na CLAUSULA III. Também com relação ao evento denominado “Música Sertaneja” (fls. 854/855): CLÁUSULA II – DA PARCERIA Fl. 1248DF CARF MF Processo nº 10283.720123/200931 Acórdão n.º 1302002.079 S1C3T2 Fl. 1.249 5 Os PARCEIROS acordam entre si que cada um terá direito a 50% (cinquenta por cento) do valor total da bilheteria bruta arrecadada (“cabeça”) com a venda de ingressos, cuja prestação de contas do respectivo pagamento deverá ocorrer no mesmo dia e ainda no local do show. [….] CLAUSULA IX – DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS Tendo em vista que a única empresa localizada no município onde se darão os eventos, a “FÁBRICA” arcará com as despesas relativas com a municipalidade de Manaus quanto ao pagamento dos tributos municipais, permitida a dedução do total arrecadado. No que concerne ao pagamento de tributos federais, cada uma das partes CONVENENTES arcará com a tributação de sua respectiva renda, resultante da apuração dos valores descritos na CLAUSULA II. Assim, por estas estipulações contratuais, é evidente que a receita da venda de ingressos dos respectivos eventos não pertencia em sua totalidade à recorrente, mas também aos artistas e/ou parceiros, razão pela qual esses valores não podem ser considerados como receita própria da recorrente. Como amplamente abordado no tópico destinado à análise do documento que embasa a autuação fiscal, a legislação pertinente ao AIDDP não autoriza concluir que, de maneira absoluta, a receita da venda de ingressos pertence única e exclusivamente ao sujeito que encomendou a confecção dos bilhetes. Na verdade a lei exige que a encomenda de ingressos e o recolhimento do ISSQN se deem na pessoa do responsável pela organização do evento. É dizer, subtraída o percentual da remuneração da recorrente, contratualmente previsto, o restante da receita auferida pela venda de ingressos não faz parte de sua receita bruta. Pelas disposições contratuais, os próprios artistas se sujeitam aos riscos do evento, o que é comum nesse meio. Na verdade, os artistas seriam parceiros do evento que a recorrente promove, dividindo a receita bruta oriunda da venda de ingressos. Deste modo, temse que a fração da receita da venda de ingressos pertencente ao artista ou parceiro na realização do evento, segundo previsão contratual, nada representa senão repasses financeiros, motivo pelo qual esta monta não deve ser considerada como receita bruta da recorrente para fins da incidência tributária combatida. No caso dos autos, os eventos dos quais a recorrente logrou êxito em comprovar essa repartição de receita são os seguintes: [..] tabela omitida Registrase que estes contratos reúnem todos os requisitos exigidos pela legislação civil para a validade do negócio jurídico, inclusive são títulos hábeis à execução em caso de descumprimento por qualquer das partes. Por este motivo, entendo comprovado que a receita da recorrente com relação a estes eventos corresponde apenas parte do valor da venda dos ingressos, pelo que deve ser ajustada a base de cálculo do lançamento ora combatido. Fl. 1249DF CARF MF Processo nº 10283.720123/200931 Acórdão n.º 1302002.079 S1C3T2 Fl. 1.250 6 Assim, voto no sentido de excluir da base de cálculo do lucro presumido da recorrente o valor de R$ 792.473,00 (Coluna “Valor a Excluir da B.C. do Lucro”), pois este não compõe o montante de sua receita bruta. Examinando as razões do acórdão embargado e os documentos dos autos verifico que de fato há evidência de que o relator se equivocou ao relacionar apenas uma parte dos eventos que tinham como parceiro contratual o denominado "Associação Carnavalesca Bloco das Piranhas" (contrato às fls. 851/853), não se vislumbrando qualquer justificativa para a não consideração dos seguintes eventos para fins de exclusão de parte da receita bruta da base de cálculo: AIDDP Fls. Data Evento Evento Particip. da Recorrente Receita do Evento Receita da Recorrente Disposição Contratual Valor a Excluir da BC do Lucro 562/2004 126 14/01/2005 Lançamento Bloco das Piranhas 2005 20% 235.670,00 47.134,00 851/853 188.536,00 563/2004 127 08/02/2005 Bloco das Piranhas 20% 324.060,00 64.812,00 851/853 259.248,00 048/2006 148 20/01/2006 Bloco das Piranhas 2006 20% 138.680,00 27.736,00 851/853 110.944,00 584/2006 180 07/12/2006 Esquenta do Bloco das Piranhas 20% 80.660,00 16.132,00 851/853 64.528,00 Totais 779.070,00 155.814,00 623.256,00 Com relação aos eventos denominados de "Música Sertaneja" que, segundo a embargante, seriam realizados em parceria conforme contrato de fls. 854/855, a recorrente alega que, pelos mesmos critérios e fundamentos apontados no voto condutor haveriam de ser excluídas partes das receitas dos seguintes eventos: AIDDP Fls. Data Evento Evento Particip. da Recorrente Receita do Evento Receita da Recorrente Disposição Contratual Valor a Excluir da BC do Lucro 247/2004 113 30/07/2004 12ª Coutry Fest 50% 246.595,00 123.297,50 854/855 123.297,50 214/2005 137 29/07/2005 Bruno e Marrone 50% 606.450,00 303.225,00 854/855 303.225,00 243/2006 158 02/06/2006 Bruno e Marrone 50% 406.020,00 203.010,00 854/855 203.010,00 Totais 1.259.065,00 629.532,50 629.532,50 No tocante a estes eventos não vislumbro nos autos quaisquer elementos que os vinculem ao contrato de parceria de fls. 854/855. Em que pese o contrato de parceria estipule a realização de eventos com a parceira Pop Show Ltda, especialmente os relacionados à música sertaneja, e que os eventos relacionados na tabela acima tenham tal natureza, a recorrente não trouxe aos autos nenhum elemento que demonstre que tais eventos foram realizados sob a égide da dita parceria. Nesse sentido, observase que o contrato referido não estabelece exclusividade com a dita parceira na realização de quaisquer eventos. Notese, ainda, que os eventos realizados em parceria com o Bloco das Piranhas estão claramente identificados nas AIDDP' s no nome do próprio evento. Além disso, a parceira é também a artista contratada, enquanto que, no caso dos eventos de música Fl. 1250DF CARF MF Processo nº 10283.720123/200931 Acórdão n.º 1302002.079 S1C3T2 Fl. 1.251 7 sertaneja, a parceira (Pop Show) seria mera promotora do evento ao lado da interessada, ora embargante, pelo que seria indispensável a existência de outros elementos que revelassem o liame da parceira com a realização dos eventos indicados. Por fim, impõese destacar que o voto condutor do acórdão embargado, em que pese reconheça expressamente que o contrato de parceria mencionado fixa a divisão da receita de bilheteria em 50% entre os parceiros contratuais, não fez qualquer outra consideração acerca dos eventos propriamente ditos que estariam vinculados ao referido contrato. Pelo acima foi demonstrado, resta claro que para a correta análise da alegação da recorrente e deslinde da questão seria indispensável o reexame dos elementos dos autos, o que por si só demonstra a impropriedade do recurso, pelo que entendo que deve ser rejeitado nesta parte. Assim, entendo que, nesta parte, não cabe nenhuma modificação no acórdão embargado. Por todo o exposto, voto no sentido de acolher parcialmente os embargos, com efeitos infringentes ao acórdão embargado, para excluir da base de cálculo do lucro presumido da recorrente o valor de R$ 1.415.729,00, conforme tabela abaixo: AIDDP Fls. Data Evento Evento Particip. da Recorrente Receita do Evento Receita da Recorrente Disposição Contratual Valor a Excluir da BC do Lucro 006/04 90/91 31/01/2004 Show Lançamento Bloco das Piranhas 2005 20% 311.330,00 62.266,00 851/853 249.064,00 059/04 94/95 22/02/2004 Bloco das Piranhas 2004 20% 116.715,00 23.343,00 851/854 93.372,00 562/2004 126 14/01/2005 Lançamento Bloco das Piranhas 2005 20% 235.670,00 47.134,00 851/853 188.536,00 563/2004 127 08/02/2005 Bloco das Piranhas 20% 324.060,00 64.812,00 851/853 259.248,00 048/2006 148 20/01/2006 Bloco das Piranhas 2006 20% 138.680,00 27.736,00 851/853 110.944,00 049/2006 149 06/02/2006 Bloco das Piranhas 20% 98.140,00 19.628,00 851/853 78.512,00 375/06 167/ 168 28/07/2006 RDB Tour Brasil 2006 Manaus 50% 743.050,00 371.525,00 831/842 371.525,00 584/2006 180 07/12/2006 Esquenta do Bloco das Piranhas 20% 80.660,00 16.132,00 851/853 64.528,00 Totais 1.620.260,00 546.967,00 1.415.729,00 (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 1251DF CARF MF Processo nº 10283.720123/200931 Acórdão n.º 1302002.079 S1C3T2 Fl. 1.252 8 Fl. 1252DF CARF MF
