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Numero do processo: 13016.000254/2004-32
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2004 a 30/04/2004
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições.
Recurso Especial do Contribuinte Provido.
Numero da decisão: 9303-005.342
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2004 a 30/04/2004 NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Contribuinte Provido.
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INCIDÊNCIA. CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITOS DO ICMS. EXPORTAÇÃO. Recorrente MADEM SA INDUSTRIA E COMERCIO DE MADEIRAS E EMBALAGENS Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2004 a 30/04/2004 NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da nãoincidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Contribuinte Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 01 6. 00 02 54 /2 00 4- 32 Fl. 273DF CARF MF Processo nº 13016.000254/200432 Acórdão n.º 9303005.342 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo contribuinte contra o Acórdão 330101.346, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF. Na parte de interesse ao presente litígio, o colegiado a quo decidiu que, no período de apuração destes autos, a cessão onerosa de créditos do ICMS deve compor a base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS. O contribuinte requer a reforma do acórdão argumentando, em síntese, que a cessão de créditos onerosa de créditos de ICMS não tem natureza jurídica de receita, tratando se de mera mutação patrimonial, não podendo, assim, compor a base de cálculo da contribuição, mesmo antes da eficácia da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão. Mediante Despacho do Presidente da Câmara competente, foi dado seguimento ao recurso interposto. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.319, de 25/07/2017, proferido no julgamento do processo 13016.000004/200401, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.319): "Os requisitos para se admitir o Recurso Especial foram cumpridos e foram respeitadas as formalidades regimentalmente previstas. A matéria tratada no presente litígio restringese ao fato de se as receitas decorrentes da transferência onerosa de créditos de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, devem, ou não, ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins. O tema não é mais passível de discussão no CARF, haja vista que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão posta, com a devida declaração de repercussão geral, nos termos do artigo 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, antigo Código de Processo Civil. Fl. 274DF CARF MF Processo nº 13016.000254/200432 Acórdão n.º 9303005.342 CSRFT3 Fl. 4 3 O Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que trata da matéria, foi interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que considerou inconstitucional a inclusão, na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não cumulativas, dos valores dos créditos do ICMS provenientes de exportação que fossem cedidos onerosamente a terceiros. Em julgamento realizado pelo pleno do STF, em 22/05/2013, sob a relatoria da Ministra Rosa Weber, foi julgado o mérito, cuja decisão possui a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. (...) VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. (...) Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. O acórdão foi publicado em 25/11/2013 e o trânsito em julgado deu se em 05/12/2013. Fl. 275DF CARF MF Processo nº 13016.000254/200432 Acórdão n.º 9303005.342 CSRFT3 Fl. 5 4 Por força da disposição, a seguir transcrita, do § 2º do art. 62 do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, a mencionada decisão do STF deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 – Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Registrese ainda, a título de observação, que, na forma da Lei nº 10.522/2002, art. 19, § 5º, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 12.844/2013, também estão vinculadas a este entendimento as Delegacias de Julgamento e as Unidades de Origem da RFB, com a manifestação da PGFN na Nota transcrita parcialmente a seguir, no que interessa a esta discussão: NOTA /PGFN/CRJ/Nº 1.486/2013 (...) 2. Em razão de os referidos julgados terem repercussão na esfera administrativa e requerer atuação efetiva da RFB, e em observância do que foi definido na Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, que cumpre o disposto no Parecer PGFN/CDA nº 2025/2011, estas CRJ examina, infra, os itens referidos no parágrafo anterior, realizando a delimitação do tema ali tratado, nos seguintes termos: (...) 98 – RE 606.107/RS (...) Resumo: não incide PIS e COFINS sobre a cessão a terceiros do crédito presumido do ICMS decorrente de exportação. Data da inclusão:13/12/2013 DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: as verbas referentes à cessão a terceiro de crédito presumido do ICMS decorrente de exportação não constituem base para incidência do PIS e da COFINS. Pelo exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte." Fl. 276DF CARF MF Processo nº 13016.000254/200432 Acórdão n.º 9303005.342 CSRFT3 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 277DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.908050/2011-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-000.944
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte supra identificado em face do acórdão da DRJ Florianópolis/SC que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se requerer a reforma do despacho decisório exarado pela repartição de origem. De acordo com o despacho decisório, o crédito informado na Declaração de Compensação já se encontrava integralmente alocado a outro débito do sujeito passivo, decorrendo daí a não homologação da compensação declarada. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do direito à restituição da contribuição recolhida sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, em face da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento submetido à sistemática da repercussão geral, cujo teor deve ser reproduzido pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 83 .9 08 05 0/ 20 11 -5 1 Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10183.908050/201151 Resolução nº 3201000.944 S3C2T1 Fl. 3 2 A decisão da DRJ Florianópolis/SC, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na falta de comprovação da liquidez e certeza do crédito, dada a ausência de retificação tempestiva da DCTF. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando a existência do crédito tributário postulado e requerendo a integral homologação da compensação declarada, tendose em conta o princípio da verdade material que exige o aprofundamento da investigação dos fatos por parte da Fiscalização, em face do conjunto probatório por ele produzido. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201000.905, de 29/06/2017, proferido no julgamento do processo 10530.904837/201156, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201000.905): A questão em apreço se resolveria pela aplicação do decidido pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral, conforme ementa a seguir transcrita: "RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98." (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 27 112008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RTJ VOL0020802 PP00871 ) Temse, então, que o § 1° do art. 3° da Lei 9.718/98 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Como sabido, a aplicação do decidido pela Corte Suprema em sede de repercussão geral é de aplicação obrigatória por parte deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, conforme se depreende da redação do art. do RICARF: "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10183.908050/201151 Resolução nº 3201000.944 S3C2T1 Fl. 4 3 (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal o u do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016)" A jurisprudência deste colegiado administrativo é pacífica em relação ao tema. Vejamos: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/09/2001 a 30/09/2001 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62 DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). Assim, deve ser aplicado o disposto no art. 62 do Regimento Interno do Carf, o que implica a obrigatoriedade do reconhecimento da inconstitucionalidade do referido dispositivo legal." (Processo 11516.002621/200719; Acórdão 3401003.239; Conselheiro LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO, Sessão de 26/09/2016) Ocorre que, no caso em debate tanto o despacho decisório, quanto a decisão proferida em sede de manifestação de inconformidade informam não estar comprovada a certeza e a liquidez do direito creditório. A decisão, portanto, foi no sentido de que inexiste crédito apto a lastrear o pedido da recorrente. No entanto, entendo como razoável as alegações produzidas pela recorrente aliado aos documentos apresentados nos autos, o que atesta que procurou se desincumbir do seu ônus probatório em atestar a existência dos créditos alegados. A recorrente além das DCTF's apresentou planilha de cálculo, balancete e comprovante de arrecadação referente ao período em apreço e, por fim, juntamente com o seu recurso anexa o LivroRazão. Neste contexto, a teor do que preconiza o art. 373 do diploma processual civil, teve a manifesta intenção de provar o seu direito creditório, sendo que tal procedimento, também está pautado pela boafé. Saliento o fato de assistir razão à recorrente quando alega que a falta de retificação de declaração não tem o condão de tornar devido o que é indevido, sob pena de ofensa aos princípios da legalidade e da verdade material. Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10183.908050/201151 Resolução nº 3201000.944 S3C2T1 Fl. 5 4 Neste sentido já decidiu o CARF: "Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2002 CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os processos referemse a períodos diferentes, o que ocasiona fatos jurídicos tributários diferentes, com a consequente diferenciação no que concerne à produção probatória, impossibilitando a conexão. FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Ainda que o sujeito passivo não tenha retificado a DCTF, mas demonstre, por meio de prova cabal, a existência de crédito, a referida formalidade não se faz necessária. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2002 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585235 QORG." (Processo 10280.905801/2011 89; Acórdão 3302003.619; Conselheira SARAH MARIA LINHARES DE ARAÚJO PAES DE SOUZA; Sessão de 21/02/2017) (nosso destaque) Recentemente, em questão similar, em processo relatado pela Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário (10830.917695/201111 Resolução 3201000.848), esta Turma por unanimidade de votos, decidiu em converter o julgamento em diligência, conforme a seguir transcrito: "Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora." Do voto da relatora destaco: "Na hipótese dos autos, observase que não houve inércia do contribuinte na apresentação de documentos. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que a Autoridade Julgadora determinasse a revisão do crédito tributário. E, imediatamente após tal manifestação, em sede de Recurso Voluntário, foram apresentados novos documentos. Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório eletrônico, ou seja, a primeira oportunidade concedida ao contribuinte para a apresentação de documentos comprobatórios do seu direito foi, exatamente, no momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes. Sabese quem em autuações fiscais realizadas de maneira ordinária, é, em regra, concedido ao contribuinte diversas oportunidades de apresentação de documentos e esclarecimentos, por meio dos Termos de Intimação emitidos durante o procedimento. Assim, limitar, na autuação eletrônica, a oportunidade de apresentação de documentos à manifestação de inconformidade, aplicando a preclusão relativamente ao Recurso Voluntário, não me parece razoável ou isonômico, além de atentatório aos princípios da ampla defesa e do devido processo legal." Ademais, em casos análogos envolvendo a recorrente, este conselho administrativo nos processos 10530.902899/201123 e Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10183.908050/201151 Resolução nº 3201000.944 S3C2T1 Fl. 6 5 10530.902898/201189 decidiu por converter o julgamento em diligência através das Resoluções 3801000.816 e 3801000.815. Assim, entendo que há dúvida razoável no presente processo acerca da liquidez, certeza e exigibilidade do direito creditório, o que justifica a conversão do feito em diligência, não sendo prudente julgar o recurso em prejuízo da recorrente, sem que as questões aventadas sejam dirimidas. Diante do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência à repartição de origem, para que possa ser apurado e informado, de modo pormenorizado, o valor do débito e do crédito existentes na data de transmissão dos PER/DCOMPs dos processos, bem como a existência do crédito postulado a partir de toda a documentação apresentada pelo contribuinte e outras diligências que possam ser realizadas a critério da autoridade competente, com a elaboração do devido relatório. Deve, ainda, a autoridade administrativa informar se há o direito creditório alegado pela recorrente e se o mesmo é suficiente para a extinção do débito existente tomando por base toda a documentação apresentada pelo contribuinte. Isto posto, deve ser oportunizada à recorrente o conhecimento dos procedimentos efetuados pela repartição fiscal, com abertura de vistas pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, para que se manifeste nos autos e apresente documentos adicionais, caso entenda necessário, para, na sequência, retornarem os autos a este colegiado para prosseguimento do julgamento. Importante frisar que os documentos juntados pelo contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, também foram juntados em cópias nestes autos (planilha, balancete e/ou razão). Dessa forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, decido por converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora certifique a efetiva existência do crédito postulado, a partir dos documentos apresentados pelo contribuinte e por meio de outras diligências que se mostrarem necessárias, apurando os valores do débito e do crédito existentes na data de transmissão do PER/DCOMP, consignandoos em relatório pormenorizado. Após a realização da diligência, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 106DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720987/2012-32
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2009, 2010
PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA.
Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos discutidos judicialmente, cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, por traduzir-se em nítido caráter de provisão (Lei 9.249/1995, art. 13, I). Além disso, não há nenhum antagonismo entre as regras da Lei 9.249/1995 (art. 13, I) e da Lei 8.981/1995 (art. 41, §1º, e art. 57). O sentido delas é o mesmo, ou seja, vedar a dedução antecipada de tributo com exigibilidade suspensa, dada a sua condição de incerteza. Nesse contexto, seja como provisão, seja como uma despesa que só pode ser deduzida pelo regime de caixa, os tributos com exigibilidade suspensa não podiam ter sido deduzidos da base de cálculo da CSLL.
Numero da decisão: 9101-002.897
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto (relator), Cristiane Silva Costa e Daniele Souto Rodrigues Amadio, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araújo.
(assinatura digital)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em exercício.
(assinatura digital)
Luís Flávio Neto - Relator.
(assinatura digital)
Rafael Vidal de Araujo - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício).
Nome do relator: LUIS FLAVIO NETO
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DEDUTIBILIDADE DE TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Recorrente TELEMAR NORTE LESTE S/A Interessado UNIÃO (FAZENDA NACIONAL) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009, 2010 PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos discutidos judicialmente, cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, por traduzirse em nítido caráter de provisão (Lei 9.249/1995, art. 13, I). Além disso, não há nenhum antagonismo entre as regras da Lei 9.249/1995 (art. 13, I) e da Lei 8.981/1995 (art. 41, §1º, e art. 57). O sentido delas é o mesmo, ou seja, vedar a dedução antecipada de tributo com exigibilidade suspensa, dada a sua condição de incerteza. Nesse contexto, seja como provisão, seja como uma despesa que só pode ser deduzida pelo regime de caixa, os tributos com exigibilidade suspensa não podiam ter sido deduzidos da base de cálculo da CSLL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto (relator), Cristiane Silva Costa e Daniele Souto Rodrigues Amadio, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. (assinatura digital) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 09 87 /2 01 2- 32 Fl. 563DF CARF MF Processo nº 16682.720987/201232 Acórdão n.º 9101002.897 CSRFT1 Fl. 3 2 Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em exercício. (assinatura digital) Luís Flávio Neto Relator. (assinatura digital) Rafael Vidal de Araujo Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de recurso especial interposto pela Telemar Norte Leste S/A (doravante “contribuinte” ou “recorrente”), em face do acórdão n. 1301001.888 (doravante “acórdão a quo” ou “acórdão recorrido”), proferido pela 1a Turma Ordinária da 3a Câmara desta 1a Seção (doravante “Turma a quo”). O recurso especial versa sobre a possibilidade de dedução da base de cálculo da CSLL de tributos com exigibilidade suspensa, bem como de seus juros. Conforme se colhe do Termo de Verificação Fiscal, esses são os fatos presentes no caso (efls. 37 do eprocesso): “Esta ação fiscal, instaurada através do Mandado de Procedimento Fiscal nº 0719000/00544/2010, visou, dentre outros objetivos, verificar a correta apuração de IRPJ e CSLL do período no que tange ao não cumprimento da adição na apuração da base de cálculo da CSLL e do IRPJ dos valores de PIS e da COFINS com exigibilidade suspensa por força de medida judicial”. (...) “A fiscalizada obteve, no âmbito do Mandado de Segurança nº 2006.51.01.0167080, sentença favorável a nãoinclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Apresentou, em atendimento às sucessivas intimações fiscais, Certidão de objeto e pé do referido processo, acompanhada das fichas mensais de registro do Livro Razão referentes aos lançamentos desses tributos nas contas: 2114041 – PIS; 21140400 – COFINS e 22180100 – Provisão Contigência Fiscal e a memória de cálculo do ICMS que deixou de ser incluído na base de cálculo”. Fl. 564DF CARF MF Processo nº 16682.720987/201232 Acórdão n.º 9101002.897 CSRFT1 Fl. 4 3 A 3ª Turma da DRJ/REC, por meio do acórdão n. 1145.234, julgou a impugnação administrativa improcedente, mantendo o lançamento em sua integridade (efls. 122 e seg.). A decisão restou assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009, 2010 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. REQUISITOS ESSENCIAIS. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, e não provada violação das disposições previstas na legislação de regência, restam insubsistentes as alegações de nulidade do procedimento fiscal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009, 2010 TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. INDEDUTIBILIDADE Os tributos e contribuições que estejam com exigibilidade suspensa tem vedada sua dedução para apuração da base de cálculo da CSLL. Impugnação Improcedente Outros Valores Controlados Nesse seguir, foi interposto recurso voluntário pelo contribuinte (efls. 137 e seg.), ao, qual foi negado provimento (efls. 347 e seg.). O acórdão recorrido restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009, 2010 CSLL. PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, por traduzirse em nítido caráter de provisão. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO AO DIREITO À AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Estando o acórdão recorrido corretamente fundamentado em atos legais e infralegais, e sendo sua apreciação dos fatos decorrente do entendimento dos julgadores quanto ao ocorrido, não se há de reconhecer qualquer exagerado subjetivismo na decisão, capaz de inquinala de nulidade. De igual forma, sendo a descrição dos fatos no auto de infração clara e coerente com o enquadramento legal ali expresso, descabe falar em nulidade do lançamento por cerceamento ao direito à ampla defesa e ao contraditório. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. Ante a falta de recolhimento da contribuição (falta de adição à base de cálculo da CSLL), cabe à autoridade fiscal efetuar o lançamento de ofício em conformidade com as determinações expressas em normas legais e administrativas. Fl. 565DF CARF MF Processo nº 16682.720987/201232 Acórdão n.º 9101002.897 CSRFT1 Fl. 5 4 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. O contribuinte, então, interpôs recurso especial (efls. 367 e seg. do e processo), arguindo divergência de interpretação quanto à (i) nulidade do auto de infração; (ii) e à possibilidade de dedução de tributos com a exigibilidade suspensa. Contudo, o referido recurso foi conhecido apenas parcialmente pelo despacho de admissibilidade, precisamente quanto à segunda matéria (efls. 534 e seg.), Sobre o tema, em breve síntese, alega o contribuinte: “Com relação à Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido – CSLL, instituída pela Lei nº 7.689/88, que tem como base de cálculo o valor do resultado do exercício apurado em observância à legislação comercial, inexiste uma norma legal que trate especificamente da dedutibilidade de tributos, razão pela qual sempre se respeitou a regra comercial/contábil do princípio da competência. Até porque a base de cálculo da CSLL é o lucro comercial/contábil, seguindo as despesas de modo geral, inclusive, das obrigações tributárias. Conforme item 7 da Instrução Normativa nº 198/88, ‘A contribuição social poderá ser registrada como despesa dedutível ao períodobase a que competir’”; “O período base para o reconhecimento das obrigações tributárias, portanto, volta a ser o do momento da ocorrência do fato gerador”; “Não há como aplicar à CSLL, que tem como base de cálculo o lucro comercial, regras criadas especificamente para a apuração do Lucro Real, base de cálculo do Imposto de Renda”; “Ou seja, com a ocorrência do fato gerador temse o nascimento da obrigação tributária, infalível e imediatamente. Não há hipótese, após a ocorrência do fato gerador, de existir uma mera expectativa de obrigação para se enquadrar no conceito de provisão, inclusive exarado pela própria Receita Federal do Brasil”. A PFN apresentou contrarrazões ao recurso especial (efls. 556 e seg.), nas quais argumenta, em breve síntese: “Os tributos e contribuições com exigibilidade suspensa estão sujeitos à regras de dedutibilidade com base no regime de caixa, sendo dedutíveis da base do IRPJ e da CSLL somente no período de apuração correspondente ao seu efetivo pagamento”; “Se há a possibilidade de a instância competente decretar o descabimento do tributo, é indubitável que não se trata de um dispêndio certo; muito ao contrário, cuidase de uma diminuição patrimonial que pode ou não ocorrer. A dúvida é imanente à referida circunstância fática”; “Desta forma, incide o § 1º do artigo 41 da lei 8.981/95, que excepciona da regra geral da dedutibilidade os “tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa, nos termos dos incisos II a IV do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, haja ou não depósito judicial”; A recorrida não se opôs à admissibilidade do recurso especial. Concluise, com isso, o relatório. Fl. 566DF CARF MF Processo nº 16682.720987/201232 Acórdão n.º 9101002.897 CSRFT1 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheiro Luís Flávio Neto, Relator. Compreendo que o despacho de admissibilidade bem analisou o cumprimento dos requisitos para a interposição do recurso especial, razão pela qual não merece reparo. No mérito, há ao menos duas diferentes perspectivas sobre a questão, que podem ser bem identificadas a partir de dois acórdãos do CARF: acórdão 140100.058, de 17.06.2009, do então i. Conselheiro Marcos Shigueo Takata: "Provisão passiva representa urna obrigação incerta, ou certa mas ilíquida. O ato legal, a lei, tem presunção de constitucionalidade e de legitimidade. A obrigação ex lege tributária desfruta desse atributo e só com o trânsito em julgado favorável ao contribuinte têmse derruídas a certeza e a liquidez: obrigação tributária com exigibilidade suspensa não traduz contabilmente uma provisão, mas um contas a pagar diversamente, por ex., de um passivo relativo a uma reclamação trabalhista ainda em curso". acórdão 1101000.792, de 11.09.2012, da então i. Conselheira Edeli Pereira Bessa: "Ocorre que não está em discussão a existência da obrigação, mas sim a sua certeza que decorre, justamente, de sua exigibilidade. Como dito, o passivo deve ser contabilizado, é originariamente uma obrigação legal, mas a retirada de um de seus atributos relevantes, que é a exigibilidade, altera sua natureza para provisão, e enseja a sua indedutibilidade no âmbito da apuração da CSLL. (...) Se a obrigação tributária foi contabilizada como despesa, e antes de seu vencimento, ou mesmo depois deste, a contribuinte é favorecida com decisão judicial que suspende sua exigibilidade, este passivo tem sua natureza alterada, e deve ser reclassificado como provisão, com o conseqüente estorno de seus efeitos na apuração do lucro tributável no momento em que a suspensão da exigibilidade for verificada, para que a dedução somente se efetive quando a exigibilidade for restabelecida". Embora ambas as correntes apresentem argumentos importantes, permissa vênia, compreendo que apenas a primeira garante coerência ao sistema jurídico edificado pelo legislador tributário, o que pode ser evidenciado por uma interpretação histórica e sistemática dos enunciados legais geralmente suscitados para a regência da matéria. No caso, a Lei n. 8.981, de 20.01.95, estabeleceu os seguintes enunciados prescritivos: Art. 41. Os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação do lucro real, segundo o regime de competência. Fl. 567DF CARF MF Processo nº 16682.720987/201232 Acórdão n.º 9101002.897 CSRFT1 Fl. 7 6 § 1º O disposto neste artigo não se aplica aos tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa, nos termos dos incisos II a IV do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, haja ou não depósito judicial. Como se pode observar, o legislador tributário prescreveu a indedutibilidade, da base de cálculo do IRPJ, de débitos tributários que se encontrem com a exigibilidade suspensa por causas específicas e muito bem delimitadas, quais sejam: o depósito do montante integral (inciso II); as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo (inciso III) e a concessão de medida liminar em mandado de segurança (inciso III). Tal norma, é preciso frisar, se dirige apenas ao IRPJ (e não à CSLL). Expressamente, então, o legislador excluiu hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário dessa norma de restrição de dedutibilidade da base de cálculo do IRPJ, notadamente a "moratória" e outras hipóteses previstas no art. 151 do CTN. Por sua vez, pouco tempo depois, em 26.12.1995, o legislador competente enunciou a Lei n. 9.249, que assim dispõe: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: I de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e de décimoterceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável; Essa segunda norma, como se pode verificar, veda a dedução de "qualquer provisão" da base de cálculo tanto do IRPJ quanto da CSLL, salvo algumas exceções. Compreendo que a única forma de interpretar tais enunciados prescritivos sem que se admita a existência de um caos normativo em que convivem normas vigentes, subsequêntes e irremediavelmente conflitantes é assumir que o legislador, ao prescrever o art. 13, I, trata de questão diversa de tributos cuja exigibilidade se encontre suspensa. Portanto, no caso dos autos, em que se discute a dedutibilidade da base de cálculo apenas da CSLL de tributos e juros com exigibilidade suspensa, não há incidência do art. 41 da Lei n. 8.981/95 (pois este é aplicável apenas ao IRPJ), bem como não incide a restrição do art. 13 da Lei n. 9.249/95 (pois este não é aplicável a tributos com exigibilidade suspensa). Portanto, compreendo assistir razão ao contribuinte quanto a este tema. O art. 57 da Lei n. 8.981/95 não altera essa conclusão: Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei no 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto Fl. 568DF CARF MF Processo nº 16682.720987/201232 Acórdão n.º 9101002.897 CSRFT1 Fl. 8 7 no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. (Redação dada pela Lei no 9.065, de 1995). Referido enunciado prescritivo prevê remissão apenas para questões operacionais específicas e não tem o condão de ampliar o escopo do art. 41 da Lei n. 8.981, de 20.01.95 para alcançar também a CSLL. A ressalva expressa do legislador no art. 57 da Lei nº 8.981/95 deixa claro que, assim como a CSLL tem suas “alíquotas” estabelecidas por regras próprias (a alíquota da CSLL em geral é 9%, sem adicional, e não 15% com adicional de 10%, como se dá com o IRPJ, em geral), também para a “base de cálculo” da CSLL não há remissão necessária aos dispositivos que cuidam do IRPJ. A base de cálculo da CSLL é regulada por enunciados específicos ou, ainda, que cumulem expressamente a tutela dessa contribuição e do IRPJ. Nesse seguir, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso especial interposto pelo contribuinte. (assinatura digital) Luís Flávio Neto Fl. 569DF CARF MF Processo nº 16682.720987/201232 Acórdão n.