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Numero do processo: 11065.720042/2015-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2013 a 31/12/2013
CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 150, INCISO VI, alínea d da CF. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO.
A aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade decorra do art. 150, inciso VI, alínea d da Constituição Federal (livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão) não gera crédito de IPI, em face de a previsão para manutenção de créditos prevista no artigo 11 da Lei no 9.779/99 alcançar apenas insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, caso a imunidade decorra de exportação.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3401-003.317
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2013 a 31/12/2013 CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 150, INCISO VI, alínea d da CF. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO. A aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade decorra do art. 150, inciso VI, alínea d da Constituição Federal (livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão) não gera crédito de IPI, em face de a previsão para manutenção de créditos prevista no artigo 11 da Lei no 9.779/99 alcançar apenas insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, caso a imunidade decorra de exportação. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1761; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11065.720042/201517 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3401003.317 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de janeiro de 2017 Matéria IPI RESSARCIMENTO PRODUTO "NT"/IMUNE Recorrente GRUPO EDITORIAL SINOS SA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2013 a 31/12/2013 CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 150, INCISO VI, alínea “d” da CF. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO. A aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade decorra do art. 150, inciso VI, alínea “d” da Constituição Federal (livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão) não gera crédito de IPI, em face de a previsão para manutenção de créditos prevista no artigo 11 da Lei no 9.779/99 alcançar apenas insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, caso a imunidade decorra de exportação. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 00 42 /2 01 5- 17 Fl. 59DF CARF MF Processo nº 11065.720042/201517 Acórdão n.º 3401003.317 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Versa o presente sobre o Pedido de Ressarcimento com Declaração de Compensação (PER/DCOMP), invocando crédito do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), relativo ao período de apuração acima identificado. Por meio do Despacho Decisório exarado pelo Seort/DRF/ Novo Hamburgo, o pedido de restituição foi indeferido e a compensação não homologada, sob o fundamento de que o valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado, por ter havido glosa em procedimento fiscal. Cientificado da decisão, o contribuinte interpôs manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que: (a) não houve mandado de procedimento fiscal para o procedimento de análise do crédito, sendo inválido o ato administrativo; (b) a fundamentação para a negativa de crédito é improcedente e está centrada no fato de a empresa ser abrangida por imunidade objetiva; (c) para aplicação da não cumulatividade constitucionalmente assegurada, pouco importa se a última operação foi ou não onerada pelo IPI; e (d) não houve constituição do crédito tributário, e embora o documento da glosa seja intitulado de auto de infração, não se concretizou o lançamento, ensejando a impossibilidade de ser o crédito glosado. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto por intermédio do Acórdão 14 057.390, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2013 a 31/12/2013 IPI. RESSARCIMENTO. PRODUTO N/T. Inexiste direito de crédito pela entrada de insumos para fabricação de produtos que estão fora do campo de incidência do imposto, pois neste caso o IPI deve ser contabilizado como custo Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada do acórdão da DRJ, a empresa apresenta Recurso Voluntário, sustentando que: (a) a juntada posterior de Mandado de Procedimento Fiscal não tem o condão de validar o ato praticado ao seu desabrigo; (b) o crédito não pode ser exigido por absoluta ausência de lançamento; e (c) a imunidade se constitui em cláusula pétrea inserida nas limitações constitucionais ao poder de tributar. Pede, ao fim, exame para fins de pré questionamento, mormente no que se refere aos artigos 142 e 149 do Código Tributário Nacional (CTN). É o relatório. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 11065.720042/201517 Acórdão n.º 3401003.317 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.313, de 25 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 11065.900523/201423, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401003.313): "O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. No Despacho Decisório, a razão para o indeferimento do direito de crédito, e a consequente não homologação da compensação, é a seguinte (fl. 22): O valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado/utilizado em razão do(s) seguinte(s) motivos(s): Constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado. Ocorrência de glosa de créditos considerados indevidos, em procedimento fiscal. Informações complementares da análise do crédito estão disponíveis na página Internet da Receita Federal, e integram este despacho. No próprio despacho decisório há orientações (aqui seguidas, em nome da verdade material) sobre como encontrar tais "informações complementares da análise de crédito", no sítio eletrônico da RFB (menu principal, opção "onde encontro" / "PERDCOMP" / "consulta despacho decisório", indicando o CNPJ da empresa e o número do PER/DCOMP. Nas informações complementares, percebo que há link para o relatório fiscal (Clique aqui para Download do arquivo: RELATORIO FISCAL GRUPO SINOS.PDF). Evidencio, então, que o Relatório Fiscal se presta a este e a outros nove processos administrativos de ressarcimento, e que ali realmente se encontram as razões detalhadas para as glosas: (a) a empresa tem como principal atividade a edição integrada à impressão de jornais, sendo detentora de registro especial de papel imune, e os produtos resultantes de seu processo de industrialização têm a classificação "NT" (não tributáveis) relativamente à incidência do IPI, em razão de benefício de imunidade constitucional; e (b) os créditos pleiteados se referem à aquisição de insumos utilizados para produção de jornais e revistas imunes, no período considerado, e, portanto, não encontram guarida normativa para fruição. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 11065.720042/201517 Acórdão n.º 3401003.317 S3C4T1 Fl. 5 4 Verificadas as motivações específicas para as glosas, cabe avaliar se as razões de defesa são aptas a afastálas, e a confirmar a regularidade do crédito. A primeira alegação de defesa se referia à ausência de Mandado de Procedimento Fiscal. No entanto, o Mandado de Procedimento Fiscal, como bem destacou o julgador de piso, foi emitido, havendo no próprio relatório da ação fiscal a informação de seu número (10.1.07.00 2014.002302) e a aposição de mensagem de que estava disponível para consulta no endereço <http://receita.fazenda.gov.br/aplicacoes/atpae/mpf/default.asp>, com a utilização do código de acesso 29365075. Também em nome da verdade material acessei o referido sítio, com a senha de acesso concedida na ação fiscal, verificando a existência do MPF, que sempre esteve disponível para consulta por parte da empresa. Improcedentes, assim, tanto a alegação de ausência de MPF, suscitada na manifestação de inconformidade, quanto a de que tal MPF teria sido juntado apenas posteriormente, presente no recurso voluntário. A segunda alegação da empresa, de que deveria ter havido lançamento para exigência do crédito, é absolutamente desconectada da realidade fática destes autos. Vejase que o presente processo não trata de lançamento para exigência de crédito, mas de reconhecimento de direito de crédito pleiteado pela empresa. As glosas efetuadas impedem a fruição do crédito, devendo a postulante do ressarcimento (e da compensação) carrear aos autos documentação que comprovem a liquidez e a certeza do crédito. Descabe, assim, a demandada análise (ainda que para fins de prequestionamento) dos artigos 142 e 149 do CTN, afetos ao lançamento. Cabe retomar, então, a análise no sentido de ter ou não havido prova apresentada pela empresa apta a afastar as razões de glosa (ausência de fundamento normativo para tomada de crédito em relação a insumos destinados a industrialização de jornais e revistas imunes). Sobre o tema, a empresa, em seu recurso voluntário, endossa que industrializa produtos imunes com os insumos adquiridos, mas entende que, por ser a imunidade cláusula pétrea, faz jus ao crédito. Tais alegações seriam relevantes se o fisco estivesse a exigir o IPI em relação aos produtos imunes, mas esse não é o caso em análise nestes autos, limitado a demanda de crédito, por parte da empresa, em relação à aquisição de insumos para fabricação de produtos imunes. Não se está, repitase, a analisar tributação de operação imune, mas a avaliar se a empresa faz jus a crédito sobre operação não tributada em função de imunidade. E, nesse sentido, cabível verificar o teor do artigo 11 da Lei no 9.779/1999: Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado Fl. 62DF CARF MF Processo nº 11065.720042/201517 Acórdão n.º 3401003.317 S3C4T1 Fl. 6 5 à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. (grifo nosso) Vejase que o dispositivo legal expressamente assume a possibilidade de crédito em relação a insumos aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero (silenciando em relação aos imunes e não tributados). E vejase também que a fruição fica condicionada à observância das normas expedidas pela RFB. A RFB expediu, em relação ao tema, a Instrução Normativa no 33/1999, que, em seu artigo 4o, já não silenciou em relação a produtos imunes: Art. 4o O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei No 9.779, de 1999, do saldo credor do IPI decorrente da aquisição de MP, PI e ME aplicados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos ou tributados à alíquota zero, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos no estabelecimento industrial ou equiparado a partir de 1o de janeiro de 1999. (grifo nosso) Mas a própria RFB, no Ato Declaratório Interpretativo no 6/2008, esclareceu que: Art. 1o Os produtos a que se refere o art. 4o da Instrução Normativa SRF no 33, de 4 de março de 1999, são aqueles aos quais ao legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) garante o direito à manutenção e utilização dos créditos.http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action ?idArquivoBinario=0 Art. 2o O disposto no art. 11 da Lei no 9.779, de 11 de janeiro de 1999, no art. 5o do Decretolei no 491, de 5 de março de 1969, e no art. 4o da Instrução Normativa SRF no 33, de 4 de março de 1999, não se aplica aos produtos: I com a notação "NT" (nãotributados, a exemplo dos produtos naturais ou em bruto) na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), aprovada pelo Decreto no 4.542, de 26 de dezembro de 2002; II amparados por imunidade; III excluídos do conceito de industrialização por força do disposto no art. 5o do Decreto no 4.544, de 26 de dezembro de 2002 Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (RIPI). Parágrafo único. Excetuamse do disposto no inciso II os produtos tributados na TIPI que estejam amparados pela imunidade em decorrência de exportação para o exterior." (grifo nosso) Assim, a empresa poderia utilizar o saldo credor, na forma do artigo 11 da Lei no 9.779/1999, apenas se as aquisições de insumos fossem efetivamente para um processo industrial de fabricação de produto imune, destinado à exportação. No entanto, no presente processo, sequer se esforça a recorrente para demonstrálo, pecando em seu dever de Fl. 63DF CARF MF Processo nº 11065.720042/201517 Acórdão n.º 3401003.317 S3C4T1 Fl. 7 6 carrear ao processo elementos que atestem a liquidez e a certeza do direito de crédito. Ainda que se afaste a imperfeição, às vezes presente na Tabela de Incidência do IPI, de considerar como "NT" (não tributados) produtos que, em verdade, são efetivamente resultantes de um processo de industrialização, mas imunes, permanece sem amparo o direito de crédito, visto não se verificar, nos autos, ser o produto destinado à exportação. Nesse sentido tem decidido este CARF: CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 150, INCISO III, alínea “d” da CF. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO. Não gera crédito de IPI a aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade decorra do art. 150, inciso III, alínea “d” da Constituição Federal. A previsão para manutenção dos créditos previsto no art. 11, da Lei no 9.779/99, alcança exclusivamente aqueles insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, caso a imunidade decorrer da exportação. (Acórdão no 3201002.096, Rel. Cons. Charles Mayer de Castro Souza, unânime, sessão de 15 mar. 2016) (a menção deveria ser ao inciso VI e não ao inciso III do art. 150 da CF) (No mesmo sentido, e também unânime, o Acórdão no 3301 002.280, de 27 mar. 2014) Por derradeiro, destaquese que também o Superior Tribunal de Justiça tem leitura não alargada do artigo 11 da Lei no 9.779/1999 (REsp no 1.015.855/SP). Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 64DF CARF MF
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Numero do processo: 13896.722014/2014-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2010 a 30/11/2011
PROVA PERICIAL. DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE.