º 9101002.897 CSRFT1 Fl. 9 8 Voto Vencedor Conselheiro Rafael Vidal de Araujo Redator Designado. Em que pesem as razões de decidir do eminente relator, peço vênia para dele divergir quanto à dedutibilidade de tributos com a exigibilidade suspensa, relativamente à base de cálculo da CSLL. A questão sobre a dedutibilidade de tributos e contribuições com a exigibilidade suspensa, no que toca à base de cálculo da CSLL, gira em torno da incidência ou não do inciso I do art. 13 da Lei n. 9.249/1995, que veda a dedução de provisão que não esteja expressamente autorizada: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: I de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e de décimoterceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável;(Vide Lei 9.430, de 1996) Em relação a esse ponto, é relevante destacar que o conceito de provisão abarca situações variadas. O que caracteriza uma provisão é sua correspondência a situações sobre as quais paira algum grau de incerteza quanto à existência, ao valor, ao vencimento, etc., de uma obrigação ou de uma perda patrimonial. As provisões não abarcam apenas registros de "riscos" de perda patrimonial, como a "provisão para créditos de liquidação duvidosa". Há também provisões para encargos sociais e trabalhistas. Há ainda a própria "provisão para o imposto de renda" constituída no encerramento do período de apuração, quando já consumado o fato gerador. O próprio texto legal do inciso I do art. 13 da Lei 9.249/1995 não restringe o conceito de provisão às provisões para risco de perda patrimonial, que normalmente apresentam um maior grau de incerteza. Nesse passo, não se pode negar que uma obrigação tributária que está sendo discutida em juízo pela contribuinte, que está com a exigibilidade suspensa no contexto de um processo judicial, possui a característica essencial de uma provisão, que é, no caso, a incerteza quanto à sua própria existência. Fl. 570DF CARF MF Processo nº 16682.720987/201232 Acórdão n.º 9101002.897 CSRFT1 Fl. 10 9 É até contraditório que a contribuinte questione a existência da obrigação tributária, suspendendo inclusive a sua exigibilidade, e ao mesmo tempo defenda sua dedutibilidade como sendo uma obrigação certa. Não há dúvida de que o mesmo questionamento que resultou na suspensão da exigibilidade da obrigação tributária, poderá também resultar na sua própria extinção. Eis aí a incerteza em relação à existência da obrigação, que a contribuinte procura negar. Em reforço ao que está sendo dito, registro o conteúdo do voto que orientou o Acórdão nº 130100.794, de 17/01/2012, exarado pelo conselheiro Waldir Veiga Rocha, que também colaciona variada jurisprudência sobre o tema: O ponto central da discussão é a natureza das despesas com provisões para pagamento de tributos discutidos em juízo e cuja exigibilidade estava suspensa, se despesas efetivamente incorridas, como quer a interessada, ou se provisões, como entende o Fisco. Como corolário dessa questão, discutese também a dedutibilidade, ou não, de tais despesas (ou provisões) para fins de determinação da base de cálculo da CSLL. A matéria é bastante conhecida, e já foi objeto de apreciação por este colegiado, quando do julgamento dos processos nº 16327.000028/200517 e nº 16327.001299/200671, também sob minha relatoria, resultando, respectivamente, os acórdãos nº 130100.275, de 09/03/2010, e nº 1301 00.642, de 04/08/2011. Por bem refletir meu entendimento sobre o assunto, transcrevo, a seguir, excerto do voto proferido no primeiro processo e reproduzido no segundo, sendo em ambas as ocasiões acompanhado à unanimidade pela Turma. [...] Com efeito, as despesas com tributos, na situação em que estes estão submetidos ao crivo do Poder Judiciário e com exigibilidade suspensa, não se revestem da certeza e da liquidez indispensáveis a que sejam consideradas despesas incorridas a pagar. Em conseqüência, suas contrapartidas, registradas no passivo, se caracterizam como provisões para fazer face a evento futuro e incerto. Não se discute a correção do registro contábil, pertinente à luz dos princípios e convenções da contabilidade, especialmente aquele do conservadorismo. Também não se trata de glosa de despesas tidas por desnecessárias ou não usuais. O ponto central é que as despesas discutidas são incertas tanto para o contribuinte, que as considera indevidas e as discute judicialmente, quanto para o ente tributante, que se vê na dependência de manifestação do Poder Judiciário para que possa exigir o tributo. Isso ficou bem claro no voto condutor do acórdão recorrido, no trecho a seguir transcrito: 13 A obrigatoriedade de pagar os valores dependem de eventos futuros e incertos, ou seja, dependem de decisão judicial. Se for incerto, não pode ser classificado como contas a pagar, que por sua natureza, impõe liquidez e certeza. A provisão, por sua vez, não possui um dos Fl. 571DF CARF MF Processo nº 16682.720987/201232 Acórdão n.º 9101002.897 CSRFT1 Fl. 11 10 elementos, quais sejam liquidez e certeza, pois se assim fosse, um termo seria sinônimo do outro. 14 Ao interpor a ação judicial o interessado pretende ver dispensado do recolhimento do tributo. Para a administração tributária demonstra que, segundo seu entendimento, o valor não é devido, como também demonstra para seus sócios e terceiros que luta para não recolher o tributo. Em suma, tanto o interessado, quanto a administração tributária, não têm certeza sobre seus direitos. Ambos aguardam o pronunciamento do poder judiciário. Demonstrada a natureza de provisão dos valores ora discutidos, impõese sua adição para fins de apuração da base de cálculo da CSLL, ex vi do art. 13, inciso I, da Lei nº 9.249/1995. Tal foi exatamente o procedimento do Fisco, o qual reputo correto. [...] A jurisprudência administrativa é farta nessa linha, como se verifica das ementas a seguir transcritas, a título exemplificativo: CSLL — PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS — TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA — Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, por traduzirse em nítido caráter de provisão. (Ac. 10194.491, de 29/01/2004. Rec. 136.214. Rel. Cons. Valmir Sandri) (No mesmo sentido, Ac. 103 23.053, de 13/06/2007, Rec. 156.141. Rel. Cons. Leonardo de Andrade Couto) (No mesmo sentido, Ac. 10517.358, de 17/12/2008. Rec. 164.752. Rel. Cons. Marcos Rodrigues de Mello) CSLL — PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS — TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA — Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, por traduzirse em nítido caráter de provisão. JUROS DE MORA SOBRE TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA POR FORÇA DE MEDIDAS JUDICIAIS — Por constituírem acessório dos tributos sobre os quais incidem, os juros de mora sobre tributos cuja exigibilidade esteja suspensa por força de medidas judiciais seguem a norma de dedutibilidade do principal. Fl. 572DF CARF MF Processo nº 16682.720987/201232 Acórdão n.º 9101002.897 CSRFT1 Fl. 12 11 (Ac. 10195.727, de 20/09/2006. Rec. 135.395. Rel. Cons. Paulo Roberto Cortez) IRPJ — CSLL — PROVISÕES NÃO DEDUTIVEIS — TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA — Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, por traduzirse em nítido caráter de provisão. Assim, a dedutibilidade de tais rubricas somente ocorrerá por ocasião de decisão final da justiça, desfavorável à pessoa jurídica. JUROS DE MORA SOBRE TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA POR FORÇA DE MEDIDAS JUDICIAIS — Por constituírem acessório dos tributos sobre os quais incidem, os juros de mora sobre tributos cuja exigibilidade esteja suspensa por força de medidas judiciais a seguem a norma de dedutibilidade do principal. (Ac. 10196.008, de 01/03/2007. Rec. 151.401. Rel. Cons. Paulo Roberto Cortez) CSLL. DEDUTIBILIDADE DE TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. ANOCALENDÁRIO 1998. Os tributos e contribuições que estejam com exigibilidade suspensa, nos termos do art. 151, II a IV, do CTN, constituem provisões e não despesas incorridas, estando vedada sua dedução para apuração da base de cálculo da CSLL. (Ac. 10323.031, de 24/05/2007. Rec. 156.083. Rel. Cons. Aloysio José Percínio da Silva) PROVISÕES — provisões somente podem ser deduzidas das bases de cálculo da CSSL se assim a lei expressamente autorizar. Classificamse como tais, os elementos do passivo, cuja exigibilidade, montante ou data de liquidação, isolada ou conjuntamente, não são certos e determináveis no período de apuração. Assim, valores registrados como tributos, contribuições e demais acréscimos, não passíveis de serem exigidos por força de medida judicial, quadramse nesta classificação e devem ser adicionados à base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, se seu registro contábil reduziu o resultado do exercício. (Ac. 10323.037, de 24/05/2007. Rec. 156.322. Rel. Cons. Guilherme Adolfo dos Santos Mendes) CSLL — BASE DE CÁLCULO — DEDUTIBILIDADE DE TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA — Os tributos e contribuições que estejam com exigibilidade suspensa, nos termos do art. 151, inciso II do CTN, constituem provisões e não despesas incorridas, estando vedada sua dedução para apuração da base de cálculo da CSLL, conforme regra do art. 13, inciso Fl. 573DF CARF MF Processo nº 16682.720987/201232 Acórdão n.º 9101002.897 CSRFT1 Fl. 13 12 I, da Lei 9.249/95. (Ac. 10808.126, de 02/12/2004. Rec. 139.544. Rel. Cons. Luiz Alberto Cava Macieira) Esta 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais também já manifestou entendimento de que os tributos com exigibilidade suspensa têm caráter de provisão e, como tais, não são dedutíveis na apuração da CSLL, conforme os seguintes julgados: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. DEDUTIBILIDADE DE TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos discutidos judicialmente, cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutiveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido, por traduzir se em nítido caráter de provisão. O mesmo ocorre com a provisão para juros sobre contingências fiscais os quais, por constituírem acessório dos tributos sobre os quais incidem, devem seguir a norma de dedutibilidade do principal. (Acórdão 910101.214, de 18/10/2011). CSLL. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO. PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151, do Código Tributário Nacional CTN, são indedutíveis para efeito da determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, por traduzirse em nítido caráter de provisão. (Acórdão 9101 001.512, de 20/11/2012). Mesmo aderindo ao entendimento de que os tributos com exigibilidade suspensa têm caráter de provisão, o que já seria suficiente para o deslinde da controvérsia, há ainda outro aspecto a ser examinado. É que a questão sobre a dedutibilidade de tributos e contribuições com a exigibilidade suspensa, no que toca à base de cálculo da CSLL, também costuma ser abordada no contexto das regras previstas no art. 41, §1º c/c art. 57, ambos da Lei nº 8.981/1995: Art. 41. Os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação do lucro real, segundo o regime de competência. § 1º O disposto neste artigo não se aplica aos tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa, nos termos dos incisos II a IV do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, haja ou não depósito judicial. [...] Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei nº 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995) Fl. 574DF CARF MF Processo nº 16682.720987/201232 Acórdão n.º 9101002.897 CSRFT1 Fl. 14 13 Há uma linha de entendimento, adotada inclusive pelo voto do relator, que vê as referidas regras da Lei 9.249/1995 (art. 13, I) e da Lei 8.981/1995 (art. 41, §1º, e art. 57) como hipóteses excludentes e antagônicas. Ou seja, o tributo com exigibilidade suspensa configuraria efetiva obrigação tributária, e não mera provisão. E nesse passo, como obrigação tributária, a regra que poderia incidir seria aquela prevista na Lei 8.981/1995, e não a da Lei 9.249/1995. O problema, conforme apontado no voto do relator, é que o art. 41, §1º, da Lei 8.981/1995 só é aplicável ao IRPJ, de modo que nenhuma restrição legal haveria para que os tributos com exigibilidade suspensa fossem deduzidos da base de cálculo da CSLL pelo regime de competência. Entretanto, também divirjo do relator quanto a esse tipo de entendimento. Não estamos aqui diante de uma situação em que se pretende estender para a CSLL alguma regra que trata de item específico da base de cálculo do IRPJ. Não é esse o caso. Sabese muito bem que as obrigações tributárias configuram despesa dedutível tanto para o IRPJ, quanto para a CSLL, e que essa possibilidade de dedução é prevista individualmente, tanto nas regras que tratam da base de cálculo do IRPJ, quanto nas regras que tratam da base de cálculo da CSLL. O §1º do art. 41 da Lei 8.981/1995 não criou nenhuma dedução específica para o IRPJ. Esse dispositivo simplesmente definiu um regime (regime de competência ou regime de caixa) para o tipo de despesa que está sendo aqui tratado (despesa com tributos), levando em conta que essa despesa pode estar relacionada a uma obrigação tributária com exigibilidade suspensa. A questão da definição de regime para o reconhecimento de receitas e despesas é tipicamente uma "norma de apuração", e se encaixa exatamente no escopo do art. 57 da Lei 8.981/1995. Basta ver que quando é adotado o regime de caixa para o IRPJ (na apuração do lucro presumido, p/ ex.) este mesmo regime é adotado para a CSLL, também por força do art. 57 da Lei 8.981/1995, e ninguém pensa em alegar que esse dispositivo estaria sendo utilizado para desvirtuar a base de cálculo da CSLL, para acrescentar elementos na base de cálculo da CSLL que não estavam previstos nas suas próprias normas, etc. Assim, a regra do art. 41, §1º, da Lei 8.981/1995 é perfeitamente aplicável à CSLL. Não há nenhum antagonismo entre as referidas regras da Lei 9.249/1995 (art. 13, I) e da Lei 8.981/1995 (art. 41, §1º, e art. 57). É preciso ter em mente que a palavra do legislador muitas vezes não esgota as possibilidades de sentido que pode ser a ela atribuído. É sempre a interpretação das normas que dá o seu conteúdo ao longo do tempo, compondo as aparentes contradições e os excessos normativos. Fl. 575DF CARF MF Processo nº 16682.720987/201232 Acórdão n.º 9101002.897 CSRFT1 Fl. 15 14 E quanto à matéria em questão, o sentido das regras contidas na Lei 8.981/1995 (art. 41, §1º) e na Lei 9.249/1995 (art. 13, I) é exatamente o mesmo, ou seja, vedar a dedução antecipada de tributo com exigibilidade suspensa, dada a sua condição de incerteza. Nesse contexto, seja como provisão, seja como uma despesa que só pode ser deduzida pelo regime de caixa, os tributos com exigibilidade suspensa não podiam ter sido deduzidos da base de cálculo da CSLL. Desse modo, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da contribuinte. (assinatura digital) Rafael Vidal de Araujo Fl. 576DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.924260/2009-86
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/2001 a 28/02/2001
BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE DO ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. TRIBUTAÇÃO DA RECEITA FINANCEIRA. IMPOSSIBILIDADE.
Uma vez declarado inconstitucional o alargamento da base de cálculo da Cofins, por decisão definitiva do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em regime de repercussão geral, o valor da receita financeira não integra a base de cálculo da Cofins, por não integrar o faturamento da pessoa jurídica não financeira.
PAGAMENTO INDEVIDO. NÃO COMPROVADO O RECEBIMENTO DE RECEITA FINANCEIRA. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de reconhecimento o direito creditório se não provado, com documento hábil e idôneo, o recebimento da receita financeira sobre a qual foi apurada a parcela da Cofins alegada como indevida.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DO PROCEDIMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
Se não comprovadas a certeza e liquidez do crédito utilizado no procedimento compensatório mantém-se a não homologação da compensação declarada por ausência de crédito.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.481
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/02/2001 a 28/02/2001 BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE DO ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. TRIBUTAÇÃO DA RECEITA FINANCEIRA. IMPOSSIBILIDADE. Uma vez declarado inconstitucional o alargamento da base de cálculo da Cofins, por decisão definitiva do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em regime de repercussão geral, o valor da receita financeira não integra a base de cálculo da Cofins, por não integrar o faturamento da pessoa jurídica não financeira. PAGAMENTO INDEVIDO. NÃO COMPROVADO O RECEBIMENTO DE RECEITA FINANCEIRA. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de reconhecimento o direito creditório se não provado, com documento hábil e idôneo, o recebimento da receita financeira sobre a qual foi apurada a parcela da Cofins alegada como indevida. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DO PROCEDIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Se não comprovadas a certeza e liquidez do crédito utilizado no procedimento compensatório mantém-se a não homologação da compensação declarada por ausência de crédito. Recurso Voluntário Negado.
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G. SCHMIDT & CIA. LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/2001 a 28/02/2001 BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE DO ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. TRIBUTAÇÃO DA RECEITA FINANCEIRA. IMPOSSIBILIDADE. Uma vez declarado inconstitucional o alargamento da base de cálculo da Cofins, por decisão definitiva do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em regime de repercussão geral, o valor da receita financeira não integra a base de cálculo da Cofins, por não integrar o faturamento da pessoa jurídica não financeira. PAGAMENTO INDEVIDO. NÃO COMPROVADO O RECEBIMENTO DE RECEITA FINANCEIRA. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de reconhecimento o direito creditório se não provado, com documento hábil e idôneo, o recebimento da receita financeira sobre a qual foi apurada a parcela da Cofins alegada como indevida. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DO PROCEDIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Se não comprovadas a certeza e liquidez do crédito utilizado no procedimento compensatório mantémse a não homologação da compensação declarada por ausência de crédito. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 92 42 60 /2 00 9- 86 Fl. 49DF CARF MF 2 ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Tratase de compensação, formalizada por meio da Declaração de Compensação (DComp) nº 20416.38728.310706.1.3.041757, em que a contribuinte informou a utilização de indébito da Cofins cumulativa (código 2172), no valor de R$ 1.549,69, para adimplir débitos de Contribuição para PIS/Pasep não cumulativa (código 6912), IRPJ (código 5993) e CSLL (código 2484), todos do período de apuração de junho de 2006, nos valores de R$ 888,49, R$ 1.823,36 e R$ 228,71, respectivamente. Em 22/06/2009, foi emitido o despacho decisório (rastreamento nº 842578485) de não homologação da compensação, em razão de o Darf discriminado na DComp encontrarse totalmente utilizado para quitação do débito de Cofins do período de apuração de fevereiro de 2001, não restando saldo de crédito disponível para a compensação dos débitos informados na citada DComp. Em sede de manifestação de inconformidade, a recorrente alegou que o crédito utilizado era decorrente da ampliação da base cálculo, determinada pelo § 1º do art. 3º da Lei 9.718/1998, que fora declarada inconstitucional pelo STF no julgamento do RE 357.950; que aproveitou o referido crédito nos termos do art. 74 da Lei 9.430/1996; que apresentou demonstrativo da origem do crédito e afirmou que estava amparada pelo art. 170 do CTN; citou e transcreveu jurisprudência administrativa e judicial; ressaltou o contido no art. 165 do CTN; insistiu no direito à restituição; e, ao final, pediu a homologação da compensação. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 25/28), em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente e mantida a não homologação da compensação declarada, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas, que seguem transcritos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/02/2001 a 28/02/2001 ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10980.924260/200986 Acórdão n.º 3302004.481 S3C3T2 Fl. 50 3 O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO NO PER/DCOMP. Inexistindo comprovação do direito creditório informado no PER/DCOMP, é de se considerar não homologada a compensação declarada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em 14/8/2014, a contribuinte foi cientificada da referida decisão e apresentou o recurso voluntário de fls. 35/40, em 12/9/2014, em que reafirmou as razões de defesa aduzidas na manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A controvérsia gira em torno da não homologação da compensação declarada, por inexistência do direito creditório informado. De fato, noticia o Despacho Decisório de fls. 2/4, que, embora localizado nos sistema da RFB, o Darf informado pela recorrente na Declaração de Compensação (DComp) de fls. 5/8, o pagamento nele discriminado fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação em apreço. Por meio da manifestação de inconformidade de fls. 9/14, a recorrente alegou que a parcela do pagamento utilizado na compensação correspondia a parcela do pagamento da Cofins do mês de fevereiro de 2001, calculada sobre o valor das receitas financeiras recebidas no mês, incluído indevidamente na base de cálculo da contribuição, em razão da decisão do STF que declarara inconstitucional o art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/1998. A questão jurídica, atinente ao ilegal alargamento da base de cálculo, já se encontra superada no âmbito deste Conselho desde o trânsito em julgado da decisão plenária do STF, proferida no âmbito do julgamento da questão de ordem suscitada no RE nº 585.235/RG, realizado sob o regime de repercussão geral, estabelecido no art. 543B do CPC, cujo enunciado da ementa restou a assim redigido, in verbis: Fl. 51DF CARF MF 4 EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (RE 585235, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, DJe227 28/11/2008) – Grifos não originais. Com o trânsito de julgado da referida decisão, em cumprimento ao disposto no art. 62, § 2º, da Portaria MF 343/2015, que aprovou Regimento Interno deste Conselho (RICARF/2015), os fundamentos do referido julgado são de adoção obrigatória por todos membros deste Conselho, logo, aqui adotase o teor da respectiva decisão, para afastar o alargamento da base de cálculo das referidas contribuições, previsto no art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/1998. Entretanto, embora reconhecido como indevido o alargamento da base de cálculo das referidas contribuições, o que, induvidosamente, inclui as receitas financeiras auferidas no período de apuração em referência, a recorrente não dignou trazer aos autos prova de que de que auferira o valor da receita financeira alegado. De fato, na fase de manifestação de inconformidade, a recorrente não apresentou nenhum elemento probatório que confirmasse o recebimento das referidas receitas financeiras e tampouco que tenha incluído o correspondente valor na base de cálculo da contribuição recolhida no mês. Somente com a apresentação da peça recursal em apreço, a recorrente trouxe à colação dos autos o demonstrativo de fls. 44/45, em que discriminado os valores das receitas financeiras, auferidas nos meses de fevereiro de 2001 a dezembro de 2003, bem como os supostos valores originais e atualizados da Cofins indevida, apurados nos citados meses. E com vista à comprovação do valor da receita financeira auferida no mencionado mês, em vez de apresentar cópia das folhas do livro contábil obrigatório (o livro diário), devidamente autenticado no Registro Público de Empresas Mercantis, acompanhado das cópias dos extratos bancários das correspondentes operações financeiras, conforme exige os arts. 1.179 a 1811 da Lei 10.406/2002 (Código Civil de 2002), a recorrente limitouse a apresentar uma folha com os valores de suposta Demonstração de Resultado do mês de fevereiro. 1 "Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. § 1º Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. § 2º É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios." Fl. 52DF CARF MF Processo nº 10980.924260/200986 Acórdão n.º 3302004.481 S3C3T2 Fl. 51 5 A copia do suposto documento não foi extraída do livro Diário e tampouco assinado por profissional da área conbábil legalmente habilitado e pelo representante da recorrente, conforme exige o art. 1.184 do Código Civil de 2002, a seguir transcrito: Art. 1.184. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. § 1º Admitese a escrituração resumida do Diário, com totais que não excedam o período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para registro individualizado, e conservados os documentos que permitam a sua perfeita verificação. § 2º Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico em Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária. (grifos não originais) Assim, como se trata de documento sem autenticidade, sequer assinado por representante legal da recorrente e profissional habilitado, induvidosamente, ele não serve como meio de prova do recebimento dos valores das referidas receitas financeiras discriminados pela recorrente no citado demonstrativo. Além disso, o citado documento não foi apresentado com a manifestação de inconformidade, conforme exige o art. 15 do Decreto 70.235/1972. Assim, ainda que revestisse de meio de prova adequada, o que se admite apenas para argumentar, por força da preclusão determinada no art. 16, § 4º, do citado Decreto, o referido documento não poderia ser admitido como elemento de prova na atual fase processual. Enfim, cabe ainda consignar que, no processo de compensação, a parte autora é o contribuinte que realizou o procedimento compensatório, portanto, nos termos do art. 373, I, da Lei 13.105/2015 (Código Processo Civil), que, na ausência de norma específica, aplicase subsidiariamente ao processo administrativo fiscal (art. 152 do CPC), o ônus de provar a certeza e liquidez do crédito utilizado na compensação em apreço era da incumbência da recorrente. No entanto, nas duas oportunidades em que compareceu aos autos, ela omitiuse de apresentar prova adequada que demonstrasse a existência do direito creditório informado. No mesmo sentido, o art. 36 da Lei 9.784/1999, que dispõe sobre o processo administrativo federal, atribui ao autor do feito ou do pedido o ônus da prova constitutiva do seu direito. Logo, uma vez demonstrado que o ônus da prova da existência do crédito compensado era da recorrente, porém, como ela não se incumbiu dessa função deve arcar com as consequências decorrentes da sua omissão. 2 "Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente." Fl. 53DF CARF MF 6 Por todo o exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra a decisão recorrida. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 54DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10630.721012/2009-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005
Ementa:
NULIDADE DO LANÇAMENTO. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. FISCALIZAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA.
O procedimento de fiscalização é eminentemente inquisitorial, de sorte que não é obrigatório - salvo nos casos específicos reservados em Lei - reservar ao fiscalizado a oportunidade do contraditório e da ampla defesa. O direito de defesa se inaugura, propriamente dito, quando do início do processo administrativo, i.e., com a intimação do lançamento e a abertura do prazo para a Impugnação.
IMPOSTO SOBRE A RENDA. PESSOA FÍSICA. EQUIPARAÇÃO A PESSOA JURÍDICA. REQUISITOS E VEDAÇÕES LEGAIS.
Para fins tributários, independente de registro ou não, é possível equiparar a empresas individuais as pessoas físicas que, em nome individual, explorem qualquer atividade econômica de natureza civil ou comercial, com o fim especulativo de lucro, mediante venda a terceiros de bens ou serviços. Necessário, para tanto, a demonstração da atuação habitual e profissional, além de inexistência de vedação à atividade.
DEPÓSITO BANCÁRIO. PRESUNÇÃO RELATIVA ESTABELECIDA POR LEI.
A Lei nº 9.430/1996 estabelece, em seu art. 42, uma presunção relativa de omissão de rendimentos quando, identificados depósitos bancários em favor do sujeito passivo, e previamente intimado, este não é capaz de apresentar provas da origem dos mesmos. Inaplicável, nesses casos, o art. 6º da Lei nº 8.021/1990.
Numero da decisão: 2202-003.828
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo os valores de R$ 101.628,99 do ano-calendário 2004 e R$ 95.918,59 do ano-calendário 2005.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa
(assinado digitalmente)
Dilson Jatahy Fonseca Neto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004, 2005 Ementa: NULIDADE DO LANÇAMENTO. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. FISCALIZAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. O procedimento de fiscalização é eminentemente inquisitorial, de sorte que não é obrigatório - salvo nos casos específicos reservados em Lei - reservar ao fiscalizado a oportunidade do contraditório e da ampla defesa. O direito de defesa se inaugura, propriamente dito, quando do início do processo administrativo, i.e., com a intimação do lançamento e a abertura do prazo para a Impugnação. IMPOSTO SOBRE A RENDA. PESSOA FÍSICA. EQUIPARAÇÃO A PESSOA JURÍDICA. REQUISITOS E VEDAÇÕES LEGAIS. Para fins tributários, independente de registro ou não, é possível equiparar a empresas individuais as pessoas físicas que, em nome individual, explorem qualquer atividade econômica de natureza civil ou comercial, com o fim especulativo de lucro, mediante venda a terceiros de bens ou serviços. Necessário, para tanto, a demonstração da atuação habitual e profissional, além de inexistência de vedação à atividade. DEPÓSITO BANCÁRIO. PRESUNÇÃO RELATIVA ESTABELECIDA POR LEI. A Lei nº 9.430/1996 estabelece, em seu art. 42, uma presunção relativa de omissão de rendimentos quando, identificados depósitos bancários em favor do sujeito passivo, e previamente intimado, este não é capaz de apresentar provas da origem dos mesmos. Inaplicável, nesses casos, o art. 6º da Lei nº 8.021/1990.
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PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. FISCALIZAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. O procedimento de fiscalização é eminentemente inquisitorial, de sorte que não é obrigatório salvo nos casos específicos reservados em Lei reservar ao fiscalizado a oportunidade do contraditório e da ampla defesa. O direito de defesa se inaugura, propriamente dito, quando do início do processo administrativo, i.e., com a intimação do lançamento e a abertura do prazo para a Impugnação. IMPOSTO SOBRE A RENDA. PESSOA FÍSICA. EQUIPARAÇÃO A PESSOA JURÍDICA. REQUISITOS E VEDAÇÕES LEGAIS. Para fins tributários, independente de registro ou não, é possível equiparar a empresas individuais as pessoas físicas que, em nome individual, explorem qualquer atividade econômica de natureza civil ou comercial, com o fim especulativo de lucro, mediante venda a terceiros de bens ou serviços. Necessário, para tanto, a demonstração da atuação habitual e profissional, além de inexistência de vedação à atividade. DEPÓSITO BANCÁRIO. PRESUNÇÃO RELATIVA ESTABELECIDA POR LEI. A Lei nº 9.430/1996 estabelece, em seu art. 42, uma presunção relativa de omissão de rendimentos quando, identificados depósitos bancários em favor do sujeito passivo, e previamente intimado, este não é capaz de apresentar provas da origem dos mesmos. Inaplicável, nesses casos, o art. 6º da Lei nº 8.021/1990. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 63 0. 72 10 12 /2 00 9- 55 Fl. 2296DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo os valores de R$ 101.628,99 do anocalendário 2004 e R$ 95.918,59 do anocalendário 2005. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor do recorrente para constituir IRPF, identificando como infração a omissão de rendimentos. Tendo o Contribuinte impugnado, a DRJ manteve parcialmente o crédito constituído. Insatisfeito, o Contribuinte interpôs Recurso Voluntário que levou o CARF a converter o julgamento em diligência. Realizada esta, retornam os autos para continuidade do julgamento. Feito o resumo da lide, passamos ao relatório pormenorizado dos autos. Tendo em vista que o processo retorna de diligência, aproveito o relatório da Resolução CARF nº 2202000.705, de 13/07/2016, no que couber. "Em 20/11/2009 foi lavrado auto de infração (fls. 4/14 e docs. fls. 15/32) em desfavor do Contribuinte, ora recorrente, para constituir IRPF no valor de R$ 1.513.814,06, além de juros e multa de 150%. Foi identificada como infração "OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA". Conforme o Relatório de Autoria Fiscal (fls. 33/39): · A fiscalização tributária decorreu de ordem judicial proferida em investigação criminal instaurada pelo Ministério Público, na qual ocorreu a quebra do sigilo bancário e fiscal do Contribuinte; · Que, intimado pela DRF, o próprio Contribuinte apresentou alguns extratos bancários; Fl. 2297DF CARF MF Processo nº 10630.721012/200955 Acórdão n.º 2202003.828 S2C2T2 Fl. 2.297 3 · Que, tendo intimado o Contribuinte a apresentar os documentos comprobatórios dos créditos e débitos, e uma vez que este reiteradamente pedisse dilação do prazo alegando burocracia dos bancos, foram emitidas RMFs diretamente às instituições financeiras. Estas apresentaram então parte dos documentos solicitados; · De posse das informações supra, a autoridade fazendária circularizou a fiscalização, intimando as pessoas (físicas e jurídicas) que fizeram depósitos nas contas do recorrente para comprovar a origem de tais transações; · Conforme a DRF: (i) mais de 30% das intimações postais com AR foram devolvidas, informando que os destinatários não foram encontrados nos endereços cadastrais da RFB; (ii) das pessoas que foram encontradas, apenas uma parte respondeu; (iii) das pessoas que responderam, muitos apresentaram informações inconclusivas, alegando não conhecer o recorrente, que não tinha feito negócios com ele ou que não se recordava a causa do depósito; enfim, (iv) dos demais, nenhuma documentação comprobatória foi apresentada; · Que, diante da falta de documentação por parte do sujeito passivo e dos depositantes circularizados, foi necessário lançar os recursos como rendimentos omitidos; e · Que a multa foi qualificada nos termos do art. 44, §1º, da Lei nº 9.430/1996 c/c arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964. Intimado do lançamento em 24/11/2009 (926), o Contribuinte impugnou o lançamento em 23/12/2009 (fls. 931/955 e docs. anexos fls. 1.021/2.2341). A DRJ, por sua vez, analisando a lide, proferiu o acórdão nº 0928.702, de 19/03/2010 (fls. 960/987), que restou assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2005, 2006 PRELIMINAR. MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. REQUISIÇÃO ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. As informações referentes à movimentação bancária do contribuinte podem ser obtidas pelo Fisco junto às instituições financeiras, no âmbito de procedimento de fiscalização em curso, não se constituindo em quebra de 1 Anotase que, a despeito da aparente desordem dos autos, às fls. 1.022 consta "Termo de abertura de anexo" e à fl. 2.235 consta "Termo de encerramento de anexo", ambos datados de 28/12/2009. Considerando que a Impugnação foi protocolada em 23/12/2009, mas o Recurso Voluntário foi juntado apenas em 17/05/2010, é necessário concluir que a documentação juntada aos autos nos anexos foi apresentada com a Impugnação e não com o Recurso Voluntário. Fl. 2298DF CARF MF 4 sigilo bancário a identificação dos depositantes dos recursos nas contas do autuado. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Pelos elementos constantes dos autos, fica sem fundamento a alegação de cerceamento do direito de defesa, na medida em que o interessado, tanto na fase de autuação, quanto na fase impugnatória, teve oportunidade de carrear aos autos documentos, informações, esclarecimentos, no sentido de elidir a tributação contestada. FIRMA INDIVIDUAL. CORRETOR. As pessoas físicas que individualmente explorem a atividade de corretor ou a prestação de serviços não comerciais não estão, nos termos da legislação do imposto de renda, equiparadas às pessoas jurídicas. Em função disso, ainda que tivesse o contribuinte inscrito no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CNPJ, estaria sujeito ao regime de tributação próprio das pessoas físicas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizam omissão de rendiemntos, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física, regularmente intimado, não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS. DATAS E VALORES. ANÁLISE INDIVIDUALIZADA. Para efeito de determinação da receita omitida, os depósitos serão analisados individualmente, na forma do artigo 42, §³º, da Lei nº 9.430/1996. Logo, na hipótese de contribuinte atuando como corretor de imóveis, para ele seja tributado somente em relação à comissão percebida por tais operações, deve apresentar não só documentação comprobatória desses negócios jurídicos, mas correlacioná las com os depósitos efetuados, de modo que possa ser tributado apenas na quantia relativa à comissão do intermediário corretor de imóveis. RENDIMENTOS DA ATIVIDADE RURAL. RENDIMENTOS PRÓLABORE. Comprovado que os rendimentos da atividade rural, bem como as retiradas prólabore foram devidamente consideradas pela autoridade fiscal como origem de recursos, nenhum repare cabe ao feitio. MULTA QUALIFICADA. Se as provas carreadas aos autos pelo fisco evidenciam a intenção dolosa de evitar a ocorrência do fato gerador, por dois anos consecutivos de forma reiterada, cabe a aplicação Fl. 2299DF CARF MF Processo nº 10630.721012/200955 Acórdão n.º 2202003.828 S2C2T2 Fl. 2.298 5 da multa qualificada, ainda que o dispositivo legal utilizado para fundamentar o lançamento seja uma presunção legal. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte. Intimado dessa decisão em 19/04/2010 (fl. 990), ainda insatisfeito, o Contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 992/1.015 e doc. fls. 1.016/1.018) em 17/05/2010 (fls. 1.020). As suas razões de pedir podem ser assim resumidas: Preliminares: · Que a autoridade fiscalizadora extrapolou sua competência ao emitir RMF requisitando a identificação dos depositantes, e não apenas os extratos bancários; · Que a fiscalização foi feita de forma parcial, deixando de ser juntado aos autos diversos documentos importantes, tais como os ARs negativos, e que não foi garantido ao Contribuinte o efetivo direito de defesa; Mérito: · Que a tributação deveria ter sido realizada como pessoa jurídica, uma vez que o recorrente está cadastrado como microempresa, no CNPJ nº 71.349.013/000119; que mantém empregados registrados; que recolhe tributos municipais e estaduais; que exerce atividade de corretor de imóveis, administrador de imóveis e de compra e venda de gado, e ainda agenciava viagens de turismo; · Que, devendo ser equiparado a pessoa jurídica, e à falta de escrituração contábil, deve ser arbitrado o seu lucro para fins de IRPJ, não sendo possível tributar todos os valores depositados como rendimentos da pessoa física; · Ainda que não seja equiparado à pessoa jurídica, que não pode ser feito o lançamento sobre a integralidade dos recursos depositados, sendo necessário identificar o montante do numerário que se converteu em patrimônio ou que tenha sido consumido, nos termos do art. 6º da Lei nº 8.021/1990; · Que o Contribuinte juntou à impugnação documentos comprobatórios de diversos depósitos, mas que foram considerados insuficientes pela DRJ. Insiste, entretanto, na idoneidade deles para comprovar a origem dos recursos, reclamando que seja efetivamente analisada a documentação acostada aos autos; · Que, subsidiariamente, deve ser reduzida a multa qualificada, uma vez que o Contribuinte não agiu com dolo; no máximo, que agiu desorganizadamente em sua atividade comercial." fls. 2.237/2.240 Fl. 2300DF CARF MF 6 Chegando ao CARF, foi proferida a citada Resolução nº 2202000.705, de 13/07/2016, que determinou a conversão do julgamento em diligência para: "(...) que a autoridade fiscalizadora de origem, compulsando as provas juntadas pelo contribuinte em sede de impugnação, elabore tabela informando: · O valor dos alugueis, conforme os contratos juntados aos autos; · O valor das comissões, conforme informações disponíveis nos contratos ou nas tabelas apresentadas também pelo Contribuinte; · O valor comprovadamente transferido para os locadores; · O valor comprovadamente gasto pelo Contribuinte na administração dos imóveis (pela apresentação de notas fiscais e recibos de pagamento de contas de água, luz, de reforma, de obras e etc.);" fls. 2.250/2.251. A autoridade lançadora elaborou então as tabelas de fls. 2.253/2.265, compilando as informações constantes nos autos. Intimado em 20/12/2016 (fls. 2.271/2.272), o Contribuinte apresentou "Manifestação sobre os Resultados da Diligência Fiscal" (fls. 2.274/2.289), resumidamente insistindo nos termos do Recurso Voluntário e ressaltando que: · Que exercia atividade de intermediação em inúmeras espécies de comércio, especificamente agência de viagem, gado, veículos e café, recebendo o valor integral da mercadoria vendida e repassando aos verdadeiros vendedores o preço, "descontando sua mais valia, e declarandoa da DIRPF"; · Que a atividade era exercida no interior e, portanto, tipicamente informal; · Que a diligência não analisou os documentos referentes às outras atividades empresariais do recorrente, implicando na manutenção na base de cálculo de valores pertencentes a terceiros; · Que restou comprovada a atividade de corretagem, devendo ser tributado tão somente o valor das comissões; · Que restou comprovada a atividade compra e venda de gado, devendo tal atividade ser tributada por equiparação a pessoa jurídica e por arbitramento; É o relatório. Voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Fl. 2301DF CARF MF Processo nº 10630.721012/200955 Acórdão n.º 2202003.828 S2C2T2 Fl. 2.299 7 O recurso voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Registrase que no voto apresentado na Resolução CARF nº 2202000.705, este Relator antecipou parte do seu entendimento, especificamente em relação às preliminares e ao arbitramento do rendimento. A realização da diligência não trouxe aos autos qualquer fato que levasse à alteração do seu posicionamento, portanto repetemse os mesmos fundamentos e conclusões expostos anteriormente. O mesmo pode ser dito em reação à equiparação a pessoa jurídica, no qual apenas complementamos mais análise probatória para chegar ao mesmo resultado. Preliminares: Das RMFs: Argumenta o Contribuinte que a autoridade fiscalizadora extrapolou sua competência ao emitir RMFs para que as instituições financeiras identificassem quem eram os depositantes dos valores creditados em sua conta, porquanto não teriam sido atendidos os requisitos dos incisos VII a XII do art. 3º, dado Decreto nº 3.724/2001. Conclui, portanto, que deve ser anulado o auto de infração ou, ao menos, que sejam retirados dos autos todos os documentos provenientes dessas RMFs. O Decreto nº 70.235/1972, que regula o processo administrativo fiscal em nível federal, discorre sobre as nulidades em seu art. 59: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...) A verdade é que, no caso concreto o fato alegado pelo Contribuinte ainda que tenha razão não incorre em nenhuma das duas hipóteses elencadas: não foi lavrado por pessoa incompetente e não houve preterição do direito de defesa. Em verdade, as informações adquiridas por meio dessas RMFs não tiveram qualquer relevância para a constituição do IRPF, uma vez que os extratos bancários que deram fundamento à composição da base de cálculo foram apresentados pelo próprio Contribuinte. Portanto, não há como se reconhecer a nulidade do auto de infração. O Contribuinte apresenta pedido subsidiário, qual seja, que todos esses documentos decorrentes das RMFs sejam excluídos dos autos. Tal pedido poderia ser atendido, nos termos do art. 60 do Decreto nº 70.235/1972, se se restasse comprovado o vício do ato e prejuízo para o sujeito passivo: Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Fl. 2302DF CARF MF 8 Acontece que, in casu, não se observa qualquer prejuízo para o contribuinte, porquanto os dados obtidos como consequência das RMFs não seriam para embasar o lançamento. O TVF sequer utilizou tais documentos ou informações para embasar a qualificação da multa. Enfim, uma vez que não resultaram em prejuízo para o sujeito passivo, ainda que estejam eivados de vícios, irregularidades ou incorreções, não há porque excluir os documentos dos autos. Da parcialidade da fiscalização: Ainda em sede preliminar, o recorrente afirma que a autuação é nula porquanto não teriam sido observados os princípios da moralidade, da legalidade, e do devido processo legal no decorrer da fiscalização. Explica que a circularização da fiscalização foi indevida; que a autoridade fiscalizadora, apesar de ter realizado tal procedimento, não juntou boa parte da documentação gerada (tal como ARs negativos, documentos apresentados pelos terceiros intimados etc.); e que foram incluídos documentos suspeitos (declarações de terceiros, porém impressas em papel timbrado). Conforme já foi anotado acima, só é possível falar em nulidade do lançamento quando não forem atendidos os requisitos básicos do art. 10, do Decreto nº 70.235/1972, ou quando incorrer em uma das hipóteses do art. 59 do mesmo diploma. Ainda, quando a Lei exigir algum procedimento específico, como o faz o art. 42 da Lei nº 9.430/1996. In casu, os fatos alegados pelo contribuinte não vão de encontro a qualquer comando legal: a autoridade fiscalizadora tem o poder de circularizar a fiscalização, quando for necessário para a investigação dos fatos tributários; também, somente se exige a juntada aos autos dos elementos que entender necessários para lastrear o lançamento. Considerando que o tributo foi constituído exclusivamente com base nos extratos bancários fornecidos pelo próprio Contribuinte, a circularização e os documentos dali resultantes efetivamente são dispensáveis para o deslinde do julgamento. De qualquer forma, esse e.CARF já tem jurisprudência consolidada no sentido de que a fiscalização é processo inquisitivo. Entre outros: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FASE PREPARATÓRIA DO LANÇAMENTO. NATUREZA INQUISITIVA. CONTRADITÓRIO INEXISTENTE.O procedimento administrativo do lançamento é inaugurado por uma fase preliminar, oficiosa, de natureza eminentemente inquisitiva, na qual a autoridade fiscal promove a coleta de dados e informações, examina documentos, procede à auditagem de registros contábeis e fiscais e verifica a ocorrência ou não de fato gerador de obrigação tributária aplicandolhe a legislação tributária.Dada à sua natureza inquisitorial, tal fase de investigação não se submete ao crivo do contraditório nem da ampla defesa, direito reservados ao sujeito passivo somente após a ciência do lançamento, com o oferecimento de impugnação, quando então se instaura a fase contenciosa do procedimento fiscal. (acórdão CARF nº 2401004.165, de 18/02/2016) Fl. 2303DF CARF MF Processo nº 10630.721012/200955 Acórdão n.º 2202003.828 S2C2T2 Fl. 2.300 9 NULIDADE DO LANÇAMENTO. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA NO CURSO DA FISCALIZAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA.O procedimento de fiscalização é inquisitorial, vale dizer, transcorre sem que a autoridade fiscal esteja, em consequência do desenho do processo administrativo fiscal regido pelo Decreto nº 70.235/1972, sob qualquer constrição que a obrigue a reservar ao fiscalizado a oportunidade do contraditório e da ampla defesa. Os pedidos de esclarecimento mediante termo, no curso do procedimento de fiscalização, não decorrem da observância de um dever correspectivo a um direito individual de acesso aos fatos apurados pelo Fisco e de se manifestar sobre eles; decorrem, sim, da necessidade de reunir evidências que possibilitem aferir a legalidade dos atos praticados pelo fiscalizado ou terceiros. (acórdão CARF nº 1301002.018, de 04/05/2016) A característica inquisitorial do lançamento também é reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se observa pela ementa abaixo transcrita: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ARBITRAMENTO. AFERIÇÃO INDIRETA. IRREGULARIDADE NA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. REVISÃO. MATÉRIA FÁTICOPROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7∕STJ. 1. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou, com base na prova dos autos, que "o procedimento administrativo tributário, antes da consumação do lançamento fiscal, é eminentemente inquisitório, já que o contribuinte deve apenas suportar os poderes de investigação do fisco e colaborar com a prestação de informações e documentos, justamente para que a verdade material seja alcançada. Após a notificação do contribuinte acerca do lançamento, abrese a possibilidade de contraditório e de ampla defesa, o que de fato foi oportunizado à empresa embargante. Conquanto esse momento seja próprio para que o contribuinte apresente as provas e os documentos hábeis a refutar os vícios e as falhas na contabilidade que ensejaram o arbitramento, a empresa, na via administrativa, não cumpriu com o seu ônus a contento. Tentou suprir a falha na via judicial, juntando a este processo balancetes mensais e GRPS, contudo, não é possível, pelo simples exame desses elementos de prova, constatar que a desconsideração da contabilidade da empresa resulta da simples escrituração errônea de alguns fatos contábeis" (fl. 627, eSTJ). 2. A revisão desse entendimento implica reexame de fatos e provas, obstado pelo teor da Súmula 7∕STJ. 3. Agravo Regimental não provido. (AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.445.477 – S, Relator: Ministro Herman Benjamin, DJ 24/06/2014) Fl. 2304DF CARF MF 10 Enfim, não é possível dar provimento ao pleito do Contribuinte, porquanto a atuação da autoridade fiscalizadora não extrapolou nem deixou de atender a quaisquer comandos legais. Mérito: Da equiparação à pessoa jurídica: O Contribuinte, ora recorrente, alega que exercia atividade comercial com fim lucrativo nos anoscalendário de 2004 e 2005. Inclusive, anota que possui registro perante a Receita Federal do Brasil como pessoa jurídica individual, na condição de microempresa, com o CNPJ nº 71.349.013/000119, esclarecendo que juntou inúmeras provas disso à sua impugnação. Enfim, afirma também que já havia prestado tal informação à autoridade fiscalizadora. Efetivamente, já em 17/04/2009 (fl. 43), quando o Contribuinte apresentou resposta ao Termo de Início de Fiscalização, identificouse como "produtor rural, corretor de imóveis e comerciante". Apresentou ainda Declaração de Produtor Rural (fls. 47/48), com notas fiscais de compra e venda de café e de gado (fls. 52/62 e 65/73), registros de veículos em seu nome (fls. 82/87), registros de compras e vendas de diversos imóveis em seu nome (fls. 88/108). A autoridade fiscalizadora, apesar de registrar no TVF que o Contribuinte alegou atuar como corretor, administrador de imóveis e na compra e venda de gado, não mencionou, em nenhum momento, a possibilidade de tributar os rendimentos como decorrentes da atividade rural ou por equiparação à pessoa jurídica. Em sede de impugnação, o Contribuinte juntou mais de mil laudas de documentação (fls. 1.021/2.234), dentre as quais se inclui: · Requerimento de Empresário, atuante no ramo de comércio varejista, protocolado em 04/01/2005 perante a Junta Comercial do Estado de Minas Gerais, identificando o Contribuinte como empresário desde 1993 com o CNPJ nº 71.349.013/000119 (fl. 1.024); · Declarações de Firma Individual, atuante no ramo de comércio varejista, protocoladas em 1997, 1994 e 1993 perante a Junta Comercial do Estado de Minas Gerais, identificando o Contribuinte como empresário desde 1993, com o mesmo CNPJ (fls. 1.025/1.027); · Registros de empregados, Guias de Recolhimento do FGTS, folhas de salário e recibos de férias, emitidos entre 2002 e 2005, tendo como identificador da empresa o nome do Contribuinte e o mesmo CNPJ (fls. 1.030/1.096); · DAMs do Município de Conselheiro Pena, constituindo ISS/estimado referente aos anoscalendário de 2004 e 2005, além de 2002 e 2003, em nome do Contribuinte, constatandose a atividade de comércio varejista, bem como comprovantes de pagamento (fls. 1.097/1.125); · DAEs do Estado de Minas Gerais, referentes a ICMS e outros tributos, nos anoscalendário de 2004 e 2005 (fls. 1.126/1.140); Fl. 2305DF CARF MF Processo nº 10630.721012/200955 Acórdão n.º 2202003.828 S2C2T2 Fl. 2.301 11 · Contratos de locação em que o Contribuinte figura como representante de diversos locadores; Recibos nos quais se destaca a comissão em favor do Contribuinte e comprovantes de depósito bancário da diferença do aluguel em favor dos locadores, todos datados de 2004 e 2005; ainda, canhotos de IPTU, comprovando a titularidade dos imóveis (fls. 1.142/2.009)2; · Notificação da Secretaria Municipal da Fazenda de Conselheiro Pena, notificando certa pessoa a "providenciar calha e condutores para escoamento das águas pluviais", na qual consta o Contribuinte como procurador do proprietário do imóvel (fl. 1.673); · Declarações Estaduais de Produtor Rural; folha da DIRPF registrando ser produtor rural; Nota fiscal de venda de produtos agrícolas (café e gado); (fl. 2.012/2.055); · DIPJ anocalendário 2004, referente ao CNPJ 71.349.01319 (Clésio Chaves ME); DARFs emitidos em nome de Clésio Chaves ME; Livro Caixa 2004 e 2005; (fls. 2.089/2.234) Analisando esse pleito, bem como o conjunto probatório, a DRJ admitiu que, pela documentação juntada, não restam dúvidas de que o recorrente exercia atividade empresarial. Entretanto, analisando a legislação de regência (art. 150 do RIR/1999), anota que a atividade de corretagem não é passível de equiparação à pessoa jurídica. Também anota que as receitas indicadas como provenientes da atividade rural já foram declaradas pelo próprio contribuinte em sua DIRPF, e consideradas pela autoridade fiscalizadora no momento do lançamento. Ainda, que não há documentos hábeis para comprovar quais recursos advieram da atividade de agente de viagem. Enfim, não observou margem para corrigir o lançamento nesse ponto. Tem razão a DRJ. Em primeiro lugar, a simples inscrição nos órgãos públicos como empresário não é suficiente para comprovar que os recursos tenham origem em atividade empresarial. Em segundo lugar, o recorrente se encontra inscrito nos órgãos públicos como "comerciante varejista", especificamente de artigos fotográficos, cinematográficos, de máquinas, materiais de comunicação e celulares, artigos esportivos, fotocópias, digitalização, calçados, bebidas etc. (fl. 1.023/1.027). Não há nos autos quaisquer provas ou mesmo alegação coincidente com essa atividade nos autos. No mesmo sentido, os registros de empregados (fls. 1.030/1.037) demonstram a contratação de balconistas; não há nenhum indício ou alegação de como esses funcionários o auxiliavam na realização de qualquer uma das atividades alegadamente exercidas. Em terceiro lugar, se efetivamente exerceu a atividade de comércio varejista através de sua MicroEmpresa, então tais receitas já estão consideradas na sua declaração de Pessoa Jurídica (fls. 2.089/2.234), não havendo que se incluir todos os valores depositados em 2 Se é verdade que os recibos faltam a assinatura, os comprovantes de depósito tem todas as características necessárias e suficientes para atestar a sua veracidade, como identificação da conta de origem e destino, nome dos destinatário, data e valor, código de segurança etc. Também, os contratos têm assinaturas. Fl. 2306DF CARF MF 12 suas contas, automaticamente, nessa atividade. Pelo contrário, o próprio contribuinte comprovou que valores consideráveis provieram da atividade de corretagem. Em quarto lugar, a autoridade lançadora considerou diversos valores declarados pelo Contribuinte em sua DIRPF como provenientes da título de atividade rural, não tendo o Contribuinte indicado qualquer valor que tenha constado da base de cálculo do auto de infração e que provenha dessa atividade. Em quinto lugar, não há nos autos provas de efetivos recebimentos como agente de viagem. Há comprovantes de aquisição e de alienação de bezerros (e.g. fls. 55/57; 2.028/2.033); contudo, não conseguimos identificar dentre os valores identificados no lançamento nenhum depósito/creditamento em valor ou datas próximas. O mesmo em relação a café (eg. fls. 2.034/2.040). Portanto, ainda que tenha demonstrado exercer atividade de compra e venda de gado e de café, não há que se falar em atividade rural (mera intermediação não configura atividade rural, cf. art. 2º, §único, da Lei nº 8.023/1990) nem, tampouco, que demonstrou se tratar de atividade realizada com habitualidade ou profissionalismo. Por fim, assim como a DRJ, restamos convencidos de que o recorrente exercia a atividade de corretor de imóveis, diante da farta prova documental juntada aos autos (fls. 1.142/2.009). Concordamos também no que toca à interpretação do art. 150 do RIR/99: Art.150.As empresas individuais, para os efeitos do imposto de renda, são equiparadas às pessoas jurídicas. §1ºSão empresas individuais: Ias firmas individuais; IIas pessoas físicas que, em nome individual, explorem, habitual e profissionalmente, qualquer atividade econômica de natureza civil ou comercial, com o fim especulativo de lucro, mediante venda a terceiros de bens ou serviços; (...) §2ºO disposto no inciso II do parágrafo anterior não se aplica às pessoas físicas que, individualmente, exerçam as profissões ou explorem as atividades de: (...) V corretores, leiloeiros e despachantes, seus prepostos e adjuntos; (...) Conforme determina expressamente o §2º, V, da legislação supratranscrita, a atividade de corretagem não é passível de equiparação à pessoa jurídica. Logo, ainda que o Contribuinte tenha provado o efetivo exercício dessa atividade, não é possível dar provimento ao seu pleito no sentido de equiparálo a pessoa jurídica para fins de aplicação de lançamento do Imposto de Renda. Do arbitramento dos rendimentos da pessoa física: Admitindo a possibilidade de que não fosse equiparado a pessoa jurídica, o Contribuinte reclama a aplicação do art. 42 da Lei nº 9.430/1996 em conjunto com o art. 6º da Lei nº 8.021/1990, segundo a qual: Fl. 2307DF CARF MF Processo nº 10630.721012/200955 Acórdão n.º 2202003.828 S2C2T2 Fl. 2.302 13 Art. 6° O lançamento de ofício, além dos casos já especificados em lei, farseá arbitrandose os rendimentos com base na renda presumida, mediante utilização dos sinais exteriores de riqueza. § 1° Considerase sinal exterior de riqueza a realização de gastos incompatíveis com a renda disponível do contribuinte. § 2° Constitui renda disponível a receita auferida pelo contribuinte, diminuída dos abatimentos e deduções admitidos pela legislação do Imposto de Renda em vigor e do Imposto de Renda pago pelo contribuinte. § 3° Ocorrendo a hipótese prevista neste artigo, o contribuinte será notificado para o devido procedimento fiscal de arbitramento. § 4° No arbitramento tomarseão como base os preços de mercado vigentes à época da ocorrência dos fatos ou eventos, podendo, para tanto, ser adotados índices ou indicadores econômicos oficiais ou publicações técnicas especializadas. § 5° O arbitramento poderá ainda ser efetuado com base em depósitos ou aplicações realizadas junto a instituições financeiras, quando o contribuinte não comprovar a origem dos recursos utilizados nessas operações. (Revogado pela lei nº 9.430, de 1996) § 6° Qualquer que seja a modalidade escolhida para o arbitramento, será sempre levada a efeito aquela que mais favorecer o contribuinte. Da leitura do caput da norma, que a delimita, percebese que o seu objetivo é regulamentar as hipóteses em que a renda é desconhecida. É o que se extrai da referência à "renda presumida". Em segundo lugar, anotase que o §5º apontava a utilização dos depósitos e aplicações realizados perante instituições financeiras como uma das formas ou critérios desse arbitramento. Se é verdade que o referido §5º, do art. 6º da Lei nº 8.021/1990 foi revogado, registrase que foi revogado exatamente pela Lei nº 9.430/1996, cujo art. 42 embasou o lançamento. Em outras palavras, é possível afirmar que o legislador revogou esse §5º exatamente porque tratava da matéria de maneira mais aprofundada nessa nova lei. Logo, não há contradição nem necessidade de interpretação conjunta: o art. 6º da Lei nº 8.021/1990 tem aplicação subsidiária ao art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Nesse sentido, inclusive, o acórdão nº 10617.093, de 08/10/2008: IMPOSTO DE RENDA TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVAMENTE COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS — REGIME DA LEI N° 9.430/96 POSSIBILIDADE A partir da vigência do art. 42 da Lei nº 9.430/96, o fisco não mais ficou obrigado a comprovar o consumo da renda representado pelos depósitos bancários de origem não comprovada a transparecer sinais exteriores de riqueza (acréscimo patrimonial ou dispêndio), incompatíveis com os rendimentos declarados, como ocorria sob égide do revogado parágrafo 5° do art. 6° da Lei n° 8.021/90. Agora, o Fl. 2308DF CARF MF 14 contribuinte tem que comprovar a origem dos depósitos bancários, sob pena de se presumir que estes são rendimentos omitidos, sujeitos à aplicação da tabela progressiva. Esse precedente, inclusive, é um dos que fundamentaram a jurisprudência dominante desse e.CARF: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Enfim, seja pela interpretação da legislação, seja pela obrigatoriedade de aplicação da Súmula do CARF, não é possível dar provimento ao pedido do recorrente. Da comprovação da origem dos recursos corretagem e administração de imóveis alheios: Subsidiariamente, o Contribuinte pleiteia que a documentação apresentada nos autos seja efetivamente analisada para que se verifique a comprovação da origem dos recursos depositados em suas contas bancárias. Diante da existência das provas, os autos foram convertidos em diligência, o que resultou na elaboração, pela autoridade diligenciadora das tabelas de fls. 2.253/2.265, que destrincham os valores recebidos a título de aluguel, as comissões, as despesas e os valores repassados aos locadores. Com base na última tabela, "Resumo Mensal", é possível realizar comparativo e perceber que os valores comprovados a título de aluguel, de comissões, de despesas e de repasses são quase coincidentes: Repasses aos locadores Período Aluguel (1) Comissão (2) Despesas (3) Transf. Banc. (4) Depósito em Din/Outro (5) Diferença [=(1) (2)(3)(4)(5)] jan/04 6.002,00 572,85 400,00 5.102,00 72,85 fev/04 6.133,00 586,90 399,10 176,00 4.903,60 67,40 mar/04 7.331,00 703,70 281,39 6.353,00 7,09 abr/04 17.237,36 1.517,90 2.831,00 12.887,46 1,00 mai/04 8.188,00 789,00 473,38 6.923,23 2,39 jun/04 8.588,00 790,85 152,00 7.643,40 1,75 jul/04 9.480,00 908,90 102,00 1.937,70 6.529,60 1,80 ago/04 9.098,00 886,25 528,40 2.729,60 4952,7 1,05 set/04 10.028,00 975,15 859,53 7.869,70 324,00 0,38 out/04 9.534,00 929,90 188,79 4.603,60 3.811,00 0,71 nov/04 10.252,00 1.001,70 713,55 5.839,26 2.695,00 2,49 dez/04 10.436,00 1.025,20 397,69 5.970,31 3.051,00 8,20 Total 2004 112.307,36 10.688,30 7.326,83 29.126,17 65.175,99 9,93 jan/05 11.727,00 1.096,40 773,94 7.014,16 2.847,00 4,50 fev/05 10.361,32 1.036,12 199,89 5.407,11 3.727,00 8,80 mar/05 10.918,30 1.036,36 1.098,01 5.414,62 3.367,00 2,31 abr/05 10.423,00 1.042,30 311,06 6.516,61 2.551,50 1,53 mai/05 9.916,00 991,60 113,19 5.573,41 3.237,00 0,80 Fl. 2309DF CARF MF Processo nº 10630.721012/200955 Acórdão n.º 2202003.828 S2C2T2 Fl. 2.303 15 jun/05 9.064,00 906,40 526,66 6.722,00 906,00 2,94 jul/05 7.850,00 785,00 243,99 5.499,10 1.320,00 1,91 ago/05 6.280,00 628,00 82,87 4.696,40 870,00 2,73 set/05 5.944,00 594,40 293,40 3.772,74 1.284,00 0,54 out/05 5.944,00 594,40 91,00 2.887,80 2.368,00 2,80 nov/05 8.644,00 864,40 330,13 5.346,70 2.100,00 2,77 dez/05 9.319,00 883,15 20,00 7.806,30 600,00 9,55 Total 2005 106.390,62 10.458,53 4.084,14 66.656,95 25.177,50 13,50 Total 218.697,98 21.146,83 11.410,97 95.783,12 90.353,49 3,57 Ora, o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 cria uma presunção relativa de omissão de rendimentos, passível de prova em sentido contrário. Diante da existência de provas nos autos de que parte dos recursos depositados/creditados não pertencem ao Contribuinte mas sim a terceiros, imperioso afastar a presunção, excluindo da base de cálculo os valores que, comprovadamente, não se configuraram rendimento. Entendo, portanto: · 2004 transferência de R$ R$ 94.302,16 para os locadores, e outros R$ 7.326,83 despendidos na administração dos imóveis, totalizando o valor de R$ 101.628,99 como recursos comprovados, que devem ser excluídos da base de cálculo; · 2005 transferência de R$ 91.834,45 para os locadores, e outros R$ 4.084,14 despendidos na administração dos imóveis, totalizando o valor de R$ 95.918,59 como recursos comprovados, que devem ser excluídos da base de cálculo. Da multa qualificada: Argumenta o Recorrente, subsidiariamente, pela redução da multa qualificada, uma vez que não há comprovação de dolo mas, no máximo, de desorganização. Remontando ao TVF, percebese que, após transcrever o art. 44, I e §1º, da Lei nº 9.430/1996, e os arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964, a autoridade lançadora esclareceu que: "No caso da fiscalização em curso, nos anoscalendário de 2004 e 2005, o sujeito passivo apresentou declarações de imposto de renda com rendimentos declarados incompatíveis com sua movimentação bancária. Intimado a comprovar a origem dos recursos creditados/depositados em suas contascorrentes, para justificais tais depósitos, citou diversas transações comerciais que ele teria realizado sem, no entanto, apresentar documentos hábeis e idôneos comprobatórios dessas transações. Não se trata, neste caso sob foco, de valores de pouca significância, cuja atitude omissiva em declarálos ao fisco federal pudesse ser atribuída a falhas provindas da negligência em seus controles Fl. 2310DF CARF MF 16 fiscais. Tratase de elevados valores depositados em suas contas correntes, de origem não comprovada, cujo montante superou a cifra de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais). Portanto, está claro que o fiscalizado, ao tentar omitir recursos de tal monta à Administração Tributária Federal, tinha consciência de que a conduta levaria ao resultado ilícito." fl. 39. Em outras palavras, o lançamento foi qualificado única e exclusivamente em função do seu valor, do montante identificado e presumido como renda omitida. A verdade é que a Lei criou a presunção de omissão de rendimentos quando da constatação de depósitos bancários de origem não comprovada exatamente para facilitar o processo de fiscalização, invertendo o ônus probatório em desfavor do Contribuinte. Constatada a hipótese de presunção, configurase plausível o lançamento. Para aceitar a qualificação da multa, imputando verdadeiro crime ao sujeito passivo, necessário se faz um novo passo: a demonstração do dolo. Não basta a mera constatação da ocorrência de omissão do rendimento, ainda que por longo período ou, como no caso, de grande valor; é necessário que reste demonstrado, estreme de dúvidas, a conduta dolosa do Contribuinte. Nesse caminho já se consolidou a jurisprudência deste e.CARF, como se observa dos seguintes enunciados: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Súmula CARF nº 25: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. In casu, uma vez que a qualificação da multa foi genérica, sem demonstrar especificamente a intenção dolosa por parte do Contribuinte, o que se comprova, inclusive, pela mera transcrição dos três artigos (71, 72 e 73) da Lei nº 4.502/1964, é necessário concordar com o Contribuinte e afastar a qualificação da multa de ofício. Dispositivo: Diante de tudo quanto exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, por dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para excluir da base de cálculo o montante de R$ a 2004 e R$ 91.834,45 referente a 2005. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Fl. 2311DF CARF MF Processo nº 10630.721012/200955 Acórdão n.º 2202003.828 S2C2T2 Fl. 2.304 17 Fl. 2312DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.004070/2009-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
AUTO DE INFRAÇÃO - NULIDADE - Não se verificando a ocorrência de nenhuma das hipóteses previstas no artigo 59 do Decreto n° 70.235/72 e observados todos os requisitos do artigo 10 do mesmo diploma legal, não há que se falar em nulidade da autuação.