Indefere-se o pedido de perícia ou de diligência quando o julgador administrativo, após avaliar o caso concreto, considerá-las prescindíveis para o deslinde das questões controvertidas.
COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA.
De acordo com o tradicional critério de distribuição do ônus probatório, cabe ao sujeito passivo comprovar a liquidez e a certeza do seu direito creditório utilizado no procedimento de compensação de contribuições previdenciárias em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP).
COMPENSAÇÃO. GIILRAT. REENQUADRAMENTO NO GRAU DE RISCO POR INICIATIVA DA EMPRESA. REDUÇÃO DO PERCENTUAL. FALTA DE COMPROVAÇÃO.
O procedimento de reenquadramento no correspondente grau de risco por iniciativa da empresa, conforme a sua atividade econômica preponderante, que acarreta a redução do percentual da contribuição previdenciária destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (GIILRAT), está sujeito à comprovação, por meio de documentação hábil e idônea, da existência de incorreção no enquadramento inicial realizado pelo sujeito passivo.
Mantém-se a glosa da compensação na hipótese de a empresa não comprovar a inexatidão do percentual que informou, mensalmente, na respectiva GFIP original.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-004.612
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Carlos Alexandre Tortato. Vencidos os conselheiros Rayd Santana Ferreira e Andréa Viana Arrais Egypto.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins e Andréa Viana Arrais Egypto.
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/09/2010 a 30/11/2011 PROVA PERICIAL. DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. Indefere-se o pedido de perícia ou de diligência quando o julgador administrativo, após avaliar o caso concreto, considerá-las prescindíveis para o deslinde das questões controvertidas. COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. De acordo com o tradicional critério de distribuição do ônus probatório, cabe ao sujeito passivo comprovar a liquidez e a certeza do seu direito creditório utilizado no procedimento de compensação de contribuições previdenciárias em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP). COMPENSAÇÃO. GIILRAT. REENQUADRAMENTO NO GRAU DE RISCO POR INICIATIVA DA EMPRESA. REDUÇÃO DO PERCENTUAL. FALTA DE COMPROVAÇÃO. O procedimento de reenquadramento no correspondente grau de risco por iniciativa da empresa, conforme a sua atividade econômica preponderante, que acarreta a redução do percentual da contribuição previdenciária destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (GIILRAT), está sujeito à comprovação, por meio de documentação hábil e idônea, da existência de incorreção no enquadramento inicial realizado pelo sujeito passivo. Mantém-se a glosa da compensação na hipótese de a empresa não comprovar a inexatidão do percentual que informou, mensalmente, na respectiva GFIP original. Recurso Voluntário Negado.
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GLOSA Recorrente ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SÃO PAULO S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2010 a 30/11/2011 PROVA PERICIAL. DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. Indeferese o pedido de perícia ou de diligência quando o julgador administrativo, após avaliar o caso concreto, considerálas prescindíveis para o deslinde das questões controvertidas. COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. De acordo com o tradicional critério de distribuição do ônus probatório, cabe ao sujeito passivo comprovar a liquidez e a certeza do seu direito creditório utilizado no procedimento de compensação de contribuições previdenciárias em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP). COMPENSAÇÃO. GIILRAT. REENQUADRAMENTO NO GRAU DE RISCO POR INICIATIVA DA EMPRESA. REDUÇÃO DO PERCENTUAL. FALTA DE COMPROVAÇÃO. O procedimento de reenquadramento no correspondente grau de risco por iniciativa da empresa, conforme a sua atividade econômica preponderante, que acarreta a redução do percentual da contribuição previdenciária destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (GIILRAT), está sujeito à comprovação, por meio de documentação hábil e idônea, da existência de incorreção no enquadramento inicial realizado pelo sujeito passivo. Mantémse a glosa da compensação na hipótese de a empresa não comprovar a inexatidão do percentual que informou, mensalmente, na respectiva GFIP original. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 72 20 14 /2 01 4- 04 Fl. 1391DF CARF MF Processo nº 13896.722014/201404 Acórdão n.º 2401004.612 S2C4T1 Fl. 1.392 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para, no mérito, por maioria, negarlhe provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Carlos Alexandre Tortato. Vencidos os conselheiros Rayd Santana Ferreira e Andréa Viana Arrais Egypto. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins e Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 1392DF CARF MF Processo nº 13896.722014/201404 Acórdão n.º 2401004.612 S2C4T1 Fl. 1.393 3 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 13ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1), cujo dispositivo tratou de considerar improcedente a manifestação de inconformidade, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Transcrevo a ementa do Acórdão nº 1271.301 (fls. 1.245/1.252): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2010 a 30/11/2011 CONTRIBUIÇÃO PARA O SAT/RAT. GRAU DE RISCO. A contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho tem alíquota variável (1%, 2% ou 3%) e deve ser calculada com base na atividade preponderante declarada em GFIP, aplicandose o grau risco determinado para a atividade pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNAE, constante do Anexo V, do Decreto nº 3.048/99 RPS. CNAE. ENQUADRAMENTO. ATIVIDADE PREPONDERANTE DECLARADA EM GFIP. DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA. Cumpre ao contribuinte, a partir do autoenquadramento na atividade econômica que considera preponderante, informar em documento de confissão de dívida fiscal o CNAE e a alíquota RAT correlata. Eventual retificação de declaração para diminuir o valor devido e compensar eventuais sobras de recolhimento deve ser demonstrada pelo declarante. Cabe ao Fisco o ônus da prova somente nos casos de revisão de enquadramento, e não por ocasião da não homologação de compensação realizada através da retificação, pelo contribuinte, das informações originalmente prestadas em GFIP. REQUERIMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. INDEFERIMENTO. Sujeitase a indeferimento o pedido de produção de prova pericial considerado prescindível à instrução processual. Manifestação de Inconformidade Improcedente Fl. 1393DF CARF MF Processo nº 13896.722014/201404 Acórdão n.