PERÍCIA PRESCINDÍVEL. DESCABIMENTO.
A perícia é prescindível quando as questões a serem apreciadas estão na esfera de conhecimento e da competência funcional do julgador ou porque os elementos trazidos aos autos são suficientes para formar sua convicção.
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL.
Constituindo-se o MPF em elemento de controle da administração tributária, disciplinado por ato administrativo, eventual irregularidade formal nele detectada, ou mesmo a falta de sua emissão, não enseja a nulidade do auto de infração, nem de quaisquer Termos Fiscais lavrados por agente fiscal competente para proceder ao lançamento, atividade vinculada e obrigatória nos termos da lei.
OMISSÃO DE RECEITA. PASSIVO FICTÍCIO.
A manutenção no passivo de obrigações cuja origem e a exigibilidade não sejam comprovadas caracteriza a omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção.
MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE ESCLARECIMENTOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. INAPLICABILIDADE.
Inaplicável o agravamento da multa de ofício em face do não atendimento à intimação fiscal para prestar esclarecimentos sobre a regularidade dos lançamentos registrados em seu passivo, já que esta omissão tem conseqüência específica prevista na legislação, que é a autorização para a presunção de omissão de receitas.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA.
A decisão proferida no lançamento principal é aplicável aos demais lançamentos reflexivos, face à relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 1301-002.962
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as argüições de nulidades, e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reduzir a multa de ofício para o percentual de 75%.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro), Ângelo Antunes Nunes (suplente convocado para manter paridade do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausentes justificadamente os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
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PASSIVO FICTÍCIO Recorrente MACLENY DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS DE BELEZA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 AUTO DE INFRAÇÃO NULIDADE Não se verificando a ocorrência de nenhuma das hipóteses previstas no artigo 59 do Decreto n° 70.235/72 e observados todos os requisitos do artigo 10 do mesmo diploma legal, não há que se falar em nulidade da autuação. PERÍCIA PRESCINDÍVEL. DESCABIMENTO. A perícia é prescindível quando as questões a serem apreciadas estão na esfera de conhecimento e da competência funcional do julgador ou porque os elementos trazidos aos autos são suficientes para formar sua convicção. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. Constituindose o MPF em elemento de controle da administração tributária, disciplinado por ato administrativo, eventual irregularidade formal nele detectada, ou mesmo a falta de sua emissão, não enseja a nulidade do auto de infração, nem de quaisquer Termos Fiscais lavrados por agente fiscal competente para proceder ao lançamento, atividade vinculada e obrigatória nos termos da lei. OMISSÃO DE RECEITA. PASSIVO FICTÍCIO. A manutenção no passivo de obrigações cuja origem e a exigibilidade não sejam comprovadas caracteriza a omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE ESCLARECIMENTOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. INAPLICABILIDADE. Inaplicável o agravamento da multa de ofício em face do não atendimento à intimação fiscal para prestar esclarecimentos sobre a regularidade dos lançamentos registrados em seu passivo, já que esta omissão tem AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 40 70 /2 00 9- 10 Fl. 2093DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.094 2 conseqüência específica prevista na legislação, que é a autorização para a presunção de omissão de receitas. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. A decisão proferida no lançamento principal é aplicável aos demais lançamentos reflexivos, face à relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as argüições de nulidades, e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reduzir a multa de ofício para o percentual de 75%. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro), Ângelo Antunes Nunes (suplente convocado para manter paridade do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausentes justificadamente os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Bianca Felícia Rothschild. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o acórdão nº 1625.117, proferido pela 5ª Turma da DRJ/SP1, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: Em ação fiscal empreendida junto ao contribuinte acima identificado, motivada pela emissão do MPF no 08.1.90.00 2008047617, foram lavrados Autos de Infração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, de Contribuição Social sobre o Lucro Fl. 2094DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.095 3 Liquido, de Contribuição para o Programa de Integração Social — PIS e de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social —COFINS, relativos a fatos geradores ocorridos em 31/12/2005. 2. Extraise dos autos o seguinte cronograma: 2.1. A fiscalizada MACLENY foi intimada do inicio do procedimento fiscal por ciência postal em 08/07/2008 (AR a fl. 06) e ciência pessoal em 10/07/2008 (fl. 07), mediante recebimento de Termo de Inicio de Ação Fiscal (fls. 04/05 e 07), pelo qual lhe foi requisitada a apresentação de informações fiscais relativas ao período de agosto/2003 a dezembro de 2007 e registros contábeis e fiscais relativos ao anocalendário de 2005; Fl. 2095DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.096 4 2.2. Termo de Intimação Fiscal de fls. 52 foi enviado via postal à EMPRESA BRACOL HOLDING LTDA, CNPJ n° 01.597.168/000199, principal fornecedora da fiscalizada, requerendo a relação das vendas que integraram o montante de R$ 51.102.175,37 informado na DIPJ (da BRACOL), entretanto, foi devolvido A Delegacia da Receita Federal sem ciência no Aviso de Recebimento; 2.3. Em 15/07/2008, a contribuinte MACLENY foi intimada a relacionar as entradas de mercadorias e insumos relativas ao anocalendário de 2005 e apresentar respectivos documentos comprobat6rios (fl. 54); 2.4. Em 12/08/2008, a contribuinte MACLENY foi intimada ao preenchimento da DCP — Demonstrativo de Composição do Passivo, com as informações relativas ao saldo escriturado em 31/12/2005 e respectiva liquidação no ano seguinte, relativamente As contas: "Fornecedores Nacionais" no valor de R$ 28.076.985,38; "Bancos Conta Transitória" no valor de R$ 2.848.320,83 e "Adiantamento de Clientes" no valor de R$ 3.225.601,16, juntamente com a documentação comprobatória das provisões e baixas relacionadas a essas contas (fl. 55); 2.5. Em 21/08/2008 (fl. 57, AR a fl. 58), a empresa BRACOL HOLDING LTDA. foi intimada via postal a relacionar as vendas de produtos/mercadorias A contribuinte MACLENY no montante de R$ 51.102.175, conforme constou de sua DIPJ, preenchendo demonstrativo com as seguintes informações: data de saída; n° do documento; código fiscal; valor contábil e data de recebimento da mercadoria; 2.6. Em 18/09/2008 (fl. 59, AR a fl. 60), a fiscalizada MACLENY foi intimada a apresentar documentos comprobat6rios dos valores escriturados na conta "Bonificação Fornec. Merc. p/ Revenda", no montante de R$ 11.991.072,18, no anocalendário de 2005; demonstrar a anulação deste valor da apuração dos créditos das contribuições ao PIS e A COFINS não cumulativos; 2.7. Em 18/09/2008 (fl. 61, AR a fl. 63), foi reiterada a intimação de fl. 55, não atendida até então, para que a empresa MACLENY preenchesse o DCP — Demonstrativo de Composição do Passivo, com as informações relativas ao saldo escriturado em 31/12/2005 e respectiva liquidação no ano seguinte, relativamente As contas: "Fornecedores Nacionais" no valor de R$ 28.076.985,38; "Bancos Conta Transitória" no valor de R$ 2.848.320,83 e "Adiantamento de Clientes" no valor de R$ 3.225.601,16, juntamente com a documentação comprobat6ria das pro as relacionadas a essas contas; 2.8. Em 08/10/2008 (fl. 64/65, AR a fl. 67), foram reiteradas a intimação de fl. 59 e a intimação de fl. 61, que até o momento não haviam sido atendidas, para que a empresa MACLENY apresentasse documentos comprobatórios dos valores escriturados na conta "Bonificação Fornec. Merc. p/ Revenda", no montante de R$ 11.991.072,18; demonstrasse a anulação deste valor da apuração dos créditos das contribuições ao PIS e Fl. 2096DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.097 5 COFINS não cumulativos; preenchesse o DCP — Demonstrativo de Composição do Passivo, com as informações relativas ao saldo escriturado em 31/12/2005 e respectiva liquidação no ano seguinte, relativamente as contas: "Fornecedores Nacionais" no valor de R$ 28.076.985,38; "Bancos Conta Transitória" no valor de R$ 2.848.320,83 e "Adiantamento de Clientes" no valor de R$ 3.225.601,16, juntamente com a documentação comprobatória das provisões e baixas relacionadas a essas contas; 2.9. Em 16/10/2008 (fls. 68/69, AR a fl. 70), foi reiterada a intimação feita à empresa BRACOL HOLDING LTDA. em 21/08/2008 (fl. 57) para que essa relacionasse as vendas de produtos/mercadorias à contribuinte MACLENY no montante de R$ 51.102.175, conforme constou de sua DIPJ, preenchendo demonstrativo com as seguintes informações: data de saída; n° do documento; código fiscal; valor contábil e data de recebimento da mercadoria; 2.10. Foram apresentados relatório de saídas da empresa BRACOL HOLDING LTDA. (fls. 72/84) e relatório de entradas da MACLENY (fls. 85/96), ambos relativos ao anocalendário de 2005; 2.11. Em 23/10/2008 (AR a fl. 99), a contribuinte MACLENY foi intimada a apresentar arquivos digitais contendo dados relativos aos Registros Contábeis e Documentos Fiscais (fls. 97/98); 2.12. Em 23/10/2008 (AR a fl. 102), a contribuinte MACLENY foi reintimada a apresentar livros Diário e Razão, Registros de Entradas, de Saídas, de apuração de ICMS e de prestação de Serviços, bem como a disponibilizar os documentos contábeis e fiscais do período, inclusive notas fiscais de entradas (compras) e saídas (vendas). Nessa oportunidade, a contribuinte foi alertada de que o não atendimento à presente reintimação caracterizaria embaraço à fiscalização e implicaria agravamento da multa no caso de lançamento de oficio (fls. 100/101); 2.13. Em 28/11/2008 (AR a fl. 104), a contribuinte MACLENY tomou ciência do prosseguimento da ação fiscal mediante termo de fl. 103, pelo qual foi reforçado o pedido de apresentação dos documentos e elementos até então não apresentados; 2.14. Em 15/01/2009, a contribuinte MACLENY foi notificada dos termos de fls. 105/106 (AR a fl. 107), fls. 108/109 (AR a fl. 110), que reiteraram as intimações de fls. 97/98 e fl. 59, ambos alertandoa novamente sobre caracterização de embaraço à fiscalização e consequente agravamento de multa; 2.15. Em 15/01/2009 (fl. 111, AR a fl. 120), a contribuinte MACLENY foi intimada a demonstrar e comprovar a escrituração das notas fiscais de aquisição de mercadorias relacionadas no demonstrativo anexo, de fls. 112/119; bem como a demonstrar e comprovar a origem dos recursos utilizados no pagamentos das cotejadas compras, assim como a escrituração desses pagamentos nos livros Diário e Razão; Fl. 2097DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.098 6 2.16. Em 20/01/2009 (fl. 121), a contribuinte MACLENY comunica à fiscalização que os documentos contábeis e fiscais (Livro Diários, Registro de Entradas e Saídas, notas fiscais de entradas e saídas e registro de Inventário) poderiam ser disponibilizados à SRF somente após a devolução dos mesmos pela Secretaria da Fazenda Estadual, que havia solicitado à empresa tais documentos em 28/03/2008, conforme cópias de notificações estaduais a fls. 122/123; 2.17. Em 25/02/2009 (fl. 124, AR a fl. 133), a fornecedora BRACOL HOLDING LTDA. foi intimada a apresentar (1) cópia das 352 notas fiscais de saídas relacionadas em demonstrativo anexo (fls. 125/132), cujos dados foram extraídos do demonstrativo apresentado em resposta ao Termo de Reiteração de Intimação Fiscal lavrado em 14/10/2008; (2) cópia dos comprovantes de pagamento e/ou de liquidação das supracitadas notas fiscais; cópia das folhas dos livros Diário e Razão em que se encontrariam escrituradas as faturas/duplicatas relativas As supracitadas notas fiscais; 2.18. Em 02/03/2009 (fls. 134/135, AR a fl. 144), foi reiterada a intimação A. contribuinte MACLENY de fl. 111; 2.19. Em 09/03/2009 (fl. 145/146), a fornecedora BRACOL HOLDING LTDA., requer prorrogação, de no mínimo vinte dias, do prazo estabelecido para apresentação das 352 notas fiscais anteriormente discriminadas e respectivos comprovantes de pagamento/ liquidação e escrituração no Diário e Razão; 2.20. Em 02/04/2009 (fls. 147/155, AR a fl. 156), diante do não fornecimento dos elementos solicitados A BRACOL HOLDING LTDA, foi reiterada a intimação de fl.124; 2.21. A fls. 157, a fornecedora BRACOL HOLDING LTDA apresenta documentos de fls. 158/264, que seriam cópias de notas fiscais n° 5942 a 5996; cópia dos instrumentos particulares de cessão de créditos da MACLENY à BRACOL; livros diário referentes a novembro e dezembro de 2005; 2.22. . Em 05/06/2009 (fls. 265/266, AR a fl. 267), a empresa MACLENY recebe reiteração de intimação fiscal para apresentar escrituração das notas fiscais de aquisição de mercadorias e demonstrar a origem dos recursos utilizados para o correspondente pagamento, bem como a escrituração desses pagamentos no Diário e Razão; 2.23. Em resposta à reintimação de fls. 265/266, a contribuinte MACLENY apresentou carta (fl. 268) datada de 05/06/2009, esclarece o que os documentos solicitados estariam de posse do fisco estadual conforme cópia de protocolo de entrega que estaria em anexo mas que, entretanto, não se encontra nos autos. Em anexo, a fim de comprovar a fonte de recursos para pagamentos a seus fornecedores, apresentou cópia da 12' alteração contratual com registro de aumento de capital no valor de R$ 120.120.000,00 integralizados pela sócia NITREB Fl. 2098DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.099 7 PARTICIPAÇÕES LTDA. (fl. 272) e cópia de extrato bancário com a entrada do recurso financeiro correspondente (fl. 270); 2.24. Em 24/06/2009, por meio do Termo de Constatação e de Intimação Fiscal de fls. 283/284, a empresa MACLENY tomou ciência das seguintes constatações e requisições: 2.24.1. Foi apurada incompatibilidade entre o valor informado na DIPJ 2006 a titulo de "Compras de Mercadorias", de R$ 36.510.592,84 (liquido de impostos a recuperar) e as compras de mercadorias escrituradas nos registros contábeis da contribuinte, que totalizaram R$ 55.090.919,05 (incluindo impostos); 2.24.2. De acordo com os registros contábeis, a contribuinte recebeu bonificações de Mercadorias para Revenda no montante de R$ 11.991.072,19, tendo declarado na DIPJ 2006 as compras liquidas de impostos e também diminuídas dessa bonificação; 2.24.3. A empresa BRACOL Holding Ltda, empresa pertencente ao mesmo grupo econômico da fiscalizada, denominado "Bertin", foi intimada a apresentar documentos e informações sobre as transações comerciais entre as empresas e comprovantes de liquidação. De acordo com os elementos fornecidos por essa empresa, verificouse que a liquidação dessas operações comerciais teria sido efetivada através de cessões de créditos realizadas durante o anocalendário de 2005, da empresa MACLENY para a empresa BRACOL; 2.24.4. As informações e documentos apresentados pela fornecedora BRACOL, no sentido de que as mercadorias fornecidas teriam sido liquidadas através de cessão de créditos, mostraramse incompatíveis com as informações fornecidas pela fiscalizada MACLENY, que alegou que as mercadorias foram recebidas em bonificação; 2.24.5. A contribuinte foi intimada em 16/09/2008 e reintimada em 13/01/2009 a demonstrar e comprovar o passivo escriturado em 31/12/2005, mediante o preenchimento da DCP — Demonstrativo de Composição do Passivo, em especial pela conta "Fornecedores Nacionais", cujo saldo era de R$ 28.076.985,38, e mediante a apresentação dos documentos comprobatórios, tanto do saldo em 31/12/2005 quanto de sua liquidação no ano seguinte; 2.24.6. A fiscalizada MACLENY foi concedido prazo adicional para comprovar o passivo questionado pela fiscalização mediante apresentação de: (1) documentos hábeis e idôneos a comprovar os valores escriturados na conta "Bonificação Fornec. Merc. p/ Revenda", no montante de R$ 11.991.072,18, no anocalendário de 2005; (2) documentos hábeis e idôneos a comprovar a origem dos recursos utilizados na liquidação das mercadorias adquiridas da Fl. 2099DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.100 8 empresa BRACOL HOLDING LTDA., conforme relação anexa ao Termo de Intimação Fiscal lavrado as 15:20 horas • do dia 13/01/2009; (3) preencher formulário "DCP — Demonstrativo de Composição do Passivo", conforme modelo anexo, com as informações relativas ao saldo escriturado em 31/12/2005 e respectiva liquidação no ano seguinte, relativamente à conta "Fornecedores Nacionais", com saldo no valor de R$ 28.076.985,38; 2.25. Em resposta ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal de fls. 283/284, em 01/0712009a contribuinte MACLENY apresenta (fl. 286) como justificativa dos recursos para pagamentos de fornecedores as bonificações recebidas de seus fornecedores em virtude da baixa aceitação dos produtos desses adquiridos, bem como o aporte de capital de R$ 120.120.000,00 ocorrido no dia 01/10/2008. Apresenta, também, e Demonstrativo de Composição do Passivo (fl. 301/310); 2.26. Em 02/09/2009, a contribuinte foi cientificada da continuação da ação fiscal e recebeu orientação para acompanhamento virtual do Mandado de Procedimento Fiscal MPF (fl. 311); 2.27. Conforme Termo de Verificação e Constatação Fiscal de fls. 313/322: 2.27.1. Foi apurada incompatibilidade entre o valor informado na DIPJ 2006 a titulo de "Compras de Mercadorias", de R$ 36.510.592,84 (liquido de impostos a recuperar) e as compras de mercadorias escrituradas nos registros contábeis da contribuinte, que totalizaram R$ 55.090.919,05 (incluindo impostos); 2.27.2. De acordo com os registros contábeis, a contribuinte recebeu bonificações de Mercadorias para Revenda no montante de R$ 11.991.072,19, tendo declarado na DIPJ 2006 as compras líquidas de impostos e também diminuídas dessa bonificação; 2.27.3. A empresa BRACOL Holding Ltda, empresa pertencente ao mesmo grupo econômico da fiscalizada, denominado "Bertin", foi intimada a apresentar documentos e informações sobre as transações comerciais entre as empresas e comprovantes de liquidação. De acordo com os elementos fornecidos por essa empresa, verificouse que a liquidação dessas operações comerciais teria sido efetivada através de cessões de créditos realizadas durante o anocalendário de 2005, da empresa MACLENY para a empresa BRACOL; 2.27.4. As informações e documentos apresentados pela fornecedora BRACOL, no sentido de que as mercadorias fornecidas teriam sido liquidadas através de cessão de créditos, mostraramse incompatíveis com as informações fornecidas pela fiscalizada MACLENY, que alegou que as mercadorias foram recebidas em bonificação; Fl. 2100DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.101 9 2.27.5. A contribuinte foi intimada em 16/09/2008 e reintimada em 13/01/2009 a demonstrar e comprovar o passivo escriturado em 31/12/2005, mediante o preenchimento da DCP — Demonstrativo de Composição do Passivo, em especial pela conta "Fornecedores Nacionais", cujo saldo era de R$ 28.076.985,38, e mediante a apresentação dos documentos comprobatórios, tanto do saldo em 31/12/2005 quanto de sua liquidação no ano seguinte; 2.27.6. Em 24/06/09, transcorridos os prazos das intimações, foi lavrado Termo de Constatação e de Intimação Fiscal e concedido à fiscalizada prazo adicional para comprovar o passivo questionado pela fiscalização; 2.27.7. Em resposta A. última intimação, a contribuinte alegou que as bonificações decorreriam de mercadorias que não obtiveram a aceitação esperada e que, além das bonificações, a empresa recebeu aporte de capital no dia 01/10/2008 (33 meses após a data do passivo questionado), juntando, ainda, demonstrativo de composição do passivo escriturado em 31/12/2005, na conta "Fornecedores Nacionais"; 2.27.8. Analisada a documentação apresentada e o demonstrativo elaborado pela fiscalizada, foram relacionados 343 títulos tendo como credor "BERTIN LTDA", totalizando R$ 19.311.884,06, conforme demonstrativo anexo ao termo de verificação, a fls. 317/322; 2.27.9. Não foi apresentado qualquer comprovante de pagamento dos títulos escriturados em 2005, tampouco qualquer documento hábil, idôneo, coincidente em data e valor, que pudesse comprovar a veracidade da informação constante do demonstrativo elaborado pela fiscalizada, no sentido de que os títulos do ano de 2005 teriam sido liquidados em 2007. Além disso, a informação da quitação dos títulos de 2005 em 2007 mostrase incompatível com a resposta dada pela fiscalizada, de que, "além das bonificações, a empresa recebeu aporte de capital (...), em 01/10/2008"; 2.27.10. Concluiuse que a empresa não logrou comprovar a veracidade do montante de R$ 19.311.884,06, escriturado em seu passivo em 31/12/2005; 2.27.11. A luz do artigo 40 da Lei ° 9.430/96 e do art. 281 do RIR/99, as constatações autorizam o fisco a presunção legal de considerar o saldo do passivo não satisfatoriamente comprovado como passivo fictício, que deve ser tributado de oficio como omissão de receitas, pelo IRPJ, PIS, CSLL e COFINS; 2.27.12. A fiscalizada fica intimada a efetuar os ajustes e retificações necessárias em seu livro LALUR e nos controles das bases negativas da CSLL, tendo em vista que em 2005 a contribuinte havia apurado prejuízo fiscal e base negativa da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido Fl. 2101DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.102 10 3. Irresignada com a autuação, da qual tomou ciência em 24/11/09 (AR a fl. 346), a interessada apresentou, em 21/12/09 (fl. 352), a impugnação de fls. 352/368, acompanhada dos documentos de fls. 369/1934, na qual apresenta as alegações abaixo sintetizadas: Preliminarmente, 3.1.0 trabalho fiscal é nulo porque, embora o MPFF que o originou tenha restringido a fiscalização ao IRPJ e atribuído poder de fiscalização par dois auditores fiscais da RFB, o Auto de Infração abrangeu também a CSLL, a COFINS e o PIS/PASEP e foi assinado e elaborado por somente um dos servidores; 3.2.0 Auto de Infração deve ser cancelado pela perda de eficácia do Termo de Inicio da ação Fiscal, em desrespeito ao prazo previsto no artigo 7°, § ° do Decreto n° 70.235/72; 3.3.0 lançamento é inválido, eis que não contém em sua fundamentação os dispositivos legais que demonstrem os elementos constitutivos da regra matriz dos tributos exigidos (contribuinte, base de cálculo e aliquota); 3.4.A falta de motivação e fundamentação legal adequada caracteriza óbice ao direito ao contraditório e ampla defesa, bem como, implica considerarse inexistente a citação da disposição legal infringida e nulo o Auto de Infração, nos termos do artigo 10, inciso IV do Decreto n° 70.235/72; 3.5.0 Auto de Infração deve ser cancelado por cerceamento do direito de defesa da autuada, eis que não demonstra as razões jurídicas necessárias para a realização do lançamento, as aliquotas aplicadas e todos os demais elementos necessários para a constituição do crédito tributário. Além disso, a fiscalização não demonstrou como pode ser possível exigir tributos da impugnante se todas as operações foram escrituradas por seu fornecedor, Bertin Ltda, o qual efetuou o pagamento dos tributos federais devidos sobre estas mesmas bases de calculo; No Mérito, 3.6.0 Auto de Infração deve ser cancelado, pois a fiscalização não demonstrou ter a impugnante praticado o fato gerador do tributo constituído no lançamento; 3.7.Não houve omissão de receitas, "porque a ocorrência das operações objeto dos títulos listados pela fiscalização, a exigibilidade do passivo e todas as demais condições para a regularidade dos procedimentos realizados pela Impugnante estão presentes." (fl. 362); 3.8.A fiscalização da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo já analisou suas operações realizadas a partir do ano de 2005, tendo declarado e reconhecido a inexistência de irregularidades na escrituração de todos os títulos listados pelo Fl. 2102DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.103 11 AFRE no anexo do Termo de Verificação e Constatação Fiscal, bem como em todas as notas fiscais emitidas pela empresa Bertin Ltda.; 3.9.A impugnante elaborou uma planilha ora apresentada, na qual demonstra a forma de liquidação do montante de R$ 19.311.884,06, discriminada como se segue: i) devoluções de mercadorias no valor de R$ 1.202.023,04. Tratase das mercadorias relacionadas nos títulos n° 4905 e 4906, as quais foram devolvidas para a fornecedora Bertin Ltda, sendo improcedente afirmar a existência de passivo fictício registrado pela impugnante; ii) pagamento em dinheiro no valor de R$ 342.188,81, que em parte foi utilizado para liquidar os supracitados títulos n° 4905 e 4906 e parte para liquidar o titulo n° 5299, tendo sido registrado na contabilidade da impugnante no seu Razão Analítico conforme doc. 10; iii) cessão de créditos no valor de R$ 15.738.213,59, conforme documentos de cessão anexados (doe 11); carta datada do dia 20 de março de 2005 pela empresa Bertin Ltda (doe 12) e planilha elaborada pela impugnante (doe 13). 0 pagamento por cessão de créditos é uma conduta regular e legal que comprova que as operações existiram e as obrigações foram devidamente quitadas pelos seus participantes; iv) pagamento bancário no valor de R$ 2.029.458,62 (doc. 08), para quitação dos títulos n° 5299, 5300, 5301 e 5302, conforme comprovantes das operações emitidas pelo Banco Bradesco S/A e Banco Itaú S/A; 3.10. os documentos apresentados comprovam que as operações efetivamente ocorreram, representam algo exigível pelo seu credor Bertin Ltda e foram liquidadas das formas indicadas; 3.11. não há motivos para se entender que a impugnante não possuía capacidade econômica para saldar seu passivo. A impugnante sempre possuiu recursos para efetuar os pagamentos dos referidos títulos porque, além dos motivos já descritos, recebeu um aporte R$ 120.120.000,00 de sua principal sócia; 3.12. a autuação configura bitributação, por já terem sido os tributos pagos pela Bertin Ltda, que escriturou e informou em sua DIPJ e DCTFs todas as operações que ensejaram o lançamento impugnado (does 15 e 16), tendo apurado e recolhido IRPJ, CSLL, COFINS e PIS, como demonstra o extrato de sua situação fiscal (doc 17); 3.13. A multa agravada de 112,50% é inaplicável, ausente qualquer das hipóteses previstas no parágrafo 2° do artigo 44 da Lei n° 9.430/96, uma vez que a impugnante somente não apresentou todos os documentos fiscais exigidos porque os mesmos encontravamse em poder da fiscalização estadual; Fl. 2103DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.104 12 3.14. Como garante o principio da verdade material, a impugnante requer a realização de perícia e diligências para se constatar a efetiva ocorrência das operações relacionadas ao lançamento, em conformidade com o artigo 16, IV, c/c § 1°, do Decreto 70.235/72. As diligências deverão ser realizadas no estabelecimento da impugnante; para a perícia, a impugnante nomeia o Sr. Gilson Aparecido Teixeira, CRC n° 1SP146450/0 2, para analisar a documentação e responder aos seguintes quesitos: 1 a Impugnante adquiriu da Bertin Ltda. mercadorias objeto dos títulos descritos no Termo de Verificação e Constatação Fiscal? 2 Estas operações efetivamente ocorreram com a saída das mercadorias do estabelecimento da Bertin Ltda. em direção ao estabelecimento da Impugnante? 3 Como estas operações foram liquidadas? 4 Prestar outros esclarecimentos necessários para a solução da lide administrativa. 3.15. Requer seja intimado de todas as decisões proferidas nos autos o advogado signatário da presente, cujo endereço especifica a fl. 368; 3.16. Pugna pelo provimento da impugnação e conseqüente cancelamento do Auto de Infração. É o relatório. A seguir, o voto. Na seqüência, foi proferido o Acórdão recorrido, pela 5ª Turma da DRJ/SP1, com o seguinte ementário: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 OMISSÃO DE RECEITA. PASSIVO FICTÍCIO. A manutenção no passivo de obrigações cuja origem e a exigibilidade não sejam comprovadas caracteriza a omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção. PROVA DA EXIGIBILIDADE DO PASSIVO. A escrituração contábil, por si só, não faz prova dos fatos e lançamentos nela registrados, os quais devem ser comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza. AUTO DE INFRAÇÃO NULIDADE Não se verificando a ocorrência de nenhuma das hipóteses previstas no artigo 59 do Decreto n° 70.235/72 e observados todos os requisitos do artigo Fl. 2104DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.105 13 10 do mesmo diploma legal, não há que se falar em nulidade da autuação. PERÍCIA PRESCINDÍVEL. DESCABIMENTO. A perícia é prescindível quando as questões a serem apreciadas estão na esfera de conhecimento e da competência funcional do julgador ou porque os elementos trazidos aos autos são suficientes para formar sua convicção. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. Constituindose o MPF em elemento de controle da administração tributária, disciplinado por ato administrativo, eventual irregularidade formal nele detectada, ou mesmo a falta de sua emissão, não enseja a nulidade do auto de infração, nem de quaisquer Termos Fiscais lavrados por agente fiscal competente para proceder ao lançamento, atividade vinculada e obrigatória nos termos da lei. MULTA MAJORADA. A multa de oficio será aumentada de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para prestar esclarecimentos ou apresentar documentação. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. A decisão proferida no lançamento principal é aplicável aos demais lançamentos reflexivos, face à relação de causa e efeito que os vincula. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Após intimado (efls. 2009), a empresa autuada apresenta, tempestivamente, seu Recurso Voluntário, pugnando por seu provimento, onde apresenta argumentos que serão a seguir analisados. Em uma primeira apreciação, a 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara desta Seção de Julgamento, mediante Resolução nº 1202000.256, resolveu converter o julgamento em diligência, para que a Unidade de Origem coletasse informações necessárias ao julgamento do recurso voluntário interposto. Em atendimento, a Delegacia da Receita Federal em São Paulo, São Paulo, carreou ao processo o documento de efls. 2084/2086, intimando, na seqüência, a autuada e seu fornecedor. Ao serem intimados, disseram que não dispõem dos documentos solicitados, destacando o responsável pela diligência que as respostas para as intimações foram idênticas e que foram representados pelo mesmo procurador, Sr. Douglas Venturosa de Oliveira, CPF: 988.452.17868, e que se tratavam de empresas relacionadas, que faziam parte do mesmo grupo econômico. Fl. 2105DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.106 14 Na seqüência, intimouse o sujeito passivo do encerramento e do resultado da diligência para apresentar, se assim desejar, manifestação no prazo de 30 dias. Devidamente cientificado (fls. 2087), o contribuinte não se manifestou. É o Relatório. Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator. O recurso apresentado pela empresa autuada é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/1972. Portanto, dele conheço. DA ANÁLISE DO RECURSO VOLUNTÁRIO Preliminares O contribuinte aduz as seguintes preliminares: i) não apreciação de razões de defesa e cerceamento pela negativa do pedido de perícia e diligência; ii) ofensa ao MPFF; iii) perda de eficácia do Termo de Início da Ação Fiscal; iv) inexistência de fundamentação jurídica e motivos de direito do auto de infração; v) cerceamento de defesa. Quanto à preliminar de não apreciação das razões de defesa, alega o contribuinte que a decisão recorrida não apreciou razões de defesa por ele ventiladas, relacionadas ao fato de não ter sido provada a realização dos fatos geradores dos tributos constituídos. Contudo, não lhe assiste razão. Em relação ao reclamo, o acórdão questionado assim se manifestou: No tocante aos elementos sobre os quais se pautou a autoridade autuante para autorizála a presunção legal de considerar o saldo do passivo não satisfatoriamente comprovado como passivo fictício e proceder à tributação como omissão de receitas, observase que constam dos autos elementos que demonstram suficientemente a ocorrência da infração apurada. 38. Portanto, não havendo vicio sobre o procedimento fiscal efetuado, cabe analisar se a impugnante trouxe aos autos elementos capazes de afastar a infração constatada pela autoridade autuante. 39. Releva à caracterização da presunção legal de omissão de receitas a verificação de dois aspectos: a efetividade das operações registradas em seu passivo e a suposta quitação das obrigações correspondentes. (G.N) Assim, o Órgão julgador deixa claro seu entendimento quanto à obrigação do sujeito passivo, e não do Fisco, em demonstrar documentalmente os valores lançados em sua escrituração, sob pena de tributação das receitas omitidas, por aferição indireta. Fl. 2106DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.107 15 Nas hipóteses de presunção legal, o Fisco está dispensado de fazer prova do fato gerador da omissão de receitas, bastando que prove a ocorrência do fato indiciário, adequandoo à hipótese legal, em que se funda a presunção, e no entendimento da decisão recorrida este fato está devidamente provado, tanto que afirma não haver vício sobre o procedimento fiscal efetuado. No que pertine à alegação de nulidade em razão da negativa de realização de diligência, também não prospera sua irresignação, pois caberia à interessada obter os elementos de prova, para se livrar da infração apurada através de presunção legal, vez que nestes casos, cabe ao contribuinte fazer prova de que o Fisco está equivocado. Assim, concordo com a decisão recorrida neste aspecto, consignando ainda que ao julgador tem o dever de formar livremente sua convicção, determinando as diligências que entender necessárias, e indeferindo as que considerar prescindíveis, desde que devidamente fundamentadas, como ocorreu no caso em questão. Portanto, é defeso ao julgador utilizarse do mencionado instrumento para produzir provas para quaisquer das partes, cabendo as partes produzirem as provas pertinentes de acordo com suas alegações e, em particular, como se disse, é ônus exclusivo da recorrente a produção de prova a respeito do direito que alega possuir, em face da presunção legal contida no artigo 40 da Lei 9.430/96. Além do mais, observese a diligência foi determinada pelo Colegiado que inicialmente analisou o recurso voluntário, porém, na antemão de suas alegações, a recorrente não aproveitou a oportunidade de produzir provas para se livrar do fato presumido, pois informou, quando intimado, de não mais dispor de quaisquer dos documentos solicitados, além de não se manifestar sobre a conclusão do relatório emitido pela autoridade diligenciante. No que se refere às demais preliminares suscitadas, considero que foram bem enfrentadas pela decisão recorrida, cabendo apenas ratificar a análise lá efetuada. Em relação ao MPF, conforme bem ressaltado pelo acórdão hostilizado, além do artigo 7º, §2º do Decreto 70.235/72 permitir sucessivas prorrogações, não disciplina a eficácia temporal da ação fiscal, referindo especificamente à exclusão de espontaneidade do sujeito passivo (§1º). Com referência à eficácia temporal da ação fiscal, destaquese que essa matéria tem sido apreciada no CARF, que se posiciona de forma quase unânime, no sentido de que o Mandado de Procedimento Fiscal MPF constituise mero instrumento de controle criado pela Administração Tributária, e eventuais irregularidades em sua emissão ou prorrogação não são motivos suficientes para se anular o lançamento. Transcrevo duas decisões da 2ª Turma da CSRF nesse sentido: MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. INSTRUMENTO DE CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO. INEXISTÊNCIA QUE NÃO CAUSA NULIDADE DO LANÇAMENTO. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF, constituise em instrumento de controle criado pela Administração Tributária para dar segurança e transparência à relação fiscocontribuinte, Fl. 2107DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.108 16 que objetiva assegurar ao sujeito passivo que o agente fiscal indicado recebeu da Administração a incumbência para executar a ação fiscal. Pelo MPF o auditor está autorizado a dar início ou a levar adiante o procedimento fiscal. A inexistência de MPF para fiscalizar determinado tributo ou a não prorrogação deste não invalida o lançamento que se constitui em ato obrigatório e vinculado. (Acórdão nº920201.637; sessão de 12/04/2010; Relator Moisés Giacomelli Nunes da Silva) VÍCIOS DO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Falhas quanto a prorrogação do MPF ou a identificação de infrações em tributos não especificados, não causam nulidade no lançamento. Isto se deve ao fato de que a atividade lançamento é obrigatória e vinculada,e,detectada a ocorrência da situação descrita na lei como necessária e suficiente para ensejar o fato gerador da obrigação tributária, não pode o agente fiscal deixar de efetuar o lançamento, sob pena de responsabilidade funcional. (Acórdão nº 920201.757; sessão de 27/09/2011; Relator Manoel Coelho Arruda Junior) Desta forma, eventual inobservância dos procedimentos e limites fixados por meio do MPF, salvo quando utilizado para obtenção de provas ilícitas, não gera nulidades no âmbito do processo administrativo fiscal. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF, constitui se em instrumento de controle criado pela Administração Tributária para dar segurança e transparência à relação fiscocontribuinte, com o intuito de assegurar ao sujeito passivo que o agente fiscal indicado possui a incumbência para executar a ação fiscal. Pelo MPF, o auditor está autorizado a dar início ou a levar adiante o procedimento fiscal. Se ocorrerem problemas com a prorrogação do MPF, estes não invalidam os trabalhos desenvolvidos pela fiscalização. Isto se deve ao fato de que a atividade de lançamento é obrigatória e vinculada, e, detectada a ocorrência da situação descrita na lei como necessária e suficiente para ensejar o fato gerador da obrigação tributária, não pode o agente fiscal deixar de efetuar o lançamento, sob pena de responsabilidade funcional. Logo, salvo nos casos de ilegalidade, a validade do ato administrativo é subordinada à legitimidade do agente que o pratica, isto é, ser titular do cargo ou função a que tenha sido atribuída a legitimação para a prática do ato. Assim, legitimado o AFRF para constituir o crédito tributário mediante lançamento, não há o que se falar em nulidade por falta do MPF que se constitui em instrumento de controle da Administração. Ainda com relação ao MPF, alega a recorrente que o referido mandado abrangeria apenas o IRPJ, não alcançando PIS, COFINS e CSLL. Tal alegação foi afastada Fl. 2108DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.109 17 suficientemente pela decisão recorrida, acrescentando apenas que se trata de tributação decorrente ou reflexa, apoiada no mesmo suporte fático comum. Por fim, com referência às duas últimas preliminares alegadas, também não há como acolhêlas. Não possui fundamento a alegação de que o lançamento não conteria os dispositivos legais infringidos e os elementos constitutivos da regra matriz dos tributos exigidos (contribuinte, base de cálculo e alíquota), pois, ao contrário do que alega, constam do auto de Infração a identificação do sujeito passivo (contribuinte), a base de cálculo de R$ 19.311.884,06 e as alíquotas especificadas nos Demonstrativos de Apuração de cada um dos tributos exigidos. Também é de se observar que o Termo de Verificação integra o Auto de Infração e contém a discriminação e reprodução dos textos dos dispositivos infringidos e a penalidade aplicada, qual seja, a presunção de omissão de receitas por presunção legal, devido à constatação de passivo fictício. É pacifico neste Conselho o entendimento de que a insuficiência do enquadramento legal é suprida com a correta descrição dos fatos e das irregularidades apuradas. Isso porque a autuação fiscal não se limita a indicar dispositivos legais infringidos, mas, essencialmente, detalhar todo o contexto do lançamento, dando amplo conhecimento dos fatos motivadores da exigência, permitindo, por conseguinte, o exercício pleno da defesa dos interessados. Objetivamente, não há nenhuma falha no enquadramento legal da exigência aqui tratada que dê azo à nulidade do lançamento, inclusive no tocante à alegação de ausência de dispositivo legal para tributação do valor omitido. Portanto, não há que se falar em declaração de nulidade de lançamento, que traz os fatos que permitem ao contribuinte exercitar adequadamente sua defesa, garantindose o contraditório e a ampla defesa. Por fim, quanto à nulidade por cerceamento de defesa pela impossibilidade de exigir tributos da recorrente quando estas mesmas operações foram escrituradas por seu fornecedor, Bertin Ltda, há aqui uma confusão, que deve ser esclarecida. Ora, ainda que se refiram às mesmas operações de compra e venda, os eventos tributários resultantes são distintos. Para a fornecedora, a operação gera um direito contábil e conseqüentemente a obrigação de tributar a receita decorrente. Por outro lado, no caso da recorrente, adquirente do produto, a operação gera uma obrigação contábil e conseqüentemente, a obrigação de registrar o surgimento e a quitação dessa obrigação. Por outro lado, o fato de utilizarse de presunção legal, em nenhum momento pode ser configurado cerceamento de defesa, mormente se o contribuinte possui os meios de provas admitidos em direito ao seu dispor, como de fato os possui, para comprovar a exigibilidade das obrigações registradas em seu passivo. Assim, afasto as argüições de nulidade. Fl. 2109DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.110 18 Mérito Quanto ao mérito, de acordo com o recurso apresentado, alega a recorrente i) inexistência da prática do fato gerador; ii) inexistência de omissão de receitas; iii) bitributação Bertin Ltda pagou IRPJ, CSLL, COFINS e PIS; iv) multa agravada. Quanto à inexistência da prática do fato gerador, essa alegação já foi apreciada em exame preliminar. De fato, tratandose de lançamento baseado em presunção legal, o fisco está dispensado de fazer prova do fato gerador da omissão de receitas, bastando que prove a ocorrência do fato indiciário, adequandoo à hipótese legal, em que se funda a presunção. No caso em questão, os lançamentos efetuados baseiamse em presunções legais, não havendo vício sobre o procedimento fiscal efetuado. Portanto, tratandose de presunção prevista em lei, cabe ao contribuinte trazer aos autos elementos capazes de evidenciar que a referida presunção não subsiste. Portanto, diferente do alegado, não há necessidade do fisco provar a prática do fato gerador da infração "omissão de receita". Com referência ao tópico "inexistência de omissão de receitas", defende a recorrente a regularidade de escrituração em seu passivo de obrigações no valor de R$ 19.311.884,06, provenientes de operações com a empresa Bertin Ltda, aduzindo que tais obrigações se encontravam exigíveis no encerramento do balanço anocalendário 2005. Pontua que suportou uma fiscalização estadual a partir do anocalendário 2005, tendo aquele fisco declarado inexistir irregularidades, o que torna, em sua ótica, o posicionamento do fisco federal incorreto. Quanto aos títulos objeto da planilha anexada aos Termo de Verificação e Constatação Fiscal, aduz que elaborou uma planilha de fls. 679/689 demonstrando como esses valores foram liquidados, e especifica ter ocorrido: i) Devoluções de Mercadorias o valor de R$ 1.202.023,04 (um milhão, duzentos e dois mil, vinte e três reais e quatro centavos); ii) Pagamento em Dinheiro no valor de R$ 342.188,81 (trezentos e quarenta e dois mil, cento e oitenta e oito reais e oitenta e um centavos); iii) Cessão de Créditos no valor de R$ 15.738.213,59 (quinze milhões, setecentos e trinta e oito mil, duzentos e treze reais e cinqüenta e nove centavos) e iv) Pagamento Bancário no valor de R$ 2.029.458,62 (dois milhões, vinte e nove mil, quatrocentos e cinqüenta e oito reais e sessenta e dois centavos) Ao analisar os argumentos e documentos apresentados, a DRF fez as seguintes constatações: Devoluções de mercadorias. 45. Quanto As mercadorias que teriam sido devolvidas, observa se que os registros de entradas do ICMS a fl. 690/692 sequer Fl. 2110DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.111 19 apontam operações com datas coincidentes com a data em que, segundo a impugnante, teria sido efetiva a devolução correspondente. Pagamentos em dinheiro e via bancária. 46. Não há comprovação nos autos dos pagamentos em dinheiro alegados pela defesa. Quanto aos pagamentos bancários alegados, não há comprovação de que a transferência bancária de R$ 4.000.000,00 recebida pela fiscalizada, constante do extrato emitidos pela Bradesco, a fls 1069/1080, seja de fato correspondente aos títulos 5299 a 5301, tal como informado em demonstrativo elaborado pela MACLENY a fl. 1068. Isso porque, além de não haver suporte probatório de que tal transferência se refere aos títulos discriminados, o encontro de contas nem parece razoável, uma vez que os valores dos títulos 5299 a 5301 não coincidem com o TED efetuado, tendo sido necessário integrar outros sete títulos mais antigos (n° 2137 a 2145) para que a soma das compras coincidisse com o montante transferido por via bancária. Tampouco a transferência indicada no comprovante de fl. 1081 do Itaú Bankline, se presta a comprovar eventual correspondência aos títulos constantes do Termo de Verificação Fiscal. Pagamentos com créditos cedidos. 47. A impugnante apresentou instrumentos particulares de cessão de crédito a fls. 701/1058 (doc. 11) emitidos pela empresa MACLENY à fornecedora BERTIN LTDA., A qual estaria transferindo créditos relativos a transações realizadas com diversos estabelecimentos listados em anexos. 48. Constatase que as emissões desses documentos de cessão de crédito foram efetuados ao longo do anocalendário de 2005, ano em que ocorridos os vencimentos das compras lançadas no passivo da contribuinte. 49. Embora a "conta corrente" aberta pela empresa BERTIN LTDA para controlar os créditos cedidos pela contribuinte MACLENY tenha sido aberta em 20/03/2005, conforme carta particular de fl. 1059 (doc. 12), a empresa BERTIN LTDA teria emitido somente em 31/12/2007, "declaração de quitação" (fl. 1062, doc. 13) das obrigações da compradora MACLENY que apresentavam vencimento até dezembro de 2005. 50. Admitida a existência dessa "conta corrente", no momento do vencimento de uma fatura, o crédito cedido anteriormente deve ser considerado consumido, não havendo razão para que essa compensação seja efetuada em momento posterior, ainda mais sem encargos. 51. A despeito de ter a contribuinte apresentado razão analítico com registros de saldo de passivo ainda exigível no ano calendário de 2005, cabe esclarecer que a escrituração mantida pela contribuinte não constitui suporte probatório das informações nela contidas, podendo a autoridade fiscal exigir a Fl. 2111DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.112 20 apresentação do suporte probatório dos lançamentos efetuados pela empresa em seus livros fiscais e contábeis, conforme se depreende da leitura dos artigos 923 e 924 do RIR199: "Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (DecretoLei n 2 1.598, de 1977, art. 92, § 12). Onus da Prova Art. 924. Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 92, § 22)." (sublinhei) 52. Não obstante, admitidos os instrumentos de cessão de crédito como modalidade de quitação das obrigações da empresa perante seus fornecedores, deve também ser considerada a data de sua emissão como data da efetiva quitação dessas obrigações, ou seja, no próprio ano de 2005. 53. Tal conclusão apenas reforça a constatação da autoridade fiscal, pois demonstra que a contribuinte estaria mantendo em seu passivo, ao final do anocalendário de 2005, obrigações já quitadas. 54. Quanto ao aporte de capital que demonstraria a capacidade da contribuinte para saldar seu passivo, mostrase correta a análise da autoridade fiscal, que consignou ser inaceitável tal alegação, na medida em que o aporte apontado teria ocorrido em 2008, após a quitação dos títulos discriminados que, segundo a impugnante, teria ocorrido em 2007. Não há reparos a fazer a esta decisão, pois analisou com desvelo cada um dos argumentos mencionados no recurso. Portanto, adoto seus fundamentos como razões de decidir, nos termos do §1º do art. 50 da Lei 9.784/99. De fato, os lançamentos efetuados baseiamse em presunção legal, e neste caso, caberia ao contribuinte trazer aos autos provas de efetiva existência do passivo lançado em sua contabilidade; porém, como se vê, não se desincumbiu deste ônus. A recorrente não apresentou documentos que justificassem o passivo de obrigações com fornecedor que, inclusive pertence ao mesmo grupo econômico. Observese que na oportunidade da diligência, além da empresaautuada informar não mais dispor dos documentos acerca dos fatos aqui discutidos, não se manifestou sobre o resultado da referida diligência, quedadose, por conseguinte, inerte. Dessa forma, por não haver comprovação inequívoca da existência do saldo das contas objeto da autuação, mantémse o lançamento. Fl. 2112DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.113 21 Em relação aos lançamentos reflexos, observese que os elementos de comprovação são os mesmos que fundamentaram o lançamento de oficio referente ao IRPJ. Assim, aplicase aos lançamentos de PIS, COFINS e CSLL, no que couber, o que foi decidido naquele. No que diz respeito à multa de ofício aplicada, conforme relatado, a fiscalização a agravou em 50%, passando de 75% para 112,5%, por entender que se tratava da hipótese prevista no art. 44, I, do parágrafo 2º, da Lei 9.430/96. O referido dispositivo prevê que o percentual de multa 75% será aumentado pela metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para prestar esclarecimentos. A DRJ manteve o agravamento da multa de ofício, sob o entendimento de que o não atendimento das intimações e reintimações (10 intimações e 5 reintimações) procedidas pela fiscalização ao longo do procedimento dificultou os trabalhos de auditoria fiscal dirigidos à verificação do cumprimento das obrigações tributária da empresa, ainda que se considerasse a justificação trazida pelo contribuinte de que documentos fiscais e contábeis estariam em poder da fiscalização estadual, pois no entendimento da fiscalização federal, ainda que existisse concomitância de ação fiscal, não houve o devido esclarecimento do porquê do não fornecimento de outros elementos comprobatórios. Confirase: 56. Sobre a alegação de que a não apresentação dos documentos exigidos deveuse ao fato de que os mesmos teriam sido exigidos à mesma época pela fiscalização estadual, ponderase que essa alegação não escusa as inúmeras negativas ao atendimento das intimações enviadas pela fiscalização. 57. Compulsando os autos, verificase que a fiscalização viuse obrigada a por duas vezes reiterar a intimação de fl. 55 (reintimações a fls. 61 e 64/65), que foi emitida para que a contribuinte apresentasse o DCP — Demonstrativo de Composição do Passivo, preenchido com as informações relativas ao saldo do passivo escriturado em 31/12/2005 e respectiva liquidação no ano seguinte, relativamente as contas: "Fornecedores Nacionais" no valor de R$ 28.076.985,38; "Bancos Conta Transitória" no valor de R$ 2.848.320,83 e "Adiantamento de Clientes" no valor de R$ 3.225.601,16, juntamente com a documentação comprobatória das provisões e baixas relacionadas a essas contas. 58. Também a intimação de fl. 59, emitida para apresentação de documentos comprobatórios dos valores escriturados na conta "Bonificação Forme. Merc. p/ Revenda", no montante de R$ 11.991.072,18, no anocalendário de 2005, e para demonstrar a anulação deste valor da apuração dos créditos das contribuições ao PIS e à COFINS não cumulativos, foi objeto de reiteração por duas vezes, por meio dos documentos de fls. 64/65 e fls. 105/106. 59. Os registros fiscais e contábeis relativos ao ac de 2005, solicitados e não apresentados desde o inicio da ação fiscal, foram solicitados novamente pela reintimação de fls. 102, em 23/10/2008. 60. A intimação para apresentar arquivos digitais contendo dados relativos aos Registros Contábeis e Documentos Fiscais Fl. 2113DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.114 22 (fls. 97/98) também teve que serreiterada mediante intimação de fls 105/106. 61. Cabe notar que somente em 20/01/2009, decorrido muito tempo do inicio da ação fiscal e após vários alertas de que estaria incorrendo em conduta passível de agravamento de multa por embaraço à fiscalização, a contribuinte MACLENY veio comunicar fiscalização que os documentos contábeis e fiscais (Livro Diários, Registro de Entradas e Saídas, notas fiscais de entradas e saídas e registro de Inventário) poderiam ser disponibilizados à SRF somente após a devolução dos mesmos pela Secretaria da Fazenda Estadual, que havia solicitado à empresa tais documentos em 28/03/2008. 62. Após informar a respeito da impossibilidade de apresentação de documentos fiscais e contábeis que estariam de posse do fisco estadual, mais três intimações foram reiteradas, diante do não fornecimento de elementos e documentos requisitados, os quais se referiram não somente aos livros escriturais que poderiam de fato estar retidos pelo fisco federal. 63. Releva notar que a suposta concomitância de ação fiscal movida pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo poderia, em tese, justificar certa delonga na apresentação de alguns elementos solicitados relativos à escrituração contábil e fiscal da empresa. Essa alegação, contudo, não se presta a esclarecer o porquê do não fornecimento de outros elementos cuja apresentação não estaria dificultada por aquele evento, tais como documentos comprobat6rios dos valores escriturados na conta "Bonificação Fornec. Merc. p/Revenda", no montante de R$ 11.991.072,18, no anocalendário de 2005; comprovação da origem de recursos para pagamento do saldo do passivo verificado; comprovantes de pagamento ou liquidação das obrigações do passivo; arquivos digitais contendo os registros contábeis e dados dos documentos fiscais. 64. Foram, ao todo, sem contar as intimações enviadas ao principal fornecedor da fiscalizada, 10 (dez) intimações e 5 (cinco) reintimações ao longo do procedimento fiscal que não podem ser justificadas pelo simples fato de que a contribuinte estaria sendo concomitantemente fiscalizada pelo fisco estadual. 65. Outrossim, a minuciosa leitura dos autos revela que efetivamente a omissão da fiscalizada dificultou os trabalhos de auditoria fiscal dirigidos à verificação do cumprimento das obrigações tributária da empresa. As justificativas apresentadas pelo impugnante não esclarecem os motivos do não atendimento de intimações dentro dos prazos estabelecidos, nem releva sua a infração, mostrandose cabível a majoração da multa de oficio, nos termos do § 2° do artigo 44, da Lei n° 9.430/96. Penso que, neste ponto, a decisão recorrida merece reparos. Conforme se depreende do trecho do TVF abaixo transcrito, a ausência de comprovação e esclarecimentos sobre a regularidade dos lançamentos registrados em seu passivo também deu causa à Fl. 2114DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.115 23 presunção de omissão de receitas, não devendo, assim, o mesmo fato ser utilizado também para o agravamento da multa: Em vista de todo o acima exposto, concluise que a falta de comprovação, com documentação hábil e idônea, de parcela do passivo, no montante de R$ 19.311.884,06, conforme demonstrativo anexo ao presente termo, autoriza ao fisco a presunção legal de considerar o saldo não satisfatoriamente comprovado como passivo fictício, que será tributado de oficio, com fundamento nos artigos 24 da Lei n° 9.249/95; 40 da Lei n° 9.430/96; 249, artigos 249, inciso II, 251 e parágrafo único, 279, 281, inciso II e III, e 288, do Decreto n° 3.000/99 (RIR/99), com a multa prevista no art. 44, § 2°, da Lei n° 9.430/96, em virtude das reiterações de intimações acima mencionadas. A impossibilidade de uma mesma conduta servir de base tanto à presunção de omissão quanto à sua penalização encontra paralelo com a situação já pacificada neste CARF, por meio da Súmula 96: Súmula CARF nº 96: A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros. Não é o caso da aplicação da súmula acima transcrita, que trata de situação diversa da presente (arbitramento de lucros), porém, entendo ser possível traçar um paralelo entre as situações, ou seja, da mesma forma que a falta de apresentação de livros e documentos não pode dar causa, por si só, ao arbitramento e ao agravamento da multa, também a falta de apresentação de documentos e esclarecimentos sobre a regularidade dos lançamentos registrados em seu passivo, não pode gerar tanto a presunção de omissão de receitas quanto a multa agravada. É que a falta de explicação quanto à regularidade dos lançamentos registrados no passivo contábil já tem conseqüência específica que é a autorização para a presunção de omissão de receitas. Ademais, o agravamento da multa é hipótese severa que apenas pode ocorrer quando houver prejuízo efetivo à fiscalização, o que não se dá nos casos de presunção de omissão de receitas já que, como hipótese de presunção que é, invertese o ônus da prova, fazendo com que as autoridades fiscais possam tributar com base apenas no fatobase da presunção (o fato auxiliar, o indíciário), dispensandoas de provar o fato presumido. Neste ponto, trago decisão do ilustre Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, nos autos do Processo n. 15563.720068/201333, assim ementada: MULTA AGRAVADA DE 225%. IMPROCEDÊNCIA. Ainda que o contribuinte não tenha apresentado todos os dados solicitados pela fiscalização, devese afastar a multa agravada quando constatado que tal circunstância não obstaculizou nem prejudicou, de forma incisiva, a definição da base de cálculo dos tributos lançados. (G.N) Fl. 2115DF CARF MF Processo nº 19515.004070/200910 Acórdão n.º 1301002.962 S1C3T1 Fl. 2.116 24 Ora, o contribuinte não obstaculizou nem prejudicou o trabalho desenvolvido, na definição da base de cálculo dos tributos lançados, até mesmo porque o lançamento foi efetuado a partir de informações e documentos contábeis por ele fornecidos. Logo, também por este motivo é inaplicável o agravamento da multa de ofício em face do não atendimento das intimações fiscal em questão. Com esses fundamentos, impõese o desagravamento da multa de ofício aplicada. CONCLUSÃO Assim, diante do exposto, rejeito as argüições de nulidades, e no mérito, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário da empresa autuada, tão somente para reduzir a multa de ofício para 75%. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 2116DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.723423/2012-96
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Data do Fato Gerador: 01/01/2013
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
O conhecimento do recurso está condicionado à satisfação do requisito de admissibilidade da tempestividade, estando ausente este, por interposição extemporânea, não se conhece o mérito recursal. Dicção dos arts. 5.º e 33 do Decreto n.º 70.235, de 1972.