º 2401004.612 S2C4T1 Fl. 1.394 4 2. Extraise do Despacho Decisório emitido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Barueri, Estado de São Paulo, consubstanciado no Parecer Seort/DRF/BRE nº 263, de 30/7/2014, que por ocasião do procedimento de auditoria interna nas informações prestadas em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), no período de 09/2010 a 11/2011, a autoridade fiscal considerou indevidas as compensações declaradas pelo contribuinte, promovendo a glosa dos valores correspondentes (fls. 36/42). 2.1 O contribuinte esclareceu que a origem do crédito tributário remonta ao recolhimento a maior da parcela básica da contribuição previdenciária destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (GIILRAT), de que trata o inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, devido à utilização de percentual incorreto nas competências 09/2006 a 08/2011 (fls. 4/7). A justificativa apresentada não foi aceita pela fiscalização. 3. Cientificado por meio eletrônico da glosa das compensações efetuadas, em 22/08/2014, às fls. 51 e 54, data em que realizou consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, o sujeito passivo apresentou manifestação de inconformidade (fls. 56/78). 4. Intimada em 20/1/2015, igualmente por via eletrônica, da decisão do colegiado de primeira instância, às fls. 1.254/1.255, a recorrente interpôs recurso voluntário no dia 19/2/2015 (fls. 1.268/1.297). 5. Em síntese, expõe os seguintes argumentos de fato e de direito: (i) estudo técnico acerca da sua atividade preponderante assinado por engenheiro de segurança do trabalho, conforme documento que foi juntado às fls. 101/989, concluiu de modo fundamentado que a maior parte dos segurados empregados da empresa desempenha atividade descrita na CNAE 82113/00 (Serviços combinados de escritório e apoio administrativo); (ii) a legislação tributária permite que a atividade preponderante seja distinta da atividade econômica principal da empresa; (iii) para fins de recolhimento do percentual GIILRAT, o reenquadramento implicou o grau de risco leve (1%) até a competência 12/2009 e, a partir de 01/2010, o grau de risco médio (2%); (iv) dado que o enquadramento nos correspondentes graus de risco é responsabilidade da empresa, o ônus da prova do equívoco cabe ao Fisco, não tendo a autoridade fiscal, no caso em apreço, se desincumbido do dever legal. A ausência de provas por parte do agente fiscal constitui vício material do lançamento tributário; Fl. 1394DF CARF MF Processo nº 13896.722014/201404 Acórdão n.º 2401004.612 S2C4T1 Fl. 1.395 5 (v) conjuntamente com o estudo de enquadramento na atividade preponderante, também o Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT) é prova hábil a atestar o grau de risco do GIILRAT inerente à atividade da empresa. Os LTCATs elaborados revelam que os segurados não estão expostos a agentes nocivos ou, quando da presença destes agentes, a exposição é neutralizada por medidas de controle existentes (fls. 990/1.201); (vi) o estudo técnico sobre a atividade preponderante da empresa foi realizado em set/2011, porém suas inferências são aplicáveis ao período de 09/2006 a 08/2011, relativo ao direito creditório. Isso porque não houve alteração de suas atividades, nem das funções exercidas por seus colaboradores ou de qualquer outra condição relevante no ambiente de trabalho; e (vii) a matéria sob apreciação exige a realização de diligência e perícia técnica, consoante os motivos expostos na impugnação que as justificam. É o relatório. Fl. 1395DF CARF MF Processo nº 13896.722014/201404 Acórdão n.º 2401004.612 S2C4T1 Fl. 1.396 6 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Juízo de admissibilidade 6. Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Considerações Iniciais 7. Segundo o prescrito no art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991, além da parcela trivial a cargo da empresa correspondente a 20% (inciso I), exigese um acréscimo de contribuição previdenciária a título de custeio genérico dos benefícios decorrentes dos riscos ambientais do trabalho (inciso II): Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. II para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. (...) (GRIFOUSE) Fl. 1396DF CARF MF Processo nº 13896.722014/201404 Acórdão n.º 2401004.612 S2C4T1 Fl. 1.397 7 8. A contribuição previdenciária do inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991, é composta de uma parcela básica, no percentual de 1%, 2% ou 3%, destinada ao custeio dos benefícios decorrentes de incapacidade laborativa (acidentes de trabalho), também chamada de GIILRAT, e uma parcela adicional com o propósito de financiamento da aposentadoria especial (art. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991). 8.1 Ao contrário do GIILRAT, que incide sobre a totalidade da remuneração devida aos segurados empregados e trabalhadores avulsos da empresa, o adicional para financiamento da aposentadoria especial atinge exclusivamente a remuneração daqueles segurados que exercem atividades em condições especiais que possam ensejarlhes o direito à aposentadoria especial: Lei nº 8.213, de 1991 Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. (...) § 6º O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. § 7º O acréscimo de que trata o parágrafo anterior incide exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito às condições especiais referidas no caput. (...) 9. Neste processo administrativo, cingese a matéria litigiosa tão somente à contribuição básica para o GIILRAT, equivalente à aplicação dos percentuais em função da atividade preponderante da empresa, entendida como aquela atividade econômica que ocupa o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos (art. 202, § 3º, do Regulamento da Previdência Social RPS, veiculado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999): Art. 202. A contribuição da empresa, destinada ao financiamento da aposentadoria especial, nos termos dos arts. 64 a 70, e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho corresponde à aplicação dos seguintes percentuais, incidentes sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a qualquer título, no decorrer do mês, ao segurado empregado e trabalhador avulso: Fl. 1397DF CARF MF Processo nº 13896.722014/201404 Acórdão n.º 2401004.612 S2C4T1 Fl. 1.398 8 I um por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado leve; II dois por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado médio; ou III três por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado grave. (...) § 3º Considerase preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. (...) (GRIFOUSE) 9.1 A despeito da menção ao enquadramento de um grau de risco da atividade preponderante único para a empresa como um todo, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) fixou o entendimento no sentido do enquadramento por estabelecimento, individualizado pela inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). A visão jurisprudencial restou expressa no verbete da Súmula nº 351: Súmula nº 351: A alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro. 9.2 Com a finalidade de reduzir os litígios, a Administração Tributária acatou a posição pacífica sobre o tema proferida pelo Poder Judiciário (Parecer PGFN/CRJ nº 2120/2011 e art. 72, § 1º, inciso II, da Instrução Normativa (IN) RFB nº 971, de 13 de novembro de 1991, com a redação dada pela IN RFB n º 1.453, de 24 de fevereiro de 2014). 10. Assim como em relação às demais contribuições previdenciárias, o crédito tributário correlato à obrigação tributária do GIILRAT será objeto, via de regra, de procedimento de constituição mediante o denominado "lançamento por homologação" ou "auto lançamento", em que o sujeito passivo apura o tributo devido e realiza o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. 10.1 Por isso que é de responsabilidade da empresa o enquadramento nos correspondentes graus de risco, que deve ser realizado de forma mensal, de acordo com a sua atividade econômica preponderante, conforme a Relação de Atividades Preponderantes e Correspondentes Graus de Risco, elaborada com base na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), e informado na GFIP da respectiva competência do fato gerador (art. 202, §§ 5º, 6º e 13, do RPS): Fl. 1398DF CARF MF Processo nº 13896.722014/201404 Acórdão n.º 2401004.612 S2C4T1 Fl. 1.399 9 Art. 202 (...) § 5º É de responsabilidade da empresa realizar o enquadramento na atividade preponderante, cabendo à Secretaria da Receita Previdenciária do Ministério da Previdência Social revêlo a qualquer tempo. § 6º Verificado erro no autoenquadramento, a Secretaria da Receita Previdenciária adotará as medidas necessárias à sua correção, orientará o responsável pela empresa em caso de recolhimento indevido e procederá à notificação dos valores devidos. (...) § 13. A empresa informará mensalmente, por meio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP, a alíquota correspondente ao seu grau de risco, a respectiva atividade preponderante e a atividade do estabelecimento, apuradas de acordo com o disposto nos §§ 3º e 5º. 10.2 Na eventualidade de erro no autoenquadramento, caberá a fiscalização tributária adotar as medidas necessárias, inclusive o lançamento de ofício do crédito tributário suplementar devido, se for o caso. 11. Uma vez esboçadas as noções gerais sobre a respeito da contribuição ao GIILRAT, passase, na sequência, à análise das questões específicas suscitadas pela recorrente para respaldar a procedência do seu pedido de reforma da decisão de piso. Preliminares a) Vício Material e Ônus da Prova 12. Como palavras inaugurais, realço que o caso sob exame não cuida de lançamento de ofício decorrente de procedimento de revisão do lançamento por homologação efetuado pelo contribuinte, inexistindo, portanto, a figura do auto de infração. 13. Tratase de direito creditório pleiteado pelo contribuinte, via procedimento de compensação em GFIP, oriundo de alegado pagamento a maior relativo à contribuição ao GIILRAT nas competências de 09/2006 a 08/2011. 14. Segundo a fiscalização, e não há elementos em contrário nos autos, nas competências a que se refere o direito creditório o contribuinte procedeu ao autoenquadramento em GFIP na CNAE 35140/00 Distribuição de Energia Elétrica, que corresponde ao grau de risco médio (2%) até a competência 12/2009 e, a partir de 01/2010, ao grau de risco grave (3%). Fl. 1399DF CARF MF Processo nº 13896.722014/201404 Acórdão n.º 2401004.612 S2C4T1 Fl. 1.400 10 14.1 Como sabido, a GFIP constitui instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário. Tem conteúdo de declaração de valor devido a título de tributo, constituindose em termo de confissão de dívida, na hipótese de não recolhimento (art. 32, inciso IV e § 2º, e art. 33, § 7º, da Lei nº 8.212, de 1991, e art. 5º, § 1º, do DecretoLei nº 2.214, de 13 de junho de 1984). 15. Posteriormente, a empresa efetuou retificações das GFIPs, com o propósito de reduzir o percentual do GIILRAT. Por fim, nas competências 09/2010 a 11/2011, realizou a compensação dos valores apurados com as contribuições previdenciárias devidas para essas competências (fls. 27/29 e 33/35 e 36/42). 16. Ao examinar as justificativas expostas pelo contribuinte para a redução do percentual do GIILRAT, nas competências 09/2006 a 08/2011, a autoridade fiscal entendeu inexistentes os dados que pudessem suportar as mudanças no percentual do GIILRAT e respaldar, por consequência, o recolhimento a maior da contribuição previdenciária, restando indevidas as compensações realizadas pelo sujeito passivo. 16.1 Tal decisão administrativa, às fls. 36/42, amparouse na CNAE predominante da empresa, voltada à distribuição de energia elétrica, assim como nas atividades desempenhadas pelos trabalhadores informados em GFIP, segundo a Classificação Brasileira de Ocupações CBO (fls. 30/32). 17. Com base no tradicional critério de distribuição do ônus da prova, cabe ao sujeito passivo, ora recorrente, comprovar o fato constitutivo do seu direito, isto é, competelhe a demonstração dos elementos exigidos para o nascimento da relação jurídica na condição de credor do Fisco e, desse modo, legitimar o encontro de contas entre débito e crédito por meio da compensação tributária. 17.1 O Código de Processo Civil, veiculado pela Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, aplicado em caráter subsidiário ao processo tributário federal, contém previsão expressa sobre a distribuição do ônus probatório: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. 18. É imprescindível que o contribuinte demonstre, por meio da linguagem de provas, as afirmações que alega, em especial a existência e a liquidez dos créditos compensáveis no que se refere à atividade preponderante da empresa para fim de aferição do grau de risco. 