É assegurado ao Contribuinte a interposição de Recurso Voluntário no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da ciência da decisão recorrida efetivada por via postal. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Dicção da Súmula n.º 9 do CARF.
Demonstrado nos autos que o recurso foi interposto após vencido o prazo, sem que tenha sido apresentado qualquer prova de ocorrência de eventual fato impeditivo, não é admissível o seu conhecimento.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Sem crédito em Litígio
Numero da decisão: 1002-000.197
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ailton Neves da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonam Rocha de Medeiros - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (Presidente), Ângelo Abrantes Nunes, Breno do Carmo Moreira Vieira e Leonam Rocha de Medeiros.
Nome do relator: LEONAM ROCHA DE MEDEIROS
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Simples Nacional Exclusão por Débitos Recorrente TRANSPORTADORA E BORRACHARIA GENOVA RIO PRETO LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Data do Fato Gerador: 01/01/2013 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO. O conhecimento do recurso está condicionado à satisfação do requisito de admissibilidade da tempestividade, estando ausente este, por interposição extemporânea, não se conhece o mérito recursal. Dicção dos arts. 5.º e 33 do Decreto n.º 70.235, de 1972. É assegurado ao Contribuinte a interposição de Recurso Voluntário no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da ciência da decisão recorrida efetivada por via postal. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Dicção da Súmula n.º 9 do CARF. Demonstrado nos autos que o recurso foi interposto após vencido o prazo, sem que tenha sido apresentado qualquer prova de ocorrência de eventual fato impeditivo, não é admissível o seu conhecimento. Recurso Voluntário Não Conhecido Sem crédito em Litígio Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 72 34 23 /2 01 2- 96 Fl. 149DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (Presidente), Ângelo Abrantes Nunes, Breno do Carmo Moreira Vieira e Leonam Rocha de Medeiros. Relatório Cuidase, o caso versando, de Recurso Voluntário (efl. 117/139) ― autorizado nos termos do art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, interposto com efeito suspensivo e devolutivo ―, protocolado pela recorrente, indicada no preâmbulo, devidamente qualificada nos fólios processuais, relativo ao inconformismo com a decisão de primeira instância (efls. 107/113), proferida em sessão de 18/12/2013, consubstanciada no Acórdão n.º 1048.308, da 6.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre/RS (DRJ/POA), que, por unanimidade de votos, confirmou o despacho decisório DRF/SJR/SP nº 51/2013, proferido em 04/03/2013 (efls. 61/65), que julgou improcedente a impugnação que pretendia desconstituir o Ato Declaratório Executivo (ADE) n.º 640861, de 2012, que excluiu a contribuinte do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Simples Nacional, na forma do inciso V do art. 17, combinado com o inciso II do art. 30, combinado com o inciso IV do art. 31, todos da Lei Complementar n.º 123, de 2006, tendo sido assim ementada a decisão vergastada: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Data do fato gerador: 01/01/2013 EXCLUSÃO DO SIMPLES NACIONAL DÉBITOS COM EXIGIBILIDADE NÃO SUSPENSA CERCEAMENTO DE DEFESA INCONSTITUCIONALIDADE Não poderá recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou empresa de pequeno porte que possua débito com a Fazenda Pública Federal, com exigibilidade não suspensa. Inexiste cerceamento de defesa quando o Ato Declaratório Executivo obedeceu a todos os requisitos essenciais de validade, expondo de forma clara e precisa o motivo da exclusão a que se refere e permitiu o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa ao interessado. Não cabe ao órgão administrativo apreciar argüição de legalidade ou constitucionalidade de leis ou mesmo de violação a qualquer princípio constitucional de natureza tributária. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio Fl. 150DF CARF MF Processo nº 10850.723423/201296 Acórdão n.º 1002000.197 S1C0T2 Fl. 150 3 O ADE n.º 640861, de 2012, sumariou, em síntese, que a contribuinte estava excluída do Simples Nacional em virtude de possuir débitos com a Fazenda Pública Federal, com exigibilidade não suspensa (Períodos de Apuração 07/2008, 10/2009, 03/2010 e 04/2010), conforme relação anexa (efls. 5/6), aplicandose o disposto no inciso V do art. 17, inciso I do art. 29, inciso II do caput e § 2.º do art. 30 da Lei Complementar n.º 123, de 2006, e no inciso XV do art. 15 e alínea "d" do inciso II do art. 73 da Resolução CGSN n.º 94, de 2011. No mesmo ato foi informado que poderia tornar sem efeito a exclusão, caso a totalidade dos débitos fossem regularizados no prazo de trinta dias. O ADE foi entregue em 27/09/2012 (efl. 50, informação ETC). De toda sorte, o edital eletrônico de intimação aponta ciência em 15/11/2012. A manifestação de inconformidade (efl. 2), protocolada em 30/10/2012, instaurou a fase litigiosa do procedimento, tendo alegado, em suma, que os débitos não previdenciários constantes na ADE foram corrigidos através de retificação da DCTF dos períodos apontados; que a diferença dos débitos previdenciários foi também corrigida por retificação de GPS; que os débitos de multa de DCTF foram parcelados. Juntou recibo da confirmação do pedido de parcelamento (efl. 18), emitido em 22/10/2012, com valor consolidado para parcelamento de R$ 1.575,00 (um mil e quinhentos e setenta e cinco reais); DARF e respectivo comprovante de pagamento, emitido em 26/10/2012, no valor de R$ 350,00 (trezentos e cinquenta reais) (efl. 19); DARF e respectivo comprovante de pagamento, emitido em 26/10/2012, no valor de R$ 175,00 (cento e setenta e cinco reais) (efl. 20); DARF e respectivo comprovante de pagamento, emitido em 26/10/2012, no valor de R$ 210,00 (duzentos e dez reais) (efl. 21). O SIVEX – Sistema de Vedações e Exclusões do SIMPLES (efl. 49, pesquisa em 24/01/2013) informa a existência de débitos após prazo para regularização, referente à DIRF ANUAL 03/2010, DCTF 10/2009 e DCTF 04/2010, todos no valor originário de R$ 500,00 (quinhentos reais), cada. A consulta às Informações de Apoio para Emissão de Certidão junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil (efls. 53/56), realizada em 01/03/2013, acusou a existência de débitos em cobrança no Sistema Integrado de Informações EconômicoFiscais (SIEF) referente as parcelas acima mencionadas. Consta, finalmente, novo pedido de parcelamento no valor de R$ 1.600,65 (um mil e seiscentos e sessenta e cinco reais), emitido em 28/01/2013 (efl. 57), acompanhado dos seguintes documentos: DARF no valor de R$ 355,70 (trezentos e cinquenta e cinco reais e setenta centavos) e respectivo comprovante de pagamento, emitido em 28/01/2013, no valor de R$ 333,33 (trezentos e trinta e três reais e trinta e três centavos) (efl. 58); informação de cancelamento do pedido de parcelamento na data de 11/02/2013, por ausência de pagamento tempestivo da primeira parcela dos tributos negociados (efl. 59). Ao final da manifestação de inconformidade requereu o cancelamento do ADE e a manutenção no regime diferenciado do SIMPLES. A tese de defesa não foi acolhida pela DRF – São José do Rio Preto/SP, que manteve a exclusão do SIMPLES NACIONAL em razão da falta de regularização dos débitos fiscais no prazo legal de trinta dias (efls. 61/65). Após a DRF esclarecer que houve o cancelamento do pedido de parcelamento por não ter havido o pagamento integral e tempestivo da primeira parcela (efl. 57/59), o que já indicava ter sido ultrapassado o trintídio legal para regularização do Simples, trintídio este em que poderia se evitar tornarse definitiva a exclusão Fl. 151DF CARF MF 4 do Simples e considerado o ADE como um ato jurídico perfeito consumado, afirmouse, de toda sorte, que se, eventualmente, a contribuinte "tivesse regularizado as pendências até 31/01/2013, poderia solicitar nova opção no mês de janeiro de 2013 que a opção retroagiria a partir de 01/01/2013, o que não ocorre." Inconformado com a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil, o contribuinte apresentou impugnação (efls. 67/85), para a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, em primeira instância, alegando, em síntese, a violação ao princípio da ampla defesa e a inconstitucionalidade da exclusão do SIMPLES por débito tributário e não tributário; no mérito, defendeu que, através do pagamento das guias apresentadas, já teria pago, até a data de 28/03/2013, a quantia de R$ 1.593,50 (mil quinhentos e noventa e três reais e cinquenta centavos), existindo apenas saldo devedor remanescente de R$ 23,47 (vinte e três e quarenta e sete reais), valor insuficiente para justificar a exclusão do SIMPLES. Requereu, finalmente, o acolhimento da impugnação para manter o contribuinte no regime especial. Na oportunidade, juntou novos documentos, a saber: pedido de parcelamento (efl. 91), no valor de R$ 1.616,97 (um mil e seiscentos e dezesseis reais e noventa e sete centavos), emitido em 28/03/2013; DARF no valor de R$ 177,85 (cento e setenta e sete reais e oitenta e cinco centavos), acompanhado do respectivo comprovante de pagamento emitido em 28/01/2013 (efl. 93); DARF no valor de R$ 179,66 (cento e setenta e nove reais e sessenta e seis centavos) acompanhado do respectivo comprovante de pagamento, realizado em 28/03/2013 (efl. 95); DARF no valor de R$ 359,33 (trezentos e cinquenta e nove reais e trinta e três centavos), com comprovante de pagamento emitido em 28/03/2013 (efl. 96). A tese do contribuinte foi novamente rejeitada, nos termos do Acórdão nº 10 48.308, da 6ª Turma da DRJ/POA (efls. 107/113), cuja ementa foi transcrita alhures. Especialmente, destacase os seguintes trechos do acórdão: O contribuinte alega ter parcelado estes débitos. Consultando os sistemas da Receita Federal verifiquei que em 22/10/2012 foi solicitado parcelamento destes débitos, sendo o mesmo cancelado devido a não confirmação do pagamento tempestivo da primeira parcela de todos os tributos envolvidos na negociação. O pagamento estava em desacordo com o artigo 3º e parágrafo único da Instrução Normativa SRF nº 557/2005, vigente à época dos fatos, e que dispõe sobre parcelamento de débitos no âmbito da Secretaria da Receita Federal, solicitado pela internet: Art. 3º O pagamento da primeira parcela deverá ser efetuado até o segundo dia útil subseqüente à data da transmissão do pedido, não podendo ultrapassar o último dia útil do mês. Parágrafo único. Não produzirá efeitos o pedido de parcelamento que não tiver o correspondente pagamento tempestivo da primeira parcela de cada parcelamento objeto do pedido. O pedido foi transmitido em 22/10/2012, uma segundafeira e o pagamento deuse em 26/10/2012, após o segundo dia útil subseqüente à data da transmissão do pedido. Em 28/01/2013, após o prazo de trinta dias da ciência do ADE, transmitiu novo pedido de parcelamento, também cancelado devido a não confirmação do pagamento tempestivo da primeira parcela de todos os tributos envolvidos na negociação (desta vez o pagamento foi em valor menor que o devido). Quanto a alegação de que consta do Despacho Decisório de 08/03/2013 que “caso as pendências detectadas já tenham sido Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10850.723423/201296 Acórdão n.º 1002000.197 S1C0T2 Fl. 151 5 solucionadas ou sejam resolvidas até o último dia do mês de janeiro de 2013, a opção pelo Simples será deferida, não sendo necessário nova opção”, não é isto que verificamos no mesmo, às fls. 64. Ali é dito que caso tivesse “regularizado as pendências até 31/01/2013, poderia solicitar nova opção no mês de janeiro de 2013 que a opção retroagiria a partir de 01/01/2013”, o que não ocorreu. Finalizando, como até o prazo previsto no ADE (30 dias da ciência do Ato de exclusão), as medidas tomadas foram insuficientes extinguir ou suspender os débitos apurados que geraram sua exclusão, correta a exclusão deste regime de tributação. Diante disso, interpôsse recurso voluntário (efls. 117/139) no qual o contribuinte reitera os termos da impugnação apresentada, requerendo, ao final, o cancelamento do ADE, mantendo a recorrente enquadrada no SIMPLES, com efeitos retroativos a partir de 1º de janeiro de 2013, ou, subsidiariamente, a devolução dos valores até então pagos, relativos aos parcelamentos cancelados, bem como a concessão de prazo de 30 (trinta) dias para retificação das declarações relativas ao anocalendário 2013, a fim de recolher os tributos na opção pelo lucro presumido. Os autos foram encaminhados para este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), sendo, posteriormente, distribuído para este relator. É o que importa relatar. Passo a devida fundamentação analisando os juízos de admissibilidade e de mérito para, posteriormente, finalizar em dispositivo. Voto Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros, Relator O Recurso Voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade intrínsecos, uma vez que é cabível, há interesse recursal, a recorrente detém legitimidade e inexiste fato impeditivo, modificativo ou extintivo do poder de recorrer. Outrossim, atende ao pressuposto de admissibilidade extrínseco da regularidade formal. Demais disto, observo a plena competência deste Colegiado, na forma do art. 23B, inciso I, do Regimento Interno do CARF, com redação da Portaria MF n.º 329, de 2017. Isto porque, apesar de tratar de exclusão do Simples Nacional, por existência de débito com exigibilidade não suspensa, o crédito tributário não é exigido nestes autos, a vinculação a ele é indireta e não há vinculação entre os processos, para fins do art. 6.º, § 1.º, do Anexo II, do RICARF. Sendo assim, a competência é desta Colenda Turma Extraordinária por cuidar os autos de exclusão do Simples Nacional, desvinculado de exigência de crédito tributário, a indicar a aplicação do art. 23B, inciso I, do Regimento Interno do CARF, com redação da Portaria MF n.º 329, de 2017. Ocorre que, quanto ao pressuposto de admissibilidade extrínseco da tempestividade (efls. 115, 147, 117), observo que o recurso é intempestivo. Vejase. O aviso de recebimento (AR), colacionado aos autos (efl. 147, RA630761789BR), não traz a Fl. 153DF CARF MF 6 data de recebimento (o destinatário não a indicou), mas, ao seu turno, consta o "carimbo da unidade de destino" e a rubrica e matrícula do empregado dos Correios responsável por carimbar o referido espaço. Aliás, esclareçase que o espaço destinado ao "carimbo da unidade de destino" é para que o empregado dos Correios carimbe a data de entrega da correspondência no destino. Pois bem. O "carimbo da unidade de destino" aponta a data de 21/01/2014, que equivale a dizer que a referida data foi o dia da entrega da correspondência no destino. Sendo assim, no protocolo do recurso voluntário não se respeitou o trintídio legal, na forma exigida no art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal. Isto porque, sendo a intimação de 21/01/2014 o termo a quo é 22/01/2014, por sua vez o termo ad quem é 20/02/2014 (aliás, data em que o recurso consta como assinado pelo patrono, efl. 139). Enquanto isso, o protocolo do recurso voluntário consta como tendo sido em 21/02/2014 (efl. 117), isto é, com um dia além do prazo, um dia de atraso. Logo, intempestiva a peça recursal, de modo que não se pode conhecer do recurso voluntário. Registrese, por oportuno, que este Conselho Administrativo de Recurso Fiscais possui súmula confirmando a validade da intimação por via postal entregue no endereço do sujeito passivo, a teor da Súmula n.º 9, vejase: Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. A referida súmula teve por suporte os seguintes paradigmas: Acórdão n.º 10246574, de 01/12/2004, Acórdão n.º 10420408, de 26/01/2005, Acórdão n.º 106 14266, de 21/10/2003, Acórdão n.º 10707076, de 20/03/2003, Acórdão n.º 10807562, de 16/10/2003, Acórdão n.º 20168026, de 20/05/1992, Acórdão n.º 20208457, de 21/05/2003, Acórdão n.º 20209572, de 14/10/1997, Acórdão n.º 20171773, de 02/06/1998, Acórdão n.º 20306545, de 09/05/2000. Demais disto, estabelece o Decreto n.º 70.235, de 1972, que os prazos são contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento (art. 5.º, caput) e que os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato (art. 5.º, parágrafo único), mas, ainda assim, mantém o recurso intempestivo e, por outro lado, o recorrente não apresentou qualquer prova de ocorrência de eventual fato impeditivo ao manejo do seu recurso a tempo e modo esperado. Por conseguinte, não há que se admitir recurso extemporâneo, caso contrário, estaria sendo declarada uma inconstitucionalidade incidenter tantum do Decreto n.º 70.235, de 1972, vedada no Regimento Interno do CARF (art. 62, Anexo II, aprovado pela Portaria MF n.º 343, de 2015) e pela súmula a seguir deste Egrégio Conselho: "Súmula CARF n.º 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Destaco, por oportuno, que esta Colenda 2.ª Turma Extraordinária da Primeira Seção de Julgamentos já analisou caso tratando de recurso intempestivo e deu Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10850.723423/201296 Acórdão n.º 1002000.197 S1C0T2 Fl. 152 7 igual tratamento a teor dos Acórdãos ns.º 1002000.076, 1002000.141, 1002000.142 e 1002000.147. Por conseguinte, não tendo sido demonstrada a tempestividade do recurso voluntário, dele não conheço. De qualquer sorte, as preliminares suscitadas pelo contribuinte não mereceriam guarida. Explico. Em rápida fundamentação, observo que o princípio da ampla defesa não foi violado, uma vez que o contribuinte foi devidamente cientificado do ADE, sendolhe oportunizado apresentar contestação, momento em que poderia deduzir todos os seus fundamentos de defesa e, ainda, apresentar documentos, no fito de desconstituir o ato de exclusão. De mais a mais, o contribuinte foi intimado de cada ato de conteúdo decisório realizado neste processo, apresentando os recursos e manifestações pertinentes, pelo que julgo não haver motivos para se falar em vilipêndio ao preceito da ampla defesa e do devido processo legal. Em relação a inconstitucionalidade da exclusão do SIMPLES com fundamento em débitos tributários e nãotributários, destaco, resumidamente, que não cabe a este Conselho Administrativo apreciar constitucionalidade ou inconstitucionalidade de comando normativo, nos termos da Súmula CARF nº 2, acima já mencionada. Entendo, outrossim, que, se fosse conhecido o mérito, também não assistiria razão a recorrente. É que, pela leitura atenta dos fólios eletrônicos, verificase que o contribuinte não nega a existência de débitos sem exigibilidade suspensa, porém defende o parcelamento tempestivo dos mesmos para manterse no regime diferenciado. Ocorre que, constam nos autos pelo menos três pedidos de parcelamento de débitos fiscais (efls. 18, 57 e 91), o primeiro emitido em 22/10/2012, o segundo em 28/01/2013 e o terceiro em 28/03/2013. Em relação ao primeiro, apesar de inexistir informação quanto ao seu cancelamento, depreendese da análise dos DARF's apresentados pelo contribuinte (efls. 19/21), que o pagamento do valor da primeira parcela de R$ 525,00 (quinhentos e vinte e cinco reais) só ocorreu no dia 26/10/2012, quando, na realidade, deveria ter sido feito até a data de 24/10/2015, ou seja, até o segundo dia útil depois da transmissão do pedido, ficando, assim, sem efeito referido parcelamento, nos termos do artigo 3º, caput e parágrafo único, da IN SRF n.º 557/2005, vigente à época dos parcelamentos. Já com relação ao segundo parcelamento, constato, novamente, impropriedade no procedimento de recolhimento da parcela inaugural. Dito pedido foi transmitido em 28/01/2013 (efl. 57), no valor de R$ 1.600,65 (um mil e seiscentos e sessenta e cinco), fixandose como valor de parcela o quantum de R$ 533,55 (quinhentos e trinta e três e cinquenta e cinco). No mesmo dia, o contribuinte promoveu o recolhimento da quantia de R$ 333,33 (trezentos e trinta e três e trinta e três reais) e de R$ 177,85 (cento e setenta e sete reais e oitenta e cinco centavos) (efls.58/59 e 93), que totalizam R$ 511,18 (valor menor que R$ 533,55). Ressaltese que a responsabilidade pelo preenchimento do DARF e correto processamento de seu pagamento é exclusiva do contribuinte, sendo intransferível, mesmo que opte por pagar em agentes correspondentes bancários. Não se sustenta, portanto, a escusa da recorrente ao alegar que não pode responder por erro de terceiro, no Fl. 155DF CARF MF 8 que toca a incorreção do DARF com valor de R$ 333,33 (trezentos e trinta e três reais e trinta e três centavos) quando deveria ser de R$ 355,70 (trezentos e cinquenta e cinco reais e setenta centavos). Consta, finalmente, novo pedido de parcelamento (efl. 91) com comprovantes de pagamento emitidos em 28/01/2013 (efl. 93, 95) e em 28/03/2013 (efl. 96). Ocorre que, de mais a mais, o prazo de regularização conferido no ADE nº 640861, de 2012 (venceu em 15/12/2012, com termo a quo para regularização em 15/11/2012) já havia sido superado na época de transmissão do segundo parcelamento, o que, por si só, justificava a exclusão da recorrente do SIMPLES NACIONAL. Por esta razão, a contundência do terceiro parcelamento, transmitido só em 28/03/2013, com mais de 3 (três) meses de atraso em relação ao trintídio legal regularizatório, não permite cancelar o ADE que já havia se consumado. Em casos tais, nos quais o contribuinte parcela os débitos que ensejaram a exclusão em momento posterior à lavratura do ADE, a exclusão mantém sua higidez, não havendo se falar no seu cancelamento. Nada impede, todavia, que o contribuinte seja reintegrado ao regime especial do SIMPLES, devendo fazêlo na via próprio e competente, postulando em meio próprio, autônomo e independente destes autos, não cabendo a presente Corte referida conduta, homologação ou deferimento. Nessa esteira, cito o acórdão nº 1301000.853, da 3ª Câmara da 1ª Turma Ordinária deste Conselho Administrativo, proferido na sessão de 15 de março de 2012, cuja ementa ficou assim sintetizada: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário:2010 SIMPLES. DÉBITO SEM EXIGIBILIDADE SUSPENSA NO MOMENTO DA EXCLUSÃO. POSTERIOR PARCELAMENTO E CONSEQUENTE SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO DÉBITO. MANTIDO O ATO DE EXCLUSÃO E AFIRMADA A POSSIBILIDADE DE NOVA INCLUSÃO NO SIMPLES. Comprovado que a recorrente parcelou o débito que deu origem à exclusão do SIMPLES, suspendendo a sua exigibilidade, de rigor manterse a exclusão para o período em que se constatou a existência de débito sem suspensão da exigibilidade e assentarse a possibilidade de nova inclusão a partir do parcelamento. Com efeito, à luz da documentação constante nos autos e conforme afirmativas da contribuinte em sua própria impugnação, resta demonstrado que o sujeito passivo, por ocasião de sua exclusão, na forma do ADE em referência, de fato se encontrava com débitos sem exigibilidade suspensa, circunstância que resulta na correta exclusão, para os fins do inciso V do art. 17, inciso I do art. 29, inciso II do caput e § 2.º do art. 30 todos da Lei Complementar n.º 123, de 2006; e inciso XV do art. 15, primeira parte da alínea "d" do inciso II do art. 73, inciso I do caput e § 1.º do art. 75 todos da Resolução CGSN n.º 94, de 2011. Registro, todavia, a possibilidade do sujeito passivo postular nova inclusão na sistemática do SIMPLES, pelos meios próprios e de forma autônoma e Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10850.723423/201296 Acórdão n.º 1002000.197 S1C0T2 Fl. 153 9 independente destes autos, junto à DRF, a partir do momento em que a contribuinte possa demonstrar que não mais incorre em situações de vedação. Finalmente, são prejudicados os requerimentos de restituição das parcelas recolhidas pela empresa contribuinte e não reconhecidas para fins de parcelamento pelo Fisco, bem como o requerimento de concessão de prazo para retificação das declarações da recorrente no anocalendário de 2013. Tratamse de pedidos que extrapolam os limites da lide circunscrita pela impugnação, bem como fogem à própria competência deste Conselho Administrativo, devendo o contribuinte buscar as vias próprias para satisfazer as indigitadas pretensões. Considerando o até aqui esposado, entendo pela manutenção do julgamento da DRJ e reitero a intempestividade do recurso. Ante o exposto, de livre convicção, relatado, analisado e por mais o que dos autos constam, voto em não conhecer do Recurso Voluntário, por ausência do requisito de admissibilidade extrínseco da tempestividade, consequentemente mantendo íntegra a decisão vergastada para manter a exclusão nos termos constantes do ADE, produzindo efeitos a partir de 01/01/2013. É como Voto. (assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros Relator Fl. 157DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10469.724900/2015-97
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.356
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário e declinar da competência de julgamento à Primeira Seção do CARF.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente
(assinado digitalmente)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Vinicius Guimarães (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire), Maysa de Sá Pittondo Deligne, Carlos Augusto Daniel Neto e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário e declinar da competência de julgamento à Primeira Seção do CARF. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente (assinado digitalmente) Thais De Laurentiis Galkowicz Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Vinicius Guimarães (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire), Maysa de Sá Pittondo Deligne, Carlos Augusto Daniel Neto e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Tratase recurso voluntário contra decisão proferida pela 3ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento (DRJ) de Ribeirão Preto (SP), sobre auto de Infração para cobrança de valores devidos a título de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), lavrado em 26/10/2015. Por bem consolidar os fatos ocorridos neste processo até o julgamento de primeira instância, colaciono os principais trechos do relatório do Acórdão n. 1463.625, in verbis: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 69 .7 24 90 0/ 20 15 -9 7 Fl. 5540DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.541 2 Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo sujeito passivo supracitado, foram constatadas as seguintes infrações: 1) Fatos geradores: 30/09/2010, 31/10/2010, 30/11/2010, 31/12/2010, 31/01/2011, 28/02/2011 e 31/10/2012. IPI não lançado (Nfe), não escriturado (Raipi), não declarado em DCTF e não recolhido (Darf), referente às vendas de insumos/mercadorias sujeitas ao IPI. 2) Fatos geradores: janeiro a dezembro de 2010, 2011 e 2012. IPI não lançado (Nfe), não escriturado (Raipi), não declarado em DCTF e não recolhido (Darf), referente às vendas de produção do estabelecimento sujeitas ao IPI. 3) Fatos geradores: 31/03/2010, 30/06/2010, 31/07/2010, 31/07/2011, 30/09/2011, 31/12/2011, 31/01/2012, 28/02/2012, 31/03/2012, 30/04/2012, 30/06/2012, 31/07/2012, 31/08/2012, 30/09/2012, 31/10/2012, 30/11/2012. Falta de declaração/recolhimento do saldo devedor do IPI escriturado (total ou parcial). IPI lançado (Nfe), Escriturado (Raipi), não declarado em DCTF e não recolhido (darf). 4) Fatos geradores: 31/01/2010, 31/03/2010, 30/04/2010, 31/05/2010, 31/08/2011, 30/11/2011, 31/12/2011, 31/01/2012, 28/02/2012, 30/04/2012, 31/05/2012, 30/06/2012, 31/07/2012, 31/08/2012, 30/09/2012, 31/10/2012 e 30/11/2012. IPI lançado (Nfe), não escriturado (Raipi) e não recolhido (Darf). Foi lavrado auto de infração exigindo o IPI no valor de R$ 6.840.165,61, juros de mora de R$ 2.662.354,64 e multa proporcional de R$ 5.130.124,25. O enquadramento legal para o lançamento do tributo encontrase descrito no auto de infração. Consta no relatório fiscal que a fiscalizada atua no ramo de fabricação de embalagens de material plástico (CNAE 2222600), sendo, destarte, contribuinte do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI. Em consulta à Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, constatouse a ausência de valores devidos a título de IPI nos anos de 2010 e 2011; enquanto que, para 2012, foram declarados valores apenas nos meses de janeiro (R$ 58.521,22), Junho (R$ 92.818,30), julho (R$ 629,33) e novembro (60.467,75). A fiscalizada transmitiu ao repositório do SPED Sistema Público de Escrituração Digital o Livro Registro de Apuração do IPI RAIPI, abaixo representado, do qual constam os valores dos créditos (aquisições) e débitos (saídas) do imposto e o saldo (devedor ou credor). (...) Fl. 5541DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.542 3 Relatou a fiscalização que a contribuinte escriturou o Livro RAIPI (enviado ao SPED) apurando imposto a recolher (saldo devedor) para os anoscalendário 2010, 2011 e 2012. O fisco, analisando os registros escriturados no referido livro, constatou que, em relação às "Saídas com Débito IPI", o valor do imposto encontrase em montante inferior ao apurado pela fiscalização em consulta às Notas Fiscais Eletrônicas NFe (SPED), com destaque do imposto, fazendo crer que as informações foram prestadas parcialmente no livro. (...) Dessa forma, a fiscalização procedeu à correção das informações constantes do RAIPI, mais precisamente em relação aos valores das "Entradas com Crédito de IPI" e "Saídas com Débito de IPI”, uma vez que a contribuinte também deixou de escriturar diversas notas fiscais de entradas, para que o livro fiscal representasse a real movimentação ocorrida e, por conseguinte, a correta apuração do valor do imposto. O ajuste, partindo do Livro RAIPI elaborado pela contribuinte, consistiu na inclusão dos valores das notas fiscais de saídas e entradas não escrituradas, e, como consequência, alteração nos valores registrados nas colunas "Saldo Credor Anterior" e "Saldo IPI a Recolher". Referida correção foi efetuada levandose em conta os dados dos arquivos de Notas Fiscais Eletrônicas NFe transmitidos pela contribuinte ao repositório nacional do Sped. Sendo assim, foi recomposta a apuração com os novos valores dos débitos e créditos e o imposto que está sendo lançado por intermédio do presente auto de infração, posto que não foi declarado em DCTF nem tampouco recolhido. 