19. Outra configuração do ônus da prova se teria na hipótese de lançamento de ofício em decorrência de a autoridade fiscal discordar do autoenquadramento realizado da empresa. Nesse caso, o encargo de provar a incorreção do grau de risco da atividade preponderante voltase ao Fisco. Fl. 1400DF CARF MF Processo nº 13896.722014/201404 Acórdão n.º 2401004.612 S2C4T1 Fl. 1.401 11 20. Logo, não vislumbro, no caso concreto, qualquer supressão de elementos probatórios por parte do Fisco ou mesmo inversão do ônus da prova ao contribuinte, continuando a recair o ônus probatório a quem tem interesse em fazer prevalecer os fatos que invoca como fundamento à sua pretensão. 1 21. Rejeito, portanto, a existência de vício material no processo fiscal de glosa das compensações. b) Prova Pericial e Diligência 22. O exame pericial é um meio de prova, necessário apenas quando a elucidação de fato ou o exame de matéria demanda o auxílio de um especialista em determinado ramo específico do conhecimento. É dizer que a realização da perícia não constitui direito subjetivo do interessado. 23. Como destinatário final da perícia, compete ao julgador avaliar a prescindibilidade e viabilidade da produção da prova técnica para a elucidação dos fatos e/ou como instrumento de convicção para a solução da lide. 24. Acredito que se confunde a recorrente quanto à imprescindibilidade da realização de perícia, por acreditar que a parcela básica da contribuição prevista no inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991, está associada diretamente à exposição do trabalhador a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, cujas informações prestadas em GFIP devem estar comprovadas mediante a apresentação de documentos relativos ao gerenciamento do ambiente do trabalho, a exemplo do LTCAT. 24.1 Assim me parece, porquanto ao formular os quesitos referentes ao exames desejados, o sujeito passivo requer esclarecimentos e/ou confirmações sobre os agentes nocivos físicos, químicos e biológicos presentes no ambiente de trabalho, utilização de equipamentos de proteção individual e neutralização de riscos ambientais (fls. 1.293/1.294). 24.2 A exposição a agentes nocivos de modo permanente, nãoocasional nem intermitente, que podem ensejar a aposentadoria especial do trabalhador, é fato gerador da contribuição previdenciária adicional para custeio da aposentadoria especial. conforme disposto nos §§ 6º e 7º do art. 57 da Lei nº 8.213, de 1991, e não para o GIILRAT, cuja exação é definida a partir do enquadramento da empresa na atividade econômica preponderante e tem por destinação o custeio de benefícios previdenciários comuns ligados à incapacidade laborativa. 24.3 De modo que a realização de perícia pelo motivos expostos pela recorrente constituise em providência totalmente dispensável para o deslinde deste processo administrativo. 25. No que tange ao pedido de diligência, a finalidade da medida processual é igualmente auxiliar na convicção do julgador sobre questões de fato controvertidas, como forma de melhor apuração da verdade material. 1 TOMÉ, Fabiana Del Padre. A prova no direito tributário. 3 ed. São Paulo : Editora Noeses, 2011, p. 264/265. Fl. 1401DF CARF MF Processo nº 13896.722014/201404 Acórdão n.º 2401004.612 S2C4T1 Fl. 1.402 12 26. Todavia, não enxergo o motivo pelo qual a comprovação das alegações da recorrente quanto à atividade preponderante da empresa não possa ser realizada no corpo dos autos, necessitandose, como sugere, de avaliação e/ou produção de documentos e provas por terceiro. Na minha avaliação, a diligência é prescindível. 27. Destaco que a perícia e a diligência não são vias que se destinem a produzir provas de responsabilidade das partes, suprindo o encargo que lhes compete. 28. De mais a mais, a verificação de equilíbrio sistêmico, como sugere a peticionante, no que diz respeito ao recolhimento da contribuição ao GIILRAT pela empresa e o efetivo dispêndio com benefícios previdenciários correspondentes, ou a verificação dos investimentos realizados pelo contribuinte nas condições do ambiente de trabalho, são questionamentos irrelevantes para o esclarecimento dos pontos contestados. 29. Com efeito, a contribuição ao GIILRAT não se destina ao custeio do infortúnio laboral de um determinado trabalhador ou mesmo dos trabalhadores vinculados àquela empresa que pagou o tributo previdenciário, mas sim dos benefícios concedidos pelo sistema. O modelo brasileiro é de repartição simples, em que a contribuição é direcionada ao custeio de toda a clientela protegida. 2 30. Por sua vez, a redução do percentual básico do GIILRAT, em razão do desempenho da empresa em relação à sua respectiva atividade econômica, inclusive investimentos em prevenção e controle de acidentes de trabalho, é matéria regulada em lei, a partir de parâmetros estabelecidos pelo Poder Executivo (art. 22, § 3º, da Lei nº 8.212, de 1991, e art. 10 da Lei nº 10.666, de 8 de maio de 2003). 30.1 Todavia, a redução do percentual é questão estranha ao objeto litigioso do processo, que cuida exclusivamente da aplicação do percentual básico de 1%, 2% ou 3% sobre a remuneração dos segurados empregados e trabalhadores avulsos. Em outras palavras, a matéria ventilada pela recorrente não implica mudança do enquadramento do percentual básico. 31. Logo, prescindíveis a perícia e/ou a diligência, não merece reparo a decisão recorrida que indeferiu o pedido do sujeito passivo (art. 18 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972). Mérito 32. Quanto ao mérito, os documentos comprobatórios carreados aos autos pela recorrente não são convincentes do seu direito creditório. 33. A decisão de piso bem ressaltou que o "Estudo de Enquadramento de Atividade Preponderante", doravante "estudo", acostado pela recorrente na fase de impugnação às fls. 101/989, possui como marco temporal o mês de setembro de 2011, e foi desenvolvido a partir de dados coletados segundo a realidade da empresa identificada nessa época. 2 IBRAHIM, Fábio Zambitte Ibrahim. Curso de direito previdenciário. 10ª ed. Niterói:Editora Impetus, pág. 275. Fl. 1402DF CARF MF Processo nº 13896.722014/201404 Acórdão n.º 2401004.612 S2C4T1 Fl. 1.403 13 34. Para determinar o enquadramento no correspondente grau de risco, a atividade preponderante deve ser avaliada pela empresa mês a mês, mantendose harmonia com o aspecto temporal do fato gerador da contribuição previdenciária (art. 22, da Lei nº 8.212, de 1991). 35. É inviável, por conseguinte, que a realidade investigada em dado mês do ano de 2011 possa ser simplesmente transportada para o passado como hábil e suficiente para a demonstração da atividade preponderante da empresa em todo o período a que se refere o direito creditório pleiteado, isto é, nos meses de 09/2006 a 08/2011. 