3) IPI Não Lançado (NFe), Não Escriturado (RAIPI), Não Declarado (DCTF) e Não Recolhido (DARF), Referente às Vendas de produção do estabelecimento sujeitas ao IPI: Em consulta ao arquivo de notas fiscais eletrônicas (NFe), transmitido pela fiscalizada ao SPED, nos anoscalendário de 2010 a 2012, detectouse que, para diversas operações de vendas, a contribuinte não destacou, na nota, o IPI incidente sobre aquele produto. Logo, não registrou no Livro de Apuração, não declarou o saldo devedor mensal e, por fim, deixou de recolher aos cofres da União. Essas operações foram decorrentes das vendas de produção do estabelecimento, classificadas (NFe) nos seguintes CFOP: ■ VENDA DE PRODUÇÃO DO ESTABELECIMENTO; ■ VENDA DE PRODUÇÃO DO ESTABELECIMENTO ENTREGUE AO DESTINATÁRIO POR CONTA E ORDEM DO ADQUIRENTE ORIGINÁRIO, EM VENDA A ORDEM ■ VENDA DE PRODUÇÃO DO ESTABELECIMENTO ENTREGUE AO DESTINATÁRIO POR CONTA E ORDEM DO ADQUIRENTE ORIGINÁRIO, EM VENDA A ORDEM Em decorrência deste fato, para estas operações de venda de produção sem o destaque do imposto, nos termos da legislação vigente, efetuouse o presente lançamento de ofício, cujos valores totalizaram R$ 1.118.466,70, R$ 1.496.920,09 e Fl. 5542DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.543 4 R$ 1.836.333,40, para os anos de 2010, 2011 e 2012, respectivamente. A base de cálculo, isto é, os valores dos produtos, foram extraídos dos documentos fiscais (NFe) emitidos pela contribuinte e relacionados no demonstrativo anexo (doc.26), e o imposto deles resultante encontrase consolidado na tabela abaixo: 4) IPI Não Lançado (NFe), Não Escriturado (RAIPI), Não Declarado (DCTF) e Não Recolhido (DARF), Referente às Vendas de insumos/mercadorias sujeitas ao IPI. Em consulta ao arquivo de notas fiscais eletrônicas (NFe), transmitido pela fiscalizada ao SPED, nos anoscalendário de 2010 a 2012, detectouse que, para diversas operações de vendas, a contribuinte não destacou, na nota, o IPI incidente sobre aquele produto. Logo, não registrou no Livro de Apuração, não declarou o saldo devedor mensal e, por fim, deixou de recolher aos cofres da União. Foram apuradas as seguintes infrações, já descritas no início do presente relatório: 1) IPI Lançado (NFe), Escriturado (RAIPI), NãoDeclarado (DCTF) e Não Recolhido (DARF). Referese aos valores lançados (IPI destacado na NFe) e escriturados (Livro RAIPI), porém não declarados em DCTF, nem tampouco recolhidos, discriminados na coluna "Auto de Infração", subtítulo "Lançado/Escriturado (RAIPI)". Referemse aos valores do imposto a recolher, devidamente reconhecidos pela contribuinte, portanto, por ela apurados, que, no entanto, não foram declarados em DCTF nem recolhidos. 2) IPI Lançado (NFe), Não Escriturado (RAIPI) e Não Recolhido (DARF) O fisco, ao analisar o RAIPI (SPED) dos anoscalendário 2010, 2011 e 2012, constatou que os valores das "Saídas com Débito IPP foram apurados em montante inferior ao verificado pela fiscalização em consulta às Notas Fiscais Eletrônicas NFe (Sped). Isto é, a contribuinte não escriturou no livro de apuração todas as notas fiscais emitidas, apesar de ter destacado o imposto nos documentos e recebido o valor do adquirente. Sendo assim, foi recomposta a apuração com os novos valores dos débitos e créditos e o imposto que está sendo lançado por intermédio do presente auto de infração, posto que não foi declarado em DCTF nem tampouco recolhido. 3) IPI Não Lançado (NFe), Não Escriturado (RAIPI), Não Declarado (DCTF) e Não Recolhido (DARF), Referente às Vendas de produção do estabelecimento sujeitas ao IPI: Em consulta ao arquivo de notas fiscais eletrônicas (NFe), transmitido pela fiscalizada ao SPED, nos anoscalendário de 2010 a 2012, detectouse que, para diversas operações de vendas, a contribuinte não destacou, na nota, o IPI incidente sobre aquele produto. Logo, não Fl. 5543DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.544 5 registrou no Livro de Apuração, não declarou o saldo devedor mensal e, por fim, deixou de recolher aos cofres da União. Essas operações foram decorrentes das vendas de produção do estabelecimento, classificadas (NFe) nos seguintes CFOP: ■ VENDA DE PRODUÇÃO DO ESTABELECIMENTO; ■ VENDA DE PRODUÇÃO DO ESTABELECIMENTO ENTREGUE AO DESTINATÁRIO POR CONTA E ORDEM DO ADQUIRENTE ORIGINÁRIO, EM VENDA A ORDEM ■ VENDA DE PRODUÇÃO DO ESTABELECIMENTO ENTREGUE AO DESTINATÁRIO POR CONTA E ORDEM DO ADQUIRENTE ORIGINÁRIO, EM VENDA A ORDEM Em decorrência deste fato, para estas operações de venda de produção sem o destaque do imposto, nos termos da legislação vigente, efetuouse o presente lançamento de ofício, cujos valores totalizaram R$ 1.118.466,70, R$ 1.496.920,09 e R$ 1.836.333,40, para os anos de 2010, 2011 e 2012, respectivamente. A base de cálculo, isto é, os valores dos produtos, foram extraídos dos documentos fiscais (NFe) emitidos pela contribuinte e relacionados no demonstrativo anexo (doc.26), e o imposto deles resultante encontrase consolidado na tabela abaixo: 4) IPI Não Lançado (NFe), Não Escriturado (RAIPI), Não Declarado (DCTF) e Não Recolhido (DARF), Referente às Vendas de insumos/mercadorias sujeitas ao IPI. Em consulta ao arquivo de notas fiscais eletrônicas (NFe), transmitido pela fiscalizada ao SPED, nos anoscalendário de 2010 a 2012, detectouse que, para diversas operações de vendas, a contribuinte não destacou, na nota, o IPI incidente sobre aquele produto. Logo, não registrou no Livro de Apuração, não declarou o saldo devedor mensal e, por fim, deixou de recolher aos cofres da União. Nesse caso, diversamente da infração anterior, as operações foram decorrentes das vendas de mercadorias adquiridas de terceiros, classificadas (NFe) nos seguintes CFOP: ■ VENDA DE MERCADORIA ADQUIRIDA OU RECEBIDA DE TERCEIROS ■ VENDA DE MERCADORIA ADQUIRIDA OU RECEBIDA DE TERCEIROS ENTREGUE AO DESTINATARIO POR CONTA E ORDEM DO ADQUIRENTE ORIGINARIO, EM VENDA A ORDEM Em decorrência deste fato, para estas operações de venda de produção sem o destaque do imposto, nos termos da legislação então vigente, efetuouse o presente lançamento de ofício, cujos valores totalizaram R$ 126.294,74, R$ 52.570,00 e R$ 250,00, para os anos de 2010, 2011 e 2012, respectivamente. A base de cálculo, isto é, os valores dos produtos, foram extraídos dos documentos fiscais (NFe) emitidos pela contribuinte e relacionados no demonstrativo anexo (doc.27), e o imposto deles resultante encontrase consolidado na tabela abaixo: Fl. 5544DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.545 6 Foi aplicada a multa qualificada de 75% e foi imputada responsabilidade solidária a: EDVALDO FAGUNDES DE ALBUQUERQUE, ZULAILDE DE FREITAS GADELHA, EDVALDO FAGUNDES DE ALBUQUERQUE FILHO, ANA CATARINA FAGUNDES DE ALBUQUERQUE, EDUARDO FAGUNDES DE ALBUQUERQUE, RODOLFO LEONARDO SOARES FAGUNDES DE ALBUQUERQUE, LAIR CARLOS GADELHA, MOSSORÓ INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE SAL LTDA, CBC INDÚSTRIA DE TERMOPLÁSTICOS DA AMAZÔNIA LTDA., LOCMAQUIP LOCADORA & CONSTRUTORA LTDA. ME, COMPAC LTDA. ME, COMPANHIA CACHUCHA PASTORIL, UTI DO CARRO COMÉRCIO E TRANSPORTES EXPRESS EIRELI, HENRIQUE LAGE SALINEIRA DO NORDESTE S/A, MOSSORÓ TRANSPORTES LOCAÇÃO E CONSTRUÇÃO LTDA. EPP, REALPLAST INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. ME, DMARKET INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ARTEFATOS PLÁSTICOS LTDA., SACOPLAST DO BRASIL LTDA. ME, REALPLASTIC INDUSTRIAL LTDA. ME, REVENDEDORA DE COMBUSTÍVEIS PORTALEGRE LTDA. ME, EBS EMPRESA BRASILEIRA DE SAL LTDA., RAFITEX RÁFIA TÊXTIL LTDA., NATURALY CONVENIÊNCIA LTDA. ME, DIAMANTE CRISTAL INDÚSTRIA E COMÉRCIO EIRELI EPP, EFA GESTÃO DE NEGÓCIOS LTDA., POSTO LÍDER LTDA., CIEMARSAL COMÉRCIO E INDÚSTRIA E EXPORTAÇÃO DE SAL LTDA., PREMOLDS INDÚSTRIA & COMÉRCIO LTDA., ESS EMPRESA DE SERVIÇOS SALINEIROS LTDA. EPP, ARROBA SALINEIRA LTDA. EPP. Cientificada da autuação, a contribuinte ingressou com a impugnação de fls.4792 a 4801, na qual alega: - Nulidade. Inexistência de descrição fática precisa sobre as razões do arbitramento e da impossibilidade da apuração pelo lucro real. Inexistência de descrição precisa das infrações quanto ao IPI. Foi adotado um método extremo (arbitramento), quando ainda era possível a apuração pelo lucro real, mormente quando consideramos que os dados contábeis e fiscais da contribuinte são verídicos e confiáveis. O Fisco não se desincumbiu de provar que o arbitramento era de fato necessário, o que importa na nulidade dos lançamentos em razão de manifesto prejuízo ao contraditório e ao direito de defesa. Os Auditores também não apresentaram uma descrição fática que pudesse identificar algumas das penalidades e lançamentos realizados no Auto de Infração do IPI. Como exemplo, citese o caso do lançamento em razão da suposta inobservância de classificação fiscal e/ou alíquota do IPI, realizada nos seguintes moldes: PRODUTO SAÍDO DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL OU EQUIPARADO A INDUSTRIAL COM EMISSÃO DE NOTA FISCAL INFRAÇÃO: SAÍDA DE PRODUTOS SEM LANÇAMENTO DO IPI • INOBSERVÂNCIA DE CLASSIFICAÇÃO Fl. 5545DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.546 7 FISCAL E/OU ALÍQUOTA DO IPI Falta de lançamento de imposto por ter o estabelecimento industrial ou equiparado a industrial promovido a saída de produto(s) tributado(s), com falta, insuficiência de lançamento de imposto, por erro de classificação fiscal e/ou A rigor, não há qualquer menção no Relatório Fiscal acerca de qualquer erro que teria sido cometido pela contribuinte quanto à classificação fiscal e/ou alíquota do IPI ou, menos ainda, a indicação dos documentos em que essa infração teria se verificado, o que impossibilita a defesa da contribuinte e importa na anulação dos lançamentos a título de IPI. - Os lançamentos do processo em análise apontaram a existência de supostos créditos de IPI, tendo como premissa a existência de supostas irregularidades na entrada e saída de mercadorias com débito e/ou crédito de IPI. Nas palavras dos AuditoresFiscais "No decorrer da fiscalização, e amparados no referido livro, bem como nas notas fiscais eletrônicas (NFe) extraídas do SPED, foram detectadas infrações das quais resultaram em falta de recolhimento do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI que são abaixo relatadas". Ocorre que, em uma análise superficial dos autos, já se percebe claramente que o lançamento está eivado de vícios que comprometem todo o Auto de Infração. Nessa senda, calha sublinhar os contornos do IPI, entendido pela jurisprudência e doutrina como um imposto devido apenas quando há a saída de produtos industrializados em que a industrialização foi promovida por aquele que transfere a mercadoria. Não é a simples saída de produto industrializado que faz surgir a obrigação tributária para o pagamento do IPI. É imprescindível que a saída seja acompanhada pela industrialização do produto por parte de quem efetiva a transferência. Entendimento diverso não só encontra óbice em nosso ordenamento jurídico, como configura a cobrança de exação sem respaldo legal, haja vista a hipótese de incidência do nascimento do IPI não contemplar a saída de mercadoria sem que o vendedor pratique qualquer ato de industrialização. Essas considerações são importantes, pois, como se percebe no lançamento, o fisco exige IPI das vendas descritas nos seguintes CFOP: i) venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros; ii) venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros entregue ao destinatário por conta e ordem do adquirente originário, em venda a ordem. Ora, a simples leitura das descrições acima evidencia que não se tratou da saída de produtos industrializados pela impugnante e, em conclusão lógica, incabível o IPI nas saídas que foram promovidas através desses CFOP. Com efeito, as situações (vendas) acima descritas não importaram em qualquer tipo de industrialização por parte da contribuinte, razão pela Fl. 5546DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.547 8 qual não incide IPI em tais operações e o lançamento deve ser anulado, especialmente no que atinge essa situação. - Descaracterização da multa e de sua natureza confiscatória. Ante o exposto nos tópicos antecedentes, não há dúvida de que inexiste qualquer tentativa de suprimir tributos de forma ilícita por parte da contribuinte, razão pela qual cai por terra a tentativa de "qualificar" a multa, elevandoa para o patamar de 75% do valor do tributo, como almeja o AuditorFiscal. Com efeito, não se caracteriza qualquer razão de burla a fiscalização, bem como não há razão para majoração da alíquota como proposto com fundamento no art. 44 da Lei 9.430/96. Consolidado ainda no Carf o entendimento que eventual erro na edificação de base de cálculo para determinação do quantum devido não é suficiente a caracterizar as ocorrências de fraude dispostas nos artigos 71 a 73 da lei n° 4.502/64. Com efeito, a impugnante registra em toda sua contabilidade e registros fiscais, toda ocorrência de receita decorrente de suas atividades comerciais, restando afastado o intento de retardar o conhecimento dos fatos. Não há que caracterizar a majoração de multa por evidente ausência de ocorrências que autoriza tal proceder, uma vez que da fiscalização não sobejou qualquer fato que importe em desconhecimento pela Receita Federal acerca das receitas auferidas pela empresa, bem como de todas as suas operações fiscais e contábeis, tendo em vista que as declarações lastreadas em registros contábeis foram sequencialmente. Há que se observar o disposto no art. 112 do CTN. Lançamentos Reflexos. É de fundamental importância que as correções a serem efetuadas, se não implicarem na total nulidade do lançamento em apreço, também incidam sobre os lançamentos reflexos que foram efetuados nesse processo (PIS, COF1NS, IRPJ e CSLL). - De outra banda, o caso em análise revela sobremaneira a necessidade de perícia contábil a fim de aferir a existência do IRPJ, CSLL, PIS, COFINS e IPI que supostamente seriam devidos, mormente em face da apuração dos créditos de tais tributos pelo fisco (regime nãocumulativo) não ter sido realizada de forma correta pelos AuditoresFiscais ou não ter observado todos os créditos/débitos que a contribuinte poderia ter aproveitado. Soado assim, requerse desde já a perícia contábil para estabelecer com certeza quais créditos poderiam ser aproveitados pela contribuinte e se o fisco realizou a sua mensuração exata. Informa, ainda, os seguintes quesitos a serem respondidos pelo perito a ser designado (sem a exclusão de outros que venham a ser formulados no curso do processo), bem como indica como assistente técnico Nicácio Alexandre Filgueira da Silva (CRC n° RN 010578/oO): Fl. 5547DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.548 9 1 Qual a justificativa/fundamentação para a divergência entre os saldos dos débitos e créditos de apuração do IPI tendo em vista que os valores apontados pelo Fisco divergem dos saldos existentes na base de dados da contabilidade da contribuinte, mas, segundo o AuditorFiscal, ele teria levado em consideração tais informações para confrontar débito e crédito de IPI e refazer a apuração? - Por todo exposto e demonstrada a nulidade do Auto de Infração, a contribuinte requer: a) Sejam os pedidos formulados na presente Impugnação Administrativa julgados procedentes para o fim de anular os lançamento impugnados, nos termos dos artigos 3º, 43 e 148 do CTN, bem como da legislação tributária apontada ao longo da impugnação; b) Que o julgamento das matérias de fato e de direito atinentes ao PAF n° 10469724.899/201509 e 10469724.901/201531 sirvam para a exclusão/minoração dos lançamentos do processo ora em análise; c) Que o julgamento do caso em apreço sirva aos lançamentos reflexos constantes no PAF n° 10469724.899/201509 e 10469724.901/2015 31; d) Seja declarada a consequente extinção do crédito tributário, conforme artigo 156, IX, do Código Tributário Nacional; e) A produção de todos os meios de prova em direito permitidos, especialmente as já requeridas; f) Que todas as intimações sejam efetivadas exclusivamente em nome dos procuradores (advogados) constantes na procuração anexa, sob pena de nulidade do feito; g) À juntada dos documentos anexos Henrique Lage Salineira do Nordeste S/a, Mossoró Transportes Locação e Construção Ltda. EPP, Realplast Indústria e Comércio Ltda. ME, Dmarket Indústria e Comércio de Artefatos Plásticos Ltda., Sacoplast do Brasil Ltda. ME, Realplastic Industrial Ltda. ME, Revendedora de Combustíveis Portalegre Ltda. ME, EBS Empresa Brasileira de Sal Ltda., Rafitex Ráfia têxtil Ltda., Naturaly Conveniência Ltda. ME, Diamante Cristal Indústria e Comércio Eireli EPP, EFA Gestão de Negócios Ltda., Posto Líder Ltda., Ciemarsal Comércio e Indústria e Exportação de Sal Ltda., Premolds Indústria & Comércio Ltda., ESS Empresa de Serviços Salineiros Ltda. EPP, Arroba Salineira Ltda. EPP, apresentaram impugnação de fls. 4903 a 4910, na qual alegam: - Inexistência de responsabilidade solidária. A admissão de responsabilidade tributária de outras pessoas além daquela que pratica do ato previsto no aspecto material da hipótese de incidência exige uma decisão administrativa ou judicial prévia e (bem!) fundamentada. Fl. 5548DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.549 10 Ocorre que o fisco federal insiste na formação de um suposto grupo econômico em que estariam inclusas as impugnantes sem ao menos permitir o exercício do contraditório e da ampla defesa. As decisões judiciais deixam clara a necessidade de instauração de um procedimento próprio para a apuração da responsabilidade das empresas, mas isso não foi permitido em nenhum momento pela Administração Tributária. Ao contrário, as impugnantes receberam cada uma o Auto de Infração impugnado em que já constavam como responsáveis solidárias. Somese a isso o fato de que os Auditores tentaram enquadrar a responsabilidade das impugnantes sem chance de apresentação de defesa prévia na hipótese do art. 124,1 do CTN, que é inaplicável ao caso. - As impugnantes requerem, assim, o que se segue: a) A anulação dos lançamentos em face das impugnantes, em observância às razões já explicitadas, com a extinção do crédito tributário para as impugnantes; b) Que o julgamento seja aplicado também ao PAF n° 10469 724.900/201597 e ao PAF n° 10469724.901/201531, por se referir aos mesmos fatos e fundamentos; c) A juntada dos documentos anexos. A empresa UTI do Carro Comércio e Transporte Express Ltda. ME, sendo cientificada da autuação, ingressou com a impugnação de fls. 4879 a 4890, alegando: - A sua inclusão no pólo passivo da demanda ocorreu sem a existência de prévio procedimento administrativo que fosse capaz de possibilitar tal medida. A doutrina nacional é uníssona em afirmar a necessidade de um processo com a garantia do contraditório e da ampla defesa para que se impute a responsabilidade tributária a alguém. A própria Receita Federal do Brasil através da Portaria RFB n° 2.2484/2010, passou a exigir a prévia verificação administrativa para imputar a responsabilidade tributária a alguém. Portanto, não existindo procedimento administrativo prévio, a sua inclusão como responsável tributária é ilegítima. - A autoridade fiscal também incorreu em erro na medida em que, para justificar uma solidariedade passiva totalmente desprovida de fundamento fático, pretendeu enquadrar a inclusão de diversas pessoas físicas e jurídicas com supedâneo no art. 124, I do CTN. É cediço que a disposição do art. 124, I do CTN se destina aos casos onde há coincidência de pessoas em um dos pólos do fato gerador do tributo devido. Mesmo que a empresa peticionante integrasse o "grupo econômico" delineado pela autoridade que realizou o lançamento o Fl. 5549DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.550 11 que, sublinhese, não é o caso , ainda assim não subsistiria a responsabilidade tributária oriunda do art. 124, I do CTN, como ocorreu no Auto de Infração. No caso em análise, vêse claramente que a empresa peticionante, indicada como responsável pelo crédito tributário em destaque, não participou do negócio jurídico que desencadeou o fato gerador. Portanto, a conclusão não pode ser outra: a inclusão da peticionante como responsável pelo crédito tributário não merece acolhimento, mormente se considerarmos o prejuízo irremediável ao contraditório e à ampla defesa, que impede a peticionante de se defender de uma imputação de responsabilidade tributária tão genérica, chegando ao cúmulo de tentar caracterizar uma operação comercial isolada como prova de que a empresa peticionante pertenceria a um "grupo econômico de fato". - Falta de anexação de provas e nulidade do auto de infração. A falta de anexação de provas ao processo implica nulidade do auto de infração, porque constitui desobediência ao mandamento legal e implica cerceamento do direito de defesa, impedindo o sujeito passivo de conhecer por completo a acusação, com todas as provas que alegadamente o tornariam devedor da quantia exigida. Nesse prisma, cumpre destacar que os AuditoresFiscais fundamentaram suas decisões em processos judiciais e inquéritos que correm em segredo de justiça e, além de não ter acesso aos referidos processos e inquéritos, a impugnante não pôde ter acesso a tais documentos, já que esses não foram anexados aos autos. - Mérito. A autoridade fiscal, com base nos documentos obtidos na Busca e Apreensão da Operação Salt, em 17 de dezembro de 2013, elencou uma série de empresas, entre as quais, a impugnante, como sendo parte de um grupo econômico, e em decorrência notifica para se defender de um Auto de Infração no valor de pouco mais de 87 (oitenta e sete) milhões de reais, fruto da ausência de informações contábeis que deveriam ter sido prestadas pela devedora principal, in casu, Henrique Lage Salineira do Nordeste. Importa mencionar que a empresa peticionante NÃO FAZ PARTE DO GRUPO ECONÔMICO, NÃO TEM GERÊNCIA DE NENHUMA TERCEIRA PESSOA, que não seu proprietário, Saulo Negreiros, e não reconhece qualquer vínculo, com o fato gerador do presente Auto. Por mais absurdo que pareça a sujeição passiva foi reconhecida pela Autoridade Fiscal em virtude dos seguintes documentos: a) um contrato entre Severino Ramos Andrade de Almeida e Edvaldo Fagundes de Albuquerque Filho, em que parte do pagamento seria uma Pajero Dakar Blindada, que na data da negociação estaria em nome da U.T.I do carro; b) notas de ordem de serviço da L.E pneus para o carro BMW Mó placa CGB4545, identificadas como do "Grupo Líder", todavia o carro está no nome da U.T.I. do carro; c) um recibo de Fl. 5550DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.551 12 50.000,00 (cinquenta mil reais) que teria sido supostamente pago por Edvaldo Filho, com um cheque da U.T.I do carro; d) um recibo encontrado na residência de Edvaldo Filho no valor de 223.000,00 (duzentos e vinte e três mil reais) para a conta da U.T.I do carro. Apenas isso. Relações comerciais e transações absolutamente lícitas estão sendo utilizadas como fundamentação para uma sujeição passiva irregular e arbitrária. E mais, o Relatório da Receita Federal utiliza um parecer da Procuradoria da Fazenda Nacional para explicar o que chama de modus operandi do Grupo Líder, e como interpretação teratológica, inclui a peticionante neste rol de empresas que estariam todas sob a administração de Edvaldo Fagundes de Albuquerque. É fato público e notório que a empresa peticionante é de propriedade de Saulo Negreiros, e todos os fatos supostamente mencionados como evidências, são na verdade relações comerciais normais, realizadas pela impugnante com a pessoa de Edvaldo Fagundes de Albuquerque Filho. Contudo, relações comerciais viraram indícios de confusão patrimonial para a Autoridade Fiscal, que ao final do Relatório Fiscal concluiu por constituir a ora impugnante como responsável pelo crédito tributário constituído, afirmando interesse comum na situação. Questionase: qual seria esse interesse comum? Quais outros elementos existem que conduzam a essa assertiva? Do contrário, todas as pessoas que tenham realizado uma transação comercial com qualquer empresa do suposto Grupo poderá vir a ser responsabilizada por seus débitos fiscais. - A transação comercial da Pajero Dakar blindada não chegou a ser concluída, os cheques e o depósito são decorrentes de compra e venda de veículos, que digase, tem previsão no contrato social da peticionante, e os recibos da LE pneus, cuja ordem de serviço estão identificadas em nome do "Grupo Líder", foram de serviço realizado na BMW adquirida pela U.T.I. do carro, que desde o inicio apresentou problemas mecânicos, enquanto ainda estava no prazo de garantia do vendedor. Qual a irregularidade das condutas acima praticadas? Como atesta os documentos que seguem acostados, a equipe técnica da UTI DO CARRO, em especial o seu diretor, tem qualificação técnica de sobra, tem movimentação comercial com várias empresas idôneas e de grande porte nesta cidade, foi várias vezes nomeada para atuar como responsável técnica em perícias judiciais no âmbito do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, para prestar serviços a órgãos públicos como a Polícia Rodoviária Federal, Receita Federal, a própria Polícia Federal entre outros, sempre prestando seus serviços de forma incontestável, afastando assim cabalmente o que tenta se provar neste processo, que é a suposta atividade ilegal dessa empresa como "laranja" do grupo empresarial investigado. Quem passaria 20 anos de sua vida trabalhando arduamente em sua empresa e se capacitando para prestar um serviço de excelência em seu ramo para vir a se dispor a ser "laranja" de outra empresa? Fl. 5551DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.552 13 Assim, não se pode olvidar em mencionar que a empresa peticionante não só tem existência de fato e de direito, como realiza transações comerciais com as mais variadas pessoas, como faz prova em anexo, não sendo empresa de fachada ou agindo sob a gerência de quem quer que seja, a não ser de seu legítimo proprietário Saulo Negreiros Duarte! Por essa razão é que, caso sejam superadas as preliminares, requer a peticionante que seja excluída a sujeição passiva irregularmente reconhecida. - Pedidos: a) que sejam julgados procedentes os pedidos preliminares para o fim de anular o lançamento impugnado, com base na legislação tributária apontada nesta impugnação; b) Que o julgamento das matérias de fato e de direito atinentes ao sirvam para a exclusão da peticionante da sujeição passiva reconhecida de forma irregular pela Autoridade Fiscal; c) Seja declarada a conseqüente extinção do crédito tributário, conforme artigo 156, IX, do Código Tributário Nacional; d) A juntada de toda documentação acostada aos autos. Sobreveio então o citado Acórdão da DRJ/RPO, julgando improcedente a impugnação, para: 1) manter a exigência do IPI tal como lançada, acrescida de juros de mora e multa de ofício de 75%; 2) declarar definitiva a imputação de responsabilidade solidária à Edvaldo Fagundes de Albuquerque, Zulailde de Freitas Gadelha, Edvaldo Fagundes de Albuquerque Filho, Ana Catarina Fagundes de Albuquerque, Eduardo Fagundes de Albuquerque, Rodolfo Leonardo Soares Fagundes de Albuquerque, Lair Carlos Gadelha, Mossoró indústria e Comércio de Sal Ltda, CBC Indústria de Termoplásticos da Amazônia Ltda., Locmaquip Locadora & Construtora Ltda. ME, Compac Ltda. ME, Companhia Cachucha Pastoril e ESS Empresa de Serviços Salineiros Ltda. EPP; 3) manter a responsabilidade solidária atribuída aos demais imputados. A ementa do julgado foi lavrada nos seguintes termos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2010, 2011, 2012 NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. PEDIDO DE PERÍCIA NEGADO. Indeferese, por prescindível, o pedido de perícia, quando não existir nos autos matéria que necessite de opinião de perito para ser decidida. JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTAÇÃO. A juntada posterior de documentação só é possível em casos especificados na lei. INTIMAÇÕES. PAF. Fl. 5552DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.553 14 De acordo com o PAF as notificações e intimações devem ser endereçadas ao sujeito passivo e aos responsáveis tributários nos respectivos domicílios fiscais. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2010, 2011, 2012 MULTA DE OFÍCIO. O lançamento decorrente de procedimento fiscal implica a exigência de multa de ofício, cujo percentual é fixado em lei. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. INTERESSE COMUM. Demonstrado que a pessoa jurídica autuada integra grupo empresarial e evidenciado o interesse comum das pessoas físicas e das demais empresas do grupo na blindagem fraudulenta do patrimônio, mantém se a inclusão dessas no pólo passivo da obrigação tributária. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 2010, 2011, 2012 INSUFICIÊNCIA DE LANÇAMENTO DO IMPOSTO. VENDAS. PRODUÇÃO. Cobrase o imposto que deixou de ser lançado nas notas fiscais relativas às vendas de produção do estabelecimento industrial. INSUMOS. EQUIPARAÇÃO. São equiparados a industriais os estabelecimentos industriais quando derem saída a matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, adquiridos de terceiros, com destino a outros estabelecimentos, para industrialização ou revenda. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignados, a Contribuinte e alguns responsáveis solidários recorrem a este Conselho, repisando os argumentos expostos em sua impugnação ao lançamento tributário, na seguinte ordem, conforme consta no despacho de fls 5533: i) Tecidos Líder Indústria e Comércio Ltda – CNPJ 01.480.360/000109 Cientificado em 06/02/2017 (fl. 5.339). Recurso Voluntário (RV) apresentado em 22/02/2017, portanto tempestivo (fls. 5.475/5.489), nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72. ii) Mossoró Transportes Locação e Construção Ltda EPP – CNPJ 03.473.711/000171 Cientificado em 22/03/2017 (fl. 5.445). Recurso Voluntário (RV) apresentado em 22/02/2017, portanto tempestivo (fls. 5.490/5.499), nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72. iii) UTI do Carro Comércio e Transportes Express Eireli ME – CNPJ 06.143.726/000160 Cientificado em 02/02/2017 (fls. 5.405/5.406). Recurso Voluntário apresentado em 21/02/2017, portanto tempestivo (fls. 5.510/5.523), nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72. Fl. 5553DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.554 15 iv) Revendedora de Combustíveis Portalegre Ltda ME – CNPJ 07.692.724/000192 Cientificado em 22/03/2017 (fl. 5.447). Recurso Voluntário (RV) apresentado em 22/02/2017, portanto tempestivo (fls. 5.490/5.499), nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72. v) EBS Empresa Brasileira de Sal Ltda – CNPJ 08.168.935/000193 Cientificado em 30/03/2017 (fl. 5.457). Recurso Voluntário (RV) apresentado em 22/02/2017, portanto tempestivo (fls. 5.490/5.499), nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72. vi) Henrique Lage Salineira do Nordeste S/A – CNPJ 08.225.849/000175 Cientificado em 25/01/2017 (fl. 5.309). Recurso Voluntário (RV) apresentado em 22/02/2017, portanto tempestivo (fls. 5.490/5.499), nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72. vii) Naturaly Conveniência Ltda ME – CNPJ 08.815.205/000137 Cientificado em 22/03/2017 (fl. 5.448). Recurso Voluntário (RV) apresentado em 22/02/2017, portanto tempestivo (fls. 5.490/5.499), nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72. viii) ESS – Empresa de Serviços Salineiros Ltda EPP – CNPJ 14.942.555/000167 Acórdão da DRJ declarou definitiva a imputação de responsabilidade solidária. Ainda assim apresentou Recurso Voluntário (fls. 5.490/5.499). ix) Posto Líder Ltda – CNPJ 40.778.979/000148 Cientificado em 22/03/2017 (fl. 5.451). Recurso Voluntário (RV) apresentado em 22/02/2017, portanto tempestivo (fls. 5.490/5.499), nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72. x) Ciemarsal Comércio Indústria e Exportação de Sal Ltda – CNPJ 40.802.126/000102 Cientificado em 09/02/2017 (fl. 5.370). Recurso Voluntário (RV) apresentado em 22/02/2017, portanto tempestivo (fls. 5.490/5.499), nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72. É o relatório. VOTO Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, Relatora Compulsando as informações trazidas aos autos, constatase a Autoridade Administrativa, levantando que haveria por parte da Tecidos Líder Indústria e Comércio Ltda a omissão de receitas, entre outras infrações relativas à tributos federais, lavrou autos de infração contra a empresa, promovendo a cobrança de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS e IPI entendidos como devido. Com efeito, pela leitura do Termo de Verificação Fiscal (fls 34 a 141), constata se que numa mesma fiscalização, diante de todas as provas colhidas pelas autoridades administrativas relativamente ao grupo econômico que a Recorrente e os responsáveis faziam parte, foi constatado o não recolhimento dos citados tributos federais. Vejase o início do TVF (fls 34): Nesta data e hora, no exercício das funções de Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, procedemos ao encerramento da Auditoria Fl. 5554DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.555 16 Fiscal levada a efeito na empresa acima identificada, iniciada em 13/10/2014 1, relativamente ao IRPJ, CSLL, IPI, PIS e COFINS dos anoscalendário de 2010 a 2012, cujos trabalhos resultaram nas seguintes constatações: Muito embora o mesmo TVF tenha sido utilizado para respaldar a cobrança de todos os tributos em questão, foram lavrados autos de infração diferentes para a cobrança do IRPJ (PAF n° 10469.724899/201509), do IPI (no presente Processo, de n. 10469.724900/201597) e das Contribuição ao PIS e da COFINS (PAF 10469.724901/2015 31). Os dois primeiros processos constituem, claramente, processos reflexos, com base no que dispõe o artigo 6º, §1º, inciso III do Registro que o Regimento Interno do CARF (“RICARF”). 