36. De acordo com as fls. 984/985, o estudo adotou para fins de identificação da atividade preponderante da empresa o critério da especialização, distribuindo os trabalhadores em aproximadamente 20 (vinte) distintas atividades, segundo a CNAE. 36.1 Não é improvável que, no período de 09/2006 a 08/2011, admissões, demissões ou reestruturações de cargos ocorreram e têm o condão de afetar a identificação da atividade preponderante da empresa, considerando os parâmetros de classificação adotados no estudo técnico. 36.2 Segundo ainda o estudo realizado, a atividade preponderante equivale a 26% do trabalhadores desempenhando serviços administrativos e de apoio, classificada na CNAE 82113/00, considerada como de risco médio; enquanto a atividade seguinte, classificada no CNAE 42219/03, correspondente a manutenção de redes de distribuição de energia elétrica, cujo grau de risco é grave, totalizou 21% dos segurados empregados. 36.3 Cuidase de uma diferença pequena entre as atividades, tendo em conta o universo de mais de 5 mil empregados, alocados em um único estabelecimento identificado pelo CNPJ 61.695.227/000193, não se podendo assegurar que a CNAE 82113/00 mantevese como atividade preponderante ao longo do período de 09/2006 a 08/2011. 37. Em contraponto, a recorrente sustenta que o estudo realizado, ainda que elaborado em 2011, revela a "realidade fática de anos anteriores, visto que a empresa não alterou suas atividades nesse período, nem as funções exercidas por seus colaboradores, bem como não houve qualquer alteração relevante no ambiente de trabalho". 37.1 Com a devida vênia, pareceme apenas mais um discurso retórico, que contém afirmações desprovidas de qualquer prova na linguagem jurídica apropriada. Tratandose de demonstração da procedência do seu direito creditório, o ônus probatório, como já enfatizei, cabe ao recorrente. 38. Além do mais, sob a ótica de avaliação de mérito do estudo de fls. 101/989, melhor sorte não lhe assiste. Entendo que o trabalho técnico está calcado em uma metodologia equivocada e possui inconsistências internas, restando imprestável para identificar a atividade econômica preponderante da recorrente para fins da contribuição ao GIILRAT. 39. É verdade que a atividade econômica principal da empresa não define, necessariamente, a atividade preponderante, utilizada para se determinar o grau de risco aplicável ao GIILRAT. 39.1 Por seu turno, também os trabalhadores que prestam serviços em atividades meio devem ser considerados na apuração do grau de risco. Fl. 1403DF CARF MF Processo nº 13896.722014/201404 Acórdão n.º 2401004.612 S2C4T1 Fl. 1.404 14 39.2 Em um e outro caso, porém, exigese a adoção de critérios de mensuração lógicos e coerentes. Não é o caso do estudo de enquadramento de atividade preponderante apresentado pela recorrente. 40. A atividade econômica principal da empresa é a distribuição de energia elétrica, classificada na CNAE 35240/00. 40.1 Desponta como bastante questionável, em vista disso, o critério de segregação dos trabalhadores que atuam diretamente em atividades de manutenção do sistema de distribuição de energia elétrica, ora na CNAE 42219/03 (Manutenção de redes de distribuição de energia elétrica), ora na CNAE 43215/00 (Instalação e manutenção elétrica), na medida em que tais atividades mantêm conexão funcional entre si para a realização da atividade econômica principal da empresa. 40.2 Segundo o quadro resumo de fls. 984/985, o somatório apenas dos segurados classificados na CNAE 42219/03 e CNAE 43215/00, cujo risco de acidente de trabalho é considerado grave, representa 41,3% do total dos trabalhadores da empresa. 40.3 Se procedermos ao cômputo de todas as atividades classificadas pelo estudo técnico como de risco grave, o percentual de trabalhadores chegará a 64,5% !. Nesse cenário, é visível que uma atividade preponderante com grau de risco leve ou médio é um parâmetro que flagrantemente destoa das atividades exercidas pela maior parte dos segurados empregados da recorrente. 41. Agora, caso aplicável o critério de pulverização das atividades dos segurados empregados, o mesmo princípio de especialização deveria ser utilizado na alocação de trabalhadores na CNAE 82113/00 (Serviços combinados de escritório e apoio administrativo), reconhecida pelo contribuinte, ao final do estudo, como a atividade preponderante para fins do GIILRAT. 42. Contudo, quanto à CNAE 82113/00, o critério de especialização não foi respeitado. De maneira conveniente, o estudo trazido aos autos incluiu na aludida CNAE diversos profissionais que desempenham atividades específicas, em serviço interno, como gerência, programação, coordenação, consultoria, assessoria, entre outros, os quais poderiam, e deveriam, ser classificados em CNAEs distintas e específicas. de maneira a preservar a coerência interna do estudo técnico. 42.1 A título de exemplos, a decisão "a quo" recorrida identificou: Analista TI Esp, Engenheiro SR, Analista Comercial SR, Analista Assuntos Regulatórios, Analista Gestão Energia Jr., Coordenador Operacional da Gerência de Manutenção de Subtransmissão, Assistente Jurídico e Técnico Sist Eletr III (fls. 1.251). 42.2 O nome dos trabalhadores, função, descrição da atividade desenvolvida e CNAE adotada para enquadramento podem ser visualizados e avaliados com base na tabela de fls. 329/983. 43. Para manter congruência com o critério de especialização de atividade, a inclusão de trabalhadores na CNAE 82113/00 deveria ser residual, aplicandose somente aos trabalhadores que auxiliam na parte administrativa indistintamente as diversas atividades econômicas da empresa, tais como contabilidade, recepção e vigilância, sempre que não possível uma classificação em CNAE específica. Fl. 1404DF CARF MF Processo nº 13896.722014/201404 Acórdão n.º 2401004.612 S2C4T1 Fl. 1.405 15 44. O que se nota, portanto, é que o enquadramento na atividade preponderante na CNAE 82113/00 foi construído artificialmente, com o propósito de justificar a redução do grau de risco aplicável para aferição do percentual do GIILRAT. 45. Logo, considero os documentos apresentados pela recorrente não aptos a comprovar o seu direito creditório e, consequentemente, deve ser mantida a glosa de compensações efetuada pela autoridade administrativa. Conclusão Ante o exposto, voto por CONHECER do recurso voluntário, REJEITAR as preliminares e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess. Fl. 1405DF CARF MF
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