1 No que tange à competência para julgamento de processos reflexos, o RICARF sofreu reforma com o advento da Portaria n. 343, de 09 de junho de 2015, de modo que passou à 3ª Seção do Conselho a competência para julgamento dos processos que versam sobre o IPI, mesmo se reflexos de processos principais de competência da 1ª Seção, quando o lançamento tributário não constasse do mesmo processo fiscal que o lançamento do tributo principal (artigo 2º, inciso IV). 2 Contudo, a Portaria n. 152, de 3 de maio de 2016, novamente alterou o RICARF, trazendo a seguinte redação ao artigo 2º: Art. 2º À 1ª (primeira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: .................................................................................................. IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), quando reflexos do IRPJ, formalizados com base nos mesmos elementos de prova; 1 Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: §1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formalizados em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos 2 Art. 2º À 1ª (primeira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: (...) IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), quando reflexos do IRPJ, formalizados com base nos mesmos elementos de prova em um mesmo Processo Administrativo Fiscal; Fl. 5555DF CARF MF Processo nº 10469.724900/201597 Resolução nº 3402001.356 S3C4T2 Fl. 5.556 17 Pela leitura do texto do artigo 2º, inciso IV em vigor, constatase que o nosso Regimento Interno novamente prevê a competência da 1ª Seção de Julgamento do CARF para a solução do caso da Recorrente, uma vez que se trata de processo sobre IPI, reflexo ao IRPJ. Tal norma tem por escopo evitar decisões conflitantes a respeito dos mesmos fatos ou pedidos, tratados em processos administrativos fiscais distintos. Por essa razão, é de suma importância a sua observância, sob pena de ferir um dos maiores objetivos deste Tribunal, uma vez que o Novo Código de Processo Civil (NCPC), cuja aplicação subsidiária ao Processo Administrativo Fiscal agora é expressa (artigo 15),3 determina em seu artigo 926 que “os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantêla estável, íntegra e coerente.” Ainda, ressalto que a distribuição de competência entre as três Seções de Julgamento do CARF consiste em repartição jurisdicional em razão de matéria (competência absoluta), com vistas ao atendimento do interesse público. Como tal, não é passível de modificação, devendo ser conhecida de ofício eventual incompetência, como salientam os Professores Cândido Rangel Dinamarco, Ada Pellegrini Grinover e Antonio Carlos de Araújo Cintra: 4 Nos casos de competência determinada segundo o interesse público (competência de jurisdição, hierárquica, de juízo, interna), em princípio o sistema jurídicoprocessual não tolera modificações nos critérios estabelecidos, e muito menos em virtude da vontade das partes. Tratase aí de competência absoluta, isto é, competência que não pode jamais ser modificada. Iniciado o processo perante o juiz incompetente, este pronunciará a incompetência ainda que nada aleguem as partes (CPC, art 113; CPP art. 109), enviando os autos ao juiz competente (...) Por fim, cumpre registrar que a distribuição de competências efetuada pelo RICARF, via ato administrativo infralegal, deve ser observada da mesma forma que as normas cogentes de qualquer outra superior hierarquia legal (Constituição, leis em sentido estrito, etc), como adverte Cássio Scarpinella Bueno5 ao comentar o artigo 44 do NCPC. 6 Desse modo, voto pelo não conhecimento do presente recurso voluntário, devendo o processo ser direcionado à 1ª Seção do CARF, para julgamento conjunto com Processo o principal de n. 10469.724899/201509, ao qual restará apenso. (assinado digitalmente) Thais De Laurentiis Galkowicz 3 Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. 4 Teoria Geral do Processo. São Paulo: Malheiros, 2007, 23ª ed, p. 257. 5 Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Saraiva, 2016, 2ª ed, p. 88. 6 Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é determinada pelas normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas constituições dos Estados. Fl. 5556DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.928976/2008-08
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/04/2003
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO.
Cabe à Recorrente o ônus de provar o direito creditório alegado perante a Administração Tributária, em especial no caso de pedido de restituição decorrente de contribuição recolhida a maior.
DCOMP. DÉBITO CONFESSADO EM DCTF. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO INDEVIDO.
A mera retificação de DCTF não se constitui em elemento de prova hábil e suficiente para comprovar a certeza e liquidez do direito creditório decorrente de suposto pagamento e declaração a maior de contribuição. Inexistindo nos autos outros elementos de provas, não há que se falar em pagamento indevido.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3402-005.219
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(Assinado Digitalmente)
WALDIR NAVARRO BEZERRA - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Thais de Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Vinícius Guimarães (Conselheiro Suplente Convocado) e Pedro Sousa Bispo.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ÔNUS PROBATÓRIO. Cabe à Recorrente o ônus de provar o direito creditório alegado perante a Administração Tributária, em especial no caso de pedido de restituição decorrente de contribuição recolhida a maior. DCOMP. DÉBITO CONFESSADO EM DCTF. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO INDEVIDO. A mera retificação de DCTF não se constitui em elemento de prova hábil e suficiente para comprovar a certeza e liquidez do direito creditório decorrente de suposto pagamento e declaração a maior de contribuição. Inexistindo nos autos outros elementos de provas, não há que se falar em pagamento indevido. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado Digitalmente) WALDIR NAVARRO BEZERRA Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Carlos Augusto Daniel AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 92 89 76 /2 00 8- 08 Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10880.928976/200808 Acórdão n.º 3402005.219 S3C4T2 Fl. 3 2 Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Thais de Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Vinícius Guimarães (Conselheiro Suplente Convocado) e Pedro Sousa Bispo. Relatório Trata o presente processo de Declaração de Compensação apresentada em meio eletrônico na qual o contribuinte pretende quitar os débitos declarados com supostos créditos oriundos de recolhimento a maior. A unidade de origem não homologou a compensação pretendida face a inexistência do crédito declarado, uma vez que o pagamento informado como indevido, encontravase integralmente utilizado para quitação dos débitos do sujeito passivo, não restando saldo disponível para a compensação. Cientificado desta decisão, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, acompanhada de documentos que entendem amparam seu pleito, onde alega, resumidamente, que houve recolhimento a maior; que a DCTF que serviu de base para a expedição do Despacho Decisório encontravase incorreta, e que já fora devidamente retificada (posteriormente à decisão), e requer assim que seja acolhido seu pedido. Através do Acórdão nº 16031.857, a DRJSÃO PAULO julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada. Entendeu o colegiado que a apresentação de DCTF retificadora, após o despacho decisório, somente pode ser aceita quando acompanhada de documentação idônea que demonstre a alteração pretendida, o que não ocorreu no caso em apreço. Em seguida, devidamente notificada, a Recorrente interpôs o presente recurso voluntário pleiteando a reforma do acórdão. Neste Recurso, a Empresa repisou os mesmos argumentos apresentados na sua Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.213, de 18 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.915296/200816, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10880.928976/200808 Acórdão n.º 3402005.219 S3C4T2 Fl. 4 3 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402005.213): "O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. A lide trata de direito creditório da Recorrente decorrente de suposto pagamento de Darf a maior de COFINS ocorrido em 15/01/2003. Visando utilizar o suposto crédito, a Recorrente apresentou Declaração de Compensação (PER/DCOMP nº 12664.38683.150404.1.3.048540) que foi indeferida pela Autoridade Tributária sob o argumento de que inexistia crédito, o que impediu a homologação da compensação. Em seu Recurso, a Empresa alega que cometeu erro de fato ao preencher incorretamente a DCTF com valor maior ao efetivamente devido. A fim de comprovar o seu direito, juntou aos autos apenas a DCTF retificadora entregue após a ciência do Despacho Decisório denegatório. É entendimento pacificado neste Colegiado que cabe à Recorrente o ônus de provar o direito creditório alegado perante a Administração Tributária, conforme consignado no Código de Processo Civil (Lei nº5.869/73), vigente à época, e adotado de forma subsidiária na esfera administrativa tributária: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; A obrigação de provar o seu direito decorre do fato de que a iniciativa para o pedido de restituição ser do contribuinte, cabendo à fiscalização a verificação da certeza e liquidez de tal pedido, por meio da realização de diligências, se entender necessárias, e análise da documentação comprobatória apresentada. O art. 65 da revogada IN RFB nº 900/2008 esclarecia: Art. 65. A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. Nesse sentido, a Autoridade Tributária realizou de forma eletrônica a análise dos elementos apresentados e concluiu, também de forma eletrônica, pela inexistência de direito creditório do contribuinte no período referido, haja vista que todo o montante do pagamento se encontrava alocado com débito declarado em DCTF. Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10880.928976/200808 Acórdão n.º 3402005.219 S3C4T2 Fl. 5 4 No presente Recurso, a Empresa alega que houve pagamento a maior de R$ 9.314,25 relativo a COFINS no período de 31/12/2002 e erro no preenchimento da DCTF no mesmo montante. Informa ainda que corrigiu o referido erro realizando a retificação da sua DCTF, após ciência do despacho decisório, restando o seu pagamento a maior como disponível. Portanto, como meio de prova do seu direito, apresentou apenas cópia da DCTF retificadora. Constatase no caso concreto que a empresa não cumpriu com a sua obrigação de comprovar o direito creditório por meio de documentação hábil e suficiente. Apenas a DCTF retificadora não é suficiente para comprovar a certeza e liquidez do crédito em questão. A Recorrente, a fim demonstrar a disponibilidade do valor supostamente pago a maior, deveria ter apresentado demonstrativo de apuração da COFINS devido no mês em confronto aos valores declarados/pagos e cópias da escrituração contábil/fiscal que demonstrassem de forma inequívoca a exatidão dos valores utilizados e apuração da contribuição, nos termos do art.16 do Decreto nº70.235/72. Porém, nada disso foi feito pela Recorrente. Assim, a mera retificação da DCTF não se constitui em elemento de prova hábil e suficiente para comprovar a certeza e liquidez do direito creditório em comento, estando correta a decisão da Autoridade Tributária na direção da não homologação da compensação. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10880.928976/200808 Acórdão n.º 3402005.219 S3C4T2 Fl. 6 5 Fl. 135DF CARF MF
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Numero do processo: 13839.901474/2013-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/05/2008 a 31/05/2008
PIS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ.
Transitou em julgado decisão do STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática de recurso repetitivo, que deu pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do seu Regimento Interno.
Já o STF, entendeu pela não inclusão, no Recurso Extraordinário nº 574.706, que tramita sob a sistemática da repercussão geral, mas de caráter não definitivo, pois pende de decisão embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional, elemento necessário à vinculação deste CARF.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.427
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria qualificada de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conselheiro Ari Vendramini votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria qualificada de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conselheiro Ari Vendramini votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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ICMS NA BASE DE CÁLCULO. Recorrente QUÍMICA AMPARO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/05/2008 a 31/05/2008 PIS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. Transitou em julgado decisão do STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática de recurso repetitivo, que deu pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do seu Regimento Interno. Já o STF, entendeu pela não inclusão, no Recurso Extraordinário nº 574.706, que tramita sob a sistemática da repercussão geral, mas de caráter não definitivo, pois pende de decisão embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional, elemento necessário à vinculação deste CARF. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por maioria qualificada de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conselheiro Ari Vendramini votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 14 74 /2 01 3- 92 Fl. 105DF CARF MF Processo nº 13839.901474/201392 Acórdão n.º 3301004.427 S3C3T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 06051.744, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba. Por meio de Despacho Decisório da Delegacia da Receita Federal de Jundiaí foi indeferido o pleito constante do Pedido Eletrônico de Restituição – PER transmitido pela contribuinte, em razão da realização de pagamento a maior. Em referido ato administrativo, a autoridade fiscal indeferiu o pleito da interessada tendo em vista que o DARF discriminado no PER estava integralmente utilizado para quitação do débito de PIS cumulativa/o, não restando saldo de crédito disponível para o reconhecimento do crédito solicitado. A contribuinte foi cientificada do citado despacho decisório e apresentou, tempestivamente, a Manifestação de Inconformidade cujo conteúdo é resumido a seguir. A interessada defende, em apertada síntese, o direito ao crédito solicitado com a alegação de ter incluído de forma indevida o ICMS na base de cálculo da contribuição recolhida. Diz que o ato administrativo foi proferido de forma precipitada e com flagrante desrespeito à legislação tributária, notadamente a que trata da necessidade de lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional). Sustenta a legitimidade do indébito tributário informado no pedido de restituição alegando que no presente caso não existe óbice à restituição, nos termos do art. 165, do Código Tributário Nacional, uma vez que houve um erro na composição da base de cálculo da contribuição e que a vinculação do DARF, pago indevidamente, a um débito declarado em DCTF, constituise em uma mera informação. Relata que está juntando ao processo planilha por meio da qual se pode constatar a existência do pagamento a maior do que o devido e que este documento faz a prova necessária para confirmar o indébito alegado. Acrescenta que em caso de dúvida quanto ao crédito o julgamento pode ser convertido em diligência para que a interessada seja intimada a demonstrar, através de outros elementos, o crédito vindicado. Defende a tese relativa a improcedência da inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição alegando que referido tributo não integra o conceito de faturamento (receita bruta), pois tratase de mero ingresso de recursos, os quais devem ser repassados ao fisco estadual, e que o Supremo Tribunal Federal – STF, consoante o voto proferido pelo Ministro Marco Aurélio no Recurso Extraordinário nº 240.785/MG, entendeu que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo das contribuições Fl. 106DF CARF MF Processo nº 13839.901474/201392 Acórdão n.º 3301004.427 S3C3T1 Fl. 4 3 (PIS e Cofins). Sustenta que a interpretação da autoridade tributária relacionada com a questão da inclusão do ICMS nas receitas dos contribuinte (interpretação do art. 3º da Lei 9.718, de 1988) é contrária ao art. 110 do CTN, uma vez que não se caracteriza como juízo de inconstitucionalidade, mas sim como controle administrativo interno dos atos administrativos. Aduz, por fim, que a declaração de inconstitucionalidade (exclusão do ICMS da base de cálculo da contribuição) em referido RE é iminente e que o proferimento dela pelo Supremo Tribunal Federal tornará sua observância obrigatória pela Administração Tributária. Diante do exposto, requer a interessada o acolhimento da manifestação para o fim de afastar o Despacho Decisório questionado e deferir integralmente o pedido de restituição. O citado acórdão decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob o fundamento, em síntese, que falece ao julgador da esfera administrativa competência para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária e pela impossibilidade de exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo da contribuição. Inconformada com a improcedência da manifestação de inconformidade, a contribuinte interpôs recurso voluntário, basicamente, repetindo os argumentos trazidos em sede de manifestação. Ao final, pugna pela reforma do acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 107DF CARF MF Processo nº 13839.901474/201392 Acórdão n.º 3301004.427 S3C3T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.397, de 22 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 13839.900183/201204, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.397): "O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade1. O núcleo da discussão em pauta é a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da Cofins. O acórdão recorrido enumera diplomas legais de regência, concluindo não haver previsão legal para a exclusão do ICMS da base de cálculo da Cofins: Pelas argumentações trazidas em sua manifestação de inconformidade, vêse, de pronto, que a pretensão da contribuinte implica negar efeito a disposição expressa de lei. Nesse contexto, cumpre registrar que não há na legislação de regência previsão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, na forma aduzida pela interessada, já que esse valor é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário. De fato. A Lei Complementar nº 7, de 1970, a Lei Complementar nº 70, de 1991, a Lei nº 9.715, de 1998 (que resultou da conversão da Medida Provisória nº 1.212, de 1995 e suas reedições), a Lei nº 9.718, de 1998, e, mais recentemente, as Leis 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, ao longo de seus dispositivos, definem expressamente todos os aspectos das hipóteses de incidência vinculadas ao PIS e à Cofins. As citadas normas definem os sujeitos passivos da relação tributária, os casos de nãoincidência, a alíquota, a base de cálculo, o prazo de recolhimento, etc., e submetem as contribuições às normas do processo administrativo fiscal, além do que, para os casos de atraso de pagamento e penalidades, as 1 Ressaltese ser desnecessário responder todos as questões levantadas pelas partes, em já havendo motivo suficiente para decidir (Lei n° 13.105/15, art. 489, § 1o , IV. STJ, 1ª Seção, EDcl no MS 21.315DF, julgado de 8/6/2016, rel. Min. Diva Malerbi). Fl. 108DF CARF MF Processo nº 13839.901474/201392 Acórdão n.º 3301004.427 S3C3T1 Fl. 6 5 subordina, de forma subsidiária, à legislação do imposto de renda. Como se percebe, nada resta a definir. Os atos legais descrevem expressamente todas as feições das exações instituídas, nada deixando ao alvedrio do intérprete. Quando remetem atribuições a normas de outro tributo, o fazem estabelecendo com precisão os limites da remissão; limites estes, aliás, que, in concreto, jamais se estendem sobre a definição das bases de cálculo das contribuições. O conceito de faturamento tem sua extensão perfeitamente delimitada pela explicitação de seu conteúdo e pela expressa enumeração das exclusões passíveis de serem efetuadas, não havendo dentre essas, como se vê, qualquer referência ao ICMS devido pela venda de mercadorias. Caso pretendesse o legislador excluir o ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins, estaria a hipótese expressamente prevista como uma das exclusões da receita bruta. Sobre o tema, o STJ decidiu, em recurso especial sob a sistemática de recurso repetitivo, pela inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições, já com trânsito em julgado. Já o STF entendeu pela sua não inclusão, em recurso extraordinário sob a sistemática da repercussão geral, mas em caráter não definitivo, pois pende de decisão sobre embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional. É o que detalha decisão recente deste Conselho: PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. TRÂNSITO EM JULGADO. CARF. REGIMENTO INTERNO. Decisão STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática do recurso repetitivo, art. 543C do CPC/73, que firmou a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", a qual deve ser reproduzida nos julgamentos do CARF a teor do seu Regimento Interno. Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido em sentido contrário no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de aplicação obrigatória desse precedente ao caso concreto. Recurso Voluntário Negado (CARF, 3º Seção, 4º Câmara, 2º Turma Ordinária, Ac. 3402 004.742, de 24/10/2017, rel. Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire). Fl. 109DF CARF MF Processo nº 13839.901474/201392 Acórdão n.º 3301004.427 S3C3T1 Fl. 7 6 Assim, transitada em julgado decisão do STJ, em recurso especial, sob a sistemática de recurso repetitivo, pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, deve este Conselho observála, nos termos do seu Regimento Interno, descabendo analisar argumentos trazidos aos autos sobre o tema. A decisão do STF, em sentido contrário, em recurso extraordinário de repercussão geral, mas de caráter não definitivo, não tem o mesmo efeito. Nos ditos embargos, a Fazenda Nacional requer a modulação dos efeitos da decisão embargada, para que produza efeitos ex nunc, apenas após o julgamento dos embargos. Ora, se há pedido de modulação dos efeitos, tratase de atividade satisfativa, incluíndose na solução de mérito nos termos do art. 487 do atual CPC. E se assim é, podese afirmar que não houve ainda decisão definitiva de mérito, independentemente do transito em julgado. A embargante ainda suscita, entre outras questões, haver erro material ou omissão, por ter a corrente vencedora prestado ao art. 187 da Lei 6.404/76 efeito que ele não possui: estabelecer conceito de receita bruta: 7. Observese que, no caso dos autos, alguns votos da corrente vencedora2 [...] concederam grande relevância ao fundamento de que “receita bruta”, expressão a que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ao longo de inúmeros julgados, equiparou ao vocábulo “faturamento” (art. 195, I, b, da Constituição), possui um sentido próprio no direito privado, definido no art. 187, I, da Lei 6.404/76. 8. No entanto, cumpre destacar que há um equívoco evidente em tal linha de argumentação: o mencionado dispositivo legal não estabelece qualquer conceito para receita bruta. Apenas disciplina que, na demonstração do resultado do exercício, deverá estar descrita a “receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos”. A assertiva, simplesmente, permite concluir que tais expressões se referem a grandezas diferentes, mas não afirma que uma não esteja contida na outra. Levanta também, na mesma toada que os votos vencedores "deixaram de considerar o disposto no art. 12 do DecretoLei 1.598/77, reiteradamente citado pelos votos vencidos", que dá pela inclusão dos tributos na receita bruta: art. 12. A receita bruta compreende: I o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II o preço da prestação de serviços em geral; III o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. § 1o A receita líquida será a receita bruta diminuída de: (...) III tributos sobre ela incidentes; e Fl. 110DF CARF MF Processo nº 13839.901474/201392 Acórdão n.º 3301004.427 S3C3T1 Fl. 8 7 (...) § 4o Na receita bruta não se incluem os tributos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de mero depositário. § 5o Na receita bruta incluemse os tributos sobre ela incidentes e os valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações previstas no caput, observado o disposto no § 4o. (Grifos do original). Ainda que sejam três os pilares da argumentação da corrente vencedora, apenas um deles tratando do conceito de receita, tratase evidentemente de questão meritória. A recorrente traz aos autos planilha na qual recalcula a base de cálculo da Cofins "sem o ICMS", com a qual, juntamente como os documentos mencionados na seqüência, pretende provar o seu direito ao crédito em discussão: (...) Instrui o recurso voluntário com relatórios "NOVA GIA" a demonstrarem a apuração do ICMS, referente apenas a novembro de 2011, como também o balancete referente apenas a este período. O acordão recorrido assim se manifestou quando lhe fora levada dita planilha: "não sendo hábil para a comprovação do direito à repetição do indébito, uma simples planilha, desacompanhada de documentação contábil e fiscal que lhe conceda suporte e validade.A planilha segue abaixo". Tais elementos não demonstram o direito ao crédito sem que a questão de direito que defende, de não inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição, prospere. A planilha mencionada também não se fez acompanhar de documentos que lhe fizessem prova, para todos os períodos. Assim, também, a diligência que requer, para, eventualmente, "atestar in loco a regularidade da escrituração e do crédito", somente mereceria provimento, em caso de demonstração da exclusão do ICMS da base de cálculo da Cofins. Insurgese a recorrente contra a afirmação do acórdão de piso de que "o débito de Cofins cumulativa, do período de apuração de nov/2002 (para o qual consta alocado o pagamento objeto do pedido de restituição), foi constituído, nos termos do art. 142 do CTN, através de [...] DCTF apresentada pela interessada, posto que essa declaração constituí confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito tributário, conforme prevê o § 1º do art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984". Ainda que se apliquem tais normas, há decisões deste Conselho que têm entendido pela relativização de tal meio de prova, com as quais concordo, privilegiandose o princípio da verdade material: Fl. 111DF CARF MF Processo nº 13839.901474/201392 Acórdão n.º 3301004.427 S3C3T1 Fl. 9 8 COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. INFORMAÇÕES CONSTANTES DA DOCUMENTAÇÃO SUPORTE. LIQUIDEZ E CERTEZA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. O direito creditório pleiteado não pode ser vinculado a requisitos meramente formais, nos termos do art. 165 do Código Tributário Nacional. Assim, ainda que a DCTF seja instrumento de confissão de dívida, a comprovação por meio de outros elementos contábeis e fiscais que denotem erro na informação constante da obrigação acessória, acoberta a declaração de compensação, em apreço ao princípio da verdade material Recurso Voluntário Provido (CARF, 3º Seção, 3º Câmara, 1º Turma Ordinária, Ac. 3301 002.678, de 08/12/2015, rel. Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas). O acórdão de piso entendeu não ter se configurado qualquer das hipóteses do art. 165 do CTN, aquele que estabelece o direito à restituição de tributo, especialmente por que "não existe a comprovação de que tenha ocorrido, em face da legislação aplicável, pagamento da contribuição em valor a maior do que o devido"; como também porque "não foi demonstrada a existência de decisão judicial transitada em julgado reconhecendo a existência de indébito tributário (relativamente ao pagamento apontado no pedido de restituição – PER) que diga respeito à inclusão indevida do ICMS na base de cálculo da contribuição. não havendo decisão". Argumenta a recorrente ter havido erro na composição da base de cálculo da Cofins, visto que "a Recorrente considerou inadvertidamente o ICMS como componente de sua receita bruta", nos termos do inciso II, do dito artigo. Mais uma vez, somente com a demonstração do direito ao crédito, o que não ocorre, poderseia falar no dito erro. Assim, pelo exposto voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 112DF CARF MF Processo nº 13839.901474/201392 Acórdão n.º 3301004.427 S3C3T1 Fl. 10 9 Fl. 113DF CARF MF
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